Entrevista [ Uma vida a serviço da missão ANO LXXXX / Nº 3908 JANEIRO / 2019 olutador.org.br
IV Semana Brasileira de Catequese
R$ 9,90
[Seminários: quantidade ou qualidade? [A Igreja e a opção preferencial pelos jovens [Papa Francisco e a Igreja mais leiga
A RÁDIO DA PADROEIRA DE MINAS GERAIS
NOSSA SENHORA DA PIEDADE
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Espaço do Leitor [ Escreva, envie seu e-mail, comente no s Patronato Santa Maria [ 75 anos... ANO LXXXX / Nº 3907 DEZEMBRO / 2018 olutador.org.br
[Deus me quis missionário sacramentino [Uma vida a serviço da missão [Coragem Coragem de falar, humildade de escutar
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Missão é esperançar
Aniversariantes do mês de janeiro de 2019
Já iniciamos um novo ano. Por mais difíceis que sejam as expectativas, nossa fé nos conduz para a esperança e sabemos: “A esperança não decepciona”. (Rm 5,5.) Muita fé e esperança é o que desejamos para todos os nossos assinantes deste mês de janeiro. Deus abençoe a vocês e seus familiares. Lembramos que, no dia 25 deste mês, será celebrada uma missa especial em ação de graças pelo aniversário dos assinantes de O Lutador. Nosso Celebrante é o Pe. João Lúcio Gomes Benfica, SDN. Deus abençoe a todos os nossos assinantes. [Caso seu nome não apareça na lista, entre em contato com nosso setor de assinaturas: Fone: 0800-940-2377 E-mail: assinaturas@olutador.org.br] Dia 1º - ANGELA MARIA DA FONSECA FAVA / ANTONIA EUSTAQUIO DA COSTA / ARY NOGUEIRA DA GAMA / HELEN CONSUELO FERNANDES LOPES SALES / LUIZ FLORENCI ASSIS / MARIA DA CONSOLAÇÃO RIBEIRO MARTINS / THERESINHA MACHADO. Dia 02 - EDUARDO SANTOS / FRANCISCA VANIA ARAGAO ABREU RABELO - EMM / GERALDO MARINHO / LETICIA DE JESUS FERREIRA / ZEQUINHA E ELIZETE - EMM. Dia 03 - CARLOS BELTRAMINI / DULCELINA CORREA SILVEIRA / EUNICE LUCIANO DA SILVA / MARIA DE LURDES DE OLIVEIRA VIANA. Dia 04 - ANTONIO DE PADUA CHAVES / IRIS DE CARVALHO FARIA / VERA LUCIA FERREIRA. Dia 05 - MARIA GENI BERMUDES / MONICA HELENA TIEPPO ALVES GIANFALDONI. Dia 06 - FABIO CICARINI HOTT / JOAQUIM ADALBERTO HENRIQUES CHAVES / TEREZA DE FATIMA HAPEM / VICENCA DOS REIS ALBUQUERQUE. Dia 07 - ARNALDO MARINHO MARTINS / DOMINGOS SAVIO RODRIGUES E SUELY / JAIME APARECIDO BRUNO / JOSE NAVES DE AVELAR. Dia 08 - ADILSON JOSE DA SILVA OLIVEIRA - EMM / JOAQUIM JANUARIO BEZERRA - EMM / MARILZA MOREIRA DE BACKER / OTILIA JANUARIA FERNANDES. Dia 09 - ANTONIO CARLOS MENDES / ESTHER FERNANDES MACHADO / HELENA MENDES GUIMARAES E JOSE PASCHOAL / PADRE ADRIANO PIRES. Dia 10 - ANA MACEDO / DULCE DA MATTA BARROS FUMIAN / JOSE AGOSTINHO TAVARES. Dia 11 - ALINE MARIA GUIMARAES FUSCALDI / MARCELO RODRIGUES BARBOSA / MARIA AUXILIADORA LIMA FERREIRA / MARIA DE LOURDES DE ABREU / MARISA MARIA OLIVEIRA GONCALVES / TEREZINHA CARDOSO DE AMARAL. Dia 12 - ANA MARIA CARMONA VACARI / ANA SAMPAIO ROLA / FRANCISCA DAMASCENO BEZERRA / GERALDO LOPES DA SILVA / JULIETA DUARTE / SAMUEL E JUNIA CASSIA REIS MARTINS / VALDEMAR GARCIA GOMES. Dia 13 - HILARIO CELESTINO NOE / MARIA AIRS ANDRADE / MARIA GERALDA SILVA / WALDYR BRAGA DE FREITAS / LUCIA (FILHA) / ZELIA MARIA MAYRINK CAMPOS. Dia 14 – HELKE JAMILLE / HENRIQUE ALVARO RAMAZOTTI / JORDAO ANTONIO MORELLI / LUIZ CARLOS DE PAIVA / VANDERSON ALVES FERREIRA. Dia 15 – ÁTALO DURSO / JAQUELINE TOLEDO GOUVEIA SILVA / JOSE CASSIO DIVINO FERREIRA / MARIA APARECIDA OCHIUSE. Dia 16 – ADILSON RAIMUNDO ZONARELLO FERREIRA / DARCY LUIZ BUCHMANN / FRANCISCO JOSE BRUM MAGALDI. Dia 17 – ELENITA RACHIB / FRANCISCA EXPEDITA BEZERRA COSTA / GLACIEDA DE OLIVEIRA MOREIRA / JOSE BATISTA DA SILVA / LEIR CEZAR COSTA / PADRE JOAO BATISTA LOPESPAROQUIA SAO NORBERTO / TEREZINHA MARIA RESENDE. Dia 18 – CELIA MARIA ASSUNCAO / LUZIA MARIA SILVA ARAUJO /
Ó Trindade Santa, vós que sois a fonte de toda santidade, nós vos louvamos por vosso servo o Pe. Júlio Maria De Lombaerde, que, assemelhando-se ao Cristo Eucarístico, cuidou do vosso rebanho com amor, zelo e doação. E, deixando-se guiar pelo Espírito Santo, assim como a Virgem Maria, testemunhou a ternura missionária da Igreja. Concedei-me, ó Trindade Santa, pela intercessão do Pe. Júlio Maria, a graça que vos suplico [pedir a graça]. E, se for de Vossa santa vontade, dai que Pe. Júlio Maria alcance a honra dos altares, para Vossa glória e para o bem de tantas almas. Por Cristo, Nosso Senhor Amém.
OSEAS ALMEIDA CARVALHO / VALTER JOSE HELENO. Dia 19 – ILMA DA SILVA BORGES / IOLANDA DE PAULA PERUSSOLO / JANE ERNY DE CASTRO GRACIANO / JULIANO EVANGELISTA / PADRE JOSE CARNEIRO OLIVEIRA FILHO. Dia 20 – CLEIOMARCOS MARTINS DOS SANTOS / DOM VITORIO PAVANELLO / ELIANA MARIA DE MATTOS ALVES / JOAO BATISTA MOREIRA DOS SANTOS / LEIDIANE MARIA DA COSTA JORGE / MARIA DA CONCEIÇÃO PEREIRA DA SILVA SANTOS / MARIA DO CARMO BRANDAO DE FARIA / NILCE DE OLIVEIRA FREDDI / SEBASTIAO NUNES LEITE / SEBASTIAO SERGIO MIRANDA. Dia 21 - ALBERTO MAGNO E ANA SUELI - EMM / ANDREIA ARAUJO LIMA / GILBERTO CARVALHO / MARIA DO CARMO OLIVEIRA / MARINES DAMIAO BALTAR / MARINEZ FERNANDES SOUZA / MAURILIO DO AMARAL MORAIS / RUFINO LEVI DE AVILA. Dia 22 – CARLOS ANTONIO DA SILVA / TERESINHA TEIXEIRA DE ANDRADE / YARA SCHREINER CAVALIERI. Dia 23 - OSMAR ZARDO. Dia 24 – JOSÉ NATALINO DE ALMEIDA / MARIA ALICE MAGALDI / MARIA ALICE MAGALHAES DE PINHO / PADRE UBAJARA PAZ DE FIGUEIREDO. Dia 25 – ARLETE FONTES CAVALIERI / FRANCISCA ELIZANGELA S. MARTINS / FRANCISCO DE PAULA FIGUEIRA BARBOSA. Dia 26 – JORGE CALACIO FILHO / JOSE BENEDITO MALTA VAREJAO / LUZ SALETE BERTON BAIER. Dia 27 – ANTONIO BRESSAM FILHO / CHRISOSTOMO VALIATTI / EDUARDO FIGUEIREDO / EMERSON CARLOS ASSUNCAO SANCHES - EMM / GIULIANO MATTEUSSI / JOSE RAFAEL GONTIJO / LIDIA DE OLIVEIRA SANTOS / PE. ROGERIO ARI DE CARVALHO / WANDA MARIA TEIXEIRA POSSATO. Dia 28 – CAIO CESAR TOURINHO MARQUES / IRIS GUIMARAES / IRMA MONICA MARIA DE SOUZA / JOSE ANTONIO GRIGOLON / MARIA CELIA COELHO ANDRADE / SEBASTIAO VITORIO DA COSTA. Dia 29 – FRANCELINA CONCEICAO DA SILVA / LUCIA DE FREITAS NUNES / SEBASTIAO DE MAGALHAES CHAVES / SERGIO DA SILVA CORREA. Dia 30 – ACIR JOSE KANOPA - EMM / BERNADETE ZARPELAO DE LELIS / CARLOS PEDROSO / FERNANDO RESENDE DA SILVA// ELZA / JOSE MARTINS RIBEIRO / SEBASTIAO GABRIEL SOARES / SIRLEI MARTINS DE FREITAS. Dia 31 – ANTONIO PEDRO BATISTA VIANA / DEUSDETE SILVA / MANOEL MENDES DE FREITAS / MARIA APARECIDA DA SILVA ALMEIDA / VERA DE CARVALHO BRITO.
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Mensagem final da 4ª Semana Brasileira de Catequese INDAIAT UBA (ITAICI), SP, 18 DE NOVEMBRO DE 2018
“Nós ouvimos e sabemos que ele é o Salvador do mundo.” (Jo 4,42.) Queridos (as) catequistas, A 4ª Semana Brasileira de Catequese a serviço da IVC, cujo lema foi Nós ouvimos e sabemos que Ele é o Salvador do mundo, mergulhounos em temas sobre a Iniciação à Vida Cristã. Eis seu objetivo geral: compreender a catequese de inspiração catecumenal a serviço da Iniciação à Vida Cristã, buscando novos caminhos para a transmissão da fé, no contexto atual. Gostaríamos que esta mensagem chegasse a vocês antes do nosso retorno. Afinal, nada do que refletimos aqui se torna realidade sem o trabalho dedicado de vocês aí. Algumas questões muito relevantes nós abordamos aqui: -A transmissão da fé às novas gerações nos novos contextos e com novos interlocutores; -A mudança que o seguimento de Jesus traz à nossa compreensão do sentido da vida; -A importância da liturgia para mergulhar no segredo de Deus, isto é, no seu mistério e no compromisso com a vida; -O Senhor Jesus Cristo é a palavra humana por Deus pronunciada. A Leitura Orante é a grande experiência de deixá-Lo falar; -Acolher essa palavra nos aproxima do irmão e nos faz viver em comunidade; -Os tempos mudaram, a linguagem digital domina os movimentos e os relacionamentos. Nós, catequistas, somos desafiados a comunicar nesta realidade a alegria do Evangelho. Como aconteceu com a Samaritana depois do encontro com Jesus Cristo, queremos voltar para comunicar a experiência que tivemos com Ele. Assim, esperamos que
❝ Se quisermos ser fieis à Igreja do Evangelho e ter criatividade ao transmitir a pessoa de Jesus Cristo, o melhor caminho será abraçar a possibilidade de processos iniciáticos nas nossas comunidades.
❞ muitas pessoas possam conhecer e acolher com alegria as boas notícias da parte de Deus. Os tempos são difíceis, mas as promessas de Deus são generosas. Tudo passa rápido, mas a fidelidade dele é permanente. E todos nós, catequistas, vivemos a emocionante alegria de sermos testemunhas deste anúncio do qual o mundo tanto precisa. Se quisermos ser fieis à Igreja do Evangelho e ter criatividade ao transmitir a pessoa de Jesus Cristo, o melhor caminho será abraçar a possibilidade de processos iniciáti-
cos nas nossas comunidades. Onde já se começou, comunidades novas surgem. Quem é iniciado assume uma nova identidade. Queridos catequistas, que Deus lhes multiplique em bênçãos a bênção que são vocês para a formação de novos discípulos, novos missionários e muitos novos iniciados. São grandes os problemas, mas são maiores as nossas esperanças. Hoje é fácil encontrar más notícias. Mas a Iniciação à Vida Cristã é uma grande geradora de boas notícias. Vocês, catequistas, são Palavras da Igreja na construção do mundo melhor que Deus sonha para todos os seus filhos. Que Maria, a catequista de Nazaré, lhes seja uma grande fonte de inspiração na experiência do discipulado. Que ressoe em seus ouvidos a frase pronunciada em Caná: “Fazei tudo o que Ele vos disser!” (Jo 2,5), e assim nunca faltará o vinho da alegria na festa da vida.] Catequistas Participantes da 4ª Semana Brasileira de Catequese.
[ Expediente
[ Editorial
O LUTADOR é uma publicação mensal do Instituto dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora
olutador
ISSN 97719-83-42920-0
Fundador
Pe. Júlio Maria De Lombaerde
Superior Geral
Pe. José Raimundo da Costa, sdn
Diretor-Editor
Ir. Denilson Mariano da Silva, sdn
Jornalista Responsável
Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn (MG086063P)
Redatores e Noticiaristas
Pe. Marcos A. Alencar Duarte, sdn Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn Frt. Matheus R. Garbazza, sdn Frei Patrício Sciadini, ocd, Frei Vanildo Zugno, Dom Paulo M. Peixoto, Antônio Carlos Santini e Dom Edson Oriolo
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Sobre girassóis e catequese
T
ODOS sabemos que o girassol, quando se abre em flor, acompanha o movimento do sol. Outro detalhe, que talvez nem todos saibam, é que nos dias nublados eles se voltam um para o outro. Dois movimentos: um para cima, outro para o lado. Mas ambos apontam uma busca para além de si mesmo. Creio que os girassóis tem algo a nos dizer sobre o nosso processo catequético, que na verdade trata-se do processo de Iniciação à Vida Cristã – IVC, tema da IV Semana Brasileira de Catequese. A catequese tem a missão não apenas de preparar a pessoa para a recepção do sacramento. Se ela se reduz a isso, enfraquece o sentido de ser Igreja e colabora para o abandono da comunidade após a recepção dos sacramentos. A catequese deve ajudar as pessoas a se iniciarem no seguimento a Jesus Cristo através da comunidade. A exemplo dos girassóis, a catequese deve ajudar a pessoa a descobrir Jesus Cristo, fazer dele o referencial para sua vida, suas ações, suas escolhas e suas decisões. Deve criar condições para que a pessoa faça esse encontro pessoal com o Senhor, nosso grande Sol, que dá sentido à nossa vida e nos fortalece diante das dificuldades. Quanto mais nós conformamos nossa vida à vida de Cristo, mais humanos nos tornamos, mais cristãos nós nos fazemos. Quando pessoas de Igreja, católicos ou evangélicos, fazem o contrário do que Jesus ensinou nos Evangelhos, são como girassóis que deram as costas para o sol, destroem o sentido da própria fé e da fé de outros que desanimam pelo mau exemplo destes. Outra atitude que podemos ver no girassol é o voltar-se um para o outro nos dias nublados ou chuvosos. Isto indica que é na comunidade, no lugar de encontro com os irmãos, que se dá o seguimento a Jesus. É na comunidade de fé que encontramos forças para enfrentar os momentos difíceis da vida. Ali somos acolhidos pelas águas batismais, somos alimentados constantemente pela força da Eucaristia, somos chamados à maturidade do Espírito com a Crisma, somos sacramentados no amor um ao outro pelos laços matrimoniais, e assim por diante. A catequese só tem sentido se promove a alegre participação dos catequizandos na vida de comunidade. Sem esses dois movimentos para Deus e para os irmãos, a catequese perde o sentido e não chega a fazer a Iniciação à Vida Cristã. Essa responsabilidade não se reduz aos catequistas, ela é uma responsabilidade de toda a comunidade, de todos os batizados. E, se não formos capazes de renovar os membros de nossa comunidade para o seguimento a Jesus Cristo, estaremos condenando nossa Igreja ao desfalecimento progressivo. A catequese não é uma questão de menor importância em nossa comunidade. A Iniciação à Vida Cristã é responsabilidade de todos nós. Por fim, neste início de ano, há muito barulho na sociedade apontando para atitudes contrárias ao Evangelho, tais como: morte aos bandidos, o desprezo pelas minorias - negros, índios, homossexuais -, a criminalização dos movimentos sociais e populares etc. A liberdade parece querer reduzir-se a privilégio de quem detém o poder de decisão e o poder das armas. Mais do que nunca, precisamos acordar em nós a lição dos girassóis: dirigir-nos para o alto e para o lado, deixar-nos guiar, verdadeiramente, pelo amor a Deus e pelo amor aos irmãos. E isso é pra começo de conversa!] [DENILSON MARIANO
SUMÁRIO
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O L U TA D O R •
R E V IS TA ME N S A L
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ANO L X X X X
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IV Semana Brasileira de Catequese
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Seminário: quantidade ou qualidade?
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Tudo a partir de Jesus
Suicídio. O que diz a Igreja?
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A Igreja e a opção preferencial pelos jovens
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Novos caminhos para os jovens
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Nº 3908
8
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JANEIRO
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2019
Uma vida a serviço da missão
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Qual é a raiz desse pecado?
Papa Francisco e a Igreja mais leiga A pedagogia da responsabilidade vocacional Liberdade e gratuidade O rito da profissão religiosa A Igreja dos pobres Lembranças da casa da morte A ruptura entre a religião e a vida Roteiros Pastorais O tempo dos ventos selvagens Brasil envelhece em meio ao caos Mensagem do I Congresso Continental de Leigos e Leigas A boa política está a serviço da paz Um ano de intensas atividades da ADCE-MG
24 25 26 27 30 31 43 44 46 47 48
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Capa [ Viver o cristianismo exercitando o diálogo, o sentido coletivo e hum
IV Semana Brasileira de Catequese
Participantes reunidos na 4ª Semana Brasileira de Catequese
Leste II presente na 4ª semana Brasileira de Catequese
A
ABERTURA Oficial da 4ª Semana Brasileira de Catequese aconteceu no dia 14 de novembro, em Itaici, Indaiatuba, SP, com a presença de bispos e acolhida oficial dos 425 participantes. Participaram da mesa de abertura e fizeram uso da palavra Dom Leonardo Steiner, secretário geral da CNBB, Dom Otávio Ruiz Arenas, representante do Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização, Dom José Antonio Peruzzo, Arcebispo de Curitiba e presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, e o Pe. Antonio Marcos Depizolli, assessor nacional da Comissão. Na abertura, Lucimara Trevizan fez memória das Semanas Brasileiras de Catequese, destacando o conteúdo, detalhes dos participantes e compromissos de cada uma. Logo após, Pe. Antonio Marcos fez a acolhida, explicou sobre os encaminhamentos da SBC e realizou a apresentação dos regionais presentes.
4ª Semana Brasileira de Catequese
Testemunhar Jesus num mundo plural
No dia 15, o primeiro da Semana Brasileira de Catequese, a celebração da Eucaristia foi presidida pelo Bispo de Roraima, Dom Mário Antonio Silva. Logo após, foi realizada a primeira conferência do dia com o professor Edward Guimarães, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC/Minas, com o tema “Anunciartestemunhar Jesus Cristo num mundo plural: novos interlocutores”. Na ocasião, o professor ressaltou que ser cristão deixou de ser um desafio diário de conversão e que a vida cristã não tem provocado mudança no agir das pessoas. “A conversão
6[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
deixou de ser critério de inserção na comunidade que não exige um itinerário de fé. As mudanças do mundo atual exigem que se mude o jeito de acolher e viver a fé cristã”, disse ele. De acordo com ele, o cristianismo não tem evangelizado, está morno. “Há a necessidade de superar ritos e de provocar a intimidade com Deus, uma vida nova de fraternidade e justiça, de cultivar a fé de Jesus, e não simplesmente a fé em Jesus. A vida digna é o culto maior a Deus. Deus é amar, e não só amor”, falou ele. Os interlocutores de hoje, segundo o Prof. Edward, são pessoas transformadas pela cultura secularizadas; pela experiência de novas tecnologias, per-
vo e humanitário, assumindo o compromisso ético em defesa da vida... tencentes a outras religiões e outras Igrejas. “Como anunciar Jesus neste mundo plural? É necessário superar o combate às demais tradições religiosas, a pretensão de desbancar outras Igrejas cristãs, o desconhecimento dos sem religião e sem fé em Deus, a apologética e o proselitismo, o sentido antigo de evangelizar”, revelou ele. Para o professor, é preciso evangelizar fazendo ver, porque o seguimento precisa entrar pelos olhos e penetrar o coração. “Viver o cristianismo exercitando o diálogo, o sentido coletivo e humanitário, assumindo o compromisso ético em defesa da vida, catequizar com leveza, alegria e com coragem profética”, assegurou. Irmã Vera Bombonatto apresentou a segunda conferência do dia, sobre o “Seguimento de Jesus e o sentido da vida”. A religiosa questionou o que significa seguir Jesus, hoje, na sociedade pós-moderna e na cultura digital. Destacou, entre outras coisas, que o evento fundante do cristianismo é a relação profunda e pessoal com Jesus e seu projeto. “A finalidade do seguimento é assemelhar-se a Jesus. Ter o estilo de Jesus é o mais importante. O ser cristão começa com um encontro que dá sentido à vida. A história da salvação é uma história de seguimento”, disse ela. Na catequese a serviço da Iniciação à Vida Cristã - IVC, Irmã Vera afirmou que o discipulado é o fio condutor que culmina na maturidade do discípulo missionário. A religiosa concluiu sua fala apresentando o vídeo com a mensagem do Papa Francisco no Congresso Internacional de Catequese, em Roma, em 2013. O vídeo ressalta a necessidade de viver sob o olhar de Jesus e o “ir”, sair ao encontro do irmão. No período da tarde foram realizadas 20 oficinas, nas quais os participantes escolheram previamente as de seu interesse.
A transmissão da fé hoje
O segundo dia da 4ª Semana Brasileira de Catequese teve início com a Celebração Eucarística presidida por
Dom Armando Bucciol, Bispo da diocese de Livramento de Nossa Senhora, na Bahia. Logo após, houve a primeira conferência com Dom Leomar Antonio Brustolin, Bispo auxiliar de Porto Alegre, sobre “O Querigma e a transmissão da fé no contexto atual”. Na ocasião, Dom Leomar destacou alguns desafios deste contexto e características do tempo atual. Ele citou o pluralismo cultural e religioso, e o culto sem envolvimento com a ética como sendo alguns deles. Para ele,
é necessário propor um diálogo que estabeleça uma verdadeira pedagogia de escuta e anunciar Jesus Cristo em linguagem acessível e atual. Após o café, foi a vez do Pe. Thiago Faccini Paro, assessor do Setor Espaço Litúrgico da CNBB, proferir a segunda conferência da manhã, com o tema “Celebrar e iniciar ao mistério: a Liturgia”. Ele deu destaque à questão da compreensão da Iniciação na vivência da liturgia. [...] Na parte da tarde, após o almoço, os participantes novamente se reuniram para as 20 oficinas oferecidas. Cada um escolheu uma oficina diferente da que tinha feito no dia anterior.
A catequese na era digital
No terceiro dia do encontro, a Celebração Eucarística foi presidida por Dom Carlo Verzeletti, Bispo de Castanhal, no Pará. Após o café, às 9h, Dom José Antonio Peruzzo, Arcebispo de Curitiba e presidente da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB, proferiu a conferência “Do encontro com Jesus ao encontro com o irmão: viver em comunidade”. No conteúdo apresentado, Dom Peruzzo destacou que a Igreja no Brasil pede a seus filhos que recomecem a JANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]7
partir de Jesus Cristo. “Nossa vocação e missão apontam para o encontro com Ele e com o irmão, ou seja, para experiências comunitárias e eclesiais de seguimento”, disse ele. O bispo afirmou ainda que é hora da fé e da esperança no caminho da Iniciação à Vida Cristã. “Os evangelistas parecem ter percebido isso desde seus primeiros escritos. Pedem que não nos atrasemos”, enfatizou. Após o intervalo, a palavra foi dada ao Prof. Moisés Sbardelotto para a conferência: “A catequese na era digital: novas linguagens, novos processos de comunicação”. Na ocasião, ele destacou o uso dos processos de comunicação por parte da Igreja. “Não está em questão o uso de tecnologias, o que está em jogo é uma cultura nova que vai além do uso de tecnologias”, apontou ele. De acordo com o professor, hoje se tem uma Igreja diversa e, por isso, é importante entender a lógica da cultura digital. “Em 30 anos a transformação no mundo foi enorme. Também a Igreja mudou sua maneira de fazer comunicação”, disse. Em suma, o professor apontou a necessidade de a catequese circular no espaço digital. “Se a catequese não circula no espaço digital, amadores ocupam este espaço. Quem é cultura da participação não suporta ficar sentado, precisa participar. O debate é mais precioso. É uma cultura do fazer”, enfatizou ele. Na parte da tarde, os participantes foram divididos em 20 novos grupos para uma experiência de vivência bíblica. Cada grupo recebeu um texto bíblico e teve a assessoria para a reflexão e vivência do mesmo. Às 16h30, os participantes retornaram ao auditório para uma conferência com Dom Otávio Ruiz Arenas, Secretário do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. À noite foram feitas homenagens ao Irmão Israel José Nery, a Therezinha Motta Lima da Cruz, Marlene Maria Silva, Dom Francisco Javier e ao padre Luiz Alves de Lima.] Fonte: CNBB
Entrevista [ Um profundo amor à Palavra de Deus e um
N
este ano de 2018, João Resende, Missionário Sacramentino de Nossa Senhora, completa 50 anos de missão nos trabalhos da Boa Nova e 40 anos de presença missionária no Mato Grosso. Nesta edição, a continuidade de uma entrevista, cuja primeira parte foi publicada no número anterior (O Lutador, Ed. 3907 – dez/2018). O Lutador: Qual a diferença entre os pioneiros do Evangelho antes do Concílio e a “turma da Boa Nova”, depois do Concílio? João Resende (JR): Os pioneiros se apresentavam como quem tinha a resposta para tudo: “Vocês podem perguntar o que vocês quiserem”. Essa era a tônica da conversa e dos trabalhos naquele tempo. O pioneiro tinha que se mostrar sabedor de tudo... Mas era uma certeza que deseducava, que criava dependência no povo e sustentava uma falsa segurança de si mesmo. Valia pelo entusiasmo, que naquele momento era importante para um despertar e um deslanchar dos leigos. Foi um momento de passagem: o leigo vinha de uma atitude passiva, de quem assistia missas, para uma ação mais missionária. Depois há outra postura nos encontros. Com a virada operada a partir do Concílio, com o trabalho da Boa Nova, a pessoa chega à cons-
João Resende no encontro Regional das CEBs, 2013
Uma vida a serviço da [2 missão ciência de que não sabia tudo, de que não encerrava em si a sabedoria, mas tinha agora a missão de provocar, de despertar o interesse e o envolvimento por parte do grupo que está ali. Era preciso levar os participantes a admirar-se, empolgar-se, encantar8[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
se e apaixonar-se por aquilo: pela Palavra de Deus e pela missão da Igreja. O pioneiro “pregador” não tinha isso, ele era anunciador de uma verdade, mas agora importava mais o compromisso com aquilo que era estudado, refletido e anunciado.
Deus e um grande incentivador dos Grupos de Reflexão... O Lutador: Como era o entrosamento do pessoal da Boa Nova com o clero da Diocese de Caratinga? JR: Naquele tempo, não havia quase nada de trabalho de comunidade. Ao surgir o trabalho dos pioneiros, muitos padres se interessaram com a formação de comunidades. E isso foi impulsionado pela força do Concílio. Para isso foi fundamental a figura de Dom José Eugênio Correia (então Bispo da Diocese de Caratinga), que era um apoiador e incentivador do trabalho com os leigos, e de Pe. Raul, hoje Mons. Raul, que era coordenador de pastoral da Diocese. Ele, com seu jeito cativante, falava com entusiasmo do trabalho dos pioneiros nas reuniões de coordenação pastoral e também divulgava suas ações no Jornal Diretrizes, que era (e é ainda hoje) o Informativo da Diocese de Caratinga, MG. Com isso as notícias deste trabalho foram-se espalhando e ganhando o apoio de
passada”. É certo que, de nossa parte (no Mobon), faltou uma continuação e um acento dessa proximidade maior com o clero. A criação da Casa Central do Mobon foi uma ideia bonita para a época, mas tem também tem seus limites. As paróquias foram formando também suas casas de encontro e houve um certo distanciamento em relação ao modo de trabalho daqueles tempos iniciais. É preciso cultivar essa proximidade, a partir da humanização, que é o pré-requisito para o anúncio da Palavra, como bem nos tem mostrado o testemunho do Papa Francisco. O Lutador: Como se dava a preocupação com a formação da consciência e o despertar para uma visão crítica da realidade? JR: Havia a preocupação de levar as pessoas a pensarem. Era preciso ultrapassar a ideia de que o fiel era apenas “destinatário”. A preo-
João Resende na Casa Boa Nova – Alta Floresta, MT - 2016
vários padres: Pe. Levi, Pe. Borelli, Pe. Paulo Peixoto, hoje Arcebispo de Uberaba, entre outros. Posteriormente, com o surgimento de muitas pastorais e movimentos, passou-se a buscar o que é mais “novidade” e o Mobon passou a ser visto por alguns como “coisa ultra-
cupação primeira não era a ortodoxia, mas o despertar para a participação. Era importante levar a pessoa a falar, pois, ao abrir a boca, a pessoa se posiciona. Ela passa a ter uma outra visão da realidade. Isso acontecia não tanto de uma maneira formal, era mais uma meJANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]9
todologia, uma “maiêutica”: “Qual a sua opinião?”, “O que você pensa?” “O que você tem a dizer diante disso?” Os grupos de reflexão nasceram nessa perspectiva, na busca de ajudar a pessoa a participar ativamente. O importante não era se a pessoa falava certo ou errado. O importante era o seu despertar para a participação, pois quem fala, se compromete. Hoje, infelizmente, na Igreja, nas comunidades, as pessoas estão muito caladas. Um povo passivo é um povo que é mal formado. Por isso as perguntas direcionadas para o plenário eram perguntas que levavam a tomar uma posição. Levavam a um questionamento, pois o questionar envolve a vida. Houve momentos em que os debates eram até muito acalorados, a pessoa se soltava e despertava para usar a palavra em público. Foi uma etapa pedagógica muito interessante, que favorecia a pessoa a soltar-se para uma participação mais ativa e consciente. Hoje, em muitos lugares, há pessoas muito passivas. Preocupa-me quando os grupos de reflexão estão em baixa, os plenários não funcionam ou perderam o espaço próprio de troca de experiências e debate das opiniões diferentes. Na busca de evitar o conflito, acabou-se por enfraquecer a participação e até a própria ação mais ativa e consciente. Sem uma provocação que leve a uma tomada de atitude, não há crescimento. O Lutador: Como se dava a ação litúrgica e celebrativa nos cursos e encontros? JR: A parte celebrativa era muito espontânea e participativa. Era algo muito vivo e até bastante criativo, que brotava das comparações, de elementos simbólicos que levavam a rezar a partir da vida, a partir da realidade. As orações e até as missas eram motivadas pelos símbolos que surgiam nos encontros: “missa
[▶
Entrevista [ Uma vida a serviço da missão [2... [▶ do fogão”, a celebração do “balaio”,
do “fogo no oco do pau”. Aquilo que iluminava o encontro era depois levado para ser rezado pelo grupo, pois, se a liturgia é “ação do povo”, ela precisa ser trabalhada de tal forma que não seja esvaziada, mas que também não se-
do povo é uma teologia não sistemática, é uma teologia “tremida”, sofrida... que surge da realidade vivida, que vem à tona na percepção do mistério de Deus em sua vida, no contato com a natureza, lendo e relendo os acontecimentos à luz de sua fé. O que eu descubro do mis-
João Resende em encontro com lideranças em Alta Floresta, MT - 2016
ja engessada. Fica assim um desafio: onde fica a ação do povo, nesse caso, a ação propriamente litúrgica, se tudo já vem pronto e não há espaço para a sua participação efetiva do povo? O Lutador: Na sua visão, como funciona essa teologia “popular” ou como o povo faz teologia? JR: Na região de Viçosa, iniciou-se um trabalho de teologia do povo ou teologia popular. No fundo, tínhamos uma sensação de que, em geral, chega para o povo uma teologia pronta, algo já definido que é levado para os leigos. Daí, surgiu a pergunta se era possível o povo fazer a teologia. Um fato pode ajudar a entender: quando começou esse trabalho, no primeiro encontro, o Padre Claret escreveu no chão: “O povo faz teologia”. Como ele escreveu com giz, a letra ficou muito tremida, por estar escrevendo na terra. Creio que a teologia
tério de Deus naquilo que estou vivendo, ou mesmo, naquilo que estou sofrendo. É uma ideia ainda inicial, mas indica que há um outro modo de fazer teologia. Como no começo da Igreja, a teologia tem de ser algo do povo, não pode ser um privilégio das faculdades ou restrita ao mundo acadêmico. O Lutador: E o trabalho da Boa Nova, pode-se dizer que ele, desde os começos, foi um modo, de incentivar o povo a fazer teologia? JR: Creio que sim, pois deixava o povo muito livre, muito solto, o pessoal não tinha medo de errar, todos falavam, discutiam. Era um processo de busca. O pessoal tinha direito de falar, com liberdade, o que sentia. Era como se, antes de tomar uma vitamina, tomasse um laxante para se desintoxicar por dentro. Depois, a vitamina fazia mais efeito. A oportunidade de soltar a voz,
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ganhar liberdade para posicionarse diante dos outros, despertava o senso crítico e aguçava a percepção sobre a realidade vivida. Isto feito a partir da palavra de Deus, permitia à pessoa sair da passividade e assumir uma atitude mais ativa, mais participativa e comprometida, favorecendo o protagonismo dos leigos. É preciso estar atento, pois Deus está constantemente agindo no meio do povo. Esse jeito simples do povo, no seu contato com a vida, expressa a presença de Deus em sua vida de família, em sua luta diária, em seu trabalho. O Lutador: Qual a sua esperança para o futuro do trabalho dos leigos na Boa Nova? JR: O futuro está alicerçado na fé. Qual o nosso foco? Nosso foco é o projeto de Deus. Um projeto que nasce, se desenvolve e se guia pela Palavra da Deus enraizada na vida de comunidade onde se celebra e alimenta a fé. É onde se busca força para enfrentar os desafios da vida.
Mas se a vida é dura, é preciso encontrar meios de resistência. É preciso despertar o senso também poético e contemplativo de nossa fé. A seu jeito, o povo junta a poesia, a música e a contemplação. Quando isso se junta, é teologia. Quem não se rende diante de um verso que fala de Deus na realidade de nossa vida? Porém, faltando mais poetas na Igreja, precisamos despertá-los... Assim, a caminhada fica mais leve. Aprofundamos nossa espiritualidade que alimenta a esperança e nos abre para o futuro.]
Igreja Hoje [ A posição da Igreja Católica...
A
GRAVE QUESTÃO DO SUICÍDIO é abordada de modo explícito pelo Catecismo da Igreja Católica na terceira parte, intitulada “A vida em Cristo”. O artigo sobre o “respeito à vida humana”, que evoca, pela ordem, a legítima defesa, o homicídio voluntário, o aborto e a eutanásia, trata também do suicídio. “O suicídio é gravemente contrário à justiça, à esperança e à caridade. Ele é proibido pelo quinto mandamento”, assim resume o parágrafo 2325. Uma vida dada por Deus A posição da Igreja Católica se fundamenta sobre o princípio de que a vida é dada por Deus e, assim sendo, ela não nos pertence. “Cada um é responsável por sua vida diante de Deus, que lha deu. Nós somos os administradores, e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela.”
Suicídio. O que diz a Igreja ?
De qualquer modo, o suicídio é firmemente desaprovado no Catecismo, pois esse ato “contradiz a inclinação natural do ser humano de conservar e perpetuar sua vida”. E ainda, ele “ofende igualmente o amor ao próximo, porque rompe injustamente os vínculos de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, às quais nos ligam muitas obrigações”.
A doutrina católica considera finalmente o suicídio como “contrário ao amor do Deus vivo”. O texto do Catecismo inclui também certo número de matizes. Assim, o ato é julgado mais grave ainda se ele é “cometido com a intenção de servir de exemplo”. Também está explícito que “a cooperação voluntária ao suicídio é contrária à lei moral”. Por outro lado, o estado de saúde da pessoa ou o contexto do suicídio podem diminuir a responsabilidade do autor do gesto, como “perturbações psíquicas, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura”. A Igreja reza pelos suicidas No que diz respeito à salvação da pessoa que atentou contra a própria
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vida, aspecto que angustia os amigos e familiares, prevalece sempre a misericórdia. “Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram”, ensina o Catecismo. “Deus pode, por caminhos que só ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. E Igreja reza pelas pessoas que atentaram contra a própria vida.” (2283) Nos tempos atuais, a Igreja Católica aceita celebrar as exéquias de uma pessoa que se matou, como explica o Pe. Bruno Mary, diretor do serviço nacional da pastoral litúrgica e sacramental da Conferência dos bispos da França, entrevistado pelo jornal católico “La Croix”. “Sem dúvida, ainda passa pela cabeça das pessoas a recusa da celebração de funerais na igreja para aqueles que tinham suicidado. Na época, considerava-se que o suicídio era um ato deliberado de desafio contra Deus, uma vontade de ocupar o lugar de Deus, que é o único senhor da vida. Hoje, nós bem sabemos que geralmente não é este o caso, e que o suicídio permanece um grande mistério para as famílias. Nos funerais, nós confiamos os defuntos a Deus, para que ele cuide deles. Não está em questão um julgamento sobre a vida deles.”]
Religião [ Formação...
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O clima dos recentes relatórios sobre assédio e abusos em seminários, o jornal “Catholic Herald” reproduziu as sugestões de um sacerdote que trabalha na formação de seminaristas, anteriormente publicadas no “Washington Post” [18/10/2018]. Fr. Thomas Berg, professor de teologia moral e diretor de admissões no seminário de São José, em Nova Iorque, sugeriu alterações no processo de formação dos seminaristas para garantir que eles sejam corretamente formados no plano espiritual e emocional. Maior confiança e transparência Berg critica no atual sistema dos seminários uma “ênfase exagerada nos estudos acadêmicos”, que deixa em segundo plano a formação emocional e pessoal. Esta deficiência não forma padres que estejam prontos para servir eficazmente em suas paróquias, podendo resultar em desvios de comportamento. “Onde há falta de foco na integração psicológica pessoal, abrese espaço exatamente para a vida desordenada do tipo que gerou as manchetes nos últimos meses,” disse ele. De fato, em várias cidades dos E.U.A., neste verão, seminários anunciaram investigações sobre má conduta. Frei Berg afirma que é preciso haver maior confiança e transparência entre os seminaristas e as equipes de formação. Os seminaristas devem ser capazes de expressar livre e sinceramente, com confiança na equipe de formação, as suas preocupações sobre a Comunidade do seminário, suas opiniões sobre o processo de formação e qualquer outra apreensão ou contribuição que desejem fazer em espírito de diálogo honesto. Diminuir a pressa para ordenar Frei Berg chama a atenção para a idade mínima na entrada para o
Seminár quantidade ou qualidade ?
Um professor de seminário reflete sobre a situação dos futuros padres. seminário, dizendo que “os bispos precisam diminuir a pressa em ordenar os candidatos”, e sugere que os estudos do seminário sejam ini12[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
ciados por volta dos 22 anos de idade, permitindo que o seminarista já tenha um diploma universitário antes de sua admissão.
ários:
Enquanto o atual processo de seminário leva cerca de sete anos, Berg sugere que o processo seja prorrogado por mais um ano. O ano inicial de formação consistiria na “desintoxicação da cultura e dos meios de comunicação sociais”, e resultaria em “crescimento no autoconhecimento, na oração e na identidade masculina segura”. O último ano antes da ordenação poderia consistir em um tempo de “trabalho de campo intensivo” no ministério pastoral. Os bispos podem não apreciar esta ideia, diz ele, mas acredita que seja necessária, pois a Igreja não pode ser bem servida por sacerdotes que são ordenados antes que eles estejam realmente prontos para a função. Esta imaturidade espiritual pode resultar em crises de saúde mental ou outros problemas entre o clero. “Quando, anos mais tarde, alguns deles vie-
❝ Os Bispos precisam exigir que os formadores se submetam a uma formação profissional contínua para melhor servirem os seminaristas... ❞ rem a vacilar, com vícios ou outras lutas pessoais, todos nós pagamos um preço alto.” Melhor qualificação dos formadores Frei Thomas Berg também expressou sua preocupação com a indicação de diretores e formadores inaptos a se tornarem mentores, modelos e guias de moral. “Um doutorado em teologia não torna um padre automaticamente apropriado para tal ministério. Os Bispos precisam exigir que os formadores se submetam a uma formação profissional contínua para melhor servirem os seminaristas.” Finalmente, Berg questionou o número e a qualidade dos seminários nos Estados Unidos. Ele disse que devem ser tomadas medidas para identificar quais seminários são bem sucedidos na formação dos sacerdotes e aqueles que estão faJANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]13
lhando nessa tarefa. E sugeriu que os Bispos deveriam formar uma comissão de “experientes formadores de seminário”, que visitaria cada seminário para rever seus processos. Seminários que estão falhando em sua missão devem ser reformados ou fechados. Para Frei Berg, o número atual de seminários nos E.U.A. – 70 – é demasiado elevado. Um terço desses seminários, de acordo com um relatório recente, tem menos de 50 seminaristas, e apenas 11 deles possuem mais de 100 candidatos em formação. Em vez deste excesso de seminários, que claramente não são necessários, ele sugeriu criar seminários regionais, 15 ou 20, orientados pelos melhores formadores de seminários em todo o país, e que iriam trabalhar em equipe. Os tempos atuais exigem que os seminários sejam repensados pelos bispos de modo radical, disse ele.] Fonte: Catholic Herald
V Í C T O R C O D I N A*
Bíblia [ A grande tentação religiosa para Israel era a id
Qual é a raiz desse pecado ? 14[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
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INGUÉM quer matar diretamente o irmão. Se o faz, é por uma razão prevalente, para ganho pessoal. A tradição bíblica aborda esse problema pelo ponto de vista de ido-
era a idolatria, era adorar deuses diferentes... deuses dos povos ricos que habitavam aquele lugar. Logo o povo de Deus teve que enfrentar os deuses da Assíria, Babilônia e seus países vizinhos. Existe como que uma luta dos deuses, entre Yahweh e os Baals, que chega a materializar-se numa espécie de competição entre o profeta Elias e os sacerdotes de Baal (1Reis 18). Os profetas insistem que esses deuses são vazios, inexistentes.
“Eles têm boca e não falam, têm olhos e não veem, têm ouvidos e não ouvem, têm nariz e não cheiram, têm mãos e não tocam, têm pés e não andam, sua garganta não tem voz.” (Sl 115,5-7.)
latria. A grande tentação religiosa para Israel era a idolatria, era adorar deuses diferentes de Yahweh. Toda a pregação profética insiste em afastar-se dos ídolos e adorar a Yahweh, que é o único Deus. Israel, ao chegar à terra de Canaã, encontrou-se diante dos Baals, ou
Eles são simples produtos humanos, um pedaço de madeira, por isso não salvam, não conhecem o futuro. Os profetas são irônicos sobre esses ídolos mudos e mortos. Adorá-los é colocar a confiança em um metal. Porém, esses ídolos não são tão inofensivos como podem parecer. A idolatria se traspassa para as realidades materiais. De fato, os profetas de Israel mencionam a idolatria das alianças de Israel com os impérios poderosos e a idolatria do dinheiro. Israel deixa de confiar em Yahweh e em suas promessas para cair nos braços de seus aliados políticos, os grandes impérios da época: Egito, Assíria, Babilônia. É uma verdadeira idolatria, eles oferecem presentes a estas potências como se fossem deuses. Essas alianças, de fato, não fornecem mais força a Israel que ídolos de madeira e constituem uma verdadeira prostituição do Deus verdadeiro. E o pior é que o povo sofre as JANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]15
conseqüências dessas alianças idólatras: impostos, colaboração para as campanhas de guerra, escravidão, morte. O dinheiro também é outro ídolo que causa a morte do pobre. Então, Amós grita contra as mulheres de Samaria: “Escutem esta palavra, vacas de Basan, que moram no monte da Samaria: vocês que oprimem os fracos, maltratam os necessitados e dizem aos seus maridos: ‘Tragam algo para beber’. O Senhor Javé jura pela sua santidade que para vocês há de chegar o dia em que serão carregadas com ganchos e seus filhos em arpões”. (Am 4,1-2.) Esses ídolos, aparentemente inexistentes, são sanguinários e assassinos. Eles matam o povo. O injusto é um assassino, como diz o Eclesiástico 34, 20-24, em um texto que motivou a conversão do Padre Bartolomeu de Las Casas, o grande profeta dos índios. O Novo Testamento continua esta mesma linha anti-idólatra. O Evangelho nos adverte sobre o terrível risco de servir a dois senhores, a Deus e a Mamon, o ídolo da riqueza (cf. Mt 6,24; Lc 16,13). A ganância é chamada de idolatria (cf. Cl 13,5; Ef 5,5) e Paulo exorta a abandonar ídolos ou deuses, porque “para nós existe um único Deus: o Pai. Dele tudo procede, e para ele é que existimos. E há um só Senhor, Jesus Cristo, por quem tudo existe e por meio do qual também nós existimos”. (1Cor 8,6.) Estes ídolos levam à morte, porque por trás desses ídolos estão os demônios (cf. 1Cor 10,20), que são assassinos desde o começo (cf. Jo 8,44). É o que Paulo chamara de “o mistério da iniquidade” (cf. 2Ts 2,6).] * Doutor em Teologia, assiste às comunidades populares de Oruro na Bolívia. (Texto de seu livro: “Parábolas de la Mina y el Lago: Teología desde la noche oscura”. Ed. Sígueme: Salamanca, 1990. Trad. DM.)
P E . S E B A S T I Ã O S A N T ’A N A , S D N *
Família [ Toda a Igreja é convocada a contagiar o m
A Igreja e a opção pre fe
NOVO ESTILO DE IGREJA LANÇADO PE
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O encerramento do XV Sínodo Ordinário dos Bispos (sobre a Juventude), o Papa Francisco enfatizou que seu resultado não pode limitarse ao rico Documento final, aprovado pelo Sínodo. Convidou toda a Igreja a um processo a ser ativado e a um caminho a ser percorrido, cujo resultado leve ao protagonismo da juventude. Toda a Igreja é convocada a contagiar o mundo com o espírito vivido no Sínodo da Juventude. Os jovens estiveram e deverão continuar no centro das atenções da Igreja. À luz do encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos de Emaús, o Sínodo olhou para o contexto em que eles vivem, procurou destacar seus valores e desafios, reconhece que eles são o presente e o futuro do mundo. A “opção preferencial pelos jovens” consolidada no Documento reforça que os jovens são protagonistas na evan-
É necessário definir ações comunitárias na Igreja nos vários níveis, procurando contar com os próprios jovens... gelização e prioridade na vida da Igreja. A Carta aos Jovens Na Carta aos Jovens, lida ao final da Missa de encerramento do Sínodo, os 270 bispos, entre tantas coisas bonitas, afirmaram: “A vocês jovens do mundo,
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nós padres sinodais nos dirigimos com uma palavra de esperança, confiança e consolação. Nestes dias, nos reunimos para escutar a voz de Jesus, “o Cristo eternamente jovem”, e reconhecer nEle as vozes dos jovens e seus gritos de exultação, lamentos e silêncios”.
agiar o mundo com o espírito vivido no Sínodo da Juventude... Os bispos continuam: “Sabemos de suas buscas interiores, das alegrias e das esperanças, das dores e angústias que fazem parte de sua inquietude. Agora queremos que vocês escutem uma palavra nossa: desejamos ser colaboradores de sua alegria para que suas expectativas se transformem em ideais”. “A Igreja e o mundo precisam urgentemente de seu entusiasmo. Sejam companheiros de estrada dos mais frágeis, dos pobres, dos feridos pela vida. Vocês são o presente, sejam o futuro luminoso!”
cretizar as indicações pastorais do Sínodo”, reforça ele. Os desafios do Documento final Sobre o Documento e seus desafios, Dom Sérgio reforça que, na primeira parte, o texto pede que, à luz do Jesus caminhava com eles, “se considere atentamente a realidade da juventude concreta, seus valores e potencialidades, seus problemas e situações de vulnerabilidade, as diversas faces dos jovens e a situação deles na Igreja local”. Já na segunda parte do Documento – Os olhos deles se abriram –, “contempla-se a reflexão teológica sobre
das propostas do Sínodo em toda a Igreja, fase que começa com as conferências episcopais de cada país e assembleia das dioceses e igrejas particulares”. O processo vivido pelo Sínodo serviu de exemplo: “aproximar-se dos jovens para escutar, compreender, acolher e valorizar a presença deles em nossas comunidades, para compartilhar com eles a alegria do Evangelho e para ajudá-los a responder ao chamado para seguir a Cristo nas diversas vocações, sendo cristãos nos diversos ambientes da sociedade, principalmente no meio dos jovens” – concluiu Dom Sérgio.
e ferencial pelos jovens
DO PELO SÍNODO DA JUVENTUDE A repercussão na Igreja do Brasil De volta ao Brasil, o Arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB, Cardeal Dom Sérgio da Rocha, que atuou como eficiente relator geral do Sínodo, em reunião com os secretários executivos dos 18 regionais da CNBB, partilhou o processo do Sínodo 2018. O cardeal explicou que o Sínodo lançou um novo estilo de Igreja à escuta, uma Igreja sinodal em caminho com todos, começando com os jovens. O grande apelo do Sínodo 2018 é que a Igreja caminhe com os jovens, como Jesus na passagem bíblica dos discípulos de Emaús. O presidente da CNBB comenta que, após o encerramento da Assembleia Sinodal, tem início a fase de recepção da reflexão e das propostas do Sínodo em toda a Igreja, fase que começa com as conferências episcopais de cada país e assembleia das dioceses e igrejas particulares. “O grande desafio é con-
os jovens e o discernimento vocacional que leva a interpretar a realidade com a luz da fé. Eles são convidados a refazerem, na comunidade, a experiência dos discípulos de Emaús, escutando a Palavra, participando da Eucaristia e da vida comunitária”, explicou o cardeal. Na terceira parte – Partiram sem demora –, “somos convidados a agir, procurando discernir, com a ajuda das propostas do Sínodo, os melhores meios para realizar a pastoral juvenil e o discernimento vocacional na Igreja local, com novo ardor missionário”, disse Dom Sérgio. É necessário definir ações comunitárias na Igreja nos vários níveis, procurando contar com os próprios jovens e, ao mesmo tempo, formar pessoas para acompanhá-los e para a animação da pastoral juvenil com a perspectiva vocacional. Esclareceu ainda o presidente da CNBB que, “após o encerramento da Assembleia Sinodal, tem início a fase de recepção da reflexão e JANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]17
A estrutura do Documento final O Documento final, com três partes, tendo como referência, os Discípulos de Emaús, foi desenvolvido em 12 capítulos e 167 parágrafos. Oferecemos aos leitores os temas abordados: I) Jesus caminhava com eles: 1) A escola e a paróquia; 2) Migrantes, um paradigma de nosso tempo; 3) Firme compromisso contra todo tipo de abuso; dizer a verdade e pedir perdão; 4) A família, Igreja doméstica; 5) Formação de justiça contra a cultura do desperdício; 6) Arte, música e esporte, recursos pastorais. II) Seus olhos se abriram: 1) Missão e vocação; 2) O acompanhamento; 3) Não a moralismos e falsas indulgências, Sim à correção fraterna; 4) A arte de discernir. III) Partiram sem demora: 1) Sinodalidade, estilo missionário; 2) O desafio digital; 3) Corpo, sexualidade e carinho; 4) Acompanhamento vocacional; 5) Chamado à santidade.]
Catequese [ Os enc
Tudo a partir 1 de Jesus Passos para uma nova maneira de pensar os encontros de catequese IR. MARLENE BERTOLDI
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S elementos metodológicos ao lado apresentamos não podem ser vistos isoladamente, dentro dos encontros, mas como dimensões que perpassam, que se entrelaçam para alcançar os objetivos da Iniciação à Vida Cristã: 18[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
[ Os encontros de catequese necessitam ter como característica a alegria... - oportunizar encontro vivo e alegre com a pessoa de Jesus Cristo e seu projeto (Querigma: anúncio de Jesus Cristo); - conscientizar que o discipulado cristão é opção para a vida toda (catecumenato e iluminação: Catequese); - iniciar a pessoa na vida de fé da comunidade, por meio da liturgia (catecumenato e iluminação: Catequese); - despertar a vocação batismal do compromisso pelo Reino de Deus (mistagogia).
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Alegria Os encontros de catequese necessitam ter como característica a alegria. Esta aproxima, dá espaço para relações fraternas e capacita para maior recepção da Mensagem. O Papa Francisco nos leva a uma reflexão, pois anunciar Jesus é motivo de alegria, e ele diz: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Com Jesus Cristo renasce sem cessar a alegria”. (EG, 1.) Ao preparar cada encontro, podemos nos perguntar: - É com alegria que preparo este encontro? Sou capaz de atrair através da alegria? Por quê? Que atitudes precisamos assumir para que a mensagem de Jesus seja recebida com alegria? Escuta A proposta da escuta é para colocar os catequizandos em atitude de quem vai interiorizar a mensagem recebida. O silêncio está colocado com a escuta. Nos dias de hoje, vivemos em um mundo muito barulhento. Parece que o silêncio não tem mais lugar. No caminho da Iniciação à Vida Cristã, o encontro com Deus, pela oração e pela contemplação do mistério, precisam ganhar mais espaço. Para que o silêncio faça parte dos nossos encontros, em primeiro lugar o próprio catequista precisa passar por esta experiência. Nos encontros, a prática da escuta da Palavra,
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a escuta do outro, a escuta dos barulhos que nos cercam podem ser bons exercícios para criar hábitos, sem mesmo constranger os mais inquietos. A escuta de Deus é para nós algo familiar? Quais momentos seriam apropriados para os nossos catequizandos fazerem a experiência do silêncio? Como? Convivência O relacionamento fraterno se aprende na convivência. Os encontros de catequese pretendem educar para uma convivência harmoniosa. Isto, não só com relação ao grupo atingido no processo de Iniciação à Vida Cristã, mas que se faça a experiência da partilha, da paz, da justiça, olhando para além das nossas janelas. O diálogo entre os catequizandos, pais, famílias e comunidade, testemunha a prática do seguimento a Jesus Cristo. É Ele que nos ensina como praticar o acolhimento do outro. Nisto estão principalmente os pobres, crianças, doentes, indefesos. Jesus nos diz que o parâmetro para o discipulado é o amor, que promove a vida. A criatividade para uma boa convivência passa pelas festas, celebrações, trabalhos em grupos pequenos, leitura bíblica partilhada, exercício da caridade, na promoção de valores humanos, em gestos afetuosos, troca de experiências. A convivência é também conteúdo. Nela nos educamos para a vivência dos valores humanos e evangélicos. Podemos indicar: a vivência da paz, da justiça, amor e ajuda aos sem voz e vez. Como desenvolver atitudes de valorização mútua entre os catequizandos? Já desenvolvemos alguma experiência de acolhida aos catequizandos? Aos pais? A convivência entre os catequistas ajuda na convivência com os catequizandos? A centralidade da Palavra de Deus Nos encontros de catequese, prioriza-se a Palavra de Deus, pois com ela iluminaremos todo o processo da Iniciação à vida Cristã. A partir da Palavra queremos assumir
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o discipulado. O documento Alegria do Evangelho (Evangelii Gaudium), do Papa Francisco, nos diz: “Toda a evangelização está fundada sobre a Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. A Sagrada Escritura é fonte de evangelização”. (EG, 174.) “É fundamental que a Palavra revelada fecunde radicalmente a catequese e todos os esforços para transmitir a fé.” (EG, 175.) É a Palavra que nos leva ao discipulado quando entendemos que “esta Palavra está muito perto de ti, está na tua boca e no teu coração, para que a ponhas em prática”. (Dt 30,14.) Somos convidados a uma intimidade sempre maior com a Palavra de Deus, a viver “não só de pão, mas também de tudo aquilo que sai da boca do Senhor”. (Mt 4,4.) Esta Palavra viva e forte, com que criamos uma proximidade, vai-nos servir de consolo, mas ela nos educa para uma consciência reta, para assumir valores que dignificam a pessoa com sua pluralidade. Atitudes diante da Palavra - Valorizar cada mensagem por ela transmitida. - Colocar-se em atitude de escuta e, para isto, é necessário fazer silêncio. - Aprofundar-se sobre cada texto relacionado nos encontros. Para a Palavra de Deus não vale água com açúcar. Passar para os catequizandos um grande respeito pela Palavra. Exercitá-los para uma leitura orante (Lectio Divina) diária. Para isso, valem pequenas frases, fáceis de serem entendidas e memorizadas, colocando-as em lugares de destaque, envolvendo as pessoas próximas: família, escola, amigos etc. Precisamos criar o costume da leitura bíblica de forma sistemática (leitura orante), preferencialmente em família e em comunidade. O catequista precisa ser um especialista em contar e narrar textos bíblicos. (Continua no próximo número)] Fonte: Catequese do Brasil
F R T. D I O N E A F O N S O , S D N *
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Juventude [ Que sejamos capazes de ampliar hor
Novos caminhos para os jovens
ESPÍRITO SANTO, que o Pai vai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse.” (Jo 14,26.) Com a celebração do Sínodo dos Bispos de 2018, nossos pastores, juntamente com o Papa Francisco, permitiram-se ser questionados pelos jovens de todo o mundo a fim de procurar entender os seus anseios para melhor ouvi-los e ajudá-los em sua jornada cotidiana. O documento final, lido, relido e votado por todos em assembleia sinodal, apresenta 167 parágrafos contendo a síntese de três semanas de reflexão e de oração unida à Igreja de todo o mundo. Dividido em três partes, o documento se inspira na caminhada dos discípulos de Emaús, pois é o próprio Jesus que se põe a caminhar com os jovens. É preciso “andar com eles” (Lc 24,15), 1ª parte – “abrir seus olhos” (Lc 24,31), 2ª parte – e, “partir sem demora” (Lc 24,33), 3ª parte. “Jesus anda com os dois discípulos, que não entenderam o significado de sua história e estão se afastando de Jerusalém e da comunidade. Para estar em sua companhia, Ele põe-se a andar com eles”. No decorrer da leitura de todo o documento, traçamos 15 pontos que podem indicar novos caminhos para os jovens a partir desse Sínodo. No caminho, “ao ouvi-los, seu coração é aquecido e sua mente é iluminada; na fração do pão seus olhos se abrem. Eles mesmos escolhem retomar a jornada na direção oposta sem demora, para retornar à comunidade, compartilhando a experiência do encontro com o Ressuscitado” (nº 4). Vamos caminhar juntos?
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Que sejamos capazes de sonhos e esperanças: “Que o Espírito nos dê a graça de sermos memória atuante, viva e eficaz, que não se deixa esmagar pelos falsos profetas, mas que levem a inflamar o coração e discernir os caminhos do Espírito”; Que sejamos capazes de ampliar horizontes, dilatar corações e transformar estruturas: “As estruturas de hoje nos paralisam, dividem e nos afastam dos jovens, deixando-os expostos às intempéries e órfãos de uma comunidade de fé que os apoie, de um horizonte de sentido e de vida. A esperança interpela-nos, destronca o conformismo e nos convida a trabalhar contra a precariedade, exclusão e violência, às quais está exposta a nossa juventude”; Que tenhamos o dom da escuta sincera, livre de preconceitos: “Para entrarmos em comunhão com as diferentes situações do Povo de Deus, não podemos cair na tentação de certos moralismos, elitismos e de ideologias abstratas”;
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Os jovens não são objetos, mas sujeitos do Anúncio do Evangelho: “A ideia é de um renovado protagonismo missionário na Igreja, em campo social e político, para que as Novas Gerações sejam fermento e luz do mundo, artífices da paz e da civilização do amor”; A Igreja, casa e mãe dos jovens: “A Igreja é chamada a ser mãe e lar, empatia e escuta, voz dos que não tem voz, especialmente para os que se encontram em situações difíceis – jovens em famílias problemáticas ou afetadas por vícios, desemprego, corrupção, tráfico humano, imigrantes – pessoas que são pedras descartadas que, graças ao anúncio da Boa
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pliar horizontes, dilatar corações e transformar estruturas... Nova, podem se tornar pedras angulares na construção de um mundo melhor. Deve ser repensada a paróquia como lugar de escuta, comunhão e missão: é preciso comunidades fraternas, alegres e contagiantes em que os jovens possam assumir suas responsabilidades”; Os jovens esperam da Igreja um sinal profético, de confiança e de comunhão: “Os jovens são o coração missionário da Igreja. O consumismo corre o risco de apagar o entusiasmo da juventude, que, muitas vezes, é desorientada, sem ideias e sem fé, também por causa de novas ideologias... É preciso falar com coragem, sobre a beleza da proposta cristã sobre a sexualidade, sem tabus; prestar atenção aos que, hoje, não conseguem viver a castidade durante o noivado. A maior parte das comunidades paroquiais não consegue perceber as expectativas dos jovens, que, muitas vezes, se afastam da Igreja após a Crisma. É urgente uma pastoral renovada, capaz de ouvir e transmitir o olhar amoroso de Jesus, como também de se expressar com uma linguagem jovem, além daquela digital”; É preciso falar aos jovens sobre a importância da oração: “É essencial que também a Igreja reze pelos jovens e pela sua vocação. Os jovens anseiam pela dimensão do silêncio e da contemplação, mas, quando não a encontram na Igreja, procuram em outros lugares”; Que não sejamos uma Igreja com “déficit de escuta”: “Muitas vezes os jovens se sentem não compreendidos pela Igreja na sua originalidade e, por conseguinte, não acolhidos e aceitos pelo que são verdadeiramente e, às vezes, até rejeitados. Que sejamos uma Igreja que se coloca verdadeiramente à escuta, que se deixa interpelar pelas solicitações daqueles que ela encontra, que não tem uma resposta confeccionada, sempre pronta. Uma Igreja que não escuta mostra-se fechada à novidade, fechada às surpresas de Deus, e não poderá ser credível, especialmente para os jovens, aos quais, em vez de se aproximarem, afasta-os inevitavelmente”;
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Os jovens são os sismógrafos da realidade, são Igreja: “Se a Igreja não abre espaço para a juventude, não será uma Igreja em saída. Os jovens devem ser valorizados. É preciso oferecer-lhes com alegria as razões para viver e esperar, evitando moralismos e mostrando que a vida é a resposta da vocação que Deus dá a cada um de nós. No fundo, a vida é bonita porque tem sentido. Os jovens são capazes de tomar decisões, mas é preciso ajuda -los a tomar decisões a longo prazo”; Que a Igreja seja uma “família de famílias”: “Hoje, a família está passando por uma fase de crise, devido à sua desestruturação e ao enfraquecimento da figura pater-
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Deixar-se “perturbar” pelos sonhos dos jovens e caminhar com eles... na. Os adultos, em geral, muitos jovens e individualistas, não ajudaram a percepção da Boa Nova entre os adolescentes. Em vez disso, é responsabilidade de todo fiel acompanhar os jovens ao encontro pessoal com Jesus, porque a juventude se constrói com base no que recebe na família. A Igreja deve oferecer aos jovens uma verdadeira experiência familiar, na qual se sintam acolhidos, amados, cuidados e acompanhados em seu crescimento, em seu desenvolvimento integral e na realização de seus sonhos e esperanças. Muitos jovens tem um sentido de orfandade muito forte, não sabem o que é uma família, por vários motivos”; A Igreja precisa ocupar o mundo digital: “Uma presença cristã em rede em que se adote um estilo cristão com os valores da liberdade, prudência e responsabilidade – os três valores nos quais a Igreja deve educar os jovens numa presença cristã na rede. É preciso colocar na rede todas as experiências ativadas no mundo para alcançar os jovens no ambiente digital. A pastoral digital é uma nova ágora do
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Terceiro Milênio e precisa dar um reconhecimento oficial a esses sites que levam uma verdadeira posição da Igreja”; Os jovens podem inculturar o Evangelho na web: “O ambiente digital é um campo imprescindível da evangelização, e é necessário adotar um estilo cristão que não termina no inserir conteúdos declaradamente católicos na web. Os jovens devem ser os verdadeiros protagonistas e não somente destinatários do mundo digital, pois são os que conhecem melhor a linguagem e a gramática das redes e das mídias sociais, aqueles que podem inculturar o Evangelho utilizando esses meios”; É preciso uma “cidadania digital” responsável: “Assim como tem seus aspectos positivos no campo da evangelização, há os aspectos negativos como a pornografia, e o cyberbullying. Num mundo onde o contingente digital é um terreno de missões, os jovens podem oferecer uma energia extraordinária para evangelizar outros jovens”; Os jovens são a chave para a conversão pastoral e missionária da Igreja: “Eles não são meros “receptores”, objetos, mas são os protagonistas preferenciais e participantes ativos nos processos de tomadas de decisão. Eles têm algo precioso para oferecer, com o qual o Senhor pode operar milagres. É preciso uma conversão pastoral e missionária que não seja mero exercício técnico, mas uma exigência do seguimento de Cristo. Uma conversão voltada à renovação da própria Igreja para aspirar a ser mais, a servir mais”; Os jovens pedem de nós a coragem do testemunho: “Que sejamos exitosos também mediante os fatos, e não somente com palavras. Num mundo fragmentado, somos chamados a ser instrumentos de comunhão”.
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E, fica para nós a questão: - Quanto a Igreja está disposta a deixar-se “perturbar” pelos sonhos dos jovens e a caminhar com eles para realizá-los?] * Religioso SDN, E-mail: dafonsohp@outlook.com
PA DRE SERGINHO*
Encontro Matrimonial [ Convite...
Papa Francisco e a Igreja mais leiga
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FAMÍLIA do Encontro Matrimonial está em festa. No dia 6 de outubro deste ano, o Papa Francisco nomeou 25 membros e 26 consultores para o Dicastério de Leigos Família e Vida. Dentre os membros, está o casal Daniel e Shelley EE, de Singapura, Indonésia, atual Casal internacional do Encontro Matrimonial Mundial. Durante séculos, nas questões administrativas e pastorais, os papas contaram com a assessoria de bispos e cardeais mais próximos, ou através de Consistórios, Sínodos e Concílios. Com o tempo sentiu-se a necessidade de criar organismos que, de forma permanente, provessem as diversas necessidades. O Dicastério Com a Constituição Apostólica Immensa aeterni Dei, de 22 de janeiro de 1538, o Papa Sisto V deu à Cúria Romana a sua configuração formal, instituindo um conjunto de 15 Dicastérios (Secretarias). Desde então, di-
Nosso pensamento se volta para os leigos, à família e à vida, a quem desejamos oferecer sustento e ajuda para que sejam testemunhas ativas do Evangelho. versas reformulações foram feitas. Após o Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI empreendeu reformas com a Constituição Apostólica Regimini Ecclesiae universae a 15 de agosto de 1967. Por sua vez, o Papa João Paulo II implementou nova reforma, através do decreto Pastor Bonus, de 28 de junho de 1988, ressaltando que “no exercício do poder supremo, pleno e imediato sobre a Igreja universal, o Romano Pontífice serve-se dos Dicastérios da Cúria Romana, que, por isso, trabalham em seu nome e com a sua autoridade, para o bem das Igrejas e em serviço dos sagrados pastores”. (Pastor Bonus, 7.) Leigos, a família e a vida Francisco, desde sua nomeação, vem implementando reformas. O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida foi criado por ele com a Carta apostólica de 15 de agosto de 2016, na forma de Motu proprio (de próprio punho), Sedula Mater. Este Dicastério agrupou as competên-
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cias e funções do Pontifício Conselho para a Família e do Pontifício Conselho para os Leigos. Em sua Carta Apostólica, Francisco explica: “Providenciamos solicitamente para que os Dicastérios da Cúria Romana estejam sintonizados com as situações do nosso tempo e se adaptem às necessidades da Igreja Universal. Particularmente, nosso pensamento se volta para os leigos, à família e à vida, a quem desejamos oferecer sustento e ajuda para que sejam testemunhas ativas do Evangelho no nosso tempo e expressão da bondade do Redentor”. Ao convidar o casal Daniel e Shelley EE, entendemos que o Papa Francisco nos convida a todos do EMM, de um modo particular, a nos engajarmos colaborando nessa missão de ser “testemunhas ativas do Evangelho” através do nosso carisma de relacionamento.] * Pe Sérgio Henrique Garcia de Braga Mello – EED São Luís.
I R . C ÁS S I A A L B U Q U E R Q U E , F C I M
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PEDAGOGIA VOCACIONAL é toda constituída sobre a lógica do dom, que gera liberdade e responsabilidade; por ser um dom, é um compromisso a ser assumido. No plano da fé, responsabilidade significa chamado a cooperar com Deus na Criação, é ter um coração grande para hospedar o outro e cuidar dele, ser capaz de se encarregar pela salvação do outro, é dar voz a outro ser para que construa seu projeto de vida. Por esta razão, é importante compreender a profundidade de atuar na animação vocacional. O chamado O chamado de Deus continua acontecendo de formas inesperadas ou inusitadas, nas comunidades, Igrejas, escolas, praças, famílias, grupos etc. O que falta são animadores e animadoras entusiastas de sua vocação, com um olhar amoroso, ouvidos atentos para escutar aos que procuram, uma sensibilidade para atrair e cativar, e uma disposição para aproximar-se das juventudes, sair ao seu encontro, como estimula o Papa Francisco, e propor-lhes um caminho de discernimento. A pergunta é: estamos dispostos a nos aproximar deles (as)? Entender a realidade juvenil atual, cercada de novidades, exige de nós, animadores e animadoras vocacionais, iniciativas mais ousadas, disposição pessoal para vivenciar uma experiência de acompanhamento, assim como fez Jesus com os seus discípulos. Queremos vocações, mas o tempo parece não ser favorável. Vislumbramos comunidades quebradas pelo vento da modernidade líquida. Percebemos lideranças cansadas, sacerdotes, religiosos (as), leigos (as), distantes da vida da juventude. A cultura vocacional é o coração palpitante da nova evangelização. Somos chamados (as) a reinventar a animação vocacional. Avançar para águas mais profundas Podemos recordar, como iluminação, o Evangelho de Lucas 5,1-6.10-
Família Julimariana [ Estar disposto...
A pedagogia da responsabilidade vocacional
11, como inspiração pedagógica vocacional. O estilo original de Jesus chamar pescadores para o Reino permanece como referencial para a animação vocacional. O mestre não espera, mas vai lá onde as pessoas se encontram. Observemos uma imagem vocacional: a de Pedro que, convidado por Jesus, depois de uma noite frustrada, decide obedecer ao seu Senhor jogando as redes. Se não estivessem com aquela rede, não teriam condições de apanhar os peixes. Por isso, as condições da rede são tão importantes quanto à necessidade de pescar. Todo (a) animador (a) vocacional precisa de uma rede de pessoas que o ajudem a pescar. Como está a sua rede? No texto, refletiremos três atitudes dos discípulos que são necessárias na animação vocacional: lavar, lançar e puxar. 1. Lavar: “lavavam as redes”. Significa um tempo de reflexão, organização e preparo. A Animação Vocacional necessita manter sua rede limpa. JANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]23
Sua animação está com as redes limpas? Faça pausas e lave suas redes! 2. Lançar: “pela tua Palavra, lançarei as redes”. Significa o trabalho conjunto da animação vocacional. É buscar novas formas, dar novo impulso e dinamismo ao que já estamos realizando. Para lançar a rede é preciso acreditar... Sua liderança na animação vocacional tem lançado as redes? 3. Puxar: “rompiam-se-lhe as redes”. Significa receber o resultado do trabalho. É algo que exige esforço e não pode ser feito sozinho. A animação vocacional deve formar uma rede de apoio. Sua liderança tem puxado as redes? Você tem uma rede de pessoas em sua liderança? * * * “Doravante serás pescador de homens.” Realizar animação vocacional pressupõe um caminho de desafios. O tempo é propício porque nos desafia, não tenhamos medo de “cuidar das vocações”.]
Espiritualidade [ Virtudes...
A Liberdade e gratuidade DOM PAULO MENDES PEI XOTO*
É livre quem reconhece valores na vida dos outros...
O LADO da liberdade e da gratuidade encontramos também a justiça. Todas essas virtudes são dons de Deus, porque “a lei do Senhor Deus é perfeita, alegria do coração” (Sl 18). A justiça nesse contexto é entendida como retidão, significando que não é possível aceitar um modo de viver de forma injusta e prejudicial às pessoas. Não confundir liberdade e gratuidade com arbitrariedade. Agir com liberdade significa maturidade, critério de respeito em relação ao outro, reconhecendo o valor da identidade de cada pessoa. Isso conduz também à gratuidade, ao reconhecimento da riqueza contida na capacidade de poder fazer o bem. A gratuidade amadurece a pessoa e faz com que ela seja solidária para com as outras de seu convívio. Eleva sua autoestima e a faz viver bem. Um dado importante na vida das pessoas é a capacidade de doação, de ir ao encontro dos outros. É ato de liberdade, que sai de dentro da pessoa com inspiração de fazer o bem. No Evangelho, Jesus diz que o maior entre eles era o servidor de todos (cf. Mt 9,35). Todas essas realidades supõem tolerância e sabedoria como instrumentos de convivência na liberdade e na gratuidade. Saber administrar bem a própria conduta não é tão fácil, porque todos nós trazemos as marcas e as influências da maldade proporcionadas pelo espírito do mundo. Na verdade, o bem e o mal estiveram sempre misturados na história das culturas, e muito mais hoje, quando presenciamos uma realidade totalmente secularizada. Mas não podemos deixar que o mal extirpe o bem em nossos atos. Liberdade não significa poder praticar escândalos, nem conduzir as pessoas para a prática do mal. O apóstolo Paulo diz: “Não damos a ninguém motivo de escândalo, para que o nosso ministério não seja desacreditado”. (2Cor 6,3.) É livre quem reconhece valores na vida dos outros e consegue despertar nas pessoas a prática da responsabilidade no gerir a vida social e comunitária. A liberdade da fé supõe solidariedade humana, adesão não só a um projeto de vida, mas a uma pessoa, a Jesus Cristo, a um caminho de tolerância e de acolhida fraterna. Quem assim age sente o dever da gratidão, porque o olhar de Deus penetra no seu interior e o transforma por dentro. Com isso a pessoa é capaz de sair de sua autorrefencialidade e praticar atos de gratuidade.] *Arcebispo de Uberaba, MG 24[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
F R T. M A T H E U S R . G A R B A Z Z A , S D N
Liturgia [ Deus por meio dos votos...
O rito da profissão religiosa
Expressão eclesial de acolhida da consagração a Deus
A
IGREJA faz acompanhar de ritos litúrgicos os grandes momentos da vida. Tanto é assim que se fala cada vez mais da recepção dos sacramentos inserida num grande contexto de iniciação à vida cristã: são marcas ao longo do caminho, e não um ponto de chegada. Não poderia ser diferente para aquelas pessoas, homens e mulheres, que decidem assumir a vocação de uma consagração a Deus pelos votos de pobreza, castidade e obediência. Desde os inícios da Igreja surgiram diversas formas para tal consagração: os eremitas, os monges, as virgens, as ordens e congregações religiosas, os institutos seculares. A vida consagrada, inspirada no Evangelho, propõe-se tomar a Cruz e seguir o Cristo (cf. Lc 14,25-33). O Ritual da Profissão Religiosa, que encontramos no Pontifical Romano reformado após o Concílio Vaticano II, é uma expressão de acolhida eclesial. A Igreja assume a consagração da vida feita pelo(a) religioso(a). Depois de percorrido todo o caminho de formação dentro da família religiosa, a Profissão Perpétua manifesta de forma solene esta acolhida e a consequente bênção. Cada família religiosa tem a liberdade de adaptar o rito segundo sua própria tradição espiritual. Entretanto, alguns elementos são basicamente comuns a todas. Observemos esses gestos rituais, para perceber a teologia litúrgica da Profissão Religiosa.
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hamada: Ao responder “aqui estou”, manifesta-se a liberdade da decisão tomada e o desejo pessoal de consagração a Deus. Neste
momento deixa-se clara, também, a vontade de pertencer especificamente àquela família religiosa.
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iálogo: Após a homilia, faz-se o diálogo entre o superior(a) e quem irá professar. Apresenta-se diante de toda a comunidade o bom propósito de quem se consagra. Salienta-se, logo na primeira pergunta, a consagração primeira e mais fundamental: o Batismo, da qual depende necessariamente a consagração religiosa.
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rece litânica: Com a pessoa que vai professar ajoelhada ou prostrada ao chão, canta-se essa solene ladainha. A primeira parte contém a invocação de todos os santos e santas, sobretudo os religiosos(as). A segunda parte consta de uma série de invocações pela Igreja, por quem está se consagrando, por seus pais e sua família religiosa. A comunidade acompanha com as respostas e a intercessão orante.
P
rofissão dos votos: Por meio da “fórmula de profissão” (do verbo proferir, jurar publicamente) realizase a consagração definitiva da pessoa a Deus por meio dos votos. Cada família religiosa elabora a sua própria fórmula, de acordo com seu carisma e espiritualidade. É interessante notar a distinção entre a Profissão e a Ordenação. Nesta, a Igreja (por meio do Bispo e da Prece) insere o candidato na ordem ministerial. Naquela, ao contrário, é o próprio religioso(a) quem se consagra ao Senhor.
B
ênção solene: O presidente da celebração eucarística, termiJANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]25
nada a profissão dos votos, entoa a solene bênção sobre aqueles que se consagraram. Nesta prece, após a memória escriturística, invocase a ação de Deus para que conforme os consagrados a Cristo, dando-lhes as graças necessárias para a perseverança na missão.
E
ntrega das insígnias: As insígnias da profissão são definidas pela família religiosa. Podem ser uma cruz, uma aliança (no caso das religiosas) ou outro símbolo. Elas são sinais visíveis e afetivos da consagração a Deus, e também da pertença à família religiosa.
A
colhida: Por fim, os que fizeram sua profissão serão acolhidos pelos irmãos ou irmãs de sua família religiosa com um abraço fraterno. Manifesta-se o espírito familiar e de fraternidade daqueles que se reuniram para ter “tudo em comum” (cf. At 2,44).]
Atualidade [ ANTÔNIO CARLOS SANTINI
A Igreja dos pobres
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ENHO OBSERVADO que a expressão “Igreja dos pobres” produz sério incômodo – e algumas erupções de pele – nos católicos que não se sentem pobres. É pena que reajam assim, pois de fato somos todos pobres. A mãe que não tem pão para os filhos é pobre. O milionário que não consegue curar seu câncer é igualmente pobre. Ser humano é ser limitado, dependente, pobre. Entretanto, os católicos com alergia à expressão “Igreja dos pobres” poderiam rever o filme “Irmão Sol, Irmã Lua” [Franco Zeffirelli, 1972], e notariam os fiéis ricos nos primeiros bancos da igreja, vestidos de veludo e seda, enquanto os mendigos se aglomeram junto à porta de saída, cobertos de andrajos. Salvo melhor juízo, estamos diante de uma “Igreja dos ricos”. Para não ficar limitado aos tempos de Francisco de Assis, compartilho uma lembrança de minha infância. Aos cinco anos de idade, filho de uma costureira e de um ferroviário, ao sair para a missa, eu ouvia a advertência de minha mãe: “Reconheça o seu lugar!” É que os bancos da capelinha tinham gra-
vado um nome de família. A gravação na madeira registrava que determinada família fora a doadora daquele banco de madeira. Ou seja, na prática, o banco tinha dono. Se eu me sentasse em um deles, corria o risco de ouvir: “Saia daí! Este banco não é seu!”
Mais uma vez, estamos diante da Igreja dos ricos. Não raro, os doadores eram tratados com deferência especial por parte dos pastores, pois deles vinham as espórtulas mais polpudas e os lances mais altos nos leilões paroquiais. Parece que as coisas começaram a mudar com o Concílio Vaticano II. Ao fim da missa em uma paróquia do Leblon, Rio de Janeiro, por volta de 1960, o pároco cumprimentava os fiéis. Aproximou-se um deles com um maço de notas na mão, oferecendo: - Padre Fulano, isto é para os seus pobres... 26[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
- Meus pobres?! – reagiu o pároco. Seus pobres!!! O senhor é que os cria naquela imunda fábrica de sabão lá no alto do morro... O ofertante era dono de uma fabriqueta de sabão na favela, onde crianças precisavam subir em banquetas para remexer a mistura do sabão nos tachos ferventes. Não admira que o pároco recusasse o dinheiro sujo de sebo e de sangue... Anoto estes fatos na intenção de serenar os fiéis que se sentem ricos e ajudá-los a ouvir sem arrepios a expressão “Igreja dos pobres”. Afinal, nosso Fundador era muito pobre, nem tinha onde reclinar a cabeça. Além disso, a primeira comunidade cristã partilhava seus bens, de modo que ninguém passava fome. E uma admirável legião de santos chegou à santidade exatamente cuidando dos mais pobres. Em tempos mais recentes, só para exemplificar: Teresa de Calcutá, Dom Bosco, José Cottolengo, Dom Orione, Damião de Veuster, Nhá Chica e Irmã Dulce... Ao dizer “Igreja dos pobres”, não se exclui ninguém dos benefícios da graça de Deus. Todo aquele que reconhece sua pobreza é bem-vindo nesta Igreja...]
CARLOS SCHEID
Atualidade [ A experiência...
Lembranças da casa da morte
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CABAMOS de sofrer uma triste campanha eleitoral, quando um dos temas que vieram à tona, provenientes do fundo do pântano ideológico, foi a pena de morte, apontada por muitos como panaceia para nossos males sociais. A experiência de outros grupos sociais deveria ser no mínimo um lampejo para iluminar nossas escolhas. E a pena de morte, com as raras exceções de Estados não democráticos, reduz-se cada vez mais a um traço da barbárie que acompanhou os passos da humanidade. Os Estados Unidos da América, com a maior população carcerária do planeta, vem cedendo às pressões da civilização e abandonando progressivamente a aplicação da pena de morte. Em 1997, foi publicado o livro de memórias “At the Death House Door”, do Reverendo Carroll Picket, ex-capelão da Casa da Morte em The Walls, Texas. Depois de 15 anos naquela função, Pickett demitiu-se e tornou-se decidido adversário daquele tipo de punição (ou de vingança?). Ele diz: “Observei 95 pessoas morrerem. E ao vê-las morrer, percebi que cada vez mais estávamos matando inocentes. Matamos um homem que, mais tarde, especialistas provaram ser inocente”. Foi o caso de Wilton Dedge, em 1982: após sua execução, um exame de DNA comprovaria sua inocência, apesar de ter sido reconhecido por sua vítima. Por outro lado, punições extremas não garantem a redução da criminalidade. Nos países árabes, onde vigora a lei corânica, desde o Séc. VII os ladrões têm suas mãos decepadas. A seguir, continuam roubando... com os dentes. O Rev. Pickett o confirma: “Outra razão é que o índice de crimes não diminui. Quando comecei a trabalhar, havia cem
pessoas no corredor da morte. Agora há umas 500. Isso não funciona, não reduz o crime”. Mesmo adolescentes, que ainda anão chegaram à maturidade e ao pleno desenvolvimento no uso da razão, nem possuem o cérebro plenamente desenvolvido, são condenados à morte, o que constitui flagrante ofensa à legislação internacional. Por isso mesmo, há vários anos o tema é objeto de discussão
Carroll Pickett afirma que é impossível esquecer a morte de alguém na Casa da Morte. “Eles (os guardas) me levavam às 6h da manhã à Casa da Morte e só executavam o preso à meia-noite. Isso me dava a oportunidade de passar muito tempo com ele.” Na terrível solidão que antecede a sua execução, o condenado tinha no capelão o último amigo pra conversar ou se confessar, antes da injeção letal.
na Suprema Corte norte-americana. O livro do Pickett, já naquela época, mostrava que os guardas não aguentam muito tempo em tal função, demitindo-se para não ficarem doentes. O ex-capelão denunciava também a desigualdade nos critérios de aplicação da pena de morte: “Executávamos mais negros e mexicanos do que brancos. E a razão para isso é simples: eles não têm representante (legal), não têm dinheiro para isso. Comecei a estudar mais e mais o que Deus disse, e Ele nunca falou em retaliação; é isso o que a execução é, uma punição cruel e injusta. Isso é assassinato”.
Como não se comover com tal depoimento? “Eu conversava com eles, dizia o que parecia melhor para aquela hora. Via o que queriam, se era permitido... Se eles queriam falar sobre basquetebol, falávamos sobre basquete. Choravam. De 23h30 à meia-noite, eu ouvia confissões. Coisas que nunca poderei revelar. Eu tentei apenas ser o último amigo deles.” Nos últimos meses, o Papa Francisco pronunciou-se várias contra a pena de morte. E não podia ser de outro modo, pois o fundador do Cristianismo também foi vítima desse tipo de violência... ]
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Crônica [ Maria
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UITO DEVAGAR – devagarinho demais – encontro explicações para costumes estranhos, para crenças, para superstições que povoaram minha vida. Havia mistérios nas palavras, pausas, olhares que inibiam a curiosidade de meninas enxeridas e da “pá virada”, como uma que eu criei dentro de meu coração... Menina atemporal, sem idade, sem limites para me visitar nas horas mais fora-de-hora. Irreverente, de vez em quando, sai do sótão onde gosta de viver, entre fadas, lembranças, saudades, teias de aranha, quem sabe, bolor, ferrugem, palavras desusadas, histórias sem-pé-nem-cabeça. As outras meninas que criaram raízes dentro do meu coração cresceram, sonharam e... sumiram nas asas dos sonhos, nas esquinas do tempo. Ficaram velhas. Somente a menina mágica não cresceu: não ousa sair do sótão, onde vive junto às personagens, pessoas, histórias e lendas que teceram seu tempo-menino. Pois a tal menina, que eu conheço tanto, não resiste à muralha do tempo e, de vez em quando, põe as manguinhas de fora, palpitando, concluindo histórias inacabadas, contadas por bocas antigas e falas silenciadas. As respostas surgem no dia a dia da vovó – ah! a tal menina hoje é vovó... - e a curiosidade se acende, a chama clareia a memória do sótão e a crosta é removida... Aí, a menina reina... * * * Vi no jornal a pesquisa científica sobre os desejos estranhos que acometem as futuras mamães: chupar laranjinha azeda, comer sabonete e carambolas inexisten-
Superstições mineiras
(Esta crônica é para o casal Geraldo Xavier Corgozinho e Maria Augusta Corgozinho, que comemoraram Bodas de Ouro em Ponta Grossa, Paraná, onde residem e recebem a Revista O Lutador, apreciando a página da Maria.) tes, tudo, de preferência, em altas horas da madrugada, tirando o pobre marido de seu descanso. Toda a cidadezinha participava dos desejos da simpática figura da mãe, dando-lhe auras de anjo, de um ser sobrenatural com poderes de fabricar uma vida nova, 28[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
capacidade só creditada a Deus. Havia uma luz naquela figura, havia um traço divino nas mulheres que preparavam um neném. Eu percebia pelos olhares, pelos cochichos, pela solicitude de todos, que uma coisa muito especial estava acontecendo. Mas
meninas não podiam conversar sobre “certos assuntos” de gente grande... Sempre ouvi histórias de amigas e, agora, pelo jornal, tantos anos depois, talvez tenha a resposta para o que uma delas contou em uma reunião de professoras. Morando em cidade grande, sentia-se presa no apartamento, acostumada que era com quintal, com amplidão e liberdade. O marido saía cedo e só voltava à noitinha. E ela, presa... Foi quando ficou esperando o primeiro filhinho. Pelas contas, o neném chegaria no princípio de janeiro... Desejos, os mais absurdos: comia alho cru, folhas de verduras, mordiscava o sabonete, uma coisa mais esquisita! Lá um belo dia, teve vontade de comer terra, nem que fosse um mísero pedaço de tijolo. Um punhadinho de terra escura da horta, qualquer coisa servia. Vozes antigas vinham-lhe à cabeça: - Se não comer o que tem vontade, seu neném nasce com a carinha deformada... Minha comadre teve um filho com nariz de caju, porque não arranjaram caju pra ela matar o desejo... Mas onde arranjar terra? Onde achar uma horta? Um vaso de flores? Uma lata de cebolinhas? Pensou que ia morrer de tanta aflição. Mas “Deus é bom”, dizia ela. Sem saber como, talvez por instinto, se lembrou do velho e bom filtro de barro, peça importante nas famílias antigas e em outras, modernas e tradicionais... Pôs o forro mais bonito do enxoval tampando o filtro... A tampa, escondeu-a em lugar secreto da casa...
Não teve pejo: de quebradinho em quebradinho, de lasquinha em lasquinha, comeu toda a tampa do filtro durante a gravidez... No dia de Natal, ela se deu, de presente, o último pedacinho da tampa do filtro... E dizia, aliviada: - Graças ao Menino Jesus, meu filhinho não vai nascer com cara de tijolo, de telha, de terra... O filtro me salvou! * * * Janeiro chegou! Tudo pronto, o neném ia chegar... E chegou! Lindo, cor de rosa, com carinha de anjo. Na efusão do Ano-Novo, na alegria do primeiro filho, quando todos comemoravam a felicidade, sem mais nem menos, a mamãe novata, pensou em voz alta: - Já pensou se o meu neném nascesse com cara de filtro? Ninguém entendeu nada, o marido abraçou-a, todos bateram palmas e ninguém nunca mais tocou no bendito assunto... O neném se chamou Francisco, em homenagem ao santo que idealizou o primeiro presépio, réplica da gruta onde o Jesusinho havia nascido... Pensando na amiga, vou colocando os três Reis Magos no caminho de areia que fiz no presépio antigo... Tenho certeza de que algum deles vai pedir para eu (re) contar a história do menininho que ia nascer com cara de filtro... - Vou contar, mas não espalhem, senão o Francisco vai sofrer bullying na Faculdade...] JANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]29
HUMOR REFLEXÕES FILOSÓFICAS
- Os sapos são essenciais como controladores de pragas e insetos. Não jogue sal no sapo só porque ele é feio. Você também é feio e ninguém joga sal em você. - Perguntei à minha nutricionista se chá verde emagrece. Ela respondeu que só emagrece se eu subir a montanha para colher as folhas. Achei uma ignorância da parte dela! - Eu ia votar em um candidato, mas ele disse que vai dar emprego pra todo mundo. Acho que vou mudar de candidato... - Eu queria mudar o mundo. Só vou pensar nisso outra vez depois que eu arrumar a minha cama... - Meu médico me recomendou ginástica e caminhada, mas não estou achando aqui na Netflix.
PARA-CHOQUES DE CAMINHÃO
- Se trabalhar enriquecesse, burro seria milionário. - Segredo entre três? Só matando dois! - Minhas duas alegrias: o primeiro frete e a última prestação. - Não fumo, mas vivo soltando fumaça. - Eu faço os cabritos e meu patrão é que ouve os berros! - Quem tem rabo de saia não sente perto do fogo. - Minissaia é igual arame farpado; cerca a propriedade, mas não protege a visão. - Se pinga fosse fortificante, o brasileiro seria um gigante. - Mulher é como abelha: ou dá mel ou ferroada. - Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer!
PRIMEIRO DIA DE AULA
- E então, Joãozinho, aprendeu muito na escola? - Acho que não, mãe. A professora disse que eu tenho de voltar amanhã...]
J E S Ú S U R T E A G A*
Páginas que não passam [ Religião e vida...
A ruptura entre a religião e a vida
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S homens de Cristo quase não têm hoje afã de santidade. Dir-te-ei que os cristãos não entenderam o que é o Cristianismo. O Cristianismo não se apoderou de nossas vidas, não nos ganhou inteiramente. Há um abismo profundo entre as relações que um cristão fomenta com o seu Deus na igreja e as que ele mantém com o seu semelhante no caminho. Contamos com Cristo somente nos “apertos”. Isso faz com que levemos uma vida dupla, sem unidade, uma vida de trabalho e uma vida de piedade, díspares, sem união; cada uma assenta em princípios diver-
sos. E daí que a nossa piedade seja mentira, e mentira o nosso trabalho. São duas frentes de luta que acabam por desalentar o mais esforçado. Uma religião morta e uma vida sem Deus... Não nos repugna semelhante contraste? Compreendemos perfeitamente um Cristianismo de meia hora semanal, o que dura o preceito de assistir à missa, mas não um Cristianismo que exerça influência na vida pública e privada dos homens. Compreendemos os cristãos mais zelosos que frequentam diariamente o templo de Deus, mas dificilmente concebemos esses mesmos ho30[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
mens condimentando com sentido católico a política, o ensino, a economia do país. Compreendemos um Cristianismo despojado de relações sociais, isolado das profissões, limitado a “interioridades”, como escola de formação para menores e para consolo da velhice no momento da morte. Mais vergonhoso ainda é encontrar pessoas que utilizam os privilégios da vida sobrenatural para se dispensarem das obrigações do convívio humano. O mundo está já um pouco farto – com muita, muitíssima razão – desses homens que ostentam pomposamente o título de filhos fiéis da Igreja, em beneficio de interesses pessoais. Apoiar-se na Igreja para subir um degrau na vida civil! Que vergonha! Que nojo!... Como por si mesmos não têm prestígio nem autoridade, lançam mão de nomes e coisas de Deus para se fazerem respeitar. Não veem, não querem ver que estão a desprestigiar a mais santa das sociedades. Os católicos hão de servir à Igreja, mas nunca servir-se dela. [...] Esta é a cunha que temos de meter no mundo antes que desmorone. Religião e Vida! Fazer da nossa vida corrente uma vida em face de Deus. Do nosso trabalho, um tesouro no céu. Da nossa dor, uma alegria no mais além. Das nossas orações, um sorriso nos lábios de Cristo. (Do livro “O Valor Divino do Humano, Ed. Quadrante, SP, 1961.)] *JESÚS URTEAGA LOIDI [1921-2009] nasceu em San Sebastián, Espanha. Doutor em direito pela Universidade de Madri, ordenado sacerdote em 1948, foi representante da Santa Sé no Congresso da União dos Organismos Familiares, em 1961. Teve intenso trabalho na TV espanhola, cujo Prêmio Nacional lhe foi concedido em 1965. Fundador da revista “Mundo Cristiano”, é autor de numerosos artigos e livros, entre os quais se destacam: O Valor Divino do Humano (traduzido para cinco idiomas), Deus e os Filhos, Ahora Comienzo, Cartas a los Hombres.
Roteiros Pastorais Leitura Orante 32 • Tudo em Família 33 Dinâmica para Grupo de Jovens 33 Catequese 34 • Homilética 36 JANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]31
Leitura Orante [ Não distorcerás...
“Não distorcerás o direito!”
(Ex 23,6)
Invocação à Trindade e oração ao Divino Espírito Santo
A. Situando o texto O Livro do Êxodo relata a libertação do povo de Deus das mãos do Faraó do Egito. Deus ouve o clamor de seu povo sofrido, desperta lideranças e conduz o povo para fora da escravidão. Para que o povo não volte a ser escravo, Deus faz com ele uma Aliança e aponta leis, normas, que são capazes de transformar a relação entre as pessoas. É transformando as relações entre nós e com a sociedade que podemos alacançar uma vida nova, uma sociedade mais justa e humana para todos. Vamos ouvir o Senhor que vem nos falar. Todos (cantando): Fala, Senhor! Fala, Senhor! / Palavras de Fraternidade. / Fala, Senhor! Fala, Senhor! / És luz da humanidade. B. O que o texto diz em si Ler na Bíblia: Êxodo 23,1-9. Chave de leitura: 1. O que o texto recomenda não fazer? 2. No texto, o que acontece com quem aceita suborno? 3. O que este texto tem a dizer para a prática política de hoje? C. O que o texto diz para nós L. 1: Para recuperar a fraternidade, é preciso agir com justiça. O texto acima diz respeito à questão da justiça nos tribunais, onde, às vezes, a lei é torci-
da a favor dos mais fortes e em prejuízo dos mais fracos e pobres. O texto procura indicar uma conduta reta, honesta e respeitosa dos direitos de cada um. Somente uma sociedade baseada na justiça e no direito será capaz de evitar que os mais fracos se tornem escravos dos mais fortes. Por isso o povo devia manter viva a memória do que lhe tinha acontecido no Egito, para que, ao entrar na Terra Prometida, não recriasse a mesma situação de opressão.
que levem a sério a Palavra de Deus. Verdadeiros cristãos que queiram fazer a diferença, sendo um fermento da justiça, uma luz que desmancha as tramas da corrupção e da violência, e um sal que tempera a sociedade com a vida que brota do evangelho (cf. Mt 5,13-14).
Todos (cantando): Pelo direito e a justiça libertados, / Povos, nações de tantas raças e culturas. / Por tua graça, ó Senhor, ressuscitados, / Somos em Cristo, hoje, novas criaturas. (Refrão CF 2019)
D. O que o texto nos faz dizer a Deus (preces e orações) 1. Senhor, que esta CF possa produzir os frutos necessários, ajudando a superar o calvário de sofrimentos que atinge a tantas pessoas desassistidas pelas políticas públicas. Rezemos:
L. 2: A Campanha da Fraternidade deste ano volta-se para a questão das Políticas Públicas. Ela quer nos ajudar a compreender e a participar mais ativamente destas políticas, que favorecem a todos, principalmente aos mais necessitados. Daí a necessidade de entendermos bem o que vem a ser Política Pública e buscar superar os preconceitos que levam as pessoas a se fecharem, a tudo o diz respeito à política, por entender como coisa suja, como corrupção e desvios. A Palavra Política finca suas raízes em um termo grego e se refere à “pólis”, ao lugar de tomar decisoes em função do bem comum. Por isso Política diz respeito a tudo na vida da sociedade. Ela está na arte, nas relações de trabalho, no preço dos alimentos, nas questões da moradia, do estudo, do transporte, do lazer, nas empresas, nos clubes, nas associações, na religião etc. Todos (cantando): Pelo direito e a justiça libertados... (Refrão CF 2019) L. 3: A Política Pública é um espaço de participação para a busca e a garantia dos direitos. É preciso que esse espaço seja ocupado por pessoas honestas, sérias, que agem a favor do bem, que busquem a justiça e o direito. Pessoas
32[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
Todos (cantando): O sal e a luz sou eu, / sou o povo do Senhor. (bis) - O que mais chamou a sua atenção no texto bíblico e no comentário acima?
Todos: Senhor, ajudai-nos a viver como verdadeiros irmãos! 2. Senhor, fazei de nós, leigos e leigas, pessoas conscientes e comprometidas, capazes de desdobrar a fé em ações concretas a serviço da vida e da esperança para todos. Rezemos: 3. Senhor, ajudai-nos a estimular a participação em políticas públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja, para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade, rezemos: (Outras preces espontâneas...) E. O que o texto sugere para o mundo, hoje Quem se interessa pela política tem buscado o bem comum ou os privilégios particulares? Por quê? F. Tarefa concreta Descobrir as iniciativas, já desenvolvidas em nossa comunidade, na linha das políticas públicas. Encerramento: Pai-Nosso, Ave-Maria e pedido de bênção a Deus.]
Tudo em Família [ 61 – Contraveneno...
Veneno e contraveneno 1. Coisas que acontecem Juca chegou para o pai e disse: - “Pai, não suporto mais a minha mulher. Quero matá-la, mas tenho medo que alguém venha a descobrir. O senhor pode me ajudar?” O pai respondeu: - “Posso sim, mas tem um porém... Primeiro você vai fazer as pazes com ela para ninguém desconfiar que foi você, quando ela morrer. Você vai cuidar muito bem dela, ser gentil, paciente, carinhoso, menos egoísta, retribuir sempre, levar para passear e escutar mais... Tá vendo este pozinho aqui? Todo dia você disfarça e coloca um pouco na comida dela. Assim, ela vai morrendo aos poucos... Trinta dias depois, o filho volta e diz ao pai: - “Eu não quero mais que ela morra! Eu mudei... passei a amá -la. E agora? Como faço para cortar o efeito do veneno?”
O pai, então, respondeu: - “Não se preocupe! Aquilo é só pó de arroz. Ela não vai morrer, pois o veneno estava em você!”
gestos de compreensão e companheirismo fizeram o efeito contrário do “veneno”: injetaram vida nova na mulher.
2. Pensando juntos O caso de Juca, mais comum do que se imagina, traz uma lição evidente: se nós alimentamos rancores em nosso coração, vamos morrendo aos poucos. E não adianta matar a pessoa odiada se o ódio permanece vivo dentro de nós, envenenando nossa vida. São João da Cruz, o grande místico carmelita e profundo conhecedor das almas, assim nos ensina: “Onde não existe amor, coloca amor e amor encontrarás”. As atitudes amorosas de Juca, ainda que fingidas no início, devem ter despertado na esposa um conjunto de reações que o surpreenderam, vendo nela uma mulher nova. Os
3. Para uma reunião de casais - Em casa, quais são as atitudes que parecem envenenar? Que é aquilo que “mata” você?
- E quais são os gestos e atitudes que injetam vida nova em você? - Você acha que amor é apenas sentimento? Ou se constrói acima de tudo pelo exercício de uma vontade determinada a agradar, animar, cativar? - Quais as oportunidades que você tem de exercitar o perdão como gesto de amor?]
Sensações de vida ou morte — Dinâmicas para Grupo de Jovens [ 61 Objetivo: analisar a prática e a revisão de vida. Material: duas velas, uma nova e outra velha. Desenvolvimento: grupo em círculo e ambiente escuro. A vela representa o meu tempo de vida. Imagine que você tenha apenas uns poucos dias de vida... Partilhar: O que eu poderia fazer em minha existência ou deixar de fazer… (a vela gasta, acesa, vai passando de mão em mão.)
Depois de um tempo de partilha, apaga-se a vela gasta e acende-se a nova. Ilumina-se o ambiente. A vela passa de mão em mão e cada um completa a frase: Eu…, tenho a vida inteira pela frente e o que eu posso fazer e desejo é … Analisar a dinâmica e os sentimentos. Palavra de Deus: Mt 6,19-24 e Sl 1. Fonte: jucpa.wordpress.com JANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]33
Catequese/Roteiros [ Deus vos conceda, amados catequistas, a força, a aleg de modo a poderdes assumir esta missão a que vos ❝Aceitai, Pai Santo, os propósitos que estes filhos caríssimos vos dirigem, e não permitais que esmoreçam no desejo de vos conhecer sempre mais.❞
Celebração de início da catequese Sugestão: Que seja feita depois da Profissão de Fé (Credo), e antes da Oração Universal dos fiéis faz-se o compromisso. Compromisso dos catequistas, pais e catequizandos. Padre: Estimados catequistas, que fostes chamados pela Igreja para o exercício de tão nobre missão anunciar às gerações que o Filho de Deus, Jesus Cristo Nosso Senhor, está vivo e vive para sempre nos nossos corações -, fazei, pois, o vosso compromisso diante de Deus e desta assembleia cristã. Catequistas: Senhor Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, que no princípio criastes o mundo com todas as criaturas que habitam os céus e a terra, na plenitude dos tempos enviastes o vosso Filho, Jesus Cristo, para, por meio d’Ele, recriar novos céus e nova terra; que através do Espírito Santo conduzis a Igreja ao longo dos tempos; infundi em nossos corações, vos pedimos, um renovado ardor para que sejamos testemunhas fiéis do vosso Santo Evangelho. Assim, hoje, diante da comunidade cristã, assumimos o compromisso de ser catequistas ao serviço do Reino, acolhendo e amando as crianças e adolescentes a nós con-
fiados. Neste desejo de amar e servir, prometemos ser fiéis à doutrina da Igreja no que diz respeito a todos os artigos professados no Credo, bem como às normas ditadas pelo Sumo Pontífice e pelo sagrado colégio dos bispos. Prometemos, ainda, plena colaboração com o nosso pároco, ajudando-o no exercício do seu múnus de pastor. Que Maria, a Senhora da Fé e da Esperança, nos acompanhe e nos ajude a “fazer tudo” o que o Filho nos disser! Amém. Padre: Deus vos conceda, amados catequistas, a força, a alegria, o entusiasmo e a caridade do Seu Espírito Santo, de modo a poderdes assumir esta missão a que vos comprometeis. Sabei que «há maior felicidade em dar do que em receber». (At 20,35.) Sede firmes na esperança, exemplares na caridade e fiéis à fé da Igreja para bem de todo o povo e maior glória de Deus. Padre: E vós, pais, estais dispostos a ser os primeiros catequistas dos vossos filhos, ensinando-os, com o exemplo da vossa vida, a ser pessoas honestas, desprendidas do materialismo selvagem e fiéis ao Evangelho de Cristo? Pais: Sim, estamos. E prometemos acompanhar os nossos filhos para a catequese semanal, durante a celebração da Eucaristia e na frequência do sacramento da reconciliação. Queremos que eles cresçam em todas as dimensões e, por isso, sejam, um dia, adultos da Fé. Ma-
34[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
nifestem, no modo de viver, convicções fortes e afirmem, sem vergonha, serem discípulos de Cristo. Padre: Ouvi, Senhor, o compromisso destes pais e mães e dai-lhes a coragem de nunca se envergonharem do Batismo que eles mesmos receberam e, também, pediram para os seus filhos. Sejam coerentes com o que prometeram e vivam, no dia -a-dia, o que hoje, aqui, celebram. Padre: Queridos (amiguinhos e amiguinhas da catequese), crianças e adolescentes! Também a vós pergunto: estais dispostos a vir sempre à catequese, a respeitar os vossos catequistas e a ser amigos de Jesus ao visitá-Lo aqui na Igreja? “Amiguinhos (as)”: Sim, estamos! Nós somos os amigos e companheiros de Jesus. Assembleia: Graças a Deus! Padre: Aceitai, Pai Santo, os propósitos que estes filhos caríssimos vos dirigem, e não permitais que esmoreçam no desejo de vos conhecer sempre mais. Vivam uma vida feliz, entregue ao serviço dos mais necessitados, dos que vivem nas periferias da existência, e alcancem, na comunhão dos santos, a posse do incomensurável tesouro: contemplar-vos tal como sois, Deus da paz, do amor e da luz. Por Jesus Cristo, Vosso Filho, que convosco vive e reira na comunhão do Espírito Santo. Assembleia: Amém.]
ça, a alegria, o entusiasmo e a caridade do Seu Espírito Santo, que vos comprometeis... ❝Senhor Jesus, que estais no meio de nós, fazei crescer nestas crianças sentimentos de encanto, de alegria e de reconhecimento pelo grande dom da Eucaristia; sentimentos de fé e de adoração.❞
Rito para apresentação das crianças da Primeira Comunhão 1. Introdução 1.1. As sugestões pastorais que apresentamos destinam-se às crianças que, frequentando a catequese, se preparam para participar plenamente na Eucaristia. Trata-se de uma proposta que prepara, de forma simples e experimental, a celebração da Primeira Comunhão. 1.2. O breve rito inspira-se no Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos 1.3. Pretende-se que a criança perceba que está em processo de iniciação cristã, se reconheça como parte da comunidade e, sobretudo, tome consciência do sacramento que vai receber. 1.4. Desejamos que as palavras e os gestos correspondam à situação e necessidade espiritual das nossas crianças. 1.5. Este rito terá de ser adaptado nas comunidades que têm grande número de crianças em preparação para a Primeira Comunhão. 1.6. Os párocos analisarão as possíveis adaptações bem como o tempo oportuno da celebração. Em colaboração com os catequistas, deverão estudar o acolhimento das crianças, dos pais e padrinhos e a disposição dos seus lugares.
1.7. Importa, sobretudo, que as palavras e os gestos tenham beleza e dignidade. 2. Admissão das crianças à comunhão 2.1. As crianças que se apresentam para receber este sacramento são acompanhadas pelos pais e padrinhos de batismo e pelo catequista. Poderão ser acolhidas, antes da celebração, pelo celebrante ou pela assembleia com uma palavra, canto ou gesto. 2.2. Depois da homilia, o catequista apresenta as crianças que se preparam para ser admitidas à Primeira Comunhão. Catequista: “Querido Padre, apresento-lhe as crianças que desejam participar plena e conscientemente na Eucaristia.” O catequista diz o nome de cada criança e ela se aproxima do celebrante, com os seus pais e padrinhos. Celebrante: O que vocês desejam da Igreja neste dia, em especial? Catequizandos: Quero receber Jesus em minha vida e em meu coração Celebrante: Queres comungar Jesus, o Pão da Vida, pela primeira vez? Catequizandos: Sim, quero. Celebrante: E por que o queres fazer? Catequizandos: Porque quero ser mais amigo de Jesus e desejo crescer na fé. Celebrante: Caros amigos, vocês já acreditam em Jesus e querem preparar-se para recebê-Lo pela primeira vez na Eucaristia. Pela Eucaristia, vocês se unirão mais a JeJANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]35
sus Cristo e irão amá-lo de todo o coração. É com grande alegria que aceitamos os propósitos de vocês. Vou agora perguntar aos seus pais e padrinhos se eles estão dispostos a acompanhar vocês e a guiá-los para Cristo. Celebrante: Caríssimos pais e padrinhos, os seus filhos desejam continuar a preparar-se para a sua primeira Comunhão. Vocês estão dispostos a ajudá-los cada vez mais na sua adesão a Cristo? Pais e Padrinhos: Sim, estou. Celebrante: E vocês, comunidade, sabem que estas crianças precisam ser ajudadas pela nossa fé para aprofundarem a vida cristã. Pergunto, pois, a vocês, que são seus amigos e companheiros: estão dispostos a ajudá-los neste seu caminhar para Jesus Cristo? Comunidade: Sim, estou. Celebrante: Senhor Jesus, que estais no meio de nós, fazei crescer nestas crianças sentimentos de encanto, de alegria e de reconhecimento pelo grande dom da Eucaristia; sentimentos de fé e de adoração na vossa presença permanente. E permiti que, alimentadas pelo Pão da Vida, elas se deixem transformar cada vez mais por Vós, que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.] Fonte: Secretariado diocesano de catequese – Santarém, PA [com adaptações]
Homilética [ 3•02•2019
4º Domingo do Tempo Comum Leituras: Jr 1,4-5.17-19; Sl 70 [71]; 1Cor 12,31-13,13; Lc 4,21-30 1. Consagração e missão. Deus, criador de todas as coisas, que modelou e deu a vida ao primeiro homem (cf. Gn 2,7), conhece todas as pessoas antes de sua existência. O v.5 afirma que Deus conhecia Jeremias antes de seu nascimento, antes mesmo de sua concepção no seio de sua mãe. Deus o consagrou, o separou para uma missão especial. A missão é ser profeta para as nações. A revelação dessa missão acontece agora no tempo do rei Josias, por volta de 627 a. C. Ela missão mergulhará o profeta em muitos conflitos. Fortalecido por Deus, o profeta deve anunciar tudo sem medo. O profeta é enviado contra os reis de Judá e seus ministros, ou seja, o poder que faz política em próprio benefício. Contra os sacerdotes, o poder religioso coligado ao poder político para usufruir privilégios. Contra os proprietários de latifúndios, o poder econômico, que explorava os pequenos agricultores e até os expulsava do campo. Os três poderes perseguirão o profeta, que não deve temê-los (v.17), pois Deus estará com ele (v.19) e vai fortalecê-lo como uma fortaleza, uma coluna de ferro, uma muralha de bronze (v.18). Contra quem a comunidade exerce hoje a missão profética? 2. O amor não passa. Sem o amor-ágape é impossível a solidariedade na unidade de um só corpo. Embora fale do amor de Deus, ou seja, do amor com o qual Deus ama, 1Cor 13 não fala diretamente do amor de Deus, mas do amor aos irmãos. Mostrando a superioridade do amor, Paulo enumera os dons mais ambiciosos: falar em línguas, profecia, ciência, mesmo a fé, a “caridade-esmola” e até o sacrifício da própria vida. Se tudo for feito por vaidade e orgulho, sem amor-solidário, nada vale.
Leituras da Semana
“Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria.” (Lc 4,24)
[dia 4: Hb 11,32-40; Sl 30[31],20.21.22.23; Mc 5,1-20 [dia 5: Hb 12,1-4; Sl 21[22],26b-27.28.30.31-32; Mc 5,21-43 [dia 6: Hb 12, 4-7.11-15; Sl 102[103],1-2.13-14.17-18a; Mc 6,1-6 [dia 7: Hb 12,18-19.21-24; Sl 47[48],2-3a.3b-4.9.10-11; Mc 6,7-13 [dia 8: Hb 13,1-8; Sl 26[27],1.3.5.8b-9abc; Mc 6,14-29 [dia 9: Hb 13,15-17.20-21; Sl 22[23],1-3a.3b-4.5.6.; Mc 6,3-34 O amor não se define de maneira abstrata, mas concreta, pela ação que ele provoca. Paulo apresenta o elenco de 15 expressões para mostrar o que é e o que não é amor solidário. Amor não é sentimento, nem exibicionismo, mas solidariedade com os mais fracos e necessitados. E tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (v.7). Todos os carismas são passageiros. Tudo passa. Só o amor permanece. Tudo é limitado e imperfeito. Só o amor não tem limites, só amor é prefeito, coisa de adultos na fé (v.11). Fé, esperança e amor, sim, devem ser levados em conta, pois eles nos introduzem desde já no domínio das realidades que nunca passarão. No fundo, até mesmo a fé e a esperança só permanecem neste
mundo, portanto são também passageiras. No céu, serão substituídas pela visão de Deus face a face (cf.v.12). No céu, só haverá de permanecer o AMOR. 3. O Messias rejeitado. O v. 21 anuncia a realização da Escritura no hoje da vida do povo, que está escutando Jesus. Só vai depender da aceitação. Há num primeiro momento a predisposição dos ouvintes em escutar Jesus. Prestam-lhe testemunho e se espantam com suas palavras, que lhes anunciavam a graça e o amor benevolente de Deus. Mas, num segundo momento, o povo opõe dois obstáculos à mensagem de Jesus. A pergunta: “Não é esse o filho de José?” implica a rejeição de um Messias simples, comum,
36[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
conhecido, nascido no meio do povo. O povo esperava um Messias espetacular capaz de ações mágicas e miraculosas. O provérbio “médico, cura-te a ti mesmo” quer dizer que Jesus não é capaz nem mesmo de libertar seus próprios familiares da opressão e da miséria, por isso não serve. O segundo obstáculo é a busca de milagres em Nazaré, como fez em Cafarnaum. Querem o exibicionismo de Jesus, atuando em seu próprio favor. Mas Jesus se recusa a cair nas tentações de 4,1-12. Por esses dois obstáculos, o hoje da salvação não se realiza para o povo de sua terra. Acontece com Jesus o que acontecera com os profetas: não é bem acolhido em sua pátria. Rejeitado pelo seu povo, Jesus anuncia a abertura para os pagãos com dois episódios. Elias, no tempo da fome, apesar de saber que havia muitas viúvas em Israel, vai socorrer uma viúva estrangeira em Sarepta, na Sidônia (cf. 1Rs 17). Eliseu, por sua vez, sabendo que havia muitos leprosos em Israel, purifica o sírio Naamã (cf. 2Rs 5). Jesus quer dizer que, quando o povo rejeita os profetas, Deus aproveita para mostrar seu amor aos que estão fora de Israel. E os de fora acolhem o Deus dos profetas e sua mensagem. Sua fé é até mesmo maior que a do povo escolhido. Assim, Lucas apresenta a mensagem universal de Jesus aberta a todos os povos. Eles entendem o que Jesus queria dizer e se enchem de cólera, expulsam Jesus da cidade e querem precipitá-lo morro abaixo. É uma prefiguração do assassinato do profeta de Nazaré por parte de Israel. O v. 30, sem forçar a presença de um milagre, quer indicar que o itinerário de Jesus para Jerusalém, onde morrem os profetas, começa aqui (cf. v. 9,51). Por isso Jesus passa no meio deles e segue seu caminho. Como nós, cristãos, estamos acolhendo hoje a mensagem de Jesus?]
Homilética [ 10•02•2019
5º Domingo do Tempo Comum Leituras: Is 6, 1-2a.3-8; Sl 137[138]; 1Cor 15,1-11; Lc 5,1-11 1. Vocação do profeta. O texto descreve o chamado do grande profeta Isaías, no ano 739 a.C., durante numa liturgia no Templo de Jerusalém, quando se celebrava a realeza universal de Deus, cantando o Salmo 99. O profeta tenta escrever a sua profunda experiência interior. Deus é o Senhor absoluto da história, reina sobre o universo inteiro. Seu trono majestoso é o céu, mas as franjas das suas vestes invadem o santuário do Templo. Isaías não vê a face de Deus, só a barra de seu manto, mas com isso o profeta já sente a plenitude de Deus e percebe que sua realeza ultrapassa a imensidão do infinito. Os serafins proclamavam a profunda santidade de Deus dizendo: “Santo, santo, santo”. Esta santidade consiste em sua coerência contínua na história ao lado do seu povo, libertando-o e salvando-o, com justiça e retidão. Esses sinais de libertação constituem, para aqueles que têm fé, a glória de Deus sobre a terra (v. 3b). Isaías se sente pequeno, pecador e perdido (v. 5), mas Deus cuida de seus profetas e os capacita para a missão. Através do seu anjo, Deus purifica o profeta, perdoa-lhe o pecado e o envia em missão para transmitir ao povo a experiência que acaba de viver. É durante uma liturgia que o profeta se sente tocado e é capaz de se comprometer, dizendo: “Aqui estou, enviame!” Nossas liturgias são capazes de suscitar profetas? 2. Testemunhas da ressurreição. Entre os problemas e dúvidas da comunidade de Corinto, estava a ressurreição de Jesus. Paulo enumera 4 artigos de fé dos apóstolos: a) Cristo morreu por nossos pecados, isto é, em nosso favor, em nosso lugar, conforme as Escrituras tinham anunciado.
Leituras da Semana
“Avance para águas mais profundas.” (Lc 5,4b)
[dia 11: Gn 1,1-19; Sl 103[104],1-2a.5-6.10.12.24.35c; Mc 6,53-56 [dia 12: Gn 1,20 – 2,4a; Sl 8,4-5.6-7.8-9; Mc 7,1-13 [dia 13: Gn 2,4b-9.15-17; Sl 103[104],1-2a.27-28.29b-30; Mc 7,14-23 [dia 14: Gn 2,18-25; Sl 127[128],1-2.3.4-5; Mc 7,24-30 [dia 15: Gn 3,1-8; Sl 31[32],1-2.5.6.7; Mc 7,31-37 [dia 16: Gn 3,9-24; Sl 89[90],2.3-4.5-6.12-13; Mc 8,1-10 b) Ele foi sepultado; o sepulcro constata a morte de Jesus e o fim de sua vida terrena. c) Ele ressuscitou ao 3o dia, segundo o próprio Jesus tinha anunciado. d) Ele apareceu a Cefas (Pedro) sozinho e depois aos 12. As aparições querem inaugurar uma nova presença de Cristo no meio de nós. Paulo continua o texto dizendo que mais tarde Cristo apareceu a mais de 500 irmãos de uma vez; depois a Tiago e aos apóstolos todos juntos. Por último, apareceu também a ele, Paulo, “como a um abortivo”. É bom observar no texto a preocupação de que a iniciativa é sempre de Deus, a fé viva como resposta da comunidade primitiva e o impulso a transmitir a experiência vivida (cf. a 1ª Leitura).
O que transmitimos hoje como conteúdo básico da nossa fé? 3. Pescadores de homens. Lucas condensa vários fatos e mistura sua preocupação fundamental de narrar a vocação de Pedro com a vocação de outros discípulos. Com a pesca milagrosa, ele quer mostrar que a missão dos discípuJANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]37
los é um prolongamento da missão de Jesus. Apresenta também duas condições fundamentais para ser discípulo e missionário: dar atenção especial à Palavra do Mestre e deixar tudo. O texto mostra a multidão faminta da Palavra de Deus. Os pescadores com suas redes vazias representam a situação do povo. Depois Jesus sobe na barca, de onde ele pode encarar o povo de frente com suas faces abatidas e angústias transparentes. Ele se assenta. É a posição de quem ensina. O texto não diz o que Jesus ensinava, mas certamente ele profere palavras de libertação e solidariedade. Jesus, não era pescador, mas dá ordens a um mestre em pescaria. Simão, delicadamente, lembra a Jesus que ele e seus companheiros trabalharam a noite inteira. Mas Simão reconhece Jesus como Mestre e Senhor da Palavra da vida (cf. Jo 6,68). Eis a frase importante de Simão Pedro: “Mas, em atenção à tua Palavra, vou lançar as redes”. Diante de Jesus somos todos discípulos, aprendizes. Sua palavra é a palavra da vida, capaz de transformar situações carentes em conforto e alegria. Foi o que aconteceu. Jesus mandou lançar as redes e pescaram como nunca (vv. 4-8). Simão reage como Isaías. Reconhece-se pecador diante da santidade do seu Senhor. “Senhor” é o título que Jesus recebe depois da ressurreição. A pesca quer simbolizar, na verdade, a grande vitória de Cristo sobre a morte e o resultado da pregação apostólica. A abundância de peixes aponta para a quantidade de futuros convertidos. Como Isaías, Pedro também é acolhido e transformado em mensageiro da Palavra, em pescador de homens. Diante de tudo isso, ele e seus companheiros deixaram tudo e seguiram a Jesus. Que valor nós estamos dando à Palavra de Deus? Estamos partilhando das angústias e sofrimentos do povo?]
Homilética [ 17•02•2019
“Felizes de vocês, os pobres...” (Lc 6,20b)
6º Domingo do Tempo Comum Leituras: Jr 17,5-8; Sl 39 [40]; 1Cor 15, 12-16-20; Lc 6, 17.20-26 1. Entre a bênção e a maldição. Judá sempre teve a tentação de confiar nos exércitos estrangeiros, ao invés de pôr sua confiança no Senhor, fato que conserva sua atualidade. Confiar em sistemas sociais, políticos ou socioeconômicos, confiar em partidos, nas forças das armas ou potências internacionais só gera escravidão. A única dependência que liberta e gera vida é a adesão ao Deus da vida. Nosso texto diz duas coisas, seguidas da expressão: “maldito o homem que confia no homem e bendito o homem que confia no Senhor”. É um comentário de Dt 30, 15-19b: “Eis que hoje estou colocando diante de ti a vida e a fidelidade, a morte e a infelicidade [...] Escolhe, pois, a vida para que vivas tu e a tua descendência...” O homem que confia no homem e têm seu coração afastado do Senhor é comparado aos arbustos desfolhados do deserto, que não veem a alegria da floração. Entretanto, o homem que confia no Senhor é como a árvore plantada junto às águas. Está sempre verde e dá frutos mesmo em tempos de seca. Quem confia só em si mesmo torna-se autossuficiente e tenta ocupar o lugar de Deus, que é o único Absoluto. Quem confia só nas pessoas faz delas um ídolo, um absoluto, e se torna suas escravas. Nossa confiança deve estar no Deus da vida. Na prática, em quem você põe sua confiança? 2. Ressuscitar com Cristo. Na comunidade de Corinto, alguns negavam a ressurreição dos corpos e se conformavam à filosofia grega, que só valoriza o espírito, em detrimento do corpo. Para eles, se Cristo ressuscitou ou não, pouco acrescentava à condição humana.
Leituras da Semana
[dia 18: Gn 4,1-15.25; Sl 49[50],1 e 8.16bc-17.20-21; Mc 8,11-13 [dia 19: Gn 6,5-8; 7,1-5.10; Sl 28[29],1a.2.3ac-4.3b.9b-10; Mc 8,14-21 [dia 20: Gn 8,6-13.20-22; Sl 115[116B],12-13.14-15.18-19; Mc 8,22-26 [dia 21: Gn 9,1-13; Sl 101[102],16-18.19-21.29.22-23; Mc 8, 27-33 [dia 22: 1Pd 5,1-4; Sl 22[23],1-3a.3b-4.5.6; Mt 16,13-19 [dia 23: Hb 11,1-7; Sl 144[145],2-3.4-5.10-11; Mc 9,2-13 Ora, faz parte dos artigos de nossa fé, comum a Paulo, que Cristo morreu e ressuscitou. É isso que os cristãos pregavam e as Escrituras anunciavam. E se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou, e estamos assim invalidando as Escrituras e as próprias palavras de Cristo. Para Paulo, as testemunhas oculares das aparições são a maior prova da ressurreição de Cristo. Paulo enumera as consequências da negação da ressurreição de Cristo: - Nossa fé seria pura ilusão (v.17). - A redenção não teria sido realizada, ou seja, todos estaríamos ainda mergulhados no nosso pecado sem possibilidade de perdão (v.18).
- Seriamos os mais dignos de compaixão entre todas as pessoas. Mas, na realidade, nossa esperança em Cristo não foi colocada só para esta vida, pois Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram (v.20). Em 1Cor 12, Paulo afirma que somos membros do corpo ressuscitado de Jesus. Daí o respeito que devemos ter pelo nosso corpo e pelas pessoas, pois fazemos parte do Corpo de Cristo e somos destinados à ressurreição e a viver para sempre com ele. É assim que tratamos o nosso corpo e as pessoas? 3. Bem-aventurados os pobres. Que a preferência de Jesus é pelos pobres marginalizados, está claro em todo o
38[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
Evangelho, e o contraste entre as bem -aventuranças e as “mal-aventuranças” o confirma. Um primeiro ponto é que o Reino de Deus é dos pobres, por isso são bem-aventurados e felizes. Desde já, são cidadãos do Reino e já iniciam a nova sociedade que Jesus veio inaugurar. Eles são os que agora choram e terão um futuro conflitivo neste mundo, pois para eles estão reservados, da parte dos cidadãos deste mundo, o ódio, a expulsão, o insulto e a maldição. Tudo isto porque eles pertencem a Cristo e seu Reino, mas deve ser motivo de alegria e exultação, pois esta foi a sorte dos profetas e, como os profetas, também eles terão uma grande recompensa no céu. É por isso que a segunda parte de cada bem-aventurança assegura uma promessa: sereis saciados, havereis de rir... Porque os pobres passam por tudo isso? Porque os ricos não querem mudanças nas relações sociais. Querem manter seus privilégios, seu status, seus bens. Eles se alegram como sofrimento dos pobres. Seus antepassados já matavam os profetas que anunciavam a mudança através da justiça, da partilha e solidariedade. Os ricos são infelizes, são mal-aventurados aos olhos de Deus e sua recompensa já está na consolação aqui e agora. Amanhã, eles pedirão ao Pai Abraão para deixar Lázaro refrescar a língua deles com uma gota d’água (cf. Lc 16, 24), mas não obterão este favor. Eles são os que agora têm fortuna, agora riem, agora são elogiados. Eles simbolizam os falsos profetas. Amanhã eles vão passar fome, vão ver luto e lágrimas. Nós partilhamos das lutas dos pobres para a construção de uma nova sociedade, onde desaparecerão o orgulho e o egoísmo dos ricos, e haverá partilha e solidariedade?]
Homilética [ 24•02•2019
“Amem os seus inimigos...” (Lc 6,27b)
7º Domingo do Tempo Comum Leituras: 1Sm 26,2.7-9.12-13.22-23; Sl 102 [103]; 1Cor 15,45-49; Lc 6, 27-38 1. O inimigo poupado. Saul, o 1º rei de Israel, tem ciúmes de Davi, e o vê como rival. Davi foge para o deserto e Saul o procurava com um exército de 3.000 soldados. O texto mostra uma atitude bonita de Davi. Hoje, diríamos uma “atitude cristã”. Davi e Abisai vão para o acampamento do rei e o encontram com seus soldados, dormindo em profundo sono. A lança de Saul estava no chão. Saul queria matar Davi a todo custo e este não tem oportunidade melhor para matar seu inimigo. Não lhe faltou o conselho e o ímpeto de Abisai, que queria cravá-lo em terra com uma lançada só. Qual foi a atitude de Davi? Impediu o gesto violento. Davi intuiu, mil anos antes de Cristo, que devemos amar até nossos inimigos (Evangelho). Reconheceu ainda a justiça de Deus e respeitou profundamente o ungido do Senhor, mesmo sabendo que o rei alimentava um ódio mortal contra ele. Davi pega a lança do rei e sua bilha de água e, de longe, mostra sua inocência e sua confiança na justiça de Deus. O texto mostra as qualidades do futuro rei Davi. Ele não é usurpador do poder e reconhece que o rei é o ungido do Senhor. Davi crê na justiça de Deus e não quer fazer justiça com as próprias mãos. De certo modo, ele antecipa o respeito e o amor cristão aos inimigos. Qual seria sua atitude e estivesse no lugar de Davi? 2. O homem espiritual. Cristo é visto como um segundo Adão, ou seja, um novo começo para a humanidade. Se com o primeiro Adão vieram a fragilidade e a morte, com o segundo, que é Jesus Cristo, vieram a força e a vida. O primeiro Adão veio da terra (em he-
Leituras da Semana
[dia 25: Eclo 1,1-10; Sl 92[93],1ab.1c-2.5; Mc 9,14-29 [dia 26: Eclo 2,1-13; Sl 36[37],3-4.18-19.27-28.39-40; Mc 9,30-37 [dia 27: Eclo 4,12-22; Sl 118[119],165.168.171.174.175; Mc 9,38-40 [dia 28: Eclo 5,1-10; Sl 1,1-2.3.4.6; Mc 9,41-50 [dia 1º: Eclo 6,5-17; Sl 118[119],12.16.18.27.34.35; Mc 10,1-12 [dia 2: Eclo 17,1-13; Sl 102[103],13-14.15-16.17-18a; Mc 10,13-16 braico, adamáh), mas com o sopro de Deus é que se tornou um “ser vivo”. O segundo Adão é em si mesmo um “espírito vivificante”, ou seja, gerador de vida. Jesus Cristo, vem do céu; é, portanto, celeste. Do primeiro Adão, homem terrestre, herdamos tudo o que é terrestre, frágil, perecível, pecaminoso, condenável; herdamos a morte. Dele vem a nossa solidariedade no mal, nossa tendência para o pecado. Do segundo Adão, Jesus Cristo, herdamos tudo o que é celeste, a graça, a solidariedade no bem, a ressurreição e a vida. Hoje, refletimos a imagem do homem terrestre, com suas fragilidades. Mas um dia a imagem do homem celeste ofuscará a imagem do homem ter-
restre e refletiremos a o resplendor do divino na glória da ressurreição. No seu modo de ser e agir, você reflete uma imagem clara ou obscura de Deus? 3. Amar o inimigo. É o assunto principal do Evangelho de hoje, pois amar os amigos até o pagão e o pecador sabem fazer. Sobre isto podemos salientar três frases fortes: - “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles.” JANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]39
- “Sede misericordiosos, como vosso Pai também é misericordioso.” - “Com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos.” Jesus diz o que fazer com nossos adversários: amar, fazer o bem e rezar por eles. E parece explicar como se faz isto: através da mansidão e generosidade, oferecendo a face, deixando levar a túnica, doando e não pedindo devolução do que foi roubado. “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles”. Esta é uma “regra de ouro” para a vida cristã. Depois Jesus explica que amar só a quem nos ama, fazer o bem e emprestar só a quem nos pode pagar, não é novidade nenhuma. Isto não merece recompensa, porque até os pecadores sabem fazer assim. Nossa recompensa, ao contrário, será grande se amarmos os nossos inimigos. Jesus nos ensina o verdadeiro amor, que é amar sem interesses. “Sede misericordioso, como também vosso Pai é misericordioso”. Deus é nosso Pai, mas só seremos verdadeiramente filhos do Altíssimo, se vivermos o desafio de amar até os próprios inimigos, pois o Pai é bondoso também para com os ingratos e maus. Misericórdia significa “dar o coração aos míseros”, i. é, aos ingratos, aos maus, aos necessitados. Esta é a abertura máxima do coração misericordioso do Pai. Assim também deve ser o nosso. Eis o desafio do ser cristão: não julgar, não condenar, perdoar e doar, pois Deus nos tratará do mesmo modo que tratamos os outros. A terceira frase nos faz tremer: “porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”. Qual das três frases fortes sacode mais o ser cristão?]
Homilética [ 3•03•2019
“Perdoem e serão perdoados.” (Lc 6,37c)
8º Domingo do Tempo Comum Leituras: Eclo 27,5-8; Sl 91[92]; 1Cor 15,54-58; Lc 6,39-45 1. A boca e o coração. A preocupação da 1ª Leitura é com a língua. O homem se revela com sua conversa. O autor apresenta três experiências da sua vida e tira três conclusões: a peneira sacudida que só deixa refugos, os vasos provados ao forno e os frutos das árvores. Assim, “os defeitos de um homem aparecem no falar”, “o homem é provado por sua conversa”, “a palavra mostra o coração do homem”. E a conclusão: “Não elogieis a ninguém, antes de ouvi-lo falar, pois é no falar que o homem se revela”. Todo mundo tem experiência de sobra sobre o que o autor está falando. Fala-se que Deus nos deu dois ouvidos e uma só boca para escutarmos mais e falarmos menos. É bom conversar com uma pessoa que sabe escutar, que não fala o tempo todo, mas valoriza a opinião da gente. Quem fala pouco, erra menos. Este texto é do início do séc. II, quando os Selêucidas dominavam a Judeia, impondo o imperialismo cultural e religioso. O povo devia mudar sua religião e seus costumes e adotar a religião, a língua e os costumes gregos. Em outras palavras, o povo corria o risco de perder sua identidade diante da nova ideologia do império. O objetivo do Livro de Eclesiástico é preservar a identidade do povo, conservar suas raízes culturais e religiosas e manter a fé. Os dominadores queriam destruir tudo isso para unificar o Império. 2. A obra do Senhor. Paulo apresenta o triunfo da vida sobre a morte, graças à ressurreição de Cristo, e tira as con-
Leituras da Semana
[dia 4: Eclo 17,20-28; Sl 31[32],1-2.5.6.7; Mc 10,17-27 [dia 5: Eclo 35,1-15; Sl 49[50],5-6.7-8.14 e 23; Mc 10,28-31 [dia 6: Jl 2,12-18; Sl 50[51],3-4.5-6a.12-13.14.17; 2Cor 5,20 – 6,2; Mt 6,1-6.16-18 [dia 7: Dt 30,15-20; Sl 1,1-2.3.4 e 6; Lc 9,22-25 [dia 8: Is 58,1-9a; Sl 50[51],3-4.5.6a.18-19; Mt 9,14-15 [dia 9: Is 58,9b-14; Sl 85[86],1-2.3-4.5-6; Lc 5,27-32
sequências práticas de sua doutrina. Em Corinto, uns negavam a ressurreição e desvalorizavam o corpo, pois não acreditavam na vida além da morte; outros só afirmavam a imortalidade da alma, em consequência da mentalidade grega dualista, que ensina que o homem é composto de alma e corpo, a alma é boa e o corpo não presta. Os cristãos estavam deixando-se levar por esta mentalidade e até negando a ressurreição de Jesus. Paulo mostra a unidade do homem. O homem é um corpo animado, ou o espírito encarnado. Ele nasce assim e ressuscita assim. Paulo afirma a vitória final da vida sobre a morte,
quando “este ser mortal estiver vestido de incorruptibilidade”, de imortalidade. O homem todo na sua carne e no seu espírito, corpo e alma, será ressuscitado. “Portanto os cristãos precisam ser firmes e inabaláveis na fé que receberam, e devem empenhar-se cada vez mais na obra do Senhor”, num agir conforme o espírito de Cristo, traduzido na atividade apostólica e sintetizado no mandamento do amor-serviço. Trabalho inútil? Não. Paulo faz questão de frisar que é preciso trabalhar na Obra do Senhor, conscientes de que o cansaço do cristão engajado não será em vão. Tudo isso porque Cristo res-
40[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
suscitou e com ele todos nós ressuscitaremos. 3. Ser como o Mestre. O Discípulo não é maior que o mestre, pode ser no máximo como o mestre. Quem é o Mestre? É o próprio Jesus, e ele não veio para julgar, nem para condenar (v. 37). Uma comunidade sem julgamentos é uma comunidade renovada, segundo o coração do Mestre. “Cisco no olho” significa um erro, falta ou pecado. Facilmente enxergamos o erro do nosso irmão, mas dificilmente enxergamos o nosso, que muitas vezes é maior (= trave, em contraposição a cisco, graveto). Enxergar e querer corrigir o erro do outro já é um julgamento, e só a Deus cabe julgar. Jesus chama de hipócrita quem pretende corrigir o outro, quando seus próprios erros são maiores. Na verdade, ele quer que evitemos uma religião de hipocrisia e julgamentos, quando todos nós temos falhas e pretendemos ser guias e juízes dos outros. Ele não ensina que não devemos ajudar o irmão a sair do erro, mas que devemos estar atentos com o nosso proceder correto e misericordioso: ser como mestre. Quem é bom tem um coração do qual saem coisas boas. Quem é mau tem um coração do qual só saem coisas más. “A boca fala do que o coração está cheio.” Jesus, o Mestre, é a árvore boa, é o homem do coração bom. O discípulo fiel vai agir como um Mestre. Procuramos imitar o bem que há nos outros e evitar o mal que enxergamos nos outros? Não seria melhor empreendermos um esforço novo de elogiar mais do que criticar?]
Mensagens [ Poesia & Sabedoria [ Poema para o mês de janeiro
Dá-nos a paz! D O M P E D R O C A S A L DÁ L I GA
Dá-nos Senhor aquela Paz inquieta que denuncia a paz dos cemitérios e a paz dos lucros fartos. Dá-nos a Paz que luta pela Paz! A Paz que nos sacode com a urgência do Reino. A Paz que nos invade como vento do Espírito, a rotina e o medo, o sossego das praias e a oração de refúgio. A Paz das armas rotas na derrota das armas. A Paz do pão da fome de Justiça, a Paz da liberdade conquistada, a Paz que se faz nossa, sem cercas nem fronteiras, que tanto é “Shalom” como “Salam”, perdão, retorno, abraço. Dá-nos a tua paz, essa Paz marginal que soletra em Belém e agoniza na Cruz e triunfa na Páscoa. Dá-nos, Senhor, aquela Paz inquieta, que não nos deixa em paz!
[ Palavra de sabedoria
“O santo que vive entre seus irmãos, como um deles, comendo, bebendo, rezando, trabalhando no mundo dos homens, tem a sua vida profunda oculta em Cristo. É este o seu segredo. Cristo foi a voz que chamava diante da porta. Era também a porta, o caminho, o veículo, o movimento e a força que tudo arrastava. Era o princípio, o meio e o fim... um fim que nunca termina.” Y V E S R AG U I N JANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]41
Variedades [ Culinária & Dicas de português
[ Não Tropece na Língua [ FAZER O QUÊ? E OUTROS QUES SEM ACENTO CIRCUNFLEXO Acentua-se o ‘que’ neste caso: Fazer o quê, Fernando? (quando a frase termina com um vocativo)
Frigideira de camarão Ingredientes
1kg de camarão; caldo de 1 limão; 1 xícara de azeite; 10 ovos inteiros; 1 dente de alho socado; 1 maço de coentro; 250g de tomates; 1 maço de cheiro-verde; 1 pimentão verde; 1 xícara (café) de azeite de dendê; 1 xícara de leite de coco; 2 cebolas; sal e pimenta, a gosto.
Modo de fazer
Limpar os camarões, aferventá-los e passá-los na máquina de moer carne. Fazer um bom refogado com os azeites e todos os temperos. Bater esse refogado no liquidificador. Voltar ao fogo e juntar os camarões, o caldo do limão e o leite de coco. Deixar cozinhar bastante até reduzir bem o caldo. Misturar os ovos batidos (como para omelete) a essa massa. Colocar numa assadeira (de barro, de preferência) e enfeitar com as rodelas de tomate e de cebola. Levar ao forno para assar. Fica esponjoso e úmido.]
Do livro
“Cozinhando sem Mistério”, de Léa Raemy Rangel & Maria Helena M. de Noronha Ed. O Lutador, Belo Horizonte, MG
Pedidos
0800-940-2377
livraria.olutador.org.br assinaturas@olutador.org.br
[ C A R LO S E D UA R D O M I R A N DA , S ÃO PAU LO, S P
Pela norma oficial, não. Reza o Formulário Ortográfico de 1943 (na 14ª regra da Acentuação Gráfica - Obs.) que o acento circunflexo deve ser usado como distintivo ou diferencial entre “porquê (quando é substantivo ou vem no fim da frase) e porque (conj.)” e entre “quê (s.m., interj., ou pron. no fim da frase) e que (adv., conj., pron. ou part. expletiva)”. Vamos exemplificar essa regra quanto aos dois últimos “ques”: Com acento circunflexo: - Substantivo masculino: Seu olhar tem um quê de misterioso e vago.
- Interjeição: Quê! isso é intriga. - Pronome em fim de frase: Fumar pra quê? / Ele falou não sei o quê. / Analise como e por quê. Sem acento: - Advérbio: Que beleza!
- Conjunção: O ministro disse que vai pensar no caso. - Pronome: É linda a casa que construíram. - Partícula expletiva: Que doce que ela é! Em suma: escreve-se o que com acento para marcá-lo como monossílabo tônico, da mesma forma que se faz com dê, lê, sê, e essa tonicidade ocorre com o que quando interjeição ou substantivo e quando pronome no final da frase. 42[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
Há, contudo, uma situação que deixa muitos brasileiros em dúvida: é justamente quando o “que” soa como tônico mas não vem no fim da frase – ao menos a frase entendida como um enunciado de sentido completo que se conclui com um ponto (final, de exclamação ou de interrogação). É para evidenciar essa tonicidade que alguns redatores usam o “que” acentuado no meio da frase ou antes de acabado o período: - Fazer o quê, Fernando? - Está pensando em quê, fofura? - São leituras, então, que intermedeiam o quê, para quê, através de quem. Não se pode considerar o acento gráfico um erro nesses casos, de modo algum. Mas pelo sim, pelo não, é uma boa opção ater-se ao preceituado na gramática e não acentuar o “que” situado no meio da frase, com ou sem pontuação na sequência. Assim o fizeram as pessoas que escreveram os períodos abaixo: - Por que, Senhor? - O Washington e toda a equipe da W/Brasil mantiveram o frescor da campanha por 26 anos. Parar por que, então? - O redator-chefe de Primeira Leitura responde, numa reportagem sobre desinvestimento, o que e por que mudar. - Cometemos de fato o equívoco apontado, pelo que nos desculpamos. - Pedimos que nos envie o recibo e a nota fiscal, sem o que não realizamos nenhuma troca. - Para elas, mudou o que neste meio século? O penteado? - E se o barco afundar, vamos fazer o que, Presidente?] Fonte: Língua Brasil
Mundo [ Os ventos... zem chuva, agitam o oceano e provocam inundações. [...]
J O S É E U S TÁQ U I O D I N I Z A LV E S
O
S FURACÕES – que acontecem no Atlântico Norte e no Pacífico entre o Havaí e a costa oeste dos EUA –, os tufões – no Pacífico entre o Havaí e o leste asiático - e os ciclones no hemisfério sul e no Oceano Índico – são fenômenos provocados pelo aquecimento da superfície do mar, que faz evaporar a água em ritmo mais acelerado, formando nuvens de chuva. Isto faz cair a pressão atmosférica e favorece a subida do ar, retroalimentando a evaporação. Este fenômeno intensifica as correntes de vento oceânicas que passam a se movimentar em espiral, podendo atingir velocidades muito altas. Pela escala Saffir-Simpson, o ciclone extratropical tem ventos até 117 km/h. Na categoria 1: os ventos vão de 118 a 152 km/h; na categoria 2: de 153 a 176 km/h; categoria 3: de 177 a 207 km/h; categoria 4: de 208 a 250 km/h e categoria 5: acima de 251 km/h. Aumento de furacões, tufões e ciclones Nos últimos anos os furacões, tufões e ciclones têm aumentado de
frequência e de intensidade e, obviamente, não dá para ignorar o efeito do aquecimento global, que é intensificado pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa, gerados pelo crescimento exponencial das atividades antrópicas, especialmente a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a expansão da pecuária. Por conta da maior concentração de CO2 e outros gases de efeito estufa (como o metano) na atmosfera, a temperatura do Planeta já subiu cerca de 1°C em relação às temperaturas pré-industriais. Os desastres naturais aumentam em decorrência dos efeitos da mudança climática. [...] O fato é que um mundo mais quente traz furacões/tufões/ciclones mais destruidores, pois a combinação de maior temperatura das águas oceânicas e maior umidade do ar funciona como um catalisador destes redemoinhos. A ciência mostra que as tempestades são mais fortes em decorrência do aquecimento global. As leis da termodinâmica não deixam dúvida de que as mudanças climáticas estão aumento a frequência e o poder de destruição dos eventos extremos que traJANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]43
A terra está se tornando um local perigoso. Portanto, a recente onda de eventos catastróficos não é mera anomalia. O sistema climático está cada vez mais desequilibrado, em função do modelo “Extrai-Produz-Descarta”. Os últimos quatro anos (2014-2017) foram os mais quentes já registrados no Holoceno, e tudo indica que o mundo assistirá a temperaturas mais extremas nos próximos quatro anos. Infelizmente, em vez de confrontar essa ameaça à espécie humana e às demais espécies vivas da Terra, a humanidade, egoisticamente, reforça o mito do crescimento econômico acreditando no mantra que diz que a qualidade de vida depende do aumento das atividades antrópicas. Contudo, a economia não pode ser maior do que a ecologia e nem a humanidade pode superar a capacidade de carga da Terra. Ou a civilização muda o rumo que está levando ao aumento da probabilidade de um colapso ambiental ou haverá de lidar com um colapso civilizacional. [...] Ou seja, o cenário da “Terra Estufa”, aumenta a possibilidade de furacões, tufões e ciclones de categoria 6, o que traria grande sofrimento e grande prejuízo para a humanidade e afetaria todos os seres vivos do Planeta. Seria algo parecido com o apocalipse, só que provocado pela crescente interferência humana e pela dimensão da economia que, no conjunto, se transformaram em forças globais de rompimento do equilíbrio homeostático da Terra. O Furacão Florence e o Tufão Mangkhut são apenas sinais de uma catástrofe de maiores dimensões que está ocorrendo “à prestação”, mas são um aviso do muito que está por vir.] Fonte: EcoDebate
A L E X A N D R E K A L AC H E
E
NVELHECENDO é gerúndio, porque ninguém envelhece de repente. E é nas condições de vida em que a pessoa vive, trabalha, se diverte, se locomove, que os anos de vida vão sendo somados, diz Alexandre Kalache, uma referência internacional quando o assunto é envelhecimento e longevidade. Durante os 34 anos em que ficou afastado do Brasil, ele foi diretor do Programa Global de Envelhecimento e Saúde da OMS. Desde 2016, voltou a morar no Brasil. Presidente do Centro Internacional de
Sociedade [ Os países desenvolvidos primeiro enri país mais velho do mundo. Só que eles estão preocupados com o envelhecimento: têm centros de excelência, fazem pesquisas, desenvolvem políticas, preparam quadros e treinam profissionais. Nós estamos envelhecendo na cegueira, sem preparo. A população salta de 14% com mais de 60 anos para 31% daqui a 30 anos. A população idosa do Brasil hoje chega a 30 milhões. Em 2050 vamos ter 64 milhões. Hoje adulto, amanhã idoso... Ele é uma pessoa que tem um ensino público péssimo, que não conse-
lha, que educação recebe, que transporte utiliza, onde se diverte, ama, convive. Quando isso falha, não tem mais política de saúde. O envelhecimento tem de ser entendido na perspectiva do curso de vida. Ninguém acorda de repente velho. E as pessoas aos 65, 85 ou 20 são o produto dos anos vividos. Para envelhecer bem é preciso juntar quatro capitais: vital, da saúde, do conhecimento e social. Só que a maior parte dos brasileiros chega muito mal nessa velhice, desamparada e com uma pensão ruim. Não tem segurança ali-
Brasil envelhece em m
Em 30 anos, seremos um país tão longevo como o Jap políticas para a população idosa pode transformar est Longevidade do Brasil, ele defende o fortalecimento do SUS e alerta que o país tem até cinco anos para criar uma política de sustentabilidade do envelhecimento. “Depois disso a janela de oportunidade pode se fechar.” Impactos do envelhecimento Os países desenvolvidos primeiro enriqueceram para depois envelhecerem; os países em desenvolvimento vão envelhecer na pobreza. O desafio é muito maior em um tempo mais rápido. Na França, foram necessários 145 anos para dobrar a proporção de idosos de 10% para 20%, de 1845 a 1990. Era um dos países mais ricos e por seis gerações foi envelhecendo com recursos para desenvolver políticas em resposta a esse fenômeno. O Brasil vai fazer essa transição em uma geração, em apenas 19 anos. Será um envelhecimento extremamente rápido. Em 2050, seremos tão envelhecidos quanto o Japão de hoje, que é o
gue emprego digno para pagar uma seguridade social que o sustente daqui a 30 anos. E tudo em um contexto de trabalho formal precário, de ensino público que está piorando, e ainda há o congelamento dos gastos sociais, que piora tudo. A saúde é criada no contexto da vida cotidiana, onde a pessoa traba44[OLUTADOR [ JANEIRO 2019
mentar e habitacional. Tudo isso faz parte de envelhecer na pobreza, na miséria, em um país muito desigual. Esse é o contexto do curso de vida de quem está hoje envelhecendo no Brasil. Não sei como alguém pode culpar a pessoa que chegou mal à velhice e dizer que ela não se cuidou, que não é resi-
eiro enriqueceram para depois envelhecerem... liente e que a culpa é dela pelo seu estado de saúde. Medicina para idosos? O currículo [das faculdades de medicina] está adequado para um país jovem e ensina mais sobre saúde materno-infantil. O atlas de anatomia mostra um corpo jovem do sexo masculino no apogeu físico de seus 25 anos, com todos os nervos, veias, músculos, tudo perfeito. Lindo. O médico verá outro corpo. Não vai encontrar o baço de uma mulher obesa de 88 anos, nem acertar a dose de medicamentos, que é di-
mas e evitar as complicações que vão exigir hospitalização. Só isso pode resolver as questões na base. É um ciclo: a hipertensão pode ser prevenida, mas não se previne, e a pessoa pode ter hipertensão aos 35, 40, 45 anos. Ela não encontra resposta do sistema de saúde porque este está sendo dilapidado. Falta o medicamento certo, o que acaba complicando o quadro. Aí vem obesidade, diabetes e, aos 58 anos, a pessoa tem um derrame em consequência da hipertensão, que poderia ter sido prevenida e que acaba custando mais caro. Se essa pessoa não mor-
m meio ao caos
o o Japão de hoje, mas a falta de ar este fato num inferno. ferente. Tudo muda. O infarto depois de 75, 80, não dói e a infecção urinária no idoso não apresenta os sintomas esperados. O bom senso recomenda investir na formação de quadros profissionais que saibam mais sobre envelhecimento, mas não estão fazendo isso. No Brasil, hoje, há 1,3 mil geriatras, especialistas com título para uma população de quase 30 milhões de idosos. Deveria ser um por cada 2 mil idosos [15 mil geriatras]. Poucas escolas de Medicina têm Geriatria. Mas eu entendo que é preciso formar todos os profissionais de saúde para ter mais conhecimento de como lidar com um organismo ou uma mente de uma pessoa que está envelhecendo. [...] O SUS e o envelhecimento O SUS foi uma grande conquista e hoje está ameaçado. A única chance de envelhecer bem é com um sistema universal de saúde forte que funcione para absorver os proble-
rer, poderá ficar 30 anos hemiplégica e necessitar de alguém que a cuide. É um impacto enorme nas famílias, especialmente nas mais pobres. É por isso que eu vejo que, em vez de desenvolvermos as melhores políticas, estamos andando para trás. A cegueira dos responsáveis pelas políticas de saúde, que não enxergam a grande conquista que o SUS é, está se transformando em uma bomba-relógio que vai explodir, e rápido. Estratégia Brasil Amigo do Idoso Eu não entendo como o mesmo governo que achata o nível de investimento social, em educação e saúde, e dificulta a situação do idoso, tem a ousadia de falar de um Brasil Amigo do Idoso. Eu não acredito nesse projeto. Qual seriam as ações mais importantes e urgentes? É preciso centrar na saúde comunitária, caprichar na atenção primária, reJANEIRO 2019 [ OLUTADOR ]45
forçar o SUS, ensinar quem vai viver e trabalhar tantos anos quanto eu. Trabalho há 48 anos, estou formado há 50 anos. Quem se formar em 2020 e trabalhar tanto assim, vai chegar a 2070. Serão 78 milhões de idosos no Brasil. Estamos quase perdendo a chance, pois a janela de oportunidades pode se fechar em breve. Hoje o país já nem é tão jovem. A ONU considera um país envelhecido quando 14% da população têm mais de 60 anos, e nós estamos quase lá. Daqui a cinco anos vai ter mais idosos do que jovens. Os problemas tendem a se agravar se nada for feito. Se não há jovens suficientes para entrar no mercado de trabalho, bem formados, competitivos e produtivos, teremos uma base menor para sustentar mais idosos. [...] A sociedade não vê seus idosos? Sim. Por preconceito, por ser hedonista, por cultivar a beleza física. Não pode ter ruga, ser careca, ter cabelo branco, tem que estar sarado, faz parte da nossa cultura. O jovem é que é “bonito”. Não há respeito, não há uma cultura de reverência ao idoso. Só que cultura não se muda por decreto. Temos que informar, educar e batalhar para transformar. Hoje eu noto que a mídia fala mais em envelhecimento do que antes. Pode não ser suficiente nem se traduzir em política, mas fala. Entenda que a pessoa não envelhece diferente do que foi. Ninguém amanhece com 65 anos, mas envelhece ao longo da vida. Envelhecendo é gerúndio. Por isso é importante falar sobre o curso de vida. Tem gente reclamando do envelhecimento como se fosse culpa do idoso. Qual a alternativa? Ou você envelhece ou morre cedo...
(Entrevistado por Liseane Morosini, na Revista Radis)]
Leigos [ A necessidade da presença...
Mensagem do I Congresso
C
Continental de Leigos e Leigas
OMO discípulos missionários do Senhor, nós, cristãos leigos e leigas convocados pelo Conselho Episcopal Latino-americano CELAM, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB e pelo Conselho Nacional do Laicato do Brasil - CNLB, representantes da Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, nos reunimos com a presença do CELAM e do Dicastério para Leigos, a Família e a Vida no Centro Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista, SP, entre os dias 1º a 4 de novembro, para o I Congresso Continental de Leigos, com a temática do protagonismo do leigo e da leiga segundo as experiências vividas nos pré-congressos regionais da América Latina e a carta do Santo Padre Francisco, dirigida ao Cardeal Marc Ouellet, presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina. O Congresso foi realizado em clima de fraternidade e comunhão. Vimos e constatamos que o continente latino-americano ainda vive profundas injustiças em muitos níveis: a desigualdade, um processo político dirigido pelas elites, uma corrupção sistêmica, o aumento dos níveis de pobreza, a agressão ao ambiente, comandado
por sistemas capitalistas, neoliberais ou antidemocráticos, que tem gerado o desemprego e a ameaça à vida humana, a opressão das populações, em especial aos pequenos, vulneráveis e pobres e a violação da democracia. Frente a tudo isto, vê-se a necessidade da presença dos cristãos leigos e leigas no mundo social e eclesial.
Julgamos que a realidade do continente, marcado por muitas injustiças, é uma contradição à visão cristã. Os pobres, a opção primeira de Jesus Cristo, são tratados hoje como objetos em um sistema que mata (cf. Evangelli Gaudium, 53) e no qual os direitos humanos são violados sistematicamente. Estamos imersos numa cultura de corrupção, na qual o valor máximo é vencer o outro, enriquecerse ilimitadamente às custas de opressão. Por tudo isso, refletimos sobre o nosso agir, tanto na Igreja como na sociedade, e percebemos a necessidade de nos organizarmos como laicato, em cada um dos nossos países e também em nível continental, constituindo “Leigos latino-americanos em
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caminho de comunhão”, com o objetivo de cultivar o espírito de diálogo, comunhão e missão. Como Igreja em saída (cf. Evangelli Gaudium, 2023), os cristãos leigos e leigas devem preocupar-se e comprometer-se com a atual realidade eclesial, social, política e econômica, à luz do Evangelho, auxiliados pelos instrumentos de análise sociocientíficos. Da mesma forma, precisam organizar-se para um agir consciente no social e no político, em conjunto com aqueles e aquelas que também buscam a transformação da realidade, rumo a uma sociedade que tem a defesa vida como prioridade em sua totalidade. É importante buscar isso em comunhão com toda a Igreja, superando toda forma de secularismo e clericalismo, como insiste o Papa Francisco, na busca de uma sociedade fraterna e solidária. Assim, fortalecidos pela experiência do Ressuscitado e animados pela vivência comunitária, queremos ser, com os demais homens e mulheres de boa vontade, os construtores de um novo continente, desde os pobres e os pequenos, como disseram os bispos em Medellín, cuja assembleia é relembrada no seu 50º aniversário, e com a vivência eclesial no sempre atual Concílio Vaticano II. Como cristãos leigos e leigas, sujeitos eclesiais, nós assumimos o compromisso de uma Igreja “em saída”, do encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, em permanente conversão pastoral. Assumimos com coragem a defesa do meio ambiente em todas as suas formas, na perspectiva de uma ecologia integral, na busca da justiça e da paz para os nossos povos, segundo nos ensinam o Evangelho e a Doutrina Social da Igreja, sendo “sal da terra e luz do mundo”.]
P E . R E N ATO D U T R A B O R G E S , S D N
Missão [ Chamados a levar e anunciar a paz...
A boa política está a serviço da paz “Eli likiko likumbi atengele Mwangana, Natukinyinamo nakuwahililamo.” (Sl 118,24) (Este é o dia que o Senhor nos fez, exultemos e alegremo-nos nele.)
A
“
BOA POLÍTICA está a serviço da paz” é o tema da mensagem do 52º Dia Mundial da Paz, celebrado em 1° de janeiro de 2019. “A responsabilidade política pertence a cada cidadão, em particular a quem recebeu o mandato de proteger e governar. Esta missão consiste em salvaguardar o direito e incentivar o diálogo entre os membros da sociedade, entre gerações e culturas.” “Não há paz sem confiança recíproca, e a confiança tem como primeira condição o respeito pela palavra dada. O compromisso político, uma das mais altas expressões da caridade, traz a preocupação pelo futuro da vida e do planeta, dos jovens e das crianças, em sua sede de realização.” Décadas em guerra Angola viveu décadas da sua história em guerra - de 1961 a 1974, contra o poder colonial português, e a partir de 1975, uma guerra civil. Em 2002, a guerra civil chegou ao fim. No dia 4 de abril de 2002, foi assinado o Acordo de Paz entre o Governo do MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola e a UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola, as duas formações políticas que mais influência tinham e têm no país. Em dezesseis anos de paz, Angola ainda se debate com vários problemas. Mais de um terço da população vive na linha da pobreza, segundo o Censo Geral de 2014. A taxa de desemprego é alta, rondando os 20% em 2015, e os jovens são os mais afetados. Além disso, apenas 35% dos angolanos têm acesso ao fornecimento de energia elétrica.
Significado da Paz Paz Significa bendizer a quem preservou a vida num segundo ato generativo, em que se justificava a morte daquele que se comportava como inimigo pela violência do conflito e das ações combativas. A dívida moral que se estabelece entre agraciado e a autoridade, cujo dever é preservar a vida humana,
Em dezesseis anos de paz, Angola ainda se debate com vários problemas...
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sem o dom da vida, ninguém pode ser político ou exercitar qualquer outra atividade. Paz é a capacidade regenerativa da Natureza que foi brutalmente tratada, pilhada, queimada, vandalizada, desrespeitada, mas que conseguiu apagar os vestígios da destruição. “Os direitos e deveres do ser humano aumentam a consciência de pertencer a uma mesma comunidade, com os outros e com Deus. Portanto, somos chamados a levar e anunciar a paz como a boa nova de um futuro em que todo ser humano será considerado em sua dignidade e seus direitos.” Que a paz seja fruto da justiça que praticamos e almejamos. Feliz ano todo!] * Designado para Pároco da Paróquia Santa Cruz – Alta Floresta, MT
WESLEY FIGUEIREDO*
2018
O
ANO DE 2018 foi intenso e de grandes expectativas para todos os brasileiros. Atenta a esse cenário, a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa – ADCE / Minas Gerais) elaborou uma carta aberta com sugestões para encorajar os presidenciáveis a serem protagonistas de uma nova era, com a execução de ações concretas nas políticas sociais e econômicas, que tornem o ambiente político mais ético, justo e humano. Conceitos de boas práticas empresariais e sociais
Em novembro, importantes nomes do empresariado latino-americano de diversos setores marcaram presença no 26º Congresso Mundial da União Internacional Cristã dos Dirigentes de Empresas - UNIAPAC, em Lisboa, que trataram de temas de vanguarda sobre a relação das empresas e dos negócios com a sociedade, as pessoas e o planeta. Em agosto, a ADCE participou do 12º Encontro de Diálogo de Bispos e Empresários. O Encontro teve como tema “A
ADCE [ Boas práticas...
um ano de intensas atividades da ADCE-MG
Igreja em saída, a vocação e o papel do líder empresarial. Perspectivas à luz do Ano Nacional do Laicato”. Ao longo do ano, ocorreram também sete celebrações eucarísticas e “Café com Fé”. A ADCE, acreditando na grande importância dos jovens no processo de transformação social do país, intensificou, neste ano, a promoção do movimento jovem dentro da associação, denominado ADCE Jovem. Foram vários eventos com o objetivo de desenvolver atividades voltadas aos jovens profissionais, empreendedores, líderes, encorajando-os a serem dirigentes de empresa que se empenham em praticar a ética e difundir os valores cristãos.
“Almoços-palestra”
Os “almoços-palestra”, sempre realizados em parceria com o Sistema Fiemg por meio do Sesi-DR/MG, buscam discutir temas importantes e factuais, relacionados ao mundo empresarial. Em fevereiro, o convidado foi o superintendente Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais, João Carlos Gontijo de Amo-
rim, que abordou importantes conquistas, tanto para o empresariado quanto para os trabalhadores, com a reforma trabalhista.
Em março, o tema foi o combate à corrupção, tendo como convidado palestrante o diretor executivo da Transparência Internacional no Brasil, Bruno Brandão. O Aeroporto Internacional de BH foi o tema central do almoço-palestra de abril, com a participação do então diretor -presidente da concessionária BH Airport, Adriano Pinho. O setor sucroenergético em Minas Gerais e no Brasil foi o tema de maio. A palestra foi do presidente dos Sindicatos das Indústrias do Açúcar e do Álcool no Estado de Minas Gerais, Mário Ferreira Campos
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Filho. No evento, a ADCE prestou homenagem ao presidente da Fiemg, Olavo Machado Jr. Em junho, o tema “Responsabilidade das empresas por atos de corrupção e a importância de um programa de integridade” teve a presença da advogada e professora da UFMG Cristiana Fortini, sócia de Carvalho Pereira, Rossi Escritórios Associados. Em agosto, o presidente recém-eleito da Fiemg, Flávio Roscoe, convocou empresários no Almoço-palestra da ADCE para atuar de forma firme para a retomada do crescimento e desenvolvimento sustentável e justo do país. Adriana Machado, da Tom Comunicação, foi a convidada de setembro. Ela falou sobre “A evolução da comunicação e o seu impacto nas empresas”. O último almoço-palestra do ano, realizado em outubro, foi com o presidente da Usiminas, Sergio Leite, que destacou a superação da Usiminas durante o período mais complexo das suas mais de seis décadas, conquistando resultados sólidos. Em dezembro, a entidade promoveu o tradicional jantar de Natal e confraternização com associados e amigos. Neste ano, agraciou a presidente do Conselho de Administração da Montreal Informática e da Rede Cidadã, Angela Alvarenga, com o Prêmio ADCE Minas de Responsabilidade Social Empresarial de 2018.] [*Assessoria de Imprensa (31) 3211-7532 / (31) 99147.8152 Av. Luiz Paulo Franco, 385 – Belvedere – Belo Horizonte, MG
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