BRexit o que vem depois

BRexit – O QUE VEM DEPOIS

Giacomo Nerone, pseud. de Professor Doutor Fernando A. Dal Piero Curriculum. http://lattes.cnpq.br/9304143913113811 http://www.degois.pt/visualizador/curriculum.jsp?key=5717625834977847 Canal YOU TUBE http://www.youtube.com/user/profdrdalpiero?feature=mhee

Professora Miriam Aparecida Gonçalves - Miriam Aparecida Gonçalves é graduada em Matemática pela FAFICLE – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jales, (1997). É pósgraduada em Educação (doutora H.C. pela Universidade Federal de Santa Catarina – Brasil) exercendo a função de Pesquisadora em Estudos de Empreendedorismos e Comportamento Humano, desde fevereiro de 2011. Currículo em http://lattes.cnpq.br/9514685904763797

BRexit – O QUE VEM DEPOIS A prevalecer a decisão indicada pelo referendo BRexit o que vem depois – de certo – é a “invocação” do artigo 50 do Tratado de Lisboa. Esse artigo prevê um prazo de dois anos para a negociação da saída de um Estadomembro do bloco europeu. Até lá, temos que conviver com a incerteza do “que vem depois” tema desse artigo que buscamos responder. É possível estabelecer causas e efeitos? Quem o ou que mais lucra ou perde? Fazer isso sem enveredar pelo “achismo”? Quais as causas da BRexit?

Com certeza é possível crer que os eventos são inexplicáveis. Entretanto pessoas inteligentes vão pensar ser capazes de oferecer explicações convincentes. Sim, depois do evento. Além do mais, quanto mais inteligente for a pessoa, melhor soará a explicação.

E assim, com o caput descrito e antes de estender qualquer comentário, eu quero enfatizar a idéia do Cisne Negro conforme descrita na obra do mesmo título. Sob essa ideia a mente humana é afligida por três males quando entra em contato com a história. O que se chama de terceto da opacidade. Eles são: a. a ilusão da compreensão, - o que acontece em um mundo pode ser interpretado quando na realidade é mais complicado (ou aleatório) do que percebem; b. a distorção retrospectiva, ou como podemos abordar assuntos somente após o fato, como se estivessem em um espelho retrovisor (a história parece mais clara e organizada nos livros de história do que na realidade empírica), e c. a supervalorização da informação factual e a deficiência de pessoas com conhecimentos profundos e muito estudo, particularmente quando criam categorias- quando "platonificam ".

Na verdade a ocorrência na BRexit é um Cisne Negro que atende aos três requisitos do Terceto da Idéia do Cisne Negro.

A primeira peça do terceto BRexit é a ilusão da compreensão. Essa patologia nos leva a pensar que o mundo em que vivemos é mais compreensível, mais explicável e, portanto, mais previsível do que realmente é. É assim que estudo os eventos do período “pré BRexit” enquanto desenvolvo a impressão de que nossas mentes são maravilhosas máquinas de explicações, capazes de atribuir sentido a quase tudo e de acumular explicações para todo tipo de fenômenos, e geralmente incapazes de aceitar a ideia da imprevisibilidade.

Eu creio que o BRexit é um Evento imprevisível. Tanto no âmbito do acontecimento quanto no que “virá depois”.

A segunda peça do terceto presente na BRexit é a distorção retrospectiva.

De fato, os eventos pré BRexit apresentam-se a nós de forma distorcida.

Pense comigo: dos milhões, de pequenos fatos que prevalecem antes que um evento ocorra apenas um número muito pequeno será considerado relevante depois do ocorrido para sua compreensão do que aconteceu.

Mesmo que se possa ser como Punes do conto de Jorge Luis Borges, “Punes, o Memorioso", que não se esquece de nada e parece condenado a viver com o fardo do acúmulo de informações não processadas não conseguiremos captar e analisar fatos. E quando o fazemos isso acontece em situação de distorção retrospectiva.

No caso do BRexit os prognósticos – qualquer que sejam – resultarão falhos. Sempre estará presente a distorção retrospectiva. A menos que alguma pessoa tenha se dedicado a descrever os eventos enquanto aconteciam e não depois. E mesmo assim será necessário que a pessoa observadora produza mentalmente uma representação cinematográfica do futuro, que não é tão óbvio. Fora o fato de que se registra num diário fatos relevantes à luz do observador.

Onde está o terceiro elemento do terceto? A supervalorização da informação factual e a falta de pessoas com conhecimentos?

Nesse sentido, antes de iniciar a demonstração do terceto em questão o mais importante no contexto atual é reconhecer que todos os grupos numa sociedade, por mais coesos que sejam geram certo número de extravagantes ou dissidentes e que se atribuem “vasto conhecimento”. Isto está particularmente sujeito a acontecer entre os intelectuais. Não me refiro aos argumentos comuns entre os intelectuais, guiados pelo princípio fundamental de uma aceitação comum dos principais pressupostos da sociedade, mas de desafios a estes pressupostos.

Por isso desponta o terceiro elemento da ideia do Cisne negro. A supervalorização da informação e a falta de pessoas com conhecimentos.

E vale lembrar: não é apenas o conhecimento que pode ter um valor dúbio, a informação também pode.

Ao analisar as duas dezenas ou mais de artigos e teses escritas por pessoas de notório saber eu consigo notar que quase todos estavam a par dos eventos correntes nos mínimos detalhes. E a superposição entre jornais era tão grande que, quanto mais se lia, menos informação para um diário se conseguia e se consegue. Ainda assim, todos estavam tão ansiosos por familiarizar-se com cada fato que liam todos os documentos recémimpressos e ouviam todas as estações de rádio como se a grande resposta fosse ser revelada a eles no próximo boletim. As pessoas transformaramse em enciclopédias de quem se reunira com quem e qual político disse o que para outro político e com aquele tom de voz: "Ele estava mais amigável do que de costume"? Ainda assim, de resultado mesmo, todos pós facto, inclusive assassinatos.

Por tudo o que se percebe podemos afirmar que os acontecimentos que desencadeiam um evento – do ponto de vista de prever e prognosticar – não sei se algum de nós consegue ver o quadro inteiro. É como se estivéssemos a olhar a parte de traz de um tapete que está sendo tecido.

Pode até parecer feio, não faz muito sentido, entretanto, um dia poderemos ver o Cisne Negro da obra completa.

Por isso, a guisa de conclusão reproduzo o que disse Harold Macmillam ainda nos anos 50: – Acontecimentos, meus caros, Acontecimentos.

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