Revista Papiloscopistas Policiais Federais IMPRESSÕES 12 AGOSTO 2018

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PUBLICAÇÃO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PAPILOSCOPISTAS POLICIAIS FEDERAIS - ABRAPOL

EDIÇÃO 12 - AGOSTO DE 2018 | ANO XVIII

HAVIA DIGITAIS NO MEIO DO CAMINHO NO CASO DO BUNKER DE SALVADOR, AS IMPRESSÕES AMARRARAM GEDDEL VIEIRA LIMA E DOIS EX-FUNCIONÁRIOS E ALIADOS DO EX-MINISTRO À DINHEIRAMA ENCONTRADA

PAPI CIÊNCIA

REPORTAGEM

A incrível jornada do PPF que usou o Google Imagens

Conheça a realidade no primeiro II brasileiro : Instituto

para descobrir crimes e documentos falsos. | pág. 13

de Identificação Félix Pacheco IIFP/PCERJ. | pág. 42

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O ÚNICO EVENTO DO PAÍS TOTALMENTE DEDICADO À IDENTIFICAÇÃO HUMANA VISITAS AO INSTITUTO DE IDENTIFICAÇÃO DE SÃO PAULO

CONGRESSO E EXPOSIÇÃO Inovações, tendências, melhores práticas e as mais recentes soluções em biometrias e tecnologias de identificação humana.

O Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt do Estado de São Paulo (IIRGDSP) recebe profissionais em papiloscopia interessados em conhecer suas instalações e processos.

MINICURSOS Aperfeiçoamento e atualização técnica para profissionais e especialistas em identificação humana.

Apoio institucional

FÓRUM POLÍTICO Discussão sobre desafios e oportunidades advindos da modernização dos documentos de identificação a partir do decreto 9278/18.

Realização


VI CONGRESSO NACIONAL DE NECROPAPILOSCOPIA

PR CO OF ND IS IÇ SI ÕE ON S AI ES Ap S E PEC ro M P IA ve A IS ite P P ! ILO AR SC A OP IA

CASES

PALESTRAS 1 - LEAD: benefícios da informatização para os procedimentos de legitimação 2 - A contribuição da biometria na localização e identificação de desaparecidos

1 - Novas Técnicas Necropapiloscópicas: apresentação de caso real 2 - Perícia Necropapiloscópica em acidentes de massa 3 - O caso do bunker de R$ 51 milhões

“Este evento de extrema relevância visa promover o intercâmbio de serviços e informações específicas ligados à papiloscopia e aos direitos humanos, tendo em vista o indiscutível valor da Necropapiloscopia como método seguro e eficaz na identificação de cadáveres.”

Antonio Maciel Aguiar Filho

Presidente da FENAPPI Federação Nacional dos Peritos Oficiais em Identificação www.fenappi.com.br

INFORME-SE E GARANTA SUA INSCRIÇÃO

biometricshitech.com

Organização e Realização


PALAVRA DO PRESIDENTE

INSISTÊNCIA E A PERSEVERANÇA PARA UM PAÍS MAIS SEGURO E JUSTO

É

função do Perito em Papiloscopia, pautado pelo conhecimento técnico-cientifico, realizar a leitura dos vestígios de impressões papilares em locais de crime, interpretá-los e estabelecer o vínculo entre o vestígio encontrado e a identificação inequívoca da pessoa que o produziu. É isso! Identificar pessoas de forma inequívoca é atribuição (essencial) primária do Papiloscopista, quer seja no processo de confecção de uma Carteira de Identidade, na identificação de cadáveres ou de corpos oriundos de acidentes de grandes proporções e principalmente na busca de autoria de crimes por meio da perícia papiloscópica. Os órgãos oficiais de Identificação estão presentes em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Essa história remonta ao ano de 1903, quando da criação da primeira unidade do gênero no país, o Instituto Felix Pacheco, no Rio de Janeiro, voltado especificamente para implementar a identificação Civil da sociedade, utilizando a papiloscopia como ciência norteadora dos procedimentos para garantir a unicidade de casa cidadão. No entanto, a história também nos mostra o quão grande foi o descaso dos governos com este segmento tão vital para

o funcionamento das atividades socioeconômicas do pais. Com pouquíssimos investimentos, alguns órgãos de identificação estaduais sobrevivem hoje em razão do esforço coletivo de seus servidores. Outros conseguiram driblar as dificuldades e atraíram o olhar dos gestores públicos e estão mudando o paradigma das ações que necessitam da garantia no processo de identificação da pessoa. São Paulo e Goiás estão implantando o Sistema AFIS. Com isso chegaremos a mais de 11 estados que utilizarão ferramentas tecnológicas que não somente dão celeridade aos processos de identificação como também subsidiam um volume bem maior de informações e laudos periciais aos procedimentos investigativos (além, é claro, de auxiliar na identificação de pessoas desaparecidas e de cadáveres considerados indigentes). Estão em curso muitos projetos que de forma integrada com outras áreas de governo prometem revolucionar a capacidade do estado em implementar políticas sociais e de segurança pública. A Polícia Civil do Distrito Federal deu um passo importante para o alcance dos índices de resolução de crimes almejados pela sociedade brasileira. No mês de abril de 2017, entregou ao povo do Distrito Fe-

deral o mais moderno órgão oficial de identificação da América Latina, cujos novos equipamentos e laboratórios certamente ampliarão os resultados positivos dos procedimentos periciais, de representação facial humana e de outras áreas biométricas. São nas dificuldades que nos tornamos mais capazes de produzir, superar e alcançar os objetivos. Vivenciamos isso todos os dias, Peritos Papiloscopistas apresentando resultados excelentes nos procedimentos investigativos, desenvolvimento pesquisas e artigos científicos, gerindo órgãos, implementando políticas e na sua essência servindo as instituições e a sociedade É um pouco disso que queremos mostrar para nossos leitores. A modernização para este segmento é essencial. Tanto governo federal como estadual precisam implementar ações efetivas para que os órgãos oficiais de identificação e seus servidores, Peritos Papiloscopistas, possam atender as demandas da área com muito mais qualidade e eficácia. Que sejam implementados projetos para integração dos bancos de dados biométricos a fim de que os órgãos de identificação troquem informações ampliando a capacidade de pesquisa e a obtenção de resultados.

PRESIDENTE DA ABRAPOL

PAULO AYRAN DA SILVA BEZERRA

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NESTA EDIÇÃO

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ENTREVISTA

Lilian Marouelli Papiloscopista Policial Federal faz história ao torna-se a primeira profissional brasileira de identificação a participar de curso na Rússia

PAPI CIÊNCIA

De 100 imagens de impressões digitais disponíveis na internet, ao menos 34 já foram utilizadas em documentos falsos, conforme pesquisa realizada no AFIS da Polícia Federal

29 ESPECIAL

Silvana Helena Vieira Borges A primeira mulher a ocupar a Diretoria Executiva da Polícia Federal fala de planos e caminhos para o órgão

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Apesar de os suspeito terem sido soltos, os papiloscopistas provaram, por meio da ciência, que um deles estava no local do crime

REPORTAGEM

A integração entre os sistemas AFIS utilizados por todas as polícias é um caminho para o futuro da identificação humana no Brasil

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A realidade no primeiro II brasileiro

PELOS ESTADOS

Uma iniciativa, centenas de casos solucionados

Conselho Editorial

Bernardo José Munhoz Lobo Jade Kende Umbelino Leonardo Cosme Carvalho da Silva Luciene Marques da Silva Marlon Anselmo Duarte da Costa Paulo Ayran S. Bezerra

Jornalistas Responsáveis e Editores Executivos

Marcos Linhares - MTb 2406-DF João Vitor Fernz - MTb 0007637-DF DIRETORIA EXECUTIVA DA ABRAPOL

Presidente

Paulo Ayran da Silva Bezerra

Vice Presidente

Ramon Santos Fernandez

Secretário Geral

Bernardo José Munhoz Lobo

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O trabalho foi resultado de uma ação permanente para coibir o uso das vias postais para o tráfico de drogas ao exterior

Papiloscopistas policiais federais identificam suspeito após 17 anos

A Gestão Inteligente de Informações Biométricas

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Os exames periciais papiloscópicos representam uma das principais provas durante a persecução criminal.

REPORTAGEM

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PELOS ESTADOS

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As impressões digitais encontradas pelos Papiloscopistas Policiais Federais (PPF) atribuíam os R$ 51 milhões ao ex-ministro

PELOS ESTADOS

PAPI CIÊNCIA

EXPEDIENTE

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CAPA

ESPECIAL

PALAVRA DO PRESIDENTE

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A OUTRA FACE

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EVENTOS

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ESPECIAL

HIGHLIGHTS

Julius Bomfim sempre praticou esportes, mas a iniciativa do pai com a corrida de rua e a necessidade de se preparar para o T AF da PF, em 2012, o apresentou um universo novo: O Triathlon

Evento comemorativo mostrou a importância da perícia papiloscópica

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FOTO GALERIA

Repórter

Simone Andrade

Projeto Gráfico e Diagramação Gueldon Brito

Revisão

Cácia Leal

Coordenação e Revisão Final Paulo Ayran S. Bezerra

A Revista Impressões é uma publicação trimestral da Associação Brasileira dos Papiloscopistas Policiais Federais.

Diretor Jurídico

Conselho Fiscal

Diretor Financeiro

Titulares Camila Teixeira Feijoo Rogério Silva dos Santos Leonardo Cosme Carvalho da Silva

Marcos Rosseti Picinin A. Vieira Clauber Franco Miranda

Diretor De Assuntos Estratégicos

Gabriel Ângelo da Silva Gomes

Suplentes Marlon Anselmo Duarte da Costa Luciene Marques da Silva Leonardo Cosme Carvalho da Silva

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HIGHLIGHTS

REPRODUÇÃO/ FACEBOOK

Há problema para quem falsifica as coisas”, disse chateado o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), ao ter que revogar portaria que possibilitava empresas contratarem serviço com dados da população. Entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), apontaram, problemas no oferecimento de dados sigilosos.

VALTER CAMPANATO/ AGÊNCIA BRASIL

“O Brasil tem liderado uma série de operações de combate ao crime organizado, inclusive sediando o Centro de Cooperação Policial Internacional no Rio de Janeiro, e passa agora, como secretário-executivo da Ameripol, a poder utilizar esse espaço para realizar operações internacionais”, explicou o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, eleito em Buenos Aires, secretário-executivo da Comunidade de Polícias das Américas (Ameripol), em matéria publicada na Agência Brasil.

Uma das principais soluções a ser buscada por meio deste Ministério da Segurança Pública é convergir esforços de interoperabilidade na área de inteligência e entre os sistemas de identificação biométricos e biográficos existentes no país (TRE, Detran, Institutos de Identificação e Cartórios) e mesmo entre os países vizinhos que já dispõem destas tecnologias”, Antônio Maciel Aguiar Filho, presidente da Federação Nacional dos Peritos Oficiais em Identificação – FENAPPI, em artigo publico no jornal OTTO PEYERL O Popular (GO), sobre o crime organizado SINPOL-DF

O 14º Congresso Brasileiro de Identificação (CBI) foi uma oportunidade de promover o compartilhamento das técnicas e conhecimentos, o que gera um nivelamento na profissão”, disse o, vice-presidente da Fenappi, Rodrigo Meneses.

Pelo visto, o problema da emissão de passaportes continuará sendo tratado como emergência, e não como de fácil e possível solução. Verba há, mas não há vontade política para atender a essa demanda, disse Paulo Ayran, presidente da Associação Brasileira de Papiloscopistas Policiais Federais (Abrapol) em matéria publicada no Correio Braziliense online.

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ENTREVISTA

LILIAN MAROUELLI Papiloscopista Policial Federal faz história ao torna-se a primeira profissional brasileira de identificação a participar de curso na Rússia Por Simone Andrade Especial para a revista Impressões

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ENTREVISTA

P

apiloscopista Policial Federal (PPF) há cinco anos, Lilian Marouelli foi a primeira Papiloscopista brasileira a participar do curso de Diligência Datiloscópica – Exame de Lugar do Crime, oferecido pela Universidade de Moscou, do Ministério do Interior da Federação Russa – V. Y. Kikot. A Rússia, que possui 98 centros criminalísticos e 15 mil peritos, convida todos os anos policiais de diferentes regiões do mundo para compartilharem conhecimentos e experiências e estreitar relações entre

Universidade de Moscou do Ministério do Interior da Federação Russa – V. Y. Kikot

IMPRESSÕES | O que mais desperta a curiosidade sobre a formação dos peritos na Rússia? Lilian Marouelli | Na Rússia, existem as perícias gerais e as perícias específicas. As perícias gerais englobam: balística, armas brancas, retrato falado, comparação de rostos, documentoscopia, traçologia e dermopapiloscopia. Para realizar essas perícias, o especialista precisa passar por uma formação de cinco anos, na Universidade de Moscou, do Ministério do Interior. Para as perícias específicas, que são Economia, Engenharia, Biologia e outras 43 áreas, o profissional precisa ter uma formação superior em uma dessas áreas e mais seis meses de especialização. IMPRESSÕES | Como foi o curso? Lilian Marouelli | No primeiro momento, eles abordaram noções de local de crime; fotografia em local de crime; traçologia, que são vestígios, como pegadas e marcas de pneu; retrato falado; noções de explosivos e odorologia, técnica que utiliza o odor para identificar um suspeito. Como foi um

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as instituições. Lilian participou do curso oferecido de 26 de março a 27 de abril de 2016, e que contou com a participação de 15 papiloscopistas de 11 países da América Latina – Brasil, Paraguai, Guiana, Jamaica, Argentina, Chile, Colômbia, Honduras, Nicarágua, El Salvador e Guatemala. Na Rússia, os policiais passam pela Universidade V. Y. Kikot para se especializarem nas Grandes Perícias: Balística, Armas Brancas, Retrato Falado, Comparação de Rostos, Documentologia, Traçologia, Dermopapiloscopia. Além destas, existem outras 46 perícias específicas, para as quais são direcionados os policiais com formações específicas, como Economia, Engenharia. “Eles têm uma universidade só para a formação de peritos gerais. São sete grandes áreas de perícias, e a papiloscopia é uma delas. Eles oferecem esse curso como se fosse um curso superior; são cinco anos de formação, e nós fomos ter

uma visão geral do que eles fazem na área de datiloscopia em local de crime”. Confira entrevista que a Papiloscopista Policial Federal concedeu à Revista Impressões.

curso longo, os professores abordaram um pouco sobre perícias gerais, antes de falarem sobre dermopapiloscopia, que engloba datiloscopia, quiroscopia, podoscopia, poroscopia e edgeoscopia. Antes de tratarem de datiloscopia em local de crime, eles pediram para que mostrássemos como realizamos a perícia datiloscópica em nossos países. Para isso, nos levaram a uma cidade cinematográfica, dentro da própria universidade, muito interessante, com estação de metrô, banca de revista, quadra de esporte e praça. Eles queriam saber como a gente atua desde a chegada

ao local do crime até a elaboração do Laudo. Mostramos como realizamos as fotos, fazemos a revelação dos fragmentos papiloscópicos, levantamos os vestígios e processamos esse material e realizamos o Laudo. Fizemos essa atividade em dois dias, e eles deram os feedbacks de como eles fariam. Fizeram críticas, falaram sobre as semelhanças e diferenças de trabalho entre os países participantes. Depois disso, mostraram o sistema de classificação que eles utilizam, que é o de Henry, e a metodologia que adotam em local de crime.

As dinâmicas foram intensas durante o curso

Os participantes se envolveram profundamente nas atividades

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ENTREVISTA

A troca de experiências internacionais permeou todo o curso

IMPRESSÕES | Muitas diferenças ou semelhanças? Lilian Marouelli | Em geral, os países seguem a mesma linha. A diferença é que na Federação Russa os peritos vão em grupo de três peritos ao local. Um responsável pelas fotografias, outro pelas anotações e o terceiro pelo levantamento dos vestígios. No Brasil, assim como no Chile e na Colômbia, vai um perito criminal, responsável pelo local, e um perito papiloscopista. Outros países, como Argentina e Paraguai, é apenas um profissional fazendo todas as perícias gerais. IMPRESSÕES | Voltando para a atividade na cena do crime, na cidade cinematográfica. Dentro da percepção que você teve, quais são os principais cuidados que eles têm com as etapas do trabalho? Lilian Marouelli | A metodologia de trabalho deles é bem definida e cumprida

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integralmente. A primeira etapa refere-se à preservação do local do crime, em seguida vem a de garantir a cadeia de custódia dos vestígios arrecadados, de modo que as provas periciais não sejam questionadas em juízo – o que foi muito ressaltado durante todo o curso e que considero muito importante. Também nos preocupamos muito com isso. Contudo, a impressão que tive é que eles são muito mais questionados do que somos aqui [no Brasil]. Pensando em evitar futuros questionamentos judiciais, o INI tem buscado aplicar uma metodologia mais científica nos trabalhos periciais – a exemplo do ACE-V, adotado pelas polícias francesa, canadense e a própria Interpol –, metodologia que consiste na análise, comparação, avaliação e verificação, por um segundo especialista, de tudo que foi feito. E a polícia russa utiliza uma técnica semelhante a essa.

IMPRESSÕES | O que você destaca dessa experiência? Lilian Marouelli | O que mais vale é estreitar laços. Os crimes são de atuação internacional, então esse estreitamento facilita na hora de combater o crime, de solicitar um auxílio, não só à Rússia, mas também a países que, embora próximos, não estão ainda muito acessíveis à polícia. Uma coisa que eu também trouxe para a discussão entre os colegas é o uso de microfragmentos pela polícia russa. São fragmentos que, embora tenham menos de oito pontos característicos, são utilizados para

“Para realizar essas perícias, o especialista precisa passar por uma formação de cinco anos, na Universidade de Moscou, do Ministério do Interior”

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ENTREVISTA

“Uma coisa que eu também trouxe para a discussão entre os colegas é o uso de microfragmentos pela polícia russa” individualização, desde que estejam em boas condições e que haja um suspeito. No Brasil, por convenção, utilizam-se apenas os que apresentam 12 pontos característicos. Entendo que essa prática adotada na Rússia também poderia ser observada aqui, uma vez que um fragmento daquele tipo pode se tratar de único elemento de prova material do crime. IMPRESSÕES | Você vê que temos condições de fazer isso? Lilian Marouelli | Acredito que sim. Para isso, como mencionei anteriormente, teríamos que levantar fragmentos em boas condições e ter pelo menos um suspeito. Além disso, teríamos que contar com uma impressão padrão alto nível de detalhes, que possibilite um confronto papiloscópico utilizando não apenas pontos característicos, mas também poros e bordas das cristas papilares.

Foi colocada a primeira bandeira do Brasil no mapa mundi na universidade russa.

IMPRESSÕES | Como foi a experiência de ser a primeira papiloscopista brasileira a participar do curso? Lilian Marouelli | Foi emocionante e gratificante, ainda mais por eu ter colocado a primeira bandeira do Brasil no mapa mundi que tem lá na universidade. A receptividade dos russos foi muito grande e estavam muito satisfeitos de finalmente receberem uma representante do nosso país.

IMPRESSÕES | Você incentiva outros colegas a aproveitarem a oportunidade? Lilian Marouelli | Sim, com certeza. Primeiro, pela oportunidade de conhecer a forma como trabalham outras polícias e a possibilidade de realizar trocas de informações entre as instituições. Depois, pela chance de conhecer um país tão desenvolvido nas metodologias de investigação e com uma cultura tão encantadora e diferente da no ssa.

Nossos processos de exames de lugar de crime puderam também ser apresentados aos colegas dos vários países participantes

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PELOS ESTADOS

NA PARAÍBA... PERÍCIA PAPILOSCÓPICA DEVOLVE INDIVÍDUO À PRISÃO Apesar de os suspeitos terem sidos soltos, os papiloscopistas provaram, por meio da ciência, que um deles estava no local do crime Por Simone Andrade Especial para a revista Impressões

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PELOS ESTADOS

N

a madrugada do dia 30 de maio de 2017, indivíduos fortemente armados explodiram uma agência dos Correios em São Sebastião do Umbuzeiro (PB). Os assaltantes explodiram a agência e fugiram espalhando grampos na pista para evitar a perseguição policial. Na mesma noite, a Polícia Militar prendeu dois suspeitos interceptados na rodovia que liga Zabelê (PB) e Umbuzeiro. A polícia colheu também uma lata de solvente – utilizada para auxiliar a espalhar os grampos – e alguns dos grampos. Os suspeitos presos foram encaminhados para a delegacia de Polícia Federal em Campina Grande (PB) e o material foi para a Perícia Papiloscópica.

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Após os procedimentos na Delegacia, os suspeitos foram encaminhados para a audiência de custódia na presença do juiz do caso. Mas, de lá foram liberados sob alegações de falta de elementos probatórios que os mantivessem presos. Durante quatro dias, o Papiloscopista Policial Federal Livônio Lima analisou e aplicou reagentes específicos na lata apreendida. A prova que faltava para sustentar a prisão foi obtida com os dois fragmentos de impressões digitais revelados no interior da lata de solvente. “Logramos êxito revelando dois fragmentos na parte interna [da lata], por coincidência uma sequencial de dedos, um dedo indicador e o dedo médio. Com base nesses fragmentos, confrontamos com as decadatilares

dos dois indivíduos vindo a positivar com um deles”, conta Livônio. Além disso, a digital também positivou com um caso criminal relacionado a assalto na agência dos Correios na Cidade de Assunção (PB), em 2016. Com os Laudos de Perícia Papiloscópica concluídos pelo GID/PB, o Delegado de Polícia Federal responsável pelo caso pediu a prisão dos envolvidos e imediatamente o juiz correspondente a decretou. Assim, um dos criminosos foi devolvido à prisão. “Temos muitos casos positivados na Paraíba, mas esse em particular foi gratificante devido ao fato de os indivíduos terem sido colocados em liberdade e a gente ter conseguido provar, por meio da ciência, que ele estava sim no local de crime”, conclui o PPF.

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PERÍCIA NA INTERNET

PAPI CIÊNCIA

IMPRESSÕES IMPRESSÕES DIGITAIS DIGITAIS DISPONÍVEIS NO GOOGLE DISPONÍVEIS NO GOOGLE IMAGENS SÃO IDENTIFICADAS IMAGENS EM DOCUMENTOS SÃO IDENTIFICADAS FALSOS EM DOCUMENTOS FALSOS De 100 imagens de impressões digitais disponíveis na internet, ao menos 34 já foram utilizadas em documentos falsos, conforme pesquisa realizada no AFIS da Polícia Federal Por Simone Andrade Especial para a revista Impressões

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PAPI CIÊNCIA

E

m 2014, após reconhecer, no Google, uma imagem utilizada em casos criminais que envolviam uso de documentos falsos, o PPF Carlos Magno Girelli, do Grupo de Identificação da Superintendência Regional no Espírito Santo (GID/ ES), decidiu verificar a frequência com que as impressões disponíveis na internet são utilizadas para forjar documentos no Brasil. Das 100 primeiras imagens que baixou da internet e pesquisou no Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais (AFIS), 34 resultaram em confrontos positivos com impressões digitais de casos criminais armazenados no sistema. “Esse número é maior se considerarmos os vários crimes que não são apurados e aqueles sob investigação da Polícia Civil em locais onde não há inclusão no AFIS da Polícia Federal”, alerta o PPF. Tudo começou quando, ao analisar impressões digitais presentes em cópias de documentos de identidade sobre os quais pairavam suspeitas de falsificação, Girelli encontrou similaridades entre duas impressões que tinha em mãos. “Foi uma coincidência os dois casos terem caído para o mesmo examinador e em um mesmo momento. Pela experiência, saltaram-me aos olhos algumas características peculiares que apareciam em ambas as impressões, apesar de pertencerem a investigações distintas. Então pensei: ‘Será que não são equivalentes?’”, conta. “Era uma presilha interna e outra externa, mas o núcleo estava parecido”. Quando Girelli reverteu a imagem, percebeu que era a mesma, porém impressa de uma forma em um documento e revertida no outro, como se vista a partir de um espelho. Ao perceber que as impressões estavam sendo utilizadas revertidas, e que tal ação modifica profundamente o mapa de minúcias, prejudicando sua identificação no sistema AFIS, o papiloscopista passou a processar, em casos de cópias de documentos falsos, a imagem da impressão conforme recebida e a revertida. Apesar de ser um trabalho duplo, o resultado foi recompensador. “A gente fez isso para alguns documentos falsos que exa-

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minamos, depois de observarmos esse primeiro caso, e logo detectamos outros casos de reversão de imagem”, conta Girelli. Em um dos casos, a mesma impressão digital foi identificada como tendo sido utilizada em documentos falsos investigados em diferentes estados. Havia casos com impressões iguais no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e outros dois casos no Acre contendo a imagem revertida da mesma impressão. Como os crimes foram cometidos em localidades distantes, foi levantada a hipótese de que não havia correlação entre eles, embora a impressão digital usada nos documentos falsos fosse a mesma. “Se são criminosos independentes, como é que eles conseguiram a mesma impressão digital?”, questionou Carlos Magno, à época. “Se esses fraudadores são independentes e não têm conhecimento um do outro, qual seria a fonte mais provável para se obter a mesma imagem de impressão digital para forjar e imprimir em um documento? A internet”. Girelli memorizou a impressão digital presente nos referidos casos e acessou o Google Imagens. “Não demorou muito e encontrei a mesma impressão que eu tinha em mãos”. Perceber que havia similaridades entre as imagens das cópias de documentos falsos foi possível graças à atenção quanto a características intrínsecas e extrínsecas da impressão digital. As características intrínsecas das impressões digitais são aquelas que obedecem aos princípios da papiloscopia – unicidade, imutabilidade e perenidade –, e norteiam o trabalho de identificação. Além disso, Girelli alerta para a importância de os papiloscopistas estarem atentos às características extrínsecas – que variam de acordo com o método de coleta ou revelação –, com as características do substrato onde se encontram ou mesmo em função de edição de imagem. “Nós, profissionais de identificação, somos aptos a detectar se duas marcas foram geradas por um mesmo dedo, quando elas apresentam concordância suficiente quanto às características intrínsecas; mas as características extrínsecas normalmente não se repetem em coletas e deposições distintas”, explica.

Em um dos casos analisados, uma mesma pessoa possuía identidades de Minas Gerais e do Espírito Santo As características extrínsecas podem ser observadas no contorno da região visível da impressão digital, que varia de uma coleta para outra conforme pressão, ângulo e rolagem do dedo, distorção, sobreposição, deslizamento, interrupção ou borrão nas linhas papilares, ou até mesmo excesso de suor durante a coleta. “A repetição sistemática das características extrínsecas em diferentes documentos de uma mesma pessoa pode indicar que as impressões são cópias idênticas de uma mesma imagem, apontando possível falsidade documental”, afirma. Dentre os casos analisados (Figura 1), a mesma pessoa possuía documentos de identidade de Minas Gerais e do Espírito Santo. Até então, nada de ilegal. “As fotos aparentavam ser da mesma pessoa, tiradas em momentos diferentes. Se o profissional fizer uma análise rotineira, concluirá que as impressões presentes nos dois documentos foram produzidas pelo dedo da mesma pessoa, o que ainda seria possível sem que houvesse ilicitude”, conta Girelli. No entanto, o policial atenta à observação dos detalhes

O PPF Carlos Magno Girelli decidiu verificar a frequência com que as impressões disponíveis na internet são utilizadas para forjar documentos no Brasil.

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PAPI CIÊNCIA

Documentos de identidade questionados, Q1 e Q2, supostamente emitidos pelo ES e MG, respectivamente, contendo impressões digitais e fotografias aparentemente da mesma pessoa.

extrínsecos como falhas de entintamento, contornos e limites das impressões. Conforme alguns exemplos (Figura 2), percebe-se que as características singulares são sistematicamente reproduzidas nos dois documentos, o que não deveria acontecer. Segundo o policial, o papiloscopista tem que ser capaz de ver que se trata de impressão do mesmo dedo e também de ver que se trata de cópia da mesma imagem. “De acordo com a intensidade com a qual os detalhes extrínsecos se repetem, é possível concluir que uma imagem é cópia xerográfica da outra”. O exame dos detalhes extrínsecos é importante em crimes de fraudes contra instituições financeiras e a Previdência, onde muitas vezes, após a detecção da fraude, restam somente cópias dos documentos apresentados pelo criminoso no ato da abertura da conta ou de inscrição como beneficiário. Havendo apenas cópias e não os documentos originais, não tem como efetuar o exame documentoscópico por falta de suporte material. Nessas circunstâncias, constatar que uma impressão digital em cópia de documento é reprodução xerográfica de outra impressão em outro documento, indica possível falsificação documental. Assim, em alguns artigos que publicou, Girelli mostrou que os papiloscopistas podem ir além do simples exame das características intrínsecas da impressão digital. “Os casos citados são apenas alguns exemplos, sem pretender esgotar as possibilidades.

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Comparação entre as impressões digitais presentes nos documentos questionados Q1 e Q2, exibidos na Fig. 1, com assinalamento e destaque de alguns detalhes (extrínsecos) coincidentes que dificilmente seriam reproduzidos em coletas distintas.

O profissional tem que usar de criatividade e inovação, ter iniciativa para explorar e ir além do simples trabalho do dia a dia”, diz Girelli. “Evidências pequenas muitas vezes guardam mais informações do que parece; cabe a nós interpretarmos e criarmos meios de explorá-las”.

PAPILOSCOPIA E INTELIGÊNCIA FORENSE Os estudos desenvolvidos desde então pelo policial apontam para a possibilidade de o trabalho papiloscópico ser utilizado como ferramenta de produção de conhecimento que colabore com a inteligência forense. Isso porque, ao invés de tratar casos individuais, servindo de prova para uso exclusivo no inquérito policial e processo criminal respectivo, a papiloscopia pode gerar informações estratégicas que auxiliem no combate a crimes sob uma perspectiva mais ampla como, por exemplo, no enfrentamento a fraudes cometidas mediante uso de documentos falsos. Um exemplo de como a papiloscopia pode oferecer informação à inteligência forense foi apresentado na análise dos 34 casos de falsificação de documentos com impressões retiradas da internet. Uma das alternativas utilizadas pelo policial foi examinar onde e quando os casos aconteceram. Girelli distribuiu geograficamente

Representação geográfica da ocorrência de casos criminais onde documentos falsos foram apreendidos. Símbolos iguais indicam casos criminais distintos, nos quais documentos apresentavam impressões digitais coincidentes. Em todos os casos mostrados, as impressões digitais presentes nos documentos foram localizadas em páginas da internet de livre acesso.

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PERÍCIA NA INTERNET

tigações, vai possibilitar a identificação de potenciais fontes de falsificação”. As informações geradas nesse trabalho de inteligência forense poderão subsidiar tomadas de decisão em diferentes níveis (e.g., tático, operacional e estratégico), por parte dos gestores de segurança pública, culminando em uma postura mais proativa no combate aos crimes envolvendo documentos falsos.

Distribuição temporal dos casos criminais envolvendo documentos falsos que continham impressões digitais obtidas da internet. Símbolos iguais representam casos contendo impressões digitais coincidentes.

(Figura 3) os 34 casos, de modo que símbolos iguais indicam casos distintos, mas com impressões digitais coincidentes. Fez também a distribuição cronológica (Figura 4) dos mesmos casos. Com o intuito de demonstrar o potencial da análise de impressões digitais para a atividade de inteligência forense, Girelli selecionou os casos mais representativos dentro da amostragem; isto é, aqueles em que a mesma impressão digital foi observada com maior frequência. Esses casos estão representados por triângulos equiláteros vermelhos nas Figuras 3 e 4. No mapa, é possível observar a concentração do uso dessa imagem em casos no Distrito Federal e Goiás, tendo apenas um caso isolado no Espírito Santo. A distribuição temporal dos casos também mostra que um deles está separado dos outros, tendo ocorrido em 2012, enquanto os demais ocorreram a partir de 2014. Embora não esteja explícito no gráfico, cumpre informar que o caso afastado dos demais é aquele ocorrido no Espírito Santo. Assim, tanto a análise geográfica quanto a temporal sugerem que o caso isolado não possui, a princípio, vínculo com os demais. Essa observação leva a uma reflexão sobre os casos relacionados no AFIS. O fato de dois ou mais casos criminais estarem interligados no sistema em virtude de conclusões positivas, que resultaram em comandos de HIT, não significa necessariamente que existe correlação entre os crimes apurados, so-

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bretudo se constatar que a imagem utilizada na falsificação está disponível na internet. O exame das características extrínsecas das impressões digitais utilizadas nos documentos examinados nos casos em questão pode ser determinante para corroborar ou desconstruir as hipóteses formuladas a partir da análise espaço-temporal. No caso em questão, características extrínsecas das impressões digitais se repetiram sistematicamente em todos os documentos apreendidos no DF e em GO, assim como na mesma imagem obtida na internet, indicando que todas elas eram cópias da mesma imagem. Porém, a impressão digital presente no documento apreendido no ES não era cópia das demais, levando à confirmação de que o caso do ES era desvinculado daqueles da Região Centro-Oeste do país. Como forma de materializar a contribuição da análise de impressões digitais em documentos falsos para fins de inteligência forense, Girelli propõe a criação de um programa de perfilagem de documentos questionados. “A ideia é aproveitar o vasto âmbito de atuação da Polícia Federal para coletar características relevantes de documentos apreendidos em todo o território nacional e fora dele, se possível”, diz Girelli. A proposta é criar um banco de dados e um sistema computacional para cruzar os dados. “Será possível identificar tendências e repetições de características que, mediante trabalho sistemático de análise em conjunto com outras informações oriundas das inves-

O conteúdo é uma síntese de quase três anos de pesquisas, que resultaram nos sete artigos referenciados abaixo. GIRELLI, C. M. A. “Application of a Standard Procedure to Avoid Errors When Comparing Fingerprints with Their Reversals in Fake Documents”. Journal of Forensic Science and Medicine, vol. 2: 60-64, 2016. GIRELLI, C. M. A. “Detecção de Impressões Digitais Revertidas em Documentos Falsos”. Revista Brasileira de Ciências Policiais, vol. 5 (2): 11-29, 2014. GIRELLI, C. M. A. “Fingerprints: Beyond the source”. Journal of Forensic Identification, vol. 66 (3): 187-195, 2016. GIRELLI, C. M. A. “Impressões papilares podem revelar mais do que a identidade de seus autores”. Brazilian Journal of Forensic Sciences, Medical Law and Bioethics, vol. 5 (1): 28-41, 2015. GIRELLI, C. M. A. “Laterally Reversed Fingerprints Detected in Fake Documents”. Journal of Forensic Identification, vol. 65 (1): 1-17, 2015. GIRELLI, C. M. A. “The use of fingerprints available on the web in false identity documents: Analysis from a forensic intelligence perspective”. Forensic Science International, vol. 262: 84-96, 2016. GIRELLI, C. M. A. “Aplicações da Análise de Impressões Digitais em Documentos Falsos na Área de Inteligência Policial: Estudo de Casos”. Revista Brasileira de Ciências Policiais, vol. 7 (2): 73-96, 2016.

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REPORTAGEM

INTEGRAR PARA ENTREGAR A integração entre os sistemas AFIS utilizados por todas as polícias é um caminho para o futuro da identificação humana no Brasil Por Simone Andrade Especial para a revista Impressões

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REPORTAGEM

A FORÇA DA INTEGRAÇÃO O futuro da identificação humana no Brasil

Apenas 11 Estados tem AFIS sendo que nem todos têm integrado banco civil e criminal naturalmente, estados com realidades distintas, não é estranho que os IIs também sofram com algumas desigualdades, especialmente sobre a informatização dos bancos de dados civil e criminal, projeto que requer orçamentos robustos. AFIS De acordo com levantamento realizado pela Federação Nacional dos Profissionais em Papiloscopia e Identificação (FEARQUIVO PESSOAL

A

integração entre os sistemas AFIS utilizados por todas as polícias é um dos avanços almejados pelos agentes envolvidos com a identificação humana no Brasil. A expectativa é que, com maior integração, ou intercâmbio de informações entre os AFIS estaduais e o federal, seja possível entregar resultados mais eficazes e com mais celeridade, principalmente nos casos criminais. “O que a gente tem trabalhado com os diretores dos Institutos e com o Ministério da Justiça é favorecer, investir, promover políticas de integração dessas bases para que os resultados possam ser potencializados”, disse Paulo Ayran, presidente da Associação Brasileira dos Papiloscopistas Policiais Federais (Abrapol). Entre as demandas a serem superadas para que a integração se torne uma realidade está a modernização dos Institutos de Identificação. “Um dos principais desafios é a contingência orçamentária que muitos estados estão enfrentando, que impede a compra e manutenção da tecnologia e infraestrutura necessária dos sistemas AFIS”, diz o diretor do Instituto Nacional de Identificação (INI/PF), Brasílio Caldeira Brandt. Em um país com dimensões continentais como o Brasil e,

O presidente da Abrapol, Paulo Ayran, afirmou que tem trabalhado com os diretores dos Institutos e com o Ministério da Justiça para que os resultados possam ser potencializados

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REPORTAGEM

FOTOS: ROBERT ALVES

Fachada externa do II Distrito Federal

NAPPI), apenas 11 estados têm sistemas AFIS e grande parte deles não possuem os bancos civil e criminal integrados. Além de estarem em plenos processos de modernização, Goiás e o Distrito Federal prometem ser pioneiros na integração. O projeto é promover convênio assim que Goiás concluir a integração da parte civil e criminal no novo sistema, que está prevista para o fim de 2018. A proposta dos dois Institutos é fazer um convênio entre eles no modelo do que é feito hoje entre as Polícias Civis e a Polícia Federal. Tanto Goiás quanto DF têm, em seus Institutos, uma estação do AFIS da Polícia Federal, e o intuito é que haja, também, pelo menos uma estação do do AFIS da unidade federativa vizinha..

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MODERNIZAÇÃO EM BRASÍLIA O processo de modernização do Instituto de Identificação (II) de Brasília, iniciado com a aquisição do AFIS em 2009, não se limitou ao sistema e à digitalização do banco de dados civil constituído desde a fundação da capital (1960). O II passou por uma série de mudanças que impactaram em sua nova configuração. O Sistema Automatizado de Pesquisa de Impressões Digitais (AFIS) marcou uma mudança de paradigma no Instituto de Identificação. “Com o advento do Sistema AFIS, a título de exemplo, a emissão passou de 300 (trezentos) laudos ao ano para 300 (trezentos) ao mês”, diz o diretor do Instituto de Identificação do DF (II/DF), Arnaldo Fontenelle de Araújo Júnior.

Segundo ele, todas as atividades dos papiloscopistas foram influenciadas com a utilização da ferramenta automatizada. O fluxo de processos tornou-se mais célere e a alocação de servidores para as áreas-fim do Instituto puderam ser implementadas. “O nosso serviço se tornou mais ágil e eficiente. A nossa resposta à sociedade pôde ser mais rápida”, disse o diretor. ADEQUAÇÃO Outra mudança foi adequar a estrutura organizacional do órgão a sua realidade. A nova estruturação dada ao Instituto foi voltada, em grande parte, para elaboração de laudos, estudos e trabalhos técnicos e científicos. Atualmente, o Instituto de Identificação desenvolve atividades de grande

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ARQUIVO PESSOAL

Rodrigo Meneses (vice-presidente Fenappi), Simão Albuquerque (diretor-adjunto II-DF), Antonio Maciel (presidente da Fenappi), Humberto Soares (coordenador II-DF) e Arnaldo Fontenelle (diretor do II-DF)

complexidade e de natureza especializada, executa os exames de impressões digitais (necropapiloscópicos, fragmentos papiloscópicos, impressões padrões), representação facial humana, iconografia e biometria. Sendo o Instituto um órgão voltado essencialmente para a área técnica, o organograma não pode continuar tecnicamente subdimensionado e com excesso de atribuições administrativas. “Nossas atividades já há muito tempo não correspondiam ao organograma do Instituto. Tivemos que mudar para que a estrutura pudesse refletir a realidade e garantir a nossa natureza eminentemente pericial”, esclarece Arnaldo Fontenelle. Assim foram criadas várias seções, tais como Laboratório de Exames Papiloscópi-

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cos, Laboratório de Exames Prosopográficos e Laboratório Especial de Pesquisa e Desenvolvimento Papiloscópico. Outras Divisões e Seções tiveram a sua nomenclatura adequada ao serviço que é desenvolvido atualmente. ESPAÇO PRIVILEGIADO Essa mudança organizacional teve que ser casada com a reforma das novas instalações do Instituto de Identificação, que passou a contar com o espaço de 3.000 m². “O antigo prédio não conseguia mais albergar o Instituto, com a sua demanda crescente de serviços e a incorporação de novas atribuições periciais do órgão. Distribuímos de maneira mais lógica as

seções e acomodamos de forma mais confortável os servidores, que puderam trabalhar melhor,” prossegue o Diretor. LICITAÇÃO Muito embora o Sistema AFIS tenha elevado o patamar das atividades periciais do Instituto de Identificação, essa solução é de 2009, naturalmente a tecnologia muda a passos largos e hoje o órgão tem um sistema defasado, com um parque de computadores obsoleto. “As atividades do Instituto não podem prescindir de um sistema automatizado. Não podemos mais voltar à pesquisa manual de impressões digitais, por isso necessitamos urgentemente de uma nova licitação que nos garanta a manutenção e

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REPORTAGEM

FOTOS: ROBERT ALVES

“Sendo o Instituto um órgão voltado essencialmente para a área técnica, o organograma não pode continuar tecnicamente subdimensionado e com excesso de atribuições administrativas”, Arnaldo Fontenele, diretor do II/DF

ampliação de nossas atividades”, arremata Fontenelle. Nesse contexto, a direção da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), consciente da situação e sensível ao problema, formou uma equipe técnica multiprofissional, em 2017, formada por integrantes de várias unidades da polícia e com a participação do Instituto, com a finalidade precípua de elaborar o planejamento para contratar solução de identificação biométrica para a PCDF. ABIS Essa contratação prevê a aquisição de um sistema ABIS (do inglês: “Automa-

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ted Biometric Identification System” ou Sistema Automatizado de Identificação Biométrica), que é um sistema integrado voltado para a identificação humana, capaz de incorporar vários tipos de biometrias, tais como o reconhecimento de face, as impressões digitais e as impressões palmares. “Essa licitação e posterior aquisição do Sistema ABIS vai garantir à sociedade que a Polícia Civil do DF esteja na vanguarda da investigação, lançando mão do que há de mais moderno em termos de elucidação de crimes”, conclui o Diretor do II/DF.

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REPORTAGEM

ESSE SISTEMA ALÉM DE POSSIBILITAR UM AUMENTO DA EFICIÊNCIA NO CUMPRIMENTO DAS ATRIBUIÇÕES DO INSTITUTO DE IDENTIFICAÇÃO, TANTO NO QUE SE REFERE À AGILIDADE E À SEGURANÇA DAS INDIVIDUALIZAÇÕES, QUANTO AOS RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO FORENSE, TRAZ INÚMERAS VANTAGENS:

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»»

Aquisição de equipamentos e sistemas informatizados mais modernos e ágeis;

»»

Impressão, emissão e personalização de documentos de identificação com mecanismos de segurança e controle de qualidade;

»»

Interoperabilidade com sistemas biométricos de outros órgãos;

»»

Melhoria do processo de identificação civil e criminal, resultando em um melhor atendimento à população;

»»

Ampliação dos registros no banco de dados, abrangendo os cadastros dos visitantes do sistema carcerário e dos servidores com carteiras funcionais a serem emitidas pela PCDF;

»»

Aumento na quantidade de laudos papiloscópicos e prosopográficos decorrentes da disponibilização de outras biometrias e ferramentas de pesquisa;

»»

Maior controle e segurança nos locais de acesso restrito do I.I. e da PCDF;

»»

Possibilidade de integração com soluções de identificação de outros órgãos e unidades da Federação;

»»

Redução do tempo de emissão dos documentos de identificação;

»»

Obtenção de imagens para inclusão nos laudos e captura de imagens de vestígios para fins de pesquisa forense, entre outras.

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PAPILOSCOPIA DO ONTEM AO HOJE UM RESUMO Os exames periciais papiloscópicos representam uma das principais provas durante a persecução criminal. Por Ramon Santos Fernandez e Taynara Dias Rabelo

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PAPI CIÊNCIA

A HISTÓRIA Evidências papiloscópicas datam de 7000 a 6000 a.C. no entanto, a ciência Papiloscópica surgiu há aproximadamente 400 anos e seu primeiro uso criminal se deu em 1880. A concepção clássica da papiloscopia nos remete às características de formatos, desenhos e minúcias formadas pelas cristas papilares dos dedos e plantas de mãos e pés. Esses desenhos são únicos, perenes e imutáveis desde antes do nascimento até após a morte. Recentes estudos tem expandido essa ciência além dos desenhos digitais e se aprofundado no conhecimento químico e físico de seus constituintes. Há evidências sólidas de que é possível, por meio de vestígios de impressão digital, a produção de um perfil químico individual, permitindo predizer condições sociais, idade e gênero do suspeito, e produzir um perfil genético, até mesmo estimar o tempo em que as latentes foram depositadas. ADENDO Impressão Digital: é o desenho formado pelas papilas (elevações da pele), presentes nas polpas dos dedos das mãos. Latente de Impressão Digital: é uma impressão digital deixada em alguma superfície. Um exemplo são aquelas deixadas em locais de crime.

O primeiro relato da papiloscopia foi feito por Dame Kathleen Kenyon em seu livro “Archaeology of the Holy Land” que menciona a presença de impressões digitais de polegares, dispostas lado a lado num padrão de zigue-zague, encontradas em casas feitas de “tijolos”. O estudo sistemático da papiloscopia teve início no século XVII em decorrência de Nehemiah Grew e de Malphighi, e seu uso no âmbito criminal em 1880, do artigo “On the Skin-furrows of the Hand“ na revista Nature (Herschel, 1880) ao considerar os “desenhos digitais” como únicos, perenes e imutáveis até que

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se processe a decomposição dos tecidos da derme por decorrência do óbito. No Brasil, a papiloscopia começou a ser empregada a partir de 1891, em São Paulo, com a identificação por meio da fotografia como método exclusivo de identificação. Os avanços prosseguiram com a criação do Sistema Antropométrico (1898), a instituição da identificação Antropométrica (1901) e datiloscópica (1903), o Serviço de Identificação Criminal com objetivo de permuta de individuais datiloscópicas entre os Estados (1912), a identificação oficial (civil e criminal) pelas Secretarias de Segurança Pública e por fim a coordenação e interligação desse serviço de identificação pelo Instituto Nacional de Identificação (1963). Ampliando a papiloscopia além da fronteira dos “desenhos digitais”, é possível obter através dos resíduos deixados em uma impressão digital, a datação das latentes de impressões digitais, a verificação da idade de quem as produziu, a identificação de fatores sociais como uso de drogas e até mesmo a extração de DNA para produção de um perfil genético. Este resumo, não abordará as técnicas habitualmente utilizadas no procedimento papiloscópico, que objetivam a manutenção dos arquivos datiloscópicos, coleta, classificação e pesquisa de impressões digitais; nem tão pouco àquelas de perícia papiloscópica utilizadas para localizar, revelar e fotografar impressões em locais de crime e/ou objetos a eles relacionados ou apreendidos. No entanto, abordará temas relativos às técnicas e estudos mais recentes que revelam a composição, degradação, datação, influências endógenas e exógenas e utilização de latentes com ou sem desenho digital e que ainda possuem capacidade de revelar a identidade de quem as deixou, oferecendo elementos de informação desejáveis. A COMPOSIÇÃO Para compreender os avanços técnicos é necessária a compreensão de alguns itens fundamentais, como a composição química das impressões digitais e sua variabilidade:

A composição dos resíduos é um desafio, pois é uma mistura complexa de fontes distintas. Pode-se descrever a composição em dois estados diferentes ao longo do tempo: a. Composição Inicial: resíduos transferidos imediatamente após o contato entre as papilas e o substrato: »» contém compostos orgânicos como glicerídeos, ácidos graxos, colesterol, ésteres, polipeptídeos, ácidos láticos, fenol, ácido úrico, creatinina, vitaminas do complexo B e compostos inorgânicos como cloreto, sódio, potássio, amônia, cálcio, sulfureto, magnésio, além disso numerosos contaminantes podem estar presentes na composição inicial, como cosméticos, resíduos de comidas, drogas e seus metabólitos, poeira, bactérias e/ou seus esporos, bem como a nicotina. b. Composição não recente: evolução da composição inicial ao longo do tempo: »» Em geral, os cientistas forenses não conseguem coletar uma impressão digital logo após sua deposição, o que proporciona ao passar do tempo alterações químicas, físicas e biológicas; inclusive, afetando os resíduos das latentes deixadas na superfície durante o crime e por isso modificando sua composição inicial. Alteração e desaparecimento de um composto inicial podem ocorrer, ao longo do tempo, em um processo contínuo envolvendo uma gama de fenômenos tais como degradação, metabolismo, ressecamento, evaporação, migração, oxidação e polimerização. A REALIDADE, ou seja, A VARIABILIDADE Tratando-se de variabilidade, nos lembramos dos irmãos gêmeos idênticos, com certa ressalva, após isso, nos impressionamos com a diversidade e unicidade do Universo. Quando tocamos em algo, nossos dedos (mais especificamente nossas papilas dérmicas) transferem resíduos a uma superfície. Esses resíduos dependem de dife-

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PAPI CIÊNCIA

revela (ver adendo REVELAÇÃO) a impressão digital, que se torna uma imagem, uma foto aos nossos olhos, e, aos olhos de um especialista isto é suficiente para definir se trata-se de impressões de uma mesma pessoa ou não. A resposta não merece um tópico à parte. Praticamente todas as técnicas que falaremos é passível de serem feitas após a revelação. Ou seja, podemos revelar as impressões digitais, registrar o desenho formado por estas e depois extrairmos as informações moleculares dela. E mais, muitas das vezes encontramos impressões Ramon Santos Fernandez

rentes fatores que podem ser classificados em três diferentes categorias: as características do doador (dieta, idade, gênero), as condições de deposição (pressão de deposição, duração do contato) e a natureza do substrato (poroso, semi-poroso e não-poroso). Estes fatores podem ser significantemente diferentes de impressão para impressão digital e portanto, conduzem a uma variabilidade da composição inicial. E ainda, considerando que o fator tempo sempre ocorrerá entre a transferência da latente para uma superfície e seu descobrimento, essa também estará sujeita a atuação de outros fatores no processo de envelhecimento dos resíduos, como a natureza do substrato, as condições ambientais e o aprimoramento das técnicas utilizadas para visualizar as impressões latentes. Como características internas do doador incluem-se a idade, o uso de medicação, o estado de saúde e metabolismo, assim como os fatores externos relativos ao contato com outros produtos, como: drogas, comidas e cosméticos. Nossos amigos cães são capazes de identificar uma pessoa pelos odores no suor, sem falar daqueles que sentem até mesmo o aparecimento de algumas doenças. Ou seja, nós também somos capazes, no entanto, através de tecnologia que nos permita encontrar a variabilidade, classificá-la, defini-la e utilizá-la. Entender esta

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Taynara Dias Rabelo

composição não apenas permite o melhoramento de técnicas de identificação, mas também na estimação do tempo e na melhoria da revelação da impressões. DENDO Revelação de impressões digitais: quando tocamos em algo, nossas impressões digitais ficam apostas naquele local. Quase sempre, a olho nu, não conseguimos vê-las se não jogarmos iluminação em ângulos diferentes, sendo que, em alguns casos, só conseguiremos visualizá-las se utilizarmos algum tipo de revelador, algum componente que exponha essas impressões para o espectro visível. A PERGUNTA - PORQUE MEXER EM TIME QUE ESTÁ GANHADO? A identificação humana através de impressões digitais é um método mundialmente utilizado há centenas de anos (pra não dizer milhares), raros os casos de erro e, quando houve foram erros humanos. Até a presente data, não encontraram duas impressões digitais iguais, nem mesmo de um mesmo indivíduo ou de um irmão gêmeo (cabe lembrar, que irmão gêmeos univitelinos possuem até mesmo seu DNA igual). ADENDO Como funciona na prática? O perito em identificação chega ao local de crime onde

digitais borradas (a pessoa esfregou a mão em algum lugar) ou mesmo impressões em que o desenho tem tão pouca informação que não conseguimos afirmar, através do desenho (não é redundância) a quem pertecem, no entanto, porém, todavia, contudo, mas, esta impressão ainda contém informação suficiente para uma identificação. E conto-lhes um segredo, nunca vi estudos, mas por experiência própria este tipo de impressão é mais comum em locais de crime, o que me permite dizer, que mesmo que eu não utilize as impressões com “desenhos bons”, eu ainda tenho informação suficiente para conduzir minha investigação e encontrar o autor do delito. VAMOS AO QUE INTERESSA - O QUE PODE SER FEITO? Apenas uma identificação “cabal”, inequívoca importa? Se eu concluir que o suspeito fuma cigarro, pertence ao sexo biológico feminino, tem alguma doença específica, usa determinada substância legal ou não ou determinado cosmético. Isto é relevante? Quando trabalhamos com investigações nós temos um rol de suspeitos, “ou não”, mas se o tivermos, estas informações podem ser capazes de identificar nosso autor. Esta situação poderia ser utilizada se as técnicas químicas não permitissem a identificação inequívoca (como hoje ainda não permitem). A segunda pergunta: o que estamos perdendo? A segunda resposta: tempo. Vamos direto ao ponto. A habilidade de detectar os constituintes químicos das im-

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pressões digitais pode facilitar a individualização baseada em biomarcadores endógenos. Esse tipo de informação pode ser usado para criar um perfil do doador, diminuindo a gama de suspeitos potenciais, mesmo que os resíduos de impressão digital estejam sem condições para as análises comuns dos desenhos. Assim, o perfil químico das impressões digitais pode fornecer elementos adicionais à área de inteligência, com informações preciosas como os hábitos pessoais (exemplo, fumante ou não; usuário de substâncias ilícitas), determinação de gênero, idade e tempo de deposição da impressão. Vamos aos principais e mais avançados: Datação Assim como arqueólogos, os Cientistas Forenses tentam reconstruir o passado, a certa medida, e também tentam evitar crimes futuros. Esforçando-se para responder múltiplas questões que surgem durante o processo de investigação: o que? Como? Onde? Quem? Quando? Esses típicos questionamentos, principalmente quando dizem respeito à atividade criminosa e em relação ao tempo, são importantes durante a investigação. Um novo campo de estudo consiste em determinar o momento (intervalo de tempo) em que uma impressão digital foi aposta em determinado local. Idealmente, investigadores criminais deveriam ser aptos não somente para colocar um dado indivíduo na cena de crime, mas também, serem capazes de datar o momento em que a impressão digital foi depositada no local de crime. Enquanto não restam dúvidas sobre a aceitação universal das impressões digitais para identificação pessoal, a determinação do instante em que as impressões foram depositadas é crucial, especialmente em situações nas quais o suspeito tenha tido prévio ou subsequente acesso legítimo ao local de crime. Em muitas instâncias, os defensores têm obtido sucesso em invalidar evidências sólidas de impressões digitais pelo questionamento do tempo em que as impressões foram deixadas na cena do crime. A datação de uma impressão digital tem sido estudada por três métodos dis-

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tintos: a) pela aparência física da latente antes e depois da deposição; b) pelo uso de experimentos que estabeleçam os efeitos dos fatores ambientais após um certo período de tempo; e c) pela quantificação das alterações químicas dos resíduos presentes na impressão digital. Este último parece oferecer maiores possibilidades para obtenção de um método confiável e universalmente aceito para determinação da idade de latentes. A datação pode seguir muitos caminhos e taxas diferentes, pois a alteração e desaparecimento de um composto inicial podem ocorrer, ao longo do tempo, em um processo contínuo envolvendo uma gama de fenômenos tais como degradação, metabolismo, ressecamento, evaporação, migração, oxidação e polimerização. Cada composto químico que podemos utilizar seguirá principalmente um dos caminhos, e a partir do conhecimento da sequência de reações químicas poderemos estabelecer ao menos um período de tempo (Leia “Você Sabia?).

Você sabia? Como podemos descobrir em que tempo um crime foi cometido? Vamos utilizar o exemplo de um cadáver encontrado dentro de seu próprio carro. As técnicas utilizadas atualmente são médico-forenses, avaliando alguma lesão, rigidez cadavérica ou fases de decomposição do corpo. Outra possibilidade é a Entomologia Forense. Essas técnicas aceitas atualmente não são capazes de precisar exatamente o tempo da morte, apenas uma estimativa mínima de quando isso ocorreu. No entanto, análises químicas de envelhecimento das impressões digitais podem indicar com maior precisão esse tempo, em um menor intervalo e custo operacional. Idade A observação que impressões digitais apostas por crianças desaparecem mais rápido que as apostas por adultos deu início a estudos para caracterizar os componentes químicos das impressões digitais no intuito de desenvolver técnicas para determinar a idade do doador.

FUTURO PERFIL QUÍMICO

DNA

HÁBITOS SAÚDE IDADE

PROTEÍNAS LIPÍDEOS COSMÉTICOS MOLÉCULAS

GÊNERO

DROGAS

TEMPO

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Vários compostos foram identificados e descobriu-se que a composição química das impressões digitais é bastante diferente entre adultos e crianças. Para exemplificar, crianças possuem altos níveis de ácidos graxos livres relativamente voláteis. Adultos mostram altos níveis de longas cadeias de ésteres menos voláteis. É bem estabelecido na doutrina que o conteúdo químico do suor muda desde o nascimento a puberdade e até a velhice. Se a variabilidade é conhecida, a informação se torna importante. Gênero Através das técnicas de determinação da composição química das impressões digitais, baseadas em biomarcadores endógenos pode-se estabelecer constituintes químicos que determinam algumas características como gênero, idade, doenças etc. De novo, através da composição química é possível se chegar atualmente a uma determinação de gênero com 85% de acurácia. Fatores Sociais Os hábitos pessoais de higiene, alimentação e comportamento assim como fatores como doenças, vícios e hobbys afetam a constituição e o metabolismo de cada pessoa. Principalmente substâncias endógenas, metabolizadas ou não, são secretadas através do suor e glândulas sebáceas, compondo portanto os resíduos deixados nas superfícies quando tocadas. Por outro lado, o contato com qualquer substância como cremes, géis, sabonetes, sujeiras pode alterar os resíduos deixados na superfície que tocamos. E ainda, na própria superfície tocada podem estar substâncias previamente presentes. Todos estes fatores influenciam a determinação dos constituintes químicos presentes nos resíduos de impressão digital apostos. Vários estudos foram desenvolvidos para detectar o uso de drogas de abuso, explosivos,

resíduos de pólvora e outras substâncias exógenas como: medicamentos, comidas, perfumes, cosméticos, entre outros. Por exemplo, podemos determinar o uso drogas de abuso, nicotina, com possibilidade de determinação se o indivíduo é fumante ou apenas teve contato com a substância, chamada de contaminação ambiental), neste sentido, os hábitos dos indivíduo são importantes na sua identificação. Perfil Genético As técnicas modernas de identificação através de DNA possibilitam a obtenção de perfis de DNA de praticamente todas as fontes de material biológico. Por exemplo, um simples contato com a pele pode transferir quantidade suficiente de DNA para a produção de um perfil. Ou seja, é possível encontrar DNA suficiente para obtenção de um perfil genético numa impressão digital mesmo após revelação. Portanto, em um local de crime, quase em sua totalidade, há DNA, ao contrário do que pensamos. CONCLUSÕES Os exames periciais papiloscópicos representam uma das principais provas durante a persecução criminal. Não obstante e, satisfeitos com os resultados já produzidos diante das aplicações clássicas em curso, os peritos papiloscópicos não podem deixar de vislumbrar o horizonte de possibilidades desta ciência. O arcabouço jurídico, a sociedade e as relações sociais se tornam cada vez mais complexas e é preciso estar preparado para os desafios futuros. A ciência papiloscópica, que a partir dos desenhos papilares identifica com convicção se foram ou não produzidas pela mesma pessoa, tem o potencial de fornecer mais elementos para a investigação. Conforme demonstrado por estudos realizados, é possível predizer condições

sociais do suspeito (drogas, perfumes, dieta, problemas de saúde, uso de cosméticos, etc.), produzir um perfil genético, determinar uma estimativa de idade e gênero e até mesmo estimar o tempo em que as latentes foram depositadas. Ressalta-se a importância da obtenção de métodos capazes de determinar um perfil químico individual e a determinação ou estimativa do tempo em que a impressão digital foi aposta. Além de conferirem informação dos desenhos para identificação das impressões deixadas em algum lugar, podem ser usadas para coleta de informações adicionais e utilização em inteligência, e mesmo que não forneçam informação alguma para análise convencional de desenhos, os resíduos deixados ainda podem ser usados para a análise de composição química. Apesar das informações obtidas em estudos recentes e das possíveis aplicações forenses, é necessário esforço científico para a qualificação desses dados, tanto quantitativa quanto qualitativamente. A falta de detalhamento dessas informações parece estar associada a duas causas aparentes: a) a falta de interesse das Instituições em investir no aprimoramento das áreas em questão, associado aos trabalhos operacionais serem realizados por técnicas já bem estabelecidas e que funcionam relativamente bem, ou seja, comodidade operacional, e; b) devido às aparentes dificuldades relacionadas a metodologia nesses estudos como: preparação, estoque, quantidade de amostras para estudo e necessidade de métodos analíticos de alta performance. As técnicas de detecção e determinação de elementos químicos já estabelecidas pela doutrina possuem aplicações amplas e inimagináveis que suscitam a realização de pesquisas, visto que essas técnicas podem ser escolhidas caso a caso durante a persecução criminal.

Para íntegra do artigo, acessar: Fernandez R.S. e Rabelo T.D.. Papiloscopia do Ontem ao Hoje: avanços. Revista Brasileira de Segurança Pública e Cidadania. Volume 6. Número 1. Junho de 2013.

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ESPECIAL

SILVANA HELENA VIEIRA BORGES A primeira mulher a ocupar a Diretoria Executiva da Polícia Federal fala de planos e caminhos para o órgão

Por Marcos Linhares Especial para a revista Impressões

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ESPECIAL

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m meio a uma agenda concorrida, a “número dois” na hierarquia da Polícia Federal (PF) e primeira mulher a ocupar a Diretoria Executiva do órgão (Direx), a Delegada Silvana Helena Vieira Borges recebeu com desenvoltura a reportagem da Impressões. Silvana disse, em seu discurso de posse, que espera um número cada vez maior de mulheres na instituição. E foi apoiada pelo atual Diretor-Geral da PF, o Delegado Rogério Galloro, e pelo Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. Em entrevista, ela fala sobre modernização, processos e a importância do trabalho de identificação

IMPRESSÕES | Qual o protagonismo que a Diretoria Executiva espera do segmento de identificação da Polícia Federal e qual a importância que a Diretoria Executiva destaca para o segmento? Silvana Helena Vieira Borges | Espero que possamos cada vez mais aprimorar o desenvolvimento, sistematização e implementação de técnicas e mecanismos de individualização da pessoa, visando conferir uma identificação única e específica para cada cidadão e auxiliando na qualidade da prova, na repressão e prevenção de delitos. IMPRESSÕES | As atividades de polícia administrativa, embora criticada por alguns setores que defendem, de forma legítima, que o papel da polícia é investigar, tem, ao longo dos anos, demonstrado seu potencial em gerar resultados importantes no âmbito da prevenção de crimes, por meio da fiscalização, controle e da gestão de dados e informações. Além disso, apresenta-se como uma importante fonte de recursos técnicos-científicos para as ações investigativas. Nessa vertente, o que a Diretoria Executiva pensa sobre isso? E como enxerga a integração do segmento de identificação nesse processo? Silvana Helena Vieira Borges | Os objetivos estratégicos da Polícia Federal vão além de sua competência como polícia

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A atual Diretora Executiva da Polícia Federal (Direx), Silvana Helena Vieira Borges, cursou Direito na Universidade Católica de Goiás, tendo sido graduada em 1984. Após, ingressou na Polícia Civil de Goiás, atuando como Delegada de Polícia Civil no período de 1990 e 1995. Nesse período especializou-se em Direito Administrativo pela Academia da Polícia Civil de Goiás. Em 1995 passou a integrar os quadros do Departamento de Polícia Federal, no cargo de Delegada de Polícia Federal. De lá para cá, ocupou diversos cargos no órgão até assumir, em 2016, a Diretoria do Departamento de Migrações da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, de onde saiu para ocupar o atual cargo. A atual Direx possui MBA em Gestão em Política de Segurança Pública e em Planejamento, Gestão e Orçamento, ambos pela Fundação Getúlio Vargas.

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judiciária da União, sendo, também, desenvolver, sistematizar e implantar normas, técnicas e procedimentos de controle e fiscalização na prestação de serviços públicos delegados à PF. Assim, o aprimoramento dos serviços prestados à população, envolvendo notadamente as atividades administrativas e de apoio finalístico, buscam facilitar o acesso do cidadão à instituição. Nesse viés, é muito importante a atividade de individualização da pessoa, para permitir uma correta identificação para cada cidadão. IMPRESSÕES | Recentemente, o Instituto Nacional de Identificação (INI) atuou em parceria com outras unidades da diretoria executiva em algumas ações importantes no âmbito dos chamados “Grandes Eventos”. Para a Diretoria Executiva qual foi a avaliação dessas parcerias e dos resultados gerados? Silvana Helena Vieira Borges | A Polícia Federal deve trabalhar de forma integrada, com ações coordenadas entre todas as

suas áreas de atuação, permitindo o aprimoramento dos resultados. Um exemplo exitoso disso foi justamente a atuação do INI nas atividades de controle e fiscalização em conjunto com o controle de segurança privada e controle migratório realizados durante a Copa das Confederações, os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo da FIFA. IMPRESSÕES | Os papiloscopistas policiais federais há muitos anos se encontram numa lide, no âmbito interno e externo, para ter suas atribuições respeitadas e consolidadas definitivamente, afastando de vez as possibilidades de questionamentos e embates transversais com outras categorias, primando pelo interesse público e da instituição Polícia Federal. Como a Diretoria Executiva vê esse cenário e o que pode ser feito para resolvê-lo? Silvana Helena Vieira Borges | A Diretoria Executiva, junto com as demais Diretorias e o Diretor-Geral, pretendem, pacificando interna e externamente as divergências, que

“ Os objetivos estratégicos da Polícia Federal vão além de sua competência como polícia judiciária da União” são legítimas num estado democrático de direito, garantir o regular e devido exercício de todas as atribuições da instituição, visando atingir a execução de seus objetivos com excelência, seja como polícia judiciária ou polícia administrativa. IMPRESSÕES | Quem é a Dra. Silvana Helena Vieira Borges, quais são suas percepções no que se refere à segurança pública? O que pode ser feito para melhorar? Sobre a Polícia Federal, quais são as expectativas para os próximos anos? Silvana Helena Vieira Borges | Como profissional, sinto grande satisfação pelo reconhecimento ao assumir a Diretoria Executiva da Polícia Federal, com significado relevante para mim, como cidadã, pela contribuição que posso dar à sociedade brasileira, e como mulher, pois traduz um avanço de democratização feminina no universo laboral. Percebo, como Diretora-Executiva, que há uma responsabilidade muito grande, considerando a complexidade da atuação na segurança pública, visando cumprir as nossas atribuições com resultados que sejam efetivos em resposta às demandas sociais e, ao mesmo tempo, gerindo equipes que precisam estar preparadas, motivadas e alinhadas com as metas que a instituição propõe atingir. Espero que a Polícia Federal continue exercendo com competência e excelência suas atribuições, para atingir seus objetivos institucionais, respeitando sempre seus valores. IMPRESSÕES | O que significa a frase “Orgulhosos de ser Federais, Policiais deste imenso Brasil”? Silvana Helena Vieira Borges | É vestir a camisa e sentir-se realizado profissionalmente por fazer parte de uma instituição

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ESPECIAL

que visa ser referência mundial como órgão policial e possui valores como coragem, lealdade, legalidade, ética, probidade e respeito aos direitos humanos, exercendo suas atribuições, a fim de contribuir na manutenção da lei e da ordem, dentro deste enorme e diverso País. IMPRESSÕES | A facilitação do acesso do cidadão aos serviços públicos é algo a ser constantemente avaliado e executado. Um documento de identidade, por exemplo, é uma necessidade do cidadão. Como pensam em lidar com essa onda crescente de construção de bancos de dados? Como vai ser essa coleta lá na ponta da linha? Silvana Helena Vieira Borges | Tudo tem que ser pensado, estruturado e trabalhado para se dar um passo à frente e viabilizar esse acesso aos serviços de forma mais facilitada ao cidadão. Contudo, para que haja essa descentralização, tem que haver controle, e nós não podemos abrir mão do controle e da segurança. Então, eu acho que é possível fazer, desde que o processo seja seguro.

Silvana Helena Vieira Borges | Temos evoluído em muitos sentidos. Na área de tecnologia, por exemplo, a nossa antiga Coordenação-Geral de Tecnologia da Informação (CGTI/DPF) foi alçada à Diretoria. Era CGTI, agora é DTI (Diretoria de Tecnologia da Informação e Inovação). Eu acho que a nova Diretoria foi criada justamente por saber que a tecnologia da informação permeia todas as atividades da polícia e pode vir a incentivar ideias como a que você trouxe, desde que consigamos manter o foco, processos e procedimentos com muita segurança. IMPRESSÕES | O INI criou o Cadastro Biométrico de Pessoas Desaparecidas (Cadê), mas falta uma comunicação mais eficiente para que o cidadão saiba da existência desse serviço e possa pressionar os gestores de segurança pública do estado em que mora e, assim, tentar viabilizar a integração entre os bancos de dados. Essa falta de integração é danosa para as famílias, prin-

cipalmente para as dos desaparecidos... O que pode ser feito? Silvana Helena Vieira Borges | Eu acho que a gente tem que trabalhar nesse sentido sim, da cooperação. Alias, o tema tem sido muito discutido, tanto que o Governo acaba de criar o Ministério Extraordinário da Segurança Pública não por outra coisa, mas pelo fato da importância que o tema tomou, hoje, junto à sociedade. Destacá-lo na imprensa toda hora, a todo momento, é um dos pontos nevrálgicos dessa, digamos, “reestruturação”. Repensar a segurança pública passa pela integração das forças de segurança pública em todo o Brasil. Sejam elas federais ou estaduais, nós temos que fazer essa integração. E dessa forma, você integra inteligência, ações de execução conjuntas, políticas públicas, serviços.... A tendência é essa: quebrar realmente essas resistências e trabalhar em conjunto e divulgar. Quem lucra com isso é a sociedade e é, de fato, quem tem que lucrar com os serviços que são prestados pelo Estado.

IMPRESSÕES | Estamos em uma época de muita instabilidade política no País e o Brasil está à beira de uma eleição. Como a PF vai estar preparada para os próximos quadros que virão? Silvana Helena Vieira Borges | Vejo com tranquilidade. A PF é uma instituição de Estado e não de Governo. Ela já está muito madura para enfrentar qualquer transição que venha a acontecer em qualquer época e já possui metas, planejamentos estratégicos, processos e procedimentos muito claros. IMPRESSÕES | Hoje, se o cidadão for tirar a carteira do vigilante, ele busca o processo do vigilante, e por aí vai quanto a outros documentos, como o passaporte, porte de arma, a nossa própria carteira funcional, a futura carteira do refugiado, enfim... para facilitar a vida do cidadão, pensam em criar e oferecer centrais de identificação, já que são vários os documentos que emitimos?

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LAUDO PAPILOSCÓPICO GARANTE: TINHA DEDO DO GEDDEL As impressões digitais encontradas pelos Papiloscopistas Policiais Federais (PPF) atribuíam os R$ 51 milhões ao ex-ministro Por Simone Andrade Especial para a revista Impressões

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ão há um só dia que um Perito Papiloscopista, policial federal ou civil, não solucione um caso. Chegar à identidade de quem esteve na cena de um crime confere eficiência ao trabalho policial e são poupados meses e meses de outras diligências, que talvez sequer chegariam a resultados tão consistentes. No caso do bunker de Salvador, as impressões amarraram Geddel Vieira Lima e dois ex-funcionários e aliados do ex-ministro, Gustavo Ferraz e Job Ribeiro, à dinheirama irrompida. As impressões digitais encontradas pelos Papiloscopistas Policiais Federais (PPF) do Grupo de Identificação da Superintendência Regional da Bahia (GID/BA/ PF) atribuíam os R$ 51 milhões ao Geddel. “O trabalho realizado pelos papiloscopistas foi de fundamental importância para a solução do delito investigado, apontando inquestionavelmente a autoria do delito”, diz o corregedor da superintendência baiana, o Delegado Regional Executivo Fábio Muniz.

O GATILHO A história da maior apreensão de dinheiro em espécie realizada pela Polícia Federal começou com uma denúncia anônima no dia 14 de julho de 2017. A pessoa do outro lado da linha informava que o ex-ministro estaria escondendo provas ilícitas em caixas de documentos, em um imóvel de um bairro nobre da capital. O cumprimento do mandado expedido pela 10ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal foi realizado no dia 05 de setembro de 2017. Quatro polícias – um delegado, um escrivão e dois agentes – foram até o endereço em uma ação da Operação Tesouro Perdido. Eles acreditavam que encontrariam documentos importantes, que colaborariam com as investigações da Operação Cui Bono, caso em que Geddel é suspeito de receber propina de empresas interessadas na liberação de financiamentos na Caixa Econômica Federal (CEF), banco em que foi vice-presidente de Pessoa Jurídica entre 2011 e 2013.

Ao contrário de documentos, o que havia eram malas e caixas cheias de dinheiro. “Verificando que muitas cédulas estavam acondicionadas em volumes plásticos, foi acionada uma equipe de papiloscopistas para verificar a presença de vestígios úteis a identificar as pessoas que manusearam o numerário”, conta Muniz. PERÍCIA O trabalho dos peritos papiloscopistas iniciou por volta das 12h e se estendeu até as 2h da madrugada do dia seguinte. “Um pacote de dinheiro que cabia numa mão continha R$ 100 mil reais”, relaciona o PPF Vitor Cavalcanti Carvalho. Além de Silvio e Vitor, atuaram no caso os PPFs Aureni Costa Oliveira e Márcio Silva Kitamoto. “Improvisamos um laboratório na sala do Núcleo de Inteligência porque o dinheiro não podia sair de lá por questões de segurança e integridade do processo”, conta o PPF Vitor. A medida que o dinheiro era periciado, ia sendo liberado para con-

Vitor Carvalho, Silvio Filho, Márcio Kitamoto e Aureni Oliveira, Papiloscopistas Policiais Federais (PPF) do Grupo de Identificação da Superintendência Regional da Bahia (GID/BA/PF) que atuaram na perícia do dinheiro encontrado no bunker de Salvador.

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tagem. “Abríamos uma mala, separávamos o dinheiro que estavam nas extremidades, no caso das notas soltas. Quando o dinheiro estava fechado em saco plástico, eram separados todos os sacos. Periciamos o dinheiro solto primeiro, depois os sacos plásticos e por último a mala vazia”, relata o PPF Silvio. O procedimento foi feito mala por mala, caixa por caixa. O dedo mínimo e o médio esquerdo de Geddel e o anelar direito de Gustavo foram identificados e validados com as informações do AFIS. O segundo passo do trabalho foi confrontar as digitais não encontradas pelo AFIS com uma lista de suspeitos fornecidas pelas Operações Cui Bono e Sépsis (operações nas quais Geddel é suspeito). “Algumas digitais foram encontradas automaticamente no processamento do AFIS com o banco de passaporte. Mas, o terceiro fragmento de Geddel não estava bom para processamento no AFIS e esse foi um dos fragmentos que marcamos os 12 pontos manualmente”, conta o PPF Aureni Costa

Oliveira. Dos fragmentos processos manualmente, foram identificados um dedo de Geddel, o indicador direito, e dois dedos de Job Ribeiro, o médio e o anelar esquerdo. REPERCUSSÃO O caso ganhou notoriedade pelos valores e pessoas envolvidas. As imagens das malas e caixas foram uma das mais divulgadas nos dias que restavam de 2017. Contudo, para quem atuou no caso, o trabalho em si não foi diferente do realizado nas ocorrências diárias de roubo, furto, arrombamentos aos Correios, Caixa Econômica e outros órgãos públicos. “O diferencial foi o resultado gerado e o reconhecimento para o nosso cargo. Além de ser a maior apreensão de dinheiro em espécie do Brasil, acabou apontando um dos políticos mais importante do governo como um dos donos do dinheiro”, especifica Silvio Roberto Oliveira Santos Filho, um dos PPFs que realizou a perícia. A repercussão do caso dentro e fora da Polícia resultou em algo valioso para a ca-

tegoria: “a sociedade conheceu um pouco do trabalho dos papiloscopistas”, acredita Silvio. Segundo o papiloscopista, o trabalho da GID da Superintendência Regional da Bahia é reconhecido e valorizado pelas demais categorias graças aos resultados nas ocorrências, mas o caso do bunker teve um retorno diferente. “Recebemos ligações e mensagens do Brasil inteiro nos parabenizando pelo trabalho. Delegados e agentes de outros estados, principalmente de colegas que estão em Brasília trabalhando diretamente com esta Operação”, conta Silvio. Para o delegado Muniz resultados como esse fortalecem o espírito de equipe dos policiais federais. “Nos motiva a continuar trabalhando por um Brasil melhor. As investigações que combatem a corrupção demonstram aos policiais que estes podem fazer a diferença, melhorando o país em que vivem e servem como estímulo para a manutenção do alto padrão alcançado nas investigações realizadas nos últimos anos pela Polícia Federal”, finaliza Muniz.

“Se não tivéssemos achado as impressões digitais, as pessoas envolvidas certamente estariam soltas”, diz o PPF Silvio Filho.

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AFIS LOCAL/REGIONAL Uma iniciativa, centenas de casos solucionados Por Simone Andrade Especial para a revista Impressões

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aquaritinga, cidade paulista a 340 km da capital, foi o primeiro município do Estado a utilizar o Sistema Automatizado de Identificação por Impressão Digital (AFIS). A delegacia do município, que faz parte da Seccional de Araraquara (SP), tornou-se referência no trabalho de Perícia Papiloscópica graças a horas de trabalho solitário do papiloscopista da Polícia Civil, José Eduardo Márcico. Acreditar que podia fazer um pouco mais pelo cidadão taquaritinguense mudou o cenário de resoluções de casos no município e acabou por influenciar outras unidades policiais do interior de São Paulo a adotarem o projeto de constituição do AFIS local/regional. O papiloscopista montou um banco próprio constituído, hoje, por mais 24 mil fichas com cerca de 240 mil fotos de digitais. “Ficha a ficha, fotografando digital por digital, fora as vias sacras indo de presídio em presídio”, conta Márcico. “Mas, valeu a pena”. Quando entrou para a PC-SP, em 1995, apesar de ter ingressado no cargo de Papiloscopista, acabou sendo desviado para a função de Investigador. Ainda assim, cumpriu sua missão como Papiloscopista e começou, ainda em 95, a montar o próprio Bando de Dados com todas as pessoas que cometiam crimes na cidade e redondeza. Já em 1998, devido ao grande volume de fichas, não conseguia realizar as conferências das impressões. O banco estava

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grande demais para realizar a pesquisa manual. Então foi em busca de soluções para seu novo desafio, para tanto, ingressou na faculdade de Processamento de Dados, tudo em função do desejo de ver a Papiloscopia ir para frente no município. “Em 1998, como o banco já estava muito grande para pesquisa manual, após muito pesquisar e testar vários softwares, passei a usar o AFIS da Neurotechinology, o Veryfinger”, conta Márcico. Por ser portátil, um dos diferenciais da versão do AFIS utilizada em Taquaritinga e na Seccional de Andradina (SP), que mais tarde adotou o AFIS local/regional, é a possibilidade de inserir dados direto do local do

crime. Segundo o Papiloscopista Policial Federal, Carlos Magno Girelli, uma das vantagens do sistema na versão portátil é que a pesquisa in loco traz a possibilidade de confirmação de identidade imediatamente após a chegada da polícia ao local do crime. Apesar de os bancos portáteis carregarem números limitados de dados, para cidades como Andradina e Taquaritinga, com aproximadamente 57 mil habitantes, pode ser o suficiente para elucidação de casos criminais. A partir da experiência na PC-SP, Márcico defende a ideia de AFIS locais para Estados com grandes dimensões, além do AFIS central, que é imprescindível, exatamente pela maior eficiência em função da menor quantidade de dados cadastrados no sistema. “Quando comecei a usar o AFIS, fiz várias pesquisas sobre o sistema e uma das constatações é que, embora o FBI, pioneiro no uso de AFIS, tivesse o melhor AFIS dos Estados Unidos, os Estados, com sistemas inferiores, tinham resultados melhores”, diz o papiloscopista de Taquaritinga, que acredita que o mesmo ocorre com os municípios que adotaram o projeto no Estado de São Paulo. “Isso porque o número de cadastros é menor e a probabilidade do criminoso estar entre os cadastrados no sistema é muito maior”, conclui.

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SECCIONAL DE ANDRADINA (SP) O papiloscopista e professor da Academia de Polícia de São Paulo, Marcos Vieira, realiza um trabalho regional na Seccional de Andradina (SP), há 10 anos, iniciado sob a influência da iniciativa de Márcico. “Tivemos muito sucesso nesses últimos anos, foram muitos esclarecimentos de casos. Infelizmente poucas unidades entenderam e poucas participaram do projeto, mas as que entenderam foram bastante contempladas. Foram os que mais tiveram esclarecimento de crimes”, avalia Marcos. Ao todo, incluindo laudos em locais de crime, em peças, laudos de confrontos e de legitimação, Marcos já realizou 1.139 laudos. Entre os de locais de crime, o policial coleciona uma estatística de 41% de casos resolvidos por meio do trabalho papiloscópico. Em Andradina, a história começou em 2004, quando investigadores da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) solicitaram auxílio ao Setor de Identificação para realização de Perícias Papiloscópicas em locais de crime. “Muitas vezes a investigação tinha o suspeito, mas não havia como provar sua participação no ato criminoso”, conta Marcos. O trabalho de confronto monodactilar, na época, era difícil e apre-

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sentava pouco resultado, até que por meio da experiência de Taquaritinga, passaram a utilizar o AFIS. Foi criada na Delegacia Seccional de Polícia de Andradina o Setor de Perícias Papiloscópicas, que atendem 12 municípios em um raio de 90km. As 16 unidades polícias e duas unidades prisionais, que pertencem à seccional, adotaram o projeto e são responsáveis por enviar as impressões digitais e palmares dos indiciados e presos, enquanto o Setor de Perícias Papiloscópicas e a Equipe de Perícias Criminalísticas de Andradina são responsáveis pela revelação e coleta de fragmentos papilares em locais de crime para a formação do banco de dados de latentes. “Logo nos primeiros meses passamos a obter resultados positivos. Isso despertou o interesse de outras unidades policiais e também observamos uma mudança no comportamento dos investigadores, que entenderam a importância da preservação do local de crime para a realização dos exames periciais papiloscópicos e de uma correta coleta de impressões digitais e palmares para a formação do banco de dados”, observa Marcos Vieira.

CASOS SOLUCIONADOS É fácil concluir que sem a persistência dos policiais, muitos casos permaneceriam sem soluções nestes municípios. Hoje, Márcico conta que é convidado pelos colegas, inclusive peritos criminais, a ir às cenas de crimes colher fragmentos. Acrescenta que foram vários elogios proferidos por magistrados (juízes e promotores) da comarca e região pelo trabalho relevante que desempenha. Outro reconhecimento pelos trabalhos desenvolvidos ao longo dos últimos 20 anos foi o prêmio conquistado no concurso “Aplicativos para aperfeiçoar a Polícia Judiciária”, organizado pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP) e o Instituto Brasileiro de Administração do Sistema Judiciário (IBRAJUS), em 2015. Só em Taquaritinga, dezenas de casos foram solucionados graças a iniciativa do papiloscopsita. Em muitos deles, a sentença condenatória foi proferida tendo apenas os Laudos Papiloscópicos como prova. Um destes casos ocorrera em 2012. “Após eliminarmos os fragmentos sem condições de identificação, bem como os pertencentes às vítimas e pessoas com acesso ao local, restou os fragmentos que,

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certamente, seriam dos furtadores”, conta o policial. Na época, apenas uma identidade foi descoberta e, mesmo sendo o Laudo Papiloscópico a única prova no caso, foi instaurado o inquérito policial e, embora o indiciado negasse qualquer envolvimento, a denúncia foi feita e o processo correu. Em 2014, às vésperas do julgamento, com o constante acréscimo de impressões digitais ao sistema, o segundo nome foi identificado. “Comunicamos ao Promotor responsável pela denúncia, o mesmo solicitou o envio de toda a documentação pertinente e incluiu o segundo identificado no processo”, explica José Eduardo. No dia da audiência, diante das provas apresentadas, os réus foram orientados pelo defensor a confessarem o delito. “Assim como este caso, outros foram esclarecidos devido a facilidade de acesso do Papiloscopista ao AFIS”, associa Márcico. Assim como ele, Marcos Vieira é o único Papiloscopista da Seccional de Andradina. Por lá, os frutos do empenho já vieram, inclusive, em forma de títulos. O primeiro foi em 2006, quando recebeu o Prêmio Láurea Policial do Mês, quando ainda pertencia ao Deinter-5 de São José do Rio Preto. O mais recente foi em 2013, por

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meio do projeto “Identificação Biométrica por Impressão Digital”, a Delegacia Seccional de Andradina recebeu o Prêmio Polícia Cidadã pelos excelentes resultados dos trabalhos papiloscópicos realizados. No caso que rendeu o prêmio, a identificação de um indivíduo foi a chave para a solução de cinco casos de furtos a estabelecimentos comerciais que ocorreram em Andradina entre 2008 e 2009. Os fragmentos papilares encontrados nas cenas foram inseridos no AFIS, mas sem resultados positivos. Meses após, a partir de uma nova prisão, a Cadeia Pública local encaminhou para o Setor de Perícias Papiloscópicas as impressões coletadas e o material foi inserido no sistema, que conferiu a compatibilidade com fragmentos de cinco locais diferentes. “A equipe de Investigações Criminais encaminhou as impressões dactilares de outros integrantes da quadrilha e mais três indivíduos foram identificados papiloscopicamente”, conta Marcos. Marcos também defende a implantação do AFIS local/regional como ferramenta importante para fortalecer a Papiloscopia como carreira da área Criminalística. “Poderíamos contribuir

Marcico montou sozinho um banco com 24 mil fichas com cerca de 240 mil fotos de digitais, ficha a ficha, fotografando digital por digital, fora as vias sacras indo de presídio em presídio. muito mais com a Polícia Judiciária, caso fossem criadas nas Delegacias Seccionais equipes especializadas em locais de crime para revelação de impressões latentes, fortalecendo um elo com a investigação criminal”. Márcico compreende que o caminho do desenvolvimento da Papiloscopia nos municípios ainda é longo. Mas, faltando pouco mais de um ano para se aposentar, se a reforma da previdência assim permitir, acredita que fez o que pode para contribuir com a Papiloscopia e deixa uma reflexão para os colegas de profissão. “Nós queremos o título de peritos, porém, somos muito acomodados. Muitas vezes é necessário irmos um pouco além para fazer com que vejam que, em nosso trabalho, pode estar a chave do esclarecimento de um crime”.

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PELOS ESTADOS

PERSISTÊNCIA E PROFISSIONALISMO DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL FEDERAL CONTRIBUI PARA SOLUÇÃO NO ÂMBITO DA OPERAÇÃO FARO FINO O trabalho foi resultado de uma ação permanente para coibir o uso das vias postais para o tráfico de drogas ao exterior Por Simone Andrade Especial para a revista Impressões

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raças ao laudo papiloscópico, a Superintendência da Polícia Federal de São Paulo chegou à identidade de dois irmãos que utilizavam as vias postais para praticar tráfico internacional de drogas. O caso findou no último janeiro, mas os trabalhos de perícia papiloscópica que levaram à solução do caso iniciaram em julho de 2016, quando o Núcleo de Identificação (NID/SP) atendeu à solicitação de perícia feita pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE/DRCOR/ SR/PF/SP). Uma Agência dos Correios informou, à Polícia Federal, sobre a existência de substância que poderia ser de entorpecente, em quatro encomendas relacionadas entre si. A perícia identificou mais de 30 kg de cocaína oculta em bastões de silicone, tomadas, interruptores, chuveiros, tubos de cola, creme protetor para mãos, desengripantes, lubrificantes e envelopes. As postagens com cocaína tinham como destino Camarões, Madagascar, Tailândia e Moçambique.

DA JUSTIÇA MINISTÉRIO LO FEDERAL L EM SÃO PAU MJ - POLÍCIA X ÊNCIA REGIONA SUPERINTEND IONAL EXECUTIVA - DRE REG O DELEGACIA IDENTIFICAÇÃ DE NÚCLEO

O JUSTIÇA O PAUL L RIO DA EM SÃ EX MINISTÉLÍCIA FEDERAREGIONAL - DR MJ - PO TENDÊNCIA L EXECUTIVA R/PF/SP SUPERINCIA REGIONACAÇÃO REX/S 6-NID/D DELEGA DE IDENTIFI 01 3/2 24 A Nº NÚCLEO

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Porém, como na maioria das remessas eles utilizavam uma modalidade de correspondência que não necessita da apresentação de documentos – e quando apresentavam eram documentos falsos –, a solução do caso parecia distante. Com poucas perspectivas de encontrar os autores das postagens, o caso foi encaminhado ao Núcleo de Identificação para realização de exames perpapiloscópicos. A perícia, que ficou sob a responsabilidade da PPF Amanda Lucila Medeiros, foi realizada nos envelopes e cartões postais. “Foram vários envelopes iguais periciados, e em apenas um houve a coleta dos fragmentos de impressões digitais”, conta a PPF. “Isso mostra que a persistência do nosso trabalho superou a artimanha do criminoso, quanto ao cuidado na manipulação dos materiais”. Utilizando técnicas e o reagente revelador ninidrina, foram encontrados fragmentos com qualidade para inserção e confronto no AFIS. Após análises compa-

LAUDO DE PER

ANEXO

2016-NID/DRE CÓPICA Nº 243/

rativas entre uma das impressões reveladas e a de um suspeito apontado pelo AFIS, foi possível identificar o responsável por aproximadamente 100 postagens, apenas em 2016, de substâncias entorpecentes em várias Agências dos Correios da cidade de São Paulo. A partir do nome apontado pela perícia papiloscópica, a Polícia chegou ao segundo nome, irmão do primeiro identificado. A PF solicitou à Justiça Federal a expedição de mandados de prisão e busca em seus domicílios, onde foram apreendidos documentos falsos utilizados nas postagens e três veículos registrados com um dos nomes falsos.

“Isso mostra que a persistência do nosso trabalho superou a artimanha do criminoso, quanto ao cuidado na manipulação dos materiais”

LAUDO DE PER ÍCIA PAPILOS X/SR/PF/SP CÓPICA Nº 243/ 2016-NID/DRE LAUDO DE PERÍCIA PAPILOSCÓPICA Nº 243/2016-NID/DREX/SR/PF/SP

ANEXO

ANEXO

ANEXO

MINISTÉ MJ - PO RIO DA JUST LÍCIA FE IÇA SUPERIN DERA DELEGA TENDÊNCIA L NÚCLEO CIA REGIO REGIONAL NAL EM SÃ DE IDE O PA NTIFICA EXECUTIVA LAUDO - DREX ULO ÇÃO DE PE

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA MJ - POLÍCIA FEDERAL SUPERINTEND ÊNCIA REGIONA DELEGACIA REGIONAL EXEC L EM SÃO PAULO NÚCLEO DE IDENTIFICAÇÃ UTIVA - DREX O

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REPORTAGEM

INSTITUTO DE IDENTIFICAÇÃO FÉLIX PACHECO IIFP/PCERJ A realidade no primeiro II brasileiro Por Simone Andrade Especial para a revista Impressões

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prédio espelhado reflete um entardecer. Mas não é só a natureza que reflete a sua beleza através do prédio do Instituto de Identificação Félix Pacheco (IIFP), localizado na cidade do Rio de Janeiro. Por trás desse espelho, é possível encontrar também o reflexo da realidade financeira de um estado que apresenta dificuldade para pagar as contas. E o Instituto, é claro, não passa imune a isso. Imbuído da responsabilidade de atender todo o estado, a situação do Instituto preocupa a polícia carioca. O IIFP opera, hoje, com 107 Papiloscopistas Policiais de primeira classe de 150 previstos, 142 de segunda classe de 200 previstos e três Papiloscopistas de terceira classe de 350 previstos. O déficit é de 448 profissionais, e o diretor do Instituto alerta que, “não sendo urgentemente convocados os 96 Papiloscopistas recém-formados, em muito pouco tempo, com o avançar das licenças médicas e aposentadorias, teremos atraso nas respostas aos laudos e, em longo prazo, extinção de determinadas perícias”, diz Márcio Pereira, diretor do IIFP desde 2009.

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A distância em que os concursos para papiloscopista foram realizados ao longo da história do Instituto corroboraram para o déficit de hoje. O penúltimo concurso foi realizado em 2002. Apenas em 2015 foi promovido outro. “Os aprovados concluíram o curso de formação, fizeram a formatura no final de 2016 e aguardam nomeação. Mês passado se deu a homologação do concurso, mas devido ao decreto de calamidade financeira não estão ocorrendo nomeações, embora haja uma brecha para a segurança pública”, conta o diretor. Entretanto, mesmo sendo nomeados, não serão suficientes para atender à demanda e cobrir o déficit, já que há mais de 300 vagas para Papiloscopistas de terceira classe e foi realizado concurso para preenchimento de apenas 100 vagas. Para se ter ideia, o concurso anterior ao de 2002 foi realizado em 1988, sendo a posse a partir de 1992. “O quadro de Papiloscopistas é reduzido e envelhecido, não suportando plantões de 24h nos IMLs, na sede do Instituto confirmando identidades de presos e cadáveres ou realizando pe-

O IIFP opera, hoje, com 107 Papiloscopistas Policiais de primeira classe de 150 previstos, 142 de segunda classe de 200 previstos e três Papiloscopistas de terceira classe de 350 previstos. O déficit é de 448 profissionais rícias de levantamento de fragmentos de impressões digitais em locais de crime em viaturas caracterizadas, armados, expostos às intempéries e à criminalidade que assombra nosso estado”, conclui Márcio. Alexandre Trece entrou para a Polícia em 1994, e atualmente se prepara para a aposentadoria. Ele conta que os serviços mais afetados pelo déficit são a emissão de Folhas de Antecedentes Criminais (FAC) e a Necropapiloscopia. Por mês o Instituto recebe 18 mil pedidos de FACs. “O serviço é feito on-line com o TJ, mas mesmo assim não damos conta da demanda. Aqui no Rio, o papiloscopista trabalha na emissão de FACs para associar a biometria à anotação

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»» FUNÇÕES DO IIFP APÓS DECRETO ESTADUAL 22930/A »» »»

criminal. Nota que o ideal é não ter papiloscopistas nas tarefas administrativas, mas colocar quem no lugar?”, conta e especula o papiloscopista Alexandre. Como o IIFP é o único instituto do Rio de Janeiro, tem o dever de atender às demandas dos 18 Institutos Médico-Legais do estado. Juntos, eles recebem pelo menos 750 corpos por mês. Caxias e Nova Iguaçu, por exemplo, contam com apenas dois peritos papiloscopistas por escala. Na Perícia Papiloscópica de Verificação de Identidade, local em que Alexandre está lotado, 17 profissionais tratam 2.800 presos por mês. ALTERNATIVA ADOTADA A dificuldade de atender à demanda não é realidade recente no Instituto.

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Emitir Folhas de Antecedentes Criminais; Atestados de Antecedentes Criminais; Certidões de Vida Privada; Perícias de confirmação de identidade dos presos pela PCERJ antes do ingresso na Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP); Perícias de vivos desorientados em hospitais municipais, estaduais ou federais; Perícias de confirmação de identidade de cadáveres nos IMLs do estado;

Para minimizar as demandas e melhorar o atendimento ao cidadão, uma das alternativas adotadas foi separar as atribuições civis e criminais. Até agosto de 1998, o Instituto era responsável pelas duas tarefas, bem como os demais IIs espalhados pelo país. Desde então, por meio do Decreto Estadual 22930/A, de 21 de janeiro de 1997, a identificação civil passou a ser de responsabilidade do Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran-RJ). O IIFP ficou com a função de manter e atualizar o arquivo criminal dos cidadãos fluminenses, tanto na sede do IIFP quanto no arquivo do extinto Instituto Pereira Faustino. Essa foi a alternativa encontrada diante da falta de orçamento da Polícia Civil do Estado Rio de Janeiro (PCERJ) e a necessidade de

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Perícias de confirmação de identidade de cadáveres em hospitais municipais, estaduais ou federais; Perícias de revelação de fragmentos de impressões digitais em todos os veículos frutos de furto ou roubo, no pátio legal; Perícias em veículos não removidos para a Delegacia de Roubos e Furtos de Autos (DRFA); Perícias de revelação de fragmentos de impressões digitais em locais de crime na região metropolitana e em todo o estado.

atualização tecnológica e modernização do sistema de identificação civil e criminal do estado. O IIFP emitiu, até 1998, mais de 13 milhões de Registros Gerais (RGs). Após o Decreto, o Detran-RJ iniciou a emissão com séries a partir do número 20.000.000. “Parte dessas 13 milhões de RGs já integram a base biométrica do Detran, seja por ter feito segundas vias, após 1999, ou o Detran, por determinação do TCE e por força do decreto de transferência de acervo, digitalizou a folha de registro civil”, explica Márcio Pereira. A estimativa é que pelo menos 4 milhões de folhas não foram digitalizadas. Todo o acervo físico está armazenado no Instituto e, havendo necessidade, ele é acessado tanto por papiloscopistas quanto por servidores do Detran-RJ.

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ser encontrado no AFIS da Polícia Federal –, a autoridade policial indica um suspeito e as pesquisas são realizadas no arquivo físico à moda antiga. UM POUCO DA HISTÓRIA O Instituto de Identificação Félix Pacheco foi o primeiro II brasileiro, criado em 29 de dezembro de 1902. Na época, era o Gabinete de Identificação e Estatística da Polícia do Distrito Federal. Apenas em 1941 recebeu o atual nome, uma homenagem a Félix Pacheco, introdutor da identificação datiloscópica no Brasil.

PESQUISAS NOS SISTEMAS DO DETRAN-RJ E DA PF Ocorrido um crime, a Delegacia da Circunscrição solicita ao IIFP o levantamento de fragmentos de impressões digitais. O fragmento revelado é levado para a sede do IIFP, digitalizado e submetido às pesquisas no AFIS do Detran-RJ, único AFIS estadual. Caso não haja resultado positivo, os fragmentos são submetidos ao siste-

ma da Polícia Federal. “Quem deixou o fragmento no local de crime pode não ter RG emitido pelo IIFP ou pelo Detran, mas pode ter cometido crime em outro estado. Nesse caso, nós o positivamos no AFIS da Federal”, explica Márcio. Além dos procedimentos nos sistemas, caso o resultado dê falso-negativo – pois o RG do autor pode estar entre os 4 milhões que não foram digitalizados nem

Ao longo de todos esses anos, o II passou por transformações. Uma delas, como já mencionada, foi a divisão de atribuições com o Detran-RJ. Hoje, o Instituto de Identificação Félix Pacheco é responsável por confeccionar e emitir Folhas de Antecedentes Criminais, Atestado de Antecedentes, Laudos de Perícia Papiloscópica, Certidão de Vida Privada e outros documentos associados à defesa da cidadania. E mesmo com tantos desafios – principalmente relacionados ao tamanho do quadro efetivo –, o II possui o segundo maior acervo de documentos de identificação do Brasil: mais de 13 milhões de Registros Gerais, 13 milhões de Folhas de Registro Civil, 15 milhões de Individuais Datiloscópicas, cerca de 8 milhões de Cartões Nominais e 1 milhão de Prontuários Criminais.

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INVESTIMENTO, MODERNIZAÇÃO E CONHECIMENTO TÉCNICO-CIENTÍFICO Papiloscopistas policiais federais identificam suspeito após 17 anos Por Priscilla de Jesus Rocia e Paulo Ayran

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o dia 06 de julho de 2000, a sociedade do Distrito Federal foi surpreendida com a notícia de que uma quadrilha de assaltantes, fortemente armada, invadiu a pista do Aeroporto Internacional da cidade com o objetivo de subtrair ao avião Boeing 737-300, da companhia aérea VASP, um carregamento de aproximadamente 60 quilos de ouro da Mineradora Serra Grande, que exerce sua atividade na cidade de Crixás/GO, localizada a 425 km de Brasília. O ouro roubado seria enviado para a cidade de São Paulo. A ideia era de que o ouro seria retirado dos carros-fortes para ser embarcado em um voo de carreira. A ousada ação durou cerca de cinco minutos e foi filmada pelo sistema de segurança interno da Infraero. A DINÂMICA Houve troca de tiros entre os assaltantes e os agentes de uma empresa de segurança que protegia a carga. Contudo, os membros da quadrilha conseguiram escapar levando uma pessoa como refém, a qual foi libertada a poucos quilômetros do

aeroporto. Imediatamente a Polícia Federal se mobilizou na busca dos bandidos. Durante a fuga, a quadrilha abandonou 23 quilos que estavam em outros malotes. A PF localizou, nos arredores de Brasília, no Setor Park Way, os carros usados no assalto – uma Kombi e duas caminhonetes Dakota –, e descobriu também que os carros usados na operação foram roubados em São Paulo. PAPILOSCOPISTAS ENTRAM EM CENA Acionados, os Papiloscopistas Policiais Federais Clemil José de Araújo, Mauro Pereira Barbosa, Eduardo Alexandre de Oliveira Braz, Paulo Jorge Vergini e Tânia Mara Maciel, lotados no Instituto Nacional de Identificação (INI), se dirigiram ao local e, após intenso e minucioso trabalho pericial de levantamento de vestígios de impressões papilares, a equipe consignou em Laudo de Perícia Papiloscópica o registro de 13 fragmentos de impressão papilar encontrados no veículo Kombi, além de inúmeros fragmentos nos objetos deixados em seu interior: sete fragmentos de im-

Veículos periciados, utilizados no assalto ao aeroporto, abandonados no Setor de Mansões Park Way – Brasília/DF

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pressão papilar em uma das caminhonetes e oito na outra. No ano de 2000, a Perícia Papiloscópica ainda era executada praticamente de forma manual, ou seja, era feita a perícia do local e, de posse dos fragmentos papilares levantados, conduzida a apresentação de suspeitos pela equipe de investigação para realização dos exames periciais, a fim de estabelecer a relação de identidade entre o fragmento encontrado e aquela pessoa considerada suspeita. NA MOSCA Foram apresentados diversos suspeitos para confronto papiloscópico, sendo um dos fragmentos positivado como de D. V. C, conhecido por “CEGO”, indiciado em vários outros crimes ao longo desses 17 anos. Pelos procedimentos técnico-científicos adotados pelo INI, todos os vestígios de impressão papilares revelados foram arquivados à espera de novos suspeitos. PROMOTEC No ano de 2003, a Polícia Federal, por meio do Projeto de Modernização Técnica da Polícia Federal (PROMOTEC), adquiriu

o Sistema de Identificação Automatizada de Impressões Digitais (AFIS). Trata-se de uma solução sistêmica que possibilita o armazenamento de impressões digitais e individualiza, de forma inequívoca, cada pessoa que é inserida no banco de dados biométrico. O sistema é utilizado pelo INI desde 2004, e ampliou as possibilidades de serviços, como pesquisa ágil no banco com milhões de datilogramas; pesquisas, mesmo sem a existência de suspeitos; trabalho em casos específicos; melhoria de imagens e simulações diversas; armazenamento de impressões papilares de criminosos sem a identidade conhecida (para futuras verificações); desarquivamento de casos antigos sem solução; entre outras. Nessa vertente, em 2005, todos os fragmentos levantados no caso do roubo

do ouro foram inseridos e armazenados no banco de dados de latentes não resolvidas. O investimento em segurança pública é fundamental para a obtenção resultados, especificamente sobre o Sistema AFIS, que ampliou, de forma sistemática, a possibilidade tanto no contexto de prevenção como de combate aos ilícitos penais. Para a equipe de investigação e para a Justiça, é de fundamental importância conhecer o possível criminoso, saber quem realmente ele é. O conjunto de procedimentos investigativos certamente será planejado visando um algo certo, minimizando a utilização de recursos materiais, humanos e principalmente de tempo. Já no âmbito do Judiciário, o direcionamento da decisão e o estabelecimento da pena ou de possíveis benefícios serão muito mais efetivos se o Juiz tiver em mãos

Laudo de Perícia Papiloscópica, produzido em 2000, com ampliação do fragmento de impressão digital revelado

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a identificação inequívoca do meliante, bem como ter informações efetivas sobre todos os atributos e passagens criminais vinculados à sua pessoa. FINALMENTE, EM 2017 Em 24 de abril de 2017, um assalto considerado o maior da história do Paraguai deixou abalados os moradores da Ciudad del Este. Uma quadrilha com mais de 50 homens fortemente armados explodiu as paredes do prédio onde se localizava a transportadora de valores PROSSEGUR e levou algo em torno de US$ 40 milhões, o equivalente a R$ 120 milhões. Durante a fuga, incendiaram 15 veículos, promovendo um verdadeiro cenário de guerra e terror. O modus operandi utilizado por esses criminosos – homens armados com fuzis e metralhadoras, explosões, barricadas com carros incendiados para conter a perseguição policial – foi correlacionado a outros casos, semelhantes, ocorridos no interior de São Paulo. Em confronto com a polícia, o grupo teve baixas diretas com a morte de três criminosos e outros 10 suspeitos capturados. Visando garantir a qualificação e identificação civil dos suspeitos, fundamentado pela autoridade policial, todos foram cadastrados biometricamente, a fim de que se pudesse, por meio de pesquisa ao banco de

dados do Sistema AFIS da Polícia Federal e intercâmbio de informações com outros órgãos oficiais de identificação estaduais, consignar, nos autos do inquérito policial, a identificação inequívoca de cada um deles. Para surpresa dos Papiloscopistas Policiais Federais, Rachel Jurca Accioly e Sérgio Ricardo Yoshida, um dos fragmentos levantados na caminhonete utilizada no assalto ao avião da VASP em 2000, positivou com o dedo médio direito do suspeito L. Silva, que na época tinha apenas 22 anos. O suspeito L. Silva tem uma história de vida no crime. A descoberta de sua participação no caso do crime do aeroporto

Tela do Sistema AFIS: à esquerda – fragmento de impressão papilar revelado em 2000 e armazenado no Sistema AFIS; à direita – dedo médio direito resultante da identificação criminal de L.S.

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de Brasília só foi sabida 17 anos depois do ocorrido. Isso graças à política de investimento e fortalecimento do segmento da identificação humana na Polícia Federal, em destaque a aquisição do sistema AFIS e a contratação de mais de 400 Papiloscopistas Policiais Federais em 2005. Ainda não há como saber qual será a repercussão judicial para L. Silva no que tange ao crime de Brasília, mais certamente podemos afirmar que: com investimento, tecnologia, modernização e manutenção efetiva, os resultados positivos alcançados pelas forças policiais serão cada vez maiores.

Marcação de minúcias realizada pelos PPFs responsáveis pelo Laudo de Perícia Papiloscópica elaborado em Foz do Iguaçu

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O PROJETO EXPORTNIST A Gestão Inteligente de Informações Biométricas Por Clauber Franco Miranda

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meta de garantir a unicidade de cada cidadão em um universo de milhões de pessoas não é uma tarefa fácil. Buscando cumprir tal propósito, no ano de 2003, a Polícia Federal adquiriu um poderoso Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais – AFIS (sigla em inglês), trazendo com isso novos paradigmas para a identificação civil e criminal no país. O sistema vem sendo utilizado com grande sucesso nos últimos 14 anos, apresentando resultados importantes nas mais diversas áreas de atuação da Polícia Federal. É ele, por exemplo, o sistema responsável por individualizar as requisições de passaporte, competência exclusiva da PF, e, dessa forma, garantindo um documento seguro, lastreado em uma base biométrica confiável. O sistema AFIS em funcionamento na PF, em que pese seu imenso poder de processamento e acurácia, possui algumas peculiaridades logo notadas pela equipe da Administração do AFIS: códigos fonte fechados, dificuldade de parametrização pela própria PF e falhas na obtenção de informações estatísticas/gerenciais. No ano de 2007, após auditória realizada pelo Tribunal de Conta da União – TCU, foi prolatado o Acórdão 889/2007, recomendando a migração dos dados de sua propriedade, constantes no sistema AFIS, para uma base de padrão aberto, possível de ser importada por outros fabricantes de AFIS em uma eventual troca de fornecedor. Para cumprir essa tarefa, os dados deveriam ser exportados em arquivos no padrão ANSI/NIST, um tipo de arquivo que permite a troca de informações biométricas entre sistemas AFIS. Essa nova tecnologia trouxe com ela uma complexidade imensa e totalmente desconhecida para a equipe da Administração do AFIS da Polícia Federal, dificultando sobremaneira a execução de tal tarefa naquele momento. Além da falta de conhecimento técnico e de pessoal, a Polícia Federal também esbarrava em limitações de infraestrutura para armazenar os dados a serem expor-

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tados. Naquela época, o sistema AFIS acabara de ser expandido e agora estava sendo levado para todos os Institutos de Identificação do país (Expansão AFIS SENASP). A base havia sido ampliada e não se vislumbrava a troca de fornecedor, dessa forma, tal exportação foi sobrestada, mas não esquecida. Em fevereiro de 2014, já pensando em uma eventual modernização que começava a ganhar forças, visto que a base de dados do AFIS já estava girando na casa das 15 milhões de passagens, a equipe da Administração do AFIS da Polícia Federal iniciou a exportação dos arquivos NISTS fazendo uso da ferramenta disponibilizada pela fabricante do sistema AFIS. O problema era que a ferramenta era bastante precária e sem muitos controles e configurações. A ferramenta, além de apresentar muitas falhas e travamentos constantes, o que tornava o processo extremamente lento e penoso, permitia exportar os arquivos NIST da base AFIS mas não permitia um salvamento organizado -e também não permitia consultas aos arquivos exportados- deixando os técnicos no escuro. O trabalho era feito de maneira artesanal e extremamente penoso. Com o empenho incansável da equipe da Administração AFIS, mesmo com todos os problemas, ao longo dos dois anos dois anos seguintes foram exportados algo em torno de 9 milhões de arquivos NIST. Ainda que de maneira desorganizada, foram armazenados em diversos Hard Disks externos. No ano de 2016, a base de dados do AFIS constava com aproximadamente 17 milhões de passagens, distribuídas nos mais variados tipos de pessoas. Após a nova e última expansão da solução, em mais 7.2 milhões de registros, o fabricante do sistema foi taxativo: a base AFIS se esgotaria com 20,2 milhões de pessoas e não poderia mais ser expandida. Era o momento da PF realmente começar a se preocupar com a compra de uma nova solução. A modernização seria inevitável e uma eventual troca de fornecedores po-

É possível, saber, de maneira clara e precisa, a quantidade de HITs dos casos criminais agrupada por sexo, idade, tipo de pessoa, UF, site de origem. deria acarretar grandes transtornos para a Administração. Após diversas reuniões para elaboração de um Termo de Referência que iria ao mercado em breve, a equipe responsável pela modernização do AFIS realizou viagens para diversos locais nacionais e internacionais, sempre em busca de coletar novas informações sobre os sistemas AFIS mais modernos do mercado, uso de novas biometrias, modernas formas de contratação e comparação custos. Uma informação chamou a atenção da equipe de modernização: os países que passaram por um processo de modernização semelhante ao que passaria o AFIS da Polícia Federal conseguiram reduzir entre 20% – 30% dos custos do projeto devido à base de dados estar exportada em formato NIST. Era o click que faltava para transformar a exportação de arquivos NIST em prioridade total. PROJETO Preocupada com a lentidão do processo de exportação e com a qualidade dos resultados, a Direção do Instituto Nacional de Identificação - INI criou então o Grupo de Desenvolvimento em Tecnologias de Identificação Humana - GDTIH, com atribuição de desenvolver soluções de TI voltadas às necessidades do INI. A equipe composta pelos papiloscopistas policiais federais Clauber Franco Miranda, Alessandro Mendes Soares Evangelista, Jade Kende Gonçalves Umbelino e Ramon Santos Fernandez recebeu como tarefa prioritária criar uma ferramenta capaz de exportar os arquivos em tempo hábil e de maneira organizada para garantir uma eventual migração da base de dados para um novo fornecedor. Debruçada sobre o problema, a equipe do GDTIH começou a buscar meios para

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solucionar os problemas atuais, acelerando o processo de exportação, evitando travamentos, e principalmente, atribuindo-se alguma inteligência aos resultados que seriam gerados. Não bastava apenas exportar os arquivos. Era preciso que a base de dados a ser criada, além de guardar tais arquivos NIST organizadamente, gerasse informações estatísticas e gerenciais que pudessem auxiliar nas tomadas de decisões do Instituto. Era fundamental que a ferramenta pudesse servir como fonte de informação no mister da PF: o combate à criminalidade. Como o problema posto restringia-se aos arquivos NIST, o foco do trabalho estava na exportação de passagens, no caso de pessoas, e nos casos criminais. As demais informações do AFIS, ainda que bastante relevantes, não estavam englobadas nesse processo. A equipe do GDTI segue estudando formas de incorporar esses dados à base de dados do projeto ExportNist. Desta forma, foi construído um modelo de processo visando compreender o fluxo completo do sistema, bem como garantir que os resultados pudessem subsidiar as demandas futuras que certamente viriam. Um modelo de dados também foi elaborado tendo como base as informações qualitativas do AFIS, consideradas relevan-

tes em conjunto com o processo que havia sido mapeado. A equipe do GDTIH estava focada em criar uma ferramenta amigável, expansível, e que pudesse, de maneira eficiente: reduzir os custos da modernização, organizar o repositório de arquivos NIST exportados, gerar informações úteis à direção do INI, auxiliar em trabalhos de inteligência na atividade policial e, por fim, atender à recomendação do TCU. No intuito de reduzir gastos, a base de dados foi criada utilizando-se uma solução de software livre e gratuito. Diversos scripts foram elaborados para permitir a exportação dos dados qualitativos e dos arquivos NIST da base AFIS, contemplando a importação destes dados para a base do projeto ExportNist, bem como a vinculação com seus respectivos arquivos, validações e consultas. A ferramenta criada permitia a exportação de aproximadamente 01 milhão de arquivos NIST por dia. Na primeira carga, finalizada em 1° de outubro de 2016, foram incluídas no banco de dados as informações de todas as passagens constantes no AFIS àquela época: 17.579.518 passagens, dentre elas: nome, filiação, data de nascimento, tipo de passagem e demais informações afetas à passagem. Em abril de 2017, foi concluída a carga das informações afetas aos casos criminais: número do caso criminal, unida-

de federativa do caso, usuário responsável pela inclusão/confronto e demais informações relativas ao caso. Todos os dados qualitativos foram vinculados aos seus respectivos arquivos NIST, inclusive aqueles primeiros 9 milhões de arquivos armazenados em Hard Disk externos. Hoje, tais dados se encontram armazenados em servidores de alta performance e disponibilidade, sob monitoramento contínuo pela equipe de TI da Polícia Federal. ALGUNS RESULTADOS IMEDIATOS: Além da economicidade que a exportação dos dados trouxe ao projeto de modernização (hoje orçado em vários milhões de reais) e o atendimento de uma recomendação antiga do TCU, o resultado deste projeto foi uma grata surpresa para a direção do Instituto Nacional de Identificação. Além da base organizada de arquivos biométricos pronta para “povoar” qualquer sistema fornecedor de solução AFIS, encontrou-se na solução, a oportunidade de se iniciar uma série de estudos e ações estratégicas baseadas nas informações gerenciais e nos dados estatísticos gerados pelo sistema e que poderão subsidiar futuras auditorias, fortalecendo o planejamento operacional e prevenindo diversos ilícitos penais.

Dentre outras informações, é possível, que o gestor visualize, por exemplo, de uma maneira fácil e organizada, informações sobre passagens, civis ou criminais, dados quantitativos, origem, sexo e faixa etária, bem como informações sobre casos criminais.

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É possível, saber, de maneira clara e precisa, a quantidade de HITs (confrontos com resultado positivo) dos casos criminais agrupada por sexo, idade, tipo de pessoa, UF, site de origem

O sistema também facilita o cruzamento de dados para verificar, por exemplo, a quantidade de estrangeiros - presentes na base do AFIS que também tenham passagens criminal, bem como, a quantidade de HITs de casos criminais contra esse tipo de passagem (ou qualquer outro tipo de passagem).

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A ferramenta instrui estudos científicos desenvolvidos por diversos papiloscopistas, relacionando a quantidade de HITs (casos criminais) com os dedos e tipos fundamentais. Estes dados podem ainda ser cruzados com diversos outros: sexo, UF, origem etc.

Através do projeto ExportNist está sendo possível fortalecer a identificação criminal e verificar possíveis falhas no processo, pois permite que sejam identificadas eventuais duplicidades no sistema SINIC quando confrontadas com as informações provenientes do AFIS. Além disso, é possível melhorar o processo de lançamento de casos criminais, verificando-se eventuais deficiências entre os usuários e buscando formas de melhorá-las ou corrigi-las. Além de tudo que foi mencionado, o ExportNist vem sendo utilizando como importante ferramenta para prover os dados biométricos essenciais para utilização em diversos propósitos: Alethia (Olímpiadas, Chapecoense, Teori Zavascki, Interpol etc.), novos acordos de cooperação, base de

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testes para aferir a acurácia da solução a ser adquirida na modernização etc. VISÃO DE FUTURO: O GDTHI/INI está planejando o desenvolvimento de uma ferramenta web que permita a todos os papiloscopistas do Brasil, lotados em quaisquer unidades da PF, acessar a base de dados e ter acesso aos NIST. Isso poderá ser bastante útil, caso o PPF precise de uma decadactilar em uma delegacia no interior do país e não disponha de acesso ao AFIS. Além disso, novos dados do AFIS estão sendo analisados para serem incorporados, bem como a integração com outras bases de dados biométricas. O sistema desenvolvido pela equipe do GDTIH/INI apresenta uma infinidade de oportunidades para a realização de estu-

dos e análises estatísticas que certamente poderão subsidiar políticas públicas de planejamento para implantação e integração de sistemas de identificação, construção de perfil criminológico, bem como, estabelecer a relação entre a ocorrências de HITs e a tipológica penal: homicídios, estupros, latrocínios e, no futuro próximo, a implementação de cenários de zoneamento de ocorrência de crimes, tendo como base a relação de fragmentos de impressão papilar e o local do delito. Enfim, a quantidade de informações que podem ser extraídas dessa nova ferramenta é imensa. É apenas o começo de uma nova era para os papiloscopistas policiais federais.

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A OUTRA FACE

UM PAPI TRIATLETA Julius Bomfim sempre praticou esportes, mas a iniciativa do pai com a corrida de rua e a necessidade de se preparar para o TAF da PF, em 2012, o apresentou um universo novo: O Triathlon Por Simone Andrade Especial para a revista Impressões

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história do PPF Julius Bomfim (39) com o Triathlon tem muitas nuances. Uma delas se chama Otacílio Bomfim. O pai de Julius foi sedentário até os 60 anos; hoje, aos 67 tem participado de diversas provas de corrida, inclusive os 21km no revezamento do IRONMAN 70.3 Alagoas, com o filho, e vai para a primeira maratona em Berlim. Mas, voltando, ele resolveu largar a vida sedentária e decidiu acompanhar o Julius. “Ele sempre se inscrevia e me inscrevia junto. Íamos na brincadeira mesmo”, conta Julius. Outra nuance importante nessa história foi o concurso para a Polícia Federal, em 2012. Durante nove meses, ocupou-se ex-

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clusivamente dos estudos e deixou o preparo físico de lado. “Quando saiu o resultado da prova é que me dei conta que deveria passar no teste físico também”, conta. Faltavam poucos dias para o TAF, Julius havia engordado e não cumpria o tempo estipulado pelo edital para a natação. “Procurei um professor e fiz um teste 20 dias antes do TAF, fiz em 46 segundos, fiquei desesperado e comecei a treinar com ele. No dia, consegui fazer em 34 segundos”, conta. Tudo certo. Julius passou no TAF e de quebra tomou gosto pela natação. “Como eu já corria e sempre gostei de bicicletas, pensei em me desafiar no Triathlon”.

No início, participou de algumas provas curtas com uma bicicleta para Moutain Bike, em Maceió (AL), cidade natal e onde está lotado atualmente. Mas logo acabou parando. “Minha primeira lotação foi Imperatriz, no Maranhão, e era muito difícil treinar lá. A cidade não possui muita estrutura. Só conhecia duas piscinas e uma ficava no Batalhão do Exército e a outra era sempre lotada”. Mas essa fase passou rápido. No fim de 2014, voltou para Maceió e, em 2015, comprou uma bicicleta específica para o Triathlon. A primeira prova que participou foi um Half Distance (1900m de natação, 90km de ciclismo e 21km de corrida), em Manaus (AM). “Consegui chegar em 15.º na cate-

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A OUTRA FACE

goria”, conta. Daí em diante, começou de quatro na modalidade Sprint: duas na modalidade Olímpico e de outro Half Distance, dessa vez em Palmas (TO). O ACIDENTE Em outubro de 2016, todos os esforços de Bomfim voltaram-se para o IRONMAN 140.6 – 3800 de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida –, realizado em Florianópolis, no dia 28 de maio de 2017. Como já é de costume, Julius treinava ciclismo às margens da BR101, quando foi atropelado por um caminhão. Faltavam apenas 18 dias para o IRONMAN, em Floripa. Julius Bomfim fraturou ombro e cotovelo e rompeu os ligamentos e a cápsula articular do ombro esquerdo. Estava impossibilitado de participar da prova e, provavelmente, não teria condições de competir também no IRONMAN 70.3 de Alagoas, a se realizar no dia 6 de agosto. Mas, como diz o Papi, “desistir não é uma opção”. Mesmo com limitações, participou da prova em Alagoas e contou com ajudas especiais daquele professor de natação, que o auxiliou com o TAF, Mar-

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cus Silva, e do pai, corredor dedicado. Na categoria revezamento, Marcus nadou os 1900m, Julius pedalou 90km (mesmo com um pouco de dor) e o pai correu os 21km. Juntos conquistaram o 4.º lugar. “Colocar a vida em risco em estradas com motoristas que não respeitam os ciclistas é ainda pior. Mas o esporte me faz bem. Cuido da minha saúde, supero desafios e estimulo quem está a minha volta”, sintetiza o policial. Julius continua fazendo fisioterapia todos os dias. Ainda não pode nadar e voltou para o trabalho com algumas restrições. Mas já se inscreveu para o IRONMAN 70.3, em novembro, Fortaleza; e para o IRONMAN 140.6 de Floripa, em maio do próximo ano, a mesma prova que perdeu em função do acidente. TREINAMENTO O PPF acorda por volta das 3:50h e se prepara para, às 5h, iniciar as atividades. Atualmente, depois do treino tem fisioterapia, e, na sequência, vai para o trabalho. “Triathlon para mim é um estilo de vida. Acordar as 3:50 da manhã praticamente todos os dias não é fácil”. Além de acordar

cedo, tem mais treino a noite. “Normalmente ciclismo e corrida pela manhã e natação e treinos de força a noite”, explica. O excesso de dedicação que o Triathlon requer acabou tirando uma parte da atenção do PPF de outra paixão: o Karatê. “Meu esporte sempre foi o karatê, sou faixa preta desde 2010”. Mesmo com a agenda tão corrida, às vezes encontra uma brecha e dá um pulo nas aulas só para matar saudade. “Ainda é (o karatê) uma paixão na minha vida, mas o Triathlon suga todo tempo e energia”. Mas confessa também que não dá para fazer os dois. Como quem ama nunca esquece, Julius é professor credenciado pela Academia Nacional de Polícia para dar aulas de Defesa Pessoal Policial. Ainda não teve a oportunidade e espera que um dia possa dar essa colaboração para a formação dos futuros PFs. “Quem sabe no próximo concurso”, diz, bem-humorado.

Julius treinava ciclismo às margens da BR101 quando foi atropelado por um caminhão

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EVENTOS

CRIANÇAS DÃO O TOM Evento comemorativo mostrou a importância da perícia papiloscópica

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vento comemorativo realizado Coordenação de Aviação Operacional (CAOP) permitiu aos Papiloscopistas Policiais Federais (PPFs) demonstrarem técnicas de revelação de impressões digitais para crianças. A CAOP é a unidade aérea da Polícia Federal responsável por promover o apoio aéreo operacional às atividades do órgão e demais instituições de segurança da Administração Pública Federal. Está subordinada à Diretoria Executiva (DIREX) da PF. A CAOP encontra-se sediada no Aeroporto Internacional de Brasília, fornecendo apoio aéreo a todas as unidades da PF em todo o território nacional.

RFH/INI em estande lúdico para crianças: Evento comemorativo na CAOP

Da esquerda para a direita: O diretor da Escola Superior da Polícia Civil de Goiás (ESPC/GO),delegado Deusny Aparecido Silva Filho, o diretor do INI-PF, Brasílio Caldeira Brant, o supervisor do curso, Jurandir Júlio Oliveira, o presidente da Fenappi, Antônio Maciel Aguiar, e as professoras Luciene Marques e Simone de Jesus

PPF demonstra técnicas de revelação de impressões digitais para crianças em evento comemorativo na CAOP

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PPF demonstra técnicas de revelação de impressões digitais para crianças em evento comemorativo na CAOP

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FOTO GALERIA

NÃO TEMOS TEMPO A PERDER A Academia Nacional de Polícia e o Curso de Especialização em Identificação Humana

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Academia Nacional de Polícia (ANP/DGP), por meio da Coordenação de Escola Superior de Polícia (CESP/ANP), sempre oferta cursos variados de Especialização tendo como públicos-alvo policiais federais e civis graduados em cursos aprovados pelo MEC. Dentre eles, destaca-se o de Especialização em Identificação Humana..

FOTOS: SAOP/INI/ PPFS JOSELITO NEVES, NAZARENO FEITOSA E ISAQUE DY LA FUENTE

Abertura do Curso de Especialização em Identificação Humana na Academia Nacional de Polícia em Brasília – DF

Aula durante o Curso de Especialização em Identificação Humana na Academia Nacional de Polícia em Brasília – DF

Aula sobre anatomia durante o Curso de Especialização em Identificação Humana na Academia Nacional de Polícia em Brasília – DF

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