2 Mulheres unidas pelos laços do paladar e da amizade 8
SALVADOR SEXTA-FEIRA 11/3/2011
GASTRONOMIA Inspirado em história real, o romance O Clube do Biscoito mistura dramas pessoais femininos com boas dicas culinárias
DANIELA CASTRO
A história se passa no estado de Michigan (Estados Unidos), às vésperas do Natal, com direito a neve e tudo mais. Mas O Clube do Biscoito é um livro que pode ser saboreado em qualquer época ou lugar, já que é feito de dois elementos de comunhão universais: comida e afeto. O subtítulo dá a dica: Onde o ingrediente mais importante é o amor. Essa é o fio da meada que leva o leitor a acompanhar um relato sobre um grupo de 13 mulheres que se reúne todos os anos, sempre na primeira segunda-feira de dezembro, para compartilhar biscoitos feitos por elas mesmas especialmente para a ocasião. Mas a reunião anual dessas amigas não significa só uma oportunidade de colocar a fofoca em dia e trocar dicas sobre forno e fogão. Em torno delas se constrói um intenso laço que se renova a cada encontro.
A vida inspira
Para contar a história, a autora Ann Pearlman assume o ponto de vista de Marnie, “a biscoiteira-chefe” da confraria. Ela tem 57 anos, duas filhas e dois casamentos desfeitos – o primeiro marido morreu precocemente de leucemia; o segundo, ela dispensou quando já não suportava as traições. E a protagonista ainda enfrenta as dúvidas de um namoro com um homem 12 anos mais jovem, que também tem dois filhos e se dedica ao trabalho mais do que ela gostaria. As histórias de vida de suas 12 amigas também são colocadas na roda. Jeannie revela que seu pai está tendo um caso com sua melhor amiga; Taylor tenta driblar uma crise financeira depois de ter sido abandonada pelo homem que amava; Rosie precisa lidar com a rejeição do marido à ideia de ter um filho.
O CLUBE DO BISCOITO / ANN PEARLMAN
Editora Bertrand Brasil/ 294 páginas/ R$ 39/ www.record.com.br
O bacana é que, embora seja uma obra de ficção, o livro é baseado em fatos reais. “Existe, realmente, um clube do biscoito; eu fui a biscoiteira virgem em 2000 e, desde então, venho participando”, revela a autora, que também escreveu Infidelity: A Love Story, indicado ao prêmio Pulitzer em 2001. Por isso, além de os dramas pessoais serem absolutamente possíveis de acontecer com qualquer mulher do planeta, há dicas interessantes para quem quiser colocar em prática suas habilidades de confeitaria. A autora dá uma mão publicando todas as receitas apresentadas pelas 13 personagens. “As receitas de biscoitos foram realmente usadas em nosso clube. E temos, pelo menos, umas cem”, garante Ann Pearlman, que garimpou as dicas de preparação das guloseimas com avós e amigas, além de ter pes-
cado truques de livros, revistas e Internet. A lista inclui pedidas como bombons de chocolate com amêndoas, esferas amanteigadas de nozes-pecã, biscoitos da sorte, bocados de amendoim e biscoitos crocantes de melaço e gengibre.
Ingredientes
Para incrementar seus conselhos, a autora ainda dedica capítulos inteiros aos ingredientes mais utilizados pelas biscoiteiras de plantão. Farinha de trigo, amêndoas, nozes, canela, manteiga, baunilha, tâmaras, açúcar e sal são apresentados com pompa e circunstância. A inspiração para esta parte do livro veio das filhas da escritora, que trabalham em um restaurante. Ao explorar aspectos nutricionais e informações históricas sobre cada um dos ingredientes, a autora reflete so-
bre “como a motivação da comida é um fator determinante em nossa cultura e evolução”. E ela aproveita para salpicar impressões mais pessoais da protagonista Marnie enquanto descreve os alimentos. Gengibre, por exemplo, ela prefere definir como “saborizante de luxo”. O chocolate é “a sobremesa do amor e da comemoração”. Já a baunilha ela associa a “histórias românticas e sexuais”. É o momento de a personagem principal confessar, em tom de gracejo: “eu, às vezes, uso um toque de extrato de baunilha como perfume. Não era isso que Scarlet O'Hara usava para seduzir Rhett Butler?”, diz, fazendo referência ao clássico ...E o Vento Levou.
A regra é clara
O Clube do Biscoito tem até estatuto, tá pensando o quê? E a regra número um talvez seja a
No clube descrito no romance, as amigas compartilham biscoitos artesanais
mais hilária: “Nada de biscoitos com gotas de chocolate”. Mas a biscoiteira-chefe oferece uma justificativa razoável: “houve um ano em que cinco de nós os trouxeram”. Todas as participantes também ficam cientes de que não podem faltar a nenhuma reunião, sob pena de perderem sua vaga para uma nova amiga – quem não tiver como comparecer deve dar um jeito de enviar seus biscoitos e um recadinho meigo justificando a ausência. Mas não existe regra mais estimulante do que esta: “cada uma faz 13 dúzias de biscoitos”. É porque 12 pacotinhos são trocados entre as próprias amigas, que levam para casa e vão dividindo com outras pessoas queridas. E o 13º pacote de cada uma é doado para uma instituição de caridade. “Existe algo de póetico nisso”, diz Marnie. E quem há de descordar?
RECEITA
BOLINHAS DE NOZ-PECÃ
INGREDIENTES 2xícarasdenozes-pecã 2xícarasdefarinhadetrigo 1xícarademanteigaderretida 1/2xícaradeaçúcar 2colheresdechádebaunilha 1/4decolherdechádesal Açúcardeconfeiteiroparapolvilhar
Clube
Conflitos, alegrias, esperança, amizade e solidariedade são alguns dos sentimentos que desfilam ao longo das quase 300 páginas do livro, enquanto a protagonista descreve nos mínimos detalhes o dia do 16º encontro do Clube do Biscoito – sim, o relato gira em torno de um único dia.
Fernando Vivas / Ag. A TARDE
PREPARO Pré-aqueçaofornoa170graus.Tritureas nozesnoliquidificadorounoprocessador. Misturetodososdemaisingredientes,exceto oaçúcardeconfeiteiro.Trabalheamassaaté formarumabola.Comasmãosenfarinhadas, façabolinhasdeaproximadamente2,5cme coloqueparaassaremtabuleirossemuntar (forradocompapel-manteigaoucompapel paraassaruntadocomóleo).Assedurante20 a22minutos.Retireosbiscoitosdotabuleiro comopapelecoloquesobreumagradepara esfriarumpouco.Certifique-sedequeainda estejammornose,gentilmente,sacuda-os numsacoplásticocomoaçúcardeconfeiteiro. Coloque-osnovamentesobreafolhadepapel epolvilhemaisaçúcardeconfeiteiroenquanto esfriam.Rendecincodúzias.
Ambiente agradável e preços acessíveis são principais atrativos de cantina italiana Daniela Castro Repórter do 2+ dcastro@grupoatarde.com.br
boa no serviço à la carte – dá para ir da entrada à sobremesa sem extrapolar a casa dos R$ 50 por pessoa.
Sal
Preços que não assustam são um ótimo incentivo para uma refeição fora de casa. Este é um bom motivo para visitar a Cantina Volpi, que ainda nos dá outros dois motivos: a comida é razoável e o ambiente é bonito de se ver. O rodízio de pizza custa R$ 20,90 por pessoa, com 12 sabores disponíveis. A famigerada relação custo-benefício ainda é
Mas faça-me o favor de não pedir a mussarela à puttanesca (R$ 12,90) para começar, a menos que você seja louco por sal. Não que o prato seja ruim, mas erra ao combinar queijo gratinado com alcaparras e azeitonas com torradas fortemente condimentadas. Um pãozinho honesto e sem firulas seria o ideal. O menu pode deixar dúvidas entre pizza, massa ou carne. O suculento filé à parmigiana da
mesa ao lado pode parecer convidativo, mas um curioso não vai resistir ao papelloti de frutos do mar (R$ 27,90). A promessa é de spaghetti com camarão, mexilhão, lula e vôngole ao molho de vinho branco. Ela se cumpre, exceto pelo fato de que o tal “papelloti” é apenas cenográfico. Quem conhece a técnica percebe que o alimento não foi preparado dentro da “bolsa” de papel alumínio, que chega à mesa impecável – é comum a cocção deixar suas marcas no papel. O garçom é sincero: tudo é feito separadamente e montado na hora de servir para “parecer que é italiano”. A informação não é
animadora, mas a casa garante uma massa boa na textura e no sabor. E, a depender do apetite, serve duas pessoas.
Baristas baianos em concurso nacional
Sabores naturais do Ramma na universidade Festival Brasil Sabor comemora seu hexa
A cafeteria Feito a Grão tem dois nomes no páreo do 1º Campeonato Brasileiro de Barista, que acontece entre os dias 14 e 17, em São Paulo. Bruno da Silva Santos e Lorena Sena estão na disputa com outros 24 profissionais de várias regiões do País. Eles terão 15 minutos para preparar expressos, cappuccinos e drinques com café. O vencedor vai representar o Brasil na etapa mundial da competição, em junho, na Colômbia. O evento é promovido pela ACBB (Associação Brasileira de Café e Barista).
Com o início do semestre letivo, Marinna Neves leva a sua experiência de 17 anos à frente do Restaurante Ramma (Barra) e 27 de pesquisas na área de alimentação natural para o curso de Gastronomia da Unifacs. Ela estreia como professora universitária na disciplina Culinárias Alternativas, apostando em uma visão ampla da produção do alimento, desde a escolha de ingredientes saudáveis até o momento de colocá-los à mesa. Na cozinha da universidade, ela procura desconstruir preconceitos contra a culinária natural, conquistando os alunos com
Redondas
Entre as pizzas, o champignon marca presença em dois sabores que fogem do trivial: Paris (com gorgonzola, presunto, alho e óleo) e siciliana especial (com bacon, tomate e cebola). A primeira peca pela união de sabores fortes, a segunda equilibra melhor os ingredientes. Ambas custam R$ 32,90 (a pizza média, com seis fatias). E podem vir juntas. Sobremesa? Dê uma chance
Papelloti de frutos do mar é farto e saboroso, mas não é fiel à técnica de cocção sugerida pelo nome. Carta de sobremesas apresentam opções interessantes, mas o atendimento deixa a desejar
ao sorvete quente (R$ 7,50), mas peça ao garçom que não deixe o pobre coitado esperando muito tempo pra ser levado à mesa, porque aí a calda quente deixa de ser quente. Bom para dividir é o fondue de chocolate (R$ 12,90), que traz uma calda quente (esta, sim!) com morangos, uvas e fatias de banana. Dá pra fazer duas ou três pessoas felizes. O mesmo, porém, não se pode dizer do atendimento, que é irregular e vai piorando à medida que a casa enche. CANTINA VOLPI (3013-6677) / RUA MIGUEL NAVARRO Y CANIZARES, 423, PITUBA
CURTAS Enogastronomia e ação social em abril Elíbia Portela e prepara para Uma Noite de Aromas, Sabores, Cores e Arte Culinária na Bahia, encontro enogastronômico marcado para 16 de abril, em local a ser definido. A aposta da culinarista é o “aborá”, nova iguaria que promete agradar os amantes de dendê e frutos do mar. O chef Lucius Gaudenzi assina a organização e conta com a presença das chefs paulistas Paula Labaki e Luana Budel no preparo de um menu com nove pratos. Parte da renda irá para o Naspec (Núcleo Assistencial para Pessoas com Câncer).
Lunaé Parracho / Ag. A TARDE
Elíbia Portela criou nova iguaria especialmente para o evento
combinações de receitas naturais com sabores exóticos vindas da Índia, dos países árabes e da Europa.
“O principal é tirar refinados e químicos e colocar carboidratos de boa qualidade” MARINNA NEVES, professora
“À mesa, o Brasil é hexa”. É este o mote do festival Brasil Sabor, que chega à sua sexta edição este ano. Promovido pela Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), a maratona já tem datas: 28 de abril a 29 de maio. Ao longo desse período, mas de mil bares e restaurantes de todo o País estarão unidos pela proposta de divulgar os sabores de todas as regiões com pratos especialmente preparados para o festival. Para estimular os amantes da gastronomia a experimentar, as casas praticam preços especiais.