Seu negócio - Chegou a hora de virar patrão

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Parte integrante do Diário do Grande ABC – Não pode ser vendida separadamente

Patrocínio:

SEGUNDA-FEIRA, 19 DE AGOSTO DE 2013

Chegou a hora de virar patrão


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DIÁRIO DO GRANDE ABC | Segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Franquia e empreendedorismo são os assuntos do momento

Diário inicia série de suplementos para mostrar como surfar as ondas do negócio sem medo de errar

Fundadores Edson Danillo Dotto (1934-1997), Maury de Campos Dotto, Fausto Polesi (1930-2011) e Angelo Puga Diretor-presidente Ronan Maria Pinto Diretor-superintendente Maury de Campos Dotto Diretora-geral Lidiane Fernandes Pinto Soares Diretor Evenson Robles Dotto Diretor Administrativo Willams José dos Santos

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uas grandes transformações estão ocorrendo no Grande ABC. A primeira é a mudança de eixo econômico da indústria para os setores de comércio e serviços. A outra tem a ver com a forma como as pessoas adquirem as informações que utilizam para tomar suas decisões de vida – das mais simples às mais cruciais. Ligado nas duas, o Diário criou o projeto multiplataforma Seu Negócio, em parceria com o Sebrae, que traz conteúdo focado em empreendedorismo, inovação e franquias nas mídias impressa, eletrônica e digital. Extremamente atraente para quem quer investir em comércio e serviços por conta do potencial de consumo da sua população, a região inspira os empreendedores daqui e de fora. Muitos se sentem tentados a fazer a transição entre ser funcionário e se tornar seu próprio patrão. No processo, esses candidatos a empresário saem em busca de orientação. Nesse ponto é que surgem o Diário, fornecendo conteúdo com credibilidade e atualidade, e o Sebrae, com a expertise de seus con-

S EU N EGÓCIO

Diretor de Redação Sérgio Vieira Coordenação de Marketing Claudia M. R. Zeber Josiana Abrão

Suplemento especial Seu Negócio Edição Evaldo Novelini Textos Andréa Ciaffone

sultores e com seus cursos criados especificamente para quem está começando na vida empresarial. “Com base nas transformações socioeconômicas da região, o Diário entendeu que havia necessidade de abordar esse novo momento e mostrar da forma mais direta, completa e didática possível, a realidade e as possibilidades do mercado para quem está pensando em abrir ou já tem uma empresa”, diz o diretor de Redação, Sérgio Vieira. “As reportagens do caderno Economia mostram que a região já está neste caminho e nós entende-

mos que é nosso papel contribuir com a vida do leitor com informação de qualidade que o ajude a tomar decisões.” Justamente por estar sintonizado à forma de viver dos habitantes da região, que cada vez mais recorrem à internet para ampliar seus conhecimentos, o Seu Negócio tem interfaces digitais poderosas. O Diário fez com que o projeto multiplataforma incluísse fortemente conteúdo em mídia digital. Será lançado o canal exclusivo Seu Negócio no DGABC

TV, a WebTV do Diário, que tem mais de 60 mil usuários únicos por mês. Em programas de até cinco minutos, consultores especializados serão entrevistados frequentemente e mostram tendências, analisam casos reais e dão dicas para quem é empresário. Haverá, ainda, pílulas de dois minutos com dicas para o empreendedor. “Há uma identificação entre a mídia on-line e o estilo de vida dos empreendedores. A dinâmica da internet combina direitinho com o pragmatismo dos empresários de hoje”, diz a editora de conteúdo do DGABC TV, Juliana Bontorim. No atual mercado, as empresas precisam acompanhar a velocidade das transformações e corresponder aos desejos dos consumidores. Planejamento, preparação, qualificação e inovação são as palavraschave e todas fazem parte do dicionário do Seu Negócio.

Editor de Arte Eder Marini Diagramação Raul R. Silva Revisão Francisco Lacerda Ilustração capa Seri Infográficos Agostinho Fratini Tratamento de Imagens Maurício Silva Studio Bárbara Béo e Danielle M. Cruz Paginação de Anúncios Eduardo Pinheiro Departamento Comercial André Ferreira, Adriano Mendes da Silva, André Morais, Camila da Silva, Claudia Cristina Carvalho, Everton Amauri, Jorge de Oliveira, Luciana Lima da Silva, Luciana Moraes, Marcelo Tadeu, Marcia Maritan, Silvana Domingos e Thaisa Leão Sede: Rua Catequese, 562, Santo André, São Paulo- CEP 09090-900 Telefone PABX 4435-8100 São Paulo: Rua Vergueiro, 3.153, 8º andar - sala 84 - Vila Mariana Tel.: 5084-4575


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Dono do seu próprio destino

Seja por necessidade ou por identificar a oportunidade, empreender exige olhar estratégico

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ma ideia na cabeça, entusiasmo no coração e força nos braços são os ingredientes básicos para empreender. Sem eles, nem adianta sair do sofá. Mas, do mesmo modo que um belo bolo de aniversário não se faz só com leite, ovos e farinha, uma empresa só cresce se tiver na sua receita planejamento, controle, visão, missão e valores. O capital inicial é importante, mas o segredo do sucesso é saber dosar o quanto colocar de cada elemento. Os especialistas explicam que os recursos financeiros são como o combustível num avião. Sem ele, não dá para decolar. Mas, para tirar a máquina do chão, há muito mais coisas envolvidas. Do design da asa ao peso no compartimento de carga, tudo influi. Por isso, para fazer a empresa voar, é preciso desenvolver plano de negócios detalhado. Depois de decolar, muitas empresas percebem que podem voar mais alto. Outras, depois de algum tempo, percebem que estão perdendo altitude. Nos dois casos, a solução é fazer planejamento estratégico, que é conjunto de análises cuidadosas que confrontam o momento que a empresa está vivendo, aonde ela quer chegar e a melhor rota para isso. Foi o que aconteceu com a M3 Móveis, de São Caetano. “Entrei no ramo de marcenaria em 1994. Passei 15 anos levando o negócio modestamente até que, em 2009, por indicação de alguns amigos, comecei a fazer os cursos do Sebrae. Redefini minha visão do negócio, estabeleci minha missão e, em

DEZ DICAS PARA QUEM QUER EMPREENDER

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Ter iniciativa: O empreendedor deve assumir uma postura de líder, buscando soluções e estando sempre atento aos movimentos do mercado, dos clientes e também dos concorrentes; Ter persistência: Estar motivado, consciente e crente com as possibilidades é essencial ao empreendedor, afinal, são seus sonhos que estão representados na empresa; Comprometimento: É imprescindível que algumas vezes sejam feitos sacrifícios pessoais e que grandes esforços sejam dispendidos para o cumprimento de uma tarefa, ainda que ela seja de responsabilidade da equipe;

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Correr riscos calculados: O empreendedor de sucesso deve aceitar os riscos, porém deve saber onde pisa e até onde pode ir; Exigir qualidade e eficiência: O empreendedor não pode estar disposto a oferecer qualquer tipo de produto ou serviço para o cliente e essa postura ele deve cobrar também dos colaboradores; Busca de informações: O empreendedor deve dedicarse pessoalmente a obter informações sobre clientes, concorrentes e até mesmo sobre como fabricar um produto ou fornecer um serviço; Estabelecimento de metas: É preciso estabelecer metas e objetivos que são desafiantes e que têm significado pessoal. Além disso, é necessário mensurar, depois, os resultados;

Fonte: Sebrae

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VISÃO. Carrasco mudou de rumo e deu alcance nacional à M3 Móveis com produção voltada para o mercado corporativo e para pontos de venda, que projeta e fabrica móveis sob medida para lojas, quiosques e displays expositores. “Nosso crescimento

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CONSULTOR

Claudinei Plaza

Planejamento e monitoramento sistemático: O empreendedor deve planejar e revisar constantemente o que foi definido, levando em conta os resultados obtidos, as mudanças circunstanciais e os registros financeiros; Rede de contatos: Frequentar eventos em que estão pessoas diretamente ligadas ao seu setor é muito oportuno para desenvolver e manter relações comerciais; Independência e autoconfiança: O empreendedor precisa acreditar em si mesmo, pois é isso o que o fará arriscar mais, ousar mais e empreender mais. No entanto, ele deve estar sempre aberto a ouvir a opinião dos colaboradores. Agostinho/Editoria de Arte

Claudinei Plaza

quatro anos, minha empresa cresceu 100 vezes”, diz Anderson Carrasco que, com a sua mulher, Verônica, transformou uma marcenaria com alcance local em uma fábrica de móveis

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acompanha o do comércio. Hoje existem mais de 700 shopping centers no Brasil e temos pelo menos uma loja fabricada pela M3 em cada um deles”, celebra o empresário. Nascida em São Bernardo, a EFA (sigla para esperança, fé e amor) é uma marca daquelas que nasceram do jeito certo: original e relevante para o seu público-alvo: os amantes do skate. Tudo começou com a paixão do fundador, Fábio Nascimento, pelas manobras radicais e cultura que emana do esporte. Ex-funcionário da Volkswagen, o empreendedor começou com boxe no shoppinho no Centro de São Bernardo, depois abriu a loja The House Skate Shop, o site para e-commerce e criou a marca EPA com produtos desenvolvidos por ele e produção terceirizada. Agora, o empresário busca viabilizar seu sonho de ter uma fábrica, algo bem típico de quem nasceu em um berço industrial.

“Nem sempre só ter dinheiro resolve. Se a pessoa não souber como ele deve ser utilizado numa empresa, vai perdê-lo. Por isso, a primeira providência para empreender é fazer um plano de negócios, que é a engenharia que vai sustentar a empresa. É nessa fase que o aspirante a empresário vai estudar o mercado em que pretende ingressar, perceber onde estão as oportunidades, definir público-alvo, analisar competências, estabelecer qual será a sua visão do negócio, sua missão e os valores pelos quais sua empresa será percebida. Quando a empresa já existe, o planejamento estratégico tem o papel de analisar a realidade da empresa e de estabelecer o objetivo de onde a empresa quer chegar e a rota para chegar lá. O processo equivale a consertar o motor com o avião em pleno ar. É arriscado, mas se não for feito, o risco de queda se transforma em certeza.” Fábio Costa atua no Escritório Regional do Sebrae no Grande ABC. É especialista em planejamento estratégico.


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Empreender virou o sonho da maioria, afirma superintendente do Sebrae

ABC, apesar de os sete municípios já terem regulamentado a lei, apenas Mauá, São Bernardo, Ribeirão Pires e São Caetano a implementaram. Vamos intensificar nosso trabalho de sensibilização dos agentes públicos e das prefeituras que ainda não a implementaram.

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prioridade aos pequenos negócios nas licitações públicas de até R$ 80 mil, permitindo que boa parte das compras municipais seja realizada junto aos pequenos negócios. O Grande ABC é um excelente exemplo de que o empreendedorismo dá certo. Hoje, a região conta com mais de 90 mil micro e pequenas empresas, as MPEs, dos setores de indústria, de comércio e de serviços. DIÁRIO – Qual a importância das pequenas e médias empresas do Grande ABC para o desenvolvimento econômico do Estado e do País? CAETANO – No primeiro semestre de 2013, as MPEs do Grande ABC ABC apresentaram aumento de 11,5% no faturamento real (já descontada a inflação) comparado ao mesmo período do ano passado. Número bem mais

elevado do que os 3,6% de crescimento do resto do Estado. E isso se deu pela economia forte da região, principalmente no crescimento da produção industrial de veículos. A região se destaca no setor metalmecânico, o que favorece os pequenos negócios na compra de insumos, peças e componentes. Outros setores importantes são os de confecção, de noivas e o próprio comércio varejista. Estes dados comprovam a importância das MPEs para o desenvolvimento econômico para a região, o Estado e o País. E para fortalecer ainda mais a economia local, o Escritório Regional do Sebrae-SP no Grande ABC, em Santo André, atende mais de 700 empreendedores por mês das sete cidades da região, oferecendo cursos e palestras, consultorias e informações de gestão, tudo para facilitar e ajudar

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Patrícia Cruz/Divulgação

s estantes das livrarias estão lotadas de obras que contam histórias cheias de drama, aventura e até comédia que passam longe da ficção. São histórias de gente que ousou empreender, lançou-se num mundo tão fluido e impreciso quanto o dos oceanos. Todos amam o risco e avaliam suas habilidades no comando e a força da sua embarcação. Alguns se previnem e jamais saem de perto da praia, outros se lançam ao mar aberto confiantes de que serão capazes de enfrentar as tormentas. Na hora de traçar a rota, muitos contam com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) como seu principal instrumento de navegação. No leme, ou melhor, na superintendência do Sebrae em São Paulo, o sociólogo Bruno Caetano enfrenta o desafio de apontar os rumos para as naus dos mais diversos portes e setores no Estado que tem a economia mais dinâmica do País e o prazer de ver um horizonte bastante favorável. De olho em tudo o que impacta a trajetória dos pequenos negócios, ele falou ao Diário sobre empreendedorismo, inovação, franquias e o papel do Grande ABC nesse universo cheio de oportunidades. DIÁRIO – Como o senhor avalia a evolução do empreendedorismo no Brasil? Especificamente em relação ao Grande ABC, qual é a sua avaliação? BRUNO CAETANO – O empreendedorismo está cada vez mais forte no Brasil. O principal sonho do jovem brasileiro não é mais o de encontrar um emprego e ter a carteira de trabalho assinada. É cada vez menos o de passar num concurso público. O principal sonho é ser empreendedor, dono do próprio negócio. E duas conquistas foram importantes para o ambiente mais favorável ao empreendedorismo: o Super Simples, sistema que reduziu a carga tributária e unificou o pagamento de tributos diferentes em uma única guia e a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que diminuiu a burocracia, a carga tributária em 40%, em média, e deu

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No primeiro semestre deste ano, o faturamento das MPEs do Grande ABC foi 11,5% maior que o obtido no mesmo período de 2012. Bem maior que a média do Estado, 3,6% no crescimento dos pequenos negócios. DIÁRIO – Como o senhor classifica a relevância das pequenas e médias empresas? CAETANO – As micro e peque-

nas empresas representam 99% do total de negócios do Brasil, 25% do Produto Interno Bruto e respondem por 1% do valor total das exportações. Esse último dado pode ser considerado relativamente baixo, mas individualmente as micro e pequenas empresas podem se preparar para conquistar mercado no Exterior. Porém, o desenvolvimento delas, seja no mercado interno ou externo, passa por um ambiente empreendedor menos hostil. É preciso reduzir a burocracia, facilitar o acesso ao crédito, baixar juros e mais municípios devem implementar a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. É fundamental que esse conjunto de regras saia do papel em mais cidades, pois traz benefícios em vários aspectos. É uma forma de fortalecer o empreendedorismo. Particularmente no Grande

DIÁRIO – Qual é o papel das pequenas e médias empresas como geradoras de postos de trabalho? Também no caso das PMEs, investimento em tecnologia é inversamente proporcional ao número de pessoas empregadas? CAETANO – As micro e pequenas empresas respondem por 52% dos empregos formais no Brasil. Não há uma regra geral de que o investimento em tecnologia necessariamente elimina postos de trabalho. Uma nova tecnologia pode reduzir a necessidade de mão de obra, porém elevar a produtividade, que passa a requerer mais mão de obra para suprir a nova capacidade produtiva, por exemplo. Mas mais do que a tecnologia, é o ritmo da atividade econômica que tem impacto imediato na oferta de vagas. No entanto, mesmo com a desaceleração da economia no País, o Estado de São Paulo conseguiu fechar o primeiro semestre com aumento de 0,8% no pessoal ocupado. No Grande ABC, a alta foi de 1,2% no mesmo período. DIÁRIO – A sobrevivência nos dois primeiros anos de atividade aumentou. A que o senhor atribui esse bom resultado? CAETANO – Os dois primeiros anos são o período mais crítico, porque o negócio ainda não tem uma clientela formada e o empreendedor, muitas vezes, é inexperiente. Mas o índice de sobrevivência tem aumentado nos últimos anos. No Estado de São Paulo é de 78%, e superior ao de países desenvolvidos como Canadá, Espanha,

Itália e Holanda. A cada negócio aberto por necessidade, dois são abertos por oportunidade. Ou seja, o empresário tem se preparado mais, há políticas em favor do empreendedorismo, o que aumenta a possibilidade de sobrevivência, além do crescimento do mercado interno, que beneficia diretamente as MPEs. DIÁRIO – Inovação, adaptação ou transpiração? O que pesa mais para o sucesso? CAETANO – Um bom ponto de partida para colocar a empresa no caminho certo é o princípio dos ‘P’s: propósito, processo, pessoas e parcerias. Propósito se traduz em pensar no públicoalvo e no lucro que poderá ser obtido. Processo diz respeito a como fazer. Pessoas trata da relação entre o dono do negócio e os empregados. E Parcerias engloba todos os que mantêm contato com a empresa e podem facilitar a gestão. Há ainda um último P, que pode ser definido por prazer. Afinal ninguém aguenta fazer algo que não gosta por muito tempo. Na primeira crise, vai pular do barco. Os princípios podem ser usados sempre, seja para redimensionar a empresa, aproveitar a sazonalidade, promo-

As micro e pequenas empresas representam 99% do total de negócios do Brasil, 25% do Produto Interno Bruto e respondem por 1% do valor total das exportações

ver inovação ou mirar novos nichos. DIÁRIO – Um bom funcionário ou um executivo bem-sucedido é automaticamente um bom empreendedor? CAETANO – O empreendedorismo e a liderança nos negócios devem ser exercidos de forma inteligente, traduzindo-se em mais ou menos produtividade e melhores ou piores resultados. Empreender é uma atividade que, como tantas outras, implica riscos. Quem abre um negócio obviamente almeja o sucesso, mas precisa estar preparado para encarar o fracasso também. Ganhar ou perder é do jogo. O importante é estar ciente dos limites e dar o passo possível. A diferença está em planejar cada etapa, saber reduzir ao mínimo a possibilidade de as coisas darem errado, capacitar-se e só correr riscos calculados. Muitas vezes, o que vai contra é o ambiente empreendedor, pelo qual o Sebrae tanto luta para melhorar. DIÁRIO – Fale um pouco da diferença que o Sebrae pode fazer no planejamento de um novo negócio e no realinhamento de negócios que já existem. CAETANO – Por meio dos nossos escritórios regionais preparamos o empreendedor para obter as condições necessárias para crescer e acompanhar o ritmo de uma economia competitiva. São Paulo tem hoje mais 750 mil empresários formalizados pelo MEI (Microempreededor Individual). Mas para manter as portas abertas e manter o negócio lucrativo, é preciso conhecimento e boas práticas de gestão. Diante disso, o Sebrae-SP oferece o Sebrae Empreendedor Individual, conjunto de soluções que trata de temas básicos para gestão e fortalecimento dos negócios dos novos empreendedores. Cada módulo do SEI é apresentado por meio de oficinas presen-

O mercado de franquias é, sem dúvida, importante agente da economia. Das 100 mil unidades franqueadas, grande parte é formada por pequenas empresas ciais, com três horas de duração cada. DIÁRIO – O que é inovar? Custa caro? Como incentivar a inovação nas empresas? CAETANO – A inovação pode ocorrer no produto, no serviço ou nos processos. Não significa fazer algo nunca feito antes, mas fazer algo novo dentro da empresa, otimizando resultados, reduzindo custos, melhorando os processos e o que se oferece ao cliente. Em muitos casos está ligada à tecnologia, mas não necessariamente. Também é um mito dizer que para inovar é preciso gastar muito. Às vezes, a simples mudança na maneira de se fazer algo configura uma inovação. Está acessível a empresas de qualquer porte. DIÁRIO – Como o local pode impactar o sucesso de uma empresa? CAETANO – O primeiro passo é fazer um estudo para saber se o mercado consumidor da região se encaixa no perfil do seu negócio. É preciso conhecer o público-alvo. Não adianta abrir uma loja popular em uma rua sofisticada ou viceversa. Outra questão é conseguir um lugar de fácil acesso, de preferência perto de pontos de ônibus e estações de trem e metrô. E se o local disponibilizar estacionamento

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para os clientes, com certeza será grande diferencial. O empreendedor também não pode se esquecer de pedir todas as autorizações exigidas por lei para a operação do seu negócio.A escolha do ponto comercial é determinante para o crescimento da empresa e não pode ser negligenciada de forma alguma. DIÁRIO – As franquias são boa opção para quem não tem experiência? CAETANO – O mercado de franquias é, sem dúvidas, um importante agente da economia brasileira e está cada vez mais profissionalizado. Das mais de 100 mil unidades franqueadas no Brasil, grande parte é formada por pequenas empresas. Mas para que um empreendedor tenha sucesso no mercado de franquias é preciso verificar a demanda do mercado pelos produtos ou serviços, as tendências do segmento, a concorrência, o público-alvo, as principais estratégias de atuação da empresa e especialmente a sua capacidade de produção e expansão. DIÁRIO – Como o Sebrae pode ajudar quem quer abrir uma franquia? CAETANO – O empreendedor que investir em uma franquia deve considerar alguns pontos. É preciso se planejar e estar focado nos objetivos. Certamente, a marca dará ao franqueado descontos nos preços, condições especiais de pagamento, fornecedores de qualidade, competitividade da marca e produtos de sucesso. Porém, se o franqueado não souber fazer a gestão dessas vantagens, não irá cumprir seu plano de negócio. O Sebrae-SP oferece de forma gratuita todas as informações e orientações para os empreendedores que queiram abrir uma franquia, por meio do nosso site (sebraesp. com.br) ou ser atendido por um especialista em gestão empresarial gratuitamente pelo 0800 570 0800.


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Inovação é elemento para o sucesso, que está mais perto do que se supõe André Henriques

Seja na Apple ou no carrinho de pipocas, buscar novos caminhos pode ser a chave para o triunfo

CONSULTOR

Denis Maciel

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mundo dos negócios está cheio de mantras e um dos mais frequentes é ‘inovar sempre’. Mas, a despeito da repetição, poucos sabem exatamente o que ele quer dizer e um certo ar de mistério ainda persiste. Facilmente identificada nos produtos de alta tecnologia de megaempresas, como a icônica Apple, que com iPod, iPhone e iPad transformou a relação das pessoas com os atos de ouvir música, interagir com telefone e computador portátil, a inovação não é uma mágica exclusiva das empresas endinheiradas que empregam os melhores cérebros do planeta. Segundo os especialistas, ela está ao alcance de todos. Inclusive dos que vivem de fazer pipoca ou preparar cachorroquente. Ficar em contato com a realidade ao mesmo tempo em que cria o inédito é missão complexa, que tem sido ensinada nas faculdades do Grande ABC. “Não adianta ser tecnologicamente genial se o projeto não tiver viabilidade econômica”, vaticina o professor Norival Caruso, da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). É a partir dessa máxima que ele coordena, já há seis anos, a feira de negócios da universidade, que congrega trabalhos de alunos do último ano que são apresentados já no ponto de virar empresas. “Dos mais de 300 projetos que já participaram da feira,

PALAVRA DO

ATITUDE. Para manter grandes clientes, Paoleschi aposta em diferenciais 90% apresentaram plenas condições de ir para o mercado como empresa”, diz Caruso. “São firmas que já nascem viáveis porque unem excelência técnica com o entusiasmo dos alunos pelo empreendedorismo”, diz o mestre, que recomenda aos alunos buscar apoio no Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e no BNDES (Ban-

co Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). “As grandes ideias no mundo da tecnologia só se justificam se tiverem aplicação prática e possibilidade de serem absorvidas no contexto produtivo”, completa Caruso. Há dez anos no mercado, a Konics é empresa do setor de tecnologia de informação que compete diretamente com me-

gaempresas do setor, como IBM, HP e Tivit, e mantém clientes como a Ambev graças à sua forma de criar produtos inovadores. “Temos a nosso favor a agilidade de seremos pequenos. Podemos criar o que os nossos clientes nem sabiam que precisavam e oferecer isso para eles com maior rapidez”, diz o fundador da Konics, Alexandre Paoleschi. “Mas só a expertise de TI não basta, foi preciso desenvolver o lado empresarial. Em 2009, fiz o Empretec (programa de formação do Sebrae) e apliquei na empresa. Entre 2010 e 2012 minha empresa dobrou de tamanho a cada ano. Para 2013, fiz alguns investimentos e o crescimento será menor, de 15%”, diz o empreendedor, que faturou R$ 7 milhões no ano passado.

“Inovar se relaciona a agregar valor à experiência do consumidor e pode ocorrer em qualquer setor e com qualquer capacidade financeira. Para buscar a inovação, o empresário precisa estar disposto a atender expectativas latentes do consumidor em iniciativas que possam ser valorizadas por ele. O empreendedor tem de explorar bem a forma de agregar valor para reduzir o tempo da curva de aprendizagem do cliente sobre a novidade. É fundamental desmistificar que inovação custa caro e que só ocorre na área de tecnologia. Por exemplo, um pintor que ofereça o serviço de limpeza pós-reforma está inovando e agregando valor sem precisar investir um tostão sequer para desenvolver esse diferencial.” Gustavo Schiavone atua no Sebrae no Escritório Regional do Grande ABC. É especialista em negócios ligados à inovação.


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Franquias conquistam a preferência Andréa Iseki

Como consumidor ou para investir, os moradores da região apostam neste tipo de negócio

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ercado consumidor endinheirado, vocação econômica em transformação e grande desejo empreendedor fazem do Grande ABC um dos endereços mais desejáveis para se abrir uma franquia no Brasil. Segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising), a região possui 844 unidades abertas, 4,2% do total nacional. Em 2011, a fatia era de 2%. A evolução, que já tem sido rápida, tem tudo para se intensificar. “Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá estão entre as 20 cidades mais cotadas. A região é intensamente urbanizada, tem baixo desemprego e população ávida por produtos e serviços de qualidade”, resume Marcus Rizzo, fundador da Rizzo Franchise. A capacidade de consumo da região é fator de forte atração. Pesquisa realizada pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano) revela que 51%

MÃO NA MASSA. Afonso Junior, da Brasileira, é franqueador há 21 anos da população da região estão na classe B e outros 39% na classe C. Esse potencial só é superado por São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. “A franquia é a resposta mais convincente para algumas das demandas bem específicas da região. Além de atender a exigência de qualidade, supre a insegurança de quem quer empreender, mas não tem experiência em tocar um negócio próprio”, diz Adir Ribeiro, presidente da Praxis Business e consultor de franquias e varejo. Em 2012, as franquias cresceram 16,2% no País, segundo a ABF. Para este ano, a expectati-

va da entidade é que o setor aumente 16% em faturamento, 9% em novas redes, 11% em novas unidades e 11% na geração de postos de trabalho. APETITE E BELEZA De acordo com o mapeamento feito pela ABF, das 844 franquias em operação na região, 32,1% são da área de alimentação, para atender a demanda crescente. “O perfil da região está mudando. Hoje comer fora faz parte da rotina de quem trabalha em comércio e serviços”, analisa o presidente do Sehal (Sindicato das Empresas de Hotelaria e Alimentação do Gran-

de ABC), Roberto Moreira. Além das marcas que desembarcam por aqui por meio de franquias, algumas empresas da região também viraram franquias. “Conhecemos bem o nosso público, que é exigente. Se funciona aqui, funciona em outros lugares”, observa Henrique Afonso Junior, sócio da Padaria Brasileira, empresa que há 21 anos desenvolveu o conceito Brasileira Express e o transformou em franquia. Com seis Express abertas, a marca está para ir além da região e abrir a primeira franquia de padaria, que será na região da Avenida Paulista, em São Paulo. “O Sebrae nos ajudou bastante em capacitação da mão de obra, algo fundamental neste negócio”, diz. Com 17,8% das franquias na região, o setor de esporte, saúde, beleza e lazer está fazendo bonito. Kalyne Megiolaro, dona da unidade São Caetano da rede D’Pil, abriu as portas há 11 meses e diz que tudo indica que irá recuperar seu investimento antes de completar o primeiro ano. “Mas não é só escolher uma marca forte e conhecida. É preciso buscar fazer a diferença, ser ativo”, revela Kalyne, que jamais sai sem alguns folhetos na bolsa.

ATIVIDADES EM ALTA SANTO ANDRÉ 1 Livrarias 2 Infantil 3 Educação e Treinamento 4 Saúde e Beleza 5 Hotelaria e Turismo 6 Alimentação 7 Automotivo Boa 8 Vestuário e Acessórios oportunidade: 9 Construção e Mobiliário negócio com MAUÁ indicadores 1 Infantil de consumo 2 Construção e Mobiliário consistentes 3 Livrarias Oportunidade: 4 Alimentação atividade em 5 Educação e Treinamento crescimento e 6 Automotivo com potencial 7 Vestuário e Acessórios de consumo 8 Saúde e Beleza 9 Hotelaria e Turismo Ótima oportunidade: fortes indicadores de consumo e demanda latente

Fonte: Rizzo Franchise

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SÃO BERNARDO Educação e Treinamento Livrarias Automotivo Infantil Construção e Mobiliário Alimentação Hotelaria e Turismo Saúde e Beleza Vestuário e Acessórios

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DIADEMA Vestuário e Acessórios Hotelaria e Turismo Alimentação Construção e Mobiliário Saúde e Beleza Automotivo Educação e Treinamento Livrarias Infantil Agostinho/Editoria de Arte

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CONSULTOR

Denis Maciel

“Na hora de decidir se vai comprar uma franquia ou não, a primeira coisa que a pessoa deve fazer é profunda pesquisa de alma. Deve ser honesto consigo mesmo na hora de avaliar se está disposto a colocar dinheiro num negócio que seguirá sempre as regras estabelecidas por outra pessoa. Numa operação de franquia, o sujeito que colocou dinheiro no negócio, o franqueado, não decide nada, só segue as orientações do franqueador e trabalha muito para que sua unidade dê certo. Afinal, ele tem de pagar a franquia. Se depois de avaliar cuidadosamente ele decidir que quer a tranquilidade de comprar um negócio que já foi testado e aprovado, aí é a hora de conferir sua capacidade financeira e pesquisar em que segmento de atividade se sentiria mais feliz em atuar.” Leandro Reale Perez atua no Escritório Regional do Sebrae no Grande ABC. É especialista em marketing e palestrante.


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NEGÓCIO

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