Boletim da Academia O f i c i n a d e E s c r i t a - Ac a d e m i a S é n i o r Mo n e t Ob l e t c t a n d o C r u z Ve r m e l h a P o r t u g u e s a - D e l e g a ç ã o d e F a r o - L o u l é Junho 2019
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Ficha Técnica Equipa redactorial M a r i a P o n t e s Va l a g ã o Filipe Rego Manuela Grade
Editor Informático e Imagem Rui Francisco
Coordenadores das produções escritas M a r i a J o s é Va l a g ã o Maria Manuela Grade Maria Odete Xarepe
Redactores Ana Maria Germano C a t a r i n a Ap o l o Catarina Pinto Eduardo Franco Filipe Rego Maria Clementina Jesus Maria Crisálida Pires Maria da Conceição Coelho Maria da Graça Guerreiro Maria dos Santos Guerreiro Maria Emília Chagas Maria José (Mary Jo) Maria Lucília Inácio M a r i a P o n t e s Va l a g ã o D o m i n g o s
E d i ç ão Oficina de Escrita
P r o d u ç ão C r u z Ve r m e l h a P o r t u g u e s a - D e l e g a ç ã o d e F a r o - L o u l é Data da edição – Junho 2019
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Leiam-me... B O L E T I M
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A C A D E M I A
L E I A M - M E . . .
Produções 4 Editorial 5 As nossas produções 13 Eventos na oficina, na Academia, na cidade 17 A oficina de escrita / intervenção 20 Cruzadinhas pag.
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Edições anteriores
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Editorial Mais um número do LEIAM-ME – o oitavo. Passou-se mais um ano na Academia Sénior. Mais um ano de convívio, mais um ano de experiências e actividades que enriqueceram as nossas vivências. A disciplina de Oficina de Escrita motivou-nos a escrever o que sentimos, a escrever as nossas memórias, ou seja a exteriorizarmos aquilo que vai nas nossas almas. Por outro lado, permitiu que alguns descobrissem textos de outros autores e que os divulgassem partilhando com os colegas pensamentos e ideias, quiçá menos conhecidas. Os textos apresentados, foram inspirados em datas e acontecimentos que de certo modo nos marcaram, como sejam os alusivos à Páscoa, ao Dia do Pai e ao Dia da Mãe, o 25 de Abril. Outros ou retratam histórias que ficaram na memória ou divulgam aspectos patrimoniais como o que se refere ao Teatro Lethes. De referir ainda os textos que uma pintura de Dina Dias suscitou e a passagem de Afonso Dias pela Oficina com as suas músicas, a sua poesia e seus contos. Para a festa de encerramento, foi escolhido um conjunto de textos alusivos aos valores da Cruz Vermelha, adaptado à cantata da Paz de Sophia de Mello Breyner “Não podemos ignorar” com o apoio musical de Afonso Dias
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M a r i a P o n t e s Va l a g ã o / F i l i p e R e g o / M a n u e l a G r a d e
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As nossas produções: Efemérides Pás coa – AQUILO NÃO SE FAZ. NEM A UM HOMEM Ele dizia ser filho de Deus. Os outros, os detentores do poder e dos Livros Sagrados, afirmavam que isso era blasfémia. Mas sendo crentes, não considerariam todos os homens criados por esse Deus, e, portanto, seus filhos? Ah! Pois! Ele dizia ser filho dos Céus. E depois? Se estava nas Escrituras que Ele vinha por aí... Porque não admiti-lo? Andar por aí a dizer que o seu Reino não era deste mundo. Que tinham a ver com isso para falarem em blasfémia? Era um problema d’Ele e de Deus! E se fosse um louco afirmando que era Filho de Deus? Deixá-lo! Não faria mal a ninguém! Mas tinham de O acusar de tudo. Até por curar um homem no dia de descanso. E depois? Qual era o problema? O problema é que Ele era descendente da casa de David e, agitando as pessoas, fazendo-as pensar, falando de igualdade, isso tornaria instável o poder de um rei corrupto, submisso ao poder de Roma. E r a s ó p ô r e m a c ç ã o o s d o n o s d o Te m p l o e f a z e r c r e r a o p o d e r i m p e r i a l q u e era um perigo. Subversivo, como hoje se diria. Mas pergunto: mesmo para o seu castigo servir de exemplo, era necessário fazê-Lo passar pelo que passou? Já pensaram bem? Mesmo os não crentes? Ofendê-Lo, humilhá-Lo, agredi-Lo e sujeitá-Lo àquela morte na Cruz? Aquilo não se faz. Nem a um Homem! Quanto mais a quem venceu a Morte! 29ABR19 Filipe Rego
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Leiam-me... O Dia do Pai – Poema colectivo de:
feito a partir de frases individuais
Manuela, Catarina Pinto, Clementina, Lucília, Catarina Apolo, Odete, E d u a r d o , M ª J o s é Va l a g ã o , G r a ç a , M ª P o n t e s Va l a g ã o , C r i s á l i d a , C o n c e i ç ã o
Pai, Palavra pequena mas de grande significado. Pai é amor, É ternura, É tê-lo sempre Ao nosso lado!
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Foi um pai extraordinário Bom marido e cidadão. Partiu cedo desta vida… Que saudades no coração!
Foi o meu maior amigo E um grande confidente Mesmo depois de morrer, será sempre um pai presente!
Se soubesses, meu papá, As saudades que deixaste… Foste o amor da minha vida, Coração deliciado, Foste um pai muito amado E a tua memória é querida!
Mas, mesmo quando foi Um pai muito ausente, A vida que me deu Foi o seu melhor presente!
De autor desconhecido:
Duramente militar Cenho cerrado, sem sorriso, Mas para o essencial Está lá quando é preciso!
“Ser pai é uma missão Não apenas reprodução. Ser pai é dar amor, C a r i n h o e p r o t e c ç ã o .”
Leiam-me... Dia da Mãe -Evocação das mães Adeus – Filipe Rego Sabes como desde que Como árvore desamparada
À minha mãe – Maria dos Santos Te n h o m u i t a s s a u d a d e s d a m i n h a m ã e . Filha única, ela foi tudo para mim, a melhor do mundo. Nunca a poderei esquecer em toda a minha vida. Que descanse em Paz a minha mãe
O 25 de Abril
me sinto partiste? sem raiz. ao vento.
Deste-me a vida, mas, não te dei nada. Nunca fomos de grandes gestos de afecto, mas, tuas palavras me confortavam E eu ficava descansado quando dizias que ias andando que tinhas comido que tinhas ido à rua e beberas um descafeinado que tinhas tomado os remédios… Minha querida mãe! Perdi-te e fiquei só. Só com a vida. E com os problemas.
– Emília Chagas
Era uma vez… Assim se começava um conto. Dito com voz em surdina Por qualquer boa avozinha P`ra adormecer sua netinha.
No seu peito já cansado Por viver tantas vidas Que não são do seu agrado Por ver tanta gente esquecer O que “custou” a LIBERDADE!
Ia o ano de 1974… No dia 25 de Abril Não podemos esquecer Que “Depois do Adeus” Tu d o v e i o a a c o n t e c e r … A cantar se fez sem sangue Uma Revolução E o bom soldado português Com Paz e Amor no coração Enfeita a arma com um cravo E outro na mão… O povo está a sentir Abril
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PRODUÇÕES ESCRITAS / Textos seleccionados FARO – Património urbano da ci- tuadas pelo Ministério da Cultura endade - Edifícios históricos tre Março de 1999 a Maio de 2000. Em 2001, o Ministério da Cultura celebrou Te a t r o L e t h e s – M o n e t O b l e c t a n d o u m p r o t o c o l o c o m a C â m a r a M u n i c i p a l – 2ª parte – Catarina Pinto André de Faro, no qual a autarquia assume a F i m d a 1 ª p a r t e n o “ L e i a m - m e a n t e - r e s p o n s a b i l i d a d e d o Te a t r o e s u a p r o gramação de 2007 a 2011. rior”: A c t u a l m e n t e , o Te a t r o L e t h e s e n c o n O declínio dos espectáculos começou tra-se sob g estão da A.C.T.A. (A Come m 1 9 2 0 e o n o s s o Te a t r o L e t h e s v ê . s e p a n h i a d e Te a t r o d o A l g a r v e ) . obrigado a fechar as suas portas em Presentemente, no edifício encon1925. Permaneceu cerca de 26 anos tram-se instalados, além dos servifechado até que, em 1951, a famí- ços da CVP e da ACTA, a nossa Acal i a C ú m a n o o v e n d e u à C r u z Ve r m e l h a d e m i a S é n i o r . É e l a a r a z ã o d e a q u i Po r t u g u e s a (C .V. P. ) , c u j a p o s s e a i n d a p a s s a r m o s a l g u m a s h o r a s e m f r a n c o se mantém.
2ª parte - Com a aquisição deste edif í c i o , p o r p a r t e d a C .V . P . , n o v a f a s e começa na utilização do mesmo. Assim, de 1972 a 1993, na ala sul do edifício funcionou a Escola de Música da Associação do Conservatório Regional do Algarve. A sala do teatro foi cedida à Delegação Regional do Algarve do Ministério da Cultura. A ala norte, restaurada e adaptada em 1991, foi onde funcionou o Serviço Regional do Algarve do Ministério da Cultura até 2007. Nos anos de 1990 a 1993, aquela entidade levou a efeito obras de melhoramento na sala de espectáculos como o restauro de alcatifas, ferragens e madeiras. Contudo, eram urgentes obras de consolidação estrutural nas abóbadas e coberturas que se encontravam muito deterioradas e, assim, mais uma vez, foi encerrada a sala de espectáculos d o Te a t r o L e t h e s e m 1 9 9 8 . A s o b r a s d e consolidação e restauro foram efec8
convívio e aprendizagens multidisciplinares e continuarmos deste modo a perpetuar a inscrição latina na fachada principal do edifício – MONET OBLECTANDO – ou seja INSTRUIR DIVERTINDO. N ã o t e r m i n o e s t a d e s c r i ç ã o d o Te a t r o Lethes sem acrescentar que a designação Lethes tem a ver com um mítico rio cujas águas tinham o poder mágico de apagar da lembrança das almas os revezes e agruras da vida.
Leiam-me... R e c o r d a n d o ! – M ª P o n t e s Va l a g ã o Sabem uma coisa? A escrita nunca foi a minha praia… Se querem saber, toda a inclinação desta praça é para os números. Mas… dando volta à massa encefálica para um escrito para vos apresentar na oficina, achei num cantinho algo muito querido: numa das escolas em que trabalhei tive como aluna uma filha de emigrantes. Deus meu! Como ela era tímida! Mas uma professora tem algo de mãe para proteger quem precisa… Uma vez que me sentei ao seu lado para lhe corrigir um trabalho, aproveitei a oportunidade para lhe comunicar que sempre que tivesse uma dificuldade podia falar-me em francês. Bendita a hora em que o fiz! E porquê? Porque ao chegar a casa, contou à mãe que a professora também falava francês. Assim a escola estava mais próxima. O tempo passa. Hoje é mãe de um engenheiro e de um advogado mas, acima de tudo, entre nós vigora ainda uma amizade ímpar!
Sofia olha pela janela para ver o tempo que faz: frio, calor, chuva ou sol? Então, neste caso, seremos informados sobre o tempo pelo boletim meteorológico.que estuda as camadas atmosféricas que rodeiam o planeta Te r r a . Mas, ainda, dois arqueólogos, nas suas pesquisas, no vale do rio Nilo,encontram numa caverna vários fósseis e uma parede rochosa com várias camadas diferentes: -Que tempo te parece que tem esta caverna? -Hum, aí uns 80 milhões de anos... -Repara, eu diria bem uns 100 milhões!... Como poderemos nós imaginar acontecimentos que se passaram há tanto tempo? Este, aqui, mede-se em mi-
O Te m p o Maria Clementina de Jesus -Não meu filho, já não tens tempo para ir buscar a bola. Está na hora do autocarro e ele não espera! Aqui o relógio indica-nos o tempo que se mede em horas, minutos e segundos. Sentadas num banco de um jardim, a neta pergunta à avó: -Avó, quantos anos tens? -Já tenho 75... O tempo passa tão depressa!... Agora o tempo vê-se no calendário em dias, meses, anos!...
lénios e, só é possível, através de estudos científicos que vêm despertando, cada vez mais, o interesse dos arqueólogos, historiadores, filósofos e até profetas. Então o tempo é como um factor ou atributo que se cola a nós desde a concepção até ao fim dos nossos dias. O tempo traz-nos dias risonhos, passeios e momentos inesquecíveis perante o belo da natureza que nos rodeia, convívios maravilhosos!... Somos felizes na esperança de um futuro 9
Leiam-me... próspero... de um amor incondicional!... Mas...de um dia para o outro, podemos ser surpreendidos porque, o que de bom o tempo nos trouxe, o tempo levou Então o tempo é perverso! Assim sendo, teremos que nos mentalizar para aceitar e compreender as reviravoltas do tempo! Hortelã Franco
para
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vaca
–
Eduardo
O calor do Alentejo tinha-nos dado as boas vindas naquele fim de verão de 1950. Para nós, chegados duma vida urbana no coração do Ribatejo, tudo nos era curiosamente diferente e desconhecido. Os odores, a forma de falar, os usos. Era altura de abrir fardos e malas de viagem, pôr um pouco de ordem naquele caos, arrumar e distribuir pelos vários cómodos o que aí devia pertencer. As janelas grandes deixavam entrar a oblíqua luz do fim da tarde. A novidade extasiava, conquanto o desconhecimento da terra e a saudade dos avós empanasse um pouco a alegria com que nós seis encetávamos este novo capítulo das nossas vidas. Minha mãe e a Sra. Adelaide, uma mulher recomendada a meu pai para a
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ajudar nas lides da casa, era operária da fábrica onde ele era gerente de fresca data (veio a ser a nossa quase-ama nos anos que se seguiram), foram pondo um pouco de ordem na confusão. Deram-nos o lanche e depressa soou a sirene da fábrica, avisando que eram cinco horas, sinal de despegar. Foi-se embora a Sra. Adelaide e minha mãe começou a fazer o jantar na cozinha improvisada, já que a maioria dos utensílios ainda de encontrava escondida dentro de algum baú por abrir. O entretenimento entre a criançada seguia ruidoso, intervalado por admoestações de minha mãe cansada e confusa pelo muito que havia ainda para fazer. Num desses períodos de silêncio imposto, ouvimos alguém bater à porta da cozinha. Minha mãe atendeu e, cerimoniosa, pediu à visita que entrasse. Comparando com a pouca altura que os meus sete anos permitiam, aquele homem (a visita era um homem) tinha uma altura colossal e como espécime humano era de uma grandiosidade quase fictícia. Dentro do seu fato-macaco de caqui, apresentava-se majestoso. Como majestosos eram os seus bigodes hirsutos e grisalhos, de resto como o cabelo, e levemente amarelados do cigarro. Olhos enormes, azuis, fitavam respeitosamente a figura de minha mãe. Eu olhava-o fascinado. Nunca vira um gigante e para mim ele e r a u m . Tr a z i a n a m ã o u m r a m a l h e t e de uma erva aromática que aprendi, muito depois ser hortelã. Sendo a minha mãe a esposa do «patrão» ele vinha apresentar-se: - Sou o hortelão e o meu nome é António Cameirinha. Minha mãe agradeceu, e ele, à guisa
Leiam-me... de despedida estendeu-lhe o raminho e disse: - Te m a q u i , s e n h o r a , u m p e d a c i n h o d e “hortalã” p’rá vaca! Ela recebeu a oferta entre grata e estupefacta. Cruzou as mãos à frente, segurando o raminho das ervas, e retrucou: - Muito obrigada Sr. Cameirinha, mas nós não temos vaca. O Sr. Cameirinha abriu mais os olhos pensativamente, e cortês, despediu-se e saiu. Pareceu-me ver no seu semblante como que um vislumbre de dúvida e deceção. Te r i a a c a b a d o a s s i m t ã o i n s o s s a m e n t e esta história se não fosse muito mais tarde virmos a saber que «vaca» (ter vaca para o jantar) era o tradicional cozido, que no Alentejo era (é) perfumado com hortelã.
decorações góticas estavam escuras, a g o r a e s t á t u d o d e “ c a r a l a v a d a ”. S e olharmos para um grande muro vemos uma série de graffitis em vermelho que à primeira vista revolta o observador visitante. Porém uma guia disse-nos que aqueles riscos foram postos a nu com a limpeza do exterior da Catedral e aí a nossa revolta fica suspensa. E mudamos de opinião quando ficamos a saber que aqueles graffitis nos revelam os nomes árabes dos melhores alunos que frequentavam o ensino superior naquela época. Era como que “ u m q u a d r o d e h o n r a ”. “Mudam-se os tempos”!
Graffitis – Mª Clementina de Jesus Rabiscos de tintas de várias cores e com variados movimentos, que nada dizem, poluem as paredes e muros de muitas casas da nossa cidade de Faro. É um desconsolo ver uma casa acabada de pintar ser de imediato vandalizada com graffitis. Ao lado desses pseudo “artistas” que apenas sujam, há verdadeiros artistas que decoram com autênticas obras de arte muros velhos ou empenas de casas, dando-lhes um visual renovado e uma nova vida. Esses são de admirar e louvar! Quem não vai a Sevilha há alguns anos e em tempos conheceu e visitou a Sé Catedral, se lá for agora achará que ela faz uma enorme diferença. Assim é porquanto ela foi limpa da pátina do tempo e, se dantes, as suas paredes e
C o n t a n d o - v o s … M ª P o n t e s Va l a g ã o … p´ráqui a espremer a caixinha das ideias, a ver se me sai algo a meu gosto e nadica de nada! M a s , c o m o “ q u e m p o r f i a , m a t a c a ç a ”, aqui continuo tentando. É que, quando peguei na caneta e no papel, já tinha um objectivo que era trazer aos meus colegas da oficina qualquer coisa que os distraísse… Mas o quê? AH!, já me lembro: queria contar-vos que num dos passados fins de semana tive a sorte de ir ao Hotel Éden, no Estoril, assistir a um encontro da Cruz Ve r m e l h a d e t o d o o p a í s . 1 1
Leiam-me... AMIZADE Esta vida é curta E tudo nela passa Mas tenho uma grande amiga Que se chama Graça
Satisfez-me, e de que maneira, tudo o que vivenciei: as viagens, o convívio, o jantar, a animação, o espectáculo… tudo cinco estrelas! Tã o b o m q u e j á m e c o m p r o m e t i a r e petir o evento em 2020!
No dia em que a conheci Estava eu sem alegria Pois encontrava-me No hospital de dia Lá passaram três meses Com trabalhos de lazer Uns que gostava menos Outros que fazia com prazer
POESIA NA OFICINA com MARY JO Desfolhei um malmequer, O meu amor me quer bem, E como quem nada quer Outro desfolhei também. O malmequer amarelo Ficou a olhar para mim, Mas de todos, o mais belo É o branco do meu jardim. A minha flor preferida Faz parte da minha vida E foi o que sempre quis, O branco, que linda flor! É teu todo o meu amor Só tu me fazes feliz!
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Desses tempos que já lá vão Em que temos mais idade Continuamos a cada dia A fortalecer a nossa amizade Mary - Jo
Leiam-me...
Eventos na oficina, na Academia, na cidade Ac t iv i d a d e s m u l t i c u l t u ra i s o r g a n i z a d a s n o “Lethe’s Go Café C o m e m o r a ç õ e s d o 2 5 d e A b r i l Tr o v a d o r e s d e A b r i l Espetáculo de Evocação dos 90 anos de Zeca Afonso com Manuel Freire, Francisco Fanhais, Afonso Dias, um concerto inesquecível para quem teve o prazer de participar, não obstante o vento e a chuva.
Debate “Os caminhos da Arte sob a ditadura fascista” Na Galeria de Arte Porta do Nascente de Dina Dias, organizado pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) com a participação especial d e M a r g a r i d a Te n g a r r i n h a , a l g a r v i a d e Portimão, com 90 anos de idade, que apresentou um “Powerpoint” sobre a sua visão da arte no contexto da sua vida, respondeu às questões que lhe foram postas sobre o seu livro “Memórias de uma falsificadora - A luta na clandestinidade pela liberdade em P o r t u g a l ” p o r Va n d a S a n t a - R i t a , e s c r i tora, e por Odete Xarepe, professora na Academia Sénior de Oficina de Escrita. Foi um épico acontecimento ouvir esta militante anti-fascista de quase 91 anos a testemunhar uma vida de luta pela liberdade, com enorme sacrifício
e sofrimento como mulher, filha, mãe, companheira, profissional…l De Carlos Aboim Inglês, transcrevo uma quadra que deixou escrita na parede da prisão de Caxias e que ilustra a enorme generosidade de tantos, como a Margarida, que dedicaram a vida a lutar pela liberdade: “Um homem só, no segredo Sabe um segredo profundo: Nunca está só, nem tem medo Q u e m a m a o s h o m e n s e o m u n d o .”
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Leiam-me... Histórias a partir de uma pintura da Dina Dias Em pequenas, todas tivemos uma boneca… E com as frases de cada uma de nós, recordando a sua boneca, reorganizámos um texto de grupo: Se soubessem quantas saudades sinto De quando embalava a minha boneca… Uma triste bonequinha de trapos Que alegrou a minha infância… Dela ainda recordo O chapeuzinho e a trança, E o vestidinho rasgado Faz-me lembrar a criança Que eu era e o que sentia… Com um abraço apertado Queria dar-lhe alegria… Um dia encontrei-a caída No chão, parada, perdida… Que poderia eu fazer Para a alegria lhe devolver? Cantei-lhe o sol e o dó, Segurei-a com carinho, Sacudi-lhe da saia o pó E dei-lhe mesmo um beijinho! E não querem que eu recorde Este momento passado? Acreditem que na vida Ela está sempre a meu lado!!! A u t o r e s – Tr ê s g r u p o s c r i a r a m t r ê s h i s t ó r i a s q u e f o r a m r e u n i d a s p e l a Manuela Grade BONECA Boneca feita de trapos, De cabelos aos fiapos, Esquecida, só, num jardim, Olhando triste para mim, Sem cor, de negro, pintada, Sem alma, abandonada. Deixa que te dê alegria E despertar-te neste dia. Vo u p i n t a r c o m m u i t a s c o r e s ,
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Leiam-me... Pôr em teu vestido flores, Pôr teu cabelo em trança, Dar-te um olhar de criança. Pôr-te a boca vermelha, Pôr um brinco na orelha. Mas não te tornes vaidosa, Ainda que fiques airosa! Filipe Rego (poema e ilustração)FR Afonso Dias, a poesia e a música – Relato de um dia na oficina No dia 14 de Maio de 2018, pelas dez horas, recebemos na nossa Oficina de Escrita o poeta e cantor Afonso Dias, que nos brindou com as suas maravilhosas palavras e canções… Iniciou o encontro connosco, falando de poesia e da sua vertente mágica. Questões que aflorou: -“Como é que se pode namorar sem poesia? -“O som das palavras é que revela as coisas… podemos dizer as mesmas coisas com palavras diferentes…” - Poesia não é só o que rima. Às vezes, até o que rima nem é poesia! E c o n t i n u o u : Te m o s m u i t o s p o e t a s m u sicados… Sofia de Mello Breyner… Camões… Zeca Afonso…Fernando Pessoa…o nosso algarvio poeta Aleixo… … -“Mas, como é que nasceram os primeiros poetas?”- questionou. Neste contexto, contou-nos uma história que poderá indiciar uma forma de fazer aparecer a poesia… “Um homem dormiu todo o dia no chão, deitado na terra… Ao acordar, tentou levantar-se, mas não desgrudava do chão… Chamou a mulher e perguntou-lhe: - Então, mulher, porque não me levanto? - Porque tens raízes… - Corta-as… ajuda-me… Vá r i a s p e s s o a s t e n t a r a m a j u d á - l a , e s c a v a r a m à v o l t a … e n a d a ! - Ajudem-me! – suplicava o homem cada vez mais preso ao chão. Mas as raízes alargaram de tal maneira que desistiram de o tirar da terra. Então chamaram os sábios… - Te m o s q u e l h e “ m a n d a r ” a c a b e ç a p a r a c i m a … c o l o c a r a c a b e ç a n a l u a … como os poetas têm… E daí nasceram os primeiros poetas! “ Com as letras de alguns dos poetas preferidos e dele próprio, Afonso Dias 1 5
Leiam-me... cantou-as…e encantou-nos. Obrigada, Afonso Dias. Por este dia na oficina e pelo apoio subsequente para a nossa apresentação na festa de encerramento. A tua presença será sempre uma agradável surpresa e uma bênção para todos nós. E as tuas palavras… a tua poesia… a tua música… a nossa inspiração!
Manuela Grade
Recolhas Curiosidades: Tr a b a l h o d e e q u i p a Era uma vez uma equipa, constituída por quatro pessoas, que se chamavam: To d a a G e n t e , A l g u é m , Q u a l q u e r U m e N i n g u é m .
Havia um trabalho importante para se fazer E To d a a G e n t e a c r e d i t a v a que Alguém o faria. Qualquer Um poderia fazê-lo, mas Ninguém o fez. Alguém irritou-se, porque era um trabalho d a r e s p o n s a b i l i d a d e d e To d a a G e n t e . M a s To d a a G e n t e p e n s o u que Qualquer Um tinha a obrigação de o fazer. N o f i n a l , To d a a G e n t e c u l p o u A l g u é m , porque Ninguém fez o que Qualquer Um poderia ter feito! Recolha de Lucília Inácio de autor desconhecido
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Leiam-me... Humor Um homem segue por uma estrada quando vê passar uma placa onde está esc r i t o : “ R E D U Z A A 8 0 K M ”. Imediatamente ele reduz a velocidade. M a i s a d i a n t e a p a r e c e “ R E D U Z A A 2 0 K M ”. - “Deve ter acontecido algum acidente…” – pensa ele. E torna a reduzir. M e i a h o r a d e p o i s , m a i s u m a p l a c a s u r g e : “ R E D U Z A A 1 0 K M ”. O viajante ficou mesmo assustado achando que realmente o acidente deveria ter sido gravíssimo e conduziu com o máximo cuidado, pensando “Reduzir tanto assim? O que terá acontecido?” Preparado para ver o pior, vê então uma nova placa que anuncia: “SEJA BEM VINDO A REDUZA!” Recolha de Mariazinha
A oficina de escrita / intervenção No Mar Mediterrâneo No mar, Há gente perdida. No mar, Há gente sofrida. No mar, Há gente sem vida. No mar, Há gente, da guerra fugida. Do lado de cá do mar, Há gente que não quer olhar. Do lado de cá do mar, Há gente que quer ignorar. Do lado de cá do mar, Há gente que pode salvar. Mas, Do lado de cá do mar, Há gente que prefere condenar! Filipe Rego 1 7
Leiam-me... Carta aberta aos leitores – Ana Maria Germano
Chamo-me Ana Maria Figueiredo B. Germano, sou enfermeira especialista em Enfermagem de Saúde Comunitária, actualmente aposentada. Exerci a minha actividade profissional nos cuidados de Saúde Primários, pela Administração Regional de Saúde do Algarve e reformei-me como Enfermeira Chefe do Centro de Saúde de Faro. Sou natural da Ilha de São Nicolau, Cabo Ve r d e , o n d e p a s s o a l g u n s m e s e s d u r a n t e o a n o . I n t e r e s s o - m e p e l a s n e c e s sidades da comunidade e este ano dirigi a minha atenção para a população escolar, ciente que poderia dar o meu contributo na área da Saúde Escolar pela experiência adquirida ao longo da minha carreira profissional. A e s c o l a r i d a d e é u m a r e a l i d a d e e m t o d o o t e r r i t ó r i o d e C a b o Ve r d e , i n i c i a n d o o ciclo escolar na pré-primária. O Instituto Cabo-verdiano de Acção Social Escolar (ICASE), através de projectos e apoios exteriores procurou abranger as escolas desde a formação contínua dos professores e auxiliares de acção educativa, ao fornecimento de material escolar e a distribuição de uma refeição quente a todas as crianças do 1.º Ciclo, constituindo para muitos a única oportunidade para o fazer ao longo do dia. Em articulação com os municípios n a s c e o “ P r o j e t o P a d r i n h ”. Sou Madrinha da Escola da Preguiça, município da Ribeira Brava, ilha de S ã o N i c o l a u , C a b o Ve r d e e e m 2 0 1 1 e l a b o r e i u m p r o j e t o e m a o q u a l d e i o n o m e ” Amigos da Escola da Preguiça” por acreditar na valorização de um projeto comunitário como contributo ao desenvolvimento da nossa terra; por acreditar na solidariedade; porque quis proporcionar às nossas crianças um espaço que as dignifique no seu processo de aprendizagem e por achar que quando o “ H o m e m s o n h a a o b r a n a s c e .” Lançámos mãos à obra e com os apoios de todos quanto acreditaram em nós, conseguimos transformar uma escola degradada num espaço que dignifica professores e outros elementos da equipa e que, acolhe as crianças de forma condigna contribuindo de algum modo para uma melhor aprendizagem e um crescimento harmonioso. Uma escola onde dá prazer ensinar e aprender. Vá r i o s s ã o o s A m i g o s q u e j á a p a d r i n h a r a m c r i a n ç a s l e v a n d o - a s à f i n a l i z a ç ã o do sexto ano, e com o contributo de muitos outros, através do fundo do projeto, tem sido possível assegurar não só o material de uso corrente mas a refeição quente como objetivo principal. Aumentar a rede de Amigos da escola e para a escola, tem sido uma constante e quero partilhar convosco algumas dádivas de amor conseguidas no ano 1 8
Leiam-me... letivo 2018/2019. Um grupo de adolescentes na faixa etária dos 13/15 anos tomaram conhecimento do projeto, e num jantar de Natal decidiram declarar aos pais que prescindiriam de umas prendas em benefício da Escola da Preguiça, com uma ajuda de 340€. Seguem-se mais duas situações que entendo dar-vos a conhecer. Duas jovens adultas que são especiais pela sua diferença, filhas de uma mãe e um p a i q u e a s s o u b e r a m e n c a m i n h a r e t u d o f i z e r a m p a r a a s i n t e g r a r . Tr a b a l h a m com dignidade e responsabilidade, cumprem escrupulosamente o horário e suas tarefas auferindo o salario mínimo e também fizeram questão de ajudar as crianças da escola da Preguiça. Não podemos ignorar!... Convido-vos a visitar a nossa pagina no facebook “Escola da Preguiça- São Nicolau” e a conhecer melhor a nossa historia. Junte-se a nós e considere apadrinhar uma criança com 45€ por ano. As crianças da Escola da Preguiça agradecem. Passamos declaração sob qualquer quantia e/ou bem recebidos.
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Cruzadinhas
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