Opúsculo Edição nº 2

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02 Breve editorial 02 Produções livres 06 Produções escritas e revistas a meias 08 Cruzadinhas OPÚSCULO leiam-me nº2

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Breve Editorial Este nº 2 do Opúsculo “LEIAM-ME”, a versão deste ano da publicação da Oficina de Escrita, pretende dar vazão aos escritos dos académicos que frequentam e participam nesta Oficina. Em complemento com o “Cantinho”, publicado nas Newsletter mensais da Academia, os diversos textos, individuais ou em parcerias, cumprem a sua missão de dar visibilidade à prá-

tica da escrita como forma de expressão e comunicação e de fomentar o prazer na escrita em cooperação. A equipa redactorial da Oficina de Escrita agradece todos os circuitos de comunicação que os leitores estabeleçam a partir desta publicação, incluindo comentários, críticas, sugestões, outros escritos.

Produções livres A escrita Célia Costa

Através da escrita consigo exprimir o que não consigo dizer. A escrita é... ...o refúgio dos que a procuram. É numa página em branco que eu desabafo todos os meus problemas.

Sem críticas nem preconceitos, posso ser quem eu quiser.

Recordando M.ª Pontes Valagão

Julgo ser uma bênção podermos recordar peripécias da nossa infância descuidada: os amigos, os vizinhos, enfim o contexto das nossas vivências. À hora do almoço, enquanto esperávamos que a nossa mãe repartisse a comida pelos pratos

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de todos, era um silêncio forjado, porque éramos três diabretes, tudo em idade escolar… Só quando já estávamos todos servidos, se começava a comer. Num dia, reparei que o meu irmão do meio se levantou da mesa, à socapa, foi para a rua,


mas regressou rápido! Fiquei intrigada por não ser hábito, mas como ninguém lhe chamou a atenção, esperei pelo fim da refeição para saber qual o móbil. Ele não gostou da minha curiosidade mas tranquilizou-me, dizendo que não era nada de importância. O tempo passou e nem mais o assunto foi aflorado. Mas um dia, já ele frequentava a Escola Náutica em Lisboa, contou-me que, no princípio das férias, foi ao “Campo das Cebolas” em demanda de algum motorista conhecido, para arranjar boleia para o Algarve. Encontrou o Toíca, seu ex-colega da primária, que arranjou maneira de o trazer como “ajudante”. Foi ouro sobre azul! Mas o primeiro percalço estava para vir. Toíca, ao chegarem ao Barranco do Velho, informou o

Ji Ji que ia dormir a casa! Imaginam como o meu irmão se sentiu? Sozinho, a 14 km de casa, quase à meia-noite, sem jantar? Engoliu em seco e disfarçou como pôde! Ao fim de uma hora, já ele dormia, quando o Toíca o acorda e entrega-lhe um cobertor, um pão e um chouriço, dizendo: _ “Toma lá, tu mereces, porque me mataste muitas vezes a fome, quando andávamos na escola!” Foi só nesta altura que o Ji Ji me confidenciou que se levantava da mesa, sem dar nas vistas, porque ia levar um entaladinho ao Toíca, que o esperava para iludir a falta de um almoço a sério! Este meu irmão já lá está à nossa espera!... Conto isto porque me comoveu a atitude dele!

Violência Doméstica Filipe Rego

Já lhe tinha feito ver que não a queria ao pé de mim. Que se fosse embora. Que me deixasse. Naquele dia eu estava à mesa, tinha acabado de fazer o meu almoço e não aguentei mais. Gritei: - Chega! - Deixa-me em paz, vai-te embora! - Estou farto de ti! - Já te disse, minha porca, badalhoca! - Tu metes-me nojo! - Nem sequer dizes nada. - Não me toques na camisola, larga-me - Se insistes, levas. Mas levas mesmo. Ou julgas que tenho algum OPÚSCULO leiam-me nº2

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problema, pelo facto de não se poder bater nem num animal? - Deixa-me comer à vontade. Não conspurques o meu comer com a tua presença. - Sai daí, já te disse, ou levas. Queres ver? - Toma! Toma! Toma! - Bolas, fizeste com que entornasse o comer do prato. Sujei-me todo! - Maldita mosca! 17 Novembro 2019

Florence Nightengale Mª Clementina de Jesus

Ao lermos os livros de História, tomámos conhecimento de um número sem fim de personagens cujos nomes ficaram ligados à Arte, à Ciência, à Literatura, à Violência, à Guerra, ao Humanismo. Mas muitos houve que quase passaram despercebidos e que, no entanto, tiveram um papel relevante e merecem ser lembrados. Estou a pensar em Florence Nightengale. Nasceu em Florença (Itália ) em 12/05/1820, filha de pai milionário - William Nightengale. Desde muito jovem sentiu uma profunda vocação para a enfermagem. Naquela época, esta não era considerada uma actividade digna, muito menos para uma mulher, ainda mais nascida no meio de uma família rica e de alta sociedade. Ultrapassando dificuldades e barreiras, frequentou uma Escola de Enfermagem na Alemanha

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onde se aventurou a estudar Anatomia e onde teve a sua primeira experiência profissional. De regresso à Inglaterra, a pouco e pouco , foi conseguindo mobilizar a opinião pública para reformas necessárias: foi construído um Hospital e uma Escola de Enfermagem. Ela foi também escritora, escreveu alguns livros sobre Enfermagem. Mas foi sobretudo na guerra da Crimeia que ela teve um intervenção significativa. Juntando aos seus conhecimentos profissionais um profundo desvelo e carinho, a Florence tratava cada um e todos os feridos, procurando animá-los e encorajá-los, o que muito contribuiu para lhes levantar o ânimo e a esperança. Florence Nightengale recebeu da Rainha Victória a CRUZ VER-


MELHA REAL em 1883 e tornou-se a primeira mulher a receber a Ordem de Mérito em 1901. O Dia Internacional da Enfermagem é celebrado em 12 de Maio,

dia do seu aniversário. Quem foi que disse: “Uma alma que se eleva, eleva o Mundo”!

De manhã, junto à praia, de azul te vestias!... Ana Maria Germano

Na cabeça, um chapéu da mesma cor do pano que maliciosa e assumidamente se exibia como dono e senhor do teu corpo, pelo menos, naquele momento. Esbelta como sempre, só que dessa vez não apareceste sozinha, mas fazias-te acompanhar por duas lindas crianças que julguei serem as tuas próprias crias. Pela mão, a mais pequena que, divertida, queria acompanhar o tapete de espuma deixado pelo vai – vem das ondas, enquanto que a mais velha, sob o teu olhar vigilante, ia correndo, descobrindo ali e acolá mais uma conchinha, mais uma pedrinha. E tu, afavelmente, congratulavas-te com os achados que a tua pequenina grande ia partilhando contigo. A ondulação era fraca e senti que até o mar, as ondas e o próprio areal se tornaram cúmplices para a tua passagem, trazendo-me à memória a menina Lina de seios firmes, “esparaténta” e desaforada que, com seu

andar bamboleante, perturbava a malta, que deixava cada um de nós com os olhos arregalados mas à socapa, de água no bico e… a sonhar acordado. Quão bom seria um… apenas um olhar especial, um conforto especial nos braços da menina Lina. Sonhos sonhados de adolescente pé descalço que podia não ter muitos direitos mas tinha o de poder sonhar e sem ter, de a correr os ir confessar ao senhor padre que, para além da reprimenda, ainda levaria uma sentença para cumprir!... Não me dirigi para te cumprimentar com medo do teu escárnio mas revivi, ainda que por breves instantes, um pedacinho da minha adolescência, dos meus amigos e…dos meus sonhos sonhados. Resta-me ainda outro direito :o de , na minha escrita, te poder tratar por tu! Faro, 25. 02. 13

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Produções escritas e revistas a meias Um olhar positivo para a vida Mariazinha e Odete

A tendência do ser humano é, de uma maneira geral, falar do que é negativo quer na sua vida pessoal, quer na interpretação dos acontecimentos do quotidiano. Por exemplo, o que se valoriza das notícias da televisão ou o que se conversa em encontros de amigos (doenças, achaques, mortes, acidentes, escândalos sociais...). Quisemos escrever sobre a temática do título e então, fazendo um apelo a um olhar positivo nas nossas vidas, que temos? Mariazinha - Agradecer a Deus a saúde e o bem estar de toda a família. E sentir-me feliz por ver como estão bem na vida, que constituíram família que vai crescendo. que têm bons empregos e são bons profissionais úteis à sociedade. E que os mais jovens continuam ligados aos mais velhos, quer na atenção, no amor, nos cuidados que prestam... Odete - Noutra óptica, olhar para a nossa cidade com uma visão positiva, procurando ver “o copo meio cheio”, valorizando as coisas que evoluíram e estão em

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curso e dando sugestões para melhorias úteis aos cidadãos em geral. Sermos mais participativos nos problemas do ambiente: muito do que pode mudar o mundo começa por cada um de nós. E numa perspectiva de desenvolvimento pessoal, seria útil que registássemos as coisas boas que nos acontecem (ou fazemos acontecer) e as que observamos no quotidiano. Sermos críticos nas conversas sociais de forma a evitarmos a tendência de exarcebar os nossos males, às vezes até parece que é para terem pena de nós. Mas valemos mais que isso, não é saudável causarmos pena. Respeito sim!


Isabel e Filipe

Para nós, Isabel e Filipe, é positivo acordar todos os dias com os pés a mexer e a desfrutar daquilo que nos dá prazer. Não ficarmos acabrunhados com o negativo que nos mostram. Temos de ser positivos: apreciar que todos os dias temos na mesa com que comer, que temos saúde e mesmo que

não seja a 100%, saber que é possível recuperar o que está menos bem e fazer por isso; ter capacidade de adaptação às contrariedades da vida e procurar soluções; ter amigos com quem conversar e trocar ideias.

Um facto verídico em Faro Célia Costa com apoio na revisão de Maria José e Odete

Há dias, passando em determinada rua com a minha filha, junto ao Pingo Doce da Penha, dirigiu-se a nós um senhor já de certa idade, com mau aspecto de roupas muito sujas, que nos pediu dinheiro dizendo que era para o pequeno almoço. A minha filha reagiu dizendo-me baixinho que de certeza era para droga e eu, com a mesma convicção, desculpei-me que não tinha dinheiro comigo e virámos costas. De seguida, encontrando - me com uma prima a quem narrei o acontecido, ela comentou que conhecia o senhor e que era mesmo pobreza, pedia esmola não para droga mas por não ter condições mínimas para sobreviver. Fiquei a pensar na situação que se me deparou e da qual foi fei-

to um juízo negativo baseado no aspecto exterior. Ainda hoje este facto me incomoda e dou por mim a reflectir sobre as pessoas que chegam a uma situação extrema e que muitas vezes passam por nós deixando-nos indiferentes porque imediatamente relacionamos a sua indigência com a droga. Como poderemos de facto ajudar pessoas nesta situação?

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CRUZADINHAS VAMOS BRINCAR AO CARNAVAL? SÓ COM PALAVRAS, QUE TAL? 1.Qual é a festa dos mascarados? 2. Em que dia da semana calha? 3. E em que estação do ano? 4. Qual origem do carnaval? 5. Que sentimento revela quem brinca ao carnaval? 6 e 7. Com que se brinca no carnaval? 8. Quais a cor principal desses elementos? 9. Com que tapam o rosto? 10. O que espreita por ela? 11. e 12. Que disfarces vestem farda? 13. Qual o disfarce que tem orelhas compridas? 14. Por onde passam os desfiles de carnaval? 15. Qual é a festa do ano que rima com carnaval?

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