Publicação Medalha Theodosina Ribeiro 2019 Edição Lélia Gonzalez

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SESSÃO SOLENE

2019

THEODOSINA

RIBEIRO

Edição

LECI deputada estadual

BRANDÃO

Lélia

Gonzalez


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MEDALHA THEODOSINA RIBEIRO 2019 EDIÇÃO LÉLIA GONZALEZ

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stamos cansados de saber que nem na escola, nem nos livros onde mandam a gente estudar, não se fala da efetiva contribuição das classes populares, da mulher, do negro do índio na nossa formação histórica e cultural. Na verdade, o que se faz é folclorizar todos eles. E o que é que fica? A impressão de que só homens, os homens brancos, social e economicamente privilegiados, foram os únicos a construir este país...”. Trecho de entrevista com Lélia Gonzalez, publicada em 1982

APRESENTAÇÃO

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rande intelectual, Lélia Gonzalez soube, como poucos, aliar a academia à militância e sempre traçou com precisão o retrato da realidade da população negra e dos mais pobres. Sua luta e seu legado intelectual são referência para todas e todos que acreditam que é possível romper com o ciclo de desigualdades que ainda vivemos neste país. Dedicar esta edição à Lélia é uma forma de homenageá-la, mas também de destacar a trajetória das 16 premiadas da edição 2019 da Medalha Theodosina Ribeiro. Esta Medalha tem por objetivo reconhecer o trabalho e as ações de mulheres que empoderam, impactam e influenciam decisivamente a vida de pessoas pertencentes a grupos vulneráveis da sociedade. Ela recebeu o nome da primeira mulher negra eleita deputada estadual em São Paulo. Nossa existência tem sido marcada pela resistência. Ocupar todos os espaços é uma das formas de resistir. Por isso, nesta 7ª edição homenageamos à filósofa Djamila Ribeiro, pelo papel importante que tem tido como intelectual, ativista e feminista negra e por contribuir para que pensemos nossa história e nossos saberes a partir de nossas próprias referências. Nossa história é repleta de exemplos de gente que insiste, como Sheila Ventura, incansável na defesa dos direitos das pessoas com anemia falciforme, - doença negligenciada, que atinge principalmente a população negra -, e a médica margarida Barreto, uma guerreira contra o assédio moral no mundo do trabalho. Precisamos celebrar mulheres que emprestam sua música e sua


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poesia para que ecoemos nossas vozes, como é o caso de Ryane Leão, Eliana de Lima, Bia Ferreira e Beth Beli. Celebremos aquelas que, de fato, nos dão a mão quando estamos nas trincheiras de luta, como a ex-deputada e ativista do movimento social Ana Martins, a presidenta da Facesp, Maura Augusta, a líder comunitária Maria Helena, e a ativista do movimento LGBT Neon Cunha. Coloquemos em destaque iniciativas como a das irmãs Venâncio, fundadoras do Instituto Preta Pretinha, que por meio da confecção de bonecas combatem o racismo e valorizam a diversidade e a autoestima das crianças. Trabalho tão importante quanto o de educadoras como Marisa de Sá, que sabe da importância que a escola tem para o futuro das crianças e jovens. Assim como esta Medalha é uma forma de reconhecimento do trabalho de pessoas e organizações que lutam contra as desigualdades, esta também é uma forma de homenagear aquelas que, todos os dias, são obrigadas a transformar o luto em luta, como é o caso de dona Eva Benedita, que ainda chora pela perda do filho Dinho. Finalmente, não podemos esquecer que nossa luta começou e continua nos terreiros, como o Ilê Axé de Yansã, liderado por Doné Oyassy, e que nossa existência também está em pastorais afros, representada por pessoas como dona Regina de Paula.

A todas elas, nossas homenagens! E como dizia Lélia, Axé Muntu! Imagem: José A Teixeira/ Ag ALESP


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onheci Lélia Gonzalez nos anos 1970, quando trabalhava no departamento pessoal da Universidade Gama Filho. Lélia era professora da Universidade e sabia que eu era compositora. Ela foi uma das pessoas que mais me incentivou para que eu continuasse a fazer um trabalho com um contexto social e disse que eu tinha toda a condição de fortalecer essa caminhada. Eu prestei atenção no que ela me falou e, graças a Deus, consegui gravar meu primeiro LP em 1975. Lélia tinha essa capacidade de nos inspirar e contagiar com a sua força e a sua personalidade. Eu só tenho a agradecer. Obrigada, Lélia! Leci Brandão

QUEM FOI LÉLIA GONZALEZ Lélia Gonzalez nasceu em 1º de fevereiro de 1935, em Minas Gerais, filha do negro ferroviário Accacio Serafim d’ Almeida e de Orcinda Serafim d’ Almeida. Era a penúltima de 18 irmãos. Com a mãe indígena, que era doméstica, recebeu as primeiras lições de independência. Mudou-se com a família em 1942 para o Rio de Janeiro, onde seu primeiro emprego foi de babá. Graduou-se em história e filosofia, exercendo a função de professora da rede pública. Posteriormente, concluiu o mestrado em comunicação social. Doutorou-se em antropologia política /social, em São Paulo, e dedicou-se às pesquisas sobre a temática de gênero e etnia. Professora universitária, lecionava Cultura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Lélia se destacou pela importante participação que teve no Movimento Negro Unificado (MNU), do qual foi uma das fundadoras. Em 07 de julho de 1978, em ato público, oficializou a entidade em nível nacional. Para ela,o advento do MNU “consistiu no mais importante salto qualitativo nas lutas da comunidade brasileira na década de 70.” Ativista incansável, militou também em diversas organizações, como o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN) e o Coletivo de Mulheres Negras N’Zinga, do qual foi uma das fundadoras. Em Salvador fez-se presente na fundação do Olodum. Sua importante atuação em defesa da mulher negra rendeu a Lélia a indicação para membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher


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(CNDM). Atuou no órgão de 1985 a 1989. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) e disputou vaga na Câmara Federal, em 1982, alcançando a primeira suplência. Em 1986, estava no Partido Democrático Trabalhista (PDT), por onde se candidatou como deputada estadual, também conquistando a suplência. Nos últimos anos, estudava o que ela chamava de “negros da diáspora”, dando origem ao conceito de amefricanidade. Escreveu livros, duas teses de pós-graduação, além de diversos artigos para revistas científicas e obras coletivas. Faleceu vítima de problemas cardíacos no Rio de Janeiro no dia 10 julho de 1994. Disponível em: https://www.geledes.org.br/hoje-na-historia-1935-nascia-lelia-gonzalez. Acesso em: 25 de fevereiro de 2019


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HOMENAGEADAS EM 2019 DJAMILA RIBEIRO

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estre em Filosofia Política, é conferencista, realizou palestras em diversos países e instituições, como a sede da ONU, em 2016, na Beauvoir Society, em 2011 e 2014, na Universidade do Oregon e Saint Louis (EUA). Em Harvard em 2017 e 2018 (EUA). Em Oxford em 2017 (UK), King’s College em Londres (Inglaterra) e Goethe University em Frankfurt 2018 (Alemanha) esteve também como Special partner da Bienal de Berlim (Alemanha), em 2018. Ao longo de sua trajetória, recebeu algumas premiações como Prêmio Cidadão SP em Direitos Humanos, em 2016. Trip Transformadores, em 2017. Melhor colunista no Troféu Mulher Imprensa em 2018, Prêmio Dandara dos Palmares e está entre as 100 pessoas mais influentes do mundo abaixo de 40 anos, segundo a ONU. Djamila foi capa da Revista Gol, Revista Claudia, colunista da Carta Capital e Revista Elle Brasil. Atualmente é colunista da Revista Marie Claire. É coordenadora da coleção Feminismos Plurais onde já foram publicados 6 volumes contando com a sua primeira obra intitulada “O que é lugar de fala?” que esteve em segundo lugar na lista dos mais vendidos da FLIP junto com “Quem tem medo do Feminismo Negro” lançado pela Companhia das Letras e aparece em terceiro na mesma lista. Seus dois livros aparecem nas listas dos mais vendidos na Bienal do Livro de São Paulo, Flipelô e na Revista Veja. Alem de ser a primeira mulher brasileira a ser convidada para o Festival do Livro de Edimburgo em 2018. Neste ano receberá do governo Francês o prêmio Personalidades do Futuro como resposta aos trabalhos feitos no Brasil em defesa dos direitos humanos.

MARGARIDA BARRETO

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ma tragédia pessoal levou a ginecologista Margarida Maria Silveira Barreto a buscar novos rumos em sua vida e em seu trabalho. Pouco tempo depois, a saúde do trabalhador ganhava uma apaixonada e dedicada pesquisadora, cujo interesse


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se voltou para o, até então pouquíssimo discutido no país, tema do ’assédio moral’. Hoje, Margarida integra o grupo de profissionais responsável pelo site ’Assédio moral no trabalho. Chega de humilhação !’, e viaja por todo o país divulgando e incentivando discussões sobre a questão que afeta inúmeros trabalhadores. Autora do livro “Violência, saúde, trabalho - uma jornada de humilhações”, Margarida é uma das maiores especialistas do país em assédio moral, expressão criada para definir humilhação e pressão psicológica no trabalho. Graduada em Medicina, Margarida Barreto é mestre e doutora em Psicologia Social pela PUC/ SP. Especializada em Medicina do Trabalho pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e em Higiene Industrial pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa e SENAC. Atualmente é professora instrutora do Curso de Pós-Graduação em Medicina do Trabalho da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e professora convidada do Curso de Especialização em Medicina do Trabalho do Instituto Oscar Freire.

ANA MARIA MARTINS SOARES

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ascida em 1º de maio de 1940, em São Paulo, o trabalho sempre fez parte da vida de Anna Martins. Aos 6 anos de idade ganhou uma enxada e passou a trabalhar na roça até os 13 anos. Aos 17 começou a trabalhar na linha de produção de uma fábrica de alimentos. Depois disso, passou por várias fábricas na região de Santo Amaro. Em 1968, em pleno regime militar, se formou em Serviço Social pela PUC/SP. Desde bem jovem participou das lutas do Movimento Popular, ajudando a coordenar o Movimento do Custo de Vida, depois Movimento Contra a Carestia. Atuou na Luta Contra a Ditadura e Luta Pela Anistia Ampla Geral e Irrestrita. Fez parte da Luta das Diretas e pela Constituinte. Ingressou no PCdoB em 1972, quando ainda estava clandestina na Bahia, onde nasceu sua filha, Juliana. Em 1973 voltou para São Paulo com seu companheiro e filha. Iniciou seu trabalho com o Movimento de Mulheres em 1975, quando a ONU declarou o Ano Internacional da Mulher, realizando no México o Primeiro Congresso Mundial das Mulheres. Em 1995 participou da IV conferência Mundial de Mulheres, na China. Em 1992 foi eleita vereadora da capital paulista, cargo que exerceu durante 10 anos, ao ser reeleita duas vezes. Em 2003 foi eleita deputada estadual com 68.700 votos.


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MARISA DE SÁ

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arisa de Sá mora em Guarulhos há 30 anos. Mãe de dois filhos, é formada em Matemática, mestre em Educação Matemática e pós-graduada em Gestão Estratégica em Políticas Públicas. Diretora da Escola Estadual Pimentas VII, em Guarulhos, professora da Escola Municipal Darcy Ribeiro, em São Miguel Paulista, e diretora educacional da Associação Movimento de Ação e Inclusão Social. Durante oito anos Marisa foi assessora, diretora e secretária adjunta de Educação no Município de Guarulhos. Eleita por duas vezes vereadora em Guarulhos, destacou-se como uma das mais atuantes, apresentando diversos projetos de lei, tendo mais de 21 leis aprovadas. Implantou a Procuradoria Especial da Mulher na Câmara Municipal. Como educadora, continua sua luta em defesa de uma Educação inclusiva e de qualidade para todos, tendo como foco a luta por justiça social e igualdade de direitos entre homens e mulheres.

MAURA AUGUSTA SOARES DE OLIVEIRA

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ascida em Paraguaçu (MG), mudou-se para São Paulo ainda criança. Começou a trabalhar na indústria aos 14 anos de idade. Formada em Ciências Biológicas pela Universidade São Camilo, é pós-graduada em Educação e Saúde Pública pela Universidade de Ribeirão Preto - Unaerp. Funcionária pública há mais de 20 anos, atua no movimento comunitário há 15 anos, lutando por moradia digna e qualidade de vida para a população dos bairros periféricos de São Paulo. É presidenta da Facesp (Federação das Associações Comunitárias do Estado de SP) e diretora nacional da Conan (Conferação Nacional das Associações de Moradores).

MARIA HELENA CANDIDA DE MOURA

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aria Helena é mulher negra, foi uma militante por moradia na zona norte de São Paulo e da cultura periférica pelas escolas de samba. Também exerceu importante papel de liderança política e foi assessora parlamentar. É uma das fundadoras do Jardim


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Elisa Maria, na zona norte. Mãe de quatro filhas e um filho,ficou viúva quando sua filha caçula tinha cerca de cinco anos. Desde então cuidou de todos os filhos e lutou por um mundo melhor, principalmente para as periferias. Morou no Heliópolis, na Vila Souza, na periferia de Itaquaquecetuba, em Poá e também no Pantanal, onde vive até hoje. Dentre as principais organizações que ajudou a construir podemos destacar o G.R.C.E.S União das Vilas de São Miguel Paulista, onde foi responsável pela confecção de fantasias e alegorias.

BETH BELI

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ercussionista e Arte Educadora é diretora e professora de percussão dos ritmos dos Orixás e Malinkes. Presidenta e regente do “Bloco Afro - Ilú Obá De Min- Educação, Arte e Cultura Negra”. Graduada em Ciências Sociais é arte educadora na Instituição Arte Despertar.

RYANE LEÃO

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ulher preta, lésbica, professora e poeta cuiabana que vive em São Paulo, Ryane Leão publica seus escritos na página “Onde jazz meu coração” e recita seus poemas nos saraus e slams da cidade. Seu trabalho é pautado na resistência das mulheres negras e focado na luta e no fortalecimento pela arte e pela educação. A autora também é do axé. “Tudo nela brilha e queima” é seu primeiro livro lançado pela Editora Planeta em outubro de 2017. Além disso, é fundadora da escola Odara - English School for Black Girls, com três anos de atuação na cidade de São Paulo. A escola é focada no ensino de inglês afro centrado para mulheres negras.

ELIANA DE LIMA

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ma mulher que derrubou preconceitos. A carreira de Eliana de lima tem sido um sucessivo transpor de barreiras rumo a uma vitória que já se acreditava quando ela pisou pela primeira vez a quadra da Escola de Samba Cabeções de Vila Prudente, em 1979 e apesar de levantar todos os ensaios, aplaudida pelos componentes, sua condição de mulher despertou preconceito e não a deixaram defender o samba na avenida. Mas Eliana gosta de desafios e de vencê-los com sua voz conhecida


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e forte, que começou a se tornar famosa em todo Brasil no desfile de 1980, quando defendeu o samba-enredo “Cultura, divindade e tradição de um povo”, com as cores da Escola de samba Príncipe Negro. Dali para a presença no Lp dos sambas enredo do ano foi onde aconteceu a primeira vitória contra o preconceito, uma mulher puxando samba-enredo na avenida e ainda levando para o disco. Eliana emprestou seu talento para muitas escolas de samba. Passou pelas quadras da Mocidade Alegre, Unidos do Peruche, Imperador do Ipiranga, Acadêmicos do Tucuruvi, Nenê da Vila Matilde, Rosas de Ouro, Barroca Zona Sul e Leandro de Itaquera, reinando em todas elas. Em 1988 foi a primeira mulher a puxar um samba-enredo em desfile de escola de samba ao lado do antológico Jamelão com “Filhos de Mãe Preta”, carregando a Unidos do Peruche pela passarela do Samba. Recebeu o título de “RAINHA DO PAGODE”, pelo programa “Band Brasil” com o sucesso nacional com a música Desejo de Amar do Lp “Fala de Amor” que atingiu vendagem superior a um milhão de cópias em todo país. Foto: Dani Villar

NEON CUNHA

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ublicitária, funcionária da Prefeitura de São Bernardo do Campo e colaboradora como assistente da marca Isaac Silva, Neon Cunha é ativista independente, mulher negra, ameríndia, feminista e transgênera. Tem atuado em palestras, rodas de conversa e debates junto à sociedade civil e a instituições governamentais e não governamentais na defesa da dignidade das pessoas, em especial as transgêneras. Conquistou junto à Justiça brasileira o reconhecimento do seu gênero e alteração de prenome, se recusando a passar pelo processo patologizador e afirmando o direito da dignidade do auto reconhecimento. Por meio do Geledés – Instituto da Mulher Negra denunciou, junto à OEA (Organização dos Estados Americanos), os crimes de ódio contra a população transgênera do Brasil e foi a primeira pessoa transgênera a se pronunciar presencialmente nesta organização.

BIA FERREIRA

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ia Ferreira é cantora, compositora, multi-instrumentista e ativista de 25 anos, que trabalha com música desde os 15 anos. Define sua arte como Música de Mulher Preta. Faz uso de sua obra para educar, conscientizar e passar informações a respeito das demandas de luta do movimento antirracismo no Brasil. Em ascen-


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são no circuito independente brasileiro, já participou do Pulso Redbull Music, do Vento Festival 2018, Favela Sounds, Oi STU Open 2018 e faz shows ao redor do país. Gravou o Estúdio Showlivre e a música “Cota Não É Esmola”, da sua participação no Sofar Sessions Latin America. Depois de recebê-la em casa para uma noite intimista e musical, Caetano Veloso fez um post em seu Instagram dizendo “fiquei com vontade de pedir a todos os brasileiros para ouvirem Bia Ferreira, depois de tê-la ouvido pessoalmente cantar ‘Cota Não É Esmola’. Mesmo sem ter material próprio lançado, foi indicada ao prêmio de revelação no Women Music Award 2018. Também foi indicada como revelação pelo SIM São Paulo 2018. Em novembro de 2018 lançou seu primeiro registro em estúdio, o single “Eu Boto Fé”. No momento, Bia se prepara para lançar seu álbum de estreia, “Um Chamado”.

SHEILA VENTURA PEREIRA

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ssistente Social de formação, Sheila Ventura é Coordenadora de Comunicação do Grupo Nacional de Gênero com Doença Falciforme entre 2010 e 2014, Conselheira do Conselho Municipal de Saúde de São Paulo (2012/2015), coordenadora da Comissão Intra-Interconselhos, foi coordenadora da comissão de saúde da população negra. Recebeu o Prêmio Benedito Galvão da OAB/SP, o Prêmio África Brasil e Prêmio Dia Internacional da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha, concedido pelo Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de SP. Atualmente é coordenadora da APROFE (Associação Pró-Falcemicos), é coordenadora do Fórum dos Portadores de Patalogias do Estado de São Paulo e é Conselheira do Conselho Estadual da Saúde do Estado de SP, representando o Fórum de Portadores de Patologias do Estado de SP (2017/2019).

EVA BENEDITA DE ANDRADE

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ulher forte, guerreira e honesta, que sempre trabalhou para sustentar os filhos. Sua rotina de trabalho e dedicação aos filhos sofreu um duro golpe no dia 23 de dezembro de 2018 quando, de uma forma covarde, seu filho, o radialista Milton Dinho, foi morto pela Polícia. Dinho, nas palavras de sua mãe e de seus irmãos, era um


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filho maravilhoso, que só deu orgulho para sua família e foi morto por um policial militar despreparado e racista, com dois tiros nas costas. Dinho era um jovem engajado em projetos sociais, trabalhava no PROCON, era da direção da Rádio Comunitária Cultural FM, onde mantinha um programa todos os domingos, tinha forte envolvimento com a cultura hip hop e compunha a Direção Municipal da UNEGRO de Sorocaba. Ele foi mais uma vítima da violência que atinge a população negra e é reflexo do racismo institucional que existe em nosso país contra a população negra. Dona Eva é uma das inúmeras mães que são obrigadas a transformar seu luto em luta por justiça.

ROSA MARIA VIRGOLINA DA SILVA DONÉ OYASSY

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onhecida como Doné Oyassy por ser a matriarca do Ilê Axé de Yansã, comunidade que existe de fato desde 1990, na cidade de Campinas. Em 1994, a comunidade se estabeleceu na periferia da cidade de Araras, onde o ilê foi oficialmente fundado e se transformou em OSCIP cuja primeira presidenta foi Doné Oyassy, que deu início a várias ações e projetos, como: Festival Comunitário Negro Zumbi (Feconezu), Semana da Arte Negra, Araras Afroconfest e Águas de Oxalá. Em julho de 1995 Doné Oyassy ocupou, juntamente com famílias de trabalhadores rurais sem-terra, o Horto Florestal de Araras, onde assumiu com outros companheiros, a liderança do acampamento, que em 1998 foi oficializado como assentamento. Atualmente atua na Omaquesp (Organização de Mulheres Assentadas e Quilombolas), Sintraf (Sindicato da Agricultura familiar de Sumaré e Região), Associação Terra Boa dos Assentamentos Rurais de Araras, Fórum Estadual de Mulheres Negras, UNEGRO e Cenarab (Centro Nacional de Resistência Afro-brasileira).

REGINA PAULA THOMAZ

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ascida em Ribeirão Preto em 1930, filha de Sebastiana Augusta de Paula e Benedito João de Paula, Dona Regina foi pajem, bordadeira e lavadeira. Casou-se com Octávio Thomaz em 1955, morara na capital paulista.


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Tem 2 filhas, 3 netos e 2 bisnetos. Uma mulher que sempre teve pensamentos a frente de seu tempo, carismática e se dá muito bem com jovens e crianças. Religiosa devota de Nossa Senhora Aparecida e São Benedito, é membro da Pastoral Afro da Nossa Senhora Achiropita desde 1996, onde realiza trabalhos junto à comunidade.

INSTITUTO PRETA PRETINHA

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em todo mundo é loiro ou tem cabelos lisos. Nem todos os olhos são verdes. Era isso que incomodava Antonia Joyce Venancio quando criança: não conseguia enxergar em si mesma nenhum dos traços de suas bonecas. Eram todas iguais e nenhuma parecida com ela e suas irmãs. A partir desses questionamentos, Joyce, Lúcia e Cristina montaram seu próprio negócio, especializado na confecção de bonecas com todas as caras, jeitos, estilos e cores. Nascia assim, há 18 anos, no coração da Vila Madalena, zona oeste da cidade de São Paulo, o Ateliê Preta Pretinha, que notabiliza-se pela ancestralidade e memória familiar gerada nas irmãs por sua avó Maria Francisca, que confeccionou as primeiras bonecas negras para as ainda meninas, num ato amoroso de construção. A Preta Pretinha produz bonecas artesanais: negras, orientais, indígenas, muçulmanas, cadeirantes, entre tantas outras, e causa importante mobilização social ao dar visibilidade à diversidade humana a partir de suas criações. Em 2009 as irmãs criaram o Instituto Preta Pretinha.


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SESSÃO SOLENE Foto: Carina Gomes

HOMENAGEADAS EM 2013 Janaína Lima Maria Aparecida Pinto Ekedji Ogunlade Eunice Prudente Irmã Margaret Gaffney Mari Neusa Sanfins Fornazieri Maria Clementina Souza Maria Aparecida da Silva Trajano Maridite de Oliveira Ivone de Assis Dias HOMENAGEADAS EM 2014 Ágatha Lima Ana Célia Minuto de Campos Antonia Andréa de Sousa Carmen Dora de Freitas Ferreira Cleonice Caetano Souza Edna Almeida Lourenço Glória Maria Silva – Glorinha Laurinete Nazaré da Silva Campos

– Dona Guga Luiza Mylene Pereira Ramos Maria Aparecida de Laia Maria Cândida de Paula Thomaz Maria de Lourdes Pereira da Cruz Maria do Carmo Checchia Fernandes Maria Júlia Coutinho Regina Maria Semião Valkíria de Souza Silva – Kika Zilda Thomas da Silva Souza – Tia Zilda HOMENAGEADAS EM 2015 Alessandra Ribeiro Martins Ana Lucia Mamede Keddi Angelica de Maria Mello de Almeida Hélia Rogério de Souza Pinto – Fofão Joyce da Silva Fernandes Foto: Carina Gomes

Leci e a cientista Joana Darc, homenageada em 2018


MEDALHA THEODOSINA RIBEIRO - 2019 Juliana Helena Delfino Luciana Barbosa de Oliveira Santos Mari Laila Tanios Maalouli – Laila Maria Angela Teodoro Maria Aparecida da Silva Bento Ornela Maria Aleixo Maria Eulina Hilsenbeck Rosmary Correa Stephanie Ribeiro Sueli Carneiro Stephanie Ribeiro HOMENAGEADAS EM 2016 Alexandra Loras Conceição Aparecida Lourenço Ildslaine Monica da Silva – Sharylaine Kenarik Boujikian Natali de Araújo Raquel Trindade Renata Martins Renata Peron Sandra Santos Zeni Rose Toloi HOMENAGEADAS EM 2017 Adriana Couto Adriana Lessa Andrea Ferreira Edna Roland Efigênia Januária Fabiana Cozza

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Luana Hansen Luiza Trajano Mãe Wanda Maria das Dores HOMENAGEADAS EM 2018 Mãe Manaundê (1926- 2004) Bernadete – Cantora e intérprete Érica Malunguinho – Ativista cultural Amanda Negrasim – Rapper, MC e cantora Laís Moreira – Porta-bandeira Fabiana Dal’mas - Promotora de Justiça Maria Cícera Mineiro da Silva – Liderança comunitária Marilândia Frazão – Pedagoga e ativista do movimento negro Joana D’Arc – Cientista Rita Mesquita – Professora de dança Magali Mendes – Militante do Feconezu Edna Maria Andrade – Sindicalista Débora Garcia – Poetisa e gestora cultural Joana Barros – Baiana da Escola de Samba Vai-Vai Dona Geni – Pastoral Afro Foto: Carina Gomes

Leci e deputada Érica Malunguinho, homenageada em 2018


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LECI deputada estadual

BRANDÃO

Esta é uma publicação do mandato da deputada estadual Leci Brandão (PCdoB - SP) Março/ 2019 Tiragem: 5 mil Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo Av. Pedro Álvares Cabral, 201 - 3º andar salas 3021/ 3024, Ibirapuera, São Paulo - SP Telefone: (11) 3886-6790


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