Revista olutador 3872 janeiro 2016

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Juventude [ Ser feliz... um desafio Ano lxxxviI / Nยบ 3872 JANEIRo / 2016 olutador.org.br

O cerco ao Papa [ Jesus, amor maior... [ Guerras climรกticas...

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A Campanha dos Devotos de Nossa Senhora da Piedade é uma força na ação evangelizadora e também no amparo aos mais pobres. A partir da sua doação e amor, é possível transformar e melhorar muitas vidas. Com a sua ajuda, os serviços e o cuidado social com os mais pobres serão intensificados.

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Espaço do Leitor [ Escreva, envie seu e-mail, com Família [ O Legado do Sínodo AnO Lxxxvii / nº 3871 DEZEMBRO / 2015 olutador.org.br

Feliz Natal foto/UNICEf/NYHQ2015-2073/GEorGIEv

para todos?

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@ [ MAIS DE 30 ANOS Sou assinante de O Lutador há mais de 30 anos; anteriormente no nome da esposa Aparecida de Lourdes Franciscon Silveira, tendo convivido 13 anos de namoro e 55 de casado: 3 filhos e 5 netos. Sou professor universitário em Odonto e letras/português; aposentado e Provedor da Santa Casa de Londrina, PR; Ministro da Eucaristia e Coordenador do Cursilho. Cumprimentos pela belíssima apresentação de O Lutador em Revista!

Resposta aos leitores Em atenção a vários leitores que nos ligaram, a partir desta edição, passamos a evitar os fundos escuros e letras pequenas afim de facilitar a leitura. Agradecemos as observações que nos ajudam a tornar a Revista O Lutador mais acessível a todos. Mande-nos sempre suas sugestões. Atenciosamente,

[ Natal e consumo... [ Em Jesus, Deus se mostra fiel...

[ J os é Cyr illo S. Me n d e s

Londrina, PR

A Redação.

[ NA CASA DO PAI Nossa querida Elisa Paulitsch Heule, mãe, avó e bisavó, voltou para a casa do Pai no dia 19/10/2015. Ela sempre trabalhou muito pela Paróquia, era Filha de Maria e membro da Associação São José. Teve grande empenho pela promoção das vocações. Apreciava muito O Lutador. Rezemos por ela e por seus familiares.

@ [ GANHANDO VIDA Acompanhando a mudança de O Lutador, de Jornal para Revista, tenho notado (e ouvido de muitas pessoas) como foi importante e significativo este passo! Os artigos e textos ganharam vida. A gente tem mais prazer em tomar o texto nas mãos, em levar a Revista para leitura em uma viagem. Sem falar das alternativas e riquezas dos textos aplicáveis nos encontros pastorais, nas reuniões de grupos etc. Tem sido uma luz. É um bom presente para os amigos em datas comemorativas. Parabéns a toda a Equipe.

[ I n ge Paul is t sch – Cerqueira Cesar, SP

[ Pe. Aur e l ia n o, S D N

f [ CAMINHAR JUNTOS Parabéns a todos por esta Revista maravilhosa. que possamos caminhar juntos por muitos e muitos anos em prol da Palavra de Deus, da vida, da família e da fé.

Superior Geral do IMSNS – Manhumirim, MG

[ Luc ie n e Flor – Belo Horizonte, MG

Juventude [ Ser feliz... um desafio

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Ano lxxxvii / nº 3872 JAnEiRo / 2016 olutador.org.br

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O cerco ao Papa

Revista digital

[ Jesus, amor maior... [ Guerras climáticas...

Para assinar: 0800-940-2377 assinaturas@olutador.org.br revista.olutador.org.br R$ 9,90


mail, comente no site e no facebook... f [ CADA VEZ MELHOR Parabéns, “O Lutador”! Sempre lutando e cada vez melhor...

f [ PADRE JÚLIO MARIA Comentando os 87 anos de O Lutador: “Resumindo, Pe. Julio Maria De Lombaerde foi um homem que soube fazer a diferença no momento certo!!!”

[A n tô n io Ho n ório

Belo Horizonte, MG

[ Mari a Luc ia Mor e ir a Bas tos

Manhuaçu, MG

f [ POR UM MUNDO MAIS CRISTÃO Parabéns pelos 87 anos do jornal! Parabéns a toda equipe pelo empenho, perseverança, coragem nas lutas e desafios e principalmente por acreditar e contribuir por um mundo mais cristão. Deus os abençoe e lhes conceda crescerem cada vez mais...

[ NOVO LIVRO É com satisfação que encaminho, para a biblioteca do insigne Jornal “O Lutador” (hoje Revista O Lutador), um exemplar do meu recente livro “Presidentes da casa de Luiz Pereira Barreto em seus 120 Anos (1895-2015) de Existência. Expressão e Arte Editora: São Paulo - 2015. Contando com sua atenção, minhas cordiais saudações.

f [ EXCELÊNCIA Revista excelente no conteúdo, na apresentação e nos temas abordados. Parabéns a todos que fazem parte desse projeto. Aguardo sempre a minha revista ansiosamente! Um beijão.

[Hélio B eglio mini

C risma n da Sa r a iva

– Ex-Editor de O Lutador

São Paulo, SP

Fortaleza, CE

Uberaba, MG

Le isa Ma r ia C e za r Borc hio

Manhumirim, MG

f [ ABENÇOANDO Parabéns ao bom soldado de Cristo! Que Deus abençoe a toda a equipe! W il s on Augus to Cos ta C abr al

PROFISSÃO PERPÉTUA

F/reprodução

No dia 9 de dezembro de 2015, às 19h, na Comunidade São Sebastião da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em celebração eucarística presidida pelo Pe. Aureliano Lima, o Frt. Gedeir Vieira Gonçalves, professou de forma perpétua os votos de castidade, pobreza e obediência como Missionário de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. “Fiz minha consagração definitiva a Deus, de viver unicamente para Ele, a serviço da sua Igreja na construção do seu Reino. Estou muito feliz por mais esta etapa formativa em minha caminhada vocacional. Que Deus e Nossa Senhora continuem guiando meus passos e fortalecendo a minha caminhada”, disse o Frt. Gedeir. O lema escolhido para a ocasião foi: “Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!” (Sl 39)

Luiz F ern an do Pinheiro Fr anco

F/arq., sdn

“O autor acima, no seu trabalho, mostra que o fulcro da Academia na pessoa de seus presidentes, é o movimento à compaixão, à piedade, ao desprendimento, às atitudes desinteressadas, todas embainhadas pela sabedoria e pelo conhecimento, tornando-a uma casa sagrada, que poderia ser o habitat do Deus de Spinosa.”


Editorial

[ Expediente O LUTADOR é uma publicação mensal do Instituto dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora O Lutador ISSN 97719-83-42920-0

Fundador Pe. Júlio Maria De Lombaerde

Superior Geral Pe. Aureliano de Moura Lima, sdn

Diretor-Editor Ir. Denilson Mariano da Silva, sdn

Jornalista Responsável Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn (MG086063P)

Redatores e Noticiaristas Pe. Marcos A. Alencar Duarte, sdn Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn Frt. Henrique Cristiano, cmm Frei Patrício Sciadini, ocd, Frei Vanildo Zugno Dom Paulo M. Peixoto, Antônio Carlos Santini Pe. Reginaldo Manzotti

Colaboradores Vários

Revisão Antônio Carlos Santini

Projeto gráfico e Diagramação Valdinei do Carmo

Assessoria de Comunicação Melt Comunicação

Assinaturas e Expedição Maurilson Teixeira de Oliveira

Impressão e Acabamento Gráfica e Editora O Lutador, Certificada FSC®, Praça, Pe. Júlio Maria, 01 - Planalto 31730-748 - Belo Horizonte, MG - Brasil

Telefax [31] 3439-8000 | 3490-3100

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Redação redator@olutador.org.br

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Correspondência Comentários sobre o conteúdo de olutador, sugestões e críticas: redator@olutador.org.br Cartas: Praça Padre Júlio Maria, 01 - Planalto CEP 31730-748 - Belo Horizonte, MG - Brasil As matérias assinadas são deresponsabilidade de seus autores, não expressam, necessariamente, a opinião de olutador. ]

Os papéis desta revista são oriundos de empreendimentos florestais que seguem normas

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O Papa do "Dedo Verde"

U

m bom número dos nossos leitores conhece o livro “O Menino do Dedo Verde”, de Maurice Druon. É a estória de um menino, filho de um fabricante de canhões. Ele tem um “polegar verde”, o dom através do qual tudo o que toca se transforma em flores, em alegria. Aos poucos ele muda a vida da cadeia, do hospital, do asilo e até da fábrica de canhões de seu pai, a ponto de a própria cidade “Mirapólvora” mudar o nome para Miraflores. Neste início de ano, ao voltar nosso olhar para a situação de nosso país, nas suas várias esferas de poder – Legislativo, Judiciário e Executivo – e ainda o “Quarto Poder”, representado por quem domina os grandes veículos de comunicação –, todos eles marcados por desvios de conduta e atos de corrupção, nos damos conta de que estamos diante de um “Miralama”. Para um feliz Ano Novo, temos a necessidade de acordar em nós esse “Menino do Dedo Verde”. Esse anjo adormecido mora em algum lugar dentro de nós, e outra coisa não é, senão a esperança teimosa que insiste na busca do bem, da verdade e da justiça, da verdadeira alegria... Nosso Papa Francisco tem feito sua parte e nos vem incentivado a fazer a nossa. Ele tem-se esforçado para dar a sua contribuição, a fim que o mundo se torne mais humano, mais alegre, mais feliz. Creio que podemos, singelamente, chamar nosso Francisco de “O Papa do Dedo Verde”. É bem verdade que, como acontece na estória, as aulas curiais lhe dão sono e seu aprendizado se dá com pessoas concretas, com experiências que ele faz através dos acontecimentos da vida. Mas é inegável que ele tem o dom de trazer mais vida e esperança com seu sorriso, sua proximidade, sua capacidade de acolhida e suas decisões. Por onde passa, semeia flores, semeia vida, alegria... No entanto, não lhe faltam opositores, dentro e fora da Igreja. Os mais conservadores rejeitam a sua postura antidogmática e desejosa de ser sinal de vida para as situações concretas. O poder econômico não aceita a sua pregação social, na qual postula mais vida para os seres humanos e para o planeta. Há também os extremistas islâmicos, marcados pelo ódio “aos infiéis”, que semeiam a morte e o terrorismo e já tramam a morte do Papa. E ainda os que apostam nas artimanhas, nos esquemas de corrupção, numa Igreja de privilégios longe da vida concreta do povo. Mas Francisco segue firme e com serenidade, procurando tocar as situações conflituosas com seu dedo de fé e esperança, recuperando um pouco de paz e de alegria. Todos nós podemos ajudar o mundo a ser um pouco melhor. Todos nós somos vocacionados à promoção da vida, da verdade e da justiça. É com nossas escolhas, ações e decisões, moldadas no projeto de Deus, que acordamos em nós esse anjo bom, esse “Menino” ou “Menina de Dedo Verde”, que tem o poder de fazer florir e alegrar tudo o que está á nossa volta. E isso é pra começo de conversa.] [ i r . D e n i l s o n M ar i a n o, sd n


Sumário

[

olutador •

revista mensal

A no L X X X V I I

Nº 3 87 2

JA N E I Ro

2016

23

[ Ser feliz 20

F/arq., sns

[ 100 anos de compaixão [ Do sacerdote celebrante a uma assembleia sacerdotal 10 [ A nova pastoral 12 [ Jesus, revelação do amor maior 14 [ A misericórdia não seja negada 16 [ Inspiração catecumenal 18 [ Ação de Graças 22 [ Alegra-te 24 [ Que sua mente acompanhe a voz 25 [ A missão incompleta 26 [ Esse país existe! 27 [ Festa da Colheita 29 [ Ninguém nos contratou 30 [ Roteiros Pastorais 31 [ Guerras climáticas 44 [ Nações sem futuro 46

[ Liberdade, ainda que tardia! 09

[ Cresce o cerco ao Papa 06


F/VATICANO

Cresce o cerco ao

Papa

Duas forças boicotam Francisco: conservadores do clero, que rejeitam abertura antidogmática; e poder econômico, insatisfeito com pregação social. A seu favor, pontífice tem a força da palavra F r a n c e sc o P e l o s o

A

s tropas ultratradicionalistas não aguentam: o Papa que veio do fim do mundo não as agrada, nunca lhes agradou, para dizer a verdade, só

[ 6 • olutador [ dezembro ] 2015


[ Capa [ O Pontífice tem a força da palavra... que agora o ruído de fundo, o descontentamento que se sentia como um rumor à distância, explodiu. Acusações perigosas O Papa não é católico, acusam elas, é quase um herege, melhor; elas se aproximam, assim, das clássicas posições sedevacantistas dos lefebrvianos, a Fraternidade São Pio X, que continua sendo, para muitos deles, um ponto de referência. O ponto de inflexão foi o Sínodo sobre a família ou, melhor, os dois Sínodos: por muito tempo, a ala conservadora mais intransigente cultivou o objetivo de frustrar o projeto reformista do Papa, que colocava fora de jogo a doutrina concebida como ideologia: quem está em regra está dentro; todos os outros estão fora. Nada de misericórdia, nada de amor de Deus, nada de acolhida: portas fechadas, e não se fala mais disso. Sobre essa linha se afiava o integralismo duro e puro que tinha mais do que uma tonalidade púrpura nos sa-

fim e disse sem rodeios – retomando uma célebre expressão de Paulo VI – que a “fumaça de Satanás” entrou no Vaticano com o Sínodo e “precisamente através da proposta de admitir à Sagrada Comunhão aqueles que estão divorciados e vivem em uma nova união civil; a afirmação de que a coabitação é uma união que pode ter em si mesma alguns valores; a abertura à homossexualidade como algo dado como normal”. Não é de se admirar, então, que, nas profundezas da Internet, entre grupos e associações fundamentalistas, o Papa se torne uma espécie de anti-Cristo, um diabo que se infiltrou no topo da Igreja Católica; ambientes marginais dos quais, no entanto, transparece um clima pesado, uma perigosa agressividade mal reprimida. O tremor do capitalismo Não devemos esquecer, contudo, que, se o extremismo religioso católico está irritado com Bergoglio, os primeiros que o chamaram de “comunista” foram

O Papa Francisco descreve o modelo de Igreja que ele tem em mente como uma pirâmide invertida, onde o povo de Deus – conforme a definição do Concílio Vaticano II – é o protagonista, e não mais o purpurado da Cúria com o Código de Direito Canônico em mãos grados palácios, embora certos cardeais integralistas não usassem a linguagem agressiva e feroz de certos grupos e sites da Internet. Por outro lado, um dos Padres sinodais, o Arcebispo Tomash Peta, de Astana (Cazaquistão), pertencente à corrente mais intransigente, foi até o

os fanáticos do hiperliberalismo econômico dos EUA, os líderes do Tea Party, as falanges republicanas aderentes ao cristianismo evangélico com tempero fundamentalista, o do “Cinturão da Bíblia” que se uniam aos ideólogos de Wall Street: que o Papa cuide das almas, o capitalismo financeiro em criolutador [ dezembro ] 2015 • 7 ]

se nestes anos turbulentos não pode ser tocado, muito menos era tarefa do Bispo de Roma falar de direitos sociais. Em todo o caso, se uma oposição coerente ao Papa não consegue ganhar forma e parece estar bastante despedaçada e dividida, grupos e atitudes diversas convergem, porém, em um mau humor crescente contra Francisco e os seus colaboradores. Os fatos na balança Só que essa revolta teve que fazer as contas com o imenso consenso que acompanhava o Papa argentino, de Manila ao Rio de Janeiro, onde povos católicos inteiros, multidões de “descartados”, de marginais reencontravam um guia e uma referência em um mundo regulado pelo poder de uma economia que não tinha – nas favelas filipinas e brasileiras – um rosto humano. Além disso, é longa a lista das coisas que fazem com que os grupos tradicionalistas se abalem: da crítica às finanças mundiais ao São Francisco ecológico, do ataque contra a corrupção na Igreja ao pedido de pastores “com o cheiro de ovelhas” – isto é, capazes de estar no meio do povo –, da excomunhão direta aos mafiosos e, talvez especialmente, aos muitos silêncios interiores de padres e bispos coniventes à reforma das finanças vaticanas, passando pelo enfraquecimento da corte papal. E depois houve a recusa de todo critério hierárquico nas nomeações cardinalícias: a escolha não premiava mais dioceses poderosas e carreiras construídas para chegar ao solidéu vermelho, mas homens da Igreja que moram nos lugares complexos de um mundo real: da Birmânia à distante Tonga, de Montevidéu a Agrigento. Povo de Deus como protagonista A encíclica sobre o ambiente, além disso, mobilizou ao redor do Papa mundos que, antes, olhavam apenas com desconfiança para a Santa Sé, mas particularmente aproximou à cúpula da Igreja depois de muito tempo uma miríade de organizações católicas que, do

[▶


[ Capa [ O Pontífice tem a força da palavra... [▶ Brasil à África, passando pela Austrália, combateram com o Evangelho em mãos batalhas muitas vezes desesperadas para defender territórios depredados e comunidades humanas despedaçadas. Assim, é o próprio Papa Francisco que descreve o modelo de Igreja que ele tem em mente como uma pirâmide invertida, onde o povo de Deus – conforme a definição do Concílio Vaticano II – é o protagonista, e não mais o purpurado da Cúria com o Código de Direito Canônico em mãos. Por fim, chegou o tema principal, a família, em que Bergoglio deu indicação, sem mudar a doutrina, de abrir as portas para todos: divorciados, conviventes, mães solteiras, homossexuais. Não uma ausência de regras, mas o retorno ao fundamento da fé cristã, o perdão e a acolhida. E, sobre isso, começou uma batalha cultural crucial na Igreja. Forças anti-Francisco O Sínodo, então, tornou-se o momento em que os vários opositores internos tentaram reunificar as forças para ir contra o Papa, para bloquear o plano. Mas certos cardeais, como Gerhard Müller, Prefeito da Doutrina da Fé, e Angelo Scola, Arcebispo de Milão, mesmo em dissidência, não podiam aprovar um projeto de “guerra civil” como o que foi desencadeado pelos círculos mais extremistas. Até porque as vozes mais extremistas acabavam prejudicando a ala menos impetuosa dos conservadores. Enquanto isso, floresciam os discursos do professor Roberto De Mattei, da Fundação Lepanto, ou os de Antonio Socci, comentarista católico tradicionalista, que evocava comparações históricas para falar de heresia latente e de “papa definitivamente não católico” ou quase. Forças mais organizadas, como o lobby ultratradicionalista Voice of the Family, atacavam as posições “aberturistas” presentes no Sínodo, enquanto acolhia e publicava com grande desta-

que o comunicado do superior dos lefebvrianos, Dom Bernard Fellay, que, sobre o texto final o Sínodo, afirmava: “Nele certamente podem ser lidas referências doutrinais sobre o matrimônio e a família católica, mas também se notam desagradáveis ambiguidades e omissões, e, sobretudo, lacunas abertas na disciplina em nome de uma misericórdia pastoral relativista. A impressão geral que emerge desse texto é a de uma confusão que não deixará de ser explorada em sentido contrário ao ensinamento constante da Igreja”. Ao lado destes, também se movimentava o grupo “Tradição, Família, Propriedade” – TFP, fundado na América Latina no fim dos anos 1950 por Plínio Corrêa de Oliveira e que depois se espalhou para várias partes do mundo. O movimento entrou em conflito com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil por causa do seu fundamentalismo extremista. Também adere à rede do Voice of the Family a organização italiana Famiglia Domani, que convocou há alguns anos a marcha pela vida, na qual se encontram os setores integralistas do catolicismo italiano e que encontra o consenso de grupos políticos de extrema direita como o Forza Nuova. Na Cúria, as posições extremistas foram representadas principalmente por um cardeal norte-americano, Raymond Leo Burke, defensor da missa pré-conciliar. E, dentro do próprio Sínodo, uma personalidade como o Cardeal Carlo Caffara, agora ex-arcebispo de Bolonha, deu voz, junto com outros, à facção mais intransigentes. Depois, há um nível de discussão mais articulado, promovido por setores do catolicismo conservadores do exterior, que não gostam da doutrina social apresentada pelo Papa e pelos seus defensores, considerada muito sensível aos temas da justiça social. Caminho difícil A partir de agora, em suma, o caminho fica mais difícil para o Papa, como de-

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monstra o episódio grotesco da falsa doença divulgada a poucas horas da conclusão do Sínodo. Nos bastidores, intui-se uma obra que se baseia na sugestão do caos, na desordem interna que teria despertado a ação reformadora de Bergoglio. Além disso, não há revolução que não crie conflitos, e o Papa sabe muito bem disso. Assim, o próximo Sínodo poderia ter como tema – sugeriu o Cardeal Óscar Rodríguez Maradiaga, próximo do pontífice – a descentralização da Igreja, ou seja, a potencialização do papel das Conferências Episcopais nacionais, das dioceses individuais, dos sínodos continentais. Uma Igreja capaz de discutir sobre tudo, portanto, em que o Papa seria a garantia da unidade. Em tal projeto certamente há pouco espaço para os ditames da Cúria vaticana. E depois – com o Sínodo recém-concluído – chegaram duas nomeações importantes de bispos na Itália, Bolonha e Palermo, cidades-chave para a Igreja italiana, para cuja liderança Francisco chamou dois pastores, na acepção bergogliana do termo: Dom Matteo Zuppi, ex-Bispo auxiliar de Roma, e Corrado Lorefice, pároco e estudioso. Por fim, o papa deu um golpe indireto, mas bem mirado, nos seus detratores, falando de Dom Óscar Arnulfo Romero, o bispo assassinado por grupos armados de extrema direita em El Salvador, em 1980, e que se tornou símbolo da luta evangélica contra a opressão dos mais pobres. O seu martírio, disse o Papa, continuou até mesmo depois da morte: “Uma vez morto – eu era um jovem sacerdote e fui testemunha disso – ele foi difamado, caluniado, sujado. O seu martírio continuou até mesmo por parte dos seus irmãos no sacerdócio e no episcopado. Eu não falo por ter ouvido falar. Eu ouvi essas coisas”. Em suma, Bergoglio começa a tirar algumas pedras dos sapatos e se prepara, enquanto isso, para o Jubileu da Misericórdia.]


País [ "Vale de lágrimas"...

Liberdade, ainda que tardia! sobre o que fazer diante daquele contexto, ele respondia: vamos nos casar, constituir famílias e dar nossos filhos em casamento, cultivar jardins e plantar pomares, pois o curso da história está nas mãos de Deus. E ele mesmo deu um belo testemunho de confiança na Palavra de Deus, que ele pregava, quando um parente seu veio-lhe reivindicar o direito de resgate e exigiu-lhe que comprasse sua propriedade. Mesmo estando o país sitiado e tudo perdido, Jeremias exerce o dever de goêl, o protetor do desvalido, e compra o referido terreno, paga-lhe por ele, lavra uma escritura perante testemunhas e manda enterrá-la no mesmo terreno dentro de um pote de barro, afirmando perante todos, que um dia voltariam para aquela terra e ali se cumpririam as promessas de Deus.

P e . N e l i t o D o r n e l as *

D

uas reservas de rejeitos de uma mina de ferro da Samarco S.A., um consórcio entre a Vale e a BHP Billiton, se romperam e deixaram um rastro de destruição sem precedentes, matando pessoas, animais, peixes, plantas, povoados, propriedades rurais, identidades culturais e muitos sonhos. A lama de dor, sangue e desolação desceu pelo Rio Doce alcançando o Oceano Atlântico. O trágico 5 de novembro de 2015 ficará em nossa história como o mais terrível e cruel atentado à vida contra a quinta maior bacia hidrográfica brasileira. O que virá daí não sabemos. Apenas suspeitamos. Uma tragédia anunciada, que compromete, por pelo menos cem anos, a vida de dois milhões de brasileiros que vivem na região atingida e de toda a biodiversidade existente no entorno desse rio e do oceano.

Foto: http://revistavisoesurbanas.com.br/

O que fazer diante dessa situação? Lembrei-me da oração da Salve Rainha, na qual se afirma que vivemos “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”. E foi exatamente este o sentimento que me veio, trazendo à memória esse mar de lama que desce sem fim e, provavelmente, descerá por muitos anos, todas as vezes que chover na região afetada. Mas a Salve Rainha fala também que há de se transformar esse “vale de lágrimas” em “vida, doçura, esperança nossa, salve”. Lembrei-me de um orador que, certa vez ,abriu um congresso com esta fala: “É dos estercos mais fedorentos que nascem as rosas mais perfumadas!” E que podemos oferecer para salvar e proteger a vida do Vale e no Vale do Rio Doce? Recorri, então, ao profeta Jeremias que, vivendo diante do exílio e da deportação do povo de Israel já em curso, quando perguntado

Nossa Terra prometida Acredito que o Rio Doce é a nossa terra prometida. Deus nos plantou aqui para sermos testemunhas do seu amor solidário e sua misericórdia redentora. Mais do que nunca, devemos cumprir o pedido feito pelo apóstolo Paulo, quando afirma que a própria Cria-

olutador [ janeiro ] 2015 • 9 ]

ção foi submetida à corrupção e está gemendo como uma mulher em dores de parto, aguardando a nobre manifestação dos filhos de Deus. Diante de nossos olhos, já brotam, por todos os cantos, manifestações de solidariedades que honrarão nossa geração. É hora de repensar nosso estilo de vida e buscar, em nível pessoal, uma vida simples e sóbria, unindo-nos ao pensamento do Papa Francisco que implora por uma outra economia, pois esta economia mata! E afirma que “os poderes econômicos continuam a justificar o sistema mundial atual, onde predomina uma especulação e uma busca de receitas financeiras que tendem a ignorar todo o contexto e os efeitos sobre a dignidade humana e sobre o meio ambiente. Assim se manifesta como estão intimamente ligadas a degradação ambiental e a degradação humana e ética”. (Laudato Si, 56.) Voltemos a nos relacionar com a natureza como criação e não como coisa, objeto externo a nós, mas como nossa mãe e irmã e fonte de nossa espiritualidade.] * Ex assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, Diocese de Governador Valadares, MG.


F/reprodução

Igreja Hoje [ Em quê o Vaticano II mudou a Igreja [ 3 ]

Do sacerdote celebrante a uma assembleia sacerdotal

U

ma das grandes mudanças do Vaticano II está no campo da liturgia. Não se trata apenas de uma “renovação”, mas de verdadeira “reforma”. A Constituição Sacrosanctum Concilium, logo no primeiro capítulo, apresenta “os princípios gerais da reforma e o incremento da Liturgia”. O desejo de uma reforma da Igreja, incluída a liturgia, vinha de longe. Desde o século VIII, dado o distanciamento gradativo do modo como a Igreja primitiva vivera a fé cristã, havia um movimento de “volta às fontes” (ad rimini fontes). A inserção da Igreja na cultura helênica e sua estreita ligação com o Império Ro-

P e . Ag e n o r B r i g h e n t i

mano tinham introduzido muito do paganismo no cristianismo. O movimento começou por volta de 783, quando o imperador Carlos Magno uniformizou a liturgia em todo o Império, nos moldes da cultura franco-germânica. A descaracterização da liturgia cristã Entretanto, a descaracterização da liturgia da Igreja primitiva tinha começado ainda no século IV, com a passagem das pequenas comunidades, com celebrações nas casas, para celebrações massivas, em basílicas; da assembleia celebrante, ao padre como único ator da liturgia, rezando em voz baixa e de costas para o povo; da celebração eu-

[ 10 • olutador [ janeiro ] 2015

carística como ceia, ao redor de uma mesa, à missa como sacrifício, oferecido pelo sacerdote no altar; da simplicidade das celebrações aos ritos com os esplendores da corte imperial; das vestes do cotidiano a ministros do altar revestidos das honras e indumentárias típicas dos altos mandatários do Império. Além disso, a reforma litúrgica promovida pelo imperador Carlos Magno, no século VIII, havia introduzido no cristianismo a mentalidade religiosa pagã dos povos franco-germânicos: em lugar da confiança num Deus amoroso, o pavor diante da divindade; em lugar de um Deus que tem alegria em perdoar, a um deus vingador e uma


escrupulosa consciência do pecado, acompanhada do sentimento de culpa; enfim, em lugar da aspiração pela vida eterna em Deus, a angústia diante da morte e do juízo iminente. Com isso, a missa deixou de ser um ato comunitário, para converter-se numa devoção privada do sacerdote e de cada um dos fiéis. O sentido pascal da celebração litúrgica é deslocado para devocionismos sentimentais de meditação da Paixão de Cristo. Enquanto o padre, lá no altar distante, reza a missa de costas para o povo, os fiéis se entretêm com suas devoções particulares, em torno aos santos. A própria comunhão é substituída pela “adora-

Pelo batismo o povo de Deus, como um todo, é um povo profético, sacerdotal e régio, na liturgia, o padre preside uma assembleia toda ela celebrante ção da hóstia” e a festa de Corpus Christi se converte na festa mais importante do ano litúrgico, superior à Páscoa. A Reforma protestante e a Contrarreforma de Trento No século XVI, surgiu uma nova onda de clamores por uma reforma da Igreja. O movimento mais contundente e conhecido foi o movimento de Lutero, que culminou na separação com a Igreja de Roma. No campo da liturgia, os reformadores reivindicam, entre outras coisas: celebração na língua do povo, a participação de toda a assembleia, a recitação da oração eucarística em voz alta, a comunhão sob as duas espécies, comunhão durante a missa, enfim, a celebração eucarística como ceia e não como sacrifício. A Contrarreforma de Trento buscou corrigir muitos abusos, mas não acolheu as reivindicações dos reformadores: continuou a assembleia assistindo à celebração, a obrigatoriedade do latim, o padre rezando em voz bai-

xa de costas para o povo e a comunhão sob uma única espécie. E para marcar a diferença com os protestantes, acentuou-se o caráter sacrificial da missa, a devoção aos santos, em especial a Maria, e a exclusividade da presença real de Jesus nas espécies consagradas. A reforma litúrgica do Vaticano II Somente quase quinhentos anos depois, o Concílio Vaticano II, que deveria ter acontecido em Trento, iria acolher as principais reivindicações dos reformadores e fazer uma profunda reforma da Igreja, em todos os campos, a começar pela Liturgia. Para o Vaticano II, dado que pelo batismo o povo de Deus, como um todo, é um povo profético, sacerdotal e régio, na liturgia, o padre preside uma assembleia toda ela celebrante. Consequentemente, o protagonista da celebração litúrgica não é o padre, mas a assembleia. Por isso o povo passa a rodear o altar, e o padre, a presidir a assembleia celebrante, de frente para o povo, dialogando com ele, em sua língua. O padre deixa de ser chamado ‘sacerdote’, pois preside uma assembleia toda ela sacerdotal. O coral ou um grupo de canto que canta sozinho perde seu sentido. Para aproximar o presidente da celebração da assembleia, simplificam-se as vestes litúrgicas e se supera o caráter pomposo e suntuoso da liturgia, pois quanto mais simples o rito, mais se parece com o modo discreto de Deus se comunicar. Para o Concílio, a presença real de Cristo na liturgia não está só nas espécies consagradas do pão e do vinho, mas também na assembleia reunida, na Palavra proclamada e no presidente da celebração. Daí a importância da Liturgia da Palavra, que também é celebração do mistério pascal. A celebração eucarística é antes de tudo banquete, que faz memória do único sacrifício de Cristo, através de uma ceia. Por isso, o rito eucarístico é celebrado na “mesa do altar”, sobre a qual as espécies consagradas são mais “alimento e bebida” do que “corpo e sangue”. E toda a assembleia é convidada a comungar sob as duas espécies.] olutador [ janeiro ] 2015 • 11 ]

Livro indicado [ Concílio Vaticano II ] – 2ª edição –

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A celebração dos 50 anos da Abertura do Concílio Vaticano II (11-101962), oferece uma oportunidade singular para conhecermos, em maior profundidade, sua história e seu riquíssimo legado. Mergulhar na herança do Vaticano II nos faz ser mais Igreja, tornando-nos homens e mulheres que querem ser verdadeiros discípulos-missionários, experimentando que exatamente nessa condição serão felizes e encontrarão o sentido pleno de sua existência. FORMATO: 17x24cm, 160p.

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Religião [ O Papa Francisco foi adiante...

A nova pastoral

E

m entrevista concedida à conhecida jornalista Stefania Falasca, publicada no jornal italiano “Avvenire” [18/10/2015], o Cardeal Christoph Schönborn – um dos nomes lembrados no último conclave – recordava o pensamento do Papa Paulo VI ao convocar um sínodo em 1969: “Por um lado, Paulo VI desejava que a experiência positiva do Concílio pudesse continuar; por outro lado, queria dar expressão à colegialidade dos bispos. Ele pensava que esta colegialidade, afirmada pelo Vaticano II, pu-

F/VATICANO

O Sínodo não é concílio nem parlamento, disse Paulo VI. E o Cardeal de Viena, Christoph Schönborn, recorda que o Sínodo apenas assessora o Papa, mas não reforma a doutrina da Igreja

desse vivenciar e ter sua expressão na modalidade de um synodos, isto é, de ‘caminharem juntos’ com o Papa para ajudá-lo em seu ministério de supremo pastor, e que ao mesmo tempo isso o pudesse favorecer a aproximação entre os bispos experimentada durante o Concílio.” Entretanto, ainda que mantenha o clima de comunhão eclesial, observa Schönborn, o Sínodo “não é um Concílio, porque não tem poder de decisão. É um órgão, um instrumento para aconselhar o Papa em seu papel de Pastor da Igreja”. Diante da intensa discussão a respeito da metodologia a ser adotada pe[ 12 • olutador [ janeiro ] 2015

lo Sínodo, o entrevistado recordou as raízes gregas das palavras “sínodo” e “método”. “Sínodo quer dizer “caminho comum”, e “método” significa “caminho para atingir um objetivo”. E não se trata de uma discussão inútil, porque “a metodologia não é neutra, diz Schönborn. Ela pode favorecer ou prejudicar a expressão da colegialidade efetiva e afetiva. Bento XVI já havia dado passos para melhorá-la e favorecer um verdadeiro debate entre os membros do Sínodo. O Papa Francisco foi adiante. Escolheu uma metodologia ainda mais sinodal, como o demonstraram os dois últimos sínodos. Para permitir que seja de fato um caminho comum,


Doutrina e pastoral: ele começou com o Consistório dos cardeais e envolveu praticamente toda a Igreja com os questionários”. O Cardeal de Viena destacou os procedimentos adotados por Francisco: “Ao dividir em três partes o Documento-base e reparti-lo pelas três semanas do Sínodo, o Papa deu substancial importância ao trabalho dos círculos menores. Esta mudança permite maior liberdade de expressão e mais amplo envolvimento nos trabalhos”. Stefania Falasca referiu-se àquilo que a mídia publicava durante o Sínodo da Família, com notícias sobre divergências, obstáculos e blocos opostos. Schönborn, levemente irônico, observou que a mídia precisa de partidos, e sempre fazem o mesmo em todos os sínodos. Mas o próprio Papa dissera aos Padres sinodais que “falassem com franqueza e ouvissem com humildade”. “Não é um problema se há pontos de vista diversos e mesmo contrastantes. É um clima verdadeiramente aberto onde não se escondem os pontos de vista e as opiniões”, disse o entrevistado. Rumo a uma nova pastoral O Cardeal de Viena está convencido de que o Sínodo da Família vai desaguar em uma “renovação da pastoral”. “O Sínodo é um órgão do Magistério da Igreja. Não é magisterial, porque a doutrina já está definida, é clara. O objetivo de um Sínodo, tal como foi concebido na mente de Paulo VI, é o de pôr em prática as reformas do Vaticano II. Pôr em prática as grandes intuições, as grandes decisões do Vaticano II. Por isso mesmo, é muito mais orientado para a práxis, para a pastoral.” Não que existam diferenças entre pastoral e doutrina, corrige Schönborn, mas uma complementaridade. “A doutrina é a bússola. A doutrina é antes de tudo a doutrina de Jesus. Logo, não pode haver substancialmente um contraste. Nele, Jesus, justiça e misericórdia são uma coisa só. No cristianismo, a doutrina é uma Pessoa, Cristo, e a práxis consiste em seguir esta Pessoa.”]

Francisco propõe diálogo Em mensagem à Pontifícia Universidade da Argentina, que comemorava os 50 anos do Concílio Vaticano II, o Papa Francisco realça a necessidade de uma teologia ancorada na realidade. E acima de tudo, a urgência de dialogar com os opostos.

N

o dia 3 de setembro, quando se encerrava um colóquio teológico em Buenos Aires, o Papa Francisco enviou uma mensagem, gravada em vídeo, conclamando a superar a clivagem entre doutrina e pastoral, exatamente o nervo exposto nas sessões do Sínodo dos bispos sobre a família. Matéria do jornal “La Croix” [7/09/15], assinada por Nicolas Senèze, observa que Francisco retoma o mesmo ponto de partida já assumido por Bento XVI, em 2005, quando discursou diante da Cúria romana a respeito da justa interpretação do Vaticano II. E foi citando Bento XVI que Francisco iniciou sua mensagem, ao definir a Tradição como “o rio vivente que nos liga às origens”, e não como “uma transmissão de coisas ou palavras, uma coleção de coisas mortas”. Este rio – acrescentou o Papa – vai irrigar muitas terras, e não se é cristão da mesma maneira na índia, no Canadá ou em Roma. É justamente esta diversidade que costuma acarretar duas atitudes opostas, mas igualmente perigosas aos olhos do Papa: de um lado, condenar tudo, numa atitude conservadora ou fundamentalista, avaliando que “antes era melhor”; de outro lado, desqualificar tudo o que não tem “sabor de novidade” e relativizar o rico patrimônio eclesial. Tempo de reflexão Aos doutores da Universidade, Francisco faz um apelo à inteligência: “O caminho é a reflexão, o discernimento”, que leva em conta tanto a Tradição quanto a realidade, pondo-as em diálogo. Para o Papa, este é o caminho para fugir da estéril oposição entre olutador [ janeiro ] 2015 • 13 ]

aqueles que “identificam o doutrinário com o conservador e retrógrado”, e o pastoral “à adaptação, à redução e ao acomodamento”. Ao contrário, é preciso procurar a superação do divórcio entre teologia e pastoral, entre fé e vida, diz Francisco. O estreito caminho apontado aos teólogos seria o de assumirem como suas “as interrogações de nosso povo, seus combates, seus sonhos, suas lutas, suas preocupações”. “Sem este encontro, a teologia corre o grande risco de tornar-se ideológica.” Tempo de oração Mas Francisco dá um segundo passo na direção da fé que busca luzes em Deus. Na conclusão de sua mensagem, o Papa traçou o perfil ideal do teólogo: “um homem de seu povo que não pode se desinteressar dos seus, um crente que fez a experiência de Jesus Cristo, mas também um profeta capaz de denunciar todas as formas de alienação, porque ele discerne, refletindo a partir do rio da Tradição recebida da Igreja, a esperança à qual nós somos chamados”. É assim que, para o papa argentino, existe uma única maneira de fazer teologia, ligada à oração: é uma “teologia de joelhos”, conforme a expressão que Bento XVI tomou de empréstimo ao teólogo suíço Hans Urs Von Balthasar. E foi exatamente esta imagem, utilizada por Francisco para elogiar o texto do Cardeal Kasper sobre a família, em fevereiro de 2014, diante do colégio cardinalício, que acerou os ânimos entre acadêmicos e pastoralistas. Para os dois polos exaltados, Francisco traz o convite ao diálogo. (ACS)]


Bíblia [ Posso ter grande poder de comunicação e fa F r e i C ar l o s M e s t e r s , O C D

A

Jesus, a revelação do Amor Maior O testemunho de fraternidade dos primeiros cristãos era o ponto que mais chamava a atenção do povo que chegava a dizer: “Veja como eles se amam!” Os primeiros cristãos viviam em comunidade, tinham tudo em comum, não havia necessitado entre eles. Havia pessoas que se desfaziam de suas coisas para ajudar os outros. Chegaram a fazer uma coleta na Grécia para ajudar os irmãos pobres da Palestina, uma espécie de Campanha de Fraternidade. A origem desta vivência do amor era fruto da nova experiência do amor de Deus que se esparramou nos corações de cada um. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Até hoje, esta frase de Paulo impressiona e aparece nos para-choques de caminhão. Deus se revelou como Pai e como Mãe. Portanto, se somos filhos e filhas, temos que viver como irmãos e

F/reprodução

Música Popular Brasileira – MPB tem cânticos muito bonitos com letras de significado profundo que cantam os problemas e as grandezas da vida do povo. Por exemplo, a letra dos cânticos de Gonzaguinha: “É bonita!”, ou de Chico Buarque “A Banda”, ou de Geraldo Vandré: “Disparada” ou “Para não dizer que falei de flores”, e tantos outros. A música popular canta tudo que acontece na vida, mas canta sobretudo o amor, de mil maneiras! De tanto ouvir e cantar , os jovens conhecem a letra de cor e salteado! As primeiras comunidades no tempo do apóstolo Paulo também faziam cânticos que todos cantavam e sabiam de memória. A letra de um deles sobre o amor, cantado nas reuniões, foi conservado na Carta de Paulo aos Coríntios. Vamos conversar sobre isto.

irmãs. Assim nasce a comunidade, a fraternidade. Para Paulo, a experiência do amor de Deus era o poço mais profundo, de onde ele tirava a água para animar sua luta e matar sua sede de amor ao próximo. Esta experiência de amor é descrita e cantada de muitas maneiras nas cartas de Paulo. Um dos cânticos mais bonitos é aquele conservado na 1ª Carta aos Coríntios. O que é o amor para Paulo? Aqui, a cabeça não consegue expressar o que o coração sente e vive! Paulo tenta dizê-lo com a ajuda da letra daquele cântico da seguinte maneira: [ 14 • olutador [ janeiro ] 2015

Se eu não tiver o amor, nada sou “Posso falar todas as línguas” (1Cor 13,1), isto é, posso ter grande poder de comunicação e fazer o anúncio correto da Boa Nova; mas sem o amor, nada sou! “Posso ter o dom da profecia” (1Cor 13,2), isto é, posso fazer grandes denúncias e animar o povo; mas sem o amor, nada sou! “Posso ter o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência” (1Cor 13,2), isto é, ser um grande teólogo e ter muita consciência; mas sem o amor, nada sou! “Posso ter toda a fé a ponto de transportar montanhas” (1Cor 13,2), isto é, posso ter a doutrina certa e uma fé milagrosa; mas sem o amor, nada sou!


ção e fazer o anúncio correto da Boa Nova; mas sem o amor...

Jesus, revelação do amor maior A cabeça não consegue expressar o que o coração sente e vive

“Posso distribuir os meus bens aos famintos” (1Cor 13,3), isto é, posso fazer opção pelos pobres e dar tudo a eles; mas sem o amor, nada sou! “Posso até entregar o meu corpo às chamas”(1Cor 13,3), isto é, posso ser preso e torturado; mas sem o amor, “isto nada me adiantaria”(1Cor 13,3). Todas estas coisas, tão importantes para a vida de uma pessoa ou de uma comunidade, expressam e revelam o amor, mas não o esgotam nem conseguem defini-lo. O amor é um dom que está na raiz de tudo isto, mas o ultrapassa! Então, o que é o amor? Paulo não responde, mas continua citando a letra do cântico da comuni-

dade que descreve a ação do amor no quotidiano da vida. Nesta letra ele oferece uma chave para cada um avaliar se na sua vida existe, ou não, este amor. Eis a letra, cuja luz ajuda a andar no escuro, e cuja melodia torna sonoro o silêncio de Deus: O amor é um poço sem fundo que não se define O amor é paciente, o amor é prestativo, não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho, não faz nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor, não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade, tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, o amor jamais passará.” (1Cor 13,4-8)

olutador [ janeiro ] 2015 • 15 ]

Foi a redescoberta deste amor gratuito de Deus que revolucionou a vida de Paulo. Antes, ele procurava aproximar-se de Deus e sentir a sua presença, apoiando-se no esforço que ele mesmo fazia para observar a Lei de Moisés. Mas teve que confessar sua incapacidade (cf. Rm 7,14-23). Angustiado, ele

O amor está na raiz de tudo se perguntava: “Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte?” (Rm 7,24.) Foi a experiência do amor de Deus que o libertou: “Graças sejam dadas a Deus por Cristo Jesus, nosso Senhor”. (Rm 7,24.) Libertado da angústia, ele pôde aproximar-se de Deus e experimentar a sua presença, não por ter observado a Lei, mas sim, porque Deus, na sua bondade, se aproximou de Paulo e o atraiu. “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito que nos foi dado.” (Rm 5,5.) Paulo experimentou o que Oseias anunciava: “Eu te atraí com laços de bondade, com cordas de amor”. (Os 11,4.) Esta experiência invadiu a vida de Paulo em todos os níveis: cabeça, coração, vontade, espírito, mente, mãos, pés. Invadiu tudo! E ele começou a olhar tudo a partir desta nova experiência: a vida, a história, a Lei, as pessoas, o trabalho, a grande luta, o dia-a-dia da caminhada, a missão, o próprio Deus. A experiência do amor de Deus está na raiz de tudo. “Se Deus é por nós quem será contra nós?”(Rm 8,31.)] * Frade carmelita, Doutor em Teologia Bíblica, um dos fundadores do CEBI, é um dos primeiros exegetas bíblicos do método histórico-crítico no Brasil. E-mail: mesters@visualnet.com.br


Família [ O Sínodo reafirma a sacralidade da vida e cha

A misericórdia não se a nenhuma família P e . S e bas t i ão S a n t ’A na , S D N *

O

Abraçar a misericórdia de Deus Em seu discurso no encerramento do Sínodo, o Papa mostrou que a rica proposta daquela assembleia só seria bem entendida se inserida no contexto eclesial. “Procuramos abraçar plena e corajosamente a bondade e a misericórdia de Deus, que ultrapassa os nossos cálculos humanos e nada mais quer senão que ‘todos os homens sejam salvos’ (1Tm 2,4), para integrar e viver este Sínodo no contexto do Ano Extraordinário da Misericórdia que a Igreja foi chamada a viver” – orientou o Papa. No Relatório final, em 94 parágrafos, o Sínodo reuniu o mais recente documento sobre a Família, após 2 anos de escuta das famílias do mundo in-

F/arq., sdn

que Deus espera de todos nós – cristãos agentes de todas as pastorais e serviços –, em 2016, depois de termos acompanhado, com entusiasmo, o Sínodo da Família? No coração de todos cresce a esperança de que, muito em breve, o Papa Francisco nos brinde com sua palavra final, através de uma Exortação Apostólica em que aborde, com seu jeito muito especial, toda a riqueza discutida no Sínodo sobre “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Enquanto não chega o possível e esperado documento, vamo-nos alimentando daquelas verdades que o Sínodo e o Papa já nos ofereceram. Há muita riqueza a ser melhor explorada em vista de um futuro melhor para nossas famílias.

teiro e intenso debate nas assembleias de 2014 e 2015. Na perspectiva de uma Igreja que acolhe a todos, os padres sinodais propuseram (nº 84) maior integração dos recasados nas comunidades cristãs, sublinhando que sua participação pode ser no nível dos diversos serviços [ 16 • olutador [ janeiro ] 2015

eclesiais. Há muito espaço para eles; não se considerem e nem sejam considerados fora da Igreja. O Relatório (nº 86) sugere não só o acompanhamento, mas também o discernimento espiritual com um sacerdote, dada a diversidade de situações, em que muitos não são culpados, mas vítimas.


da e chama a atenção para as ameaças à família...

o seja negada a Nunca negar a misericórdia Padre Federico Lombardi, diretor de Imprensa da Santa Sé, confirmou e ampliou este olhar pastoral sobre os desafios familiares especiais: “São aqueles que dizem respeito às situações difíceis, a abordagem pastoral de famílias feridas ou em situação não regular de um

A Igreja, ao mesmo tempo que convida todos a acolherem a Boa Nova de Jesus, precisa olhar com paciência e misericórdia os casais e as famílias que vivem em situações contrastantes com o ensinamento ponto de vista canônico e da disciplina da Igreja. Em particular, as convivências, os matrimônios civis, os divorciados recasados e o modo de aproximar-se pastoralmente destas situações”. Padre Lombardi prossegue: “Luz na escuridão do mundo – é assim que o Relatório Final do Sínodo define a família, num texto que se apresenta com uma atitude positiva e acolhedora, onde é reafirmada a doutrina da indissolubilidade matrimonial. Contudo, para as situações de maior complexidade familiar é recomendado o discernimento dos pastores e uma análise em que a ‘misericórdia’ não seja negada a ninguém”.

Tudo isso é confirmado por Dom Odilo Scherer, um dos participantes do Sínodo: “Muitas situações novas e complexas envolvem hoje a família e requerem a atenção pastoral renovada da Igreja, que precisa estar próxima das famílias marcadas pela dor e todo tipo de sofrimento”. Para o Arcebispo de São Paulo, “a Igreja, ao mesmo tempo que convida todos a acolherem a Boa Nova de Jesus, precisa olhar com paciência e misericórdia os casais e as famílias que vivem em situações contrastantes com o ensinamento do Evangelho”. Os divorciados recasados podem comungar? Durante o Sínodo, um dos assuntos que mais saiu na mídia foi a questão do acesso à comunhão eucarística aos divorciados e recasados. Segundo Dom Odilo, o assunto até foi refletido no Sínodo e os padres sinodais ofereceram “algumas indicações ao Papa” quanto a isso. Porém, “permanecem válidas as indicações dadas pelo Papa São João Paulo II na Exortação Apostólica Familiaris Consortio, de 1981”. O Relatório final não citou expressamente o acesso à Eucaristia para os divorciados recasados, mas recordou que eles não estão excomungados. É importante lembrar que, com relação às pessoas homossexuais, foi reafirmado no documento sinodal que não devem ser discriminadas, mas foi declarado que a Igreja é contrária às uniões entre pessoas do mesmo sexo. Investir numa melhor preparação para o Matrimônio Um dos aspectos mais acentuados que pude perceber ao ouvir os testemunhos/ entrevistas de participantes do Sínodo – sejam bispos, padres ou leigos –, foi a olutador [ janeiro ] 2015 • 17 ]

importância de a Igreja investir numa melhor preparação dos candidatos à vida matrimonial. Trata-se de um processo que deve ser iniciado já na infância e envolver não só a Pastoral Familiar, mas também, direta ou indiretamente, todas as pastorais e serviços, toda a Igreja. Nesse processo, o Sínodo incluiu a necessidade de uma educação sexual, de uma formação adequada para a afetividade, chamando a atenção para a ligação entre o ato sexual e o ato de procriação, do qual os filhos são o fruto mais precioso porque transportam em si a memória e a esperança de um ato de amor. Nesse contexto, está a promoção de uma paternidade responsável. Foi feito um apelo às instituições para tutelarem a vida. Aos católicos comprometidos com a política foi pedido que defendam a família e a vida. A este propósito, o Sínodo reafirma a sacralidade da vida e chama a atenção para as ameaças à família, tais como o aborto e a eutanásia. O Documento de Aparecida (435) sintetizou: “Visto que a família é o valor mais querido por nossos povos, cremos que se deve assumir a preocupação por ela como um dos eixos transversais de toda ação evangelizadora da Igreja. Por isso, em toda diocese se requer uma Pastoral Familiar intensa, vigorosa (e frutuosa) para proclamar o evangelho da família, promover a cultura da vida e trabalhar para que os direitos das famílias sejam reconhecidos e respeitados”. A você, leitor ou agente apaixonado pela bandeira da família, os votos de um feliz e frutuoso 2016! Ajude a anunciar para todos que a misericórdia divina não será negada a nenhuma família.] * Assessor da Pastoral Familiar e Pároco de São Sebastião, Espera Feliz, MG.


Catequese [ Apresentar a pessoa de Jesus, sem ma

E

m termos catequéticos, é preferível falar de uma (re) iniciação com “inspiração catecumenal”, que contemple os elementos essenciais do catecumenato primitivo como iluminadores de novos itinerários ou mesmo de adaptação das experiências já bastante ricas que temos, mas que podem assumir um estilo mais iniciático. Mas o que podemos aprender com as primeiras comunidades e experiências cristãs? Em quê o catecumenato primitivo pode nos inspirar? Estas perguntas não têm respostas acabadas. A reflexão atual da Igreja, também no Brasil, tem apontado pistas bastante interessantes para iluminarmos nossa catequese, especialmente com adultos, aos quais todos os esforços devem ser envidados, visto serem eles os destinatários prioritários da ação evangelizadora da Igreja. Podemos citar alguns desses elementos: De uma catequese sacramentalizadora para uma catequese evangelizadora Enquanto insistirmos numa catequese com finalidade somente sacramental, “para” a primeira Eucaristia ou Crisma, ou nos tradicionais e inócuos “cursos” de batismo e para noivos, não daremos conta de uma realidade muito mais ampla que nos desafia e questiona: uma multidão de pessoas que busca e necessita de um encontro com a Boa Notícia da Vida e do amor, de uma experiência com o Cristo que possa ser-lhes suporte durante a vida inteira, numa fé madura e comprometida com o Reino. Se o foco for apenas sacramental, a maior parte das pessoas continuará à margem da vida eclesial, por não se enquadrar em nossos critérios e “pacotes” canônicos e pastorais! Isso não significa que os Sacramentos não tenham o seu lugar, mas este não será o de meta ou ponto de chegada!

A inspiração c

F/reprodução

P e . Va n i ld o Pa i va *

A descoberta da pessoa de Jesus, a acolhida e o convívio com os irmãos na comunidade, os apelos fortes que brotam da Palavra para uma vivência coerente com a fé, o testemunho dos cristãos comprometidos com o Reino contagiarão as pessoas em processo de iniciação, de modo que os sacramentos serão buscados na hora certa – a hora da consciência de cada pessoa! – e vivenciados não como conveniência, mas como adesão ao projeto de Jesus Cristo. “O sacramento é uma consequência de uma adesão à proposta do Reino, vivida na Igreja. Nosso processo de crescimento na fé é permanente; os sacramentos ali[ 18 • olutador [ janeiro ] 2015

mentam esse processo e têm consequências na vida”. Cristo como centro e referência da catequese Apresentar a pessoa de Jesus, sem maquiagem e fundamentalismos, como sentido máximo para a vida, muito além da Instituição, é fundamental! Proporcionar o encontro com Ele e a experiência do seu amor... Isso exige uma catequese mais “enxuta”, voltada para o essencial, despojada de tantos conteúdos e temas que podem ser compreendidos ao longo de toda a vida cristã. É importante ter a clareza de que não é necessário “congestionar” a ca-


em maquiagem e fundamentalismos...

o catecumenal tequese inicial, seja com crianças ou adultos, com uma quantidade exagerada e sem prioridade de conteúdos. Supõe-se que a catequese permanente seja um caminho até o final da vida, no qual um conhecimento sistemático e progressivo das questões relativas à fé vá acontecendo paulatinamente.

Um encontro com a Boa Notícia da Vida e do amor, de uma experiência com o Cristo “Recordamos que o caminho de formação do cristão, na tradição mais antiga da Igreja, teve sempre caráter de experiência, na qual era determinante o encontro vivo e persuasivo com Cristo, anunciado por autênticas testemunhas.” (DAp nº 290.) Cabe-nos, ainda, alertar para o risco de experiências equivocadas propostas por setores mais intimistas e alienados da própria Igreja, que dissolvem a espiritualidade cristã na busca de um Cristo etéreo e descomprometido com a realidade, experiências estas que não contemplam o Jesus de Nazaré, o Cristo histórico, Deus que assumiu nossa carne e armou sua tenda entre nós.

O papel fundamental da comunidade cristã A comunidade está ausente dos nossos atuais itinerários catequéticos. Não podemos nos esquecer de que ela é fonte, conteúdo, agente e ponto de chegada do cristão iniciado e maduro no testemunho cristão. É ela que acolhe, motiva, ajuda e testemunha a fé no cotidiano dos iniciandos em processo de educação da fé. A tarefa iniciática não é responsabilidade somente do catequista, mas de toda a comunidade cristã, a começar pelas suas lideranças. “Todos os membros da comunidade paroquial são responsáveis pela evangelização dos homens e mulheres em cada ambiente.” (DAp 171.) Formar comunidades acolhedoras e comprometidas com o Reino é condição indispensável para que todo itinerário de iniciação dê frutos. “Onde há uma verdadeira comunidade cristã, ela se torna uma fonte viva da catequese, pois a fé não é uma teoria, mas uma realidade vivida pelos membros da comunidade” (DNC 52). Para que a Iniciação Cristã não se torne uma pastoral a mais, entre tantas outras, mas uma ação conjunta das forças vidas da Paróquia, faz-se necessária uma Pastoral Orgânica que reflita, planeje e assuma a coordenação e avaliação de todo o processo. A interação Catequese-Liturgia No início do cristianismo não havia compêndios e livros catequéticos. Rezava-se o que se acreditava. Acreditava-se no que se rezava. A liturgia era e precisa continuar sendo formadora e educativa do cristão, ainda que sua natureza seja celebrativa e não discursiva. O jeito de celebrar, os elementos simbólicos e rituais, a Palavra e boas homilias formam eficazmente o cristão. “Há uma relação olutador [ janeiro ] 2015 • 19 ]

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íntima entre a fé, a celebração e a vida. O mistério de Cristo anunciado na catequese é o mesmo que é celebrado na liturgia para ser vivido.” (DNC 119.) A pessoa em processo de iniciação cresce com um olho no altar e outro na vida. A liturgia ajuda a guardar e assumir profundamente o que foi descoberto na caminhada. Assim, as celebrações têm por finalidade “gravar nos corações dos catecúmenos o ensinamento recebido quanto aos mistérios de Cristo e a maneira de viver o que daí decorre [...]; levá-los a saborear as formas e as vias de oração; introduzi-los pouco a pouco na liturgia de toda comunidade”. (RICA 106.) Isso requer uma catequese mistagógica. Mistagogia vem de duas palavras gregas: ‘myst ‘ e ‘agogein’. É uma palavra que indica uma prática muito antiga, bastante valorizada atualmente e significa guiar, conduzir para dentro do mistério. Está intimamente ligada à ação ritual, que nos insere na vida do Cristo, nos converte e nos mobiliza à transformação da nossa própria vida. Aí entram a familiaridade com os símbolos, os ritos, com a experiência orante, com a Sagrada Escritura e o aprofundamento teológico, que culmina no encontro pessoal com Jesus Cristo, no momento atual, existencial de nossa vida pessoal, comunitária, social. “A mistagogia nos leva a uma conversão da interioridade, uma adesão existencial à pessoa de Jesus Cristo e não apenas intelectual ou moral. E esta adesão nos leva a uma atitude ética, um modo de vida de acordo com o evangelho de Jesus Cristo.” (Yone Buyst, no blog na Dimensão Bíblico-catequética: catequeseebiblia.blogspot.com).] * Especialista em Catequese e Liturgia e Professor do IRPAC


Juventude [ O segredo para a conquista da paz e da

P e . J o s é A n t o n i o d e O l i v e i r a*

P

or mais que isso possa parecer simplista, é fato que a felicidade não vem de fora, de bens materiais, de fama ou de status. Ela vem mesmo é de dentro. É muito comum ver gente muito rica infeliz, e gente pobre de bem com a vida. Claro que um mínimo é essencial. O necessário para se viver com dignidade. O que passa do necessário já começa a complicar. Como diz o grande poeta e ‘filósofo’ Renato Russo, “quem tem mais do que precisa ter, quase sempre se conven-

F/MELT

Ser feliz... um desafio

ma não é o que as pessoas fazem com a gente, mas o que a gente faz com isso”. Outra atitude benéfica é a gentiliza, a delicadeza. Em nossa sociedade machista, chamar um homem de ‘delicado’ é crime. Mas é cientificamente provado que ser gentil faz a pessoa mais feliz. Um dos grandes males do nosso tempo é que as crianças não estão aprendendo a importância do respeito ao outro, de ceder o lugar, dar prioridade ao outro... Clarice Lispector diz que “as pessoas mais felizes não têm o melhor de tudo, elas fazem o melhor de tudo com o que elas têm”. Aí está outro segredo: saber usufruir o máximo do mínimo. Já vi muita gente simples fazer a maior festa com uma ‘churrasqueira’ de sucata ou entulho, uma carne de segunda, uma cerveja barata de supermercado, umas pingas e uma ‘bateria’ de latas, colheres e, às vezes, um pandeiro. Festa de fazer inveja aos melhores bufês. É que banda nenhuma, bufê algum consegue gerar alegria se ela não brotar primeiro do coração. O que vem de fora só ajuda.

ce de que não tem o bastante”. E certamente um dos maiores fatores de depressão e desencanto é a sociedade de consumo, que desperta em nós a sensação de que, para ser felizes e realizados, precisamos incondicionalmente de coisas de que de fato não precisamos, e às quais, normalmente, não temos acesso. Desperta a necessidade, o desejo e... a frustração. Perdão e delicadeza Uma coisa que faz muito bem à saúde e ao coração é perdoar e não se fixar em sentimentos ruins. Rancor, ressentimento, desejo de vingança, isso corrói a pessoa. É bom lembrar: “O proble-

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O que conta são as pessoas Às vezes as pessoas me pedem pra abençoar sua casa. Uns dizem: não poderei estar, mas o senhor benze lá pra nós. Eu digo: prefiro ir num momento em que as pessoas estiverem, porque o que conta são as pessoas. Você pode estar muito infeliz numa casa luxuosa, como pode estar superfeliz numa casa simples. A bênção pode ser também para a casa, mas é, sobretudo, para quem estará lá. E aí entra outro elemento fundamental: a gratidão. Saber agradecer pelo que tem, ao invés de reclamar pelo que não conseguiu. Quem sabe valorizar, agradecer, reconhecer, raramente será uma pessoa amarga, pessimista, pra baixo. Jesus disse: “Não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade”. (Mt 6,34.) Claro que isso não é fácil. Mas aí


paz e da felicidade...

* Pároco de Cristiano Otoni-Queluzito, Arquidiocese de Mariana, MG. E-mail: zeantonioliveira@hotmail.com

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início do ano vem marcado pelo prolongamento das alegrias vividas no Natal do Senhor. A esta festa maior, seguem-se as festas da Sagrada Família, da Epifania e do Batismo do Senhor. Neste clima de alegria somos convidados a celebrar, entoando a Deus nosso canto de louvor, tendo o coração aberto, na

certeza de que Deus sempre atende às necessidades de seu povo. O canto abaixo, em sua letra e melodia, é um convite a toda a comunidade para alegrar-se com os feitos do Senhor. Um canto de abertura que pode ser usado para a celebração eucarística, bem como para a celebração da Palavra. Para isso, troca-se a letra do final do refrão conforme indicação sublinhada.]

Vamos cantar com alegria (Abertura) Fá+ Pop Rock L. e M.: Erasmo Gr il o – Carat inga, MG

Bb C Am Dm Bb C7 F F Vamos cantar com alegria: / Aleluia, aleluia! / A santa missa vai começar.* Gm Bb F C7 1. Quando estamos juntos, na casa do Senhor, / a

Gm Bb F C7 Deus entoamos nosso canto de louvor.

2. Sempre que pedimos, / em nome de Jesus, / temos a certeza de que o Pai atenderá. 3. De coração aberto, com amor e sem rancor, / unidos a uma só voz cantaremos com fervor. *(Na celebração da Palavra, cantar: Estamos juntos pra celebrar).

[ As músicas desta seção podem ser baixadas no nosso site: olutador.org.br V ouça isite no ss as m úsi a pági da C e fique sa cas, baix na na inte asa d e as o M bendo letr rnet, cate obon. Tu da progr as cifra qu da a Refle ese, litu do isso e mação s, rg xão, galeri ia, grup muito m ais: os a de foto de www s... .m

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está um grande segredo para a conquista da paz e da felicidade. O apego ao passado e a ‘pré-ocupação’ exagerada com o futuro sufocam o presente. Gastamos energia demais com aquilo que não existe; ou porque já passou, ou porque ainda não existe. E talvez nem existirá... O Livro do Gênesis retrata muito bem uma tendência muito forte no ser humano. Adão se escondeu de Deus. O Criador foi atrás, o encontrou e perguntou: “Por que está fugindo? Por que fez algo que o envergonha?” – “Não”, respondeu ele. “Foi a mulher que você me deu!...” Deus, com toda paciência, vai ao encontro de Eva e pergunta: “O que aconteceu?” – “Eu não fiz nada! Foi aquela serpente que me enganou...” (cf. Gn 3,8ss). Jogar a culpa nos outros é muito mais cômodo. A saída mais fácil. Porém, o fato de não assumir os próprios erros, não querer se responsabilizar pelas atitudes e escolhas, nos impede de perceber nossas falhas e procurar corrigir. Quem não admite que errou também não sentirá necessidade de mudar ou de se retratar. “Pessoas felizes não culpam os outros por seus próprios fracassos.” Uma grande bobagem é querer se comparar aos outros. Mas é nossa formação. Desde pequenos ouvimos as comparações dos pais: “Seu irmão estuda mais...” Na escola, no trabalho, sempre nos comparam com outros. E aprendemos fácil. Estamos sempre nos comparando. Isso nos leva a pensar que somos melhores que alguém, e aí vem o orgulho, a arrogância, a vaidade; ou nos sentimos inferiores. E vem a frustração, o sentimento de inferioridade. Na verdade, cada pessoa é única. Não somos melhores ou piores; somos diferentes. Além disso, não temos de dar satisfação aos outros, nem podemos ter a pretensão de agradar a todos.]

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Av. Joaquim M. Magalhães 84 B. Exposição CEP 35367-000 - Matipó/MG www.studiolaboratoriomusical.blogspot.com www.sonorplay.com.br - sonorplay@hotmail.com Fones: (31) 3873-1576 / 9871-1576

olutador [ janeiro ] 2015 • 21 ]

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[Apoio: Sonorplay


Encontro Matrimonial [ Temos muito que agradecer a Deus...

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ós nos sentimos felizes e esperançosos ao chegar ao final do ano com a realização do calendário de formações previstas para 2015. Com as bênçãos de Deus, em nome de Jesus, e a intercessão maternal de Maria Santíssima, nós, servidores como EER-Norte 1, temos muito que agradecer a Deus: Manaus – Tivemos a realização de dois novos fins de semana de formação (FDS): Enriquecimento para servidores de FDS, formações que nunca haviam sido administradas em Manaus; e ainda a realização de três Fins De Semana Originais de diálogo (FDSO). A participação na Assembleia Nacional do Encontro Matrimonial Mundial em Terezina, com a Equipe Eclesial Diocesana (EED) de Manaus, das principais equipes de serviço, e a nossa participação (Nizardo e Luiza, minha mãe Aurian e o casal dialogador e equipista ENS Sergio e Goretti) no Encontro Mundial das Famílias com o Papa, na Filadélfia, EUA. Esse acontecimento gerou em nós sentimentos de muita alegria. O Encontro e a proximidade com o Papa Francisco nos fizeram perceber a grandeza e a humildade de nossa Igreja Missionária, e como nosso Papa cativou o povo americano, que parou para escutá-lo, com ampla cobertura da a imprensa. A missa de abertura com cardeais, bispos e sacerdotes de todo o mundo, as palestras reflexivas sobre relacionamentos na família, a acolhida às famílias imigrantes, a necessária aceitação de povos, raças e religiões e muitas outras experiências foram extremamente valiosas. No pavilhão de exposição havia centenas de movimentos familiares, escolas e universidades, com uma riqueza fabulosa de esforços em prol da familia. Movimentos como o Encontro

Matrimonial Mundial, com suas camisas Dialogue (Diálogo), promovendo nosso carisma de dialogar em nível de sentimentos, para renovar os sacramentos do matrimonio e da ordem. Lá estavam Tony e Cathy, ex coordenadores mundiais do EMM e, representantes do EMM no sínodo das famílias, Joe e esposa. Também conhecemos os coordenadores mundiais do EMM, Daniel e Shelley, casal de Singapura (país de minoria católica) que conseguiu milagrosamente ser escolhido para a Equipe Eclesial Internacional (EEI) com o Padre Charlie das Filipinas. Participamos da reunião de acolhida que o EMM fez para os casais dialogadores do mundo inteiro, que foram acolhidos e puderam reunir-se com os coordenadores mundiais atuais e os “ex”, que foram muito gentis e carinhosos. Boa Vista – Participação dos sacramentos da EED de Roraima - Realização de 2 FDSO fins de semana de diálogo na Diocese de Roraima. Reuniões mensais de espiritualidade matrimonial para casais do EMM-Roraima: Realização do 1º baile “noite do meu bem” de Roraima, com presença de quase 100 casais dialogadores de Roraima no Circulo Militar. Porto Velho – Realização do 2º FDSO e 3º Fim de Semana de Diálogo Original. Belém – Realização do 1º FDSO fim de semana de diálogo na Diocese de Belém, realização do Arranque para o Fim de Semana Profundo FDSP, para formação de equipes com 12 casais. Realização de reuniões mensais de Espiritualidade para casais dialogadores e realização do 2º FDSO de Belém. São Gabriel da Cachoeira – O pedido de Dom Edson para a implantação do EMM em SGC para a EEN (Equipe Eclesial Nacional). Autazes, Diocese de Borba – Nossa alegria pelos 7 casais que já participaram do FDSO de diálogo em Manaus [ 22 • olutador [ janeiro ] 2015

F/EER

Ação de Graças

e já fizeram o processo ponte, e estão caminhando em comunidade dialogadora apoiada por casais servidores de FDS. Alegria pela aprovação do Bispo de Borba à implantação do EMM em sua Diocese.] N i z ar d o e Lu i z a c o m Pad r e F i l i p – EER N o r t e 1


Família Julimariana [ Celebrar o Centenário...

Cordimarianas,

F/arq., sns

100 anos de compaixão-misericórdia

I r m ã S o c o r r o S i lva , F C I M

2015 Ano da Vida Religiosa Consagrada. Abertura do Ano do Jubileu Extraordinário da Misericórdia Abertura do Ano Centenário da Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria – as cordimarianas

F

eliz coincidência ou abenço-

ada providência divina? Quer seja uma ou outra a resposta, celebrar 100 anos de História, num tempo assim tão cheio de júbilo e graça, convidadas a “acolher o hoje de Deus e as suas novidades”, torna-se para nós um imperativo voltar o nosso olhar para os primórdios de nossa história, tomar nas mãos o ano 01 desta soma centenária de nossa existência e, genuflexas, agradecer incessantemente ao Senhor, que nos quis ver nascer “pequenina, na humildade, na pobreza, sem intervenção nem de ricos nem de poderosos”.

A solidez dos pilares que edificaram esta história de muitos capítulos em prosa e verso: Padre Júlio Maria, Madre Maria de Jesus e a miríade de cordimarianas que os sucederam, iluminando caminhos, apontando direção, sinalizando novos tempos com suas exigências próprias, compõem o hino de enaltecimento à vida e à fé. Os passos trilhados, os caminhos percorridos nestes 100 anos foram cadenciados na sonoridade do amor sacrifical e do sacrifício amoroso, impondo inicialmente um dinamismo capaz de “projetar a congregação na direção do mais exigente, do mais radical e da maior conformidade com o projeto de Jesus Cristo”, sendo para o mundo o mais fiel possível a expressão do amor compassivo e misericordioso do Coração de Maria. Nem sempre acertamos! Nem sempre fomos fieis ao que fomos chamadas a ser! Nem sempre estivemos de “olhos postos, lançando as redes em mares mais profundos, acordando o mundo”, entorpecido por ofertas desprovidas de valores, reconhecimento da dignidade humana e de olutador [ janeiro ] 2015 • 23 ]

sentido da vida. Mas também isto compõe os capítulos desta história centenária que, vista pelo olhar da fé, abre possibilidades para voos mais ousados pela consciência do que se é, do que se tem e do se pode. O momento é para celebrar uma história centenária carregada de significado e vitalidade: – Vidas fizeram-se oblação para concretizar projetos, enfrentar desafios, somar esforços e acreditar no impossível de Deus. – Os gritos do mundo ultrapassaram a barreira do medo, da falta de ousadia, do porto seguro e comunidades foram florescendo onde residem os preferidos da ação de Jesus. – Outras vozes somaram-se às nossas vozes – missionários e missionárias do carisma – e a sonoridade da compaixão misericórdia começou a ecoar em lugares antes nunca percebida. – A consciência de uma Igreja que se quer em saída, de uma congregação em saída, começa a tomar forma carregada das cores da esperança. O que se é, o que se tem e o que se faz solfejam a melodia da fidelidade ao carisma fundacional, para que hoje e além dos 100 anos, possamos ser identificadas como as CORDIMARIANAS do Amor-Sacrifício expresso na compaixão-misericórdia nas pegadas, do Coração de Maria, a exemplo do nosso fundador, o Servo de Deus Júlio Maria De Lombaerde. Celebrar um centenário é ir muito além de fazer memória, enaltecer feitos heroicos daqueles que nos antecederam, alongar os momentos de leituras e aprofundamento e fazer bons propósitos. Celebrar um Centenário é, sobretudo, abrir-se à graça do Espírito Santo e corajosamente assumir “ousadas decisões evangélicas que produzam frutos de renovação e de fecunda alegria!” A festa está começando! ]


Espiritualidade [ Meditar as palavras da Oração a Maria...

Alegra-te, cheia de graça!

I r . Af o n s o M u r ad *

F/REPRODUÇÃO

F/reprodução

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or vezes, vemos as pessoas e o que elas dizem, e não percebemos a profundidade que um gesto ou uma palavra revelam. Assim também acontece nas orações vocais. O católico está acostumado a rezar Pai-Nosso, Ave-Maria e outras orações, e corre o risco de fazê-lo mecanicamente, sem saborear as palavras. Neste e nos próximos números da revista, vamos meditar as palavras da Oração mais conhecida a Maria. E que tal começar com a primeira palavra, que dá nome à prece: “Ave, Maria”? Esta palavra traduz a saudação inicial do Anjo Gabriel à Maria, na Anunciação. Se você abrir a bíblia da CNBB em Lc 1,28, verá: “O anjo entrou onde ela estava e lhe disse: Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo”. Mas, então, o que significa “Ave”? O Novo Testamento foi escrito em grego, que era uma língua conhecida na região onde o cristianismo se espalhou no primeiro século. No texto original de Lucas, que os estudiosos da Bíblia pesquisam, se diz: “Alegra-te”! O enviado de Deus convida Maria a participar da alegria que irrompe com a vinda do Messias! Aliás, os relatos do nascimento e da infância de Jesus no evangelho de Lucas estão embebidos de grande contentamento, de euforia. Da alegria comparticipam também os pastores, os anjos, Simeão, Ana e a própria Maria, que inicia seu canto de louvor, dizendo: “Meu espírito se alegra em Deus, meu salvador”. (Lc 1,47b.) Por isso, os primeiros mistérios do rosário se chamam “gozosos”. É pura alegria! Como aconteceu com Maria, cada um de nós é convidado por Deus para se alegrar com a vinda de Jesus. O contentamento expresso no tempo do Natal brota deste grande e belo mistério: o Filho de Deus veio morar no meio de nós, conhecer de perto as belezas e as limitações humanas. Quando São Jerônimo traduziu a Bíblia para o latim, no século 5°,

ele pensou que a palavra do anjo não era simplesmente um convite a se alegrar, e sim, uma saudação para uma pessoa especial, a mãe de Jesus. Então, ele traduziu por “Ave. Podia significar tanto o cumprimento para uma autoridade, quanto uma forma de dizer: “olá!”, “oi”. Quando iniciamos nossa oração [ 24 • olutador [ janeiro ] 2015

a Maria, lembramos destes dois sentidos. Saudamos Maria, dirigindo-nos a ela com confiança e proximidade. E, como ela, nos alegramos com Jesus, o Deus conosco!] *Professor de teologia na FAJE e no ISTA. Coordenador do Núcleo de Extensão da FAJE


Caderno de Cidadania

ANO 13 * Nº 274 * JANEIRO * 2015 * BELO HORIZONTE * MG

Mérito CNAS

“Prêmio Consolida Suas”

2015


❝ Outro ano começa... ❞

No rumo certo m muitos pontos o ano de 2015 nos pareceu sombrio. Vimos em nosso Senado e em nossa Câmara Federal, senadores e deputados trocando acusações, ofensas e agressões físicas e verbais. Falta de decoro por todos os lados. A lama não parece ter vazado apenas da barragem de Mariana, ela jorrou também nas várias esferas dos poderes públicos, onde muitos estão envolvidos em atos de corrupção e se prevalecem dos cargos para vantagens pessoais, privilégios particulares. E ainda findamos o ano em meio a um discutido processo de Impeachement da Presidente da República. Neste sentido, infelizmente, nosso país não está no rumo certo. Outro ano começa e sempre desejamos que o ano novo seja melhor que o anterior. Temos motivo para começar bem este novo ano. Temos oportunidade para corrigir a rota, encontrar novos caminhos, acertar o rumo. Será ano de eleições e nossa responsabilidade será ainda maior no cuidado com as escolha de nossos candidatos. Um ditado popular afirma: “Quem tem olhos fundos, deve começar a chorar cedo, para dar tempo para as lágrimas escorrerem”. Ou seja, estejamos atentos e vigilantes para sermos causa de esperança para nosso Município, nosso Estado, nosso País. Temos o dever de ser verdadeiros cidadãos, homens e mulheres zelosos da “coisa pública”, daquilo que é de todos. E é no zelo pela coisa pública que o Instituto dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora foi condecorado com uma certificação que atesta a sua responsabilidade e sua contribuição para o fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social, o Prêmio Mérito Suas – CNAS. Nesta edição, através de nossa equipe, você acompanha de perto este enfoque que confirma que estamos no rumo certo. Além disso, o projeto Remanesce BICA avança e inova com uma série de oficinas que resgatam a dignidade, trabalham a autoestima e a formação de vínculos sadios: Buscando Integração Comunitária pela Arte- BICA. Nosso “Caderno de Cidadania” que ser essa ferramenta que auxilia a permanecer no rumo certo da Assistência Social.* denilson mariano [2

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Campanha Fundo Amigo

A Lei federal Nº8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente / ECA – prevê a possibilidade de pessoas físicas e ou jurídicas destinarem parte do imposto de renda devido aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, em cada esfera do governo, nos percentuais de até 6% e 1% respectivamente.

Como funciona em Belo Horizonte?

Em Belo Horizonte, o FMDCA- Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente foi criado pela Lei Municipal nº 6.263 de 20 de novembro de 1992, atualizada pela Lei Municipal nº. 8.502 de 06 de março de 2003. O FMDCA é gerido administrativamente pelo Poder Executivo Municipal, através da Secretaria Municipal de Políticas Sociais, ficando responsável pela prestação de contas junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente- CMDCA, na forma estabelecida pelas normativas legais (Leis Federais nº 4.320/1964, 8.666/1993, 8.069/1990, Decreto Municipal 10.710/2001 e Resolução CMDCA/BH 080/2010). Em Belo Horizonte, a Campanha Fundo Amigo é realizada anualmente, e o público alvo desta ação são os potenciais destinadores e divulgadores do FMDCA/BH. Na oportunidade, o CMDCA/BH prioriza o esclarecimento das regras para as destinações fiscais, fortalece parcerias e apresenta o resultado das ações financiadas com os recursos oriundos das destinações. Veja mais informações no site da pbh. Busque por cmdca e veja como destinar!*

olutador [ janeiro ] 2015 [ Caderno de Cidadania ]


Instituto vencedor

do Mérito CNAS Prêmio Consolida Suas❞2015

Eq u i p e d e A s s e s s oria T éc ni c a d o I n s tit u to *

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Instituto dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora foi escolhido pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS como entidade vencedora do Mérito CNAS “Prêmio

Consolida SUAS” para o ano de 2015, na categoria Entidade Socioassistencial. A premiação visa a reconhecer as práticas exitosas de participação e do controle social da política de assistência social, atuações que fortalecem a democracia participativa, capazes de produzir resultados efetivos no con-

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trole social em nível municipal e estadual, que geram importantes implicações para a vida do usuário da assistência social. O Instituto foi premiado por atuar em consonância com a Resolução do CNAS nº 27/2011, que caracteriza as ações de assessoramento e defesa e

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[▶

garantia de direitos no âmbito da Assistência Social. A premiação avaliou a participação do Instituto nos últimos cinco anos. As atuações junto ao controle social, ocupando cadeiras nos conselhos de assistência social, criança e adolescentes e idosos nos municípios onde possui filial (Manhumirim, MG, Belo Horizonte, MG, Matozinhos, MG e Maracanaú, CE) e também no Conselho Estadual de Assistência Social de Minas Gerais, e pela participação em conferências municipais, estadual e federal, foram avaliadas como positivas. Outras ações sociais que colaboraram com a conquista do prêmio são as atividades de assessoramento de defesa e garantia de direitos que o Instituto promove através do Programa de Defesa Social. Tais atividades são desenvolvidas por sua Matriz em Manhumirim e pela Filial Gráfica O Lutador em Belo Horizonte. As ações se materializam através de apoio técnico às entidades, com orientações sobre inscrição, certificação, títulos, captação de recursos, plano de ação, relatórios de atividades, gestão de entidades e prestação de contas, entre outros temas. Outros fatores positivos foram o apoio gráfico, com doação de diversos serviços que têm por finalidade colaborar com a sustentabilidade da instituição, divulgar as ações desenvolvidas por elas e fortalecer a política pública de assistência social. Em tudo isto, dá-se ênfase para o usuário e para a iniciativa da criação do Fórum Permanente de Entidades – Vertente do Caparaó, que tem por objetivo fortalecer as entidades socioassistenciais das regiões da Zona da Mata e Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, e nas regiões Central Serrana e Caparaó, no Espírito Santo. Na defesa e garantia de direitos, o Instituto atua no fortalecimento dos usuários, entidades do terceiro setor e gestores de políticas públicas, através dos jornais Caderno de Cidadania e Páginas Cidadãs, e da revista Valor

Compartilhado. Esses informativos têm a finalidade de fortalecer a política pública de assistência social. Em cada edição, divulgam-se ações promovidas pela rede privada de assistência social e temas sobre legislação, controle social, política pública e captação de recursos, entre outros. [4

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São essas ações que garantiram o reconhecimento do CNAS e o “Prêmio Consolida SUAS” ao Instituto. O prêmio foi entregue em Brasília, DF, na X Conferência Nacional de Assistência Social, no dia 7 de dezembro de 2015. Padre Márcio Antônio Pacheco, Diretor Vice-Secretário do Insti-

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❝A premiação avaliou

a participação do Instituto nos últimos cinco anos. As atuações junto ao controle social, ocupando cadeiras nos conselhos de assistência social, criança e adolescentes e idosos nos municípios onde possui filial❞ tuto e Diretor da Gráfica “O Lutador”, de Belo Horizonte, MG, esteve presente e recebeu o prêmio das mãos do Presidente do Conselho Nacional de Assistência Social, Sr. Edivaldo da Silva Ramos. Pe. Márcio Antônio Pacheco, feliz com este ato de reconhecimento em

nível nacional, reiterou sua disposição de continuar levando adiante este projeto de Assessoria Técnica que fortalece o Serviço de Assistência Social. Eis o seu pronunciamento ao receber o prêmio: “Ser indicado para receber o prêmio MÉRITO CNAS, como entidade ci-

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vil, foi algo muito importante. Significa o reconhecimento dos órgãos públicos responsáveis pela Política de Assistência Social. Isto confirma que estamos no caminho certo, com a valiosa e indispensável ajuda de tantos que contribuíram para isto, mas, sobretudo, dos nossos assessores e colaboradores diretos. Agradecemos de coração por todo este empenho. A X Conferencia é um evento de grande importância que contou com quase dois mil delegados representantes de CRAS, de entidades civis as mais diversas, e dos longínquos lugares deste imenso Brasil. É tão gratificante ver pessoas simples, muitas delas usuários do SUAS, discursando com desenvoltura e afirmando ali seu importante papel como cidadãos numa sociedade de direito! É emocionante. Todos são unânimes em dizer que as conquistas dos últimos 10 anos são imensas. A ação social era algo muito insignificante, que não passava de uma simples iniciativa com uma dotação orçamentária minguada, que era gerida pelas primeiras damas dos municípios, estados e União. Hoje ganhou corpo e capilaridade e já representa muito no conjunto das ações governamentais, sobretudo na correção das profundas distorções históricas que temos em nossa sociedade. Parabéns aos organizadores, aos participantes! Ainda há ainda muito por fazer. Um grande obstáculo é a falta de conhecimento da legislação e a falta de sensibilidade dos gestores, principalmente os executivos municipais. Que haja um empenho de todos no sentido do aperfeiçoamento jurídico, regulamentando muitas coisas que ainda estão postas de forma rudimentar. Assim, acreditamos, para os próximos 10 anos, avançarmos mais e termos uma sociedade realmente valorizada e assistida com dignidade.”* * Juliana Gonçalves – Assistente Social, Cristiane Felipe – Gestora de Projetos sociais, Iris Cordeiros – Assistente Social e Julio Cesar de Oliveira Brum – Coordenador de Projetos Social.


Projeto Rem a O Instituto dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora é contemplado pelo FMDCA de Belo Horizonte e beneficia mais de 120 crianças e adolescentes e a comunidade local

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m 2014/2015, o Instituto dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, através do Projeto BICA- Buscando Integração Comunitária pela Arte, foi contemplado pelo FMDCA- Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e pôde desenvolver o Projeto Remanesce BICA, com o objetivo de possibilitar a ampliação do universo informacional, artístico, ambiental e cultural das crianças/adolescentes, bem como estimular o desenvolvimento de potencialidades, habilidades, talentos e propiciar a formação cidadã e a integração familiar e comunitária. Dentre as atividades desenvolvidas, destacam-se as oficinas de Arte e Reutilização, que utilizaram refugo (lixo) da Gráfica “O Lutador”, as palestras, as apresentações culturais e os passeios. Para o desenvolvimento de todo o Projeto, contamos com parceiros, como o Projeto Recriarc e o Pequeno Centro de Solidariedade Bettina, ambos executores de serviços de socialização de crianças e adolescentes, e a ASPAC, que atua na habilitação, reabilitação e à promoção social de crianças, adolescentes e adultos com diferentes

Pintura em tela com bala jujuba

Oficina de Máscaras

Oficinas de arte e reutilização

Pintura em tela com bala jujuba

tipos de deficiências (física e/ou mental). No total, foram beneficiadas mais de 120 crianças e adolescentes, além de seus familiares e da comunidade local, que também pode desfrutar de algumas atividades, na perspectiva do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. [6

*

Nas oficinas de arte e reutilização foram propostas alternativas de sensibilização. Durante o processo de reutilização do refugo, as crianças e adolescentes tiveram contato com a arte produzindo e criando peças, esculturas reutilizando o papel. Foram desenvolvidas oficinas de origami, modelagem, máscaras, papel artesanal, produção de cartões postais, pintura e dança.

Apresentações culturais e teatro

A ideia foi promover a reflexão e aprendizado de forma lúdica e prazerosa através de apresentações culturais, como

olutador [ janeiro ] 2016 [ Caderno de Cidadania ]


m anesce BICA Oficina de Origami Passeio a Inhotim

Passeio a exposição de arte Oficina de Serigrafia Pintura em muros

Pintura em muros

Serigrafia

Pintura em tecido

Equipe Técnica do Caderno de Cidadania

forma de enriquecimento cultural e aquisição de informações.

Passeios

zação de materiais sustentáveis para o meio ambiente. O objetivo era que as visitas estimulassem a formação da cidadania, integração comunitária, preservação ambiental e o desenvolvimento da criatividade na produção de trabalhos plásticos a partir da reutilização.*

Palestras

O objetivo foi possibilitar às mães, familiares e comunidade, oficinas e palestras de conhecimento prático e o domínio de técnicas de reaproveitamento e reutilização de materiais.

Promover passeios para a execução do Projeto foi de grande importância para a ampliação do universo informacional das crianças e adolescentes, já que muitos espaços visitados tinham a mesma proposta da arte como meio, além da utilização reutili-

olutador [ janeiro ] 2015 [ Caderno de Cidadania ]

*7]


Cidadania na realidade carcerária...

Embargos ao trabalho jurídico

cotidiano de um advogado militando no Foro apresenta desafios, angústias, dificuldades, revoltas, lutas incansáveis e intermináveis, com a paga simples de umas poucas alegrias indescritíveis. É comum encontrar no fórum advogados revoltados com questões que enfrentam nos balcões de secretaria do juízo, conflitos com juízes, promotores de justiça e servidores, sempre às voltas com vitórias e derrotas. A pressão dos clientes por resultados e explicações acerca das movimentações processuais que agora constam da Internet também incrementam a vida dos profissionais do direito. Mas as conversas de corredores forenses sempre acabam em risadas. Uma coisa que a profissão ensina muito ao operador do direito é que ele deve se distanciar das querelas para manter o bom humor e a saúde. Com a chegada das movimentações processuais à Internet, e de acesso amplo a todos, perguntas recorrentes chegam ao profissional do direito sobre o significado de “proferido despacho, cumpra-se” ou o tal “ato ordinatório de mero expediente.” Que na verdade não significam nada. Indicam que o processo mudou de uma mesa para outra na serventia judiciária. Dependendo da vara onde tramita o pro-

Ilustração de: Igor Santos Cruz

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W a g ner D ias F erreira – A d v o g ado e M em b ro da C omiss ã o de D ireitos H u manos da O A B / M G

cesso, o advogado somente tem acesso ao esclarecimento de seu conteúdo após a publicação no Diário Oficial ou na próxima movimentação na Internet. As pessoas veem a publicação e ficam loucas. E enlouquecem os advogados. Já há, no TJMG, determinação para que os conteúdos de despachos e decisões judiciais de processos físicos sejam publicados na íntegra. No entanto, a medida não vem sendo cumprida por todos. Os servidores da justiça não entenderam que esse procedimento iniciará o desen-

volvimento de uma cultura que, a curto ou médio prazo, esvaziará os balcões de secretaria. Raríssimas vezes se precisa retirar um processo físico com carga para opor a uma sentença embargos ou recurso de apelação, se a íntegra da decisão for publicada na Internet. Como a implantação plena dos processos digitais ainda deve demorar, este ato simples já determinado pelo tribunal pode ajudar muito. Outra coisa são os despachos, nos quais é publicado pela Internet o famoso “defiro o pedido de fls. x”. Daí obrigar o profissional do direito a comparecer à secretaria do juízo para ver o que está escrito em fls. x, e somente aí saber o que foi realmente despachado. Este tipo de despacho cancela o propósito das publicações na Internet. Em tempos eleitorais, na Ordem dos Advogados do Brasil, o debate dos embargos ao trabalho jurídico precisa encontrar relevo, pois advogado barrado é cidadania barrada. Todo profissional terá, como por certo todo ser humano, falhas no seu desempenho laboral. O subscritor do presente texto não é diferente nas falhas, mas o esforço para acertar deve ser visto nas tentativas e erros de todos, para que sendo mais iguais nos erros e acertos, tornem mais fácil manter o melhor humor ao falarmos de nós mesmos.*

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As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores.

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olutador [ janeiro ] 2016 [ Caderno de Cidadania ]


Liturgia [ É preciso aprender...

Que sua mente acompanhe a voz

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iturgia se faz com gestos rituais e com palavras. É preciso aprender a ouvir, cantar, orar, e é preciso que compreendamos, que sejamos capazes de captar o sentido destas palavras. Há uma frase muito bonita que expressa isso: ‘Que sua mente acompanhe a voz’. E poderíamos acrescentar: ‘Que seu coração acompanhe sua mente e sua voz’. Está proclamando uma leitura? Cantando um salmo? Fazendo uma prece? Que seu coração saboreie e que sua mente esteja atenta ao sentido daquilo que você está dizendo com a boca e ouvindo com o ouvido. Esteja por inteiro nesta ação de ler, cantar, orar, ouvir... Ouça com os ouvidos do corpo, da mente e do coração! Para que isso seja possível, o primeiro requisito é compreender a linguagem usada na liturgia. Não é igual à linguagem corriqueira da vida cotidiana. Há muitas expressões próprias, com sentido diferente da linguagem ‘social’. Mesmo que as palavras sejam conhecidas, o sentido delas na liturgia é diferente. Vamos lembrar algumas delas: aliança, cordeiro, Senhor, mistério, memória, recordação, símbolo, ofício, participação, comunhão... Onde podemos encontrar o sentido que estas palavras têm na liturgia? Fazem parte da longa tradição judaica e cristã, em boa parte registrada nas Sagradas Escrituras, tanto no ‘antigo’ quanto no ‘novo’ testamento. Por isso, para compreender as palavras ditas na liturgia, é necessário adquirir uma razoável cultura bíblica, uma aprendizagem que normalmente de-

ve (ou deveria) iniciar na catequese. Sem um mínimo dessa ‘bagagem’ de cultura bíblica, a liturgia será para nós mais ou menos como se estivéssemos assistindo a um teatro realizado numa língua que não conhecemos. Não estaremos em condições de participar de maneira consciente; não seremos capazes de acompanhar as palavras da liturgia com a mente e o coração, embora tudo seja dito em português. De fato, é da Bíblia que são lidas as leituras, interpretadas na homilia. É dela que são tirados os salmos e cânticos. É de sua inspiração que nasceram as orações e os hinos; é dela que os gestos e sinais tiram seu significado. Mais do que isso: o próprio sentido teologal da liturgia encontra-se antes de tudo na Bíblia.

to estático, intelectual! É necessário ler a Bíblia como um encontro com Deus e como meio para ‘perceber’, ‘ler’, ‘interpretar’ os sinais de Deus em nossa própria vida, nos acontecimentos atuais de nossa cidade e região, de nossa sociedade, de nosso mundo! E a Palavra de Deus inclui quase sempre uma convocação para a missão, para a ação. Perguntas para reflexão pessoal e em grupo: 1. Consigo que minha mente acompanhe as leituras proclamadas, a homilia, os salmos, as preces, as orações? O que me ajuda a fazer isso? O que tem atrapalhado ou dificultado? Como remediar? 2. Estou satisfeito/a com a formação bíblica oferecida por minha comunidade? É suficiente? Ensina a ler a Bíblia

F/arq., sdn

Ione Buyst *

Por isso, formação litúrgica e formação bíblica devem andar de mãos dadas! Quem cuida da formação litúrgica deve fazer nascer também um ‘vivo e suave afeto’ pelas sagradas escrituras (cf. SC, 24). Mas, cuidado! Não se trata de uma leitura ao pé da letra, fundamentalista, ou um conhecimenolutador [ janeiro ] 2015 • 25 ]

a partir da vida e a perceber Deus atuando em nossa realidade atual? Tem levado a mudar minha maneira de viver e atuar na sociedade?] * Professora universitária de teologia e pastoral litúrgica. É articulista e membro do conselho de redação da “Revista de Liturgia”


Atualidade [ Faltaram missionários para o anúncio desejado por Jesus Cris

A missão incom p A n t ô n i o C ar l o s S a n t i n i

Q

o santo jesuíta Francisco Xavier. Além da Índia, o discípulo de Inácio de Loyola evangelizou na Malásia, Sri Lanka, Indonésia Oriental, Japão e China, onde morreu. Passados vinte séculos do imperativo de Jesus Cristo, como anda a missão de anunciar a Boa Nova? PAÍSES China Índia Japão Indonésia Bangladesh Paquistão

Os demógrafos avaliam em 7,2 bilhões de pessoas a população do planeta Terra. Apenas seis nações reúnem quase a metade – 48,6% – desse total: China, Índia, Japão, Indonésia, Bangladesh e Paquistão. Teriam ali ouvido o anúncio do Evangelho? Um quadro nos dá a resposta:

POPULAÇÃO 1.401.000.000 1.282.000.000 126.000.000 255.000.000 160.000.000 188.000.000

F/REPRODUÇÃO

uem visita Kerala, na Índia, faz contato com as comunidades católicas de rito siro-malabar, cuja origem é atribuída à presença do apóstolo São Tomé, que ali viveu e morreu, ainda no primeiro século da Igreja de Jesus Cristo. Seu notável périplo obedecia ao último mandato de Jesus: “Ide e fazei para mim discípulos de todas as nações”. (Mt 28,19.) Já no Séc. XVI, exatamente em 6 de maio de 1542, desembarcava da nau Santiago, no porto indiano de Goa, o nobre espanhol hoje conhecido como

[ 26 • olutador [ janeiro ] 2015

CRISTÃOS % 3,0 2,4 3,2 9,0 0,4 2,5


esus Cristo

Esse país existe!

m pleta I

C ar l o s S c h e i d

Em uma população de 3,4 bilhões de pessoas, nem 3% delas aderiram ao Salvador, que deu sua vida por nós. Tudo indica que faltaram missionários suficientes para o anúncio desejado por Jesus Cristo. Já em sua época, Francisco Xavier clamava pela presença desses missionários. Em uma de suas cartas, datada de 1542, ele escrevia: “Percorremos as aldeias de neófitos, que receberam os sacramentos cristãos há poucos anos. Esta região não é cultivada pelos portugueses, já que é muito estéril e pobre; e os cristãos indígenas, por falta de sacerdotes, nada sabem a não ser que são cristãos. Nestas paragens, são muitíssimos aqueles que não se tornam cristãos, simplesmente pela falta de quem os faça tais. Veio-me muitas vezes o pensamento de ir pelas academias da Europa, particularmente a de Paris, e por toda parte gritar como louco e sacudir aqueles que têm mais ciência do que caridade, clamando: ‘Oh! Como é enorme o número dos que, excluídos do céu, por vossa culpa se precipitam nos infernos!’ Quem dera que eles se dedicassem a esta obra com o mesmo interesse com que se dedicam às letras, para que pudessem prestar contas a Deus da ciência e dos talentos recebidos!” Sei que os tempos são outros. Talvez nem acreditem mais no inferno. Em defesa das culturas locais, talvez acusem o Evangelho de força de destruição. Mas de uma coisa eu tenho certeza: a missão está incompleta...]

magine um país pacífico, ordeiro e sem problemas sociais. Um país onde a democracia seja vivida em alto nível. Ali não há um único analfabeto e um terço da população possui o curso superior. Se você tiver uma dor de dente, tecla um telefone e, em 15 minutos, um dentista vai à sua casa para atendê-lo, gratuitamente, pois o governo é quem paga. Os presídios desse país estão sendo desativados, já que faltam criminosos a serem presos. O ambiente natural é cuidadosamente preservado. A renda per capita anual beira os 60 mil dólares.

4ª população carcerária do planeta. A corrupção corroeu suas principais empresas, com os dirigentes presos ou sendo processados. O desmatamento e a poluição urbana atingem taxas alarmantes. A renda per capita da população beira os mil reais por ano. Gostaria de viver neste país? Ora, você já vive nele: é o Brasil. Aqui, sim, você é necessário, pois há muita coisa a construir, corrigir, recuperar. Este é o país que necessita de gente ativa, criativa, disposta a pôr em ação seus dons e habilidades. É aqui que precisamos de cidadãos honrados, profissionais

Você gostaria de viver nesse país? Gostaria? Para quê? - pergunto eu. Aliás, esse país existe: é a Suécia. Só que eles não precisam de você, pois todos os problemas já foram resolvidos. Ali, por certo, qualquer um morreria de tédio. Deve haver outro país onde você seria mais útil, não? Enquanto isso, tente imaginar um país diferente. Neste outro, os analfabetos acima de 14 anos de idade são 14 milhões. O sistema educacional está falido e os doentes não conseguem atendimento médico adequado. Os presídios estão superlotados com 608.000 presos, a

dedicados e – por que não dizer? – dispostos ao heroísmo. Viver em um país como o Brasil abre a qualquer um grandes possibilidades de atuação social e de construção humana. Não podemos deixar de agradecer por essas oportunidades. Muita gente tem aproveitado esta realidade para prestar bons serviços à população, como a médica Zilda Arns, o arquiteto Oscar Niemeyer e o educador Paulo Freire. Em tempo: no primeiro país, a Suécia, 75% dos habitantes se declaram ateus ou agnósticos. E ali se registra o 2º mais alto índice de suicídios do planeta. Gente feliz, parece...]

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Crônica [ Maria*

De marré, marré, m ponto de sombra, ponto matiz, ponto cheio, ponto de pequenos nós, tudo saído do coração da família mágica. Bem na beirinha do São Francisco, abençoadas pela paz daquele recanto suave de Pirapora, algum anjo – ou fada – cochichou ao coração de D. Antônia Zulma Diniz – a matriarca - que ela tinha um grande tesouro para mostrar ao mundo. Que ela era rainha de um reino desconhecido... Com humildade, sequer sabia onde procurar o tesouro do reino encantado. Então, começou a bordar o mundo que a rodeava: árvores, pássaros, crianças, sol, lua, paisagens... Nada de sofisticação, nada de majestoso: tudo catado ali mesmo, bem ao alcance de suas mãos. Em volta, os filhos vendo um mundo colorido nascendo no colo da mãe.

- Então, havia mesmo um tesouro, um reino além de Pirapora? As amostras do reino começavam a aumentar o gosto dos filhos – foram em frente, procurando o país encantado. Acharam. Cada um emprestou seu talento: um tem a ideia, outro a desenha e as mil mãos de fada cobrem os riscos com graça e leveza. Hoje, os doces pontinhos da Família Dumont enriquecem textos e obras de artistas famosos. Portinari em pontos de agulha é outro Portinari. Seu “Guerra e Paz” entrou pelas casas, voou para as mãos de crianças e aquele painel que vive longe do povo, hoje faz parte da vida de tanta gente que sequer sonhava ver tanta beleza de perto. Entre elas, eu... Agora, minha casa tem um encanto diferente com os dois livros bordados –

F/REPRODUÇÃO

T

udo neles me encanta! – Neles, quem? – Na Família Dumont. Pois é, uma família mineira, de Pirapora, que encontrou a arte em singelezas, como eu tento fazer: eu escolho palavras para tecer a vida. Teço com cuidado, dou laçadas de seda nas emendas, faço nós bem delicados, faço parceria com o sol, com a lua, com as mil estrelas... Faço parcerias com os quintais antigos, com flores antigas que minha mãe plantou, canto versos antigos, vou às nuvens, peço socorro às madrugas, às lembranças ternas, a anjos e ladainhas. Tudo para tecer coisas bonitas – sem a parceria deles, meu tecido seria pobre, pobre, de marré, marré, marré... Foi aí que dei de cara com outra tentativa de alguém tecer a vida – literalmente, com agulha, linha, pontinhos, doces pontinhos: rococó, ponto atrás, ponto de margarida,

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“Coração em Paz” e “Candinho”. Eles passam de mão em mão e já vão ocupando o lugar reservado para tablets, celulares, aplicativos, selfies... Bendita família de bordadeiras! Suas mãos não deixam aquele Brasil brasileiro ficar esquecido: gente humilde, mulheres cheias de filhos, homens–heróis rasgando a terra, crianças brincando, o Brasil verdadeiro, suas raízes à mostra, não para envergonhar ninguém, mas pra valorizar nosso povo que canta junto com o cuitelinho, que come mandioca e angu de fubá, que trabalha na enxada mas... que sabe sonhar... Este sonho é passado para um mundo real, descoberto pelos Dumont – outro orgulho de Minas para o mundo. – O ouro acabou? O minério está no coração das montanhas? Os Inconfidentes se foram? Os poetas estão sem motes?As igrejas estão sendo pilhadas? Os impostos estão nas nuvens? Pois, então: tudo é verdade – mas as Minas são muitas. São Gerais, são de ouro, de prata, de procissões, de cerrados e rios... De vez em quando, o Estado se impõe ao mundo por um Pelé, um Carlos Drummond de Andrade, um Emílio Moura, um Nelson Freire, um Milton Nascimento, uma Carminha Gouthier... Agora, quem está no topo, é a Família Dumont, Antônia, Ângela, Demóstenes, Marilu, Martha e Sávia. Eles são os novos desbravadoras de nosso Brasil. Em lugar de enxadas e foices, em lugar de arados, abrem picadas de Beleza e Poesia por esse mundo a fora. E suas ferramentas foram feitas por anjos, tão suaves elas são! Enquanto eles bordam a vida em pontinhos, nós, os poetas, vamos tecendo a vida com palavras... E, às vezes, o coração não acerta – igual a eles - e fica pobre, pobre, pobre, de marré de si... Como o da Maria...]

Paróquia de Entre Folhas, Diocese de Caratinga, MG “Celebrem a Festa do encerramento da colheita, quando no final do ano vocês armazenarem as colheitas.” (Ex 23,16.)

A

Paróquia Nossa Senhora do Rosário, de Entre Folhas, realizou no dia 29 de novembro de 2015 uma missa festiva, contando com uma presença expressiva de fiéis, vindos de todas as suas comunidades. Também se fizeram presentes fiéis da IECLB Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, da Paróquia do Funil, de Conceição de Ipanema, MG, juntamente com o Pastor Natanael da Silva. Já é uma tradição nas igrejas luteranas a celebração das colheitas, uma vez a cada ano. O pastor participou da Santa Missa e enfatizou que tudo aquilo que temos, os frutos que colhemos, são dádivas de Deus, e que por isso devemos agradecer sempre ao Senhor que nos criou, e que cuida de nós como filhos muito queridos e amados! Os fiéis trouxeram parte daquilo que colheram para ser doada às instituições beneficentes. Também trouxeram mudas de árvores, plantas medicinais para trocarem entre si e sementes que foram abençoadas ao término da celebração. Para a partilha, alimentos olutador [ janeiro ] 2015 • 29 ]

f/Paróquia de Entre Folhas

, marré...

Festa da Colheita

caseiros (bolos, broas, biscoitos, doces, queijo, requeijão, salgados etc.). Após a missa, todos comeram à vontade e, como no Evangelho, tivemos que recolher o que sobrou. Houve muita fartura e parte foi doada à escola local! Agradecemos a Deus por nos ter proporcionado esse momento tão especial de comunhão fraterna com nossos irmãos luteranos, e a todos os paroquianos que participaram, doando, colaborando e trabalhando para que tudo pudesse acontecer da melhor maneira possível! “As colinas se enfeitam de alegria, e os campos de rebanhos, nossos vales se revestem de trigais, tudo canta de alegria.” (Sl 64,14.)] Pe. Paulo Alexandre Gonçalves


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Páginas que não passam [ Por que ficais aqui o dia todo sem fazer nada?

Ninguém nos contratou... Isab e lle R i v i è r e *

T

endo saído pela undécima hora, ele encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: “Por que ficais aqui o dia todo sem fazer nada?” Eles lhes disseram: “É que ninguém nos contratou”. Ele lhes disse: “Ide, também vós, para minha vinha!” (Mt 20,6-7.) Assim, aquilo que não serve de nada para o mundo é sempre bom para o Senhor. Aqueles que os patrões humanos desprezaram como inúteis, o Patrão divino sempre terá emprego a lhes dar, porque o único trabalho que ele nos pede é o de amá-lo; e como ele fez os homens expressamente para isto, não existe ninguém que não tenha recebido dele a capacidade de amá-lo. Por conseguinte, basta a todos, a qualquer tempo, em todo lugar e em todo caso, consentir nisso para o poder amar. Alegremo-nos, pois, os incapazes, os pequenos, os enfermos, os desgraçados, os esgotados, os sem-jeito, os ignorantes, os vencidos, aqueles que são feios demais para que alguém os ame, aquelas que não são ricas o suficiente para que as desposem, aque-

les que não são “dotados”, bem como os que nada souberam fazer de seus dons, todos aqueles que não “se realizaram”, todos os que estão sem “situação”, sem “esperanças” e sem emprego, aqueles que o mundo rejeitou e aqueles que ele quebrou, recuperemos a coragem, retomemos vida: se os homens não querem (ou não querem mais) a nós, Deus, o Senhor universal e perfeito Patrão, Deus nos quer bem. E de fato ele nos quer, ele nos deseja, ele nos procura! A qualquer hora do dia, ele sai para se pôr em busca dos deixados-por-conta-própria e dos restos; e sem se preocupar com referências nem certificados, antecedentes nem aptidões, ele ajunta indistintamente tudo o que se deixa juntar. Por mais radicalmente “ineptos” que tenhamos sido avaliados pelo julgamento dos homens, reprovados em todos os vestibulares, pequenos ou grandes, tu nos consideras sempre bastante capazes de ti, ó Mestre inesgotável, e não reprovas nenhum daqueles que se apresentam ao exame do amor, pois infalivelmente cumulas de ti mesmo a diferença entre o que nós valemos e [ 30 • olutador [ janeiro ] 2015

aquilo que seria preciso valer para sermos dignos de te servir. E se nós não temos nenhuma herança em perspectiva, nem o mínimo dinheiro a pegar no decurso desta vida mortal, nós temos sempre a esperança – que por nosso simples consentimento se torna certeza e até realização – de possuir hoje, e para sempre, se o quisermos – o salário garantido a todo operário de Deus: o próprio Deus, o Deus além do qual nenhum outro existe. É por isso, em suma, que pouco importa para o operário a hora em que ele entra no trabalho: o emprego está sempre vago, o emprego sempre chama por ele. Em Deus, ninguém jamais comparece como supranumerário, pois o lugar é infinito. (Trad. A.C.S.)] * ISABELLE RIVIÈRE (1889-1971), irmã do famoso escritor Alan Fournier, casou-se com Jacques Rivière. Juntamente com o marido, converteu-se ao catolicismo por influência do poeta Paul Claudel. Literata de renome, após a morte de seu marido, dedicou-se à publicação dos textos que ele deixara inéditos. Em 1937, deixou Paris e instalou-se em Dourgne, próximo ao mosteiro beneditino onde viviam seus filhos. Ali, dedicou-se à meditação espiritual até sua morte, aos 82 anos. Entre suas obras, uma foi traduzida para o português: “O Dever da Imprevidência” (Ed. Agir, 1996).


Roteiros Pastorais

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?

Leitura Orante 32 • Tudo em Família 33 Dinâmica para Grupo de Jovens 33 • Catequese 34 O Lutador Kids 36 • Homilética 37 olutador [ janeiro ] 2015 • 31 ]


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Leitura Orante [ A clareza da missão...

Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura 3) De onde lhe vem a clareza da missão? 4) Temo-nos esforçado para colocar em prática a Palavra de Deus? Como?

Busca da intimidade com Deus Procure um ambiente tranquilo, silencie, invoque a Santíssima Trindade, peça as luzes e faça a oração ao Divino Espírito Santo. Pode cantar um breve refrão para ajudar no recolhimento diante de Deus. Sugestão: “Enviai o vosso Espírito, Senhor, (2x) e da Terra toda a face renovai!” (2x) A. Situando o texto Estamos no término do ciclo do Natal. Tivemos a oportunidade de contemplar o mistério da Encarnação, quando Deus se faz homem, modelo para nossa humanidade e sinal de esperança para todos. O momento do Batismo do Senhor é, ao mesmo tempo, epifania de sua humanidade, quando ele entra na fila dos batizados e recebe o batismo conferido por João, e epifania de sua divindade, pois o Pai o reconhece como Filho Amado (cf. Mc 1,9-11). O texto da liturgia já acena para o início da vida pública de Jesus, que se dá após o batismo. B. O que o texto diz em si Ler na Bíblia: Lucas 3,14-22. Chave de Leitura: 1) Com que força Jesus realiza sua missão? 2) Em que lugar e para que povo ele ensina?

C. O que o texto diz para nós A festa do Batismo do Senhor representa a sua investidura profética: “Fiz repousar sobre ele o meu espírito”. (Is 42,1; 1ª leitura.) O Evangelho acima retoma a atividade profética de Jesus, que anda pelas regiões da Galileia e, num primeiro momento, é admirado e elogiado. Jesus mostra ter clareza de sua missão. É na Palavra do Senhor que Ele mesmo reconhece sua missão profética: “O Espírito do Senhor está sobre mim. Ele me enviou”. Jesus leva a sério esta Palavra de Deus e procura colocá-la em prática na sua vida, faz da Palavra a sua missão. A Palavra é a luz que ilumina e orienta seus passos. Ele se deixa guiar e conduzir pela Palavra escrita, pela Palavra ouvida do Pai, pela Palavra que sai da boca dos pequeninos. São várias formas de uma mesma Palavra de Deus. A pessoa e a vida de Jesus são a sua mensagem, por isso o seu profetismo não terá um desfecho diferente dos profetas do Primeiro Testamento. Logo que Jesus começa a sinalizar a incredulidade, a falta de fé e de testemunho das autoridades, ele já começa a sofrer resistências e oposições à sua missão (cf. Lc 3,23-30). Todos nós somos batizados e, pelo batismo, somos feitos sacerdotes, profetas e reis. Participamos da mesma missão de Jesus. Devemos também procurar colocar em prática a Palavra de Deus e somos convidados a não desanimar, mesmo diante das crises e oposições que encontramos. Cantando: Tua Palavra é / luz do meu caminho, / luz do meu caminho, meu Deus, / Tua Palavra é. (bis)

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D. O que o texto nos faz dizer a Deus? a) Jesus, profeta da vida e caminho da verdade, ajudai-nos a compreender e a vivenciar o nosso batismo como participação no vosso profetismo. Rezemos:

– Senhor, ajudai-nos a colocar em prática a vossa Palavra. b) Jesus, em vossa missão enfrentastes os desafios confiando na Palavra do Pai. Fazei-nos mais resistentes e perseverantes diante das dificuldades. Rezemos: c) Jesus, a Palavra de Deus foi a fonte de vosso ministério; que ela seja também a fonte do ministério que somos chamados a realizar. Rezemos: E. O que o texto sugere para nossos dias? Jesus é o profeta do Reino do Deus que, por palavras e ações, testemunha o projeto de vida do Pai. O batismo, seguido depois pela morte de João Batista, marcou a passagem do anonimato de Nazaré para a vida pública. Somos chamados a vivenciar nosso batismo, assumindo nosso lugar na Igreja e na sociedade, para continuar testemunhando, hoje, o projeto do Pai. – Quais são os sinais de que estamos vivendo verdadeiramente nosso batismo? Dê exemplos concretos. F. Tarefa concreta Procurar aprofundar o sentido do batismo cristão e as verdadeiras razões pelas quais devemos buscar e propor o batismo às outras pessoas. Encerramento: Ofertar-se a Deus numa oração de confiança à Sua vontade. Pai-Nosso e pedido de bênção a Deus.]


Tudo em Família [ 25 – Para reunião de casais

Santidade no lar 1. Coisas que acontecem Luís nasceu na França, em 22/08/1823, último filho de uma família com três meninas e dois meninos. Após os estudos, aprendeu o ofício de relojoeiro. Aos 22 anos, sentiu-se atraído pela vida monástica, mas foi rejeitado por não saber latim. Instalou-se em Alençon, onde abriu uma relojoaria. Zélia Maria nasceu em 28/12/1831, filha de um policial e de uma camponesa. Junto com sua irmã Maria Luísa, tinha uma pequena loja de bordados. Em 1858, casou-se com Luís e tiveram nove filhos (sete meninas e dois meninos), quatro dos quais morreram ainda pequenos. Católicos fervorosos, Luís e Zélia participam da missa diariamente, às 5h30. Praticam o jejum e a oração. Guardam o domingo, visitam os idosos e os doentes. Vencida por um câncer, Zélia veio a falecer em 28/08/1877.

As filhas Paulina, Maria, Celina e Teresa tornaram-se freiras no Carmelo de Lisieux. Leônia foi para o convento da Visitação, em Caen. Em 19/10/2008, em Lisieux, no pontificado de Bento XVI, o Cardeal José Saraiva Martins celebrou a beatificação de Luís e Zélia. Em 18/10/2015, durante o Sínodo dos bispos sobre a missão da família na Igreja e no mundo, o Papa Francisco canonizou o casal Luís e Zélie Martin, aliás, os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. 2. Pensando juntos Na homilia da missa de 18 de outubro, o Papa Francisco referiu-se a Luís e Zélia: “Os Santos esposos Luís Martin e Maria Zélia Guérin viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e, neste clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa

Teresinha do Menino Jesus. O testemunho luminoso destes novos Santos impele-nos a perseverar no caminho dum serviço alegre aos irmãos, confiando na ajuda de Deus e na proteção materna de Maria”. 3. Para uma reunião de casais ∞ Você considera Luís e Zélia um casal excepcional, “fora do comum”? Ou entende que seu exemplo deveria ser o normal entre cristãos? ∞ A atual falta de vocações consagradas (padres e freiras) pode ser explicada pela realidade de nossas famílias? ∞ Como é o clima de oração em sua família? E a frequência aos sacramentos? ∞ Você consegue ver o matrimônio e a vida do lar como instrumentos de santificação pessoal? Por quê? ∞ Quais são hoje os maiores obstáculos para uma vida de santidade em família?]

Testemunho de fé — Dinâmicas para Grupo de Jovens [ 23 Objetivo: Mostrar que a fé e o crescimento nela, é profundamente social. Material: Uma Bíblia para cada grupo.

F/arq., sdn

Na nossa vida cotidiana, nos encontramos constantemente com pessoas que exercem uma grande influência sobre a nossa vida

Desenvolvimento: O animador orienta os participantes: “Na nossa vida cotidiana, nos encontramos constantemente com pessoas que exercem uma grande influência sobre a nossa vida. Esta influência tanto pode ser positiva como negativa. O que se deve fazer diante da consciência desse fato?” Depois disso, cada um, em particular, identifica entre seus amigos, vizinhos, parentes: quantos realmente crêem? Quantos são católicos não praticantes?

olutador [ janeiro ] 2015 • 33 ]

Quantos mudaram de religião nos últimos tempos? Quantos vivem a fé, apenas seguindo os mandamentos ao pé da letra? Ainda em particular, cada um coloca por escrito os testemunhos de fé que encontrou em sua vida. A respeito de cada testemunho de fé que encontrou, analisar as repercussões que experimentou dentro de si mesmo. Em grupo de 4 pessoas, compartilhar as reflexões pessoais. Trata-se de identificar os elementos comuns. Em seguida, leem os textos : Jo 3,21; Mt 7,21; Tg 1,22; Jo 9,1-38; Lc 5,5; Mt 15,21-28. Aprofundar a relação entre os testemunhos escutados e os textos estudados. Tiram suas conclusões para levar ao plenário.]


FOTOS/reprodução

Catequese / Roteiros [ 3 encontros Preparação para c) O que este texto nos revela sobre a

importância de ser mãe? Para refletir

1. Ser Mãe Objetivo: Dar à luz a uma criança é mostrar ao mundo o rosto carinhoso do Criador. Dar à luz é fazer dançar e vibrar a vida. Depois do parto, contemplando o bebê, a mãe poderia dizer: “E Deus viu que tudo era muito bom”. 1 – Ver (a realidade)

A maternidade é uma das maiores glórias da mulher. A paternidade é uma das maiores alegrias e responsabilidades do pai. Tais tarefas são experiências profundas do amor humano. Na cultura judaica a dimensão e promoção femininas se concentravam na maternidade. Hoje, contudo, muitas mulheres se rebelam, e com razão, quando se reduz sua função somente ao papel da maternidade. Ela é realmente a pessoa-chave também como agente de transformação da sua família, da comunidade, e cumpre papel importante na Igreja e na sociedade. É uma presença do Espírito Santo é uma voz de Deus a ascensão da mulher e seu desejo de participar ativa e criativamente da cultura, da política, da economia, da educação e das mudanças do país e da renovação na evangelização.

A catequese e a pastoral da criança também têm como meta sua libertação de tudo o que está diminuindo suas iniciativas, dons, qualidades, direitos, vocação e missão. A mulher, como está constatando a catequese, assume 80% de toda ação na evangelizadora. São as mulheres, especialmente a juventude feminina, que estão assumindo o papel da educação no Brasil, estão cuidando dos doentes nos hospitais, das creches, dos orfanatos, dos asilos. Apesar de o Novo Testamento apresentar o homem e a mulher como iguais, respeitando as diferenças (cf. Gl 3,2729), ainda persistem marcas de inferioridade da mulher. Esta situação deve ser superada e vencida. Guardar no coração: “Alegra-te, cheia

de graça!” 3 – Celebrar Oração: Senhor, quisestes nascer de

uma mulher. Pedistes licença para vos encarnar e vir ao mundo. Uma mulher acolheu vossa palavra. Disse “sim” ao plano de Deus. Até a morte, ela foi fiel aos pobres e à vontade de Deus. Foi mulher de fé consciente e comprometida. Abençoai todo esforço que as mulheres estão fazendo para resgatar sua dignidade e missão. Que seus direitos, Senhor, sejam mais defendidos pelos meios de comunicação e pelas famílias. Que elas sejam testemunhas de fé e de amor. Amém.

2 – Iluminar (Ensinamentos de Jesus)

A Anunciação a Maria para ser mãe de Jesus é um símbolo valioso para o nosso tempo. A mulher deve ser mais consultada e valorizada. Canto: para aclamar a Palavra Leitura: Lucas 1,26-31.

4 – Agir (a realidade nos convoca para...) Compromisso

Perguntar: a) Que saudação o Anjo fez a Maria?

Final

b) Que missão Deus confiou a Maria?

Trocar experiências de como existem exemplos, entre os casais, de tratamento, de relacionamentos mútuos respeitosos e fraternos.

Terminar o encontro com um cântico alegre. Depois, rezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria.] [ 34 • olutador [ janeiro ] 2015

2. Ser Pai Objetivo: Ser pai é uma dádiva, é ser colaborador de Deus na obra da Criação. A humanidade não pode existir sem a complementariedade do feminino e do masculino. Portanto, foi ao casal, sem discriminações, que Deus confiou a missão de gerar outros seres humanos e de zelar pela terra. 1 – Ver (a realidade) Experiência de Vida Uma mãe simples e politizada, que já sofreu a perseguição de alguns prefeitos por ser líder na base e denunciadora das injustiças, assim falou: “Para mim, Deus é como nós, pai e mãe. Nós ensinamos aos filhos duas palavras bem pequeninas. São as primeiras que eles pronunciam: pai e mãe”. Temos que assumir o que esta sofrida catequista disse: Deus é Pai e Mãe. Esta imagem bíblica é importante para a nossa fé católica. Hoje o mundo precisa de Deus materno e paterno. A criança precisa ter essa imagem de Deus: da doçura de um rosto de Deus que nos acolhe, um rosto de Deus Mãe que nos abraça. 2 – Iluminar (Ensinamentos de Jesus) Canto de aclamação: Leitura: Lucas 15,1-31. Perguntar: 1. Qual a característica mais importante do pai do Filho Pródigo? 2. Quem é hoje o “filho mais moço” que se afasta da casa? 3. O que podem fazer os pais para gerar nos filhos a verdadeira liberdade com responsabilidade? Para refletir O pai e a mãe geram um ser indefeso, frágil, que necessita de afeto e amor. Deus Pai, criando o universo e o ser humano, deu à criatura humana todas as possibilidades de se autossustentar. Criou os peixes, as


ção para ser mãe, para ser pai e para o batismo ] aves, as sementes, as frutas, as ervas como fonte de sustentação. Deus não deixou o ser humano desamparado, sem fontes de vida. O egoísmo de uns traz desequilíbrio à humanidade, provoca a miséria e a fome, que não estão no plano de Deus. A educação é o prolongamento da paternidade. Ser pai é tarefa que dura para sempre, não é apenas colaborar na geração do filho. Ser pai é muito mais do que colocar filhos no mundo. Educá-los é a missão maior. Qual a maior tarefa de um pai? Pai e mãe são as fontes mais ricas do amor de Deus. A catequese eficaz e frutuosa é a que nasce do amor entre pai e mãe. Um bom pai é um bom catequista. Ser pai é ser presença de Deus, bondoso, é doar a vida aos filhos, é ser exemplo de respeito à liberdade; é saber acolher com carinho o filho que pecou. Ser pai é carregar no colo o filho faltoso e perdoá-lo, é fazer-lhe um banquete quando volta. Guardar no coração: “Este meu filho estava morto e tornou a viver”. 3 – Celebrar Oração: Jesus, que dissestes: “Na terra, não chamem a ninguém de Pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está no céu”, fazei-nos todos filhos do Reino pela observância do mandamento do amor a Deus e ao próximo. Tornai-nos herdeiros do Reino pela prática da mansidão e da justiça. Sejamos todos testemunhas do amor compassivo de Deus Pai. Abençoai os pais aflitos, em dificuldades, doentes e desempregados. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém. 4 – Agir Compromisso É belo ver o pai brincando, abraçando, beijando e acariciando os filhos. Tal relacionamento educa os filhos para o amor e a fraternidade. Esta figura é muito usada nas Escrituras para mostrar o quanto Deus é Amor e Pai. Final Terminar o encontro com um cântico alegre. Depois, rezar o Pai-Nosso e a Ave -Maria.]

3. Batismo, novo nascimento (Para ajudar na preparação para o Batismo)

com Deus, com a comunidade, com os pobres, com a natureza, consigo mesmo. Isto acontece quando somos egoístas, violentos, corruptos, infiéis, pecadores. Pecar é rasgar o compromisso de fidelidade ao bem, à justiça, e à partilha. Roupa nova: significa revestir-se de Je-

Objetivo: Preparação para o Batismo.

No Batismo recebemos a água pura, mergulhamos nas águas da purificação, da Vida Nova. O Batismo tem como condição o amor de Jesus pela criança, pela família, pela comunidade e pelos pobres. Ser batizado é entrar na comunidade dos filhos amados de Deus-comunidade. A fé é a raiz de nossas vidas. 1 – Ver (a realidade) Experiência de Vida

Quem tem nome, tem tarefa para cumprir na comunidade. Cada pessoa tem um nome próprio, que identifica também a vocação e a missão de cada um. No Batismo, somos chamados pelo nome. Os padrinhos são responsáveis juntamente com os pais pela educação da fé dos afilhados. São eles que traçaram o sinal-da-cruz na fronte da criança, sinal máximo da doação de Cristo a todos nós. Citar exemplo de padrinhos que assumiram responsavelmente os afilhados. 2 – Iluminar (Ensinamentos de Jesus) Canto de aclamação Leitura: João 3,1-8. Perguntar: a) O que Nicodemos pergunta a Jesus? b) O que é preciso para entrar no Rei-

no de Deus?? c) O que este texto revela sobre o Batismo? Para refletir

Na hora do batismo, faz-se a renúncia ao pecado e a aceitação de Jesus. Eis o sentido de trocar a roupa velha pela nova: Roupa velha: a comunidade dá o sentido da roupa suja, velha, rasgada. O significado é o pecado, como rasgão na amizade, na união; rasgão na aliança olutador [ janeiro ] 2015 • 35 ]

sus. Assumir a vida de amor, de justiça, de fraternidade, de compromisso com a vida, com a criança, com a educação cristã, com a catequese, com a comunidade, com os pobres. A veste nova é símbolo de vida e do novo nascimento da criança. 3 – Celebrar Bênção da água: a água dá vida. Sua

presença está na Bíblia: a criação da água; a passagem do Mar Vermelho, do Rio Jordão, onde aconteceu o Batismo de Jesus. Jesus desce às águas do Jordão para purificá-la. A “saída” da água é símbolo da ressurreição. Unção com o óleo do crisma: na celebração do Batismo, faz-se a unção com o óleo do crisma, símbolo dos compromissos do novo cristão: evangelizar, anunciando a justiça; o amor, a mensagem da libertação, da paz e da fraternidade aos irmãos e irmãs. Vela acesa: celebra-se com muita profundidade a “entrega da vela”. Pais e padrinhos erguem a vela acesa e renovam seus compromissos de serem “luz do mundo”, rezando o Creio. Os padrinhos e os pais seguram juntos a vela acesa, comprometendo-se a educar a criança na fé. 4 – Oração

Senhor, obrigado pela água pura, bela e casta. Obrigado pela luz que clareia nossas casas, caminhos e passos. Obrigado pelo óleo que estas crianças receberam no peito e na fronte. Abençoai estes pais e padrinhos para que sejam os primeiros a dar o testemunho, por palavras e obras, da fé que receberam no dia de seu Batismo. Perseverem na missão de educar seus filhos e afilhados na fé cristã. Por Cristo, Senhor Nosso. Amém.]


Um espaço descontraído e os alegre que leva ertar pequenos ao desp ento ntam da fé e ao enca com Jesus 1 2

E U C A R I S T I A

O Lutador Kids [ Epifania... Terço missionário

Cruzadinha catequética

3 4 5 6 7 8 9 10

1. Ele deu a sua vida para nos salvar... 2. Ao comungar recebemos de Jesus seu corpo e... 3. Para receber Jesus entramos na fila da... 4. Em geral a Eucaristia é presidida pelo... 5. “Tomai e comei, isto é o meu...” 6. Devemos sempre participar da... 7. Um dos momentos centrais da missa é a... 8. Nos inicia no seguimento de Jesus... 9. Ele é caminho, verdade e... 10. A Eucaristia é também um... j ogo d os sete er r os

Festa da Epifania (1º Domingo de Janeiro)

Epifania significa aparição, manifestação, e vem do grego “epiphanéia.” No sentido religioso e litúrgico da Igreja Católica, significa uma manifestação divina, por exemplo,quando houve a apresentação de Jesus Cristo ao mundo, através da chegada dos Reis Magos trazendo seus presentes: ouro, incenso e mirra.

Respostas: 1. Jesus; 2. Sangue; 3. Comunhão; 4. Padre; 5. Corpo; 6. Missa; 7. Consagração; 8. Catequese; 9. Vida; 10. Sacramento.

[ 36 • olutador [ janeiro ] 2015


Homilética [ 10•01•2016

“E o Espírito Santo desceu sobre Ele.” [Lc 3,22]

Leituras da semana

Leituras: Is 42,1-4.6-7; Sl 28 [29] At 10,34-38; Lc 3,15-16.21-22 1. A luz de Israel. Este é o 1º dos quatro cantos de um personagem misterioso que aparece no livro do profeta Isaías. Como age o Servo de Deus? Ele não age pela força como os poderosos. Age com mansidão na voz. Ele não deixará morrer o restinho, que ainda fumega na vida do povo (= não quebrará o caniço rachado, nem apagará a mecha)... Sua missão? É restabelecer a aliança com o povo de Israel, ser luz para todas as nações. Ele deverá abrir os olhos dos cegos (aqueles que ainda não enxergam o projeto de Deus). Libertar os prisioneiros (os dominados por qualquer tipo de dominação). Quem é o Servo de Deus? O próprio profeta? Israel diante das nações? Os primeiros cristãos veem nestes cantos do Servo uma clara profecia, que se realiza plenamente em Jesus. Não poderia ser também uma personificação das nossas comunidades cristãs com uma missão de luz e justiça para a sociedade e o mundo paganizado? 2. Para todos os povos. Este capítulo do Livro dos Atos marca a abertura para os pagãos. Os judeus não podiam conviver com os pagãos. Os primeiros cristãos tiveram que romper com esta grande barreira para a propagação do Evangelho. Foi um parto difícil, mas aconteceu com a força do Espírito Santo. O protagonista desta novidade é Paulo. Pedro está hospedado em casa de um curtidor de peles chamado Simão (10, 6). Curtidor de peles é profissão impura e marginalizada, mas Pedro se identifica com os marginalizados. Pedro é chamado para ir à casa de Cornélio, um pagão, mas “temente a Deus”, ou seja, simpatizante com o judaísmo (10,1-5).

Na casa de Cornélio, Pedro faz um sermão, onde podemos destacar os seguintes ensinamentos: a) Deus não faz distinção de pessoas, de raça ou nação. Todo o mundo pode pertencer ao povo de Deus contando que tema a Deus e pratique a justiça. b) Jesus é o anunciador da Boa Notícia da paz-salvação para todos. Ele é o Senhor de todos os homens. c) Os vv. 37-38 fazem uma síntese do ministério de Jesus, lembrando seu batismo, sua unção pelo Espírito Santo, seu poder, pois Deus estava com Ele, suas caminhadas missionárias, suas ações e milagres em favor do povo, curando todo o tipo de enfermidades e nefastas ideologias, que dominavam as pessoas (= demônios).

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Batismo de Jesus

[ dia 11: 1Sm 1,1-8; Sl 115, [116] 12-14.17-19; Mc 1,14-20 [ dia 12: 1Sm 1,9-20; (Sl) 1Sm 2,1.4-8; Mc 1,21b-28 [ dia 13: 1Sm 3,1-10.19-20; Sl 39 [40],2.5.7-10; Mc 1,29-39 [ dia 14: 1Sm 4,1-11; Sl 43 [44],10-11.14-15.24-25; Mc 1,40-45 [ dia 15: 1Sm 8,4-7.10-22a; Sl 88 [89],16-19; Mc 2,1-12 [ dia 16: 1Sm 9,1-4.17-19; 10,1a; Sl 20 [21],2-7; Mc 2,13-17

Com este episódio, narrado em todo o capítulo 10, Lucas (autor dos Atos dos Apóstolos) mostra como, pela força do Espírito Santo, a Igreja rompe as barreiras do nacionalismo judaico e abre as portas para todos os povos considerados gentios ou pagãos. 3. O Filho de Deus. Quem é Jesus? Nos versículos 15-16, percebemos a preocupação do Evangelista em salientar a diferença entre João Batista e Jesus. Para Lucas, João Batista pertence ao tempo da promessa, o Primeiro Testamento. Ele procura esclarecer a dúvida do povo, que estava achando que João Batista já era o Cristo e, por isso, iria realizar a grande expectativa do julgamento messiânico, tema, olutador [ janeiro ] 2015 • 37 ]

aliás, que João pregava. João Batista não é o Messias, ele veio apenas para anunciar a boa obra do Messias que é muito mais decisiva que a sua (cf, Lc 3,7-9). Para João, Jesus é aquele que vem e é mais forte do que ele. Quer dizer, Jesus é realmente quem vem para libertar Israel e trazer o juízo definitivo (cf. v. 17). João não é digno de desatar as correias das sandálias do Messias. Vemos aqui um modo de mostrar, mais que humildade em João, a grande dignidade do Messias, pois João nem se considerava digno de ser escravo do Messias. Enquanto João batizava com água, como preparação e arrependimento, o Messias batizará com o Espírito Santo e com fogo. Quer dizer, o batismo de Jesus trará santificação para o povo. A menção ao Espírito Santo e ao fogo pode ser uma alusão ao Pentecostes (cf. At 2,3-4). Nos versículos 21-22, percebemos que Lucas, tendo suposto o batismo de Jesus, chama a atenção para o que acontece depois: Jesus em oração, o céu aberto, o Espírito descendo sobre Jesus e a voz do céu. Lucas tem predileção pela oração (cf. 5,16; 6,12; 9,18. 28-29; 11,1; 22,14). Nos momentos decisivos de sua vida, Jesus está em oração. A “abertura do céu” quer mostrar que os céus (a profecia) não se fecharam após os últimos profetas do Primeiro Testamento, como pensavam os judeus. Os céus se abrindo, o Espírito desce sobre Jesus e faz dele sua habitação predileta e “natural”, assim como uma pomba desce naturalmente para o ninho. Com essa unção profética está iniciada a atividade messiânica de Jesus.] [Comentários de: dom emanuel messias de oliveira Bispo Diocesano de Caratinga Fone Cúria: (33) 3321-4600 curiadiocesanacaratinga@hotmail.com]


Homilética [ 17•01•2016

“Tu guardaste o vinho bom até agora.” [Jo 2,10b]

Leituras: Is 62,1-5; Sl 95 [96]; 1Cor 12,4-11; Jo 2,1-11 1. O Esposo fiel. Teria Deus aban-

donado sua esposa Jerusalém por causa da infidelidade do seu povo? Teria Deus anulado a aliança feita outrora com Judá? O abandono total em que Jerusalém estava no pós-exílio suscitava essas perguntas. Mas a resposta é não. Javé não abandonou Jerusalém. O profeta anônimo (o 3o Isaías) vai levantar o moral do povo. Nosso texto, de fato, é visto como um poema nupcial. Javé vai voltar. Ele saiu apenas para executar a justiça contra os que exploram seu povo. Ele não vai se calar, nem terá sossego enquanto a justiça de Jerusalém não brilhar como a aurora, e a salvação dela como um farol (v. 1). Com um amor e zelo de esposa, Jerusalém será uma coroa magnífica, um diadema real na mão do seu Deus (v. 3). Essas figuras poéticas traduzem a aparência de Jerusalém vista de longe. Seu nome será trocado de “Desolada” e “Abandonada” para “Minha Delícia” e “Desposada”. Estamos diante de expressões nupciais carregadas de afeto e ternura, pois o amor de Javé é grande para com seu povo (v. 4). O perdão de Javé para o seu povo é total e seu amor não perdeu o entusiasmo e o encanto do primeiro amor. Javé está apaixonado por Jerusalém. Nosso relacionamento para com Deus carrega esta sensibilidade do amor de Deus?

2. Um só Espírito. Na comunidade de

Corinto, estavam valorizando unicamente os carismas vistosos, que causavam impacto, como falar em línguas, profetizar, fazer milagres. Muitos queriam “aparecer” com seus dons extraordinários. Havia tumulto na assembléia, todos querendo falar em línguas ao mesmo tempo.

[ dia 18: 1Sm 15,16-23; Sl 49 [50],8-9.16bc-17.21.23; Mc 2,18-22 [ dia 19: 1Sm 16,1-13; Sl 88 [89],20-22.27-28; Mc 2,23-28 [ dia 20: 1Sm 17,32-33.37.40-51; Sl 143 [144],1-2.9-10; Mc 3,1-6 [ dia 21: 1Sm 18,6-9; 19,1-7; Sl 55 [56],2-3.9-13; Mc 3,7-12 [ dia 22: 1Sm 24,3-21; Sl 56 [57],2-4.6.11; Mc 3,13-19 [ dia 23: 2Sm 1,1-14.11-12.19.23-27; Sl 79 [80],2-3.5-7; Mc 3,20-21 O apóstolo fez uma crítica severa: alguém de fora poderia achar que o grupo estava louco. Estamos diante de um reducionismo dos dons do Espírito, mas o Espírito é muito maior do que estes simples carismas; seus dons são incontáveis e ninguém pode limitar o Espírito de Deus. O Espírito distribui seus dons conforme sua própria vontade (v. 11), sem discriminação nem privilégios. O Espírito é o mesmo, o Senhor é o mesmo, Deus é o mesmo diante dos diferentes modos de agir. Aqui se afirma que a fonte de tudo é a Trindade-Comunhão. Sem comunhão entre si e comunhão com a Igreja, o grupo carismático é uma mentira religiosa, um contratestemunho do Espírito.

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2º Domingo do Tempo Comum

Leituras da semana

O elenco dos carismas é apresentado nos vv. 8-10 e a origem de todos é o mesmo Espírito. O v. 7 salienta a finalidade dos carismas: são para utilidade de todos. Esses dois dons estão submetidos a outros dois carismas de controle: o discernimento dos espíritos, para testar a autenticidade da profecia, e o carisma da interpretação, para que o dom das línguas não seja balbucio inútil, mas sim, edificação para a comunidade.

3. A Nova Aliança. Episódio rico e car-

regado de simbolismo. Jesus realiza uma Nova Aliança. O relacionamento entre Deus e o povo de Israel era visto pelos profetas em termos de aliança matrimonial. [ 38 • olutador [ janeiro ] 2015

“A mãe de Jesus estava lá”. O v. 6 diz que estavam lá também seis talhas de pedra, representando a antiga aliança. A mãe de Jesus simboliza o Antigo Israel, fiel a Deus. Ela representa o resto fiel que vai gerar a Nova Aliança em Jesus Cristo. Jesus e os discípulos, que representam a Nova Aliança, foram convidados. “Faltou vinho” e a mãe de Jesus constata isso diante de Jesus. Significa que a Antiga Aliança estava chegando ao fim, já não produzia alegria. As talhas de pedra, que serviam para os ritos de purificação, também estavam vazias. Elas simbolizam a Aliança do Sinai feita em tábuas de pedra. Mas tudo agora é um vazio. A hora de Jesus se manifesta plenamente no momento da sua morte. Ali também sua glória e a glória do Pai serão plenamente manifestadas. A mãe de Jesus entende que o filho vai antecipar sua hora e dá uma ordem aos que estavam servindo: fazer o que Jesus mandar. Os serventes simbolizam os discípulos de Jesus, convidados da Nova Aliança, que fazem a vontade de Jesus. A ordem de Jesus é cumprida. Maravilha: a água levada é transformada em vinho de ótima qualidade! Para os profetas, quando viesse o Messias, haveria abundância de vinho. As seis talhas equivaliam mais ou menos a uns 600 litros de vinho. Jesus é o esposo da Nova Aliança, do novo povo de Deus. O mestre-sala representa os dirigentes do povo, que estavam por fora da situação do povo. Não cuidavam mais das necessidades do povo carente e abandonado. Jesus começa assim seus sinais. O sinal maior do seu amor misericordioso será a morte na cruz (cf. 15,13). Aqui ele começa a manifestar a sua glória. Na cruz ele manifestará a plenitude da sua glória, atraindo muitos a si.]


Homilética [ 24•01•2016

Leituras: Ne 8,2-4a.5-6.8-10; 18B [19B]; 1Cor 12,12-30; Lc 1,1-4; 4,14-21. 1. Os frutos da Palavra. É o ano 444 (v. 2). O povo voltara do exílio da Babilônia, a partir do ano 538 a.C., e ainda estava em situação tremendamente difícil. Tempo de reconstrução e busca de renovação da própria identidade. Foi em torno da Palavra de Deus que o povo se manteve unido e preservou sua identidade no exílio. Ali também a Palavra de Deus é o elemento essencial da renovação da vida e preservação da identidade. O povo pede e o livro da Lei de Moisés é lido. O que temos aqui é uma belíssima celebração da Palavra, com consequências práticas para a comunidade. O que se pode destacar? 1 – A Palavra de Deus é capaz de unir e reunir a comunidade (8,2-3). 2 – A Palavra de Deus gera a atenção na comunidade, pois todos querem ouvi-la atentamente (v. 2). 3 – A Palavra de Deus provoca reações iguais em toda a comunidade. Trata-se de uma verdadeira ação litúrgica, onde Deus é adorado (vv. 5-6). 4 – A Palavra de Deus é luz para o povo. Esdras e os levitas são os mediadores capazes de atualizar e aplicar a Palavra de Deus à vida do Povo (vv. 8-9). 5 – Finalmente a Palavra de Deus leva à partilha dos bens. O povo começa a chorar. Por quê? Seria porque sua vida está distante da Palavra? Seria porque tudo estava por fazer? O certo é que o povo entende que é através da partilha que são colocadas as bases para a construção da nova sociedade. Assim, no dia do Senhor, o povo reencontrou a força na “alegria do Senhor” e na partilha dos seus bens (vv. 9-11).

[Lc 4,18]

[ dia 25: At 22,3-16; Sl 116 [117],1-2; Mc 16,15-18 [ dia 26: 2Tm 1,1-8; Sl 95 [96],1-3.7-8a.10; Lc 10,1-9 [ dia 27: 2Sm 7,4-17; Sl 88 [89],4-5.27-30; Mc 4,1-20 [ dia 28: 2Sm 7,18-19.24-29; Sl 131 [132],1-5.11-14; Mc 4,21-25 [ dia 29: 2Sm 11,1-4a.5-10; Sl 50 [51],3-7.10-11; Mc 4,26-34 [ dia 30: 2Sm 12,1-7a.10-17; Sl 50 [51],12-17; Mc 4,35-41 2. Um só corpo. Paulo aproveita a metáfora do corpo para falar da unidade da Igreja. Assim como o corpo é composto de vários membros e é um só, assim também acontece com Cristo e sua Igreja. A Igreja é o corpo de Cristo. Nós somos os membros do corpo e cada membro é importante e indispensável no corpo social da Igreja. É Cristo, através do seu Espírito, que nos une num só corpo. Nos vv. 22-23, Paulo dá um destaque aos membros mais fracos e aparentemente mais desprezíveis. É a opção pelos mais fracos, pelos mais pobres. O importante é a unidade, é a saúde e a eficiência do corpo. Se tivermos que privilegiar alguém na comunidade que esse alguém

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3º Domingo do Tempo Comum

Leituras da semana

“O Espírito do Senhor está sobre mim.”

seja o mais fraco e o mais marginalizado, pois ele é também parte importante e necessária do conjunto. Quem na comunidade são os membros mais fracos, que deveríamos revestir de maior honra? 3. O programa de Jesus. Pelo poder do Espírito, Jesus volta para a Galileia e atua no meio do povo pobre e marginalizado. O Espírito Santo exerce um papel preponderante nos quatro primeiros capítulos do Evangelho de S. Lucas, sendo força ativa em Maria, Isabel, Zacarias, Simeão, João Batista, principalmente em Jesus. O início do Evangelho de Lucas se destaca como um verdadeiro Pentecostes. No olutador [ janeiro ] 2015 • 39 ]

resto do Evangelho, o Espírito Santo se concentra em Jesus. Na sinagoga, na terra onde ele tinha sido criado, Nazaré, Jesus lê o trecho do profeta Isaías (Is 61,1-2) que sintetiza seu programa. Jesus se sente ungido pelo Espírito Santo. É uma referência ao seu batismo. Basicamente ele veio para isso: - Anunciar a Boa Nova aos pobres. Pobres são os que vivem dependentes dos poderosos, explorados por eles, sem poder resistir. Jesus está do lado dos pobres e não dos ricos. - Proclamar aos cativos a libertação e aos cegos a recuperação da vista, despedir os oprimidos em liberdade. Em síntese, trata-se da libertação dos marginalizados. - Proclamar o ano de graça (= acolhimento) da parte do Senhor. “Ano de graça” é uma referência ao ano jubilar fixado pela lei. Acontecia de cinquenta em cinquenta anos (cf. Lv 25, 10-13). Trata-se de um perdão geral das dívidas, a devolução das terras hipotecadas ou roubadas pela ganância dos latifundiários. O povo podia assim recomeçar uma vida nova. Assim a Boa Nova de Jesus não prevê apenas “a libertação dos marginalizados, mas a sua plena reintegração na sociedade com a recuperação plena de tudo aquilo do qual foram defraudados”. Jesus diz que esta passagem da Escritura está se realizando “hoje” para os seus ouvintes. O “hoje” da salvação é muito frisado por Lucas (cf. 2,11; 3,22; 5,26 etc.). Este programa de Jesus, este ano da graça do Senhor, está acontecendo no hoje da caminhada de sua comunidade?]

[Comentários de: dom emanuel messias de oliveira Bispo Diocesano de Caratinga


Homilética [ 31•01•2016

Leituras: Jr 1,4-5.17-19; Sl 70 [71]; 1Cor 12,31-13,13; Lc 4,21-30. 1. Consagração e missão. Deus, Criador de todas as coisas, aquele que modelou e deu vida ao primeiro homem (Gn 2,7), conhece todas as pessoas antes de sua existência. Deus conhecia Jeremias antes de seu nascimento, antes mesmo de sua concepção no seio de sua mãe. E não apenas o conhecia, mas o consagrou, o reservou, o separou para uma missão especial. É claro que ele vai tomar conhecimento disso mais tarde, exigindo dele uma comunhão íntima com Deus. Aqui o profeta é enviado contra os reis de Judá e seus ministros, ou seja, contra o poder político que está fazendo política suja, corrupta e em próprio benefício. Contra os sacerdotes, ou seja, o poder religioso que está coligado com o poder político para usufruir de maiores privilégios. É enviado também contra os latifundiários que exploravam os pequenos agricultores e até os expulsavam do campo. É claro que estes três poderes perseguirão o profeta, mas ele não deve temê -los, pois Deus estará com ele e vai fortalecê-lo como uma fortaleza, uma coluna de ferro, uma muralha de bronze (v. 18). Contra quem a comunidade exerce hoje sua missão profética? 2. O caminho do amor. Os coríntios buscavam os carismas extraordinários, como o dom das línguas, que nenhum benefício trazia para a comunidade. Faltava para eles a base de todos os carismas, que é o amor ativo e solidário, fundamentado numa fé adulta, amadurecida. Possuir carismas como promoção pessoal e vaidade é contratestemunho, é infantilismo. Sem o amor-ágape é impossível a solidariedade na unidade de um só corpo.

[Lc 4,30]

[ dia 1º: 2Sm 15,13-14.30; 16,5-13a; Sl 3,2-7; Mc 5,1-20 [ dia 2: Ml 3,1-4; Sl 23 [24],7-10; Lc 2,22-40 [ dia 3: 2Sm 24,2.9-17; Sl 31 [32],1-2.5-7; Mc 6,1-6 [ dia 4: 1Rs 2,1-4.10-12; (Sl) 1Cr 29,10-12; Mc 6,7-13 [ dia 5: Eclo 47,2-13; Sl 17 [18],31.47.50-51; Mc 6,14-29 [ dia 6:1Rs 3,4-13; Sl 118 [119],9-14; Mc 6,30-34 Embora fale do amor de Deus, ou seja, do amor com o qual Deus ama, 1Cor 13 não fala diretamente do amor a Deus, mas do amor aos irmãos. O hino pode ser dividido em três partes: 1) vv. 1-3 – A superioridade do amor; 2) vv. 4-7 – As obras do amor-ágape, do amor solidário. 3) vv. 8-13 – a perenidade do amor. No céu só haverá de permanecer o amor, por isso Paulo diz que agora permanecem fé, esperança e amor, mas o amor é o maior. O amor é o nome concreto da fé de quem põe em Deus toda a sua esperança. 3. A mensagem rejeitada. Lc 4,21 anuncia a realização da escritura no “hoje” da

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4º Domingo do Tempo Comum

Leituras da semana

“Jesus, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.”

vida do povo que está escutando Jesus. Só vai depender da aceitação. Há num primeiro momento a predisposição dos ouvintes em escutar Jesus. Prestam-lhe testemunho e se espantam com suas palavras, que lhes anunciavam a graça ou o amor benevolente de Deus. Mas num segundo momento, o povo coloca dois obstáculos à mensagem de Jesus. O primeiro obstáculo é a encarnação de Jesus. A pergunta: “Não é esse o Filho de José?” implica numa rejeição de um Messias simples, comum, conhecido, nascido no meio do povo. O povo esperava um Messias espetacular capaz de ações mágicas e miraculosas. O provérbio “médico, cura-te a ti mesmo” quer [ 40 • olutador [ janeiro ] 2015

indicar que Jesus não é capaz nem mesmo de libertar seus próprios familiares da opressão e miséria, por isso não serve. O segundo obstáculo é a busca de milagres. Eles querem que Jesus faça milagres em Nazaré como faz em Cafarnaum. Querem o exibicionismo de Jesus, um Jesus atuando em seu próprio favor. Mas ele se recusa a cair nas tentações de 4,1-12. Por esses dois obstáculos, o hoje da salvação não se realiza para o povo de sua terra. Acontece com Jesus o que aconteceu com os profetas: não é bem acolhido em sua pátria. Rejeitado pelo seu povo, Jesus anuncia sua abertura para os pagãos, contando dois episódios acontecidos com os profetas Elias e Eliseu. Elias, no tempo da fome, apesar de saber que havia muitas viúvas em Israel, vai, sob ação de Deus, socorrer uma viúva estrangeira em Sarepta na Sidônia (cf. 1Rs 17). Eliseu, por sua vez, apesar de saber que havia muitos leprosos em Israel, purifica o sírio Naaman (cf. 2Rs 5). O que Jesus quer dizer? Quer dizer que, quando o povo rejeita os profetas de Deus, Deus aproveita para mostrar seu amor aos que estão fora de Israel. Interessante é que os de fora acolhem o Deus dos profetas e sua mensagem. Sua fé é até mesmo maior do que a do povo escolhido. Assim Lucas apresenta a mensagem universal de Jesus aberta a todos os povos. O povo de Nazaré entende o que Jesus queria dizer e se enche de cólera. Expulsam Jesus da cidade e querem precipitá-lo morro abaixo. Esse gesto é uma prefiguração do assassinato do profeta de Nazaré por parte de Israel. Como nós, cristãos, estamos acolhendo hoje a mensagem de Jesus?] [Comentários de: dom emanuel messias de oliveira Bispo Diocesano de Caratinga


Homilética [ 07•02•2016

Leituras: Is 6, 1-2a.3-8; Sl 137 [138],1-5.7c-8; 1Cor 15,1-11; Lc 5,1-11 1. A vocação do profeta. O texto descreve a vocação do grande profeta Isaías, no ano 739 a.C., antes da morte do rei Ozias. Seu chamado aconteceu numa liturgia no Templo de Jerusalém, quando se celebrava a realeza universal de Deus, cantando o Salmo 99. O profeta tenta descrever sua profunda experiência interior. O que o profeta sente a respeito de Deus? Isaías não vê a face de Deus, só a barra de seu manto, mas com isso o profeta já sente a plenitude de Deus e percebe que sua realeza ultrapassa a imensidão do infinito. A terra inteira está cheia da glória do Senhor. Deus é Santíssimo. Os serafins proclamavam a profunda santidade de Deus dizendo: “santo, santo, santo”. Em que consiste esta santidade? “Consiste em sua coerência contínua na história ao lado do seu povo, libertando-o e salvando-o”, com justiça e retidão. Diante de tamanha santidade e majestade, Isaías se sente pequeno, pecador e perdido (v. 5). Mas Deus cuida de seus profetas e os capacita para a missão. Através do seu anjo, Deus purifica o profeta, perdoa-lhe o pecado e envia-o para transmitir ao povo a experiência que ele acaba de viver. O profeta se sente tocado e é capaz de se comprometer dizendo: “Aqui estou, envia-me!” Nossas liturgias são capazes de suscitar profetas? 2. Morte e ressurreição. A comunidade de Corinto tem dúvidas sobre a ressurreição. Paulo transmite o que ele mesmo recebeu. Ele enumera quatro artigos de fé dos apóstolos:

[Lc 5,11b.]

Leituras da semana

[ dia 8: 1Rs 8,1-7.9-13; Sl 131 [132],6-10; Mc 6,53-56 [ dia 9: 1Rs 8,22-23.27-30; Sl 83 [84],3-5.10-11; Mc 7,1-13 [ dia 10: Jl 2,12-18; Sl 50 [51],3-6a.12-14.17; 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18 [ dia 11: Dt 30,15-20; Sl 1,1-4.6; Lc 9,22-25 [ dia 12: Is 58,1-9a; Sl 50 [51],3-6a.18-19; Mt 9,14-15 [ dia 13:Is 58,9b-14; Sl 85 [86],1-6; Lc 5,27-32 a) Cristo morreu por nossos pecados, quer dizer em nosso favor, em nosso lugar. Isto está conforme as Escrituras tinham anunciado. b) Ele foi sepultado: o sepulcro constata a morte de Jesus e o fim de sua vida terrena. c) Ele ressuscitou ao 3o dia, conforme Jesus tinha anunciado. d) Ele apareceu a Cefas (Pedro) sozinho e depois aos 12. As aparições inauguram uma nova presença de Cristo no meio de nós. Paulo continua o texto dizendo que, mais tarde, Cristo apareceu a mais de 500 irmãos de uma vez; depois apareceu a Tiago, em seguida, aos apóstolos todos juntos.

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5º Domingo do Tempo Comum

“Deixaram tudo e seguiram Jesus.”

É bom observar, no texto: a) a preocupação de que a iniciativa é sempre de Deus; b) a fé viva como resposta da comunidade primitiva; c) o impulso a transmitir a experiência vivida (conferir também a 1a Leitura). O que transmitimos hoje como conteúdo básico da nossa fé? 3. A vocação dos apóstolos. Lucas narra a vocação de Pedro e a vocação de outros discípulos. Com a pesca milagrosa ele quer mostrar que a missão dos discípulos é um prolongamento da missão de Jesus. Há duas condições fundamentais para ser discípulo missionário. Dar atenção especial à Palavra do Mestre e deixar tudo. olutador [ janeiro ] 2015 • 41 ]

Lucas, como Marcos, vê a região do lago de Genesaré (ou Mar da Galileia) como o lugar da atividade libertadora de Jesus. O texto mostra a multidão faminta da Palavra de Deus. Os pescadores com suas redes vazias representam a situação do povo. Depois ele sobe na barca para mostrar que compartilha da frustração do trabalhador, que ganha pouco e às vezes nada. Da barca ele pode encarar o povo de frente com suas faces abatidas e angústias transparentes. Ele se assenta. É a posição de quem ensina. Jesus, não era pescador, entretanto ele dá ordens a um mestre em pescaria. Simão, lembra a Jesus que ele e seus companheiros trabalharam a noite inteira, mas reconhece Jesus como Mestre e Senhor da Palavra da vida (cf. Jo 6,68). Eis a frase importante de Simão Pedro: “Mas, em atenção à tua Palavra, vou lançar as redes”. Diante de Jesus somos todos discípulos. Sua palavra é a palavra da vida, capaz de transformar situações carentes em conforto e alegria. Simão reage como Isaías. Reconhece-se pecador diante da santidade do seu Senhor. “Senhor” é o título que Jesus recebe depois da ressurreição. A pesca quer simbolizar, na verdade, a grande vitória de Cristo sobre a morte e o resultado da pregação apostólica. A abundância de peixes aponta para a quantidade de futuros convertidos. Como Isaías, Pedro também é acolhido e transformado em mensageiro da Palavra, em pescador de homens. Diante de tudo isso, Pedro e seus companheiros deixaram tudo e seguiram a Jesus. Que valor estamos dando à Palavra de Deus? Estamos partilhando as angústias e sofrimentos do povo?] [Comentários de: dom emanuel messias de oliveira Bispo Diocesano de Caratinga


Variedades [ Dicas de português & Humor

[ Não Tropece na Língua [ PRESENTE DO SUBJUNTIVO: QUE SEJA ÚTIL Existe alguma regra que se refere ao uso do presente do subjuntivo que seja específica para orações subordinadas? Marion Pinto, Florianópolis, SC

Arroz à moda indonésia Ingredientes

4 xícaras de arroz cozido; 250g de filé mignon frito em pedacinhos; 1 cebola frita, em pedacinhos; 1 pimentão verde em tirinhas; 1 pimentão vermelho em tirinhas; 1 colher (café) de sal; 1 colher (café) de pimenta-do-reino; 1 colher (café) de páprica; 1 colher (café) de canela em pó; 1 colher (café) de noz-moscada ralada; ½ xícara de salsa picada; 1 omelete de 3 ovos, cortado em tirinhas; amendoim picado, o suficiente.

b) Para exprimir dúvida, receio, necessidade, condição, apreciação, aprovação, admiração:

– Duvido que saibas. A própria origem da palavra subjuntivo (do latim subjunctivus – que serve para ligar, para subordinar) indica sua função principal. O subjuntivo é por excelência o modo utilizado nas orações subordinadas que dependem de verbos cujo sentido esteja ligado à ideia de ordem, proibição, desejo, vontade, necessidade, condição e outras correlatas. O uso do subjuntivo implica, em qualquer caso, uma probabilidade, uma nãoconcretização – ainda – de alguma coisa. Observe duas frases com a mesma construção: – Temos lideranças que contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. [o verbo da oração principal é TER, portanto já existem tais líderes, o que implica o uso do modo indicativo na oração subordinada]

– Não acredito que chores por isso. – Será melhor (ou pior) que não diga nada. – Lamentamos que nossos atendentes sejam relapsos. – Temo que não mais se publiquem livros que provoquem o pensar. c) Também usamos o presente do subjuntivo para referir fatos incertos com o advérbio talvez em períodos simples ou orações coordenadas:

– Talvez eu assista ao jogo. – Talvez sejam contempladas, talvez sejam eliminadas. d) Igualmente em frases imperativas:

Modo de Fazer

Misturar tudo e cobrir com amendoim picado.]

Do livro

“Cozinhando sem Mistério”, de Léa Raemy Rangel & Maria Helena M. de Noronha Ed. O Lutador, Belo Horizonte, MG

– Queremos formar lideranças que contribuam para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. [aqui estamos na fase de QUERER: ainda não temos esses líderes, daí o uso na oração subordinada do subjuntivo “contribuam”] Exemplos de uso do PRESENTE do subjuntivo: a) Para exprimir ordem, proibição, desejo, vontade, súplica:

– Deseja que eu volte logo.

Pedidos pelo NOVO NÚMERO

0800-940-2377

– Ordenou que paguemos a dívida. – Proibiu que os sócios bebam e implorou que eles trabalhem. – Ele sempre pede que o pessoal estude com afinco. [ 42 • olutador [ janeiro ] 2015

– Que sejas feliz. – (Que) Deus nos abençoe. – Cantemos a uma só voz...]

HUMOR Dois saberes Dizia o físico: – Neste mundo, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. Dizia o advogado: – No tribunal, às vezes se ganha, às vezes se perde, mas sempre se cobra... Ciência hesitante – Joãozinho, em quantas partes se divide o crânio? – Ora, ‘fessora, depende da pancada...]


Mensagens [ Poesia & Sabedoria... Fotos/REPRODUÇÃO

[ Palavra de sabedoria

“Nada, exceto o silêncio, revela os abismos da vida.” maurice zundel

[ Poema para o mês de JANEIro

R e g r e sso A m í l car C ab r al [G u i n é-B i ssau, † 19 7 3 ]

Mamãe Velha, [venha ouvir comigo o bater da chuva lá no seu portão. É um bater de amigo que vibra dentro do meu coração.

A chuva amiga, [Mamãe Velha, a chuva, que há tanto tempo não batia assim... Ouvi dizer que a Cidade-Velha, — a ilha toda — Em poucos dias já virou jardim... Dizem que o campo [se cobriu de verde, da cor mais bela, porque [é a cor da esp’rança. Que a terra, agora, [é mesmo Cabo Verde. — É a tempestade [que virou bonança...

Venha comigo, Mamãe Velha, venha, recobre a força e chegue-se ao portão. A chuva amiga já falou mantenha e bate dentro do meu coração! olutador [ janeiro ] 2015 • 43 ]


Sociedade [ Atividades humanas e aceleração dos ciclos produtivos con

Guerras climáticas, a nova ameaça F/REPRODUÇÃO

[1

Ag n è s S i na ï

E

Síria: a mais longa seca ntre 2006 e 2011, a Síria viveu a mais longa seca e a maior perda de colheita já registrada desde as primeiras civilizações do Crescente Fértil. Dos 22 milhões de pessoas que habitavam então o país, quase um milhão e meio foi afetado pela desertificação, o que causou migração em massa de agricultores, criadores de gato e suas famílias para as cidades. Esse êxodo elevou as tensões causadas pelo afluxo de refugiados iraquianos que se seguiu à invasão norte-americana em 2003. Durante décadas, o regime do Partido Baath, em Damasco, negligenciou a riqueza natural do país, subsidiando as culturas de trigo e algodão que requerem muita água e incentivando técnicas de irrigação ineficientes. A cria-

Num planeta marcado por desigualdade e devastação natural, aquecimento pode converter-se em novo estopim de grandes migrações e conflitos. Em que condições eles ocorreriam? ção intensiva do gado e o aumento da população reforçaram o processo. Os recursos hídricos reduziram-se à metade entre 2002 e 2008. A “combinação de mudança econômica, social, ambiental e climática erodiu o contrato social entre os cidadãos e o governo, catalisou os movi[ 44 • olutador [ janeiro ] 2015

mentos de oposição e provocou uma degradação irreversível do poder de Assad”, dizem Francesco Femia e Caitlin Werrell, do Centro do Clima e Segurança. Segundo eles, a emergência do Estado Islâmico - EI e sua expansão na Síria e no Iraque resultam, em parte, da seca. [...]


vos concorrem e desestabilizam o clima... China sem chuva No leste da China, durante o inverno de 2010-2011, a falta de chuvas e as tempestades de areia, que levaram o governo de Wen Jiabao a lançar foguetes na esperança de desencadear precipitações, tiveram repercussão em cascata, muito além das fronteiras do país. A perda de colheitas forçou Pequim a comprar trigo no mercado internacional. O aumento dos preços mundiais que se seguiu alimentou o descontentamento popular no Egito, o maior importador de trigo do mundo, onde as famílias gastam em comida, atualmente, mais de um terço de seus recursos. A duplicação do preço da tonelada de trigo, que passou de 157 dólares, em junho de 2010, a US$ 326, em fevereiro de 2011, foi fortemente sentida nesses países, muito dependentes da importação. O preço do pão triplicou, o que aumentou o descontentamento popular contra o regime autoritário do presidente Hosni Mubarak. El Niño no Sul No mesmo período, as colheiras de trigo, soja e milho no Hemisfério Sul foram atingidas por La Niña, um fenômeno climático severo que provocou uma seca na Argentina e chuvas torrenciais na Austrália. Num artigo da revista Nature, Solomon Hsiang, Kyle Meng e Mark Cane estabeleceram uma correlação entre as guerras civis e o fenômeno de Oscilação Sul El Niño (ENSO, na sigla em inglês), que, a cada período de três a sete anos, provoca uma acumulação de águas quentes ao longo das costas do Equador e do Peru, bem como uma reversão dos ventos alísios do Pacífico, associadas a padrões climáticos importantes em nível mundial. Para Hsiang e seus colegas, a probabilidade de conflito civil dobra durante o ENSO. Esta é a primeira demonstração de que a estabilidade das sociedades modernas depende muito do clima global. As mudanças climáticas tornaram-se um “multiplicador de ameaças” e

modificam o curso das relações internacionais. À segurança dura herdada da Guerra Fria sucede a segurança natural, conceito forjado pelos militares norte -americanos reunidos no seio do Centro para uma Nova Segurança Americana (Center for a New American Security). Atividades humanas desestabilizam o clima As causas da insegurança ambiental não podem mais ser reduzidas a elementos puramente exógenos e naturais como as erupções vulcânicas, os tsunamis ou os terremotos. As atividades humanas, a aceleração dos ciclos produtivos e sua globalização concorrem para desestabilizar o clima. O neologismo “antropoceno” designa essa pegada excessiva das sociedades industriais sobre o sistema Terra. No Ártico, onde o gelo poderia derreter-se completamente até o final do século, e onde os efeitos do aquecimento global são duas vezes mais intensos do que em outros lugares, a reivindicação de novas fronteiras terrestres e marítimas reaviva as tensões entre países situados em torno dos polos. A Rússia, que explora o Ártico há séculos, é o único país a possuir frota de quebra-gelos nucleares. Um modelo gigante, em construção nos estaleiros de São Petersburgo, será concluído em 2017. Moscou renova também sua frota de submarinos ultrassilenciosos de quarta geração, lançadores de mísseis com ogivas nucleares. Do lado norte-americano, a abertura do Ártico é apresentada tanto como um negócio comercial em concorrência à Ásia quanto como uma possibilidade de garantir novos recursos energéticos. O degelo do Ártico impõe seus efeitos sistêmicos. A variação do vórtice polar, corrente de ar glacial do Polo Norte, explica o frio intenso que se abateu sobre a América do Norte durante o inverno de 2013-2014. “A interação entre o Ártico e o aquecimento global é algo novo na história da humana, porque ela transforma o encontro entre a geografia e a geofísica, nessa olutador [ janeiro ] 2015 • 45 ]

As causalidades se mostram complexas, instáveis e em evolução; os efeitos do aquecimento global pesam mais ou menos sobre as sociedades região, em um poder novo e estranho, de natureza geofísica, que chamamos de “potência ambiental do Ártico”. Este se exerce em escala planetária, com consequências enormes”, observa o especialista em estratégia militar Jean-Michel Valantin. No entanto, o mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC aponta que não existe uma teoria estável que possibilite sugerir a ocorrência de conflitos armados no Polo Norte. O degelo permitirá validar ou não a robustez das instituições de cooperação transfronteiriça nos polos, tais como o Conselho do Ártico. As causalidades se mostram complexas, instáveis e em evolução; os efeitos do aquecimento global pesam mais ou menos sobre as sociedades, em função da resiliência dos sistemas políticos, econômicos e sociais de cada lugar.] [Continua no próximo número Fonte: Outras Palavras


Mundo [ Segundo o Programa Mundial de alimentos, 56,8

Países inviáveis, n

Haiti, Eritreia, Somália, Serra Leoa, Burundi e Zimbabwe são exemplos de p

N

a raiz do desastre anunciado, as feridas deixadas pela colonização européia, o que inclui a rapina generalizada dos bens locais, a intensa degradação

Até quando?

do ambiente natural e os mapas traçados – intencionalmente – de modo a juntar etnias em litígio no mesmo país. O alerta é de Mo-Ibrahim, multimilionário sudanês e presidente da Fundação que tem o seu nome: se a integração regional não for acelerada, vários países não conseguirão sobreviver. De fato, fatores políticos (sucessivos golpes de estado), climáticos (seca e desertificação) e sociais (conflitos étnicos) assolam nações e provocam crescente êxodo das populações locais. Para Mo-Ibrahim, há vários países inviáveis no continente africano. “O comércio intra-africano representa apenas 4% a 5% de nosso comércio internacional. Quem somos nós para pensar que podemos ter 53 países minúsculos e estarmos em condição de competir com a China, a Índia, Europa e Americas?” Só faltou dizer que os dirigentes eleitos têm saqueado sistematicamente o seu povo. Pobre Haiti! Aqui na América, o Haiti é um caso emblemático. Mas é um engano atribuir a agonia do país ao terremoto que arrasou a região em 2010. Para Ben MacIntyre, em artigo publicado no jornal The Times, de Londres, muito antes da destruição provocada pelo sismo de 12 de janeiro, o Haiti já era uma zona economicamente inviável, fragilizada por uma dívida com séculos de existência para com o seu antigo senhor colonial, a França. Para Mac Intyre, a “falha” que destruiu o Haiti não são as falhas tectônicas apontadas pelos geólogos, nem o vudu e a feitiçaria a que alguns atribuíram o “castigo de Deus”. O artigo lem-

[ 46 • olutador [ janeiro ] 2015

bra “a série de déspotas que andam a saquear o país há anos. Mas, para muitos haitianos, a falha situa-se há 200 anos, diretamente na França colonialista. No século XVIII, o Haiti era a jóia da coroa imperial francesa, a pérola das Caraíbas, o maior exportador de açúcar do mundo. Mesmo pelos padrões coloniais, os escravos das plantações de cana do açúcar eram tratados de uma forma verdadeiramente inumana. Morriam em tal número que, por vezes, a França importava 50 mil escravos por ano para assegurar o número de trabalhadores e os lucros”. Em 1791, os escravos se rebelaram sob a liderança de Toussaint Louverture, um escravo autodidata. Após uma guerra sem tréguas, o exército napoleônico foi derrotado. E o Haiti tornou-se independente em 1804. “A França não lhe perdoou a insolência e a perda de receitas, afirma MacIntyre: 800 plantações de cana-de-açúcar destruídas, 3 mil plantações de café tomadas. O país foi alvo de um brutal bloqueio comercial. Em 1825, a França exigiu uma indenização de 150 milhões de francos-ouro, cinco vezes mais do que os lucros anuais de exportação do país. A Ordenação Real foi reforçada por 12 navios de guerra franceses com 150 canhões. Mesmo com a redução da dívida para 90 milhões de francos, o Haiti nunca se recompôs da sua dívida.” Sob peso da dívida externa, que só seria liquidada em 1947, o Haiti nasceu praticamente falido. “Nessa altura, a economia do Haiti encontrava-se irremediavelmente destruída, o território desflorestado, mergulhado na pobreza, política e economicamente instável, e presa fácil do capricho da Natu-


ntos, 56,8% das crianças abaixo de cinco anos sofrem de desnutrição crônica...

, nações sem futuro?

plos de países que não sobreviverão sem rápida e intensa ajuda externa

A agonia da África Em 19 de maio de 2015, o site da Rádio TSF anunciava a crise humanitária da Eritreia, nação situada no chamado “chifre da África”: eram mais de 500 mil pessoas em fuga, à medida que as força etíopes invadiam o país. Segundo o site, o problema se agrava com a iminência de destruição da próxima colheita, sem a qual aumentaria a fome na região. Com a economia baseada na agricultura de subsistência, 80% da população vive da agricultura e pastoreio. Seu PIB é de R $ 700 per capita (2010 aprox.), 50% de sua população está abaixo da linha da pobreza. A taxa de inflação é de 20%. A nação enfrenta muitos problemas de saúde, educacionais, ambientais, e variados desafios. Foi classificada como uma das mais pobres do mundo. Serra Leoa seria outra nação sem futuro. Embora esteja entre as 10 maiores nações produtoras de diamante do mundo (sua principal fonte econômica) e seja um dos maiores produtores mundiais de bauxita, ouro e titânio; 81,5% de sua população vive na pobreza. 53,4% das pessoas vivem com menos de US $ 1,25 por dia e 52,3% são privadas de água potável. No Burundi, o PIB é de US $ 400 por habitante, com a sociedade minada por guerras civis, sem acesso à educação e com alta taxa de corrupção, além das consequências do HIV/AIDS, a falta de atividade econômica e a desigualdade social. 80% de sua população vivem na pobreza. Segundo o Programa Mundial de alimentos, 56,8% das

crianças abaixo de cinco anos sofrem de desnutrição crônica. Zimbabwe, ao sul da África, é oficialmente a nação mais pobre do mundo, com o PIB de apenas US$ 200 per capita. Sua economia é marcada pela hiperinflação, o desemprego, a corrupção e a pobreza. Conforme estima-

Em 1959, os hutus se revoltaram e assumiram o poder em 1961, dando início à perseguição aos tutsis, agravada em 1994 com a morte acidental dos presidentes de Ruanda e Burundi. Segundo a ONU, o genocídio no país provocou a morte de aproximadamente 1 milhão de

tivas de 2008, a taxa de inflação é de 14,9%. Mesmo favorecido pela natureza com exploração de ouro, cromita, amianto, carvão, cobre, ouro, níquel, platina, as condições de colapso político, econômico e social faz crescer a pobreza, gerando emigração em grande escala.

ruandeses, 90% dos quais de origem tutsi. Aos conflitos étnicos somam-se os problemas socioeconômicos vividos pela população. Mais de 57% dos ruandeses vivem abaixo da linha de pobreza, ou seja, com menos de 1,25 dólar por dia. A subnutrição devasta 40% da população; a taxa de mortalidade infantil é de 97 óbitos a cada mil nascidos vivos. O índice de analfabetismo é de 35%, e apenas 22% das residências têm acesso aos serviços de saneamento ambiental. Até quando o sistema dominante ficará indiferente à ruína destas nações? (ACS)]

F/REPRODUÇÃO

reza e da depredação dos autocratas”, afirma MacIntyre.

Ruanda e as chagas do colonialismo Com o fim do colonialismo, após a Segunda Guerra mundial, os europeus traçaram o território de Ruanda de forma a juntar duas etnias inamistosas, os hutus (90% da população) e os tutsis (9%), mas deixando no poder a minoria tutsi. olutador [ janeiro ] 2015 • 47 ]


Para sua Família viver melhor... [ Livraria O Lutador De: Antônio Carlos Santini

Coleção Os Evangelhos

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EU SEI QUEM TU ÉS O Evangelho de São Marcos

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O CORDEIRO DE DEUS O Evangelho de São João FORMATO: 12x19,5cm – Vol. 1 - 272p., Vol. 2 - 312p., Vol. 3 - 272p., Vol. 4 - 280p.

Um caminho de Espiritualidade

org.: pe. heleno raimundo da silva, sdn

“O Servo de Deus Júlio Maria de Lombaerde foi um missionário preocupado em favorecer o encontro dos fiéis com o Cristo. Todo o seu apostolado foi marcado pela espiritualidade e pela missão. Por isso é necessário aprofundar esta temática,como foi por ele desenvolvida,a fim de buscar luzes para a missão da Igreja hoje”.

No Coração da Trindade

vinícius augusto r. teixeira, c.m.

FORMATO: 15x21cm PÁGINAS: 272 VALOR: R$ 25,00

Nesta fonte Perene os cristãos encontram o principio dinamizador de sua vida, a força matriz de seu empenho e de suas buscas. Concebidas para retiros espirituais, as meditações contidas neste livro se propõem voltar ás fontes da vida cristã, ou seja, revisitar temas que fundamentam e inspiram o viver e o agir daqueles que seguem a Cristo em meio aos desafios da fauna diária, contemplando e experimentando o mistério trinitário como fonte e meta de seu caminho.

Orar em segredo

O povo de Deus ora, celebra e canta

françois cassingena trévedy

Esgotada a primeira edição em 6 meses, o livro de François-Cassingena Trévedy, é agora objeto de uma nova edição. A obra que teve excelente aceitação pelo público do Brasil foi editada originalmente na França, pelas edições Bellefontaine. O volume traz uma profunda reflezão sobre Mt 6,6: “Quando os orares, entra em teu quarto e ora ao Pai em segredo”.

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