DIGESTO ECONÔMICO, número 4, março 1945

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5 SUMÁRIO Debates em tôrno da licença prévia São Paulo de 1870 e o início da indú s tria de tecidos de algodão A luta pela América do Sul P oços de Caldas e suas jazidas de zir

cônio

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A Estrada de Ferro Brasil-EoKvia . O açúcar e o mercado internacional Madeiras da Amazônia O petróleo na Colômbia e na Bolívia O que é compra científica? A propaganda na indústria c no co . .mércio Transforma-se a economia da Améri ca Latina Estados A infiltração comunista nos Unidos . .. A imigração problema do apósguerra . .. ... A exportação inglesa durante a guerra

Redação

Pág. 13/ /

Redação Redação

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Riú Ribeiro Franco Matias Arrndão Barbosa Lima Sobrinho .... Raimundo Pereira Brasil ... Redação

J. P. Coeli J. A. de Sousa Ramos

Redação Redação

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Condensado de “Forcign ComI) merce Weekly Alexandre

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Estrutura c rendimento industrial (69); Economia particular x Economia çstatal Os vinhedos dos czares (92); Vida de viajante —- que vida ideal l/. C94// Um novo parque industrial (105)y'^Consumo de borracha (108)/

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D1G ESTo ECOXÓMICO Aparecendo no primeiro sábado de cnda mês, o DIGES TO ECONÔMICO, publicado pela Editora Comercial Lida., sob os auspícios da Associação Comercial de São Paulo c da Federa ção do Comércio do Estado dc São Paulo, procura ser útil e preciso nas informações, correto e sóbrio nos comentários, comodo e elegante na apresentação, dando aos seus leitores um panorama mensal do mundo dos ncgocios. A venda em todas as bancas de jornais cio país a Cr $ 3,00 o exemplar; assinatura anual (12 números) Cr.$ 30,00. Revista de circulação obrigatória entre os produtores de São Paulo e os maiores do Brasil, além de ampla divulgação no interior, nas capitais dos Estados e nas dos principais países sul-americanos. Para publicidade os interessados poderão dirigir-se n* Agências de Publicidade ou diretamonte ao Departamento de Publicidade da Edito ra Comercial Ltda. (Viaduto Boa Vista, 67 — 7.0 — Tel. 3-7499). O'

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144.535.882.33

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213.359.019,10

288.852.268,70

33.967.067,21

246.046.043,03

775.290.935.13

197.532.943,44

88.871.310,94

556.939.239.50

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132.126.931,13

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1.393.954.561,78 '

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DIRETORES: MARIO TAVARES — Presidente e Diretor da Carteira Rural, ALTINO ARANTES — Diretor da Carteira Hipotecária HEITOR TEIXEIRA PENTEADO Diretor da Carteira Comercial


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Digcsio Ccronónii4?o 0 mundo dos negócios num panorama mensal Difelor*SupetinUndcni« RUy FONSECA Dirctofes: RUy BLOEM RUI NOGUEIRA MARTINS Redação e Administração: Via duto Boa Vista, 67, 7.® andar, tel. 3-7499 — SEo Paulo

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DIGESTO

ECONÔMICO,

orgão de informações económi-' cas e financeiras, de proprieda Editora Comercie.l

dade

Ltda., é publicado mensalmente sob os auspícios da Associação

Comercial de São Paulo e da Federação do Comércio do Es-, tado de São Paulo. A redação não é responsável pelas estatísticas cuja fonte esteja devidamente citada, nem pelos conceitos emitidos em artigos assinados. Na transcrição de artigos pedese citar o nome do DIGESTO ECONÔMICO. Aceita-se in tercâmbio com publicações con gêneres nacionais geiras.

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estran

Digesto E<;onóMií<ío publicará no n. 5:

— A produção da carne no Brasd t

artigo da Redação; na — "Abrasivos, sua importância indústria”, artigo de Rui Ribeiro

Franco; «4

0 Registado no D.I.P. sob o n.

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DIGESTO

ECONOMICO O MUNDO.;D OS «NEGÓCIOS NUM PANORAMA

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MENSAL

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Delmles em torno da licença prévia tJECENTE portaria conjunta dos Minis térios da Fazenda e das Relações Ex teriores institui, doravante, o regime de li cença previa para a entrada no país de uma série de artigos manufaturados. A medida, ditada pelas intenções honestas de servir aos interôsses ccletivcs, encontrou, cantado, as'sim que a sua divulgação se fez pela im prensa, a crítica de sérios opositorás, os quais, a propósito, reabriram o debate em torno da velha questão do protecionismo industrial. Os líderes da indústria, com efeito, tomam

/

posição inequívoca em favor da licença pré via, caracterIzando-a como providência indis pensável para evitar a possibilidade de “dumtt no período imediato ao estabelecípings mento da paz entre as nações atualmente em guerra, E argumentam no sentido de mostrar que se trata de iniciativa de grande alcance, visando amparar atividades legíti mas e afastar, do mesmo passo, o perigo de distúrbios no mercado interno, com o seu cortejo de crises e desemprégos. Seria, de resto, um verdadeiro contrassenso — adian tam ainda — que, por descontrole sôbre im portações inúteis ou suntüárias, conviésse mos na pulverização das divisas que possuí mos no exterior. As figuras mais em evidência da indús- ' tria brasileira, falando, é claro, em no-


da» prestigiosas esferas de que são mentores, negam, de um

modo gerai,

existência de barreiras alfandegárias que hajam servido para encouraçar a cidadela dos seu» negócios.

Lembram

mesmo que a abolição da» taxas ouro

aduanas e a fixação em papel moeda das respetivas tarifas implicam na redução fatal destas últimas, que decresccriam continuamente em valor porcen* tual relativo ào das mercadoria» de importação. Seguindo êste critério admi nistrativo, o Brasil se teria erigido, nos últimos dez anos, em campeão do de*^**™amento aduaneiro".

«

Entre os elementos infensos à aludida portaria publicada pela Carteira de Ex portação e Importação do Banco do Brasil distingucm-sc os representante» da avoura, que em entrevistas e artigos pela imprensa, simultâneos ou sucessivo»,* contrariando afirmações dos industriais, insistem em afirmar que, tendo por simples objetivo proteger o nosso parque manufaturciro, pondo-o a salvo da concorrência de similares estrangeiros, ainda

que de

melhor

qualidade, nada

menos de vinte c. duas reformas de tarifas alfandegárias já foram feitas no Brasil. Como acessórios da mesma orientação se contariam a política de câmbio baixo e .. ® proibição, quase que elevada a sistema, de se importarem o» maquintsmos de que o mercado interno anda faminto.

Tais

●^Oi em essência , os pontos-de-vista que se chocam ein tórno da portaria instituindo a licença previa, O problema, como se vê, pertence ao numero dos mais complexos, Como sempre acontece em relação a disputas desta natureza, deve haver uma parcela de razão em cada um do» agrupamentos que SC colocaram ... campos opostos. Assim, ainda não desesperamos de os ver

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sôes^^de^”*^* “ modus-vivendi ” que importe em concestend «1 parte, uma média de opiniões e conveniências que se estabeleça num pohedro, não tanto uma face determinada, ma» o conjunto dos interesses nacionais. A indústria, a lavoura e o comércio têm apenas a ganhar com a harmonização de movimento» e reivindicações, que se entrelaçam, c não se exA

^*”1? Píii^ecer ao observador superficial que levasse i^ Ção os dissídios circunstanciais que os vêm

^ .

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para uma dividindo.

° jetivos são comuns, não se compreende que haja litígio en-

v^r TproTpJrar^

brasileira,

que se

interdependem

para vi-

O que deve ser evitado a todo custo são as soluções de afogadilho, as me^ de didas que numa questão controvertida, resultem de critérios parciais, e não uma ampla consulta a opinmo pública, através dc círculos responsáveis e representativos Muito bem avisada andou a Associação Comercial de São Paulo ao entregar, diante do aceso debate que se ergueu no país, o exame da licença previa a uma comissão de experimentados homens de negócios. O problema repetimo-Io é sobremodo complexo, e exige ponderação, dc contingente e do possível, cautela, estudo atento. Os órgãos assesso res do governo em matérias desta ordem, como o Conselho Federal do Comér senso

cio Exterior, o Conselho Técnico de Economia e Finanças e o Conselho Nacio nal de Política Industrial e Comercial não serão os únicos, se bem que alta mente autorizados, a se manifestarem a respeito. sos

devem

ser

invocadas

para

o

As luzes de simples estudio um assunto em que estão

esclarecimento'de

implícitos, também, o progresso e o bem estar de nosso povo. Nesse sentido, dirigímos daqui um apêlo caloroso aos que possam trazer uma contribuição útil para o encaminhamento justo e inteligente da controvérsia, tação que se escolher, esposada com resolução fato consulte às conveniências do pais.

e

firmeza,

seja

E que a orienaquela

que

de


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SÃO PAULO

1870

c o inicio da indústria dc tecidos de algodão

UE .<cria São Paulo por volta di-

IB/ü;como hoje

o

seu

centro

situavu-sc,

no velbo Triângulo, for¬

macio pela rua de São Bento que. par, tindo do largo do mesmo nome, ia. ■ depois ele passar i^elo largo do Rosá

Do largo do Rosário o Triângulo transbordava, pela

rua

do

Rosário

(atualmente João Bricola), à rua da Boa \'ista, ejue tinlia o seu começo na da Imperatriz, de onde partia (neste trecho se denomina agora 3 de Dezem

rio (hoje prac;a Antônio Prado), al

bro), fazia uina curva e seguia em

cançar a rua Direita: continuava por

linha mai.s ou menos reta para o lar -

esta cpie atravessava o largo da Mi

go de São Bento, tendo deixado, pou co atrás, nascer de si ó Beco' da.s

sericórdia e acabava na rua da Iinpe: ratriz (hoje 15 de Novembro), junto . a confluência com o Largo' da Sé; , descia a rua da Imperatriz até o largo

I do Rosário, completando assim — iros \ regularmente, acrescentemos : Ires ângulos.

Barbas (ladeira

Pórto Geral), que

numa encosta íngreme ia terminar no porto Tamandaré (á altura da atual 25 de Março), a que atracavam as ca noas que vinham da fazenda São Cae tano, pertencente aos monges bene-


I

Digefto Econômico

16

'ditinos. c cujos carregamentos eram ali descidos a terra. Do largo de São Bento, com-um jar dim ao centro, circulando por grade.s altas, saía a rua da Constituição (hoje Florêncio de Abreu) que sC dirigia à Estação-da Luz, a cuja frente exis tia o Jardim Botânico (hoje Jardim da Luz). Para além da estação, si tuava-se, de um lado, o campo da Luz (hoje avenida Tiradentes)'é mais além, numa distância enorme para a épo ca, o do Guaré, pelo qual passava o lendário Anhembi, denominação soI> a qual era então mai.s comumente de signado o Tietê: de outro lado da es-

Para a elaboração do presente traba lho, realizamos pesquisas, consulta mos arquivos, compulsamos obras e servimo-nos do auxílio de pessoas que, . seja pela sua relativa contemporancldade aos fatos, seja pelas ligações de família, relações de amizade ou pelo conhecimento historico do assunto, es tavam em condições de nos fornecer esclarecimentos ou prestar informaa êstes amáveis çoes. Com respeito <( colaboradores, o Digesto Econômico tem o prazer de apresentar de públi co os seus mais sinceros agradecimen tos aos srs.: Cel. Bento Pires de Campos, Dr. Rivadávía de Barros, J. F. de Almeida Prado, John Hough, Dr. J.-B. de Arruda Sámpaio, Padre Luís Castanho de Almeida, Benedito Eliseu de Moura, Drs. Plínio Lacerda, Mário e Pompeu de Sousa Queiroz, Galdino Ribeiro de Magalhães, José Kovarick, J. Pokrovski, F. Nardy Fi lho, Joaquim Mueller Carioba e Alfre do da Silva Guimarães.

tação irromi>ia a rua Bom Retiro (ho je José Patilino) fiue ia pcrder-se lui* ma jmciisa varzea, cspraiando-se at*? os contrafortes do O’ e da Cantarcira. O centro da ciMas voltemos ao centro dade. Dentro do <âmbito formado pelas ntas^de São Bento, Direita e Imperatriz, Iiavia travessas, becos e ruas. A principal era a do Comér cio (.Mvares Penteado), que surgia da rua de São Bento no mesmo ponto dc onde partia também, dÍrÍgindo-sc, porém, para o lado da rua da Impera triz, o Beco do Inferno (hoje traves sa do Comércio),'de feiíssimo reno me, pois não SC podia transitar nele senão de calças arregaçadas e lenço ao nariz. A rua do Comércio, surgindo da São Bento, como dissemos, subia para o largo cla Misericórdia, atra-

vessando de caminho uma via que, antes de chegar _ ao cruzamento, so chamava Bêco da Cachaça, e, em se guida, passava a denominar-se rua do Cotovelo (o beco e a rua constituem passav.i a atual nia da Quitanda); depoi.s pela rua das Casinhas (tra vessa do. Tesouro) e concluía no lar go da Mi.sericordia. Neste tinlia origem a rua do Ou vidor (José Bonifácio) que ia sair no largo do Capim (Ouvidor), que se comunicava mais adiante com o de São Francisco, atrás do qual se per dia o campo do Caaguaçu. Ao largo 1


l Digcsto Econômico

cio Ouvidor clicgava tainl)óin a rua de São Hcnto, quC' prosseguia no Triíingulo. Retornando ao largo da Misericórdia, veriamos sair daí a rua do Príncipe,

cx-Cruz Prêta (Quintino Bocaiuva") cjuc. cortada pela das Sete Casas Cex-Caixa d’.-\gua c hoje Ba rão de Paranapiaculja), pela da Prin cesa (cx-do Jugo da P>ola c hoje Ben jamim Conslant) pela da Freira (Se nador Feijó), c pela da Casa Santa (Riacliuelo) alcançava. por fim, o lar go Sao Gonçalo'(praça João Ofendes) onde, ao lado tiircito, sc erguia o pré dio da Cadeia (cm r[uo tamliém se instalara a .-\ssembléia provincial) e, no lado cscjuerdo, se encontrava ain¬ da em constinição. que sc arrastaV-i penosamente, o Teatro São José. Do largo São Gonçalo passava-sv no do Pelourinho (7 de SctcMiibro atual), de que saíam as ruas da Gló>'ia c da Pólvora (Liberdade), Estu terminava no largo da Fòrca (Liber dade) c aquela no local cjue o puvo chamava dc “lavapes” (lioje a riia" Lavapes). O nome linha sua-razão de ser: O.S forasteiros c[uc faziam a caminliada a pé c descalços, aí paravam, junto a um córrego, Paravam c lavavam os pés para calçar as bo tinas, a fim de entrarem na cidade em condições dc nicliior apresentação pessoal. Do largo São Gonçalo vinha-sé pa ra o da Sé, tomando-se pcla rua Ma rechal Deodoro ou pela da Esperança. Ambas se localizariam liojc de um lado e de outro da Catedral. O

E.'‘

17

antigo largo dâ Sé era apenas a par te de baixo, passando, atrás da igre ja, a rua Santa Teresa, que ia da Ma rechal Deodoro à Esperança e daí prosseguia no trajeto que tem hoje No largo da Sé erguia-se ao centro a igreja matriz, que se tornou céle bre nos fastos da cidade. Ao sçu lado existia uma outra, a de .São Pe dro, e ocupava mais ou menos o lu gar onde hoje se ergue a Caixa Eco nômica. A Sé comunicava-se,, pela rua da Fundição, com.o largo do Co légio, onde era o palácio do governo provincial, que- funcionava no prédio do antigo educandário dos jesuítas. Junto ao palácio ainda existia a ca-: pela que êstCs tinham fundado, e a cia seguia-sc o Beco do Pinto, (onde hoje existe o prédio da PoIíc«a Central), que descia para.a várzea. Néle linha início a rua do Carmo, de cuja ladeira se ia para a rua do Brás, depois de passar sôbrc o Tanianduateí, por uma ponte çonhecida sob no me igual ao da várzea. Esta era cons tituída pela chácara do Ferrão, .ie propriedade de um filho da Marque sa de Santos, falecida não há muito. Da várzea podia-se subir ao centro, tomando-se pela ladeira .do Palácio (General Carneiro). A baixada do Acu

Assim, estamos de novo no Triân gulo. Continuemos pela rua da Im peratriz e saiícmos no largo do Ro sário, onde encontraremos a ladeira


rr

DIgesto Econômico

18

t. ■

V-

do Acu (São João), Em meio da la¬ deira passava, proveniente do largo São Bento, a rua São José (Libero Badaró) que, depois de comunicar-se com aquela pelo Beco da Lapa (Grandc Hotel c hoje Miguel Couto), atra vessava a rua Direita (à altura do atual prédio Matarazz®), deixava à sua direita a ladeira Santo Antônio (Dr. Falcão Filho) c ia atingir as la deiras São Francisco e Ouvidor, que desciam para o Piques. No fim da ladeira do Acu se levan tava o Mercado São João, onde é hoje a praça do Correio. Em frente

I

1

í

havia uma ponte, a ponte do Acu, sôbre o rio Anhangavai (Anhangabau’), cujo leito, hoje soterrado, seguia pelo Beco dos Sapos (o traçado atual da rua Anhangabau’). Do lado do mer

ca), ffiic o i)ovü ainda teimava em chamar "dos Ciirros ”, i)or causa dos circos dc touros <iue continuamtfnte ali SC instalavam. .Montavam-sc taml)cm cm .sua área os circos dc cava linhos rjuc, de vez em (luatido, aiiortavam à capital. Pcla rua do Foci nho (Vieira dc Carvalho) o largo ti nha comunicação com o largo da Ar tilharia, contíguo com o da Legião, fjiie se confundia com o da .Alegria (hoje todo.s éles estão compreendidos no do .Arouche), fjttc dava saída para a rua de nome idêntico (Sebastião Pereira). A seguir vinham, .separa-' dos pela estrada da Kinhoaçava, a Ciiácara tias Palmeiras, de proprie dade dc Francisco .Aguiar de Barros, c o Campo Redondo, pertencente ao* alemão Frederico Glctte, que se es

cado saía a rua Alegre, hoje Briga deiro Tobias, e, como continuação da ladeira, a nossa avenida São João de

tendia pela zona (juc é hoje o bairro dos Campos Elíseos.

hoje iniciava os seus primeiros pas

rua São Luís ou pelo Beco do MataFome (rua Araújo), onde funcionava o matadouro, para o atual bairro da Consolação, após o qual se seguia o campo do Bexiga, que avançava até o Piques. Começava-se a abrir o bairro Santa Ifigênia e surgiam, como ho menagem à nossa vitória sòbre o Pa raguai, as ruas Vitória, Aurora, Jo Triunfo.

sos, indo até a praça das Alagoas (Paissandú). O Parque

Anhangabau atual era

conhecido então, na parte próxima à avenida moderna, como Baixada do Acu, c na encosta que se eleva na direção da atual praça Ramos dc Azevedo como o “Morro do Chá”, a que se seguia o bairro do mesmo

Do largo 7 de Abril subia-sc, pela’

nome. aberto pelo marechal Arouche. Para além se estendia o Piques, on de se realizava o leilão de escravos, e célebre pelo seu paredão. I

Depois do bairro do Cha ficava o largo 7 de Abril (praça da Repúbli-

O abastecimento de água e a víação pública Em bosquejo rápido, e naturalmen te impreciso, aí fica o que seria São Paulo, a começar a década de 1870

i


Digfoslo Econômico

19

a 1880. A sua população se elcva'»'a, segundo estimativa, a 50 mil almas.

dêsses gencros: as ruas eram per corridas por mascates.

O aI)astccimcnto de água, que se cap tava nas nascentes do Anhangabaú c

Fisionomia econômica do Estado

cra transportada para a caixa d’água, existente onde c hoje a rua Barão dc Paranapiacaba, cra feito à cidade

A êsse tempo o café já dominava a economia estadual. Tendo-se deslo

por intermédio de chafarizes, locali zados nos largos da Misericórdia, Pelourinho. São Gonçalo e São Paulo. Quando havia sêca. socorr>a-sc de pipas ambulantes, vendendo-se o barril a 40 réi.s. A iluminação cra a querosene até o ano de 1872. quando se inaugurou a instalação a gás, levada a efeito pela atual São Paujp Gás Company. Nesse nicsmo ano ocorria a inauguração da primeira linha de bonde. puxado a Intrro, c cujo itinerário seguia do largo do Carmo, passava pe las ruas Direita c Imperatriz e sc di'igia para a Estação da Luz. A viaÇáo urbana cra realizada por carros c tílburis a 2,^ c §500 a corrida,- respcctivaniente. Êsses veículos eram encontrados nos largos do Colégio, São Francisco e São Gonçalo. Entre a rua dos Estudantes (Galvão Bueno) e o largo da Glória (São Paulo) situava-se o cemitério da ci dade, conhecido sob o nome de Cemitério dos Aflitos. No Triângulo localizava-se tôda a vida comercial da cidade: aí se en contravam não somente o alto comérCIO,

como as pequenas vendas, as sapatarias, as oficinas de ferreiro, os açougues e outros estabelecimentos

cado da Zona Norte, penetrara o Oeste, de que Campinas constituía a capital, já bastante florescente, e ten tava irradiar a sua influência para o sertão de Araraquara, de Brotas e Ribeirão-Prêto, de que se diziam maravilljas. Em Araraquara, segundo uma correspondência local para o .Alma naque organizado por José Maria Lisboa em 1876, um sítio de 25.000 pés chegava a produzir 4.000 arrobas, o que dava uma média dc 160 arrobas por mil pés. Outro, com 11.000 cafòeiros, possuía uma produção mé dia. ainda maior: 2.500 arrobas. Mas não era tudo. Havia fertilidade mais assombrosa: no mesmo município um cafézal dc 10.000 árvores apresentara uma colheita de maior volume: 3.000 arrobas. Em todo o Estado a pro dução de café já se elevara, erh 1870, a 2 milhões de arrobas. Ora, era necessário pôr esse sertão riquíssimo em contato com a capital. Esta já se ligara, desde 1867, ao se inaugurar a São Paulo Raihvay, com o pôrto de Santos, no litoral, e com a cidade de Jundiaí, na primeira etapa de penetração para o interior. Em 1868 já se- instalara na capital a Companhia Paulista de Estradas de Ferro de Jundiaí a Campinas. A nova


i

Digesto £conóm>co

ferrovia entregaria õs seus trilhos ao tráfego público em 1872. Com isso a capital paulista se animava. A produção cafecira, quando localizada na Zona Norte, escoava-se por intermédio do pôrto dc Ubaluba ou era enviada para o Rio-de-Janeiro, desviando de sua rota a cidade dc São Paulo, cm cuja vida não reper cutia, renovando-a sob o seu influxo. Esta permanecera, assim, no ramerrão e na rotina, com que vinha se arrastando. Ao deslocar-se, porem, o café para o Oeste, sentiu tocá-la o impulso dc renovação. Ao surto caíceiro viera juntar-se o do algodão, cuja procura era intensa por parte da indústria inglesa, Em consequência da Guerra de Secessão nos Estados Unidos em cujo mercado se abastecia, se encontrava aquela com fome de matérias-primas, tendo, por isso, voltado as suas vistas para o nosso país, onde, embora em peque nas proporções, sempre fôra cultivado aquele produto. Uma sociedade de Londres instituira um prcniio para’o algodão de Santos. Se a cultura do café predominavá nos municípios de Jundiaí, Campinas, Limeira, Constituirão (atualmente Piracicaba), Rio-Claro, Mogi-Mirim, Araraquara, Casa Branca e Batatais, a do algodão jlastrava-se em Soroca¬

tendendo lifínr Sorocal)a a Itu e esta a Jundiuí, ora ía-^endo a lifiação da(luela diretanu-nte à capital c a dc Itu. por uma via indepi-ntlente, a Jundiaí. fiste ponto-de-vista iria aca bar por triunfar, pois duas com panhias diferentes foram or^^anizatla?. a Companlua Iluana. que iria inaugurar cm 1873 a sua linlia de Itu a Jundiaí, c a Sorocal)ana, cujo trecho ini cial seria concluído cm 1875. Essas iniciativas refletiam a renovação econômica por que passava a vida da província, sf)b o duplo influ xo do café, cuja transplantaçao para uma zona nova fazia multiplicar o rendimento da safra e do algodão, cuja cultura a demamla exterior viIlha transformar dc acessnria cm principal. Se havia uma “ corrida ’’ cafecira para o Oeste, ocorria coisa semelhante com o algodao na zona si tuada entre a.s cidades dc Sorocaba. Tatuí c Itú, com extensão para as regiões convizinhas c repercu.s.são no norte do Estado. .Aliás, a cultura dc algodão não era inteiramente nova, como já observamos : ao contrário, era comum, mas apenas em pequena es cala e com fins domésticos, destinando-se o produto <à confecção de rou pas para escravos, calicmlo a ^tes mesmos, entre os quais sc contavam

ba, Itii e Tatuí. Por isso, impunhase também a ligação dessas cidades com a capital, Efetivamente já ha-

mestres-tecelões, a fiação c a tece lagem, que eram realizadas em tos cos aparelhos manuais. Nada mais natural, por conseguin

via trabalho a respeito e as discus

te, que na província, ontie se produ-

soes sucediam-se a projetos, ora pre-


Digesi-o Econômico

21

zia o alfíodão para scr fornecido co

foram convidados o marjjchal de cam

I

mo matéria-prima à indústria inglêsa. surgisse a idéia de utilizá-lo em

po José Arouciie de Toledo Rendon, l)rigadeiro ifanuel Rodrigues Jordão,

i

maiuifatura prój)ria.

capitão Antônio da Silva Prado e Tomás Rodrigues Tocha, êste o téc

A p»-ímeira fábrica de tecidos

nico da empresa anterior e a cuja

Importa notar, contudo, que a pró pria idéia de criação da indústria de tecidos dc algodão no país nao era inteiramente nova. Há muito já. se vinha fazendo observar o desejo dc industrialização, visível através dc medidas oficiais dc propaganda e in

direção ficaria entregue o funciona mento da fábrica. Esta situava-se no

centivo c em algumas realizações con cretas, dc que nos chegaram notícias. No Rio-dc-Janciro, por exemplo, fôra fundada a Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, que vinha de senvolvendo esforços nesse sentido. Desde 1808 haviam sido abolidos por D. João VI as leis, regulamentos e atos contrários à atividade industrial no Brasil.

Em 1813 chegava a São

Paulo um técnico português, Tomás Rodrigues Tocha, nomeado, por carta-régia, mcstrc-tecclao para a pro víncia. Financiado por João Marcos Vieira, e sob os auspícios da Real Junta dc Comércio, Tocha monta os seus teares na capital e inicia o seu tra!)alho. Tcriam, porém, decorrido mal os negócios ; ao fim de dois anos íecbava-sc a fábrica.

Piques e pouco mais sabemos a seu respeito. O seu equipamento devia scr rudi mentar e os teares, feitos de madei ra, seriam movidos a braço ou a pé, produzindo um tecido bastante im perfeito e grosseiro. A primeira tentativa para a mon tagem de uma fábrica a vapor teria ocorrido em Sorocaba no ano de 1852, por iniciativa do comendador Manuel Lopes Oliveira, que teria adaptado um tear manual à caldeira de sua máqui Não se na de beneficiar algodão, coroou de êxito, porém, a iniciativa, tendo ficado, segundo informam os documentos da época, na primeira ex periência. Tentativa vitoriosa Finalmentc, em 1869, na cidade de Itu, conseguiria resultado uma outra iniciativa, que teve o coronel Luís

Marcos

Antônio de Anliaia como principal or ganizador e orientador. Essa fábrica veio a chamar-se Fábrica São Luís

Vieira, que desaparecera da cidade, e sendo considerada de interêsse públi co a reabertura do estabelecimento, resolveu o presidente da província constituir uma sociedade, para a qual

e foi inaugurada em fins de 1869 Contava, então, 24 teares, movidos por uma caldeira-vapor de força de 30 cavalos e produzia diariamente 1.200 varas de p'ano.

Com

a ausência de João

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■<-s: :.C.

22

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Digcsto Econômico

O seu maqumi-smo foi importado dos Estados Unidos, por intermédio do sr. W. V. V. Lidgenvood.. Ocupa va 52 pessoas, livres, sendo 24 mu lheres, 10 homens e 18 meninos. Venciam um ordenado médio dc 1 mil

Morais adquiriam mais sócios.

rcjs por dia. . Apontemos uma curio sidade : a maioria dos operários era constituída por mulheres e crianças De que se originaria isso? Sc do

à pátria, após a terminação da Guer ra do Paraguai, j)ara a qual seguira como voluntário, o major Diogo An- ;

salário baixo, não podemos dizer, pois não temos informações concernentes ao ordenado médio que então vigora va na agricultura, para a qual atraina o elemento masculino, deixando para a indústria incipiente as mulhe res e crianças , necessitadas de menor remuneração ou menos exigentes, Talve z a explicação estivesse em outro fato: como a fiação e a tecela gem manuais de algodão se realizas sem dentro do âmbito doméstico, não seria de estranhar que se encontras sem os tecelões mais competentes en tre as mulheres, que teriam mereci do a preferência para a adaptação do trabalho mecânico. Às crianças estaria naturalmente reservado o lugar de aprendizes. A

Fábrica São Luís era formada

por uma sociedade de que faziam parte as seguintes pessoas: Coronel Luís Antônio de Anhaia, seu diretorgerente,

Antônio

■primeiro

barão

de

Pais

de

Barros.

Piracicaba,

srs.

Ângelo Custódio de Morais, José Ma noel 'de

Mesquita e Antônio Carlos

de Camargo. Pouco depois da inau guração os srs. Anhaia e Ângelo de

as partes dos de

O movimento transplanta-se à capital A capital não ficou surto industrializador.

estranha De

ao

regresso ;

lónio de Barros associou-sc a seu pai, ^ o barão dc Piracicaba, que, em Itii, já íôra sócio do coronel Luís Anto- ! nio de Anhaia, c juntos montaram a primeira fál)rica dc tecidos na capi tal, instalada a uns 60 metros da rua Florcncio dc y\brcu c com entrada pelo atual Beco da Fábrica, entre as ruas Paula Sousa c Senador Queiroz. Começou a funcionar cm 1872 coni ' 30 teares e cêrea de 60 operários. O | maquinário foi obtido na Inglaterra: ; a caldeira e a máquina grande eraiu : de John Pritchard & Sons, dc Oldham, movendo-sc aquela com carvãn de pedra; os teares, “ginnics”, cardas, batedores, etc., eram de Platt Bros. & Co., também de Oldham. Vie ram também da Inglaterra os técni cos, que se encarregaram da montagem das máquinas e da direção dos teares. Como primeiro mestre dos teares veio o sr. James Schofield, aqui falecido no l.° ou 2.° ano de atividade. Substituiu-o o sr. Isaiah Hough, que foi contratado em 1876. Anteriormente o sr. Hough havia si do mecânico da firma Asa Lces & Co . de Oldham, na qual serviria 1866. No momento em que

até foi

i


1

D.'^esto Econômico

23

cscolluclo pela firma Jolm Pritcharcl & Sons, que a pedicloi do major Diopo. se incumbira de ar ranjar

um

técnico

para

a , sua

fábrica, achava-se desempregado, em couseciuência da crise por que passa ra a indústria na Inglaterra, privada do fornocinicnio regular de sua ma téria-prima, o algodão, que procedia

ainda ingleses o mestre da fiação, sr. Richard Greenhalge, e o das cardas, sr. John Cook. Pertenciam à nacio nalidade alemã os chefes da caldei ra, um sr. Wagner ou Waghel, e o chefe da tinturaria, sr. Frederico Kowarick. Desde o início, a fábrica possuiu aparelhamento completo para a pro-

dos Estados Unidos, a essa época ainda não de todo refeitos da catás

dução de “algodãozinho” o tecido mais modesto daquele tempo, servin

trofe em que os mergulhara a Guer ra de Secessão. A outro técnico in

do para sacaria e roupas de escra vos). Era dotada de descaroçadores,

glês, sr. Falson, foi entregue a mon

máquinas de benefício, fiação, tintu raria, tecelagem e enfardamento. Ser-

tagem de todas as máquinas.

Eram


24

Dígesto Econômico

via à tinturaria. uma fontu natural, situada no próprio terreno da fáliri-

}?latcrra, c o primeiro mestre geral foi o sr. Jolin Ki-mvortlij'. No me^mo

ca, c conhecida como a antiga e tra dicional fonte Miguel Carlos”. -Mais -tarde (em 1888) foram construídos dois poços artesianos.

ano Mamu'1 José Fonseca, tendo por mestre-geral a Jolm Ilougli, que re

Outras fabricai A vaga industríalizadora clesbordou para outras cidades, Em 1874 é montada em São LuTs dò Par.aitinga a Pábrica Santo Antônio, lendo ' sido seus fundadores João c Scipião Arouca. Em 1888 - êsse Õstabelécimentõ pertencia ^ cl. Maria y\gostinha de Castro. Não conseguimos outros informes a res peito. ● Vizinha de Itu, a localidade do Sal to de Itii açompanlia-lhc' - o gêsto. montando, em Í875, ● üma‘. fábrica de tecidos d*e algodão. A.,?ua fundação foi promovida, por Jósé- Galvão cie'. França Pachecp, que importou da Inglaterra os maquinisríios. Contava, no ano de 1887, com 120 teares,, ocupando 110 operários. ■ Associando-se, os srs. Antônio'"dc Sousa Queiroz e Guilherme 'P. Rals ton montam em Santa Bárbara, no ano de 1876, uma outra fábrica dc te cidos. Atualmente pertence à firma Mueller Carioba & Cia. Ocorreu en I

gressara do Japão (para onde íôra. ■ ao deixar o esíaiiclecímento do major Diogü), monta mais uma fábrica de . tecidos, locali/.ando-a em Sorocaba, Deu-lhe a denominaç.ão de Fábrica Nossa Senhora da Ponte. O capital dc que clispuniia a orgamzaçao SC elevava a 3ÜÜ contos de , réis, sendo 240 cm maqinnismo, 57 cm terreno c edifícios c 3 em prédios para operários. Os seus negócios eram feitos com a praça de São Pau lo. Eni 1886 foi feita uma remessa para o Rio-Grande-do-Sul. Tornouse celebre o brim dc sua fabricação, o <iual cra conhecido como “brim so* iocabano” e sc vendia a 340 réis o : metro. Em 1882, Salto dc ftu vem a con tar com mais um cstabclecimeiUo fabril, fundado pelo' dr. F. F. Barros ● Júnior.' No ano dc I8S7 contava com 74 teares, ocii()ando 120 operários Os seus maquinismos foram importa- < ● dos dos Estados Unidos. ' : Durante êsse mesmo ano assinala-

tão lim interregno, passando-se alguns anos, sem nenhuma nova iniciativa.

va-se na capital, graças à visão do major Diogo dc Barros c á experiên cia industrial de um dos seus antigos auxiliares na fábrica cia rua Florên-

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1881 ● marcou o reinicio de atividade, com- a -montagem, em Tatuí, da Fá-

cio dc Abreu, o sr. Frederico Kovarick, que se haviam associado, mais um

● i

''brica .São Martinho, levada a efeito por Manuel Guedes & Cia. O ma-

empreendimento, arrojado para a época c de inegável repercussão no progresso ele' nossa industrialização.

quinário proveio de Oldham,- da In-

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Diyesto Econômico

25

Montou-sc i-ntão a primeira f.ábrica de (/stanipavin de alpodão c cbita do pais. l'jinoionava à nia 25 dc Mar ● Ço. juslamciUe na área' por onde pas>a boje a rua Anhanpabaú, ao cruaar aciimla.

mero de teares foi elevado a 200 O ^capital da cinprêsa, ne^se ano, era de 550 contos. Jiintamcnte com a do major Diogo de Barros, entrava no número das duas fábricas mais im portantes do Estado.

jumliaí juntou-se, om 188.3 ou 84. ao ● . l-:m 1887 o dr. Otaviano Pereira numero rle nossas cidades industriais. Mendes montou uma fál)rica em Sal Feve lugar ali a montagem de uma to de Ttu. Os seus maquinismos fo íábric:i. prtnnovida jido.s sr.s. .-Mlen ram importadosv dos Estados Unidos. Baggut e Jobn r>arker. .'\mbos eram técnicos inglêse.s (|uc, tendo vindo pa ra o ]3rasM como contratados dc nosiminstrialistas, baviam, à .seme lhança dc) (|uc ocorrera com o sr. Kovarick. conseguido recursos para se . tornarem patrões c iniciavam a aventura, Irabalbamlo por conta própria. Por iniciativa de l.uís Vicente dc í^ousa Queiroz. (luc tcin liojc o seu nome ligado à Escola .-\gricola Luí.s <le Queiroz, dc Piracicaba vcrificou■●e a fundaçrio de uma fábrica. O fa Os to teve lugar no ano' dc 1884. seus maciuinismos vieram de Oidbam. rrasladaiKlo-'sc para a capital, o co ronel T.uís .-Viitónio dc Anbaia, a cuja iniciativa e esforço sc devera a mon tagem da I'ál>rica São Luís, em Itu, fundou uin novo estabelecime nto, ini ciando o sou funcionamento em -1886, . rua Bom Retiro, junto à linha da São Paulo Railway, com 50 teares, 3 cardas, ,3 máquinas de estirar o algodão, .3 dc preparar e enrolar os fios cm diversos graus, urdideiras c engomadeiras. A sua produção diária, cm 1888, era de 1.802 metros, e ocupava 75 operários.

Em 1887 o nii-

Os capitalistas. — O elemento técnico. — O operariado

Da rápida c imperfeita exposição — rápida, pela natureza do nosso traballió, que não visa a análise cien tífica. mas apenas a descrição histó rica. — e imperfeita, devido às difi culdades de pesquisa c verificação — se concluf fàcilmentc que os capitalistas das emprêsas se recrutavam entre pessoas pertencentes a famílias tradicionais do Estado. Os técnicos eram. em sua maioria, de nacionali(lade inglesa, atraídos, por meio

de

contratos, ao nosso país. O opera¬ riado provinha, a princípio, do ele mento nativo. c, após a imigração, deste e do pess^jal que procurava o país como imigrante. Dentre êste, destacava-se o italiano, que consti tuía a grande maioria. O técnico inglês percebia um salá rio de 600 libras mensais. Sendo a libra* cotada a 10 mil reis, 'naquela época, isso significava que o orde nado mensal, em nossa moeda, sè elevava a 6 contos de réis.


Díjesto Econômico ●

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A situação cm 1886

panos,-no valor dc perto de 4 mil contos. EmprcRíivam l.'>00 operá-

Segundo um relatório, apresentado, cm 1886, ao presidente da províticia.

rios. Os ine.slre.s cni geral percebiam a diária de lÜ inil réis, os contra-mes-

por uma Comissão de Estatística, de que faziam parte o dr. Elias Antônio Pacheco e Ciiavcs, presidente, dr.

tres ganliavam dc 4 a 5 mil réis por dia e, quanto aos operários, varia- | Domingos J.osé Nogueira Jaguaribe ‘ vam os ordcnado.s, a roíneçar de 320 ; Filho, dr. José Joaquim Vieira dô réis par^ os menores. Baseando-se ! I Carvalho, engenheiro Adolfo Augusno consumo dc 700 gramas dc algo- ' to Pinto e o sr. Abílio Aurélio da Sildfio cm caroço para cada metro de va Marques, o Estado de São Paulo pano, a indústria de tecidos dc algo- ● contava, naquele ano, com 12 fábrid<ão consumia nesse ano, cérca de 9 [ cas de tecidos de algodão, assim dis mil toneladas, cujo valor era avaliado i tribuídas ; 2 na capital, 4 no municí em mil e cem contos de réis. Ao nú¬ pio de ítu Cl) e 1 em cada um dos

I

municípios de Piracicaba, Jundiaí, Santa Bárbara, Tatuí e São Luís do Paraitinga. As mais importantes eram as da capital, pertencentes a Anhaia & Cia. e ao major Diogo de Barros. A primeira, com um capital de 550 contos, compunha-se de 200 teares e fabricava anualmente cerca de 2,500.000 metros de panos de diferen tes qualidades, no valor aproximado de óOO contos. A segunda, fundada com um capital de 500 contos, possuía 150 teares. Englobadamente segundo o re latório citado — as 12 fábricas re

mero daquelas'fál>ricas acrescentava-se a de chitas (a que também fi zemos referéticia), com um cai)ital dc

425 contos. ICmpregando 70 operá-| rios, fabricava anualincnte 320.000 | metros de chitas, no valor aproximado de 400 contos de réis. BIBLIOGRAFIA Paulo

Cursino

de

Moura — “São

Paulo de Outrora”. Afonso A. de Freitas — “Tradições e Reniiniscências Paulistanas Nuto Sant'.Ana — “ São Paulo His tórico ”.

presentavam um capital de cerca de 4 mil contos, contando 1.200 teares

Antônio Francisco Bandeira Jújiior — “A indústria de São Paulo em 1901 ”

e com uma produção equivalente' i 12 milhões de metros de diferentes

Adolfo Pinto

Hi.stória da Viação Pública em São Paulo”.

F. Nardy Fillio — “A primeira fá (1) Neste número devem estar in cluídos os estabelecimentos de Salto de Itu,

'

brica de tecidos, a vapor, em São Paulo", arti^ n’“0 Estado de São Pauio”, 22-2-44.


L

Dígesto Econômico

27

F. Xarcly

FilllO — A primeira fáb.rica de tecidos. a vapor, cm São

Paulo", artigo n'“0 São Paulo". 30-3-44.

Estado

artigo

de

Paulo", carta

carta n "O E.stado dc São Pau lo”, 11-4-44. ■

Sorocaija ",

de tecidos

algodão

em

São

de

Padre Luís Castanho de Almeida A primeira fábrica de tecidos",

Aluísio dc .Mmeitla —

John Hoiigh — “A primeira fábrica

n’“0

Estado

de

São Paulo”,'9-3-44.

Relatório^ apresentado ao Exmo. Sr.

O algodão de

Presidente da Província de São

n’“0

Paulo pela'Comissão Central de

de São Paulo", 23-11-44,

Estado

Estatística — 1886”.

espirito democrático Tôda vez que perguntam ao Agnelo, que possui uma oleuria, porque fabrica ^tijolo em tamanho pequeno, êle explica: ' Por espirito de democracia,

— ?! — A democracia é o . . . governo que obedece à vontade da maioria. Ora, fabricando tijolo pequeno, ganho eu, ganha o meu operawo, que recebe por peça e que, em vez de fabricar 500 por la, fabrica 1.000, ganha o trabalhador da construção, que cansa menos no transporte e assentamento do tijolo, ganha o chofer do caminhão que o leva da olaria ao local e é remune rado por milheiro.,. — E o proprietário...? , ® proprietário fica em minoria, que tem o direito de critica.


A luta pela America cío Sul

QUAL é a posição em c|uc, no con certo na economia universal, sc sí.tuam os países da America do Sul cm face das nações em cuja influência aquela obedece?

conflito, e o (jue sc seguirá a êste, no qual as íórças dc produção deve rão reajustar-se à normalidade. ^ Antes da guerra, a- posição da .-\mérica do Sul, cujos países tinbam a sua 'economia bâscada quase num linico produto, cra á de fornccedorg de matéria-])rima às nações manufatiirciras. Ao estalar o movimento ar

N

I

Onde estará o futuro da América d? Na aproximação aos Estadoi Unidos ou na sua articulação à cco*

Sul?

nomia da Europa? 1

Primeiramente se

rá de necessidade estabelecer uma ^ distinção entre o período anterior à guerra, o atual, em <iue transcorre o

I

I

mado, que ainda perdura, ocofreu. uma mudança no sentido de indu.'jtrialização, visando o abastecimento interno, como no caso da Argentina

pelo fato de (|ue ainda se cncontratt | cm curso. [ Preiide-se à época anterior à guer* i ra a análise a (|ue o Sr. .1. F.^Norma ● no, em seu livr<i ".\ luta ()eln Americí ' do Sul", recentcim-nte traduzido pari ! o I10.S.S0 idioma, submete a cconomUr sul-americana, examinando-a cm > ( mesma e n.as suas relações com .a* ' potências

mundiais, (pic

procurar. ●

atraí-la para a sua influência. Mav ^ cxaíaipeiite : reíere-sc ao período ime diatamente após a crise dc 1929, poo livro foi publicado em 1931 nas E> tados Unidos e nêle transpira o cs

1

à exportação, como no exemplo do Brasil, Se essa temlcncia perdurará

tado de espírito da década anterioT ; em que a nação norte-americana v: ; veu sob a inspiração da Prosperi ● d ● dade ” dc Hoover. O “ craclc

nó após-guerra, ou se haverá um re torno às condições antigas, somente

. '1929, o “ New Dca!", a política e ò renasciment ; ‘‘Boa Vizinhança"

e do Chile, ou mesmo estendendo-se

o futuro o dirá.

Não podemos tam-

bém, sem perigo de fácil engano, emi tir opinião .segura sóbre as condições do momento, não apenas _ em virtude das circunstâncias anormais, como

do

espírito

imperialista

gertnânic ,-

vieram alterar um pouco os quadro j cm que o distinto economista coloct>‘ . o problema da “ luta pela Améric. do Sul”.

i


■7^

I Z9

Digesto Hconómtco

Ao tempo a que se referem as ob servações do Sr. Xormano, as rela ções prineii^ais da economia sul-ame ricana com u minulial-iKidiam ser re sumidas no .seguinte csciuema: de um lado. iiistqdos Unidos, c de outro a 1-iuri'pa, destacando-se do seu con'T/

por intermédio do moviim*nto de mi gração constante, reduziam a sua influC-ncia quase só ao campo cultural. À Inglaterra interessava sobretudo o A ‘Espanha intercâmbio comercial. procurava acrescentar aos interesses económicü.s ó.? culturais. raciais e a -Quanto a continuidade histórica. Portugal, eram estes mesmos os interesses que o aproximavam do Brasil; em movimento cuja proporção e im ficavam muito portância, porém. aquém das do hispano-americano. Na disputa para o predomínio na América do Sul ocorria choque entre os Estados Unidos e a Europa.

A ri-

validade transparecia na propaganda Perigo lanqui ”, européia contra o a

J

junto a Inglaterra, a Alemanha, Fran ça. Itália. Espanha e Portugal, to

estimulada sobretudo pela Espanha, .» qnc se aliava a Igreja Católica, apre sentando* ambas a influência dos Es tados

Unidos

como

deturpadora da

dos com a sua atenção voltada para a América do Sul, que se situaria comoy ceutro ile couvergcMicia para o qual se dirigiríam os interesses daqueles e <le onde parliriam forças de repulsão ao movimento de penetração ou cm que SC manifestariam tendências fa voráveis a êle. Entre os interesses poderiamos distinguir aciuêles mais pre<lominanteinente econômicos e outros mais aceu-

C=)

CL

PB

uu

luadamente culturais. Naquela -épo ca, era ainda nula a irradiação alemã na esfera universal. A França e a Itália, a primeira através da raça, da religião e das artes cm geral, a se gunda através da raça, da religião e

2

K/S!

<5=5sS?

-alma latina e da religião ancestral. Essa

campanha

encontrava

grande


30

Digesto Econômico

ecQ na América Espanhola, destacan

seu povo.

do-se a Argentina, que capitaneava o movimento contra os Estados Uni

mostrava interessado na compra de ações

dos, dos quais a separava a concorrên cia econômica no mercado do trigo.

aos governos, já o inglês se inostrava inclinado a subscrever bônus de

Estranho ao movimento permanecia o Brasil, aliado político dos Estados Unidos, de cuja economia a sua cons tituiu sempre um complemento natu-

grandes companhias i)ritânicas que viniiam constitiiir-sc no novo continente. Quanto aos Estados Unidos, a sua penetração realizava-se por in as termédio dos Rig Thirty

Se o francês apenas sc

provenientes

de

cmpréstinio

grançles organizações internacionais existentes no paí.s, eni que ficavam

^COMPLE'^ENTAÇAO ECONtíMICA DOIS países

as matrizes, e que e.staboleciam filiai.s no exterior. Que SC desenliava então para o fu turo? ü autor não o formula, mas, pelo que deixa entrever, ao mostrarnos o exemplo de Cuba, parece que se inclina pela aproximação sul-ame ricana aos Estados Unidos, apontando-nos a experiência realizada na ilha. ●

i

que.se enriqueceu com o auxílio do país norte-americano. A penetração 'em Cuba se féz por intermédio dos “Big Thirty”, em cujas mãos se eii-

ral. Essa complemeníação econômi ca era completada pelo espírito dc coritinentalísmo, mais forte nos dois países do que nos demais da Améri ca, ainda muito ligados à Europa, através do culto à tradição hispânica, à “ hispanidad ”, grandemente difun dido nas nações hispano-americanas.

contra atualmente a indústria açucareira. Aqjicles, sc retiraram dos cubanos a propriedade das usinas, atraíram para o país um grande co mércio .exterior c, com os salários al tos, melhoraram consideravelmente o padrão de vida. Haveria muito a discutir nas idéias

cada

do Sr. Normano, que nos vê do pon to de vista norte-americano. E' vi-

país com a América do Sul apreseiitavain peculiaridades especiais, seguiido o temperamento e o espírito do

sível a sua simpatia pelo Brasil, que considera como uma espécie de elo entre os Estados Unidos e os demais

As

relações -econômicas

de

jjà


r 31

Digesto £conómíco

sido, cm verdade, pois as nossas eco

ra, ao desenvolver a lavoura do algo dão ao lado daquela, e depois a guer

nomias, como observa o próprio au tor, se ajustavatn e se completavam, ao

ra, que nos permitiu a entrada no co mércio mundial de tecidos e a ten-

países da América do Sul.

Temo-lo

fumaPAIS lh/fLU£MCÍAf

Pi anÂrBn munpiAl SüBM A AMmcA LATm *22to ^ § 3a

ÍMTERCAMBIO ^ 35i

\

COMERC c:> INVERSA CAPITAN INDUST.s

is ^

contrário, por. exemplo, do que acon-

tativa da indústria pesada com Volta

tecia com a Argentina, cuja concorr rência era aguda no mercado do trigo.

Redonda, nos criaram condições que talvez venham a colocar-nqs em antagonismo coin os Estados Unidos, no

A crise do café, primeiro, levandonos a diversificar a nossa agricultu-

após-guerra,

Fode ser,

entretanto,


é

32

Oigesto Econômico

que isso não se veriíiquc e que <» Brasil continue cònstituindo o ele-

lopúbliirn (Io noru- c pan-co vem ga-

mento de ligação com

accnluarcm

que a nação

a?.

«liligcMUMas

Itriianicas

norte-americana procurará contar pa

para a constilui(:ão de

uin

bloco de

ra a instituição de

países

se

articulem

auto-suficiência

uma política

econômica

ele

continen

tal' — pensamento que ,se esboça na

'I

nliando terreno, principnlinontc se se

num

cujas economias

sistema

íecliado, tendo a

lil)ra

por centro de gravtílade.

DATILOGRAFAS — Veja srta.: neste relatório que escreveu em companhia do .sr. Praximedes e que a nossa companhia deverá dirigir à firma dele, a srta. começa tratando-o por sr. e termina por tu... £» que... é que levamos 2 semanas para rcdigí-Io...

l


r


r

\()V()S

IIOltl/ONTES

● V

Poços de Caldas e sisas j;izldas de zireôisio por Rül KÍBEIRO FRANCO (Especial para b “Ditícsto Econômico”)

0 2Írcônío, embora se encontre ampla e difusamente espalhado na maioria das rochas magniáticas, poucas vezes é encontrado em quantidade 'Apreciável, de modo a constituir depósito de valor económico, isto é, possível de sor industrialmente trab:i Ihado.

f

I

Dada a coincidência de suas pro¬ priedades com as de outros elementos, o zircônio passou despercebido aos primeiros químicos. Sua identifica ção data do ano de 1789, quando Kiaproth anunciou'a sua descoberta, após analisar cristais de uma variedade de zirconita (ortosilicato de zircônio), do Ceilão. -Anos mais tarde, estudando outra variedade dêsse mineral, tornou

I

a encontrar o mesmo elemento. .Após a sua descoberta, muitos outros pes quisadores continuaram seus estudos, e merecem ?er citados os nomes dc

Dadas as

propriedades físicas c quí

micas que possui o oxido dc zircônio — aito ponto de fusão, baixa conductibiiidade térmica, baixo coeficiente de expansão, pequena porosidade (praticamente impermeáve! aos líquidos) c inatividade a muitos agentes quími cos — larga é a sua aplicação no campo industrial.

se, sob forma coml)inada, associada u outros minerais da.s refíiões auríferas alí existentes. E’ encontrado na Gro enlândia, na Noruega, na Traiisilvânia, na Boêmia, no Tirol, na França, iTíi .Austrália c na Nova Zelândia. Nos Estados Unidos trê.s são as lo calidades onde se' encontram 'níincrais de zircônio comercialmcnte cxplorávei.s: Green River (Carolina do Nor te), Anderson (Carolina do Sul) e Ashland (Virgínia). As côres dos cristais dc zirconita

Guyton de Morveau, Vauquelin, Trom-

dessas

msdorffi Berzelius, Svanbcrg e Sjo-

sobremaneira. Há cristais âmbar, encastanho-avermelhados. fuin//-; idos-,

gren.

diferentes localidades

variam

No Ceilão, o zircônio é encontrado ' azuis, verdes, pretos e castanho-opacos. sób a forma de zirconita nas areias Pequenos cristais brancos são encontrados nas lavas do Vesúvio. aluvíonais.- Nos montes Urais acha-


1 ^igeiito £conómico

Quando transparontcs c coloridos constituein pedras semipreciosas de rara beleza, dado o seu alto índice de reíi'ação. ●As gemas mais bonitas que Se conhecem procedem do Ceilão, ^Xudger e New .South Wales (Aus^●’ália).

Na regido de Poços de Caldas

Datam dc muito tempo as primei ras referências sobre os depósitos de minerais de zircôiiio nas áreas de Cascata (São Paulo), Pocinhos ● do Rio Verdè e Parreiras (Caldas) no Rstado de Minas Gerais, na conlieciOs da região de Poços de Caldas.

3S

trabalhos mais

antigos referidos

na

literatura são os de Orvillc E. Derby (1887),' Doin Pedro Augusto von Sachsen-Coburg (1889), Eugen Hussak (1899) c Eugen Hussak em colabora Mais ção com J. Reitinger (1903). modernumente os* nomes de outros

pesquisadores se juntam aos primeiros. São êle Rui de Lima e Silva (1928), Djalma. Guimarães (1933), Otávio Barbosa (1936) e mais recentemente Emílio Alves Teixeira (1943), cujo trabalho foi publicado no Bole tim N.° 55 do Serviço de Fomento da Produção Mineral (Departamento Na cional da Pródução Mineral).


Digesto Económicc»

, V

r; s

teor ctii <lc zircõnio, são coiil*^ cidas, (pier cientiíicamentc, quer comercialniente íalamlo, pcio nome c o notiit “ Zirconita "calda.silo

mente publicado no Boletim “ Mineralogia n.° 7” do Departamento de Mincralogia e Petrografia da Facul dade de Filosofia, Ciências e Letras e, na suposição de que algumas linhas sôbre éstes minerais poderiam inte

quanto o de " hadeleíta" é consagra do ao ó.xido do mesjno elemento. Tai.forniações sao encontradas. ora ct^ filõe.s encai.xado.s nas rochas da rc-

ressar grande número de pessoas, re solvemos dar publicidade a êste re sumo. Na região de Poços de Caldas, uma t' r

i

I

Tendo terminado pequeno trabalho m orfológico-genético sôbre os mine rais cie zircónio da região dc Poços de Caldas, o qual deverá ser breve

das mais promissoras do globo no que concerne ao zircónio, já foram des cobertas muitas jazidas. Ademais cm nosso pais, a zirconita é encontrada, ainda, em- grande quantidade nas areias ilmeníticas e monazíticas dos depósitos terciários e quaternários do litoral da Bahia, Es pírito Santo, Rio-de-Janeiro e São

dado ao orto.-iilicato dc zircónio, cn-

giao, ora nos aluviões (aciui as massas de minerais de zircónio são cncontradas à flor da terra ou a pouco*' metros da superfície, íragínoniada*não roladas e associadas, seja a niassr

| de argila, .seja dc bauxita), e final mente, nos corregos e riachos, nevchamados depósitos dc aluvião Nes tes depósitos o material c geraliTicnt. d-' favas rolado, constituindo as zircomo.

Análises químicas

Paulo. A zirconita está, aí, associada à ilmenita e à monazita. Nestes úl

As análises químicas, quer dos or

timos depósitos os cristais de zirco

tosilicatos, quer do óxido ou do nia-' terial misto variam sobremaneira ,

nita são microscópicos, hialinos e, ao contrário dos depósitos da região de Poços de Caldas, não se acham asso ciados ao óxido de zircónio. Sua concentração será, na melhor das hi póteses, o subproduto do beneficiamento da ilmenita ou monazita. Os principais minerais de zircónio encontrados na área mencionada con

Constituem impurezas do zircónio o- \ seguintes elementos: silício, ferro, ti¬

tânio, alumínio, além de outros que existem em quantidade mínima. Teòricamente, o melhor material da re- * gião é aquêle constituído pelas fava< negras reniformes, botrioidais ou

sistem, predominantemente, do ortodo silicato de zircónio (ZrSi04) e óxido de zircónio (Zr02). Misturas

inelonares, que mostram na análise química o magnífico resultado dc y 97% de Zr02, na maioria das vezes. Quanto mais silicoso fôr o mineral ou ● massa dc minerais, tanto menor sct-4

de ambos, constituindo níassas de alto

a quantidade de Zr02.

Á


w

!

37

^*íje»to Econômico

As mas.-sas dc caldasito, .constitutdas, como já tivemos oportunidade de mencionar, de silicato c óxido de zircónic>. altcrados ou não, podem ser fuci!meiue e.studa<Ias à luz ultra-vÍoleta.

Pudemos verificar que, utilizan do-se fi lâmpada Mineralight", pode distinguir -se imediatamente, na massa flc caUlasito. o silicato do óxido. O primeiro. quer seja cm cristal, massa nucrocristalina ou mesmo cm pó impalpável, iluoresce com côr amarela intensa. en<iiuinto o óxido, ao contrá rio, não reage de maneira alguma, re fletindo >iini^losmontc a luz ultra-vioIcta. A a[>Hcação de tão simples método de análise poderá ser muito útil para a separe.ção imediata dc ampstras ou outras determinações preliminares. Atualmente vimos pesquisando nes ses minerais a possibilidade de se de terminar. quimicamente, o seu teor cm háínio. Êste elemento pode ser determinado em um sal de zircônio puro, por <Iuatro processos diferentes: determi nação pela densidade; análise de um composto bem definido, equivalente a um peso atômico determinado; pela

tos casos, de 1.5 a 2.5 g: em cem gramas de Zr02 + Hf02. Análises feitas nos cristais de zirconita, encontrados nos sienitos nefelínicos do Brasil, mostraram que o conteúdo em háínio era um dos me nores já encontrados. Muitos minerais com teor alto em zircônio e háfnio contêm, ainda, gran des quantidades dc outros elementos como o ítrio, o tório, o urânio, o colúmbio, o tântalo e o berilo. Hcvesy e Wurstlin, Z, physik. Chem., A-139, 608 (1928) dão, a título de comparação, os teores de háfnio de uma variedade de zirconita, de dife rentes localidades: Karélia (2,3%), Parry Sound, Ontário (2,36%); Tevas (l,0r-1; Bedít”-, M. J. (4,5-5':í) e Rocleport, Mass. (10%). Algumas semanas após a descober ta do háfnio, os laboratórios da Phi lips Lamp Works em Eindhoven (Ho landa) se interessaram muito pela preparaçao metálica deste elemento. Pretendiam êles aproveitar o me¬ tal, que tem alto ponto de fusão e lareniissividade electrónica, na fabri cação de válvulas termoiônicas. ● E’ nosso intuito, ainda, a verifica

espectroscopia ótica e por meio dos raios' X. .\ aplicação de cada um déstes métodos depende do tipo do preparado dè zircônio. Investigações minuciosas dc grande número de mi

ção da existência de elementos ra dioativos em associação com o zireômo. Caso isso venha a ser demons-

nerais zirconíferos demonstraram que o háfnio sempre acompanha o zircônio na natureza, sendo a porcentagem do óxido de háfnio (Hf02), cm mui-

Poços de Caldas poderão adquirir no vos interesses e mais amplas deverão

trado, os atuais depósitos de zirco nita e óxido de zircônio da região de

ser as investigações no local da área mineralizada.


38

Digesto Econômico

Minerais de zircônio de outras le

puroza>

.sobremaneira

giões têm mostrado, na análise, ele mentos tais como: urânio, ítrio, e ou tros elementos raros.

para a íonnação de ligas.

utilizatlo na

Naegita é, apa

sua»

re(Im,'ão de metais ;

rentemente, o ortosilicato de zircônio

Já se conliecmn muitas ligas dc zir

(zirconita) com óxidos de ítrio, nió-

cônio, como foi mencionado anterior-

bio-tântalo, tório e urânio, ([uase to

Mtjitns ligas e.xilunn brilho ● algumas ridas adquireni ” polimento idêntico ao dt) aç<.«. Como ; mente.

dos elementos radioativos.

metálico

c

filamento de lámpada.s a liga aj^resen- )

Aplicaçao do zircônio ’

ta a.s .segninte.s porccntagim.s: o5% Zr; 26% Fe:. i).I27o (le tilanio e 7,7U

A mais primitiva aplicaçao do zir

de alumínio.

cônio, sob a forma de composto, lo i a de se utilizar o ortosilicato dc z!r -

!●-’

utilizado

no.s

írírnos.

() ó.xido

de zircônio niisiurado a bons coudu- .

cônio natural, como pedras scmiprc ciosas. Dada a sua alta dureza (7,5) é cojtado com diamante e lapidado com o^pó do mesmo mineral, depe IIdendo seu preço da pureza da cór.

aíetain

[iroprietiadc.s elétricas,

Posteriormente, em 1880. com a in trodução das camisas incandescentes de Weisbacb, inÍciou-se o uso do óxido

I

de

zircônio,

que,

foi substituído pelos e cério, que emíssivo.

possuíam

E' utilizado,, sob a

mais

óxidos

tardj,

dc tório

maior

poder

forma metálic a .

na fabricação de filamentos para lâm padas -

elétricas, dado .seu

ficiente

de

baixó coe-

expansão, além

da.s

pro

priedades já acima mencionadas. Nes te particular, o zircônio podería subs tituir ção

o tungstênio, viesse

a

se

comerciais meliiores. gadores

caso 'sua

fazer

em

produ

condições

Alguns investi

cio zircônio maleável

ratórios

químicos.

Contudo,

1

dão-no

como substituto da platina, nos labo a

E’

pre

sença de pequenas quantidades de im-

●●

torés melhora os eletrodos dos fornos. e

ainda

utilizado

como material

cómo

de

refratário

revestimento de

* /

ít!I


DígestG Economico

39

fornos elétricos, dada a sua durabili dade. Como reíratário, o óxido de zircônio c emprefrado na fabricação de cadinhos, muflas e pirômetros. Dadas as propriedades físicas

c

ciuímiças que possui o óxido de zircònio — alto ponto de fusão, baixa conduciiijüidade térmica, baixo coefi ciente <le expansão, pe(iucnà porosi-

dade Cpràticamente

impermeável aos

líquidos) c inatividade a muitos agen tes químicos larga é a sua aplicaçao no campo industrial. , Neste particular, pedimos a aten ção do leitor para o fato já mencio nado anteriormente, que um dos mi nérios de zircônio dos depósitos de Poços de Caldas é o óxido de.zircôPode ser nio natural, quase puro.

usado. portanto, quase diretamente, necessitando apenas de pequena puriiicação mecânica. O óxido de zircônio adicionado ao vidro auiiienta sua resistência às for ças de tensão c rompimento, dimi nuindo ainda a tendência à devitrificação. K', finalmente, aplicado na indús-

tria têxtil, para a fabricação de colóides, na medicina e como abrasivos. E’ do conhecimento de todos que muitos aços e ligas especiais têm na sua composição certa porcentagem ’ de zircônio. Assiih são os aços para peças cortantes, os quais são isentas de ferro e carbono; as ligas resisten tes à corrosão; as ligas ferro-zireônio para filamentos de lâmpadas; as

'


40

Dígeito Econômico'

ligas Zr-Xh-Ta

não atacáveis

pelos

ácidos: as ligas de alto ponto dc fu¬ são e aço-zircônio, o qual é obtido adicionando-se Fe, Zr, Ti e C ao aço fundido, etc.

turo, futuro muito prú-NÍnio, as nossas reservas, somos dc opinião que deve riamos restringir ao mínimo nossas exportações desse minério. 'I'al fato deve merecer lôda a aten ção dos interessados da nossa meta

Considerando-sc o fato da ainpia c crescente aplicação do zircônio nos diversos setores da indústria e a iiecessidade de conservarnios para o fu-

lurgia, visto fjue muito em breve es taremos produzindo, principalmciuc cin Volta Redonda, as ligas e aços especiais dc zircónio.

t

i

COMPRADORES DE AUTOMÓVEIS POR ELEIÇÃO Q Departamento de Administração de Preço, no. Estados Unidos, acaba de elaborar um plano para racionamento de au^move.s, quando a produção dêsses veículos fôr retomada. Consiste esse plano no que chamam sistema de “pirâmide invertida”: os compradores para os primeiros carros, em numero reduzido, serão escolhido» por eleição, aumentando-se a lis ta de candidatos, a medida que a produção se fôr desenvolvendo.

á


ri

TMAMSFCMITES A Eslrsada de Ferre Ersfisil—llolivia poi-

MATIAS ARRUDAO

(Especial para o

Digcsto

"^MA -dcclaraç ão do engenheiro Luís Alberto Wliatcly à imprensa cau* sou surpresa e geral satisfação: — a Comissão ívlista Ferroviária Brasileí—Boliviana, cm vez dc adquirir ga solina em

Corumbá, a S2,20 o litro,

fazia-o na Bolívia, cm Santa Cruz dc la Sicrra, ao preço de $0,65. A

diferença no custo da mercado

Econômico ’’)

Entre Vila Vila e Porto Esperança fi cou o vazio, a planície boliviana, árida e até pestilenta. onde, na frase de um engenheiro, há “dezenove mosquitos por centímetro quadrado”. Área de . 1.19T'quilômetros de extensão, os go vernos de La Paz e Rio-de-Janeiro convencionaram preenchê-la de dormentes, trilhos e composições ferro viárias cm movimento.

ria, pela simples transposição da fron teira

política,

é

uma

diferença

tão

grande, tão considerável que a notí cia chocou

o

espírito

dos

souberam, chamando-lhes para os trabalhos

dc

dela

atenção

construção da

grande via-férrea que a todas as

que

a

despeito

de

dificuldades prosseguem na

extremidade ocidental de Mato-Grosso e no território do país vizinho e amigo.

A Bolívia, menos irrigada de gran des rios como Mato-Grosso, tem no rio Paraguai um verdadeiro mar in terior.

Aliás, outra não é a hipótese

que explica o fenômeno geológico das planuras do pantanal, com suas en chentes periódicas, que lhe deram o nome de antigo mar de Xaraiés. Fe chada para o ocidente pela cadeia dos Andes, viu-se forçada a voltar-se pa

O rio Paraguai no sistema

ra o “hinterland”,

continental

na

direção

do

oriente, por onde corre o caudaloso A

história

dessa

tran.scontinental, processam

trabalhos

Como

Mato-Grosso

viv“

à margem do rio, também a nação bo liviana cuidou encontrar no Paraguai o escoadouro de suas produções sub● -andinas.

público

e

Paraguai,

Santa

que o

Corumbá

se

Cruz de la Sicrra, é bem mais antiga do

entre

estrada-de-ferr.i

cujos

geralmcnte

supõe.'

1 4


44

Digcsto Hconómico

Já cm 1865 se projetava a const'-ução de uma ferrovia de Santo Corazon a Corumbá, passando por San Tiago e San José de Chiquitos; e em 1890 o presidente Aniceto Arce outor gava ao Bareão de Mauá a primeira concessão, incluindo Santa Cruz dc la Sierra no traçado, bem como um ra mal para Antofogasta, no Chile, O plano, porém, era demasiado extenso para uma só empresa particular. De pois da tentativa branca da firma

na direção do iiUerior. oti seja no ru mo rlc leste, iiara cncontrar-sc com a linlia de iH-netraçâo íl.a XOB. Quan i ílo jjro.rrredia <le Cudiabainlui a Santa Crin' de la Sierra, desocmlo ])or con seguinte o maciço andiíio, a estrada cm 1920 iiUcrromi^en sen avanço, pa rando na localidade de \'i!a Vila. Entre Vila Vila e Porto F.sperança ficou o vazio, a i)lanícic boliviana,

Perry, Cutbil fi: Lung, surgiu em 1901 L’Africaine a companhia belga

árida c até pestilenta. nnde, na frase dc um engenheiro, há “dezenove mos quitos por centímetro q uadrado”Arca dc 1.191 r|uilómctros de exten

concessionária da construção de um pôrto na Baía Xegra e dc uma via-fgrrea dali a Santa Cruz de la Sierra.

são, O.S dois govcrtios convencionaram prccnclié-la de flormentes, c compo sições ferroviárias em movimento.

Como as outras, esta também falhou, lamentávelmente, nos seus propósitos técnicos e financeiros.

A

Surge a Noroeste do Bra.sil

Em meio desses sucessivos fracas sos deliberou o govérno brasileiro lançar uma estrada de Bauru “a um ponto no rio Paraguai adequado à en caminhar para o Brasil o comércio do sudoeste boliviano e norte paraguaio, permitindo ao mesmo tempo rápida? comunicações com o Mato-Grosso, in dependentes de percurso em territó A estrada foi rio estrangeiro’’, construída e tomou o nome de Noro este do Brasil, ligando Santos a Pôr to Esperança, sôbre o rÍo Paraguai. A Bolívia, de seu lado, coagida pe las suas indeclináveis necessidades, fêz a ligação férrea entre La Paz e Arica e começou a descer os Andes

Hstrada de

Ferro , Brasil—BoHvÍR

Foi assim que o Tintado de Vin cularão Ferroviária, assinado no Rio● dc-Janciro em 1938. resolveu efetuar a ligação dêsse trecho, criando a Co missão Mista c ficando cada governo com um trecho à sua exclusiva responsa!)ilidadc. Dc Pôrto Esperança a Corumbá s-ão apenas 93 quilômetros, mas sôbre o rio Paraguai há que ser lançada unia ponte monumental, de preço eleva díssimo, ponte que se acha em vias dc conclusão. São dois quilômetros de extensão, inclusive os viadutos de elevação da plataforma da cstracla-dcferro à altura da ponte pròpriamentc dita, a qual mede cérca de 470 me tros, a 24 metros de altura sôbre o leito médio do rio, pelo qual transi-


p Digcsto Econômico

í:mi os

45

vapores cias linhas regulares

de navega(.'ão do Paraguai, Os viadulü.s e.slão prontos: mede ‘>71

tos”) com uma população de um mi lhão de habitantes, inteiramente iso

um

lados por falta de transportes.

As ri

melros, do lado dc Pòrto

quezas do subsolo, o petróleo da fai

Ivsperança e o outro 559, do lado dc Corumbá. A ])i.mtv. cujos pilares se

xa subandina e os. metais do altipla no encontrarão na via-férrea trans

acham lançados, aparecendo fora das

continental seu

aguas, consta de cpiatro arcos de 90 melros e um principal de 110 metros de vao.

com benefício não apenas para a Bo

A parte do govêrno boliviano é também onerosa, I9eve ela avança'-

mento de artigos que não possui e de

escoadouro

natural,

lívia, senão ainda para o Brasil, que ali terá

magníficas fontes dc supri

dc \ :1a \‘ila a Santa Cruz, numa ex-

que tem necessidade — como principalmcnte o petróleo.

dificult'msao lif 511 tinilüinetros. dade c.slá cm <1110 a primeira cidad-',

1947, co:n as seguintes escalas:

SC enccmtra

rumbá; estaca 0: El Carmen, 110; Ro-

plantada

numa

encosta

A

liniia

atingirá

Santa

Cruz

em Co¬

dos Andes, a 2.400 metros de altitude,

horé, 159; Sair José de Cliiquitos, 404:

en<|uanlo Santa Cruz se aclia na raiz

Pozo De! Tigre. 548 e Santa Cruz, es-

do maciço, a apenas 426 metros dc altitude. Obra que superará a linh.a

taca 680 (ciuilómetros), com um total A estrada previsto dc 31 estações.

M airimpie—Santos.

foi orçada cm 138 milhões dc cruzei¬

Os 680 (piilómctros situados de per meio, entre Corumbá e Santa Cruz do

ros. mas com as majorações detcrnii-

la Sierra. scrao construídos pela Comissão Mista.

].'cvtação de material já adquirido na

naflas pela guerra, que impediu a im-

Europa, subiu a 160 milhões,, impdrtância que foi ultrapassada à medida

Os trabalhos da Comissão Mista A Comissão tem sua sede cm Co rumbá. O cngcnhciro-chefc brasilei ro é o Dr. Luís Alberto Whately. Or ganizada cm 24 dc maio de 1938, dois dias depois dava início aos seus trabalho.s que até hoje sc prolongam sem qualquer intenrupção.

Tncumbe-

Ihe drenar para o território brasileiro a iu'odução c a riqueza do maciço andino e da extensa baixada de sua

que cresceram as dificuldades. A Comissão Mista espera alcançar Roboré de março a junho de 1945, e depois cm um ano a localidade de San José de Chiquitos, velha povoação, cm franca decadência, que ressurgirá como ressurgindo já está, com o mo vimento do petróleo.

A 40 quilôme

tros de Santa Cruz, na localidade de .Espejos estão as exsudações de pe tróleo, conhecidas há mais de 60 anos,

vertente oriental, que abrange quatro

com 24 poços

enormes

rendimento mensal de 1.300.000 litros.

municípios

(“ departamen-

ein exploração e um


Digcsto Econômico

46

e automóveis ])articulares e dc alu-

Quando a situação estiver normali zada, a Comissão Mista Brasileiro—Bo liviana, que adquire gasolina a Ç0,ó5

í^uel f|uc, cm

o litro para seu consumo exclusivo, terá tornado extensivo êsse benefício

de gesta da luta do homem contra o

nao apenas aos caminhões e automó veis de seu uso, senão aos caminhões

ccmtra a distância.

t(]«los os recantos do

Brasil serlanejt;; escrevem a canção

meio geográfico, contra a natureza e ●

»

H

TRANSPORTE AÉREO ^ Pan American Airways Syste m, segundo o Boletim do Escritório dc Expansão Comercial do Brasil cm Nova Iorque, divulga que os seus avioes estão transportando da América Latina para os Estados Unidos, quantidades cada vez maiores de carga. tí que essa carga dia a dia mais se diversifica, Peles silvestres do Búrasil, bolsas da Argentina, prata do Pera, tem coado para 08 Estados Unidos: e, para a América Latina, os Estados Uni dos têm exportado roupas feitas, tecidos de rayon e canctas-tinieiro, por via aérea. Artigos de couro da Argentina, carteiras e bolsas, são embarcados em lotes dc cerca de 500 quilos; tam bém da Argentina para os Estados Unido.s, peles de jaguar, pa ra uso em adorno de vestidos e casacos femininos. De Fortaleza e São Salvador, peles de onça, são embarcadas, por avião, para os Estados Unidos, onde também são usadas na confecção de golas e lapelas para casacos. O México exporta os tipos de golas e lapelas para casacos. O México exporta para os Estados Unidos diversos tipos de confeitos e doces, e também artigos de couro. E’ interessante notar o grande número de relógios suíÇ06 que o Uruguaí, o Panamá e a Argentina reexportam para os Estados Unidos, por via aérea. Têm sido também importantes as cargas de jbalheria, filigranas de prata do Uruguai e braceletes, aneia e broches do Peru, com motivos índios.

M


7

lüXPANSAO siçiaear e o mercado internacional por BARBOSA LIMA SOBRINHO Da Academia Brasileira de Letras c Presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool (Especial para o “Digesto Econômico”)

)ESSOAS

estranhas aos problemas

internacionais do açúcar não se can sam de dar palpites, sôbre as possi bilidades de restauração de nossa po¬ sição no mercado exterior, como uin dos maiores produtores do mundo, a exemplo do que havíamos feito em diversas fases de nossa existência co lonial. Falam em que bem poderia mos mandar para o estrangeiro 20,30, ‘lO milhões de sacas de açúcar e sabe Deus que se param ainda nos 40 mi

Ninguém se deslumbra, no Conselho Internacional de Londres, com o ner vosismo da procura de açúcar, que se há de verificar nesses dois ou três anos próximos. Não se cogita ali de facilitar a montagem de indústrias custosas, para uma oportunidade que tudo indica não será duradoura, pois que os'campos de beterraba voltarão depressa ao estado anterior e o racio namento espera poder regular neces sidades mais vivas de consumo.

lhões é que reservam outros 50 ou óO milhões para as réplicas irresistíveis. Se essas pessoas se detivessem a

, mento da beterraba e as tarifas al fandegárias se encarregaram de fazer

considerar os motivos do declínio- de nossa exportação, haveríam de venficar que os seus palpites não passam de fantasias de cérebros talvez enge nhosos mas imprudentes. Durante muito tempo, sofremos a concorrên

o restante; criando, por tôda parte, a tendência de auto-suficiência nacio

cia de outros centros produtores, que também eram colônias e conquistavam como era óbvio, as preferências das respetivas metrópoles. A independência do Brasil veio a coincidir com a fase do aproveita-

param à cana era capacidade de variação e, consequentemente, em ca pacidade de aclimatação”. E onde ela

nal, que levantou indústrias açucareiras por tôda a extensão da terra. Já dizia o velho Lippmann que “ poucas são as plantas cultivadas, que se equi

não viceja, a beterraba ocupa o seu lugar cora êxito completo. Excluídas as regiões polares que sao precá-


T

Digcsto Econômico

48

rias consumidoras de açúcar — podese dizer que o açúcar é produzido em todos os países, com raríssimas ex ceções, Daí veio o fenômeno da superprodução, como resultatitc de uma verdadeira corrida entre a cana dc Em 1830, a açúcar e a beterraba, parcela da beterraba representav.i 14% da produção total de açúcar do mundo. Cinquenta e quatro anos de pois, chegava a 53%, com um consu mo mundial muito maior. Daí a ne cessidade da prim‘eira intervenção no mercado internacional do açúcar, por meio da Convenção de Bruxelas dc 1902, que proibia prêmios, diretos on indiretos, à exportação de açúcar. Isso trouxe uma relativa estabilidade ao mercado mundial, permitindo que Java e Cuba melhorassem o seu equi pamento c figurassem entre os gran des exportadores. Mas a' beterraba, ainda assim, con tinuava a figurar brübantemente nas estatísticas, com cêrea de 50% da pro dução mundial de açúcar. De restn, a Convenção de Bruxelas proibia o '■ dumping ”, mas não obstava as ta rifas alfandegárias que iam assegu rando a expansão da indústria de açu car de beterraba, destinada ao consu-

sistema planetário das grandes nações imperialistas. A guerra européia, desorganizando o mercado produtor, trouxe um novo alento à cana dc açúcar, ifas, esse alento durou pouco. Al.guns anos dcpoi.s da guerra, os pieços haixavani dc maneira impressionante. O mais grave ainda era o tal fenômeno dos sistemas platictários. Os Estados Unidos concediam vantagens espe ciais, através de tarifas dc i)refcrcncia, a Cuba. menta sições outros

Pôrío Rico, Filipinas, Havaí e A Inglaterra, de seu lado, au considcràvelmcntc as suas aqui nos Domínios, com prejuízo de veiuledores. Basta considerar

que, no começo cia guerra de 1914, .t Inglaterra recebia de suas colônias cérca de 4% ✓' do açúcar (|uc importava, o que a levava a procurar o res tante no mercado mundial, onde se supria de cerca de 2 miliiões de to neladas necessárias ao seu constimo. Em 1937, os Domínios forneciam 60%

qualquer restrição à produção de açú

do açúcar importado pela Inglaterra, que, dc seu lado, aumentava consideràvelmente as plantações de beterra ba e instalava uma indústria açucareira que já lhe proporciona mais de meio milhão de toneladas de açúcar, O dumping ” reapareceu, impondo,

car, o que não impediu que o país continuasse excluído dos grandes.mer

no mercado interiiacional, preços tão baixos, que não animariam nenhum

cados.

produtor e estavam aciuém do custo' de produção até mesmo de países de economia colonial, vivendo do braço

mo dos respetivos países produtores. Não havia, no Brasil, a êsse tempo,

»

aos produtores (|iie tijiiirassem, dc maneira mais ou menos evidente, no

E’ que já principiava a influir ó regime das tarifas preferenciais, oferecendo vantagens consideráveis

ài


Digesto Econômico

49

clc populações nativas quase escravi zadas. Só as sobras poderíam che gar a êsse mercado, quando a safra houvesse sido vendida por melhor preço. Daí os diversos planos estal)elecÍclos para regular o mercado internacional do açúcar: o plano'Chad-^ hourne cm 1931 c o Acordo Internacional dc Londres om 1937. Segundo êste último Acordo, dc que o Brasil foi também signatário, cada país teria direito a uma cota de exportação, cota que não poderia ser excedida. Para o Brasil era dc 60 mil tonela das a cota reconhecida, ou 1.000.000

borracha sintética. Há cerca de dois anos foram suspensas as cotas. Mas ainda na última reunião dos delega dos que compõem o Conselho Inter¬ nacional de Londres, a tese que pre valeceu (e isso há questão de algu ns meses atrás) foi a de que, terminada a guerra, dever-se-ia perseverar numa política de restrições do comércio in ternacional do açúcar, partindo-se, veja-se

bem, das cotas anteriores. Ninguém se deslumbra, naquela corporação, com o nervosismo da pro cura de açúcar, que se há de verifi-

*car nesses dois ou três anos pró-vimcs. Não cogitam aqueles técnicos de sacos de 60 quilos, Mesmo depois dessa fixação, houve necessidade de de facilitar a montagem de indústrias reduções, que foram impostas pela custosas, para uma oportunidade, que assembléia formada dc representan . tudo indica não será duradoura, pois tes dc todos os países signatários do que os campos de beterraba voltarão Acórdo. O Brasil, aliás não teve depressa ao estado anterior e o ramuito entusiasmo por essas reduções, cionamento espera poder regular no ● mas aceitou-as, como lhe cumpria, por cessidades mais vivas de consumo. força dos deveres decorrentes de tra Convirá ao Brasil -embarcar nessa tado internacional. aventara, quando não'pode esquecer Apesar da guerra, as cotas não fo as realidades do mercado internacioram alteradas, porque os técnicos, que nal do açúcar e a, constância da suestudam, no Conselho Internacional- perprodução, que trouxe a Convende Londr es, os problemas do açúcar,. , ção de Bruxelas de 1902, o plano a luz das melhores estatísticas c <le Chadbourne de 1931 e o Acordo de uma experiência secular, não acharam Londres de 1937? Essa é a questão. que fôsse tão segura e inevitável a Os 'que acreditam na Carta do Atlân reação dos acontecimentos na produçao e no consumo do açúcar.

Se os

Estados Unidos não têm todo o açú car de que precisam, não se esqueça que estão aplicando porções íormidá'veis clc açúcar na fabricação do ál cool, que concorre para a produção dc

tico talvez se ^eslumbrem com essas perspetivas. Mas os que considera rem, de preferência, outra realidade — a das tarifas de exceção c a dos preços tetos (que também existem pa ra o açúcar) não encontrarão dentro da alma o entusiasmo e a confiança


50

Digcsto Econômico

suficientes para um conselho anima dor. De resto,’ logo depois de Pcarl Harbor, pessoa devidamente autori zada procurou o Instituto do Açúcar para saber se podia contar com algu ma venda de açúcar. O Instituto res pondeu que aceitaria qualquer nego ciação, na base de garantias futuras ■para o aumento de produção que fos se autorizado. Semanas depois , vi nha uma decisão: os Estados Unidos não desviariam barcos de outras necessidades mais urgentes, para trans-

portar açúcar, I.C iiíi coisa de alguns niéscs, o representante da UNRRA declarava, nitida, insoíi-sniàvclincntc, que os listados Unidos se interessavam pela aqui.sição de excessos de açúcar, fiue por acaso existissem no Drasil, mas ciue não peii.savam fomen tar a i)rodução dessa mercatloria, pois. que não desejavam responsabilidades em crises futuras, cjuc viessem a inci dir sòbre o nosso mercado produtor. Êsses são os fatos,

Que valem, dian-

tc dêlcs, as fantasias?

I t

COMPRAS AMERICANAS NA AMÉRICA LATINA ^S E. U. A. precisam comprar mais em matéria de suas impor tações tropicais da América Latina — disae em discurso pro nunciado perante o Instituto de Estudos da Reconstrução de Apos-Guerra, da Universidade de Nova Iorque, o Dr. Carlos Davila, antigo embaixador chüeno nos Estados Unidos, que acre.scentou: U

Antes da guerra, os Estados Unidos compravam 94 por cen to de suas importações tropicais — a maioria delas materiais cstrategicos — no Extremo Oriente, a 10.000 milhas de di;:túncia, e não na América Latina. . Agindo de tal maneira, os E. U. A. estavam dando um saldo favoravel de mais dp 350.000.000 de dólarc 5 anuais para o Es tremo Oriente, enquanto deixavam um saldo desfavorável para a América Latina, onde a América do Norte tinha um interesse sete vezes maior nos investimentos e um interesse político cem vezes maior. Para pôr fim a essa desastr osa situação, foi criada a Comissão de Desenvolvimento Interamericano, em ja neiro de 1940. Não tenho nenhuma duvida de que por medidas de vanta gem econômica ou de segurança militar deste país, os E.U.A. deveríam continuar a comprar na América Latina, e não no Extremo Oriente, quando a América Latina puder fornecer os pro dutos”.


7

A.

Aiiiazòiaia por RAIMUNDO PEREIRA BRASIL (Ciiefc do

Escritório

Comercial

do Pará em São Paulo)

gÃO clij^nos de relevo c de maior estudo os recursos florcstai.s da Ama zônia brasileira. Em SC tratando Je espécies de plantas arborcsccntes, na bacia da sua grande área territorial, jaques I-Iuber assinalou 2.500 exempiares, dos quais 1.500 cabem ao Pará. Saliente-sc, também, o número’dc cspécies pràticainentc utilizáveis pela indústria madeireira, que podem ser calculadas, no momento, em 60. Exis tem, no entanto, já arroladas c catálogadas, ló2 espécies dc madeiras pa1 tôdas as formas de aplicações, na construção civil c naval, desde as dc elevado peso específico e resistência indefinida, até as que flutuam sobre a agua c oferecem facilidades de embarque, o que atesta o seu valor eco nômico, além do que lhes advém de suas qualidades intrínsecas.

Todos 08 mercados comerciáTeis de madeira, sejam internos, sejam exter nos, podem ser supridos pelo Pará, melhorando-se a forma econômica da exploração com aparelhagem mecâni ca adequada ao aproveitamento das espécies em geral, para todas as in dústrias.

restaurá-las, ameaça esgotar nossas reservas, com a desvantagem do mau aproveitamento, porque a exploração se vai afastando das margens dos rios c igarapés que facilitam o escoamen to das árvores abatidas para a explo ração comercial. Não que esse esgotamento

esteja -próximo, tendo-sc

em vista a área em que vegetam es palhadas as nossas ricas e variadíssimas essencias florestais. Temos ain da mais de três quartas partes dessa

Penoso é confessar que ainda se faz na Amazônia, a extração de ma- deiras por processos rudimentares, dos quais ainda não nos pudemos emancipar. Êsse empirismo, que nos leva ao devastamento de nossas flo

mercial, o custo da produção vai cres cendo, com as dificuldades de trans

restas, sem nenhuma possibilidade de

porte para os lugares de embarque.

área a ocupar e a trabalhar. Mas, à proporção que vão desaparecendo das margens dessas vias naturais de co¬ municação as espécies de valor co-


I

1

i

Digesto Econômico

52

Esta causa e outras contingências

Parecerá inadmissível dizer-se

que

que, por vézes, aparecem improvisada mente, provocaram o retardamento de maior e mais rendoso comércio ma-

os prandes latifúndios têm sido, na indústria florestal do Pará, uma fata

deireiro. Tôda vez que os preços da nossa borracha se elevam a cifras al¬

ção proporcional à área territorial do Estado, contando 'esta cêrea <lc

tamente compensadoras para o extra- ● tor do precioso látex, a extração das madeiras paraenses entra em depres são, pelo abandono dos braços traba lhadores que buscam os seringais.

1.20Ü.000 quilômetros riuadrados, para menos de l.OOO.OUU de liabitantes.

Ainda outra causa que se deve ob servar é a dispersão das espécies. Impõcm-se a racionalização e o apro veitamento da floresta, para o que o imperativo do meio exige. O que é inadiável

O Pará tem que progredir, ainda por vários lustros, à custa das riquezas que o potencial silvestre lhe ofe rece, até^que surjam elementos téc nicos e capitais, capazes de raciona lizar o traballjo na indústria da madeira, defendendo-a do extermínio das espécies nobres e da devastação. .Não bastam as regras do código flo restal. O que se nos afigura inadiável, pa ra a defesa da exploração racionali zada dessa fonte de economia, é dar organização social ao trabalho^ fixan do ao solo o trabalhador rural, dandolhe condições favoráveis de vida, de modo a radicá-lo, em definitivo, nessa atividade, tornando-o indiferente aos lucros prováveis com que lhe ace nem outros trabalhos.

lidade geográfica.

Xão há popula

Na transformação fiiie vamos assis tir na próxima fase da recomposição do mundo econômico, político, social, o Pará deve ser, como elemento de primeira grandeza do setentrião do Hrasil, contemplado com a maior se ma de imigrantes que se flcstinarem ao nosso país, como um imperativo indeclinável do aprovi-itamento das riquezas nativas da gleba amazônica, na qual ac|uéle Estado oferece maior contingente c de, mais fácil exploraÇ‘áo. SÓ com uma densidade dc popula ção mais ou menos relativa à sua árta territorial, o Pará conseguirá sair do círculo da vida econômica aiiula pri mária que vem impedindo seu progres so mais acentuado.

1

A dcficicntíssima população que possui atualmente, a despeito dc tudo que acabamos de relatar, tem um ín dice de produção “per capita” qn* recomenda as suas grandes e invejá veis qualidades de resistência e traballio. Para racionalizar a produção extrativa das florestas amazônicas,'

1

das quais a do Pará se destaca por maior variedade de espécies, antes dc pensar no replantio de que cogita o Código Florestal (arts. 49 e 50), dc-

M


1 5J

i^igcsto Econômico

vem ser consideradas as condições pe culiares da rcíçião, em Qiic, como já ficou acentuado, a dispersão das es pécies é imia das causas de retarda mento da indústria, ao mesmo tempo que lhe dá um caráter cada vez mais extensivo. São próprias das regiões tropicais a densidade das florestas e a variedade dc espécies e tipos' botânicos, que se espalham pela área territorial de seu domínio. criando de dificuldades transporte na exploração, que encare cem o trabalho do extrator. exploração da indústria de ma deiras no Pará limita-se eni sacrifi

raipinima, muraipiranga, muraigibóia, pau mulato, pau santo, piquiá, piquiarana', pau roxo, sapupira, tatajuba, jacareúba, cumaru e outras ainda colo cadas neste plano, cujo peso especí fico ou densidade média vai de 0,95 a 1,20, via-de-regra figuram madeiras brancas, em cujo meio está o famoso marupá, uma das melhores e mais le ves madeiras adequadas à construção civil, e outras impróprias para tais fins, mas com certeza interessantes à produção de celulose, com capacidade de enfrentar a concorrência dos pro dutores desta matéria-prima dos gran des países que a produzem, como o

car, apenas, as árvores dc alto rendi-

Canadá, Suécia e Noruega.

mento e deiras de para trás cundário.

Estando êstes países já com suas florestas em grau de esgotamento, não podendo aumentar a exploração, se gundo informações insuspeitas, e, crescente cada dia mais o consumo do

valor comercial, como ma lei. Vai; porém, deixando uma floresta de -.valor se-. As árvores abatidas não se

recompõem, porque, no caso amazôni¬ co, o plantio de espécies florestais ainda c um problema a resolver. Não SC conh.eccm ainda, no setentrião brasileiro, os ensinamentos ne cessários à reprodução dessas plantas, nem os homens daquele interior sa bem das condições de das mesmas.

multiplicação

Durabilidade da madeira paraense No aproveitamento dessa subfloresta, rasgada à procura de árvores de alto valor comercial, dentre ãs quais, se destacam em primeiro plano o acapú, argelim rajado, cedro verme lho, freijó, itaúba, jacarandá, macacaúba, massaranduba, muraípixuna, mu-

i

papel, o aproveitamento dessas subflorestas seria de alta significação econômica, facilitando ainda o apro veitamento das clareiras abertas para as culturas agrícolas 'e o plantio sis temático da “ Hevea brasiliensis —a seringueira. O Barão de Marajó, na sua obra “ As Regiões Amazônicas", pág. 300, regista que em 1884 o Pará teve uma fábrica de papel. Em 1898, no lugar onde a Estrada de Ferro de Bragan ça tem as suas oficinas — Marituba — instalou-se aquela fábrica, que se in cendiou êsse ano. Como gera^mente se dá com tôda a

Amazônia brasileira, a natureza espa- i


ríT' . fk

54

r

. Ihou nas terras paraenses- a major 'V. variedade de madeiras de lei, inex»stentes em outras regiões florestais do

riqueza pode representar para a sua economia, como fonte <lc produção. .‘Minhando al^íarismos colhidos nas

globo, e com qualidades de resístência a qualquer agente de putrefação ou destruição, aèsegurada, a algumas

estatísticas oficiais, cticoiUramos, cm 1939, uma exportação de madeiras be

delas, duração secular, como se po derá verificar nas velhas construções da cidade de Belém e outras cidades cio interior, como, por igual, nas suas pontes, onde fazem descargas de mer cadorias e embarques de madeiras as embarcações de cabotagem fluvial e marítima. Existem ali, na bacia flu vial comercial do Pará, pontes ou trapíclies com mais de cem anos de construção, e ainda ostentam o pn-

i

í

I

Digesto Econômico 3^

mítivo

madeiramento, continuando a prestar os mesmos serviços e com H mesma segurança. Para construção civil ou “naval, em soalhos, esquadrias, vigamento na tanoaria como sucedâneo dos tipos europeus, como por exemplo o freijó já conhecido na Espanha e Portu gal, — na fabricação de móveis em substituição ao carvalho, no ramo de aplicações de madeiras compensadas, existe no Pará número variadíssimo de exemplares de nuanças sem iguais. Volume e valor da exportação

Antes desta grande guerra, em quilogramas, de 1939 a 1943, ora mais. ora menos, a exportação de madeiras do Pará regülou em 50% de tôda a ●

exportação total do Estado, o que .dá uma idéia da contribuição cjue esta

neficiadas, aparelhadas, em bruto, em caixas abatidas, cm faicames, em ta cos para soalhos, cm artefatos e apro priadas para jangadas, somando . . . 87.990.074 quilos, no valor de . . . CrS 19.329.240,40. O seu valor cm nicdia, por quilo, alcançou CrS 0,22. Em 1940, devido a dificuldades de transporte para os mercados exteriores, essa exportação desceu a . . . 33.791.549 quilos, no valor de . . Cr$ 11.148.379,00, sendo de Cr8 0,33 a mais média do preço por quilo, Cr$ 0,11 que no ano anterior, 1939. Continuou a natural depressão que a guerra impôs à exportação de ma deiras para o exterior do país, de 1940 para cá. Desceu de 33.791.549 quilos nesse ano, subindo, em 1943, a 92.903.474 quilos, no valor de . . . Cr$ 13.()01.884,49. A media de valor

1

I

I

de cada quilo desceu a Cr$ 0,14, me nos Cr$ 0,08 que cm 1939 e menos Cr$ 0,19 que em 1940. Devemos, porem, declarar que esta cifra i'iltima de produção, cm 1943, te ve a sua maior parte consumida no próprio Estado. Madeiras compensadas O comércio dc .madeiras compensadas, com as mais ricas espécies que

^

o Pará possui, seria uma larga con tribuição para expansão de sua eco nomia. Tem havido descaso de seus

M


r

55

Digc&to Econômico

homens de negócios, ou melhor, não hã ali capitais disponíveis para ini ciativas de tal natureza, ou, então, não estudaram os madeireiros, em conjunto cont os capitalistas daquela icona, n importância dessa exploração, na amplitude c|ue as condições aconsclliam. Da Escandinávia c do Japão foram exportados para a Argentina os se guintes volumes de madeira compen sada: cm 1935, 12.288.867 quilos; cm 1936, 15.988.115 quilos; cm 1937,

barcando-a no seu pôrto de destino Nenhuma outra zona madeireira do país oferece estas facilidades. As perspetivas que se abrem ao co mércio dc madeiras, — em que o Pa rá, entre todos os Estados do Brasil, é o que maiores vantagens apresenta ao capital a empregar, — são as mais animadoras. O Escritório dc Propaganda e Ex pansão Comercial do Brasil, cm Nova Iorque, recebe, diàriamente, de co merciantes e industriais de tôdas as

22,513.016 quilos, c cm 1938, 19.818.750 quilos, perfazendo um total, cm 48

regiões norte-americanas, pedidos de informações sôbrc as madeiras de lei

meses, de 70.608.748 quilos.

dc nosso país, principalmente das mo dalidades exportáveis, tais como vi

Nosso país, dispondo da maior área florestal do mundo, e a mais rica cm variedade de espécies, contribuiu, ape nas, com 19.728 quilos cm 1936; 13.238 quilos cm 1937; 6.196 quilos em 1938. O total atinge a 39.162 quilos, cifra irrisória, que nem mesmo còmportâ uma crítica na especialidade deste ne

gas, tábuas, pranchões, tacos para soalhos, ctc. Grande tem sido o des gaste de reservas florestais que os Es tados Unidos vêm sendo obrigados a fazer.

gócio.

ral, com o emprego de madeira, para construção rápida de habitações que venham a abrigar as populações que

Todos os mercados comerciáveis de madeira, sejam internos, sejam exter nos, -podem ser supridos pelo Pará, melliorando-sc a forma econômica da exploração, com aparelhagem mecâ.nica adctpiada ao aproveitamento dasespécies eni geral, para, tôdas as in dústrias. A exploração das madeiras paraen ses, atualmente, pode ser feita onde é possível .o tráfego das maiores tone lagens que navegam pela Amazônia, recebendo-se diretamente a mercado ria no centro da produção e desem¬

i

Já se está cuidando na América do Norte de criar um sistema arquitetu

a guerra arruinou. Estas, ao que se diz, já sobem a mais de vinte milhões de pessoas. Há, portanto, acenando à economia

paraense, uma grande margem à sua expansão, através do comércio de ma- ' deiras, com embarques para os por tos americanos. E a reconstrução da Europa, com habitações rápidas e fá ceis, para a população exposta ao tem po? E a reconstrução da sua rêde ferroviária, quase tôda destruída?


I

56

Digcsto Econômico

Sabemos de trinta e seís espécies cie madeiras de lei já experimentadas pa ra dormcntes, e cujo peso específico, determinanclo-lhe a densidade de re sistência, vai de 1,0 a 1,30, e cuja durabilidade se pode assegurar em 25 a 30 anos, em qualquer que seja o solo. Estas 36 qualidades da madei ras tem-nas o Pará, e há longos ano«, já uma grande variedade delas foi expo*rtada, sob a forma de dormentes, para a Europa, especialmente para Cl Espanha, antes e depois da grande guerra de 1914.

mitirá levar as nossas madeiras, (es()ecialmcnte as da Amazônia) benefi ciadas ou n.ão, a esse centro de con sumo ”. ‘‘A devastação das florestas euro péias não permitirá ciue essas estra¬ das se recomponham com madeiras do velho continente. Sobretudo porque as grandes reservas florestais da No ruega, da Finlândia, dos Países Bai xos c da Rússia já devem ter sido profundamente atingidas pela invasão. “À Amazônia, o Pará notadamente, como detentor de sua maior e mais rica área florestal, senão também co

Pei-spetívas

mo o seu entreposto natural para to dos os mercados de consumo do mun

O Pará só poderia sofrer concorrência por parte das madeiras africa nas mas essas não oferecem as varíedades de que élc dispõe, e nem as

do, cabe procurar aparelhar-se de mo do melhor para o aproveitamento de a sua formidável riqueza nativa madeira — ainda explorada por pro cessos rotineiros.

facilidades de exploração inerentes à sua réde fluvial cie transportes, Os rios do continente negro,, em regra não oferecem vias cie condução às madeiras de suas florestas, pelas difi culdades opostas à navegação pelas suas grandes e frequentes cachoeiras. “O restabelecimento da navegação para os grandes mercados da América e da Europa, bem como a reconstru ção da nossa frota mercante de gran

“O proI)Icma econômico da Amazô nia brasileira é ainda, e unicamente, o das suas riquezas nativas, que de vem ser melhormente estudadas para um mais inteligente aproveitamento.. “ A dispersão dessas riqiiczas por todo o Vale Amazônico tem criado aos

> '

estudiosos de gabinete erros profun dos no sistema de seu aproveitamen to, e daí a necessidade imperiosa de estudarmos a nos aparelharmos desde já, com métodos racionais para

^

de cabotagem nacional, com o ressar cimento das perdas de nossos navios,

aquelas e.xplorações, tendo em vista o

I

como’ compensação

meio e os acidentps geográficos da gleba imensa e dadivosa.

que

certamente

virá pelo sacrifício que nos foi impos to e pelo esforço que estamos. envi dando para a vitória comum, nos per-

“ Nada é mais importante para a transposição de qualquer dificuldade

à


Digesto Econômico

57

tio que a vontade firme de transpô-la daquele a cuja frente o obstáculo se apresenta. “Esta vontade ou é inata no indi víduo, ou é adquirida no interesse to

vêrno é o Coronel Joaquim de Maga lhães Cardoso Barata, Interventor Fe deral daquele Estado. . Nêle se manifesta verdadeiramen^e o espírito construtivo de um dirigen

mado pela questfio que lhe é entreguc. Desta forma, um ponto de ma gna importância para o sucesso de qualquer plano sensato de renascimen to da Amazônia é o que se refere à escolha do chefe ou chefes dirigentes. do serviço encarregado de aplicá-lo

nha a contrariar interesses pessoais, pois o seu objetivo é servir à coleti vidade.

Há muitos indivíduos com a preo cupação da continuidade do atual es

deve esperar para o ressurgimento de uma região que inspirou ao Chefe da Nação o já famoso '■ Discurso do Amazonas

tado de coisas, uns com medo de per der uma fonte de riqueza fácil, outros receosos de que qualquer mudan ça venha a prejudicar organizações já estabelecidas ”. Tem o Pará à. frctite dc seus destinos um governan te com vontade fir me dc transpor qualquer obstáculo que se apresente â sua administração. Sua vontade c inata, além da que ad quiriu no interesse tomado pela exPansão da vida econômica do Estado que administra. Êste homem de go-

/

te, tendo a coragem de sebrepor-se às críticas que possam surgir quando ve

De governante dessa' fibra tudo se

●A produção das matérias-primas do Pará espera da Associação Comercial de São Paulo o apoio para a maior expansão dos dois

do intercâmbio comercial grandes Estados. — São

Paulo e Pará, — numa demonstração de que o espírito de unidade e de co operação estão, nos dias atormenta dos que vivemos, estruturando o Bra sil novo, que defrontará,-devidamen te aparelhado, os sérios e complexos problemas de após-guerra.

i


I

0 petróleo na Colômbia e na Bolívia Na corrida pelo petróleo das Re públicas sul-americanas, a Colômbia obteve crescentes sucessos, como de monstram os seguintes algarismos: Frodoçlo anoil (1 COO bectslllrct

Aflos

1930 1932

I 1.880,8 3.099,7 3;563,6 4.100,6 4.369.6 2.365,7 2.432,0

1934 1936 1938 1939 1940 1941 1942

I

1943

2.011,7 2.555,5

1944 (estimativa)j

4.750,0

Bolívia, este artigo mostra os proble mas que precisam scr resolvidos para que haja um maior incremento da produção dc óleo

naqueles países.

índice 100

I

Contando qual a situação das cxplo* rações dc petróleo na Colômbia e na

79 130 150 173 184 100 102 85 108 200

A estatística revela o efeito produ zido pela guerra (escassez de navios

país atingirá, provávehncntc, ao dobro do dc 1943. A mesma publicação saHentou a lealdade com que as leis pe trolíferas da Colômbia tratam o ca pital estrangeiro, demonstrado pelo termino da prolongada ação judicial sòbre a concessão da “Tropical Oü Company”, que expiraria cm 1946 ou 1951. A Còrtc Suprema do país dccidiu-sc a favor da “Tropical Oil"i revelando, assim, a imparcialidade do sistema legal colombiano. Portanto, as notícias relativas à acentuada ex

tanques) sôbre a extração petrolífera

pansão que c.stá tendo aí a indústria petroleira não surpreendem.

geral, a partir de 1940. Desaparecido o perigo submarino, a produção vem

As principais ocorrências dc petró leo, na nação vizinha, cncontram-se

apresentando, no ano em curso .(1), um surto admirável, fomentado, ain da, por um interesse particular das companhias estadunidenses e inglêsas no petróleo colombiano. Como o “South America Journal” de Lon dres recentemente informou, o rendi mento das fontes petrolíferas nesse

distribuídas pelo vale

do

Madalena,

sendo que a zotia mais rica é o cur so superior deste rio, no Estado dc Santander. Ali estão localizados, na chamada “Concessão de

(1)

Mares”, os

Êste artigo foi escrito em 1944.


f I

Digesto Econômico

59

campos <Ic Las Ciras e o de Infan tas, ambos pertencentes <à citada “Tropical OÍl Co”. (Standard Oil Co.), os quais produzem mais de 90% de todo o petróleo colombiano. Além disso, fornecem, diariamente, 40 miIhõcs de gás natural para fins de ilummaçao ou combustíveis. Entre o campo-de ErCcntro no Departamen to de Santander, c o pôrto de Cártagena, corre o oleoduto da The Indian National Corporation ”, que

sumivelmente, atingir produção supe rior ao dobro. Nas regiões planaltinas do centro e sudeste da Colômbia, a Shell prepara-se, também, para en cetar largos e difíceis trabalhos de perfuração, como

em

San

Martin,

onde serão usadas sondas capazes de alcançar 1.500 metros. A “ Soconyr Vacuum ” está operando na

Conces-

acompanha um longo trecho do Ma dalena, possuindo uma capacidade

são Cimitarra”, já tendo perfurado meia duzia de poços, sendo que um deles só deu óleo a uma profundidado de 1.900 metros! Ainda mais fundo teve de cavar a Shell para

diária dc 90,600 hcctolitros. Um incremento consider<ávcl

conseguir um resultado em poço perfurado na

foi

assinalado, nos últimos tempos, pelas fontes da chamada “Concessão Barco explorada pela Texaco e Socony-\’acuum. O excelente pctróleo cru desses campos, que ficam na reRuio fronteira com a Venezuela, s obrc' o no Oro c seus afluentes, se escoa por um moderno oleoduto conten do três estações dc bombas, e ter mina cm Convenas. Os tubos atra vessam pelo Passo de Piehen, numa altura dc I.ÓOO metros, na Cordilheira Oriental, c cruzam o oleoduto da “Indian National Corp.”. O grupo britânico da “ Royal Dutch Shell Co. começou a exploração do Campo Casabe ”, próximo à Concessão de Mares”; e já conta com 15 poços perfurados, produzindo uma - media diária de quase 1.900 hectoHtros. No. entanto, tão cedo cheguem novos equipamentos para maior nú mero de sondagens, lograr-se-á, pre-

semelhante

Concessão El Dificil”, que juntamente com as ocorrências EI Brillante" e San .^ngel”. formam o grosso dos inte resses desta companhia no vale do rio Madalena. As formações da ba cia do Madalena na Colômbia sao muito semelhantes às do Maracaíbo, na Venezuela, uma das zonas mais fecundas em petróleo do mundo. As companhias petroleiras sabem perfeitamente apreciar êste fato, e estão envidando todos os esforços para a exploração do lado colombiano (2.) Atualmente trabalham na Colômbia oito grandes companhias- petroHferas, havendo mais de 220 concessões, das quais 100 foram convertidas em contratos concessionários. Só a “ Texaco ”, “ Richmond

(2)

Shell ”,

Standard ", e algumas outra's. soli-

A Rodovia”, nP 56, de 1944.


h

1(

Digcsto Econômico

60 '

citaram, nos últimos tempos, perto de 70 novas concessões, o que nos dá uma média do febril trabalho de ex ploração qüe SC vem processando ali. Conforme as informações d'“A Ro dovia*’, estão em atividade na Colôm bia as seguintes refinarias; * 1 — A “Tropical Oil Co.”, em Bar¬ ranca Eermcja, sôbre o rio Madalena. Produz óleo Diesel, querozene, gasolina, graxas, óleos lubrificantes o asfaltos, dos quais está fabricando, atualmente, cerca de 28.500 hcctolitros. 2 — The Colombian Petroleum Co.

— Concessão Barco — 950 hectülitros diários. Outras refinarias estão sendo ●or¬ ganizadas e deverão desenvolver-se rapidamente.

çao fizeram cursos c.specializados de engenharia |)ctrülí!cra nos Estados Unidos. Para aimla mais fomentar as pesfjuisas e a utilização industrial do petróleo, organizou-se o "instituto Co lombiano de Petróleo'*, com sede em Bogotá e ramificações no pais, e f«liado ao Instituto Sul-Americano dc Petróleo", dc Buenos Aires. ● Estudando-sc, de maneira objetiva,

to da produção c refinação do óleo baseia, cs.sencialmcntc, no capital | c no trabalho competente das granSC

des organizações petrolíferas dos Es tados Unidos e da Inglaterra. Entrc-

Convém lembrar que a Colômbia, còm um quinto da atual- população brasileira, absorve um têrço da quantidade de produtos petrolíferos consumidos pelo nosso país. Todo o seu

tanto, trata-sc aí dc uma eficaz co operação estrangeira controlada pdo governo colombiano, que, por se'.» turno, procura ativa c prudenteniento incentivar as explorações, dada a it»* portância vital dessa indústria par-'* o bem-estar econômico e social óo

sistema de transportes internos, com

país.

preendidas a navegação fluvial e as ferrovias, emprega exclusivamente combustíveis líquidos.

Transcreveremos, agora, A trecho do mensário

Há, na Colômbia, um Ministério de Minas e Petróleo, dirigido por um jovem estadista, perito em problemas atinentes à. mineração e sobretudo aos do petróleo.

E’ assistido por um

chefe de gabinete, uma Secção Legal e uma Divisão Técnica encarregada do estudo dos relatórios enviados pçlos engenheiros de campo. Quasi to dos os técnicos dirigentes dessa sec-

i

a situação do petróleo na Colômbia, vê-se que o próspero desenvolvimen

um breve Rodovia ’«

;

sôbre a colaboração eficiente entre os magistrados colombianos e as compa* . nliías e.strangeiras de petróleo: “ Num ambiente de mútuas garan tias desenvolveram-se as relações en tre os capitalistas estrangeiros ' e a nação colombiana, dc modo que hoje, 80% dos (milhares) empregados cm trabalhos de petróleo são colom bianos, ou sejam mais que os 2/;i exigidos no Brasil.

São dignas de ser

1


r

Digcsto Econômico

vistas e talações finação maioria

61

tomadas para modelo as ins tanto para a produção e re dü petróleo ciuaiito para a c bem-estar do operariado".

O problema petrolífero na Bolívia

apenas, da extração sul-americana. Dessa maneira o país se viu forçado a importar, em 1942, o volume de 72.591 toneladas de petróleo e produ tos petrolíferos, no valor de mais de oito e meio milliões de bolivianos (conforme

Coiu|uanto a Holívia se encontre na feliz situaç.ão dc dispor de uma ex tensa zona petrolífera, a sua produç<ão de nafta ó bem reduzida, pois que atinge, atualmente, cerca de 0,1%,

o

Weckly”, de 1943).

ti

Forcign Commcrce 13 de novembro dc

O c|uadro seguinte revela a produ ção de petróleo e de seus principais derivados, na Bolívia:

4I:M Anes 192b 1928 1930 1932 1934 1936 1938

rctiãlco cru I I

12.1ÜÜ 8.580 52.780 66.671 251.164 166.960 215,288 341.614

1939 1940 1941

457.617 373.293

1942

1 450.000

Fontes:

Boletim do

Gasollni

Ôlea CombUilivel

QueiDscno

I 20.906 108.640 74.984 114.080

442 918 1.520 8.368

156.662

11.978 16.182

197.430 181.764 ?

Míiiist. das

44.962 133.450 84.524 84.513 162.763 209.585 154.652

18.783

?

?

Rei. Ext.

l9

n.° 8 de 1943;‘“El Eco-

nomista”, de 16 de março de 1944). A gasolina inclui também a gasoli na de aviação, que em vários anos foi produzida numa quantidade limi¬

tada; ademais, começou, desde 1938, o fabrico de uma pequena porcenta gem de óleo Diesel.


62

Sobre a extração de 1943 faltam ainda dados exatos, mas devia ter atingido a de 1942. Pela reorgani zação dos campos petrolíferos esta duais, a produção de óleo superará, e provavelmente de modo considerá vel, a do ano anterior, visto que o volume extraído durante os primei ros 6 meses de 1944, excedeu de 30% ^

I

a quantidade obtida no mesmo perío do de 1943.

Digesto Econômico

entre a Bolívia c a Argentina, visan do a construção dc um oleoduto que partirá dos campos de Bcrmejo e ter minará em tina.

rio Pescado, na

Argen

O Brasil tenciona, também, coope rar numa solução definitiva do pro blema do tráfego c do petróleo bo livianos, pela construção da ferrovia Corumbá—Santa Cruz de la Sierra, c pela concessão dc um pôrto no Ca

Muitos círculos, mesmo os relacio nados cofn o governo, consideram a

nal Tamengo. Além disso, constituiuse uma Comissão mista l)rasileiro—bo

desapropriação da indústria petrolífera pelo Estado como um grande er¬

liviana para examinar os mapas e es

ro, enquanto outras vozes, em vista do recente aumento da produção. contradizem tal concepção.

dard", e prosseguir nos traballios de

Devido à situação topográfica des favorável do pais, o transporte cons titui um dos impecilhos substanciais

Quanto às vantagens destes acor dos, rclativamente ao Brasil, basta di

ao desenvolvimento da produção petrolífera. Entretanto, com o intuito de resolver este grave problema, o govérno boliviano empreendeu, nos últimos anos, várias iniciativas bem sucedidas, como o convênio realizado

tudos petrolíferos feitos pela “Stan investigação geológica c dc perfura ção de petróleo.

zer que,.resolvida a questão do trans porte juntamente com a do petróleo, poderemos receber, diáriamente, 3.600 toneladas de óleo boliviano; o que re presentará um elemento notável de desenvolvimento nosso país.

industrial

para

o


r

n

inu

Construções aprovadas na Capital, distribuídas pelòs seus distritos

1 1

principais, durante o ano de 1944. (Não estão

1^

computadas as casas operárias cdificadas na zona rural) Cl o

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^ t^ÉÉÉf i'n

DISTRITOS Nume RO$

'h DISTRITOS N umenos 9

%

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> SANTANA

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"FOr^T£s; oi\/iSfiO bs F/scciíiiraçoo os obms D/^^r/e</i.^«es OfcP, GRRF. OIOESTO EtOMT

i


(

o €|ue é eoiii|ira eieiitifica ? por J. P. COELI I

^ preocupação dos industriais é pro duzir a baixo preço, sem prejuízo da qualidade padrão do produto. Para tanto, concentram a atenção na me lhoria do rendimento do trabalho e do maquinário. Nos últimos 20 anos, Taylor e os seguidores do movimento de administração científica consegui ram aperfeiçoar os processos de pro dução, expurgando os desperdícios dos métodos rotineiros e incentivan i

do 0 desenvolvimento do^ trabalho me cânico. Em consequência, nos países grandemente

industrializados,

nada

mais é produzido a mão, se podç ser fabricado em série, em qualidade equivalente e mais barato pela má quina.

/ra

materiais é maior do que a des-

> j

I

pendida em salários e administração. [ Segundo, porque os métodos de com pra agora dispõem dc recursos muito maiores e oportunidade para desen volvimento cio que tinham os métodos de produção há 20 anos”. O censo dos Estados Unidos apu

Todavia, escreve Edward T. Gushée, comprador da The Detroit Edison Co. tem-se devotado pouca atenção à terceira variável da manufatura e' da produçcão, que é o material.

Só a centralização das compras — diz o A. pode assegurar que todas as aquisições dc uma determinada em* presa sejam feitas através de uma di visão especializada que se responsabi* lize pela procura dos materiais, de conformidade com especificações pre determinadas e para a obtençãò dc maiores vantagens, dc natureza técnica ou financeira.

As

possibilidades de economia na compra e utilização de materiais são tremen das. 'De fato, há maiores economias potenciais nesta direção do que em qualquer outra fase da administração. Primeiro, porque a quantia gasta pa-

rou que a indústria norte-americana. \ dc cada dólar empregado em manufa tura, 57 cêntimos são gastos em ma teriais, 17 cm salários e os restantes 26 em extraordinário, inlerêsse, im postos e lucro. Portanto, os 57 cên timos empregados em. materiais exi gem profundo estudo dos problemas ligados à sua aplicação, a começar pela eficiente organização do. órgão comprador, incumbido de

realizá-lo


r

●Üigcsto Econômico

Daí a necessidade da compra cientíiica — esforço sistemático para a ol>tenção do matcri:il adequado, no tem* po cu'to e a preço razoável — que o refcri<lo autor subordina a estes 7 princípios ; 1 — Centralização das compras; 2 -- Pe.ssoal competente; ^

l-<luipaincntos e dados adequa dos ;

4 — Coordenações i n t e r-departamentais; 5 — Conhecer o que vai comprar; 6 — Material padronizado e espccificações ; 7 — hontes de suprimento. Só a centralização das compras pode assegurar que tôdas as aquisições sejam feitas através de uma divisão especializada. que se res ponsabiliza pela procura dos materiais, de confor midade com as especificações e os padrões fixados pelos departamentos

65

grande escala, a preço unitário muito mais favorável; elintina a burocracia proveniente da dualidade de trabalhos com as mesmas finalidades e controla o excesso dc consumo; possibilita a compra em épocas mais propícias, que são as de safra ou abundância no mercado: colabora no reajustaincnto das especificações e padrões de mate riais, dc acordo com as fontes dc pro-

de cada departamento e adquire. em

!

dução; analisa a composição dos pre ços dos manufaturadores. eliminando lucros excessivos, etc.; incentiva a substituição de produtos anti-ecoliómicos e simplifica o processo. 0 Burcau de Pesquisas da Univer sidade de Nova Iorque, em recente trabalho, chegou à conclusão de que “ perca dc 60% dos agentes de compras das grandes corporações do país são agora liomens de considerável treino prático ou técnico, Algun* dêsses homens .podem ainda ser fa lhos em outras qualidades, que combinem para fazè-Ios compradores

consumidores ; pela seleção das fontes dc suprimento, baseada na análise do mercado; pela aprovação das . com ideais mas, pelo menos, possuem um pras entaboladas ou efetuadas por ou- - -equipamento mental para.^ corrigir suas tros departamentos, e deficiências, desde que os princíphos eni casos cxcepcionais, através de tomada de contas: da compra científica sejam revelados e aplicados na indústria, c pela legalização dc tôdas as aquisiGushée Ções da companhia. Convém csclaacha que os compradores devem prereccr encher, èstes 6 padrões, que a centralização, seja do que íôr, exige organização eficiente, sob 1 absoluta honestidade; pena de fracassar. 2 — perfeita concepção do maquiEm compensação, obtém vantagens nário e processo de manufa econômicas na compra; diminui os tura ; Itens estocados, descongelando muito capital; reune as requisições parciais

r

i

j

1

i

«

3 — habilidade' para raciocinar cal ma e lògicamente; 4 — habilidade executiva;

I 4


I

Dígesto £conómico

66 ho5 — habilidade de tratar com mens; 6 — conhecimento compreensivo de economia. Uma administração esclarecida com preenderá que o comprador deve ser completamente talhado para a sua posiçao. Se o atualmente em exercício não se acha k altura, deverá ser substituido, porque os lucros da indústria, durante os próximos anos, serão largamente derivados das compras. Um pagamento adequado ao agente de compras, pode, e geralmente acon tece, economizar 10 e 100 vezes o seu

drões, métodos de ensaio e estudos d»* materiais, informações das fontes de suprimento c do emprego de mate riais. E’ claro que a divisão dc compras, justamente por ser o organismo cen tralizador, tem-(]ue coordenar a sua atividade com a dos demais departa mentos da indústria. X<ão adquirirá material por sua alta rccreaç<ão. Pre cisará estar ao par do programa d-' manufaturas da empresa inteira, isto é, saber, com a devida antecedência, que vão ser imprescindíveis, dentro de 3 meses, por exemplo, tantas ma

salário, quando se comparam seus re sultados pelos dc um homem que re cebe a metade ou menos da quantia, considerando-se que o salário pago esteja cm verdadeira relação com a eficiência do indivíduo”. Dada a di

térias-primas, obedecendo a tais es pecificações, para determinadas fina lidades. Pode acontecer que não en contre no mercado materiais nessas

ficuldade de se formarem comprado res, é aconselhável ainda que as in dústrias sempre tenham pelo menos

rão adquiridos depois dc aprovados pelos departamentos (pte vão empre gá-los.

um em formação.

ridos pela empresa, referentes às quan tidades compradas e aos padrões obe decidos, aos preços pagos e aos forne cedores. às compras diretas ou através de intermediários e à idoneidade das

Como se depreende, a compra cien tífica, para que o seja na verdade, exige o desenvolvimento racional das indústrias. Um parque industrial incipiente não produz, muito embora baja a melhor boa vontade por parte dos seus impulsionadores, materiais uniformes, ou seja, padronizados, O

firmas; dados do mercado, incluindo

que é considerado como manufatura

.A, divisão de compras deve pos suir dados sôbre os materiais adqui

“performances’’. Então, providencia rá amostras de sucedâneos, que só se--

informações de produção e consumo,

por uma indústria, pode não passar

carregamento e estoque, preços e pos sibilidades, volume de aplicação e con

de matéria-prima para outra. A gran de industrialização é uma longa ca deia, de modo que uns dependem do outros, bem como a qualidade padrão do produto. O estabelecimento de la-

dição de financiamento, além da si tuação quanto às indústrias básicas; e dados sôbre especificações e pa-

i

]


r

Digtisto Econômico

borntórios

dc

ensaios

67

coibe

muitos

abusos c evita muitas falhas, que prejudicam o bcmi nome dos industriais conscienciosos.

Foi,

.‘\lcx Dow disse que

por

isso,

que

compra como a venda científicamentc realizadas evitam dúvidas e facili tam o entendimento entre comprado res c vendedores.

Compras Cien-

tiíicas é um compêndio dos negóciossem mancha entre compradores e vcmledoi es ". E na verdade, tanto a

NEGÓCIO

(5s) “Scientific Purchaising”, Gushee and Boífey, McGraw-HUl Book Co., Inc., N. Y., 1928.

POR

ATACADO

No seu esforço para ganhar a vida, Vitantónio, que consi dera de maior proveito o trabalho avulso do que o emprego efe tivo, lança mao de todos os recursos que encontra ao seu alcance: vende bilhete de loteria, oferece anéis, relógios, pulseiras ou qualquer outroí objeto de pessoas que, por um ou outro motivo, tt desejem dispor dêles, aproveita fundos” de lojas que se fecharam ou utiliza-se do “encalhes que os proprietários de esta belecimentos lhe entregam para uma última tentativa de colo cação, etc., etc., e assim vai vivendo à custa do seu próprio suor e mantém a ;sua conduta numa linha de quem não deve favor a ninguém. Certa vez, Vitantónio conversava numa roda de amigos e, ao lhe perguntarem o que qstava fazendo no momento, emper tigou-se muito dignamente: — IVIercadorias em geral...



r 1

e refiBílImeaito iaBdiisfrial 0 Sr. S. Ilarcoiirt-Rivinpton, membro cia Real Sociedade Econômica de T-ondres c cconomisla mundialmente

A produção manufatureira do Brasil representa 1)5% em relação à dos Es»

conhecido, é um nome familiar aos no.ssos icitores, pois o Digesto Económico o'conta tio número de seus

da Inglaterra.

colaboradores. O distinto publicista bri tânico escreve também para o “ Bole¬

nem seria cabível que esperássemos-

tim Semanal da .Associação Comercial

uma situação, ao menos, aproximada. Por is.so mesmo torna-se instrutivo o

de São Paulo” c nesse órgão tlivulffou imi traltalho cm que traça interessantes confrontos entre as condiçoes da indústria na Inglaterra, nos I'-stados üni<los. na .\lemaniia c no

Brasil. O estudo mereço a atenção dos nossos homens dc negócio, dos estudiosos de economia e das autoridades a f^ujo cuidado está entregue a admi¬ nistração pública, Nem sempre o con- ● fronto pôde ser realizado de uma mancira perfeita, cm virtude da ausêndc dados relativos ao Brasil. Mas.

tados Unidos e 6% com referência à

confronto, para que possamos servírnos de uma experiência que se acha cm curso mais adiantado. Preliminarmente os dados indicam que, para uma população de 42 inilbõc,s de habitantes, contamos . . . 12.800.000 ocupados, enquanto a In glaterra, para um total dc 46.900.000, os Estados Unidos, para um número dc 129.300.000 e a Alemanha, para uma população de 67.300.000, possuem, respectivamente, 21.600.000, 48.800.000 e 32.600.000 trabalhadores. Deduzimos

dc modo .geral, dá uma idéia panorâmica da estrutura industrial dos paí ses cm questão c mostra as diferen-

assim que, em relação ao total, a por centagem da população obreira é a se guinte, de acordo com a ordem acima: Çívs e contrastes existentes. Está cia- . 30,4%; 46,0%; 37,7%; e 48.4%. Nas nações americanas a proporç<ão é me ro que as condições cm que nos ennor do que nas européias. contramos se revelam numa fase dc evolução muito menos desenvolvida do que as das outras nações estudadas,

Quanto à produção industrial, as Clfras são as que se seguem:


I

Digesto Econômico

70

Produção Países

(em milhões de cruzeiros) 229.960 Inglaterra 983.200 Estados Unidos .. . 237.040 Alemanha 15.000 Brasil

4.30% ; Alemanha, 104%: o 13rasÍI, 6%. Com referencia à <Ios Estados Unidos e à da Alemanlia a produção brasileira representa 1,5%- c ^,.3*}^, respccíivamente. Se ol).scrvarmos a composição' estru tural das industrias britânica, estadu

nidense, germânica c brasileira, ve Tomando-sc a produção britânica mos rjitc as princi])ais são as seguin- . tes, computando a .sua porcentagem como equivalente a 100%, a relação dos demais países é: Estados Unidos, cm relação ao total: Produção manufatureira (% com referencia ao global) Inglaterra Est. Unidos Alemanha Brasil 21,4 Maquinaria 21,0 21,3 Ferro e aço 16,5 13,6 Têxteis 25,3 11,0 13,3 Alimentação, bebidas e fumo 27,6 14,0 17,0 14,6 Consideramos apenas as manufatu ras cuja porcentagem se elevou acima de 10%. Por esses dados verificamo.s que as chamadas indústrias básicas constituem os principais ramos nos Estados Unidos, Alemanha e Ingla enterra, principalmente naquelas quanto no Brasil predominam as têx teis, de alimentação, bebidas c fumo — aliás à semelhança do que acon tece na Grã-Bretanha, onde estas ma nufaturas são apenas superadas pela de maquinaria.

/

dos referentes ao Brasil.

Valor do rendimento médio anual por pessoa Estados Unidos Alemanha

Sr. Rivington se baseou em dados hipútéticos, em falta de estatísticas oficiais a respeito. Êles se nos afiguram

..

Cr $47,60 Cr $23,52

Inglaterra .. Cr.$21,12 O interessante trabalho do Sr. S. I-Iarcourt-Rivington, incluído no n.° 86 do “Boletim Semanal”, faz ainda referência à porcentagem despendida em salários, ao ordenado médio e a renda mensal “per capita”:

Quanto à média de rendimento anual per capita ”, não existem dâolo despendida Países om salários 45 Inglaterra .. . ● 40 Estados Unidos I 32 Alemanha .. . ● 40 Brasil Para as cifras relativas ao Brasil, o

Com rela

ção aos demais, encontramos as in formações abaixo:

Ordenado mental médio Cr } 792 1.586 627 520

'

Renda montai 'por capita" Cr í 680 820 466 80

exagerados e mostram ao mesmo tem po a necessidade urgente de tratar mos, com o devido cuidado, da orga-, nização dos nossos quadros estatísticos.

I


r

PONTOS Wi VISTA A |»i*o|»a;;^siiHl£i 1121 iiifln!i»tria o 110 4*oitiór<ão por J. A. Dll SOUSA RAMOS Prc-.i<lvMUc

tia

Associação

(Hspocial para o

Paulista de Propaganda Digesto Econômico”)

jVJUita

uonto. ao contemplar o nosoiiriçado de chaminés cspadanaiulo cachoes de fumaça, c ao ler os pomposos dísticos de que somos o maior par(|ue industrial da América do Siil, haja acreditado num surto mamifatiirciro de primeira ordem, na doce ilusão de nossa próxima so céu

Produzido um artigo, êste, nos dias de hoje, em países realmente adiantados, não mais pode apresentar-se em pú blico despido de solenidade. Ao con trário, deve aparecer--ataviado de to das as suas prerrogativas que só a propaganda pode focalizar.

independência comercial e financeira. O surto, nà realidade, e.xiste — lison-

tomadas como base conscienciosa.

jeiro expoente do nosso espírito de iniciativa — mas não tem aquele vulto que se lhe quer emprestar. Muito há ainda a fazer, principalmente no campo educacional, para que a nossa indústria e o nosso comercio adquiram a estabilidade e eficiência com ns quais possam, cni tempos normais, coiicorrer vantajosamente com os es-

Temos velho conhecimento, “e.xofficio”, desta situação; entretanto como o assunto veio à baila com um

trangciros — único estalão por ondepodemos aferir das suas possibilida-, des reais como elemento de indepeiiciência financeira.

numa

análise

artigo do, Sr. Assis Chateaubriand inserto no “Diário de S5o Paulo” do dia 4 de Janeiro deste ano, sob o tí tulo “A Indústria Nanica”, quisemos aproveitar o ferro quente para ajudar a caldeá-lo. Diz o'eminente articulista: “ Corava de vergonha em Nova Ior que e Chicago ao me perguntarem homens de indústria se os -seus cole-

Dissemos em tempos normais, por que nas contingências dêste niomento, a escassez de produtos Justifica

gas no Brasil, durante a guerra, fa ziam anúncios institucionais. Res

muitas atividades que não podem ser

te a guerra os industriais do Brasil ti-

pondia-lhes que nem antes nem duran












































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