DeepArt nº7

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Revista Mensal Gratuita - DeepArt - NĂşmero 7 - Fevereiro de 2013


FICHA TÉCNICA Direção Inês Ferreira Tel: 966 467 842 direcao@deepart.pt Editor-in-chief Tiago Costa Tel: 965 265 075 direcao@deepart.pt Diretora de Comunicação Maria João Simões comunicacao@deepart.pt Design Gráfico e Direção Criativa Inês Ferreira design@deepart.pt Fotografia e Pós-Produção Tiago Costa fotografia@deepart.pt Colaboradores Vanessa da Trindade - Rita Trindade Joana Domingues - Ágata C. Pinho Rita Chuva - Rita Reis - Gustavo Mesk C.Jacob - Pedro Carvalho - Vítor Marques - Nervos - Rui Zilhão - Sandra Roda - André Albuquerque - Filipa Araújo Colaborações Especiais Carla Pires - Silvana Querido - Carina Oliveira - Elizabeth Almeida @ Central Models - Catarina Ferreira Pinto - Wellington de Oliveira - Marisa Duarte - Pedro Soares - Yuka @ Elite Lisbon - Ana Burea @ Elite Lisbon

Revista Mensal Gratuita - Nº 7 - Fevereiro de 2013

Photographer - Tiago Costa Stylist - Catarina Ferreira Pinto Make Up Artist - Marisa Duarte Hair Stylist - Wellington de Oliveira Model - Ana Burea @ Elite Lisbon Photo Assistant - Pedro Soares

Site www.deepart.pt facebook.com/deepartmagazine Para outros assuntos: geral@deepart.pt Propriedade Inês Ferreira Periodicidade Mensal Contribuinte 244866430 Sede de redação Rua Manuel Henrique, nº49, r/c, dto., 2645-056 Alcabideche Inscrição na ERC 126272 É proibido reproduzir total ou parcialmente o conteúdo desta publicação sem a autorização expressa por escrito do editor.


Mundo “ENCANTADO” Fevereiro é um mês especial por vários motivos. Pessoalmente inspira-me porque é o último mês de frio assumido e desconfortável, o que faz com que sonhe já com os dias mais quentes, em que o meu bom humor se instala definitivamente! No entanto, fevereiro é também especial por ser um mês mais curto que os restantes, o que faz com que o desfrutemos com mais intensidade, além de ser já a altura ideal para pôr as resoluções para o novo ano em prática. Por estes mesmos motivos associo estes dias ao tema do mundo encantado e fantasia, que me fazem sonhar com tantos elementos de um imaginário talvez mais infantil, mas não menos encantador. Remeto o meu pensamento a um universo apinhado de unicórnios, tons pastel, arco-íris, algodão doce, carrosséis, bonecas de porcelana, entre tantos outros. No entanto, o mundo encantado poderia dar “pano para mangas” porque cada pessoa espelha no mesmo o que de mais íntimo há em si. O que encanta

cada pessoa é tão subjetivo, quanto a personalidade de cada um e as experiências de vida, de que é feito. Quisemos partilhar com os nossos leitores um pouco daquilo que nos encanta, não só no campo visual, como também em experiências de que podem usufruir. Revelamos por isso um editorial de produto, digno das histórias da Disney, em que sonhava com príncipes e princesas, não só ao nível dos produtos apresentados, como também do cenário que os compõe. Também no editorial de moda há uma alusão direta a um mundo misterioso e frio. Como não poderia deixar de ser, também o espaço apresentado tem algo de mágico, por ser tão acolhedor para estes últimos dias de frio. No entanto, estes são apenas alguns dos “encantos” que podem encontrar nesta DeepArt do mês de fevereiro, por isso não deixem de desfolhar esta edição, para descobrirem tudo aquilo que vos reservámos. Boa leitura!


fevereiro T R E N D S 0 0 1 1 1 1

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Óculos - para 2012 How Shoes Are A Good Investment - Aprenda a comprar o melhor! Tendência - Cosméticos Tendência - Deco Tendência - Keep It Simple! Tendência - Verde Metal

P R I D E 1 4 2 2 2 6

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- Albano Jerónimo - Um homem de causas e sempre bem disposto - João Feijó - E uma nova visão do silêncio - Jessica Athayde - Empenhada em novos projetos

E D I T O R I A L 3 0 4 4

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4 8 2 6 0 2 4 6 0 0-

5 8 - 7 1

Editorial de Produto Goedzak - O Bom Saco Varas Verdes - Um banco, uma visão. Comércio justo. Perceção da realidade - Ou a forma como (não) vemos as coisas

L I F E S T Y L E 7 7 8 8 9 9 9 9 1

3 0 - 5 5

- Editorial de moda - Stately Royalty - Editorial de moda - She Works It

G O O D I E S 5 6 6 7

2013

7 4 - 1 0 1

Janeiro e fevereiro - em francês - cinema e não só CC_HOUSE - Alcobaça 2011 Retratos do Coração - by Sandra Roda Cultura Urbana - Graffiti enquanto revogação Cultura Urbana - Nacional e Internacional EmCara RA - Uma faceta solitária Taberna da Praça - O requinte do petisco Aveiro - Era uma vez...


TEMA - Amizade

ARTISTA - Stephanie Franรงa

SITE - http://bit.ly/o6zQIA


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Óculos para 2013

Os óculos tornaram-se provavelmente um dos acessórios mais desejados, porque até há quem não precise, mas não resista a um par bem diferente e original. Por Rita Reis

Os óculos desde a sua criação, foram conectados como adereços de inteligência, responsabilidade e espelho de não socialização. Longe vai esse tempo. Os óculos tornaram-se provavelmente um dos acessórios mais desejados, porque até há quem não precise, mas não resista a um par bem diferente e original.

Foto: Marc by Marc Jacobs FOTOGRAFIA GORUNWAY.COM

Para escolher o par perfeito, é necessário analisar o problema de visão, a forma do rosto e o tipo de lentes pretendidas. Atualmente, as armações em massa estão mais evidentes, principalmente com um padrão tartaruga, como é o caso do modelo da marca internacional SUPER. Para além disso num toque mais retro, existem modelos com hastes em dégradé, que fazem lembrar os anos 40. Mesmo depois do aparecimento das lentes de contacto, os óculos continuaram a manter o seu caminho, na ajuda de quem não é digno de uma visão perfeita. Digo por experiência própria. Apesar de usar óculos há muitos anos, neste ano 2013, decidi adquirir o meu primeiro par de lentes de contacto, mas o que sinto é que nada será igual ao meu par de óculos, que apesar de criarem uma barreira no rosto, são o mais confortável e prático, e quando associado à moda, como resistir? Marc by Marc Jacobs


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People 51 Faded Grey&Crystal - €113

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Ciccio Classic Havana Clear - €120

Quando falamos de óculos de sol, a história já é outra. O modelo mítico da Ray Ban, Wayfarer, ou mesmo o estilo Aviator, são intemporais e não escolhem idades nem estilos. Para complementar, nesta estação observa-se uma tendência notória que já criou adeptos: óculos de sol com hastes transparentes.

Two circles, one color. Bernardo Crystal Champagne, Paulino Spectables

Em Portugal há quem inove, e depois de conhecer a Paulino Spectables, percebi que não é preciso recorrer a marcas internacionais para se estar na moda, no que toca a óculos de qualidade. Com diferentes formas e tonalidades, a marca apresenta modelos de arrepiar, com o selo made in Portugal. Redondos ou com padrão, os anos 20 têm tido uma enorme influência no desenvolvimento de novas tendências. Deixem o preconceito de lado, e usem o vosso instinto para escolher o par perfeito.


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How Shoes Are A Good Investment Aprenda a comprar o melhor! Por Vítor Marques ourworldourstyle.blogspot.pt

Foto: http://www.gq.com/style

Foto: http://www.gq.com/style

O calçado português tem atingindo nos últimos anos um prestígio nunca antes visto, junto aos consumidores internacionais. Celebridades deliciam-se com a sua qualidade e design. O sucesso é tal, que o calçado português pode apresentar-se como uma digna alternativa ao conceituado calçado italiano, por exemplo. Mas, a verdade essencial, é que o calçado é das peças mais peculiares de um look e a sua escolha nunca deve ser deixada ao acaso. De todos os investimentos que se podem fazer no mundo da moda, o calçado é o que requer maior atenção, pela sua influência no conforto e saúde do comprador. Hoje existe uma grande variedade de calçado masculino, e desengane-se quem ainda acha que as senhoras levam sempre a melhor no que toca ao vestuário. Desde os mocassins, aos sapatos mais formais, passando pelos ténis, brogues, Oxford, botas, botins e os mais recentes híbridos, que aliam caraterísticas dos modelos tradicionais na procura de um look mais descontraído, prático, confortável, mas ainda assim… apresentável! Cada um deve adequar-se à pessoa e ao seu estilo pessoal. Ora, investir num bom par de sapatos é diretamente proporcional ao investimento na durabilidade, design, material e experiência que cada par de sapatos tem para oferecer a um homem. Aquando da compra de um par de sapatos, é necessário ter em mente que os pés são a base de todo o corpo, e que se a base não for boa,


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Foto: http://www.gq.com/style

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toda a estrutura colapsa. Portanto, investir num bom calçado será sempre investir em si. Na altura da escolha há várias caraterísticas que é preciso ter em conta, nomeadamente, o material de que é feito (deve dar preferência aos de pele pela sua durabilidade superior, se for feito o devido engraxamento e outros cuidados essenciais); deve também ter em conta o design, o uso que lhe vai dar e principalmente se quer que eles durem mais de 3 meses. Portanto o melhor mesmo é ter menos pares de sapatos, mas ter melhor qualidade. Claro que se for adepto de mais quantidade e menor qualidade, isso é consigo. O sucesso do calçado português (referido acima) deve-se à sua excelente qualidade, todavia os preços não são tão acessíveis, mas se comprar pense que além de ajudar a economia, ainda está a comprar aquilo que é nosso! Marcas como Cohibas, Guava, Eureka Shoes, Fly London e Commont Cut, merecem a sua especial atenção!

Botas - Guava (http://guava.bigcartel.com/) Sapatos verdes - Cohibas (http://www.cohibas.pt/) Sapatos com fivela - Eureka Shoes (http://www.eurekashoes.com/pt/)


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COSMÉTICOS AGE DEFENSE BB CREAM, € 33,06, Clinique.

Foto: SportMax

Batom, €28,17, Chanel Rouge Allure no tom Coromandel

Creme para mãos, €33, Bobbi Brown.

Creme hidratante, €42, Kiehl’s.

Hydreane BB creme, €15, La Roche Posay.

Caviar & Oyster Mini Brush Set, €62, Bobbi Brown.

Máscara Color Play, no tom Blue, €9, Inglot.

Livro Pretty Powerful, €35, Bobbi Brown. Gliss óleo elixir diário, €8,99, Schwarzkopf.

Manteiga corporal, €125, Frederic Malle, LIBERTY. CO.UK. Por Rita Reis


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DECO Chá, €29,99, em oldfaithfulshop.com. Almofadas, €19,99, Zara Home. Sofá, €675.13€, em www.bouf.com.

Moldura oval Kvill, €4,99, IKEA.

Moldura coral, €12,99, Zara Home.

Vela Ortie, €9,99, Zara Home.

Vela Jungla, €15,99, Zara Home. Moldura Shocking Barock, preço sob consulta, Kare Design.

Cactaceae, €3,99 a unidade, IKEA.

Mambo, €1,790, em www.portugaldesignmarket.com.

Velas em edição limitada, €16,90, Sephora. Por Rita Reis


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KEEP IT SIMPLE!

T-shirt, €15, Authentic Wear.

Foto: Sartorialist

Casaco de lã, €1090, Boy by Band of Outsiders para thecorner.com.

Bicicleta, €614, Swifty.

Bolsas, €25 a unidade, Pelcor.

Saia, €290, Bimba&Lola.

Bolsa, €56, Acne. Óculos de Sol, €162, Acne.

Sneakers de leopardo, €310, Just Cavalli .


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VERDE METAL

Caderno, €10,90, Moleskine.

Foto: ANGELINA-JOLIE Foto Poll

Vestido,€14,95, H&M.

Sombra de olhos, €15,18, M.A.C.

Calças, €29,99, Mango.

Sapatos, €119,90, Eureka Shoes.

Ténis, €425, farfetch.com. Verniz no tom 813 Royal Silverware, €5,95, L´Oréal.

Brincos, €50, Vectory.

Máscara de Pestanas, €15,99, O Boticário .

Camisola, €35, www. dorothyperkins.com. Por Rita Reis


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Albano Jerónimo

Um homem de causas e sempre bem disposto Albano Jerónimo prefere o prazer do teatro à agitação das novelas. Partilhou com a DeepArt os imensos projetos para este ano e revelou-nos uma boa surpresa… Por Filipa Araújo

DeepArt: O teu início de carreira foi quase “por acaso”. Como é que tudo começou? Albano Jerónimo: Foi uma coisa que foi acontecendo, não foi nada premeditado. Comecei no grupo de teatro amador os Esteiros, em Alhandra, um dos grupos mais antigos a nível nacional. Na altura estava ligado à área das ciências, mas decidi concorrer ao conservatório nacional de teatro e entrei. No final do meu primeiro ano, tive alguns convites profissionais a nível nacional para teatro e, basicamente, foi assim que começou este meu percurso. Seguiram-se as novelas, cinema e coisas do género. DA: Manténs contacto com o grupo de teatro Esteiros? AJ: Mantenho. Ainda há pouco tempo, de uma forma muito simpática, fui homenageado por causa do meu percurso e claro, por ter começado lá. Faço questão de manter essa ligação com o grupo, porque é importante para mim. DA: A fisioterapia foi totalmente colocada de parte? AJ: Sim, foi. A representação é a minha maneira de estar na vida, onde eu me reconheço melhor! DA: Recordas-te do teu primeiro trabalho como ator? AJ: A minha estreia profissional foi na companhia Casa Conveniente, com o texto “A Floresta” e encenação de Luís Fonseca. O que me marcou foi ter começado com um texto muito difícil, com dois atores em cena (eu e a Mónica Garnel), e ter feito esse espetáculo para um único espetador - o João Grosso - que era na altura, o diretor do Teatro Nacional D. Maria II. Foi fantástico, não só pelo texto, mas também pela companhia em causa. Ainda hoje acompanho o trabalho da Casa Conveniente,

e são pessoas como a Mónica e o Luís Fonseca, que marcam a minha vida e o meu percurso profissional. DA: Tens feito vários trabalhos em TV, teatro e cinema. Qual ou quais destes meios, preferes? AJ: O que me dá mais prazer, daí ser o mais querido, é o teatro. Talvez por ter sido onde comecei, mas sobretudo porque é o que me dá “mais em troca”, ou seja, em todo o processo artístico e de conhecimento é sem dúvida nenhuma no teatro, onde tenho maior prazer e me consigo educar melhor. Obviamente que aquilo de que gosto é de representar e curiosamente, televisão é onde consegues perceber como o público está a reagir, porque estás em “prime time”, num canal e entras todos os dias em casa das pessoas. O feedback que recebes do teatro é uma coisa mais construída, “mais de pele”, porque obviamente há toda uma envolvência e tens as pessoas a um metro de ti, o que potencia também, outro tipo de ligação com o público. DA: Como é ser ator em Portugal? AJ: É uma luta! É algo que tens que assumir com paixão e muita insistência. É também uma profissão altamente descaraterizada, onde existe a ideia de que efetivamente qualquer pessoa pode ser ator, o que é totalmente falso. Para se ser ator em Portugal tem de se lutar imenso, e ter a noção de que se tem mais deveres do que direitos e é, sem dúvida, uma prova de amor. DA: Quais são as qualidades que achas essenciais para se ser um bom ator? AJ: Tens que ser muito trabalhador e ter capacidade de resistência.


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Foto: Tiago Costa


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DA: Quem tens como referências no teu trabalho? AJ: Manuela de Freitas, Eunice Muñoz e Diogo Infante, que foram e são, alguns dos meus símbolos enquanto profissionais. Mesmo antes de começar nesta área, já os admirava. Hoje em dia tenho a felicidade de não ser só colega do Diogo, mas também amigo, que é sempre um privilégio. DA: A que se deveu o facto de teres estado durante algum tempo, afastado das novelas? AJ: A novela é algo que me desgasta muito, devido a toda a velocidade a que é feita, sendo por isso muito exigente. É algo para o qual tens de estar muito bem preparado, e é como fazeres uma maratona, em que física e psicologicamente tens que te preparar muito bem. Um ano nessa rotina é muito desgastante e foi por isso que me afastei um pouco, mas admito que também me afastei porque o teatro dá-me coisas que a novela não dá. Claro que por outro lado a novela financeiramente proporciona-me o que o teatro não proporciona. DA: Sempre que podes estás envolvido em causas humanitárias. Sentes que por seres uma figura pública, é-te atribuída uma maior pressão nesse papel? AJ: Já estive associado de facto, a algumas causas que achei, e acho pertinentes a nível social. O conceito de figura pública para mim é um falso conceito e, a existir, só acontece quando de facto te associas a algo maior do que tu. E foi o que aconteceu comigo, em determinadas alturas. Hoje em dia, estou ligado à Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, onde vou desenvolver um trabalho profundo, algo que vai levar uma sonoridade e formação a vários públicos; um conjunto de workshops para dinamizar uma comunidade. Isto sim é a plenitude do conceito de figura pública, onde tu podes usar a visibilidade que a tua profissão te dá, ao serviço de algo superior a ti, ao serviço do outro. DA: Em que projetos é que te podemos ver em 2013? AJ: Serão vários! O mais imediato é acabar a novela. Em março estarei no Teatro Rápido, em Lisboa, com um texto português chamado “Europa Ich liebe dich”. Seguidamente, estarei no Teatro Nacional D. Maria II, com mais um texto e dramaturgia portuguesa, ambos da Cláudia Lucas Chéu, que para além de ser minha esposa, é uma das novas dramaturgas portuguesas, com um trabalho em franca expansão, devido à qualidade do mesmo. A seguir irei rodar a segunda longa-metragem do Sérgio Graciano. Em setembro estarei na Culturgest, com o projeto que será o ponto alto deste ano a nível profissional, que é o espetáculo “A Pocilga”, encenado

pelo John Romão, com um elenco maravilhoso. Existe também um trabalho que estou a desenvolver com o encenador Ricardo Pais e, paralelamente projetos com mais dois criadores, que ainda não posso revelar quem são. Posso ainda partilhar a estreia de mais uma curta-metragem chamada “Sinais de Serenidade”, que fiz com o Sandro Aguilar, que é um dos cineastas que eu admiro bastante. Irei também repor o espetáculo que fiz em 2012, encenado pelo Nuno M. Cardoso, que uma vez mais é de dramaturgia contemporânea portuguesa, que se chama “Boris Yeltsin”. Fundei também este ano uma companhia profissional de teatro que seja chama Teatro Nacional 21. Este projeto que é já uma realidade, pauta-se por três coisas muitos simples, a primeira delas o trabalho específico sobre dramaturgia portuguesa, porque é uma lacuna que existe no nosso país, e porque há cada vez mais dramaturgos com uma qualidade tremenda em Portugal, que precisam de visibilidade. O nascimento desta companhia serve exatamente para dar visibilidade a esses novos textos, aos novos dramaturgos e autores. A companhia vai apresentar por ano, no mínimo, dois textos portugueses, bem como levá-los à cena. Iremos também ter um centro de dramaturgia portuguesa, que irá ser uma plataforma onde vários dramaturgos portugueses poderão criar livremente aquilo que quiserem, e cujo compromisso será no final desse trabalho os textos serem todos editados. Esta companhia surgirá num espaço em Lisboa e será uma porta aberta às artes plásticas, de palco, dança, teatro e cinema. É um centro cultural, onde todos poderão ter uma voz ativa e participativa na sua área.


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Foto: Tiago Costa


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João Feijó

E uma nova visão do silêncio João Feijó, assume-se como um apaixonado por inúmeros tipos de arte, sendo inspirado pela quietude e silêncio, na criação das suas obras. Por Inês Ferreira

DeepArt: Como se aperceberam do teu talento e como se manifestou o mesmo? João Feijó: Eu comecei a pintar muito cedo, com 7 anos, quando ainda estava na Alemanha com os meus pais. Continuei a pintar e, anos mais tarde, foi reconhecido por José Maria Pereira da Fonseca, que era o dono da Galeria Multiface. Na primeira exposição em que participei, vendi tudo. Era uma coletiva, onde estavam representados pintores como o Cargaleiro e Vieira da Silva, e o pintor que mais vendeu fui eu. Foi interessante porque começou logo muito bem. DA: Como começou o teu percurso no mundo da arte? JF: O meu percurso no mundo da arte começou muito cedo. Comecei a trabalhar com o Pereira da Fonseca entre 1981 e 1994. Depois comecei a trabalhar sozinho como galerista, onde permaneci até 2010, e acumulei também com o trabalho de pintor. Inicialmente foi um percurso não muito fácil, (tal como não é hoje), mas que até correu bem, e com muito trabalho. DA: Qual é o tipo de pintura que mais te fascina. Porquê? JF: Há pintores que me fascinam muito. Ponho como número um o Velázquez, porque toda a gente o seguiu, mas hoje em dia o meu tipo de pintura e os pintores que mais me fascinam, são os expressionistas abstratos. O que mais me fascina, é a surpresa e a pesquisa dentro de um quadro. O pintor cria e muitas vezes as pessoas olham para o quadro e têm uma leitura completamente diferente dele. A pintura é um divertimento que eu uso para me surpreender. DA: Há algum motivo que te ligue ao figurativo? JF: Estive ligado ao figurativo quando estava na Socie-

dade Nacional de Belas Artes, em que o desenho era fundamental. Todos nós temos que passar pelo desenho figurativo, tal como os grandes nomes passaram. O que mais me fascina, é o figurativo mais “desmontado” e mais arriscado, em que se consegue desconstruir, e apresentar obras que nos levam a pensar mais um bocado, que não são tão óbvias. O óbvio no figurativo é algo que não me atrai muito. DA: Que temas preferes pintar? Porquê? JF: Relativamente aos temas, já passei por muitas fases. Inspiro-me muito nas nossas lezírias, no “som” do silêncio, na quietude, nas coisas mais bucólicas e românticas. Gosto bastante das paisagens vazias, do infinito do mar, com um simples barco ao longe e todo o silêncio ali presente. DA: O que mais te inspira para criares as tuas obras? JF: A minha religião principal é o Budismo. Pratico o Budismo e a meditação, já há muitos anos. Às vezes é nesses momentos em que eu consigo visualizar, muito por alto, aquilo que vou pintar. É no entanto, o próprio processo de pintar e o “arranque” para essa pintura, a minha maior fonte de inspiração. DA: O que pretendes que as pessoas vejam, quando olham para uma pintura tua? JF: Eu gostaria que as pessoas se encontrassem na pintura e que a pintura lhes “tocasse”, nem que fosse pela negativa, mas que lhes tocasse. A coisa que mais me irrita é um quadro ser indiferente a quem o vê. Ou a pessoa é pouco sensível, ou não consegui tocar essa pessoa. Portanto, o que eu pretendo é que as pessoas se reconheçam na minha pintura.


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Foto: Tiago Costa


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DA: Há mais algum tipo de arte que te fascine? JF: Toda a arte me fascina. Pintura, escultura, fotografia, joalharia, que foram os cursos que tirei. A arte de bem tratar os outros, de saber amar e a arte de saber fazer amor. Há muitas formas de arte que me fascinam e viver em paz, em sossego e em tranquilidade é uma forma de arte que não está ao alcance de todos! DA: Que projetos tens em curso? JF: Atualmente tenho a decorrer a exposição “Color Field” (no Palácio do Egito, em Oeiras). Duas horas após a inauguração desta exposição, tive também uma inauguração no Casino Estoril, onde estou a participar numa coletiva. Dia 1 de fevereiro, estou na Feira de Arte de Nova Deli, onde são apresentados inúmeros pintores, de todo o mundo, e Portugal está a ser representado por mim e por outro artista. O próximo projeto será a Arco Madrid, a Feira do Mónaco, Singapura, Quatar, Dubai e Miami e a Casa das Histórias (da Paula Rego), no final do ano. DA: Onde gostarias que as tuas obras pudessem ser vistas? JF: Gostava que elas fossem vistas em “todos os lados”. Felizmente já tive obras a serem vistas em inúmeros locais. Há dois anos expus no Museu do Louvre, e expus também, na Tate Gallery. Tenho uma peça, felizmente, perto de um quadro do Matisse, no Espólio de Arte do Vaticano. Gostava imenso de expor em Miami e estou bastante curioso por expor em Singapura e no Dubai. Em Portugal as pessoas gostam de arte, mas não há “budget”. Não há “budget psicológico”, porque conhece-se muita gente a gastar fortunas num carro, que perde 30% ao ano e esquecem-se que numa obra de arte é precisamente o contrário, porque ganham 30% ao ano . DA: Arte é... JF: ... uma forma de divertimento, onde fazemos aquilo de que gostamos e ainda nos pagam por isso!


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Foto: Tiago Costa


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Color Field - por Jo茫o Feij贸

CF#19 Aguarela sobre papel 47x13 2012

CF#13 Aguarela sobre papel 100x27 2012


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CF#1 Aguarela sobre papel 150x100 2012


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Jessica Athayde Empenhada em novos projetos

De sorriso aberto e trato fácil, Jessica Athayde mostrou o seu desejo por fazer mais e melhor. Iniciou a sua carreira nos Morangos com Açúcar e tem vindo a mostrar a grande capacidade de adaptação a qualquer papel. Por Filipa Araújo

DeepArt: Qual foi a personagem que mais trabalho te deu até hoje? Jessica Athayde: É sempre a personagem que represento no momento! Neste momento, é a personagem que estou a fazer: a Sónia. No início é sempre mais trabalhoso, mas depois quando as coisas começam a fluir de uma forma mais natural, começamo-nos a sentir muito mais à vontade. Como estou a começar este novo projeto da TVI, Destinos Cruzados, posso dizer que esta é a personagem que mais trabalho me está a dar. DA: É público o teu orgulho na geração Morangos com Açúcar. Como é que essa experiência mudou a tua vida? JA: Foi o projeto que me abriu as portas. Obviamente que com 18 anos a experiência é completamente diferente. Se hoje assumo que pouco sei, na altura nada sabia. É um projeto muito criticado e portanto, a geração que o protagonizou também o é. Mas posso dizer que trabalhei mais nos Morangos, do que alguma vez trabalhei, até porque funcionaram como um “estágio” que eu fiz, durante quase dois anos. É criticado, consigo perceber porquê, mas defendo-o. Foi de onde eu vim, e acho que é uma “porta que se abre” e considero que o mais difícil não é chegar lá, mas sim conseguir sair, porque a partir daí é que é o verdadeiro desafio.

DA: A personagem “Mimi” até acabou por ser um desafio, por ser bastante complexa... JA: Sim, eu gosto de comédia e sempre gostei. Ao longo destes últimos anos tive papéis mais dramáticos, mas também já tive a sorte de ter um papel mais doce e com alguma comédia, no projeto Mar de Paixão. Esta última personagem que fiz também era comédia, mas com uma construção muito mais fora da realidade, e eu gosto disso. Acho que as composições destas personagens são mais desinibidas, e é preciso não ter medo de ser ridícula, de cair ao chão, falhar e voltar a levantar. Não é um papel seguro, uma vez que é preciso estar muito disponível. DA: Gostavas de fazer mais teatro? JA: Uma das coisas que a comédia te dá é a capacidade de improviso. Nunca fiz muito teatro, e depois dos Morangos só tive uma oportunidade de fazer teatro com o texto, “A Comuna”, que foi uma encenação de um ator com quem eu trabalhava. Normalmente as audições que eu consigo fazer para teatro, passam por pessoas com quem eu já trabalhei e com quem tenho alguma relação. Mas também compreendo, porque há muitos atores que estão em companhias, e que obviamente


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Foto: Tiago Sousa Dias


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irão trabalhar porque já têm outra preparação. Tenho imensa pena de não fazer teatro, e adorava ter acesso a audições e não tenho, talvez porque esteja muito ligada à comédia… DA: Estás na profissão em que querias estar? JA: Estou! E até posso ser médica, ou pintora! (risos) Tenho a profissão em que posso ser tudo o que eu quiser. DA: Preocupas-te muito com a imagem? JA: Acho que é importante para a seleção na minha profissão, uma vez que somos muitas, especialmente na minha geração. Claro que acredito e gosto de acreditar, que é o trabalho que “fala mais alto”. Nós podemos estar muito bem arranjadas, mas se chegarmos a um trabalho e não estivermos preparadas, a imagem vale o que vale. Acho que é preciso existir um cuidado, nós trabalhamos com a nossa imagem, e temos de ter cuidado com o peso, pele e cabelo. Trabalhamos a imagem no sentido da personagem, e podemos ainda engordar ou emagrecer se for necessário para a personagem. Mas no dia a dia não me maquilho. Relativamente à questão da imagem, posso ainda dizer que sou embaixadora da Mango em Portugal, já há cerca de dois anos. DA: Quais os cuidados que não dispensas diariamente? JA: Faço desporto, esforço-me para fazer, e tento sempre beber muita água. Tenho também algum cuidado ao tirar a maquilhagem, porque são muitas horas maquilhada e a pele sofre um pouco devido a isso. Adorava ter um bom cabelo, mas não tenho, com tantas tintas no cabelo devido às personagens que faço, e o cabelo tem-se ressentido, mas vou tendo cuidados nesse sentido. DA: Como reages ao ver-te na televisão? JA: Sou muito crítica com o meu trabalho e gosto de o

ver sozinha. Se estiver com alguém, tento sempre mudar de canal, a menos que ache que foi uma cena brilhante que fiz. Às vezes também acho que fiz uma cena brilhante e afinal de contas, não correu assim tão bem. Basicamente, gosto de ver na minha privacidade, e acho importante para percebermos o que há a mudar. DA: Lidar com a imprensa, com o que se escreve sobre ti, tem sido fácil? JA: A imprensa distorce muito aquilo que dizemos, e escrevem o que não é realidade, com muita facilidade. Há situações mais desagradáveis, e o facto de namorar com uma pessoa famosa, tem aumentado a curiosidade alheia, mas nem sou das pessoas que se possa queixar muito. Às vezes gostava de ter uma palavra final, antes das entrevistas serem publicadas. Esta é uma entrevista muito diferente; não é uma coisa de “fofocas”, nem de querer saber sobre a vida pessoal. Considero que é importante a divulgação do trabalho, mas no que respeita à vida pessoal, isso já depende de cada um. DA: Onde te podemos ver neste momento, e o que pretendes fazer daqui para a frente? JA: Neste momento vou estar no ar com a novela Destinos Cruzados e com a sitcom Giras e Falidas. Obviamente quero fazer mais coisas na área, e ter mais oportunidades. Gostava de fazer cinema, teatro e de aprender sempre mais. Gostava também de ter mais disponibilidade para viver outras coisas, viajar mais, ver outras pessoas e ter dinheiro para tudo isso. O contrato de exclusividade, que está a terminar, pode ter-me condicionado nessas atividades que eu gostaria de fazer, mas trouxe-me outras coisas, como as aulas por exemplo. Faço private coaching desde que comecei, portanto fechou-me para umas coisas, mas deu-me outras muito boas!


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Foto: Tiago Sousa Dias


STATELY ROYALTY

Photo: Tiago Costa Styling: Catarina Ferreira Pinto Hairstyling: Wellington de Oliveira Make Up: Marisa Duarte Models: Yuka @ Elite Lisbon / Ana Burea @ Elite Lisbon Behind the Scenes: Pedro Soares


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Gola de pêlo - ASOS; €20,84 Casaco de pêlo - ASOS; €111,12

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Brincos - Swarovski; €57,90 Gola de pêlo rosa - ASOS; €20,84 Casaco de pêlo roxo - ASOS; €111,12 Casaco de pêlo castanho - ASOS; €77,78


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Gorro de pêlo - ASOS; €13,89 Gola de pêlo malhado - ASOS; €25,70 Casaco de pêlo malhado - ASOS; €66,67


Gola de pêlo malhado - ASOS; €25,70


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Gorro de pêlo - ASOS; €13,89 Gola de pêlo malhado - ASOS; €25,70 Casaco de pêlo malhado - ASOS; €66,67


Casaco de pêlo às riscas - ASOS; €55,56


Luvas de pêlo - ASOS; €20,84 Gola de pêlo malhado - ASOS; €25,70 Casaco de pêlo malhado - ASOS; €66,67


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SHE WOR Photo: Carla Pires

Styling: Silvana Querido Make Up: Carina Oliveira com produtos M.A.C Model: Elizabeth Almeida @ Central Models


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RKS IT Boné - New Yorker; €7,95 Meias - Blanco; €1,99 Ténis camurça - Nike; €90

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Meias - Blanco; €1,99 Pala amarela - da produção Calções - New Yorker; €9,95 Ténis em camurça - Nike; €106 Colete de cabedal - H&M; €39,95


Pala amarela - da produção Colete de cabedal - H&M; €39,95 Bolsa de peito - Cheap Monday; €28


Boné - New Yorker; €7,95


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Boné - New Yorker; €7,95 Meias - Blanco; €1,99 Ténis camurça - Nike; €90

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Headphones - da produção


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Mochila flúor - Nike; €53 Boné preto e branco - New Yorker; €9,95


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Brincos - H&M; €3,95 Boné com grafismos - New Yorker; €7,95 Pulseira de pedras coloridas - H&M; €12,95


Brincos - H&M; €3,95 Boné com grafismos - New Yorker; €7,95 Pulseira de pedras coloridas - H&M; €12,95



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www.facebook.com/monica.goncalves.146?fref=ts


Foto: Tiago Costa Direção de Arte: Inês Ferreira

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Sabrinas roxas - Repetto Sabrinas verdes - Repetto テ田ulos - Anna-Karin Karlsson


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Foto: Tiago Costa Direção de Arte: Inês Ferreira

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Mala - Pinko Saia de ballet - Repetto Sapatos salmão - Cohibas Sapatilhas de ballet - Repetto Óculos armação transparente - Tod’s Óculos armação de pele - Linda Farrow


Foto: Tiago Costa Direção de Arte: Inês Ferreira

Vestido - Manoush Gaiola - Lili Cherry Sabrinas roxas - Repetto Sapatos verdes - Cohibas Sabrinas verdes - Repetto Óculos roxos - Anna-Karin Karlsson Óculos armação de pele - Linda Farrow


Foto: Tiago Costa Direção de Arte: Inês Ferreira

Clutch - Manoush Poncho - Manoush Óculos salmão - Céline Sabrinas verdes - Repetto Sapatilhas de ballet - Repetto Gaiolas com flores - Lili Cherry


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Foto: Tiago Costa Direção de Arte: Inês Ferreira

Sabrinas roxas - Repetto Sabrinas verdes - Repetto Sabrinas cinzentas - Repetto Sapatilhas de ballet - Repetto

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Goedzak O Bom Saco

Reutilizar e Reciclar não são novidade para ninguém. No entanto, continuam a existir objectos absurdamente caros para o tempo de vida que têm.

Foto: http://waarmakers.nl

Por Rita Trindade


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Foto: http://waarmakers.nl

Foto: http://waarmakers.nl

Alguma vez sonharam viver num mundo em que tudo é reaproveitado, e pouco ou nada é desperdiçado? Em que coisas que uns já não precisam ou usam, são oferecidas a quem lhes irá dar vida nova? Em que o ciclo de vida de um objecto não termina quando o seu primeiro utilizador o deita fora, mas recomeça quando um novo utilizador vem e lhe dá uso mais uma vez? Seja esse uso a principal função para que ele foi concebido, ou não. Porque há sempre que pensar um pouco mais além… Reutilizar e Reciclar não são novidade para ninguém. No entanto, continuam a existir objectos absurdamente caros para o tempo de vida que têm. Não vou entrar em muito detalhe sobre uma coisa chamada Obsolência Programada, mas suponho que já todos tenham ouvido falar disso, numa ocasião ou noutra. Este artigo não é sobre isso. Mas deixo o tópico no ar, como quem não quer mais do que instigar uma pequena revolução. Na Holanda, um duo de designers de nome Waarmakers (composto por Simon Akkaya e Maarten Heijltjes), desenvolveu um saco especial para doações especiais – o Goedzak. Passo a explicar. Em vez de deitarmos fora coisas que ainda estão em bom estado mas às quais já não damos uso, ou de as deixarmos ao lado do contentor do lixo a apanhar pó, chuva e sabe Deus que mais, colocamos tudo o que já não usamos neste saco especial. Metade dele é transparente, pelo que vemos o que contém. Por não ser um comum saco preto do lixo, saltará à vista e não passará despercebido. Assim,

quaisquer interessados poderão simplesmente pegar nele e levá-lo para casa, com o objectivo de dar novo uso ao que outros já não aproveitam. «Mas porque é que as pessoas não os vendem?», poderão alguns de vocês questionar-se. Assim até lucravam e tudo. É verdade, mas não é o propósito desta criação. O projecto surgiu como resposta de Simon Akkaya a um projecto académico intitulado “Design for Altruism”. E o objectivo deste produto é precisamente promover o altruísmo, e ajudar a que completos estranhos beneficiem de algo que já não tem utilidade para nós. Olhemos menos para o nosso umbigo e mais em nosso redor. Aconselho uma visita ao site destes jovens. Podem ler mais sobre o Goedzak e até ver como um dos protótipos foi “levado” a meio de uma sessão fotográfica para um artigo numa revista por um senhor numa bicicleta, em pleno dia e na presença de dois fotógrafos (o produto é um sucesso!). Para além disso, poderão conhecer outros projectos interessantes, tais como uma série de candeeiros feitos com madeira de árvores, que foram abatidas em Amesterdão, porque «irritavam o governo local ou estavam no caminho de coisas bem menos importantes». Amigos do meio ambiente e em busca de um mundo melhor. http://waarmakers.nl Esta colaboradora/autora não escreve com o novo acordo.


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Varas Verdes

Um banco, uma visão. Comércio justo. Por Varas Verdes

Pallet your planet O que há de mágico nos gatos? Talvez o facto de serem difíceis de conquistar. Para a DeepArt, são eles e a sua personalidade que nos acabam por encher de mimos e satisfação quando chegamos a casa. Roçam-se e encostam-se subtilmente aos nossos membros, em tons de aprovação aos mimos e carícias que sempre e incessantemente procuram. Adorados por uns, sacrificados por outros, os gatos apenas reclamam o seu lugar ao sol, quente e confortável, e também passar ao seu dono uma mensagem positiva para o mundo – mais uma “arranhadela de amor” para quem tanto gosta de nós. Existem cerca de 250 raças de gatos domésticos, e a redação da Deepart, resolveu colocar em teste um gato persa, para desafiar a personalidade do novo produto, do mais recente coletivo artístico da Varas Verdes. Um inesperado fôlego de 5 artistas portugueses, ligados às mais variadas áreas do design e ofícios, também com a ideia de desafiar a arte contemporânea portuguesa a partir da criação de uma linha de produtos, com origem em políticas ecológicas e sustentáveis.

Foto: Tiago Costa


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A Mercado Collection, é a primeira linha de mobiliário 100% eco-design português, criada a partir da recuperação de materiais e paletes inutilizadas. Uma coleção totalmente criada à mão, com inspiração no tradicional banco de madeira do tempo dos nossos avós, que pretende refletir o espírito e consumo nos antigos mercados locais, com a variedade de cores e formas, como todos os frutos frescos e vegetais saudáveis que podemos encontrar. Na febre de ideias, e sede voraz de criar, Jacó, é o símbolo das Varas Verdes. Um porquinho com raízes alentejanas, apreciador de arte e design que gosta de voar, e que faz uso das varas verdes por serem mais fáceis de moldar, personalizando a linha de mobiliário à sua imagem. Se os gatos devem a sua fama à personalidade e difícil conquista, a Mercado Collection das Varas Verdes, serve a qualquer dono como um bom animal de companhia, em forma de uma peça original, com propriedades únicas de personalização para qualquer espaço, interior ou exterior. O gato apaixonou-se por Jacó. Nenhum arranhão foi declarado após esta experiência. Um amor completamente mágico. Uma relação bela de uma ideia portuguesa que se liga ao consumo em larga escala, a partir do reaproveitamento dos nossos próprios desperdícios. Pallet your planet. www.varasverdes.com info@varasverdes.com Foto: Tiago Costa


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Foto: Tiago Costa


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Foto: Tiago Costa


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Perceção da realidade ou a forma como (não) vemos as coisas Por Rita Chuva

Versatilidade. Flexibilidade. Adaptação. Mutação. Palavras simples, mas com complexo(s) significado(s). A facilidade com que podemos, caso o queiramos, transformar-nos. O modo como nos mostramos e como somos entendidos. A interpretação que fazemos e que fazem de nós. As primeiras impressões. Serão estas as que marcam, para sempre, o relacionamento estabelecido com os outros/com as coisas? Vejamos, como exemplo (ou case study, caso pretendamos conferir um tom mais académico à análise), a estante Squaring, do designer de interiores coreano Lee Sehoon. À partida, parece apenas uma estante, como aquelas mais simples da IKEA, passando a publicidade (sim, sou fã confessa e a minha casa podia perfeitamente fazer parte do catálogo da empresa sueca). Fonte: www.dezeen.com Foto: http://leesehoon.com/

Mas não. Sehoon vai além disso. Brincando com formas geométricas simples, o designer cria o inesperado. O que, aparentemente, são apenas nove caixas quadradas, empilhadas por forma a criarem uma estante, são, na realidade, peças de um puzzle inventivo e funcional, que joga com a perceção de quem o observa.


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Fonte: www.dezeen.com Fotos: http://leesehoon.com/

Habilmente unidas entre si, estas caixas podem tomar uma diversidade de formas, qual quadro de mahjong. O desequilíbrio causado pelos diferentes pesos cria uma série infindável de desenhos, de aparências, que permitem, elas próprias, aumentar ou diminuir (no fundo, variar) a capacidade de arrumação desta peça de mobiliário interativa. Ironicamente, e segundo o próprio designer, é o desequilíbrio dos diferentes pesos que acaba por criar um estado dinâmico de equilíbrio. Em jeito de resumo, analogias e pensamentos pseudofilosóficos à parte, a estante é gira que se farta e criativa até dizer chega! E ficava tão bem na minha sala...


Lili Cherry 968 153 737 dalilacherry@gmail.com http://www.lilicherry.com www.facebook.com/DalilaLilicherry



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Janeiro e fevereiro

em francês – cinema e não só O “Institut Français du Portugal” apresenta uma programação anti-crise e pró-criatividade, no arranque de 2013. Entre janeiro e fevereiro acontece o ciclo “Grande Crise, Pequenos Remédios”.

Foto: Institut Français du Portugal

Por Ágata C. Pinho


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Foto: Institut Français du Portugal

Neste início de ano, no cinema (a arte) em francês abunda e procura colmatar espaços vazios ou esperanças a precisar de novo alento. Adeus crise e olá cinema, literatura, fotografia, música e teatro, “s’il vous plaît”! O Institut Français du Portugal apresenta uma programação recheada, onde destacamos o ciclo “Grande Crise, Pequenos Remédios”. Entre 7 de janeiro e 25 de fevereiro, às segundas-feiras pelas 19h, serão exibidos sete filmes e documentários que se debruçam sobre os aspetos mais preocupantes da crise económica, social e cultural que se vive. Cada bilhete custa apenas 1€. No dia 4 de fevereiro será mostrado “Illégal”, de Olivier Masset-Depasse, enquanto que dia 11 podem ver

“Itinéraires” de Christophe Otzenberger e no dia 25 “Ma poubelle est un trésor”, de Martin Meissonnier e Pascal Signolet. Não esquecendo a literatura, Stéphane Audeguy promove o seu último livro, “Rom@”, homenagem à capital italiana, na Livraria Férin, no dia 6 de fevereiro, às 18h30. A sua primeira obra, “La Théorie des Nuages” foi aplaudida pela crítica e premiada, bem como “Fils Unique”, dedicado ao irmão de Jean-Jacques Rousseau, que arrecadou o prémio Deux Magots em 2007. O autor português Nuno Camarneiro, vencedor do Prémio Leya 2012, apresenta a sessão.


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Foto: Institut Français du Portugal

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O Institut promove ainda, como já é seu hábito, a formação artística através do programa IFTeatro, com ateliers para todos e estágios profissionais para atores profissionais e semi-profissionais a partir dos 18 anos. Os ateliers acontecem às quartas-feiras e tiveram início já no mês passado. Cada atelier é dedicado a um autor específico, de entre nomes fundamentais da literatura e da dramaturgia: Shakespeare,Tchekov, Pasolini, Pinter... Nestas sessões, abertas ao público geral a partir dos 18 anos, são exploradas e trabalhadas a expressão corporal, a interpretação e a improvisação. Para mais informações, consultar a agenda no site oficial: http:// ifp-lisboa.com/ De 14 a 22 de fevereiro acontece o Festival Debussy+, no Institut e na Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com a Escola Superior de Música de Lisboa e a rádio Antena 2, e com o apoio do Centre de Documentation Claude Debussy e do Instituto Cervantes de Lisboa. A programação inclui concertos, filmes, cine-concertos,

conferências e exposições, assinalando o fim das celebrações comemorativas do 150º aniversário do nascimento do compositor Claude Debussy. Destaque para o cine-concerto “La chute de la maison”: após algumas leituras pelo ator Micha Lescot, o singular acordeonista Pascal Contet interpreta Debussy com a projeção do filme ”A Queda da Casa de Usher” de Jean Epstein. Será ainda exibido o documentário “Pelléas le Chant des Aveugles” de Philippe Béziat. O filme foi rodado em junho de 2007, em Moscovo, durante duas semanas e com uma só câmara, quando o ator e encenador Olivier Py, o ator e diretor musical Marc Minkowski e os cantores e músicos de Pelléas et Mélisande são confrontados com a estranheza de uma ópera de Debussy, representada pela primeira vez na Rússia. Será também mostrado “Teorema” de Pier Paolo Pasolini (1969), onde um jovem fascina uma família burguesa antes de desaparecer, deixando o seu mundo maculado e os membros da família desconcertados. A entrada é livre.


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Foto: Institut Franรงais du Portugal


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CC_HOUSE Alcobaça 2011

Ponto assente: a partir do interior da habitação não poderíamos deixar nunca de sentir o terreno desta forma livre, natural e imensa!

Foto: Inception Architects Studio – IAS

Por Pedro Carvalho Inception Architects Studio

Ano novo, número novo e um projeto já não tão novo assim, poderão pensar. A CC_HOUSE foi (e é ainda) o primeiro desafio do IAS no ano da sua formação – 2011, e o seu desenvolvimento tem vindo a desenrolar-se até ao presente ano, fruto de avanços e recuos em todo o processo criativo e do incessante diálogo entre as partes – fator que consideramos essencial, no crescimento e progresso da solução final. Importante mesmo é o arquiteto conseguir, em todas as

suas ações e método criativo, compreender as questões, opiniões, demandas e ambições do seu cliente, a fim de procurar obter a solução perfeita aos olhos de todos os intervenientes no processo, deixando todos plenamente satisfeitos com o resultado final. Trazemo-la para este número porque achamos que, ainda maior que o desejo do próprio arquiteto em fazer o melhor projeto do mundo - querendo mostrar todas as suas capacidades e sua ‘mestria’ face às condicionantes que surgem em todo o projeto -, são as vontades, as ambições e a esperança do cliente


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Fotos: Inception Architects Studio – IAS

face ao mesmo projeto e face ao sonho, por vezes de uma vida. Mais que os avanços e reveses do processo, o importante é que se ‘chegue a bom porto’, nem que implique o passar por inúmeras soluções, até chegarmos à solução final. A CC_House é o projeto que reflete um pouco tudo isto… Reciprocidade, interação e resiliência! A cidade de Alcobaça é o segundo concelho mais populoso da Comunidade Intermunicipal do Oeste e do distrito de Leiria, e está localizada 92 Km a Norte de Lisboa, e é um município composto por 408.14 Km2 de área e cerca de 56 676 habitantes. É um concelho

densamente povoado no seu centro, e marcado por uma paisagem rural fora do seu centro populacional, que se carateriza por um misto de pequenos aglomerados residenciais, agricultura, mato e floresta, sem qualquer marca da passagem humana. São precisamente estas últimas caraterísticas que ‘prendem’ o nosso cliente a esta localidade. Pessoa natural da terra, que desde muito cedo se fixa profissionalmente em Lisboa e lá acabou por firmar residência, sem contudo nunca menosprezar ou esquecer as suas raízes, mantendo estreitos laços com a comunidade e com as gentes da terra. Apaixonado por Alcobaça, sua terra-mãe, lá passa todo o tempo que pode, dividido entre fins de semana, ídas


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Foto: Inception Architects Studio – IAS

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a trabalho e férias de família… Desde muito cedo tem vindo a “alimentar a ideia” de lá construir - numa propriedade pertencente à sua família - a sua habitação de férias e “futura residência para a velhice”… A CC_House vai implantar-se num terreno de formato retangular, com cerca de 11.411m2 e vedado por muros em pedra aparelhada proveniente da região, inserido num ambiente completamente bucólico e de forte ruralidade. De caraterísticas morfológicas não muito acidentadas - o terreno é praticamente plano – destacamos a forte presença do arvoredo envolvente e toda a mancha florestal existente na sua periferia; bem como a sua orientação para Este, voltando-se para a frondosa Serra de Aire e Candeeiros. O programa habitacional era bastante simples: habitação principal do tipo V3 + 1 (+1 seria a possibilidade de extensão); ‘guest-house’ e sala de convívio; terreiro ou eira exterior com piscina e área de lazer; mais uma zona destinada aos arrumos, ferramentaria e equipamentos necessários à manutenção da propriedade. Sob o ponto de vista da habitação, esta será composta por duas áreas funcionais: a ÁREA SOCIAL e a ÁREA

PRIVADA. Na primeira teríamos funcionalidades como sala de estar e jantar; cozinha e copa integradas; zona de biblioteca e outras, como hall de entrada; zona de lavandaria, arrumos, zona de secagem e instalação sanitária de serviço. Já na área privada estariam localizados os aposentos destinados a toda a família com master suite; dois quartos de casal e instalação sanitária principal. Nesta área existiria contudo, com o compromisso da possibilidade de uma possível extensão, através da criação de mais um quarto. A solução encontrada para a habitação e sua disposição, reflete esta correlação entre SOCIAL/PRIVADO, na divisão em dois volumes distintos, esculpidos em betão branco – como se de um bloco maciço se tratasse - e cujo único ponto de contacto se faz através de uma ‘manga’ ou corredor de ligação translúcido, muito leve e construído em vidro. No espaço entre volumes surge um pequeno pátio exterior, de vivência muito intimista, à semelhança dos pátios japoneses. Do seu interior, marcado pela presença de árvores de fruto de pequeno porte, e ‘espreitando’ por uma singela abertura entre os dois volumes da habitação – que quase se tocam - observamos o pico da Serra, num enfiamento visual provocado.


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Fotos: Inception Architects Studio – IAS

Os dois corpos procuram também afeitar-se e afeiçoar-se ao terreno em si, na mais correta forma de implantação, definida consoante a função desempenhada. Deste modo, o ‘volume social’ procura mais o exterior e os enfiamentos visuais, ‘levantando-se’ na procura das vistas da Serra que se estende à sua frente; e o ‘volume privado’ mantém-se sereno e agarrado ao terreno, voltando-se para o seu lado mais recatado, fruto das valências que o seu interior encerra. Depois as restantes zonas/áreas que compõem o programa, não menos importantes, mas de tratamento mais simples… A ‘guest-house’ e eira exterior com piscina são, no fundo, áreas destinadas ao convívio com a família e os amigos, aproveitando todo o cenário bucólico que se vive no interior da propriedade e sua envolvente. Enquanto a ‘guest-house’ se implanta e insere numa área do terreno mais declivosa, aproveitando essa caraterística do terreno em si e ‘anichando-se’ no terreno, a zona da eira exterior e piscina, inserem-se na parte mais plana e solarenga do mesmo, potenciando a vivência exterior e o convívio.

Relativamente à materialidade, optou-se por uma solução sóbria mas sempre distinta, criada por um material com cor, estereotomia e texturas poderosas e de plasticidade versátil, como é o betão branco. Neste ponto, decidimos também fazer o contraste da sua utilização, com a cor castanha da terra do próprio terreno e os verdes das árvores, num interessante jogo cromático, que é também marcado pelo ‘deck-ipê’ das varandas e pela presença do embasamento da habitação e muros exteriores e de suporte do terreno, feitos com pedras da região. Não é utilizada nenhum tipo de proteção das zonas de varanda e pátios exteriores, por não haver essencialmente necessidade, mas porque se pretende também quebrar a barreira entre os dois volumes impostos pelo homem e o natural. No fundo o fim é sempre o mesmo, ou seja, a incessante procura do estabelecer da relação exterior/interior e vice-versa, um complementando o outro, e permitindo a quem habita/utiliza/vive, momentos únicos.


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RETRATOS

DO CORAÇÃO by Sandra Roda


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Cultura Urbana

Graffiti enquanto revogação Graffiti é e sempre será algo ilegal, feito à margem da lei, principalmente com latas de aerosol

Foto: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/Banksy_Looters_New_Orleans.jpg

Por André Albuquerque

Banksy


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Foto: http://news.bbcimg.co.uk/media/images/60269000/jpg/_60269167_banksy1.jpg

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Banksy Cultura urbana: o tema sugere prontamente ideias como graffiti, street art e para muitos, apenas, vandalismo. Para mim além do que já foi enumerado, que não deixam de ser nomenclaturas adequadas, sugere ainda tópicos como: Cultura Visual, Cor, Arte, Dinamismo, Rotura de Padrões e talvez o mais importante de tudo, Expressão Livre. Não é qualquer artista que cria a sua arte no cenário urbano, livre de telas, molduras e principalmente, quatro paredes envolventes como galerias ou museus. Não é qualquer um que expõe a sua arte a quem quiser (ou mesmo quem não queira) observar. Há quem o faça respeitando uma série de valores e ache que a arte merece ser livre e de fácil acesso, há quem use as ruas e o cenário urbano como meio para espalhar a sua mensagem de maneira efetiva e sem custos, como propaganda gratuita. Há quem o faça pela “pica”, pela adrenalina que resulta de cometer um acto ilícito, à margem da lei, com esse fator bem presente, o artista não se sente perturbado para dar o máximo na conceção da sua arte. Antes de mais desenvolvimento passo a apresentar-me, da maneira que mais acho relevante para o tema. O meu nome é André Albuquerque, licenciado em Design e Mestre em Design Visual. Manchei paredes durante vários anos e faço-o sempre que posso, pelo simples facto de ser viciante e claro, por todos os ideais (juntos) que defendi previamente.

Nesta minha primeira intervenção, enquanto escritor, acerca da temática “Cultura Urbana”, gostaria de fazer ver pelos meus olhos duas ideologias bastante diferentes, e em que as suas semelhanças só se encontram mesmo, na temática de Cultura Urbana. A primeira é Graffiti. Graffiti é e sempre será algo ilegal, feito à margem da lei, principalmente com latas de aerosol, que pode ser realizado com outros quaisquer tipos de tinta, muitas vezes tinta de rolo usada para pintar paredes, como meio mais barato de encher áreas grandes. O Hall of Fame é considerado uma área de actuação legal do graffiti, e por muitos considerada a única parte artística, graças à qual muitos artistas que pintam com latas de aerosol, tal e qual os writers que pintam graffiti, têm apoios e patrocínios monetários para pintarem, porém, o graffiti não tem como intenção ser artístico, bonito e muito menos aclamado pelo público. O graffiti surge como uma revogação do sistema em que estamos inseridos, um acto de rebeldia talvez, que capta a fruição de ser uma arte ilegal, que estimula o corpo e proporciona a dose de adrenalina que, enquanto seres humanos, muitos de nós, necessitamos para nos sentirmos vivos. Não vou aqui expor lições de Graffiti ou de Arte, nem explicar o que é um Tag ou um Bomb. Todas essas noções podem ser encontradas com facilidade, na Internet ou em centenas de textos já escritos e reescritos, acerca da matéria, além de que já foram tratadas em edições anteriores desta mesma revista, neste mesmo segmento.


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Foto: http://fusicology.com/2012/07/12/the-2012-nyc-graffiti-hall-of-fame photo by Ani Yapundzhyan

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Graffiti Fame - The NYC Graffiti Hall of Fame 2012

Foto: http://www.houseofhype.com/wp-content/Shepard-Fairey-with-Obama-poster1.jpg

Por outro lado surge o Street-art que é realmente, a expressão artística livre espalhada pelas ruas, e que pode ser encontrada pelos quatro cantos do mundo, e que nos dias que correm ganhou tamanha importância, que diversos artistas que vingaram nessa área, acabaram por se “vender” e transformar a sua “arte de rua” em arte de galeria. Exemplos claros são de Shepard Fairey e de Bansky, embora ambos possuam ideais muito fortes, e sempre tenham usado a sua arte de rua enquanto “contra-propaganda”, principalmente Bansky, de modo a pôr o seu observador a pensar, no confronto com mensagens muito fortes. Ambos foram ganhando reconhecimento por todo o mundo, e levaram o seu trabalho a um patamar, em que se consegue viver e ganhar dinheiro com ele. Se me for questionado, neste ponto, direi que cada um faz o que acha melhor com o seu trabalho e com a sua vida, se é o que mais dá prazer a um indivíduo e ao mesmo tempo lhe permite pôr a comida na mesa, então essa pessoa descobriu o santo graal: consegue viver feliz. Se me perguntarem se isso é Graffiti ou Street-art a resposta é simples. Não. Shepard Fairey - Obama poster


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Banksy

Foto: André Albuquerque

Pun


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Cultura Urbana

Nacional e Internacional Por Gustavo Mesk

ALMA @ Matosinhos

FOSSIL @ Porto

DAPHONE @ Matosinhos

HAZUL @ Porto EIME @ S達o Miguel

YOUTH @ Lisboa

NEUTRO @ Londres ARDE @ Porto


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DAIM @ Wuppertal

DOES @ Sittard

MAD C @ Atenas

ERASE @ Sofia

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EmCara by Rui Zilh達o

Marceneiro - retrato de Rui Zilh達o


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Lima de Freitas - retrato de Rui Zilh達o

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RA

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Foto: Ana Limรฃo

Uma faceta solitรกria


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RA é um projeto sadino, encorpado por Ricardo Remédio, no início de 2012. É uma faceta mais solitária do teclista dos Löbo, que se afasta da dinâmica de banda, para assumir o controlo de todos os elementos da sua música, e exteriorizar as suas influências pessoais, sem outras interferências. Ao vivo, fez-se acompanhar inicialmente por Ricardo Salvador (Moe’s Implosion), essencialmente na guitarra, posição que é agora ocupada por Gonçalo Duarte (Lydia’s Sleep, Equations, Porn Sheep Hospital). Além da vontade de transposição para os palcos, uma das plataformas de lançamento do projeto foi o concurso lançado pela Fact Mag no início de fevereiro de 2012, em que os participantes foram convidados a remisturar uma música de Memória de Peixe, da qual Ricardo saiu vencedor, com direito a fazer a abertura de dois dos concertos da banda lisboeta. www.nervos.pt/RA


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Taberna da Praça O requinte do petisco

O tradicional petisco em tabernas, tem neste espaço, um papel de destaque, com pompa e circunstância.

Foto: Tiago Costa

Por Inês Ferreira

Há espaços que nos fazem sonhar, com ambientes mágicos, e com pratos que literalmente, nos “levam ao céu”! A Taberna da Praça é um perfeito exemplo de tudo isso. Ao entrarmos neste espaço, situado no interior do antigo Forte da Cidadela, e atual Pestana Cascais, deparamo-nos imediatamente com uma atmosfera mágica, com paredes forradas com papéis, que nos remetem para uma “Alice no País das Maravilhas”, ilustrados com livros antigos numa sala, noutra lembrando documentos, ainda selados a lacre, e noutra transparecendo

ainda a ideia de uma parede com um “almofadado” de madeira. Reforçando ainda este mundo encantado, cada uma destas salas tem um nome muito próprio, de acordo com estas decorações em cada parede. Encontramos então a “Sala dos Livros”, a “Sala da Assinatura” e a “Sala dos Documentos”. Este espaço assume o conceito de taberna, local tão típicamente português, com uma ligação aos petiscos tradicionais, como é o caso das moelas, da salada de polvo ou de bacalhau, da açorda, entre muitos outros.


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Foto: Tiago Costa


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Foto: Tiago Costa

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Inaugurado duas semanas após a abertura do hotel, (perto de março de 2012), tem dado que falar, não só pela qualidade dos seus petiscos, como também pelo ambiente acolhedor, onde prima também pela simpatia de quem lá trabalha e pelo seu chef de cozinha – Manuel Alexandre.

Quando questionado sobre o que o fascina na arte da cozinha, responde prontamente que são os desafios diários, feitos de tentativas de inovar ao nível dos pratos. Relativamente ao seu tipo de cozinha, assume que é a tradicional portuguesa, trabalhando o típico prato português de outra forma.

O conceituado chef, conta com um currículo verdadeiramente invejável, tendo começado o mesmo na Alemanha, local onde se formou no ano de 1987, e no qual permaneceu até 1995. Percorreu inúmeros países na Europa, como é caso da Bélgica e Holanda, por exemplo. Passou também pela Gran Canária, já como chefia no Hotel Barceló, tendo após esta passagem, vindo para Portugal, inicialmente para o Hotel Infante Santo.

Neste espaço dá por este mesmo motivo, “alma” aos pratos portugueses, onde podemos encontrar pratos tão diversos como os arrozes, as saladas (de peixe ou carne), os enchidos, entre muitos outros. Os pratos mais requisitados, e que não poderá deixar de degustar quando visitar este espaço, são a saladinha de bacalhau lascado, com azeite e alho; o bife do lombo à Taberna da Praça; o escabeche de carapauzinhos e também a sua mousse 100% cacau, pratos estes bastante requisitados, e que ao provar, entenderá com certeza o motivo pelo qual o são!

Marcam ainda presença no seu currículo, a passagem por uma empresa de catering, a criação do seu restaurante – “Foot Planet”, a entrada no Grupo Pestana e também no Tróia Resort. Atualmente “mudou-se de malas e bagagens” para o Grupo Pestana, onde é o responsável pelos restaurantes do Pestana Cascais.

Como nada é deixado ao acaso, na sua ementa constam também os pratos do dia, que variam conforme a época do ano, que foi marcada recentemente pelo pratos de caça. No Verão estes pratos darão lugar a muitos outros,


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Fotos: Tiago Costa

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de entre os quais se destacam as sopas frias e as lâminas, tanto de carne como de peixe, mas afirmando o chef que nunca se fugirá ao conceito de taberna. Além de todas estas caraterísticas que fazem já com que nos imaginemos neste espaço, também o preço é bastante convidativo. A média de preços ronda os 20€, e não sairá com certeza, com a sensação de fome, num espaço que, além de acolhedor, tem ainda a particularidade de ter um horário alargado. Poderá petiscar à sexta, sábado e domingo das 12 até às 2 horas, enquanto que nos restantes dias da semana poderá fazê-lo entre as 19 e as 23 horas. No Verão, conte ainda com uma ampla esplanada, com música ambiente, para aproveitar um final de tarde, com o melhor que pode pedir: boa comida e bom ambiente. Se ainda não está em hora de refeição, planeie a sua nesta típica Taberna da Praça!


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Aveiro

Era uma vez... Aveiro é uma cidade em que o “era uma vez” se escreve primeiro nas salinas que refletem o céu, depois no artesanato e na gastronomia.

Foto: Bruno Gascon

Por Joana Domingues

Hotel Moliceiro - quarto duplo - 85€ (aproximadamente) Moliceiros, Art Déco e a Ria de Aveiro aqui tão perto! Hoje destacamos uma região em franco crescimento económico que consegue aliar os testemunhos do passado às exigências atuais. Por isso mesmo, para nos instalarmos escolhemos o Hotel Moliceiro. Projetado pelo arquiteto aveirense Paulo Gala e aberto desde 1998, o Hotel Moliceiro encontra-se situado mesmo em frente à conhecida Ria de Aveiro, e destaca-se pelo seu charme e decoração. Harmoniosamente integrado num cenário único de História e autenticidade, onde domina a arquitetura da Arte Nova, e inserido numa área onde predominam os tons verde e a água, este hotel faz as delícias de quem

Museu Arte Nova - (bilhete normal) - 1€ visita a Veneza Portuguesa. A Ria com toda a beleza da sua paisagem, convida-nos a conhecê-la melhor. E a melhor forma de o fazermos é juntarmo-nos à ECORIA, para um passeio nos típicos e célebres moliceiros. O barco moliceiro, ou simplesmente moliceiro, foi outrora um tipo de embarcação destinado à colheita e transporte de moliço, e outra vegetação existente na ria. Não feche os olhos e não imagine que está em Veneza... Aveiro vale por si só, por isso mesmo mantenha-se plenamente desperto e aprecie o que o rodeia! Regressamos a terra e antes de almoço ainda temos tempo para visitar o museu Arte Nova. O Museu Arte


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Fotos: Bruno Gascon

Nova de Aveiro é um núcleo do Museu da Cidade de Aveiro, que promove visitas guiadas às fachadas Arte Nova da cidade. O espaço onde o museu se encontra é da autoria de Silva Rocha e Ernesto Korrodi. O museu funciona como centro interpretativo e ponto de partida, da extensa rede de motivos Arte Nova espalhados por toda a cidade de Aveiro. Aqui pode encontrar várias exposições e um centro de investigação. Perca-se por aqui e descubra mais sobre este estilo. Depois prossiga viagem! Está cansado de andar a pé? Então propomos-lhe um passeio diferente: uma viagem de riquexó. As Bolinas mostram-lhe os mais belos recantos da bela cidade de Aveiro, em vários circuitos temáticos! Escolha o seu e arrisque-se... É sem dúvida uma forma única de se deslocar! Para os gulosos guardamos uma surpresa especial... Falar de Aveiro é falar de ovos moles.... Por isso mesmo reservámos-lhe uma visita à Oficina do Doce... Um local onde pode meter as mãos na massa, e experimentar fazer os típicos ovos moles. No final, é obrigatório prová-los!

Desde sempre ligada a atividades económicas, Aveiro teve na produção de sal e no comércio naval, as suas mais valias. Por isso mesmo, recomenda-se uma visita ao Ecomuseu Marinha da Troncalhada, situado junto ao Canal das Pirâmides, o qual mostra em visita livre e/ou guiada, os métodos de produção de sal, ainda hoje feita de forma tradicional, bem como a paisagem, fauna e flora envolvente... A arte de fazer o sal confunde-se com a história da cidade e, se é certo que das 367 salinas do período áureo apenas sete sobrevivem, hoje é possível experimentar essa arte no Ecomuseu da Troncalhada, uma marinha de sal situada ao longo do Canal das Pirâmides, a funcionar entre julho e setembro, com as alfaias e práticas seculares dos marnotos de Aveiro. Entre a arte e a tradição, entre o passado e o presente, Aveiro é uma cidade em que o “era uma vez” se escreve primeiro nas salinas que refletem o céu, depois no artesanato e na gastronomia. Por isso mesmo, é um local que deve ser visitado e, sobretudo, apreciado com todos os sentidos!



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