Jornal OPortal 30/08/2009

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Gás natural pode ser ampliado nos Campos Gerais Depois de Curitiba e Ponta Grossa, Compagas pode estender rede de distribuição de gás natural a outras cidades da região economia p27

A Senadora Marina Silva, do alto de sua coerência e 30 anos de partido, caiu fora do PT. leia mais p4

[Nº 13] [2009] [30/AGOSTO a 5/SETEMBTO] [R$ 3,00] Graças às contribuições de estudiosos, o conceito clássico de quilombo, fundamentado no binômio ‘fuga e resistência’, foi superado. debate público p6

A ANÁLISE DA INFORMAÇÃO

diretor de redação Erasto Gaudêncio

circula todo domingo em Ponta Grossa e Campos Gerais

www.jornaloportal.com.br

Advogado sugere‘CPI do IAP’ Christopher Eudes

Novo capítulo na história da implantação do aterro sanitário da PGA. O advogado Marcius Nadal, integrante do Comdema, entrou com petição junto ao TRF, acusando o IAP de improbidade administrativa, defendendo, também, a instauração de uma CPI. cotidiano p12

editorial

cultura páginas19

Ora, vindo de uma empresa que há tantas décadas explora o transporte coletivo urbano na cidade, a argumentação – ou a falta de argumentação – é desconsiderar os anseios da comunidade. leia mais p5

sociedade urbana Por mais que se queira mascarar, é notório que esta prática existe na nossa Câmara Municipal, dando-se o nepotismo puro e simples ou cruzado, que acontece quando um vereador contrata os parentes de outro vereador. leia mais p4

política & poder Aberta na Assembleia Legislativa a temporada de caça ao presidente da Companhia de Habitação do Paraná, ex-deputado e ex-ministro Rafael Greca. Quem disparou o primeiro tiro, de canhão, foi o deputado Artagão Júnior. leia mais p10

gleisi hoffmann Segundo dados do Governo Federal, todos os anos, cerca de 400 mil crianças deixam de ser registradas no Brasil. É importante que todos nós também divulguemos a necessidade do registro entre as pessoas. leia mais p31

Christopher Eudes

Agora, qualquer pessoa pode saber como e em que os 54 deputados estaduais gastam o dinheiro público.Todos os deputados devem divulgar mensalmente os gastos da verba de R$ 27,5 mil a que cada um tem direito. leia mais p8

Entre curas e maldições

política p10

Monge João Maria passou por Ponta Grossa e deixou um olho d’água, uma série de devotos e muitas histórias

política p8

E MAIS: I Bienal de Curitiba mistura literatura, artes e meio ambiente cultura p22

fábio campana

acusação

Vereador Alysson Zampieri será investigado por denúncia de “fantasma”no gabinete

governo federal

eleições 2010

PG deve receber mais de R$ 21 milhões

PPS deve lançar Sandro Alex à Câmara Federal

zona rural

sonhos

Comunidade de Itaiacoca se une para buscar melhorias

Futebol profissional no Guarani é mera nostalgia

política p7

política p9

esporte p29


2 ¦ O PORTAL ¦ 30/AGOSTO a 5/SETEMBRO ¦ 2009 ¦ DOMINGO ¦

boasemana SEU ASTRAL

COMO EU FAÇO?

LEÃO

ÁRIES

A conjuntura traz uma semana movimentada e em que todas as potencialidades de Leão serão bem aproveitadas. Quase tudo passa por você e a sua energia será contagiante.

Mesmo com energias positivas dominando a semana, aconselha-se a não agir de forma impulsiva. Reaja apenas com base em informações seguras e obterá bons resultados.

TOURO

VIRGEM

A conjuntura permite agir com grande empenho e energia, no entanto é necessário saber aproveitar os movimentos desta conjuntura. Ter a noção da realidade é fundamental.

A conjuntura permite encontrar a energia necessária para vencer os obstáculos que marcam a semana. Conseguirá direcionar de forma eficaz os seus atos.

GÊMEOS

LIBRA

A conjuntura traz insatisfação pessoal e confusão de ideias. Evite ser muito sonhador, esta semana está propenso a atos imaturos. No setor sentimental as iniciativas não darão os resultados esperados.

Esta semana Libra está bastante comunicativo e conseguirá manifestar os seus interesses de diferentes maneiras. Perspectiva-se total eficácia nos seus gestos.

CANCER

ESCORPIÃO

A conjuntura aconselha a ser, sobretudo, atuante. Esta semana seja muito direto, ativo e objetivo, grandes reflexões devem ficar para melhor oportunidade.

Conjuntura pouco estável, vai viver cada situação de forma intensa e com mudanças de sensibilidade e humor. Não seja muito exigente, a perfeição será aquilo que for possível ser feito.

SAGITÁRIO

A conjuntura traz uma semana tranquila, embora com problemas constantes, mas já esperados. A sua opinião e forma de atuar virão a ter grande peso na resolução das mais diversas situações.

CAPRICÓRNIO

Conjuntura auspiciosa para os nativos de Capricórnio que verão a sua vida evoluir de uma forma inesperada. No setor sentimental não terá motivos para estar inseguro ou desconfiado.

AQUÁRIO

Conjuntura muito auspiciosa, sentirá neste período uma energia interior muito forte que lhe permitirá conduzir os acontecimentos da melhor forma.

PEIXES

A conjuntura perspectiva uma semana tranquila em que seguirá o seu caminho sem danos. Faça uso de todo o bom senso para dirimir conflitos e prestar apoio que será solicitado.

SUA SEMANA

ainda preocupada com a gripe suína, baixou Ordem de Serviço reiterando medidas de segurança e precaução que devem ser adotadas por todas as diretoras, professores e servidores das escolas e centros municipais de Educação Infantil. Acabam, assim, as férias compulsórias,

que perduravam desde o início do mês, por conta da epidemia da gripe. A Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG e a rede estadual já haviam retornado às aulas na semana anterior. Recomeça, assim, a correria de sempre. Boa sorte aos pais e aos professores.

Ponta Grossa – UEPG aos interessados. O prazo era para ter expirado já no início de agosto. O Programa terá vigência no período entre 01/10/2009 a 30/09/2010, com o objetivo de incentivar ações de mobilização e sensibilização com vistas à implementação de políticas de inclusão

social e socialização do conhecimento com o acesso e permanência de estudantes oriundos de escolas públicas e estudantes negros que ingressaram na UEPG pelo sistema de reserva de vagas no vestibular. A PróReitoria espera boa procura pelo programa com a prorrogação do prazo.

INCLUSÃO SOCIAL Foram prorrogadas até o dia 2 de setembro, próxima quarta-feira, as inscrições ao Programa de Apoio a Ações Afirmativas para Inclusão Social em Atividades de Extensão – BEC/PROEX 2009/2010. O comunicado foi feito pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais da Universidade Estadual de

Dê mais atenção ao que você come e às suas emoções e forme uma barreira contra o mal. A hipertensão arterial ou, simplesmente, pressão alta, é gatilho certo para uma série de males. Normalmente, um paciente com pressão igual ou superior a 140/90mmHg é diagnosticado como hipertenso. São pessoas mais sujeitas a sofrer com falhas no coração, nos rins e até no cérebro. A doença é crônica (não tem cura, mas pode ser controlada) e, por isso, é importante fazer exames regulares para detectar como andam seus batimentos cardíacos. Mas atenção: ter pressão alta não é sinônimo de ser hipertenso. Para ser considerado hipertenso, o paciente tem de permanecer com a pressão mais alta do que o normal. Momentaneamente, qualquer pessoa está sujeita a uma variação na frequência cardíaca. Um esforço físico mais intenso ou momentos de estresse, por exemplo,

alteram esses números. Algumas atitudes, no entanto, ajudam não só a prevenir o problema como controlam níveis já elevados de pressão. Confira a seguir: - Manutenção do peso ideal: o sobrepeso aumenta o esforço do coração para conseguir bombear o sangue. Na prática, o músculo é exigido demais. - Prática de atividade física: principalmente as aeróbicas, contribuem para a melhora de todo o sistema circulatório e pulmonar. Só tome cuidado com os exageros; - Redução de sal: o excesso de sal na dieta leva à retenção de líquidos, acarretando a hipertensão. Por isso, maneire na hora de temperar a comida e diminua o consumo de enlatados e alimentos em conserva; Evitar bebidas alcoólicas: o álcool em grande quantidade é inimigo feroz da pressão sob controle. Corte as bebidas da sua dieta ou as consuma com muita moderação; - Dieta saudável: gorduras saudáveis e pouco sal são medidas indispensáveis na dieta de quem quer manter o coração saudável. Inclua ainda muitas frutas, verduras e legumes. Cortar a carne não é preciso, mas dê preferência aos cortes magros;

- Medicamentos: se o médico recomendou remédios, não deixe de tomar. Mas nada de sair por aí imitando a receita alheia. Vale lembrar que alguns medicamentos podem elevar a pressão, como os anti-inflamatórios e anticoncepcionais; - Cigarro: o tabaco, em conjunto às outras substâncias tóxicas da nicotina, eleva a pressão imediatamente, além de comprometer toda sua saúde. - Estresse: ele aparece como resposta do organismo às sobrecargas físicas e emocionais, acarretando a hipertensão e doenças do coração. Controle suas emoções e procure incluir atividades relaxantes na sua rotina. - Exames médicos: avaliações regulares não só ajudam a identificar o problema no começo, facilitando o tratamento, como servem para adequar o uso de medicamentos de forma mais eficaz. - Medição: medir a pressão no mínimo uma vez por ano. A recomendação é da Sociedade Brasileira de Hipertensão, que alerta para esse simples exame como uma forma de prevenir problemas mais sérios.

QUEM FOI?

VOLTA ÀS AULAS Pai e mães a postos, nesta segunda-feira, dia 31, porque está decretado o retorno às aulas na rede municipal de ensino. A decisão foi tomada no meio da semana pela administração municipal e anunciada pela secretária da Educação, Zélia Marochi, que,

PARA CONTROLAR A PRESSÃO ALTA

www.jornaloportal.com.br Publicação semanal, com circulação aos domingos, da Valter Samara & Samara Ltda - ME CNPJ – 10.882.070/0001-74 Rua Sete de Setembro, 336 Fone – 0xx-42-3224-1010 CEP – 84010-350

Valter Samara Diretor geral Thereza Ierte Samara Diretora Comercial Erasto Gaudêncio Diretor de Redação Representante nacional: Merconet Representação de Veículos de Comunicação. Rua Elpídio Alves Assumpção 228 CEP - 82600-320 Curitiba - Paraná

BONIFÁCIO VILELA

José Bonifácio Guimarães Vilela assumiu a Prefeitura de Ponta Grossa em 21 de setembro de 1908, substituindo seu irmão Ernesto Guimarães Vilela. Nasceu em Ponta Grossa a 12 de novembro de 1873, filho do Comendador Bonifácio Vilela e Placidina Guimarães Vilela. Era comerciante e um dos maiores fazendeiros da região. Durante seu governo, pavimentou as ruas Augusto Ribas, Sant’Ana, 7 de Setembro e Coronel Dulcídio. Ele contratou o engenheiro Elyseu Campos Melo para a construção da rede de água e esgotos, mas devido à falta de repasse de verba do governo do Estado não foi possível concretizar a obra. Bonifácio Vilela contratou a Concessionária Martins & Carvalho para substituir a empresa Ericksen & Guimarães no serviço da rede elétrica municipal, doou terras para a construção do 5º Regimento de

Infantaria, concedeu alvará para a construção da Cervejaria Adriática, inaugurou o Grupo Escolar Senador Correia, o Mercado Municipal e contratou uma empresa para explorar os serviços telefônicos de Ponta Grossa. Ao terminar seu mandato, em 1912, afastou-se da política e passou a dedicar-se à indústria madeireira. Faleceu no ano de 1952. A antiga residência do Comendador Bonifácio José Vilela já foi sede da Biblioteca Pública Municipal e hoje abriga um museu particular, denominado Época. Esse museu é de propriedade de Aristides Spósito, que depois de adquirir o imóvel começou a reunir peças de mobiliário Referências Bibliográficas: CHAMA, Guísela V. F. Ponta Grossa: o povo, a cidade e o poder. Ponta Grossa: PMPG, 1988. Acervo da Casa da Memória Paraná


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FOTO DA SEMANA

clipping comentado ] da semana[

GEOPARQUE O projeto “Geoconservação nos Campos Gerais: Inventário do Patrimônio Geológico”, coordenado pelo geólogo e professor do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Gilson Burigo Guimarães, dará suporte à proposta de criação do Geoparque dos Campos Gerais, coordenada pela UEPG e

pela Mineropar. O projeto foi aprovado neste mês de agosto pela Fundação Araucária – entidade que fornece recursos para projetos e pesquisa no Paraná. Segundo Guimarães, o projeto colocará em prática a dissertação de Mestrado da geóloga paranaense Flávia Fernanda de Lima, que propõe uma metodologia para o inventário e quantificação do patrimônio geológico brasileiro. A Fundação Araucária destinará R$ 40 mil ao projeto mediante a assinatura de convênio com a UEPG, para cobrir as despesas de aquisição de equipamentos de informática, trabalho de campo e levantamento do patrimônio geológico. O projeto envolve professores

e alunos de iniciação científica da UEPG, professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Mineropar. Segundo o professor, a ideia é implantar um núcleo, “preferencialmente” em Piraí do Sul, Castro e Ponta Grossa e depois ampliar para os demais municípios dos Campos Gerais. Atualmente existem 58 geoparques no mundo, sendo apenas um no Brasil, em Araripe, no Ceará. GRIPE A Uma mulher de 30 anos faleceu na manhã da última segunda-feira (24), em Ponta Grossa, em decorrência da Gripe A. Ela estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto Socorro Municipal, tendo

Casa interditada Maria Antônia Fernandes e o marido, retirados de casa pela Defesa Civil - por risco de desabamento, após deslizamento do terreno em virtude das fortes chuvas -, no dia 28 de julho, voltaram, apesar do perigo. O retorno para casa, localizada na rua Melvin Jones, no Sabará, aconteceu no dia 25 de agosto, com os moradores alegando falta de condições de continuar arcando com o valor do aluguel. “Tenho medo, mas vou fazer o que, se não tenho condições de pagar para morar em outro lugar. Aqui pelo menos a casa é nossa”, desabafa Maria Antônia. Sandra Mara, filha de Maria, conta que a família aguardava um retorno da Prefeitura. A Defesa Civil foi informada da situação pela reportagem de O Portal, na última sexta-feira, e ficou de avaliar a situação para definir providências.

Christopher Eudes

HIDRELÉTRICA MAUÁ O processo de desvio temporário do Rio Tibagi, na próxima terça-feira (1º), vai marcar a conclusão da primeira etapa da instalação da Usina Hidrelétrica Mauá – maior empreendimento do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal atualmente em construção no Paraná. A abertura dos túneis por onde será desviado o rio ocorrerá durante solenidade com a presença do governador Roberto Requião. O canteiro de obras fica no município de Telêmaco Borba. Com o desvio, será possível iniciar as obras para adequação do leito do rio, com vistas à construção da barragem e formação do reservatório da usina, no final de 2010. A Usina Mauá deve entrar em operação comercial em 2011 com potência instalada de 361 megawatts, o suficiente para abastecer uma cidade com 1 milhão de habitantes. A concessão da hidrelétrica, que vai absorver investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão, pertence ao Consórcio Energético Cruzeiro do Sul, parceria entre a Copel (majoritária com 51% de participação) e a Eletrosul Centrais Elétricas.

Maldição A maldição do monge João Maria parece que “vingou” aqui, onde a passagem sobre a Torre de Babel parece conto infantil. As pessoas, em qualquer esfera, não se entendem e se assim continuar “não vai sobrar pedra sobre pedra”. Texto e foto: Christopher Eudes diagnosticada a doença através de exames. Esta é a terceira morte confirmada pela nova gripe na cidade. Boletim da gripe A (H1N1), realizado pela Secretaria Municipal de Saúde, mostra que Ponta Grossa tem 30 casos confirmados da doença. Estão internadas 22 pessoas e sete estão em UTIs. A Vigilância Epidemiológica do município está acompanhando, por telefone, 804 pessoas que apresentam sintomas da gripe suína. O monitoramento dura em média de 7 a 14 dias. A Prefeitura de Ponta Grossa determinou, na última quarta-feira (26), o afastamento de todas as gestantes do funcionalismo público. A medida, tomada em

conjunto pelas secretarias de Saúde e de Gestão de Recursos Humanos, visa a segurança das servidoras e tem caráter preventivo em função da pandemia da gripe A (H1N1). De acordo com o secretário de Gestão de Recursos Humanos, José Elizeu Chociai, o afastamento, desde que comprovado o estado gestacional, é imediato e o retorno está previsto para o dia 30 de setembro. FORÇAS DE PAZ DA ONU O 2º tenente Leandro de Azevedo Thereza, comandante do Canil/1º BPM, foi um dos aprovados nos testes para integrar as Forças de Paz da ONU. Os testes foram aplicados pelo Comando de Operações Terrestres do Exército Brasileiro

(CoTer), responsável pela seleção de militares das forças armadas e polícias militares do Brasil. Mais de 40 candidatos de vários estados se inscreveram e oito foram aprovados, sendo cinco do Paraná, um do Rio Grande do Sul e dois de São Paulo. A aprovação é valida por 18 meses. Durante este período os militares poderão ser convocados para integrar as forças que atuam no continente africano e lá permanecerão pelo prazo máximo de um ano. MENORES A partir de outubro, os comerciantes do Paraná que insistirem em vender bebida alcoólica ou cigarro para crianças e adolescentes, depois de advertidos, terão de pagar multa de R$ 5 mil e podem perder o registro formal do estabelecimento na Receita Estadual, o que os obrigaria a fechar a empresa. A Lei 16.212-09 foi aprovada na Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador Roberto Requião. A venda destes produtos e de qualquer substância capaz de causar dependência física ou psíquica a menores de 18 anos também é proibida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê pena de dois a quatro anos de detenção para os comerciantes. Com a lei estadual, a Secretaria de Segurança Pública espera que diminua o comércio ilegal de bebidas para menores. Já para o secretário de Saúde, Gilberto Martin, a lei deve reduzir os índices de doenças causadas pelo consumo precoce de produtos prejudiciais à saúde.


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opiniãopública BOAS IDEIAS

O PT DO PMDB

A superlotação das salas de aula Anna Munhoz

ALEXANDRE GARCIA Imagino o quanto os petistas autênticos devam estar sofrendo com essa transformação do partido. Era um partido ideológico e virou fisiológico, contaminado pelo poder. Impensável ter, na sua cúpula, mensaleiros, aloprados e, agora, aliados ferrenhos de Sarney, Renan e Collor. A Senadora Marina Silva, do alto de sua coerência e 30 anos de partido, caiu fora. O mesmo fez o senador Flávio Arns, envergonhado com o que acontece no Senado, a pedir desculpas para seus eleitores. Por falar em eleitor, o mais votado do país, senador Aloysio Mercadante, deixou na mão a maior parte de seus 10 milhões e 500 mil eleitores e dobrou-se à vontade do presidente Lula. Revogou a renúncia irrevogável e continuou na liderança, com a altivez perdida. O senador Paulo Paim calou-se, Suplicy é tolerado no partido apenas para dar uma fachada de credibilidade. Ideli e Delcídio entraram no bloco do sim-senhor, sem medo dos eleitores que vão enfrentar ano que vem. Lula, neste segundo mandato, dirige o partido com mão-de-ferro. Não está atrelado ao PMDB, como muitos podem pensar, porque faz o que o PMDB quer. Está atrelado ao seu próprio projeto de poder, que é fazer a sucessora. Aí, vale elogiar Collor por intimidar Simon; curvar-se às ameaças de Renan, e, possivelmente, aliviar a Receita Federal sobre Fernando Sarney. Invadiu o Senado, mandou para as cucuias a independência entre poderes, submeteu o PT ao PMDB e salvou Sarney no Conselho de Ética. Nos fins-de-semana, apenas algumas dezenas de estudantes gritam “fora Sarney” em Brasília e em São Paulo. Os outros parecem fazer parte da UNE que, patrocinada pelo governo, também perdeu suas raízes. A oposição, de rabo preso, olha para os céus, através de telhado de vidro. A saída de Marina Silva é mais um abalo no terremoto que sacode o PT. Lula pretendia que a eleição presidencial fosse um plebiscito: quem gosta dele, vota em Dilma; quem não gosta, vota no candidato tucano. Com Marina, melou. E também com Ciro Gomes, que não caiu no canto de Lula, de ser candidato(paraquedista) ao governo de São Paulo. E também tem Heloísa Helena. Tudo divide as hostes lulistas. Aí, o presidente do IBOPE diz à Veja que a candidata de Lula não vai levar. Certamente sabe que Dilma não entusiasma nem os petistas. Talvez só os lulistas. Os petistas lembram que ela tem raízes partidárias no PDT gaúcho. E Dilma está enrolada com o caso Lina Vieira. O depoimento de Lina convenceu o Brasil inteiro, de que houve o encontro e o pedido negados pela ministra. O presidente do IBOPE lembra que Lula não tem transferido voto. Na eleição para governador, em 2006, à exceção da Bahia, o PT só venceu em estados pouco expressivos. Nas

eleições para prefeito em 2008, nos 100 maiores municípios, o PT perdeu em quase todos. Com Lula e Dilma nos palanques. Por fim, é bom lembrar aos que construíram a barca de salvação de Sarney: 74% querem Sarney fora da presidência do Senado, como mostra o Datafolha. Quem apostar que pode desafiar a opinião pública vai ter que esperar as eleições para ver.

SOCIEDADE URBANA Everton de Mello

Nepotismo: por que tanto espanto? Venho acompanhando discussões sobre o nepotismo na Câmara Municipal de Ponta Grossa e digo que já não me surpreendo mais, nem sou tomado de indignação. Já apreendi, assim como a maioria do povo aprendeu, que uma pessoa investida de poder eletivo vai, tradicional e culturalmente, tentar puxar para as asas do atrativo erário público os seus filhos, cônjuges, sobrinhos, tios etc. Aliás, empregar o sobrinho, isto há séculos, é que teria dado origem ao termo nepotismo. É uma prática já enraizada no meio político, desde sempre. Por mais que se queira mascarar, é notório que esta prática existe na nossa Câmara Municipal, dando-se o nepotismo puro e simples ou o nepotismo cruzado, que acontece quando um vereador contrata os parentes de outro vereador para dificultar a fiscalização. Há ainda a praxe de alguns parlamentares de se cobrar porcentagem sobre salários de assessores nomeados em cargos de comissão e por aí vai. Só se dá pouca publicidade destes feitos porque de difícil prova, também porque desde sempre a classe política tem seus meios de se precaver à descoberta, vide a situação do senador José Sarney e outros tantos “bandos”. No mais, se apanhado, aprendeu-se que é só negar e negar, que caem por terra as mais robustas das provas. No Legislativo pontagrossense, apareceu, na semana passada, até a figura de um funcionário fantasma, porque denunciado por cidadão do povo - seria um comerciante – e não por investigação da Comissão de Ética. Empregar fantasma, infelizmente, é outra prática comum, que, assim como ter sobrinhos e filhos nos gabinetes, não causa mais espanto. Aliás, nada mais causa perplexidade quando o assunto é a política e os políticos. Não provoca sustos saber sobre a gama de projetos propondo nomes de ruas e logradouros, nem que a maioria dos parlamentares se relaciona com o Executivo dentro da política do “amém, assim seja”, nem que se desviaram mais de R$ 2 milhões do caixa da Casa. Um dia, sim, vamos ficar surpresos quando os nossos vereadores de fato cumprirem com seus mandatos de acordo com o que prometerem a seu eleitorado e com aquilo que a ética e a moral aconselham. Será, então, um espanto prazeroso, mesmo assim um espanto.

Vejo muitas discussões sobre o ensino no Paraná. Muita coisa é falada e, é comum, cair todo o peso da responsabilidade nas costas dos professores. O professor assume vários papéis, além de passar conhecimento para seus alunos. Ele precisa estar disposto a ouvir os estudantes, afinal, esses sempre vêm buscar de um conselho ou necessitam de algum tipo de ajuda na vida que levam fora da escola. Muitas vezes, precisamos deixar de lado o ser professor e assumir múltiplos papéis (conselheiro, amigo, enfermeiro, mãe, pai, irmão etc). Se não bastasse essa carga, que não é nada leve, precisamos dedicar o tempo em que não estamos em sala de aula para preparar materiais e atividades para os alunos. Pensar em maneiras que atraiam a atenção dos alunos que, em sua maioria, andam faltando bastante em relação à atenção dedicada ao estudo. Ser professor nos dias atuais tornouse quase uma aventura. Enfrentamos diariamente uma jornada longa de trabalho na escola e em casa. Somos obrigados a encarar situações que podem ser chamadas de constrangedoras por muitas pessoas e que para nós são diárias. Atualmente dou aula no Colégio Estadual Dr. Epaminondas Novais Ribas. E neste colégio, esbarrei com um problema bastante grave: a superlotação nas salas de aulas. Das turmas às quais dou aula a que tem menor número de alunos conta com 37. Nas demais, o número gira entre 40 e 50 alunos. É bastante complicado encarar uma turma de 50 alunos dentro de um espaço onde caberiam 35 (no máximo). Precisamos avaliar os alunos e, para isso, fazemos uso de diversos instrumentos (avaliações, trabalhos, mapas – no caso da minha disciplina, Geografia, entre outras). As notas saem desses instrumentos que o professor precisa corrigir de cada aluno. Temos muito trabalho para fazer e as correções não podem demorar em serem feitas. Afinal, professores também trabalham com prazos. Ano passado fiz um curso ofertado pela SEED. Vários problemas foram colocados em pauta, mas a maioria dos professores questionou a pessoa que estava ministrando o curso sobre a superlotação nas salas de aula. O ministrante colocou que a lei determina um número de alunos de acordo com cada série, mas o ideal seria 35 alunos por turma. Só que essa lei não se cumpre em grande parte das escolas pelas quais passei e nas de muitos colegas. Engraçado foi a pessoa da SEED se esquivando de dar uma resposta para nós. Mas ela fez questão de frisar que o Estado estava implantando a TV Pen Drive dentro de todas as salas de aula do Paraná. Sim, a TV Pen Drive é um excelente recurso. Só que dentro de uma sala de aula com 50 alunos onde precisamos sempre levantar a voz, a TV acaba sendo um recurso complicado. O som da TV precisa ser bastante alto para que todos os alunos ouçam. E isso acaba atrapalhando as salas vizinhas e machuca a audição dos que estão em sala (aluno e professor). E, mesmo com todos esses problemas, não desisto da minha profissão. Ela é bastante gratificante. Anna Munhoz é professora de Geografia da rede estadual de ensino


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Itaiacoca unida por melhorias veja em Política p7

EDITORIAL

TUDO É PASSAGEIRO, MENOS MONOPÓLIO DA VCG Na última edição, O Portal trouxe à baila o resultado de meses de trabalho da CPI do Transporte, consubstanciado em relatório, tornado público, pela presidente da comissão, vereadora Ana Maria Holleben, que o fez com maestria e dedicação, destoando, aliás, dos resultados auferidos em outras tantas CPIs municipais. Temos de reconhecer e parabenizar os parlamentares que fizeram parte da CPI. O tema, como não poderia deixar de ser, rendeu manchete deste semanário, o que deveria ensejar por parte da concessionária Viação Campos Gerais a postura de negar os dados apresentados pela vereadora, contestá-los ao menos ou questioná-los por obrigação de quem recebe concessão para um serviço tão importante ao pontagrossense como é o transporte coletivo urbano, monopolizado por décadas e tornado quase como uma atividade da iniciativa privada. Caso os empresários tenham esquecido a natureza deste serviço, é bom que lembremos disto e acrescentemos que, portanto, tem de haver maior respeito aos direitos do cidadão, porque, afinal, é ele, sofrido usuário, quem paga as contas da VCG e permite que ela continue atuando – e abocanhando lucros, se pouco ou bastante não vem ao caso, já que os empresários sempre se dispuseram a participar

das licitações, o que, a julgar pela determinação deles, não deve ser o transporte dos viventes um osso tão duro assim de roer. E direitos dos cidadãos, entendamse, entre outros está o de administrar uma concessão de forma transparente para que não restem dúvidas sobre a probidade do empreendimento. E informação é um dos quesitos imprescindíveis à transparência. Tentando ouvir a empresa na semana que passou, a equipe de O Portal foi surpreendida pelas alegações da assessoria de imprensa da VCG de que não teriam nada para falar e que por conta da manchete da última edição a questão já teria sido enviada ao seu Departamento Jurídico. Ou seja, a empresa não quis se manifestar sobre as afirmações contundentes da presidente da CPI, entre outras, as de que a tarifa do ônibus urbano tem um preço abusivo e que outras despesas, como o pagamento da diretoria da empresa, também entram na definição da planilha, além de não serem repassados ao Poder Executivo Municipal dados claros sobre a construção desta planilha e que a fiscalização dos números apresentados, bem como dos trabalhos prestados à população, é insatisfatória e precária, supostamente favorecendo a concessionária.

Está no Departamento Jurídico é o que a equipe de reportagem ouviu, como se a afirmação fosse provocar algum efeito, tal como uma intimidação ao processo de informar a população. Preferiu a empresa a sentença a vir a público esclarecer os equívocos e as contradições que porventura os vereadores tenham cometido no processo de elaboração do relatório final da CPI. Preferiu, ainda, o silêncio e a ameaça de processo judicial contra o informativo a se aproveitar de um importante meio de comunicação para dar sua versão sobre os fatos, que, ficando assim, sem resposta, realmente passa uma impressão de aceitação do que foi descoberto e apontado pelos parlamentares princesinos. Ora, vindo de uma empresa que há tantas décadas explora o transporte coletivo urbano na cidade, a argumentação – ou a falta de argumentação – é desconsiderar os anseios da comunidade pontagrossense que todos os dias necessita dos ônibus e se sente, na maioria das vezes, lesada, seja pela lotação excessiva dos veículos, seja pela precariedade de ônibus que já deviam estar “baixados” no ferro velho, seja no atraso dos horários, nas quebras no meio do percurso, no preço da passagem, nos constantes assaltos aos veículos – a segurança também deveria ser ofere-

cida aos usuários pela empresa, colocando nos veículos câmeras de vídeo ou tomando outras medidas que impedissem ou ao menos inibissem os roubos, que acabam pondo em risco desde seus funcionários até o trabalhador, o estudante, a dona de casa, a criança, o velho, enfim. Dar como resposta a jornalistas de que o caso de uma manchete divulgando o resultado de uma CPI está no Departamento Jurídico não é, neste momento, a mais sensata das atitudes. E neste instante de conclusão de um trabalho sério da Câmara Municipal – louva-se Deus -, a VCG poderia aproveitá-lo para mostrar realmente quais suas intenções não só de agora, mas dos últimos tantos anos, em que se apoderou e se apodera do monopólio do transporte coletivo. Claro que como empresa tem de buscar antes de tudo lucro, mas o lucrar tem que se condicionar a outros aspectos, principalmente ao bem-estar da sua clientela, à qualidade do atendimento, à proficiência e à responsabilidade pública, porque se trata de um serviço público. Resta a nós de O Portal, assim como a população, aguardar resposta à altura da posição social da VCG. Dizer que o caso está no Jurídico é ótimo, porém isto para quem não está comprometido com a comunidade onde explora uma concessão.

LEITORES Um meio de comunicação só cumpre seu papel na sociedade com as impressões dos leitores. Este espaço é para você expressar sua opinião sobre o jornal e suas reportagens. Envie seu comentário para redacao@jornaloportal.com.br. A notícia sobre a VCG não me assustou, apenas deixou-me pensativo em relação ao futuro de nossa cidade. Já não basta sermos roubados por políticos corruptos, agora somos obrigados a pagar preços abusivos pela passagem de ônibus, e por fim ainda ter que andar em ônibus com o prazo de validade vencido. Parabéns ao jornal pela publicação da noticia. O que nos resta é esperar pelo desenrolar dos fatos. Tenho até medo, mas tudo indica que há muito mais sujeira atrás dos panos da VCG. Luciano Martins – professor e acadêmico

CHARGE

A CPI deste tal fantasma, querem saber, vai acabar em nada, no muito sobrarão farpas, xingamentos e ameaças, depois abraços entre eles e muita cerveja e uísque. E uma banana para o povo. Eduardo Paes – apenas um leitor de O Portal Que os vereadores de Ponta Grossa comecem por um esforço de toda a Casa para recuperar os mais de R$ 2 milhões furtados dos cofres públicos – dinheiro do suado contribuinte – e invistam todo este montante em prol de projetos para a comunidade. Faltam ideias? Que tal investir em campinhos de futebol na periferia e centros de esporte, porque já estamos cansados de ver a molecada se drogando pelas esquinas, furtando, arrombando casas por causa de, entre outras situações, não ter o que fazer. Cabeça parada é oficina do diabo, como diziam os mais antigos. E eu concordo. Paulo Cesar de Oliveira Buss – auxiliar administrativo

Olá, a ideia de um jornal novo em Ponta grossa e semanário é muito boa. Os assuntos podem ser trabalhados com mais profundidade e cria uma boa expectativa para a espera da próxima edição. Aquela especial do Operário Ferroviário estava ótima. Maurício Guedes – comerciante e estudante Gostei da ação deste jornal em relação à Câmara Municipal de Ponta Grossa. É mais um meio para policiar o que acontece lá. O único e terrível problema é que tudo acaba em pizza. Ana Lúcia Martins - empresária A Câmara Municipal está precisando de um choque, um choque de ética para que os parlamentares princesinos não fiquem tentando imitar os seus irmãos parlamentares de Brasília e da Assembleia Legislativa no que tem de ruim e odioso. Queria vê-los debatendo com a mesma intensidade e ânimo as coisas que interessam para nós, seus eleitores, do que se acusarem e nada fazerem para que as irregularidades, como o nepotismo, como o funcionário fantasma, deixem de acontecer.

EU PENSO QUE...

Nós propusemos mais esta ação e vamos esperar que o Poder Judiciário faça a sua parte e impeça a continuidade da construção do aterro sanitário, mas é complicado isto, porque cada juiz tem um parecer diferente. O Direito a meu ver é igual ao kama sutra, ou seja, tem um monte de posições

MARCIUS NADAL, advogado de Ponta Grossa e membro do Comdema – Conselho Municipal do Meio Ambiente -, a respeito de nova ação protocolada na Vara Federal de Ponta Grossa, tentando barrar a construção do aterro sanitário da PGA Ambiental

Gostaria de ver nas páginas do jornal matérias mais voltadas para os bairros, principalmente relacionadas às condições das ruas, que estão uma calamidade. Se chove, faz barro, se tempo seco, sofre-se com o pó. E a Prefeitura, o que faz? Durante a campanha do atual prefeito, via-se falar muito em pavimentação de vias e asfalto em tantos quilômetros de ruas, mas tudo ficou na promessa. O Portal poderia dar uma olhadinha para gente neste sentido e mostrar a realidade, com o que nós, aqui das vilas Jardim Maracanã, Parque Auto Estrada, Santo Antônio e Vila Cristina ficaríamos muito agradecidos. Temos que nos valer da imprensa, porque as autoridades não nos ouvem. José Mendonça Filho – morador da periferia


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opiniãopública DEBATE PÚBLICO O PRESIDENTE

RESPONDE

Luiz Inácio Lula da Silva

Quilombo: um novo conceito para velhas lutas Yolanda Maria Muniz Tuzino

Os escravos africanos aportaram no Brasil para servir de mão-de-obra às atividades agrícolas e mineradoras. No entanto, por longa data a História oficial omitiu que os escravos negros sempre tiveram atitudes de resistência no seu cotidiano. Suicídios, rebeliões, saques, tentativas de fuga e, certamente, a mais expressiva destas formas de resistência: a formação dos quilombos. O Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão negra. Aqui o regime escravista durou mais de três séculos, contudo, mesmo após sua abolição, os negros libertos não receberam quaisquer formas de regulação legal que, de fato, os incluíssem na sociedade. Muitos dos ex-escravos e descendentes continuaram vivendo nestas comunidades, compartilhando de um mesmo território e de uma mesma cultura. Graças às contribuições de estudiosos (em especial da antropologia brasileira), o conceito clássico de quilombo, fundamentado no binômio ‘fuga e resistência’, foi superado. Atualmente vige um conceito mais amplo, democrático e inclusivo. Segundo a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), atualmente entende-se por remanescente de quilombo: “a situação presente dos segmentos negros em diferentes regiões e contextos e é utilizada para designar um legado, uma herança cultural e material que lhe confere uma referência presencial no sentimento de ser e pertencer a um lugar e a um grupo específico”. A origem dos quilombos, baseada no binômio – fuga e resistência – constitui uma versão unilateral consagrada pela História oficial. Mesmo

depois de libertos, e pelas mais diferentes razões, tais comunidades continuaram existindo. Com o advento do art. 68 das Disposições Transitórias da Constituição Federal de 1988 os quilombolas estão – lentamente tendo o direito constitucional sobre suas terras devidamente reconhecido. A questão do reconhecimento territorial passou a ser vital para a perpetuação das comunidades remanescentes de quilombos enquanto coletividade. Segundo a antropóloga Ilka Boaventura Leite, o termo quilombo, utilizado desde o período colonial, alcança a atualidade para falar de algo ainda não resolvido – a cidadania dos afrodescendentes. Assim: “Quilombo vem a ser, portanto, o mote principal para se discutir uma parte da cidadania negada”. O Programa Federal Brasil Quilombola estabelece uma metodologia pautada em um conjunto de ações que visam o desenvolvimento sustentável das comunidades quilombolas. Sua criação data do ano de 2004, cuja coordenação está a cargo da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), onde inicialmente esteve à frente a Ministra Matilde Ribeiro. Dentre o “conjunto de ações” do Programa Federal Brasil Quilombola, uma destas refere-se ao “Reconhecimento, Demarcação e Titulação de Áreas Remanescentes de Quilombos”, cujo órgão responsável é o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O caminho rumo à regularização fundiária é longo. Nesta trajetória em busca do reconhecimento legal dos territórios das comunidades remanes-

Os Medidas escravos simples como negros e seus estas podem descendentes ajudar a evitar que mais tornaram-se pessoas fiquem invisíveis, na doentes com teoria na esta novae gripe práxis

centes de quilombos há uma ‘pequenagrande’ etapa no que concerne à elaboração de um relatório antropológico. Neste relatório antropológico é feita a caracterização histórica, econômica e sócio-cultural da comunidade quilombola. Ou seja, a identidade coletiva da comunidade, seu desenvolvimento histórico é que dirá se a comunidade é remanescente das comunidades dos quilombos ou não. Ressalte-se: desenvolvimento histórico e não a cor dos membros da comunidade. Em resumo as etapas são estas: a comunidade quilombola se autoidentifica como tal; a comunidade busca sua certificação quilombola perante a Fundação Cultural Palmares; Neste contexto é que o Incra operacionaliza a realização do referido relatório antropológico junto às Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, estabelecendo com elas parcerias através de convênios. Toda a legislação elaborada para tratar das questões relacionadas às comunidades quilombolas decorrem de uma premissa constitucional: o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitarias (ADCT). Dispositivo legal este originado com o advento da Constituição Federal de 1988. No Estado do Paraná este capítulo da História foi por longa data negligenciado. Os escravos negros e seus descendentes tornaram-se invisíveis, na teoria e na práxis, em meio ao discurso oficial de uma história paranaense unilateral restrita tão somente às presenças dos imigrantes europeus. Atualmente têmse buscado superar tal invisibilidade através da identificação, regularização fundiária e acesso às políticas públicas para as comunidades quilombolas paranaenses. Yolanda Maria Muniz Tuzino, profesora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Célio Borba, 39 anos – Em propaganda que o elegeu, o senhor anunciou que o programa “Brasil Sorridente” seria um serviço odontológico com várias especializações. Em Curitiba, percorri vários postos e todos negaram a existência do serviço. Como posso beneficiar-me deste projeto? Presidente Lula – Eu cansei de ver jovens de 15, 16 anos já sem os dentes. Pobre não tinha tratamento de canal, restauração, só podia arrancar os dentes. Além da questão da saúde, os dentes são importantes para a autoestima, sobretudo na hora de procurar emprego. Por isso, criamos o Brasil Sorridente, formado por Centros de Especialidades Odontológicas, os Laboratórios de Prótese Dentária e as Equipes de Saúde Bucal. O município solicita a implantação dos centros e cede o terreno. O governo federal fornece os equipamentos e recursos para as obras. Após a implantação, o município ou o Estado passam a receber repasses federais e operam as unidades. Hoje, já existem 675 CEO’s em 574 municípios. Já são 18.305 Equipes de Saúde Bucal no País. Entre janeiro de 2005 e setembro de 2008, foram realizados 17 milhões de procedimentos nos CEO’s. Desde 2003, deixaram de ser arrancados mais de 3 milhões de dentes. Em Curitiba, onde você mora, existem 143 Equipes de Saúde Bucal, 3 CEO’s e 2 laboratórios. Para se informar sobre o programa, ligue para o 0800-611997, do Ministério da Saúde. Para informações da sua cidade, ligue para a Secretaria Municipal de Saúde. Ricardo Ribeiro dos Santos, 50 anos - Já que os juros estão caindo, por que não revisar os financiamentos em andamento para a compra da casa própria para reduzir o valor das prestações para milhares de famílias? Presidente Lula - O governo tem reduzido o custo dos financiamentos da casa própria para as famílias de baixa renda por meio dos subsídios, que são até mais vantajosos que a redução dos juros. Até porque o governo não pode alterar unilateralmente as condições de contratos de financiamentos. No caso da Habitação de Interesse Social, reduzir as taxas de juros implicaria reduzir as taxas que são pagas aos que possuem conta do FGTS. Por isso a opção pela política de subsídios. Um bom exemplo é o programa Minha Casa, Minha Vida, para a construção de 1 milhão de moradias populares. Famílias que ganham até três salários mínimos pagam pelas moradias apenas 10% da renda, durante dez anos. Ou seja, não desembolsam um centavo de juros, pagam apenas uma pequena parte do valor do imóvel e o restante é subsidiado. Para famílias com renda entre três e seis salários mínimos, a taxa é de apenas 5% ao ano. Além disso, contam com um subsídio que pode chegar a R$ 23 mil. Rodrigo Garcia da Costa, 30 anos – Peço seu empenho para acelerarmos a abertura do mercado internacional para a carne de frango brasileira. Produzimos um excelente produto. Só a China tem potencial para importar toda nossa produção. Presidente Lula – Em relação ao setor de carne de frango, o Brasil está marcando um gol atrás do outro. Em 2003, os EUA eram líderes em exportação e o Brasil ocupava o segundo lugar. Em 2004, nosso País tornou-se o maior exportador do produto e se mantém na liderança até hoje. Uma das razões do sucesso é, além da competitividade brasileira, a diversificação dos destinos das exportações. Em 2003, 124 países eram importadores do produto brasileiro e, em 2008, esse número chegou a 143. Essa ampliação é fruto da ação governamental eficiente quanto aos acordos e disputas comerciais. Recentemente, a China abriu seu mercado para o Brasil com resultados excepcionais. Em junho, enviamos ao país 373,5 toneladas de carne de frango, um crescimento de 401% sobre o mês anterior e de 423% sobre o mesmo mês de 2008. Com a abertura do mercado chinês, agora é que nenhum país consegue tirar a liderança do Brasil.


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PG receberá mais de R$21 milhões da União veja na página8

Itaiacoca unida por melhorias Pequenos agricultores uniram-se para recebimento de projetos agrícolas, mas a população reclama do péssimo atendimento no setor de Saúde

Luís Carlos Pimentel

Líderes

Christopher Eudes

O Distrito de Itaiacoca conta com apenas um médico para atender toda a sua população, em dias alternados. Trata-se do clínico geral Cláudio Sori, conforme conta o vereador Maurício Silva (PSB), que obteve 500 votos entre os 1700 eleitores da área. A população do distrito vem lhe cobrando esforços para que o Executivo destine mais atenção à saúde dos moradores, em sua grande maioria pequenos agricultores. “Acredito que esta é a maior debilidade em Itaiacoca: a questão da saúde. O médico é excelente, dedicado, mas não tem como trabalhar de outra forma senão a de alternar o atendimento nos postos de saúde com sua equipe de enfermagem”, diz Maurício Silva. O distrito possui seus postos de saúde nas localidades de Cerrado Grande, Mato Queimado, Sete Saltos de Cima, Carazinho, Roça Velha, Biscaia e Pocinho. “O número de consultas é mínimo, mas não tenho conhecimento exato de quantas pessoas são atendidas por dia. Nossa luta é para que sejam destacadas mais equipes para as consultas”, destaca o vereador. Porém, há reclamações de agricultores quanto às péssimas condições das estradas municipais e dos trechos de acesso às suas propriedades. “Encaminhamos indicações e vimos sendo atendidos, com patrolamentos. Mas basta uma chuva para que as estradas voltem ao estado lastimoso”, lamenta. Por outro lado, a população do Distrito de Itaiacoca está se movimentando para alcançar respostas mais imediatas às suas reivindicações. O distrito ressentia-se de um representante na Câmara Municipal para intermediar suas reclamações e reivindicações. Porém, jamais elegeu um “nativo”, apesar de vários deles terem apostado em corridas eleitorais. Nas duas últimas eleições, boa parte dos eleitores deu seu voto ao advogado Maurício Silva (PSB). Mesmo assim, outros candidatos, que nunca tiveram ligações com o meio rural, foram contemplados com votação expressiva, superando mesmo aqueles que estão diretamente ligados àquela população, apesar de terem hoje seus endereços na cidade, mas mantendo propriedades na área, como é o caso do presidente da Associação de Moradores do Biscaia, Antônio

para terem melhores ganhos. Um dos programas é a venda direta. A Secretaria da Agricultura intermediou negociações com as três associações e a Companhia Nacional do Abastecimento – CONAB. A Prefeitura ajuda com o apoio técnico e no escoamento da produção, efetuando a entrega à CONAB, que faz o repassasse do dinheiro diretamente aos associados. “A cultura a ser explorada é opção do produtor. Ele escolhe o que entende ser o mais viável. O mesmo se dá com o desenvolvimento de criações animais: caprino, ovino ou gado leiteiro”, explica Aleixo.

Vereador Maurício Silva revela que apenas um médico trabalha em sete postos, alternadamente Quadros, filiado ao PTB, que já concorreu à Câmara Municipal em quatro oportunidades. Maurício Silva e outras lideranças locais declaram que o distrito está tendo grande atenção por parte do Executivo, através dos programas da Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente. Estabelecido pela Lei 203 de 03 de janeiro de 1909, o Distrito de Itaiacoca está envolto numa extensão de 663 quilômetros, abrangendo uma região bastante acidentada de terras muito férteis e ricas em variedades minerais. A grande preocupação da atual administração é com a produção agrícola e pecuária, destacando-se os projetos voltados aos pequenos agricultores. Com seu início a 30 quilô-

metros da sede do município (Passo do Pupo), Itaiacoca é constituída de diversas localidades que se dividem em pequenos núcleos, povoados e vilarejos, em torno de minas de talco e calcário, ou à beira de estradas vicinais, estendendo-se até os limites de Castro (ao Norte), com Campo Largo (a Leste), compostas de sítio, chácaras e fazendas, além das empresas extrativistas. O maior problema está sendo sanado pelas divisões de Produção Animal, Fomento Agrícola e de Infraestrutura do Departamento de Agropecuária da Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente, no que concerne à geração de renda dos pequenos produtores. Segundo relata o veterinário Marcos André Aleixo, da Produção Animal,

em Itaiacoca estão sendo desenvolvidos programas de geração de renda através de discussões e levantamentos técnicos . “O contato é feito através das associações de produtores, que foram criadas a partir de projetos da Prefeitura. Não tínhamos como organizar estratégias de apoio sem uma organização”. Nem tudo está conforme deveria, pois apenas três localidades conseguiram se organizar, sendo elas Biscaia, Carazinho e Conceição. “Os produtores se reúnem, discutem suas necessidades e nos apresentam. Nada parte de cima, eles é que dizem o que querem. Não impomos nada”. Dentro dessa política, os produtores recebem somente o que lhes é de interesse, no que acreditam ser o melhor

A Prefeitura não pôde prescindir dos líderes comunitários para o convencimento de que somente organizados seria possível melhorar as condições individuais e coletivas. Assim, os presidentes de associações de moradores foram convocados a interagir com os produtores nesse sentido. Porém, das diversas localidades, apenas as do Biscaia, Carazinho, Serrinho, Sete Saltos de Cima, Caçador, Roça Velha, Mato Queimado, Cerradinho contam com essa entidade, afirma Idson Souza Pinto, vice-presidente da União de Associações de Moradores de Ponta Grossa – UAMPG. “Os presidentes das associações raramente buscam o suporte da UAMPG. Tratam de seus assuntos sem intermediações, protocolando suas reivindicações diretamente na Prefeitura. Somente em casos extremos, como o das péssimas condições das estradas, procuram-nos para acompanhar o trâmite dos pedidos”. Maurício Silva entende que o ideal seria apenas uma grande associação de agricultores, para discussões em conjunto e não apenas segmentadas, o que pode provocar conflitos entre as comunidades. “Máquinas e equipamentos que estamos pleiteando servirão a todos e não somente a esta ou aquela área. O deputado federal Abelardo Lupion (DEM) está trabalhando em Brasília por verbas federais para esse fim. Com máquinas e equipamentos destinadas à associação, os trabalhos de manutenção das estradas de acesso às propriedades e o trabalho no campo serão ampliados, desafogando o acúmulo de serviço da Prefeitura, que se empenha no atendimento às necessidades dos produtores através da Secretaria de Agricultura”, salienta Silva.


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política&cidadania Agora, qualquer pessoa pode saber como e em que os 54 deputados estaduais gastam o dinheiro público. Todos os deputados devem divulgar mensalmente os gastos da verba de ressarcimento de R$ 27,5 mil a que cada um tem direito.

FÁBIO CAMPANA Ribas Carli denunciado

Transparência Agora, qualquer pessoa pode saber como e em que os 54 deputados estaduais gastam o dinheiro público. Todos os deputados devem divulgar mensalmente os gastos da verba de ressarcimento de R$ 27,5 mil a que cada um tem direito. Algumas informações ainda não estão disponíveis. O site passa por ajustes e a assessoria de imprensa da Casa afirmou que até o final da tarde todos os recursos do portal devem estar acessíveis.

DAS ASSESSORIAS

Ribas Carli Roubalheira

Osmar Dias

Multa salgada O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, decidiu que Requião terá que pagar a multa de R$ 200 mil aplicada pelo uso político da “escolinha de governo”, transmitida pela Rádio e Televisão Educativa. De nada adiantou recorrer. A decisão foi por 2 votos a 1. Os desembargadores Valdemar Capeletti (relator) e Sérgio Renato Tejada já haviam votado a favor da manutenção da multa na sessão do último dia 12. A desembargadora Marga Inge Barth Tessler, que solicitou vistas no processo votou contra. Como apenas três desembargadores votam, foi mantida a multa contra Requião.

O PREFEITO PEDRO WOSGRAU INCUMBIU O SECRETÁRIO MUNICIPAL DE GOVERNO, JOÃO BARBIERO, PARA ACOMPANHAR O ANDAMENTO DOS PROJETOS EM BRASÍLIA

Christopher Eudes

O Ministério Público do Paraná denunciou o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho por duplo homicídio qualificado, com dolo eventual, dirigir embriagado e ainda violar a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação. Essa decisão pode levar Ribas Carli a júri popular. “Em 14 anos de atuação no Ministério Público do Paraná, sendo os últimos dois na Promotoria de Delitos Trânsito, este foi o caso de infração mais violenta praticada no trânsito em que atuei”, afirma a promotora de Justiça Danuza Nadal. “Confio na justiça e espero que a resposta penal seja repressiva e proporcional à gravidade do crime praticado. Também espero que seja educativa para que o denunciado e outros motoristas adotem maior cautela ao dirigir e comecem a pensar o veículo somente como um meio de transporte e não como instrumento para ceifar vidas humanas”, completou a promotora. Ribas Carli também será julgado por dirigir embriagado e violar a suspensão da carteira de motorista.

PG receberá mais de R$ 21 milhões

A polícia baixou na Prefeitura de Rio Branco do Sul e prendeu Oziel Matias, diretor de Recursos Humanos, e está à procura de Adams Ferreira, também da equipe do prefeito Adel Rutz, do PP. O diretor de RH Oziel Matias desviou, desde julho do ano passado, R$ 660 mil para a sua conta. Só em dezembro, foram R$ 99 mil. Também foi presa a mulher de Oziel, Fabiana Carla de Souza, que nem era nomeada, apenas recebia pela Prefeitura. Até aqui, as investigações não encontraram responsabilidade do prefeito e dos demais secretários. Na praça Osmar Dias baixou na Região Metropolitana neste fim de semana para tentar melhorar os seus índices nesta área do planeta. Começa por Campina Grande do Sul e depois vai percorrer os demais municípios. No sábado, Osmar Dias vai a Palmas, onde o prefeito Hilário Andraschko, do PDT, toma posse. Vai encontrar com o deputado tucano Valdir Rossoni, que muito ajudou Hilário a fazer 52% dos votos no município. Convidado para ver a corrida de Endurance no sábado, na qual Beto Richa pilotará uma Ferrari, Osmar Dias declinou. Mais não disse.

Em nenhum momento na história de Ponta Grossa tantos recursos oriundos de programas do Governo Federal estiveram ao alcance da comunidade. Graças ao esforço coordenado pela Secretaria Municipal de Governo, ações públicas em Ponta Grossa podem receber, ainda em 2009, um valor superior a R$ 21 milhões dos cofres da União. Se computados os valores das contrapartidas obrigatórias, os investimentos – novos, sem exceção – podem ultrapassar a casa dos R$ 24,5 milhões, antecipa o titular da Secretaria de Governo, João Barbiero: “é um momento ímpar, resultado de uma ação coordenada e concentrada, que vai beneficiar diretamente toda a nossa comunidade”. A Secretaria Municipal de Governo, orientada por Barbiero, dispõe de uma estrutura especializada para coordenar toda a preparação dos projetos dos diversos compartimentos da administração e inseri-los no Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse, que engloba todo tipo de transferência de recursos federais para os municípios – inclusive as emendas parlamentares. O secretário designou a servidora Jocemara Aparecida dos Santos para promover o acompanhamento e a inclusão dos projetos no Siconv e para capacitar os servidores das demais secretarias na preparação dos projetos. “Hoje em dia não há escapatória; mesmo para que os recursos oriundos de emen-

o secretário João Barbiero tem a missão de acompanhar os processos em trâmite em Brasília das parlamentares sejam encaminhados aos municípios é preciso um projeto detalhado, feito dentro da metodologia do sistema e incluído no Siconv”. Para que não haja desperdício de recursos – tempo e disponibilidade, basicamente – a Secretaria de Governo dispõe de estrutura humana e técnica para rastrear possibilidades de recursos junto aos diversos órgãos da administração federal. E também é responsável pela orientação e preparação dos demais setores da prefeitura para a elaboração dos projetos dentro das normas estabelecidas. “E isso é imprescindível. Acredito que hoje apenas 30% dos municípios tenham sucesso na inclusão de projetos no sistema do governo federal”, resume. Praticamente 90% dos projetos incluídos pela prefeitura de Ponta Grossa no Siconv, já venceram todas as etapas técnicas, restando apenas a liberação político-administrativa: “Nossa ação tem sido muito bem-sucedida, principalmente nesse aspecto. Os projetos apresentados estão todos dentro do padrão exigido e devem resultar em repasses significativos, ainda este ano, para investimentos e obras em Ponta Grossa”. Há casos como o do repasse a uma instituição assistencial da cidade que deve receber ainda este ano mais R$ 240.000.

“Esse é apenas um caso. Há dezenas de outros que acreditamos serem liberados ainda este ano, contemplando projetos de grande alcance social”, destaca o secretário. Entre os projetos que estão inseridos no Siconv estão a liberação dos R$ 3,2 milhões da emenda parlamentar que garante a construção da segunda pista no viaduto do Santa Paula e, também oriundo de emenda, o projeto que prevê R$ 100.000 para sinalização turística. A primeira emenda é de autoria do deputado federal Affonso Camargo, com a intervenção pessoal do vice-prefeito Rogério Serman. A segunda, destinada à Secretaria Municipal de Cultura, foi apresentada pelo deputado Eduardo Sciarra, atendendo a uma solicitação do deputado estadual Plauto Miró Guimarães e da secretária Elizabeth Schmidt. Mas há dezenas de outros que derivam de projetos originados nas próprias secretarias municipais. Nesse aspecto, a que deve ser contemplada com mais recursos é a de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente, que estabeleceu um processo interno para elaboração de projetos. Só para essa pasta, os projetos em análise no Siconv mais de R$ 15,3 milhões. A Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte tem mais quase R$ 2,5 milhões, ao passo que a Secretaria Municipal de Esportes e Recreação tem, em análise, projetos que somam R$ 610 mil. A Secretaria de Cultura e Turismo tem perto de R$ 800 mil em projetos sob análise e a Secretaria Municipal de Abastecimento outros R$ 800 mil. Existem ainda outros projetos, beneficiando setores ou entidades isolados, como é o caso da Agência do Trabalhador, que pode resultar na injeção, ainda este ano, de recursos que chegam a R$ 292 mil. O prefeito Pedro Wosgrau Filho, por seu turno, anota que “agora nosso foco está voltado para as ações políticas, em Brasília, para a liberação dos recursos, uma vez que no aspecto técnico todos os procedimentos já estão encaminhados”. Wosgrau incumbiu justamente o secretário municipal de Governo, João Barbiero, de acompanhar o andamento dos projetos em Brasília e dos contatos com parlamentares e ministros.


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cidadania&política

Rangel confirma dobradinha DEPUTADO DIZ QUE É CEDO PARA FINALIZAR DISCUSSÕES, MAS GARANTE QUE O NOME CERTO PARA A CÂMARA FEDERAL É O DE SANDRO ALEX E O DELE PARA A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

Christopher Eudes

Estimulada para senador:

LUÍS CARLOS PIMENTEL

O deputado estadual Marcelo Rangel Cruz de Oliveira (PPS) confirma ao Portal que o seu irmão Sandro Alex de Oliveira, também pepessista, é o nome para disputar uma cadeira na Câmara Federal em 2010. Rangel declara que tentará a reeleição. A dobradinha somente não se confirmará se fatos supervenientes impedirem. “Em política tudo pode acontecer de uma hora para outra. Ocorrências de um dia podem desfigurar todo um programa, provocando redefinições”, comenta. Porém, independente de nomes, a prioridade é o lançamento de um candidato à Câmara Federal.

“O partido quer a Região dos Campos Gerais representada por alguém que conheça os seus problemas profundamente; alguém que seja natural dos Campos Gerais, não alguém que somente superficialmente conhece nossas necessidades e não luta com afinco para solucioná-las”, discursa. O deputado confia no sucesso do irmão. “A performance dele durante a campanha para prefeito foi excepcional. Derrubou ceticismo de seus opositores, chegando ao segundo turno, também com excelente desempenho. Não poderá ser diferente em um novo pleito”. A respeito da suposta ingerência dos irmãos Cruz de Oliveira no PDT, que teriam

decidido encaminhar aquele partido alguns seguidores, Rangel informou que ela não existe. “O que há, na verdade, é uma continuidade da aliança que tivemos em 2008, oportunidade em que o senador Osmar Dias apoiou Sandro. Foi uma retribuição do suporte que lhe concedemos em 2006, quando ele concorreu ao Palácio Iguaçu”. Há, contudo, uma proximidade também com o pré-candidato do PSDB no Paraná ao Governo do Estado, o prefeito de Curitiba, Beto Richa. “Somos amigos do Beto. Temos afinidades ideológicas, assim como com o senador Osmar. Nossa torcida é para que haja um consenso entre ambos, para uma candidatura única

Marcelo Rangel prefere que oposição siga unida para o Governo do Estado; se houver racha, PPS poderá lançar candidato próprio da aliança firmada nos últimos anos. Porém, caso não aconteça, só as circunstâncias condicionarão o caminho que o PPS irá seguir”. Rangel frisou que, não havendo continuidade na aliança Beto/Osmar, a tendência é a de que o PPS local alinhe-se com o candidato que estiver mais próximo aos ideais pepessistas e, principalmente, que tenha um propósito definido com relação a Ponta Grossa e à Re-

gião dos Campos Gerais. Existe ainda a possibilidade de o partido lançar candidato ao Governo. Assim, as estratégias já serão outras. “Configuração alguma de momento pode ser afirmada como certa para 2010. Em uma só semana outro quadro poderá surgir, oferecendo novas perspectivas”, salienta Rangel. Não são ventilados outros nomes para deputado estadual ou federal na seara do PPS local, mas não se descartam discussões. “Temos um apreço aos princípios democráticos. Dentro do nosso partido nada se decide sem amplas discussões. Analisamos todas as sugestões e ideias. Tudo é possível, mesmo a abdicação de aspirações pessoais para manter o equilíbrio e a união”, garante Rangel. Apesar de negar ingerência no PDT, noticiou-se que um segmento do PPS estaria pronto para ingressar na agremiação de Osmar Dias. A decisão teria sido tomada em reunião dentro do PPS, sob a batuta de Marcelo Rangel, seguindo orientações de Osmar Dias. Um dos braços fortes da sigla em Ponta Grossa, o ex-vereador Leopoldo Cunha Neto já se juntou aos democratas trabalhistas, mesmo destino do ex-vereador e radialista Nilson de Oliveira, pai de Marcelo Rangel e Sandro Alex. O fato não pode ser tomado como ingerência, destaca Leopoldo Cunha, principal assessor de Marcelo Rangel na Assembleia Legislativa. Falando a O Portal semanas atrás, garantiu que se trata de uma articulação de um grupo político que está cada vez mais forte. Uma das metas desse grupo, conforme declarou, é o fortalecimento do PDT, para as próximas jornadas eleitorais e para a manutenção de lutas, visando novos horizontes para Ponta Grossa e região.


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Aberta na Assembleia Legislativa a temporada de caça ao presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), ex-deputado e ex-ministro Rafael Greca. Quem disparou o primeiro tiro, de canhão, foi o deputado Artagão Júnior, do mesmo PMDB de Greca.

POLÍTICA&PODER Roseli Valério

GRECA NA FRIGIDEIRA Aberta na Assembleia Legislativa a temporada de caça ao presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), ex-deputado e ex-ministro Rafael Greca. Quem disparou o primeiro tiro, de canhão, foi o deputado Artagão Júnior, do mesmo PMDB de Greca. Da tribuna da Casa esta semana, ele atacou duramente a gestão de Greca na Cohapar e propôs a extinção do órgão. “Se é para a companhia ser conduzida da forma como está atualmente, sem resultados e com prejuízos para os cofres públicos, que seja extinta”, disparou o peemedebista. Ele falou da inexistência de convênios com as prefeituras que viabilizem um programa de habitação popular. Afirmou que o que tem sido inaugurado é obra da gestão anterior, quando presida a Cohapar o atual líder do governo na Assembleia, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB). Acusou Greca de querer se projetar politicamente e de que ao entregar casas programadas anteriormente, não convidar os deputados com base eleitoral no município ou região. Aí está o ponto central da bronca dos deputados peemedebistas em relação a Rafael Greca, que irá disputar as eleições de 2010. Greca compete diretamente com a bancada do partido na Assembleia. Em função do cargo, ele é o adversário que pode tirar votos em todas as regiões do Estado. SERÁ? O fogo desta frigideira teria sido aceso pelo governador, procurando um pretexto para despachar Greca de área sensível como esta? Difícil um deputado do PMDB desafiar Roberto Requião (afinal, ele é que escolheu e mantém Greca lá), a ponto de sugerir o fechamento de um órgão do governo. SÓ POLÍTICA Artagão fez um pronunciamento político contra Greca e a própria Companhia de Habitação do Paraná quando não levou para a tribuna dados técnicos que dessem suporte às suas palavras. Nem o ponto mais forte do discurso teve este reforço. Artagão foi taxativo: “Não se pode aceitar autarquia que onera os cofres do Paraná, com alto salário pago ao seu presidente e grande número de funcionários, sem que se veja resultados na habitação popular”. Como se vê, o deputado sequer citou números para fazer essa afirmação. PROVOCAÇÃO Segundo Artagão, quando prefeitos procuram a Cohapar para tentar convênios, são informados que a companhia não tem recursos para projetos habitacionais. “Se não tem recursos, que feche as portas”, inflamouse o deputado. Para ele, o tamanho da estrutura da Cohapar e o que ela representa de despesa para o Estado, já que não tem caixa para atender sua finalidade, não justifica sua existência atualmente. Arrematou afirmando que os poucos projetos em andamento foram para atender interesses de um grupo. Não disse qual. EM TEMPO Assim como nenhum deputado do PMDB

ou de outro partido aliado abriu a boca para contestar ou ao menos amenizar as declarações de Artagão (a oposição corroborou, claro), o próprio Rafael Greca se fez de morto. Preferiu não polemizar. PMDB PODE... O juiz Márcio José Tokars, da 4ª Zona Eleitoral de Curitiba, tomou esta semana os depoimentos das seis testemunhas apresentadas pelo deputado estadual Mauro Moraes, que pretende deixar de o PMDB e as indicadas pelo diretório do partido no Paraná. Este mesmo juiz foi quem acatou o pedido de Moraes e por conta disso abriu a ação em que o peemedebista solicita autorização para se desfiliar “por justa causa”. PERDER DEPUTADO Os depoimentos foram sigilosos, sendo três pessoas de cada lado. Se for vitorioso na ação, como é bem provável, Moraes sai com seu caminhão de votos. E os tucanos o esperam de braços abertos. O partido do governador Roberto Requião corre o risco de perder o deputado mais votado em Curitiba e região. Curiosamente, de ambos os lados as testemunhas foram deputados estaduais. Um deles, Marcelo Rangel. A JUSTA CAUSA Moraes toma como base em sua ação para sair do partido, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que faculta a troca de partido sem risco de perda de mandato, nos casos de perseguição política (foi o que ocorreu com o deputado) ou mudança de orientação partidária. Ele vem às turras com o governador e o diretório do PMDB desde o primeiro semestre do ano passado. Este ano passou a sofrer represálias.

DO FUMÓDROMO Estes deputados querem que em ambientes fechados como casas noturnas, restaurantes e bares seja permitido um espaço específico para uso dos fumantes. A emenda foi rejeitada esta semana na CCJ, que volta a se reunir na segunda-feira, 31, para apreciar o recurso. Se a comissão vetar novamente, como é provável, cabe recurso ainda ao plenário da Assembleia. O autor da emenda é Stephanes Junior. É PROBLEMA Agora é esperar para ver que tipo de articulação a liderança do governo fará na Assembleia em relação a este novo quadro. O fato de 23 deputados serem favoráveis aos locais específicos para fumantes deve disparar o alerta de que na votação do projeto propriamente dito (se mantida a rejeição à emenda), tudo pode acontecer. Como a ausência desses deputados na sessão de votação. MAIS VEREADORES Foi na calada da madrugada a votação. De acordo com o Portal da Câmara Federal, a proposta que reduz os gastos com os legislativos municipais foi aprovada na madrugada de ontem pela comissão especial que analisava o assunto. O texto também inclui o aumento do número de vereadores, que fazia parte da PEC 333/04, já aprovado pela Câmara no ano passado. Cerca de quase oito mil vagas serão criadas.

FRUET SENADOR O deputado federal paranaense Gustavo Fruet esteve com a bancada tucana na Assembleia Legislativa para anunciar em primeira mão que confirmou sua “disponibilidade” para candidatar-se ao Senado nas próximas eleições. Terá que enfrentar nomes fortes do interior como os também deputados federais Ricardo Barros (PP) e Abelardo Lupion (DEM). Além de Gleisi Hoffmann (PT), na capital.

AS PROPOSTAS As mudanças faziam parte das propostas de emenda à Constituição 336/09 e 379/09. Elas foram aprovadas na forma do substitutivo do relator, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTBSP), que recomendou a aprovação dos textos sem alterações. “Considero necessário manter intacto o texto de ambas as propostas, mesmo porque se os alterarmos serão devolvidos ao Senado Federal”, explicou o parlamentar. A PEC ainda precisa ser votada pelo plenário em dois turnos.

PÁREO DURO Tido como reserva ética da Câmara Federal, Fruet é um candidato de peso para os demais candidatos que disputam uma vaga (já que a outra é praticamente garantida do governador Roberto Requião, do PMDB). Mas pode tropeçar na eleição se não estiver bem conhecido até lá, no interior do Estado. O Senado exige cerca de 2 milhões de votos. E mesmo em Curitiba terá Gleisi como adversária principal.

O TEXTO FINAL De acordo com o texto aprovado, o número de vereadores passa dos atuais 51.748 para até 59.791 e o percentual máximo das receitas tributárias e das transferências municipais para financiamento da Câmara de vereadores cai de 5% para 4,5% nas cidades com mais de 500 mil habitantes. Mas a PEC ainda precisa ser votada em dois turnos pelo plenário da Casa.

23 A FAVOR Das seis emendas ao projeto antifumo que foram vetadas, a mais polêmica continua sendo foco das atenções. Não apenas seu autor entrou com recurso na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa: ele teve o apoio de outros 22 deputados no pedido de reavaliação da autorização para criação dos fumódromos nos locais privados de uso coletivo.

AOS SUPLENTES Os beneficiados serão aqueles que quase se elegeram em 2008. O aumento das vagas entrará em vigor assim que a PEC for promulgada, o que dará direito aos suplentes das eleições do ano passado tomarem posse. Já a redução dos repasses passará a valer a partir do ano subsequente à promulgação da PEC.

Zampierisob investigação Com apenas um voto contrário, a Câmara Municipal criou uma Comissão Processante para apurar denúncia de contratação de funcionário fantasma pelo vereador

José Aldinan

política&cidadania

Luís Carlos Pimentel

Com treze votos a favor e o contrário do vereador Pascoal Adura (PMDB), a Câmara Municipal decidiu pela criação de uma Comissão Processante para apurar denúncia de contratação de funcionário fantasma no gabinete do vereador Alysson Zampieri (PPS). O vereador acusado absteve-se de votar, embora pudesse. Mas a previsão era de que perdesse o embate esmagadoramente, com os votos ultrapassando os oito necessários. Apesar de dizerem que agirão com isenção de ânimo, quatro dos cinco vereadores sorteados já tiveram rusgas com Zampieiri. São eles George Luís de Oliveira (PMN), Ana Maria Holleben (PT), Edilson Fogaça (PTN) e Valter de Souza (DEM). O quinto membro é Maurício Silva (PSB), que irá presidir os trabalhos, já com início após a sessão ordinária de amanhã. Ana Maria foi escolhida como relatora. Zampieri foi denunciado pelo comerciante Aguinaldo Paz de Moura, residente na Rua Sabaudia, 927, Vila Isabel. Informou ele à Mesa Executiva da Câmara Municipal que o vereador indicou para nomeação como assessor de acompanhamento parlamentar um funcionário de nome Paulo Sérgio Rodrigues, mas que o mesmo jamais prestou serviço em seu gabinete, continuando a cumprir expediente em firma particular. Ainda de acordo com a denúncia, Paulo Sérgio seria funcionário da Alerta Serviços de Vigilância Ltda, de propriedade de Marcos Zampieri, pai do vereador acusado na denúncia. Embora com contrato rescindido com a Alerta, Paulo Sérgio teria continuado a trabalhar para a empresa, recebendo da Câmara

Zampieri acompanha sorrindo o corregedorgeral, Márc io Schirlo, preparar a urna para o sorteio dos membros da Comissão Municipal. Documentos anexos à denúncia comprovariam que Paulo Sérgio acompanhou o processo de apresentação de proposta comercial à Secretaria Municipal de Assistência Social no dia 5 de março deste ano. Posteriormente, Paulo Sérgio retornaria àquela secretaria no dia 10 de junho para apresentação de notas explicativas sobre os valores para a prorrogação de contrato, documentos assinados por ele, Paulo Sérgio. No mês seguinte, Paulo Sérgio teria estado no pregão presencial da Sanepar representando a Alerta. Portanto, diz o denunciante, o vereador Alysson, ao indicar um servidor para o seu gabinete parlamentar, mas que não exerce a função, continuando a trabalhar em empresa particular, recebendo da Câmara, praticou ato contrário à ética e ao decoro parlamentar. Paulo Sérgio foi contratado em cargo comissionado na Câmara Municipal em 17 de fevereiro de 2009. Sua exoneração deu-se no dia 20 deste mês conforme publicação do dia 21 do corrente no Diário Oficial do Município, quando já havia sido protocolado a denuncia junto à direção da Câmara – quarta-feira, 19. A decisão sobre a criação ou não da Comissão Processante ocorreu na quarta-feira, 26. Os membros da CPP têm trinta dias para apresentar o relatório final decidindo pelo prosseguimento das investigações ou pelo arquivamento da denúncia.


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cidadania&política O vereador Pascoal Adura continua repercutindo negativamente a notícia de que a Autarquia Municipal de trânsito estará instalando mais sete radares até o final do ano, além dos 14 já em operação. Dos novos, cinco serão fixos e dois estáticos, que poderão ser levados para qualquer local.

CALEIDOSCÓPIO Luís Carlos Pimentel

luiscarlospimentel@bol.com.br

Ansiosos

o equilíbrio do texto aprovado pelos deputados.

Christopher Eudes

Desinteresse O vereador George Luís (PMN) acha que o prefeito Pedro Wosgrau Filho não demonstra interesse algum nas sugestões que lhe foram apresentadas pela Comissão Especial de Trânsito, cujos trabalhos foram relatados por ele. Discursando em plenário na última quarta-feira, o vereador expressou que o trabalho intenso dos membros da comissão não terão retorno algum. A entrega do relatório ao prefeito aconteceu na segunda-feira após o encerramento da sessão ordinária. A prioridade, segundo George, seria a elaboração de um Plano Diretor, mas o prefeito não se manifestou a respeito e demonstrou não ser esse o seu objetivo quanto ao trânsito da cidade.

O polêmico Francisco Valentim, o Baixinho da Dalabona, será um dos suplentes a assumir com a aprovação e promulgação da PEC 336/09 Redução de gastos e aumento de cadeiras A proposta que reduz os gastos com os legislativos municipais foi aprovada na última quinta-feira pela comissão especial que analisava o assunto. O texto também inclui o aumento do número de vereadores, que fazia parte da PEC 333/04, já aprovado pela Câmara Federal no ano passado. As mudanças faziam parte das propostas de emenda à Constituição 336/09 e 379/09. Elas foram aprovadas na forma do substitutivo do relator, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que recomendou a aprovação dos textos sem alterações. “Considero necessário manter intacto o texto de ambas as propostas, mesmo porque se as alterarmos serão devolvidas ao Senado Federal”, explicou o parlamentar. A PEC ainda precisa ser votada pelo plenário em dois turnos. O texto De acordo com o texto aprovado, o número de vereadores passa dos atuais 51.748 para até 59.791 e o percentual máximo das receitas

tributárias e das transferências municipais para financiamento da Câmara de vereadores cai de 5% para 4,5% nas cidades com mais de 500 mil habitantes. O aumento das vagas entrará em vigor assim que a PEC for promulgada, o que dará direito a cerca de oito mil suplentes tomarem posse. Já a redução dos repasses passará a valer a partir do ano subsequente à promulgação da PEC. Polêmica Em 2008, a Câmara Federal aprovou uma proposta que permitia o aumento do número de vereadores, mas reduzia os repasses para os legislativos municipais. O Senado fatiou em duas a PEC aprovada pelos deputados. A parte que permitia o aumento do número de vereadores tornou-se a PEC 336/09. E as regras que reduziam as despesas foram incluídas na PEC 379/09, mas com percentuais de gastos mais altos. O então presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), recusou-se a promulgar apenas a PEC 336/09, como queriam os senadores, sob a alegação de que eles romperam

Christopher Eudes

Mandado de Segurança A recusa levou o então presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, a entrar com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF), exigindo a promulgação parcial da PEC 333. Em março deste ano, as novas mesas diretoras das duas Casas decidiram analisar a parte que trata da limitação de gastos em outra proposta. O Senado desistiu do mandado de segurança no STF. Se as PECs aprovadas pela comissão especial também forem aprovadas pelo Plenário da Câmara sem modificações, o texto não precisará voltar ao Senado e seguirá para promulgação das Mesas Diretoras das duas Casas.

Alessandro deseja uma comissão permanente para estudar o trânsito no município, mas não encontrou ainda o apoio dos demais vereadores de Metrologia (Inmetro) para que possam multar. O motorista que ultrapassa em até 20% a velocidade permitida da via controlada por radar comete uma infração média, sendo multado em R$ 85,13 e perde quatro pontos na carteira de habilitação. Para quem ultrapassar de 20% a 50% da velocidade permitida, a multa é de R$ 127,69, numa infração grave e perda de cinco pontos. Acima de 50%, é considerada infração gravíssima, com multa de R$ 191,54 e perda de sete pontos na carteira. Permanente Alessandro Lozza de Moraes (PSDB),

Radares O vereador Pascoal Adura continua repercutindo negativamente a notícia de que a Autarquia Municipal de trânsito estará instalando mais sete radares até o final do ano, além dos 14 já em operação. Dos novos, cinco serão fixos e dois estáticos, que poderão ser levados para qualquer local. Para o vereador, trata-se da indústria da multa. O interesse é o de arrecadação e não o de melhorar o fluxo de veículos. Como sempre, atacou mais uma vez o comandante da Autarquia, coronel Edimir de Paula. Defesa A Autarquia se defende, informando que os locais onde estão os 14 controladores de velocidades foram estudados pela AMTT. Levou-se em consideração a contagem de veículos, a velocidade transitada na via e os pedidos feitos pela população. Os radares estão em 11 locais da cidade. Em Uvaranas, há cinco aparelhos instalados, sendo quatro na Avenida Carlos Cavalcanti e um na Rua Euzébio de Queiróz. Novos Dos novos radares instalados, cinco estão autuando. Outros cinco passam por aferição do Instituto Nacional

vereador que presidiu os trabalhos da Comissão Especial de Trânsito, deseja que a Câmara constitua uma Comissão de Trânsito permanente. Para ele, a tarefa de monitorar o trânsito não pode ser esporádica. A constância nos trabalhos impedirá que os problemas se multipliquem e fujam ao controle, como agora se verifica, já que para sanar todas as situações que causam transtornos a motoristas e pedestres demandarão um longo prazo. Até o momento não obteve sinais positivos dos demais integrantes da Casa e, principalmente, de seu presidente, vereador Sebastião Mainardes (DEM).

Christopher Eudes

Oito suplentes de vereadores aguardam ansiosos o final do trâmite da PEC 336/09, que prevê o aumento de cadeiras nos legislativos municipais. Com a aprovação dessa Proposta de Emenda à Constituição, passam a ocupar espaços na Câmara Municipal Antônio Larocca Neto (PDT), Albino Szezs – Xexinho (PSDB), Rogério Mioduski (PP), ex-vereador; Francisco Valentim – Baixinho (PSB) ex-vereador; Valdenor Paulo do Nascimento – Cenoura, assessor do deputado Péricles de Holleben Mello (PT); Durval Japiassu, (PRP) – ex-comandante do 1º BPM (PRP); pastor Moisés Farias – atualmente cobrindo licença de Enoc Brizola (PTN); e Davi Scheiffer – Davisão (PMDB), vendedor ambulante. Pelo PDT deveria ser diplomado Delmar Pimentel, mas notícias de seu partido dizem que ele assumiu no início do ano através de liminar, que foi cassada. Ele não teria recorrido das ações contra si na Justiça Eleitoral em tempo hábil.

O possível retorno do empresário Albino Szesz, o Xexinho, irá reforçar a bancada de apoio ao prefeito Pedro Wosgrau na Câmara


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cotidiano/raiox ATERRO SANITÁRIO

Novos fatos marcaram a semana que passou na ‘queda de braço’ para a instalação do empreendimento

A preservação do meio ambiente é pauta mundial. A preocupação com o ecossistema está cada vez mais presente no dia a dia das pessoas. Bem como o progresso e o crescimento industrial de uma cidade, inclusive através de novos empreendimentos, é uma situação vista com bastante entusiasmo. Mas quando essas duas vertentes se juntam - e o investimento envolve questões ambientais -, estão presentes os ingredientes polêmicos que despertam a opinião pública. O debate esquenta e um jogo de interesses (diversos) conduz o desenrolar dos fatos. É essa situação a que Ponta Grossa vem assistindo a partir do anúncio da implantação do novo aterro sanitário da Ponta Grossa Ambiental. Uma ‘queda de braço’, em que vencerá o mais forte. Enquanto a empresa garante estar preparada para construir o novo empreendimento sem danos ambientais, inclusive com licença já expedida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), movimentos, entidades e técnicos são contrários à construção do novo aterro no local escolhido, por se tratar de uma Área de Proteção Ambiental (APA). Polêmica devidamente instalada, na semana que passou, novos acontecimentos acirraram a discussão. Uma nova petição foi encaminhada ao Tribunal Regional Federal, com o intuito de paralisar novamente a obra, que está em andamento. O caso chegou até a Assembleia Legislativa, onde o deputado estadual Péricles de Holleben Mello solicitou uma audiência pública para aprofundar o tema. E parecer favorável ao aterro, após uma tumultuada votação, foi emitido pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente - Comdema. São novos capítulos nessa história. Mas, enquanto isso, a obra do aterro está em pleno andamento e a expectativa da PGA, segundo Marcius Borsato, um dos diretores da empresa, é que o trabalho de implantação tenha continuidade agora sem interrupções, uma vez que as chuvas também contribuíram para atrasar a obra. Carolina Mainardes


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cotidiano/raio x

Advogado aponta urgência de ‘CPI do IAP’ Marcius Nadal chama a atenção dos deputados estaduais para a postura ‘inadmissível’ do instituto no processo

história”, considera. Para ele, o IAP deve ser um órgão isento e trabalhar por conta própria. O advogado espera que o juiz do TRF reconsidere a decisão anterior e revogue o efeito suspensivo à liminar que proibia a obra. Nadal acusa ainda o IAP de ter sido incoerente, uma vez que já havia embargado uma obra de drenagem, na mesma área, em 2007, justamente por se tratar de uma APA. “É necessário que nossos deputados atentem para essas questões. Está na hora de verificar o que aconteceu, pois é tudo muito grave e a sociedade quer respostas. Por isso, precisamos urgentemente de uma CPI no IAP”, reforça Nadal. Ele ressalta que é a favor de uma nova audiência pública e vê como essencial a paralisação imediata da obra do aterro. O IAP informou, através da assessoria de imprensa, que só irá se pronunciar após receber notificação oficial sobre a nova petição judicial.

ZONEAMENTO

Christopher Eudes

CArolina Mainardes

“Tem que ser criada uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o IAP”. A afirmação é do advogado e membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente, Marcius Nadal. Na semana passada, ele entrou com uma petição junto ao Tribunal Regional Federal, representando o Fórum Social em Defesa de Políticas Públicas e outras entidades, com base na acusação de que o IAP copiou cerca de 20 páginas

do texto do recurso de defesa da Ponta Grossa Ambiental, apresentado na primeira ação popular que chegou a barrar as obras do novo aterro sanitário. Essa é a segunda tentativa das entidades de impedir a continuidade das obras. A primeira liminar foi derrubada. Com os documentos em mãos, Nadal mostrou à reportagem de O Portal que os dois textos têm realmente trechos idênticos. Ele apurou ainda que a defesa da empresa foi apresentada ao TRF da 4ª Região no dia 6 de julho. Já o documento do IAP,

com cópia do texto, foi apresentado ao Tribunal no dia 17. “Isso caracteriza improbidade administrativa”, acusa o advogado. Ele explica que o trecho copiado integralmente, ipsis litteris, revela que houve comunicação entre as partes, o que não poderia ter jamais ocorrido. “Se fosse ao contrário, não vejo problema, mas um órgão público copiar a defesa é algo muito sério. É inadmissível que o instituto faça uso do mesmo texto para justificar a continuidade do empreendimento. Ficou claro que os dois estão juntos na

Em nova petição junto ao Tribunal Regional Federal, Marcius Nadal, em nome do Fórum Social em Defesa de Políticas Públicas e outras entidades, acusa Instituto Ambiental do Paraná de improbidade administrativa

Alterações na Lei de Zoneamento do município também são alvo de crítica do advogado Marcius Nadal. Segundo ele, após audiência pública realizada para debater a construção do novo aterro, no ano passado, a Prefeitura decidiu alterar o mapa, passando a área em que o aterro será construído da zona de Área de Proteção Ambiental para área de expansão industrial. “O prefeito (Pedro Wosgrau Filho) nem poderia ter dado o alvará para o empreendimento”, afirma Nadal. O secretário municipal de Planejamento, José Ribamar Krüger, informa que o projeto de lei é uma proposta muito anterior à discussão do aterro, pois tratase de uma lei complementar ao Plano Diretor, que passou por uma revisão entre 2006 e 2007. “Uma coisa não tem relação com a outra”, garante o secretário. O projeto da lei de alteração do zoneamento rural foi encaminhado à Câmara, para apreciação e votação dos vereadores, em 4 de junho de 2008. Atualmente, o projeto encontra-se na Comissão de Finanças daquela Casa, aguardando parecer para então ser encaminhado para votação em plenário.


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cotidiano/raio x

Péricles pede audiência pública Parlamentar defendeu necessidade em plenário, apontando importância de reavaliar a implantação do aterro

Christopher Eudes

CArolina Mainardes

O deputado estadual Péricles de Holleben Mello encaminhou na semana passada requerimento ao parlamentar Luiz Eduardo Cheida, presidente da Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Paraná, convocando uma audiência pública em Ponta Grossa sobre a construção do novo aterro da PGA. Também assinaram o ofício os deputados Jocelito Canto e Marcelo Rangel. “Devido à complexidade do assunto, queremos contribuir com o debate”, enfatiza Péricles. O deputado espera que nessa nova audiência estejam presentes os deputados, representantes do IAP, do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), da Prefeitura, da UEPG, do Ministério Público, da empresa responsável pela obra, das demais entidades interessadas e da população em geral. Péricles acredita que questões importantes devem ser esclarecidas, inclusive a possibilidade de o aterro privado receber lixo de outras cidades. Ele comenta que “isso demandaria num impacto muito alto ao município, por isso deve haver uma nova audiência pública para que todas as questões contraditórias sejam colocadas em debate”. Péricles acredita ainda que é dever da Assembleia se envolver com os interesses do Paraná. “Se há conflitos, deve haver uma dis-

cussão mais abrangente”, salienta. O deputado conta que está acompanhando o processo por meio das informações da imprensa e de documentos que tem recebido.

PLENÁRIO

O parlamentar defendeu em plenário, no último dia 24, a necessidade da realização da audiência pública em Ponta Grossa, com o objetivo de debater e reavaliar a implantação do aterro sanitário da PGA. Ao se pronunciar na tribuna da Assembleia Legislativa, Péricles apontou possíveis falhas nas licenças prévias e de instalação do aterro. Durante seu pronunciamento, destacou a preocupação sobre a condução do caso de posse de um relatório preparado pelo professor e geólogo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Mário Sérgio de Melo. Contém no documento entregue a Péricles, ação do Ibama, pedindo anulação de licença prévia de instalação concedida pelo IAP à empresa Ponta Grossa Ambiental, responsável pela exploração do aterro em Ponta Grossa, justificando que o local encontra-se dentro de um raio de 10 quilômetros do Parque Nacional dos Campos Gerais. “Trata-se de uma das regiões mais belas de Ponta Grossa e dos Campos Gerais, do Rio Verde e do Rio São Jorge.

Região de uma beleza cênica de potencial turístico”, ressaltou. Os questionamentos feitos por Péricles em plenário, segundo o relatório preparado pelo geólogo da UEPG, sinalizam que o aterro localiza-se em área de recarga do Aquífero Furnas, importante manancial de águas subterrâneas da cidade. O texto aponta ainda que fraturas e feições doliniformes (abatimentos) na rocha no local indicam acentuado risco de contaminação do aquífero; mostra também que o local está sobre áreas de proteção permanente (nascentes) que supostamente foram apagadas do mapa do processo para não caracterizar crime ambiental. O terreno, ainda de acordo com o documento, está dentro da APA da Escarpa Devoniana, junto ao Parque Municipal do Capão da Onça, próximo ao Parque Nacional dos Campos Gerais; região de rico patrimônio ambiental e natural da cidade. Alerta que os solos no local são arenosos, permeáveis, inadequados como fundação e material de cobertura do aterro, com isso, será necessário trazer solo de outros locais, com maiores impactos ambientais e encarecimento da obra. Na relação consta que não houve efetivo estudo comparativo de alternativas locacionais, como manda a legislação para licenciamento ambiental; e aponta que o IAP ignorou ou não respondeu

Deputado Péricles defende:“Se há conflitos, deve haver uma discussão mais abrangente” questionamentos levantados pela UEPG e nas várias audiências públicas. “Quando fui prefeito, lembro que trabalhei com alternativas para o aterro, mas que nenhuma delas contemplava a que foi aqui apresentado”, lembrou Péricles. No discurso, o deputado salientou que a legislação municipal prevê que o aterro seja explorado por empresa privada e isso pode gerar uma especulação para que Ponta Grossa também receba lixo de outras cidades. Hipótese fortalecida pelo fato de que a região está próxima ao terminal ferroviário de Uvaranas. Apesar de obter essas informações, Péricles preferiu não emitir opinião quando questionado pela reportagem de O Portal sobre considerar se houve omissão dos órgãos envolvidos na liberação de licença para o empreendimento. “Não tenho condição, no momento, de fazer essa avaliação”, declarou. Ele observou ainda que a Prefeitura pode tomar providências, caso seja necessário. “A administração municipal tem um poder diferente do IAP, mas pode analisar algumas alternativas”, disse.

PGA quer aterro em atividade até fim do ano Desde que a Justiça liberou a retomada das obras do aterro da Ponta Grossa Ambiental, os trabalhos no local tiveram sequência. Atualmente, as obras estão na fase de escavação. Segundo Marcius Borsato, um dos diretores da empresa, a chuva atrapalhou o andamento, mas a expectativa agora é de um ritmo acelerado. “Até o final do ano, queremos estar com o aterro em operação”, afirma. O advogado da PGA, Cláudio Batista, define todas as manifestações que vêm ocorrendo como “uma discussão paralela”. “Há falta de fundamentos concretos nas ações para tentar impedir o empreendimento”, afirma. Com relação à nova petição no TRF, Batista informa que a empresa não tinha conhecimento da suposta similaridade do documento entregue nos recursos da primeira ação, que agora são objeto da segunda ação na Justiça. “Mesmo que exista essa similaridade, isso não caracteriza improbidade administrativa”, acredita. “Por outro lado, mostra, sim, que foram apresentados fundamentos sólidos em nosso recurso, que foram apenas repetidos no texto elaborado pela defesa do IAP”, completa. Batista ressalta ainda que essa denúncia “não deve causar efeito jurídico algum”. “A questão principal a ser debatida é o risco de dano ambiental, e isso está cada vez mais afastado”, acrescenta. Com relação à nova audiência pública, proposta pelo deputado Péricles, Batista considera que “não é cabível”. Para ele, os esclarecimentos que eram necessários já foram apresentados. “Não houve interesse algum em omitir informações, todos os esclarecimentos já foram prestados pelo IAP”, afirma. Batista enfatiza ainda que todo o processo junto ao IAP, incluindo o parecer sobre o Estudo de Impactos Ambientais (EIA-Rima) do aterro no local, é público e pode ser acompanhado via processo administrativo. Batista adverte ainda que causas ambientais despertam o clamor público, mas que devem ser avaliadas sempre com bastante cuidado. “A intenção da PGA é implantar um local para recepção correta de resíduos da cidade. Deve ser levada em conta a necessidade do empreendimento, uma vez que o atual aterro tem uma capacidade máxima, que um dia será atingida”, alerta o advogado. A empresa destaca os investimentos em tecnologia para evitar os danos ambientais e a geração de empregos na cidade.


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cotidiano/raio x

Comdema dá parecer favorável ao aterro Em meio a tumulto, clima tenso e votação acirrada, conselho municipal do meio ambiente aprovou o novo empreendimento da Pga do outro

de um lado

PARECER FAVORÁVEL

PARECER contrÁRIO

Dois pareceres - bastante divergentes sobre a construção do novo aterroforam divulgados neste mês. Um deles, assinado pelo geólogo Amin Katbeh, com data de 10 de julho, enfatiza parecer favorável ao empreendimento, através da retificação de informação anteriormente declarada pelo mesmo profissional. Katbeh, considerado uma das maiores autoridades do Brasil no assunto, esteve em Ponta Grossa para participar de debate promovido pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) sobre o aterro. Na ocasião, em nome do Condema, deu parecer contrário à instalação do aterro, com base no EIA-Rima elaborado pela Ponta Grossa Ambiental.

Christopher Eudes

Em seu novo parecer, Katbeh relata que apesar do empreendimento estar localizado na Formação Furnas, área de recarga do aquífero de mesmo nome, a empresa apresentou medidas de impermeabilização da área, a fim de proteger o aquífero. Segundo ele, a área total a ser impermeabilizada, de 455 mil metros quadrados, corresponde a uma parcela ínfima de recarga, representando apenas 0,0016% do total da área da APA da Escarpa Devoniana, que é de 392.363,38 hectares. O geólogo aponta que o empreendedor está utilizando tecnologias para superar as dificuldades do meio físico, como por exemplo o uso de geocompósito bentonítico em substituição à camada de argila normalmente utilizada como camada de impermeabilização e que isso assegura um alto índice de confiabilidade na construção do aterro, em função da presença de solos arenosos. E, por fim, Katbeh afirma que em função disso a empresa mostrou que tomará medidas no sentido de proteger a área, a Formação Furnas, o lençol freático e o aquífero Furnas, “cabendo aos órgãos competentes e à sociedade a fiscalização contínua de todas as fases do empreendimento”.

A divulgação do parecer ao lado originou correspondência dirigida ao Comdema, assinada pelos professores da UEPG Mário Sérgio de Kelo, Gilson Burigo Guimarães e Carlos Hugo Rocha, em 20 de agosto. No texto, os professores relatam ser “inexplicável por critérios técnicos” a mudança de posição do geógrafo Amin Katbeh. Os professores afirmam que a súbita mudança de posição do hidrogeólogo Amin, decisão tomada sem o conhecimento dos demais signatários do parecer elaborado para o Comdema, é ao mesmo tempo surpreendente, lamentável e inexplicável.

CArolina Mainardes

Num clima bastante tenso com faixa de protesto, auditório lotado, ânimos alterados - e votação acirrada, o Conselho Municipal de Meio Ambiente deu parecer favorável à construção do novo aterro da Ponta Grossa Ambiental. A votação teve que ser realizada duas vezes, devido ao tumulto, que dificultou a contagem na primeira tentativa. Cada voto contra o aterro gerava aplausos dos manifestantes. No segundo momento, com a ausência de dois conselheiros, houve empate e o voto de minerva do presidente do conselho, Paulo Barros - diretor de Meio Ambiente da Prefeitura -, decidiu pela aprovação. “É hora do Comdema dar um parecer definitivo sobre o empreendimento, não cabe ao conselho ficar divagando”, ressaltou Barros, ao abrir a votação.

Antes do voto de minerva, um dos conselheiros lembrou a adesão de Barros ao manifesto ‘Por um aterro sanitário público. Por uma política pública efetiva de resíduos em Ponta Grossa’, organizado pelo Fórum Social de Defesa de Políticas Públicas e pelo Comitê em Defesa de um Aterro Público em Local Adequado. Durante a reunião, Djanuzi Fontini Reis, representante da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG) no conselho, denunciou que foi alvo de ameaças do dono da empresa responsável pelo empreendimento. “Foi uma tentativa de intimidação”, declarou Djanuzi. Segundo ele, um dos diretores da PGA disse que poderia cobrar mais pela coleta do lixo de empresas que produzem maior volume, conforme dispositivo contratual, caso ele votasse contra o empreendimento. Marcus Borsato, que

Com a presença de conselheiros e manifestantes, a votação ocorreu em meio a tumulto, durante reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente, na última quinta-feira também estava presente na reunião, negou o fato. Para Marcius Borsato, diretor da empresa, o parecer favorável do Comdema é importante, devido à polêmica gerada em torno do novo aterro. “Prevaleceu a democracia, mostrando que da mesma forma que há pessoas contra, há pessoas favoráveis ao empreendimento”, avalia. O Comdema é um conselho consultivo, portanto, o parecer não tem teor deliberativo.

Os professores reafirmam que a região compreendida pelo Arenito Furnas é a pior escolha para a instalação de aterro de resíduos no município, e (a escolha) nega a identidade e a história de Ponta Grossa, ao planejar trazer lixo e resíduos de Curitiba e outras cidades da região para locais que significam patrimônio ambiental, cultural, histórico, científico e arqueológico de inestimável valor. A área da PGA, licenciada pelo IAP, é inadequada em vista de características limitantes da geologia, geomorfologia, hidrogeologia e solos do local; o princípio da precaução e de redução de custos indica que outros locais são preferíveis, inclusive aqueles já indicados em estudos iniciados pela Prefeitura. Eles explicam que a área também apresenta maiores riscos de contaminação ambiental, e, por isso, o custo do empreendimento está sendo encarecido e poderá vir a ser repassado para a população pontagrossense. Ainda, que o procedimento de licenciamento está em desacordo com a legislação ambiental, ao incluir áreas de preservação permanente (nascentes) na área do empreendimento, ao não contemplar o confronto de alternativas locacionais e ao restringir a participação da população na decisão. E, por fim, apontam que o viés ideológico que orienta o posicionamento dos signatários da referida carta é o do respeito ao meio ambiente, um bem coletivo e não privado, respeito às leis ambientais, respeito à história e vocação de uma cidade e uma região e respeito ao direito da população participar efetivamente das das decisões que afetam sua vida.


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cotidiano/raio x

Diretores e sócios do Iate Clube Ponta Grossa refutam as informações de que a agremiação também seja responsável pela poluição da Represa dos Alagados

Diretoria defende Iate Clube

Para sócios e diretores, apenas duas das 22 casas do clube estão irregulares e podem se adequar ao que quer o Ministério Público LUANA ANGREVES

Na iminência de o Ministério Público enfim contratar perito para proceder estudo sobre as reais condições de poluição na Represa dos Alagados, diretores, sócios e representantes do Iate Clube Ponta Grossa, construído há muitos anos no entorno do manancial, se manifestaram no início do mês em defesa do clube. O Iate responde a uma das 35 ações protocoladas pelo MP em Vara Cível da Comarca local, por conta de duas casas que estão a menos de 100 metros das margens da represa, ou seja, em situação irregular. As demais 34 ações tramitam desde 1999 contra alguns dos 142 proprietários de imóveis que estão fora dos limites do Iate. Com a perícia, a ser concluída até o final do ano, as ações terão trâmite normal até a sentença judicial, que poderá ou não determinar a demolição das casas. De acordo com o empresário Ivan Dias, que tem propriedade no clube há 30 anos, os mais de 100 associados não são os responsáveis pela poluição da represa. “Pelo contrário, desenvolvemos atividades constantes para a limpeza e conservação das margens, seja na coleta de lixo, seja no encaminhamento dos detritos coletados em fossa impermeável, além de orientação aos sócios”, explica ele. Dias faz duras críticas às autoridades como o Instituto Ambiental do Paraná – IAP – e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente

– SEMA -, entre outras, que na década de 1990 foram alertadas para os problemas da poluição que as casas construídas às margens da represa sem qualquer tipo de planejamento ambiental poderiam trazer. “Nunca foi feito nada, simplesmente ignoraram nossos alertas. Foram construídos os imóveis e agora estão aí, uma situação difícil de ser solucionada”, afirma o empresário pontagrossense, que faz questão de frisar que o Iate Clube é quem mais conserva o manancial responsável por 60% do abastecimento de água de Ponta Grossa – os outros 40% são captados do Rio Pitangui. Ele é da opinião de que se o Iate Clube saísse daquela localidade, daí sim a represa sofreria danos ambientais consideráveis por conta da ação de pescadores e de turistas, que vão ao local apenas para se distrair nos finais de semana. “Nós, do Iate, amamos aquele lugar e para nós é um prazer poder usufruir a natureza”, diz Ivan Dias, lembrando até que se os Alagados é hoje uma área de preservação ambiental se deve, em parte, às cobranças e aos projetos desenvolvidos a partir de sugestão de antigas diretorias e associados da agremiação.

Infundada

O Conselho Fiscal do Iate Clube Ponta Grossa afirma que a acusação de que o clube comete crime ambiental é infundada. “Nos preocupamos com a preservação deste

espaço, que é nosso lazer. Gostamos de lá, possuímos casa, preservamos. Por que iríamos estragar? Temos autoridade apenas sobre os sócios. No estatuto existem artigos penalizando quem não o cumprir”, comenta o conselheiro e empresário, André Luiz Barcelos. Para o conselho, bem como para o vicepresidente, Antônio Carlos das Flores, as únicas duas casas, das 22, que estão irregulares, ou seja, dentro dos 30 metros de preservação ambiental a partir da margem, têm condições de se adequar à legislação. Ainda sobre a responsabilidade em preservar o meio ambiente, os conselheiros fiscais e proprietários de residências no clube alegam que o esgoto de suas casas não cai na represa. “Aquilo é nosso lar também, não teria porque nós poluirmos a água que nossas crianças brincam. Lá não temos mansões, temos casas de campo com esgoto que escoa dentro de fossas”, comenta o professor universitário aposentado e conselheiro, Wolfgang J. Meyer. Um Estudo da Poluição da Represa do Alagados Considerando a Área de Captação de Água para Abastecimento da Cidade de Ponta Grossa, realizado pelo Setor de Ciências Agrárias e de Tecnologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG -, em 1999, confirmou que a água próxima ao Iate Clube é a mais limpa na represa. As partes mais poluídas são as margens. Para os conselheiros, a conser-

vação do espaço do clube é visível na quantidade de pássaros que circulam entre as árvores do clube, tendo inclusive um tucano. “Sim, somos privilegiados, mas o Iate Clube não é um espaço restrito, quem quiser fazer parte basta comprar uma casa ali. Eu possuía duas casas, fui vender uma e demorou dois anos para que alguém se interessasse e foi por um preço ridículo”, lembra José Schell Júnior, professor de Direito e advogado. O lixo produzido pelos proprietários é recolhido por um trator

nos finais de semana. “A maioria das pessoas que tem casa no Alagados não mora lá, vai aos sábados e domingos para relaxar. Eu estou só esperando arrumarem a estrada, que está bem ruim, para me mudar”, brinca Barcellos. Os sócios do Iate Clube são proibidos de pescar ou de desenvolver qualquer tipo de caça. “Como eu disse, nosso controle é apenas sobre os sócios. Claro que se alguém estiver pescando por ali, vamos conversar com a pessoa, porque a presença inibe o crime”, acredita.


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O empresário Marcio Adriano Pauliki completou ontem mais um ano de vida e recebeu homenagem especial das voluntárias e crianças atendidas pela Rede Feminina de Combate ao Câncer. Márcio e sua esposa Fábia foram os padrinhos do Mc Dia Feliz deste ano. Na foto o casal com a vice e a presidente da RFCC, Lúcia Werner e Sueli Schmidt

‘Não te preocupes tanto se outros te esqueceram. O Sol aquece a vida em divino silêncio. Toda raiz se esconde para ofertar-te flores. A fonte que te ampara não pergunta quem és. Servir é um privilégio que o Céu te concedeu. Quando devas surgir, Deus te revelará. Em favor de tua paz conserve fidelidade a si mesmo. Lembre-se de que, no dia do Calvário, a massa aplaudia a causa triunfante dos crucificadores, mas o Cristo solitário e vencido era a causa de Deus. (De “Centelhas”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

Bom dia!!!

Familiares e amigos de Izaumara Samara a parabenizam pela passagem de mais um ano de vida. Iza comemorou a data no último dia 24, cercada de carinho da família. Felicitações a ela.

Cleucimara Santiago

Marcos Bastos

oeLPasetti

SERVIR

Cleucimara Santiago

Edison Luiz

Cleucimara Santiago

Registrando os irmãos e empresários Guaraci Ferreira ao lado da noiva Danúbia Marcovi, e Sandro Ferreira, leia-se Porto de Areia Brasil. Esta semana a família Ferreira presenteou a cidade de Telêmaco Borba com mais uma empresa da família Porto Brasil. Sucesso

Jefferson Vianna festejou na intimidade familiar mais um ano de vida Cleucimara Santiago

Margarida Santos Lima ainda recebendo felicitações de aniversário Tavinho Luck e MauroTeixeira, diretores da Revista Fix. Agradecemos o comentário na badalada revista que cita o Programa Léo Pasetti como líder de audiência nas tardes de domingo em circuito fechado, e diz mais: que em pesquisa realizada recentemente por uma empresa, no cabo, o programa vem sendo um dos lideres de audiência

A empresária Jacqueline Rebello vem fazendo muito sucesso com o Spaço Saude e Beleza. Alem de cuidar da pele, dos cabelos, da beleza, os profissionais cuidam do corpo e da mente de seus clientes com serviço de SPA, medicina alternativa e estética, tratamentos estéticos, massoterapia, salão terapia, manthus e muito mais. Informações 3225 4347

Cris Happen

Moção aplauso: Agradecemos a moção de Aplauso 215/09 recebida da Câmara Municipal de Ponta Grossa, pela comemoração dos 13 anos da TVM, a pioneira das TVs a cabo em Ponta Grossa. A honraria foi proposta pelo vereador Moisés Farias e assinada por todos os vereadores do legislativo.

Já estão circulando os luxuosos e criativos convites de casamento de Fernanda Nadal e Eduardo Pimenta, que acontece no próximo dia 5 no Clube Ponta Lagoa. Este colunista e a diretora comercial da TVM, Marilyn Schlosser , figuram entre os padrinhos do casal

Soprando velinhas : • Armando Madalosso Vieira Filho e Marcelo Derbli Schafranski, reservando este domingo especialmente para receber felicitações de aniversário • Ontem no Clube Princesa dos Campos, a jovem Fernanda Branco, filha do casal Alda e Rogério Branco festejou em alto estilo seus 15 anos de idade. O Dj Emanoel da Top Sonorizaçao comandou os embalos que animou a galera até altas horas • Ainda em tempo de cumprimentar Edy Anna Silveira Said pela passagem de aniversário Chorinho novo: O casal Gabriela e Marcos, e toda a família Roderjan, estão muito felizes com a chegada de Matheus Moro Roderjan. O robusto garotão nasceu no último 12 de agosto.


cultura

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Santa maldição?

Ele passou por Ponta Grossa e deixou de presente um olho d’água, ao qual se atribui água milagrosa e cristalina, além de diversas histórias, contos e curas. Como não foi bem recebido, lançou nessa terra uma maldição. Contraditório e Sagrado, essa é a complexa história do monge João Maria DANILO CORREIA

comons

“Diz-se que ninguém sabe quando ou como ele chegou. O certo é que um dia amanheceu acampado junto a um olho d’água, lá nos confins de Uvaranas, embora o local fosse distante da cidade e meio isolado, foi visto e não precisou de mais nada. Devagarzinho, de boca em boca, a notícia correu para todos os lados: - É ele. É o monge santo...” O trecho do livro ‘Como aconteceu volume 01 e 02’, da professora Maria de Lourdes O. Pedroso, conta como se deu a aparição do lendário monge João Maria em Ponta Grossa. O monge João Maria é uma figura muito popular, não só no Paraná, mas numa linha que vai do Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul. Em sua romaria, o andarilho solitário deixava de lembrança bênçãos, medicamentos e, de vez em quando, algumas maldições. Ponta Grossa foi privilegiada e vítima pelos benefícios e pela ira do velho misterioso. “Em quase todas as cidades do interior do Paraná, na Lapa, em Palmas e em outros estados, de Sorocaba, em São Paulo, ao Rio Grande do Sul tem, em sua história, a passagem do monge João Maria”, explica a professora, que em seus livros retrata histórias, causos e contos de Ponta Grossa e da Região dos Campos Gerais. A história da passagem do monge por Ponta Grossa é envolta em misticismo e de contrastante relação entre a fé e desconfiança em torno do andarilho. A maior recordação da passagem do personagem pela cidade está na Vila Ana Rita, proximidades do Núcleo 31 de Março, na Rua Afonso Celso, onde fica o olho d’água João Maria. Segundo a professora Maria de Lourdes, o monge se instalou no local, cultuado até os dias de hoje, e em pouco tempo atraiu a atenção de curiosos, doentes e desesperançosos,

Depois de mais de um século após sua primeira aparição em Ponta Grossa, o monge João Maria ainda leva fiéis até o olho d’água em busca de curas milagrosas. Não se engtane: em meio a tanta bondade se esconde um ermitão que lançou diversas maldições na cidade


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cultura

que passaram a acreditar no andarilho como um verdadeiro profeta. Famoso pelos seus feitos em outras cidades, os boatos se alastraram e a força da oralidade popular fez com que as pessoas atribuíssem ao nômade, que evitava convívio social e não aceitava recompensas pelas suas curas, a imagem de salvador. “Doentes incuráveis, doentes sem meios materiais, sofredores de amor e de ciúmes, necessitados de dinheiro e de esperança, enfim, toda a As aulas da rede municipal de ensino voltaram gente desalentada de recursos possíveis para lá acorreu”, relata a professora em seu livro. na semana passada. Vários pais, receosos, “No dia de domingo, se o senhor vier relutaram em mandar seus filhos de volta às aqui, vai ver o mundaréu de gente que vem escolas, observando cautelosamente os cuidados rezar pro monge”, a declaração de Palmiraede as providências tomadas para receber as Oliveira mostra o quanto a figura do monge crianças de volta em segurança é lembrada com devoção, por moradores de Ponta Grossa e visitantes de toda a região, que fazem do reduto um ponto de peregrinação da fé. “Já vi gente que vem de São Paulo pra procurar a cura aqui. No início eu não acreditava muito, mas já moro aqui há doze anos e vi cada coisa que fica difícil não acreditar em São João Maria”, diz Palmira, moradora e principal zeladora do olho d’água. “Tem gente que vem aqui para fazer batismos, para agradecer alguma promessa e, principalmente, pra pedir ajuda pro monge”, explica Palmira. Na fonte, onde fica a bica d’água, um pequeno barracão, onde estão depositadas centenas de imagens de santos, pés e mãos feitos em cera e gesso, várias fotos de pessoas que dizem ter recebido o auxílio do monge em alguma dificuldade, e o próprio cheiro do esgoto não espantam quem? seja por saúde, emprego, amor. “A Prefeitura os fiéis e visitantes que, além de promover pintou as paredes, daí a gente teve que tirar batizados ( parecidos com os do ritual algumas fotos e algumas imagens de santos católico, onde a água é apenas despejada sob quebrados, que as pessoas deixam por aqui. a cabeça), bebem da água e ainda levam para Era um monge de estatura meã, entroncado; Hoje eu aviso as pessoas pra não deixar essas casa o que dona Palmira nomeia de ‘barrinho os cabelos crescidos e encanecidos e a barba imagens e nem acender velas coloridas”, milagroso’. “Aqui, atrás da imagem do monge, cerrada e branca, trazia-as em desalinho; na face tem esse ‘barrinho’, e há muita gente que leva conta Palmira. enegrecida e tostada pelo sol, os olhos azuis Mesmo aos cuidados de Palmira, o pra casa pra passar em feridas. É um remédio tristes e fundos tinham fulguração estranha olho d’água tem um clima sombrio, frio e pra quem acredita, tem gente que até come de místico: um gorro felpudo na cabeça, um pouco assustador. Em meio à poeira esse barrinho, mas eu não ponho na boca”, umas calças curtas que deixavam à mostra os acumulada pelos anos, quadros de santos, declara Palmira. cordões da ceroula e um paletó curto e riscado, imagens do monge e até mesmo uma recente de algodão, constituíam sua modesta, mas AS LENDAS E PRAGAS DO MONGE homenagem à ‘santa’ paranaense, Maria limpa, indumentária. Completando-a, umas Bueno. “Essa estátua é uma promessa que alpercatas e um cinto de couro cru, fabricados Tamanha influência de João Maria nas fizeram pro monge e pra Maria Bueno e por ele mesmo. Ao pescoço trazia um colar de vieram cumprir com a palavra”, aponta terras pelas quais passava que, além das “lágrimas de Nossa Senhora”, a tiracolo uma Palmira, que diariamente é testemunha das curas, ele deixou sua marca em Ponta Grossa guampa com água, às costas um saco com mais diferentes manifestações de fé. Fitas por algumas maldições que lançou contra a alguma roupa, uma caneca, a cuia e a bomba coloridas, vindas de Aparecida do Norte e cidade. O velho, de barbas longas e de visível do chimarrão e uma lata que servia a guisa de até mesmo de Padre Cícero, aclamado no voto de pobreza, amaldiçoou a cidade, uma, marmita. Carregava também uma caixinha, que nordeste brasileiro, são encontradas no olho duas, três vezes? Já não se sabe. Hoje, as à maneira de pequeno oratório, encerrava uma d’água, prova do sincretismo religioso e da histórias e as más profecias ditadas por João imagem de Nossa Senhora da Abadia. heresia a que a Igreja condenava os seguidores Maria fazem parte do folclore popular num A descrição acima, do livro “Fanáticos: crimes misto de lenda e pavor. de João Maria. e aberrações da religiosidade dos nossos Existem dúvidas sobre quantos monges A água cristalina, dita limpa e milagrosa, caboclos”, de Luis Ávila descreve a imagem que fica cercada por um esgoto que passa nos existiram com o mesmo nome, com os a população fazia do velho e estranho monge. fundos do olho d’água. É impossível imaginar mesmos estereótipos, atraindo multidões, Por mais de quatro gerações, a história, os que a água que sai da bica não esteja como é contado por Maria de Lourdes: causos e a fé em João Maria fizeram da figura contaminada. Mesmo a imagem da poluição “Foram três monges, mas só os dois primeiros do monge um mito popular em quase toda região Sul do país. Vivo na memória, diz a lenda que o monge morreu pelo menos três vezes. A história de João Maria é complexa e pesquisas Fotos, imagens de santos apontam para existência de mais um individuo quebrados, placas de que perpetuou e usou a fama de João Maria. agradecimento e fitas Contudo, como atesta em sua tese de mestrado de devoção de Nossa em Ciências da Religião, o estudioso Gilberto Tomazi admite que “há apenas indícios, mas Senhora Aparecida, não existe fundamentação histórica, nem Padre Cícero e ainda um registros que possam afirmar que existiu mais estátua em reresentação um profeta”. à ‘santa’ Maria Bueno. No Em 1850, ele esteve na cidade da Lapa, onde olho d’água, a fé não tem ainda hoje milhares de crentes, todos os anos, fronteiras. acendem velas e cumprem as promessas junto à pedra onde ele dormia (Gruta do Monge). Segundo o livro do historiador Vinhas Queiroz, João Maria passou em Rio Negro e Lages, mas voltou ainda uma vez a Sorocaba, onde morreu em 1870. Mas está é apenas uma parte da história do velho santo.

Identidade

Palmira é vizinha e fiel zeladora do reduto onde fica o olha d’água. Ela diz que em princípio não acreditava no monge. “Eu já vi tanta coisa aqui, que fica difícil não acreditar” passaram por aqui. O terceiro era guerrilheiro e participou da guerra do Contestado; os outros dois eram pacifistas e evitavam convívios demorados”, explica a professora. “Cada conto aumenta um ponto”, diz a professora Maria de Lourdes. Em seus livros “Como aconteceu 01 e 02”, ela reproduz dois causos da passagem de João Maria pela cidade e diz que outras histórias que surgiram fazem parte do imaginário popular, sendo comuns na cultura da oralidade. Um dos causos conta como o monge salvou a vida do menino José Ribalski, que vivia no distrito de Entre Rios, atual Guaragi. O menino já estava entre a vida e a morte quando o forasteiro chegou. Observando o estado da criança, o visitante, que todos acreditam ser João Maria, deu três sopros na boquinha do menino, que reagiu em seguida. A professora conta que o monge nunca aceitava pagamentos pelas suas curas, “Ofereceram o paiol para passar a noite, mas ele também não quis. Pediu apenas um pouco de água para o chimarrão e, sem mais, acomodou-se sob a laranjeira, ali mesmo, no quintal”. No outro dia, depois de um forte vendaval, não havia nenhum sinal do ermitão. Outro causo, lembrado pela professora em seu livro, se intitula “ de como Ponta Grossa quase foi arrasada”, que remete a uma antiga cidade de ruas empoeiradas e meninos mal educados. “Diz-se que, numa manhã de geada forte com um céu muito azul e sol gostoso, o andarilho apareceu. Não era velho, mas por moço também não poderia passar. Veio chegando, num andar firme, lá dos lados de Uvaranas. (...) A veneranda barba e o bonito gorro de pele de onça na cabeça destoavam das roupas pobres. A ceroula aparecia indiscreta sob a barra da calça muito curta, e os pés metidos em grosseiras sandálias de


cultura tentos, estavam inchados e roxos de frio” Vendo a cena, meninos que brincavam na rua provocaram o velho monge, lançando apelidos e gozando de seus trajes. Sem dar atenção, o monge continuou seu caminho, ignorando os meninos e as chacotas. Não satisfeitos, os meninos passaram a jogar pedra no velho, que , quando acertado violentamente por uma pesada pedra, virouse e proferiu: “– Cidade mal educada, as pedras que agora me ferem voltarão, um dia, multiplicadas sobre vocês. E, neste dia, de Ponta Grossa não restará pedra sobre pedra”. “Em 1906 aconteceu uma forte chuva de granizo que quase arrasou a cidade”, diz a professora Maria de Lourdes. “Se foi a praga do monge ninguém sabe. Ele amaldiçoou Guaragi também, quando foi mal recebido em uma fazenda, jurou que o distrito não se desenvolveria e ficaria parado no tempo” narra a professora. Além dos causos, descritos nos livros de Maria de Lourdes, outras histórias povoam o imaginário dos pontagrossenses. No livro “Os Campos Gerais: uma outra história”, a autora Guísela Velêda Frey Chamma conta em um capítulo, dedicado ao monge, outra versão da maldição: “Nas proximidades do Largo do Rosário, o monge parou para pedir algum alimento. Mais uma vez, meninos mal educados importunaram o velho que, com seu cajado, passou a correr atrás deles. As mães, preocupadas, também passaram a agredir o monge, ameaçando chamar as autoridades. “ Ele parou e empunhando seu cajado gritou para as mulheres raivosas e seus filhos: - Lugar amaldiçoado, de gente má e invejosa. Chegará um dia, quando as casas forem tão altas, quando chegarem perto das nuvens, em que haverá um vento tão forte que derrubará tudo, destruindo muita coisa e matando muita gente. Então, virou-se e foi embora, deixando as mulheres e os meninos sem entenderem muita coisa”. Maldições ou coincidência, profecia ou apenas palavras ao vento, essas entre outras histórias são contadas, de geração em geração, mantendo viva a passagem do Monge João Maria por estas terras. “Diz-se que, onde o monge dormia, por maior que fosse a tempestade, a chuva não pegava nele”, conta Palmira, que diariamente recebe pessoas no terreno em frente a sua casa e conta, com riqueza de detalhes, as benfeitorias de João Maria, que, para ela, são maiores que qualquer maldição.

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O RUMO DA HISTÓRIA

GUERRA DO CONTESTADO A maior contribuição histórica da mística figura de João Maria está na sua influência “indireta” na eclosão da guerra do Contestado. A professora Maria de Lourdes O. Pedroso conta que a Guerra do Contestado foi uma das guerras civis mais violentas do Brasil, sendo comparada à Guerra de Canudos. Ainda segundo Maria de Lourdes, a importância histórica do Contestado acabou ‘abafada’ pela pérola literária do jornalista Euclides da Cunha, “Os Sertões”. No livro de Maurício Vinhas, 1977, a Guerra do Contestado, 1912 a 1916, foi o resultado do acúmulo de injustiças sociais sofridas, por décadas, pela população sertaneja da região. As tensões advinham, principalmente, do anseio por um pedaço de terra, bem-estar e segurança para as famílias camponesas. Dominada por coronéis e negligenciada pelos governantes, essa região foi o cenário de uma das mais sangrentas rebeliões ocorridas no Brasil republicano, deixando de saldo cerca de seis mil sertanejos

e mil soldados do governo mortos. Os motivos que levaram à guerra foram dois fortes golpes dados contra a população rural do país no século XIX: a Lei Agrária de 1850 e a Constituição de 1891. Até a imposição da primeira, o simples apossamento de uma área garantia sua propriedade. Após a lei, as terras passaram a ser de posse e de administração do governo, que faria o que bem entendesse para um melhor “desenvolvimento” do país. Na Constituição, as terras do Estado passaram a ser de responsabilidade dos governos estaduais. Estes, por sua vez, distribuíram essas terras aos coronéis. Já os sertanejos, foram expulsos de suas terras por não possuir nenhum registro em cartório. O grande estopim para insatisfação dos caboclos foi a concessão dada em 1908 à empresa inglesa Brazil Railway Company, para a construção da estrada de ferro São Paulo- Rio Grande do Sul. O acordo dava à empresa 15 quilômetros de terra para ambos os lados dos trilhos e que passariam exatamente sobre o território Contestado. Mais de 34 mil quilômetros quadrados foram dados de presente para estrangeiros. Logo em seguida à construção, a empresa adquiriu 180 mil hectares de floresta de araucária, por quantias irrisórias para a época. Os sertanejos foram mais uma vez expulsos. Para a construção da São Paulo-Rio Grande foram trazidos cerca de oito mil operários de todo o país, que aos poucos iam sendo demitidos e abandonados na própria região. Este contingente juntou-se aos sertanejos desapropriados. Seriam eles os futuros rebeldes que, naquele momento, foram obrigados a pegar em armas para obter melhores condições de vida. É neste momento que surge a figura messiânica de alguns “ João Maria”. O primeiro foi o monge Gian-Maria d’Agostini, italiano de Piemonte que registrou

“Era um monge de estatura meã, entroncado; os cabelos crescidos e encanecidos e a barba cerrada e branca, trazia-as em desalinho; na face enegrecida e tostada pelo sol, os olhos azuis tristes e fundos tinham fulguração estranha de místico: um gorro felpudo na cabeça, umas calças curtas que deixavam à mostra os cordões da ceroula e um paletó curto e riscado de algodão, constituíam sua modesta, mas limpa, indumentária”

sua entrada no Brasil em 1844. Assinalara como profissão “solitário eremita”. Três anos depois de sua chegada, João Maria, como se intitulava, desceu para o sul, onde ergueu capelas e cruzes nos arredores de Santa Maria da Boca do Monte (SC). Não dormia na casa de ninguém, mas na floresta. Comia frugalmente, açoitava-se em penitência e entoava cantos e orações, solitário, madrugada adentro. Logo estaria juntando cerca de 200 pessoas em romarias, atrás de qualquer cura para suas aflições. Diziase inspirado por Deus e passou a ser visto pelos sertanejos como um santo milagreiro. Os locais onde dormia, bebia água, as cinzas de sua fogueira, tudo era santo para os seus seguidores. Um dia, João Maria foi embora, deixando várias versões para seus últimos dias, algumas datadas de 1890 e outras de 1908. Mas um dia João Maria voltou. Na verdade, era outro João Maria. Chamava-se Anastás Markaff, um imigrante “nascido no mar e criado em Buenos Aires”. Foi confundido na religiosidade cabocla com o primeiro João Maria, a ponto de os fiéis acreditarem que ele tinha 180 anos. Sem dados históricos muito precisos, diz-se que chegou em Santa Maria por volta de 1890. Pregava a penitência e profetizava calamidades, inclusive a guerra do Contestado, sendo, porém, singelo e bondoso. Tal como o primeiro, não deixou rastro. Desapareceu ainda antes do final da primeira década do século XX. Ex-soldado do Exército, desertor, o terceiro monge era mais um rebelde do que um místico. Miguel Lucena de Boaventura se intitulava S. Miguel ou José Maria, irmão do profeta João Maria. Ao contrário dos dois monges anteriores, gostava de popularidade e tinha na cintura uma espada de combate. No meio de gente tão desgraçada, a figura de João Maria era tida como mensageiro de Deus, captando os anseios dos deserdados, tornando-se um porta voz das angústias dos caboclos do Contestado. Aos poucos, João Maria foi sendo recebido e divulgado como um homem de Deus. O monge guerreiro deu a esperança que os sertanejos precisavam. Mesmo perdendo a Guerra para o exercito republicano, a memória, a história e a lembrança, mesmo que confusas, ainda exercem grande influência entre os “descendentes” do Contestado. Suas constantes peregrinações de um lugar para outro, a renúncia aos bens materiais e certo rigorismo moral levaram-no a dar nova identidade aos caboclos: a de filhos de Deus.


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cultura O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO AGORA? Foi com essa questão que o curador da I Bienal de Curitiba iniciou a coletiva de imprensa do evento. Afinal, o que você está lendo agora? O quê? A preocupação com novos leitores, educação, cultura e meio ambiente transforma a capital paranaense, na capital da leitura, pelo menos por essa semana DANILO CORREIA

Para responder à pergunta, título dessa matéria, Curitiba reúne editoras, livreiros, distribuidores, pontas de estoque e sebos nacionais e internacionais, escritores e artistas e organiza a sua primeira Bienal. Para realização do evento foram investidos mais de R$ 1 milhão, além do esforço de mais de 320 profissionais, organizando 70 estantes, completando um espaço de 8,5 mil metros quadrados. Se a distância do centro de exposições ExpoUnimed não impedir, a previsão é de um público de pelo menos 50 mil visitantes. Muitos números? Pois esta é uma feira onde quem reina é a literatura, seus escritores e leitores. O termo Bienal designa um evento, geralmente com diferentes manifestações culturais, que acontece de dois em dois anos e é aguardado com ansiedade pelos participantes e convidados do evento. Depois da famosa Bienal de São Paulo, agora é a vez de Curitiba investir na arte e, principalmente, na literatura. Na quinta-feira, 27, começou o maior evento do Sul do país dedicado ao contato de escritores e leitores e também à venda de livros. Finalmente, em 2009, a I Bienal de Curitiba sai do papel. O evento que já era programado desde o ano passado finalmente chega ao público paranaense. A bienal de Curitiba terá características bastante próprias. Em diversos lugares do mundo, as bienais passaram a ser mais focadas na venda de livros do que concentradas na literatura

Na coletiva à imprensa, os organizadores da I Bienal comentam a importancia do evento para o Estado em si. Na capital paranaense, isto não deve acontecer. A cidade tem grande vocação literária e a bienal deve contemplar diversas questões referentes à contemporaneidade”, comenta Alcione Araújo, curador do evento. Contando com convidados de renome na literatura nacional, na cultura, na educação e no meio ambiente, a I Bienal de Curitiba tem a curadoria do escritor e dramaturgo Alcione de Araújo. Mineiro, ele é responsável por textos que tomaram os palcos do país e foram reconhecidos internacionalmente. Araújo, além de dramaturgo, é telenovelista, romancista, cronista, filósofo, roteirista e colaborador de vários jornais, fruto de mais de trinta anos dedicados ao fascínio das palavras. Parte da organização dessa edição pioneira da Bienal deve-se ao trabalho de Alcione, que estabeleceu a proposta de uma Bienal diferenciada na capital paranaense. Com base no tripé: educação, literatura e meio ambiente, essa é a primeira Bienal temática do país,

com intuito de promover grandes debates nas relações da cultura em defesa do planeta. “Com o planeta ameaçado, não tem como planejar um evento literário que não trate destas questões. Curitiba tem tradição em projetos ambientais e leva a sério a preservação há muito tempo. Agora chegou a vez de ser uma cidade preocupada em formar novos leitores”, diz Araújo. A programação da Bienal vai promover a exposição de livros e divulgar novos autores e seus lançamentos. Segundo os organizadores, a maior dificuldade se deu na tentativa de tornar o evento bem mais que apenas uma feira de venda de livros. “ A ideia é transformar o que seria um balcão de negócios em um ambiente que explore o processo de criação do livro, debatendo o que vem antes e depois dele. Vai trazer debates e discussões sobre autores, temas, processo de criação, o leitor, a dificuldade de encontrar e formar leitores e a interferência da mídia”, explica Julcio Torres, da agência de comunica-

Do Centro de Letras do Paraná, Luís Renato, fala sobre o concurso de monografia sobre o Barão do Serro Azul

ção Esfera, responsável pela organização do evento. O modelo ousado adotado na Bienal curitibana é uma tentativa de resgatar e criar o hábito da leitura, o que o curador Alcione Araújo entende que se perdeu devido ao sistema de educação ao qual o país está submetido durante muitos anos. “A educação e a cultura eram irmãs siamesas”, explica. Para Alcione, as escolas atuais já não formam mais leitores. “ Estamos em meio a uma crise cultural, à falta de qualidade no ensino e ao desrespeito ao meio ambiente”, reflete. Este projeto de Bienal quer preencher a necessidade de juntar essas duas irmãs (cultura e educação) e inserir políticas de preservação ambiental no aprendizado de jovens e crianças. ESPAÇOS Com uma preocupação voltada ao público jovem e infantil, a Bienal também está atenta para agradar outros universos de diferentes faixas etárias. A programação diversificada ocorre simultaneamente em oito espaços dentro da ExpoUnimed. O principal auditório foi denominado Paulo Leminski, em uma homenagem ao grande nome da literatura e da poesia paranaense. Para sediar minicursos do projeto Literatura e Ensino e a apresentação de filmes e documentários, a organização do evento criou o espaço Cinebienal, onde serão apresentados o documentário sobre sustentabilidade ‘Home – nosso planeta, nossa casa’, do grupo FNAC, o documentário de Rui Vezzaro, ‘Cinerário’, e o novo filme de Beto Carminatti, ‘ As muitas vidas de Dário Veloso’. Também na programação há diversos filmes franceses em alusão ao ano ‘França no Brasil’, que completam as atrações da sala. Durante o evento, a história do Paraná não ficará de fora. O Centro de Letras do Paraná lançará o primeiro Concurso de Monografia do Herói Na-


cultura

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cional Barão do Serro Azul, voltado a estudantes do ensino superior e com premiação em dinheiro. Realizado no auditório Memorial, o concurso é tematizado sob a figura histórica do emblemático Barão do Serro Azul. “Um dos responsáveis pela emancipação do Paraná, o Barão foi um herói de nosso Estado. Grande empresário de erva-mate, acabou morto pelas tropas governistas durante a revolução Federalista. O concurso é uma forma de trazer a lembrança desse grande cidadão paranaense. A história do Paraná é muito rica, mas pouco conhecida e este concurso é uma forma de reverter esse quadro”, diz o presidente do Centro, desembargador Luís Renato Pedroso. Outro espaço criado para essa primeira edição da Bienal é o Conexão Geral. Voltado para crianças e adolescentes, a sala receberá autores e outras figuras importantes em palestras, oficinas e bate-papos sobre suas obras e outros assuntos de interesse do público, como novas mídias, blogs, moda, animação gráfica, 3D e ainda contará com a performance de um DJ. MESAS NOBRES E GRANDES NOMES Autores celebrados dentro do cenário da literatura nacional, grandes nomes do teatro e da música estarão, durante a Bienal, invadindo o tradicional espaço da ‘Boca Maldita’, no calçadão da rua XV de novembro. O espaço chamado Café Literário será o palco de debates e discussões com diferentes figuras da cultura nacional. Para este evento, que acontecerá nas tardes e noites, estão confirmados nomes como os autores Carlos Heitor Cony, Rubem Alves, João Gilberto Noll, Moacyr Scliar, Cristovão Tezza, Arnaldo Bloch, Regina Zibermann, Miguel Sanches Neto, Antonio Secchin, Clarah Averbuck, além da atriz Marília Pêra e o maestro João Carlos Martins, entre outros nomes. Muitos dos autores, além do contato direto com o público, na Boca Maldita, estarão presentes nas mesas de discussão, que acontecem durante todas as noites do evento, a partir das 19h30. Na sexta-feira dia 28/08, a primeira palestra “Salvar o planeta – responsabilidades e estratégias” contou com o teólogo Leonardo Boff, representante do Brasil e da Comissão Carta da Terra, a ex-ministra do Meio Ambiente, a senadora Marina Silva e o atual diretor geral do Brasil na Itaipu Internacional, Jorge Samek. Ontem, sábado, foi dia dos escritores mais concorridos e premiados que marcaram presença na Bienal: Carlos Heitor Cony e Moacyr Scliar participaram da mesa sob o tema : “ O Romance morreu, viva o Romance”. “Literatura em perigo? Obras ou críticos” será o tema debatido por Miguel Sanches Neto, Wander Melo Miranda e Regina Zibermann nesta segunda-feira (31/08). Bibliografias, novos leitores, novas mídias, fronteiras imaginárias: o real e a invenção do romance são alguns dos temas que estarão na pauta e na ponta da língua dos escritores e participantes em geral da ‘mesas nobres’ da Bienal de Curitiba durante essa semana. UNIMULTIPLICIDADE A cultura domina o espaço do Largo da Ordem. O endereço conhecido

pela famosa feirinha hippie é o espaço onde acontecerão as intervenções artísticas e, também, onde rolam ‘altos papos’ com personalidades que participam do evento. Um palco montado recebe apresentações diárias de orquestras, corais e pockt shows com Jair de Oliveira, Leo Link e Tiê. O tenista Fernando Meligeni, o autor Ru-

Alcione, o curador da Bienal de Curitiba, diz que o evento busca a discussão sobre literatura e meio ambiente. ‘Com o planeta ameaçado, não tem como planejar um evento literário que não trate destas questões’, diz

bem Alves e Kid Vinil também estão no Largo para ‘trocar uma ideia’ com os transeuntes. No auditório Helena Kolody acontecem as oficinas de conto, romance, crônica e poesia, além de palestras sobre cultura, educação e meio ambiente em diversos temas específicos. O carioca Antonio Carlos Secchin, membro da Academia Brasileira de Letras e reconhecido internacionalmente por suas obras, nos dias 29, 30 e 31 de agosto, ministrará a oficina de poesia. Já nos dias 2, 3 e 4 de setembro, é a vez de Antonio Torres comandar a oficina de contos e crônicas. O autor baiano tem 11 livros publicados, grande parte traduzida para Europa, é um dos nomes mais importantes para a literatura de sua geração. E para finalizar as oficinas, o pernambucano Raimundo Carrero, autor de mais de 15 romances, de uma bibliografia e dois livros de ensaio, ganhador de vários prêmios é o ministro da última oficina da Bienal. Nos dias 2, 3 e 4, o autor recebe admiradores e alunos para a oficina de romance, das 11 às 13h. Sem o gigantismo das bienais de São Paulo e do Rio de Janeiro, o curador Alcione Araújo contou com o auxílio e a participação de vários expoentes da literatura paranaense na concepção da programação. Esteve reunido com vários deles durante a montagem do projeto. Agora, na Bienal, participam como mediadores de mesas nobres e em cafés literários. “Para uma cidade que é conhecida por ser arredia, altiva, austera e muito crítica, buscamos montar um modelo com atrações que contemplem as necessidades locais com oficinas, palestras, apresentações de música, teatro e mostra de vídeos. Agora queremos contar com a participação e avaliação do público de Curitiba para já planejarmos a próxima Bienal da cidade”, desafia Araújo.


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vivabem

SEU PEDACINHO NO MUNDO MERECE TODO

CUIDADO “Depois de um dia estressante de trabalho, nosso melhor refúgio é o confortável sofá da sala. “ Nossa casa é o melhor lugar do mundo, ela nós dá segurança. Mas este paraíso pessoal pode tornar-se um pesadelo quando não está em ordem. Ações simples podem ajudá-lo a melhorar este espaço e deixar seu cantinho perfeito. Você nunca encontrará sua chave se não tiver um lugar para colocá-la. Também um espaço para colocar sua bolsa e algum casaco. Isto vai evitar que a bagunça se instale. Um chinelo gostoso para usar. Este costume oriental de não entrar com os sapatos usados na rua é uma ideia que está sendo muito adotada. Também um espaço para a correspondência e revistas, que você acabou de pegar. Deixá-

las jogadas não é o ideal. Você pode até perder alguma conta. Quando você entrar pela porta da sua casa deve deixar todos os problemas do lado de fora, respirar fundo e relaxar. Se estiver livre de bagunça sobrará mais tempo para fazer coisas de que você gosta ou até não fazer nada. Outra coisa que desanima é encontrarmos a pia cheia de louça no fim do dia. Na cozinha, à medida que vai usando as coisas, já vá lavando. É muito gostoso voltar para casa sabendo que tudo está em ordem, sem aquela bagunça antiga. Entretanto, devemos lembrar que não somos os únicos que vivemos em nossa casa. Muitas vezes nossas maiores ajudantes da manutenção do lar são as funcionárias domésticas. Elas devem ser orientadas adequadamente, pois não sabem como gostamos das coisas. A missão desta funcionária é resolver os problemas cotidianos de uma casa, permitindo que seus moradores tenham mais tempo para seus afazeres pessoais. É ótimo chegar a casa e ter um ambiente limpo, agradável, comida pronta e a roupa lavada, livrar-se das preocupações do dia a dia e descansar. Existem alguns pontos que poderão fazer a diferença no desempenho de sua funcionária: - Demonstre que você

DICAS ECUIDADOS Administrar uma casa requer alguns cuidados, principalmente quando falamos em contratação de funcionários domésticos, leis trabalhistas etc. Veja algumas dicas para ser um bom empregador e evitar problemas. 1. Assine a carteira de trabalho do empregado, desde o primeiro dia. 2. Pague sempre o salário mínimo que é devido a todo trabalhador brasileiro. 3. Para o período de teste, pode-se fazer um contrato de experiência de 30 a 90 dias. Nesse período, caso o empregado seja dispensado, não haverá outro ônus, além do pagamento dos dias trabalhados. 4. Recolha a contribuição ao INSS, que é de 8% do salário registrado. 6. Outros direitos do trabalhador doméstico: 13° salário, férias e um descanso semanal remunerado. 7. Licença-maternidade de 120 dias, licença-paternidade de cinco dias, auxílio-doença e aposentadoria. 8. Os trabalhadores do lar são amparados por lei federal, são eles: jardineiro, motorista, auxiliar de enfermagem e qualquer outro profissional que preste serviço em uma residência. 9. Esses profissionais não têm direito a horas extras e adicionais noturnos e nem ao recolhimento do FGTS, mas nada impede um acordo entre as partes. 10. Na dispensa de um empregado, seja claro e pague todos os direitos trabalhistas. 11. Por fim: pegue recibo de todo e qualquer pagamento. Nunca deixe isso para depois.

sente-se a vontade para ensinar e dar direções, que ela pode pedir informações e assim vai se esforçar para aprender mais rapidamente sua função. Não ficará com medo de errar e ser repreendida. - Deixe que ela participe do processo, pois as contribuições da funcionária são fundamentais. Dê autonomia a ela, pois uma pessoa se sente motivada se puder exercer sua criatividade e tomar decisões. -Veja o lado humano de sua funcionária. Ela tem que saber que pode contar com você para vencer as dificuldades pessoais dela. Comunicação é fundamental. Algumas palavras antes de sair de casa e uma pequena supervisão no serviço da funcionária quando voltar do trabalho é

fundamental. - Lembre-se que todos precisam de reconhecimento. Elogie na frente de outro funcionário ou das pessoas que moram na casa. Ela se sentirá orgulhosa do seu serviço ter sido reconhecido como bom. - O bom relacionamento, normalmente, é construído com tempo, paciência e compreensão. O trabalho doméstico é muito amplo e requer disponibilidade de tempo, além da exigência de que seja realizado de forma correta e higiênica. Facilitar a vida da dona-de-casa no treinamento de sua emprega-

da pode ser uma tarefa difícil e muitas vezes pode requerer acompanhamento profissional. Aqui em Ponta Grossa, já existem serviços que podem ajudá-lo nos treinamentos e até auxiliar em assuntos de difícil abordagem. Nestes treinamentos são abordados temas como: saúde e higiene, primeiros socorros, preparo dos alimentos, arrumação da mesa, equipamentos domésticos, arrumação e limpeza da casa; cuidado e conservação dos móveis, cuidados com o vestuário, atendimento ao telefone e à porta; higienização das mãos, ética profissional e relacionamento de trabalho.

Por: Isabella Meneghin Gomes e Thays Pereira Jorge e-mail: hygien_consultoria@hotmail.com www.hygienconsultoria.blogspot.com


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deembarque deembarque

COSTA RICA, PURA VIDA ONDAS PODEROSAS E PERFEITAS, MATA VIRGEM E MUITA ADRENALINA. ESTE É O DESTINO DE UM PONTAGROSSENSE AVENTUREIRO FABRÍCIO BICUDO

Viajar, partir em busca de novos horizontes. Porém, cada destino depende muito do perfil do viajante. Hotéis de luxo e conforto muitas vezes não é a ideia. Pelo contrário, o que interessa é o sabor da aventura em lugares afastados de tudo. Assim, o ponta-grossense, Cauê Alves de Quadros, 34 anos, chef de cozinha, foi até Costa Rica e achou o que queria. Tanto, que pretende até ficar por lá em definitivo. “Para quem busca adrenalina e ondas perfeitas, a Costa Rica é uma ótima alternativa”, afirma ele. Além das comodidades dos hotéis tradicionais, acompanhados de toda a parafernália dos pacotes de viagem existentes na Costa Rica, há também opções e locais onde o indivíduo pode se isolar e integrar-se perfeitamente à natureza selvagem que existe por lá. A Costa Rica é um país da América Central, limitada ao norte pela Nicarágua, a leste pelo mar das Caraíbas e pelo Panamá e a oeste pelo oceano Pacífico. É também costarriquenha a ilha do Coco, no mesmo oceano. A capital é San José e o idioma é o espanhol. O terreno é constituído por um conjunto de cordilheiras escarpadas que atravessam o país de no-

roeste para sudeste, as Cordilheiras de Guanacaste e Talamanca, leadeadas por planícies costeiras de largura variável, sendo que as maiores são as do nordeste e o largo vale do rio Tempisque, a noroeste. As montanhas estão semeadas de vulcões, alguns dos quais ativos e atingem a máxima altitude no Cerro Chirripó, com 3.810 metros. A capital, San José, é a maior cidade do país e situa-se na zona das cordilheiras. Outras cidades importantes são Alajuela, próxima de San José, Puntarenas, na costa do Pacífico, e Limón na costa caribenha. O clima é tropical e subtropical, dividido em estações de seca e de chuva. Tudo isso cativou Cauê, que após uma breve estadia, gostou tanto do lugar que pretende até viver lá. “Para mim, o que interessa naquele país são as ondas e o alto astral”, enfatiza entusiamado. As ondas perfeitas e tubulares, água quente e transparente , fazem da Costa Rica um local ideal para o surf de alta performance. “É um lugar mágico, sem estresse e que faz bem para qualquer um que goste da natureza, principalmente do mar e das ondas”, define Cauê, que pretende ir embora do Brasil de vez e abrir uma pousada num lugar paradisíaco chamado Playa Negra. “Quase nunca paro em Ponta Grossa. Já morei em muitos lugares, como Nova Zelândia e alguns

Aventureiro, Cauê chegou à Costa Rica e ficou tão entusiasmado, que pretende fixar residência numa praia selvagem e com ondas perfeitas. países da Europa. Recentemente estava em Florianópolis. Então, surgiu a oportunidade de ir para a América Central em busca das ondas. Era uma ideia antiga, desde os tempos em que eu ia para Ilha do Mel, com um velho amigo e parceiro de surf. Descobri a Costa Rica e o país me cativou muito, as ondas são alucinantes. Espero me mudar para lá assim que puder”, contou Cauê, que apesar de ter nascido nos Campos Gerais, surfa desde os 14 anos.

Como um cigano, as viagens dele fogem dos meios convencionais de um turista normal. Primeiro porque sempre vai sozinho e busca se manter o maior tempo possível nos lugares, sempre em busca de trabalho. “Sou chef de cozinha e também conheço alguma coisa em foto e vídeo. Assim, tento sobreviver nos lugares que visito, tentando algum ganho para sobrevier. Procuro me integrar com os moradores e isso é muito

bom. Assim, conheço muita gente legal e interessante”, explica.

A Costa Rica tem lugares fantásticos para a prática do surf, como esta onda quebrando solitária, na Playa Negra.


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A fauna é composta por uma variedade de animais selvagens, como esta macaco Bugiu NATUREZA EXUBERANTE Cauê conta que a Costa Rica tem lugares que parecem ter sido esquecidos no mundo, resguardando uma beleza quase virgem da natureza. Cerca de 30% são cobertos por uma exuberante floresta tropical úmida, especialmente na costa leste, enquanto na costa oeste há alguns remanescentes da floresta tropical seca. Os bosques possuem ricas reservas de ébano, balsa, caoba e cedro, além de robles, ciprestes, manglares, helechos, guácimos,

ceibas e palmas. O país conta com mais de 1000 espécies de orquídeas, sendo Monteverde (no centro do país) a região com a maior densidade de orquídeas do planeta. Ao todo, a Costa Rica abriga mais de 10.000 espécies de plantas. Abundam os animais selvagens como o puma, o jaguar, o veado, o macaco, o coiote, o tatu, os crocodilos e umas 850 espécies de aves, entre as que se destacam são o quetzal, o jilquero e o colibri. Mais ou menos 38% da superfície total do país encontram-se cober-

O povo local é receptivo e o alto astral faz do litoral da Costa Rica uma verdadeira festa

O pontagrossense, Cauê, desfrutando da perfeição e força das ondas costa-riquenhas, na Playa Negra.

tas de bosques e selvas e 25% do território está protegido. A Costa Rica é o país com maior variedade de flora e fauna de toda a América Central. Nesse habitat, Cauê esteve pouco mais de um mês morando numa pousada alternativa na Playa Negra, litoral norte, pelo lado do Pacífico. Ele conta que da janela vê e se ouve os gritos selvagens dos macacos bugiu, sob uma orquestra de outros inúmeros pássaros do lugar. “É uma sensação muito boa. Conheci e surfei em lugares como Hermosa, Avelhanas e Tamarindo, um pouco mais ao sul. Procurei fugir do turismo convencional e encontrei lá uma sensação de que o mundo vive em paz”, resume Cauê. As boas ondas que quebram na Costa Rica, atraem surfistas de todos os lugares do mundo e isso torna tudo muito especial. “Sem dúvida é um lugar que vai mexer com a adrenalina, principalmente se você optar em partir para lugares como a Playa Negra. Para quem gosta de simplicidade, mato, animais selvagens e surf, é um verdadeiro paraíso. É para quem não tem frescura. Na época das chuvas, tem que ficar esperto nas trilhas, por causa dos crocodilos”, alerta Cauê. Outra particularidade torna a Costa Rica um país diferente dos demais, até mesmo na própria constituição de 1949. Lá não tem exército. A ordem é mantida pela guarda civil e por um corpo de guardas rurais, no interior. O país, de regime democrático, apresenta um nível de segurança pública intermediário, sendo que os cidadãos são muito hospitalei-

Costa Rica, na América Central ros pois, de acordo com pesquisas realizadas, o presidente e o vicepresidente se ocupam em cuidar da segurança do país, prevenindo conflitos e violência. “Sem dúvida, é um lugar onde as coisas parecem ser diferentes do resto. As pessoas são simples e receptivas e a natureza é pura vida . Portanto, de turista, quero virar morador daquele paraíso. Aliás, me apaixonei pela Costa Rica a partir da saudação daquela gente. Quando te cumprimentam, vão logo dizendo: pura vida”, completa Cauê. AS ONDAS Para quem gosta de pegar onda, a Playa Negra é excelente. As ondas são um verdadeiro parque de diversões, entre outras inúmeras opções de praias existentes. Desde a Reserva Nacional Manuel Antonio, em Quepos, que fica no meio da costa, no lado do Pacífico, até a Playa Negra, o surf é garantido. Mas, nos dias em que o mar está grande, só fica na água quem conhece. As ondas são poderosas e o fundo é raso e de pedra vulcâ-

nica. “Nesse tempo que fiquei por lá, já deu para ter noção de como funcionam as ondulações. Não cheguei a ver um mar grande, mas sei que as ondas podem chegar a mais de quatro metros. Normalmente, quebram de 1 a 1,5 m, o que é ótimo”, conta com sorriso estampado no rosto. As ondas são constantes e tem surf praticamente todos os dias do ano”, afirma. Mas, Cauê adverte: “A Costa Rica, especialmente em lugares como a Playa Negra, é um lugar para visitantes que admiram e cuidam da natureza e não esperam por aquele conforto tradicional dos grandes hotéis. Há pousadas rústicas, mas muito hospitaleiras, como a que fiquei. Dá para dizer que é um turismo cult, um verdadeiro surfari”, define ele. Segundo Cauê, o divertido lá é explorar as trilhas, interagir com os moradores e comer arroz com feijão, conhecido como pinto. “É assim que eles chamam o prato de arroz com feijão lá”, disse. Para Cauê, a Costa Rica é mesmo um destino além do turismo convencional, para pessoas que gostam das coisas simples, de adrenalina e que amam a natureza. Desta forma, a Costa Rica agora pode se transformar em sua residência. A viagem de retorno está prevista para o início do ano que vem.


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economia&desenvolvimento

GN pode reduzir custos até 50% MARCOS FERREIRA

Lúcio, da Café Lontrinha, em uma das fornalhas da empresa: “É como trocar um carro com carburador por um com injeção eletrônica” GN tem custo nominal quase 50% menor que o do GLP. Outras vantagens apontadas pelo gerente são segurança e menor volume de poluição. “Se houver qualquer problema com o Gás Natural, basta fechar uma válvula”, diz. Além disso, a chegada do GN eliminou a entrada e saída de caminhões do pátio da fábrica, o que também tem reflexos na questão segurança. A Unidade de Ponta Grossa é uma das nove fábricas de asfalto que a Petrobras mantém no país. Numa área de 6.531 metros quadrados

e trabalhando com 16 funcionários, a fábrica produz 3.600 toneladas de emulsões asfálticas e 600 toneladas de asfalto modificado por mês. No asfalto modificado trabalha com duas linhas: o ecológico e o com polímeros. Este último é um asfalto mais refinado. O ecológico é o que leva em sua mistura pó de borracha, reaproveitando pneus triturados. Leva este nome porque dá um destino adequado aos pneus com vida útil vencida. A BR Asfaltos fornece seu produto principalmente para governos municipais e estaduais. Christopher Eudes

A utilização do gás natural – GN – no Distrito Industrial de Ponta Grossa está consolidada desde 2001, tendo como primeira indústria usuária as cervejarias Kaiser (atual Femsa). Com o projeto Ponta Grossa I, a Compagas – Companhia Paranaense de Gás – fez chegar o combustível ao Distrito Industrial. Agora, com o Ponta Grossa II, a empresa pretende efetivar o uso do produto pelas empresas comerciais, como postos de combustíveis, panificadoras, indústrias instaladas em bairros da cidade, hotéis e restaurantes, por exemplo. No próximo passo pretende atingir os consumidores residenciais. A principal vantagem do GN, entre muitas, é que ele provoca uma redução de custos de produção para empresas de em média 40%, segundo a Compagas, empresa controlada pelo governo do Estado. Em alguns casos, os ganhos podem ser maiores, chegando a promover reduções de custos em até 53%, como prevê a BR Asfaltos, empresa instalada em Ponta Grossa, no bairro de Oficinas, que começou a usar o GN em testes. Além da redução de custos, ela também faz apostas em ganhos com segurança. Mais do que promover economia, o produto é apresentado por especialistas como uma espécie de vedete do setor energético, por contemplar diversas outras vantagens.

ASFALTO A Fasfpar (Fábrica de Asfaltos Paraná) foi assumida em 1994 pela BR Distribuidora (Petrobras) com o nome de BR Asfaltos. A unidade existe na cidade desde o início dos anos 60 com o nome Chevron, empresa norte-americana. Em 1994 a BR Distribuidora deu início ao processo de aquisição de fábricas de asfalto no país. Uma delas foi a unidade de Oficinas. Hoje a BR conta com nove fábricas espalhadas pelo Brasil. A produção de emulsões asfálticas foi retomada pela Petrobras em Ponta Grossa em 1996, utilizando como combustível para suas caldeiras óleo combustível. Depois mudou para gás liquefeito de petróleo (GLP). A Fasfpar deu início aos testes com o produto no último dia 24. Joel Tomaz Ribeiro, gerente geral da unidade, diz que até o momento todos os testes realizados apresentaram resultados dentro da normalidade. “Já estamos consumindo o gás nas caldeiras. Nosso objetivo com o novo combustível é chegar a uma redução de custos de 50 a 53%”, disse. Ele explica que o uso do óleo gerava muita fumaça, poluição. Na opção pelo GN em vez do GLP, o que conta, segundo Joel, é a razão custo / benefício. O Gás Natural produz 25% menos calor do que o GLP, o que significa que é necessário utilizar mais combustível para chegar à temperatura ideal. A diferença está no preço. O

Christopher Eudes

DEPOIS DO DISTRITO INDUSTRIAL, EMPRESAS DA ÁREA URBANA DE PONTA GROSSA COMEÇAM A ADOTAR O GN, QUE PROMETE GANHOS EM VÁRIAS ÁREAS

Joel Ribeiro, gerente da Fasfpar, no setor de entrada do GN. Adoção do combustível, além da economia, é mais um passo na gestão de riscos

CAFÉ A empresa de torrefação e moagem de Café Lontrinha também é uma das primeiras em Ponta Grossa a utilizar a rede de distribuição de GN na área urbana. Antes usava querosene em suas fornalhas. O diretor comercial da empresa, Lúcio Pereira de Oliveira, fala sobre os benefícios do combustível com entusiasmo. A operação com o gás teve início no último dia 10. Devido ao curto período da mudança, ele ainda não sabe quantificar a redução de custos para a empresa. Mas em termos nominais não tem dúvida. O GN chega a ser até 40% mais barato que o antigo combustível usado. “Nós decidimos pelo gás natural por diversos fatores”, diz. “Primeiro tem a questão comercial, nós não precisamos mais manter estoque de combustível na empresa, o pagamento é feito após o uso e pela quantidade usada e, além disto, nós eliminamos riscos porque não temos mais caminhões de combustíveis dentro da empresa”, conta Lúcio. Ele também cita a questão ambiental. O GN é considerado um combustível mais limpo, menos tóxico e mais seguro. Por ser mais leve que o ar, em eventuais casos de vazamentos, ele se dispersa rapidamente, trazendo menos riscos. “Se acontecer algum acidente”, diz Lúcio, “o fechamento de uma válvula resolve o problema”.


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economia&desenvolvimento

Gás pode chegar a Carambeí MARCOS FERREIRA

Depois dos projetos Ponta Grossa I e II, a Compagas pretende começar a estender sua rede de distribuição de gás natural (GN) pelos Campos Gerais. O primeiro alvo, a partir de Ponta Grossa, são as empresas de Carambeí, num empreendimento avaliado em R$ 30 milhões. O coordenador da FIEP – Federação das Indústrias do Paraná – em Ponta Grossa, Laertes Bittencourt, é um entusiasta da ideia. “As empresas que aderirem a esta fonte de energia terão um combustível mais econômico e ecológico”, afirma. Segundo ele, já estão sendo feitos contatos com líderes políticos e empresários de Carambeí numa tentativa de viabilizar uma terceira fase do projeto Ponta Grossa. Para Laertes, a existência de uma rede eficiente de distribuição de gás é um fator importante para atrair novos investimentos empresariais à região. A Compagas iniciou suas operações com o GN por Curitiba e sua Região Metropolitana. A partir de Campo Largo, em 1998 lan-

çou o projeto Ponta Grossa I, para que a rede chegasse até o Distrito Industrial. O empreendimento recebeu investimento de US$ 15 milhões para construção de uma rede de 115 quilômetros. Com um investimento de R$ 10 milhões, o próximo passo foi o Ponta Grossa II, prolongando a rede do Distrito Industrial até a área urbana. Foram construídos mais 13 quilômetros de rede, três na rodovia e dez dentro do perímetro urbano, atravessando o centro entre o trevo Vendrami, na saída Sul, e a zona Norte da cidade, na altura da Metalgráfica Iguaçu, empresa que deve receber o GN até o final deste ano. Com a concretização do projeto Ponta Grossa II, a cidade tem o GN disponível também para os segmentos veicular, comercial e num segundo momento para o residencial. Foram implantadas as chamadas linhas tronco com capacidade para abastecer clientes dos segmentos comercial, industrial e de GNV. Para condomínios e residências, será estudada a construção de ramais, após a conclusão do projeto Pon-

SECE

PROJETO ESTÁ AVALIADO EM R$ 30 MILHÕES E CONTA COM APOIO DA FIEP, DEVENDO REPRESENTAR O INÍCIO DA EXTENSÃO DA REDE DE GÁS NA REGIÃO

Obras de construção da rede que trouxe o gás natural até Ponta Grossa, ponto de partida para extensão da rede pelos Campos Gerais ta Grossa II. Como clientes em potencial no perímetro urbano, a Compagás aposta, a curto prazo, em três postos de GNV (gás natural veicular – para automóveis), sete indústrias e oito estabelecimentos comerciais. Nesta linha, a companhia estima que a cidade tem capacidade inicial para consumo de

30 mil metros cúbicos do combustível. Em Ponta Grossa, na área industrial, a Compagas tem como consumidores do produto a Masisa (6 mil m³/ dia), a Bealileu (0,6 mil m³/ dia), Praimer (0,5 mil m³/ dia), SGS Agricultura (5 mil m³/dia), Tetrapak (1,2 mil m³/dia), Kaiser (atual Fem-

sa – 17 mil m³/dia) e a estatal federal Conab – Companhia Nacional de Abastecimento – (0,2 mil m³/dia). Somam-se a elas, no perímetro urbano, a Fábrica de Asfaltos do Paraná e a Café Lontrinha, que por estarem em fase de testes, ainda não têm previsão de volume de consumo.

Mais aroma, mais sabor e mais qualidade COM MENOS PRODUÇÃO DE RESÍDUOS NA QUEIMA, O GÁS NATURAL PODE GARANTIR A HOTÉIS E RESTAURANTES MELHOR QUALIDADE AOS ALIMENTOS

da adoção do GN para análises em laboratório, buscando saber o que mudou no produto com a queima do GN. “Nós só saberemos o que houve depois do resultado das análises, que

ainda não chegaram, mas já sabemos que ganhamos em qualidade do produto”, diz Lúcio. O degustador da empresa, Manoel Pereira de Oliveira, concorda. Segundo ele, depois do uso do

gás natural o café Lontrinha tem um sabor diferente, “dá pra sentir melhor o sabor”, diz. A experiência da empresa de Nova Rússia pode ser um indício de acerto da aposta que faz a

Com 51 anos de atuação na Região dos Campos Gerais, a Café Lontrinha tem 22 funcionários, está instalada no bairro da Nova Rússia e foi uma das primeiras no perímetro urbano de Ponta Grossa a adotar o gás natural. O diretor comercial da empresa, Lúcio Pereira de Oliveira, conta que, além da redução de custos esperada, já nos primeiros dias de uso do novo combustível para torrefação do café foi possível constatar uma novidade. “Nas provas internas de degustação do nosso café, nós detectamos que ele está com um aroma melhor, está mais saboroso depois que adotamos o gás natural para torrefação”, conta Lúcio. A empresa mandou amostras de cafés processados antes e depois

Christopher Eudes

MARCOS FERREIRA

Café de maior qualidade depois da adoção do gás natural. Combustível promete, além da economia para a empresa, melhor sabor

Compagas quanto à versatilidade de utilização do produto em vários segmentos comerciais, como restaurantes e panificadoras, por exemplo. Lúcio, o diretor da Café Lontrinha, diz que o gás natural não produz resíduos, não libera enxofre e tem baixa emissão de metais pesados na queima. Ele crê que isto deve representar o diferencial na qualidade do produto, que antes passava pela torrefação feita usando querosene, produto mais poluente, liberando na queima maior volume de resíduos. Conforme o departamento técnico da Compagas, o GN possui uma combustão completa e limpa, não produzindo cinzas nem emitindo agentes poluentes. Para restaurantes, lanchonetes e panificadoras, o GN pode vir a representar menos fuligem, maior economia, pães, pratos e bebidas com melhor aroma e melhor sabor, como conta a direção da empresa de café da Nova Rússia.


esporte&ação

| DOMINGO | 30/AGOSTO a 5/SETEMBRO | 2009 | O PORTAL | 29

Profissional, só em nostalgia GUARANI ESPORTE Clube pretende manter o futebol amador forte, mas profissionalismo está fora de questão, conforme acredita a diretoria Foto: Christopher Eudes

Fabrício Bicudo

O Guarani Esporte Clube, que deixou sua marca na memória do futebol brasileiro, segue sua trajetória atual apenas como um clube social. Na condição de sócio, mas que pretende assumir, em meados de setembro, a posição de presidente do clube bugrino, Ulisses Coelho adiantou que a ideia de formar uma equipe profissional de futebol é totalmente fora de questão. “Ainda não sou o presidente e ainda vamos partir para uma eleição, a que tudo indica, de chapa única. Entendo que o Guarani continuará a ter uma gestão voltada para o lado social. Nossa prioridade é o associado. Futebol profissional está fora de questão. Não temos estrutura alguma, e Ponta Grossa

A futura gestão no Guarani vai manter a tradição do clube nos gramados, mas só no amador e campeonatos internos

já tem um clube de futebol profissional”, afirmou Ulisses. O candidato a presidente do Guarani explicou que isso não significa abandonar o futebol do Bugre, que segue firme e forte na categoria amador. “O Guarani tem muita tradição e não vamos deixar morrer o nosso futebol, mas falar em profissionalismo é partir para uma outra realidade que está completamente fora do nosso alcance. Para isso teria que haver uma enorme reviravolta, o que mudaria completamente o foco”, justifica. Contudo, as opiniões se dividem. Para alguns pontagrossenses, a volta do Guarani ao certame profissional seria como voltar aos velhos tempos. Paira, no entanto, a dúvida se Ponta Grossa sustentaria duas equipes pro-


30 ¦ O PORTAL ¦ 30/AGOSTO a 5/SETEMBRO ¦ 2009 ¦ DOMINGO ¦

esporte&ação

FABRÍCIO BICUDO Queda de braço O Campeonato Brasileiro da Série A/2009 apresenta neste domingo seis partidas que completam a 22ª rodada.

fissionais. O ex-jogador do clube, Valdir Rosas, o Rosinha, disse em tom de nostalgia que gostaria de ver o Guarani de volta ao certame profissional, porém entende que hoje a realidade é completamente diferente. “Seria muito bom, mas a época é outra”, resumiu. Leopoldo Cunha, que foi candidato a prefeito da cidade, disse que gostaria de ver o Guarani de volta aos gramados, mas entende que é algo muito distante da realidade atual. “Sem dúvida, seria algo muito bom e alegraria muito, principalmente os saudosistas. Mas, no momento, isso me parece algo muito difícil, uma vez que já temos o Operário Ferroviário em franca ascensão”, explicou Leopoldo.

Foto: Christopher Eudes

“O bravo Palmeiras busca se manter na ponta da tabela e sabe que uma vitória no clássico significa muito. O astral é tão grande no time do Palestra Itália, que o meia Diego Souza já fala até em Seleção Brasileira.”

AMADOR É LÍDER NO CERTAME

Clássico Paulista

Destas, destaque para o clássico paulista entre São Paulo e Palmeiras. A partida começa às 16 horas, no Estádio Cícero Pompeu de Toledo, nosso popular Morumbi, e vai medir forças entre o líder Palmeiras, com 40 pontos e o São Paulo, com 36, que apesar da derrota frente ao Atlético Paranaense, na última rodada por 1 a 0, segue a passos largos rumo a tentativa de mais um título deste certame. Convenhamos, temos que reconhecer tal potencial do time do Morumbi ... e olha que o técnico Muricy Ramalho está do outro lado do muro. Porém, há quem diga que não tem favorito neste confronto, mas a equipe do Tricolor joga em casa e, sem dúvida, leva vantagem diante do rival. O ataque são-paulino é muito bom e dificilmente vai passar em branco. O bravo Palmeiras busca se manter na ponta da tabela e sabe que uma vitória no clássico significa muito. O astral é tão grande no time do Palestra Itália, que o meia Diego Souza já fala até em Seleção Brasileira. Portanto, uma partida muito esperada e que promete, pelo menos, uma disputa acirrada dentro de campo.

Perigo no Beira-Rio

Internacional e Goiás é outro confronto interessante na tabela. O Colorado soma 33 pontos, mas tem dois jogos a menos e está na boca do G-4, enquanto o Goiás está na vice-liderança com 38 pontos. A equipe goiana, comandada pelo técnico Hélio dos Anjos, vem mostrando um futebol eficiente e espera surpreender o time gaúcho, a partir das 18h30, em pleno BeiraRio, em Porto Alegre. Podemos dizer que será um jogo onde tudo pode acontecer, pois o Goiás já provou que pode sair de lá com os três pontos na bagagem.

Primeira fora de casa?

Outro jogo no mesmo horário, no Rio de Janeiro, reúne Botofago e Grêmio. O time carioca anda numa draga, mas conseguiu um empate com sabor de vitória contra o Corinthians, com o placar de 3 a 3, no Pacaembu. O detalhe ficou por conta da “desastrosa” arbitragem do Sr. Arilson Bispo da Anunciação, já afastado. No jogo que faltava, novo empate diante do Cruzeiro, quinta-feira, no Rio de janeiro. Portanto, a equipe da estrela solitária entra em campo motivado diante de um Grêmio que ainda não venceu fora de Porto Alegre. Em compensação, o Tricolor gaúcho ainda não perdeu nenhum jogo em casa e soma 31 pontos. Na última rodada aplicou mais uma goleada por 4 a 1 no Estádio Olímpico, dessa vez a vítima foi o Atlético Mineiro. Oxigênio para o time comandado por Paulo Autuori, que entra em campo no Engenhão, disposto a quebrar o incômodo jejum de vitórias como visitante. Potencial tem...

Outros jogos

Completando a rodada, ainda há os confrontos entre Atlético Mineiro x Sport, Santos x Fluminense e Vitória x Cruzeiro. O Atlético Mineiro, do Técnico Celso Roth, busca recuperação ao G-4 diante de um Sport que está na zona de rebaixamento, enquanto o Santos é, então, franco favorito diante do Fluminense, que segura firme a lanterna e parece já estar com o destino selado à Segundona. Na outra partida, o Vitória tem pela frente um Cruzeiro faminto por pontos, que começa a mostrar sinais de recuperação, após a recente perda do título da Libertadores da América. Bem, os jogos prometem boa “diversão”, resta apenas esperar o que as arbitragens vão aprontar...

Enquanto isso, o futebol amador do Guarani segue firme na disputa da Divisão de Acesso do Campeonato Amador de Ponta Grossa. Líder do certame, joga neste domingo contra o vice-líder, Santo Antonio, a partir das 15h30, no Estádio Joaquim de Paula Xavier. O responsável pelos trabalhos no futebol amador do clube, Neander Schramm, sonha com a volta do time ao futebol profissional, admitindo, porém, que é algo ainda muito difícil. “O projeto inicial esta sendo seguido dentro do nosso planejamento, com atletas de ponta para um possível acesso. O time na liderança é fruto de um ótimo elenco e do comprometimento dos atletas com o projeto sério, que com certeza será duradouro dentro do Guarani. Mas, esse desejo não significa que o clube terá um departamento profissional, pelo menos nesse momento”, avaliou. Ponderado, Neander conhece a realidade e apesar das dificuldades eminen-

Neander trabalha com o futebol amador no Guarani e sonha com a volta ao profissionalismo. tes, ele sabe que para tudo acontecer, deve ser dado um passo de cada vez. “Sei que há certa euforia nesse sentido, levando em consideração o passado do clube. Mas, temos que ter os pés no chão. O momento agora é cuidar bem do amador, que vem realizando uma ótima campanha”, afirmou Neander. Contudo, Neander disse que há um projeto em desenvolvimento que vai apresentar à nova diretoria. “Dentro em breve va-

mos apresentar um projeto de markentig para a diretoria que assumir depois das eleições de setembro para a volta do Bugre ao cenário estadual do futebol paranaense. Queremos no primeiro semestre disputar a primeira divisão do amador e em agosto ingressar no futebol profissional. Na minha visão, acredito que isso traria benefícios para o lado social do clube. Mas tudo ainda está no plano das ideias e do entendimento”, completou.


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variedades FÉ EM DEUS

COLUNA POLÍTICA

POR UMA NOVA POLÍTICA GLEISI HOFFMANN Registro de nascimento Começou no domingo (23) uma importante campanha de esclarecimento à população sobre a importância do registro de nascimento. Com a participação do Ronaldo Fenômeno, a campanha busca sensibilizar e estimular pais e mães para que registrem seus filhos logo ao nascerem. Além da campanha, vão acontecer mais de 1200 mutirões em todo o Brasil naquelas comunidades mais remotas e a mobilização envolve também igrejas, associações comunitárias, prefeitos, sindicatos para reforçar as convocações. Segundo dados do Governo Federal, todos os anos, cerca de 400 mil crianças deixam de ser registradas no Brasil. É importante que todos nós também divulguemos a necessidade do registro entre as pessoas que convivem conosco, pois o registro é gratuito e muitas pessoas não sabem disso. Emprego e salário crescem Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o mês de julho registrou crescimento do emprego formal e do salário médio. Só em julho foram criados 138.402 novos empregos com carteira assinada em todo o Brasil. Isto representa o maior saldo do ano e o quarto melhor resultado para o mês de julho da história do cadastro.

O importante é destacar que além de termos mais emprego, o mercado de trabalho no Brasil demonstra vitalidade pois o salário médio também cresceu. Segundo o ministro do trabalho Carlos Lupi, o comportamento positivo ocorre em praticamente todos os setores da economia. Mais uma prova de que o prior da crise internacional, no Brasil, já passou. Mais moradia A Caixa Econômica Federal bateu recorde em novos contratos para moradia. Foi um crescimento de 56% de junho do ano passado a julho deste ano. Estes números foram resultado da política implementada pelo governo do presidente Lula, de compromisso com quem mais precisa. A Caixa reduziu seis vezes os juros aplicados sobre os financiamentos habitacionais em 2009. Os recursos utilizados são do FGTS e beneficiaram quase dois milhões de brasileiros e brasileiras que conseguiram realizar o sonho da casa própria. E estes números não incluem as casas que serão construídas pelo programa “Minha casa, minha vida”, que em apenas 4 meses já recebeu 1.312 propostas, o que corresponde a 255 mil moradias. Gleisi Hoffmann é advogada e presidente do PT do Paraná. Contatos: presidente@ pt-pr.org.br

ARMADURA PRECIOSA Bernard W. Snelgrove

redentora de Jesus.

Considerando a armadura preciosa que Deus nos deu para nos manter vitoriosos no combate contra o inimigo de nossas almas, observemos:

A PAZ DO EVANGELHO A Paz funciona em nossa vida como botas, dando-nos condições de marchar firmemente numa vida nova. Conforme João 14:27, Jesus nos deu a sua Paz, a mesma Paz perfeita e contínua de que Ele goza com o Pai. Ele é a nossa Paz (Ef. 2:14). O nosso andar foi preparado por Jesus e é um andar de Paz. Assim, não viva intranquilo ou na ansiedade e preocupação. Você pode ter um relacionamento de perfeita Paz com Deus, essa é a boa nova do evangelho.

VERDADE A Verdade funciona em nossa vida diária como um cinto, que precisa estar sempre bem ajustado, caso desejemos combater com êxito. Isso significa que precisamos nos disciplinar na Verdade, ajustando toda a nossa vida à Palavra de Deus. O inimigo sempre tenta comprometer o nosso relacionamento e comunhão com Deus através da mentira, seja por falarmos ou vivermos uma mentira; seja por acreditarmos em mentiras ou erros que ele propaga através de falsas doutrinas ou falsos profetas. JUSTIÇA Em Cristo Jesus, a Justiça funciona em nosso dia a dia como uma couraça (que protege o peito), garantindo a integridade do nosso coração, de onde “procede a vida” (Provérbios 4:23). Tentando nos colocar sob condenação, o inimigo ataca nossa consciência, com o objetivo de abalar em nós a posição da Justiça em Cristo que recebemos através da obra

FÉ A Fé funciona em nossa vida diária como um escudo, que deve ser manejado com destreza. A Fé dá plena proteção ao homem: corpo, alma e espírito. Age como um escudo protetor. A Fé garante que você sempre vencerá os ataques e dardos inflamados que porventura o inimigo lançar contra você. Se vierem dardos de dúvida, recolhase na proteção da sua fé, crendo nas promessas da Palavra. Jamais esqueça que a sua comunhão com Deus depende somente d´Ele, não depende de você nem da sua condição (1 Cor. 1:9). SALVAÇÃO A Salvação funciona em sua vida como um capacete, que tem

por função proteger a sua cabeça. Observe: é na mente que o inimigo combate com maior eficiência; ele realmente perturba a mente das pessoas. Mas a sua Salvação em Cristo é suficiente para te proteger das mentiras e ciladas enganadoras dele. A sua Salvação foi planejada, preparada e consumada por Ele. E quando você for atacado por pensamentos lesivos à sua integridade em Cristo, lembre-se de que “Aquele que começou a boa obra em vós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus”- Filipenses 1:6. A PALAVRA DE DEUS A Palavra de Deus – toda Verdade que Ela ensina – funciona em sua vida diária com uma espada, a espada do Espírito. A espada que o Espírito maneja para atacar o diabo, para afugentar o seu inimigo. A Palavra de Deus é uma “espada de dois gumes” (Hebreus 4:12 e Apocalipse 1:16), expressão que, no texto original da Bíblia, significa “duas bocas”, o que nos dá a entender que Ela é uma arma muitíssima poderosa. E sabe por que tem esse significado? Porque, efetivamente, toda Verdade foi primeiramente falada por Deus (primeiro gume ou primeira boca), que A estabeleceu no céu (Salmo 119:89). Bernard W. Snelgrove é membro do Ministério Verdade Viva (www. verdadeviva.org.br)


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PORTAL LUX SAIA DA ESCURIDÃO

Talal Heda

Na última segunda-feira a mansão Fix parou com sua mais badalada capa. Prestigiaram a festa as tops de Ponta Grossa e selecionados a dedo os convidados se esbaldaram uma “vibe” jamais vista na mansão. Confiram as fotos: O casal de namorados Marcos Teixeira e Giovana Alberti no restaurante Hanthay prometem em breve trocar alianças

A capa da revista foram fotografadas pelo”Imperador da Fotografia” Rodrigo Covolan e produzidas por Eber Medeiros. Dra Leandra Mello Pessoa “a construtora de corpos perfeitos” e a top internacional Bia Masera que, semana que vem segue para Milão, na Itália, onde tem contrato para desfilar para grifes internacionais. Parabéns!

O empresário da noite Talal Reda, o Dr. Luis Fernando de La Bianca e Michel Calixto curtindo a festa de lançamento da capa da Fix

Bruno Garofani e Vanessa Garofani degustando o rodízio de sushis e sashimis

Notas: A etapa do Mitsubishi Out Door, em Belo Horizonte (MG), conta com a presença dos ilustres pontagrossenes Carnerinho ,Suss e Magic Sono. Boa sorte, semana que vem tem fotos da rapaziada na lama! Os cantores Álvaro e Daniel desembarcam em Ponta Grossa em outubro e prometem um mega show eles estão com a música ‘Estrela’ tema da novela ‘Paraíso’ da rede Globo emplacada em todas as rádios do Brasil. Segura peão!! Hoje é dia de pagode no Consulado com o grupo ‘Pela Hora’. Cheguem cedo que a casa vai bombar!!!

Valter Samara e Sílvia curtindo a festa mais badalada da semana na mansão Fix a convite da capa Dra Leandra Mello Pessoa

Quem será a apresentadora que a revista Fix diz que é parecida com a Rita Cadillac? Festa em mansão do Jardim América termina depois de quebrarem uma mesa de 5 mil Reais!!!! Tem gente desesperada mandando scraps e emails querendo se redimir e inverter as situações que criou. Alguém aí se lembra do seriado “Animal” em que o ator se sofria uma metamorfose? Dessa vez a atriz “jararaca” quer virar Madre Tereza!!rs... Parabéns para a festa da TVM comandada por Leo Passeti, neste ultimo fim de semana. A festa foi espetacular. Estavam deslumbrantes a badalada arquiteta Cintia Karas, a assessora de imprensa da FEMSA - Nadja Marques, e Rômulo Cury - o ancora da TVM

Essa é a empresaria Claudia Ribeiro, uma das acionistas junto com Talal Reda do mais novo bar e chopperia da cidade: ‘AQUA’ . A inauguração será em setembro. O novo espaço promete ser referência de conforto e luxo.

O empresário Ricardo Borato, mais conhecido co m “Indiana Jone o s” comemora hoje seu ‘nive r’ entre amigos no clube Pon Lagoa. Parab ta éns “XIXO”!


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