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MAURÍCIO TIM
33 ANOS, 23 ANOS DE SKATE, POÁ – (SP) / @TIM_SKTMDT
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Como foi o seu início com o skate e quais foram os principais desafios que enfrentou nessa jornada?
Meu início no skate foi graças ao meu irmão Marcel. Comecei junto com ele quando eu era muito novo, tinha uns 9 anos. Não tínhamos dinheiro, então resolvemos vender os geladinhos que minha mãe fazia para juntar dinheiro e comprar as peças para montar um skate para os dois. Um dos desafios que enfrentei foi a questão da idade, pois era muito novo, e o skate não era visto como hoje, um esporte olímpico; era marginalizado ou chamado de vagabundo para quem andava de skate. Na época, eu jogava futebol, e meu pai não queria que eu trocasse o futebol pelo skate. O que o levou a escolher entre se profissionalizar no skate ou mantê-lo como uma atividade para diversão?
Quando era mais novo, queria ser profissional, com certeza. A vibe de viver do skate, viajar para eventos e realizar tudo o que sempre sonhei era muito forte. No entanto, com o tempo, tive que fazer escolhas mais sérias na minha vida que afetariam o meu futuro. Comecei a entender que o skate não é apenas uma questão de ser profissional, mas sim um estilo de vida muito completo, com amizades, alegria, dificuldades e persistência, assim como na vida em geral.
Qual a sua visão sobre a atual geração do skate? Quais são os aspectos mais positivos e desafiadores que você enxerga nesse cenário?
A nova geração do skate está em um nível muito alto, e estão de parabéns por isso. O que vejo de positivo é que hoje não falta pista de skate, o esporte é mais acessível, e isso é ótimo para quem pratica. Antigamente, muitos skatistas foram discriminados simplesmente por andarem de skate, e é bom ver que isso mudou.
Os desafios para a nova geração são manter a humildade e reconhecer o trabalho que a geração anterior fez para fortalecer o skate brasileiro e possibilitar tudo o que acontece hoje. É importante valorizar e respeitar essa história. Poderia compartilhar um pouco sobre como é o seu dia a dia envolvendo o skate, desde a preparação até a prática em si?
No dia a dia, assisto a muitos vídeos com meu irmão, vejo matérias sobre skatistas que andaram na minha época e hoje são profissionais. Passo o dia todo imaginando manobras em diferentes picos. Durante a semana, cuido do corpo e da mente, me preparando para o final de semana, quando estou ansioso para andar de skate.
Atualmente, tenho uma estética automotiva, então não estou diretamente ligado ao skate no meu trabalho, mas meus funcionários e amigos também são skatistas, como o Di e o Bruninho. O skate está sempre presente em minha vida, mesmo sem estar andando. Está na alma e no coração.
Conte-nos sobre uma viagem marcante que teve em sua carreira no skate e como essa experiência influenciou o seu desenvolvimento no esporte.
Não foi bem uma viagem, mas sim uma temporada que passei com meu irmão em Natal, Rio Grande do Norte. Eu havia me afastado do skate por um tempo e fui morar com ele. Chegando lá, participei de um campeonato de skate e fiquei em 1° lugar na categoria amador 2, o que me deixou muito feliz. Essa experiência fez com que eu voltasse ao esporte. Em Ponta Negra, onde morávamos, não existia pista de skate, então andávamos em qualquer lugar. A companhia um do outro já era suficiente para perceber que o skate pode ser praticado em qualquer lugar, independente de ter uma pista. Isso me ajudou a valorizar todos os lugares e, principalmente, a companhia de quem eu amo, meu irmão Marcel Dias.
Como estão sendo suas participações em campeonatos de skate Master atualmente? O que ainda busca conquistar nesse âmbito?
Atualmente, ainda não participei de nenhum campeonato Master, pois não tinha idade suficiente. Agora, estou na idade certa, e há uma nova categoria que me enquadra. Procuro diversão, fazer novas amizades e andar de skate em novas pistas. Meu objetivo é tentar trazer um troféu para casa, mesmo que o nível esteja muito alto. Acredito que, com esforço e dedicação, posso alcançar esse objetivo antes de me aposentar.
Na sua opinião, como você enxerga a evolução do skate Master e seu impacto no cenário do skate em geral?
Na minha opinião, os skatistas Master são excelentes exemplos por não desistirem do skate mesmo com as dores e os desafios do dia a dia, conciliando o esporte com o trabalho e a vida cotidiana. São guerreiros que merecem respeito e incentivo para continuar andando de skate. No passado, não havia a mesma estrutura, e eles andavam com tênis furados e shapes mais simples. Mesmo com as dificuldades, encontravam satisfação na prática do skate. Quais são os patrocínios que têm sido fundamentais para impulsionar o seu skate e como você estabelece parcerias duradouras com eles?
Atualmente, não tenho patrocínios, mas estou aberto a parcerias com marcas que estejam interessadas em fazer um trabalho em cima do skate, não apenas oferecendo dinheiro, mas um apoio mais completo. Hoje em dia, sou meu próprio patrocinador, acreditando em mim mesmo e contando com minha empresa "Eco Diamante Estética Automotiva".
Existe algum tópico importante relacionado ao skate que ainda não discutimos e você gostaria de mencionar?
Acredito que o skate precisa de mais incentivo e apoio no esporte. Mesmo sendo tão evoluído, ainda tem um custo muito alto para sua prática. Tornar-se um skatista profissional é difícil, principalmente em relação às despesas com peças e tênis, que são itens que gastam muito dinheiro. É importante que mais marcas se interessem em patrocinar e apoiar os skatistas, e que as cidades invistam em mais pistas de skate para incentivar a prática desse esporte.
Para você, o que realmente significa ser um skatista? Quais valores e ideais estão associados a essa identidade? E se quiser, aproveite o espaço para expressar agradecimentos a quem te apoiou nessa jornada.
Ser skatista para mim é ser livre e entender que não há limites, apenas obstáculos que podem ser superados com dedicação e persistência. Os valores que levo para minha vida são as amizades, sorrisos e alegria sincera ao ver alguém acertando uma manobra ou ao acertá-la eu mesmo, compartilhando essa felicidade com as pessoas ao redor. Essa sensação é gratificante e única.
Nessa jornada, muitas pessoas fizeram parte do meu caminho. Sou grato ao meu irmão Marcel, que me introduziu no skate, ao meu pai e minha mãe pelo apoio, a Deus, minha esposa Maiara e meu filho Vinícius por serem minha base e a todos da revista DECCS MAGAZINE que me concederam este espaço para compartilhar minha história. Muito obrigado a todos!
FOTOGRÁFO: RAFAEL KATAYAMA - @RAFAEL.KATAYAMA
MANOBRA: OLLIE