Revista hospital walter cantídio final web

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ISSN 2526-7337

ESTA É UMA PUBLICAÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO | ANO 1 | N� 1 | MAIO 2017

Atendimento especializado

Pessoas com doenças raras contam com Núcleo de Atenção Integral no hospital PÁG. 11

Pioneirismo e inovação

Ceará ganha ambulatório específico para tratar tumores na base do crânio PÁG. 13

OLHAR DO FUTURO

Com foco na saúde ocular de crianças, o Projeto Consultórios Itinerantes de Oftalmologia do HUWC já mudou para melhor a vida de 1.610 meninos e meninas do Ceará PÁG. 8


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REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO


REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO

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EXPEDIENTE SUPERINTENDENTE DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS DA UFC José Luciano Bezerra Moreira

Josenília Maria Alves Gomes Gerente de Atenção à Saúde - HUWC José Luciano Bezerra Moreira Superintendente Complexo Hospitalar da UFC

AO LEITOR

GERENTE DE ATENÇÃO À SAÚDE Josenília Maria Alves Gomes GERENTE ADMINISTRATIVO Pedro Theophilo Ramos Neto GERENTE DE ENSINO E PESQUISA Renan Magalhães Montenegro Júnior DIVISÃO DE GESTÃO DO CUIDADO Maria Airtes Vieira Vitorino DIVISÃO MÉDICA Virginia Oliveira Fernandes DIVISÃO DE ENFERMAGEM Rita Paiva Pereira Honório SETOR DE APOIO DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICO Maria Ozilene Batista

REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO EDITORES Ludmila Wanbergna (MTE 1809) e Djane Nogueira (CE 01243 JP) PROJETO GRÁFICO Loa Publicidade COORDENAÇÃO COMERCIAL AD2M (85) 3258.1001 FOTOGRAFIAS Sarah Serafim TIRAGEM 2.000 exemplares A REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO é uma publicação do Hospital Universitário Walter Cantídio com supervisão direta de sua Gerência de Atenção à Saúde e de sua Unidade de Comunicação Social. De periodicidade semestral, tem circulação gratuita e dirigida, por meio de mala direta, a autoridades e diversos outros segmentos da área da saúde. Ela não conta com recursos do Hospital. Todos os seus custos são cobertos por comerciais de empresas e instituições outras que acreditam no seu elevado grau de abrangência. Esta revista não se responsabiliza pelas opiniões apresentadas nas matérias assinadas. É permitida a reprodução total ou parcial do seu conteúdo, entretanto, solicita-se a citação da fonte e o envio de um exemplar da publicação para a instituição.

Prezado leitor, O Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) é um centro de referência para a formação de recursos humanos e o desenvolvimento de pesquisas na área da saúde, assim como desempenha papel importante na assistência à saúde do Ceará desde 1959. O Hospital Universitário integra o Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC), composto também pela MaternidadeEscola Assis Chateaubriand. Ele está, desde 2013, sob a gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Dedicado às áreas clínicas e cirúrgicas ligadas à atenção terciária, o hospital oferece 156 consultórios para atendimento a 32 especialidades. Em 2016, foram realizadas 234.552 consultas, 6.562 cirurgias e 1.114.393 exames laboratoriais e de imagem. No total, oferece 194 leitos para internação, centro cirúrgico com sete salas, unidade de tratamento intensivo com 16 leitos e sala de recuperação pós-anestésica. Nos últimos 13 anos, o hospital tem apresentado como diferencial o atendimento aos transplantes de fígado, rim, medula óssea, córnea e pâncreas. Somente no ano passado, foram realizados 214 transplantes no HUWC. O HUWC recebe também estudantes em treinamento dos cursos de saúde da UFC, entre outras instituições, e possui 32 programas de Residência Médica e três de Residência Multiprofissional. Estão em desenvolvimento, no hospital, 301 pesquisas clínicas e acadêmicas nas mais diversas áreas do conhecimento. A partir desse cenário, lançamos a primeira edição da REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO, uma publicação semestral que pretende apresentar à sociedade o que se tem e se faz de melhor no Hospital Universitário. A revista estará em hospitais, clínicas, consultórios, laboratórios e unidades afins assim como em outras instituições públicas e privadas que tenham interesse em assistência à saúde, ensino e pesquisa. Nesta primeira edição, o tema central é humanização do atendimento. Convidamos você, leitor, a conhecer a grande mudança que o projeto Consultórios Itinerantes de Oftalmologia tem feito na vida de 1.610 crianças de Fortaleza e de 18 municípios do interior do Estado. A revista também traz o pioneirismo do Hospital Universitário em várias áreas como na Cirurgia de Cabeça e Pescoço e no tratamento de doenças raras na área de Endocrinologia. Isso é só uma amostra do que você vai encontrar nas próximas páginas desta edição marcante para a história do HUWC. Boa leitura!

Quer escrever para a REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO? Entre em contato com a Unidade de Comunicação Social pelo telefone (85) 3366.8183 ou pelo e-mail ascom. huwc@ebserh.gov.br Endereço: Rua Capitão Francisco Pedro, 1290, Rodolfo Teófilo | CEP: 60430-370

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REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO


REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO

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SUMÁRIO Consultórios Itinerantes de Oftalmologia 08 Projeto muda a vida de crianças do interior do Ceará

de Prevenção de Extravasamento 17 Protocolo de Contraste e a segurança do paciente

a especialidade e o pioneirismo 09 Geriatria: do Hospital Universitário Walter Cantídio

Enfermagem e a Humanização no 18 AHospital Universitário Walter Cantídio

11 Núcleo de Atenção Integral no HUWC

20 de vida do paciente diabético

13 específico para tratar tumores craniofaciais

21 no Hospital Universitário

14 capacitação de excelência

22 à pessoa com lesão de pele

15 em 84,6% número de procedimentos

23 comunicação no HUWC

Pessoas com doenças raras contam com

Ceará conta com primeiro ambulatório

Curso de Boas Práticas em Saúde oferece

Linha de Cuidado da Cirurgia Cardíaca aumenta

Consulta de enfermagem contribui para a qualidade

O Serviço Social e a assistência em transplante

A importância da enfermagem no atendimento

O papel da humanização no novo jeito de fazer

16 por alta produção e ensino de qualidade Serviço de Cirurgia Digestiva é destaque

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Tâmara de Araújo Silveira Técnica Óptica da Ebserh, integrante da equipe do Programa Consultórios Itinerantes de Oftalmologia do Hospital Universitário Walter Cantídio

Projeto Consultórios Itinerantes de Oftalmologia muda a vida de crianças do interior do Ceará

E

studos mostram que todas as crianças passam por um período conhecido como “maturação visual”, que é quando o cérebro está “aprendendo” a enxergar. A visão central da criança, do nascimento até aproximadamente oito anos de idade, pode ficar perfeita ou não, de acordo com a qualidade da informação visual que é recebida. Essa informação pode ser aperfeiçoada em crianças com algum tipo de erro refracional com o simples uso de óculos. Ao ser observado esse erro e corrigindo-o com óculos, é possível proporcionar à criança uma visão mais perfeita, fazendo assim com que seu cérebro aprenda a enxergar. É importante salientar que o atraso no diagnóstico oftalmológico em crianças pode ter consequências que vão desde o baixo rendimento escolar, passando por problemas de socialização, até chegar a prejudicar em futuras oportunidades de trabalho já na fase adulta. Nesse contexto, o Projeto Consultórios Itinerantes de Oftalmologia do Hospital Universitário Walter Cantídio tem como objetivo primordial despertar a consciência para a saúde ocular nas crianças que são o futuro do Brasil. Mil seiscentas e dez crianças carentes do interior do Ceará já foram atendidas pelo projeto, no período de dezembro de 2014 a dezembro de 2016. Dessas crianças, um total de 707 está usando os óculos que receberam gratuitamente, mudando de maneira significativa a realidade de suas vidas. A iniciativa faz parte dos programas Saúde na Escola (PSE) e Brasil Alfabetizado (PBA) dos ministérios da Saúde e da Educação, tendo sua iniciativa local elaborada pelo HUWC, sob gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), e atendimento, inicialmente, em 19 municípios do Ceará, conforme determinação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB): Acarape, Apuiarés, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Canindé, Capistrano, 8

Crianças de Capistrano atendidas pelo projeto

Chorozinho, Fortaleza, General Sampaio, Guaramiranga, Horizonte, Itapiúna, Maranguape, Mulungu, Pacajus, Pacatuba, Pindoretama e São Luís do Curu. Os atendimentos são realizados em contêiner instalado no Centro de Desenvolvimento Familiar (Cedefam/UFC), no Campus do Pici da Universidade Federal do Ceará, sob coordenação da Professora Walda Viana Brígido de Moura. Após a primeira consulta, as crianças com problemas refrativos recebem os óculos. Se forem detectados outros problemas oftalmológicos, como traumas, alta miopia, alterações retinianas, ceratocone, ambliopia refracional, catarata, estrabismo, glaucoma e tracoma, as crianças serão encaminhadas ao Ambulatório de Oftalmologia do HUWC, onde passam a ter um acompanhamento especializado. De acordo com a enfermeira do Hospital Universitário Walter Cantídio, Cícera Vanluzia, que faz parte da equipe do projeto, “todas as crianças, e até mesmo alguns adultos do programa Brasil Alfabetizado que apresentem qualquer distúrbio oftalmológico, saem do atendimento no consultório do contêiner com a consulta já agendada, com dia e hora marcados, no

Ambulatório de Oftalmologia do HUWC. Lá, todos são encaminhados aos médicos oftalmologistas do hospital que, de acordo com a especialidade necessária, passam a fazer o acompanhamento do paciente. Para a professora e ex-coordenadora dos programas Saúde na Escola e Mais Educação do município de Chorozinho, Janayna Holanda Lima, o Programa Consultórios Itinerantes de Oftalmologia é de suma importância para o rendimento escolar e também para a convivência das crianças. De acordo com ela, “o aluno Gabriel Fábio das Neves de Oliveira, do Centro de Educação Infantil de Chorozinho, sofre com alta miopia e teve sua realidade mudada após o recebimento dos óculos. Ele chegava a esbarrar nos colegas, mas, hoje, já brinca normalmente e é capaz de fazer suas tarefas escolares. O município de Chorozinho foi reconhecido como o que mais alfabetizou na 9ª Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) do Ceará, em 2016, e o Gabriel é parte dessa vitória”.

EQUIPE DO PROJETO CONSULTÓRIOS ITINERANTES DE OFTALMOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO COORDENADORA: Profa. Walda Viana Brígido de Moura MÉDICOS OFTALMOLOGISTAS: - Hissa Tavares - Fabiana Rocha - Jailton Vieira Silva - Lorena Gomes TÉCNICOS: - Técnica de Enfermagem: Cícera Vanlúzia - Técnica Óptica: Tâmara Silveira

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João Macedo Coelho Filho Chefe do Serviço de Geriatria do Hospital Universitário Walter Cantídio

Geriatria: a especialidade e o pioneirismo do Hospital Universitário Walter Cantídio

A

especialidade médica responsável pelo cuidado de pessoas com idade avançada é relativamente jovem. O termo geriatria foi introduzido em 1909 por Ignatz Nascher, médico vienense radicado nos Estados Unidos. As bases da prática clínica com pessoas idosas, no entanto, foram estabelecidas no Reino Unido, com o trabalho seminal de Marjory Warren (1897-1960), uma jovem médica que, em 1935, tornou-se responsável por uma unidade de doentes crônicos, onde muitos deles praticamente moravam. Essas unidades funcionavam como locais para onde se transferiam pacientes, em sua maioria idosos, considerados indesejáveis ou não interessantes pelos médicos do sistema britânico de saúde. Assumindo com dedicação esses pacientes, Warren conseguiu demonstrar que grande parte poderia ser reabilitada e reinserida na comunidade, reconquistando sua dignidade e bem-estar. Surge, assim, um novo olhar sobre o cuidado das pessoas longevas. No Brasil, a geriatria foi efetivamente introduzida somente na década de 1960, ou seja, mais de 50 anos depois da contribuição de Nascher. Em 1961, é fundada a Sociedade Brasileira de Geriatria (SBG), posteriormente designada Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Em pleno século XXI, ainda são poucas as unidades de geriatria nas instituições hospitalares de ensino do País, a maior parte delas estando situada nas regiões Sul e Sudeste. Em 2002, instalou-se o Serviço de Geriatria do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), com o nome de Centro de Atenção ao Idoso. Essa unidade foi estabelecida como Centro de Referência em Assistência à Saúde do Idoso no Estado

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do Ceará, dentro da iniciativa do Ministério da Saúde para organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso. Nesse Centro, teve início, também em 2002, a assistência a pacientes com doença de Alzheimer e outras demências (Programa de Assistência aos Portadores da Doença de Alzheimer do Ministério da Saúde), até então sem um local de atendimento especializado no Ceará. Atualmente, são mais de 1.500 pacientes em acompanhamento.

“O aumento sem precedentes da população idosa no País seria, por si, suficiente para justificar a importância da geriatria nos dias atuais.” O HUWC foi o primeiro hospital universitário da região Norte-Nordeste a ter uma unidade de geriatria, o que resultou também do pioneirismo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), ao introduzir, em 2001, a geriatria em seu currículo de graduação. Esse feito veio a influenciar as outras escolas médicas do Estado, sendo o Ceará possivelmente a única unidade da federação em que todas as suas faculdades de medicina têm enfoque de geriatria na graduação. Um levantamento feito em 2007 identificou que menos da metade das faculdades de

medicina brasileiras incluíam geriatria ou disciplinas relacionadas ao envelhecimento em seus currículos. O aumento sem precedentes da população idosa no País seria, por si, suficiente para justificar a importância da geriatria nos dias atuais. Em praticamente 30 anos, haverá no Brasil mais pessoas idosas do que jovens. Dentro do grupo das pessoas idosas, o segmento que mais cresce é aquele composto por indivíduos com 80 anos ou mais, chamado “muito idoso” ou “quarta idade”. Trata-se de pessoas com necessidades e demandas bem particulares, apresentando maior risco de dependência funcional, morbidade e uso dos serviços de saúde. Ademais, são indivíduos que, em que pese suas especificidades clínicobiológicas, são habitualmente excluídos dos ensaios clínicos randomizados, gerando lacunas de conhecimento sobre condutas de prevenção, diagnóstico e tratamento nesse grupo. A prática geriátrica requer, assim, para a tomada de decisão clínica, uma criteriosa integração do conhecimento científico com a experiência clínica, as atitudes, os valores e as preferências dos pacientes e de suas famílias. Não seria desejável nem realístico um sistema de saúde no qual todas as pessoas com idade avançada fossem atendidas por médicos especialistas em geriatria e gerontologia. No entanto, muitos idosos, dada a complexidade de seus problemas, precisarão de cuidado mais especializado, o que é um desafio em face do número ainda reduzido de geriatras. Assim, a formação de médicos em geriatria apresenta-se como uma prioridade no Brasil, que está em vias de se tornar um dos países com maior população de idosos no mundo. 9


Atendimento feito durante consulta no Ambulatório de Geriatria

Consonante com esse desafio, em 2010, foi instalada a Residência de Geriatria. Novamente, demarcamos aqui nosso pioneirismo, sendo o HUWC o primeiro hospital universitário do Norte-Nordeste a oferecer Residência nessa especialidade. Ressalte-se, para o sucesso desse programa, a parceria institucional estabelecida, desde o início, com o Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, onde nossos residentes têm treinamento de excelência em áreas como reabilitação e atendimento domiciliar. Outra parceria institucional importante tem sido com a Unidade de Abrigo de Idosos, que é a única instituição pública de longa permanência para idosos (ILPI) no Ceará. Essa instituição alberga cerca de 100 idosos, que recebem acompanhamento por equipe do serviço, que é constituída por docente (preceptor), médicos residentes de geriatria e clínica médica e internos. Trata-se de um local privilegiado para o ensino de geriatria e gerontologia, com ênfase em reabilitação, cuidados paliativos e neuropsiquiatria geriátrica. Esse trabalho possibilita, ainda, a reflexão sobre a importância das ILPIs, uma necessidade cada vez maior em uma 10

sociedade que envelhece, sobretudo para aqueles idosos vítimas do abandono, da solidão e da pobreza. NOVO SERVIÇO O Serviço de Geriatria veio também contribuir para a introdução de uma nova abordagem no HUWC, que, como qualquer hospital moderno, lidará mais e mais com o enfrentamento de doenças crônicas e terminais. Trata-se da instalação, em 2015, do Serviço de Cuidados Paliativos, conduzido em grande parte por exresidentes de geriatria. Em 2017, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, estaremos envolvidos no desenvolvimento de um plano de atenção à saúde do idoso de Fortaleza. A ideia é que o Serviço de Geriatria do HUWC passe a funcionar articulado com um conjunto de equipes de Saúde da Família, criando assim oportunidades de melhor assistência aos idosos, bem como de capacitação de profissionais do sistema municipal de saúde nessa área. Devido à amplitude de seu escopo e de suas inúmeras possibilidades de atuação, médicos geriatras têm sido considerados

“Em 2010, foi instalada a Residência de Geriatria. Novamente, demarcamos aqui nosso pioneirismo, sendo o HUWC o primeiro hospital universitário do Norte-Nordeste a oferecer Residência nessa especialidade.” superespecialistas. Um estudo nos Estados Unidos mostrou, ainda, que geriatras são os médicos mais satisfeitos com a especialidade. Nossa expectativa é de que esse campo venha a despertar cada vez mais o interesse das novas gerações. REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO


Eveline Gadelha Pereira Fontenele Supervisora do Programa de Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia do Hospital Universitário Walter Cantídio e preceptora do Ambulatório de Endocrinologia do Desenvolvimento e Gônadas do HUWC

Pessoas com doenças raras contam com Núcleo de Atenção Integral no HUWC

A

s doenças raras são um importante problema de saúde em todo o mundo. Conceitualmente são patologias crônicas, progressivas e incapacitantes, com consequências importantes na qualidade de vida e saúde dos indivíduos acometidos e suas respectivas famílias. Com uma prevalência de um caso em cada grupo de dois mil indivíduos, estima-se que 580 mil pessoas convivem com essas enfermidades no Ceará. Desde 2010, o Ministério da Saúde disponibiliza o tratamento medicamentoso para algumas patologias raras, de acordo com as recomendações da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e sua Subcomissão de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT). A Unidade do Sistema Endócrino do Hospital Universitário Walter Cantídio possui

ambulatórios especializados no diagnóstico, no tratamento e no seguimento de muitas dessas doenças. Como coordenadora do Ambulatório de Endocrinologia do Desenvolvimento e Gônadas, tenho tido a oportunidade de acompanhar portadores de Hipotireoidismo Congênito, Deficiência no Hormônio de Crescimento (Hipopituitarismo), Síndrome de Turner (ST), Puberdade Precoce Central, Hiperplasia Adrenal Congênita, Osteocondrodisplasias, Anomalias da Determinação e Diferenciação Sexual (DDS), Anomalias Cromossômicas, Leucodistrofias, Síndrome de Noonan e Endocrinopatias Associadas a Distrofias Musculares/Miopatias ou Deficiência Intelectual Associada à Alteração Cromossômica ou Ligada ao X. Em 2014, para atender problemas específicos de pacientes portadoras

da Síndrome de Turner, criei o Núcleo de Atenção Multidisciplinar e Apoio à Síndrome de Turner (Namast). O acróstico remete à expressão em sânscrito Namastê, que significa “curvo-me perante ti“ e expressa um grande sentimento de respeito, invocando a percepção de que todos os indivíduos compartilham da mesma essência, da mesma energia, do mesmo universo. O Namast é um projeto de extensão do Departamento de Medicina Clínica da Universidade Federal do Ceará com atuação no Hospital Universitário Walter Cantídio cuja missão é promover um atendimento interdisciplinar e humanizado, para acolher as demandas e promover ações sociais que contribuam para melhorar a qualidade de vida das pacientes e divulgar informações para a sociedade. A equipe

QUADRO 1 - EQUIPE INTERDISCIPLINAR DO NAMAST/UFC/HUWC PROFISSIONAL

ESPECIALIDADE

PROFISSIONAL

ESPECIALIDADE

Eveline Fontenele

Endocrinologista

Alessandra Mendonça

Ana Rosa Quidute

Endocrinologista

Viviane Carvalho

Otorrinolaringologista

Manoel Martins

Endocrinologista

Cristiana Carla

Psicóloga

Rejane Magalhães

Endocrinologista

Klébia C. Branco

Cardiologista

Ângela Mendes

Endocrinologista

Ana Gardênia Farias

Ecocardiografista

Fonoaudióloga

Catarina Brasil

Endocrinologista

Elizabeth Daher

Nefrologista

Ludmilla Farias

Endocrinologista

Zenilda Vieira Bruno

Ginecologista

Virginia Teixeira

Endocrinologista

Fábio Costa

Bucomaxilo

Samantha Dodt

Endocrinologista

José Milton Lima

Hepatologista

Carla Antoniana

Endocrinologista

Synara Lopes

Nutricionista

Rosana Quezado

Endocrinologista

Ana Paula Menezes

Reumatologista

Silvana Carvalho

Enfermeira

Jesus Irajacy

Radiologista

Fonte: Namast/UFC/HUWC REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO

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é composta por endocrinologistas, enfermeira, nutricionista, psicóloga, ginecologista, hepatologista, nefrologista, fonoaudióloga, otorrino, cardiologistas, radiologista, reumatologista, ortodontista e alunos da graduação e pós-graduação (ver quadro 1). As atividades desenvolvidas pela equipe têm contribuído para a capacitação desses profissionais no manejo dessa condição. Atualmente, de 103 pacientes acompanhadas pelo Núcleo por quadro clínico característico, 30 ainda aguardam a realização do cariótipo para confirmar o diagnóstico de Síndrome de Turner. Os levantamentos realizados pela equipe apontam que o diagnóstico é tardio, muitas pacientes são diagnosticadas somente na vida adulta e apresentam elevada prevalência de comorbidades relacionadas à síndrome, tais como baixa estatura, hipogonadismo, perda auditiva e síndrome metabólica, por ocasião da primeira consulta. A psicóloga Cristiana Carla tem desenvolvido um importante trabalho por meio do grupo de apoio, contribuindo para o resgate da autoestima dessas pacientes. Portadoras de ST apresentam maior risco cardiovascular e têm menor expectativa de vida em relação à população em geral. As malformações cardíacas aumentam o risco de dissecção e ruptura da aorta. Para que a detecção e o tratamento dessas complicações sejam feitos de forma precoce e eficaz é necessário que essas pacientes tenham acesso ao diagnóstico clínico e à confirmação pelo cariótipo ainda na infância. Mas esse exame tem custo elevado e é de difícil acesso pelo Sistema Único de Saúde (SUS). LEGISLAÇÃO Em 30 de janeiro de 2014, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 199 (D.O.U. 23/05/2014), que instituiu a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, aprovou as diretrizes no âmbito do SUS e instituiu os incentivos financeiros de custeio. Entre os objetivos específicos dessa política, destaco aqueles que podem contribuir com a missão do Namast: ampliar o acesso universal e regulado das pessoas com doenças raras na rede de atenção à saúde; garantir às pessoas com doenças raras, em tempo oportuno, acesso aos meios de diagnósticos e terapêuticos; e qualificar a 12

QUADRO 2 - DOENÇAS RARAS COM PCDT EM FASE DE ELABORAÇÃO EIXO / GRUPO

DOENÇAS/GRUPOS DE DOENÇAS

EIXO I – Anomalias congênitas ou de manifestação tardia

Polineuropatia amiloidótica familiar; anomalias da determinação e diferenciação sexual; imunodeficiências primárias; anomalias cromossômicas e complexos malformativos

EIXO I – Deficiência intelectual

Associada a síndromes complexas, alterações cromossômicas, Síndrome de Rett, X-frágil, ligada ao X, teratogênica, não sindrômica idiopática ou autossômica

EIXO – Erros inatos do metabolismo

Aminoacidopatias, intolerâncias a açucares, de oxidação de ácidos graxos, do ciclo da ureia, glicogenoses, acidúrias orgânicas; adrenoleucodistrofia ligada ao cromossomo X e doenças peroxissomais, distúrbio do metabolismo dos metais e porfirias

EIXO II – Infecciosas

Micobacteria atípica e BCGite

EIXO II – Inflamatórias

Doença de Still do Adulto

EIXO II - Autoimunes

Vasculites sistêmicas primárias

Fonte: Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde, www.conitec.gov.br

atenção às pessoas com doenças raras (itens IV, V e VI do Art.5º). Outro ponto do texto que merece destaque trata das responsabilidades do Ministério da Saúde e das Secretarias de Saúde dos Estados e dos seus Municípios, que devem garantir que todos os serviços de saúde que prestam atendimento às pessoas com doenças raras possuam infraestrutura adequada, recursos humanos capacitados e qualificados, recursos materiais, equipamentos e insumos suficientes, de maneira a garantir o cuidado necessário (capítulo IV, Art 8º). A portaria define, ainda, a estrutura da linha de cuidado da atenção às pessoas com doenças raras e estabelece que a atenção especializada deve ser composta por Serviços de Atenção Especializada e Serviços de Referência em Doenças Raras do Eixo I e do Eixo II (ver quadro 2). Por sua definição, o Serviço de Referência é aquele que possui condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos adequados à prestação da atenção especializada para pessoas com doenças raras pertencentes a, no mínimo, dois eixos assistenciais ou, no mínimo, duas doenças raras de um Eixo (capítulo VI, Art.

14, §2º). Para as equipes profissionais dos estabelecimentos habilitados como Serviço de Referência em Doenças Raras, institui incentivo financeiro de custeio mensal no valor de R$ 41.480,00 por equipe e incentivo financeiro para os procedimentos realizados pelo Serviço (capítulo VII, Art.23 e Art. 24). PACTUAÇÃO Diante desse cenário favorável, convidei profissionais do HUWC e, com o apoio da equipe de gestores do hospital, criamos o Núcleo de Doenças Raras do Hospital Universitário Walter Cantídio. Realizamos reuniões com a Secretaria de Saúde do Município e solicitamos a habilitação do nosso Núcleo como Serviço de Referência em Doenças Raras. Após realizar vistoria na Unidade do Sistema Endócrino, recebemos parecer favorável do gestor de saúde municipal e estamos aguardando a tramitação do processo na Secretaria da Saúde do Ceará. Esperamos que, em breve, o Núcleo de Doenças Raras do HUWC seja pactuado e que outros projetos como o Namast possam surgir e avançar cada vez mais na capacitação de profissionais e no cuidado dessa população especial. REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO


DA ESQUERDA PARA A DIREITA Márcio Ribeiro Studart da Fonseca Médico do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HUWC Jônatas Catunda de Freitas Médico Residente R4 de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HUWC

Ceará conta com primeiro ambulatório específico para tratar tumores craniofaciais

A

s cirurgias craniofaciais

cirúrgicos num período de 20 meses,

existe, em nossa região, uma elevada

multidisciplinares para o tratamento

realizados anteriormente (até 2015).

Quando negligenciado, o câncer de pele

são abordagens cirúrgicas

de tumores que acometem a base do

número bem superior aos 21 procedimentos Este é o único ambulatório específico

crânio. É uma subespecialidade recente da

em base do crânio do Ceará, sendo também

1963, quando foram realizadas as primeiras

Norte e Nordeste do País. Portanto, é um

Cirurgia de Cabeça e Pescoço surgida em

abordagens combinadas transcranianas e transfaciais por A. S. Ketcham.

No Hospital Universitário Walter

Cantídio, as cirurgias craniofaciais iniciaram com certa regularidade em 2007, tendo

à frente o médico Márcio Studart. Devido à alta complexidade dos procedimentos,

uma importante referência para as regiões

frequentemente são utilizados.

Com o incentivo da disponibilidade de

uma estrutura de hospital terciário, além

de profissionais altamente especializados nas diversas áreas, em maio de 2015 foi

criado o Ambulatório de Base de Crânio do

Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HUWC. O ambulatório concentra pacientes portadores de tumores da base de crânio

em preparo operatório ou em seguimento

melhor chance de controle local e sobrevida

ao Ambulatório de Base de Crânio tem

multidisciplinar com profissionais de outras

realizadas 115 consultas. Em 2016, foram

o aprendizado de trabalho em equipe especialidades cirúrgicas.

crescido significativamente. Em 2015 foram 246. A maioria dos pacientes é do interior do Ceará. Muitos chegam ao ambulatório após

de cabeça e pescoço, neurocirurgião,

microplacas de titânio e colas biológicas,

e do crânio. A cirurgia craniofacial permite

proporcionando ao médico residente

principal indicação de cirurgias craniofaciais

Materiais de alto custo, como telas,

invadindo estruturas nobres, ossos da face

O número de pacientes encaminhados

Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HUWC,

CIRURGIAS

otorrinolaringologista e cirurgião plástico.

pode ser muito agressivo localmente,

para esses pacientes.

diferencial para a Residência Médica em

fez-se necessária uma equipe cirúrgica

multidisciplinar composta por cirurgião

frequência de tumores avançados de pele.

No Hospital Universitário Walter Cantídio, a

falha de tratamento prévio, como cirurgia ou radioterapia.

A criação da equipe interdisciplinar

é o câncer de pele avançado, responsável

de referência (Enfermagem, Nutrição,

uma elevada incidência de tumores de pele,

no HUWC representou outro importante

por 75% dos casos. Na região Nordeste, há

especialmente devido ao nível de radiação ultravioleta natural. Eles frequentemente

acometem a região da cabeça e do pescoço. Nas fases iniciais, elevadas taxas de cura são esperadas com o tratamento. Infelizmente, por motivos sociais e educacionais e

dificuldades no acesso ao sistema de saúde,

Fisioterapia, Fonoaudiologia e Serviço Social) avanço na qualidade de atendimento, ampliando o espectro de cuidado aos

pacientes. Num futuro próximo, espera-se oferecer um estágio complementar em

cirurgia de base de crânio para residentes de Cirurgia de Cabeça e Pescoço que desejam uma subespecialização nessa área.

NÚMERO DE CIRURGIAS CRANIOFACIAIS REALIZADAS NO HUWC 16

oncológico, facilitando a integração entre as especialidades médicas.

Isso vem permitindo a realização, em

média, de uma cirurgia craniofacial a cada 15

9

dias, com a participação do neurocirurgião

6

Daniel Figueiredo, do otorrinolaringologista

4

Marcos Rabelo e do cirurgião plástico

Salustiano Pessoa. Desde a sua criação, com a regularização de uma rotina de atendimento, já foram realizados 24 procedimentos REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO

4 2

1 2007

Fonte: HUWC

2008

2009

2010

2011

3

2012

0

0

2013

2014

2015

2016 13


DA ESQUERDA PARA A DIREITA

Ana Izabel Oliveira Nicolau Enfermeira da Unidade de Residência Médica do Complexo Hospitalar da UFC Annya Costa Araújo de Macedo Goes Chefe da Unidade de Residência Médica do Complexo Hospitalar da UFC

Curso de Boas Práticas em Saúde oferece capacitação de excelência

A

o longo de sua história, o Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará, formado pelo Hospital Universitário Walter Cantídio e pela Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), tem se mostrado um verdadeiro centro de referência de formação profissional. Saúde e educação andam juntas para que se promova a mais importante missão do Complexo: educar profissionalmente e prestar assistência médica e multiprofissional para toda a sociedade. Dentre as atividades que a instituição desenvolve para a formação profissional de colaboradores, destaca-se o Curso de Boas Práticas em Saúde. Iniciado em 2016, o projeto está sendo desenvolvido pelas Residências Médica (Resmed), coordenada pela Professora Annya Goes, e Multiprofissional (Resmulti), sob coordenação da Professora Andréa Nogueira. Ademais, a iniciativa de excelência tem sido apoiada pela Gerência de Ensino e Pesquisa

(GEP), que tem à frente o Professor Renan Montenegro Júnior, e pelas Chefias de Ensino do HUWC e da MEAC, representada pelos professores Marcelo Alcântara e Herlânio Costa. Com atividades voltadas para acadêmicos, médicos e profissionais residentes de diversas áreas da saúde, o curso contou com 270 inscritos gratuitamente e teve o objetivo de contribuir para a formação teórica dessas pessoas, prezando pela interdisciplinaridade e pela qualidade no desenvolvimento de profissionais. Palestras, debates e exposições foram responsáveis por formar os participantes e promover melhorias na oferta de serviços de saúde.

módulos mensais. No apoio para organização

FORMATO Em módulos de 8h/aula (tarde de sextafeira e manhã de sábado), residentes e acadêmicos se reuniram no auditório do Campus Parque Ecológico do Centro Universitário Christus (UniChristus), apoiador do projeto, para participar das atividades. Ao todo foram 40h/aula, distribuídas em cinco

Práticas em Nutrologia; Segurança do

e desenvolvimento das atividades do curso,

contou-se com um grupo de seis acadêmicos colaboradores da Universidade Federal do Ceará (UFC), coordenado pela enfermeira Ana Izabel Nicolau, integrante da equipe apoiadora das atividades de ensino do Complexo Hospitalar da UFC.

O projeto começou em junho e seguiu

até outubro do ano passado. Ao longo dos

quatro primeiros módulos, o curso promoveu debates sobre diferentes temas, como: Origens e Desafios dos Profissionais de

Saúde no Século XXI; Princípios de Cuidados Paliativos; Metodologia da Pesquisa Clínica; Avaliação de Tecnologias em Saúde; Boas

Paciente; Coaching em Gestão de Carreira

em Saúde; entre outros importantes temas trabalhados.

O projeto foi elogiado pelos

participantes, com 80% de máxima

satisfação com a estratégia. “A experiência foi muito enriquecedora, com debates

que contribuíram para o meu crescimento

profissional”, avalia Maria Aline Rodrigues, residente em Enfermagem Obstétrica. A

coordenadora da Resmed, Annya Goes, relata que “o Curso de Boas Práticas em Saúde tem se mostrado uma iniciativa de verdadeiro sucesso”. O Complexo Hospitalar da UFC

conta hoje com 268 médicos residentes e

121 multiprofissionais de diversas formações, como enfermagem, fisioterapia, nutrição, farmácia, entre outras.

Para 2017, o projeto prevê a realização

do curso entre os meses de junho e setembro, mais uma vez tendo como públicos-alvo os

novos residentes do Complexo Hospitalar da Auditório lotado durante aula de boas práticas laboratoriais 14

UFC e a comunidade acadêmica.

REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO


DA ESQUERDA PARA A DIREITA Cláudia Regina Fernandes Anestesiologista do HUWC Neiberg de Alcântara Lima Cardiologista do HUWC Jeruza Mara de Oliveira Lima Chefe da Unidade do Sistema Cardiovascular do HUWC

Linha de Cuidado da Cirurgia Cardíaca aumenta em 84,6% número de procedimentos

U

ma Linha de Cuidado (LC) expressa

do paciente na lista de pré-cirurgia e

garantidos ao paciente, atendendo

transparente, coordenada pela equipe de

fluxos assistenciais seguros e

às suas necessidades de saúde. Com a

proposta de melhorar a efetividade do

Serviço de Cardiologia e Cirurgia Vascular

do Hospital Universitário Walter Cantídio,

profissionais de saúde de diferentes áreas que

O resultado desse trabalho coletivo e

pela gravidade da doença, de forma

multidisciplinar iniciado em março de 2016

Cardiologia da Enfermaria e monitorada

2015, foram realizadas 78 cirurgias; em 2016,

pela Central de Regulação de Leitos por

meio do Núcleo Interno de Regulação do Hospital Universitário Walter Cantídio.

se apresenta nos números que seguem: em totalizaram 144 procedimentos, obteve-se,

portanto, aumento de 84,6% em relação ao ano anterior, com índices de complicações infecciosas (10,4%) e mortalidade (4,8%)

atuam nos cuidados do paciente cirúrgico

PLANO

referida LC, em atuação desde março de

maior destaque foram a montagem da

multidisciplinar de uma Linha de Cuidado

plano terapêutico para cada paciente

efetiva e eficaz de fornecer cuidado integral e

cardíaco foram convidados a construir a

2016. Foram envolvidos cardiologistas do

Ambulatório Pré-operatório e da Enfermaria,

cirurgiões cardiovasculares e chefias médicas e de enfermagem da Unidade do Sistema

Cardiovascular, da Anestesiologia, da Unidade de Terapia Intensiva Pós-operatória, do Prée do Pós-operatório, além de gestores da Fisioterapia e da Nutrição. TEMPO

menores do que o previsto.

Conclui-se que a estruturação

Em relação aos processos, os pontos de

em um hospital de ensino é uma forma

equipe de referência e a construção do cirúrgico internado, seja oriundo do

Hospital de Messejana ou da Hemodinâmica do HUWC. Para esses, foi estipulado o

tempo médio de preparo de pré-operatório de três a cinco dias.

individualizado ao paciente, abrindo espaço para contemplar as três vertentes a que um Hospital Universitário se propõe: ensino,

assistência à saúde com segurança e qualidade e oportunidade de realização de pesquisas.

SOLUÇÕES APONTADAS PELA LINHA DE CUIDADO

O objetivo fundamental da Linha de

PROBLEMA

SOLUÇÃO

no HUWC é: paciente operado no

Não utilização de fluxos, protocolos e processos

Foi proposta a revisão de fluxos e protocolos já existentes, além da construção e da validação de novos protocolos multidisciplinares

Cuidado do candidato à cirurgia cardíaca menor espaço de tempo possível, com

morbimortalidade dentro da divulgada pela literatura médica. No processo de

construção coletiva, o grupo de trabalho

identificou os principais problemas e propôs soluções para resolvê-los.

A equipe multidisciplinar identificou

os pontos da Linha de Cuidado que o

Deficiência de pessoal e necessidade de redimensionamento das equipes

respectivos processos.

A ordem da fila de cirurgia cardíaca

foi determinada pelo tempo de entrada REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO

e mais cirurgiões. Além disso, foi sugerida a inserção de um residente de cirurgia geral nos procedimentos cirúrgicos

Falta de insumos e equipamentos

Foi feita a listagem de insumos e equipamentos necessários juntamente com os cirurgiões e encaminhada para aquisição via processo de licitação

Baixa resolutividade cirúrgica para alta demanda interna

Proposta a realização de quatro cirurgias cardíacas por semana, sendo a fila de pacientes gerenciada pela Coordenação da Linha de Cuidado juntamente com o Médico Diarista da Enfermaria de Cardiologia

paciente deveria percorrer – pré-operatório, intra-operatório e pós-operatório – e seus

Foi sugerida a contratação de perfusionista, dentista

Fonte: HUWC

15


Fernando Antonio Siqueira Pinheiro Supervisor da Residência de Cirurgia Digestiva do HUWC

Serviço de Cirurgia Digestiva é destaque por alta produção e ensino de qualidade

A

Cirurgia Digestiva é hoje

mais se beneficiaram com esses avanços.

ou possuir o título de especialista

consolidada. Videolaparoscopia,

essa tese é a alta qualidade técnica da

Cirurgia Digestiva (CBCD) com a chancela

uma especialidade cirúrgica

oncologia, obesidade, transplante,

endoscopia, todas essas são áreas de

atuação do cirurgião do aparelho digestivo, o que torna a especialidade extremamente complexa e interessante.

Dois foram os fatores que mais

contribuíram para o avanço da

especialidade no Hospital Universitário

Walter Cantídio: o transplante hepático

– o HUWC é referência em transplante de fígado no Brasil – e a videolaparoscopia,

que hoje é utilizada em praticamente todas as cirurgias realizadas na especialidade. A videolaparoscopia é utilizada, por

Aqui no HUWC, um dos pontos que reforçam equipe de oncologistas clínicos coordenada pelo especialista Duílio Rocha, que tem aproveitado bem a oportunidade de

interação e aprofundamento com a equipe

da Cirurgia Digestiva. Além disso, operações videolaparoscópicas, como retiradas de

estômago, esôfago, pâncreas, segmentos do fígado e cirurgia da obesidade, fazem

parte do arsenal terapêutico que se realiza com certa rotina no Hospital Universitário. Conforme levantamento feito na unidade,

realizam-se, por ano, em torno de cinco mil consultas ambulatoriais e 700 operações.

exemplo, para retiradas de vesícula biliar,

GESTÃO

gastroesofágico, do megaesôfago e das

a chegada da Empresa Brasileira de Serviços

apendicectomias, cirurgias do refluxo

hérnias da parede abdominal. Operações

essas, inclusive, que se tornaram rotina no Serviço de Cirurgia Digestiva do hospital.

Mais recentemente, o surgimento de

equipamentos e instrumental cirúrgicos avançados, como câmeras e monitores

de alta definição, endogrampeadores e bisturis de alta frequência, permitiram à videolaparoscopia avançar

extraordinariamente, de modo que é possível reproduzir por esse método

praticamente tudo que se fazia na época da

Com o apoio do comitê gestor do hospital e Hospitalares (Ebserh), que não têm medido esforços para a contratação de pessoal e a aquisição dos insumos necessários, cinco

novas torres de vídeo de altíssima qualidade foram adquiridas e um contrato foi firmado com a indústria que fornece o material

utilizado na videolaparoscopia, o que facilitou muito o bom desempenho da Cirurgia

Digestiva no HUWC. Todos ganham com

isso, especialmente os pacientes, o ensino da cirurgia digestiva e a pesquisa médica.

cirurgia digestiva convencional.

PARA SABER MAIS

obesidade foram as áreas de atuação que

residência médica em cirurgia digestiva

Particularmente, a oncologia e a

16

Para atuar na área, o médico deve ter

concedido pelo Colégio Brasileiro de da Associação Médica Brasileira. A

Residência de Cirurgia Digestiva do

Hospital Universitário Walter Cantídio

foi criada em 2008 pelo Professor José Huygens Parente Garcia. Credenciada

pelo Ministério da Educação e pelo CBCD, ao longo desses anos, ela formou 15

residentes, incluindo alguns provenientes de outros Estados e até países, como

Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte,

Santa Catarina e Cabo Verde, o que torna o serviço uma referência em todo o território nacional.

“Equipamentos e instrumental cirúrgicos avançados, como câmeras e monitores de alta definição, endogrampeadores e bisturis de alta frequência, permitiram à videolaparoscopia avançar extraordinariamente.” REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO


DA ESQUERDA PARA A DIREITA

Maria Cristina Leite Araújo Borges Enfermeira da Unidade de Diagnóstico por Imagem do Hospital Universitário Walter Cantídio Maria Ozilene Rodrigues Batista Chefe da Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do Hospital Universitário Walter Cantídio

Protocolo de Prevenção de Extravasamento de Contraste e a segurança do paciente

A

utilização de contrastes iodados faz parte da prática clínica em imaginologia. O uso desses medicamentos facilita a visualização de estruturas anatômicas, aumentando a densidade de vasos e órgãos com maior vascularização, e contribui para o melhor diagnóstico médico nos diversos exames. A equipe de enfermagem da Unidade de Diagnóstico por Imagem do Hospital Universitário Walter Cantídio está atenta aos efeitos do uso de contraste, propondose a intervir o mais rapidamente possível, evitando complicações e garantindo a segurança do paciente juntamente com a equipe médica. No que se refere à segurança do paciente, todos os que farão uso de contraste realizam consulta de enfermagem – quando são investigados quanto à história prévia de alergias, comorbidades, função renal e uso de medicamentos – e são orientados quanto a possíveis reações. Após as orientações, assinam o termo de consentimento livre e esclarecido. A partir do ano de 2015, a Unidade de Diagnóstico por Imagem implantou melhorias no processo de segurança do paciente com o desenvolvimento do Protocolo de Prevenção de Extravasamento de Contraste. Esse protocolo visa assistir os pacientes que apresentem extravasamento no uso de contaste, facilitando a notificação e o acompanhamento (precoce e tardio) do caso pela equipe multiprofissional e propondo intervenções para reduzir possíveis complicações. CAPACITAÇÃO Foram envolvidos e treinados os profissionais da Unidade de Diagnóstico REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO

por Imagem no sentido de atentar para quaisquer extravasamentos. Todos os pacientes são avaliados pela equipe de enfermagem ou médica quanto à rede venosa, puncionados com uma via de acesso de calibre adequado e são observados se houve quaisquer alterações durante e após a injeção manual ou por bomba injetora. Em caso de ocorrência de extravasamento, o evento é notificado em formulário próprio no qual se registra: dados do paciente, local da punção, calibre da cânula e volume estimado de contraste extravasado. O paciente é avaliado pelo médico e pelo enfermeiro, sendo realizada delimitação da área, verificação de pulsos e aplicação de meios físicos ou medicamentos, conforme prescrição médica. Dependendo da evolução do caso, o paciente será orientado a retornar ao serviço para ser reavaliado pela equipe ou, em casos de menor gravidade, receberá

uma ligação do enfermeiro, que verificará as condições de evolução. Em quaisquer dos casos, se houver alterações importantes (dor residual, bolhas, eritema ou alterações na pele, alterações de sensibilidade e de temperatura, endurecimento ou retração cutânea), o paciente é orientado a retornar à Unidade de Diagnóstico por Imagem, sendo encaminhado, se necessário, aos especialistas (cirurgia vascular, cirurgia plástica, infectologia etc). Todos os pacientes são notificados desde o momento da ocorrência até o desfecho do caso. A implantação do protocolo garantiu a uniformidade das condutas e a notificação adequada dos casos com treinamento da equipe e melhoria nos processos, o que resultou em avanços na assistência aos pacientes e promovendo um desfecho satisfatório em 100% dos casos notificados em 2016.

Paciente realiza exame na Unidade de Diagnóstico por Imagem do Hospital Universitário 17


DA ESQUERDA PARA A DIREITA Maria de Fátima de Souza Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa do HUWC Eliana de Goes Resende Chefe do Centro de Material e Esterilização do HUWC

A Enfermagem e a Humanização no Hospital Universitário Walter Cantídio

E

m nossa dissertação de mestrado

durante a hospitalização de seus filhos.

13 de julho de 1990, foi promulgada a Lei

Administração de Enfermagem em

de criança – agora vista como um ser em

Criança e do Adolescente e dispõe, no seu

intitulada “Memórias da

um Hospital-escola em Fortaleza (CE)”, usando a metodologia da história oral, foi possível resgatar informações da

administração de enfermagem no Hospital Universitário Walter Cantídio. A partir da história oral e da análise de documentos administrativos, pôde-se constatar uma

enfermagem esmerada no conhecimento para oferecer uma assistência profícua e com vocação de tornar humano esse serviço, desde a sua origem.

Entrevistamos enfermeiras de várias

No entanto, a transformação no conceito crescimento e desenvolvimento, não só

com necessidades biológicas, mas também psicológicas, sociais e emocionais – foi o

mais efetivo catalizador para a mudança. A preocupação com o crescimento

e desenvolvimento na assistência à

Universidade Federal do Ceará, professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará (UFC), mestre e doutora em Enfermagem.

Conhecida desde quando se formou como “Professora Raimundinha”, pronunciouse em sua entrevista contando sobre a

reforma na área da humanização que foi realizada na Unidade de Pediatria. Na

época, as crianças ficavam distante dos seus familiares e choravam muito. Mas

muita coisa mudou quando foi implantado o acesso para acompanhantes.

O declínio das doenças infecciosas, a

introdução do antibiótico e as tecnologias

inovadoras contribuíram para uma revisão do afastamento dos pais e familiares 18

um dos pais ou responsável, nos casos de internação de crianças e adolescentes”. Foi implantado, por meio da

além da visita do familiar ao paciente em

privação materna como fator etiológico perturbador da saúde mental.

como prioridade a proteção dos direitos da

da Silva, enfermeira formada pela

a permanência, em tempo integral, de

Organização Mundial de Saúde sobre a

cuidado, dedicando-se à renovação do Uma delas foi Raimunda Magalhães

saúde devem proporcionar condições para

administração de enfermagem, o serviço

pelo relatório publicado, em 1951, pela

NOVAS DIRETRIZES

conhecimento e à atenção ao paciente.

Artigo 12, que (...) “os estabelecimentos de

criança hospitalizada foi impulsionada

épocas desde 1959. Pudemos perceber as suas intenções de desenvolver o melhor

nº 8.069, que regulamenta o Estatuto da

A Constituição do Brasil de 1988 incorpora criança e do adolescente e o atendimento de suas necessidades básicas. Assim, em

“A humanização no atendimento em saúde pode ser traduzida como uma busca permanente do conforto físico, emocional e espiritual para o paciente, a família e a equipe assistencial.”

de acompanhantes em todos os setores,

UTI. Essa unidade para pacientes graves era um lugar extremamente restrito

e independente. A visão era de que o

paciente entrou ali para morrer e não para viver.

Compreender o que é uma Unidade de

Terapia Intensiva com o olhar do paciente e da família é importante. Muita coisa

muda para o paciente com sua internação em UTI. A insegurança com a doença, o estado grave, o ambiente fechado, os

ruídos dos equipamentos e as pessoas

que andam rapidamente de um lado para outro. Por outro lado, a família fica sem

saber o que está acontecendo, com medo de receber notícias ruins. É quando se faz

necessária a consciência da humanização. A humanização pode ser traduzida

como a busca dos confortos físico,

emocional e espiritual para o paciente, a família e a equipe. As visitas, por sua

vez, são de fundamental importância no restabelecimento do paciente, porém

elas devem ser realizadas de forma a não comprometer o plano de tratamento. O horário de visita é imprescindível à

REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO


internação em UTI, contribuindo para acalmar cliente e família.

Por outro lado, o processo de

humanização no trabalho da enfermagem é uma questão também a ser refletida, pois a maioria dos profissionais

enfrenta situações difíceis em seu

ambiente de trabalho, tais como baixa remuneração, pouca valorização da

profissão e descaso frente aos problemas identificados pela equipe, especialmente quanto ao distanciamento entre o

trabalho prescritivo, o preestabelecido

institucionalmente e aquele realmente executado junto ao cliente.

Felizmente, o Governo atentou

para essa necessidade e o Ministério da Saúde implantou, no ano 2000, o

Programa Nacional de Humanização da

Assistência Hospitalar e, posteriormente, a Política Nacional de Humanização,

saúde, baseando-se na integralidade da assistência ao paciente.

“Cinquenta e sete anos se passaram e a enfermagem do Hospital Universitário, hoje sob gestão da enfermeira Rita Paiva, permanece desempenhando um papel revestido do olhar humanizador.” A humanização em saúde subsidia

visando atender às demandas subjetivas

o atendimento, a partir do amparo de

trabalhadores dos serviços públicos de

integralidade da assistência, a equidade

manifestadas pelos usuários e

REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO

princípios predeterminados como: a

e o envolvimento do usuário, além de favorecer a criação de espaços que

valorizem a dignidade do profissional de enfermagem e do paciente.

Ressaltamos, ainda, a enfermeira

Suely Gadelha, que idealizou os encontros juninos debaixo das mangueiras do

Campus do Porangabuçu da Universidade Federal do Ceará, um evento cultural da

instituição que perdura até hoje, unindo

equipes, movimentando os profissionais

e valorizando a cultura nordestina. Isso é humanização, ou pode ser considerado uma prevenção à desumanização.

Cinquenta e sete anos se passaram e

a enfermagem do Hospital Universitário,

hoje sob gestão da enfermeira Rita Paiva, permanece desempenhando um papel revestido do olhar humanizador, no

sentido de tratar com conforto e promover as mais adequadas resoluções. Novos

processos de trabalho, novas tecnologias,

novas formas no fazer, mas o mesmo olhar do humano para o humano.

19


AO CENTRO

Silvana Linhares de Carvalho Enfermeira-chefe da Unidade do Sistema Endócrino do HUWC DA ESQUERDA PARA A DIREITA Diana Negreiros Maria de Jesus Aquino Caroliny Meireles Tatiana Moreira Enfermeiras da Unidade do Sistema Endócrino do HUWC

Consulta de enfermagem contribui para a qualidade de vida do paciente diabético

O

Diabetes Mellitus (DM) é

fisioterapia, enfermagem individual ou em

problemas de saúde pública,

enfermeiro, é utilizado álbum seriado de

considerado um dos principais

podendo causar incapacitações e

mortalidade prematura, com elevados custos envolvidos no seu controle e

tratamento. Por se tratar de uma patologia passível de prevenção, o enfermeiro

tem papel importante, implementando

grupo. No atendimento individual pelo

de insulinas humanas e insulinoterapia com aplicação de análogos de insulinas;

orientação ao diabético (disponível na

EVOLUÇÃO

Além de folhetos educativos, criados pelos

relativas à consulta no prontuário do

versão online: http://migre.me/woo3X). enfermeiros do serviço.

AS ETAPAS DA CONSULTA DE ENFERMAGEM

Compreende o registro das informações paciente, estabelecendo um elo até a sua consulta de retorno.

A consulta de enfermagem realizada

ENVOLVEM:

em portadores de diabetes favorece uma

sistematização da assistência aos diabéticos

HISTÓRICO DE ENFERMAGEM

enfermeiro/familiar. A sistematização

Universitário Walter Cantídio por meio da

o levantamento de dados referentes ao

medidas preventivas.

Esse artigo busca descrever a

no Serviço de Endocrinologia do Hospital

consulta de enfermagem, com a elaboração, a implantação e o desenvolvimento de

um protocolo. A consulta de enfermagem

Consiste em um roteiro sistematizado para paciente e é constituído por duas ações: a entrevista e o exame físico;

está ligada ao processo educativo e

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

autocuidado, sendo a principal atividade

potenciais do paciente. A partir dos

deve estimular o paciente em relação ao privativa do enfermeiro.

O uso do protocolo durante a consulta

de enfermagem padronizou o atendimento aos diabéticos na Unidade do Sistema

Endócrino do Hospital Universitário Walter Cantídio, estabelecendo uma assistência

Identificação dos problemas atuais ou principais diagnósticos elencados, um

planejamento de ações é proposto para a realização de algumas intervenções

direcionadas à melhoria do autocuidado e da adesão ao tratamento desses usuários;

humanizada. Utiliza-se a sistematização

PLANEJAMENTO

compreendendo todas as suas etapas:

assistência individualizado, de acordo com

da assistência de enfermagem,

histórico, diagnósticos de enfermagem,

planejamento, implementação e avaliação. Na Unidade do Sistema Endócrino,

são atendidos semanalmente, em

média, 65 diabéticos por uma equipe

multidisciplinar, composta por médicos,

enfermeiros, nutricionistas e fisioterapeutas. É realizada uma revisão de prontuário no

dia que antecede a consulta por residentes

multiprofissionais. Na oportunidade, é feita uma seleção para nutrição, oftalmologia, 20

Diz respeito à elaboração de um plano de as necessidades de cada usuário;

IMPLEMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

Compreende o processo de educação

em saúde no momento da consulta de enfermagem, estabelecendo metas relacionadas ao controle da doença

para a próxima consulta. São entregues, no fim da consulta, material educativo

com orientações sobre hiperglicemia e

hipoglicemia, insulinoterapia com aplicação

maior aproximação com a tríade paciente/ da assistência de enfermagem é um

instrumento extremamente importante, pois adequa as terapêuticas, a partir das necessidades referidas e identificadas,

propondo ações de acordo com a realidade.

Permite que os acadêmicos de enfermagem e profissionais enfermeiros consigam

identificar, diagnosticar e intervir de maneira a proporcionar uma melhor assistência,

estimulando o autocuidado e promovendo qualidade de vida aos pacientes.

“A consulta de enfermagem está ligada ao processo educativo e deve estimular o paciente em relação ao autocuidado, sendo a principal atividade privativa do enfermeiro.” REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO


EM PÉ, DA ESQUERDA PARA A DIREITA Gerusa do Nascimento Rolim Assistente social do HUWC e preceptora da Residência Multiprofissional na Área de Concentração Assistência em Transplante Maria Derleide Andrade Chefe do Serviço Social do HUWC Maria do Socorro Ferreira Maia Assistente social do HUWC e preceptora da Residência Multiprofissional na Área de Concentração Assistência em Transplante Caroline Oliveira da Silva Residente do Programa de Residência Multiprofissional na Área de Concentração Assistência em Transplante SENTADAS, DA ESQUERDA PARA A DIREITA

Lúcia de Fátima Rocha Bezerra Maia Assistente social do HUWC e tutora da Residência Multiprofissional na Área de Serviço Social Mirnna Vasconcelos da Silva Thalyta Santos Alves Residentes do Programa de Residência Multiprofissional na Área de Concentração Assistência em Transplante

O Serviço Social e a assistência em transplante no Hospital Universitário

A

atuação do Serviço Social na

também distinta para o encaminhamento

Hospital Universitário Walter

enfermeiro, do nutricionista e dos demais

Assistência em Transplante no

Cantídio compreende três modalidades de transplante realizadas na instituição:

denotam em sua história de vida e

trabalhadores que atuam na saúde”.

trabalhista, exigindo intervenção no que se

O acompanhamento realizado pelo

o Transplante de Medula Óssea (TMO), o

Serviço Social nos níveis ambulatorial

A prática do assistente social no processo de

de aspectos que sinalizam condições

Transplante Renal e o Transplante Hepático.

transplante materializa-se pelo atendimento social aos usuários, suas famílias e/

ou cuidadores, cuja atuação abrange a

orientação sobre as etapas do transplante, ressaltando a importância do apoio do

cuidador no processo de acompanhamento ao paciente, bem como a realização de

Ressalta-se que os usuários atendidos

das ações, que o diferencia do médico, do

e hospitalar consiste na identificação

de vulnerabilidades sociais que possam

interferir no processo de transplante, além de proceder à avaliação social por meio de entrevista com o usuário e seu cuidador, que poderá ser um familiar e/ou uma pessoa que estabeleça vínculos.

social aspectos relacionados à situação

refere ao encaminhamento de benefícios

previdenciários e à rede socioassistencial, que, predominantemente, consistem no auxílio-doença e no benefício de prestação continuada (BPC). Nesse

contexto, são efetivadas as orientações

aos pacientes e familiares no que concerne ao agendamento desses benefícios nas

agências do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).

intervenções ao identificar aspectos no

CONHECENDO O PACIENTE

ORIENTAÇÃO

interdisciplinar e/ou intersetorial.

Universitário Walter Cantídio realizou 782

de acompanhamento social aos pacientes

âmbito social que necessitam de abordagem O atendimento social realiza-se

na perspectiva multiprofissional e

interdisciplinar, estabelecendo diálogos

com os profissionais médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, psicólogos e nutricionistas, proporcionando a

integralidade da assistência à saúde. A participação do assistente social nesse processo é de suma importância, uma

vez que, segundo o Conselho Federal de Serviço Social (2010), esse profissional “dispõe de ângulos particulares de

observação na interpretação das condições de saúde do usuário e uma competência REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO

Em 2016, o Serviço Social do Hospital

entrevistas sociais, 1.835 atendimentos

para acompanhamento social dos pacientes assistidos no serviço de transplante e

1.196 atendimentos ambulatoriais nos transplantes Renal, Hepático e TMO.

Durante esse processo, busca-se analisar as dimensões socioeconômicas do

contexto familiar dos pacientes, candidatos ao transplante, tais como: renda e

composição familiar, vínculos familiares e/ ou comunitários, condições de moradia,

acesso à água potável, energia elétrica e

saneamento básico, além de identificar o

acesso do usuário à rede de atenção à saúde.

Realizam-se também diariamente visitas

internados, tendo como objetivo orientálos, conforme as demandas sociais

identificadas. Procede-se à abordagem socioeducativa, no intuito de refletir

sobre o conceito ampliado de saúde,

corroborando a formação do pensamento crítico e estimulando o protagonismo e a autonomia dos usuários e de seus familiares no processo de promoção à saúde. Além dos atendimentos

sistemáticos, o Serviço Social acolhe as

demandas espontâneas, dialogando com os usuários sobre os caminhos para a efetivação dos direitos à saúde.

21


EM PÉ, DA ESQUERDA PARA A DIREITA

Saionara Leal Ferreira Maria José Aguiar de Oliveira Solange Gurgel Enfermeiras do Ambulatório de Cirurgia e do Serviço de Estomaterapia do HUWC SENTADOS, DA ESQUERDA PARA A DIREITA Francisco Cleber Fontenele Campos Enfermeiro do Ambulatório de Cirurgia e do Serviço de Estomaterapia do HUWC João Carlos dos Santos Enfermeiro do Serviço de Estomaterapia e da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) do HUWC

A importância da enfermagem no atendimento à pessoa com lesão de pele

A

s lesões de pele (feridas)

funciona a Sala de Curativos, que tem o

fatores pessoais (dados de identificação);

problema para os serviços

de pele, diminuindo tempo e custo,

universais de autocuidado (alimentação,

constituem um importante

de saúde tanto pela sua gravidade e

abrangência quanto pelos elevados custos sociais e econômicos que produzem. O manejo efetivo e a priorização de

cuidados são relevantes pela magnitude, transcendência e vulnerabilidade

objetivo de atender a pessoa com lesão racionalizando o uso de materiais e

humanizando o atendimento. Em 2016, foram atendidas 2.426 pessoas com

lesão de pele, sendo que, em média, são atendidos 400 pacientes por mês. A equipe da Sala de Curativos

condições socioeconômicas; requisitos

hidratação, eliminações, higiene, sono, solidão/interação, atividade sexual);

requisitos de autocuidado por desvio de

saúde (diagnóstico médico, medicamentos em uso, alergias, antecedentes pessoais);

avaliação clínica da ferida; e diagnósticos

desse agravo à saúde. No contexto do

é composta por cinco enfermeiros,

pele, o profissional de enfermagem exerce

em enfermagem dermatológica, uma

está em uso há um ano, passando por

enfermeiras pós-graduandas em

uma excelente estratégia para orientar a

tratamento das pessoas com lesões de

um papel preponderante, pois é ele quem executa o curativo diariamente e está em maior contato com o cliente.

A enfermagem vem progredindo na

humanização ao longo dos séculos, tendo, portanto, um papel predominante por ser

uma profissão que busca promover o bemestar dos seres humanos, trabalhando

na promoção da saúde, na prevenção de

enfermidades, no transcurso de doenças e

danos, nas incapacidades e no processo de

sendo um enfermeiro especialista

enfermeira estomaterapeuta, duas

estomaterapia, um enfermeiro assistencial e duas técnicas de enfermagem. Com o início da gestão da Empresa Brasileira

de Serviços Hospitalares (Ebserh), houve o aumento do quadro de enfermeiros. A clientela é composta por clientes

oriundos dos Serviços de Cirurgia Vascular, Oncologia, Cirurgia Plástica, entre outros.

falecimento do paciente.

ACOMPANHAMENTO

de pele, com o passar dos anos e da

cuidado sistematizado e humanizado, foi

Por sua vez, o tratamento das lesões

aquisição de novos recursos e tecnologias, foi se tornando de vital importância, por isso profissionais, instituições e

indústrias têm buscando a excelência para proporcionar, ao portador de

lesões, um tratamento eficaz e em curto prazo, que possa trazer maior conforto

e breve retorno à normalidade da vida.

Para desenvolver uma prestação de

construído um instrumento específico para acompanhar a evolução e o tratamento

da lesão de pele. O sucesso da cicatrização vai depender de cada uma das seguintes etapas do instrumento: planejamento,

implementação, evolução e registro das condições clínicas das lesões.

O documento foi elaborado pela

Dentro desse contexto, o enfermeiro

equipe de enfermeiros do Ambulatório de

enfermagem, com qualidade e efetiva

a Teoria do Autocuidado, de Dorothea

realiza a sistematização da assistência de recuperação do paciente.

No Ambulatório de Cirurgia do

Hospital Universitário Walter Cantídio 22

Cirurgia, utilizando como referencial teórico Orem. O instrumento “Sistematização da

Assistência de Enfermagem para as Pessoas com Feridas” compõe-se do seguinte:

de enfermagem.

Como resultado, o instrumento

constantes revisões, e tem se mostrado

realização das consultas de enfermagem, facilitando o diagnóstico e o tratamento.

Acredita-se que o instrumento irá contribuir para o direcionamento da assistência de

enfermagem e a construção de indicadores, bem como poderá ajudar na formação de alunos dos cursos de graduação e pós-

graduação em enfermagem, assim como de residentes multiprofissionais.

“Para desenvolver uma prestação de cuidado sistematizado e humanizado, foi construído um instrumento específico para acompanhar a evolução e o tratamento da lesão de pele.” REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO


DA ESQUERDA PARA A DIREITA Sarah Wellingda Santos Serafim Assistente administrativa da Unidade de Comunicação Social do HUWC Ludmila Wanbergna Nogueira Felix Chefe da Unidade de Comunicação Social do HUWC Allyneanhy Gade Nunes Alves Estagiária* da Unidade de Comunicação Social do HUWC Marcela Barbosa Batista Assistente administrativa da Unidade de Comunicação Social do HUWC

O papel da humanização no novo jeito de fazer comunicação no Hospital Universitário

C

omunicar a partir das opiniões e das histórias das pessoas. Com essa proposta, a Unidade de Comunicação Social do Hospital Universitário Walter Cantídio criou, em 2016, duas campanhas que marcaram a história do HUWC. Uma delas foi a campanha de construção coletiva que culminou na definição da logomarca do hospital. A segunda ajudou a sensibilizar a área assistencial do HUWC no não-uso de adornos durante a jornada de trabalho. CONSTRUÇÃO COLETIVA Dividido em duas fases, o projeto de construção coletiva da marca do HUWC contemplou realização de grupos focais e voto popular. Foram feitos seis grupos focais nos meses de abril e maio do ano passado, com representação de todos os públicos de interesse do hospital. A partir das discussões e das sugestões colhidas nesses grupos, a Unidade de Comunicação Social desenvolveu algumas propostas, que foram analisadas pela gestão do hospital. Duas delas foram avaliadas como as mais representativas e submetidas à votação popular. De forma espontânea, os colaboradores do HU tiveram a oportunidade de escolher a sua proposta preferida pela intranet ou em urnas físicas. A proposta vencedora levou 64% dos votos válidos. A Unidade de Comunicação Social entregou também o Manual de Identidade Visual do Hospital Universitário Walter Cantídio (disponível em http:// www.ebserh.gov.br/web/huwc-ufc/ identidade-visual), com a construção técnica da marca e suas aplicações. “Estamos muito satisfeitos com os resultados dessa campanha. Conseguimos REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO

envolver a comunidade hospitalar em torno de uma questão muito representativa para a identidade do hospital”, afirma o superintendente do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC), Professor Luciano Moreira. COLABORADOR COMO PROTAGONISTA No primeiro semestre de 2016, a Vigilância Sanitária identificou a necessidade de adequação do hospital quanto ao uso de adornos (relógios, brincos, pulseiras, alianças, colares, gravatas etc). Em junho, 70% dos colaboradores da assistência usavam um ou mais tipos de adorno. Por isso, a Comunicação desenvolveu a Campanha Adorno Zero, lançada em 25 de agosto de 2016, para sensibilizar os colaboradores na aceitação da Portaria nº 137, da Superintendência, que disciplina o uso de adornos nos hospitais universitários. Pela primeira vez, colaboradores e seus familiares foram protagonistas numa campanha de comunicação do hospital. “Entendemos que era preciso tratar esse

Campanha completa: goo.gl/RlY46P

tema de difícil adesão de uma forma surpreendente e impactante. As pessoas se viram representadas nas peças e passaram a apoiar”, avalia Josenília Maria Alves Gomes, gerente de Atenção à Saúde do HUWC. Somente o primeiro dos oito posts programados para a Página do Complexo Hospitalar no Facebook alcançou, sozinho, 38.609 pessoas (até 31/12/16). Também foram recebidas manifestações de interesse em compartilhar a campanha em outros hospitais da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), como o hospital da Universidade Federal do Vale do São Francisco, e os da rede estadual de saúde, como o Hospital Infantil Albert Sabin. Além dos posts, foram produzidos cartazes, placas de sinalização para as áreas do HU onde o adorno é proibido e de alerta para os pontos eletrônicos, e-marketing com tira-dúvidas sobre a Portaria nº 137, entre outras peças, além de ação em parceria com O Boticário. Relatório feito em dezembro de 2016 mostrou que a campanha teve impacto importante na mudança de comportamento, com 46,60% dos colaboradores abordados sem evidência de uso de adorno durante a jornada de trabalho. A equipe da Unidade de Comunicação Social do Hospital Universitário Walter Cantídio é formada por uma jornalista e duas assistentes. A estruturação da equipe só foi possível em função de convocação das profissionais mediante concurso público realizado pela Ebserh. *Allyneanhy fazia parte da equipe de Comunicação do HUWC quando a campanha da logomarca foi desenvolvida 23


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REVISTA DO HU WALTER CANTÍDIO


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