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CAMPO EXPERIMENTAL

A Escola Municipal de Jardinagem conquistou uma área dentro do Parque Ibirapuera denominada Campo Experimental, que era o antigo Viveiro de Plantas do Parque do Ibirapuera, onde atualmente ocorrem as atividades práticas e demonstrativas - aulas dos cursos regulares, oficinas e trilhas - e visitação técnica monitorada. Para estas atividades são utilizados 02 (dois) galpões cobertos e abertos lateralmente e o próprio espaço natural local. Com este equipamento as aulas/cursos ganham enriquecimento, dinamismo em que os conteúdos teóricos e práticos podem ser realizados sequencialmente (dias/locais diferentes- considerado prédio sede UMAPAZ) ou simultaneamente (ESCOLA MUNICIPAL DE JARDINAGEM, 2015).

Atualmente o Campo Experimental recebe os seguintes cursos: Curso Municipal de Jardinagem, Jardins Amigos da Fauna, Como fazer uma Horta, Estudo da Família Orchidaceae, Botânica de Plantas Ornamentais: Suculentas e Cactos, Sementes: Biologia, Jardinagem e Folclore, Arborização para Jardinistas, Hortas Pedagógicas e três cursos em parceria com a SMS: CECCO Ibirapuera: Jardinagem com Foco em Saúde, Jardinarte e Expedição Ambiental. Além de oficinas gerais, palestras e seminários.

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Figura 9 - Mapa de acessos Parque Ibirapuera com entrada para o Campo Experimental.

IMPORTÂNCIA DO CAMPO EXPERIMENTAL NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CONSERVAÇÃO DOS POLINIZADORES

As relações que as plantas, os animais e os micro-organismos estabelecem entre si, e com o ambiente resulta no chamado ecossistema, essa relação garante não apenas a sobrevivência desses seres, mas também a preservação dos recursos naturais encontrados nos meios em que eles habitam (RAMOS, 2010). Uma dessas relações é a polinização, que de acordo com NASCIMENTO, et al. (2012), constitui-se em um fator de produção fundamental na condução de muitas culturas agrícolas ao redor do mundo. Além do aumento da produção dos frutos, contribui para a melhoria da qualidade dos mesmos, diminuindo os índices de malformação.

De acordo com informações da EMBRAPA (2014) a polinização é a transferência de grãos de pólen das anteras de uma flor para o estigma (parte do aparelho reprodutor feminino) da mesma flor ou de outra flor da mesma espécie. Existem dois tipos de polinização: abiótica e biótica. A polinização abiótica é realizada por seres não vivos e possuem alguns tipos, como por exemplo, pelo vento (anemofilia) e pela água (hidrofilia). O modo biótico é realizado por seres vivos, como aves, insetos, morcegos etc (ALMEIDA et al., 2003).

Para atrair os agentes polinizadores bióticos as espécies vegetais oferecem recompensas, pólen, néctar, óleos ou mesmo odores, utilizadas na alimentação ou reprodução dos animais. Conforme citado por MARQUES, et al. (2015) as abelhas são os principais polinizadores de muitas espécies de plantas. Além delas, outros insetos também podem atuar como polinizadores, tais como besouros, moscas, borboletas, pequenas mariposas e esfingídeos (um tipo de mariposa). Conforme citado por MORALES e KOHLER (2008), plantas que possuem recursos florais menos atraentes podem apresentar visitantes mais específicos, isto pode também estar ligado à morfologia das flores, a qual pode contribuir para a visita dos polinizadores ou inibi-los.

As áreas de vegetação natural são importantes para os polinizadores, pois é onde eles encontram locais adequados para construírem seus ninhos e se reproduzirem e onde eles obtêm muitos recursos alimentares que precisam (MARQUES, et al. 2015). Porém, as evidências de declínio das populações dos polinizadores nativos de vários locais do mundo conduziram as iniciativas de conservação e ao incentivo de vários projetos, inclusive no Brasil, com o intuito de conhecer e propor atividades de manejo e conservação desses polinizadores (YAMAMOTO, 2009).

MARQUES et al. (2015) listou oito sugestões de melhoria das práticas de conservação dos polinizadores, da qual, retiramos cinco para citar:

TABELA 1: Sugestões para a melhoria das práticas de conservação dos polinizadores.

1. 2. 3. 4. 5. Cultivo de plantas que são alvos de polinizadores; Criação de corredor de néctar para polinizadores; Incentivo ao controle biológico de pragas; Diminuição do uso de agrotóxicos; Capacitação por meio da disseminação do conhecimento sobre polinizadores.

Fonte: Polinizadores na agricultura: ênfase em abelhas.

Utilizando a tabela acima como base, é possível analisar que o Campo Experimental da Escola Municipal de Jardinagem, se enquadra em todas as sugestões de práticas de conservação dos polinizadores.

Ao longo do Campo Experimental é possível observar inúmeras espécies vegetais altamente atraentes de polinizadores, como por exemplo, Lantana sp e Clerodendrum thomsoniae Balf., ambas nativas e constantemente visitadas por abelhas melíponas, que não possuem ferrão e borboletas.

De acordo com HEIDEN et al. (2006), grande parte das plantas ornamentais cultivadas nos mais diversos locais do mundo não são nativas dessas regiões, o que pode acarretar consequências negativas tanto nos ambientes naturais quanto nos cultivos. Além das espécies nativas e exóticas, existem as espécies invasoras, que podem ser plantas, animais, agentes de doenças e outros organismos tomados além do seu alcance natural por pessoas, deliberadamente ou não, e que se tornam destrutivos para o meio ambiente ou meios de subsistência humanos (IUCN, 2018). O uso de plantas nativas ornamentais colabora para a diminuição desse impacto ambiental. A existência e a diversidade dessas plantas podem atrair para as cidades animais, como borboletas e pássaros que se alimentam dos frutos, de pequenos insetos atraídos pela vegetação ou do pólen e néctar, realizando efetivamente a polinização (HEIDEN et al., 2006).

Figura 10 - Lantana sp sendo visitada por borboleta Dione juno no Campo Experimental da Escola Municipal de Jardinagem.

Fonte: Arquivo pessoal | Foto: Bianca Lopes.

No Campo Experimental, a utilização de agrotóxicos é nula, o controle das pragas é feito de forma biológica ou manual, sendo necessária, a maior atenção dos jardineiros responsáveis pela manutenção do local. A adubagem do solo é feita com composto e chorume.

O composto é preparado com materiais orgânicos, ou seja, de origem animal ou vegetal, mas no Campo são usados apenas de origem vegetal, provenientes de restos de podas, frutos caídos e cascas de alimentos utilizados em aulas práticas. O chorume é proveniente da manutenção constante do minhocário, onde são depositados materiais orgânicos do Campo Experimental. Uma das muitas importâncias do minhocário é quanto ao controle dos resíduos orgânicos, visto que, o aumento do mesmo representa um grande problema para a qualidade ambiental (LIMA e TEIXEIRA, 2017).

Figura 11 - Minhocário sendo apresentado ao público durante o evento Campo Aberto.

Fonte: Arquivo pessoal | Foto: Bianca Lopes.

Por fim, a Escola Municipal de Jardinagem tem como propósito incentivar e promover a capacitação dos cidadãos para a jardinagem, paisagismo e cultivo (PMSP, 2019).

São realizadas inúmeras atividades que promovem a sensibilização ambiental e o cuidado com o meio ambiente. Toda essa vivência só é concebível graças à existência do Campo Experimental, que conta com mais de quatrocentas espécies vegetais e inúmeros animais, como insetos, aves e mamíferos, entre outros. Portanto, cabe a nós reconhecer a efetiva importância ecológica e ambiental do espaço, levando em consideração os mais de 50.000 munícipes atendidos até 2019, e que tiveram a oportunidade de passar pelo Campo Experimental da Escola Municipal de Jardinagem.

Figura 12 - Quadra de floríferas do Campo Experimental.

Fonte: Arquivo pessoal | Foto: Bianca Lopes.

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