Editora Ática & Scipione

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capítulo Vamos tratar de:

• Como as tecnologias alteram os ambientes e interferem na saúde • Aparelhos e medicamentos que aprimoram diagnósticos • Tecnologias que produzem transgênicos, bebês de proveta e clonagem

A música “Cérebro eletrônico”, de Gilberto Gil, possibilita analisar a presença da tecnologia em nosso cotidiano.

Tecnologia e saúde A partir da segunda metade do século XX, a velocidade das informações aumenta de tal maneira que muda o modo de vida das pessoas. Como será viver nesses novos tempos?

Cérebro eletrônico Gilberto Gil

O cérebro eletrônico faz tudo Faz quase tudo Faz quase tudo, mas ele é mudo O cérebro eletrônico comanda Manda e desmanda Ele é quem manda, mas ele não anda Só eu posso pensar que Deus existe Só eu Só eu posso chorar quando estou triste Só eu Eu cá com meus botões de carne e osso Eu falo e ouço Eu penso e posso Eu posso decidir se vivo ou morro Porque sou vivo Vivo pra cachorro e sei Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro No meu caminho inevitável para a morte Porque sou vivo Sou muito vivo e sei Que a morte é nosso impulso primitivo e sei Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro Com seus botões de ferro e seus Olhos de vidro © Gege Edições Musicais Ltda. Rio de Janeiro, Brasil, 1969. GIL, Gilberto. Cérebro eletrônico.

Arte: favor criar uma “arte” para a letra da música a seguir (como se fosse vista na tela de computador, por exemplo).

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trocando ideias A tecnologia em nossa vida 1. A letra da canção fala sobre coisas que um cérebro eletrônico não pode fazer. Fala ainda de um problema que essa máquina não ajuda a resolver. Anote todos esses fatos em seu caderno. Amplie a discussão com seus colegas sobre quais as vantagens e as desvantagens das tecnologias em nossa vida.

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Gráfico do cres­ci­men­to da popu­la­ção mun­dial entre os anos 1400 e 2000.

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mil milhões de pessoas

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Globaltec Produções Gráficas Ltda./Arquivo da editora

2. Os avanços tecnológicos contribuíram também para o crescimento da população humana. Analise o gráfico abaixo e discuta com seus colegas as questões a seguir.

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2000 ano

a) O que poderia explicar o rápido crescimento populacional a partir de 1 800? b) Você acha que as tecnologias atuais contribuem para reduzir a mortalidade? Como? 3. a) Quais são as doenças mais frequentes entre seus colegas? b) Você acha que o ambiente tem papel importante na disseminação dessas doenças? Explique.

As tecnologias interferem na saúde O

s fatores que promovem o crescimento da população humana no mundo são aqueles que contribuem para a redução da taxa de mortalidade ou para o aumento da taxa de natalidade. Até o desenvolvimento da agricultura, a população humana não era maior do que a lotação de um grande estádio de futebol. Nesse período, os seres humanos sobreviviam da caça, da pesca e da coleta de folhas, frutos e raízes que usavam como alimento. Há aproximadamente 10 mil anos, algumas plantas começaram a ser cultivadas por grupos humanos instalados no Oriente Próximo, onde hoje se localizam o Iraque e o Irã. A partir desse evento, a espécie humana livrou-se da necessidade de deslocar-se à procura de alimento como única forma de sobrevivência. A roda foi inventada e aprendeu-se a usar o cobre e o ferro.

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SPL/latinstock

A Semana Ilustrada, 1861/Arquivo da editora

Essas inovações contribuíram para a elevação do padrão geral de vida. Aos poucos, os novos modos de viver propiciaram a queda da mortalidade, as pessoas passaram a viver mais e, consequentemente, aumentou o número de indivíduos nas populações. Apesar disso, a população mundial cresceu vagarosamente. Em 1 d.C. era de quase 300 milhões de pessoas e em 1600 estava em torno de 500 milhões. Pesquisas realizadas por especialistas em saúde pública apontam a melhora na nutrição, na higiene e no saneamento como responsáveis pelo vertiginoso crescimento populacional, a partir de 1650, na Europa. No século XVII, a produção de alimentos aumentou graças aos avanços da agricultura no continente europeu, e a maior disponibilidade de alimento tornou as pessoas mais resistentes às infecções. Especialmente a partir do século XIX, as mudanças nas condições de higiene e saneamento reduziram muito a mortalidade causada pelas grandes epidemias. Para ilustrar como as mudanças nas condições ambientais tiveram impacto na saúde da população, o cientista brasileiro Samuel Pessoa (1898-1976) conta em seu livro Ensaios médico-sociais a história do declínio das epidemias de peste e tifo No Brasil colonial, uma das tarefas dos escravos era na Europa. A história dessas epidemias ajuda a compreender coletar e descartar os dejetos domiciliares nas praias e como as condições ambientais e a saúde caminham juntas. nos rios. Gravura de 1849. A peste é uma doença infecciosa provocada por uma bactéria que ataca preferencialmente os ratos e secundariamente os seres humanos. Ela foi responsável por milhares de mortes no mundo ocidental no período de 1320 a.C. até 1800 d.C. Podemos imaginar que, enquanto eram caçadores e nômades, os seres humaNeste texto deve-se chamar nos não possuíam relação próxima com os ratos. Quando se tornaram sedentários e inia atenção dos alunos para o fato de certas mudanças amciaram o cultivo e o armazenamento de alimentos, essa mudança de hábitos propiciou a bientais favorecerem a saúde e outras mudanças favoreceaproximação dos ratos dos ambientes domésticos. rem as doenças. Em Madri (Espanha), por exemplo, até 1760 não existiam casas com vaso sanitário. Era costume despejar urina e fezes nos cursos de água ou mesmo nas ruas, à noite. Assim também se fazia no Brasil colonial. Condições como essas favoreciam a presença de ratos e as grandes epidemias de peste.

A pintura ao lado retrata a cidade de Marselha (França) em 1720, quando uma epidemia de peste foi responsável por milhares de mortes na Europa. Litografia do século XVIII, artista anônimo.

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NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. Rio de Janeiro: Atheneu, 1982. p. 67.

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É comum que os alunos considerem que mudanças ambientais, como poluição da água e do ar, afetem a saúde. Entretanto, é mais difícil associar o papel do desmatamento com a doença de Chagas e com a malária; o lixo com a dengue; e a cólera e as verminoses com a falta de saneamento.

Antonio Robson/Arquivo da editora

A peste foi desaparecendo à medida que foram sendo construídas galerias subterrâneas de esgoto e regularizada a coleta de lixo. O conhecimento sobre as formas de transmissão dessa e de outras doenças ajudou a orientar as obras de engenharia para extinguir seus focos. O simples fato de alterar as condições ambientais, afastando os ratos e as pulgas da convivência humana, foi suficiente para acabar com as grandes epidemias de peste. A história do tifo também ajuda a entender as relações entre as condições de vida das populações e as doenças. O tifo exantemático é transmitido de pessoa para pessoa pelo piolho do corpo, que é um tipo de piolho diferente do que vive na cabeça do ser humano. O piolho da cabeça é menor (3,0 mm) e bota ovos nos fios dos cabelos das pessoas. O piolho do corpo é um pouco maior (3,5 mm) e bota ovos nas dobras das roupas. O tifo exantemático é uma doença grave, mas que hoje, por causa dos antibióticos, é facilmente curável. As grandes epidemias dessa doença, muito comuns até meados dos anos 1800, diminuíram graças ao crescimento da indústria têxtil. Estudos sobre a biologia dos piolhos mostraram que eles desovavam nas costuras das roupas e necessitavam do calor do corpo para desenvolver as larvas. Em temperaturas menores que 22 ºC, o piolho não coloca ovos e estes não se desenvolvem até o estágio de larvas. Com o desenvolvimento da indústria têxtil na Europa a partir da primeira metade do século XVIII, ficou mais fácil para as pessoas possuírem pelo menos uma muda de roupa. O fato de trocar de roupa para dormir tornava os ovos inviáveis, o que contribuiu para a redução da população de piolhos do corpo e, consequentemente, das grandes epidemias de tifo exantemático.

barbeiro

casa de pau a pique

gambá

ser humano

cão tatu

Ilustração esquemática, em cores fantasia e fora de escala, da relação do barbeiro, inseto vetor da doença de Chagas, com o ambiente. Nas matas, animais silvestres como o tatu e o gambá participam do ciclo de vida dos protozoários que causam a doença de Chagas. Com o desmatamento, os barbeiros passaram a viver dentro das moradias, especialmente aquelas feitas de pau a pique, facilitando a transmissão do protozoário para o ser humano.

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Assim como existiram alterações ambientais que erradicaram doenças, existiram algumas que favoreceram o desenvolvimento de outros males. No Brasil, por exemplo, o desmatamento e o tipo de moradia favoreceram a ocorrência da doença de Chagas nos seres humanos. Essa doença é causada por um protozoário que é transmitido pelo barbeiro, inseto comum em algumas regiões do Brasil. Em condições naturais, esses insetos alimentam-se do sangue de animais como tatus, gambás e roedores. Em nosso processo de colonização, árvores foram cortadas para fazer construções ou para retirar do solo ouro e pedras preciosas. Tais atividades extrativistas eram temporárias, e os colonizadores construíam moradias provisórias, como casas de pau a pique. Tendo seu ambiente natural destruído, o barbeiro voou para os abrigos mais próximos, como essas casas provisórias, galinheiros e chiqueiros. E sobreviveu muito bem nesse novo ambiente, passando a transmitir o protozoário da doença de Chagas para o ser humano. No sul dos Estados Unidos a doença de Chagas ainda é silvestre. Embora na região tenha ocorrido desmatamento, não se construíram casas de pau a pique, mas sim casas de alvenaria, o que não favoreceu a presença dos barbeiros nas moradias. O desmatamento e o destino inadequado do lixo e do esgoto têm contribuído para o surgimento de novas doenças ou o reaparecimento de outras que já haviam sido controladas. No Brasil, a dengue é uma doença introduzida há pouco mais de 20 anos. Ela é causada por um vírus que é transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti. A rápida expansão da dengue no Brasil está relacionada, entre outros fatores, ao desmatamento, ao deslocamento de pessoas doentes e ao acúmulo de água limpa nos domicílios. A presença do mosquito Aedes nas habitações humanas torna possível o retorno da febre amarela, doença que havia sido erradicada do ambiente urbano. Outros exemplos são as leishmanioses visceral e cutânea, doenças provocadas por protozoários que são transmitidos para o ser humano por meio da picada do mosquito-palha. Já a cólera, presente em alguns centros urbanos, está relacionada à falta de saneamento básico. Essa doença é provocada por uma bactéria transmitida por alimentos e água contaminados.

Faça em seu caderno Mudanças ambientais e saúde 1. Releia o texto anterior e complete a tabela seguinte em seu caderno, fazendo uma síntese: Doença

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Condições ambientais favoráveis

Condições ambientais desfavoráveis

peste

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tifo exantemático

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////////////////////////////////////

dengue

////////////////////////////////////

////////////////////////////////////

leishmaniose

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cólera

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ciência em movimento Em 1909, o médico brasileiro Carlos Chagas (1878-1934) foi trabalhar no norte de Minas Gerais, em Lassance, arraial quase às margens do rio São Francisco, para estudar a malária, doença que estava ocorrendo entre os trabalhadores da construção da Estrada de Ferro Central do Brasil. No povoado, Carlos Chagas observou a presença de barbeiros – insetos que se alimentam de sangue – vivendo nas paredes das casas de pau a pique. Ao examiná-los, ele encontrou um parasita que ainda era desconhecido pela Ciência. Chamou esse parasita de Trypanossoma cruzi em homenagem a Oswaldo Cruz (1872-1917), outro cientista brasileiro, seu amigo. Quando examinava o sangue de animais e de pessoas, Chagas verificou o mesmo parasita do barbeiro em um gato e em uma menina de 2 anos chamada Berenice. Continuou pesquisando e descobriu que o barbeiro transmite o Trypanossoma cruzi para os seres humanos, causando insuficiência cardíaca, e que vários animais silvestres e domésticos são reservatórios desse parasita. A repercussão dessa descoberta foi enorme tanto no Brasil quanto no exterior. A doença de Chagas é grave, reduz a capacidade física das pessoas e pode levar à morte. O mérito de Carlos Chagas deve-se ao fato de ter descrito uma nova doença de grande importância social na época e de ter estudado todas as condições que propiciavam a sua ocorrência. Por isso, a doença recebeu seu nome.

Arquivo da editora

A descoberta da doença de Chagas

Carlos Chagas nasceu em Oliveira (MG), estudou Medicina no Rio de Janeiro e foi pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (RJ).

na rede Conheça informações sobre o importante cientista Carlos Chagas e da doença que ele descobriu: <http://www.bvschagas.coc.fiocruz.br/php/>. Acesso em: 25 nov. 2011.

Faça em seu caderno Condições ambientais e saúde 1. Que situações ambientais favorecem os casos da doença de Chagas? 2. “Prevenir é melhor do que remediar.” Justifique no caderno a adoção dos seguintes hábitos na melhora da qualidade de vida: a) escovar os dentes; b) usar camisinha; c) fazer dieta saudável; d) fazer exercícios físicos moderados e regulares.

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Os avanços da Medicina Promova uma discussão a respeito da proibição da compra de antibióticos sem receita médica. Organize com a turma uma pesquisa sobre o assunto e entrevistas com os pais sobre a prática de automedicação. Discuta os pontos positivos e negativos desta prática, alertando-os de seu perigo.

Novos aparelhos e medicamentos são tecnologias que vêm aprimorando os diagnósticos e os tratamentos de doenças antes consideradas incuráveis. O desenvolvimento do conhecimento tecnológico na área médica foi muito grande no final do século XIX e continua até nossos dias. As vacinas aumentaram a longevidade e melhoraram a saúde das pessoas ao possibilitar a prevenção de algumas doenças. Em seguida vieram os antibióticos, que se mostraram bastante eficientes contra as doenças infecciosas provocadas por certos microrganismos.

John Lee/Masterfile/Other Images

Os antibióticos A penicilina foi o primeiro antibiótico descoberto. Sua produção, no final da Segunda Guerra Mundial, evitou a morte de muitos soldados com infecções bacterianas, especialmente aqueles feridos em batalha. A descoberta da penicilina deu-se em 1929 pelo escocês Alexander Fleming (1881-1955), ao verificar que suas culturas de bactérias não se desenvolviam quando estavam contaminadas pelo fungo Penicillium. Para testar a hipótese de que alguma substância produzida por fungos inibia o crescimento de bactérias, Fleming cultivou Penicillium, macerou certa quantidade e produziu um caldo. Testou o caldo em culturas de bactérias e constatou que todas morriam. Ele chamou de penicilina o princípio ativo contido no caldo. Fleming publicou seu trabalho em uma revista científica. Só dez anos depois, entretanto, já durante a Segunda Guerra Mundial, é que houve investimento dos laboratórios farmacêuticos para a produção da penicilina em escala industrial. Em 1943 eram produzidos 400 milhões de doses por ano. Após a penicilina, novos antibióticos foram descobertos, como a estreptomicina, a tetraciclina e o cloranfenicol. Essas drogas tiveram importante papel na redução de mortes por infecções bacterianas, como meningite, tuberculose, febre tifoide, sífilis e outras, que atormentaram a humanidade por milênios. Antibiótico é um termo usado para designar todas as substâncias que tratam as doenças bacterianas. Originalmente os antibióticos eram substâncias produzidas por bactérias ou fungos. Atualmente a maioria dos antibióticos é produzida sinteticamente pelas indústrias A descoberta de novos antibióticos farmacêuticas. é feita por meio de testes dos novos Por causa do uso indiscriminado de antibióticos, o número de bacprodutos em culturas de bactérias em laboratório. térias resistentes a esses medicamentos tem aumentado, provocando infecções hospitalares que podem causar a morte dos pacientes.

vamos pesquisar Aparelhos de diagnóstico de doenças Você vai precisar de:

• Caderno, lápis e régua.

como fazer:

• Faça uma enquete entre seus colegas para verificar quais deles já

necessitaram usar os seguintes dispositivos para diagnosticar doenças: ter­mômetro para medir temperatura do corpo, aparelho de medir pressão do sangue, raios X para detectar fraturas, aparelho para exames de vista, seringa para colher sangue, tomógrafos para fazer tomografia (um exame de imagens de órgãos internos do corpo humano).

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• Peça a seu professor que o ajude na organização dos dados, separando as

informações de acordo com o sexo. Com os dados devidamente anotados, monte uma tabela e um gráfico indicando os aparelhos mais utilizados em sua comunidade para diagnóstico de doenças.

na rede

Interpretando a atividade 1. Com base nos dados de sua pesquisa é possível dizer que existem diferenças entre os sexos no uso de aparelhos de diagnósticos? 2. Em sua pesquisa, qual foi o aparelho mais citado? Que explicação poderia ser dada para esse fato?

Conheça informações sobre uma tecnologia que poderá detectar o câncer de pulmão pelo sopro: <http://cienciahoje. uol.com.br/noticias/ tecnologia/diagnosticopelo-sopro/>. Acesso em: 25 nov. 2011.

Os aparelhos de diagnóstico e tratamento

A

Jim Craigmyle/Corbis/Latinstock

Crédito

Por todo o século XX e neste século XXI, a tecnologia avançou na produção de aparelhos de diagnóstico, indo desde o termômetro clínico para medir a temperatura corporal e o estetoscópio usado pelos agentes de saúde para ouvir os ruídos de alguns órgãos, como as batidas do coração, até aparelhos de raios X e ultrassonografia, que fornecem imagens do interior do corpo.

B

C

Daniel Root/Latinstock Marcos Issa/Ag. O Globo

04_08_f008_9CCaS [SUBSTITUIR_médico(a) auscultando corpo de um garoto com estetoscópio. Iconografia: utilizar a figura A da página 172 do Construindo Consciências, 9.o ano do PNLD 2011 como referência para pesquisa, entretanto, procurar por fotos em que o médico(a) é negro e o(a) garoto(a) é branco, ou de outra cor de pele/raça que não a negra]

Ausculta interna do corpo com estetoscópio (A), radiografia (B) e ultrassonografia (C) são técnicas que contribuem para aumentar a eficiência dos diagnósticos.

Existem também muitos equipamentos empregados em tratamento, como as máquinas de hemodiálise, que filtram o sangue de pacientes com problemas renais; o pulmão de aço, que força a respiração de pessoas que apresentam paralisia dos músculos respiratórios quando atacadas pelo vírus da poliomielite; as bombas de cobalto, que fazem o tratamento radioativo de tumores malignos; o balão de oxigênio; os equipamentos cirúrgicos, entre outros.

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Próteses: recuperando as funções vitais

Gary W. Meek/Georgia Tech

Garoto tetraplégico com um ímã implantado na língua que está diretamente conectado ao cérebro por um nervo cranial que não sofre danos por lesões na medula e doenças neuromusculares. Os movimentos da língua são rápidos e não requerem atenção e esforço.

Faça em seu caderno Os avanços da Medicina

CVI

O avanço tecnológico permitiu o aperfeiçoamento de próteses, como as dentárias, as de membros (como pernas e braços mecânicos) e as de substituição de partes dos ossos lesados, entre outras. Além das próteses, as técnicas de transplantes, bem como o desenvolvimento de medicamentos para controlar a rejeição de órgãos, têm melhorado a qualidade de vida de pessoas acidentadas ou enfermas. Essa área da Ciência está em pleno desenvolvimento, com perspectivas de, no futuro próximo, ser possível o transplante ou mesmo a substituição de várias partes do corpo por próteses funcionais. Existem ventrículos artificiais que auxiliam os batimentos cardíacos, transmissores auditivos implantados na orelha para recuperar a audição, câmaras instaladas na retina que possibilitam a visão a pessoas com problemas visuais, além de braços e pernas biônicos que podem substituir membros amputados. Um aparelho chamado Tongue Drive, desenvolvido por um grupo de cientistas do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos, permite a deficientes físicos movimentar uma cadeira de rodas ou operar um computador mexendo a língua. Esse aparelho é um ímã do tamanho de um grão de arroz, implantado na ponta da língua dos pacientes, que substitui o cursor do mouse de um computador ou o joystick que controla os movimentos das cadeiras de rodas elétricas. Sensores detectam o movimento do dispositivo magnético e podem ser acoplados a um capacete ou a um aparelho ortodôntico bucal que transmite os sinais para um computador portátil localizado na cadeira de rodas ou na roupa do usuário. Outro exemplo: equipamentos são desenvolvidos e adaptados, muitas vezes com a ajuda de técnicos em artes, de acordo com as necessidades individuais dos portadores de deficiência na oficina do Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro (CVI-Rio). Veja um exemplo nas fotos abaixo.

Ciência Hoje, v. 30, n. 177, 2001. p. 57.

Adaptador que prende a caneta e se encaixa na mão de uma pessoa possibilita que ela use os movimentos que possui para escrever.

Amplie esta discussão fazendo uma abordagem social sobre o acesso aos exames e às próteses.

1. Era costume dizer que quem ganhava as guerras era a peste. Os soldados morriam mais dessa doença do que em combate. Que avanços da Medicina contribuíram para a redução da peste no mundo, inclusive nos conflitos de guerra? 2. Considere as seguintes próteses:

• óculos • perna mecânica • dentadura • palmilhas para sapato • marca-passo cardíaco • aparelho auditivo • joelheiras • muletas de metal ou madeira.

Que problemas as próteses citadas ajudam a resolver?

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Transgênicos: a tecnologia da transformação

célula com gene da insulina humana

bactéria

cromossomo da bactéria

plasmídeo (material genético extra)

isolamento de plasmídeo

pedaço do DNA humano contendo gene da insulina

DNA de célula humana

Antonio Robson/Arquivo da editora

A humanidade conhece, há séculos, técnicas relacionadas ao desenvolvimento de produtos e serviços por meio de processos biológicos. O exemplo mais comum são os microrganismos (fungos e bactérias) usados na produção de pães e bebidas fermentadas, como vinhos e cervejas. No decorrer do século XX e início deste século XXI, porém, houve grande avanço nas pesquisas e nas técnicas biológicas. Ao conjunto dessas técnicas deu-se o nome de biotecnologia. O conceito moderno de biotecnologia envolve novas técnicas, como a manipulação de material genético (DNA) e a cultura de tecidos de seres vivos, animais ou vegetais. Por meio da biotecnologia, os cientistas conseguem, por exemplo, inserir genes de uma espécie em outra para produzir medicamentos, tornar frutas, verduras ou legumes mais nutritivos e , até, aumentar a produtividade de um cultivo agrícola. Isso é possível porque quase todos os seres vivos possuem o DNA como material genético. A Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) é uma empresa brasileira que desenvolve trabalhos nessa área. Vários produtos derivados da engenharia genética são atualmente comercializados no mundo, entre eles a insulina humana. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas, indispensável para que a glicose entre nas células. As pessoas diabéticas possuem deficiência na produção de insulina, necessitando da aplicação de doses diárias desse hormônio.

o gene da insulina é inserido no plasmídeo

Bactéria recombinante – o plasmídeo com o gene da insulina foi inserido na bactéria. Agora ela é capaz de produzir insulina humana.

Ilustração esquemática, em cores fantasia, representando a produção de insulina humana por meio de técnicas de engenharia genética.

Para a fabricação de insulina por meio da engenharia genética, genes responsáveis por sua produção na espécie humana são inseridos em determinada bactéria. Com o novo gene, essas bactérias passam a produzir insulina, liberando-a no meio onde estão crescendo. Isolada do meio, essa insulina é embalada e comercializada pelos laboratórios para hospitais e farmácias. A mesma técnica pode ser utilizada na agricultura e na pecuária. Plantas mais resistentes a pragas e, portanto, mais lucrativas, animais que produzem mais leite, mais carne ou que crescem mais rapidamente já vêm sendo comercializados em vários países. Os organismos obtidos de técnicas de inserção de genes de uma espécie em outra são conhecidos como transgênicos.

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Um dos primeiros produtos geneticamente modificados foi um hormônio de crescimento de animais produzido de bactérias. Esse hormônio é aplicado nos rebanhos bovinos leiteiros aumentando a produção de leite. Na agricultura brasileira, os transgênicos vêm sendo utilizados há mais de dez anos. Por exemplo, já existem variedades transgênicas de batata e maracujá resistentes a viroses, arroz com maior qualidade nutricional, algodão resistente a insetos e tomates resistentes a viroses e geadas.

04_08_f014_9CCaS [NOVA_arroz transgênico, o “arroz dourado”]

O arroz dourado é geneticamente modificado para conter maior quantidade de vitamina A.

Entretanto, ainda não conhecemos completamente as consequências do uso de organismos transgênicos em nossa alimentação nem os riscos para a natureza. Pesquisas realizadas por cientistas brasileiros e internacionais alertam para os perigos que os organismos transgênicos podem causar ao meio ambiente, tais como: a geração de novas pragas agrícolas, o aumento do efeito das pragas já existentes, a alteração na diversidade das comunidades biológicas, a contaminação de espécies nativas, entre outros. Como exemplo dos riscos existentes, podemos citar o caso de certa variedade de soja que tenha recebido o gene de determinada bactéria para resistir a um tipo de agrotóxico usualmente utilizado para impedir o crescimento de plantas pioneiras entre as do cultivo. Ao plantar a soja transgênica, os agricultores podem empregar grandes quantidades desse agrotóxico para controlar o crescimento das pioneiras que invadem as culturas, sem danificar os pés de soja. Contudo, o uso excessivo desse herbicida, além de contaminar o solo, os cursos de água e os lençóis freáticos, resulta na seleção de plantas pioneiras resistentes a ele. Assim, são utilizados agrotóxicos cada vez mais fortes e em maior quantidade no ambiente e no alimento consumido. Como estamos imersos nesse debate, tanto nacional quanto internacionalmente, você deve manter-se atualizado – procurando artigos e publicações em bibliotecas ou na internet – e ampliar seus conhecimentos acompanhando e participando dessas discussões. Muitos pesquisadores são contra o uso dessas tecnologias, argumentando que poucas empresas controlam os processos de obtenção de sementes e matrizes animais. As empresas que detêm a tecnologia dos transgênicos podem modificar geneticamente as sementes e as matrizes a ponto de tornar os descendentes inférteis. Outro argumento é que são imprevisíveis as consequências do uso de transgênicos para o meio ambiente.

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trocando ideias Aceitar ou não os transgênicos Entre as promessas dos pesquisadores em biotecnologia, será possível desenvolver: linhagens de bovinos que produzirão leite com menor teor de lactose para pessoas que são sensíveis a essa substância;

• linhagens de aves que produzirão ovos com menor teor de colesterol; • linhagens de suínos cuja carne apresentará baixo teor de gordura.

Os alimentos produzidos pela agroindústria a partir dessas tecnologias apresentariam teores mais baixos de agrotóxicos, reduzindo também os prejuízos ambientais. Entretanto, muitas pessoas são contra o uso dessas tecnologias, argumentando que poucas empresas controlam os processos de obtenção de sementes e matrizes animais, ou que as empresas que detêm a tecnologia de transgênicos podem modificar geneticamente as sementes e as matrizes de tal maneira que tornem os descendentes inférteis. Outro argumento é de que são imprevisíveis as consequências do uso de transgênicos para o meio ambiente. Como você se posiciona diante dessa polêmica? E seus colegas? Justifique seu ponto de vista. Assista aos noticiários de TV, leia jornais e revistas de sua cidade e de circulação nacional, pesquise na internet e atualize-se em relação a essa polêmica. Com a ajuda de seu professor, prepare um debate sobre o assunto em que todos possam apresentar o que pesquisaram e justificar suas opiniões.

na rede Entenda o que são os transgênicos, sua importância, riscos e possibilidades: <http://www.ufmg.br/naondadavida/?p=776>. Acesso em: 25 nov. 2011.

Tecnologia na reprodução: bebês de proveta Você já ouviu notícias referentes a nascimentos de trigêmeos, quadrigêmeos ou até gêmeos mais numerosos? Sabia que a incidência de gravidez múltipla tem crescido nos últimos anos? Por que será? Até a década de 1980, muitos casais inférteis que desejavam ter filhos recorriam à adoção. Em 1978, um fato inédito ganhou grande repercussão nos meios jornalísticos. Médicos britânicos conseguiram realizar a fecundação de um óvulo humano fora do corpo da mãe, implantando-o depois no útero materno para desenvolver-se. Essa técnica ficou conhecida como fertilização in vitro (“fora do corpo”) ou gravidez assistida, no sentido de auxiliada, ajudada. Ela se tornou muito difundida e médicos especialistas em todo o mundo a aplicam. Em uma alusão ao instrumental de laboratório usado, as crianças nascidas por essa técnica são popularmente chamadas bebês de proveta. No processo de fertilização in vitro, vários óvulos são fecundados e alguns embriões se desenvolvem. Durante o processo de implantação no útero materno, muitos embriões podem morrer; assim, vários embriões irmãos são implantados ao mesmo tempo. Algumas vezes, mais de um embrião sobrevive, o que resulta no nascimento de gêmeos não idênticos, eventualmente numerosos. Em condições naturais, a ocorrência de gêmeos múltiplos na espécie humana é baixa.

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A

estimulação

tuba uterina

útero

folículos

ovário

vagina medicação

Ilustração esquemática, em cores fantasia e fora de escala, da técnica de fertilização in vitro. A tecnologia tornou possível esse tipo de fertilização. A técnica inclui um tratamento que estimula a ovulação, o que resulta na liberação simultânea de vários óvulos pela mulher (A). Os óvulos são aspirados com um aparelho especial (B) e levados para o laboratório. A fecundação é feita em um tubo de ensaio, no qual também são colocados os espermatozoides (C). Daí o nome “bebê de proveta”. O embrião formado é colocado no útero da mãe (D). Em geral, mais de um embrião é colocado, o que, frequentemente, resulta em gravidez múltipla.

aspiração Osni de Oliveira/Arquivo da editora

B

óvulo

C

ultrassonografia

D

fertilização

transferência

esper­mato­zoides

ovário

inseminação

coleta dos óvulos

transferência de embriões para o útero

embriões

trocando ideias Júri simulado sobre reprodução assistida A classe deve ser dividida em dois grupos. Cada um deles vai discutir e elaborar argumentos em defesa de uma das ações citadas a seguir: a) O governo brasileiro e os demais segmentos da sociedade deveriam fazer campanhas de adoção de crianças e desestimular o uso dessas técnicas pelos casais sem filho. b) O governo brasileiro deveria, por meio de lei votada no Congresso, ser obrigado a pagar o tratamento de casais que desejassem ter filhos por meio dessas técnicas. Após a elaboração dos argumentos, os dois grupos devem apresentar sua posição em relação às duas situações e indicar pontos positivos e negativos de cada uma delas.

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ciência em movimento A tecnologia e a clonagem: aspectos técnicos

Divulgação/Arquivo da editora

No Brasil, a primeira cópia de um animal foi feita pelos Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp). No dia 11 de julho de 2002, nasceu em Jaboticabal (SP) a bezerra Penta, o primeiro clone brasileiro gerado de células de um animal adulto. Para realizar esta clonagem os pesquisadores usaram um óvulo sem núcleo, portanto, sem material genético, e injetaram nele o núcleo da célula do animal que seria clonado. Em seguida, o óvulo reconstituído com o núcleo de outro animal foi induzido a se desenvolver como se fosse resultado da fecundação de um óvulo por um espermatozoide. Para isso, ele foi ativado artificialmente em laboratório. O projeto de Jaboticabal empregou a mesma técnica de clonagem da ovelha Dolly, realizada em 1996, na Escócia. O material genético de Penta foi retirado de células da cauda de uma vaca nelore pura com 17 anos de idade. O óvulo, por sua vez, foi extraído de uma vaca de origem europeia. A terceira vaca, que gestou o embrião, era mestiça zebu-holandesa. Foram produzidos, em laboratório, 19 embriões, que foram implantados em 11 vacas, sendo que algumas receberam mais de um embrião. A mãe de Penta, por exemplo, recebeu dois. Três vacas iniciaram a gestação, mas somente uma desenvolveu o processo até o fim. Penta foi rejeitada por sua “mãe de aluguel” e foi então amamentada com mamadeira por seis dias. Penta aceitou o úbere de duas vacas da raça holandesa, que não a rejeitaram. Pesquisas com clonagem de mamíferos têm revelado que a maioria dos clones é abortada ou morre nas primeiras horas de vida, com problemas renais, cardíacos, hepáticos e pulmonares. As causas dessas mortes prematuras ainda não são bem conhecidas. Suspeita-se que sejam decorrentes da complexidade envolvida na reprogramação genética das células envolvidas. Além disso, a “mãe de aluguel”, às vezes, tem de ser submetida a parto por cesariana, por causa do tamanho do feto. Especialmente em bovinos, o bezerro clonado, ao nascer, tem cerca de duas vezes o peso de um bezerro que não foi clonado.

redução: 50×

A bezerra Penta é o primeiro clone brasileiro obtido de células de um animal adulto. Ela nasceu no dia 11 de julho de 2002, com 42 quilos e de parto cesariano. Penta foi clonada em Jaboticabal (SP) e recebeu esse nome em homenagem à vitória brasileira no campeonato mundial de futebol.

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A Lei de Biossegurança e as pesquisas com células-tronco O Congresso Nacional aprovou, em março de 2005, a Lei de Biossegurança n.-o 11 105, que regulamenta o plantio e a comercialização de produtos geneticamente modificados e permite pesquisas com células-tronco humanas. O que são células-tronco? São células indiferenciadas, ou seja, que têm capacidade de se transformar em qualquer tipo de tecido do organismo dependendo do estímulo que recebem. As células-tronco podem ser extraídas de indivíduos adultos ou de embriões. Muitos cientistas têm esperança de que um dia seja possível usar células-tronco para tratar de doenças crônicas, como diabetes ou mal de Parkinson, dentre outras. Um grupo de cientistas brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conseguiu reverter as consequências de uma lesão de medula espinal usando uma injeção de células-tronco embrionárias em camundongos. A recuperação motora observada nos animais após dois meses foi significativa, acima de 50%. A recuperação da medula espinhal é a esperança de muitos seres humanos cadeirantes, principalmente daqueles que sofreram acidente. No entanto, o assunto é polêmico porque é necessário destruir o embrião a fim de utilizar suas células para o cultivo em laboratório. Alguns grupos religiosos defendem que só sejam realizadas pesquisas com células-tronco extraídas de adultos. Esses grupos, contrários ao aborto, argumentam que o embrião, desde os estágios iniciais, é um ser vivo. O debate ético a respeito de pesquisas com células-tronco embrionárias tem sido intenso em vários países. Em alguns deles a pesquisa com células-tronco extraídas de embriões não é permitida. As clínicas de reprodução assistida têm congelado embriões produzidos em provetas e que não foram implantados em útero materno. De acordo com dados divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2010, o Brasil contabilizava 21.245 embriões congelados. A Lei de Biossegurança do Brasil em seu artigo 5.-o assinala que é permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro (fora do corpo e em laboratório). Para realizar essas investigações, há a necessidade do consentimento dos genitores e de certificar-se de que sejam embriões congelados há três anos. Além disso, é necessário submeter as pesquisas e os serviços de saúde e seus projetos à aprovação de comitês de ética.

trocando ideias Os embriões e a Lei de Biossegurança

na rede O que são células-tronco? Quais são suas possibilidades na Medicina? Ouça as respostas no programa de rádio “Na onda da Vida”, do ICB, UFMG, com o tema “células-tronco”: <http://www.ufmg.br/ naondadavida/?p=663>. Acesso em: 25 nov. 2011.

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Há mais de 20 mil embriões congelados em bancos de células após a data de sanção da Lei de Biossegurança, os quais, mantidas as regras atuais, não poderão ser usados ainda que com o consentimento dos pais. Que destino deveria ser dado a esses embriões?

• • O que você pensa das pesquisas com células-tronco? • Discuta com seus colegas, informando-se a respeito do tema em jornais

e revistas atuais. Tentem observar como tem sido o debate nesses meios de comunicação e o que tem sido divulgado sobre as pesquisas com células-tronco.


vamos pesquisar As possibilidades do uso de células-tronco Pesquisadores investigam essa possibilidade com a intenção de recuperar o músculo do coração lesionado pelo infarto. O tecido gorduroso, ricamente vascularizado, é fonte de células-tronco, capazes de se diferenciar em outros tipos de tecidos – como osso, cartilagens e células nervosas. A ideia dos pesquisadores é de que essas células induzam a criação de vasos sanguíneos e de novas células musculares cardíacas na região lesionada. Segundo os pesquisadores ainda é necessário entender como essa célula pode dar origem a células da musculatura cardíaca, ou, ainda, como ela produzirá substâncias que vão estimular a formação de novos vasos sanguíneos. Marcelo Sampaio diz que não há riscos para o paciente. “São células da própria pessoa, não há problema de rejeição.” Segundo os pesquisadores os resultados da cirurgia de ponte de safena são muito bons em relação à restauração do fluxo sanguíneo no coração e ao alívio de sintomas, mas a recuperação do músculo necrosado ainda é um problema que leva ao desenvolvimento da insuficiência cardíaca. “Os pacientes ficam sequelados. Há estudos que mostram que os pacientes já não morrem tanto por infarto, mas por complicações da insuficiência cardíaca.” Adaptado de: FOLHA DE S.PAULO, 15 out. 2008.

Busque informações sobre os resultados desta pesquisa para ampliar seus conhecimentos sobre o uso de células-tronco.

na rede Entenda melhor a diferença entre clonagem reprodutiva e terapêutica: <http://www.ufmg.br/ diversa/4/clonagem. htm>. <http://www.ufmg.br/ diversa/4/prudencia. htm>. Acessos em: 25 nov. 2011.

Faça em seu caderno Para que clonar seres vivos? 1. Procure saber, por meio de noticiários, consultas na internet e revistas de divulgação científica, informações recentes sobre clonagem. Escreva um texto relatando as discussões atuais a respeito desse tema. 2. Discuta com seus colegas e liste argumentos a favor ou contra a clonagem de seres vivos considerando as informações obtidas em sua pesquisa na questão 1.

Calvin/Bill Waterson/Atlantic Syndication

3. Você já se imaginou em uma situação como esta dos quadrinhos? Quem é o original e quem é a cópia? Você concorda com o Calvin?

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Aplicando o que aprendemos Tecnologia e saúde 1. Certa variedade de milho recebeu genes de uma bactéria e passou a produzir substâncias inseticidas. As frases a seguir contêm possíveis consequências do plantio desse tipo de cultura, exceto uma. Transcreva-a em seu caderno e justifique sua escolha.

• O inseticida produzido pela planta pode afetar insetos que não trazem danos às plantações. • A produção de frutos e sementes de cultivos próximos pode ser reduzida. • O equilíbrio ecológico do ecossistema local pode ser alterado. • Pode haver aumento da população de aves que se alimentam de insetos.

2. Embora a clonagem humana seja proibida em vários países, incluindo o Brasil, em alguns lugares grupos de pesquisadores ligados a clínicas de fertilidade tornaram pública sua intenção de clonar seres humanos. Transcreva em seu caderno as frases que apresentam situações que são problemas na obtenção de um clone.

• Dificuldade no parto. • Aumento da longevidade.

• Alta taxa de mortalidade embrionária. • Filhotes com problemas congênitos.

3. Uma das explicações para as pessoas rejeitarem os alimentos transgênicos é a de que eles promovem a morte de insetos polinizadores. a) Cite oralmente outro argumento que você considera significativo para a rejeição do uso de alimentos transgênicos. b) Cite oralmente um argumento que você considera significativo para a aceitação do uso de alimentos transgênicos. 4. Cite oralmente uma vantagem e uma desvantagem da adoção de técnicas de reprodução assistida. 5. Em que aspectos as cadeiras de rodas melhoram a vida das pessoas? 6. A tuberculose já foi uma das doenças responsáveis pela alta taxa de mortalidade em épocas passadas. Que recursos tecnológicos existentes hoje foram responsáveis pela redução da mortalidade por tuberculose? 7. Leia o poema a seguir e responda às questões que o seguem.

O novo homem Carlos Drummond de Andrade

O homem será feito em laboratório. Será tão perfeito como no antigório. Rirá como gente, beberá cerveja deliciadamente. Caçará narceja e bicho do mato. Jogará no bicho, tirará retrato com o maior capricho, usará bermuda e gola roulé Queimará arruda indo ao canjerê,

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e do não objeto fará escultura. Será neoconcreto se houver censura. Ganhará dinheiro e muitos diplomas, fino cavalheiro em noventa idiomas. Chegará a Marte em seu cavalinho de ir a toda parte mesmo sem caminho. O homem será feito em laboratório,


muito mais perfeito do que no antigório. Dispensa-se o amor, ternura ou desejo. Seja como for (até num bocejo) salta da retorta um senhor garoto. Vai abrindo a porta com riso maroto: “Nove meses, eu? Nem nove minutos.” Quem já conheceu melhores produtos? A dor não preside sua gestação. Seu nascer elide o sonho e a aflição. Nascerá bonito? Corpo bem talhado? Claro: não é muito, é planificado. Nele, tudo exato, medido, bem-posto: o justo formato, o standard do rosto. Duzentos modelos, todos atraentes. (Escolher, ao vê-los, nossos descendentes.) Quer um sábio? Peça. Ministro? Encomende. Uma ficha impressa

a todos atende. Perdão: acabou-se a época dos pais. Quem comia doce já não come mais. Não chame de filho este ser diverso que pisa o ladrilho de outro universo. Sua independência é total: sem marca de família, vence a lei do patriarca. Liberto da herança de sangue ou de afeto, desconhece a aliança do avô com seu neto. Pai: macromolécula; mãe: tubo de ensaio e, per omnia secula, livre, papagaio, sem memória e sexo, feliz, por que não? pois rompeu o nexo da velha Criação, eis que o homem feito em laboratório sem qualquer defeito como no antigório, acabou com o Homem. Bem feito. ANDRADE, C. D. Carlos Drummond de Andrade: poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 637.

a) Procure no dicionário as palavras do poema das quais você desconhece o significado. b) O dicionário eletrônico Aurélio: século XXI define “antigório” como “esmalte grosseiro usado na fabricação de louça”. Em sua opinião, é esse o sentido que o poeta Drummond atribui a esse termo em seu poema? Justifique. c) Identifique no texto as previsões feitas por Drummond em 1967 e que hoje já se concretizaram. d) Brincando com a pontuação e com o sentido: releia as duas versões para o final do poema que apresentamos a seguir: [...] eis que o homem feito em laboratório sem qualquer defeito como no antigório, acabou com o Homem. Bem feito. [...] eis que o homem feito em laboratório sem qualquer defeito como no antigório, acabou com o Homem bem-feito. Como você interpreta os dois possíveis finais para o poema? Qual deles você escolheria se fosse o poeta?

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