Revista Diálogo Português ano 2019

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O uso de

INTELIGÊNCIA FINANCEIRA

no combate às redes de ameaças transnacionais nas Américas

D

CELINA B. REALUYO*

esde os atentados de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos e as nações parceiras vêm utilizando cada vez mais a inteligência financeira para combater o terrorismo, o crime e a corrupção no mundo inteiro. O financiamento é o elemento decisivo para qualquer organização, mesmo para os cartéis mexicanos, as gangues centro-americanas e os grupos terroristas internacionais. O rastreamento do dinheiro já ajudou governos a entender melhor, detectar, desmantelar e combater redes de ameaças transnacionais. Desde 2008, os EUA e os seus parceiros da América Latina reforçaram sua capacidade de combater a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo. Eles incorporaram de maneira consciente o instrumento financeiro do poder nacional às suas estratégias de segurança interna. Operações militares e de manutenção da ordem pública contra as fontes financeiras do crime, sanções contra terroristas e líderes do narcotráfico como “El Chapo” Guzmán e o regime de Nicolás Maduro na Venezuela, além da apreensão de bens das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e dos cartéis mexicanos, se mostraram particularmente eficazes. Estas medidas atacam o tráfico de drogas, desmantelam organizações criminosas transnacionais e revelam escândalos políticos de corrupção em toda a América Latina, como no Brasil e na Guatemala.

O RASTREAMENTO DO DINHEIRO

As redes que ameaçam a segurança transnacional incluem terroristas e criminosos que consideram a arrecadação de fundos um objetivo primordial para a prática de crimes, como também uma prática essencial para facilitar o terrorismo. O financiamento representa a essência vital para essas redes e seus planos danosos, já que lançam mão de muito dinheiro para corromper e cooptar seus rivais, intermediadores e/ou autoridades governamentais e de segurança. A captação de recursos é indispensável para manter o apoio operacional, o comando e o controle, o pessoal, as armas, as comunicações, a logística e as operações das redes criminosas. Por essa razão, rastrear o dinheiro e privar os terroristas e criminosos desses recursos pode desmantelar e desativar essas redes. O financiamento de redes criminosas inclui a lavagem de dinheiro e o aporte de dinheiro a células terroristas. Através da lavagem de dinheiro, os criminosos tentam encobrir seus lucros, as fontes ou a natureza das suas atividades ilícitas. O financiamento do terrorismo remete ao processamento de fundos para patrocinar ou permitir as atividades terroristas que podem incluir dinheiro limpo ou sujo. Os métodos de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo envolvem o sistema bancário, remessas de dinheiro vivo, contrabando com www.dialogo-americas.com

Leveraging

FINANCIAL INTELLIGENCE to Counter Transnational Threat Networks in the Americas CELINA B. REALUYO*

S

ince the 9/11 attacks, the United States and partner nations increasingly use financial intelligence to combat terrorism, crime, and corruption around the world. Financing is the critical enabler for any organization, even for the Mexican cartels, Central American gangs, and international terrorist groups. Following the money trail helped governments better understand, detect, disrupt, and counter transnational threat networks. Since 2008, the United States and its Latin American allies strengthened their abilities to combat money laundering and terrorist financing. They consciously incorporated the financial instrument of national power into their national security strategies. Military and law enforcement operations against threat financiers, sanctions against terrorists and drug kingpins like El Chapo Guzman and the regime of Nicolás Maduro in Venezuela, and the seizure of assets from the Revolutionary Armed Forces of Colombia (FARC, in Spanish) and Mexican cartels became particularly effective. These measures attack narcotrafficking, dismantle transnational criminal organizations, and expose political corruption scandals across Latin America, such as in Brazil and Guatemala.

FOLLOW THE MONEY

Transnational threat networks include terrorists and criminals who consider revenue as both a key objective in case of crime and an essential enabler for terrorism. Financing serves as the lifeblood for these networks and their evil agendas; these networks derive power from their wealth and use it to corrupt and co-opt rivals, facilitators, and/or government and security officials. Financing is indispensable to support and sustain the command and control, personnel, arms, communications, logistics, and operations of illicit networks. For this reason, following the money trail and depriving terrorists and criminals of financing can disrupt and disable these threat networks. Threat finance includes money laundering and terrorism financing. Through money laundering, criminals try to disguise the proceeds, sources, or Fórum das Américas

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