Teste - Insônia Produtiva Revista

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Insônia Produtiva Revista

Bird Box e Pandemia

Lemos ou vivemos uma distopia?


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Retorne aos cinemas com segurança! Mantenha o distanciamento Respeite as normas estabelecidas Use máscara Leve o seu álcool 70 e divirta-se!

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Índice Músicos: atletas da arte

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Bird Box e Pandemia

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O Gambito da Rainha

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Editorial

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Revista Insônia Produti- sas dicas e venha com a gente para va traz em sua primei- esta que promete ser uma grande ra edição um especial jornada! sobre filmes e séries. Boa Leitura! A pandemia ainda não acabou, mas nossa necessidade de consumir Instagram: @insoniaprodutiva_ arte e cultura continua mais forte Site: https://insoniaprodutiva. do que nunca! Se inspire com nos- home.blog/

Expediente Fotos: Unsplash Textos: Deborah Vieira e Gabriela Vieira Edição: 1 Nov/Dez 2021

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Músicos: atletas da arte Músicos e atletas têm muito em comum. Mais do que você imagina!

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Por Gabriela Vieira

urante a cerimônia de abertura dos jogos olímpicos de 2021, uma cena me chamou atenção: os paralelos visuais estabelecidos entre uma orquestra e as diversas modalidades esportivas, as similaridades entre dois mundos. Uma percepção muito sensível que aproxima duas realidades aparentemente distintas, mas com tantas possibilidades de intersecção. Assim como os atletas se preparam incansavelmente para a competição, os músicos precisam de muita disciplina e dedicação para mostrar o melhor na apresentação. Atletas muitas vezes têm segundos ou alguns jogos para mostrar o resultado do trabalho incansável de anos. O show é a chance única e irrepetível que representa somente uma fração mínima do trabalho árduo de um músico. O treinamento exige capacidade

física e resiliência mental dos músicos e atletas. A dor, dúvida e descrédito são constantes - o que mantém o sonho vivo é a persistência e vontade de fazer mais e melhor. Afinal, existe uma torcida que vibra com cada ponto marcado e cada melodia bem executada. As pessoas se reúnem para assistir, sentir o encanto e a paixão das atividades musicais e esportivas; uma alegria contagiante! (E que saudade do público…). As semelhanças extrapolam o meramente visual: invadem a rotina de treino e a filosofia de trabalho! Quem dedica a vida à música ou ao esporte sabe que não exerce apenas uma profissão: está imerso em um estilo de vida que permite sentir-se mais vivo! Estudar música com o compromisso de um atleta, praticar esporte com a devoção de um artista. Edição 1

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Bom dia, Verônica “Será que eu consigo assistir?” Por Deborah Vieira

Foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça enquanto assistia ao primeiro episódio. Dói ver tudo a que somos expostas diariamente, desde o bullying vivido já na infância, por não termos uma aparência que seja a “padrão”, passando pela humilhação de uma vítima que se defende como se fosse ré – fato que ganhou repercussão nacional no mês de novembro com a exposição do julgamento do caso de estupro de Mari Ferrer –, até às atrocidades de violência física e sexual a qual muitas de nós são submetidas diariamente, sendo que outras tantas nem sobrevivem para denunciar. “Bom dia, Verônica” é uma série brasileira, disponível na plataforma Netflix, a qual conta a jornada da escrivã Verônica que, ao presenciar um suicídio dentro da delegacia de homicídios, decide investigar e dar voz às vítimas de um estuprador que caça mulheres em um aplicativo de relacionamentos. Em meio a essa busca, Verônica descobre outros crimes graves envolvendo um serial killer. A série aponta temas dolorosos e presentes na sociedade brasileira contemporânea, como a falta de empatia e sororidade vinda de outras mulheres para com as vítimas de abuso ou violência sexual, muitas vezes, presentes dentro do próprio sistema de defesa, que deveria proteger e ouvir a vítima, sem qualquer julgamento prévio (na série, isso foi personificado na figura da Delegada Anita). Além disso, muito do que uma vítima mulher sente só pode ser compreendido por outra mu-

lher, o que fica claro na personagem da Verônica, que sempre mostra-se preocupada com a vítima e em ampará-la. O trabalho de uma mulher, em muitos casos, é visto como um empecilho, em especial, nos relacionamentos amorosos e familiares. Verônica é constantemente repreendida pelo próprio marido por ter de sair e cumprir seu dever de policial, a profissão que escolheu e que ama. Infelizmente, o mundo do trabalho ainda é visto socialmente como secundário, uma mulher deveria preocupar-se primeiro com sua família e esposo. Fator esse que reforça a dominação masculina e a ideia de que o gênero feminino deve-se preocupar em primeiro com o ambiente privado (casa, filhos e marido), ao invés do público (mundo do trabalho). Outro problema que é escancarado na série são as questões de gênero e as relações de poder. O serial killer e agressor, também é um policial de alta patente, condecorado por seus feitos. A frase “cada um tem o herói que merece”, aparece para ironizar tal caso. Afinal, o que uma simples escrivã, frequentemente questionada de sua sanidade mental e do seu real lugar na polícia, poderia fazer contra um policial homem protegido pela própria justiça? Na série é claro como o sistema de defesa e justiça possui um gênero, uma cor, uma posição social.E, no fim, ficamos com a dúvida que sempre nos preocupa enquanto mulher: Justiça pra quem? E como recorrer à Justiça em um país de injustiças?

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Bird Box e...

Com a pandemia da COVID-19: lemos ou vivemos uma distopia?

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Por Deborah Vieira

esta semana acabei de ler o livro “Malorie”, a continuação do bestseller “Bird Box”, de Josh Malerman, adaptado em formato de filme em 2018, lançado na Netflix. Confesso que fiquei assustada com as aproximações do romance com a nossa realidade atual em meio à Pandemia da COVID-19. O livro foi publicado em 2014, quando nem imaginávamos passar por algo como o que vivenciamos agora, apesar de termos vivenciado a pandemia de “Gripe Suína” (H1N1), em 2009. Não que as criaturas descritas por Malerman sejam idênticas ao novo coronavírus, mas podemos estabelecer semelhanças entre o mundo pós-apocalíptico de Bird Box e o mundo atual. A primeira aproximação seria o uso de um pano (máscara ou venda) para cobrir uma parte do rosto. No mundo distópico pensado por Malerman, a proteção vem do uso de vendas. Malorie, inclusive, ensina aos filhos que em hipótese alguma, eles devem tirar as vendas, mesmo em ambientes considerados seguros, como a Escola para Cegos. Nunca se sabe onde e quando uma criatura pode aparecer para enlou8

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quecer uma pessoa e gerar o caos. A personagem ainda desconfia de qualquer pessoa que não faça parte do seu círculo, afinal, não é possível diferenciar, muitas vezes, um louco de um são. No mundo real, usamos as máscaras sobre boca e nariz, uma forma de proteger as vias respiratórias da possibilidade de contágio. Mas os cuidados não param por aí: lavagem constante das mãos, uso de álcool 70, evitar aglomeração, entre outros. E, como alerta a Malorie da ficção, todo cuidado é pouco diante do que enfrentamos e da chance iminente de morte. Uma morte que não escolhe gênero, orientação sexual, religião, raça/etnia, classe social. Milhões de vidas levadas em tão pouco tempo. Outra aproximação seriam os loucos da ficção e os negacionistas da vida real. No mundo de Malorie, há quem não acredite no potencial maléfico da criatura. A própria personagem demorou para acreditar que algo havia começado e precisou ver e sentir os efeitos para levar à sério. Na distopia também existem aqueles que acreditam que a criatura é uma espécie de libertação, purificação, juízo final ou algo “lindo a ser


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Copyright Merrick Morton/Netflix 9 Edição 1


observado”. Esta última ideia pertence aos considerados loucos, os quais observam as criaturas, mas não sentem os mesmos efeitos de destruição. Elas não só veem as criaturas, como querem que todas as outras pessoas tenham a mesma experiência. Pode ser que você não concorde comigo, mas logo me veio à mente os negacionistas da pandemia. As pessoas que não acreditam, não respeitam as normas de saúde estabelecidas e muito menos o uso da máscara. Os loucos do mundo real invadem hospitais para comprovar se existe ou não doentes, abrem caixões para verificar se são mortos ou pedras. Simplesmente não acreditam e tentam tirar as vendas das outras pessoas, alegando que a pandemia não existe, que é algo criado pelo governo e lançam toda sorte de teorias conspiratórias para comprovar suas ideias descabidas. Ao mesmo tempo, se em Bird Box as pessoas lutavam para sobreviver, corriam riscos para buscar suprimentos e se mantinham isolados em suas casas; aqui, a realidade não é muito diferente. Nos distanciamos de quem amamos sem ter a certeza de que os veremos de novo; vamos aos mercados e nos abastecemos para tempo maiores, para que não caiamos no risco de sermos contaminados. Quem não se lembra no início da pandemia no Brasil, as filas gigantes nos mercados, o desabastecimento de alguns itens nas prateleiras e a sensação de fim de mundo? Pessoas desesperadas por materiais essenciais ou supérfluos, 10

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indo às ruas e querendo que o comércio se abra (seja para comprar algo, seja para sobreviver). Temos ainda a falta de segurança e, aqui, não falo sobre a falta de segurança para sair às ruas, mas sim, sobre a falta de segurança e perspectiva de futuro. Não sabemos quando irá acabar, se um dia voltaremos ao normal, nem mesmo se estaremos vivos até o próximo ano. Como amante de distopias, nunca imaginei estar tão próxima de uma, apesar de acreditar que não temos tantas perspectivas diferentes. A pandemia veio como uma criatura e escancarou o pior da humanidade, mas também, o seu melhor e o que precisa ser mudado. Dessa vez, nossa criatura particular cansou de avisos e levou muitos consigo. Espero que não tenhamos que viver uma nova situação para que o mundo e as pessoas mudem, se preocupem com o meio ambiente e com todos à sua volta. Assim como em Bird Box, a sobrevivência vem da união e do cuidado. Agora pergunto a você: lemos ou vivemos uma distopia? Ficha Técnica Estreia: 2020 na Netflix Duração:1h 57min Gênero: Terror, Suspense Direção: Susanne Bier Roteiro Eric Heisserer Elenco: Sandra Bullock, Trevante Rhodes, Sarah Paulson



A Bandida

Quantas mulheres com trajetórias de vida incríveis você conhece? E quantas tem sua história contada em livros, filmes e séries? Por Deborah Vieira

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ois bem, a história de vida de par com a ajuda de “Bandido” (perGraciela Olmos, figura femi- sonagem que, no futuro, acaba por nina importante na história lhe conferir o apelido de “Bandida”). do México, é contada na série “La Morando nas ruas, roubando e traBandida”, disponível no Prime Ví- balhando como podia, a garota luta deo. Nela, é possível acompanhar pela sobrevivência e para chegar até toda a trajetória de luta, sofrimen- sua tia, única parente viva. to, conquistas e Aí chegar no transformações endereço, Marida protagonista. na descobre esComo também, tar sozinha com a firma que sua o irmão novatrajetória semmente: a tia hapre foi permevia falecido. Eles ada por outras então são resgamulheres fortes tados por uma e pelo apoio e freira e passam sororidade de a viver em um (Graciela Olmos) uma com as ouconvento. A sétras. rie acompanha Marina (nome o crescimento de batismo) foi criada em uma fa- de Marina e sua transformação em zenda por seu pai e madrasta. Des- Graciela. Somos levados a torcer de muito cedo, teve de lidar com pela Bandida, odiar seus inimigos e os maus tratos da madrasta e das amar seus amigos. filhas do patrão. Desde muito cedo, Uma narrativa de emancipação feteve de trabalhar para ter o seu lu- minina, sangue e lágrimas, a qual gar. Mas, com a revolução, as coi- vale a pena assistir. Especialmente, sas mudam. A fazenda onde mora- sendo de uma protagonista que no va é invadida e todos são mortos. início do século XX já se colocava Marina e o irmão conseguem esca- muito a frente do seu tempo.

“A vida é um pouco injusta para as mulheres. Mas temos que nos levantar. Porque não temos opção”

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O Gambito da Rainha Ser mulher não deveria definir tudo aquilo que somos capazes ou não de fazer. Por Deborah Vieira

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a série, Beth Harmon é enviada a um orfanato após perder a mãe em um acidente de carro. Lá, a educação, com normas de etiqueta e como se portar, é totalmente voltada para o condicionamento e transformação das meninas em mulheres prontas para o casamento. Além disso, as crianças são medicadas com calmantes, um vício que a personagem leva para a vida adulta. Entre uma aula e outra, Beth descobre que o zelador do orfanato tem um hobbie interessante: jogar xadrez. O senhor Shaibel, a princípio, não quer ensinar o jogo à garota por dizer que esta não é uma atividade “para garotas”. No entanto, a curiosidade de Beth e seu raciocínio extraordinário fazem com que a garota aprenda os primeiros passos, antes mesmo de ter a chance de jogar em um tabuleiro. Isso faz com que o zelador ensine a garota e se surpreenda cada vez mais com suas habilidades. Habilidades essas que a fazem ir longe, jogar xadrez em outras escolas. Alguns anos depois, Beth é adotada por Alma Wheatley e seu marido. O pai adotivo de Beth deixa as duas e Beth passa a jogar profissionalmente para continuar ao lado da mãe.

O xadrez abre possibilidades, mas “ser uma garota” sempre pesa no julgamento antecipado dos personagens que Beth cruza ao longo da série. Ser uma garota que joga xadrez, parece, inclusive, se sobrepor ao fato dela ser uma incrível enxadrista. Beth Harmon: “O que importa pra eles é que eu sou uma garota.” Alma Wheatley: “Mas você é!” Beth Harmon: “Isso não devia ser importante! Não publicaram metade das coisas que eu disse!” Beth abre portas para outras mulheres e inspira ao provar que somos capazes de tudo, inclusive, de fazer aquilo que dizem que não podemos, a adentrar em áreas dominadas pelos homens.

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Dica de Livro Por Deborah Vieira

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er um cidadão de bem (e defender isso a todo custo) é algo que tem se tornado comum nos últimos anos no país. No entanto, também está é a própria tragédia da família tradicional brasileira, tão atarefada em fiscalizar a vida alheia e disseminar preconceitos e discurso de ódio. A tragédia (e doença) de toda uma sociedade. Este é o enredo que sustenta o livro “Um cidadão de bem”, de Maurício Gomyde, publicado em 2020 pela editora Qualis. A história é contada por diferentes personagens de diversas perspectivas, não só possíveis, mas reais, intercaladas por trechos de um relatório de inquérito que traz ainda mais suspense para a trama. É uma narrativa envolvente, atual, brasileira. Enquanto a leitura seguia, a cres-

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cente de uma tragédia se aproximava. A sensação era de que os números de uma realidade machista, racista e LGBTfóbia (apesar de acreditar que “medo” não deveria ser usado na terminação de crimes cometidos motivados pelo ódio), contudo, o livro demonstra que a maior tragédia é se deixar cegar por todos os preconceitos e vida de aparências que permeiam a sociedade brasileira (e tantas outras, infelizmente) e se faz tão presente nos discursos de ódio emergentes na atualidade. Preconceitos que nos impedem de viver plenamente, aproveitar o presente e abraçar o outro, olhando-o com amor e empatia. Todos deviam ler! Além de uma boa leitura é certeza de muita reflexão sobre temas pulsantes socialmente e politicamente.


Ficha Técnica Autor: Maurício Gomyde Ano: 2020 Editora: Qualis Idioma: Português

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