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Índice
6 Entrevista 10 Editorial 14 Política 18 Economia 22 Saúde 26 Capa 32 Esportes 34 Cidades 38 Mercado de Trabalho 40 Moda&Beleza 42 Cultura 48 Gastronomia
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A bióloga Marta Marcondes faz críticas ao tratamento da represa Billings
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Renovação: partidos políticos tem novos filiados
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Com conquistas importantes, Santo André e São Caetano atravessam má fase no Brasileirão
Colunistas 16
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Marcos Cazetta
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Wallace Nunes 4
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Luiz Paulo Bellini Jr.
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Tamyres Barbosa
Celso Pavani
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Ana Teresa Cury
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Adensamento local desenfreado traz consequências para trânsito, saúde, educação e lazer
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Apostas do verão são as madeixas longas e luzes em ombré hair
Trabalho informal se torna cada vez mais comum no ABC
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Vera Cruz se revitaliza para acompanhar novo cinema nacional
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Hamburguerias gourmet invadem a região
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Entrevista
“A Billings é tratada de forma descomprometida”
A
Marta Ângela Marcondes, bióloga e pesquisadora da Billings pela Universidade Municipal de São Caetano (USCS), fala sobre as condições atuais da represa (que ocupa o posto de maior reservatório de água da Região Metropolitana de São Paulo) e os projetos mantidos para preservar suas águas. Seis cidades são banhadas pela Billings – Santo André, São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e São Paulo –, que, apesar dos 88 anos recém-completados, sofre os efeitos das ocupações irregulares e o respectivo despejo de esgoto doméstico, além de perda da mata nativa e o não cumprimento de uma lei criada para ela. Nani Soares - nani@leiaabc.com
Leia ABC – Como a senhora avalia as condições da Billings atualmente? Marta Marcondes (M.M.) – Existem áreas em estado muito precário e outras bem conservadas. Certos fatores contribuíram para que algumas áreas ficassem comprometidas, como a área de influência do Rodoanel, o uso e ocupação sem planejamento e feito de maneira inadequada, e o desmatamento por vários fatores, como moradia, bem como o assoreamento decorrente de grandes obras de infraestrutura. Leia ABC – A represa fez 88 anos. É possível traçar um panorama de 6
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como ela era e como chegou ao estágio atual? M.M. – Estudos mostram que existe um acúmulo muito grande de lodo no fundo da represa, com uma carga muito grande de poluentes, ainda em estudo, para a verificação do perigo iminente deste depósito. Há também o uso e ocupação irregulares, com o despejo de esgoto doméstico. O último agravante foi a instalação do trecho sul do Rodoanel, em áreas que foram tragicamente comprometidas. Infelizmente, como todo idoso no Brasil, a represa é tratada de forma descomprometida, sem um olhar cauteloso sobre as áreas de sua influência. Tanto o poder público como a sociedade civil têm responsabilidade sobre o que acontece no reservatório. O estado em que ela se encontra é reflexo de muitos anos de descaso total. Apesar dos 88 anos, só em 2010 foi criada uma lei específica, por exemplo, e depois de muitas discussões e insistência. Leia ABC – O que as esferas públicas têm feito para preservar a represa? M.M. – A efetivação da lei específica da Billings [Lei 13.579, de 13 de julho de 2009, regulamentada em 13 de janeiro de 2010] foi um avanço, pois permitiu a regularização de lotes, a proteção e conservação de áreas naturais existentes e a formação de um grupo de fiscalização integrada. Também exis-
tem projetos que podem fazer com que estas áreas melhorem consideravelmente, como os de saneamento dos municípios do entorno, que têm feito um esforço para a construção de seus coletores-tronco, dutos que levam o esgoto que é afastado das casas para a estação de tratamento de esgoto aqui do ABC (ETE/ABC). Um ponto importante a ser ressaltado é o fato de que a sociedade civil deveria participar um pouco. A melhoria da situação da represa depende de iniciativas tanto da sociedade civil como do poder público. Leia ABC – Quais os projetos novos ou previstos? M.M. – Os coletores-tronco (prioridade do estado e munícipios); o Programa do Córrego Limpo da Sabesp, o Projeto Observando os Rios – Fundação SOS Mata Atlântica, que envolve também rios e córregos que têm influêcia no reservatório; Ações da Sociedade Civil, como o SOS Billings, do Movimento em Defesa da Vida (MDV); Campanha de “Olho nos Mananciais” do Instituto Socioambiental (ISA), que possui um acervo muito importante das áreas da Billings. Leia ABC – Como a senhora avalia a eficácia destes projetos e quais suas sugestões para melhorá-los? M.M. – Os projetos são efetivos, mas existe a necessidade de uma quantidade maior, especialmente nas áreas de monitoramento da
Camila Bevilacqua
qualidade das águas, de capacitação para projetos sustentáveis para quem mora no entorno, de práticas de bioconstruções, permacultura, resgate cultural de populações que vivem e que já viviam no entorno da represa. É preciso também uma contribuição maior em relação à melhoria da coleta e tratamento de esgotos. Uma sugestão é que seja destinada uma verba maior para a elaboração de projetos. Um exemplo é a questão do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro). Existem recursos disponíveis, mas as exigências são tantas que quem poderia enviar os projetos acaba por desistir, pois a buro-
cracia é muito grande. Este Fundo poderia criar uma categoria de projetos para a sociedade civil, por exemplo, que seja de acesso mais tranquilo. Leia ABC – Alguns moradores da região ainda vivem da pesca. A saúde deles pode ser comprometida de alguma forma? M.M. – Isso é bom. Essas pessoas têm uma história no local e, acima de tudo, prezam pela preservação da represa. Minha preocupação é a qualidade deste pescado. Deveriam existir projetos que possam fazer uma avaliação deste alimento. Se a represa for preservada, a prática deve continuar, pois são es-
tes atores (pescadores, grupos indígenas, entre outros) os reais protetores das suas águas. As pessoas que vivem longe do reservatório querem sua preservação por conta do abastecimento de água, porém as pessoas que vivem do reservatório têm sua história de vida e sua história cultural atreladas a ele. Leia ABC – Quais os principais reflexos da reversão das águas do rio Pinheiros para a Billings? M.M. – É o processo de eutrofização da represa, que significa o recebimento de grande carga de matéria orgânica que inicia um processo de morte da represa. Além de grande quantidade de ma| Novembro de 2013 7
Entrevista
Leia ABC – A prática esportiva pode comprometer ainda mais a saúde do reservatório? M.M. – Não, especialmente porque, para que estas práticas esportivas aconteçam, precisam de água de qualidade. Sendo assim, as pessoas que praticam, conhecem o local e iniciam uma questão de “pertencimento”. Sabe, a velha retórica de “conhecer para preservar”? Quem pratica estes esportes tem todo o interesse em manter a qualidade das águas da represa.
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Camila Bevilacqua
téria orgânica, existem também os poluentes químicos que foram despejados nas águas do rio Pinheiros e chegam até o reservatório da Billings. A tentativa de manter elevada a quantidade de água do reservatório para a manutenção da produção de energia da usina não justifica trazer grande carga de poluentes para a região.
“Se nada for feito, será muito difícil manter a qualidade e até a vida da represa”
Leia ABC – Como a senhora acha que a Billings estará daqui a 15 ou 20 anos? M.M. – Se nada for feito para que não ocorram mais áreas com assoreamento, para que não ocorram mais ocupações e as atuais sejam “congeladas”, para que as áreas ocupadas tenham seu esgoto tratado, que sejam desenvolvidos planos e projetos de reflorestamento das áreas de suporte para as nascentes e que as comunidades tradicionais sejam mantidas em suas áreas, será muito difícil manter a qualidade e até a vida da represa. O reservatório tem uma dinâmica e depende de vários fatores para a sua manutenção, como políticas públicas de saneamento e de uso e ocupação do solo, de todos os municípios que de alguma forma contribuem para a sua bacia.
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2013: o ano da velocidade Sabe aquela sensação de que o ano passou mais rápido? Pois parece que em 2013 isso de fato aconteceu. Foram tantos acontecimentos importantes que, antes mesmo de o ano acabar, vale relembrar alguns fatos que certamente entram para a história. Na política e na economia, um mix de alívio e sustos. Vimos 25 réus serem condenados no caso do mensalão e o povo sair às ruas contra a PEC 37 e também por menos corrupção. Vimos também a economia diminuir seu ritmo e o fantasma da inflação rondar os lares da população brasileira. Acidentes e latrocínios – quem não se lembra da dentista que morreu queimada porque não tinha dinheiro em seu consultório? Este crime foi a tônica no ABC e que ganhou comoção nacional. Tudo nos faz lembrar que há questões mais do que importantes a serem discutidas nos próximos anos, não apenas nas sete cidades, mas também na capital paulista e no país. E mais: as soluções devem ser rápidas. Aproveitamos para ressaltar um aspecto que consideramos interessante: o leitor da região está mais esperto. Não acredita mais em veículos que publicam matérias vendidas. Por isso, é fundamental ressaltar novamente a missão da Leia ABC neste cenário. Voltamos a circular para nos posicionar como um veículo isento e que, de fato, está presente no dia a dia do morador do ABC. Nossa equipe, formada por moradores da região, aprendeu a falar de si e sabe exatamente quais problemas afetam cada uma das sete cidades. E como tudo aconteceu numa velocidade surpreendente neste ano, como dito acima, todos na redação da Leia ABC precisamos correr para não deixar nada de fora. Mas o que nos espera em 2014? Certamente será um ano lotado de eventos – Carnaval, festas juninas, Copa do Mundo, eleições. A questão é: será que terá a mesma velocidade deste ano? Boa leitura! Wallace Nunes Diretor de Redação
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Mirante
Wallace Nunes Jornalista wallace@leiaabc.com
Geraldo Alckmin (PSDB) e Luiz Marinho (PT) nem parecem que são de partidos diferentes, tal é a sintonia entre os dois. O governador liga quase toda semana para o prefeito são-bernardense para falar dos investimentos e obras na região. Tais conversas têm gerado ciúmes em alguns prefeitos da região.
Fotos: Divulgação
Sintonia fina
Amigos para sempre? Ou só agora?
Roberto de Almeida/CMSBC
Prédio novo é espaçoso, vistoso e traz desconfianças
Auditoria na Câmara de SBC O Diário Oficial de São Bernardo publicou na sexta-feira (25/10) o edital de abertura de concorrência para contratação de uma empresa que fará a auditoria nos contratos que resultaram na construção do novo prédio da Câmara da cidade. A obra, recentemente concluída, teve o preço final de R$ 35 milhões, sendo que a previsão era de R$ 25 milhões. Ainda não se sabe o valor que vai custar a auditoria.
Bobagem Ana do Carmo, deputada estadual petista que concorre ao quarto mandato, está firme e forte para a disputa do pleito eleitoral do ano que vem, mesmo com a boataria de que iria desistir da campanha. “Não ligo, sou forte e tenho fé na eleição. Trabalho para ser eleita em 2014.”
Ana do Carmo sempre forte Cadê você Vanessa?
Kassab governador O ex-prefeito da capital e presidente nacional do PSD Gilberto Kassabb, esteve em Santo André para a inauguração da nova sede do partido, localizada na avenida D. Pedro, próxima da sede da Associação Comercial e Industrial de Santo André (Acisa). Também esteve presente o vereador da captial José Police Neto. O prefeito de Santo André, Carlos Alberto Grana (PT), prestigiou o evento, além do secretário de Obras, Paulinho Serra, que é presidente municipal da legenda.
Esquecida por conveniência A deputada estadual Vanessa Damo (PMDB), impedida de disputar uma cadeira na Assembleia paulista por ter feito propaganda eleitoral negativa realizada na campanha das eleições municipais de 2012, tirou o pé e praticamente não comparece aos eventos e cerimônias oficiais. Na vinda do governador à região na penúltima semana de outubro, ninguém notou sua falta.
Padilha pronto para 2014 O PT está há dois meses reunindo militantes e especialistas para discutir o programa de governo a ser apresentado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes no ano que vem. Participam do grupo cerca de dez pessoas, como o ex-prefeito de Diadema Mário Reali, o ex-presidente do Ipea Glauco Arbix e Marcos Rogério, que colaborou para a elaboração do plano de governo na candidatura de Aloizio Mercadante em 2010. Padilha não comparece às reuniões, mas fez questão de indicar a maioria dos integrantes.
José Serra não desiste
E Paulo Skaf recebe aval para ser candidato O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), chancelou a pré-candidatura do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, para o governo paulista, lançada no último final de semana em Tatuí (SP), durante o 7º Congresso Regional de Vereadores e Lideranças Municipais, organizado pela e Executiva estadual peemedebista. “Paulo Skaf é o nosso pré-candidato ao governo do Estado”, disse Temer.
Skaff: Foco na classe média do interior
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) tenta colocar panos quentes e literalmente ignorar os passos do ex-governador José Serra, que também quer disputar a eleição presidencial do ano que vem. Aécio tem falado insistentemente com seu grupo em uma chapa “puro-sangue”. No entanto, Serra fala como se fosse ele o candidato e descarta a possibilidade de ser vice de Aécio, como desejado pelo grupo mineiro. Ou, o contrário, ocupar a cabeça da chapa com o presidente do PSDB como vice.
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Thiago Krauss/PMSA
Política
O caminho
é pela renovação Sinais de que haverá novas caras na política nacional e estadual estão presentes nas fichas de filiações dos partidos, hoje em 33 siglas, mas as mudanças têm fenômenos pouco compreensíveis
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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com
s eleições para a Câmara Federal e Assembleia Legislativa em 2014 devem ser das mais concorridas e com um índice de renovação superior à média histórica. Dois principais elementos podem ser elencados como motivos para a renovação. O primeiro é a marcha dos descontentes e dos insatisfeitos, que ocorreram – e para muitos ainda ocorrem – entre os meses de junho e julho deste ano. Em segundo lugar está o interesse dos membros das legendas cuja atenção se volta para os recursos do fundo partidário e a ampliação da propaganda 14
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eleitoral gratuita, ambos calculados com base no desempenho para a Câmara. A tal medida tem priorizado o recrutamento de quadros e lideranças com o objetivo de aumentar suas bancadas. Um terceiro ponto, mas com menor interesse, a ser levado em consideração é que muitos dos atuais parlamentares podem desistir da tentativa de reeleição, seja pela desilusão com o Parlamento, seja pelos elevados custos de campanha, de imagem e desgastes no exercício do mandato. Os números para a eleição para deputado federal se justificam com base em levantamento apresentado pelo Departamento Intersindical de Assessoria
Parlamentar (Diap), no qual mostra que a média de desistências nas últimas seis eleições (1990 a 2010) ficou em torno de 19%. Isto significa que dos 513 deputados, em média, 97 desistiram da reeleição, seja por desencanto com o Parlamento, por simples inviabilidade de renovação do mandato, seja para concorrer a outros cargos. Apesar das vantagens comparativas dos candidatos à reeleição em relação aos candidatos que não estão no exercício do cargo, a renovação tem sido elevada, mesmo para os padrões brasileiros. Na maioria dos países, a renovação, em média, é inferior a 10%, especialmente nos países em que se pratica o voto distrital. O candidato à reeleição, além do nome e do número já conhecidos e de uma relação de serviços prestados às suas bases eleitorais, tem a seu favor cabos eleitorais fidelizados – muitos dos quais contratados nos gabinetes – e a estrutura fornecida pelos legislativos para o exercício do mandato. No pleito de 2014, apesar da dificuldade de reeleição ser geral, inclusive pelos estratosféricos custos de campanha, alguns segmentos terão mais dificuldades, caso não haja um engajamento efetivo dos representados. Entre estes segmentos, destacam-se os
parlamentares da bancada sindical, que tem priorizado a defesa dos interesses dos trabalhadores, servidores e aposentados e pensionistas, mas não tem sido correspondida em termos de apoio nos pleitos eleitorais.
No Estado
Na Assembleia Legislativa paulista, a renovação pode ser menor, mas ainda assim pode ocorrer. Muitos que querem entrar para política entendem que é mais fácil, e acham ser mais barato, ser candidato a deputado estadual, por exemplo, do que concorrer à vereança. Entre as vantagens de concorrer a um cargo federal ou estadual estão as emendas individuais, cujo valor anual pode superar os R$ 5 milhões; a cota entre R$ 30 mil e R$ 38 mil por mês para despesas diversas do mandato; verba mensal para a contratação de pessoal no gabinete e ainda poder, prestígio e acesso aos veículos de comunicação.
Ao perceberem esse movimento de renovação, muitos parlamentares experientes saem em busca da consolidação de seus chamados “feudos eleitorais”. É ali que fidelizam os votantes e tentam afastar os intencionados em apenas se elegerem. “A grande renovação, entretanto, não significa que a mudança seja qualitativa. Isto reforça a necessidade de o eleitor, desde já, começar a analisar os perfis e trajetória pessoal, profissional e política dos potenciais candidatos, para que a renovação não seja apenas quantitativa, mas, principalmente, qualitativa”, explica o cientista político Gaudêncio Torquato em entrevista à Leia ABC. Por exemplo, às vagas à Assembleia estadual pré-candidatos conhecidos competem, literalmente, com os “novatos” num ambiente cuja disputa se mostra no mínimo curiosa. A disputa partidária e ações de “toma lá, dá cá”, outrora realizadas por políticos considerados carreiristas.
Mudança de ideias
O jogo político está mudado. Antes muitos candidatos de legendas diferentes competiam entre si para apresentar um benefício à população. Agora não. Trabalham em conjunto. Um exemplo no ABC é o alinhamento do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o petista e chefe do Executivo municipal de São Bernardo. De partidos diferentes que ainda fazem embates históricos “de quem fez o melhor para quem”, os dois governantes têm feito um trabalho em conjunto que chega a surpreender. Na região Alckmin inaugura espaços que terão instalações públicas, promete verbas para hospitais, fala da chegada da linha Bronze do Metrô e ainda faz parceria com o Consórcio do ABC que resulta na melhoria da mobilidade urbana. Em conversas reservadas, ambos, Marinho e Alckmin, têm dito que política se faz para o bem da população, não dos políticos nem de partidos. Mas será que isso é um sinal dos novos tempos?
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Seu bolso
Os reflexos do PIB e da Selic no dia a dia
Divulgação
Marcos Cazetta Economista e especialista em finanças pessoais marcoscazetta@hotmail.com
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o início de outubro, o Comitê de Política Monetária (Copom) realizou mais uma reunião com o objetivo de promover a manutenção da meta de inflação. A ferramenta utilizada pelo Copom para isso é a taxa Selic, ou taxa básica de juros, que é utilizada como referência para as operações em toda a economia. A lógica desta ferramenta é: o Banco Central brasileiro tem estabelecido uma meta para a taxa de inflação, que hoje é de 4,5% ao ano. No entanto, existe uma faixa de tolerância de dois pontos percentuais tanto para cima quanto para baixo da meta, ou seja, a taxa de inflação no Brasil pode variar de 2,5% a 6,5% ao ano. Quando a taxa de inflação está pressionada por uma demanda excessiva, como ocorreu nos últimos meses, o Banco Central entra em ação elevando a taxa básica de juros. Desta forma, a tendência é que o crédito fique mais caro, reduzindo (em tese) o consumo e, por consequência, a pressão existente sobre a inflação. Vale ressaltar que esta política tem efeitos colaterais. Uma vez que a elevação da taxa básica de juros tem o objetivo de reduzir o consumo na economia, o reflexo imediato é a redução do Produto Interno Bruto (PIB), que representa o quanto a economia do país produz. Diante destes fatos e teorias, nos perguntamos: meta de inflação, PIB, taxa Selic... o que o meu bolso tem a ver com isso? Mais uma vez, seu bolso tem tudo a ver com isso! Nos últimos meses, temos assistido a uma taxa de inflação pressionando o teto da meta. Por consequência, o Banco Central brasileiro vem elevando a taxa básica de juros com o objetivo de contê-la. Meu objetivo com este texto não é julgar as ações tomadas pelo governo ou pelo Banco Central brasileiro, mas sim alertar quais ações podem ser tomadas em momentos como este. Para quem está com o orçamento apertado e depende de crédito para comprar, este momento não é o mais apropriado, uma vez que, com o crédito mais caro, a tendência é pagar a mais por um determinado produto.
Por isso, a dica neste momento é frear o consumo, refazer seu orçamento e poupar parte do seu salário, pois da mesma forma que o custo do crédito ficou mais caro, a remuneração dos investimentos também subiu – claro que não na mesma proporção. Porém, para quem possui uma folga no orçamento mensal e poupa esta parte que sobra, é hora de avaliar seus investimentos. A poupança, que teve sua remuneração alterada no passado, hoje já voltou aos patamares normais, ou seja, 0,5% mais TR ao mês. Este investimento é um dos mais simples, como também um dos mais procurados, pois não tem incidência de Imposto de Renda sobre seus rendimentos, além da segurança que proporciona. No entanto, para quem busca algo mais rentável e ainda assim seguro, uma opção é o Tesouro Direto. Através de uma conta simples na corretora de seu banco, você pode aplicar neste investimento valores a partir de R$ 100,00. O Tesouro Direto são títulos emitidos pelo governo federal e, por isso, são tão seguros quanto a poupança. São divididos por letras de crédito, sendo que cada letra tem uma forma de remuneração. Algumas delas têm juros pré-fixados, ou seja, você já sabe o quanto irá ganhar com seu investimento. Outras têm juros pós-fixados, o que significa que sua remuneração será conforme a variação do mercado. Vale ressaltar que algumas letras de crédito são vinculadas ao índice de inflação, proporcionando ganhos acima da inflação e mantendo assim o valor do seu investimento no tempo. Saiba mais sobre estes investimentos no site www.tesourodireto.gov.br. Diante das dicas citadas, podemos observar que em momentos como este, quando os juros sobem para conter a inflação, a tendência é que os agentes econômicos (pessoas físicas ou jurídicas) tendem a poupar mais do que consumir. Por consequência, o crescimento econômico também é freado, motivo que leva economistas de todo o mundo a criticar o baixo crescimento da economia brasileira.
Economia
Contas
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azul
Planejar o orçamento é a forma mais eficiente de evitar entrar no vermelho, mas fugir de despesas supérfluas também ajuda
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Nani Soares – nani@leiaabc.com
om a proximidade das festas de fim de ano e do consequente período de compras, o brasileiro prepara-se para abrir a carteira. Se o varejo torce por este momento, são fortes os indícios de que isso não acontecerá conforme o esperado, já que o endividamento dos brasileiros aumentou. Um levantamento realizado pela empresa de consultoria Serasa Experian revelou alta de 5,6% na inadimplência do consumidor no primeiro semestre do ano, o que pode tornar o consumidor mais cauteloso quanto às compras neste fim de ano. Corroborando este medo, uma pesquisa realizada pelo Provar/FIA indica que a expectativa de compras no varejo para o Natal de 2013 é a mais baixa em sete anos e somente 46,8% dos paulistanos pretendem adquirir um bem durável no período. “Fim de ano é tempo de ganhos e gastos extras. A euforia das comemorações, o desejo de presentear parentes e amigos e o sonho de viajar para o merecido descanso podem ser comprometidos quando se falta planejamento financeiro para essas despesas e para aquelas que chegam junto com o ano novo – IPVA, IPTU, matrícula e material escolar, entre outras”, avalia Reinaldo Domingos, educador financeiro e presidente da DSOP Educação Financeira. Ele explica que o consumo elevado é resultado de uma série de fatores, da disponibilidade de crédito ao apelo das campanhas publicitárias. O mais preocupante, porém, é a falta de educação financeira: o brasileiro tem o péssimo hábito de comprar primeiro e tentar pagar só depois, muitas vezes adquirindo o que não precisa e deixando o que é
realmente importante de lado. Além disso, não tem o hábito de poupar, seja para uma aposentadoria digna ou simplesmente para se prevenir contra imprevistos. Mais do que um momento de euforia nos gastos, o período é ideal para realizar uma “faxina financeira”, cujo objetivo será diagnosticar a real situação das contas e decidir o que fazer com o 13º salário. Criado em 1962, o benefício é comumente utilizado para cobrir o desequilíbrio financeiro, quando deveria ser um bônus para a realização de satisfações pessoais. Em 2013, a soma do 13º salário dos trabalhadores na ativa, aposentados e pensionistas chegará a R$ 131 bilhões, um aumento de 10,5% em relação ao montante de 2011, que totalizou R$ 118 bilhões. “Pagar dívida com o 13º salário é combater o efeito do problema financeiro. Com essa atitude, só estará mascarando a real e verdadeira causa – a ausência de educação financeira em toda família. O endividamento é uma questão que tem de ser resolvida com o próprio salário, ou seja, com a redução nos gastos”, esclarece. Assim, antes de partir para as compras compulsivas típicas nesta época, vale pensar duas vezes e analisar friamente a situação financeira.
Mais do que gastar excessivamente, o fim do ano é momento ideal para fazer uma “faxina financeira”, explica o educador financeiro Reinaldo Domingos
Relacione todas as despesas fixas e variáveis para descobrir o comprometimento dos seus ganhos com as dívidas. Investigue para onde está indo cada centavo dos seus ganhos. Só assim conseguirá saber quais são os gastos supérfluos que podem ser eliminados. Verifique se está endividado, ou seja, se já tem mais despesas do que seu bolso suporta. Certifique-se de que, mesmo estando no azul, vai conseguir pagar as compras que pretende fazer nesse final de ano, cujas parcelas se arrastarão pelo ano seguinte, somando-se aos gastos extras com impostos e escola. Para não entrar no vermelho durante o resto do ano, é fundamental ter controle sobre o orçamento, o que implica projetos de longo prazo. O orçamento financeiro deve contemplar o valor dos ganhos líquidos, menos sonhos e objetivos, mais custos e despesas. Dívidas parceladas também devem ser incluídas. Para garantir que sejam cumpridas, convém lançá-las primeiro, pois só assim será possível avaliar a capacidade do pagamento de prestações. “Independentemente do percentual ou limite de endividamento, sempre que fizer uma prestação avalie se a mesma entra no orçamento financeiro antes das despesas, pois isso dará a certeza de honrar este compromisso”, orienta. É preciso estar ciente de que há dívidas de valor e dívidas sem valor. As de valor são aquelas que estão atreladas a bens como casa, carros e devem ser sempre protegidas. As dívidas sem valor são as que devem ser objeto de muita preocupação e atenção, pois geralmente se trata de gastos frequentes com produtos e serviços que não agregam tanto valor e podemos reduzir e até eliminá-los, explica. Apesar da decepção em relação ao volume de vendas no Dia das Crianças, no qual era esperado crescimento, Domingos se mostra otimista, já que as pessoas costumam priorizar o Natal quando se trata de compras. | Novembro de 2013 19
Em forma
Os perigos do excesso de sal Tamyres Barbosa Nutricionista tatatri@gmail.com
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sódio é um nutriente essencial para para se aproximar do valor ideal. nosso organismo, presente naturalNo Brasil, a pressão alta já afeta mais de mente nos alimentos ou adicionado a 30 milhões de pessoas, um dado preocupante, alimentos industrializados. Também pois o sódio em excesso aumenta a retenção de o utilizamos durante o preparo de refeições ou água nas células e nos tecidos e causa inchaço. o consumimos de forma indireta, através de ali- A pressão alta também aumenta os riscos de domentos como molhos e pastas, entre outros. enças cardiovasculares como o AVC e o infarto A função do sódio nos alimentos, além de do miocárdio, doenças do rim e ainda pode proconferir sabor, também inclui a garantia da mover a obesidade. segurança sanitária, por ser um agente antiPara evitar o consumo excessivo de sódio, microbiano e ainda participar de funções tec- atente-se ao consumo de alguns alimentos rinológicas como textura e estrutura dos produ- cos em sódio, como temperos e molhos prontos, por isso sendo adicionado em larga escala tos, caldo de galinha, catchup, maionese, mapela indústria. carrão instantâneo, biscoito água e sal, queijo A Organização Mundial da Saúde (OMS) parmesão ralado, batata frita e hambúrguer, recomenda um consumo máximo de 2.000 entre outros. mg (2 g) de sódio, o que equivale a 5 g de Atente-se também ao rótulo dos alimentos, sal por dia, lembrando que 1 g de sal con- observando na tabela de informação nutricional tém 400 mg de sódio. Sódio e sal não são a quantidade de sódio presente. Veja o quanto a mesma coisa. O sal de cozinha é a adição aquele alimento acrescenta ao valor total diário de sódio com o cloro, formando o cloreto (VD%). Para exemplificar, um pacote de macarde sódio. rão instantâneo com temO brasileiro conpero apresenta entre 1.300 some o triplo da ree 1.500 mg de sódio, o que O consumo de sal comendação da subsrepresenta quase o total tância, chegando a que se deve consumir em da população brasileira consumir em média 12 um dia em um único alig de sal por dia. Isso mento, ou seja, contribuiria é três vezes maior do significa que a populacom 62,5% (VD%). Alique o recomendado ção brasileira deveria mentos como este devem diminuir o consumo ser evitados. pela OMS de sal em dois terços,
Dicas – Prepare temperos caseiros, com pouco sal, bastante alho, cebola e ervas aromáticas. Deixe na geladeira para ir usando no decorrer da semana. – O paladar se adapta à redução da quantidade de sal nos alimentos. Portanto, a diminuição gradativa do sal não afetará a percepção do sabor dos alimentos. – Experimente os alimentos antes de adicionar mais sal, pois geralmente já possuem sal adicionado na preparação. – Retire o saleiro da mesa. – Aumente a ingestão de água. Beba no mínimo de 2 litros por dia. – Quanto mais fresco o alimento, menos sódio ele contém. Por isso, prefira alimentos frescos, naturais, frutas, legumes e verduras para uma vida mais saudável.
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Juventude aperfeiçoada
Cirurgias plásticas em adolescentes crescem 141% em quatro anos e mostram que a busca pela aparência ideal é cada vez mais precoce
onsiderado um dos períodos mais difíceis da vida, a adolescência é marcada por mudanças importantes, inclusive na aparência. É comum que os adolescentes não gostem do que veem no espelho, mas essa “briga” geralmente vai sendo resolvida conforme ocorre o amadurecimento e aceitação dos próprios defeitos. As pazes com o espelho, no entanto, têm ocorrido cada vez mais cedo e com a ajuda do bisturi. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o número de cirurgias plásticas em adolescentes entre 14 e 18 anos mais que dobrou em quatro anos. Em 2008, foram realizados 37.740 procedimentos, número que saltou para 91.100 em 2012 – um espantoso aumento de 141%. Isso significa que as cirurgias no público jovem cresceram em um ritmo 3,5 vezes maior que as do público adulto que, no mesmo período, subiram 38,6%. As cirurgias mais realizadas nessa fase são otoplastia (correção das orelhas em abano), mamoplastia redutora (diminuição das mamas), mamoplastia de aumento (implante mamário de silicone), rinoplastia (cirurgia do nariz), ginecomastia (correção das mamas masculinas) e a lipoaspiração. Aos 25 anos, a estudante de medicina N.P., moradora de São Bernardo, já realizou três delas: colocou prótese mamária, fez rinoplastia e lipoaspiração, tudo com o total apoio dos pais. A primeira foi o implante de silicone, aos 18 anos, mas a vontade de aumentar os seios já existia desde os 14. A espera foi uma imposição dos pais, apesar da própria adolescente admitir que tinha certo receio em fazer uma intervenção tão cedo. “Não tinha quase nada de seio. Sempre que colocava uma blusa achava que não estava bom. Também era
difícil comprar sutiã, pois nada me agradava”, conta ela. Quando atingiu o que julgava ser a idade correta, não pensou duas vezes: colocou 340 ml em cada seio. Para não atrapalhar as aulas na faculdade, fez a cirurgia no inverno. Nem o pós-operatório doloroso a fez se arrepender. O resultado foi tão positivo que duas amigas seguiram o exemplo logo depois, diz ela. Mesmo tendo recorrido às plásticas, a estudante considera excessivo o número de cirurgias realizadas no país e diz que há, sim, uma banalização. “Muitas meninas fazem cirurgia sem necessidade.” De fato, até o renomado cirurgião plástico Ivo Pitanguy já deu declarações criticando a febre das intervenções.
Em quatro anos, procedimentos em adolescentes cresceram 141%, saltando de 37 mil para 91 mil
Ex-aluno de Pitanguy e um dos diretores da SBCP, o cirurgião Paulo Matsudo considera positivo o aumento das intervenções entre jovens e adolescentes, mas lembra que nem todas têm como objetivo corrigir alguma parte do corpo que não agrada. “Nem tudo o que o cirurgião plástico faz é ‘perfumaria’. Muitos adolescentes procuram um especialista para corrigir um problema que o torna alvo de bullying, como orelhas em abano, problemas de queixo ou nariz”, diz. Na lista de cirurgias corretivas mais comuns estão a fenda palatina (lábio leporino), problemas de sindactilia (dedos colados) e a retirada de cicatrizes. “Pior do que a lesão física é a psicológica”, completa. Apesar disso, o médico não condena a popularização das cirurgias baseada na simples vaidade e tampouco vê problema em adolescentes quererem ficar mais bonitos. Em alguns casos, pode ser até mais aconselhável fazer nessa fase, garante. Entre as vantagens está a recuperação, já que quanto mais jovem, melhor a elasticidade da pele e, consequentemente, o resultado.
Camila Bevilacqua
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Nani Soares - nani@leiaabc.com
Paulo Matsudo: jovens também procuram por cirurgias corretivas | Novembro de 2013 23
Fotos: Camila Bevilacqua
Saúde
Segundo Cleusa Gambatto, hormônios podem interferir no resultado Embora varie conforme o tipo de cirurgia e o perfil do paciente, algumas cirurgias podem ser feitas a partir dos cinco anos de idade, como a correção das orelhas. “Além da recuperação rápida, a criança não terá muitas lembranças sobre o procedimento, e provavelmente levará a vida sem qualquer trauma”, esclarece. Cirurgias no queixo ou no nariz são indicadas após os 16 anos, pois só nessa fase ocorre a total soldadura de todos os ossos. Alterações nas mamas também são indicadas a partir dessa idade, salvo casos graves. Outra intervenção que tem sido muito procurada é a de “ocidentalizar” orientais, que nada mais é que uma tentativa de adaptação ao país e não propriamente uma negação da origem, conforme avaliação do médico. “Temos que respeitar aquilo que incomoda cada ser humano. Essas correções fazem com que a pessoa sinta-se melhor consigo mesma e, portanto, mais feliz.” Atuando como cirurgião plástico há quase 40 anos, Matsuda mantém uma clínica em São Paulo e outra em São Caetano, mas é Santo André que lidera o grupo de pacientes na região 24
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do ABC. A maior parte das cirurgias ainda é feita em mulheres (75%), embora os homens já respondam por 25% de cirurgias realizadas, ante apenas 1% há três décadas. Em relação aos adolescentes, o percentual de pacientes mais que dobrou, saltando de 5% para cerca de 12% em três décadas. O aumento na renda influenciou diretamente na elevação do número de procedimentos, mas Matsuda não tem dúvidas de que o principal fator foi o acesso à informação. Segundo ele, há 30 anos as pessoas não achavam que melhorar a aparência cirurgicamente era
Intervenções cirúrgicas podem melhorar a autoestima nos jovens, mas só devem ser feitas após avaliação criteriosa, inclusive psicológica
importante, pensamento totalmente diferente nos dias atuais. “Plástica era um mito. Hoje, só não busca solução quem não tem informação. Aquele que tem informação e, claro, condições de fazê-lo, certamente vai resolver o que considera um problema.” Independentemente da idade, a indicação é que o procedimento seja realizado por um profissional especializado e devidamente credenciado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Além de ser mais seguro, só um verdadeiro especialista consegue avaliar a real necessidade da intervenção, o que pode ser ainda mais delicado no caso de adolescentes, explica. “A banalização só existe quando não existe a ciência.” A médica Cleusa Gambatto, especialista em cirurgia estética, esclarece que o adolescente é muito imediatista, do tipo que deseja mudanças rápidas no visual. Apesar de contribuir para melhorar a autoestima do paciente, tornando-o mais seguro consigo mesmo e no convívio social, é preciso fazê-lo entender que o resultado pode variar por conta das mudanças hormonais e fisiológicas típicas da idade. O risco maior, portanto, acaba sendo o excesso de expectativa. A participação dos pais é fundamental, que devem acompanhar todo o processo desde a primeira consulta. Em alguns casos, também são necessários a avaliação e o acompanhamento multidisciplinar com nutricionista e psicólogo, especialmente porque atualmente a idade cronológica difere muito da idade física e psicológica dos jovens. Também por esse motivo, cada paciente deve ser avaliado individualmente para que todos os aspectos sejam considerados. Como não existe uma idade certa para fazer a primeira intervenção cirúrgica, só um médico experiente saberá diferenciar se a cirurgia pretendida é pertinente ou não, expondo claramente os riscos, benefícios e resultados. “Fatores como imaturidade, excesso de expectativa, problemas excessivos com a própria imagem ou muito baixa autoestima podem indicar que não é o momento certo para realizar uma cirurgia plástica”, alerta Cleusa, cujos consultórios em São Paulo e São Caetano
Padrões de beleza e mídia levam à busca pela perfeição, diz Sidney concentram cerca de 40% dos pacientes nessa faixa etária. Os novos padrões de beleza e a pressão da mídia para alcançá-los, associados a fatores biológicos, psicológicos e familiares, formam uma combinação que influencia diretamente na insatisfação corporal da população e na busca pelo corpo perfeito, segundo avaliação de Sidney Zanasi, professor de cirurgia plástica da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC). Tanto os padrões impostos quanto à excessiva valorização da imagem, tão comum nos dias atuais, podem agravar o cenário. O implante mamário de silicone,
por exemplo, desenvolvido nos Estados Unidos nos anos de 1960, influenciou no padrão estético das brasileiras, que agora sonham com seios fartos. Entre as adolescentes, a mamoplastia de aumento já é uma das cirurgias mais procuradas. E se na década de 1990 os implantes eram em torno de 200 ml, os preferidos agora são os de 300 ml. O grande problema é que o desenvolvimento mamário ocorre entre 12 e 18 anos e qualquer cirurgia nesta parte do corpo, salvo exceções, só é indicada após os 18 anos, mesmo a correção de mamas masculinas. A regra também se aplica à lipoaspiração e rinoplastia.
Além das mudanças no corpo, na adolescência ocorrem também as transformações biológicas e alterações na personalidade. Ao mesmo tempo, muda a percepção que o adolescente tem de si, quando muitas vezes a imagem corporal é desproporcional à idealizada. Para completar, a maturidade corporal tem ocorrido de forma cada vez mais precoce e em muitos casos não vem acompanhada de amadurecimento psicológico. Não bastasse o conflito interno, a própria participação dos pais na decisão também deve ser avaliada. “A pergunta que sempre faço é se a cirurgia é uma decisão dos pais (ou acompanhante legal) ou do paciente. Frequentemente, a alteração incomoda mais os familiares do que a própria pessoa. Isso não é uma condição ideal para se indicar a cirurgia, pois estaríamos tratando a vontade de outra pessoa e não da envolvida”, esclarece o psicólogo. Qualquer que seja a cirurgia, é importante respeitar o corpo do adolescente, que está em pleno crescimento e desenvolvimento, diz Zanazi. Além disso, deve-se ter em mente que o local do procedimento é de suma importância para evitar eventuais contratempos. A cirurgia plástica é uma especialidade com riscos de complicações, por isso cabe fazer escolhas criteriosas – do médico escolhido ao local – e não considerar somente o preço.
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Camila Bevilacqua
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Verticalização
desenfreada Adensamento no ABC afeta aspectos como mobilidade, saúde, educação e qualidade de vida, comprometendo o desenvolvimento das sete cidades Camila Bevilacqua - camila@leiaabc.com Lívia Sousa - livia@leiaabc.com
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uando se fala em verticalização, as pessoas logo pensam em prédios enormes, centros de grandes cidades do mundo, beleza e até mesmo evolução. Entretanto, o adensamento (outro nome para o fenômeno) tem causas antigas e efeitos colaterais gritantes. Na região do ABC, a verticalização vem acontecendo em um processo vertiginoso e desenfreado há algum tempo. Uma das causas é o aumento demográfico. Para se ter uma ideia, entre 2012 e 2013 houve um crescimento de 3,81% no número de moradores das sete cidades – cerca de 103 mil a mais –, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com Alexandre Tirelli, presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis no Estado de São Paulo (SCIESP), foi-se o tempo em que o ABC era visto somente como um polo da indústria. “Hoje, é uma região de muito interesse das pessoas e muito privilegiada pelo seu turismo e preservação de mananciais, como as represas, por exemplo.” Esta imagem positiva da região gera movimentos de migração e imigração para a área. Ou seja, há um grande volume de entrada e saída de indivíduos de outras cidades, que não as sete do ABC, e um grande volume de estabelecimento
de indivíduos de outros estados e municípios, como da própria capital. As pessoas migram para a região por diversas razões: postos de trabalho, imóveis de qualidade por um valor mais competitivo, proximidade com São Paulo, entre outros pontos. Tirelli explica que, de todas que compõem a região, as cidades mais concorridas para habitação e comércio ainda continuam sendo São Caetano do Sul, São Bernardo do Campo e Santo André, por suas dimensões geográficas e qualidade de vida que oferecem. O problema é que a população cresce, mas as áreas das cidades não, o que torna a verticalização inevitável. Além disso, os serviços públicos como transporte, saúde e educação não acompanham proporcionalmente este crescimento. Na verdade, os grandes centros urbanos há muito tempo têm se deparado com a falta de áreas e na região isso não é diferente. “Por conta da falta de grandes áreas e do alto valor dos terrenos,
Entre 2012 e 2013, houve um crescimento de 3,81% no número de moradores das sete cidades da região
o foco das construtoras fica totalmente voltado para os prédios, sem a opção de condomínios horizontais. A proximidade com a capital e os valores do metro quadrado construído abaixo do praticado em São Paulo têm atraído muitas famílias para nossa região. Assim, a oferta destes imóveis, além de atender à nossa população, propicia a imigração de muitas famílias, o que está demonstrado pela projeção do IBGE”, completa Sergio Ferreira dos Santos, diretor da rzegional Santo André do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP). Um efeito colateral da verticalização, analisada pelo parâmetro da oferta atrativa de imóveis no ABC, é que nem todas essas famílias e indivíduos que imigram para a região ocupam postos de trabalho locais. Na verdade, muitos dos nascidos e residentes também não. É o chamado êxodo trabalhista, quando você mora em uma cidade, mas trabalha em outra. Isso afeta diretamente a questão de mobilidade urbana e pode ser apontado como uma das causas do trânsito caótico que a região enfrenta diariamente. Em julho deste ano, a cidade de São Paulo registrou um recorde histórico de lentidão, com 300 quilômetros de vias congestionadas, de acordo com dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A região do ABC vai pelo mesmo caminho. As principais avenidas que ligam Santo André a São | Novembro de 2013 27
Capa Caetano – a Goiás e a D. Pedro II –, por exemplo, estão congestionadas de manhã até a noite. O mesmo ocorre na avenida Pereira Barreto, entre Santo André e São Bernardo. Com o passar dos anos, o adensamento constante e o aumento anual de carros emplacados, o problema só se agrava. Antigamente, para se chegar do centro de Santo André até a Igreja Matriz de São Bernardo gastavam-se cerca de 20 minutos. Hoje, para percorrer o mesmo trajeto a qualquer hora do dia, o tempo estimado é de 40 a 50 minutos. Alguns apontam o rodízio de veículos (a exemplo de São Paulo) como uma solução, mas a execução torna-se difícil pela proximidade das cidades, além do acordo necessário entre as prefeituras.
Mais causas, mais efeitos
De acordo com Pedro Taddei, urbanista e professor de planejamento urbano da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), a verticalização está ancorada em dois fatores. O primeiro está diretamente ligado ao prestígio, ao interesse em se situar e ao status social. Afinal, quanto mais alto o edifício, mais caro ele é. O segundo aspecto está ligado à escassez de terrenos. “Cada terreno é único e sua localização influi muito no preço. Se estiver próximo a locais de alto nível de empregos, boa diversidade de serviços e lazer, valem muito mais do que em bairros ‘comuns’. Os bairros de periferia não atendem a todos estes aspectos, por isso a verticalização nestes locais não é aconselhada. A mobilidade urbana e o acesso a melhores serviços e lazer não atenderiam à população”, explica. Por outro lado, verticalizar sem planejamento, ainda mais na região central, cria mais problemas do que soluções. Nazareno Affonso, arquiteto, urbanista e coordenador do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte (MDT), levanta algumas questões. A mais séria está ligada aos planos diretores das cidades – são eles que norteiam a implantação de políticas de desenvolvimento urbano –, que definem a quantidade de metros quadrados e de andares a serem 28
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“Verticalizar sem planejamento, ainda mais na região central, cria mais problemas do que soluções”, diz o arquiteto e urbanista Nazareno Affonso construídos, mas não incluem o sistema viário consequente. “É facilitada a compra e o uso dos imóveis, mas não há recursos públicos para suprir o sistema viário. O local já congestionado fica ainda pior, pois as famílias agora possuem mais de um carro e a renda média baixa vem ascendendo ao automóvel. O sistema viário já passou da sua capacidade. Aconselho a quem se candidatar à eleição apresentar uma proposta neste quesito e implementá-la urgentemente”, diz. Segundo Affonso, a solução está no investimento no transporte público, na restrição da quantidade de vagas nas vias públicas, na ampliação das calçadas e na construção de um sistema cicloviário como o de Joinville (SC), que tem 110 quilômetros de ciclofaixa. “Podemos também pegar como exemplo o que está acontecendo na cidade de São Paulo, onde o transporte público fica fora do trânsito; e no Japão, onde a pessoa só compra um carro se comprovar que tem uma garagem para guardá-lo”, observa. O fato é que a verticalização é uma tendência mundial, pela simples razão de que se tornou muito difícil encontrar grandes terrenos que comportem condomínios horizontais. Entretanto, a questão não está ligada somente a edificações residenciais, garantem os especialistas. À medida que a população aumenta, a busca por empregos na região também cresce e a construção de mais prédios empresariais é iminente. Um ponto importante do planejamento elaborado pelo poder público
deve ser o início de obras de desvio e o alargamento das vias. Se isso não ocorrer, em breve a região enfrentará um fenômeno desconfortável de engarrafamentos nas portas de garagens em prédios particulares e filas ainda maiores do que as registradas hoje nas principais vias. “Todos esses aspectos foram discutidos há vinte anos, época em que já alertávamos para esta atual crise. Se não houver política de fluidez para o transporte público, a saúde, etc., os custos aumentarão e isso é preocupante. Uma cidade que não se move também perde atratividade”, declara Affonso. Pedro Taddei também alerta que, se a verticalização for liberada sem planejamento ou justificativa, a situação nas cidades vai piorar. O nível de adensamento deve ser medido levando em conta os equipamentos públicos nos bairros, o transporte público, a qualidade das vias e a oferta de empregos. “Em Hong Kong, os prédios ficam localizados na região central e chegam a ter 60 andares. Isso é possível porque houve um planejamento para o adensamento. O transporte público lá funciona da seguinte maneira: você pode chamá-lo como se fosse um táxi e ele chega em, no máximo, três minutos. Além disso, é garantido que você chegará ao seu destino em 15 minutos. Isso mostra que sem planejamento nada dá certo. Assim como se planeja a nossa casa, deve-se planejar a cidade.”
Verticalização de cunho social
Há cerca de um ano, a Prefeitura de Santo André anunciou que a cidade teria o primeiro edifício de interesse social com 12 andares e elevador, construído pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Até o momento o projeto não saiu do papel, mas parece ser o futuro dos conjuntos habitacionais: cada vez mais altos. Em setembro deste ano, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), entregou à Câmara Municipal a proposta do novo Plano Diretor Estratégi-
Áreas municipais não acompanham o crescimento da população, resultando na verticalização
Camila Bevilacqua
co (PDE) em que tornou mais barato o adensamento e expandiu as Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) para os extremos da cidade. A proposta deve ser debatida e votada até o início do ano que vem. A ideia do prefeito é verticalizar onde há eixos de mobilidade, isto é, onde há boa oferta de transporte público e “desadensar” os miolos dos bairros. O objetivo é melhorar o trânsito, estimulando os moradores a utilizar o metrô, o trem e os corredores de ônibus, em vez dos automóveis.
O urbanista Pedro Taddei acredita que cidades amplas como as da região do ABC e São Paulo não devem verticalizar à toa e que nem sempre o adensamento pode ser uma solução para a questão social da falta de moradia. Afinal, as famílias precisam de não só um local digno para viver. “É justificável adensar em áreas centrais pelas outras acessibilidades: mobilidade urbana, saúde, educação, lazer. Verticalizar na periferia exigiria a criação de meios de acessibilidade para o aumento populacional. Isso
prova que as cidades foram malfeitas, mal planejadas”, explica. A habitação social é quase sempre padronizada para baratear o custo final. Essa unificação está entranhada na construção para este fim. “É preciso extrair o máximo da moradia social em condições dignas. Em um país tão desigual como o nosso, a maneira como cuidam dessas questões tem de caminhar junto a vários elementos. Um deles é melhorar a qualidade de vida por meio de moradias decentes”, diz Taddei. | Novembro de 2013 29
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Para que a cidade se desenvolva e cresça de forma estruturada, foram criadas leis que norteiam a edificação. No caso da capital, a lei em vigor é a 13.430, de 3 de setembro de 2002, da conceituação, finalidade, abrangência e objetivos gerais do Plano Diretor Estratégico (PDE). Esta lei institui o PDE e o Sistema de Planejamento e Gestão do Desenvolvimento Urbano do Município de São Paulo. Além do PDE, o processo de planejamento municipal leva em conta o artigo 4º da Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001 – Estatuto da Cidade, com os seguintes itens: disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; o zoneamento ambiental; o plano plurianual; as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual; a gestão orçamentária participativa; os planos, programas e projetos setoriais; os planos e projetos regionais a cargo das subprefeituras e planos de bairros; e programas de desenvolvimento econômico e social. A legislação delimita a altura máxima das novas edificações e a utilização da área útil dos terrenos, por isso influencia na hora da precificação dos imóveis. De acordo com o diretor regional do SindusCon-SP, Sérgio Ferreira, “estas leis existem para regular a utilização e adensamento das áreas, levando-se em conta inclusive o fornecimento de serviços como luz, água, esgoto e a implicação destes empreendimentos no sistema viário da região. Cada área tem sua particularidade, sendo que as leis são ajustadas constantemente, procurando acompanhá-las. O fato de essas leis limitarem o poder construtivo em determinadas regiões afeta diretamente o valor do metro quadrado construído”. Alexandre Tirelli, presidente do SCIESP, ainda explica que as maiores altas no valor do metro quadrado já aconteceram na região do ABC. “O mercado todo vem passando por um reajuste no metro quadrado desde 2008, mas agora a tendência global é de que esses valores sofram estabilização”, conta. De fato, ainda haverá um ajuste, mas não tão abrupto quanto nos últimos anos. 30
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Fotos: Divulgação
Legislação específica
Tirelli: estabilização no valor do m2
Desaceleração populacional
Apesar de tudo isso, a tendência do país é atingir um equilíbrio em breve. Dados mostram que a população brasileira é de cerca de 200 milhões, número que deve continuar aumentando, mas em um ritmo cada vez menor, até começar a desacelerar, provavelmente em trinta anos.
“Sem planejamento, nada dá certo. Assim como se planeja a nossa casa, deve-se planejar a cidade”, diz o professor da USP Pedro Taddei
Ferreira: condomínios em alta
Entre as razões para isso, estão o menor número de filhos por família, com consequente baixa no número de nascimentos em relação a mortes, e o aumento da população de idosos, comprovando que o Brasil está seguindo o caminho europeu. Enquanto isso, a sugestão dos especialistas é que a população faça o exercício da conscientização, adotando atitudes alinhadas com o bem-estar geral e a cidadania. Assim, os próprios moradores podem trabalhar para reduzir os efeitos do adensamento. “Cada família deve se organizar, atentar-se à mobilidade consciente, se planejar para usar transporte público. Devemos restringir o número de automóveis, como a Política do Estacionamento adotada na França e do pedágio nos Estados Unidos. Tentei discutir uma lei que proibisse estacionamento nos locais onde passam ônibus, não só nos corredores, mas também nos locais onde passam mesmo, e os dirigentes não aceitaram. Para isso teríamos que mudar nossa cultura
Affonso: não há recursos públicos
Taddei: moradia social digna
e os dirigentes são muito receosos quanto a isso. O automóvel tem que se integrar a esse sistema viário”, comenta Tirelli. Já Pedro Taddei acredita que governo e construtoras podem oferecer soluções para lidar com os impactos da verticalização. “A construção de prédios favorece atitudes como o uso de energia solar, o tratamento de lixo orgânico, considerações ecológicas, socialmente amigáveis e sustentáveis que se tornam mais fáceis em condomínios verticais”, diz. Além disso, é importante observar os preceitos de insolação e ventilação na hora da concepção dos prédios, considerar o atendimento da nova população pelos serviços públicos básicos e não praticar uma atitude parasitária. É preciso contribuir com a comunidade, plantando árvores e cuidando do paisagismo nas fachadas. Tudo isso só valoriza as cidades e aumenta a qualidade de vida de todos.
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Esportes
NO FUNDO DO POÇO Santo André é eliminado da série D do Campeonato Brasileiro 2013; São Caetano cai para a série C
Conquistas Criados nas décadas de 1970 e 1980, respectivamente, o Esporte Clube Santo André e a Associação Desportiva São Caetano, que neste ano fizeram parte do Campeonato Brasileiro, carregam títulos importantes. O Ramalhão, por exemplo, surgiu por meio do Santo André Futebol Clube, lançado em 1968, que vigorou até 1975 e deu lugar ao time conhecido hoje. Foi ainda com pouco tempo de atividade, em 1984, que o clube se integrou à elite do Brasileirão, encerrando sua participação no campeonato na décima colocação. Apesar de não sair como campeão nesta competição, o Santo André viria a ocupar o primeiro lugar da Copa do Brasil em 2004, quando venceu o Flamengo por 2 a 0 no Maracanã, no Rio de Janeiro.
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Para São Caetano a história começa em 1989. O município, que já havia contado com outros três times de futebol (São Caetano Esporte Clube, na década de 1930; Associação Atlética São Bento, na década de 1950; e Saad Esporte Clube, na década de 1970), viu no Azulão a possibilidade de conquistar campeonatos: em 2000 e 2001 ocupou a vice-liderança do Brasileirão, garantiu o troféu da Libertadores da América no ano seguinte e, também em 2004, ficou em primeiro lugar no Campeonato Paulista.
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Wallace Nunes - wallace@leiaabc.com
Campeonato Brasileiro 2013 chega à reta final com Vasco, Criciúma, Ponte Preta e Náutico lutando para sair da zona de rebaixamento. Alguns clubes do ABC Paulista também trabalharam para retornar à elite da competição, que neste ano é liderada pelo Cruzeiro, com 62 pontos, e tem o Grêmio como vice, com 52, até a última semana de outubro. Para isso os times têm contado com reforços. O Esporte Clube Santo André, por exemplo, que foi para a lista dos times rebaixados do campeonato em 2009, apostou na contratação do dirigente Paulo Roberto para reverter o quadro. Mesmo com o esforço do novo comandante, que conseguiu levar o Ramalhão às oitavas de final, o time foi eliminado pelo Metropolitano, de Santa Catarina, ao perder por 2 a 1 em partida realizada em Blumenau, casa do adversário. Já a Associação Desportiva São CaeFotos: Divulgação tano continua na série B do torneio, divisão comandada atualmente pelo Palmeiras, mas em situação delicada: a equipe do técnico Luiz Carlos de Oliveira Preto (Pintado) ocupa a 19ª posição e, junto com Atlético-GO e Paysandu, corre o risco de ser rebaixada para a série C. “Este ano está difícil. Nossa equipe não mostrou o porquê de estar jogando na série B. Estamos tomando cuidado para não cair e trabalhando para voltarmos à série A”, diz Nairo Ferreira de Souza, presidente do time, em entrevista à Leia ABC. Segundo ele, a mesma torcida que comemorou as conquistas da equipe não deixou de apoiar o time em tempos de
Rafael Santos, goleiro da Associação Desportiva São Caetano
rebaixamento no Brasileirão. O bom desempenho e comprometimento não só é exigido pelos torcedores do Azulão, como por quem veste a camisa de outros clubes locais. “Todos do ABC querem um time da região competindo em um campeonato nacional”, enfatiza. Fora de campo a cobrança também é grande por parte da diretoria, da comissão técnica e dos próprios atletas.
Deficiências
Há seis anos integrando a série B do Brasileirão, o São Caetano passou perto de ser classificado e voltar à elite do campeonato. No ano passado, o time encerrou sua participação com 71 pontos, ficando em quinto lugar na tabela geral. Apesar disso, o presidente do clube lembra que estar na segunda divisão não é sinônimo de ter uma equipe ruim. “Este é o momento dos times de futebol e o Brasil está muito bem representado por equipes fortes, de tradição. No caso do ABC, acho que tanto os clubes veteranos quanto os novatos – como o Água Santa, de Diadema – devem se fortalecer e se unir dentro e fora de campo. Hoje, o São Caetano já faz isso com empréstimo, troca e substituição de jogadores, mas, de um modo geral, temos que nos ajudar mais”, explica ele, dizendo ainda que analisa a possibilidade de criar um comitê dos clubes profissionais da região. O que também atrapalha a evolução do futebol local, segundo ele, é a falta de incentivo. A Associação Desportiva São Caetano, por exemplo, tem um estádio municipal, mas não são todos os clubes que contam com este apoio e estrutura. “Claro que há sempre um interesse da prefeitura em mexer no local, como agora, em que irão modificar os vestiários, e isso é bom. Mas para todos os times deveria haver mais investimento do governo e mais incentivo do município. Não digo no quesito dinheiro, mas em uma estrutura paralela para os clubes. Fazer futebol é difícil na região, é coisa para herói ir atrás de patrocinador e de torcedor”, conclui.
Nairo Ferreira e Aldo Rebelo, ministro dos esportes elogiam o ABC | Novembro de 2013 33
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Cidades
brir o carro, ajustar o banco e os espelhos, colocar o cinto de segurança e a chave no contato. Para muita gente, a sequência simples torna-se problemática e, em casos mais graves, chega a ser tenebrosa. Há quem sinta calafrios só de se imaginar no comando de um automóvel ou se deparar com um na garagem da própria casa. De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ao menos 6% dos motoristas brasileiros sofrem de amaxofobia, mais conhecido como o medo de dirigir. Geralmente os receosos são pessoas tímidas, reservadas e perfeccionistas que, por conta destas características, acreditam não dar conta de comandar um carro nas ruas. Por outro lado, sucumbir ao medo pode ser ainda mais desastroso, com resultados diretos na estima da pessoa. “Quanto mais se distanciam do automóvel, mais ansiedade, incapacidade e incompetência sentem ao volante”, explica Cecília Bellina, psicóloga e proprietária da clínica-escola de mesmo nome, especializada em aulas práticas e reuniões de autoajuda a habili-
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Pânico
volante
ao
Mal que assola 6% dos brasileiros habilitados, o medo de dirigir atinge principalmente as mulheres tados que sofrem deste mal. Segundo ela, o trânsito agressivo e os traumas deixados por acidentes automobilísticos – mesmo que alguém tenha vivenciado o fato como carona – faz com que o medo aumente entre as pessoas com este perfil. Pessoas que chegaram a dirigir, mas deixaram a habilidade de lado, também podem ser afetadas. “O medo de dirigir é o que mais incomoda e atrapalha a vida, mas não tem outro remédio a não ser a exposição ao vivo ao objeto problema.” As mulheres lideram o grupo de quem foge da direção a quatro rodas. Dos dois milhões de cidadãos que usam a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) somente como documento, 75% são mulheres, segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego
Fotos: Camila Bevilacqua
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Lívia Sousa - livia@leiaabc.com
Cecília Bellina, psicóloga especialista em problemas ao volante
(Abramet). É também para elas que dirigir aparece como sinônimo de conquista pessoal. “Muitas vezes nem precisam tanto do carro, mas querem transpor esse objeto porque dirigir é tão comum que quem não o faz geralmente fica com autoestima baixa.” Apesar de ainda não haver um estudo científico que justifique o grande medo entre o público feminino, Cecília garante que o carro foi e continua sendo visto como um objeto do homem. “Para elas é a emoção, o carinho e o coração; para eles é o prático, a adrenalina e a velocidade. Os homens estão mais prontos para dirigir”, explica, afirmando ainda que enquanto as mulheres procuram por conforto e praticidade na aquisição de um automóvel, eles focam exclusivamente no prazer. “Tanto é que não se importam em passar o fim de semana lavando o carro”, acrescenta.
Homens em superação
Da minoria dos homens que fazem de tudo para não encarar o automóvel, poucos assumem o receio e vão atrás de ajuda para superá-lo. Na Clínica Escola Cecília Bellina, somente 20% das pessoas que procuram tratamento nas 15 unidades espalhadas pelo Brasil – são seis no Estado de São Paulo e uma na região do ABC, em Santo André – são do sexo masculino. De acordo com a psicóloga, eles demoram a “dar o braço a torcer”, rendendo-se somente no momento em que o medo começa a afetar diretamente sua vida pessoal e profissional. Quando iniciam o tratamento, porém, dificilmente desistem. Quem segue firme rumo à superação é o jornalista Mateus Bueno Munin, de 31 anos, morador da Vila Curuçá, em Santo André. “Antes de tirar a habilitação, eu já tinha ansiedade com relação à direção”, diz o aluno da Clínica-Escola Cecília Bellina de Santo André, que assume só ter se prontificado a aprender a dirigir por pressão social e familiar, inclusive das irmãs que já dirigem. “Se dependesse de mim, acho que nem tiraria mesmo.” Para ele, o volante tornou-se vilão de vez após a falta de compreensão e
paciência do instrutor da autoescola onde se matriculou, aos 18 anos. Apesar de ter procurado vários psicólogos, foi somente 13 anos depois, por indicação da esposa, que iniciou o tratamento com profissionais clínicos especializados na fobia. Hoje Munin passa por uma reaprendizagem cuidadosa com um acompanhante terapêutico (AT) – assim chamados os instrutores de direção – e uma psicóloga especializada. Ele garante não só estar gostando do resultado como também não se arrepende de ter investido tempo e dinheiro no auxílio. “Queira ou não, a direção abre muitas portas para a vida.” O bom desempenho do aluno é comprovado ainda pela psicóloga Cíntia de Carvalho Tatiyama, funcionária do local. “Quando chegou, há um ano, o Mateus estava pobre tecnicamente e tinha muitos vícios errados, como postura no banco, modo de segurar o volante, troca de marcha e controle de pedal. Foi uma evolução boa. Apesar da alta ansiedade, foi uma boa evolução e ele respondeu bem tecnicamente”, declara, esclarecendo que Munin está prestes a ter alta. A duração do tratamento varia conforme as características e o grau do medo de cada pessoa, mas Bellina diz que o ciclo pode ser concluído de seis a oito meses e tranquilamente em um ano – isto se o aluno não faltar às aulas e adiar o processo de reaprendizagem ao volante.
INCENTIVO FAMILIAR
Assim como os tratamentos especializados, há quem vença o medo ao volante com a ajuda de pessoas próximas e até mesmo de familiares. Com o receio adquirido após o início das aulas práticas para a primeira habilitação – período em que teve noção da realidade quanto ao perigo no trânsito, há dois anos –, a publicitária Lillian Andrade Alencar, de 23 anos, buscou solução na aquisição do veículo próprio e nas instruções extras do pai, seu “maior incentivador”. Mesmo já sabendo comandar a máquina e com a habilitação em mãos, a moradora da Vila Vitória, em São Bernardo do Campo, ainda não se sentia
Mateus diz que só tirou habilitação por pressão social e até familiar pronta para dirigir sem uma companhia que lhe transmitisse segurança, mas foi também com o apoio do pai que ela pôs fim à síndrome do carro na garagem. “Ele dizia que eu já sabia tudo e o resto só iria aprender na prática. Um dia decidi que iria pegar o carro e que nada nem ninguém me impediriam. Daí em diante não parei mais e sinto que tenho melhorado a cada dia”, comemora. Até incluir a atividade de vez na rotina, alguns sintomas do medo permaneceram, como pernas trêmulas, boca seca e corpo tenso, todos já enraizados pela mente que deve ser treinada para se acostumar com a nova aventura. Para a psicóloga Cecília Bellina, tanto com ajuda especializada quanto com suporte familiar, o método adotado deve ser o mesmo: encarar pessoalmente o objeto responsável pelo medo. “Talvez se ela (Lillian) cultivasse esse medo por mais dois ou três anos, desistiria de dirigir”, finaliza. | Novembro de 2013 35
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Reviravolta para o futuro Luiz Paulo Bellini Junior bellini@awdigital.com.br
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termo futurismo é algo relativamente novo, do século XX. Surgiu em 1909, com a publicação do Manifesto Futurista, publicado no jornal francês Le Figaro. Rejeitava o moralismo e o passado, baseando-se na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos. Daquela época até os tempos atuais, muito mudou. A ciência foi integrada à tecnologia e as novas tecnologias possibilitaram ganhos expressivos nos processos de produção e na fabricação de produtos e oferta de novos serviços. Surgiram os centros de pesquisas, conectando universidades, empresas e governos. Polos tecnológicos nasceram em regiões distintas, como Vale do Silício (EUA), Tsukuba (Japão), Vale do Ruhr (Alemanha) e Toulouse (França). As novas tecnologias também exigiram maior qualificação profissional. Estes novos profissionais, mais bem capacitados, avaliam com mais imaginação e precisão o que virá pela frente. São realizadas análises prospectivas, construção de cenários. Assim, cada vez mais são formados novos futurólogos. A World Future Society (WFS), organização educacional e científica sem fins lucrativos, investiga como os desenvolvimentos econômicos e tecnológicos moldam o futuro. Entre suas previsões estão a popularização da energia geotérmica, as “bioimpressoras”, o turismo espacial, a segregação genética, a evolução da inteligência artificial acima da inteligência humana, a construção de bases e colônias lunares, e a geração e captação de energia solar na Lua capaz de atender dez bilhões de pessoas. Tudo isso pode parecer muito distante, mas algumas destas previsões já existem; outras estarão disponíveis em 15 ou 30 anos.
Em Hollywood também se faz muita “profecia”. A trilogia De Volta para o Futuro acertou muitas, como a morte dos CDs, os computadores com comando de voz, os óculos tecnológicos (similares ao atual Google Glass), as câmeras digitais, os monitores de tela plana, as videochamadas, os controles por movimento (como o Kinect), o fim do Macintosh, os Drones, entre outras. Outros filmes como 2001: Uma Odisseia no Espaço, Star Trek, Os Jetsons, Minority Report também anteviram o futuro. A criatividade do ser humano multiplica o ritmo com que as mudanças podem acontecer. A CiscoIBSG (Internet Business Solutions Group) calcula que em 2015 qualquer superfície poderá ser utilizada como tela, em 2020 será vendido o primeiro computador quântico e em 2030 um disco rígido armazenará 11 petabytes. Por último, apresento a invenção que vai mudar o mundo (na avaliação deste colunista) em menos de uma década após a sua popularização: Project Loon. Conhecido popularmente como “Balão do Google”, o projeto que tem a missão de fornecer acesso à internet para áreas rurais e remotas em todo o mundo, utilizando balões gigantes de hélio equipados para transmitir sinais Wi-Fi a partir da estratosfera. As pessoas irão se conectar à rede usando uma antena instalada em edifícios que captam o sinal e distribuem – tudo gratuitamente. Assim, fazendo um exercício de futurologia, imagine o impacto disto na liberdade de expressão, no compartilhamento do conhecimento e na capacidade de interação global. Imaginou um mundo novo?
A criatividade do ser humano multiplica o ritmo com que as mudanças podem acontecer. Em 2015 qualquer superfície poderá ser utilizada como tela
Mercado de trabalho
Cresce a informalidade Aumentam os postos de trabalho informais na região do ABC, fomentados por fatores como a alta carga de encargos sociais e a ausência de uma fiscalização efetiva Camila Bevilacqua - camila@leiaabc.com
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reelancer, autônomo, prestador de serviços, funcionário temporário. Se há muitos tipos de trabalhador informal, difícil mesmo é saber por que a informalidade aumenta a cada dia. Alguns apontam o cenário econômico atual, que ainda cria incertezas e encoraja muitos empresários – especialmente os pequenos – a admitir sem carteira assinada. Outros nem sempre enxergam o mercado formal como a melhor opção, seja pelo excesso de tributos no país, seja pela inflexibilidade de negociação entre contratantes e contratados. De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada recentemente pela Fundação Seade em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o trabalho sem registro em carteira foi um dos grandes culpados pela queda na taxa de desemprego do ABC. A pesquisa feita com moradores da região aponta que de agosto para setembro houve um aumento de 7,3% nos postos de trabalhos informais, sete mil a mais. Em contrapartida, o nível de ocupação formal cresceu apenas 1,9%, mesmo com a ampliação de 21 mil 38
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vagas nas empresas nos sete municípios da região. No Grande ABC há 103 mil trabalhadores informais. Elsa Villon, 24, jornalista e estudante de cinema, faz parte desta estatística e desde março vive apenas de trabalhos freelancers, apesar de não ter entrado nesse mercado por vontade própria. “Foi a necessidade de dinheiro que me fez começar. Mesmo quando era estagiária ou trabalhava em regime CLT, acabava pegando ‘freelas’ para complementar a renda – isso desde 2008. Neste ano a atividade deixou de ser complemento, por conta da dificuldade em conciliar o atual curso de cinema e os horários de trabalhos registrados, sendo a maioria deles em São Paulo”, explica. Segundo a jornalista, entre as vantagens do mercado informal, estão o estímulo a um ritmo de trabalho flexível, além da possibilidade de ter mais de uma fonte de renda ao mesmo tempo. “A desvantagem é por não ser algo fixo, em que não temos certeza se vai de fato aparecer algum trabalho. Outra coisa é em relação aos valores do serviço, que sempre são barganhados, sem falar na demora para receber. É preciso ter também muita disciplina para não procrastinar e perder prazos”, diz. A história de Kiko Fernandes, 29, é um pouco diferente. Web designer há dez anos, Kiko tem um emprego fixo, mas como pessoa jurídica, e complementa a renda como freelancer. “Faço de dois a quatro ‘freelas’ por mês. Trabalho com agências de publicidade, empresas privadas, algumas de renome como Buscapé, Claro, TIM, entre outras. Também tenho feito trabalhos para empresas internacionais no Canadá e na Alemanha.” De acordo com Maria Olinda Lon-
Fotos: Camila Bevilacqua
Necessidade de renda fez Elsa Villon entrar para o mercado informal guini, diretora regional do Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo (Sindeprestem ABCD) e presidente da empresa Móvel RH e Serviços, de São Bernardo do Campo, não existem vantagens no trabalho informal. “Todos perdem: trabalhadores, empregadores e, principalmente, o país.” Maria Olinda explica que no mercado informal há ausência de garantias trabalhistas, remuneração digna, benefícios e cobertura previdenciária, além da perda de cidadania para os trabalhadores. Já para os empregadores, há vulnerabilidade perante a fiscalização, ilegalidade, quadro funcional precário e irregular. Sendo assim, ela acredita que é um grande equívoco considerar a queda dos índices de desemprego do ABC ao aumento de contratações informais. “A queda dos índices só pode ser considerada em função de contratações formais, legais, com registro em carteira. Quanto às causas [para o aumento do mercado informal], acreditamos que as altas taxas de encargos sociais incidentes sobre a folha de pagamento (a do Brasil é uma das maiores do mundo) incentivam esta prática nociva para qualquer modelo econômico. Um país cresce quando as leis são cumpridas”, diz.
Não existem vantagens no trabalho informal. Todos perdem: trabalhadores, empregadores e, principalmente, o país”, diz Maria Olinda Longuini, do Sindeprestem ABCD
algumas dicas. “Não se envolva com nenhum gasto fixo sem ter uma poupança. Freelancer não tem garantia de quanto e quando irá receber. Seja disciplinado e organizado, pois isso é crucial para não procrastinar. Procure sempre firmar o serviço por e-mail, registrando valores e prazos. É uma das maneiras que você tem de cobrar seus direitos em caso de má-fé do contratante”, explica. Além disso, a jornalista ressalta a importância de fazer um pequeno contrato de prestação de serviço e registrá-lo em cartório, mesmo quando o contratante é alguém de confiança. Ser responsável com seu cliente também é fundamental: se for atrasar, tiver problemas ou imprevistos, avise-o. O mais importante, no entanto, é saber como negociar o serviço. Muita gente acaba trabalhando por bem menos que a tabela estipulada, porque precisa de dinheiro e algumas empresas se aproveitam disso para pagar pouco e exigir trabalhos com qualidade, garante Elsa. “É um investimento pequeno para um retorno grande, e isso acaba desvalorizando não somente o próprio trabalho como também o de colegas de profissão.”
PREVENÇÃO
Para quem já está no mercado informal, Maria Olinda orienta a exigir seus direitos trabalhistas, partindo do principal, que é o registro em carteira, independentemente da modalidade de contratação (efetivo, temporário ou terceirizado). “Afinal, não existe proteção da lei para este tipo legal de modalidade”, diz. Para quem quer ou precisa complementar a renda trabalhando como freelancer, Elsa Villon dá
Maria Olinda alerta: prefira sempre ser CLT | Novembro de 2013 39
Moda&Beleza
Invista
luzes
Ombré hair e fios longos ganham espaço no verão
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Camila Bevilacqua - camila@leiaabc.com Lívia Sousa - livia@leiaabc.com
poucos meses da estação mais quente do ano, as tendências para os cortes de cabelo do verão 2013/2014 já começam a aparecer. Segundo os especialistas no assunto, as mulheres que adotaram o cabelo comprido podem comemorar: nesta temporada, são as longas madeixas que estarão em evidência. Um bom termômetro são as celebridades, que por vezes ditam as regras da moda. Entre as globais, por exemplo, a atriz Fernanda Machado, atualmente em cena como a personagem Leila na novela Amor à Vida, da Globo, adotou o ombré hair e cabelos longos. “O ombré hair é um intermediário entre as luzes e as californianas. Ele cria um degradê nos fios iluminando os cabelos suavemente, sem marcar a raiz ou criar aquela ‘linha divisória’ das californianas. Isto já não é novidade”, explica Rodrigo Nunes Nakamura, cabeleireiro e dono do salão Floreal, em São Bernardo do Campo. Quem também afirma que o ombré hair vem com força total é Palloma Matarazzo, cabeleireira e maquiadora do salão Mani D’Oro, também em São Bernardo. Segundo ela, além de dar lumino-
Cores, tamanhos e cuidados
Todas as colorações são bem-vindas, no entanto, há tons mais indicados. As loiras devem apostar em tons mel, vanilla, amêndoa e platinados. Já nas morenas, caem bem tons quentes como avelã, marrons, bege e camurça. “A mulher mais ousada pode apostar nas nuances avermelhadas e acobreadas. A mais fashion, cores vivas como pink, azul e, por que não, roxas”, explica Palloma. Sam Goularte, cabeleireiro que também faz parte da equipe Mani D’Oro e tem 11 anos de carreira, acredita que os acobreados, marrons claro e loiros lideram a preferência do público feminino. “Já quando o assunto é comprimento, os curtos imperam, sem esquecer que as clientes têm o poder de escolha”, argumenta. “Os cortes que irão ‘bombar’ são os novos longos, que não ultrapassam a linha do seio. O chanel de bico vem repaginado, com as pontas frontais não tão longas e os curtos desfiados continuam em alta. Lembrando que as brasileiras são apaixonadas por cabelos longos, com um bom desfiado para dar movimento e, em algumas vezes, camadas”, esclarece Palloma. Para manter as madeixas bem cuidadas, o tratamento constante é essencial, ou seja, deve ser feito em
Fotos: Camila Bevilacqua
sidade, elimina a necessidade de retoque constante. No entanto, muito além da tendência do ombré hair, Nakamura alerta para a análise da coloração, do tamanho, do tipo e da forma dos fios de cada mulher. “Nem tudo o que está na moda serve para todas”, afirma o profissional. “Aqui no salão adotamos a técnica do visagismo, que leva em conta as formas e a estrutura óssea do rosto das clientes. Assim, no momento do corte, acentuamos a beleza natural delas”, completa. Ainda, na opinião de Nakamura, outra tendência, válida não só para o verão como para as outras estações, é o uso do cabelo natural. Sejam os fios cacheados, ondulados, lisos ou crespos, a ideia de adotar o visual e analisar qual o tipo de corte adequado para cada um também facilita seu tratamento e manuseio no dia a dia. Assim como ele, Palloma aposta neste quesito. Para ela, que atua na profissão há 18 anos, entre todos os tipos de cabelos, os de efeito ondulado com movimentos naturais ganharão destaque. “Isso pode ser criado com finalizadores, como baby-liss ou difusor”, diz. Outra pedida será o estilo Rocker, como o adotado pela modelo Gisele Bündchen.
Sam, Palloma e Jeff formam o time de cabeleireiros do Mani D’Oro
Nakamura: visagismo acentua beleza qualquer estação. Tanto a cabeleireira quanto Sam concordam que o uso de produtos com filtro solar não deve ficar de fora dos cuidados diários. Hidratação com boas máscaras também são fundamentais para um bom resultado. Se for o caso de recuperar fios um pouco danificados, aconselha-se a reconstrução de fios ou cauterização, em que são depositados aminoácidos, vitaminas e proteínas perdidas com o uso de secador, chapinha ou química. O uso de água muito quente durante o banho também prejudica e favorece o desbotamento da cor. Lembre-se que o cabelo é a moldura do rosto. Assim, antes de qualquer decisão, procure um profissional para orientar sobre qual corte, coloração e tratamento são ideais para as suas madeixas e arrase neste verão. Serviço: Floreal Hair Salon - Rua Frei Gaspar, 684, SBC - Tel: 4339-3954 Mani D’Oro - Rua José Benedetti, 280, SBC - Tel: 4330-0482
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Cultura
Orgulho nacional Após o fim da era de ouro dos estúdios Vera Cruz, em São Bernardo, companhia passa por processo de revitalização e visa acompanhar o bom momento do cinema nacional
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Ana Teresa Cury - redacao@leiaabc.com
inda que haja controvérsias em relação à data – alguns defendem que a celebração deveria ocorrer em 19 de junho, dia em que foi realizada a primeira filmagem em terras brasileiras –, 5 de novembro consolidou-se como o Dia Nacional do Cinema Brasileiro. O marco homenageia a primeira exibição cinematográfica pública no país, ocorrida em 1896, no Rio de Janeiro. Para os moradores da região do ABC, há mais um motivo para festejar: São Bernardo do Campo foi cenário de um dos maiores adventos da história do cinema nacional: a Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Fundada em 1949, a companhia foi um marco no cinema nacional, pioneira em investimentos de grande porte no setor. A Vera Cruz foi criada no momento de efervescência cultural, após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando a vida cultural em São Paulo ficou agitada e a cada dia surgiam novas revistas de divulgação artística e eventos de arte, conferências e exposições. Foi neste campo profícuo que o empresário paulista Francisco Matarazzo Sobrinho juntou-se ao produtor italiano Franco Zampari – os dois já tinham criado juntos o Museu de Arte Moderna (MAM) e o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) – para fundar a companhia.
Do planalto para as telas do mundo
O estúdio era formado por dois galpões que ocupavam uma área superior a 100 mil metros quadrados. Um grande nome da Vera Cruz foi o do brasileiro Alberto Cavalcanti, que trabalhava com cinema na Europa e foi convidado por Zampari para dirigir a companhia. Os equipamentos 42
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Fotos: Acervo e Wilson Magão
modernos, assim como profissionais especializados, vieram do exterior. Como definiu a atriz e estrela da Vera Cruz Eliane Lage, a companhia era uma verdadeira Babel: pessoas de nacionalidades e culturas diversas superaram as barreiras da comunicação e executaram produções premiadas internacionalmente. Entre elas o Cangaceiro (1952), escolhido o Melhor Filme de Aventura do Festival de Cannes, e Sinhá Moça (1953), que ganhou o Leão de Bronze no Festival de Veneza, o Urso de Prata do Festival de Berlim e o OCIC (premiação anual do Vaticano para o filme de maior valor humano). A Vera Cruz deu grande contribuição ao cinema brasileiro por formar profissionais em áreas como fotografia, som, cenografia, maquiagem e estabelecer um novo padrão para as produções nacionais. O sucesso de bilheteria, no entanto, não retornou em lucros para a companhia. A Vera Cruz não tinha um sistema próprio de distribuição e facilidades para inserir suas produções no mercado internacional. Assim, ficava com menos da metade de arrecadação, volume insuficiente para bancar as caríssimas produções. Em 1954, Franco Zampari passou as ações que possuía e o patrimônio da companhia para o Banco do Estado de São Paulo. A Vera Cruz nunca chegou a fechar, mas sua gestão mudou de mãos ao longo dos anos e as produções se tornaram cada vez mais escassas. Sérgio Martinelli, professor de ci-
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O casamento da pipoca com o cinema A pipoca já era vendida em feiras e parques nos Estados Unidos no século XIX. No fim desse período, surgiram os primeiros cinemas americanos e, com eles, vieram os ambulantes e seus carrinhos com pipoca e guloseimas como o Cracker Jack, mistura de pipoca, amendoim e açúcar queimado. No começo, os donos dos cinemas torciam o nariz e achavam que a pipoca distraía os espectadores dos filmes. Com o aperfeiçoamento de máquinas elétricas de fazer pipoca, como as do americano Charles T. Manley, os cinemas abririam suas próprias lanchonetes para vender o petisco. Barata, gostosa, salgadinha e crocante, tornou-se sucesso absoluto de público.
nema e TV, cineasta e autor do belíssimo livro Vera Cruz: Imagens e história do cinema brasileiro, relata que seu trabalho de resgate histórico da Cia. Vera Cruz pretende elucidar os erros acerca do encerramento das atividades da empresa. “A Vera Cruz nunca faliu, nunca fechou. Pagou suas dívidas com o Banespa com o patrimônio físico e continuou existindo como empresa, produzindo filmes até 1978. Foi muito atacada pelo pessoal do Cinema Novo, uma injustiça com um projeto grande que deixou um importante legado para o cinema brasileiro”, afirma.
Operação resgate
Com a inauguração do Centro Audiovisual, em 2012, São Bernardo do Campo caminha no sentido de voltar a ser referência em produção cinematográfica, assim como foi quando abri-
gou a Companhia Vera Cruz. A escola oferece cursos gratuitos nas áreas de Cine/TV e animação 2D e 3D. Localizado no bairro Planalto, em São Bernardo do Campo, é a primeira etapa do projeto de revitalização dos antigos Estúdios Vera Cruz, marco importante na história cultural de São Bernardo do Campo e do Brasil. “Nosso desafio é de fato retomar toda produção da Vera Cruz, só que não olhando para o retrovisor, olhando para frente, para as novas possibilidades que a vida cotidiana nos coloca”, diz o prefeito da cidade, Luiz Marinho.
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Cultura
Fotos: Divulgação e Flickr
Dicas Cinema
Hostilidade a toda prova Em Gravidade, Matt Kowalski (George Clooney) é um astronauta experiente que está em missão de conserto ao telescópio Hubble juntamente com a doutora Ryan Stone (Sandra Bullock). Ambos são surpreendidos por uma chuva de destroços decorrente da destruição de um satélite por um míssil russo, que faz com que sejam jogados no espaço sideral. Sem qualquer apoio da base terrestre da Nasa, eles precisam encontrar um meio de sobreviver em meio a um ambiente completamente inóspito para a vida humana. Embora a história pudesse ser contada de várias maneiras, sua grande virtude está em oferecer ao espectador a experiência de vivenciar o temor dos personagens diante da tela (de preferência, numa projeção em 3D). Trata-se de cinema em sua forma absoluta, como não se via nas produções americanas há muito tempo. Num mix hipnótico, a narrativa vai da contemplação – com um belíssimo plano-sequência na abertura – à ação enérgica.
teatro
Família na vida real e na ficção Antônio e Bruno Fagundes protagonizam a comédia de Nina Raine, como pai e 44
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filho, também no palco. No espetáculo, um deficiente auditivo luta para se adaptar ao mundo em meio a uma crise familiar. Com diálogos repletos de acidez, o texto é estruturado em nove cenas que abordam a surdez metafórica nas relações pessoais. Direção de Ulysses Cruz.
Vai lá: Tribos. Teatro Tuca (11 36708455). Sexta e sábado, 21h30; domingo, 18h. R$ 50,00 (sexta e domingo) e R$ 60,00 (sábado.). Até 15 de dezembro.
Aki Kaurismaki e outros diretores falam do legado do extraordinário cineasta do cotidiano, trata-se de item essencial para o acervo de qualquer cinéfilo. Vai lá: O cinema de Ozu. Direção: Yasujiro Ozu. Distribuição: Versátil Home Vídeo. Preço médio: R$ 69,90.
livro
Ode aos prazeres (da mesa) do poeta Elaborado em três partes, Pois sou um bom cozinheiro foi organizado pela família de Vinicius de Moraes e conta com prefácio de sua irmã Laetitia. Revisitando memórias distintas, cada parte do livro fornece receitas das mais diversas épocas da vida do poeta – a infância num Rio de Janeiro quase interiorano, as cozinhas que frequentou e os bares e restaurantes em que mantinha cadeira cativa –, além dos bocados de que mais gostava. Tudo ilustrado por fotos, trechos de poemas e depoimentos.
Vai lá: Pois sou um bom cozinheiro – Receitas, histórias e sabores da vida de Vinícius de Moraes. Organização: Daniela Narciso e Edith Gonçalves, 296 páginas. Preço médio: R$ 79,90.
DVD
Clássicos do mais japonês dos cineastas japoneses A Versátil apresenta O cinema de Ozu, digistack com três DVDs, que reúne cinco clássicos do mestre Yasujiro Ozu (1903-1963). Incluindo Era uma Vez em Tóquio, um dos maiores filmes de todos os tempos, e Conversando com Ozu, documentário em que Wim Wenders,
Exposições
Arte no Brasil: uma história do Modernismo Na mostra de longa duração (fica até o fim de 2015), em cartaz na Estação Pinacoteca desde 19/10, o público pode passear pela arte brasileira da primeira metade do século XX. Composta por cinquenta obras pinçadas tanto da coleção do museu quanto da Fundação José e Paulina Nemirovsky, a coletiva reúne nomes estrelados. Tarsila do Amaral está representada com trabalhos de sua fase mais importante, caso de Antropofagia e São Paulo. Guignard desafia as noções de perspectiva em Ouro Preto, enquanto a geometria cubista deixa traços em telas de Ismael Nery e José Pancetti. Vai lá: Rua General Osório, 66, Santa Efigênia, São Paulo – SP. Tel.: (11) 3335-4990. Terça a domingo e feriados, 10h às 18h. Entrada: R$ 6,00. Grátis aos sábados. De 19/10/2013 a 27/12/2015.
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Bastidores
A controversa Lei Rouanet Ana Teresa Cury Especialista em cultura anatcury@gmail.com
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m agosto deste ano, sob fortes críti- gar eventos comerciais altamente onerosos e cas, o Ministério da Cultura (MinC) atividades escolhidas pelo departamento de autorizou três estilistas a captar re- marketing de grandes empresas. cursos oriundos de dedução tributária O momento atual aponta quais são as para promover desfile de moda em São Pau- empresas que mais a utilizam: Petrobrás, lo, Nova York e Paris. Vale, Banco do Brasil e BNDES. A iniciaComo as autorizações do MinC têm de tiva privada, por outro lado, posta-se curioser divulgadas publicamente, as redes so- samente muito mais na ponta da captação, ciais entraram no site do órgão e descobriram com destaque para as fundações vinculadas que, além de financiar espetáculos meramen- a grandes impérios, tais como Itaú Cultural te comerciais – como o Cirque du Soleil, o e Fundação Roberto Marinho, ligada às OrRock in Rio e shows de artistas consagrados ganizações Globo. –, dinheiro público decorrente de isenção de Outro dado curioso é que não há contratributos está sendo destinado, por meio da partida das empresas, visto que o incentivo Lei Rouanet, para fundações mantidas por é totalmente deduzido do Imposto de Renda. grandes instituições financeiras, reforma de Há, ainda, uma desproporção gritante dos pontes e igrejas, manutenção de sedes de go- gastos, já que 81% deles ficam com o Suverno e até para o patrocínio do Oktoberfest. deste. O próprio secretário de Fomento do Torneios hípicos organizados pela milio- Ministério da Cultura, Henilton Menezes, já nária Athina Onassis e uma festa de Carnaval criticou, severamente, os desvios e deturpapromovida pela torcida organizada do Pal- ções que a aplicação da Lei Rouanet expõe: meiras também receberam as bênçãos e be- “O acesso das classes C, D e E é baixo, [a nesses da legislação. lei] não estimula o inNinguém duvida de vestimento de recursos que o estabelecimento privados no setor, e a de uma política para a prestação de contas é Ninguém dúvida de área cultural seja tarefa inadequada”. que o estabelecimento complicada. Para além Não são poucos os de eventuais disputas que alegam que a dita de uma política para a em torno do que merece legislação teria se transárea cultural seja a alcunha “cultural”, o formado em um “Robin entrelaçamento entre o Hood às avessas”, tirantarefa complicada setor público (federal, do dos serviços públiestadual e municipal) e cos para bancar os mais o privado (pessoas físicas, empresas, organi- abastados. Polêmicas à parte, é fato posto zações da sociedade civil) é um robusto ele- que o poder público tem importante papel na mento complicador. promoção da diversidade cultural e na deParece irrefutável que, em seus primeiros mocratização crescente do acesso, enquanto anos de vigência, recursos obtidos via Lei o setor privado persegue, primordialmente, Rouanet foram decisivos para financiar ma- objetivos de mercado, tais como melhorar nifestações culturais de interesse popular em a imagem de uma marca ou conquistar notodo o país, como artistas sem poder político vos consumidores através de patrocínios. O e econômico, orquestras sinfônicas, publi- grande desafio é concatenar a participação cações de livros, manutenção de bibliotecas da iniciativa privada e as diretrizes das políe reformas do patrimônio histórico. Com o ticas públicas para a cultura. Resta saber se tempo, todavia, os desvirtuamentos prolife- o Brasil está cultural e moralmente preparararam e o guarda-chuva da lei passou a abri- do para tanto.
Fotos: Camila Bevilacqua
Gastronomia
Hamburguer gourmet Receita tipicamente norte-americana atrai consumidores e ganha ares de prato sofisticado em espaços charmosos no ABC
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Ana Teresa Cury – redacao@leiaabc.com
epois que os tártaros apresentaram seu rústico e mítico bife aos hamburgueses, tudo ficou claro: pode haver destino mais nobre para a carne moída (na hora, claro) do que virar hambúrguer? Há os que preferem altinho e malpassado e os que suspi-
ram, emocionados, diante de um disco fino e tostado. Também existem os fãs de carteirinha, aqueles que não se envergonham de proferir que o prato é, por conceito, “ótimo até quando não é tão bom”. Em tempos em que a alcunha “gourmet” anda de braços dados com todo e qualquer item comestível, a Leia ABC resolveu, imbuída
Four Fé: receitas de família com molho à base de tomates frescos 48
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de insaciável disposição, provar que hambúrguer-iguaria existe, inclusive na região.
The Burger Map
O nome da casa denuncia as intenções: o mapa americano do hambúrguer pode ser desfraldado quando se abre o cardápio. Foram as descrições do cineasta nova-iorquino George Motz, no livro Hambúrguer América, que despertaram nos irmãos Fábio e Marcos Fernandes a vontade de viajar aos Estados Unidos para desvendar a tara gastronômica ianque. De 2010 (ano em que a missão foi cumprida e o TBM foi inaugurado) até hoje, o sucesso está estampado nas bocas felizes dos muitos, muitos clientes. Ficam claras, em cada detalhe, as repercussões da saga. O ambiente – visto por qualquer ângulo – remete-nos, instantaneamente, à despojada aura das clássicas lanchonetes americanas. Muito bem acomodado, só resta ao comensal a tarefa de se decidir entre o “Blue Ring Burger” (hambúrguer, molho barbecue caseiro, bacon, onion ring e queijo gorgonzola), o “Fatty Melt Burger” (hambúrguer, queijo americano e
bacon, servido entre dois queijos quentes no pão de forma), o “Chili Burger” (hambúrguer, chili, queijo cheddar e tortilhas crocantes), entre mais de 20 opções. Imprescindível dizer que o ponto da carne é o preferido dos puristas, ou seja, tostadinha por fora e rosada por dentro. Se não for sua praia, melhor avisar. Sucos naturais servidos em graciosos potes de vidro ou, se preferir, boas cervejas importadas e devidamente harmonizadas com cada um dos lanches cumprem sua função coadjuvante. Ah, e se sobrar “gastroespaço”, jogue-se nas ótimas sobremesas. Café Fazenda Pessegueiro e atendimento informal e atencioso fecham a noite na medida, deixando na memória o tal gostinho de quero mais.
The Burguer Map: Cheeseburguer Bacon ‘n’ Cheddar é um dos mais pedidos
Four Fé
Partindo do princípio de que ali habitam receitas de mãe e a cordialidade do atendimento de quem trabalha em família, atravessa-se a portinha escondida dessa casa tradicional de São Caetano do Sul disposto a pedir mais um dos cerca de 300 lanches servidos por dia. O cardápio oferece sanduíches variados, todos deliciosamente caseiros, com aquela cara afável de lanchonete de bairro. Mas o ponto alto – ou baixo, porque aqui adentramos na categoria “discos finos e bem chapeados” – são mesmo os hambúrgueres. Talvez pelo molho de tomates frescos e pela famosa maionese verde, as duas seduções gastronômicas secretas de Dona Marli, a matriarca, fica fácil se entregar aos ingredientes singelos e confiáveis da Four Fé.
Sanduicheria Petrópolis
Difícil não se sentir em casa quando você escolhe visitar a Sanduicheria Petrópolis. Churrasqueira à vista do cliente, decoração retrô (que inclui até um sofá com direito à mesa de centro como apoio para comes e bebes), quintalzinho coberto para soltar a molecada. E ainda tem os hambúrgueres altos que, sustentando 160 gramas de fraldinha, transbordam o sabor e o aroma inimitáveis que só a boa e
Sanduicheria Petrópolis: hambúrgueres grelhados em churrasqueira velha grelha proporciona. São mais de quarenta sanduíches no cardápio e muitas variações inusitadas em torno de um clássico das lanchonetes, o milk-shake. Boas sobremesas e a supervisão atenta do casal de proprietários Carla e Fausto fazem do espaço uma ótima opção quando se é assaltado pela vontade irrefreável de “traçar” um hambúrguer como se estivesse na sua varanda.
Serviço: The Burguer Map - Rua das Aroeiras, 442, bairro Jardim, Santo André – Tel: 2534-0747 Four Fé - Avenida Goiás, 1486, São Caetano do Sul – Tel: 4226-3491 Sanduicheria Petrópolis - Avenida Imperatriz Leopoldina, 345, Nova Petrópolis, SBC – Tel.: 2374-3559
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Harmonizar
Da Idade Média, mas com toque contemporâneo Celso Pavani celsopavani@ig.com.br
P
rato típico da região norte da Itália, mais um componente de destaque para que possamos precisamente na Lombardia, o risoto data harmonizar com bons vinhos e fazer jus ao prato, do século XI, quando a região ainda era ou também com cervejas gourmet, que vêm gadominada pelos sarracenos, responsáveis nhando cada vez mais apreciadores. por trazer o grão para o preparo do prato. A priPara combinar, é importante identificar qual meira receita surgiu em 1574, fruto da traquina- a especiaria se destaca e que sensação confere ao gem de um aluno com o seu mestre em vidros. prato (adocicado,cítrico ou neutro), pois dessa Este frequentemente zombava da técnica do pu- forma ficará mais fácil acertar. Ilustro um pouco pilo de usar açafrão na finalização dos vidros, em- mais relatando algumas harmonizações feitas no bora isso ajudasse a conferir beleza aos vitrais das bistrô e que surpreenderam, como nosso risotto catedrais que estavam sendo erguidas na região. de cambuci com camarão flambado na cachaça O aluno o alertava que, se continuasse com as do mesmo fruto, em que o agridoce foi harmonibrincadeiras, um dia acabaria colocando açafrão zado com uma cerveja Red Ale. Outra harmonia no risoto dele. E foi o que fez: subornou o cozi- foi percebida com risotto de beterraba e cerveja nheiro que preparava a refeição da festa do casa- de trigo tipo Wefe Weizen (Saint Bier), em que mento da filha do mestre e inseriu a especiaria na suas notas suaves de especiarias, banana madura receita, que foi servida, saboreada e, para surpre- e maltes tostados, que lhe conferem um final de sa, aclamada pelo sabor peculiar. Nascia assim a boca com notas adocicadas, ressaltaram o prato. primeira receita, o “Risotto alla Milanese”, hoje Também há os mais tradicionais e que traem dia tão em voga em jantares com os amigos, zem notas amadeiradas (como o de funghi), podendo ter vários sabores e combinações. e que podem ser acompanhados com cervejas Supostamente simples, o estilo extra escura Amprato não deixa de ser comber lager (5 Eisenbahn) plexo. Como genuíno apreou Strong Ale, da mesma ciador, vejo o ponto certo cervejaria, e ainda escuras Para combinar, é como o principal vilão para como a Barba Negra da importante identificar Karavelle. Portanto, escoos chefes e cozinheiros de plantão. No Bistrô Emporio lha bons ingredientes e inqual especiaria D’Vino, ficamos atentos a vente sua receita. Observe isso, especialmente porque o ponto e escolha sua cerse destaca e que o serviço como um prato veja, mas, caso necessite sensação confere sofisticado. Com suas variade ajuda, consulte uma ções de ingredientes e sabocasa especializada, que lhe ao prato res, é sempre elaborado com dará boas dicas.
RISOTTO ALLA MILANESE INGREDIENTES - 400 g de Arroz Arbório, 80 gramas de manteiga, 70 gramas de parmesão, 1,5 litro de brodo, 1 cebola pequena picada, 2 gramas de açafrão, um cálice de vinho branco seco, azeite de oliva a gosto e sal a gosto. PREPAR0 - Numa panela de fundo largo, aquecer o azeite com metade da manteiga e fritar a cebola, tendo o cuidado para não deixar escurecer. Acrescentar o arroz, salgar e fritar por alguns minutos. Adicionar o vinho e, após o álcool evaporar, o brodo (caldo) fervente até cobrir a superfície do arroz, mexendo sempre. Acrescentar o açafrão dissolvido em um pouco de água e adicionar mais brodo, repetindo essa operação até o arroz ficar al dente. Retirar do fogo e pôr o restante da manteiga e o parmesão. Mexer bem e deixar repousar, durante um ou dois minutos, antes de servir.