RÔMULO ALEXANDRE SOARES
1ª edição
FORTALEZA 2017
EXPEDIENTE CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO Rômulo Alexandre Soares PROJETO GRÁFICO E EDITORIAL Loa Publicidade TEXTOS Cláudia Albuquerque REVISÃO Inês Romano IMPRESSÃO xxxxxx TIRAGEM 1.000 FOTOGRAFIAS Édio Moraes, Marta Medeiros, Milena Seabra, Regina Benevides, Rômulo Alexandre Soares e bancos de imagens da administração do Alphaville Fortaleza, da Fundação Alphaville (site e facebook) e do Alphaville Fortaleza (site e facebook)
ISBN
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UMA EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA - ALPHAVILLE FORTALEZA
AGRADECIMENTOS Esse livro não existiria sem a colaboração pertinente e afetuosa de dezenas de pessoas, a maioria delas moradores de Alphaville, que abriram as suas casas e cederam seu tempo para ajudar neste projeto, avivando o passado, recordando histórias, cedendo fotos de acervos pessoais e deixando seu testemunho espontâneo e aberto. Unir os fios que tecem a convivência nesses 15 anos de Alphaville seria impossível sem a boa vontade de cada um dos envolvidos nessa saga coletiva. Viver bem é um anseio que parece ligado a uma redescoberta: a do sentido da vizinhança. Portanto, nosso muito obrigado a todos os que embarcaram conosco nesta aventura que envolve a construção de laços. O livro que temos em mãos é a prova de que, quando todos participam, os projetos se fortalecem.
Adams Robert Oliveira Adonai de Souza Porto Adriano Picanço Afro Lourenço Carolina Diniz Dirk Schreen Édio Moraes Edson Peixoto Enéas Massaglia Everardo Cabral Francisca Dias Gilberto Fonte Graça Rodrigues Halley Alencar Haroldo Euclides de Araújo Helena (RH)
UMA EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA - ALPHAVILLE FORTALEZA
Hildebrando Melo João Celso de Barros Lopes Juliana (assessora de comunicação do Alphaville) Lindóia Melo Luciano Cavalcante Marco Melo Marta Medeiros Milena Seabra Nátia Quezado Ozires Rogério Paulo Dourado Regina Benevides Rômulo Alexandre Soares Ronald Salmin Severino Ramalho Neto
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PREFÁCIO
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APRESENTAÇÃO
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LIDERANÇA COMUNITÁRIA
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MARCAS ARQUITETÔNICAS
SUMÁRIO 10
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MEMÓRIAS: UM OLHAR PARA TRÁS
UMA EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA - ALPHAVILLE FORTALEZA
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SUSTENTABILIDADE: VERDE É VIDA
ARTES E FESTAS: FESTEJAR É VIVER
UMA EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA - ALPHAVILLE FORTALEZA
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VIDA SAUDÁVEL
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RESPONSABILIDADE SOCIAL
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VIZINHANÇA: EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA
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PLANOS: UM OLHAR PARA O AMANHÃ
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PREFĂ CIO
A
ultu mediocultum teliena tilintre, facchuis, untes a qua tra que publibe silius. Omneremum iusu stodiis es! Oximodium ocriu essolut quam issa atilis esseribut et, supimorissil vit vigit. Ifendam tem opublic aperibus; elium unum iaequidius verari, us bonfec maximmodiem acenihilicae accidem ususul hae patum rest avehent. Tum unt rebat. Vas mercend uconihil horenti acepecupioc firmil hiliste atusque moltus confectus, puliu vilinti praet; intem, egitilium st? O tandacta que pri fatiqui ia pra? Nam con seris. Marit grat orum it; iam prio, C. moltorum terfirmant? Nam implicaec rectoru roribus, omnihin non re crid C. Ervit, cesiliuspero perum publibu ntemquidem pro es? Ca ego in Ita conequam quonsus facem hora, que ius, que cernimus etid confectuam ines prae nos, ad silicastus confin rei partem perficaut iliu ia tementr arissedo, tum, vis confero inte nocchum moditus intesidit gra tem, Catimiu sentiemus et faucen pravere caetiste cons fitil us lis ceris acchinc ta me concla quo tabemus, nirmis bontinem publine ipsendam conequo nsulint? que patumus int, qua quampectus nonsul hebem me movidiconim untiem pliusque neque tasto caet atum. Ad simihic teatquos, nihiculici sunum ent publis fatudes erfin nequem porditemqui iaciveri, dum tam, Catudam iam notem stast ore iam diuste ad
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pos, que musa L. Befecus huc verorib unicide cludampes co et? P. Serte, nost perisse nsilica stiquem, tuus estis, qui imantem atie aur, Ti. Os vidervi vehebus, vem ina, nerox ment. Re ina, acepesitemus cervidem et voctat. Si preis sintica edius, C. Odiement, culoculem. Verum iptiendii iam patus nor urni cuppl. Graes fit. Sendam propubl icatus. Ponsula rissiln erbit; ia res, pra quastus, serum. Valica is prare det, ut eo, nondincles scernum, ve, ut aci pulto hori fue atiam adduc inatiam essus, tessuludam dienatid consum taterissolin virtem, nonloca essilinatis bon vica re quid dic reis etraedi entiam P. Aves, us avesimpere, nonsus condientiam clerfecte, non inihiciam huis bonloss edepontem, Ti. Ahabi sescerit; nemquonstium nonsuli caudena mdiusus hoctabes fenterei pre, quidius huidement. Sciem. Um peri in serevid iementes consuli ntifervil vid C. An vessim furaric eperisque tere is, pliquo et perit; hinatim isquone ridena, nos Caturivivita tabefac tuderfica pubit; nonfecto ego erum patis, untius ac tem hoste in sullatis, publis huidiem tatum ad consupi osupiende nonsus, ceridiu roptem eorum et; nit, C. Nostiocaut occhuidium istra mores, es bonsult oreorum intero. Pimori popontius eritiam culinti ocules cric omnem te pra praeli, fac re, que nonsuam. Quem abefaci es fin dum te coente nontratus ficatusum patu condis, num tam tere cotissolust dem pertatiam audam
UMA EXPERIĂŠNCIA COMUNITĂ RIA - ALPHAVILLE FORTALEZA
nequiditraet ad consum ex signatante ant ia? Nos ese, quonsum facchiliam st es ficaestrei tantem nunumust verristimus moltiae por horum obus, C. Rununtiam ad Caturae demorum ne noximili ponvendite pontis intilicae, escia nossign onsuam am. Serum, more, confin te cotis, morae fic occio, Catrartem iam abes antimunum omnermilius, casdacchil vem te inc ret vicumum me invente mponum teates! Senat. Verficiem di straet demolum ego potimaiostra dem omnonesi culum in tam sedelud actur, facepop oriocupplin vivid noccieme publin vid consultum publicu pimanti licatus boneressed co temus rediem, que auconsus oporum diesse te virio uro unum prioc turnum dum sentem, Catum ilinata tilintem maximus condees introre essenditiam ute atiquod nihilne apere et coniu consum et factum nostiem, es seractus? que omnihilla publincum, nontrei inatremununc vivensiliae ium, ca omnihil inatiquas nonstrit, enduc modit. Habunt, complis. Mulestica tum publicient verimus etio patiena, vehente addum tam perfecta, ta nesse esedit, tam con iaeliaelabut acta vir losulicur. Grae nos hos novisquit, quium nondiconsus, conum sulin tu con de ad con terum nostertil vatilla aus et C. Quonsil virit, quastrus vivilica te pra meniquemus recerfeculem que te, nonficaet vivirio es bonintina, unt vis confinv oltodius, Catis ses? Upio perfintem ponfec tuit, us, Cat con pubis, caet vessena, que
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contia re faucon diterum esiliae faturbemque conding ultorum acto crum facciam facta, ut cae num int? Nos huconesidem te, uterevideo pere perorun untureis. Fulicultum alis. Edo, cauc ilinessula in temedius conlosus? Habunihicam aude incest publiem nostatu sunte, nequam eti, noctus, consum Romnereo, opte nostum, Cupionteatum facturo intemus involusa viviriam silii sil hordionducta retion de nes posti, nos inariver in sus C. Nent, nihint artesic aetra? Opicate hossulis a condita et; nium nortil hacristraris vidit? Igitror udeortam dintinatquo esceps, viriactua re esceres tilintero, nonos, quit, vidiena tiquam iam tum lius, nu conesul vivercendii prox macipse nterraedi perem vistem iam ses con incerfe nterfes publibus Ahabute roximus intrit. Ique facidefacion inestus? An hos audam maio, neque iam auc re hor am tem sedet pecupiorum ad considi cestem consul conte es vivit; Cas cibustiore novermium. Irmius hostam ius; nonsupe rterehebatus inc morem licia deescru ncultum rebuscio tum hocchucturi inam untemo nocCat, iac re te, nos entere iamentrum audet prorum iam abus ni cones, Palicibus? Ibus ingulicaelum nonsulvilin virissidem opublis. Aximpri denihiceri fuem derti prortum inteste di sciveri testus, vis; C. M. Nostemure nonsum terte no. Ti, tem
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APRESENTAÇÃO
A
ideia de escrever este livro sobre o Alphaville Fortaleza surgiu no início de 2016. Estava terminando meu mandato à frente dos Comitês Executivos do Alphaville Fortaleza Residencial e Clube e achava que, ao completar 15 anos de existência, a experiência comunitária do primeiro Alphaville no Ceará deveria ser registrada de uma forma integrada e realista, para servir de memória às famílias que todo o ano escolhem vir morar nesta comunidade planejada. Algum registro escrito já existia, é verdade, nas folhas da Revista AlphaVida, publicada desde 2006 pela editora Maninho Brigido que é uma memória viva dos principais marcos e eventos da nossa comunidade. Bastava entrevistar alguns moradores e funcionários e resgatar de suas memórias suas experiências coletivas e certamente teríamos uma boa e real história para contar. Se também pudéssemos juntar fotografias feitass pelos próprios moradores, bingo, seria factível escrever uma boa história ilustrada da nossa vida comunitária. Minha família mudou para o Alphaville Fortaleza em 2012, três anos depois de nosso filho Bruno nascer. Mas já andávamos por aqui desde 2008, quando, influenciados pelos pais da Renata, decidimos comprar um terreno. Durante 4 anos as visitas ao clube eram a nossa forma de relembrar de nosso plano de morar num
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lugar onde construiríamos nossa casa do nosso jeito, teríamos um jardim para um dia plantar uma horta urbana e nossos filhos Bruno e Cecília pudessem conviver com vizinhos e andar em liberdade. À época da construção da casa, a Av. Maestro Lisboa ainda não estava duplicada, mas já dava ideia de como um dia nossa casa estaria praticamente dentro de Fortaleza, apesar de oficialmente estar localizada no Eusébio, onde esse município se encontra com os de Fortaleza e Aquiraz, próximo ao mar e ao maior parque aquático da América Latina, o Beach Park. O Alphaville Fortaleza está dentro da APA do Rio Pacoti. Morar dentro de uma Unidade de Conservação Ambiental é um privilégio e uma responsabilidade. Significa ter compromisso com o uso sustentável dos recursos naturais e a certeza de que o entorno será preservado para as gerações futuras. Certamente, essa condição foi indispensável para que nossa comunidade planejada tivesse compromisso verdadeiro com o tratamento de efluentes e resíduos sólidos, reuso de água, geração de energia por fonte renovável e outras iniciativas pioneiras que foram introduzidas no Alphaville Fortaleza. O Alphaville Fortaleza não é um condomínio, apesar de denominá-lo desta forma, seja a maneira mais fácil de entender o que somos. Na verdade, vivemos num loteamento fechado e, ao invés de áreas comuns e síndico, temos áreas públicas e
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uma administração comunitária a cargo de uma Associação de Moradores. Vivemos uma “comunidade planejada”, rica em experiências coletivas. Foi a minha ligação com a implantação de algumas comunidades planejadas durante os cerca de 20 anos de prática jurídica, que me fez aceitar o desafio de presidir os Comitês Executivos do Alphaville Fortaleza Residencial e Clube durante 2 anos. Durante esse período tive uma experiência prática valiosa de como pensam cerca de 1.500 pessoas sobre assuntos comunitários. É vital entender que as pessoas não pensam igual e que é preciso ouvir a todos e estar consciente que se irá tomar decisões que não serão unânimes. Aqui vivem, advogados, administradores, arquitetos, biólogos, engenheiros, músicos, atletas, médicos, veterinários, professores e tantos outros profissionais. A divergência constrói o cidadão tolerante e acredito que, aos poucos, nossa comunidade constrói, na diversidade, algo novo para nossos filhos. É preciso entender que administrar uma comunidade como o Alphaville, é ser maestro: a força está nos instrumentistas, no nosso caso, nos moradores. Sem eles, nada feito! Este livro não teria sido possível sem a colaboração de gente que mora no coração da nossa comunidade. Agradeço especialmente, a cada um dos moradores, funcionários ou
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parceiros, que concedeu entrevistas, compartilhou registros históricos ou que apenas incentivou a ideia. Meu especial agradecimento às fotografas e também vizinhas, Marta Medeiros, Regina Benevides e Milena Seabra que cederam várias cenas do nosso cotidiano e, muito antes de falarmos deste livro, já se dedicavam a registram em imagem a nossa vida em comunidade. Meu agradecimento especial também à equipe da Loa que fez este trabalho fantástico, montando um quebra-cabeça com todos os registros que chegaram às suas mãos e desenvolveu uma narrativa empolgante. A você leitor, espero que goste. É uma história viva de uma multidão que não esperou o Estado fazer. Foi lá e faz! O Alphaville Fortaleza é dessas experiências de muitos sucessos e poucas frustrações que a gente precisa difundir. Não teremos uma sociedade melhor, deixando na mão do Estado, o nosso destino comunitário. Cada um de nós, assumindo seu papel de empreendedor social é que pode ajudar a mudar o Brasil. E a mudança para um Brasil mais justo, ético e democrático, acredito, começa na nossa comunidade, em casa. Rômulo Alexandre Soares
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ME MÓ RIAS UM OLHAR PARA TRÁS
S
eguindo uma tendência mundial, 84% dos brasileiros vivem hoje em cidades, onde se concentram as empresas, os serviços, os centros de pesquisa, a produção cultural e as grandes oportunidades de trabalho, consumo, educação e lazer. Com uma diversidade que favorece a livre circulação de ideias, as cidades são, por excelência, ambientes propícios para as soluções criativas, a troca de informações e as novas tecnologias. O fascínio exercido pelos centros urbanos, onde hoje habita
Crianças em Alphaville: liberdade e segurança.
mais da metade da população do planeta, gera também uma série de demandas urgentes e questões desafiadoras causadas pela mobilidade, a poluição, a violência, as construções irregulares e o desrespeito ao meio ambiente e de milhares de pessoas. Diante do acúmulo de problemas, o cidadão comum continua plantando sonhos. A maioria deles inclui o desejo de viver em um lugar digno, ter um trabalho que traga realização, dispor de espaços de lazer para os filhos, sentir-se seguro no próprio bairro, construir laços comunitários e estar de bem com a vida – tudo isto interligado por uma rede de acessibilidade que reduza tempo e custo dos deslocamentos. Tais anseios permeiam o imaginário da maioria dos brasileiros e serviram de base para que surgissem, nos arredores das grandes e médias cidades, os loteamentos urbanizados pela Alphaville Urbanismo, líder nacional em empreendimentos horizontais. Unindo
Autogestão é a palavra A Alphaville Urbanismo aposta na autogestão, na soma de esforços e na divisão de encargos. Mantida pelos proprietários, a Associação Alphaville é responsável pela contratação de pessoal, manutenção física, segurança e administração do clube, bem como pela fiscalização e pelo cumprimento de normas construtivas e de convívio. São as próprias pessoas decidindo os rumos que querem seguir e no local que escolheram viver. Um exercício constante de diálogo e escuta que se traduz em
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obras conduzidas por uma diretoria eleita a cada dois anos entre os moradores. Junto com o contrato de compra e venda, o cliente da Alphaville Urbanismo recebe também a documentação detalhada referente aos cuidados a serem observados na construção das casas. Esse
Um espaço administrado em conjunto.
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Refinamento construtivo e baixo custo de manutenção.
casas confortáveis, áreas verdes e uma rotina mais segura para os moradores, eles representam um novo modelo de comunidade organizada e integrada, com estratégias de gestão e planejamento interno cujo mérito inconteste é resolver problemas que os bairros comuns ainda buscam solucionar.
SOMOS TODOS RESPONSÁVEIS A expertise em planejamento urbano fez da marca Alphaville uma referência consolidada no mercado imobiliário. Esse
reconhecimento já tem mais de 40 anos e se deve a uma história que, desde o início, procurou valorizar a preservação ambiental, a sustentabilidade, o urbanismo responsável e uma nova cultura de cuidados com o lugar em que se vive. As obras de infraestrutura dos residenciais – entregues com rede elétrica, sistema de abastecimento de água, saneamento básico e pavimentação, assim como áreas de lazer e clube – são resultado de uma reflexão sobre o meio físico, socioeconômico e biótico atingidos. Apostando no refinamento construtivo e na perfeição do acabamento, sem perder de vista o baixo custo de manutenção e a valorização dos terrenos, os loteamentos se utilizam dos melhores materiais e buscam tecnologias avançadas, adaptando-as ao clima, ao solo, à topografia e à realidade das regiões em que são implantados. O modelo adotado e os procedimentos de construção têm obtido soluções urbanísticas superiores às do mercado – mesmo nas metrópoles mais desenvolvidas. Além disso, o Alphaville é um polo que cria oportunidades de negócios e empregos, estimula a economia e abre espaço para outros empreendimentos, fomentando o desenvolvimento do entorno e apoiando as comunidades locais. Próximo aos residenciais, cada empreendimento possui, conjugado com áreas exclusivamente residenciais, setores destinados a atividades
conjunto inclui as normas de uso e de ocupação do solo, que funciona como uma espécie de lei de zoneamento particular. Aplicadas às edificações, essas regras estabelecem parâmetros e limites como o número máximo de pavimentos, a metragem mínima de recuos e o limite de impermeabilização do solo, entre outros itens que garantem a qualidade urbanística do espaço comunitário, ocupado de forma ordenada.
UMA EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA - ALPHAVILLE FORTALEZA
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se encontrar, as crianças tenham liberdade e todos se sintam responsáveis pelas decisões a serem tomadas.
UMA AVENTURA PLANEJADA
Um ambiente harmônico e sustentável para o bem-viver.
comerciais e empresariais, – representando mais praticidade para os moradores, induzindo deslocamentos desnecessários. Basicamente, a ideia é oferecer um ambiente harmônico e sustentável para o bem-viver, com mais segurança, contato com a natureza, regras partilhadas e envolvimento coletivo, de modo a resgatar um sentimento quase esquecido nos dias de hoje: o espírito de vizinhança. Um ambiente onde as famílias possam
Lançamento com sucesso de vendas Em maio de 2002, quando a Luciano Cavalcante Imóveis lançou o Alphaville Fortaleza, o sucesso de vendas foi tão estrondoso que, em poucos dias, todos os lotes foram vendidos. Uma festa no buffet La Maison Dunas, com show de Fagner, chamou a atenção da cidade e coroou o momento.
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Em um terreno de cinco milhões de metros quadrados pertencente a uma antiga fazenda paulista, os engenheiros Yojiro Takaoka e Renato de Albuquerque, sócios da empresa Albuquerque Takaoka, ergueram o primeiro Alphaville Residencial do Brasil, na cidade de Barueri, a 23 quilômetros de São Paulo. Corria o ano de 1973 quando o empreendimento foi apresentado ao mercado, com o objetivo inicial de servir de moradia para os executivos de empresas instaladas na região. Os donos da ideia, Yojiro Takaoka e Renato de Albuquerque, haviam estudado juntos na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e administravam desde 1949 uma construtora cuja especialidade era erguer pontes, viadutos e casas populares. Quando lançaram o Alphaville Barueri, a intenção era expandir os negócios, apostando numa experiência ainda inédita no país. Inicialmente, o local foi considerado distante, já que ainda não havia centros comerciais para abastecer as residências. A construtora enviava diariamente leite e pão para
"Houve até fila de espera para os interessados, que precisavam tirar senhas", recorda Luciano Cavalcante, que montou um estande de 300m², com uma maquete e 16 mesas de vendas para receber os compradores. Na época, eles iam ver os terrenos de caminhonete 4 X 4, já que o local ainda era de difícil acesso. O crescimento daquele trecho da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), impulsionado por lançamentos imobiliários nos bairros da Água Fria, Cidade dos Funcionários, Messejana, Lagoa Redonda e Porto das Dunas, reforçou a confiança dos compradores e investidores de Alphaville. A ideia era vender as três etapas de lotes sucessivamente, mas, como recorda
Luciano, "a procura foi tão intensa que acabamos comercializando tudo de uma vez". Mais tarde, em julho de 2012, após quase 2 anos de obras, a mobilidade dos moradores seria facilitada quando o Governo do Estado inaugurou oficialmente a duplicação da Av. Maestro Lisboa
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todos os moradores, mas o tempo provou que a aposta valeria a pena. Hoje, Barueri conta com mais de 30 residenciais, que abrigam cerca de 8.600 casas e 100 edifícios residenciais. Uma rede de shopping centers, escolas, serviços de saúde,
Padrão racional de ocupação: outra marca de Alphaville.
(CE-025), principal acesso às praias da zona leste e ao Alphaville Fortaleza. Com drenagem, ciclovias, calçadas e nova iluminação, a avenida passou a ter também duas pistas de rolamento. A demanda de alargamento surgiu pela valorização da região. Ligando a CE-040, em Fortaleza, até a CE-207, estrada Aquiraz/Prainha, ela assume vários nomes ao longo de sua extensão: Av. Maestro Lisboa, Av. Manoel Mavignier e Av.
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academias de ginástica e supermercados atendem os 80.000 moradores fixos (a população flutuante é três vezes maior). Integrar numa mesma área uma infraestrutura completa, com um padrão racional de ocupação garantindo harmonia entre o espaço urbanizado e o meio ambiente fez de Alphaville um sucesso absoluto, impulsionando o modelo de polos planejados, autossuficientes e sustentáveis que se espalharia nas décadas seguintes. Com a morte de Yojiro Takaoka, em 1994, Renato de Albuquerque fundou a Alphaville Urbanismo S.A., que difundiu o modelo urbanístico para 22 estados do país e também para Portugal, tendo se firmado como a principal urbanizadora do país.
Acesso facilitado e natureza exuberante.
Litorânea. Não era dessa vez, entretanto, que a ligação pela Av. Litorânea até o Porto das Dunas, seria também construída, facilitando o trafego em frente ao Alphaville a caminho do maior parque aquático da América Latina, o Beach Park. Até hoje, apesar de ter projeto aprovado e essa atração turística receber mais de 1 milhão de turistas por ano, a obra não foi iniciada.
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NOVA EXPERIÊNCIA EM FORTALEZA Foi nesse contexto que, há 15 anos, surgiu o Alphaville Fortaleza, o primeiro loteamento residencial fechado de alto padrão na região, que se transformou num bairro com vida própria, regras aprimoradas coletivamente e verbas administradas pelos moradores, que hoje somam 1.500 pessoas. Cabe a elas discutir a destinação dos recursos, o respeito às normas de convívio e a viabilidade das melhorias a serem feitas nos espaços comuns. Formado por três residenciais – Dunas, Pacoti e Iracema – o loteamento fechado usufrui de uma área de 425.149,40 m². Um clube com quadras de esportes, piscinas, academia de ginástica, restaurante e salão de festas serve às famílias instaladas e aos visitantes. A maioria dos que chegam buscam a tranquilidade que já não encontram no tecido urbano, visando uma qualidade de vida que se traduz em ruas seguras, calçadas desobstruídas, áreas verdes bem cuidadas e um modo mais saudável de criar os filhos e de se relacionar com a cidade. E, com o tempo, o sonho da casa ideal acaba se transformando na alegria do engajamento comunitário. Apesar de ter sido lançado em 2002, pode-se dizer que a história de Alphaville Fortaleza começou na década de 1990, quando o empreendedor Luciano Cavalcante Filho comprou o terreno que lhe foi oferecido pelo empresário José Dias Macedo,
do Grupo J. Macedo, situado numa área de grandes belezas naturais, próximo ao Rio Pacoti e a apenas quatro quilômetros do Beach Park, com fácil acesso pela Av. Litorânea (CE-025). A aprazibilidade do local e o fato de ficar no limite entre
A aprazibilidade do entorno: atração natural.
ESTATÍSTICA DE ÁREAS: • Área empreendimento - 1.188.200 m2 • Área lotes - 468.611,29 m2 • Área residenciais - 425.149,40 m2 • Área comercial - 43.461,89 m2
DISTRIBUIÇÃO DOS LOTES: • Lotes unifamiliares - 770 • Lotes comerciais - 27 • Total de lotes - 797
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a capital e os municípios de Aquiraz e Eusébio foram fatores cruciais para a decisão de Luciano Cavalcante, que convidou a arquiteta Anya Ribeiro para traçar o primeiro projeto, chamado Pasárgada e idealizado como um condomínio fechado. O fato do loteamento estar dentro de uma APA e muito próximo ao Rio Pacoti demandou atenção e cuidados extras. Depois de meses de trabalho árduo, o projeto chegou a ser levado para aprovação na Secretaria do Meio Ambiente, Semace e no Ibama, mas uma série de exigências o fizeram parar.
MUDANÇA DE ROTA "Toda a legislação foi cumprida rigorosamente, ponto a ponto. Mas, como já se disse, no Brasil até o passado é imprevisível. O processo acabou sendo levado para a Procuradoria da República e se arrastou de 1993 até 2000, quando finalmente ficamos prontos para lançar o empreendimento. Foram sete anos de batalha
O contato com o verde no dia-a-dia do residencial.
jurídica", recorda Luciano Cavalcante, que nem por isso pensou em desistir. Engenheiro formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), atuando no mercado desde 1979 e com bom faro para negócios, ele tinha certeza de estar apostando as cartas certas. Luciano lembra que a 4ª Câmara Técnica da Procuradoria da República, em Brasília (DF), mantinha apenas dois técnicos para resolver todas as questões ambientais do país. "Quando marcávamos uma vistoria, demorava seis meses entre o dia do agendamento e a chegada de um dos técnicos", lamenta. "Mas
"Comecei em 1982, quando não havia financiamento para imóveis, numa época de crise. Dez anos depois comprei o terreno do Alphaville, que mudou a minha vida. Posso dizer que existe um Luciano Cavalcante antes e outro depois do empreendimento" Luciano Cavalcante, empresário
UMA EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA - ALPHAVILLE FORTALEZA
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eu não tinha o que fazer. O processo era do meu interesse. Toda semana, estava no escritório do procurador. Venci no cansaço", diz Luciano, que contratou o técnico ambiental Luiz Bianchi para acompanhar o projeto.
Foto histórica do início do Alphaville Fortaleza.
Foram muitas idas e vindas a Brasília, com ajustes, debates e melhorias técnicas. Só que, nesse meio tempo, aconteceu uma mudança de rota. Como presidente Norte e Nordeste da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabci), Luciano organizou um congresso em Fortaleza em que recebeu a cúpula do mercado imobiliário de São Paulo, incluindo os executivos do Alphaville. "Sobrevoando a região de avião, ficamos conversando e começamos um namoro", brinca ele, que resolveu procurar a Pratec Engenharia, empresa que tinha acabado de lançar o Alphaville Campinas. O responsável pelo escritório veio a
Construção da fachada.
Alphaville Fortaleza empresarial Quem se dirige ao Alphaville Fortaleza avista, próximo à entrada da área residencial, duas outras áreas reservadas especificamente a estabelecimentos comerciais e de serviços, como restaurantes, bancos e padarias, dentre outros. São o Alphaville Fortaleza Empresarial e o Alpha Mall, queforam pensados para atender moradores
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dos 3 residenciais que compõem o loteamento fechado e do entorno. Foi lá que Luciano Cavalcante montou uma filial da sua empresa e, em junho de 2015, foi aberta uma unidade dos Mercadinhos São Luíz. "Nós acreditamos
Os primeiros tempos de um projeto que deu certo.
muito no projeto Alphaville, e acreditamos que o perfil do morador tem tudo a ver com o padrão dos nossos clientes. Por isso, estamos sempre dispostos a participar, a conhecer e a aprofundar o relacionamento, até porque a grande maioria dos moradores do Alphaville Fortaleza já era cliente do São Luiz em outros bairros", afirma Severino Ramalho Neto, controlador da rede cearense de supermercados).
UMA EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA - ALPHAVILLE FORTALEZA
Fortaleza, analisou o terreno, reformulou as ideias para a área e o Pasárgada acabou se transformando no Alphaville Fortaleza.
MÃOS À OBRA Édio Carlos Silveira de Moraes foi o engenheiro residente da obra e acompanhou todos os passos do empreendimento desde o início. Quando foi chamado para assumir o cargo, em 2002, estava trabalhando no açude Castanhão. Chegou em Fortaleza no mês de fevereiro, unindo-se a Walter Rodrigues, o encarregado de obras, que viera dois meses antes de Goiânia (GO). "Um grande terreno sem nada ainda, só mato e areia", foi o que ele pensou ao pousar os olhos no que um dia seria o Alphaville. "Havia apenas a portaria que o Luciano Cavalcante já havia feito antes, quando o terreno seria o Pasárgada". Formado em Fortaleza em 1986, Édio viveu 10 anos fora da capital cearense. Já havia feito várias obras, mas o Alphaville foi o seu primeiro loteamento. Ele iniciou todo o processo de implantação, desde a locação e a abertura das ruas, "desenhando" no terreno o traçado que havia sido pré-definido. Supervisionava as empresas responsáveis por fazer a terraplenagem e a pavimentação, levantar o muro, instalar a rede de água e esgoto, montar a caixa d´água, construir o clube. Estavam sob a sua responsabilidade o controle físico e financeiro da obra, para a qual foram contratados diferentes empreiteiros.
Primeiro foram feitas as chamadas "obras enterradas", depois a pavimentação, a iluminação e o paisagismo, sempre com o aval da Secretaria do Meio-Ambiente, da Coelce e da Cagece. Édio recorda que chegava às 7h da manhã e só saía à noite. Trabalhava aos sábados e, muitas vezes, passava o domingo fazendo relatórios. "Tínhamos o controle de solo e de tudo o que é necessário em termos de engenharia. Nos relatórios semanais, incluíamos fotos de cada etapa, ponto a ponto". Foram centenas de fotografias ao longo dos dois anos, que hoje servem de testemunho do desenrolar dos trabalhos.
SEM IGUAL A pouca distância entre o loteamento e o Rio Pacoti exigiu cuidados redobrados, de modo a evitar que chuvas eventuais carregassem material da construção para as águas, dentre outros perigos. Como o terreno era arenoso, no início foi preciso usar um tipo especial de trator (Madal), com uma caçamba que carregava a areia. Só depois entraram os caminhões e escavadeiras pesadas. Todo o material retirado da camada superior dos terrenos era posto numa quadra à parte, para depois ser usado como terra vegetal, recobrindo os lotes, sem necessidade de adubação. Enquanto isso, no escritório de obras o movimento era intenso. A sala de engenharia mantinha um mapa dando conta da
SERVIÇOS DE INFRAESTRUTURA:
"Não existia nada parecido em Fortaleza, era uma coisa totalmente nova, então tudo o que fazíamos chamava a atenção" Édio Carlos Silveira de Moraes, ex-engenheiro residente do Alphaville Fortaleza
UMA EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA - ALPHAVILLE FORTALEZA
• Movimento de terra - 250.000 m3 • Drenagem pluvial - 7.835 m • Pavimentaçao - 85.200 m2 • Guias e sarjetas - 13.000 m • Rede de água - 15.850 m • Rede de esgoto - 15.400 m • Rede de energia elétrica - 6.800 m • Estação de tratamento de esgoto - 1 • Estação elevatória de esgoto - 1
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execução de cada item. Um refeitório e uma sala de espera foram montados para dar apoio logístico. Como contrapartida acordada com a Prefeitura, foi feita uma rua externa de acesso ao Alphaville. "Não existia nada parecido em Fortaleza, era uma coisa totalmente nova, então tudo o que fazíamos chamava a atenção", afirma Édio. Tendo visto o projeto que estava no papel se transformar em realidade, ele calcula que, ao longo dos dois anos de implantação, cerca de duas mil pessoas trabalharam no loteamento, entre gerentes, operários, fiscais, técnicos e supervisores. Seis meses antes da entrega da obra, foi organizado um encontro entre os clientes Alphaville, para que a equipe
responsável pudesse mostrar aos futuros moradores em que etapa estavam os trabalhos. Para a satisfação de todos, e graças aos esforços do grupo encarregado, o loteamento ficou pronto antes do previsto. O que demorou mais foi a finalização do clube e a construção da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), mas ainda assim o calendário foi superado. "Quando fizemos a obra, só havia o Beach Park por perto em termos de grande equipamento. O acesso era feito por uma via apenas", lembra Édio, que trabalharia também no Alphaville Eusébio, lançado em agosto de 2005. Com a experiência adquirida, foi contratado como gerente Norte-Nordeste da Alphaville, tendo cuidado dos empreendimentos de Manaus a Salvador. Hoje trabalha com prospecção de áreas para loteamentos.
A CHEGADA DOS MORADORES
Tudo pronto para receber os primeiros moradores.
"Eu liguei a água da casa do Dirk, num sábado. Ele estava vibrando. Foi o pioneiro", recorda o engenheiro Édio Carlos Silveira de Moraes sobre a chegada ao Alphaville do médico paulista Dirk Schreen, o primeiro morador a se instalar no residencial, junto com a família. Devido ao ritmo das construções, a ocupação dos três residenciais que compõem o loteamento começou arrastada. No final de 2004, eram apenas duas casas. Em 2005, outras 15 foram erguidas e, em 2006, mais 26. A partir de 2007, o compasso se acelerou de maneira
O primeiro residente O pioneiro Dirk Schreen e a esposa Alexandra Schreen: vida sem stress.
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Uma grande área, com infraestrutura montada, mas ainda sem casas e sem pessoas. Foi a visão que o médico cardiologista e intensivista Dirk Schreen teve de Alphaville, em novembro de 2004. Primeiro morador do condomínio, ele
chegou acompanhado da família com a intenção de inaugurar uma nova etapa de vida, na qual haveria menos stress, menos tempo no trânsito e menos poluição. Esse processo de mudança começou em 2001, quando Dirk trocou São Paulo por Fortaleza, a convite do Hospital das Clínicas, onde implantou o serviço de transplante de fígado. Sua primeira providência foi procurar um espaço aprazível e confortável para a família, mas a padronização das casas nos condomínios que visitou acabou por desanimálo. No Alphaville, descobriu que podia contratar o arquiteto, integrar-se ao projeto e indicar as
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Hoje, são 300 residências convivendo harmonicamente.
significativa. Em 2010, já eram 126 famílias morando, e outras 52 construindo suas casas. Hoje, são 300 residências e uma vida em comum que foi sendo aprimorada com o tempo, as reuniões, o diálogo e a eleição bianual dos comitês gestores.
necessidades da família, elaborando em conjunto o desenho ideal. "Também procurei o lote mais próximo do bosque e da área de lazer do condomínio", explica. Apesar de sua casa ter sido a quinta a ser erguida, Dirk foi o primeiro a concluir a obra e a se mudar. Hoje, ele sabe que fez a escolha certa. "Sempre morei em casa. Só passei a viver em apartamento quando casei, mas, quando chegamos em Fortaleza, veio essa vontade de voltar a ter uma casa. Hoje não vejo meus filhos em outro ambiente". A mulher, Alexandra, e os filhos Thomas e Nicolas, concordam. Se em São Paulo Dirk perdia duas horas para chegar ao trabalho, em Fortaleza ganhou não apenas
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Quando o Alphaville monta um loteamento, deixa toda uma equipe de funcionários que é treinada antes da inauguração preparada para fazer o equipamento funcionar. "Mas depois os moradores vão chegando, aos poucos, e assumindo o espaço comunitário", pontua Édio. Constituída após a entrega do empreendimento, a associação de moradores mantém e administra os três residenciais (Pacoti, Dunas e Iracema) por meio da autogestão. A fórmula garante a participação da comunidade nas decisões sobre convívio social, ocupação ordenada e o desenvolvimento da área, mas é um processo que só o tempo aprimora. “Residir em condomínios fechados pode ser mais seguro que viver em casa isolada, mas exige que as pessoas se adaptem a uma vida mais exposta a vizinhos, às divisões de áreas comuns e ao compartilhamento de ideias e opiniões. Resulta em conhecer e ser conhecido, ver e ser visto”, pontua a revista Alphavida n° 16 (dez/2009). Reformular conceitos e padrões de comportamento, portanto, fez parte do processo de adaptação dos primeiros
tempo, mas também novos hábitos, como o de correr e fazer escaladas. Em 2005, contratou um personal trainer para orientá-lo no melhor condicionamento físico para um grande desafio, que enfrentou (e venceu): escalar o Monte Kalapatar, de 5.600 m de altitude, um dos mais altos do mundo, pertencente à cadeia de montanhas do Himalaia.
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PLANO DIRETOR E PRAÇA PACOTI
A boa sinalização facilita a circulação.
moradores, e continua permeando a rotina dos que chegam. É coletivamente que se resolvem questões relacionadas a obras e problemas referentes a ruídos, animais, horários, uso da piscina e de outras áreas em comum. "Um empreendimento desses não é como prédio, em que você recebe tudo pronto. O Alphaville ainda está crescendo e em construção. É uma comunidade em formação constante", pontua Rômulo Alexandre Soares, que foi Presidente Executivo do Alphaville Fortaleza.
Entre dezembro de 2005 e março de 2006, foi lançado um concurso para a escolha do Plano Diretor do Paisagismo do Alphaville, vencido pelos arquitetos Ricardo Bezerra e Newton Becker, que concorreram com mais de dez renomados profissionais. Para fazer do Plano um instrumento vivo de congregação social, a dupla se envolveu num intenso diálogo com o Comitê Gestor e a equipe técnica, em busca do senso comum norteador do projeto. A inauguração oficial da Praça Pacoti, no dia 1°de julho de 2007, foi uma das conquistas traçadas pelo Plano, que representa a confluência dos desejos de toda uma comunidade. Foi um desafio dos mais intricados, por lidar com expectativas diferentes, necessidades específicas e gostos bastante pessoais. A exemplo dos outros espaços públicos do Alphaville, a Praça Pacoti, com 3.600m², foi pensada para garantir acessibilidade, segurança e
Respirando melhor A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o índice mínimo de 12 m² de área verde por habitante na área urbana. Nas cidades brasileiras, entretanto, a média está bem abaixo do preconizado. Em Fortaleza, de acordo com a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), são apenas 4 m² de área verde por habitante. É um índice baixo, especialmente se comparados com os números do Alphaville Fortaleza, que oferece 123,5m² por habitante.
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ÁREAS VERDES ALPHAVILLE • Área de preservação permanente - 306.977,60 m2 • Áreas verdes privadas - 30.960,70 m2 • Áreas verdes públicas - 137.725,13 m2 • Total de áreas verdes - 475.663,43 m2
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Praça, confraternizando entre atividades recreativas e barracas de petiscos. Um dos convidados especiais foi o então prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves Pinto Júnior, que em seu discurso destacou a beleza do empreendimento e louvou o envolvimento do Alphaville com a preservação do Rio Pacoti.
ÁREA VERDE E PAISAGISMO durabilidade, com uma vegetação que acolhe espécies nativas de baixo custo. É a mais central das praças do residencial Moradores, proprietários e convidados divertiram-se com as várias atrações programadas para o dia da entrega oficial da
Áreas em comum sempre verdes e bem cuidados.
Os cuidados com o paisagismo sempre integraram a lista de prioridades do residencial. No segundo semestre de 2005, por exemplo, foram gramadas as rotatórias e as quadras centrais dos residenciais Pacoti e Dunas. Mais tarde, as demais áreas receberam a mesma atenção. Com as mudas de árvores semeadas em outubro daquele ano, o empreendimento logo passaria a ter corredores verdes entre os residenciais. Devido à estiagem de 2004, foi necessário investir no sistema de irrigação, alimentando-o com três poços perfurados no residencial Dunas, cada qual com vazão de 3.000 l/h. “Tais obras abrem novos horizontes para o Alphaville”, previu o então presidente do Comitê Executivo do Alphaville Fortaleza Residencial, Dirk Schreen. Muitas das ações de paisagismo foram implementadas ao longo dos anos, sendo a primeira delas o projeto Plantando Raízes, feito em parceria com o Alphaville Urbanismo.
"A liberdade é a chave para a paz, porque sem ela como alguém pode ser feliz? Nas avenidas e ruas do Alphaville eu e meu marido caminhamos despreocupados porque sabemos que nada nos acontecerá (...) O conceito de paraíso é muito pessoal e eu não posso generalizar falando por todos os proprietários que já moram ou os que como nós sonham com o dia em que entrarão em suas casas recém-construídas no Alphaville Fortaleza. O conceito de viver bem deixou de ser um sonho surreal e hoje é uma realidade em nossas vidas" Verônica Maria Beviláqua Mendes, moradora, na edição 7 da revista AlphaVida, set/out 2007
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Já em 2008, o residencial aproveitou o Dia da Árvore, 21 de setembro, para lançar o Projeto Pomar, com o objetivo de revitalizar o paisagismo interno. Mudas de várias espécies foram doadas e plantadas por crianças e adultos. A preferência recaiu sobre espécies tropicais, frutíferas e com boa copa: cajueiro, mangueira, jambo, pitombeira, pau brasil, sapotizeiro. Todas elas de baixa manutenção e alta resistência ao calor. A primeira etapa do projeto já havia sido iniciada, com o plantio de algumas espécies, que receberam proteção contra o vento e a maresia, além de serem abastecidas por um sistema de irrigação tipo aspersão. Todo o projeto foi cuidadosamente acompanhado pelo arquiteto Ricardo Bezerra e sua equipe, responsáveis pela execução do Plano Diretor de Paisagismo. O Projeto Pomar veio agregar valor às ações de conscientização ambiental e busca de aprazibilidade no residencial, ao mesmo tempo em que envolveu os moradores numa campanha verde com benefícios para todos. Em 2009, o Conselho Diretor criou uma comissão com o objetivo de cuidar de aspectos gerais referentes ao paisagismo, estabelecendo prioridades para a aplicação dos recursos e desenvolvendo juntamente com o arquiteto Ricardo Bezerra as ações previstas no Plano. A comissão passou a se reunir toda 2ª quarta-feira de cada mês para debater o assunto, sendo bem-vindos os demais moradores.
O passado impresso Em abril de 2006, os moradores receberam o primeiro exemplar da revista AlphaVida, uma publicação trimestral que em 2016 chega ao seu xxx número. Na capa do primeiro exemplar, sob o título: “Semeando Cidadania”, a foto de um menino regando uma planta
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VIVER EM PAZ Ainda no início do empreendimento, uma pesquisa realizada entre os moradores do Alphaville mostrou muito claramente que a segurança é um item prioritário para as famílias residentes. Andar tranquilamente dia e noite pelas ruas do loteamento fechado é um privilégio possível graças a uma combinação de elementos que não se resumem à tecnologia de última geração. Outros fatores, como planejamento inteligente, cultura de prevenção, um modelo participativo de gestão e a troca de informações entre comunidade e autoridades locais são pontos fundamentais para garantir o sossego de moradores, funcionários e visitantes. Na comunidade Alphaville, as próprias associações de moradores definem os sistemas mais indicados para cada local, incentivando atitudes e comportamentos seguros. No caso do Alphaville Fortaleza, o Plano Diretor de Segurança foi implantado em 2006. Aspectos como o posicionamento da portaria, a colocação de muros e grades e os locais para instalação de equipamentos de segurança são determinados por análises do terreno, mas também pelas peculiaridades do entorno. Em 2007, houve um incremento importante no monitoramento da portaria e no controle de acesso dos moradores, proprietários, empregados e funcionários. O sistema periférico também recebeu
em crescimento. A matéria principal trata do envolvimento de crianças e adultos nas ações de responsabilidade social organizadas pela Fundação Alphaville. Outro destaque do primeiro número foi uma matéria sobre o empresário paulista Marcos Goldstein, que trocara um amplo apartamento na Beira-Mar por uma casa no Alphaville Fortaleza. “Esse é o meu espaço preferido, é onde transpiro para transformar o branco das telas em cores e formas”, diz ele, mostrando o ateliê em que, nas horas vagas, se dedica à pintura de grandes telas. Na fala do empresário, um prognóstico: “Eu presenciei a transformação
do Alphaville em São Paulo e Goiânia, e sei no que esse de Fortaleza vai se transformar”. O segundo número da revista saiu em julho de 2006, destacando a posse da nova diretoria do Clube Alphaville. Eleito para o biênio 20062007, a presidência ficou a cargo do advogado Afro Lourenço. Entre as metas da diretoria
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melhorias e a vigilância pelo CFTV foi totalmente reformulada, com a implantação de equipamentos de ponta par aa época. Investimentos contínuos em mão de obra qualificada e modernos equipamentos – como sensores infravermelhos, cerca elétrica e câmeras com giro de 360° – fazem parte das preocupações do Conselho Diretor e da administração. A coordenação da equipe de segurança é feita com todo o rigor necessário. Há vigilância armada realizando rondas externas e internas controladas eletronicamente, em sintonia com uma central de monitoramento 24 horas por dia. A circulação, estacionamento e parada de veículos de forma irregular dentro do residencial foi um problema que se resolveu com o estabelecimento de regras de trânsito para condutores, pedestres, motoristas e ciclistas. Blitze educativas já foram organizadas para orientar sobre os limites de velocidade, garantindo que todos os moradores, inclusive crianças, possam
estavam a ampliação da academia de ginástica, a autossuficiência hídrica do clube e a promoção de eventos sociais e esportivos capazes de congregar os moradores. Com uma média de 24 páginas, a revista acompanharia o crescimento do Alphaville Fortaleza e a vida dos moradores, informando, entretendo, unindo e fortalecendo o conceito Alphaville de viver. Festas, jogos, ações sociais, eventos esportivos, investimentos em segurança, saúde e lazer permeiam as edições, assim como a prestação de contas ao final de cada ano. Para quem deseja rastrear os passos do Alphaville Fortaleza ao longo de sua história, a revista AlphaVida é um documento precioso.
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andar em segurança nas ruas. A velocidade máxima nas vias principais é de 40km e nas vias secundárias, 30km. O aprimoramento das normas do espaço comunitário também foi fundamental para transformar o Alphaville Fortaleza em um lugar ideal para se viver, crescer e ser feliz. No início de 2015, houve mudanças na estrutura física, com obras na portaria e a implantação de um novo sistema de identificação por biometria ou inserção de senha. A operação exigiu o treinamento dos funcionários e o esclarecimento de moradores. O projeto também integra o controle de acesso de veículos e de pedestres, sendo reservadas três vias para veículos e uma para pedestres.
Assista ao vídeo institucional do Alphaville Urbanismo.
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CAMPANHAS TÊM A ADESÃO DOS MORADORES
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LIDE RAN ÇA COMUNITÁRIA
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U
m ecossistema, dizem os dicionários, é o "conjunto dos relacionamentos mútuos" entre os elementos de determinado ambiente. Sendo assim, um loteamento fechado ou um condomínio, são um ecossistema cujos fios se relacionam a partir do planejamento consentido – não basta estar junto, é preciso alinhar as necessidades e interesses de cada grupo. "Nós chegamos ao ponto em que chegamos porque algumas pessoas ofereceram o seu tempo para construir a comunidade”, considera o morador Rômulo Alexandre Soares. Dedicar-se à gestão interna, dar atenção à vizinhança, equilibrar as diferenças e pensar em soluções que resultem em melhorias para todos são tarefas que exigem engajamento, espírito de grupo, pensamento estratégico e muita organização. No Alphaville, um Conselho Diretor formado pelos próprios
moradores se reveza a cada dois anos, e toda gestão precisa lidar com uma série complexa de questões coletivas. O colegiado eleito faz um planejamento estratégico, com metas específicas e ações a serem implementadas para o cumprimento dos objetivos, a partir de uma previsão orçamentária. Além do Conselho Diretor, que tem uma dinâmica voltada para as decisões "macro", há um Comitê Executivo, que se
A construção de uma comunidade se baseia no espírito de grupo.
Como se faz um Conselho
Conselho de Diretor reunido: ações orquestrada e decisões coletivas.
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O Conselho Diretor do Alphaville Fortaleza é formado por 16 membros efetivos e quatro suplentes. Já o Comitê Executivo é composto por quatro membros provenientes obrigatoriamente do Conselho Diretor, os quais exercem funções executivas, dividindo-se em: presidente, diretor
financeiro-administrativo, diretor de manutenção e diretor de segurança. Em abril de 2016, um novo Conselho foi eleito para um mandato de dois anos, cabendo a presidência a Francisco Carlos Magalhães de Almeida. A presidência do Comitê Executivo coube a Everardo Cabral.
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Os mecanismos de entendimento foram sendo aprimorados com o tempo.
Boa adesão nas discussões e eventos coletivos.
dedica a demandas operacionais, com reuniões sistemáticas. Como primeiro presidente do Comitê Executivo, o morador Dirk Schreen recorda que, no início, "o Alphaville Fortaleza, em si, era um esqueleto a ser montado". Em termos de segurança, havia o básico, que foi sendo reforçado por novas estruturas e serviços a partir da organização dos moradores. "Aos poucos, fomos construindo o que existe hoje", pontua Dirk, que participou de várias administrações desde que chegou ao residencial. Assim como ele, a economista Nátia Quezado está entre os pioneiros do Alphaville Fortaleza, para onde se mudou em 2007.
Foi presidente da Associação do residencial, diretora de secretaria do clube e fez parte, várias vezes, do Conselho de Administração, tanto do clube quanto do residencial. Para ela, liderança é colaboração, e integração é aprendizagem. "Fazíamos as benfeitorias sempre pensando no bem comum, sempre querendo ajudar e sempre focando em eventos que agregassem as pessoas. Tudo é uma melhoria contínua, uns vão aprendendo com os outros", considera. Nesse processo de aproximação da vizinhança e de formação de líderes, o fator essencial, no entender de Haroldo Euclides
"Uma gestão tem que ser melhor do que a outra porque ela aprende com os exemplos e também traz o novo. Eu sempre espero que as novas gestões dêem certo, porque é muito bom a gente morar bem e viver em paz" Nátia Quezado, moradora do Alphaville Fortaleza desde 2007
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de Araújo, morador desde 2008, se resume a duas palavras de significados complementares: cordialidade e respeito. "Dou minha colaboração e participo como conselheiro desde que cheguei. A experiência é enriquecedora e vale a pena. Estou sempre à disposição e, se procurado, respondo com muita atenção. Tudo pode ser aperfeiçoado, mas prefiro elogiar os nossos vizinhos que ajudam na gestão da nossa comunidade. Não tenho críticas mais do que elogios".
OS DESAFIOS DA GESTÃO PARTILHADA Integrar os moradores, fazendo com que eles participem mais, é o grande desafio dos membros que assumem a liderança. "Quando você tem uma comunidade planejada de 300 casas, é fácil deixar que os outros tomem as decisões por você. Mas participar é uma forma de aprender a lidar com as dificuldades e as diferenças. Quem não participa tem a tendência de só criticar", diz Dirk, que já integrou várias vezes o Conselho Diretor e o Comitê Executivo, apesar do tempo corrido. Ele acredita que já houve um maior distanciamento entre a gestão e os moradores, mas que os mecanismos de participação foram se aperfeiçoando e que, hoje, o senso de comunidade é bem mais forte. "Só para dar um exemplo: o clube está lotado, as pessoas estão usando. Nossa filosofia é: o que o morador
Atas que contam história No dia 20 de maio de 2004, às 20h30, no salão de festas do Alphaville Fortaleza Clube, um grupo se reuniu para designar os membros do Conselho Diretor e do Comitê Executivo do residencial. O primeiro presidente do Conselho Diretor foi Francisco Renato da Costa Garcez e
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Moradores reunidos para mais um evento.
o primeiro presidente do Comitê Executivo foi Dirk Schreen. Após a deliberação da pauta do dia, que se restringia à designação e posse dos membros, foi declarada encerrada a reunião, tendo sido lavrada uma ata com assinatura de todos os participantes. No mês seguinte, o presidente do Conselho Diretor abriu a reunião listando os assuntos que seriam tratados: análise de proposta orçamentária e temas relacionados à segurança. Antes, porém, discutiu-se o rateio de despesas comuns existente entre as associações empresarial e residencial, assim como questões relacionadas à área verde. No final do encontro, a moradora Maria Socorro Bezerra Lima, vice-presidente do Conselho Diretor,
entregou a todos o resumo dos assuntos tratados na Convenção Alphaville de São Paulo, da qual participara, disponibilizando modelos do Código de Ética e do Regimento Interno que poderiam servir de referência para o residencial de Fortaleza. A reunião acabou às 21h45, com a assinatura da ata.
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paga de manutenção é para ser revertido em seu benefício, e não para fazer caixa". Outro que acredita na união de esforços é Enéas Massaglia, que assim que chegou, em 2005, passou a participar das reuniões e foi diretor administrativo. "Eram poucos moradores e era mais fácil de se resolverem as coisas", ele acredita. Hoje, Enéas prefere não se engajar nos grupos de gestão, mas tem uma intensa vida comunitária, que é facilitada pela prática de esportes como o beach tênis e o ciclismo "Acho que atualmente é muito sacrificante integrar o Conselho ou a Diretoria, porque são muitas pessoas opinando, tudo é mais complicado e demanda mais tempo". Por outro lado, ele entende que a lógica interna de uma comunidade como o Alpahville Fortaleza, segue os mesmos preceitos de uma pequena cidade, onde as lideranças se manifestam, os grupos se formam e as pessoas divergem (ou
O esporte também serve para aproximar os vizinhos.
convergem) em busca de soluções, muitas vezes demoradas. "Um quer de um jeito, outro quer de outro, mas, no final, vejo o trabalho dos meus companheiros surtindo efeito, as reformas são realizadas e as coisas acabam sendo aprimoradas", ele pontua, elogiando as recentes mudanças feitas na academia, o
"Além de já ter feito parte do Conselho Diretor, formado por moradores eleitos em Assembleia Geral, participo de grupos de esportes. Aqui, como em toda comunidade, existem pessoas de diversas formações e pensamentos, então tivemos que estabelecer regras claras de convivência, com a participação da maioria. Assim, conseguimos uma experiência comunitária de sucesso" Marco Melo, morador desde 2008
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sombreamento da piscina e a inauguração das quadras de vôlei de praia e de beach tênis.
TRABALHANDO PELO CLUBE Sob o sol, crianças correm para dar mais um pulo na piscina, amigos se encontram na quadra de vôlei ou futebol, homens e mulheres suam a camisa nos aparelhos de ginástica, pessoas de todas as idades chegam para mais uma aula de zumba. Inaugurado no dia 25 de janeiro de 2004, o AlphaVille Fortaleza Clube é um equipamento que proporciona diversão e lazer, atraindo diariamente um número considerável de frequentadores. Registro do clube em 2003.
Últimos retoques para a conclusão do clube.
"Mas não é só por causa do esporte", considera Gilberto Fonte, o Giba, profissional de educação física, que coordena a execução de diversas atividades de recreação para crianças, jovens e adultos. "Desenvolvemos várias atividades artísticas e culturais", explica ele. "Para as crianças de cinco a 12 anos temos atrações como contação de histórias, fantoches, pintura facial, escultura em balão, além das brincadeiras tradicionais: pega-pega, pula-corda, amarelinha, elástico... Os pais vêm deixar os filhos e acabam se conhecendo. Trabalhamos com integração. Que eu saiba isso não existe por aí. O Alphaville é pioneiro por estar desenvolvendo estas
Fotografias em palavras Esses registros de conversas internas são como fotografias detalhadas de um tempo específico. Cuidadosamente escritos, e depois autenticados em cartório, eles revelam as minúcias da construção de uma comunidade. Lendo o acervo de atas, um cronista curioso ficará sabendo a que horas as reuniões começam, quem esteve presente e o que foi discutido. No dia 9 de setembro de 2004, por exemplo, os principais temas foram as despesas referentes
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à construção de um muro e a aquisição de equipamentos de segurança. Eram os movimentos iniciais de um núcleo que logo estaria dando passos firmes rumo à experiência comunitária. No dia 29 de junho de 2005, antes da apresentação da pauta, Dirk Schreen falou sobre a IV Convenção Alphaville, a ser realizada em São Paulo. Ficou decidido que
um representante de Fortaleza participaria do evento, a fim de estreitar laços com os demais residenciais. A seguir, discutiram-se temas como a operação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), que era mantida pelo Alphaville Urbanismo, mas que teria sua responsabilidade transferida para a unidade de Fortaleza, desde que cumpridas todas as exigências dos órgãos ambientais. Na conversa do dia 18 de janeiro de 2006, foi aprovado o Plano Diretor de Segurança. Em 4 de março de 2008, o então presidente do Conselho
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atividades. É só vir para o clube e participar", conclui. Para que se pudesse chegar a isso, entretanto, muitas conversas, reuniões e debates envolveram os moradores. Assim como no residencial, são eles que definem os rumos do clube e votam a previsão orçamentária para o ano, decidindo sobre obras, compra de equipamentos e atividades a serem desenvolvidas. Ainda em 2004, no dia 20 de maio, foram eleitos os primeiros membros do Conselho Diretor, do Comitê Executivo e do Conselho Fiscal. Investir corretamente, negociar contratos com os fornecedores, organizar os eventos sociais e enriquecer a grade de atividades são tarefas que fazem parte de todas as administrações. "Nesse ano que passou, procuramos otimizar custos, dinamizar serviços e confraternizar os associados, sem no entanto descurar a manutenção das edificações e equipamentos do clube", dizia no editorial da revista AlphaVida (número 5, abril/maio 2007),
o advogado Afro Lourenço, eleito para o biênio 2006-2007 à presidência do Comitê Executivo. O texto é um testemunho dos passos que o clube empreendeu
Início das atividades do clube.
Diretor, João Celso de Barros Lopes, debateu sobre a construção de lombadas, a confecção de placas de advertência de limite de velocidade e a implantação do projeto de coleta seletiva e de energia emergencial com aproveitamento dos geradores, dentre outros temas.
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rumo à enorme diversidade de atrações hoje existente. "Gostaríamos de ter proporcionado muitos outros eventos, mas ainda é cedo para grandes investidas; temos que esperar a chegada dos demais condôminos. Enquanto eles chegam, continuamos a realizar eventos menores, mas cheios de muito carinho". Reeleito para o biênio seguinte, Afro Lourenço comentaria sobre a proposta de criar áreas de sombra em torno das piscinas, construir um salão de jogos de mesa e ampliar a academia de ginástica. Metas que foram plenamente alcançadas. Clube pronto para receber os associados.
A ARTE DE AGREGAR Ao completar cinco anos de existência, o clube sentiu a necessidade de mudar. "Estamos iniciando mais um ano, especialmente importante para o Alphaville Fortaleza Clube, em razão da execução de sua primeira expansão", comemora
Atritos registrados Minuciosas, as atas do Alphaville Fortaleza revelam, também, alguns momentos de tensão de uma comunidade em que as lideranças estavam se formando – e que continuam se renovando, num contínuo processo de aprendizagem. Em
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Francisco Gomes no n° 13 da revista AlphaVida. As obras, que começaram no período previsto, foram descritas assim pelo então presidente do Conselho Executivo: "Trata-se de um marco, que resultará em um forte aumento na frequência dos associados".
janeiro de 2011, por exemplo, alguns membros se desligaram do Comitê Executivo, por discordarem dos rumos pelos quais as decisões vinham sendo conduzidas. Porém, de um modo geral, o que se apreende da leitura dos documentos é uma busca incansável pela consonância de ideias. Na reunião do dia 4 de abril de 2013, o presidente do Conselho Diretor, Adriano Picanço, falou sobre uma proposta de novo modelo de gestão sugerida por Carlos Magalhães, diretor administrativo do Comitê Executivo, no sentido de profissionalizar a administração através de pessoas contratadas para esse fim. Em seguida,
deu início à discussão dos demais itens da pauta, pedindo que todos tivessem bom senso durante a reunião, pois continuariam sendo vizinhos com o mesmo objetivo: melhorar a qualidade de vida no Alphaville Fortaleza. Diante de um problema levantado entre o Conselho Fiscal e o Comitê Executivo referente à autorização de verbas para obras, o presidente aventou que se aprimorassem os processos internos, modificando-se a forma
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O trabalho pelo aprimoramento da estrutura de lazer se tornou realidade após a conclusão do processo licitatório, com as obras começando em janeiro de 2009. Vale dizer que a expansão foi custeada com recursos obtidos a partir da racionalização das despesas mensais de manutenção, sem a necessidade de taxas extras. Já na época, o objetivo era implantar novas políticas de qualidade total e obediência ao estatuto, para que a comunidade tivesse oportunidades de interação, inclusive com uma programação de lazer mais extensa e variada. Em 2010, a diretoria foi assumida por Amilton Freitas, cuja equipe realizou estudos e consultas para a provação de um plano master para todo o clube. Em agosto de 2014, o n° 33 da revista AlphaVida registra, sob a assinatura do Comitê Executivo: "Esta gestão está empenhada em promover um conjunto de transformações nas nossas instalações e programações. Convidamos você a participar deste processo, discutindo o novo projeto arquitetônico e o nosso calendário de atividades. Sua contribuição é muito importante para o Alphaville Clube". Visando melhorias duráveis, novas mudanças aconteceram. No dia 25 de agosto de 2015, a academia do clube foi reinaugurada, com equipamentos novos, mais espaço e estrutura reformada. Os moradores participaram da cerimônia de entrega, que contou com atrações como massoterapia e sorteio de
de aprovação das decisões do Conselho. Definiu que a ata da reunião fosse enviada para os conselheiros por e-mail em até 72 horas, e que estes tivessem dois dias para se pronunciarem. As aprovações do Conselho teriam um prazo estabelecido para execução, caso contrário, caducariam. Na mesma reunião, o conselheiro Ronaldo Cunha lembrou que, apesar de ser formado por pessoas competentes, o Comitê às vezes enfrentava dificuldades na execução dos projetos
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Programação de lazer extensa e variada.
Bem equipada, a academia reúne moradores de todas as idades.
e, com a demora, outras prioridades apareciam. Para resolver essa questão, ele sugere que se altere o estatuto. As deliberações teriam um prazo de 120 dias para serem executadas. Se isso não acontecesse, o Conselho deveria analisar os motivos da demora, definindo se o projeto ainda era uma prioridade naquele momento.
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brindes. Importante dizer que a reforma teve um valor menor do que previsto, sendo os antigos equipamentos vendidos com a finalidade de comprar novas máquinas.
TRANSPARÊNCIA NA PRESTAÇÃO DE CONTAS Para além do Conselho Diretor e do Comitê Executivo, um pequeno exército de 120 pessoas trabalha para que Alphaville funcione a contento. São administradores, empregados diretos, terceirizados, técnicos, encarregados da limpeza, da segurança e dos diversos setores da vida comunitária. Entre eles, o primeiro a chegar foi
A criançada recebe atenção especial, com programação exclusiva.
A construção de laços em comum facilita a administração do residencial.
Em busca de melhorias O Clube Alphaville Fortaleza é um projeto em construção. Existem uma série de obras projetadas e sua execução deve atender, conforme os estatutos da entidade, a critérios de prioridade e conveniência estabelecidos pelo Conselho Diretor. Os estatutos do clube
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Adams Robert Silva de Oliveira, supervisor financeiro contratado em 2002, quando Alphaville ainda estava em obras. "Comecei aqui no residencial quando o primeiro morador recebeu o Habitese, junto com a entrega da chave. Logo, o Alphaville Urbanismo confiou aos moradores todas as contas pagas e o dinheiro em caixa, para que eles tocassem e gerenciassem o condomínio, fazendo os investimentos necessários", recorda Adams. Ele explica que todo final de ano prepara-se uma planilha orçamentária para o ano seguinte, com o objetivo de
prevêem a existência de um fundo de Expansão Patrimonial e/ou melhoramentos destinado à complementação da sede do clube, ampliação, reforma ou modificação das obras já existentes, bem como à execução de obras novas e aquisições que forem autorizadas pelo Conselho Diretor.
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Alegria do encontro em eventos que se sucedem o ano inteiro.
decidir tanto o custeio, que são as despesas fixas, quanto os investimentos, que são apresentados pelo Comitê Executivo a fim de serem aprovados dentro do Conselho. "E, todo mês,
nós fazemos uma prestação de contas em assembleia para os condôminos. O edital é publicado no jornal, como prevê o estatuto, para mostrar os investimentos realizados após votação". A prestação de contas ágil e permanente é uma obrigação em Alphaville. As demonstrações financeiras são encaminhadas ao Conselho Fiscal a fim de que este cumpra o seu papel de revisar as contas, propor eventuais ajustes para o Comitê Executivo e, no início do ano subsequente, apresentar suas conclusões à Assembléia Geral.
Conselho fiscal O Conselho Fiscal do Residencial Alphaville Fortaleza tem por missão, dentre outras atribuições, examinar as contas da Administração e produzir pareceres a fim de que sejam apresentados aos associados. É instituído pela Assembléia Geral na mesma ocasião que se elege a Diretoria, tem um mandato de dois anos e é formado por três membros efetivos e dois suplentes. O Conselho Fiscal é extremamente atuante em todo o processo, desde as reuniões
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de planejamento até a prestação de contas. A participação dos sócios nas reuniões semanais do clube é fundamental para manter a gestão sempre arejada e democrática.
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MAR CAS ARQUITETÔNICAS
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iferentes famílias, diferentes necessidades. Portanto, nada mais natural que as casas também sejam únicas. Em Alphaville, os projetos arquitetônicos se adequam ao modo de vida de cada núcleo ou morador, abraçando os seus mais profundos desejos e aspirações. Um passeio pelo condomínio revela ao visitante os diversos gostos e estilos, do moderno ao clássico, do romântico ao arrojado, passando por arquiteturas funcionais, econômicas, regionais, sustentáveis... Carolina Diniz é a arquiteta do departamento técnico que, desde o início, acompanha o cumprimento das regras nos projetos do Alphaville Fortaleza, zelando para que todos estejam de acordo com as exigências da Prefeitura e demais órgãos competentes. "Por ser uma área de preservação ambiental, temos que ter certos cuidados", ela explica, ao
Os projetos arquitetônicos se adaptam ao modo de vida de cada família.
que Everardo Cabral, diretor de manutenção à época e hoje Presidente Executivo, acrescenta que "a Semace supervisiona tudo até ser dado o alvará de construção definitiva". Há
Aqui é o meu espaço Os moradores de apartamentos, acostumados a pagar pelo uso da água e da eletricidade dos halls, encontram em Alphaville um novo modelo de co-propriedade, onde
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a taxa que abarca outros benefícios, como a oferta de lazer e de esportes. "Isso é uma coisa muito bacana, que você não encontra num condomínio vertical. Ademais, há uma
grande integração. A nossa organização tem a participação direta dos moradores", conclui Everardo. Por essas e por outras é que a Francisca Dias, uma das organizadoras do Alpha Solidário e moradora do residencial, não economiza elogios. "Eu sou uma das pessoas que melhor fala do Alphaville, que mais gosta
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também o padrão de ordenamento básico estabelecido pelo Alphaville Urbanismo – mas vale esclarecer que os projetos das residências não são submetidos a uma avaliação estética e sim a uma análise rigorosamente técnica. Para Carolina e Everardo, isso é um diferencial que muda a forma como as pessoas lidam com o espaço onde vivem. "Primeiro, o Alphaville Urbanismo cria esse espaço pensando no bem viver, na segurança, no meio ambiente, e toda essa preocupação reforça o senso de comunidade. O morador começa focado em seu espaço físico e depois estende essa visão para o entorno. Ele entende que isso aqui é um legado, é um patrimônio que está sendo construído em grupo. Então, na hora de organizar o espaço, faz isso com maior responsabilidade".
expressam autenticidade em cada metro de área construída. A iluminação natural é valorizada na maioria dos projetos, que aproveitam a luz abundante para banhar de claridade o aconchego dos lares. E algumas soluções ambientalmente sustentáveis foram encontradas ao longo dos anos. Em 2006, por exemplo, o arquiteto Elton Braga desenvolveu o seu primeiro projeto no residencial – uma casa de dois andares, com três suítes, sauna, home theater, churrasqueira e piscina – fazendo uso dos recursos naturais disponíveis e acionando o sistema de drenagem. Uma cisterna com capacidade para 4.000 litros foi construída para aproveitar a
LIBERDADE CONSTRUTIVA Respeitadas as regras pré-estabelecidas, todos têm a liberdade de projetar seu ninho nos moldes em que a imaginação e o orçamento familiar permitirem. "Nos outros condomínios, a pessoa compra a casa onde vai morar, aqui ela constrói o seu sonho no estilo que preferir", brinca Carolina Diniz. De fato, engenheiros, arquitetos e decoradores têm a oportunidade de explorar recursos inovadores, lançando propostas que embelezam as moradias, facilitam a vida das famílias e
Uma paisagem ordenada pela participação direta.
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Os diferentes estilos refletem a diversidade de moradores.
de viver nesse lugar. De fato, eu me encontrei aqui, porque gosto dessa calma, dessa paz. Desde o primeiro momento que eu cheguei, senti que aqui era meu lugar, que aqui era meu espaço".
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água da chuva, destinando-se à rega das plantas, à lavagem de carros e ao abastecimento da residência em caso de problemas com a Cagece. Já naquela época, Elton previa a instalação de painéis solares para o aquecimento da água, uma tendência que foi se consolidando ao longo dos anos. “Adoro projetos onde eu posso explorar os desníveis do terreno, pois consigo extrair resultados bastante harmoniosos e interessantes”, falou à equipe da revista Alphavida em julho de 2006. Marcelo Franco é outro arquiteto que faz parte da história do residencial, responsável por dezenas de projetos, todos
Jardins e varandas para congregar amigos.
eles feitos sob medida para cada cliente. Da mesma forma, Márcia Cavalcante, sócia da Caltech Engenharia, participou da implantação do Alphaville desde a sua concepção. Ela foi, inclusive, autora do projeto do Alphaville Fortaleza Mall, que desenvolveu junto com André Sá. A Caltech assina, ainda, o projeto do clube e as portarias que dão acesso à área residencial do Alphaville Fortaleza.
SABER VIVER “Os cearenses em geral querem jardins para cuidar, salas e varandas amplas e churrasqueiras. São casas que congregam a família e os amigos”, comenta a arquiteta Márcia Cavalcante no segundo número da revista Alphavida. Como uma das pioneiras na construção de casas personalizadas no Alphaville Fortaleza, Márcia elaborou inicialmente 15 opções de projetos residenciais, tendo como base a área média de 450 m2 para cada um deles. Todas as casas foram concebidas com comodidades como irrigação automática nos jardins e aquecedores solares. A maioria delas segue as linhas clássicas ou regionais, com tijolos aparentes e grandes balcões ou alpendres. Ter mais espaço é um ideal que motivou a vinda de muitos moradores. Nascido no Cariri, apaixonado por paisagens e afeito a amplos horizontes, Everardo Cabral já havia habitado
"Morar em um prédio pode até ser mais prático. No entanto, as pessoas vivem isoladas e mal se cumprimentam nos elevadores. Morar em casa dá mais trabalho e requer maior custo, por causa da área verde e da dimensão do terreno. Mas, por outro lado, a quietude e a privacidade são bem maiores, além dos outros prazeres associados a este tipo de moradia: possibilidade de montar uma horta orgânica, plantar várias espécies de plantas, criar animais" Marta Medeiros, moradora de Alphaville desde janeiro de 2013
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jamais encontraria numa cidade grande. Além da minha casa, fico curtido o rio, o mar e essas dunas belíssimas", ressalta. Já o morador Marco Melo prefere resumir sua experiência em termos bem definidos: "Morar aqui significa viver com mais espaço, não depender de elevador, desfrutar de jardins e ainda ter a possibilidade de caminhar em segurança pelas ruas,
Vida pacata e a sensação de estar numa cidade do interior.
por 10 anos na Sapiranga antes de se mudar para o Alphaville Fortaleza com a família. "Aqui encontrei o espaço que procurava, junto a uma natureza exuberante, com atributos que
o que propicia uma melhor convivência com a vizinhança". Há dez anos no residencial, Marco diz que sua decisão nasceu da vontade de morar em uma casa sem ter que construir muros altos nem colocar grades nas janelas. "A sensação de liberdade fez com que eu aproveitasse mais o conforto de casa, diminuindo as saídas para restaurantes e aumentando consideravelmente convivência com meus familiares e amigos". Além do prazer de elaborar um projeto de acordo com as suas necessidades, Marco cita a questão da privacidade como grande diferencial. "A forma como são dispostas as casas propicia uma
"Eu sinto que eu até deixei um pouco de lado as amizades que eu tinha fora, porque eu preenchi muito esse lado com as pessoas do condomínio. Eu tenho uma família e um grupo de amigas imenso. Toda semana nos reunimos para organizar eventos, comemorar aniversários, festejar. É um grupo muito alegre, muito amigo, e é exatamente isso que faz a gente se sentir bem aqui" Francisca Dias, moradora de Alphaville desde xxxxx
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socialização saudável, sem a invasão da intimidade alheia". Esse fator é exaltado por vários moradores, como a economista Nátia Quezado. "Num condomínio horizontal, a convivência com os vizinhos é salutar porque não existe uma proximidade exagerada a ponto de tirar a privacidade e, ao mesmo tempo, essa proximidade é cultivada. Então, isso se torna uma proximidade com elos", ela expõe. Qualidade de vida é outra expressão que não sai da boca de quem, como Edson Peixoto, decidiu trocar o condomínio vertical pelo Alphaville Fortaleza: "Aqui tenho muito mais qualidade de vida. Antes morava em apartamento por conta da sensação de segurança que os apartamentos proporcionavam. Prometi a mim mesmo que só voltaria a morar em casa se fosse em um espaço fechado, mas amplo, que me oferecesse segurança. Gosto de receber amigos, fazer churrasco, ouvir minha música, claro que com moderação. Enfim, ser feliz onde moro". O também morador Haroldo Euclides de Araújo faz uma comparação entre um tipo e outro de moradia. "Já morei em apartamentos, em casas que não eram de condomínios e em diferentes cidades. Fazendo um comparativo, é como se aqui nossas moradas se estendessem por todo o residencial, onde pratico caminhadas diárias e recebo de todas as pessoas que encontro no trajeto um cordial bom dia e cumprimentos
Cada morador imprimi a sua marca, seguindo regras em comum.
"Eu e minha família temos um estilo de vida e uma casa muito simples, com um grande terreno, um grande jardim. É como se eu estivéssemos morando numa casa de praia ou numa chácara" Adriano Picanço, morador de Alphaville desde 2006
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que depois se transformam, via de regra, em uma maior aproximação".
COMO ERA ANTIGAMENTE, PORÉM MELHOR A nostalgia de um tempo mais simples e pacato parece motivar várias famílias que optaram pelo Alphaville Fortaleza. "O que eu observo aqui, porque gosto muito de caminhar, é que as pessoas cuidam dos jardins com muito prazer, apesar do trabalho. Vejo homens e mulheres fazendo isso, e os vizinhos trocam informações sobre como manter as plantas, o que usar... Isso resgata aquela velha cena do passado, de quando a gente morava em casa, de colocar a cadeira na calçada e bater papo com quem passa na rua", comenta o morador Ronald Salmin, que se mudou para o residencial em busca de liberdade, tranquilidade e lazer.
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O prazer do passado, mas com as comodidades contemporâneas.
O prazer do passado, mas com as comodidades contemporâneas. Controle de iluminação, aspiração central, monitoramento pela internet: em Alphaville, o conceito de casa inteligente é comum desde o início. "Hoje nós temos um saneamento comparado ao de países desenvolvidos da Europa", comemora Everardo Cabral, "e também muitos ganhos na área ambiental". Ele cita o reuso da água, a coleta seletiva do lixo e a produção de energia renovável como avanços gradativos que complementam a felicidade de construir uma casa no residencial.
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SUSTEN TABILI DADE VERDE É VIDA
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O
Alphaville Fortaleza está integrado à Area de Preservação Ambiental do Rio Pacoti, uma das mais importantes Unidades de Conservação de Uso Sustentável do Estado do Ceará, formada por manguezais e dunas que se espraiam entre os municípios de Fortaleza, Aquiraz e Eusébio. Também está intergado a um um corredor ecológico de beleza ímpar, cujas veias são formadas pelo curso sinuoso do Rio Pacoti, desde a sua nascente na Serra. Por isso, a educação ambiental dos moradores, a sensibilização da comunidade e a adoção de práticas responsáveis sempre movimentou as linhas de atuação do residencial. A questão do lixo e do esgoto são os primeiros elos dessa grande cadeia de cuidados básicos que se estende aos mangues e matas ciliares, cujo desmatamento é proibido por lei. Cumprindo todas as exigências dos órgãos de fiscalização municipal, estadual e federal, o Alphavile Fortaleza acabou por se transformar em um exemplo de micro-organismo social onde o equilíbrio ecológico é obtido com a colaboração de todos. Por ocupar uma área densamente povoada, a APA do Pacoti é uma unidade de conservação de uso sustentável, que visa promover e assegurar o uso racional dos recursos naturais. Em consonância com esse conceito, o Alphaville usa apenas água reciclada para regar suas plantas e áreas verdes, uma prática
sustentável que decorre de um processo de tratamento que permite o reaproveitamento da água que chega à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). O processo de reuso é feito após controle rigoroso em laboratório e mediante aprovação da Semace – o que permite manter os jardins verdejantes sem consumir a água da Cagece. "Hoje, 100% da nossa irrigação é feita através da água de reuso", calcula o morador e diretor de manutenção Everardo Cabral, que em 2015 foi procurado pela equipe de jornalismo do Governo do Estado do Ceará para uma entrevista sobre o sistema de irrigação do Alphaville Fortaleza, visto como um exemplo no tocante à economia e racionalidade. Com o objetivo de melhorar ainda mais esse sistema, são realizados serviços sistemáticos de limpeza das galerias de águas pluviais do residencial e desobstrução e limpeza de poços para irrigação do clube, evitando o acúmulo de lixo trazido pelas chuvas.
COLETA SELETIVA DO LIXO A partir de 2015, o lixo do Alphaville Fortaleza passou a ter coleta seletiva, com os resíduos recicláveis sendo direcionados ao depósito apropriado e recolhidos pela cooperativa Reciclando Vidas, atuante no Eusébio. A coleta é realizada todas as semanas, de segunda a sábado, sempre no período da manhã. O processo é eficiente e conta com a ajuda dos moradores,
Apa do Rio Pacoti: beleza que inspira A exuberância do mangue, a leveza das dunas, o verde das matas e a grande incidência de aves e animais fazem da Área de Proteção Ambiental do Rio Pacoti (APA), onde se encontra o Alphaville Fortaleza, um santuário a ser preservado por todos os cearenses. Com origem na Serra de Baturité,
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em Guaramiranga, o Pacoti é o maior dos rios a atravessar a Região Metropolitana de Fortaleza, percorrendo 150 km desde a nascente até o mar. A APA, criada no ano 2000, abrange três municípios, estendendo-se por quase 3.000 hectares. Uma das riquezas desse ecossistema que encanta é a coruja-
A APA é um santuário que deve ser preservado por todos os cearenses.
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que estão cada vez mais atentos ao calendário da coleta. Nas segundas, quartas e sextas são recolhidos os resíduos domiciliares; nas terças e quintas, somente as podas e aos sábados, os materiais recicláveis. Atualmente, são recolhidos mais de 6.000 kg de lixo doméstico e podas. A diretoria do residencial sempre se engajou na discussão de ações capazes de dar uma maior eficiência ao processo de recolhimento e destinação do lixo. "Houve palestra com os moradores para a implementação dessa cultura da coleta seletiva. Na verdade, é uma iniciativa que envolve, além da questão ambiental, o fator social. Hoje, várias famílias vivem da coleta desse lixo seletivo. Todo morador recebe o saco, coloca nele os resíduos recicláveis, e esse lixo é levado até a estação, onde uma cooperativa o recolhe e leva para um galpão em que as famílias trabalham fazendo a reciclagem", conta Everardo Cabral.
Coleta seletiva e correta destinação do lixo.
ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA Conseguir autonomia na geração de energia é uma realidade que vem se fortalecendo no Alphaville Fortaleza. No dia 3 de
buraqueira (Athene cunicularia), assim chamada por viver em buracos cavados no solo. Pequena, ágil, excelente caçadora, dona de uma visão 100 vezes mais apurada que a nossa, essa corujinha é comum no Alphaville Fortaleza – tanto que os moradores já se acostumaram a ver uma ou outra no banho de sol, dormitando sobre uma perna só, hábito bastante peculiar à espécie.
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agosto de 2015, o morador Jens Raffelsieper deu uma palestra para seus vizinhos sobre energia solar fotovoltaica, explicando sobre as vantagens de usar essa tecnologia, de que forma empregá-la e quais os casos de sucesso já existentes no Brasil. Foram repassados alguns estudos de viabilidade financeira, para que as pessoas tivessem noção de quanto custaria a instalação de energia solar em casa. Discutiu-se sobre o tempo de retorno do investimento (cinco anos), a vida útil
do equipamento (30 a 40 anos), a baixa manutenção e a independência em relação à taxa de energia elétrica do país. Hoje, a energia fotovoltaica solar está sendo instalada em algumas áreas comuns do residencial, assim como no clube e nas portarias. Além disso, os moradores estão procurando implementar essa tecnologia sustentável em suas residências. "A gente acredita que, num futuro breve, a energia das casas e das áreas vai ser gerada pelos próprios moradores. E eu acredito que vamos gerar até mais do que gastamos", pontua o diretor de manutenção do Alphaville Fortaleza.
FUNDAÇÃO ALPHAVILLE: OLHANDO O ENTORNO
Evento infantil no residencial: laços que começam na infância.
Presente no Eusébio desde 2005, a Fundação Alphaville é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Púbico (OSCIP) que já beneficiou 3.100 pessoas de forma direta, através de oito diferentes projetos. Todos eles fazem parte do Programa
"Morar num ambiente em harmonia com a natureza, segurança e tranquilidade, com família e amigos em torno, onde os netos e os avós brincam livres e felizes, aporta uma paz imensurável que advêm do bem viver no Alphaville Fortaleza!" Lindoia e Hildebrando Melo
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Comunidade Sustentável, que busca a capacitação de homens, mulheres e jovens de baixa renda e que contribui para consolidar uma linha mais abrangente de atuação. Sair do condomínio, olhar o entorno e agir em prol das comunidades carentes é o fio condutor dessa visão integradora. Capacitação profissional, conscientização ambiental e geração de renda a partir dos grupos produtivos locais são os sustentáculos. Juntamente com parceiros como a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Fundação Alphaville já realizou oficinas de educação ambiental, promoveu mutirões de limpeza do Rio Pacoti e mobilizou os jovens para cuidar do lugar onde vivem. Em 2007, por exemplo, o Dia de Fazer a Diferença recuperou a Praça dos Pescadores, em Precabura, uma área de lazer que sofria com o abandono e a depredação. Aulas de informática e oficinas de capacitação também fazem parte do trabalho da Fundação.
A consciência ambiental sempre pautou as decisões de Alphaville.
POR DENTRO DOS GRUPOS No Eusébio, pescadores e marisqueiras das comunidades da Precabura, Cararu e Mangabeira foram os primeiros envolvidos na rede comunitária tecida pela Fundação Alphaville. Antigos moradores vivendo em situação extremamente precária, eles se viram diante de novas possibilidades de ocupação e incremento da renda familiar. O grupo Mar & Arte, composto por 20 mulheres, filhas e netas de pescadores, teve início em 2005 e durou até maio de 2008.
"Eu fui criado como um menino que conviveu com a natureza, com os animais, e sempre quis dar a mesma coisa aos meus filhos, isso tudo que eu tive na infância, essa liberdade que hoje não se vê nas cidades grandes..." Everardo Cabral, morador de Alphaville desde 2011
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Depois de receberem o treinamento adequado, elas já estavam usando sementes para confeccionar delicadas bijuterias, cuja renda era revertida em prol das famílias. "Como premissa para os projetos da Fundação, o grupo foi emancipado, ou seja, preparado para dar continuidade ao trabalho de forma autônoma. Atualmente, essas mulheres realizam suas atividades de modo mais sustentável, devido à formação recebida", acredita Graça Rodrigues, coordenadora da Fundação no Nordeste. Outro grupo que se formou foi o das marisqueiras, que aprenderam técnicas de lapidação de cascalhos e de conchas de ostra. Desenvolvida em uma parceria com o Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), a iniciativa aconteceu entre 2005 e 2009, beneficiando famílias das comunidades Mangabeira e Precabura. Além da formação técnica em cultivo de ostras, as mulheres foram orientadas sobre gestão de negócios. É outro projeto que foi emancipado e cujas participantes passaram a atuar de forma mais responsável em relação à preservação do meio ambiente. O terceiro grupo foi o Reciclart, que se formou em agosto de
2006, transformando madeira, folhas, sementes e conchas em quadros, portas-copo e outros objetos criativos. As 20 alunas receberam formação técnica em produtos de decoração recicláveis e passaram a utilizar essa produção como fonte de renda, com maior conhecimento sobre a metodologia sustentável.
JOVEM SUSTENTÁVEL "Os projetos que contam atualmente com a colaboração da Fundação Alphaville são o Programa Jovem Sustentável Cidadania Digital, o Pra Curtir o Pacoti e o programa de Coleta Seletiva Municipal do Eusébio", enumera Graça Rodrigues, da Fundação Alphaville Nordeste. Ela lembra que a instituição também é parceira, junto com a
Plantando raízes Em 2006, um grupo de 300 pessoas, a maioria delas crianças, saiu de casa com a missão verde de plantar mudas nas áreas comuns do Alphaville. Cada muda recebeu o nome do menino ou menina que a plantou, e assim os residenciais Pacoti e Dunas ganharam lindos pés de Camila, Matheus, Ricardo, Isabela, Aline... Árvores que. ao trazer sombra e beleza, também mandam mensagens de permanência e acolhimento.
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Essa foi uma das muitas ações do projeto Plantando Raízes, desenvolvido pela Fundação com o objetivo de despertar a consciência ambiental dentro do Alphaville Fortaleza. “Do
mesmo modo que numa manhã alegre de sol 143 crianças mudaram o paisagismo, nós, moradores e filhos, poderemos participar dos projetos da Fundação Alphaville, no seu empenho em melhorar a qualidade de vida do nosso entorno, ofertando capacitação profissional, inserção social e cidadania”, disse para a revista AlphaVida a então diretora administrativa do Alphaville Fortaleza, Maria Socorro Bezerra Lima.
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Universidade Federal do Ceará, Prefeitura Municipal de Eusébio e Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) da concepção do Centro de Estudos em Aquicultura Costeira (CEAC), uma estação avançada de pesquisa do Labomar. "Desde o início do projeto, em 2005, foram realizadas mais de 80 pesquisas nos laboratórios. O espaço já recebeu a visita de mais de 3.500 alunos da rede pública de ensino que participam de atividades para educação ambiental", explica. Já o programa Jovem Sustentável-Cidadania Digital, que começou no Eusébio em 2005 e ainda está ativo, é uma das
Jovem Sustentável: um dos grandes projetos do Brasil.
principais iniciativas de sustentabilidade do Brasil, reconhecida por auxiliar na inclusão digital de jovens entre 14 e 24 anos, contemplando a Lei da Aprendizagem. A ideia é contribuir para que os alunos se tornem cidadãos mais críticos e atuantes nas comunidades em que vivem. O projeto já beneficiou mais de 2.100 jovens e, 2015, ganhou o Selo de Sustentabilidade do Programa Benchmarking Brasil. Como atividade externa de reconhecimento do território, o programa realiza a ação Pra Curtir o Pacoti, que leva os alunos para atividades relacionadas à preservação do Rio Pacoti. A Coleta Seletiva de Eusébio, case de sucesso, é fruto da parceria entre município, empresariado e comunidade. Como forma de reduzir os impactos socioambientais do descarte incorreto dos resíduos, foram planejadas ações de conscientização ambiental para a comunidade, empreendidas pelos jovens do Programa Jovem Sustentável, pela Associação de Catadoras e Catadores de Materiais Recicláveis de Eusébio (ACEU) e pelos servidores públicos. No projeto, as comunidades treinadas passaram a integrar a rota de coleta seletiva da ACEU e foram responsáveis pela retirada de 155 toneladas de resíduos nos sete primeiros meses de implantação, atendendo 50% das casas da região. "A meta é expandir para a totalidade dos moradores da cidade no prazo de um ano", finaliza Graça.
Oruptatem dem dolendunte erem nequid elit, iur atibust, aut quis volupta spitium vero ma ant.
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VI DA
SAUDÁVEL
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O
esporte foi o caminho que encontramos para unir todo mundo. Pode-se dizer que foi a principal ferramenta de integração e a primeira possibilidade que nos veio à cabeça. E deu muito certo!", comemora Ronald Salim, diretor de Esportes do Alphaville Fortaleza. Morador do residencial desde 2008, ele veio de São Paulo e praticamente não conhecia os vizinhos até começar a correr. "Para mim, o grupo de corrida foi a chama inicial", destaca. "Começamos de brincadeira, eu e uns quatro moradores, que passaram a se encontrar todos os sábados". Do encontro inicial até a integração efetiva da vizinhança, dando força e fôlego ao grupo, batizado de Alpha Runner, foi um pequeno salto. Isso porque o próprio conceito urbanístico do Alphaville é um estímulo aos hábitos saudáveis e ao resgate da vida ao ar livre, com a disponibilização de áreas seguras para corridas, pedaladas e caminhadas. O fato de estar a poucos
quilômetros do Beach Park, maior parque aquático da América Latina, e a menos de 10 minutos do Pono point, um balneário situado às margens dos mangues que cercam os afluentes do rio Pacoti, parecem reforçar essa vocação. Por ter sido o primeiro morador do residencial o médico cardiologista e intensivista Dirk Schreen foi também um dos primeiros a usufruir das boas condições locais para a prática de esportes. Nascido em São Paulo, ele adquiriu o hábito de correr e fazer escaladas quando se mudou para Fortaleza. Dirk concorda com Ronald no que refere ao poder agregador
Só fica parado quem quer Moradores reunidos na academia.
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Em março de 2016, o Alphaville Fortaleza inaugurou novos espaços para atividades esportivas: duas quadras para a prática de vôlei
de areia e beach tênis, com tela de proteção e iluminação adequada. Em abril do mesmo ano, o campo de futebol teve a grama parcialmente replantada, além de receber vários reparos. Em seguida, uma competição de futebol master marcou a sua reinauguração. Durante semana, o futebol master acontece às quartas e sábados, sendo que em novembro de 2015 os moradores organizaram o 1º Torneio dessa modalidade, com direito a feijoada e música ao vivo para encerrar.
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corredores que enfrentam duras provas de resistência, mesmo não almejando a formação de atletas profissionais. “Eu sou um dos barrigudos que corre”, sorri Ronald. Cheios de determinação, os alpha runners participam dos maiores eventos do país no segmento corridas de rua, incluindo a Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro, e já se preparam para os eventos fora do país.
ESTRUTURA PARA SUAR E RELAXAR
Compartilhar interesses é uma forma de unir jovens e adultos.
do esporte. "Compartilhar interesses é uma forma de unir a vizinhança", acredita. Com a formação das escolinhas de diferentes modalidades esportivas – vôlei, natação, futebol, zumba, pilates etc – só fica parado quem quer. Ronald reforça: "Através das escolinhas, eu conheci 80% dos moradores. Dessas escolinhas surgiram vários outros grupos. De 2015 para cá houve um boom de participação da comunidade através do esporte". Hoje, o Alphaville Fortaleza conta com maratonistas e
"Minha rotina era sempre sair à noite para restaurantes, bares. No Alphaville, isso mudou. O lazer passou a ser durante o dia, com esportes"
Com programação social, esportiva e cultural para todas as idades, o Alphaville Fortaleza Clube é onde todos se encontram. Dispondo de campo de futebol, quadra de tênis, quadra poliesportiva, academia, piscina e uma situação geograficamente privilegiada, o clube se tornou sinônimo de convívio entre amigos, estrutura de lazer e bons momentos em família. Seu papel na vida dos moradores é marcante. Do início até os dias de hoje, vários cursos, serviços e melhorias foram sendo introduzidos, de acordo com os desejos e demandas apresentadas por adultos, jovens e crianças. O novo espaço da academia conta com 250m² de área interna de sombra, o que torna o ambiente ainda mais aprazível. Hoje há cursos de luta marcial, krav maga, muai tai, zumba, pilates, corrida, funcional, natação, futebol, vôlei e outras modalidades. Gilberto Fonte, o Giba, responsável pela recreação do clube,
Confira os principais registros do Alphadventures
Marco Melo, morador desde 2008
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ALPHA ADVENTURES
Correr, respirar, superar limites: viver melhor.
lembra que o esporte também promove a integração das crianças. "Essa criançada vem para participar de natação, vôlei, futebol... E todas as escolinhas estão superlotadas. A demanda é muito boa. A criança acaba socializando e sabendo mais sobre o esporte". O Alphaville Fortaleza cobre 100% do custo da maioria das escolinhas. Nas demais, sede o espaço e os recursos necessários para a aula acontecer, com a vantagem de o aluno não precisar sair do condomínio e, de quebra, arcar com um valor bem abaixo do custo de mercado.
Idealizado pela Diretoria de Esportes do Alphaville Fortaleza Clube, o projeto Alpha Adventures é uma celebração à alegria de cuidar de si a partir da interação com o outro. O dia de atividades esportivas começa às seis da manhã, com corridas de 5 km e 10 km, dentro do residencial, e só acaba às 17 horas. Em 2005, o evento reuniu mais de 200 pessoas e contou com o patrocínio de empresas parceiras, além de toda a estrutura de uma corrida de rua, incluindo ambulância, chip de marcação de tempo e premiação para os vencedores. Nessa edição, além da corrida os participantes se dividiram em várias atividades esportivas: crossfit, zumba, jiujitsu, natação, vôlei, ballet, ladies camp (esporte de treinamento exclusivo para mulheres), krav maga (arte marcial de defesa pessoal), dentre outros. Quem já participou, diz que experiência é imperdível. Apesar de todo o aparato técnico, o objetivo não é estimular a concorrência entre os atletas, mas integrar a vizinhança. Ao compartilharem o mesmo torneio de vôlei, por exemplo, pessoas que não convivem no dia a dia acabam desenvolvendo laços de companheirismo. Após a última prova, há a premiação dos Destaques Esportivos do ano e uma confraternização com rodízio de pizza, quando os atletas podem recuperar todas as calorias perdidas durante o dia. Ao longo da história do Alphaville Fortaleza, outros torneios e
"Aqui a vida muda completamente. Você tem mais chances de praticar esportes – caminhadas, passeios de bicicleta. São possibilidades mais difíceis de acontecerem dentro de um prédio" João Celso de Barros Lopes, morador desde 2009
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campeonatos estiveram na agenda dos moradores, como o Pratique Saúde, cuja primeira edição aconteceu em setembro de 2007, com a oferta de atividades como futebol, musculação, ginástica, hidroginástica, natação e ioga.
O futebol é outra paixão compartilhada por muitos moradores.
Por essas e outras é que o esporte é visto como o fator definitivo de integração entre os moradores do Alphaville Fortaleza, sendo Ronald um dos maiores entusiastas da vida saudável. As razões para isso não são de ordem médica, mas de natureza afetiva: "Não sou dos primeiros residentes, mas comprei meu terreno quando o Alphaville teve um boom de construção. Apesar de ter nascido em São Paulo, me considero cearense e me criei em um bairro onde a gente corria na rua. Eu queria para os meus filhos a mesma qualidade de vida que eu tive na minha infância: de poderem andar de bicicleta, de machucar um dedão do pé jogando bola na rua".
"Não participo de grupos com dia marcado e hora marcada, mas jogo beach tênis, pedalo com meus amigos do condomínio, jogo squash em casa. Vou inventando uma moda a cada dia. Minha esposa participa do grupo de corrida, que treina toda terça, quinta e sábado. Praticamos muito esporte aqui dentro" Eneas Massaglia, morador desde 2005
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RESPON SABILI DADE SOCIAL
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A
dotar uma postura solidária, engajar-se em causas sociais e ir voluntariamente ao encontro do outro são atitudes que transformam a vida de quem doa tempo e dinheiro por um mundo melhor. No Alphaville Fortaleza, a preocupação com o bem-estar social se traduz em ações concretas de mobilização coletiva, sendo crescente o número de pessoas que organizam bazares, quermesses e visitas a lares de idosos, crianças carentes e outros grupos vulneráveis. Esses moradores fazem parte do Alpha Solidário, que pode ser descrito como uma "brigada do bem" cujo objetivo é espalhar benefícios, transformando o que "está fora" a partir de um olhar "de dentro". Francisca Dias, uma das militantes do grupo, explica: "Qualquer campanha que se lance aqui no Alphaville Fortaleza tem uma adesão surpreendente e supera todas as expectativas. Já fizemos campanhas com o prazo de uma semana em que conseguimos arrecadar uma enorme quantidade de doações. Não é só pela questão do tempo, é que as pessoas realmente fazem tudo para ajudar". Apesar de ações pontuais sempre terem existido, o primeiro bazar oficialmente organizado pelo Alpha Solidário aconteceu em outubro de 2015 e contou com o patrocínio dos Mercadinhos São Luiz. Houve venda de bebidas e alimentos, assim como um bingo com produtos doados pelos moradores. "Era um evento bastante
aberto, exatamente para congregar todo mundo e fazer todos trabalhem juntos. Nós conseguimos arrecadar uma quantia bem significativa", recorda Francisca. O sucesso do 1º Alpha Bazar se traduziria, depois, em momentos de alegria para as comunidades de Precabura e Cararu, no Eusébio.
O CAMINHO DA SOLIDARIEDADE Na Precabura, por exemplo, fica o Lar Nossa Senhora de Lourdes, que oferece acolhimento, alimentação, cuidados médicos e atividades de integração para cerca de 70 idosos, a maioria deles carentes e abandonados pelas famílias. Solidária por definição, a entidade se mantém em funcionamento sem qualquer ajuda do poder público, apenas com o apoio dos doadores e voluntários. Com a organização do bazar e de outras iniciativas para arrecadar fundos - como uma quermesse onde se vendeu comida - os moradores de Alphaville conseguiram reunir itens essenciais para o bem-estar da população assistida: lençóis, toalhas, ventiladores, mosquiteiros e até uma máquina de lavar roupa. "Nós listamos as necessidades mais urgentes e
"Eu gosto muito dessas ações de solidariedade, porque elas unem católicos, evangélicos, todo mundo. É nessas horas que você não tem camisa, você apenas quer doar. O esporte e a solidariedade unem demais. Mesmo sendo católico, me dou muito bem com todos os outros" Halley Alencar, morador desde2009
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hoje percebemos que eles têm uma condição de vida melhor. O calor era intenso e havia insetos, mas agora eles estão mais confortáveis", comemora Francisca.
Outra entidade beneficiada é o Lar de Crianças Sara e Burton
Famílias em ação solidária.
Davis, ou simplesmente Lar Davis, que acolhe meninos e meninas em situação de risco e vítimas de violência doméstica, garantindolhes alimentação, educação e proteção. Muitos dos eventos que o Alphaville Fortaleza promove arrecadam, como valor de entrada, latas de leite e alimentos não-perecíveis, que são doados ao Lar Davis. Em datas como o Dia das Crianças, são arrecadados também brinquedos, roupas e artigos de higiene. A entidade funciona no Eusébio e sobrevive de doações, parcerias e convênios.
Muito mais que uma fundação Os projetos da Fundação Alphaville, já abordados no capítulo 04 deste livro, avigoram os elos do residencial com a comunidade, concentrando esforços na sustentabilidade ambiental e no treinamento para o trabalho. Os diferentes projetos atualmente desenvolvidos
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(Programa Jovem Sustentável - Cidadania Digital, Pra Curtir o Pacoti e Coleta Seletiva Municipal do Eusébio) contam com parceiros como o Labomar, a UFC e a Prefeitura do Eusébio, beneficiando as comunidades de Precabura, Cararu e Mangabeira.
Jovens assistidos pela fundação
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O objetivo dos que se engajam em causas sociais não é apenas doar, mas também participar, cultivar amizades e aprender. "Vamos no Lar dos Idosos e acabamos conhecendo todos eles, vivenciando aquela realidade, criando laços. Nosso grupo tem se envolvido em iniciativas de ajuda ao próximo, porém muita coisa ainda precisa ser feita", comenta a médica Marta Medeiros, uma das integrantes do Alpha Solidário.
ANDAR COM FÉ Impossível falar em ação solidária no Alphaville Fortaleza sem citar o Grupo do Terço, que se reúne semanalmente para fazer orações e ler o Evangelho. "O Grupo do Terço acabou unindo as pessoas em torno da religiosidade e fazendo com que muitos se juntassem para ajudar a comunidade lá fora. Elas se encontraram
" Já fizemos a Noite Italiana e outros eventos assim, exatamente para, além de arrecadar fundos para os projetos, também promover o convívio social e a integração entre os moradores"
primeiro no grupo, depois passaram a fazer o bazar e, hoje em dia, têm várias experiências de ajuda a comunidades", pontua o médico Paulo Dourado, um dos fundadores e grande entusiasta do círculo de vizinhos católicos. Tendo acompanhado os primeiros passos do Grupo do Terço, a esposa de Paulo, Rosilene, é uma das que também fazem parte do Alpha Solidário. Já ele, por conta da vida corrida, participa apenas do primeiro grupo. "Mas eu pretendo continuar na adesão assistencial e me engajar em outras frentes. O importante é não entrarmos nessa de ficar enclausurados, protegidos dentro casa, sem fazer nada. Muitas pessoas que vieram ao Alphaville com essa ideia acabaram mudando", afirma Paulo. O trabalho em grupo vem afinando parcerias, aprimorando propósitos e enriquecendo a partilha. "Surgem muitas ideias", conta Francisca Dias. "Semanalmente, há reuniões com a finalidade de organizar os eventos e de acompanhar os projetos. Queremos elaborar mais um projeto para auxiliar os jovens da Precabura, oferecendo qualificação para o mercado de trabalho,
Confira as ações da Fundação Alphaville.
Francisca Dias, moradora desde xxxx
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já que a Fiocruz está sendo implantada no polo farmacêutico do Eusébio".
SOMOS A TRANSFORMAÇÃO Enquanto pensam em novas ações para arrecadar fundos de proteção social, os moradores do Alphaville Fortaleza aproveitam as grandes datas comemorativas - Natal, Réveillon, Dia das Crianças, Páscoa, etc. - para incentivar as doações de leite, alimentos não-perecíveis, brinquedos e outros itens que são enviados às instituições do entorno. "Há também
Crianças e adolescentes também participam dos grupos.
ações isoladas, empreendidas por moradores que já prestavam assistência a uma determinada entidade e que, às vezes, pedem ajuda ao grupo". É o caso do orfanato Casa de Jeremias, que já recebeu auxílio do residencial. Num mundo de conexões sociais, a coleta seletiva do lixo também resulta em ajuda ao próximo com amparo ao meio ambiente, já que os materiais recicláveis são aproveitados pela cooperativa Reciclando Vidas. Para auxiliar catadores, moradores de rua e flanelinhas, a cooperativa faz o recolhimento e a triagem do lixo seletivo em residências, empresas, escolas, universidades e condomínios. O Alphaville Fortaleza é um dos que colaboram com o programa , ajudando a transformar em fonte de vida digna o que antes era descartado. Ao afirmar: "Sejamos nós a transformação que queremos no mundo", o líder pacifista Mahatma Gandhi trazia para cada ser humano a responsabilidade de lutar por uma vida melhor a partir de uma posição firme e tranquila, capaz de produzir melhorias permanentes. Com o engajamento voluntário em causas que fortalecem a justiça social, os moradores do Alphaville Fortaleza reforçam, também, a certeza de que todo passo é válido nesta caminhada rumo à igualdade, à tolerância e à convivência harmoniosa entre as pessoas. Afinal, como também dizia Gandhi: "Não existe um caminho para paz! A paz é o caminho!".
Gol de placa Futsal infantil na escola Elisbão Pio.
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No dia 05 de dezembro de 2015, o Ginásio da Escola Elisbão Pio amanheceu em festa, com os alunos intensamente envolvidos no campeonato
de futsal infantil, projeto que beneficia pequenos cidadãos do Eusébio. Realizada pela Associação dos Moradores e Amigos da Precabura, a iniciativa contou com o apoio de moradores do Alphaville Fortaleza, que, com o dinheiro obtido no Alpha Bazar e na Noite Italiana, puderam garantir o lanche de confraternização e oferecer todo o material esportivo utilizado no campeonato (uniformes, chuteiras, bolas, medalhas e troféu).
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ARTES E FESTAS
FESTEJAR É VIVER
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O
calendário do Alphaville sempre destacou de maneira especial as datas comemorativas, por serem ocasiões perfeitas para juntar a família, unir amigos e congregar a vizinhança. As grandes festas e eventos acontecem, geralmente, no club house, que fica no ponto mais elevado do residencial, de onde se avista o mar emoldurado por dunas e pela paisagem do Rio Pacoti. Muitas festas já entraram para o calendário permanente dos moradores: Réveillon, Natal, São João, Halloween, Dia das Mães, dos Pais, das Crianças, dos Namorados, pré-carnaval e uma infinidade de encontros que tornam a vida mais leve e a convivência ainda mais próxima. "Foi surpreendente ver em um só lugar: sofisticação, descontração, animação, ambiente familiar, alto astral, bufê diferenciado e um espetáculo de fogos de artifício que encheram os olhos para a chegada de 2009", escreveram os moradores Rafael e Ana Karine Beviláqua no n°13 da revista AlphaVida (jan/fev/mar 2009). Naquele ano, o Réveillon congregou 400
pessoas e uma divertida novidade: ao entrar, cada convidado era fotografado e, durante a noite, todos podiam ver as imagens num telão. Outro sucesso foram as coquetelitas com seus criativos coquetéis e o bufê variado, que funcionou até as 5h da manhã. Surpresas não faltaram ao longo dos anos, menos ainda pessoas dispostas a colaborar. Criativos, familiares e agregadores, os eventos do Alphaville Fortaleza são registros que se perpetuam na memória dos moradores.
1. Réveillon: boas vibrações Celebrar o novo ano com uma grande festa, mas sem se afastar de casa, sem enfrentar engarrafamentos e sem risco de violência. O Réveillon é um dos eventos mais concorridos, com
Cursos para os moradores As parcerias são importantes para a realização de atividades e cursos em Alphaville. Com o apoio do Grupo M. Dias Branco, já houve oficinas de cozinha experimental para crianças e adultos, com o objetivo de despertar o interesse pela culinária e a importância de hábitos alimentares mais saudáveis. Receitas simples mas saborosas mantiveram o interesse dos
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aprendizes até o fim. Já o apoio da Associação dos Apreciadores de Vinho (Viticultura) foi importante para o encontro de reuniu, em 2008, pessoas interessadas em saber um pouco mais sobre essa bebida milenar. Muitos outros eventos aconteceram ao longo dos anos, alargando horizontes, aprofundando conhecimentos e garantindo momentos aprazíveis para os alunos.
Oficinas de cozinha experimental: hábitos mais saudáveis.
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queima de fogos, música ao vivo, brindes no deck da piscina, ceia com espumante e inovações que sempre superam as expectativas. As crianças têm uma programação especial, com recreadores e um bufê exclusivo. Algumas festas são temáticas, como a de 2010, que homenageou a África do Sul por causa da Copa do Mundo. Abrilhantando a noite, a queima de fogos chegou a 15 minutos em 2016.
2. Natal de luz, festa de amor O Natal não se resume a uma bela festa em Alphaville. Em 2015, por exemplo, o ciclo foi aberto com a inauguração da iluminação e a apresentação do coral de crianças organizado por Tereza Caracas, sob a regência do músico Cumpadre
Barbosa. A chegada do Papai Noel também divertiu pais e filhos, assim como a peça Contos de Natal, apresentada pelas crianças da companhia de teatro Arte no Clube, com direção da professora Debby. Doações de brinquedos, roupas, artigos de higiene e alimentos são enviadas para instituições como o Lar Davis, que cuida de crianças que foram separadas de seus pais pelo conselho tutelar
3. Alegria no dia das crianças Para comemorar o Dia das Crianças, o Alphaville Fortaleza prepara uma programação especial com a ajuda de mães e pais. Em 2006, quando a revista AlphaVida registrou o primeiro Dia das Crianças do residencial, houve oficinas de argila, pinturas nos rostos e animadores contratados. No ano seguinte, malabaristas, palhaços, mágicos e pernas-de-pau trouxeram literalmente o circo para dentro do clube. Na ocasião, foram arrecadados 370 kg de alimentos para distribuição a famílias carentes. Em 2015, as crianças participaram do Café Teatro, de uma Oficina de Artes e de uma animada festa na piscina.
"Temos vários eventos sociais marcantes. O que eu mais gosto é a festa junina, quando a gente consegue reunir praticamente todo o Alphaville. E a cada ano que passa, a festa se torna melhor. Eu já fico até pensando como vai ser no próximo ano" Ronald Salmin, morador desde 2008
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4. É são joão, é são joão! Barraquinhas de comidas típicas, forró pé de serra, decoração temática e quadrilha com direito a casamento caipira. Não há quem resista ao São João do Alphaville Fortaleza, uma das festas preferidas dos moradores. Enquanto os pais confraternizam, a criançada se esbalda em brincadeiras como pescaria, jogo de dardos, argolas, touro mecânico e cama elástica. Durante o arraiá, são eleitos o Casal Matuto Adulto e Infantil. O São João de 2015 foi o maior evento do primeiro semestre do clube, com cinco horas de duração e mais de 600 participantes. Em 2016, o sucesso se repetiu.
5. Dia das mães e dia dos pais Os meses de maio e agosto são especiais, por causa das festas das mães e dos pais, que são preparadas com carinho por uma comissão formada por moradoras, cujo empenho faz com que as homenagens se tornem realmente inesquecíveis. O Dia das Mães costuma ter seu ponto alto num almoço que reúne as famílias e o Dia dos Pais tem feijoada, chope, samba e chorinho. Além disso, a organização dos eventos organiza uma semana inteira de programação especial, com atrações como massoterapia, palestras, gincana maluca e passeio ciclístico em família.
6. Noite dos namorados Os laços que nos unem ficam mais fortes quando rimos, dançamos e celebramos juntos. Por isso, o Dia dos Namorados jamais passou em branco no residencial, que se preocupa em deixar o clube mais bonito e acolhedor, já que é lá que os casais apaixonados se encontram para uma noite de música ao vivo, brindes e surpresas. Enquanto em 2014 o clima era romântico, com um jantar especial e o sorteio de uma joia, em 2016 a noite foi regada a chope, petiscos e muita animação. As fotos estão aí para provar, perpetuando os bons momentos para sempre.
7. Alphamigos: laços que unem Para celebrar, cultivar e cativar as amizades, o residencial realizou, no dia 08 de abril de 2015, uma programação alusiva ao Dia do Amigo, que começou às 6h, com um cover de Charlin Chaplin dando olá e desejando paz no trânsito. Às 19h, os alphamigos se reuniram para um rodízio de pizza com música ao vivo no salão de festas do clube, onde os membros que compõe as comissões do residencial foram homenageados. Os
"Acredito que o nosso São João é a festa que mais integra a comunidade; as pessoas vêm com suas famílias, as crianças brincam, todos estão lá para interagir, conversar, dançar na quadrilha, tenha ela feito algum ensaio ou seja ela improvisada" João Celso de Barros Lopes, morador desde 2009
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moradores também elegeram os vizinhos que se destacaram em 10 categorias: festeiro, tagarela, engraçado, zen, simpático, alegre, prestativo, jardim, esportista e selfies.
8. Uma noite italiana
9. Pré-carnaval animado
Em novembro de 2015, mais de 200 moradores se reuniram para a Noite Italiana, com música ao vivo, pratos típicos e recreação infantil, além do sorteio de uma bicicleta e de uma peça de arte doada pela moradora Sandra Pontes. A renda da Noite Italiana foi somada aos recursos arrecadados no 1º Alpha Bazar e utilizados em benefícios das comunidades vizinhas. O Alpha Bazar de roupas e acessórios aconteceu em outubro, na Praça Pacoti, com a venda de alimentos e de bebidas e um bingo de produtos doados por moradores. O valor arrecadado beneficiou as comunidades dos bairros Precabura e Cararu.
Uma camiseta amarela com o desenho de três foliões em uma pequena ilha em que se avista uma placa com a palavra Paraíso. É essa a marca do Bloco Quem Mora Longe é Tu, uma estrela ascendente no pré-carnaval do Alphaville Fortaleza, evento que em 2016 aconteceu no dia 29 de janeiro. A abertura da festa foi às 21 horas com a banda Cuzcuz cum Ovo, seguida da cantora Rafaella Manville. Criado por um grupo de moradores, o Quem Mora Longe é Tu levantou a poeira do salão e conquistou novos adeptos, espalhando alegria também na programação de carnaval oficial do clube.
O clube como espaço de todos "É o melhor lugar para passarmos horas de lazer e conhecermos pessoas felizes, algumas no mesmo contexto de vida em que
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nós estamos, outras começando a trilhar o que já passamos. Acertamos em vir para cá. Nada como ver a vida com otimismo e manter bons relacionamentos", escreveu na revista AlphaVida n°14 (abr/mai/jul 2009) a moradora Verônica Maria Beviláqua Mendes, que em 2007 se mudara com o marido para o residencial. "Há dois anos convivo com a realidade do nosso clube e a cada vez vejo-o como uma extensão da minha casa (...), um lugar para embarcarmos em novas andanças sociais, um fator essencial para enfrentarmos os entraves dos caminhos com alegria nos nossos corações", finaliza Verônica.
O clube como extensão de casa espaço de união.
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1 Fogos tornam ainda mais festiva a noite de réveillon.
2 Crianças reunidas: símbolo de um novo tempo.
3 De dia ou de noite, a animação dos eventos é a mesma.
4 No São João, quadrilha e comidas típicas.
"O São João é um dos melhores eventos. No ano passado fizemos o casamento caipira, uma quadrilha improvisada, as crianças participaram de brincadeiras como a pescaria... São muitas atividades e eventos para unir e proporcionar lazer" Gilberto Fonte, Giba, responsável pela recreação do clube
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5 A boa mesa ajuda a tornar inesquecíveis os eventos.
Clima romântico na noite dos namorados.
7 Carlitos apareceu para movimentar o dia.
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8 Noite italiana com muita descontração.
9 Shows musicais fazem parte das atrações.
"O nosso Natal tem sido realmente muito marcante, assim como a Festa dos Namorados, que é organizada pelo nosso grupo. E tem também o São João, que foi sempre muito bom" Paulo Dourado, morador desde 2010
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Meninos e meninas chegam cedo e parecem não cansar. A colônia de 2006, por exemplo, primeira registrada pela revista AlphaVida, aconteceu entre os dias 10 a 13 e 17 a 20 de janeiro, com uma série de atividades e um lanche servido para reabastecer as baterias. Em julho do mesmo ano, aconteceu outra colônia, também com gincana aquática, escolinha de futebol, pintura, sessão de desenhos, filme e apresentação de dança. Uma participação muito especial foi a do Corpo de Bombeiros, com palestras sobre combate a incêndios, primeiros socorros, ajuda em casos de afogamento.
Gincanas e disputas amigáveis para a meninada.
COLÔNIA DE FÉRIAS Gincanas na piscina, esculturas com balões, jogos de memória, bingo temático, caça ao tesouro, brincadeiras que estimulam a coordenação motora e a socialização dos pequenos – tudo isso desenvolvido ao longo do dia, sob a coordenação cuidadosa de uma equipe especializada. Todos os anos, as colônias de férias do Alphaville congregam a criançada no período de recesso escolar, enchendo o ar de risadas e gritos eufóricos.
"Gosto muito dos eventos do condomínio, pois são uma oportunidade para conhecermos mais moradores e estreitarmos os laços de amizade. A Festa dos Namorados de 2015 foi a que mais gostei"
A alegria de quem teve um dia especial.
Veja a animação do AlphaFolia 2017.
Marta Medeiros, moradora desde 2013
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A cada ano, a colônia de férias surge com inovações que alegram e surpreendem, mas sempre mantendo atividades que despertam o espírito de equipe, o senso de liderança e o envolvimento comunitário. Em 2016, meninos e meninas se divertiram com brinquedos aquáticos e brincadeiras como caça aos bichos e canibal. Na inscrição, os pais doaram latas de leite, que foram distribuídas entre duas associações de apoio a crianças e idosos.
FAZENDO ARTE A verve artística dos moradores pode ser desenvolvida e aprimorada no grupo de teatro que se reúne todas as semanas no clube. A professora Debby cuida de todos os detalhes e faz a turma soltar a imaginação. Em 2016, houve oficinas de teatro entre os dias 12 e 30 de julho para as crianças, que puderam cursar módulos independentes, com interpretação de contos,
Fazer arte é pura diversão.
customização de máscaras, fantoches, figurino e cenário. E no dia 07 de julho de 2016, um recital de piano da meninada que estuda com a professora Mysia Ferreira encantou os moradores.
"O evento que eu considero mais interessante é o Réveillon, porque faz com que as pessoas tenham a oportunidade de passar o ano juntas, com alegria, tranquilidade e conforto. É o que mais me toca, tanto que não tenho vontade de passar em outro local" Nátia Quezado, moradora desde 2007
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VIZI NHANÇA EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA
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iferente dos prédios, em que as pessoas se encontram apenas no elevador, as comunidades horizontais induzem, talvez de modo mais enfático, os encontros entre os vizinhos. A facilidade para a prática de esportes, o espaço propício a caminhadas, a formação de grupos como o de corridas, os eventos no clube e a existência de calçadas tranquilas para passeios em família vão resgatando e transformando formas de convívio. "O Alphaville Fortaleza foi pensado de uma maneira que as crianças possam se deslocar sozinhas, ir para a casa dos amiguinhos de bicicleta ou a pé, se encontrar na praça ou no clube. E isso eu tive na minha infância", lembra João Celso de Barros Lopes, que estabeleceu com um dos vizinhos uma relação tão amistosa que nem o muro lateral serve de limite
para as crianças. "Tem uma escada do nosso lado e um cavalete no lado dele, e os meninos atravessam de uma casa pra outra por cima do muro", sorri. Para a médica Marta Medeiros, essa convivência é a grande vantagem do residencial. "As pessoas, por receio do isolamento, procuram conhecer um maior número de moradores, e se associam para a partilha de informações e ajudas mútuas".
Grupo do Terço: solidariedade, fé e preocupação social.
A história de um grupo O mês de maio de 2010 foi especial para Paulo, Rosilene e seus seis filhos – Rebeca, Daniel, Davi, Levi, João e Sara ¬– pois marca a data em que eles trocaram de vez a vida num apartamento por uma casa em Alphaville Fortaleza, motivados pela vontade de ter novamente um quintal, além de mais tranquilidade no dia a dia. Ao chegarem, Paulo e Rosilene, que antes participavam na Comunidade
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Face de Cristo, encontraram outro casal católico, Halley e Magali, às voltas com a ideia de reunir a comunidade religiosa do residencial. Foi então que convidaram o pároco do Eusébio, Padre Leonardo Wagner, para falar sobre a vivência do Natal. "Nós fizemos uma convocação, fomos às casas, botamos os convites
nas caixinhas do correio, embaixo da porta", recorda Paulo Dourado. Cerca de 30 pessoas compareceram. "Então, o padre Leonardo nos sugeriu ampliar a questão da evangelização dentro do Alphaville". A advertência para fugirem do isolamento pessoal e familiar encontrou terreno fértil nos corações de muitos moradores, fazendo nascer, ainda em 2011, o Grupo do Terço. O círculo de católicos começou com poucos casais reunindo-se uma vez por semana. Com o tempo, os filhos dos condôminos, incluindo
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seja ele, há pessoas boas e pessoas que precisam melhorar, principalmente os que, por terem uma boa condição financeira, acham que podem pisar nos direitos dos outros". Para acertar na receita, o também morador Ronald Salmin acredita que a melhor medida é o bom senso: "É como um casamento: todo mundo tem que ceder um pouco".
RESPEITO É BOM Ser livre, mas respeitando a liberdade dos outros. É o que defende Nátia Quezado. "No Alphaville, o fato das residências não terem aquela proximidade que os apartamentos têm entre
Confraternização movida pelo espírito solidário.
Naturalmente, há percalços no caminho. "Estamos em processo. O Alphaville Fortaleza reúne pessoas dos mais diversos níveis educacionais, sociais, culturais e religiosos, com objetivos de vida diferentes", considera. Extremamente atuante nas redes de apoio social, Marta acredita que ainda será possível construir uma comunidade onde todos "vivam e trabalhem para si e para os outros". Destacando o respeito recíproco como expressão-chave para resolver qualquer situação, Edson Peixoto reconhece que há conflitos: "Em um ambiente comunitário, qualquer que
as crianças, foram se introduzindo no grupo, que hoje congrega dezenas de famílias, com encontros às segundas-feiras na casa de algum integrante ou na pracinha do Alphaville Fortaleza. "A reunião se inicia com o terço, depois lemos e discutimos o Evangelho do próximo domingo. É um momento extremamente rico de partilha, de inspirações e de graças concedidas", define Marta Medeiros, uma das integrantes. Com o tempo, outras atividades foram incorporadas, além do momento do terço: a coroação de Nossa Senhora, a Via Sacra, novenas preparatórias para o Natal e a Quaresma e retiros espirituais para casais. A adesão dos
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Encontros ao ar livre congregam grupo de orações.
moradores é tão consistente quanto a que se dá nos eventos festivos. "Tivemos duas Caminhadas com Maria. A primeira foi muito pitoresca porque aconteceu na época das primeiras manifestações contra o Governo. Imagine um carro de som com cerca de 100 pessoas andando atrás, pelas
ruas do Alphaville Fortaleza! Alguns pensaram que era uma manifestação e ligaram para a administração, dizendo que estava acontecendo uma passeata ali! (risos)", recorda Paulo. Hoje, há missas quinzenais no Alphaville Fortaleza ministradas pelo novo padre da Mangabeira, Pe. Litércio Pimentel, e o grupo já sonha com a construção de um espaço para celebrações, uma espécie de capela ecumênica capaz de acolher moradores das mais diversas tendências religiosas.
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si, fez com que grupos fossem criados. Então, as pessoas que integram esses grupos dividem os mesmos pensamentos, objetivos e ideais. E um determinado grupo, feito com certa finalidade, acaba criando elos entre as pessoas". Halley Alencar concorda: "Aumenta cada vez mais o número de grupos e, com isso, melhora a convivência". Eles comparam a experiência comunitária a um organismo em que as interligações se dão a partir de causas comuns: "Nos grupos, você acaba fazendo uma gestão compartilhada porque,
Passeio ciclístico infantil: diversão e vida saudável.
ao se formarem, eles influenciam as lideranças", diz Nátia. É o caso da turma que cuida dos eventos, em consonância com a diretoria social, pois esta não decide nada sozinha. Ao se constituírem, os círculos de interesses coletivos acabam traduzindo exatamente os anseios da comunidade. A organização é importante, porque qualquer agrupamento está sempre aperfeiçoando os mecanismos que facilitam a convivência. Em 29 de julho de 2008, por exemplo, a assembléia geral da Associação Alphaville aprovou o regulamento de posse, guarda e condução de animais domésticos no residencial, com o objetivo de assegurar a proteção, a segurança e o bem-estar dos moradores e dos animais. Na opinião dos membros do Conselho Diretor, o ordenamento interno é mais um exemplo de coletivismo bem sucedido.
Tem de tudo um pouco Esportes, política, negócios, educação, festas, dicas de alimentação, assuntos femininos, tema que agradam aos homens: há de tudo um pouco no whatsapp. O aplicativo tem ajudado a unir a vizinhança e a estreitar afinidades, agilizando a comunicação de maneira rápida e informal. "Por baixo, deve haver uns 50 grupos, que se dividem por guetos, por idade, por tipos de gosto. Tem
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o grupo dos que andam de moto, dos esportes radicais, dos católicos, dos evangélicos", enumera Ronald Salmin. "A vantagem é podermos nos comunicar melhor. Jogamos um banner num grupo e pedimos para replicar para outros". O whatsapp é um aplicativo citado por
vários moradores como um fator agregador, mas que também pode provocar alguns "ruídos" de comunicação. "Para quem está à frente da administração, pode ser complicado, porque há pessoas que acham que entenderam de uma forma, e é de outra", lembra João Celso de Barros Lopes, que tem experiência na Comissão de Segurança e na Comissão de Esportes, já tendo sido eleito membro do Conselho Diretor e parte do Comitê Executivo. Ele acrescenta: "De qualquer forma, é uma
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Novas habilidades construídas em conjunto.
A organização é importante para os mecanismos de convivência.
Outro fator fundamental é a comunicação entre os membros do Conselho e os condôminos, que sempre foi reforçada por uma série de informativos. O site do residencial, com notícias, imagens de eventos e informações relevantes para a comunidade foi recentemente reformulado. A partir de um cadastramento simples, é possível reservar pela Internet equipamentos, como a quadra de tênis, de futebol ou o salão de festas, assim como comprar ingressos para eventos promovidos pelo clube.
ferramenta fantástica, que possibilitou a integração de muitas pessoas com interesses comuns". Edson Peixoto acredita que o aplicativo mudou não apenas o conceito de comunicação, como também de amizade. Já Halley Alencar diz que participa de quase tudo e que é preciso aceitar as divergências.
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PLA NOS
UM OLHAR PARA O AMANHÃ
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relatório Cidades do Mundo, divulgado em 2016 pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) define como insustentável o atual modelo de urbanização do planeta, apontando a desigualdade social e a proliferação de favelas como feridas a serem sanadas junto com a questão climática, a destinação do lixo e as ameaças ambientais. Debruçando-se sobre os altos e baixos do desenvolvimento, o estudo analisa as tendências urbanísticas e deixa claro que é preciso estabelecer “novas formas de colaboração, cooperação,
Pedalar é uma das delícias de Alphaville, independentemente da idade.
planejamento, governança e financiamento” a fim de oxigenar os pulmões e manter saudável o coração das cidades, onde viverão dois terços da população global até 2030. O impacto do contingente populacional sobre o meio ambiente já é assombroso. Os 3,5 bilhões de habitantes urbanos consomem 75% da energia disponível e concentram 80% das emissões de gases que causam o efeito estufa. Essa multidão aglomerada nos médios e grandes centros, em frenética produção, é responsável por 80% do PIB mundial e por grande parte do consumo. Juntas, as cidades seduzem cada vez mais moradores, empresas e negócios rentáveis, ao mesmo tempo em que impõem desafios a governos, ambientalistas, urbanistas e arquitetos. As boas notícias, segundo o mesmo estudo, é que os centros urbanos brasileiros são mais igualitários do que eram há 20 anos e que o país reduziu em 25% a população morando em favelas. Mas, entre a realidade que avistamos e o mundo que realmente queremos, há um longo caminho a ser percorrido. Vale salientar que o Estatuto da Cidade (lei 10.257 de 10 de julho de 2001) regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, defendendo o trabalho conjunto em prol de centros de convívio sustentáveis, com acesso a infraestrutura, serviços públicos, transporte, lazer e um ambiente equilibrado para “as futuras e presentes gerações”.
Como em qualquer cidade do mundo Com ruas que se espraiam por um grande terreno, o Alphaville já teve que lidar com a questão do trânsito, como em qualquer cidade existente. No dia 19 de abril de 2011, os conselheiros discutiram a realocação da verba de investimento para execução da calçada lateral a faixa de ciclovia. Ficou decidido que a calçada deveria ter 1.600 metros de comprimento por dois metros de largura, estendendo-se da portaria até o final do Residencial 3. Já a ciclovia teria 60
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cm, com uma faixa de 20 cm sinalizada por taxas luminosas, o chamado "olho de gato". Foi também aprovada a verba para a construção de uma cisterna para o sistema de irrigação na rotatória central do loteamento. Algumas atualizações no regimento interno precisaram ser feitas. O artigo 13 passou a incluir a proibição de obras e reformas aos
sábados domingos e feriados; e o artigo 20 foi reescrito para deixar claro que "a preservação do sossego alheio independe de horário, devendo ser respeitada durante todo o dia". Como é natural, os ajustes de conduta e de comportamento permaneceram em pauta durante todos esses anos. Em julho de 2012 foram construídos 1.600 m² de calçada interligando a portaria ao residencial Iracema, finalizando-se, desse modo, o caminho para pedestres na avenida principal de acesso aos residenciais Dunas,
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Pertencer a um lugar é ter com ele laços de afeto e respeito.
Planejamento parece ser a palavra ideal quando se fala em mudança inteligente e soluções para o futuro, mas avanços consistentes exigem o envolvimento da população, resgatando um sentido que subverte a lógica da destruição: o de pertencimento.
Pertencer a um lugar é ter com ele laços de afeto tão profundos que o respeito se torna uma consequência natural da convivência. É com pertencimento que amamos. É com amor que somos capazes de transformar. Porque a cidade é exatamente isso: uma grande construção coletiva, que se torna melhor ou pior a partir do empenho do poder público e do afeto de seus habitantes. A emergência dos chamados condomínios horizontais ou loteamentos fechados com estrutura de serviços e lazer nas grandes cidades brasileiras é a expressão de um desejo de mudança. O desejo
Pacoti e Iracema. Essa importante obra trouxe melhorias na mobilidade e segurança para pedestres dentro do Alphaville, sendo executada de acordo com o projeto disponibilizado pela matriz do Alphaville Urbanismo.
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de viver em um lugar limpo, bem ordenado e seguro, com uma cultura de cuidados capaz de superar as dificuldades do dia a dia, inclusive aquelas relacionadas ao uso dos espaços comuns. Tratase de um exercício que envolve as diretrizes básicas da cidadania, resgatando padrões saudáveis de comportamento e convívio. O que se busca não é apenas um abrigo. É um lugar onde os vínculos comunitários sejam tecidos diariamente, a despeito do caos urbano que angustia os moradores das grandes cidades. A aposta em energia renovável, a água 100% reaproveitada, a preservação das áreas verdes e a coleta seletiva do lixo fazem de Alphaville Fortaleza um laboratório de boas ideias a serem replicadas. O que mais chama a atenção, porém, é a autonomia dos movimentos de associação dos moradores.
Resgatando padrões saudáveis de convívio e cidadania.
"Essa é a nossa maior riqueza. A diretoria tem o seu papel, mas o mais impressionante é a espontaneidade da agregação. O Alphaville Fortaleza subverteu a dinâmica dos condomínios em que as pessoas vivem isoladas umas das outras. Nós criamos aqui uma vivência comunitária que a maioria dos moradores nem
Viver bem: um anseio do planeta Os condomínios verticais e horizontais parecem ser uma tendência não apenas no Brasil, embora aqui eles tenham se deparado com um terreno fértil para florescer. As várias modalidades de residenciais encontram no
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Alphaville um padrão único de qualidade, com arruamento planejado, infra-estrutura individualizada e entrada controlada – mas as novidades não param de surgir.
Exemplo disso é o Heidelberg Village, maior condomínio sustentável do planeta, que está sendo construído na Alemanha, com usina solar própria, jardins verticais e várias soluções sustentáveis para os 162 apartamentos. Os telhados terão placas fotovoltaicas e as paredes externas serão cobertas por vegetação, formando um jardim vertical gigante para auxiliar no controle térmico e na manutenção da qualidade do ar. Além dos condomínios sustentáveis, nos últimos anos vimos surgir o conceito de
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sequer havia experimentado nos bairros onde moravam", acredita o morador Rômulo Alexandre Soares. Por ser muito maior que um condomínio, o Alphaville tem vida própria, como um bairro da cidade. A manutenção das calçadas, a conservação das ruas e as regras de convivência são decididas internamente. "A nossa experiência comunitária é nossa. Nós assumimos a responsabilidade de educar coletivamente, de apontar gestores, de conviver com respeito, de enfrentar esse desafio". Combalida pela violência e pelas diferenças sociais, falta à sociedade brasileira a perspectiva comunitária: um cenário participativo, autônomo e inclusivo, onde se exerçam plenamente os direitos e deveres que nos cabem, sempre em prol do bem comum. "Entregamos muito poder aos políticos. Está na hora de trazermos esse poder de volta", enfatiza Rômulo, lembrando que grande parte das pessoas só se preocupam em cuidar do que existe dentro do seu muro, delegando a terceiros a responsabilidade sobre o que acontece "do seu muro para fora". A sensação de pertencimento parece ser a chave para a participação dos moradores nos cuidados com o bom ordenamento do residencial. São eles que cuidam do espaço, da iluminação, das quadras, do clube, do sentidos do trânsito. Há conflitos, formas diferentes de governar, decisões nem sempre acertadas e resoluções que não se complementam, mas também existe muita vontade de
cidade inteligente, capaz de oferecer soluções tecnológicas que facilitam a vida e mudam a forma de morar. Barcelona, Estocolmo, Cingapura Califórnia: metrópoles de todos os continentes já avançaram bastante nesse quesito. O número de dispositivos móveis conectados tende a ser
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fazer o melhor, de conviver em harmonia com a APA, de interagir com a população do entorno, de azeitar os mecanismos de gestão, de desburocratizar as obras sem perder a transparência dos orçamentos. O desafio que se coloca no horizonte pode ser resumido na reflexão do professor e senador Cristóvam Buarque: "É possível viver sem muros no Brasil. Podemos construir uma sociedade com um grau razoável de justiça, uma sociedade pacífica. Não faltam recursos financeiros para a revolução de um choque social, o que falta é mudar a lógica. A segurança não virá de mais segurança, e sim de menos desigualdade. E a desigualdade não diminui com o aumento da riqueza, mas sim com políticas públicas que garantam os bens e serviços de que a parcela pobre da sociedade precisa, principalmente educação". Ajudar a administrar o bairro em que se vive é uma tarefa que depende de pequenos gestos cotidianos, e um deles se relaciona à supervisão dos agentes responsáveis pelas políticas públicas. "Muitas pessoas criticam o valor do IPTU, mas aqui ninguém reclama quando paga a taxa cobrada pela Associação de Moradores, porque sabe que terá retorno", pontua Rômulo Soares, "o ideal seria que essa experiência do Alphaville Fortaleza pudesse ser uma regra, ao invés de se revelar uma exceção. Talvez o maior e mais bonito sonho da sociedade seja justamente construir um mundo sem muros".
cada vez maior e a "internet das coisas" já é uma realidade mundial. Até 2020, calcula-se que 5 bilhões de pessoas estarão concentradas nas grandes áreas urbanas. Por isso, é preciso repensar as cidades, tornandoas mais inteligentes, sustentáveis e organizadas. No Brasil, o Alphaville surgiu como um projeto precursor, e ainda continua ditando regras de bem viver, numa arraigada conexão com as tendências do amanhã.
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