Bença Padrinho -
Das conquistas da gestão cultural nacional e dos retrocessos municipais
Circulando pela internet hoje, me deparo com uma carta da Ilustríssima Marta Suplicy pedindo exoneração do seu cargo. Qualquer leigo saberia que essa exoneração seria simplesmente pelo fato de haver alguém representasse o PT dentro do Senado e não por inabilidade de gestão da Ministra e Senadora. O processo da profissionalização da Gestão da Política Cultural no Brasil, iniciou com a 1ª Conferência Nacional de Cultura(2005), ainda na Gestão do Gilberto Gil, onde diversos caminhos para a gestão, foram propostos pelos gestores culturais e artistas. As resoluções dessa conferência, chegam à sua totalidade, quanto Política de Estado, nesse ano de 2014. Essas leis marcam, entre outras coisas, o final do Coronelismo e dos Favores quanto ao fazer artístico e cultural. Hoje, as leis do Sistema Nacional de Cultura, o Vale-Cultura, a Lei da Cultura Viva, o Marco Civil da Internet, a Lei de fiscalização do Ecad, a PEC da Música, além do envio à Casa Civil, onde aguardam encaminhamento, o Direito Autoral e a Lei da Meia Entrada, marcam o final do processo iniciado nos movimentos sociais e populares e chega ao Estado como Política e possua amparo legal. O que mais me chama a atenção é: Por que os Gestores Culturais ligados à Secretarias, Departamentos ou Divisões de Cultura de cidades pequenas não se valham desses mecanismos governamentais e não deem subsistência aos produtores locais e gestores culturais da sociedade civil dialogando de maneira mais participativa com a sociedade e comunidades locais? A saída da Marta traz muita satisfação pelo fato de assegurar a continuidade das conquistas da esquerda dentro da política nacional,mas, esses avanços não chegaram nas cidades mais pequenas oque nos mostra que ainda temos muito trabalho. Sem muitas delongas, mas não podemos ignorar que Ibaté não possua Conselho de Cultura, Gestão de Cultura com participação municipal, não teve a segunda e a terceira conferência de Cultura e, como anda a carroagem, não terá a quarta, que seria a segunda, não tem Política Pública atrelada ao CPF da Cultura (que duvido que saibam o que seja isso) e não há esforço algum por parte da gestão e da política publica municipal por implantar o Vale Cultura, uma das formas de movimentar a economia local, é pra nós artistas, gestores e produtores culturais, lamentável (nem vamos discorrer o processo de o contratação dos formadores culturais que se dão por contratação direta, sem edital. Das pouquíssimas ações que temos, nenhuma é assegurada pelo Estado.
Então, percebemos que pra que um artista consiga desempenhar seu trabalho, mesmo com as conquistas em âmbito Federal, na hora que entrar nos portões da pequena cidade, há que se dar a bença ao “Padrinho”.