Relatório Anual da Diaconia 2016

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REL ATÓRIO ANUAL 2016

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Apresentação A Diaconia chega aos 50 anos de atuação: este fato, por si só, já é um motivo de gratidão a Deus e a todas as pessoas que caminharam e caminham conosco. Essa jornada é marcada por luta, resistência, experimentações e desafios, e também por conquistas, aprendizados e superação, mas sobretudo, pela transformação de vidas. Isso é o que nos dá disposição para continuar atuando na luta por direitos, no entendimento do serviço cristão como parte integrante de nossa missão junto a populações vulneráveis, em comunidades urbanas e rurais. Neste Relatório Institucional, apresentamos as principais atividades desenvolvidas no ano de 2016, bem como o número de pessoas alcançadas direta e indiretamente e os principais impactos percebidos neste período. Mais do que uma prestação de contas, pretendemos mostrar, com este documento, o resultado de nossa ação junto a crianças, adolescentes, jovens, mulheres, homens, famílias e igrejas, que, a partir de nossa participação em seus grupos e comunidades, compreenderam e fortaleceram a conquista de seus Direitos Humanos. Queremos compartilhar que este não foi um período fácil na caminhada da Diaconia. Diante das mudanças na conjuntura nacional e internacional, trilhamos o caminho de nos avaliarmos e nos adaptarmos a novas realidades políticas, econômicas e sociais, mas sem perder o equilíbrio, a sensibilidade e a consciência de nossa missão. E assim, continuamos em frente, na afirmação de direitos e práticas de justiça. Em cada relato, depoimento e número apresentado neste relatório, esperamos que leitores e leitoras identifiquem pessoas que tiveram sua esperança renovada por meio do resgate da cidadania, da justiça social e de uma vida mais digna. Com gratidão,

Equipe Diaconia 1

Expediente

CONSELHO DIRE TOR Presidente: Oscar P. Sanchez MC Clinton Vice-Presidente: Dalcido Gaulke 1º Secretário: Rinaldo Cezar Mendonça de Oliveira 2º Secretária: Maria Leci Queiroz 1ª Tesoureira: Joana D’Arc Meireles 2ª Tesoureira: Odete Liber Adriano Vogal: Airton Scheunemann Schroeder Suplente: Roseane Chagas C. Lima de Freitas CONSELHO FISC AL Jefferson Fabian Kern Daniel Pereira Bonfim João Batista Amaral de Oliveira (1º Suplente) Acácio Gonçalves (2º Suplente) COORDENAÇÕES Político-pedagógica: Waneska Bonfim Administrativo-Financeiro: Maria Orlenir Santos Colegiado de Assessores(as) Político-Pedagógicos(as): Afonso Cavalcanti - Sertão do Pajeú (PE) Joselito Costa - Região Metropolitana do Recife (PE) Kezzia Cristina - Região Metropolitana de Fortaleza (CE) Risoneide Lima - Oeste Potiguar (RN) Mobilização de Recursos e Comunicação: Clara Cavalcanti Tádzio Estevam Yuri Moscoso FICHA TÉCNICA Textos: Érika Nascimento Edição: Clara Cavalcanti Revisão textual: Fernanda Fontenelle Projeto Gráfico e Diagramação: Máquina do Bem Fotografias: Letícia Lisboa, André Araújo, Maíra Gamarra, Xirumba e Acervo Diaconia. Impressão: WDT Gráfica Tiragem: 300 exemplares

Índice 3 5 9

Justiç a de Gênero Meio Ambiente e clima Direitos das Juventudes

CAMPANHAS

1 3S

ou Uma Mulher de Coragem

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S emana da Água (SEMA )

1 7Proclamando Justiç a de Gênero

19

Crianç as e Adolescentes

21

Ecumenismo de Ser viço

23

Seguranç a Alimentar, Nutricional e Hídric a

15

27

16

29

Semana do Meio Ambiente (SEMEIA ) S emana da Alimentaç ão (SEIA )

Público, Parcerias e Par ticipações

Mobilizaç ão de Recursos e Comunic aç ão


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acolhimento, acompanhamento e encaminhamento de mulheres vítimas de violência.

O conjunto de ações realizadas durante o ano contribuiu para que as pessoas participantes sejam capazes de assumir a tarefa da disseminação de

A estratégia de estimular o empoderamento e a auto-

conhecimento sobre temáticas como (i) saúde das

nomia das mulheres, refletindo sobre as desigualdades

mulheres; (ii) violência doméstica e outras formas de

de gênero, foi utilizada com todo o público com quem

violência de gênero; (iii) questões étnicas e raciais;

atuamos em 2016: mulheres das igrejas, camponesas e

(iv) a história das mulheres, corpo e espiritualida-

também com as juventudes, a exemplo do 2º Encontro

de; e (v) políticas públicas para as mulheres. Essas

Interterritorial de Mulheres, que aconteceu em São José

ações alcançaram outros resultados expressivos,

do Egito, no Sertão do Pajeú (PE). A atividade reuniu 60

como o empoderamento feminino, que ajuda a rom-

mulheres cristãs, lideranças eclesiásticas, quilombolas,

per ciclos de violência, a consolidação de espaços de

universitárias, agricultoras e gestoras públicas, com ida-

articulação e acolhimento de mulheres, e a própria

des entre 19 e 63 anos, oriundas dos quatro territórios

construção da nossa Política Institucional de Gênero.

de atuação da Diaconia.

O que fizemos: • Realizamos atividades de formação (cursos, seminários, rodas de conversas, oficinas); • Estimulamos e fortalecemos a auto-organização das mulheres; • Incentivamos a participação das mulheres em espaços de articulação, intercâmbios e monitoramento da ação governamental; • Produzimos material educativo sobre desigualdades de gênero; • Realizamos manifestações, atos públicos e incidência em políticas relacionadas aos direitos das mulheres; • Apoiamos grupos produtivos de mulheres, a exemplo dos coletivos Estrelart, Brilho da Lua e Criart.

Justiça de Gênero

Novos espaços de promoção dos direitos das mulheres:

Partilhar, organizar e incidir

Em nossa caminhada junto às mulheres, temos a certeza

a reconhecer nas igrejas um instrumento potencial de

de um aprendizado: “só haverá justiça social se houver

proclamação da justiça de gênero. Para fortalecer esse

justiça de gênero”. A força dessa constatação foi decisiva

diálogo, nos posicionamos contra os fundamentalismos,

para nossa atuação institucional em 2016. E não poderia

com a intenção principal de provocar mudanças concre-

ser diferente! As relações desiguais de poder entre homens

tas na vida das mulheres, a exemplo da realização das

e mulheres, em suas diferentes dimensões (sexualidade,

vivências com a metodologia “Nem tão doce lar” – uma

acesso e valorização no mercado de trabalho, violências

mostra itinerante, que ao montar e expor uma típica casa

Esses espaços favorecem momentos de estudos e debates e articulam mulheres cristãs, coletivos, grupos,

físicas e simbólicas e outras formas de opressão), expli-

de família, utiliza informações e imagens que denunciam

redes e ministérios comprometidos e empenhados com a defesa e promoção do direito das mulheres. Na prática,

citam a importância deste tema.

a violência sofrida por mulheres, crianças e jovens no

possibilitam que as mulheres organizadas em diferentes coletivos construam e participem de audiências, confe-

ambiente doméstico. Experiências como essa nos ani-

rências e outros atos públicos – a exemplo do apitaço contra a cultura do estupro e por mais segurança para as

maram a mobilizar e fortalecer grupos de referência no

mulheres, realizado em setembro, na cidade do Recife – e das reivindicações pelo funcionamento das Delegacias

As reflexões que fizemos nesse percurso nos ajudaram 3

Em 2016, novos espaços de compartilhamento de ideias, organização política e reivindicação dos direitos das mulheres foram criados e fortalecidos, a exemplo do Fórum de Mulheres Cristãs e Políticas Públicas de Pernambuco, a Câmara Temática de Gênero de Juventudes, em Fortaleza, a Rede de Mulheres Cristãs, no sertão do Pajeú, e a Câmara Temática de Gênero, no Oeste Potiguar. Em comum, o firme propósito de contribuir para a superação das injustiças de gênero.

da Mulher e pela estruturação dos organismos de políticas públicas.

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Nas ações formativas, merece destaque a atuação

de solda, lixadeira e máquina de fazer o fio de PET.

com catadores e catadoras de material reciclável, com quem realizamos capacitação para reutilização

Com as tecnologias sociais, transformamos as vidas

de garrafas PET (confecção de vassouras), e também

de milhares de famílias. Em 2016, construímos 188

um processo de mobilização para criar sua associa-

biodigestores, compreendendo que, para as famílias

ção. Além das atividades de formação e assessoria,

agricultoras, produzir gás a partir do esterco animal

contribuímos para que o grupo permaneça atuante.

representa uma economia real na sua renda mensal,

Assim, construímos um galpão para realização do tra-

contribui para a redução do desmatamento de ár-

balho de coleta, armazenamento e reciclagem, e opor-

vores do bioma Caatinga, e ainda pode servir como

tunizamos a aquisição de equipamentos como máquina

fertilizante do solo.

O que fizemos • Realizamos atividades formativas (seminários, palestras, intercâmbios, oficinas e outros encontros de sensibilização); • Formamos jovens agricultores(as) para a realização de georreferenciamento de áreas rurais para o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que tem como finalidade o monitoramento de áreas de preservação para o combate ao desmatamento; • Assessoramos técnica e politicamente Conselhos Municipais de Meio Ambiente; • Capacitamos grupos de catadores e catadoras de materiais recicláveis para a criação e fortalecimento de associações comunitárias e melhoria da infraestrutura de trabalho; • Implementamos e monitoramos o funcionamento das tecnologias sociais construídas; • Potencializamos ações de incidência política e de visibilidade (atos públicos, campanhas e entrega de propostas a candidatos ao poder executivo); • Fortalecemos articulações da sociedade civil e outros espaços de monitoramento de políticas públicas (Comitês e Fóruns);

Meio Ambiente e Clima A compreensão de que o projeto de Deus implica em

Para dar conta do desafio que é atuar nessas áreas,

uma relação harmônica entre a humanidade e o meio

estruturamos nossa intervenção a partir de um con-

ambiente nos ajudou a reconhecer o nosso papel e a

junto de ações que se articulam e se complementam,

reafirmar nosso compromisso com a formulação e disse-

como as atividades de formação e assessoria técnica

minação de conceitos e práticas ambientalmente susten-

e política, as implementações de tecnologias sociais

táveis. Questões como conservação do solo, combate ao

e a articulação para incidência em políticas públicas.

desmatamento e a produção e destinação dos resíduos

Todas essas estratégias foram implementadas de modo

sólidos se relacionam diretamente com a qualidade de

a considerar o envolvimento das famílias beneficiárias

vida das pessoas e com a sustentabilidade do planeta.

em todas as suas etapas de execução.

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• Realizamos atividades de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas (recuperação de nascentes, distribuição de mudas, reuso de águas servidas, recomposição florestal e diagnóstico rápido e participativo).

Biodigestor produz gás de cozinha a partir do esterco animal.

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Morar com ECOdignidade Implementar tecnologias capazes de contribuir para a diminuição de impactos ambientais e fazer das moradias

Educação ambiental e tecnologias sociais na metrópole

um ambiente seguro, capaz de fornecer estrutura adequada à vida e à saúde humana, foi a ideia central do projeto

O projeto “Águas das Chuvas: educação e adaptação às mudanças climáticas na cidade” levou a tecnologia da

“Casas Sustentáveis: moradia com ECOdignidade”, realizado em parceria com o Programa Nacional de Habitação

cisterna de placa, uma exitosa experiência de captação e armazenamento das águas das chuvas, desenvolvida

Rural, o Fundo Socioambiental CAIXA e a Prefeitura Municipal de Afogados da Ingazeira.

inicialmente para a convivência com o semiárido, para seis escolas públicas da Região Metropolitana do Recife.

O projeto, iniciado em 2016, considerou a nossa experiência na implementação de tecnologias sociais e inovou

A proposta aliou a construção dessa tecnologia social a um processo educativo de sustentabilidade ambiental

com a proposta de reuni-las a partir da construção de dez imóveis sustentáveis. As unidades habitacionais estão

que envolveu mais de 2.300 adolescentes e jovens estudantes, além de professores(as), gestores(as) e as demais

sendo construídas com 47,2 m2 de área, acessibilidade para cadeirantes, biodigestor, banheiro redondo e cisterna. Com a construção do biodigestor, as famílias poderão produzir o gás de cozinha, o banheiro redondo oportuniza

pessoas das comunidades escolares. Oficinas, intercâmbios e apresentações teatrais sobre temas relacionados ao meio ambiente foram algumas das atividades realizadas.

o acesso ao saneamento básico e a possibilidade de reutilizar a água nos quintais produtivos, e as cisternas garantem água para consumo.

Entre suas estratégias, estava a de capacitar tecnicamente 12 pedreiros (familiares de estudantes das escolas beneficiadas) e contratá-los para a construção das cisternas nas escolas. A ideia foi potencializar a formação

Porém, acreditamos na importância de considerar todos os processos e possibilidades da vida da família no lugar

sobre o meio ambiente, envolvendo no projeto pais e parentes dos(as) estudantes, contribuir para movimentação

onde vive, e não apenas pelo ponto de vista econômico: desta forma, a construção das casas foi articulada com

do comércio local, e possibilitar que a tecnologia da cisterna de placa venha a ser replicada em outros contextos

um conjunto de ações formativas nas áreas de educação sanitária e patrimonial, saúde, meio ambiente, cidadania,

e espaços urbanos.

planejamento familiar, justiça de gênero, direito das crianças e adolescentes, empreendimento e geração de renda. Pioneiro e estratégico, o projeto mostrou sua relevância pelos benefícios sociais e econômicos que promoveu – a Para essas famílias, morar com ECOdignididade significará mudar definitivamente seu estilo de vida, sua forma de pensar o mundo, compreendendo a propriedade como um sistema integrado, que precisa ser sustentável e em

exemplo da superação da escassez de água nas escolas – mas, sobretudo, pelo seu valor educativo para estudantes, comunidades e instituições de ensino.

sintonia com os princípios da agroecologia. As casas serão entregues às famílias em 2017. 7

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juventudes cristãs está antenada com a promoção da

Com a experiência de apoio aos coletivos juvenis, refor-

justiça de gênero. A utilização da linguagem inclusiva e

çamos a aposta na sustentabilidade política e financeira

o reconhecimento de jovens mulheres como lideranças

dos grupos de jovens. Com mais autonomia, os coletivos

são algumas evidências das mudanças vivenciadas

juvenis conseguiram realizar mudanças importantes

pelas juventudes dentro de suas comunidades de fé.

na forma como se organizam e, com isso, aceitaram o desafio de gerar visibilidade externa e captar recursos

Além disso, fortalecemos a Câmara Temática de Juven-

para a manutenção de suas atividades.

tudes, uma metodologia que possibilita a interação dos jovens com a execução dos diferentes projetos realiza-

As ações de fomento à participação e às reivindicações

dos pela Diaconia. A partir dessa estratégia, foi possível

por políticas públicas para as juventudes se

estimular a prática de estudos e pesquisas, elaborar

materializaram a partir de: (i) incidência direta em

proposições, apoiar e participar dos processos de mo-

espaços de formulação e controle das políticas públicas,

bilização, e favorecer troca de experiências.

a exemplo da participação ativa na construção do Plano Municipal de Políticas Públicas para Juventude do Recife

A formação política de jovens atrizes e atores e a mon-

(por meio da atuação no Conselho Municipal de

tagem e circulação de espetáculos teatrais sobre temas

Juventude do Recife), do fortalecimento do Conselho

relacionados à defesa de direitos foi outra importante

de Juventude de Afogados da Ingazeira e da criação

metodologia de ação realizada no ano de 2016. Destaca-se

do Conselho de Juventude de Tabira; e (ii) parceria com

também a participação em programas de intercâmbios

o Fórum de Juventudes de Pernambuco, por meio de

locais e internacionais que potencializaram a formação

ações como a campanha Jovens pelo Direito de Viver

de jovens sobre desenvolvimento local e global, a exemplo

e as ações de lançamento e divulgação do Estatuto da

do Programa Comunicação para Mudança, desenvolvido

Juventude Comentado.

em parceria com a Ajuda da Igreja da Noruega (AIN).

Direitos das Juventudes Defender que as pessoas jovens são sujeitos de di-

democráticas, o respeito às diversidades e a valorização

reitos significa reafirmar a urgência de políticas públi-

dos saberes, vivências e conhecimentos de todas as

cas específicas, capazes de garantir a vivência juvenil

pessoas envolvidas. Por isso, em 2016, investimos ainda

de forma plena e a transição para a vida adulta com

mais em metodologias participativas com as juventudes,

qualidade. Tendo essa ideia como horizonte, compre-

como debates, rodas de conversas e oficinas.

O que fizemos: • Realizamos processos formativos capazes de favorecer a adesão de novos jovens à defesa de seus direitos; • Apoiamos e assessoramos organizações de grupos juvenis; • Fomentamos a participação de indivíduos e coletivos nas reivindicações por políticas públicas para as juventudes; • Incentivamos a criação de grupos produtivos entre os coletivos juvenis.

endemos que nossa ação com jovens exige ousadia, criatividade e coragem – características tão presentes nas juventudes.

A experiência com a formação também foi marcada pelo trabalho com as juventudes de igrejas, a fim de estimular o pensamento crítico e a prática de leituras

O chão que sustenta nossa ação é o princípio da edu-

que relacionam o cristianismo às questões de direitos

cação popular, que defende as relações horizontais e

humanos. A construção de novos referenciais para as

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Jovens nordestinas participam de intercâmbio na Noruega.

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Um passo à frente!

Coletivos juvenis ocupando seus lugares.

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CAMPANHAS

Contribuir para o fortalecimento e sustentabilidade de coletivos juvenis foi o que nos motivou a consolidar uma estratégia de incentivo à criação e funcionamento de grupos produtivos, capazes de atuar sob o princípio da economia justa e solidária. Essa ideia ganhou forma com a criação da Rede de Jovens Empreendedores Sociais Criativos, que contou com a adesão de cinco coletivos juvenis das regiões metropolitanas do Recife e de Fortaleza. Na prática, esses coletivos passaram por formações em empreendedorismo e mobilização de recursos, consideradas importantes ferramentas para consolidar um processo de auto-organização e autonomia das juventudes. Os coletivos Quebra Kabeça (Recife) e CUAN (Fortaleza) integraram a Rede de Jovens Empreendedores Sociais Criativos. O primeiro concebeu e implementou o projeto de turismo comunitário “Subindo o Morro”, que oferece visitas guiadas no bairro do Morro da Conceição, no Recife, apresentando aos visitantes um novo olhar sobre a comunidade, a partir da valorização das pessoas, locais e histórias. O passeio tem duração média de 1h30, com doze pontos de parada. Os recursos provenientes das visitas guiadas são empregados no Coletivo Quebra Kabeça, que atua com crianças e adolescentes da comunidade, realizando atividades educativas. Já o coletivo CUAN (Centro Ubuntu de Arte Negra) apostou no aperfeiçoamento de sua atuação, se tornando uma organização com foco nas linguagens do teatro e da música percussiva. O CUAN está radicado no bairro do Pici, na periferia de Fortaleza, e desenvolve sua ação nas áreas da arte-educação, da produção cultural, do desenvolvimento sustentável e do empreendedorismo criativo. Em 2016, o coletivo CUAN produziu a montagem e circulação do espetáculo teatral “Resistência: Viver para Resistir ou Resistir para Sobreviver?”, que trata do preconceito racial. O espetáculo já foi apresentado em escolas públicas de Fortaleza e também no Teatro da Universidade Federal do 11 Ceará, alcançando um público de aproximadamente 700 pessoas.

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Sou uma Mulher de Coragem

Semana da Água (SEMA)

A cada ano, 7,2 bilhões de pessoas em todo o mundo são

desmatamento e da ausência de investimento público

convidadas em março a refletir, analisar e elaborar medidas

para solução do problema. Nos quatro territórios onde

Realizada anualmente, sempre no período próximo ao 08

Este ano realizamos a quarta edição da campanha, que

práticas que contribuam para a conservação de um recurso

atuamos, abordamos temas como limpeza e recupera-

de março – Dia Internacional da Mulher, a campanha “Eu

teve como chamada “Eu defendo políticas públicas para

essencial à vida humana: a água. Criado pela Organização das

ção das nascentes, medidas de conservação da água,

Sou uma Mulher de Coragem” trabalha para sensibilizar,

as mulheres”. O tema possibilitou que aprofundássemos

Nações Unidas (ONU), o Dia Mundial da Água - celebrado no

impactos da fruticultura irrigada, reflexos das mudanças

despertar e encorajar mulheres de igrejas que sofrem

a proposta da justiça de gênero, pautando a importância

dia 22 de março - também inspira a Diaconia a realizar uma

climáticas sobre os reservatórios de água, reuso da água,

com a violência doméstica a denunciar os agressores,

da participação das mulheres nos diferentes espaços de

série de atividades de mobilização e educação ambiental

e a relação entre água, saneamento básico e esgoto.

assumir um papel protagonista na transformação de suas

discussão e intervenção política.

ligadas à temática, em seus territórios de atuação.

histórias e atuar em espaços de diálogo, articulação e defesa de políticas públicas para as mulheres.

Nos quatro territórios de atuação da Diaconia, foram envolvidas cerca de 1500 mulheres (adolescentes, jovens,

A Semana da Água (SEMA) é uma oportunidade de chamar

visitas de campo, entrega de filtros e pluviômetros para

a atenção da sociedade para a importância da conservação

estudos técnicos de recuperação de nascentes, criação

e do consumo consciente. Apesar do que sugere o nome, as

da Câmara Temática de Segurança Alimentar (integrando

atividades da SEMA não se concentram, necessariamente,

representantes de diversas entidades e igrejas), seminários,

em uma semana específica, mas acontecem em diversos

edição, lançamento e distribuição da Revista Águas Sagradas

momentos ao longo do mês, a depender da localidade

(como ferramenta de apoio a educadores(as) cristãos(ãs)

onde são executadas.

sobre segurança hídrica), e intercâmbios sobre tecnologias

Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte são contem-

adultas e idosas) de diferentes espaços, como escolas,

plados pela campanha por meio de palestras, seminários,

projetos, organizações sociais, grupos produtivos, igrejas

oficinas e exposições itinerantes, entre outras ações.

e movimentos feministas. As ações tiveram um caráter

Nos encontros, realizados em congregações, escolas

formativo, com realização de diferentes atividades e com

dominicais, grupos e comunidades onde as igrejas estão

visibilidade pública, por meio da veiculação de anúncios

inseridas, são apresentados dados sobre a violência de

em outdoors e faixas em pontos estratégicos dos três

Em 2016, denunciamos a gravidade da crise hídrica,

gênero e os serviços de proteção à mulher, a exemplo das

estados, além dos materiais produzidos para distribui-

evidenciando que ela não é resultado apenas da ausên-

delegacias especializadas e do Ligue 180, um canal espe-

ção nas igrejas (marcadores de livro, banners, cartazes

cia ou irregularidade das chuvas, mas, principalmente,

cífico para receber denúncias de quem sofre agressões.

com orações).

da má gestão dos recursos hídricos, do desperdício na

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Diversos tipos de atividades foram realizadas: oficinas,

distribuição das águas, das práticas sistemáticas de

sociais de aproveitamento das águas das chuvas. Essas atividades envolveram mais de 600 pessoas, entre estudantes e professores(as) de escolas públicas, agricultores(as), crianças e adolescentes, pastores(as), estudantes de teologia e outras lideranças religiosas.

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Semana do Meio Ambiente (SEMEIA)

Semana da Alimentação (SEIA)

O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 05 de

Importantes momentos de formação, sensibilização

O Dia Mundial da Alimentação (16 de outubro) coloca

políticas públicas de Segurança Alimentar e Nutricional;

junho, convoca a população a refletir sobre os problemas

e reivindicação de direitos ocorreram por ocasião

em pauta temas como fome e segurança alimentar.

apoiamos a revitalização de uma horta urbana comunitá-

ambientais da atualidade e também sobre a importância

da Semana do Meio Ambiente este ano, tais como:

Inspirada pela data, a Diaconia realiza uma série de

ria do Projeto Vida Verde; e realizamos um seminário para

da preservação dos recursos naturais encontrados em

seminário sobre a situação do lixão de Umarizal (RN),

atividades educativas para reforçar a importância da

200 pessoas, em parceria com o CONSEA Estadual (CE) e

nosso planeta. A Diaconia aproveita a data para promo-

que tem mais de 14 hectares de resíduos acumulados;

educação alimentar e do acesso a uma alimentação

o Fórum Cearense de Segurança Alimentar, com o tema

ver ações educativas, de formação e conscientização

atos públicos nas praças dos municípios de Tacaratu

saudável e em quantidade suficiente, especialmente

“Dia Mundial de Alimentação – o clima está mudando: a

ambiental, com estudantes, catadores(as) e outros

e Tabira (PE), com apresentações culturais e exposi-

na infância e juventude.

alimentação e a agricultura também”.

moradores(as) dos municípios onde atua, por meio da

ção fotográfica sobre a situação ambiental do bioma

Semana do Meio Ambiente (Semeia). Em 2016, a ação

Caatinga; distribuição de mudas de espécies da Caa-

Em 2016, a Semana da Alimentação (SEIA) se estendeu

trouxe como tema o lixo, destacando a importância da

tinga; concurso de proje­tos ambientais para escolas

até o final de outubro, promoveu distribuição de mudas

coleta seletiva e da reciclagem.

públicas do município de Carnaíba (PE); oficinas e rodas

e realizou caminhadas em espaços públicos. Além disso,

de diálogo; seminário sobre o Contexto Ambiental do

de forma lúdica e atrativa, mais de 500 crianças e ado-

As atividades envolveram universidades, o Instituto

Semiárido Impactado pelas Mudanças Climáticas, na

lescentes participaram de oficinas e rodas de conversa

Nacional do Semiárido (INSA), escolas públicas, agricul-

Faculdade de Formação de Professores; audiências

sobre alimentação saudável e culinária criativa; com 50

tores(as), estudantes, professores(as) e gestores(as)

públicas sobre o tema; protesto, na presença do go-

mulheres, discutimos sobre a importância do seu traba-

escolares, pastores(as) e membros de igrejas, associações

vernador de Pernambuco, contra o não cumprimento

lho na segurança alimentar da população, elaboramos e

de trabalhadores(as) rurais, assistentes sociais, repre-

da legislação ambiental de proteção do bioma Caatin-

distribuímos material informativo sobre o direito humano

sentante de instituições públicas (Emater-RN, Secretaria

ga; intercâmbio no Uiraúna (PB) com os catadores de

à alimentação, contendo informações sobre as feiras

Municipal de Educação, Secretaria de Assistência Social).

Umarizal, Caraúbas e Lucrécia.

agroecológicas da Região Metropolitana do Recife e sobre

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Proclamando Justiça de Gênero A campanha acontece desde 2014, dentro dos chamados

Mulheres “Compartilhando Experiências e Proclamando

“16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mu-

Justiça”, com participação de 52 mulheres e quatro homens

lheres”. Mundialmente, os 16 Dias de Ativismo iniciam em

dos quatro territórios de atuação da Diaconia, e a capacitação

25 de novembro, Dia Internacional da Não Violência contra

de cinco grupos juvenis e 34 mulheres de grupos produtivos

a Mulher, e vão até 10 de dezembro, o Dia Internacional

e de mulheres idosas das comunidades do Bom Jardim e

dos Direitos Humanos, passando pelo 06 de dezembro, Dia

Planalto Pici, sobre Justiça de Gênero e Políticas Públicas

Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência

para as mulheres.

contra as Mulheres.

No sertão pernambucano, uma atividade reuniu cinco

Na edição de 2016, cerca de 50 jovens apoiados(as) pela

igrejas evangélicas, a Coordenadoria da Mulher da Prefeitura

Diaconia em Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte foram

de Afogados da Ingazeira, associações dos bairros, o Fórum

às escolas públicas e igrejas para dialogar com estudantes

de Mulheres do Pajeú, o Fórum de Mulheres de Pernambuco

e membros das comunidades de fé sobre questões ligadas

e o Instituto Federal. Com apresentações culturais, panfle-

à justiça e equidade de gênero. Em cada estado também

tagem e muitos cartazes, o grupo denunciou os alarmantes

aconteceram atividades exclusivas, a exemplo do seminário

índices de violência contra as mulheres.

Proclamando Justiça de Gênero, que abriu oficialmente a campanha na capital cearense e contou com mais de 70 pessoas de 14 igrejas cristãs, além de organizações sociais e coletivos de defesa dos direitos das mulheres. Também em Fortaleza, dentro da programação da campanha, aconteceram o 1° Intercâmbio Interterritorial de 17

As atividades da campanha este ano contaram com uma identidade visual mais jovem e com peças de comunicação como banner, cartaz, adesivo, folder e mochila, além da fita branca, em referência à mobilização mundial do Laço Branco / 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres.


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Nossa atuação considerou a complexidade do

Diante dessa realidade, nos desafiamos a atuar em sinto-

cenário de violação de direitos sociais que continua

nia com a desnaturalização das formas de opressão viven-

sendo realidade na vida de milhares de crianças e

ciadas pelas crianças e adolescentes, e assim optamos por

adolescentes e que, aliado às condições de pobreza e

abraçar algumas temáticas capazes de contribuir para a

vulnerabilidade das famílias, produz efeitos danosos,

superação dessas questões, como o combate às drogas, ao

como a insegurança alimentar (que tanto provoca

alcoolismo e à prostituição juvenil, a prevenção e o enfrenta-

casos de subnutrição quanto de obesidade na infância),

mento da violência e da exploração sexual de crianças e ado-

evasão e repetência escolar, cooptação pelo tráfico

lescentes, orçamento público como estratégia de controle

de drogas e trabalho infantil.

social das políticas públicas, e o direito ao esporte e à cultura.

O que fizemos: • Realizamos atividades de formação artístico-política (oficinas, intercâmbios, rodas de diálogo); • Participamos de espaços coletivos de debates e mobilizações (atos públicos, conferências, seminários, audiências públicas, comitês e fóruns); • Adquirimos material esportivo e realizamos torneios e campeonatos; • Realizamos panfletagens, exposições itinerantes e campanhas.

Crianças e Adolescentes

Articulação e formação em defesa de crianças e adolescentes

Um amplo processo de formação que envolveu cerca de 500 crianças, adolescentes, jovens e suas famílias e articulou escolas, igrejas, Centros de Referência de Assistência Social e Conselhos Tutelares: assim tem sido a realização do projeto “Protegendo a meninada: prevenção e enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes”, que contou com o apoio da Obra Missionária Evangélica Luterana na Baixa Saxônia (OMEL) e foi concebido com o objetivo de promover o direito de crianças e adolescentes, fortalecendo o Sistema de Garantia

Defender, promover e garantir direitos. Esses foram os

que a defesa, a promoção e a garantia dos direitos é

objetivos que inspiraram nosso trabalho com crianças

corresponsabilidade do Estado, da sociedade e da famí-

e adolescentes em 2016. As ações realizadas nos terri-

lia. Assim, realizamos ações capazes de contribuir para

tórios do Sertão do Pajeú e das Regiões Metropolitanas

estimular a convivência familiar e comunitária, fortalecer

de Fortaleza e Recife foram construídas a partir da ideia

vínculos de crianças e adolescentes com seus pares,

Entre as atividades realizadas, merece destaque a mobilização e participação na Caminhada do 18 de maio (Dia

radical de que crianças e adolescentes devem ser prio-

possibilitar a experimentação de práticas esportivas e

Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes), para denunciar que, cotidiana-

ridade absoluta em nossa sociedade, e que, portanto,

culturais, reivindicar do Estado a efetivação de políticas

mente, crianças e adolescentes são submetidas a diferentes formas de violência. Mais de 800 pessoas partici-

precisam ser vistas como pessoas capazes de opinar

públicas, e desconstruir estereótipos e preconceitos que

param das atividades promovidas pelo projeto, como a caminhada na beira mar de Fortaleza, audiências públicas

sobre suas próprias vidas e reivindicar seus direitos.

criminalizam e violam direitos de crianças e adolescentes,

e apresentações musicais e teatrais sobre o tema, em espaços de grande visibilidade. As iniciativas do projeto

tanto em função de sua situação socioeconômica como

também fortaleceram a participação ativa de crianças e adolescentes em articulações para a reivindicação de

de suas identidades étnicas, raciais e de gênero.

seus direitos, como o Fórum Social da Criança e do Adolescente (FOSCAR) de Recife (PE).

No caminho trilhado, também foi importante reafirmar 19

de Direitos. A iniciativa formou, sensibilizou e mobilizou diferentes segmentos da sociedade sobre a violação dos direitos de crianças e adolescentes em quatro comunidades: Morro da Conceição (Recife), Riacho do Mel (Gravatá), Bom Jardim e Jangurussu (Fortaleza).

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R E L AT Ó R I O A N U A L

Temáticas, que funcionaram enquanto espaços

de gênero, violência e exploração sexual de crianças e

propícios para a reflexão e articulação ecumênica.

adolescentes, masculinidades, o lugar das juventudes no mundo, combate ao desmatamento, raça e etnia,

As ações com as igrejas foram realizadas em articulação com as demais temáticas institucionais,

água como direito humano e bem comum, redução da maioridade penal e violência doméstica.

de forma que foi possível discutir temas como justiça

O que fizemos: • Promovemos atividades formativas (oficinas, rodas de conversas, panfletagens, campanhas, seminários e exposições artísticas); • Elaboramos material pedagógico e outros conteúdos educativos; • Fortalecemos a participação das juventudes, lideranças e mulheres de igrejas a participarem ativamente de Conselhos, Fóruns e Comitês Temáticos na sociedade; • Apoiamos a consolidação de novos espaços de diálogo com o princípio do ecumenismo de serviço.

Ecumenismo de Serviço O diálogo em favor

A tarefa de aprofundar a compreensão sobre as temáti-

Na busca por estabelecer e fortalecer relações

cas prioritárias da nossa atuação é bastante desafiadora,

de parceria com as igrejas, optamos por abraçar

assim como contribuir para a adesão e envolvimento de

e replicar uma abordagem bíblico-teológica capaz

novos sujeitos na defesa dessas causas. Entre outros

de se contrapor ao fundamentalismo opressor, e

Em 2016, novos espaços de diálogo interdenominacional e de atuação integrada entre comunidades de fé foram

coletivos que se organizaram a partir das ações da Dia-

de contribuir para que as igrejas se percebam

fortalecidos – a exemplo do Fórum Transformação, na capital cearense. Articulações como essa têm exercido um

conia, com o objetivo comum de melhorar a qualidade de

corresponsáveis pela promoção e defesa de

importante papel na difusão da ideia de que as cidades precisam ser espaços comuns para todas as pessoas, e

vida das pessoas em situação de vulnerabilidade, estão

direitos. Compreendemos que essa articulação exige

lugar de exercitar de forma plena a cidadania. Mais que isso, essas articulações também têm animado igrejas para

as comunidades de fé: igrejas cristãs que passaram

sensibilidade para perceber o tempo e as diferentes

o engajamento na tarefa de promover e defender direitos.

a compreender seu papel transformador, não apenas

visões das lideranças e denominações e, por isso,

enquanto referencial religioso, mas como instrumento

criamos espaços de reflexão e construção coletiva

O Fórum Transformação conta hoje com um grupo ecumênico que envolve igrejas evangélicas de diferentes

de promoção de um Reino de Justiça e Paz na terra.

de ideias. Destacam-se nesse processo as Câmaras

tradições cristãs, pastorais sociais, Cáritas, Curso de Verão Terra do Sol, ADITAL, Arquidiocese de Fortaleza, CEBI/

21

do Ecumenismo de Serviço

CE, Obra Kolping, Visão Mundial, entre outras associações envolvidas.

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R E L AT Ó R I O A N U A L

R E L AT Ó R I O A N U A L

ganizações comunitárias. Contribuímos com a elabo-

harmônica com o semiárido. Na prática, significou que as

ração de projetos e a realização das assembleias da

famílias passaram a ter oportunidades de desenvolver

Associação dos Agricultores Agroecológicos do Sertão

métodos de produção em sintonia com sua realidade e

do Pajeú (AASP), com incentivo ao acesso de famílias

com o ambiente, melhorando não apenas sua condição

agricultoras a programas governamentais de aquisição

econômica, mas também social e cultural.

de alimentos, e ainda com o apoio financeiro para a compra de equipamentos de unidades de beneficiamento e comercialização dos produtos.

Durante todo o ano, realizamos atividades formativas sobre segurança alimentar, com abordagens de temas específicos, como o trabalho das mulheres na comer-

A implementação e disseminação de tecnologias so-

cialização e no preparo de alimentos, e formulamos um

ciais foi outra importante frente de atuação. Somente

material pedagógico específico de orientação sobre o

em 2016, por meio da implantação de tecnologias so-

tema da alimentação saudável. Além disso, distribuímos

ciais de captação e armazenamento de água, mais de

centenas de mudas para plantio em escolas e comu-

2.300 famílias passaram a ter mais qualidade de vida

nidades rurais, e implantamos bancos de sementes.

em função da sua condição de produzir alimentos e acessar água com mais regularidade. A construção de

Como estratégia, apostamos na força das reivin-

cisternas de placa e cisternas tipo calçadão possibilitou

dicações populares e, nesse caminho, mobilizamos

o acesso das famílias a água para suas necessidades

e fortalecemos coletivos e articulações da socieda-

básicas (beber e cozinhar), e também para a produção

de civil. Contribuímos para a consolidação de espa-

agroecológica e a criação de animais.

ços de debate sobre segurança alimentar e hídrica que antes estavam desarticulados ou inexistiam, a

Segurança Alimentar, Nutricional e Hídrica

Essa possibilidade de captação e armazenamento de

exemplo de três conselhos municipais de segurança

água foi fundamental para estimular a permanência das

alimentar e nutricional que se reestabeleceram nos

famílias em seus territórios e uma convivência mais

territórios semiáridos.

O que fizemos: • Apoiamos a agricultura familiar de base agroecológica; • Implementamos tecnologias sociais, como cisternas de telhado e cisternas calçadão; • Produzimos material didático sobre alimentação saudável;

Influenciar políticas públicas de Soberania e Segurança

sociais, e as atividades de formação técnica e política.

Alimentar, Nutricional e Hídrica, a fim de garantir o acesso regular e permanente de todas as pessoas a alimentos

Baseados nos princípios agroecológicos, desenvol-

de qualidade e em quantidade suficiente: é essa a ideia

vemos e disseminamos práticas de convivência com

que norteia nossa atuação com esses temas.

o semiárido nordestino. Estimulamos e apoiamos não

• Realizamos atividades formativas (oficinas, seminários, rodas de conversa, capacitações); • Fortalecemos articulações da sociedade civil; • Assessoramos agricultores(as) e grupos de mulheres nas áreas de produção, beneficiamento e comercialização de alimentos.

só a produção de alimentos, mas o consumo conscienEntre as estratégias que possibilitam o desenvolvimento sustentável das famílias – de forma que elas

te e sua comercialização em espaços como as feiras agroecológicas.

sejam capazes de construir sua autonomia alimentar e hídrica – estão o incentivo e apoio à agricultura familiar

Outra forma de apoio às famílias agricultoras se deu

de base agroecológica, a implementação de tecnologias

com a realização de assessoria direta a grupos e or-

23

24


R E L AT Ó R I O A N U A L

Produção fortalecida

R E L AT Ó R I O A N U A L

Público, Parcerias e Participações

e comercialização a todo vapor!

Mesmo com a continuidade de um longo período de estiagem em 2016, foi possível perceber o avanço na produção e comercialização de base agroecológica pelas famílias assessoradas. Essa capacidade de adaptação às mudanças, estabelecendo uma relação de convivência positiva com o semiárido, também é resultado da nossa aposta em experiências de organização comunitária. As famílias produtoras que se articularam em associações e outros coletivos – também assessorados pela Diaconia – qualificaram suas práticas, potencializaram sua capacidade produtiva e ampliaram o diálogo com os órgãos governamentais responsáveis pelas políticas de promoção da Segurança Alimentar e Nutricional. O resultado se materializou, por exemplo, na utilização de novas técnicas de beneficiamento de frutas e de estocagem da produção, na inclusão das famílias nos programas governamentais de aquisição de alimentos (PAA) e de alimentação escolar (PNAE), e também com o fortalecimento do controle social dessas políticas públicas, por meio de espaços como os Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Pernambuco. Outro bom exemplo dos resultados de 2016 foi a estruturação de locais específicos para a comercialização dos produtos da agricultura familiar, como as feiras agroecológicas, e o impacto da comercialização dos produtos dessas famílias para o fortalecimento desses espaços. Só nos territórios do Sertão do Pajeú e do Oeste Potiguar foram articuladas sete feiras agroecológicas, com participação direta das famílias assessoradas pela Diaconia. 25

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R E L AT Ó R I O A N U A L

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Público diretamente envolvido nas ações em 2016:

Participação em Redes e Articulações: Nacional:

6000

5000

ANA – Articulação Nacional de Agroecologia

Comitê Nacional de Combate à Desertificação

Rede ATER NE

Regional:

4000 Mulheres

3000

Homens 2000

Comitê de Bacia Hidrográfica do Apodi

Comitê de Bacia Hidrográfica do Pajeú

Grupo Fé e Política – Pajeú

Movimento Fé e Política / Fórum Transformação – Região Metropolitana de Fortaleza

Estadual: •

ASA – Articulação no Semiárido de Pernambuco

ASA – Articulação no Semiárido Potiguar

CDRS – Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável – Pernambuco

CONSEA – Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional – Rio Grande do Norte

CONSEA – Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional – Pernambuco

Conselho Estadual da Criança e do Adolescente do Ceará

FOJUPE – Fórum das Juventudes de Pernambuco

Fórum Cearense de Mulheres

Fórum de Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes – Pernambuco

Em seus quatro territórios de atuação, a Diaconia mantém relações de parceria com 99 igrejas protestantes,

Fórum de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes no Ceará

conforme quadro abaixo:

Fórum Permanente das ONG de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do Estado do Ceará

Rede de Agroecologia de Pernambuco

1000

0 Crianças e Adolescentes

Jovens

Adultos

Parceria com as Igrejas:

40

Municipal:

35

José do Egito – PE

30

COMDERS – Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável de Afogados da Ingazeira–PE, Iguaracy – PE, São José do Egito – PE, Carnaíba – PE, Umarizal – RN

25 20

COMDRUR – Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Urbano Sustentável – Afogados da Ingazeira – PE

COMSEAs – Conselhos Municipais de Segurança Alimentar e Nutricional – Afogados da Ingazeira – PE, São José

15

do Egito – PE

10 5 0 Tradicionais 27

COMAN – Conselho Municipal de Meio Ambiente – Afogados da Ingazeira – PE, Tabira – PE, Carnaíba – PE, e São

Históricas

Pentecostais

Neopentecostais

Renovadas

Conselho Municipal de Políticas Públicas de Juventude do Recife – PE

Conselhos Municipais de Assistência Social – Afogados da Ingazeira – PE, Umarizal – RN

Fórum de Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes – Fortaleza

Fóruns Municipais de Políticas Públicas de Afogados da Ingazeira – PE, São José do Egito – PE, Umarizal – RN, Caraúbas – RN, Lucrécia – RN, Rafael Godeiro – RN 28


R E L AT Ó R I O A N U A L

Mobilização de Recursos e Comunicação Mais do que apresentar o trabalho da instituição para

ainda mais próxima, engajada, acessível e transparente.

pessoas de dentro e fora do Brasil, a Diaconia entende a Comunicação como instrumento para inspirar e mobilizar

Investimos também na contratação de uma plataforma

a sociedade na defesa e promoção de direitos. Norteada

online de CRM (Customer Relationship Management, ou

pelo princípio da transparência, a Diaconia investiu, em

Gestão de Relacionamento com o Cliente, em português)

2016, no fortalecimento de seus veículos de comunicação

para viabilizar o recebimento de doações e, principal-

institucionais (site e redes sociais), consolidando-os

mente, permitir o relacionamento entre o público externo

também como canais de relacionamento/interação com o

(não apenas doadores, mas qualquer pessoa interessada

público externo; na divulgação de campanhas e ações na

no trabalho da Diaconia) e a instituição. Alinhados(as)

mídia externa (Assessoria de Impressa), como forma de

com o princípio da sustentabilidade, decidimos adotar

conscientizar e promover o engajamento da população

estratégias de relacionamento no campo digital, como o

em questões como o enfrentamento da violência contra a

envio de histórias de vida e outras informações relacio-

mulher e a conservação do meio ambiente, por exemplo;

nadas à nossa atuação.

e na produção de peças e produtos de comunicação que deram suporte às atividades realizadas pelas equipes de campo.

O “novo” também caminhou lado a lado com ações já tradicionais de comunicação, como a produção da Agenda da Parceria 2017, em conjunto com as organizações civis

Todas essas ações contribuíram para a visibilida-

Centro Sabiá e Caatinga, e o nosso Calendário 2017, que

de e o impacto do trabalho institucional, mas não pa-

trouxe como mote “50 anos de Vidas Transformadas”, em

ramos por aí. Resolvemos “ir além” e preparar terreno

alusão às cinco décadas de trabalho social da Diaconia

para um novo desafio: construir estratégias e alicerces

no país. A agenda é um instrumento pedagógico voltado

para iniciar em 2017, ano do cinquentenário da Diaconia,

para estudantes da Rede Pública de Ensino em Pernam-

a captação de recursos livres com Pessoa Física (PF), um

buco, além de parceiros(as) e beneficiários(as) das três

passo importante para diversificar as fontes de recursos

entidades. Já o calendário segue, principalmente, para

que nos permitem agir em benefício de homens, mulheres

entidades parceiras, fornecedores, formadores de opinião

e jovens em situação de vulnerabilidade social no Nordeste.

e para o público apoiado pela Diaconia nos três estados onde atua, e ajuda a fortalecer os laços que nos unem.

Para isso, iniciamos o processo de reposicionamento de marca da instituição, contando com o suporte de

Consideramos 2016 um marco para a Mobilização de

uma agência especializada em soluções de comunicação

Recursos e Comunicação da Diaconia, cujos frutos serão

para o Terceiro Setor, a Máquina do Bem. Um trabalho

colhidos de forma coletiva nos próximos anos. A partir

que traria como resultado posterior a renovação de

de 2017, convidamos a sociedade a “fazer Diaconia” junto

toda a identidade visual da Diaconia, desde o logotipo

com a gente, abraçando a missão de servir ao próximo

até a página eletrônica, e mudaria também a forma da

para transformar vidas.

entidade se apresentar e se relacionar com a sociedade: 29


R E L AT Ó R I O A N U A L

Endereços SEDE - RECIFE (PE)

Web SERTÃO DO PAJEÚ (PE)

Rua Marques Amorim, 599,

Rua Pe. Luiz de Góes, 177

Ilha do Leite – Recife/PE – Brasil

Centro, Afogados da Ingazeira/PE – Brasil

CEP: 50070-395

CEP: 56800-000

Fone: 55 (81) 3221.0508

Fone: 55 (87) 3838.1056

SERTÃO DO PAJEÚ (PE)

FORTALEZA (CE)

Av. Divinópolis, 456,

Rua Pedro Pereira, 460, salas 301-303,

Centro – Umarizal/RN - Brasil

Centro – Fortaleza/CE - Brasil

CEP: 59865-000

CEP: 60035-000

Fone: 55 (84) 3397.2665

Fone: 55 (85) 3252.6351

31

www.diaconia.org.br comunicacao@diaconia.org.br

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