Revista Mensal Gratuita - DeepArt - NĂşmero 11 - Junho de 2013
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Revista Mensal Gratuita - Nº 11 - Junho de 2013
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É proibido reproduzir total ou parcialmente o conteúdo desta publicação sem a autorização expressa por escrito do editor.
Contrastes Nesta edição número 11 da DeepArt debruçamo-nos sobre um tema cada vez mais em voga: os contrastes.
Outro ponto importante nesta questão dos contrastes é a diferença entre estilos de vida, maneiras de estar, de viver, entre outros.
Refletindo bem sobre a questão, muitos são os contrastes com que nos deparamos, seja em que sociedade for, não só ao nível dos estilos de vida, como das personalidades, como até das próprias formas de estar, de vestir, de locais frequentados, de manifestações artísticas, e de um sem fim de situações. Se me pusesse aqui a enumerar tantos quantos “invadem” o meu imaginário neste momento, nem uma simples folha A4 seria suficiente!
Tal como as tendências na moda, também os estilos de vida variam com o tempo, com a situação financeira e com determinadas necessidades. Em determinada altura da vida, há uma necessidade constante de sair à noite, passando anos mais tarde a diminuir um pouco esta tendência, talvez devido ao facto de se passar a ter uma casa própria, onde muitas vezes existem as “reuniões de amigos”.
Começando pelo ponto mais primário, mas também mais complexo, os contrastes de personalidades, cabe-me dizer que é por vezes nos contrastes (muitas vezes vulgos opostos), que acaba por existir uma complementaridade, ou não se atraíssem os mesmos. Muitas vezes são rotuladas pessoas como “complicadas, conflituosas, desinteressantes”, entre muitas outras nomenclaturas, por pura e simplesmente não irem de encontro com a personalidade de quem assim as nomeou. Outra questão absolutamente contrastante de que me apraz falar, é a atração entre opostos, que tantas vezes se ouve falar entre casais. Apesar de haver uma necessidade de entendimento mútuo e por vezes de cedências, há muitas vezes a necessidade de uma diferença abismal entre os dois elementos, para criar um contrapeso na “balança”, principalmente quando ambas as personalidades apontam para caraterísticas fortes e impetuosas.
É por todas estas diferenças de estilos de vida que a DeepArt se preocupa mensalmente em sugerir espaços diversificados, ou um sem fim de coisas que se podem fazer dentro e (ou) fora de casa. Já ao nível da moda, (e como não temos de ser todos “carneirinhos” iguais), muitos são os estilos, preços e marcas enunciados. Este mês será por exemplo, forte nos contrastes entre editoriais de moda, que abrangem diversos estilos, alguns mais convencionais, outros menos. Não perca ainda, exemplos no design, como por exemplo no Projeto em Aberto, que nasce do contraste entre o tradicional e a industrialização, que fez com que o mesmo passasse para um quase segundo plano. Há aqui uma persistência em manter viva toda uma cultura rica em pormenores. Com tantos bons motivos para alargar a sua visão a outras questões da nossa sociedade, não pode deixar de ler esta DeepArt número 11, feita a pensar nos nossos variados e dedicados leitores. Boa leitura!
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O Desfile das Estrelas - MET 2013 Sandals - For Him Tendência - Bad Boy Tendência - Beach Wear Tendência - Girl Power Tendência - Princeless ”Contrastes” - Primeiro estranha-se, depois entranha-se ME108 - Multi Espaço 108
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Patrícia Tavares Gustavo Fernandes Sofia Ribeiro Ana Nobre
E D I T O R I A L 4 8 6 2 7 4
- Editorial de moda - Gone Warrior - Editorial de moda - Aphrodite - Editorial de moda - Lost
G O O D I E S 8 4 9 0 9 2
8 4 - 9 7
- Projecto em Aberto - Preservação da identidade de um país - (Not Mary) - Poppins - Editorial de Produto
L I F E S T Y L E 9 8 100 104 106 108 116 120 122
4 8 - 8 3
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Birds Are Indie Entre a Renúncia e a Necessidade de Ser Contrastes EmCara Contrastes Editorial Sushi Guia - Ode ao Oriente Palmela - Terra de Vinhos
TEMA - Aniversário Don’t Panic
ARTISTA - Mauro Carmelino
SITE - http://bit.ly/1315fQT
www.facebook.com/monica.goncalves.146?fref=ts
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O Desfile das Estrelas MET 2013 Por Rita Reis
Nova Iorque foi a cidade escolhida para o baile do ano – MET 2013. A Gala organizada por Anna Wintour, editora da Vogue Americana, realizou-se no Metropolitan Museum e recebeu com pompa e circunstância um dos maiores desfiles de elegância e glamour. O tema deste ano foi “Punk: Chaos to Couture”, desafiando as estrelas a reproduzir a temática no seu visual. Revelo o meu top 8 no que toca ao visual mais acertado para a gala do MET 2013. Anne Hathaway com um vestido negro cheio de personalidade, com assinatura de Valentino, desfilou um dos looks mais punk do evento. Com o seu cabelo loiro conseguiu surpreender quem segue de perto a sua carreira. Com uma atitude verdadeiramente punk, Sienna Miller, apresentou-se com um vestido branco e um casaco de cabedal da Burberry Prorsum e Jóias Repossi. O casaco de cabedal deu um ar mais roqueiro ao vestido clássico da atriz.
Fotos: Rex Features
Acompanhada de Michael Kors, Miranda Kerr transmitiu sensualidade. Com os seus lábios rouge e um vestido elegante, a modelo da Victoria’s Secret desfilou com sapatos de assinatura Tabitha Simmons.
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Jessica Alba escolheu um vestido de Tory Burch, onde se sentiu dentro do tema do MET 2013. No meu ponto de vista, a atriz saiu da sua zona de conforto e arriscou de forma positiva. De forma surpreendente, Marion Cotillard desfilou com um vestido Nude, com apontamentos de rosa e amarelos com assinatura da Dior Haute Couture. Apesar de não estar muito coerente com o tema, a simplicidade e elegância são um ponto forte neste outfit. Por sua vez a escolha da atriz americana Minka Kelly recaiu por um vestido em burgundy com transparência e toques de brilho, de Carolina Herrera, fugindo das cores típicas dos vestidos de gala. Uma escolha inteligente, que reforça a personalidade sexy de Minka.
Fotos: Rex Features
Katie Holmes desfila com um peça Calvin Klein Collection, um vestido branco com um toque minimalista e clássico. Olívia Wilde seguiu o mesmo exemplo, apresentando um vestido da mesma coleção, que marca bem a silhueta elegante da atriz. Uma escolha arriscada mas que assentou que nem um luva no tipo de corpo que a atriz apresenta. Mais uma vez as estrelas de Hollywood brilharam em mais um evento com muito brilho e elegância.
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Sandals For Him Por Vítor Marques ourworldourstyle.blogspot.pt
O Verão exige calor, praia, viagens, sol, calor e festas. Nessa altura os nossos pés clamam por calçado leve e respirável. Geralmente as sandálias não têm muito boa reputação entre os homens. As razões são mais que muitas (dizem), ou porque são demasiado femininas, ou demasiado hippies, ou muito robustas, ou simplesmente porque são (consideradas) feias. A verdade é que são cada vez mais as casas de high fashion que apostam neste modelo de calçado para o público masculino. Marcas como Lanvin, Louis Vuitton, Givenchy, Prada e Paul Smith são apenas alguns exemplos, dos mais conhecidos.
Foto: Style.com
Enquanto crianças não há problema nenhum em usar sandálias, mas à medida que os meninos viram rapazes estas deixam de ser bem vistas. Contudo, as Havaianas são permitidas e recomendam-se. Na idade adulta só os turistas parecem ter carta verde para usar este tipo de calçado. Mas por favor, esqueçam aquela combinação de sandálias e meias. Certo será dizer que por cá, homem que é homem só usa Havaianas, ou semelhantes. Certo, são super confortáveis e práticas, mas e as sandálias não? Existe uma pequena minoria de homens que sabe a resposta. Sabe que são super confortáveis, tal como sabe que são tendência esta estação.
Givenchhy
Como Ricardo Tisci dizia no fim do desfile da Givenchy (Primavera/Verão 2012), após ter posto os modelos a desfilar de saia, “o homem que está seguro da sua sexualidade não tem qualquer problema em usar algo tipicamente associado ao sexo oposto”. Portanto caros senhores não há cá espaço para mais desculpas.
Fotos: Style.com
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Louis Vuitton
Dries Van Notem
Zara
Lanvin - Mr.Porter
Lanvin - Mr.Porter
Louis Vuitton
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Foto: Tommy Ton
BAD BOY Blazer, €39,95, H&M. Camisa, preço sob consulta, Franklin Marshall.
Óculos, €134, shopbop.com.
Boné, €15, Authentic Wear.
Pólo, preço sob consulta, Lacoste Live.
T-shirt, €15, Authentic Wear.
Mochila, preço sob consulta, Samsonite.
Ténis, €99,90, Vans. Mota CVO Breakout, €29900, Harley Davidson.
Máquina Fotográfica, preço sob consulta, Leica.
Perfume, (valores aproximados) €43,00 (50 ml) e €65,50 (100 ml), Clinique. Por Rita Reis
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Foto: Primark
BEACH WEAR Calções, €19,95, Zara.
Top, €17,99, Blanco.
Óleo 100ml, €13,50, Schwarzkopf.
Ténis, €80, All Star Converse.
Chapéu, €25, Monki. Calções, €22,99, Mango. Casaco, €75, Topshop.
Sandálias, €14,99, Oysho. Vestido, €33, Topshop.
Calças, €29,95, H&M.
Sandálias, €29,95, H&M.
Óculos de Sol, €25,99, Pull&Bear.
Biquini, parte de cima €14,95 e parte de baixo €9,95, H&M.
Por Rita Reis
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GIRL POWER Foto: Josefina Andrés
Mala, €299, Manjerica.
Blazer, €69,95, H&M.
Creme para Mãos, preço sob consulta, Yes to Carrots.
Sandálias, €35,95, Zara. Calções, €372, Marc Jacobs. Óculos de Sol, €105, www.girissima.com.
Sandálias, €189,80, Schutz.
Calças, €46, Topshop. Colar, preço sob consulta, Whittle.
Leite de Creme de Laranja 250 ml, €26, Kiehl’s. Por Rita Reis
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Foto: H&M Coleção Conscious
PRINCELESS Chapéu, preço sob consulta, Chanel.
Vestido, €99, H&M.
Óculos de Sol, €120, Vogue.
Mala, €349, Manjerica.
Tiara com diamantes, preço sob consulta, Tiffany & Co.
Vestido, €299, H&M.
Verniz, €23, Dolce&Gabbana.
Creme, €42, Clinique.
Sandálias, €219,80, Schutz. Por Rita Reis
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“Contrastes”
“Primeiro estranha-se, depois entranha-se” Por Marta Miranda www.marcasporamor.com
Foto: Fonte - streetfsn
Foto: Fonte - Vanessa Jackman
Cada vez se julgam menos os “direitos de tendência”, salvo aqueles cuja open mind não estará sensibilizada com cultura de moda. É demodé arriscar-se dizer que x não combina com y, seja no que respeita a cores, padrões, texturas ou acessórios. A palavra da ordem do dia é “contrastes”, que é como quem diz “mix & match” diferentes abordagens à moda. As tendências usam-se e abusam-se, não obstante surgirem sempre novas formas que não as tornem em desuso. E é o que parece acontecer com algumas «modas» bem evidentes que se deixam prolongar sem cansar o olhar, ou que, depois de distantes, regressam com a vontade de reinventar e reinterpretar um novo resultado. Felizmente, a insatisfação ao conformismo ganhará sempre força pelos ideais de liberdade e de criatividade que seguem as determinações sociais, mesmo dentro dos limites impostos. Se bem que em moda não me parece que hajam limites. A não-existência de uma objetividade cria por si só uma linguagem que - não será para todos mas assina uma visão desconstrutivista no vestuário. E eu assino por baixo. Dungarees Dungarees, ou jardineiras. Voltaram. O ritmo cool e jovem desta peça influente de outrora, pode ser contrastado com a sofisticação e a elegância, introduzida nas dinâmicas descontraídas de um dia-a-dia. Sejam mais ou menos genuínas, o caso das denim, ou reinterpretadas – em fazenda ou leather, e sejam em versão mini, midi ou extra-long, as jardineiras recordarão sempre as canções de rap de muitas adolescências. Podemos ainda assim calçar-lhes, às jardineiras, uns stilettos, modernizando-lhes o styling ao som dos mais diversos hits musicais da atualidade.
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Foto: Fonte - Jak&Jil
Foto: Fonte - Victoria Negren
Foto: Fonte - Jak&Jil
Sporty-chic A energia saudável do desporto contagiou há já algumas estações atrás, os nossos cabides diários. Nesta altura, esta tendência podia já ser um jogo com o resultado viciado. Mas… nem por isso.
Foto: Fonte - streetfsn
Entretanto as caraterísticas t-shirts com pinta de suarem num jogo de basketball tornaram-se na antítese mais harmoniosa que uma saia ou calças de corte estruturado, mais clássico, podiam alguma vez desejar. E foram mais longe: usam-se como um look total! Adicionalmente, começa-se a ir buscar a essência mais virgem dos elementos do desporto: os sneakers na sua forma mais desportiva, como uma opção de calçado de moda e casual.
Foto: Fonte - streetfsn
Depois dos efeitos longilíneos difundidos verticalmente a branco num par de calças (a inspiração nas típicas calças de fato treino), leia-se a barra branca lateral que capricha o alongamento confortável de um modelo de calças que tanto pode ser desportivo à risca, como formal à força (utilizadas com um blazer e com stilettos), comprova-se que a proeza do sporty-chic não se ficou por aí. Portanto, um elemento descontraído contrasta com a classe, mas não a faz desaparecer. É esta a essência.
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Foto: Fonte - Jak&Jil
Foto: Fonte - Jak&Jil
Cropped tops
BD sweaters
Foto: Fonte - Jak&Jil
Em jeito de conclusão, não há idades nem estilos para tendências. As peças caraterísticas de espíritos adolescentes acabam por se tornar propostas reinterpretadas para adultos fashionistas. E a invasão das bandas desenhadas em sweaters - que não as de criança - é outra prova consumada. Já Jean-Charles de Castelbajac e D&G estampavam há uns dois ou três anos atrás estampas da Disney nos seus coordenados. Por conseguinte, porque não contrastar uma t-shirt cool do super homem com um blazer clássico e com umas calças skinny formais? A classe não tem que perder o humor!
Foto: Fonte - Streetfsn
Em 2010, surgiram as primeiras propostas de barrigas lisas sem vergonha. Os assumidos brassières fora de um contexto underwear, invadiram a runway e inspiraram entretanto o seu comprimento a muitos outros modelos de alças cortadas primaveris. As cinturas subidas dão as mãos aos cropped tops, cuja inspiração vintage consubstancia o casamento mais moderno dos dias de hoje. Preparem-se, barrigas!
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Multi Espaço 108 Por C. Jacob
Fotos: Ermelindo Barreto
A inauguração deste espaço aconteceu no passado dia 4 de maio, com a sua primeira openhouse a dinamizar atividades como projeções de vídeo, laser graffiti, performances e pintura mural ao vivo. A juntar a tudo isto, a Associação Portuguesa de Arte Urbana esteve presente com a mostra de várias instalações, assim como também estiveram disponíveis openstudios nos ateliers dos artistas residentes. É de salientar que a entidade Glove Attitude&Style, esteve também presente nesta openhouse, desenvolvendo durante o dia, sugestões e aconselhamentos de consultoria de imagem e disponibilizou também, serviços de maquilhagem. A responsável deste projeto, questionada sobre a razão de estar hoje a dar a cara pelo ME108, Salomé Nascimento refere que “há muito que tenho um grande fascínio por este edifício e, vendo o potencial que aqui estava a cair na ruína, decidi propor ao dono que me deixasse tentar revitalizar o espaço. Sei bem que trabalhar num local com história tem um impacto totalmente diferente nas nossas obras, pela envolvência que temos durante o processo criativo. Apenas pretendo, com toda a humildade, partilhar essa oportunidade com colegas de profissão, amigos e quem quiser usar as inúmeras salas do ME108.”
Uma concentração de criatividade, é o que o multi espaço ME108, nos vem proporcionar! O antigo palácio do séc. XIX e ex-Escola 18, situa-se na Rua das Janelas Verdes em frente ao Museu Nacional de Arte Antiga.
ME108 é um espaço multidisciplinar que integra ateliers na área da sustentabilidade e indústria criativa, e abre regularmente ao público, dinamizando várias atividades e openstudios. A comunidade residente conta já com 20 membros entre designers, arquitetos, engenheiros, pintores e jovens promessas a começar a sua carreira. Com tudo isto, ME108 é, com certeza, um espaço com um futuro promissor e uma excelente aposta em termos culturais na nossa capital lisboeta. Para mais informações: http://www.me108.pt
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PATRÍCIA TAVARES Dedicada ao trabalho, Patrícia Tavares confessa que na vida e no trabalho, o empenho, o respeito e o amor que deposita são a fórmula para o sucesso. Por Inês Ferreira
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Foto: Tiago Costa
Foto: Tiago Costa
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DeepArt: Como começou o teu fascínio pela representação? Patrícia Tavares: Aos 8 anos, comecei a fazer figuração no cinema e achei tudo aquilo lindo! Penso que o meu sonho nasceu assim, também por ter tido o privilégio de fazer parte desse mundo. Eu estava muito com os elementos técnicos das equipas de cinema, com os realizadores, com o Franco Zeffirelli, com o António Pedro Vasconcelos e fui sempre tentando cumprir o meu sonho, que na realidade acabei por conseguir. É uma sensação muito boa quando gostamos de uma coisa e a conseguimos atingir! DA: Como foi o teu começo neste mundo, uma vez que começaste muito nova a ingressar no mesmo? PT: Comecei por fazer figuração aos 8 anos e como sabia que era algo que queria muito fazer, sempre concorri a castings, embora em Portugal não se fizesse muita ficção. Estreei-me em televisão com 11 anos, na “Chuva de Maio”, que era uma série musicada, cantada (mas eu não cantava e ainda bem)! Após a série ouvi imensos “nãos” e estava numa fase muito complicada, quase com 16 anos, porque tinha de começar a ter média para ir fazer alguma coisa. Eu já achava que não era para mim aquele mundo. Quando estava prestes a desistir, apareceu o casting para a “Roseira Brava”. Foram muitas pessoas ao casting e eu fui com a minha prima Cláudia e não quis esperar, porque já estava saturada de estar à espera horas intermináveis, para depois “não dar em nada”. Só que de facto a Rosa Guerra foi a pessoa que me marcou o casting e insistiu que eu o fizesse, e nas “minhas costas” marcou um novo casting com a minha mãe, já a uma hora específica. Então a minha mãe e a minha prima inventaram uma história, em que eu ía ver móveis para a Feira Popular e quando lá chegamos a minha prima perguntou se eu ainda me lembrava do texto porque não íamos ver móveis, mas sim fazer o casting. Fiz o casting e fiquei e na realidade nunca mais parei de trabalhar, o que é uma bênção.
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DA: Como descreves a tua experiência na novela “Roseira Brava”, uma vez que foi a tua primeira experiência oficial na representação, ou pelo menos aquela que é mais conhecida pelo público? PT: Tinha 16 anos quando fui escolhida e 17 quando comecei a gravar e foi muito intenso, porque era uma personagem com uma vida muito marcada, que não fazia parte das minhas referências. Apesar de ter 17 anos ainda era muito menina e por vezes foi difícil procurar vivências para lhe “passar”. Fui muito bem tratada e recebida por toda a gente. Eu tinha muita “sede” de aprender e portanto estava muito disponível para tudo o que me pediam. Tive um realizador extraordinário, o Álvaro Fugulin, que foi muito importante no meu crescimento enquanto atriz. Mas também todas as outras pessoas com quem me estreei foram muito importantes. Eu só queria que elas me ajudassem e todas as pessoas me ajudaram e trataram muito bem, e adorei que o fizessem porque sou uma atriz que precisa de direção e portanto nunca o levei, nem levo, como uma afronta. E essa generosidade dos colegas, essa partilha é muito importante para nós crescermos. DA: Houve receio da tua parte que o papel que fizeste na “Roseira Brava” levasse as pessoas a olharem para ti de uma determinada maneira? PT: No início fiquei muito marcada com aquele tipo de papéis e os papéis que me propunham fazer passavam por esse sofrimento e por essa entrega emocional. Hoje em dia é ao contrário e praticamente só faço comédia. Eu sinto muita necessidade de voltar ao início, de ter um papel mais denso, que me leve para outros caminhos. Porque querendo ou não, por muito que tu trabalhes, acabas por te repetir, porque as memórias que passas às tuas personagens são tuas também, e por vezes sinto-me a repetir em algumas coisas. No entanto, a comédia é também muito importante para o meu crescimento como atriz.
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DA: Tendo em conta que fizeste direção de atores com crianças, julgas que o gosto que ganhaste por esta função se deve ao facto de não ter sido muito fácil o teu começo, e aqui poderes também dar uma ajuda a estas crianças num primeiro “passo”? PT: Eu estreei-me com o “SOS Crianças” em que entravam imensas crianças, e a minha intenção era que fosse bom para elas e que estivessem divertidas. Queria também que percebessem que o acto de representar não é um “peso”, e que não as deixasse nervosas. No fundo o objetivo era que se divertissem, porque isso também passa para quem vê! DA: Tendo tu encarnado personagens tão díspares, desde dramáticas a cómicas, como é que lidas com mudanças tão bruscas de um momento para o outro? PT: A energia que é usada na comédia é diferente da energia usada para fazer um drama. O nível de energia pode ser o mesmo, mas “vem de outros sítios”. Na comicidade é algo mais vibrante e brilhante, para “fora”, enquanto que no drama é algo mais contido ao nível emocional e corporal. É quase como se se tivesse um “balão à volta”. É este o treino que se tem de fazer no início de cada projeto, e que nem sempre é fácil, que é o trabalho de não ser tão expressivo. Já na comédia, a expressividade pode ser um bocadinho mais exagerada e livre, enquanto que no drama, ou num trabalho mais sério, tem de ser algo mais contido e centrado. O truque é trabalhar! DA: Em “Remédio Santo”, desempenhavas uma personagem muito cómica. Para ti é mais difícil este tipo de representação? PT: Foi muito curioso ser eu a assassina. Eu não estava à espera, e foi um presente que o público me deu. Fiz a cena acreditando verdadeiramente que era a assassina, mas na realidade nunca pensei que a minha personagem fosse a escolhida para tal. A cena foi gravada à primeira, com meia hora de take, sem parar de falar, e para mim foi uma prova de que era capaz de fazer aquilo sem parar, até ao fim. Trabalhei muito para isso, até porque não sabia o que ía sentir, o que era levar um tiro e o que era estar assim vestida. Foi o premiar do meu trabalho, por as pessoas terem escolhido a minha personagem.
DA: O facto de seres uma pessoa tão afetuosa, ajuda a seres a atriz que és? PT: Sim. Eu sou mesmo muito emocional, e não quero deixar de ser “primária” na minha forma de sentir. Não acho que isso me vá enriquecer mais enquanto ser humano, nem que me faça mais feliz. Eu gosto de chorar a ver um filme, gosto de ir ao teatro e rir ou chorar. Eu acho que isso faz com que as minhas personagens sejam mais “humanas”. Se calhar vou acabar por perceber que tenho de ser um bocadinho mais fria em algumas coisas... talvez um dia, quando tiver uma personagem que exija isso de mim. Até à data isso ainda não me aconteceu. DA: Sei que tiveste uma participação no cinema. Está nos teus planos fazeres mais vezes cinema? PT: Quando eu decidi que queria ser atriz, foi o cinema que me levou a sonhar. A verdade é que não se faz muito cinema em Portugal. A certa altura, o Nicolau Breyner deu-me a oportunidade de fazer um casting. Ele é uma pessoa de quem gosto muito e também com quem me estreei em televisão. Ele não faz filmes todos os anos e como é óbvio, provavelmente não me encaixo em todos, mas claro que adoraria! Uma das coisas de que tenho muita pena, é de não fazer cinema. DA: O que gostarias de passar às pessoas que amas? PT: Primeiro que as amo, porque acho que é muito importante, e que as respeito, e gosto de sentir que me respeitam e amam também. É esse amor e respeito que vivo com as pessoas que tenho na minha vida e com os meus colegas. A vida é uma troca. Ninguém dá nada sem tu dares também! DA: Trabalhar é um acto de amor? PT: Sem dúvida! Eu faço o que gosto e tenho esse privilégio e portanto o meu trabalho é sempre um acto de entrega e de amor. Por isso, o amor é sempre a minha “energia de arranque” para tudo o que faço e também na minha profissão. DA: Em que projetos estás envolvida neste momento? PT: Neste momento estou na telenovela “Doida Por Ti”, na TVI, e em novembro vou estar no Teatro Experimental de Cascais, com a peça “Relativamente”, que é uma peça com uma hora e meia muito bem passada.
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GUSTAVO FERNANDE Gustavo Fernandes assume ser um apaixonado pelo hiper realismo, pela dificuldade que este estilo representa e pelo prazer na finalização das suas obras. Por Inês Ferreira
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Foto: Tiago Costa
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“I Love Donald” Óleo sobre tela 60x110cm
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DeepArt: Tendo em conta que a tua formação ocorreu maioritariamente no Canadá, pensas que se te tivesses formado em Portugal a tua visão sobre arte seria diferente, que seguirias outra corrente/estilo? Gustavo Fernandes: Penso que sim porque a minha corrente mais foto realista ou hiper realista vem exatamente daí. Eu fui muito influenciado por um artista canadiano, o Robert Bateman, que era um naturalista e hiper realista e na altura em Portugal não havia foto realismo nem hiper realismo. Mesmo hoje em dia há pouco, mas já começa a aparecer mais e não há dúvida de que quando eu cheguei o público em geral ficou um bocado impressionado com a minha técnica e o meu estilo de pintura, também devido a isso. DA: Ao ver a tua obra, deparamo-nos com uma constante representação de elementos da natureza, como o mar, ou até mesmo os seixos. Estes elementos são uma fonte de inspiração para a criação das restantes obras? GF: Absolutamente. A minha obra “vive” sobretudo pela natureza, e vou sempre buscar elementos da natureza transportando-os depois para outros locais, de uma forma quase que sonhadora, ligando um bocadinho o hiper realismo ao surrealismo, num “surrealismo light”. DA: Que importância tem a luz para ti na criação de uma obra? GF: A luz é o segundo ponto técnico mais importante neste tipo de obra hiper realista. O primeiro ponto é provavelmente a dimensão, o 3D. Mas para se conseguir o 3D tem de se ir à procura da luz, do jogo de claro e escuro, e dos contraste e eu gosto muito de trabalhar com uma luz fria curiosamente. Eu podia pôr luzes amarelas ou vermelhas, para tornar a obra mais “quente”, mas eu gosto mesmo da luz branca e fria. Consigo apesar de tudo, utilizando essa luz branca, dar uma luz muito forte à minha obra, utilizando contrastes. É realmente uma parte difícil, executar uma obra com muita luz.
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DA: Sente-se um grande peso de hiper realismo e surrealismo na tua obra. A que se deve a tua dedicação a estes dois estilos? GF: Para mim o início e a finalização da obra é que me traz satisfação. A parte da execução é oficinal, ou menos artística, mas a escolha do tema, do formato, das cores, e o estudo da obra é que são a grande parte criativa. Para mim o desafio é fazer o que é mais difícil e finalizar uma obra assim, dá-me um prazer enorme. Daí eu escolher o foto realismo, porque é sem dúvida, de todas as outras áreas, o mais difícil na pintura. DA: Se pensarmos em outros surrealistas como o caso de Dalí, de Magritte ou mesmo de Max Ernst, há uma constante aproximação ao hiper realismo nas suas obras. Há uma complementaridade entre ambos os estilos, por forma a criar uma maior confusão/ambiguidade no espetador? GF: Não necessariamente. O pintor é que faz com que eles “venham de braço dado” porque se pode pintar um hiper realismo sem nenhum surrealismo e vice-versa. Mas não há dúvida de que tenho uma grande influência do Magritte por exemplo, muito mais do que do Dalí ou do Max Ernst. O Magritte sempre foi para mim o mais próximo em termos de tema da minha obra. Segui um bocado o caminho daquelas obras muito insólitas que ele pintava e que nós não conseguíamos bem decifrar, mas que nos criam uma sensação. Por exemplo, ele tem uma obra em que se encontra uma pedra a flutuar por cima do mar. Eu já pintei um quadro com uma série de pedras no ar, com um castelo no topo, e reconheço que há ali uma semelhança muito grande entre a obra dele e a minha. Às vezes não é propositado, penso apenas que a cabeça do ser humano por vezes é semelhante.
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DA: Com mais de 200 exposições de pintura em que participaste, qual é a exposição que sentes que ainda te falta fazer, ou um sítio onde ainda te falte expôr? GF: Há imensos sítios onde é muito difícil chegar e onde gostava de expôr. O sonho de qualquer artista é expôr nos melhores sítios que existem no mundo, mas penso que posso eleger o MoMA.
DA: Qual destas 3 formas artísticas sentes ser mais fácil como meio de expressão e como entendimento por parte de quem as vê? GF: A pintura, sem dúvida. Já pintei tanto, que para mim a pintura tornou-se na arte mais fácil de dominar e de fazer com que os outros entendam aquilo que pretendo transmitir.
DA: Sei que no abstrato encontras uma liberdade de expressão diferente da pintura que costumas realizar. O facto da tua obra ter um pendor bastante técnico prende-te a um nível de expressão e libertação? GF: Não. Enquanto eu pinto uma obra hiper realista é lógico que a espontaneidade fica um pouco posta de parte, mas se eu pegar numa tela e começar a pintar o abstrato, rapidamente volto a essa espontaneidade. E eu pinto alguns abstratos, simplesmente não os mostro. Para mim, pintar abstrato tornou-se fácil demais porque o hiper realismo é muito complexo e sério.
DA: O real, o surreal e o inconsciente vivem de “braços dados”? GF: Para mim o surreal é distinto do real. Podem-se usar objetos realistas para transmitir surrealismo, mas o surrealismo pode ser perfeitamente transmitido com um tema abstrato. O Miró por exemplo, é considerado um surrealista e na minha opinião é abstrato, sendo no entanto considerado como surrealista. Há muitos pintores que são considerados surrealistas, da época surrealista e no entanto nas suas obras não há quase nenhum objeto real, sendo tudo abstrato.
DA: No teu percurso, além da pintura também constam a escultura e a fotografia. Há uma ligação entre estas 3 artes, como se de uma arte apenas se tratasse? GF: Há sempre uma ligação, embora eu não me considere um fotógrafo! Faço fotografia para pesquisa, para tirar elementos, para situações e é raro eu pegar numa máquina fotográfica e fazer uma fotografia com um sentido artístico. Eu uso a fotografia para trabalho, embora ao acaso apareçam fotos muito interessantes. A escultura já é para mim uma arte, tal e qual a pintura, que tem uma ligação direta com a minha pintura. Simplesmente a escultura precisa de mais logística, devido ao peso das peças, para transportar e exportar e por causa dessa logística, acabo por a deixar “para segundo plano”. Infelizmente, porque eu gosto muito de fazer escultura.
DA: Onde poderemos ver brevemente as tuas exposições? GF: Eu vou expôr na Royal Academy of Arts em Londres, em julho e agosto. Estive representado em abril na Carnival Luxury Fair, em Lagoa. Eu tenho muitas solicitações e às vezes deixo um pouco para a última da hora, porque como o meu trabalho é muito demorado e estou sempre a produzir, torna-se difícil planear com tanta antecedência estes projetos, mas tenho alguns. Tenho também uma encomenda recente para os Emirados Árabes Unidos, devido a um cliente que viu a minha obras em Londres. Tenho ainda duas exposições pensadas: uma para o Casino Estoril, que não será para já, mas talvez para o próximo ano, e outra para o Palácio do Egito, apesar de ter exposto recentemente em ambos os espaços. Devido ao facto de ser hiper realista, não posso fazer mais que duas exposições individuais por ano, o que já é bastante complicado, porque implica muito tempo de trabalho.
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“The First Coin” Óleo sobre tela 116x89cm
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“Mickey is Mine” Óleo sobre tela 120x80cm
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SOFIA RIBEIRO Sofia Ribeiro apaixonou-se inesperadamente pela representação e desde aí nunca mais parou! Vive intensamente cada personagem e assume que quanto mais interpreta, mais dificuldade tem em eleger uma. Por Inês Ferreira
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Foto: Pedro Soares
Foto: Pedro Soares
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DeepArt: Sei que és uma pessoa sonhadora. A representação é para ti um sonho antigo tornado realidade? Sofia Ribeiro: A representação apareceu na minha vida sem eu estar de todo à espera. Comecei a trabalhar muito nova como modelo, e comecei a ir a castings para os “Morangos com Açúcar”, sem saber bem para o que ía. Ainda eram as primeiras séries e chamavam modelos e eu fui a muitos castings, mas nunca ficava. Passado um tempo, resolveram oferecer um workshop de 3 meses e meio, muito completo, com voz, interpretação para câmera, entre outras coisas, a algumas pessoas que consideravam com potencial, e perguntaram-me se eu queria participar. Na altura eu estava a trabalhar numa loja, que conciliava com os estudos e a moda ao mesmo tempo. Ao falar com a minha agência achámos que independentemente do final, seria sempre uma mais valia, mesmo para o trabalho de modelo, ao nível de acting e para publicidade. Acabei então por ir e foi nesse workshop que me apaixonei e que percebi que representar era algo que gostava muito de fazer. Depois selecionaram algumas pessoas e convidaram-me para entrar nos “Morangos” e nunca mais parei. DA: Em relação aos “Morangos com Açúcar” sentes que foi uma experiência enriquecedora, que te deu uma boa formação na área da representação, que foi uma “escola”? SR: Sem dúvida nenhuma os Morangos foram uma experiência incrível, foi a minha “escola” e acho que os Morangos foram exatamente isto para quem quis aprender com eles. E eu dediquei-me inteiramente ao que estava a fazer, “suguei” ao máximo a formação de atores, com os atores mais velhos, com a equipa técnica, que foi uma ajuda incrível, e não acho de todo que seja mau “juntarem-me” aos Morangos. DA: Na novela “Doce Tentação” desempenhavas um
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papel bastante marcante. Tens algum gosto especial por vilãs? SR: Eu acho que têm algum gosto em particular por me dar personagens assim com caraterísticas mais marcadas. Se repararmos, há um grupo de atores que faz mais vilões do que outro tipo de personagem e no meu caso é o que tem acontecido mais. Eu tenho feito personagens com caraterísticas mais marcantes do que as ditas “boas” da história e dá-me sem dúvida mais prazer e é mais desafiante, porque não me considero má pessoa, e acho que o que é desafiante nesta profissão é passar este tipo de emoções para as nossas personagens e procurar esses promenores que temos dentro de nós. DA: Como tem sido esta recente experiência no cinema, com o filme “Eclipse em Portugal”, que estreia em outubro? É muito diferente para ti o cinema das telenovelas? SR: É diferente. O tempo para a preparação e as filmagens são muito diferentes. Em televisão “corremos contra o tempo” e cada ator faz em média 20 cenas por dia, enquanto que em cinema faz 3, no máximo. Eu estou habituada a trabalhar sob pressão. Essa foi a minha “escola”, de correr, de não ter tempo, de ser quase tudo no imediato, muito instintivo e intuitivo. Não estou muito habituada aos tempos mortos, de estar à espera que o set fique preparado, mas é apaixonante. É a arte de representar de qualquer das formas, com mais ou menos técnica. Mas foi uma experiência nova muito boa. DA: Em qual dos dois te revês melhor? SR: Eu acho que um ator completo é um ator que consegue “abraçar” tudo, desde teatro, a cinema, a televisão. Para mim ser ator é isto mesmo, porque a arte é a mesma. Acho que o que muda é a técnica e eu quero muito poder “abraçar” todas estas áreas de representação. Falta-me o teatro, que quero muito fazer.
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DA: Estando tu ligada à moda, e sendo considerada uma “sex symbol”, sentes uma maior pressão para “descolares” essa imagem das personagens que interpretas? SR: Eu sinceramente não penso muito nisso e nem sequer me vejo como uma “sex symbol”, apesar de me sentir bem comigo mesma! Se as pessoas me vêem dessa forma eu agradeço, mas eu centro-me no meu trabalho e um dos maiores desafios para mim, é fazer com que todas as personagens que faço sejam diferentes umas das outras. Se as pessoas vão ver a Sofia que é engraçada, a Sofia que é gira, eu não sei. Eu estou a fazer o meu trabalho de atriz e o meu objetivo é que as pessoas gostem, mas acima de tudo, eu tenho de me sentir realizada com aquilo que estou a fazer. Se o público gostar, ótimo. É para eles que nós trabalhamos. DA: Fizeste um catálogo para a marca Ana Sousa que tinha uma componente mais cinematográfica. O facto de teres uma componente de representação, ajuda a representares naquele momento, enquanto modelo? SR: Eu acho que noutra escala, devido ao facto de ser outra “dimensão”. Eu acho que para se fazer trabalhos de catálogos e de publicidade é também necessário ser um bocadinho ator. As coisas só passam para fora se nós as sentirmos. As pessoas só sentem a nossa emoção, seja ela qual for, se nós a sentirmos e portanto eu acho que isso parte também de um conhecimento e de uma sensibilidade da arte de representar.
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DA: Qual foi até hoje o papel que mais prazer te deu interpretar? SR: É sempre tão difícil responder a isso! É normal nós fazermos mais um tipo de personagem do que outro, e de um modo geral as minhas não têm assim tão bom carácter. Todas as minhas personagens foram diferentes umas das outras e só por isso é muito compli-
cado para mim dizer qual é que me deu mais prazer, porque em determinado momento uma deu-me imenso prazer porque eu estava a descobrir algo e depois outra deu-me, por outra caraterística. De um modo geral eu sinto-me muito feliz e muito agradecida pelos projetos que me têm dado para fazer. De repente, a que eu tenho mais na memória é de facto a Francisca, pela complexidade dela, pela dimensão da personagem que era, pelo “conflito” entre mim e a Francisca, até eu própria descobrir como lidava com ela. Foi sem dúvida uma personagem extremamente marcante para mim, na minha vida e no meu percurso que ainda é pequenino, mas felizmente já com muitos trabalhos! Lembro-me também da segunda personagem que fiz a seguir aos “Morangos”, que era mais popular e brejeira, com a qual me diverti muito. A minha mãe era a Marina Mota e o meu pai o Júlio César e divertíamo-nos bastante. Eu acredito que será cada vez mais difícil eleger uma personagem, porque todas elas são diferentes! DA: Próximos projetos... SR: À partida, estarei em breve, em televisão de novo. Em outubro será a estreia do filme “Eclipse em Portugal”, que espero sinceramente que as pessoas vão ver, não por eu estar no filme, mas porque o filme está muito engraçado. É tudo muito “non sense” e muito doido, mas acho que é engraçado por isso e sobretudo pela coragem do Alexandre Valente, por ter tido coragem para se empenhar, numa altura em que praticamente não existem apoios para a arte. Estou também a fazer uma coisa nova, que são dobragens de animação e estou apaixonada porque é incrível ver um boneco animado ganhar vida com a nossa voz! Tenho mais umas “coisinhas” que não posso revelar, mas felizmente não me posso queixar, porque trabalho não me tem faltado.
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ANA NOBRE Para a pintora Ana Nobre, mais do que ter um estilo próprio, o que realmente importa são as diferentes experiências que faz ao longo do tempo nas suas obras. Por Inês Ferreira
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“Brinca Comigo”
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DeepArt: Como surgiu o teu fascínio pela pintura? Ana Nobre: Sinceramente não me recordo. Desde pequenina que gosto de pintar e desenhar, sempre quis ser pintora, e nunca me imaginei a fazer outra coisa. Penso que o que “aguçou” mais o gosto, foi um professor da disciplina de oficina de artes (no secundário), que também era pintor e que criou na escola um atelier de pintura. Era uma atividade extra e com entrada livre, num espaço repleto de cavaletes, tintas, música de fundo, com um ambiente muito atrativo, e eu todos os bocadinhos de tempo que tinha ía para lá. Eu criei por ele uma admiração enorme e percebi que era o que queria ser. DA: Na tua opinião a formação de um artista é determinante para a corrente artística que vai seguir? AN: Sim e não! Eu acho que sempre me identificaram muito com um traço parecido ao da Paula Rego, e eu nunca me identifiquei com isso. Tive professores que ligavam mais ao conceito, do que propriamente à técnica e isso é algo com que não concordo, até porque estou sempre a experimentar e não me identifico com um estilo em específico. Aquilo de que tenho necessidade neste momento é de textura e volume, e é isso que eu ando a tentar passar um bocadinho para a tela. DA: Qual é a época na pintura e pintores que mais te fascinam? AN: Eu passei muitos anos completamente apaixonada por Salvador Dalí, não só por ser um grande surrealista, mas também porque contrariamente à imagem que eu tenho dos outros surrealistas, ele sabe de facto executar. Ou seja, ele tem o conhecimento, a técnica e o conceito, e apesar de querer transmitir sempre uma
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imagem de loucura, ele de louco não tinha nada, tendo tudo “estudado ao milímetro”, até os próprios “acessos de loucura”. Admiro muito também o trabalho da Paula Rego, do Pedro Zamith (mais virado para a ilustração) e do Van Gogh (pela textura, acima de tudo). DA: Na tua pintura, há a presença de um traço em esquiço, que desenha as personagens dos teus quadros. Este é o tipo de traço com que mais te identificas? AN: Eu sinto muito mais liberdade em trabalhar a linha em desenho, do que a pintura. E o que tenho tentado fazer é a passagem para a pintura, da facilidade com que me expresso no desenho, mas não tem sido fácil. Devido a isto, surgiu-me a ideia de desenhar na pintura, experiência que fiz recentemente e que tenciono continuar a fazer. Esta técnica permite-me transmitir uma noção de movimento de um modo que não tenho conseguido na pintura. DA: Por exemplo, na tua obra “Brincar“, existe um traço trémulo em exagero, que lembra um certo Surrealismo. O Surrealismo é uma ajuda à dramatização das obras? AN: Acho que tem muito a ver com o estado de espírito e com aquilo que se quer transmitir, com o que se está a sentir naquele momento, o que sem dúvida proporciona um traço mais definido ou mais trémulo, ou um riscar, quase a rasgar a própria tela. O Surrealismo que por vezes passo para a tela, é algo que me surge entre o acordar e o adormecer. Já me aconteceu ter de me levantar a meio da noite e ir pintar, porque algo me estava a “massacrar”, portanto tem a ver com o consciente e sub consciente, o mundo dos sonhos misturado com a realidade e com as minhas vivências.
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DA: Há nas tuas obras uma exploração de técnica mista, com colagens por exemplo. É algo que queres explorar mais, e que aumenta o realismo de uma obra? AN: Não é uma maneira de a tornar mais real, mas sim de experimentar algo diferente, outro tipo de textura e de juntar a uma linguagem minha, uma linguagem já existente, daí a colagem de frases e cordas. No fundo é uma mistura de linguagens e é algo que quero explorar muito mais. Andei muito tempo a fugir a esta abordagem, porque já há muita gente a trabalhar sobre colagens, mas uma vez que continuava a sentir vontade de o fazer, decidi experimentar. DA: Qual foi até hoje a exposição que se apresentou como maior desafio para ti? AN: Sinceramente, acho que a última, “Brinca Comigo“. Todos os anos tenho conseguido arranjar espaços para expôr, além dos concursos, mas de uma forma ou de outra, tenho tido bastante gente a visitar e ir vendendo trabalho. Os últimos dois anos não foram tão fáceis e quando a oportunidade desta exposição surgiu, decidi fazer tudo novo, e ver a reação das pessoas. Durante muito tempo pintei paisagens, mas decidi que agora queria fazer algo diferente e com que me identificasse mais e esperar para ver o que acontecia, e foi sem dúvida o meu maior desafio. DA: Como foi a aceitação das pessoas a esta exposição? AN: Foi ótima! Vendi muitas das obras em exposição, tive “casa cheia”, consegui arranjar mais alunos para o atelier e fiz imensos contactos. Cheguei mesmo a ter
pessoas a “competir“ pelo mesmo quadro. Aconteceu também uma situação em que um artista plástico português, que viveu muitos anos em Antuérpia, me disse que se o meu trabalho tivesse uma dimensão um pouco maior, teria bastante qualidade para ser exposto fora de Portugal, o que é muito gratificante. DA: A que é que se deveu o tema escolhido para esta exposição? AN: Lançaram-me o desafio de tentar criar algo mais “animador” do que a minha restante obra, menos obscuro, que puxasse o ânimo das pessoas, mas não era uma imposição. Deram-me liberdade, e o tema surgiu pelo grande desejo que tenho de ser mãe. DA: Em que espaços gostarias de expôr? AN: No Teatro Museu de Dalí, sem dúvida! DA: A Arte em Portugal é bem tratada? AN: Penso que não muito. Há um estigma de que se não expões no estrangeiro, é como se o teu trabalho não valesse nada. Infelizmente, mesmo que o trabalho não tenha qualidade, quando “esteve lá fora” é visto de outra maneira. Falta valorizarem mais o que é nacional. DA: Grande desejo para a tua pintura? AN: Tenho muita vontade de trabalhar em grandes dimensões e para isso também preciso de um espaço maior, não só espaço físico, mas também perder o medo de arriscar. Acho que o meu maior desafio neste momento, é pintar sem medo num grande formato.
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“Brincadeiras”
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GONE
WARRIOR Fotografia: Tiago Costa Modelo: Mauro Lopes @ Elite Lisbon Styling: Catarina Pinto Maquilhagem e Cabelos: Wellington de Oliveira
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Pรกgina da Esquerda Calรงas - Ricardo Andrez Cinto - Valentim Quaresma Pรกgina da Direita Camisola - Ricardo Andrez Cinto - Valentim Quaresma
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Camisola - Ricardo Andrez Calçþes - Ricardo Dourado Cinto - Valentim Quaresma
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Boné - Ricardo Andrez Calções - Ricardo Dourado
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Cuff - da produção Colete - Ricardo Dourado Calças - Ricardo Dourado
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Colete - Ricardo Dourado TĂşnica - Ricardo Dourado
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Vestido - Zara Brincos - Dayaday
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APHRO
DITE Fotografia: Élio Nogueira
Modelo: Angelina Pavlishina @ Central Models Produção: Élio Nogueira
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Vestido - Zara Sandรกlias - Bata Brincos e Colar - Details
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Top - Zara Saia - Ă gil Cinto - Haity Mala - Parfois
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Casaco - Zara Colar - Blanco Calções - Levi’s
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Vestido - Atmosphere
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Colar - Blanco Roupa - da produção
LOST Fotografia: Orlando Gonçalves Modelo: Carolina Pais @ Best Models Styling: LuĂs Alves da Costa Make Up: Maria Fontes Cabelos: Alfredo Miranda Ferreira
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Acess贸rios - Lu铆s Alves da Costa; Primark
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TĂşnica - Nuno Baltazar
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Blusa rendada - Micaela Oliveira Gola de brilhantes - Micaela Oliveira
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Catsuit rendado - Micaela Oliveira
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Saia - David Pinto Colete - Micaela Oliveira
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Calças - Micaela Oliveira Bustier - Micaela Oliveira Acessórios - Luís Alves da Costa
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Anel - Primark Brincos - Primark Colete - Micaela Oliveira Bustier - Micaela Oliveira Escrava - LuĂs Alves da Costa Gargantilha - LuĂs Alves da Costa
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Casaco - Rui Sousa Saia - Micaela Oliveira Gola - Micaela Oliveira Blusa - Micaela Oliveira
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Saia - Micaela Oliveira Gola - Micaela Oliveira Blusa - Micaela Oliveira
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Projecto em Aberto
Preservação da identidade de um país
Foto: Ana Escobar
Por Rita Trindade
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Foto: Ana Escobar
Quão bem conhecem Portugal? O país onde nasceram, cresceram e vivem? Os seus costumes, as suas tradições, os seus saberes? É esse desconhecimento actual das técnicas antigas e a sua iminente extinção que o Projecto em Aberto pretende contrariar e evitar. A criadora do projecto é Ana Escobar, que amavelmente recebeu as minhas questões e explica em palavras suas o que é o Projecto em Aberto. O objecto escolhido para lançar o conceito foi o banco alentejano e a técnica de empalhamento nele envolvi-
da. O desafio é simples: o Projecto em Aberto fornece a técnica e cada qual adquire os materiais, tendo liberdade de escolha. A partir desses elementos, cada pessoa constrói o seu próprio banco. O objectivo do Projecto não é unicamente comercializar produtos construídos com técnicas tradicionais portuguesas, mas sim manter vivos esses saberes. O importante é a transmissão e aprendizagem do conhecimento, preservando assim algo mais valioso que qualquer objecto ou produto: a nossa identidade como país.
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O que é o Projecto em Aberto? E Como surgiu? O Projecto em Aberto nasce enquanto materialização de exercício prático e fundamentação académica do Mestrado que desenvolvi – como mote para questionar todo o universo de respostas pré-fabricadas que sempre me habituara a ouvir e que teimosamente sentia necessidade de repensar e redefinir. Design é político e concerne cultura, valores, escolhas e consequências. Tende a deformar-se em adjectivo, pela boca do marketing enquanto na verdade ele é, ou deveria ser, verbo, acção. É necessária a recontextualização da comum concepção de Design para os dias de hoje, devolvendo-lhe o seu carácter de elasticidade na criação de novas hipóteses e cenários, numa sociedade em modo de caos, esquecimento e massificação, globalizada e maquinizada sem limites, esquecendo as suas especificidades geográficas/culturais e a mão-de-obra cada vez mais residual. Assim, temos que o Projecto em Aberto que, com todas as suas nuances, tornou-se fórmula e depois acção. É um meio de investigação, estudo, documentação e divulgação dos saberes e das técnicas artesanais portuguesas, caídas em esquecimento durante anos (e, de há uns tempos para cá, surpreendentemente transformadas em temática louvável, sensibilizante e trendy). Ele foca-se não apenas na matéria, na recontextualização e optimização da necessidade redesenhada em objecto de outros tempos para a contemporaneidade, mas acima de tudo na técnica, no saber, na transferência de conhecimentos. É assustadora a ideia de que tamanha profundidade e riqueza de tantas áreas do saber popular e tecnicista tradicional sobrevivam apenas suspensas por um frágil elo de comunicação verbal – abstracto, distante e altamente susceptível à total extinção. Assim, o Projecto em Aberto define-se sob forma física, suplantando as intenções em acções, sob apresentação de um desdobrável que, edição a edição apresenta(rá) uma nova investigação (previamente feita in loco) e um guia de aprendizagem da construção de um objecto e consequente técnica artesanal. Torna-se então cada saber, outrora sem fundações fortalecidas, num bem registado para a história, podendo ser pesquisado, interpretado e dado a conhecer ao maior número de pessoas possível, definindo-se como um processo alternativo de construção, consumo e utilização do objecto.
Foto: Ana Escobar
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Qual é o principal objectivo do Projecto? A lacuna da representação e documentação dos objectos/materiais/técnicas – todo o universo dos objectos tradicionais portugueses – sente-se com alguma gravidade e preocupação. Alguns esforços semelhantes têm sido desenvolvidos, em outras áreas de interesse cultural nacional, como é o caso de uma das grandes fontes inspiracionais deste Projecto – Michel-Marie Giacometti, etnólogo e figura de excepção no panorama nacional, dedicando grande parte da sua vida à recolha, estudo e divulgação dos cantares populares portugueses. O Projecto em Aberto pretende, cada vez mais, de forma crescente em presença, significação e actuação ser uma resposta a esta falha. Como principal objectivo, desenha-se a vontade e a necessidade de sentir que determinada forma de conhecimento não se poderá mais perder, independentemente do número de mestres conhecedores da mesma. Como inevitáveis e desejáveis consequências debatem-se em entrelinhas questões como a valorização e divulgação do trabalho dos artesãos; a redescoberta destes saberes pelo público em geral, a sua consciencialização e sensibilização para o saber fazer; as matérias-primas; o valor do objecto – o valor do tempo, do trabalho e da qualidade dos materiais – a necessidade da constante aquisição e consumo; a personalização e relacionamento simbólico com um bem físico; a dinamização de produção independente ou da recorrência a pequeno comércio como forma de realização das instruções presentes no guia de construção do Projecto em Aberto, por exemplo. De onde vem o interesse pelas tradições portuguesas e símbolos culturais? O que significa para ti (re)aprender/ (re)descobrir estes costumes nacionais? O interesse pelas tradições e símbolos culturais e pelo Portugal rico e diversificado está já presente há muito tempo (reflexo do meu gosto pessoal pelo trabalho desenvolvido com mínimos recursos – manual, utilizando o material que nos rodeia, transformando-o). Desde cedo senti necessidade de alargar tanto quanto possível o meu campo de acção e saberes que me definem, querendo sempre aprender novas áreas e não me satisfazendo com dedicações exclusivas a determinado afazer. Associada a esta constante vontade de aprender e fazer mais e diferente, surge toda a problemática nacional dos dias de hoje – do saber que nos caracteriza e que deixamos desaparecer e de um país que não se valoriza. A que tipo de pessoas tens tentado chegar com este projecto? O público do Projecto em Aberto quer-se o mais vasto,
entrosado e interessado possível. Os mais jovens, por um prisma, pelo seu maior desconhecimento de outras eras e de outras realidades, hábitos e formas de fazer. Os menos jovens precisamente pela sua relação com o antigamente, com o saber, com os modos de vida dos seus tempos ídos. Os mais cosmopolitas pelo seu afastamento geográfico de muitas das zonas rurais que originaram tão interessantes interpretações da utilização de meios naturais de cada zona e a consequente necessidade da aproximação a este conhecimento, mas também os habitantes destes mesmos locais, pela sua pertença a esta cultura, a estas técnicas e a sua demarcação como mestres responsáveis pela disseminação desta herança. Esta amplitude justifica-se com a definição de duas formas activas de participação directa no Projecto em Aberto – se por um lado temos o utilizador final, que recebe o desdobrável e interpreta as informações presentes no mesmo, não podemos nunca esquecer a fonte original de conhecimento – os Mestres artesãos e o povo que conhece e preserva as raízes e a herança cultural, permitindo ao Projecto em Aberto um conhecimento real e presencial de cada técnica. Quais têm sido os maiores obstáculos e as maiores recompensas? Até ao momento, como maior obstáculo destaca-se a grande dificuldade de conseguir chegar junto do público. Apesar de este ser, claramente, um projecto muito querido, pelas suas características, fazendo com que as pessoas com ele se identifiquem e compreendam a necessidade da sua existência, esta união é por vezes um pouco superficial, na medida em que escasseiam algumas reacções práticas a esta proposta de questionação. Desenha-se uma larga fronteira entre o conhecer/valorizar e o participar/fazer o Projecto crescer em feedback e significação. As recompensas são muitas e valiosas. Destaca-se o contacto directo com Mestres artesãos, pessoas feitas de honestidade, campo e história, neste mergulhar num universo sempre novo (na sua antiguidade) conhecendo diferentes e muito ricas realidades. Destaca-se uma constante aprendizagem, uma aproximação à nossa cultura e gentes, conhecendo as suas visões e reinterpretações de um mesmo enunciado e conhecimento, disponibilizado em forma de novos objectos altamente personalizados. Destaca-se também o contacto sensorial com os cheiros, as texturas, a forma de trabalhar os materiais primários que compõem a história da nossa cultura material e o contraste com as potencialidades reinterpretativas contemporâneas, pensando em novos sentidos para o que sempre existiu e não pode desaparecer. E, claro, o sabor dos deliciosos
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Fotos: Ana Escobar
comentários e esforços de apoio e valorização desta ideia que quer crescer sempre e mais! Tens outras ideias em vista para o Projecto? Já pensaste noutros costumes ou símbolos que gostarias de “re-apresentar” às pessoas? Existem algumas hipóteses já consideradas para integrar a futura lista do Projecto em Aberto, subsequente ao empalhamento do banco alentejano (assunto abordado no primeiro fascículo). Não adianto para já nenhuma certeza ou catalogação, mas apenas o facto de que existirão tantas novas edições quantas forem as técnicas de artesanato português a documentar (especialmente em graves riscos de extinção), sem qualquer limitação temática (à área de mobiliário, por exemplo, como o 1º Volume). Como para qualquer comentário, questão ou dúvida, também são muito bem-vindas propostas de temáticas a abordar. Por onde queres que passe o futuro do Projecto em Aberto? O futuro deverá ser desenhado ao sabor do crescimento do Projecto, um pouco como tem acontecido até ao momento, conseguindo sempre investigar e conhecer de perto técnicas diferentes, viajando de norte a sul de Portugal de forma a dar a conhecer melhor o nosso país e a riqueza que ele encerra a todos os interessados. Espera-se também uma crescente adesão a esta forma de “consumo” alternativo, reinventando os objectos que nos rodeiam, marcas cristalizadas do nosso passado, neste nosso dia-a-dia sobrelotado, presente e futuro composto de constante mudança.
Pouco tempo depois de ter regressado de Milão, onde se deu a conhecer através do evento satélite da Milan Design Week, o “Do Ut Design – God Save the Craft”, o Projecto em Aberto encontra-se agora, mais que nunca, a crescer a olhos vistos. O convite para expor na tão aclamada feira de Design surgiu através de duas seguidoras do projecto em Itália, uma «(re)confirmação de que a internet é um meio global, eficaz e surpreendente». Em cima da mesa há propostas e ideias a analisar e dessa experiência resultaram aspectos muito interessantes, tais como o denotar de semelhanças artesanais entre os dois países e uma consequente procura de ligações e aproximação entre os mesmos. Deste lado, torcemos para que este projecto cresça e comece a dar mais e mais nas vistas e a chamar a atenção de cada vez mais pessoas. Se não nos agarrarmos hoje àquilo que faz de nós o país que somos, chegaremos a um ponto em que nunca mais conseguiremos recuperar certos saberes. Se esta não é a altura ideal para lutar pela nossa identidade enquanto país, qual será? A realização de workshops também faz parte do percurso deste projecto, e quaisquer interessados nessa questão poderão entrar em contacto com a Ana utilizando o email abaixo fornecido. Para além disso, qualquer pessoa está convidada a escrever e dar a conhecer uma técnica que conheça ou que represente a sua região. O Projecto em Aberto agradece! projectoemaberto@gmail.com projectoemaberto.blogspot.com
Esta colaboradora/autora não escreve com o novo acordo.
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(Not Mary) Poppins Por Rita Chuva
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Quem não se lembra da icónica ama com poderes mágicos, que se deslocava não no seu Smart ou Mini Cooper, mas no seu não menos cool chapéu de chuva? Côr, animação e muita música à mistura, constituíam a receita perfeita de Mary Poppins, a babysitter que todos, em algum momento das nossas vidas, quisemos ter... Inspirada ou não pela famosa personagem ou, pelo menos, pelas suas exuberantes caraterísticas, a designer italiana Alessandra Baldereschi criou uma linha de bancos com uma personalidade poderosa, que partilha, com a ama fantástica, o nome: Poppins. Através do uso de cores e formas geométricas, usando e abusando de contrastes, com uns pós de arte e ilusão ótica, este assento dá a perceção de ter, sobre si, cinco almofadas dispostas quando, na verdade, se trata apenas de um jogo de cortes na estrutura e também de tecido que é, literalmente, empurrado através da madeira, dando-lhe um efeito tridimensional. As áreas acolchoadas proporcionam não só conforto a quem se abanca, literalmente, neste banco (passo a expressão), mas também lhe dá as formas geométricas
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necessárias para dar a ilusão ótica que se quer transmitir. Através da tridimensionalidade da coleção Poppins e de uma ligeira modelagem das formas, a designer conseguiu obter um efeito dinâmico e uma vibração, que é reforçada pelos contrastes cromáticos. Disponível numa variedade imensa de cores, que vai dos tons neutros, como o cinza e o branco (para quem sofre de cromatofobia), a combinações mais arrojadas, como o amarelo e o fúscia (para os destemidos), esta gama tem, como se costuma dizer, “uma tampa para cada panela”, que é como quem diz, escolha para todos os gostos. Para competir com a Mary Poppins, só lhe falta cantar e voar... É caso para dizer: supercalifragilisticexpialidocious! Fonte: Contemporist (www.contemporist.com) Fotos: Alessandra Baldereschi (http://www.alessandrabaldereschi.com/)
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Ténis roxos - Nike; €106 Ténis verdes - Nike; €106 Calças - Pepe Jeans; €90 Lenço - Camel; preço sob consulta Mala - Fred Perry; preço sob consulta Casaco - Fred Perry; preço sob consulta
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Ténis - Nike; €106 Calças - Camel; preço sob consulta Pólo - Fred Perry; preço sob consulta Camisola - Camel; preço sob consulta
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Casaco - Nike; €106 Ténis azuis - Nike; €95 Ténis brancos - Nike; €106 Calções - Camel; preço sob consulta Óculos - Carrera; preço sob consulta T-shirt - Boom Bap; preço sob consulta
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Relógio - Lacoste; €135 Ténis pretos - Nike; €117 Calças - Pepe Jeans; €90 Ténis coloridos - Nike; €148 Lenço - Camel; preço sob consulta Óculos - Carrera; preço sob consulta Camisola - Camel; preço sob consulta Chapéu - Fred Perry; preço sob consulta
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Chinelos - Havaianas; €21,90 Calças - Camel; preço sob consulta Óculos - Carrera; preço sob consulta Boxers - Bjorn Borg; preço sob consulta Camisa - Fred Perry; preço sob consulta
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Calções - Nike; €53 Cinto - Pepe Jeans; €50 Colete - Camel; preço sob consulta Óculos - Carrera; preço sob consulta T-shirt - Boom Bap; preço sob consulta
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Foto: Ana Lim達o
Birds Are Indie
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Coimbra é, sem dúvida, um dos mais importantes epicentros musicais portugueses. No meio de tanto rock, encontramos duas pessoas que nos contam uma verdadeira história de amor. Há quinze anos que Joana Corker e Ricardo Jerónimo partilham uma vida em conjunto, mas foi apenas há três que um simples assobio despoletou uma série de canções, simples e bonitas, até então adormecidas no âmago da dupla. “Snooker and Curling” e “Before There Was a Before”, do EP Life is Long, ou “Instead of Watching Telly” e “A Bad Hair Day”, do primeiro longa-duração How Music Fits Our Silence, são alguns dos episódios com que nos deixam entrar no conforto do seu lar, que nomearam de Birds Are Indie. Atualmente, o convite estende-se a Henrique Toscano, produtor e músico responsável por aprumar a delicadeza do alinhamento. O sentimento de casa é também transposto para o palco e para os lançamentos em rodela de plástico, que surgem através da própria editora (Murmürio Records), de tiragem limitada, adornados por um artwork manual, como manda a lei indie, que escasseiam num abrir e fechar de olhos. Impulsos que os mantêm ativos e com vontade de partilhar connosco o seu conto de fadas. Manuel Simões
www.nervos.pt
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RENĂšNCIA E A NECESSIDADE
ENTRE A
DE SER
https://www.facebook.com/pages/Sandra-Roda-httpdesabitarblogspotpt/199059776807875?ref=hl
by Sandra Roda
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Contrastes Por André Albuquerque
Uma vez que os “Contrastes” constituem a temática escolhida para esta edição, passei dias a magicar sobre o que escrever, enquadrado no tema e sem fugir das minhas ideologias e, também, com o objetivo de cativar o leitor, incentivando-o a aumentar o auto conhecimento acerca da cultura urbana e da arte de rua. Ora, os contrastes que se podem encontrar no âmbito da cultura urbana são imensos, e passam pelos contrastes geográficos, cromáticos, temáticos, culturais, entre muitos outros. Partindo do princípio que ao nível da cultura urbana estamos a falar de todo o espetro de street art e graffiti e todo o tipo de movimentações artísticas, livres de barreiras e realizadas no cenário urbano mas principalmente à margem da lei, ficando disponíveis para qualquer observador, facilmente concluímos que o leque de abrangência é enorme.
Fotos: http://wallpeople.org/en/wp-content/uploads/2012/06/Wallpeople2012_BuenosAires.jpg
Há ainda um relevante aspeto a mencionar e que é potenciador de contrastes: o fator motivacional. Ou seja, aquilo que move os artistas de rua, quais são os ideais defendidos por detrás de paredes pintadas, de arte realizada, de simples riscos e manchas de côr a ilustrações super elaboradas e complicadíssimas nos mais diferentes locais urbanos. Os contrastes motivacionais são diversos: temos, por exemplo, a distinção entre o graffiti Bomb e o graffiti Hall of Fame, entre o legal e o ilegal, que destaca quem pinta por amor à adrenalina como ato de rebelião contra o sistema espalhando o seu “Tag” e expondo o seu
nome ao mundo, mostrando que é possível quebrar regras, usando a repetição como arma que o cérebro absorve. Quem pinta legal por vezes tenta também trazer uma mensagem de rebelião ou crítica contra aspetos do sistema que considera pertinente realçar, tornando este estilo de graffiti o mais apreciado pela maioria das pessoas que não são entendidas na matéria (o motivo é óbvio, pois geralmente são peças bastante mais elaboradas e muitas delas realizadas por bastante bons ARTISTAS, que realizam pinturas belíssimas que podiam até ser expostas em galerias e museus); este estilo de graffiti (que aos olhos de um leigo é mais bonito que “um monte de riscos numa parede”) não poderia ser realizado se não existissem esses riscos feitos por pessoas que seguem a cultura do graffiti, tendo interiorizado a lógica com que foi criada e que defendem a sua continuidade - nas ruas para as ruas. O amor pelo que se faz é o ponto comum a todas as artes. A paixão pela cor, pela arte, por melhorar a cada dia, por fazer cada trabalho melhor que o anterior é comum em todas as expressões artísticas, até em artistas que pintam somente letras na parede e que para o público considerado apreciador de arte não tem valor, mas a expressão do traço, a perspetiva, a conjugação da paleta de cores usada, tudo isso é estudado e trabalhado durante a vida de um artista de graffiti. A tudo isto acresce o “fator adrenalina” que é talvez a maior paixão de quem se insere no verdadeiro contexto do graffiti enquanto
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Foto: https://fbcdn-sphotos-e-a.akamaihd.net/hphotosak-prn1/943120_346194845483479_523779581_n.jpg
Foto: http://cdn.freshome.com/wp-content/uploads/2012/11/Roa-Street-Art-9.jpg
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“pinturas ilegais”. Ao mesmo tempo (e é aqui que se percebe verdadeiramente a magia desta arte) que o “writer” está preocupado com a chegada da polícia, de um segurança privado, ou de pessoas que possam chamar a polícia, ele está concentradíssimo na execução da sua obra para que saia exatamente como ele quer (desde cores, dimensões, expressão do traço, detalhes, fundo, entre tudo mais que o artista desejar colocar). Já quem faz graffiti legal, não necessita de ter estes 50% de atenção a cada lado, podendo dedicar-se somente à execução da sua peça, podendo assim ser bastante mais elaborada, demorar horas a ser realizada (muitas vezes feita em vários dias) resultando numa obra artística que, do mesmo modo que um quadro ou uma escultura, poderia estar exposta numa galeria, mas que foi realizada numa parede com latas de aerossol. Não poderia deixar de aproveitar a temática deste mês para fazer referência a uma iniciativa que vai decorrer em Lisboa este ano (depois de já se ter realizado também no ano passado). Trata-se de um projeto com origem em Barcelona e já disseminado pelo mundo, tendo atravessando cidades como Buenos Aires, Rio de Janeiro, Budapeste, Amsterdão, Guadalajara, Berlim, Madrid, Zagreb, Miami, Roma e até mesmo, em Portugal, cidades como Porto e Funchal, entre muitas outras cidades do mundo. O evento parte de uma organização chamada Wallpeople e todos os anos tem um tema diferente, sendo o de 2013 a Música.
Mas, afinal, de que se trata? Esta iniciativa visa juntar projetos artísticos realizados em papel, cartolina, cartão ou em qualquer material que possa ser colado a uma parede sem auxílio de arames, apenas com bostik (desenhos, colagens, BD ou artesanato, etc). Este evento prevê a criação coletiva de arte (apenas não são aceites peças gigantes, com mais de 1m por 1m), ocupando um muro de uma rua, e que entre todos os participantes seja criada uma obra de arte efémera, impressionante e irrepetível. A efemeridade resulta do facto da obra apenas ficar exposta durante 2 horas, sendo a primeira para montagem e a segunda para efetivamente estar exposta e ser fotografada e documentada. Qualquer pessoa é livre para participar, sendo que o resultado final é a construção de um mural a partir de várias peças, formando uma peça única, a partir do esforço de um conjunto de pessoas. Contrastes cromáticos, temáticos, de estilos e até de mentalidades, todos eles efetivos e como a própria palavra define: “A diferença nas propriedades visuais que faz com que um objeto seja distinguível de outros e do plano de fundo”. Para concluir, resta-me deixar a questão: Na presença de uma imensidão de elementos contrastantes juntos, o que é que se distingue? Fiquem atentos à Wallpeople deste ano e aposto que saberão a resposta. Links Informativos: Wallpeople.org Facebook.com/WallpeopleOfficialPage (fotos contrastes BOMB, STREET ART, FAME)
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EmCara
Hitchcock - caricatura de Rui Zilh達o
by Rui Zilh達o
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Morgan Freeman - caricatura de Rui Zilh達o
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Tomas Alfredson
Låt Den Rätte Komma In “Um vampiro não consegue entrar numa casa, a menos que seja convidado.” Lewis Spence, Enciclopédia do Ocultismo
Foto: ‘EFTI [se]’
Por Pedro Barão
O cinema sueco nunca foi muito dado aos filmes de terror. Muito menos Tomas Alfredson, que sempre se dedicou ao drama e à comedia desde que começou a realizar, no início da década de 90. E talvez tenha sido esse distanciamento a receita de sucesso de Låt Den Rätte Komma In (Deixa-me Entrar), um dos mais belos filmes negros dos últimos tempos, que espelha em gelo fino as fantasias de vingança de um rapaz vítima de bullying nos subúrbios de uma Suécia silenciosa nos anos 80. Esta lufada de ar fresco (gélida até) no seu próprio género, desenha nas formas indistintas de uma cidade soturna o recreio de Oskar (Kåre Hedebrant), um rapaz
introvertido de 12 anos que brinca sozinho na noite, obcecado pela violência bruta de que é vítima diariamente. É também da noite que surge Eli (Lina Leandersson), uma vampira que se muda para a casa ao lado, acompanhada por Håkan (Per Ragnar), o seu tutor. Convém salientar que Låt Den Rätte Komma In não é uma história de vampiros, antes um conto lúgubre que explora um universo comum devastador, onde duas crianças encontram conforto uma na outra e onde, simplesmente, uma dessas personagens por acaso é vampira. E se no início a relação é rígida e confusa como
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Foto: ‘EFTI [se]’
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Fotos: ‘EFTI [se]’
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um cubo de Rubik, esta depressa escala a um nível de compreensão que ultrapassa qualquer diálogo, ao ponto de podermos assumir que estes são dois lados da mesma personagem. Eli é como que um espelho de Oskar, a sua fantasia: tudo aquilo que ele precisa, tudo aquilo que quer ser. Ela é toda a violência contida no seu interior e que precisa de ser exteriorizada. E apesar do filme viver realmente de diversos picos de violência, que intercalam as necessidades viscerais de Eli e os episódios de bullying de Oskar, contrastando o ruído branco da neve com tons nauseantes de sangue; Alfredson materializa o verdadeiro terror no sentimento de solidão das suas personagens. A própria cinematografia exacerba esta sensação, com paisagens invernais de movimentos congelados, estruturas maciças de tijolo escurecido e espaços interiores divididos entre paredes: metáforas constantes de expressões aprisionadas no seu próprio isolamento.
Impossível de ignorar é a banda sonora, da autoria de Johan Söderqvist, que enlaça todo o filme como uma queda fantasmagórica de pequenos flocos de neve, orquestrada de forma tão sentimental e subtil que chega a ser tocante. É na conjugação de todos estes pequenos detalhes que Tomas Alfredson consegue destacar-se com este filme de silêncio gritante, enquanto modela o seu universo e personagens com uma profundidade tão real, que facilmente nos identificamos com as suas realidades, quer sejam humanas ou não. Um título que se torna uma obsessão do princípio ao fim, para ver de respiração suspensa enquanto caminha lenta e decididamente para um final surpreendente, digno de uma história de amor negra, manipuladora e incontestavelmente perversa.
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Contrastes “Desde sempre conhecemos e vivemos constantes contrastes arquitetónicos, que nos surgem nas mais variadas ordens...”
Fotos: Dionisio Lab
Por Pedro Carvalho Inception Architects Studio
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Foto: Ella Marshall no site media.finnair.com
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Hoje em dia, palavras e termos como diálogo, contextualização e integração, são noções, conceitos, premissas ou ideias exaustivamente veiculadas e ouvidas numa ‘qualquer’ conversa ou conferência sobre a arquitetura e as suas intenções. Dependendo sempre, obviamente, do ponto de vista de quem a analisa, esta noção de integração arquitetónica, de arquitetura ou de diferentes contextos arquitetónicos, pode ser também utilizada para conceituar, manifestar e expressar opiniões antagónicas, diferentes ou incompatíveis, numa clara manifestação de diferenciação, de destaque e de CONTRASTES! Desde sempre, a arquitetura, enquanto disciplina e ordem criativa, ou melhor… enquanto ‘produto’ ou obra criativa feito[a] por criativos… [agora sim!] não obedece a critérios, dogmas ou regras propriamente específicas no que diz respeito à sua produção e afirmação. A arquitetura fala por si, procurando afirmar-se sim, como MATÉRIA! E é matéria dotada de uma perfeita liberdade de expressão, vincada e trabalhada pelo seu autor, que através dela [re]interpreta valores, ideias, estimas, en-
volvências, culturas, sociedades, sensações e emoções, numa transparente e pura intenção de afirmação, que muitas e variadíssimas vezes [ou quase sempre!] procura marcar-se como um ‘statement’ próprio do seu autor. E este ‘statement’, ou ‘declaração criativa’, pode fazer-se através da completa e discreta integração da obra – que vive na mais completa harmonia, ordem e proporção com o seu entorno – mas também poderá ser através do seu ‘sonoro’ e visual contraste com o que a rodeia, envolve ou confronta, fazendo-a distinguir-se e destacar-se do ‘background edificado’ que a delimita e encerra, num jogo entre diferenças de luz, sombra, cores ou formas, p.e. Feitas as contas, num somatório final, a arquitetura, enquanto manifestação artística máxima, pura e de vida, também é como esta última, fazendo-se, construindo-se e erguendo-se a partir de elementos opostos, que se manifestam atraem, confluem, misturam e reúnem num todo harmonioso. Desde sempre conhecemos e vivemos constantes contrastes arquitetónicos, que nos surgem nas mais variadas ordens, linguagens, verdades e classes que se misturam: antigo e clássico com moderno e minimal; orgânico e natural com retilíneo e depurado; novo com
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Fotos: skyscrapercity.com
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reabilitado; multicolor e esteriónico com unicolor e monolítico; aberto e luminoso com fechado e intimista, entre muitos outros. Concretizando tudo isto numa escala completamente global, obtemos exemplos simples e imediatos como os imensos, sempre mutáveis e caraterísticos ‘skylines’ e ‘masterplans’ de cidades como Tóquio, Nova Iorque, Barcelona, Berlim ou até a ‘nossa’ Lisboa. As megalómanas e sensacionais criações no Dubai só por si, são fortes exemplos de todos estes conceitos. Tratam-se de ideias, sonhos e ideais que se afirmam, como uma amálgama e mistura de expressões arquitetónicas que resultam de diferentes condicionantes, abordagens programáticas e conteúdos, contrastantes em cultura, linguagem, leitura, criação, contexto, geografia, materiais, altura, história, influências… E a uma escala mais local, mais nossa, à dimensão do nosso Portugal e dos nossos centros urbanos [também feitas as devidas ressalvas e esquecendo o cenário que
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Foto: archikey.com
atravessa o país no que à arquitetura e construção diz respeito], vamos assistindo e conhecendo uma perfeita convivência nos centros históricos, entre edifícios dotados de um eterno passado e época, com uma linguagem própria de outrora, com os inteiramente novos e de hoje, ou os renovados e reabilitados, que acolhem outros usos e funções. Assistimos mesmo à mistura de ambos, onde o recente encosta no antigo, onde o novo procura afeitar-se ao envelhecido, dando-lhe nova vida, reabilitando antigos hábitos e recordando outras vivências e urbanidade.
A acompanhá-los, sempre ajudando à mudança, a ousadia do arquiteto que, nunca contente, procura sempre uma realidade diferente, mais adequada e sobretudo que saiba aproveitar e reinterpretar contrastes, ajudando à criação de algo superior.
Foto: commons.wikimedia.org
Porém, assistimos também negativamente a contrastes entre o núcleo primitivo, mais contido e de comércio de rua, com artérias apertadas e intrincadas – muito embora com ordem e regra – onde a pessoa, ou o peão, era o ponto essencial; com os novos centros urbanos com ‘largas e generosas’ avenidas, centros comerciais, prédios altos e onde o maior rei é o automóvel, numa sociedade e cultura onde ‘tempo é dinheiro’…
Os horizontes mudam, como mudam também as linhas da vida e o caminho que seguimos para as encontrar, que às vezes nem sempre é o mais indicado.
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Sushi Guia
Ode ao Oriente Criado para fazer as “delícias” dos olhos e da boca,terá com certeza dificuldade em eleger um dos seus pratos, para a sua refeição.
Fotos: Tiago Costa
Por Inês Ferreira
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Foto: Tiago Costa
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O Oriente num local à beira mar plantado, seria sem dúvida o mote para a descrição deste espaço! O Sushi da Guia, mais do que um mero restaurante japonês, (sem ofensa para os restaurante japoneses, uma vez que na DeepArt esse é o prato de eleição), é um local onde pode desfrutar de uma experiência verdadeiramente nipónica. Isto acontece não só pela comida que servem, apurada e requintada, como dita a regra, como também pelo espaço, que além de estar localizado literalmente sobre o mar, proporciona a que coma nas mesas, ou mesmo no chão! Também o ambiente à media luz do qual se desfruta ao jantar, faz com que este seja um restaurante mítico para um jantar romântico. Abriu em maio de 2007, pela “mão” de um grupo de amigos, que perante tal espaço sobre o mar decidiu juntar-se e lá fundar o seu restaurante japonês. Este espaço é também fruto das viagens dos sócios, que pretendiam criar um espaço com um ambiente “simpático”, acolhedor e diferente daquilo a que estavamos habituados.
Quando decidir experimentar os pratos japoneses (caso ainda não tenha tido coragem para tal), ou simplesmente ir uma vez mais a um restaurante deste tipo “matar o desejo” destas iguarias, não poderá perder pratos como o Sushi Guia, o Yakisoba, entre outras sugestões do chefe. Difícil será mesmo escolher um prato de uma carta feita para as “delícias” dos olhos e da boca! Poderá ainda fazer uma refeição por uma média de preços que ronda os 30€ e sair de lá com a sensação de que o dinheiro foi bem empregue! Mesmo que não jante fora mais vezes durante o mês, esta terá sido com certeza uma boa aposta. Se duvida do descrito, comprove indo ao Sushi Guia, qualquer dia da semana, entre as 11h e as 23h. Bom apetite! Av. Nossa Senhora do Cabo, nº101, 2750-374 Cascais 934 055 175
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Palmela
Terra de Vinhos Dizem que Palmela é terra de belas paisagens e bons vinhos. Nós confirmamos e, sobretudo, brindamos a isso!
Foto: Bruno Gascon
Por Joana Domingues
Portugal tem alguns dos melhores vinhos do mundo. Mais do que isso: existe em nós a cultura de beber vinho, a nossa gastronomia presta-se a isso e o nosso espírito também. Numa boa mesa existe sempre um bom vinho, nas ocasiões mais importantes da nossa vida o que fazemos? Brindamos, isso mesmo... Dizem que Palmela é terra de belas paisagens e bons vinhos. Nós confirmamos e, sobretudo, brindamos a isso! Terra de contrastes em que a serra e o mar são vizinhos, próximos, é fácil esquecermo-nos que estamos tão perto de Lisboa. Nada como ficar na Pousada de Palmela para desfrutar das mais belas vistas. A vantagem? Está mesmo no ponto mais alto e, além disso, dentro do castelo.
É neste local onde o passado se encontra com o presente que nos instalamos, num edifício dos finais do século XV. Vai encontrar aqui espaços bem decorados. A inspiração é sempre histórica, mas as cores mais frescas encontram-se também presentes na decoração. Por aqui passou a Ordem de Santiago e por isso poderá deliciar-se no restaurante da pousada com algumas sobremesas, influenciadas por essa mesma ordem. Recomendamos-lhe que experimente o frango na púcara, bem típico da região. Depois parta à descoberta. Bem perto, na Serra do Louro encontra um recanto onde pode aprender a fazer
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Foto: Bruno Gascon
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pão nos típicos moinhos da zona e onde se organizam burricadas, isso mesmo, passeios de burro pela serra. Para os mais gulosos, nada como um petisco de fim de tarde na loja Afinidades na Quinta do Anjo, prove um moscatel roxo e delicie-se com um queijo de azeitão. Ao contrário do que se pensa, o moscatel liga perfeitamente com queijo e não apenas com sobremesas.
Foto: Bruno Gascon
Se quer conhecer mais moscatéis vá até ao centro de Palmela e visite a Casa Mãe da Rota dos Vinhos. Mãe de muitos filhos encontra nesta casa as mais variadas castas. Desde os vinhos aos típicos moscatéis, aqui encontra de tudo, ou não fosse esta uma terra rica em vinhas. Palmela é a prova viva de que um território pequeno pode ser grande em surpresas, por isso mesmo recomendamos-lhe que ao visitá-lo use os cinco sentidos: saboreie o que de melhor a gastronomia tem para oferecer; toque os monumentos que viram passar séculos sobre si mesmos; veja o rio, o mar, a serra, o casario rural, observe as vinhas que dão origem a este néctar de eleição e, claro, prove, prove tudo e verá que vale a pena! Pousada de Palmela - cerca de 145€ (quarto duplo)
Guia de Compras ATMOSPHERE
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“arte, s.f. conjunto de
processos pelos quais se atinge a realização do Belo; ofício; profissão; modo; forma; habilidade; astúcia.” Torna-te parte do conceito! www.facebook.com/deepartmagazine www.deepart.pt