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SALVADOR SEXTA-FEIRA 21/1/2011

Rejane Carneiro/ Ag. A TARDE

GASTRONOMIA Livro reúne depoimentos de especialistas e apreciadores de cerveja

Encantos da ‘loura gelada’ além da filosofia de mesa de bar DANIELA CASTRO

O álcool entra, a verdade sai. A máxima é antiga e já teve sua veracidade comprovada por todo sujeito que, ao menos uma vez na vida, exagerou na dose ou presenciou porre alheio. Além de dar vazão a verdades – e mentiras –, uma rodada de cerveja com amigos pode ser um excelente pretexto para examinar e refletir sobre a vida. Ou seja, para filosofar. Pois o norte-americano Steven d. Hales levou a coisa tão a sério que transformou o tema em livro. É ele quem assina a organização de Cerveja & Filosofia – Leia, Pense e Consuma sem Moderação. Lançado pela editora Tinta Negra, o título faz parte da coleção Sabores e Prazeres de Epicuro, uma reverência ao filósofo grego que se tornou conhecido por ser um ferrenho defensor da felicidade – em breve, chegarão às livrarias também os títulos Comida & Filosofia e Vinho & Filosofia.

Bebida do povo

”Diferentemente do vinho, que antes era uma bebida de elite para a nobreza e considerada um presente divino de Dionísio, a cerveja sempre foi uma bebida disponível a todos os cidadãos”, defende Hales.

“Certamente alguns dos mais notáveis predicados da cerveja são a sociabilidade e irreverência” CILENE SAORIN, sommelière de cervejas

Para provar a onipresença da bebida na história da humanidade, ele recorre a trovas, poemas e histórias milenares. Lembra, por exemplo, que os trabalhadores que construíram as pirâmides no Egito eram pagos com pão e cerveja – o salário padrão na época era um galão por dia, que tal? Ao defender a cerveja como legítima bebida do povo, Steven D. Hales também se permite tiradas irônicas e trocadilhos infames, daqueles irresistíveis numa mesa de bar. “A cerveja dirige a condição humana, ainda que a pessoa não esteja em condição de dirigir”, graceja.

Cerveja gourmet

O livro conta com apresentação da paulista Cilene Saorin, mestre cervejeira, que se apresenta ao leitor como “sommelière de

CERVEJA & FILOSOFIA – LEIA, PENSE E CONSUMA SEM MODERAÇÃO / STEVEN D. HALES (ORGANIZAÇÃO) E CILENE SAORIN (APRESENTAÇÃO)

Tinta Negra / 288 pág./ R$ 45/ www.tintanegraeditorial.com.br

A pilsen, feita de malte, lúpulo, água e fermento, data de 1842: mais consumida no mundo

Sabores árabes com preço convidativo para fugir da praça de alimentação Daniela Castro Repórter do 2+ dcastro@grupoatarde.com.br

Estar no shopping sem precisar lembrar que está no shopping. Está aí um boa razão para escolher O Árabe, na hora do jantar. Embora esteja localizado em uma das praças de alimentação do Iguatemi, o salão reservado deixa o cliente livre do zunzunzum e do vaivém. Os que, ainda assim, gostam de ficar de olho no movimento, pode ficar no bar mesmo. É uma

forma de estar mais perto do chope (R$ 4,20) e de combos, que combinam a bebida com porções generosas de quibe e esfirra (varia de R$ 7,90 a R$ 11,90). Pelo preço camarada, o que vale mesmo é o quibe. Na área reservada às mesas, o ambiente é mais confortável. Mas pouco lembra um restaurante árabe. Das caixas de som, que poderiam colaborar para fazer o cliente entrar no clima, o que sai é só música percussiva baiana, pagode romântico e MPB modernosa. Superada a trilha sonora, façamos os pedidos. Vale a pena pagar os R$ 22,90 solicitados

cervejas”. A adaptação do título reflete uma tendência mundial – apreciar o líquido obtido da fermentação da cevada já não se resume mais ao ato de encher a cara com aquela “breja“” estupidamente gelada. “Que tal beber menos e melhor?”, desafia a especialista, propondo uma revisão de valores em nome do amadurecimento gastronômico. ”O prazer à mesa sempre foi fundamental e o equilíbrio pode ser agradável e saudável”, aconselha, lembrando que há cervejas de diferentes estilos para diferentes ocasiões. Estudiosos como Dale Jacquette, Michael Lynch, Neil Manson e Rex Welson discutem conceitos como autenticidade, prazer e bom gosto. Uns vão mais longe para explorar a estética, a metafísica e a epistemologia da cerveja, com direito a flertes com Kant e Nietzsche. Quem quer informações mais técnicas encontra tabelas que avaliam os níveis de lúpulo e a coloração de marcas mundialmente conhecidas. As brasileiras ficaram de fora do páreo, mas o papo com os caras vale cada gole.

pela Kafta, tradicional bolinho de carne picante, que é bem combinado com batata sauté e cebola e tomate grelhados. O preço e os acompanhamentos

se repetem no Michuí de Filé, mas já não dá para dizer o mesmo do sabor. A carne, anunciada como “espeto de mignon em cubos”, é servida em pedaços grandes e insossos. Passe.

Opções

O salão reservado deixa o cliente livre do zunzunzum e do vaivém do ambiente do shopping center

Vale mais a pena pedir os charutos de uva (R$ 19,90), que trazem a folha da parreira recheada com arroz e carne moída. Mas é possível pagar menos e ser mais feliz com o Falafel (R$ 14,90), delicioso bolinho feito à base de grão de bico. Acompanha pão sírio e – infelizmente – um molho tártaro que não deixa saudades em ninguém.

A carta de sobremesa é curta e quem prefere sabores triviais corre o risco de descobrir que todo o estoque foi devorado no almoço e não foi reposto. Mas entre os dois ou três doces árabes que sobrevivem, o Belewa não decepciona. O rolinho de massa folhada com castanhas e mel custa R$ 5,90. O preço confirma a regra do cardápio: não agride o bolso. Já o atendimento, muito atencioso no início, se torna um pouco atrapalhado quando a casa começa a encher.

DICA DO ARTISTA Tuca Fernandes, do Jammil

Margarida Neide / Ag. A TARDE

“O Shiro fez um prato em minha homenagem, o Tucamaki. Não é porque tem meu nome que eu indico, mas porque é bom e bastante procurado”. INDICA SHIRO (RUA DA GRAÇA, 181, GRAÇA.

O ÁRABE (3450-6465) / SHOPPING IGUATEMI, PRAÇA NEWTON RIQUE – 3º PISO

3337-3732 / 3337-3196. / WWW.SHIRORESTAURANTE.COM.BR)


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