Boletim Leiam-me - Abril 2017

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Boletim da Academia O f i c i n a d e E s c r i t a - Ac a d e m i a S é n i o r Mo n e t Ob l e t c t a n d o C r u z Ve r m e l h a P o r t u g u e s a - D e l e g a ç ã o d e F a r o - L o u l é Abril 2017

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Leiam-me...

Ficha Técnica Equipa redactorial Maria Clementina Jesus Raquel Baião M a r i a J o s é Va l a g ã o

Editor Informático e Imagem Rui Francisco

Redactores principais C a t a r i n a Ap o l o Lucília Cavaco Maria Clementina Jesus Maria João Murta Maria Luísa Martins Maria José Rodrigues M a r i a P o n t e s Va l a g ã o D o m i n g o s Maria dos Santos Guerreiro Raquel Baião

Coordenadores das produções escritas Manuela Grade M a r i a J ó s e Va l a g ã o Odete Xarepe

C o n t r i b u t o s e s p e c ia i s ( r e s p o s ta à s e n t r ev i s ta s ) Vice-presidente da Delegação de Faro-Loulé da Cruz Ve r e m e l h a P o r t u g u e s a Edmundo Lopes

E d i ç ão Oficina de Escrita Criativa

P r o d u ç ão C r u z Ve r m e l h a P o r t u g u e s a - D e l e g a ç ã o d e F a r o - L o u l é

Data da Edição - Março 2017

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Leiam-me... B O L E T I M

D A

A C A D E M I A

L E I A M - M E . . .

Produções 4 Editorial 5 Carta aberta aos leitores 5 Carta aberta a Grupo da Oficina de Escrita 6 Relatos de Passeios 7 E aconteceu na oficina (a partir de um facto real) 8 Histórias entrelaçadas 10 Aconteceu em Faro - notícias avulsas 12 A partir do vocabulário nortenho… a imaginação na 13 Ronda pela Academia 14 Heroínas de Faro – Brites de Almeida 15 Entrevista ao vice-presidente da Delegação da CVP Faro-Loulé 16 Poesia na oficina 17 Quem sou eu 19 História surpresa partilhada 20 Crucigramas/palavras cruzadas pag.

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Editorial “LEIAM-ME”, nesta publicação do 2º período, continua a perseverar no objectivo de ser uma motivação para cultivar o gosto pela Escrita ao dar oportunidade a que todos os participantes da Oficina publiquem as suas produções. E a revelar a repercussão da frequência das aulas no seu dia a dia através do conhecimento adquirido e do convívio com novas pessoas com quem se estabelecem amizades. Continua a fazer eco do funcionamento da Academia Sénior ao transmitir a imagem que dela fazem as académicas que se disponibilizaram para o fazer (Psicologia, Costura, Reciclagem Criativa, Cidadania). As temáticas deste trimestre abrangem os assuntos tratados nas várias aulas quer nas produções livres quer em notícias de acontecimentos relevantes da nossa cidade, histórias verdadeiras e inventadas, poesia, ronda pela Academia, entrevista, passatempo …. A metodologia, inerente à natureza de ser oficina, assenta numa comparticipação continuada das académicas através das produções livres e propostas de escrita decorrentes e negociadas no decorrer das sessões. E baseia-se numa opção pedagógica de organização cooperativa e de partilha de poderes em que os aprendentes são chamados a participar activamente na construção das produções para o “LEIAM-ME”. Em nome de todos as académicas da Oficina de Escrita, deixamos aqui um agradecimento a todos os que colaboraram de algum modo para a concretização deste Boletim, desde as responsáveis da Academia Dra Dina e Dra Alexandra e vice presidente Edmundo Lopes, que se disponibilizou para a entrevista até ao insubstituível Prof de Informática Rui Francisco que o tornou possível nesta forma gráfica. Gostaríamos de ter “feed-back” deste nosso trabalho ( dfaro.areasocial@cruzvermelha.org.pt) A todos votos de Páscoa Feliz

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M a r i a J o s é Va l a g ã o / M a r i a C l e m e n t i n a / R a q u e l B a i ã o /

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Leiam-me...

Carta aberta aos leitores Olá, caros leitores do “LEIAM-ME”! Um Bom Ano de 2017 para todos! O que vos desejo acima de tudo, para este ano, é mesmo a FELICIDADE! Quantas promessas, quantas palavras, quantas boas intenções se fazem nos fins de ano e tão poucas mudanças acontecem… No entanto, cada ano é uma nova oportunidade para recomeçar… Penso naquele vazio que sinto, às vezes insuportável, quando por exemplo, à noite me sinto só. Então, neste princípio de 2017, quero fazer aqui uma promessa verdadeira que possa colmatar os desejos do meu coração. Estou a pensar nas palavras do Papa Francisco: “Escolhe Deus, escolhe o amor. Se queres mesmo ser feliz, escolhe dar tudo por tudo, para f a z e r f e l i z e s o s o u t r o s ”. Isto porque o que fazemos tem impacto na vida dos outros, seja de forma directa ou indirecta. Dar o melhor de nós com responsabilidade e sentido de justiça ajuda a minorar as situações de injustiça desde que o façamos com humildade e sem orgulhos nem vaidades. Ajudar os outros reencontra-nos com o melhor de nós mesmos e podemos redescobrir novos sentidos para a vida. Esta é a minha promessa pública para este ano. Assim eu possa cumpri-la nas várias oportunidades que há em Faro de colaborar em voluntariados.

Lucília Inácio

Carta aberta a Grupo da Oficina de Escrita As Minhas Férias atribuladas em Lisboa Foi em 19 de Janeiro, entrei no Hospital de S. José para ser operada. Estive cinco dias em exames. O Dr. Novo Matos, o Chefe de equipe de cirurgia, disse-me que o melhor cirurgião que tinha para e minha situação seria o Dr. Oliveira Martins especialista em casos como o meu. (um tumor alojado entre o pulmão e o rim direito), não se sabia se benigno ou maligno. No dia 20 fui operada, correu tudo bem. Só estive quase 2 dias a dormir e com muitas dores. Mas foi compensatório. O carinho dos médicos, do pessoal de enfermagem, e do pessoal auxiliar valeu aquele pequeno sofrimento. Durante o período de 15 dias que lá passei, fiz pequenas caminhadas pelo corredor do hospital, que mais parecia uma avenida. Conheci bastante gente, dei e recebi muito carinho de todas as partes, enfim senti-me uma pequena Rainha. Nunca pensei nem me preocupei se o “tumor” era benigno ou maligno, se o resultado da análise era benigno. Apesar da situação eu sentia-me bem, sentia aqueles momentos que eu considero de felicidade. Porque sempre considerei que a Felicidade é um momento presente e um estado de espirito. Não se procur,a tem-se no momento. 5


Leiam-me... H o j e v o l t e i à m i n h a a u l a d e e s c r i t a C R I AT I V A , s e n t i d e n o v o o c a r i n h o e a a m i z a d e q u e j á tinha. Os abraços que dei e levei e a Felicidade por estar bem e no meios de pessoas que me são queridas. Um MUITO OBRIGADO a todos por me fazerem sentir viva Catarina Apolo

Relatos de Passeios Visita ao palácio de la Duena No dia 12 de Fevereiro fomos, um grupo de Faro, visitar o Palácio de La Duena, propriedade dos Duques d’ Alba em Sevilha. Do exterior avistámos uma pequena casa de campo, branca, com rés do chão e 1º andar. Esta foi a primeira casa construída naquela propriedade, quando um antepassado da duquesa a adquiriu no séc XV, e ficava então muito longe de Sevilha. Aos poucos, esse senhor foi comprando terras e propriedades circundantes, alargando assim o seu domínio que hoje tem cerca de dez hectares. Com a expansão de Sevilha, o palácio agora encontra-se no centro da cidade. O seu aspecto exterior nada tem de imponente: as paredes são caiadas de branco, riscadas por finos troncos de arbustos que na Primavera rebentam e as enchem de fina folhagem verde e pequenas flores lilases – buganvílias. E n t r á m o s : n a 1 ª s a l a v ê - s e o e s c u d o d o d u c a d o d ’A l b a e m a z u l e j o s . P e r c o r r e m o s e m s e guida as muitas dependências deste rico palácio não nos cansando de admirar o valioso património que ele contém. Passando pela estrebaria, com espaço para cerca de vinte mulas, a guia esclareceu-nos que, na altura, só os reis tinham o privilégio de utilizar cavalos, quer para montar, quer para serem conduzidos nos coches. Na capela pudemos ver as paredes revestidas a azulejos com reflexos metálicos, típicos da cerâmica sevilhana do séc. XVI. Numa das salas, a duquesa mandou instalar um estrado em madeira para, sobre ele, treinar a dança típica – o flamengo. Vimos expostas algumas das roupas que usou. Noutra sala, em lindos sofás, foram recebidos os Príncipes de Mónaco- Grace Kelly e Rainier- e também Jacqueline Kenedy. A nossa atenção foi atraída para um lindo painel em tapeçaria, a cobrir uma enorme parede, bordado a ouro e prata, sendo o maior e mais rico painel que se conhece. Percorremos vários jardins e claustros com palmeiras e outras árvores decorativas mas é sobretudo no interior que se encontra a maior riqueza em peças de porcelana, em móveis de grande estilo, em quadros de pintores célebres. Pensa-se que o conjunto ascende a cerca de 1425 peças. Numa álea privada do palácio, encontram-se os aposentos privados d o a c t u a l p r o p r i e t á r i o – o f i l h o m a i s v e l h o d a d u q u e s a q u e é h o j e o n o v o D u q u e d ’A l b a . A d u q u e s a e r a f i l h a ú n i c a d o 1 7 º D u q u e d ’ A l b a . N a s c e u e m 1 9 2 6 e f a l e c e u e m 2 0 1 4 . Te v e sete filhos – seis rapazes e uma rapariga. Foi baptizada na capela do Palácio Real em 6


Leiam-me... Madrid e foram seus padrinhos os Reis de Espanha – Afonso XIII e Vitória Eugénia. Tinha quarenta e cinco títulos nobiliárquicos e era a mais titulada dos nobres de Espanha e do mundo. Era aparentada com quase todas as famílias reais da Europa, incluindo a Casa Portuguesa de Bragança. Como pessoa, era um tanto excêntrica. Casou três vezes e o seu último marido era vinte e três anos mais novo que ela. Um dos filhos não foi à cerimónia do casamento por discordar. Esta era a D. Caytana Fritz James Stuart, cujo nome completo era: Maria del Rosário Caytona Paloma Afonsa Victória Eugénia F e r n a n d a Te r e s a F r a n c i s c a d e P a u l a L o u r d e s A n t ó n i a J o s e p h a R i t a Castor Dorotea Santa Esperanza Fritz James y Silva Falcó Gurtubay. Maria Clementina Jesus e Maria João Murta Monsaraz, o Alentejo perto do céu Monsaraz, a airosa vila medieval feita de cal e xisto, mantém a sua magia de outrora como poucos lugares no mundo. Neste lugar sussurramos, por entre o eco dos nossos passos nas suas ruas magníficas, histórias de reis, cruzados, cavaleiros, templários, gentes bravas e damas de beleza singela. O castelo de Monsaraz é um ponto turístico único e excepcional em Portugal pois é um dos mais esplêndidos mirantes sobre o maravilhoso espelho de água da barragem do Alqueva, o maior lago artificial da Europa. O castelo é suposto ter sido edificado por ordem de D. Dinis em 1310, sobre uma estrutura defensiva já existente que terá começado por ser um castro pré-histórico e mais tarde por construções romanas, visigóticas e árabes. Durante a guerra da Restauração, o castelo foi adaptado para as novas realidades da guerra com a criação de suportes de artilharia. E assim é a nossa história, rica em castelos, conventos, mosteiros e tantos outros monumentos. Raquel Baião

E aconteceu na oficina (a partir de um facto real) Histórias verdadeiras A propósito de vocábulos estranhos do “falar” algarvio, a Mariazinha contou um episódio passado com ela e que imediatamente, a convite do grupo, passou a escrito. A Maria Pontes, que sabe sempre umas histórias do passado, acrescentou uma curiosidade sobre o mesmo vocábulo: Condelipas.

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Leiam-me... Aconteceu em Lagos Há alguns anos, quando eu era demonstradora de Máquinas de Lavar Loiça e Roupa, estava fazendo uma demonstração em Lagos. No terraço onde estávamos havia uns alguidares com algo dentro mas que do ângulo onde eu estava, não conseguia ver e só ouvia ploc…ploc…ploc… Intrigada, perguntei à senhora da casa o que era aquele barulho. Respondeu-me: - São as condelipas… - Condelipas? O que é isso? – perguntei curiosaEla foi buscar o alguidar e mostrou-me. Eram as conquilhas como chamamos em Faro e sotavento. Seja qual for o nome, são uma das iguarias com que nos deliciamos… Maria dos Santos (Mariazinha)

Ainda sobre as condelipas …em tempos que já lá vão havia um Conde de Lippe que vinha veranear para o Algarve, concretamente para Lagos. Isto aconteceu no tempo do Marquês de Pombal que convidou Frederico Guilherme Ernesto de Schaumburg-Lippe para chefiar o Exército Português quando houve a chamada Guerra Fantástica (séc. XVIII). O Conde Lippe, como era conhecido em Portugal, veio comandar o Regimento de Lagos e aqui aprendeu a apreciar as conquilhas. Quando os mariscadores passavam à sua porta, ofereciam-lhe parte do que haviam acareado na maré: conquilhas, ouriços do mar…enfim, algo do que traziam para casa. E foi-se tornando um hábito, ficando feliz tanto quem oferecia como quem recebia. O Conde Lippe chegou a incluir as conquilhas no rancho dos soldados tal era o gosto que por elas tinha. Ta l v e z a p a l a v r a c o n q u i l h a f o s s e a v e s s a p a r a explicar ao estrangeiro quando se referiam ao pitéu e daí por brincadeira os naturais começar a m a c h a m a r - l h e a s “ c o n d e l i p a s ”, p o s s i v e l m e n te em homenagem a quem tanto as apreciava. É Só nesta cidade do barlavento algarvio que subsiste esta reminiscência. Em Lisboa, por exemplo, as conquilhas são designadas por cadelinhas. É Uma história que tem o seu sainete… M a r i a P o n t e s Va l a g ã o

Histórias entrelaçadas Desculpo mas não esqueço! Quero que os meus amigos tenham muitos anos de vida para assistirem aos meus sucessos! A vingança é um prato que se come fria e pelas bordinhas para não se queimarem! 8

Uma pessoa idosa segue descansada, com a sua malinha na mão, de repente tropeça, cai e espalha pelo chão tudo o que levava na mala. As pessoas, em vez de a socorrer logo, perguntam-lhe: - Precisa de ajuda?


Leiam-me... A senhora levanta-se e começa a apanhar os objectos que caíram da mala. E voltam a perguntar-lhe: Perdeu alguma coisa? Uma senhora vai ao supermercado com o marido. Enche o carrinho de compras até ao cimo. Na caixa, o marido fica a olhar muito espantado. No fim, a esposa diz: - Paga! É a tua obrigação. E agora leva os sacos porque estou com muitas dores na coluna. Um casal pensa num fim de semana prolongado, num lugar calmo e sossegado. Fazem as devidas escolhas e marcações e, de malas aviadas, atestam o carro de combustível e partem para a viagem de sonho! De repente, quase no término da viagem, um furo no pneu! Param o carro, tiram o pneu, mudam o pneu e lá seguiram viagem. Chegam ao hotel e o recepcionista diz: - Só temos disponível um quarto interior e sem janelas! O casal espantado diz: - E agora que vínhamos dispostos a usufruir da paisagem… - Tê m b o m r e m é d i o , t e m o s e s p r e g u i ç a d e i r a s

junto à piscina e podem servir-se à vontade… - Mas é inverno - comenta o casal. - Vistam mais um casaco… - E se nos constiparmos? - Vã o p a r a o C e n t r o d e S a ú d e e e s p e r a m p e l o menos 8 horas pelo atendimento. - Mas nós não somos de cá, estamos de passagem… - Levam a gripe para os acompanhar no regresso. - E se depois ficamos de molho e impedidos de irmos trabalhar? - Metem baixa… - Mas nós estamos a trabalhar sem contrato. - Sujeitam-se às soluções do patronato. O casal pensou: - Ao fim e ao cabo era uma maneira airosa de descansarmos, não precisávamos de andar tantos quilómetros e sujeitos a ficar sem emprego…

Um Fósforo

fósforo se acende o rastilho que fará explodir uma bomba colocada maldosamente no meio de uma multidão ou no interior de um edifício, poderá causar estragos incalculáveis e perdas de vidas humanas. Um objecto tão pequeno com tão grande poder! Um outro aluno escreveu: - Tirei este fósforo de uma caixa em forma de paralelepípedo, dois dos lados são de lixa onde se riscam os fósforos para os acender. Nessa caixa havia ao todo quarenta fósforos, todos iguais, brancos com uma cabecinha vermelha. Os fósforos servem para acender o lume, os cigarros etc. São de grande utilidade e foram inventados há muitos séculos.

Numa aula de Filosofia a alunos do Secundário, a professora propôs que cada um fizesse u m t e x t o s o b r e “ U m f ó s f o r o ”. D e e n t r e o s q u e leu, escolheu dois que apresentou à classe. O primeiro aluno escreveu: - Te n h o n a m i n h a m ã o u m f ó s f o r o . O m e u p e n samento leva-me a imaginar as imensas consequências da sua utilização. A sua pequena chama é tão poderosa que com ela se acende a lareira de uma casa onde se aquecerão os seus moradores nas noites frias de inverno, tornando o ambiente acolhedor. Era com essa chama que antigamente se acendiam os candeeiros a petróleo iluminando toda a casa quando o sol se escondia, deixando a terra envolta no seu manto preto. Com um fósforo podemos acender o carvão que no fogareiro irá fazer a sopa que servirá de alimento, quando toda a família se reunir à mesa, depois de um dia de labuta. Mas também poderá um fósforo ser o causador de grandes infortúnios se, por descuido ou maldade, for lançado no meio do pasto seco numa floresta. Então as chamas devorarão todas as árvores, consumirão habitações causando terror e lágrimas. Com um simples

E assim dou por terminada as minhas história... Raquel Baião

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Aconteceu em Faro - notícias avulsas “Evocação de Zeca Afonso” Outro acontecimento que deu a Faro a primazia de inaugurar um conjunto de espectácul o s , d e s t a v e z n o Te a t r o M u n i c i p a l , f o i a e f e méride dos 30 anos da morte do Zeca Afonso. Tivemos o privilégio de encontrar numa sala repleta tantos e tantos amigos que, no palco ou na plateia, nunca esquecerão nem deixarão esquecer o papel que o Zeca Afonso e os seus companheiros de luta desempenharam na construção da Liberdade em Portugal. E nós não esquecemos que o Zeca viveu em F a r o , f o i p r o f e s s o r n a E s c o l a To m á s C a b r e i r a e tem cá familiares. E que a Música dele é imortal. Um agradecimento público ao empenhamento do Afonso Dias; aos amigos da Associação e a quem participou na organização do evento. Festa na cidade - RTP 1 Foi num sábado de Janeiro que a nossa cidade teve as atenções dos media através da transmissão na RTP1 de toda uma tarde de espectáculo a decorrer no Jardim Manuel Bivar, junto à Doca da cidade. Muitos e variados artistas e personalidades por ali passaram mas houve uma novidade para muitos que gerou alguma controvérsia no FB: a publicidade de um bolo com o nome de Pastel de Faro. Uma das académicas foi falar com o chefe pasteleiro que detém a autoria e contou a sua história. Ei-la:

A História do Pastel de Faro “O pastel de Faro, é o doce sabor farense que o visitante e turista 1 0

leva da capital algarvia” É desta forma que é apresentado o pastel nascido e criado em Faro devido à inconformidade, do seu criador, o chefe pasteleiro Paulo, de não haver, em Faro, um doce que fosse uma referência da cidade. Criado em 2004, foi só este ano que o chefe pasteleiro Paulo decidiu levar por diante o seu projeto levando-o ao conhecimento das entidades competentes. Foi com o empenho do Presidente e do vice presidente da CMF e do presidente da Fagar, que o pastel de Faro foi registado e noticiado na televisão portuguesa e está presente em eventos nacionais e regionais. O ê x i t o d o P a s t e l d e F a r o é n o t ó r i o . To d o s o s dias são milhares os pastéis que são vendidos na Confeitaria Alengarve, rua do Alportel,50-B em Faro. O segredo é a alma do negócio, mas garanto que o pastel é delicioso. A história do Pastel de Faro foi obtida por entrevista feita ao chefe Paulo, no seu local de trabalho. Agradeço a sua disponibilidade e a simpatia com que me recebeu e aceitou falar do seu sonho. Maria João Murta


Leiam-me... Um facto insólito Há dias presenciei um facto insólito: vi cair um senhor, mesmo à minha frente, que vinha a descer a rua Justino Cúmano (que eu subia) porque bateu na cantaria da esquina do prédio em frente da Vivenda Marília. O senhor era alto, magro, já não muito novo. Tr a z i a ó c u l o s q u e f o r a m p r o j e c t a d o s p a r a o chão do passeio com a queda. Acorri a ajudá-lo a levantar-se, apanhei os óculos que lhe entreguei mas ele já estava a sangrar muito na zona frontal direita. Enquanto tentava colocar os óculos, parecia envergonhado pelo sucedido e só repetia: - Nunca me aconteceu isto… Parecia que se culpabilizava pelo acidente (imagine-se!) D e p o i s d e l h e s u g e r i r q u e f o s s e à C r u z Ve r melha mesmo no fim do quarteirão, para ver se alguém o ajudava a tratar da ferida… fiquei hesitante sobre o que fazer a seguir: - continuar o meu caminho? (até estava compressa para ir ao Centro de Saúde resolver um assunto urgente de uma familiar internada num Lar…); - intervir civicamente na prevenção deste tipo de acidentes? Mas como? Ainda dei uns passos para o meu destino inicial mas… não me senti bem. Dei meia volta e, entretanto, ocorreu-me falar com alguém do prédio que pudesse levar ao condomínio a tarefa de prevenir este tipo de acidentes (por

exemplo, revestir a esquina com esponja em cor visível para amortecer as possíveis pancadas…= Assim fiz com uma locatária do r/chão que prometeu informar o condomínio da ocorrência. Há mais lugares em Faro que, como este, podem ocasionar pancadas ou quedas mais ou menos gravosas… N a r u a d a M o t a , m e s m o e m f r e n t e d o Te a t r o Lethes, por exemplo, há uns gradeamentos em janelas que são perigosas para as crianças… Como podemos intervir civicamente para que a nossa cidade deixe de ter situações de perigo? Aceitam-se sugestões e relatos de outros locais que possam ser motivo de intervenção cívica. Odete Xarepe

“Faro nos noticiários televisivos” Faro foi novamente notícia na TV graças a um acontecimento assaz ínsólito: Um alfarrabista muito conceituado na cidade que durante décadas resolveu as necessidades de livros para universitários, mestrandos e até doutorandos, além de ter no seu acervo livros raros e antigos, estava a braços com uma acção de despejo por dificuldades de pagar a totalidade das rendas da livraria. Já há anos que os farenses o viam numa zona da Baixa com uma banca de livros usados e/ou em promoção. Perante a urgência de devolver o imóvel e com a ajuda de amigos ofereceu os livros a quem os fosse levantar. Foi uma atitude inusitada que levou muita gente a fazer fila e a comunicação social a publicar a notícia.

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Leiam-me...

A partir do vocabulário nortenho… a imaginação na oficina Na apresentação de produções, a Clementina desaf iou as colegas para descobrirem o significado de alguns vocábulos nortenhos que recolheu e a seguir exemplificados. O interesse do grupo levou a uma proposta de escrita individual: improvisação de histórias com a util i z a ç ã o c o e r e n t e c o m o s i g n i f i c a d o , u t i l i z a n d o o m a i o r n ú m e r o d e v o c á b u l o s . Tr a n s c r e v e m o s dois dos trabalhos que suscitaram todos muito interesse.

Vo c á b u l o s e s e u s i g n i f i c a d o Pespenega – espevitada Macarrónica – adoentada Comichosa – esquisita alpeiçada – com muita roupa faniqueira – poucochinha fraldisqueira – insignificante gabiarra – pequena indisposição agastura – agonia, má disposição engeroncada – mal pronta

furunfalho – pequena faúlha enxofradiça – irritada murcão – apagado, tímido concho – vaidoso bezaranha – ventania conchavo- noivado derronchar-se – desatar a chorar tartamudo – triste, sisudo pejada – grávida banzada – admirada tranglemango – morte súbita

Te x t o s p r o d u z i d o s Hoje o dia está cinzento. Levantei-me e senti-me um pouco macarrónica. Para não fiar doente, vesti uma blusa quente e senti-me muito alfeiçoada e ao mesmo tempo engeroncada. Com isto tudo fiquei enxofradiça e acabei por não sair de casa, apesar de ser muito fraldisqueira. Acabei por ficar tartamuda e derronchei-me sem que me pudesse controlar. Resolvi telefonar à Odete: - Odete, sinto-me mesmo uma murcona. - Mas que disparate – disse-me a Odete – não sejas comichosa, põe-te concha e vai passear. - Obrigada, Odete, vou fazer isso. Maria João Eram duas mulheres do Norte que foram, num dia de bezaranha passear à Serra da Estrela. Um delas, pespenega de nome Mariana, ia alpeiçada, até parecia pejada. A outra, fraldisqueira e enxofradiça, dava pelo nome de Joaquina e na viagem ia cheia de agastura. Mariana interpelou-a: - Mulher, que macarrónica estás! Mesmo comichosa… Queres escorripichar este chá? Não, Joaquina, não quero nada. É uma gabiarra… Obrigada. Mariana estava a derronchar-se, com ar tartamudo e Joaquina, banzada, disse-lhe: - Credo, mulher, vê lá se te dá um tranglemango… Odete Xarepe A vizinha chegou, toda enxofradiça, dizendo: - Não é que a Mariazinha diz estar pejada do meu Manuel? Fiquei banzada com esta conversa porque há três meses que ele está nos Açores e ela diz que só agora, há pouco mais de um mês, que lhe faltaram as regras…Como é que o moço vai ficar quando isso souber? E lá se foi toda pespenega e nós ficámos meio tartamudos… 1 2

M a r i a J o s é Va l a g ã o


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Ronda pela Academia Cidadania e Mundo Actual Cerca das 15.30 terminou a aula de Cidadania. E n c o n t r e i - m e à p o r t a d e s a í d a d a C r u z Ve r melha Portuguesa com uma colega que, como eu, acabara de assistir à aula. Seguimos na mesma direcção. Eu perguntei-lhe: - Gostou da aula? - Gostei muito. Foi formidável. O Prof Joca é uma pessoa muito dinâmica. Propõe-nos temas sempre interessantes que aborda com espontaneidade e muito entusiasmo, às vezes com humor. Põe-nos muito à vontade e isso prende-nos ainda mais a atenção. - Que pensa deste tema sobre diálogo inter-religioso”? - Parece-me um tema um tanto polémico mas muito actual. Por isso foi muito participativo. - Que acha de o Prof. Joca ter convidado um irmão franciscano para assistir à aula? - F o i i n t e r e s s a n t e . F o i u m a b o a i d e i a . Ve i o enriquecer a aula e ficámos a saber um pouco sobre a orgânica da irmandade. - É verdade. Acho que se estas aulas continuarem com esta dinâmica e interesse, a disciplina de Cidadania poderá continuar a ser uma das que tem maior assistência e partici-

Costura e Lavores Um período passou em que se confeccionaram vários trabalhos. Uma aluna interessou-se em fazer uma blusa, utilizando moldes e medidas por uma revista. A professora Sofia, com todo o seu empenho, deu a sua ajuda e a blusa ficou pronta. Foi uma alegria! Outros trabalhos foram executados: bordaram-se dobras de lençol, fizeram-se pontinhas em panos de cozinha e toalhas, confeccionaram-se cachecóis em malha e outras coisas mais. Novo período começou apenas com um senão: a professora Sofia, a quem todas nós muito

pação dos alunos desta Academia. Maria Clementina Jesus Reciclagem Criativa No primeiro período, com a ajuda do nosso professor Rui Faustino, a nossa árvore de Natal foi executada… No final ficámos todos satisfeitos porque com a ajuda e empenho dos alunos, a nossa tarefa foi bem aceite. Quanto ao nosso professor Rui Faustino, é uma pessoa de bom trato, falador quanto baste, bom ouvinte e aceita as nossas opiniões e sugestões e só assim as nossas ideias se podem concretizar. O seu saber também é extenso e não tem qualquer relutância em repartir connosco. Projectos não nos faltam… Já estamos a preparar a nossa surpresa para a Páscoa, da qual tenho a certeza que todos vão gostar. Mãos à obra que o tempo já é pouco. O professor Rui Faustino é muito fixe. O trabalho já está pronto, eis o resultado. Raquel Baião

devemos tanto pelas suas opiniões como pela prontidão em satisfazer qualquer pedido que nós lhe façamos, por motivos de saúde estará ausente por tempo indeterminado. Por isso todas nos fazemos votos para que seja muito, muito breve o seu regresso. Para que esta aula não fosse suprimida do horário, foi dada a indicação da académica Mónica para substituir a professora Sofia, pessoa que nós achamos que tem também capacidades para este desempenho. À professora Sofia fica este nosso miminho no n o s s o B o l e t i m “ L e i a m - m e ”. Raquel Baião 1 3


Leiam-me... Psicologia Gosto muito desta aula – Psicologia – com a professora Joana. A professora é muito boa a o r i e n t a r e c o m u n i c a r . Tr a z s e m p r e a s s u n t o s de interesse e nem damos pelo tempo passar. Há muita participação e é com pena que chega o fim. Aprendemos muitas coisas sobre temas muito importantes. Ficamos a pensar e a reflectir sobre o que se debate nas aulas e saímos com uma calma que nos faz muito bem. Para mim é uma das melhores Disciplinas da ACADEMIA. Maria dos Santos (Mariazinha) Auto-hipnose e Bem Estar São umas aulas muito participativas. Naquela hora e meia semanal, o nosso professor conduz-nos a um mundo espiritual, aquele que é o universo de cada um de nós. Como? Propõe-nos entre outros modos a meditação. Mas não é tão fácil assim! Para que a nossa mente se alheie daquilo que nos cerca e visualize uma qualquer situação tranquilizante e apaziguadora, precisa de muito treino e de ter em atenção vários factores que o nosso professor nos vem ensinando e propondo como prática diária, se possível. Por isso atrevo-me a sugerir a todos aqueles que acreditam que o espírito tem mais valor e mais força que o corpo, que poderiam assistir

a estas aulas empolgantes do Dr Rui Monteiro. M. Clementina Jesus

Heroínas de Faro – Brites de Almeida Nasceu na Vila de Santa Maria de Faaron (hoje Faro). Sua família era muito pobre e humilde, pessoas que viviam do campo. Conta-se que quando era pequena já era alta, muito forte e musculada. E como era meio «Maria rapaz», gostava de resolver tudo com a ajuda dos punhos. Era uma mulher forte com a força de um homem, praticamente era ela que fazia tudo em casa de seus pais, desde tratar dos animais, do cultivo das terras e da pequena taberna que eles tinham. Parece que quando tinha 20 anos os pais morreram e ela usou o pouco dinheiro que eles 1 4

lhe deixaram para aprender a usar uma espada (só os homens nobres é que o faziam!). Era uma mulher considerada feia, nasceu com uma deficiência: tinha seis dedos em cada mão e por isso a chamavam de Brites Pé de Cabra, a donzela guerreira. Durante a sua vida de muito trabalho, sacrifícios e lutas andou por Argel no norte de Africa. Gostava de lutar, como conta a historia até se casou com um soldado de Beja. Nas suas brincadeiras com o marido lutava com uma pá de madeira. Não teve filhos. Te v e m u i t a s a v e n t u r a s e n e m t o d a s l h e c o r r e -


Leiam-me... ram bem, até esteve presa. Conseguiu fugir e foi parar a Aljubarrota onde, cansada e sem esperanças de ganhar dinheiro, foi pedir esmola à porta de um forno. A padeira, já idosa, reparou nela, viu que era bem musculada, com força para usar a pá do forno e contratou-a. Assim foi em Aljubarrota que esta mulher de Faro se distinguiu como padeira (ficou dona do negócio após a morte da velha padeira): ao participar na batalha de Aljubarrota contra os castelhanos, depois da vitória de D. Nuno Álvares Pereira, chefiou um grupo de populares que foram em perseguição dos espanhóis. Nessa noite, 14 de Agosto de 1385, ao regressar a casa, Brites de Almeida encontrou sete castelhanos escondidos no seu forno. Sem hesitar, bateu-lhes com a pá de padeira, à medida que iam saindo do forno e desta forma. Segundo a lenda, esta furiosa guerreira pôs fim à vida de sete castelhanos. Assim, ganhou admiração de todos ficando a ser conhecida pela padeira de Aljubarrota. Morreu em paz, junto do seu marido , um lavrador rico com quem casou aos 40 anos. Faro lembra-a na toponímia na baixa da cidade. Brites de Almeida foi uma mulher corajosa, que apesar das adversidades da sua vida, nunca desanimou. Merece todo o nosso respeito. Maria Luísa Martins

Entrevista ao vice-presidente da Delegação da CVP Faro-Loulé Edmundo Lopes O b o l e t i m “ L e i a m - m e ”, t e m v i n d o a p u b l i c a r a l g u m a s e n t r e v i s t a s f e i t a s a p e s s o a s q u e , de uma forma ou de outra, dedicam grande parte do seu tempo a colaborar com a CVP de tal forma que me atreveria a dizer que para alguns a CVP é a sua segunda casa. É neste grupo que enquadro o noss o próximo entrevistado Sr. Edmundo Lopes , vice-presidente da direção, que de forma tão simpática aceitou o meu convite. Agradeço desde já a disponibilidade bem como as respostas às seguintes questões: P. Qual ou quais as motivações que te levam a colaborar de uma forma tão intensa com a CVP? R. : A minha entrada, como voluntário, na C.V.P., deve-se ao facto de querer colocar ao serviço da comunidade todo o saber e experiência, adquirida ao longo da minha vida profissional, na função pública. Assim e depois de me inscrever como voluntário e de ter falado com o dirigente que, à data, fazia a gestão desta Delegação, comecei a tomar contacto com os trabalhadores (cerca de 13) e também com os serviços. As responsabilidades foram crescendo e o número de trabalhadores também (hoje são cerca de 72). E é isto que tem acontecido ao longo destes 09 anos que colaboro na gestão desta Instituição, com um elevado prazer, em conjunto com os restantes elementos da Direção, e, principalmente, com o seu Presidente Dr. Norberto Martins.

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Leiam-me... P. Qual o teu olhar sobre a Academia, relativamente às actividades, adesão dos académicos e o papel dos professores voluntários R. :Em minha opinião, a Academia “Monet Oblectando” constitui um importante serviço ao dispor da população sénior, e tem desempenhado um papel muito importante junto das pessoas que, tal como eu, certamente não tinham o seu dia-a-dia ocupado com afazeres e, ali, têm oportunidade de apresentarem e defenderem os seus pontos de vista e mostrarem os seus dotes, através da realização de trabalhos nas diversas disciplinas, ministradas na academia. A academia sénior, para além do interesse que cada um possa ter, relativamente às disciplinas que frequenta, possibilita também o convívio entre as pessoas e a transmissão das experiências vividas, no decorrer das suas vidas profissionais. O interesse pela academia pode ser avaliado pelo número cada vez maior de inscrições, que, anualmente, se tem verificado, o que deixa a Direção da Delegação extremamente orgulhosa. O papel dos professores voluntários é imprescindível para que possamos manter e dar continuidade à academia. Sem o seu contributo, dificilmente a academia poderia existir ou, na sua dimensão atual, uma vez que não possuímos meios financeiros para poder contratar. P. Que mensagem gostarias de deixar R. :A todos os leitores da revista “Leiam-me”, eu lembrava que esta Delegação é, como sempre diz o seu Presidente, “ uma Instituição de voluntários gerida por voluntários”, pelo que apelamos a todos que se inscrevam e colaborem como voluntários.Foi um prazer colaborar com a revista, através da Dra. Maria João, com a qual trabalhei, na segurança social, durante muitos anos. O meu muito obrigado e um bem-haja a todos. 16/03/2017 Foi um prazer fazer esta entrevista e um privilégio ser tua amiga pessoal. Obrigada Maria João Murta

Poesia na oficina A Maria José Rodrigues descobriu que gosta mais de escrever poesia que prosa. Iniciou-se em q u a d ra s , a p r i n c í p i o s e m m é t r i c a . Ag o ra j á e x p r i m e s e n t i m e n t o s e fa z r i m a s c o m fa c i l i d a d e . Graças à Oficina…e ao grupo. Congratulamo-nos.

O Amor é Carnaval Agora é Carnaval Carnaval todo o dia, Ninguém vai levar a mal Sorrisos e fantasia. O amor faz muito bem, É um sentimento forte Que nos faz feliz também 1 6

Desde que encontre o seu Norte. É alegria, paixão, O amor que nos liberta, Vive em nosso coração, É deixar a porta aberta!

O Amor é Carnaval Quem sou? Sei por acaso? O que sonho, será meu? Sonho tanto e o que faço É tão pouco! Que sei eu? Manuela Grade

Mary Jo


Leiam-me... A rosa que murchou A Rosa que murchou A Rosa foi murchando E o amor acabando, É como eu te digo Já não estás comigo! Eram muitas conversas, Palavras e promessas Perdidas no tempo, Levadas pelo vento.

O que se deixou atrás Felicidade não traz, Assim são nossas vidas, Sempre deixam feridas. A vida é mesmo assim, Para tudo há um fim. Mary Jo (M.ª José Rodrigues)

Quem sou eu Nos f inais do mês de Março tiemos a surpresa da vinda para a of icina de quatro novas académicas: Celeste, Graça, Felicidade e Laureta Como o ante-projecto do boletim já estava entregue ao Editor informático, negociámos a h i p ót e s e d e u m e s p a ç o p a ra e l a s s e a p re s e n t a re m . Aq u i v a i u m e x c e r t o d e c a d a u m a :

Não sei muito bem dizer quem sou… Sou já velhota, no entanto gosto de viver, de rir brincar e manifestar boa disposição à minha volta. Fui professora. Ajudein a tirar algumas pessoas da ignorância. Adorei a convivência com todas as crianças. Fui cantora, toquei piano, coisas que hoje já não consigo fazer. Actualmente, vivo com os meus familiares e ajudo a família naquilo que me é solicitado e que posso. E é tudo. Maria Celeste Eu sou uma mulher com cerca de 63 anos. A minha vida até aos 23 anos foi alegre e divertida. Casei aos 24 e aos 25 tive o primeiro filho mas tive a infelicidade de ele falecer com 30 horas e meia de nascimento com uma parteira que era uma pessoa de mau feitio e um pouco agressiva. Depois tive uma grave depressão. Por isso, o médico aconselhou que eu engravidasse novamente e passados 8 meses nasceu outro filho mas com outra parteira e graças a Deus dentro de dias faz 38 anos. No entanto passados alguns meses tive que ser internada com uma forte depressão. Cinco anos depois nasceu o meu filho mais novo mas na gravidez dele tive que ser outra vez internada no Centro de Saúde Mental. Fui tratada por um psiquiatra e há cerca de um ano piorei novamente e tive que consultar também um psicólogo. Estes dois médicos terão que me acompanhar

o resto da minha vida. Estive no Hospital do Dia de Psiquiatria durante cinco meses e quando melhorei aconselharam-me a inscrev e r - m e n a A c a d e m i a S é n i o r d a C r u z Ve r m e l h a e aqui estou a gostar das aulas que frequento. Assim é a história da minha vida até hoje. Maria da Graça Chamo-me Felicidade Iria, tenho 59 anos e vivo em Faro. Nasci em Marrocos mas vim para Portugal com 14 anos, para a cidade de Olhão. Tive uma infância Já tenho 3 netos. Casei aos 20 anos e tive 4 filhos. Já tenho 3 netos: 2 meninas e 1 menino. Ao longo da minha vida trabalhei como contabilista e mais tarde como Auxiliar de Acção Educativa. Actualmente estou reformada por invalidez uma vez que já não conseguia exercer as minhas funções devido aos meus problemas de coluna. Felicidade Sou uma pessoa humilde, pouco faladora mas muito sensível. Choro por muitas coisas tristes que se passam neste mundo como a pobreza, a doença… por que tantos estão a passar. Sou muito amiga da minha amiga… Esta sou eu. Laureta 1 7


Leiam-me... Palco aberto no Lethes N u m a d a s s e s s õ e s d a o f i c i n a d e Te a t r o ( o r i e n t a d a p e l o a c t o r / p r o f e s s o r L u í s M a n h i t a ) , o g r u p o das académicas foi agradavelmente surpreendido com uma aula diferente: nada menos que u m a v i s i t a a o Te a t r o L e t h e s a c u l m i n a r c o m a r e p r e s e n t a ç ã o d a h i s t ó r i a d o t e a t r o p e l o G r u p o d a A c t a ( A C o m p a n h i a d e Te a t r o d o A l g a r v e ) d e s d e q u e e r a C o l é g i o d o s J e s u í t a s , c o n s i d e r a d a pela qualidade do ensino como a primeira Universidade do Algarve, passando pela ocupação das tropas de Napoleão que, chefiadas por Junot, se aboletaram, devassaram e profanaram o edifício até à compra, em 1843, em hasta pública, pelo Dr Lázaro Doglioni para fazer um teatro inspirado no de S. Carlos. D e s d e 2 0 1 2 , p o r p r o t o c o l o e n t r e a C r u z Ve r m e l h a ( p r o p r i e t á r i a d o i m ó v e l ) e a C â m a r a M u n i c i p a l d e F a r o , o Te a t r o L e t h e s r e c u p e r o u o s e u d e s t i n o d e o r i g e m e a c t u a l m e n t e a A C T A o r g a n i z a u m programa de espectáculos durante todo o ano. Foi nesse contexto que, de 26 a 29 de Fevereiro, aconteceu Palco Aberto, uma iniciativa que envolveu, pela segunda vez, elementos da comunidade que aceitaram o repto e se inscrever a m p a r a a p r e s e n t a r o s “ s e u s t a l e n t o s e m p a l c o ”. Tivemos o prazer de ver pessoas da Academia no palco, com o apoio prestimoso e indispensável do Luís Manhita. Uma experiência marcante que merece ser divulgada e repetida... Outro acontecimento marcante foi o filme Malapata, feito exclusivamente em Faro e que no momento da edição do LEIAM-ME já deve ter estreado a nível nacional. Congratulamo-nos não só pelas belíssimas imagens da nossa cidade, nomeadamente o pôr do sol na Ria Formosa, c o m o p o r t e r e m p a r t i c i p a d o a c a d é m i c o s d a O f i c i n a d e Te a t r o d o a n o p a s s a d o . E d i s p õ e b e m … diz quem foi à ante-estreia. Recomendamos…

U m a h i s t ó r i a d o t e a t r o L e t h e s - P o n t e Va l a g ã o …tinha eu aproximadamente 12 anos, quando ouvi, dito pela minha avó, um aparte que me c h o c o u “ O Te a t r o L e t h e s j á f o i d a n o s s a f a m í l i a ! ” Mas um meu irmão veio em meu auxílio, descodificando o mistério porque ele já estava mais informado. Aqui vai então o seu relato: “Lázaro Doglione, médico italiano, vinha de Roma para Londres, por via marítima, pelo Medit e r r â n e o . E m f r e n t e d e Ta v i r a o b a r c o n a u f r a g o u m a s t e v e a s o r t e d e s e r “ p e s c a d o ” p o r u n s pescadores que o salvaram. Pois bem, ele ficou na capital, casou com a menina mais prendada e dela não teve filhos. Mas teve-os de algumas amantes. O que aconteceu de molde a ficar ligado à minha família? A o n a s c e r u m b e b é d e s a n g u e “ d o g l i ó n i c o ”, u m t i o d a p a r t u r i e n t e t e v e e s t a s a í d a “ P õ e - l h e o n o m e d e L á z a r o p a r a q u e o a v ô s a i b a q u e t e m a q u i m a i s u m n e t o ”. E f o i e s s a c r i a n ç a , a v ô d o meu pai, que encetou os “Lázaros” sambrazenses. Alguém conheceu o Lázaro das camionetas? Esse primo irmão do meu pai fazia rir as pedras… O Zé da Ponte Lázaro possuía uma fábrica de conservas em Portimão. Estes são os Lázaro de que me lembro que assinavam esse apelido já em português. M a r i a P o n t e s Va l a g ã o 1 8


Leiam-me...

História surpresa partilhada Metodologia proposta: Por grupos de 3 a 5 elementos, a primeira iniciava uma história que, no tempo combinado, interrompia e dobrava a folha para ocultar o escrito mas repetia a última palavra no início da linha para que a colega seguinte continuasse a partir dessa palavra. Esta fazia o mesmo e sucessivamente iam construindo partes da história em que a ultima palavra de uma era a primeira da seguinte até haver o sinal de dar um fim. No f inal leram-se as histórias produzidas e foi um momento divertido. Ei-las:

Palco aberto no Lethes * - No fim de semana fui ver as amendoeiras em flor que mais pareciam jardins e campos de neve. * – Neve? Faz-me lembrar um passeio de trenó puxado a dois cães yuskies com os olhos azuis, na Finlândia. Recordações! * – Recordações… Recordações como as que eu recordo lindamente da minha viagem de finalistas à Grécia. Jovem, sempre alegre e feliz. Confesso que foi a minha primeira viagem, sozinha sem os pais. Então senti a liberdade de fazer o que mais gostava, fazer novas e boas amizades. Assim, passados tantos anos, ainda escrevo e falo com a amiga Helena grega. Grupo: Maria José Rodrigues, Clementina, Luísa * - Era uma vez um cão enorme, bonito, que ladrava todo o dia… * – dia… de festa na cidade? Possivelmente pois os farenses sentiam-se felizes com a informação de que muitas mais árvores iam ser plantadas na cidade. * – na cidade. Cidade que tem sido ignorada. Então foi unânime a ideia de se criar uma rub r i c a “A M A R F A R O ” o n d e p o s s a m o s r e v e l a r a s pectos pitorescos como edifícios pitorescos com história. Por exemplo, a história da casa das lágrimas de uma noiva chorosa. * – chorosa. Chorosa, porquê? Porque um dia o cão lhe mordeu uma mão. E ela ficou sempre magoada… * – magoada…porquê? De qualquer maneira, pensou ela, não poderei dar grande importância ao acontecimento e ficar triste por isso. Será melhor viver a alegria do que me foi proporcionado e, daí, tirar uma lição para a vida. * – a vida. Vida? Às vezes é difícil mas é um dom maior que nos cabe valorizar. Como disse a Mariazinha “tal está a moenga?” é uma forma de exorcizar os dissabores. * – dissabores. Dissabores… dissabores… ou-

t r o s s a b o r e s q u e i m p o r t a ? Vo u a m a r t u d o o que existe à minha volta, incluindo os meus animais preferidos: os câes!!! G r u p o : M a n u e l a , M a r i a J o s é Va l a g ã o , Odete * – Faro, cidade tão linda, capital de distrito, venham visitá-la e verão que tem monumentos de encantar, gastronomia e doces que fazem nascer água na boca… * – boca de uma criança tão rosada que faz lembrar um botão de rosa. Faz-me lembrar os meus filhotes quando eram bebés e sentia vontade de cobri-los de beijos. * – beijos, que bom… Meu Deus, o que faria eu s e m e s a í s s e a s o r t e g r a n d e ? Vo u p e n s a r n o assunto porque temos que estar preparados para as surpresas… Com tantos beijos que recebemos na nossa vida, temos que fazer um inventário. * – i n v e n t á r i o . I n v e n t á r i o ? Va m o s l á a i n v e n tar coisas incríveis ter cabeça para inventar muitas coisas incríveis e sem sentido, ora bolas!*e – Bolas, conheço várias bolas, as de Berlim, as bolas que rolam em vários estádios, onde 22 homens andam atrás dela e tentam introduzi-la num buraco chamado baliza e quem meter mais é quem fica vitorioso! Ontem houve um jogo de bola no Algarve em que o Braga viu Braga por um canudo e o Moreirense levou a taça. Grupo: Raquel, Mariazinha, Maria Pontes, Lucília

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Leiam-me...

Crucigramas/palavras cruzadas Recordemos uma valente guerreira portuguesa do séc. XIV 1-Primeiro nome da padeira de Aljubarrota; 92 - C i d a d e o n d e n a s c e u ; 103 - P r o f i s s ã o e m A l j u b a r r o t a ; 114 - E l a t i n h a f o r ç a . E r a _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ; 125 - G o s t a v a d e l u t a r . E r a _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ; 136 - E l a m a t o u s e t e _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ; 1 4 7 - E l a a p r e n d e u a u s a r _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ; 158-Ela era o antónimo de rica;

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Batalha que D. Nuno A. Pereira venceu; Segundo nome do Condestável; Era conhecida por Maria__________; Era considerada feminino de herói; Ta m b é m e r a o a n t ó n i m o d e b o n i t a ; tinha um _______: 12 dedos nas mãos; Em Faro tem uma ___ com o seu nome;


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