DeepArt nº12

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EDIÇÃO ESPECIAL 1º ANIVERSÁRIO

Revista Mensal Gratuita - DeepArt - Número 12 - Julho de 2013


FICHA TÉCNICA Direção Inês Ferreira Tel: 966 467 842 direcao@deepart.pt Editor-in-chief Tiago Costa Tel: 965 265 075 direcao@deepart.pt Diretora de Comunicação Maria João Simões comunicacao@deepart.pt Design Gráfico e Direção Criativa Inês Ferreira design@deepart.pt Fotografia e Pós-Produção Tiago Costa fotografia@deepart.pt Colaboradores Ágata C. Pinho - André Albuquerque - Filipa Araújo - Joana Domingues Nervos - Pedro Barão - Pedro Carvalho - Rita Chuva - Rita Reis - Rita Trindade - Rui Zilhão - Sandra Roda - Vanessa da Trindade - Vítor Marques Colaborações Especiais Ana Fontinha - Carla Silva Pires - Cátia Monteiro - Charly Rodrigues - Elsa Brandão para Elsart Atelier - Francisco Soares @ Elite Lisbon - Ismael Prata - Jani Gabriel @ Elite Lisbon - Liliana Ribeiro - Margarida do Ó - Mattias Visser @ modelsatwork amsterdam - Pedro Soares - Pedro Nicolau - Ricardo Aço - Ricardo Santos - Sandra Alves - Sara Catarina Fonseca - Sara Soares @ C’est fantastique! - Stef Veldhuis - Yasmin @ Karacter

Revista Mensal Gratuita - Nº 12 - Julho de 2013

Photographer - Carla Silva Pires Model - Jani Gabriel @ Elite Lisbon Styling - Ricardo Aço assistido por Pedro Nicolau Make Up - Sara Catarina Fonseca Hairstyling - Cátia Monteiro Post-producer - Bruno Jorge Site www.deepart.pt facebook.com/deepartmagazine Para outros assuntos: geral@deepart.pt Propriedade Inês Ferreira Periodicidade Mensal Contribuinte 244866430 Sede de redação Rua Manuel Henrique, nº49, r/c, dto., 2645-056 Alcabideche Inscrição na ERC 126272

É proibido reproduzir total ou parcialmente o conteúdo desta publicação sem a autorização expressa por escrito do editor.


Arrojado Parece que foi ontem que uma equipa se juntou e decidiu, com todo o seu arrojo, lançar uma revista, contra todos os medos, expetativas e situações sociais mais ou menos desfavoráveis a este propósito.

Mostramos o arrojo de tantas pessoas que cada vez mais afirmam uma carreira sólida e digna de distinção. Poderão ver tudo aquilo a que me refiro nas nossas entrevistas e em artigos.

Olhando para trás, não consigo perceber bem como tudo se desenrolou, como se formou uma equipa tão interessante, como começou a andar na “boca do mundo”, como apareceram tantas pessoas à volta de uma revista que começou por ser literalmente um “feijão” e hoje em dia mais parece um “filho”, com todas as suas particularidades, de dias bons e menos bons, com dores de barriga, com alegrias, quase como se de um primeiro passo se tratasse.

Como nada é relegado para segundo plano, os nossos editoriais de moda, este mês 4, como uma celebração gráfica, apresentam conceitos arrojados, que farão as delícias dos nossos caros leitores.

Perco-me em divagações quando se trata de falar desta revista que se tornou uma “filha tão querida” e amada por todos.

Por tudo isto, muitos parabéns à DeepArt! Espero estar aqui muitas e muitas mais vezes com esta mensagem, mas pelo caminho que percorremos, não será difícil imaginar esse panorama.

Sem mais delongas, o tema deste mês “arrojado” surge em honra ao esforço e empenho de uma equipa em lançar um projeto deste calibre, contra todas as expetativas. Quem seria suficientemente louco, para se arriscar nesta jornada?! Só nós mesmo. Apesar de todas as adversidades, graças à nossa “carolice”, teimosia, obstinação, ou o que lhe queiram chamar, esta revista assume-se cada vez mais num mundo de imprensa repleto de tantas outras revistas, sendo que esta cada vez se destaca mais e as pessoas associam já o seu nome a uma forma, a um corpo, a um tipo de escrita e imagem específicos. Indo de encontro ao tema, este mês teremos precisamente isso: arrojo no conteúdo apresentado.

Com artigos cheios de novidades, que celebram o Verão que este ano decide tardar em chegar, e espaços que não quererá perder, fique para ler mais uma edição, desta vez de aniversário.

Resta-me agora, deixar aqui o meu mais sincero e comovido obrigado a todos aqueles que têm embarcado nesta aventura louca e obstinada. Obrigado por isso mesmo ao meu caro Editor-inChief, que é quem num momento de “insanidade” não menos saudável, decidiu lançar comigo a DeepArt. Obrigado aos colaboradores da DeepArt que enchem todos os meses esta revista de tão bons artigos. Obrigado a todos os nossos parceiros, sem os quais não seria também possível a realização de muitos objetivos. Finalmente, e porque esta revista é feita para todos os que nos lêem, obrigado aos nossos leitores pelo carinho depositado em 12 meses. Boa leitura!


julho 2013 T R E N D S 0 1 1 1 1 1 1 1 1

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Isabel Marant - Para a H&M Tendência - Flamingus Tendência - Lemon Tendência - Print Tendência - Pump It! Gyanni Rogê - Uma “nova era” de sapatos Coisas - de Homem Flower Power - no masculino Take Care - of yourself

P R I D E 2 0 2 6 3 2

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- Cuca Roseta - Cláudia Lucas Chéu - Ruben Rua

E D I T O R I A L 4 5 6 7

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Editorial de moda Editorial de moda Editorial de moda Editorial de moda

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White Summer Citizen Erased Continental Breakfast Tropical Chic

G O O D I E S 8 0 8 4

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- Editorial de Produto - Annie Evelyn - (Des)conforto

L I F E S T Y L E 8 8 9 0 9 4 9 6 100 102 106 108 112 114

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Daniel Blaufuks - Um Artista Singular Arrojo como forma - de Arquitetura Nervos - pEssoa Errada Ilustrações (Sandra Roda) Era um estágio - na Google, se faz favor Arrojado EmCara Richard Bates Jr. - Excision Lost In - Shanti Shanti Tavira - Um tesouro de gerações


TEMA - 3º Aniversário Don’t Panic

ARTISTA - Mauro Carmelino - SEBS

SITE - www.behance.net/carmelini






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Isabel Marant Para a H&M

Fotos: Inez & Vinoodh

Por Rita Reis


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Depois da loucura de Maison Martin Margiela, de que pessoalmente fiquei fã, é com muito fervor que a H&M comunica que a 14 de novembro irá surgir uma nova coleção-cápsula, desta vez com a designer francesa Isabel Marant. As coleções cápsula da marca sueca H&M têm sido um sucesso. Em todo o mundo, as filas para entrar nas lojas no dia do lançamento destas colaborações com designers internacionais de renome, são gigantescas e a repercussão nas redes sociais e blogues é imensa. Tudo começou com a colaboração com Stella McCartney, Comme des Garçons, Matthew Williamson, Lanvin, Versace, Martin, Maison Martin Margiela e a mais recente Isabel Marant para a estação Outono/Inverno 2013-2014. A criadora francesa desenhará para esta coleção cápsula, peças inspiradas no estilo boho e rock’n’roll, que incluirá uma linha de womenswear, para mulheres e jovens , e pela primeira vez, Marant criará uma coleção exclusiva para homem. Estará disponível nas 250 lojas da H&M em todo o mundo.

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“Estou lisonjeada com esta colaboração. A H&M trabalha com os melhores designers e este convite é uma honra”, declarou Isabel Marant. A proposta da designer é a de criar peças fáceis de usar com um toque urbano. “A minha visão de moda é toda sobre personalidade. Quero sempre criar algo real, que as mulheres queiram vestir no seu dia a dia, mas com um pouco daquele descuido parisiense de estar bem vestida e sexy, mas sem prestar muita atenção”. “Estamos muito animados por ter Isabel Marant como designer convidada da H&M. A forma como ela mistura diferentes elementos nas suas coleções cria um estilo muito contemporâneo. Tem um olho fantástico para o detalhe. Temos a certeza de que os clientes H&M estarão entusiasmados com a coleção“, diz Margareta Van Den Bosch, assessora criativa da H&M. Pela onda de partilhas e comentários que vi nas redes sociais, muitas foram as pessoas que fizeram questão de referenciar o seu entusiasmo de adquirir uma peça desta coleção cápsula. Estou curiosa e mais uma vez conto com peças únicas e colecionáveis.


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Foto: Alexa Chung LookBook Vero Moda

FLAMINGUS Colar, preço sob consulta, Roberto Cavalli.

Bandeja, preço sob consulta, IKEA.

Fato-de-banho, preço sob consulta, Ted Baker em asos.com.

T-shirt, €16, neverstopdreaming.com. Mala, preço sob consulta, Betsey Johson.

Creme Redness Solutions, €47,50 (50 ml), Clinique. Capa para iPhone, preço sob consulta, happinessplace.com.au.

Autocolantes para unhas, preço sob consulta, asos.com.

Creme hidratante matificante, €9,99, Diadermine. Vestido, preço sob consulta, www.jenniferlillystore-mdn.

Sapatos, €140, Xperimental Shoes.

Por Rita Reis


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Foto: H&M Conscious

LEMON Máquina Fotográfica, €349, Belair.

Calças, preço sob consulta, asos.com. Camisola, €8, Primark.

Clutch, €225, Manjerica. Camisola, €36, Topshop.

Even Better, €40, Clinique. Casaco, €45,99, Bershka.

Top, €14,95, H&M.

Fato de Banho, €170, Miu Miu em net-a-porter.com.

Saia, €310, Alice + Olivia em mytheresa.com.

Óculos, preço sob consulta, H&M.

Sapatos, €119,90, Eureka Shoes.


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Foto: Kenzo

PRINT

Creme, €33,50, Clinique.

Casaco, preço sob consulta, Zara.

Boné, €21,22, American Needle em nordstrom.com.

Colar, preço sob consulta, Gucci.

Óculos, €255, Oliver Peoples em pretavoir. co.uk.

Brincos, €9,95, H&M.

Sandálias, €65,95, Zara.

Ténis, €330,Kenzo em matchesfashion.com.

Por Rita Reis


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PUMP IT! Foto: Zara

Sandálias, €75, Bimba&Lola.

Camisola, €12,95, Zara.

Creme, €12,99, Diadermine.

Clutch, €500, Shourouk em colette.fr. Casaco, €15, Primark.

BC Oil Miracle Amplificador de Volume, preço sob consulta, Schwarzkopf.

Fato-de-banho, €59, Calzedonia.

Top, €29,95, Zara.

Camisola, preço sob consulta, Asos. T-shirt, €25, IN-T.

Ténis, €65,95, Zara.


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Gyanni Rogê

Uma “nova era” de sapatos Por Inês Ferreira

Sapatos há muitos, mas muito poucos nos fazem parar para ver uma segunda vez! A marca Gyanni Rogê apresenta um variado leque de exemplares que sem dúvida quererá ver uma segunda vez, quer seja pelas cores muitas vezes garridas, ou mesmo pelos seus pormenores, com tachas bastante proeminentes e apontamentos de metal. Associado às marcas Chibs e Cohibas, Gyanni Rogê produz sapatos tão ou mais inovadores, do que os estrangeiros, apresentando linhas arrojadas. A marca surgiu há 7 anos sensivelmente, e assume-se como uma marca ligada a um conceito de diferenciação,

que possui calçado masculino, mas que será “talhado” para um público jovem que procura a diferença na maneira de calçar. Quando decidir comprar o primeiro modelo, poderá além de o encontrar em Portugal, também (caso as suas férias passem por uma destas paragens), encontrá-lo em inúmeros países de onde se destacam a Rússia, a Alemanha e a África do Sul. Poderá também efetuar a sua compra através do site da marca: www.gyanniroge. com.



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Coisas

de Homem Por Vanessa Trindade trendalert.me

O homem está a mudar e estão cada vez mais giros e cuidados. Nós mulheres agradecemos. E achamos o máximo que de repente os nossos cremes hidratantes sejam atacados, que nos acompanhem no ginásio e que partilhem connosco truques de decoração e receitas de carpaccio. As coisas estão a ficar unissexo: a moda, os perfumes, as roupas e acessórios. Já não se sabe bem o que é meu e o que é teu. Mas para os distraídos… os que ainda não viram que tudo mudou radicalmente no vocabulário de géneros, please contact: Mawi Sim, homem que é homem usa jóias. E grandes. E giras… por forma a que as possamos roubar. Aconselho uma visitinha à Mawi, loja online com anéis e botões de punho. E de caminho, se não sabem o que oferecer à vossa cara metade, qualquer um dos items na secção feminina pode vir em dobro. http://www.mawi.co.uk/


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Master Group Não são só as mulheres que se preocupam com os cabelos. Um corte giro, meio desorganizado, traz paz a qualquer família. E meninos, umas “entradazitas” ainda vá, mas “coroazinhas à Fradique e pistas de aterragem” não fazem nada de bom pela vossa imagem. Saibam que um transplante capilar é um procedimento minimamente invasivo, que se faz com anestesia local e que numa sessão faz com que se recupere a densidade capilar perdida. Por favor contactar estas doutoras, que já mostraram estar à altura com mais de 2000 cirurgias realizadas e com uma lista interminável de famosos operados. http://transplantecapilar.pt/ Kiss the Cook Pode ser um curso completo, pode ser só um workshop temático, tanto faz. Que aprendam a cozinhar qualquer coisinha, já é ótimo. Aconselho que aprendam com estes profissionais porque para além de ensinarem o bé-à-bá também ensinam a manter tudo limpinho antes, durante e depois da preparação do prato e isso é o mais importante de tudo. É na LX Factory. http://www.kissthecook.pt/ Huile Divine Podem encontrar em farmácias e perfumarias. Trata-se de um óleo corporal multiusos. Tem um cheiro muito suave e “unissexo”. Dá à pele um aspeto cuidado, de Verão, além de nutrir em profundidade com os óleos essenciais provenientes das grainhas de uva. Saiu recentemente a loção corporal com côr, que não mancha a roupa e dá aquele ar de “saudinha” que todos precisamos nos primeiros dias de praia.

http://www.haymarketdesigns.com/item_528/Arrows-Beach-Towel.htm

Fotos: cedidas pelas marcas

Hay Market Designs Por favor carregai a vossa própria toalha… chega de lamechices e croquetes na areia. Já não há a desculpa que as toalhas de praia são coisa foleira. Para comprarem uma toalha à altura da situação, contactar Hay Market Designs, e até podem personalizar com o vosso nome e padrão.


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Flower Power no masculino

Fotos: Style.com

Por Vítor Marques ourworldourstyle.blogspot.pt

Gucci

Calvin Klein Collection

Flowers for Spring? Groundbreaking! Já dizia a Miranda Priestly (Meryl Streep) no filme “O Diabo Veste Prada”. Apesar de estarmos no Verão, ainda vai a tempo de aderir à tendência! Padrões florais são tipicamente associados pelos homens a vestuário feminino ou então só devem ser usados numa peça do guarda roupa masculino: calções de banho. Independentemente do género, existem pessoas que são autênticas adeptas e com o calor não dispensam usar padrões florais, outras não gostam nem um bocadinho. Neste caso depende mesmo do gosto da pessoa e não tanto se é tendência. A atual coleção das estações quentes está repleta de peças com estes motivos no vestuário masculino, que

Bottega Veneta

deixaram de ser, quase, exclusivo das senhoras. Qualquer gentleman pode usar uma peça destas e assim adquirir um look mais arrojado. Contudo, é preciso saber equilibrar a forma como combina estas peças. Não queremos que pareça um jardim ambulante! Se a tendência é lançada pelas marcas de topo, depressa escorre e infiltra-se nos armazéns e lojas de fast fashion. Por exemplo a coleção da ZARA prima pela quantidade e algumas das peças bem combinadas, tornam qualquer look mais descontraído e com um toque de sofisticação. Se não é adepto do padrão, mas até acha que não se importava de usar, fica uma sugestão. Comece por compor um look para uma saída notura numa noite de Verão: t-shirt com o padrão, calças e blazer liso e sapatos com côr! Vai ver que vai gostar.


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Take Care of yourself Por Vítor Marques ourworldourstyle.blogspot.pt

Para todos aqueles que se afirmam homens modernos, que vão ao ginásio e têm cuidado com a forma como se vestem, não se podem esquecer dos cuidados com a pele. Há algumas diferenças entre a pele do homem e da mulher, normalmente o homem tem a pele mais oleosa, sobretudo na zona T (testa e nariz) o que a torna, naturalmente, mais hidratada. Passo 1 – limpeza – é necessário remover as células mortas, gordura e todas as impurezas da pele. Usar água não é o suficiente. Um bom gel de limpeza pode fazer maravilhas pela sua pele. Sugestão: Gel de Limpeza Purificante da Vichy Homme. Passo 2 – pele após o barbear – o passar das lâminas ao barbear pode causar irritação na pele e deixá-la vermelha e repuxada. É necessário recorrer a um creme hidra-

tante ou a um bálsamo para apaziguar a pele após o barbear. Sugestão: Biotherm Homme, Bálsamo After-shave Apaziguante. Passo 3 – hidratação – Apesar de a pele do homem ser naturalmente mais oleosa, há zonas que tendem a ficar mais secas. Para essas zonas um bom hidratante de uso diário é o ideal. Sugestão: Hidratante da gama Dior Homme. Não que faça parte do tratamento de pele, mas já que cuida do seu corpo não se esqueça de ter um bom perfume, um que se torne o seu cartão de visita. Sugestões para o Verão: Dior Homme Cologne, L’Homme da YSL, Gentleman Only da Givenchy e Chrome da Azzaro. Todos estes transmitem uma ideia de frescura, perfeita para a estação.


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CUCA ROSETA Apaixonada pelo fado, Cuca Roseta afirma que neste género musical, a verdade e entrega são essenciais, devido às experiências de vida e “diálogos interiores” que o mesmo exige. Por Inês Ferreira


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Foto: Tiago Costa


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DeepArt: Foi por volta dos teus 18 anos que começaste a frequentar casas de fado. Até lá este estilo musical não te tinha despertado interesse? Cuca Roseta: Não me tinha despertado interesse porque na realidade eu não o ouvia. Eu não ouvia rádios que passassem fado, nem ía a sítios onde houvesse fado. Quando somos “crianças” ouvimos músicas típicas de crianças e que de repente passam. Penso que aos 18 anos é quando começa a haver um interesse mais sentimental e uma calma maior para começar a haver interesse por uma música como o fado. DA: Nessa idade imaginavas-te enquanto fadista, ou foi algo que aconteceu sem estares de todo à espera? CR: Na realidade eu nunca me imaginei como fadista, nem a cantar. Eu cantava, mas era mais por hobbie, com as minhas amigas na escola, nos coros, no karaoke (que era uma coisa que eu adorava fazer). Na altura queria ser advogada e estava a estudar Direito, mas depois decidi ir para Psicologia e por isso fui parar ao fado mesmo por surpresa. Na altura em que estava a estudar, eu sentia uma ansiedade enorme por achar que não tinha encontrado a coisa certa para mim, porque eu adorava Direito, mas depois de ter começado a estudar Direito comecei a pensar que não ía conseguir fazer aquilo na minha vida. Entretanto mudei para Psicologia Clínica, e quando terminei o curso também achei que não era boa naquilo. Então fui fazer uma pós-graduação em Marketing e pensei em ir trabalhar em Psicologia do Consumidor, que tinha tudo a ver comigo. No fundo, tinha a ver com o comportamento humano, mas com um lado mais sentimental, que eu depois fui encontrar no fado e hoje em dia essa ansiedade acabou! Eu tenho a certeza absoluta de que nasci para cantar fado. DA: Qual é o peso da responsabilidade para uma pessoa recém chegada ao fado, de participar no filme “Fados” do Carlos Saura? CR: Era uma responsabilidade para mim e eu achei que não estava preparada. Por acaso tenho tido imensa sorte no meu percurso porque já várias coisas me aconteceram, para as quais eu achava que não estava preparada. Eu cantava há um ano ou menos até, e nem sequer tinha disco, mas eu encarei isso como um desafio porque pensei que tinha de aproveitar aquela oportunidade e que não podia fazer má figura. Estudei para o

filme mais do que qualquer outra pessoa. Eu cantei a música não sei quantas vezes e já a sabia de cor e vi nem sei quantos filmes do Carlos Saura para perceber qual era a linguagem dele. Assim que saiu o meu primeiro disco eu fiz logo o Cool Jazz e o Sudoeste. É sempre uma surpresa e esses passos grandes que eu dou são bons porque me obrigam a pesquisar e a esforçar-me muito mais. DA: Como surgiu a oportunidade de trabalhares com o Gustavo Santaolalla, produtor na gravação do teu primeiro disco? CR: Eu comecei a cantar fado com um dos melhores produtores do mundo! Eu estava no clube de fado e ele foi lá com a banda dele e quando cantei, ele ficou fascinado e depois de cantar foi logo falar comigo. Eu não sabia quem ele era e ele disse-me que era produtor e que queria trabalhar comigo e pediu-me um contacto. Na altura eu já tinha tido outras propostas e nenhuma me tinha aliciado muito. Eu queria trabalhar com alguém que fosse mesmo “apaixonado” pela minha música e toda a gente me dizia que isso não existia e que as pessoas no mundo da música procuravam um produto e não paixão. Como na altura eu já era apaixonada pelo fado e ele era o meu momento de inspiração, eu sentia que não precisava de partilhar isso com o mundo e que se fosse para fazer isso e gravar um disco, então que fosse com alguém que realmente se apaixonasse. DA: Qual foi a sensação de trabalhares com ele, uma vez que ele é tão experiente enquanto produtor? CR: Ele “puxou” muito por mim e aprendi imenso a trabalhar com ele. Ele tinha muita calma a trabalhar, um “ouvido” incrível e uma energia espetacular. A gravação fez-se muito naturalmente e a experiência foi ótima! DA: Sabendo que escreves as letras das tuas músicas, é mais fácil para ti cantares algo que escreveste ou o oposto? CR: Para mim, quanto mais verdadeira a pessoa for, mais está a cumprir a função do fado. E quem canta fado obriga-se todos os dias a ter uma conversa consigo mesmo sobre a vida, o que exige uma entrega total e


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Foto: Tiago Costa


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verdadeira. No fado não se pode contar uma história sem se estar realmente a passar por uma experiência de vida, e nesse sentido eu ter tido a sorte de poder escrever as minhas próprias letras e de fazer as minhas próprias músicas, faz-me ir muito mais ao encontro da verdade e de chegar ao público com as minhas músicas. DA: Qual é a expetativa para este teu novo álbum “Raíz”? CR: Por acaso, eu tenho um defeito ou uma qualidade que é a de não viver o futuro, o que é uma chatice para algumas pessoas. Não planeio nada e vivo completamente o presente e nesse sentido é difícil criar expetativas. Eu fiz o “Raíz” e dediquei-me a cem por cento. Vivi o presente na altura em que o estava a fazer e a única coisa que eu quero é poder cantar o “Raíz” e por isso não tenho muitas expetativas. Para mim tudo é um desafio, seja um concerto privado, seja um concerto com 900 pessoas, seja um concerto com 30 ou 10, e o que eu quero é passar uma mensagem. E como preciso de tantas forças só para isso, não me consigo concentrar no futuro. E já tenho bastantes coisas agendadas, o que é muito bom. DA: O que pretendes ver daqui a uns anos, em relação ao teu fado? CR: Há uma coisa que eu adoro e que me deixa mesmo sentida, que é quando as pessoas cantam as minhas músicas e eu a partir de agora vou ter uma possibilidade maior de isso acontecer. Já tive imensas pessoas a pedirem-me para ir a casamentos cantar, porque os noivos se conheceram com a minha música, ou porque a minha música os inspirou no namoro, e isso é incrível. É a melhor sensação do mundo. Eu quero olhar para trás e saber que a minha música serviu de alguma coisa, que fez as pessoas felizes, ou que fez as pessoas chorar, porque chorar também é bom. No fundo o que eu quero é que a minha carreira tenha feito sentido para os outros. DA: Próximos projetos e concertos... CR: Por exemplo, vou dar um concerto no Porto na Casa da Música, no dia 11 de julho e este vai ser o meu primeiro concerto no Porto. Depois vou fazer o concerto do Julio Iglesias no dia 16 de julho. Vou também ao Rio de Janeiro no dia 3 de agosto. Tenho também imensos concertos lá fora a partir de setembro. Tenho ainda uma tour marcada para 2014, com passagem por Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Noruega, entre outros.


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CLÁUDIA LUCAS CH De atriz a encenadora e argumentista, Cláudia Lucas Chéu afirma ter encontrado no seu trabalho de autora, uma “clausura” que a agrada. Por Inês Ferreira


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HÉU

Foto: Tiago Costa


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DeepArt: Como começou o teu fascínio pelo mundo do teatro? Cláudia Lucas Chéu: O meu fascínio começou na escola secundária (como quase toda a gente)! No 9º ano eu escolhi a área de teatro e achava que ía ser escritora, porque escrevia muito, já desde miúda, mas depois comecei no teatro e achei que ía ser atriz. E agora juntei as duas coisas, o que é engraçado. Fiz a formação e depois, como não entrei logo para o Conservatório de Teatro, fui estudar Literatura. Acabei então por fazer primeiro o curso de Literatura e depois é que fui para o Conservatório. DA: Tendo tu participado maioritariamente em peças de teatro, sentes aqui uma maior aproximação e entrega ao público? CLC: Atualmente não trabalho com atriz. Já deixei de trabalhar como atriz há cerca de 6/7 anos e não tenho intenção de voltar. Não digo que nunca voltarei, mas para já não tenho interesse. O teatro e a televisão são estruturas/dispositivos totalmente diferentes. Em termos de conteúdo, a televisão é sempre mais desinteressante porque não há tempo para trabalhar coisas com mais conteúdo. Portanto, honestamente eu prefiro o formato de teatro e o de cinema, porque há um tempo diferente para podermos trabalhar. A televisão tem é a grande vantagem de nos pagar bem. Basicamente é isto. DA: Tendo tu estado em palco enquanto atriz, o que te levou a trocares o mesmo (palco) pelos “bastidores”? CLC: Não sei explicar, porque não foi uma decisão que eu tenha tomado. Foi uma transição normal. Comecei por fazer direção de atores na NBP, porque me surgiu essa proposta, que eu aceitei e gostei imenso. Depois, como tinha coisas minhas escritas, achei que podia fazer uma experiência de encenação, que foi o caso da “Poltrona”, (que foi a primeira experiência neste campo). No entanto, eu estava a trabalhar como atriz ao mesmo tempo, daí não ter sido uma opção, mas sim algo natural.

DA: Sentes que criar personagens é mais desafiante do que interpretá-las? CLC: É diferente! O autor funciona um bocadinho como o “deus”, que cria primeiro o “desenho” e depois o ator vai compondo sobre o mesmo. Não sei o que é mais aliciante porque são trabalhos totalmente diferentes. Não acho que um seja mais interessante do que o outro. Neste momento tenho um trabalho mais de “clausura”, mais solitário, de composição, enquanto que quando se é ator o trabalho é sempre em coletivo, aqui há um trabalho mais “ermita” que a mim me está a agradar, mas não acho que um seja melhor que o outro, ou mais interessante. Por exemplo, este espetáculo (“Violência, Fetiche do Homem Bom”) está a ter o tipo de processo que eu pretendo porque estou a reescrever o texto com os atores durante os ensaios. Não tenho o texto fixo, apesar de haver pessoas que fazem isso. Eu estou a trabalhar as cenas e há coisas que eles propõem que eu adapto ao texto. E este trabalho para mim é o mais interessante, por se ter o desenho do texto como “baliza”, mas os atores, (que também são criadores), contribuirem para o texto que está a ser escrito. DA: Na peça “Europa, Ich Liebe Dich”, que esteve em cena no Teatro Rápido, sente-se a crítica à sociedade atual. Para ti o teatro cumpre a função de crítica à sociedade, mais do que acontece em televisão? CLC: Em televisão não há grande vontade de fazer uma crítica à sociedade. Um produto que é feito para “vender”, não convém que critique muito, antes pelo contrário, deve tentar agradar a todos. Também não me agrada a questão de fazer crítica no teatro. Aquilo que eu tento fazer, é que o meu trabalho reflita o que está a acontecer na realidade. Portanto, não há nenhum aspeto de crítica. É apenas uma reflexão sobre o momento atual.


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Foto: Tiago Costa


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Fotos: Bruno Simão

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Imagens de “Violência, Fetiche do Homem Bom”


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DA: Qual foi para ti até hoje, a peça que mais prazer te deu fazer? CLC: É sempre a última, porque é a que estás a viver no momento. Por exemplo, eu agora estou super entusiasmada com o “Violência”. Se calhar daqui a um ano já consigo ver uma série de defeitos e falhas. Neste momento é a coisa mais importante que eu estou a fazer. Não sou nada saudosista, nem nostálgica. O presente é que é bom! DA: Quais são as qualidades que a teu ver uma pessoa tem que ter para ser boa encenadora e/ou autora? CLC: Acima de tudo, respeito pelo trabalho de toda a equipa e saber gerir as relações entre as pessoas. Não é tanto saber dar indicações, mas sim gerir as pessoas. Ter uma ideia e “contaminar” toda a gente com ela. É uma gestão de pessoas e de energias. DA: Em que te inspiraste para a criação da tua mais recente peça “Violência, Fetiche do Homem Bom”? CLC: Inspirei-me sobretudo no filme do Haneke, “Funny Games”, que para mim é uma obra-prima do cinema e da sua representação da violência. Mas eu normalmente não parto de uma só coisa como inspiração. Inspirei-me ainda nos poemas de Brecht, sobretudo no poema do “Homem Bom”. Aliás, o título tem a mesma referência. Eu acho que neste momento todos os criadores têm mais do que uma fonte de inspiração, porque há tanta informação, que faz com que acabe por haver também uma série de influências.

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DA: O que pretendes que esta peça transmita às pessoas? CLC: Esta peça é um exercício sobre a representação da violência. Portanto, eu quero que as pessoas saiam a refletir acerca disso, porque todos colaboramos com a questão da violência. Os mídia, tanto em publicidade como em cinema estão pejados de fatores deste tipo e todos colaboramos com isso. E este espetáculo é também perverso nesse sentido, porque as pessoas vão comprar bilhete para ver uma coisa que é naturalmente violenta, mas eu já o anuncio no título. Portanto, só vão ver se quiserem. DA: Como esperas que seja a aceitação do público a este teu espetáculo? CLC: Nunca tenho grandes expetativas sobre isso. Para mim a satisfação passa por eu e a equipa acharmos que é um bom trabalho. É ótimo se as pessoas gostarem, mas não é feito com essa expetativa, porque eu acredito que se eu como espetadora gostar do que estou a ver, vai agradar certamente a outras pessoas. DA: Próximos projetos... CLC: Fundámos recentemente a Companhia do Teatro 21 e estamos à procura de um espaço para a mesma. Mesmo que o espaço não apareça para já, tenho o próximo texto escrito que é “I’m a Mainstream”. Este espetáculo vai jogar com todos os clichés da sociedade e vai ser uma mistura do “Violência” com o “Europa”.


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RUBEN RUA Modelo há 8 anos, conta já com um percurso nacional e internacional de mérito, tendo já desfilado para grandes criadores e feito editoriais para as mais diversas publicações. Por Inês Ferreira


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Foto: Tiago Costa


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DeepArt: Como começou o teu percurso no mundo da moda? Ruben Rua: Eu comecei em 2005, (já passaram 8 anos) com o Elite Model Look desse mesmo ano. O concurso foi a meio do ano e o trabalho internacional começou um ano depois, em 2006, quando fui para Paris. Eu não fui um manequim que tenha começado a trabalhar imediatamente a seguir ao concurso. Até ao meu primeiro trabalho esperei cerca de 6 meses, tendo o mesmo surgido já em 2006. E acho que foi bom esperar porque às vezes é preciso amadurecer um pouco, retificar algumas coisas e perceber também como é que as coisas funcionam. DA: A moda em Portugal pode ser já equiparada aos restantes países da Europa? RR: Acho que existem algumas diferenças. Em Portugal existe muita qualidade em todas as áreas, desde os modelos, aos fotógrafos, aos maquilhadores, aos produtores e às revistas. Acho que tem gente com muita criatividade e capacidade de trabalho. A única diferença é a dimensão do mercado, que não é a mesma que em outros países ou seja, em vez de 5 ou 6 agências, no estrangeiro se calhar tens 12 ou 15. Em vez de um universo de 100 modelos, podes ter 1000. E portanto a dimensão faz com que haja um volume de trabalho menor em Portugal e por outro lado, os apoios são totalmente díspares. Também a capacidade financeira das revistas e das marcas é bastante diferente. Portanto, não acho que seja um problema de qualidade, mas sim uma diferença de dimensão. DA: Foste recentemente capa da revista Men’s Health e para a mesma tiveste de mudar ligeiramente a tua “fisionomia”. Como se desenrolou todo este processo? RR: O trabalho para a Men’s Health foi muito especial no meu percurso, no sentido em que houve uma preparação para um trabalho específico. Geralmente os trabalhos podem ser marcados com uma, duas, ou três semanas de antecedência mas a Men’s Health teve aqui contornos diferentes. Eu conhecia o Pedro Lucas (diretor) já há uns anos, e a nossa relação ficou mais estreita quando me tornei booker e um dia ele perguntou-me se eu queria fazer uma capa e eu fiquei muito honrado e orgulhoso com o convite dele. Acho que surgiu no timing certo e eu sou uma pessoa que gosta muito de desafios e de se superar e houve aqui uma preparação para este

trabalho, que consistiu basicamente em 3 meses, com treino intensivo, (eu treinava 6 vezes por semana, com um plano alimentar muito restrito). Fiquei feliz e orgulhoso com o trabalho que foi feito e acho que foi um trabalho importante. E por acaso, eu não tinha essa noção, mas senti que pós Men’s Health o meu trabalho se intensificou bastante e felizmente não me posso queixar de nada, porque ao longo destes 8 anos o mercado, as pessoas, os clientes, todos de alguma forma contribuíram para que eu tivesse 8 anos saudáveis em termos de moda, com um ritmo de trabalho muito interessante. DA: O que é necessário para se ser um bom modelo? RR: Enquanto booker acho que existem manequins que fazem um teste fotográfico e ficam ótimos, enquanto que outros demoram 10, mas se for necessário demorarem 50 eu vou conseguir 50 testes e ao 50º eles vão conseguir. A ideia base é essa: preserverança e determinação. Para se ser bom manequim existem também algumas condicionantes quase biológicas e inatas: tem de ser ser alto, ter um corpo e um rosto interessantes. Hoje em dia já não se tem que ser propriamente lindo, mas tem de se ter um rosto mais alternativo. Também a personalidade e a atitude são importantes e o outro lado que é o que tu não mostras, que é o que tu és, além de se ser assíduo, pontual, simpático e educado. A longo prazo isso é fundamental e a determinada altura isso vai ser tão ou mais importante do que o aspeto físico. E hoje em dia o mercado, não só em Portugal como no mundo inteiro, está cheio de manequins e quando a oferta é muita e a procura se mantém, tu tens que ser muito melhor que os outros. Portanto manequins bonitos há milhões, com corpos melhores que o teu. Tem de haver fatores que te consigam distinguir e eu acho que se tem de ganhar precisamente no outro lado, na personalidade, na essência e no carisma. DA: Para ti, um modelo deve fazer muitos sacrifícios ao nível da alimentação e do exercício físico? RR: Eu acho que tem de haver equilíbrio em tudo. “No meio é que está a virtude”, é a frase que ouvimos sempre. Quanto aos sacrifícios eu acho que a moda e a profissão de modelo têm de ser encarados precisamente como isso, como profissão e acho que há muitos manequins que iniciam o seu percurso achando que isto é uma brincadeira e quando se pensa assim seguramen-


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Foto: Tiago Costa


Foto: Tiago Costa

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te não se irá muito longe. E eu encarei desde o Elite Model Look a moda como uma profissão, logo se é uma profissão exige trabalho, esforço e sacrifício. Quando se é manequim vive-se da imagem, do aspeto físico, da altura, da cara, do corpo, do sorriso, etc. E se essas são as tuas ferramentas, tens que maximizá-las e trabalhá-las, portanto tens que estar em forma. Mas mais uma vez digo, acho que tem de haver equilíbrio em tudo. Um cliente mais do que querer um modelo magro e tonificado, quere-o também saudável e portanto acho que se tem de ter em atenção esses dois aspetos. DA: Sendo tu um modelo tão premiado, sentes que esses prémios te têm ajudado no teu percurso e na obtenção de mais trabalhos? RR: Não sei, eu acho que não sou um modelo premiado, mas sim um modelo nomeado e digo isto orgulhosamente. Até hoje fui nomeado 3 vezes para os Globos de Ouro e 2 vezes para os Fashion Awards, mas nunca ganhei. Portanto, premiado eu acho que fui pela minha nomeação. Sinceramente, quando comecei a ser manequim sonhava com essas nomeações. E apesar de muita gente dizer que não pensa nisso, eu acho que toda a gente o quer porque toda a gente gosta de ver o seu trabalho reconhecido. E sinto-me feliz e orgulhoso por ter conseguido essas nomeações e sinto que podem ter sido merecidas porque foram muitos anos “de luta” e trabalho. Portugal não é um país que premeie propriamente as pessoas deste meio (da moda). A televisão, os atores e a apresentação têm uma força e uma expressão que a moda não tem, portanto tu consegues ser no máximo reconhecido dentro do teu meio. Se eu por acaso consegui esse reconhecimento, em primeiro lugar sinto-me feliz por ele e em segundo lugar sinto-me agradecido às pessoas que o reconheceram, porque infelizmente acho que vivemos num país onde é fácil criticar e difícil reconhecer. Quanto à parte de isso ter consequências no trabalho, é difícil quantificar, mas com certeza coisas más não trouxe. Tornou-me mais reconhecido no meio e penso que esse reconhecimento se deve ter traduzido em alguns trabalhos! DA: Para ti, é importante um modelo ir para o estrangeiro para consolidar a sua carreira? RR: É, na medida em que a maximização da tua carreira, se puder ser também internacional, acho que é uma

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mais valia, para a consolidação da carreira não em Portugal, mas no geral. Acho que lá fora existem revistas e desfiles importantes, capazes de dar uma outra dimensão ao teu percurso. E digo isto com muito respeito pela Moda Lisboa e pelo Portugal Fashion. Eu sou um manequim que fez as últimas 15 edições da Moda Lisboa e do Portugal Fashion, e não digo isto no sentido de me estar a gabar, mas em todos estes anos, março e outubro foram meses em que fiz questão de estar em Portugal com o objetivo de participar nos certames de moda do meu país e da minha cidade, e não vinha pela questão financeira. Vinha sim porque queria estar presente, porque achava que era importante para o meu percurso estar presente, porque são os criadores nacionais e é o meu país, que um dia quando eu deixasse de viajar me iria receber novamente, e portanto fiz sempre questão de marcar presença nesses mesmos eventos. Agora naturalmente, acho que quando falas num percurso ou numa carreira, a parte internacional é também muito importante. São outras conquistas que são importantes para ti enquanto modelo e que são também importantes no mercado internacional porque tornam o manequim melhor lá fora e transportam-te para outro patamar. DA: Qual foi até hoje o trabalho (desfile ou sessão fotográfica) que mais gozo te deu fazer? RR: Eu acho que todos os trabalhos te acrescentam alguma coisa, os muito bons, os bons, ou os que correm menos bem, porque retiras sempre coisas positivas deles. Os que correm muito bem tornam-te mais seguro, dão-te mais experiência, acrescentam algo também ao teu book e, aqueles que te podem correr menos bem servem para tu aprenderes com os teus erros, e tudo é experiência e a experiência é uma coisa importante na vida e na moda também. Mas os mais especiais, eu acho que são os teus primeiros trabalhos, que são os mais marcantes porque é o primeiro contacto que tens também com esta realidade. Posso então destacar o meu primeiro desfile, a fazer Miguel Vieira na Moda Lisboa, em março de 2006, o meu primeiro editorial a fazer GQ Espanha e o meu primeiro desfile internacional, a fazer Dolce&Gabbana, na semana de moda de Milão.


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DA: O que é para ti mais interessante no trabalho de modelo? RR: Sinceramente quando eu pensei em ser manequim tinha 2 objetivos, um era ganhar dinheiro e o outro era conhecer o Mundo, mas acho que ser manequim é muito mais do que isso. Hoje tenho essa noção e acho que ser modelo, à parte dessas viagens, (que são interessantes e te acrescentam imensa coisa), ou de qualquer compensação financeira, é como seres um ator sem fala. É como se pudesses ser personagens diferentes constantemente, e eu gosto disso. Podes fazer um editorial em que és um business man e a seguir um editorial em que és um punk, depois um editorial em que és namorado de alguém e depois um catálogo em que és pai, e eu gosto de tentar representar o Ruben modelo nas mais variadas personagens. Acima de tudo tu vendes uma imagem e um conceito que raramente são teus. Mesmo nos desfiles, há sempre um conceito base que está por trás e uma história que é contada, e o facto de eu poder encarnar aqui várias personagens é para mim muito aliciante e interessante. DA: Enquanto modelo e booker, como é que lidas com o facto de também gerires outras carreiras? RR: Sinceramente eu acho que a passagem foi mais fácil do que eu estava à espera. A passagem no sentido de apesar de eu ser modelo, agora não ser só modelo e ser também booker. Eu digo que sou o “irmão mais velho dos modelos”. É um desafio constante e diário, mas é um trabalho que me realiza e que me preenche muito. Eu gosto muito de ser booker e de trabalhar na Elite e todos os dias acordo altamente motivado e com muita vontade de angariar trabalhos e clientes, de desenvolver carreiras, de trabalhar os composites. É um trabalho que me enriquece muito enquanto pessoa e enquanto

profissional. Gosto muito de descobrir caras novas e de tentar passar alguma experiência, se é que a tenho e dá-me gozo ver um manequim “crescer”. Somos como uma família, em que ficamos contentes com o sucesso uns dos outros e eu esforço-me igualmente por eles todos e acho que felizmente as coisas têm corrido bem. Eu tento todos os dias fazer melhor e sinceramente gosto de ser booker. DA: Onde gostarias de desfilar ou com quem? RR: Nós às vezes queremos sempre mais e isso é bom, porque é sinal de que és uma pessoa ambiciosa, mas ao mesmo tempo acho que também é importante, quando chegas a um certo ponto olhares para trás, reconheceres o que foi feito e dizeres obrigado. E sinceramente houve muitos desfiles de sonho, em que uns foram importantes para a minha carreira, mas outros foram importantes para o meu coração digamos assim. Dolce&Gabbana, Jean Paul Gaultier, Valentino são nomes que se quer antes de ser manequim e quando estás lá, sentes-te feliz, porque além de serem importantes para a tua carreira, são importantes para o teu coração. Mas um que nunca fiz e que gostava muito de fazer é Armani porque foi um desfile em que eu já estive em opção cerca de 6 ou 7 vezes, e essa opção nunca foi confirmada e porque tenho um grande apreço pela marca, e um grande respeito e até carinho pela figura do senhor Giorgio. Seria uma marca para a qual eu até gostava de desfilar, mas sinceramente o facto de nunca o ter feito não me deixa menos realizado ou mais triste. Estou muito feliz com o percurso que fiz até hoje e se tivesse de deixar de ser modelo, deixava feliz, super realizado e agradecido pelas pessoas que se cruzaram comigo nestes 8 anos, por todas as pessoas que me ajudaram e por todas as coisas que consegui.


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Foto: Tiago Costa


WHITE

SUMMER

Fotografia: Carla Silva Pires Modelo: Jani Gabriel @ Elite Lisbon Styling: Ricardo Aço Cabelos: Cátia Monteiro assistido por Pedro Nicolau Make Up: Sara Catarina Fonseca Pós-Produção: Bruno Jorge


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Fato de Banho - La Perla; €179 Casaco - Nuno Baltazar; €600


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Brincos Vintage Fato de Banho - Latitid; â‚Ź97 Casaco - Karen Millen; â‚Ź248


Calções - Karen Millen; €128 Bodie - Cantê; preço sob consulta Acessórios - Dinh Van; preço sob consulta


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Sapatos - Lacoste; €249 Pulseira - Fornarina; preço sob consulta Fato de Banho - Cantê; preço sob consulta Pulseiras em pele - Marc Jacobs; €90 e €95


Fato de Banho - Eres; €310 Colar - Cheap Monday; €10 Anel - Dinh Van; preço sob consulta Pulseira - Dinh Van; preço sob consulta


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Triquini - Bohemian; €70 Colar - Bowtie; preço sob consulta Pulseira - Dinh Van; preço sob consulta Pulseiras tecido - Coccinelle; €36 e €47





CITIZEN ERASED

Fotografia: Ricardo Santos Modelo: Francisco Soares @ Elite Lisbon Styling: Sara Soares @ C’est fantastique! Maquilhagem e Cabelos: Liliana Ribeiro Assistente de Luz: Margarida do Ó


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P贸lo - V!TOR Cinto - Mango Cal莽as - V!TOR Pulseiras - Mango

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Pulseiras - Mango Sapatos - Cohibas Sweatshirt - M de Moi Calรงas - Ricardo Andrez


T-shirt - Zara Calças - Ricardo Andrez Casaco bomber - Vítor Gouveia


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Sapatos - Cohibas Calções - Topshop Sweatshirt - Vítor Gouveia Leggings dourados - da produção


T-shirt - Zara Colete - VĂ­tor Gouveia


T-shirt - Zara Sapatos - Cohibas Leggings - Vítor Gouveia Casaco - Ricardo Andrez Óculos de Sol - Jeremy Scott na André Ópticas


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Pulseiras - Mango Calções - Topshop Sweatshirt - Vítor Gouveia Leggings dourados - da produção


T-shirt - Zara Casaco bomber - VĂ­tor Gouveia


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T-shirt - Zara Calças - V!TOR Casaco - V!TOR Pulseiras - Mango Sapatos - Cohibas Cap personalizado - da produção


Hoodie - V!TOR Sapatos - Cohibas Meias - da produção Cap personalizado - da produção


CONTINENTAL

BREAKFAST Fotografia: Stef Veldhuis

Modelo: Mattias Visser @ modelsatwork amsterdam Styling: Matthias Visser


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Fato - H&M Lenรงo - H&M Cinto - HUGO by Hugo Boss Camisa - HUGO by Hugo Boss Gravata - HUGO by Hugo Boss Sapatos - HUGO by Hugo Boss



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Fato - H&M Meias - Falke Gravata - H&M Colete - Tommy Hilfiger Sapatos e Cinto - De Gier Camisa - Circle of Gentlemen Chapテゥu-de-Chuva - Pierre Cardin テ田ulos de Sol - Dolce and Gabbana


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Cinto - Greve Sapatos - Tommy Hilfiger Fato - Circle of Gentlemen Gravata - HUGO by Hugo Boss Camisa - McGregor Distinction ChapĂŠu-de-Chuva - Pierre Cardin



TROPICAL CHIC

Fotografia: Ismael Prata Modelo: Yasmin @ Karacter Styling: Ana Fontinha Make-up: Sandra Alves Hairstyling: Elsa Brand達o para Elsart Atelier


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Cinto - H&M Blazer - Mango テ田ulos - Mango Calテァテオes - Mango Colar - Pedra Dura


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Camisa - Zara Colar - Mango Culottes - Malene Birger


Sapatos - Zara Colete - Mango Colar - Pedra Dura


Casaco - Mango Fato-de-banho - H&M


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Top - Mango Soutien - Intimissimi Culottes - Calzedonia

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Chapéu - Zara Brincos - H&M Calças - Mango

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Cinto - Mango; €15,99 Lenço - Pepe Jeans; €25 Relógio - Komono; €94,95 Óculos de Sol - Komono; €49,95 Colar - Swarovski; preço sob consulta Carteira - Fred Perry; preço sob consulta


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Mala - Pepe Jeans; €60 Chinelos - Havaianas; €50 Óculos amarelos - Komono; €49,95 Relógio - Komono; preço sob consulta Sapatos - Eleven Paris; preço sob consulta Óculos amarelos e verdes - Fendi; preço sob consulta

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Chinelos - Havaianas; €50 Relógio - Komono; €54,95 Camisola - Pepe Jeans; €65 Óculos - Benetton; preço sob consulta Mala - Pepe Jeans; preço sob consulta


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Relógio - Komono; €94,95 Ténis - Fred Perry; preço sob consulta Chinelos cinzentos - Havaianas; €21,90 Pulseira - Swarovski; preço sob consulta Chinelos laranja - Havaianas; preço sob consulta

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Annie Evelyn (Des)conforto Por Rita Trindade

Squishy Sticks


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Reclaimed and Cracked

Reclaimed and Cracked

The Scotty (colaboração com o artista Scott Albrecht)

E se, em vez de estofo, vos apresentassem cadeiras cujo assento e encosto são compostos por cristais Swarovski e blocos de madeira? Ou até mesmo pequenos troncos de árvores de diferentes espessuras? Não soa a nada muito agradável, de facto… Mas ficariam surpreendidos com o quão confortáveis podem de facto ser estas cadeiras da autoria de Annie Evelyn para a New Colony Furniture. As primeiras criações da designer que brincavam com este conceito surgiram em 2011. Partindo exclusivamente da madeira como material principal (choupobranco, cerejeira, azevinho, entre outras), Annie apresentou três cadeiras diferentes: a Diamond Tufted Chair, a Squishy Sticks Chair e a Swarovski Crystal Chair (nesta, para além da madeira, utilizaram-se cristais Swarovski para o assento e o encosto). À primeira vista, surgem como objectos duros e pouco apelativos em termos de conforto. No entanto, basta sentarmo-nos para comprovar que se passa o contrário. Swarovski Crystal Chair


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Os materiais que ocupam o lugar onde deveria haver estofo ajustam-se ao nosso corpo, tomando a forma do mesmo e afundando-se tal como se fossem, de facto, almofadas.

assento e no encosto. Partido em bocados, é sem dúvida fascinante ver como este material, associado sempre a edifícios ou objectos pesados e rudes, se molda para permitir que alguém se sente confortavelmente sobre ele.

Este ano, Annie apresentou duas novas cadeiras que seguem este mesmo conceito de “conforto surpreendente”. A primeira, The Scotty – fruto de uma colaboração com o artista Scott Albrecht – utiliza de novo apenas madeira (e espuma, no assento, fulcral para o controlo da mobilidade do material por cima dela): freixo, desta feita. Já a Reclaimed and Cracked vai mais longe. Para além da madeira de cipreste (recuperado, o que torna este objecto muito eco-friendly) para a estrutura, é utilizado cimento precisamente no

Numa redefinição do conceito de conforto e dos materiais que raramente são associados ao mesmo (pelo menos como materiais sobre os quais nos sentarmos), Annie ensina-nos a não julgar um livro pela capa. Da próxima vez que virem uma cadeira ou um banco que não vos apele particularmente por vos parecer tudo menos cómodo, experimentem-no à mesma: poderão ser surpreendidos… (O mesmo vale para o oposto!)

Esta colaboradora/autora não escreve com o novo acordo.

Fonte: Design-Milk Créditos das fotos: Annie Evelyn



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Daniel Blaufuks

Um Artista Singular Por Charly Rodrigues www.therapa.blogspot.pt

Daniel nasceu em Lisboa em 1963. É um fotógrafo português e o exotismo do seu sobrenome é reflexo da sua descendência polaca e alemã. A sua formação dividiu-se entre a Ar.Co, (Lisboa), o Royal College of Arts, (Londres), e a Watermill Foundation, (Nova Iorque). Desengane-se quem pense que ele sempre quis ser fotógrafo. A sua aspiração inicial era direcionada para a escrita, mas não sentindo confiança nesta habilidade, tirou o curso de fotografia e como freelancer começou a trabalhar para a Blitz, Marie Claire, O Independente, entre outras publicações.

Fotos: http://www.danielblaufuks.com/

Atualmente, já publicou livros onde alia a fotografia à escrita, fez filmes, conheceu o mundo, ganhou imensos prémios prestigiantes, reflexo do seu trabalho intrigante. Daniel, partilha um conjunto de composições visuais em que explora e interroga a relação entre o público e o privado, assim como a ligação entre a recordação pessoal e a memória coletiva. Tal como o oleiro ou o escultor, que moldam as suas peças artísticas com avidez e paixão, assim é também o arquiteto na conceção e génese da sua obra. Artista do seu tempo, vai procurar imprimir, relatar nas suas obras, todo o contexto em que vive, trabalha e experimenta.


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Mais recentemente, editou “Fábrica”, uma obra que é uma instalação fotográfica, cinematográfica e um livro. O processo de inspiração decorreu no espaço da Fábrica de Fiação e Tecidos do Rio Vizela, onde este para além de fotografar e filmar, captou sons, e recrutou detalhes de componente objetológica e documental, desde as fichas dos trabalhadores, folhas de salários, carimbos, que compõem a ideia de Fábrica, não só como um espaço de trabalho, mas também o estudo de uma ideia num formato abstrato, que consolidado numa fotografia abre espaço à reflexão sobre a temática do esquecimento e abandono. Um pormenor bastante interessante na composição desta instalação, é que temos acesso aos detalhes que compuseram o processo de fabricação do livro, tais como planos de impressão finais e provisórios, (que podemos levar connosco), e impressões fotográficas de teste. Se ficaram curiosos e gostariam de ampliar a vossa cultura visual, convido-vos a visitar o seu site www. danielblaufuks.com, onde podem ter acesso a grande parte do seu trabalho, bem como ver na íntegra alguns dos seus livros de forma totalmente gratuita. Fotos: http://www.danielblaufuks.com/


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Arrojo como forma de Arquitetura

Foto: VITRA MUSEUM – FRANK GHERY, do site www.3oneseven.com

Por Pedro Carvalho Inception Architects Studio


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Hoje em dia, e cada vez mais, a ARQUITETURA também se assume como uma disciplina ou forma de expressão artística que mistura vários desígnios ou intenções, combinando propósitos provenientes de variadíssimas origens. E é mesmo através da própria disciplina e volatilidade da arquitetura, que o arquiteto se permite ultrapassar ‘barreiras’ e dogmas impostos, às vezes pela sua própria formação, transformando-se num novo artista, que arrisca, ousa e procura, e é destemido e audaz ao ponto de procurar incessantemente a criação de ‘algo’ inovador em forma e conceito jamais visto ou experimentado. É este chamado LIVRE-ARBÍTRIO - condição que comanda e conduz o ser-humano e qualquer forma de arte - que ao misturar-se com outros, de génese mais concreta, plenamente definidos, intransigentes e provenientes das teorias e conceções das ciências, como são a física ou a engenharia, dão origem a uma atitude expelida e atirada de envolver, compreender e dar solução ao projeto e aos problemas com os quais o arquiteto se depara. Ele explora, experimenta ideias ou conceitos e vive o momento, aproveitando e reunindo ideias veiculadas por outras disciplinas, e imprimindo nas suas obras todo o contexto do que vive e em que vive. Tal como o oleiro ou o escultor, que moldam as suas peças artísticas com avidez e paixão, assim é também o arquiteto na conceção e génese da sua obra. Artista do seu tempo, vai procurar imprimir, relatar nas suas obras, todo o contexto em que vive, trabalha e experimenta.


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Assim o é também a arquitetura plena de ARROJO e de intenção, na medida em que pretende muitas vezes - apoiada no tempo e associada às novas tecnologias desafiar as próprias leis da gravidade e da física, estimulando sempre culturas e formas impostas, criando obras, monumentos, formas de arte e objetos, todos dotados de uma plasticidade e maleabilidade imensa. São muitas vezes edifícios e peças artísticas que se erguem provenientes de uma simbiose de beleza e tecnologia, de técnica e de arte, de forma e côr, perpetuamente confrontando as narradas ‘verdades absolutas’ da arquitetura clássica, mas assumindo-se e afirmando-se através de uma linguagem nova, audaciosa, livre, exótica, orgânica, material e narrativa. Mas arrojar não significa voltar as costas ao passado, ou ao que foi anteriormente desenvolvido. Significa sim, compreender a história e o seu contexto, daí retirando o melhor de outras disciplinas (como a moda, as artes plásticas, a pintura, a escultura e a própria arquitetura) na ambição de tentar, a partir destes ensinamentos, a criação de algo novo e diferente, onde as regras são muitas vezes quebradas e reinterpretadas, no intuito de uma maior interação entre homem, mundo (contexto) e criação. E esta deve ser a postura na educação do arquiteto perante uma era dominada pelas novas tecnologias. Deverá ser aproveitada como uma ponte, uma ferramenta fundamental da expressão e criatividade humana, não negando o passado, mas com um olho no futuro. O importante é pensar que a tecnologia não cria, mas projeta, permite e possibilita ao arquiteto superar, enfatizar, arrojar.


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Foto: LAR MISERICÓRDIA – AIRES MATEUS, do site www.público.pt


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Foto: Clรกudia Andrade

pEssoa Errada


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pEssoa Errada é o reflexo do Filipe. Num projeto em que a lista de convidados é extensa, é ele quem comanda este exército que inclui Filipa Vale e Azevedo Silva, já parceiros noutras andanças (Madcab, Azevedo Silva ou So.Ma). A Segunda Noite é o primeiro registo adiado por mais de meia década de um viajante e filósofo nato e que, ao vivo, é ainda uma faceta por revelar. Esteve em Amesterdão e Estados Unidos, experiências que contribuíram para a sua criação, enquanto pessoa, e pEssoa. Reside atualmente em terras de Sua Majestade. www.nervos.pt/pessoaerrada


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ESTE INVERNO QUE Nテグ ME LARGA https://www.facebook.com/pages/Sandra-Roda-httpdesabitarblogspotpt/199059776807875?ref=hl

by Sandra Roda


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Era um estágio

na Google, se faz favor Vince Vaughn e Owen Wilson voltam a formar uma dupla cómica em “Os Estagiários”, um filme sobre dois empresários ultrapassados que tentam aprender a linguagem informática num dos sítios mais mágicos depois da Disneyland: a Google.

Foto: http://collider.com/wp-content/uploads/the-internship-posters.jpg

Por Ágata C. Pinho


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Existe uma relação amor-ódio com a palavra estágio, cada vez mais. Mas isso não é o que está aqui em questão: um estágio sempre foi uma oportunidade para aprender e é exatamente disso que Billy (Vaughn) e Nick (Wilson) precisam, após a empresa de relógios onde trabalhavam e apresentavam fervilhantes novas ideias de modelos, ir à falência. O chefe (John Goodman) informa-os que o seu produto já não tem procura: os miúdos preferem os smartphones para ver as horas e já não precisam de relógios. Toda a informação cabe na palma da mão. O que eles têm para vender, já ninguém compra! Basicamente eles são dinossauros, vendedores antiquados que não percebem nada de novas tecnologias e enfrentam uma crise de meia-idade (ou de meia-modernidade). Agora, precisam desesperadamente de aprender aquilo que já toda a gente sabe e que os mais novos parecem dominar como se fossem super-heróis. Já na casa dos quarenta, Nick e Billy têm como supervisores rapazes de vinte, pequenos génios que resolvem cubos mágicos em poucos minutos. Mas felizmente existe uma troca, potenciada pelo carisma dos dois, um benefício mútuo na interação entre as duas gerações que é interessante de ver. A dupla Vaughn e Wilson funcionou bem em “Os Fura-Casamentos” (2005), grande êxito de bilheteira, e volta a funcionar bem agora, num filme divertido, mas bastante simples e plano do ponto de vista do argumento, escrito por Vaughn e Jared Stern. O realizador, Shawn Levy, assina filmes como “À Noite no Museu” (1 e 2, com o terceiro já anunciado), protagonizado por Ben Stiller, a divertida comédia familiar “À Dúzia é Mais Barato” com Steve Martin ou “Puro Aço”,

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filme de ação e ficção científica com Hugh Jackman. Um currículo variado que prova que Levy, além de produtor e ator, é um realizador capaz nos diversos géneros. A acompanhar Vaughn e Wilson, Levy traz-nos um elenco de novos atores que incorporam a equipa de iluminados com pouco talento social: Dylan O’Brien, Josh Brener, Tobit Raphael e Max Minghella, que interpreta uma espécie de vilão de sotaque britânico presumido. Rose Byrne, de sotaque australiano, faz par romântico com Wilson. Will Ferrel também dá o ar de sua graça, numa aparição cómica a que há muito nos tem habituado. O ponto de partida para a reflexão do filme é interessante: por um lado, o comentário poético que assenta que nem uma luva no universo português – um mar de estagiários e, na melhor das hipóteses, uma pequena percentagem que fica –, por outro lado, a importância da literacia digital. Quem não sabe falar “computador”, está “out”, “offline” (off the line, como elabora Billy, numa das piadas mais eficazes do filme), sem hipóteses de vingar num mundo crescentemente tecnocrático. Uma vez ultrapassados, qual a solução? Atualizar. Aprender a usar uma webcam, para começar. De resto, haverá lugar melhor para aprender tudo o que há para saber sobre a internet que a Google? A direção de arte recria de forma engenhosa os campus da empresa, à medida que os dois protagonistas se vêem e desejam para perceber o jargão, a linguagem estranha que se fala entre geeks, caindo em armadilhas que só um entendido em banda desenhada evitaria, tendo ideias para aplicações já existentes, não fazendo a mínima ideia de como descobrir um bug num programa.


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Arrojado Por André Albuquerque

Foto: http://www.thelondonvandal.com/wp-content/uploads/ 2012/08/the_london_vandal_vamp_ps_london_graffiti_writer_0007.jpg

principalmente na zona onde reside, a zona norte de Londres. Vamp foi muito recentemente (junho/2013) condenado a 3 anos e meio de prisão por ter “vandalizado propriedade alheia com graffiti”. Seria de esperar que um homem adulto entre os 30 e 40 anos, com filhos e trabalho fixo conseguisse, face ao “crime” (estas aspas são o meu livre arbítrio a funcionar, visto que o dano/ vandalismo de qualquer propriedade de outrém ou pública é efetivamente crime punido por lei) cometido, pagar uma multa e/ou fazer serviço comunitário. Mas, como já foi diversas vezes apanhado a praticar esse mesmo “crime” e porque o governo de Inglaterra está fortemente empenhado no combate ao graffiti, Vamp foi efetivamente condenado a cumprir pena de prisão. FREE VAMP. Vou de seguida apresentar uma imagem para os leitores poderem refletir e tirar as suas próprias conclusões.

Foto: https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn2/p480x48 0/983979_10151708431047930_864138274_n.jpg

Foto: http://www.thelondonvandal.com/wp-content /uploads/2012/08/the_london_vandal_vamp_ ps_london_graffiti_writer_0004.jpg

Há quem diga que as leis existem para ser quebradas… Há quem quebre leis das maneiras mais indecentes e descabidas, de maneira a prejudicar milhares de pessoas; há também quem o faça sem prejudicar ou pôr grandemente em risco a saúde física e psicológica dos outros (não vou sequer comentar o cabimento de certas leis, pois cada um é livre de ter a sua própria opinião acerca das várias leis que regulamentam desde aspetos cívicos, passando pelo código penal, código da estrada, enfim, todo o sistema legal da sociedade em que vivemos). Dito isto, não poderia deixar de utilizar este espaço que me foi entregue para usar com total liberdade criativa para expressar a minha solidariedade com um writer que, embora ao nível do estilo e criatividade, muitos lhe apontem o dedo, a nível de atitude e dedicação ninguém pode falar mal dele. Tem 30’s e tais anos, 2 filhos e continua em atividade a fazer o graffiti que gosta e lhe dá prazer. O seu tag é VAMP e pinta desde os anos 90,


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Tendo este mês entre mãos o tema “arrojado”, foi difícil tentar organizar as ideias para escrever algo coerente. E isto porquê? Ora vejamos: arrojado tem como sinónimos ousado, arriscado, audaz… Já perceberam onde quero chegar? Todos os temas abordados nesta secção, toda a arte de rua, é ilegal, é feita à margem da lei, toda ela é arrojada! Mais até! Ela não só toca, mas agarra, abraça e esmaga o arrojo, é audaz, ousada, arriscada e pode até chegar ao perigoso e violento! O que posso então acrescentar, o que posso abordar para trazer novidade a esta edição? Como posso ser arrojado? Optei assim por criar um top de missões (designação que classifica o acto de realizar uma conceção artística de risco elevado à margem da lei) que, do meu ponto de vista, permite rotular de arrojado quem as executou. Ou seja, trata-se de autores ousados que efetivamente se puseram em risco para realizarem a sua arte (ou a sua forma de expressão), fazendo-o de uma maneira que a maioria das pessoas não teria coragem. Existiriam milhares de trabalhos, realizados por diversas pessoas que mereceriam estar aqui mas, visto tratar-se de uma forma de arte ilegal, a maior parte deles não se encontram expostos ao mundo, ficam apenas para recordação de quem os executou e do seu círculo mais próximo.

Começo por vos apresentar um artista de street art parisiense, conhecido como “Space Invader”. Adquiriu este nome por usar bonecos concebidos por ele, compostos por pixeis, lembrando o clássico jogo de vídeo Space Invaders. Este artista dirigiu-se à Baía de Cancun (onde existe um museu subaquático com centenas de estátuas, desde casas a figuras humanas, fazendo lembrar a cidade de Alexandria que foi submersa) e o resultado foi este:

Fotos: http://inthralld.com/2012/10/invader -takes-over-the-depths-of-the-ocean/

Como primeira nota, devo mencionar que apenas vou colocar aqui 5 “missões”, 5 obras às quais não vou atribuir classificação, apenas vou considerá-las no meu TOP 5, mas todas com a mesma pontuação.


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Num registo totalmente diferente, quero agora mencionar um “spot” (local) histórico da cultura do Graffiti, no qual já pintaram bastantes writers. E aqui o que vale mesmo a pena enfatizar é o local, a cultura e marco histórico que ele enverga, tal como a dificuldade da realização de uma pintura nesse sítio. O local é a Ponte de Brooklin (a conhecida Brooklin Bridge) que, como o nome indica, se situa em Brooklin, o local onde se afirma ter nascido a cultura do Hip-hop, de onde é proveniente o graffiti. Para um melhor aprofundamento da história das pinturas nesta ponte deixo este link: http://www.12ozprophet.com/news/lewy-crushesthe-brooklyn_bridge-harder-than-ever-before

Continuando no âmbito do graffiti puro e duro, o que se segue pode não ser arte nem algo agradável aos olhos de muitos mas, a meu ver, cartazes que nos estimulam a comprar carros, pastas de dentes, escolher entre marcas de champôs, numa batalha visual sem fim pelas ruas da cidade também o não é. A missão que se segue foi realizada por 2 crews das mais respeitadas no graffiti e que são: os WUFC e os SDK. Estas 2 crews só pintam praticamente comboios e metros, que são os alvos mais difíceis e apetecíveis do graffiti e ambas as crews devem ter diversas missões documentadas que nunca passaram ao conhecimento do público geral. Esta foto deixa-me simplesmente sem palavras: trata-se de um “whole train” (comboio completo) - pintaram um comboio inteiro, do princípio ao fim, com as suas iniciais.

Fotos: http://www.12ozprophet.com/news/lewy-crushes -the-brooklyn_bridge-harder-than-ever-before

Foto: http://mtn-world.com/files/2013/02/ Captura-de-pantalla-2013-02-14-a-las-17.19.41.jpg

O artista que se segue nem sequer é novidade ser uma referência, pois tem inúmeras provas dadas no mundo da street art, e mesmo da arte e cultura. Falamos obviamente de Bansky que, em 2006, se dirigiu à DisneyLand Paris e criou um boneco de tamanho real de um “prisioneiro de azkaban” e colocou dentro de uma montanha russa do parque temático. Este acto foi noticiado por todo o mundo e foi documentado pelo próprio, como podem ver através do link que se segue. http://www.youtube.com/watch?v=jkZoC6dwRqE No seu documentário “Exit through the giftshop” Bansky explica a execução desta instalação e até o que aconteceu a nível de segurança no próprio parque temático. Aconselho vivamente que vejam, ou revejam.


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De regresso ao graffiti puro e duro, resta-me deixar aqui um vídeo para os amantes de graffiti e mais precisamente de missões arriscadas, metros, comboios e o verdadeiro graffiti bomb. Este vídeo está no top também pelo local onde é realizado, sendo que o artista, ou os artistas, neste caso não são relevantes; têm sim todo o mérito por realizar Whole Cars (pintar carruagens inteiras) de um dos metros mais difíceis e maiores da Europa, o Metro de Madrid e este é o aspeto que importa salientar. http://www.youtube.com/watch?v=_uKKsyeWKwM

Foto: http://www.youtube.com/watch?v=_uKKsyeWKwM

Fotos: http://www.youtube.com/watch?v=jkZoC6dwRqE

Com a certeza de que fica sempre alguma coisa por dizer, importa realçar que não considero nenhum destes artistas melhor que o outro. Cada um deles exprime o que sente e gosta, mantendo-lhe a adrenalina e o sangue a correr nas veias, garantindo-lhe um sorriso ao observar a obra realizada. Não incito nem compactuo com a prática de crime de vandalismo nem de danos de propriedade alheia, apenas relato o que considero ter pertinência no âmbito da cultura urbana.


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EmCara

by Rui Zilhão

José Saramago - caricatura de Rui Zilhão


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Einstein - caricatura de Rui Zilh達o

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Richard Bates Jr. Excision

“Excision é tudo aquilo que eu queria ter visto quando procurava filmes no clube de vídeo enquanto crescia.” Richard Bates Jr.

Fotos: ‘BXR Productions’

Por Pedro Barão


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Há um prazer perverso em observar a tragicidade da natureza humana. Saber a inevitabilidade e, mesmo assim, sentir a adrenalina da queda, na impotência de contornar um desfecho irreversivelmente drástico. Assim é a primeira entrega de Richard Bates Jr. à sétima arte: uma fantasia disfuncional demasiado real para nos conseguirmos desligar dela. Um filme que ambiciona tornar-se um marco nostálgico no cinema de terror num relato sociopata, pintado com a intimidade frágil das “Virgens Suicidas”, enquanto cruza os devaneios gore de “Carrie” com a irreverência independente de “Juno”. Esta é a história de Pauline (AnnaLynne McCord), uma rapariga egocêntrica e socialmente deslocada que sonha em tornar-se um dia cirurgiã. A sua maneira de ser afeta-a nos principais círculos sociais em que se insere (como a escola e o próprio bairro onde mora), mas o seu descontentamento alimenta-se principalmente do stress da sua vida familiar e da relação conturbada que mantém com a mãe - Phyllis (Traci Lords) - uma mulher religiosa e conservadora, cujo maior desejo é que Pauline seja tão doce e encantadora como a sua irmã mais nova, Grace (Ariel Winter), que sofre de fibrose cística. Num outro género de filmes muito mais simplista, Pauline seria apenas uma rapariga lunática à beira da explosão, mas não às mãos de Richard Bates Jr.. Aqui apresenta-se como uma anti-heroína complexa, uma verdadeira força da natureza, capaz de alienar por completo as restantes personagens. E é esta complexidade que permite ao realizador imbuir-nos nas suas fantasias mais obscuras, numa escalada bizarra pautada por sonhos viscerais e surrealistas.

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Todas as sequências oníricas são de uma filmagem impressionante, enchendo de luz diversas salas cobertas de azulejos azul pastel, por onde se movem personagens vestidas de branco e jazem corpos sem roupa, criando um contraste bruto com o vermelho espesso de sangue. É aqui que Pauline se projeta sexualmente, acompanhando os desejos da puberdade com procedimentos cirúrgicos, confluindo em épicas orgias de amor sanguinário. É neste tom negro de humor sádico que o filme brinca com os tropos estabelecidos pelo género, apresentando-nos personagens e cenários que nos parecem ser familiares, mas que em última instância se tornam numa nova revelação. O próprio elenco é uma extensão deste registo inesperado, com atores a representar papéis que vão contra a sua realidade. AnnaLynne McCord encontra na sua personagem o pólo oposto da beleza intocável com que se tornou icónica em 90210. A própria Tracy Lords, que neste papel abraça a religião fervorosamente, não esconde o início de carreira como atriz pornográfica. Surpreendente é o desfecho do filme, que sobressalta com uma resposta inesperada para as variadas conceções de salvação de Pauline, Phyllis e Grace, que fará das fantasias da personagem principal um esboço primário daquilo que lhes reserva a vida real. Excision é tudo aquilo que devia ser. É negro, sangrento e doloroso. Um murro no estômago, disfarçado de serenidade suburbana que não tem qualquer intenção de deixar os espetadores confortáveis. Em última instância, todos os sentimentos que desperta asseguram que não deixará ninguém indiferente.


Foto: ‘BXR Productions’

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Lost In

Shanti Shanti Aproveite o Verão para relaxar não só na praia, mas também neste espaço com um cheirinho a Oriente e uma vista invejável sobre Lisboa.

Foto: Pedro Soares

Por Inês Ferreira


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Foto: Pedro Soares

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Chegamos ao Príncipe Real e deparamo-nos com um espaço peculiar e pouco habitual de ser ver na “alfacinha” Lisboa. O Lost In é um espaço com uma vista privilegiada sobre Lisboa, onde pode relaxar o corpo e a mente com um horizonte imenso pela frente. Inspirado no conceito “Shanti Shanti”, que significa tranquilidade e calma, este café/restaurante/esplanada traz até si um cheirinho a Oriente, misturado com o ambiente cosmopolita próprio da cidade de Lisboa. Situado estrategicamente no Príncipe Real devido à vista e ao facto de ser um ponto prestigiado na cidade, o Lost In “mora” neste local cada vez mais dinamizado, pela abertura de inúmeras lojas, verdadeiramente “deliciosas” para os olhos, o que faz também com que parte dos seus clientes sejam estrangeiros. Com um target cuja média de idades vai dos 25 até aos 75 anos, também a variedade de pratos e bebidas é

bastante acentuada, por forma a agradar de um modo geral a este target alargado. Poderá pedir o “requisitado” caril de gambas, salmão com molho de maracujá, ou mesmo atum braseado, entre toda uma panóplia de pratos que não quererá deixar de provar. Se estiver em modo “light” ou quiser simplesmente petiscar, poderá pedir uma das suas tostas ou saladas, ou um hambúrguer vegetariano. O preço médio situa-se entre os 15€ e os 20€, para prato com bebida (jantar), mas para comer uma tosta e beber algo ficará entre 6€ a 10€. Não perca também os concertos todas as quintas - jazz session live (das 21.30h as 23.30h). contacto reservas: 917 759 282 Rua D. Pedro V, nº56 D, 1250-094 - Lisboa


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Tavira

Um tesouro de gerações Uma terra bonita e airosa, de belas casas e onde a cultura fala mais alto.

Foto: Bruno Gascon

Por Joana Domingues

O Verão tardou em chegar, mas finalmente perdeu a timidez e apareceu. O calor pede-nos mar e por isso mesmo vamos até Tavira. Uma terra bonita e airosa, de belas casas e onde a cultura fala mais alto. Começamos por visitar o Convento da Graça. Este convento, fundado em 1542 pelo Agostinho Frei Pedro de Vila Viçosa, foi construído onde se situava a Judiaria. No Convento da Graça encontra o Restaurante Mouraria que é um espaço de requinte e conforto, onde

podem ser apreciadas as mais diversas especialidades da gastronomia local e nacional. Irá encontrar pratos com fortes influências marítimas. Depois continue o seu roteiro pela história da cidade. Visite o Castelo de Tavira, a partir do qual se desenvolveram as muralhas da cidade. Aproveite para descansar um pouco e deslumbrar-se com a paisagem. Em seguida desça até à cidade e visite o Mercado da Ribeira, um edifício do século XIX, de estrutura em ferro e antigo mercado recuperado em junho de 1999 para funções de lazer e comércio.


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Foto: Bruno Gascon

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A proximidade do mar desperta-nos um desejo... O desejo de irmos à descoberta e irmos até à conhecida Ilha de Tavira. Vamos de barco e que agradável é este passeio... Em toda a zona litoral do concelho existem várias áreas naturais de salinas, sapais e dunas repletas de biodiversidade, inseridas em pleno Parque Natural da Ria Formosa, e onde existe a possibilidade dos visitantes realizarem diversas atividades de contacto com a natureza e observação da fauna e flora local, sendo por isso um privilegiado destino de férias para os amantes da natureza.

Foto: Bruno Gascon

Este é um tesouro sabiamente guardado e passado de geração em geração perdido num Algarve sossegado, puro e onde a natureza se encontra profundamente protegida. Tavira é definitivamente um local a ser visitado: a beleza da arquitetura, a pureza das suas praias, o encanto dos seus barcos e sobretudo o azul do seu mar, prendem-nos e dizem-nos: volta, nós estamos aqui e esperamos por ti.

Convento da Graça - cerca de 144€ (quarto duplo) Restaurante Mouraria - preço médio 45€



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“arte, s.f. conjunto de

processos pelos quais se atinge a realização do Belo; ofício; profissão; modo; forma; habilidade; astúcia.” Torna-te parte do conceito! www.facebook.com/deepartmagazine www.deepart.pt


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