capa
David Ferreira 1
2 Relatรณrio de Estรกgio
“COMPUTERS ARE TO DESIGN A MICROWAVES ARE TOO COOKING.” Milton Glaser
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ร ND IC E
4 Relatรณrio de Estรกgio
David Ferreira 5
AGRA D ECI ME NTOS
Antes de tudo e porque sem eles nada seria igual, um sincero obrigado à minha família. Aos meus pais, Rosa e Manuel, sem vocês seria impossível viver este sonho que estou a viver, sem vocês era impossível fazer aquilo que mais gosto. Obrigado pelo apoio incondicional. À minha irmã e irmão um enorme obrigado. Inês e João foram sempre e continuarão a ser a minha fonte de inspiração para qualquer projeto que me envolva. Um obrigado a todos os colegas e professores com quem me cruzei nestes 3 últimos anos no contexto escolar, que de certa forma me moldaram e tornaram bem melhor do que o era, seja em contexto profissional ou pessoal. Em especial para o André Costa, João Godinho e Vitor Silva sem vocês esta etapa da minha vida teria sido totalmente diferente. Por último gostava de agradecer à 4por4 e a toda à sua equipa pela experiência que me proporcionaram.
6 Relatório de Estágio
PA L AV RAS - CH AV E / RESUM O
Este relatório foi realizado no âmbito do Projecto estágio curricular da licenciatura em Comunicação e Design Multimédia da Escola Superior de Educação de Coimbra. O local de estágio foi a empresa 4por4 Creative Agency tendo sido iniciad no dia 5 de Fevereiro e terminado no dia 4 de Maio. Todos os trabalhos realizados ao longo deste estágio abordam a área do design de comunicação e o branding. O estado da arte elaborado neste relatório aborda essas mesmas áreas no entanto relaciona-as com a street art. Área pela qual nutri bastante interesse graças à cidade onde estagiei, o Porto. Na cidade do Porto a street art é vista a bons olhos, tendo inclusivé legislação especial para este tipo de trabalhos, levando artistas e empresas a ter a possibilidade de apostar em novos tipos de publicidade. Na verdade, o meu estágio curricular no Porto excedeu as minhas expectativas. Design, Design de comunicação, Branding, Street art, Porto, Estágio.
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I N T R O D UÇÃO A modalidade de estágio insere-se na unidade
apresento a entidade acolhedora e os seus
curricular de “Projecto” que tem início no
membros.
segundo semestre do 3ºano da licenciatura de Comunicação e Design Multimédia da Escola Superior de Educação de Coimbra.
No estado da arte abordei as áreas onde trabalhei mais concretamente o design de comunicação e o branding e relacionei essas
Este relatório, mais que um documento que
áreas com uma área pela qual despertei
apresenta o trabalho desenvolvido por mim
imenso na cidade do Porto, a “Street Art”, ou em
durante os últimos 3 meses de estágio na
português, Arte Urbana.
empresa 4por4- creative studio é também quase que um relato da experiência profissional que vivi e obtive nesta nova etapa da minha vida.
No terceiro ponto e já dentro do trabalho desenvolvido na entidade que me acolheu, apresento os projetos desenvolvidos com
Posso assim afirmar que este relatório está
recurso a citações do briefing em cada projecto
dividido em 4 partes distintas, estado da
e o resultado final enviado para o cliente.
arte, projetos desenvolvidos e respectivas
Sendo ainda possível em alguns casos ver
metodologias e conclusões finais baseadas na
referências visuais sugeridas pelo cliente.
experiência adquirida e ainda projetos paralelos iniciados durante a estadia no Porto.
Na quarta e última parte abordo os trabalhos que fui desenvolvendo durante a minha estadia
Na primeira parte abordo a minha escolha do
na cidade do Porto, influenciado pelo ritmo e
estágio, a abordagem que tive para procurar
contexto de trabalho onde estava inserido.
uma entidade acolhedora com a qual me identificasse, expectativas e objectivos e ainda
8 Relatório de Estágio
Fotografia panorâmica tirada por mim durante o período do estágio no Porto. Jardim do Morro - Gaia
David Ferreira 9
PROCES S O DE ES COL HA (currí cu lo e
Este ano desde cedo notei uma enorme ambição por parte da maioria dos colegas em arranjar bons estágios, chegando inclusivamente muitos a procurarem estágio fora do país. Este fator levou a que toda a gente elevasse automaticamente os seus padrões, gerando uma onda de procura bastante ambiciosa por um estágio. Então motivados por isso, começaram a surgir currículos elaborados pelos alunos para enviar para as empresas, currículos esses cada vez mais agradáveis esteticamente. Bem, eu não fui excepção e apesar de já ter em mente a elaboração de um currículo acabei por concentrar ainda mais esforços para fazer algo que realmente me agradasse e tivesse gosto em divulgar. Hoje em dia o meu currículo é o meu projeto mais apreciado do meu portefólio e pode ser visto na página ao lado.
10 Relatório de Estágio
A acompanhar o currículo foi também um e-mail onde falo sobre mim e a minha experiência, sempre com um registo bastante descontraído e informal, provavelmente demasiado, mas que é inerente a mim próprio. Tendo obtido todo o tipo de respostas de várias entidades, algumas mais positivas que outras mas no geral fiquei bastante satisfeito. Concentrei-me essencialmente em empresas da cidade do Porto, tendo também enviado para Lisboa e Coimbra.
O meu currículo, elaborado com o propósito de anexar ao e-mail.
David Ferreira 11
A RAZ ÃO DA ES COLHA E EXPECTATIVAS
Ao enviar e-mail para as entidades com o fim
passava mesmo por ganhar algumas noções
de me acolherem para efectuar o estágio tive
por estar inserido num meio onde o tema fosse
essencialmente como base empresas que
abordado com muita frequência.
trabalhassem a área do branding e design de comunicação, mas onde simultaneamente tivesse acesso à àrea do webdesign, não por ser uma área do meu interesse mas sim exactamente pelo contrário.
No entanto a minha ambição de me ambientar a novas áreas não passava só pelo webdesign mas também pela street art. É uma área de extremo interesse para mim e onde vejo imensas possibilidades de aliar ao design
Webdesign sempre foi uma área que nunca
gráfico e ao design de comunicação, utilizando
me despertou qualquer interesse, tendo
a rua e os meios urbanos como difusores
inclusivamente bastantes dificuldades por estar
da publicidade e da comunicação. Para este
relacionada com programação.
último ponto o Porto é um verdadeiro ex-líbris .
Então considerei e concluí que o estágio poderia
Com estes requisitos todos cumprido a minha
ser uma boa oportunidade de me aproximar
escolha recaíu na 4por4 - creative agency!
desta área sem ter que necessariamente trabalhar nela directamente, o meu objectivo
12 Relatório de Estágio
Exemplo de design de comunicação em suporte de arte urbana. Rua das Flores - Porto.
Projeto elaborado pela 4por4- creative agency para o concurso da IUP 25k. Um dos trabalhos que mais me cativou no respectivo portefólio
Projeto elaborado pela 4por4- creative agency, trata-se de um site para um Stand Virtual. A dimensão do projeto cativou bastante a minha atenção tendo sido mais uma referência na hora da escolha.
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4 P O R4 - CREATI V E AGENCY
A 4por4 - creative agency é uma empresa com 14 anos de existência que atua em 11 mercados diferentes, por exemplo Angola, Brasil, Inglaterra. Conta com mais de 400 clientes e mais de 1200 projectos desenvolvidos. A empresa situa-se no Porto, mais propriamente em Matosinhos e assume-se como vinda de uma galáxia à parte. Oferece soluções nas áreas da Imagem, da Web e Marketing & Multimédia.
14 Relatório de Estágio
A equipa da 4por4 é formada por 5 pessoas: Nuno Salvador - Criativo e Gestor de Projetos José Osório - Programador Sénior Miguel Teixeira - Programador Catarina Pereira - Designer Sénior Sara Marques - Designer
David Ferreira 15
ESTA D O DA ARTE : I N TRO DUÇÃO
Neste estado da arte auto propus-me
As áreas que abordei ativamente no estágio
a abordar as áreas que mais desenvolvi
foi essencialmente o Design de Comunicação
durante o estágio e relacioná-las com as
e consequentemente o Branding. Essa
influências criativas que fui recebendo ao
informação pode ser lida mais concretamente
longo dos três meses desta experiência.
na página 23 onde explico concretamente
As influências às quais me refiro são
quais os meus objetivos e motivos que me
essencialmente reflexo da cidade onde
levaram a escolher o estágio. Lá refiro que
estagiei, mas também um pouco do modus
um dos motivos que me motivou a ir para a
operandi das pessoas que fui conhecendo.
4 por4 foi, entrou muitos outros, estabelecer
O meu objectivo passou por alargar o
contato passivo com o Webdesign.
meu conhecimento em diferentes áreas
No entanto, no estado da Arte optei por não
que despertaram o meu interesse e
enveredar por essa área pelo simples motivo
consequentemente melhorar a minha
que as noções foram apenas passivas, ou
abordagem criativa aos projetos. Tudo isto
seja não desenvolvi qualquer trabalho nessa
sempre com o intuito de aumentar o meu
área, apenas tive acesso a algumas nuances
leque de soluções para obter resultados mais
importantes. Em sentido oposto este estado
interessantes e completos.
da Arte foca-se sobretudo nas áreas Design
16 Relatório de Estágio
de Comunicação e Branding e a sua possível
Por último, uma terceira fase de análise
relação com a Street Art, área pela qual
onde apresento exemplos de sucesso, que
despertei totalmente durante a minha estadia
se tornaram referência por conjugarem
no Porto. É exatamente na conjugação destas
exatamente as áreas que abordo.
áreas que foco o meu estado da arte, numa primeira fase contextualizando historicamente todas estas áreas - A origem, o enquadramento social e históricos e referências pioneiras.
Exemplos como Shepard Farey e o seu processo de divulgação do projecto “Obey the Giant”, campanhas da marca Adidas recorrendo a street art ou até mesmo o “Hobo Code” são
Numa segunda fase em que analiso as
referências que fundamentam este estado
diferenças e semelhanças entre as várias áreas
da Arte, sendo intercaladas com citações de
que podem ir do modus operandi, à forma de
nomes sonantes destas mesmas áreas, como
intervenção no meio urbano ou até aos recursos
Roth, Nicholas Ganz, Banksy ou até mesmo o
utilizados.
artista Português Vhils. David Ferreira 17
A O RI GE M DO G RAFFITI
O graffiti surge por volta de 1970 em Nova Iorque pela mão de jovens residentes nos subúrbios da cidade e na forma de assinaturas que se definem como tags, assumindo os seus autores a designação de writers. Traduzindo literalmente, writer significa escritor. É uma denominação que ganha sentido no contexto da história do graffiti. Se no início do graffiti tudo o que se tem são tags, o writer é a pessoa que escreve a sua assinatura na rua. O que começou por um simples exercício de escrita, acabou por evoluir para obras de maior complexidade. 18 Relatório de Estágio
Fotografia do interior de uma carruagem do metro de New York David Ferreira 19
A explosão do graffiti em Nova Iorque está relacionada com a publicação de um artigo a 21 de Julho de 1971 no New York Times acerca de TAKI 183: Um adolescente que assinava o diminutivo do seu nome em grego e o número da rua onde vivia. TAKI 183 não foi o pioneiro a fazê-lo mas devido ao facto de ter conseguido levar o seu tag a todas as pontas da cidade rapidamente despertou a curiosidade da comunicação social que acabaram por escrever um artigo sobre ele. O impacto da publicidade ganha por TAKI graças a deixar tags por todo o lado onde passava deixou a comunidade adolescente Nova Iorquina toda à procura da fama. No Outono desse mesmo ano, tendo sido o metro um dos principais focos de suportes dos tags, o interior das suas carruagens encontrava-se já completamente lotado de assinaturas. Deu-se assim a explosão do graffiti. Este excesso de informação visual levou os writers a desenvolverem novas soluções estéticas/estilísticas, formais/ dimensionais e espaciais para conseguirem destaque em deteriorimento dos outros tags.
Bomb it (2007) DVD, realizado por J Reiss, Antidote Films inc., New York.
20 Relatório de Estágio
Jovem a desenhar a sua tag no interior de uma carruagem do metro.
Exterior de uma carruagem do metro com a tag do writer “Taki 183”, o pioneiro da difusão das tags.
Artigo do jornal “New York Times” onde aborda o fenónemo das tags, especialmente a “ Taki 183”
David Ferreira 21
A E VO LUÇÃO
A evolução estilística do tag incluiu obviamente uma preocupação com a tipografia utilizada. Por norma os tags encontrados nas carruagens do metro eram escritos sem qualquer preocupação estética ao nível tipográfico, então um tag que fosse desenhado em vez de escrito causaria logo muito maior impacto aos olhos do observador. A legibilidade era um factor secundário que muitas vezes acabava desprezado pelos writters, mas sendo o graffiti um movimento extremamente competitivo, o tamanho do tag por outro lado era algo a ter em conta. Quanto maior o tamanho do tag mais vísivel e reconhecível se tornaria.
22 Relatório de Estágio
Foto de Olivier de Sadeleer, um dos vários exemplos da difusão do graffiti para o exterior em Nova Iorque.
ayok Artigo do jornal “New York Times” onde aborda o fenónemo das tags, especialmente a “ Taki 183”
David Ferreira 23
Mas a evolução não se ficou pelo aumento das dimensões e da estética tipográfica, a localização dos tags tornou-se um factor muito importante. Esgotada a lotação no interior das carruagens dos comboios e metros foi necessário passar para fora delas, permitindo ter acesso a espaços maiores para aplicações mais ambiciosas e com a grande vantagem que as obras de arte estariam em constante viagem, permitindo assim a sua difusão. Uma tag pintada na parte exterior de um comboio poderia viajar pelas linhas férreas dos estados unidos permitindo que inúmeras quantidades de pessoas pudessem visualizála dando assim reconhecimento e fama ao seu autor. Dado que não existia internet esta era a melhor forma de fazer chegar os tags o mais longe possível sem qualquer tipo de custos para o writter.
Style Wars (1983) DVD, realizado por Tony Silver. Public Art Films, Plexifilm. USA
24 Relatório de Estágio
Comboio difundindo inĂşmeros graffitis e tags de writers diferentes para outros pontos da cidade de Nova Iorque.
David Ferreira 25
A P E R SEG UI ÇÃO QUE LEVO U À EX PA NSÃO
Nos finais do ano 1972, o excesso de graffiti na rede do metro de Nova Iorque leva à tomada de medidas, entre elas um programa de limpeza do metro. Durante aproximadamente os 15 anos seguintes dá-se uma luta constante entre os writers que utilizavam o metro como suporte e as autoridades, que eliminavam os graffitis. Foi exatamente durante este período que os graffitis mais evoluíram em termos técnicos e estéticos. A batalha entre os writers e as autoridades responsáveis era tão intensa que levou à implementação de barreiras físicas nos terminais dos metros em 1986 e ainda a criação de uma polícia estritamente destinada à perseguição destes mesmo writers. Estas medidas levaram praticamente à extinção do graffiti no seu meio primordial mas por outro lado fez com que o graffiti continuasse a expandir-se para fora dos metros e comboios, passando assim a ser encontrado no meio urbano, pelas paredes de todo o mundo.
(Ganz, Graffiti World - Street art from five continents, p.8 e 9)
26 Relatório de Estágio
PolĂcia criada especialmente para patrulhar o metro de Nova Iorque
Fotografia de Evan Kirby que retrata a total expansĂŁo do movimento graffiti para fora do seu meio natural, o metro de Nova Iorque.
David Ferreira 27
A ST RE ET ART
Inicialmente e ao longo de muitos anos as
responsável pelo início do movimento acabou
cidades limitavam-se a receber o graffiti no
por ser anexado a um movimento ainda maior
seu estado original mas apartir dos anos 90
que surgiu do próprio, como já referi, a Street Art.
este começou a desenvolver-se para novas tendências como o stencil, sticker, mosaic ou paste up.
O termo pós graffiti apesar de ser frequentemente utilizado para descrever o movimento é considerado inadequado
Este cruzamento de novas técnicas e
por muitos autores. Para alguns aquilo que
tendências estéticas deram origem a uma nova
diferencia a arte urbana do graffiti é a técnica,
vertente artística, que apesar de ser conhecida
para outros é a legalidade.
por vários nomes tais como Neo Graffiti ou Pós Graffiti, a tendência é designá-la de Street Art.
As aplicações da street art continuam a ser, por norma, tão ilegais como as do graffiti, no
O graffiti tendo sido o estilo originário da Street
entanto é visível um progresso na aceitação da
Art tornava-se então agora apenas uma parte
street art. Este progresso na aceitação deve ao
do movimento. É importante compreender isto
facto da street art estar mais direcionada para
uma vez que muitas vezes é incorretamente
cultura de massas.
associado pelo público em geral. Street Art é diferente de graffiti, embora o graffiti seja o
28 Relatório de Estágio
Obra do artista Francês Space Invader. Através da junção de pequenos mosaicos este artista recria personagens do jogo “Space Invaders” e espalha por todo o mundo sendo considerado um dos pioneiros nesta técnica. Rennes - França
Paste up do icónico “Obey the Giant” criado por Shepard Farey através do retrato do lutador André the Giant.
Evol, artista Alemão é conhecido por fazer das caixas de electricidade de rua autênticas obras de arte, transformando-as aparentemente em edíficios habitacionais através de técnicas como stencil e sticker.
David Ferreira 29
“As letras costumavam dominar o graffiti mas hoje em dia a cultura expandiu-se: novas formas são exploradas, e personagens, símbolos e abstrações começam a proliferar. Nos últimos anos, os artistas de graffiti começaram a utilizar uma maior variedade de expressões. O estilo pessoal é livre de se desenvolver sem quaisquer restrições e, stickers, posters, stencils, airbrush, pastéis a óleo, todas as variedades de tinta e até escultura são utilizadas. A maioria dos artistas libertaram se da utilização restrita de tinta spray.”
(Ganz, “Graffiti World - Street art from five continents”, p.10)
30 Relatório de Estágio
B RA N D ING - Co ntex tua li z a çã o O termo Brand provém do escandinavo que
A história da marca leva-nos ainda mais longe,
significa queimar. Gado, escravos, madeira
até às civilizações da Grécia e Roma antiga.
e louças eram queimadas com a marca ou
Nesse tempo, era hábito deixar impressões
símbolo do proprietário usando uma barra
na base das peças de olaria e cerâmica. Estas
de ferro quente. O conceito de marca surge
marcas podiam ser impressões digitais ou
então essencialmente para definir propriedade,
pequenos símbolos básicos como estrelas ou
especialmente para objecto ou coisas com
cruzes.
valor. Prática esta que remonta a 2000 A.C.
Ao longo dos séculos XVII e XVIII, o volume
Curiosamente, esta finalidade primária de
de produção de fina porcelana, mobiliário e
identificar e distinguir produtos, bens ou
tapeçaria que essencialmente era produzido
serviços, ainda perdura nos nossos dias, sendo
nas oficinas, e indústrias artesanais, francesas
uma das principais funções das marcas.
e belgas, veio ampliar a utilização das marcas
Uma curiosidade do passado longínquo das marcas refere que em França foi hábito entre
como uma forma de marcar a origem e a qualidade dos produtos.
1600 e 1800 marcar uma flor de lis através de ferros quentes no ombro de todos os presos de forma a fossem rapidamentere conhecidos como criminosos.
Primeiras marcas embutidas nos produtos, sendo consideradas os primórdios do conceito Branding. David Ferreira 31
Primeiro design do layout de uma caixa de cereais da Kellogg’s.
32 Relatório de Estágio
Primeiro rótulo das garrafas Coca Cola
Primeiro rótulo das latas de sopa Campbell.
Situando-nos nos anos 70 do século XIX, para
os produtos eram locais-. Havia então
vender um produto bastava ter boa qualidade.
necessidade por parte dos fabricantes de
Se um comerciante vendesse bom café, boa
convencer os compradores que os bens
cerveja ou bom Whisky isto chegava para que
de consumo eram tão confiáveis como os
os seus produtos fossem reconhecidos pela
produtos locais. Surgem assim marcas como
maioria dos consumidores como produtos bons
a Sopa Campbell, o refrigerante Coca Cola,
e facilmente tinham sucesso.
a Juicy Fruit goma de mascar, os cereais de
Estabelecidas as fábricas durante a Revolução industrial começaram assim a aparecer bens produzidos em massa, surge assim a necessidade de um mercado mais amplo para escoar todos os produtos- anteriormente
pequeno almoço Kellogg entre outros que encontram uma necessidade enorme de se familiarizar com o consumidor. (Robin Landa , “A Brief Overview of the History of Branding”)
David Ferreira 33
O autor do livro Lovemark associa emoção e paixão à marca “As marcas foram desenvolvidas para criar diferenças entre os produtos que corriam o risco de não serem vistos, como certas pedras no meio do cascalho”.
(ROBERTS, 2005, p.30).
34 Relatório de Estágio
A paisagem urbana está cheia de informações e elementos visuais, deixando de parte as intervenções arquitetónicas e a sinalética (sinais de trânsito por exemplo), restam-nos apenas dois tipos generalizados de intervenções. O branding e a street art. Entenda-se branding como mais do que o poster publicitário tracional mas sim toda a imagem gráfica das marcas que são visiveis no espaço urbano ou seja outdoors, montras, toldos etc. Ambas estas duas áreas têm pontos em comum e simultaneamente pontos bastante díspares, no entanto um dos pontos em comum é indiscutível. Ambas pretendem comunicar. Sendo a comunicação ponto acente o motivo pelo o qual comunicam é totalmente díspar.
Obra do artista Francês JR. “WOMEN ARE HEROES” é o nome do projeto. Através da técnica Paste Up JR cola fotografias em tamanho gigante nas fachadas e telhados dos edíficio . Morro da Previdência - Rio de Janeiro.
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O campo de intervenção da street art e do branding é similar, essencialmente as ruas. Tal como um proprietário de um produto que deseja comercializar tem de criar uma marca, também um writer tem de criar a sua tag. Por norma quanto mais repetido for o logótipo em todos os produtos e repetições da marca maior vai ser o seu reconhecimento e propagação tal e qual como um tag. O passo posterior à criação de uma marca passa por publicitá-la, é aí que o logótipo se espalha por todo o mundo através de outdoors, posters, mupis. Da mesma maneira que um writer reproduz a sua tag em suportes urbanos que vão desdes paredes, a comboios, caixas de eletricidade. Tal como muitas vezes as marcas necessitam de desenvolver esforços para que a sua publicidade se destaque das restantes, recorrendo a outdoors maiores ou mupis mais criativos também os artistas urbanos recorrem a espaços maiores e privilegiados, obras mais criativas recorrendo a outros materiais e técnicas como o stencil, pieces, throw ups. O graffiti pode quase ser comparado como um exercício de branding, no sentido em que o writer cria a sua própria marca pessoal (Personal Branding), a sua tag representa o seu logótipo e as constantes renovações tipográficas e estéticas podem ser consideradas Rebranding.
36 Relatório de Estágio
Mural coberto de tags de Barry McGee, artista conhecido pela diversidade de tags. “Ray Fong”, “Lydia Fong”, “Bernon Vernon”, “P.Kin”, “Ray Virgil”, “Twist” - Bowery, New York
Na verdade existem grandes semelhanças no modus operandi entre o branding e a street art, mais propriamente o graffiti neste caso específico no entanto existem também diferenças muito grandes entre estas duas atividades. Como já referi anteriormente, uma deles e provavelmente a principal é o motivo pelo qual estas duas áreas comunicam. Por sua vez o branding comunica com intuito de promoção com fins lucrativos, por outro lado a street art e mais propriamente o graffiti comunicam com o intuito de passar uma mensagem concreta ou não, a quem a visualiza (Cedar Lewisohn , “Street Art: The Graffiti Revolution”)
Publicidade subversiva criada por Banksy, que visava criticar as crianças-soldado através dos lápis de cera Cranyon.
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“Mas quem chama vandalismo ao graffiti o que diz da publicidade que afoga as pessoas e submerge o espaço público sem pedir autorização àqueles que pretende atingir? Deixa de ser vandalismo porque é negócio?”,
“Vhils” - entrevista à revista L’arte em Março de 2008
38 Relatório de Estágio
Outro ponto de diferença entre ambos é a importante questão da legalidade . Enquanto o branding actua em espaços públicos de modo legal, alugando ou comprando o espaço onde é instalado com a devida autorização camarária, o graffiti não age dessa maneira, não pedindo qualquer autorização. O surgimento do marketing de guerrilha, ao qual se atribuíem também algumas questões quanto à sua legalidade acabou por misturar um pouco as fronteiras entre o legal e o ilegal, o que é certo é que aos olhos da sociedade esse tipo de Marketing não é tomado por ilegal ou ofensivo enquanto que o graffiti muitas vezes o é.
Publicidade de guerrilha com recurso ao meio urbano.
Publicidade da gigante IBM com recurso ao meio urbano.
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E X E M P LOS - “Adidas pa i nt you r ow n
Existiram obviamente inúmeros exemplos de tentativas de absorção do graffiti ou da street art por parte de empresas publicitárias, no entanto o primeiro com grandes resultados positivos foi uma campanha da adidas realizada em Berlim em 2006. A campanha dividia-se em duas fases, a primeira fase consistia em colocar outdoors brancos espalhados pela cidade de Berlim apenas com o logótipo da marca adidas e com uma frase que incentivava á interação, não tardou até que os outdoors fossem ocupados por tags, graffitis, stencils, stickers. Dias depois esses outdoors foram substituídos por novos, novamente brancos mas desta vez com o desenho das sapatilhas adidas 1983-Style. A campanha entitulava-se “ Paint your own Sneakers” e pedia-se então aos artistas urbanos que fizessem a sua arte e pintassem as novas sapatilhas da adidas.
40 Relatório de Estágio
Primeira fase da campanha com apelo à intervenção artística. Berlim
Segunda fase da campanha, esta já com o modelo da sapatilha. Inicialmente encontrava-se totalmente em branco mas neste caso um writer já tratou de “Pintar as suas próprias sapatilhas”.
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E X E M P LOS - “S he p ard Fa rey - ‘O bey the Gi a nt’.”
Shepard Farey é um dos nomes incontornáveis do panorama da street art, designer gráfico começou a ganhar as atenções do público há mais de 25 anos quando ainda estudava na Rhode Island School of Design. Ficou conhecido pela reprodução do sticker “Obey” criando uma enorme campanha a nível mundial com base em repetição exaustiva de uma imagem através de stickers, cartazes e Paste Up, intrigando o público em geral dando início a um fénomeno. Uma imagem acabava de ser reproduzida tantas
Imagem original do Wrestler André the Giant
vezes que deixava automaticamente qualquer pessoa intrigada em busca de perceber o significado dessa mesma imagem.
Fotografia do artista Shepard Farey 42 Relatório de Estágio
“O autocolante do André The Giant foi um espontâneo e feliz acidente. Eu estava a ensinar um amigo a fazer stencils no verão de 1989, e procurei uma imagem para usar no jornal, e estava lá uma publicidade a wrestling com o André the Giant e eu disse ao meu amigo para fazer o stencil disso. Ele respondeu-me “Não, não vou fazer um stencil disso, é estúpido!” mas eu achei que era engraçado e então fiz eu o stencil e alguns autocolantes. O grupo de amigos com quem andava na altura chamavam-se “The Posse”, então escrevi “André The Giant Has a Posse”.
Shepard Farey em entrevista à revista “Format” (2008).
David Ferreira 43
O projecto Obey era uma óbvia mistura de
Netscape. Em 2003 abriu a Studio Number One
conceitos e influências que iam desde street
onde ganhou imensos fãs graças aos trabalhos
art, design gráfico e publicidade. O resultado foi
para capas de CD’s e shows de bandas como
exemplar. Através de técnicas como serigrafia,
por exemplo Black Eyed peas, Led Zeppelon
o seu trabalho foi produzido em série contando
ou The Smashing Pumpkins
com colaboradores a quem Shepard enviava material para estes colarem nas suas cidades.
Apesar do sucesso enquanto designer gráfico e artista reconhecido Shepard nunca deixou de
A imagem passou assim a ser copiada e aplicada
parte o seu projecto Obey que hoje continua
em posters, stickers não só pela America pelo
a espalhar-se por todo o mundo, permitindo
próprio Shepard onde fazia viagens apenas
a que qualquer pessoa seja colaboradora
com o intuito de afixar stickers ou posters mas
tendo acesso aos stickers livres existentes no
também por todo o resto do mundo com ajuda
website. A própria marca obey evoluiu e desde
dos seus colaboradores. Criando-se assim um
2001 que se encontra também como marca
verdadeiro fenómeno mundial.
de vestuário, sendo reconhecida pela sua
Após a graduação fundou uma pequena empresa de design que logo evoluiu para
propaganda sempre relacionada com ativismo e assuntos sociopolíticos.
produção de design na internet e marketing de guerrilha para grandes marcas como Pepsi e
“Exit Through the Gift Shop”.DVD,Banksy.2011 “OBEY THE GIANT - The Shepard Fairey Story (2012)”.Vídeo Online. Julian Marshall
44 Relatório de Estágio
Exemplo de como Shepard Farey reproduzia e espalhava em massa a representação de “Obey the Giant”.
Capa da Revista Time elaborada por Shepard Farey com a figura de Barack Obama
Mais uma representação de “Obey the Giant” desta vez em formato Sticker.
David Ferreira 45
O D ESI GN D E COMUNICAÇÃO
Design e comunicação andam de mãos dadas.
Os motivos que levavam as tribos nomadas
Saber como surgiu a comunicação ajuda
a fazer estas pinturas divide muitas opiniões.
a entender onde e porque motivo surgiu o
Alguns estudiosos afirmam que fariam parte
design. Neste excerto não vou referenciar
de rituais mágicos para garantir sucesso da
todo o trajecto do design e da comunicação,
caça, outros defendem que era para transmitir
vou apenas referenciar com surgiu e de que
conhecimento ou meramente produzir arte.
maneira evoluiu, sempre o mais direcionado
Estes são os primeiros sinais de comunicação
para a arte urbana possível pois é esse o meu
visual e consecutivamente design.
ponto de interesse.
Com isto percebe-se a necessidade do ser
O design de comunicação pode dizer-se que
humano de comunicar e a evolução fez com
surgiu nas culturas pré-históricas ainda que
que a comunicação evoluísse, levando ao
numa forma muito primária, através da primeira
aparecimento de alfabetos inicialmente com
arte pintada, as pinturas rupestres. Estas
recurso a símbolos como o alfabeto egípcio
pinturas eram feitas em cavernas por tribos
por exemplo e posteriormente com caracteres
nómadas, em policromia ( utilização de várias
ainda bastante distinto do que conhecemos
cores).
hoje mas já com alguns princípios em comum
46 Relatório de Estágio
Caracteres do alfabeto fenício.
Pinturas rupestres um dos vestígios dos primórdios da comunicação. França.
David Ferreira 47
Bem, mas o verdadeiro desenvolvimento
da ilustração e design. O aparecimento de
do design de comunicação teve início após
posters tipográficos com o uso de imagens
a revolução industrial com o surgimento
de mulheres bonitas em poses provocativas
do movimento artístico Arts & Crafts .Este
para fazer marketing a algum tipo de produto
movimento internacional de design impôs-se
for popularizado pelo artista parisiense Jules
contra a produção em massa que resultava
Cheret. Este pode ser considerado o primeiro
em design de baixa qualidade e péssimas
vestígio de design de comunicação com fins
condições de trabalho. O movimento surgiu
comerciais.
em 1860 e estendeu-se aos Estados Unidos durante o início do século XX.
Hoje em dia e depois de todo o progresso assume-se o design de comunicação como
Em resposta à revolução industrial surge
uma área multidisciplinar que visa transmitir
então um movimento internacional do design
mensagens através de um processo criativo
designado de Arts & Crafts, este movimento
ligado à arte comercial. Abraça áreas como
apresenta-se contra a produção em massa
vídeo, música, design gráfico, publicidade,
que resultava em design de baixa qualidade e
design editorial e webdesign. Ao contrário
péssimas condições de trabalho. O movimento
de outros processos criativos, o design de
surgiu na Inglaterra em 1860 e se estendeu até
comunicação depende muitas vezes da parte
os Estados Unidos no século XX.
textual.
Um importante marco desta época surge em França durante a Belle Époque- a era de ouro
48 Relatório de Estágio
Cartaz referente a uma exposição de arts & crafts. Um dos primeiros cartazes publicitários.
Cartaz referente a uma exposição de arts & crafts. Um dos primeiros cartazes publicitários.
David Ferreira 49
O graffiti, em particular, tem uma vertente
Relativamente à função metalinguística do
informativa limitada, ou seja, comunica
design de comunicação, a sua proximidade
somente à comunidade em que se insere, de
com o graffiti é bastante notória. Ambos
um modo superficial, através do aplique do tag
trabalham com letras e por vezes a letra
enquanto identificador do autor.
chega a tomar uma forma diferente para ser
A função persuasiva do design aplica-se na perfeição à street art uma vez que tem na sua filosofia existencial, o objectivo de mudar o modo como o público percepciona o meio urbano e interage com o mesmo. Em relação à função decorativa, tanto o graffiti como a street art podem ser considerados decorativos no sentido em que existe uma preocupação estética com os objecto que originam. O factor mágico do design é comum também aos movimentos aqui referidos, tanto um como outro transformam a realidade e filtram-na de maneira a obter novos resultados.
50 Relatório de Estágio
percepcionado um outro significado ou estado de espírito. A utilização de cores nos trabalhos tipográficos, combinada com essa possível distorção formal, concedem ao graffiti a função metalinguística. Para concluir, tanto o design de comunicação possuem uma função fática, visto que ambos se servem de meios para simplificar a comunicação. A street art comunica servindose de simbologias bem reconhecidas pelo público geral, através dos seus elementos principalmente figurativos.
Retrato do cantor Português “Zeca Afonso” esculpido por Vhils na escola José Afonso, Seixal.
David Ferreira 51
O D ESI GN D E COMUNICAÇÃO E A STREET A RT Segundo Barnard (2005), imprimem-se
A função metalinguística baseia-se na
no design de comunicação seis funções:
utilização de uma linguagem que pode ter
informação, persuasão, decoração, magia,
recursos a cores e formas tornando-se assim
metalinguística e fática.
comum e de fácil percepção para a maioria dos
De um modo muito sintético, qualquer
observadores.
objecto produzido no âmbito do design de
Assim, depois de resumidamente definido o
comunicação deve informar algo ao seu
conceito de Design de Comunicação do ponto
público, persuadi-lo de alguma forma, seja
de vista de Barnard, pode-se comparar a
comercialmente ou para provocar uma
street art e mais propriamente o graffiti com as
alteração no modo de pensar ou agir.
características dessa actividade.
A função decorativa baseia-se na estética e a
A função informativa inerente ao design de
função a que Barnard chama magia justifica-se
comunicação pode-se associar totalmente
pelo modo como um designer gráfico consegue
à street art mas apenas em parte ao graffiti.
fazer aparecer coisas que não existem e
Por norma toda a street art existe com um
transformar as já existentes noutras coisas.
certo nível de informação que pretende ser
A função fática assenta na utilização de simbologias comuns à maioria dos observadores, de modo a simplificar a comunicação.
transmitida, pode ser ela politicamente activa, pode incluir comentários polémicos quer sejam figurativos ou literários. No entanto o graffiti já é passivo dessa característica, pode ou não incluir o lado informativo. Na maioria dos casos incluí apenas o sentido estético .
(Malcom Barnard “Graphic Design as Communication”. 2005)
52 Relatório de Estágio
Representação irónica da mítica “Fonte da Juventude”- Artista desconhecido.
Ben Wilson, artista Britânico que utiliza as pastilhas elásticas coladas no pavimento para criar a sua arte. Londres
David Ferreira 53
Re cu r s os Urb ano s p a ra a d i fu sã o d a comun i ca ç ão
O uso criativo e inteligente dos equipamentos e recursos urbanos sempre foi uma das maiores qualidades dos praticantes de street art, e esse factor foi importantíssimo na sua difusão. Segundo o artista Evan Roth o melhor exemplo deste uso dos recursos urbanos para difusão foi a utilização da rede de metro de Nova Iorque durante os anos 70 e 80. Ao pintarem o exterior e o interior dos comboios, os writers punham o seu trabalho em constante movimento difundindo-se por toda a cidade e País. Numa época onde não existia a internet, este método de divulgação tornou-se viral. Outro exemplo também apresentado por Roth era a utilização dos autocolantes dos correios americanos, uma vez que todos os guichets de correios nos Estados Unidos ofereciam gratuitamente etiquetas adesivas para aplicar na correspondência, no entanto os writers aproveitavam-se do facto se serem sem qualquer custo para colocarem as suas tags e posteriormente difundirem pela cidade.
(Evan Roth, “Geek Graffiti”. 2005)
54 Relatório de Estágio
Exemplos da difusão através dos selos de correio americanos.
“From here to fame!” Frame retirado do documentário “Style Wars”. A cena tratava-se de uma série de jovens que aguardavam ansiosamente a chegada de um comboio onde tinham colocado esta frase, traduzida significa “ Daqui para a fama”. A imagem apresenta baixa qualidade uma vez que o filme da qual foi retirado o frame remonta a 1983.
David Ferreira 55
Hob o Co de
O hobo code é um exemplo do design de comunicação aliado à street art ainda que de um modo pouco ortodoxo. Os hobos são considerados vagabundos que se desenvolveram no Estados Unidos essencialmente durante a grande depressão (1929). Um Hobo é um vagabundo um pouco diferente de um comum mendigo, na verdade o Hobo trabalha, no entanto os trabalhos que consegue são temporários então circulam pelo país Americano sem residência fixa, deslocam-se maioritariamente em vagões comerciais de comboios. O hobo code surge então através da necessidade dos Hobos comunicarem entre si de modo a indicarem onde poderiam encontrar certas coisas na cidade onde estavam, tais como comida, médico grátis, alojamento, trabalho temporário. Este código sinalético era então marcado a giz ou a carvão perto do local onde pretendiam indicar ou à entrada da localidade. Este código apesar de estar à vista de todos apenas uma pequena minoria conseguia decifrar uma vez que requeria uma aprendizagem do mesmo.
56 Relatório de Estágio
Mais vestígios de “Hobo Code”.
Vestígios de “Hobo Code”.
Guia especulativo do código “Hobe”.
David Ferreira 57
WARCH ALK I NG Na mesma tendência surge bem posteriormente um outro código sinalético, pode dizer-se inspirado no Hobo code que se estabelece em 2002. Criado por um grupo de amigos, o Warchalking tinha o intuito de apontar na cidade pontos desprotegidos de redes sem fios. Este código foi difundido por Matt Jones, um dos membros do grupo e rapidamente apareceram publicados vários artigos de jornais e reportagens em canais televisivos. O objectivo deste código era que quando alguém encontrasse um ponto de livre acesso á internet, deveria deixar uma marca a giz próxima desse ponto, poderia ser num poste ou num passeio, de modo a avisar qualquer pessoa que ali perto existiria um spot com acesso á internet grátis.
Alguém pondo em prática o código sinalético “Warchalking”.
58 Relatório de Estágio
Vestígios da codificação “Warchalking”
TRABA LH OS RE AL I Z A DOS
David Ferreira 59
“Para conseguir executar a sua missão e atingir os objetivos a que se propõe, a IFD necessita de uma imagem institucional de reconhecimento imediato a nível nacional e capacidade de identificação com Portugal quando comunicada no estrangeiro.
60 Relatório de Estágio
I N S TI TUIÇÃO FIN ANCEIRA DE DES ENVOLV IM ENTO R E B RA N DI NG
A Instituição Financeira de Desenvolvimento é uma sociedade financeira de capitais públicos, com sede no Porto, que foi criada pelo Decreto-Lei no 155/2014, de 21 de outubro com a missão de colmatar as falhas de mercado no financiamento das PME numa perspetiva de atuação grossita. Pretendiam renovar a sua imagem corporativa sem descorar dos seus valores actuais, mas com a intenção de reforçar o reconhecimento da imagem e associação a Portugal.
David Ferreira 61
CONCE I TO DES E NVOLVIDO O conceito aplicado então na imagem
presente na bandeira nacional que representa
corporativa vai direto à História de Portugal. Os
exactamente a Era dos descobrimentos. Mais
descobrimentos.
que isso, trabalhámos a esfera armilar de modo
Os descobrimentos Portugueses, provavelmente a fase de maior empreendedorismo e expansão territorial,
a que se tornasse um híbrido entre a Sigla IDF e a própria esfera em si apresentando assim as duas vertentes visuais incutidas numa só.
cultural e sobretudo Financeira são um marco
Dentro do logótipo é possível ver-se as iniciais
histórico fulcral não só na história de Portugal
“I”, “F”, e “D” construídas apartir da estrutura da
como também na História Mundial, por
esfera armilar sendo que o “I” apresenta maior
tudo o que envolveram e permitiram, desde
destaque por uma questão estética “pro bono”.
desenvolvimentos tecnlógicos a evoluções socio/culturais. Trata-se de uma Era pela qual os Portugueses nutrem respeito e orgulho e pela qual a comunidade internacional reconhece Portugal. Para trabalhar esse conceito e aplicá-lo na imagem corporativa utilizámos a esfera armilar
62 Relatório de Estágio
A nosso ver esta proposta, dado o conceito inerente, vai de encontro com os objectivos do cliente identificando-se bastante com todos os valores da IFD, estando diretamente ligada a ideais como empreendedorismo, Iniciativa e Realização.
Simulação do resultado final da imagem corporativa apresentada ao cliente.
David Ferreira 63
“ACITEL com 28 anos de experiência no Mercado de Telecomunicações, tem conquistado uma posição de liderança enquanto integrador de soluções de comunicação”
64 Relatório de Estágio
AC I TE L R E B RANDI NG E AS S I NATURA 30 A NO S
O cliente pretendia a renovação da imagem corporativa para assinalar os 30 anos da marca ACITEL. Neste caso em específico o que o cliente desejava não era um Rebranding mas sim quase como um Restyling. Partindo do logo existente, era a missão da 4por4 e especialmente minha tornar o logo existente mais actual, acrescentando-lhe a possibiliade de se transformar numa assinatura para assinalar os 30 anos, sem fugir à identidade da marca.
Marcas concorrentes à “ACITEL”, dados enviados pelo cliente no briefing.
David Ferreira 65
Partindo do princípio que não se tratava de um
funcione independentemente de com ou sem
Rebranding profundo total da marca “ ACITEL”,
“30 anos de História”
esta versão surge mais como um restyling que mantém o fio condutor do logótipo original. Esta proposta apresenta uma imagem corporativa mais moderna,deixando para trás o círculo azul associado á marca. Surge então um novo círculo sem prenchimento, onde a cor azul está presente apenas nos contornos dando um ar mais “clean” e moderno. Dado o facto do logótipo não ser preenchido dá então liberdade para trabalhar as linhas e os contornos, elementos esses que representam ligação, conectividade e união. Sendo estes últimos valores e serviços inerentes à marca. Esta proposta permite ao mesmo tempo versabilidade para aplicar então o slogan “30 anos de História” dado que a imagem corporativa está construída para que o logótipo
66 Relatório de Estágio
Visa ser moderna e coerente. Ao aplicar várias tonalidades iria contra o profissionalismo que pretende transmitir. Para os mais distraídos devemos também explicar um detalhe, na imagem corporativa que apresenta o slogan e o logótipo com o “30” o número 3 foi desenhado para que a sua parte superior conjugada com a parte inferior circular se tornasse uma seta, dando a ídeia de ciclo. Um ciclo que se repete há 30 anos, com selo de qualidade e profissionalismo.
Simulação da versão com imagem corporativa renovada.
Simulação da versão comemorativa 30 anos. David Ferreira 67
“Passarinhos colocados por cima da Marca, simbolizam delicadeza e a sua estrutura em forma de coração e o próprio coração, representam afeto pelo chocolate. Os pormenores e pequenos apontamentos como os ‘rabiscos’ são importantes representa o artesanal.”
68 Relatório de Estágio
O FA M OSO B O LO DA M ARIA B RAN D ING Com foco total em vendas de bolos através do Facebook surge então “ O famoso bolo da Maria”, um projeto do qual eu era inteiramente responsável, provavelmente o primeiro projeto em que tive total liberdade e responsabilidade para desenvolver, talvez a primeira prova de confiança por parte da 4por4 no meu trabalho. Este cliente, pretendia então a criação de uma identidade para a marca “ O famoso bolo da Maria”, naming que mais tarde acabou por ser alterado para “ Ke bom - Bolos artesanais” , este foi mais um dos fatores que me levou a vincar ainda mais a minha ideia de abordar o problema dos clientes no estado da arte.
Três sugestões enviadas pelo cliente como referência para aquilo que desejava obter na imagem corporativa do projeto “ O famoso bolo da Maria”.
David Ferreira 69
CONCE I TO DES E NVOLVIDO “Mensagem de produtos elaborados com Bom
mais artesanal, com traços de delicaleza e
Gosto e Qualidade (sem produtos químicos,
com um elo de ligação a sentimento então
artesanal) que poderá ser representado através
enveredámos exactamente por esse caminho.
dois pequenos passarinhos, que simbolizam
Surgindo assim um logótipo com um equilibrio
beleza e delicadeza. Deverá ser acompanhado
entre a delicadeza e o requinte.
de um elemento emocional (a paixão pelo chocolate), através do coração. ”
Podem ser visto detalhes trabalhados na parte superior e inferior do logótipo que
Foi exactamente ao encontro desta descrição
remetem exactamente para sentimentos de
elaborada pelo cliente que baseámos a
delicadeza, paixão . Em suma, alguém que tem
construção de todo o logótipo, uma vez que
carinho por aquilo que faz. Esses sentimentos
ao tratar-se de um negócio de cariz pessoal
estão exactamente representados através
achamos de extrema relevância o cliente
de passarinhos e um coração tal como a
identificar-se a 100% com a imagem que o
cliente sugeriu e que a nosso ver se enquadra
representa.
perfeitamente.
Através da forma oval pretendemos
Ao nível da cor, optámos pelo castanho
representar a forma comum à maioria dos
chocolate nos contornos e no lettering e na
bolos. Podemos afirmar que é quase como
parte interior optámos por uma cor não tão
um modelo padrão tornando-se assim de fácil
forte e mais ligada ao universo feminino para
reconhecimento e associação.
estreitar ligação com o público alvo desse
Tendo em conta que o cliente pretendia um logótipo que remetesse para um lado
70 Relatório de Estágio
mesmo género.
Simulação da primeira proposta apresentada. ”O famoso bolo da Maria”.
David Ferreira 71
CONCE I TO DES E NVOLVIDO Esta segunda proposta de identidade surge no
Nesta versão privilegia-se essencialmente a
mesmo contexto da primeira mas com outra
paixão pelo chocolate representada novamente
abordagem. É exactamente a mesma marca
através de 2 passarinhos, desta vez trabalhados
mas com outra interpretação.
com menos requinte mas mais envolvidos em
Esta proposta não se baseia tanto no requinte
paixão e carinho.
como a anterior, apesar de continuar a ter
Esta proposta de identidade traz outra
ligação mas essencialmente para uma
perspectiva à marca “ O famoso Bolo da Maria”,
abordagem mais simples e sobretudo mais
mantendo por base os ideiais do cliente como
divertida, fácil de ficar na memória dos clientes
“ Delicadeza, carinho e paixão pelo chocolate”
uma vez que explora mais o lado sentimental.
não descurando da relação com o público
A forma apesar de se manter oval traz novos contornos que remetem mais uma vez para
alvo e mantendo o ligação com um lado mais feminino através dos tons usados.
o lado artesanal, cria uma abordagem mais
Para não afastar o lado mais requintado
descontraída mas mantém total ligação com a
inerente à marca optámos por manter o
área onde está inserida.
lettering, dando assim um aspecto mais clássico e vintage que já era possível ver na proposta 1.
72 Relatório de Estágio
Simulação da segunda proposta apresentada. ”O famoso bolo da Maria”.
David Ferreira 73
“Fornecimento e instalação de linhas de vida verticais fornecimento e instalação de linhas horizontais , comercialização de produtos de segurança”
74 Relatório de Estágio
SA F E PRO L IN E WO R LD B RAN D ING
A empresa SPLW fornece e instala linhas de vida sejam elas verticais ou horizontais, têm ainda ao seu dispor para comercialização materiais de segurança, individuais ou colectivos. Foi provavelmente o briefing onde estive mais à vontade, tanto da parte da entidade acolhedora como do proprio cliente, onde o mesmo confessou não ter grandes noções da área e por isso mesmo pretendia algo elaborado por profissionais confiando-lhes total liberdade para desenvolver a nova imagem da marca. Pedindo apenas pôr-mos em prática os valores da marca na imagem corporativa. Uma marca dinâmica, sofisticada e profissional.
VALORES DA M A R CA Dinâmica Sofisticação Profissional
David Ferreira 75
CONCE I TO DES E NVOLVIDO Nesta proposta de identidade tentámos ir mais
Depois de estabelecer o conceito chave
longe e estruturar um conceito mais elaborado
elaborámos o logótipo proposto, que
relacionando os produtos vendidos pela marca
apresenta a forma do cordão umbilical em
e o próprio nome em si.
contraforma, também conhecida pela termo
Sabendo que a SPLW tem as linhas de vida verticais como um dos seus principais ramos
“negativo” ( sugestão apresentada pelo cliente no briefing).
de produtos foi exactamente nesse termo que
A forma redonda faz a conexão visual com a
nos baseámos, “ linhas de vida”. Ou seja, linhas,
palavra “World” - “mundo”, e no seu interior tem
cabos, fios, ligações que nos mantêm vivos.
então a forma sugestiva do cordão umbilical
Foi exactamente atrás desse conceito que fomos e procurámos relacionar com as principais linhas/conexões vitais humanas. Heis que surge a relação conceptual com o cordão umbilical, a primeira linha vital que mantém o ser humano vivo e em total segurança.
76 Relatório de Estágio
com o detalhe que perfaz a letra ”S”, inicial da palavra Safe. Nesta proposta apresentamos duas variações tipográficas uma vez que o logótipo apresenta grande polivalência nesse aspecto.
Simulação da principal proposta apresentada para o cliente “SPLW”. David Ferreira 77
iU P 25 K Ca m p anha p ub l icitá ri a A Universidade do Porto pretendia uma campanha para publicitar o seu concurso iUp 25k, o concurso já existe há alguns anos e visa premiar o empreendedorismo por parte dos jovens estudantes da faculdade do Porto. O Prémio são 25 mil euros e procuram por sobretudo empreendedorismo ao nível das ideias de negócio. Pretendiam criar uma campanha de raiz, com um conceito ligado ao empreendedorismo mas este ano pretendiam algo completamente novo, diferente dos conceitos dos anos anteriores e algo que possibilitasse activações de marca na rua. A campanha publicitária também é sob o formato concurso, tendo a 4por4 - Creative Agency levado a melhor nos dois anos transactos. Infelizmente este ano não se confirmou a mesma sorte.
78 Relatório de Estágio
CONCE I TO -“Eureka!” Quem nunca ouviu esta expressão? Seja por cultura geral ou apenas de ouvido toda a gente está familiarizada com esta expressão, e mesmo que não saiba o contexto em que está inserida, sabe o seu signicado. A expressão “Eureka” foi proferida pelo matemático, engenheiro, inventor, físico e astrónomo grego Arquimedes.
Arquimedes então lançou-se em busca de uma ideia de sucesso! Mesmo antes do termo empreendedorismo existir já Arquimedes estava a ser empreendedor. A ideia para a solução deste desa o surgiu então um dia em que Arquimedes estava na banheira e reparou que ao entrar na água, o volume da água na banheira aumentava. Ao aperceber-se disto e traduzindo logo para
Em certa altura o Rei do seu tempo deparou-
a aplicação com a Coroa gritou “Eureka”,
se com um problema, tinha lhe sido oferecida
expressão essa que dura até aos dias de hoje
uma coroa à qual atribuíam garantias que era
representa ter uma ideia genial!
totalmente feita de ouro puro. Desconfiado da veracidade desta oferenda o Rei mandou chamar o conhecido sábio Arquimedes para solucionar o problema e desvendar se
É exactamente baseado neste conceito “Eureka” que baseámos a nossa proposta de imagem para o “IUP25K”.
realmente a coroa era de ouro maciço ou
A presença da banheira e da coroa como
não. Obviamente que derreter o ouro provaria
elementos da composição gráfica são claras
a veracidade do mesmo mas essa hipótese
referências a este episódio descrito em cima.
estava totalmente fora de questão uma vez que
Para além de se tornar uma abordagem
a coroa seria irrecuperável.
minimalista e conceptual, ao mesmo tempo está direcionada ao público alvo que se caracteriza por ser maioritariamente público jovem.
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80 Relatรณrio de Estรกgio
David Ferreira 81
B I B L I OG RAFI A LINKS WEB http://p3.publico.pt/vicios/espelho/1858/no-porto-ha-uma-nova-loja-dedicada-ao-graffiti http://www.theatlantic.com/business/archive/2011/10/how-brands-were-born-a-brief-history-of-modern-marketing/246012/ https://marcating.wordpress.com/2013/09/02/a-origem-da-marca/ http://www.aef.com/pdf/landa_history_rev2.pdf https://obeygiant.com/propaganda/manifesto/ https://en.wikipedia.org/wiki/Glossary_of_graffiti https://www.graffiti.org/ http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/9085/lei-portuguesa-estabelece-multas-anti-graffiti-ate-25-mil-euros http://www.space-invaders.com/world/ http://www.jr-art.net/jr http://cargocollective.com/franciscodias/A-Historia-do-Design-de-Comunicacao-Entre-Aspas http://nowiknow.com/the-hobo-code/ http://www.woostercollective.com/post/adidas-gets-it-right-with-adicolor
LIVROS Street Art From around the World - Garry Hunter A Brief Overview of the History of Branding - Robin Landa Branding - Um manual para você criar, gerenciar e avaliar marcas (José Roberto Martins) Communication Design - Principles, Methods, and Practice Jorge Frascara Graphic design as communication de Malcom Barnard Graphic Design History: A Critical Guide 1st Edition by Johanna Drucker, Emily McVarish Tag town de Martha Cooper (2008) Street Art: The Graffiti Revolution de Cedar Lewisohn Geek Graffiti de Evans Roth ( 2005)
TESES The street as canvas: street art and the construction of artistic careers - Ágata Dourado Sequeira O design de Comunicação e o Graffiti como meios cúmplices na personalização do espaço urbano - Inês Delicioso Contributos do design de comunicação para a construção da identidade de um espaço. Exemplos contemporâneos em Portugal - Afonso Henriques Cordeiro Carvalho de Almeida O designer de comunicação como mapeador do território de imagens ligadas ao graffiti - Ana Rita Oliveira Leite Pinho
FILMES Bomb it (2007) DVD, realizado por J Reiss, Antidote Films inc Style Wars (1983) DVD, realizado por Tony Silver. Public Art Films, Plexifilm. USA “Exit Through the Gift Shop”.DVD,Banksy.2011 “OBEY THE GIANT - The Shepard Fairey Story (2012)”.Vídeo Online. Julian Marshall 82 Relatório de Estágio
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84 Relatรณrio de Estรกgio