Diário do Comércio

Page 1

Tiririca: depois que dá, ninguém tira. A ficha completa da erva-daninha que se propaga velozmente e é uma grande dor de cabeça. Pág.11 Ano 86 - Nº 23.218

Conclusão: 00h25

Jornal do empreendedor

www.dcomercio.com.br

R$ 1,40

São Paulo, sexta-feira, 1 de outubro de 2010 Reprodução

NO AR, MAIS UM FLAGRA DE CORRUPÇÃO ESTRELANDO:

Roriz e Borges, genro do ministro do STF Ayres de Brito Em vídeo, Borges negocia honorários de R$ 4,5 milhões por sucesso de Roriz no Ficha Limpa. Pág. 6 Rodrigo Capote/Folhapress

É COM VOCÊ, ELEITOR! Fim dos debates, propaganda e comícios. Chegou a hora de votar. Seremos o país que os eleitores escolherem. Páginas 2, 3, 5, 6, 7 e 8. Rodrigo Buendia/AFP

Um tiro. E a morte do menino.

d

Miguel, 9 anos, estava na sala de aula. A família chora e pergunta: quem o matou? Pág. 10

cultura

Reveja Roque Santeiro (em DVD), Vale Tudo (na TV) e leia Balas de Estalo, de Machado de Assis. Neste momento político, têm tudo a ver.

Pague online sem medo de fraudes

Equador à beira da guerra civil O presidente Correa (na foto, de costas e terno) foi ferido quando falava a militares, em Quito. Pôs o Equador em estado de exceção. E saiu do hospital com o exército. Pág. 12

O mundo real traz confiança ao pagamento virtual. E 1

Um vírus bíblico ataca o Irã Página 13

Antonella Salem

LA DOLCE VITA

Destinos românticos da Itália: encantos de Capri, na última reportagem da série. Boa Viagem

A nova e elegante picape Montana

MAX

Economia 7

AMANHÃ Sol com pancadas de chuva Máxima 28º C. Mínima 17º C.

ISSN 1679-2688

23218

9 771679 268008

O OSCAR VAI... ... para o filme Lula, O Filho do Brasil? Sua escolha para representá-lo em Hollywood cria polêmica. "Como um governo pode mandar um representante oficial que louve seu próprio governante?", questiona o crítico Rubens Ewald. Acompanhe o debate e opine na nossa enquete.

Divulgação

HOJE Sol com pancadas de chuva Máxima 26º C. Mínima 16º C.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

2

o

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Hugo Chávez continua construindo incansavelmente a sua ditadura a partir da democracia. Roberto Fendt

pinião

Reprodução

EYMAR MASCARO

CAMINHANDO NO FIO DA NAVALHA Um fato novo animou os tucanos: apesar de Dilma Rousseff ter a preferência de cerca de 60% dos eleitores no Nordeste, José Serra teve crescimento naquela região.

O

O quadro de John Trumbull, The Declaration of Independence (1817-1819) mostra os principais articuladores da Constituição americana, entre os quais Thomas Jefferson.

O Jefferson que Chávez não leu

N

ão sei que livros o presidente Hugo Chávez costuma ler. Mas pelo "Plano Revolucionário de Leitura" que lançou em maio do ano passado dá para ter uma ideia. Não são apenas livros esquerdistas. São livros de autores esquerdistas ao seu gosto. Esquerdistas de diferentes matizes não servem, só aqueles que possam de alguma forma justificar o seu regime bolivariano. As bibliotecas públicas venezuelanas estão agora cheias desses livros. Chávez continua construindo incansavelmente a sua ditadura a partir da democracia. E ajudado pela omissão das oposições nas eleições parlamentares de 2005, o que o deixou com a maioria absoluta do Congresso – e permitiu o seu reinado antidemocrático. Chávez encarna à perfeição o dilema da América Latina. A democracia não floresce em um vácuo institucional. Ela depende do constitucionalismo para sobreviver. Mas também o constitucionalismo não é suficiente: ele depende de cláusulas pétreas que garantam a liberdade. Sem elas, a Constituição torna-se um instrumento nas mãos do tirano de ocasião, a manusear as leis a seu talante, para proveito próprio. As cláusulas pétreas podem variar de país a país, mas não podem deixar de incluir o que Thomas Jefferson fez incluir na Declaração de Direitos do povo norte-americano. Para ele, como para os filhos do iluminismo do século 18, eram verdades evidentes a igualdade de todos no nascimento e o fato de sermos dotados pelo

ROBERTO FENDT Criador de direitos inerentes à nossa natureza humana e, portanto, inalienáveis. Entre esses direitos estão, pela ordem, o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade (kantianamente, à maneira de cada um). Foi para assegurar esses direitos, escreveu Jefferson, que os governos foram instituídos. Os seus poderes dependem do consentimento dos governados. E que, portanto, sempre que qualquer forma de governo se oponha a seus fins, o povo tem o direito de aboli-lo e de instituir um novo governo, de tal forma a assegurar a segurança e a maneira de cada um buscar a sua felicidade. Foi o que começou a fazer agora o povo da Venezuela.

O

s resultados das eleições na Venezuela nesse último domingo mostraram mais do que um país rachado ao meio: a oposição ganhou no número de

votos, embora tivesse elegido um número que não corresponde ao percentual de votos que teve. Na composição parlamentar, Chávez ganhou de goleada: fez 98 deputados em um total de 165 assentos em disputa (59% das vagas), com 48% dos votos. A oposição fez 65 deputados, tendo sido eleitos dois deputados independentes. A que atribuir esse resultado? Houve fraude nas eleições?

N

ão o tipo de fraude convencional, em que urnas são violadas e votos mudados. Um tipo de fraude, se assim podemos chamá-la, mais sutil e perversa. Antes das eleições para o parlamento, um ano atrás, Chávez mudou a geografia das zonas eleitorais, redesenhando-as para ter maior número delas nas regiões onde era maior o apoio a seu regime. Não poderia perder na contagem

Com os assentos que tem, a oposição pode impedir que Chávez governe por decreto. Assim, os deputados atuais querem dar mais poderes a ele, antes da nova legislatura.

dos representantes eleitos, embora pudesse perder no número de votos válidos. A vitória não foi comemorada de pronto, como é usual em pseudo-democracias. O clima já não estava favorável a comemorações, uma vez que houve presença maciça de eleitores. Mais de 11 milhões votaram, a maioria contra o Partido Socialista Unido de Venezuela, do presidente. Quando a comemoração veio, foi chocha, como um desfile de bloco carnavalesco em uma quarta-feira de cinzas. Com os assentos que tem, a oposição pode impedir que Chávez continue governando por decreto. Não é por outra razão que os deputados chavistas querem aproveitar o fim de festa da atual composição do Congresso venezuelano para dar mais poderes a Chávez. Querem que a Assembleia Nacional aprove uma nova lei habilitante, antes da posse dos novos deputados, para que o presidente continue a governar por decreto.

T

erão sucesso? Se tiverem, estarão afrontando mais da metade dos venezuelanos e provavelmente cavando a sepultura de suas carreiras políticas. Porque, como escreveu Jefferson, o povo tem sempre o direito inalienável de remover o mau governante. Ele só está lá por consentimento dos governados. Essa eleição é histórica porque marca o início do fim do despotismo na Venezuela. Por meio dela, o povo já está sinalizando a mudança. Se não leu, agora é o momento para Chávez ler Jefferson. Pode ser útil para antever o seu futuro. ROBERTO FENDT É ECONOMISTA

s tucanos vão às urnas domingo convencidos de que seu candidato a presidente, José Serra, precisa levar a eleição para o 2º turno para ter chance de se eleger. Já no PT o esforço é para que Dilma Rousseff alcance 50% mais 1 dos votos e "mate" a eleição ainda no 1º turno. O PSDB começou a campanha nesta semana disposto a reduzir a diferença que favorece a candidata petista, evitando que o pleito termine domingo. Nos últimos 20 dias de campanha, o PT blindou sua candidata para evitar que Dilma sofresse mais perdas com as denúncias de corrupção na Casa Civil, que atingiram em cheio o governo Lula. Mesmo com a blindagem, a crise chegou a abalar a candidatura de Dilma e serviu para reduzir a diferença que a petista sustentava sobre os demais presidenciáveis. Apesar da queda de sua candidata nas últimas pesquisas, o PT ainda faz cálculos e chega à conclusão otimista de que se Dilma ganhar a eleição, o partido pode se "eternizar" no Poder.

esmo que queira se candidatar à reeleição em 2014, caso se eleja agora, Dilma seria pressionada pelos petistas para apoiar a candidatura de Lula. A tese no partido é que com uma vitória de sua candidata, o PT pode ficar no Poder por mais 12 anos. Os petistas lembram que o governo Lula ainda arranca 80% de aprovação nas pesquisas, mas, o otimismo ronda também o PSDB. O tucanato avalia que se conseguir levar a eleição para o 2º turno, Serra pode surpreender Dilma nas urnas. Num 2º turno, os dois candidatos teriam tempos iguais de campanha na televisão. Um fato animou os tucanos: apesar de Dilma Rousseff ter a preferência de cerca de 60% dos eleitores no Nordeste, Serra cresceu na região, possivelmente pela pregação que fez nos últimos dias de que, se eleito, premiaria os trabalhadores com um salário mínimo de R$ 600, superior ao mínimo proposto pelo governo federal. Os marqueteiros acham importante crescer no Nordeste, porque a região concentra 35 milhões de eleitores. Além de um mínimo superior ao de Lula, Serra prometeu também para as pessoas que dependem do assistencialismo do Bolsa-Família, aumentar o valor pago pelo governo petista. Mas nem tudo agradou os tucanos nestes últimos dias. O partido em São Paulo ficou abalado com o comentário feito pelo senador tucano Álvaro Dias, segundo o qual o PSDB do Paraná teria

M

abandonado Serra no estado. Outra desconfiança na coordenação de campanha de Serra é que tucanos mineiros continuaram trabalhando no estado a chapa "Dilmasia", isto é, pedindo votos para Dilma para a Presidência e para Antonio Anastásia para o governo estadual. Aécio Neves, contudo, desmente tal versão, garantindo que o PSDB de Minas pede votos só para Serra. Nos últimos dias, Serra intensificou a campanha em Minas Gerais e São Paulo, dois estados que concentram 45 milhões de votos, os quais apontaram também um crescimento de Dilma. O PSDB continua sem entender, por exemplo, porque o seu candidato ao governo paulista, Geraldo Alckmin, abre boa vantagem sobre o candidato do PT, Aloizio Mercadante, enquanto Serra perdeu pontos para Dilma. eleição de domingo vai revelar se o PSDB conseguirá a alternância no poder ou se o PT vai continuar mandando no País por mais alguns anos. Recorde-se que quando ministro no governo Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Mota chegou a profetizar que o PSDB ficaria 20 anos no poder . Mota foi o principal articulador do PSDB com deputados e senadores para que o Congresso aprovasse, sob suspeita de compra de votos, a emenda constitucional que permite uma reeleição aos prefeitos, governadores e presidente da República.

A

EYMAR MASCARO É JORNALISTA E COMENTARISTA POLÍTICO MASCARO@BIGHOST.COM.BR

Fundado em 1º de julho de 1924 Presidente Alencar Burti Vice-Presidentes Alfredo Cotait Neto, Antonio Carlos Pela, Arab Chafic Zakka, Carlos Roberto Pinto Monteiro, Claudio Vaz, Edy Luiz Kogut, Gilberto Kassab, Guilherme Afif Domingos, João de Almeida Sampaio Filho, João de Favari, José Maria Chapina Alcazar, Lincoln da Cunha Pereira Filho, Luís Eduardo Schoueri, Luiz Roberto Gonçalves, Moacir Roberto Boscolo, Nelson F. Kheirallah, Roberto Macedo, Roberto Mateus Ordine, Rogério Pinto Coelho Amato, Sérgio Antonio Reze

CONSELHO EDITORIAL Alencar Burti, Guilherme Afif Domingos, João Carlos Maradei, João de Scantimburgo, Marcel Solimeo, Márcio Aranha e Rogério Amato Diretor-Responsável João de Scantimburgo (jscantimburgo@acsp.com.br) Diretor de Redação Moisés Rabinovici (rabino@acsp.com.br) Editor-Chefe: José Guilherme Rodrigues Ferreira (gferreira@dcomercio.com.br) Chefia de Reportagem: Teresinha Leite Matos (tmatos@acsp.com.br) Editor de Reportagem: José Maria dos Santos (josemaria@dcomercio.com.br) Editores Seniores: Bob Jungmann (bob@dcomercio.com.br), Carlos de Oliveira (coliveira@dcomercio.com.br), chicolelis (chicolelis@dcomercio.com.br), Estela Cangerana (ecangerana@dcomercio.com.br), Luiz Octavio Lima (luiz.octavio@dcomercio.com.br), Luiz Antonio Maciel (maciel@dcomercio.com.br) e Marino Maradei Jr. (marino@dcomercio.com.br) Editor de Fotografia: Alex Ribeiro (aribeiro@dcomercio.com.br) Editores: Cintia Shimokomaki (cintia@dcomercio.com.br), Ricardo Ribas (rribas@dcomercio.com.br) e Vilma Pavani (pavani@dcomercio.com.br) Subeditores: Kleber Gutierrez, Marcus Lopes, Rejane Aguiar e Tsuli Narimatsu Redatores: Adriana David, Evelyn Schulke, Giseli Cabrini e Sérgio Siscaro Repórteres: Anderson Cavalcante (acavalcante@dcomercio.com.br), André Alves, Fátima Lourenço, Fernanda Pressinott, Geriane Oliveira, Ivan Ventura, Kelly Ferreira, Kety Shapazian, Lúcia Helena de Camargo, Mário Tonocchi, Neide Martingo, Patrícia Büll, Paula Cunha, Renato Carbonari Ibelli, Rita Alves, Sandra Manfredini, Sergio Leopoldo Rodrigues, Sílvia Pimentel, Vanessa Rosal, Vera Gomes e Wladimir Miranda. Gerente Comercial Arthur Gebara Jr. (agebara@acsp.com.br) Gerente Executiva de Publicidade Sonia Oliveira (soliveira@acsp.com.br) Gerente de Operações José Gonçalves de Faria Filho (jfilho@acsp.com.br) Serviços Editoriais Material noticioso fornecido pelas agências Estado, Globo e Reuters Impressão Diário S. Paulo Assinaturas Anual - R$ 118,00 Semestral - R$ 59,00 Exemplar atrasado - R$ 1,60

FALE CONOSCO E-mail para Cartas: cartas@dcomercio.com.br E-mail para Pautas: editor@dcomercio.com.br E-mail para Imagens : dcomercio@acsp.com.br E-mail para Assinantes: circulacao@acsp.com.br Publicidade Legal: 3244-3175. Fax 3244-3123 E-mail: legaldc@dcomercio.com.br Publicidade Comercial: 3244-3344, 3244-3983, Fax 3244-3894 Central de Relacionamento e Assinaturas: 3244-3544, 3244-3046 , Fax 3244-3355

REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E PUBLICIDADE Rua Boa Vista, 51, 6º andar CEP 01014-911, São Paulo PABX (011) 3244-3030 REDAÇÃO (011) 3244-3449 FAX (011) 3244-3046, (011) 3244-3123 HOME PAGE http://www.acsp.com.br E-MAIL acsp@acsp.com.br


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

o

MUITOS QUE ASSINARAM MANIFESTO PELA DEMOCRACIA MINIMIZARAM ANTES O PERIGO DA ESQUERDA.

pinião

E

3

Presenças honrosas

ntre os quase sessenta mil signatários do "Manifesto em Defesa da Democracia" há, decerto, um bom contingente de cidadãos – nos quais me incluo – que jamais se deixaram enganar pelo "novo paradigma" imposto à política brasileira desde a ascensão das esquerdas ao primeiro plano do espetáculo nacional. Mas há também uma parcela de celebridades da mídia, do show business, da política e do mundo empresarial, das quais não se pode dizer o mesmo. O próprio site do Manifesto incumbe-se de distinguir os dois grupos, reunindo o segundo nos links "Assinaturas em destaque" e "Artigos em destaque" . Significativamente, a quase totalidade dos nomes aí "destacados" são de pessoas que integram uma das seguintes categorias: (1) Contribuíram ativa e entusiasticamente para a criação do monstro petista e até hoje não lhe fazem restrições – quando as fazem – senão limitadas e pontuais. (2) Sem ser petistas ou simpatizantes, julgaram a ascensão do PT um fenômeno positivo para a democracia e a defenderam galhardamente contra quem quer que, com base na leitura dos próprios documentos internos do partido, advertisse que se tratava de uma organização revolucionária de alta periculosidade. (3) Fizeram tudo o que podiam para bloquear ou inibir a divulgação da existência e das atividades do Foro de São Paulo, entidade com que o PT salvou e restaurou o movimento comunista latino-americano, ameaçado de extinção no começo da década de 90. (4) Repetidamente denunciaram toda veleidade de anticomunismo como uma ameaça temível e um abuso inaceitável, ajudando a criar assim a atmosfera de hegemonia esquerdista

na qual o triunfo do PT, como personificação mais pura do esquerdismo nacional, se tornava claramente inevitável (v. meu artigo de setembro de 2004, "Assunto encerrado"). Atribuindo a esses indivíduos um lugar de relevo, o site do Manifesto dá a entender que a presença de suas assinaturas infunde no documento um valor a mais, revestindo-o de uma autoridade moral que a mera quantidade de signatários não poderia lhe conferir.

O

critério de julgamento aí subentendido é, por si, toda uma lição de sociologia quanto à mentalidade daquilo que o sr. Presidente chama de "azé-lite". Basta assimilar essa lição para compreender por que o País chegou ao ponto em que se tornou necessário arrebanhar às pressas sessenta mil pessoas para defender uma democracia que, ainda meses atrás, tantas delas proclamavam firmada e consolidada – vejam vocês – pelo fato mesmo da ascensão petista. O que os destaques do site evidenciam, desde logo, é que, no sentimento geral da "azé-lite", o mérito supre-

OLAVO DE CARVALHO mo, em política, não consiste em perceber os perigos em tempo de preveni-los, mas em recusar-se obstinadamente a enxergá-los, ou a deixar que alguém mais os enxergue, até quando já nada mais reste a fazer contra eles senão assinar um manifesto – o último recurso dos derrotados. Com toda a evidência, as opiniões, nesse meio, não valem pelo seu coeficiente de veracidade, de oportunidade estratégica ou de eficácia preditiva, mas, justamente ao contrário, só são admitidas como dignas de alguma atenção – ainda assim parcial e seletiva – quando obtêm finalmente o nihil obstat dos últimos a saber. Um sindicato de maridos traídos não seria talvez tão lerdo e recalcitrante em tomar ciência das más notícias.

Mas a lentidão paquidérmica em admitir os fatos não é causa sui. Ela vem do apego supersticioso da "azélite" à lenda de que o movimento comunista não existe e de que toda tentativa de denunciá-lo só pode ser coisa de extremistas de direita, saudosistas da Guerra Fria, loucos de pedra e teóricos da conspiração. Essa lenda foi criada para infundir naquelas pessoas a ilusão de que o fim do regime militar traria magicamente ao Brasil uma democracia estável, de tipo europeu – ilusão necessária, precisamente, para que a gradual mas inevitável ascensão de comunistas e prócomunistas ao poder absoluto aparecesse a seus olhos como o fruto espontâneo da "evolução democrática" e não como o resultado de um pla-

nejamento maquiavélico de longo prazo, que os documentos do PT e do Foro de São Paulo atestam para além de toda dúvida razoável. A expressão "azé-lite" é tardia. Muito antes dela, em 1996, no meu livro O Imbecil Coletivo, eu já havia dado a essa faixa social o nome de "pessoas maravilhosas", observando que para tornar-se uma delas você deveria antes de tudo acreditar que, embora o comunismo não exista, ser comunista é chique e ser anticomunista é brega. Agora, na página do Manifesto, até uma pessoa indiscutivelmente maravilhosa como o sr. Luiz Eduardo Soares, que viu na publicação daquele meu livro um sinal alarmante de ressurgimento da abominável direita, sai gritando, tarde demais, contra os "bolcheviques e gambás" (sic) que se apossaram do País.

P

essoa maravilhosa é também o sr. Luís Garcia, que ainda em 2008 se orgulhava de tudo ter feito para lotar de esquerdistas as páginas de opinião de O Globo e muito se arrependia de haver ali encaixado, mesmo a título de falso balanceamento, um único direitista que fosse. Num

gesto inusitado para um chefe de redação, o sr. Garcia chegou a puxar, nas páginas do jornal, uma discussão com esse direitista – que não era outro senão eu –, para alegar que o referido, ao alertar contra o poder crescente do esquerdismo continental, estava enxergando crocodilos embaixo da cama. Ainda ontem, crocodilos, gambás e bolcheviques só existiam na minha imaginação perversa. De repente, surgindo do nada, tomaram posse do circo inteiro e assombram as noites das pessoas maravilhosas que riam de quem os enxergava. Já nem falo dos srs. Hélio Bicudo, Ferreira Gullar, Eliane Cantanhede e tantos outros, que, ajudando a instaurar o mito do monopólio esquerdista do bem e da verdade, criaram as condições indispensáveis para transformar a política brasileira numa disputa de família entre organizações de esquerda, ignorando ou fingindo ignorar que a hegemonia ideológica traz inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, o império do partido único, contra o qual hoje esperneiam com ares de inocência surpreendida.

T

odos esses, sem exceção, apostaram suas vidas na mentira mais estúpida e letal que alguém já inventou contra a democracia: a mentira de que é possível um regime democrático normal e saudável sem partidos de direita, ou só com uma direita amoldada servilmente aos propósitos da esquerda. Ao assinar o Manifesto, não têm sequer a honestidade de reconhecer que o assinam contra si mesmos. Num país onde o fingimento é a mais excelsa das qualidades morais, isso é razão suficiente para considerar seu apoio àquele documento uma honra digna de menção especial. OLAVO DE CARVALHO É ENSAÍSTA, JORNALISTA E PROFESSOR DE FILOSOFIA

QUEM VOTA NUM CANDIDATO, VOTA NA TURMA. A NEIL Dillma não tem turma. Ella pertence à turma do Lulla. Não é turma, desculpe nossa falha. É cambada, corja, malta, súcia. A mesma de Fidel, Evo, Chávez et caterva, que transformaram esta América em latrina. América Latrina. Ella pertence à cambada do Lulla, que se apossou deste país e "socializou" a grana nacional, transformando-a em propriedade socializada dos sócios do poder. Dirceu, Sarney, Barbalho, Berzoini, Collor, Maluf, Tarso Genro, Marco Aurélio Top Top Garcia, Renan Avacalheiros, Ciro Gomes, Stédile, Mercadante, Martaxa Relaxa e Goza, Paulinho da Farsa Sindical e mais Duzentos Mil Sindicalistas aninhados em boquinhas estatais; Delúbio, que previu que tudo isso ia acabar em piada, Jacques Wagner, Hélio Costa, Sérgio Malandro, governador do Rio; aqueles governadores do Amapá e do Tocantins, apanhados em tretas de bilhões de reais; mensaleiros exemplares como João Paulo Cunha e Genoino – você pode acrescentar mais de cem se quiser, aqui não cabem todos os que conheço. Serão votados em cada um dos votos dados à Dillma.

Voto no Serra presidente, Alckmin governador, Aloysio Nunes Ferreira senador e Ricardo Montoro deputado federal. Ainda não me decidi pelo deputado estadual, estou em dúvida entre Bruno Covas, Psdb, e Ricardo Salles, Dem, que faz um anúncio bem claro, dizendo "Chega de Pt". Com a boca torta por mais de 40 anos de profissão, sou publicitário, sou capaz de votar no anúncio que ele fez. Tenho até domingo para pensar, e se alguém tiver sugestões, aceito-as agradecido. Entendi que Alckmin recomenda o Tuma, coitado, que está para bater com as dez. Olhei o suplente dele, é ótima pessoa embora não tenha histórico na política, o que pelos tempos e costumes que atravessamos é até uma recomendação. Será melhor para São Paulo do que qualquer Martaxa ou Netinho, de históricos podres, pessoais e políticos.

pensador francês De Tocqueville disse que "numa democracia, o povo tem o governo que merece pois vota com toda liberdade". Eu não habito o país "dos mais de 80%",

O

LULLA NUNCA MAIS

FERREIRA nunca vi ao vivo nenhum eleitor da Dillma, nada tenho com tudo isso que está aí, e que me atinge no ponto mais sensível – o bolso. Faço parte do otariado que paga os impostos que sustentam propinodutos tipo bolsa-famiglia, como a da cumpanhera Erenice, jabutisíssima da cumpanhera Dillma. enso votar no Tuma, mas não tenho certeza. Como vou dizer lá em casa que votei no Tuma ? Penso dizer: "O objetivo desta eleição é dificultar a vitória de qualquer tiririca do Pt, que tenha chance de ganhar. Voto em qualquer tiririca que possa servir de empecilho a essa desgraça democrática". O tiririca Tuma pode atrapalhar o tiririca Netinho. Estou quase convencendo a mim mesmo de que devo votar no Tuma, por motivos ideológicos.

P

Pode alguém votar num candidato do Ptb (logo o Ptb !), sendo ele o Tuma (logo o Tuma !) por motivos ideológicos ? O Ptb (logo o Ptb !) faz parte da "base aliada" do Serra e estou convencido de que o Serra pode vencer a tiririca Dillma, sentar na cadeirona do tiriricão-mor Lulla e erradicar a praga de tiriricas do lullismo, que ameaça engolfar "essepaíz" inteiro. ste DC abriu voto no Serra e no Alckmin, com um discurso do presidente da Associação Comercial de São Paulo. O Estadão abriu seu voto no Serra num editorial histórico, "O Mal a Evitar", que, cito: "Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República (...) O apoio deve-se à convicção de que o candidato Serra é o

E

que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País (...) Se a política é a arte de aliar meios a fins, Lula e seu entorno primam pela escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder. Para isso vale tudo: alianças espúrias, corrupção dos agentes políticos, tráfico de influência, mistificação e, inclusive, o solapamento das instituições sobre as quais repousa a democracia - a começar pelo Congresso. E o que dizer da postura nada edificante de um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação? Este é o "cara". Esta é a mentalidade que hipnotiza os brasileiros. Este é o grande mau exemplo que permite a qualquer um se perguntar:

'Se ele pode ignorar as instituições e atropelar as leis, por que não eu?' Este é o mal a evitar". É de tirar o fôlego, fala sério. A Falha de S.Paulo também abriu sua posição no domingo passado, num editorial publicado excepcionalmente na primeira página, declarandose corajosamente nem contra nem a favor, muito antes pelo contrário. A Falha é um jornal "ficante". "Fica" com quem tem o pudê.

ntem saiu mais um DataFalha, dando a entender que o país dos "mais de 80%" não está nem aí para a corrupção que nos assola. Dillma 50%, Serra 28%, Marina 14%. Quem sabe esse debate de ontem, da Globom seja o começo da virada. Deus me ouça. O BRASIL PODE MAIS. SERRA NELLES.

O

NEIL FERREIRA É PUBLICITÁRIO


DIÁRIO DO COMÉRCIO

4 -.GERAL

Giba Um

3 Marcel

Telles, Beto Sicupira e Jorge Paulo Lemann vão montar um banco de investimentos em Nova York.

gibaum@gibaum.com.br

3

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

MAIS: como o primeiro Garantia nunca se esquece, o nome da nova instituição será apenas G (eles já têm o 3G).

1º de Outubro

T

eresinha nasceu em Alençon (França), em 1873. Aos 15 anos, tornou-se monja na Ordem das Carmelitas Descalças, em Lisieux, e faleceu tuberculosa, aos 24 anos. Apesar de breve, sua vida foi um exemplo de fidelidade a Deus na oração e pela oferta de sacrifícios Santa Teresinha cotidianos, o caminho da "Pequena Via". s su do Menino Je

k Nós vamos incendiar o país. Esse governo vai dar manchete todos Lembrando Ofélia «

ROBERTO JEFFERSON // presidente do PTB, que denunciou o mensalão, antecipando o cenário, se Dilma vencer. Fotos: Fernando Torquato / Quem

LIÇÃO DE CASA O Santander, habitualmente colocado entre as empresas com mais reclamações no Procon de São Paulo, está iniciando um programa de treinamento de seus funcionários. A intenção é aumentar a agilidade no atendimento, dando a eles mais autonomia para solucionar problemas que, hoje, parecem obedecer a cartilha de atendimento do SUS. Entre as áreas envolvidas nesse mega-programa, estão o SAC e a Ouvidoria, que, atualmente, prestam serviços de qualidade mais do que discutível. Ou seja: não adianta Fábio Barbosa dizer uma coisa em suas palestras se o pessoal do banco que preside faz outra.

Trocando as bolas 333 Teve de tudo nesta campanha, até a candidata Marina Silva, do PV, cujo número é 43, discursando e pedindo votos para o número 45, que é do PSDB. Já o senador Eduardo Matarazzo Suplicy, que apoiou publicamente a candidatura da Mulher Pêra (Suéllen Costa), no começo desta semana, num comício em São Paulo, pedia votos para sua ex-mulher Marta Suplicy – e errava o número com o qual ela concorre ao Senado. Se bem que Suplicy foi ainda mais longe: apresentou Michel Temer como vice “na chapa da Marta”.

333

h

h IN

Perucas coloridas na balada.

OUT

Perucas coloridas de dia.

Descansodoguerreiro Depois de sessenta anos de trabalho e chegando aos 80 anos de idade (em plena forma, jogando tênis todas as manhãs), Romeu Trussardi, um dos empresários mais respeitados do país, passou o controle da sua Trussardi para o grupo Karsten, de Santa Catarina. A informação esclarece dúvida do mercado: a venda do controle da Trussardi não tem nada a ver com a Trousseau, comandada por seu filho Romeu Trussardi Filho e tampouco com as lojas Mixed, tocadas pela filha Ricci, com grupo empresarial Sousa Aranha, da família de seu marido. Nos anos dourados de São Paulo, Romeu e Maricy Trussardi, com uma legião de filhos, eram hosts de memoráveis festas na cidade. 333

333 LEVANTAMENTO feito pelo Contas Abertas revela que, em meio aos quase 11 mil candidatos a algum posto nestas eleições, 2.873 (26%) ainda não apresentaram exigências fiscais básicas, ou seja, não entregaram a declaração de IR relativo a 2009. A maioria (1.612) concorre a vaga de deputado estadual. Para o posto de governador e vice, 54 candidatos.

333 QUEM vem ao Brasil, no final de outubro, é a estilista Agnès B, responsável pelos figurinos dos filmes de Quentin Tarantino, entre eles, os homens de preto de Cães de Aluguel (hoje, seguidos pelo pessoal do CQC) . Ela é ligada a questões ambientais e investe da expedição Tara Oceans , que analisa o ecossistema marinho. Vem participar do seminário internacional de biodiversidade dos oceanos, no Rio.

SE Playboy vendeu 700 mil exemplares com Cléo Pires e as denúncias feitas por Veja aumentaram as vendas em bancas, dois novos lançamentos da Editora Abril, para fazer frente a Vanity Fair e GQ que a Globo lançará no ano que vem, estão mais do que empacados: são Alfa e Lola . O comando geral da Abril já entrou em cena para reformulação de seus conteúdos.

Solução

L

333 A revista Fortune acaba de divulgar sua nova lista das 50 mulheres mais poderosas do planeta: no primeiro bloco formam, entre outras, Indra Nooyi (Pepsico), Patrícia Woertz (ADM), Angela Braly (WellPoint), Andréa Jung (Avon) e Oprah Winfrey, a apresentadora que vai deixar seu programa de TV para se dedicar a seu próprio canal, o Oprah Winfrey Network e à sua empresa Harpo (nome inspirado num dos Irmãos Marx). Na lista das superpoderososas, Carol Bartz (Yahoo) é a mais bem paga do mundo: no ano passado, colocou no bolso US$ 47,2 milhões.

333

MISTURA FINA

C F N E U R I N H A N T A Z A L M E S C O L

Superpoderosas

Amiga pessoal de Domenico Dolce e Stephano Gabbana, a cantora Madonna volta a protagonizar novas peças da campanha da grife Dolce&Gabbana, fotografada por Steven Klein. É um novo capítulo de personagem interpretada pela diva do pop: é uma italiana que, de dia, cozinha, limpa a casa (almoça aos domingos, com a família) e à noite, ganha o pão nosso na cama. E quando está deprimida com sua difícil vida fácil , rasga cartas de um namorado que nunca mais voltou.

Na difícil vida fácil

Weslian Roriz, mulher de Joaquim Roriz, que está disputando o governo do Distrito Federal no lugar do marido e quem vem sendo ironizada no cenário político (ela é apenas uma dona de casa, muito simples), é super-católica e, literalmente, não suporta o PT. Associa o partido à antiga imagem dos “comunistas que comiam criancinhas”. Para se ter melhor idéia da repulsa de Weslian, basta dizer que ela se refere ao pessoal do PT como “os encardidos vermelhos”.

333

A

O famoso chef Daniel Boulud está abrindo a cozinha de seu restaurante Daniel (ele começou comandando as panelas do Le Cirque), em Nova York, para o franco-brasileiro Laurent Suaudeau, consultor gastronômico do Ponta dos Ganchos Resort, em Santa Catarina. Ele quer seduzir pelo estômago principais editores de gastronomia de revistas e jornais de lá e incluir o hotel na lista dos roteiros de luxo das publicações. Um dos pratos que será servido é o badalado Escondidinho de Mexilhão ao molho de maracujá e emulsão de coentro. Laurent e Daniel são originários da mesma escola de haute cuisine, na França. 333

O candidato do Psol à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio, 80 anos, ex-petista e até apelidado de menino traquinas , certamente passará para o folclore político nacional, por conta de suas travessuras na campanha, especialmente em debates, onde virou uma espécie de animador. E quem pensar que ele pretende se aposentar, engana-se: se fala sério ou não (e isso ninguém sabe), tem confidenciado até que pode se candidatar a vereador em São Paulo, em 2012. Seu filho, o economista e professor da Unicamp, Plínio de Arruda Sampaio Jr., também ex-petista (foi um dos coordenadores do manifesto dos economistas da Unicamp contra a política econômica, no primeiro mandato de Lula), está habituado com o comportamento do pai: “Ele sempre foi rebelde. Às vezes, eu me sinto o técnico Dorival Jr. orientando o Neymar. Com uma diferença: ele pode não me ouvir, mas nunca vai me demitir”. 333

Outro Neymar

ENCARDIDOS

T O A R G T A

ENTRE PANELAS

333

L E L C O A I S A E Q U U E L E F I

Inspirados pelo título do filme O Homem que Virou Suco, de João Batista de Andrade, nove entre dez analistas econômicos, independentes de quem será eleito para a Presidência da República, apostam que, do jeito que vai, “o dólar ainda vai virar suco”. A economia global em guerra cambial não favorece ao Brasil, com economia relativamente aberta, câmbio flutuante e o recurso das importações, estimuladas pelo real forte, como linha auxiliar de política antiinflacionária. O Banco Central, fatalmente, terá de abandoná-la: caso contrário, submerge numa inundação de dólares. Se o Federal Reserve abusa das emissões, a inflação de 2011 corre perigo; se mantém, o dólar vira mesmo suco no Brasil. 333

Para a reta final do concurso Estilista Revelação , quadro exibido no programa TV Xuxa, o fotógrafo e maquiador Fernando Torquato elaborou um ensaio especial estrelado pela própria Xuxa Meneghel que, aos 47 anos, voltou à sua antiga profissão de modelo, aos 20 anos, quando posava para editoriais de Capricho . Ela usa criações de quatro participantes do programa: Acacio Mendes, Thiago Schynider, Igor de Azevedo e Wlavianus Victor (vencedor). Convidado pelo programa, Torquato apenas exigiu que eles criassem vestidos de noite, inspirados em flores, como a nova coleção de John Galliano para a Dior.

Antiga profissão

B E I R C O D O D E S G A P

Pode virar suco

333 A vida da comediante Sonia Mamede virou um musical chamado A garota do biquíni vermelho, de autoria do jornalista Arthur Xexéo, que deverá estrear este mês no Rio de Janeiro. Pouca gente sabe que Sonia, no começo de sua carreira, era vedete, participando das famosas revistas de Carlos Machado e de Walter Pinto. Depois, ganhou popularidade de televisão com o personagem Ofélia, que vivia falando fora de hora e irritava o marido Fernandinho (Lúcio Mauro). Seu bordão é inesquecível: “Eu só abro a boca quando tenho certeza”

P F I G L C U F L U A T E D I A A MU U A L C H E B E L R A

os dias.

333

PARA quem tem memória curta: foi Lula que sancionou, há um ano, a lei que exige dois documentos na hora de votar e que provocou ação no Supremo do PT, alegando “risco de confusão” e “restrição à cidadania”, de olho no eleitorado de regiões mais distantes, desinformado e com grande abstenção. Ou seja: antes de entrar no Supremo, os petistas deveriam ter ido reclamar com o chefe .

Por: José Nassif Neto Medicamento para evitar gravidez.

O firmamento. Gal Costa, cantora.

Estampa colorida para álbum de coleção. Ter origem; emanar.

Boca das aves.

'Ele', em alemão.

Colaboração: Paula Rodrigues,Alexandre Favero

Argola de corrente.

Embarcação de esporte radical. Sensação de vazio.

Fico aborrecido.

Parte de um endereço eletrônico. Reproduz material gravado nele.

Símbolo do carbono. (quím.)

Mecânica. (abrev.) Maior astro do sistema solar. Pertencente a ele.

Urânio, Poesia de símbolo estrofes químico. simétricas. Vogais de padre.

Maior mamífero dos servídeos.

Aposento do detento.

Folha-de flandres. Planta forrageira.

Que pessoa.

Regra social.

Saudável. Natural da Bélgica.

Colocar estampilha na carta. Flúor, símbolo químico.

Gênero de música popular.

Símbolo de tempo. (física)

Qualidade do que é lindo.

333

333 POR UM tropeção, a coluna registrou que a marca de lingerie Hope integrava grupo têxtil, que foi comprado pelo fundo Carlyle por R$ 400 milhões. A Hope continua (foi fundada por ele) nas mãos Nissim Hara.

Símbolo do A Capital nitrogênio. do Rio Grande (quím.) do Norte.

Derradeiro.

Fixa o olhar.

(382) 2-er; sã; 3-ode; céu; rap; 4-orga 5-disco; tédio; belga.

A nota sol na notação alfabética.


p

DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

5 EM ALTA Petista evita confrontos para tentar manter vantagem

olítica

EM BAIXA Marina diz que só ela teria condições num eventual segundo turno

Candidatos no último e enfadonho debate Marina saiu da zona de conforto e tentou ser mais contundente. Não conseguiu empolgar o suficiente. Assim, presidenciáveis prefeririam manter distância estratégica. Marcelo Carnaval/ AOG

Mário Tonocchi A economia informal é da ordem de 50%. Muita gente não paga imposto.

E

m um debate morno, com as mesmas trocas de acusações, críticas e alfinetadas já apresentadas, o último enfrentamento entre os quatro principais candidatos à Presidência da República decepcionou pela falta de energia. O motivo: a distância regulamentar e estratégica mantida entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Tucano e petista foram orientados a evitar confrontos e desgastes diretos. E fizeram perguntas apenas aos oponentes Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSol). Os dois candidatos com poucas chances de irem para o 2º turno serviram como lastro para os dois rivais que estão à frente nas pesquisas de intenção de votos. O debate promovido pela Rede Globo de Televisão foi dividido em quatro blocos com perguntas e respostas entre os candidatos. Marina deixou de lado uma participação mais contida, como fez nos debates anteriores , para ataques mais contundentes aos adversários. Primeira a perguntar, escolheu Dilma para falar sobre o tema trabalho no Brasil e criticou duramente a petista e a política aplicada pelo PT no setor. Dilma questionou Plínio sobre sua política para o funcionalismo público. E ele, em vez de responder, atacou a política do governo federal de valorização do servidor público.

JOSÉ SERRA, AO DIZER QUE VAI CRIAR MECANISMOS DE COMBATE À SONEGAÇÃO DE IMPOSTOS

Nem PT, nem PSDB resolveram o problema da segurança no Brasil nos últimos 16 anos. MARINA SILVA, DIRIGINDO-SE À JOSÉ SERRA E DILMA ROUSSEFF ÚItimo 'enfrentamento' entre os quatro principais candidatos à Presidência da República: Dilma não perguntou para Serra e vice-versa

Tributos – Pelas regras, Plínio teve que questionar Serra sobre o tema sorteado "impostos" e causou risos ao exclamar: "Ih, ele gosta disso!" "Zé, a reforma tributária que você propôs na verdade aumenta a carga dos mais pobres e reduz a dos mais ricos", afirmou o candidato do PSol. O tucano respondeu que em todos seus mandatos reduziu tributos e aproveitou seu tempo para ressaltar que o atual governo só aumentou impostos.

Serra prometeu ainda que diminuirá a carga tributária sobre os alimentos básicos, medicamentos e estabelecer um sistema que combata à sonegação. "A economia informal é da ordem de 50%. Muita gente não paga imposto". Lula não – Em nenhum momento o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi citado diretamente pelos demais candidatos. Apenas Dilma recorreu à popularidade do presidente.

Clima eleitoral: instável, com possibilidade de dois turnos Horizonte da eleição presidencial permanece nebuloso para analistas políticos Paulo Pampolim/Digna Imagem

Marcos Menichetti

Rubens Figueiredo: o quadro para o PT de vitória no 1º turno é incerto

que ela pode ter uma vitória histórica, por larga margem. Rubens Figueiredo, cientista político e presidente do Cepac (Centro de Pesquisa, Análise e Comunicação) também diz que o quadro é incerto. "O que talvez possa favorecer um 2º turno é o peso dos escândalos da Receita Federal e na Casa Civil do Governo e o crescimento do total de votos válidos dos adversários de Dilma". Nesse caso, uma melhoria do desempenho de Marina Silva (PV) poderia contribuir para isso. Sobre o debate da tevê Globo, Figueiredo aponta que embora seja difícil mensurar um vencedor, "quem tem mais a perder com essa megaexposição é a Dilma", por ser a favorita na eleição e "o alvo dos outros candidatos". Ele também vê um quadro incerto sobre um 2º turno, sendo que a "maior" probabilidade é de que a eleição acabe no domingo. Motivos? "O PT é um partido de chegada e tem o Lula, um presidente cujo índice de aprovação em torno de 80% é inédito no mundo ocidental." A situação econômica melhor

e a elevação de milhões de pessoas à classe média durante o governo Lula ajudam a elevar a certeza no voto da candidata do presidente, observa. "Não podemos esquecer que a vida das pessoas melhorou." Bandeirantes – A situação do PSDB em São Paulo, pelo menos na disputa pelo governo do Estado, é tida como um pouco mais tranquila. Geraldo Alckmim perdeu pontos na pesquisa do Datafolha, mais ainda lidera com 54% dos votos válidos, enquanto seu principal adversário, o petista Aloizio Mercadante, subiu para 29%. Segundo o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, é preciso considerar que "aumentou a chance de um 2º turno, em São Paulo". Alberto Carlos de Almeida analisa de outra forma. Diz que essa subida do PT não é nenhuma surpresa, pois "historicamente o partido tem cerca de 30% dos votos nas eleições no Estado". Se é que é possível comparar incertezas, ele diz que existe, sim, a possibilidade de 2º turno na disputa – mas bem menor do que o 2º turno na corrida ao Planalto.

timos 16 anos de governo dos dois partidos". Risos – Fato curioso aconteceu no segundo bloco quando Dilma defendeu uma coligação do PT com vários partidos depois das eleições e, respondendo a Plínio, disse que sua campanha é regular e que todas suas doações são regulares. A afirmação causou risos na plateia. "Eu lamento os risos daqueles que não fazem a mesma coisa", afirmou a petista, mostrando jogo de cintura.

Eu lamento os risos daqueles que não fazem a mesma coisa. DILMA ROUSSEFF, AO DIZER QUE AS DOAÇÕES DE SUA CAMPANHA SÃO REGULARES E DEVIDAMENTE CONTABILIZADAS

Marina diz que só ela é viável para disputar com Dilma Candidata verde afirma que José Serra não é competitivo para 2º turno

A

A

inda não é o céu de brigadeiro que o PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a candidata Dilma Rousseff (PT) queriam: vencer as eleições já no domingo. Pelo menos a sangria de votos da candidata parece estancada, como apurou a pesquisa Datafolha divulgada ontem. E o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a obrigatoriedade de dois documentos para votar (leia mais na página 8) – acabou com o temor de abstenções significativas do eleitorado de Lula no Nordeste, nas classes C e D. O fato é que o cenário até pode ter "melhorado", as piores nuvens foram afastadas, mas os analistas e cientistas políticos ainda vêem uma neblina à frente, e não ousam dizer que a eleição acaba no 1º turno. Dilma aparece na pesquisa Datafolha com 52% dos votos válidos, podendo oscilar dois pontos (intervalo de 50% a 54%), enquanto seus adversários somam 48% (46% a 50%), sendo que ela precisa de 50% mais um dos votos. Na pesquisa anterior, a vantagem era de dois pontos e agora foi de três. Cenário – O cientista político e diretor do Instituto Análise, Alberto Carlos de Almeida, entende que a situação de Dilma hoje é mais favorável do que há alguns dias, tendo a petista mais chances de vencer neste domingo. Ele observa, entretanto, que "há um quadro de difícil definição", não constituindo nenhuma surpresa "se acontecer o 2º turno". Sobre uma possível repercussão do debate na tevê Globo no eleitorado, Almeida é bastante cético. Mesmo que a eleição vá para o 2º turno, ele diz que Dilma continua favorita e

Marina destacou que o governo federal repassou verbas para catástrofes somente para seus prefeitos aliados durante o período de fortes chuvas deste ano. Serra aproveitou tambem para entrar nessa crítica e destacou a falta de investimentos do governo no metrô. A candidata verde, que nos últimos dias, cresceu nas pesquisas de opinião, fez questão de reforçar que nem PT, nem PSDB "resolveram o problema da segurança no Brasil nos úl-

candidata do PV à Presidência, Marina Silva, afirmou ontem que o adversário José Serra (PSDB) não é competitivo "em hipótese alguma" e seria derrotado em um eventual 2º turno contra Dilma Rousseff (PT). "Tenho certeza de que sou o s e g u n d o t u r n o v i á ve l , aquele que é capaz de concorrer efetivamente com a candidatura que está em primeiro lugar. A candidatura do PSDB, até pelos erros que cometeu, com certeza não tem essa viabilidade". A senadora afirmou que um segundo turno entre Dilma e Serra seria uma "repetição de 2006" [quando o presidente Lula (PT) venceu com facilidade o tucano Geraldo Alckmin]. A candidatura capaz de fazer uma disputa de igual para igual, com certeza, é a minha." Marina cancelou a visita que faria a uma favela durante o dia, e permaneceu no hotel até a hora de se deslocar para o debate dos presidenciáveis nos estúdios da tevê Gl ob o em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio.

Negativo – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou cinco pedidos da candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, para responder às afirmações feitas pelo candidato do PSDB, José Serra, em sua propaganda política. Três deles pediam direito de resposta contra a propaganda em que Serra afirmou que Dilma não “daria conta” de escolher seus ministros, caso seja eleita. O quarto direito de resposta contestava alegação de Serra de que a candidata petista foi a que mais aumentou a conta de luz dos brasileiros nos últimos oito anos. Ao negar os recursos, os ministros entenderam que os argumentos de Serra são apenas uma crítica política e que não há requisitos para conceder o direito de resposta. No quinto recurso negado, Dilma pedia direito de resposta por conta da propaganda de Serra, mostrando matéria da revista Veja falando sobre suposto tráfico de influência na Casa Civil. Segundo o ministro-relator, Henrique Neves, há juris-

Bruno Domingos/ Reuters

Marina Silva: um 2º turno entre Dilma e Serra seria uma "repetição de 2006" [quando o presidente Lula (PT) venceu com facilidade o tucano Geraldo Alckmin].

prudência do TSE que admite o uso crítico, durante a propaganda eleitoral gratuita, de notícias que são publicadas pela imprensa. 30 pedidos – No decorrer da campanha, a coligação de Dilma Rousseff ("Para o Brasil Seguir Mudando") apresentou 25 representações ao TSE. Vinte delas foram direcionadas ao PSDB ou à coligação "O Brasil Pode Mais", de Serra, outras duas, à revista Veja, e uma ao PTB. Também houve representação contra o candidato a governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, e uma ao candidato a deputado federal pela Bahia, João Almeida dos Santos. Já a coligação de José Serra foi autora de cinco representações: uma questionando o PT de Santa Catarina, duas contra o PSTU, e as demais contra o PCO e o PCB, em São Paulo. Os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) ainda estão analisando alguns pedidos de direito de resposta, que poderão chegar à apreciação do TSE, por meio de recursos. (Folhapress)


p Em vídeo, genro de ministro pede propina DIÁRIO DO COMÉRCIO

6

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Vamos entrar com uma notícia-crime para o STF investigar a participação do ministro [Ayres Britto]. Eri Varela, advogado

olítica

O

delegado da antiga coligação encabeçada por Joaquim Roriz (PSC) ao governo do Distrito Federal, Eri Varela, anunciou ontem que iria ingressar à tarde no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma queixa-crime contra o ministro Carlos Ayres Britto, sua filha, Adriele Ayres de Britto, e seu genro, Adriano Borges. Segundo Eri Varela informou ao portal iG, ele teria uma gravação de vídeo, feita no último dia 3 de setembro, de uma conversa entre Adriano Borges e o ex-candidato ao governo do Distrito Federal, Joaquim Roriz na qual o advogado e o exgovernador do DF e então can-

didato à reeleição discutem como interferir no resultado de um julgamento do STF, dias depois. Na ocasião, os ministros decidiriam sobre o recurso que o ex-governador moveu contra sua inclusão na lei do Ficha Limpa, decidida pela Justiça Eleitoral. Caso mantivessem Roriz no Ficha Limpa, ele não poderia mais ser candidato. No video, postado pelo portal, Borges e Roriz discutem honorários na casa de 4,5 milhões de reais para obter sucesso. Ao decidir pela ação no Supremo, Eri Varela disse ainda ao iG que a representação incluiria até o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),

Andre Dusek/AE - 16.12.09

Ministro Carlos Ayres Britto: "Não tenho nada a ver com isso (...) Adriano [Borges, seu genro] que responda pelo que fez".

Ricardo Lewandowski, citado num trecho do video. A gravação mostra o genro do ministro contando que sua assinatura e o papel timbrado de seu escritório na representação [feita por Roriz ao STF] levariam seu sogro, Ayres Britto, a se declarar impedido, pois ter o genro como advogado de uma das partes é motivo bastante para que um ministro se declare impedido. O ex-candidato sugere, no vídeo, que se permanecesse na votação, Ayres Britto seria contrário ao seu recurso. A conversa entre os dois não prosperou, informa o portal. Dias depois, o STF fechou com um empate de 5 a 5 a votação do recurso de Roriz, com voto contra de Britto. Acuado, na manhã seguinte Roriz renunciou, indicando em seu lugar a própria mulher, Weslian. Inconformado, Eri Varela informou ao iG: "[Vamos entrar com uma] Notícia-crime para o STF investigar e chegar a conclusão que se queria sobre a participação de ministro que autoriza seu genro a extorquir um cidadão de 74 anos". O vídeo, diz ele, foi gravado no escritório do político de Roriz, em sua residência, em Brasília. Integrantes da coligação instalaram câmeras no local para a proteção do ex-governador, que não sabia disso. Em nenhum momento da gravação o ex-governador fala em fechar negócio com Adriano. O advogado então sugere um "pró-labore" inicial de R$ 1,5 milhão, que seriam complementados por mais R$ 3 mi-

Gravação mostra Adriano Borges, genro do ministro Carlos Ayres Britto, negociando R$ 4,5 milhões com o ex-candidato ao governo do Distrito Federal, Joaquim Roriz, uma forma de fazer com que Britto se declarasse impedido de votar. Assim, Roriz poderia ter chance de manter a candidatura. Reprodução

Gravação documental: Adriano Borges é recebido por Roriz, com quem busca um acordo para o "êxito"

lhões se ele tivesse "êxito". O genro do ministro argumenta que o êxito seria tornar Ayres Britto impedido de votar no recurso de Roriz. Eri Varela disse que a notícia-crime envolverá Adriele, a filha de Britto, poque ela e Adriano formam uma banca de advogados. O ministro Britto afirmou que Adriano contou-lhe que havia conversado com Roriz sobre a possibilidade, mas diz que houve "contato, e não contrato". O iG ressalta que, segundo o ministro, Adriano se mostrou ingênuo e está arrependido. "Não tenho nada a ver com isso (...) Adriano que responda pelo que fez".

CGU blinda Erenice Guerra com conclusão de auditorias

A

três dias das eleições, a Controladoria-Geral da União (CGU) anunciou ontem a conclusão de auditorias em contratos mencionados no escândalo que derrubou Erenice Guerra da chefia da Casa Civil. O resultado da CGU blinda Erenice, não aprofunda o tráfico de influência de seus parentes e também não aponta qualquer indício de ligação dela com os episódios investigados. No máximo, admite que ela já foi sócia de um escritório contratado pelo governo.

As auditorias da CGU começaram no dia 14 de setembro, a pedido do presidente Lula, em meio ao movimento para dar respostas políticas durante o escândalo que levou à queda do braço direito da ex-ministra e presidenciável Dilma Rousseff (PT). Em apenas duas semanas e às vésperas da eleição, o órgão do governo apresentou seus resultados, favoráveis a Erenice. Para a CGU, o episódio que culminou com a queda da ex-ministra não teve qualquer irregularidade contratual. (AE)

Eliária Andrade/AOG

Barrados pela Ficha Limpa terão votos zerados Eles não vão aparecer na primeira lista de contagem, mas podem aparecer em outras Sergio Lima/ Folha Imagem

P

elo menos 76 candidatos participam das eleições, no domingo, sem a certeza jurídica de que, se eleitos, vão assumir de fato os cargos que disputaram. Entre os concorrentes barrados pela Lei da Ficha Limpa estão políticos que lideram as pesquisas e cinco postulantes ao governo. Os vetados pela Lei da Ficha Limpa incluem ainda sete candidatos ao Senado e dois candidatos a vice-governador. Os que brigam por uma vaga na Câmara dos Deputados chegam a 62, segundo levantamento feito pelo Grupo Es ta do . A contagem dos barrados pelo Ficha Limpa não incluiu candidatos aos cargos de deputados estaduais e distrital. Zerados – Por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os candidatos barrados pela Lei da Ficha Limpa terão seus votos zerados na primeira lista de resultados. Os votos, segundo o tribunal, no entanto, serão computados, mas não divulgados, em um primeiro momento. Apenas após os candidatos ficha-suja terem seus registros deferidos é que o TSE vai informar o número de votos recebidos por cada um deles. A divulgação posterior poderá mexer com todo o mapa de eleitos, como admite o próprio órgão. Em relação aos candidatos a deputado federal barrados pela lei, São Paulo é o Estado que mais concentra candidatos nesta situação: são 13. Do total, quatro pertencem ao PP, entre eles o ex-prefeito Paulo Maluf. PSL e PT têm, cada um, dois candidatos federais barrados. DEM, PTB, PMDB, PDT e PMN têm um

Situação de Jader Barbalho só será definida pelo STF após eleições

barrado cada. Maluf teve o pedido de registro de candidatura rejeitado em agosto pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo com base na Lei da Ficha Limpa. Em abril, foi condenado por improbidade administrativa. Como ainda está recor-

São Paulo é o Estado que mais concentra candidatos barrados pela Lei da Ficha Limpa. São 13 casos. rendo da decisão que lhe negou registro, Maluf teve o seu nome, dados e foto incluídos na urna eletrônica. E xp e ct a ti v a – O objetivo do TSE é julgar, até o fim desta semana, todos os recursos de candidatos barrados pela Lei da Ficha Limpa. Após o julgamento, se esses políticos continuarem sem registro, poderão recorrer ao Sup re m o Tr i b u n a l F e d e r a l (STF) alegando que a lei é inconstitucional. Se os candidatos não conseguirem uma

decisão favorável até o dia da diplomação dos eleitos, ministros do TSE afirmam que eles não poderão ser diplomados. Com isso, haverá uma nova discussão: sem o diploma poderão no futuro assumir suas cadeiras? O encaminhamento de um recurso ao STF foi o caminho escolhido pelo ex-senador Joaquim Roriz, que foi considerado inelegível porque renunciou ao mandato no Senado para escapar de um processo que poderia levar à cassação. No julgamento do recurso, o STF não conseguiu chegar a uma conclusão porque o placar terminou empatado em 5 a 5. Diante do impasse, Roriz desistiu da candidatura e no lugar dele colocou a mulher, Weslian Roriz. Barbalho fora – O TSE decidiu, na quarta-feira, por 5 votos a 2, que o deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA) continua inelegível, mas pode ser votado nas eleições do próximo domingo. Ele teve o registro de candidatura rejeitado, mas recorreu. Com isso, os votos destinados a ele serão considerados nulos até decisão definitiva do STF. (AE/ABr)

Marta, Netinho de Paula, Lula e Mercadante em último comício, realizado em São Bernardo do Campo (SP)

Lula: 'Se dependesse da imprensa, eu teria 10% de aprovação' Presidente reclama que imprensa não divulgou as conquistas de seu governo

O

presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a reclamar dos veículos de comunicação do País. Ontem pela manhã, ele afirmou que, se dependesse da imprensa, a aprovação de seu governo ficaria abaixo de zero e sugeriu aos veículos de comunicação que deixem clara a sua posição política, tornando evidente "quem é quem". Em entrevista concedida ao portal Carta Maior – autointitulado "O portal da esquerda" – e aos jornais Página/12 (Argentina) e La Jornada (México), o presidente reclamou que a imprensa brasileira não vem divulgando adequadamente as conquistas de seu governo. Aprovação recorde – "Olha, no dia que a imprensa brasileira resolver divulgar a revolução que aconteceu no Brasil, o povo vai se dar conta porque é que o governo aparece com 80% de aprovação", disse ele,

de acordo com trecho da entrevista divulgado no final da tarde pelo portal Carta Maior. "Se dependesse da imprensa, eu teria 10% de aprovação", acrescentou o presidente, segundo o qual "estaria devendo pontos". Liberdade de imprensa – O presidente voltou a dizer que o cidadão não quer mais "o tal do formador de opinião pública" e sugeriu que alguns veículos de comunicação confundem liberdade de imprensa com o que classificou de "atitudes extemporâneas". "Seria muito mais fácil que alguns meios de comunicação assumissem, categoricamente, o seu compromisso partidário", afirmou Lula, que acusou ainda adversários de utilizarem a imprensa para "fazer grande oposição ao governo". Lula disse que nos anos em que esteve à frente do Palácio do Planalto nunca almoçou

com donos de jornais ou de redes de televisões. "Mantive com eles uma relação democrática", afirmou. Lula pregou que o povo brasileiro não quer mais "intermediário", alguém que fale "pela sua boca". "O cidadão coloca uma gravata, vai à televisão, dá uma entrevista e se autodenomina formador de opinião pública e acha que todo mundo vai segui-lo", afirmou o presidente. Segundo ele, acabou o tempo em que a "casa grande" mandava na "senzala". Crédito à imprensa – Apesar das críticas, Lula disse que não reclama muito da imprensa e reconheceu que graças a ela tornou-se presidente da República. "Eu acho que cheguei onde cheguei por causa da imprensa", admitiu. "Eu sou um defensor juramentado da liberdade de expressão e da democracia", complementou o presidente. (AE)


p

DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

7 O PT entrou na última hora, com lei, porque deve achar que o voto menos controlado o favorece. José Serra, candidato à Presidência (PSDB)

olítica

Jefferson: 'Serra mandou mal' Ex-deputado critica candidato tucano por "expor" o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, ao telefonar para ele Sérgio Lima/Folhapress

O

ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, criticou ontem, pelo Twitter, o tucano José Serra por ele ter telefonado e "exposto" o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. "Serra expôs o ministro Gilmar Mendes de público (sic). Mandou mal. Às vezes penso que o Serra é altista [autista] (sic). Só pensa em si próprio. Ruim, expôs o Gilmar Mendes". Após receber uma ligação do candidato do PSDB, Gilmar Mendes interrompeu o julgamento de um recurso do PT contra a obrigatoriedade de apresentação dos dois documentos na hora de votar e pediu vistas ao processo.

Explicação – O PT é contra a exigência de o eleitor ser obrigado a apresentar, no momento do voto, o título e um documento com foto por temer alto número de abstenção. A obrigatoriedade da apresentação de dois documentos é apontada por tucanos como um fator favorável a Serra e contra sua adversária, Dilma Rousseff (PT). A candidata petista tem o dobro da intenção de votos dele entre os eleitores com menor nível de escolaridade. Te l e f o n e m a – Serra pediu que um assessor telefonasse para Mendes pouco antes das 14h, após participar de encontro com representantes de servidores públicos em São Paulo. O pedido foi testemunhado por um jornalista da Folha de S.

Internautas pedem saída de ministro

O

suposto telefonema do candidato à Presidência da República do PSDB, José Serra, para o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) – que interrompeu o julgamento de recurso do PT contra a obrigatoriedade de apresentar dois documentos na hora de votar, na quartafeira – foi noticiado ontem pela Folha de S. Paulo e mobilizou o Twitter. Segundo o mesmo jornal, o ministro e o tucano negaram a conversa. Já os twitteiros reagiram com humor. "Não precisa entrar na Justiça. Liga pro Gilmar",

criticou um internauta. A versão eletrônica da revista Carta Capital fez uma seleção de frases, entre elas: "Tá com um probleminha para ir pro 2° turno? DiskGilmarMendes" . Ou: "Voto personalizado? Atendimento discreto 24 horas. DiskGilmarMendes". Ou ainda: DiskGilmarMendes: “Sua ligação é muito importante para nós. Aguarde na linha enquanto pedimos vistas ao processo… Circula na internet abaixoassinado exigindo a saída de Mendes. Até o início da noite de ontem, já havia mais de 18 mil assinaturas eletrônicas.

P au lo . Serra e Mendes negaram ter conversado por telefone sobre o pedido de vistas. O ministro disse ontem que jamais foi pautado por questões político-partidárias em suas decisões no tribunal. Em reportagem, a Folha de S.Paulo, de ontem, revelou o telefonema de Serra a Gilmar e o horário, antes do início do julgamento. Horas depois, Mendes pediu mais prazo para a análise da ação do PT. Defesa – Segundo Mendes, "isso improcede em toda a extensão". "Quem me conhece sabe muito bem que jamais me deixei pautar por interesses político-partidários". Durante o julgamento, Mendes afirmou também que já havia exposto aos seus colegas a preocupação de julgar a ação do PT nas vésperas das eleições. Na quarta-feira, quando Mendes interrompeu o julgamento, sete ministros já haviam votado pela apresentação de apenas um documento com foto, descartando a necessidade do título de eleitor. Segundo explicação do ministro, "pedido de vista significa uma necessária pausa para reflexão". "Nós temos aqui inúmeros casos em que, após um pedido de vista, mudou-se o rumo do julgamento". O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, minimizou o caso. Classificou como "nada demais" esse telefonema. E insinuou que a repercussão seria outra caso a ligação viesse da petista. "Não sei se esta história do Serra ligar pro Gilmar Mendes é verdadeira e, se for, não acho nada de mais. Agora, imaginem se fosse a Dilma..."

Eduardo Naddar/AOG - 12.02.08

"Serra expôs o Ministro Gilmar Mendes de (sic) público. Mandou mal". Foi o que escreveu o exdeputado Roberto Jefferson, presidente do PTB (à direita), sobre o caso envolvendo o ministro Mendes (acima).

I mp ea ch me nt – Em seu blog, o jurista Walter Maierovich escreveu que "nos corredores do Supremo, fala-se em impeachment de Gilmar Mendes". Caso o fato noticiado tenha ocorrido e Serra pedido para Gilmar "parar" o julgamento, pode haver impeachment do ministro: "Na historiografia judiciária brasileira nunca houve impeachment de ministro do STF. Só cassação pela ditadura. Por motivo ideológico". (Agências)

Dilma elogia STF e o fim da exigência de dois documentos

Para tucano, decisão não afeta resultado da eleição

Candidata diz que a determinação facilitará votação de milhões de eleitores

Serra estranha a decisão do PT de questionar a lei às vésperas da votação

A

candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, comemorou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de derrubar a exigência de que o eleitor apresentasse documento com foto e título eleitoral na hora de votar. Segundo ela, essa determinação facilitará o "ato de votação" de milhões de eleitores. "Essa vitória no STF mostra que, agora, (a interpretação) não é uma concepção só do PT, mas mostra a convicção do Supremo no sentido de que a votação do dia 3 pode ser feita apenas com o documento de identidade. Isso significa a compreensão de que havia, de fato, restrição na exigência do outro documento". Para Dilma, a exigência dos dois documentos atingiria todos os segmentos da população. Não apenas as camadas mais populares, na qual ela apresenta vantagem, segundo

Isso significa a compreensão [vitória no STF] de que havia, de fato, restrição na exigência do outro documento. DILMA ROUSSEFF as pesquisas de intenção de voto. "Todo mundo tinha a prática no Brasil de votar com a carteira de identidade. Chegava na mesa e tinha lá seu nome. Muito poucas pessoas lembravam de levar o título. Isso ia causar muita confusão". A petista comentou a "onda de boatos" da qual disse ser vítima nos últimos dias, afirmando que há uma tentativa de "aterrorizar as pessoas" e de

"demonizar" sua candidatura. "Acho lamentável. Tenho sido vítima de boatos sistemáticos. Eu não pego os boatos e vou acusar alguém. Muita gente faz isso sem prova nem nada. E sai acusando. Tem certos tipos de informação que beiram a tentativa mais grosseira de aterrorizar as pessoas e demonizar a minha candidatura. Não acredito que a população brasileira tenhadúvida sobre minha candidatura." Propostas – Ao avaliar sua campanha, Dilma disse que se empenhou em fazer uma campanha que não restringisse qualquer tipo de informação ao eleitor. Defendeu que conseguiu deixar claro para a população que sua candidatura representava a continuidade do governo Lula. Sobre a imprensa europeia a rotulá-la de nova 'dama de ferro', sorriu e comentou: "Não me incomodo com mais nada".(AE)

O

candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de derrubar a exigência de dois documentos para o eleitor votar não terá "grande consequência" para o resultado da eleição. Mas afirmou ter estranhado a decisão do PT de questionar a lei às vésperas da votação. "O PT entrou na última hora porque deve achar que o voto menos controlado o favorece". A seguir, comentou: "Não vejo com grande preocupação, só achei estranho uma lei que foi aprovada há um ano por todo o Congresso Nacional, que foi aprovada pela Casa Civil, pela Dilma quando era chefe da Casa Civil, encaminhada ao presidente Lula, aprovada por ele, encaminhada ao TSE chega na última semana, na última hora e o PT entra no Supremo pra mudar a lei".

Ale Vianna/AE

Serra com Aloysio Nunes: estranheza quanto ao pedido do PT

O tucano minimizou ainda o impacto da decisão do STF de derrubar a exigência de apresentar dois documentos para votar. Repetiu duas que a lei aprovada pelo PT "tornava a fraude no voto mais impossível, tornava o voto mais seguro". E frisou que a lei anterior foi aprovada pelo PT e passou

pela Casa Civil, na gestão de Dilma. Serra foi lacônico, quando indagado se havia mesmo conversado com o ministro Gilmar Mendes, do STF, na tarde de quarta-feira. "Não. Mas se tivesse, não teria nada demais", disse ele, preferindo não se estender mais sobre o assunto. (AE/Folhapress)

Divulgação/ABMMA

Queda de helicóptero e morte de piloto: Jackson Lago (PDT) voou nele um dia antes, em campanha.

Lago escapa da morte. Por um dia.

O

candidato ao governo do Maranhão, Jackson Lago (PDT), ainda se refaz do enorme susto por que passou. Anteontem, em campanha, ele andou de helicóptero. Ontem, ele dispensou a mesma aeronave, que caiu e se depedaçou contra o solo, incendiando-se. A queda aconteceu no município de Imperatriz, que fica no sul do Maranhão. Lago foi informado e lamentou a tragédia da qual escapara. O piloto do helicóptero, Luiz Flávio Quinta, com quem sempre viajava, morreu carbonizado.

SECRETARIA DE COORDENAÇÃO DAS SUBPREFEITURAS SUBPREFEITURA ARICANDUVA/FORMOSA/CARRÃO

ASSESSORIA JURÍDICA COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO TOMADA DE PREÇOS Nº 04/CPL/SP-AF/2010 PROCESSO Nº 2010-0.261.954-4 OBJETO: CONTRATAÇÃO PARA EXECUÇÃO DE SERVIÇOS E OBRAS PARA REURBANIZAÇÃO DE PRAÇA. LOCAL: PRAÇA VIEIRA DO COUTO - LOCALIZADA ENTRE: AV. RIO PARIS, AV. DOM AZEVEDO COUTINHO E AV. CARNEIRO RIBEIRO, SOB JURISDIÇÃO DESTA SUBPREFEITURA. A SUBPREFEITURA ARICANDUVA/CARRÃO/FORMOSA da Prefeitura da Cidade de São Paulo TORNA PÚBLICO, para conhecimento de quantos possam se interessar, que realizará licitação na modalidade TOMADA DE PREÇOS, do tipo menor preço global, no regime de empreitada por preço unitário, regida pelas Leis Municipais nºs 13.278/02 e 14.145/06 e Decreto nº 44.279/03, normas gerais da Lei Federal nº 8.666/93 e demais normas pertinentes, consoante às especificações e regras que se seguem. O edital e seus anexos poderão ser retirados mediante a entrega de 1 (um) CD ROM novo, formatado, na Sessão de Licitação, situada na Rua Eponina nº 82 Aricanduva, nesta Capital, das 09:00 às 17:00 horas ou através da Internet pelo site http://e-negocioscidadesp.prefeitura.sp.gov.br, sem outros custos. O extrato da referida licitação encontra-se afixado no saguão de entrada da SUBPREFEITURA ARICANDUVA/FORMOSA. Os envelopes nº 01 “PROPOSTA” e nº 02 “HABILITAÇÃO”, bem como o Credenciamento - Anexo V, Declaração de que atende a todas as condições de habilitação exigidas no certame Anexo VI, Declaração de Elaboração Independente de Proposta ANEXO XVIII e Certificado de Registro Cadastral, que deverão necessariamente ser anexados na face externa do envelope nº 01 - da proposta, e entregues no Setor de Licitações da Subprefeitura Aricanduva/ Formosa/Carrão, situada à Rua Eponina nº 82, no dia 22/10/2010, das 06:45 às 07:45 horas, sendo que a SESSÃO DE ABERTURA será realizada na Sala de Licitações, no mesmo endereço, às 08:00 horas do mesmo dia.


p Para votar, basta documento com foto DIÁRIO DO COMÉRCIO

8

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Não trabalho. Não tenho motivo para me interessar por política. Renan Bolanheiro, estudante de 16 anos

olítica

Supremo Tribunal Federal derruba a exigência de apresentar dois documentos para votar. Agora o eleitor pode votar portando apenas um que tenha fotografia. Alessandro Shinoda/Folhapress

P

or maioria de votos (8 a 2), o Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou ontem o julgamento da liminar em Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) 4467 e adotou o entendimento de que os eleitores podem apresentar apenas o documento com foto no momento da votação. Ou seja, somente trará obstáculo ao exercício do voto caso deixe de ser exibido documento oficial de identidade com foto (carteira de identidade, trabalho ou motorista, passaporte, certificado de reservista). O julgamento havia sido suspenso na quarta -feira a pedido do ministro Gilmar Mendes sobre a ação proposta pelo PT contra a obrigatoriedade de o eleitor apresentar dois documentos para votar nas eleições, sendo o título eleitoral e um documento de identidade, exigência criada em 2009, pela Lei 12.034, que alterou o artigo 91-A da Lei 9.504/97. Um dos objetivos da adoção da regra era promover maior segurança na identificação do eleitor e evitar episódios em que pessoas votam por outras, valendo-se do fato de o título de eleitor não conter foto. Oito ministros votaram no sentido de dar ao artigo 91-A da lei o entendimento de que apenas a ausência do documento com foto poderia impe-

dir o eleitor de votar: Ayres Britto (vice-presidente), Celso de Mello, Marco Aurélio, Ellen Gracie, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Dias Toffoli. Ficaram vencidos os ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluso (presidente do STF).

A regra anterior visava evitar episódios em que pessoas votam por outras, valendo-se do fato de o título de eleitor não conter foto.

No julgamento, os ministros do Supremo não analisaram o mérito da constitucionalidade da norma; eles concederam medida cautelar para que a exigência passe a ser interpretada de acordo com a orientação do STF. Último dia – Terminou ontem a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão e a permissão para candidatos fazerem comícios ou usarem carros de som nas ruas. De acordo com a Lei Eleitoral, a propaganda será retomada na próxima terça-feira (5)

em todo o país, se houver segundo turno das eleições presidenciais ou apenas nos Estados onde houver segundo turno para governador. Segunda via – O prazo para tirar a segunda via do título de eleitor terminou ontem. Até agora, mais de 3 milhões de eleitores pediram a segunda via do documento. Têm direito à reimpressão os eleitores já inscritos na Justiça Eleitoral, mas que tiveram o documento extraviado ou perdido. Para isso, é preciso ir a um cartório eleitoral mesmo que não seja na cidade em que o eleitor mora e apresentar um documento oficial com foto. O título é reimpresso na hora. No metrô – Os eleitores cadastrados que tiverem que votar em trânsito na cidade de São Paulo no próximo domingo, 3, poderão contar com urnas instaladas em três estações do metrô. O horário será o mesmo dos outros locais de votação: das 8h às 17 horas e as urnas estarão colocadas em áreas livres. As urnas podem ser encontradas nas estações Paraíso, na Linha 1- Azul (Jabaquara-Tucuruvi) e República, na Linha 3-Vermelha (Corinthians-Itaquera/Palmeiras-Barra Funda). Haverá também uma urna no Memorial da América Latina, próxima à estação Palmeiras-Barra Funda (Linha 3-vermelha). (Agências)

Pablo Valadares/AE

Urnas lacradas em Brasília prontas para serem enviadas aos locais de votação do próximo domingo

Tudo pronto para domingo: urnas eletrônicas já estão calibradas e encaixotadas à espera da votação

Tudo pronto para a distribuição das urnas eletrônicas Em geral, as urnas seguem para os colégios de votação no sábado

A

operação de entrega das urnas eletrônicas que serão distribuídas em São Paulo, no próximo sábado (2) será realizada por empresas contratadas pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE - SP) e acompanhada por uma equipe de cada cartório. Só na capital são 22. 814 urnas eletrônicas distribuídas em 1.915 locais de votação. Vânia Lúcia Lins Torres Lopez, de 47 anos, chefe do 346º cartório eleitoral, explica que a estrutura logística funciona de acordo com o número de seções de cada zona. Em geral, as urnas permanecem em suas zonas eleitorais até a manhã de sábado, quando elas seguem para os colégios onde serão instaladas para a votação. De acordo com o TRE - SP, não há um acompanhamento intensivo da Polícia Militar (PM) em relação às urnas. Na realidade, cada cartório define seu sistema de segurança.

221 mil eleitores em São Mateus formam o maior cartório eleitoral da capital. Jaraguá tem o menor eleitorado (82 mil). A 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, na Bela Vista, região central, opta por plantões vigiados por PMs nas dependências em que as urnas se encontram e o acompanhamento destes PMs até o local de votação. Entretanto, esse sistema não é uma regra. Ao chegar a seus locais de votação, o procedimento com

as máquinas é o seguinte: a equipe de cada cartório verifica se todas as urnas estão funcionando de maneira correta. O sistema eletrônico das urnas armazena os votos para os cargos em disputa com duas mídias, um disquete e um cartão de memória. Cada urna é composta pelos dados dos eleitores de sua seção e de todos os candidatos a deputados estadual e federal, senador, governador e presidente. Após a gravação destes dados, é realizado um teste impresso para comprovar o funcionamento das urnas. No domingo (03), ao término das votações, todas as máquinas serão recolhidas para a liberação dos colégios. Em São Paulo, 8.483.115 eleitores estão aptos a votar. O menor eleitorado da capital está no 403º Cartório Eleitoral do Jaraguá - 82.325 eleitores. O maior está no 375º Cartório Eleitoral, de São Mateus, que reúne 221.969 eleitores. (MM)

Eleitores brasileiros estão mais velhos Em 2006, 0,31% do colégio eleitoral tinha 16 anos. Hoje, são 0,28%. Já os eleitores com mais de 60 anos cresceram 1%. Mariana Missiaggia

O

Brasil também está envelhecendo nas urnas: de 2006 para cá, segundo dados da Justiça Eleitoral, os votantes acima de 60 anos cresceram 1%. O aumento torna-se mais significativo se for considerado que nessa faixa de idade o ritmo, em geral, tende a diminuir. O corretor de imóveis Waldo Silva Mar tins faz parte desse co ntin gent e. A rigor, é um veterano no pedaço, pois já ultrapassou os 93 anos. Se todos os eleitores brasileiros demonstrassem a mesma aplicação e o mesmo interesse nos pleitos, certamente o País estaria bem melhor nesse quesito. Waldo faz questão de se informar, discutir a respeito, e apresentar-se entre os primeiros a votar no Colégio Rio Branco, em Higienópolis, onde chegará acompanhado do filho no domingo. Voltando na lembrança, a política lhe é familiar desde os 12 anos, pois seu padrinho, Antonino Beraldo Massariô tinha a surpreendente profissão de miniaturista e fazia brasões de campanha para os políticos. Assim,

Paulo Pampolim/Hype

Waldo, freqüentador assíduo da casa, cresceu rodeado de políticos, hoje retratos em livros de História – como Altino Arantes, Lineu Prestes ou Washington Luiz, que foi presidente da República. Waldo tirou seu primeiro título de eleitor aos 22 anos. Era um documento inútil, já que a época de começar a votar coincidiu com a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas. Apesar de ter conv i v i d o a s s i d u amente com políticos, Waldo suspeita que seu primeiro voto em uma eleição majoritária tenha sido dado a Adhemar de Barros. As recordações são imprecisas. Mas neste caso ele deve ter votado para prefeito da Capital ou ao governo do estado, postos aos quais Adhemar concorreu nos anos 50. Porém, é possível que a sua memória o traia e não registre a eleição presidencial de 1946 ou a de 1950, nas quais foram eleitos, respectivamente, o general Eurico Gaspar Dutra e Getúlio Vargas – desta vez por livre escolha popular. Contudo, apesar do seu compromisso cívico, Waldo olha com certo desdém as eleições de domingo. "A política mudou drasticamente",

Waldo Silva Martins, 93 anos, faz questão de votar apesar de dizer "que a política mudou drasticamente" e que "não dá para acreditar nos candidatos"

diz, examinando sua longa trajetória. "Não dá para acreditar nas pessoas que estão se candidatando hoje. Uns batem em mulher, outros não sabem escrever. Na minha época isso não existia". Enquanto as cabeçasbrancas crescem nas filas das seções, as jovens estão diminuindo. Em 2006 os eleitores

com 16 anos compunham 0,31% do colégio – hoje, são 0,28%. Nathália Iamonte Rodrigues, estudante do Colégio Objetivo, não faz parte dessa inversão e, com certeza, Waldo Silva Martins gostaria de tê-la como neta. Ou bisneta. Nathália tratou de tirar seu título em julho, mal saída da data permitida; discute

política com seus pais; assiste com assiduidade aos programas dos partidos e garante estar preparada para apertar os botões da urna. "Eu achei que já era meu momento", afirma, convicta. A julgar pela atitude de seus colegas, Renan Bolanheiro e Cássia Regina Pinha, talvez Nathália se coloque entre as

minorias. Renan diz que política é assunto de gente grande. "Não trabalho, não tenho que pagar contas. Por isso não tenho motivo para me interessar por política". Cássia faz coro a ele. "Nem sei a diferença entre senador e governador. Nunca me explicaram isso e não tenho muito interesse em saber".


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

9

O submundo da habitação, do transporte e do saneamento Entrevista: Vladimir Fernandes Maciel

O

Diário do Comércio publica hoje a 24ª de uma série de entrevistas com os autores de "Propostas para o Próximo Presidente", que a revista Digesto Econômico, da Associação Comercial de São Paulo, reúne em seis números, mensais, para contribuir ao debate entre os candidatos às eleições de outubro. O quinto número, em circulação, pode também ser visualizado no site www.dcomercio.com.br, de acesso grátis. A escolha dos assuntos e dos pensadores apresentados aqui se baseia nos lemas que a ACSP, em seus 114 anos, sempre defendeu: o trabalho, a livre iniciativa, a união dos setores empresariais e a busca de melhores caminhos para o desenvolvimento brasileiro. As propostas de economistas, professores e outros especialistas têm o objetivo de mostrar caminhos melhores para o País, de torná-lo mais fácil de ser compreendido pelos próprios brasileiros - e, por isso, são revolucionárias.

A Digesto Econômico Digital pode ser lida em dcomercio.com.br

O Programa Minha Casa Minha Vida segue o mesmo padrão de solução não integrada. Busca terrenos mais baratos, nas periferias, onde transporte e saneamento são precários. A oferta de moradias vai crescer, sem a necessária oferta dos outros serviços"

(Contrastes deste País em desenvolvimento) Davilym Dourado/LUZ

Eliana Haberli

Tietê, etc. Também a questão do transporte foi tratada erroneamente como assunto municipal a partir das décadas de 1950 e 1960.

S

e na produtividade agrícola, no desenvolvimento industrial e no sistema financeiro o Brasil tem padrões iguais aos do Primeiro Mundo, em habitação, saneamento e transportes urbanos ainda não saiu do mundo subdesenvolvido. Essa situação é apontada no trabalho "Os Desafios dos Setores de Habitação, Saneamento e Transportes Urbanos", que o economista e professor Vladimir Fernandes Maciel apresentou na revista Digesto Econômico de julho último: "É impressionante que um País capaz de desenvolver satélites, explorar petróleo em grandes profundidades e utilizar combustíveis alternativos em larga escala ainda não conseguiu tratar decentemente dos dejetos humanos de sua população". Ele é mestre em Economia e doutorando em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e professor da Universidade Mackenzie. Atuou na Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo entre 2001 e 2004.

DC - O Programa Minha Casa Minha Vida, que pretende diminuir consideravelmente o déficit habitacional das classes mais pobres, pode alterar o descompasso? Maciel - Segue o mesmo padrão de solução não integrada. O programa busca terrenos mais baratos, nas periferias, onde transporte e saneamento são precários. O que vai acontecer é que a oferta de moradias vai crescer, sem a necessária oferta dos outros serviços. Teremos aquele siri torto, que tem uma pata grande e as outras diminutas. O Brasil ainda não abandonou o modelo de habitação que produziu locais como a Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.

DC - Como entender essa situação de carências? Maciel - Hoje, as três áreas são administradas de modo não integrado. Os programas de habitação, transporte urbano e saneamento não se conversam e as metas não convergem. Há um descompasso entre o crescimento do País, principalmente o crescimento urbano, e essas necessidades. DC - Falta planejamento? Maciel - Não, muitos especialistas produziram e produzem em bons planos. Até a editora do Exército brasileiro já publicou bons livros sobre crescimento urbano na década de 1950. Falta execução desses planos ou financiamento adequado para implantá-los e há muitos interesses de grupos quando uma decisão de obras ou moradias é tomada pelo poder público, levando ao crescimento desarticulado da infraestrutura. DC - O senhor diz que grande parte dos problemas está relacionada com a forma com que o solo urbano é usado. Como isso acontece? Maciel - Falando de maneira ilustrativa, há dois padrões gerais de ocupação do solo urbano - o norte-americano e o europeu/latino-americano. No primeiro, as classes de menor poder aquisitivo moram mais próximas às áreas centrais, em habitações menores, porém com mais fácil acesso aos locais de trabalho. As classes mais abastadas ficam na periferia. No padrão europeu e latinoamericano, as classes de maior renda, em geral, se localizam mais próximas do centro e na periferia ficam os mais pobres. No Brasil, temos o pior dos dois mundos - cidades com o modelo europeu, com transporte ruim, que só piora com o crescente uso do deslocamento por automóvel.

DC - E o fato de as maiores cidades brasileiras explodirem e se transformarem em megalópoles, onde o custo da infraestrutura é maior, não ajuda em nada... Maciel - A megalópole é um fenômeno mundial em regiões como a Ásia e a Índia. A expansão das grandes cidades na Índia é muito parecida com a desordem brasileira - explosão do uso do automóvel sem infraestrutura que acompanhe a mudança. Também na América Latina esse é o padrão, com algumas exceções, como Buenos Aires, que se desenvolveu antes (já tinha características de Primeiro Mundo em 1920). O crescimento das zonas periféricas convive com escassez de investimentos públicos que, ao lado dos baixos níveis de renda, tendem a implicar em moradias inadequadas aos moradores e ao sistema ambiental. DC - A questão da explosão do uso do automóvel tem a ver com uma exagerada proteção às montadoras? Maciel - Esse é um setor muito protegido, realmente, desde o Plano de Metas de Juscelino Kubistchek. Há razões para isso, como o nível de emprego e a industrialização, mas o preço que pagamos é alto. De

qualquer forma, a oferta de melhor transporte urbano poderia ter crescido junto com o índice de automóveis nas cidades. Por exemplo, um metrô de superfície inspirado no modelo de Curitiba (BRT - Bus Rapid Transit), que é do começo dos anos 1980, poderia ter sido feito em São Paulo e outras cidades. Bogotá, na Colômbia, copiou esse sistema - fez o famoso Transmilênio, que é celebrado mundialmente como solução bem sucedida. A cidade do México está investindo

maciçamente em metrô de superfície do tipo BRT. DC - Caberia um metrô de superfície em São Paulo, no lugar do subterrâneo? Maciel - Sim. A cidade implantou pseudoscorredores de ônibus na faixa central, interrompidos nos cruzamentos. Faltava pouco - resolver o problema dos cruzamentos e fazer as estações de transbordo. Hoje, a cidade é obrigada a adotar medidas paliativas uma faixa a mais na Marginal

Propostas para atuação do novo governo Aperfeiçoar os programas existentes e o desenho institucional do Ministério das Cidades. Definir marcos regulatórios para estabelecer novas fontes de recursos. Fomentar a participação conjunta de Estados e municípios. Assegurar fontes de recursos para manutenção e ampliação da infraestrutura urbana. Estabelecer subsídios única e exclusivamente para população de baixa renda, transporte coletivo sustentável e soluções ambientais de saneamento. Medir e avaliar os impactos das políticas públicas urbanas para implantar a correção de rumos, que hoje não é feita.

DC - A situação do saneamento apontada no último censo do IBGE diz que 43% das moradias não têm água encanada e esgoto... Maciel - Metade das moradias não tem esgoto e só 25,8% do esgoto coletado é tratado. O saneamento é o serviço urbano mais precário de todos - é embaixo da terra, ninguém vê. Quando ele é bem feito, ninguém sabe, os políticos não se beneficiam. Além do mais, há uma área nebulosa de responsabilidade. Em princípio, a responsabilidade é do município, que não tem recursos financeiros para implantar a infraestrutura (cara) num País que não teve, nas décadas de 1980 e 1990, estabilidade com continuidade administrativa. O organismo federal mais próximo dessa questão é a Agência Nacional de Águas (ANA), que é um órgão eminentemente técnico, sem competência para regular. O Conselho Nacional das Cidades, uma entidade até certo ponto inovadora, não é executivo e não abrange todas as áreas envolvidas. E o problema do saneamento não é apenas municipal, é metropolitano. No Brasil, a instância metropolitana funciona mal, não há instância intermediária entre Estados e municípios que garanta a coordenação das políticas públicas. Só há um exemplo metropolitano bom que é o consórcio das cidades do ABC - municípios que se uniram para agir em conjunto. Sua ação se restringe a questões econômicas e de emprego. DC - A Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 podem influenciar positivamente na solução de alguns desses problemas? Maciel - É possível que a premência da questão da infraestrutura leve à coordenação e planejamento integrado do governo federal, que é necessária. Mas o novo estádio de futebol em Itaquera não é um bom exemplo. Vai ser feito numa região de transporte já saturado, valorizando as áreas do entorno e expulsando as populações de baixa renda para mais longe ainda.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

10

c

sexta-feira, 1 de outubro de 2010 Andre Lessa/AE

EMOÇÃO Enterro do garoto reuniu cerca de 200 pessoas no cemitério São Paulo.

idades

BIRIBINHA Colegas dizem que Miguel se assustou com uma "biribinha americana."

André Lessa/AE

Escolas estaduais agem contra assédio Mediadores profissionais promovem entendimento entre alunos em conflito Luludi/Luz

Familiares se emocionam durante o enterro de Miguel Cestari Ricci. Parentes questionam atuação da escola.

Garoto baleado no Embu é enterrado Polícia não tem pistas de quem matou Miguel Cestari, de 9 anos, dentro da escola

O

corpo de Miguel Cestari Ricci dos Santos, de 9 anos, foi enterrado ontem por volta das 16h30 no cemitério São Paulo, na zona oeste da Capital. O menino foi baleado anteontem de manhã dentro de uma sala de aula da Escola Adventista de Embu das Artes, na Grande São Paulo, uma instituição de ensino particular. Familiares choravam muito durante o enterro. A mãe do garoto jogou pétalas de rosa na sepultura. O velório reuniu cerca de 200 pessoas, segundo a administração do cemitério. No dia da tragédia, o garoto chegou a ser socorrido no Hospital Family, em Taboão da Serra, também na Grande São Paulo. Ele passou por uma cirurgia, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória e sua morte foi constatada às 13h. Segundo Marcos David Ferreira, diretor clínico do hospital, um tiro atingiu o menino pelo lado esquerdo, atravessou a cavidade abdominal e se alojou perto das costas. De acordo com informações da delegacia da cidade, a Polícia Militar havia sido acionada para atender a uma ocorrência de explosão, mas, depois, foi constatado que o menino havia sido baleado. A polícia ainda não sabe quem atirou no garoto. A arma do crime, um revólver calibre 38, não foi encontrada. Os investigadores trabalham com a hipótese de outro estudante ter atirado no garoto. Também será analisado se o tiro foi acidental. Segundo a investigação, o tiro foi disparado por alguém que estava muito perto de Miguel, com a arma a cinco centímetros do corpo dele. Na camiseta do menino ficaram manchas de sangue. E, perto do furo, a marca de pólvora que confirma o disparo a queima-roupa. Até ontem à tarde já tinham sido ouvidos 10 funcionários e duas crianças da escola. Peritos precisaram usar um reagente químico na sala de aula onde aconteceu o crime, pois o local passou por limpeza antes da chegada dos técnicos. Durante o enterro do garoto, alguns parentes questionaram a direção do instituto. No caso, por que os responsáveis pela escola, ao encontrar o garoto baleado, decidiram levá-lo para o hospital da cidade vizinha de Taboão da Serra? "A escola foi muito negligente quanto ao socorro. Se eles tivessem chamado o resgate, meu neto poderia estar vivo", disse o avô Antônio dos Santos. Em nota divulgada pela assessoria de imprensa, a escola

Cristina Inês Saliba Calasso: justiça restaurativa serviu de embrião para programa de mediação

Reprodução

Ivan Ventura

A Miguel, de 9 anos: colegas o descrevem como um garoto tranquilo André Vicente/Folhapress

Investigadores tentam descobrir as circunstâncias do crime no Embu

afirma que está colaborando com as autoridades. "Esperamos que os fatos sejam elucidados o mais rápido possível", disse o texto. "Neste momento de dor e de grande perda, a equipe de professores e funcionários de nossa escola está procurando dar toda atenção e apoio à família da vítima – um menino de 9 anos – do terrível acidente ocorrido perto das 12h desta quarta-feira", completou a direção do colégio, na nota. Investigação – Os investigadores buscam pistas para solucionar como a criança foi baleada dentro da instituição de ensino. Duas garotas da classe de Miguel diziam tê-lo visto com um grave ferimento na barriga, jogado no chão da escola, "olhos brancos, muito pálido, tremendo muito", segundo o relato. "Tinha muito sangue no chão", afirmaram. Os cinco estudantes do colégio com quem a Folhapress conversou anteontem à tarde (um dos quais se apresentou como "o melhor amigo do Miguel") diziam que o colega tinha sido vítima de uma brincadeira "estúpida, de mau gosto". Biribinha – Segundo eles, um aluno teria arremessado contra Miguel uma "biribinha americana" (espécie de bomba que produz um estrondo forte enquanto libera um odor nauseabundo). O objetivo era apenas assustá-lo. Nenhum dos alunos disse saber quem teria

arremessado a tal "biribinha americana", mas admitiram que havia um "amigo" de Miguel que "estava brigado com ele". Eles não citaram nomes. Com o susto, Miguel teria se desequilibrado e caído contra uma parede de vidro, que se rompeu. Ele bateu a cabeça. O vidro também teria causado o ferimento na barriga. Para os meninos e meninas da escola ouvidos pela reportagem, o mais provável é que a morte de Miguel tenha sido um "trágico acidente". Eles chegaram a discutir a hipótese de que uma bala perdida tivesse atingido o amigo, mas descartaram-na em prol da tese da "biribinha" seguida de morte. Todos recusavam-se a acreditar que algum aluno da escola tivesse premeditado o crime e levado uma arma para assassinar o colega. Amigos de Miguel, usuários do mesmo transporte escolar, dizem que ele era um menino sério com as coisas da escola, mas brincalhão com os companheiros. O motorista do transporte disse que Miguel era um garoto tranquilo, que "nunca deu trabalho". O colégio suspendeu as aulas, que só devem ser retomadas na próxima segunda-feira. A escola também afirmou que atendimento ao garoto foi imediato por causa da gravidade do caso e que apenas a investigação poderá dizer se houve negligência. (Agências)

Escola Estadual Astrogildo Silva, em Heliópolis, na zona sul, enfrentou em 2008 uma grave crise de relacionamento entre um aluno de 17 anos, da 8ª série, e um professor de português. Após uma discussão, o jovem ameaçou agredir o mestre com uma barra de ferro. O caso foi parar na delegacia e parecia fadado a um desfecho num tribunal. Isso não aconteceu pela interferência da professora de história Cristina Inês Saliba Calasso, de 57 anos, e seu círculo restaurativo ou justiça restaurativa. O objetivo dessa justiça era resolver o assunto na base da conversa, porém com regras bem definidas - tal como ocorre dentro em um tribunal. Na sala, aluno e professor de português ficaram sentados em lados opostos, e no centro estava Cristina Inês. Os dois se entreolharam, conversaram e quase brigaram novamente. Amizade – Cristina intercedeu. Ao final, convenceu o jovem a cumprir um acordo: deveria divulgar a justiça restaurativa ao lado do professor. A convivência virou amizade e, em apenas dois dias, os dois apertaram as mãos e encerraram a discussão. Naquele momento, estava extinta a possibilidade de uma ação na Justiça. A briga virou amizade. Era o fim de um conflito e o início de uma proposta inovadora em educação. Outros conflitos foram resolvidos da mesma maneira

e ecoaram nos gabinetes da Secretaria Estadual de Educação. A somatória desses casos resultou, em fevereiro, na criação de um amplo programa denominado Sistema de Proteção Escolar. Quem será o agente dessa Proteção Escolar? A própria Cristina, que deixou o magistério e a mediação escolar informal. Profissão – Com o início do programa, a função de mediador escolar virou profissão e atualmente é exercida por quase 1.200 professores espalhados em quase mil escolas da Capital e do interior. Eles deixaram o magistério para se dedicar à carreira de professor mediador em escolas do Estado, recebendo o nome de Professores Mediadores Escolares e Comunitários (PMEC). No próximo ano, a quantidade de escolas com mediadores deverá aumentar, segundo informações da Secretaria de Educação. Violentos – Enquanto isso não ocorre, o sistema começou a ser testado e aplicado nas escolas. Segundo dados da secretaria, os colégios estaduais foram escolhidos prioritariamente por serem apontados como as mais violentos, segundo dados Sistema Eletrônico de Registros de Ocorrências Escolares (ROE). O sistema eletrônico também foi criado a partir do novo Sistema de Proteção e verifica a quantidade de casos violentos nas escolas a partir do registro feito pela direção do estabelecimento de ensino. "São escolas que apresentam altos índices de problemas. No topo desse ranking

Moacyr Lopes Júnior/Folhapress - 30/09/2010

Denúncia de assédio a bolivianos em escola estadual no Brás

estão as brigas entre alunos e o dano ao patrimônio público, como a pichação, por exemplo", disse Beatriz Graeff, supervisora do Sistema de Proteção Escolar no Estado. Ela citou como exemplo o caso da escola Padre Anchieta, no bairro do Brás. Lá, alunos bolivianos estariam sendo vítimas de bullying (o constrangimento físico ou moral) por alunos brasileiros. Há registros de cobrança de pedágio de até R$ 2 por dia. Funções – Nessa escola do Brás já existe um professor tentando resolver o conflito. A mesma intervenção será feita por outros professores de outras escolas diante de problemas que venham a surgir. Aliás, a esse professor caberá muitas outras funções dentro da proposta de vigiar a a t u a ç ã o d o p r o f e s s o r, acompanhar o aluno e tentar melhorar a relação da escola com a comunidade. "Ele atua na articulação da escola com a família, com a comunidade e as instituições das redes de garantias de direito da infância e juventude. Na prática, ele irá resolver problemas de bullying (nos quais também se enquadram as agressões verbais ou físicas entre alunos), casos de discriminação e vulnerabilidade social, que muitas vezes impedem a presença do aluno na escola. Esse mediador irá à casa do aluno de fato", disse Beatriz. Mediação – A professora Cristina é exceção entre tantos professores que passam por treinamento e ainda engatinham na mediação do conflito. Na época em que atuava de maneira informal no programa da Justiça Restaurativa, ela afirma ter cuidado de 30 casos. Este ano foram outros 20 já na proposta de Sistema de Proteção Escolar. "Normalmente, a mediação dá certo. Creio eu que apenas em 20% dos casos o problema não foi resolvido", afirmou. A atuação da professora mediadora tem três etapas: sensibilização, responsabilização e, finalmente, o acordo. "Digo sempre que por trás de um conflito há um outro conflito. Na mediação, as pessoas exibem seus problemas. A partir deles entendemos o motivo da conduta. Depois, mostramos o outro lado da história. Nesse momento há uma comoção. Por fim, normalmente, os lados terminam se entendendo".


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

c

11 Para mim, sofrimento e dor não devem ser causa de enriquecimento ilícito. José Alves de Brito Filho, advogado de Pimenta Neves

idades

ERUNDINA, ADEUS! Metrópole - A senhora tem confidenciado às pessoas mais próximas que esta é a sua última eleição. Verdade? Luiza Erundina - Sim, pois é preciso considerar a passagem do tempo. Caso seja eleita agora, terei 80 anos no fim do mandato. Na verdade, fui estimulada a concorrer mais uma vez para dar prioridade a um Luiz Alves/Ag. Câmara objetivo, que é o de somar forças em favor da nossa reforma política. Ela é mais do que urgente e, sem ela, o País continua emperrado nesse terreno. O nosso sistema político, e isso ninguém pode negar, está exaurido, fragmentando-se em uma profusão de equívocos ao longo da história da República.

AFP

Divulgação

SE TIRIRICA INVADIR... Metrópole - Por que a tiririca é considerada uma planta tão nociva? Fábio Catulé - Porque é uma erva-daninha invasora que prejudica as plantações. O maior problema é que ela se propaga com muita rapidez. Ela é favorecida pela característica de ser uma planta que se adapta bem nas condições mais variadas e adversas. É extremamente resistente ao calor e suporta bem a escassez de água. Não é por acaso que é encontrada em todo planeta. Outra característica bem evidente (e problemática), aliás, bem conhecida, é que, depois que se instala, fica muito difícil nos livrarmos dela. Metrópole - Essa dificuldade é por causa da sua velocidade de reprodução? Fábio - Não é só a velocidade que conta. Além de se reproduzir por semente, a tiririca se multiplica por rizoma. A planta-mãe vai se dividindo nos bulbos ligados entre si debaixo da terra. De modo que é inútil arrancar a planta com a "batata", designação popular que é dada aos rizomas, pois os outros irão desenvolver em novas plantas.

Fábio Catulé: tiririca é dor-de-cabeça Fotos: Marcos

Metrópole - Isso apenas confirma que essa praga é uma grande dorde-cabeça... Fábio - Exatamente. Acresce que, pelas características mencionadas da planta, o herbicida a ser utilizado no combate precisa ser forte. E isso traz outros problemas, como o de afetar a plantação, o risco de contaminar o solo, provocar acidentes no manuseio etc. Metrópole - E como ela é "transmitida"? Fábio - De várias formas. A semente pode ser transportada por

Mendes/LUZ

Metrópole - Por exemplo? Erundina - As campanhas se tornaram extremamente caras e ficam girando em torno de verdadeiras fortunas, sem abrir espaço para o debate necessário e consistente em favor da boa formação política e cidadã da população. Metrópole - A senhora iniciou a vida política em 1982, elegendo-se vereadora em São Paulo pelo PT. Depois foi prefeita, deputada estadual e deputada federal. Sente-se desencantada nesse espécie de despedida? Erundina - Não. Espero, e sempre batalho para isso, que as casas legislativas e a sociedade juntem forças em favor da evolução política do nosso País. Mas eu me sinto frustrada. A cada legislatura eu tenho a percepção de que a situação está piorando. Por outro lado, também tenho a suspeita de que esta eleição está encerrando um ciclo da história do País, iniciado em 1964. Enfim, nós não temos o direito de desanimar. (Luiza Erundina, 76 anos, assistente social, moradora na Vila Mariana)

pássaros. Pode vir em solas de sapatos, nos pneus de veículos, em pelagem de animais. Ou o rizoma pode vir em porções de terra a serem utilizadas. Metrópole - Qual é a origem da cyperus rotundus, o nome cientifico da tiririca? Fábio - Há dúvidas a respeito. As informações são imprecisas. Mas crê-se que tenha origem na Índia. (Fábio Catulé, 29 anos, engenheiro-agrônomo, morador de Arujá) NR: Na língua tupi, tiririca significa arrastar-se com rapidez.

Caio Guatelli/Folha Imagem - 03/05/2003

MÃE-AVÓ TEM ALTA EM RIBEIRÃO PRETO

A Ó RBITA

CATAPORA

aposentada Eunice Martins, de 59 anos, de Franca (SP), que "emprestou a barriga" para gerar a própria neta, Alice, nascida na última terça-feira, teve alta hospitalar ontem em Ribeirão Preto. Ela

foi avaliada e passa bem após a cesariana. A filha de Eunice, Talita Cristina Andrade, de 32 anos, permanecerá no hospital para amamentar a criança, que apresenta um quadro de icterícia. (Agências) Miguel Schincariol/AE

O

Há dez anos, Pimenta assassinou Sandra com dois tiros pelas costas. Condenado, jornalista continua solto.

Caso Pimenta Neves: indenização a família Gomide chega a R$ 400 mil Ainda impune, jornalista réu confesso quer recorrer para pagar um valor menor

A

Justiça de São Paulo decidiu na manhã de ontem que o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves deverá pagar indenização de R$ 220 mil aos pais da também jornalista Sandra Gomide, assassinada por ele há 10 anos. O valor reajustado ultrapassa os R$ 400 mil. Tanto o advogado da família Gomide como o de Pimenta Neves anunciaram que recorrerão da decisão. O primeiro reivindicará um valor superior. O segundo, uma redução do valor. O julgamento que determinou a indenização havia começado no último dia 23, quando dois desembargadores votaram a favor da família (acatando o pedido de R$ 150 mil para cada um dos genitores) e foi concluído ontem, com o voto do tercei-

ro desembargador. Na ocasião, foi decidido ainda que o valor seria reduzido para R$ 110 mil para cada um dos pais. O desembargador Vito Guglielmi disse que considerava o valor pedido pelos pais exagerado. Apesar disso, o advogado de Pimenta Neves, José Alves de Brito Filho, afirmou após a decisão que seu cliente não tem condições de pagar a indenização. "Para mim, sofrimento e dor não devem ser causa de enriquecimento ilícito", disse o defensor, que afirmou que seu cliente tem ganho mensal de cerca de R$ 2.800. Pimenta Neves matou Sandra Gomide com dois tiros pelas costas no dia 20 de agosto de 2000 e confessou o crime quatro dias depois. Antes de matar a ex-namorada, Pimen-

ta foi acusado de assediá-la constantemente. Em maio de 2006, foi condenado por um júri popular a 19 anos de prisão. O jornalista (que era diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo), teve a pena reduzida para 15 anos de prisão, mas conseguiu continuar solto graças a uma série de manobras jurídicas e sucessivos recursos a tribunais superiores. Dez anos depois do assassinato, Pimenta Neves continua impune. No mês passado, o advogado dos pais da jornalista, Sergei Cobra Arbex, disse que João e Leonilda Gomide estão muito doentes, vivem à base de antidepressivos e enfrentam sérias dificuldades financeiras. A mãe de Sandra chegou a ficar internada por um ano por conta da depressão. (Agências)

vírus da catapora já infectou neste ano 10.018 pessoas em São Paulo, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. O número é 26% superior ao de 2009 e representa 82% dos registros no País. Duas cidades no interior (Araçatuba e Taubaté) relatam falta de vacinas para fazer o bloqueio do vírus nas creches. De acordo com o governo, a situação em São Paulo está sob controle. Entre as 200 mil doses de vacina licitadas, 60 mil foram enviadas a todas as regionais de saúde. (Agências)

NOVA LINHA DO METRÔ – O governador de São Paulo, Alberto Goldman, lançou ontem o edital da Linha 17-Ouro do Metrô, que irá da estação Jabaquara até a estação São Paulo-Morumbi, na zona sul da Capital, passando pelo Aeroporto de Congonhas


DIÁRIO DO COMÉRCIO

12

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

CENAS DE UM PAÍS EM ERUPÇÃO Sequência de fotos mostra como a crise se desenrolou ontem: policiais interditam vários locais, inclusive o aeroporto de Quito, enquanto simpatizantes manifestam apoio a Correa. O presidente é atacado com gás lacrimogêneo, sendo obrigado a ser hospitalizado.

nternacional Fotos: Guillermo Granja/Reuters

Equador, em exceção, mergulha no caos Correa acusa policiais e militares grevistas de promoverem golpe

P

rotestos de policiais e militares insatisfeitos com a redução de seus benefícios salariais espalharam o caos pelo Equador ontem. O presidente Rafael Correa acusou a oposição de tentar derrubá-lo com um golpe de Estado e declarou estado de exceção no país por cinco dias. Confinado pelos policiais rebelados em um hospital militar da capital Quito, onde foi internado por aspirar gás lacrimogêneo, Correa garantiu ontem à noite que ele ainda governa o Equador e declarou: "saio daqui como presidente ou como cadáver". No final, ele acabou sendo resgatado pelos militares. Apesar de Correa não ter autorizado uma operação de resgate, centenas de partidários entraram em confrontos à noite com os grevistas que cercavam o prédio. Pelo menos 51 pessoas ficaram feridas nos choques, informou a Cruz Vermelha. Desafio - No início da tarde, o presidente se dirigiu ao quartel de Quito onde os manifestantes se aglomeravam e disse que não voltaria atrás sobre a Lei de Serviços Públicos, que visa a diminuir os gastos do Estado com o funcionalismo público e que motivou o protesto dos policiais e militares da Aeronáutica. "Se vocês querem matar o presidente, aqui está ele. Matem-me!", disse, recusando-se a recuar na nova lei. Os policiais rebelados aceitaram o desafio e jogaram bombas de gás lacrimogêneo contra o presidente. "Eles atiraram bombas de gás lacrimogêneo contra a gente. Uma explodiu perto do meu rosto. (A bomba) teve efeito em mim e em minha mulher por alguns segundos, provavelmente minutos", disse Correa. O ataque levou o mandatário a ser internado no hospital do quartel. Depois, os manifestantes cercaram o hospital e não permitiram mais a sua saída. "Eles não me deixam sair", disse Correa, por telefo-

ne, à ECTV. "Todas as saídas do hospital estão cercadas. Obviamente é um sequestro quando se sequestra o presidente", enfatizou. Mesmo isolado, Correa assegurou que não iria negociar com os amotinados até que as manifestações fossem interrompidas. À noite, ele foi resgatado por militares e levado para o Palácio Presidencial, onde discursou para acalmar a multidão. Tensão - O clima tenso se espalhou rapidamente pelo país. O aeroporto internacional de Quito ficou fechado o dia inteiro após um grupo de cerca de 500 policiais e militares tomar a pista. Instalações militares foram ocupadas e o acesso a algumas localidades foi fechado por pneus em chamas. Testemunhas disseram haver saques e assaltos a banco em Quito e na cidade de Guayaquil. Leal dade - O presidente equatoriano e ministros de seu governo qualificaram os protestos como uma tentativa da oposição de desestabilizar seu governo e atribuíram os eventos a integrantes "insubordinados" da polícia e do exército. "Nós não permitiremos que a ordem constitucional seja violada. Nada irá interromper a revolução cidadã", declarou Correa. O p re s i d e n t e re c e b e u o apoio do comandante das Forças Armadas equatorianas, general Ernesto González, que foi à televisão para manifestar sua lealdade. O general pediu "o restabelecimento do diálogo, que é a única forma de os equatorianos resolverem suas diferenças". (Agências)

Um aprendiz chavista à altura do mentor

O

presidente do Equador, Rafael Correa, segue a cartilha do seu colega venezuelano, Hugo Chávez, de confrontação. De personalidade intempestiva, o mandatário equatoriano não poupa palavras nem medidas fortes contra seus opositores. Aos 46 anos, Correa – um economista com formação nos

EUA e na Europa – foi quem, há dois anos, "deu uma ordem" para que US$ 32 bilhões da dívida externa "ilegítima" do país não fossem pagos. Ele também já declarou "expulsas" ou “fora do país” diversas empresas, como a Odebrecht. Assim como ocorre com Chávez, muitas vezes a retórica se sobrepõe às ações. Um exemplo é o caso da Odebrecht que, mesmo "expulsa", continua operando no país. Com quase a metade de sua economia dependendo do petróleo – e sem tecnologia de ponta para explorá-lo – o gover-

no do Equador já comprou briga com a Petrobras, a espanhola Repsol e a italiana Eni. Todas estão com seus contratos sendo renegociados, e precisam "aceitar os termos estabelecidos pelo governo" porque, palavras de Correa: "Assim ninguém vai levar embora o nosso petróleo". Mas o atual caos pode ser explicado por fatores econômicos e políticos. Por conta das medidas confrontativas de Correa, os investimentos estrangeiros no país de economia dolarizada – aliás o que presidente já declarou "odiar, mas ser, por enquanto um mal necessário" – foram

reduzidos, e o governo vem tendo dificuldades em implementar suas reformas sociais. A crise interna passa pela briga entre Correa e o Congresso que ele ameaça dissolver. A Lei de Serviços Públicos, que desencadeou a crise de ontem, é um exemplo. Enviada ao Legislativo, não foi aprovada, e Correa lançou-a por meio de decreto. Outro exemplo é a chamada Lei de Comunicação. Definida por opositores como uma "lei da mordaça", ela abriria caminho para censura aos meios de comunicação. A lei ainda transita no Congresso. (AG)

Condenação mundial

Brasil, preocupado com a crise

Líderes latinos tentam afastar fantasma de golpe na região

Presidente Lula colocou à disposição de Correa 'o que ele precisar'

d i a r o c o nfronto. Vários p res i d e nt e s s u l- a m e ri c anos estavam previstos para chegar ontem à noite a Buenos Aires para discutir o tema, atendendo a uma convocação da presidente Cristina Kirchner e do marido dela, Néstor, que é secretário-geral do grupo. Entre os líderes que confirmaram presença estariam os da Venezuela, Bolívia e Chile. O Brasil seria representado pelo ministro interino das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, pois o chanceler Celso Amorim está no Haiti. OEA - Em reunião extraordinária, a Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou em Washington uma moção de apoio ao Equador, recha-

çando qualquer tentativa de desestabilização. "Devemos reagir de maneira contundente. Há uma diferença com o caso de Honduras, que é o fato de ainda não se ter consumado o golpe. Devemos impedir que este se consume, agindo rapidamente e de maneira unânime", declarou o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza. EUA - Os Estados Unidos também denunciaram os acontecimentos no Equador e declararam apoio a Correa. "Os Estados Unidos deploram todo tipo de violência que possa ser associada com esses fatos", disse Luoma-Overstreet, porta-voz do Departamento de Estado. ONU - Por sua vez, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, expressou preocupação com a integridade física de Correa e garantiu o reconhecimento do seu governo. (Agências)

D

emonstrando total suporte ao governo do Equador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou ontem com o presidente Hugo Chávez e pediu que o venezuelano transmitisse a Rafael Correa a mensagem de apoio do governo brasileiro. Segundo o assessor internacional da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, "naturalmente o Brasil está preocupado com os últimos acontecimentos no Equador, mas as informações recebidas até agora são de que a situação está contornada". Garcia (foto) disse que o presidente Lula já colocou à disposição do presidente Correa o que ele precisar. A maior preocupação do governo brasileiro é que haja ruptura das instituições ou da democracia. O assessor de Lula comen-

tou que, embora a situação esteja c o n t o rn a d a , como as mov i m e n ta ç õ e s dos policiais tiveram uma amplitude muito grande, causando apreensão, há uma preocupação para evitar que estes fatos se repitam. Solidariedade - Em viagem oficial ao Haiti, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, conversou por telefone com o colega equatoriano Ricardo Patiño, a quem também expressou a total solidariedade do governo brasileiro em defesa do regime democrático e do Estado de direito. Amorim divulgou um comunicado no qual mencionou a mobilização de entidades internacionais das quais o Brasil Roosewelt Pinheiro/ABr

ários governos da América Latina condenaram ontem o protesto de policiais e militares no Equador, e preparam ofensivas diplomáticas para afastar o fantasma de um golpe de Estado no país exportador de petróleo. Enquanto o país mergulhava no caos, o presidente, atingido por gás lacrimogêneo, teve que se refugiar em um hospital, de onde denunciou uma tentativa de golpe de Estado e declarou estado de exceção. "Estão tentando derrubar o presidente (Rafael) Correa. Em alerta, povos da Aliança Bolivariana! Em alerta, povos da Unasul! Viva Correa!", bradou pelo Twitter o presidente da Venezuela, Hugo Chávez (foto). Unasul - A União de Nações Sul-Americanas (Unasul), um grupo regional de segurança, estuda a possibilidade de me-

Reuters - 27.09.10

V

Revoltados com a redução de benefícios, policiais protestam diante do quartel. Correa os desafia e é recebido com gás lacrimogêneo (abaixo).

faz parte para rechaçar qualquer tentativa de golpe no Equador. Ele citou a Unasul, o Mercosul e a Organização dos Estados Americanos (OEA). "O ministro (Amorim) tem mantido o presidente Luiz Inácio Lula da Silva informado sobre as gestões em curso para uma resposta firme e coordenada do Mercosul, da Unasul e da OEA, a fim de repudiar qualquer desrespeito à ordem constitucional naquele país irmão", informou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado. "O Brasil deplora os atos de violência e de desrespeito às instituições e condena energicamente todo e qualquer tipo de ataque ao poder civil legitimamente constituído e à ordem constitucional do Equador", acrescentou o Itamaraty. (Agências)


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

13 Uma ferramenta como o Stuxnet parece ser a escolha mais óbvia para Israel Scott Borg, americano que estuda conseqüências de ataques cibernéticos

nternacional Fotos: AFP

s u r í v r e p u S o c i m ô t a ã r I a r t n co Nome de arquivo revela que Israel pode estar envolvido em ataque Kety Shapazian*

A

Vírus Stuxnet adiou inauguração de Bushehr, a primeira usina nuclear do país. Acima, Ahmadinejad na Assembleia Geral da ONU, em NY. Reprodução

Ester, a preferida do rei persa.

O

rei preferiu Ester a todas as outras mulheres, tanto que a coroou e a nomeou rainha (Ester 2,17). O livro de Ester se tornou um dos 24 livros do Tanach para ser canonizado pelos sábios da Grande Assembleia, mesmo sem ter a palavra Deus mencionada sequer uma vez. Ele fala de uma judia que se casa com o Rei Xerxes da Pérsia. O primeiro-ministro Haman, que não gostava de Ester, planeja o assassinato de todos os judeus estabelecidos no Império. Um primo dela, Mordecai, descobre o plano e conta à Ester. Ela, então, conta ao rei a intenção de Haman. Xerxes manda matar o primeiro-mi-

nistro e dá a permissão para que os judeus se defendam de qualquer ataque, o que eles acabam fazendo: matam 75 mil persas. Purim – Os escritos sobre a vida de Ester deram origem ao Purim, um dos feriados judaicos mais impor tantes, quando se comemora a salvação dos judeus do plano para exterminá-los. A festa do Purim (em março

ou abril, dependendo do ano), é caracterizada pela recitação pública do Livro de Ester por duas vezes, mandar comida de presente aos amigos e doações aos necessitados. Outros costumes incluem o uso de máscaras e fantasias, como as orelhas de Haman. Assim como a Festa de Hanuka, o Purim tem mais um caráter nacional e cultural do que religioso.

complexo só estará pronto para produção nos primeiros meses de 2011, segundo informou um oficial do governo. Especialistas dizem que o vírus que causou problemas no sistema de computação teve o incentivo de algum país e não foi coisa de um hacker à busca de diversão. A maior suspeita recai em cima de Israel e dos Estados Unidos, os principais rivais de Teerã e os maiores interessados em sabotar a operação, segundo o governo de Mahmoud Ahmadinejad. Israel, até o momento, não se pronunciou sobre o assunto. "Esperamos que o combustível seja levado para o núcleo da usina na semana que vem", disse Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, segundo a agência oficial Isna. "Estamos nos preparando e o combustível estará totalmente carregado em novembro. O coração da usina de Bushehr vai poder começar a bater a partir daí." Descuido? – Para especialistas ouvidos pelo New York Times, o fato de o vírus conter a palavra que faz referência ao Livro de Ester não revela descuido por parte de israelenses. Pelo contrário. Seria uma ferramenta de guerra psicológica, uma maneira de dizer "estamos de olho em vocês". As potências ocidentais acusam o Irã de esconder, sob seu programa nuclear civil, outro de natureza clandestina e aplicações bélicas, cujo objetivo seria a aquisição de armas atômicas. Teerã nega tais alegações. As tensões sobre o programa nuclear iraniano se acirraram no final do ano passado após o governo rejeitar uma proposta

de troca de urânio feita por EUA, Rússia e Reino Unido. Meses depois, o país começou a enriquecer urânio a 20%. Um acordo mediado por Brasil e Turquia para troca de urânio chegou a ser assinado com o Irã em maio. O acordo, porém, foi rejeitado pelo Grupo de Viena (composto por Rússia, França, EUA e a Agência Internacional de Energia Atômica). O Conselho de Segurança da ONU optou por impor uma quarta rodada de sanções ao país. Vírus - O Stuxnet foi identificado pela primeira vez em junho por uma firma de segurança da Bielorússia. No mês seguinte, a Siemens avisou seus clientes que os controladores Simatic-7, produzidos pela gigante alemã e usados em usinas nucleares e elétricas e também bases petrolíferas, poderiam ser atacados pelo Stuxnet. O vírus já foi identificado na China, Índia e Indonésia e, em agosto, a Microsoft avisou que ele infectou mais de 45 mil computadores. A Symantec, outra empresa de segurança virtual, disse que 60% das máquinas infectadas estão no Irã, o que poderia – ou não – ser apenas uma coincidência. Até a descoberta do arquivo "Myrtus". Em 2009, Scott Borg, responsável por uma unidade no governo norte-americano que estuda conseqüências de possíveis ataques cibernéticos, disse que Israel talvez preferisse atacar computadores ao invés de uma ação militar ao complexo nuclear iraniano. "Uma ferramenta como o Stuxnet parece ser a escolha mais óbvia para Israel", resumiu Borg. *(com Agências)

Um palco para ideias inspiradas Abertas as inscrições para conferência de inovação que libera "faíscas". Desta vez em pleno Rio Negro. Bruno Fernandes/Divulgação

Divulgação

Divulgação

Cintia Shimokomaki diferente de faísca. "Queremos criar um combustível importante de criatividade", diz Lívia Ascava, co-organizadora da conferência. "O TEDxAmazônia tira da zona do conforto e, ao mesmo tempo, traz conforto", explica. "Queremos conectar as pessoas, criando uma comunidade", diz. A ideia inicial veio da Califórnia, onde as pessoas disputam à tapa as mil cadeiras do TED para ouvir gente como Bill Gates, Philippe Starck, Michelle Obama e Bono Vox. No Brasil, o evento chegou pelas mãos de jovens empreendedores, que, seguindo o espírito das "ideias que merecem ser espalhadas", realizaram o TEDxSP em novembro passado. Com menos de um ano de existência, a comunidade TED no Brasil já começou a gerar frutos. Lívia conta que é comum ouvir histórias de participantes do primeiro evento em São Paulo que largaram empregos para perseguir antigos sonhos ou até se casaram com outros participantes. Para fazer parte do TEDxA-

Lívia Ascava, o: convite da organizaçã rio-terapia" ao "questioná

mazônia, é preciso preencher uma inscrição no site da conferê n c i a ( w w w. t e d x a m a z onia.com.br) até o dia 7 de outubro. A tarefa, porém, não é tão simples assim. "O questionário exige reflexão. Eu o defino como um 'questionário-terapia'", diz Lívia. A expectativa é que 3 mil pessoas se inscrevam para 450 vagas. Os realizadores do TEDxAmazônia querem ampliar a di-

Lama Padma Samten: da física ao budismo

versidade do público. Por isso, não importa a idade, conhecimento ou especialidade do participante. "Estamos interessados nas ideias das pessoas", resume Lívia. A falta de recursos para viajar até a conferência não deve ser motivo de desânimo, uma vez que os organizadores esperam subsidiar até 50 interessados. O requisito: basta ter uma alma inspiradora.

Antônio Nobre pesquisa rios de vapor que levam umidade da Amazônia para o sul

tar

uando se pensa em uma conferência na Amazônia, logo se imagina algo relacionado ao meio ambiente. Mas o TEDxAmazônia é diferente. Para os seus organizadores, a floresta representa qualidade de vida, o que inclui não só sustentabilidade, como também tecnologia, budismo – e por que não – surfe. O palco é a floresta, mas ela não é a estrela principal. A Amazônia serviu de inspiração para criar um evento global que reunirá as pessoas mais inovadoras e talentosas de suas áreas. Cerca de 50 palestrantes – entre eles, artistas digitais, designers, consultores, cientistas e poetas – estarão reunidos, nos dias 6 e 7 de novembro, em um hotel às margens do Rio Negro, para contar sobre suas paixões. A princípio, aproximar pessoas de áreas tão diversas parece uma ideia absurda. Afinal, o que um seringueiro tem em comum com um surfista? Mas é a partir desses encontros inusitados que será criado um tipo

Alberto Bi

Q

Os escritos sobre a vida de Ester deram origem ao feriado do Purim

resposta para o cyberataque que o Irã vem sofrendo desde o último domingo e que já afetou cerca de 30 mil computadores em diversas instalações industriais pode estar no Velho Testamento da Bíblia. Pelo menos é o que publicou ontem o New York Times. Segundo o jornal norte-americano, um dos arquivos do vírus Stuxnet foi batizado de "Myrtus". A palavra poderia ser apenas uma alusão a uma planta, a murta, comum na região e importante em diversas culturas do Oriente Médio e de alguns países do Mediterrâneo. Mas quando o assunto envolve Irã e seu programa nuclear, a história ganha contornos de filme de espionagem dos bons. "Myrtus", de acordo com experts em segurança ouvidos pelo NYT, pode ser uma referência ao Livro de Ester, a judia que conquistou o rei Xerxes da Pérsia, virou rainha e conseguiu salvar o povo judeu de uma carnificina. (Leia mais no texto ao lado) Aquela Pérsia de antigamente é chamada hoje de Irã. Usina – Por causa do sistema de computação geral iraniano ter sido afetado pelo vírus Stuxnet, a inauguração de Bushehr, a primeira usina nuclear do país, foi adiada. Quando o Irã iniciou o abastecimento de combustível na usina, em agosto, as autoridades do país afirmaram que Bushehr demoraria de dois a três meses para começar a produzir energia elétrica. Agora, a previsão é de que o

Alexandre Sequeira usa a fotografia para se aproximar das pessoas


DIÁRIO DO COMÉRCIO

Logo Logo

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

OUTUBRO

14 -.LOGO

Boeing 747 passa pela lua ao sobrevoar Marselha, na França. A empresa anunciou ontem que adiará para 2011 a entrega de aviões de sua nova série: a 747-8.

Gérard Julien/AFP

www.dcomercio.com.br

1

Dia do Vendedor

C INEMA E SPAÇO

Morre o ator Tony Curtis

AFP

Ator foi coprotagonista, em 1959, de uma das comédias mais aclamadas da história do cinema

O

Há 100 milhões de anos Imagem da agência espacial dos EUA, a Nasa, obtida ontem, mostra as galáxias Antennae, localizadas a 62 milhões de anos-luz da Terra. O nome das galáxias é derivado da palavra antena, referência aos seus "braços". Essas estruturas são resultado de colisões no interior das galáxias e que aconteceram há 100 milhões de anos.

ator norte-americano Tony Curtis morreu aos 85 anos em sua residência na cidade de Henderson, Nevada, informou ontem sua filha, a atriz Jamie Lee Curtis. Protagonista de vários filmes de Hollywood das décadas de 1950 e 1960, entre eles a aclamada comédia Quanto Mais Quente Melhor (1 95 9) , Curtis foi hospitalizado em julho em Las Vegas (EUA) com problemas respiratórios. Ele morreu após uma parada cardíaca. Os detalhes sobre o funeral não foram divulgados. O ator sofria uma doença pulmonar crônica desde 2006, quando contraiu pneumonia. Com mais de 50 anos de carreira e uma centena de filmes como protagonista, Curtis, cu-

jo verdadeiro nome era Bernard Schwartz, nasceu em 3 de junho de 1925, em Nova York, em uma família de origem judaica. Estudou interpretação na Academia de Arte Dramática de sua cidade natal e, em 1949, estreou em Hollywood com um papel de coadjuvante em Baixeza. Sua popularidade no cinema começou dois anos depois com O Príncipe Ladrão depois com títulos como Trapézio (1956), Acorrentados (1958) e Spartacus. Uma de suas mais famosas interpretações foi em Quanto Mais Quente Melhor, na qual Billy Wilder contracenou Marilyn Monroe e Jack Lemon. Ele se despediu da atuação em 2005 com uma participação na série televisiva CSI e passou a se dedicar à pintura.

Tony Curtis em apresentação em las Vegas em 1967

Mantovani Fernandes/O Popular/Folhapress

C IÊNCIA

Com a força da luz cientistas usaram radiação de luz para mover e manipular pequenos objetos. Até agora, os movimentos eram restritos a pequenas escalas, por não mais que milhares de micrometros - e a maioria em líquidos. Manipulação ótica de partículas por grandes distâncias podem ter várias aplicações, como permitir o transporte de contêineres com substâncias perigosas sem a necessidade de toque. Segundo o site Physorg, a técnica desenvolvida é considerada de grande importância para a montagem de micro máquinas e componentes eletrônicos.

L

Cientistas do Centro de Física a Laser, da Universidade Nacional da Austrália, desenvolveram um método que permite mover partículas apenas com o uso de luz. A experiência já foi tentada em outros lugares com sucesso, mas nunca uma equipe conseguiu mover as partículas por 1,5 metro, como aconteceu na Austrália. Os cientistas usaram um raio laser especialmente criado para a pesquisa. As partículas movidas são ainda extremamente pequenas: microesferas de tamanhos variando entre 60 e 100 micrometros. Por 40 anos, A RTE Patrik Stollarz/AFP

NÃO É A MAMÃE - Uma gata de raça não definida que acaba de ter filhotes adotou dois cães recém-nascidos rejeitados pela mãe em Goiânia (GO). O fato é curioso, mas não incomum. Segundo especialistas, entre os mamíferos, o instinto materno prevalece em relação à diferença de espécies.

M EIO AMBIENTE M ODA

Mapas de uma crise anunciada AFP

Extravagância dos pés à cabeça Pascal Rossignol/Reuters

L

Visitante de uma exposição de telas que retratam a capital francesa observa o quadro "Rua de Paris em um dia de chuva de 1877", do impressionista francês Gustave Caillebotte (1848-1894). A exposição acontece no Museu Folkwang, em Essen, Alemanha, e também traz obras de Edouard Manet, Claude Monet, Edgar Degas, Auguste Renoir, Camille Pissarro e Paul Signac.

Empresa russa terá hotel no espaço

O Google Translate criou uma nova ferramenta que traduz textos em latim. Segundo o anúncio no blog oficial da empresa, está é a primeira língua sem falantes nativos que o Google Translate é capaz de traduzir. O tradutor de latim pode parecer pouco útil, mas os estudantes de direito são os principais beneficiários do serviço. O sistema de tradução do latim foi criado a partir de traduções reais já feitas manualmente para "aprender". Então, para melhorar o latim do Google, livros clássicos e suas traduções mais famosas foram usadas, explica Jakob Uszkoreit, engenheiro da empresa. O tradutor automático também pode facilitar a leitura de passagens em latim de livros em língua corrente.

O principal fornecedor russo para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), a empresa Energia, diz que pretende construir o primeiro hotel no espaço para lucrar com o crescente mercado de turismo privado. A estação espacial privada poderia hospedar até sete pessoas, disse Alexander Derechin, o vice-chefe de criação da empresa. "Naves espaciais comerciais estão sendo construídas pelo mundo, e terão de viajar para algum lugar", disse Derechin. A Energia fará uma parceria com a recém-criada Orbital Technologies, que aumentará o investimento e promoverá os serviços. O hotel terá oferecer instalações para pesquisa científica, projetos de mídia e entretenimento e poderá se ancorar às naves russas Soyuz (tripulada) e Progress (de carga) a partir de 2015.

http://translate.google.com

Os recursos hídricos e sua biodiversidade em todo o mundo estão em crise, ameaçados pela ação humana. É o que mostram os mapas acima, divulgados ontem pela revista científica Nature. Os mapas, quase idênticos, mostram em amarelo, laranja e vermelho, onde estão A TÉ LOGO

as populações mais expostas à escassez de água. Em azul, as áreas menos críticas. Segundo a revista, 80% da população mundial está exposta a um grau elevado de escassez hídrica e 65% das espécies que vivem nos rios estão ameaçadas. Os maus-tratos aos rios - que

historicamente ordenaram a ocupação humana - custam aos países US$ 500 bilhões por ano em ações paliativas. . O estudo foi feito nas Universidades da Cidade de Nova York e de Wisconsin e podem ser consultado no site. http://river threat.net.

L OTERIAS Concurso 570 da LOTOFÁCIL 01

02

03

04

05

10

12

14

15

18

19

20

21

22

23

Acesse www.dcomercio.com.br para ler a íntegra das notícias abaixo:

Cirurgia 'quádrupla' ameaça sonho olímpico de Diego Hypólito Brasileiro Miguel Nicolelis recebe dois prêmios na Universidade de Duke

L

Google aprendeu a falar latim

L

T URISMO

L

I NTERNET

O estilista indiano Manish Arora mostrou ontem, em seu desfile na semana de moda de Paris, uma coleção que se destacou pelos chapéus. Com modelos desfilando com a música de James Bond de fundo, de saltos alto, usando joias de ouro nos tornozelos e cabelos presos em rabos de cavalo muito altos, Arora levou ao palco chapéus como o da foto, que foi inspirado em um carro. O estilista também propõe para a temporada de verão de 2011 uma paleta do cores que vai do rosa framboesa ao violeta até o verde-jade.

CBF afasta auxiliar que anulou gol do Botafogo contra Corinthians

Concurso 2411 da QUINA 22

26

35

59

66


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

e

1 SUSTENTÁVEL Consumo de sacola plástica no Brasil deve encolher 6,7% em 2010

conomia

NOS ARES Azul fecha parceria com a varejista Magazine Luiza mirando a classe C

Pagamento virtual ganha espaço na economia real Mercado de pagamentos eletrônicos atrai novos players e atende transações tanto pessoas físicas quanto empresas. Vanessa Rosal

O

crescimento do comércio eletrônico no Brasil está atraindo investimentos de empresas estrangeiras do setor de meios de pagamentos online. Assim como o MercadoPago – que possibilita as transações financeiras dentro do Mercado Livre, um dos maiores portais de vendas na internet –, a americana PayPal aposta no potencial de compra dos consumidores brasileiros. A empresa, que em agosto iniciou suas operações no País, representa cerca de 15% das vendas eletrônicas mundiais, com pagamentos feitos por cartão de crédito, débito automático ou boleto bancário. No primeiro semestre deste ano, cerca de 20 milhões de consumidores compraram pela internet, um aumento de 13,64% em relação a igual período de 2009, quando 17,6 milhões de consumidores fizeram o mesmo. Segundo a consultoria de comércio eletrônico e-Bit, o número é 30% maior que o verificado no último semestre do ano passado. O crescimento está relacionado ao aumento de renda da população, que comprou mais computadores e investiu na contratação de serviços de banda larga. A classe C já representa 30% das vendas na internet. Fraudes – Mais gente comprando, aumenta o risco de fraudes. A função das empresas de meios de pagamentos online é agir como intermediá-

rio na hora da compra, evitando que o consumidor seja lesado. Elas também atuam na transf erê n ci a de valores entre empresas ou prestadores de serviços que realizam negócios no mundo real dentro de um país ou entre países. Esses meios de pagamento representam 5% do varejo eletrônico nacional, mas a projeção do setor é promissora para os próximos anos. Segundo o diretor do MercadoPago no Brasil, Marcelo Coelho, os resultados da empresa dobraram no primeiro semestre do ano na comparação com igual período de 2009. Em relação à quantidade de pagamentos, foram fechados 2,4 milhões de negócios nos seis primeiros meses do ano, ante 1,2 milhão registrado em 2009. "O crescimento anual médio de dinheiro transacionado desde 2007 tem sido de 60%," afirma. Na comparação com o total de transações realizadas no ano passado, a plataforma já registrou, em 2010, o equivalente a 77% dos pagamentos, o que demonstra uma continuidade na curva ascendente. "Por tudo isso, estamos otimistas com o desenvolvimento do mercado do e-commerce no

MAX

Brasil", diz o executivo. O objetivo, daqui para frente, será atrair a atenção de pessoas físicas. "Queremos fomentar a adoção do MercadoPago para o uso no dia a dia de quem precisa fazer pagamentos de serviços ou enviar dinheiro por e-mail." Sendo assim, profissionais autônomos, como manicures, jardineiros ou empregadas domésticas, já podem receber via cartão de crédito ou débito. Há ainda a possibilidade de parcelamento dos valores em até 18 vezes. Entre as inovações da plataforma, está a agilidade para

análise e aprovação da transação feita pelo consumidor, processo totalmente online que ocorre segundos após ele ter escolhido a forma de pagamento. Para o comerciante (ou destinatário do dinheiro), a liberação dos valores poderá ocorrer a partir de dois dias. Em 2009, foram realizadas 3,1 milhões de transações pelo MercadoPago, o que movimentou US$ 382,6 milhões com operações em seis países (Argentina, Brasil, Chile, Co-

lômbia, México e Venezuela). O número representa um avanço de 62% em relação a 2008. Confiança – Outro fator determinante para o crescimento do e-commerce no País é o aumento da confiança do consumidor brasileiro nas ferramentas de pagamento. Assim como os empreendedores, as pessoas precisam se sentir seguras para finalizar a operação, inserir seus dados e transferir o dinheiro. Uma das empresas responsáveis pela verificação de transações nos sites brasileiros é a Braspag, do Grupo Silvio Santos. Segundo o gerente de projetos Renann Fortes, a companhia é líder em soluções de pa-

gamentos e serviços financeiros para e-commerce, com 75% de participação no mercado brasileiro. "Em cinco anos de atuação, conquistamos 1,1 mil clientes. No ano passado, processamos cerca de R$ 8 bilhões e a expectativa é que em 2010 as transações aumentem 40%." O sistema permite cobranças periodicamente – seja por meio de cartão de crédito, boleto bancário ou débito automático em conta-corrente. "O objetivo é reduzir custos e tempo. As empresas não precisam investir em softwares e profissionais. A administração em ter que gerenciar todas as cobranças diminui em até 80% com a automatização do processo", afirma Fortes.

Uma vista para o mundo pelo Street View Reprodução

Ferramenta causa polêmica em diversos países

Sílvia Pimentel

O

primeiro passo é digitar o nome da rua. Depois, arrastar um bonequinho amarelo, o pegman, para o local pretendido. As fotos aparecem em boa qualidade e em vários ângulos. É possível aumentá-las em busca de detalhes e fazer um passeio virtual como se nelas estivéssemos. Só não dá para identificar com exatidão os rostos das pessoas pelas ruas e as placas dos carros. Trata-se do Street View, o novo recurso do Google Maps lançado ontem no Brasil. Por ora, os internautas poderão fazer um tour virtual por ruas e avenidas de 51 municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Para colocar as imagens na web, desde o ano passado, 30 carros da Fiat, modelo Stilo, com nove câmeras sobre o teto, percorreram 150 mil quilômetros do Brasil, o primeiro país da América Latina a ter a novidade. "Colocamos o mapa do Brasil em um novo patamar digital", resumiu ontem, durante o lançamento do produto, na capital paulista, o gerente de produtos do Google Brasil, Marcelo Quintella. Na segunda fase do projeto, a ideia da companhia é utilizar um triciclo adaptado e equipado com o mesmo tipo de câme-

Invasão da privacidade incomodou muita gente e gerou proibições na Europa

A

Recurso já está disponível no Brasil e contará com indicação de internautas para futuros mapeamentos

ra para realizar o mapeamento de lugares onde o carro não pode alcançar ou não é permitido. Com ele, será possível trafegar por parques, praças, orla do mar e estádios de futebol. Para tornar a ferramenta mais interativa, o Google lançou uma campanha entre os internautas, que poderão indicar os locais que gostariam de ver mapeados pelo triciclo. Para isso, é preciso acessar o site www.exploreostreetview.com.br e fazer a sugestão até o dia 18 de outubro. Os lugares mais votados ganharão prioridade

na captação de imagens. A empresa está entusiasmada com o lançamento do serviço no País. "Os brasileiros gostaram da ideia de estarem no Google Street View", disse. E pelo menos até o momento a empresa não enfrentou qualquer tipo de resistência por parte do governo nesse tipo de mapeamento. Para captar imagens de determinados locais, o Google precisa de autorização. Foi o caso do Sambódromo do Rio de Janeiro, cujas imagens mostram o desfile das campeãs do último carnaval. As fo-

tos só foram tiradas depois de autorização dada pela Liga das Escolas de Samba. De acordo com a diretora de marketing da empresa, Flávia Simon, com a ferramenta, a expectativa é de crescimento de 30% no número de acessos à plataforma de mapas do Google. "O serviço tem chamado a atenção do mercado imobiliário, da área de turismo e do segmento de bares e restaurantes", adiantou. Atualmente, a Construtora e Incorporadora Lopes e a montadora Fiat são anunciantes.

chegada da ferramenta Street View no Brasil reacende a discussão sobre os limites do direito à privacidade. Em boa parte dos cerca de 30 países nos quais o serviço está disponível, os carros com câmeras especiais no teto têm deixado rastros. Recentemente, os governos de Portugal e da República Checa proibiram o Google de coletar imagens até segunda ordem. O mesmo caminho foi seguido pelas autoridades gregas, que condicionaram o mapeamento das ruas e avenidas de algumas cidades ao conhecimento prévio das áreas a serem fotografadas. De acordo com o advogado do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados, Rafhael Loschiavo, na Alemanha, onde a legislação que trata da privacidade é mais restritiva, o serviço só começou a operar porque o Google concordou com as condições impostas pelo governo. Naquele país, a população ganhou um prazo para solicitar que não sejam divulgadas imagens de suas casas nesse mapeamento. Até agosto, mais de 10 mil alemães haviam preenchido o pedido de

privacidade. "O Google adotou uma medida equilibrada ao adaptar o serviço à legislação local por medida de segurança," disse Loschiavo Legislação nacional – No ordenamento jurídico brasileiro, tanto a Constituição Federal (no artigo 5º) como o Código Civil de 2002 asseguram o direito à privacidade, dispondo que o uso da imagem de uma pessoa poderá ser proibida por sua vontade, cabendo indenização nos casos de ofensa à honra ou quando as imagens são utilizadas para fins comerciais. "Como se vê, na nossa legislação, há um arcabouço genérico sobre privacidade e acredito que o Google levará isso em conta", afirma o sócio do escritório Ópice Blum Advogados e professor de Direito no Mackenzie, Rony Vainzof. Na versão brasileira, o Google também inseriu uma ferramenta que permite aos usuários relatarem eventuais problemas enfrentados com a exposição das fotos e pedirem a retirada de imagens de rostos, casas e carros. Agora, resta esperar a reação dos brasileiros com esse Big Brother. (SP)


2 -.ECONOMIA

DIÁRIO DO COMÉRCIO

COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

e Inflação: renda maior e alimentos são ameaças. conomia

3 Greve continua hoje, dia de pagamento das aposentadorias. A recomendação é sacar recursos no caixa eletrônico ou procurar agência aberta. Lucas Lacaz Ruiz/ AE

Relatório do Banco Central prevê cenário bom no longo prazo, mas riscos no curto.

A

pesar de o Banco Central (BC) projetar queda para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até 2012, os técnicos da instituição revelaram ontem que o Comitê de Política Monetária (Copom) reconhece a existência de riscos de elevação da inflação no curto prazo. Um dos motivos é a "reversão do processo de declínio dos preços dos alimentos registrado em meses recentes". O outro é o mercado de trabalho. Há risco de descompasso entre o aumento da renda do trabalhador e a produtividade. Neste ano, a estimativa de inflação medida pelo IPCA é de 5%, segundo o relatório do terceiro trimestre divulgado ontem pelo BC. O indicador está 0,4 ponto percentual abaixo ao do documento anterior de junho. Para 2011, a expectativa dos técnicos da autoridade monetária é de uma inflação de 4,6% pelo mesmo índice. O relatório informa ainda que o IPCA deverá ficar em cerca de 4,4% em 2012. Ou seja, abaixo do centro da meta estabelecida para a inflação de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Na avaliação do BC, foi adotado um cenário de referência projetado pelo mercado financeiro que pressupõe a manutenção do dólar em R$ 1,75 e a meta para a taxa básica de juros (Selic) em 10,75% ao ano. O relatório enfatiza ainda que, do ponto de vista dos riscos domésticos, diminuiu a possibilidade de um descompasso entre o crescimento da absorção doméstica e a capacidade de expansão da oferta graças à postura do BC na sua política monetária. Emprego e renda – O documento, contudo, revela que do lado doméstico um fator de risco importante advém, entre outros, do mercado de trabalho, o "que pode se agravar pela presença, na economia, de mecanismos que favorecem a persistência da inflação". "Na medida em que se dá um determinado aumento real de salário e isso não é acompanhado de aumento de produtividade, ao longo do tempo, passam a existir dois caminhos para ajuste. Ou redução da margem de lucro ou aumento de preços", avalia o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo. Segundo ele, a preocupação

é que o aquecimento no mercado de trabalho passe a obrigar aumentos nominais de salário em níveis que não sejam compatíveis com o crescimento da produtividade e esses sejam repassados aos preços. Crescimento – A autoridade monetária também manteve a perspectiva de crescimento da economia em 2010. A projeção estimada de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 7,3%, idêntica à registrada no relatório divulgado no segundo trimestre.

Marcos Bergamasco/ Folha Imagem

Com a alta real de salário sem aumento de produtividade, há dois caminhos: redução do lucro ou elevação de preços.

Após manifestação na Capital, bancários mantêm greve.

N

CARLOS HAMILTON ARAÚJO, DIRETOR DO BC A projeção incorpora a perspectiva de que o setor externo deverá exercer contribuição anual negativa de 2,6 pontos percentuais no índice, "hipótese consistente com as perspectivas de maior crescimento da economia brasileira, comparativamente aos principais parceiros comerciais do País", registra o relatório. Os técnicos da autoridade

Ascenção nos preços de alimentos preocupa BC

monetária também informaram que a atividade econômica seguiu tendência de expansão, embora menos intensa, no segundo trimestre de 2010 e no início do terceiro trimestre. Outro fator destacado pelo

Ajuste fiscal na berlinda BC considera uso do PAC para acertar contas do governo

O

diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, informou ontem que nos cenários de inflação projetados pelo BC no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem, está se considerando um aumento de aproximadamente 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 em um esforço fiscal do governo, o que, segundo ele, ajuda a conter a inflação. De acordo com Araújo, essa política fiscal mais contracionista está sendo considerada a partir da hipótese de que, neste ano, o governo federal vai efetivamente utilizar a possibilidade de abater da meta fiscal 0,9% do PIB em investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Isso de fato ocorrendo, na opinião do diretor de política econômica, significa que o superávit primário do setor público passaria da casa de 2,4% do PIB em 2010 para o percentual de 3,3% do PIB em 2011. Alinhamento – É importante mencionar

que o Banco Central, apesar de sempre citar em seus documentos a possibilidade de utilização dos abatimentos do PAC, nas entrevistas sobre as contas públicas, a autoridade monetária sempre tratou do cumprimento da meta fiscal de 2010 sem a utilização desse tipo de mecanismo. Essa postura está alinhada à do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Araújo salientou que, do ponto de vista do impacto da política fiscal sobre a demanda agregada, a engenharia financeira que vai fazer com que a capitalização da Petrobras gere uma elevação da ordem de 1% do Produto Interno Bruto no superávit primário não tem impacto. Embora tenha afirmado que o esforço fiscal adicional tem impacto positivo nos preços, o diretor do Banco Central evitou dizer explicitamente que o menor superávit fiscal neste ano exigiu uma ação mais forte por parte do governo. (AE)

Crédito consignado tem alta Operações feitas por aposentados e pensionistas sobem 26,29% em agosto

N

os oito primeiros meses do ano, as operações de crédito consignado com desconto em folha de pagamento, feitas por aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), totalizaram R$ 18,298 bilhões. Em agosto, o montante foi de R$ 2,369 bilhões, 26,29% maior que o de igual mês de 2009 e 2,95% superior ao resultado de julho deste ano. Os números foram anunciados ontem pelo Ministério da Previdência Social. De acordo com as informações divulgadas, em agosto foram registradas 817,23 mil operações, 10,55% a mais que em igual mês do ano passado, quando foram registradas 739,23 mil opera-

relatório, no item nível de atividade da economia brasileira, é que a recuperação dos investimentos "segue evidenciando as perspectivas favoráveis em relação ao crescimento da economia". (ABr)

Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

ções. No mês anterior, foram 809,2 mil operações. Empréstimos – De acordo com os dados do Ministério, foi contabilizado ainda um aumento no volume de empréstimos pessoais e de cartões de crédito para aposentados e pensionistas,

que totalizaram um montante de R$ 2,3 bilhões. Do total de operações com cartão de crédito e de empréstimo pessoal realizadas em agosto, 416,1 mil foram feitas por segurados que recebem renda de até um salário-mínimo.

o segundo dia da greve os bancários fizeram uma pasdos bancários, 24,7% das seata ontem no fim da tarde no agências (4.895 de um total de centro de São Paulo. Na Capi19,8 mil) do País não abriram tal e em Osasco, 645 agências as portas, segundo informou a não abriram e 28 mil bancários Confederação Nacional dos não trabalharam. Em Campinas e região, 131 Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). A agências aderiram à paralisaquantidade de unidades que ção nacional. Ao todo, 3.387 aderiu à paralisação foi 26% bancários pararam de trabasuperior ao primeiro dia, lhar nas agências. O sindicato quando 3.864 agências não ti- da região representa 10.585 funcionários na ativa em 649 veram expediente. Além das agências, a maior agências (253 delas em Campiparte dos centros administrati- nas) de 37 cidades da região. Em Ribeirão Preto a adesão vos também não está operando, a Contraf-CUT, no entanto, ainda é pequena, mas "a tennão sabe dizer quantos estão dência é crescer", de acordo c o m o p r e s iparados. dente do SindiOs bancários cato dos Bancruzaram os cários de Ribeibraços com o rão Preto e Reintuito de congião, Arnaldo seguir reajuste Benedetti. "O salarial de 11%. por cento das interior segue A Federação agências, de um total a paralisação, Nacional dos Bancos (Fenade 19,8 mil em todo o d e p e n d e n d o da movimenban), no entanPaís, não abriram as tação das capito, oferece como reajuste a portas no segundo dia tais", disse o sindicalista. re p o s i ç ã o d a da paralisação da Ele espera, inflação, ou secategoria. ainda, uma auja, 4,29%. torização judiR e p r e s e ncial, já solicitatantes da Fenaban afirmam estar preocupa- da, para considerar a greve ledos com a continuidade da pa- gal na cidade e na região para ralisação hoje, dia de paga- intensificar o movimento. No mento das aposentadorias. Os primeiro dia de greve, pelo sindicalistas retrucam argu- menos cinco agências da Caixa mentando que "se os banquei- Econômica (CEF) fecharam ou ros estivessem preocupados, funcionaram parcialmente. negociariam um reajuste coe- Ontem, outras instituições não rente". A recomendação para operaram. O sindicato abranos aposentados é sacar os re- ge 38 municípios, com cerca de cursos no caixa eletrônico ou 5 mil bancários. Só na cidade de Ribeirão Preto há cerca de 2 procurar uma agência aberta. Para pressionar a Fenaban, mil funcionários. (AE)

24,7


DIÁRIO DO COMÉRCIO

4

e

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Espero que a progressão (na arrecadação) se transforme em investimento, e não despesas do governo. Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp

conomia

Vanderlei Almeida/AFP

Dólar cai e chega a patamar pré-crise Moeda atingiu a cotação de R$ 1,692 na sessão de ontem, menor valor desde a quebra do Lehman Brothers. Ivonaldo Alexandre/AE

Presidente do BC criticou as medidas de estímulo adotadas pelo governo norteamericano. Para ele, essas iniciativas podem desequilibrar outras economias.

3,7 por cento foi a queda registrada pela moeda norteamericana no mês de setembro. No ano, o recuo já atinge 2,9%.

poderia "acentuar a liquidez e o excesso de ingressos (globais)", afirmou Meirelles à Reuters Insider TV. "Nós não podemos simples-

Empresa transferiu quase R$ 7 bi à União por cessão onerosa

Governo deve deter 49% da Petrobras Percentual, que não considera o lote suplementar de ações, supera valor anunciado anteriormente.

A mente permitir que as nossas economias sejam desequilibradas enquanto permitimos que outras economias sejam equilibradas", afirmou. Meirelles defendeu que as reuniões do G20 em outubro e novembro deveriam abordar a questão, pois os desequilíbrios estariam impedindo que a economia mundial tenha um desempenho no "nível ótimo". "Nós poderíamos concordar em um conjunto de ações em que todo país leve em consideração o que os outros países estão fazendo", afirmou. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse na segundafeira que o mundo vive atualmente uma "guerra cambial", em que os governos manipulam as taxas de câmbio para

melhorar a competitividade de suas exportações. Ta xa ção – A possibilidade de que o governo federal aumente a taxação sobre o capital estrangeiro em ações e renda fixa foi apontada pelo mercado nos últimos dias como um fator que acelerou a entrada de capitais no País, em um movimento de antecipação. Flavia Cattan-Naslausky, analista do RBS Securities, é cética sobre o uso de mecanismos heterodoxos. "É difícil pensar que Dilma (Rousseff, se eleita) elevaria o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) como primeira política de seu novo governo e perderia a confiança inicial do que provavelmente será uma agenda pragmática", avaliou. (Agências)

Euclides Oltramari Jr./AE

www.santesso.com.br Tel.: (11) 3826-2944

O

RIZAD

R AUTO

IBUIDO

DC

DISTR

Rua Conselheiro Brotero, 171/179 - São Paulo/SP

Cifra foi alcançado 38 dias antes da data observada no ano passado

Impostômetro atinge R$ 900 bilhões Adriana David

A

governo. O percentual é exatamente de 64,25%, de acordo com o comunicado sobre a liquidação da oferta, datado de ontem e enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta madrugada. Após a oferta, sem considerar o lote suplementar, a União teria fatia de 54,18% das ações ordinárias; o BNDESPar, 2,35%; o BNDES ficaria com 3,05% e o Fundo Soberano, com 4,67%. Hoje, a fatia do governo nas ações ON da Petrobras é de 57,5%. Desembolso – A Petrobras transferiu R$ 6,99 bilhões em dinheiro para a União a fim de completar o pagamento das reservas de petróleo repassadas à companhia, a chamada cessão onerosa. Isso foi feito porque os R$ 67,8 bilhões em títulos públicos recebidos na capitalização foram insuficientes para atingir o valor acordado com o governo, de R$ 74,8 bilhões pelas áreas. Do total de R$ 115 bilhões captados na oferta primária pública de ações da Petrobras, R$ 67,8 bilhões foram recebidos em forma de letras financeiras do Tesouro (LFTs), informou ontem a estatal em um comunicado. O total arrecadado não inclui o lote suplementar, avaliado em cerca de R$ 5 bilhões, que poderá ou não ser exercido – elevando o valor da operação para R$ 120 bilhões. (Agências)

Créditos da NFP são liberados hoje Silvia Pimentel

C

onsumidores paulistas que pediram a inclusão do CPF ou CNPJ no cupom fiscal das compras feitas no primeiro semestre deste ano terão os créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) liberados a partir de hoje. O valor poderá ser usado por pessoas físicas para o abatimento do Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) de 2011 até 31 de outubro, sem limite de quantia. Para isso, é preciso acessar o site da Nota Fiscal Paulista (www.nfp.fazenda .s p.g ov.br ), inserir o CPF, selecionar a opção "desconto IPVA" e indicar o Renavam do veículo. O carro não precisa estar no nome da pessoa que detém o crédito. Depósito – Além de utilizar os valores para o desconto no IPVA, os consumidores

podem solicitar que o dinheiro seja depositado em conta-corrente ou poupança. Nesse caso, ele terá de ser superior a R$ 25, e a transferência deverá ser feita na conta cadastrada no site da Nota Fiscal Paulista. É necessário informar os dados da conta e valor do depósito – o dinheiro estará disponível em até dez dias úteis. Outra opção é doar o valor a entidades de Assistência Social e de Saúde cadastradas no site da Nota Fiscal Paulista. Para isso é preciso informar o CNPJ da entidade que se deseja beneficiar. A Nota Fiscal Paulista foi criada há três anos e faz parte do Programa de Estímulo à Cidadania Fiscal do governo estadual. Os consumidores que solicitam o documento fiscal e informam o CPF ou CNPJ recebem até 30% do ICMS recolhido pelo estabelecimento comercial, proporcional ao valor da nota.

DC

arrecadação tributária de todo o País em 2010 somou R$ 900 bilhões ontem. A cifra pode ser visualizada no Impostômetro, painel eletrônico que mostra toda a receita desde o primeiro dia do ano e está instalada na frente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), no centro da capital paulista. Por meio da ferramenta, é possível acompanhar em tempor real o valor arrecadado pelos governos federal, estaduais e municipais. De acordo com o Instituto Brasileiro de P l a n e j a m e n t o Tr i b u t á r i o (IBPT), que alimenta o painel com os dados dos fiscos, o valor foi alcançado ontem por volta das 11h30 – portanto, com 38 dias de antecedência em relação ao ano passado, quando a marca foi atingida em 7 de novembro. Em 2008, o montante foi alcançado apenas no dia 9 de novembro. De acordo com o presidente

do IBPT, João Eloi Olenike, até o momento os números apontam uma previsão da arrecadação para 2010 de R$ 1,27 trilhão. "Serão quase R$ 180 bilhões a mais em relação ao ano passado", afirmou. "Confirmando todas as expectativas, a arrecadação que está sendo registrada pelo nosso Impostômetro bate outro recorde 38 dias antes do previsto. Eu espero que essa progressão se transforme muito mais em investimento do que em despesas do governo", disse Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). O Impostômetro também pode ser visualizado pela internet, na página www.impostometro.com.br. No site, há ainda a receita tributária por municípios, estados, por diferentes períodos – como segundo, minuto, hora. Além disso, os internautas podem acessar informações sobre o que se pode fazer com o valor arrecadado.

participação do governo federal na Petrobras pode subir dos atuais 39,8% para 49% do capital social, conforme dados divulgados pela empresa após a liquidação da megaoferta de ações e considerando a quantidade de papéis já subscritos. As informações não levam em conta o lote suplementar, que pode ser exercido até 25 de outubro. O montante inclui as ações da União, que passaria a ter 31,6% do capital social; do BNDES Participações (BNDESPar), que teria 11,8%; do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com 1,7%; e do Fundo Soberano, com 3,9%. Na terça-feira, a Petrobras já havia informado aos acionistas estrangeiros sobre o aumento da participação do governo ao final da capitalização. Porém, no comunicado feito à Securities Exchange Comission (SEC), reguladora do mercado de capitais norteamericano, a fatia sobre o capital votante estava um pouco menor, em 48%. Esse percentual também havia sido anunciado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante a cerimônia da megaoferta, realizada na BM&FBovespa, em São Paulo, na sexta-feira passada. Os acionistas estrangeiros também foram informados de que 64% do capital votante ficaria nas mãos do

11

3833-9849 / 3836-6073

Pneus novos Rodas originais DC

O

dólar deslizou abaixo de R$ 1,70 ontem, terminando setembro em um patamar inédito desde o agravamento da crise global, há dois anos, com a quebra do banco Lehman Brothers. A moeda norte-americana caiu 0,76% na sessão, para R$ 1,692 – menor cotação de fechamento desde o início de setembro de 2008. No mês, o dólar acumulou baixa de 3,7%. No ano, a queda é de 2,9%. A valorização do real acompanha o movimento recente de outras moedas no exterior, diante da expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) tenha que anunciar novas medidas de estímulo à economia. A rotina de intervenção do governo continuou, com dois leilões de compra de dólares pelo Banco Central (BC), apesar da expectativa no mercado por medidas adicionais caso a moeda norte-americana caísse abaixo de R$ 1,70. Estímulo – "Medidas de estímulo adicionais nos Estados Unidos irão intensificar a entrada de capital que muitas economias emergentes já tentam controlar", disse ontem o presidente do BC, Henrique Meirelles. Embora seja benéfica para a economia norte-americana, a segunda rodada de estímulos sendo considerada pelo Fed

Rodas esportivas www.saradaopneuserodas.com.br Av. Mateo Bei, 240 São Paulo/SP - Fone: 11 2919 4539

Av. Conselheiro Carrão, 1.147 São Paulo/SP - Fone: 11 2594 1626

Rua Clemente Álvares, 322 - Lapa - São Paulo (Estacionamento Grátis no nº 336)


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

e

5 O indicador de capacidade instalada está em um patamar confortável. Aloísio Campelo, coordenador da FGV

conomia

Produção industrial em ritmo acelerado

Itaú Unibanco e TIM fecham parceria

D

Elevação do otimismo dos empresários está relacionada à alta da confiança do consumidor

O

Epitácio Pessoa/AE

s empresários da indústria brasileira preveem que a produção deve aumentar seu ritmo até o fim do ano. A informação faz parte da Sondagem da Indústria de Transformação, elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e divulgada ontem. O indicador de produção prevista atingiu 136,6 pontos em setembro – o maior nível desde de março deste ano (137,2 pontos). Em setembro, do total de empresários consultados na sondagem, 49,3% preveem que a produção deve aumentar nos últimos meses do ano. De acordo com o coordenador do índice, Aloísio Campelo, como o dado é calculado de forma dessazonalizada, esse aumento da produção não pode ser relacionado com o período de festas. "Não é uma questão de produção de fim de ano, porque fazemos o ajuste sazonal. Trata-se do fortalecimento do indicador mesmo." A sondagem indica que o resultado de setembro está acima da média da produção prevista nos últimos dez anos (123,4 pontos). É o segundo mês consecutivo de crescimento do indicador, que está 7,5 pontos abaixo do recorde histórico de produção prevista de 144,1 pontos, registrado em dezembro de 2009. Retomada – Campelo destacou que a indústria desacelerou no segundo trimestre deste ano, com o fim dos incentivos fiscais, embora tenha se mantido em um patamar elevado. Porém, na sondagem do mês passado, já é possível ver que a indústria mostra tendência de aceleração para os próximos meses, puxada principalmente pelos segmentos de material de transporte (veículos), mecânica (linha branca e bens de capital), química (farmacêuticos) e matérias plásticas (material de construção).

De acordo com ele, embora o contra 84,9% em agosto. Emcrescimento esteja relacionado bora acima da média histórica a duráveis, é possível prever (83,1%), o Nuci é estável há seis que materiais de construção meses. O resultado mais forte também terão aceleração no foi o de junho, de 85,5%. Em jufim de ano, quando termina o nho de 2008, o indicador cheprazo de vigência de benefí- gou a 86,7% "O Nuci de setembro está em cios fiscais paum patamar ra o setor. co nf or táv el ", Para o coordisse Campedenador da lo, ressaltando sondagem, os A demanda está que a demand a d o s s o b re voltando ao normal da está forte. inadimplência e a confiança do De agosto da pessoa físip a r a s e t e mca divulgados consumidor vem bro, o Nuci pelo Banco subindo dos bens duráCentral indisistematicamente. veis de consucam que o conALOÍSIO CAMPELO, mo subiu de sumidor vem DA FGV 89,9% para diminuindo o 90,2%, bem seu nível de acima da méendividamento desde março – o que favore- dia história de 81,6%. Já o de ce o segmento de bens durá- materiais de construção caiu veis. "A demanda está voltan- de 91% para 89,6%. Os demais segmentos (não do ao normal e a confiança do consumidor vem subindo sis- duráveis de consumo, bens de capital e bens intermediários) tematicamente", disse. Nuci – O Nível de Utilização mantiveram estabilidade, com da Capacidade Instalada (Nu- 81,2%, 84,1% e 86,6%, respectici) ficou em 85% em setembro, vamente. (AE)

Visa faz aliança para compras nos EUA

Justiça cassa liminar de edital dos Correios

A

Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) derrubou a liminar que impedia as licitações das lojas franqueadas em todo o País. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, cassou ontem a liminar que obrigava a empresa a republicar os editais de licitação de lojas franqueadas em todo o País com a inclusão dos serviços que a estatal se comprometeu a fazer só depois da assinatura dos contratos. A decisão havia sido concedida pela 4ª Vara da Justiça Federal de Brasília, em uma ação movida pela Associação Brasileira de Franquias Postais (Abrapost), que exigia a republicação dos editais. Para o juiz Rodrigo Navarro de Oliveira, "a possível alteração no objeto dos produtos e serviços constantes do anexo do edital do certame em que se busca selecionar empresas interessadas em serem franqueadas dos Correios está prevista no próprio edital no subitem 2.1.3, bem como na minuta do futuro contrato a ser celebrado". Com a decisão do TRF, a ECT pode retomar as licitações em todos os estados da Federação, com exceção do Rio de Janeiro, onde uma liminar ainda suspende o processo. (AE)

operadora de cartões de crédito Visa anunciou ontem uma parceria com a SkyBOX, fornecedora de soluções para comércio eletrônico internacional, para facilitar as compras em lojas virtuais dos Estados Unidos por consumidores da América Latina. Pelo acordo, quem tiver um cartão da Visa e morar no Brasil (ou outro país latino-americano) pode realizar compras online nas lojas norte-americanas e ter o pedido enviado para uma caixa postal nos EUA. O usuário entra no site da SkyBOX e cria uma caixa postal (equivalente a um endereço físico naquele país). Completado o registro, o consumidor receberá um e-mail com o número de sua caixa postal e senha, para iniciar as compras. Com isso, paga a mesma taxa de envio que os norte-americanos. A Visa estima uma economia de 20% nas despesas de transporte. A SkyBOX cuidará dos trâmites burocráticos para o envio do produto ao Brasil, como os procedimentos com a alfândega e o pagamento de impostos. Um estudo revelou que o comércio eletrônico cresceu 170% entre 2007 e 2009 no País, atingindo US$ 13,23 bilhões em 2009. (AE)

ando continuidade à estratégia dos bancos de ampliar seus parceiros para além do setor financeiro, o Itaú Unibanco assinou acordo com a TIM para oferecer cartões exclusivos para os clientes da operadora de telefonia celular. Com os cartões, TIM e Itaú poderão explorar sinergias entre produtos financeiros e serviços de telefonia. As companhias, porém, ainda não anunciaram quais poderiam ser essas vantagens para os clientes. De acordo com a assessoria de imprensa da TIM, o acordo foi fechado ontem e o projeto de colaboração entre as duas será desenvolvido a partir dele. Segundo as informações, as empresas esperam lançar o primeiro produto nos próximos meses. Os clientes TIM poderão optar pelo cartão Itaucard nas bandeiras Visa ou Mastercard. Oi – O Banco do Brasil anunciou na terça-feira parceria com a Oi para emissão de uma bandeira conjunta de cartão de crédito, que deve entrar em circulação daqui a seis meses. O novo plásstico deverá ser credenciado em uma plataforma criada pela operadora em parceria com a Cielo, preferencialmente via celular. Ele será oferecido à base de clientes da Oi, que soma 60 milhões de pessoas, considerando usuários de celular, banda larga e telefone fixo. As empresas destacam que emissores de outros cartões e também outras operadoras de celular poderão utilizar a plataforma. (Folhapress)

Segundo a FGV, o segmento de materiais de construção deverá apresentar aceleração no final do ano.

A

Auto Posto Partida Ltda, torna público que recebeu da Cetesb a Licença de Operação 31004942 válida até 06/02/2014 para ativ.de com. de prod. deriv. de petróleo, sito à Av. Oratório - 559 - Jardim Angela -São Paulo -SP. PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE - FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE PREGÃO ELETRÔNICO FMS Nº 073/2010 - PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 2529/2010 - Faço público, de ordem do Senhor Secretário Municipal de Saúde, que se encontra aberto o Pregão Eletrônico nº 073/2010, tendo como objeto o registro de preço de produtos para uso odontológico, conforme descrição, especificações e quantidades constantes nos Anexos II e V. O Edital na íntegra poderá ser obtido nos sites: www.bb.com.br e www.saocarlos.sp.gov.br, opção Licitações. O recebimento e a abertura das propostas dar-se-ão até às 8:00 horas do dia 15 de outubro de 2010 e o início da sessão de disputa de preços será às 10:00 horas do dia 15 de outubro de 2010. Maiores informações pelo telefone (16) 3362-1350. São Carlos, 30 de setembro de 2010. Jose Eduardo Simões Martinez - Pregoeiro.

Softinvest Part. e Administração S.A. CNPJ/MF n. 07.865.318/0001-84 – NIRE n. 35.300.328.990 – Assembléia Geral Extraordinária Edital de Convocação Ficam os Senhores Acionistas da SoftInvest Participações e Administração S.A. convocados a reunirem-se em Assembléia Geral Extraordinária, a ser realizada no dia 8 de outubro de 2010, às 11:00 horas, na sede social localizada na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, n. 1.830, 12º andar, Torre I, Sala 4, Bairro Itaim, na Capital do Estado de São Paulo, CEP 04543-900, a fim de discutir e deliberar sobre a seguinte ordem do dia: (I) Redução de capital social da Companhia para absorção de prejuízos, nos termos do artigo 173 da Lei n. 6.404/76; e (II) demais assuntos de interesse da sociedade. São Paulo, 30 de setembro de 2010.Jair Ribeiro da Silva Neto - Presidente do Conselho de Administração. 30/09 e 01,02/10/10

Braxis Tecnologia da Informação S.A. CNPJ/MF n. 07.837.195/0001-78 – NIRE 35.300.328.299 – Assembléia Geral Extraordinária Edital de Convocação Ficam os Senhores Acionistas da Braxis Tecnologia da Informação S.A. convocados a reunirem-se em Assembléia Geral Extraordinária, a ser realizada no dia 8 de outubro de 2010, às 10:00 horas, na sede social localizada na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, n. 1.830, Pavimento 3, Bloco III, Bairro Itaim Bibi, CEP 04543-900, na Capital do Estado de São Paulo, a fim de discutir e deliberar sobre a seguinte ordem do dia: (I) Redução de capital social da Companhia para absorção de prejuízos, nos termos do artigo 173 da Lei n. 6.404/76; e (II) demais assuntos de interesse da sociedade. São Paulo, 30 de setembro de 2010. Jair Ribeiro da Silva Neto - Presidente do Conselho de Administração. 30/09 e 01,02/10/10

Braxis Tecnologia da Informação S.A. CNPJ/MF n. 07.837.195/0001-78 – NIRE 35.300.328.299 Assembléia Geral Extraordinária Edital de Convocação Ficamos Senhores Acionistas daBraxis TecnologiadaInformaçãoS.A.convocados a reunirem-seemAssembléiaGeralExtraordinária, a ser realizada no dia 7 de outubro de 2010, às 10:00 horas, na sede social localizada na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, n. 1.830, Pavimento 3, Bloco III, Bairro Itaim Bibi, CEP 04543-900, na Capital do Estado de São Paulo, a fim de discutir e deliberar sobre a seguinte ordem do dia: (I) Eleição de novos membros do Conselho de Administração da sociedade; e (II) demais assuntos de interesse da sociedade.São Paulo, 29 de setembro de 2010.Jair Ribeiro da Silva Neto -Presidente do Conselho de Administração.

29,30/09 e 01/10/10

REMAPAR – PARTICIPAÇÕES S.A. - CNPJ/MF nº 04.908.407/0001-72 - NIRE nº 35.300.189.647 ATA DE ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA Em 20 de setembro de 2010, às 10 horas, na sede social da empresa, localizada à Alameda Rio Negro nº 1.030, 16º Andar, Conjunto 1601, Sala B, Torre Comercial, Alphaville, Barueri/SP, CEP: 06454-000. Quorum: Acionistas representando 100% (cem por cento) do capital social. Composição da Mesa: Mauro Piccolotto Dottori – Presidente; Regina Helena Gerace Dottori – Secretária. Publicações: Dispensada a publicação do anúncio e dos documentos do artigo 133 da Lei 6.404/76, tendo em vista a presença de 100% (cem por cento) dos acionistas. Ordem do Dia: (1º) Aprovar a redução de capital da sociedade de R$ 706.000,00 para R$ 51.000,00, com redução de 655.000 ações, no valor de R$ 655.000,00 (seiscentos e cinquenta e cinco mil reais) restituídos aos acionistas Mauro Piccolotto Dottori e Regina Helena Gerace Dottori. (2º) Alterar a redação do artigo 5º do Estatuto social que passa a vigorar com a seguinte redação: “Artigo 5º: O capital social é de R$ 51.000,00 (cinquenta e um mil reais), divididos em 51.000,00 (cinquenta e uma mil) ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal, emitidas ao preço unitário de R$ 1,00 (um real) cada uma, subscritas e totalmente integralizadas pelos acionistas. Parágrafo Primeiro: A cada ação ordinária corresponderá um voto nas deliberações das assembleias. Parágrafo Segundo: Nenhum acionista poderá penhorar, onerar ou oferecer em garantia a totalidade ou parte das ações.” (3º) Aprovar a publicação da ata, em forma de sumário. Deliberações: Postos em discussão e votação, foi aprovado por unanimidade, sem reservas e restrições, o acima proposto, nos termos da ordem do dia. Assinaturas dos acionistas: Mauro Piccolotto Dottori; Regina Helena Gerace Dottori.

Bradesco Leasing S.A. - Arrendamento Mercantil CNPJ no 47.509.120/0001-82 - NIRE 35.300.151.381 Ata da Reunião Extraordinária no 48, do Conselho de Administração, realizada em 6.9.2010 Aos 6 dias do mês de setembro de 2010, às 14h45, na sede social, Cidade de Deus, Prédio Prata, 2o andar, Vila Yara, Osasco, SP, reuniram-se os membros do Conselho de Administração sob a presidência do senhor Lázaro de Mello Brandão. Durante a reunião, os Conselheiros deliberaram registrar o pedido de renúncia ao cargo de membro deste Conselho, formulado pelo senhor Márcio Artur Laurelli Cypriano, em carta desta data, cuja transcrição foi dispensada, a qual será levada a registro juntamente com esta Ata, consignando-se, nesta oportunidade, agradecimentos pelos serviços prestados durante sua gestão. Nada mais foi tratado, encerrando-se a reunião e lavrandose esta Ata que os Conselheiros presentes assinam. aa) Lázaro de Mello Brandão, Antônio Bornia, Mário da Silveira Teixeira Júnior, Luiz Carlos Trabuco Cappi e Carlos Alberto Rodrigues Guilherme. Declaramos para os devidos fins que a presente é cópia fiel da Ata lavrada no livro próprio e que são autênticas, no mesmo livro, as assinaturas nele apostas. Bradesco Leasing S.A. Arrendamento Mercantil. aa) Arnaldo Alves Vieira e Sérgio Socha. Certidão: Secretaria da Fazenda - Junta Comercial do Estado de São Paulo - Certifico o registro sob número 345.931/105, em 22.9.2010. a) Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária Geral.

Banco Bradesco S.A. CNPJ no 60.746.948/0001-12 - NIRE 35.300.027.795 Extrato da Ata da Reunião Extraordinária no 1.677, do Conselho de Administração, realizada em 6.9.2010

FALÊNCIA, RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL Conforme informação da Distribuição Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, foram ajuizados no dia 30 de setembro de 2010, na Comarca da Capital, os seguintes pedidos de falência, recuperação extrajudicial e recuperação judicial Requerente: Golden Distribuidora Ltda. - Requerido: Dupel Comércio de Papéis e Bobinas Ltda. - Rua João Antonio de Oliveira, 1.053, cj. 4 - 2ª Vara de Falências

7UDGLomR

em

3XEOLFLGDGH /HJDO

2 -RUQDO GR (PSUHHQGHGRU

Aos 6 dias do mês de setembro de 2010, às 14h30, na sede social, Cidade de Deus, 4o andar do Prédio Vermelho, Vila Yara, Osasco, SP, reuniram-se os membros do Conselho de Administração sob a presidência do senhor Lázaro de Mello Brandão. Durante a reunião, os Conselheiros: 1. deliberaram registrar o pedido de renúncia formulado pelo senhor Márcio Artur Laurelli Cypriano, ao cargo de Membro do Conselho de Administração e do Comitê de Remuneração, em carta desta data, cuja transcrição foi dispensada, a qual será levada a registro juntamente com esta Ata, consignando-se, nesta oportunidade, agradecimentos pelos serviços prestados durante sua gestão; 2. ................................................................................ ................................................................................................................. Nada mais foi tratado, encerrando-se a reunião e lavrando-se esta Ata, que os Conselheiros presentes assinam. aa) Lázaro de Mello Brandão, Antônio Bornia, Mário da Silveira Teixeira Júnior, João Aguiar Alvarez, Denise Aguiar Alvarez, Luiz Carlos Trabuco Cappi e Carlos Alberto Rodrigues Guilherme. Declaramos que a presente é cópia fiel de trecho da Ata da Reunião Extraordinária n o 1.677, do Conselho de Administração realizada em 6 de setembro de 2010, lavrada em livro próprio. Banco Bradesco S.A. aa) Domingos Figueiredo de Abreu e Antonio José da Barbara. Certidão: Secretaria da Fazenda - Junta Comercial do Estado de São Paulo Certifico o registro sob número 347.673/10-7, em 24.9.2010. a) Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária Geral.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

6

e

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estabeleceu prazos máximos de atendimento aos clientes de planos de saúde que variam de três a 21 dias.

conomia

Fotos: Divulgação

LAR DOCE LAR NIELY GOLD: 'vai de Angélica' como porta-voz.

BLOND ANGEL om o tema "Liberdade Niely Gold. Você é livre para escolher o melhor jeito de cuidar dos seus cabelos", a Artplan criou uma nova ação da marca voltada à linha de tratamento capilar da Niely Cosméticos. A apresentadora Angélica, com cabelos loiríssimos e sedosos, é a porta-voz da campanha.

C

MCLANCHE FELIZ: surpresinhas Hanna-Barbera.

PELO PLANETA ersonagens que marcaram gerações – "Tom & Jerry", "Scooby-Doo" e os "Flintstones" – são as novas surpresas do McLanche Feliz para o mês das crianças. A turma animada de Hanna-Barbera chega para divertir e também transmitir dicas positivas aos pequenos sobre como proteger o meio ambiente. Para apresentar as novidades, a Taterka produziu filmes com versões para Brasil e América Latina, material de ponto de venda, além de peças para mídia online. Com a assinatura "Juntos pelo Planeta", a nova campanha estreiou ontem.

P

A

publicidade nunca esteve tão aquecida na oferta de itens para o lar e imóveis quanto na era Lula, especialmente porque, nos últimos oito anos, mais que duplicaram, quadruplicaram – em alguns casos quintuplicaram – as ofertas de crédito para aquisição da sonhada casa própria ou as desejadas e temidas reformas estimuladas pelo cartão Construcard, da Caixa Econômica Federal (CEF). É que os andares de baixo, varridos para debaixo do tapete na era Fernando Henrique Cardoso, começaram a ascender na escala social. Tanto que pesquisa Ibope, realizada nas duas primeiras semanas de setembro e que acaba de sair do forno, revela que foi a cidade de São Paulo a que mais se beneficiou do novo cenário. Atualmente, a Capital detém 11% do total de móveis; artigos para decoração; utensílios domésticos e de cama, mesa e banho consumidos no País. São Paulo é seguida por Rio de Janeiro (5,5%), Salvador (2,5%), Belo Horizonte (2,3%) e Curitiba (2%). Segundo o Ibope, o paulistano gasta, em média, R$ 406 por ano com essa categoria de produtos, quase o dobro da média nacional (R$ 236). O dispêndio médio no Estado de São Paulo, que responde por 30% do consumo brasileiro, é de R$ 288. O estudo revela ainda que esse mercado movimenta R$ 37,7 bilhões anualmente no Brasil. As classes B e C, as principais beneficiárias das políticas da era Lula, são responsáveis por 74% dos gastos,

enquanto a A responde por 19% e os nichos D e E, que antes eram apenas um triste traço nas estatísticas, por 7%. Com isso, indústria e varejo do segmento voltado para o "lar, doce lar" investiram mais em publicidade, beneficiando inclusive os pequenos estabelecimentos. Trata-se daqueles comércios de rua que nos fazem sentir bem nos bairros, pela facilidade e comodidade e que foram estimulados a ampliar a oferta de artigos para casa. Na outra ponta, os grandes centros de materiais para casa e decoração ampliaram as opções de produtos e

também de oferta, em uma competição mais acirrada entre Casa & Construção (C&C), Leroy Merlin, DiCico. O movimento levou inclusive grandes hipermercados como Extra e Carrefour a ampliarem as áreas destinadas até para tintas, espelhos de parede, móveis e artigos de decoração. O segmento de pisos, especialmente laminados de madeira, retribui o aumento de vendas qualificando profissionais de colocação, hoje disputados no mercado antes quase inexistente. Vender o lar, doce lar foi a tábua de salvação de muitas agências, especialmente das médias que dominavam o filão agora disputado pelas grandes. Essa transformação em realidade do sonho da casa própria também deu gás ao mercado de seguro residencial, tanto que este mês a Bradesco Seguros e Previdência começou a vender seguro para moradores do Morro Dona Marta, uma das favelas da Zona Sul do Rio, inclusive para barracos, que começam a ganhar alvenaria para abrigar os itens comprados para casa. O lar, doce lar da gente humilde, virou bom negócio para o varejo e até as gigantes do setor financeiro. Envie informações para essa coluna para o e-mail: carlosfranco@revista publicitta. com.br

v/ SXC

Svilen Mile

Preço de genéricos varia até 524% Fundação Procon-SP constata diferença de quase seis vezes nos valores de acordo com o estabelecimento

Novos prazos para planos de saúde

A

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estabeleceu prazos máximos de atendimento aos clientes de planos de saúde que variam de três a 21 dias. As operadoras terão, por exemplo, sete dias para providenciar atendimento odontológico e básico (pediatria, clínica médica, cirurgia geral, ginecologia, cardiologia, ortopedia e traumatologia).

• Licenciamento e Transferência de Veículos • Veículos novos, emplacados na concessionária • Financiamento de débitos • Certidões em geral • Renovação de CNH • Seguro de automóvel • Planos de Saúde • Seguros empresariais • Seguros residenciais

sentar um plano alternativo, caso aleguem falta de condições para cumprir os prazos. A ANS tomou a medida após pesquisar prazos adotados e considerados razoáveis pela maioria dos planos. Foram ouvidas 840 operadoras, 72,3% do total.Os prazos serão oficializados em uma Instrução Normativa a ser publicada na semana que vem. (ABr)

AFA Assessoria Empresarial

JOVENS A BORDO montadora francesa Peugeot aposta no HR1 para atrair jovens para a marca. O conceito do modelo mistura gêneros (urbano, cupê e SUV) e pretende seduzir o público apaixonado por design e tecnologias, que busca um veículo semelhante a esse perfil.

A

Fisher-Price anuncia recall Fisher-Price, da Mattel, anunciou ontem o recall do cadeirão para bebês (código H5564) e do brinquedo Ginásio Ocean Wonders ( códigos: C3068 e H8094 – localizados na embalagem e etiqueta afixada no tapete do produto) por oferecerem riscos às crianças. Em comunicado, a companhia informou que, no caso do cadeirão, os encaixes externos localizados nas pernas traseiras – usados para acondicionar a bandeja – "podem causar ferimentos leves, caso algum consumidor venha a esbarrar neles". No Brasil, foram vendidas 954 unidades entre 2005 e 2007. Quanto ao Ginásio Ocean Wonders, foi constatado que a válvula da bola inflável, presa a um dos arcos do produto, corre o risco de se soltar. Para evitar que a peça seja ingerida por alguma criança, a Mattel afirmou ter decidido recolher todos os produtos. Entre 2004 e 2010, foram comercializadas 30.779 unidades do brinquedo no País. "De antemão, os consumidores devem remover imediatamente a bola do produto e deixá-la fora do alcance da criança", comunicou a empresa por meio do documento. Aqueles que tenham algum desses produtos devem ligar para o número 0800-7777273 ou acessar o site de informações da Mattel (www.informacoesmattel.com.br). A companhia informou que os produtos que fazem parte desse recall preventivo e estiverem à venda serão recolhidos das lojas. Ainda segundo a Mattel, não há registro de consumidores que tenham se machucado no cadeirão ou ingerido a peça do Ginásio Ocean Wonders no Brasil.

Assessoria como fim, Informação como meio

Prestamos serviços completos de assessoria:

3826 0088

www.normandieseguros.com.br

• Societária • Contábil • Tributários • Trabalhistas e Recursos Humanos • Certidões • Parcelamentos • Cobranças • Declaração IR Jurídicas e Físicas (Atendimento diferenciado para Profissionais Liberais)

Estúdio Fotográfico - Revelação Digital - Ótica

Telefone: (55 ) 11 2837-3422 / Telefax: (55 ) 11 2233-4866

Rua Bom Pastor, 1.508/1.520 - Ipiranga - São Paulo Tel.: (11) 2915-7399 / 2061-4041

www.yamadanet.com.br

Av. Dr. Francisco Ranieri, 823 - Sala 3 - Lauzane Paulista - São Paulo-SP - CEP 02435-061 DC

Rua Martin Francisco, 228/332 - Sta. Cecília - São Paulo - SP

QUÍMICOS: Marcador Industrial, Pasta Ajuste e Diamantada; CORTE: Bedame, Bits, Serra Circular, Fresa; MANUAL: Lima KF e Diamantada, Retificador; ABRASIVOS: Rebolos, Pedras, Discos e MUITO MAIS.

F. Neves - Assessoria Contábil

ASSCOEX

www.aber turadeempresaecnpj.com.br

Assessoria e Comércio Exterior Ferramentas

www.asscoex.com.br Fone/Fax: (11) 3661-7888

(11) 2215-5422 / 5244 / 5499

www.CASACRUZFERRAMENTAS.com.br DC

PEUGEOT: montadora aposta no modelo HR1.

www.afaassessoria.com.br / E-mail: sac@afaassessoria.com.br

casacruz@casacruzferramentas.com.br

• • • • •

Importação - Exportação - Regimes Especiais Aduaneiros Rua Dr. Albuquerque Lins, 503 - 8º andar - Conjunto 84 - Santa Cecília - São Paulo

DC

Telefone: 11 -

rincesas, Nemo e personagens Disney. É com o licenciamento de personagens que a marca Hydrogen, de produtos de higiene e limpeza infantis, do grupo Hypermarcas, reforça presença nesse segmento no qual a Johnson & Johnson é quase sinônimo de categoria. As embalagens – especialmente de xampus, loções, sabonetes e colônias– ganharam cores mais vivas e personagens que integram o universo da criança, mas é com preço mais competitivo que a empresa espera atrair consumidores. A conferir.

P

DC

Normandie Despachante/Seguro

No caso de consultas a fonoaudiólogo, nutricionista e psicólogo, sessões de fisioterapia e terapia ocupacional e exames de diagnóstico por imagem, o serviço deverá ser prestado em até dez dias. De acordo com a agência, se a operadora desrespeitar as novas regras, correrá o risco de ter o registro suspenso. As empresas, no entanto, poderão apre-

FISGANDO OS BAIXINHOS

A

Procon-SP foi de 100%. A caixa de 30 comprimidos de 40 mg do Propranolol Ayrest foi encontrada a R$ 3,52 e também a R$ 7,04. Com base na pesquisa, o Procon-SP orientou os consumidores a pesquisar os preços em várias farmácias antes de comprar remédios. Sobre os medicamentos de referência, o órgão sugeriu que todos consultem a lista de preços máximos de medicamentos elaborada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ela está disponível no site da agência (http://portal.anvisa.gov.br) ou nas próprias farmácias. (ABr)

DC

O

preço de um remédio genérico pode variar até 524% em farmácias da capital paulista, segundo pesquisa divulgada ontem pela Fundação Procon-SP. O levantamento comparou também o valor de genéricos com medicamentos de referência de mesmo princípio ativo. Em média, os genéricos custam 52,84% menos. Os técnicos do órgão pesquisaram o preço de 52 itens em 15 farmácias de São Paulo entre 1º e 3 de setembro. Eles constataram que alguns genéricos, de mesma marca, podem custar quase seis vezes mais dependendo do estabelecimento nos quais são vendidos. É o caso da caixa de 20 comprimidos de 50 miligramas (mg) do genérico Diclofenaco Sódico, que em uma farmácia na região sul da cidade custa R$ 1,89 e, na norte, R$ 11,79 (veja tabela). A Dipirona Sódica (500 mg) custa entre R$ 0,95 e R$ 3,97 (diferença de 318%). Já os 20 comprimidos de 100 mg de Aminofilina custam entre R$ 0,99 e R$ 3,48 (251,5%); e as 21 cápsulas de 500 mg de Amoxicilina, entre R$ 8,40 e R$ 25,17 (199,6%). Entre os medicamentos de referência, a maior diferença de preço verificada pelo levantamento do

HYDROGEN: Disney em destaque.

Aber tur as de Empr esas Encer r amento e Cancelamento Cer tidões Fiscal RH

Fone/Fax 11 2317-8787 / 3448-8787


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010 Nº 336

7

Adquira ingressos para o 26º Salão do Automóvel pela internet. Acesse, até o próximo dia 17, o site: www.salaodoautomovel.com.br. Compre também no Shopping Iguatemi, na avenida Faria Lima. Antecipados, os ingressos custam mais barato e podem ser pagos de diversas formas. Mas, na hora de ir ao Salão, use uma única forma: metrô e depois ônibus, este gratuito, saindo da estação Tietê a cada 15 minutos.

DCARR NOVA CHEVROLET MONTANA

A picape que chega com DNA forte Seu "irmão mais velho" da Família Viva, o Agile, é um campeão de vendas e a nova picape promete seguir seu caminho com elegância, conforto e boas dimensões CHICOLELIS Divulgação

S

e depender do DNA do Agile, seu "irmão mais velho" que, lançado em setembro de 2009, chegou ao final daquele ano entre os cinco carros mais vendidos no mercado, a nova picape Chevrolet Montana, o segundo veículo da Família Viva, que promete outros cinco modelos até 2012, "está feita", como se diz popularmente. Além do DNA do Agile, a nova picape também carrega um nome que teve boa presença no mercado, sendo considerada por muitos uma das melhores em seu segmento: Montana (derivada do Corsa). Para comprovar, a GM mostra números em que o crescimento neste segmento foi de 10% até agora, e que o seu produto cresceu 22% mais que 2009. E a expectativa do sucesso desta Montana é tamanho que a GM vai entrar neste mercado de picapes na Argentina, onde não atuava, mas onde o Agile -que é fabricado lá - também é bom de vendas, obrigando a fábrica a aumentar a produção, já que algumas versões têm fila de espera aqui no Brasil.

Falando em Argentina, lá a GM também vai renovar toda a sua linha em três anos, exatamente como acontecerá aqui quando, ao final de 2012, não teremos mais nenhum dos modelos atuais nas concessionárias da marca Chevrolet. Primeira - No início, as picapes eram resultado de adaptações feitas pelos próprios donos dos automóveis, para atender suas necessidades de transporte de pequenas cargas. Em 1918 surgiu o primeiro veículo desenvolvido especificamente para este fim, criado pela Chevrolet, nos EUA, segundo Gustavo Colossi, diretor de Marketing da GM. E 1957 deu início ao uso de carros de passeio inspirando picapes, formando o triângulo robustez/conforto/baixo custo de manutenção. A Montana derivada do Agile tem algumas das melhores medidas do segmento, segundo Pedro Manuchakian, diretor de Engenharia da montadora. Na caçamba vão 1.100 litros e a sua tampa traseira tem um pequeno desnível na parte superior, visando me-

COMO ANDA

Q

uando chegou em 2003, a picape Chevrolet Montana mexeu com o mercado. Muito bonita e elegante, tinha bom desempenho e estabilidade de um automóvel normal. A chegada da nova Montana, com design mais forte e bruto que a versão anterior, mantém a boa dirigibilidade. Mesmo com motor de 1.4 litro, a antiga tinha a opção do 1.4 e 1.8 litro, a nova Montana não decepciona e é muito agradável de andar. O motor, segundo números do fabricante, produz 102 cv a 6.000 rpm, quando abastecido com álcool, e 97 cv a 6.000 rpm com gasolina. O torque é de 13,5 kgfm a 3.200 rpm com álcool, e 13,2 kgfm a 3.200 rpm, com gasolina. Esses números expressam a velocidade máxima de 170 km/h quando abastecido com álcool e de 168 km/h, com gasolina. A aceleração de 0 a 100 km/h

Derivada do Agile, a nova picape Montana custa a partir de R$ 31.990

lhorar a visibilidade, como atesta Carlos Barba, diretor de Design. O degrau traseiro ajuda no acesso ao veículo. Seus 4,51m de comprimento, 1,70m de largura e 1,58m de altura garantem a ela o posto de a maior da categoria, onde concorrem VW Saveiro, Ford Courier , Fiat Strada e Peugeot Hoogar. Preços - Na sua versão de en-

trada a Montana LS custa R$ 31.990 que, quando acrescentados ar-condicionado, air bag, ABS e outros equipamentos e acessórios, pula para R$ 39.933. A versão Sport, que vem equipada com rodas especiais, faróis com máscara negra, lanternas fumê e outros acessórios, custa R$ 44.040. A expectativa da GM é de vender, inicialmente, 3.500 unidades/ano da nova Montana.

é de 12s1, com álcool e 12s3, com gasolina. São resultados bem agradáveis para uma picape 1.4. A posição de dirigir é bem elevada, o que aumenta a visibilidade e passa a impressão de estar numa picape maior. O banco poderia ter uma opção de uma regulagem mais baixa, para quem não gosta da posição tão alta. Mas mesmo assim, pessoas de maior estatura não correm o risco de bater a cabeça no teto. A ergonomia é muito boa e, bem equipada, responde positivamente mesmo em trechos grandes ou acidentados. Por sinal, o acerto de engenharia para a suspensão da nova Montana surpreende, pois a picape absorve muito bem as irregularidades do solo. Em trechos esburacados, o bom compor tamento não assusta o motorista. Antônio Fraga

SEDAN DE LUXO

Uma Classe C ainda mais eficiente Com injeção direta de gasolina e turbo no lugar do compressor, nova Classe C 1.8 chega custando entre R$ 115 e R$ 175 mil

U

• • • • • •

Suspensão Amortecedores Freios Alinhamento Balanceamento Rodas

Nova injeção direta de combustível, utilizada na Classe C, garante uma economia de combustível de até 15% e 22% menos emissões de poluentes

C180: 156 cv de potência e 25,5 kgfm de torque

C200: 184 cv de potência e 27 kgfm de torque

se C: CGI, Charged Gasoline Injection. O motor 1.8 turbo com injeção direta da Mercedes é o maior responsável pela redução do consumo e das emissões. Segundo a marca, o propulsor promove uma "queima" com maior volume de ar e pode consumir até 15% menos de combustível e 22% em emissões do que um motor a gasolina equipado com injeção convencional. O C180 CGI faz, segundo a montadora, um consumo médio de 14,3 km/l, sendo 10,1 km/l na cidade e 18,5 km/l na estrada. Já o C 200 CGI tem como média 13,8 km/l, sendo

9,9 km/l em trechos urbanos e 18,2 km/l em circuitos rodoviários. Vale lembrar que estas medições não foram feitas no Brasil, mas na Europa, onde a gasolina é outra e não nos foi possível medir este consumo aqui, com o nosso combustível que tem 25% de etanol na sua composição. Fora isso, ele consegue aliar conforto e esportividade. Claro que o Classe C não é um superesportivo, mas oferece respostas ágeis ao pedal do acelerador - de 0 a 100 km/h em 9 segundos, na C 180, e em 8,2 seg. na C 200 -, trabalha muito bem nas curvas, seus freios reagem sem sustos e, mesmo onde o asfalto nos fazia lembrar que estávamos em terras brasileiras, o sistema de amortecimento faz com que condutor e passageiros não sintam de forma brusca as imperfeições do terreno.

Preços - Já que a buraqueira nos trouxe de volta para o Brasil, vamos aos preços que serão cobrados por aqui. O Classe C 180 CGI custa R$ 114.900, tem potência de 156 cv e torque de 25,5 kgfm. Enquanto isso sua versão intermediária, C200 CGI Avantgarde, que utiliza o mesmo motor 1.8, mas com potência de 184 cv e torque de 27 kgfm, custa R$ 149.900. O C 200 CGI chega também na versão Sport, com acabamento AMG - apenas acessórios, sem a preparação do motor - e será vendido por R$ 175 mil. A transmissão utilizada na Classe C CGI é automática sequencial de 5 velocidades. Com a chegada das versões CGI, a montadora anunciou a despedida da C 1 8 0 K o mpressor, equipada com c om pres so r, que tem neste mês de outubro suas últim a s u n i d a- Sistema de aúdio com Bluetooth des sendo comercializadas nas concessionárias da marca por R$ 112.900. Continuam sendo vendidas a C 300 Sport, por R$ 219.300 e a C 63 AMG por U$ 201.900. Anderson Cavalcante DC

ma manhã chuvosa de outubro na região de Ribeirão Preto, interior do Estado, e, acompanhados de vários outros jornalistas e da equipe da Mercedes-Benz do Brasil, saímos para conhecer as recém-chegadas novas versões do sedan Classe C. A saída do hotel aconteceu por volta das 9 horas e sob o olhar curioso dos moradores da bela e grande cidade, logo "caímos" na estrada, deixando a metrópole para trás. A temperatura abaixo dos 20 graus, a ótima condição das rodovias locais e a paisagem que em muitos momentos se misturava com o liso asfalto e com as nuvens carregadas chegavam a nos passar a impressão de que não estávamos no Brasil. O confortável sedan também colaborava para ampliar a sensação. Silencioso, aconchegante, preciso, com uma boa dose de consciência ecológica - ainda mais comum em países europeus - e com um design interno, mais um meticuloso acabamento que facilmente remete à marca germânica. O passeio foi longo e, durante mais de 400 km de ruas e estradas, pudemos conferir as versões C180 CGI e C200 CGI, ambas com o pacote de soluções BlueEfficiency, que garantem ao modelo maior economia de combustível e menor emissão de poluentes. Entre as medidas ecológicas adotadas no modelo estão alterações aerodinâmicas, pneus com menor resistência ao rolamento, direção hidráulica acionada apenas se requisitada (para não dissipar energia), mudanças na relação do diferencial, devido ao maior torque do motor e otimizações no funcionamento e nos materiais do motor. Mas, indo direto ao que interessa, a grande sacada está logo no nome do novo motor da Clas-

PRESTANDO SERVIÇOS AUTOMOTIVOS COM QUALIDADE HÁ TRÊS GERAÇÕES LINHA COMPLETA PIRELLI PARA AUTO PASSEIO, HIGH PERFORMANCE, TUNING, SUV, VAN, PICK-UP; MOTOS STREET, CUSTOM, RACING, SUPERSPORT, ENDURO, OFF-ROAD, SCOOTER E ATV

AUTO

53

SUV

MOTO

ANOS REVENDEDOR OFICIAL

www.casafernandes.net

CAMPO BELO - Avenida Ver. José Diniz, 3.727 - 11 5542-1677

BROOKLIN - Rua Bacaetava, 401 - 11 5533-3233

SANTO AMARO - Avenida João Dias, 1.278 - 11 5641-5011


DIÁRIO DO COMÉRCIO

8

t

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

DOLCE VITA EM CAPRI

urismo

Ruelas elegantes, mirantes de tirar o fôlego, grutas e doses caprichadas de boa vida italiana fazem desta ilha um paraíso

Fotos: Antonella Salem

Sul da Itália: visão do mar a partir do Arco Naturale (à esq.), uma das belas formações rochosas moldadas pelo tempo e o vento. Do mirante (à dir.) na piazzeta de Capri, outra vista maravilhosa, desta vez para a Marina Grande.

Esta é a última reportagem de uma série dedicada a destinos românticos na Itália. Veja mais no www.dcomercio.com.br

Antonella Salem

U

Pela via principal, a Vittorio Emanuele, a sorveteria Buonocore distrai a atenção dos consumistas com seu aroma adocicado no ar. O gelato de limone será o melhor do mundo. Limoeiros, aliás, são abundantes pela ilha, assim como oliveiras e parreiras. A vida é verdadeiramente doce em Capri. Os principais hotéis tem piscina e a programação no verão começará com banho de sol. Se não for numa espreguiçadeira, poderá ser num passeio "al mare". Maravilhoso o dia na Praia Fontellina, que na verdade não tem areia, mas pedra e um mar refrescante e límpido. O acesso é feito a pé pela Via Tragara ou de barco partindo das Marinas Piccola e Grande. Quando a fome bater, o restaurante serve um peixe na grelha e um spaghetti alle vongole dos deuses. Ao mar – Ver Capri pelo mar é uma experiência imperdível. Seja num tour fechado de barco ou num iate só seu, o roteiro deve incluir a passagem no meio das pedras Faraglioni. E, dirá o marinheiro, faça um pedido. O litoral da ilha irá reve-

O dia começa com banho de sol e mar na Fontellina (fotos acima). Depois da praia, burburinho na Piazza Umberto I (acima, à esq.), no coração de Capri; passeio pelas vielas repletas de lojas e parada diante do Hotel Quisisana, onde impera a badalação (fotos ao lado).

lar, ainda, inúmeras grutas. A mais famosa, a Gruta Azul, também pode ser alcançada pela estrada tortuosa que beira os penhascos. O mar deve estar calmo para poder entrar de barquinho e vislumbrar o azul

RAIO X

ma pequena ilha de beleza estonteante, com uma costa pontuada de grutas, vielas charmosas bordadas de lojas elegantes e caminhos secretos que revelam restaurantes deliciosos e mirantes de tirar o fôlego. Capri é assim, divina em tudo. Quem já esteve lá não esquece da deliciosa mussarela de búfala fresca que derrete na boca nem do figo que parece mel ou da visão das imponentes pedras Faraglioni no mar azul turquesa. A chegada? Em 45 minutos de hidrofólio do porto de Nápoles, com desembarque na Marina Grande. De lá, um bondinho antigo ou um despojado táxi conversível levam o visitante para a Piazza Umberto I, no coração da ilha, por onde não circulam carros. Veículos elétricos carregados de malas dos turistas fazem o trajeto até os hotéis. E então muitas tentações entre as ruelas num desfile de marcas – Tod's, Ferragamo, Gucci e por aí vai, mesclando com lojas locais, como moda em linho, sandálias rasteiras feitas à mão e cashmeres produzidos sob encomenda.

Longe do agito, o centro histórico de Anacapri reúne muitas lojinhas de cerâmica e revela o lado mais tranquilo, popular e residencial da ilha.

turquesa marcante, portanto certifique-se de que a gruta esteja aberta antes de ir até lá. Na volta, parada no centro histórico de Anacapri. O oposto da piazzeta de Capri, onde impera a agitação de gente bonita, nesta vila há um gostinho de paz. Muita cerâmica e atmosfera residencial. Observe os pequenos jardins bem-cuidados e não deixe de ir à casa-museu do médico suíço Axel Munthe. Cartão-postal da ilha, Villa San Michele é um lindo refúgio no Mediterrâneo que reúne uma coleção de peças dos mais diversos períodos da história – da antiguidade ao início do século XX, incluindo descobertas arqueológicas e medievais italianas. Pelo jardim, estátuas de mármore e marfim. E a vi-

COMO CHEGAR Pela Alitalia (tel. 2171-7610, www.alitalia.com), o bilhete SP-Roma-SP sai a partir de 1.215,65 euros. Da capital italiana, vale a pena fazer o trecho de trem até Nápoles em uma hora e meia. Site www.trenitalia.it. Na TAM (www.tam.com.br), SP-Milão-SP custa a partir de R$ 2.980,53. Milão-Nápoles, a partir de 64,44 euros ida-e-volta (www.alitalia.com). Combine com o hotel o traslado até Capri (15 min até o porto e 45 min de barco) – em torno de 150 euros. ONDE DORMIR Grand Hotel Quisisana: Via Camerelle, 2, tel. (39-081) 8370788, www.quisisana.com. No coração da ilha, o hotel datado de 1845 hospeda muitas famílias com elegância clássica. Pacote de quatro noites para casal a partir de 1.440 euros. Capri Palace: Via Capodimonte, 2B, tel.

(39-081) 97-80-111, www.capripalace.com. Em Anacapri, um antigo palácio caprese que acomoda com estilo contemporâneo. Diárias a partir de 340 euros com café. O hotel mantém o beach club Il Riccio, do lado da Gruta Azul. Villa Brunella: Via Tragara, 24, tel. (39-081) 8370122, www.villabrunella.it. Em meio a um lindo jardim com vista para a Marina Piccola, um hotelzinho charmoso e mais econômico. Pacote de quatro noites a partir de 600 euros para duas pessoas. ONDE COMER Em Capri, não perca a mussarela de búfala, os peixes na grelha (spigola ou branzino) e os pratos de massa com frutos do mar. Para acompanhar, peça vinho da uva falanguina. Dica: importante reservar os restaurantes. Aurora: Fuorlovado, 18, tel. (39-081) 8370181, www.auroracapri.com. Um dos melhores para jantar. No cardápio, a

são da casa para o mar ficará para sempre na memória. A pé – Para quem gosta de caminhar, há alguns trajetos pela ilha de deixar o visitante boquiaberto, sobretudo perto do pôr-do-sol. Seguindo pela Via Tragara, a Punta Tragara tem vista panorâmica para as pedras Faraglioni e o oceano. Pelo mesmo caminho, siga as placas para o Arco Naturale e maravilhe-se diante do arco de pedra formado pelo tempo e o vento, com o mar como pano de fundo. Já pela Via Krupp, chega-se aos incríveis jardins suspensos de Augustus. Quando o sol se vai, o verão tem sabor de badalação. É animadíssima a noite de música italiana popular ao vivo na taverna Anema e Core. Nesta sugestão é fiore de zucchini (flor de abobrinha) e vitello panato (vitela à milanesa). Villa Verde: Vico Sella Orta, 6/a, (39-081) 8377024. Mussarela de búfala de entrada e misto de frutos do mar e peixes grelhados são boas pedidas. Almoço ou jantar. Paolino: Via Palazzo a Mare 11, tel. (39-081) 8376102, www.paolinocapri.com. Dica para jantar debaixo de limoeiros. Tem farta mesa de antipastos e sobremesas e um menu variado. Boas opções de pasta, como o linguine com abobrinha. Da Gema: Via Madre Serafina, 6, tel. (39-081) 8370461. Famosa pizzaria local, serve o delicioso sfilatino, uma espécie de rolo de pizza. Sugestão para jantar. La Fontellina: Località Faraglioni, tel. (39-081) 8370845. O restaurante que fica na praia de mesmo nome serve excelente cozinha local. Entre as especialidades, spaghetti alle vongole. Para almoçar.

temporada, corria pelas ruas a novidade do piano bar onde o cantor romântico Peppino de Capri, nascido em Nápoles, apresenta canções famosas como "Sappore di Sale" e "Roberta". Diante do Quisisana, o principal hotel local, e pelos restaurantes e bares, fotógrafos ao estilo paparazzi ganham a vida clicando grupos de amigos, casais e famílias. Cartãozinho em punho, basta passar na lojinha mais tarde para escolher a melhor foto dos tantos momentos inesquecíveis na ilha italiana.

Le Grotelle: Via Arco Naturale, tel. (39-081) 8375719. A caminho do Arco Naturale, boa opção para almoço com vista. No menu, massa com camarões. FAÇA AS MALAS Melhor época: tudo fecha no inverno, de novembro a fim de março. O verão é cheio e badalado. Informações turísticas: em São Paulo na Enit, tel. (11) 3123-2781, www.enit.it. Fuso: cinco horas a mais em relação a Brasília. Seguro-saúde: é obrigatório para viagens à Europa. Site www.travelace.com.br.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

1

Fotos: Arquivo DC

COMO O BRASIL QUER CONQUISTAR HOLLYWOOD Lula, O Filho do Brasil é o filme escolhido para representar o País na Academia de Hollywood. Quais os argumentos sustentados pela comissão que o selecionou? Trata-se de uma obra construída, realmente, segundo critérios artísticos e estéticos cultura válidos? Nas bilheterias dos cinemas, Nosso Lar e Chico Xavier dispararam. Lula, não. Por quê? Artistas, críticos, cineastas entram nesta polêmica. Você também está convidado a participar.

d

Não há precedentes de um governo mandar um representante oficial que louve o seu próprio governante.

Evidentemente, se trata de uma indicação política

Valéria Gonçalvez/AE

Rubens Ewald Filho

Reinaldo Azevedo

DE METALÚRGICO A MR. OSCAR André Domingues

N

O filme não teve críticas favoráveis nem sucesso de público. Cristiano Mascaro

A preocupação da política cultural, para mim, deveria ser aumentar o espaço da produção nacionall. José Wilker

Como cinema não é o melhor que temos.

o campo da cultura, 2010 está definitivamente marcado como um ano de polêmicas. Somaram-se as propostas de reforma da Lei de Direitos Autorais e da Lei Rouanet, as restrições à liberdade de imprensa e, agora, a indicação brasileira do filme Lula, O Filho do Brasil, de Fábio Barreto, para concorrer a uma vaga na disputa do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Todas elas têm um elemento em comum: a disputa de limites entre os interesses governamentais e os do setor cultural. A megaprodução Lula, O Filho do Brasil, feita sobre a biografia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi escolhida por unanimidade para representar o Brasil no Oscar por intermédio de uma comissão técnica. Foram quatro representantes indicados pela Academia Brasileira de Cinema, dois pela Ancine (Agência Nacional do Cinema) e três pelo Ministério da Cultura. Há, como se vê, uma maioria de representantes estatais, mas o presidente dessa comissão, cineasta Roberto Farias, garante que não ocorreu nada de político na escolha: "Algumas pessoas julgam que houve influência política. Não houve. Os membros dessa comissão acreditam que esse é o melhor filme para o Oscar, não por juízo de valor artístico ou estético, mas pela possibilidade de ser bem recebido lá em Hollywood", afirma. Fora da comissão, porém, a aceitação do filme não foi consensual. Muito pelo contrário. Nomes importantes da área, como o cineasta Alexandre Stockler e o crítico Rubens Ewald Filho, contestam veementemente a escolha. "Como cinema não é o melhor que nós temos, é uma produção que veio errada desde a maneira como nasceu, com aquele gasto todo de dinheiro", diz Stockler. Para apimentar ainda mais a discussão, houve uma clara discordância do público com o resultado, manifesta numa enquete promovida pelo próprio Ministério: Lula, O Filho do Brasil ficou em 6° lugar, com 1% dos votos, bastante atrás de Nosso Lar (70% dos votos) e Chico Xavier (12% dos votos). Polêmica formada, o DCultura foi ouvir a sociedade e a classe artística a respeito do assunto. A elegante Glória Kalil declinou educadamente, o provocador Antônio Abujamra não polemizou – "eu já apanhei tanto por falar desse tipo de assunto..." –, mas outros tantos fizeram o debate crescer.

O primeiro ponto de discórdia vem dos que consideram que a indicação deveria se pautar em atributos estéticos, bastante questionados em Lula, O Filho do Brasil. Apenas um dos entrevistados pelo DCultura, o veterano compositor Billy Blanco, considera o filme bom artisticamente: "É forte em todos os pontos!" A maior parte faz ressalvas. Para a atriz Vida Alves,

professor universitário Cristiano Mascaro segue a mesma linha. "O filme não teve críticas favoráveis nem sucesso de público. Se fosse uma indicação vinda de um órgão do governo, eu acharia 'normal'. Mas vindo de um júri com gente qualificada, como foi, acho estranha", comenta. A comissão do Oscar, como disse Roberto Farias, não se prendeu aos

Helia Scheppa/AE

E assim o Brasil viaja para o Oscar presidente da Associação dos Pioneiros da Televisão, o filme é "um pouquinho simples para o Oscar". O jornalista Reinaldo Azevedo, crítico ferrenho do lulismo, autor dos livros O País dos Petralhas e Máximas De Um País Mínimo, vai mais longe, dizendo que o filme é pateticamente ruim. "Evidentemente, se trata de uma indicação política. Onde quer que a cultura seja financiada pelo Estado tem isso: a melhor forma de as pessoas que precisam desse capilé demonstrarem sua independência é mostrar sua sabujice", dispara. Da receptividade majoritariamente fria da crítica e do público – lembre-se que, além da derrota na enquete do Ministério da Cultura (veja também, na página 2, os números da enquete promovida pelo site do DC), o resultado nas bilheterias foi amplamente tido como aquém das expectativas – vem outra parte do espanto que acompanhou a indicação. "É uma decisão curiosa escolher um filme tão polemizado pela crítica e não tão expressivo comercialmente", diz a cineasta Daniela Thomas. O fotógrafo e

méritos artísticos, mas às possibilidades de repercussão do filme nos Estados Unidos. Os grandes trunfos seriam, aí, a biografia do presidente e o seu prestígio no exterior. "É um filme profissional e conta uma história de superação, algo de que os americanos gostam muito. Então, como história, nos parece ter alguma chance. Acrescento a isso o fato de Fábio Barreto já ter tido uma indicação para o Oscar com O Quatrilho e não ser um diretor desconhecido", justifica. Em princípio, o interesse do enredo é evidente. Mesmo que se discuta se a história do sindicalista que virou presidente foi contada com fidelidade, como pede o maestro Júlio Medaglia, não dá para negar que a matéria-prima seja instigante. O jurista e desembargador aposentado Walter Maierovitch conta que não costuma assistir a filmes que pareçam laudatórios a pessoas públicas, como o indicado brasileiro, mas confirma a grande atenção que a trajetória de Lula desperta no exterior. "O interesse sobre o Lula na Europa é enorme. Estive na

última reunião da FAO (Food and Agriculture Organization, ligada à ONU), em Roma, e ele reuniu mais gente do que o próprio Papa. Isso pode ser um atrativo do filme", exemplifica. Há, contudo, quem desconfie do peso da história e do prestígio de Lula na disputa do Oscar. Rubens Ewald Filho, experiente em comissões e coberturas da premiação, acha que os norte-americanos podem ter uma reação bastante adversa. "Eles gostam de ver tudo, menos a geografia, a cara do lugar. Um político local, então, é o que há de mais inadequado", acredita. Na sua opinião, se houve algum direcionamento político, o tiro vai sair pela culatra. "Não há precedentes de um governo mandar um representante oficial que louve o seu próprio governante. Eles vão ficar de orelhas em pé, pensando que estão diante de um cara com pretensões a Mussolini", prevê. A cantora Nana Caymmi, intérprete de uma canção de Lula, O Filho do Brasil, reforça o argumento. "Nesses prêmios, se uma indicação fica em dúvida, como nessa possibilidade de uso político, cai em seguida", diz. Já o cineasta e exSecretário da Cultura de São Paulo João Batista de Andrade, levanta outro problema. "O pragmatismo da comissão é uma ilusão. Não vi nenhum filme sobre líderes estrangeiros, nem sobre o Mandela, ganhar o Oscar", afirma. João Batista, contudo, pensa que a polêmica da indicação ao Oscar desvia a atenção de problemas mais profundos. "Acho um pouco ridícula essa atenção ao Oscar, festa de uma indústria estrangeira que ocupa mais de 90% do mercado brasileiro. A preocupação da política cultural, para mim, deveria ser aumentar o espaço da produção nacional e levar as classes mais pobres para o cinema", ataca. José Wilker, ator e comentarista da transmissão do Oscar na Rede Globo, bate na mesma tecla: "Acho que se dá uma excessiva importância à presença do Brasil no Oscar. O que a gente tem de almejar é a adesão do público ao nosso cinema", argumenta. Ambos têm razão. É preciso notar, porém, que a banalidade da indicação ao Oscar só ganha tanto relevo pela proximidade do Estado. Sem esse peso institucional, a questão talvez ocupasse, apenas, o esperado lugar de uma curiosidade. Seria, enfim, como um Grammy ou um concurso de Miss Universo.

(...) esse é o melhor filme para o Oscar, pela possibilidade de ser bem recebido lá em Hollywood. Roberto Farias

Não vi nenhum filme sobre líderes estrangeiros, nem sobre o Mandela, ganhar o Oscar. João Batista de Andrade

Alexandre Stockler

Comissão de seleção do representante brasileiro no Oscar G

Roberto Farias, cineasta e Presidente da Academia Brasileira de Cinema (ABC) G Clélia Bessa, produtora e professora da PUC-RJ (ABC) G Elisa Tolomelli, produtora, direto-

ra e roteirista (ABC) G Mariza Leão Salles de Resende, produtora e Presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Audiovisual do Rio de Janeiro (ABC) G Leon Cakoff, crítico de cinema,

criador e diretor da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (Ancine) G Tata Amaral, cineasta (Ancine) G Cássio Henrique Starling Carlos, jornalista e crítico de cinema (MinC)

G Frederico Hermann Barbosa Maia, assessor do Ministério da Cultura (MinC) G Jean-Claude Bernardet, cineasta, crítico de cinema e professor da UnB e da USP (MinC)

Na página 3, os filmes brasileiros que já concorreram ao Oscar. E o caminho para você participar da enquete sobre o filme Lula, o Filho do Brasil. Na página 6, Roque Santeiro de volta.

O filme é forte em todos os pontos! Billy Blanco


DIÁRIO DO COMÉRCIO

2

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

d

cultura

Estalos de Machado antes de votar Renato Pompeu

U

ma recomendação: antes de votar no domingo, vale a pena dar uma olhada no livro recém-lançado Balas de Estalo de Machado de Assis - Edição Completa e Comentada (344 páginas, R$ 55), organizado para a Annablume por Heloísa Helena Paiva de Luca. Trata-se de crônicas publicadas pelo mais famoso escritor brasileiro, Machado de Assis, com o pseudônimo de Lelio, na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, de 1883 a 1886. (Balas de Estalo, ou seja, tiros que provocam mais barulho do que estragos, era o nome da seção de crônicas). Que tem Machado de Assis a ver com as eleições do próximo domingo? Afinal, não havia, em sua época, eleições para o Executivo. Mas, com quase todas as atenções voltadas para as eleições presidenciais e para governador, talvez seja importante lembrar que, a essa altura, vale a pena prestar mais atenção nas votações, também no domingo, para o Senado Federal, a Câmara dos Deputados e as Assembleias Legislativas , para as quais há incerteza maior. E, em termos de Parlamento, as crônicas de Machado têm muito a nos dizer. Pois no Legislativo brasileiro há problemas que se arrastam

secularmente. Por exemplo, a abertura da crônica de 22 de julho de 1883 poderia ser escrita hoje: "O Sr. Deputado Penido censurou a câmara por lhe ter rejeitado duas emendas: uma que mandava fazer desconto aos deputados que não comparecessem às sessões; outra que reduzia a importância do subsídio". No entanto, apesar de então como hoje, a opinião pública julgar que os deputados que faltam não deveriam receber e que, em todo caso, eles ganham muito mais do que precisam, a crônica, com ironia tipicamente machadiana, se insurge contra... a proposta moralizadora!!! Como agora, naquele tempo o argumento para reduzir os subsídios dos parlamentares fazia a comparação com as práticas dos países mais desenvolvidos. Lelio, ou seja, Machado, se insurge com o que considera cópia servil e deslumbrada de hábitos estrangeiros: "Respeito as cãs do deputado mineiro; mas permita-me que lhe diga: a censura recai sobre S. Excia, não só uma, como duas censuras. A primeira emenda é descabida. S. Excia. naturalmente ouviu dizer que aos deputados franceses são descontados

os dias em que não comparecem e, precipitadamente, pelo vezo de tudo copiarmos do estrangeiro, quis logo introduzir no regimento de nossa câmara uma cláusula exótica". Prossegue o cronista: "Não advertiu S. Excia que esse desconto é lógico e possível num país onde os jantares para cinco pessoas custam cinco croquetes, cinco figos e cinco fatias de queijo. A França, com todas as suas magnificências, é um país sórdido. A economia ali é mais do que sentimento ou um costume; mais do que um vício, é uma espécie de pé torto, que as crianças trazem do útero de suas mães. A livre, jovem e rica América não deve empregar iguais processos, que estariam em desacordo com um certo sentimento estético e político. Cá, quando há alguém para jantar, mata-se um porco; e se há intimidade, as pessoas que não compareceram recebem no dia seguinte um pedaço de lombo, uma costeleta etc. Ora, isso que se faz no dia seguinte, nas casas particulares, sem censura, nem emenda, por que é que merecerá emenda e censura na câmara, onde aliás o lombo e as costeletas são remetidos só no fim do mês? Nem remetidos são: os próprios obsequiados é

que hão de ir buscá-los". Já naquela época se falava em reforma do Senado. A 1º de agosto de 1883 a crônica dizia: "Há na Câmara dos Deputados uma certa sala onde são alojados os projetos inúteis, sem andamento, as moções abortadas, os requerimentos sem despacho, uma infinidade de 'dectritus' da vida parlamentar. É dali que vão algumas vezes os Srs. Scully, Tootal, Kemp e outros dignos súditos de S.M.B (Sua Majestade Britânica), para contemplarem os papéis redigidos só para inglês ver. A porta é larga, e, apesar de larga, mal pode dar entrada ao novo hóspede que se lhe apresentou há dias. Era a Reforma do Senado. Gorda, ombros largos, grandes bochechas, mal podia transpor a soleira fatal". Que dirá agora, que a reforma do Senado não é mais competência da Câmara dos Deputados, mas do próprio Senado? De todo modo, a leitura do Machado de 130 anos atrás ainda é útil para, à luz dos seus ensinamentos, decidirmos em quem votar para o Legislativo. (Note-se que boa parte das crônicas nesse livro não se referem à política, mas a assuntos como a adulteração de vinhos, ou o anúncio inusitado de que estava à venda um tigre).

Fotos: Divulgação

Conto nórdico com influências da cultura mineira Musical traz adaptação de O Soldadinho de Chumbo Sérgio Roveri

Retrato de um político. E do Brasil. Regina Ricca

C

orajosa a atitude da atriz Luana Piovani que, diante de uma vastidão de histórias infantis aptas a uma adaptação teatral, escolheu logo O Soldadinho de Chumbo, um conto tenso e de final nada feliz escrito pelo dinamarquês Hans Christian Handersen e publicada em 1838. No conto, 25 soldadinhos são moldados em formato idêntico – com exceção do último. Como o chumbo derretido já havia terminado, ele foi retirado da forma com uma perna só. Ao ser dado de presente para um garoto, o soldadinho imediatamente se apaixonou por uma bailarina de papel, que também parecia ter apenas uma perna, já que a outra, flexionada para trás, mantinha-se oculta sob uma imensa saia de tule branca. Eles se viram em apenas duas ocasiões – sendo que a segunda seria também a última. Esta história de Andersen, rebatizada com o nome de O Soldadinho e a Bailarina e convertida pelo diretor Gabriel Villela em um musical com ares de commedia dell'arte, entra em cartaz neste sábado, dia 2, no Teatro Procópio Ferreira, depois de uma temporada de sucesso popular e elogios da crítica no Rio de Janeiro. Segundo a atriz Luana Piovani, que teve de estudar canto e balé clássico para viver a bailarina Sofia do título, o espetáculo, ainda que preserve todas as

características infantis apontadas pelo autor, também pode ser visto como um manifesto a favor da inclusão social – ou uma mensagem contra o preconceito, já que o herói desta história triste não deixa de ser um deficiente físico. O Soldadinho e a Bailarinaé o terceiro espetáculo infantil protagonizado por Luana Piovani – e seu primeiro musical. Antes, ela já havia feito Alice no País das Maravilhas e O Pequeno Príncipe, este último com um toque acrobático. Partiu do diretor Gabriel Villela a ideia de transformar o conto em um musical. Com isso, a raiz nórdica da história ganhou influências da cultura do interior de Minas. A trilha original é assinada por Vitor Pozas, enquanto o ator Sérgio Módena responde pelas letras. O elenco de 13 atores, que aprendeu a tocar instrumentos de percussão para este espetáculo, é acompanhado em cena com por três músicos. Villela assina também o figurino, composto em grande parte por roupas de linho usadas em festas folclóricas da Hungria. O Soldadinho e A Bailarina. Estreia neste sábado (2). Teatro Procópio Ferreira. Rua Augusta, 2823. Tel.: 3083-4475. Sábado e domingo. 16h. R$ 60.

uem quiser ver o documentário sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (acima) feito pelo canal History Channel terá direito a uma segunda oportunidade nesta sexta (1º), às 23h. Sem paixões ou ingerências partidárias, já que feito por um canal estrangeiro, o programa refaz a trajetória política de FHC, que saltou do meio acadêmico diretamente para o Senado. Fez-se depois ministro e, em seguida, Presidente da República. O documentário também relembra que foi no seu governo que se adotoram medidas radicais para a estabilização econômica do País, incluindo a privatização de várias estatais. E que, graças à popularidade conseguida com o Plano Real, Fernando Henrique conseguiu aprovar uma emenda que permitiu sua própria reeleição, em 1998, novamente tendo Lula como adversário. Vale Tudo – Quem matou Odete Roitman? No dia 6 de janeiro de 1989, o segredo que mais atormentava o imaginário coletivo brasileiro foi desvendado durante a exibição do último capítulo da novela Vale Tudo. Embalada pela música Brasil, de Cazuza, na voz de Gal Costa, a novela cravava média de 56 pontos de audiência e mobilizava a nação em torno das malvadezas de Maria de Fátima (Glória Pires) contra sua doce e abnegada mãe, Raquel Acioli (papel de Regina Duarte).

O folhetim de maior sucesso de Gilberto Braga vai voltar ao ar a partir da próxima segunda (4), à 0h45, no canal Viva. E não estranhe se você achar que a novela não ficou datada. Talvez até tenha ficado datada em relação aos figurinos dos atores, aos modelos dos carros que circulavam pelas ruas. Mas quanto ao modus operandi da corrupção e desonestidade reinantes na época, está quase tudo igual. Dá para esquecer a cena final em que o vilão Marco Aurélio (vivido por Reginaldo Faria) dá uma banana para o País durante o voo de fuga em um helicóptero que sobrevoa a Baía de Guanabara? Vale Tudo marcou época em todos os sentidos. A cena do disparo contra Odete Roitman (Beatriz Segall) precisou ser gravada no dia em que o último capítulo foi ao ar. Nem os próprios atores tiveram acesso ao verdadeiro final, que foi gravado em cinco versões diferentes. Rever essa novela é entrar num túnel do tempo da história recente do Brasil. E é, também, um bom motivo para refletir sobre os rumos que tomamos desde então. Humor da nova geração – Os percalços do dia a dia – sejam aquelas malfadadas visitas de parentes em casa, as dores musculares depois de longo jejum da academia, as discussões no trânsito ou as brigas com a mulher – vão

servir de material para uma turma de seis amigos que pretende fazer você rir no programa Junto e Misturado, a nova atração da Globo que estreia nesta sexta (1º), logo após o Globo Repórter. A turma que vai colocar uma lente de aumento na vida nossa de cada dia é composta por uma nova geração de atores-comediantes formada por Bruno Mazzeo (que também assina a redaçãofinal), Débora Lamm, Fábio Porchat, Fabiula Nascimento, Gregório Duviver e Renata Castro Barbosa. Em 12 episódios eles vão viver mais de 800 tipos em 36 histórias diferentes, sob direção de Maurício Farias, responsável por outro sucesso da casa, A Grande Família. "É o programa com o maior número de cenas que já fiz em mais de vinte anos de televisão. Tem uma produção extremamente complicada de realizar, mas esta variedade é justamente uma de suas grandes qualidades", afirma Farias. Essa comédia de situação é ambientada no Rio de Janeiro. Nela o telespectador verá desde uma história sobre o trânsito em que um guarda

incorpora um maestro e "rege" o engarrafamento, até uma cena em que se verá como D. Pedro I lidava com o problema na época em que a cidade era ocupada por carruagens. "É o humor no seu estado mais puro. O foco é a graça e a cena serve para costurar a piada", diz Gregório Duvivier.

João Miguel Júnior/TV Globo

Nana Moraes/Divulgação

Q

Vale Tudo: folhetim de maior sucesso de Gilberto Braga volta ao canal Viva com figurinos antiquados, mas com corrupção e desonestidade atuais.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

d

cultura

3

A lista definitiva só sai em 25 de janeiro de 2011. Mas profissionais ligados ao cinema e o público concordam que ainda não será desta vez que o Brasil será premiado pela Academia.

Fotos: Divulgação

OSCAR

Quase lá quatro vezes Produções nacionais foram vencidas em Los Angeles por dramas humanos universais. Lúcia Helena de Camargo

Internautas apontam jogada política como motivo da escolha

A enquete continua no ar no www.dcomercio.com.br Beatriz Lefevre/Divulgação

Patrícia Santos/Folhapress

Priscila Prade/Europa Filmes

Com objetivo de entender a opinião dos leitores em relação à escolha de Lula, O Filho do Brasil como representante do País na disputa por uma das cinco vagas a indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o Diário do Comércio promoveu esta semana uma enquete entre os internautas. Na segunda-feira (27) foi ao ar, na primeira página do site (www.dcomercio.com.br), o questionamento "O filme sobre a vida de Lula merecia ter sido indicado pelo Brasil para concorrer a uma vaga ao Oscar?". Foram oferecidas as seguintes alternativas de resposta: a) Sim, o filme é bom. b) Não, havia filmes melhores. c) Foi uma jogada política. d) Era a única opção. Até a começo da noite de ontem, quando esta edição foi fechada, a maioria dos usuários (46,9%) havia votado na terceira alternativa: "Foi uma jogada política". A segunda mais votada, com 37,24% do total dos votos, foi "Não, havia filmes melhores". De fato, a comissão que escolheu por unanimidade o filme a respeito da biografia do presidente Lula desconsiderou produções nacionais como o bem elaborado As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanzky; o forte Cabeça a Prêmio, estreia de Marco Ricca na direção; 5X Favela - Agora Por Nós Mesmos; É Proibido Fumar, escrito e dirigido por Anna Muylaert, premiado com o Grande Prêmio de Cinema Brasileiro, com Glória Pires em papel denso; os sucessos de bilheteria Chico Xavier e Nosso Lar; o inovador Reflexões de um Liquidificador; o engraçado O Bem Amado (foto no alto), de Guel Arraes, entre muitos outros. Eis a lista completa dos filmes que concorreram: 1. As Melhores Coisas do Mundo 2. A Suprema Felicidade 3. Antes que o Mundo Acabe 4. Bróder 5. Carregadoras de Sonhos 6. Cabeça a Prêmio 7. 5X Favela - Agora Por Nós Mesmos 8. Chico Xavier 9. É Proibido Fumar 10. Em Teu Nome 11. Hotel Atlântico Cabeça a Prêmio, de Ricca. 12. Lula, o Filho do Brasil 13. Nosso Lar 14. Olhos Azuis 15. Ouro Negro 16. O Bem Amado 17. O Grão 18. Os Inquilinos 19. Os Famosos e os Duendes da Morte 20. Quincas Berro D’água 21. Reflexões de um Liquidificador 22. Sonhos Roubados 23. Utopia e Barbárie Na enquete promovida pelo Diário do Comércio, 13,1% dos leitores concordaram com a escolha de Lula, O Filho do Brasil, marcando a resposta "Sim, o filme é bom". E 2,76% disseram "Era a única opção". "As pessoas que participaram cravaram seus votos mais acentuadamente em uma única alternativa. Nas pesquisas que fazemos, normalmente há um equilíbrio maior entre as respostas", observa Luiz Octavio de Lima, editor do site do jornal e autor da enquete. A Academia de Hollywood divulgará em 25 de janeiro de 2011 a lista definitiva dos cinco indicados ao prêmio Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Os longas serão selecionados entre cerca de 80 concorrentes de todo o mundo. A 83ª cerimônia da premiação será realizada no dia 27 de fevereiro de 2011, em Los Angeles. A depender das opiniões de profissionais ligados a cinema e do público, ainda não será desta vez que o Brasil vai comemorar o recebimento da estatueta dourada.

Bel Pedrosa/Folhapress

O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, ganhou em Cannes; Central do Brasil, com Fernanda Montenegro, perdeu para A Vida É Bela; O que É isso Companheiro?, com Fernanda Torres, contou até com ator americano no elenco. E O Quatrilho reuniu qualidades que Hollywood gosta.

S

e Lula, O Filho do Brasil chegar a disputar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro integrará a seleta lista na qual constam até hoje apenas quatro produções brasileiras que já disputaram o prêmio. O pioneiro foi O Pagador de Promessas, dirigido por Anselmo Duarte em 1962, com roteiro baseado em peça teatral de Dias Gomes. Perderia para o francês Sempre aos Domingos (Les Dimanches de Ville d'Avray). Dirigido por Serge Bourguignon, foi apresentado nos Estados Unidos como Sundays and Cybele, e conta a história de Pierre, um ex-soldado com amnésia, atormentado por ter matado uma criança na guerra. A religiosidade de Zé Burro (Leonardo Villar), empenhado em cumprir a promessa de carregar a enorme cruz de madeira pelo longo trajeto, foi batida pelo drama universal sobre um homem e sua culpa. Na França, O Pagador de Promessas foi mais apreciado, ganhando a Palma de Ouro no Festival de Cannes, além de ter vencido diversos festivais regionais. Durante um longo período nenhum longa-metragem brasileiro despertou o interesse da Academia de Hollywood. Somente depois da chamada retomada, em 1996, O Quatrilho colocaria o Brasil entre os cinco potenciais premiados rodados em língua não inglesa. Lançado em 1995, com direção de Fábio Barreto, é baseado em obra de mesmo nome de José Clemente Pozenato. Mostra a saga de dois casais amigos que se unem sob o mesmo teto, em em uma comunidade rural no Rio Grande do Sul habitada por imigrantes italianos. Mas as afinidades eletivas entram em

jogo e a esposa de um acaba se do embaixador norte-americano por interessando pelo marido da outra. militantes do MR-8, grupo formado Glória Pires ganhou o prêmio de essencialmente por estudantes que Melhor Atriz no Festival de Cinema de integravam a luta armada, em Havana pela interpretação de Pierina. resposta ao golpe militar de 1964 e a Patrícia Pillar, Alexandre Paternost e subseqüente promulgação, em Bruno Campos formam o quarteto dezembro de 1968, do Ato principal. O elenco teria participação Constitucional nº 5, que acabava com também de Gianfrancesco Guarnieri. a liberdade de imprensa e os direitos Nesse ano, o holandês A Vida de civis. Em troca da libertação do Antônia (Antonia's Line) levaria a embaixador, pediam que fossem estatueta. "O Quatrilho talvez tenha soltos prisioneiros políticos. O roteiro sido o brasileiro que mais chances foi escrito por Leopoldo Serran, teve de trazer o baseado no livro de Oscar, pois entre os Fernando Gabeira quatro que já que narra os fatos concorreram é o dos quais ele que melhor respeita participou a narrativa clássica, ativamente. Bruno O filme sobre qualidade Barreto dirigiu o Lula é ruim. fundamental para grande elenco que Não deve ser escolhido lá", diz contou com Fernão Pessoa Fernanda Torres, chegar Ramos, professor de Pedro Cardoso, Luiz muito longe. cinema no Instituto Fernando de Artes da Guimarães, Cláudia André Gatti, Universidade de Abreu, Matheus professor de Campinas Natchergaele, cinema da Faap (Unicamp) e Marco Ricca, Selton organizador da Mello e Alessandra Enciclopédia do Negrini; teve Cinema Brasileiro participações (Editora Senac). "Deus e o Diabo na especiais de Fernanda Montenegro, Terra do Sol (de Glauber Rocha), por Lulu Santos, Milton Gonçalves, Othon exemplo, embora bem aceito na Bastos e do próprio Bruno Barreto, Europa, não teria a menor chance com além de contar com um trunfo a mais: os americanos, em razão de ser o embaixador dos EUA Charles Burke fragmentado e conter muitas Elbrick foi interpretado por Alan Arkin. experimentações. "O fato de haver um ator americano O que É Isso Companheiro, que nesse papel-chave ajudou bastante o entraria nos EUA sob o título Four Days filme na tarefa de obter a indicação in September, foi o representante para o Oscar", diz André Gatti, autor nacional em 1997. Conta o episódio, do livro Distribuição e Exibição na ocorrido em 1969, sobre o seqüestro Indústria Cinematográfica Brasileira

(1993-2003). Mas isso não foi suficiente. Novamente um holandês desbancaria o brasileiro: (Caráter) (Karakter), sobre o crime de um jovem advogado. As atenções se voltariam para Central do Brasil, de Walter Salles, em 1998, o quarto longa nacional candidato a Melhor Filme Estrangeiro. A protagonista Fernanda Montenegro foi uma das cinco indicadas a Melhor Atriz. Porpem, o italiano A Vida É Bela, do chatinho Roberto Benigni, levaria o prêmio. E Gwyneth Paltrow superaria Fernanda, pela atuação em Shakespeare Apaixonado. "As quatro produções brasileiras que disputaram na categoria de filme estrangeiro possuem a característica social marcada", analisa o professor Gatti, que dá aulas de cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). "Todos têm ainda o apelo dos dramas humanos atemporais". Fernão Pessoa não crê que Lula, O Filho do Brasil caia nas graças dos norte-americanos que escolhem os concorrentes ao Oscar. "Pessoalmente, eu não apostaria minhas fichas no filme. Embora tecnicamente bem acabado, a trama não convence, os diálogos são artificiais. O longa tem um tom de idolatria à personalidade. Não posso afirmar com 100% de certeza, porque não acompanhei o processo, mas a escolha pode ter sido motivada por componentes políticos", diz. Gatti, que cita Linha de Passe (de Walter Salles) como um dos bons da produção nacional dos últimos tempos, vai na mesmo tom. "O filme sobre Lula é ruim. Não deve chegar muito longe", vaticina.

O Quatrilho talvez tenha sido o brasileiro que mais chances teve de trazer o Oscar, porque respeita a narrativa clássica, qualidade fundamental para ser escolhido. Fernão Pessoa Ramos, professor de cinema da Unicamp. As Melhores Coisas do Mundo; e Paulo Goulart em Nosso Lar.

OS SERTÕES, MONTAGEM TEATRAL DE ZÉ CELSO. EM DVD. Cartaz do Cine Livraria Cultura. Avenida. Paulista, 2073. Tel.: 3285-3696. 18h.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

4

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

HOLLYWOOD ÀS SEGUNDAS

O guia amoroso de Laura Catena

O restaurante português Trindade promove nas segundas-feiras dias 4 e 18 a Hollywood Monday. Em parceria com a Chivas, a casa terá apresentação da cantora Anna Gelinskas e do pianista Daniel Grajew, a partir das 21h, em pocket-shows de jazz e blues das décadas de 1930 e 40, homenageando grandes nomes do cenário artístico da época, como Edith Piaf, Marylin Monroe, Frank Sinatra, Billie Holiday e Shirley Bassey. Na primeira segunda do evento não será cobrado couvert artístico, que custará R$ 20 no dia 18. Rua Amauri, 328 Itaim Bibi. Tel.: 3079-4819. www.restaurantetrindade.com

José Guilherme R. Ferreira

L

aura Catena é filha de Nicolás Catena, vinicultor que revolucionou o vinho argentino a partir dos anos 80, colocando-o nas mesas do mundo inteiro, graças a investimentos na busca de qualidade – determinação inspirada no ítalocaliforniano Robert Mondavi (1913-2008) e seu império no Vale do Napa. Laura Catena é hoje uma espécie de embaixadora da vinícola do pai, Bodegas Catena Zapata, e grande representante da nova geração de produtores da Argentina. Apaixonada por sua Mendoza – dessa província com cerca de 1.500 vinícolas saem cerca de 70% da produção de vinhos do país – e pelos Malbec ali aperfeiçoados por gerações de viticultores desde o século XVIII, a mãe e médica Laura Catena divide o seu tempo entre o marido, seus três filhos, a sala de emergência de um hospital em San Francisco e seus próprios vinhos, sob a marca Luca. Ainda teve tempo de escrever um dos mais cativantes guias de vinho e da cultura gastronômica de sua terra: Vino Argentino (Chronicle Books/2010), lançado este ano nos EUA. “O vinho definiu minha vida”, escreve Laura, da quarta geração de uma família de vinicultores de origem italiana, baseada em Luján de Cuyo. Um dos ritos de passagem da criançada era a permissão descontraída para um gole de vinho tinto misturada à soda, que saia barulhenta de sifões implantados em garrafões de vidro colorido. O bisavô de Laura fundou a Catena em 1902. Aproveitou-se da escalada comercial

Fotos: Tadeu Brunelli/Divulgação

Um bistrô inspirado Lúcia Helena de Camargo

Distante do agitado cultura circuito de restaurantes Itaim-Jardins, o Blú Bistrô completa cinco anos de vida instalado em Perdizes, vizinho da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), na rua Monte Alegre. Chamado de bistrô, não serve somente comida francesa, embora essa seja a base da gastronomia da casa e das técnicas usadas na cozinha. Aparecem no menu receitas herdadas de parentes e preparos inspirados em viagens do casal de proprietários, Gaston Damian e Renata Grynszpan. Ele, argentino de ascendência italiana. Ela, de família judaica. Para executar os pratos, foi chamado o chef Francimar Rodrigues. Representando a parte francesa, há no cardápio pratos como o Magret de Canard (R$ 41,90), peito de pato grelhado ao molho de mel e canela, acompanhado de bavaroise (uma espécie de pudim) de aspargos e endívias glaceadas. A carne da ave é servida no apropriado tom rosado. E o gosto suave dos aspargos faz contraponto ao molho levemente adocicado, perfazendo uma bela

d

combinação de sabores. Os Escalopes Paris (R$ 39) são recheados com fricassê de cogumelos e gorgonzola ao molho de vinho tinto com batatas rústicas. O Pout Pourri de Queijos (R$ 21,90) é sugerido como entrada, mas pode ser pedido também no final da refeição, como fazem os franceses. Croquete de pato Para abrir o apetite antes do prato principal há saladas, quiches e cremes, como o capuccino de cogumelos (R$ 16,90), feito com cogumelos shitake, shimeji e Paris. Uma das entradas mais pedidas é o croquete de pato (R$ 20,30), recheado com queijo gruyère, servido com molho balsâmico e figos. Os judaicos Varenikes com Folhas Crocantes (R$ 21,50) são destaque. A massa de origem polonesa é recheada de batata e coberta com cebola caramelizada. Há Klopes com Folhas Crocantes (R$ 23,90), terrine de frango desfilado e assado, ao molho de mostarda. E se quiser provar um pouco de ambos, peça Klopes com Varenikes, que sai a R$ 33. O italianíssimo Raviolone de Alcachofra é servido com manteiga de baunilha, alho e amêndoas torradas. E o Spaguettini Babel leva ao prato o conceito da mistura de línguas: uma massa de grano duro ao molho de queijo brie, com camarão e a brasileira manga. Argentinas Tem carne argentina também, claro. O Bife de Chorizo (R$ 34) leva molho chimichurri e é acompanhado de batatas assadas com ervas. E a nova sobremesa da casa é herança da família de Gaston: o suflê de doce de leite acompanhado de calda de frutas vermelhas

(R$ 12,50), receita da mãe argentina. Sob a tarja "Das Viagens", já que o casal se conheceu na cidade de Barcelona, na Espanha, aparecem pratos típicos da cozinha espanhola, como a Tortilla de Patatas y Pan com Tomate (R$ 22): a tortilha vem acompanhada de pão com tomate. Há os Huevos Rotos com Espárragos (R$ 24), ovos estrelados sobre uma pirâmide de batatas fritas em cubos, acompanhados de aspargos grelhados e mini salada. Ainda na seção de viagens, chega a receita belga Moules à la Provençale (R$ 27,50), que consiste em mexilhões ao molho de tomate com ervas e batatas fritas.

Magret de Canard (à esquerda); torta de chocolate meio amargo com crocante de pão doce e calda de maracujá (abaixo); ea simpática entrada do Blú Bistrô, no bairro de Perdizes.

proporcionada pela inauguração, em 1882, da ferrovia Mendoza-Buenos Aires, que fez da região o epicentro da indústria de vinhos da Argentina. Cem anos depois, foi a vez do pai Nicolás estudar o terreno de Mendoza como nunca, até chegar à conclusão de que o melhor terroir estava nos terrenos mais altos e mais próximos da Cordilheira dos Andes. Laura conta com detalhes essa história sem esquecer de outros produtores importantes da região. Ela também faz uma ode ao Malbec e ao asado , com dicas de restaurantes e mesmo boas receitas. Por que não tentar uma saltenha?

José Guilherme R. Ferreira é membro da Academia Brasileira de Gastronomia (ABG) e autor do livro Vinhos no Mar Azul – Viagens Enogastronômicas (Editora Terceiro Nome)

http://www.catenawines.com/

Almoço executivo No almoço, o restaurante serve um menu executivo (R$ 27,50) com entrada, prato principal e sobremesa, que muda a cada dia de acordo com a sugestão do chef. Exemplos: Vichyssoise, sopa francesa de alhoporó servida como entrada; picadinho de mignon com arroz branco, farofa de bacon e pastelzinho de queijo como prato principal e, entre as sobremesas, o carpaccio (fatias finíssimas) de abacaxi com calda de hortelã. No almoço é oferecida a opção da combinação de um grelhado como filé de frango, hambúrguer de fraldinha, bife de chorizo ou salmão com acompanhamentos como batatas fritas ou rústicas, salada verde, espaguete ou arroz branco (entre R$ 22,90 e R$ 25,90). O Blú Bistrô foi aberto em 2005 como café e, um ano depois, transformado em restaurante. Com 55 lugares, é aconchegante sem ser apertado. Funciona de terça a sábado, do meio-dia às 15h para o almoço e das 19h à meianoite para o jantar. No domingo abre apenas para almoço, do meio-dia às 16h. Nas noites de quarta, sexta e sábado, conta com jazz tocado ao vivo. E a quinta-feira é dia de tango argentino instrumental. Blú Bistrô. Rua Monte Alegre, 591, Perdizes. Telefones: 3871-9296 e 3875-4947. www.blubistro.com.br

Simplesmente Ana Martel Aquiles Rique Reis

E

la é Ana, Ana Martel, intérprete e compositora de temas cujos títulos lhe refletem a alma, Simples Assim. Seu Lugar é a Amazônia. Seu Doce Cantar voa e diz Bom Dia, Maria, a tantas Marias que povoam as terras macapaenses. A Solução pode estar no rio que dá água de beber ao Pássaro Que Passou fazendo uma sombra que se misturou à dela para alçarem voo juntos. Ana Martel tem olhar atento ao mundo, mas, de vez quando, fica De Olhos Fechados, para assim melhor enxergar. Assim é Ana, simples assim, Ana Martel. Eu sou Ana – disco Divulgação independente com patrocínio da Eletrobrás a partir do incentivo da Lei Rouanet – traz, além das sete músicas já mencionadas no parágrafo anterior, Toque de Caixa, parceria de Ana com Zé Miguel, e também Sou Ana (Sérgio Souto e Enrico di Miceli), Branca no Samba (Biratan Porto, Paulo Moura e Marcelo Sirotheau) e Mal de Amor (Joãozinho Gomes e Val Milhomem). Ana é macapaense. Por seu canto e por seus versos se pode suspeitar que, ainda menina, ela foi à boca da brenha e gritou: "Prazer, sou Ana!". A resposta não tardou: "Prazer, sou a floresta!". Desde esse dia as duas se tornaram corda e caçamba, amigas inseparáveis, como se feitas uma para a outra. Por seu frescor contemporâneo, a música de Ana Martel está impregnada de força amazônica. Sua voz tem a afinação dos passarinhos que cantam e voam sobre a copa das maiores árvores da floresta. Suas boas soluções melódicas vêm

límpidas como o vento que abençoa enquanto esparrama benefícios. A bateria tocada por Edvaldo Anaice encabeça as levadas, enquanto as percussões de Marcio Jardim e o poder dos tambores de marabaixo e de batuque, estimulados pelas mãos de Nena Silva, revelam a pujança rítmica de algumas das músicas de Eu sou Ana. A flauta tocada por Esdras de Souza tem destaque em ao menos cinco delas. O baixo de Príamo Brandão, ora elétrico, ora acústico, acentua a cozinha e dá peso às onze faixas do álbum. Os violões de náilon e de aço, bem como a guitarra de Davi Amorim, agregam riqueza melódica a pelo menos quatro canções. Os arranjos foram divididos entre o bom pianista, tecladista e organista Jacinto Kahwage (seis) e o igualmente competente pianista, bandolinista, violinista e acordeonista Luiz Pardal (cinco). O resultado é uma agradável combinação de sonoridade e ritmo que propicia intensidade ainda maior aos versos e uma ampla visão da musicalidade amazônica. Palmas para os compositores macapaenses, parceiros ou não de Ana Martel, eles que verbalizam o viver da gente do extremo norte do Brasil. Palmas para os instrumentistas que tocam seu belo trabalho à margem do que se escuta no restante do país. Palmas para Ana Martel, ela que trata de descrever e cantar a sua gente de Macapá, de Belém e de toda a Amazônia. Ana que parece entoar um colossal grito de "gracias a la vida" (ainda que nada tenha a ver com Mercedes Sosa), ao amor e em louvor à terra, à floresta e à música.

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4.

Huevos rotos con espárragos Ingredientes: Duas batatas pequenas; duas unidades de aspargos verdes; três ovos; azeite de oliva; sal e pimenta a gosto; pães. Modo de Preparo: 1) Lavar, descascar e cortar as batatas em cubos de aproximadamente dois cm de espessura. 2) Aquecer o azeite à temperatura de 150 graus. Fritar as batatas até estarem macias e douradas. Reservar. 3) Em frigideira com azeite, fritar os ovos ligeiramente, para que as gemas se mantenham moles. Temperar com pimenta do reino e sal a gosto. 4) Com uma escumadeira, retirar os ovos e colocar em uma tigela. Reservar. 5) Grelhar os aspargos com azeite, sal e pimenta. Montagem: Em um prato, montar as batatas fritas em formato pirâmide. Quebrar os ovos com um garfo para que fiquem em pedaços e em seguida despejar em cima das batatas. Finalizar com os aspargos para decorar. Rendimento : uma porção.

MASP NAS RUAS Exposição Revelarte - O Masp nas Ruas leva durante o mês de outubro 40 cópias de obras-primas de grandes mestres para os muros da cidade. Em um raio de 1,5 km em torno da sede do museu, o público poderá encontrar 40 reproduções de trabalhos criados por mestres como Van Gogh, Renoir e Goya. O fotógrafo Ary Diesendruck e sua equipe registrarão as reações do público, para posterior publicação de um catálogo com textos do curador Teixeira Coelho.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

d

5

cultura

Yin e Yang da Harmonização Comida e Vinho Carlos Celso Orcesi

M

uito se escreve sobre harmonização entre comida e vinho, mas a sensação é de permanente vácuo. Mil regrinhas específicas mas nenhuma sistematização. Ou regras gerais como as combinações clássicas: peixe não combina com tinto, carne não combina com branco, sobremesa exige vinho doce. E de outro lado as mesclas clássicas como frango e lombo com tintos elegantes, cordeiro e caças com tintos encorpados, salmão ou caviar com champagne, queijos azuis (gorgonzola, roquefort e stilton) com porto, queijos duros com tintos, queijos moles (camembert e brie) com brancos fortes (borgonhas). Qual a regra básica da harmonização? Comecemos com o exemplo de um linguado de cor clara. O peixe apenas grelhado, com algum tempero, virá à mesa com aquele ligeiro amargor da maioria dos peixes. Se servirmos um tinto, o tanino (a adstringência presente no chá) vai brigar com a comida. O tanino do vinho não apaga mas se soma, donde teremos no paladar "dupla" adstringência. O vinho branco, com boa acidez, como o sauvignon blanc (Sancerre ou Bordeaux), tenderá a casar com a comida. Se você pedir bife de chorizo (contrafilé) numa churrascaria, a textura e o sumo natural da carne pedirão um belo tinto. Não é proibido tomar branco com carne ver-

melha, mas o vinho (mesmo quando se trata de um belo chardonnay criado em madeira) ficará abaixo da comida. No extremo seria como tomar água entre as garfadas da carne. Portanto a primeira lição que recolhemos do Guia Peñin 2008 (Espanha, p. 154) é: (a) há pratos proibidos com certo tipo de vinho (ex. do linguado com tinto); (b) pratos recomendados (ex. carne com tinto); (c) e pratos aceitáveis (ex. branco com carne ou até certos tintos com alguns peixes). Deste patamar subiremos para o 2º degrau. Acontece que ninguém come peixe no moquém como nossos tupis ou carne na brasa como os neandertais. As dúvidas recomeçam se pensarmos em molhos e condimentos. Imaginem o nosso robalinho ao tomate e alecrim. A carne assada com bacon, ou ainda para complicar, especiarias do tipo coentro ou pimenta! Se o peixe ácido vem preparado com molho agridoce, você combinará o vinho com o alimento ou o condimento? Se a comida for apimentada (baiana, mexicana), ou tiver molhos exóticos (indiana, japonesa e chinesa), como mascarar a ardência? Não procuremos ainda as respostas, até porque são complexas. Tentemos por enquanto fixar o segundo princípio básico: deve-se harmonizar o vinho com aquilo que prevalece, seja o alimento, seja o

Divulgação

condimento ou modo de preparar. Subindo ao 3º degrau, aproveitemos para usar nosso cérebro: pensar, filosofar. Qual o benchmarket da culinária e do vinho? Sem dúvida a França. Notem que sua culinária à base de manteiga e creme de leite favorece e ressalta o sabor do alimento. Nada contra a culinária japonesa, mas percebem que shoyu não ajuda o vinho? Sim, sempre é possível sugerir um branco que reduza a acidez do molho; há soluções, mas o principal está em que na culinária francesa o vinho casa e na japonesa contrasta. Através de exemplos como este do creme versus curry ou shoyu (e principalmente depois de muito pensar) percebi o que está errado, ou melhor, o que falta explicar! A harmonização deve ser buscada através do seguinte método: contraste ou equilíbrio, casamento ou divórcio, yin e yang. Essa descoberta provavelmente não é inédita, embora tenha chegado a ela através de observação e experiência. Peguemos a "sobra da casa grande" (prato difícil com vinhos), a feijoada. Exatamente para quebrar a dureza do feijão reduzido e das carnes misturadas a feijoada leva... laranja. Para contraste e não harmonia! Não por acaso muitos preferem feijoada com cerveja, ainda mais quando colocam pimenta, para matar a sede. No campo dos vinhos

Arquivo DC

o contraste seria com vinho verde; e o equilíbrio, por exemplo, poderia ser buscado com um malbec (San Pedro de Yacochuya, Corte B de Vistalba) ou um CS (Fortaleza do Seival, Salton Séries, qualquer Bordeaux) de bom teor alcoólico. A acidez e taninos desses tintos tenderão a compor com o feijão. O mesmo acontece com melão com presunto: há contraste entre o mole, doce e molhado da fruta e o duro, salgado e seco do pernil. Assim por diante: o gelado do sorverte vs. o quente da calda no petit gateau. Meu objetivo aqui é ultrapassar a questão dos exemplos e chegar ao patamar do que falta, o 4º degrau: sistematização. Se você arriscar uma carne de caça (p. ex. javali ou perdiz), o tanino de um tinto encorpado suavizará o prato. Já um branco, ainda que madeirado, ficará abaixo da textura da comida, para nem dizer dos molhos reduzidos da própria carne que em geral a acompanham. Em resumo, você pode perfeitamente ousar... desde que saiba o que esta fazendo. Não é proibido tomar um belo branco com churrasco, dependendo do dia local e hora. É preciso ter consciência - ou informar seus convidados - que esta foi uma opção consciente, por exemplo porque está "muito calor". Tenha consciência de que estará optando pela harmonização por contraste e não por equilíbrio.

Marcos Mendes/LUZ

Loucos por diversão Armando Serra Negra Esta não é a primeira vez que os bailarinos da Cloud Gate Dance Theatre sobem ao palco do Teatro Alfa. Ainda bem. Quem teve o privilégio de vê-los em anos anteriores vai poder repetir a dose neste fim de semana. O grupo chinês volta a participar da Temporada de Dança do Teatro Alfa para exibir Whisper of Flowes, espetáculo baseado na peça O Jardim das Cerejeiras, do escritor e dramaturgo Tchecov (1860-1904). A coreografia, assinada por Lin Hwai-Min, foi criada especialmente para integrar o Festival Tchekhov, sediado em Moscou. O evento, apresentado na terra natal do escritor, foi realizado para comemorar os 150 anos de seu nascimento. Mas nem pense em encontrar no palco algo que remeta aos personagens e ao enredo de O Jardim das Cerejeiras. O foco principal do espetáculo está no tema: a passagem da juventude para a velhice. Tal motivo é mostrado ao público ao som da trilha sonora formada por trechos de Seis Suítes para Violoncelo Solo, de Bach, interpretada pelo russo Mischa Maisky. Apesar de os bailarinos já terem dançado no Alfa, dessa vez a paisagem será diferente. E florida. Na primeira parte do espetáculo, os 20 integrantes do grupo darão seus passos entre pétalas vermelhas, espalhadas no tablado pelo vento e pelo movimento dos artistas. Na parte seguinte, o vento continua a soprar, acompanhado de fios flutuantes, além de paredes espelhadas em cima do palco. A Temporada de Dança prossegue depois do belo espetáculo chinês. Nos dias 23 e 24, a companhia Ballet du Grand Théâtre de Genève exibe suas coreografias mais novas Blackbird, Dov'è la Lune e Loin. Em seguida, é a vez de o público conhecer o trabalho inédito de Henrique Rodovalho, Tão Próximo, interpretado pelos dançarinos da Quasar Cia. de Dança. O grupo mostra a dança nos dias 6 e 7 de novembro. Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722. Tel.: 5693-4000. Sábado (2), segunda (4) e terça (5), às 21h. Domingo (3), às 18h. De R$ 50 a R$ 120.

P

equenino e simpático Bar Saci. Um lugarzinho para poucos, maroto experimento de trabalho participativo, na pegada única da economia solidária. A casinha geminada, inclinada na ladeira íngreme, abriga um som ao vivo compacto (duo de violão e baixo), nas quintas-feiras e sábados. Nas sextasfeiras dos DJs, o bicho pega: "Por mais baixo que se toque, já baixou a polícia; então, após as 22h, ligamos a vitrola bem baixinho, para curtir as bolachas de vinil", conta Marilia Capponi, 27 anos de idade, psicóloga e coordenadora do projeto Casa do Saci. Nos outros dias da semana o logradouro funciona como sede da ONG Vida em Ação (AVA), um projeto de suporte para os usuários do serviço público de saúde mental. "Nesses dias utilizamos o espaço para as reuniões, palestras e cursos", diz ela. A equipe de trabalho do bar é de 15 pessoas, pacientes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), trabalhando em dias alternados – como terapia ocupacional e inserção social, além do ofício propriamente dito – em regime de cooperativa informal. "Proporcionamos aos pacientes psiquiátricos um raro ambiente de trabalho e lazer". Entre as poucas mesinhas, cobertas com toalhas de chita, Didous vem trazendo uma xícara de café (R$ 2): "Gosto daqui, porque dá para pensar e passar o tempo; para quem está em tratamento, é muito importante ter como passar o tempo", pondera o garçom acidental. A MPB vai rolando, uma escada saltita para o segundo andar, ao encontro da Livraria Louca Sabedoria. Mais algumas mesinhas, janela aberta para ventilar neurônios, as 12 meiasprateleiras oferecem o que há de mais novo sobre temas psicanalíticos e manicomiais, além de boas ficções de segunda mão. As paredes são forradas, de alto a baixo, com quadros dos estilos

mais díspares, todos pintados pelo mesmo autor. "O próximo vernissage será uma coletiva", informa Marilia. Do mesmo modo que uma estante tornase uma livraria e sebo, três paredes pequenas sustentam uma galeria, de volta ao térreo alguns engradados pendurados servem de loja ao Saci. "Vendemos produtos desenvolvidos por outros parceiros também aliados aos CAPS", explica. São produtos curiosos e criativos, de boa qualidade, ostentando etiquetas que sugerem nomes de grife: bijuterias e origamis da Talento à Bessa (R$ 15), bolsas da Cobra Criada (R$ 25), e o hype camisetas da Dasdoida (R$ 30). Sucesso de mídia e público, a marca vem na trilha onomástica da Daslu e da Daspu, com oficina montada no CAPS Luiz da Rocha Cerqueira, nas imediações da Avenida Paulista. Atenção para os surpreendentes moleskins, confeccionados com caixas de

amostras grátis dos mais diversos barbitúricos (Paxtrat, Haldol, Gardenal etc. – R$10). Sem dono ou patrão, portanto, o lucro auferido pelo bar é distribuído igualmente entre os cooperados, segundo o princípio da economia solidária; e o da lojinha retornado aos outros projetos. Quiches deliciosos (experimente o de abóbora com carne seca – R$ 5,80); mix de queijo (R$ 8), amendoins (R$ 3), sete rótulos de cerveja – de Xingu (R$ 3,19) a Norteña (R$ 14,99) – caipirinhas (R$ 7), caipiroskas (R$ 8), drinques especiais (surpresa), e a exclusiva Cachaça do Saci (R$ 5), envelhecida no tonel atrás do balcão. À mesa do prosaico e ínfimo jardim (4 m²), chão ladrilhado de acesso aos lavabos, pode-se pitar tabaco livremente, observando o céu moverse estrelado lá no alto, entre a brecha dos telhados lindeiros. No mais alto astral, há muito que os doentes

mentais não são mais confinados: a Lei Federal 10216 prescreveu a extinção dos leitos nos hospitais e sanatórios psiquiátricos, a partir de 2001. O modelo seguido no Brasil foi desenvolvido pelo psiquiatra Franco Basaglia (1924-1980), que estabeleceu a abolição de todos os manicômios da Itália, em 1978. Um dos precursores dessa política de tratamento, que vendo sendo adotada internacionalmente em maior ou menor escala, ele acreditava que os loucos não devem permanecer afastados da sociedade, mas sim, em plena integração social. Irradiando boa música, conforto e simpatia, o Saci está fazendo sua parte; dê um pulo até lá! Bar Saci. Rua Wanderley, 702. Perdizes. Tel: 2892-3600. (Não aceita cartões). www.barsaci.wordpress.com Marcos Mendes/LUZ

O Saci é de música e de muito mais: convida você para ler, conversar, discutir e pensar. Bom momento para pensar, não?

CONVENIÊNCIA DA VIDA A DOIS É TEMA DA PEÇA A PANTERA Atores Sílvia Lourenço e Gustavo Vaz vivem um casal de noivos na comédia dramática escrita por Camila Appel. No Centro Cultural São Paulo. Tel.: 3397-4002. R$ 15.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

6

d

cultura

Sinhozinho Malta está de volta. Mas ele alguma vez deixou de estar aqui? Roque Santeiro, fenômeno da TV brasileira, retorna em DVD após 25 anos de sua estreia. Box reúne 16 discos.

Fotos: Arquivo DC

N

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Divulgação/AE

o dia 22 de fevereiro de 1986, a Rede Globo conseguiu uma proeza até hoje inédita: 100% de audiência. Sim, o Brasil parou para assistir o último capítulo da novela Roque Santeiro, um dos maiores fenômenos da televisão brasileira e que, 25 anos depois de ter ido ao ar pela primeira vez, conquistou outra façanha: a primeira telenovela brasileira lançada em DVD. A obra de 209 capítulos, exibida entre junho de 1985 e fevereiro de 1986, foi resumida e acondicionada em um box com 16 discos, num total de 51 horas de gravação (Globo Marcas, R$ 249). Mais do que uma novela, Roque Santeiro transformou-se em uma mania nacional, numa época em que a TV era a principal diversão da família brasileira, já que não havia internet, TV a cabo ou jogos de computador. Virou tema de brinquedos, revistas em quadrinhos e até álbum de figurinhas. Os figurinos exagerados tornaram-se moda e os bordões dos personagens eram repetidos a torto e a direito nas ruas. Não é para menos. Escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva, a obra mistura com maestria uma boa trama, humor, regionalismo, sátira política e uma pitada de realismo fantástico na figura do sinistro professor Astromar, aquele que vira lobisomem. Realismo fantástico que Dias Gomes já havia experimentado com grande sucesso em outra empreitada da TV: Saramandaia, exibida pela Globo em 1976. Na pequena Asa Branca, a história se desenvolve em torno do triângulo amoroso entre a viúva Porcina (Regina Duarte), sinhozinho Malta (Lima Duarte,

Marcus Lopes com o famoso bordão "tô certo ou tô errado?") e Roque (José Wilker), herói da cidade e que volta à terra natal anos depois de ter sido considerado morto. É justamente aí que começa a confusão. O que era para ser uma grande alegria torna-se um problema para os caciques da cidade, já que a economia local e o poder político giram em torno do mito e dos milagres atribuídos a Roque Santeiro, uma espécie de padre Cícero asabranquense, cultuado como santo e herói no imaginário popular. Além das peripécias do trio, o público se divertia com os outros personagens interpretados por um elenco de peso, como dona Mocinha (Lucinha Lins), padre Hipólito (Paulo Gracindo), dona Pombinha (Heloisa Mafalda), o prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura) e o inesquecível Zé das Medalhas, vivido por Armando Bogus. "Pode-se dizer, sem medo de errar, que a televisão brasileira se divide em antes e depois de Roque Santeiro. A novela foi um marco. E não apenas pela audiência – a maior de todas –, mas também por ter dado ao gênero uma 'densidade' que ele não tinha. Roque Santeiro acostumou mal o público, pois o tornou mais exigente. E influenciou não apenas o gênero das telenovelas, mas a própria televisão como um todo", explica Aguinaldo Silva, em entrevista ao Diário do Comércio. Silva, que dividiu a autoria com Gomes, dá sua explicação para o sucesso estrondoso do folhetim: "Primeiro, por causa da novidade. E depois, por causa da ousadia – Roque Santeiro ousou mais do que todas,

mesmo numa época em que ainda havia censura (o Brasil estava no início da transição democrática). A linguagem inovadora, o tom farsesco levado às últimas consequências, o subtexto altamente político eram novidades que, depois, por mais que tenham sido retomadas, pareceram repetitivas", explica o autor. De fato, há um forte componente

político na trama, centralizado na figura de padre Albano, pároco de uma igreja da periferia da cidade e que prega a reforma agrária e a justiça social. Não é à toa que a versão original da novela seria exibida em 1975, mas foi proibida pela censura imposta pelo governo militar. "Eu fiz 51 novelas, mas essa... que novelão", registrou Lima Duarte, que em 1985 foi eleito o melhor ator pela

Pode-se dizer, sem medo de errar, que a televisão brasileira se divide em antes e depois de Roque Santeiro. A novela foi um marco. Aguinaldo Silva, autor

Na TV, está de volta Vale Tudo, a telenovela de 1989, que fez a ficção parecer realidade. Como será a sua audiência em 2010?

Associação Paulista dos Críticos de Arte. Naquele ano, Regina Duarte também ganhou como melhor atriz e Claudia Raia, que estreava em novelas, ganhou o prêmio revelação feminina. Outros que na ocasião debutavam na TV foram Maurício Mattar (no papel de João Ligeiro, irmão de Roque) e Patrícia Pillar (a atriz Linda Bastos). Há outras curiosidades em torno do trabalho. Na versão original de 1985, Betty Faria seria a viúva Porcina e Francisco Cuoco, o sinhozinho Malta. Como ainda não existia o Projac, as cenas externas eram gravadas em Guaratiba, interior do Rio de Janeiro. Na versão que chega às lojas, as cenas receberam tratamento de imagem e, é claro, foram editadas para a história caber nos DVDs. Em cada disco há uma breve apresentação dos atores principais sobre o enredo. A coleção também traz os dois finais gravados na época: o que Porcina fica com Sinhozinho no final e outro, inédito, em que ela fica com Roque. E as novelas de hoje conseguiriam repetir tanto sucesso? O próprio Aguinaldo Silva responde: "As novelas atuais se dão por satisfeitas quando conseguem chegar aos 65% de audiência no último capítulo. Eu, por exemplo, fiquei muito feliz quando o último capítulo de Senhora do Destino conseguiu 83% de audiência. Mudaram os tempos, mudaram as novelas...", explica o autor, que assinou outros clássicos globais, como Tieta e Vale Tudo (leia mais na coluna de TV na página 2), onde o tom político novamente ganha destaque ao colocar em discussão até que ponto vale a pena ser honesto no Brasil: na última cena, o inescrupuloso Marco Aurélio (Reginaldo Faria) se dá bem nos seus trambiques e manda uma "banana" para o Brasil ao fugir para o exterior com o dinheiro desviado da empresa onde trabalhava. É necessário destacar que, naquela época, ainda não havia tantas opções de diversão que não fosse a famosa novela das oito. Diante disso, Silva concorda que as telenovelas, que antes monopolizavam as atenções do

público, precisam, cada vez mais, se reinventar a todo momento para competir com os novos meios de comunicação e diversão. "Os profissionais envolvidos com o gênero estão trabalhando nisso. Ainda mais porque, do ponto de vista financeiro, a televisão brasileira não pode prescindir das novelas. Por serem obras abertas, e de longa duração, são os únicos programas de TV que se pagam e ainda dão lucro. Sabe-se, não é uma lenda, que os salários das emissoras são pagos pelo que rende a novela das oito, por isso precisamos adaptar o gênero aos novos tempos e mantê-lo", diz Silva, que considera Roque um marco na sua carreira. "Ao escrever Roque Santeiro é que descobri qual seria o meu estilo. Paulo Ubiratan, que a dirigiu, definiu assim isso que chamo de meu estilo: 'as situações são sérias, mas o modo como Aguinaldo as aborda é sempre muito engraçado'. Desde Roque Santeiro é assim que vejo o mundo em minhas novelas", diz Silva. Às vésperas de mais uma eleição nacional, Roque Santeiro se apresenta mais atual do que nunca, mostrando ao público o quanto pode ser perigoso, e frustrante, cultuar heróis e santos que não fazem jus aos milagres a eles atribuídos. Divulgação


Tiririca: depois que dá, ninguém tira. A ficha completa da erva-daninha que se propaga velozmente e é uma grande dor de cabeça. Pág.11 Ano 86 - Nº 23.218

Conclusão: 00h25

Jornal do empreendedor

www.dcomercio.com.br

R$ 1,40

São Paulo, sexta-feira, 1 de outubro de 2010 Reprodução

NO AR, MAIS UM FLAGRA DE CORRUPÇÃO ESTRELANDO:

Roriz e Borges, genro do ministro do STF Ayres de Brito Em vídeo, Borges negocia honorários de R$ 4,5 milhões por sucesso de Roriz no Ficha Limpa. Pág. 6 Rodrigo Capote/Folhapress

É COM VOCÊ, ELEITOR! Fim dos debates, propaganda e comícios. Chegou a hora de votar. Seremos o país que os eleitores escolherem. Páginas 2, 3, 5, 6, 7 e 8. Rodrigo Buendia/AFP

Um tiro. E a morte do menino.

d

Miguel, 9 anos, estava na sala de aula. A família chora e pergunta: quem o matou? Pág. 10

cultura

Reveja Roque Santeiro (em DVD), Vale Tudo (na TV) e leia Balas de Estalo, de Machado de Assis. Neste momento político, têm tudo a ver.

Pague online sem medo de fraudes

Equador à beira da guerra civil O presidente Correa (na foto, de costas e terno) foi ferido quando falava a militares, em Quito. Pôs o Equador em estado de exceção. E saiu do hospital com o exército. Pág. 12

O mundo real traz confiança ao pagamento virtual. E 1

Um vírus bíblico ataca o Irã Página 13

Antonella Salem

LA DOLCE VITA

Destinos românticos da Itália: encantos de Capri, na última reportagem da série. Boa Viagem

A nova e elegante picape Montana

MAX

Economia 7

AMANHÃ Sol com pancadas de chuva Máxima 28º C. Mínima 17º C.

ISSN 1679-2688

23218

9 771679 268008

O OSCAR VAI... ... para o filme Lula, O Filho do Brasil? Sua escolha para representá-lo em Hollywood cria polêmica. "Como um governo pode mandar um representante oficial que louve seu próprio governante?", questiona o crítico Rubens Ewald. Acompanhe o debate e opine na nossa enquete.

Divulgação

HOJE Sol com pancadas de chuva Máxima 26º C. Mínima 16º C.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

2

o

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Hugo Chávez continua construindo incansavelmente a sua ditadura a partir da democracia. Roberto Fendt

pinião

Reprodução

EYMAR MASCARO

CAMINHANDO NO FIO DA NAVALHA Um fato novo animou os tucanos: apesar de Dilma Rousseff ter a preferência de cerca de 60% dos eleitores no Nordeste, José Serra teve crescimento naquela região.

O

O quadro de John Trumbull, The Declaration of Independence (1817-1819) mostra os principais articuladores da Constituição americana, entre os quais Thomas Jefferson.

O Jefferson que Chávez não leu

N

ão sei que livros o presidente Hugo Chávez costuma ler. Mas pelo "Plano Revolucionário de Leitura" que lançou em maio do ano passado dá para ter uma ideia. Não são apenas livros esquerdistas. São livros de autores esquerdistas ao seu gosto. Esquerdistas de diferentes matizes não servem, só aqueles que possam de alguma forma justificar o seu regime bolivariano. As bibliotecas públicas venezuelanas estão agora cheias desses livros. Chávez continua construindo incansavelmente a sua ditadura a partir da democracia. E ajudado pela omissão das oposições nas eleições parlamentares de 2005, o que o deixou com a maioria absoluta do Congresso – e permitiu o seu reinado antidemocrático. Chávez encarna à perfeição o dilema da América Latina. A democracia não floresce em um vácuo institucional. Ela depende do constitucionalismo para sobreviver. Mas também o constitucionalismo não é suficiente: ele depende de cláusulas pétreas que garantam a liberdade. Sem elas, a Constituição torna-se um instrumento nas mãos do tirano de ocasião, a manusear as leis a seu talante, para proveito próprio. As cláusulas pétreas podem variar de país a país, mas não podem deixar de incluir o que Thomas Jefferson fez incluir na Declaração de Direitos do povo norte-americano. Para ele, como para os filhos do iluminismo do século 18, eram verdades evidentes a igualdade de todos no nascimento e o fato de sermos dotados pelo

ROBERTO FENDT Criador de direitos inerentes à nossa natureza humana e, portanto, inalienáveis. Entre esses direitos estão, pela ordem, o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade (kantianamente, à maneira de cada um). Foi para assegurar esses direitos, escreveu Jefferson, que os governos foram instituídos. Os seus poderes dependem do consentimento dos governados. E que, portanto, sempre que qualquer forma de governo se oponha a seus fins, o povo tem o direito de aboli-lo e de instituir um novo governo, de tal forma a assegurar a segurança e a maneira de cada um buscar a sua felicidade. Foi o que começou a fazer agora o povo da Venezuela.

O

s resultados das eleições na Venezuela nesse último domingo mostraram mais do que um país rachado ao meio: a oposição ganhou no número de

votos, embora tivesse elegido um número que não corresponde ao percentual de votos que teve. Na composição parlamentar, Chávez ganhou de goleada: fez 98 deputados em um total de 165 assentos em disputa (59% das vagas), com 48% dos votos. A oposição fez 65 deputados, tendo sido eleitos dois deputados independentes. A que atribuir esse resultado? Houve fraude nas eleições?

N

ão o tipo de fraude convencional, em que urnas são violadas e votos mudados. Um tipo de fraude, se assim podemos chamá-la, mais sutil e perversa. Antes das eleições para o parlamento, um ano atrás, Chávez mudou a geografia das zonas eleitorais, redesenhando-as para ter maior número delas nas regiões onde era maior o apoio a seu regime. Não poderia perder na contagem

Com os assentos que tem, a oposição pode impedir que Chávez governe por decreto. Assim, os deputados atuais querem dar mais poderes a ele, antes da nova legislatura.

dos representantes eleitos, embora pudesse perder no número de votos válidos. A vitória não foi comemorada de pronto, como é usual em pseudo-democracias. O clima já não estava favorável a comemorações, uma vez que houve presença maciça de eleitores. Mais de 11 milhões votaram, a maioria contra o Partido Socialista Unido de Venezuela, do presidente. Quando a comemoração veio, foi chocha, como um desfile de bloco carnavalesco em uma quarta-feira de cinzas. Com os assentos que tem, a oposição pode impedir que Chávez continue governando por decreto. Não é por outra razão que os deputados chavistas querem aproveitar o fim de festa da atual composição do Congresso venezuelano para dar mais poderes a Chávez. Querem que a Assembleia Nacional aprove uma nova lei habilitante, antes da posse dos novos deputados, para que o presidente continue a governar por decreto.

T

erão sucesso? Se tiverem, estarão afrontando mais da metade dos venezuelanos e provavelmente cavando a sepultura de suas carreiras políticas. Porque, como escreveu Jefferson, o povo tem sempre o direito inalienável de remover o mau governante. Ele só está lá por consentimento dos governados. Essa eleição é histórica porque marca o início do fim do despotismo na Venezuela. Por meio dela, o povo já está sinalizando a mudança. Se não leu, agora é o momento para Chávez ler Jefferson. Pode ser útil para antever o seu futuro. ROBERTO FENDT É ECONOMISTA

s tucanos vão às urnas domingo convencidos de que seu candidato a presidente, José Serra, precisa levar a eleição para o 2º turno para ter chance de se eleger. Já no PT o esforço é para que Dilma Rousseff alcance 50% mais 1 dos votos e "mate" a eleição ainda no 1º turno. O PSDB começou a campanha nesta semana disposto a reduzir a diferença que favorece a candidata petista, evitando que o pleito termine domingo. Nos últimos 20 dias de campanha, o PT blindou sua candidata para evitar que Dilma sofresse mais perdas com as denúncias de corrupção na Casa Civil, que atingiram em cheio o governo Lula. Mesmo com a blindagem, a crise chegou a abalar a candidatura de Dilma e serviu para reduzir a diferença que a petista sustentava sobre os demais presidenciáveis. Apesar da queda de sua candidata nas últimas pesquisas, o PT ainda faz cálculos e chega à conclusão otimista de que se Dilma ganhar a eleição, o partido pode se "eternizar" no Poder.

esmo que queira se candidatar à reeleição em 2014, caso se eleja agora, Dilma seria pressionada pelos petistas para apoiar a candidatura de Lula. A tese no partido é que com uma vitória de sua candidata, o PT pode ficar no Poder por mais 12 anos. Os petistas lembram que o governo Lula ainda arranca 80% de aprovação nas pesquisas, mas, o otimismo ronda também o PSDB. O tucanato avalia que se conseguir levar a eleição para o 2º turno, Serra pode surpreender Dilma nas urnas. Num 2º turno, os dois candidatos teriam tempos iguais de campanha na televisão. Um fato animou os tucanos: apesar de Dilma Rousseff ter a preferência de cerca de 60% dos eleitores no Nordeste, Serra cresceu na região, possivelmente pela pregação que fez nos últimos dias de que, se eleito, premiaria os trabalhadores com um salário mínimo de R$ 600, superior ao mínimo proposto pelo governo federal. Os marqueteiros acham importante crescer no Nordeste, porque a região concentra 35 milhões de eleitores. Além de um mínimo superior ao de Lula, Serra prometeu também para as pessoas que dependem do assistencialismo do Bolsa-Família, aumentar o valor pago pelo governo petista. Mas nem tudo agradou os tucanos nestes últimos dias. O partido em São Paulo ficou abalado com o comentário feito pelo senador tucano Álvaro Dias, segundo o qual o PSDB do Paraná teria

M

abandonado Serra no estado. Outra desconfiança na coordenação de campanha de Serra é que tucanos mineiros continuaram trabalhando no estado a chapa "Dilmasia", isto é, pedindo votos para Dilma para a Presidência e para Antonio Anastásia para o governo estadual. Aécio Neves, contudo, desmente tal versão, garantindo que o PSDB de Minas pede votos só para Serra. Nos últimos dias, Serra intensificou a campanha em Minas Gerais e São Paulo, dois estados que concentram 45 milhões de votos, os quais apontaram também um crescimento de Dilma. O PSDB continua sem entender, por exemplo, porque o seu candidato ao governo paulista, Geraldo Alckmin, abre boa vantagem sobre o candidato do PT, Aloizio Mercadante, enquanto Serra perdeu pontos para Dilma. eleição de domingo vai revelar se o PSDB conseguirá a alternância no poder ou se o PT vai continuar mandando no País por mais alguns anos. Recorde-se que quando ministro no governo Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Mota chegou a profetizar que o PSDB ficaria 20 anos no poder . Mota foi o principal articulador do PSDB com deputados e senadores para que o Congresso aprovasse, sob suspeita de compra de votos, a emenda constitucional que permite uma reeleição aos prefeitos, governadores e presidente da República.

A

EYMAR MASCARO É JORNALISTA E COMENTARISTA POLÍTICO MASCARO@BIGHOST.COM.BR

Fundado em 1º de julho de 1924 Presidente Alencar Burti Vice-Presidentes Alfredo Cotait Neto, Antonio Carlos Pela, Arab Chafic Zakka, Carlos Roberto Pinto Monteiro, Claudio Vaz, Edy Luiz Kogut, Gilberto Kassab, Guilherme Afif Domingos, João de Almeida Sampaio Filho, João de Favari, José Maria Chapina Alcazar, Lincoln da Cunha Pereira Filho, Luís Eduardo Schoueri, Luiz Roberto Gonçalves, Moacir Roberto Boscolo, Nelson F. Kheirallah, Roberto Macedo, Roberto Mateus Ordine, Rogério Pinto Coelho Amato, Sérgio Antonio Reze

CONSELHO EDITORIAL Alencar Burti, Guilherme Afif Domingos, João Carlos Maradei, João de Scantimburgo, Marcel Solimeo, Márcio Aranha e Rogério Amato Diretor-Responsável João de Scantimburgo (jscantimburgo@acsp.com.br) Diretor de Redação Moisés Rabinovici (rabino@acsp.com.br) Editor-Chefe: José Guilherme Rodrigues Ferreira (gferreira@dcomercio.com.br) Chefia de Reportagem: Teresinha Leite Matos (tmatos@acsp.com.br) Editor de Reportagem: José Maria dos Santos (josemaria@dcomercio.com.br) Editores Seniores: Bob Jungmann (bob@dcomercio.com.br), Carlos de Oliveira (coliveira@dcomercio.com.br), chicolelis (chicolelis@dcomercio.com.br), Estela Cangerana (ecangerana@dcomercio.com.br), Luiz Octavio Lima (luiz.octavio@dcomercio.com.br), Luiz Antonio Maciel (maciel@dcomercio.com.br) e Marino Maradei Jr. (marino@dcomercio.com.br) Editor de Fotografia: Alex Ribeiro (aribeiro@dcomercio.com.br) Editores: Cintia Shimokomaki (cintia@dcomercio.com.br), Ricardo Ribas (rribas@dcomercio.com.br) e Vilma Pavani (pavani@dcomercio.com.br) Subeditores: Kleber Gutierrez, Marcus Lopes, Rejane Aguiar e Tsuli Narimatsu Redatores: Adriana David, Evelyn Schulke, Giseli Cabrini e Sérgio Siscaro Repórteres: Anderson Cavalcante (acavalcante@dcomercio.com.br), André Alves, Fátima Lourenço, Fernanda Pressinott, Geriane Oliveira, Ivan Ventura, Kelly Ferreira, Kety Shapazian, Lúcia Helena de Camargo, Mário Tonocchi, Neide Martingo, Patrícia Büll, Paula Cunha, Renato Carbonari Ibelli, Rita Alves, Sandra Manfredini, Sergio Leopoldo Rodrigues, Sílvia Pimentel, Vanessa Rosal, Vera Gomes e Wladimir Miranda. Gerente Comercial Arthur Gebara Jr. (agebara@acsp.com.br) Gerente Executiva de Publicidade Sonia Oliveira (soliveira@acsp.com.br) Gerente de Operações José Gonçalves de Faria Filho (jfilho@acsp.com.br) Serviços Editoriais Material noticioso fornecido pelas agências Estado, Globo e Reuters Impressão Diário S. Paulo Assinaturas Anual - R$ 118,00 Semestral - R$ 59,00 Exemplar atrasado - R$ 1,60

FALE CONOSCO E-mail para Cartas: cartas@dcomercio.com.br E-mail para Pautas: editor@dcomercio.com.br E-mail para Imagens : dcomercio@acsp.com.br E-mail para Assinantes: circulacao@acsp.com.br Publicidade Legal: 3244-3175. Fax 3244-3123 E-mail: legaldc@dcomercio.com.br Publicidade Comercial: 3244-3344, 3244-3983, Fax 3244-3894 Central de Relacionamento e Assinaturas: 3244-3544, 3244-3046 , Fax 3244-3355

REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E PUBLICIDADE Rua Boa Vista, 51, 6º andar CEP 01014-911, São Paulo PABX (011) 3244-3030 REDAÇÃO (011) 3244-3449 FAX (011) 3244-3046, (011) 3244-3123 HOME PAGE http://www.acsp.com.br E-MAIL acsp@acsp.com.br


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

o

MUITOS QUE ASSINARAM MANIFESTO PELA DEMOCRACIA MINIMIZARAM ANTES O PERIGO DA ESQUERDA.

pinião

E

3

Presenças honrosas

ntre os quase sessenta mil signatários do "Manifesto em Defesa da Democracia" há, decerto, um bom contingente de cidadãos – nos quais me incluo – que jamais se deixaram enganar pelo "novo paradigma" imposto à política brasileira desde a ascensão das esquerdas ao primeiro plano do espetáculo nacional. Mas há também uma parcela de celebridades da mídia, do show business, da política e do mundo empresarial, das quais não se pode dizer o mesmo. O próprio site do Manifesto incumbe-se de distinguir os dois grupos, reunindo o segundo nos links "Assinaturas em destaque" e "Artigos em destaque" . Significativamente, a quase totalidade dos nomes aí "destacados" são de pessoas que integram uma das seguintes categorias: (1) Contribuíram ativa e entusiasticamente para a criação do monstro petista e até hoje não lhe fazem restrições – quando as fazem – senão limitadas e pontuais. (2) Sem ser petistas ou simpatizantes, julgaram a ascensão do PT um fenômeno positivo para a democracia e a defenderam galhardamente contra quem quer que, com base na leitura dos próprios documentos internos do partido, advertisse que se tratava de uma organização revolucionária de alta periculosidade. (3) Fizeram tudo o que podiam para bloquear ou inibir a divulgação da existência e das atividades do Foro de São Paulo, entidade com que o PT salvou e restaurou o movimento comunista latino-americano, ameaçado de extinção no começo da década de 90. (4) Repetidamente denunciaram toda veleidade de anticomunismo como uma ameaça temível e um abuso inaceitável, ajudando a criar assim a atmosfera de hegemonia esquerdista

na qual o triunfo do PT, como personificação mais pura do esquerdismo nacional, se tornava claramente inevitável (v. meu artigo de setembro de 2004, "Assunto encerrado"). Atribuindo a esses indivíduos um lugar de relevo, o site do Manifesto dá a entender que a presença de suas assinaturas infunde no documento um valor a mais, revestindo-o de uma autoridade moral que a mera quantidade de signatários não poderia lhe conferir.

O

critério de julgamento aí subentendido é, por si, toda uma lição de sociologia quanto à mentalidade daquilo que o sr. Presidente chama de "azé-lite". Basta assimilar essa lição para compreender por que o País chegou ao ponto em que se tornou necessário arrebanhar às pressas sessenta mil pessoas para defender uma democracia que, ainda meses atrás, tantas delas proclamavam firmada e consolidada – vejam vocês – pelo fato mesmo da ascensão petista. O que os destaques do site evidenciam, desde logo, é que, no sentimento geral da "azé-lite", o mérito supre-

OLAVO DE CARVALHO mo, em política, não consiste em perceber os perigos em tempo de preveni-los, mas em recusar-se obstinadamente a enxergá-los, ou a deixar que alguém mais os enxergue, até quando já nada mais reste a fazer contra eles senão assinar um manifesto – o último recurso dos derrotados. Com toda a evidência, as opiniões, nesse meio, não valem pelo seu coeficiente de veracidade, de oportunidade estratégica ou de eficácia preditiva, mas, justamente ao contrário, só são admitidas como dignas de alguma atenção – ainda assim parcial e seletiva – quando obtêm finalmente o nihil obstat dos últimos a saber. Um sindicato de maridos traídos não seria talvez tão lerdo e recalcitrante em tomar ciência das más notícias.

Mas a lentidão paquidérmica em admitir os fatos não é causa sui. Ela vem do apego supersticioso da "azélite" à lenda de que o movimento comunista não existe e de que toda tentativa de denunciá-lo só pode ser coisa de extremistas de direita, saudosistas da Guerra Fria, loucos de pedra e teóricos da conspiração. Essa lenda foi criada para infundir naquelas pessoas a ilusão de que o fim do regime militar traria magicamente ao Brasil uma democracia estável, de tipo europeu – ilusão necessária, precisamente, para que a gradual mas inevitável ascensão de comunistas e prócomunistas ao poder absoluto aparecesse a seus olhos como o fruto espontâneo da "evolução democrática" e não como o resultado de um pla-

nejamento maquiavélico de longo prazo, que os documentos do PT e do Foro de São Paulo atestam para além de toda dúvida razoável. A expressão "azé-lite" é tardia. Muito antes dela, em 1996, no meu livro O Imbecil Coletivo, eu já havia dado a essa faixa social o nome de "pessoas maravilhosas", observando que para tornar-se uma delas você deveria antes de tudo acreditar que, embora o comunismo não exista, ser comunista é chique e ser anticomunista é brega. Agora, na página do Manifesto, até uma pessoa indiscutivelmente maravilhosa como o sr. Luiz Eduardo Soares, que viu na publicação daquele meu livro um sinal alarmante de ressurgimento da abominável direita, sai gritando, tarde demais, contra os "bolcheviques e gambás" (sic) que se apossaram do País.

P

essoa maravilhosa é também o sr. Luís Garcia, que ainda em 2008 se orgulhava de tudo ter feito para lotar de esquerdistas as páginas de opinião de O Globo e muito se arrependia de haver ali encaixado, mesmo a título de falso balanceamento, um único direitista que fosse. Num

gesto inusitado para um chefe de redação, o sr. Garcia chegou a puxar, nas páginas do jornal, uma discussão com esse direitista – que não era outro senão eu –, para alegar que o referido, ao alertar contra o poder crescente do esquerdismo continental, estava enxergando crocodilos embaixo da cama. Ainda ontem, crocodilos, gambás e bolcheviques só existiam na minha imaginação perversa. De repente, surgindo do nada, tomaram posse do circo inteiro e assombram as noites das pessoas maravilhosas que riam de quem os enxergava. Já nem falo dos srs. Hélio Bicudo, Ferreira Gullar, Eliane Cantanhede e tantos outros, que, ajudando a instaurar o mito do monopólio esquerdista do bem e da verdade, criaram as condições indispensáveis para transformar a política brasileira numa disputa de família entre organizações de esquerda, ignorando ou fingindo ignorar que a hegemonia ideológica traz inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, o império do partido único, contra o qual hoje esperneiam com ares de inocência surpreendida.

T

odos esses, sem exceção, apostaram suas vidas na mentira mais estúpida e letal que alguém já inventou contra a democracia: a mentira de que é possível um regime democrático normal e saudável sem partidos de direita, ou só com uma direita amoldada servilmente aos propósitos da esquerda. Ao assinar o Manifesto, não têm sequer a honestidade de reconhecer que o assinam contra si mesmos. Num país onde o fingimento é a mais excelsa das qualidades morais, isso é razão suficiente para considerar seu apoio àquele documento uma honra digna de menção especial. OLAVO DE CARVALHO É ENSAÍSTA, JORNALISTA E PROFESSOR DE FILOSOFIA

QUEM VOTA NUM CANDIDATO, VOTA NA TURMA. A NEIL Dillma não tem turma. Ella pertence à turma do Lulla. Não é turma, desculpe nossa falha. É cambada, corja, malta, súcia. A mesma de Fidel, Evo, Chávez et caterva, que transformaram esta América em latrina. América Latrina. Ella pertence à cambada do Lulla, que se apossou deste país e "socializou" a grana nacional, transformando-a em propriedade socializada dos sócios do poder. Dirceu, Sarney, Barbalho, Berzoini, Collor, Maluf, Tarso Genro, Marco Aurélio Top Top Garcia, Renan Avacalheiros, Ciro Gomes, Stédile, Mercadante, Martaxa Relaxa e Goza, Paulinho da Farsa Sindical e mais Duzentos Mil Sindicalistas aninhados em boquinhas estatais; Delúbio, que previu que tudo isso ia acabar em piada, Jacques Wagner, Hélio Costa, Sérgio Malandro, governador do Rio; aqueles governadores do Amapá e do Tocantins, apanhados em tretas de bilhões de reais; mensaleiros exemplares como João Paulo Cunha e Genoino – você pode acrescentar mais de cem se quiser, aqui não cabem todos os que conheço. Serão votados em cada um dos votos dados à Dillma.

Voto no Serra presidente, Alckmin governador, Aloysio Nunes Ferreira senador e Ricardo Montoro deputado federal. Ainda não me decidi pelo deputado estadual, estou em dúvida entre Bruno Covas, Psdb, e Ricardo Salles, Dem, que faz um anúncio bem claro, dizendo "Chega de Pt". Com a boca torta por mais de 40 anos de profissão, sou publicitário, sou capaz de votar no anúncio que ele fez. Tenho até domingo para pensar, e se alguém tiver sugestões, aceito-as agradecido. Entendi que Alckmin recomenda o Tuma, coitado, que está para bater com as dez. Olhei o suplente dele, é ótima pessoa embora não tenha histórico na política, o que pelos tempos e costumes que atravessamos é até uma recomendação. Será melhor para São Paulo do que qualquer Martaxa ou Netinho, de históricos podres, pessoais e políticos.

pensador francês De Tocqueville disse que "numa democracia, o povo tem o governo que merece pois vota com toda liberdade". Eu não habito o país "dos mais de 80%",

O

LULLA NUNCA MAIS

FERREIRA nunca vi ao vivo nenhum eleitor da Dillma, nada tenho com tudo isso que está aí, e que me atinge no ponto mais sensível – o bolso. Faço parte do otariado que paga os impostos que sustentam propinodutos tipo bolsa-famiglia, como a da cumpanhera Erenice, jabutisíssima da cumpanhera Dillma. enso votar no Tuma, mas não tenho certeza. Como vou dizer lá em casa que votei no Tuma ? Penso dizer: "O objetivo desta eleição é dificultar a vitória de qualquer tiririca do Pt, que tenha chance de ganhar. Voto em qualquer tiririca que possa servir de empecilho a essa desgraça democrática". O tiririca Tuma pode atrapalhar o tiririca Netinho. Estou quase convencendo a mim mesmo de que devo votar no Tuma, por motivos ideológicos.

P

Pode alguém votar num candidato do Ptb (logo o Ptb !), sendo ele o Tuma (logo o Tuma !) por motivos ideológicos ? O Ptb (logo o Ptb !) faz parte da "base aliada" do Serra e estou convencido de que o Serra pode vencer a tiririca Dillma, sentar na cadeirona do tiriricão-mor Lulla e erradicar a praga de tiriricas do lullismo, que ameaça engolfar "essepaíz" inteiro. ste DC abriu voto no Serra e no Alckmin, com um discurso do presidente da Associação Comercial de São Paulo. O Estadão abriu seu voto no Serra num editorial histórico, "O Mal a Evitar", que, cito: "Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República (...) O apoio deve-se à convicção de que o candidato Serra é o

E

que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País (...) Se a política é a arte de aliar meios a fins, Lula e seu entorno primam pela escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder. Para isso vale tudo: alianças espúrias, corrupção dos agentes políticos, tráfico de influência, mistificação e, inclusive, o solapamento das instituições sobre as quais repousa a democracia - a começar pelo Congresso. E o que dizer da postura nada edificante de um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação? Este é o "cara". Esta é a mentalidade que hipnotiza os brasileiros. Este é o grande mau exemplo que permite a qualquer um se perguntar:

'Se ele pode ignorar as instituições e atropelar as leis, por que não eu?' Este é o mal a evitar". É de tirar o fôlego, fala sério. A Falha de S.Paulo também abriu sua posição no domingo passado, num editorial publicado excepcionalmente na primeira página, declarandose corajosamente nem contra nem a favor, muito antes pelo contrário. A Falha é um jornal "ficante". "Fica" com quem tem o pudê.

ntem saiu mais um DataFalha, dando a entender que o país dos "mais de 80%" não está nem aí para a corrupção que nos assola. Dillma 50%, Serra 28%, Marina 14%. Quem sabe esse debate de ontem, da Globom seja o começo da virada. Deus me ouça. O BRASIL PODE MAIS. SERRA NELLES.

O

NEIL FERREIRA É PUBLICITÁRIO


DIÁRIO DO COMÉRCIO

4 -.GERAL

Giba Um

3 Marcel

Telles, Beto Sicupira e Jorge Paulo Lemann vão montar um banco de investimentos em Nova York.

gibaum@gibaum.com.br

3

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

MAIS: como o primeiro Garantia nunca se esquece, o nome da nova instituição será apenas G (eles já têm o 3G).

1º de Outubro

T

eresinha nasceu em Alençon (França), em 1873. Aos 15 anos, tornou-se monja na Ordem das Carmelitas Descalças, em Lisieux, e faleceu tuberculosa, aos 24 anos. Apesar de breve, sua vida foi um exemplo de fidelidade a Deus na oração e pela oferta de sacrifícios Santa Teresinha cotidianos, o caminho da "Pequena Via". s su do Menino Je

k Nós vamos incendiar o país. Esse governo vai dar manchete todos Lembrando Ofélia «

ROBERTO JEFFERSON // presidente do PTB, que denunciou o mensalão, antecipando o cenário, se Dilma vencer. Fotos: Fernando Torquato / Quem

LIÇÃO DE CASA O Santander, habitualmente colocado entre as empresas com mais reclamações no Procon de São Paulo, está iniciando um programa de treinamento de seus funcionários. A intenção é aumentar a agilidade no atendimento, dando a eles mais autonomia para solucionar problemas que, hoje, parecem obedecer a cartilha de atendimento do SUS. Entre as áreas envolvidas nesse mega-programa, estão o SAC e a Ouvidoria, que, atualmente, prestam serviços de qualidade mais do que discutível. Ou seja: não adianta Fábio Barbosa dizer uma coisa em suas palestras se o pessoal do banco que preside faz outra.

Trocando as bolas 333 Teve de tudo nesta campanha, até a candidata Marina Silva, do PV, cujo número é 43, discursando e pedindo votos para o número 45, que é do PSDB. Já o senador Eduardo Matarazzo Suplicy, que apoiou publicamente a candidatura da Mulher Pêra (Suéllen Costa), no começo desta semana, num comício em São Paulo, pedia votos para sua ex-mulher Marta Suplicy – e errava o número com o qual ela concorre ao Senado. Se bem que Suplicy foi ainda mais longe: apresentou Michel Temer como vice “na chapa da Marta”.

333

h

h IN

Perucas coloridas na balada.

OUT

Perucas coloridas de dia.

Descansodoguerreiro Depois de sessenta anos de trabalho e chegando aos 80 anos de idade (em plena forma, jogando tênis todas as manhãs), Romeu Trussardi, um dos empresários mais respeitados do país, passou o controle da sua Trussardi para o grupo Karsten, de Santa Catarina. A informação esclarece dúvida do mercado: a venda do controle da Trussardi não tem nada a ver com a Trousseau, comandada por seu filho Romeu Trussardi Filho e tampouco com as lojas Mixed, tocadas pela filha Ricci, com grupo empresarial Sousa Aranha, da família de seu marido. Nos anos dourados de São Paulo, Romeu e Maricy Trussardi, com uma legião de filhos, eram hosts de memoráveis festas na cidade. 333

333 LEVANTAMENTO feito pelo Contas Abertas revela que, em meio aos quase 11 mil candidatos a algum posto nestas eleições, 2.873 (26%) ainda não apresentaram exigências fiscais básicas, ou seja, não entregaram a declaração de IR relativo a 2009. A maioria (1.612) concorre a vaga de deputado estadual. Para o posto de governador e vice, 54 candidatos.

333 QUEM vem ao Brasil, no final de outubro, é a estilista Agnès B, responsável pelos figurinos dos filmes de Quentin Tarantino, entre eles, os homens de preto de Cães de Aluguel (hoje, seguidos pelo pessoal do CQC) . Ela é ligada a questões ambientais e investe da expedição Tara Oceans , que analisa o ecossistema marinho. Vem participar do seminário internacional de biodiversidade dos oceanos, no Rio.

SE Playboy vendeu 700 mil exemplares com Cléo Pires e as denúncias feitas por Veja aumentaram as vendas em bancas, dois novos lançamentos da Editora Abril, para fazer frente a Vanity Fair e GQ que a Globo lançará no ano que vem, estão mais do que empacados: são Alfa e Lola . O comando geral da Abril já entrou em cena para reformulação de seus conteúdos.

Solução

L

333 A revista Fortune acaba de divulgar sua nova lista das 50 mulheres mais poderosas do planeta: no primeiro bloco formam, entre outras, Indra Nooyi (Pepsico), Patrícia Woertz (ADM), Angela Braly (WellPoint), Andréa Jung (Avon) e Oprah Winfrey, a apresentadora que vai deixar seu programa de TV para se dedicar a seu próprio canal, o Oprah Winfrey Network e à sua empresa Harpo (nome inspirado num dos Irmãos Marx). Na lista das superpoderososas, Carol Bartz (Yahoo) é a mais bem paga do mundo: no ano passado, colocou no bolso US$ 47,2 milhões.

333

MISTURA FINA

C F N E U R I N H A N T A Z A L M E S C O L

Superpoderosas

Amiga pessoal de Domenico Dolce e Stephano Gabbana, a cantora Madonna volta a protagonizar novas peças da campanha da grife Dolce&Gabbana, fotografada por Steven Klein. É um novo capítulo de personagem interpretada pela diva do pop: é uma italiana que, de dia, cozinha, limpa a casa (almoça aos domingos, com a família) e à noite, ganha o pão nosso na cama. E quando está deprimida com sua difícil vida fácil , rasga cartas de um namorado que nunca mais voltou.

Na difícil vida fácil

Weslian Roriz, mulher de Joaquim Roriz, que está disputando o governo do Distrito Federal no lugar do marido e quem vem sendo ironizada no cenário político (ela é apenas uma dona de casa, muito simples), é super-católica e, literalmente, não suporta o PT. Associa o partido à antiga imagem dos “comunistas que comiam criancinhas”. Para se ter melhor idéia da repulsa de Weslian, basta dizer que ela se refere ao pessoal do PT como “os encardidos vermelhos”.

333

A

O famoso chef Daniel Boulud está abrindo a cozinha de seu restaurante Daniel (ele começou comandando as panelas do Le Cirque), em Nova York, para o franco-brasileiro Laurent Suaudeau, consultor gastronômico do Ponta dos Ganchos Resort, em Santa Catarina. Ele quer seduzir pelo estômago principais editores de gastronomia de revistas e jornais de lá e incluir o hotel na lista dos roteiros de luxo das publicações. Um dos pratos que será servido é o badalado Escondidinho de Mexilhão ao molho de maracujá e emulsão de coentro. Laurent e Daniel são originários da mesma escola de haute cuisine, na França. 333

O candidato do Psol à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio, 80 anos, ex-petista e até apelidado de menino traquinas , certamente passará para o folclore político nacional, por conta de suas travessuras na campanha, especialmente em debates, onde virou uma espécie de animador. E quem pensar que ele pretende se aposentar, engana-se: se fala sério ou não (e isso ninguém sabe), tem confidenciado até que pode se candidatar a vereador em São Paulo, em 2012. Seu filho, o economista e professor da Unicamp, Plínio de Arruda Sampaio Jr., também ex-petista (foi um dos coordenadores do manifesto dos economistas da Unicamp contra a política econômica, no primeiro mandato de Lula), está habituado com o comportamento do pai: “Ele sempre foi rebelde. Às vezes, eu me sinto o técnico Dorival Jr. orientando o Neymar. Com uma diferença: ele pode não me ouvir, mas nunca vai me demitir”. 333

Outro Neymar

ENCARDIDOS

T O A R G T A

ENTRE PANELAS

333

L E L C O A I S A E Q U U E L E F I

Inspirados pelo título do filme O Homem que Virou Suco, de João Batista de Andrade, nove entre dez analistas econômicos, independentes de quem será eleito para a Presidência da República, apostam que, do jeito que vai, “o dólar ainda vai virar suco”. A economia global em guerra cambial não favorece ao Brasil, com economia relativamente aberta, câmbio flutuante e o recurso das importações, estimuladas pelo real forte, como linha auxiliar de política antiinflacionária. O Banco Central, fatalmente, terá de abandoná-la: caso contrário, submerge numa inundação de dólares. Se o Federal Reserve abusa das emissões, a inflação de 2011 corre perigo; se mantém, o dólar vira mesmo suco no Brasil. 333

Para a reta final do concurso Estilista Revelação , quadro exibido no programa TV Xuxa, o fotógrafo e maquiador Fernando Torquato elaborou um ensaio especial estrelado pela própria Xuxa Meneghel que, aos 47 anos, voltou à sua antiga profissão de modelo, aos 20 anos, quando posava para editoriais de Capricho . Ela usa criações de quatro participantes do programa: Acacio Mendes, Thiago Schynider, Igor de Azevedo e Wlavianus Victor (vencedor). Convidado pelo programa, Torquato apenas exigiu que eles criassem vestidos de noite, inspirados em flores, como a nova coleção de John Galliano para a Dior.

Antiga profissão

B E I R C O D O D E S G A P

Pode virar suco

333 A vida da comediante Sonia Mamede virou um musical chamado A garota do biquíni vermelho, de autoria do jornalista Arthur Xexéo, que deverá estrear este mês no Rio de Janeiro. Pouca gente sabe que Sonia, no começo de sua carreira, era vedete, participando das famosas revistas de Carlos Machado e de Walter Pinto. Depois, ganhou popularidade de televisão com o personagem Ofélia, que vivia falando fora de hora e irritava o marido Fernandinho (Lúcio Mauro). Seu bordão é inesquecível: “Eu só abro a boca quando tenho certeza”

P F I G L C U F L U A T E D I A A MU U A L C H E B E L R A

os dias.

333

PARA quem tem memória curta: foi Lula que sancionou, há um ano, a lei que exige dois documentos na hora de votar e que provocou ação no Supremo do PT, alegando “risco de confusão” e “restrição à cidadania”, de olho no eleitorado de regiões mais distantes, desinformado e com grande abstenção. Ou seja: antes de entrar no Supremo, os petistas deveriam ter ido reclamar com o chefe .

Por: José Nassif Neto Medicamento para evitar gravidez.

O firmamento. Gal Costa, cantora.

Estampa colorida para álbum de coleção. Ter origem; emanar.

Boca das aves.

'Ele', em alemão.

Colaboração: Paula Rodrigues,Alexandre Favero

Argola de corrente.

Embarcação de esporte radical. Sensação de vazio.

Fico aborrecido.

Parte de um endereço eletrônico. Reproduz material gravado nele.

Símbolo do carbono. (quím.)

Mecânica. (abrev.) Maior astro do sistema solar. Pertencente a ele.

Urânio, Poesia de símbolo estrofes químico. simétricas. Vogais de padre.

Maior mamífero dos servídeos.

Aposento do detento.

Folha-de flandres. Planta forrageira.

Que pessoa.

Regra social.

Saudável. Natural da Bélgica.

Colocar estampilha na carta. Flúor, símbolo químico.

Gênero de música popular.

Símbolo de tempo. (física)

Qualidade do que é lindo.

333

333 POR UM tropeção, a coluna registrou que a marca de lingerie Hope integrava grupo têxtil, que foi comprado pelo fundo Carlyle por R$ 400 milhões. A Hope continua (foi fundada por ele) nas mãos Nissim Hara.

Símbolo do A Capital nitrogênio. do Rio Grande (quím.) do Norte.

Derradeiro.

Fixa o olhar.

(382) 2-er; sã; 3-ode; céu; rap; 4-orga 5-disco; tédio; belga.

A nota sol na notação alfabética.


p

DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

5 EM ALTA Petista evita confrontos para tentar manter vantagem

olítica

EM BAIXA Marina diz que só ela teria condições num eventual segundo turno

Candidatos no último e enfadonho debate Marina saiu da zona de conforto e tentou ser mais contundente. Não conseguiu empolgar o suficiente. Assim, presidenciáveis prefeririam manter distância estratégica. Marcelo Carnaval/ AOG

Mário Tonocchi A economia informal é da ordem de 50%. Muita gente não paga imposto.

E

m um debate morno, com as mesmas trocas de acusações, críticas e alfinetadas já apresentadas, o último enfrentamento entre os quatro principais candidatos à Presidência da República decepcionou pela falta de energia. O motivo: a distância regulamentar e estratégica mantida entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Tucano e petista foram orientados a evitar confrontos e desgastes diretos. E fizeram perguntas apenas aos oponentes Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSol). Os dois candidatos com poucas chances de irem para o 2º turno serviram como lastro para os dois rivais que estão à frente nas pesquisas de intenção de votos. O debate promovido pela Rede Globo de Televisão foi dividido em quatro blocos com perguntas e respostas entre os candidatos. Marina deixou de lado uma participação mais contida, como fez nos debates anteriores , para ataques mais contundentes aos adversários. Primeira a perguntar, escolheu Dilma para falar sobre o tema trabalho no Brasil e criticou duramente a petista e a política aplicada pelo PT no setor. Dilma questionou Plínio sobre sua política para o funcionalismo público. E ele, em vez de responder, atacou a política do governo federal de valorização do servidor público.

JOSÉ SERRA, AO DIZER QUE VAI CRIAR MECANISMOS DE COMBATE À SONEGAÇÃO DE IMPOSTOS

Nem PT, nem PSDB resolveram o problema da segurança no Brasil nos últimos 16 anos. MARINA SILVA, DIRIGINDO-SE À JOSÉ SERRA E DILMA ROUSSEFF ÚItimo 'enfrentamento' entre os quatro principais candidatos à Presidência da República: Dilma não perguntou para Serra e vice-versa

Tributos – Pelas regras, Plínio teve que questionar Serra sobre o tema sorteado "impostos" e causou risos ao exclamar: "Ih, ele gosta disso!" "Zé, a reforma tributária que você propôs na verdade aumenta a carga dos mais pobres e reduz a dos mais ricos", afirmou o candidato do PSol. O tucano respondeu que em todos seus mandatos reduziu tributos e aproveitou seu tempo para ressaltar que o atual governo só aumentou impostos.

Serra prometeu ainda que diminuirá a carga tributária sobre os alimentos básicos, medicamentos e estabelecer um sistema que combata à sonegação. "A economia informal é da ordem de 50%. Muita gente não paga imposto". Lula não – Em nenhum momento o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi citado diretamente pelos demais candidatos. Apenas Dilma recorreu à popularidade do presidente.

Clima eleitoral: instável, com possibilidade de dois turnos Horizonte da eleição presidencial permanece nebuloso para analistas políticos Paulo Pampolim/Digna Imagem

Marcos Menichetti

Rubens Figueiredo: o quadro para o PT de vitória no 1º turno é incerto

que ela pode ter uma vitória histórica, por larga margem. Rubens Figueiredo, cientista político e presidente do Cepac (Centro de Pesquisa, Análise e Comunicação) também diz que o quadro é incerto. "O que talvez possa favorecer um 2º turno é o peso dos escândalos da Receita Federal e na Casa Civil do Governo e o crescimento do total de votos válidos dos adversários de Dilma". Nesse caso, uma melhoria do desempenho de Marina Silva (PV) poderia contribuir para isso. Sobre o debate da tevê Globo, Figueiredo aponta que embora seja difícil mensurar um vencedor, "quem tem mais a perder com essa megaexposição é a Dilma", por ser a favorita na eleição e "o alvo dos outros candidatos". Ele também vê um quadro incerto sobre um 2º turno, sendo que a "maior" probabilidade é de que a eleição acabe no domingo. Motivos? "O PT é um partido de chegada e tem o Lula, um presidente cujo índice de aprovação em torno de 80% é inédito no mundo ocidental." A situação econômica melhor

e a elevação de milhões de pessoas à classe média durante o governo Lula ajudam a elevar a certeza no voto da candidata do presidente, observa. "Não podemos esquecer que a vida das pessoas melhorou." Bandeirantes – A situação do PSDB em São Paulo, pelo menos na disputa pelo governo do Estado, é tida como um pouco mais tranquila. Geraldo Alckmim perdeu pontos na pesquisa do Datafolha, mais ainda lidera com 54% dos votos válidos, enquanto seu principal adversário, o petista Aloizio Mercadante, subiu para 29%. Segundo o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, é preciso considerar que "aumentou a chance de um 2º turno, em São Paulo". Alberto Carlos de Almeida analisa de outra forma. Diz que essa subida do PT não é nenhuma surpresa, pois "historicamente o partido tem cerca de 30% dos votos nas eleições no Estado". Se é que é possível comparar incertezas, ele diz que existe, sim, a possibilidade de 2º turno na disputa – mas bem menor do que o 2º turno na corrida ao Planalto.

timos 16 anos de governo dos dois partidos". Risos – Fato curioso aconteceu no segundo bloco quando Dilma defendeu uma coligação do PT com vários partidos depois das eleições e, respondendo a Plínio, disse que sua campanha é regular e que todas suas doações são regulares. A afirmação causou risos na plateia. "Eu lamento os risos daqueles que não fazem a mesma coisa", afirmou a petista, mostrando jogo de cintura.

Eu lamento os risos daqueles que não fazem a mesma coisa. DILMA ROUSSEFF, AO DIZER QUE AS DOAÇÕES DE SUA CAMPANHA SÃO REGULARES E DEVIDAMENTE CONTABILIZADAS

Marina diz que só ela é viável para disputar com Dilma Candidata verde afirma que José Serra não é competitivo para 2º turno

A

A

inda não é o céu de brigadeiro que o PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a candidata Dilma Rousseff (PT) queriam: vencer as eleições já no domingo. Pelo menos a sangria de votos da candidata parece estancada, como apurou a pesquisa Datafolha divulgada ontem. E o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a obrigatoriedade de dois documentos para votar (leia mais na página 8) – acabou com o temor de abstenções significativas do eleitorado de Lula no Nordeste, nas classes C e D. O fato é que o cenário até pode ter "melhorado", as piores nuvens foram afastadas, mas os analistas e cientistas políticos ainda vêem uma neblina à frente, e não ousam dizer que a eleição acaba no 1º turno. Dilma aparece na pesquisa Datafolha com 52% dos votos válidos, podendo oscilar dois pontos (intervalo de 50% a 54%), enquanto seus adversários somam 48% (46% a 50%), sendo que ela precisa de 50% mais um dos votos. Na pesquisa anterior, a vantagem era de dois pontos e agora foi de três. Cenário – O cientista político e diretor do Instituto Análise, Alberto Carlos de Almeida, entende que a situação de Dilma hoje é mais favorável do que há alguns dias, tendo a petista mais chances de vencer neste domingo. Ele observa, entretanto, que "há um quadro de difícil definição", não constituindo nenhuma surpresa "se acontecer o 2º turno". Sobre uma possível repercussão do debate na tevê Globo no eleitorado, Almeida é bastante cético. Mesmo que a eleição vá para o 2º turno, ele diz que Dilma continua favorita e

Marina destacou que o governo federal repassou verbas para catástrofes somente para seus prefeitos aliados durante o período de fortes chuvas deste ano. Serra aproveitou tambem para entrar nessa crítica e destacou a falta de investimentos do governo no metrô. A candidata verde, que nos últimos dias, cresceu nas pesquisas de opinião, fez questão de reforçar que nem PT, nem PSDB "resolveram o problema da segurança no Brasil nos úl-

candidata do PV à Presidência, Marina Silva, afirmou ontem que o adversário José Serra (PSDB) não é competitivo "em hipótese alguma" e seria derrotado em um eventual 2º turno contra Dilma Rousseff (PT). "Tenho certeza de que sou o s e g u n d o t u r n o v i á ve l , aquele que é capaz de concorrer efetivamente com a candidatura que está em primeiro lugar. A candidatura do PSDB, até pelos erros que cometeu, com certeza não tem essa viabilidade". A senadora afirmou que um segundo turno entre Dilma e Serra seria uma "repetição de 2006" [quando o presidente Lula (PT) venceu com facilidade o tucano Geraldo Alckmin]. A candidatura capaz de fazer uma disputa de igual para igual, com certeza, é a minha." Marina cancelou a visita que faria a uma favela durante o dia, e permaneceu no hotel até a hora de se deslocar para o debate dos presidenciáveis nos estúdios da tevê Gl ob o em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio.

Negativo – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou cinco pedidos da candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, para responder às afirmações feitas pelo candidato do PSDB, José Serra, em sua propaganda política. Três deles pediam direito de resposta contra a propaganda em que Serra afirmou que Dilma não “daria conta” de escolher seus ministros, caso seja eleita. O quarto direito de resposta contestava alegação de Serra de que a candidata petista foi a que mais aumentou a conta de luz dos brasileiros nos últimos oito anos. Ao negar os recursos, os ministros entenderam que os argumentos de Serra são apenas uma crítica política e que não há requisitos para conceder o direito de resposta. No quinto recurso negado, Dilma pedia direito de resposta por conta da propaganda de Serra, mostrando matéria da revista Veja falando sobre suposto tráfico de influência na Casa Civil. Segundo o ministro-relator, Henrique Neves, há juris-

Bruno Domingos/ Reuters

Marina Silva: um 2º turno entre Dilma e Serra seria uma "repetição de 2006" [quando o presidente Lula (PT) venceu com facilidade o tucano Geraldo Alckmin].

prudência do TSE que admite o uso crítico, durante a propaganda eleitoral gratuita, de notícias que são publicadas pela imprensa. 30 pedidos – No decorrer da campanha, a coligação de Dilma Rousseff ("Para o Brasil Seguir Mudando") apresentou 25 representações ao TSE. Vinte delas foram direcionadas ao PSDB ou à coligação "O Brasil Pode Mais", de Serra, outras duas, à revista Veja, e uma ao PTB. Também houve representação contra o candidato a governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, e uma ao candidato a deputado federal pela Bahia, João Almeida dos Santos. Já a coligação de José Serra foi autora de cinco representações: uma questionando o PT de Santa Catarina, duas contra o PSTU, e as demais contra o PCO e o PCB, em São Paulo. Os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) ainda estão analisando alguns pedidos de direito de resposta, que poderão chegar à apreciação do TSE, por meio de recursos. (Folhapress)


p Em vídeo, genro de ministro pede propina DIÁRIO DO COMÉRCIO

6

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Vamos entrar com uma notícia-crime para o STF investigar a participação do ministro [Ayres Britto]. Eri Varela, advogado

olítica

O

delegado da antiga coligação encabeçada por Joaquim Roriz (PSC) ao governo do Distrito Federal, Eri Varela, anunciou ontem que iria ingressar à tarde no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma queixa-crime contra o ministro Carlos Ayres Britto, sua filha, Adriele Ayres de Britto, e seu genro, Adriano Borges. Segundo Eri Varela informou ao portal iG, ele teria uma gravação de vídeo, feita no último dia 3 de setembro, de uma conversa entre Adriano Borges e o ex-candidato ao governo do Distrito Federal, Joaquim Roriz na qual o advogado e o exgovernador do DF e então can-

didato à reeleição discutem como interferir no resultado de um julgamento do STF, dias depois. Na ocasião, os ministros decidiriam sobre o recurso que o ex-governador moveu contra sua inclusão na lei do Ficha Limpa, decidida pela Justiça Eleitoral. Caso mantivessem Roriz no Ficha Limpa, ele não poderia mais ser candidato. No video, postado pelo portal, Borges e Roriz discutem honorários na casa de 4,5 milhões de reais para obter sucesso. Ao decidir pela ação no Supremo, Eri Varela disse ainda ao iG que a representação incluiria até o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),

Andre Dusek/AE - 16.12.09

Ministro Carlos Ayres Britto: "Não tenho nada a ver com isso (...) Adriano [Borges, seu genro] que responda pelo que fez".

Ricardo Lewandowski, citado num trecho do video. A gravação mostra o genro do ministro contando que sua assinatura e o papel timbrado de seu escritório na representação [feita por Roriz ao STF] levariam seu sogro, Ayres Britto, a se declarar impedido, pois ter o genro como advogado de uma das partes é motivo bastante para que um ministro se declare impedido. O ex-candidato sugere, no vídeo, que se permanecesse na votação, Ayres Britto seria contrário ao seu recurso. A conversa entre os dois não prosperou, informa o portal. Dias depois, o STF fechou com um empate de 5 a 5 a votação do recurso de Roriz, com voto contra de Britto. Acuado, na manhã seguinte Roriz renunciou, indicando em seu lugar a própria mulher, Weslian. Inconformado, Eri Varela informou ao iG: "[Vamos entrar com uma] Notícia-crime para o STF investigar e chegar a conclusão que se queria sobre a participação de ministro que autoriza seu genro a extorquir um cidadão de 74 anos". O vídeo, diz ele, foi gravado no escritório do político de Roriz, em sua residência, em Brasília. Integrantes da coligação instalaram câmeras no local para a proteção do ex-governador, que não sabia disso. Em nenhum momento da gravação o ex-governador fala em fechar negócio com Adriano. O advogado então sugere um "pró-labore" inicial de R$ 1,5 milhão, que seriam complementados por mais R$ 3 mi-

Gravação mostra Adriano Borges, genro do ministro Carlos Ayres Britto, negociando R$ 4,5 milhões com o ex-candidato ao governo do Distrito Federal, Joaquim Roriz, uma forma de fazer com que Britto se declarasse impedido de votar. Assim, Roriz poderia ter chance de manter a candidatura. Reprodução

Gravação documental: Adriano Borges é recebido por Roriz, com quem busca um acordo para o "êxito"

lhões se ele tivesse "êxito". O genro do ministro argumenta que o êxito seria tornar Ayres Britto impedido de votar no recurso de Roriz. Eri Varela disse que a notícia-crime envolverá Adriele, a filha de Britto, poque ela e Adriano formam uma banca de advogados. O ministro Britto afirmou que Adriano contou-lhe que havia conversado com Roriz sobre a possibilidade, mas diz que houve "contato, e não contrato". O iG ressalta que, segundo o ministro, Adriano se mostrou ingênuo e está arrependido. "Não tenho nada a ver com isso (...) Adriano que responda pelo que fez".

CGU blinda Erenice Guerra com conclusão de auditorias

A

três dias das eleições, a Controladoria-Geral da União (CGU) anunciou ontem a conclusão de auditorias em contratos mencionados no escândalo que derrubou Erenice Guerra da chefia da Casa Civil. O resultado da CGU blinda Erenice, não aprofunda o tráfico de influência de seus parentes e também não aponta qualquer indício de ligação dela com os episódios investigados. No máximo, admite que ela já foi sócia de um escritório contratado pelo governo.

As auditorias da CGU começaram no dia 14 de setembro, a pedido do presidente Lula, em meio ao movimento para dar respostas políticas durante o escândalo que levou à queda do braço direito da ex-ministra e presidenciável Dilma Rousseff (PT). Em apenas duas semanas e às vésperas da eleição, o órgão do governo apresentou seus resultados, favoráveis a Erenice. Para a CGU, o episódio que culminou com a queda da ex-ministra não teve qualquer irregularidade contratual. (AE)

Eliária Andrade/AOG

Barrados pela Ficha Limpa terão votos zerados Eles não vão aparecer na primeira lista de contagem, mas podem aparecer em outras Sergio Lima/ Folha Imagem

P

elo menos 76 candidatos participam das eleições, no domingo, sem a certeza jurídica de que, se eleitos, vão assumir de fato os cargos que disputaram. Entre os concorrentes barrados pela Lei da Ficha Limpa estão políticos que lideram as pesquisas e cinco postulantes ao governo. Os vetados pela Lei da Ficha Limpa incluem ainda sete candidatos ao Senado e dois candidatos a vice-governador. Os que brigam por uma vaga na Câmara dos Deputados chegam a 62, segundo levantamento feito pelo Grupo Es ta do . A contagem dos barrados pelo Ficha Limpa não incluiu candidatos aos cargos de deputados estaduais e distrital. Zerados – Por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os candidatos barrados pela Lei da Ficha Limpa terão seus votos zerados na primeira lista de resultados. Os votos, segundo o tribunal, no entanto, serão computados, mas não divulgados, em um primeiro momento. Apenas após os candidatos ficha-suja terem seus registros deferidos é que o TSE vai informar o número de votos recebidos por cada um deles. A divulgação posterior poderá mexer com todo o mapa de eleitos, como admite o próprio órgão. Em relação aos candidatos a deputado federal barrados pela lei, São Paulo é o Estado que mais concentra candidatos nesta situação: são 13. Do total, quatro pertencem ao PP, entre eles o ex-prefeito Paulo Maluf. PSL e PT têm, cada um, dois candidatos federais barrados. DEM, PTB, PMDB, PDT e PMN têm um

Situação de Jader Barbalho só será definida pelo STF após eleições

barrado cada. Maluf teve o pedido de registro de candidatura rejeitado em agosto pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo com base na Lei da Ficha Limpa. Em abril, foi condenado por improbidade administrativa. Como ainda está recor-

São Paulo é o Estado que mais concentra candidatos barrados pela Lei da Ficha Limpa. São 13 casos. rendo da decisão que lhe negou registro, Maluf teve o seu nome, dados e foto incluídos na urna eletrônica. E xp e ct a ti v a – O objetivo do TSE é julgar, até o fim desta semana, todos os recursos de candidatos barrados pela Lei da Ficha Limpa. Após o julgamento, se esses políticos continuarem sem registro, poderão recorrer ao Sup re m o Tr i b u n a l F e d e r a l (STF) alegando que a lei é inconstitucional. Se os candidatos não conseguirem uma

decisão favorável até o dia da diplomação dos eleitos, ministros do TSE afirmam que eles não poderão ser diplomados. Com isso, haverá uma nova discussão: sem o diploma poderão no futuro assumir suas cadeiras? O encaminhamento de um recurso ao STF foi o caminho escolhido pelo ex-senador Joaquim Roriz, que foi considerado inelegível porque renunciou ao mandato no Senado para escapar de um processo que poderia levar à cassação. No julgamento do recurso, o STF não conseguiu chegar a uma conclusão porque o placar terminou empatado em 5 a 5. Diante do impasse, Roriz desistiu da candidatura e no lugar dele colocou a mulher, Weslian Roriz. Barbalho fora – O TSE decidiu, na quarta-feira, por 5 votos a 2, que o deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA) continua inelegível, mas pode ser votado nas eleições do próximo domingo. Ele teve o registro de candidatura rejeitado, mas recorreu. Com isso, os votos destinados a ele serão considerados nulos até decisão definitiva do STF. (AE/ABr)

Marta, Netinho de Paula, Lula e Mercadante em último comício, realizado em São Bernardo do Campo (SP)

Lula: 'Se dependesse da imprensa, eu teria 10% de aprovação' Presidente reclama que imprensa não divulgou as conquistas de seu governo

O

presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a reclamar dos veículos de comunicação do País. Ontem pela manhã, ele afirmou que, se dependesse da imprensa, a aprovação de seu governo ficaria abaixo de zero e sugeriu aos veículos de comunicação que deixem clara a sua posição política, tornando evidente "quem é quem". Em entrevista concedida ao portal Carta Maior – autointitulado "O portal da esquerda" – e aos jornais Página/12 (Argentina) e La Jornada (México), o presidente reclamou que a imprensa brasileira não vem divulgando adequadamente as conquistas de seu governo. Aprovação recorde – "Olha, no dia que a imprensa brasileira resolver divulgar a revolução que aconteceu no Brasil, o povo vai se dar conta porque é que o governo aparece com 80% de aprovação", disse ele,

de acordo com trecho da entrevista divulgado no final da tarde pelo portal Carta Maior. "Se dependesse da imprensa, eu teria 10% de aprovação", acrescentou o presidente, segundo o qual "estaria devendo pontos". Liberdade de imprensa – O presidente voltou a dizer que o cidadão não quer mais "o tal do formador de opinião pública" e sugeriu que alguns veículos de comunicação confundem liberdade de imprensa com o que classificou de "atitudes extemporâneas". "Seria muito mais fácil que alguns meios de comunicação assumissem, categoricamente, o seu compromisso partidário", afirmou Lula, que acusou ainda adversários de utilizarem a imprensa para "fazer grande oposição ao governo". Lula disse que nos anos em que esteve à frente do Palácio do Planalto nunca almoçou

com donos de jornais ou de redes de televisões. "Mantive com eles uma relação democrática", afirmou. Lula pregou que o povo brasileiro não quer mais "intermediário", alguém que fale "pela sua boca". "O cidadão coloca uma gravata, vai à televisão, dá uma entrevista e se autodenomina formador de opinião pública e acha que todo mundo vai segui-lo", afirmou o presidente. Segundo ele, acabou o tempo em que a "casa grande" mandava na "senzala". Crédito à imprensa – Apesar das críticas, Lula disse que não reclama muito da imprensa e reconheceu que graças a ela tornou-se presidente da República. "Eu acho que cheguei onde cheguei por causa da imprensa", admitiu. "Eu sou um defensor juramentado da liberdade de expressão e da democracia", complementou o presidente. (AE)


p

DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

7 O PT entrou na última hora, com lei, porque deve achar que o voto menos controlado o favorece. José Serra, candidato à Presidência (PSDB)

olítica

Jefferson: 'Serra mandou mal' Ex-deputado critica candidato tucano por "expor" o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, ao telefonar para ele Sérgio Lima/Folhapress

O

ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, criticou ontem, pelo Twitter, o tucano José Serra por ele ter telefonado e "exposto" o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. "Serra expôs o ministro Gilmar Mendes de público (sic). Mandou mal. Às vezes penso que o Serra é altista [autista] (sic). Só pensa em si próprio. Ruim, expôs o Gilmar Mendes". Após receber uma ligação do candidato do PSDB, Gilmar Mendes interrompeu o julgamento de um recurso do PT contra a obrigatoriedade de apresentação dos dois documentos na hora de votar e pediu vistas ao processo.

Explicação – O PT é contra a exigência de o eleitor ser obrigado a apresentar, no momento do voto, o título e um documento com foto por temer alto número de abstenção. A obrigatoriedade da apresentação de dois documentos é apontada por tucanos como um fator favorável a Serra e contra sua adversária, Dilma Rousseff (PT). A candidata petista tem o dobro da intenção de votos dele entre os eleitores com menor nível de escolaridade. Te l e f o n e m a – Serra pediu que um assessor telefonasse para Mendes pouco antes das 14h, após participar de encontro com representantes de servidores públicos em São Paulo. O pedido foi testemunhado por um jornalista da Folha de S.

Internautas pedem saída de ministro

O

suposto telefonema do candidato à Presidência da República do PSDB, José Serra, para o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) – que interrompeu o julgamento de recurso do PT contra a obrigatoriedade de apresentar dois documentos na hora de votar, na quartafeira – foi noticiado ontem pela Folha de S. Paulo e mobilizou o Twitter. Segundo o mesmo jornal, o ministro e o tucano negaram a conversa. Já os twitteiros reagiram com humor. "Não precisa entrar na Justiça. Liga pro Gilmar",

criticou um internauta. A versão eletrônica da revista Carta Capital fez uma seleção de frases, entre elas: "Tá com um probleminha para ir pro 2° turno? DiskGilmarMendes" . Ou: "Voto personalizado? Atendimento discreto 24 horas. DiskGilmarMendes". Ou ainda: DiskGilmarMendes: “Sua ligação é muito importante para nós. Aguarde na linha enquanto pedimos vistas ao processo… Circula na internet abaixoassinado exigindo a saída de Mendes. Até o início da noite de ontem, já havia mais de 18 mil assinaturas eletrônicas.

P au lo . Serra e Mendes negaram ter conversado por telefone sobre o pedido de vistas. O ministro disse ontem que jamais foi pautado por questões político-partidárias em suas decisões no tribunal. Em reportagem, a Folha de S.Paulo, de ontem, revelou o telefonema de Serra a Gilmar e o horário, antes do início do julgamento. Horas depois, Mendes pediu mais prazo para a análise da ação do PT. Defesa – Segundo Mendes, "isso improcede em toda a extensão". "Quem me conhece sabe muito bem que jamais me deixei pautar por interesses político-partidários". Durante o julgamento, Mendes afirmou também que já havia exposto aos seus colegas a preocupação de julgar a ação do PT nas vésperas das eleições. Na quarta-feira, quando Mendes interrompeu o julgamento, sete ministros já haviam votado pela apresentação de apenas um documento com foto, descartando a necessidade do título de eleitor. Segundo explicação do ministro, "pedido de vista significa uma necessária pausa para reflexão". "Nós temos aqui inúmeros casos em que, após um pedido de vista, mudou-se o rumo do julgamento". O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, minimizou o caso. Classificou como "nada demais" esse telefonema. E insinuou que a repercussão seria outra caso a ligação viesse da petista. "Não sei se esta história do Serra ligar pro Gilmar Mendes é verdadeira e, se for, não acho nada de mais. Agora, imaginem se fosse a Dilma..."

Eduardo Naddar/AOG - 12.02.08

"Serra expôs o Ministro Gilmar Mendes de (sic) público. Mandou mal". Foi o que escreveu o exdeputado Roberto Jefferson, presidente do PTB (à direita), sobre o caso envolvendo o ministro Mendes (acima).

I mp ea ch me nt – Em seu blog, o jurista Walter Maierovich escreveu que "nos corredores do Supremo, fala-se em impeachment de Gilmar Mendes". Caso o fato noticiado tenha ocorrido e Serra pedido para Gilmar "parar" o julgamento, pode haver impeachment do ministro: "Na historiografia judiciária brasileira nunca houve impeachment de ministro do STF. Só cassação pela ditadura. Por motivo ideológico". (Agências)

Dilma elogia STF e o fim da exigência de dois documentos

Para tucano, decisão não afeta resultado da eleição

Candidata diz que a determinação facilitará votação de milhões de eleitores

Serra estranha a decisão do PT de questionar a lei às vésperas da votação

A

candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, comemorou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de derrubar a exigência de que o eleitor apresentasse documento com foto e título eleitoral na hora de votar. Segundo ela, essa determinação facilitará o "ato de votação" de milhões de eleitores. "Essa vitória no STF mostra que, agora, (a interpretação) não é uma concepção só do PT, mas mostra a convicção do Supremo no sentido de que a votação do dia 3 pode ser feita apenas com o documento de identidade. Isso significa a compreensão de que havia, de fato, restrição na exigência do outro documento". Para Dilma, a exigência dos dois documentos atingiria todos os segmentos da população. Não apenas as camadas mais populares, na qual ela apresenta vantagem, segundo

Isso significa a compreensão [vitória no STF] de que havia, de fato, restrição na exigência do outro documento. DILMA ROUSSEFF as pesquisas de intenção de voto. "Todo mundo tinha a prática no Brasil de votar com a carteira de identidade. Chegava na mesa e tinha lá seu nome. Muito poucas pessoas lembravam de levar o título. Isso ia causar muita confusão". A petista comentou a "onda de boatos" da qual disse ser vítima nos últimos dias, afirmando que há uma tentativa de "aterrorizar as pessoas" e de

"demonizar" sua candidatura. "Acho lamentável. Tenho sido vítima de boatos sistemáticos. Eu não pego os boatos e vou acusar alguém. Muita gente faz isso sem prova nem nada. E sai acusando. Tem certos tipos de informação que beiram a tentativa mais grosseira de aterrorizar as pessoas e demonizar a minha candidatura. Não acredito que a população brasileira tenhadúvida sobre minha candidatura." Propostas – Ao avaliar sua campanha, Dilma disse que se empenhou em fazer uma campanha que não restringisse qualquer tipo de informação ao eleitor. Defendeu que conseguiu deixar claro para a população que sua candidatura representava a continuidade do governo Lula. Sobre a imprensa europeia a rotulá-la de nova 'dama de ferro', sorriu e comentou: "Não me incomodo com mais nada".(AE)

O

candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de derrubar a exigência de dois documentos para o eleitor votar não terá "grande consequência" para o resultado da eleição. Mas afirmou ter estranhado a decisão do PT de questionar a lei às vésperas da votação. "O PT entrou na última hora porque deve achar que o voto menos controlado o favorece". A seguir, comentou: "Não vejo com grande preocupação, só achei estranho uma lei que foi aprovada há um ano por todo o Congresso Nacional, que foi aprovada pela Casa Civil, pela Dilma quando era chefe da Casa Civil, encaminhada ao presidente Lula, aprovada por ele, encaminhada ao TSE chega na última semana, na última hora e o PT entra no Supremo pra mudar a lei".

Ale Vianna/AE

Serra com Aloysio Nunes: estranheza quanto ao pedido do PT

O tucano minimizou ainda o impacto da decisão do STF de derrubar a exigência de apresentar dois documentos para votar. Repetiu duas que a lei aprovada pelo PT "tornava a fraude no voto mais impossível, tornava o voto mais seguro". E frisou que a lei anterior foi aprovada pelo PT e passou

pela Casa Civil, na gestão de Dilma. Serra foi lacônico, quando indagado se havia mesmo conversado com o ministro Gilmar Mendes, do STF, na tarde de quarta-feira. "Não. Mas se tivesse, não teria nada demais", disse ele, preferindo não se estender mais sobre o assunto. (AE/Folhapress)

Divulgação/ABMMA

Queda de helicóptero e morte de piloto: Jackson Lago (PDT) voou nele um dia antes, em campanha.

Lago escapa da morte. Por um dia.

O

candidato ao governo do Maranhão, Jackson Lago (PDT), ainda se refaz do enorme susto por que passou. Anteontem, em campanha, ele andou de helicóptero. Ontem, ele dispensou a mesma aeronave, que caiu e se depedaçou contra o solo, incendiando-se. A queda aconteceu no município de Imperatriz, que fica no sul do Maranhão. Lago foi informado e lamentou a tragédia da qual escapara. O piloto do helicóptero, Luiz Flávio Quinta, com quem sempre viajava, morreu carbonizado.

SECRETARIA DE COORDENAÇÃO DAS SUBPREFEITURAS SUBPREFEITURA ARICANDUVA/FORMOSA/CARRÃO

ASSESSORIA JURÍDICA COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO TOMADA DE PREÇOS Nº 04/CPL/SP-AF/2010 PROCESSO Nº 2010-0.261.954-4 OBJETO: CONTRATAÇÃO PARA EXECUÇÃO DE SERVIÇOS E OBRAS PARA REURBANIZAÇÃO DE PRAÇA. LOCAL: PRAÇA VIEIRA DO COUTO - LOCALIZADA ENTRE: AV. RIO PARIS, AV. DOM AZEVEDO COUTINHO E AV. CARNEIRO RIBEIRO, SOB JURISDIÇÃO DESTA SUBPREFEITURA. A SUBPREFEITURA ARICANDUVA/CARRÃO/FORMOSA da Prefeitura da Cidade de São Paulo TORNA PÚBLICO, para conhecimento de quantos possam se interessar, que realizará licitação na modalidade TOMADA DE PREÇOS, do tipo menor preço global, no regime de empreitada por preço unitário, regida pelas Leis Municipais nºs 13.278/02 e 14.145/06 e Decreto nº 44.279/03, normas gerais da Lei Federal nº 8.666/93 e demais normas pertinentes, consoante às especificações e regras que se seguem. O edital e seus anexos poderão ser retirados mediante a entrega de 1 (um) CD ROM novo, formatado, na Sessão de Licitação, situada na Rua Eponina nº 82 Aricanduva, nesta Capital, das 09:00 às 17:00 horas ou através da Internet pelo site http://e-negocioscidadesp.prefeitura.sp.gov.br, sem outros custos. O extrato da referida licitação encontra-se afixado no saguão de entrada da SUBPREFEITURA ARICANDUVA/FORMOSA. Os envelopes nº 01 “PROPOSTA” e nº 02 “HABILITAÇÃO”, bem como o Credenciamento - Anexo V, Declaração de que atende a todas as condições de habilitação exigidas no certame Anexo VI, Declaração de Elaboração Independente de Proposta ANEXO XVIII e Certificado de Registro Cadastral, que deverão necessariamente ser anexados na face externa do envelope nº 01 - da proposta, e entregues no Setor de Licitações da Subprefeitura Aricanduva/ Formosa/Carrão, situada à Rua Eponina nº 82, no dia 22/10/2010, das 06:45 às 07:45 horas, sendo que a SESSÃO DE ABERTURA será realizada na Sala de Licitações, no mesmo endereço, às 08:00 horas do mesmo dia.


p Para votar, basta documento com foto DIÁRIO DO COMÉRCIO

8

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Não trabalho. Não tenho motivo para me interessar por política. Renan Bolanheiro, estudante de 16 anos

olítica

Supremo Tribunal Federal derruba a exigência de apresentar dois documentos para votar. Agora o eleitor pode votar portando apenas um que tenha fotografia. Alessandro Shinoda/Folhapress

P

or maioria de votos (8 a 2), o Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou ontem o julgamento da liminar em Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) 4467 e adotou o entendimento de que os eleitores podem apresentar apenas o documento com foto no momento da votação. Ou seja, somente trará obstáculo ao exercício do voto caso deixe de ser exibido documento oficial de identidade com foto (carteira de identidade, trabalho ou motorista, passaporte, certificado de reservista). O julgamento havia sido suspenso na quarta -feira a pedido do ministro Gilmar Mendes sobre a ação proposta pelo PT contra a obrigatoriedade de o eleitor apresentar dois documentos para votar nas eleições, sendo o título eleitoral e um documento de identidade, exigência criada em 2009, pela Lei 12.034, que alterou o artigo 91-A da Lei 9.504/97. Um dos objetivos da adoção da regra era promover maior segurança na identificação do eleitor e evitar episódios em que pessoas votam por outras, valendo-se do fato de o título de eleitor não conter foto. Oito ministros votaram no sentido de dar ao artigo 91-A da lei o entendimento de que apenas a ausência do documento com foto poderia impe-

dir o eleitor de votar: Ayres Britto (vice-presidente), Celso de Mello, Marco Aurélio, Ellen Gracie, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Dias Toffoli. Ficaram vencidos os ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluso (presidente do STF).

A regra anterior visava evitar episódios em que pessoas votam por outras, valendo-se do fato de o título de eleitor não conter foto.

No julgamento, os ministros do Supremo não analisaram o mérito da constitucionalidade da norma; eles concederam medida cautelar para que a exigência passe a ser interpretada de acordo com a orientação do STF. Último dia – Terminou ontem a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão e a permissão para candidatos fazerem comícios ou usarem carros de som nas ruas. De acordo com a Lei Eleitoral, a propaganda será retomada na próxima terça-feira (5)

em todo o país, se houver segundo turno das eleições presidenciais ou apenas nos Estados onde houver segundo turno para governador. Segunda via – O prazo para tirar a segunda via do título de eleitor terminou ontem. Até agora, mais de 3 milhões de eleitores pediram a segunda via do documento. Têm direito à reimpressão os eleitores já inscritos na Justiça Eleitoral, mas que tiveram o documento extraviado ou perdido. Para isso, é preciso ir a um cartório eleitoral mesmo que não seja na cidade em que o eleitor mora e apresentar um documento oficial com foto. O título é reimpresso na hora. No metrô – Os eleitores cadastrados que tiverem que votar em trânsito na cidade de São Paulo no próximo domingo, 3, poderão contar com urnas instaladas em três estações do metrô. O horário será o mesmo dos outros locais de votação: das 8h às 17 horas e as urnas estarão colocadas em áreas livres. As urnas podem ser encontradas nas estações Paraíso, na Linha 1- Azul (Jabaquara-Tucuruvi) e República, na Linha 3-Vermelha (Corinthians-Itaquera/Palmeiras-Barra Funda). Haverá também uma urna no Memorial da América Latina, próxima à estação Palmeiras-Barra Funda (Linha 3-vermelha). (Agências)

Pablo Valadares/AE

Urnas lacradas em Brasília prontas para serem enviadas aos locais de votação do próximo domingo

Tudo pronto para domingo: urnas eletrônicas já estão calibradas e encaixotadas à espera da votação

Tudo pronto para a distribuição das urnas eletrônicas Em geral, as urnas seguem para os colégios de votação no sábado

A

operação de entrega das urnas eletrônicas que serão distribuídas em São Paulo, no próximo sábado (2) será realizada por empresas contratadas pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE - SP) e acompanhada por uma equipe de cada cartório. Só na capital são 22. 814 urnas eletrônicas distribuídas em 1.915 locais de votação. Vânia Lúcia Lins Torres Lopez, de 47 anos, chefe do 346º cartório eleitoral, explica que a estrutura logística funciona de acordo com o número de seções de cada zona. Em geral, as urnas permanecem em suas zonas eleitorais até a manhã de sábado, quando elas seguem para os colégios onde serão instaladas para a votação. De acordo com o TRE - SP, não há um acompanhamento intensivo da Polícia Militar (PM) em relação às urnas. Na realidade, cada cartório define seu sistema de segurança.

221 mil eleitores em São Mateus formam o maior cartório eleitoral da capital. Jaraguá tem o menor eleitorado (82 mil). A 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, na Bela Vista, região central, opta por plantões vigiados por PMs nas dependências em que as urnas se encontram e o acompanhamento destes PMs até o local de votação. Entretanto, esse sistema não é uma regra. Ao chegar a seus locais de votação, o procedimento com

as máquinas é o seguinte: a equipe de cada cartório verifica se todas as urnas estão funcionando de maneira correta. O sistema eletrônico das urnas armazena os votos para os cargos em disputa com duas mídias, um disquete e um cartão de memória. Cada urna é composta pelos dados dos eleitores de sua seção e de todos os candidatos a deputados estadual e federal, senador, governador e presidente. Após a gravação destes dados, é realizado um teste impresso para comprovar o funcionamento das urnas. No domingo (03), ao término das votações, todas as máquinas serão recolhidas para a liberação dos colégios. Em São Paulo, 8.483.115 eleitores estão aptos a votar. O menor eleitorado da capital está no 403º Cartório Eleitoral do Jaraguá - 82.325 eleitores. O maior está no 375º Cartório Eleitoral, de São Mateus, que reúne 221.969 eleitores. (MM)

Eleitores brasileiros estão mais velhos Em 2006, 0,31% do colégio eleitoral tinha 16 anos. Hoje, são 0,28%. Já os eleitores com mais de 60 anos cresceram 1%. Mariana Missiaggia

O

Brasil também está envelhecendo nas urnas: de 2006 para cá, segundo dados da Justiça Eleitoral, os votantes acima de 60 anos cresceram 1%. O aumento torna-se mais significativo se for considerado que nessa faixa de idade o ritmo, em geral, tende a diminuir. O corretor de imóveis Waldo Silva Mar tins faz parte desse co ntin gent e. A rigor, é um veterano no pedaço, pois já ultrapassou os 93 anos. Se todos os eleitores brasileiros demonstrassem a mesma aplicação e o mesmo interesse nos pleitos, certamente o País estaria bem melhor nesse quesito. Waldo faz questão de se informar, discutir a respeito, e apresentar-se entre os primeiros a votar no Colégio Rio Branco, em Higienópolis, onde chegará acompanhado do filho no domingo. Voltando na lembrança, a política lhe é familiar desde os 12 anos, pois seu padrinho, Antonino Beraldo Massariô tinha a surpreendente profissão de miniaturista e fazia brasões de campanha para os políticos. Assim,

Paulo Pampolim/Hype

Waldo, freqüentador assíduo da casa, cresceu rodeado de políticos, hoje retratos em livros de História – como Altino Arantes, Lineu Prestes ou Washington Luiz, que foi presidente da República. Waldo tirou seu primeiro título de eleitor aos 22 anos. Era um documento inútil, já que a época de começar a votar coincidiu com a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas. Apesar de ter conv i v i d o a s s i d u amente com políticos, Waldo suspeita que seu primeiro voto em uma eleição majoritária tenha sido dado a Adhemar de Barros. As recordações são imprecisas. Mas neste caso ele deve ter votado para prefeito da Capital ou ao governo do estado, postos aos quais Adhemar concorreu nos anos 50. Porém, é possível que a sua memória o traia e não registre a eleição presidencial de 1946 ou a de 1950, nas quais foram eleitos, respectivamente, o general Eurico Gaspar Dutra e Getúlio Vargas – desta vez por livre escolha popular. Contudo, apesar do seu compromisso cívico, Waldo olha com certo desdém as eleições de domingo. "A política mudou drasticamente",

Waldo Silva Martins, 93 anos, faz questão de votar apesar de dizer "que a política mudou drasticamente" e que "não dá para acreditar nos candidatos"

diz, examinando sua longa trajetória. "Não dá para acreditar nas pessoas que estão se candidatando hoje. Uns batem em mulher, outros não sabem escrever. Na minha época isso não existia". Enquanto as cabeçasbrancas crescem nas filas das seções, as jovens estão diminuindo. Em 2006 os eleitores

com 16 anos compunham 0,31% do colégio – hoje, são 0,28%. Nathália Iamonte Rodrigues, estudante do Colégio Objetivo, não faz parte dessa inversão e, com certeza, Waldo Silva Martins gostaria de tê-la como neta. Ou bisneta. Nathália tratou de tirar seu título em julho, mal saída da data permitida; discute

política com seus pais; assiste com assiduidade aos programas dos partidos e garante estar preparada para apertar os botões da urna. "Eu achei que já era meu momento", afirma, convicta. A julgar pela atitude de seus colegas, Renan Bolanheiro e Cássia Regina Pinha, talvez Nathália se coloque entre as

minorias. Renan diz que política é assunto de gente grande. "Não trabalho, não tenho que pagar contas. Por isso não tenho motivo para me interessar por política". Cássia faz coro a ele. "Nem sei a diferença entre senador e governador. Nunca me explicaram isso e não tenho muito interesse em saber".


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

9

O submundo da habitação, do transporte e do saneamento Entrevista: Vladimir Fernandes Maciel

O

Diário do Comércio publica hoje a 24ª de uma série de entrevistas com os autores de "Propostas para o Próximo Presidente", que a revista Digesto Econômico, da Associação Comercial de São Paulo, reúne em seis números, mensais, para contribuir ao debate entre os candidatos às eleições de outubro. O quinto número, em circulação, pode também ser visualizado no site www.dcomercio.com.br, de acesso grátis. A escolha dos assuntos e dos pensadores apresentados aqui se baseia nos lemas que a ACSP, em seus 114 anos, sempre defendeu: o trabalho, a livre iniciativa, a união dos setores empresariais e a busca de melhores caminhos para o desenvolvimento brasileiro. As propostas de economistas, professores e outros especialistas têm o objetivo de mostrar caminhos melhores para o País, de torná-lo mais fácil de ser compreendido pelos próprios brasileiros - e, por isso, são revolucionárias.

A Digesto Econômico Digital pode ser lida em dcomercio.com.br

O Programa Minha Casa Minha Vida segue o mesmo padrão de solução não integrada. Busca terrenos mais baratos, nas periferias, onde transporte e saneamento são precários. A oferta de moradias vai crescer, sem a necessária oferta dos outros serviços"

(Contrastes deste País em desenvolvimento) Davilym Dourado/LUZ

Eliana Haberli

Tietê, etc. Também a questão do transporte foi tratada erroneamente como assunto municipal a partir das décadas de 1950 e 1960.

S

e na produtividade agrícola, no desenvolvimento industrial e no sistema financeiro o Brasil tem padrões iguais aos do Primeiro Mundo, em habitação, saneamento e transportes urbanos ainda não saiu do mundo subdesenvolvido. Essa situação é apontada no trabalho "Os Desafios dos Setores de Habitação, Saneamento e Transportes Urbanos", que o economista e professor Vladimir Fernandes Maciel apresentou na revista Digesto Econômico de julho último: "É impressionante que um País capaz de desenvolver satélites, explorar petróleo em grandes profundidades e utilizar combustíveis alternativos em larga escala ainda não conseguiu tratar decentemente dos dejetos humanos de sua população". Ele é mestre em Economia e doutorando em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e professor da Universidade Mackenzie. Atuou na Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo entre 2001 e 2004.

DC - O Programa Minha Casa Minha Vida, que pretende diminuir consideravelmente o déficit habitacional das classes mais pobres, pode alterar o descompasso? Maciel - Segue o mesmo padrão de solução não integrada. O programa busca terrenos mais baratos, nas periferias, onde transporte e saneamento são precários. O que vai acontecer é que a oferta de moradias vai crescer, sem a necessária oferta dos outros serviços. Teremos aquele siri torto, que tem uma pata grande e as outras diminutas. O Brasil ainda não abandonou o modelo de habitação que produziu locais como a Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.

DC - Como entender essa situação de carências? Maciel - Hoje, as três áreas são administradas de modo não integrado. Os programas de habitação, transporte urbano e saneamento não se conversam e as metas não convergem. Há um descompasso entre o crescimento do País, principalmente o crescimento urbano, e essas necessidades. DC - Falta planejamento? Maciel - Não, muitos especialistas produziram e produzem em bons planos. Até a editora do Exército brasileiro já publicou bons livros sobre crescimento urbano na década de 1950. Falta execução desses planos ou financiamento adequado para implantá-los e há muitos interesses de grupos quando uma decisão de obras ou moradias é tomada pelo poder público, levando ao crescimento desarticulado da infraestrutura. DC - O senhor diz que grande parte dos problemas está relacionada com a forma com que o solo urbano é usado. Como isso acontece? Maciel - Falando de maneira ilustrativa, há dois padrões gerais de ocupação do solo urbano - o norte-americano e o europeu/latino-americano. No primeiro, as classes de menor poder aquisitivo moram mais próximas às áreas centrais, em habitações menores, porém com mais fácil acesso aos locais de trabalho. As classes mais abastadas ficam na periferia. No padrão europeu e latinoamericano, as classes de maior renda, em geral, se localizam mais próximas do centro e na periferia ficam os mais pobres. No Brasil, temos o pior dos dois mundos - cidades com o modelo europeu, com transporte ruim, que só piora com o crescente uso do deslocamento por automóvel.

DC - E o fato de as maiores cidades brasileiras explodirem e se transformarem em megalópoles, onde o custo da infraestrutura é maior, não ajuda em nada... Maciel - A megalópole é um fenômeno mundial em regiões como a Ásia e a Índia. A expansão das grandes cidades na Índia é muito parecida com a desordem brasileira - explosão do uso do automóvel sem infraestrutura que acompanhe a mudança. Também na América Latina esse é o padrão, com algumas exceções, como Buenos Aires, que se desenvolveu antes (já tinha características de Primeiro Mundo em 1920). O crescimento das zonas periféricas convive com escassez de investimentos públicos que, ao lado dos baixos níveis de renda, tendem a implicar em moradias inadequadas aos moradores e ao sistema ambiental. DC - A questão da explosão do uso do automóvel tem a ver com uma exagerada proteção às montadoras? Maciel - Esse é um setor muito protegido, realmente, desde o Plano de Metas de Juscelino Kubistchek. Há razões para isso, como o nível de emprego e a industrialização, mas o preço que pagamos é alto. De

qualquer forma, a oferta de melhor transporte urbano poderia ter crescido junto com o índice de automóveis nas cidades. Por exemplo, um metrô de superfície inspirado no modelo de Curitiba (BRT - Bus Rapid Transit), que é do começo dos anos 1980, poderia ter sido feito em São Paulo e outras cidades. Bogotá, na Colômbia, copiou esse sistema - fez o famoso Transmilênio, que é celebrado mundialmente como solução bem sucedida. A cidade do México está investindo

maciçamente em metrô de superfície do tipo BRT. DC - Caberia um metrô de superfície em São Paulo, no lugar do subterrâneo? Maciel - Sim. A cidade implantou pseudoscorredores de ônibus na faixa central, interrompidos nos cruzamentos. Faltava pouco - resolver o problema dos cruzamentos e fazer as estações de transbordo. Hoje, a cidade é obrigada a adotar medidas paliativas uma faixa a mais na Marginal

Propostas para atuação do novo governo Aperfeiçoar os programas existentes e o desenho institucional do Ministério das Cidades. Definir marcos regulatórios para estabelecer novas fontes de recursos. Fomentar a participação conjunta de Estados e municípios. Assegurar fontes de recursos para manutenção e ampliação da infraestrutura urbana. Estabelecer subsídios única e exclusivamente para população de baixa renda, transporte coletivo sustentável e soluções ambientais de saneamento. Medir e avaliar os impactos das políticas públicas urbanas para implantar a correção de rumos, que hoje não é feita.

DC - A situação do saneamento apontada no último censo do IBGE diz que 43% das moradias não têm água encanada e esgoto... Maciel - Metade das moradias não tem esgoto e só 25,8% do esgoto coletado é tratado. O saneamento é o serviço urbano mais precário de todos - é embaixo da terra, ninguém vê. Quando ele é bem feito, ninguém sabe, os políticos não se beneficiam. Além do mais, há uma área nebulosa de responsabilidade. Em princípio, a responsabilidade é do município, que não tem recursos financeiros para implantar a infraestrutura (cara) num País que não teve, nas décadas de 1980 e 1990, estabilidade com continuidade administrativa. O organismo federal mais próximo dessa questão é a Agência Nacional de Águas (ANA), que é um órgão eminentemente técnico, sem competência para regular. O Conselho Nacional das Cidades, uma entidade até certo ponto inovadora, não é executivo e não abrange todas as áreas envolvidas. E o problema do saneamento não é apenas municipal, é metropolitano. No Brasil, a instância metropolitana funciona mal, não há instância intermediária entre Estados e municípios que garanta a coordenação das políticas públicas. Só há um exemplo metropolitano bom que é o consórcio das cidades do ABC - municípios que se uniram para agir em conjunto. Sua ação se restringe a questões econômicas e de emprego. DC - A Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 podem influenciar positivamente na solução de alguns desses problemas? Maciel - É possível que a premência da questão da infraestrutura leve à coordenação e planejamento integrado do governo federal, que é necessária. Mas o novo estádio de futebol em Itaquera não é um bom exemplo. Vai ser feito numa região de transporte já saturado, valorizando as áreas do entorno e expulsando as populações de baixa renda para mais longe ainda.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

10

c

sexta-feira, 1 de outubro de 2010 Andre Lessa/AE

EMOÇÃO Enterro do garoto reuniu cerca de 200 pessoas no cemitério São Paulo.

idades

BIRIBINHA Colegas dizem que Miguel se assustou com uma "biribinha americana."

André Lessa/AE

Escolas estaduais agem contra assédio Mediadores profissionais promovem entendimento entre alunos em conflito Luludi/Luz

Familiares se emocionam durante o enterro de Miguel Cestari Ricci. Parentes questionam atuação da escola.

Garoto baleado no Embu é enterrado Polícia não tem pistas de quem matou Miguel Cestari, de 9 anos, dentro da escola

O

corpo de Miguel Cestari Ricci dos Santos, de 9 anos, foi enterrado ontem por volta das 16h30 no cemitério São Paulo, na zona oeste da Capital. O menino foi baleado anteontem de manhã dentro de uma sala de aula da Escola Adventista de Embu das Artes, na Grande São Paulo, uma instituição de ensino particular. Familiares choravam muito durante o enterro. A mãe do garoto jogou pétalas de rosa na sepultura. O velório reuniu cerca de 200 pessoas, segundo a administração do cemitério. No dia da tragédia, o garoto chegou a ser socorrido no Hospital Family, em Taboão da Serra, também na Grande São Paulo. Ele passou por uma cirurgia, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória e sua morte foi constatada às 13h. Segundo Marcos David Ferreira, diretor clínico do hospital, um tiro atingiu o menino pelo lado esquerdo, atravessou a cavidade abdominal e se alojou perto das costas. De acordo com informações da delegacia da cidade, a Polícia Militar havia sido acionada para atender a uma ocorrência de explosão, mas, depois, foi constatado que o menino havia sido baleado. A polícia ainda não sabe quem atirou no garoto. A arma do crime, um revólver calibre 38, não foi encontrada. Os investigadores trabalham com a hipótese de outro estudante ter atirado no garoto. Também será analisado se o tiro foi acidental. Segundo a investigação, o tiro foi disparado por alguém que estava muito perto de Miguel, com a arma a cinco centímetros do corpo dele. Na camiseta do menino ficaram manchas de sangue. E, perto do furo, a marca de pólvora que confirma o disparo a queima-roupa. Até ontem à tarde já tinham sido ouvidos 10 funcionários e duas crianças da escola. Peritos precisaram usar um reagente químico na sala de aula onde aconteceu o crime, pois o local passou por limpeza antes da chegada dos técnicos. Durante o enterro do garoto, alguns parentes questionaram a direção do instituto. No caso, por que os responsáveis pela escola, ao encontrar o garoto baleado, decidiram levá-lo para o hospital da cidade vizinha de Taboão da Serra? "A escola foi muito negligente quanto ao socorro. Se eles tivessem chamado o resgate, meu neto poderia estar vivo", disse o avô Antônio dos Santos. Em nota divulgada pela assessoria de imprensa, a escola

Cristina Inês Saliba Calasso: justiça restaurativa serviu de embrião para programa de mediação

Reprodução

Ivan Ventura

A Miguel, de 9 anos: colegas o descrevem como um garoto tranquilo André Vicente/Folhapress

Investigadores tentam descobrir as circunstâncias do crime no Embu

afirma que está colaborando com as autoridades. "Esperamos que os fatos sejam elucidados o mais rápido possível", disse o texto. "Neste momento de dor e de grande perda, a equipe de professores e funcionários de nossa escola está procurando dar toda atenção e apoio à família da vítima – um menino de 9 anos – do terrível acidente ocorrido perto das 12h desta quarta-feira", completou a direção do colégio, na nota. Investigação – Os investigadores buscam pistas para solucionar como a criança foi baleada dentro da instituição de ensino. Duas garotas da classe de Miguel diziam tê-lo visto com um grave ferimento na barriga, jogado no chão da escola, "olhos brancos, muito pálido, tremendo muito", segundo o relato. "Tinha muito sangue no chão", afirmaram. Os cinco estudantes do colégio com quem a Folhapress conversou anteontem à tarde (um dos quais se apresentou como "o melhor amigo do Miguel") diziam que o colega tinha sido vítima de uma brincadeira "estúpida, de mau gosto". Biribinha – Segundo eles, um aluno teria arremessado contra Miguel uma "biribinha americana" (espécie de bomba que produz um estrondo forte enquanto libera um odor nauseabundo). O objetivo era apenas assustá-lo. Nenhum dos alunos disse saber quem teria

arremessado a tal "biribinha americana", mas admitiram que havia um "amigo" de Miguel que "estava brigado com ele". Eles não citaram nomes. Com o susto, Miguel teria se desequilibrado e caído contra uma parede de vidro, que se rompeu. Ele bateu a cabeça. O vidro também teria causado o ferimento na barriga. Para os meninos e meninas da escola ouvidos pela reportagem, o mais provável é que a morte de Miguel tenha sido um "trágico acidente". Eles chegaram a discutir a hipótese de que uma bala perdida tivesse atingido o amigo, mas descartaram-na em prol da tese da "biribinha" seguida de morte. Todos recusavam-se a acreditar que algum aluno da escola tivesse premeditado o crime e levado uma arma para assassinar o colega. Amigos de Miguel, usuários do mesmo transporte escolar, dizem que ele era um menino sério com as coisas da escola, mas brincalhão com os companheiros. O motorista do transporte disse que Miguel era um garoto tranquilo, que "nunca deu trabalho". O colégio suspendeu as aulas, que só devem ser retomadas na próxima segunda-feira. A escola também afirmou que atendimento ao garoto foi imediato por causa da gravidade do caso e que apenas a investigação poderá dizer se houve negligência. (Agências)

Escola Estadual Astrogildo Silva, em Heliópolis, na zona sul, enfrentou em 2008 uma grave crise de relacionamento entre um aluno de 17 anos, da 8ª série, e um professor de português. Após uma discussão, o jovem ameaçou agredir o mestre com uma barra de ferro. O caso foi parar na delegacia e parecia fadado a um desfecho num tribunal. Isso não aconteceu pela interferência da professora de história Cristina Inês Saliba Calasso, de 57 anos, e seu círculo restaurativo ou justiça restaurativa. O objetivo dessa justiça era resolver o assunto na base da conversa, porém com regras bem definidas - tal como ocorre dentro em um tribunal. Na sala, aluno e professor de português ficaram sentados em lados opostos, e no centro estava Cristina Inês. Os dois se entreolharam, conversaram e quase brigaram novamente. Amizade – Cristina intercedeu. Ao final, convenceu o jovem a cumprir um acordo: deveria divulgar a justiça restaurativa ao lado do professor. A convivência virou amizade e, em apenas dois dias, os dois apertaram as mãos e encerraram a discussão. Naquele momento, estava extinta a possibilidade de uma ação na Justiça. A briga virou amizade. Era o fim de um conflito e o início de uma proposta inovadora em educação. Outros conflitos foram resolvidos da mesma maneira

e ecoaram nos gabinetes da Secretaria Estadual de Educação. A somatória desses casos resultou, em fevereiro, na criação de um amplo programa denominado Sistema de Proteção Escolar. Quem será o agente dessa Proteção Escolar? A própria Cristina, que deixou o magistério e a mediação escolar informal. Profissão – Com o início do programa, a função de mediador escolar virou profissão e atualmente é exercida por quase 1.200 professores espalhados em quase mil escolas da Capital e do interior. Eles deixaram o magistério para se dedicar à carreira de professor mediador em escolas do Estado, recebendo o nome de Professores Mediadores Escolares e Comunitários (PMEC). No próximo ano, a quantidade de escolas com mediadores deverá aumentar, segundo informações da Secretaria de Educação. Violentos – Enquanto isso não ocorre, o sistema começou a ser testado e aplicado nas escolas. Segundo dados da secretaria, os colégios estaduais foram escolhidos prioritariamente por serem apontados como as mais violentos, segundo dados Sistema Eletrônico de Registros de Ocorrências Escolares (ROE). O sistema eletrônico também foi criado a partir do novo Sistema de Proteção e verifica a quantidade de casos violentos nas escolas a partir do registro feito pela direção do estabelecimento de ensino. "São escolas que apresentam altos índices de problemas. No topo desse ranking

Moacyr Lopes Júnior/Folhapress - 30/09/2010

Denúncia de assédio a bolivianos em escola estadual no Brás

estão as brigas entre alunos e o dano ao patrimônio público, como a pichação, por exemplo", disse Beatriz Graeff, supervisora do Sistema de Proteção Escolar no Estado. Ela citou como exemplo o caso da escola Padre Anchieta, no bairro do Brás. Lá, alunos bolivianos estariam sendo vítimas de bullying (o constrangimento físico ou moral) por alunos brasileiros. Há registros de cobrança de pedágio de até R$ 2 por dia. Funções – Nessa escola do Brás já existe um professor tentando resolver o conflito. A mesma intervenção será feita por outros professores de outras escolas diante de problemas que venham a surgir. Aliás, a esse professor caberá muitas outras funções dentro da proposta de vigiar a a t u a ç ã o d o p r o f e s s o r, acompanhar o aluno e tentar melhorar a relação da escola com a comunidade. "Ele atua na articulação da escola com a família, com a comunidade e as instituições das redes de garantias de direito da infância e juventude. Na prática, ele irá resolver problemas de bullying (nos quais também se enquadram as agressões verbais ou físicas entre alunos), casos de discriminação e vulnerabilidade social, que muitas vezes impedem a presença do aluno na escola. Esse mediador irá à casa do aluno de fato", disse Beatriz. Mediação – A professora Cristina é exceção entre tantos professores que passam por treinamento e ainda engatinham na mediação do conflito. Na época em que atuava de maneira informal no programa da Justiça Restaurativa, ela afirma ter cuidado de 30 casos. Este ano foram outros 20 já na proposta de Sistema de Proteção Escolar. "Normalmente, a mediação dá certo. Creio eu que apenas em 20% dos casos o problema não foi resolvido", afirmou. A atuação da professora mediadora tem três etapas: sensibilização, responsabilização e, finalmente, o acordo. "Digo sempre que por trás de um conflito há um outro conflito. Na mediação, as pessoas exibem seus problemas. A partir deles entendemos o motivo da conduta. Depois, mostramos o outro lado da história. Nesse momento há uma comoção. Por fim, normalmente, os lados terminam se entendendo".


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

c

11 Para mim, sofrimento e dor não devem ser causa de enriquecimento ilícito. José Alves de Brito Filho, advogado de Pimenta Neves

idades

ERUNDINA, ADEUS! Metrópole - A senhora tem confidenciado às pessoas mais próximas que esta é a sua última eleição. Verdade? Luiza Erundina - Sim, pois é preciso considerar a passagem do tempo. Caso seja eleita agora, terei 80 anos no fim do mandato. Na verdade, fui estimulada a concorrer mais uma vez para dar prioridade a um Luiz Alves/Ag. Câmara objetivo, que é o de somar forças em favor da nossa reforma política. Ela é mais do que urgente e, sem ela, o País continua emperrado nesse terreno. O nosso sistema político, e isso ninguém pode negar, está exaurido, fragmentando-se em uma profusão de equívocos ao longo da história da República.

AFP

Divulgação

SE TIRIRICA INVADIR... Metrópole - Por que a tiririca é considerada uma planta tão nociva? Fábio Catulé - Porque é uma erva-daninha invasora que prejudica as plantações. O maior problema é que ela se propaga com muita rapidez. Ela é favorecida pela característica de ser uma planta que se adapta bem nas condições mais variadas e adversas. É extremamente resistente ao calor e suporta bem a escassez de água. Não é por acaso que é encontrada em todo planeta. Outra característica bem evidente (e problemática), aliás, bem conhecida, é que, depois que se instala, fica muito difícil nos livrarmos dela. Metrópole - Essa dificuldade é por causa da sua velocidade de reprodução? Fábio - Não é só a velocidade que conta. Além de se reproduzir por semente, a tiririca se multiplica por rizoma. A planta-mãe vai se dividindo nos bulbos ligados entre si debaixo da terra. De modo que é inútil arrancar a planta com a "batata", designação popular que é dada aos rizomas, pois os outros irão desenvolver em novas plantas.

Fábio Catulé: tiririca é dor-de-cabeça Fotos: Marcos

Metrópole - Isso apenas confirma que essa praga é uma grande dorde-cabeça... Fábio - Exatamente. Acresce que, pelas características mencionadas da planta, o herbicida a ser utilizado no combate precisa ser forte. E isso traz outros problemas, como o de afetar a plantação, o risco de contaminar o solo, provocar acidentes no manuseio etc. Metrópole - E como ela é "transmitida"? Fábio - De várias formas. A semente pode ser transportada por

Mendes/LUZ

Metrópole - Por exemplo? Erundina - As campanhas se tornaram extremamente caras e ficam girando em torno de verdadeiras fortunas, sem abrir espaço para o debate necessário e consistente em favor da boa formação política e cidadã da população. Metrópole - A senhora iniciou a vida política em 1982, elegendo-se vereadora em São Paulo pelo PT. Depois foi prefeita, deputada estadual e deputada federal. Sente-se desencantada nesse espécie de despedida? Erundina - Não. Espero, e sempre batalho para isso, que as casas legislativas e a sociedade juntem forças em favor da evolução política do nosso País. Mas eu me sinto frustrada. A cada legislatura eu tenho a percepção de que a situação está piorando. Por outro lado, também tenho a suspeita de que esta eleição está encerrando um ciclo da história do País, iniciado em 1964. Enfim, nós não temos o direito de desanimar. (Luiza Erundina, 76 anos, assistente social, moradora na Vila Mariana)

pássaros. Pode vir em solas de sapatos, nos pneus de veículos, em pelagem de animais. Ou o rizoma pode vir em porções de terra a serem utilizadas. Metrópole - Qual é a origem da cyperus rotundus, o nome cientifico da tiririca? Fábio - Há dúvidas a respeito. As informações são imprecisas. Mas crê-se que tenha origem na Índia. (Fábio Catulé, 29 anos, engenheiro-agrônomo, morador de Arujá) NR: Na língua tupi, tiririca significa arrastar-se com rapidez.

Caio Guatelli/Folha Imagem - 03/05/2003

MÃE-AVÓ TEM ALTA EM RIBEIRÃO PRETO

A Ó RBITA

CATAPORA

aposentada Eunice Martins, de 59 anos, de Franca (SP), que "emprestou a barriga" para gerar a própria neta, Alice, nascida na última terça-feira, teve alta hospitalar ontem em Ribeirão Preto. Ela

foi avaliada e passa bem após a cesariana. A filha de Eunice, Talita Cristina Andrade, de 32 anos, permanecerá no hospital para amamentar a criança, que apresenta um quadro de icterícia. (Agências) Miguel Schincariol/AE

O

Há dez anos, Pimenta assassinou Sandra com dois tiros pelas costas. Condenado, jornalista continua solto.

Caso Pimenta Neves: indenização a família Gomide chega a R$ 400 mil Ainda impune, jornalista réu confesso quer recorrer para pagar um valor menor

A

Justiça de São Paulo decidiu na manhã de ontem que o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves deverá pagar indenização de R$ 220 mil aos pais da também jornalista Sandra Gomide, assassinada por ele há 10 anos. O valor reajustado ultrapassa os R$ 400 mil. Tanto o advogado da família Gomide como o de Pimenta Neves anunciaram que recorrerão da decisão. O primeiro reivindicará um valor superior. O segundo, uma redução do valor. O julgamento que determinou a indenização havia começado no último dia 23, quando dois desembargadores votaram a favor da família (acatando o pedido de R$ 150 mil para cada um dos genitores) e foi concluído ontem, com o voto do tercei-

ro desembargador. Na ocasião, foi decidido ainda que o valor seria reduzido para R$ 110 mil para cada um dos pais. O desembargador Vito Guglielmi disse que considerava o valor pedido pelos pais exagerado. Apesar disso, o advogado de Pimenta Neves, José Alves de Brito Filho, afirmou após a decisão que seu cliente não tem condições de pagar a indenização. "Para mim, sofrimento e dor não devem ser causa de enriquecimento ilícito", disse o defensor, que afirmou que seu cliente tem ganho mensal de cerca de R$ 2.800. Pimenta Neves matou Sandra Gomide com dois tiros pelas costas no dia 20 de agosto de 2000 e confessou o crime quatro dias depois. Antes de matar a ex-namorada, Pimen-

ta foi acusado de assediá-la constantemente. Em maio de 2006, foi condenado por um júri popular a 19 anos de prisão. O jornalista (que era diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo), teve a pena reduzida para 15 anos de prisão, mas conseguiu continuar solto graças a uma série de manobras jurídicas e sucessivos recursos a tribunais superiores. Dez anos depois do assassinato, Pimenta Neves continua impune. No mês passado, o advogado dos pais da jornalista, Sergei Cobra Arbex, disse que João e Leonilda Gomide estão muito doentes, vivem à base de antidepressivos e enfrentam sérias dificuldades financeiras. A mãe de Sandra chegou a ficar internada por um ano por conta da depressão. (Agências)

vírus da catapora já infectou neste ano 10.018 pessoas em São Paulo, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. O número é 26% superior ao de 2009 e representa 82% dos registros no País. Duas cidades no interior (Araçatuba e Taubaté) relatam falta de vacinas para fazer o bloqueio do vírus nas creches. De acordo com o governo, a situação em São Paulo está sob controle. Entre as 200 mil doses de vacina licitadas, 60 mil foram enviadas a todas as regionais de saúde. (Agências)

NOVA LINHA DO METRÔ – O governador de São Paulo, Alberto Goldman, lançou ontem o edital da Linha 17-Ouro do Metrô, que irá da estação Jabaquara até a estação São Paulo-Morumbi, na zona sul da Capital, passando pelo Aeroporto de Congonhas


DIÁRIO DO COMÉRCIO

12

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

CENAS DE UM PAÍS EM ERUPÇÃO Sequência de fotos mostra como a crise se desenrolou ontem: policiais interditam vários locais, inclusive o aeroporto de Quito, enquanto simpatizantes manifestam apoio a Correa. O presidente é atacado com gás lacrimogêneo, sendo obrigado a ser hospitalizado.

nternacional Fotos: Guillermo Granja/Reuters

Equador, em exceção, mergulha no caos Correa acusa policiais e militares grevistas de promoverem golpe

P

rotestos de policiais e militares insatisfeitos com a redução de seus benefícios salariais espalharam o caos pelo Equador ontem. O presidente Rafael Correa acusou a oposição de tentar derrubá-lo com um golpe de Estado e declarou estado de exceção no país por cinco dias. Confinado pelos policiais rebelados em um hospital militar da capital Quito, onde foi internado por aspirar gás lacrimogêneo, Correa garantiu ontem à noite que ele ainda governa o Equador e declarou: "saio daqui como presidente ou como cadáver". No final, ele acabou sendo resgatado pelos militares. Apesar de Correa não ter autorizado uma operação de resgate, centenas de partidários entraram em confrontos à noite com os grevistas que cercavam o prédio. Pelo menos 51 pessoas ficaram feridas nos choques, informou a Cruz Vermelha. Desafio - No início da tarde, o presidente se dirigiu ao quartel de Quito onde os manifestantes se aglomeravam e disse que não voltaria atrás sobre a Lei de Serviços Públicos, que visa a diminuir os gastos do Estado com o funcionalismo público e que motivou o protesto dos policiais e militares da Aeronáutica. "Se vocês querem matar o presidente, aqui está ele. Matem-me!", disse, recusando-se a recuar na nova lei. Os policiais rebelados aceitaram o desafio e jogaram bombas de gás lacrimogêneo contra o presidente. "Eles atiraram bombas de gás lacrimogêneo contra a gente. Uma explodiu perto do meu rosto. (A bomba) teve efeito em mim e em minha mulher por alguns segundos, provavelmente minutos", disse Correa. O ataque levou o mandatário a ser internado no hospital do quartel. Depois, os manifestantes cercaram o hospital e não permitiram mais a sua saída. "Eles não me deixam sair", disse Correa, por telefo-

ne, à ECTV. "Todas as saídas do hospital estão cercadas. Obviamente é um sequestro quando se sequestra o presidente", enfatizou. Mesmo isolado, Correa assegurou que não iria negociar com os amotinados até que as manifestações fossem interrompidas. À noite, ele foi resgatado por militares e levado para o Palácio Presidencial, onde discursou para acalmar a multidão. Tensão - O clima tenso se espalhou rapidamente pelo país. O aeroporto internacional de Quito ficou fechado o dia inteiro após um grupo de cerca de 500 policiais e militares tomar a pista. Instalações militares foram ocupadas e o acesso a algumas localidades foi fechado por pneus em chamas. Testemunhas disseram haver saques e assaltos a banco em Quito e na cidade de Guayaquil. Leal dade - O presidente equatoriano e ministros de seu governo qualificaram os protestos como uma tentativa da oposição de desestabilizar seu governo e atribuíram os eventos a integrantes "insubordinados" da polícia e do exército. "Nós não permitiremos que a ordem constitucional seja violada. Nada irá interromper a revolução cidadã", declarou Correa. O p re s i d e n t e re c e b e u o apoio do comandante das Forças Armadas equatorianas, general Ernesto González, que foi à televisão para manifestar sua lealdade. O general pediu "o restabelecimento do diálogo, que é a única forma de os equatorianos resolverem suas diferenças". (Agências)

Um aprendiz chavista à altura do mentor

O

presidente do Equador, Rafael Correa, segue a cartilha do seu colega venezuelano, Hugo Chávez, de confrontação. De personalidade intempestiva, o mandatário equatoriano não poupa palavras nem medidas fortes contra seus opositores. Aos 46 anos, Correa – um economista com formação nos

EUA e na Europa – foi quem, há dois anos, "deu uma ordem" para que US$ 32 bilhões da dívida externa "ilegítima" do país não fossem pagos. Ele também já declarou "expulsas" ou “fora do país” diversas empresas, como a Odebrecht. Assim como ocorre com Chávez, muitas vezes a retórica se sobrepõe às ações. Um exemplo é o caso da Odebrecht que, mesmo "expulsa", continua operando no país. Com quase a metade de sua economia dependendo do petróleo – e sem tecnologia de ponta para explorá-lo – o gover-

no do Equador já comprou briga com a Petrobras, a espanhola Repsol e a italiana Eni. Todas estão com seus contratos sendo renegociados, e precisam "aceitar os termos estabelecidos pelo governo" porque, palavras de Correa: "Assim ninguém vai levar embora o nosso petróleo". Mas o atual caos pode ser explicado por fatores econômicos e políticos. Por conta das medidas confrontativas de Correa, os investimentos estrangeiros no país de economia dolarizada – aliás o que presidente já declarou "odiar, mas ser, por enquanto um mal necessário" – foram

reduzidos, e o governo vem tendo dificuldades em implementar suas reformas sociais. A crise interna passa pela briga entre Correa e o Congresso que ele ameaça dissolver. A Lei de Serviços Públicos, que desencadeou a crise de ontem, é um exemplo. Enviada ao Legislativo, não foi aprovada, e Correa lançou-a por meio de decreto. Outro exemplo é a chamada Lei de Comunicação. Definida por opositores como uma "lei da mordaça", ela abriria caminho para censura aos meios de comunicação. A lei ainda transita no Congresso. (AG)

Condenação mundial

Brasil, preocupado com a crise

Líderes latinos tentam afastar fantasma de golpe na região

Presidente Lula colocou à disposição de Correa 'o que ele precisar'

d i a r o c o nfronto. Vários p res i d e nt e s s u l- a m e ri c anos estavam previstos para chegar ontem à noite a Buenos Aires para discutir o tema, atendendo a uma convocação da presidente Cristina Kirchner e do marido dela, Néstor, que é secretário-geral do grupo. Entre os líderes que confirmaram presença estariam os da Venezuela, Bolívia e Chile. O Brasil seria representado pelo ministro interino das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, pois o chanceler Celso Amorim está no Haiti. OEA - Em reunião extraordinária, a Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou em Washington uma moção de apoio ao Equador, recha-

çando qualquer tentativa de desestabilização. "Devemos reagir de maneira contundente. Há uma diferença com o caso de Honduras, que é o fato de ainda não se ter consumado o golpe. Devemos impedir que este se consume, agindo rapidamente e de maneira unânime", declarou o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza. EUA - Os Estados Unidos também denunciaram os acontecimentos no Equador e declararam apoio a Correa. "Os Estados Unidos deploram todo tipo de violência que possa ser associada com esses fatos", disse Luoma-Overstreet, porta-voz do Departamento de Estado. ONU - Por sua vez, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, expressou preocupação com a integridade física de Correa e garantiu o reconhecimento do seu governo. (Agências)

D

emonstrando total suporte ao governo do Equador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou ontem com o presidente Hugo Chávez e pediu que o venezuelano transmitisse a Rafael Correa a mensagem de apoio do governo brasileiro. Segundo o assessor internacional da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, "naturalmente o Brasil está preocupado com os últimos acontecimentos no Equador, mas as informações recebidas até agora são de que a situação está contornada". Garcia (foto) disse que o presidente Lula já colocou à disposição do presidente Correa o que ele precisar. A maior preocupação do governo brasileiro é que haja ruptura das instituições ou da democracia. O assessor de Lula comen-

tou que, embora a situação esteja c o n t o rn a d a , como as mov i m e n ta ç õ e s dos policiais tiveram uma amplitude muito grande, causando apreensão, há uma preocupação para evitar que estes fatos se repitam. Solidariedade - Em viagem oficial ao Haiti, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, conversou por telefone com o colega equatoriano Ricardo Patiño, a quem também expressou a total solidariedade do governo brasileiro em defesa do regime democrático e do Estado de direito. Amorim divulgou um comunicado no qual mencionou a mobilização de entidades internacionais das quais o Brasil Roosewelt Pinheiro/ABr

ários governos da América Latina condenaram ontem o protesto de policiais e militares no Equador, e preparam ofensivas diplomáticas para afastar o fantasma de um golpe de Estado no país exportador de petróleo. Enquanto o país mergulhava no caos, o presidente, atingido por gás lacrimogêneo, teve que se refugiar em um hospital, de onde denunciou uma tentativa de golpe de Estado e declarou estado de exceção. "Estão tentando derrubar o presidente (Rafael) Correa. Em alerta, povos da Aliança Bolivariana! Em alerta, povos da Unasul! Viva Correa!", bradou pelo Twitter o presidente da Venezuela, Hugo Chávez (foto). Unasul - A União de Nações Sul-Americanas (Unasul), um grupo regional de segurança, estuda a possibilidade de me-

Reuters - 27.09.10

V

Revoltados com a redução de benefícios, policiais protestam diante do quartel. Correa os desafia e é recebido com gás lacrimogêneo (abaixo).

faz parte para rechaçar qualquer tentativa de golpe no Equador. Ele citou a Unasul, o Mercosul e a Organização dos Estados Americanos (OEA). "O ministro (Amorim) tem mantido o presidente Luiz Inácio Lula da Silva informado sobre as gestões em curso para uma resposta firme e coordenada do Mercosul, da Unasul e da OEA, a fim de repudiar qualquer desrespeito à ordem constitucional naquele país irmão", informou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado. "O Brasil deplora os atos de violência e de desrespeito às instituições e condena energicamente todo e qualquer tipo de ataque ao poder civil legitimamente constituído e à ordem constitucional do Equador", acrescentou o Itamaraty. (Agências)


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

13 Uma ferramenta como o Stuxnet parece ser a escolha mais óbvia para Israel Scott Borg, americano que estuda conseqüências de ataques cibernéticos

nternacional Fotos: AFP

s u r í v r e p u S o c i m ô t a ã r I a r t n co Nome de arquivo revela que Israel pode estar envolvido em ataque Kety Shapazian*

A

Vírus Stuxnet adiou inauguração de Bushehr, a primeira usina nuclear do país. Acima, Ahmadinejad na Assembleia Geral da ONU, em NY. Reprodução

Ester, a preferida do rei persa.

O

rei preferiu Ester a todas as outras mulheres, tanto que a coroou e a nomeou rainha (Ester 2,17). O livro de Ester se tornou um dos 24 livros do Tanach para ser canonizado pelos sábios da Grande Assembleia, mesmo sem ter a palavra Deus mencionada sequer uma vez. Ele fala de uma judia que se casa com o Rei Xerxes da Pérsia. O primeiro-ministro Haman, que não gostava de Ester, planeja o assassinato de todos os judeus estabelecidos no Império. Um primo dela, Mordecai, descobre o plano e conta à Ester. Ela, então, conta ao rei a intenção de Haman. Xerxes manda matar o primeiro-mi-

nistro e dá a permissão para que os judeus se defendam de qualquer ataque, o que eles acabam fazendo: matam 75 mil persas. Purim – Os escritos sobre a vida de Ester deram origem ao Purim, um dos feriados judaicos mais impor tantes, quando se comemora a salvação dos judeus do plano para exterminá-los. A festa do Purim (em março

ou abril, dependendo do ano), é caracterizada pela recitação pública do Livro de Ester por duas vezes, mandar comida de presente aos amigos e doações aos necessitados. Outros costumes incluem o uso de máscaras e fantasias, como as orelhas de Haman. Assim como a Festa de Hanuka, o Purim tem mais um caráter nacional e cultural do que religioso.

complexo só estará pronto para produção nos primeiros meses de 2011, segundo informou um oficial do governo. Especialistas dizem que o vírus que causou problemas no sistema de computação teve o incentivo de algum país e não foi coisa de um hacker à busca de diversão. A maior suspeita recai em cima de Israel e dos Estados Unidos, os principais rivais de Teerã e os maiores interessados em sabotar a operação, segundo o governo de Mahmoud Ahmadinejad. Israel, até o momento, não se pronunciou sobre o assunto. "Esperamos que o combustível seja levado para o núcleo da usina na semana que vem", disse Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, segundo a agência oficial Isna. "Estamos nos preparando e o combustível estará totalmente carregado em novembro. O coração da usina de Bushehr vai poder começar a bater a partir daí." Descuido? – Para especialistas ouvidos pelo New York Times, o fato de o vírus conter a palavra que faz referência ao Livro de Ester não revela descuido por parte de israelenses. Pelo contrário. Seria uma ferramenta de guerra psicológica, uma maneira de dizer "estamos de olho em vocês". As potências ocidentais acusam o Irã de esconder, sob seu programa nuclear civil, outro de natureza clandestina e aplicações bélicas, cujo objetivo seria a aquisição de armas atômicas. Teerã nega tais alegações. As tensões sobre o programa nuclear iraniano se acirraram no final do ano passado após o governo rejeitar uma proposta

de troca de urânio feita por EUA, Rússia e Reino Unido. Meses depois, o país começou a enriquecer urânio a 20%. Um acordo mediado por Brasil e Turquia para troca de urânio chegou a ser assinado com o Irã em maio. O acordo, porém, foi rejeitado pelo Grupo de Viena (composto por Rússia, França, EUA e a Agência Internacional de Energia Atômica). O Conselho de Segurança da ONU optou por impor uma quarta rodada de sanções ao país. Vírus - O Stuxnet foi identificado pela primeira vez em junho por uma firma de segurança da Bielorússia. No mês seguinte, a Siemens avisou seus clientes que os controladores Simatic-7, produzidos pela gigante alemã e usados em usinas nucleares e elétricas e também bases petrolíferas, poderiam ser atacados pelo Stuxnet. O vírus já foi identificado na China, Índia e Indonésia e, em agosto, a Microsoft avisou que ele infectou mais de 45 mil computadores. A Symantec, outra empresa de segurança virtual, disse que 60% das máquinas infectadas estão no Irã, o que poderia – ou não – ser apenas uma coincidência. Até a descoberta do arquivo "Myrtus". Em 2009, Scott Borg, responsável por uma unidade no governo norte-americano que estuda conseqüências de possíveis ataques cibernéticos, disse que Israel talvez preferisse atacar computadores ao invés de uma ação militar ao complexo nuclear iraniano. "Uma ferramenta como o Stuxnet parece ser a escolha mais óbvia para Israel", resumiu Borg. *(com Agências)

Um palco para ideias inspiradas Abertas as inscrições para conferência de inovação que libera "faíscas". Desta vez em pleno Rio Negro. Bruno Fernandes/Divulgação

Divulgação

Divulgação

Cintia Shimokomaki diferente de faísca. "Queremos criar um combustível importante de criatividade", diz Lívia Ascava, co-organizadora da conferência. "O TEDxAmazônia tira da zona do conforto e, ao mesmo tempo, traz conforto", explica. "Queremos conectar as pessoas, criando uma comunidade", diz. A ideia inicial veio da Califórnia, onde as pessoas disputam à tapa as mil cadeiras do TED para ouvir gente como Bill Gates, Philippe Starck, Michelle Obama e Bono Vox. No Brasil, o evento chegou pelas mãos de jovens empreendedores, que, seguindo o espírito das "ideias que merecem ser espalhadas", realizaram o TEDxSP em novembro passado. Com menos de um ano de existência, a comunidade TED no Brasil já começou a gerar frutos. Lívia conta que é comum ouvir histórias de participantes do primeiro evento em São Paulo que largaram empregos para perseguir antigos sonhos ou até se casaram com outros participantes. Para fazer parte do TEDxA-

Lívia Ascava, o: convite da organizaçã rio-terapia" ao "questioná

mazônia, é preciso preencher uma inscrição no site da conferê n c i a ( w w w. t e d x a m a z onia.com.br) até o dia 7 de outubro. A tarefa, porém, não é tão simples assim. "O questionário exige reflexão. Eu o defino como um 'questionário-terapia'", diz Lívia. A expectativa é que 3 mil pessoas se inscrevam para 450 vagas. Os realizadores do TEDxAmazônia querem ampliar a di-

Lama Padma Samten: da física ao budismo

versidade do público. Por isso, não importa a idade, conhecimento ou especialidade do participante. "Estamos interessados nas ideias das pessoas", resume Lívia. A falta de recursos para viajar até a conferência não deve ser motivo de desânimo, uma vez que os organizadores esperam subsidiar até 50 interessados. O requisito: basta ter uma alma inspiradora.

Antônio Nobre pesquisa rios de vapor que levam umidade da Amazônia para o sul

tar

uando se pensa em uma conferência na Amazônia, logo se imagina algo relacionado ao meio ambiente. Mas o TEDxAmazônia é diferente. Para os seus organizadores, a floresta representa qualidade de vida, o que inclui não só sustentabilidade, como também tecnologia, budismo – e por que não – surfe. O palco é a floresta, mas ela não é a estrela principal. A Amazônia serviu de inspiração para criar um evento global que reunirá as pessoas mais inovadoras e talentosas de suas áreas. Cerca de 50 palestrantes – entre eles, artistas digitais, designers, consultores, cientistas e poetas – estarão reunidos, nos dias 6 e 7 de novembro, em um hotel às margens do Rio Negro, para contar sobre suas paixões. A princípio, aproximar pessoas de áreas tão diversas parece uma ideia absurda. Afinal, o que um seringueiro tem em comum com um surfista? Mas é a partir desses encontros inusitados que será criado um tipo

Alberto Bi

Q

Os escritos sobre a vida de Ester deram origem ao feriado do Purim

resposta para o cyberataque que o Irã vem sofrendo desde o último domingo e que já afetou cerca de 30 mil computadores em diversas instalações industriais pode estar no Velho Testamento da Bíblia. Pelo menos é o que publicou ontem o New York Times. Segundo o jornal norte-americano, um dos arquivos do vírus Stuxnet foi batizado de "Myrtus". A palavra poderia ser apenas uma alusão a uma planta, a murta, comum na região e importante em diversas culturas do Oriente Médio e de alguns países do Mediterrâneo. Mas quando o assunto envolve Irã e seu programa nuclear, a história ganha contornos de filme de espionagem dos bons. "Myrtus", de acordo com experts em segurança ouvidos pelo NYT, pode ser uma referência ao Livro de Ester, a judia que conquistou o rei Xerxes da Pérsia, virou rainha e conseguiu salvar o povo judeu de uma carnificina. (Leia mais no texto ao lado) Aquela Pérsia de antigamente é chamada hoje de Irã. Usina – Por causa do sistema de computação geral iraniano ter sido afetado pelo vírus Stuxnet, a inauguração de Bushehr, a primeira usina nuclear do país, foi adiada. Quando o Irã iniciou o abastecimento de combustível na usina, em agosto, as autoridades do país afirmaram que Bushehr demoraria de dois a três meses para começar a produzir energia elétrica. Agora, a previsão é de que o

Alexandre Sequeira usa a fotografia para se aproximar das pessoas


DIÁRIO DO COMÉRCIO

Logo Logo

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

OUTUBRO

14 -.LOGO

Boeing 747 passa pela lua ao sobrevoar Marselha, na França. A empresa anunciou ontem que adiará para 2011 a entrega de aviões de sua nova série: a 747-8.

Gérard Julien/AFP

www.dcomercio.com.br

1

Dia do Vendedor

C INEMA E SPAÇO

Morre o ator Tony Curtis

AFP

Ator foi coprotagonista, em 1959, de uma das comédias mais aclamadas da história do cinema

O

Há 100 milhões de anos Imagem da agência espacial dos EUA, a Nasa, obtida ontem, mostra as galáxias Antennae, localizadas a 62 milhões de anos-luz da Terra. O nome das galáxias é derivado da palavra antena, referência aos seus "braços". Essas estruturas são resultado de colisões no interior das galáxias e que aconteceram há 100 milhões de anos.

ator norte-americano Tony Curtis morreu aos 85 anos em sua residência na cidade de Henderson, Nevada, informou ontem sua filha, a atriz Jamie Lee Curtis. Protagonista de vários filmes de Hollywood das décadas de 1950 e 1960, entre eles a aclamada comédia Quanto Mais Quente Melhor (1 95 9) , Curtis foi hospitalizado em julho em Las Vegas (EUA) com problemas respiratórios. Ele morreu após uma parada cardíaca. Os detalhes sobre o funeral não foram divulgados. O ator sofria uma doença pulmonar crônica desde 2006, quando contraiu pneumonia. Com mais de 50 anos de carreira e uma centena de filmes como protagonista, Curtis, cu-

jo verdadeiro nome era Bernard Schwartz, nasceu em 3 de junho de 1925, em Nova York, em uma família de origem judaica. Estudou interpretação na Academia de Arte Dramática de sua cidade natal e, em 1949, estreou em Hollywood com um papel de coadjuvante em Baixeza. Sua popularidade no cinema começou dois anos depois com O Príncipe Ladrão depois com títulos como Trapézio (1956), Acorrentados (1958) e Spartacus. Uma de suas mais famosas interpretações foi em Quanto Mais Quente Melhor, na qual Billy Wilder contracenou Marilyn Monroe e Jack Lemon. Ele se despediu da atuação em 2005 com uma participação na série televisiva CSI e passou a se dedicar à pintura.

Tony Curtis em apresentação em las Vegas em 1967

Mantovani Fernandes/O Popular/Folhapress

C IÊNCIA

Com a força da luz cientistas usaram radiação de luz para mover e manipular pequenos objetos. Até agora, os movimentos eram restritos a pequenas escalas, por não mais que milhares de micrometros - e a maioria em líquidos. Manipulação ótica de partículas por grandes distâncias podem ter várias aplicações, como permitir o transporte de contêineres com substâncias perigosas sem a necessidade de toque. Segundo o site Physorg, a técnica desenvolvida é considerada de grande importância para a montagem de micro máquinas e componentes eletrônicos.

L

Cientistas do Centro de Física a Laser, da Universidade Nacional da Austrália, desenvolveram um método que permite mover partículas apenas com o uso de luz. A experiência já foi tentada em outros lugares com sucesso, mas nunca uma equipe conseguiu mover as partículas por 1,5 metro, como aconteceu na Austrália. Os cientistas usaram um raio laser especialmente criado para a pesquisa. As partículas movidas são ainda extremamente pequenas: microesferas de tamanhos variando entre 60 e 100 micrometros. Por 40 anos, A RTE Patrik Stollarz/AFP

NÃO É A MAMÃE - Uma gata de raça não definida que acaba de ter filhotes adotou dois cães recém-nascidos rejeitados pela mãe em Goiânia (GO). O fato é curioso, mas não incomum. Segundo especialistas, entre os mamíferos, o instinto materno prevalece em relação à diferença de espécies.

M EIO AMBIENTE M ODA

Mapas de uma crise anunciada AFP

Extravagância dos pés à cabeça Pascal Rossignol/Reuters

L

Visitante de uma exposição de telas que retratam a capital francesa observa o quadro "Rua de Paris em um dia de chuva de 1877", do impressionista francês Gustave Caillebotte (1848-1894). A exposição acontece no Museu Folkwang, em Essen, Alemanha, e também traz obras de Edouard Manet, Claude Monet, Edgar Degas, Auguste Renoir, Camille Pissarro e Paul Signac.

Empresa russa terá hotel no espaço

O Google Translate criou uma nova ferramenta que traduz textos em latim. Segundo o anúncio no blog oficial da empresa, está é a primeira língua sem falantes nativos que o Google Translate é capaz de traduzir. O tradutor de latim pode parecer pouco útil, mas os estudantes de direito são os principais beneficiários do serviço. O sistema de tradução do latim foi criado a partir de traduções reais já feitas manualmente para "aprender". Então, para melhorar o latim do Google, livros clássicos e suas traduções mais famosas foram usadas, explica Jakob Uszkoreit, engenheiro da empresa. O tradutor automático também pode facilitar a leitura de passagens em latim de livros em língua corrente.

O principal fornecedor russo para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), a empresa Energia, diz que pretende construir o primeiro hotel no espaço para lucrar com o crescente mercado de turismo privado. A estação espacial privada poderia hospedar até sete pessoas, disse Alexander Derechin, o vice-chefe de criação da empresa. "Naves espaciais comerciais estão sendo construídas pelo mundo, e terão de viajar para algum lugar", disse Derechin. A Energia fará uma parceria com a recém-criada Orbital Technologies, que aumentará o investimento e promoverá os serviços. O hotel terá oferecer instalações para pesquisa científica, projetos de mídia e entretenimento e poderá se ancorar às naves russas Soyuz (tripulada) e Progress (de carga) a partir de 2015.

http://translate.google.com

Os recursos hídricos e sua biodiversidade em todo o mundo estão em crise, ameaçados pela ação humana. É o que mostram os mapas acima, divulgados ontem pela revista científica Nature. Os mapas, quase idênticos, mostram em amarelo, laranja e vermelho, onde estão A TÉ LOGO

as populações mais expostas à escassez de água. Em azul, as áreas menos críticas. Segundo a revista, 80% da população mundial está exposta a um grau elevado de escassez hídrica e 65% das espécies que vivem nos rios estão ameaçadas. Os maus-tratos aos rios - que

historicamente ordenaram a ocupação humana - custam aos países US$ 500 bilhões por ano em ações paliativas. . O estudo foi feito nas Universidades da Cidade de Nova York e de Wisconsin e podem ser consultado no site. http://river threat.net.

L OTERIAS Concurso 570 da LOTOFÁCIL 01

02

03

04

05

10

12

14

15

18

19

20

21

22

23

Acesse www.dcomercio.com.br para ler a íntegra das notícias abaixo:

Cirurgia 'quádrupla' ameaça sonho olímpico de Diego Hypólito Brasileiro Miguel Nicolelis recebe dois prêmios na Universidade de Duke

L

Google aprendeu a falar latim

L

T URISMO

L

I NTERNET

O estilista indiano Manish Arora mostrou ontem, em seu desfile na semana de moda de Paris, uma coleção que se destacou pelos chapéus. Com modelos desfilando com a música de James Bond de fundo, de saltos alto, usando joias de ouro nos tornozelos e cabelos presos em rabos de cavalo muito altos, Arora levou ao palco chapéus como o da foto, que foi inspirado em um carro. O estilista também propõe para a temporada de verão de 2011 uma paleta do cores que vai do rosa framboesa ao violeta até o verde-jade.

CBF afasta auxiliar que anulou gol do Botafogo contra Corinthians

Concurso 2411 da QUINA 22

26

35

59

66


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

e

1 SUSTENTÁVEL Consumo de sacola plástica no Brasil deve encolher 6,7% em 2010

conomia

NOS ARES Azul fecha parceria com a varejista Magazine Luiza mirando a classe C

Pagamento virtual ganha espaço na economia real Mercado de pagamentos eletrônicos atrai novos players e atende transações tanto pessoas físicas quanto empresas. Vanessa Rosal

O

crescimento do comércio eletrônico no Brasil está atraindo investimentos de empresas estrangeiras do setor de meios de pagamentos online. Assim como o MercadoPago – que possibilita as transações financeiras dentro do Mercado Livre, um dos maiores portais de vendas na internet –, a americana PayPal aposta no potencial de compra dos consumidores brasileiros. A empresa, que em agosto iniciou suas operações no País, representa cerca de 15% das vendas eletrônicas mundiais, com pagamentos feitos por cartão de crédito, débito automático ou boleto bancário. No primeiro semestre deste ano, cerca de 20 milhões de consumidores compraram pela internet, um aumento de 13,64% em relação a igual período de 2009, quando 17,6 milhões de consumidores fizeram o mesmo. Segundo a consultoria de comércio eletrônico e-Bit, o número é 30% maior que o verificado no último semestre do ano passado. O crescimento está relacionado ao aumento de renda da população, que comprou mais computadores e investiu na contratação de serviços de banda larga. A classe C já representa 30% das vendas na internet. Fraudes – Mais gente comprando, aumenta o risco de fraudes. A função das empresas de meios de pagamentos online é agir como intermediá-

rio na hora da compra, evitando que o consumidor seja lesado. Elas também atuam na transf erê n ci a de valores entre empresas ou prestadores de serviços que realizam negócios no mundo real dentro de um país ou entre países. Esses meios de pagamento representam 5% do varejo eletrônico nacional, mas a projeção do setor é promissora para os próximos anos. Segundo o diretor do MercadoPago no Brasil, Marcelo Coelho, os resultados da empresa dobraram no primeiro semestre do ano na comparação com igual período de 2009. Em relação à quantidade de pagamentos, foram fechados 2,4 milhões de negócios nos seis primeiros meses do ano, ante 1,2 milhão registrado em 2009. "O crescimento anual médio de dinheiro transacionado desde 2007 tem sido de 60%," afirma. Na comparação com o total de transações realizadas no ano passado, a plataforma já registrou, em 2010, o equivalente a 77% dos pagamentos, o que demonstra uma continuidade na curva ascendente. "Por tudo isso, estamos otimistas com o desenvolvimento do mercado do e-commerce no

MAX

Brasil", diz o executivo. O objetivo, daqui para frente, será atrair a atenção de pessoas físicas. "Queremos fomentar a adoção do MercadoPago para o uso no dia a dia de quem precisa fazer pagamentos de serviços ou enviar dinheiro por e-mail." Sendo assim, profissionais autônomos, como manicures, jardineiros ou empregadas domésticas, já podem receber via cartão de crédito ou débito. Há ainda a possibilidade de parcelamento dos valores em até 18 vezes. Entre as inovações da plataforma, está a agilidade para

análise e aprovação da transação feita pelo consumidor, processo totalmente online que ocorre segundos após ele ter escolhido a forma de pagamento. Para o comerciante (ou destinatário do dinheiro), a liberação dos valores poderá ocorrer a partir de dois dias. Em 2009, foram realizadas 3,1 milhões de transações pelo MercadoPago, o que movimentou US$ 382,6 milhões com operações em seis países (Argentina, Brasil, Chile, Co-

lômbia, México e Venezuela). O número representa um avanço de 62% em relação a 2008. Confiança – Outro fator determinante para o crescimento do e-commerce no País é o aumento da confiança do consumidor brasileiro nas ferramentas de pagamento. Assim como os empreendedores, as pessoas precisam se sentir seguras para finalizar a operação, inserir seus dados e transferir o dinheiro. Uma das empresas responsáveis pela verificação de transações nos sites brasileiros é a Braspag, do Grupo Silvio Santos. Segundo o gerente de projetos Renann Fortes, a companhia é líder em soluções de pa-

gamentos e serviços financeiros para e-commerce, com 75% de participação no mercado brasileiro. "Em cinco anos de atuação, conquistamos 1,1 mil clientes. No ano passado, processamos cerca de R$ 8 bilhões e a expectativa é que em 2010 as transações aumentem 40%." O sistema permite cobranças periodicamente – seja por meio de cartão de crédito, boleto bancário ou débito automático em conta-corrente. "O objetivo é reduzir custos e tempo. As empresas não precisam investir em softwares e profissionais. A administração em ter que gerenciar todas as cobranças diminui em até 80% com a automatização do processo", afirma Fortes.

Uma vista para o mundo pelo Street View Reprodução

Ferramenta causa polêmica em diversos países

Sílvia Pimentel

O

primeiro passo é digitar o nome da rua. Depois, arrastar um bonequinho amarelo, o pegman, para o local pretendido. As fotos aparecem em boa qualidade e em vários ângulos. É possível aumentá-las em busca de detalhes e fazer um passeio virtual como se nelas estivéssemos. Só não dá para identificar com exatidão os rostos das pessoas pelas ruas e as placas dos carros. Trata-se do Street View, o novo recurso do Google Maps lançado ontem no Brasil. Por ora, os internautas poderão fazer um tour virtual por ruas e avenidas de 51 municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Para colocar as imagens na web, desde o ano passado, 30 carros da Fiat, modelo Stilo, com nove câmeras sobre o teto, percorreram 150 mil quilômetros do Brasil, o primeiro país da América Latina a ter a novidade. "Colocamos o mapa do Brasil em um novo patamar digital", resumiu ontem, durante o lançamento do produto, na capital paulista, o gerente de produtos do Google Brasil, Marcelo Quintella. Na segunda fase do projeto, a ideia da companhia é utilizar um triciclo adaptado e equipado com o mesmo tipo de câme-

Invasão da privacidade incomodou muita gente e gerou proibições na Europa

A

Recurso já está disponível no Brasil e contará com indicação de internautas para futuros mapeamentos

ra para realizar o mapeamento de lugares onde o carro não pode alcançar ou não é permitido. Com ele, será possível trafegar por parques, praças, orla do mar e estádios de futebol. Para tornar a ferramenta mais interativa, o Google lançou uma campanha entre os internautas, que poderão indicar os locais que gostariam de ver mapeados pelo triciclo. Para isso, é preciso acessar o site www.exploreostreetview.com.br e fazer a sugestão até o dia 18 de outubro. Os lugares mais votados ganharão prioridade

na captação de imagens. A empresa está entusiasmada com o lançamento do serviço no País. "Os brasileiros gostaram da ideia de estarem no Google Street View", disse. E pelo menos até o momento a empresa não enfrentou qualquer tipo de resistência por parte do governo nesse tipo de mapeamento. Para captar imagens de determinados locais, o Google precisa de autorização. Foi o caso do Sambódromo do Rio de Janeiro, cujas imagens mostram o desfile das campeãs do último carnaval. As fo-

tos só foram tiradas depois de autorização dada pela Liga das Escolas de Samba. De acordo com a diretora de marketing da empresa, Flávia Simon, com a ferramenta, a expectativa é de crescimento de 30% no número de acessos à plataforma de mapas do Google. "O serviço tem chamado a atenção do mercado imobiliário, da área de turismo e do segmento de bares e restaurantes", adiantou. Atualmente, a Construtora e Incorporadora Lopes e a montadora Fiat são anunciantes.

chegada da ferramenta Street View no Brasil reacende a discussão sobre os limites do direito à privacidade. Em boa parte dos cerca de 30 países nos quais o serviço está disponível, os carros com câmeras especiais no teto têm deixado rastros. Recentemente, os governos de Portugal e da República Checa proibiram o Google de coletar imagens até segunda ordem. O mesmo caminho foi seguido pelas autoridades gregas, que condicionaram o mapeamento das ruas e avenidas de algumas cidades ao conhecimento prévio das áreas a serem fotografadas. De acordo com o advogado do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados, Rafhael Loschiavo, na Alemanha, onde a legislação que trata da privacidade é mais restritiva, o serviço só começou a operar porque o Google concordou com as condições impostas pelo governo. Naquele país, a população ganhou um prazo para solicitar que não sejam divulgadas imagens de suas casas nesse mapeamento. Até agosto, mais de 10 mil alemães haviam preenchido o pedido de

privacidade. "O Google adotou uma medida equilibrada ao adaptar o serviço à legislação local por medida de segurança," disse Loschiavo Legislação nacional – No ordenamento jurídico brasileiro, tanto a Constituição Federal (no artigo 5º) como o Código Civil de 2002 asseguram o direito à privacidade, dispondo que o uso da imagem de uma pessoa poderá ser proibida por sua vontade, cabendo indenização nos casos de ofensa à honra ou quando as imagens são utilizadas para fins comerciais. "Como se vê, na nossa legislação, há um arcabouço genérico sobre privacidade e acredito que o Google levará isso em conta", afirma o sócio do escritório Ópice Blum Advogados e professor de Direito no Mackenzie, Rony Vainzof. Na versão brasileira, o Google também inseriu uma ferramenta que permite aos usuários relatarem eventuais problemas enfrentados com a exposição das fotos e pedirem a retirada de imagens de rostos, casas e carros. Agora, resta esperar a reação dos brasileiros com esse Big Brother. (SP)


2 -.ECONOMIA

DIÁRIO DO COMÉRCIO

COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

e Inflação: renda maior e alimentos são ameaças. conomia

3 Greve continua hoje, dia de pagamento das aposentadorias. A recomendação é sacar recursos no caixa eletrônico ou procurar agência aberta. Lucas Lacaz Ruiz/ AE

Relatório do Banco Central prevê cenário bom no longo prazo, mas riscos no curto.

A

pesar de o Banco Central (BC) projetar queda para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até 2012, os técnicos da instituição revelaram ontem que o Comitê de Política Monetária (Copom) reconhece a existência de riscos de elevação da inflação no curto prazo. Um dos motivos é a "reversão do processo de declínio dos preços dos alimentos registrado em meses recentes". O outro é o mercado de trabalho. Há risco de descompasso entre o aumento da renda do trabalhador e a produtividade. Neste ano, a estimativa de inflação medida pelo IPCA é de 5%, segundo o relatório do terceiro trimestre divulgado ontem pelo BC. O indicador está 0,4 ponto percentual abaixo ao do documento anterior de junho. Para 2011, a expectativa dos técnicos da autoridade monetária é de uma inflação de 4,6% pelo mesmo índice. O relatório informa ainda que o IPCA deverá ficar em cerca de 4,4% em 2012. Ou seja, abaixo do centro da meta estabelecida para a inflação de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Na avaliação do BC, foi adotado um cenário de referência projetado pelo mercado financeiro que pressupõe a manutenção do dólar em R$ 1,75 e a meta para a taxa básica de juros (Selic) em 10,75% ao ano. O relatório enfatiza ainda que, do ponto de vista dos riscos domésticos, diminuiu a possibilidade de um descompasso entre o crescimento da absorção doméstica e a capacidade de expansão da oferta graças à postura do BC na sua política monetária. Emprego e renda – O documento, contudo, revela que do lado doméstico um fator de risco importante advém, entre outros, do mercado de trabalho, o "que pode se agravar pela presença, na economia, de mecanismos que favorecem a persistência da inflação". "Na medida em que se dá um determinado aumento real de salário e isso não é acompanhado de aumento de produtividade, ao longo do tempo, passam a existir dois caminhos para ajuste. Ou redução da margem de lucro ou aumento de preços", avalia o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo. Segundo ele, a preocupação

é que o aquecimento no mercado de trabalho passe a obrigar aumentos nominais de salário em níveis que não sejam compatíveis com o crescimento da produtividade e esses sejam repassados aos preços. Crescimento – A autoridade monetária também manteve a perspectiva de crescimento da economia em 2010. A projeção estimada de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 7,3%, idêntica à registrada no relatório divulgado no segundo trimestre.

Marcos Bergamasco/ Folha Imagem

Com a alta real de salário sem aumento de produtividade, há dois caminhos: redução do lucro ou elevação de preços.

Após manifestação na Capital, bancários mantêm greve.

N

CARLOS HAMILTON ARAÚJO, DIRETOR DO BC A projeção incorpora a perspectiva de que o setor externo deverá exercer contribuição anual negativa de 2,6 pontos percentuais no índice, "hipótese consistente com as perspectivas de maior crescimento da economia brasileira, comparativamente aos principais parceiros comerciais do País", registra o relatório. Os técnicos da autoridade

Ascenção nos preços de alimentos preocupa BC

monetária também informaram que a atividade econômica seguiu tendência de expansão, embora menos intensa, no segundo trimestre de 2010 e no início do terceiro trimestre. Outro fator destacado pelo

Ajuste fiscal na berlinda BC considera uso do PAC para acertar contas do governo

O

diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, informou ontem que nos cenários de inflação projetados pelo BC no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem, está se considerando um aumento de aproximadamente 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 em um esforço fiscal do governo, o que, segundo ele, ajuda a conter a inflação. De acordo com Araújo, essa política fiscal mais contracionista está sendo considerada a partir da hipótese de que, neste ano, o governo federal vai efetivamente utilizar a possibilidade de abater da meta fiscal 0,9% do PIB em investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Isso de fato ocorrendo, na opinião do diretor de política econômica, significa que o superávit primário do setor público passaria da casa de 2,4% do PIB em 2010 para o percentual de 3,3% do PIB em 2011. Alinhamento – É importante mencionar

que o Banco Central, apesar de sempre citar em seus documentos a possibilidade de utilização dos abatimentos do PAC, nas entrevistas sobre as contas públicas, a autoridade monetária sempre tratou do cumprimento da meta fiscal de 2010 sem a utilização desse tipo de mecanismo. Essa postura está alinhada à do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Araújo salientou que, do ponto de vista do impacto da política fiscal sobre a demanda agregada, a engenharia financeira que vai fazer com que a capitalização da Petrobras gere uma elevação da ordem de 1% do Produto Interno Bruto no superávit primário não tem impacto. Embora tenha afirmado que o esforço fiscal adicional tem impacto positivo nos preços, o diretor do Banco Central evitou dizer explicitamente que o menor superávit fiscal neste ano exigiu uma ação mais forte por parte do governo. (AE)

Crédito consignado tem alta Operações feitas por aposentados e pensionistas sobem 26,29% em agosto

N

os oito primeiros meses do ano, as operações de crédito consignado com desconto em folha de pagamento, feitas por aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), totalizaram R$ 18,298 bilhões. Em agosto, o montante foi de R$ 2,369 bilhões, 26,29% maior que o de igual mês de 2009 e 2,95% superior ao resultado de julho deste ano. Os números foram anunciados ontem pelo Ministério da Previdência Social. De acordo com as informações divulgadas, em agosto foram registradas 817,23 mil operações, 10,55% a mais que em igual mês do ano passado, quando foram registradas 739,23 mil opera-

relatório, no item nível de atividade da economia brasileira, é que a recuperação dos investimentos "segue evidenciando as perspectivas favoráveis em relação ao crescimento da economia". (ABr)

Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

ções. No mês anterior, foram 809,2 mil operações. Empréstimos – De acordo com os dados do Ministério, foi contabilizado ainda um aumento no volume de empréstimos pessoais e de cartões de crédito para aposentados e pensionistas,

que totalizaram um montante de R$ 2,3 bilhões. Do total de operações com cartão de crédito e de empréstimo pessoal realizadas em agosto, 416,1 mil foram feitas por segurados que recebem renda de até um salário-mínimo.

o segundo dia da greve os bancários fizeram uma pasdos bancários, 24,7% das seata ontem no fim da tarde no agências (4.895 de um total de centro de São Paulo. Na Capi19,8 mil) do País não abriram tal e em Osasco, 645 agências as portas, segundo informou a não abriram e 28 mil bancários Confederação Nacional dos não trabalharam. Em Campinas e região, 131 Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). A agências aderiram à paralisaquantidade de unidades que ção nacional. Ao todo, 3.387 aderiu à paralisação foi 26% bancários pararam de trabasuperior ao primeiro dia, lhar nas agências. O sindicato quando 3.864 agências não ti- da região representa 10.585 funcionários na ativa em 649 veram expediente. Além das agências, a maior agências (253 delas em Campiparte dos centros administrati- nas) de 37 cidades da região. Em Ribeirão Preto a adesão vos também não está operando, a Contraf-CUT, no entanto, ainda é pequena, mas "a tennão sabe dizer quantos estão dência é crescer", de acordo c o m o p r e s iparados. dente do SindiOs bancários cato dos Bancruzaram os cários de Ribeibraços com o rão Preto e Reintuito de congião, Arnaldo seguir reajuste Benedetti. "O salarial de 11%. por cento das interior segue A Federação agências, de um total a paralisação, Nacional dos Bancos (Fenade 19,8 mil em todo o d e p e n d e n d o da movimenban), no entanPaís, não abriram as tação das capito, oferece como reajuste a portas no segundo dia tais", disse o sindicalista. re p o s i ç ã o d a da paralisação da Ele espera, inflação, ou secategoria. ainda, uma auja, 4,29%. torização judiR e p r e s e ncial, já solicitatantes da Fenaban afirmam estar preocupa- da, para considerar a greve ledos com a continuidade da pa- gal na cidade e na região para ralisação hoje, dia de paga- intensificar o movimento. No mento das aposentadorias. Os primeiro dia de greve, pelo sindicalistas retrucam argu- menos cinco agências da Caixa mentando que "se os banquei- Econômica (CEF) fecharam ou ros estivessem preocupados, funcionaram parcialmente. negociariam um reajuste coe- Ontem, outras instituições não rente". A recomendação para operaram. O sindicato abranos aposentados é sacar os re- ge 38 municípios, com cerca de cursos no caixa eletrônico ou 5 mil bancários. Só na cidade de Ribeirão Preto há cerca de 2 procurar uma agência aberta. Para pressionar a Fenaban, mil funcionários. (AE)

24,7


DIÁRIO DO COMÉRCIO

4

e

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Espero que a progressão (na arrecadação) se transforme em investimento, e não despesas do governo. Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp

conomia

Vanderlei Almeida/AFP

Dólar cai e chega a patamar pré-crise Moeda atingiu a cotação de R$ 1,692 na sessão de ontem, menor valor desde a quebra do Lehman Brothers. Ivonaldo Alexandre/AE

Presidente do BC criticou as medidas de estímulo adotadas pelo governo norteamericano. Para ele, essas iniciativas podem desequilibrar outras economias.

3,7 por cento foi a queda registrada pela moeda norteamericana no mês de setembro. No ano, o recuo já atinge 2,9%.

poderia "acentuar a liquidez e o excesso de ingressos (globais)", afirmou Meirelles à Reuters Insider TV. "Nós não podemos simples-

Empresa transferiu quase R$ 7 bi à União por cessão onerosa

Governo deve deter 49% da Petrobras Percentual, que não considera o lote suplementar de ações, supera valor anunciado anteriormente.

A mente permitir que as nossas economias sejam desequilibradas enquanto permitimos que outras economias sejam equilibradas", afirmou. Meirelles defendeu que as reuniões do G20 em outubro e novembro deveriam abordar a questão, pois os desequilíbrios estariam impedindo que a economia mundial tenha um desempenho no "nível ótimo". "Nós poderíamos concordar em um conjunto de ações em que todo país leve em consideração o que os outros países estão fazendo", afirmou. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse na segundafeira que o mundo vive atualmente uma "guerra cambial", em que os governos manipulam as taxas de câmbio para

melhorar a competitividade de suas exportações. Ta xa ção – A possibilidade de que o governo federal aumente a taxação sobre o capital estrangeiro em ações e renda fixa foi apontada pelo mercado nos últimos dias como um fator que acelerou a entrada de capitais no País, em um movimento de antecipação. Flavia Cattan-Naslausky, analista do RBS Securities, é cética sobre o uso de mecanismos heterodoxos. "É difícil pensar que Dilma (Rousseff, se eleita) elevaria o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) como primeira política de seu novo governo e perderia a confiança inicial do que provavelmente será uma agenda pragmática", avaliou. (Agências)

Euclides Oltramari Jr./AE

www.santesso.com.br Tel.: (11) 3826-2944

O

RIZAD

R AUTO

IBUIDO

DC

DISTR

Rua Conselheiro Brotero, 171/179 - São Paulo/SP

Cifra foi alcançado 38 dias antes da data observada no ano passado

Impostômetro atinge R$ 900 bilhões Adriana David

A

governo. O percentual é exatamente de 64,25%, de acordo com o comunicado sobre a liquidação da oferta, datado de ontem e enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta madrugada. Após a oferta, sem considerar o lote suplementar, a União teria fatia de 54,18% das ações ordinárias; o BNDESPar, 2,35%; o BNDES ficaria com 3,05% e o Fundo Soberano, com 4,67%. Hoje, a fatia do governo nas ações ON da Petrobras é de 57,5%. Desembolso – A Petrobras transferiu R$ 6,99 bilhões em dinheiro para a União a fim de completar o pagamento das reservas de petróleo repassadas à companhia, a chamada cessão onerosa. Isso foi feito porque os R$ 67,8 bilhões em títulos públicos recebidos na capitalização foram insuficientes para atingir o valor acordado com o governo, de R$ 74,8 bilhões pelas áreas. Do total de R$ 115 bilhões captados na oferta primária pública de ações da Petrobras, R$ 67,8 bilhões foram recebidos em forma de letras financeiras do Tesouro (LFTs), informou ontem a estatal em um comunicado. O total arrecadado não inclui o lote suplementar, avaliado em cerca de R$ 5 bilhões, que poderá ou não ser exercido – elevando o valor da operação para R$ 120 bilhões. (Agências)

Créditos da NFP são liberados hoje Silvia Pimentel

C

onsumidores paulistas que pediram a inclusão do CPF ou CNPJ no cupom fiscal das compras feitas no primeiro semestre deste ano terão os créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) liberados a partir de hoje. O valor poderá ser usado por pessoas físicas para o abatimento do Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) de 2011 até 31 de outubro, sem limite de quantia. Para isso, é preciso acessar o site da Nota Fiscal Paulista (www.nfp.fazenda .s p.g ov.br ), inserir o CPF, selecionar a opção "desconto IPVA" e indicar o Renavam do veículo. O carro não precisa estar no nome da pessoa que detém o crédito. Depósito – Além de utilizar os valores para o desconto no IPVA, os consumidores

podem solicitar que o dinheiro seja depositado em conta-corrente ou poupança. Nesse caso, ele terá de ser superior a R$ 25, e a transferência deverá ser feita na conta cadastrada no site da Nota Fiscal Paulista. É necessário informar os dados da conta e valor do depósito – o dinheiro estará disponível em até dez dias úteis. Outra opção é doar o valor a entidades de Assistência Social e de Saúde cadastradas no site da Nota Fiscal Paulista. Para isso é preciso informar o CNPJ da entidade que se deseja beneficiar. A Nota Fiscal Paulista foi criada há três anos e faz parte do Programa de Estímulo à Cidadania Fiscal do governo estadual. Os consumidores que solicitam o documento fiscal e informam o CPF ou CNPJ recebem até 30% do ICMS recolhido pelo estabelecimento comercial, proporcional ao valor da nota.

DC

arrecadação tributária de todo o País em 2010 somou R$ 900 bilhões ontem. A cifra pode ser visualizada no Impostômetro, painel eletrônico que mostra toda a receita desde o primeiro dia do ano e está instalada na frente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), no centro da capital paulista. Por meio da ferramenta, é possível acompanhar em tempor real o valor arrecadado pelos governos federal, estaduais e municipais. De acordo com o Instituto Brasileiro de P l a n e j a m e n t o Tr i b u t á r i o (IBPT), que alimenta o painel com os dados dos fiscos, o valor foi alcançado ontem por volta das 11h30 – portanto, com 38 dias de antecedência em relação ao ano passado, quando a marca foi atingida em 7 de novembro. Em 2008, o montante foi alcançado apenas no dia 9 de novembro. De acordo com o presidente

do IBPT, João Eloi Olenike, até o momento os números apontam uma previsão da arrecadação para 2010 de R$ 1,27 trilhão. "Serão quase R$ 180 bilhões a mais em relação ao ano passado", afirmou. "Confirmando todas as expectativas, a arrecadação que está sendo registrada pelo nosso Impostômetro bate outro recorde 38 dias antes do previsto. Eu espero que essa progressão se transforme muito mais em investimento do que em despesas do governo", disse Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). O Impostômetro também pode ser visualizado pela internet, na página www.impostometro.com.br. No site, há ainda a receita tributária por municípios, estados, por diferentes períodos – como segundo, minuto, hora. Além disso, os internautas podem acessar informações sobre o que se pode fazer com o valor arrecadado.

participação do governo federal na Petrobras pode subir dos atuais 39,8% para 49% do capital social, conforme dados divulgados pela empresa após a liquidação da megaoferta de ações e considerando a quantidade de papéis já subscritos. As informações não levam em conta o lote suplementar, que pode ser exercido até 25 de outubro. O montante inclui as ações da União, que passaria a ter 31,6% do capital social; do BNDES Participações (BNDESPar), que teria 11,8%; do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com 1,7%; e do Fundo Soberano, com 3,9%. Na terça-feira, a Petrobras já havia informado aos acionistas estrangeiros sobre o aumento da participação do governo ao final da capitalização. Porém, no comunicado feito à Securities Exchange Comission (SEC), reguladora do mercado de capitais norteamericano, a fatia sobre o capital votante estava um pouco menor, em 48%. Esse percentual também havia sido anunciado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante a cerimônia da megaoferta, realizada na BM&FBovespa, em São Paulo, na sexta-feira passada. Os acionistas estrangeiros também foram informados de que 64% do capital votante ficaria nas mãos do

11

3833-9849 / 3836-6073

Pneus novos Rodas originais DC

O

dólar deslizou abaixo de R$ 1,70 ontem, terminando setembro em um patamar inédito desde o agravamento da crise global, há dois anos, com a quebra do banco Lehman Brothers. A moeda norte-americana caiu 0,76% na sessão, para R$ 1,692 – menor cotação de fechamento desde o início de setembro de 2008. No mês, o dólar acumulou baixa de 3,7%. No ano, a queda é de 2,9%. A valorização do real acompanha o movimento recente de outras moedas no exterior, diante da expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) tenha que anunciar novas medidas de estímulo à economia. A rotina de intervenção do governo continuou, com dois leilões de compra de dólares pelo Banco Central (BC), apesar da expectativa no mercado por medidas adicionais caso a moeda norte-americana caísse abaixo de R$ 1,70. Estímulo – "Medidas de estímulo adicionais nos Estados Unidos irão intensificar a entrada de capital que muitas economias emergentes já tentam controlar", disse ontem o presidente do BC, Henrique Meirelles. Embora seja benéfica para a economia norte-americana, a segunda rodada de estímulos sendo considerada pelo Fed

Rodas esportivas www.saradaopneuserodas.com.br Av. Mateo Bei, 240 São Paulo/SP - Fone: 11 2919 4539

Av. Conselheiro Carrão, 1.147 São Paulo/SP - Fone: 11 2594 1626

Rua Clemente Álvares, 322 - Lapa - São Paulo (Estacionamento Grátis no nº 336)


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

e

5 O indicador de capacidade instalada está em um patamar confortável. Aloísio Campelo, coordenador da FGV

conomia

Produção industrial em ritmo acelerado

Itaú Unibanco e TIM fecham parceria

D

Elevação do otimismo dos empresários está relacionada à alta da confiança do consumidor

O

Epitácio Pessoa/AE

s empresários da indústria brasileira preveem que a produção deve aumentar seu ritmo até o fim do ano. A informação faz parte da Sondagem da Indústria de Transformação, elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e divulgada ontem. O indicador de produção prevista atingiu 136,6 pontos em setembro – o maior nível desde de março deste ano (137,2 pontos). Em setembro, do total de empresários consultados na sondagem, 49,3% preveem que a produção deve aumentar nos últimos meses do ano. De acordo com o coordenador do índice, Aloísio Campelo, como o dado é calculado de forma dessazonalizada, esse aumento da produção não pode ser relacionado com o período de festas. "Não é uma questão de produção de fim de ano, porque fazemos o ajuste sazonal. Trata-se do fortalecimento do indicador mesmo." A sondagem indica que o resultado de setembro está acima da média da produção prevista nos últimos dez anos (123,4 pontos). É o segundo mês consecutivo de crescimento do indicador, que está 7,5 pontos abaixo do recorde histórico de produção prevista de 144,1 pontos, registrado em dezembro de 2009. Retomada – Campelo destacou que a indústria desacelerou no segundo trimestre deste ano, com o fim dos incentivos fiscais, embora tenha se mantido em um patamar elevado. Porém, na sondagem do mês passado, já é possível ver que a indústria mostra tendência de aceleração para os próximos meses, puxada principalmente pelos segmentos de material de transporte (veículos), mecânica (linha branca e bens de capital), química (farmacêuticos) e matérias plásticas (material de construção).

De acordo com ele, embora o contra 84,9% em agosto. Emcrescimento esteja relacionado bora acima da média histórica a duráveis, é possível prever (83,1%), o Nuci é estável há seis que materiais de construção meses. O resultado mais forte também terão aceleração no foi o de junho, de 85,5%. Em jufim de ano, quando termina o nho de 2008, o indicador cheprazo de vigência de benefí- gou a 86,7% "O Nuci de setembro está em cios fiscais paum patamar ra o setor. co nf or táv el ", Para o coordisse Campedenador da lo, ressaltando sondagem, os A demanda está que a demand a d o s s o b re voltando ao normal da está forte. inadimplência e a confiança do De agosto da pessoa físip a r a s e t e mca divulgados consumidor vem bro, o Nuci pelo Banco subindo dos bens duráCentral indisistematicamente. veis de consucam que o conALOÍSIO CAMPELO, mo subiu de sumidor vem DA FGV 89,9% para diminuindo o 90,2%, bem seu nível de acima da méendividamento desde março – o que favore- dia história de 81,6%. Já o de ce o segmento de bens durá- materiais de construção caiu veis. "A demanda está voltan- de 91% para 89,6%. Os demais segmentos (não do ao normal e a confiança do consumidor vem subindo sis- duráveis de consumo, bens de capital e bens intermediários) tematicamente", disse. Nuci – O Nível de Utilização mantiveram estabilidade, com da Capacidade Instalada (Nu- 81,2%, 84,1% e 86,6%, respectici) ficou em 85% em setembro, vamente. (AE)

Visa faz aliança para compras nos EUA

Justiça cassa liminar de edital dos Correios

A

Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) derrubou a liminar que impedia as licitações das lojas franqueadas em todo o País. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, cassou ontem a liminar que obrigava a empresa a republicar os editais de licitação de lojas franqueadas em todo o País com a inclusão dos serviços que a estatal se comprometeu a fazer só depois da assinatura dos contratos. A decisão havia sido concedida pela 4ª Vara da Justiça Federal de Brasília, em uma ação movida pela Associação Brasileira de Franquias Postais (Abrapost), que exigia a republicação dos editais. Para o juiz Rodrigo Navarro de Oliveira, "a possível alteração no objeto dos produtos e serviços constantes do anexo do edital do certame em que se busca selecionar empresas interessadas em serem franqueadas dos Correios está prevista no próprio edital no subitem 2.1.3, bem como na minuta do futuro contrato a ser celebrado". Com a decisão do TRF, a ECT pode retomar as licitações em todos os estados da Federação, com exceção do Rio de Janeiro, onde uma liminar ainda suspende o processo. (AE)

operadora de cartões de crédito Visa anunciou ontem uma parceria com a SkyBOX, fornecedora de soluções para comércio eletrônico internacional, para facilitar as compras em lojas virtuais dos Estados Unidos por consumidores da América Latina. Pelo acordo, quem tiver um cartão da Visa e morar no Brasil (ou outro país latino-americano) pode realizar compras online nas lojas norte-americanas e ter o pedido enviado para uma caixa postal nos EUA. O usuário entra no site da SkyBOX e cria uma caixa postal (equivalente a um endereço físico naquele país). Completado o registro, o consumidor receberá um e-mail com o número de sua caixa postal e senha, para iniciar as compras. Com isso, paga a mesma taxa de envio que os norte-americanos. A Visa estima uma economia de 20% nas despesas de transporte. A SkyBOX cuidará dos trâmites burocráticos para o envio do produto ao Brasil, como os procedimentos com a alfândega e o pagamento de impostos. Um estudo revelou que o comércio eletrônico cresceu 170% entre 2007 e 2009 no País, atingindo US$ 13,23 bilhões em 2009. (AE)

ando continuidade à estratégia dos bancos de ampliar seus parceiros para além do setor financeiro, o Itaú Unibanco assinou acordo com a TIM para oferecer cartões exclusivos para os clientes da operadora de telefonia celular. Com os cartões, TIM e Itaú poderão explorar sinergias entre produtos financeiros e serviços de telefonia. As companhias, porém, ainda não anunciaram quais poderiam ser essas vantagens para os clientes. De acordo com a assessoria de imprensa da TIM, o acordo foi fechado ontem e o projeto de colaboração entre as duas será desenvolvido a partir dele. Segundo as informações, as empresas esperam lançar o primeiro produto nos próximos meses. Os clientes TIM poderão optar pelo cartão Itaucard nas bandeiras Visa ou Mastercard. Oi – O Banco do Brasil anunciou na terça-feira parceria com a Oi para emissão de uma bandeira conjunta de cartão de crédito, que deve entrar em circulação daqui a seis meses. O novo plásstico deverá ser credenciado em uma plataforma criada pela operadora em parceria com a Cielo, preferencialmente via celular. Ele será oferecido à base de clientes da Oi, que soma 60 milhões de pessoas, considerando usuários de celular, banda larga e telefone fixo. As empresas destacam que emissores de outros cartões e também outras operadoras de celular poderão utilizar a plataforma. (Folhapress)

Segundo a FGV, o segmento de materiais de construção deverá apresentar aceleração no final do ano.

A

Auto Posto Partida Ltda, torna público que recebeu da Cetesb a Licença de Operação 31004942 válida até 06/02/2014 para ativ.de com. de prod. deriv. de petróleo, sito à Av. Oratório - 559 - Jardim Angela -São Paulo -SP. PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE - FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE PREGÃO ELETRÔNICO FMS Nº 073/2010 - PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 2529/2010 - Faço público, de ordem do Senhor Secretário Municipal de Saúde, que se encontra aberto o Pregão Eletrônico nº 073/2010, tendo como objeto o registro de preço de produtos para uso odontológico, conforme descrição, especificações e quantidades constantes nos Anexos II e V. O Edital na íntegra poderá ser obtido nos sites: www.bb.com.br e www.saocarlos.sp.gov.br, opção Licitações. O recebimento e a abertura das propostas dar-se-ão até às 8:00 horas do dia 15 de outubro de 2010 e o início da sessão de disputa de preços será às 10:00 horas do dia 15 de outubro de 2010. Maiores informações pelo telefone (16) 3362-1350. São Carlos, 30 de setembro de 2010. Jose Eduardo Simões Martinez - Pregoeiro.

Softinvest Part. e Administração S.A. CNPJ/MF n. 07.865.318/0001-84 – NIRE n. 35.300.328.990 – Assembléia Geral Extraordinária Edital de Convocação Ficam os Senhores Acionistas da SoftInvest Participações e Administração S.A. convocados a reunirem-se em Assembléia Geral Extraordinária, a ser realizada no dia 8 de outubro de 2010, às 11:00 horas, na sede social localizada na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, n. 1.830, 12º andar, Torre I, Sala 4, Bairro Itaim, na Capital do Estado de São Paulo, CEP 04543-900, a fim de discutir e deliberar sobre a seguinte ordem do dia: (I) Redução de capital social da Companhia para absorção de prejuízos, nos termos do artigo 173 da Lei n. 6.404/76; e (II) demais assuntos de interesse da sociedade. São Paulo, 30 de setembro de 2010.Jair Ribeiro da Silva Neto - Presidente do Conselho de Administração. 30/09 e 01,02/10/10

Braxis Tecnologia da Informação S.A. CNPJ/MF n. 07.837.195/0001-78 – NIRE 35.300.328.299 – Assembléia Geral Extraordinária Edital de Convocação Ficam os Senhores Acionistas da Braxis Tecnologia da Informação S.A. convocados a reunirem-se em Assembléia Geral Extraordinária, a ser realizada no dia 8 de outubro de 2010, às 10:00 horas, na sede social localizada na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, n. 1.830, Pavimento 3, Bloco III, Bairro Itaim Bibi, CEP 04543-900, na Capital do Estado de São Paulo, a fim de discutir e deliberar sobre a seguinte ordem do dia: (I) Redução de capital social da Companhia para absorção de prejuízos, nos termos do artigo 173 da Lei n. 6.404/76; e (II) demais assuntos de interesse da sociedade. São Paulo, 30 de setembro de 2010. Jair Ribeiro da Silva Neto - Presidente do Conselho de Administração. 30/09 e 01,02/10/10

Braxis Tecnologia da Informação S.A. CNPJ/MF n. 07.837.195/0001-78 – NIRE 35.300.328.299 Assembléia Geral Extraordinária Edital de Convocação Ficamos Senhores Acionistas daBraxis TecnologiadaInformaçãoS.A.convocados a reunirem-seemAssembléiaGeralExtraordinária, a ser realizada no dia 7 de outubro de 2010, às 10:00 horas, na sede social localizada na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, n. 1.830, Pavimento 3, Bloco III, Bairro Itaim Bibi, CEP 04543-900, na Capital do Estado de São Paulo, a fim de discutir e deliberar sobre a seguinte ordem do dia: (I) Eleição de novos membros do Conselho de Administração da sociedade; e (II) demais assuntos de interesse da sociedade.São Paulo, 29 de setembro de 2010.Jair Ribeiro da Silva Neto -Presidente do Conselho de Administração.

29,30/09 e 01/10/10

REMAPAR – PARTICIPAÇÕES S.A. - CNPJ/MF nº 04.908.407/0001-72 - NIRE nº 35.300.189.647 ATA DE ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA Em 20 de setembro de 2010, às 10 horas, na sede social da empresa, localizada à Alameda Rio Negro nº 1.030, 16º Andar, Conjunto 1601, Sala B, Torre Comercial, Alphaville, Barueri/SP, CEP: 06454-000. Quorum: Acionistas representando 100% (cem por cento) do capital social. Composição da Mesa: Mauro Piccolotto Dottori – Presidente; Regina Helena Gerace Dottori – Secretária. Publicações: Dispensada a publicação do anúncio e dos documentos do artigo 133 da Lei 6.404/76, tendo em vista a presença de 100% (cem por cento) dos acionistas. Ordem do Dia: (1º) Aprovar a redução de capital da sociedade de R$ 706.000,00 para R$ 51.000,00, com redução de 655.000 ações, no valor de R$ 655.000,00 (seiscentos e cinquenta e cinco mil reais) restituídos aos acionistas Mauro Piccolotto Dottori e Regina Helena Gerace Dottori. (2º) Alterar a redação do artigo 5º do Estatuto social que passa a vigorar com a seguinte redação: “Artigo 5º: O capital social é de R$ 51.000,00 (cinquenta e um mil reais), divididos em 51.000,00 (cinquenta e uma mil) ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal, emitidas ao preço unitário de R$ 1,00 (um real) cada uma, subscritas e totalmente integralizadas pelos acionistas. Parágrafo Primeiro: A cada ação ordinária corresponderá um voto nas deliberações das assembleias. Parágrafo Segundo: Nenhum acionista poderá penhorar, onerar ou oferecer em garantia a totalidade ou parte das ações.” (3º) Aprovar a publicação da ata, em forma de sumário. Deliberações: Postos em discussão e votação, foi aprovado por unanimidade, sem reservas e restrições, o acima proposto, nos termos da ordem do dia. Assinaturas dos acionistas: Mauro Piccolotto Dottori; Regina Helena Gerace Dottori.

Bradesco Leasing S.A. - Arrendamento Mercantil CNPJ no 47.509.120/0001-82 - NIRE 35.300.151.381 Ata da Reunião Extraordinária no 48, do Conselho de Administração, realizada em 6.9.2010 Aos 6 dias do mês de setembro de 2010, às 14h45, na sede social, Cidade de Deus, Prédio Prata, 2o andar, Vila Yara, Osasco, SP, reuniram-se os membros do Conselho de Administração sob a presidência do senhor Lázaro de Mello Brandão. Durante a reunião, os Conselheiros deliberaram registrar o pedido de renúncia ao cargo de membro deste Conselho, formulado pelo senhor Márcio Artur Laurelli Cypriano, em carta desta data, cuja transcrição foi dispensada, a qual será levada a registro juntamente com esta Ata, consignando-se, nesta oportunidade, agradecimentos pelos serviços prestados durante sua gestão. Nada mais foi tratado, encerrando-se a reunião e lavrandose esta Ata que os Conselheiros presentes assinam. aa) Lázaro de Mello Brandão, Antônio Bornia, Mário da Silveira Teixeira Júnior, Luiz Carlos Trabuco Cappi e Carlos Alberto Rodrigues Guilherme. Declaramos para os devidos fins que a presente é cópia fiel da Ata lavrada no livro próprio e que são autênticas, no mesmo livro, as assinaturas nele apostas. Bradesco Leasing S.A. Arrendamento Mercantil. aa) Arnaldo Alves Vieira e Sérgio Socha. Certidão: Secretaria da Fazenda - Junta Comercial do Estado de São Paulo - Certifico o registro sob número 345.931/105, em 22.9.2010. a) Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária Geral.

Banco Bradesco S.A. CNPJ no 60.746.948/0001-12 - NIRE 35.300.027.795 Extrato da Ata da Reunião Extraordinária no 1.677, do Conselho de Administração, realizada em 6.9.2010

FALÊNCIA, RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL Conforme informação da Distribuição Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, foram ajuizados no dia 30 de setembro de 2010, na Comarca da Capital, os seguintes pedidos de falência, recuperação extrajudicial e recuperação judicial Requerente: Golden Distribuidora Ltda. - Requerido: Dupel Comércio de Papéis e Bobinas Ltda. - Rua João Antonio de Oliveira, 1.053, cj. 4 - 2ª Vara de Falências

7UDGLomR

em

3XEOLFLGDGH /HJDO

2 -RUQDO GR (PSUHHQGHGRU

Aos 6 dias do mês de setembro de 2010, às 14h30, na sede social, Cidade de Deus, 4o andar do Prédio Vermelho, Vila Yara, Osasco, SP, reuniram-se os membros do Conselho de Administração sob a presidência do senhor Lázaro de Mello Brandão. Durante a reunião, os Conselheiros: 1. deliberaram registrar o pedido de renúncia formulado pelo senhor Márcio Artur Laurelli Cypriano, ao cargo de Membro do Conselho de Administração e do Comitê de Remuneração, em carta desta data, cuja transcrição foi dispensada, a qual será levada a registro juntamente com esta Ata, consignando-se, nesta oportunidade, agradecimentos pelos serviços prestados durante sua gestão; 2. ................................................................................ ................................................................................................................. Nada mais foi tratado, encerrando-se a reunião e lavrando-se esta Ata, que os Conselheiros presentes assinam. aa) Lázaro de Mello Brandão, Antônio Bornia, Mário da Silveira Teixeira Júnior, João Aguiar Alvarez, Denise Aguiar Alvarez, Luiz Carlos Trabuco Cappi e Carlos Alberto Rodrigues Guilherme. Declaramos que a presente é cópia fiel de trecho da Ata da Reunião Extraordinária n o 1.677, do Conselho de Administração realizada em 6 de setembro de 2010, lavrada em livro próprio. Banco Bradesco S.A. aa) Domingos Figueiredo de Abreu e Antonio José da Barbara. Certidão: Secretaria da Fazenda - Junta Comercial do Estado de São Paulo Certifico o registro sob número 347.673/10-7, em 24.9.2010. a) Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária Geral.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

6

e

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estabeleceu prazos máximos de atendimento aos clientes de planos de saúde que variam de três a 21 dias.

conomia

Fotos: Divulgação

LAR DOCE LAR NIELY GOLD: 'vai de Angélica' como porta-voz.

BLOND ANGEL om o tema "Liberdade Niely Gold. Você é livre para escolher o melhor jeito de cuidar dos seus cabelos", a Artplan criou uma nova ação da marca voltada à linha de tratamento capilar da Niely Cosméticos. A apresentadora Angélica, com cabelos loiríssimos e sedosos, é a porta-voz da campanha.

C

MCLANCHE FELIZ: surpresinhas Hanna-Barbera.

PELO PLANETA ersonagens que marcaram gerações – "Tom & Jerry", "Scooby-Doo" e os "Flintstones" – são as novas surpresas do McLanche Feliz para o mês das crianças. A turma animada de Hanna-Barbera chega para divertir e também transmitir dicas positivas aos pequenos sobre como proteger o meio ambiente. Para apresentar as novidades, a Taterka produziu filmes com versões para Brasil e América Latina, material de ponto de venda, além de peças para mídia online. Com a assinatura "Juntos pelo Planeta", a nova campanha estreiou ontem.

P

A

publicidade nunca esteve tão aquecida na oferta de itens para o lar e imóveis quanto na era Lula, especialmente porque, nos últimos oito anos, mais que duplicaram, quadruplicaram – em alguns casos quintuplicaram – as ofertas de crédito para aquisição da sonhada casa própria ou as desejadas e temidas reformas estimuladas pelo cartão Construcard, da Caixa Econômica Federal (CEF). É que os andares de baixo, varridos para debaixo do tapete na era Fernando Henrique Cardoso, começaram a ascender na escala social. Tanto que pesquisa Ibope, realizada nas duas primeiras semanas de setembro e que acaba de sair do forno, revela que foi a cidade de São Paulo a que mais se beneficiou do novo cenário. Atualmente, a Capital detém 11% do total de móveis; artigos para decoração; utensílios domésticos e de cama, mesa e banho consumidos no País. São Paulo é seguida por Rio de Janeiro (5,5%), Salvador (2,5%), Belo Horizonte (2,3%) e Curitiba (2%). Segundo o Ibope, o paulistano gasta, em média, R$ 406 por ano com essa categoria de produtos, quase o dobro da média nacional (R$ 236). O dispêndio médio no Estado de São Paulo, que responde por 30% do consumo brasileiro, é de R$ 288. O estudo revela ainda que esse mercado movimenta R$ 37,7 bilhões anualmente no Brasil. As classes B e C, as principais beneficiárias das políticas da era Lula, são responsáveis por 74% dos gastos,

enquanto a A responde por 19% e os nichos D e E, que antes eram apenas um triste traço nas estatísticas, por 7%. Com isso, indústria e varejo do segmento voltado para o "lar, doce lar" investiram mais em publicidade, beneficiando inclusive os pequenos estabelecimentos. Trata-se daqueles comércios de rua que nos fazem sentir bem nos bairros, pela facilidade e comodidade e que foram estimulados a ampliar a oferta de artigos para casa. Na outra ponta, os grandes centros de materiais para casa e decoração ampliaram as opções de produtos e

também de oferta, em uma competição mais acirrada entre Casa & Construção (C&C), Leroy Merlin, DiCico. O movimento levou inclusive grandes hipermercados como Extra e Carrefour a ampliarem as áreas destinadas até para tintas, espelhos de parede, móveis e artigos de decoração. O segmento de pisos, especialmente laminados de madeira, retribui o aumento de vendas qualificando profissionais de colocação, hoje disputados no mercado antes quase inexistente. Vender o lar, doce lar foi a tábua de salvação de muitas agências, especialmente das médias que dominavam o filão agora disputado pelas grandes. Essa transformação em realidade do sonho da casa própria também deu gás ao mercado de seguro residencial, tanto que este mês a Bradesco Seguros e Previdência começou a vender seguro para moradores do Morro Dona Marta, uma das favelas da Zona Sul do Rio, inclusive para barracos, que começam a ganhar alvenaria para abrigar os itens comprados para casa. O lar, doce lar da gente humilde, virou bom negócio para o varejo e até as gigantes do setor financeiro. Envie informações para essa coluna para o e-mail: carlosfranco@revista publicitta. com.br

v/ SXC

Svilen Mile

Preço de genéricos varia até 524% Fundação Procon-SP constata diferença de quase seis vezes nos valores de acordo com o estabelecimento

Novos prazos para planos de saúde

A

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estabeleceu prazos máximos de atendimento aos clientes de planos de saúde que variam de três a 21 dias. As operadoras terão, por exemplo, sete dias para providenciar atendimento odontológico e básico (pediatria, clínica médica, cirurgia geral, ginecologia, cardiologia, ortopedia e traumatologia).

• Licenciamento e Transferência de Veículos • Veículos novos, emplacados na concessionária • Financiamento de débitos • Certidões em geral • Renovação de CNH • Seguro de automóvel • Planos de Saúde • Seguros empresariais • Seguros residenciais

sentar um plano alternativo, caso aleguem falta de condições para cumprir os prazos. A ANS tomou a medida após pesquisar prazos adotados e considerados razoáveis pela maioria dos planos. Foram ouvidas 840 operadoras, 72,3% do total.Os prazos serão oficializados em uma Instrução Normativa a ser publicada na semana que vem. (ABr)

AFA Assessoria Empresarial

JOVENS A BORDO montadora francesa Peugeot aposta no HR1 para atrair jovens para a marca. O conceito do modelo mistura gêneros (urbano, cupê e SUV) e pretende seduzir o público apaixonado por design e tecnologias, que busca um veículo semelhante a esse perfil.

A

Fisher-Price anuncia recall Fisher-Price, da Mattel, anunciou ontem o recall do cadeirão para bebês (código H5564) e do brinquedo Ginásio Ocean Wonders ( códigos: C3068 e H8094 – localizados na embalagem e etiqueta afixada no tapete do produto) por oferecerem riscos às crianças. Em comunicado, a companhia informou que, no caso do cadeirão, os encaixes externos localizados nas pernas traseiras – usados para acondicionar a bandeja – "podem causar ferimentos leves, caso algum consumidor venha a esbarrar neles". No Brasil, foram vendidas 954 unidades entre 2005 e 2007. Quanto ao Ginásio Ocean Wonders, foi constatado que a válvula da bola inflável, presa a um dos arcos do produto, corre o risco de se soltar. Para evitar que a peça seja ingerida por alguma criança, a Mattel afirmou ter decidido recolher todos os produtos. Entre 2004 e 2010, foram comercializadas 30.779 unidades do brinquedo no País. "De antemão, os consumidores devem remover imediatamente a bola do produto e deixá-la fora do alcance da criança", comunicou a empresa por meio do documento. Aqueles que tenham algum desses produtos devem ligar para o número 0800-7777273 ou acessar o site de informações da Mattel (www.informacoesmattel.com.br). A companhia informou que os produtos que fazem parte desse recall preventivo e estiverem à venda serão recolhidos das lojas. Ainda segundo a Mattel, não há registro de consumidores que tenham se machucado no cadeirão ou ingerido a peça do Ginásio Ocean Wonders no Brasil.

Assessoria como fim, Informação como meio

Prestamos serviços completos de assessoria:

3826 0088

www.normandieseguros.com.br

• Societária • Contábil • Tributários • Trabalhistas e Recursos Humanos • Certidões • Parcelamentos • Cobranças • Declaração IR Jurídicas e Físicas (Atendimento diferenciado para Profissionais Liberais)

Estúdio Fotográfico - Revelação Digital - Ótica

Telefone: (55 ) 11 2837-3422 / Telefax: (55 ) 11 2233-4866

Rua Bom Pastor, 1.508/1.520 - Ipiranga - São Paulo Tel.: (11) 2915-7399 / 2061-4041

www.yamadanet.com.br

Av. Dr. Francisco Ranieri, 823 - Sala 3 - Lauzane Paulista - São Paulo-SP - CEP 02435-061 DC

Rua Martin Francisco, 228/332 - Sta. Cecília - São Paulo - SP

QUÍMICOS: Marcador Industrial, Pasta Ajuste e Diamantada; CORTE: Bedame, Bits, Serra Circular, Fresa; MANUAL: Lima KF e Diamantada, Retificador; ABRASIVOS: Rebolos, Pedras, Discos e MUITO MAIS.

F. Neves - Assessoria Contábil

ASSCOEX

www.aber turadeempresaecnpj.com.br

Assessoria e Comércio Exterior Ferramentas

www.asscoex.com.br Fone/Fax: (11) 3661-7888

(11) 2215-5422 / 5244 / 5499

www.CASACRUZFERRAMENTAS.com.br DC

PEUGEOT: montadora aposta no modelo HR1.

www.afaassessoria.com.br / E-mail: sac@afaassessoria.com.br

casacruz@casacruzferramentas.com.br

• • • • •

Importação - Exportação - Regimes Especiais Aduaneiros Rua Dr. Albuquerque Lins, 503 - 8º andar - Conjunto 84 - Santa Cecília - São Paulo

DC

Telefone: 11 -

rincesas, Nemo e personagens Disney. É com o licenciamento de personagens que a marca Hydrogen, de produtos de higiene e limpeza infantis, do grupo Hypermarcas, reforça presença nesse segmento no qual a Johnson & Johnson é quase sinônimo de categoria. As embalagens – especialmente de xampus, loções, sabonetes e colônias– ganharam cores mais vivas e personagens que integram o universo da criança, mas é com preço mais competitivo que a empresa espera atrair consumidores. A conferir.

P

DC

Normandie Despachante/Seguro

No caso de consultas a fonoaudiólogo, nutricionista e psicólogo, sessões de fisioterapia e terapia ocupacional e exames de diagnóstico por imagem, o serviço deverá ser prestado em até dez dias. De acordo com a agência, se a operadora desrespeitar as novas regras, correrá o risco de ter o registro suspenso. As empresas, no entanto, poderão apre-

FISGANDO OS BAIXINHOS

A

Procon-SP foi de 100%. A caixa de 30 comprimidos de 40 mg do Propranolol Ayrest foi encontrada a R$ 3,52 e também a R$ 7,04. Com base na pesquisa, o Procon-SP orientou os consumidores a pesquisar os preços em várias farmácias antes de comprar remédios. Sobre os medicamentos de referência, o órgão sugeriu que todos consultem a lista de preços máximos de medicamentos elaborada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ela está disponível no site da agência (http://portal.anvisa.gov.br) ou nas próprias farmácias. (ABr)

DC

O

preço de um remédio genérico pode variar até 524% em farmácias da capital paulista, segundo pesquisa divulgada ontem pela Fundação Procon-SP. O levantamento comparou também o valor de genéricos com medicamentos de referência de mesmo princípio ativo. Em média, os genéricos custam 52,84% menos. Os técnicos do órgão pesquisaram o preço de 52 itens em 15 farmácias de São Paulo entre 1º e 3 de setembro. Eles constataram que alguns genéricos, de mesma marca, podem custar quase seis vezes mais dependendo do estabelecimento nos quais são vendidos. É o caso da caixa de 20 comprimidos de 50 miligramas (mg) do genérico Diclofenaco Sódico, que em uma farmácia na região sul da cidade custa R$ 1,89 e, na norte, R$ 11,79 (veja tabela). A Dipirona Sódica (500 mg) custa entre R$ 0,95 e R$ 3,97 (diferença de 318%). Já os 20 comprimidos de 100 mg de Aminofilina custam entre R$ 0,99 e R$ 3,48 (251,5%); e as 21 cápsulas de 500 mg de Amoxicilina, entre R$ 8,40 e R$ 25,17 (199,6%). Entre os medicamentos de referência, a maior diferença de preço verificada pelo levantamento do

HYDROGEN: Disney em destaque.

Aber tur as de Empr esas Encer r amento e Cancelamento Cer tidões Fiscal RH

Fone/Fax 11 2317-8787 / 3448-8787


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010 Nº 336

7

Adquira ingressos para o 26º Salão do Automóvel pela internet. Acesse, até o próximo dia 17, o site: www.salaodoautomovel.com.br. Compre também no Shopping Iguatemi, na avenida Faria Lima. Antecipados, os ingressos custam mais barato e podem ser pagos de diversas formas. Mas, na hora de ir ao Salão, use uma única forma: metrô e depois ônibus, este gratuito, saindo da estação Tietê a cada 15 minutos.

DCARR NOVA CHEVROLET MONTANA

A picape que chega com DNA forte Seu "irmão mais velho" da Família Viva, o Agile, é um campeão de vendas e a nova picape promete seguir seu caminho com elegância, conforto e boas dimensões CHICOLELIS Divulgação

S

e depender do DNA do Agile, seu "irmão mais velho" que, lançado em setembro de 2009, chegou ao final daquele ano entre os cinco carros mais vendidos no mercado, a nova picape Chevrolet Montana, o segundo veículo da Família Viva, que promete outros cinco modelos até 2012, "está feita", como se diz popularmente. Além do DNA do Agile, a nova picape também carrega um nome que teve boa presença no mercado, sendo considerada por muitos uma das melhores em seu segmento: Montana (derivada do Corsa). Para comprovar, a GM mostra números em que o crescimento neste segmento foi de 10% até agora, e que o seu produto cresceu 22% mais que 2009. E a expectativa do sucesso desta Montana é tamanho que a GM vai entrar neste mercado de picapes na Argentina, onde não atuava, mas onde o Agile -que é fabricado lá - também é bom de vendas, obrigando a fábrica a aumentar a produção, já que algumas versões têm fila de espera aqui no Brasil.

Falando em Argentina, lá a GM também vai renovar toda a sua linha em três anos, exatamente como acontecerá aqui quando, ao final de 2012, não teremos mais nenhum dos modelos atuais nas concessionárias da marca Chevrolet. Primeira - No início, as picapes eram resultado de adaptações feitas pelos próprios donos dos automóveis, para atender suas necessidades de transporte de pequenas cargas. Em 1918 surgiu o primeiro veículo desenvolvido especificamente para este fim, criado pela Chevrolet, nos EUA, segundo Gustavo Colossi, diretor de Marketing da GM. E 1957 deu início ao uso de carros de passeio inspirando picapes, formando o triângulo robustez/conforto/baixo custo de manutenção. A Montana derivada do Agile tem algumas das melhores medidas do segmento, segundo Pedro Manuchakian, diretor de Engenharia da montadora. Na caçamba vão 1.100 litros e a sua tampa traseira tem um pequeno desnível na parte superior, visando me-

COMO ANDA

Q

uando chegou em 2003, a picape Chevrolet Montana mexeu com o mercado. Muito bonita e elegante, tinha bom desempenho e estabilidade de um automóvel normal. A chegada da nova Montana, com design mais forte e bruto que a versão anterior, mantém a boa dirigibilidade. Mesmo com motor de 1.4 litro, a antiga tinha a opção do 1.4 e 1.8 litro, a nova Montana não decepciona e é muito agradável de andar. O motor, segundo números do fabricante, produz 102 cv a 6.000 rpm, quando abastecido com álcool, e 97 cv a 6.000 rpm com gasolina. O torque é de 13,5 kgfm a 3.200 rpm com álcool, e 13,2 kgfm a 3.200 rpm, com gasolina. Esses números expressam a velocidade máxima de 170 km/h quando abastecido com álcool e de 168 km/h, com gasolina. A aceleração de 0 a 100 km/h

Derivada do Agile, a nova picape Montana custa a partir de R$ 31.990

lhorar a visibilidade, como atesta Carlos Barba, diretor de Design. O degrau traseiro ajuda no acesso ao veículo. Seus 4,51m de comprimento, 1,70m de largura e 1,58m de altura garantem a ela o posto de a maior da categoria, onde concorrem VW Saveiro, Ford Courier , Fiat Strada e Peugeot Hoogar. Preços - Na sua versão de en-

trada a Montana LS custa R$ 31.990 que, quando acrescentados ar-condicionado, air bag, ABS e outros equipamentos e acessórios, pula para R$ 39.933. A versão Sport, que vem equipada com rodas especiais, faróis com máscara negra, lanternas fumê e outros acessórios, custa R$ 44.040. A expectativa da GM é de vender, inicialmente, 3.500 unidades/ano da nova Montana.

é de 12s1, com álcool e 12s3, com gasolina. São resultados bem agradáveis para uma picape 1.4. A posição de dirigir é bem elevada, o que aumenta a visibilidade e passa a impressão de estar numa picape maior. O banco poderia ter uma opção de uma regulagem mais baixa, para quem não gosta da posição tão alta. Mas mesmo assim, pessoas de maior estatura não correm o risco de bater a cabeça no teto. A ergonomia é muito boa e, bem equipada, responde positivamente mesmo em trechos grandes ou acidentados. Por sinal, o acerto de engenharia para a suspensão da nova Montana surpreende, pois a picape absorve muito bem as irregularidades do solo. Em trechos esburacados, o bom compor tamento não assusta o motorista. Antônio Fraga

SEDAN DE LUXO

Uma Classe C ainda mais eficiente Com injeção direta de gasolina e turbo no lugar do compressor, nova Classe C 1.8 chega custando entre R$ 115 e R$ 175 mil

U

• • • • • •

Suspensão Amortecedores Freios Alinhamento Balanceamento Rodas

Nova injeção direta de combustível, utilizada na Classe C, garante uma economia de combustível de até 15% e 22% menos emissões de poluentes

C180: 156 cv de potência e 25,5 kgfm de torque

C200: 184 cv de potência e 27 kgfm de torque

se C: CGI, Charged Gasoline Injection. O motor 1.8 turbo com injeção direta da Mercedes é o maior responsável pela redução do consumo e das emissões. Segundo a marca, o propulsor promove uma "queima" com maior volume de ar e pode consumir até 15% menos de combustível e 22% em emissões do que um motor a gasolina equipado com injeção convencional. O C180 CGI faz, segundo a montadora, um consumo médio de 14,3 km/l, sendo 10,1 km/l na cidade e 18,5 km/l na estrada. Já o C 200 CGI tem como média 13,8 km/l, sendo

9,9 km/l em trechos urbanos e 18,2 km/l em circuitos rodoviários. Vale lembrar que estas medições não foram feitas no Brasil, mas na Europa, onde a gasolina é outra e não nos foi possível medir este consumo aqui, com o nosso combustível que tem 25% de etanol na sua composição. Fora isso, ele consegue aliar conforto e esportividade. Claro que o Classe C não é um superesportivo, mas oferece respostas ágeis ao pedal do acelerador - de 0 a 100 km/h em 9 segundos, na C 180, e em 8,2 seg. na C 200 -, trabalha muito bem nas curvas, seus freios reagem sem sustos e, mesmo onde o asfalto nos fazia lembrar que estávamos em terras brasileiras, o sistema de amortecimento faz com que condutor e passageiros não sintam de forma brusca as imperfeições do terreno.

Preços - Já que a buraqueira nos trouxe de volta para o Brasil, vamos aos preços que serão cobrados por aqui. O Classe C 180 CGI custa R$ 114.900, tem potência de 156 cv e torque de 25,5 kgfm. Enquanto isso sua versão intermediária, C200 CGI Avantgarde, que utiliza o mesmo motor 1.8, mas com potência de 184 cv e torque de 27 kgfm, custa R$ 149.900. O C 200 CGI chega também na versão Sport, com acabamento AMG - apenas acessórios, sem a preparação do motor - e será vendido por R$ 175 mil. A transmissão utilizada na Classe C CGI é automática sequencial de 5 velocidades. Com a chegada das versões CGI, a montadora anunciou a despedida da C 1 8 0 K o mpressor, equipada com c om pres so r, que tem neste mês de outubro suas últim a s u n i d a- Sistema de aúdio com Bluetooth des sendo comercializadas nas concessionárias da marca por R$ 112.900. Continuam sendo vendidas a C 300 Sport, por R$ 219.300 e a C 63 AMG por U$ 201.900. Anderson Cavalcante DC

ma manhã chuvosa de outubro na região de Ribeirão Preto, interior do Estado, e, acompanhados de vários outros jornalistas e da equipe da Mercedes-Benz do Brasil, saímos para conhecer as recém-chegadas novas versões do sedan Classe C. A saída do hotel aconteceu por volta das 9 horas e sob o olhar curioso dos moradores da bela e grande cidade, logo "caímos" na estrada, deixando a metrópole para trás. A temperatura abaixo dos 20 graus, a ótima condição das rodovias locais e a paisagem que em muitos momentos se misturava com o liso asfalto e com as nuvens carregadas chegavam a nos passar a impressão de que não estávamos no Brasil. O confortável sedan também colaborava para ampliar a sensação. Silencioso, aconchegante, preciso, com uma boa dose de consciência ecológica - ainda mais comum em países europeus - e com um design interno, mais um meticuloso acabamento que facilmente remete à marca germânica. O passeio foi longo e, durante mais de 400 km de ruas e estradas, pudemos conferir as versões C180 CGI e C200 CGI, ambas com o pacote de soluções BlueEfficiency, que garantem ao modelo maior economia de combustível e menor emissão de poluentes. Entre as medidas ecológicas adotadas no modelo estão alterações aerodinâmicas, pneus com menor resistência ao rolamento, direção hidráulica acionada apenas se requisitada (para não dissipar energia), mudanças na relação do diferencial, devido ao maior torque do motor e otimizações no funcionamento e nos materiais do motor. Mas, indo direto ao que interessa, a grande sacada está logo no nome do novo motor da Clas-

PRESTANDO SERVIÇOS AUTOMOTIVOS COM QUALIDADE HÁ TRÊS GERAÇÕES LINHA COMPLETA PIRELLI PARA AUTO PASSEIO, HIGH PERFORMANCE, TUNING, SUV, VAN, PICK-UP; MOTOS STREET, CUSTOM, RACING, SUPERSPORT, ENDURO, OFF-ROAD, SCOOTER E ATV

AUTO

53

SUV

MOTO

ANOS REVENDEDOR OFICIAL

www.casafernandes.net

CAMPO BELO - Avenida Ver. José Diniz, 3.727 - 11 5542-1677

BROOKLIN - Rua Bacaetava, 401 - 11 5533-3233

SANTO AMARO - Avenida João Dias, 1.278 - 11 5641-5011


DIÁRIO DO COMÉRCIO

8

t

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

DOLCE VITA EM CAPRI

urismo

Ruelas elegantes, mirantes de tirar o fôlego, grutas e doses caprichadas de boa vida italiana fazem desta ilha um paraíso

Fotos: Antonella Salem

Sul da Itália: visão do mar a partir do Arco Naturale (à esq.), uma das belas formações rochosas moldadas pelo tempo e o vento. Do mirante (à dir.) na piazzeta de Capri, outra vista maravilhosa, desta vez para a Marina Grande.

Esta é a última reportagem de uma série dedicada a destinos românticos na Itália. Veja mais no www.dcomercio.com.br

Antonella Salem

U

Pela via principal, a Vittorio Emanuele, a sorveteria Buonocore distrai a atenção dos consumistas com seu aroma adocicado no ar. O gelato de limone será o melhor do mundo. Limoeiros, aliás, são abundantes pela ilha, assim como oliveiras e parreiras. A vida é verdadeiramente doce em Capri. Os principais hotéis tem piscina e a programação no verão começará com banho de sol. Se não for numa espreguiçadeira, poderá ser num passeio "al mare". Maravilhoso o dia na Praia Fontellina, que na verdade não tem areia, mas pedra e um mar refrescante e límpido. O acesso é feito a pé pela Via Tragara ou de barco partindo das Marinas Piccola e Grande. Quando a fome bater, o restaurante serve um peixe na grelha e um spaghetti alle vongole dos deuses. Ao mar – Ver Capri pelo mar é uma experiência imperdível. Seja num tour fechado de barco ou num iate só seu, o roteiro deve incluir a passagem no meio das pedras Faraglioni. E, dirá o marinheiro, faça um pedido. O litoral da ilha irá reve-

O dia começa com banho de sol e mar na Fontellina (fotos acima). Depois da praia, burburinho na Piazza Umberto I (acima, à esq.), no coração de Capri; passeio pelas vielas repletas de lojas e parada diante do Hotel Quisisana, onde impera a badalação (fotos ao lado).

lar, ainda, inúmeras grutas. A mais famosa, a Gruta Azul, também pode ser alcançada pela estrada tortuosa que beira os penhascos. O mar deve estar calmo para poder entrar de barquinho e vislumbrar o azul

RAIO X

ma pequena ilha de beleza estonteante, com uma costa pontuada de grutas, vielas charmosas bordadas de lojas elegantes e caminhos secretos que revelam restaurantes deliciosos e mirantes de tirar o fôlego. Capri é assim, divina em tudo. Quem já esteve lá não esquece da deliciosa mussarela de búfala fresca que derrete na boca nem do figo que parece mel ou da visão das imponentes pedras Faraglioni no mar azul turquesa. A chegada? Em 45 minutos de hidrofólio do porto de Nápoles, com desembarque na Marina Grande. De lá, um bondinho antigo ou um despojado táxi conversível levam o visitante para a Piazza Umberto I, no coração da ilha, por onde não circulam carros. Veículos elétricos carregados de malas dos turistas fazem o trajeto até os hotéis. E então muitas tentações entre as ruelas num desfile de marcas – Tod's, Ferragamo, Gucci e por aí vai, mesclando com lojas locais, como moda em linho, sandálias rasteiras feitas à mão e cashmeres produzidos sob encomenda.

Longe do agito, o centro histórico de Anacapri reúne muitas lojinhas de cerâmica e revela o lado mais tranquilo, popular e residencial da ilha.

turquesa marcante, portanto certifique-se de que a gruta esteja aberta antes de ir até lá. Na volta, parada no centro histórico de Anacapri. O oposto da piazzeta de Capri, onde impera a agitação de gente bonita, nesta vila há um gostinho de paz. Muita cerâmica e atmosfera residencial. Observe os pequenos jardins bem-cuidados e não deixe de ir à casa-museu do médico suíço Axel Munthe. Cartão-postal da ilha, Villa San Michele é um lindo refúgio no Mediterrâneo que reúne uma coleção de peças dos mais diversos períodos da história – da antiguidade ao início do século XX, incluindo descobertas arqueológicas e medievais italianas. Pelo jardim, estátuas de mármore e marfim. E a vi-

COMO CHEGAR Pela Alitalia (tel. 2171-7610, www.alitalia.com), o bilhete SP-Roma-SP sai a partir de 1.215,65 euros. Da capital italiana, vale a pena fazer o trecho de trem até Nápoles em uma hora e meia. Site www.trenitalia.it. Na TAM (www.tam.com.br), SP-Milão-SP custa a partir de R$ 2.980,53. Milão-Nápoles, a partir de 64,44 euros ida-e-volta (www.alitalia.com). Combine com o hotel o traslado até Capri (15 min até o porto e 45 min de barco) – em torno de 150 euros. ONDE DORMIR Grand Hotel Quisisana: Via Camerelle, 2, tel. (39-081) 8370788, www.quisisana.com. No coração da ilha, o hotel datado de 1845 hospeda muitas famílias com elegância clássica. Pacote de quatro noites para casal a partir de 1.440 euros. Capri Palace: Via Capodimonte, 2B, tel.

(39-081) 97-80-111, www.capripalace.com. Em Anacapri, um antigo palácio caprese que acomoda com estilo contemporâneo. Diárias a partir de 340 euros com café. O hotel mantém o beach club Il Riccio, do lado da Gruta Azul. Villa Brunella: Via Tragara, 24, tel. (39-081) 8370122, www.villabrunella.it. Em meio a um lindo jardim com vista para a Marina Piccola, um hotelzinho charmoso e mais econômico. Pacote de quatro noites a partir de 600 euros para duas pessoas. ONDE COMER Em Capri, não perca a mussarela de búfala, os peixes na grelha (spigola ou branzino) e os pratos de massa com frutos do mar. Para acompanhar, peça vinho da uva falanguina. Dica: importante reservar os restaurantes. Aurora: Fuorlovado, 18, tel. (39-081) 8370181, www.auroracapri.com. Um dos melhores para jantar. No cardápio, a

são da casa para o mar ficará para sempre na memória. A pé – Para quem gosta de caminhar, há alguns trajetos pela ilha de deixar o visitante boquiaberto, sobretudo perto do pôr-do-sol. Seguindo pela Via Tragara, a Punta Tragara tem vista panorâmica para as pedras Faraglioni e o oceano. Pelo mesmo caminho, siga as placas para o Arco Naturale e maravilhe-se diante do arco de pedra formado pelo tempo e o vento, com o mar como pano de fundo. Já pela Via Krupp, chega-se aos incríveis jardins suspensos de Augustus. Quando o sol se vai, o verão tem sabor de badalação. É animadíssima a noite de música italiana popular ao vivo na taverna Anema e Core. Nesta sugestão é fiore de zucchini (flor de abobrinha) e vitello panato (vitela à milanesa). Villa Verde: Vico Sella Orta, 6/a, (39-081) 8377024. Mussarela de búfala de entrada e misto de frutos do mar e peixes grelhados são boas pedidas. Almoço ou jantar. Paolino: Via Palazzo a Mare 11, tel. (39-081) 8376102, www.paolinocapri.com. Dica para jantar debaixo de limoeiros. Tem farta mesa de antipastos e sobremesas e um menu variado. Boas opções de pasta, como o linguine com abobrinha. Da Gema: Via Madre Serafina, 6, tel. (39-081) 8370461. Famosa pizzaria local, serve o delicioso sfilatino, uma espécie de rolo de pizza. Sugestão para jantar. La Fontellina: Località Faraglioni, tel. (39-081) 8370845. O restaurante que fica na praia de mesmo nome serve excelente cozinha local. Entre as especialidades, spaghetti alle vongole. Para almoçar.

temporada, corria pelas ruas a novidade do piano bar onde o cantor romântico Peppino de Capri, nascido em Nápoles, apresenta canções famosas como "Sappore di Sale" e "Roberta". Diante do Quisisana, o principal hotel local, e pelos restaurantes e bares, fotógrafos ao estilo paparazzi ganham a vida clicando grupos de amigos, casais e famílias. Cartãozinho em punho, basta passar na lojinha mais tarde para escolher a melhor foto dos tantos momentos inesquecíveis na ilha italiana.

Le Grotelle: Via Arco Naturale, tel. (39-081) 8375719. A caminho do Arco Naturale, boa opção para almoço com vista. No menu, massa com camarões. FAÇA AS MALAS Melhor época: tudo fecha no inverno, de novembro a fim de março. O verão é cheio e badalado. Informações turísticas: em São Paulo na Enit, tel. (11) 3123-2781, www.enit.it. Fuso: cinco horas a mais em relação a Brasília. Seguro-saúde: é obrigatório para viagens à Europa. Site www.travelace.com.br.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

1

Fotos: Arquivo DC

COMO O BRASIL QUER CONQUISTAR HOLLYWOOD Lula, O Filho do Brasil é o filme escolhido para representar o País na Academia de Hollywood. Quais os argumentos sustentados pela comissão que o selecionou? Trata-se de uma obra construída, realmente, segundo critérios artísticos e estéticos cultura válidos? Nas bilheterias dos cinemas, Nosso Lar e Chico Xavier dispararam. Lula, não. Por quê? Artistas, críticos, cineastas entram nesta polêmica. Você também está convidado a participar.

d

Não há precedentes de um governo mandar um representante oficial que louve o seu próprio governante.

Evidentemente, se trata de uma indicação política

Valéria Gonçalvez/AE

Rubens Ewald Filho

Reinaldo Azevedo

DE METALÚRGICO A MR. OSCAR André Domingues

N

O filme não teve críticas favoráveis nem sucesso de público. Cristiano Mascaro

A preocupação da política cultural, para mim, deveria ser aumentar o espaço da produção nacionall. José Wilker

Como cinema não é o melhor que temos.

o campo da cultura, 2010 está definitivamente marcado como um ano de polêmicas. Somaram-se as propostas de reforma da Lei de Direitos Autorais e da Lei Rouanet, as restrições à liberdade de imprensa e, agora, a indicação brasileira do filme Lula, O Filho do Brasil, de Fábio Barreto, para concorrer a uma vaga na disputa do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Todas elas têm um elemento em comum: a disputa de limites entre os interesses governamentais e os do setor cultural. A megaprodução Lula, O Filho do Brasil, feita sobre a biografia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi escolhida por unanimidade para representar o Brasil no Oscar por intermédio de uma comissão técnica. Foram quatro representantes indicados pela Academia Brasileira de Cinema, dois pela Ancine (Agência Nacional do Cinema) e três pelo Ministério da Cultura. Há, como se vê, uma maioria de representantes estatais, mas o presidente dessa comissão, cineasta Roberto Farias, garante que não ocorreu nada de político na escolha: "Algumas pessoas julgam que houve influência política. Não houve. Os membros dessa comissão acreditam que esse é o melhor filme para o Oscar, não por juízo de valor artístico ou estético, mas pela possibilidade de ser bem recebido lá em Hollywood", afirma. Fora da comissão, porém, a aceitação do filme não foi consensual. Muito pelo contrário. Nomes importantes da área, como o cineasta Alexandre Stockler e o crítico Rubens Ewald Filho, contestam veementemente a escolha. "Como cinema não é o melhor que nós temos, é uma produção que veio errada desde a maneira como nasceu, com aquele gasto todo de dinheiro", diz Stockler. Para apimentar ainda mais a discussão, houve uma clara discordância do público com o resultado, manifesta numa enquete promovida pelo próprio Ministério: Lula, O Filho do Brasil ficou em 6° lugar, com 1% dos votos, bastante atrás de Nosso Lar (70% dos votos) e Chico Xavier (12% dos votos). Polêmica formada, o DCultura foi ouvir a sociedade e a classe artística a respeito do assunto. A elegante Glória Kalil declinou educadamente, o provocador Antônio Abujamra não polemizou – "eu já apanhei tanto por falar desse tipo de assunto..." –, mas outros tantos fizeram o debate crescer.

O primeiro ponto de discórdia vem dos que consideram que a indicação deveria se pautar em atributos estéticos, bastante questionados em Lula, O Filho do Brasil. Apenas um dos entrevistados pelo DCultura, o veterano compositor Billy Blanco, considera o filme bom artisticamente: "É forte em todos os pontos!" A maior parte faz ressalvas. Para a atriz Vida Alves,

professor universitário Cristiano Mascaro segue a mesma linha. "O filme não teve críticas favoráveis nem sucesso de público. Se fosse uma indicação vinda de um órgão do governo, eu acharia 'normal'. Mas vindo de um júri com gente qualificada, como foi, acho estranha", comenta. A comissão do Oscar, como disse Roberto Farias, não se prendeu aos

Helia Scheppa/AE

E assim o Brasil viaja para o Oscar presidente da Associação dos Pioneiros da Televisão, o filme é "um pouquinho simples para o Oscar". O jornalista Reinaldo Azevedo, crítico ferrenho do lulismo, autor dos livros O País dos Petralhas e Máximas De Um País Mínimo, vai mais longe, dizendo que o filme é pateticamente ruim. "Evidentemente, se trata de uma indicação política. Onde quer que a cultura seja financiada pelo Estado tem isso: a melhor forma de as pessoas que precisam desse capilé demonstrarem sua independência é mostrar sua sabujice", dispara. Da receptividade majoritariamente fria da crítica e do público – lembre-se que, além da derrota na enquete do Ministério da Cultura (veja também, na página 2, os números da enquete promovida pelo site do DC), o resultado nas bilheterias foi amplamente tido como aquém das expectativas – vem outra parte do espanto que acompanhou a indicação. "É uma decisão curiosa escolher um filme tão polemizado pela crítica e não tão expressivo comercialmente", diz a cineasta Daniela Thomas. O fotógrafo e

méritos artísticos, mas às possibilidades de repercussão do filme nos Estados Unidos. Os grandes trunfos seriam, aí, a biografia do presidente e o seu prestígio no exterior. "É um filme profissional e conta uma história de superação, algo de que os americanos gostam muito. Então, como história, nos parece ter alguma chance. Acrescento a isso o fato de Fábio Barreto já ter tido uma indicação para o Oscar com O Quatrilho e não ser um diretor desconhecido", justifica. Em princípio, o interesse do enredo é evidente. Mesmo que se discuta se a história do sindicalista que virou presidente foi contada com fidelidade, como pede o maestro Júlio Medaglia, não dá para negar que a matéria-prima seja instigante. O jurista e desembargador aposentado Walter Maierovitch conta que não costuma assistir a filmes que pareçam laudatórios a pessoas públicas, como o indicado brasileiro, mas confirma a grande atenção que a trajetória de Lula desperta no exterior. "O interesse sobre o Lula na Europa é enorme. Estive na

última reunião da FAO (Food and Agriculture Organization, ligada à ONU), em Roma, e ele reuniu mais gente do que o próprio Papa. Isso pode ser um atrativo do filme", exemplifica. Há, contudo, quem desconfie do peso da história e do prestígio de Lula na disputa do Oscar. Rubens Ewald Filho, experiente em comissões e coberturas da premiação, acha que os norte-americanos podem ter uma reação bastante adversa. "Eles gostam de ver tudo, menos a geografia, a cara do lugar. Um político local, então, é o que há de mais inadequado", acredita. Na sua opinião, se houve algum direcionamento político, o tiro vai sair pela culatra. "Não há precedentes de um governo mandar um representante oficial que louve o seu próprio governante. Eles vão ficar de orelhas em pé, pensando que estão diante de um cara com pretensões a Mussolini", prevê. A cantora Nana Caymmi, intérprete de uma canção de Lula, O Filho do Brasil, reforça o argumento. "Nesses prêmios, se uma indicação fica em dúvida, como nessa possibilidade de uso político, cai em seguida", diz. Já o cineasta e exSecretário da Cultura de São Paulo João Batista de Andrade, levanta outro problema. "O pragmatismo da comissão é uma ilusão. Não vi nenhum filme sobre líderes estrangeiros, nem sobre o Mandela, ganhar o Oscar", afirma. João Batista, contudo, pensa que a polêmica da indicação ao Oscar desvia a atenção de problemas mais profundos. "Acho um pouco ridícula essa atenção ao Oscar, festa de uma indústria estrangeira que ocupa mais de 90% do mercado brasileiro. A preocupação da política cultural, para mim, deveria ser aumentar o espaço da produção nacional e levar as classes mais pobres para o cinema", ataca. José Wilker, ator e comentarista da transmissão do Oscar na Rede Globo, bate na mesma tecla: "Acho que se dá uma excessiva importância à presença do Brasil no Oscar. O que a gente tem de almejar é a adesão do público ao nosso cinema", argumenta. Ambos têm razão. É preciso notar, porém, que a banalidade da indicação ao Oscar só ganha tanto relevo pela proximidade do Estado. Sem esse peso institucional, a questão talvez ocupasse, apenas, o esperado lugar de uma curiosidade. Seria, enfim, como um Grammy ou um concurso de Miss Universo.

(...) esse é o melhor filme para o Oscar, pela possibilidade de ser bem recebido lá em Hollywood. Roberto Farias

Não vi nenhum filme sobre líderes estrangeiros, nem sobre o Mandela, ganhar o Oscar. João Batista de Andrade

Alexandre Stockler

Comissão de seleção do representante brasileiro no Oscar G

Roberto Farias, cineasta e Presidente da Academia Brasileira de Cinema (ABC) G Clélia Bessa, produtora e professora da PUC-RJ (ABC) G Elisa Tolomelli, produtora, direto-

ra e roteirista (ABC) G Mariza Leão Salles de Resende, produtora e Presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Audiovisual do Rio de Janeiro (ABC) G Leon Cakoff, crítico de cinema,

criador e diretor da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (Ancine) G Tata Amaral, cineasta (Ancine) G Cássio Henrique Starling Carlos, jornalista e crítico de cinema (MinC)

G Frederico Hermann Barbosa Maia, assessor do Ministério da Cultura (MinC) G Jean-Claude Bernardet, cineasta, crítico de cinema e professor da UnB e da USP (MinC)

Na página 3, os filmes brasileiros que já concorreram ao Oscar. E o caminho para você participar da enquete sobre o filme Lula, o Filho do Brasil. Na página 6, Roque Santeiro de volta.

O filme é forte em todos os pontos! Billy Blanco


DIÁRIO DO COMÉRCIO

2

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

d

cultura

Estalos de Machado antes de votar Renato Pompeu

U

ma recomendação: antes de votar no domingo, vale a pena dar uma olhada no livro recém-lançado Balas de Estalo de Machado de Assis - Edição Completa e Comentada (344 páginas, R$ 55), organizado para a Annablume por Heloísa Helena Paiva de Luca. Trata-se de crônicas publicadas pelo mais famoso escritor brasileiro, Machado de Assis, com o pseudônimo de Lelio, na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, de 1883 a 1886. (Balas de Estalo, ou seja, tiros que provocam mais barulho do que estragos, era o nome da seção de crônicas). Que tem Machado de Assis a ver com as eleições do próximo domingo? Afinal, não havia, em sua época, eleições para o Executivo. Mas, com quase todas as atenções voltadas para as eleições presidenciais e para governador, talvez seja importante lembrar que, a essa altura, vale a pena prestar mais atenção nas votações, também no domingo, para o Senado Federal, a Câmara dos Deputados e as Assembleias Legislativas , para as quais há incerteza maior. E, em termos de Parlamento, as crônicas de Machado têm muito a nos dizer. Pois no Legislativo brasileiro há problemas que se arrastam

secularmente. Por exemplo, a abertura da crônica de 22 de julho de 1883 poderia ser escrita hoje: "O Sr. Deputado Penido censurou a câmara por lhe ter rejeitado duas emendas: uma que mandava fazer desconto aos deputados que não comparecessem às sessões; outra que reduzia a importância do subsídio". No entanto, apesar de então como hoje, a opinião pública julgar que os deputados que faltam não deveriam receber e que, em todo caso, eles ganham muito mais do que precisam, a crônica, com ironia tipicamente machadiana, se insurge contra... a proposta moralizadora!!! Como agora, naquele tempo o argumento para reduzir os subsídios dos parlamentares fazia a comparação com as práticas dos países mais desenvolvidos. Lelio, ou seja, Machado, se insurge com o que considera cópia servil e deslumbrada de hábitos estrangeiros: "Respeito as cãs do deputado mineiro; mas permita-me que lhe diga: a censura recai sobre S. Excia, não só uma, como duas censuras. A primeira emenda é descabida. S. Excia. naturalmente ouviu dizer que aos deputados franceses são descontados

os dias em que não comparecem e, precipitadamente, pelo vezo de tudo copiarmos do estrangeiro, quis logo introduzir no regimento de nossa câmara uma cláusula exótica". Prossegue o cronista: "Não advertiu S. Excia que esse desconto é lógico e possível num país onde os jantares para cinco pessoas custam cinco croquetes, cinco figos e cinco fatias de queijo. A França, com todas as suas magnificências, é um país sórdido. A economia ali é mais do que sentimento ou um costume; mais do que um vício, é uma espécie de pé torto, que as crianças trazem do útero de suas mães. A livre, jovem e rica América não deve empregar iguais processos, que estariam em desacordo com um certo sentimento estético e político. Cá, quando há alguém para jantar, mata-se um porco; e se há intimidade, as pessoas que não compareceram recebem no dia seguinte um pedaço de lombo, uma costeleta etc. Ora, isso que se faz no dia seguinte, nas casas particulares, sem censura, nem emenda, por que é que merecerá emenda e censura na câmara, onde aliás o lombo e as costeletas são remetidos só no fim do mês? Nem remetidos são: os próprios obsequiados é

que hão de ir buscá-los". Já naquela época se falava em reforma do Senado. A 1º de agosto de 1883 a crônica dizia: "Há na Câmara dos Deputados uma certa sala onde são alojados os projetos inúteis, sem andamento, as moções abortadas, os requerimentos sem despacho, uma infinidade de 'dectritus' da vida parlamentar. É dali que vão algumas vezes os Srs. Scully, Tootal, Kemp e outros dignos súditos de S.M.B (Sua Majestade Britânica), para contemplarem os papéis redigidos só para inglês ver. A porta é larga, e, apesar de larga, mal pode dar entrada ao novo hóspede que se lhe apresentou há dias. Era a Reforma do Senado. Gorda, ombros largos, grandes bochechas, mal podia transpor a soleira fatal". Que dirá agora, que a reforma do Senado não é mais competência da Câmara dos Deputados, mas do próprio Senado? De todo modo, a leitura do Machado de 130 anos atrás ainda é útil para, à luz dos seus ensinamentos, decidirmos em quem votar para o Legislativo. (Note-se que boa parte das crônicas nesse livro não se referem à política, mas a assuntos como a adulteração de vinhos, ou o anúncio inusitado de que estava à venda um tigre).

Fotos: Divulgação

Conto nórdico com influências da cultura mineira Musical traz adaptação de O Soldadinho de Chumbo Sérgio Roveri

Retrato de um político. E do Brasil. Regina Ricca

C

orajosa a atitude da atriz Luana Piovani que, diante de uma vastidão de histórias infantis aptas a uma adaptação teatral, escolheu logo O Soldadinho de Chumbo, um conto tenso e de final nada feliz escrito pelo dinamarquês Hans Christian Handersen e publicada em 1838. No conto, 25 soldadinhos são moldados em formato idêntico – com exceção do último. Como o chumbo derretido já havia terminado, ele foi retirado da forma com uma perna só. Ao ser dado de presente para um garoto, o soldadinho imediatamente se apaixonou por uma bailarina de papel, que também parecia ter apenas uma perna, já que a outra, flexionada para trás, mantinha-se oculta sob uma imensa saia de tule branca. Eles se viram em apenas duas ocasiões – sendo que a segunda seria também a última. Esta história de Andersen, rebatizada com o nome de O Soldadinho e a Bailarina e convertida pelo diretor Gabriel Villela em um musical com ares de commedia dell'arte, entra em cartaz neste sábado, dia 2, no Teatro Procópio Ferreira, depois de uma temporada de sucesso popular e elogios da crítica no Rio de Janeiro. Segundo a atriz Luana Piovani, que teve de estudar canto e balé clássico para viver a bailarina Sofia do título, o espetáculo, ainda que preserve todas as

características infantis apontadas pelo autor, também pode ser visto como um manifesto a favor da inclusão social – ou uma mensagem contra o preconceito, já que o herói desta história triste não deixa de ser um deficiente físico. O Soldadinho e a Bailarinaé o terceiro espetáculo infantil protagonizado por Luana Piovani – e seu primeiro musical. Antes, ela já havia feito Alice no País das Maravilhas e O Pequeno Príncipe, este último com um toque acrobático. Partiu do diretor Gabriel Villela a ideia de transformar o conto em um musical. Com isso, a raiz nórdica da história ganhou influências da cultura do interior de Minas. A trilha original é assinada por Vitor Pozas, enquanto o ator Sérgio Módena responde pelas letras. O elenco de 13 atores, que aprendeu a tocar instrumentos de percussão para este espetáculo, é acompanhado em cena com por três músicos. Villela assina também o figurino, composto em grande parte por roupas de linho usadas em festas folclóricas da Hungria. O Soldadinho e A Bailarina. Estreia neste sábado (2). Teatro Procópio Ferreira. Rua Augusta, 2823. Tel.: 3083-4475. Sábado e domingo. 16h. R$ 60.

uem quiser ver o documentário sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (acima) feito pelo canal History Channel terá direito a uma segunda oportunidade nesta sexta (1º), às 23h. Sem paixões ou ingerências partidárias, já que feito por um canal estrangeiro, o programa refaz a trajetória política de FHC, que saltou do meio acadêmico diretamente para o Senado. Fez-se depois ministro e, em seguida, Presidente da República. O documentário também relembra que foi no seu governo que se adotoram medidas radicais para a estabilização econômica do País, incluindo a privatização de várias estatais. E que, graças à popularidade conseguida com o Plano Real, Fernando Henrique conseguiu aprovar uma emenda que permitiu sua própria reeleição, em 1998, novamente tendo Lula como adversário. Vale Tudo – Quem matou Odete Roitman? No dia 6 de janeiro de 1989, o segredo que mais atormentava o imaginário coletivo brasileiro foi desvendado durante a exibição do último capítulo da novela Vale Tudo. Embalada pela música Brasil, de Cazuza, na voz de Gal Costa, a novela cravava média de 56 pontos de audiência e mobilizava a nação em torno das malvadezas de Maria de Fátima (Glória Pires) contra sua doce e abnegada mãe, Raquel Acioli (papel de Regina Duarte).

O folhetim de maior sucesso de Gilberto Braga vai voltar ao ar a partir da próxima segunda (4), à 0h45, no canal Viva. E não estranhe se você achar que a novela não ficou datada. Talvez até tenha ficado datada em relação aos figurinos dos atores, aos modelos dos carros que circulavam pelas ruas. Mas quanto ao modus operandi da corrupção e desonestidade reinantes na época, está quase tudo igual. Dá para esquecer a cena final em que o vilão Marco Aurélio (vivido por Reginaldo Faria) dá uma banana para o País durante o voo de fuga em um helicóptero que sobrevoa a Baía de Guanabara? Vale Tudo marcou época em todos os sentidos. A cena do disparo contra Odete Roitman (Beatriz Segall) precisou ser gravada no dia em que o último capítulo foi ao ar. Nem os próprios atores tiveram acesso ao verdadeiro final, que foi gravado em cinco versões diferentes. Rever essa novela é entrar num túnel do tempo da história recente do Brasil. E é, também, um bom motivo para refletir sobre os rumos que tomamos desde então. Humor da nova geração – Os percalços do dia a dia – sejam aquelas malfadadas visitas de parentes em casa, as dores musculares depois de longo jejum da academia, as discussões no trânsito ou as brigas com a mulher – vão

servir de material para uma turma de seis amigos que pretende fazer você rir no programa Junto e Misturado, a nova atração da Globo que estreia nesta sexta (1º), logo após o Globo Repórter. A turma que vai colocar uma lente de aumento na vida nossa de cada dia é composta por uma nova geração de atores-comediantes formada por Bruno Mazzeo (que também assina a redaçãofinal), Débora Lamm, Fábio Porchat, Fabiula Nascimento, Gregório Duviver e Renata Castro Barbosa. Em 12 episódios eles vão viver mais de 800 tipos em 36 histórias diferentes, sob direção de Maurício Farias, responsável por outro sucesso da casa, A Grande Família. "É o programa com o maior número de cenas que já fiz em mais de vinte anos de televisão. Tem uma produção extremamente complicada de realizar, mas esta variedade é justamente uma de suas grandes qualidades", afirma Farias. Essa comédia de situação é ambientada no Rio de Janeiro. Nela o telespectador verá desde uma história sobre o trânsito em que um guarda

incorpora um maestro e "rege" o engarrafamento, até uma cena em que se verá como D. Pedro I lidava com o problema na época em que a cidade era ocupada por carruagens. "É o humor no seu estado mais puro. O foco é a graça e a cena serve para costurar a piada", diz Gregório Duvivier.

João Miguel Júnior/TV Globo

Nana Moraes/Divulgação

Q

Vale Tudo: folhetim de maior sucesso de Gilberto Braga volta ao canal Viva com figurinos antiquados, mas com corrupção e desonestidade atuais.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

d

cultura

3

A lista definitiva só sai em 25 de janeiro de 2011. Mas profissionais ligados ao cinema e o público concordam que ainda não será desta vez que o Brasil será premiado pela Academia.

Fotos: Divulgação

OSCAR

Quase lá quatro vezes Produções nacionais foram vencidas em Los Angeles por dramas humanos universais. Lúcia Helena de Camargo

Internautas apontam jogada política como motivo da escolha

A enquete continua no ar no www.dcomercio.com.br Beatriz Lefevre/Divulgação

Patrícia Santos/Folhapress

Priscila Prade/Europa Filmes

Com objetivo de entender a opinião dos leitores em relação à escolha de Lula, O Filho do Brasil como representante do País na disputa por uma das cinco vagas a indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o Diário do Comércio promoveu esta semana uma enquete entre os internautas. Na segunda-feira (27) foi ao ar, na primeira página do site (www.dcomercio.com.br), o questionamento "O filme sobre a vida de Lula merecia ter sido indicado pelo Brasil para concorrer a uma vaga ao Oscar?". Foram oferecidas as seguintes alternativas de resposta: a) Sim, o filme é bom. b) Não, havia filmes melhores. c) Foi uma jogada política. d) Era a única opção. Até a começo da noite de ontem, quando esta edição foi fechada, a maioria dos usuários (46,9%) havia votado na terceira alternativa: "Foi uma jogada política". A segunda mais votada, com 37,24% do total dos votos, foi "Não, havia filmes melhores". De fato, a comissão que escolheu por unanimidade o filme a respeito da biografia do presidente Lula desconsiderou produções nacionais como o bem elaborado As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanzky; o forte Cabeça a Prêmio, estreia de Marco Ricca na direção; 5X Favela - Agora Por Nós Mesmos; É Proibido Fumar, escrito e dirigido por Anna Muylaert, premiado com o Grande Prêmio de Cinema Brasileiro, com Glória Pires em papel denso; os sucessos de bilheteria Chico Xavier e Nosso Lar; o inovador Reflexões de um Liquidificador; o engraçado O Bem Amado (foto no alto), de Guel Arraes, entre muitos outros. Eis a lista completa dos filmes que concorreram: 1. As Melhores Coisas do Mundo 2. A Suprema Felicidade 3. Antes que o Mundo Acabe 4. Bróder 5. Carregadoras de Sonhos 6. Cabeça a Prêmio 7. 5X Favela - Agora Por Nós Mesmos 8. Chico Xavier 9. É Proibido Fumar 10. Em Teu Nome 11. Hotel Atlântico Cabeça a Prêmio, de Ricca. 12. Lula, o Filho do Brasil 13. Nosso Lar 14. Olhos Azuis 15. Ouro Negro 16. O Bem Amado 17. O Grão 18. Os Inquilinos 19. Os Famosos e os Duendes da Morte 20. Quincas Berro D’água 21. Reflexões de um Liquidificador 22. Sonhos Roubados 23. Utopia e Barbárie Na enquete promovida pelo Diário do Comércio, 13,1% dos leitores concordaram com a escolha de Lula, O Filho do Brasil, marcando a resposta "Sim, o filme é bom". E 2,76% disseram "Era a única opção". "As pessoas que participaram cravaram seus votos mais acentuadamente em uma única alternativa. Nas pesquisas que fazemos, normalmente há um equilíbrio maior entre as respostas", observa Luiz Octavio de Lima, editor do site do jornal e autor da enquete. A Academia de Hollywood divulgará em 25 de janeiro de 2011 a lista definitiva dos cinco indicados ao prêmio Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Os longas serão selecionados entre cerca de 80 concorrentes de todo o mundo. A 83ª cerimônia da premiação será realizada no dia 27 de fevereiro de 2011, em Los Angeles. A depender das opiniões de profissionais ligados a cinema e do público, ainda não será desta vez que o Brasil vai comemorar o recebimento da estatueta dourada.

Bel Pedrosa/Folhapress

O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, ganhou em Cannes; Central do Brasil, com Fernanda Montenegro, perdeu para A Vida É Bela; O que É isso Companheiro?, com Fernanda Torres, contou até com ator americano no elenco. E O Quatrilho reuniu qualidades que Hollywood gosta.

S

e Lula, O Filho do Brasil chegar a disputar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro integrará a seleta lista na qual constam até hoje apenas quatro produções brasileiras que já disputaram o prêmio. O pioneiro foi O Pagador de Promessas, dirigido por Anselmo Duarte em 1962, com roteiro baseado em peça teatral de Dias Gomes. Perderia para o francês Sempre aos Domingos (Les Dimanches de Ville d'Avray). Dirigido por Serge Bourguignon, foi apresentado nos Estados Unidos como Sundays and Cybele, e conta a história de Pierre, um ex-soldado com amnésia, atormentado por ter matado uma criança na guerra. A religiosidade de Zé Burro (Leonardo Villar), empenhado em cumprir a promessa de carregar a enorme cruz de madeira pelo longo trajeto, foi batida pelo drama universal sobre um homem e sua culpa. Na França, O Pagador de Promessas foi mais apreciado, ganhando a Palma de Ouro no Festival de Cannes, além de ter vencido diversos festivais regionais. Durante um longo período nenhum longa-metragem brasileiro despertou o interesse da Academia de Hollywood. Somente depois da chamada retomada, em 1996, O Quatrilho colocaria o Brasil entre os cinco potenciais premiados rodados em língua não inglesa. Lançado em 1995, com direção de Fábio Barreto, é baseado em obra de mesmo nome de José Clemente Pozenato. Mostra a saga de dois casais amigos que se unem sob o mesmo teto, em em uma comunidade rural no Rio Grande do Sul habitada por imigrantes italianos. Mas as afinidades eletivas entram em

jogo e a esposa de um acaba se do embaixador norte-americano por interessando pelo marido da outra. militantes do MR-8, grupo formado Glória Pires ganhou o prêmio de essencialmente por estudantes que Melhor Atriz no Festival de Cinema de integravam a luta armada, em Havana pela interpretação de Pierina. resposta ao golpe militar de 1964 e a Patrícia Pillar, Alexandre Paternost e subseqüente promulgação, em Bruno Campos formam o quarteto dezembro de 1968, do Ato principal. O elenco teria participação Constitucional nº 5, que acabava com também de Gianfrancesco Guarnieri. a liberdade de imprensa e os direitos Nesse ano, o holandês A Vida de civis. Em troca da libertação do Antônia (Antonia's Line) levaria a embaixador, pediam que fossem estatueta. "O Quatrilho talvez tenha soltos prisioneiros políticos. O roteiro sido o brasileiro que mais chances foi escrito por Leopoldo Serran, teve de trazer o baseado no livro de Oscar, pois entre os Fernando Gabeira quatro que já que narra os fatos concorreram é o dos quais ele que melhor respeita participou a narrativa clássica, ativamente. Bruno O filme sobre qualidade Barreto dirigiu o Lula é ruim. fundamental para grande elenco que Não deve ser escolhido lá", diz contou com Fernão Pessoa Fernanda Torres, chegar Ramos, professor de Pedro Cardoso, Luiz muito longe. cinema no Instituto Fernando de Artes da Guimarães, Cláudia André Gatti, Universidade de Abreu, Matheus professor de Campinas Natchergaele, cinema da Faap (Unicamp) e Marco Ricca, Selton organizador da Mello e Alessandra Enciclopédia do Negrini; teve Cinema Brasileiro participações (Editora Senac). "Deus e o Diabo na especiais de Fernanda Montenegro, Terra do Sol (de Glauber Rocha), por Lulu Santos, Milton Gonçalves, Othon exemplo, embora bem aceito na Bastos e do próprio Bruno Barreto, Europa, não teria a menor chance com além de contar com um trunfo a mais: os americanos, em razão de ser o embaixador dos EUA Charles Burke fragmentado e conter muitas Elbrick foi interpretado por Alan Arkin. experimentações. "O fato de haver um ator americano O que É Isso Companheiro, que nesse papel-chave ajudou bastante o entraria nos EUA sob o título Four Days filme na tarefa de obter a indicação in September, foi o representante para o Oscar", diz André Gatti, autor nacional em 1997. Conta o episódio, do livro Distribuição e Exibição na ocorrido em 1969, sobre o seqüestro Indústria Cinematográfica Brasileira

(1993-2003). Mas isso não foi suficiente. Novamente um holandês desbancaria o brasileiro: (Caráter) (Karakter), sobre o crime de um jovem advogado. As atenções se voltariam para Central do Brasil, de Walter Salles, em 1998, o quarto longa nacional candidato a Melhor Filme Estrangeiro. A protagonista Fernanda Montenegro foi uma das cinco indicadas a Melhor Atriz. Porpem, o italiano A Vida É Bela, do chatinho Roberto Benigni, levaria o prêmio. E Gwyneth Paltrow superaria Fernanda, pela atuação em Shakespeare Apaixonado. "As quatro produções brasileiras que disputaram na categoria de filme estrangeiro possuem a característica social marcada", analisa o professor Gatti, que dá aulas de cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). "Todos têm ainda o apelo dos dramas humanos atemporais". Fernão Pessoa não crê que Lula, O Filho do Brasil caia nas graças dos norte-americanos que escolhem os concorrentes ao Oscar. "Pessoalmente, eu não apostaria minhas fichas no filme. Embora tecnicamente bem acabado, a trama não convence, os diálogos são artificiais. O longa tem um tom de idolatria à personalidade. Não posso afirmar com 100% de certeza, porque não acompanhei o processo, mas a escolha pode ter sido motivada por componentes políticos", diz. Gatti, que cita Linha de Passe (de Walter Salles) como um dos bons da produção nacional dos últimos tempos, vai na mesmo tom. "O filme sobre Lula é ruim. Não deve chegar muito longe", vaticina.

O Quatrilho talvez tenha sido o brasileiro que mais chances teve de trazer o Oscar, porque respeita a narrativa clássica, qualidade fundamental para ser escolhido. Fernão Pessoa Ramos, professor de cinema da Unicamp. As Melhores Coisas do Mundo; e Paulo Goulart em Nosso Lar.

OS SERTÕES, MONTAGEM TEATRAL DE ZÉ CELSO. EM DVD. Cartaz do Cine Livraria Cultura. Avenida. Paulista, 2073. Tel.: 3285-3696. 18h.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

4

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

HOLLYWOOD ÀS SEGUNDAS

O guia amoroso de Laura Catena

O restaurante português Trindade promove nas segundas-feiras dias 4 e 18 a Hollywood Monday. Em parceria com a Chivas, a casa terá apresentação da cantora Anna Gelinskas e do pianista Daniel Grajew, a partir das 21h, em pocket-shows de jazz e blues das décadas de 1930 e 40, homenageando grandes nomes do cenário artístico da época, como Edith Piaf, Marylin Monroe, Frank Sinatra, Billie Holiday e Shirley Bassey. Na primeira segunda do evento não será cobrado couvert artístico, que custará R$ 20 no dia 18. Rua Amauri, 328 Itaim Bibi. Tel.: 3079-4819. www.restaurantetrindade.com

José Guilherme R. Ferreira

L

aura Catena é filha de Nicolás Catena, vinicultor que revolucionou o vinho argentino a partir dos anos 80, colocando-o nas mesas do mundo inteiro, graças a investimentos na busca de qualidade – determinação inspirada no ítalocaliforniano Robert Mondavi (1913-2008) e seu império no Vale do Napa. Laura Catena é hoje uma espécie de embaixadora da vinícola do pai, Bodegas Catena Zapata, e grande representante da nova geração de produtores da Argentina. Apaixonada por sua Mendoza – dessa província com cerca de 1.500 vinícolas saem cerca de 70% da produção de vinhos do país – e pelos Malbec ali aperfeiçoados por gerações de viticultores desde o século XVIII, a mãe e médica Laura Catena divide o seu tempo entre o marido, seus três filhos, a sala de emergência de um hospital em San Francisco e seus próprios vinhos, sob a marca Luca. Ainda teve tempo de escrever um dos mais cativantes guias de vinho e da cultura gastronômica de sua terra: Vino Argentino (Chronicle Books/2010), lançado este ano nos EUA. “O vinho definiu minha vida”, escreve Laura, da quarta geração de uma família de vinicultores de origem italiana, baseada em Luján de Cuyo. Um dos ritos de passagem da criançada era a permissão descontraída para um gole de vinho tinto misturada à soda, que saia barulhenta de sifões implantados em garrafões de vidro colorido. O bisavô de Laura fundou a Catena em 1902. Aproveitou-se da escalada comercial

Fotos: Tadeu Brunelli/Divulgação

Um bistrô inspirado Lúcia Helena de Camargo

Distante do agitado cultura circuito de restaurantes Itaim-Jardins, o Blú Bistrô completa cinco anos de vida instalado em Perdizes, vizinho da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), na rua Monte Alegre. Chamado de bistrô, não serve somente comida francesa, embora essa seja a base da gastronomia da casa e das técnicas usadas na cozinha. Aparecem no menu receitas herdadas de parentes e preparos inspirados em viagens do casal de proprietários, Gaston Damian e Renata Grynszpan. Ele, argentino de ascendência italiana. Ela, de família judaica. Para executar os pratos, foi chamado o chef Francimar Rodrigues. Representando a parte francesa, há no cardápio pratos como o Magret de Canard (R$ 41,90), peito de pato grelhado ao molho de mel e canela, acompanhado de bavaroise (uma espécie de pudim) de aspargos e endívias glaceadas. A carne da ave é servida no apropriado tom rosado. E o gosto suave dos aspargos faz contraponto ao molho levemente adocicado, perfazendo uma bela

d

combinação de sabores. Os Escalopes Paris (R$ 39) são recheados com fricassê de cogumelos e gorgonzola ao molho de vinho tinto com batatas rústicas. O Pout Pourri de Queijos (R$ 21,90) é sugerido como entrada, mas pode ser pedido também no final da refeição, como fazem os franceses. Croquete de pato Para abrir o apetite antes do prato principal há saladas, quiches e cremes, como o capuccino de cogumelos (R$ 16,90), feito com cogumelos shitake, shimeji e Paris. Uma das entradas mais pedidas é o croquete de pato (R$ 20,30), recheado com queijo gruyère, servido com molho balsâmico e figos. Os judaicos Varenikes com Folhas Crocantes (R$ 21,50) são destaque. A massa de origem polonesa é recheada de batata e coberta com cebola caramelizada. Há Klopes com Folhas Crocantes (R$ 23,90), terrine de frango desfilado e assado, ao molho de mostarda. E se quiser provar um pouco de ambos, peça Klopes com Varenikes, que sai a R$ 33. O italianíssimo Raviolone de Alcachofra é servido com manteiga de baunilha, alho e amêndoas torradas. E o Spaguettini Babel leva ao prato o conceito da mistura de línguas: uma massa de grano duro ao molho de queijo brie, com camarão e a brasileira manga. Argentinas Tem carne argentina também, claro. O Bife de Chorizo (R$ 34) leva molho chimichurri e é acompanhado de batatas assadas com ervas. E a nova sobremesa da casa é herança da família de Gaston: o suflê de doce de leite acompanhado de calda de frutas vermelhas

(R$ 12,50), receita da mãe argentina. Sob a tarja "Das Viagens", já que o casal se conheceu na cidade de Barcelona, na Espanha, aparecem pratos típicos da cozinha espanhola, como a Tortilla de Patatas y Pan com Tomate (R$ 22): a tortilha vem acompanhada de pão com tomate. Há os Huevos Rotos com Espárragos (R$ 24), ovos estrelados sobre uma pirâmide de batatas fritas em cubos, acompanhados de aspargos grelhados e mini salada. Ainda na seção de viagens, chega a receita belga Moules à la Provençale (R$ 27,50), que consiste em mexilhões ao molho de tomate com ervas e batatas fritas.

Magret de Canard (à esquerda); torta de chocolate meio amargo com crocante de pão doce e calda de maracujá (abaixo); ea simpática entrada do Blú Bistrô, no bairro de Perdizes.

proporcionada pela inauguração, em 1882, da ferrovia Mendoza-Buenos Aires, que fez da região o epicentro da indústria de vinhos da Argentina. Cem anos depois, foi a vez do pai Nicolás estudar o terreno de Mendoza como nunca, até chegar à conclusão de que o melhor terroir estava nos terrenos mais altos e mais próximos da Cordilheira dos Andes. Laura conta com detalhes essa história sem esquecer de outros produtores importantes da região. Ela também faz uma ode ao Malbec e ao asado , com dicas de restaurantes e mesmo boas receitas. Por que não tentar uma saltenha?

José Guilherme R. Ferreira é membro da Academia Brasileira de Gastronomia (ABG) e autor do livro Vinhos no Mar Azul – Viagens Enogastronômicas (Editora Terceiro Nome)

http://www.catenawines.com/

Almoço executivo No almoço, o restaurante serve um menu executivo (R$ 27,50) com entrada, prato principal e sobremesa, que muda a cada dia de acordo com a sugestão do chef. Exemplos: Vichyssoise, sopa francesa de alhoporó servida como entrada; picadinho de mignon com arroz branco, farofa de bacon e pastelzinho de queijo como prato principal e, entre as sobremesas, o carpaccio (fatias finíssimas) de abacaxi com calda de hortelã. No almoço é oferecida a opção da combinação de um grelhado como filé de frango, hambúrguer de fraldinha, bife de chorizo ou salmão com acompanhamentos como batatas fritas ou rústicas, salada verde, espaguete ou arroz branco (entre R$ 22,90 e R$ 25,90). O Blú Bistrô foi aberto em 2005 como café e, um ano depois, transformado em restaurante. Com 55 lugares, é aconchegante sem ser apertado. Funciona de terça a sábado, do meio-dia às 15h para o almoço e das 19h à meianoite para o jantar. No domingo abre apenas para almoço, do meio-dia às 16h. Nas noites de quarta, sexta e sábado, conta com jazz tocado ao vivo. E a quinta-feira é dia de tango argentino instrumental. Blú Bistrô. Rua Monte Alegre, 591, Perdizes. Telefones: 3871-9296 e 3875-4947. www.blubistro.com.br

Simplesmente Ana Martel Aquiles Rique Reis

E

la é Ana, Ana Martel, intérprete e compositora de temas cujos títulos lhe refletem a alma, Simples Assim. Seu Lugar é a Amazônia. Seu Doce Cantar voa e diz Bom Dia, Maria, a tantas Marias que povoam as terras macapaenses. A Solução pode estar no rio que dá água de beber ao Pássaro Que Passou fazendo uma sombra que se misturou à dela para alçarem voo juntos. Ana Martel tem olhar atento ao mundo, mas, de vez quando, fica De Olhos Fechados, para assim melhor enxergar. Assim é Ana, simples assim, Ana Martel. Eu sou Ana – disco Divulgação independente com patrocínio da Eletrobrás a partir do incentivo da Lei Rouanet – traz, além das sete músicas já mencionadas no parágrafo anterior, Toque de Caixa, parceria de Ana com Zé Miguel, e também Sou Ana (Sérgio Souto e Enrico di Miceli), Branca no Samba (Biratan Porto, Paulo Moura e Marcelo Sirotheau) e Mal de Amor (Joãozinho Gomes e Val Milhomem). Ana é macapaense. Por seu canto e por seus versos se pode suspeitar que, ainda menina, ela foi à boca da brenha e gritou: "Prazer, sou Ana!". A resposta não tardou: "Prazer, sou a floresta!". Desde esse dia as duas se tornaram corda e caçamba, amigas inseparáveis, como se feitas uma para a outra. Por seu frescor contemporâneo, a música de Ana Martel está impregnada de força amazônica. Sua voz tem a afinação dos passarinhos que cantam e voam sobre a copa das maiores árvores da floresta. Suas boas soluções melódicas vêm

límpidas como o vento que abençoa enquanto esparrama benefícios. A bateria tocada por Edvaldo Anaice encabeça as levadas, enquanto as percussões de Marcio Jardim e o poder dos tambores de marabaixo e de batuque, estimulados pelas mãos de Nena Silva, revelam a pujança rítmica de algumas das músicas de Eu sou Ana. A flauta tocada por Esdras de Souza tem destaque em ao menos cinco delas. O baixo de Príamo Brandão, ora elétrico, ora acústico, acentua a cozinha e dá peso às onze faixas do álbum. Os violões de náilon e de aço, bem como a guitarra de Davi Amorim, agregam riqueza melódica a pelo menos quatro canções. Os arranjos foram divididos entre o bom pianista, tecladista e organista Jacinto Kahwage (seis) e o igualmente competente pianista, bandolinista, violinista e acordeonista Luiz Pardal (cinco). O resultado é uma agradável combinação de sonoridade e ritmo que propicia intensidade ainda maior aos versos e uma ampla visão da musicalidade amazônica. Palmas para os compositores macapaenses, parceiros ou não de Ana Martel, eles que verbalizam o viver da gente do extremo norte do Brasil. Palmas para os instrumentistas que tocam seu belo trabalho à margem do que se escuta no restante do país. Palmas para Ana Martel, ela que trata de descrever e cantar a sua gente de Macapá, de Belém e de toda a Amazônia. Ana que parece entoar um colossal grito de "gracias a la vida" (ainda que nada tenha a ver com Mercedes Sosa), ao amor e em louvor à terra, à floresta e à música.

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4.

Huevos rotos con espárragos Ingredientes: Duas batatas pequenas; duas unidades de aspargos verdes; três ovos; azeite de oliva; sal e pimenta a gosto; pães. Modo de Preparo: 1) Lavar, descascar e cortar as batatas em cubos de aproximadamente dois cm de espessura. 2) Aquecer o azeite à temperatura de 150 graus. Fritar as batatas até estarem macias e douradas. Reservar. 3) Em frigideira com azeite, fritar os ovos ligeiramente, para que as gemas se mantenham moles. Temperar com pimenta do reino e sal a gosto. 4) Com uma escumadeira, retirar os ovos e colocar em uma tigela. Reservar. 5) Grelhar os aspargos com azeite, sal e pimenta. Montagem: Em um prato, montar as batatas fritas em formato pirâmide. Quebrar os ovos com um garfo para que fiquem em pedaços e em seguida despejar em cima das batatas. Finalizar com os aspargos para decorar. Rendimento : uma porção.

MASP NAS RUAS Exposição Revelarte - O Masp nas Ruas leva durante o mês de outubro 40 cópias de obras-primas de grandes mestres para os muros da cidade. Em um raio de 1,5 km em torno da sede do museu, o público poderá encontrar 40 reproduções de trabalhos criados por mestres como Van Gogh, Renoir e Goya. O fotógrafo Ary Diesendruck e sua equipe registrarão as reações do público, para posterior publicação de um catálogo com textos do curador Teixeira Coelho.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

d

5

cultura

Yin e Yang da Harmonização Comida e Vinho Carlos Celso Orcesi

M

uito se escreve sobre harmonização entre comida e vinho, mas a sensação é de permanente vácuo. Mil regrinhas específicas mas nenhuma sistematização. Ou regras gerais como as combinações clássicas: peixe não combina com tinto, carne não combina com branco, sobremesa exige vinho doce. E de outro lado as mesclas clássicas como frango e lombo com tintos elegantes, cordeiro e caças com tintos encorpados, salmão ou caviar com champagne, queijos azuis (gorgonzola, roquefort e stilton) com porto, queijos duros com tintos, queijos moles (camembert e brie) com brancos fortes (borgonhas). Qual a regra básica da harmonização? Comecemos com o exemplo de um linguado de cor clara. O peixe apenas grelhado, com algum tempero, virá à mesa com aquele ligeiro amargor da maioria dos peixes. Se servirmos um tinto, o tanino (a adstringência presente no chá) vai brigar com a comida. O tanino do vinho não apaga mas se soma, donde teremos no paladar "dupla" adstringência. O vinho branco, com boa acidez, como o sauvignon blanc (Sancerre ou Bordeaux), tenderá a casar com a comida. Se você pedir bife de chorizo (contrafilé) numa churrascaria, a textura e o sumo natural da carne pedirão um belo tinto. Não é proibido tomar branco com carne ver-

melha, mas o vinho (mesmo quando se trata de um belo chardonnay criado em madeira) ficará abaixo da comida. No extremo seria como tomar água entre as garfadas da carne. Portanto a primeira lição que recolhemos do Guia Peñin 2008 (Espanha, p. 154) é: (a) há pratos proibidos com certo tipo de vinho (ex. do linguado com tinto); (b) pratos recomendados (ex. carne com tinto); (c) e pratos aceitáveis (ex. branco com carne ou até certos tintos com alguns peixes). Deste patamar subiremos para o 2º degrau. Acontece que ninguém come peixe no moquém como nossos tupis ou carne na brasa como os neandertais. As dúvidas recomeçam se pensarmos em molhos e condimentos. Imaginem o nosso robalinho ao tomate e alecrim. A carne assada com bacon, ou ainda para complicar, especiarias do tipo coentro ou pimenta! Se o peixe ácido vem preparado com molho agridoce, você combinará o vinho com o alimento ou o condimento? Se a comida for apimentada (baiana, mexicana), ou tiver molhos exóticos (indiana, japonesa e chinesa), como mascarar a ardência? Não procuremos ainda as respostas, até porque são complexas. Tentemos por enquanto fixar o segundo princípio básico: deve-se harmonizar o vinho com aquilo que prevalece, seja o alimento, seja o

Divulgação

condimento ou modo de preparar. Subindo ao 3º degrau, aproveitemos para usar nosso cérebro: pensar, filosofar. Qual o benchmarket da culinária e do vinho? Sem dúvida a França. Notem que sua culinária à base de manteiga e creme de leite favorece e ressalta o sabor do alimento. Nada contra a culinária japonesa, mas percebem que shoyu não ajuda o vinho? Sim, sempre é possível sugerir um branco que reduza a acidez do molho; há soluções, mas o principal está em que na culinária francesa o vinho casa e na japonesa contrasta. Através de exemplos como este do creme versus curry ou shoyu (e principalmente depois de muito pensar) percebi o que está errado, ou melhor, o que falta explicar! A harmonização deve ser buscada através do seguinte método: contraste ou equilíbrio, casamento ou divórcio, yin e yang. Essa descoberta provavelmente não é inédita, embora tenha chegado a ela através de observação e experiência. Peguemos a "sobra da casa grande" (prato difícil com vinhos), a feijoada. Exatamente para quebrar a dureza do feijão reduzido e das carnes misturadas a feijoada leva... laranja. Para contraste e não harmonia! Não por acaso muitos preferem feijoada com cerveja, ainda mais quando colocam pimenta, para matar a sede. No campo dos vinhos

Arquivo DC

o contraste seria com vinho verde; e o equilíbrio, por exemplo, poderia ser buscado com um malbec (San Pedro de Yacochuya, Corte B de Vistalba) ou um CS (Fortaleza do Seival, Salton Séries, qualquer Bordeaux) de bom teor alcoólico. A acidez e taninos desses tintos tenderão a compor com o feijão. O mesmo acontece com melão com presunto: há contraste entre o mole, doce e molhado da fruta e o duro, salgado e seco do pernil. Assim por diante: o gelado do sorverte vs. o quente da calda no petit gateau. Meu objetivo aqui é ultrapassar a questão dos exemplos e chegar ao patamar do que falta, o 4º degrau: sistematização. Se você arriscar uma carne de caça (p. ex. javali ou perdiz), o tanino de um tinto encorpado suavizará o prato. Já um branco, ainda que madeirado, ficará abaixo da textura da comida, para nem dizer dos molhos reduzidos da própria carne que em geral a acompanham. Em resumo, você pode perfeitamente ousar... desde que saiba o que esta fazendo. Não é proibido tomar um belo branco com churrasco, dependendo do dia local e hora. É preciso ter consciência - ou informar seus convidados - que esta foi uma opção consciente, por exemplo porque está "muito calor". Tenha consciência de que estará optando pela harmonização por contraste e não por equilíbrio.

Marcos Mendes/LUZ

Loucos por diversão Armando Serra Negra Esta não é a primeira vez que os bailarinos da Cloud Gate Dance Theatre sobem ao palco do Teatro Alfa. Ainda bem. Quem teve o privilégio de vê-los em anos anteriores vai poder repetir a dose neste fim de semana. O grupo chinês volta a participar da Temporada de Dança do Teatro Alfa para exibir Whisper of Flowes, espetáculo baseado na peça O Jardim das Cerejeiras, do escritor e dramaturgo Tchecov (1860-1904). A coreografia, assinada por Lin Hwai-Min, foi criada especialmente para integrar o Festival Tchekhov, sediado em Moscou. O evento, apresentado na terra natal do escritor, foi realizado para comemorar os 150 anos de seu nascimento. Mas nem pense em encontrar no palco algo que remeta aos personagens e ao enredo de O Jardim das Cerejeiras. O foco principal do espetáculo está no tema: a passagem da juventude para a velhice. Tal motivo é mostrado ao público ao som da trilha sonora formada por trechos de Seis Suítes para Violoncelo Solo, de Bach, interpretada pelo russo Mischa Maisky. Apesar de os bailarinos já terem dançado no Alfa, dessa vez a paisagem será diferente. E florida. Na primeira parte do espetáculo, os 20 integrantes do grupo darão seus passos entre pétalas vermelhas, espalhadas no tablado pelo vento e pelo movimento dos artistas. Na parte seguinte, o vento continua a soprar, acompanhado de fios flutuantes, além de paredes espelhadas em cima do palco. A Temporada de Dança prossegue depois do belo espetáculo chinês. Nos dias 23 e 24, a companhia Ballet du Grand Théâtre de Genève exibe suas coreografias mais novas Blackbird, Dov'è la Lune e Loin. Em seguida, é a vez de o público conhecer o trabalho inédito de Henrique Rodovalho, Tão Próximo, interpretado pelos dançarinos da Quasar Cia. de Dança. O grupo mostra a dança nos dias 6 e 7 de novembro. Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722. Tel.: 5693-4000. Sábado (2), segunda (4) e terça (5), às 21h. Domingo (3), às 18h. De R$ 50 a R$ 120.

P

equenino e simpático Bar Saci. Um lugarzinho para poucos, maroto experimento de trabalho participativo, na pegada única da economia solidária. A casinha geminada, inclinada na ladeira íngreme, abriga um som ao vivo compacto (duo de violão e baixo), nas quintas-feiras e sábados. Nas sextasfeiras dos DJs, o bicho pega: "Por mais baixo que se toque, já baixou a polícia; então, após as 22h, ligamos a vitrola bem baixinho, para curtir as bolachas de vinil", conta Marilia Capponi, 27 anos de idade, psicóloga e coordenadora do projeto Casa do Saci. Nos outros dias da semana o logradouro funciona como sede da ONG Vida em Ação (AVA), um projeto de suporte para os usuários do serviço público de saúde mental. "Nesses dias utilizamos o espaço para as reuniões, palestras e cursos", diz ela. A equipe de trabalho do bar é de 15 pessoas, pacientes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), trabalhando em dias alternados – como terapia ocupacional e inserção social, além do ofício propriamente dito – em regime de cooperativa informal. "Proporcionamos aos pacientes psiquiátricos um raro ambiente de trabalho e lazer". Entre as poucas mesinhas, cobertas com toalhas de chita, Didous vem trazendo uma xícara de café (R$ 2): "Gosto daqui, porque dá para pensar e passar o tempo; para quem está em tratamento, é muito importante ter como passar o tempo", pondera o garçom acidental. A MPB vai rolando, uma escada saltita para o segundo andar, ao encontro da Livraria Louca Sabedoria. Mais algumas mesinhas, janela aberta para ventilar neurônios, as 12 meiasprateleiras oferecem o que há de mais novo sobre temas psicanalíticos e manicomiais, além de boas ficções de segunda mão. As paredes são forradas, de alto a baixo, com quadros dos estilos

mais díspares, todos pintados pelo mesmo autor. "O próximo vernissage será uma coletiva", informa Marilia. Do mesmo modo que uma estante tornase uma livraria e sebo, três paredes pequenas sustentam uma galeria, de volta ao térreo alguns engradados pendurados servem de loja ao Saci. "Vendemos produtos desenvolvidos por outros parceiros também aliados aos CAPS", explica. São produtos curiosos e criativos, de boa qualidade, ostentando etiquetas que sugerem nomes de grife: bijuterias e origamis da Talento à Bessa (R$ 15), bolsas da Cobra Criada (R$ 25), e o hype camisetas da Dasdoida (R$ 30). Sucesso de mídia e público, a marca vem na trilha onomástica da Daslu e da Daspu, com oficina montada no CAPS Luiz da Rocha Cerqueira, nas imediações da Avenida Paulista. Atenção para os surpreendentes moleskins, confeccionados com caixas de

amostras grátis dos mais diversos barbitúricos (Paxtrat, Haldol, Gardenal etc. – R$10). Sem dono ou patrão, portanto, o lucro auferido pelo bar é distribuído igualmente entre os cooperados, segundo o princípio da economia solidária; e o da lojinha retornado aos outros projetos. Quiches deliciosos (experimente o de abóbora com carne seca – R$ 5,80); mix de queijo (R$ 8), amendoins (R$ 3), sete rótulos de cerveja – de Xingu (R$ 3,19) a Norteña (R$ 14,99) – caipirinhas (R$ 7), caipiroskas (R$ 8), drinques especiais (surpresa), e a exclusiva Cachaça do Saci (R$ 5), envelhecida no tonel atrás do balcão. À mesa do prosaico e ínfimo jardim (4 m²), chão ladrilhado de acesso aos lavabos, pode-se pitar tabaco livremente, observando o céu moverse estrelado lá no alto, entre a brecha dos telhados lindeiros. No mais alto astral, há muito que os doentes

mentais não são mais confinados: a Lei Federal 10216 prescreveu a extinção dos leitos nos hospitais e sanatórios psiquiátricos, a partir de 2001. O modelo seguido no Brasil foi desenvolvido pelo psiquiatra Franco Basaglia (1924-1980), que estabeleceu a abolição de todos os manicômios da Itália, em 1978. Um dos precursores dessa política de tratamento, que vendo sendo adotada internacionalmente em maior ou menor escala, ele acreditava que os loucos não devem permanecer afastados da sociedade, mas sim, em plena integração social. Irradiando boa música, conforto e simpatia, o Saci está fazendo sua parte; dê um pulo até lá! Bar Saci. Rua Wanderley, 702. Perdizes. Tel: 2892-3600. (Não aceita cartões). www.barsaci.wordpress.com Marcos Mendes/LUZ

O Saci é de música e de muito mais: convida você para ler, conversar, discutir e pensar. Bom momento para pensar, não?

CONVENIÊNCIA DA VIDA A DOIS É TEMA DA PEÇA A PANTERA Atores Sílvia Lourenço e Gustavo Vaz vivem um casal de noivos na comédia dramática escrita por Camila Appel. No Centro Cultural São Paulo. Tel.: 3397-4002. R$ 15.


DIÁRIO DO COMÉRCIO

6

d

cultura

Sinhozinho Malta está de volta. Mas ele alguma vez deixou de estar aqui? Roque Santeiro, fenômeno da TV brasileira, retorna em DVD após 25 anos de sua estreia. Box reúne 16 discos.

Fotos: Arquivo DC

N

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Divulgação/AE

o dia 22 de fevereiro de 1986, a Rede Globo conseguiu uma proeza até hoje inédita: 100% de audiência. Sim, o Brasil parou para assistir o último capítulo da novela Roque Santeiro, um dos maiores fenômenos da televisão brasileira e que, 25 anos depois de ter ido ao ar pela primeira vez, conquistou outra façanha: a primeira telenovela brasileira lançada em DVD. A obra de 209 capítulos, exibida entre junho de 1985 e fevereiro de 1986, foi resumida e acondicionada em um box com 16 discos, num total de 51 horas de gravação (Globo Marcas, R$ 249). Mais do que uma novela, Roque Santeiro transformou-se em uma mania nacional, numa época em que a TV era a principal diversão da família brasileira, já que não havia internet, TV a cabo ou jogos de computador. Virou tema de brinquedos, revistas em quadrinhos e até álbum de figurinhas. Os figurinos exagerados tornaram-se moda e os bordões dos personagens eram repetidos a torto e a direito nas ruas. Não é para menos. Escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva, a obra mistura com maestria uma boa trama, humor, regionalismo, sátira política e uma pitada de realismo fantástico na figura do sinistro professor Astromar, aquele que vira lobisomem. Realismo fantástico que Dias Gomes já havia experimentado com grande sucesso em outra empreitada da TV: Saramandaia, exibida pela Globo em 1976. Na pequena Asa Branca, a história se desenvolve em torno do triângulo amoroso entre a viúva Porcina (Regina Duarte), sinhozinho Malta (Lima Duarte,

Marcus Lopes com o famoso bordão "tô certo ou tô errado?") e Roque (José Wilker), herói da cidade e que volta à terra natal anos depois de ter sido considerado morto. É justamente aí que começa a confusão. O que era para ser uma grande alegria torna-se um problema para os caciques da cidade, já que a economia local e o poder político giram em torno do mito e dos milagres atribuídos a Roque Santeiro, uma espécie de padre Cícero asabranquense, cultuado como santo e herói no imaginário popular. Além das peripécias do trio, o público se divertia com os outros personagens interpretados por um elenco de peso, como dona Mocinha (Lucinha Lins), padre Hipólito (Paulo Gracindo), dona Pombinha (Heloisa Mafalda), o prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura) e o inesquecível Zé das Medalhas, vivido por Armando Bogus. "Pode-se dizer, sem medo de errar, que a televisão brasileira se divide em antes e depois de Roque Santeiro. A novela foi um marco. E não apenas pela audiência – a maior de todas –, mas também por ter dado ao gênero uma 'densidade' que ele não tinha. Roque Santeiro acostumou mal o público, pois o tornou mais exigente. E influenciou não apenas o gênero das telenovelas, mas a própria televisão como um todo", explica Aguinaldo Silva, em entrevista ao Diário do Comércio. Silva, que dividiu a autoria com Gomes, dá sua explicação para o sucesso estrondoso do folhetim: "Primeiro, por causa da novidade. E depois, por causa da ousadia – Roque Santeiro ousou mais do que todas,

mesmo numa época em que ainda havia censura (o Brasil estava no início da transição democrática). A linguagem inovadora, o tom farsesco levado às últimas consequências, o subtexto altamente político eram novidades que, depois, por mais que tenham sido retomadas, pareceram repetitivas", explica o autor. De fato, há um forte componente

político na trama, centralizado na figura de padre Albano, pároco de uma igreja da periferia da cidade e que prega a reforma agrária e a justiça social. Não é à toa que a versão original da novela seria exibida em 1975, mas foi proibida pela censura imposta pelo governo militar. "Eu fiz 51 novelas, mas essa... que novelão", registrou Lima Duarte, que em 1985 foi eleito o melhor ator pela

Pode-se dizer, sem medo de errar, que a televisão brasileira se divide em antes e depois de Roque Santeiro. A novela foi um marco. Aguinaldo Silva, autor

Na TV, está de volta Vale Tudo, a telenovela de 1989, que fez a ficção parecer realidade. Como será a sua audiência em 2010?

Associação Paulista dos Críticos de Arte. Naquele ano, Regina Duarte também ganhou como melhor atriz e Claudia Raia, que estreava em novelas, ganhou o prêmio revelação feminina. Outros que na ocasião debutavam na TV foram Maurício Mattar (no papel de João Ligeiro, irmão de Roque) e Patrícia Pillar (a atriz Linda Bastos). Há outras curiosidades em torno do trabalho. Na versão original de 1985, Betty Faria seria a viúva Porcina e Francisco Cuoco, o sinhozinho Malta. Como ainda não existia o Projac, as cenas externas eram gravadas em Guaratiba, interior do Rio de Janeiro. Na versão que chega às lojas, as cenas receberam tratamento de imagem e, é claro, foram editadas para a história caber nos DVDs. Em cada disco há uma breve apresentação dos atores principais sobre o enredo. A coleção também traz os dois finais gravados na época: o que Porcina fica com Sinhozinho no final e outro, inédito, em que ela fica com Roque. E as novelas de hoje conseguiriam repetir tanto sucesso? O próprio Aguinaldo Silva responde: "As novelas atuais se dão por satisfeitas quando conseguem chegar aos 65% de audiência no último capítulo. Eu, por exemplo, fiquei muito feliz quando o último capítulo de Senhora do Destino conseguiu 83% de audiência. Mudaram os tempos, mudaram as novelas...", explica o autor, que assinou outros clássicos globais, como Tieta e Vale Tudo (leia mais na coluna de TV na página 2), onde o tom político novamente ganha destaque ao colocar em discussão até que ponto vale a pena ser honesto no Brasil: na última cena, o inescrupuloso Marco Aurélio (Reginaldo Faria) se dá bem nos seus trambiques e manda uma "banana" para o Brasil ao fugir para o exterior com o dinheiro desviado da empresa onde trabalhava. É necessário destacar que, naquela época, ainda não havia tantas opções de diversão que não fosse a famosa novela das oito. Diante disso, Silva concorda que as telenovelas, que antes monopolizavam as atenções do

público, precisam, cada vez mais, se reinventar a todo momento para competir com os novos meios de comunicação e diversão. "Os profissionais envolvidos com o gênero estão trabalhando nisso. Ainda mais porque, do ponto de vista financeiro, a televisão brasileira não pode prescindir das novelas. Por serem obras abertas, e de longa duração, são os únicos programas de TV que se pagam e ainda dão lucro. Sabe-se, não é uma lenda, que os salários das emissoras são pagos pelo que rende a novela das oito, por isso precisamos adaptar o gênero aos novos tempos e mantê-lo", diz Silva, que considera Roque um marco na sua carreira. "Ao escrever Roque Santeiro é que descobri qual seria o meu estilo. Paulo Ubiratan, que a dirigiu, definiu assim isso que chamo de meu estilo: 'as situações são sérias, mas o modo como Aguinaldo as aborda é sempre muito engraçado'. Desde Roque Santeiro é assim que vejo o mundo em minhas novelas", diz Silva. Às vésperas de mais uma eleição nacional, Roque Santeiro se apresenta mais atual do que nunca, mostrando ao público o quanto pode ser perigoso, e frustrante, cultuar heróis e santos que não fazem jus aos milagres a eles atribuídos. Divulgação


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.