DIGESTO ECONÔMICO, número 34, setembro 1947

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Os Ingleses e o Tráfico de Escravos — Otávio Tarquínio de Souza Hesponsabllidade Civil das Estradas de Ferro" de Sousa'

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O Problema da Alimentação e o Custo de Vida — José Bon

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Geografia das Comunicações Paulistas — A Baixada . Nelson Origens do Seguro de Vida no Brasil — Davi Canipista Filho Previsão e Contabilidade — Dorival Teixeira Vieira A Gravíssima Crise Econômica de Fins do Século XVII

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Redação

Ponc 2-1414 pQbrlcQ c Escritório;

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DIIIGSTO EMÜMICO

O Estado e a Economia

O UUHDO DOS NEGÓCIOS NUM PANORAMA MENSAL

Publicado sob os auspícios da

ASSOCinCÃO COMERCIALDE SÃO PAULC

por José Augusto

O "Digesío Econômico" tem a Iionra de jyuhlicar um trabalho do st. José Augusto, atual Vicc-Vresidcnte da Câmara dos Deputados. Figura de grande pro

da

FEDERAÇÃO Dü COMÉRCIO DO ESTADO OE SÃO PAÜIO Diretor Superintendente

Auro Soares de Moura Andrade

jeção nos meios culturais e políticos do país, autor de

O Digesto Dcoiiómico

inúmeras obras sobre educação, política e sociologia, o sr. José Augusto prestou assinalados serviços ao Brasil em stia longa vida pública, como deputado,

publicará no próximo número: O CRISTIANISMO E LE PLAY --

senador, presidente do Estado do Rio Grande do Norte e presidente da Associação Brasileira de Edu

prof. Louis Baudin.

Diretor:

Antonio Gontijo de Carvalho

O Digesto Econômico, órgão de in formações econômicas e financei

ras, é publicado mensalmente pela

Editôra Comercial Ltda.

cação.

O sr. José Augusto é um dos líderes de

O DINHEIRO, OS PREÇOS INTER NOS E OS INTERNACIONAIS E

parlamenfarisiTw em nossa terra.

relegar para um plano se

AS CRISES — Djacir Menezes.

cundário e subalterno as questões que,

ORAÇÃO DE PARANINFO - Davi

em outras éias, constituíam o fundo de

Campísta.

suas preocupações e voltar-se de prefe rência para o terreno econômico, o qual

região AGRÍCOLA BANANALENA direção não se responsabiliza pelos dados cujas fontes estejam devidamente citadas, nem pelos conceitos emitidos em artigos assi nados.

demanda soluções urgentes e radicais

SE - SEU PRESENTE E SEU FU

para os seus problemas sem o que não

TURO — Everardo V. Souza.

serão afastados os germes de intranqüi

GEOGRAFIA DAS COMUNICAÇÕES PAULISTAS - O LITORAL - Nelson

lidade e perturbações que estão in- || quietando de modo alarmante a so

Wemeck Sodré Na transcrição de artigos pede-se citar

o

nome

do

Digesto

ciedade moderna.

O ALGODÃO EM SÃO PAULO -

As classes mais diretamente inte

ressadas na vida da produção, aquelas das quais esta depende imediatamente,

Garibaldí Dantas.

Econômico.

história econômica - Afonso Aceita-se intercâmbio com publi cações congêneres nacionais e es

trangeiras.

Arinos de Melo Franco.

PROTECIONISMO ALFANDEGÁRIO — Godfried von Haberler.

O PROBLEMA NACIONAL DO TRI-

ASSINATURAS:

Digesto Econômico

Ano (simples)

GO — Edgard Teixeira Leite.

Cr? 30,00

" (registrado)

Cr? 36,00

Número do mês: Atrasado:

Cr? 3,00 Cr$ 5,00

Redação e Administração: Viaduto Boa Vista, 67 - 7.o andar Tel, 3-7499 — Caixa Postal, 240-B São Paulo

as classes trabalhadoras, graças aos pro-

qualquer demonstração a im DISPENSA portância crescente dos problemas

•gressos da instrução popular, vão aos poucos adquirindo a consciência dos sèus

econômicos no mundo moderno. Os fatos da vida diária nô-lo atestam

direitos e da sua força e procuram na

de maneira irrecusável.

gio de que carecem para fazer valer aa suas aspirações as mais legitimas e justas.

Produzir, produzir muito, produzir bem, produzir em harmonia com as ne cessidade do consumo, distribuir a produ

organização sindical o poder e o prestí Por outro lado, a intensidade da vida

da produção, a sua complexidade cada

ção de modo a fazer diminuir quanto pos

vez maior, que vão assumindo aspecto

sível a desigualdade nos meios de adqui

internacional, dada a interdependência

ri-la e utilizá-la, eis a preocupação do minante nos novos orientadores dos povos.

em que vivem as várias nações, o apare cimento dos grandes empreendimentos industriais, alguns verdadeiramente gi

Dir-se-ia que a política, cuja função diretora jamais desaparecerá, para aten der às necessidades e às imposições da época presente, terá de por de lado ou

gantescos, tudo isso está transfonnando radicalmente a missão dos legisladores e ô papel do Estado.


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O Estado e a Economia

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por José Augusto

O "Digesío Econômico" tem a Iionra de jyuhlicar um trabalho do st. José Augusto, atual Vicc-Vresidcnte da Câmara dos Deputados. Figura de grande pro

da

FEDERAÇÃO Dü COMÉRCIO DO ESTADO OE SÃO PAÜIO Diretor Superintendente

Auro Soares de Moura Andrade

jeção nos meios culturais e políticos do país, autor de

O Digesto Dcoiiómico

inúmeras obras sobre educação, política e sociologia, o sr. José Augusto prestou assinalados serviços ao Brasil em stia longa vida pública, como deputado,

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ras, é publicado mensalmente pela

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cação.

O sr. José Augusto é um dos líderes de

O DINHEIRO, OS PREÇOS INTER NOS E OS INTERNACIONAIS E

parlamenfarisiTw em nossa terra.

relegar para um plano se

AS CRISES — Djacir Menezes.

cundário e subalterno as questões que,

ORAÇÃO DE PARANINFO - Davi

em outras éias, constituíam o fundo de

Campísta.

suas preocupações e voltar-se de prefe rência para o terreno econômico, o qual

região AGRÍCOLA BANANALENA direção não se responsabiliza pelos dados cujas fontes estejam devidamente citadas, nem pelos conceitos emitidos em artigos assi nados.

demanda soluções urgentes e radicais

SE - SEU PRESENTE E SEU FU

para os seus problemas sem o que não

TURO — Everardo V. Souza.

serão afastados os germes de intranqüi

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lidade e perturbações que estão in- || quietando de modo alarmante a so

Wemeck Sodré Na transcrição de artigos pede-se citar

o

nome

do

Digesto

ciedade moderna.

O ALGODÃO EM SÃO PAULO -

As classes mais diretamente inte

ressadas na vida da produção, aquelas das quais esta depende imediatamente,

Garibaldí Dantas.

Econômico.

história econômica - Afonso Aceita-se intercâmbio com publi cações congêneres nacionais e es

trangeiras.

Arinos de Melo Franco.

PROTECIONISMO ALFANDEGÁRIO — Godfried von Haberler.

O PROBLEMA NACIONAL DO TRI-

ASSINATURAS:

Digesto Econômico

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GO — Edgard Teixeira Leite.

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as classes trabalhadoras, graças aos pro-

qualquer demonstração a im DISPENSA portância crescente dos problemas

•gressos da instrução popular, vão aos poucos adquirindo a consciência dos sèus

econômicos no mundo moderno. Os fatos da vida diária nô-lo atestam

direitos e da sua força e procuram na

de maneira irrecusável.

gio de que carecem para fazer valer aa suas aspirações as mais legitimas e justas.

Produzir, produzir muito, produzir bem, produzir em harmonia com as ne cessidade do consumo, distribuir a produ

organização sindical o poder e o prestí Por outro lado, a intensidade da vida

da produção, a sua complexidade cada

ção de modo a fazer diminuir quanto pos

vez maior, que vão assumindo aspecto

sível a desigualdade nos meios de adqui

internacional, dada a interdependência

ri-la e utilizá-la, eis a preocupação do minante nos novos orientadores dos povos.

em que vivem as várias nações, o apare cimento dos grandes empreendimentos industriais, alguns verdadeiramente gi

Dir-se-ia que a política, cuja função diretora jamais desaparecerá, para aten der às necessidades e às imposições da época presente, terá de por de lado ou

gantescos, tudo isso está transfonnando radicalmente a missão dos legisladores e ô papel do Estado.


18 Djgesto

Econômico 19

tJiOESTO Econômico

Seria para supor até que este não é

mais hoje uma instituição de fundo es sencialmente poMtico, mas, senão exclu siva, pe o menos principalmente econom=co.

Mas não há Estado econômico, como

não ha Estado religioso, nem Estado mi

litar, nem Estado cultural. Há simplesrnente Estado, isto é, organização polí tica da sociedade. Quando a nação to ma forma política, quando se organiza politicamente, surge o Estado, o Estado em tôda a sua extensão, mas simp'esmente o Estado.

Êste pode exercer, exerce, muitas vézes, ativ.dades econômicas, militares,' re ligiosas,. culturais, etc.

Isso quer dizer que o Estado pode

ter, tem tido, terá uma política eco

Essa é a boa, a legítima, a verdadeira

doutrna que não e.sconde, antes e.vplica perfeitamente o re'êvo que os problemas de ordem econômica repre.senlam no mundo contemporâneo, absorvendo a ati

vidade do.s condutores políticos e inva dindo as legislações, mesmo as de ca ráter nitidamente consfílucional.

O fenômeno atual, caracterizado pela Jiipertrofía do economismo, c uma conse

qüência mcvítúvcl do progresso científi co e técnico, do aperfeiçoamento da ma

quinaria, gerando, ao mesmo tempo, a supcqjrodiição e o subconsumo, a con-

■ centração da riqueza em algumas mãos c a falta de trabalho e a fome a se estenderem.

Ao Estado, supremo coordenador das necessidades sociais, regulador e diretor

nômica, religiosa, militar, cultural, etc. da política a seguir, não pode ser indi porem, não quer significar nem significa ferente que a vida econômica se pertur que o Estado passe a ser econômico, re be de modo .a não assegurar a todos o

ligioso, militar ou cultural. Assim, é absurdo, é errado falar de

qumiião de bem estar a que devem ter

um Estado econômico, como fazem al

Resulta daí a legitimidade de sua in

guns modernos escritores impressionados com a relevância que os fatos de ordem

direito na vida social.

terferência nos problemas econômicos

lómica que, entregando à nação a pro priedade originária de todas as aguas e berras compreendidas nos seus limites territoriais, lhe permitia transmitir o seu

domínio aos particulares, mas reservan^o-se o direito de, cm qualquer tempo, inipor à propriedade privada as modali dades decorrentes do interesse público.

b«ilho máximo noturno de sete horas, trabalho de mulheres, salario mínimo,

trabalho igual correspondendo a salário 'guíil, sem distinções de se.xo e nacio-

*ialidade, partícipação nos lucros, habi tações higiênicas para os operários, sin<Íicalizaçáo, direito de greve, juntas de Arbitragem c conciliação, serviço de co locação de trabalhadores, caixa de seguro, cooperativas, etc.

O Estado aqui entiou resolutamente

■econômica, a liberdade de contratos, o

terreno teórico,, se traduz pela doutrina

Mas o mesmo,

em outras épocas, já aconteceu em re

dos chamados direitos sociais, comple

lação, por exemplo, ao problema reli gioso e ao problema militar, rnas nem por isso o Estado deixou de ser uma or ganização política da sociedade para se

tando a dos direitos e liberdades incli%'í-

transformar em uma organização religio sa ou em uma organização militar.

duais, até bem poucos anos passados, monopolizando e impregnando todos os códigos constitucionais. Já a Constitniçtão Mexicana de 1917

esboçou uma vasta política social e eco-

Foi esta por igual a orientação da

Constituição Brasileira de 1934 que,^ no j| seu título IV, consagrado à "Ordem

Econômica e Social", traçou uma larga

política de intervencionismo estatal na dentro da corrente universal.

jugada, para uma economia submetida,

tos dc atividade social.

economia nacional.

vida econômica e social a enquadrar per

nova econoni'a impõc à atenção dos po-

bo refletem essa orientação que, no

lizar a produção e pelos interesses da

■A vida econômica em uma infinidade de Seus aspectos.

Espanha, da marcha para uma "econo mia p'anifícada, para uma economia sub

tamanho relêvo que está sobrelevando a

cionalização dos serviços e eqDlorações de interêsses gerai.s e adnritiu que o Estada interxenha na exploração e coordenação de indústrias e empresas, quando assim for exigido, pela necessidade de raciona

no caminho da socialização, regulando

com ínterêsse e cuidado cada vez maio

que êle exercita nos demais departamen

indenização, se assim o dispuser alguma nas mesmas condições, autorizou a na

n^áxima de trabalho de oito horas, tra-

Rios falava, nas Cortes Constituintes da

para uma economia disciplinada e su bordinada ao ínterêsse público". As con.stituíçõe.s mais recentc.s do glo

terêsses da economia nacional, permitiu

a desapropriação, mesmo sem adequada

lei, pre\'iu a socialização da propriedade

temporânea, obrigando os legisladores e

O que deve ser dito com verdade é que a política econômica do Estado mo derno tem assumido tais. proporções e

Não foi outro o ponto de xista da úl tima Constituição espanhola, que subor dinou tôda a riqueza do país aos in-

trabalho sôbre avançadas bases: duração

os governos a encará-los e resolvê-los res.

disposições constitucionais da Alemanlw.

I^or outTo lado, regulou o problema do

que êle modernamente pretende sub meter a regras c normas determinadas. Nesse sentido é que Fernando de Los

material estão assumindo na vida con

isso se contém em muitas e expressas

A Alemanha marchou no mesmo sen

tido, e a Constituição de Weimar de

1919 cogitou de medidas em que são Atendidos todos esses problemas que a

deres públicos.

A liberdade na vida

direito de propriedade impondo obriga ções e o seu uso constituindo um servi

ço do mais alto interesse comum, o di reito de sucessão com uma quota de he rança reservada ao Estado, a divisão e

feitamente o nosso estatuto fundamental

Não se chegou à negação da liber dade econômica, antes se afirmou em

d sposição expressa, mas se extremou

dentro dos limites da conveniência púE a Constituição de 1946 rumou nessa

salutar orientação, consagrando o título

V, com 18 artigos, aos problemas de ordem política e social, era que as novas conqui.stas dessa ordem são de\4damen-

Um publicista ilustre P. W. Martin,

em estudo publicado na "Revue Int. du

catos, as relações do trabalho e os di

ses têrmos exatíssimos:

trabalhar e o direito, ao trabalho, a pro

teção internacional ao trabalhador', tudo

i

te indicadas e prexãstas.

o aproveitamento do solo, a socializa ção progressiva das terras, o direito ope rário homogêneo, a liberdade de sindi

reitos de proteção à saúde dos trabalha dores, os .seguros sociais, a obrigação de

;

blica.

| .

Travail" (Fev. de 1937), assinala a • tendência e explica as suas causas nes A riieure actuelle, tous les Gou-

vemements, sans exception, ont été

améhés à agir sur le plan économi-

.


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esboçou uma vasta política social e eco-

Foi esta por igual a orientação da

Constituição Brasileira de 1934 que,^ no j| seu título IV, consagrado à "Ordem

Econômica e Social", traçou uma larga

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lizar a produção e pelos interesses da

■A vida econômica em uma infinidade de Seus aspectos.

Espanha, da marcha para uma "econo mia p'anifícada, para uma economia sub

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terêsses da economia nacional, permitiu

a desapropriação, mesmo sem adequada

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temporânea, obrigando os legisladores e

O que deve ser dito com verdade é que a política econômica do Estado mo derno tem assumido tais. proporções e

Não foi outro o ponto de xista da úl tima Constituição espanhola, que subor dinou tôda a riqueza do país aos in-

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I^or outTo lado, regulou o problema do

que êle modernamente pretende sub meter a regras c normas determinadas. Nesse sentido é que Fernando de Los

material estão assumindo na vida con

isso se contém em muitas e expressas

A Alemanha marchou no mesmo sen

tido, e a Constituição de Weimar de

1919 cogitou de medidas em que são Atendidos todos esses problemas que a

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Não se chegou à negação da liber dade econômica, antes se afirmou em

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dentro dos limites da conveniência púE a Constituição de 1946 rumou nessa

salutar orientação, consagrando o título

V, com 18 artigos, aos problemas de ordem política e social, era que as novas conqui.stas dessa ordem são de\4damen-

Um publicista ilustre P. W. Martin,

em estudo publicado na "Revue Int. du

catos, as relações do trabalho e os di

ses têrmos exatíssimos:

trabalhar e o direito, ao trabalho, a pro

teção internacional ao trabalhador', tudo

i

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o aproveitamento do solo, a socializa ção progressiva das terras, o direito ope rário homogêneo, a liberdade de sindi

reitos de proteção à saúde dos trabalha dores, os .seguros sociais, a obrigação de

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blica.

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Travail" (Fev. de 1937), assinala a • tendência e explica as suas causas nes A riieure actuelle, tous les Gou-

vemements, sans exception, ont été

améhés à agir sur le plan économi-

.


20

Dicesto EcoNÓNnco

que. II n'y a pas un domaine de Ia

c chamada a cada vez mai.s substituir-se

vie économique oú TEtat ne soit in-

à pura e s'mp'cs iniciativa individual no encaminhamento e solução dos múltiplos

tervenu et s*il est des cas oú il re-

tion s'il le pouvait, rien ne semble

e graves problemas que o mundo novo oferece ao exame e decisão dos diri

permettre de penser raisonnablement

gentes.

ncncerait volontier à cette interven-

qu'il puisse le faire dans une im portante mesure. Ceux mêmes qui

que democracia jamai.s significou a pre

le désíreraient, le p'us vávement re-

ponderância do interesse ou mesmo da

Antes de tudo, preciso é acentuar

connaissent rimpossibilité de retabiír

iniciativa individual sobre a da coleti

le régime de quasí laisser-faire du

vidade.

XIXeme siécle.

litique ne saurait conserver sa popu-

A democracia, como qualquer outro regime, reclama e pede govêmo, e govêmo quer dizer direção, ordenação,

larité en laissant les crises suivre

harmonização das atividades de cada um

leurs cours, avec tout ce qu'une telle méthode implique de souffrence.s et de privation pour rhumanité".

em bem de todos.

En dehors de toute

autre consideration, aucun parti po-

O Estado democrático sempre cum priu essa tarefa ordenadora, e foi mais ou

Dir-se-ia que o Estado moderno, ru mando nessa estrada de indisfarçáve^ intervencionalismo econômico, abandona

os moldes democráticos, renegando a es

trutura individualista e despindo as ves tes liberais. Para mim nada disso acon

tece, e a objeção não resiste a uma aná lise séria e a um exame sereno.

O que se verifica é o que já acen tuei de outra feita; a elasticidade da

democracia, a melhor das suas virtu

des, a sua capacidade de adaptação às contingências evolutivas da sociedade.

menos intervencionista

nos

vários

domínios da atividade social, conforme as necessidades de cada país e as contin gências de cada período histórico. Certo é que, até há poucos anos pas sados, as preocupações puramente polí ticas é que dominavam o.s condutores da democracia, deixados, em geral (salvo uma ou outra exceção), os problemas so ciais e econômicos ao livre jogo da ini ciativa privada.

Mas a razão estava em que esses problemas ainda não tinham nem revela

21

Dicesto Econômico

mentos e com a mesma legitimidade

com que, desde os seus primórdios, in terferiu benéfica e autorizadamente no

terreno político e jurídico. As novas condições criadas para a hu manidade pelo seu progrcs.so incessante reclamam do Estado democrático solu

ções para os problemas sociais e econômi cos recentemente surgidos, da mesma

maneira que a anterior civiliz;\ção o que exigia era regulamentação puramente ju rídica e ordenação meramente política.

O regime democrático subsiste o mes mo, sem a perda de qualquer de suas características, na sua forma, no

cidas do passado.

O essencial é que o indivíduo, diante do intervencionismo crescente do Estado,

não passe a ser esmagado por este, e relegado à categoria de simples peça da máquina estatal. A substância da democracia reside na

valorização do homem, no avigoramento

das energias individuais, no fortalecimen to dos direitos e da capacidade de cada cidadão.

dentro de normas fixas, imutaveisj é an

ciência, o emprego da máquina, a su

"El fin supremo, disse Salvador de Madariaga, es el individuo y Ias ins-

tes, na exata definição de KeLsen, uma forma, um método de criação da ordem

perprodução, o subconsUmo, os "sem tra balho", mil outras condições.

cer melma sobre el mas que encuan-

de não ter mais sentido na hora em que

as soluções antigas, puramente indivi

tudes de plasticidade e adaptação a todos os climas históricos, pode apare

dualistas, não mais atendem aos impe

cer no campo social e econômico, coor

rativos dessa mesma ordem social a re

denando as iniciativas individuais, regu-

rentes das exigências da época que pas

sa. A democracia, sem abandonar ^ suas características "político-jurídicas , ampha a ati\idade do Estado que en carna os seus postulados, dando-lhes sen tido "econômico-sociar'.

As liberdades individuais foram man

tiluciones collectivas no pueden ha-

to son indispensables a su enriquecimiento intellectual".

E em outro ponto:

i

tidas, a dignidade humana foi respeitada antes, como nos Estados Unidos desde Roosevelt, "para aumentar a capacida

ra aparecidas; o desenvolvimento da

incoerência, antes revelando as suas vir

Americana; e ajuntam a êles os novos

princípios econômicos e sociais, decor

campo de ação regulado pelo Estado é que se ampliou abrangendo agora uma infinidade de questões novas, criadas pela civilização, inteiramente desconhe

um regime poMtico, rigidamente contido

Daí a sem razão dos que a acusam

ção Francesa e pela Constituição Norte-

todo de criação de ordem social; o seu

vam a importância que hoje assumem, em face de condições novas .somente ago

Assim, a democracia, sem a menor

liberdade .individual, oriundos da evo

lução secular, consagrados pela Revolu

e o poder público aparece, não para

De fato, a democracia não é apenas

social".

As novas constituições democráticas

mantêm todos os imortais princípios de

apoucar a esta nem diminuir aquelas, de de compra dos indivíduos, reduzir o número dos que não encontram trabalho, melliorar a condição dos trabalhado res".

Mesmo porque, e aqui dou a palavra a um grande mestre de liberalismo nor te-americano, Nicholas Murray Butler, "a exploração do homem pelo homem nada tem com a liberdade; é uma forma

de licença que, sob o nome de liber dade, se afirma ràpidamente como a

pior inimiga da liberdade. Enquanto a idéia de sujeição dominar todas as for mas da atividade humana, aí compreen

dida a procura de lucro, a liberdade não passará de uma palavra". E ao Estado cabe, na defesa do ho

mem e para sua dignificação, interferir, impedindo a sua exploração, a sua escravização, o seu esmagamento.

Não vejo, assim, como esteja atingida

"Nada existe fuera dei hombre. Solo

a democracia liberal pela política eco

nômica que está sendo seguida em quase todas as nações, nas quais a ação do go vêmo aparece para orientar e dirigir

no sentido de evitar o esmagamento do

novar-se continuamente, e a ação do

lando-as, orientando-as, dirigindo-as, com

Estado, do poder público, dos governos,

en el y por el hay Verdad, Belleza y Bien; solo en el y por el tienen sentido; solo el puede servírlas o

os mesmos títulos, sob os mesmos funda-

traicionarlas".


20

Dicesto EcoNÓNnco

que. II n'y a pas un domaine de Ia

c chamada a cada vez mai.s substituir-se

vie économique oú TEtat ne soit in-

à pura e s'mp'cs iniciativa individual no encaminhamento e solução dos múltiplos

tervenu et s*il est des cas oú il re-

tion s'il le pouvait, rien ne semble

e graves problemas que o mundo novo oferece ao exame e decisão dos diri

permettre de penser raisonnablement

gentes.

ncncerait volontier à cette interven-

qu'il puisse le faire dans une im portante mesure. Ceux mêmes qui

que democracia jamai.s significou a pre

le désíreraient, le p'us vávement re-

ponderância do interesse ou mesmo da

Antes de tudo, preciso é acentuar

connaissent rimpossibilité de retabiír

iniciativa individual sobre a da coleti

le régime de quasí laisser-faire du

vidade.

XIXeme siécle.

litique ne saurait conserver sa popu-

A democracia, como qualquer outro regime, reclama e pede govêmo, e govêmo quer dizer direção, ordenação,

larité en laissant les crises suivre

harmonização das atividades de cada um

leurs cours, avec tout ce qu'une telle méthode implique de souffrence.s et de privation pour rhumanité".

em bem de todos.

En dehors de toute

autre consideration, aucun parti po-

O Estado democrático sempre cum priu essa tarefa ordenadora, e foi mais ou

Dir-se-ia que o Estado moderno, ru mando nessa estrada de indisfarçáve^ intervencionalismo econômico, abandona

os moldes democráticos, renegando a es

trutura individualista e despindo as ves tes liberais. Para mim nada disso acon

tece, e a objeção não resiste a uma aná lise séria e a um exame sereno.

O que se verifica é o que já acen tuei de outra feita; a elasticidade da

democracia, a melhor das suas virtu

des, a sua capacidade de adaptação às contingências evolutivas da sociedade.

menos intervencionista

nos

vários

domínios da atividade social, conforme as necessidades de cada país e as contin gências de cada período histórico. Certo é que, até há poucos anos pas sados, as preocupações puramente polí ticas é que dominavam o.s condutores da democracia, deixados, em geral (salvo uma ou outra exceção), os problemas so ciais e econômicos ao livre jogo da ini ciativa privada.

Mas a razão estava em que esses problemas ainda não tinham nem revela

21

Dicesto Econômico

mentos e com a mesma legitimidade

com que, desde os seus primórdios, in terferiu benéfica e autorizadamente no

terreno político e jurídico. As novas condições criadas para a hu manidade pelo seu progrcs.so incessante reclamam do Estado democrático solu

ções para os problemas sociais e econômi cos recentemente surgidos, da mesma

maneira que a anterior civiliz;\ção o que exigia era regulamentação puramente ju rídica e ordenação meramente política.

O regime democrático subsiste o mes mo, sem a perda de qualquer de suas características, na sua forma, no

cidas do passado.

O essencial é que o indivíduo, diante do intervencionismo crescente do Estado,

não passe a ser esmagado por este, e relegado à categoria de simples peça da máquina estatal. A substância da democracia reside na

valorização do homem, no avigoramento

das energias individuais, no fortalecimen to dos direitos e da capacidade de cada cidadão.

dentro de normas fixas, imutaveisj é an

ciência, o emprego da máquina, a su

"El fin supremo, disse Salvador de Madariaga, es el individuo y Ias ins-

tes, na exata definição de KeLsen, uma forma, um método de criação da ordem

perprodução, o subconsUmo, os "sem tra balho", mil outras condições.

cer melma sobre el mas que encuan-

de não ter mais sentido na hora em que

as soluções antigas, puramente indivi

tudes de plasticidade e adaptação a todos os climas históricos, pode apare

dualistas, não mais atendem aos impe

cer no campo social e econômico, coor

rativos dessa mesma ordem social a re

denando as iniciativas individuais, regu-

rentes das exigências da época que pas

sa. A democracia, sem abandonar ^ suas características "político-jurídicas , ampha a ati\idade do Estado que en carna os seus postulados, dando-lhes sen tido "econômico-sociar'.

As liberdades individuais foram man

tiluciones collectivas no pueden ha-

to son indispensables a su enriquecimiento intellectual".

E em outro ponto:

i

tidas, a dignidade humana foi respeitada antes, como nos Estados Unidos desde Roosevelt, "para aumentar a capacida

ra aparecidas; o desenvolvimento da

incoerência, antes revelando as suas vir

Americana; e ajuntam a êles os novos

princípios econômicos e sociais, decor

campo de ação regulado pelo Estado é que se ampliou abrangendo agora uma infinidade de questões novas, criadas pela civilização, inteiramente desconhe

um regime poMtico, rigidamente contido

Daí a sem razão dos que a acusam

ção Francesa e pela Constituição Norte-

todo de criação de ordem social; o seu

vam a importância que hoje assumem, em face de condições novas .somente ago

Assim, a democracia, sem a menor

liberdade .individual, oriundos da evo

lução secular, consagrados pela Revolu

e o poder público aparece, não para

De fato, a democracia não é apenas

social".

As novas constituições democráticas

mantêm todos os imortais princípios de

apoucar a esta nem diminuir aquelas, de de compra dos indivíduos, reduzir o número dos que não encontram trabalho, melliorar a condição dos trabalhado res".

Mesmo porque, e aqui dou a palavra a um grande mestre de liberalismo nor te-americano, Nicholas Murray Butler, "a exploração do homem pelo homem nada tem com a liberdade; é uma forma

de licença que, sob o nome de liber dade, se afirma ràpidamente como a

pior inimiga da liberdade. Enquanto a idéia de sujeição dominar todas as for mas da atividade humana, aí compreen

dida a procura de lucro, a liberdade não passará de uma palavra". E ao Estado cabe, na defesa do ho

mem e para sua dignificação, interferir, impedindo a sua exploração, a sua escravização, o seu esmagamento.

Não vejo, assim, como esteja atingida

"Nada existe fuera dei hombre. Solo

a democracia liberal pela política eco

nômica que está sendo seguida em quase todas as nações, nas quais a ação do go vêmo aparece para orientar e dirigir

no sentido de evitar o esmagamento do

novar-se continuamente, e a ação do

lando-as, orientando-as, dirigindo-as, com

Estado, do poder público, dos governos,

en el y por el hay Verdad, Belleza y Bien; solo en el y por el tienen sentido; solo el puede servírlas o

os mesmos títulos, sob os mesmos funda-

traicionarlas".


22

Dicesto

fraco pelo forte: *'c'ést Ia tache essen-

Econômico

tielle d'uii gouvemement de liberte de veiller a ce qu'aucun individu ne puísse

Constituição garante, com iguais direitos para todos e sem nenhum privilégio para ninguém". E ainda: "Em toda a idéia

êtré exploité par d'autres" são ainda

de propriedade esse direito é o que do

palavras de Butler.

mina" e "se em atenção a esse direito

Cabe aqui citar o próprio Roosevelt:

devemos submeter a restriç-ões o espe

Aproveitamento Econômico da Bacia do São Francisco por Amando Fontes

O autor de "Corumhas", Amando Fontes, que, no Parlamento Brasileiro, sc cem destacando nu debate dos problemas econômicos, preside a Comissão do Plano a Aproveitamento da Bacia do São Francisco. - da Com dupla autoridade, o eminente deputado focaliza o papel do grande

"Continuaremos a defender a liberdade

culador ou o financeiro, tais restrições

da palavra, de imprensa, de rádio, de religião e de reunião, como a nossa

entretanto não contradizem o individua

unidade nacional, historia os planos do seu aproveitamento e narra as

lismo,, antes o defendem".

iã po.stas cm execução. Examina, em detalhe, a utilização da crxergui htdratuiL da Cachoeira de Paulo Afonso e a s-na transformação em energia clétnca. ^ to é de extraordinário intcrôsse para a grandeza da economia brasileira c soõre chainamos a atenção dos nossos leitores.

,

o ospiiíto agudo do sr. Morris Cook, necessidade externa, poderiamos deslo• que por solicitação de nosso Govêmo cav tropas do R.o Grande do Sul ate o Ceará, sem expô-las ao perigo dos ata

I

aqui veio estudar as nossas possibilida

des econômicas, não escapou a impor

ques submarinos.

tância marcante que o rio São'Francis co poderá ter na marcha deste País para o progresso. Por isso classificou-o como

que nos apercebemos da situação de

um rio "para muitas finalidades" (múl tiplo purposes rivcr). Não foi a sua advertência, entretanto,

que atraiu a atenção do Brasil para a

Com a presença de grande número de acionistas, realizou-se a assembléia geral ordinária da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, sob a presidência do dr. Luís Pereira, vice-presidente da diretoria, servindo de secretários os srs. drs. Ar-

semiro Couto de Barras e Antônio Cintra Gordinho, para apresentação do relatório, balanços e contas do exercício de 1946, eleição do conselho fiscal e suplentes para o exercício de 1948.

Do relatório publicado, verifica-se que a Companhia transportou no ano pas sado 11.224.152 passageiros, 225.653 toneladas de bagagens e encomendas e 3.476.422 toneladas de cargas, além de 843.850 telegramas transmitidos. A receita total atingiu a Cr$ 350.524.802,90, tendo a dcsjjesa montado a

Cr§ 282.904.370,70, com um saldo liquido de Cr$ 67.620.432,20 que, somado

aos lucros stispeixsos do ano de 194.5, na importância de Cr$ 16.233.834,30, dá a quantia de CrS 83.854.266>50. Desta importância foram destinados Cr$ 40.108 71600 no pagamento de dividendos aos acionistas; Cr$ 3.281.021,60 fo ram destinados ao fundo de reserva; Cr§ 1.712.450,30 ao fundo de previsão; CrS 12.551.123,70 para o fundo do Serviço Florestal; Cr$ 3.252.558,70 ao fundo

Mas foi nessa oportunidade, também,

completo abandono em que ficara o São Francisco durante o período repu

blicano, do que resultava serem deficientíssimos os meios de transporte •

sobremodo precárias as suas condições

grande via líquida. Tornamos a pensar

de navegabilidade.

nela, agradecidos, quando as duras contingênc as da guerra vieram demonstrar que éramos como um arquipélago, ne

havia constituído preocupação de p^-

cessitando do dorsü do Atlântico para trazer o Sul em ligação com o Norte.

Foi aí que outra vez nos demos conta

No segundo Império, como é sabido, meiro plano do governo manter o Sao Francisco em boas condições de transito,

desde o Salto de Pirapora até Jatobm O Relatório apresentado à Assembléia

tanhas, bem distante da costa, uma estei

Geral, em 1884, pelo ministro da Agri cultura, Comércio, e Obras Públicas, Accioli de Vasconcelos,, dá conta dos

ra navegável, por onde pessoas e merca dorias poderiam ser transportadas no cen

na Cachoeira de Sobradinho e nas que

da dadivosa oferta da natureza, que

havia estabelecido, por detrás das mon

tro de Minas Gerais até Pernambuco.

Isso s'gnificava que, se houvesse uma

trabalhos efetuados, com esse objetivo,

vêm empós, até o porto da antiga Ja tobá, hoje Petrolândia. , Revelando o

de amorliuiçüo das dívidas da Companhia e Cr$ 2.000.000,00 ao pagajnento da quinta anuidade dos impostos de renda atrasados, passarulo ainda em suspenso, paro o exercício de 1947, a importância de Cr$ 20.948.396,20. O capital aplicado em suas linhas férreas e instalações acessórias eleva-se a Cr$ 559.047.397,40, além de CrS 342.016.369,20 de obras e melhoramentos rea

lizados por conta dos taxas adicionais de 10%. .v,. " J,


22

Dicesto

fraco pelo forte: *'c'ést Ia tache essen-

Econômico

tielle d'uii gouvemement de liberte de veiller a ce qu'aucun individu ne puísse

Constituição garante, com iguais direitos para todos e sem nenhum privilégio para ninguém". E ainda: "Em toda a idéia

êtré exploité par d'autres" são ainda

de propriedade esse direito é o que do

palavras de Butler.

mina" e "se em atenção a esse direito

Cabe aqui citar o próprio Roosevelt:

devemos submeter a restriç-ões o espe

Aproveitamento Econômico da Bacia do São Francisco por Amando Fontes

O autor de "Corumhas", Amando Fontes, que, no Parlamento Brasileiro, sc cem destacando nu debate dos problemas econômicos, preside a Comissão do Plano a Aproveitamento da Bacia do São Francisco. - da Com dupla autoridade, o eminente deputado focaliza o papel do grande

"Continuaremos a defender a liberdade

culador ou o financeiro, tais restrições

da palavra, de imprensa, de rádio, de religião e de reunião, como a nossa

entretanto não contradizem o individua

unidade nacional, historia os planos do seu aproveitamento e narra as

lismo,, antes o defendem".

iã po.stas cm execução. Examina, em detalhe, a utilização da crxergui htdratuiL da Cachoeira de Paulo Afonso e a s-na transformação em energia clétnca. ^ to é de extraordinário intcrôsse para a grandeza da economia brasileira c soõre chainamos a atenção dos nossos leitores.

,

o ospiiíto agudo do sr. Morris Cook, necessidade externa, poderiamos deslo• que por solicitação de nosso Govêmo cav tropas do R.o Grande do Sul ate o Ceará, sem expô-las ao perigo dos ata

I

aqui veio estudar as nossas possibilida

des econômicas, não escapou a impor

ques submarinos.

tância marcante que o rio São'Francis co poderá ter na marcha deste País para o progresso. Por isso classificou-o como

que nos apercebemos da situação de

um rio "para muitas finalidades" (múl tiplo purposes rivcr). Não foi a sua advertência, entretanto,

que atraiu a atenção do Brasil para a

Com a presença de grande número de acionistas, realizou-se a assembléia geral ordinária da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, sob a presidência do dr. Luís Pereira, vice-presidente da diretoria, servindo de secretários os srs. drs. Ar-

semiro Couto de Barras e Antônio Cintra Gordinho, para apresentação do relatório, balanços e contas do exercício de 1946, eleição do conselho fiscal e suplentes para o exercício de 1948.

Do relatório publicado, verifica-se que a Companhia transportou no ano pas sado 11.224.152 passageiros, 225.653 toneladas de bagagens e encomendas e 3.476.422 toneladas de cargas, além de 843.850 telegramas transmitidos. A receita total atingiu a Cr$ 350.524.802,90, tendo a dcsjjesa montado a

Cr§ 282.904.370,70, com um saldo liquido de Cr$ 67.620.432,20 que, somado

aos lucros stispeixsos do ano de 194.5, na importância de Cr$ 16.233.834,30, dá a quantia de CrS 83.854.266>50. Desta importância foram destinados Cr$ 40.108 71600 no pagamento de dividendos aos acionistas; Cr$ 3.281.021,60 fo ram destinados ao fundo de reserva; Cr§ 1.712.450,30 ao fundo de previsão; CrS 12.551.123,70 para o fundo do Serviço Florestal; Cr$ 3.252.558,70 ao fundo

Mas foi nessa oportunidade, também,

completo abandono em que ficara o São Francisco durante o período repu

blicano, do que resultava serem deficientíssimos os meios de transporte •

sobremodo precárias as suas condições

grande via líquida. Tornamos a pensar

de navegabilidade.

nela, agradecidos, quando as duras contingênc as da guerra vieram demonstrar que éramos como um arquipélago, ne

havia constituído preocupação de p^-

cessitando do dorsü do Atlântico para trazer o Sul em ligação com o Norte.

Foi aí que outra vez nos demos conta

No segundo Império, como é sabido, meiro plano do governo manter o Sao Francisco em boas condições de transito,

desde o Salto de Pirapora até Jatobm O Relatório apresentado à Assembléia

tanhas, bem distante da costa, uma estei

Geral, em 1884, pelo ministro da Agri cultura, Comércio, e Obras Públicas, Accioli de Vasconcelos,, dá conta dos

ra navegável, por onde pessoas e merca dorias poderiam ser transportadas no cen

na Cachoeira de Sobradinho e nas que

da dadivosa oferta da natureza, que

havia estabelecido, por detrás das mon

tro de Minas Gerais até Pernambuco.

Isso s'gnificava que, se houvesse uma

trabalhos efetuados, com esse objetivo,

vêm empós, até o porto da antiga Ja tobá, hoje Petrolândia. , Revelando o

de amorliuiçüo das dívidas da Companhia e Cr$ 2.000.000,00 ao pagajnento da quinta anuidade dos impostos de renda atrasados, passarulo ainda em suspenso, paro o exercício de 1947, a importância de Cr$ 20.948.396,20. O capital aplicado em suas linhas férreas e instalações acessórias eleva-se a Cr$ 559.047.397,40, além de CrS 342.016.369,20 de obras e melhoramentos rea

lizados por conta dos taxas adicionais de 10%. .v,. " J,


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Dicesto EcoNÓ,\nco

25

Dicesto Econóxíico propósito de dar eicoadouro até o ocea

em certas passagens, o leito, tornando-o

Bahia, de Pernambuco e dos Estados

qüência das corredeiras, da estreiteza do

como que a título de experiência, à irri gação das terras marginais e à transfor mação de energia hidráulica em fôrça

iirnítrofes, o mesmo govêmo fez cons truir a linha férrea Jatobá-Piranhas, pois o que chegasse por via fuvial até a prinieira localidade, seria transportado por estrada de ferro até a segunda, onde de

cana', lá continuavam como no século

elétrica.

no aos produtos oriundos dos mais re

quase impraticável.

cônditos pontos de Minas Gerais, da

os pontos de trânsito difícil, em conse

novo seria levado pelas embarcações do

baixo São Francisco até o Atlântico,

Dessa

época, até 1942, não temos

h tido de manter desimpedida a navegaconhec mento de nenhum serviço de vul

to mandado executar pela União no sen

Çao naquele que já se chamou "o mais

brasileiro dos rios". Apenas os gover nos dos Estados de Minas e Bahia e o

arrojo de alguns particulares têm pro

E, por outro lado,

afogadilho, passaram a se realizar.

Muito pouco se fez. Mas uma gran de virtude teve o fato de precisarmos usar a estrada líquida do sert<ão: abriu os nossos olhos, despertou-nos a consciên

cia, atraiu o nosso interesse para um dos problemas nacionais de mais pre mente solução.

Realmente, posto em foco o São Fran

cisco, passamos a imaginar que a sua imensa bacia orça por 600 mil quilôme

curado estabelecer e manter, através

tros quadrados; que, se todas as suas

terras não são da melhor qualidade, vas tas áreas se prestam magnificamente às mais variadas culturas; que milhares de

A.

se atribuir uma parte das rendas tribu tárias da União para "a execução de um plano de aproveitamento total das pos

sôbre detalhes, debatendo sugestões, pô de a Comissão, apenas quarenta e cinco

sibilidades econômicas do rio São Fran cisco e seus afluentes".

Em virtude de emendas dos deputados Manuel Novais e Clemente Mariani,- o

dias apôs sua instalação, elaborar um plano de ação, perfeitamente estruturado, no qual os diversos serviços seriam atacados tendo em vista a sua real prio

artigo 29 do Ato das Disposições Consti

ridade. Êsse plano, de linhas simples, está todo contido na lei n.° 23, de 15 de fevereiro último, a qual distribui a cota constitucional de 1% para rèalização do serviços tendentes ao melhoramento das condições de navegabilidade do rio,

ção para o Govêmo Federal.

combate à malária, proteção e sanea mento das cidades ribeirinhas, rodovias

de ligação com o litoral, comunicações telegráficas, aproveitamento da energia

brasileiros, estabelecidos estòicamente à sua margem, são vítimas da malária e

do. "Rio da unidade nacional", êle se

de outras endemias; que, pela irrigação obtida com o represamento das águas de alguns de seus afluentes, zonas libe res podem ser utilizadas no plantio da

ria também o rio estratégico, aquele que,

cana e do algodão; que, entretanto, da

nia's que todos, poderia contribuir para

das as dificuldades de comunicações en

a defesa de nossa soberania.

sôbre a praticabilidade do transporte in

tre a região san-franciscana e o litoral, torna-se anti-económico, no momento, o desenvolvimento da produção no imenso vale; que o potencial hidráulico do rio, convenientemente explorado, constituirá

cumprimento, o deputado Teôdulo Al buquerque propôs fosse organizada uma

tensivo de tropas e equipamentos pelo

uma das mais seguras fontes de nosso

agiu acertadamente, designando para compô-la representantes dos cinco Esta

informar o Estado Maior do Exército

Ouvindo-lhes os depoimentos, indagando

tucionais Transitórias criou essa obriga

Foi assim que nos surpreendeu a guerra. Somente em conseqüência dela,

Dos estudos que, à época, o Ministé rio da Viaçâo mandou proceder, para

ou aquele aspecto do problema, enge nheiros cspeciahzados em navegação,

transportes, hidráulica, médicos lügienistas, agrônomos, estatísticos, sociólogos.

afluentes.

nos relembramos do grande esqueci

falaram, justificando seus pontos de vista sôbre as soluções alvitradas para êste

dade, em todo o País, para a idéia de

te de 1946, havia ambiente, receptivi

Ordens foram expedidas às pressas; créd tos abertos, obras, planejadas de

das maiores dificuldades, linhas de na

vegação, que se estendem de Pirapora a Petrolina — Joazeiros de Piranhas a Co légio, e servem ainda a alguns de seus

Assim, quando se reuniu a Constituin

passado.

zesseis memoráveis sessões, perante ela

hidráulica de algumas cachoeiras. Em sua recente viagem, juntamente

com o sr. presidente da República, às terras banhadas pelo São Francisco, e

que se estendeu de Barreiras a Paulo Para que não se procrastinasse o seu

comissão especial, destinada a elaborar

aquele plano de aproveitamento.

E,

deferindo êsse requerimento, a Câmara

Afonso, teve a Comissão a grata oportu

nidade de constatar que as soluções ado tadas em conseqüência de estudos de gabinete coincidiam justamente com aquelas apontadas pelo conhecimento direto das várias zonas percorridas. E mais ainda, sentiram todos os seus mem

bros uma grande alegria: a de ver, de pa'par os frutos reais de algumas das

São Francisco, realidades entristecedoras vieram a tona. Os navios utilizados,

progresso e de nossa riqueza.

pequenos e obsoletos, pouca capacidade

esse tempo, o sr. Apolônio Sales, ho

Sopesando bem suas responsabilidades, decidiu a Comissão Parlamentar, antes

medidas sugeridas. Estava convencida a Comissão de que

de qualquer passo, ouvir os técnicos, que, por suas funções ou trabalhos publica

nenhuma recuperação econômica do vale seria possível, se o elemento humano se conservasse atrofiado, inativo, consumido

Assumindo a pasta da Agricultura, por

tinham. As enchentes periódicas, tra

mem do Norte, dotado de espírito pú

zendo a erosão das margens, espraiaram

blico, e conhecedor profundo das neces

dos marginais.

® rio, dúninuíndo-lhe a profundidade; as

sidades 6 das possibilidades econômicas

terras e detritos arrastados nas enchentes,

da bacia san-franciscana, determinou

dos, se tivessem revelado conhecedores

formaram ilhas aqui e ali, assorearam,

estudos, e deu início, em pequena escala,

das obras e serviços necessários ao er-

pelas sezões. Um dever de humanidade

guimento econômico da região. Em de

também indicava como primeira etapa

^ i


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Dicesto EcoNÓ,\nco

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Dicesto Econóxíico propósito de dar eicoadouro até o ocea

em certas passagens, o leito, tornando-o

Bahia, de Pernambuco e dos Estados

qüência das corredeiras, da estreiteza do

como que a título de experiência, à irri gação das terras marginais e à transfor mação de energia hidráulica em fôrça

iirnítrofes, o mesmo govêmo fez cons truir a linha férrea Jatobá-Piranhas, pois o que chegasse por via fuvial até a prinieira localidade, seria transportado por estrada de ferro até a segunda, onde de

cana', lá continuavam como no século

elétrica.

no aos produtos oriundos dos mais re

quase impraticável.

cônditos pontos de Minas Gerais, da

os pontos de trânsito difícil, em conse

novo seria levado pelas embarcações do

baixo São Francisco até o Atlântico,

Dessa

época, até 1942, não temos

h tido de manter desimpedida a navegaconhec mento de nenhum serviço de vul

to mandado executar pela União no sen

Çao naquele que já se chamou "o mais

brasileiro dos rios". Apenas os gover nos dos Estados de Minas e Bahia e o

arrojo de alguns particulares têm pro

E, por outro lado,

afogadilho, passaram a se realizar.

Muito pouco se fez. Mas uma gran de virtude teve o fato de precisarmos usar a estrada líquida do sert<ão: abriu os nossos olhos, despertou-nos a consciên

cia, atraiu o nosso interesse para um dos problemas nacionais de mais pre mente solução.

Realmente, posto em foco o São Fran

cisco, passamos a imaginar que a sua imensa bacia orça por 600 mil quilôme

curado estabelecer e manter, através

tros quadrados; que, se todas as suas

terras não são da melhor qualidade, vas tas áreas se prestam magnificamente às mais variadas culturas; que milhares de

A.

se atribuir uma parte das rendas tribu tárias da União para "a execução de um plano de aproveitamento total das pos

sôbre detalhes, debatendo sugestões, pô de a Comissão, apenas quarenta e cinco

sibilidades econômicas do rio São Fran cisco e seus afluentes".

Em virtude de emendas dos deputados Manuel Novais e Clemente Mariani,- o

dias apôs sua instalação, elaborar um plano de ação, perfeitamente estruturado, no qual os diversos serviços seriam atacados tendo em vista a sua real prio

artigo 29 do Ato das Disposições Consti

ridade. Êsse plano, de linhas simples, está todo contido na lei n.° 23, de 15 de fevereiro último, a qual distribui a cota constitucional de 1% para rèalização do serviços tendentes ao melhoramento das condições de navegabilidade do rio,

ção para o Govêmo Federal.

combate à malária, proteção e sanea mento das cidades ribeirinhas, rodovias

de ligação com o litoral, comunicações telegráficas, aproveitamento da energia

brasileiros, estabelecidos estòicamente à sua margem, são vítimas da malária e

do. "Rio da unidade nacional", êle se

de outras endemias; que, pela irrigação obtida com o represamento das águas de alguns de seus afluentes, zonas libe res podem ser utilizadas no plantio da

ria também o rio estratégico, aquele que,

cana e do algodão; que, entretanto, da

nia's que todos, poderia contribuir para

das as dificuldades de comunicações en

a defesa de nossa soberania.

sôbre a praticabilidade do transporte in

tre a região san-franciscana e o litoral, torna-se anti-económico, no momento, o desenvolvimento da produção no imenso vale; que o potencial hidráulico do rio, convenientemente explorado, constituirá

cumprimento, o deputado Teôdulo Al buquerque propôs fosse organizada uma

tensivo de tropas e equipamentos pelo

uma das mais seguras fontes de nosso

agiu acertadamente, designando para compô-la representantes dos cinco Esta

informar o Estado Maior do Exército

Ouvindo-lhes os depoimentos, indagando

tucionais Transitórias criou essa obriga

Foi assim que nos surpreendeu a guerra. Somente em conseqüência dela,

Dos estudos que, à época, o Ministé rio da Viaçâo mandou proceder, para

ou aquele aspecto do problema, enge nheiros cspeciahzados em navegação,

transportes, hidráulica, médicos lügienistas, agrônomos, estatísticos, sociólogos.

afluentes.

nos relembramos do grande esqueci

falaram, justificando seus pontos de vista sôbre as soluções alvitradas para êste

dade, em todo o País, para a idéia de

te de 1946, havia ambiente, receptivi

Ordens foram expedidas às pressas; créd tos abertos, obras, planejadas de

das maiores dificuldades, linhas de na

vegação, que se estendem de Pirapora a Petrolina — Joazeiros de Piranhas a Co légio, e servem ainda a alguns de seus

Assim, quando se reuniu a Constituin

passado.

zesseis memoráveis sessões, perante ela

hidráulica de algumas cachoeiras. Em sua recente viagem, juntamente

com o sr. presidente da República, às terras banhadas pelo São Francisco, e

que se estendeu de Barreiras a Paulo Para que não se procrastinasse o seu

comissão especial, destinada a elaborar

aquele plano de aproveitamento.

E,

deferindo êsse requerimento, a Câmara

Afonso, teve a Comissão a grata oportu

nidade de constatar que as soluções ado tadas em conseqüência de estudos de gabinete coincidiam justamente com aquelas apontadas pelo conhecimento direto das várias zonas percorridas. E mais ainda, sentiram todos os seus mem

bros uma grande alegria: a de ver, de pa'par os frutos reais de algumas das

São Francisco, realidades entristecedoras vieram a tona. Os navios utilizados,

progresso e de nossa riqueza.

pequenos e obsoletos, pouca capacidade

esse tempo, o sr. Apolônio Sales, ho

Sopesando bem suas responsabilidades, decidiu a Comissão Parlamentar, antes

medidas sugeridas. Estava convencida a Comissão de que

de qualquer passo, ouvir os técnicos, que, por suas funções ou trabalhos publica

nenhuma recuperação econômica do vale seria possível, se o elemento humano se conservasse atrofiado, inativo, consumido

Assumindo a pasta da Agricultura, por

tinham. As enchentes periódicas, tra

mem do Norte, dotado de espírito pú

zendo a erosão das margens, espraiaram

blico, e conhecedor profundo das neces

dos marginais.

® rio, dúninuíndo-lhe a profundidade; as

sidades 6 das possibilidades econômicas

terras e detritos arrastados nas enchentes,

da bacia san-franciscana, determinou

dos, se tivessem revelado conhecedores

formaram ilhas aqui e ali, assorearam,

estudos, e deu início, em pequena escala,

das obras e serviços necessários ao er-

pelas sezões. Um dever de humanidade

guimento econômico da região. Em de

também indicava como primeira etapa

^ i


ijl

27

Dicesto Econókuco

26

Dicksto

entre todas a de restitnir a saúde a

n^uitos milhares de brasileiros, ali aban

donados à própria sorte. Pondo em prática os modernos méto

dos de combate ao impaludismo, desco

bertos por norte-americanos e ingleses na última guerra, vem o Ser\áço Nacional da Malária procedendo à "dedetizaçao das habitações situadas à beira do

no e ministrando a nova droga cspecíhca contra a moléstia — o aralem — atingidas. Com a "dede-

bzaçao", que consiste no aspergimento de uma emulsão do produto conhecido por DDT pelas paredes das casas

choupanas, obtém-se, pelo espaço de três a quatro meses, a destruição do mosqui to transmissor, que nelas pousa; e o

EcoNÓ^^co

nomia do País, merecendo uma referên cia especial.

ajudá-lo a competência técnica e o espí

rito público com que se \'em empenhan

Trata-se do aproveitanicnto da energia

do na campanha o diretor do Scnâço

hidráulica da Cachoeira dc Paulo Afonso,

Nacional dc Combate à 'Mahiria, dr.

da sua transformação cm força elé

Mário Pinotti. Mas seria injustiça que

trica.

nesta divulgação não viesse referido o

nome de d. Miiniz, o bispo da Barra, que vive, ora num pcqucrTo avião, ora cm vapores ou canoas, a cavalo ou a pé,

-V

sertada, para que afinal um dia .sc con

siga o extermínio da malária naquelas paragens.

Também viu a Comissão Parlamen

tar, construídos ou em ser\'iço, cais de proteção contra as enchentes c de atra

aralem geralmente cura com a adminis

cação em algumas localidades do Médio

mcnto completo da região mais próspe ra do Nordeste, o que viria dar inteira razão a SiKio Romero, quando pre\âu que, se persistíssemos em andar por ca-

Hoje, êsse assunto não constitui mais

níinho.s errados, um dia se concentra

riam no Sul tôda a riqueza e tôda a po

anseio de alguns idealistas.

pulação do Brasil.

Estudado

abnegados técnicos da Divisão de Águas do Ministério da Agricultura, revisados os planos destes por experimentados es

descobrir onde há uma falha a ser con

Assim, teríamos, para um

uma miragem, devaneio da imaginação, em silêncio por alguns competentes e

percorrendo tôdas as localidades margi nais de sua vasta diocese, procurando

condiç-õcs.

futuro não muito distante, um estiola-

A eletrificação da Paulo Afonso virá trãhsmudar por completo os dados do problema.

Com dispêndio relativamente pequeno,

pecialistas norte-americanos, estão assen

pois não haverá necessidade de grandes

tadas em definitivo a praticabilidade e a rendabilidadc da captação da energia

barragens, bastando que se aproveite a

elétrica da Cachoeira e a sua distribui

queda natural das águas, pode-se obter naquela Cachoeira o potencial de 440

ção por uma área onde mourcjam doze

mil quilowatts. Mais cara será a trans missão dessa energia para os centros

milhões de nordestinos.

Como c geralmente sabido, o desen

consumidores, situados a longa distância.

tração de uma única dose. Em toda a

São Francisco. Hospitais regionais, com

e.vtensâo do Médio São Francisco pôde a Comissão verificar a eficiência do pro

capacidade para 64 leitos cada um, es tão sendo levantados, ou <nu v"as disso,

cesso, pela total ausência verificada de

em Pirapora, Januária, Lapa, Barra, San ta Maria da Vitória, Pão de Açúcar.

paralisou-se totalmente, desde há uns

dos serviços e materiais nos dias corren

vinte anos, por falta de energia para

tes, não tomará anti-económico o em

Propriá e Petrolina. Iniciada também já

movimentar nossas máquinas. Para ali mentar as caldeiras das fábricas de te-

prego da energia. Muito ao contrário, ainda permitirá que seja a mesma xitili-

cidosj das usinas de açúcar, das locomo

zada sob tarifas três e quatro vezes in

tivas, devastadas vêm sendo, através dos

feriores às atuais.

tempos, as florestas da região. De tal sorte que hoje, ali, as reservas florestais vão de 7% em Sergipe e 11,5% em Ala

A potência instalada atualmente em parte do Estado da Baliia, Sergipe, Ala goas, Pernambuco e Paraíba orça por

goas.

80.000 K\V, sendo bastante superior a demanda de energia. Desta sorte, te ríamos, desde o início, consumo certo

quaisquer insetos domiciliares e pelo in quérito a que procedeu entre os habitan

tes, muitos curados em plena'crise pelo uso de uma só grama do remédio. Tam

foi a construção das linhas telegriificas relacionadas na Lei 23, e já se acha

bém no Alto São Francisco — região

encomendado todo o material destinado

mineira — e no estirão que vai de Pira

nhas á foz, compreendendo Alagoas e Sergipe, os mesmos métodos vêm sendo

à dragagem de alguns trechos do rio. Seguindo os mesmos rumos percorri dos neste ano, a Comissão já preparou

utilizados. Êsse notável serviço em prol

para o exercício vindouro uma racional

das populações sertanejas vem sendo le

distribuição da verba constitucional, que

vado a tôrmo com reconhecida eficiên

irá atingir uns cento e poucos milhões

cia, primeiramente, devido ao real inte

de cruzeiros. E assim será feito duran

resse do chefe do Poder Executivo na

te 20 anos, que êsse foi o prazo fixado

solução de todos os problemas do São Francisco, animando iniciativas, não re gateando recursos pom a execução dos

no Ato das Disposições Constitucionais

de aproveitamento econômico da bacia

trabalhos necessários.

interestadual.

■ }

volvimento industrial dos Estados de Ser

Êsse encarecimento, entretanto, mesmo

gipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba

tomando-se por base os elevados preços

Em algumas zonas e.xistem usi

nas que trabalham queimando bagaço de cana e tabocas dc bambu.

Dizima

das as matas e as capoeiras do interior, consomem-se, agora, os mangues do li

toral.

Já se paga o metro ciibico de

lenha bruta a 25 e 30 cruzeiros.

Transitórias para a e.xecução do plano

E a

para os 110.000 KW dos dois primeiros grupos que se vão instalar, como pri meira etapa dos serviços. Os outros seis

grupos iriam sendo colocados à medida que as indústrias éxistentes e as que

Um. empreendimento, porém, entre quantos estão sendo atacados ou plane

apreensão já domina os espíritos de in dustriais e homens de governo, quando lançam os olhos para o futuro. . . Labutando em condições tão precárias, não pode o homem do Nordeste com

mente Mariani, homem do São Francisco, vem dedicando a esse setor administra

jados no São Francisco, a todos sobre-

petir com outros produtores e tem a

frutariam da energia da Paulo Afonso

leva por sua grandiosidade e pda, pro

tivo de sua pasta, no que tem tido a

sua iniciativa limitada por tão adversas

as capitais de cinco Estados: Salvador,

funda repercussão que virá ter na eco-

Muito SC têm a louvar, outrossim, os

cuidados e.speciais que o ministro Cle

.Mí

forçosamente ali brotariam o fossem so

licitando. Já com a primeira etapa, en tretanto, servindo a tôda a zona do in

terior percorrida em sua passagem, des


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Dicesto Econókuco

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Dicksto

entre todas a de restitnir a saúde a

n^uitos milhares de brasileiros, ali aban

donados à própria sorte. Pondo em prática os modernos méto

dos de combate ao impaludismo, desco

bertos por norte-americanos e ingleses na última guerra, vem o Ser\áço Nacional da Malária procedendo à "dedetizaçao das habitações situadas à beira do

no e ministrando a nova droga cspecíhca contra a moléstia — o aralem — atingidas. Com a "dede-

bzaçao", que consiste no aspergimento de uma emulsão do produto conhecido por DDT pelas paredes das casas

choupanas, obtém-se, pelo espaço de três a quatro meses, a destruição do mosqui to transmissor, que nelas pousa; e o

EcoNÓ^^co

nomia do País, merecendo uma referên cia especial.

ajudá-lo a competência técnica e o espí

rito público com que se \'em empenhan

Trata-se do aproveitanicnto da energia

do na campanha o diretor do Scnâço

hidráulica da Cachoeira dc Paulo Afonso,

Nacional dc Combate à 'Mahiria, dr.

da sua transformação cm força elé

Mário Pinotti. Mas seria injustiça que

trica.

nesta divulgação não viesse referido o

nome de d. Miiniz, o bispo da Barra, que vive, ora num pcqucrTo avião, ora cm vapores ou canoas, a cavalo ou a pé,

-V

sertada, para que afinal um dia .sc con

siga o extermínio da malária naquelas paragens.

Também viu a Comissão Parlamen

tar, construídos ou em ser\'iço, cais de proteção contra as enchentes c de atra

aralem geralmente cura com a adminis

cação em algumas localidades do Médio

mcnto completo da região mais próspe ra do Nordeste, o que viria dar inteira razão a SiKio Romero, quando pre\âu que, se persistíssemos em andar por ca-

Hoje, êsse assunto não constitui mais

níinho.s errados, um dia se concentra

riam no Sul tôda a riqueza e tôda a po

anseio de alguns idealistas.

pulação do Brasil.

Estudado

abnegados técnicos da Divisão de Águas do Ministério da Agricultura, revisados os planos destes por experimentados es

descobrir onde há uma falha a ser con

Assim, teríamos, para um

uma miragem, devaneio da imaginação, em silêncio por alguns competentes e

percorrendo tôdas as localidades margi nais de sua vasta diocese, procurando

condiç-õcs.

futuro não muito distante, um estiola-

A eletrificação da Paulo Afonso virá trãhsmudar por completo os dados do problema.

Com dispêndio relativamente pequeno,

pecialistas norte-americanos, estão assen

pois não haverá necessidade de grandes

tadas em definitivo a praticabilidade e a rendabilidadc da captação da energia

barragens, bastando que se aproveite a

elétrica da Cachoeira e a sua distribui

queda natural das águas, pode-se obter naquela Cachoeira o potencial de 440

ção por uma área onde mourcjam doze

mil quilowatts. Mais cara será a trans missão dessa energia para os centros

milhões de nordestinos.

Como c geralmente sabido, o desen

consumidores, situados a longa distância.

tração de uma única dose. Em toda a

São Francisco. Hospitais regionais, com

e.vtensâo do Médio São Francisco pôde a Comissão verificar a eficiência do pro

capacidade para 64 leitos cada um, es tão sendo levantados, ou <nu v"as disso,

cesso, pela total ausência verificada de

em Pirapora, Januária, Lapa, Barra, San ta Maria da Vitória, Pão de Açúcar.

paralisou-se totalmente, desde há uns

dos serviços e materiais nos dias corren

vinte anos, por falta de energia para

tes, não tomará anti-económico o em

Propriá e Petrolina. Iniciada também já

movimentar nossas máquinas. Para ali mentar as caldeiras das fábricas de te-

prego da energia. Muito ao contrário, ainda permitirá que seja a mesma xitili-

cidosj das usinas de açúcar, das locomo

zada sob tarifas três e quatro vezes in

tivas, devastadas vêm sendo, através dos

feriores às atuais.

tempos, as florestas da região. De tal sorte que hoje, ali, as reservas florestais vão de 7% em Sergipe e 11,5% em Ala

A potência instalada atualmente em parte do Estado da Baliia, Sergipe, Ala goas, Pernambuco e Paraíba orça por

goas.

80.000 K\V, sendo bastante superior a demanda de energia. Desta sorte, te ríamos, desde o início, consumo certo

quaisquer insetos domiciliares e pelo in quérito a que procedeu entre os habitan

tes, muitos curados em plena'crise pelo uso de uma só grama do remédio. Tam

foi a construção das linhas telegriificas relacionadas na Lei 23, e já se acha

bém no Alto São Francisco — região

encomendado todo o material destinado

mineira — e no estirão que vai de Pira

nhas á foz, compreendendo Alagoas e Sergipe, os mesmos métodos vêm sendo

à dragagem de alguns trechos do rio. Seguindo os mesmos rumos percorri dos neste ano, a Comissão já preparou

utilizados. Êsse notável serviço em prol

para o exercício vindouro uma racional

das populações sertanejas vem sendo le

distribuição da verba constitucional, que

vado a tôrmo com reconhecida eficiên

irá atingir uns cento e poucos milhões

cia, primeiramente, devido ao real inte

de cruzeiros. E assim será feito duran

resse do chefe do Poder Executivo na

te 20 anos, que êsse foi o prazo fixado

solução de todos os problemas do São Francisco, animando iniciativas, não re gateando recursos pom a execução dos

no Ato das Disposições Constitucionais

de aproveitamento econômico da bacia

trabalhos necessários.

interestadual.

■ }

volvimento industrial dos Estados de Ser

Êsse encarecimento, entretanto, mesmo

gipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba

tomando-se por base os elevados preços

Em algumas zonas e.xistem usi

nas que trabalham queimando bagaço de cana e tabocas dc bambu.

Dizima

das as matas e as capoeiras do interior, consomem-se, agora, os mangues do li

toral.

Já se paga o metro ciibico de

lenha bruta a 25 e 30 cruzeiros.

Transitórias para a e.xecução do plano

E a

para os 110.000 KW dos dois primeiros grupos que se vão instalar, como pri meira etapa dos serviços. Os outros seis

grupos iriam sendo colocados à medida que as indústrias éxistentes e as que

Um. empreendimento, porém, entre quantos estão sendo atacados ou plane

apreensão já domina os espíritos de in dustriais e homens de governo, quando lançam os olhos para o futuro. . . Labutando em condições tão precárias, não pode o homem do Nordeste com

mente Mariani, homem do São Francisco, vem dedicando a esse setor administra

jados no São Francisco, a todos sobre-

petir com outros produtores e tem a

frutariam da energia da Paulo Afonso

leva por sua grandiosidade e pda, pro

tivo de sua pasta, no que tem tido a

sua iniciativa limitada por tão adversas

as capitais de cinco Estados: Salvador,

funda repercussão que virá ter na eco-

Muito SC têm a louvar, outrossim, os

cuidados e.speciais que o ministro Cle

.Mí

forçosamente ali brotariam o fossem so

licitando. Já com a primeira etapa, en tretanto, servindo a tôda a zona do in

terior percorrida em sua passagem, des


28

Digesto EcoNÓ^aco

Aracaju, Maceió, Recife e João Pes De tòdas essas, seria a últíraa a mais

síon of power prescnt no diffícuJt engineering problcms". Essa grande obra, destinada a trans

soa.

afastada do núcleo gerador: cerca de

formar o panorama econômico do Brasil,

500 quilômetros. Recife e Salvador dis

está prestes a ser iniciada.

tariam 400; Maceió, 269 e Aracaju, 210. Com os modernos recursos da técnica,

sucessivas, com os ministros da Agricul

todos sabem que é exeqüível e compensadora a transmissão da energia elétrica

JOAQUIM NABUCO Gilberto Fret/re, o ihtstre sociólogo brasileiro, autor do fainoso livro "Casa Gran de e Senzala" e que, como definiu o fino homem de letras, embaixador mexicano

Examinando o assunto, em reuniões

Alfonso Reyes, traçou a história social do Brasil sob o símbolo típico das ^as casas, ofereceu para as colunas do "Digesto Econónuco" um notável ensaio sobre

tura, da Fazenda e da Viação, o presi

Joaquim Nabuco, o grande cidadão do mundo. Neste ensaio, é focalizada a atua.Ção de Nabuco como um antecipador, um revolucionário, que na época dos nossos avós combate o monopólio territorial, a exploração do homem pelo homem, e advo

dente da Comissão Parlamentar do São

a tais distâncias. Emitindo parecer sôbre o caso particular da Paulo Afonso, Oren Reed — um dos engenheiros de maior valímento do "Tenessee Valley Authority", e que esteve dois meses en tre nós, estudando o problema — assim

Francisco, sociedade anônima que há

^i2jo com satisfação que já se esboçam

se manifestou: "Productíon and transmis-

levar a cabo, a grande obra.

as comemorações do 1.° centenário do nascimento do grande brasileiro, que

Francisco, o senador Apolonio Sales, e

ga com calor o livre câmbio e o direito do operário.

membros do seu Gabinete Civil, aprovou o presidente da República todos os pla nos traçados e ordenou a criação ime diata da Companhia Hidrelétrica do São

foi o Conselheiro Rui Barbosa. Ao ilus tro ministro da Educação e Saúde ocor reu a feliz idéia de nomear uma comis

são que deverá organizar, da parte do Ministério que s. exa. dirige, "condigna comemoração" daquele centenário. E a essa iniciativa não tardara, estamos todos

•W,

Nn-i pxnortações, figuram as substâncias alimentícias, sobretudo conservas e inrhiin/ln vinho do Pôrto (114.354), seguidas das matérias-primas (43.508 diversas (22.464).

século XIX e nos começos do XX, tal a fuma que alcançou com seus escritos em francês e suas conferências em in

glês, e, principalmente, com a reper cussão, que chegou a Londres, a Paris e a Roma, do seu esfôrço de abolicio

Nacional, no sentido de organizar-se co

nista ou de reformador social.

memoração igualmente condigna, da par te dos representantes da Nação brasilei ra, de fato tão significativo para a his

no início da campanlia em que sua bela

tória não só intelectual como política e

cedo e tão cedo cobrir-se de sua melhor

parlamentar do Brasil.

glória: a de ter concorrido para extin guir a escravidão africana na América.

tivo para as duas lústórias se aproxima de nós, exigindo da nossa parte provi

DfirnntP O més de jarteÍTO, Portugal importou mercadorias no montante de

ximas do nosso país e do continente americano e até uma das personalidades mais sugestivas do Ocidente no fim do

certos, a" juntar-se a desta casa, a do Senado da Repúbhca, a do Parlamento

Outro centenário altamente significa

dl 383 toneladas no valor de 201.826 contos. Níu imnortações figuram máquinas e veículos (124.379 contos), seguindo-se as matérias-primas (92.426 contos) e substâncias alimentícias (47.284 contos).

eloqüência parlamentar no Brasil e que

foi pela inteligência, pela cultura, pelo espírito público, uma das figuras má

No Parlamento êle entrou ainda moço.

cabeça haveria de embranquecer-se tão

Viu-se então este fato verdadeiramente

dências semelhantes para que as come

espantoso: a grande voz do povo trazi da para a tribuna da Câmara de homens

morações não venham a limitar-se a im

então de casaca ou de fraque, não por

provisos nem sempre felizes por maior

um

que seja o brilho de festa oficial que cs

mente do povo, mas pelo mais puro dos fidalgos pernambucanos; e o sofrimen

anime.

Refiro-me ao centenário do

homem

ostensiva e convencional

sileiro do seu tempo e de todos os tem

to da gente escrava traduzido em elo qüência da chamada britânica — nma eloqüência nova, ainda que clássica em

pos que foi Joaquim Nabuco, cuja voz está entre as que mais enobreceram a

origem africana elevado à representação

igualmente grande cidadão da América 6 do mundo, do Igualmente grande bra

suas raízes — não por um brasileira de


28

Digesto EcoNÓ^aco

Aracaju, Maceió, Recife e João Pes De tòdas essas, seria a últíraa a mais

síon of power prescnt no diffícuJt engineering problcms". Essa grande obra, destinada a trans

soa.

afastada do núcleo gerador: cerca de

formar o panorama econômico do Brasil,

500 quilômetros. Recife e Salvador dis

está prestes a ser iniciada.

tariam 400; Maceió, 269 e Aracaju, 210. Com os modernos recursos da técnica,

sucessivas, com os ministros da Agricul

todos sabem que é exeqüível e compensadora a transmissão da energia elétrica

JOAQUIM NABUCO Gilberto Fret/re, o ihtstre sociólogo brasileiro, autor do fainoso livro "Casa Gran de e Senzala" e que, como definiu o fino homem de letras, embaixador mexicano

Examinando o assunto, em reuniões

Alfonso Reyes, traçou a história social do Brasil sob o símbolo típico das ^as casas, ofereceu para as colunas do "Digesto Econónuco" um notável ensaio sobre

tura, da Fazenda e da Viação, o presi

Joaquim Nabuco, o grande cidadão do mundo. Neste ensaio, é focalizada a atua.Ção de Nabuco como um antecipador, um revolucionário, que na época dos nossos avós combate o monopólio territorial, a exploração do homem pelo homem, e advo

dente da Comissão Parlamentar do São

a tais distâncias. Emitindo parecer sôbre o caso particular da Paulo Afonso, Oren Reed — um dos engenheiros de maior valímento do "Tenessee Valley Authority", e que esteve dois meses en tre nós, estudando o problema — assim

Francisco, sociedade anônima que há

^i2jo com satisfação que já se esboçam

se manifestou: "Productíon and transmis-

levar a cabo, a grande obra.

as comemorações do 1.° centenário do nascimento do grande brasileiro, que

Francisco, o senador Apolonio Sales, e

ga com calor o livre câmbio e o direito do operário.

membros do seu Gabinete Civil, aprovou o presidente da República todos os pla nos traçados e ordenou a criação ime diata da Companhia Hidrelétrica do São

foi o Conselheiro Rui Barbosa. Ao ilus tro ministro da Educação e Saúde ocor reu a feliz idéia de nomear uma comis

são que deverá organizar, da parte do Ministério que s. exa. dirige, "condigna comemoração" daquele centenário. E a essa iniciativa não tardara, estamos todos

•W,

Nn-i pxnortações, figuram as substâncias alimentícias, sobretudo conservas e inrhiin/ln vinho do Pôrto (114.354), seguidas das matérias-primas (43.508 diversas (22.464).

século XIX e nos começos do XX, tal a fuma que alcançou com seus escritos em francês e suas conferências em in

glês, e, principalmente, com a reper cussão, que chegou a Londres, a Paris e a Roma, do seu esfôrço de abolicio

Nacional, no sentido de organizar-se co

nista ou de reformador social.

memoração igualmente condigna, da par te dos representantes da Nação brasilei ra, de fato tão significativo para a his

no início da campanlia em que sua bela

tória não só intelectual como política e

cedo e tão cedo cobrir-se de sua melhor

parlamentar do Brasil.

glória: a de ter concorrido para extin guir a escravidão africana na América.

tivo para as duas lústórias se aproxima de nós, exigindo da nossa parte provi

DfirnntP O més de jarteÍTO, Portugal importou mercadorias no montante de

ximas do nosso país e do continente americano e até uma das personalidades mais sugestivas do Ocidente no fim do

certos, a" juntar-se a desta casa, a do Senado da Repúbhca, a do Parlamento

Outro centenário altamente significa

dl 383 toneladas no valor de 201.826 contos. Níu imnortações figuram máquinas e veículos (124.379 contos), seguindo-se as matérias-primas (92.426 contos) e substâncias alimentícias (47.284 contos).

eloqüência parlamentar no Brasil e que

foi pela inteligência, pela cultura, pelo espírito público, uma das figuras má

No Parlamento êle entrou ainda moço.

cabeça haveria de embranquecer-se tão

Viu-se então este fato verdadeiramente

dências semelhantes para que as come

espantoso: a grande voz do povo trazi da para a tribuna da Câmara de homens

morações não venham a limitar-se a im

então de casaca ou de fraque, não por

provisos nem sempre felizes por maior

um

que seja o brilho de festa oficial que cs

mente do povo, mas pelo mais puro dos fidalgos pernambucanos; e o sofrimen

anime.

Refiro-me ao centenário do

homem

ostensiva e convencional

sileiro do seu tempo e de todos os tem

to da gente escrava traduzido em elo qüência da chamada britânica — nma eloqüência nova, ainda que clássica em

pos que foi Joaquim Nabuco, cuja voz está entre as que mais enobreceram a

origem africana elevado à representação

igualmente grande cidadão da América 6 do mundo, do Igualmente grande bra

suas raízes — não por um brasileira de


Digksto

30

Econômico

Digesto Econômico

da nação brasileira no Panamento nacio

prar pela madrinha, senhora de en

nal como foram alguns no Império e têm sido, felizmente, víírios na Repú blica, mas por um Paes Barreto autênti co, por um legítimo senhor-moço de casa-grande, nascido em sobrado tam bém fidalgo do Recife, por um neto de morgado dos canaviais do sul de

genho.

Pernambuco. Um desertor de sua casta, de sua classe e de sua raça, cujos privi-

k

légios combateu com um vigor, um de-

m

sassombro, uma ousadia que, segundo o

depoimento de Graça Aranha, deixou atônito o Parlamento da época. Mas se desertou de sua casta, de sua classe,

e de sua raça foi para se por ao serviço

E' certo que milhares de outros es cravos fizeram o mesmo com centenas

de outros meninos brancos, que poderiani ter sido outros tantos redentores

dos africanos no Brasil; é, porém, das Escrituras que a semente precisa de cair no terreno certo para frutificar plena mente. Joaquim Nabuco foi mais que qualquer outro, branco ou preto, o re dentor dos cativos no Brasil, porque mais do que ninguém absorveu dos pretos e

em que era mais fácil, no Brasil, desa

com que falava com as mulheres nas

parecer um chefe dc polícia, como o que na verdade desapareceu um dia dc pra ça central do Rio de Janeiro sem que até hoje se tenha esclarecido o mistério, do que sofrer um brasileiro ilustre a mais leve agressão arbitrária da polícia ou do

cêrtes mais elegantes da Europa, pelos

govêmo. A não ser em virtude, ou por fôrça, da lei, como no caso dos bispos

saca inglesa, diante de um papa todo

gestos suaves com que encantava as Ijívjonosas e as \àscondessas decotadas e

cheias de jóias, nos salões da corte de Pedro II, pela con^eção litúrgica c^m que sabia curvar-se, dentio da sua ca de branco ou de um príncipe de Igreja coberto dc púrpiira, êsse homem macio,

a

Também seria acusado Nabuco, ainda

êssc homem sua\ e, ê.sse homem litúrgico,

"

no inteiro viço da inteligência, de estar

êsse filho de baiano e de pernambucana, foi, na campanha da Abolição, o mais

de Olinda c do Pará.

dos próprios brancos livres, mas pobres e abandonados, moradores das grandes propriedades feudais do interior, tôda a

em decadência. Começara bem, dizia-se,

nia: por que não continuara a cscrc\er

mas decaíra depressa. Começara escre

dessassombrado e, às vezes, o mais

vendo versos .sobre o martírio da Polô

agreste dos Joões Batistas, ousando dizer a pulasTU dura mas precisa, áspera mas necessária, a homens poderosos, a vis condes, a barões, a grandes do Império, ao próprio Imperador, a bispos e padres que por algum tempo o acusaram de ini

não de outra casta, de outra classe ou

dôr, todo o sofrimento, todo o desejo

de outra raça, mas daquele Brasil, da

imenso, embora nem sempre claro em

versos sobre o martírio de outros povos

quela América, daquela humanidade sem

todos êles, de liberdade ou de redenção,

divisões artificiais entre os homens, que

até cie próprio, Nabuco, transbordar des

distantes, remotos, sem tocar no dos brasileiros, sem dcscpr aos negros, às

seu claro espírito anteviu com a segu

sa dor, dê.sse sofrimento e dêsse desejo.

senzalas, aos mucambos da terra? Aque

Sua ação política foi esse transbordarança e o equilíbrio sempre característi mento. E esta ca.sa a conheceu nos cos tanto do seu pensamento quanto da seus maiores que foram os primei sua ação. Donde já. se ter dito, e se ros da grandedias luta, a princípio tremenda poder dizer-hoje com maior amphtude, com Joaquim Nabuco acusado pelos es

le sou "radicalismo", aquele seu "quixo-

migo da Igreja, quando êles é que com

tismo", aquela sua "falta de senso piá-

prometiam a Igreja de Cristo, fazendo-a

tiop", sussuiTaVam 'os "realistas", os

scr\-a não dos cativos mais necessitados

oportunistas, os práticos, que era já a

de amparo cristão porém dos donos mais '

decadência do intelectual efêmero —

ricos de terras e de homens, dos senho-

cravocratas intransigentes de "agitador",

decadência de que se falaria depois abertamente, quando o Brasil perdeu a

res mais opulentos de altares e de ce mitérios particulares.

que "o mais belo milagre da escravidão

no Brasil foi o de haver formado ela

própria "o herói de sua propna reden ção". Formou-o pelo leite de escrava que amamentou o menino branco de

Massangana, pelos braços de escravos

de "comunista", de "petroleiro". Acusa do de viajar com dinheiro de escravos, a

estranhos.

Acusado

de

que primeiro o carregaram, peles nsos de escravos que lhe afugentaram os pri meiros 1choros e tédios de cnança, pelas nue lhe levavam a

principalmente de "petroleiro". Eu pró

boca as primeiras ^J

talvez pelos

uma velha carta de senhor de engenho

de-'mulher, e,

mais arrogante alertando um amigo con tra o agitador Joaquim Nabuco. Se esse

p,P j,.

beiios de escrava que f

decido.

Acusado de efeminado.

questão da Guiana, embora defendidos

nossos

direitos

magnificaniente

pelo

advogado ilustre. Alegava-se,- como pro

ambicioso.

' Acusado de falso. Acusado de mal-agra

mãos de

f

antigos na família e cruelmente vendidos

va dc sua decadência, o cabelo precocemente branco. Alegação quase sempre

Mas

daqueles homens de cor que ôle denun ciara tão àsperamente como traidores

prio possuo, entre outros papéis antigos,

Do seu modo dc combater ou de re

pelir os assaltos de inimigos à sua pes soa ou às suas idéias, diz-nos um con

temporâneo que não era "o salto da onça, tão das nossas selvas"; e tão da nossa política às vezes sangrenta ou trai çoeiramente felina — poderia ter acres

dos próprios irmãos africanos. Dos ho mens de côr partidáiãos do escravismo

centado. Nele não havia nem onça trai

e servos do feudalismo.

çoeira nem mesmo tigre ávido do san- • '

Joaquim Nabuco agitador, temido pelos

côr que não perdoavam a Nabuco a con

gue do pró.ximo. Combatia desprezan do o mais possível os ataques, as agres

conservadores e rotineiros da sua terra

dição de branco com todos os seus carac

sões, as injúrias. Mas nem ataques, nem

e do seu tempo, não chegou a ser perse

guido por algum presidente de província

terísticos: inclusive a brancura precoce do cabelo em contraste com êles, pardos,

agressões nem injúrias o assombravam; ou lhe enfraqueciam o animo de comba

de de Massangana, para abraçar-se a

ou chefe de polícia mais afoito, é que

cujo cabelo só aos setenta começa a em

viveu numa época — a de Pedro II —

branquecer.

te; ou lhe diminuíam a franqueza quan-, do era preciso chamar assassinos aos as

pelo amor de Deus o ftaesse com-

diferente das outras. Viveu numa época

Af ^ amor ram ^ngestoes de ainda, pe o ^ lescente fugido de outT uma tarde, surgiu ^

uino, sentando no paramai "

ho, q^e. casa-gran5

seus pés, suplicando ao sinhozinho que

Dos homens de

O homem do mundo que ficou céle bre pela voz macia de filho de baiano

(

'wl

sassinos, ladrões aos ladrões, contraban distas aos contrabandistas.


Digksto

30

Econômico

Digesto Econômico

da nação brasileira no Panamento nacio

prar pela madrinha, senhora de en

nal como foram alguns no Império e têm sido, felizmente, víírios na Repú blica, mas por um Paes Barreto autênti co, por um legítimo senhor-moço de casa-grande, nascido em sobrado tam bém fidalgo do Recife, por um neto de morgado dos canaviais do sul de

genho.

Pernambuco. Um desertor de sua casta, de sua classe e de sua raça, cujos privi-

k

légios combateu com um vigor, um de-

m

sassombro, uma ousadia que, segundo o

depoimento de Graça Aranha, deixou atônito o Parlamento da época. Mas se desertou de sua casta, de sua classe,

e de sua raça foi para se por ao serviço

E' certo que milhares de outros es cravos fizeram o mesmo com centenas

de outros meninos brancos, que poderiani ter sido outros tantos redentores

dos africanos no Brasil; é, porém, das Escrituras que a semente precisa de cair no terreno certo para frutificar plena mente. Joaquim Nabuco foi mais que qualquer outro, branco ou preto, o re dentor dos cativos no Brasil, porque mais do que ninguém absorveu dos pretos e

em que era mais fácil, no Brasil, desa

com que falava com as mulheres nas

parecer um chefe dc polícia, como o que na verdade desapareceu um dia dc pra ça central do Rio de Janeiro sem que até hoje se tenha esclarecido o mistério, do que sofrer um brasileiro ilustre a mais leve agressão arbitrária da polícia ou do

cêrtes mais elegantes da Europa, pelos

govêmo. A não ser em virtude, ou por fôrça, da lei, como no caso dos bispos

saca inglesa, diante de um papa todo

gestos suaves com que encantava as Ijívjonosas e as \àscondessas decotadas e

cheias de jóias, nos salões da corte de Pedro II, pela con^eção litúrgica c^m que sabia curvar-se, dentio da sua ca de branco ou de um príncipe de Igreja coberto dc púrpiira, êsse homem macio,

a

Também seria acusado Nabuco, ainda

êssc homem sua\ e, ê.sse homem litúrgico,

"

no inteiro viço da inteligência, de estar

êsse filho de baiano e de pernambucana, foi, na campanha da Abolição, o mais

de Olinda c do Pará.

dos próprios brancos livres, mas pobres e abandonados, moradores das grandes propriedades feudais do interior, tôda a

em decadência. Começara bem, dizia-se,

nia: por que não continuara a cscrc\er

mas decaíra depressa. Começara escre

dessassombrado e, às vezes, o mais

vendo versos .sobre o martírio da Polô

agreste dos Joões Batistas, ousando dizer a pulasTU dura mas precisa, áspera mas necessária, a homens poderosos, a vis condes, a barões, a grandes do Império, ao próprio Imperador, a bispos e padres que por algum tempo o acusaram de ini

não de outra casta, de outra classe ou

dôr, todo o sofrimento, todo o desejo

de outra raça, mas daquele Brasil, da

imenso, embora nem sempre claro em

versos sobre o martírio de outros povos

quela América, daquela humanidade sem

todos êles, de liberdade ou de redenção,

divisões artificiais entre os homens, que

até cie próprio, Nabuco, transbordar des

distantes, remotos, sem tocar no dos brasileiros, sem dcscpr aos negros, às

seu claro espírito anteviu com a segu

sa dor, dê.sse sofrimento e dêsse desejo.

senzalas, aos mucambos da terra? Aque

Sua ação política foi esse transbordarança e o equilíbrio sempre característi mento. E esta ca.sa a conheceu nos cos tanto do seu pensamento quanto da seus maiores que foram os primei sua ação. Donde já. se ter dito, e se ros da grandedias luta, a princípio tremenda poder dizer-hoje com maior amphtude, com Joaquim Nabuco acusado pelos es

le sou "radicalismo", aquele seu "quixo-

migo da Igreja, quando êles é que com

tismo", aquela sua "falta de senso piá-

prometiam a Igreja de Cristo, fazendo-a

tiop", sussuiTaVam 'os "realistas", os

scr\-a não dos cativos mais necessitados

oportunistas, os práticos, que era já a

de amparo cristão porém dos donos mais '

decadência do intelectual efêmero —

ricos de terras e de homens, dos senho-

cravocratas intransigentes de "agitador",

decadência de que se falaria depois abertamente, quando o Brasil perdeu a

res mais opulentos de altares e de ce mitérios particulares.

que "o mais belo milagre da escravidão

no Brasil foi o de haver formado ela

própria "o herói de sua propna reden ção". Formou-o pelo leite de escrava que amamentou o menino branco de

Massangana, pelos braços de escravos

de "comunista", de "petroleiro". Acusa do de viajar com dinheiro de escravos, a

estranhos.

Acusado

de

que primeiro o carregaram, peles nsos de escravos que lhe afugentaram os pri meiros 1choros e tédios de cnança, pelas nue lhe levavam a

principalmente de "petroleiro". Eu pró

boca as primeiras ^J

talvez pelos

uma velha carta de senhor de engenho

de-'mulher, e,

mais arrogante alertando um amigo con tra o agitador Joaquim Nabuco. Se esse

p,P j,.

beiios de escrava que f

decido.

Acusado de efeminado.

questão da Guiana, embora defendidos

nossos

direitos

magnificaniente

pelo

advogado ilustre. Alegava-se,- como pro

ambicioso.

' Acusado de falso. Acusado de mal-agra

mãos de

f

antigos na família e cruelmente vendidos

va dc sua decadência, o cabelo precocemente branco. Alegação quase sempre

Mas

daqueles homens de cor que ôle denun ciara tão àsperamente como traidores

prio possuo, entre outros papéis antigos,

Do seu modo dc combater ou de re

pelir os assaltos de inimigos à sua pes soa ou às suas idéias, diz-nos um con

temporâneo que não era "o salto da onça, tão das nossas selvas"; e tão da nossa política às vezes sangrenta ou trai çoeiramente felina — poderia ter acres

dos próprios irmãos africanos. Dos ho mens de côr partidáiãos do escravismo

centado. Nele não havia nem onça trai

e servos do feudalismo.

çoeira nem mesmo tigre ávido do san- • '

Joaquim Nabuco agitador, temido pelos

côr que não perdoavam a Nabuco a con

gue do pró.ximo. Combatia desprezan do o mais possível os ataques, as agres

conservadores e rotineiros da sua terra

dição de branco com todos os seus carac

sões, as injúrias. Mas nem ataques, nem

e do seu tempo, não chegou a ser perse

guido por algum presidente de província

terísticos: inclusive a brancura precoce do cabelo em contraste com êles, pardos,

agressões nem injúrias o assombravam; ou lhe enfraqueciam o animo de comba

de de Massangana, para abraçar-se a

ou chefe de polícia mais afoito, é que

cujo cabelo só aos setenta começa a em

viveu numa época — a de Pedro II —

branquecer.

te; ou lhe diminuíam a franqueza quan-, do era preciso chamar assassinos aos as

pelo amor de Deus o ftaesse com-

diferente das outras. Viveu numa época

Af ^ amor ram ^ngestoes de ainda, pe o ^ lescente fugido de outT uma tarde, surgiu ^

uino, sentando no paramai "

ho, q^e. casa-gran5

seus pés, suplicando ao sinhozinho que

Dos homens de

O homem do mundo que ficou céle bre pela voz macia de filho de baiano

(

'wl

sassinos, ladrões aos ladrões, contraban distas aos contrabandistas.


•yr-'

SS

DrcESTo Econômico

82

Dxgesto

Numa época de políticos fascinados pelas soluções simplesmente políticas ou jurídicas, dos problemas brasileiros, viu com nitidez latina — uma nitidez que

nenhum outro homem público do Bra

sil do seu tempo excedeu ou sequer igualou — a importância, a necessidade, a urgência, de procurarmos'resolver os mesmos problemas indo às suas raízes

r^is profundas que são as sociais, inclu sive as econômicas. Quando erguia a wz contra "a política colonial de três

*écu.os de senzala", era sempre para a caracterizar sociologicamente como "per seguição doméstica e social de uma raça a que o Brasil deve a maioria dos seus

habitantes e cujos filhos de hoje são os nossos cidadãos de amanhã". Raça de

que disse também, com um vigor que hoje lhe valeria a antipatia de certos arianistas nacionais e a acusação de

negrófilo que estivesse lançando os negros contra os brancos: "Supri ma-se menta'mente essa raça e o seu trabalho e o Brasil não será na sua

maior parte senão um território deserto,

Econômico

feudais: "para dar-lhes uma indepen

dência honesta, algumas braças de terra que êles possam cultivar como próprias, protegidos por leis executadas por uma magistratura independente e dentro das quais tenham um reduto tão inexpugná vel para a honra das suas filhas e a dig nidade do seu caráter, como qualquer senhor de engenho". PT que para Nabuco o abolicionismo não era apenas a libertação dos escravos negros, do jugo dos senhores brancos, ou oficialmente brancos. Era também a

libertação econômica e social, de mora

dores aparentemente livres de domínios essencialmente feudais.

Êle se anteci

pou à luta em que ainda nos encontra mos todos os que, dentro de programas políticos diversos, e até de partidos an tagônicos, combatemos o que continua a haver na economia brasileira — hoje nas grandes indústrias artificiais mais do

que nos restos já meio frios dos grandes domínios agrários — de arcaica ou de renovadamente feudal; de exploração do

homem pelo homem; de sujeição dos

quando muito um segundo Paraguai,

que trabalham aos que simplesmente jo

guarani e jesuítíco..

gam e dansam. Aos que jogam jogos e dansam dansas que não são os do povo mas os dos exploradores dó povo.

E mais de uma

vez teve que lamentar que dos próprios homens de côr muitos se encontrassem não entre cs abolicionistas, mas do lado

contrário, entre os que queriam por um como masoquismo (como se veio a ex

Quando Joaquim Nabuco disse num dos seus discursos de campanha aboli

plicar depois) a continuação do regime

cionista ~ "nenhuma reforma político produzirá o efeito desejado enquanto

de chicote e de tronco e o Brasil in

não tivermos extinguido de todo a escra

teiro reduzido a vasta fazenda pater nalista; mais de uma vez teve que la mentar que dos moradores dos campos,

vidão, isto é, a escravidão e as institui

alheias" — poucos dessem sinal de com

ções auxiliares", depois de ter salientado ser o Brasil um país ainda de senhores 8 de escravos, a todos os quais o trabaUio repugnava como a pioí das humilha ções, e de ter destacado que a abolição

preender que os abolicionistas, comba

da escravidão, no Brasil, era o primeiro

tendo o feudaMsmo dominante, lutavam

passo para a organização do "trabalho

também por êles — moradores livres, po

nacional e por conseguinte da civiliza ção brasileira", dirigiu-se aos nossos avós

espalhados pelo interior do Brasil — "ho mens livres que trabalham em terras

rém pobres, de fazendas e de engenhos

cm palavras que chegam aos nossos ou

dos que sendo donos de terras, de fazen

vidos com o vigor, a mocidàde, a fres cura de uma mensagem de homem de hoje: dos que hoje se batem pela orga

cões absorventes, são ainda, por mcio^ de um terrorismo que sobrepuja, em muitos

nização do trabalho no Brasil como con dição básica do desenvolvimento não só da democracia como da civilização brasi

célebres "volantes", donos de eleitores

leira; dos que hoje situam, acima das

tes.

reformas simplesmente políticas ou mecânicamente econômicas, as larga e compreonsivelmento sociais, convencidos de que se a escravidão se e.xtinguiu no Brasil com a lei chamada retòricamenle

"áurea",

influências

verdadeiramente

das, de indústrias, de fábricas, de barra

casos, o próprio terrorismo policial cias tristemente passivos, ínermes, impotenEm 1884 Nabuco proferia palavras

que ainda hoje se aplicam à situação o Brasil — um Brasil cujas áreas mais atra sadas são ainda tantas, e tão considerá

veis pelo número de votos inconscientes

que a quantidade e o peso bruto desses votos reduzem a expres

áureas fazem sobre\dver

são dos conscientes e in

entre nós as "instituições uuxiliares da escravidão",

dependentes; os das ci

dades mais cultas e os^ da

a que se referia o grande

quelas áreas rurais já 1^

pernambucano; dos que

vres do antigo "monopó-

hoje ainda não vêem no

^ lio territorial". Exprimin

interior do Brasil senão

num ou

noutro

trecho

do seu ceticismo diant® dos resultados da reforma

v< -~-

uma população de peque nos lavradores e criado

^

res que sequer se apro-,

^

ximem da condição dos homens livres.

Como no tempo de Nabuco ainda ha brasileiros que parecendo livres não

eleitoral então recente, ^

Nabuco dizia: "... as re

formas de que imediatamente necessita mos são reformas sociais que levantem o nível do nosso po\"0, que o forcem ao tra

Constituem

balho e dêm em resultado o bem-estar

os feudos eleitorais das áreas estagnadas do interior. Como no tempo de Nabuco,

e a independência que absolutamente

votam senão como servos.

a consciência da Nação brasileira "esta

ainda com muito poucos". Como nos dias de Nabuco, são hoje quase inúteis

não existem e de que aenhum governo

ainda cogitou para a nação brasileira . E continuava: "Eis a razão pela qual abandonei no Parlamento a atitude pro

as reformas puramente políticas, inclu

priamente política para tomar a atitude

sive as eleitorais, num Brasil ainda em

do reformador social. Foi porque tam

grande parte dominado, nas suas áreas rurais, que são imensas, por aquela ins

bém eu me desenganei das reformas políticas".

tituição auxiliar da escravidão que êle denominou "monopólio territorial".

A verdade é que nos últimos anos de parlamentar de Nabuco, sua grande preocupação já não era sequer a aboli

Porque "o monopólio territorial" sig nifica o feudo eleitoral. E o feudo elei

ção da escravidão mas "a democratiza

toral significa a vontade, o interesse, as

ção do solo"; não era a ocupação do

aspij-açõep populares atraiçoadas pela vontade, pelo interesse, pelas aspirações

território — a imigração — mas a re

denção da população nativa. "Acabar


•yr-'

SS

DrcESTo Econômico

82

Dxgesto

Numa época de políticos fascinados pelas soluções simplesmente políticas ou jurídicas, dos problemas brasileiros, viu com nitidez latina — uma nitidez que

nenhum outro homem público do Bra

sil do seu tempo excedeu ou sequer igualou — a importância, a necessidade, a urgência, de procurarmos'resolver os mesmos problemas indo às suas raízes

r^is profundas que são as sociais, inclu sive as econômicas. Quando erguia a wz contra "a política colonial de três

*écu.os de senzala", era sempre para a caracterizar sociologicamente como "per seguição doméstica e social de uma raça a que o Brasil deve a maioria dos seus

habitantes e cujos filhos de hoje são os nossos cidadãos de amanhã". Raça de

que disse também, com um vigor que hoje lhe valeria a antipatia de certos arianistas nacionais e a acusação de

negrófilo que estivesse lançando os negros contra os brancos: "Supri ma-se menta'mente essa raça e o seu trabalho e o Brasil não será na sua

maior parte senão um território deserto,

Econômico

feudais: "para dar-lhes uma indepen

dência honesta, algumas braças de terra que êles possam cultivar como próprias, protegidos por leis executadas por uma magistratura independente e dentro das quais tenham um reduto tão inexpugná vel para a honra das suas filhas e a dig nidade do seu caráter, como qualquer senhor de engenho". PT que para Nabuco o abolicionismo não era apenas a libertação dos escravos negros, do jugo dos senhores brancos, ou oficialmente brancos. Era também a

libertação econômica e social, de mora

dores aparentemente livres de domínios essencialmente feudais.

Êle se anteci

pou à luta em que ainda nos encontra mos todos os que, dentro de programas políticos diversos, e até de partidos an tagônicos, combatemos o que continua a haver na economia brasileira — hoje nas grandes indústrias artificiais mais do

que nos restos já meio frios dos grandes domínios agrários — de arcaica ou de renovadamente feudal; de exploração do

homem pelo homem; de sujeição dos

quando muito um segundo Paraguai,

que trabalham aos que simplesmente jo

guarani e jesuítíco..

gam e dansam. Aos que jogam jogos e dansam dansas que não são os do povo mas os dos exploradores dó povo.

E mais de uma

vez teve que lamentar que dos próprios homens de côr muitos se encontrassem não entre cs abolicionistas, mas do lado

contrário, entre os que queriam por um como masoquismo (como se veio a ex

Quando Joaquim Nabuco disse num dos seus discursos de campanha aboli

plicar depois) a continuação do regime

cionista ~ "nenhuma reforma político produzirá o efeito desejado enquanto

de chicote e de tronco e o Brasil in

não tivermos extinguido de todo a escra

teiro reduzido a vasta fazenda pater nalista; mais de uma vez teve que la mentar que dos moradores dos campos,

vidão, isto é, a escravidão e as institui

alheias" — poucos dessem sinal de com

ções auxiliares", depois de ter salientado ser o Brasil um país ainda de senhores 8 de escravos, a todos os quais o trabaUio repugnava como a pioí das humilha ções, e de ter destacado que a abolição

preender que os abolicionistas, comba

da escravidão, no Brasil, era o primeiro

tendo o feudaMsmo dominante, lutavam

passo para a organização do "trabalho

também por êles — moradores livres, po

nacional e por conseguinte da civiliza ção brasileira", dirigiu-se aos nossos avós

espalhados pelo interior do Brasil — "ho mens livres que trabalham em terras

rém pobres, de fazendas e de engenhos

cm palavras que chegam aos nossos ou

dos que sendo donos de terras, de fazen

vidos com o vigor, a mocidàde, a fres cura de uma mensagem de homem de hoje: dos que hoje se batem pela orga

cões absorventes, são ainda, por mcio^ de um terrorismo que sobrepuja, em muitos

nização do trabalho no Brasil como con dição básica do desenvolvimento não só da democracia como da civilização brasi

célebres "volantes", donos de eleitores

leira; dos que hoje situam, acima das

tes.

reformas simplesmente políticas ou mecânicamente econômicas, as larga e compreonsivelmento sociais, convencidos de que se a escravidão se e.xtinguiu no Brasil com a lei chamada retòricamenle

"áurea",

influências

verdadeiramente

das, de indústrias, de fábricas, de barra

casos, o próprio terrorismo policial cias tristemente passivos, ínermes, impotenEm 1884 Nabuco proferia palavras

que ainda hoje se aplicam à situação o Brasil — um Brasil cujas áreas mais atra sadas são ainda tantas, e tão considerá

veis pelo número de votos inconscientes

que a quantidade e o peso bruto desses votos reduzem a expres

áureas fazem sobre\dver

são dos conscientes e in

entre nós as "instituições uuxiliares da escravidão",

dependentes; os das ci

dades mais cultas e os^ da

a que se referia o grande

quelas áreas rurais já 1^

pernambucano; dos que

vres do antigo "monopó-

hoje ainda não vêem no

^ lio territorial". Exprimin

interior do Brasil senão

num ou

noutro

trecho

do seu ceticismo diant® dos resultados da reforma

v< -~-

uma população de peque nos lavradores e criado

^

res que sequer se apro-,

^

ximem da condição dos homens livres.

Como no tempo de Nabuco ainda ha brasileiros que parecendo livres não

eleitoral então recente, ^

Nabuco dizia: "... as re

formas de que imediatamente necessita mos são reformas sociais que levantem o nível do nosso po\"0, que o forcem ao tra

Constituem

balho e dêm em resultado o bem-estar

os feudos eleitorais das áreas estagnadas do interior. Como no tempo de Nabuco,

e a independência que absolutamente

votam senão como servos.

a consciência da Nação brasileira "esta

ainda com muito poucos". Como nos dias de Nabuco, são hoje quase inúteis

não existem e de que aenhum governo

ainda cogitou para a nação brasileira . E continuava: "Eis a razão pela qual abandonei no Parlamento a atitude pro

as reformas puramente políticas, inclu

priamente política para tomar a atitude

sive as eleitorais, num Brasil ainda em

do reformador social. Foi porque tam

grande parte dominado, nas suas áreas rurais, que são imensas, por aquela ins

bém eu me desenganei das reformas políticas".

tituição auxiliar da escravidão que êle denominou "monopólio territorial".

A verdade é que nos últimos anos de parlamentar de Nabuco, sua grande preocupação já não era sequer a aboli

Porque "o monopólio territorial" sig nifica o feudo eleitoral. E o feudo elei

ção da escravidão mas "a democratiza

toral significa a vontade, o interesse, as

ção do solo"; não era a ocupação do

aspij-açõep populares atraiçoadas pela vontade, pelo interesse, pelas aspirações

território — a imigração — mas a re

denção da população nativa. "Acabar


Digesto Econômico

cora a escravidão não basta", disse êle num dos seus discursos memoráveis: "é preciso destruir a obra da escravidão".

E para destruir "a obra da escravidão", no Brasü, era preciso, ao seu ver, antes de tudo, democratizar-se o solo, quewar-se o monopólio territorial" des-

truirem-se os feudos que hoje,' aliás,

nao sao principalmente os agrários mas cs financeiros e industriais. ~ nos,chamam anarqmstas, demolidores, petroleiros, não ^1 mais, como chamam aos homens de

que perder . Para tais críticos, os têm ho-

niens de fortuna é que deviam governar Êle Nabuco, porém, não tinha "receio de destruir a propriedade fazendo com

soanhos o pais por terem o que perder.

que e.a nao seja um monopólio e gene-

ralizando-a por que onde há grande numero de pequenos proprietários a propedade está mais firme e sòlidamente fundada do que por leis injustas onde

trabalho, ainda tão necessitada, no Bra

reitos*, sem acentuarem a responsabili

vres mas, na verdade, ao sabor da von tade e dos interôsses dos donos dos feu

nista, Nabuco repetiu esta frase que êle próprio chamou revolucionária — "O que

"Comunista, porque?" perguntou Na buco um dia, aos que acusavam de "comunista" o projeto Dantas ou o pró prio Nabuco. "Ora, se alguma coisa

6 o operário? Nada. O que virá êle a ser? Tudo". Repetiu-a salientando que na gente de trabalho estava "o futuro, a expansão, o crescimento do Brasil", o "germen do futiuro da nossa pátria, por que o trabalho manual... dá força, vida, dignidade a um povo e a escravidão ins pirou ao nosso um horror invencível por tôda e qualquer espécie de trabalho em que ela algum dia empregou escravos". . Não esquecia, porem, a abandonada gente média principalmente a do in

se assemelha ao comunismo não vos pa

rece que é a escravidão — comunismo da pior espécie porque é comunismo em proveito de uma só classe?" Comunis ta, entretanto, seria êle chamado hoje,

pela pior espécie de "reacionarismo", que é aquele que se disfarça em amigo da gente de trabalho para melhor con servar-se no governo, quando é governo, ou alcançar o poder, quando é oposição. Nabuco foi amigo leal da gente de

terior: "os moradores livres" — aparen temente livres — do "interior".

um socialismo esclarecídamente persona lista, com muitas afinidades com o tra-

balhismo mais avançado de hoje que é o britânico da ala Cripps ou o que se

dústrias, procurou seu melhor apoio nos artistas e operários de sua querida cida de do Recife, sabendo, embora, que no

dos por êles habitados de favor ou por caridade ou pelo amor de Deus. O que

salientou, "mesmo nas capitais..

lhe parecia era que "o trabalho sem a

havia recomendação igual à de candi

instrução técnica e sem a educação mo

dato dessa aristocracia do comércio e

ral do operário" não podia "abrir hori

da lavoura" que êle, fíél à sua cons

Brasil do seu tempo, como uma vez "não

zontes à Nação Brasileira". Insistiu sem

ciência, às suas idéias, à sua visão de

pre na necessidade de educar-se o traba lhador, certo de que sem essa educação

futuro brasileiro, preferira desde moço

as melhores leis a favor do operário não

desejo, como claramente confessou, era

seriam compreendidas pela gente de

identifioar-se principalmente "com os

desafiar desassombradamente.

Pois seu

Inclusive o prote

A respeito

discursos do Recife, durante a campanha

abolicionista em 84: "Essa espécie de

1

um

pouco .en

ofícios".

Em 1884 não hesitava Nabuco, candi dato à Câmara, em prometer à gente de trabalho do nosso país nada menos

do que justiça ou proteção social —

aque'a justiça ou proteção consagrada pela Constituição de 46: "leis sociais que

modifiquem as condições do trabalho

como êle se man-festa sob a escravi dão.. Para o que estimulava os tra balhadores do Brasil a se associarem:

"... ligados um ao outro pe'o espírito de classe e pelo orgulho de serdes os homens de trabalho, num país onde o trabalho ainda é mal visto... sereis mais fortes do que classes numerosas que não tiverem o mesmo sentimento da sua

lhista — trabalhista sem aspas que o

do que exclamou num dos seus melhores

de lã, mãos de seda e voz de veludo os

agora cessar

quanto formamos artistas de todos os

mente sofredor, que investia conti"a toda espécie de monopólio ou de privilégio "indústria de falsificação".

interesse da grande lavoura e do alto

devem

dignidade". E ainda: "Fora da asso ciação não tendes que ter esperança".

cionismo; a proteção ao que denominava

deria ter fàcíhnente subido aos postos

feito para formar bacharéis e doutores

sileira desamparada e não apenas numa classe, ou num grupo mais ostensiva de ordem material.

que vinha de família privilegiada e po-"

clero, do alto comércio e das novas in

E era

pensando em toda essa população bra

trabalho no Brasil da qual o aproximou

mais altos do Império, servindo com pés

quenos lavradores sem terra do interior

Num dos seus discursos de abolicio

dade social do trabalhador.

rial", artistas e operários se tomariam

continuariam só na aparência homens li

cada dia".

místificadores; dos que só falam nos di-

inspira no britânico da ala Cripps. Êle

s.mples substitutos dos escravos", e os aparentes homens livres que eram os pe

operários que vivem do seu trabalho de

sil, dessa educação e tão à mercê dos

ela é o privilégio de muito poucos". O que lhe parecia era que, extin guindo-se a escravidão dos pretos mas conrinuando de pé "o monopólio territo

35

Digesto Econômico

proteção é o roubo do pobre e num país agrícola é um contra-senso. Não, senho

Terminava Nabuco o seu discurso traba

particularizasse, trabalhista no sentido em que somos hoje trabalhistas, homens de partidos diversos e até sem partido nenhum — definindo o \'Oto dos que

sufragassem o seu nome para deputado por Pernambuco como "ao mesmo tem po uma petição e uma ordem ao Par lamento convocado para que liberte, le

os produtos, tomando a vida mais cara,

vante e proteja o trabalho em tôda a extensão do país, sem diferença de raças

obrigando a população a pagar impostos

nem de ofícios". Palavras de pioneiro

res, não será elevando o preço de todos

exagerados, que eu me hei de prestar a

que precisam de ser definitivamente si

proteger as artes... Ao seu ver o rumo a ser tomado pela organização da

tuadas na história do trabahio no Bra

economia devia ser outro: "... aberta

a terra ao pequeno cultivador, começando-se a destruir o estigma sobre o trabalho, o progresso das artes acompa nhará a transformação do país.. Se

sil como a antecipação mais clara do

movimento em que hoje se empenliam, no nosso país, parlamentares, intelec tuais, líderes operários e líderes cristãos no sentido de um trabalhisnío ou de um

eu entrar para a Câmara tratarei de

socialismo de sentido ético, e não ape nas econômico; de alcance social e cul

mostrar que os sacrifícios que temos

tural e não apenas político.


Digesto Econômico

cora a escravidão não basta", disse êle num dos seus discursos memoráveis: "é preciso destruir a obra da escravidão".

E para destruir "a obra da escravidão", no Brasü, era preciso, ao seu ver, antes de tudo, democratizar-se o solo, quewar-se o monopólio territorial" des-

truirem-se os feudos que hoje,' aliás,

nao sao principalmente os agrários mas cs financeiros e industriais. ~ nos,chamam anarqmstas, demolidores, petroleiros, não ^1 mais, como chamam aos homens de

que perder . Para tais críticos, os têm ho-

niens de fortuna é que deviam governar Êle Nabuco, porém, não tinha "receio de destruir a propriedade fazendo com

soanhos o pais por terem o que perder.

que e.a nao seja um monopólio e gene-

ralizando-a por que onde há grande numero de pequenos proprietários a propedade está mais firme e sòlidamente fundada do que por leis injustas onde

trabalho, ainda tão necessitada, no Bra

reitos*, sem acentuarem a responsabili

vres mas, na verdade, ao sabor da von tade e dos interôsses dos donos dos feu

nista, Nabuco repetiu esta frase que êle próprio chamou revolucionária — "O que

"Comunista, porque?" perguntou Na buco um dia, aos que acusavam de "comunista" o projeto Dantas ou o pró prio Nabuco. "Ora, se alguma coisa

6 o operário? Nada. O que virá êle a ser? Tudo". Repetiu-a salientando que na gente de trabalho estava "o futuro, a expansão, o crescimento do Brasil", o "germen do futiuro da nossa pátria, por que o trabalho manual... dá força, vida, dignidade a um povo e a escravidão ins pirou ao nosso um horror invencível por tôda e qualquer espécie de trabalho em que ela algum dia empregou escravos". . Não esquecia, porem, a abandonada gente média principalmente a do in

se assemelha ao comunismo não vos pa

rece que é a escravidão — comunismo da pior espécie porque é comunismo em proveito de uma só classe?" Comunis ta, entretanto, seria êle chamado hoje,

pela pior espécie de "reacionarismo", que é aquele que se disfarça em amigo da gente de trabalho para melhor con servar-se no governo, quando é governo, ou alcançar o poder, quando é oposição. Nabuco foi amigo leal da gente de

terior: "os moradores livres" — aparen temente livres — do "interior".

um socialismo esclarecídamente persona lista, com muitas afinidades com o tra-

balhismo mais avançado de hoje que é o britânico da ala Cripps ou o que se

dústrias, procurou seu melhor apoio nos artistas e operários de sua querida cida de do Recife, sabendo, embora, que no

dos por êles habitados de favor ou por caridade ou pelo amor de Deus. O que

salientou, "mesmo nas capitais..

lhe parecia era que "o trabalho sem a

havia recomendação igual à de candi

instrução técnica e sem a educação mo

dato dessa aristocracia do comércio e

ral do operário" não podia "abrir hori

da lavoura" que êle, fíél à sua cons

Brasil do seu tempo, como uma vez "não

zontes à Nação Brasileira". Insistiu sem

ciência, às suas idéias, à sua visão de

pre na necessidade de educar-se o traba lhador, certo de que sem essa educação

futuro brasileiro, preferira desde moço

as melhores leis a favor do operário não

desejo, como claramente confessou, era

seriam compreendidas pela gente de

identifioar-se principalmente "com os

desafiar desassombradamente.

Pois seu

Inclusive o prote

A respeito

discursos do Recife, durante a campanha

abolicionista em 84: "Essa espécie de

1

um

pouco .en

ofícios".

Em 1884 não hesitava Nabuco, candi dato à Câmara, em prometer à gente de trabalho do nosso país nada menos

do que justiça ou proteção social —

aque'a justiça ou proteção consagrada pela Constituição de 46: "leis sociais que

modifiquem as condições do trabalho

como êle se man-festa sob a escravi dão.. Para o que estimulava os tra balhadores do Brasil a se associarem:

"... ligados um ao outro pe'o espírito de classe e pelo orgulho de serdes os homens de trabalho, num país onde o trabalho ainda é mal visto... sereis mais fortes do que classes numerosas que não tiverem o mesmo sentimento da sua

lhista — trabalhista sem aspas que o

do que exclamou num dos seus melhores

de lã, mãos de seda e voz de veludo os

agora cessar

quanto formamos artistas de todos os

mente sofredor, que investia conti"a toda espécie de monopólio ou de privilégio "indústria de falsificação".

interesse da grande lavoura e do alto

devem

dignidade". E ainda: "Fora da asso ciação não tendes que ter esperança".

cionismo; a proteção ao que denominava

deria ter fàcíhnente subido aos postos

feito para formar bacharéis e doutores

sileira desamparada e não apenas numa classe, ou num grupo mais ostensiva de ordem material.

que vinha de família privilegiada e po-"

clero, do alto comércio e das novas in

E era

pensando em toda essa população bra

trabalho no Brasil da qual o aproximou

mais altos do Império, servindo com pés

quenos lavradores sem terra do interior

Num dos seus discursos de abolicio

dade social do trabalhador.

rial", artistas e operários se tomariam

continuariam só na aparência homens li

cada dia".

místificadores; dos que só falam nos di-

inspira no britânico da ala Cripps. Êle

s.mples substitutos dos escravos", e os aparentes homens livres que eram os pe

operários que vivem do seu trabalho de

sil, dessa educação e tão à mercê dos

ela é o privilégio de muito poucos". O que lhe parecia era que, extin guindo-se a escravidão dos pretos mas conrinuando de pé "o monopólio territo

35

Digesto Econômico

proteção é o roubo do pobre e num país agrícola é um contra-senso. Não, senho

Terminava Nabuco o seu discurso traba

particularizasse, trabalhista no sentido em que somos hoje trabalhistas, homens de partidos diversos e até sem partido nenhum — definindo o \'Oto dos que

sufragassem o seu nome para deputado por Pernambuco como "ao mesmo tem po uma petição e uma ordem ao Par lamento convocado para que liberte, le

os produtos, tomando a vida mais cara,

vante e proteja o trabalho em tôda a extensão do país, sem diferença de raças

obrigando a população a pagar impostos

nem de ofícios". Palavras de pioneiro

res, não será elevando o preço de todos

exagerados, que eu me hei de prestar a

que precisam de ser definitivamente si

proteger as artes... Ao seu ver o rumo a ser tomado pela organização da

tuadas na história do trabahio no Bra

economia devia ser outro: "... aberta

a terra ao pequeno cultivador, começando-se a destruir o estigma sobre o trabalho, o progresso das artes acompa nhará a transformação do país.. Se

sil como a antecipação mais clara do

movimento em que hoje se empenliam, no nosso país, parlamentares, intelec tuais, líderes operários e líderes cristãos no sentido de um trabalhisnío ou de um

eu entrar para a Câmara tratarei de

socialismo de sentido ético, e não ape nas econômico; de alcance social e cul

mostrar que os sacrifícios que temos

tural e não apenas político.


36

Dicesto Econóaüco

Estranhei uma vez que os políticos tempo foi o próprio Brasil doente; e núo apenas a doença mais alarmante que sido estranhos à questão social do Brasil; marcava a face do Brasil daqueles dias brasileiros do tempo tfimnn de XTali Nahuco tivessem

que nenhum, dos grandes, lhe tivesse continuado o esforço magnífico, depois

que a fundação da Republica lhe cortou

de repente a carreira política de homem extremamente escrupuloso em seus meindehdade ^ e em sua noção de alealdade princípios. Responderam-me

e que era a escravidão.

Fechada essa

ferida enorme õlc sabia que o doente não estaria curado. Sabia que era pre ciso tratá-lo nas suas fontes corrompi das de vida o não apenas nas suas feri das mais terrivelmente abertas, por mais alarmantes. Daí aquele seu agrarismo,

apologistas dêsses outros homens pú- aquele seu socialismo, aquele seu trabab icos que, na realidade, não havia ques- Ihísmo — todos mais conslTutivos, mais ao social qq Brasil daqueles dias. Eu, tonifichntes e mais profiláticos que ci portm, cada dia mais me convenço de

que vendo no Brasil do seu tempo raarugar a questão social em seus aspec-

os rnais rnodemos; en.xergando questões sociais, alem da dos escravos; sentindo a necessidade de proteção social ao tra

balho e aos trabalhadores e, principal mente, à gente média do interior; esti

mulando as associações operárias — Nabuco não se assombrava nem se distraía

te.s dc xada, fortalecendo-o contra os

públicos a serviço do Brasil c da Amé rica. Ou polo menos, uma família de homens particulares animados de espí rito público.Pois nem todos temos a vocação para

a vida pública, para a atividade ou para a especialização poMtica com que pa

culares animados de espírito público. Pelo menos para servirem de compensa ção- aos homens públicos com espírito particular.

Só depois daquele

encontro. Nenhum dos dois poderia ter

escrito aos quarenta anos a autobiogra próprio.

Foi o que Joaquim Nabuco se sentiu obrigado a fazer aos quarenta anos: a escrever antes do tempo as memórias, a autobiografia, o testamento de homem

público consagrado ao sersúço do Brasil. Surgindo de repente a República deu-lhe de repente o titulo de velho, de homem do pa.ssado, de "ancicn regime". Não soube aderir ao regime triunfante. Não

quis ser um daqueles monaxquistas já j curvados ao serviço do Império e ao fl

pêso dos crachás, e dos títulos que da noite para o dia se tornaram estadistas da República. E fez o esforço, para ele tremendo, de sepultar-se aos quarenta

anos na paz, no silêncio, na inação da

que numa época em que se nomeavam para as presidências de província rapa

pública uniu-se ao espírito público que

vida particular, e de estudo. Para um

zes mal-saídos das academias, êle che

desde cedo o animou. Teria sido talvez

homem integralmente público como o autor de "Minha Formação", um suplí

qualquer província.

feudais que lhe comprometem a saúde

fia sem furtar escandalosamente a ái

existam homens assim: homens parti

gou à idade madura sem ter presidido

livre das sobrevivências ou revivescências

os Andradas: uma família de homens

Brasil, animando-lhe as verdadeiras fon-

claro e certo a realidade. E tivesse essa realidade desde então sido considerada por outros parlamentares e homens de

Estado brasileiros, pelos intelectuais e

obras principais.

rúrgicos: aquela .sua preocupação de dar forças, dar energia, dar resistência ao

com fantasmas: enxergava com olhar

pelo clero, o Brasil seria hoje uma so ciedade mais cristãmente organizada; e

de partido, sem nunca ter sido corlesao. Contribuiu Joaquim Nabuco para fazer da própria família o que já eram, então,

recem nascer quase todos os Andradas. Muitos somos homens particulares que fó o excepcional das circunstâncias ar rasta à ação política. Mas é preciso que

abusos dos poderosos e dos exploradores, dos aventureiros e dos demagogos. Tão longe andou sempre dos donos do poder

37

Dicesto EcoNóhnco

Nunca adulou.

Nunca cortejou. Nunca se ofereceu aos poderosos. Em discurso na Academia Brasileira

de Letras dis.çe Nabuco: "que a política, ou tomando-a em sua forma mais pura, o espírito público, é inseparável de todas as grandes obras".

E sua vida inteira

Em Nabuco a vocação para a vida

o mais completo dos homens públicos do Brasil do seu tempo se a proclamação da República, surpreendendo-o aos quarenta anos, não tivesse partido ao mc;o sua carreira de político, separando de algum modo do Nabuco da Abolição

cio, um martírio, quase uma sentença

de morte por êle tristonhamenle cumpri da aos poucos. Cumpriu-a com aquela serena bra\aira, que parece ter apren

dido principalmente com os ingleses, seus mestres de "self-help" e de "self-con-

e da Câmara, o Nabuco do Pan-Americanismo e do Itamarati; e fazendo de

trol".

um só homem quase dois, cada qual incompleto em suas realizações e em

ao serviço do Brasil, no estrangeiro —

regimes — era quase outro Nabúco. Fez

Quando reapareceu na x-ida pública,

moral tanto quanto a economia e o tor nam, sob vários aspectos, o paraíso da queles soció'ogo.s quase sinistros que se especializam em assuntos de patologia

foi a de um homem de espírito público mo, o americanismo, o anti-caudilhisino,

suas aspirações. Conta Mark Twain que aos quarenta anos se encontrara ura dia com seu

social e daqueles demagogos quase sa tânicos que são como certos curandeiros e até médicos mais simplistas: gente que se delicia em curar ou fingir curar

o anti-militarismo, parecendo certo que

companheiro de geração John Hay; e

também o chamado Estado forte teria

que John Hay lhe dissera: "devemos tra

repugnado à sua sensibilidade política. A vida de um homem de bem que não

tar de escrever nossas memórias". Como

e Oliveira Lima, não concebia o Brasil

isolado nem separado, ainda hoje che

doenças terríveis, mas não se preocupa

temeu nunca o nome ou o rótulo dc po

com os doentes, nem com suas particula

lítico nem fugiu aos deveres de oposi

se a vida para um homem público aca basse aos quarenta. Quando a verdade, reparou Mark Twain tempos depois da quele encontro, é que tanto êle na li teratura como Jolin Hay. na política, só depois dos quarenta realizaram suas

ridades.

empenhado em grandes obras ou gran des ações; o abolicionismo, o federalis

cionista ou de crítico dos governos. Se

A Nabuco o que sempre preocupou

guiu o exemplo do pai: outro homem de

mais profundamente no Brasil do seu

bem que foi também político e homem

um serviço acima de partidos e até de muito êssè novo Nabuco, não só pelo

Brasil como pela América — esta Amé rica de que êle, tanto quanto Rio Branco

gando até nós sua palavra de americanista esclarecido, entusiasta da amizade cada dia maior do Brasil com os Esta

dos Unidos e com as demais repúbli cas democráticas do continente.

Mas


36

Dicesto Econóaüco

Estranhei uma vez que os políticos tempo foi o próprio Brasil doente; e núo apenas a doença mais alarmante que sido estranhos à questão social do Brasil; marcava a face do Brasil daqueles dias brasileiros do tempo tfimnn de XTali Nahuco tivessem

que nenhum, dos grandes, lhe tivesse continuado o esforço magnífico, depois

que a fundação da Republica lhe cortou

de repente a carreira política de homem extremamente escrupuloso em seus meindehdade ^ e em sua noção de alealdade princípios. Responderam-me

e que era a escravidão.

Fechada essa

ferida enorme õlc sabia que o doente não estaria curado. Sabia que era pre ciso tratá-lo nas suas fontes corrompi das de vida o não apenas nas suas feri das mais terrivelmente abertas, por mais alarmantes. Daí aquele seu agrarismo,

apologistas dêsses outros homens pú- aquele seu socialismo, aquele seu trabab icos que, na realidade, não havia ques- Ihísmo — todos mais conslTutivos, mais ao social qq Brasil daqueles dias. Eu, tonifichntes e mais profiláticos que ci portm, cada dia mais me convenço de

que vendo no Brasil do seu tempo raarugar a questão social em seus aspec-

os rnais rnodemos; en.xergando questões sociais, alem da dos escravos; sentindo a necessidade de proteção social ao tra

balho e aos trabalhadores e, principal mente, à gente média do interior; esti

mulando as associações operárias — Nabuco não se assombrava nem se distraía

te.s dc xada, fortalecendo-o contra os

públicos a serviço do Brasil c da Amé rica. Ou polo menos, uma família de homens particulares animados de espí rito público.Pois nem todos temos a vocação para

a vida pública, para a atividade ou para a especialização poMtica com que pa

culares animados de espírito público. Pelo menos para servirem de compensa ção- aos homens públicos com espírito particular.

Só depois daquele

encontro. Nenhum dos dois poderia ter

escrito aos quarenta anos a autobiogra próprio.

Foi o que Joaquim Nabuco se sentiu obrigado a fazer aos quarenta anos: a escrever antes do tempo as memórias, a autobiografia, o testamento de homem

público consagrado ao sersúço do Brasil. Surgindo de repente a República deu-lhe de repente o titulo de velho, de homem do pa.ssado, de "ancicn regime". Não soube aderir ao regime triunfante. Não

quis ser um daqueles monaxquistas já j curvados ao serviço do Império e ao fl

pêso dos crachás, e dos títulos que da noite para o dia se tornaram estadistas da República. E fez o esforço, para ele tremendo, de sepultar-se aos quarenta

anos na paz, no silêncio, na inação da

que numa época em que se nomeavam para as presidências de província rapa

pública uniu-se ao espírito público que

vida particular, e de estudo. Para um

zes mal-saídos das academias, êle che

desde cedo o animou. Teria sido talvez

homem integralmente público como o autor de "Minha Formação", um suplí

qualquer província.

feudais que lhe comprometem a saúde

fia sem furtar escandalosamente a ái

existam homens assim: homens parti

gou à idade madura sem ter presidido

livre das sobrevivências ou revivescências

os Andradas: uma família de homens

Brasil, animando-lhe as verdadeiras fon-

claro e certo a realidade. E tivesse essa realidade desde então sido considerada por outros parlamentares e homens de

Estado brasileiros, pelos intelectuais e

obras principais.

rúrgicos: aquela .sua preocupação de dar forças, dar energia, dar resistência ao

com fantasmas: enxergava com olhar

pelo clero, o Brasil seria hoje uma so ciedade mais cristãmente organizada; e

de partido, sem nunca ter sido corlesao. Contribuiu Joaquim Nabuco para fazer da própria família o que já eram, então,

recem nascer quase todos os Andradas. Muitos somos homens particulares que fó o excepcional das circunstâncias ar rasta à ação política. Mas é preciso que

abusos dos poderosos e dos exploradores, dos aventureiros e dos demagogos. Tão longe andou sempre dos donos do poder

37

Dicesto EcoNóhnco

Nunca adulou.

Nunca cortejou. Nunca se ofereceu aos poderosos. Em discurso na Academia Brasileira

de Letras dis.çe Nabuco: "que a política, ou tomando-a em sua forma mais pura, o espírito público, é inseparável de todas as grandes obras".

E sua vida inteira

Em Nabuco a vocação para a vida

o mais completo dos homens públicos do Brasil do seu tempo se a proclamação da República, surpreendendo-o aos quarenta anos, não tivesse partido ao mc;o sua carreira de político, separando de algum modo do Nabuco da Abolição

cio, um martírio, quase uma sentença

de morte por êle tristonhamenle cumpri da aos poucos. Cumpriu-a com aquela serena bra\aira, que parece ter apren

dido principalmente com os ingleses, seus mestres de "self-help" e de "self-con-

e da Câmara, o Nabuco do Pan-Americanismo e do Itamarati; e fazendo de

trol".

um só homem quase dois, cada qual incompleto em suas realizações e em

ao serviço do Brasil, no estrangeiro —

regimes — era quase outro Nabúco. Fez

Quando reapareceu na x-ida pública,

moral tanto quanto a economia e o tor nam, sob vários aspectos, o paraíso da queles soció'ogo.s quase sinistros que se especializam em assuntos de patologia

foi a de um homem de espírito público mo, o americanismo, o anti-caudilhisino,

suas aspirações. Conta Mark Twain que aos quarenta anos se encontrara ura dia com seu

social e daqueles demagogos quase sa tânicos que são como certos curandeiros e até médicos mais simplistas: gente que se delicia em curar ou fingir curar

o anti-militarismo, parecendo certo que

companheiro de geração John Hay; e

também o chamado Estado forte teria

que John Hay lhe dissera: "devemos tra

repugnado à sua sensibilidade política. A vida de um homem de bem que não

tar de escrever nossas memórias". Como

e Oliveira Lima, não concebia o Brasil

isolado nem separado, ainda hoje che

doenças terríveis, mas não se preocupa

temeu nunca o nome ou o rótulo dc po

com os doentes, nem com suas particula

lítico nem fugiu aos deveres de oposi

se a vida para um homem público aca basse aos quarenta. Quando a verdade, reparou Mark Twain tempos depois da quele encontro, é que tanto êle na li teratura como Jolin Hay. na política, só depois dos quarenta realizaram suas

ridades.

empenhado em grandes obras ou gran des ações; o abolicionismo, o federalis

cionista ou de crítico dos governos. Se

A Nabuco o que sempre preocupou

guiu o exemplo do pai: outro homem de

mais profundamente no Brasil do seu

bem que foi também político e homem

um serviço acima de partidos e até de muito êssè novo Nabuco, não só pelo

Brasil como pela América — esta Amé rica de que êle, tanto quanto Rio Branco

gando até nós sua palavra de americanista esclarecido, entusiasta da amizade cada dia maior do Brasil com os Esta

dos Unidos e com as demais repúbli cas democráticas do continente.

Mas


38

DicESTo Econômico

^uito deixara de fazer pído Brasil nos dedicados a uma autobiografia pre^tura. Vira-se então obrigado a viver parasitàriamente da contemplação do

próprio passado, quando seu entusiasmo,

seus impulsos, seus pendores ainda eram

todos no sentido da luta viril e da ação criadora. Da ação de federalista que continuasse a de abolicionista. Da ação

de socialista que conHnuasse a de pio

neiro do trabalhismo no nosso país. Da açao de reno\'ador de tradições da Mo

narquia que tomasse inútil ou supértlua a República dos positivistas e dos

Se defendeu

exata das necessidades c o sentido justo

quim Nabuco precisamos de ver — e não apenas de ver, mas de cultuar um pioneiro daquele socialismo ou tra balhismo do sentido ético, para o qual

os direitos da gente de trabalho contra

das possibilidades de gente por tanto

devemos caminhar cada vez mais re

os abusos da feudal, foi por acreditar no sentido moral e não apenas no social dessas reivindicações. Não por se sen tir apenas espectador, ou auxibar quase passivo, de um jôgo cego e mecânico

tempo abandonada.

solutamente no Brasil, acima de seitas e

Um Brasil que tem entre os homens públicos, os políticos, os parlamentares do seu passado, um homem, um político, um parlamentar da grandeza e da atua lidade ■ de Joaquim Nabuco, nao devo

de facções, de doutrinas fechadas e de

nunca deixar que essa grandeza seja es

rio da Educação e Saúde, dirigido hoje

rização do homem sob os excessos do

dada e não como figura de retórica.

que se denomina "Realismo político".

Trabalhou por êle. Teve como nenhum político brasileiro do seu tempo a visão

Para esse falso realismo não resvalou

nunca Joaquim Nabuco.

entre os homens, do qual se soubesse

desde o princípio o resultado exato, mas para o qual, mesmo assim, espectadores e auxíliares devessem contribuir com ar

^adualistas. Mas não lhe foi possível tes e manobras das chamadas "realistas", transigir com os vencedores. Dos inglêys - que tanto lhe devem ter ensinado com traições, deslealdades, velhacarias, oa ciência ou da arte da contemporiza- alianças vergonho.sas, que apenas apres Çao - nao apreendera o bastante para

Repúbl^

a Monarquia pela

Os brasileiros de hoje, os moços, os

adolescentes, os que vão amanhecendo para a vida piiblica, é êste o Nabuco

39

DicESTo Econômico

sassem a vitória fatal, determinada por

"leis" intituladas de científicas, de um grupo sobre outro.

quecida ou que essa atualidade seja igno rada. Principalmente numa época, como esta que atravessamos, marcada pela des confiança ou pela suspeita de que todo político brasileiro, seja ou tenha sido um politiqueiro e todo homem público, um mistificador; e a política, os parla mentos, os congressos, inutilidades dis

sistemas rígidos. Por isto mesmo é que desejaria vei

desde já ir se preparando com esmero de seleção e de anotação, pelo Ministé

por tão ilustre homem público, uma edição popular, verdadeiramente popu lar, não a toa e desleixada como em

geral as edições populares entre nós, dos discursos proferidos por Joaquim Na- jA buco nos seus grandes dias de reforma- ^ dor social. Edição que fosse uma das comemorações mais úteis do 1.° cente

hoje, no Nabuco de quem o tempo vai

radas prejudiciais ao povo ingênuo, ne

nário do nascimento do grande brasi leiro. Edição que destacasse da perso

nos afastando, apenas o homem exces

cessitado apenas de governo paternales-

nalidade múltipla de Nabuco o seu as

sivamente vaidoso que seria quase outro

camente forte. Nabuco é uma das maio

pecto mais sugestivo e talvez mais esque

res negações dessa lenda negra com que

cido: o de refonnador social, o de pio

se pretende desprestigiar, entre nós, a vida pública, a figura do político, a ação dos parlamentos.

neiro, o de precursor do socialismo ou

Nem vejam os brasileiros moços de

pendiosas, senão palhaçadas ou masca

que precisam conhecer de perto: o po narciso; o elegante perfumado a sabo lítico que foi também homem de bem. nete inglês de quem, como do seu con O político que não separou nunca a ação terrâneo, Vital, Bispo de Olinda da ética. Como o socialismo de Moiris (do qual Dom os maliciosos diziam aromaua Inglaterra e o de Antero de Quental, tizar com brilhantina as barbas de franem Portugal, o seu era do que principal ciscano), demagogos, menos escrupulomente se animava: de sentido ético. E sos em assuntos de higiene pessoal, qui esta .e uma das grandes sugestões que seram às vezes afastar as multidões con

do trabalhismo no Brasil, aspecto aos

olhos de muitos obscurecido pela figura

Êste o homem atualíssimo, de pala

mais imponente do diplomata, do pri

vra e de idéias tão moças que diFicilmente o imaginamos nascido há quase cem anos na capital de Pernambuco. O que

meiro embaixador do Brasil em Was

Ministério institua um prêmio, no mí

nimo de cinqüenta mil cruzeiros (Cr$

hington, do homem do mundo. Outra sugestão: a de que o mesmo

íios chegam de sua vida no momento

fiantes, dizendo: "êste homem não é do

em que, no Brasil, se compromete a cau sa da valorização social não só do às vezes supra-glorificado trabalhador de macacão como do pequeno lavrador, do

povo, mas dos palácios". Ou "êste ho

aumenta a responsabilidade dos que hoje representam a nação brasileira na Câ

mem não é da rua mas dos salões".

mara — a Câmara das grandes lutas e

50.000,00), destinado ao ensaio sobre

Nabuco, porém, se não confraternizou com o povo de sua terra da mesma ma

das grandes vitórias de Joaquim Nabuco

pequeno criador, do pequeno funcioná

neira pitoresca e boêmia, franciscana

o centenário do seu nascimento, em vez

a personalidade ou a ação de Joaquim Nabuco, que venha a ser considerado o melhor por comissão designada pe'o mi

rio público, da numerosa gente média, como nenJiuma pauperízada nas cida

e simples que José Mariano, o qual, no

de pretôxto ou motivo de simples atos

nistro da Educação e Saúde.

Recife de 1880, comia sarapatel e bebe

des e nos campos e como nenhuma de gradada — pois vem descendo de nível

ricava "vinho ordinário", pelos quios

e não apenas conservando-se parada ou estagnada; no momento em que, no Brasil, se compromete a causa da valo

visor de jornal, nunca viveu, como po lítico, longe do povo mais sofredor.

.,.do liturgia parlamentar ou oficial, seja , á ocasião de comemorações a que desde •já se procure associar largamente o povo, a- mocidade, o estudante, o operáiáo, o trabalhador, a gente média do interior, por êle sempre lembrada. Pois em Joa

ques, como qualquer tipógrafo ou re-

Conheceu-o de perto. Amou-o na reali-

— no sentido de concorrermos para que

Deixando com o ministio da Educa

ção e Saúde estas simples sugestões, deixo-as com um homem público parti cularmente sensível à importância, para

um povo ainda em formação como o bra sileiro, de comemorações de centenários •


38

DicESTo Econômico

^uito deixara de fazer pído Brasil nos dedicados a uma autobiografia pre^tura. Vira-se então obrigado a viver parasitàriamente da contemplação do

próprio passado, quando seu entusiasmo,

seus impulsos, seus pendores ainda eram

todos no sentido da luta viril e da ação criadora. Da ação de federalista que continuasse a de abolicionista. Da ação

de socialista que conHnuasse a de pio

neiro do trabalhismo no nosso país. Da açao de reno\'ador de tradições da Mo

narquia que tomasse inútil ou supértlua a República dos positivistas e dos

Se defendeu

exata das necessidades c o sentido justo

quim Nabuco precisamos de ver — e não apenas de ver, mas de cultuar um pioneiro daquele socialismo ou tra balhismo do sentido ético, para o qual

os direitos da gente de trabalho contra

das possibilidades de gente por tanto

devemos caminhar cada vez mais re

os abusos da feudal, foi por acreditar no sentido moral e não apenas no social dessas reivindicações. Não por se sen tir apenas espectador, ou auxibar quase passivo, de um jôgo cego e mecânico

tempo abandonada.

solutamente no Brasil, acima de seitas e

Um Brasil que tem entre os homens públicos, os políticos, os parlamentares do seu passado, um homem, um político, um parlamentar da grandeza e da atua lidade ■ de Joaquim Nabuco, nao devo

de facções, de doutrinas fechadas e de

nunca deixar que essa grandeza seja es

rio da Educação e Saúde, dirigido hoje

rização do homem sob os excessos do

dada e não como figura de retórica.

que se denomina "Realismo político".

Trabalhou por êle. Teve como nenhum político brasileiro do seu tempo a visão

Para esse falso realismo não resvalou

nunca Joaquim Nabuco.

entre os homens, do qual se soubesse

desde o princípio o resultado exato, mas para o qual, mesmo assim, espectadores e auxíliares devessem contribuir com ar

^adualistas. Mas não lhe foi possível tes e manobras das chamadas "realistas", transigir com os vencedores. Dos inglêys - que tanto lhe devem ter ensinado com traições, deslealdades, velhacarias, oa ciência ou da arte da contemporiza- alianças vergonho.sas, que apenas apres Çao - nao apreendera o bastante para

Repúbl^

a Monarquia pela

Os brasileiros de hoje, os moços, os

adolescentes, os que vão amanhecendo para a vida piiblica, é êste o Nabuco

39

DicESTo Econômico

sassem a vitória fatal, determinada por

"leis" intituladas de científicas, de um grupo sobre outro.

quecida ou que essa atualidade seja igno rada. Principalmente numa época, como esta que atravessamos, marcada pela des confiança ou pela suspeita de que todo político brasileiro, seja ou tenha sido um politiqueiro e todo homem público, um mistificador; e a política, os parla mentos, os congressos, inutilidades dis

sistemas rígidos. Por isto mesmo é que desejaria vei

desde já ir se preparando com esmero de seleção e de anotação, pelo Ministé

por tão ilustre homem público, uma edição popular, verdadeiramente popu lar, não a toa e desleixada como em

geral as edições populares entre nós, dos discursos proferidos por Joaquim Na- jA buco nos seus grandes dias de reforma- ^ dor social. Edição que fosse uma das comemorações mais úteis do 1.° cente

hoje, no Nabuco de quem o tempo vai

radas prejudiciais ao povo ingênuo, ne

nário do nascimento do grande brasi leiro. Edição que destacasse da perso

nos afastando, apenas o homem exces

cessitado apenas de governo paternales-

nalidade múltipla de Nabuco o seu as

sivamente vaidoso que seria quase outro

camente forte. Nabuco é uma das maio

pecto mais sugestivo e talvez mais esque

res negações dessa lenda negra com que

cido: o de refonnador social, o de pio

se pretende desprestigiar, entre nós, a vida pública, a figura do político, a ação dos parlamentos.

neiro, o de precursor do socialismo ou

Nem vejam os brasileiros moços de

pendiosas, senão palhaçadas ou masca

que precisam conhecer de perto: o po narciso; o elegante perfumado a sabo lítico que foi também homem de bem. nete inglês de quem, como do seu con O político que não separou nunca a ação terrâneo, Vital, Bispo de Olinda da ética. Como o socialismo de Moiris (do qual Dom os maliciosos diziam aromaua Inglaterra e o de Antero de Quental, tizar com brilhantina as barbas de franem Portugal, o seu era do que principal ciscano), demagogos, menos escrupulomente se animava: de sentido ético. E sos em assuntos de higiene pessoal, qui esta .e uma das grandes sugestões que seram às vezes afastar as multidões con

do trabalhismo no Brasil, aspecto aos

olhos de muitos obscurecido pela figura

Êste o homem atualíssimo, de pala

mais imponente do diplomata, do pri

vra e de idéias tão moças que diFicilmente o imaginamos nascido há quase cem anos na capital de Pernambuco. O que

meiro embaixador do Brasil em Was

Ministério institua um prêmio, no mí

nimo de cinqüenta mil cruzeiros (Cr$

hington, do homem do mundo. Outra sugestão: a de que o mesmo

íios chegam de sua vida no momento

fiantes, dizendo: "êste homem não é do

em que, no Brasil, se compromete a cau sa da valorização social não só do às vezes supra-glorificado trabalhador de macacão como do pequeno lavrador, do

povo, mas dos palácios". Ou "êste ho

aumenta a responsabilidade dos que hoje representam a nação brasileira na Câ

mem não é da rua mas dos salões".

mara — a Câmara das grandes lutas e

50.000,00), destinado ao ensaio sobre

Nabuco, porém, se não confraternizou com o povo de sua terra da mesma ma

das grandes vitórias de Joaquim Nabuco

pequeno criador, do pequeno funcioná

neira pitoresca e boêmia, franciscana

o centenário do seu nascimento, em vez

a personalidade ou a ação de Joaquim Nabuco, que venha a ser considerado o melhor por comissão designada pe'o mi

rio público, da numerosa gente média, como nenJiuma pauperízada nas cida

e simples que José Mariano, o qual, no

de pretôxto ou motivo de simples atos

nistro da Educação e Saúde.

Recife de 1880, comia sarapatel e bebe

des e nos campos e como nenhuma de gradada — pois vem descendo de nível

ricava "vinho ordinário", pelos quios

e não apenas conservando-se parada ou estagnada; no momento em que, no Brasil, se compromete a causa da valo

visor de jornal, nunca viveu, como po lítico, longe do povo mais sofredor.

.,.do liturgia parlamentar ou oficial, seja , á ocasião de comemorações a que desde •já se procure associar largamente o povo, a- mocidade, o estudante, o operáiáo, o trabalhador, a gente média do interior, por êle sempre lembrada. Pois em Joa

ques, como qualquer tipógrafo ou re-

Conheceu-o de perto. Amou-o na reali-

— no sentido de concorrermos para que

Deixando com o ministio da Educa

ção e Saúde estas simples sugestões, deixo-as com um homem público parti cularmente sensível à importância, para

um povo ainda em formação como o bra sileiro, de comemorações de centenários •


40

Digesto EcoNÔKaco

como o de Rui Barbosa e o de Joaquim

ganizem com o máximo de participação

Nabuco.

brasileira; para que participe delas o

São comemorações -para as

quais desde já devemos todos ir con

Brasil inteiro e não apenas o Brasil ofi

correndo com sugestões para que se or-

cial, acadêmico ou literário.

Conílitos Contemporâneos das' Idéias Econômicas I

1

'

Conferência proferida pelo prof. Louis Baudin, a 22 de abril de 1947, sob os

auspícios da Caixa Econômica Federal de São Paulo.

Noticia-se que será concedido um crédito de doze milhões de cruzeiros para

a fundo; ouviam sem ousar entender. Propendiam, assim, para as místicas & arrebatados por elas punham-se a deli

o combate à peste suína. Aliás, a primeira lei aprovada pelo atual Legislativo

brasileiro também dizia receito à aprovação de uina verba es]Jecial para aquôle fim, por sinal que bem reduzida. Como .se sabe, a epizoótia em aprêço provocou sérios danos à suinocultura n^xonol, particularmente na região norte ao Paraná e na Sorocahana paulista. 101 ate decietada uma moratória especial para os suinocultores. A sitt/ação dêstes, porem, continua difícil, não só em virtude das restrições gerais de crédito, como pelo custo elevado dos reprodutores. No entanto, trata-se de um ramo imporíane üe nossa pecuária, que deve entrar numa fase de recuperação e que exige, por

near planos dificilmente exeqüíveis. Ces giNTO-ME feliz de poder agradecer a sado o domínio estrangeiro, no momen meu grande amigo, dr. Abelardo Ver gueiro César, as palavras que acaba de proferir. A minha vinda ao Brasil, a circuns

tsso, medidas especiais de amparo. proüícZéncúw de caráter sanitário foram tardias e mal conduzidas de início.

Um derrame de vacinas mal preparadas ou falsificadas inundou as zonas produtoras, agravando os efeitos da peste. Pelo que se informa agora, o Ministério da Agr\(^Itura controla a produção dos laboratórios particidares e garante a eficiência das vacinas e soros que são distribuídos. Há, todavia, o problema da aplicação, que nem semvre ébem feita pelos leigos. O Instituto Biológico de São Paulo, a fim de defender o bom nome de suas vacinas, que estavam sendo acusadas de res ponsáveis pela morte de grande número de suínos, deliberou dirigir êle próprio

a vacinação, por intermédio dos seus técnicos. Como se sabe, nem sempre a vacina e indicada, devendo ser aplicada apenas nos casos em que não há sintoma de peste, e com isolamento das rezes durante vinte dias.

tância de me tornar conhecido aqui, a continuação deste contacto intelectual

que se estabeleceu entre os brasileiros, e principalmente os paulistas, e a minha

I ^

pessoa, 6 que mais se estreitou depois da ocupação, tudo devo ao dr. Abelardo Vergueiro César. Â fidelidade de sua lembrança devo ainda o prazer de estar hoje entre vós. Sou-lhe por isso parti cularmente reconhecido.

O assunto a tratar hoje é gigantesco.

A suinocultura ainda não tem, entre nós, o volume e a importância da pe cuária bovina. Nunca fomos grandes exportadores de carne de porco e de banho. Entre 1940 e 1942, exportamos entre 5 e 6 mil toneladas anuais, aproximadamente,

Encararei apenas alguns de seus as

de carne de porco congelada, em conserva e salmoura. Já em 1943, as remessas brasileiras para o Exterior desceram a algumas centenas de toneladas, reduzindo-sc a dezenas em 1944 e 45. Em 1946, a exportação ascendeu a cêrca de mil tonela das. Quanto à banha no último triênio, não tem ela ultrapassado as 200 toneladas

lizmente, fenômenos, cujas conseqüên

anuais, tendo mesmo descklo a menos de 20 toneladas em 1946. Dessa forma, os

matanças que temos realizado se destinam precipuamente ao mercado interno, que apesar disso não se acha satisfatòriamente abastecido. A luta contra a peste suína, travada pelo Ministério da Agricultura, e que se reveste de um caráter sobretudo preventivo, tem assim o mérito de abrir ier-

reno, e não somente para recuperar o terreno perdido com a dizimação efetuada (os transpoiies de gado suíno, para esta Capital, das zonas produtoras, no último ano, actisam um declínio expressivo). Ela servirá também de alicerce para um desenvolvimento futuro de nossa pecuária porcina, a que ainda não atingimos, entre outros motivos, por influência de ordem sanitária.

pectos.

A guerra e a ocupação não são, infe

to do entusiasmo produzido pela liber

tação, houve quem desse \àvas à liber dade' e morras ao liberalismo; quem desse vivas ao social-nacionalísmo e mor

ras ao nacional-sooialismo, resultando dessa lógica desconcertante aplaudir-se o odiado e odiar-se o aplaudido. Cabe aos homens de ciência a melan cólica tarefa de lembrar os imperativos

da fria razão, tarefa tanto mais árdua

quanto mais a política se avizinha da

economia. Mas não importa. Cumpre

fazê-lo, a despeito de tudo, pois sabe-

se que a paixão passa e a verdade fica. Nesta conferência vou manter-me den

tro da doutrina pura do liberalismo e do socialismo. Entre os dois extremos en

contram-se as várias modalidades da

cias desapareçam ao findarem. Tal co

economia dirigida.

mo acontece com as doenças graves,

Não credes, entretanto, que desconhe ço o interesse de certas outras doutrinas e, em particular, do marxismo. O mar xismo é uma grande doutrina, cobrindo, entretanto, teses heterogêneas e múlti plas. Existe um divórcio entre a teoria, que prega uma grande moralidade, e a

deixam após si longos períodos da con valescença. Difícil sobretudo é desem-

baraçarmo-nos da influência das concep

ções germânicas. Estas já se haviam in-

filtrad^o em nosso país antes de 1940. Sob o pêso da pressão exterior, sob a influencia do sofrimento e do medo, os

prática, que indica singulares imoralida

patriotas muitas vezes perderam de vis

des. Mas, enfim, há pessoas dignas, as

ta a realidade.

quais se dizem marxistas. Pod.emos, pois,

Olhavam sem ousar ver


40

Digesto EcoNÔKaco

como o de Rui Barbosa e o de Joaquim

ganizem com o máximo de participação

Nabuco.

brasileira; para que participe delas o

São comemorações -para as

quais desde já devemos todos ir con

Brasil inteiro e não apenas o Brasil ofi

correndo com sugestões para que se or-

cial, acadêmico ou literário.

Conílitos Contemporâneos das' Idéias Econômicas I

1

'

Conferência proferida pelo prof. Louis Baudin, a 22 de abril de 1947, sob os

auspícios da Caixa Econômica Federal de São Paulo.

Noticia-se que será concedido um crédito de doze milhões de cruzeiros para

a fundo; ouviam sem ousar entender. Propendiam, assim, para as místicas & arrebatados por elas punham-se a deli

o combate à peste suína. Aliás, a primeira lei aprovada pelo atual Legislativo

brasileiro também dizia receito à aprovação de uina verba es]Jecial para aquôle fim, por sinal que bem reduzida. Como .se sabe, a epizoótia em aprêço provocou sérios danos à suinocultura n^xonol, particularmente na região norte ao Paraná e na Sorocahana paulista. 101 ate decietada uma moratória especial para os suinocultores. A sitt/ação dêstes, porem, continua difícil, não só em virtude das restrições gerais de crédito, como pelo custo elevado dos reprodutores. No entanto, trata-se de um ramo imporíane üe nossa pecuária, que deve entrar numa fase de recuperação e que exige, por

near planos dificilmente exeqüíveis. Ces giNTO-ME feliz de poder agradecer a sado o domínio estrangeiro, no momen meu grande amigo, dr. Abelardo Ver gueiro César, as palavras que acaba de proferir. A minha vinda ao Brasil, a circuns

tsso, medidas especiais de amparo. proüícZéncúw de caráter sanitário foram tardias e mal conduzidas de início.

Um derrame de vacinas mal preparadas ou falsificadas inundou as zonas produtoras, agravando os efeitos da peste. Pelo que se informa agora, o Ministério da Agr\(^Itura controla a produção dos laboratórios particidares e garante a eficiência das vacinas e soros que são distribuídos. Há, todavia, o problema da aplicação, que nem semvre ébem feita pelos leigos. O Instituto Biológico de São Paulo, a fim de defender o bom nome de suas vacinas, que estavam sendo acusadas de res ponsáveis pela morte de grande número de suínos, deliberou dirigir êle próprio

a vacinação, por intermédio dos seus técnicos. Como se sabe, nem sempre a vacina e indicada, devendo ser aplicada apenas nos casos em que não há sintoma de peste, e com isolamento das rezes durante vinte dias.

tância de me tornar conhecido aqui, a continuação deste contacto intelectual

que se estabeleceu entre os brasileiros, e principalmente os paulistas, e a minha

I ^

pessoa, 6 que mais se estreitou depois da ocupação, tudo devo ao dr. Abelardo Vergueiro César. Â fidelidade de sua lembrança devo ainda o prazer de estar hoje entre vós. Sou-lhe por isso parti cularmente reconhecido.

O assunto a tratar hoje é gigantesco.

A suinocultura ainda não tem, entre nós, o volume e a importância da pe cuária bovina. Nunca fomos grandes exportadores de carne de porco e de banho. Entre 1940 e 1942, exportamos entre 5 e 6 mil toneladas anuais, aproximadamente,

Encararei apenas alguns de seus as

de carne de porco congelada, em conserva e salmoura. Já em 1943, as remessas brasileiras para o Exterior desceram a algumas centenas de toneladas, reduzindo-sc a dezenas em 1944 e 45. Em 1946, a exportação ascendeu a cêrca de mil tonela das. Quanto à banha no último triênio, não tem ela ultrapassado as 200 toneladas

lizmente, fenômenos, cujas conseqüên

anuais, tendo mesmo descklo a menos de 20 toneladas em 1946. Dessa forma, os

matanças que temos realizado se destinam precipuamente ao mercado interno, que apesar disso não se acha satisfatòriamente abastecido. A luta contra a peste suína, travada pelo Ministério da Agricultura, e que se reveste de um caráter sobretudo preventivo, tem assim o mérito de abrir ier-

reno, e não somente para recuperar o terreno perdido com a dizimação efetuada (os transpoiies de gado suíno, para esta Capital, das zonas produtoras, no último ano, actisam um declínio expressivo). Ela servirá também de alicerce para um desenvolvimento futuro de nossa pecuária porcina, a que ainda não atingimos, entre outros motivos, por influência de ordem sanitária.

pectos.

A guerra e a ocupação não são, infe

to do entusiasmo produzido pela liber

tação, houve quem desse \àvas à liber dade' e morras ao liberalismo; quem desse vivas ao social-nacionalísmo e mor

ras ao nacional-sooialismo, resultando dessa lógica desconcertante aplaudir-se o odiado e odiar-se o aplaudido. Cabe aos homens de ciência a melan cólica tarefa de lembrar os imperativos

da fria razão, tarefa tanto mais árdua

quanto mais a política se avizinha da

economia. Mas não importa. Cumpre

fazê-lo, a despeito de tudo, pois sabe-

se que a paixão passa e a verdade fica. Nesta conferência vou manter-me den

tro da doutrina pura do liberalismo e do socialismo. Entre os dois extremos en

contram-se as várias modalidades da

cias desapareçam ao findarem. Tal co

economia dirigida.

mo acontece com as doenças graves,

Não credes, entretanto, que desconhe ço o interesse de certas outras doutrinas e, em particular, do marxismo. O mar xismo é uma grande doutrina, cobrindo, entretanto, teses heterogêneas e múlti plas. Existe um divórcio entre a teoria, que prega uma grande moralidade, e a

deixam após si longos períodos da con valescença. Difícil sobretudo é desem-

baraçarmo-nos da influência das concep

ções germânicas. Estas já se haviam in-

filtrad^o em nosso país antes de 1940. Sob o pêso da pressão exterior, sob a influencia do sofrimento e do medo, os

prática, que indica singulares imoralida

patriotas muitas vezes perderam de vis

des. Mas, enfim, há pessoas dignas, as

ta a realidade.

quais se dizem marxistas. Pod.emos, pois,

Olhavam sem ousar ver


Dicesto Econókoco

calar a êste respeito. Todavia temos de reconhecer estar precisamente o mar xismo um tanto em voga. Há um pou

co de anarquia em todos os domínios. Dividirei esta exposição em várias

O homem, levado polo interesse e, graças ao mecanismo cios preços, faz esforços por obter o máximo do lucro para si, instituindo por assim dizer um pequeno monopólio. Mas imediatamen

Na primeira, procurarei passar rapida mente em revista a estrutura doutrinária.

tante. É indispensável, pois, a existên cia de um mínimo de moralidade, dc in-

Sabem jnuito bem que um determinado sistema econômico serx'e para deter

épocas de abalo rompe-se o equilíbrio,

minado regime e não para outro. Não ignoram a possibilidade de ser uma coisa

a ética se altera sob o império do medo.

favorável aos latinos e desfavorável aos eslavos, ou inversamente.

mesmo interesse pessoal pôsto ao ser

O môdo ó um tipo de atividade peculiar dos períodos de crise. Voltarei a êste

viço de outros indivíduos.

ponto, que é capital.

te surge a concorrência c|ue lhe faz o

partes.

43

Digesto Econômico

A finalida

terêsse pessoal, em épocas normais. Nas

Mas não nos iludamos. Sob a capa desta falsa modéstia não fazem os libe rais senão reforçar a sua posição, tor

Indicarei na segunda parte as modifica

de é arrancar o monopó'io das mãos do

Êste sistema liberal, já um tanto en

ções recentemente introduzidas, e, em

primeiro beneficiário. O processo é co

velhecido, ainda se aplica. Seu âmbito

particular, as novas doutrinas, isto é, o neo-socialismo, o neo-corporativismo, o

nhecido.

de ação circunscreve-se a modestas zo

nando-se mais fortes e agressivos. É assim que se voltam para o socialismo

nas esparsas não obstante a fama dc

c lhe dizem:

neo-liberalismo. Terminarei expondo as

penham os grandes quem sai ganhando

seus defensores.

Todo o mundo nos conhece.

minhas concepções pessoais sobre as qua lidades que se devem exigir dos homens aos quais incumbe a aplicação da dou

trina e das qua=s muito pouco se cuida.

Comecemos, por conseguinte, pelas duas doutrinas polares: liberalismo e so cialismo. Situam-se uma diante da ou

midor.

Constitui a defesa do consu

Na competição em que se em O

Além disso há ainda uma figura, a

grande campeão é afinal o acasol As sim se realiza o progresso. Estabelece-se uma ordem espontânea, uma ordem não prevista, nem desejada. E tão admirá vel que os primeiros observadores a su

que geralmente não se faz menção. É uma figura um tanto enigmática, de que

a corrida é o consumidor casual.

se notam certos gestos e traços e que,

no sistema liberal, nem sempre permite

"Eis as nossas faltas. Mas por

que pretender substituir-nos por vocês? Quem são vocês, <;ujas faces se ocultam sob máscaras? Não sabemos do quanto

são capazes".

De fato, quando se pede ao socialis mo sua carteira de identidade, sente-se

se obtenha um resultado perfeitamente equitativo. É sua majestade o acaso, a

êste muito embaraçado. Ê verdadeira

que já me referi. O acaso é produtor

mente extraordinário se fale tanto de uma

mentares é para indicar que o liberalis mo repousa em uma série de postulados. O primeiro, ao qual voltarei no fim desta exposição, é o seguinte; tanto o in

da renda econômica, no sentido econômi co do termo. Êste fantasista, que cria

ta definição aceita por todos os autores.

privilégios desmesurados, provoca as in

O "Figaro" realizou há anos um in quérito a fim de apurar o que era o

dividualismo como o liberalismo (é a

mesma coisa) exigem um indivíduo. Exi

beral, o qual não pode, entretanto, eli miná-lo porque é filho da liberdade.

Ver-se-á desde logo

gem ambos um indivíduo, isto é, um ser dotado de razão, de vontade própria.

pode parecer meio original:

doutrina econômica não basta ser corre

tério pessoal.

Ser liberal é ter senso realista. Todo

Sempre foi assim. O que não é comum é admitir-se a possibilidade de liberalismo

ta. É preciso que mereça fé, seja crível

no qoal não exista meio ambiente para

e atraente.

Vou citar apenas uma definição. É a do presidente Leon Blum, publicada na

tra, como antagonistas. Conhecemos uma

melhor que a outra. Vejamos o liberalismo. Não farei uma dissertação clássica. É assunto já conhecido. Encontra-se em muitos tratados, particularmente nos tra

balhos de meu amigo Paul Hugon. Dirvos-ei, entretanto, algumas palavras so

bre êste tópico. porque.

mundo pode ter ou deixar de ter essa qualidade. Não faço restrições. Não me refiro a êste ou àquele.

Constato

punham de origem divina. Mas se vos lembro essas noções ele

o indivíduo.

justificadas criticas contra o sistema li

Mais uma última observação, que

A uma

imoral. É um grande erro. Num siste

homens são dominados pela crença. Pro

ma liberal os homens fazem suas transa

curam um ponto de apoio era tudo.

ções sôbre a trama do tempo, por meio

Os próprios economistas não logem à regra. Temos os místicos das transações.

pode apor um rótulo em cada contra

o assunto. Cada autor adota o seu cri

Revista de Paris, de IP de maio de

é muito nobre. Mas não se constrói uma

a fim de se evitarem enganos.

com tudo quanto se tem escrito sôbre

1924. Além de homem de Estado, o sr. Blum é um teórico e.xcelente. Eis a sua

ciência sôbre aspirações ou sôbre es peranças. Portanto, o liberal fala de

interesse pessoal, que se não deve con de convenções que se chamam contra fundir com egoísmo. A distinção já tos. Ora, os contratos devem ser respei foi feita por Aristóteles. É preciso, en tados. Incumbe ao Estado, isto é, ao tretanto, repeti-lo de tempos em tempos, juiz, fazê-los respeitar. E o Estado não

Recebeu várias respostas,

mas tòdas diferentes. O mesmo se dá

O mecanismo dos preços nada tem

mais, movido pelo ínterôsse pessoal. Não

apenas. E o que verifico? Verifico ser

socialismo.

de fascinante para o grande público.

Outro postulado: quer o individualis mo, quer o liberalismo, a fim de poder atuar, exigem um mínimo de moralidade. Costuma-se dizer que o liberalismo é

o homem geralmente, nos tempos nor

doutrina no nosso tempo e ainda não exis

Êste busca o seu ideal na doutrina.

Não apenas na doutrina superior, divi na, mas em qualquer doutrina. Os

definição; "O socialismo é uma doutri

na que se propõe reduzir o sofrimento e a desigualdade até um resíduo incompressivel, instalar a razão, a justiça e a liberdade e banir o privilégio e o acaso". A fórmula serve para todos. Não co

Percebemos as sombras dessas doutri nas na última encruzilhada. Os libe

nheço doutrina que se proponha aumen

rais conhecem-nas e já se afastaram des

justiça.

se universalismo e absolütismo antigo.

esclarece.

tar o sofrimento ou estabelecer a in

A definição, pois, nada nos


Dicesto Econókoco

calar a êste respeito. Todavia temos de reconhecer estar precisamente o mar xismo um tanto em voga. Há um pou

co de anarquia em todos os domínios. Dividirei esta exposição em várias

O homem, levado polo interesse e, graças ao mecanismo cios preços, faz esforços por obter o máximo do lucro para si, instituindo por assim dizer um pequeno monopólio. Mas imediatamen

Na primeira, procurarei passar rapida mente em revista a estrutura doutrinária.

tante. É indispensável, pois, a existên cia de um mínimo de moralidade, dc in-

Sabem jnuito bem que um determinado sistema econômico serx'e para deter

épocas de abalo rompe-se o equilíbrio,

minado regime e não para outro. Não ignoram a possibilidade de ser uma coisa

a ética se altera sob o império do medo.

favorável aos latinos e desfavorável aos eslavos, ou inversamente.

mesmo interesse pessoal pôsto ao ser

O môdo ó um tipo de atividade peculiar dos períodos de crise. Voltarei a êste

viço de outros indivíduos.

ponto, que é capital.

te surge a concorrência c|ue lhe faz o

partes.

43

Digesto Econômico

A finalida

terêsse pessoal, em épocas normais. Nas

Mas não nos iludamos. Sob a capa desta falsa modéstia não fazem os libe rais senão reforçar a sua posição, tor

Indicarei na segunda parte as modifica

de é arrancar o monopó'io das mãos do

Êste sistema liberal, já um tanto en

ções recentemente introduzidas, e, em

primeiro beneficiário. O processo é co

velhecido, ainda se aplica. Seu âmbito

particular, as novas doutrinas, isto é, o neo-socialismo, o neo-corporativismo, o

nhecido.

de ação circunscreve-se a modestas zo

nando-se mais fortes e agressivos. É assim que se voltam para o socialismo

nas esparsas não obstante a fama dc

c lhe dizem:

neo-liberalismo. Terminarei expondo as

penham os grandes quem sai ganhando

seus defensores.

Todo o mundo nos conhece.

minhas concepções pessoais sobre as qua lidades que se devem exigir dos homens aos quais incumbe a aplicação da dou

trina e das qua=s muito pouco se cuida.

Comecemos, por conseguinte, pelas duas doutrinas polares: liberalismo e so cialismo. Situam-se uma diante da ou

midor.

Constitui a defesa do consu

Na competição em que se em O

Além disso há ainda uma figura, a

grande campeão é afinal o acasol As sim se realiza o progresso. Estabelece-se uma ordem espontânea, uma ordem não prevista, nem desejada. E tão admirá vel que os primeiros observadores a su

que geralmente não se faz menção. É uma figura um tanto enigmática, de que

a corrida é o consumidor casual.

se notam certos gestos e traços e que,

no sistema liberal, nem sempre permite

"Eis as nossas faltas. Mas por

que pretender substituir-nos por vocês? Quem são vocês, <;ujas faces se ocultam sob máscaras? Não sabemos do quanto

são capazes".

De fato, quando se pede ao socialis mo sua carteira de identidade, sente-se

se obtenha um resultado perfeitamente equitativo. É sua majestade o acaso, a

êste muito embaraçado. Ê verdadeira

que já me referi. O acaso é produtor

mente extraordinário se fale tanto de uma

mentares é para indicar que o liberalis mo repousa em uma série de postulados. O primeiro, ao qual voltarei no fim desta exposição, é o seguinte; tanto o in

da renda econômica, no sentido econômi co do termo. Êste fantasista, que cria

ta definição aceita por todos os autores.

privilégios desmesurados, provoca as in

O "Figaro" realizou há anos um in quérito a fim de apurar o que era o

dividualismo como o liberalismo (é a

mesma coisa) exigem um indivíduo. Exi

beral, o qual não pode, entretanto, eli miná-lo porque é filho da liberdade.

Ver-se-á desde logo

gem ambos um indivíduo, isto é, um ser dotado de razão, de vontade própria.

pode parecer meio original:

doutrina econômica não basta ser corre

tério pessoal.

Ser liberal é ter senso realista. Todo

Sempre foi assim. O que não é comum é admitir-se a possibilidade de liberalismo

ta. É preciso que mereça fé, seja crível

no qoal não exista meio ambiente para

e atraente.

Vou citar apenas uma definição. É a do presidente Leon Blum, publicada na

tra, como antagonistas. Conhecemos uma

melhor que a outra. Vejamos o liberalismo. Não farei uma dissertação clássica. É assunto já conhecido. Encontra-se em muitos tratados, particularmente nos tra

balhos de meu amigo Paul Hugon. Dirvos-ei, entretanto, algumas palavras so

bre êste tópico. porque.

mundo pode ter ou deixar de ter essa qualidade. Não faço restrições. Não me refiro a êste ou àquele.

Constato

punham de origem divina. Mas se vos lembro essas noções ele

o indivíduo.

justificadas criticas contra o sistema li

Mais uma última observação, que

A uma

imoral. É um grande erro. Num siste

homens são dominados pela crença. Pro

ma liberal os homens fazem suas transa

curam um ponto de apoio era tudo.

ções sôbre a trama do tempo, por meio

Os próprios economistas não logem à regra. Temos os místicos das transações.

pode apor um rótulo em cada contra

o assunto. Cada autor adota o seu cri

Revista de Paris, de IP de maio de

é muito nobre. Mas não se constrói uma

a fim de se evitarem enganos.

com tudo quanto se tem escrito sôbre

1924. Além de homem de Estado, o sr. Blum é um teórico e.xcelente. Eis a sua

ciência sôbre aspirações ou sôbre es peranças. Portanto, o liberal fala de

interesse pessoal, que se não deve con de convenções que se chamam contra fundir com egoísmo. A distinção já tos. Ora, os contratos devem ser respei foi feita por Aristóteles. É preciso, en tados. Incumbe ao Estado, isto é, ao tretanto, repeti-lo de tempos em tempos, juiz, fazê-los respeitar. E o Estado não

Recebeu várias respostas,

mas tòdas diferentes. O mesmo se dá

O mecanismo dos preços nada tem

mais, movido pelo ínterôsse pessoal. Não

apenas. E o que verifico? Verifico ser

socialismo.

de fascinante para o grande público.

Outro postulado: quer o individualis mo, quer o liberalismo, a fim de poder atuar, exigem um mínimo de moralidade. Costuma-se dizer que o liberalismo é

o homem geralmente, nos tempos nor

doutrina no nosso tempo e ainda não exis

Êste busca o seu ideal na doutrina.

Não apenas na doutrina superior, divi na, mas em qualquer doutrina. Os

definição; "O socialismo é uma doutri

na que se propõe reduzir o sofrimento e a desigualdade até um resíduo incompressivel, instalar a razão, a justiça e a liberdade e banir o privilégio e o acaso". A fórmula serve para todos. Não co

Percebemos as sombras dessas doutri nas na última encruzilhada. Os libe

nheço doutrina que se proponha aumen

rais conhecem-nas e já se afastaram des

justiça.

se universalismo e absolütismo antigo.

esclarece.

tar o sofrimento ou estabelecer a in

A definição, pois, nada nos


■r-*W

Digesto ECONÓ^CCO

44

E se consultarmos outros autores, às

liomens de Estado como Mac Donald,

45

Díoesto EcONÓ^^co

vemos é uma doutrina apoiada na pro

nidades baseadas numa idéia religiosa,

vêzes quaKficados de socialistas, às ve

Jaurès e outros, a existência desta limi

como, por exemplo, a fundada por Etièn-

zes de liberais e, outras, de utopistas,

ne Cabet, nenhum suce.sso tiveram. Não

priedade e na poupança. A impressão produzida é c\ãdentemente muito forte.

como Fourier, Sainte-Beuve, Proudhon,

tação da liberdade. O socialismo lança ainda apelo à ra

etc., ficamos então embaraçados. Para

zão. O liberalismo apela à natureza, à

sairmos da dificuldade só nos resta uma

espontaneidade nalTjral. Abramos aqui um parêntese. Censura-se aos liberais por excesso de racionalismo. Mas, co

Há o exemplo da Rússia dc 1917-21. Sem dúvida c um período dc tempo

trina marxista, que dexda ser o seu fimdamento. Apresentarei uma só prova.

muito curto. Corresponde, além disso, a um período do guerra, terminado pela fome. O e.xcmplo ainda desta vez é

puVicado no primeiro número da Revis ta Socialista, aparecido em fins de 1946,

maneira, aliás deselegante: é lançar mão <lo raciocínio dos contrários. Tratando-

podemos, pois, tirar conclusões.

se de adversários colocados um em fren

mo?! O homem já não é mais um ente

te do outro, podemos adivinhar a natu

racional, tal como entendiam o libera

insuficiente. Veio em seguida o perío

lismo e o individualismo clássicos? Sim. O homem é, com efeito, um ente racio

do da No\'a Economia Política.

reza do fato a apreender por meio da oposição entre um e outro, ou seja, no

nosso caso, entre o socíalis-

nal e por isso apela-se pa

nio e o liberalismo.

beralismo fala de indiví

ra a razão de cada indiví duo. No socialismo, entre

duo. Temos aí um ponto

tanto, não se trata disso.

de partida, em contraposi

Apela-se aí à razão de um pequeno número de indiví duos, apenas à daqueles aos

O li

ção do qual pomos a cole tividade, de que fala o so

quais incumbe traçar os planos. Eis a diferença.

cialismo.

Quanto à coletividade, é preciso distinguir. No sociabsmo antigo essa coleti^^dade era a sociedade, e isso não dei

xava de ter a sua grandeza: o sacrifício do homem à sociedade. Hoje a coleti

vidade é um agrupamento: é o partido, a classe. E isso é diferente. O inte-

rêsse coletivo não passa de uma extensão do interesse pessoal. Opõe-se às vêzes

Enfim, incontcstavelmente no socialismo bá uma

A Rxis-

sia mão é um país integralmente socia lista. Quanto à Rús.sia atual nada se pode dizer por falta dc documentação. Ou melhor, o socialismo russo aproxima-

se antes daquilo a que designamos pelo nome dc regime de economia forte, ou de potência. Nos temos de preparação às guerras impera a "Welrrwirtschaft" ou "Kriegswirtschaft", ou seja a doutrina econômica de autoridade . Mas nas eco

nomias de bem-estar a coisa parece ser diferente.

Como resolver a questão?

Há ainda

certa hostilidade à propriedade indivi dual, uma tendência à socialização da propriedade, a preocupação da produção

uma possibilidade.

em massa. No liberalismo, ao contrário, procura-se incentivar a pequena pro

Mas aí então é que não encontraremos

dução. O comunismo encara a totali dade dos bens.

Dirijamo-nos aos

indicações.

Senão, vejamos.

Tomarei o comunismo, em Fiança.

O

mente, de socialismo completo, e não do misto, ou do socialismo de Estado.

excelência e doutrinário. Depois de 1940

Prosseguindo. O bberalismo quer a liberdade. O socialismo fala de autori

dade Trata por isso de desmantelar esse mecanismo maraviUioso chamdo o me

canismo dos preços, para subshtu.-lo por medidas de autoridade, D.nge-se, en

tão às estatísticas. O sociabsmo é o reinado das estatísticas. Há ai alguma coisa que pode chocar um pouco os par tidários do socialismo. Nao_ deve agra

dar aos grandes autores, e sobretudo aos

Não conhecemos o socialismo puro. E,

pois, não nos é possível tirar ensina

será como ação de classe.

Empresta-

lhe, portanto, um sentido reformista e não mais o sentido revolucionário mar

xista. É, pois, anti-marxista e como os democratas antiquados, pacifista, inter-

nacionalista e humanista. O sr. Blum ficou em minoria no Congresso do Par tido Socialista, realizado no mês de agôsto do último ano.

Resumindo, do ponto de vista cienti fico, único que nos interessa: Não se pode tirar nenliura ensinamento do exa me das doutrinas que ser\'em de base aos partidos políticos. Praticamente ve dos

de juro.

Na prática não temos

Ora, êsse autor nos

d'z como é preciso interpretar essa luta:

rificamos diluirem-se todos êsses parti

dizem liberais, socialistas.

do se discutem, por exemplo, as formas

na doutrina.

à luta de classes.

tidos que se

exemplos de socialismo. Falo, evidente

Há um ponto a assinalar aqui. Isto é,

Refere-se o sr. Leon Blum, no artigo

partidos políticos, pois bá muitos par

partido comunista francês deve ter uma doutrina. Entre 1930-1940 êste partido era antl-liberal, anti-religioso, anti-mili-

ao próprio interesse nacional. Não se deve perder de vista esta verdade quan

Naturalmente não se trata mais de dou

tarista, anti-burguês, revolucionário por parece ter mudado muito pelo que pu demos ler nos cartazes de propaganda

e

tôdas

essas

doutrinas em unia

economia dirigida, mais ou menos fa mosa, que às vêzes, quando mantém o mecanismo dos preços, se apro.xima do liberalismo, e às vêzes, quando o condena, dele se afasta.

Convém insistir sobre essa questão de economia dirigida. Todo o mundo esta descontente: quer os produtores, quer os consumidores, quer os intermediários. É um sistema que parece não estar

mentos se não nos são oferecidas grandes

eleitoral.

provas. Houve exemplas de pequenas comunidades: o Império dos ,Incas foi

mais uma mão estendida aos católicos:

bem adaptado à psicologia nacional. Precisamos, portanto, ensaiar qualquer

defesa da lei, defesa da pequena pro

modificação.

uma delas. Mas todas essas pequenas comunidades, na sua maioria cimentadas

pela religião, eram formadas por volun tários. O aspecto da questão muda as sim completamente. Tôdas estas comu-

As suas declarações pareciam

priedade, defesa da pequena indústria, defesa do artezanato, defesa do peque no comércio, da- pequena poupança.

Sempre essa idéia de pequeno: é a mís

tica da pequenez.

Mas enfim, o que

Vejamos agora as novas doutrinas. — O neo-socialismo. É uma doutrina interessante. Socialização em ti-ês eta

pas: 1.® - a do poder; 2.° - a do lucro, por meio da organização de "trusts" e


■r-*W

Digesto ECONÓ^CCO

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E se consultarmos outros autores, às

liomens de Estado como Mac Donald,

45

Díoesto EcONÓ^^co

vemos é uma doutrina apoiada na pro

nidades baseadas numa idéia religiosa,

vêzes quaKficados de socialistas, às ve

Jaurès e outros, a existência desta limi

como, por exemplo, a fundada por Etièn-

zes de liberais e, outras, de utopistas,

ne Cabet, nenhum suce.sso tiveram. Não

priedade e na poupança. A impressão produzida é c\ãdentemente muito forte.

como Fourier, Sainte-Beuve, Proudhon,

tação da liberdade. O socialismo lança ainda apelo à ra

etc., ficamos então embaraçados. Para

zão. O liberalismo apela à natureza, à

sairmos da dificuldade só nos resta uma

espontaneidade nalTjral. Abramos aqui um parêntese. Censura-se aos liberais por excesso de racionalismo. Mas, co

Há o exemplo da Rússia dc 1917-21. Sem dúvida c um período dc tempo

trina marxista, que dexda ser o seu fimdamento. Apresentarei uma só prova.

muito curto. Corresponde, além disso, a um período do guerra, terminado pela fome. O e.xcmplo ainda desta vez é

puVicado no primeiro número da Revis ta Socialista, aparecido em fins de 1946,

maneira, aliás deselegante: é lançar mão <lo raciocínio dos contrários. Tratando-

podemos, pois, tirar conclusões.

se de adversários colocados um em fren

mo?! O homem já não é mais um ente

te do outro, podemos adivinhar a natu

racional, tal como entendiam o libera

insuficiente. Veio em seguida o perío

lismo e o individualismo clássicos? Sim. O homem é, com efeito, um ente racio

do da No\'a Economia Política.

reza do fato a apreender por meio da oposição entre um e outro, ou seja, no

nosso caso, entre o socíalis-

nal e por isso apela-se pa

nio e o liberalismo.

beralismo fala de indiví

ra a razão de cada indiví duo. No socialismo, entre

duo. Temos aí um ponto

tanto, não se trata disso.

de partida, em contraposi

Apela-se aí à razão de um pequeno número de indiví duos, apenas à daqueles aos

O li

ção do qual pomos a cole tividade, de que fala o so

quais incumbe traçar os planos. Eis a diferença.

cialismo.

Quanto à coletividade, é preciso distinguir. No sociabsmo antigo essa coleti^^dade era a sociedade, e isso não dei

xava de ter a sua grandeza: o sacrifício do homem à sociedade. Hoje a coleti

vidade é um agrupamento: é o partido, a classe. E isso é diferente. O inte-

rêsse coletivo não passa de uma extensão do interesse pessoal. Opõe-se às vêzes

Enfim, incontcstavelmente no socialismo bá uma

A Rxis-

sia mão é um país integralmente socia lista. Quanto à Rús.sia atual nada se pode dizer por falta dc documentação. Ou melhor, o socialismo russo aproxima-

se antes daquilo a que designamos pelo nome dc regime de economia forte, ou de potência. Nos temos de preparação às guerras impera a "Welrrwirtschaft" ou "Kriegswirtschaft", ou seja a doutrina econômica de autoridade . Mas nas eco

nomias de bem-estar a coisa parece ser diferente.

Como resolver a questão?

Há ainda

certa hostilidade à propriedade indivi dual, uma tendência à socialização da propriedade, a preocupação da produção

uma possibilidade.

em massa. No liberalismo, ao contrário, procura-se incentivar a pequena pro

Mas aí então é que não encontraremos

dução. O comunismo encara a totali dade dos bens.

Dirijamo-nos aos

indicações.

Senão, vejamos.

Tomarei o comunismo, em Fiança.

O

mente, de socialismo completo, e não do misto, ou do socialismo de Estado.

excelência e doutrinário. Depois de 1940

Prosseguindo. O bberalismo quer a liberdade. O socialismo fala de autori

dade Trata por isso de desmantelar esse mecanismo maraviUioso chamdo o me

canismo dos preços, para subshtu.-lo por medidas de autoridade, D.nge-se, en

tão às estatísticas. O sociabsmo é o reinado das estatísticas. Há ai alguma coisa que pode chocar um pouco os par tidários do socialismo. Nao_ deve agra

dar aos grandes autores, e sobretudo aos

Não conhecemos o socialismo puro. E,

pois, não nos é possível tirar ensina

será como ação de classe.

Empresta-

lhe, portanto, um sentido reformista e não mais o sentido revolucionário mar

xista. É, pois, anti-marxista e como os democratas antiquados, pacifista, inter-

nacionalista e humanista. O sr. Blum ficou em minoria no Congresso do Par tido Socialista, realizado no mês de agôsto do último ano.

Resumindo, do ponto de vista cienti fico, único que nos interessa: Não se pode tirar nenliura ensinamento do exa me das doutrinas que ser\'em de base aos partidos políticos. Praticamente ve dos

de juro.

Na prática não temos

Ora, êsse autor nos

d'z como é preciso interpretar essa luta:

rificamos diluirem-se todos êsses parti

dizem liberais, socialistas.

do se discutem, por exemplo, as formas

na doutrina.

à luta de classes.

tidos que se

exemplos de socialismo. Falo, evidente

Há um ponto a assinalar aqui. Isto é,

Refere-se o sr. Leon Blum, no artigo

partidos políticos, pois bá muitos par

partido comunista francês deve ter uma doutrina. Entre 1930-1940 êste partido era antl-liberal, anti-religioso, anti-mili-

ao próprio interesse nacional. Não se deve perder de vista esta verdade quan

Naturalmente não se trata mais de dou

tarista, anti-burguês, revolucionário por parece ter mudado muito pelo que pu demos ler nos cartazes de propaganda

e

tôdas

essas

doutrinas em unia

economia dirigida, mais ou menos fa mosa, que às vêzes, quando mantém o mecanismo dos preços, se apro.xima do liberalismo, e às vêzes, quando o condena, dele se afasta.

Convém insistir sobre essa questão de economia dirigida. Todo o mundo esta descontente: quer os produtores, quer os consumidores, quer os intermediários. É um sistema que parece não estar

mentos se não nos são oferecidas grandes

eleitoral.

provas. Houve exemplas de pequenas comunidades: o Império dos ,Incas foi

mais uma mão estendida aos católicos:

bem adaptado à psicologia nacional. Precisamos, portanto, ensaiar qualquer

defesa da lei, defesa da pequena pro

modificação.

uma delas. Mas todas essas pequenas comunidades, na sua maioria cimentadas

pela religião, eram formadas por volun tários. O aspecto da questão muda as sim completamente. Tôdas estas comu-

As suas declarações pareciam

priedade, defesa da pequena indústria, defesa do artezanato, defesa do peque no comércio, da- pequena poupança.

Sempre essa idéia de pequeno: é a mís

tica da pequenez.

Mas enfim, o que

Vejamos agora as novas doutrinas. — O neo-socialismo. É uma doutrina interessante. Socialização em ti-ês eta

pas: 1.® - a do poder; 2.° - a do lucro, por meio da organização de "trusts" e


46

Digesto Económjco

cartéis, desde que instituídos pelo Estado;

Reali2Mu-se em 1938, em Paris, "Le

- a da socialização da propriedade. Êsse neo-socialismo viu seus dias sob a ocupação. Supondo — e talvez com

Colloque Inteniationar', que reuniu um certo número de economistas de diferen

razão — ser o totalitarismo o regime po lítico mais adaptável a essa forma de socialismo, aproximou-se dos ocupantes. Inútil dizer que com a libertação o sis

obstante contasse com o apoio de pes

tema desapareceu.

Faltam-hos assim

elementos para uma verificação válida. — O neo-corporatívismo.

Destinava-

se sobretudo a pôr um fim à luta de

classes, aproximando o operário do pa trão, tal como antigamente, nas gran des instituições medievais.

A construção dêsse neo-corporativismo processava-se também em três eta

pas: 1.®^: econômica, através da orga nização de um escritório central de dis tribuição de produtos industriais; 2.®: so cial, consistente na carta de trabalho; e

3.'^: a da corporação, formando a cúpula assentada sobre aquelas pilastras. Mas ainda desta vez não se ofereceu

oportunidade para uma. realização con

creta. Apenas começada, desapareceu.

Os ocupantes se apoderaram da orga nização principal, isto é, do escritório

central de distribuição de produtos in dustriais. Com essa organização nas mãos,

faziam a distribuição das matérias primas como bem entendiam e, portanto, coman davam toda a indústria francesa. O sis tema ficou imediatamente viciado.

Na Inglaterra verificou-se o mesmo.

Havia um Conselho Corporativo Agrícola Nacional. O próprio ministro da Agri cultura tomou-se presidente do Conse lho. Desvirtuou-se, pois, o sistema. Mais uma vez nenhum ensinamento colhemos,

quer pró quer contra a corporação. A ■ experiência falhou.

— Quanto ao neo-liberalismo. Já apre senta outra importância por ter visto

seus dias antes da ocupação.

tes nações. E aí nasceu o neo-liberalis mo, de uma maneira bem modesta, não

soas de nomeada como Walter Lippmann, Robbíns, Ludwig von Mises, etc. P ato de nascimento dêsse neo-libera

lismo constou de uma simples agenda. Mas o sistema envelheceu- depressa, logo depois da chegada da guerra. To

davia, durou o suficiente para dar início

aos seus contra-ataques.

Verdade é

que estes são freqüentemente esqueci

dos 6 isto pela razão de não haverem os neo-liberais retomado os argumentos

comumente usados: manipulação de fun cionários, burocracia ilimitada.

Não.

Nada disso disseram, porém. O socia lismo é um sistema de planificação in

47

Dicesto Econômico

cie de maraNõlha que c o mecanismo dos

preços: o preço representa a síntese do um número extraordinário de operações

que se realizam dcsapcrccbidamente. E ó lógico, porque os matemáticos destas em equação todos os problemas de umu cidade, seria preciso uma dezena delas: a cidade não para. O neo-liberalismo propõe-se restaurar

o mecanismo dos preços.

Eis o ponto

Mas difere muito do antigo liberalis

mo que, primeiro, alijava o Estado, e ao mesmo tempo erguia ao lado \im Estado-polícia, transformado em árbitro. O

É aí então que chegamos a compreen der o verdadeiro significado dessa espé-

doutrina não vale por si mesma, mas,

sim, por aqueles que as põem em práSe em economia dirigida é isso evi

dente, não o será menos no individua

lismo, para o qual são os indivíduos que contam.

dos preços. O Estado muda completa

há sistema válido sem elite capaz de

mente de fisionomia.

aplicá-lo.

Não é mais o

cialista, em lugar do chefe da empresa

bloqueado não existe no sentido eco nômico. No regime socialista, que é um regime fechado, é preciso então proce der por tentativas e desperdício. Não se pode agir de outra maneira.

doutrinas. É preciso falar também dos homens encarregados de aplicá-las. A

Chegamos, assim, a uma última con cepção: à concepção das elites. Não

tudo.

tes elementos à sua disposição, a fim de tirar o melhor partido. Com o me canismo dos preços isto é muito simples. Basta olhar os preços do mercado. Mas quando o mecanismo dos preços não funciona, ó preciso proceder por tentaHvas. De fato, quando o preço está

pendentemente dos indivíduos que o compõem? Sim, não basta falar em

ao Estado para restaurar o mecanismo

neo-liberalismo, ao contrário, se dirige

realizável à custa de um enorme desper dício. De fato, em uma economia so

de cálculo econômico, isto é, à compara ção, de instante a instante, dos diferen

Resta uma questão. Como se pode conceber um Estado dêsse gênero inde

fca.

central desta doutrina.

Estado apagado do começo do século

ceder ao que chamamos, em economia,

forte e o indivíduo Ime.

se incumbem e as fazem sempre bem. Mas se tivéssemos diariamente de pôr

tegral, ou seja, de cálculo econômico. É irrealizável, ou pelo menos, em uma economia complexa como a nossa, só

há o chefe de serviço. Êste deve pro

uma espécie de Deus Todo Poderoso que se afasta para deixar lugar à pes soa. O que se tem de novo é o Estado

Apenas encontramos aqui, como em

XIX; não é o Estado insolente, dò co

Economia política, a dificuldade de

meço do século XX, que intervinha em

qual intervém apenas com xim fim de

sempre: a falta de definição. Então, para compreender o que seja uma elite devemos adotar o mesmo mé

terminado: o de liberar o mecanismo

todo utilizado ao tratarmos do socialismo.

dos preços. Intervém por um desses ins

Vejamos.

titutos correntes.

Ê evidente que se um habitante de um longínquo planeta descesse à terra,

Não.

É um Estado forte, o

Há institutos incon

venientes como, por exemplo, o das so ciedades anônimas, pelo qual se chega a um monopólio. Mas para evitar os seus inconvenientes, inútil será modifi

a sua primeira impressão seria a de que todos os homens aqui são diferentes uns dos outros.

Não há sósias.

Mas se se

car tôda a economia. A sociedade anô

demorasse por algum tempo entre nós

nima é uma criação da lei; pois o Esta

não deixaria de perceber que o pro

do muda a lei! Eis tudo. Intervém, em

parte, no mecanismo dos preços para neutralizar os efeitos do exagero de con corrência, o desemprêgo; mas o con

so.

Aliás um fenômeno muito grave.

Multas são as suas causas, tais como:

serva.

Não se trata mais de tuna oposição entre o indivíduo e o Estado, como an

tigamente se representava o liberalismo. Mas ao contrário, de um complemento de autoridade entre eles.

gresso leva os indivíduos a uma unifor mização crescente. • É o fenômeno da despersonalização do homem em proces

O Estado é

econômicas, concentração, estandardiza-

ção, tailorismo, mecanização, etc.; polí ticas: os Estados são obrigados a manter a sua autoridade pela sanção. Além disso há os casos especiais de const;itui-


46

Digesto Económjco

cartéis, desde que instituídos pelo Estado;

Reali2Mu-se em 1938, em Paris, "Le

- a da socialização da propriedade. Êsse neo-socialismo viu seus dias sob a ocupação. Supondo — e talvez com

Colloque Inteniationar', que reuniu um certo número de economistas de diferen

razão — ser o totalitarismo o regime po lítico mais adaptável a essa forma de socialismo, aproximou-se dos ocupantes. Inútil dizer que com a libertação o sis

obstante contasse com o apoio de pes

tema desapareceu.

Faltam-hos assim

elementos para uma verificação válida. — O neo-corporatívismo.

Destinava-

se sobretudo a pôr um fim à luta de

classes, aproximando o operário do pa trão, tal como antigamente, nas gran des instituições medievais.

A construção dêsse neo-corporativismo processava-se também em três eta

pas: 1.®^: econômica, através da orga nização de um escritório central de dis tribuição de produtos industriais; 2.®: so cial, consistente na carta de trabalho; e

3.'^: a da corporação, formando a cúpula assentada sobre aquelas pilastras. Mas ainda desta vez não se ofereceu

oportunidade para uma. realização con

creta. Apenas começada, desapareceu.

Os ocupantes se apoderaram da orga nização principal, isto é, do escritório

central de distribuição de produtos in dustriais. Com essa organização nas mãos,

faziam a distribuição das matérias primas como bem entendiam e, portanto, coman davam toda a indústria francesa. O sis tema ficou imediatamente viciado.

Na Inglaterra verificou-se o mesmo.

Havia um Conselho Corporativo Agrícola Nacional. O próprio ministro da Agri cultura tomou-se presidente do Conse lho. Desvirtuou-se, pois, o sistema. Mais uma vez nenhum ensinamento colhemos,

quer pró quer contra a corporação. A ■ experiência falhou.

— Quanto ao neo-liberalismo. Já apre senta outra importância por ter visto

seus dias antes da ocupação.

tes nações. E aí nasceu o neo-liberalis mo, de uma maneira bem modesta, não

soas de nomeada como Walter Lippmann, Robbíns, Ludwig von Mises, etc. P ato de nascimento dêsse neo-libera

lismo constou de uma simples agenda. Mas o sistema envelheceu- depressa, logo depois da chegada da guerra. To

davia, durou o suficiente para dar início

aos seus contra-ataques.

Verdade é

que estes são freqüentemente esqueci

dos 6 isto pela razão de não haverem os neo-liberais retomado os argumentos

comumente usados: manipulação de fun cionários, burocracia ilimitada.

Não.

Nada disso disseram, porém. O socia lismo é um sistema de planificação in

47

Dicesto Econômico

cie de maraNõlha que c o mecanismo dos

preços: o preço representa a síntese do um número extraordinário de operações

que se realizam dcsapcrccbidamente. E ó lógico, porque os matemáticos destas em equação todos os problemas de umu cidade, seria preciso uma dezena delas: a cidade não para. O neo-liberalismo propõe-se restaurar

o mecanismo dos preços.

Eis o ponto

Mas difere muito do antigo liberalis

mo que, primeiro, alijava o Estado, e ao mesmo tempo erguia ao lado \im Estado-polícia, transformado em árbitro. O

É aí então que chegamos a compreen der o verdadeiro significado dessa espé-

doutrina não vale por si mesma, mas,

sim, por aqueles que as põem em práSe em economia dirigida é isso evi

dente, não o será menos no individua

lismo, para o qual são os indivíduos que contam.

dos preços. O Estado muda completa

há sistema válido sem elite capaz de

mente de fisionomia.

aplicá-lo.

Não é mais o

cialista, em lugar do chefe da empresa

bloqueado não existe no sentido eco nômico. No regime socialista, que é um regime fechado, é preciso então proce der por tentativas e desperdício. Não se pode agir de outra maneira.

doutrinas. É preciso falar também dos homens encarregados de aplicá-las. A

Chegamos, assim, a uma última con cepção: à concepção das elites. Não

tudo.

tes elementos à sua disposição, a fim de tirar o melhor partido. Com o me canismo dos preços isto é muito simples. Basta olhar os preços do mercado. Mas quando o mecanismo dos preços não funciona, ó preciso proceder por tentaHvas. De fato, quando o preço está

pendentemente dos indivíduos que o compõem? Sim, não basta falar em

ao Estado para restaurar o mecanismo

neo-liberalismo, ao contrário, se dirige

realizável à custa de um enorme desper dício. De fato, em uma economia so

de cálculo econômico, isto é, à compara ção, de instante a instante, dos diferen

Resta uma questão. Como se pode conceber um Estado dêsse gênero inde

fca.

central desta doutrina.

Estado apagado do começo do século

ceder ao que chamamos, em economia,

forte e o indivíduo Ime.

se incumbem e as fazem sempre bem. Mas se tivéssemos diariamente de pôr

tegral, ou seja, de cálculo econômico. É irrealizável, ou pelo menos, em uma economia complexa como a nossa, só

há o chefe de serviço. Êste deve pro

uma espécie de Deus Todo Poderoso que se afasta para deixar lugar à pes soa. O que se tem de novo é o Estado

Apenas encontramos aqui, como em

XIX; não é o Estado insolente, dò co

Economia política, a dificuldade de

meço do século XX, que intervinha em

qual intervém apenas com xim fim de

sempre: a falta de definição. Então, para compreender o que seja uma elite devemos adotar o mesmo mé

terminado: o de liberar o mecanismo

todo utilizado ao tratarmos do socialismo.

dos preços. Intervém por um desses ins

Vejamos.

titutos correntes.

Ê evidente que se um habitante de um longínquo planeta descesse à terra,

Não.

É um Estado forte, o

Há institutos incon

venientes como, por exemplo, o das so ciedades anônimas, pelo qual se chega a um monopólio. Mas para evitar os seus inconvenientes, inútil será modifi

a sua primeira impressão seria a de que todos os homens aqui são diferentes uns dos outros.

Não há sósias.

Mas se se

car tôda a economia. A sociedade anô

demorasse por algum tempo entre nós

nima é uma criação da lei; pois o Esta

não deixaria de perceber que o pro

do muda a lei! Eis tudo. Intervém, em

parte, no mecanismo dos preços para neutralizar os efeitos do exagero de con corrência, o desemprêgo; mas o con

so.

Aliás um fenômeno muito grave.

Multas são as suas causas, tais como:

serva.

Não se trata mais de tuna oposição entre o indivíduo e o Estado, como an

tigamente se representava o liberalismo. Mas ao contrário, de um complemento de autoridade entre eles.

gresso leva os indivíduos a uma unifor mização crescente. • É o fenômeno da despersonalização do homem em proces

O Estado é

econômicas, concentração, estandardiza-

ção, tailorismo, mecanização, etc.; polí ticas: os Estados são obrigados a manter a sua autoridade pela sanção. Além disso há os casos especiais de const;itui-


mr^

r^. 48

Digesto Econômico

49

Digesto EcoNóxaco

1

Ção de partidos, de classes, de grupos que forjam os homens segundo um mes mo modelo.

Há causas físicas: são os

quírida. Não se trata ab.solutamente de uma superioridade dc fortuna. Sou obri

instrumentos modernos de progresso, que

gado a fazer e.sta restrição porque lun dos nossos grandes economi.sta.s, Vilfrcdo

falharam à sua missão, em particular o cinema e o rádio. Como querermos que

lação das elites e essas elites são cons

nm indivíduo tenha uma vida interior,

quando abre o rádio de manhã para só

fechá-lo à noite? Depois, quando se Ibe perguntar quais são suas idéias, na turalmente não as pode ter. Nem tempo lhe sobra para pensar por si. As

idéias são hoje distribuídas como pastibias alimentares, já racionadas.

É a este homem despersonalizado que 03 sociólogos chamam de "homem mas

sa". Não possui uma personalidade dis tinta da dos indivíduos que formam a massa. Reúne os traços comuns; agru pa-os e forma uma espécie de reflexo da entidade coletiva. É seu caracterís tico obedecer à lei do conformismo. To

do pensamento livre é uma heresia. Tô-

da originalidade uma provocação. Vi vendo do imediato, não cuida de preve nir. Obedece ainda à lei da inércia. É

difícil de acionar a massa, mas, uma vez posta em movimento, é difícil fa

ze-la parar. Incitada, vai longe. Fal ta-lhe também senso crítico.

A massa vale, portanto, o que vale quem a conduz.

O seu líder será um

homem impulsivo, imprevidente, impres

Pareto, construiu unia teoria de circu

tituídas por afortunados c poderosos. Não vou expor a teoria: quero apenas salientar não ser assim que concebo uma elite.

O ser de escol responde à fórmula sansimoniana: "Diga-me quem és e não quanto tens". Elite não consiste também em uma

2.° característico; A elite é um agru

dores dos portos de Londres, no fim do

pamento aberto. Não há ostracismo. Há ingresso para todos uma vez que apre sentem os característicos corresponden tes à especificação. Assim se distingue a elite da casta, agrupamento fechado c

século XIX, ou a dos obreiros das mi

muito diferente. Isso não impede de ser telectual, que se não mede pelo núme ro de diplomados. Há uma elite in dustrial, de chefes de empresa, que não se mede pelo volume dos negócios. Há

cume, deve neste momento estender a

uma elite operária, que não se mede pela inscrição no partido; há uma elite

consistem no nivelamento pelo cume. No decurso dos primeiros séculos mui

artezanal, uma elite feminina, etc.

mesmo uma elite hierárquica, organi

lho do artezão, que durante toda sua

zada,

E

vida trabalhou na banca do pai, não

No cimo dessas elites estão os grandes

tendo tido lazer para aperfeiçoar-se, mesmo que, mais tarde, fosse um óti mo artezão, não poderia escapar às leis

homens, os super-homens, os santos, os heróis. Como dizia Carlyle: "O herói só pode dizer EU; a elite diz NÓS, e a

da hereditariedade.

massa diz UM".

Êsto o terceiro característico, o mais

ra de elite. No entanto o mesmo não se

importante de todos.

dá com um descendente de membro da

orientada de acôrdo com o bem co

A elite deve ser

elite, favorecido por oportunidades sem

mum, o interesse geral. Vem daí a di

niímero.

ferença pela qual sempre distinguimos

Mas isso não é suficiente. É

preciso que também êlc se afirme pes

entre progresso técnico

soalmente.

moral.

e

progresso

de escol com o indivíduo que se distin

Como se pode emprestar valor a essa palavra "elite", se não lhe percebemos

gue, ou dc prestígio.

uma tintura

Não se devem confundir os indivíduos

melhor.

Se o tem, tanto

Da mesma forma, se a elite

de

moralidade?

Tanto

mais necessário se torna o elemento mo

sionável como'ela. Agirá mais sob o império da paixão que pela razão: será

dispuser de prestígio e puder distinguir-

ral quanto é Wrdade que a e.xistência

se, é interessante também.

dos demais característicos não bastaria

um homem fascinante, dominador, con

devemos dizer que, por ter prestígio,

quistador.

Mas não

O indivíduo de escol, quando, por um ato de sua vontade, chega a atingir o

Faço uma reserva: evidentemente o fi

Ter-Ihc-ia faltado

se não se tivessem distinguido na pro fissão.

a elite especializada. Há uma elite in

superioridade de nascimento ou de meio.

a oportunidade para se tornar uma figu

nas de ouro de Uganda. Seria impos

sível chegarem eles à posição atingida

para configurá-la.

Não fôra assim po

mão aos outros, a seus irmãos, para lhes permitir, a todos, subir. Não há outra teoria a construir sôbre as elites: estas

tos autores entreviram estas concepções.

Caíram, entretanto, no exagero, chegan do mesmo a criar muitas instituições de elites, desde os iniciados, dos tempos

antigos até Platão, que distinguia a elite da massa a ponto de prescrever um re

gime diferente para cada um, ou seja, o socialismo para a elite e o autoritarismo

para a massa. E não são de elite todos aqueles referidos nas diferentes dou trinas, como, por exemplo, o depositá rio da evidência, dos fisiocratas; os ho mens generosos, dos sansimonianos; as autoridades, de Le Play.

Resta-me agora indicar um problema. Conio formar essas elites? A solução,

encontramô-la em uma sentença de um

filósofo, que não é de ontem, isto e, de Confúcio. Em Confúcio li a seguin

te frase: "O sábio não pode deixar de se aperfeiçoar (por ato de vontade: cria

será elite.

deríamos falar de uma elite do ladrões

ção da personalidade) e desde que pen

Cruzadas; vêmo-lo às vêzes como o herói de uma revolução. Mas é o sentido de "elite" que que remos precisar. Conheço na elite três

E mais: a elite não vale, nem por sua eficácia, nem por sua aceitação. Não é pelo resultado obtido que se deve julgar uma elite. Tanto melhor se êsse

e de assassinos. É inegável que existem

se em se aperfeiçoar não pode deixar de

indivíduos inexcedíveís na arte de fur

servir a seus semelhantes".

reunam em grupo para formar uma

mem de elite: a princípio, a criação da

caracteres:

Vêmo-lo no entusiasmo da.s

tar ou de matar; mas não basta que se

Eis as duas fases da formação do ho

resultado existe, se se verifica a existên- '

elite.

Quer

personalidade, e, em seguida, • a presta

cia da influencia exercida pela elite.

dizer: o indivíduo de escol deve imporse pela superioridade pessoalmente ad-

Mas não é por exercer influência que é elite. A elite vale por si mesma.

A elite não se distingue pela profissão, do contrário, teríamos elites de operá

ção de seus serviços.

rios, como, por exemplo, a dos estiva

cria uma elite. A elite é que se cria.

A elite é afirmação, ordem.

Em verdade devo dizer que não se


mr^

r^. 48

Digesto Econômico

49

Digesto EcoNóxaco

1

Ção de partidos, de classes, de grupos que forjam os homens segundo um mes mo modelo.

Há causas físicas: são os

quírida. Não se trata ab.solutamente de uma superioridade dc fortuna. Sou obri

instrumentos modernos de progresso, que

gado a fazer e.sta restrição porque lun dos nossos grandes economi.sta.s, Vilfrcdo

falharam à sua missão, em particular o cinema e o rádio. Como querermos que

lação das elites e essas elites são cons

nm indivíduo tenha uma vida interior,

quando abre o rádio de manhã para só

fechá-lo à noite? Depois, quando se Ibe perguntar quais são suas idéias, na turalmente não as pode ter. Nem tempo lhe sobra para pensar por si. As

idéias são hoje distribuídas como pastibias alimentares, já racionadas.

É a este homem despersonalizado que 03 sociólogos chamam de "homem mas

sa". Não possui uma personalidade dis tinta da dos indivíduos que formam a massa. Reúne os traços comuns; agru pa-os e forma uma espécie de reflexo da entidade coletiva. É seu caracterís tico obedecer à lei do conformismo. To

do pensamento livre é uma heresia. Tô-

da originalidade uma provocação. Vi vendo do imediato, não cuida de preve nir. Obedece ainda à lei da inércia. É

difícil de acionar a massa, mas, uma vez posta em movimento, é difícil fa

ze-la parar. Incitada, vai longe. Fal ta-lhe também senso crítico.

A massa vale, portanto, o que vale quem a conduz.

O seu líder será um

homem impulsivo, imprevidente, impres

Pareto, construiu unia teoria de circu

tituídas por afortunados c poderosos. Não vou expor a teoria: quero apenas salientar não ser assim que concebo uma elite.

O ser de escol responde à fórmula sansimoniana: "Diga-me quem és e não quanto tens". Elite não consiste também em uma

2.° característico; A elite é um agru

dores dos portos de Londres, no fim do

pamento aberto. Não há ostracismo. Há ingresso para todos uma vez que apre sentem os característicos corresponden tes à especificação. Assim se distingue a elite da casta, agrupamento fechado c

século XIX, ou a dos obreiros das mi

muito diferente. Isso não impede de ser telectual, que se não mede pelo núme ro de diplomados. Há uma elite in dustrial, de chefes de empresa, que não se mede pelo volume dos negócios. Há

cume, deve neste momento estender a

uma elite operária, que não se mede pela inscrição no partido; há uma elite

consistem no nivelamento pelo cume. No decurso dos primeiros séculos mui

artezanal, uma elite feminina, etc.

mesmo uma elite hierárquica, organi

lho do artezão, que durante toda sua

zada,

E

vida trabalhou na banca do pai, não

No cimo dessas elites estão os grandes

tendo tido lazer para aperfeiçoar-se, mesmo que, mais tarde, fosse um óti mo artezão, não poderia escapar às leis

homens, os super-homens, os santos, os heróis. Como dizia Carlyle: "O herói só pode dizer EU; a elite diz NÓS, e a

da hereditariedade.

massa diz UM".

Êsto o terceiro característico, o mais

ra de elite. No entanto o mesmo não se

importante de todos.

dá com um descendente de membro da

orientada de acôrdo com o bem co

A elite deve ser

elite, favorecido por oportunidades sem

mum, o interesse geral. Vem daí a di

niímero.

ferença pela qual sempre distinguimos

Mas isso não é suficiente. É

preciso que também êlc se afirme pes

entre progresso técnico

soalmente.

moral.

e

progresso

de escol com o indivíduo que se distin

Como se pode emprestar valor a essa palavra "elite", se não lhe percebemos

gue, ou dc prestígio.

uma tintura

Não se devem confundir os indivíduos

melhor.

Se o tem, tanto

Da mesma forma, se a elite

de

moralidade?

Tanto

mais necessário se torna o elemento mo

sionável como'ela. Agirá mais sob o império da paixão que pela razão: será

dispuser de prestígio e puder distinguir-

ral quanto é Wrdade que a e.xistência

se, é interessante também.

dos demais característicos não bastaria

um homem fascinante, dominador, con

devemos dizer que, por ter prestígio,

quistador.

Mas não

O indivíduo de escol, quando, por um ato de sua vontade, chega a atingir o

Faço uma reserva: evidentemente o fi

Ter-Ihc-ia faltado

se não se tivessem distinguido na pro fissão.

a elite especializada. Há uma elite in

superioridade de nascimento ou de meio.

a oportunidade para se tornar uma figu

nas de ouro de Uganda. Seria impos

sível chegarem eles à posição atingida

para configurá-la.

Não fôra assim po

mão aos outros, a seus irmãos, para lhes permitir, a todos, subir. Não há outra teoria a construir sôbre as elites: estas

tos autores entreviram estas concepções.

Caíram, entretanto, no exagero, chegan do mesmo a criar muitas instituições de elites, desde os iniciados, dos tempos

antigos até Platão, que distinguia a elite da massa a ponto de prescrever um re

gime diferente para cada um, ou seja, o socialismo para a elite e o autoritarismo

para a massa. E não são de elite todos aqueles referidos nas diferentes dou trinas, como, por exemplo, o depositá rio da evidência, dos fisiocratas; os ho mens generosos, dos sansimonianos; as autoridades, de Le Play.

Resta-me agora indicar um problema. Conio formar essas elites? A solução,

encontramô-la em uma sentença de um

filósofo, que não é de ontem, isto e, de Confúcio. Em Confúcio li a seguin

te frase: "O sábio não pode deixar de se aperfeiçoar (por ato de vontade: cria

será elite.

deríamos falar de uma elite do ladrões

ção da personalidade) e desde que pen

Cruzadas; vêmo-lo às vêzes como o herói de uma revolução. Mas é o sentido de "elite" que que remos precisar. Conheço na elite três

E mais: a elite não vale, nem por sua eficácia, nem por sua aceitação. Não é pelo resultado obtido que se deve julgar uma elite. Tanto melhor se êsse

e de assassinos. É inegável que existem

se em se aperfeiçoar não pode deixar de

indivíduos inexcedíveís na arte de fur

servir a seus semelhantes".

reunam em grupo para formar uma

mem de elite: a princípio, a criação da

caracteres:

Vêmo-lo no entusiasmo da.s

tar ou de matar; mas não basta que se

Eis as duas fases da formação do ho

resultado existe, se se verifica a existên- '

elite.

Quer

personalidade, e, em seguida, • a presta

cia da influencia exercida pela elite.

dizer: o indivíduo de escol deve imporse pela superioridade pessoalmente ad-

Mas não é por exercer influência que é elite. A elite vale por si mesma.

A elite não se distingue pela profissão, do contrário, teríamos elites de operá

ção de seus serviços.

rios, como, por exemplo, a dos estiva

cria uma elite. A elite é que se cria.

A elite é afirmação, ordem.

Em verdade devo dizer que não se


5>l

Digesto

Vejamos, por exemplo, um indivíduo

EcoNÓ^^co

ginas admiráveis sôbre a necessidade de

de elite à frente de uma emprêsa. En

so'idão.

cara-a como outra coisa que uma fonte

d(^ lucro. Representa a sua personalida de. É outra coisa que simples fator de

Mas quando digo solidão não quero dizer abandono. É preciso um guia para o homem de elite, como é preciso um

pioclução.

líder para a massa.

O indivíduo tomou-se por

assim dizer a encamaçao do seu pró-

Como discernir a personalidade dêsse

O /IGFATE FISClM F iVS f,/\R \\TIAS CO^STITI FIO^RS por Paulo Barbosa de Campos Filho

1. — Quem atente para o modo por que se formam as obrigações, eomparan-

O sr. professor Faulo Barbosa de Cam pos Filho estuda, neste ensaio, qve tt-

guia? Graves são os problemas de edu

do-as umas com as outras, para logo ob servará que tanto maior se faz, na cons

crifício, que o prolonga, que o continua, é um pouco dele mesmo. A esta luz to

cação, de instrução de um guia, que fo

tituição

ram esquecidos mesmo por um Garrei,

"lei", quanto menor a do elemento "von

dos cs aspectos da emprêsa se modifi

o autor do "L'homme, cet inconnu". O

mão, o sentido das garantias consti-ucionais em matéria tributária e põe eui

tade".

educador deve dar regras. Há jovens que não parecem suscetíveis de se des

relévo o papel reservado aos agentes fis

Na obrigação, por e.xemplo, de pagar o comprador o preço da coisa adquirida, a uma atuação decisiva deste segundo

cais na defesa das mesmas garantias.

elemento — pois que o vínculo resulta,

fator "vontade" nas obrigações fundadas

piio negócio. Olha-o como uma obra de

arte, que exige amor, que reclama sa

cam e confundem. Os contratos de tra

balho com os operários transformam-se no ijue se chama uma ])romessa mútua

do fidelidade.

E as ferramentas, os

insbumentos sob suas ordens não são

mai;; mercadorias, matéria prima e fôrça

do Irabalho, são de certa maneira obje tos saídos de sua alma. Do plano da fôrç.i produtiva passou para o plano hun.ano.

tacar da massa.

No entanto, o educa

dor deve descobrir-lhes a vocsição, pre cisar sua missão.

do

fator

quase que perfeito, da só ação da vonta

Não tenho senão um e.xemplo para o

homem de elite: é o empreendedor. Tal noção já evoluiu muito. Deve obedecer ao estimulante do lucro.

Mas evidente

mente o lucro não representa tudo para

aj>ó; tolo. Depois de dizer "eu quero",

ele. Acima do lucro, está o seu negócio. O homem de elite pode enganar-se.

b m de dizer "eu sei".

Não está aí o seu crime.

Si?rve à sua obra, mas não como

delas, a influência

O seu cmme

de do obrigado — corresponde uma in fluência quase imperceptível da lei, que

nws a honra de publicar em primeira

no conceito do risco. O industrial ou o

patrão, que se vê responsabilizad(í per acidente sofrido por um seu pre])0st{s

se limita a lhe reconhecer validade, sancionando-lhe a violação.

ou empregado, êsse nem sequer co|;ita,

Já não é assim quando se trate da de

acontecimento cujas conseqüências são levadas a seu cargo. O que pode ter ([ucrido é, quando muito, dar trabalho a

reparar perdas e danos. O condutor de

um veículo que, por negligência ou im

nem mesmo indiretamente, do fato ou

niai.s ingrata da tarefa da elite, resistir

será parar no caminlio. Não tem o di

prudência, fere ou mata a alguém na via pública, ou ainda o cirurgião que, por

à tentação de repouso. Resistir ao iso-

reito de renunciar à sua missão, pois então se toma um desordeiro, um mal

imperícia, sacrifica a vida de um seu

para o país. E, o que é pior, um mal

paciente, de modo algum querem repa

lo, terminando aí a ação da sua vontade e a do acidentado, aceitando-o. Ainda assim, porém, descobre a lei uma certa

rar, nem mesmo indiretamente, os efei

relação, embora menor, com um ato vo-

tos ou conseqüências de seu faltoso pro cedimento, entre èles a obrigação de

litivo seu, porisso que figura ou piessu-

Zaratustra perguntando: "Então pro curas a felicidade?" E responde: "Não;

para si mesmo, pelo seu remorso. Afinal, a ebte, como se vê, não é um

agrupamento organizado.

ressarcir os prejuízos. Êsses efeitos, po

busco a minha obra".

classe, um partido.

S'm, para o homem da massa a felicidac](! é a satisfação de seus desejos. Mas para o homem de elite é, a aspiração de

um esforço inconsciente. Tem qualida

ou menos volimtários, que

mento, explorai* indústria ou exercer atividades que ofereçam riscos à inte gridade dos que trabalham, como que

des, vontade e moralidade. É a renún

pois é na imperfeição dêsses atos que a lei assenta, sob êste ou aquêle funda mento, a obrigação de ressarcir. Uma

Esta a parte

lí monto. É preciso lançar-se na maré. Aqui surge uma exigência: a felicida de. Dirão: e a felicidade? E ouvirão a

manter a espiritualidade de seu ser,

plasmando-o de acôrdo com o seu ideal. A elite não é criada; cria-se a si

mesma por um esforço cie vontade. Arr.inca a personalidade à massa informe. A personalidade do indrinduo se constrói

Não é uma

Constitui-se por

cia às facilidades, uma afirmação da

primazia da consciência. Os problemas da elite colocam-se com uma particular acuidade desde que surgem as econo mias de potência.

Mas, qualquer que seja o regime ado tado é preciso que a elite retome o

rum isolamento relativo e se mede em

velho rumo. A própria sorte da civili

\ irtude dessa solidão que é capaz de suportar. Há na literatura sagrada pá-

zação depende da maneira pela qual êsse imperativo seja obedecido.

rém, ainda assim resultam de atos mais

pratiquem,

diminuição, portanto, do elemento "von tade" e uma atuação maior do elemento

"lei", a darem consistência a essa segun da modalidade de obrigações, bem di versas das que primeiro indicámos, que são as convencionais ou voluntárias.

Menor ainda, para não dizermos irre levante, ou nenhuma, é a influência do

quem se tenha oferecido para executá-

põe que o patrão, no abrir estabeleci

aceita ou assume êsses riscos, contra-

pondo-os às vantagens que, por outio

lado, espera retirar do negócio. A lei,

portanto, é que dá corpo e realidade à obrigação do empregador para coio o acidentado, prendendo-a, de forma ain da mais remota, a um. ato de vontade

do primeiro, qual o de ter querido cstabelecer-se, explorando a atividade peri gosa. "Qui habet commoda" — é a fic ção legal — "ferre debet onera".


5>l

Digesto

Vejamos, por exemplo, um indivíduo

EcoNÓ^^co

ginas admiráveis sôbre a necessidade de

de elite à frente de uma emprêsa. En

so'idão.

cara-a como outra coisa que uma fonte

d(^ lucro. Representa a sua personalida de. É outra coisa que simples fator de

Mas quando digo solidão não quero dizer abandono. É preciso um guia para o homem de elite, como é preciso um

pioclução.

líder para a massa.

O indivíduo tomou-se por

assim dizer a encamaçao do seu pró-

Como discernir a personalidade dêsse

O /IGFATE FISClM F iVS f,/\R \\TIAS CO^STITI FIO^RS por Paulo Barbosa de Campos Filho

1. — Quem atente para o modo por que se formam as obrigações, eomparan-

O sr. professor Faulo Barbosa de Cam pos Filho estuda, neste ensaio, qve tt-

guia? Graves são os problemas de edu

do-as umas com as outras, para logo ob servará que tanto maior se faz, na cons

crifício, que o prolonga, que o continua, é um pouco dele mesmo. A esta luz to

cação, de instrução de um guia, que fo

tituição

ram esquecidos mesmo por um Garrei,

"lei", quanto menor a do elemento "von

dos cs aspectos da emprêsa se modifi

o autor do "L'homme, cet inconnu". O

mão, o sentido das garantias consti-ucionais em matéria tributária e põe eui

tade".

educador deve dar regras. Há jovens que não parecem suscetíveis de se des

relévo o papel reservado aos agentes fis

Na obrigação, por e.xemplo, de pagar o comprador o preço da coisa adquirida, a uma atuação decisiva deste segundo

cais na defesa das mesmas garantias.

elemento — pois que o vínculo resulta,

fator "vontade" nas obrigações fundadas

piio negócio. Olha-o como uma obra de

arte, que exige amor, que reclama sa

cam e confundem. Os contratos de tra

balho com os operários transformam-se no ijue se chama uma ])romessa mútua

do fidelidade.

E as ferramentas, os

insbumentos sob suas ordens não são

mai;; mercadorias, matéria prima e fôrça

do Irabalho, são de certa maneira obje tos saídos de sua alma. Do plano da fôrç.i produtiva passou para o plano hun.ano.

tacar da massa.

No entanto, o educa

dor deve descobrir-lhes a vocsição, pre cisar sua missão.

do

fator

quase que perfeito, da só ação da vonta

Não tenho senão um e.xemplo para o

homem de elite: é o empreendedor. Tal noção já evoluiu muito. Deve obedecer ao estimulante do lucro.

Mas evidente

mente o lucro não representa tudo para

aj>ó; tolo. Depois de dizer "eu quero",

ele. Acima do lucro, está o seu negócio. O homem de elite pode enganar-se.

b m de dizer "eu sei".

Não está aí o seu crime.

Si?rve à sua obra, mas não como

delas, a influência

O seu cmme

de do obrigado — corresponde uma in fluência quase imperceptível da lei, que

nws a honra de publicar em primeira

no conceito do risco. O industrial ou o

patrão, que se vê responsabilizad(í per acidente sofrido por um seu pre])0st{s

se limita a lhe reconhecer validade, sancionando-lhe a violação.

ou empregado, êsse nem sequer co|;ita,

Já não é assim quando se trate da de

acontecimento cujas conseqüências são levadas a seu cargo. O que pode ter ([ucrido é, quando muito, dar trabalho a

reparar perdas e danos. O condutor de

um veículo que, por negligência ou im

nem mesmo indiretamente, do fato ou

niai.s ingrata da tarefa da elite, resistir

será parar no caminlio. Não tem o di

prudência, fere ou mata a alguém na via pública, ou ainda o cirurgião que, por

à tentação de repouso. Resistir ao iso-

reito de renunciar à sua missão, pois então se toma um desordeiro, um mal

imperícia, sacrifica a vida de um seu

para o país. E, o que é pior, um mal

paciente, de modo algum querem repa

lo, terminando aí a ação da sua vontade e a do acidentado, aceitando-o. Ainda assim, porém, descobre a lei uma certa

rar, nem mesmo indiretamente, os efei

relação, embora menor, com um ato vo-

tos ou conseqüências de seu faltoso pro cedimento, entre èles a obrigação de

litivo seu, porisso que figura ou piessu-

Zaratustra perguntando: "Então pro curas a felicidade?" E responde: "Não;

para si mesmo, pelo seu remorso. Afinal, a ebte, como se vê, não é um

agrupamento organizado.

ressarcir os prejuízos. Êsses efeitos, po

busco a minha obra".

classe, um partido.

S'm, para o homem da massa a felicidac](! é a satisfação de seus desejos. Mas para o homem de elite é, a aspiração de

um esforço inconsciente. Tem qualida

ou menos volimtários, que

mento, explorai* indústria ou exercer atividades que ofereçam riscos à inte gridade dos que trabalham, como que

des, vontade e moralidade. É a renún

pois é na imperfeição dêsses atos que a lei assenta, sob êste ou aquêle funda mento, a obrigação de ressarcir. Uma

Esta a parte

lí monto. É preciso lançar-se na maré. Aqui surge uma exigência: a felicida de. Dirão: e a felicidade? E ouvirão a

manter a espiritualidade de seu ser,

plasmando-o de acôrdo com o seu ideal. A elite não é criada; cria-se a si

mesma por um esforço cie vontade. Arr.inca a personalidade à massa informe. A personalidade do indrinduo se constrói

Não é uma

Constitui-se por

cia às facilidades, uma afirmação da

primazia da consciência. Os problemas da elite colocam-se com uma particular acuidade desde que surgem as econo mias de potência.

Mas, qualquer que seja o regime ado tado é preciso que a elite retome o

rum isolamento relativo e se mede em

velho rumo. A própria sorte da civili

\ irtude dessa solidão que é capaz de suportar. Há na literatura sagrada pá-

zação depende da maneira pela qual êsse imperativo seja obedecido.

rém, ainda assim resultam de atos mais

pratiquem,

diminuição, portanto, do elemento "von tade" e uma atuação maior do elemento

"lei", a darem consistência a essa segun da modalidade de obrigações, bem di versas das que primeiro indicámos, que são as convencionais ou voluntárias.

Menor ainda, para não dizermos irre levante, ou nenhuma, é a influência do

quem se tenha oferecido para executá-

põe que o patrão, no abrir estabeleci

aceita ou assume êsses riscos, contra-

pondo-os às vantagens que, por outio

lado, espera retirar do negócio. A lei,

portanto, é que dá corpo e realidade à obrigação do empregador para coio o acidentado, prendendo-a, de forma ain da mais remota, a um. ato de vontade

do primeiro, qual o de ter querido cstabelecer-se, explorando a atividade peri gosa. "Qui habet commoda" — é a fic ção legal — "ferre debet onera".


52

Dicesto Econômico

E os exemplos se multiplicariam ao infjQíto, se tempo houvesse para os pro

gitado dôle. Também o capitalista que,

curar e desenvolver.

quire prédio de aluguel, ou nele edifica sua própria residência, passa a de

2. — No início de uma palestra sôbre "o agente fiscal e as garantias constitu cionais", a consideração que aí fica, de crescer, nas obrigações, a ação da lei à medida que decresce a da vontade, po-. derá parecer impertinente ou incabível.

no perímetro urbano do Município, ad ver "ípso facto" o imposto predial, te

nha ou não querido semelhante conse qüência. O que pode, no primeiro e.xemplo, ter desejado o sucessor, ou, no se

53

Digesto Econômico

a prerísão legal", de produzir o vínculo

de ser o imposto igual para todos. Não,

do impôsto.

evidentemente, no sentido de se expres

5. — Tão relevante, aliás, é o mencio

sarem pelas mesmas cifras os encargos

nado aspecto, que não poucas legisla

tributários individuais, mas no sentido,

ções têm feito, da necessidade de lei

que é o que interessa à ordem social, de serem todos eles determinados em fun

Assim, porém, n<ão acontece. Para tra

gundo, querido o capitalista, é apenas o pressuposto da obrigação tributária,

tarmos, de começo, do modo por que

que preveja e autorize o tributo, verda deira garantia constitucional. Nesse sen tido, por exemplo, a nossa, que restabe leceu, no artigo 141 § 94 da Constitui ção vigente, a tradição que nos vinha

vale dizer recolher herança ou fazer-se

se formam as obrigações, acentuando o

dono de propriedade imobiliária. 3. — E', pois, essencialmente na lei, e por exigência de sua própria natureza, que repousa a obrigação fiscal. Daí, como primeira conseqüência, o não po

(Ia primeira Carta Republicana, inter

do artigo 141, onde se diz que "todos

rompida pela dc 10 de Novembro de 1937. Lembre-se aqui, de passagem, que o princípio não é exclusivo dos re

são iguais perante a lei", locução que

gimes democráticos.

der haver obrigação fiscal sem lei que o

mes absolutos, não pode haver impôsto

Dèsse mais amplo princípio, da igual dade de todos perante a lei, ninguém a

sem lei.

nosso ver tratou com vistas mais seguras

determine. E, ainda, como segundo co

êstes está em que, nos regimes demo

do que o jurista-filósofo italiano Ferdi-

cráticos, a lei emana do povo por seus representantes, ao passo que, nos gover

nando Puglia. ("Saggi di Filosofia Ciuridica", Napoli, 1892, pg. 152 e sgs).

nos absolutos, é ela a expressão, mais ou

Para êle, tanto carecem de razão os que

contraste a que nos vimos referindo, te mos um motivo decisivo. É que nas

obrigações fiscais, que são as que de

H perto interessam ao desenvolvimento des te estudo, mais ainda se faz sentir o

predomínio do elemento lei sôbre o

fator vontade. Não que não tenha este ultimo, em matéria tributária, qualquer alcance ou significação. Sem um ato,

por exemplo, de eleição, ou de vontade, ninguém se faz proprietário ou exerce atividades que possam dar lugar a res

ponsabilidades fiscais. A lei, porém, no instituir ou regular tais responsabilida

rolário, dever medir-se a perfeição da obrigação tributária e, .pois, o seu pró prio grau de exigibilidade, pelo de per feição com que a lei a institua, precisando-lhe o pressupo.sto e dando a exata

medida da prestação que lhe sirva de objeto. 4. — A esta altura das considerações

Mesmo nos regi

A diferença entre aqueles e

ção de critérios idênticos, ou uniformes. Êsse princípio, não o consagra em dispo sitivo próprio a Constituição Federal vi

gente. Está implícito, porém, no § 1*° abrange, de manifesto, a lei fiscal, ou tributária.

menos direta, da vontade individual de

vêem na igualdade jurídica mera abstra

quem os exerça. Ruy, aliás, comentou com inexcedível brilho a disposição pa ralela da Constituição de 1891, mos

ção ou fantasia, sem nenhum apoio na realidade, quanto os que Uie emprestam

trando que o preceito se filiava às rei

valor absoluto. A verdade, segundo Pu glia, é que a igualdade jurídica é um

des, como que prescinde ou abstrai da

que expendemos, difícil não será com

maior ou menor voluntariedade do ato,

preender o quanto tem de relevante, em

para dele fazer, na sua objetivação ou materialidade, mero pressuposto de obrigação tributária. Expliquemo-nos melhor. Numa das palestras anteriores, um dos nossos ilustres colegas já vos deve ter exposto de que maneira se constitui a obrigação fiscal. Próprio é das leis tri

matéria tributária, o aspecto legal ou jurídico das questões que se possam sus citar. Ê êle, por assim dizer, o aspecto fundamental. E a razão, já a apontá mos; ao passo que, nas obrigações civis,

mos, como o fazia a Declaração de Di

que se vai traduzindo por aspirações su cessivas, em busca sempre de igualdade mais completa. Realizada a igualdade

butárias — relembre-se aqui a explana

apurada, presumida, ou suprida com

reito de 1789, que o impôsto só pode

sob certo aspecto, a humanidade — ex-

ção — figurar situações de fato cuja sim ples ocorrência venha a importar, para

maiores ou menores artifício.s, nas de direito tributário a lei mesma é que

ser votado "pela Nação ou seus repre

quem nelas se encontre, em responsa

lhes serve de suporte, não se exigindo

bilidade pelo tributo sôbre que versem. Aquêle, por exemplo, que recebe em su cessão %'alores sujeitos ao imposto de

do contribuinte — a observação é de

— senão luna disposição genérica de pa gar, que se toma efetiva tanto que se

gleses na conliecida parêmia: "no taxation wítbout representation". 6. — Ao lado da garantia de não ha ver impôsto sem lei, outra há, que de certo modo a completa, ou que dela

pHca êle — esforça-se logo por atingí-la sob um outro, e assim por diante. A explicação tem aqui perfeito cabimen

verifiquem condições capazes, "segundo

constitui simples desdobramento: — a

transmissão de propriedade, faz-se logo devedor dêsse impôsto, liaja ou não co-

a lei intervém tão só para sancionar o que o homem avança, ou convenciona,

ou ainda o que resulta de sua vontade,

Griziotti (Scienza delle finanze, pg. 179)

vindicações dos contidbuintes contra as

produto da civilização dos povos, que

prerrogativas da Coroa Inglesa, reivin

tende a evol\'er em duas direções; ten

dicações primeiro vitoriosas na Magna Carta de 1215, depois no Billof Rights de 1688, aquela e este a reclamarem a

de a estender-se a todos os seres hu

intervenção do Conselho do Reino ou o

gamos assim, como que ura ideal em marcha constante e progressiva, ideal

concurso do Parlamento, como condição

de legitimidade de qualquer exigência tributária. Mais exato, pois, seria dizer

sentantes", garantia condensada pelos in

manos e tende a abranger as mais im

portantes faculdades do homem. E', di

to; pois que apenas conquistámos, em matéria tributária, o direito de sermos

coletados, como vos disse, sob critérios

idênticos, ou uniformes.

Mas o de

contribuirmos para as necessidades do


52

Dicesto Econômico

E os exemplos se multiplicariam ao infjQíto, se tempo houvesse para os pro

gitado dôle. Também o capitalista que,

curar e desenvolver.

quire prédio de aluguel, ou nele edifica sua própria residência, passa a de

2. — No início de uma palestra sôbre "o agente fiscal e as garantias constitu cionais", a consideração que aí fica, de crescer, nas obrigações, a ação da lei à medida que decresce a da vontade, po-. derá parecer impertinente ou incabível.

no perímetro urbano do Município, ad ver "ípso facto" o imposto predial, te

nha ou não querido semelhante conse qüência. O que pode, no primeiro e.xemplo, ter desejado o sucessor, ou, no se

53

Digesto Econômico

a prerísão legal", de produzir o vínculo

de ser o imposto igual para todos. Não,

do impôsto.

evidentemente, no sentido de se expres

5. — Tão relevante, aliás, é o mencio

sarem pelas mesmas cifras os encargos

nado aspecto, que não poucas legisla

tributários individuais, mas no sentido,

ções têm feito, da necessidade de lei

que é o que interessa à ordem social, de serem todos eles determinados em fun

Assim, porém, n<ão acontece. Para tra

gundo, querido o capitalista, é apenas o pressuposto da obrigação tributária,

tarmos, de começo, do modo por que

que preveja e autorize o tributo, verda deira garantia constitucional. Nesse sen tido, por exemplo, a nossa, que restabe leceu, no artigo 141 § 94 da Constitui ção vigente, a tradição que nos vinha

vale dizer recolher herança ou fazer-se

se formam as obrigações, acentuando o

dono de propriedade imobiliária. 3. — E', pois, essencialmente na lei, e por exigência de sua própria natureza, que repousa a obrigação fiscal. Daí, como primeira conseqüência, o não po

(Ia primeira Carta Republicana, inter

do artigo 141, onde se diz que "todos

rompida pela dc 10 de Novembro de 1937. Lembre-se aqui, de passagem, que o princípio não é exclusivo dos re

são iguais perante a lei", locução que

gimes democráticos.

der haver obrigação fiscal sem lei que o

mes absolutos, não pode haver impôsto

Dèsse mais amplo princípio, da igual dade de todos perante a lei, ninguém a

sem lei.

nosso ver tratou com vistas mais seguras

determine. E, ainda, como segundo co

êstes está em que, nos regimes demo

do que o jurista-filósofo italiano Ferdi-

cráticos, a lei emana do povo por seus representantes, ao passo que, nos gover

nando Puglia. ("Saggi di Filosofia Ciuridica", Napoli, 1892, pg. 152 e sgs).

nos absolutos, é ela a expressão, mais ou

Para êle, tanto carecem de razão os que

contraste a que nos vimos referindo, te mos um motivo decisivo. É que nas

obrigações fiscais, que são as que de

H perto interessam ao desenvolvimento des te estudo, mais ainda se faz sentir o

predomínio do elemento lei sôbre o

fator vontade. Não que não tenha este ultimo, em matéria tributária, qualquer alcance ou significação. Sem um ato,

por exemplo, de eleição, ou de vontade, ninguém se faz proprietário ou exerce atividades que possam dar lugar a res

ponsabilidades fiscais. A lei, porém, no instituir ou regular tais responsabilida

rolário, dever medir-se a perfeição da obrigação tributária e, .pois, o seu pró prio grau de exigibilidade, pelo de per feição com que a lei a institua, precisando-lhe o pressupo.sto e dando a exata

medida da prestação que lhe sirva de objeto. 4. — A esta altura das considerações

Mesmo nos regi

A diferença entre aqueles e

ção de critérios idênticos, ou uniformes. Êsse princípio, não o consagra em dispo sitivo próprio a Constituição Federal vi

gente. Está implícito, porém, no § 1*° abrange, de manifesto, a lei fiscal, ou tributária.

menos direta, da vontade individual de

vêem na igualdade jurídica mera abstra

quem os exerça. Ruy, aliás, comentou com inexcedível brilho a disposição pa ralela da Constituição de 1891, mos

ção ou fantasia, sem nenhum apoio na realidade, quanto os que Uie emprestam

trando que o preceito se filiava às rei

valor absoluto. A verdade, segundo Pu glia, é que a igualdade jurídica é um

des, como que prescinde ou abstrai da

que expendemos, difícil não será com

maior ou menor voluntariedade do ato,

preender o quanto tem de relevante, em

para dele fazer, na sua objetivação ou materialidade, mero pressuposto de obrigação tributária. Expliquemo-nos melhor. Numa das palestras anteriores, um dos nossos ilustres colegas já vos deve ter exposto de que maneira se constitui a obrigação fiscal. Próprio é das leis tri

matéria tributária, o aspecto legal ou jurídico das questões que se possam sus citar. Ê êle, por assim dizer, o aspecto fundamental. E a razão, já a apontá mos; ao passo que, nas obrigações civis,

mos, como o fazia a Declaração de Di

que se vai traduzindo por aspirações su cessivas, em busca sempre de igualdade mais completa. Realizada a igualdade

butárias — relembre-se aqui a explana

apurada, presumida, ou suprida com

reito de 1789, que o impôsto só pode

sob certo aspecto, a humanidade — ex-

ção — figurar situações de fato cuja sim ples ocorrência venha a importar, para

maiores ou menores artifício.s, nas de direito tributário a lei mesma é que

ser votado "pela Nação ou seus repre

quem nelas se encontre, em responsa

lhes serve de suporte, não se exigindo

bilidade pelo tributo sôbre que versem. Aquêle, por exemplo, que recebe em su cessão %'alores sujeitos ao imposto de

do contribuinte — a observação é de

— senão luna disposição genérica de pa gar, que se toma efetiva tanto que se

gleses na conliecida parêmia: "no taxation wítbout representation". 6. — Ao lado da garantia de não ha ver impôsto sem lei, outra há, que de certo modo a completa, ou que dela

pHca êle — esforça-se logo por atingí-la sob um outro, e assim por diante. A explicação tem aqui perfeito cabimen

verifiquem condições capazes, "segundo

constitui simples desdobramento: — a

transmissão de propriedade, faz-se logo devedor dêsse impôsto, liaja ou não co-

a lei intervém tão só para sancionar o que o homem avança, ou convenciona,

ou ainda o que resulta de sua vontade,

Griziotti (Scienza delle finanze, pg. 179)

vindicações dos contidbuintes contra as

produto da civilização dos povos, que

prerrogativas da Coroa Inglesa, reivin

tende a evol\'er em duas direções; ten

dicações primeiro vitoriosas na Magna Carta de 1215, depois no Billof Rights de 1688, aquela e este a reclamarem a

de a estender-se a todos os seres hu

intervenção do Conselho do Reino ou o

gamos assim, como que ura ideal em marcha constante e progressiva, ideal

concurso do Parlamento, como condição

de legitimidade de qualquer exigência tributária. Mais exato, pois, seria dizer

sentantes", garantia condensada pelos in

manos e tende a abranger as mais im

portantes faculdades do homem. E', di

to; pois que apenas conquistámos, em matéria tributária, o direito de sermos

coletados, como vos disse, sob critérios

idênticos, ou uniformes.

Mas o de

contribuirmos para as necessidades do


54

Dicesto Econókqco

erário na exata proporção da capacida

ristas, algumas explicações prelimina

de contributiva de cada um, ou dos be

res.

nefícios que diferentemente recebemos da vida em sociedade, êsse, a nosso ver,

Em primeiro lugar, não é só no caso de se exigir tributo sem lei anterior, que

não passa aindu de mera aspiração. Es

o estabeleça, que haverá violação de

forçam-se os homens por alcançá-lo. 7. — Das duas garantias de que vi-

garantia constitucional. Exigí-lo sem lei ou exigí-lo em desacordo com a lei são

nios tratando, nada dizia a Constituição

modos ou formas de uma só e mesma

do Império. Tal, porém, era o espírito liberal, que a animava, e tal o vigor ou fôrça natural das verdades em que re

ilegalidade e, pois, inconstitucionalidade.

pousam, que o imortal Pimenta Bueno,

seja compelido a uma contribuição inde

depois de ensinar que os impostos de

vida, o que tanto se pode verificar não havendo lei que legitime o tributo, como exigindo-se êste último fora das permis

viam ser arrecadados "sem vexame, nas

épocas e fôrmas devidas, segundo o modo de percepção legal, com economia e eqüidade", podia ensinar, mesmo no silêncio da Consti

tuição: — "enfim, nos preci sos termos da lei, sem que se

O que se quer com a garantia consti tucional é que ninguém, em concreto,

sões legais.

Em segundo lugar — e a observação fará compreender de que sorte a realidade da garantia está na dependência

jam distendidos ou agravados pelo pensamento sempre domi

só dispõe em tese. De parte,

nante do fisco".

com efeito, o chamado "direi

E acrescen

tava, à guisa de conselho aos legisladores: "se os represen

do funcionário fiscal — a lei

to singular", é sempre a lei um "commune praeceptum";

tantes da tantes da íNaçao Nação eienvamente efetivamente

uma norma de ação, ou de

puserem em ação as suas lu- v

omissão, traçada para situa ções genèricamente previstas,

zes e o seu zêlo, é óbvio o

imenso proveito que o País recolherá anualmente da discussão dos orçamen

e não para casos concretos, situações

tos". E concluía: "as leis fiscais serão

que se aplique, todo um processo de

particulares, ou individuais.

Daí, para

bem meditadas e claras, para que não

verificação de pressupostos, o qual, rea

deixem arbítrio ao ministério; haverá

lizado, permite que o preceito, formu

(assim) grande dificuldade de abusos

lado em tese, se traduza em regra efe

administrativos" ("Direito Público Bra

tiva para o caso concreto. Estatui a lei, por exemplo, que todo aquêle que, por

sileiro, Rio, 1857, p. 89). 8. — Que relação, porém, — indaga rão os nossos ouvintes — poderá ter, com

tudo isso, o chamado "agente fiscal", se

55

Dicesto EcoNÓNnco

previsão legal, violando direito de ou

o ponto nevrálgico da consulta? — Pre

trem, ou a outrem cau.sando prejuízo.

cisamente na verificação dos pressupos tos, vale dizer no delerniinar-se qual o

E' o processo dc aplicação da lei, de cujo alcance e dificuldade somente os técnicos do Direito terão noção mais

adequada.

padrão conveniente à rua, qual a. cons trução possível no terreno, quais, enfim, as possibilidades de melhor aproveita mento, por\'entiira desprezadas no caso

9. — Ora, isso que se dá com as nor mas jurídicas em geral, dá-se, de um modo todo particular, com as leis fiscais

"agentes fiscais", que seriam, no caso,

ou tributárias. Não é bastante, para bem as aplicar, fixar-lhes o exato sentido, o

sobredito padrão.

que c da competência dos juristas.

Ê

em apreço. Tudo, pois, da alçada dos os engenheiros incumbidos da defesa do 10. — Referindo-se, aliás, ao perigo

necessário, também, e antes de tudo,

das imposições fiscais arbitrárias, obser

apurar ou tornar certos todos aquêles pressupostos, nos quais, e como vimos,

va Seligman não ser êle exclusivo dos regimes absolutos. A êle se vê exposta

assentam elas a responsabilidade fiscal.

também a democracia, e num grau quase

Sem êsses pressupostos, não há obriga

equivalente. E isso — ao que explica o

ção tributária. Com eles, e na medida

financista americano — não obstante ou

em que realmente se verifiquem, a obri

apesar das limitações postas pela Cons- H

gação fiscal se toma certa, assxune cor

tituição ao poder de tributar. Ê que o perigo, nas democracias, "se dissimule

po, revela-se exigível.

Ainda aqui um exemplo, para mais segura compreensão.

Fomos consulta

non pas dans Ia loi, mais dans son

application". E acrescenta: "Ia loi, qui

do, não há multo, sôbre se estava ou

parait edictef toutes les garanties cons-

não certo edifício sujeito à incidência do impôsto territorial. O preceito legal em jôgo era aquêle segundo o qual os terrenos mesmo edificados estão obri

titutionelles d'impartialité ét d'égalité, fait xme faillite plus ou inoins complête quand elle s'expose à Tépreuve de Ia pratique dans des conditions pour les-

gados a êsse tributo, quando a construção

quelles elle n'a pas été rédigée au dé-

fôr

A

but. (Essais sur Timpôt, trad. fr.. Paris, 1914, vol. 2.0, pg. 112). E prossegue:

inteligência, em si, do preceito — a

"on n'ignore pas que, dans une démo-

cargo, é bem de ver, dos juristas — não

cratie, les diffícultés d'ordre gouvemamental sont surtout administratives plu-

inadequada à situação, dimensões,

destino e utilidade deles próprios.

oferecia maiores dificuldades. Harmoni za-se a construção com o local, com as

tôt que constitutionelles". Nos "problè-

ação ou omissão voluntária, negligência

dimensões do terreno e com as respecti vas possibilidades de utilização e a lei

mes constitutionnels" — refere-se o autor aos dos Estados Unidos da América do

ou imprudência, violar direito ou cau sar prejuízo a outrem, fica obrigado a

considera. o imóvel a salvo do impôsto.

Norte — "ont étê, en três grande partie, résolus de façon satisfaisante; nos ques-

Destoa, no entanto, da rua em que é situada, ou é irrisória para o terreno em que é levantada, que se revela suscep

ção da lei, nem ainda a possibilidade de

reparar o dano. Aí o preceito genérico. Para dêle se tirar, entretanto, a cargo de

qualquer exigência tributária, sem lei

alguém, a obrigação de ressarcir deter

tível de melhor aproveitamento, e a lei

E conclui: "Ia faiblesse de Tadministra-

que a tenha previsto? — A resposta não é difícil, embora reclame, para aquêles que não são Ju

minado prejuízo, necessário se toma de

a sujeita ao tributo, visando, com isso,

monstrar e decidir que êsse alguém, na

tion démocratique est proverbiale, et

a defender o padrão mínimo de constru

c'est surtout vrai de Tadministration

ordem dos fatos, incidiu ou incorreu na

ções, reclamado pela cidade. Onde, pois,

fiscale".

não está ao seu alcance nem a elabora

tions administratives — adverte em con

tinuação — ont été à peine attaquées".

i


54

Dicesto Econókqco

erário na exata proporção da capacida

ristas, algumas explicações prelimina

de contributiva de cada um, ou dos be

res.

nefícios que diferentemente recebemos da vida em sociedade, êsse, a nosso ver,

Em primeiro lugar, não é só no caso de se exigir tributo sem lei anterior, que

não passa aindu de mera aspiração. Es

o estabeleça, que haverá violação de

forçam-se os homens por alcançá-lo. 7. — Das duas garantias de que vi-

garantia constitucional. Exigí-lo sem lei ou exigí-lo em desacordo com a lei são

nios tratando, nada dizia a Constituição

modos ou formas de uma só e mesma

do Império. Tal, porém, era o espírito liberal, que a animava, e tal o vigor ou fôrça natural das verdades em que re

ilegalidade e, pois, inconstitucionalidade.

pousam, que o imortal Pimenta Bueno,

seja compelido a uma contribuição inde

depois de ensinar que os impostos de

vida, o que tanto se pode verificar não havendo lei que legitime o tributo, como exigindo-se êste último fora das permis

viam ser arrecadados "sem vexame, nas

épocas e fôrmas devidas, segundo o modo de percepção legal, com economia e eqüidade", podia ensinar, mesmo no silêncio da Consti

tuição: — "enfim, nos preci sos termos da lei, sem que se

O que se quer com a garantia consti tucional é que ninguém, em concreto,

sões legais.

Em segundo lugar — e a observação fará compreender de que sorte a realidade da garantia está na dependência

jam distendidos ou agravados pelo pensamento sempre domi

só dispõe em tese. De parte,

nante do fisco".

com efeito, o chamado "direi

E acrescen

tava, à guisa de conselho aos legisladores: "se os represen

do funcionário fiscal — a lei

to singular", é sempre a lei um "commune praeceptum";

tantes da tantes da íNaçao Nação eienvamente efetivamente

uma norma de ação, ou de

puserem em ação as suas lu- v

omissão, traçada para situa ções genèricamente previstas,

zes e o seu zêlo, é óbvio o

imenso proveito que o País recolherá anualmente da discussão dos orçamen

e não para casos concretos, situações

tos". E concluía: "as leis fiscais serão

que se aplique, todo um processo de

particulares, ou individuais.

Daí, para

bem meditadas e claras, para que não

verificação de pressupostos, o qual, rea

deixem arbítrio ao ministério; haverá

lizado, permite que o preceito, formu

(assim) grande dificuldade de abusos

lado em tese, se traduza em regra efe

administrativos" ("Direito Público Bra

tiva para o caso concreto. Estatui a lei, por exemplo, que todo aquêle que, por

sileiro, Rio, 1857, p. 89). 8. — Que relação, porém, — indaga rão os nossos ouvintes — poderá ter, com

tudo isso, o chamado "agente fiscal", se

55

Dicesto EcoNÓNnco

previsão legal, violando direito de ou

o ponto nevrálgico da consulta? — Pre

trem, ou a outrem cau.sando prejuízo.

cisamente na verificação dos pressupos tos, vale dizer no delerniinar-se qual o

E' o processo dc aplicação da lei, de cujo alcance e dificuldade somente os técnicos do Direito terão noção mais

adequada.

padrão conveniente à rua, qual a. cons trução possível no terreno, quais, enfim, as possibilidades de melhor aproveita mento, por\'entiira desprezadas no caso

9. — Ora, isso que se dá com as nor mas jurídicas em geral, dá-se, de um modo todo particular, com as leis fiscais

"agentes fiscais", que seriam, no caso,

ou tributárias. Não é bastante, para bem as aplicar, fixar-lhes o exato sentido, o

sobredito padrão.

que c da competência dos juristas.

Ê

em apreço. Tudo, pois, da alçada dos os engenheiros incumbidos da defesa do 10. — Referindo-se, aliás, ao perigo

necessário, também, e antes de tudo,

das imposições fiscais arbitrárias, obser

apurar ou tornar certos todos aquêles pressupostos, nos quais, e como vimos,

va Seligman não ser êle exclusivo dos regimes absolutos. A êle se vê exposta

assentam elas a responsabilidade fiscal.

também a democracia, e num grau quase

Sem êsses pressupostos, não há obriga

equivalente. E isso — ao que explica o

ção tributária. Com eles, e na medida

financista americano — não obstante ou

em que realmente se verifiquem, a obri

apesar das limitações postas pela Cons- H

gação fiscal se toma certa, assxune cor

tituição ao poder de tributar. Ê que o perigo, nas democracias, "se dissimule

po, revela-se exigível.

Ainda aqui um exemplo, para mais segura compreensão.

Fomos consulta

non pas dans Ia loi, mais dans son

application". E acrescenta: "Ia loi, qui

do, não há multo, sôbre se estava ou

parait edictef toutes les garanties cons-

não certo edifício sujeito à incidência do impôsto territorial. O preceito legal em jôgo era aquêle segundo o qual os terrenos mesmo edificados estão obri

titutionelles d'impartialité ét d'égalité, fait xme faillite plus ou inoins complête quand elle s'expose à Tépreuve de Ia pratique dans des conditions pour les-

gados a êsse tributo, quando a construção

quelles elle n'a pas été rédigée au dé-

fôr

A

but. (Essais sur Timpôt, trad. fr.. Paris, 1914, vol. 2.0, pg. 112). E prossegue:

inteligência, em si, do preceito — a

"on n'ignore pas que, dans une démo-

cargo, é bem de ver, dos juristas — não

cratie, les diffícultés d'ordre gouvemamental sont surtout administratives plu-

inadequada à situação, dimensões,

destino e utilidade deles próprios.

oferecia maiores dificuldades. Harmoni za-se a construção com o local, com as

tôt que constitutionelles". Nos "problè-

ação ou omissão voluntária, negligência

dimensões do terreno e com as respecti vas possibilidades de utilização e a lei

mes constitutionnels" — refere-se o autor aos dos Estados Unidos da América do

ou imprudência, violar direito ou cau sar prejuízo a outrem, fica obrigado a

considera. o imóvel a salvo do impôsto.

Norte — "ont étê, en três grande partie, résolus de façon satisfaisante; nos ques-

Destoa, no entanto, da rua em que é situada, ou é irrisória para o terreno em que é levantada, que se revela suscep

ção da lei, nem ainda a possibilidade de

reparar o dano. Aí o preceito genérico. Para dêle se tirar, entretanto, a cargo de

qualquer exigência tributária, sem lei

alguém, a obrigação de ressarcir deter

tível de melhor aproveitamento, e a lei

E conclui: "Ia faiblesse de Tadministra-

que a tenha previsto? — A resposta não é difícil, embora reclame, para aquêles que não são Ju

minado prejuízo, necessário se toma de

a sujeita ao tributo, visando, com isso,

monstrar e decidir que êsse alguém, na

tion démocratique est proverbiale, et

a defender o padrão mínimo de constru

c'est surtout vrai de Tadministration

ordem dos fatos, incidiu ou incorreu na

ções, reclamado pela cidade. Onde, pois,

fiscale".

não está ao seu alcance nem a elabora

tions administratives — adverte em con

tinuação — ont été à peine attaquées".

i


■ir-;.'/

56

Digesto EcoNÓAnco

11. — Também entre nós, embora não

Ora, a execução das leis fiscais, se

tenliam sido resolvidos sequer os proble

depende, em grande parte, dos cultores

mas meramente constitucionais, é na

do direito — intérpretes, advogados, jui zes e tribunais — está confiada, em gnut maior ainda, pois que se trata, da sua normal o regular aplicação, aos agentes

esfera administrativa e principalmente no setor fiscal, ou tributário, que as maio res dificuldades se oferecem.

E difi

culdades, observe-se, não tanto de inteli

gência ou compreensão dos dispositivos legais ou regulamentares, quanto de exe cução dêles. A má execução das leis — dizia Luís Xni numa de suas célebres

Declarações — sempre foi a ruma dos

impérios, ao passo que a fiel execução delas, a causa da sua grandeza. De um rei gôdo, cujo nome a lenda não indica,

Podeis, no entanto, por isso

que tendes por função atestar-lhe a exis tência 6 arbitrar-lhe a extensão, podero

mai-vos com ela e estareis acudindo às

nossas intenções". Montesquieu, por sua vez, empenhado em louvar a Carlos

Magno, maneira melhor não achou de o fazer, do que dizendo: "fez ele admi

fê-los cumprir e observar" (apud Dupin

era essa a nossa intenção — ao exame

373). ' 12. — Não é preciso, aliás, estar ha

bituado à reflexão jurídica para bem compreender que na boa execução das leis é que reside o segredo da ordem social: "in legibus salus". De que po dem servir, com efeito, as mais belas leis do mundo, se não cuidarem de cum

E essa conclusão outra não pode ser do que a seguinte: nunca serão excessivos os cuidados que dispense a administração à seleção, disciplina, aper

feiçoamento e mantença do seu corpo de

agentes fiscais. Dêles depende, em gran de parte, a efetixâdade das garantias

por alguns momentos, nada, é certo, di zendo de novo, mas procurando corres

constitucionais em matéria tributária, ga rantias que os regimes democráticos pre

ponder, ria medida das nossas forças, à gentileza do convite recebido da vossa

com ò maior empenho.

cisam, para e.vemplo, defender e praticar

i

tral da tese que nos propúnhamos de monstrar, qual a do relevante papel re servado ao "agente fiscal" na defesa e guarda das garantias constitucionais em matéria tributária, poderíamos passar —

le droit et les lois" — Leçons professées au duc de Chartres — Paris, 1827 — p.

ficou c.xposto, uriia conclusão prática e

das garantias constitucionais. 13. — Chegados, assim, ao ponto cen

ráveis regulamentos; mas fez ainda mais:

— "Notions élémentaires sur Ia justice,

objetiva.

vosco assumimos, de aqui vos entreter

obrigação fiscal. Não que possais, arbi-

samente contribuir para a fiel observân cia da lei e, pois, para maior segurança

necessário, porém, cxtrairinos, de quanto

lançadores, que nos considerásseis deso brigados do compromisso, que para con-

tràriamente, impor a determinado con tribuinte esta ou aquela responsabilidade

novel e já prestigiosa Associação. Faz-se

competence" ("Municipal AdministraÜon", N. Y., 1935, pg. 123). breza 6 importância das funções qus exerçais, poderíamos pedir, senhores

íncomensurável que é o de dar vida à

um juiz sôbre o modo de decidir certo

Their work

calls for at least an equal standard of 14. — Com essa elevada idéia da no

que tendes ao vosso alcance êsse poder

refere Dupin que, ao ser consultado por pleito judiciário; respondeu-lhe: "a von tade real está escrita nas leis; confor-

officers, cr cUy attorneys.

ou funcionários do fi.sco. Está entregue, antes de tudo, àqueles de vós ourios,

fiscal.

57

Dicesto Econóahco

das cautelas que lhe incumbe observar, para não as transgredir. Longe, porém, nos levaria êsse estudo, cujas conclusões poderiam resumir-se num só e único conselho: fidelidade à própria consciên cia, a ter como fruto, o reflexo, a fide

lidade ao ofício, que é dos mais nobres

que se possam confiar a alguém. Dos mais nobres e dos mais espinhosos. Que

o diga,- em nosso lugar, William Munro, quando, tendo apontado os vícios de que padecem, nos Estados Unidos, os

■Ti

f

Um dos fatôres que mais têm concorrido para neutraUzar o perigo da inflação de obter, em curto espaço de tempo, o equilíbrio orçamentário, sem sacrifício dos vastos planos de melhoramento econômico e socUã traçados. 0$ gastos públicos vêm rifl Grã-Bretanlia é a política governamental em matéria de defesas, com o escovo sendo mantidos em níveis bastante moderados. Nos primeiros nove meses do exer

cido de 1946-47, as despesas totalizaram 2.631.000.000 de esterlinos, ou apenas duàs têrças partes da estimativa feita para o ano, enquanto a receita somou 2.080.000.000 de libras, cifras essas que também representam dois terços da esti mativa orçamentárlá, devendo-se, entretanto, levar em conta que as arrecadações

são sernpre maiores no último trimestre do e.vercício fiscal. Pelos cálculos da admi

nistração, a redução da taxa básica do Impôsto de Renda, de 50 a 45 por cento, motivaria uma diminuição de 239.000.000 de libras na cobrança do tributo. Mas

pri-las os encarregados de lhes dar exe

serviços de estimação de propriedades

cução? Serão elas, como alguém já se

imobiliárias, para efeitos tributários, ob

os fatos demonstram que nos nove primeiros meses, a queda foi apenas de . .. .

expressou, "vãs sentenças, semelhantes às que se lêm nos escritos dos filósofos, mas, no fundo, de nenhum proveito para

serva: "The idea tliat any successful vote-getter can qualify as an assessor is

101.300.000 libras.

a sociedade: "verba et vocês, praetereaque nilül".

one that ought to be discarded. Assessors should be as carefully chosen and as well paíd as city engineers, health

Por outro lodo, a receita dos direitos aduaneiros apresenta-se

excepcionalmente produtiva, com uma diferença para mais de 30.900.000 libras

sôbre o exercício anterior.

Convém ainda assinahir, como prova da severidade im

posta pelo govêrno, em matéria de despesas, nos nove meses em referência do 1945-46, que o "déficit" foi de 2.106.500.000 esterlinos, quando em igual período do exercício de 1946-47 atingiu somente a 601.750.000 libras.


■ir-;.'/

56

Digesto EcoNÓAnco

11. — Também entre nós, embora não

Ora, a execução das leis fiscais, se

tenliam sido resolvidos sequer os proble

depende, em grande parte, dos cultores

mas meramente constitucionais, é na

do direito — intérpretes, advogados, jui zes e tribunais — está confiada, em gnut maior ainda, pois que se trata, da sua normal o regular aplicação, aos agentes

esfera administrativa e principalmente no setor fiscal, ou tributário, que as maio res dificuldades se oferecem.

E difi

culdades, observe-se, não tanto de inteli

gência ou compreensão dos dispositivos legais ou regulamentares, quanto de exe cução dêles. A má execução das leis — dizia Luís Xni numa de suas célebres

Declarações — sempre foi a ruma dos

impérios, ao passo que a fiel execução delas, a causa da sua grandeza. De um rei gôdo, cujo nome a lenda não indica,

Podeis, no entanto, por isso

que tendes por função atestar-lhe a exis tência 6 arbitrar-lhe a extensão, podero

mai-vos com ela e estareis acudindo às

nossas intenções". Montesquieu, por sua vez, empenhado em louvar a Carlos

Magno, maneira melhor não achou de o fazer, do que dizendo: "fez ele admi

fê-los cumprir e observar" (apud Dupin

era essa a nossa intenção — ao exame

373). ' 12. — Não é preciso, aliás, estar ha

bituado à reflexão jurídica para bem compreender que na boa execução das leis é que reside o segredo da ordem social: "in legibus salus". De que po dem servir, com efeito, as mais belas leis do mundo, se não cuidarem de cum

E essa conclusão outra não pode ser do que a seguinte: nunca serão excessivos os cuidados que dispense a administração à seleção, disciplina, aper

feiçoamento e mantença do seu corpo de

agentes fiscais. Dêles depende, em gran de parte, a efetixâdade das garantias

por alguns momentos, nada, é certo, di zendo de novo, mas procurando corres

constitucionais em matéria tributária, ga rantias que os regimes democráticos pre

ponder, ria medida das nossas forças, à gentileza do convite recebido da vossa

com ò maior empenho.

cisam, para e.vemplo, defender e praticar

i

tral da tese que nos propúnhamos de monstrar, qual a do relevante papel re servado ao "agente fiscal" na defesa e guarda das garantias constitucionais em matéria tributária, poderíamos passar —

le droit et les lois" — Leçons professées au duc de Chartres — Paris, 1827 — p.

ficou c.xposto, uriia conclusão prática e

das garantias constitucionais. 13. — Chegados, assim, ao ponto cen

ráveis regulamentos; mas fez ainda mais:

— "Notions élémentaires sur Ia justice,

objetiva.

vosco assumimos, de aqui vos entreter

obrigação fiscal. Não que possais, arbi-

samente contribuir para a fiel observân cia da lei e, pois, para maior segurança

necessário, porém, cxtrairinos, de quanto

lançadores, que nos considerásseis deso brigados do compromisso, que para con-

tràriamente, impor a determinado con tribuinte esta ou aquela responsabilidade

novel e já prestigiosa Associação. Faz-se

competence" ("Municipal AdministraÜon", N. Y., 1935, pg. 123). breza 6 importância das funções qus exerçais, poderíamos pedir, senhores

íncomensurável que é o de dar vida à

um juiz sôbre o modo de decidir certo

Their work

calls for at least an equal standard of 14. — Com essa elevada idéia da no

que tendes ao vosso alcance êsse poder

refere Dupin que, ao ser consultado por pleito judiciário; respondeu-lhe: "a von tade real está escrita nas leis; confor-

officers, cr cUy attorneys.

ou funcionários do fi.sco. Está entregue, antes de tudo, àqueles de vós ourios,

fiscal.

57

Dicesto Econóahco

das cautelas que lhe incumbe observar, para não as transgredir. Longe, porém, nos levaria êsse estudo, cujas conclusões poderiam resumir-se num só e único conselho: fidelidade à própria consciên cia, a ter como fruto, o reflexo, a fide

lidade ao ofício, que é dos mais nobres

que se possam confiar a alguém. Dos mais nobres e dos mais espinhosos. Que

o diga,- em nosso lugar, William Munro, quando, tendo apontado os vícios de que padecem, nos Estados Unidos, os

■Ti

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Um dos fatôres que mais têm concorrido para neutraUzar o perigo da inflação de obter, em curto espaço de tempo, o equilíbrio orçamentário, sem sacrifício dos vastos planos de melhoramento econômico e socUã traçados. 0$ gastos públicos vêm rifl Grã-Bretanlia é a política governamental em matéria de defesas, com o escovo sendo mantidos em níveis bastante moderados. Nos primeiros nove meses do exer

cido de 1946-47, as despesas totalizaram 2.631.000.000 de esterlinos, ou apenas duàs têrças partes da estimativa feita para o ano, enquanto a receita somou 2.080.000.000 de libras, cifras essas que também representam dois terços da esti mativa orçamentárlá, devendo-se, entretanto, levar em conta que as arrecadações

são sernpre maiores no último trimestre do e.vercício fiscal. Pelos cálculos da admi

nistração, a redução da taxa básica do Impôsto de Renda, de 50 a 45 por cento, motivaria uma diminuição de 239.000.000 de libras na cobrança do tributo. Mas

pri-las os encarregados de lhes dar exe

serviços de estimação de propriedades

cução? Serão elas, como alguém já se

imobiliárias, para efeitos tributários, ob

os fatos demonstram que nos nove primeiros meses, a queda foi apenas de . .. .

expressou, "vãs sentenças, semelhantes às que se lêm nos escritos dos filósofos, mas, no fundo, de nenhum proveito para

serva: "The idea tliat any successful vote-getter can qualify as an assessor is

101.300.000 libras.

a sociedade: "verba et vocês, praetereaque nilül".

one that ought to be discarded. Assessors should be as carefully chosen and as well paíd as city engineers, health

Por outro lodo, a receita dos direitos aduaneiros apresenta-se

excepcionalmente produtiva, com uma diferença para mais de 30.900.000 libras

sôbre o exercício anterior.

Convém ainda assinahir, como prova da severidade im

posta pelo govêrno, em matéria de despesas, nos nove meses em referência do 1945-46, que o "déficit" foi de 2.106.500.000 esterlinos, quando em igual período do exercício de 1946-47 atingiu somente a 601.750.000 libras.


'mi

59

DiCESTo Econômico

o HCÚCAR m BRASIL PORTIGIÊS DO SÉCILO WII por José Honório Rodrigues

se localizavam os melhores e maiores

engenhos.

Enquanto isso, Pernambuco

era devastado, tinha consumida a sua

substância e semeada a campanha de uma certa tendência, quando se

O professor José Honório Rodrigues, au

trata do açúcar no século XVII, a só

tor de uma grande obra sôhre a cioUiza-

ver e narrar a história dêsse produto no

ção holandesa no Brasil, focaliza, com acuidade, o livro de Oscar von Lippmann sobre a História do Açúcar, que classifi ca de monumental. Lamenta que Lipptnann não se tenha referido à fabricação

Nordeste ocupado pelos holandeses. Oscar von Lippmann, em sua monumen tal "História lio Açúcar", tão bem tra

duzida para o português por Rodolfo Coutinho, limita-se, no que toca aos seiscentos, a estudar o período que vai de 1630 a 1654 e que marca o auge do domínio holandês. No Brasil portu

da aguardente, que tão considerável significaçõo teve na economia do Rio de Janeiro

guês, entretanto, o açúcar continuava a

ser o principal produto da terra e mere cedor das mais desveladas atenções da Metrópole.

O grande movimento migratório pro vocado pelas lutas holandesas teve mes mo como conseqüência o desenvolvi mento de outros centros produtores, que se beneficiaram (X)m líderes e braços es

Antônio Vieira, em 1648, no Papel Forte, lembrava o exemplo e a experiên cia de

muitas famílias

mais e

menos

principais de Pernambuco que só por se livrarem dos inconvenientes da guer

sangue pelos guerrilheiros, a princípio, e pelos rebeldes organizados mais tarde. Se descontarmos os sete anos que Per nambuco serviu a João Maurício de Nassau, sete anos de tréguas e de fru tos, pouco mais se terá a dizer sòbre os esforços daquela região para recupe rar a predominância que possuía antes

ou depois, até a expulsão. Assim podiam os bahianos e fluminen

ses, ajudados pelos pernambucanos, en tregar-se à faina do trabalho agrícola. E produziam açúcar mellior e mais pro curado nos mercados europeus do que os de fabricação pernambucana, mesmo durante o período de paz, de 1639 a

landa todos os açúcares que lá fizeram, e nem por isso deixaram os nossos de ter melhor preço e melhor saca; porque os estrangeiros teem mais conveniência de no-lo comprar a nós, que a eles, e pam o Levante, Espanha e França, têm mais conta levarem-se do Portugal, que de Holanda".

Afora a grande migração de 1635 e a miúda de sempre, que se exercia en tre os que, exacerbados pelas afrontas holandesas resolviam dcsterrar-se, de

ve-se acentuar que depois da capitula ção, em 1654, partia um grupo de ho landeses com destino ao Rio de Janei ro e a S. Vicente. Segundo a informa

ção de Brito Freyre, foram eles em numero de trezentos e repartidos por vários engenhos, onde deveriam aguar

dar o momento de regressar à sua pátria.

Tentava-se assim obviar que êles vies

1645.

Temia-se, entretanto, que se se concre

sem a constituir uma ameaça e pudes

ra se passaram com seus escravos para

tizasse a proposta da entrega de Per

sem

a Bahia e Rio de Janeiro, aonde viviam,

nambuco à Holanda os holandeses la

para um novo ataque.

cravos. Segundo os cálculos de Brito Freyre, oito míl pessoas, afora negros, havendo os que levaram até 300 escra

sem gozarem privilégio algum, em sua antiga fortuna, por isso que, no Brasil,

vrassem tanto açúcar que os navios es trangeiros deixassem de vir buscar o

Alguns dos holandeses vindos para o Rio de Janeiro aí decidiram ficar e a

as fazendas mais consistiam no lavrador

nosso, com o que diminuiria o comércio

êsses, que se tinham localizado em de

vos, por necessidade ou conveniência, não cederam à sujeição holandesa. Êle mesmo observou que, com isso, cresceu a população da Bahia e do Rio de Ja

que na terra.

o cessariam os direitos da fazenda.

êsse temor objetava Vieira dizendo que

terminado trecho da praia, atribui Viei ra Fazenda a denominação de Praia dos

os holandeses tendo arte para tudo só

Flamengos dada à praia da aguada dos

para lavrar açúcar Uies falta, como tem

Marinheiros de Pedro Martins Namo

neiro. Duarte de Albuquerque Coelho avalia em três mil moradores e quatro mil índios o lotai dos que se retiraram de Pemambuc:o. Acentua, porém, que

o General tudo fez para que os morado

res emigrantes fossem as pessoas de maior consideração porque, assim, o ini

migo não acharia quem lhe desse barro, farinha ou qualquer outra coisa, encon

trando desamparados os engenhos e fi cando sem braços para o trabalho. Era a elite social e econômica de Pernam

buco que emigrava.

Os desterrados de Pernambuco, per

dendo a terra, perdendo a empresa, não perderam a esperança de, pelo trabalho, a recuperarem.

Os senhores de enge

nho, os escravos e os mestres de oficina

refugiados trouxeram à Bahia e ao Rio de Janeiro um contingente significativo de trabalho e de energia ao desenvolvi mento dessas capitanias. Acresce que de 1635, época da red

rada para a Bahia, até o fim do perío do holandês, sòmente duas vezes per turbaram os batavos as atividades pací ficas das oficinas de açúcar do Brasil português; em 1638 e em 1647, quan do atacaram o recôncavo baliiano, onde

A

servir de elementos informativos

mostrado a experiência de muitos anos;

rado ou sapateiro Sebastião Gonçalves. e retirando-se os portugueses da campa Vamhagen, aliás, pensa que tendo o nha de Pernambuco e ficando ela no es Tratado de Haia, de 6 de agosto de 1661, tado em que está, é certo que nunca permitido aos holandeses comerciar do lavrará muito açúcar". E continuava: Brasil para Portugal, o que, a seu ver, "E quando (o que ó impossivel) chegue eqüivalia a estabelecer casas de comér a haver todo o que houve no tempo cio nos portos habilitados do Brasil, o mais flcrente, nunca por isso há de dei- • nome de Praia do Flamengo viria do xar o nosso açúcar de ter saca: e os local em que se fixaram os primeiros mesmos holandeses são os primeiros que flamengos comerciantes. no-lo hão de vir buscar, como se viu A hipótese de Vieira Fazenda parecepor experiência nos anos de 641 e 645, nos, contudo, mais verossímil, de vez em que todos os engenhos de Pernam que se baseia em documento holandês,

buco estiveram em paz, e vieram à Ho-

ou sejam as informações prestadas por


'mi

59

DiCESTo Econômico

o HCÚCAR m BRASIL PORTIGIÊS DO SÉCILO WII por José Honório Rodrigues

se localizavam os melhores e maiores

engenhos.

Enquanto isso, Pernambuco

era devastado, tinha consumida a sua

substância e semeada a campanha de uma certa tendência, quando se

O professor José Honório Rodrigues, au

trata do açúcar no século XVII, a só

tor de uma grande obra sôhre a cioUiza-

ver e narrar a história dêsse produto no

ção holandesa no Brasil, focaliza, com acuidade, o livro de Oscar von Lippmann sobre a História do Açúcar, que classifi ca de monumental. Lamenta que Lipptnann não se tenha referido à fabricação

Nordeste ocupado pelos holandeses. Oscar von Lippmann, em sua monumen tal "História lio Açúcar", tão bem tra

duzida para o português por Rodolfo Coutinho, limita-se, no que toca aos seiscentos, a estudar o período que vai de 1630 a 1654 e que marca o auge do domínio holandês. No Brasil portu

da aguardente, que tão considerável significaçõo teve na economia do Rio de Janeiro

guês, entretanto, o açúcar continuava a

ser o principal produto da terra e mere cedor das mais desveladas atenções da Metrópole.

O grande movimento migratório pro vocado pelas lutas holandesas teve mes mo como conseqüência o desenvolvi mento de outros centros produtores, que se beneficiaram (X)m líderes e braços es

Antônio Vieira, em 1648, no Papel Forte, lembrava o exemplo e a experiên cia de

muitas famílias

mais e

menos

principais de Pernambuco que só por se livrarem dos inconvenientes da guer

sangue pelos guerrilheiros, a princípio, e pelos rebeldes organizados mais tarde. Se descontarmos os sete anos que Per nambuco serviu a João Maurício de Nassau, sete anos de tréguas e de fru tos, pouco mais se terá a dizer sòbre os esforços daquela região para recupe rar a predominância que possuía antes

ou depois, até a expulsão. Assim podiam os bahianos e fluminen

ses, ajudados pelos pernambucanos, en tregar-se à faina do trabalho agrícola. E produziam açúcar mellior e mais pro curado nos mercados europeus do que os de fabricação pernambucana, mesmo durante o período de paz, de 1639 a

landa todos os açúcares que lá fizeram, e nem por isso deixaram os nossos de ter melhor preço e melhor saca; porque os estrangeiros teem mais conveniência de no-lo comprar a nós, que a eles, e pam o Levante, Espanha e França, têm mais conta levarem-se do Portugal, que de Holanda".

Afora a grande migração de 1635 e a miúda de sempre, que se exercia en tre os que, exacerbados pelas afrontas holandesas resolviam dcsterrar-se, de

ve-se acentuar que depois da capitula ção, em 1654, partia um grupo de ho landeses com destino ao Rio de Janei ro e a S. Vicente. Segundo a informa

ção de Brito Freyre, foram eles em numero de trezentos e repartidos por vários engenhos, onde deveriam aguar

dar o momento de regressar à sua pátria.

Tentava-se assim obviar que êles vies

1645.

Temia-se, entretanto, que se se concre

sem a constituir uma ameaça e pudes

ra se passaram com seus escravos para

tizasse a proposta da entrega de Per

sem

a Bahia e Rio de Janeiro, aonde viviam,

nambuco à Holanda os holandeses la

para um novo ataque.

cravos. Segundo os cálculos de Brito Freyre, oito míl pessoas, afora negros, havendo os que levaram até 300 escra

sem gozarem privilégio algum, em sua antiga fortuna, por isso que, no Brasil,

vrassem tanto açúcar que os navios es trangeiros deixassem de vir buscar o

Alguns dos holandeses vindos para o Rio de Janeiro aí decidiram ficar e a

as fazendas mais consistiam no lavrador

nosso, com o que diminuiria o comércio

êsses, que se tinham localizado em de

vos, por necessidade ou conveniência, não cederam à sujeição holandesa. Êle mesmo observou que, com isso, cresceu a população da Bahia e do Rio de Ja

que na terra.

o cessariam os direitos da fazenda.

êsse temor objetava Vieira dizendo que

terminado trecho da praia, atribui Viei ra Fazenda a denominação de Praia dos

os holandeses tendo arte para tudo só

Flamengos dada à praia da aguada dos

para lavrar açúcar Uies falta, como tem

Marinheiros de Pedro Martins Namo

neiro. Duarte de Albuquerque Coelho avalia em três mil moradores e quatro mil índios o lotai dos que se retiraram de Pemambuc:o. Acentua, porém, que

o General tudo fez para que os morado

res emigrantes fossem as pessoas de maior consideração porque, assim, o ini

migo não acharia quem lhe desse barro, farinha ou qualquer outra coisa, encon

trando desamparados os engenhos e fi cando sem braços para o trabalho. Era a elite social e econômica de Pernam

buco que emigrava.

Os desterrados de Pernambuco, per

dendo a terra, perdendo a empresa, não perderam a esperança de, pelo trabalho, a recuperarem.

Os senhores de enge

nho, os escravos e os mestres de oficina

refugiados trouxeram à Bahia e ao Rio de Janeiro um contingente significativo de trabalho e de energia ao desenvolvi mento dessas capitanias. Acresce que de 1635, época da red

rada para a Bahia, até o fim do perío do holandês, sòmente duas vezes per turbaram os batavos as atividades pací ficas das oficinas de açúcar do Brasil português; em 1638 e em 1647, quan do atacaram o recôncavo baliiano, onde

A

servir de elementos informativos

mostrado a experiência de muitos anos;

rado ou sapateiro Sebastião Gonçalves. e retirando-se os portugueses da campa Vamhagen, aliás, pensa que tendo o nha de Pernambuco e ficando ela no es Tratado de Haia, de 6 de agosto de 1661, tado em que está, é certo que nunca permitido aos holandeses comerciar do lavrará muito açúcar". E continuava: Brasil para Portugal, o que, a seu ver, "E quando (o que ó impossivel) chegue eqüivalia a estabelecer casas de comér a haver todo o que houve no tempo cio nos portos habilitados do Brasil, o mais flcrente, nunca por isso há de dei- • nome de Praia do Flamengo viria do xar o nosso açúcar de ter saca: e os local em que se fixaram os primeiros mesmos holandeses são os primeiros que flamengos comerciantes. no-lo hão de vir buscar, como se viu A hipótese de Vieira Fazenda parecepor experiência nos anos de 641 e 645, nos, contudo, mais verossímil, de vez em que todos os engenhos de Pernam que se baseia em documento holandês,

buco estiveram em paz, e vieram à Ho-

ou sejam as informações prestadas por


60

Dicesto EcoNÓ^^co

Joost Vristeger van Cassei em Haia, em 10 de maio de 1655, confirmado por um manuscrito português de Francisco de Brito Freire.

Naturalmente, nenhum dos documen

tos se refere especialmente a êsse fato,

61

Dicesto Econômico

cias do Tratado assinado em Haia, em

que somente corresse a execução nos

.1661.

açúcares, ficando-lhcs, todavia, o que fôsse mister para poderem moer as canas.

A obrigação de pagar quatro

milhões de cruzados recaiu sobre os po vos do Brasil e o imposto onerou prin cipalmente o açúcar. Ajuntou-se-Uie o

Por aí se vê que o Rio de Janeiro contava, então, cento e vinte engenhos. O número de engenhos crescia, mas o

Esta parece ter sido uma medida justa.

preço do açúcar descia sempre. Afora

A história dc Baltazar da Silva Lisboa

a concorrência de outros produtores, a

donativo para o casamento da princesa

é em grande parte, não só a história

e a Bahia começou a pagar cento e qua

contudo, provar que tivessem, realmen

Os povos da Bahia e do Rio de Ja

dos açúcares no Rio dc Janeiro, como, também, a bi.stória das queixas c lamú rias dos senhores de engenho, em face da extorsão sistemática exercida pela

neiro eram .sobrecarregados com quotas-

te, vindo holandeses comerciar aí.

Metrópole. A desordem administrativa e

o qual Lippmann nem sequer tocou de

e.xcessivas.

política, a par da absoluta incapacidade

leve em sua obra já referida, é o da fa bricação da aguardente, que teve, esiJe-

mas êles confirmam a vinda para o Rio de Janeiro de grande leva de holandeses. Vamhagen levanta sua liipótese basea

do no Tratado de Haia de 1661 sem,

O fato indiscutível é que o Rio de

renta mil cruzados, sendo sessenta mil

distribuídos pelas outras capitanias. Se folhearmos os "Anais do

Rio de Janeiro" de Baltazar da Silva Lisboa, notaremos que o açúcar ocupa-

Janeiro e a Baliia abasteciam de açú car os mercados que comerciavam com Portugal. O Brasil não era só Pernam

lhe de tal modo a atenção que se diria

buco e nem o açúcar do Brasil se redu-

culo XVH a própria história do açúcar.

ser a história daquela capitania no sé Há de observar-se também que a con

tribuição para a paz da Holanda e o donativo da Rainha recaíram igualmen te sobre o açúcar e que as Câmaras

sempre fizeram eco às aspirações de di minuição dos pesados gravanies que

oprimiam os engenhos.

Escrevendo, por exemplo, sobre o govêmo de d. João da Silva e Sousa, que vai de 1670 a 1675, lembra Baltazar da

zia ao de Pernambuco, Paraíba, Itama-

Silva Lisboa que a carta régia de 26

racá e Rio Grande.

de fevereiro de 1671 recomendava ao

Ricardo Fleckno, que passou pelo Rio de Janeiro por volta de 1648, con firma que a principal riqueza era o

Governo que obrigasse as Câmaras a

açúcar.

Suas informações foram reco-

Uúdas por Francisco Adolfo de Varnhagen.

No próprio Norte, estranho às peripé cias das lutas holandesas, fabricava-se

açúcar, que abastecia mercados inter nos. Numa história do açúcar não de vem faltar referências, pelo menos, a

ês.ses pequenos centros de subsistência própria.

A importância do açúcar nas outras capitanias pode mostrar-se quando, por exemplo, se examinam as conseqüén-

fazer as remessas dos encargos da paz

da Holanda e do dote de Inglaterra. A Câmara convocou os cidadãos e pe

econômica da

Mãe Pátria, causavam

falta de navegação suficiente para em barcar os açúcares era causa de impor tância.

Outro aspecto que merece registro nu ma história do açúcar no Brasil e sôbre

cialmente na economia do Rio de Ja-

prejuízos fatais à Colônia.

Por volta de 1680, por exemplo, quan

do se organizou a expedição à Colônia do Sacramento, d. Manoel Lobo, que

. neiro, considerável significação.

Navegando para Angola as suas aguar dentes, os senhores de engenho aprovei

governou o Rio de Janeiro de 1679 a

tavam não só os resíduos do açúcar, de

1680, escrevia ao Rei que na leva que

onde a aguardente era extraída, .como trocavam-na ali por braços para a lavou ra. A aguardente do Rio de Janeiro foi

partia para esta torra nova seguiam car pinteiros das moendas e feitores, o que iria prejudicar os engenhos, uma vez quo estes eram em número de 120 c

só permaneciam vinte peritos naquele ofício na cidade.

o principal instrumento de aquisição do braço escravo para a sua agricultura. Nas lutas que surgiam entre os in

Os mesmos eram

teresses da Companlúa de Comércio, que

presos e levados para a "colonização"

exigia a abolição do fabrico, e òs dos

de Sacramento, o que os afugentava, de modo que "neste mês (a carta é de

29 de maio de 1680), em que todos os engenhos geralmente moiam, o não ficam fazendo senão muito contados".

senhores de engenho, que reclamavam sua fabricação em grande escala, escreve-se um dos mais largos e importan tes trechos da história do açúcar no Brasil.

diu ao Governador a sua assistência em

face da situação miserável por que pas sava o povo, lembrando os vários infor túnios que pesavam sobre o mesmo, en tre os quais se capitulavam a falta de

comércio com Buenos Aires, a tomada

de Angola e a baixa dos açúcares, úni co ramo da subsistência do país. Desde 1651 já ficara acordado que não haveria execução de dívidas sôbre

bens e escravos dos engenhos e lavrado res de cana, nem em suas fábricas, e

Em 1945 foram caçadas no Arquipélago dos Açores 443 baleias, de que se extraíram 1.459 toneladas de óleo, no valor de 5.282 contos e âmbar no valor de

11.000 contos. Esta quantidade /foi superior em quase 4 vêzes às do continente e da Madeira.

O número de barcos utilizados foi de 96 com 222 homens de tripulação. O pessoal adstrito à indústria subiu a 555


60

Dicesto EcoNÓ^^co

Joost Vristeger van Cassei em Haia, em 10 de maio de 1655, confirmado por um manuscrito português de Francisco de Brito Freire.

Naturalmente, nenhum dos documen

tos se refere especialmente a êsse fato,

61

Dicesto Econômico

cias do Tratado assinado em Haia, em

que somente corresse a execução nos

.1661.

açúcares, ficando-lhcs, todavia, o que fôsse mister para poderem moer as canas.

A obrigação de pagar quatro

milhões de cruzados recaiu sobre os po vos do Brasil e o imposto onerou prin cipalmente o açúcar. Ajuntou-se-Uie o

Por aí se vê que o Rio de Janeiro contava, então, cento e vinte engenhos. O número de engenhos crescia, mas o

Esta parece ter sido uma medida justa.

preço do açúcar descia sempre. Afora

A história dc Baltazar da Silva Lisboa

a concorrência de outros produtores, a

donativo para o casamento da princesa

é em grande parte, não só a história

e a Bahia começou a pagar cento e qua

contudo, provar que tivessem, realmen

Os povos da Bahia e do Rio de Ja

dos açúcares no Rio dc Janeiro, como, também, a bi.stória das queixas c lamú rias dos senhores de engenho, em face da extorsão sistemática exercida pela

neiro eram .sobrecarregados com quotas-

te, vindo holandeses comerciar aí.

Metrópole. A desordem administrativa e

o qual Lippmann nem sequer tocou de

e.xcessivas.

política, a par da absoluta incapacidade

leve em sua obra já referida, é o da fa bricação da aguardente, que teve, esiJe-

mas êles confirmam a vinda para o Rio de Janeiro de grande leva de holandeses. Vamhagen levanta sua liipótese basea

do no Tratado de Haia de 1661 sem,

O fato indiscutível é que o Rio de

renta mil cruzados, sendo sessenta mil

distribuídos pelas outras capitanias. Se folhearmos os "Anais do

Rio de Janeiro" de Baltazar da Silva Lisboa, notaremos que o açúcar ocupa-

Janeiro e a Baliia abasteciam de açú car os mercados que comerciavam com Portugal. O Brasil não era só Pernam

lhe de tal modo a atenção que se diria

buco e nem o açúcar do Brasil se redu-

culo XVH a própria história do açúcar.

ser a história daquela capitania no sé Há de observar-se também que a con

tribuição para a paz da Holanda e o donativo da Rainha recaíram igualmen te sobre o açúcar e que as Câmaras

sempre fizeram eco às aspirações de di minuição dos pesados gravanies que

oprimiam os engenhos.

Escrevendo, por exemplo, sobre o govêmo de d. João da Silva e Sousa, que vai de 1670 a 1675, lembra Baltazar da

zia ao de Pernambuco, Paraíba, Itama-

Silva Lisboa que a carta régia de 26

racá e Rio Grande.

de fevereiro de 1671 recomendava ao

Ricardo Fleckno, que passou pelo Rio de Janeiro por volta de 1648, con firma que a principal riqueza era o

Governo que obrigasse as Câmaras a

açúcar.

Suas informações foram reco-

Uúdas por Francisco Adolfo de Varnhagen.

No próprio Norte, estranho às peripé cias das lutas holandesas, fabricava-se

açúcar, que abastecia mercados inter nos. Numa história do açúcar não de vem faltar referências, pelo menos, a

ês.ses pequenos centros de subsistência própria.

A importância do açúcar nas outras capitanias pode mostrar-se quando, por exemplo, se examinam as conseqüén-

fazer as remessas dos encargos da paz

da Holanda e do dote de Inglaterra. A Câmara convocou os cidadãos e pe

econômica da

Mãe Pátria, causavam

falta de navegação suficiente para em barcar os açúcares era causa de impor tância.

Outro aspecto que merece registro nu ma história do açúcar no Brasil e sôbre

cialmente na economia do Rio de Ja-

prejuízos fatais à Colônia.

Por volta de 1680, por exemplo, quan

do se organizou a expedição à Colônia do Sacramento, d. Manoel Lobo, que

. neiro, considerável significação.

Navegando para Angola as suas aguar dentes, os senhores de engenho aprovei

governou o Rio de Janeiro de 1679 a

tavam não só os resíduos do açúcar, de

1680, escrevia ao Rei que na leva que

onde a aguardente era extraída, .como trocavam-na ali por braços para a lavou ra. A aguardente do Rio de Janeiro foi

partia para esta torra nova seguiam car pinteiros das moendas e feitores, o que iria prejudicar os engenhos, uma vez quo estes eram em número de 120 c

só permaneciam vinte peritos naquele ofício na cidade.

o principal instrumento de aquisição do braço escravo para a sua agricultura. Nas lutas que surgiam entre os in

Os mesmos eram

teresses da Companlúa de Comércio, que

presos e levados para a "colonização"

exigia a abolição do fabrico, e òs dos

de Sacramento, o que os afugentava, de modo que "neste mês (a carta é de

29 de maio de 1680), em que todos os engenhos geralmente moiam, o não ficam fazendo senão muito contados".

senhores de engenho, que reclamavam sua fabricação em grande escala, escreve-se um dos mais largos e importan tes trechos da história do açúcar no Brasil.

diu ao Governador a sua assistência em

face da situação miserável por que pas sava o povo, lembrando os vários infor túnios que pesavam sobre o mesmo, en tre os quais se capitulavam a falta de

comércio com Buenos Aires, a tomada

de Angola e a baixa dos açúcares, úni co ramo da subsistência do país. Desde 1651 já ficara acordado que não haveria execução de dívidas sôbre

bens e escravos dos engenhos e lavrado res de cana, nem em suas fábricas, e

Em 1945 foram caçadas no Arquipélago dos Açores 443 baleias, de que se extraíram 1.459 toneladas de óleo, no valor de 5.282 contos e âmbar no valor de

11.000 contos. Esta quantidade /foi superior em quase 4 vêzes às do continente e da Madeira.

O número de barcos utilizados foi de 96 com 222 homens de tripulação. O pessoal adstrito à indústria subiu a 555


63

Digesto EcoNÓ^aco

msfõfta ^coHémteci larp^os, a história da exploração do ferro no Brasil e mostra o mal que nos causou (t política estreita da Constituição de 91 em relação à siderurgia, felizmente cor

rigida pela Constituição de 34, orientada pelas lições de Calógeras.

fjue a dirigiu, o Brasil deu um passo os poetas do Renascimento chamavam

com apreensão "a idade do ferro". Épo ca funesta que os Ronsard e os Du I}el'ay previam sagazmente como arraíadoru e implacável, pois criaria instni-

jneutos de destruição mais fortes que os de construção. Época que êles procla]Qa\'ain.como a sucessora da fu

pro(íessos de bene-

rurgia brasílica.

A realidade é que

seguinte. No declínio do século XVIII, o em-

preço. Era o início da famosa Revolu ção Industrial, de tão fundamental im

portância na História, na Sociologia e na Polítíca modernas.

Enquanto s(í verificava este gr.mdc surto na Europa, no Brasü a fabricaçjão do ferro continuava a sofrer da m«ísma

hesitação, do mesmo atraso, da mesma

ficiamento.

começávamos muito atrasados, em re

falta de organização que tanto depõem

Por isto, e pela falta de técnicos ca pazes, a indústria do ferro se arrastou

lação ã época. Realidade talvez inevitá

contra os nossos governos e que sem

entre nós nos dois primeiros séculos da colonização, com tentativas mofinas, co mo em São Paulo a dos Sardinha, pai

Colônia, mas nem por isto

o filho.

A fábrica de Biraçoiaba, fun

dada por êles com a assistência de

Diogo Laço, em fins do século XVI, pa rece ter acabado antes de 1630, com a morte do então dono, Fran

forno chamado catalão, um dos

io, com suas diversas apresen-

poucos progressos que a Idade

cisco Lopes Pinto. O sistema utilizado era o do

í ações agressivas, tem tão pre-

Média

porderante

participação, não

processos romanos de fabrica

ilesmente a previsão dos poetas (|uinhentistas.

ção do ferro. Era este, ao tem

No próprio século da desco-

quele período. É, portanto, por um simp'es traço da nossa hereditária os tentação verbalista, que os cronistas e histor adores antigos, como Pedro Taques e os padres Vicente do Salvador, Gaspar da Madre de Deus e Antonil, se esmeram em exclamações sobre a side

va de laboriosos

gaz "idade de ouro" dos anti gos. E o desenvolvimento da jK)l(tica mundial, na qual o fer

jieita identificou-se no Brasil o

prêgo do carvão mineral e do vapor tomaram possível a modernização do equipamento das usinas metaliugicas e a grande fabricação do ferro a hauxo

à testa de todo o avanço técnico, na

O ST. Afonso Arincs de Melo Franco sintetiza, em poucas páginas, e em traços

<íecisivo para sua entrada naquilo que

mas e sobretudo desta nova e terrível

reiro da Alemanha ficou naturalmente

por Afonso Arinos de Melo Eranco

as críticas que se façam ao plano

senão na segunda metade da centalria

arma que era o canhão. E o povo guer

O ferro

^OM Volta Redonda, apesar de tôdas

As guerras da Europa contribuíram enormemente para o progresso da side rurgia, por causa da fabricação das ar

tinha

introduzido

nos

po em que se aplicava no Brasil, um processo retrógrado, pois ainda

no

século

XIV

os ale

ler;o, e é o ilustre Anchieta

mães tinham

aperfeiçoado o

quem, numa das suas cartas,

forno

com

catalão

o

deno

tfausníite ao Reino a alviçareira

minado "Stueckofen" e já exis

iiONa. Por mais alviçareira que

tia também, então, a fornalha

ela fô.íse o certo é que as atençÕ<s (Io luso estavam então so licitadas para o ouro e as

feita de um grande cadinho

pedras, cujo valor por assim

contacto do combustível com

dizer instantâneo não precisa

o minério.

vertical, no qual a fundi ção direta era obtida do

pre tanto contribuir.mi para o retardamento du

vel, dada a situação da menos real. O século

nossa economia. XVIII

é

Não estando ainda em

o

da Revolução Industrial.

exploração as imensas ja

Esta fase

zidas da capitania de Mi

histórica

está

ligada à metalurgia e o

nas Gerais, entendeu u

seu reino foi a Inglater ra. No princípio da cen

administração coloniíJ do insistir na fabricação do ferro em Biraçoiaba. E

túria conseguiram os in

gleses um grande pro gresso. metalúrgico, embora servindo-se ainda de meios pouco satisfatórios. Com

em que se dava a grande transformação da siderurgia inglêsa, o fracasso mel.m-

carvão de madeira como cx>mbustível e

cólico das tentativas nacionais.

água para movimentar os mecanismos,

mos os documentos dêste fracasso tornos

chegaram a produzir então perto de

a impressão de estarmos presenciando a

duzentas mil toneladas anuais de ferro. Mas o desflorestamento alarmante e a

episódios mais próximos, quem sab.e se contemporâneos, da nossa evolução eco

insuficiência técnica não permitiram a

nômica.

assistimos ali, nos anos

Ao ler

manutenção de tal ritmo expansionista.

Não havia, é verdade, o combu.stível

Foi assim que no segundo quartel do Embora já se tivesse tentado na In glaterra o uso do carvão de pedra, como combustível para fundição do ferro, des

mineral. Mas havia de sobra o vegetal, e, portanto, a siderurgia poderia ser or ganizada à base da lenha, tal como se dera com tão grandes resultados na Inglaterra. Mas não. Gomeçaram logo a funcio

de o século XVII, não se empre-

nar as comphcadas rodas da bmoixa-

gou êste método em escala industrial

cia. A principio proibiu-se a livrtí ini-

século XVII a sideriurgia inglêsa dimi nuiu consideràvelmente.


63

Digesto EcoNÓ^aco

msfõfta ^coHémteci larp^os, a história da exploração do ferro no Brasil e mostra o mal que nos causou (t política estreita da Constituição de 91 em relação à siderurgia, felizmente cor

rigida pela Constituição de 34, orientada pelas lições de Calógeras.

fjue a dirigiu, o Brasil deu um passo os poetas do Renascimento chamavam

com apreensão "a idade do ferro". Épo ca funesta que os Ronsard e os Du I}el'ay previam sagazmente como arraíadoru e implacável, pois criaria instni-

jneutos de destruição mais fortes que os de construção. Época que êles procla]Qa\'ain.como a sucessora da fu

pro(íessos de bene-

rurgia brasílica.

A realidade é que

seguinte. No declínio do século XVIII, o em-

preço. Era o início da famosa Revolu ção Industrial, de tão fundamental im

portância na História, na Sociologia e na Polítíca modernas.

Enquanto s(í verificava este gr.mdc surto na Europa, no Brasü a fabricaçjão do ferro continuava a sofrer da m«ísma

hesitação, do mesmo atraso, da mesma

ficiamento.

começávamos muito atrasados, em re

falta de organização que tanto depõem

Por isto, e pela falta de técnicos ca pazes, a indústria do ferro se arrastou

lação ã época. Realidade talvez inevitá

contra os nossos governos e que sem

entre nós nos dois primeiros séculos da colonização, com tentativas mofinas, co mo em São Paulo a dos Sardinha, pai

Colônia, mas nem por isto

o filho.

A fábrica de Biraçoiaba, fun

dada por êles com a assistência de

Diogo Laço, em fins do século XVI, pa rece ter acabado antes de 1630, com a morte do então dono, Fran

forno chamado catalão, um dos

io, com suas diversas apresen-

poucos progressos que a Idade

cisco Lopes Pinto. O sistema utilizado era o do

í ações agressivas, tem tão pre-

Média

porderante

participação, não

processos romanos de fabrica

ilesmente a previsão dos poetas (|uinhentistas.

ção do ferro. Era este, ao tem

No próprio século da desco-

quele período. É, portanto, por um simp'es traço da nossa hereditária os tentação verbalista, que os cronistas e histor adores antigos, como Pedro Taques e os padres Vicente do Salvador, Gaspar da Madre de Deus e Antonil, se esmeram em exclamações sobre a side

va de laboriosos

gaz "idade de ouro" dos anti gos. E o desenvolvimento da jK)l(tica mundial, na qual o fer

jieita identificou-se no Brasil o

prêgo do carvão mineral e do vapor tomaram possível a modernização do equipamento das usinas metaliugicas e a grande fabricação do ferro a hauxo

à testa de todo o avanço técnico, na

O ST. Afonso Arincs de Melo Franco sintetiza, em poucas páginas, e em traços

<íecisivo para sua entrada naquilo que

mas e sobretudo desta nova e terrível

reiro da Alemanha ficou naturalmente

por Afonso Arinos de Melo Eranco

as críticas que se façam ao plano

senão na segunda metade da centalria

arma que era o canhão. E o povo guer

O ferro

^OM Volta Redonda, apesar de tôdas

As guerras da Europa contribuíram enormemente para o progresso da side rurgia, por causa da fabricação das ar

tinha

introduzido

nos

po em que se aplicava no Brasil, um processo retrógrado, pois ainda

no

século

XIV

os ale

ler;o, e é o ilustre Anchieta

mães tinham

aperfeiçoado o

quem, numa das suas cartas,

forno

com

catalão

o

deno

tfausníite ao Reino a alviçareira

minado "Stueckofen" e já exis

iiONa. Por mais alviçareira que

tia também, então, a fornalha

ela fô.íse o certo é que as atençÕ<s (Io luso estavam então so licitadas para o ouro e as

feita de um grande cadinho

pedras, cujo valor por assim

contacto do combustível com

dizer instantâneo não precisa

o minério.

vertical, no qual a fundi ção direta era obtida do

pre tanto contribuir.mi para o retardamento du

vel, dada a situação da menos real. O século

nossa economia. XVIII

é

Não estando ainda em

o

da Revolução Industrial.

exploração as imensas ja

Esta fase

zidas da capitania de Mi

histórica

está

ligada à metalurgia e o

nas Gerais, entendeu u

seu reino foi a Inglater ra. No princípio da cen

administração coloniíJ do insistir na fabricação do ferro em Biraçoiaba. E

túria conseguiram os in

gleses um grande pro gresso. metalúrgico, embora servindo-se ainda de meios pouco satisfatórios. Com

em que se dava a grande transformação da siderurgia inglêsa, o fracasso mel.m-

carvão de madeira como cx>mbustível e

cólico das tentativas nacionais.

água para movimentar os mecanismos,

mos os documentos dêste fracasso tornos

chegaram a produzir então perto de

a impressão de estarmos presenciando a

duzentas mil toneladas anuais de ferro. Mas o desflorestamento alarmante e a

episódios mais próximos, quem sab.e se contemporâneos, da nossa evolução eco

insuficiência técnica não permitiram a

nômica.

assistimos ali, nos anos

Ao ler

manutenção de tal ritmo expansionista.

Não havia, é verdade, o combu.stível

Foi assim que no segundo quartel do Embora já se tivesse tentado na In glaterra o uso do carvão de pedra, como combustível para fundição do ferro, des

mineral. Mas havia de sobra o vegetal, e, portanto, a siderurgia poderia ser or ganizada à base da lenha, tal como se dera com tão grandes resultados na Inglaterra. Mas não. Gomeçaram logo a funcio

de o século XVII, não se empre-

nar as comphcadas rodas da bmoixa-

gou êste método em escala industrial

cia. A principio proibiu-se a livrtí ini-

século XVII a sideriurgia inglêsa dimi nuiu consideràvelmente.


Digesto

64

Eco^•ó^nco

thcESTO Econômico

A política insensata da Constituição

65

mente ligada, nos seus aspectos ne gativos. às contingências da formação

ciativa, graças a mn privilégio concedi

filho c do Barão Eschwcge, sobre o

do a certo indivíduo, com pesadas penas

qual tanto se tem escrito, inclusive o

àqueles.que o transgredissem. E, como quase sempre, o monopólio trouxe o

livro de Friedrich Sommer.

Os três vultos da siderurgia brasileira

sub-solo, veio dificu'tar ainda mais o

Não de\'emos tomar tão dolorosos fa

desleixo, a lerdeza, o desperdício. De

tiveram suas qualidades e defeitos, têm os seus apologistas e detratores, inclusive êles próprios, que andaram brigando. Mas pouco nos interessam aqui os as pectos pessoais. A verdade é que, ain da que aceitemos que muito sc esfor

desenvolvimento da siderurgia. Proprie tários dc vastas áreas de superfície na

tos como motivo de desânimo, mas sem

^na do ferro impediam a exploração das minas do sub-solo. Inutilmente ho-

para o futuro. A atitude estéril de tudo negar e nada fazer para corrigir os er ros é semelhante, pelos prejuízos que

pois tivemos a habitual incompetência dos supostos técnicos, as experiências su cessivas e inacabadas, as construções mal

planejadas, os dispêndios inúteis. Final mente, para coroar, a costumeira exas

peração nacionalista, tendo-se proibido a participação de um inglês na socieda

fizeram de importante em comparação

de, um inglês que seria provavelmente

com o que então se fazia no mundo,

o único que entendia do riscado. Mas

mesmo tomando cm. conta as nossas de

çaram, devemos reconhecer que nada

afírmava-se, — como então ainda hoje

ficiências de combustível mineral.

se faz! — que o bicho da estranja só

adjetivos não escondem o fracasso eco

vinha aqui para prejudicar as nossas

nômico, senão técnico das tentativas.

cintilantes iniciativas. Fora com êle. Fi camos então com elas, isto é, com as

assunto ao qual, aliás, ja dediquei uma

nossas iniciativas, o que quer dizer que

destas crônicas do "Digesto".

ficamos sem ferro.

Não se conseguiu estabelecer a grande siderurgia de carvão de madeira, tal

Findava-se, assim, o século XVIII e o metal da vida moderna continuava

enriquecendo os nossos morros. Chegava o Brasil-Reino e com êle os esforços de d. João VI para desenvol

ver a siderurgia, atividade econômica que, no espírito empreendedor de al guns dos seus ministros, se afigurava capaz de substituir a mineração do ouro

Não

Os

me demorarei sobre tão penoso

1891, estabelecendo o regime da

^Cessão para a propriedade do solo e do

oicns de valor, conhecedores do assunto,

como Calógeras ou Furtado de Mene ses, denunciavam este estado de coisas, que sòmente a Constituição de 1934 iria

remediar. Vem depois Volta Redonda.

Mas isto já não é História, ou melhor, c outra história, como se diz.

Aí temos, em breve e fiel resumo, o

9^e tem sido a História da exploração

do ferro em nosso país, profunda-

nacional.

pre como advertências e ensinamentos

traz, à atitude oposta de tudo exaltar por palavras sem nada valorizar por atos e decisões. É ôste o mal profundo da nossa psicologia social. Entre exalta ções e invectivas passamos a vida falan do sem agir. Que se permita êste de sabafo a um homem que tem dedicado

a maior parte das suas horas a estudar o Brasil e os seus problemas.

como tinha existido na Europa. Mas, das tentativas frustras, se aproveitou pelo

menos alguma experiência, difundida em todo o século XIX na província de

Minas, através de pequenas usinas pri mitivas.

A maquinaria era a mais tosca-, a mão de obra (escrava) a mais ignara. Com

No exposição de ttwHvos que acompanha o ante-projeto de reforma bancá^*<1, ora em estudos na Câmara Federal, o ministro da Fazenda afirma que a opor

tunidade da instalação de novas indústrias será decidida pelo Conselho Monetário, submeterá a exame de técnicos de confiança os respectivos planos, não só

^ relação à parte econômica como ainda d parte técnica. Vara fàcãitar a ins

moribunda.

tais elementos materiais e humanos não

talação, o Banco de Investimentos do Brasil, a ser criado, subscreverá ações ou

Já neste período o problema da side rurgia estava tècnicamente resolvido, sob o ponto de vista industrial. A Inglater ra produzia anualmente mais de 350.000

SC podia construir algo de sério cni as sunto que exigia aparelbamento delica

dehêntures de nova emprêsa e as traiisfeiirá, oportunamente, a terceiros, se não

toneladas de ferro, os Estados Unidos,

catalães e os cadinhos, estes provavel

que despontavam na História Econômica . do mupdo, já fabricavam acima de

mente trazidos pelos próprios escravos da África. Em fins do século XIX ha

100.000, bem mais do que a Ale manha que não chegava às 90.000.

nos estabelecimentos dêste tipo, fabrican

idênticas, conforme as disposições legais e nos limites dessas. Ê possível que no

do o ferro necessário ao uso de peças

futuro as operações tomem extraordinário vulto, transformando-se em apreciável fonte de recursos para o financiamento da instalação de novas indústrias, possi-

Esta é a fase mais estudada da Histó

ria da nossa siderurgia. É a fase herói ca do Intendente Câmara, biografado

por Marcos Mendonça, do primeiro Vamhagen, enaltecido pelo seu ilustre

do 8 trabalho altamente especializado.

O que funcionava eram ainda os foroos

veria em Minas um centena de peque

mais grosseiras. E isto numa época em

que a Inglaterra e os Estados Unidos se aproximavam, cada qual, da produção anual de dez milhões de toneladas.

julgar vreferível lançar os títulos diretamente à subscrição pública. Os recursos necessários serão provenientes dos depósitos voluntários de terceiros e do recolhi

mento obrigatório dos depósitos judiciais que, em virtude de lei, são recolhidos ao Banco do Brasil.

O Baiico de Investimentos poderá aitida incumbir-se da admi

nistração de bens, como depositário ou mandatário, inclusive dos serviços pró

prios das sociedades de proteção ou confiança, denominados "trust companies" na Grã-Bretanha e nos E.U.A., para a administração de patrimônio e fortunas, em benefício de direitos e interêsses de menores, viuvas, fuiulações e instituições

■ bilitando o aproveitamento de matérias primos nacionais, desde que se reconheça

como viável a manutenção e desenvolvimento delas, de forma econômica, não

■ obstante a concorrência estrangeira.


Digesto

64

Eco^•ó^nco

thcESTO Econômico

A política insensata da Constituição

65

mente ligada, nos seus aspectos ne gativos. às contingências da formação

ciativa, graças a mn privilégio concedi

filho c do Barão Eschwcge, sobre o

do a certo indivíduo, com pesadas penas

qual tanto se tem escrito, inclusive o

àqueles.que o transgredissem. E, como quase sempre, o monopólio trouxe o

livro de Friedrich Sommer.

Os três vultos da siderurgia brasileira

sub-solo, veio dificu'tar ainda mais o

Não de\'emos tomar tão dolorosos fa

desleixo, a lerdeza, o desperdício. De

tiveram suas qualidades e defeitos, têm os seus apologistas e detratores, inclusive êles próprios, que andaram brigando. Mas pouco nos interessam aqui os as pectos pessoais. A verdade é que, ain da que aceitemos que muito sc esfor

desenvolvimento da siderurgia. Proprie tários dc vastas áreas de superfície na

tos como motivo de desânimo, mas sem

^na do ferro impediam a exploração das minas do sub-solo. Inutilmente ho-

para o futuro. A atitude estéril de tudo negar e nada fazer para corrigir os er ros é semelhante, pelos prejuízos que

pois tivemos a habitual incompetência dos supostos técnicos, as experiências su cessivas e inacabadas, as construções mal

planejadas, os dispêndios inúteis. Final mente, para coroar, a costumeira exas

peração nacionalista, tendo-se proibido a participação de um inglês na socieda

fizeram de importante em comparação

de, um inglês que seria provavelmente

com o que então se fazia no mundo,

o único que entendia do riscado. Mas

mesmo tomando cm. conta as nossas de

çaram, devemos reconhecer que nada

afírmava-se, — como então ainda hoje

ficiências de combustível mineral.

se faz! — que o bicho da estranja só

adjetivos não escondem o fracasso eco

vinha aqui para prejudicar as nossas

nômico, senão técnico das tentativas.

cintilantes iniciativas. Fora com êle. Fi camos então com elas, isto é, com as

assunto ao qual, aliás, ja dediquei uma

nossas iniciativas, o que quer dizer que

destas crônicas do "Digesto".

ficamos sem ferro.

Não se conseguiu estabelecer a grande siderurgia de carvão de madeira, tal

Findava-se, assim, o século XVIII e o metal da vida moderna continuava

enriquecendo os nossos morros. Chegava o Brasil-Reino e com êle os esforços de d. João VI para desenvol

ver a siderurgia, atividade econômica que, no espírito empreendedor de al guns dos seus ministros, se afigurava capaz de substituir a mineração do ouro

Não

Os

me demorarei sobre tão penoso

1891, estabelecendo o regime da

^Cessão para a propriedade do solo e do

oicns de valor, conhecedores do assunto,

como Calógeras ou Furtado de Mene ses, denunciavam este estado de coisas, que sòmente a Constituição de 1934 iria

remediar. Vem depois Volta Redonda.

Mas isto já não é História, ou melhor, c outra história, como se diz.

Aí temos, em breve e fiel resumo, o

9^e tem sido a História da exploração

do ferro em nosso país, profunda-

nacional.

pre como advertências e ensinamentos

traz, à atitude oposta de tudo exaltar por palavras sem nada valorizar por atos e decisões. É ôste o mal profundo da nossa psicologia social. Entre exalta ções e invectivas passamos a vida falan do sem agir. Que se permita êste de sabafo a um homem que tem dedicado

a maior parte das suas horas a estudar o Brasil e os seus problemas.

como tinha existido na Europa. Mas, das tentativas frustras, se aproveitou pelo

menos alguma experiência, difundida em todo o século XIX na província de

Minas, através de pequenas usinas pri mitivas.

A maquinaria era a mais tosca-, a mão de obra (escrava) a mais ignara. Com

No exposição de ttwHvos que acompanha o ante-projeto de reforma bancá^*<1, ora em estudos na Câmara Federal, o ministro da Fazenda afirma que a opor

tunidade da instalação de novas indústrias será decidida pelo Conselho Monetário, submeterá a exame de técnicos de confiança os respectivos planos, não só

^ relação à parte econômica como ainda d parte técnica. Vara fàcãitar a ins

moribunda.

tais elementos materiais e humanos não

talação, o Banco de Investimentos do Brasil, a ser criado, subscreverá ações ou

Já neste período o problema da side rurgia estava tècnicamente resolvido, sob o ponto de vista industrial. A Inglater ra produzia anualmente mais de 350.000

SC podia construir algo de sério cni as sunto que exigia aparelbamento delica

dehêntures de nova emprêsa e as traiisfeiirá, oportunamente, a terceiros, se não

toneladas de ferro, os Estados Unidos,

catalães e os cadinhos, estes provavel

que despontavam na História Econômica . do mupdo, já fabricavam acima de

mente trazidos pelos próprios escravos da África. Em fins do século XIX ha

100.000, bem mais do que a Ale manha que não chegava às 90.000.

nos estabelecimentos dêste tipo, fabrican

idênticas, conforme as disposições legais e nos limites dessas. Ê possível que no

do o ferro necessário ao uso de peças

futuro as operações tomem extraordinário vulto, transformando-se em apreciável fonte de recursos para o financiamento da instalação de novas indústrias, possi-

Esta é a fase mais estudada da Histó

ria da nossa siderurgia. É a fase herói ca do Intendente Câmara, biografado

por Marcos Mendonça, do primeiro Vamhagen, enaltecido pelo seu ilustre

do 8 trabalho altamente especializado.

O que funcionava eram ainda os foroos

veria em Minas um centena de peque

mais grosseiras. E isto numa época em

que a Inglaterra e os Estados Unidos se aproximavam, cada qual, da produção anual de dez milhões de toneladas.

julgar vreferível lançar os títulos diretamente à subscrição pública. Os recursos necessários serão provenientes dos depósitos voluntários de terceiros e do recolhi

mento obrigatório dos depósitos judiciais que, em virtude de lei, são recolhidos ao Banco do Brasil.

O Baiico de Investimentos poderá aitida incumbir-se da admi

nistração de bens, como depositário ou mandatário, inclusive dos serviços pró

prios das sociedades de proteção ou confiança, denominados "trust companies" na Grã-Bretanha e nos E.U.A., para a administração de patrimônio e fortunas, em benefício de direitos e interêsses de menores, viuvas, fuiulações e instituições

■ bilitando o aproveitamento de matérias primos nacionais, desde que se reconheça

como viável a manutenção e desenvolvimento delas, de forma econômica, não

■ obstante a concorrência estrangeira.


67

Dígesto Econômico

Não existia reciprocidade nas estipula-

ünjc^lÀÃJtA. e c{t tAÁ^íco. por Otávio Tauquínio de Sousa O sr. Otávio Tarquínio de Sousa mostra neste interessante e erudito

artigo o papel que os grandes traficantes de negros conluiados com os proprietários rurais tiveram na proscriçõo do grande brasileiro que foi Jose Bonifácio.

jyos últimos anos do século XVIII os

que aqui se estabeleceu, como que se

inglêses ainda dominavam mais de

instalou outro poder, aquele que em

metade do comércio de escravos.

Ti-

ranizar negros, transportá-los na promis cuidade de imundas embarcações, ven

dê-los para serem submetidos a ignóbil

franca e.xpansão de sua economia capi talista dominava os mares e disputava a

primazia no comércio mundial. A In

a única expressão organizada do traba

glaterra atuava no mundo inteiro a ser viço de sua indústria já florescente e do seu "corpo mercantil" a cuja "ditadura" era justamente acusada de dobrar-se. As grandes medidas tomadas de início pelo príncipe regente, dentre as quais nenhu

lho. No começo do século XIX, entre

ma excedeu de alcance a abertura dos

cativeiro não arripiava os melindres des ses e outros povos cristãos. Para o Bra

sil cedo afluiram os negros e, mãos e

pés dos seus senhores, eram a bem dizer tanto, tendo abolido (1807) o tráfico de escravos nas suas

portos, aproveitaram principal mente aos inglêses. E estes

colônias, passaram os inglêses

não demoraram a consolidar

a mover-lhe por toda a parte .uma guerra tenaz, alternando com as imposições mal disfar

seqüência de atos de naturèza geral, forçando a celebração

çadas dos tratados diplomáti

de dois tratados, um de ami

cos a ação direta nos mares

zade e aliança, outro de co

pelo apresamento dos navios

mércio e navegação.

negreiros. Base de todas as atividades econômi

cas do Brasil colonial, a escravidão, ali

mentada pelo tráfico, iria constituir o mais difícil problema a ser resolvido por ocasião da Independência. Intervindo nele, chegando a querer ditar-Uie solu ção imediata, o govêmo britânico dila tou a tutela exercida havia tanto tempo

sobre Portugal ao novo país que se fun dava na América. Os primeiros tempos

da estada de D. João no Brasil foram de influência inglêsa exclusiva e indisfarçável. Ao lado do poder do govêmo

as vantagens obtidas em con

Não interessa aqui analisar com minúcia os tratados de 1810, que lorde Strangford negociou num espírito

de quem se dispusera a arrancar do mais fraco o máximo possível. Ficava o

Brasil, como já fôra e continuaria a ser

Portugal, outra "vinha do Inglês". Ape nas assinados os tratados, não faltou

quem Uies apontasse os excessos a favor da Inglaterra. Hipólito da Costa, por exemplo, de Londres, pelo "Corréip Brasiliense", discerniu o que havia dê in conveniente e nocivo nos pactos extor-

quidos ao govêmo do Rio de' Janeiro.

Conservador da Nação Inglesa", muito

antiga em Portugal e aqui criada desde

ções firmadas; alguns gêneros brasileiros, como o açúcar e o café, que concorriam

4 de maio de 1808, da\'a origem às mais

com as produções das colônias inglesas,

fundadas susceptibilidades. Era um Es

SC viam automaticamente e.xcluídos do

tado no Estado. Além disso, os prejuí

mercado britânico; a Inglaterra obtinha uma tarifa preferencial de 15% para as suas mercadorias, enquanto que as de

zos causados aos comerciantes portugue

ses pela concorrência esmagadora dos inglêses, suscitavam ódios e ressentimen

Portugal ou transportadas em navios por

tos. À conta do comércio português no

tugueses paga\'am 16% c as de outros

Brasil e na metrópole deveria correr em

países, vindas em barcos estrangeiros,

grande parte a campanha hostil aos bri

estavam sujeitas â taxação de 24% "ad

tânicos. O conceito de um grande ar mador 8 negociante luse — "são uma

valorem".

No tratado de amizade e

aliança dava-se à Inglaterra o privilé gio de cortar madeiras para a constru ção do seus navios de guerra, nos bos

aranha por tôda a parte; qualquer na

ção de\'e temer mais um escritório in

ques, florestas e matas do Brasil, e ain

glês do que todas as peças de artilharia inglesas" — refletia a posição de quase

da a permissão de construir, prover e re

todos os comerciantes portugueses da

parar os mesmos navios nos portos e

época.

baías brasileiros. Sem dúvida houve incontestáveis van

do comércio brasileiro, outro motivo de

tagens para os habitantes do Brasil com

Malquistos porque se assenhorearam

malquerença ad\ària para os inglêses de

a importação dc produtos britânicos, e

sua política contrária ao tráfico de es

alguns dos hábitos e estilos de vida ado

cravos. Invocavam os britânicos motivos

tados ao contágio da nova influência

os mais nobres e desinteressados em

lhe devem ser levados a crédito.

apoio da atitude que assumiam. Henry Koster, o ing'ês tão simpático que viveu em Pernambuco, viajou pelo nordeste e

Tho-

mas Sunter, ministro dos Estados Unidos junto à côrte do Rio, acabou por con siderar os tratados de 1810 benéficos aos

nossos interesses, uma vez que os portos brasileiros foram inundados de merca dorias britânicas vendidas muito barato

escreveu "Traveis in Brazü", alude "às

fontes puras que fizeram nascer o zêlo pela proibição do tráfico", entoando um hino a Clarkson e Wilberforce, apósto

e os nossos produtos alcançavam preços mais elevados do que devia permitir a

los abnegados da grande causa. Reco

tarifa em vigor. Dada a tendência para

e outros anti-escra\àstas britânicos, a opi

a baixa, dominante nos centros fabris

da Inglaterra, e marcando a pauta de importação taxas f xas para certos pro

dutos cujos preços variavam, havia arti gos que em vez de 15% pagavam efeti

nhecendo ou não a generosidade desses nião corrente no Brasil dava pequeno

crédito a móveis angelicais na política

inglêsa e o que em geral se dizia era que a Grã Bretanha combatia o tráfico em vista da concorrência dos países onde

vamente 25 e 30%.

o trabalho escravo, mais barato, deixava

Mas o certo é que os inglêses passa ram a ser malquistos e a sua impopu laridade só fez crescer. A justiça espe

em situação de inferioridade o dç suas

cial e privativa personificada no "Juiz

de 1810 se introduzira cláusula relativa

colônias.

Já no tratado de amizade e aliança


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Dígesto Econômico

Não existia reciprocidade nas estipula-

ünjc^lÀÃJtA. e c{t tAÁ^íco. por Otávio Tauquínio de Sousa O sr. Otávio Tarquínio de Sousa mostra neste interessante e erudito

artigo o papel que os grandes traficantes de negros conluiados com os proprietários rurais tiveram na proscriçõo do grande brasileiro que foi Jose Bonifácio.

jyos últimos anos do século XVIII os

que aqui se estabeleceu, como que se

inglêses ainda dominavam mais de

instalou outro poder, aquele que em

metade do comércio de escravos.

Ti-

ranizar negros, transportá-los na promis cuidade de imundas embarcações, ven

dê-los para serem submetidos a ignóbil

franca e.xpansão de sua economia capi talista dominava os mares e disputava a

primazia no comércio mundial. A In

a única expressão organizada do traba

glaterra atuava no mundo inteiro a ser viço de sua indústria já florescente e do seu "corpo mercantil" a cuja "ditadura" era justamente acusada de dobrar-se. As grandes medidas tomadas de início pelo príncipe regente, dentre as quais nenhu

lho. No começo do século XIX, entre

ma excedeu de alcance a abertura dos

cativeiro não arripiava os melindres des ses e outros povos cristãos. Para o Bra

sil cedo afluiram os negros e, mãos e

pés dos seus senhores, eram a bem dizer tanto, tendo abolido (1807) o tráfico de escravos nas suas

portos, aproveitaram principal mente aos inglêses. E estes

colônias, passaram os inglêses

não demoraram a consolidar

a mover-lhe por toda a parte .uma guerra tenaz, alternando com as imposições mal disfar

seqüência de atos de naturèza geral, forçando a celebração

çadas dos tratados diplomáti

de dois tratados, um de ami

cos a ação direta nos mares

zade e aliança, outro de co

pelo apresamento dos navios

mércio e navegação.

negreiros. Base de todas as atividades econômi

cas do Brasil colonial, a escravidão, ali

mentada pelo tráfico, iria constituir o mais difícil problema a ser resolvido por ocasião da Independência. Intervindo nele, chegando a querer ditar-Uie solu ção imediata, o govêmo britânico dila tou a tutela exercida havia tanto tempo

sobre Portugal ao novo país que se fun dava na América. Os primeiros tempos

da estada de D. João no Brasil foram de influência inglêsa exclusiva e indisfarçável. Ao lado do poder do govêmo

as vantagens obtidas em con

Não interessa aqui analisar com minúcia os tratados de 1810, que lorde Strangford negociou num espírito

de quem se dispusera a arrancar do mais fraco o máximo possível. Ficava o

Brasil, como já fôra e continuaria a ser

Portugal, outra "vinha do Inglês". Ape nas assinados os tratados, não faltou

quem Uies apontasse os excessos a favor da Inglaterra. Hipólito da Costa, por exemplo, de Londres, pelo "Corréip Brasiliense", discerniu o que havia dê in conveniente e nocivo nos pactos extor-

quidos ao govêmo do Rio de' Janeiro.

Conservador da Nação Inglesa", muito

antiga em Portugal e aqui criada desde

ções firmadas; alguns gêneros brasileiros, como o açúcar e o café, que concorriam

4 de maio de 1808, da\'a origem às mais

com as produções das colônias inglesas,

fundadas susceptibilidades. Era um Es

SC viam automaticamente e.xcluídos do

tado no Estado. Além disso, os prejuí

mercado britânico; a Inglaterra obtinha uma tarifa preferencial de 15% para as suas mercadorias, enquanto que as de

zos causados aos comerciantes portugue

ses pela concorrência esmagadora dos inglêses, suscitavam ódios e ressentimen

Portugal ou transportadas em navios por

tos. À conta do comércio português no

tugueses paga\'am 16% c as de outros

Brasil e na metrópole deveria correr em

países, vindas em barcos estrangeiros,

grande parte a campanha hostil aos bri

estavam sujeitas â taxação de 24% "ad

tânicos. O conceito de um grande ar mador 8 negociante luse — "são uma

valorem".

No tratado de amizade e

aliança dava-se à Inglaterra o privilé gio de cortar madeiras para a constru ção do seus navios de guerra, nos bos

aranha por tôda a parte; qualquer na

ção de\'e temer mais um escritório in

ques, florestas e matas do Brasil, e ain

glês do que todas as peças de artilharia inglesas" — refletia a posição de quase

da a permissão de construir, prover e re

todos os comerciantes portugueses da

parar os mesmos navios nos portos e

época.

baías brasileiros. Sem dúvida houve incontestáveis van

do comércio brasileiro, outro motivo de

tagens para os habitantes do Brasil com

Malquistos porque se assenhorearam

malquerença ad\ària para os inglêses de

a importação dc produtos britânicos, e

sua política contrária ao tráfico de es

alguns dos hábitos e estilos de vida ado

cravos. Invocavam os britânicos motivos

tados ao contágio da nova influência

os mais nobres e desinteressados em

lhe devem ser levados a crédito.

apoio da atitude que assumiam. Henry Koster, o ing'ês tão simpático que viveu em Pernambuco, viajou pelo nordeste e

Tho-

mas Sunter, ministro dos Estados Unidos junto à côrte do Rio, acabou por con siderar os tratados de 1810 benéficos aos

nossos interesses, uma vez que os portos brasileiros foram inundados de merca dorias britânicas vendidas muito barato

escreveu "Traveis in Brazü", alude "às

fontes puras que fizeram nascer o zêlo pela proibição do tráfico", entoando um hino a Clarkson e Wilberforce, apósto

e os nossos produtos alcançavam preços mais elevados do que devia permitir a

los abnegados da grande causa. Reco

tarifa em vigor. Dada a tendência para

e outros anti-escra\àstas britânicos, a opi

a baixa, dominante nos centros fabris

da Inglaterra, e marcando a pauta de importação taxas f xas para certos pro

dutos cujos preços variavam, havia arti gos que em vez de 15% pagavam efeti

nhecendo ou não a generosidade desses nião corrente no Brasil dava pequeno

crédito a móveis angelicais na política

inglêsa e o que em geral se dizia era que a Grã Bretanha combatia o tráfico em vista da concorrência dos países onde

vamente 25 e 30%.

o trabalho escravo, mais barato, deixava

Mas o certo é que os inglêses passa ram a ser malquistos e a sua impopu laridade só fez crescer. A justiça espe

em situação de inferioridade o dç suas

cial e privativa personificada no "Juiz

de 1810 se introduzira cláusula relativa

colônias.

Já no tratado de amizade e aliança


68

Dicesto Econômico

69

Dicesto Econômico

ao tráfico: "uma abolição gradual do trá

esclarecidos cedo se convenceram da ne

Brasil".

fico de escravos é prometida por parte do regente de Portugal e os limites do

cessidade da abolição do tráfico e da

mesmo tráfico, ao longo da costa d'Áfri

geral acreditava que sem o negro escra

lhor caminho para lograr (o reconheci mento do novo Império) é a declara ção por parte do Brasil de que renun

ca, serão determinados".

vo, a economia brasileira, exclusivamente

cia ao comércio dc escravos".

agrária, entraria em colapso. Os pro prietários rurais em favor de cujos inte resses se processava acima de tudo a emancipação política brasileira' eram

dias antes, a 10 dc fevereiro de 1823,

Ficou enten

dido que os traficantes portugueses só poderiam realizar o seu infame comér cio nos territórios africanos sob o domí

nio de Portugal; mas, como êstes eram mais que suficientes para suprir as ne cessidades do mercado brasileiro de es cravos, o tráfico prosseguiu. Acontece

porém que o artigo 10 do tratado de amizade dava ao govêmo britânico uma

base para iniciar a sua guerra infatigável ao tráfico de negros; e não tardou a perseguição em alto mar dos navios ne-

^oiros, sem maior investigação acêrca de sua procedência — se das zonas onde ainda se tolerava o comércio de escra vos, ou de outras. Reclamações sur giram sem que a polícia marítima dos

inglêses esmorecesse nem que .os trafi cantes se intimidassem.

Em Viena

quando se buscou reordenar a Emopa post-napoleônica, obtiveram os inglêses a abolição do tráfico ao norte do equa

extinção do trabalho servil, a opinião

franca ou disfarçadamente, conforme as

ocasiões, partidárias da manutenção do tráfico. De outro lado, o comércio de escravos africanos envolvia excelente ne

gócio de que não queriam abrir mão os beneficiários imediatos. E, por último, paradoxalmente, a própria Inglaterra es timulava de maneira indireta o tráfico, já que relegava o Brasil, com as tarifas que lhe impusera, ao papel de produtor de artigos coloniais e de mercado para as manufaturas inglesas.

Quando a independência brasileira se consumou, os inglêses multiplicaram es forços para fazer da cessação do tráfico o eixo das negociações conducentes ao seu reconhecimento. Embora procuran

do resguardar os melíndres da monar

dor, abrangidas desta maneira possessões portugueses da África das que mais

quia portuguesa — e nesse terreno não era difícil encontrar a fórmula que afi

províam o comércio escravista. Em 1817

nal prevaleceu — a grande questão para a Inglaterra era o tráfico. Sobram as

conseguiram os inglêses nova convenção vivificando a de 1815, e outorgando-Ihes por quinze anos, a contar da extinção

provas documentais em tal sentido. A correspondência entre Canning e os

completa do tráfico, que Portugal se obrigava a decretar o mais depressa pos

agentes britânicos acreditados no Brasil

sível, o direito de visita em alto mar a navios suspeitos. Eram vitórias sôbre vitórias, mas o

não deixa dúvida a respeito.

Ainda na mesma nota: "o me

Poucos

José Bonifácio dissera, no Rio, a Cham

berlain, que o seu maior desejo era a abolição o mais depressa possível não só do tráfico como da própria escravi dão. Em nota de 2 de abril seguinte, Chamberlain transmitia nova conversa

dista de tão larga ^'isão. Segimdo o testemunho de um amigo dos Andradas, teve parte destacada na empresa Fer nando Carneiro Leão, um dos homens

mais poderosos no tempo pela riqueza o influência de família. Tocou a José

Bonifácio um longo exílio, embora tran sigisse em que o tráfico durasse ainda de dois a seis anos e a abolição da es

cravidão se processasse paulatinamente. Traficantes e fazendeiros nem a isso

aquiesciam: tráfico e escra\âdão consti

que tivera com José Bonifácio, na qual

tuíam o cerne de seus interesses. Can

o ministro dos Estrangeiros do Brasil

Constituinte a inaugurar-se um pro]'eto

ning afimiara, em memorandum para o Gabinete Britânico, que não existia pers pectiva de salvação para as colônias da índias Ocidentais sem a abolição geral do comércio de escravos e que tal só

sôbre o assunto. O plano tão conheci

se conseguiria extinguindo o tráfico para

do de José Bonifácio não admite que se duvide da sinceridade de suas palavTas. Mas ele não ignorava os obstáculos que se lhe oporiam para levar a cabo o que

o Brasil. A resistência oposta pelq Go

lhe reiterara o horror que nutria ao trá fico e o propósito em que estava de submeter sem demora à

Assembléia

tanto almejava.

vêmo Brasileiro venceu no momento a

tenaz disposição da Inglaterra: nossa independência foi reconhecida sem a cessação do tráfico. Tratados e leis su

Crases políticas da maior gravidade

cederam-se em vão e só depois de atri

acarretaram a queda de José Bonifácio

tos e humilhações de tôda a sorte ter

do govêmo. Os grandes traficantes de

minou o tráfico na década de 1850,

negros conluiados com os proprietários

perdurando a escra\'idão até quase o

rurais prepararam a proscrição do esta

fim do século XIX.

I

Bastaria

mencionar a nota secreta de 15 de fe

vereiro de 1823, de Carming a Henry Chamberlain: "Que o govêmo brasilei

"Sir" Miles Thomas, vice-presidente da Organização Nuffield, de Londres, annncioti que durante os primeiros 4 meses ,do corrente ano aquela entidade expor tara 658 veículos para a Argentina, batendo todos os recordes de comércio da companhia com aquêle país. Essa exportação foi quatro vêzes maior que a do

laria definitivamente nos primeiros anos

ro nos comunique sua renúncia (ao trá fico africano) e o sr. Andrada pode

da segunda metade do século XIX. Por

estar seguro de que essa só e única

uma fatalidade do seu desenvolvimento

condição decidirá a vontade deste país

histórico, o Brasil ficara vinculado mais

(a Inglaterra) e facilitará enormemente

maior preferência na entrega aos mercados estrangeiros, porque compreendiam a ur gente necessidade de a Inglaterra obter carnbiais com as quais precisa adquirir ali

do que qualquer outro país à horripilan

o estabelecimento da amizade e de cor

mentos.

te instituição. Se os seus homens mais

diais relações entre a Grã Bretanha o o

inimigo tinha fôlego longo e só capitu

mesmo período de 1946 Os fabricantes britânicos de automóveis — disse "Sir" Thomas — reservam

apenas 50% de sua produção para os mercados do exterior, mas também outorgam

A organização Nuffield fabrica automóveis "Morris" e motores marítimos.


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Dicesto Econômico

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Dicesto Econômico

ao tráfico: "uma abolição gradual do trá

esclarecidos cedo se convenceram da ne

Brasil".

fico de escravos é prometida por parte do regente de Portugal e os limites do

cessidade da abolição do tráfico e da

mesmo tráfico, ao longo da costa d'Áfri

geral acreditava que sem o negro escra

lhor caminho para lograr (o reconheci mento do novo Império) é a declara ção por parte do Brasil de que renun

ca, serão determinados".

vo, a economia brasileira, exclusivamente

cia ao comércio dc escravos".

agrária, entraria em colapso. Os pro prietários rurais em favor de cujos inte resses se processava acima de tudo a emancipação política brasileira' eram

dias antes, a 10 dc fevereiro de 1823,

Ficou enten

dido que os traficantes portugueses só poderiam realizar o seu infame comér cio nos territórios africanos sob o domí

nio de Portugal; mas, como êstes eram mais que suficientes para suprir as ne cessidades do mercado brasileiro de es cravos, o tráfico prosseguiu. Acontece

porém que o artigo 10 do tratado de amizade dava ao govêmo britânico uma

base para iniciar a sua guerra infatigável ao tráfico de negros; e não tardou a perseguição em alto mar dos navios ne-

^oiros, sem maior investigação acêrca de sua procedência — se das zonas onde ainda se tolerava o comércio de escra vos, ou de outras. Reclamações sur giram sem que a polícia marítima dos

inglêses esmorecesse nem que .os trafi cantes se intimidassem.

Em Viena

quando se buscou reordenar a Emopa post-napoleônica, obtiveram os inglêses a abolição do tráfico ao norte do equa

extinção do trabalho servil, a opinião

franca ou disfarçadamente, conforme as

ocasiões, partidárias da manutenção do tráfico. De outro lado, o comércio de escravos africanos envolvia excelente ne

gócio de que não queriam abrir mão os beneficiários imediatos. E, por último, paradoxalmente, a própria Inglaterra es timulava de maneira indireta o tráfico, já que relegava o Brasil, com as tarifas que lhe impusera, ao papel de produtor de artigos coloniais e de mercado para as manufaturas inglesas.

Quando a independência brasileira se consumou, os inglêses multiplicaram es forços para fazer da cessação do tráfico o eixo das negociações conducentes ao seu reconhecimento. Embora procuran

do resguardar os melíndres da monar

dor, abrangidas desta maneira possessões portugueses da África das que mais

quia portuguesa — e nesse terreno não era difícil encontrar a fórmula que afi

províam o comércio escravista. Em 1817

nal prevaleceu — a grande questão para a Inglaterra era o tráfico. Sobram as

conseguiram os inglêses nova convenção vivificando a de 1815, e outorgando-Ihes por quinze anos, a contar da extinção

provas documentais em tal sentido. A correspondência entre Canning e os

completa do tráfico, que Portugal se obrigava a decretar o mais depressa pos

agentes britânicos acreditados no Brasil

sível, o direito de visita em alto mar a navios suspeitos. Eram vitórias sôbre vitórias, mas o

não deixa dúvida a respeito.

Ainda na mesma nota: "o me

Poucos

José Bonifácio dissera, no Rio, a Cham

berlain, que o seu maior desejo era a abolição o mais depressa possível não só do tráfico como da própria escravi dão. Em nota de 2 de abril seguinte, Chamberlain transmitia nova conversa

dista de tão larga ^'isão. Segimdo o testemunho de um amigo dos Andradas, teve parte destacada na empresa Fer nando Carneiro Leão, um dos homens

mais poderosos no tempo pela riqueza o influência de família. Tocou a José

Bonifácio um longo exílio, embora tran sigisse em que o tráfico durasse ainda de dois a seis anos e a abolição da es

cravidão se processasse paulatinamente. Traficantes e fazendeiros nem a isso

aquiesciam: tráfico e escra\âdão consti

que tivera com José Bonifácio, na qual

tuíam o cerne de seus interesses. Can

o ministro dos Estrangeiros do Brasil

Constituinte a inaugurar-se um pro]'eto

ning afimiara, em memorandum para o Gabinete Britânico, que não existia pers pectiva de salvação para as colônias da índias Ocidentais sem a abolição geral do comércio de escravos e que tal só

sôbre o assunto. O plano tão conheci

se conseguiria extinguindo o tráfico para

do de José Bonifácio não admite que se duvide da sinceridade de suas palavTas. Mas ele não ignorava os obstáculos que se lhe oporiam para levar a cabo o que

o Brasil. A resistência oposta pelq Go

lhe reiterara o horror que nutria ao trá fico e o propósito em que estava de submeter sem demora à

Assembléia

tanto almejava.

vêmo Brasileiro venceu no momento a

tenaz disposição da Inglaterra: nossa independência foi reconhecida sem a cessação do tráfico. Tratados e leis su

Crases políticas da maior gravidade

cederam-se em vão e só depois de atri

acarretaram a queda de José Bonifácio

tos e humilhações de tôda a sorte ter

do govêmo. Os grandes traficantes de

minou o tráfico na década de 1850,

negros conluiados com os proprietários

perdurando a escra\'idão até quase o

rurais prepararam a proscrição do esta

fim do século XIX.

I

Bastaria

mencionar a nota secreta de 15 de fe

vereiro de 1823, de Carming a Henry Chamberlain: "Que o govêmo brasilei

"Sir" Miles Thomas, vice-presidente da Organização Nuffield, de Londres, annncioti que durante os primeiros 4 meses ,do corrente ano aquela entidade expor tara 658 veículos para a Argentina, batendo todos os recordes de comércio da companhia com aquêle país. Essa exportação foi quatro vêzes maior que a do

laria definitivamente nos primeiros anos

ro nos comunique sua renúncia (ao trá fico africano) e o sr. Andrada pode

da segunda metade do século XIX. Por

estar seguro de que essa só e única

uma fatalidade do seu desenvolvimento

condição decidirá a vontade deste país

histórico, o Brasil ficara vinculado mais

(a Inglaterra) e facilitará enormemente

maior preferência na entrega aos mercados estrangeiros, porque compreendiam a ur gente necessidade de a Inglaterra obter carnbiais com as quais precisa adquirir ali

do que qualquer outro país à horripilan

o estabelecimento da amizade e de cor

mentos.

te instituição. Se os seus homens mais

diais relações entre a Grã Bretanha o o

inimigo tinha fôlego longo e só capitu

mesmo período de 1946 Os fabricantes britânicos de automóveis — disse "Sir" Thomas — reservam

apenas 50% de sua produção para os mercados do exterior, mas também outorgam

A organização Nuffield fabrica automóveis "Morris" e motores marítimos.


71

Digesto Econóaqco

Responsabilidade Civil das Estradas de

os portos marítimos; com a complexida de crescente dos negócios e o inevitável

Ferro

corolário do dissídios e de questões ori undas de infrações dos contratos de

UiHtórico do «ec. Logi»lalivo 2.<tfri, do 1012 por Pelágio Lobo

O ilustre causídico dr. Pelágio Lobo sintetiza a elaboração legislativa do decreto 2681 e põe em confronto o trabalho do seu autor deputado Paufino de Sousa Júnior com um substitutivo que Pandiá Calógeras ofereceu ao discutir o projeto.

transportes de mercadorias mas, princi palmente, polo vulto da liquidação de ddnos a pessoas originados de aciden

a

ponsabi'idade civil das em presas ferroviárias teve o seu

de atividade humana podia referir-se o vellio monumento

*alicerce inic al, não em precei

esse

rudimentar

legislativo.

tos de lei, "strictu sensu", pro

emprego

O.s arts. 100 a

gios, formar uma jurisprudência cuja uniformidade já vinha preconizada no projeto do deputado mineiro. Vamos, pois, às origens do decreto. ♦ * *

dade inadiável de dotar a nossa legis

O primeiro projeto que visou preen cher essa lacuna da nossa legislação foi

lação de um diploma legal adequado a

o de n.'' 39 de 1896, elaborado" pelo

tes ferroviários, sentiram todos a necessi

resolver

^ nossa legislação sobre res-

cabo de debates longos e custosos lití

essa

massa

crescente

de

li

tígios.

deputado José da Costa Macliado. Era trabalho defeituoso, com lacunas e im-

novo sistema de transportes tinham que dar origem ao novo direito. A gesta

propriedades de expressão, no qual, em 3 artigos, um dêles com 3 parágrafos, haviam sido englobados assuntos dife rentes, de direito substantivo e até de.

ção foi longa, e várias vezes interrom

processo.

"Ex facto óritur jus": as novas rela

ções, negócios e pendências nascidas do

mulgada com esse fito, mas no

118 contêm, todavia, os pre ceitos básicos da responsabili

velho e precioso regulamento

dade dos condutores, as restri

pida; e o que temos hoje, como decreto

Teve êsse projeto, todavia, o mérito

1.930, de 26 de abril de 1857, e numa jurisprudência de arestos profusa e vária que, bus

ções e isenções a que poderiam acolher-se e as garantias que de

regulador do assunto, deve-se, em parte decisiva, ao trabalho de um grande ju

o assunto, e foi mandado à Comissão

veriam cobrir o dono da merca

rista fluminense, Pauhno de Sousa Jú

cando o contingente de legisla

de Justiça, sendo designado seu relator

doria transportada. Com o apa

o deputado Paulino de Sousa Júnior.

ções estrangeiras e os princípios cardeais do direito das obriga ções, deu a diretriz que os nos sos legisladores, afinal, adota ram, no decreto legislativo

nior que, mantendo a tradição de sua egrégia família, credora de serviços inol-

início e ampliação dos serviços de transportes, a legislação an tiga revelou-se insuficiente. O

vidáveis ao Brasil desde o primeiro Im pério, deu-nos o projeto que depois se

Regulamento de 1857, referen

2.681, de 7 de dezembro de

dado pelo Visconde de Bom Re

ano de 1896 um substitutivo, que sob o n.° 39-A a Comissão adotou integral mente, encaminhando-o a plenário. Êsse seguimento, entretanto, só foi feito um ano e meio depois, já em 1898. Durante

recimento das vias férreas

1912, que até hoje ainda vi gora.

O Código Comercial, pro mulgado em 1850, não cogi

tou, nem podia cogitar da disciplina

e

converteu, quase integralmente, na lei vigente, que é a de n.° 2.681, de 7

tiro (Luís Pedreira do Couto

de dezembro de 1912. Tem es.sa lei defeitos e omissões. Não

Ferraz) trouxera um apreciável contingente para solução dos primeiros litígios. Não passa

se lhe pode negar, todavia, o mérito de desbravar o caminho para uma legisla ção mais perfeita e mais completa. Va

regulamento

mos assinalar em breve notícia o an

do contrato de transportes que, no

com objetivo restrito de instituir a

damento dos primitivos projetos e colo

dizer de Carvalho de Mendonça, "abran

"fiscalização

ge o mais notável fato econômico e

ção e polícia das estradas de ferro", pelo que tiveram os advogados de liti gantes, no debate dos seus direitos, e os juizes que deveriam decidi-los, de com por, nessa base de preceitos e no anti quado texto do Código Comercial, o

car, ao lado desse jurista, neto do Vis conde do Uruguai e filho de um outro

conspícuo político do 2.° Império, a fi gura de Calógeras que, muito embora não fosse um jurista, elaborou um subs titutivo que, rejeitado pela Câmara, ofe

nosso "direito ferroviário".

ções que, com o projeto de Paulino de

juríd CO dos tempos modernos".

No

Cap. VI do Tit. III da sua 1.^ parte, que é a do comércio em geral, foram os

"condutores de gêneros e comissários de transporte" incluídos entre os agentes auxiliares do comércio. Os transportes de

então, por terra e por água, eram feitos por barqueiros, tropeiros e "quaisquer outros condutores de gêneros" e só

va, entretanto, de da

um

segurança, conserva

Com o extraordinário surto das es

tradas de ferro que puseram as vastas regiões do interior em comunicação com

recia, contudo, á solução de várias situa

Sousa, ficaram na dependência de in terpretações de juizes e tribunais, con

traditórias e versáteis, até poderem, ao

'

de provocar a atenção da Câmara para

Ofereceu este, então, isto é, no mesmo

esse período a Câmara, então sacudida pelas várias comoilsões políticas que cul minaram no atentado do cais do Minis

tério da Marinha, 5 de novembro de

1897, deixara à margem o estudo do assunto, que só voltou à pauta em 1898, ràpidamente aprovado em I.^ e em 2.® discussão. Nesse ano o deputado por Minas Gerais, João Pandiá Cológeras,

que iniciava a sua fecunda vida pública, ofereceu um substitutivo completo e ex tenso, no qual englobou, no assunto prin

cipal da responsabilidade civil, alguns outros que eram objeto de regulamentos de tráfego ou diziam respeito a relações de ordem administrativa entre as empre

sas ferroviárias e o seu pessoal.


71

Digesto Econóaqco

Responsabilidade Civil das Estradas de

os portos marítimos; com a complexida de crescente dos negócios e o inevitável

Ferro

corolário do dissídios e de questões ori undas de infrações dos contratos de

UiHtórico do «ec. Logi»lalivo 2.<tfri, do 1012 por Pelágio Lobo

O ilustre causídico dr. Pelágio Lobo sintetiza a elaboração legislativa do decreto 2681 e põe em confronto o trabalho do seu autor deputado Paufino de Sousa Júnior com um substitutivo que Pandiá Calógeras ofereceu ao discutir o projeto.

transportes de mercadorias mas, princi palmente, polo vulto da liquidação de ddnos a pessoas originados de aciden

a

ponsabi'idade civil das em presas ferroviárias teve o seu

de atividade humana podia referir-se o vellio monumento

*alicerce inic al, não em precei

esse

rudimentar

legislativo.

tos de lei, "strictu sensu", pro

emprego

O.s arts. 100 a

gios, formar uma jurisprudência cuja uniformidade já vinha preconizada no projeto do deputado mineiro. Vamos, pois, às origens do decreto. ♦ * *

dade inadiável de dotar a nossa legis

O primeiro projeto que visou preen cher essa lacuna da nossa legislação foi

lação de um diploma legal adequado a

o de n.'' 39 de 1896, elaborado" pelo

tes ferroviários, sentiram todos a necessi

resolver

^ nossa legislação sobre res-

cabo de debates longos e custosos lití

essa

massa

crescente

de

li

tígios.

deputado José da Costa Macliado. Era trabalho defeituoso, com lacunas e im-

novo sistema de transportes tinham que dar origem ao novo direito. A gesta

propriedades de expressão, no qual, em 3 artigos, um dêles com 3 parágrafos, haviam sido englobados assuntos dife rentes, de direito substantivo e até de.

ção foi longa, e várias vezes interrom

processo.

"Ex facto óritur jus": as novas rela

ções, negócios e pendências nascidas do

mulgada com esse fito, mas no

118 contêm, todavia, os pre ceitos básicos da responsabili

velho e precioso regulamento

dade dos condutores, as restri

pida; e o que temos hoje, como decreto

Teve êsse projeto, todavia, o mérito

1.930, de 26 de abril de 1857, e numa jurisprudência de arestos profusa e vária que, bus

ções e isenções a que poderiam acolher-se e as garantias que de

regulador do assunto, deve-se, em parte decisiva, ao trabalho de um grande ju

o assunto, e foi mandado à Comissão

veriam cobrir o dono da merca

rista fluminense, Pauhno de Sousa Jú

cando o contingente de legisla

de Justiça, sendo designado seu relator

doria transportada. Com o apa

o deputado Paulino de Sousa Júnior.

ções estrangeiras e os princípios cardeais do direito das obriga ções, deu a diretriz que os nos sos legisladores, afinal, adota ram, no decreto legislativo

nior que, mantendo a tradição de sua egrégia família, credora de serviços inol-

início e ampliação dos serviços de transportes, a legislação an tiga revelou-se insuficiente. O

vidáveis ao Brasil desde o primeiro Im pério, deu-nos o projeto que depois se

Regulamento de 1857, referen

2.681, de 7 de dezembro de

dado pelo Visconde de Bom Re

ano de 1896 um substitutivo, que sob o n.° 39-A a Comissão adotou integral mente, encaminhando-o a plenário. Êsse seguimento, entretanto, só foi feito um ano e meio depois, já em 1898. Durante

recimento das vias férreas

1912, que até hoje ainda vi gora.

O Código Comercial, pro mulgado em 1850, não cogi

tou, nem podia cogitar da disciplina

e

converteu, quase integralmente, na lei vigente, que é a de n.° 2.681, de 7

tiro (Luís Pedreira do Couto

de dezembro de 1912. Tem es.sa lei defeitos e omissões. Não

Ferraz) trouxera um apreciável contingente para solução dos primeiros litígios. Não passa

se lhe pode negar, todavia, o mérito de desbravar o caminho para uma legisla ção mais perfeita e mais completa. Va

regulamento

mos assinalar em breve notícia o an

do contrato de transportes que, no

com objetivo restrito de instituir a

damento dos primitivos projetos e colo

dizer de Carvalho de Mendonça, "abran

"fiscalização

ge o mais notável fato econômico e

ção e polícia das estradas de ferro", pelo que tiveram os advogados de liti gantes, no debate dos seus direitos, e os juizes que deveriam decidi-los, de com por, nessa base de preceitos e no anti quado texto do Código Comercial, o

car, ao lado desse jurista, neto do Vis conde do Uruguai e filho de um outro

conspícuo político do 2.° Império, a fi gura de Calógeras que, muito embora não fosse um jurista, elaborou um subs titutivo que, rejeitado pela Câmara, ofe

nosso "direito ferroviário".

ções que, com o projeto de Paulino de

juríd CO dos tempos modernos".

No

Cap. VI do Tit. III da sua 1.^ parte, que é a do comércio em geral, foram os

"condutores de gêneros e comissários de transporte" incluídos entre os agentes auxiliares do comércio. Os transportes de

então, por terra e por água, eram feitos por barqueiros, tropeiros e "quaisquer outros condutores de gêneros" e só

va, entretanto, de da

um

segurança, conserva

Com o extraordinário surto das es

tradas de ferro que puseram as vastas regiões do interior em comunicação com

recia, contudo, á solução de várias situa

Sousa, ficaram na dependência de in terpretações de juizes e tribunais, con

traditórias e versáteis, até poderem, ao

'

de provocar a atenção da Câmara para

Ofereceu este, então, isto é, no mesmo

esse período a Câmara, então sacudida pelas várias comoilsões políticas que cul minaram no atentado do cais do Minis

tério da Marinha, 5 de novembro de

1897, deixara à margem o estudo do assunto, que só voltou à pauta em 1898, ràpidamente aprovado em I.^ e em 2.® discussão. Nesse ano o deputado por Minas Gerais, João Pandiá Cológeras,

que iniciava a sua fecunda vida pública, ofereceu um substitutivo completo e ex tenso, no qual englobou, no assunto prin

cipal da responsabilidade civil, alguns outros que eram objeto de regulamentos de tráfego ou diziam respeito a relações de ordem administrativa entre as empre

sas ferroviárias e o seu pessoal.


72

Dicesto

Econômico

Revidou o deputado Paulino de Sousa, na sustentação do seu primitivo substi

cher, de 7 de julho, opinou pela rejeição de várias emendas oferecidas, e impeliu

tutivo, apresentando um parecer que

o projeto Paulino de Sousa para as dis

Carvalho de Mendonça qualifica de "for

cussões regimentais, sendo depois reme tido para o Senado. Afinal, "posfe tot tantosquc labores", aprovou o Senado o projeto que se converteu, com a sanção

midável análise da obra do deputado Calógeras".

A Comissão de Justiça, em novo pare

73

Dxgesto Econômico

tação de concurso. O substitutivo, de

pois convertido em lei, vinha distribuí do em partes referentes á responsabili dade pelo transporte de coisas c pessoas, nelas estabelecendo o princípio geral

dessa responsabilidade e o.s casos de isen

deputado Amolfo Azevedo, de 16 de de

ção, adotando como base do direito dos

zembro de 1918, subscrito unâniniemen-

te pela Comissão de Justiça da qual esse egrégio paulista fazia parte, num projeto

cer de setembro de 1899, do relator

de 7 de dezembro de 1912, na lei ou,

Luís Domingues, assinado pelos seus

lesados a culpa presumida. E, na parte

antes, decreto legislativo n.° 2.681.

final, estabelecia a responsabilidade pelos

componentes de então, deputados Mar tins Júnior, Rivadávia Corrêa, Xavier da

Silveira Júnior e Alfredo Pinto subscre veu o parecer e contestação de Paulino

de Sousa, pela rejeição do substitutivo

Paulino de Sousa Júnior, na legislatu ra de 1896, quando examinou o pro

Calógeras.

jeto do deputado Costa Machado, já era

Depois disso recaiu o assunto, apesar

da sua incontestável importância, em

novo e demorado letargo. Em 1905,

senhor de conliecimentos profundos e só lidos sobre a índole jurídica e a legisla ção do contrato de transportes ferroviá

rios. A simples leitura do seu subs titutivo, a fundamentação dos seus artigos como, principabnente, a crí tica segura ao substituto Calógeras, atestam o conhecimeríto cabal que

o jurista fluminense tinha desse complexo assunto. A esses conhe cimentos acrescentava ele o domí

seis anos depois, foram publicados no "Diário do Congresso e distribuídos em

nio da linguagem e terminologia ju rídica de absoluta precisão. Já no subs

Os legisladores repeliram essa e.\tensão do decreto e o pensamento restritivo de Paulino de Sousa ficou preponderando até muito mais tarde, o que se pode ver num bem elaborado parecer do

danos causados a propriedades margi nais, não coberta pela culpa presumida,

que visava modificar a lei 2.681 (Proj.

por se tratar de responsabilidade origi nada de culpa aquiliana (Ex lege Aquilia), apontando as circunstâncias princi pais que configuram a responsabilidade e as que as ilidem, quando o dano pu desse ser imputado à culpa das vitimas

n.° 500/1918) na parte relativa à li

por

infração

de

regulamentos

ofi

ciais.

do Senado, n.° 47/1917 e da Câmara,

quidação, de danos pessoais a "passa geiros".

Essa era, portanto, a tendência decla- 2 rada dos nossos legisladores.

tentes, por juizes e tribunais, e sentin do estes a necessidade da aplicação do critério do decreto às contendas judiciais,

* í}s

Muito embora a crítica ao substitutivo

Calógeras tenha sido cabal, sob o aspec

to estritamente jurídico e tenham sido rejeitadas as suas proposições, a verdade

a jurisprudência pátria foi-se orientando por outro rumo, até se tomar torrencial e pacífica, exatamente no rumo que

Calógeras adotava como melhor. Ê evi dente que, adotado que fôsse, em 1899, o texto do substitutivo Calógeras — com

é que muitas delas constituíam matéria

outra reação, mais precisa ou menos

exemplificativa — um longo e exaustivo trabalho seria poupado a juizes e liti gantes, com incontestável vantagem para as relações e direitos privados em choque. Num outro ponto ainda o substitutivo

1899. Paulino de Sousa desenvolveu no

de 1890 que adotara preceitos unifor mes para os transportes ferroviários in

vamente a crítica ao substitutivo Caló

ternacionais entre os países que a ela

substantiva e, englobadas que fossem en tre os demais preceitos, teriam facilitado grandemente a aplicação do novo de creto e poupado a litigantes um debate de árduas questões que, só com a juris prudência dos arestos, durante duas de zenas de anos, passaram a ser adotados

geras, artigo por artigo e a sustentação

aderiram e eram os maiores do continen

como entendimento normal do texto es

do substitutivo de sua lavra^ repetindo,

te europeu — Alemanha, Áustria — Hun gria, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Fran

crito.

em grande parte, o que já havia escrito anteriormente.

ça, Itália, Luxemburgo, Rússia e Suíça e

Propugnava Calógeras a aplicação dessa lei de responsabilidade civil, não

contidas na lei: foi na parte relativa à fixação da indenização nos danos dos passageiros por acidente (lesões ou mor te) porquanto, não só preconizou a obrigação da emprêsa de transportes (via

principados de Lichtenstein e Mônaco. Aos preceitos da legislação internacio

apenas às estradas de ferro, mas a toda

férrea, bondes, elétricos, a vapor ou a

e qualquer empresa de transporte

tração animal) indenizar os danos mate

avulso os substitutivos Paulino de Sousa

e Calógeras e os pareceres da Comis são de Justiça, proferidos em 18Q6 e

Após isso — nova estagnação... Em 1909, a Comissão de Justiça, en

titutivo 39-A trazia ele ao exame da Câmara as conclusões da Convenção In

ternacional de Berna, de 14 de outubro

tão composta pelos deputados Frederico Borges, Paulino de Sousa, Raul Fernan des, Domingos Guimarães e Álvaro Tei

deputado o apoio de outras legislações de povos europeus e a lição dos maiores

xeira de Sousa Mendes, subscrevendo

parecer do novo relator Germano Hasslo-

H

Mas na aplicação da lei aos casos ver

Calógeras revelou avanço sôbre as idéias

riais decorrentes do acidente, tal como

nal ali adotados acrescentava o mesmo

"sôbre trilhos, quer usem como mo

vem fixado no art. 17 da lei mas igual

mestres do direito comercial francês, ita

tor o vapor, quer a fôrça hidráulica, quer a tração funicular, as transmis

As expressões usadas no substitutivos,

liano 8 alemão, numa verdadeira disser-

sões elétricas ou a tração animada".

art. 17, são claras:

mente os "danos morais" das vitimas.


72

Dicesto

Econômico

Revidou o deputado Paulino de Sousa, na sustentação do seu primitivo substi

cher, de 7 de julho, opinou pela rejeição de várias emendas oferecidas, e impeliu

tutivo, apresentando um parecer que

o projeto Paulino de Sousa para as dis

Carvalho de Mendonça qualifica de "for

cussões regimentais, sendo depois reme tido para o Senado. Afinal, "posfe tot tantosquc labores", aprovou o Senado o projeto que se converteu, com a sanção

midável análise da obra do deputado Calógeras".

A Comissão de Justiça, em novo pare

73

Dxgesto Econômico

tação de concurso. O substitutivo, de

pois convertido em lei, vinha distribuí do em partes referentes á responsabili dade pelo transporte de coisas c pessoas, nelas estabelecendo o princípio geral

dessa responsabilidade e o.s casos de isen

deputado Amolfo Azevedo, de 16 de de

ção, adotando como base do direito dos

zembro de 1918, subscrito unâniniemen-

te pela Comissão de Justiça da qual esse egrégio paulista fazia parte, num projeto

cer de setembro de 1899, do relator

de 7 de dezembro de 1912, na lei ou,

Luís Domingues, assinado pelos seus

lesados a culpa presumida. E, na parte

antes, decreto legislativo n.° 2.681.

final, estabelecia a responsabilidade pelos

componentes de então, deputados Mar tins Júnior, Rivadávia Corrêa, Xavier da

Silveira Júnior e Alfredo Pinto subscre veu o parecer e contestação de Paulino

de Sousa, pela rejeição do substitutivo

Paulino de Sousa Júnior, na legislatu ra de 1896, quando examinou o pro

Calógeras.

jeto do deputado Costa Machado, já era

Depois disso recaiu o assunto, apesar

da sua incontestável importância, em

novo e demorado letargo. Em 1905,

senhor de conliecimentos profundos e só lidos sobre a índole jurídica e a legisla ção do contrato de transportes ferroviá

rios. A simples leitura do seu subs titutivo, a fundamentação dos seus artigos como, principabnente, a crí tica segura ao substituto Calógeras, atestam o conhecimeríto cabal que

o jurista fluminense tinha desse complexo assunto. A esses conhe cimentos acrescentava ele o domí

seis anos depois, foram publicados no "Diário do Congresso e distribuídos em

nio da linguagem e terminologia ju rídica de absoluta precisão. Já no subs

Os legisladores repeliram essa e.\tensão do decreto e o pensamento restritivo de Paulino de Sousa ficou preponderando até muito mais tarde, o que se pode ver num bem elaborado parecer do

danos causados a propriedades margi nais, não coberta pela culpa presumida,

que visava modificar a lei 2.681 (Proj.

por se tratar de responsabilidade origi nada de culpa aquiliana (Ex lege Aquilia), apontando as circunstâncias princi pais que configuram a responsabilidade e as que as ilidem, quando o dano pu desse ser imputado à culpa das vitimas

n.° 500/1918) na parte relativa à li

por

infração

de

regulamentos

ofi

ciais.

do Senado, n.° 47/1917 e da Câmara,

quidação, de danos pessoais a "passa geiros".

Essa era, portanto, a tendência decla- 2 rada dos nossos legisladores.

tentes, por juizes e tribunais, e sentin do estes a necessidade da aplicação do critério do decreto às contendas judiciais,

* í}s

Muito embora a crítica ao substitutivo

Calógeras tenha sido cabal, sob o aspec

to estritamente jurídico e tenham sido rejeitadas as suas proposições, a verdade

a jurisprudência pátria foi-se orientando por outro rumo, até se tomar torrencial e pacífica, exatamente no rumo que

Calógeras adotava como melhor. Ê evi dente que, adotado que fôsse, em 1899, o texto do substitutivo Calógeras — com

é que muitas delas constituíam matéria

outra reação, mais precisa ou menos

exemplificativa — um longo e exaustivo trabalho seria poupado a juizes e liti gantes, com incontestável vantagem para as relações e direitos privados em choque. Num outro ponto ainda o substitutivo

1899. Paulino de Sousa desenvolveu no

de 1890 que adotara preceitos unifor mes para os transportes ferroviários in

vamente a crítica ao substitutivo Caló

ternacionais entre os países que a ela

substantiva e, englobadas que fossem en tre os demais preceitos, teriam facilitado grandemente a aplicação do novo de creto e poupado a litigantes um debate de árduas questões que, só com a juris prudência dos arestos, durante duas de zenas de anos, passaram a ser adotados

geras, artigo por artigo e a sustentação

aderiram e eram os maiores do continen

como entendimento normal do texto es

do substitutivo de sua lavra^ repetindo,

te europeu — Alemanha, Áustria — Hun gria, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Fran

crito.

em grande parte, o que já havia escrito anteriormente.

ça, Itália, Luxemburgo, Rússia e Suíça e

Propugnava Calógeras a aplicação dessa lei de responsabilidade civil, não

contidas na lei: foi na parte relativa à fixação da indenização nos danos dos passageiros por acidente (lesões ou mor te) porquanto, não só preconizou a obrigação da emprêsa de transportes (via

principados de Lichtenstein e Mônaco. Aos preceitos da legislação internacio

apenas às estradas de ferro, mas a toda

férrea, bondes, elétricos, a vapor ou a

e qualquer empresa de transporte

tração animal) indenizar os danos mate

avulso os substitutivos Paulino de Sousa

e Calógeras e os pareceres da Comis são de Justiça, proferidos em 18Q6 e

Após isso — nova estagnação... Em 1909, a Comissão de Justiça, en

titutivo 39-A trazia ele ao exame da Câmara as conclusões da Convenção In

ternacional de Berna, de 14 de outubro

tão composta pelos deputados Frederico Borges, Paulino de Sousa, Raul Fernan des, Domingos Guimarães e Álvaro Tei

deputado o apoio de outras legislações de povos europeus e a lição dos maiores

xeira de Sousa Mendes, subscrevendo

parecer do novo relator Germano Hasslo-

H

Mas na aplicação da lei aos casos ver

Calógeras revelou avanço sôbre as idéias

riais decorrentes do acidente, tal como

nal ali adotados acrescentava o mesmo

"sôbre trilhos, quer usem como mo

vem fixado no art. 17 da lei mas igual

mestres do direito comercial francês, ita

tor o vapor, quer a fôrça hidráulica, quer a tração funicular, as transmis

As expressões usadas no substitutivos,

liano 8 alemão, numa verdadeira disser-

sões elétricas ou a tração animada".

art. 17, são claras:

mente os "danos morais" das vitimas.


r,* -

wr 74

"... indenizará, a juízo dos arbitradores, quando não houver acordo das partes, a todos aqueles a quem a morte do viajante privar de alimento,

rial".

próprio Pauh'no de Sousa confessa que, na redação do primitivo substitutivo, aco lhera essa idéia, baseado na opinião de

Na lei o art. 22 que rege essa'ques responderá por todas as despesas e indenizará, a arbítrio do juiz, todos aqueles aos quais a morte do via jante privar de alimento, auxílio ou educação".

É verdade que o próprio Paulíno de Sousa no substitutivo original de 1896

admitia, no caso de morte do viajante, a indenização pelo dano moral causado pelo acidente aos parentes da vítima.

Mas na nova redação, de sua própria lavra que foi, afinal, adotada pela Câ mara, excluiu essa espécie de dano acompanhando, nesse passo, "a doutrina sutil, mas verdadeira, de Gabba, de Mar-

chesini e de Cesare Gasca", e repetindo quanto ao dano ao moral, "strictu sensu": "O dano moral assim entendido é um

elemento por demais subjetivo para ser objeto de um direito". Calógeras, todavia, foi além dessa liiiiilação, desprezando o temor das difi culdades do arbitramento, por entender

nosso pais. Não se pode contestar que a parte maior do substitutivo Calógeras que era, ahás, muito mais extenso do que o ou

e na França, entre outros, por Laurent

e Aubry et Rau, entre os antigos, e

tão tem uma redação mais estrita: "No caso de morte a estrada de ferro

obrigatório às emprôsas ferro\iárias do

tigiada por grandes juristas que na Itá lia eram capitaneados por Minozzi (Risarcimento dei danno non patrimoniale)

auxílio ou educação ou causar um prejuízo de ordem "moral" ou mate

75

DiGESTO Econômico

Dicesto Eco^'ó^^co

tro, pois continha 54 artigos, distribuí dos em 6 capítulos, continha matéria es

Démogue entre os modernos. Aliás, o

ZaneMa para o qual "as dores físicas e morais podem ser estimadas "in pecunia".

Uma outra .sugestão contida no plano Calógeras, atestadora da extraordinária acuidade do seu espírito na solução prá

e omissões) — não resta dúxâda que va

rias idéias oferecidas por Calógeras po deriam ter sido acolhidas na lei, em

bora em redação menos esgalhada e em

trita de regular a responsabilidade civil

termos mais precisos: teriam elas con

das empresas de transporte ferroviário. O projeto Paulino de Sousa oferece,

legal, e a fornecer solução pronta e

nesse confronto, superioridade incontes tável; se foi cauteloso em alguns pontos, soube condensar o que havia, então, de

jeição sofrida, vieram todavia a impor-

e tribunais que nisso, como em tantas outras árduas situações, se anteciparam

riam compostos:

pelo decurso do tempo de aplicação da quela lei e verificação das suas falhas

tranha a uma lei com a finalidade es

seguro na matéria e vinha entrando, desde muito tempo, na formação do nosso direito, pela voz dos seus juizes

tica dessas questões, é a da criação de uma caixa e.special destinada a liquidar as indenizações: caixa cujos fundos se

Mas não resta dúvida — (e hoje esta mos autorizados a uma tal apreciação,

aos nossos legisladores.

tribuído para fazer melhor esse diploma clara a numerosos litígios que, pela re se lentamente, atra%'és de decisões judi ciárias e de litígios custosíssimos em que

a hermenêutica copiosa de advogados e

julgadores, com o socorro de autores es trangeiros, preencheu esses claros e su

priu essas deficiências, previstas e adi- j

vinhadas pelo insigne deputado mineiro. ■

por uma taxa adicional nunca exce

dente de 460 róis por nota de ex pedição;

pelas multas impostas ao pessoal, res ponsável pelos danos ocorridos; pelo produto líquido das coisas ava riadas ou abandonadas;

pelas multas a quaisquer infratores dos regulamentos de polícia; por suprimentos feitos pela renda lí quida da via férrea ou das presta ções liquidadas de juros garantidos, quando se tratasse de estradas com garantia de juros.

que, em geral, a morte causa às pessoas mantidas pela vítima, não apenas o dano material, por assim dizer pecuniário, da supressão de uma fonte de arrimo, mas um dano mais extenso e grave, que se manifesta não apenas no abatimento e na consternação da família, mas na pri vação dos carinhos e da vigilância do chefe, tão necessária à completa fonnação moral da sua prole. Nesse ponto

Calógeras acompanhava a corrente, pres-

Pode-se enxergar, sem muito esforço, de Aposentadorias e Pensões" com uma

Para assegurar o conforto em climas quentes, os norte-cmerícanos estão ojeaos mercados do país e intertiacionais nova tinta para para tetos, a qual reduz consideràvelmente a temperatura, por deflexão do calor dos raios solares. A ..f.... .í .1rir. "QiJsahine". Todos os

parte em que se percebe "ab ovo" a

esforços estão sendo envidados para intensa produção nos próximos meses.

nessa sugestão, o esqueleto de constitui ção do patrimônio das futuras "Caixas

recendo ido

A tinta é de alumínio e conhecida pela denominação de

constituição de fundos de seguros des

tinados a liquidar os danos sofridos pe las mercadorias ou pelos vagões, que quarenta anos mais tarde seriam objeto de legislação federal que impôs o seguro

i.

Os produtos recomendam o uso da nova tinta nos tetos de habitações, cons truções agrícolas, fábricas, arrruizéixs, lojas e escritórios. É igualmente aplHcável a chapas de asfalto, tetos de alvenaria, de ardósia ou metálicos. Também é reco mendada para revestimentos externos de metal, proteção contra o sol, a chuva, neve, geada e umidade.

JL


r,* -

wr 74

"... indenizará, a juízo dos arbitradores, quando não houver acordo das partes, a todos aqueles a quem a morte do viajante privar de alimento,

rial".

próprio Pauh'no de Sousa confessa que, na redação do primitivo substitutivo, aco lhera essa idéia, baseado na opinião de

Na lei o art. 22 que rege essa'ques responderá por todas as despesas e indenizará, a arbítrio do juiz, todos aqueles aos quais a morte do via jante privar de alimento, auxílio ou educação".

É verdade que o próprio Paulíno de Sousa no substitutivo original de 1896

admitia, no caso de morte do viajante, a indenização pelo dano moral causado pelo acidente aos parentes da vítima.

Mas na nova redação, de sua própria lavra que foi, afinal, adotada pela Câ mara, excluiu essa espécie de dano acompanhando, nesse passo, "a doutrina sutil, mas verdadeira, de Gabba, de Mar-

chesini e de Cesare Gasca", e repetindo quanto ao dano ao moral, "strictu sensu": "O dano moral assim entendido é um

elemento por demais subjetivo para ser objeto de um direito". Calógeras, todavia, foi além dessa liiiiilação, desprezando o temor das difi culdades do arbitramento, por entender

nosso pais. Não se pode contestar que a parte maior do substitutivo Calógeras que era, ahás, muito mais extenso do que o ou

e na França, entre outros, por Laurent

e Aubry et Rau, entre os antigos, e

tão tem uma redação mais estrita: "No caso de morte a estrada de ferro

obrigatório às emprôsas ferro\iárias do

tigiada por grandes juristas que na Itá lia eram capitaneados por Minozzi (Risarcimento dei danno non patrimoniale)

auxílio ou educação ou causar um prejuízo de ordem "moral" ou mate

75

DiGESTO Econômico

Dicesto Eco^'ó^^co

tro, pois continha 54 artigos, distribuí dos em 6 capítulos, continha matéria es

Démogue entre os modernos. Aliás, o

ZaneMa para o qual "as dores físicas e morais podem ser estimadas "in pecunia".

Uma outra .sugestão contida no plano Calógeras, atestadora da extraordinária acuidade do seu espírito na solução prá

e omissões) — não resta dúxâda que va

rias idéias oferecidas por Calógeras po deriam ter sido acolhidas na lei, em

bora em redação menos esgalhada e em

trita de regular a responsabilidade civil

termos mais precisos: teriam elas con

das empresas de transporte ferroviário. O projeto Paulino de Sousa oferece,

legal, e a fornecer solução pronta e

nesse confronto, superioridade incontes tável; se foi cauteloso em alguns pontos, soube condensar o que havia, então, de

jeição sofrida, vieram todavia a impor-

e tribunais que nisso, como em tantas outras árduas situações, se anteciparam

riam compostos:

pelo decurso do tempo de aplicação da quela lei e verificação das suas falhas

tranha a uma lei com a finalidade es

seguro na matéria e vinha entrando, desde muito tempo, na formação do nosso direito, pela voz dos seus juizes

tica dessas questões, é a da criação de uma caixa e.special destinada a liquidar as indenizações: caixa cujos fundos se

Mas não resta dúvida — (e hoje esta mos autorizados a uma tal apreciação,

aos nossos legisladores.

tribuído para fazer melhor esse diploma clara a numerosos litígios que, pela re se lentamente, atra%'és de decisões judi ciárias e de litígios custosíssimos em que

a hermenêutica copiosa de advogados e

julgadores, com o socorro de autores es trangeiros, preencheu esses claros e su

priu essas deficiências, previstas e adi- j

vinhadas pelo insigne deputado mineiro. ■

por uma taxa adicional nunca exce

dente de 460 róis por nota de ex pedição;

pelas multas impostas ao pessoal, res ponsável pelos danos ocorridos; pelo produto líquido das coisas ava riadas ou abandonadas;

pelas multas a quaisquer infratores dos regulamentos de polícia; por suprimentos feitos pela renda lí quida da via férrea ou das presta ções liquidadas de juros garantidos, quando se tratasse de estradas com garantia de juros.

que, em geral, a morte causa às pessoas mantidas pela vítima, não apenas o dano material, por assim dizer pecuniário, da supressão de uma fonte de arrimo, mas um dano mais extenso e grave, que se manifesta não apenas no abatimento e na consternação da família, mas na pri vação dos carinhos e da vigilância do chefe, tão necessária à completa fonnação moral da sua prole. Nesse ponto

Calógeras acompanhava a corrente, pres-

Pode-se enxergar, sem muito esforço, de Aposentadorias e Pensões" com uma

Para assegurar o conforto em climas quentes, os norte-cmerícanos estão ojeaos mercados do país e intertiacionais nova tinta para para tetos, a qual reduz consideràvelmente a temperatura, por deflexão do calor dos raios solares. A ..f.... .í .1rir. "QiJsahine". Todos os

parte em que se percebe "ab ovo" a

esforços estão sendo envidados para intensa produção nos próximos meses.

nessa sugestão, o esqueleto de constitui ção do patrimônio das futuras "Caixas

recendo ido

A tinta é de alumínio e conhecida pela denominação de

constituição de fundos de seguros des

tinados a liquidar os danos sofridos pe las mercadorias ou pelos vagões, que quarenta anos mais tarde seriam objeto de legislação federal que impôs o seguro

i.

Os produtos recomendam o uso da nova tinta nos tetos de habitações, cons truções agrícolas, fábricas, arrruizéixs, lojas e escritórios. É igualmente aplHcável a chapas de asfalto, tetos de alvenaria, de ardósia ou metálicos. Também é reco mendada para revestimentos externos de metal, proteção contra o sol, a chuva, neve, geada e umidade.

JL


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Bicesto Econômico

O (pJiaMeffta da AJíümmtaçõj&e eu Quita cU ^idLa por José Bonifácio de Sousa Amaral

fim, o comércio, ainda hoje base das re lates internacionais.

Com tudo isso a humanidade não está livre da fome total em algumas regiões

do globo, e da fome parcial ou sub-nutrição, em grandes massas populares de todos os países.

i literatura epistológrafa, descritiva e médica luso-brasiJexra

encontram-se

referencias muito antigas sôbre alimen tação e suas relações com a saúde. Des de Anchieta, Antonil, Padre Vieira

(1550-1660) até o dr. Francisco da Fon

seca Henriques, médico de D. João V, o assunto constituiu objeto de conside rações e estudos.

dução, distribuição e consumo dos ali mentos; e o "fisiológico", relativo às nossas necessidades orgânicas. Ésso problema existiu em todos os tempos e afeta a universalidade dos se res vivos, mas só o homem, devido à

sua extraordinária prolificidade, se \'iu

na contingência de providenciar com larga antecipação as garantias de sua subsistência.

Sôbre a cartilha de

Ainda assim, a liistória da humanida

alimentação deste último, publicada em

de é uma sucessão de sofrimentos e lu

1749, sob o título "Âncora medicinal para conservar a vida com saúde", o

tas, em que os agrupamentos mais tra balhadores e previdentes se viram obri

eminente dietólogo dr. Peregrino Jú nior faz a seguinte referência: "O au

gados ou a entregar suas provisões a povos mais fortes ou a entreter custosas

tor, dr. Fonseca Henriques, estudou o

guerras defensivas para manutenção de

problema sob múltiplos aspectos: o am

suas colheitas, criações e territórios. Foi a necessidade, criada pela multi

biente, os alimentos em comum, os ali

mentos em particular, o sono, a vigília,o movimento, o descanço, etc.

É, na

relatividade dos conhecimentos da época, um livro interessantíssimo. Muitos as suntos foram colocados em termos tais

plicação, que civilizou o homem, e foi, particularmente, a fome, aliada a outras condições ingênitas, que desenvolveu sua inteligência.

O problema da nutrição parece ter entrado na literatura econômica com a

obra de Thomas Robert Maltbus, — "An

Essay on the Principies of Population as it affects the future improvement of So-

dety" — Londres 1798 — que levantou a questão — "Can the world ever be well fed?", isto é, "Pode o mundo ser

sempre bem alimentado?" A essa pergunta respondeu "Nãol" e demonstrou que, enquanto a produção de alimentos aumentava em progressão aritmética, a humanidade se multiplicava em progressão geométrica. Dois decênios mais tarde, prosseguin-

pliação do conceito de solo e, por fim, o desenvolvimento da agricultura, em con

dições de exceder, em certos países, as necessidades de sua população. Ficou,

assim, pelo menos afastado o problema da insuficicncia de gêneros alimentícios. Paralelamente, a descoberta, o aper

feiçoamento e o desenvolvimento de no vos e rápidos meios de transporte, vie ram tomar essa produção acessível a

todos os povos civilizados, mediante per muta, só faltando resolver o problema do consumo nas classes de precário po der aquisitivo.

Esta parte do problema da alimenta ção, sob o aspecto econômico, permane

cerá por muito tempo insolúvèl, dada a

desigualdade de recursos de povo para

povo 6 de indivíduo para indivíduo. Assim, em tôda parte existe uma classe

solo, o químico alemão Justus Liebig, impressionado com a decadência da pro dução agrícola européia, iniciou uma série de pesquisas sôbre a composição

rica bem alimentada, uma classe média

da terra e os meios de Uie restituir a fertilidade.

Já era conhecido, desde tempos ime

moriais, que as plantas vivem melhor

proveito" (1).

uma história de fomes e migrações, de guerras e conquistas. Dessa interpene-

numas terras do que noutras e que o

O problema da alimentação é mun dial e apresenta dois fundamentais as

tração de povos nasceu o espírito de compreensão, a conjuração de esforços

pectos: o "econômico", relâtivo à pro

na produção, a primitiva permuta e, por

humus daquelas fertilizava as regiões im produtivas. Confúcio já. dizia, no seu tempo, aos chineses: "A terra boa do teu vizinho, plantada na tua, bem te farál"

Mas, a dificuldade dessa transplanta-

ção, em grande escala, tomava improfí-

O sr. José Bonifácio de Sousa Amaral, operoso assistente técnico da Associação Comercial de São Paulo, inicia, com êste artigo, uma série de observações sôbre

adubação química, o estudo das condi ções de assimilação das plantas, a am

do velhos esforços de interpretação do

A história antiga da humanidade é

que ainda hoje podem ser lidos com

Dai nasceram as primeiras tentativas de

cuo êsse conhecimento.

desiguabnente nutrida e uma classe pro letária normalmente sub-alimentada, ha

vendo países em que ela está sujeita a fomes periódicas.

Merril K. Bennett.(2), professor do "Food Research Instítute of Stanford

University - U. S.", divide o mundo em cinco tipos de povos: 1.°) - ^em alimentados; 2.°) - os sub-nutndos; 30) — Qg abaixo de sub-nutridos; 4.^) — os sujeitos a fome; e 5.°) — classificados por carência de densidade demográfica.

Êle se baseia no fato de que dietas

pobres contêm uma alta porcentagem de cereais e batatas. Os povos bem au

mentados tiram apenas 30 a 50% de

as condições gerais da produção alimentícia brasileira e os trabalhos dos dietólo' gos naciormis referentes aos problemas alimentares da nossa po^mlação. Em arti

Liebig conseguiu isolar os componen

tes da terra e verificou que as terras fér

suas calorias desses alinièntos, enquanto

teis eram mais ricas em azoto, cálcio,

os mal alimentados tiram dêles 90%, o

pecuária e analisará os índices de padrão de vida çpurados nos inquéritos que a

fósforo e potássio, elementos também encontrados no Organismo das plantas.

sua alimentação. Presentemente, a fome

gos posteriores, o sr. Sousa Amaral examinará a situação da nossa produção agro

classe médica brasileira promoveu há pouco tempo em diversas regiões do país.

í

W

que quer dizer que os fazem base de


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Bicesto Econômico

O (pJiaMeffta da AJíümmtaçõj&e eu Quita cU ^idLa por José Bonifácio de Sousa Amaral

fim, o comércio, ainda hoje base das re lates internacionais.

Com tudo isso a humanidade não está livre da fome total em algumas regiões

do globo, e da fome parcial ou sub-nutrição, em grandes massas populares de todos os países.

i literatura epistológrafa, descritiva e médica luso-brasiJexra

encontram-se

referencias muito antigas sôbre alimen tação e suas relações com a saúde. Des de Anchieta, Antonil, Padre Vieira

(1550-1660) até o dr. Francisco da Fon

seca Henriques, médico de D. João V, o assunto constituiu objeto de conside rações e estudos.

dução, distribuição e consumo dos ali mentos; e o "fisiológico", relativo às nossas necessidades orgânicas. Ésso problema existiu em todos os tempos e afeta a universalidade dos se res vivos, mas só o homem, devido à

sua extraordinária prolificidade, se \'iu

na contingência de providenciar com larga antecipação as garantias de sua subsistência.

Sôbre a cartilha de

Ainda assim, a liistória da humanida

alimentação deste último, publicada em

de é uma sucessão de sofrimentos e lu

1749, sob o título "Âncora medicinal para conservar a vida com saúde", o

tas, em que os agrupamentos mais tra balhadores e previdentes se viram obri

eminente dietólogo dr. Peregrino Jú nior faz a seguinte referência: "O au

gados ou a entregar suas provisões a povos mais fortes ou a entreter custosas

tor, dr. Fonseca Henriques, estudou o

guerras defensivas para manutenção de

problema sob múltiplos aspectos: o am

suas colheitas, criações e territórios. Foi a necessidade, criada pela multi

biente, os alimentos em comum, os ali

mentos em particular, o sono, a vigília,o movimento, o descanço, etc.

É, na

relatividade dos conhecimentos da época, um livro interessantíssimo. Muitos as suntos foram colocados em termos tais

plicação, que civilizou o homem, e foi, particularmente, a fome, aliada a outras condições ingênitas, que desenvolveu sua inteligência.

O problema da nutrição parece ter entrado na literatura econômica com a

obra de Thomas Robert Maltbus, — "An

Essay on the Principies of Population as it affects the future improvement of So-

dety" — Londres 1798 — que levantou a questão — "Can the world ever be well fed?", isto é, "Pode o mundo ser

sempre bem alimentado?" A essa pergunta respondeu "Nãol" e demonstrou que, enquanto a produção de alimentos aumentava em progressão aritmética, a humanidade se multiplicava em progressão geométrica. Dois decênios mais tarde, prosseguin-

pliação do conceito de solo e, por fim, o desenvolvimento da agricultura, em con

dições de exceder, em certos países, as necessidades de sua população. Ficou,

assim, pelo menos afastado o problema da insuficicncia de gêneros alimentícios. Paralelamente, a descoberta, o aper

feiçoamento e o desenvolvimento de no vos e rápidos meios de transporte, vie ram tomar essa produção acessível a

todos os povos civilizados, mediante per muta, só faltando resolver o problema do consumo nas classes de precário po der aquisitivo.

Esta parte do problema da alimenta ção, sob o aspecto econômico, permane

cerá por muito tempo insolúvèl, dada a

desigualdade de recursos de povo para

povo 6 de indivíduo para indivíduo. Assim, em tôda parte existe uma classe

solo, o químico alemão Justus Liebig, impressionado com a decadência da pro dução agrícola européia, iniciou uma série de pesquisas sôbre a composição

rica bem alimentada, uma classe média

da terra e os meios de Uie restituir a fertilidade.

Já era conhecido, desde tempos ime

moriais, que as plantas vivem melhor

proveito" (1).

uma história de fomes e migrações, de guerras e conquistas. Dessa interpene-

numas terras do que noutras e que o

O problema da alimentação é mun dial e apresenta dois fundamentais as

tração de povos nasceu o espírito de compreensão, a conjuração de esforços

pectos: o "econômico", relâtivo à pro

na produção, a primitiva permuta e, por

humus daquelas fertilizava as regiões im produtivas. Confúcio já. dizia, no seu tempo, aos chineses: "A terra boa do teu vizinho, plantada na tua, bem te farál"

Mas, a dificuldade dessa transplanta-

ção, em grande escala, tomava improfí-

O sr. José Bonifácio de Sousa Amaral, operoso assistente técnico da Associação Comercial de São Paulo, inicia, com êste artigo, uma série de observações sôbre

adubação química, o estudo das condi ções de assimilação das plantas, a am

do velhos esforços de interpretação do

A história antiga da humanidade é

que ainda hoje podem ser lidos com

Dai nasceram as primeiras tentativas de

cuo êsse conhecimento.

desiguabnente nutrida e uma classe pro letária normalmente sub-alimentada, ha

vendo países em que ela está sujeita a fomes periódicas.

Merril K. Bennett.(2), professor do "Food Research Instítute of Stanford

University - U. S.", divide o mundo em cinco tipos de povos: 1.°) - ^em alimentados; 2.°) - os sub-nutndos; 30) — Qg abaixo de sub-nutridos; 4.^) — os sujeitos a fome; e 5.°) — classificados por carência de densidade demográfica.

Êle se baseia no fato de que dietas

pobres contêm uma alta porcentagem de cereais e batatas. Os povos bem au

mentados tiram apenas 30 a 50% de

as condições gerais da produção alimentícia brasileira e os trabalhos dos dietólo' gos naciormis referentes aos problemas alimentares da nossa po^mlação. Em arti

Liebig conseguiu isolar os componen

tes da terra e verificou que as terras fér

suas calorias desses alinièntos, enquanto

teis eram mais ricas em azoto, cálcio,

os mal alimentados tiram dêles 90%, o

pecuária e analisará os índices de padrão de vida çpurados nos inquéritos que a

fósforo e potássio, elementos também encontrados no Organismo das plantas.

sua alimentação. Presentemente, a fome

gos posteriores, o sr. Sousa Amaral examinará a situação da nossa produção agro

classe médica brasileira promoveu há pouco tempo em diversas regiões do país.

í

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que quer dizer que os fazem base de


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Digesto EcoNÓNnco

não constitui ocorrência regular de país nenhxim, exceto no norte da Cliina.

destas categorias, mas a maior parte de les são classificados num grupo, aquele

Mas, outras grandes áreas sofrem a fo

ao qual o fazem pertencer seus caracte

me ocasional, e o mundo, considerado

res predominantes.

em conjunto, está abaixo de sub-nutrido.

Êsse autor apresenta um mapa-mundi com indicação de áreas segundo as con

dições de nutrição das respectivas popu lações. As áreas indicativas de melhor

alimentação cobrem parte do Canadá, dos Estados Unidos, Austrália, Nova Ze lândia, Grã-Bretanha, Alemanha de an tes da guerra. Países Baixos e Escandi návia.

Porém, mesmo nesses países há re giões sub-alimeutadas. Um terço do povo nor te-americano

é

mal-

alimentado, outro ter

ço está abaixo do pa

Os "alimentos da primeira classe", os que transmitem energia, são os que cor

respondem às necessidades mais urgentes

da máquina humana, do combustível para o seu funcionamento.

Esta energia, medida ordinariamente em calorias, se encontra em quase todos

os alimentos, mas alguns são dela me

lhores fontes que outros.

Assim, uma

fatia de pão ou de manteiga fornecerá a mesma soma de energia, aproximada mente, que mil fo lhas de alface ou uma

libra de espinafre. Os legumes e fô-

drão dietético estabe

Ihas verdes se classi ficam entre as fontes

lecido como indispen

mais pobres de ener

sável

à

boa

saúde

gia mas, por outras

pelo "National Resear-

razões, não devem ser

ch Council". Isso mesmo ocorre nos de

excluídas dum regime

mais países que se po

dem considerar, toda

via, bem alimentados.

O grande problema do mundo de

alimentar.

Os melhores e mais econômicos alimentos caloríficos são os' lii-

dro-carbonados, como o pão e os ce

após-guerra não é a morte pela fome, é

reais, ou as batatas e outros tubérculos.

a ma nutrição, que começa nas praias

As gorduras são excelentes fontes de

atlânticas da França e segue agravada para a Europa oriental e Rússia atingin

energia, dando 2% (dois por cento) mais por onça que os hidrates de carbo

do as bacias arrozeiras da Ásia, tôda a

no, mas, crdinàriamente, por um custo

África e tôda a América do Sul.

Os dietóiogos dividem os alimentos em três classes: os que dão energia, ou

mais elevado. Alguns alimentos calorí ficos possuem também outras qualidades nutritivas. Por exemplo: os grãos de

"energéticos"j os que constróem o orga

cereais e leguminosas fornecem, além

nismo ou reparam os seus desgastes; e os

dos hidrates de carbono, as proteínas,

que o protegem. "Um mesmo alimento, como o leite

minerais e vitaminas, ao passo que o açú

car refinado não passa de um carbo-hi-

ou os ovos, — diz James A. Tobey em

drato puro, sendo apenas energético.

"Technology Revíew" (3) — pode na turalmente pertencer a mais de uma

Bigesto Econômico

T-

vi4i é movimento, atividade, mas tam bém economia. O organismo desgasta-se no trabalho e precisa reconstruir ou re parar os tecidos prejudicados. Daí a necessidade do "segundo tipo ou classe de alimentos", isto é, os "cons

como se explica que tão grande núme

trutores", que devem fornecer diària-

ignorantes para fazê-lo. Os métodos de

ro de habitantes de todos os países não

disponham de alimentação necessária?

tnente "proteínas" ou substancias que

As causas da sub-nutrição numa gran

de parte de todos os povos são nume

rosas. Algumas pessoas não podem comprar alimentos; outras são multo

contêm azoto (quase constantemente en

cocção para certos alimentos, sobretudo

xofre) tanto como carbono, hidrogênio, e oxigênio. Ao menos 10 dos 20 amino-

um efeito destruidor sôbre as \atami-

os legumes e as carnes, podem ainda ter

ácidos reconhecidos — materiais de que são feitos os tecidos — devem ser forne cidos ao corpo, no todo ou em parte, pelos alimentos protéicos.

nas e os minerais.

Entre os alimentos mais eficazes para

a construção do corpo, deve-se incorpo rar o leite puro, o queijo, as carnes, os ovos, todos os alimentos de origem ani

Muitos elementos nutritivos são atira

dos ao esgoto com a água da cocção ou são destruídos pelo emprego do bicarbonato de sódio, por um aquecimento excessivo, ou outros erros culinários.

A fim de produzir uma farinha que

possa ser armazenada e expedida sem

mal. Pode-se fazer uma exceção para

prejuízo, uma farinha que corresponda

a soja que contém muita proteína e tão boa que os alemães a empregaram

ros fazem uma bela farinha branca, mas

como sucedâneo da carne.

A "terceira classe de alimentos

os

protetores — são os que defendem o corpo contra certos estados mórbidos ou patológicos que, na sua falta, poriam cm risco a vitalidade orgânica. Êsses

à procura geral do público, os moagei-

desprovida de uma grande parte das

proteínas, ^ãtaminas e minerais que os cereais contêm.

As refinarias de açúcar transfo^am êsse produto num granulado fino e bran co, de excelente aspecto, mas desprovido

aHmentos protetores são os providos de

de vitaminas e de minerais.

minerais e vitaminas.

tos são preparados de tal sorte que êles

Os minerais, como o cálcio, o cobre, o cloreto de sódio (sal de cozinha) e

potássio, o manganês, o enxôfre, o iodo e alguns outros, são tão importantes na nutrição humana como as vitaminas mais procuradas. Êstes minerais e vitaminas estão con

tidos principalmente no leite, nos ovos, nas frutas, nos legumes amarelos e ver melhos, no trigo integral, no pão vita minado, na carne e nas verduras.

Uma dieta bem equilibrada necessita de todos êstes alimentos naturais.

Como se vê, os princípios de uma

Todavia, para trabalhar eficazmente,

nutrição sadia são simples. Entretanto,

nosso organismo requer combustível. A li lirtiJ l i itii

O arroz, a margarina e outros alimen

não produzem senão energia.^ Numerosas experiências clinicas con troladas demonstraram, de forma eviden te o valor das vitaminas na alimenta

ção

Uma das mais interessantes foi

conduzida na clínica Mayo, de Nova York, sob a direção do dr. Russel N. Wilder. Nesta experiência, a fim de determinar os efeitos da tiamina foi sub metido um certo número de volxmlários a uma dieta bem equilibrada em todof

os aspectos, salvo na quantidade de vi tamina BI. No comêço da experiência,

os pacientes eram felizes e alegres.


•i,' -jw-

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Digesto EcoNÓNnco

não constitui ocorrência regular de país nenhxim, exceto no norte da Cliina.

destas categorias, mas a maior parte de les são classificados num grupo, aquele

Mas, outras grandes áreas sofrem a fo

ao qual o fazem pertencer seus caracte

me ocasional, e o mundo, considerado

res predominantes.

em conjunto, está abaixo de sub-nutrido.

Êsse autor apresenta um mapa-mundi com indicação de áreas segundo as con

dições de nutrição das respectivas popu lações. As áreas indicativas de melhor

alimentação cobrem parte do Canadá, dos Estados Unidos, Austrália, Nova Ze lândia, Grã-Bretanha, Alemanha de an tes da guerra. Países Baixos e Escandi návia.

Porém, mesmo nesses países há re giões sub-alimeutadas. Um terço do povo nor te-americano

é

mal-

alimentado, outro ter

ço está abaixo do pa

Os "alimentos da primeira classe", os que transmitem energia, são os que cor

respondem às necessidades mais urgentes

da máquina humana, do combustível para o seu funcionamento.

Esta energia, medida ordinariamente em calorias, se encontra em quase todos

os alimentos, mas alguns são dela me

lhores fontes que outros.

Assim, uma

fatia de pão ou de manteiga fornecerá a mesma soma de energia, aproximada mente, que mil fo lhas de alface ou uma

libra de espinafre. Os legumes e fô-

drão dietético estabe

Ihas verdes se classi ficam entre as fontes

lecido como indispen

mais pobres de ener

sável

à

boa

saúde

gia mas, por outras

pelo "National Resear-

razões, não devem ser

ch Council". Isso mesmo ocorre nos de

excluídas dum regime

mais países que se po

dem considerar, toda

via, bem alimentados.

O grande problema do mundo de

alimentar.

Os melhores e mais econômicos alimentos caloríficos são os' lii-

dro-carbonados, como o pão e os ce

após-guerra não é a morte pela fome, é

reais, ou as batatas e outros tubérculos.

a ma nutrição, que começa nas praias

As gorduras são excelentes fontes de

atlânticas da França e segue agravada para a Europa oriental e Rússia atingin

energia, dando 2% (dois por cento) mais por onça que os hidrates de carbo

do as bacias arrozeiras da Ásia, tôda a

no, mas, crdinàriamente, por um custo

África e tôda a América do Sul.

Os dietóiogos dividem os alimentos em três classes: os que dão energia, ou

mais elevado. Alguns alimentos calorí ficos possuem também outras qualidades nutritivas. Por exemplo: os grãos de

"energéticos"j os que constróem o orga

cereais e leguminosas fornecem, além

nismo ou reparam os seus desgastes; e os

dos hidrates de carbono, as proteínas,

que o protegem. "Um mesmo alimento, como o leite

minerais e vitaminas, ao passo que o açú

car refinado não passa de um carbo-hi-

ou os ovos, — diz James A. Tobey em

drato puro, sendo apenas energético.

"Technology Revíew" (3) — pode na turalmente pertencer a mais de uma

Bigesto Econômico

T-

vi4i é movimento, atividade, mas tam bém economia. O organismo desgasta-se no trabalho e precisa reconstruir ou re parar os tecidos prejudicados. Daí a necessidade do "segundo tipo ou classe de alimentos", isto é, os "cons

como se explica que tão grande núme

trutores", que devem fornecer diària-

ignorantes para fazê-lo. Os métodos de

ro de habitantes de todos os países não

disponham de alimentação necessária?

tnente "proteínas" ou substancias que

As causas da sub-nutrição numa gran

de parte de todos os povos são nume

rosas. Algumas pessoas não podem comprar alimentos; outras são multo

contêm azoto (quase constantemente en

cocção para certos alimentos, sobretudo

xofre) tanto como carbono, hidrogênio, e oxigênio. Ao menos 10 dos 20 amino-

um efeito destruidor sôbre as \atami-

os legumes e as carnes, podem ainda ter

ácidos reconhecidos — materiais de que são feitos os tecidos — devem ser forne cidos ao corpo, no todo ou em parte, pelos alimentos protéicos.

nas e os minerais.

Entre os alimentos mais eficazes para

a construção do corpo, deve-se incorpo rar o leite puro, o queijo, as carnes, os ovos, todos os alimentos de origem ani

Muitos elementos nutritivos são atira

dos ao esgoto com a água da cocção ou são destruídos pelo emprego do bicarbonato de sódio, por um aquecimento excessivo, ou outros erros culinários.

A fim de produzir uma farinha que

possa ser armazenada e expedida sem

mal. Pode-se fazer uma exceção para

prejuízo, uma farinha que corresponda

a soja que contém muita proteína e tão boa que os alemães a empregaram

ros fazem uma bela farinha branca, mas

como sucedâneo da carne.

A "terceira classe de alimentos

os

protetores — são os que defendem o corpo contra certos estados mórbidos ou patológicos que, na sua falta, poriam cm risco a vitalidade orgânica. Êsses

à procura geral do público, os moagei-

desprovida de uma grande parte das

proteínas, ^ãtaminas e minerais que os cereais contêm.

As refinarias de açúcar transfo^am êsse produto num granulado fino e bran co, de excelente aspecto, mas desprovido

aHmentos protetores são os providos de

de vitaminas e de minerais.

minerais e vitaminas.

tos são preparados de tal sorte que êles

Os minerais, como o cálcio, o cobre, o cloreto de sódio (sal de cozinha) e

potássio, o manganês, o enxôfre, o iodo e alguns outros, são tão importantes na nutrição humana como as vitaminas mais procuradas. Êstes minerais e vitaminas estão con

tidos principalmente no leite, nos ovos, nas frutas, nos legumes amarelos e ver melhos, no trigo integral, no pão vita minado, na carne e nas verduras.

Uma dieta bem equilibrada necessita de todos êstes alimentos naturais.

Como se vê, os princípios de uma

Todavia, para trabalhar eficazmente,

nutrição sadia são simples. Entretanto,

nosso organismo requer combustível. A li lirtiJ l i itii

O arroz, a margarina e outros alimen

não produzem senão energia.^ Numerosas experiências clinicas con troladas demonstraram, de forma eviden te o valor das vitaminas na alimenta

ção

Uma das mais interessantes foi

conduzida na clínica Mayo, de Nova York, sob a direção do dr. Russel N. Wilder. Nesta experiência, a fim de determinar os efeitos da tiamina foi sub metido um certo número de volxmlários a uma dieta bem equilibrada em todof

os aspectos, salvo na quantidade de vi tamina BI. No comêço da experiência,

os pacientes eram felizes e alegres.


80

7

-^

Dicesto Económi

Após algumas ^emanas de uma dieta aliaente mas defeituosa, è'cs se torna

ram deprimidos, questionadores, rapida mente fatigados, sem vitalidade.

O

resultado subseqüente desta falta de

COS, os construtores c o.s protetores — é

tiamina foi a rebelião aberta, com greves quotidianas, semelhantes àquelas que são a infelicidade de nossa indústria moder na. Quarenta e oito horas depois de

(1) — Boletim do Ministério do Traba

lhes ter sido ministrada a üamina as di-

lho, n.o 56 — Abril de 1939.

ficu.dades desapareceram e reinou a

(2) — Citado por Joséph J. Thorndikc

calma.

O aproveitamento equilibrado das

três classes de alimento, - os energéti-

Geografia das Comunicações Paulistas

que mantém e prolonga a vida humana, habilitando-a para suas peculiares ativi dades, no ciclo de sua duração natural. O organismo animal é um conjunto me cânico comple.vaniente articulado e em

11 — A bnixada

por Nelson Weuneck Sodré

contínua colaboração funcional.

Jr., em artigo publicado na revista nor te-americana "Life" de 4 de outubro de (3) — Ver transcrição em "Le Recueii" revista canadense — n.o 2 — voi. in de agôsto de 1942. '

l

A POSIÇÃO relativa do desenvolvimento da Serra do Mar, em relação ao lito

ral paulista,, proporciona a existência de

Em prosseguimento ao estudo que vetn

escrevendo para o "Digesto Econômico ,

uma zona baixa, entre o planalto, de

o ST. N' elson Werneck Sodré aprecia a

que aquela Serra representa o limite

função da baixada paulista em relação

leste, e a orla marítima. O papel dessa baixada, no desenvolvimento das comu

às comunicações, principalmente entre o

nicações, adquire importância singular, à proporção que ela assume, em relação às demais zonas produtoras do Estado, po

três faixas, entre as quais avulta a zona

planalto e o litoral, discriminando as suas santista.

sição de relêvo crescente. Zona de tran

sição, entre o oceano e o planalto, in definida em todos os sentidos, adquire linhas de sensível expressão com o avan '-

A 'i'

' t.A • ,

do altiplano paulista e de Santos, de um lado, e de Curitiba e dos portos

gica ainda contraditória.

paranaenses, de outro, — a baixada do Ribeira-Juquiá tem uma importância indubitável. Seu formato aproximado é o de um triângulo isósceles,, cuj"o vér tice estivesse em Santos e cuj'os lados fôssem a orla marítima, entre aquêle porto e a barra de Ararapira, e o desen

de larga continuidade, e deixou em esbôço, a definir-se com a evolução geo

lógica, uma terceira zona, hoj'e plena mente acabada.

A fabricação de caminhões e camionetas ultrapassou, no referido més, a mé

dia mensal de 1938 em cêrca de 127%; entretanto, a de carros de turismo, con

quanto se tenha elevado muito desde 1936, não atingiu ainda senão os 40% do

distència do oceano, entre os núcleos

as que lhe provêm da formação geoló ra e o mar, a baixada definiu duas zonas

^rço a 12.977 unidades, o que corresponde a um aumento de 11^ sôbre a íte fevereiro, que foi de 11.638 veículos motorizados.

í

ço civilizador do homem, dissociando-se

Apertada, desigualmente, entre a Ser

Segundo divulga o S.I.F., a produção automobilística francesa atingiu em

geográfica, entre a Serra, na sua maior

As duas primeiras fo

ram constituídas pelas bacias dos rios

volvimento da Serra dp Mar entre O

Ribeira e Juquiá e pela zona santista; a última se concretiza em tomo de al

paredão santista e a Serra do Bom Su cesso, nos limites paranaenses que lhe

gumas enseadas isoladas do litoral norte.

formariam a base.

Entre a baixada do Ribeira-Juquiá e a

tensão, quebra-lhe a imifonnidade das

Em meio à sua ex

baixada santista há comunicação; longe

linhas a aproximação entre os contra-

de se manterem isoladas, elas conservam

fortes da Serra do Mar, as serras das

larga zona de contacto, definida princi

Laranjeiras e do Bananal, e o largo e

palmente ao longo do oceano, pela fai

altíssimo movimento da dos Itatins, na

xa arenosa, em que se coloca, com gran de evidência, a praia Grande, só que

vizinhança do oceano. O segmento a leste dêsse estreito trecho, pertence-lhe, sem dúvida, pela identidade de forma ção geológica, e só aos poucos, através de grande esfôrço, e demorado, vai-se articulando melhor à zona santista, de

total de antes da guerra.

brada pelo avanço da morraria do Mon-

A média mensal em 1938 e 1946 foi, respectivamente, a seguinte: carros de turismo, 15.200 e 2.536; caminhões, 790 e 2.214; camionetas, 2.470 e 2.995;

ganguá. Pela sua extensão, além de outras ca

outros veículos, 470 e 261, totalizando 18.930 e 8.006.

racterísticas, entre as quais a posição


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Dicesto Económi

Após algumas ^emanas de uma dieta aliaente mas defeituosa, è'cs se torna

ram deprimidos, questionadores, rapida mente fatigados, sem vitalidade.

O

resultado subseqüente desta falta de

COS, os construtores c o.s protetores — é

tiamina foi a rebelião aberta, com greves quotidianas, semelhantes àquelas que são a infelicidade de nossa indústria moder na. Quarenta e oito horas depois de

(1) — Boletim do Ministério do Traba

lhes ter sido ministrada a üamina as di-

lho, n.o 56 — Abril de 1939.

ficu.dades desapareceram e reinou a

(2) — Citado por Joséph J. Thorndikc

calma.

O aproveitamento equilibrado das

três classes de alimento, - os energéti-

Geografia das Comunicações Paulistas

que mantém e prolonga a vida humana, habilitando-a para suas peculiares ativi dades, no ciclo de sua duração natural. O organismo animal é um conjunto me cânico comple.vaniente articulado e em

11 — A bnixada

por Nelson Weuneck Sodré

contínua colaboração funcional.

Jr., em artigo publicado na revista nor te-americana "Life" de 4 de outubro de (3) — Ver transcrição em "Le Recueii" revista canadense — n.o 2 — voi. in de agôsto de 1942. '

l

A POSIÇÃO relativa do desenvolvimento da Serra do Mar, em relação ao lito

ral paulista,, proporciona a existência de

Em prosseguimento ao estudo que vetn

escrevendo para o "Digesto Econômico ,

uma zona baixa, entre o planalto, de

o ST. N' elson Werneck Sodré aprecia a

que aquela Serra representa o limite

função da baixada paulista em relação

leste, e a orla marítima. O papel dessa baixada, no desenvolvimento das comu

às comunicações, principalmente entre o

nicações, adquire importância singular, à proporção que ela assume, em relação às demais zonas produtoras do Estado, po

três faixas, entre as quais avulta a zona

planalto e o litoral, discriminando as suas santista.

sição de relêvo crescente. Zona de tran

sição, entre o oceano e o planalto, in definida em todos os sentidos, adquire linhas de sensível expressão com o avan '-

A 'i'

' t.A • ,

do altiplano paulista e de Santos, de um lado, e de Curitiba e dos portos

gica ainda contraditória.

paranaenses, de outro, — a baixada do Ribeira-Juquiá tem uma importância indubitável. Seu formato aproximado é o de um triângulo isósceles,, cuj"o vér tice estivesse em Santos e cuj'os lados fôssem a orla marítima, entre aquêle porto e a barra de Ararapira, e o desen

de larga continuidade, e deixou em esbôço, a definir-se com a evolução geo

lógica, uma terceira zona, hoj'e plena mente acabada.

A fabricação de caminhões e camionetas ultrapassou, no referido més, a mé

dia mensal de 1938 em cêrca de 127%; entretanto, a de carros de turismo, con

quanto se tenha elevado muito desde 1936, não atingiu ainda senão os 40% do

distència do oceano, entre os núcleos

as que lhe provêm da formação geoló ra e o mar, a baixada definiu duas zonas

^rço a 12.977 unidades, o que corresponde a um aumento de 11^ sôbre a íte fevereiro, que foi de 11.638 veículos motorizados.

í

ço civilizador do homem, dissociando-se

Apertada, desigualmente, entre a Ser

Segundo divulga o S.I.F., a produção automobilística francesa atingiu em

geográfica, entre a Serra, na sua maior

As duas primeiras fo

ram constituídas pelas bacias dos rios

volvimento da Serra dp Mar entre O

Ribeira e Juquiá e pela zona santista; a última se concretiza em tomo de al

paredão santista e a Serra do Bom Su cesso, nos limites paranaenses que lhe

gumas enseadas isoladas do litoral norte.

formariam a base.

Entre a baixada do Ribeira-Juquiá e a

tensão, quebra-lhe a imifonnidade das

Em meio à sua ex

baixada santista há comunicação; longe

linhas a aproximação entre os contra-

de se manterem isoladas, elas conservam

fortes da Serra do Mar, as serras das

larga zona de contacto, definida princi

Laranjeiras e do Bananal, e o largo e

palmente ao longo do oceano, pela fai

altíssimo movimento da dos Itatins, na

xa arenosa, em que se coloca, com gran de evidência, a praia Grande, só que

vizinhança do oceano. O segmento a leste dêsse estreito trecho, pertence-lhe, sem dúvida, pela identidade de forma ção geológica, e só aos poucos, através de grande esfôrço, e demorado, vai-se articulando melhor à zona santista, de

total de antes da guerra.

brada pelo avanço da morraria do Mon-

A média mensal em 1938 e 1946 foi, respectivamente, a seguinte: carros de turismo, 15.200 e 2.536; caminhões, 790 e 2.214; camionetas, 2.470 e 2.995;

ganguá. Pela sua extensão, além de outras ca

outros veículos, 470 e 261, totalizando 18.930 e 8.006.

racterísticas, entre as quais a posição


I ijfV.ViyijpUi Digesto Econômico

82

Ique já depende, em parte, pela linha s'mples da ferrovia Santos-Juquiá. Sua forma, dentro do quadro triangu

lar que lhe traçamos, vinca-se melhor pela cava dos rios principais, em um

enorme T, de amplo traço horizontal, proporcionado pelos vales do Ribeira e do Juquiá, e de pequeno traço vertical, desde a junção daqueles cursos dágua até sua foz no oceano. O traço horizon

tal é de baixada estreita, sinuosa, encai

parecem os movimentos da altimetria. Expande-se a baixada, então, num incontrastável domínio.

Nela se confun

dem as águas dos rios e do oceano, es tas penetrando o interior através da zona ilhada litorânea.

Estendem-se os man

gues, negros, sujos e infindáveis, onde nenhuma espécie de vida 6 possível. Nesses mangues, alidrando apenas o leito arenoso, mal coberto de leve cama da de humus aluvional, distorcem-se os

mentos dos Itatins e da Votupoca. Tra

leitos dos rios, comunicam-se os vales, num entrecruzamentò complexo e con

xada entre a Serra do Mar e os movi

ta-se de zona de transição, entre o pla

fuso. A única comunicação, nessa zona

nalto e o litoral, zona ainda movimen

de formação embrionária, é através da

tada, com algumas faixas inundáveis mas, em regra, firme e sêca. Desde que os

água, ou em dois leitos de aterro in

dois rios se reúnem, a montante de Re

gistro, e donde começa a vigorar o no me de Ribeira de Iguape para o curso

único, apresenta-se a segunda faixa, on de a baixada começa a se definir melhor,

certo, o que leva de Pariquera-Açu ao pôrto Cubatão, onde se atravessa para Cananéia, e o que daquele logarejo leva á Pôrto Subaúma, donde se prolonga, no areai, para Iguape. A baixada é particularmente caracte

espalhando-se, no sentido da largura,

rística ao norte e noroeste de Iguape.

com os contribuintes que, de leste e

Nela se estendem os afluentes do Ri

de oeste, carreiam matéria aluvional para a calha mestra. É uma baixada inter

na, entrecortada de morraria, fácil presa das águas nas enchen tes, refugiando-se a

beira, o Peropava e o Una d'Aldeia,

largos, sinuosos e lentos, com leitos indemarcados. O primeiro e o segundo

dôsses afluentes reimem-se, conforme o

volume das águas, através do furo cha mado rio Pequeno, verdadeiro regula dor da vasão. Pelas suas cabeceiras, no

Guavíruva, por sua vez, o Peropava se aproxima do Ribeira, ficando a apenas duzentos o cinqüenta metros dele, no

pôrto Cabral.

A mão do homem, há

mais de um século, por sua vez, abriu, junto a Iguape, o Valo Grande, forçan do ff Ribeira a nele despejar-se, e indo sair a mor parte de suas^ águas na barra de Icaparra, em vez de desaguar na própria barra oceânica, ocor

perdem, cobertas de vegetação que as esconde, ligadas umas às outras por ca nais naturais, uns traçados pela fôrça

da corrente, outros traçados pela fôrça das marés. Nessa imensidade, impró

pria a qualquer cultura, mas manchada, de quando em vez, quando fora do al cance da água salgada, de várzeas fertilíssimas, confunde-se uma terra pri

mária, cujas linhas não se definiram, aberta à onda aluvional. íií * *

A baixada santàsta tem traços de se melhança com o panora

rência que proporcionou,

ma atrás esboçado, em re

com a massa aluvional car

reada, o progressivo entuIhamento da barra de Ica

parra, diminuindo consideràvelmente a importância

lação à baixada do Ribeira-

Ê

/

contados no litoral , possui

Salvo o Ribeira, o Pari-

considerável amplitude e profundidade. Suas carac

quera e o Jacupiranga, to dos os rios da baixada em estudo sofrem a influên

terísticas, pois, ligam-se a extensão desmedida de suas

cia das marés e, por isso mesmo, conforme obser

gião plana que cortam, não haja agua doce para o consumo dos habitantes, e estes, para obterem o precioso líquido, aguardam a cheia da mare a fim de,

Esta, tendo no mais de oitenta

excedendo a casa dos cem,

linhas. Não é o caso baixada

santista,

da com

pouco menos de quarenta quilômetros, na sua maior

vinte anos, "fazem com que, em tôda a enorme re

aquela morraria pro

Juqvtíá. interior

quilômetros de largura, e

do pôrto de Iguape.

vou 0'Leary, em reconhe cimento que data de quase

vida nas ilhas que

porciona. Sua máxi ma amplitude, nessa zona, atinge a ordem dos oitenta quilôme

83

DicESTO Econômico

largura, entre a ponta que

a Serra de Monganguá lança no oceano,

em meio da praia Grande, ao sul, e os contrafortes da Serra do Mar, lançados sôbre o canal da Bertioga ao norte. A

tros, entre as serras

com facilidade, subirem os rios, até pon

formação geológica, entretanto, é idênti

do Cadeado e dos Ita

tos não atingidos pelas marés, a daí trazerem água doce, retomando quando

ca. Trata-se de baixada aluvional, pro

a maré começa a descer". As marés remontam até mais de quinze quilôme

toral, onde Santo Amaro, em que se im

tins, onde correm os

aF.uentes principais do Ribeira

de

Iguape. Pou co ao norte

do paralelo

de Pariquera-Açu desa

tros o leito dos rios, na região, e se

espalliam pelos furos e na larga baixa da cruzada por aqueles. As águas, doces ou salgadas, não correm por leitos defi nidos, mas por imensa baixada onde se

porcionando a segunda zona ilhada do li planta a cidade de Santos, e S. Vicente apertam os canais oceânicos que servem à navegação e abrigam o pôrto máximo do país.

A baixada do Ribeira-Juquiá, por ou

tro lado, vem surgindo pouco a pouco,


I ijfV.ViyijpUi Digesto Econômico

82

Ique já depende, em parte, pela linha s'mples da ferrovia Santos-Juquiá. Sua forma, dentro do quadro triangu

lar que lhe traçamos, vinca-se melhor pela cava dos rios principais, em um

enorme T, de amplo traço horizontal, proporcionado pelos vales do Ribeira e do Juquiá, e de pequeno traço vertical, desde a junção daqueles cursos dágua até sua foz no oceano. O traço horizon

tal é de baixada estreita, sinuosa, encai

parecem os movimentos da altimetria. Expande-se a baixada, então, num incontrastável domínio.

Nela se confun

dem as águas dos rios e do oceano, es tas penetrando o interior através da zona ilhada litorânea.

Estendem-se os man

gues, negros, sujos e infindáveis, onde nenhuma espécie de vida 6 possível. Nesses mangues, alidrando apenas o leito arenoso, mal coberto de leve cama da de humus aluvional, distorcem-se os

mentos dos Itatins e da Votupoca. Tra

leitos dos rios, comunicam-se os vales, num entrecruzamentò complexo e con

xada entre a Serra do Mar e os movi

ta-se de zona de transição, entre o pla

fuso. A única comunicação, nessa zona

nalto e o litoral, zona ainda movimen

de formação embrionária, é através da

tada, com algumas faixas inundáveis mas, em regra, firme e sêca. Desde que os

água, ou em dois leitos de aterro in

dois rios se reúnem, a montante de Re

gistro, e donde começa a vigorar o no me de Ribeira de Iguape para o curso

único, apresenta-se a segunda faixa, on de a baixada começa a se definir melhor,

certo, o que leva de Pariquera-Açu ao pôrto Cubatão, onde se atravessa para Cananéia, e o que daquele logarejo leva á Pôrto Subaúma, donde se prolonga, no areai, para Iguape. A baixada é particularmente caracte

espalhando-se, no sentido da largura,

rística ao norte e noroeste de Iguape.

com os contribuintes que, de leste e

Nela se estendem os afluentes do Ri

de oeste, carreiam matéria aluvional para a calha mestra. É uma baixada inter

na, entrecortada de morraria, fácil presa das águas nas enchen tes, refugiando-se a

beira, o Peropava e o Una d'Aldeia,

largos, sinuosos e lentos, com leitos indemarcados. O primeiro e o segundo

dôsses afluentes reimem-se, conforme o

volume das águas, através do furo cha mado rio Pequeno, verdadeiro regula dor da vasão. Pelas suas cabeceiras, no

Guavíruva, por sua vez, o Peropava se aproxima do Ribeira, ficando a apenas duzentos o cinqüenta metros dele, no

pôrto Cabral.

A mão do homem, há

mais de um século, por sua vez, abriu, junto a Iguape, o Valo Grande, forçan do ff Ribeira a nele despejar-se, e indo sair a mor parte de suas^ águas na barra de Icaparra, em vez de desaguar na própria barra oceânica, ocor

perdem, cobertas de vegetação que as esconde, ligadas umas às outras por ca nais naturais, uns traçados pela fôrça

da corrente, outros traçados pela fôrça das marés. Nessa imensidade, impró

pria a qualquer cultura, mas manchada, de quando em vez, quando fora do al cance da água salgada, de várzeas fertilíssimas, confunde-se uma terra pri

mária, cujas linhas não se definiram, aberta à onda aluvional. íií * *

A baixada santàsta tem traços de se melhança com o panora

rência que proporcionou,

ma atrás esboçado, em re

com a massa aluvional car

reada, o progressivo entuIhamento da barra de Ica

parra, diminuindo consideràvelmente a importância

lação à baixada do Ribeira-

Ê

/

contados no litoral , possui

Salvo o Ribeira, o Pari-

considerável amplitude e profundidade. Suas carac

quera e o Jacupiranga, to dos os rios da baixada em estudo sofrem a influên

terísticas, pois, ligam-se a extensão desmedida de suas

cia das marés e, por isso mesmo, conforme obser

gião plana que cortam, não haja agua doce para o consumo dos habitantes, e estes, para obterem o precioso líquido, aguardam a cheia da mare a fim de,

Esta, tendo no mais de oitenta

excedendo a casa dos cem,

linhas. Não é o caso baixada

santista,

da com

pouco menos de quarenta quilômetros, na sua maior

vinte anos, "fazem com que, em tôda a enorme re

aquela morraria pro

Juqvtíá. interior

quilômetros de largura, e

do pôrto de Iguape.

vou 0'Leary, em reconhe cimento que data de quase

vida nas ilhas que

porciona. Sua máxi ma amplitude, nessa zona, atinge a ordem dos oitenta quilôme

83

DicESTO Econômico

largura, entre a ponta que

a Serra de Monganguá lança no oceano,

em meio da praia Grande, ao sul, e os contrafortes da Serra do Mar, lançados sôbre o canal da Bertioga ao norte. A

tros, entre as serras

com facilidade, subirem os rios, até pon

formação geológica, entretanto, é idênti

do Cadeado e dos Ita

tos não atingidos pelas marés, a daí trazerem água doce, retomando quando

ca. Trata-se de baixada aluvional, pro

a maré começa a descer". As marés remontam até mais de quinze quilôme

toral, onde Santo Amaro, em que se im

tins, onde correm os

aF.uentes principais do Ribeira

de

Iguape. Pou co ao norte

do paralelo

de Pariquera-Açu desa

tros o leito dos rios, na região, e se

espalliam pelos furos e na larga baixa da cruzada por aqueles. As águas, doces ou salgadas, não correm por leitos defi nidos, mas por imensa baixada onde se

porcionando a segunda zona ilhada do li planta a cidade de Santos, e S. Vicente apertam os canais oceânicos que servem à navegação e abrigam o pôrto máximo do país.

A baixada do Ribeira-Juquiá, por ou

tro lado, vem surgindo pouco a pouco,


84

Digesto Econômico

do interior para o litoral, do vale trans

arco entre éste pôrto e o de S. Sebastião,

versal desses rios para os mangues em que se perdem com seus afluentes, face

e a formada pelo baixo curso do rio Ju-

à zona ilhada entre Ararapira e Iguape.

sebastianista e repontando em Caragua-

A baixada santísta, ao contrário, surge

tatuba, é possível

subitamente. Do Alto da Serra, a vista

acentuada em confronto com as anterio

a compreende, em toda a sua amplitu

res.

de. Entra um pouco mais, através de al guns estreitos vales, o do Cubatão, o do Itapanhaú, mas em regra quase que se define numa linha uniforme, da descaída da Serra do Mar ao oceano. Nela se es

palham os pequenos rios, e os braços de mar, e alinham-se os verdejantes man gues, onde a bananeira se difundiu ex-

traordinàriamente. A profundidade da baixada nã" excede os vinte quilômetros, e nela se perdem os rios, com cs seus

queriquerê, favorecendo o ancoradouro afirmar a distinção

As faixas de baixada apontadas são também as mais importantes, na zona do

litoral norte, de vez que favorecem, a pri

trário, de estreitas faixas de planura, entre os contrafortes da Serra do Mar,

intensamente humanizada. Pouco distan

ou a própria Serra, e o oceano. Das já

te de S. Paulo, junto a Santos, os dois mais importantes núcleos do comércio regional e nacional, o grande centro dis

apontadas, a primeira quase sem núcleos

humanos e fortemente batida pelo mar, e a segunda guardando o grande ancora

tribuidor e coletor, e o grande pôrto de contacto com o mundo, nela se traçaram

douro natural de S. Sebastião e a larga enseada de Caraguatatuba, porta esplên dida de penetração, depois de obras ma

vias, implantaram-se obras de aproveita mento da energia das águas, como a em

teriais de vulto indiscutível.

preendida pela concessionária do pôrto

camente ainda, surgem pequenas zonas

Ao norte de Caraguatatuba, esporàdí-

de baixada, estreitas e curtas, nas quais se implantaram os raros núcleos humanos do litoral norte, em Ubatuba, em Moco-

ca, em Ubatubamirim, em Pinciguaba, cuja importância, do ponto de vista das comunicações, particularmente as comu nicações terrestres, é diminuta.

trariando os tenazes óbices do aluvião.

Das baixadas esporádicas ao norte de

Santos, das quais as maiores são as do

— a baixada santísta, aluvional, estrei

dentes, isoladas pela aspereza da Serra do Mar, favorecendo a ligação Santos-

ta e pouco extensa, intensanienle huma

S. Sebastião, com perspectivas dependen tes do desenvoKamento dêste pôrto, do

nizada, guardando as mais importantes

qual surgirá, sem dúvida a penetrante

comunicações penetrantes da região;

para o planalto.

A formação geológica muito mais

Ribeira-Juquiá, onde a tarefa humana é

* * *

versais próximas da costa;

núcleos humanos embrionários ou deca

avançada do litoral norte deu linhas bem

imensa ainda, a baixada santísta acha-se

quanto à dragagem do canal e o sistema de transposição dos braços de mar, con

às comunicações pcnctrántes, c as trans

— as baixadas esporádicas do litoral norte, estreitas e poucos extensas, com

cos não poderão fugir por muito tempo.

precisas a estas baixadas. Não se trata, aqui, da confusão de águas e terras, tão bem apresentada nas baixadas do Ribei cam da Serra em cachoeiras. Ao contrário, também, da baixada do. ra-Juquiá e de Santos. Trata-se, ao con

no afluente do Itapanhaú, o Itatinga, ne la construiram-se obras portuárias consi deráveis, e os trabalhos de humanização prosseguem, em ritmo crescente, quer quanto às comunicações terrestres, quer

- a zona do Ribeira-Juquiá, vasta, in

decisa, pouco humanizada, com obstáculo

meira o desenvolvimento da ligação en tre os portos de Santos e de S. Sebastião, a segunda a intensa humanização dôste último, a que os nossos destinos econômi

cursos sinuosos, enquanto não despen

linhas de comunicações, ferrovias e rodo

35

DiCESTO Econômico

^

^

Em conjunto, a baixada entre a Serra

do Mar e o litoral paulista compreende. em síntese:

A ciíltura da uva, principalmente das variedades Niagara, branca e rosada, vai transformando ràpidamente as terras consideradas cansadm ou esgotadas, de Louvetra, no mtmícípío de Jundiaí e outros distritos de Campinas, Amparo, Itatiba e Aftbaia, teerguendo-os como centros de primeira grajuleza sob o ponto de vista agrtcola. Com as novas plantações, estima-se para essa região um total de 15.824.000 videiras que, no último ano, produziram 18.764.000 quíZos de uva para mesa e vinho, cabendo ao município de Jundiaí mais ou menos um têrço dessa produção obtida de 10.500.000 pés, numa área de 1.430 alqueires paulistas.

Investigações promovidas pelo agrônomo regwnal de Secretaria da Agrictdtura re cfe videiras permite uma colheita de 1.500 a 2.000 caixas de utxis rendem dé Cr$ 45.000,00 a Cr$ 60.000,00. Há frutícultores que, com o emprégo racional de adubos, conseguiram a produção média de 6 auilos por videira ou 4.000 caixas

asseguram que a situação dos viticultores é exc^ente, pois, geralmente, um alquei

de 8 quilos por mqueire, representando a extraorainâría renda de cento e vinte mil

cruzeiros nessa área.

E' grato salientar,que aos poucos vão sendo resolvidos os diferentes entraves até então existentes para o normal escoamento das safras de uva e, em 19^> produtores tiveram uma velha aspiração resolvida com o início do transporte díreío para a Capital Federal, o maior mercado potencial para a uva paulista. Desde a última safra que a uva em vagão completo é encaúiinhada diretamente para o Rio de Janeiro, sem os inconvenientes da baldeação nesta Capital, motivo de danos e despesas desnecessárias para a fruta que se destinava àquele mercado. A melhoria que se observa quanto à uva, também vai tendo correspondência no preparo e aperfeiçoamento dos vinhos. Ainda agora reuniram-se cm Jundiaí os vinicultores para a degustação dos vinhos preparados com uva da safra 1946-47 e as bebidas sofreram a crítica dos técnicos, que ali compareceram com o intuito de cooperação e estímulo a tão importante indústria. O espírito progressista de que

estão imbuídos os produtores de uva e vinho de tôda essa re^o, bem como o atnparo técnico que a Secrejaria da Agricultura presta aos produtores são a garantia de maior desenvolvimento ainda nos próximos anos.


84

Digesto Econômico

do interior para o litoral, do vale trans

arco entre éste pôrto e o de S. Sebastião,

versal desses rios para os mangues em que se perdem com seus afluentes, face

e a formada pelo baixo curso do rio Ju-

à zona ilhada entre Ararapira e Iguape.

sebastianista e repontando em Caragua-

A baixada santísta, ao contrário, surge

tatuba, é possível

subitamente. Do Alto da Serra, a vista

acentuada em confronto com as anterio

a compreende, em toda a sua amplitu

res.

de. Entra um pouco mais, através de al guns estreitos vales, o do Cubatão, o do Itapanhaú, mas em regra quase que se define numa linha uniforme, da descaída da Serra do Mar ao oceano. Nela se es

palham os pequenos rios, e os braços de mar, e alinham-se os verdejantes man gues, onde a bananeira se difundiu ex-

traordinàriamente. A profundidade da baixada nã" excede os vinte quilômetros, e nela se perdem os rios, com cs seus

queriquerê, favorecendo o ancoradouro afirmar a distinção

As faixas de baixada apontadas são também as mais importantes, na zona do

litoral norte, de vez que favorecem, a pri

trário, de estreitas faixas de planura, entre os contrafortes da Serra do Mar,

intensamente humanizada. Pouco distan

ou a própria Serra, e o oceano. Das já

te de S. Paulo, junto a Santos, os dois mais importantes núcleos do comércio regional e nacional, o grande centro dis

apontadas, a primeira quase sem núcleos

humanos e fortemente batida pelo mar, e a segunda guardando o grande ancora

tribuidor e coletor, e o grande pôrto de contacto com o mundo, nela se traçaram

douro natural de S. Sebastião e a larga enseada de Caraguatatuba, porta esplên dida de penetração, depois de obras ma

vias, implantaram-se obras de aproveita mento da energia das águas, como a em

teriais de vulto indiscutível.

preendida pela concessionária do pôrto

camente ainda, surgem pequenas zonas

Ao norte de Caraguatatuba, esporàdí-

de baixada, estreitas e curtas, nas quais se implantaram os raros núcleos humanos do litoral norte, em Ubatuba, em Moco-

ca, em Ubatubamirim, em Pinciguaba, cuja importância, do ponto de vista das comunicações, particularmente as comu nicações terrestres, é diminuta.

trariando os tenazes óbices do aluvião.

Das baixadas esporádicas ao norte de

Santos, das quais as maiores são as do

— a baixada santísta, aluvional, estrei

dentes, isoladas pela aspereza da Serra do Mar, favorecendo a ligação Santos-

ta e pouco extensa, intensanienle huma

S. Sebastião, com perspectivas dependen tes do desenvoKamento dêste pôrto, do

nizada, guardando as mais importantes

qual surgirá, sem dúvida a penetrante

comunicações penetrantes da região;

para o planalto.

A formação geológica muito mais

Ribeira-Juquiá, onde a tarefa humana é

* * *

versais próximas da costa;

núcleos humanos embrionários ou deca

avançada do litoral norte deu linhas bem

imensa ainda, a baixada santísta acha-se

quanto à dragagem do canal e o sistema de transposição dos braços de mar, con

às comunicações pcnctrántes, c as trans

— as baixadas esporádicas do litoral norte, estreitas e poucos extensas, com

cos não poderão fugir por muito tempo.

precisas a estas baixadas. Não se trata, aqui, da confusão de águas e terras, tão bem apresentada nas baixadas do Ribei cam da Serra em cachoeiras. Ao contrário, também, da baixada do. ra-Juquiá e de Santos. Trata-se, ao con

no afluente do Itapanhaú, o Itatinga, ne la construiram-se obras portuárias consi deráveis, e os trabalhos de humanização prosseguem, em ritmo crescente, quer quanto às comunicações terrestres, quer

- a zona do Ribeira-Juquiá, vasta, in

decisa, pouco humanizada, com obstáculo

meira o desenvolvimento da ligação en tre os portos de Santos e de S. Sebastião, a segunda a intensa humanização dôste último, a que os nossos destinos econômi

cursos sinuosos, enquanto não despen

linhas de comunicações, ferrovias e rodo

35

DiCESTO Econômico

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^

Em conjunto, a baixada entre a Serra

do Mar e o litoral paulista compreende. em síntese:

A ciíltura da uva, principalmente das variedades Niagara, branca e rosada, vai transformando ràpidamente as terras consideradas cansadm ou esgotadas, de Louvetra, no mtmícípío de Jundiaí e outros distritos de Campinas, Amparo, Itatiba e Aftbaia, teerguendo-os como centros de primeira grajuleza sob o ponto de vista agrtcola. Com as novas plantações, estima-se para essa região um total de 15.824.000 videiras que, no último ano, produziram 18.764.000 quíZos de uva para mesa e vinho, cabendo ao município de Jundiaí mais ou menos um têrço dessa produção obtida de 10.500.000 pés, numa área de 1.430 alqueires paulistas.

Investigações promovidas pelo agrônomo regwnal de Secretaria da Agrictdtura re cfe videiras permite uma colheita de 1.500 a 2.000 caixas de utxis rendem dé Cr$ 45.000,00 a Cr$ 60.000,00. Há frutícultores que, com o emprégo racional de adubos, conseguiram a produção média de 6 auilos por videira ou 4.000 caixas

asseguram que a situação dos viticultores é exc^ente, pois, geralmente, um alquei

de 8 quilos por mqueire, representando a extraorainâría renda de cento e vinte mil

cruzeiros nessa área.

E' grato salientar,que aos poucos vão sendo resolvidos os diferentes entraves até então existentes para o normal escoamento das safras de uva e, em 19^> produtores tiveram uma velha aspiração resolvida com o início do transporte díreío para a Capital Federal, o maior mercado potencial para a uva paulista. Desde a última safra que a uva em vagão completo é encaúiinhada diretamente para o Rio de Janeiro, sem os inconvenientes da baldeação nesta Capital, motivo de danos e despesas desnecessárias para a fruta que se destinava àquele mercado. A melhoria que se observa quanto à uva, também vai tendo correspondência no preparo e aperfeiçoamento dos vinhos. Ainda agora reuniram-se cm Jundiaí os vinicultores para a degustação dos vinhos preparados com uva da safra 1946-47 e as bebidas sofreram a crítica dos técnicos, que ali compareceram com o intuito de cooperação e estímulo a tão importante indústria. O espírito progressista de que

estão imbuídos os produtores de uva e vinho de tôda essa re^o, bem como o atnparo técnico que a Secrejaria da Agricultura presta aos produtores são a garantia de maior desenvolvimento ainda nos próximos anos.


87

DicESTo EcoNÓ^^co

Origens do Seguro de Vida no Brasil 1

Embora na Inglaterra, desde 1762,

graças ãs teorias de Pa.scal e ã tábua de mortalidade do astrônomo Ilallcy, tives

por Davi Campista Filho

se aparecido a primeira sociedade cm

O ST. Davi Campista Filho faz um histórico do seguro de vkla no Brasil, com in teressantes dados, muitos dos quais inteiramente desconhecidos do grande pú blico, colhidos como o foram no Arquivo P" úblico do Rio de Janeiro. Sobre êsse tema nada se escreveu antes da atual divulgação do nosso ilustre colaborador.

base técnica, denominada Equitable, por

haver pretendido realizar equidade o equilíbrio entre os prêmios nas diversas categorias dos segurados, anos alem, con tinuava o seguro dc vida suspeitado en tre outros povos.

Quando pela primeira vez no ^ Brasil a idéia do seguro se

Tais seguros, entretanto, na

No Brasil, o primeiro autor de tais

da tinham de comum com o

estudos, o Visconde dc Cairu, escrevia

conciliarem na harmonia de

de vida a não ser as expres sões vazias de sentido com que se intitulavam; pois as proba

uma operação, não foi para

bilidades de realização do risco

como se anotasse singularidades de ou tras civilizações: — "também em alguns países se costuma segurar a vida dos homens e das bêstas ainda quando não são expostas aos perigos da navegação". Entretanto, o que acontecia era que o seguro de vida ainda não fôra com preendido, talvez pela deficiência de sua cqntextura científica pouco expressiva de seu nobre alcance, permanecendo en tendido como uma especulação mercan

associou à de vida, como dois

elementos antagônicos a se re velar pela expressão econômi

não eram previstas, baseadas

ca inerente à existência do

nas possibilidades de maior ou

homem previdente, mas para ácautelar prejuízos decorrentes da per

menor duração da vida huma

da de um instrumento de trabalho co

na e em dados biométricos. De prefe rência, seriam equiparáveís ao seguro de

mo era o escravo, então fator prepon

acidente individual em que a vida hu

derante na produção do país. A morte do escravo seria o perecimen-

mana, embora fulminada, não represen ta pròpriamente o risco coberto, porém a conseqüência do acidente que consti tui o risco. E como fosse o seguro de

to dêsse instrumento de trabalho, por

til sôbre a vida dos homens.

te, uma força produtiva que se extinguia, ocasionando um prejuízo no pa

por lei, as companhias que vinham ope

trimônio do Senhor, portanto, suscetível

E assim, pensadores e juristas equiparando-o aos pactos sucessórios, proi bidos por lei, perturbavam-se na visão da verdade, não distinguindo que seria

rar sobre a mortandade dos escravos

de indenização, segundo a índole do

preservavam a dignidade da vida hu

antes uma forma de economia que a pre

seguro.

mana de contaminação malsâ.

isso, sua vida representaria, tão sòmen-

Assim acontecera em agosto do ano

de 1854 com a aprovação, por decreto de Sua Majestade o Imperador, dos es tatutos da Companhia "Previdência" au

vida condenado pela moral e proibido

Era que muito se suspeitava da mo ralidade de uma operação econômica atinente à vida humana, dominando entre

tras adotaram dentre suas modalidades

nôs idéias importadas de França consoan te as opiniões dos redatores do Código Napoleônico, dentre as quais sobressaía a intransigência do Portalis. Estranhava o ilustre jurista "existirem regiões onde

mais o seguro sobre a \'ida dos escra

as idéias de sã moral foram de tal forma

torizada a operar em seguros contra a mortandade dos escravos.

Outras companliias apareceram e ou

vidência conjugava com a duração da

permissível a do escravo, como coisa ou mercadoria de valor venal.

Lourcnço Westin, cônsul geral da Sué cia, distinguido pela Regência para o ele\'ado cargo do que hoje chamaríamos de observador, junto à ct)missão dos re datores do Código presidida por Limpo de Abreu, comenta\'a que o espírito da lei foi o de não confundir pessoas nos

seguros de mercadorias, concluindo que se o Código proibe em hreito marítimo não se opõe em outras circunstâncias. Entretanto, na época persistia-se em

não atinar com aquilo que se nos afi

gura tão límpido e inconfundível. * * *

As primícias do seguro de vida esbo çam-se em outubro de 1855 quando foi autorizada a Companhia "Tranqüilida de" a operar no país. A Resolução Im perial fundada em consulta ao Conselho de Estado considerava: — "Sendo o se

guro de vida reconhecido por tôdas as nações da Europa e dos Estados Unidos da América do Norte como um benefí

mesmo risco sôbre pessoas livres de am bos os sexos e idades, para o que nesta

cio geral para a humanidade, esta Companliia, no caso que não ,vá contra as

Leis do Império, se destinará a tomar o hipótese haverá disposições especiais que

vida humana.

Foi, oütrossim, imbuídos deste precon

ficam sujeitas à aprovação Imperial".

Pelo condicional da permissão, ressen tia-se certa hesitação e incerteza que nós invocada para negar acolhida a não abria caminho à implantação da insessa instituição de previdência. Pois, o . tituição assecuratória, tanto assim que que instituiu o Código de 1850, ainda em 1862 era negada autorização à com panhia portuguesa "Garantia" para ope iirevogado, é que das "coisas que po

ceito que interpretaram a proibição do

Código Comercial,'tantas vêzes, entre

rar na Baliia, como acontecera com a

dem ser objeto do seguro marítimo", excluía o artigo 682 n.° 2 "a vida de

"Real Companhia Inglesa de Seguros de

alguma pessoa livre".

Liverpool", ainda sob iníluência do pre

vos, desenvolvendo tôdas uma mutuali-

obnubiladas e sufocadas por vil espírito

dade primária em operações acanhadas que não lhes poderiam assegurar qual

de comércio, a ponto de autoriza rem-se segurqs sobre a vida dos

estabelecia a lei era que sob a disci

quer êxito.

homens..

preendiam os de vida de pessoa livre,

Portanto, o que

plina dos seguros marítimos não se com

ceito proibitivo do Código Comercial. O exemplo da "Tranqüilidade" contudo frutificou, pois em 1868 eram aprovados


87

DicESTo EcoNÓ^^co

Origens do Seguro de Vida no Brasil 1

Embora na Inglaterra, desde 1762,

graças ãs teorias de Pa.scal e ã tábua de mortalidade do astrônomo Ilallcy, tives

por Davi Campista Filho

se aparecido a primeira sociedade cm

O ST. Davi Campista Filho faz um histórico do seguro de vkla no Brasil, com in teressantes dados, muitos dos quais inteiramente desconhecidos do grande pú blico, colhidos como o foram no Arquivo P" úblico do Rio de Janeiro. Sobre êsse tema nada se escreveu antes da atual divulgação do nosso ilustre colaborador.

base técnica, denominada Equitable, por

haver pretendido realizar equidade o equilíbrio entre os prêmios nas diversas categorias dos segurados, anos alem, con tinuava o seguro dc vida suspeitado en tre outros povos.

Quando pela primeira vez no ^ Brasil a idéia do seguro se

Tais seguros, entretanto, na

No Brasil, o primeiro autor de tais

da tinham de comum com o

estudos, o Visconde dc Cairu, escrevia

conciliarem na harmonia de

de vida a não ser as expres sões vazias de sentido com que se intitulavam; pois as proba

uma operação, não foi para

bilidades de realização do risco

como se anotasse singularidades de ou tras civilizações: — "também em alguns países se costuma segurar a vida dos homens e das bêstas ainda quando não são expostas aos perigos da navegação". Entretanto, o que acontecia era que o seguro de vida ainda não fôra com preendido, talvez pela deficiência de sua cqntextura científica pouco expressiva de seu nobre alcance, permanecendo en tendido como uma especulação mercan

associou à de vida, como dois

elementos antagônicos a se re velar pela expressão econômi

não eram previstas, baseadas

ca inerente à existência do

nas possibilidades de maior ou

homem previdente, mas para ácautelar prejuízos decorrentes da per

menor duração da vida huma

da de um instrumento de trabalho co

na e em dados biométricos. De prefe rência, seriam equiparáveís ao seguro de

mo era o escravo, então fator prepon

acidente individual em que a vida hu

derante na produção do país. A morte do escravo seria o perecimen-

mana, embora fulminada, não represen ta pròpriamente o risco coberto, porém a conseqüência do acidente que consti tui o risco. E como fosse o seguro de

to dêsse instrumento de trabalho, por

til sôbre a vida dos homens.

te, uma força produtiva que se extinguia, ocasionando um prejuízo no pa

por lei, as companhias que vinham ope

trimônio do Senhor, portanto, suscetível

E assim, pensadores e juristas equiparando-o aos pactos sucessórios, proi bidos por lei, perturbavam-se na visão da verdade, não distinguindo que seria

rar sobre a mortandade dos escravos

de indenização, segundo a índole do

preservavam a dignidade da vida hu

antes uma forma de economia que a pre

seguro.

mana de contaminação malsâ.

isso, sua vida representaria, tão sòmen-

Assim acontecera em agosto do ano

de 1854 com a aprovação, por decreto de Sua Majestade o Imperador, dos es tatutos da Companhia "Previdência" au

vida condenado pela moral e proibido

Era que muito se suspeitava da mo ralidade de uma operação econômica atinente à vida humana, dominando entre

tras adotaram dentre suas modalidades

nôs idéias importadas de França consoan te as opiniões dos redatores do Código Napoleônico, dentre as quais sobressaía a intransigência do Portalis. Estranhava o ilustre jurista "existirem regiões onde

mais o seguro sobre a \'ida dos escra

as idéias de sã moral foram de tal forma

torizada a operar em seguros contra a mortandade dos escravos.

Outras companliias apareceram e ou

vidência conjugava com a duração da

permissível a do escravo, como coisa ou mercadoria de valor venal.

Lourcnço Westin, cônsul geral da Sué cia, distinguido pela Regência para o ele\'ado cargo do que hoje chamaríamos de observador, junto à ct)missão dos re datores do Código presidida por Limpo de Abreu, comenta\'a que o espírito da lei foi o de não confundir pessoas nos

seguros de mercadorias, concluindo que se o Código proibe em hreito marítimo não se opõe em outras circunstâncias. Entretanto, na época persistia-se em

não atinar com aquilo que se nos afi

gura tão límpido e inconfundível. * * *

As primícias do seguro de vida esbo çam-se em outubro de 1855 quando foi autorizada a Companhia "Tranqüilida de" a operar no país. A Resolução Im perial fundada em consulta ao Conselho de Estado considerava: — "Sendo o se

guro de vida reconhecido por tôdas as nações da Europa e dos Estados Unidos da América do Norte como um benefí

mesmo risco sôbre pessoas livres de am bos os sexos e idades, para o que nesta

cio geral para a humanidade, esta Companliia, no caso que não ,vá contra as

Leis do Império, se destinará a tomar o hipótese haverá disposições especiais que

vida humana.

Foi, oütrossim, imbuídos deste precon

ficam sujeitas à aprovação Imperial".

Pelo condicional da permissão, ressen tia-se certa hesitação e incerteza que nós invocada para negar acolhida a não abria caminho à implantação da insessa instituição de previdência. Pois, o . tituição assecuratória, tanto assim que que instituiu o Código de 1850, ainda em 1862 era negada autorização à com panhia portuguesa "Garantia" para ope iirevogado, é que das "coisas que po

ceito que interpretaram a proibição do

Código Comercial,'tantas vêzes, entre

rar na Baliia, como acontecera com a

dem ser objeto do seguro marítimo", excluía o artigo 682 n.° 2 "a vida de

"Real Companhia Inglesa de Seguros de

alguma pessoa livre".

Liverpool", ainda sob iníluência do pre

vos, desenvolvendo tôdas uma mutuali-

obnubiladas e sufocadas por vil espírito

dade primária em operações acanhadas que não lhes poderiam assegurar qual

de comércio, a ponto de autoriza rem-se segurqs sobre a vida dos

estabelecia a lei era que sob a disci

quer êxito.

homens..

preendiam os de vida de pessoa livre,

Portanto, o que

plina dos seguros marítimos não se com

ceito proibitivo do Código Comercial. O exemplo da "Tranqüilidade" contudo frutificou, pois em 1868 eram aprovados


89

Dicesto Econômico

Digesto Econóíuco

8S

Citam-na ao lado da

previdência, inerente à índole do bra

mesmo destino.

ra sociedade verdadeiramente mútua de

sileiro para dissipação.

haviam socorrido das tábuas de morta

"Mutual Life" e da "Equitable" como

seguros de vida fundada no Brasil", segundo anota Numa do Valle. A situação era nesse particular incongruente, pois uma perspectiva propícia

acudiam nomes ilustres como Benjamin Constant Botelho de Magalhães,

lidade de Duvillard e Mont-Ferrand que,

as principais autoras daquele magnífico

todavia, permaneciam como instrumen

progresso.

fundador da Associação de Socorros à

tos ineficazes ao desenvolvimento de suas

Invalidez que marcara com nome de Previdência — ideal por que se

operações.

Nada se deveria esperar da inépcia

novaiorquina vem à América do Sul, e

batia.

das gestões e da falta de amplitude das

após haver sondado o meio brasileiro,

denunciava-se, quando a lei de 1860 sobre organização de montepios manifes

A tal missão

Certas companhias se

guro de \dda.

os estatutos da "Benfeitoria", "a primei

tou preocupar-se com as instituições de

A sessão de instalação da sociedade

previdência, encarecendo os benefícios da

foi prestigiada com a augusta presença

Em julho de 1883 reunia-se em Paris

economia. Seriam os pródromos da vi

de S, M. o Imperador que ouviu do Barão de Ramiz Galvão palavras de

um Congresso de instituições de previ dência, e a participação do Brasil reprc-

gilância do Estado, distinguindo-se mon tepios das sociedades de seguros de vida, submetidas ao regime de autorização. Porém, a lei visava pròpriamente o Montepio de Economia dos Servidores

do Estado cujo âmbito

operações.

Logo a seguir às instalações do seu

agenciamento no Mé.xico, a Sociedade

obtém Carta de Autorização para fun cionar no país.

Portadora de credenciais expressivas de inexcedivel valor e da experiência apri

enaltecimento às virtudes a se colherem

sentava-se nos trabalhos do Barão d'Ou-

morada em 35 anos de atividade, a

daquela organização de previdência. O

rem e de Joaquim da Silva Melo Gui

"New York Life" veio indicar ao segu

nobre interesse

marães.

ro de vida a legítima rota que o con

e amor às coisas do

Brasil, tanto dos hábitos de D. Pedro II,

não

de ação se estendera a

se

reproduziram

cialidade e minúcia, encarecendo ambos

o dever do Estado em estimular o espí

mais.

outras classes sociais, a despeito da inabilidade

A situação era analisada com impar

rito de previdência e de amparar as as í}C * Hs

de seus métodos.

sociações e sociedades pela elevada mis

Prenunciavam-se

A causa dos desastres

meio

brasileiro

no

condi

duziria ao desenvolvimento dos nossos dias.

Justos são os títulos que como tal a consagraram pioneira no Brasil, mereci dos tanto pela qualidade de seu pro

são que desempenhavam, diante de uma aceitação duvidosa do público, produto

duto como excelência de sua atuação.

Foi a primeira sociedade de organiza

que se encadeavam, apontava Teófilo Ottoni, seu presidente, no

ções propícias de recep tividade para o seguro de vida, porém sua or

da série de desastres acumulados.

ção cientifica e em bases 'técnicas que

O Barão D'Ourem enaltece a organi zação da "Caixa Geral das Famílias",

se instalava, abrindo-se então campo

relatório do ano de 1854

ganização

imperfeita,

fundada dois anos antes, equiparando-a

técnica,

pelos métodos seguidos à "Mutual Life Offices" da Inglaterra.

tar a grande instituição, como sensível era a expectativa para colheita dos fru

— "a tabela reguladora

insufici^ência

de jóias em muitos ca

tomaram improvável o surto das operações.

sos não resiste à analise,

porque se algumas vê-

Entretanto, o clima brasileiro perma

zes faziam amplamente face às pensões

çaram então a se estabelecer, escudadas

contratadas, em outros casos eram ma nifestamente deficientes". Da ausência

nos Bancos, processo que lhes parecia

necia inóspito, resolvendo-se os insisten tes propósitos e intenções honestas em tentativas que falhavam.

útil e condizente à formação dos capi

Tal era a situação no Brasil, quando

completa de técnica resultou a impossi

tais necessários às diversas espécies de

por volta do ano de 1885 veio instalar-

bilidade de manter o nível das pensões contratadas que foram reduzidas de 50%, chegando ao inevitável destino da liqui dação decretada pela assembléia de seus

seguros.

se entre nós uma daB maiores e mais im

Foi assim que em 1864 se constitui" a "Protetora das Famílias", no molde

"The New York Life Insurancé Com-

das tontinas francesas, sob o amparo do

pany", sociedade norte-americana' que,

instituidores em 1883.

Banco Rural do Rio de Janeiro, e mais

ultrapassando em seu país a qualquer

A influência do Montepio na previ dência do país fora, assim, inteiramen te contrária ao que previra o otimismo

tarde, a "Benfeítora", pleiteada pelo

expectativa de êxito, sentia-se obrigada

Banco Comercial e outras pelas Caixas

Econômicas de diversas categorias. Se

a expandir-se pelo mundo. A compa nhia desfrutava posição sem par no Es

da lei de 1860.

algumas procuraram ser fiéis a seus pro

Ansiava-se, todavia, à procura da for ma de combate ao pauperismo e à im-

gramas, outras enveredaram por cami nhos diferentes, a tôdas aguardando o

As sociedades come

'i-Á'

portantes companhias de seguros de vida,

tado de Nova York, tendo forjado larga experiência durante um período que se chamou de "idade de ouro" para o se

vasto em condições capazes de alimen tos da paz econômica e bem estar sO' ciai que o seguro promete. A "New York Life" a tanto se empe

nhou, estendendo suas operações aos

Estados da União, graças à perfeita com

penetração da elevada missão "de seu representante Joaquim Sanchez de Larragoiti. Era um homem à altura da ver dadeira embaixada que lhe confiara a emprêsa norte-americana, que não sendo pròpriamente o "businessman" de tenaz atividade, nem um predicador de pre vidência, realizava "the right mau in

the rigth place", onde tais qualidades díspares se reúnem harmoniosamente.

Já começara a se desbravar o terreno

ingrato, no prelúdio da queda do Im pério, em julho de 1889, quando outra


89

Dicesto Econômico

Digesto Econóíuco

8S

Citam-na ao lado da

previdência, inerente à índole do bra

mesmo destino.

ra sociedade verdadeiramente mútua de

sileiro para dissipação.

haviam socorrido das tábuas de morta

"Mutual Life" e da "Equitable" como

seguros de vida fundada no Brasil", segundo anota Numa do Valle. A situação era nesse particular incongruente, pois uma perspectiva propícia

acudiam nomes ilustres como Benjamin Constant Botelho de Magalhães,

lidade de Duvillard e Mont-Ferrand que,

as principais autoras daquele magnífico

todavia, permaneciam como instrumen

progresso.

fundador da Associação de Socorros à

tos ineficazes ao desenvolvimento de suas

Invalidez que marcara com nome de Previdência — ideal por que se

operações.

Nada se deveria esperar da inépcia

novaiorquina vem à América do Sul, e

batia.

das gestões e da falta de amplitude das

após haver sondado o meio brasileiro,

denunciava-se, quando a lei de 1860 sobre organização de montepios manifes

A tal missão

Certas companhias se

guro de \dda.

os estatutos da "Benfeitoria", "a primei

tou preocupar-se com as instituições de

A sessão de instalação da sociedade

previdência, encarecendo os benefícios da

foi prestigiada com a augusta presença

Em julho de 1883 reunia-se em Paris

economia. Seriam os pródromos da vi

de S, M. o Imperador que ouviu do Barão de Ramiz Galvão palavras de

um Congresso de instituições de previ dência, e a participação do Brasil reprc-

gilância do Estado, distinguindo-se mon tepios das sociedades de seguros de vida, submetidas ao regime de autorização. Porém, a lei visava pròpriamente o Montepio de Economia dos Servidores

do Estado cujo âmbito

operações.

Logo a seguir às instalações do seu

agenciamento no Mé.xico, a Sociedade

obtém Carta de Autorização para fun cionar no país.

Portadora de credenciais expressivas de inexcedivel valor e da experiência apri

enaltecimento às virtudes a se colherem

sentava-se nos trabalhos do Barão d'Ou-

morada em 35 anos de atividade, a

daquela organização de previdência. O

rem e de Joaquim da Silva Melo Gui

"New York Life" veio indicar ao segu

nobre interesse

marães.

ro de vida a legítima rota que o con

e amor às coisas do

Brasil, tanto dos hábitos de D. Pedro II,

não

de ação se estendera a

se

reproduziram

cialidade e minúcia, encarecendo ambos

o dever do Estado em estimular o espí

mais.

outras classes sociais, a despeito da inabilidade

A situação era analisada com impar

rito de previdência e de amparar as as í}C * Hs

de seus métodos.

sociações e sociedades pela elevada mis

Prenunciavam-se

A causa dos desastres

meio

brasileiro

no

condi

duziria ao desenvolvimento dos nossos dias.

Justos são os títulos que como tal a consagraram pioneira no Brasil, mereci dos tanto pela qualidade de seu pro

são que desempenhavam, diante de uma aceitação duvidosa do público, produto

duto como excelência de sua atuação.

Foi a primeira sociedade de organiza

que se encadeavam, apontava Teófilo Ottoni, seu presidente, no

ções propícias de recep tividade para o seguro de vida, porém sua or

da série de desastres acumulados.

ção cientifica e em bases 'técnicas que

O Barão D'Ourem enaltece a organi zação da "Caixa Geral das Famílias",

se instalava, abrindo-se então campo

relatório do ano de 1854

ganização

imperfeita,

fundada dois anos antes, equiparando-a

técnica,

pelos métodos seguidos à "Mutual Life Offices" da Inglaterra.

tar a grande instituição, como sensível era a expectativa para colheita dos fru

— "a tabela reguladora

insufici^ência

de jóias em muitos ca

tomaram improvável o surto das operações.

sos não resiste à analise,

porque se algumas vê-

Entretanto, o clima brasileiro perma

zes faziam amplamente face às pensões

çaram então a se estabelecer, escudadas

contratadas, em outros casos eram ma nifestamente deficientes". Da ausência

nos Bancos, processo que lhes parecia

necia inóspito, resolvendo-se os insisten tes propósitos e intenções honestas em tentativas que falhavam.

útil e condizente à formação dos capi

Tal era a situação no Brasil, quando

completa de técnica resultou a impossi

tais necessários às diversas espécies de

por volta do ano de 1885 veio instalar-

bilidade de manter o nível das pensões contratadas que foram reduzidas de 50%, chegando ao inevitável destino da liqui dação decretada pela assembléia de seus

seguros.

se entre nós uma daB maiores e mais im

Foi assim que em 1864 se constitui" a "Protetora das Famílias", no molde

"The New York Life Insurancé Com-

das tontinas francesas, sob o amparo do

pany", sociedade norte-americana' que,

instituidores em 1883.

Banco Rural do Rio de Janeiro, e mais

ultrapassando em seu país a qualquer

A influência do Montepio na previ dência do país fora, assim, inteiramen te contrária ao que previra o otimismo

tarde, a "Benfeítora", pleiteada pelo

expectativa de êxito, sentia-se obrigada

Banco Comercial e outras pelas Caixas

Econômicas de diversas categorias. Se

a expandir-se pelo mundo. A compa nhia desfrutava posição sem par no Es

da lei de 1860.

algumas procuraram ser fiéis a seus pro

Ansiava-se, todavia, à procura da for ma de combate ao pauperismo e à im-

gramas, outras enveredaram por cami nhos diferentes, a tôdas aguardando o

As sociedades come

'i-Á'

portantes companhias de seguros de vida,

tado de Nova York, tendo forjado larga experiência durante um período que se chamou de "idade de ouro" para o se

vasto em condições capazes de alimen tos da paz econômica e bem estar sO' ciai que o seguro promete. A "New York Life" a tanto se empe

nhou, estendendo suas operações aos

Estados da União, graças à perfeita com

penetração da elevada missão "de seu representante Joaquim Sanchez de Larragoiti. Era um homem à altura da ver dadeira embaixada que lhe confiara a emprêsa norte-americana, que não sendo pròpriamente o "businessman" de tenaz atividade, nem um predicador de pre vidência, realizava "the right mau in

the rigth place", onde tais qualidades díspares se reúnem harmoniosamente.

Já começara a se desbravar o terreno

ingrato, no prelúdio da queda do Im pério, em julho de 1889, quando outra


Digesto EcoNÓRnco

90

91

Digesto Econômico

Era situaÇião de tal gravidade, impunham-se medidas saneadoras, visando

íiriprcnsa, para declarar seu desinterêsse

prossegui-la, mas, então, a cargo da

para novos contratos de seguros, ficando

nova sociedade brasileira.

torização do Governo para operar no

os pontos vulneráveis, dentre os quais?

cancelados e de nenhum efeito todos os

Encerrando suas operações não seria

pais.

o da evasão de valores para o estrangei

contratos de agentes a partir daquela

ro.

data.

desertar de um pôsto, porém cedê-lo a quem de direito — à Sul América fun dada sob os auspícios de sua experiên cia. Ademais, por força do desenvol

sociedade norte-americana, "Equitable",

também de grande projeção, obtém au Embora estivessem lançadas boas se

Êste fenômeno com relação ao se

mentes para o florescimento do seguro de vida, muito havia ainda que fazer para que se tomasse uma realização bra

guro de vida oferecia impressionante feição. Assim era que os recursos arre

sileira.

economia nacional em crescente pro porção, à medida que se difundia nO país o espírito de previdência. Emi gravam com destino ás matrizes para

* Sf! *

Acontecia que as companhias ame

ricanas foram autorizadas a operar no país por intermédio de suas represen tações ou agencias e, assim sendo, as arrecadações de prêmios eram remeti

das às matrizes para incorporação às

respectivas reservas matemáticas.

Se

perante a técnica estava certo, pois que a reserva matemática constituindo um

só bloco dos segurados de uma empresa, não permitiria fracionamento, todavia' para a economia do país, tornava-se pro fundamente desastroso pela evasão de

apreciáveis valores. Era ouro a moeda de tais seguros, convertída ao câmbio do

dia nas liquidações, e por isso, sensíveis flutuações constituíam, nesse particular

motivos de contrariedade e desaponta

H:

Hs

vimento das operações, fatalmente o se

cadados pelas empresas subtraíam-se

guro de vida passaria mais tarde á ini

ticas cuja função precípua consistindo em

Foi a primeira lei de nacionalização concebida no elevado espírito do inte resse público o dc salvaguarda á econo mia do país, sem repúdio, entretanto, aos valores estrangeiros quer capitais, como as de capacidade e técnica cuja

aplicações reprodutivas e emprêgo útil

acolhida continuaria franca.

de tais recursos, iriam estes servir à

sim, que aos primeiros meses de sua

seu nome, realiza àquela época esse

economia de uma nação rica com sa

cigência, vieram á luz seus magníficos

crifício ostensivo da mais pobre.

frutos com a fundação da "Sul América"

espírito de cooperação e solidariedade que hoje tanto se exorta para convivên cia amistosa dos povos do continente sul.

aumentar o vulto das reservas matemá

En

quanto se anemizava a economia na cional, vltalizava-se a estrangeira. Defrontava-se assim com gravíssimo

problema, quando, de iniciativa do Se nado Federal, surge em 1894 um pro jeto para obrigar as companhias estran

geiras ao emprêgo de suas reservas em valores nacionais e a liquidação de si nistros a cargo da agência principal esta belecida no Brasil.

Passa o projeto por longos debates no

Tanto as

em dezembro dc 1895 e da "Equltativa dos Estados Unidos do Brasil" em

março do ano seguinte. Fecundara-os o nobre espírito de compreensão das so ciedades americanas que deixaram entre as mãos de seus representantes, sem

sombra de competições feridas, o destino da instituição de previdência.

ciativa brasileira, portanto, opor-Uie em baraços seria trair á generosa hospita lidade.

De tão pura e saudável origem, a Sul América surgia ante perspectivas pro missoras e na coerência de fidelidade a

Irradia em plena confiança de ê.xito, que herdara da "New York Life", suas

operações a outros países, instalando su cursais na Argentina, no Chile e no Peru 6 agências na Bolívia, Uruguai e

Paraguai. * * ❖

Nesse sentido, a "New York Life" manda da América ao seu agente geral

Sanchez de Larragoiti uma declaração de apreço, confiança e de inteiro apoio à iniciativa que acabava de empreender. A atitude da emprêsa americana foi de

||l

Por isso, o ano de 1895 assinada, na

história da previdência no Brasil, a

nanceira do país atormentava-se com o

Senado e Câmara dos Deputados, inquinado de inconstitucional por ofender a igualdade de direitos de que gozam os estrangeiros no Brasil, atentando con

perfeita lealdade, entendendo que se foi introdutora do seguro de vida no

declive alarmante do câmbio.

tra o direito de propriedade assegurado

Brasil, ora a marcha de sua missão e

o veio de ouro para conduzir o seguro

pelo govêrno ás companhias cuja ex pulsão seria decretada, além do q«e.

não a conquista de mercado que no mo, mente havia ganho terreno, cumprindo

de vida à esplêndida exuberância dos

mento.

Aquele temiio, nos primeiros anos da República, a situação econômica e fi

A desvalorização da moeda sofria in fluência de fiitôres diversos, tanto de

ordem política pela desconfiança na es

o emprêgo das reservas em valores na

tabilidade das instituições, como outros

cionais

não encontraria a

to do passado e a operação de economia técnica, de legítima garantia e cientí fica da atualidade.

Foi ali que nascia

nossos dias.

mesma im

resultantes dos malefícios das - prerroga

prescindível garantia e solidez até então

tivas dos bancos de emissão.

havida.

Além do

fronteira entre o seguro empírico, inep

mais, repercutiam os desastres do enciIhamento, fazendo ambiente de suspei-

Converte-se o projeto na lei promul gada em 5 de setembro de 1895 e as com

ção a quaisquer iniciativas de ordem

panhias norte-americanas imediatamen

Revela-se que três companhias norte-ameiicanas entraram cm entendimmtos para construção e instalação, na Argentina, de uma fundição, com a capacidade de produção de 300.000 toneladas, destinada principalmente à fabricação de ferro

econômica oú financeira.

te vêm a público, em publicações pela

branco.


Digesto EcoNÓRnco

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Digesto Econômico

Era situaÇião de tal gravidade, impunham-se medidas saneadoras, visando

íiriprcnsa, para declarar seu desinterêsse

prossegui-la, mas, então, a cargo da

para novos contratos de seguros, ficando

nova sociedade brasileira.

torização do Governo para operar no

os pontos vulneráveis, dentre os quais?

cancelados e de nenhum efeito todos os

Encerrando suas operações não seria

pais.

o da evasão de valores para o estrangei

contratos de agentes a partir daquela

ro.

data.

desertar de um pôsto, porém cedê-lo a quem de direito — à Sul América fun dada sob os auspícios de sua experiên cia. Ademais, por força do desenvol

sociedade norte-americana, "Equitable",

também de grande projeção, obtém au Embora estivessem lançadas boas se

Êste fenômeno com relação ao se

mentes para o florescimento do seguro de vida, muito havia ainda que fazer para que se tomasse uma realização bra

guro de vida oferecia impressionante feição. Assim era que os recursos arre

sileira.

economia nacional em crescente pro porção, à medida que se difundia nO país o espírito de previdência. Emi gravam com destino ás matrizes para

* Sf! *

Acontecia que as companhias ame

ricanas foram autorizadas a operar no país por intermédio de suas represen tações ou agencias e, assim sendo, as arrecadações de prêmios eram remeti

das às matrizes para incorporação às

respectivas reservas matemáticas.

Se

perante a técnica estava certo, pois que a reserva matemática constituindo um

só bloco dos segurados de uma empresa, não permitiria fracionamento, todavia' para a economia do país, tornava-se pro fundamente desastroso pela evasão de

apreciáveis valores. Era ouro a moeda de tais seguros, convertída ao câmbio do

dia nas liquidações, e por isso, sensíveis flutuações constituíam, nesse particular

motivos de contrariedade e desaponta

H:

Hs

vimento das operações, fatalmente o se

cadados pelas empresas subtraíam-se

guro de vida passaria mais tarde á ini

ticas cuja função precípua consistindo em

Foi a primeira lei de nacionalização concebida no elevado espírito do inte resse público o dc salvaguarda á econo mia do país, sem repúdio, entretanto, aos valores estrangeiros quer capitais, como as de capacidade e técnica cuja

aplicações reprodutivas e emprêgo útil

acolhida continuaria franca.

de tais recursos, iriam estes servir à

sim, que aos primeiros meses de sua

seu nome, realiza àquela época esse

economia de uma nação rica com sa

cigência, vieram á luz seus magníficos

crifício ostensivo da mais pobre.

frutos com a fundação da "Sul América"

espírito de cooperação e solidariedade que hoje tanto se exorta para convivên cia amistosa dos povos do continente sul.

aumentar o vulto das reservas matemá

En

quanto se anemizava a economia na cional, vltalizava-se a estrangeira. Defrontava-se assim com gravíssimo

problema, quando, de iniciativa do Se nado Federal, surge em 1894 um pro jeto para obrigar as companhias estran

geiras ao emprêgo de suas reservas em valores nacionais e a liquidação de si nistros a cargo da agência principal esta belecida no Brasil.

Passa o projeto por longos debates no

Tanto as

em dezembro dc 1895 e da "Equltativa dos Estados Unidos do Brasil" em

março do ano seguinte. Fecundara-os o nobre espírito de compreensão das so ciedades americanas que deixaram entre as mãos de seus representantes, sem

sombra de competições feridas, o destino da instituição de previdência.

ciativa brasileira, portanto, opor-Uie em baraços seria trair á generosa hospita lidade.

De tão pura e saudável origem, a Sul América surgia ante perspectivas pro missoras e na coerência de fidelidade a

Irradia em plena confiança de ê.xito, que herdara da "New York Life", suas

operações a outros países, instalando su cursais na Argentina, no Chile e no Peru 6 agências na Bolívia, Uruguai e

Paraguai. * * ❖

Nesse sentido, a "New York Life" manda da América ao seu agente geral

Sanchez de Larragoiti uma declaração de apreço, confiança e de inteiro apoio à iniciativa que acabava de empreender. A atitude da emprêsa americana foi de

||l

Por isso, o ano de 1895 assinada, na

história da previdência no Brasil, a

nanceira do país atormentava-se com o

Senado e Câmara dos Deputados, inquinado de inconstitucional por ofender a igualdade de direitos de que gozam os estrangeiros no Brasil, atentando con

perfeita lealdade, entendendo que se foi introdutora do seguro de vida no

declive alarmante do câmbio.

tra o direito de propriedade assegurado

Brasil, ora a marcha de sua missão e

o veio de ouro para conduzir o seguro

pelo govêrno ás companhias cuja ex pulsão seria decretada, além do q«e.

não a conquista de mercado que no mo, mente havia ganho terreno, cumprindo

de vida à esplêndida exuberância dos

mento.

Aquele temiio, nos primeiros anos da República, a situação econômica e fi

A desvalorização da moeda sofria in fluência de fiitôres diversos, tanto de

ordem política pela desconfiança na es

o emprêgo das reservas em valores na

tabilidade das instituições, como outros

cionais

não encontraria a

to do passado e a operação de economia técnica, de legítima garantia e cientí fica da atualidade.

Foi ali que nascia

nossos dias.

mesma im

resultantes dos malefícios das - prerroga

prescindível garantia e solidez até então

tivas dos bancos de emissão.

havida.

Além do

fronteira entre o seguro empírico, inep

mais, repercutiam os desastres do enciIhamento, fazendo ambiente de suspei-

Converte-se o projeto na lei promul gada em 5 de setembro de 1895 e as com

ção a quaisquer iniciativas de ordem

panhias norte-americanas imediatamen

Revela-se que três companhias norte-ameiicanas entraram cm entendimmtos para construção e instalação, na Argentina, de uma fundição, com a capacidade de produção de 300.000 toneladas, destinada principalmente à fabricação de ferro

econômica oú financeira.

te vêm a público, em publicações pela

branco.


DiGESTo Econômico

Previsão e Contabilidade por Dorival Teixeira Vieijia

Professor da cadeira de Valor e Informação dos Preços da Fa-' culdade de Ciências Econômicas da Universidade de São Paulo e

Conferência realizada no Sindicato

dos Contabilistas, no dia 22 de

É neste sentido que encaramos o tema "Previsão -Econômica". O que o

agôsto de 1947.

economista procura?

tivéssemos de apontar xuna caracte

dê-los, para dentro da medida do possí vel chegar à previsão do futuro, com o fito de evitar o .risco, os tropeços, os

dúvida a de que o homem, pelo conhe

imprevistos capazes de impedir-lhe adap

cimento, procura libertar-se do ambiente em que vive, fugir a um determinismo

tação mais eficiente. Neste particular, a

geo-físico, conhecer as realidades am

bientais para poder prever. E prevê

vantajosa que a maioria das ciências so ciais, porquanto, quando encaramos os

para prover, prevê para poder enfrentar

fatores da vida econômica, deparamos

as contingências do futuro, para enfren tar os riscos, para fugir ao indetermina

com quantidades e preços que se desen rolam no tempo, fator quantitativo tam

do do amanhã; e esta luta contra o im

bém.

previsto tanto existe para o indivíduo co

mo para o grupo social, qualquer que seja. No campo econômico, então, esta

ta estatístico mas que para o economista

fórmulas, mas ao aplicá-las lutávamos com o fator tempo, e quando todos os

pode ou não ser interessante. Veremos

cálculos tinham sido feitos o estudo per dera atualidade c a previsão tomara-se

Na previsão estatística não é possível fugir a esta limitação; Em igualdade de condições, quer dizer, se esta serie continuar no futuro a se comportar da

método estatístico uma instanlaneidade

antes impossível. Mas, convém não nos iludirmos; a

os fatos da vida econômica e coinprecn-

rística distintiva entre o comporta

muito interessante sob o ponto de vis

possível construir certos índices, certas

cálculo com muita rapidez e dar ao

Procura conhecer

mento humano e o animal, seria sem

ticamento impossíveis; antigamente era

inútil. Hòje com as máquinas de cal cular c possível realizar operações de

assistente técnico da Associação Comercial de São Paulo.

estatística aplicada é apenas um instmmento de trabalho nas mãos do econo

mista, um bom instrumento, sem dmida, mas unicamente uma ferramenta e, como

tal, tira seu valor do próprio artífice; hàbilmente manejada presta ótimos ser

Economia se coloca numa posição mais

viços; utilizada sem critério e eficiência

produz tais estragos que preferível seria desconhecê-la.

Convém ainda di.stinguir entre previ são estatística e previsão econômica. A previsão estatística tem por finalidade antecipar resultados, pela análise da re

É verdade que nem tudo se resume

gularidade de séries temporais ou es

em quantidade, preço e tempo. Pode

93

paciais; quer dizer, a estatística, diante

quando o é e quando não.

maneira pela qual se comportou no

passado, dados os parâmetros da curva, diremos que, no futuro, se desen\'olvera seguindo certa tendência. Se, todavia, as condições variarem, não se poderá afirmar coisa alguma. O outro inconve niente é que a previsão estatística fica

adstrita a quantidades. Analisando sé ries estatísticas, não raro se perde, lamentávelmente, o conteúdo humano da série.

Por último, o fato de se dizer que uma série qualquer, no tempo ou espaço,

varia segundo determinada tendência, nada diz quanto às suas causas provocadoras do andamento do fenômeno e me

nos ainda quanto às repercussões das va riáveis consideradas, entre si ou sobre outros fatôres no momento não ana-

ríamos dizer que estas são e.xpressóes

de um fenômeno que varia no tempo,

luta se apresenta mais visível, mais pa

quantitativas de uma realidade que não

determinando, num sistema de coordena

tente, mais intensa, porquanto o homem

o é.

das cartezianas, um certo tipo de curva,

tem necessidades e sente-lhe a multipli cidade das facetas; elas são complexas,

temente humana, explica-se pelo homem,

vai procurar, pela análise da equação

previsão econômica e previsão estatísti

não tendo expressão fora dêle, e quem

que melhor a exprima, determinar as re-

ca. Esta é o primeiro passo para que

gularidades entre 2 ou mais séries que

se chegue àquela. Se a finalidade da previsão estatística é antecipar resulta dos pela pesquisa de regularidades no tempo e no espaço, se seu objeto é o :

numerosas e cada vez mais refinadas

graças ao progresso, ao avanço da civi lização. Êle tenta atender, cada vez mais e melhor, a estas necessidades e,

no entretanto, sente que o meio lhe apresenta reciirsos limitados. Procura, então, melhor aproveitamento dêsses

A realidade econômica é eminen

diz elemento humano diz um conjunto

de fatôres qualitativos. Sem embargo, é possível estudar a expressão quantitati

apresentem a mesma fisionomia; mas não

passará daí.

va da vida econômica e interpretá-la a luz dos elementos qualitativos. , Para a análise do que a vida econômi

A previsão que fizer é

mais de caráter estatístico e matemático

que econômico. Poderá dizer que a equação da curva Aéy = f(x)e, co nhecidos os parâmetros, dizer que ela poderá, no futuro, desenvolver-se segun

lisados pelo estatístico. Daí a razão de distingukmos entre

estudo das séries de fenômenos econômi- ,

meios, graças ao acúmulo de experiên

a'metodologia estatística.

cia passada e se tivéssemos de caracte

tem evoluído e bastante e será cuiioso

rizar o progresso defini-lo-íamos como

até afirmar que o grande progresso de

to é matemático e pode não condizer

COS temporais e espaciais, a finalidade da prerisâo econômica é muito mais am pla porque visa antecipar fatos, pela compreensão das ocorrências passadas e da situação presente como um todo

sendo o maior alcance da experiência

suas aplicações está aliada aos progres

passada, para melhor solução dos proble

sos materiais, porquanto hoje é possível fazer análises que no passado eram prà-

com os fatos. A previsão estatística é objetiva, mas esta observação não deve causar confusão; é uma objetividade

global. Seu objeto é mais amplo e ul trapassa cs limites das simples quanti dades, pois todo e qualquer fenômeno

mas futuros.

ca tem de quantitativo muito contribui A estatística

do tal direção; mas êste desenvolvimen

Jl ^


DiGESTo Econômico

Previsão e Contabilidade por Dorival Teixeira Vieijia

Professor da cadeira de Valor e Informação dos Preços da Fa-' culdade de Ciências Econômicas da Universidade de São Paulo e

Conferência realizada no Sindicato

dos Contabilistas, no dia 22 de

É neste sentido que encaramos o tema "Previsão -Econômica". O que o

agôsto de 1947.

economista procura?

tivéssemos de apontar xuna caracte

dê-los, para dentro da medida do possí vel chegar à previsão do futuro, com o fito de evitar o .risco, os tropeços, os

dúvida a de que o homem, pelo conhe

imprevistos capazes de impedir-lhe adap

cimento, procura libertar-se do ambiente em que vive, fugir a um determinismo

tação mais eficiente. Neste particular, a

geo-físico, conhecer as realidades am

bientais para poder prever. E prevê

vantajosa que a maioria das ciências so ciais, porquanto, quando encaramos os

para prover, prevê para poder enfrentar

fatores da vida econômica, deparamos

as contingências do futuro, para enfren tar os riscos, para fugir ao indetermina

com quantidades e preços que se desen rolam no tempo, fator quantitativo tam

do do amanhã; e esta luta contra o im

bém.

previsto tanto existe para o indivíduo co

mo para o grupo social, qualquer que seja. No campo econômico, então, esta

ta estatístico mas que para o economista

fórmulas, mas ao aplicá-las lutávamos com o fator tempo, e quando todos os

pode ou não ser interessante. Veremos

cálculos tinham sido feitos o estudo per dera atualidade c a previsão tomara-se

Na previsão estatística não é possível fugir a esta limitação; Em igualdade de condições, quer dizer, se esta serie continuar no futuro a se comportar da

método estatístico uma instanlaneidade

antes impossível. Mas, convém não nos iludirmos; a

os fatos da vida econômica e coinprecn-

rística distintiva entre o comporta

muito interessante sob o ponto de vis

possível construir certos índices, certas

cálculo com muita rapidez e dar ao

Procura conhecer

mento humano e o animal, seria sem

ticamento impossíveis; antigamente era

inútil. Hòje com as máquinas de cal cular c possível realizar operações de

assistente técnico da Associação Comercial de São Paulo.

estatística aplicada é apenas um instmmento de trabalho nas mãos do econo

mista, um bom instrumento, sem dmida, mas unicamente uma ferramenta e, como

tal, tira seu valor do próprio artífice; hàbilmente manejada presta ótimos ser

Economia se coloca numa posição mais

viços; utilizada sem critério e eficiência

produz tais estragos que preferível seria desconhecê-la.

Convém ainda di.stinguir entre previ são estatística e previsão econômica. A previsão estatística tem por finalidade antecipar resultados, pela análise da re

É verdade que nem tudo se resume

gularidade de séries temporais ou es

em quantidade, preço e tempo. Pode

93

paciais; quer dizer, a estatística, diante

quando o é e quando não.

maneira pela qual se comportou no

passado, dados os parâmetros da curva, diremos que, no futuro, se desen\'olvera seguindo certa tendência. Se, todavia, as condições variarem, não se poderá afirmar coisa alguma. O outro inconve niente é que a previsão estatística fica

adstrita a quantidades. Analisando sé ries estatísticas, não raro se perde, lamentávelmente, o conteúdo humano da série.

Por último, o fato de se dizer que uma série qualquer, no tempo ou espaço,

varia segundo determinada tendência, nada diz quanto às suas causas provocadoras do andamento do fenômeno e me

nos ainda quanto às repercussões das va riáveis consideradas, entre si ou sobre outros fatôres no momento não ana-

ríamos dizer que estas são e.xpressóes

de um fenômeno que varia no tempo,

luta se apresenta mais visível, mais pa

quantitativas de uma realidade que não

determinando, num sistema de coordena

tente, mais intensa, porquanto o homem

o é.

das cartezianas, um certo tipo de curva,

tem necessidades e sente-lhe a multipli cidade das facetas; elas são complexas,

temente humana, explica-se pelo homem,

vai procurar, pela análise da equação

previsão econômica e previsão estatísti

não tendo expressão fora dêle, e quem

que melhor a exprima, determinar as re-

ca. Esta é o primeiro passo para que

gularidades entre 2 ou mais séries que

se chegue àquela. Se a finalidade da previsão estatística é antecipar resulta dos pela pesquisa de regularidades no tempo e no espaço, se seu objeto é o :

numerosas e cada vez mais refinadas

graças ao progresso, ao avanço da civi lização. Êle tenta atender, cada vez mais e melhor, a estas necessidades e,

no entretanto, sente que o meio lhe apresenta reciirsos limitados. Procura, então, melhor aproveitamento dêsses

A realidade econômica é eminen

diz elemento humano diz um conjunto

de fatôres qualitativos. Sem embargo, é possível estudar a expressão quantitati

apresentem a mesma fisionomia; mas não

passará daí.

va da vida econômica e interpretá-la a luz dos elementos qualitativos. , Para a análise do que a vida econômi

A previsão que fizer é

mais de caráter estatístico e matemático

que econômico. Poderá dizer que a equação da curva Aéy = f(x)e, co nhecidos os parâmetros, dizer que ela poderá, no futuro, desenvolver-se segun

lisados pelo estatístico. Daí a razão de distingukmos entre

estudo das séries de fenômenos econômi- ,

meios, graças ao acúmulo de experiên

a'metodologia estatística.

cia passada e se tivéssemos de caracte

tem evoluído e bastante e será cuiioso

rizar o progresso defini-lo-íamos como

até afirmar que o grande progresso de

to é matemático e pode não condizer

COS temporais e espaciais, a finalidade da prerisâo econômica é muito mais am pla porque visa antecipar fatos, pela compreensão das ocorrências passadas e da situação presente como um todo

sendo o maior alcance da experiência

suas aplicações está aliada aos progres

passada, para melhor solução dos proble

sos materiais, porquanto hoje é possível fazer análises que no passado eram prà-

com os fatos. A previsão estatística é objetiva, mas esta observação não deve causar confusão; é uma objetividade

global. Seu objeto é mais amplo e ul trapassa cs limites das simples quanti dades, pois todo e qualquer fenômeno

mas futuros.

ca tem de quantitativo muito contribui A estatística

do tal direção; mas êste desenvolvimen

Jl ^


T 84

dd vida econômica está contido na pre visão econômica.

de natureza política, ocorrido no mo

vida econômica, corao sejam os fenôme

mento, pode fazer oscilar este preço para

nos demográficos.

Interessam-nos, po

a a'ta ou para a baixa; são as ocorrên cias acidentais e representam, na aná

rém, de preferência, as variações sazo

sas e procura estudar as repercussões dos

lise, o resíduo das séries.

siduais que, às vezes, explicam certas

o simples aspecto quantitativo da vida e< on6mica; admite variabilidade de con

dições e, portanto, é muito mais maleáve. que a previsão puramente estatística,

embora se utilize dos métodos, processos e técnicas estatísticas.

Ao tentarmos a previsão, ou consideramos um fenômeno no espaço, ou no

tempo; a análise no espaço compreende o estudo das séries espaciais; procura-

B n -s ver como um determinado fenóme-

^ n« se distribui no espaço; organizamos uin cartograma; depois de obtidos vá

rios cartogramas, comparamo-los e per cebemos a tendência do fenômeno. Co mo exemplo deste processo de análise per meio de cartogramas pode ser visto o estudo de Sérgio Milliet "Roteiro do Café", onde o autor, verificando como o

café se distribuirá no passado, como a

área de produção foi se desviando no espaço, procurou prever qual seria o

sentido da expansão, da distribuição fu tura destas áreas de produção cafeeira.

do ano. Em certos artigos isto 6 típico.

godão. Verificaremos que há, no inver no, tendência para a alta dos preços dos tecidos de lã.

No fim do inverno, en

tretanto, estes preços vão caindo e du

rante a primavera e verão tendem a um niín'mo. Já o movimento de tecidos de algodão seguirá a marcha inversa. Êstcs fatores são fatores sazonais, tendên

cias sazonais de variação de preços. Na

agricu'tura isto é típico e é possível ana lisar tais influências.

Eliminadas, po

de safra e o volume desta, prever com

certa aproximação em que período a escassez será maior e, portanto, qual

i

a tendência do preço nestes períodos de escassez, o que toma de grande utilida de a determinação da tendência sazonal

de certos artigos, para a previsão de negócios. As variações sazonais e mesmo as re

siduais são de interesse para previsões

acidentais e sazonais, veremos ainda a

parciais desta ou daquela mercadoria,

persistência de oscilações de preços em períodos variáveis de 4 a 12 anos, flu

tuações para a alta e para a baixa, mais regulares, mais contínuas, formando ci clos pelo que às mesmas se deu o no me de tendências cíclicas.

E conside

togramas comparados, para a previsão

mos verificar que as variações cíclicas,

econômica, é muito limitado, sendo mais rica a análise de séries temporais.

por sua vez, apresentam tendência a de terminada vàriação; tomando-se os mí

eni longa duração, sejam os preços do

nimos e máximos de uma série que flu tua, verificaremos que ambos tendem a diminuir ou aumentar, num período mais

algodão em pluma, por exemplo, nota

longo de tempo; temos, então, as va

mos um movimento muito irregular. Tal

riações de longa duração, cuja tendên

>i irregularidade pode ser atribuída a cau■ sa.-: diversas. Em primeiro lugar, pode' mos supor que haja a influência do aca

í

visões parciais, de grande valor. Com referência aos gêneros alimentícios seu conhecimento permite prever a varia ção provável do preço e permite tomar providências para garantir o abasteci mento. É possível, conhecido o período

rém, da série estudada, as tendências

rando espaços de 15 a 25 anos, podere

um fenômeno que se distribui no tempo,

ocorrências importantes. As variações sazonais permitem pre

de circunstâncias sazonais: as estações

Parece-nos, porém, que o uso de car

Quando encaramos a série bruta de

nais e cíclicas, sem desprezarmos as re

Mas, a variação de preços se verifi ca mesmo cm períodos onde não haja ocorrênc-as espontâneas; podem resultar Falaremos dos tecidos de lã ou de al

cia é impropriamente chamada secular. A determinação de cada uma das ten

dências apresenta seu valor para a pre

desta ou daquela indústria, principal

I

der prever as probabilidades de certas e

detemiinadas ocorrências em conjunto e,

nesse caso, a análise dos ciclos eco

nômicos apresenta utilidade extraordiná ria porque, graças à análise da tendêri-cia cíclica, é possível chegar-se a previ sões, senão rigorosas, pelo menos apro-

x madas. Múltiplos são os exemplos de

pre\isão geral; tomemos como exemplo típico o dos índices Anunciadores de Harvard ou Barômetros Econômicos.

Há quem diga que os estudos pura mente especulativos não têm valor, que é preciso entrar diretamente no campo

das aplicações, e que o homem de ga binete, o professor, o cientista desinte ressado, vivem no mundo da lua. É curioso notar, entretanto, que estudos co mo os da determinação da tendência sazonal ou da cíclica tenham saído de

estudos puramente especulativos, sem que os indivíduos que os realizaram ti vessem idéia exata das possibilidades

de aplicação, do alcance que tais traba lhos teriam.

Um exemplo típico é o

mente no caso de indústrias de ritmo de

dos Barômetros Econômicos.

produção irregular, como a do açúcar,

versidade de Harvard, economistas e es

Na Uni

em que as usinas trabalham muito mais no período de safra, visto ser o período de -fabricação do produto; assim, por exemplo, a indústria precisa saber qual

tatísticos, estudando as possibilidades de determinação e eMminação de tendências residuais, seculares e sazonais, ao chega rem às séries depuradas, a tendência cí

vai ser sua necessidade de mão de obra durante a safra porque senão po-

as mesmas apresentavam grande regula

der-se-á ver em grande dificuldade; de terminada a tendência sazonal, a pre-

• visão levará a empresa a ir organizando

clica de séries isoladas, verificaram que

ridade e podiam ser grupadas em umas poucas séries complexivas; construíram,, então, índices complexos, fundindo, num

seus "métodos de recmtamento de pes

único todo, curvas que apresentassem a

soal, e elaborando contratos de trabalho tais que no período eni que não seja necessário um número tão grande de braços, tome-se possível descartar-se dê-

grandes grupos, representados no gráfico seguinte: o grupo representativo do mer

, les. Essas previsões parciais, além de

so; um determinado ato, uma determina

visão. Assim, a análise das variações da

interessarem ao economista, são muito

da ocorrência climática, uma chuva,

tendência secular é útil para a previ são de fenômenos diretamente ligados à

cios. Interessa, porém, multo máis po

uma geada, um fato qualquer, mesmo

95

Digesto Econômico

A previsão econômica envolve a pre visão estatística; desce, porém, às cau

fenômenos entre si; ultrapassa, porisso,

Digesto EcoNÓ>nco

máis valiosas para o homem de negó

mesma fisionom"a e chegaram assim a 3

cado financeiro oú de especulação, o dos negócios e, por fim, o monetário pro priamente dito. A curva de especülação flcoú consti tuída de^3 séries: as cotações das ações


T 84

dd vida econômica está contido na pre visão econômica.

de natureza política, ocorrido no mo

vida econômica, corao sejam os fenôme

mento, pode fazer oscilar este preço para

nos demográficos.

Interessam-nos, po

a a'ta ou para a baixa; são as ocorrên cias acidentais e representam, na aná

rém, de preferência, as variações sazo

sas e procura estudar as repercussões dos

lise, o resíduo das séries.

siduais que, às vezes, explicam certas

o simples aspecto quantitativo da vida e< on6mica; admite variabilidade de con

dições e, portanto, é muito mais maleáve. que a previsão puramente estatística,

embora se utilize dos métodos, processos e técnicas estatísticas.

Ao tentarmos a previsão, ou consideramos um fenômeno no espaço, ou no

tempo; a análise no espaço compreende o estudo das séries espaciais; procura-

B n -s ver como um determinado fenóme-

^ n« se distribui no espaço; organizamos uin cartograma; depois de obtidos vá

rios cartogramas, comparamo-los e per cebemos a tendência do fenômeno. Co mo exemplo deste processo de análise per meio de cartogramas pode ser visto o estudo de Sérgio Milliet "Roteiro do Café", onde o autor, verificando como o

café se distribuirá no passado, como a

área de produção foi se desviando no espaço, procurou prever qual seria o

sentido da expansão, da distribuição fu tura destas áreas de produção cafeeira.

do ano. Em certos artigos isto 6 típico.

godão. Verificaremos que há, no inver no, tendência para a alta dos preços dos tecidos de lã.

No fim do inverno, en

tretanto, estes preços vão caindo e du

rante a primavera e verão tendem a um niín'mo. Já o movimento de tecidos de algodão seguirá a marcha inversa. Êstcs fatores são fatores sazonais, tendên

cias sazonais de variação de preços. Na

agricu'tura isto é típico e é possível ana lisar tais influências.

Eliminadas, po

de safra e o volume desta, prever com

certa aproximação em que período a escassez será maior e, portanto, qual

i

a tendência do preço nestes períodos de escassez, o que toma de grande utilida de a determinação da tendência sazonal

de certos artigos, para a previsão de negócios. As variações sazonais e mesmo as re

siduais são de interesse para previsões

acidentais e sazonais, veremos ainda a

parciais desta ou daquela mercadoria,

persistência de oscilações de preços em períodos variáveis de 4 a 12 anos, flu

tuações para a alta e para a baixa, mais regulares, mais contínuas, formando ci clos pelo que às mesmas se deu o no me de tendências cíclicas.

E conside

togramas comparados, para a previsão

mos verificar que as variações cíclicas,

econômica, é muito limitado, sendo mais rica a análise de séries temporais.

por sua vez, apresentam tendência a de terminada vàriação; tomando-se os mí

eni longa duração, sejam os preços do

nimos e máximos de uma série que flu tua, verificaremos que ambos tendem a diminuir ou aumentar, num período mais

algodão em pluma, por exemplo, nota

longo de tempo; temos, então, as va

mos um movimento muito irregular. Tal

riações de longa duração, cuja tendên

>i irregularidade pode ser atribuída a cau■ sa.-: diversas. Em primeiro lugar, pode' mos supor que haja a influência do aca

í

visões parciais, de grande valor. Com referência aos gêneros alimentícios seu conhecimento permite prever a varia ção provável do preço e permite tomar providências para garantir o abasteci mento. É possível, conhecido o período

rém, da série estudada, as tendências

rando espaços de 15 a 25 anos, podere

um fenômeno que se distribui no tempo,

ocorrências importantes. As variações sazonais permitem pre

de circunstâncias sazonais: as estações

Parece-nos, porém, que o uso de car

Quando encaramos a série bruta de

nais e cíclicas, sem desprezarmos as re

Mas, a variação de preços se verifi ca mesmo cm períodos onde não haja ocorrênc-as espontâneas; podem resultar Falaremos dos tecidos de lã ou de al

cia é impropriamente chamada secular. A determinação de cada uma das ten

dências apresenta seu valor para a pre

desta ou daquela indústria, principal

I

der prever as probabilidades de certas e

detemiinadas ocorrências em conjunto e,

nesse caso, a análise dos ciclos eco

nômicos apresenta utilidade extraordiná ria porque, graças à análise da tendêri-cia cíclica, é possível chegar-se a previ sões, senão rigorosas, pelo menos apro-

x madas. Múltiplos são os exemplos de

pre\isão geral; tomemos como exemplo típico o dos índices Anunciadores de Harvard ou Barômetros Econômicos.

Há quem diga que os estudos pura mente especulativos não têm valor, que é preciso entrar diretamente no campo

das aplicações, e que o homem de ga binete, o professor, o cientista desinte ressado, vivem no mundo da lua. É curioso notar, entretanto, que estudos co mo os da determinação da tendência sazonal ou da cíclica tenham saído de

estudos puramente especulativos, sem que os indivíduos que os realizaram ti vessem idéia exata das possibilidades

de aplicação, do alcance que tais traba lhos teriam.

Um exemplo típico é o

mente no caso de indústrias de ritmo de

dos Barômetros Econômicos.

produção irregular, como a do açúcar,

versidade de Harvard, economistas e es

Na Uni

em que as usinas trabalham muito mais no período de safra, visto ser o período de -fabricação do produto; assim, por exemplo, a indústria precisa saber qual

tatísticos, estudando as possibilidades de determinação e eMminação de tendências residuais, seculares e sazonais, ao chega rem às séries depuradas, a tendência cí

vai ser sua necessidade de mão de obra durante a safra porque senão po-

as mesmas apresentavam grande regula

der-se-á ver em grande dificuldade; de terminada a tendência sazonal, a pre-

• visão levará a empresa a ir organizando

clica de séries isoladas, verificaram que

ridade e podiam ser grupadas em umas poucas séries complexivas; construíram,, então, índices complexos, fundindo, num

seus "métodos de recmtamento de pes

único todo, curvas que apresentassem a

soal, e elaborando contratos de trabalho tais que no período eni que não seja necessário um número tão grande de braços, tome-se possível descartar-se dê-

grandes grupos, representados no gráfico seguinte: o grupo representativo do mer

, les. Essas previsões parciais, além de

so; um determinado ato, uma determina

visão. Assim, a análise das variações da

interessarem ao economista, são muito

da ocorrência climática, uma chuva,

tendência secular é útil para a previ são de fenômenos diretamente ligados à

cios. Interessa, porém, multo máis po

uma geada, um fato qualquer, mesmo

95

Digesto Econômico

A previsão econômica envolve a pre visão estatística; desce, porém, às cau

fenômenos entre si; ultrapassa, porisso,

Digesto EcoNÓ>nco

máis valiosas para o homem de negó

mesma fisionom"a e chegaram assim a 3

cado financeiro oú de especulação, o dos negócios e, por fim, o monetário pro priamente dito. A curva de especülação flcoú consti tuída de^3 séries: as cotações das ações


n5 Digesto Econókhco

90

previsão estatística: a análise econômica, porem, foi mais longe. Por fim, os dé

de Bolsa, as compensações nos bancos de Nova York e os débitos de particula res nestes bancos. As compensações nos

bitos de particulares nos bancos de Nova

Bancos de Nova York foram tomadas

York constituiram parte do índice de

porque observaram, com muita razão,

mercado financeiro porque seus clien

que o movimento das compensações em

tes operavam com o fim de especular e seus depósitos refletiam mais uma si tuação de especulação que de negócios.

Nova York era diverso do movimento de

compensações em outros bancos dos Estados Unidos. Por que este fenôme no?

Verificaram, então, que o Banco

de Nova York se especializara em aber

tura de créditos para especulações de Bolsa, enquanto os movimentos de negó cios eram escorados pelos outros Bancos; por isso a curva das compensações no

lentamente, sondando .o terreno, a fim

rior ao da especulação. Sobe mais len

do evitar grandes prejuízos. Enfim, es

tamente, alcançando um máximo muito

tes 2 agentes do mercado, o homem de

depois do máximo de especulação, para cair bruscamente, chegando a um míni

negócios c o especulador, fazem com que o banqueiro acabe desatando os cor

mo depois do da curva de especulação,

déis da bôlsa e facilite os descontos; o crédito vai se facilitando embora estas

para subir outra vez e recomeçar novo utclo.

A curva do mercado monetário

bor, pe'os índices de preço de Bradstreet,

certo afastamento no tempo.

Aí vemos porque a

análise econômica ultrapassa a estatísti ca. A fisionomia da curva de compen sação era diversa da fisionomia das

Aí para a

negócios, mas também sempre com um Se considerarmos a sucessão das va

riações das 3 curvas nas altas e baixas

Mas, de repente, começam os agou-

poderemos, pelo estudo de uma delas, prever o que vai acontecer com as ou

tras duas e, desse modo, analisando as

que mais arrisca porque joga, enquanto

três em suas alternâncias, poderemos

o homem de negócios não o faz, pois

taxas de desconto e das de juros a longo prazo. Com estas 3 curvas construíram o grá fico que vemos:

prever o que vai acontecer com a vida

tenta ganhar sem jogar, é o primeiro a sustar a progressão de seus negócios, sem tentar novas grandes tacadas. O ban

A curva representativa

BARÔMETRO ECONÔMICO

econômica no todo, pois estes fenôme nos se sucedem por estarem intimamente ligados uns aos outros; fazendo tal es

sua vez, a selecionar o crédito, merce

tística.

dos negócios bancários. O homem de negócios, porém, mais conhecedor do

Tomemos o período de 1904 a 1907

1906

I907

1909

1909

1910

1911

1912

I9IS

1914

OS) Curva do mcreado financeiro (Especulação) W Curva de produGa"o c comércio (Ne-gdcios) Curva de mercado monetário (Dinheiro)

Verificou-se, também, que ás várias

ga a um ponto de mínima primeiro e

curvas, assim construídas, não se acom

eleva-se mais depressa e mais ràpida-

panhavam num paralelismo absoluto.

mente que as outras curvas, estaciona por

Analisemos nosso gráfico e constatare

mais longo tempo e antes das demais cai

mos que a curva de especulação che

com maior violência. Segue-se a curva

de certo temor que gera a estabilização

das muitas grandes crises intemacionais;

mercado por um lado, mais ingênuo de outro, continua embalado na alta de

o mundo tinha acabado de passar por

preços. De repente, vem a degringola

uma depressão em 1903-1904. Os ne

da. O banqueiro agüenta mais porqlie

gócios estavam começando a prosperar. O especulador, em geral um homem sempre ganhar mais depressa e salvar-se

joga com soma de garantias muito maior que os outros dois; acaba, porém, sen do arrastado pela queda de preços; uma onda de pessimismo acompanha este es

a tempo, ao menor sinal de recuperação

tado e acentua-o, vindo a crise.

econômica, começa com alguns recursos

Tais observações, demonstrando a pos sibilidade de previsões, permitiram a

muito otimista, tão otimista que espera 1905

queiro, temeroso o prudente, passa, por |

tudo verificaremos, mais uma vez, que a análise econômica \iltri\passa a esta

porque entre 1907 e 1908 tiveram uma

1904

ganhando, os lucros são fáceis e tudo caminha bem.

do mercado monetário, por fim, era constituída pelas séries temporais das

Índices anunciadores de "Harvard"

1903

facilidades sejam acompanhadas da tentati\a do banqueiro em ganhar mais. Ninguém reclama porque todos estão

reiros a dizer que não é possível con tinuar assim. O especulador, indivíduo

demais bancos.

podemos dizer, uma .curva irmã da de

curvas dos demais bancos.

gócios; ele, porém, vai devagar, bem

mente e seu ponto de mínima é poste

acompanha mais de perto a curva de

Banco de Nova York constituía-se, assim

ações em Bôlsa.

de negócios; esta não cai tão brusca

A curva de negócios foi representada por índices de preços do Bureau of La pela produção de ferro fundido, pelos pedidos não executados do "trust" do aço e pela compensação de cheques nos

97

Digesto Econômico

a tentar especular, tirar proveito do movimento de preços em alta e, assim, progredir. O progresso inicial do espe culador leva o homem de negócios a se

generalização do uso dos Baròmetros E^conómicos e esta técnica desenvol

lançar no mercado com maior vigor, pois

ra, França, Japão e Alemanha; até hoje o banqueiro, o especulador e o homem de negócios norte-americanos recebem

percebe indícios seguros de enriqueci mento, não raro fáceis e rápidos para alguns, pelo menos. Começa, então, a

alta de preços para o homem de ne

veu-se nos Estados Unidos, na Inglater

o boletim semanal da Harvard com o

movimento de preços e as previsões pos-


n5 Digesto Econókhco

90

previsão estatística: a análise econômica, porem, foi mais longe. Por fim, os dé

de Bolsa, as compensações nos bancos de Nova York e os débitos de particula res nestes bancos. As compensações nos

bitos de particulares nos bancos de Nova

Bancos de Nova York foram tomadas

York constituiram parte do índice de

porque observaram, com muita razão,

mercado financeiro porque seus clien

que o movimento das compensações em

tes operavam com o fim de especular e seus depósitos refletiam mais uma si tuação de especulação que de negócios.

Nova York era diverso do movimento de

compensações em outros bancos dos Estados Unidos. Por que este fenôme no?

Verificaram, então, que o Banco

de Nova York se especializara em aber

tura de créditos para especulações de Bolsa, enquanto os movimentos de negó cios eram escorados pelos outros Bancos; por isso a curva das compensações no

lentamente, sondando .o terreno, a fim

rior ao da especulação. Sobe mais len

do evitar grandes prejuízos. Enfim, es

tamente, alcançando um máximo muito

tes 2 agentes do mercado, o homem de

depois do máximo de especulação, para cair bruscamente, chegando a um míni

negócios c o especulador, fazem com que o banqueiro acabe desatando os cor

mo depois do da curva de especulação,

déis da bôlsa e facilite os descontos; o crédito vai se facilitando embora estas

para subir outra vez e recomeçar novo utclo.

A curva do mercado monetário

bor, pe'os índices de preço de Bradstreet,

certo afastamento no tempo.

Aí vemos porque a

análise econômica ultrapassa a estatísti ca. A fisionomia da curva de compen sação era diversa da fisionomia das

Aí para a

negócios, mas também sempre com um Se considerarmos a sucessão das va

riações das 3 curvas nas altas e baixas

Mas, de repente, começam os agou-

poderemos, pelo estudo de uma delas, prever o que vai acontecer com as ou

tras duas e, desse modo, analisando as

que mais arrisca porque joga, enquanto

três em suas alternâncias, poderemos

o homem de negócios não o faz, pois

taxas de desconto e das de juros a longo prazo. Com estas 3 curvas construíram o grá fico que vemos:

prever o que vai acontecer com a vida

tenta ganhar sem jogar, é o primeiro a sustar a progressão de seus negócios, sem tentar novas grandes tacadas. O ban

A curva representativa

BARÔMETRO ECONÔMICO

econômica no todo, pois estes fenôme nos se sucedem por estarem intimamente ligados uns aos outros; fazendo tal es

sua vez, a selecionar o crédito, merce

tística.

dos negócios bancários. O homem de negócios, porém, mais conhecedor do

Tomemos o período de 1904 a 1907

1906

I907

1909

1909

1910

1911

1912

I9IS

1914

OS) Curva do mcreado financeiro (Especulação) W Curva de produGa"o c comércio (Ne-gdcios) Curva de mercado monetário (Dinheiro)

Verificou-se, também, que ás várias

ga a um ponto de mínima primeiro e

curvas, assim construídas, não se acom

eleva-se mais depressa e mais ràpida-

panhavam num paralelismo absoluto.

mente que as outras curvas, estaciona por

Analisemos nosso gráfico e constatare

mais longo tempo e antes das demais cai

mos que a curva de especulação che

com maior violência. Segue-se a curva

de certo temor que gera a estabilização

das muitas grandes crises intemacionais;

mercado por um lado, mais ingênuo de outro, continua embalado na alta de

o mundo tinha acabado de passar por

preços. De repente, vem a degringola

uma depressão em 1903-1904. Os ne

da. O banqueiro agüenta mais porqlie

gócios estavam começando a prosperar. O especulador, em geral um homem sempre ganhar mais depressa e salvar-se

joga com soma de garantias muito maior que os outros dois; acaba, porém, sen do arrastado pela queda de preços; uma onda de pessimismo acompanha este es

a tempo, ao menor sinal de recuperação

tado e acentua-o, vindo a crise.

econômica, começa com alguns recursos

Tais observações, demonstrando a pos sibilidade de previsões, permitiram a

muito otimista, tão otimista que espera 1905

queiro, temeroso o prudente, passa, por |

tudo verificaremos, mais uma vez, que a análise econômica \iltri\passa a esta

porque entre 1907 e 1908 tiveram uma

1904

ganhando, os lucros são fáceis e tudo caminha bem.

do mercado monetário, por fim, era constituída pelas séries temporais das

Índices anunciadores de "Harvard"

1903

facilidades sejam acompanhadas da tentati\a do banqueiro em ganhar mais. Ninguém reclama porque todos estão

reiros a dizer que não é possível con tinuar assim. O especulador, indivíduo

demais bancos.

podemos dizer, uma .curva irmã da de

curvas dos demais bancos.

gócios; ele, porém, vai devagar, bem

mente e seu ponto de mínima é poste

acompanha mais de perto a curva de

Banco de Nova York constituía-se, assim

ações em Bôlsa.

de negócios; esta não cai tão brusca

A curva de negócios foi representada por índices de preços do Bureau of La pela produção de ferro fundido, pelos pedidos não executados do "trust" do aço e pela compensação de cheques nos

97

Digesto Econômico

a tentar especular, tirar proveito do movimento de preços em alta e, assim, progredir. O progresso inicial do espe culador leva o homem de negócios a se

generalização do uso dos Baròmetros E^conómicos e esta técnica desenvol

lançar no mercado com maior vigor, pois

ra, França, Japão e Alemanha; até hoje o banqueiro, o especulador e o homem de negócios norte-americanos recebem

percebe indícios seguros de enriqueci mento, não raro fáceis e rápidos para alguns, pelo menos. Começa, então, a

alta de preços para o homem de ne

veu-se nos Estados Unidos, na Inglater

o boletim semanal da Harvard com o

movimento de preços e as previsões pos-


+

+

+

09

Digiísto Econômico

síveis, embora admitindo-se uma certa

Cremos haver demonstrado a possibili dade, não só de previsões parciais, como

margem de erro. A crise de 1920 foi uma crise de curta

de ordem geral, embora com uma certa

duração. Para a especulação, no quar to trimestre de 1921, a crise já havia

margem de erro. Tais previsões são feitas em termos de probabilidade, o que

terminado e começava a expansão.

não lhe .rouba o valor; antes tira-lhe o

Os

homens de negócios tiveram de enfren tar mau tempo até janeiro de 1922 e de então em diante começaram a mellio-

rar; para os banqueiros, em meados de 1922 a melhoria já fôra muito grande. Em 1924, por motivos ocasionais, ten tativa de saneamento monetário mundial,

depois da quebra do marco na Alema nha, houve certa baixa nas operações bancárias. O movimento de e.specula-

ção crescia, porém, num ritmo assusta

dor. Foi um período de desenfreado jogo de Bôlsa em que até domésticas jogavam seus minguados recursos na ilusão de ganhar com rapidez enormes fortunas, segundo nos conta Warshow em sua História de Wall Street. O ban

queiro, por sua vez, principalmente o de Nova York, contagiado por êste mo vimento de especulação, também fôra na onda, embora com menor intensi dade e com certo retardo.

Os negócios, porém, depois de uma

dogmatismo. O Brasil, porém, ficou à margem destes estudos de dinâmica econômica; embora com grande retardo é tempo de termos também os nossos negócios melhor dirigidos, pensarmos em prever para prover, em conliecer a nossa realidade presente e não deixar que o futuro nos tome inteiramente desorganizados, inteiramente desarmados.

O que será necessário fazer? Tudo, inclusive formar os técnicos necessários

para isto, pois que não existem em nu mero suficiente.

Entre os problemas

que podemos apontar estão a separaç^ entre créditos para especulação e ré ditos para negócios, a análise do "modus opei-andi" das várias organizações ban cárias do Estado ou do País. Precisamos construir índices de preços,

pois o Brasil não os possui, nem de va rejo, nem de atacado. Precisamos deter minar qual a nossa produção basica,

alta até fins de 1925, mantiveram-se relativamente estáveis até o último tri

quais os alicerces de nossa atividade in terna, quais as atividades que consti

mestre de 1928; só então o negociante

tuem a expressão máxima de nossa eco nomia e cuidar do estudo dêstes produ

deixou-se levar um pouco pela alta, o que se deve, em grande parte, ao efeito da propaganda tendente a mostrar que

tos e atividades, de seu ritmo, de seu volume, de seu valor; precisamos, so

tudo ia num mar de rosas e que a pros

bretudo, da fidelidade dos dados esta

peridade era duradoura e não mais daria lugar à depressão. Mas, em 1929, quando a crise veio, foi geral e mesmo aqueces homens de

tísticos.

fidelidade dos dados.

negócio que resistiram à alta e tenta

blema capital de tôda tentativa de esta

ram controlar-se foram arrastados, sen

tística no Brasil.

tindo a depressão do mesmo modo que o banqueiro e o especulador, embora

dados apresentados por nossas estatís

ticas porque sabe que estes quase nunca

com menor intensidade.

correspondem à realidade. Ora, a con-

Chegamos, por fim, à ligação entre

previsão econômica e contabilidade, à Êste é o pro

Ninguém confia nos


+

+

+

09

Digiísto Econômico

síveis, embora admitindo-se uma certa

Cremos haver demonstrado a possibili dade, não só de previsões parciais, como

margem de erro. A crise de 1920 foi uma crise de curta

de ordem geral, embora com uma certa

duração. Para a especulação, no quar to trimestre de 1921, a crise já havia

margem de erro. Tais previsões são feitas em termos de probabilidade, o que

terminado e começava a expansão.

não lhe .rouba o valor; antes tira-lhe o

Os

homens de negócios tiveram de enfren tar mau tempo até janeiro de 1922 e de então em diante começaram a mellio-

rar; para os banqueiros, em meados de 1922 a melhoria já fôra muito grande. Em 1924, por motivos ocasionais, ten tativa de saneamento monetário mundial,

depois da quebra do marco na Alema nha, houve certa baixa nas operações bancárias. O movimento de e.specula-

ção crescia, porém, num ritmo assusta

dor. Foi um período de desenfreado jogo de Bôlsa em que até domésticas jogavam seus minguados recursos na ilusão de ganhar com rapidez enormes fortunas, segundo nos conta Warshow em sua História de Wall Street. O ban

queiro, por sua vez, principalmente o de Nova York, contagiado por êste mo vimento de especulação, também fôra na onda, embora com menor intensi dade e com certo retardo.

Os negócios, porém, depois de uma

dogmatismo. O Brasil, porém, ficou à margem destes estudos de dinâmica econômica; embora com grande retardo é tempo de termos também os nossos negócios melhor dirigidos, pensarmos em prever para prover, em conliecer a nossa realidade presente e não deixar que o futuro nos tome inteiramente desorganizados, inteiramente desarmados.

O que será necessário fazer? Tudo, inclusive formar os técnicos necessários

para isto, pois que não existem em nu mero suficiente.

Entre os problemas

que podemos apontar estão a separaç^ entre créditos para especulação e ré ditos para negócios, a análise do "modus opei-andi" das várias organizações ban cárias do Estado ou do País. Precisamos construir índices de preços,

pois o Brasil não os possui, nem de va rejo, nem de atacado. Precisamos deter minar qual a nossa produção basica,

alta até fins de 1925, mantiveram-se relativamente estáveis até o último tri

quais os alicerces de nossa atividade in terna, quais as atividades que consti

mestre de 1928; só então o negociante

tuem a expressão máxima de nossa eco nomia e cuidar do estudo dêstes produ

deixou-se levar um pouco pela alta, o que se deve, em grande parte, ao efeito da propaganda tendente a mostrar que

tos e atividades, de seu ritmo, de seu volume, de seu valor; precisamos, so

tudo ia num mar de rosas e que a pros

bretudo, da fidelidade dos dados esta

peridade era duradoura e não mais daria lugar à depressão. Mas, em 1929, quando a crise veio, foi geral e mesmo aqueces homens de

tísticos.

fidelidade dos dados.

negócio que resistiram à alta e tenta

blema capital de tôda tentativa de esta

ram controlar-se foram arrastados, sen

tística no Brasil.

tindo a depressão do mesmo modo que o banqueiro e o especulador, embora

dados apresentados por nossas estatís

ticas porque sabe que estes quase nunca

com menor intensidade.

correspondem à realidade. Ora, a con-

Chegamos, por fim, à ligação entre

previsão econômica e contabilidade, à Êste é o pro

Ninguém confia nos


1"^ 100

Dicesto Econômico

tabiliclade, não digo como ciência, mas como técnica, fornece meios de reajus tar o controle, meios estes que devem o podem ser utilizados como elementos ne

que possa compreender a re.sponsabilidade que tem sobre os ombros, o contador pode e deve ser o agente dc informação

cessários ao arrolamento de dados fide

ção de Baròmetros Econômicos e ou

dignos, à exatidão de registros, à minú

tras tentativas do previsão.

cia, à sua uniformidade, auxiliando mui

to estas tentativas.

Sem esta exatidão,

sem esta uniformidade, sem a instan- -

do século KVU

por excelência, na tentativa da constru por Aíonso (1'^. Taunay

U)a Academia Brasileira dc Letras)

Não é preciso encarecer a contribui ção cultural e prática, sc c que quere

taneidade dos dados, não é possível che

mos ir para a prática imediatamente, de

gar a nenhuma previsão.

semelhante contribuição.

Claro está

fl graoíssima crise econômica de fins

O contabilis-

que estatísticas com atraso de dois anos,

ta con.sciente de .seu papel, da contribui

O eminente historiador dr. Afonso d'E. Taunay, neste terceiro oríígo da

por exemplo, não podem prestar auxílio

algum, não permitem previsões, porque

ção que dará, pela exatidão, pela imiformidade e pela instantaneidade dos

a vida econômica ó dinâm ca, e os fatos

dados fornecidos, poderá permitir ao

série que vem escrevendo, e.xpÕe a angustiosa escassez de numerário no Brasil, coincidente com a grande baixa dos preços do açúcar e do fumo no último quartel do século XVII e a repulsa dos povos da Colônia à acei

não esperam dois anos para que as

Brasil ter também os seus escritórios de

tação da curta regia de 4 de agusto de 1688, que determinava o alçamento

estatísticas sejam elaboradas.

'nformaçõe.s, fornecer aos agentes da vida

A possibilidade da instantaneidade po de ser conseguida graças à colaboração do contador, que aparece como um agente de informações importantíssimo, pois possui especialização técnica; graças

econômica, em todos os seus setores,

pelo Covenuidor Geral do Brasil, às mais alfas autoridades da Colônia,

à existência de um curso de ciências

co um verdadeiro jogo de azar. Só desta maneira podemos contribuir para

contábeis e atuariais, em nível superior, que Uie ministra a formação econômica

e estatística básica, indispensável para

da moeda. Historia, ao mesmo tempo, os protestos endereçados ao Trono, às Câmaras Municipais etc.

elementos que permitirão fugir, tanto quanto possível, ao azar porque não po demos continuar, criminosamente, a fa

a ciência, para a cultura e para o engrandecimento da Nação.

A 4 de março de 1565 o procurador Manuel de Aguiar proclamava que não

III

zer do nos.so desenvolvimento econômi

No decurso do século XVII à medida

havia praticamente numerário em São

que a centiiria avançava, do meio para o fim, a falta de numerário agravou-se

Paulo quando no entanto em diversas

A

vilas corria todo o gênero de moeda as-

V

notavelmente em todo o Brasil e sobre

sim cunhada como por acunhar. Piorou imenso a situação do meio cir

tudo em São Paulo.

janeiro de 1603 o procurador Pedro Vaz

redação rudemente solecista.

Assim a

recebia grande dano com a alta da vida

28 de fevereiro de 1654 o procurador do Conselho Diogo Rodrigues declarava a seus pares "que nesta terra de presente não havia dinheiro nenhum pelo averem

e os preços exorbitantes nas coisas que

levado dela todo" donde resultava muito dano. Assim mandassem suas mercês

Rei Conde de Óbidos pedindo licença para que na Casa da Moeda local se pudesse bater cobre de cinco a dez réis "porque assim com mais facilidade poudessem os pobres viver".

que ninguém levasse para fora da vila quantia superior a dez mil réis amoedados.

Os químicos stiecos conseguiram extrair do óleo uma nova espécie de fibra,

que possui a mesma resistência e densidade do "nylon", com possibilidade de ser produzida em escala industrial. A nova substância, denominada "superpoliamida", não adquiriu ainda o grau de finura do "nylon", entretanto, ê perfeitamente utilizável na indústria têxtil. O fio se estira .sem qualquer processo de fiação.

culante o que fazia com que a 6 de

Nada mais significativo do que os sin gelos depoimentos das "Actas da Gama ra de São Paulo" na simpleza de sua

Muniz lembrasse à Câmara quanto q povo

se vendiam.

No ano seguinte a edllidade paulis tana, a 12 de juUio, escrevia ao Vice-

Mas continuiu a situação a piorar

"E quem trouxesse fazendas as ven desse e empregasse o procedido dela" no próprio âmbito da vila para se evi

exigências do "Real Pedido", contribui

tar a evasão do numerário.

ção lançada para o pagamento do dote

para o fim do século, agravada pelas


1"^ 100

Dicesto Econômico

tabiliclade, não digo como ciência, mas como técnica, fornece meios de reajus tar o controle, meios estes que devem o podem ser utilizados como elementos ne

que possa compreender a re.sponsabilidade que tem sobre os ombros, o contador pode e deve ser o agente dc informação

cessários ao arrolamento de dados fide

ção de Baròmetros Econômicos e ou

dignos, à exatidão de registros, à minú

tras tentativas do previsão.

cia, à sua uniformidade, auxiliando mui

to estas tentativas.

Sem esta exatidão,

sem esta uniformidade, sem a instan- -

do século KVU

por excelência, na tentativa da constru por Aíonso (1'^. Taunay

U)a Academia Brasileira dc Letras)

Não é preciso encarecer a contribui ção cultural e prática, sc c que quere

taneidade dos dados, não é possível che

mos ir para a prática imediatamente, de

gar a nenhuma previsão.

semelhante contribuição.

Claro está

fl graoíssima crise econômica de fins

O contabilis-

que estatísticas com atraso de dois anos,

ta con.sciente de .seu papel, da contribui

O eminente historiador dr. Afonso d'E. Taunay, neste terceiro oríígo da

por exemplo, não podem prestar auxílio

algum, não permitem previsões, porque

ção que dará, pela exatidão, pela imiformidade e pela instantaneidade dos

a vida econômica ó dinâm ca, e os fatos

dados fornecidos, poderá permitir ao

série que vem escrevendo, e.xpÕe a angustiosa escassez de numerário no Brasil, coincidente com a grande baixa dos preços do açúcar e do fumo no último quartel do século XVII e a repulsa dos povos da Colônia à acei

não esperam dois anos para que as

Brasil ter também os seus escritórios de

tação da curta regia de 4 de agusto de 1688, que determinava o alçamento

estatísticas sejam elaboradas.

'nformaçõe.s, fornecer aos agentes da vida

A possibilidade da instantaneidade po de ser conseguida graças à colaboração do contador, que aparece como um agente de informações importantíssimo, pois possui especialização técnica; graças

econômica, em todos os seus setores,

pelo Covenuidor Geral do Brasil, às mais alfas autoridades da Colônia,

à existência de um curso de ciências

co um verdadeiro jogo de azar. Só desta maneira podemos contribuir para

contábeis e atuariais, em nível superior, que Uie ministra a formação econômica

e estatística básica, indispensável para

da moeda. Historia, ao mesmo tempo, os protestos endereçados ao Trono, às Câmaras Municipais etc.

elementos que permitirão fugir, tanto quanto possível, ao azar porque não po demos continuar, criminosamente, a fa

a ciência, para a cultura e para o engrandecimento da Nação.

A 4 de março de 1565 o procurador Manuel de Aguiar proclamava que não

III

zer do nos.so desenvolvimento econômi

No decurso do século XVII à medida

havia praticamente numerário em São

que a centiiria avançava, do meio para o fim, a falta de numerário agravou-se

Paulo quando no entanto em diversas

A

vilas corria todo o gênero de moeda as-

V

notavelmente em todo o Brasil e sobre

sim cunhada como por acunhar. Piorou imenso a situação do meio cir

tudo em São Paulo.

janeiro de 1603 o procurador Pedro Vaz

redação rudemente solecista.

Assim a

recebia grande dano com a alta da vida

28 de fevereiro de 1654 o procurador do Conselho Diogo Rodrigues declarava a seus pares "que nesta terra de presente não havia dinheiro nenhum pelo averem

e os preços exorbitantes nas coisas que

levado dela todo" donde resultava muito dano. Assim mandassem suas mercês

Rei Conde de Óbidos pedindo licença para que na Casa da Moeda local se pudesse bater cobre de cinco a dez réis "porque assim com mais facilidade poudessem os pobres viver".

que ninguém levasse para fora da vila quantia superior a dez mil réis amoedados.

Os químicos stiecos conseguiram extrair do óleo uma nova espécie de fibra,

que possui a mesma resistência e densidade do "nylon", com possibilidade de ser produzida em escala industrial. A nova substância, denominada "superpoliamida", não adquiriu ainda o grau de finura do "nylon", entretanto, ê perfeitamente utilizável na indústria têxtil. O fio se estira .sem qualquer processo de fiação.

culante o que fazia com que a 6 de

Nada mais significativo do que os sin gelos depoimentos das "Actas da Gama ra de São Paulo" na simpleza de sua

Muniz lembrasse à Câmara quanto q povo

se vendiam.

No ano seguinte a edllidade paulis tana, a 12 de juUio, escrevia ao Vice-

Mas continuiu a situação a piorar

"E quem trouxesse fazendas as ven desse e empregasse o procedido dela" no próprio âmbito da vila para se evi

exigências do "Real Pedido", contribui

tar a evasão do numerário.

ção lançada para o pagamento do dote

para o fim do século, agravada pelas


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102

Dicesto Econômico

193

Dicesto Econômico

de D. Catarina de Bragança pelo seu casamento com Carlos II da Inglaterra e sobretudo da indenização de guerra constante do tratado de paz com a Ho

férreamente dirigidos, só poderia ser o pior possível. Sob D. João IV a oitava de ouro su

landa em 1661.

de correr a mil e quinhentos réis.

A São Paulo caberia

pagar, durante dezesseis anos, uma quota anual de seíscentos e cinqüenta mil réis. Esta quota se cobrou com extrema difi

culdade havendo aliás baixado alguns anos mais a

réis.

Vivia o comércio brasileiro pertuibadissimo pela escassez de numerário. As

A 7 de julho de 1662 ordenara Afonso

em 30 de janeiro de 1687, pinta o estado aflitivo do comércio local por

VI ao Vice-Rei Conde de Óbidos para que levantasse o valor intrínseco na

falta de numerário.

do açúcar.

res obrigados a aceitar em troca de suas

O curso natural das coisas fizera com

transações pano de algodão fabricado na vila pelo que valesse geralmente na

que os povos se habituassem ao valor de

bira de 468 réis a 660.

Em 1688 iria

moeda do Brasil, 25 por cento nas de prata e doze e meio nas de ouro. Era

incrível que em pleno século XVII pra ticassem os reis de Portugal as normas ilusórias dos reis medievai.s moedoiros

tramarino ao Príncipe Regente que em

falsos.

tava grande decadência por falta d© moeda metálica.

À chegada das frotas do Reino come

çou a ocorrer fenômeno de alta gravi dade. Os representantes dos mercado

que trocavam a exporta Içãores dedo Lisboa, Reino em panos, ferragens, vi nhos, azeites, etc, embarcando em' re

tomo açúcar e .mmo, sobretudo, come çaram a exigir, em encontro de conlas, não gêneros mas dinheiro de contado!

Novos e veementes protestos. O Mes

tre de Campo Pedro Gomes, go\'emador do Rio de Janeiro, representou ao Trono que a situação econômica da Colônia pio rara imenso com a queda dos preços

sim em 1672 observava o Conselho Ul

tôda a capitania de Pernambuco se no

Um capítulo de correição em São Paulo do Ouvidor Geral da Repartição

Inaptíssima veio a ser a provisão regia de 23 de maio de 1679 ordenando que por todo o Brasil se marcassem as pala-

do Sul dr. Tome de Almeida Oliveira,

Eram os mercado

terra. Graças à ausência quase absoluta

640 réis por pataca. Assim sendo, tor nava-se extorsiva a imposição dos dois

de meio circulante caira-se novamente

vinténs como taxa de recunhagem.

A nova ordem régia ha\'eria de fazer

na fase primitiva do escambo. A 13 de março de 1676, Dom Pedro,

então Príncipe Regente, expedira um al vará que na íntegra se lê no "Registro Geral da Câmara de São Paulo" (3, 173).

mais gasto do que proveito à Fazenda Real.

(Doe. do Rio de Janeiro n.®

1427). Nove anos mais tarde achava-se o go

cas, dentro do prazo de um mês! Um

Mandava correr a 600 réis as patacas

verno do Reino em sérias aperturas fi

mes apenas para todo o Brasil de 16791

por marcar, quando as meias patacas marcadas corriam por ôsses mesmos 600

nanceiras.

Findo tal prazo as moedas não mai^ cadas não poderiam correr. Cada vez mais deteriorado, mais cer

réis.

Havia portanto incompreensível

equiparação de valores.

Com verda

ceado corria o numerário do Brasil. E

deiro assombro recebeu a decisão régia

da Corte vinham ordens para a me

o Governo interino do Brasü,

lhoria de tal situação em vez de se des pacharem remessas metálicas abun

virato que regia o Estado, com a morte inesperada do Visconde de Barbacena.

triim-

Assim mais uma vez recor

reu ao alçamento da moeda que teve o valor acrescido de vinte por cento pela lei de 4 de agosto de 1688.

As peças de ouro passaram portanto de quatro mil réis a 4$800.

Á

As patacas espanholas, que desde os ■

tempos da dinastia de Aviz corriam em

embarque e o resguardo demoradíssimo

tão General Governador de Pernambu

desmonetízar arbitrariamente a massa do

tôda a monarquia com curso legal, em- . bora quase sempre cerceadas e pertur bando a circulação, passaram a valer pelo peso cotando-se a oitava a 100

nas a'fândega.s de modo que se dete

co, o curso da moeda cerceado, para se

numerário circulante no Brasil?

réis.

evitar a desmonetização de contínuo cer

Assim ordenou que as patacas e meias patacas marcadas de qualquer cunho ou

É que o açúcar brasileiro não supor tava a concorrência do antilhano pela inferioridade da fabricação, o desleixo do

riorava muito. O estanco do fumo, por outro lado, prejudicava notàve'mente a

produção. Da depressão dos dois artigos super tributados, decorria aliás a eva são da moeda que chegou a tomar pro

porções as mais alarmantes em um meio completamente desprovido de qualquer aparelhamento bancário, como o Brasil. Mas como as finanças do Reino re-

cém-restaurado, após o terrível lapso dos

ses.senta anos filipinos, eram tudo quan

dantes.

Convocou a Junta em palácio invocando

Obedecendo a instruções regias proi bia João da Cunha Souto Maior, Capi

as conveniências do serviço do próprio

ceio das peças cada vez mais degrada das.

Os incursos no delito de tai cir

Príncipe Regente. Como seria possível

por marcar corressem a 640 e 320 réis

culação seriam, além de multados em

"preço comum a que a necessidade pú

cem mil réis, degredados para a África. Conced a-se porém um prazo curto para

blica as tinha subido".

os possuidores da moeda cerceada en

tregá-las às autoridades a quem pedi riam troco do seu valor intrínseco, sob

graves penas também.

Imagine-se como foi isto cumprido,

to havia de menos brilhante, o reflexo

como poderia ter sido cumprido! Tanto

da situação européia sôbre a brasileira, numa época de economia e comércio

assim que uma carta régia mandava, pouco depois, circular tôda a moeda.

Tão acertada tal decisão que o pró prio Príncipe, mas pelo tardonho alvará de 17 de novembro de 1681, revogou

"Esta última disposição, escreve João Lúcio d'Azevedo, aplicada a risco afe tava no Brasil a circulação justamente

em sentido contrario ao que tinha em vista a lei".

Abundavam em Portugal as patacas,

dinheiro aliás fraco, moeda quase que e.xclusiva de circulação no Brasil.

Le

vavam-nas os mercadores para o Brasil

A 23 de março de 1679 ordenara êle

e era freqüente o seu retômo ao Reino em troca de gêneros brasileiros. Natural

aliás que as patacas corressem por 640

era recolherem os portadores as espécies

o ato anterior.

réis mas fossem marcadas, devendo os

menos cerceadas sucedendo assim con

seus possuidores pagar quarenta réis pela

sistir o grosso da circulação em patacas

operação.

de menor valor intrínseco.


'f'" ' <;

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Dicesto Econômico

193

Dicesto Econômico

de D. Catarina de Bragança pelo seu casamento com Carlos II da Inglaterra e sobretudo da indenização de guerra constante do tratado de paz com a Ho

férreamente dirigidos, só poderia ser o pior possível. Sob D. João IV a oitava de ouro su

landa em 1661.

de correr a mil e quinhentos réis.

A São Paulo caberia

pagar, durante dezesseis anos, uma quota anual de seíscentos e cinqüenta mil réis. Esta quota se cobrou com extrema difi

culdade havendo aliás baixado alguns anos mais a

réis.

Vivia o comércio brasileiro pertuibadissimo pela escassez de numerário. As

A 7 de julho de 1662 ordenara Afonso

em 30 de janeiro de 1687, pinta o estado aflitivo do comércio local por

VI ao Vice-Rei Conde de Óbidos para que levantasse o valor intrínseco na

falta de numerário.

do açúcar.

res obrigados a aceitar em troca de suas

O curso natural das coisas fizera com

transações pano de algodão fabricado na vila pelo que valesse geralmente na

que os povos se habituassem ao valor de

bira de 468 réis a 660.

Em 1688 iria

moeda do Brasil, 25 por cento nas de prata e doze e meio nas de ouro. Era

incrível que em pleno século XVII pra ticassem os reis de Portugal as normas ilusórias dos reis medievai.s moedoiros

tramarino ao Príncipe Regente que em

falsos.

tava grande decadência por falta d© moeda metálica.

À chegada das frotas do Reino come

çou a ocorrer fenômeno de alta gravi dade. Os representantes dos mercado

que trocavam a exporta Içãores dedo Lisboa, Reino em panos, ferragens, vi nhos, azeites, etc, embarcando em' re

tomo açúcar e .mmo, sobretudo, come çaram a exigir, em encontro de conlas, não gêneros mas dinheiro de contado!

Novos e veementes protestos. O Mes

tre de Campo Pedro Gomes, go\'emador do Rio de Janeiro, representou ao Trono que a situação econômica da Colônia pio rara imenso com a queda dos preços

sim em 1672 observava o Conselho Ul

tôda a capitania de Pernambuco se no

Um capítulo de correição em São Paulo do Ouvidor Geral da Repartição

Inaptíssima veio a ser a provisão regia de 23 de maio de 1679 ordenando que por todo o Brasil se marcassem as pala-

do Sul dr. Tome de Almeida Oliveira,

Eram os mercado

terra. Graças à ausência quase absoluta

640 réis por pataca. Assim sendo, tor nava-se extorsiva a imposição dos dois

de meio circulante caira-se novamente

vinténs como taxa de recunhagem.

A nova ordem régia ha\'eria de fazer

na fase primitiva do escambo. A 13 de março de 1676, Dom Pedro,

então Príncipe Regente, expedira um al vará que na íntegra se lê no "Registro Geral da Câmara de São Paulo" (3, 173).

mais gasto do que proveito à Fazenda Real.

(Doe. do Rio de Janeiro n.®

1427). Nove anos mais tarde achava-se o go

cas, dentro do prazo de um mês! Um

Mandava correr a 600 réis as patacas

verno do Reino em sérias aperturas fi

mes apenas para todo o Brasil de 16791

por marcar, quando as meias patacas marcadas corriam por ôsses mesmos 600

nanceiras.

Findo tal prazo as moedas não mai^ cadas não poderiam correr. Cada vez mais deteriorado, mais cer

réis.

Havia portanto incompreensível

equiparação de valores.

Com verda

ceado corria o numerário do Brasil. E

deiro assombro recebeu a decisão régia

da Corte vinham ordens para a me

o Governo interino do Brasü,

lhoria de tal situação em vez de se des pacharem remessas metálicas abun

virato que regia o Estado, com a morte inesperada do Visconde de Barbacena.

triim-

Assim mais uma vez recor

reu ao alçamento da moeda que teve o valor acrescido de vinte por cento pela lei de 4 de agosto de 1688.

As peças de ouro passaram portanto de quatro mil réis a 4$800.

Á

As patacas espanholas, que desde os ■

tempos da dinastia de Aviz corriam em

embarque e o resguardo demoradíssimo

tão General Governador de Pernambu

desmonetízar arbitrariamente a massa do

tôda a monarquia com curso legal, em- . bora quase sempre cerceadas e pertur bando a circulação, passaram a valer pelo peso cotando-se a oitava a 100

nas a'fândega.s de modo que se dete

co, o curso da moeda cerceado, para se

numerário circulante no Brasil?

réis.

evitar a desmonetização de contínuo cer

Assim ordenou que as patacas e meias patacas marcadas de qualquer cunho ou

É que o açúcar brasileiro não supor tava a concorrência do antilhano pela inferioridade da fabricação, o desleixo do

riorava muito. O estanco do fumo, por outro lado, prejudicava notàve'mente a

produção. Da depressão dos dois artigos super tributados, decorria aliás a eva são da moeda que chegou a tomar pro

porções as mais alarmantes em um meio completamente desprovido de qualquer aparelhamento bancário, como o Brasil. Mas como as finanças do Reino re-

cém-restaurado, após o terrível lapso dos

ses.senta anos filipinos, eram tudo quan

dantes.

Convocou a Junta em palácio invocando

Obedecendo a instruções regias proi bia João da Cunha Souto Maior, Capi

as conveniências do serviço do próprio

ceio das peças cada vez mais degrada das.

Os incursos no delito de tai cir

Príncipe Regente. Como seria possível

por marcar corressem a 640 e 320 réis

culação seriam, além de multados em

"preço comum a que a necessidade pú

cem mil réis, degredados para a África. Conced a-se porém um prazo curto para

blica as tinha subido".

os possuidores da moeda cerceada en

tregá-las às autoridades a quem pedi riam troco do seu valor intrínseco, sob

graves penas também.

Imagine-se como foi isto cumprido,

to havia de menos brilhante, o reflexo

como poderia ter sido cumprido! Tanto

da situação européia sôbre a brasileira, numa época de economia e comércio

assim que uma carta régia mandava, pouco depois, circular tôda a moeda.

Tão acertada tal decisão que o pró prio Príncipe, mas pelo tardonho alvará de 17 de novembro de 1681, revogou

"Esta última disposição, escreve João Lúcio d'Azevedo, aplicada a risco afe tava no Brasil a circulação justamente

em sentido contrario ao que tinha em vista a lei".

Abundavam em Portugal as patacas,

dinheiro aliás fraco, moeda quase que e.xclusiva de circulação no Brasil.

Le

vavam-nas os mercadores para o Brasil

A 23 de março de 1679 ordenara êle

e era freqüente o seu retômo ao Reino em troca de gêneros brasileiros. Natural

aliás que as patacas corressem por 640

era recolherem os portadores as espécies

o ato anterior.

réis mas fossem marcadas, devendo os

menos cerceadas sucedendo assim con

seus possuidores pagar quarenta réis pela

sistir o grosso da circulação em patacas

operação.

de menor valor intrínseco.


105

DicESTo Econômico 104

Digesto Econômico

As Câmaras desde a bahiana de 1620

haviam praticado uma modalidade de inflação.

Eistendera-se pela Colônia

às demais moedas a elevação de pataca. Assim os três vinténs passaram a tostão,

correrem moedas cerceadas no numerá

geira circulando no Brasil à razão de

de Janeiro números 1739, 1756, 1766 e

rio da Capitania e em número sobremo

cem réis por oitava de peso.

1769).

do a\'ultado.

Em Pernambuco idêntica resolução se

O pior é que em geral todo êste nu

merário corria em geral muito estra

todo o Estado "era como nacional de

verno da Metropóle projetava fazer o

tempo muito antigo".

levantamento do valor da moeda no Es

agora exigida produziria grande con

brasileiros. Veio ordem para o cumpri

tado e começavam a subir ao trono as

fusão para todo o comércio grosso e

mento de nefasta lei de 1688.

reclamações sucessivas da mais elevada

miúdo dos moradores.

tomou.

Mas a Corte desaorovou os alritres à.

os seis vinténs a duzentos réis.

Ora havia imenso de tal dinlieiro em

Sabia-se porém no Brasil que o Go

Ordenou-se que o levantamento se fi

do Governador Geral e

Para evitar o cerceio ordenara a Ici

do chanceler da Relação do Brasil, dos

tinham teor oscilante entre quatro e

zesse tal qual se procedia no Reino e não sobre o que, na Colônia "por abuso

de sua legalidade se lhe tinham arbitra

vador, do Rio de Janeiro e de Olinda.

seis e meia oitavas, conforme o número

do" como escrevia D. Pedro II cm carta

de operações e a intensidade do cerceio

Assim viviam os povos muito sobres-

que se lhe desse muito alto valor intrín seco, as patacas de quatro oitavas e me:a para cima valeriam em vez de 440 reis 640, o que redundava em grande prejuí

régia ao Governador do Brasil Antônio

saltados à espera da decisão régia sôbre

Luís Gonçalves da Câmara Coutinlio, a 19 de março de 1690 e como documen

a tão momentosa questão.

gado.

Assim as patacas que valiam 640 réis

a que haviam sido submetidas.

Raras havia de sete oitavas. E estas

dariam vantagem que assim mesmo não eqüivalia aos vinte por cento determina

dos pelo aumento régio. O resto, a sa

procedência;

Esta pesagem

oficiais das câmaras da cidade do Sal

tam cartas do Governador do Rio e re

A carta régia de 4 de agosto de 1688 viria provocar verdadeiro desespero no

presentações

Brasil.

da

Câmara

fluminense

zo para os povos.

Ora, a crise dos preços do açúcar atin

gira o auge. Os mercadores das frotas não só não queriam comprar o gênero co

mo exigiam o pagamento de suas vendas

I ber a quase totalidade, oscilava por va

(Cons. Ultr. Doe. do Rio de Janeiro números 1766 a 1769).

Matias da Cunha, a 24 de outubro dêste

Paralisados nos portos, muitos navios

Assim a inepta lei causara verdadei

Alegava a edilidade que para os vas salos do Brasil redundava em prejuízo

mesmo ano, assumira interinamente o

não triham ainda lastro e os mais não chegaram a meia carga.

lores diversos desde menos de 600 réis.

ro pânico no, Brasil todo.

o que no preâmbulo da lei se alegava ser uma graça da Coroa, em favor dos

Nos três principais núcleos, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, os governa

súditos. Para os brasileiros a aplicação

dores assustados com o feitio das coi

da lei redundava em eliminação consi

sas acharam oportuno não dar execução

derável no que possuíssem em moeda. Chegou a Cârnara a declarar que tal prejuízo subiria a oitenta por centol (Cf.

à lei da baixa.

A inflação, os colonos do Brasil a

admitiam sem oposição alguma, propon do até que a pataca de 640 réis corresse

Azevedo, ob. cit., 343).

a 800 em vez de 768 por comodidade

tinuava e prevalecia.

comercial.

A Câmara do Rio de Janeiro opôs em bargos ao Conselho Ultramarino. Na Bahia o Governador Geral convo

Assim a insistência da Metrópole con A 2 de outubro de 1688 protestava a

Câmara de São Pau'o não poderem man

dar os seus munícipes o seu dinhei ro ao Rio de Janeiro como ordenara o

Ouvidor Geral, para lá se recunhar. Alegava não só notável inconveniência

cou em conferência todas as altas, per sonalidades da capital, e esta junta re

pe'o risco e distância, tanto mais quan

solveu que se propusesse para as pa tacas de 6 oitavas o antigo valor de

to "o pirata infestava esta corte. Sua Magestade não haveria de querer a perdi

640 réis, sendo as de 6 lá e 7 arbitra

ção dos seus povos".

das em 700 e 800 ré.s.

O Governador do Rio de Janeiro, João

As pequenas moedas se aplicaria quan to possível o aumento dos vinte por

Furtado de Mendonça, um pouco an tes, a 5 de junho de 1687, informou ao

cento mandado em lei (Cons. Ultr. Rio

Rei quanto era prejudicial aos povos

1

Com a morte do Governador Geral

Govômo do Estado o Arcebispo Dom Frei Manuel da Ressurreição.

em moedas de seis oitavas para cima.

Súdito obediente ao seu soberano, con-

vocou o Arcebispo a palácio uma junta

A lei de 4 de agosto êle a receberia depois de março de 1689.

real, assembléia de que comparticipanim

A 11 de julho dêste ano dirigia o prelado a Dom Pedro II uma represen

estados".

tação referta de critério e sinceridade.

De pior qualidade alegava era todo o numerário em giro pelo Brasil, o di

nheiro muito antigo corria todo marca do 6 remarcado, "moedas de três vin

téns marcadas por cem réis, tostões e seis vinténs por duzentos e os por mar car por 160".

"Assim não saberia como cumprir as

numerosas pessoas gradas "de todos os

Debateu-se longamente o caso criado pela deplorável decisão da coroa e a Junta concordou em que se cumpnssem as ordens régias na parte que se

devia adequar ao Brasil. Subiria a moe da nacional proporcionalmente. As moe das, por marcar, de três, quatro e cinco vinténs passariam a valer vinte réis mais. A de seis vinténs correria por 120 réis. As de oito vinténs, outrora valendo cin

ordens regias; achava-se em dúvida se Sua Magestade seria servido levantar tal moeda respectivamente á das fabricas nova.s, visto já ter grande excesso no valor a respeito de que tivera na sua

co ou um tostão, já recunhadas para 150 réis, correriam agora a 200 réis e as de dois tostões passariam a valer 240 réis.

fabrica".

convenientes decorreriam de se deixar

Outra dificuldade decorria de que mandava o Rei corresse a moeda estran

Unânimemente decidiu a Junta repre

sentar a S. Majestade quão grandes in correr a pêso as patacas. O que mais sobrelevava era "evitar a confusão de

íd


105

DicESTo Econômico 104

Digesto Econômico

As Câmaras desde a bahiana de 1620

haviam praticado uma modalidade de inflação.

Eistendera-se pela Colônia

às demais moedas a elevação de pataca. Assim os três vinténs passaram a tostão,

correrem moedas cerceadas no numerá

geira circulando no Brasil à razão de

de Janeiro números 1739, 1756, 1766 e

rio da Capitania e em número sobremo

cem réis por oitava de peso.

1769).

do a\'ultado.

Em Pernambuco idêntica resolução se

O pior é que em geral todo êste nu

merário corria em geral muito estra

todo o Estado "era como nacional de

verno da Metropóle projetava fazer o

tempo muito antigo".

levantamento do valor da moeda no Es

agora exigida produziria grande con

brasileiros. Veio ordem para o cumpri

tado e começavam a subir ao trono as

fusão para todo o comércio grosso e

mento de nefasta lei de 1688.

reclamações sucessivas da mais elevada

miúdo dos moradores.

tomou.

Mas a Corte desaorovou os alritres à.

os seis vinténs a duzentos réis.

Ora havia imenso de tal dinlieiro em

Sabia-se porém no Brasil que o Go

Ordenou-se que o levantamento se fi

do Governador Geral e

Para evitar o cerceio ordenara a Ici

do chanceler da Relação do Brasil, dos

tinham teor oscilante entre quatro e

zesse tal qual se procedia no Reino e não sobre o que, na Colônia "por abuso

de sua legalidade se lhe tinham arbitra

vador, do Rio de Janeiro e de Olinda.

seis e meia oitavas, conforme o número

do" como escrevia D. Pedro II cm carta

de operações e a intensidade do cerceio

Assim viviam os povos muito sobres-

que se lhe desse muito alto valor intrín seco, as patacas de quatro oitavas e me:a para cima valeriam em vez de 440 reis 640, o que redundava em grande prejuí

régia ao Governador do Brasil Antônio

saltados à espera da decisão régia sôbre

Luís Gonçalves da Câmara Coutinlio, a 19 de março de 1690 e como documen

a tão momentosa questão.

gado.

Assim as patacas que valiam 640 réis

a que haviam sido submetidas.

Raras havia de sete oitavas. E estas

dariam vantagem que assim mesmo não eqüivalia aos vinte por cento determina

dos pelo aumento régio. O resto, a sa

procedência;

Esta pesagem

oficiais das câmaras da cidade do Sal

tam cartas do Governador do Rio e re

A carta régia de 4 de agosto de 1688 viria provocar verdadeiro desespero no

presentações

Brasil.

da

Câmara

fluminense

zo para os povos.

Ora, a crise dos preços do açúcar atin

gira o auge. Os mercadores das frotas não só não queriam comprar o gênero co

mo exigiam o pagamento de suas vendas

I ber a quase totalidade, oscilava por va

(Cons. Ultr. Doe. do Rio de Janeiro números 1766 a 1769).

Matias da Cunha, a 24 de outubro dêste

Paralisados nos portos, muitos navios

Assim a inepta lei causara verdadei

Alegava a edilidade que para os vas salos do Brasil redundava em prejuízo

mesmo ano, assumira interinamente o

não triham ainda lastro e os mais não chegaram a meia carga.

lores diversos desde menos de 600 réis.

ro pânico no, Brasil todo.

o que no preâmbulo da lei se alegava ser uma graça da Coroa, em favor dos

Nos três principais núcleos, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, os governa

súditos. Para os brasileiros a aplicação

dores assustados com o feitio das coi

da lei redundava em eliminação consi

sas acharam oportuno não dar execução

derável no que possuíssem em moeda. Chegou a Cârnara a declarar que tal prejuízo subiria a oitenta por centol (Cf.

à lei da baixa.

A inflação, os colonos do Brasil a

admitiam sem oposição alguma, propon do até que a pataca de 640 réis corresse

Azevedo, ob. cit., 343).

a 800 em vez de 768 por comodidade

tinuava e prevalecia.

comercial.

A Câmara do Rio de Janeiro opôs em bargos ao Conselho Ultramarino. Na Bahia o Governador Geral convo

Assim a insistência da Metrópole con A 2 de outubro de 1688 protestava a

Câmara de São Pau'o não poderem man

dar os seus munícipes o seu dinhei ro ao Rio de Janeiro como ordenara o

Ouvidor Geral, para lá se recunhar. Alegava não só notável inconveniência

cou em conferência todas as altas, per sonalidades da capital, e esta junta re

pe'o risco e distância, tanto mais quan

solveu que se propusesse para as pa tacas de 6 oitavas o antigo valor de

to "o pirata infestava esta corte. Sua Magestade não haveria de querer a perdi

640 réis, sendo as de 6 lá e 7 arbitra

ção dos seus povos".

das em 700 e 800 ré.s.

O Governador do Rio de Janeiro, João

As pequenas moedas se aplicaria quan to possível o aumento dos vinte por

Furtado de Mendonça, um pouco an tes, a 5 de junho de 1687, informou ao

cento mandado em lei (Cons. Ultr. Rio

Rei quanto era prejudicial aos povos

1

Com a morte do Governador Geral

Govômo do Estado o Arcebispo Dom Frei Manuel da Ressurreição.

em moedas de seis oitavas para cima.

Súdito obediente ao seu soberano, con-

vocou o Arcebispo a palácio uma junta

A lei de 4 de agosto êle a receberia depois de março de 1689.

real, assembléia de que comparticipanim

A 11 de julho dêste ano dirigia o prelado a Dom Pedro II uma represen

estados".

tação referta de critério e sinceridade.

De pior qualidade alegava era todo o numerário em giro pelo Brasil, o di

nheiro muito antigo corria todo marca do 6 remarcado, "moedas de três vin

téns marcadas por cem réis, tostões e seis vinténs por duzentos e os por mar car por 160".

"Assim não saberia como cumprir as

numerosas pessoas gradas "de todos os

Debateu-se longamente o caso criado pela deplorável decisão da coroa e a Junta concordou em que se cumpnssem as ordens régias na parte que se

devia adequar ao Brasil. Subiria a moe da nacional proporcionalmente. As moe das, por marcar, de três, quatro e cinco vinténs passariam a valer vinte réis mais. A de seis vinténs correria por 120 réis. As de oito vinténs, outrora valendo cin

ordens regias; achava-se em dúvida se Sua Magestade seria servido levantar tal moeda respectivamente á das fabricas nova.s, visto já ter grande excesso no valor a respeito de que tivera na sua

co ou um tostão, já recunhadas para 150 réis, correriam agora a 200 réis e as de dois tostões passariam a valer 240 réis.

fabrica".

convenientes decorreriam de se deixar

Outra dificuldade decorria de que mandava o Rei corresse a moeda estran

Unânimemente decidiu a Junta repre

sentar a S. Majestade quão grandes in correr a pêso as patacas. O que mais sobrelevava era "evitar a confusão de

íd


f

Digesto EcoNÓ^^co

106

se andar vendendo e comprando com

oitavas correndo por 640 réis o que

balança".

dução de modelos diversos nos cunhos.

correspondia a correr a oitava a 142 réis. Levadas tais peças à balança, per deriam 190 reis, havcjido um prejuízo total de trezentos mil cruzados para os

Chegando a Lisboa a representação da Junta mereceu do Procurador da

levara a participar à Côrte estes incon

Meios novos foram então adotados para

se impedir o cerceio por meio da intro

Coroa rasgado elogio.

- í • •- •- .■y-if

Obrara o Arce

bispo Governador Geral muito bem sus pendendo a execução da lei, declarou sem rebuços. "Antes cria que para o Brasil não fora feita a dita lei nem tal

podia ser a tenção de Vossa Magestade", escrevia a Dom Pedro II.

Determinara a Junta que a pataca de seis oitavas corresse por 700 réis, três

vinténs mais do que valia, a de seis e

meia oitavas e daí para cima 800 réis. Ao receber o Arcebispo Governador a

carta regia de 4 de agosto de 1688, apres sou-se em tomá-la conhecida do Desem

bargador Manuel Carneiro de Sá, chan celer da Relação do Brasil, a fim de

que ela a publicasse como lhe competia. Mas o magistrado não se moveu e

aliás o prelado, que não se entendia muito cordialmente com êle, tomou a

deliberação de o fazer.

E assim se

procedeu à publicação da nefasta ordem regia "ao .som de caixas e tambores" com

o que se alvoroçou muito o povo da Bahia que não sabia se se tratava de lei ou de simp'es bando, comentaria Car neiro de Sá escrevendo ao soberano.

Explicou o Desembargador que a de

mora de sua atitude se devera a uma

questão de escrúpulos. Tinha dúvidas se a lei poderia aplicar-se ao Brasil visto como nela havia fartas referências a

moedas que só corriam no Remo e man dava que as patacas de menos sete oita vas de prata fôssem pesadas e valessem a tostão a oitava.

Ora, as quase tôdas as patacas da

Bahia'não passavam de quatro e meia

vassalos, só na Bahia.

Era isto que o

venientes pedindo instruções antes de agir. Assim agiam os governantes da monarquia com tamanha inciêncía dos interesse da grande Colônia num misto de leviandade, ignorância e inépcia.

Colheita e Deíumação

O Arcebispo confessava não estar bem a par dos assuntos do Brasil, onde havia pouco chegara, mas, assim mesmo, de clarava ter tido escnípulcs em publicar as ordens régias. Mas como soubesse

que o governador de Pernambuco |á a promulgara, receara manter-se em si lêncio.

Foi a lei recebida na Bahia com o mais

vivo

descontentamento,

correu

grande número de populares à Câmara e redigiu-se representação contrária à execução da medida, memorial a ser logo enviado ao sólio majestático.

Foi então que se convocou a Junta a

que não quis o chanceler Carneiro d« Sá assistir.

Escrevendo ao Rei a 1 de junho dt 1689, contava o Prelado achar-se satis■ feito com a sua atuação.

Antés da Junta houvera verdadeira coleta das moedas de maior pêso qu« deveriam ser encaminhadas na frota para Lisboa. Nesta ocasião muitos navios só

tinham meia carga e outros nem haviam

completado o lastro. Pois bem, depois de publicadas as decisões da Jxmta, aparecera o dinheiro de pêso, fechavamse as compras de açúcar para próximo

embarque que ràpidamente se haviam levado para bordo estando a frota pres tes a seguir.

da Borracha

por GastÃo Cbuls V

^onhecida a principal árvore produtora da borracha, hévea de várias espécies,

Neste artigo, o quinto de uma série, o sr. Gastõo Cruls, o autor da "Amazônia

que eu vi", estuda como se extrai o látex

mas sobretudo "I-Iévea brasiliensis", cha

da seringueira, a "Hévea brasüiensi^ •

mada seringueira na linguagem vulgar, ve jamos como se faz a extração do seu látex.

não deverá ir além de 6 quilômetros, ligí^

Antes de mais nada, para que o traba-

• lhe seja rendoso, é preciso escolher um local em que as seringueiras existam com alguma abundância e mais ou me nos próximas umas das outras, numa den sidade que vai geralmente de 8 a 12 plantas por hectare. Êsse reconhecimen to da floresta, à procura do que poderá ser considerado um "seringal", é con fiado a um bom mateiro, indivíduo com

longa experiência na região e muito ha bituado a distinguir desde logo as árvo res da borracha. A êste mateiro, que trabalha com um ou mais auxiliares, é também confiada a abertura das trilhas

ou estradas que ligarão entre si várias árvores e também a limpeza do terreno

o apro.xima de 100 a 250 árvores que, diàriamente, durante o período da sa

fra, serão sangradas pelo seringueiro. O

ideal é que seja um trajeto circular ou

poligonal fechado (excetuadas as irradia ções ou mangas já aludidas), de tal modo que o trabalhador, ao fim da sua

tarefa, esteja de novo no ponto de par tida ou "boca da estrada". Esta boca da estrada deve ficar preferentemente loca lizada junto de um rio ou igarapé nave gável, por onde se possa fazer o escoa mento fácil da borracha.

É nesse ponto

que o seringueiro constrói a sua barra

ca, uma palhoça muito sumária, feita com folhas de palmeira, servindo de abrigo ao material que, aí mesmo, sob

fácil e mais rápido o futuro trabalho do

esta cobertura, será por êle utilizado para fazer a defumação do produto. Em zona

extrator do látex.

rica de héveas, um único seringueiro po

em derredor das mesmas, tomando mais

Quase sempre uma estrada, de per

derá ter aos seus cuidados 2 ou 3 es

curso muito acidentado, com muitos bra

tradas e sangrá-las alternativamente, em

ços ou mangas, mas cuja extensão total

dias diferentes.


f

Digesto EcoNÓ^^co

106

se andar vendendo e comprando com

oitavas correndo por 640 réis o que

balança".

dução de modelos diversos nos cunhos.

correspondia a correr a oitava a 142 réis. Levadas tais peças à balança, per deriam 190 reis, havcjido um prejuízo total de trezentos mil cruzados para os

Chegando a Lisboa a representação da Junta mereceu do Procurador da

levara a participar à Côrte estes incon

Meios novos foram então adotados para

se impedir o cerceio por meio da intro

Coroa rasgado elogio.

- í • •- •- .■y-if

Obrara o Arce

bispo Governador Geral muito bem sus pendendo a execução da lei, declarou sem rebuços. "Antes cria que para o Brasil não fora feita a dita lei nem tal

podia ser a tenção de Vossa Magestade", escrevia a Dom Pedro II.

Determinara a Junta que a pataca de seis oitavas corresse por 700 réis, três

vinténs mais do que valia, a de seis e

meia oitavas e daí para cima 800 réis. Ao receber o Arcebispo Governador a

carta regia de 4 de agosto de 1688, apres sou-se em tomá-la conhecida do Desem

bargador Manuel Carneiro de Sá, chan celer da Relação do Brasil, a fim de

que ela a publicasse como lhe competia. Mas o magistrado não se moveu e

aliás o prelado, que não se entendia muito cordialmente com êle, tomou a

deliberação de o fazer.

E assim se

procedeu à publicação da nefasta ordem regia "ao .som de caixas e tambores" com

o que se alvoroçou muito o povo da Bahia que não sabia se se tratava de lei ou de simp'es bando, comentaria Car neiro de Sá escrevendo ao soberano.

Explicou o Desembargador que a de

mora de sua atitude se devera a uma

questão de escrúpulos. Tinha dúvidas se a lei poderia aplicar-se ao Brasil visto como nela havia fartas referências a

moedas que só corriam no Remo e man dava que as patacas de menos sete oita vas de prata fôssem pesadas e valessem a tostão a oitava.

Ora, as quase tôdas as patacas da

Bahia'não passavam de quatro e meia

vassalos, só na Bahia.

Era isto que o

venientes pedindo instruções antes de agir. Assim agiam os governantes da monarquia com tamanha inciêncía dos interesse da grande Colônia num misto de leviandade, ignorância e inépcia.

Colheita e Deíumação

O Arcebispo confessava não estar bem a par dos assuntos do Brasil, onde havia pouco chegara, mas, assim mesmo, de clarava ter tido escnípulcs em publicar as ordens régias. Mas como soubesse

que o governador de Pernambuco |á a promulgara, receara manter-se em si lêncio.

Foi a lei recebida na Bahia com o mais

vivo

descontentamento,

correu

grande número de populares à Câmara e redigiu-se representação contrária à execução da medida, memorial a ser logo enviado ao sólio majestático.

Foi então que se convocou a Junta a

que não quis o chanceler Carneiro d« Sá assistir.

Escrevendo ao Rei a 1 de junho dt 1689, contava o Prelado achar-se satis■ feito com a sua atuação.

Antés da Junta houvera verdadeira coleta das moedas de maior pêso qu« deveriam ser encaminhadas na frota para Lisboa. Nesta ocasião muitos navios só

tinham meia carga e outros nem haviam

completado o lastro. Pois bem, depois de publicadas as decisões da Jxmta, aparecera o dinheiro de pêso, fechavamse as compras de açúcar para próximo

embarque que ràpidamente se haviam levado para bordo estando a frota pres tes a seguir.

da Borracha

por GastÃo Cbuls V

^onhecida a principal árvore produtora da borracha, hévea de várias espécies,

Neste artigo, o quinto de uma série, o sr. Gastõo Cruls, o autor da "Amazônia

que eu vi", estuda como se extrai o látex

mas sobretudo "I-Iévea brasiliensis", cha

da seringueira, a "Hévea brasüiensi^ •

mada seringueira na linguagem vulgar, ve jamos como se faz a extração do seu látex.

não deverá ir além de 6 quilômetros, ligí^

Antes de mais nada, para que o traba-

• lhe seja rendoso, é preciso escolher um local em que as seringueiras existam com alguma abundância e mais ou me nos próximas umas das outras, numa den sidade que vai geralmente de 8 a 12 plantas por hectare. Êsse reconhecimen to da floresta, à procura do que poderá ser considerado um "seringal", é con fiado a um bom mateiro, indivíduo com

longa experiência na região e muito ha bituado a distinguir desde logo as árvo res da borracha. A êste mateiro, que trabalha com um ou mais auxiliares, é também confiada a abertura das trilhas

ou estradas que ligarão entre si várias árvores e também a limpeza do terreno

o apro.xima de 100 a 250 árvores que, diàriamente, durante o período da sa

fra, serão sangradas pelo seringueiro. O

ideal é que seja um trajeto circular ou

poligonal fechado (excetuadas as irradia ções ou mangas já aludidas), de tal modo que o trabalhador, ao fim da sua

tarefa, esteja de novo no ponto de par tida ou "boca da estrada". Esta boca da estrada deve ficar preferentemente loca lizada junto de um rio ou igarapé nave gável, por onde se possa fazer o escoa mento fácil da borracha.

É nesse ponto

que o seringueiro constrói a sua barra

ca, uma palhoça muito sumária, feita com folhas de palmeira, servindo de abrigo ao material que, aí mesmo, sob

fácil e mais rápido o futuro trabalho do

esta cobertura, será por êle utilizado para fazer a defumação do produto. Em zona

extrator do látex.

rica de héveas, um único seringueiro po

em derredor das mesmas, tomando mais

Quase sempre uma estrada, de per

derá ter aos seus cuidados 2 ou 3 es

curso muito acidentado, com muitos bra

tradas e sangrá-las alternativamente, em

ços ou mangas, mas cuja extensão total

dias diferentes.


108

O trabalho do seringueiro é por de mais penoso. A começar pela hora

Digesto Econóxuco

Conforme a espessura do seu tronco,

matutina, às vezes ainda noite, em que deve dirigir-se ao seu lote para jniciar a operação das sangrias. É que o látex

numa mesma árvore e diariamente, po dem ser feitas quatro, seis e mais feri das, sendo que na base de cada uma delas se aplica imediatamente uma tije-

é tanto mais abundante e menos coa-

linha, para onde gotejará o látex vertido.

gulável enquanto o sol ainda não está de fora e a temperatura é mais amena. Muitas vezes, tão grande é a escuridão na mata, que êle leva à copa do chapéu

rebordo cortante e saliente, de tal modo

üm morrão aceso. Por outro lado, não raro o trabalho se realiza em zonas in teiramente inundadas e onde êle deve

andar com água até o joelho. São estes os utensílios indispensáveis aos seringueiros: duas ou três machadi-

nhas, com cabos de comprimentos difeí rentes, para que possam alcançar pontos mais altos ou mais baixos do tronco; um saco contendo duas ou três cente nas de tijelinhas de fôlha de flandres com capacidade de 60 a 100 centíme

tros cúbicos, e que servirão para rece

As tijelinhas têm propositadamente um

que possanr^ ser fàcilmente espetadas nas árvores e aí permanecerem aderen tes durante a operação. Muito melhor, porém, será prendê-las aos troncos, sem

o agravo dessas outras feridas, e isso pode ser conseguido e é feito em muitos

seringais por meio de unia pequena quantidade de argila ou de qualquer outra substância adesiva.

109

Digesto Econômico

útd — uns 7 a 9 quilos do produto, ou

sejam 3 e meio a 4 quilos dc borracha pura, sabido que o leite, depois de de fumado e seco, perde 50% de .seu pêso. Não hú nenhuma impropriedade cm se

cedo iniciado, às vèzes com a mata ainda cm plena treva.

Entre os percalços dessa tão penosa

profissão, além dos riscos já assinalados, esquecíamos de mencionar, nas zonas

co e apenas muito mais grosso c \iscoso,

mais selvagens, a permanente ameaça de ataque pelos índios, senhores da região, e que não perdoam as incursões do civi

dir-se-ia mesmo um leite animal.

lizado até os seus domínios. E por ve

chamar de "leite" ao lúlcx das "Hc-

veas", uma vez que, perfeitamente bran De retômo à bôca da estrada, e an

tes que êsse leite se coagule espoiitãnea-

zes é tão constante e temida essa imi nência de agressão pelos aborígenes, que

mente, sem perda de tempo o serin

os grandes seringalistas, para maior ga

gueiro se dirige para a pequena bar raca a que já aludimos, e onde vai pro

rantia e melhor pro\cito das suas pro

ceder à defumação do produto, trabalho também lento e afadigante, e que lhe

tomará mais algumas horas do dia, tão

priedades, mantêm permanentes postos de vigilância, com sentinela à vista, nos

principais pontos líndeiros do seringal

em e.xploração.

As seringueiras são sempre sangradas de cima para bai.xo e as incisóes res

peitam sempre a parte inferior do tron co, a contar de uns 50 centímetros do solo.

As feridas feitas de 20 em 20

centímetros, ao redor do tronco, nunca

4

ber o látex que se escoa, gota a gota, se repetem nos dias consecutivos nos

das feridas abertas na casca da serin

gueira; e um a'guidar ou balde, tam bém de fôlha de flandres ou zinco, com

capacidade para 8 ou 10 litros, para onde irá sendo passado o látex recolhido

mesmos pontos, mas sempre uns 5 a 6 centímetros abai.xo.

O espaço que me-

deia entre dois cortes, "tábua", pode

ser posteriormente utilizado para novos golpes. Todavia, só um ano depois é

nas tijelinhas. A estas, em algumas regiões, dão o nome de "leiteiras". No

que se poderá voltar aos pontos já fe ridos, quando se haja processado a per

vale do Tocantins, os recipientes de fô

feita cicatrização dos primeiros cortes.

lha de flandres são substituídos por cas cas de uruás, conchas de moluscos ai muito abundantes e cujo artigo, em

tempos idos, podia ser adquirido, por 201000 o milheiro.

As incisóes, com a 10 a 12 centíme

Percorrida toda a esriada, onde em cada árvore foi colocando as suas ti

jelinhas, ao cabo de umas 3 ou 4 horas, o seringueiro está de volta ao seu ponto de partida, para recomeçar um novo

percurso pelas mesmas veredas, mas já

tros de comprimento, são feitas obllqua-

então a fim de retirar as tijelinhas e

mente sôbre o tronco das árvores, mas nunca deverão ir além da sua casca,

passar para o alguidar o látex nelas

isto é, não deverão atingir o albumo, do

contrário a planta se ressentirá, ficando fàcilmente exposta à broca e outras doenças que a eliminarão.

contido.

Cada seringueira fornece, como mé dia diária, umas 40 a 60 gramas de látex, o que dá por ano — ano, como

já vimos, de uns 180 dias de trabalho

A Noruega produz atualmente mais óleo de fígado de sejam superados com um total calculado em mais de 100 mil qualquer país. Espera-se que êste ano todos os

Fm iq de

março, já atingira a 47 mÜ barris, ou quase o dôbro da quantidade relativa ao

mesmo período do ano passado.

Consome-se no país mais óleo de fígado de bacalhau que antes da gu

ítwM virtudes medicinais foram largamente apreciadas durante a ocupação g

nica. No entanto, a maior parte dôsse óleo é exportada, e alcanç.a bons preç ■ maram-se contratos para a exportação, estando incluídos neste numero a Soviética e a Zona Oriental da Alemanha.

j i

^ .,,rnn

Diversas firmes iniciaram a exportação em garrafas em vez de barris, in v Ç esta que foi muito bem acolhida no estrangeiro. -


108

O trabalho do seringueiro é por de mais penoso. A começar pela hora

Digesto Econóxuco

Conforme a espessura do seu tronco,

matutina, às vezes ainda noite, em que deve dirigir-se ao seu lote para jniciar a operação das sangrias. É que o látex

numa mesma árvore e diariamente, po dem ser feitas quatro, seis e mais feri das, sendo que na base de cada uma delas se aplica imediatamente uma tije-

é tanto mais abundante e menos coa-

linha, para onde gotejará o látex vertido.

gulável enquanto o sol ainda não está de fora e a temperatura é mais amena. Muitas vezes, tão grande é a escuridão na mata, que êle leva à copa do chapéu

rebordo cortante e saliente, de tal modo

üm morrão aceso. Por outro lado, não raro o trabalho se realiza em zonas in teiramente inundadas e onde êle deve

andar com água até o joelho. São estes os utensílios indispensáveis aos seringueiros: duas ou três machadi-

nhas, com cabos de comprimentos difeí rentes, para que possam alcançar pontos mais altos ou mais baixos do tronco; um saco contendo duas ou três cente nas de tijelinhas de fôlha de flandres com capacidade de 60 a 100 centíme

tros cúbicos, e que servirão para rece

As tijelinhas têm propositadamente um

que possanr^ ser fàcilmente espetadas nas árvores e aí permanecerem aderen tes durante a operação. Muito melhor, porém, será prendê-las aos troncos, sem

o agravo dessas outras feridas, e isso pode ser conseguido e é feito em muitos

seringais por meio de unia pequena quantidade de argila ou de qualquer outra substância adesiva.

109

Digesto Econômico

útd — uns 7 a 9 quilos do produto, ou

sejam 3 e meio a 4 quilos dc borracha pura, sabido que o leite, depois de de fumado e seco, perde 50% de .seu pêso. Não hú nenhuma impropriedade cm se

cedo iniciado, às vèzes com a mata ainda cm plena treva.

Entre os percalços dessa tão penosa

profissão, além dos riscos já assinalados, esquecíamos de mencionar, nas zonas

co e apenas muito mais grosso c \iscoso,

mais selvagens, a permanente ameaça de ataque pelos índios, senhores da região, e que não perdoam as incursões do civi

dir-se-ia mesmo um leite animal.

lizado até os seus domínios. E por ve

chamar de "leite" ao lúlcx das "Hc-

veas", uma vez que, perfeitamente bran De retômo à bôca da estrada, e an

tes que êsse leite se coagule espoiitãnea-

zes é tão constante e temida essa imi nência de agressão pelos aborígenes, que

mente, sem perda de tempo o serin

os grandes seringalistas, para maior ga

gueiro se dirige para a pequena bar raca a que já aludimos, e onde vai pro

rantia e melhor pro\cito das suas pro

ceder à defumação do produto, trabalho também lento e afadigante, e que lhe

tomará mais algumas horas do dia, tão

priedades, mantêm permanentes postos de vigilância, com sentinela à vista, nos

principais pontos líndeiros do seringal

em e.xploração.

As seringueiras são sempre sangradas de cima para bai.xo e as incisóes res

peitam sempre a parte inferior do tron co, a contar de uns 50 centímetros do solo.

As feridas feitas de 20 em 20

centímetros, ao redor do tronco, nunca

4

ber o látex que se escoa, gota a gota, se repetem nos dias consecutivos nos

das feridas abertas na casca da serin

gueira; e um a'guidar ou balde, tam bém de fôlha de flandres ou zinco, com

capacidade para 8 ou 10 litros, para onde irá sendo passado o látex recolhido

mesmos pontos, mas sempre uns 5 a 6 centímetros abai.xo.

O espaço que me-

deia entre dois cortes, "tábua", pode

ser posteriormente utilizado para novos golpes. Todavia, só um ano depois é

nas tijelinhas. A estas, em algumas regiões, dão o nome de "leiteiras". No

que se poderá voltar aos pontos já fe ridos, quando se haja processado a per

vale do Tocantins, os recipientes de fô

feita cicatrização dos primeiros cortes.

lha de flandres são substituídos por cas cas de uruás, conchas de moluscos ai muito abundantes e cujo artigo, em

tempos idos, podia ser adquirido, por 201000 o milheiro.

As incisóes, com a 10 a 12 centíme

Percorrida toda a esriada, onde em cada árvore foi colocando as suas ti

jelinhas, ao cabo de umas 3 ou 4 horas, o seringueiro está de volta ao seu ponto de partida, para recomeçar um novo

percurso pelas mesmas veredas, mas já

tros de comprimento, são feitas obllqua-

então a fim de retirar as tijelinhas e

mente sôbre o tronco das árvores, mas nunca deverão ir além da sua casca,

passar para o alguidar o látex nelas

isto é, não deverão atingir o albumo, do

contrário a planta se ressentirá, ficando fàcilmente exposta à broca e outras doenças que a eliminarão.

contido.

Cada seringueira fornece, como mé dia diária, umas 40 a 60 gramas de látex, o que dá por ano — ano, como

já vimos, de uns 180 dias de trabalho

A Noruega produz atualmente mais óleo de fígado de sejam superados com um total calculado em mais de 100 mil qualquer país. Espera-se que êste ano todos os

Fm iq de

março, já atingira a 47 mÜ barris, ou quase o dôbro da quantidade relativa ao

mesmo período do ano passado.

Consome-se no país mais óleo de fígado de bacalhau que antes da gu

ítwM virtudes medicinais foram largamente apreciadas durante a ocupação g

nica. No entanto, a maior parte dôsse óleo é exportada, e alcanç.a bons preç ■ maram-se contratos para a exportação, estando incluídos neste numero a Soviética e a Zona Oriental da Alemanha.

j i

^ .,,rnn

Diversas firmes iniciaram a exportação em garrafas em vez de barris, in v Ç esta que foi muito bem acolhida no estrangeiro. -


^ w Ul

DiGE^To Econômico

antagonismo à concepção mar.\ista. Som

Autores e Livros

bart movimenta-se diante da vasta ex

periência moderna, diante do expansionismo industrial, da extraordinária pe netração da atividade comercial, organi

o apogeu do eapitaÜNmo Wemer Sombart — Fondo de Cultura — 1946

por CÂNDIDO Mota Filho

J^A cultura eco nômica

contem

W. Dilthey. O autor pretende mesmo considerar o capitalismo como um fe

r"

palavra orgulhosa sôbre o capitalismo; nesta obra pronuncia-se a ultima pala

entre 1840 e 1850, quando o capitalis mo era como que um continente novo,

vra modesta sôbre êsse sistema eco

damcntal, porque estuda a força mo tora da xida econômica, que é o empre

dos e difíceis.

tórico". E assim Sombart afirma por

guma coisa. Experimentou, relativamen te, pouca coisa o soube, com o seu grande talento, formular inúmeras ques

capitalismo é a única na história, nada

tendo, portanto, de comum com as épo

outros, é, contudo,

Em seguida Sombart procura mostrar que o apogeu do capitalismo teve, como conseqüência, a transformação funda

citado a cada ins tante.

Senhor de

uma vasta obra, que

cas anteriores.

mental da vida econômica, a transforma

é, acima de tudo,

ção da própria fisionomia da civiliza

uma obra

ção.

de

so

ciologia econômica, Sombart conseguiu,

Mediante ao chamado "impulso

lucrativo", que, como se sabe, desde o

Por isso, êle só viu al

tões. "De suas interrogações, diz Som bart, vivemos até hoje". Todos os eco

nomistas que não souberam fazê-las suas, foram condenados à esterilidade".

de circunstâncias históricas, a sua con

vida, uma construção econômica sem

nativo.

e fora da Alemanha. '

É, dentro desse espírito, que Sombart escreveu o seu admirável estudo sobre

os burgueses, sua grande obra sobre o capitalismo e esta, que acaba de sair, em tradução espanhola — "EI apogeo

dei capitalismo", em dois volumes, que ô, enfim, a terceira parte do seu estudo sôbre a economia capitalista.

E observa Sombart, que essa transfor

Êle estava inteiramente tocado

pelas idéias materialistas e evolucionistas do seu tempo. O capitalismo estava assim situado nesse mundo em constru

ção.

que foi, indiscutivelmente, a Inglaterra,

com êle podia povoar o caos, com a

Marx podia ver surgir dele, diz

Sombart, as coisas mais interessantes, construção de um mundo maravilhoso,

alargando-se depois por uma região mais vasta, cujas linhas demarcatórias come

uma vez que o capitalismo seria a or

çavam na Suécia, seguia por Amberes,

ideal.

Amiens, Paris, Mulhausen, Milão, Vorl-

para ser aplicado na edificação dêsse

O estudo compreende lun período de

berg, a baixa Áustria, a Morávia, Lodz,

cento e cinqüenta anos, desde o início

Berlim, para voltar à Suécia, alcançan do na plenitude do apogeu capitalista os

do apogeu do capitalismo até agôsto de 1914. É uma exposição do florescimen

Marx era um pensador e um imagi

mação se realizou, partindo de uma pe queníssima parte da superfície terrestre,

durante a primeira metade do século XIX,

preensão da economia burguesa. Depois de fazer considerações de ordem geral e em tômo da fenomenologia histórica,

êie fixa os dirigentes econónúcos nas di racteriza a época do apogeu do capi

quista tomou-se limitada.

precedentes, pelo seu volume e pela sua

elemento, como principal para a com

pirito crítico, a sua capacidade de su gerir temas novos. Porém, na pauta dos conhecimentos objetivos, em virtude

ser um dos arautos

amplitude

sário capitalista. No seu 1í\to sôbre cs burgueses, Sombart já estuda êsse

ferentes épocas e mostra que o que ca

tempo de Aristóteles, nada tem a haver como o espírito econômico, — surgiu uma

que tanto sucesso obteve na Alemanha

O primeiro capítulo da obra é fim-

Êsse é o seu grande valor, o seu es

com Marx Weber,

da "Verstehende Natíonaloeconomie",

nômico".

que êle descobria, saindo da sombra informe, sugerindo problemas complica

nômeno único, "como um indivíduo lüs-

do uma grande in

jix; _ "Marx pronunciou a primeira

passo que Marx concebeu sua doutrina

porânea W e rn e r

fluência. Negado por uns, louvado por

que acreditou Marx. O vellio encanto desapareceu. E Sombart, corajosamente,

zada através das grandes empresas. Ao

Sombart tem, inegàvelmente, exerci

que, para ele, a época do apogeu do

Não se pode mais crer na força cria dora do capitalismo, no mesmo sentido

ganização precursora de uma sociedade Todo o marxismo foi construído

mundo melhor. Porém, a transformação

do mundo foi além e diferente daquilo

Estados Unidos da América do Norte.

que Marx sonhara. Sombart chega a exclamar: — "Quantas mudanças se efe

Para esclarecer a maneira pela qual

talismo é a mudança da orientação eco

nômica, que passa, dai por diante, para a mão dos empresários capitalistas. As

sim, a fôrça Impulsionadora na^ economia

capitalista moderna, reside, tão sòmen- \ te no empresário. Êle é realmente a única fôrça produtora, ou melhor, a fôrça realizadora, criadom, como se

pode deduzir de suas funções. Pelo "empresiirio", cada vez mais es

pecificamente organizado, se Projetam

íôdas as outras especializações, (os efti-

ciency engineers", nos Estados Umdos). Assim foram surgindo vários tipos de empresários, que partem piincipalmente daqueles que são os técnicos de pro dução para o mercado, os "capitains of Industiy", em seguida os comerciantes, o homem de negócio (Business man), os financistas ou os financistas de emprê-

tuaram nesse meio século transcorrido,

sas (Corporation financiar). Assim, na

unidade, como fenômeno de cultura,

conduziu seus estudos, Sombart, no pró

desde que Marx observou, pensou e es

indústria elétrica alemã temos o exem

como expressão da evolução histórica,

logo, explica a sua posição frente à

creveu!"

de conformidade com as sugestões de

doutrina de Karl Marx, ou melhor, o seu

to do capitalismo, concebido em sua

plo do tipo do técnico em Wemer Sie-


^ w Ul

DiGE^To Econômico

antagonismo à concepção mar.\ista. Som

Autores e Livros

bart movimenta-se diante da vasta ex

periência moderna, diante do expansionismo industrial, da extraordinária pe netração da atividade comercial, organi

o apogeu do eapitaÜNmo Wemer Sombart — Fondo de Cultura — 1946

por CÂNDIDO Mota Filho

J^A cultura eco nômica

contem

W. Dilthey. O autor pretende mesmo considerar o capitalismo como um fe

r"

palavra orgulhosa sôbre o capitalismo; nesta obra pronuncia-se a ultima pala

entre 1840 e 1850, quando o capitalis mo era como que um continente novo,

vra modesta sôbre êsse sistema eco

damcntal, porque estuda a força mo tora da xida econômica, que é o empre

dos e difíceis.

tórico". E assim Sombart afirma por

guma coisa. Experimentou, relativamen te, pouca coisa o soube, com o seu grande talento, formular inúmeras ques

capitalismo é a única na história, nada

tendo, portanto, de comum com as épo

outros, é, contudo,

Em seguida Sombart procura mostrar que o apogeu do capitalismo teve, como conseqüência, a transformação funda

citado a cada ins tante.

Senhor de

uma vasta obra, que

cas anteriores.

mental da vida econômica, a transforma

é, acima de tudo,

ção da própria fisionomia da civiliza

uma obra

ção.

de

so

ciologia econômica, Sombart conseguiu,

Mediante ao chamado "impulso

lucrativo", que, como se sabe, desde o

Por isso, êle só viu al

tões. "De suas interrogações, diz Som bart, vivemos até hoje". Todos os eco

nomistas que não souberam fazê-las suas, foram condenados à esterilidade".

de circunstâncias históricas, a sua con

vida, uma construção econômica sem

nativo.

e fora da Alemanha. '

É, dentro desse espírito, que Sombart escreveu o seu admirável estudo sobre

os burgueses, sua grande obra sobre o capitalismo e esta, que acaba de sair, em tradução espanhola — "EI apogeo

dei capitalismo", em dois volumes, que ô, enfim, a terceira parte do seu estudo sôbre a economia capitalista.

E observa Sombart, que essa transfor

Êle estava inteiramente tocado

pelas idéias materialistas e evolucionistas do seu tempo. O capitalismo estava assim situado nesse mundo em constru

ção.

que foi, indiscutivelmente, a Inglaterra,

com êle podia povoar o caos, com a

Marx podia ver surgir dele, diz

Sombart, as coisas mais interessantes, construção de um mundo maravilhoso,

alargando-se depois por uma região mais vasta, cujas linhas demarcatórias come

uma vez que o capitalismo seria a or

çavam na Suécia, seguia por Amberes,

ideal.

Amiens, Paris, Mulhausen, Milão, Vorl-

para ser aplicado na edificação dêsse

O estudo compreende lun período de

berg, a baixa Áustria, a Morávia, Lodz,

cento e cinqüenta anos, desde o início

Berlim, para voltar à Suécia, alcançan do na plenitude do apogeu capitalista os

do apogeu do capitalismo até agôsto de 1914. É uma exposição do florescimen

Marx era um pensador e um imagi

mação se realizou, partindo de uma pe queníssima parte da superfície terrestre,

durante a primeira metade do século XIX,

preensão da economia burguesa. Depois de fazer considerações de ordem geral e em tômo da fenomenologia histórica,

êie fixa os dirigentes econónúcos nas di racteriza a época do apogeu do capi

quista tomou-se limitada.

precedentes, pelo seu volume e pela sua

elemento, como principal para a com

pirito crítico, a sua capacidade de su gerir temas novos. Porém, na pauta dos conhecimentos objetivos, em virtude

ser um dos arautos

amplitude

sário capitalista. No seu 1í\to sôbre cs burgueses, Sombart já estuda êsse

ferentes épocas e mostra que o que ca

tempo de Aristóteles, nada tem a haver como o espírito econômico, — surgiu uma

que tanto sucesso obteve na Alemanha

O primeiro capítulo da obra é fim-

Êsse é o seu grande valor, o seu es

com Marx Weber,

da "Verstehende Natíonaloeconomie",

nômico".

que êle descobria, saindo da sombra informe, sugerindo problemas complica

nômeno único, "como um indivíduo lüs-

do uma grande in

jix; _ "Marx pronunciou a primeira

passo que Marx concebeu sua doutrina

porânea W e rn e r

fluência. Negado por uns, louvado por

que acreditou Marx. O vellio encanto desapareceu. E Sombart, corajosamente,

zada através das grandes empresas. Ao

Sombart tem, inegàvelmente, exerci

que, para ele, a época do apogeu do

Não se pode mais crer na força cria dora do capitalismo, no mesmo sentido

ganização precursora de uma sociedade Todo o marxismo foi construído

mundo melhor. Porém, a transformação

do mundo foi além e diferente daquilo

Estados Unidos da América do Norte.

que Marx sonhara. Sombart chega a exclamar: — "Quantas mudanças se efe

Para esclarecer a maneira pela qual

talismo é a mudança da orientação eco

nômica, que passa, dai por diante, para a mão dos empresários capitalistas. As

sim, a fôrça Impulsionadora na^ economia

capitalista moderna, reside, tão sòmen- \ te no empresário. Êle é realmente a única fôrça produtora, ou melhor, a fôrça realizadora, criadom, como se

pode deduzir de suas funções. Pelo "empresiirio", cada vez mais es

pecificamente organizado, se Projetam

íôdas as outras especializações, (os efti-

ciency engineers", nos Estados Umdos). Assim foram surgindo vários tipos de empresários, que partem piincipalmente daqueles que são os técnicos de pro dução para o mercado, os "capitains of Industiy", em seguida os comerciantes, o homem de negócio (Business man), os financistas ou os financistas de emprê-

tuaram nesse meio século transcorrido,

sas (Corporation financiar). Assim, na

unidade, como fenômeno de cultura,

conduziu seus estudos, Sombart, no pró

desde que Marx observou, pensou e es

indústria elétrica alemã temos o exem

como expressão da evolução histórica,

logo, explica a sua posição frente à

creveu!"

de conformidade com as sugestões de

doutrina de Karl Marx, ou melhor, o seu

to do capitalismo, concebido em sua

plo do tipo do técnico em Wemer Sie-


112

Dige^sto Econômico

mens e do comerciante em Emil Rathenau.

E foi assim se desenvolvendo a ener

O espírito capitalismo conta assim,

Sem esquecer a colaboração coletiva,

com a atividade individual, com a obje-

o trabalhador em si mesmo, a mão de

futuro, muito embora reconheça que to

tivação do espírito capitalista e com a

obra, as populações das cidades e dos campos, consagra Sombart o livro ter ceiro ao processo econômico na época

das as opiniões sobre o futuro têm sido oté agora erradas. Para Sombart, apesar

do alto capitalismo, desde o apareci

mundo moral e material, o sistema eco

gia econômica, impulsiva e conquistado-

especial colaboração entre pessoas e

ra. "Chegou-se a pôr a serviço da eco

coisas.

nomia, diz Sombart, os móveis mais po derosos, que se desenvolveram ampla mente. Os mais fortes impulsos da von tade, paixões ardentes, imperiosos dese jos". A conquista do dinheiro pelo lucro é o primeiro impulso que se encami

113

Digesto Econômico

Mas isso só não basta, porque é ne

cessário haver um meio propício para

mento da necessidade econômica, da

êsse desenvolvimento e esse meio é o

Estado que, pelas suas características

formação dos mercados, da estrutura ção das empresas, dos movimentos da

individualistas e liberais, se mostrou in capaz de enfrentar a luta de interesses.

atividade econômica, a coi'npetência, as condições de momento, as épocas de de pressão e de prosperidade e a racionali

poder coincidem nesse passo e nele está

Com isso êlo favorece amplamente ao desenvolvimento capitalista, com o direi to econômico que ele consagra, com a

a preocupação crescente pela intensifi

liberdade de aquísíÇião, de comércio, de

nha, sem condição, sem liimte e sem escrúpu'o. O afã de lucro e o afã de

cação da atividade humana e a acelera

ção do ritmo da vida, que é, sem dúvi

da, uma das características do capitalis

indústria, com a liberdade contratual, com a propriedade livre, com a liberda

luta, a nacionalização das empresas, a

O homem que aparece, como condu tor dessa atividade, é, para Sombart, um novo tipo humano, por uma seleção que

te adquiridos. Êsse quadro de liberda des, projetado na vida exterior, fez com que a vocação internacional do capita

olhos de Sombart foram alcançar os pri-

reve'a como um espírito crédulo e oti mista, com uma consciência ostensiva

do papel que exerce, senhor de uma

grande ambição, que não se quebra, nem se abate. Quanto mais produz, quer produzir; quanto mais lucra, quer lucrar, quanto mais domina, quer do minar.

No seu espirito se sucedem as

iniciativas, os planos, os esquemas de trabalho, que Sombart, substituindo a fórmula kanteana — "consciência de de

ver" _ afirma ser "apior pelo negócio". Tomou-se famoso H. Rogers, que foi

com a assinatura dos acordos e tratados •internacionais.

E dessa maneira, o capital \'ai se re produzindo, com uma fôrça criadora e operante, fora do comum.

predomínio, em conseqüência das limita ções que.irá sofrendo e com a penetra ção da economia planificada. O senti do catastrófico não aparece na obra de

O mundo foi evoluindo assim.

Os

nieiros princípios e trazê-los até nossos

tirá, diz êle: "parte sofrerá transforma

A obra de Sombart, entretanto, tam bém ficou condicionada a um momento

histórico.

Êle, acima de seu aspecto

dias. Desde Carlos Magno até Stinnes ou Pierpont Morgan, quando o capital

senta os trágicos momentos econômicos

se concentrou, diante de um vasto mun

que antecederam a última guerra e um

do de proletários e proletaróides.

E

como bom alemão, Sombart não se con

teórico, de seu fervor dogmático, repre

testemunho que precisa ser ouvido nesta hora de inquietação e desespêro.

1

Depois de estudar a formação do casoma de dinheiro se aplica para fundar, pôr em exploração ou ampliar uma emprêsa, — Sombart estuda o crédito e

seu desenvolvimento e importância, o

desenvolvimento e progresso da produ ção, graças ao aperfeiçoamento da téc nica e com a organização das indústrias de alto forno, a movimentação das mer

presidente da Ahialgamated Cooper Co.,

cadorias, graças ao aumento dos meios de transporte, para focalizar o elemento espiritual, que é a teoria econômica, on

como se fosse um caudilho de empresas

ternas e internas. Êle perderá seu antigo

pltal-dinheiro que nasce, quando uma

cabeça e dirigente da Standard Oil e

e que dizia: — "Nas sociedades, de cuja

vida econômica. Isso não impedinl po

rém que ele suporte transformações ex

ções, novos elementos se incorporarão à economia capitalista".

científica e sua espiritualização, isto é, aquilo que Sombart denomina "a alma <3a9 empresas".

lismo crie corpo, através do livre cam bio, adotado pela Inglaterra, em 1848,

nômico capitalista dominará ainda, por muito tempo, em importantes ramos da

Sombart. "Parte do que é vellio subsis

teção dos direitos privados legitimamen

se fez, como se evidência dos homens vo

de tudo, das transformações violentas no

concentração das empresas, sua direção

mo, no apogeu.

luntariosos e inteligentes. Êsse tipo se

de de sucessão hereditária, com a pro

zação da necessidade econômica, para alcançar a luta contra o risco e a luta para o domínio dos mercados. E, nessa

tenta com isso, procurando desvendar o

administração tomo parte, delibera-se

de lembra os maltusíanos, Stuart Mill>

enquanto estou presente e fala-se, de pois que eu saio". •

Adam Smith, a sociologia econômica de Sismondi, até Marx.

Atendendc a uma consulta da Cooperativa de Cafés, Bares e Restaurantes, deliberou o Congresso Cafeeiro, reunido em novembro de 1946, em Bogotá, reco mendar o emprôgo de rapadura nos casos em que o uso do açúcar não seja impres cindível. A rapadura, afirma o documento, tem poderoso valor nutritivo e a inten sificação do seu emprêgo redundaria em proveito do consumidor, evítando-lhe o pagamento dos elevados preços do açúcar importado, do produtor agrícola, favo recido pelo maior consumo da rapadura, e da economia nacional, poupada do gasto de divisas para a aquisição de açúcar no estrangeiro.


112

Dige^sto Econômico

mens e do comerciante em Emil Rathenau.

E foi assim se desenvolvendo a ener

O espírito capitalismo conta assim,

Sem esquecer a colaboração coletiva,

com a atividade individual, com a obje-

o trabalhador em si mesmo, a mão de

futuro, muito embora reconheça que to

tivação do espírito capitalista e com a

obra, as populações das cidades e dos campos, consagra Sombart o livro ter ceiro ao processo econômico na época

das as opiniões sobre o futuro têm sido oté agora erradas. Para Sombart, apesar

do alto capitalismo, desde o apareci

mundo moral e material, o sistema eco

gia econômica, impulsiva e conquistado-

especial colaboração entre pessoas e

ra. "Chegou-se a pôr a serviço da eco

coisas.

nomia, diz Sombart, os móveis mais po derosos, que se desenvolveram ampla mente. Os mais fortes impulsos da von tade, paixões ardentes, imperiosos dese jos". A conquista do dinheiro pelo lucro é o primeiro impulso que se encami

113

Digesto Econômico

Mas isso só não basta, porque é ne

cessário haver um meio propício para

mento da necessidade econômica, da

êsse desenvolvimento e esse meio é o

Estado que, pelas suas características

formação dos mercados, da estrutura ção das empresas, dos movimentos da

individualistas e liberais, se mostrou in capaz de enfrentar a luta de interesses.

atividade econômica, a coi'npetência, as condições de momento, as épocas de de pressão e de prosperidade e a racionali

poder coincidem nesse passo e nele está

Com isso êlo favorece amplamente ao desenvolvimento capitalista, com o direi to econômico que ele consagra, com a

a preocupação crescente pela intensifi

liberdade de aquísíÇião, de comércio, de

nha, sem condição, sem liimte e sem escrúpu'o. O afã de lucro e o afã de

cação da atividade humana e a acelera

ção do ritmo da vida, que é, sem dúvi

da, uma das características do capitalis

indústria, com a liberdade contratual, com a propriedade livre, com a liberda

luta, a nacionalização das empresas, a

O homem que aparece, como condu tor dessa atividade, é, para Sombart, um novo tipo humano, por uma seleção que

te adquiridos. Êsse quadro de liberda des, projetado na vida exterior, fez com que a vocação internacional do capita

olhos de Sombart foram alcançar os pri-

reve'a como um espírito crédulo e oti mista, com uma consciência ostensiva

do papel que exerce, senhor de uma

grande ambição, que não se quebra, nem se abate. Quanto mais produz, quer produzir; quanto mais lucra, quer lucrar, quanto mais domina, quer do minar.

No seu espirito se sucedem as

iniciativas, os planos, os esquemas de trabalho, que Sombart, substituindo a fórmula kanteana — "consciência de de

ver" _ afirma ser "apior pelo negócio". Tomou-se famoso H. Rogers, que foi

com a assinatura dos acordos e tratados •internacionais.

E dessa maneira, o capital \'ai se re produzindo, com uma fôrça criadora e operante, fora do comum.

predomínio, em conseqüência das limita ções que.irá sofrendo e com a penetra ção da economia planificada. O senti do catastrófico não aparece na obra de

O mundo foi evoluindo assim.

Os

nieiros princípios e trazê-los até nossos

tirá, diz êle: "parte sofrerá transforma

A obra de Sombart, entretanto, tam bém ficou condicionada a um momento

histórico.

Êle, acima de seu aspecto

dias. Desde Carlos Magno até Stinnes ou Pierpont Morgan, quando o capital

senta os trágicos momentos econômicos

se concentrou, diante de um vasto mun

que antecederam a última guerra e um

do de proletários e proletaróides.

E

como bom alemão, Sombart não se con

teórico, de seu fervor dogmático, repre

testemunho que precisa ser ouvido nesta hora de inquietação e desespêro.

1

Depois de estudar a formação do casoma de dinheiro se aplica para fundar, pôr em exploração ou ampliar uma emprêsa, — Sombart estuda o crédito e

seu desenvolvimento e importância, o

desenvolvimento e progresso da produ ção, graças ao aperfeiçoamento da téc nica e com a organização das indústrias de alto forno, a movimentação das mer

presidente da Ahialgamated Cooper Co.,

cadorias, graças ao aumento dos meios de transporte, para focalizar o elemento espiritual, que é a teoria econômica, on

como se fosse um caudilho de empresas

ternas e internas. Êle perderá seu antigo

pltal-dinheiro que nasce, quando uma

cabeça e dirigente da Standard Oil e

e que dizia: — "Nas sociedades, de cuja

vida econômica. Isso não impedinl po

rém que ele suporte transformações ex

ções, novos elementos se incorporarão à economia capitalista".

científica e sua espiritualização, isto é, aquilo que Sombart denomina "a alma <3a9 empresas".

lismo crie corpo, através do livre cam bio, adotado pela Inglaterra, em 1848,

nômico capitalista dominará ainda, por muito tempo, em importantes ramos da

Sombart. "Parte do que é vellio subsis

teção dos direitos privados legitimamen

se fez, como se evidência dos homens vo

de tudo, das transformações violentas no

concentração das empresas, sua direção

mo, no apogeu.

luntariosos e inteligentes. Êsse tipo se

de de sucessão hereditária, com a pro

zação da necessidade econômica, para alcançar a luta contra o risco e a luta para o domínio dos mercados. E, nessa

tenta com isso, procurando desvendar o

administração tomo parte, delibera-se

de lembra os maltusíanos, Stuart Mill>

enquanto estou presente e fala-se, de pois que eu saio". •

Adam Smith, a sociologia econômica de Sismondi, até Marx.

Atendendc a uma consulta da Cooperativa de Cafés, Bares e Restaurantes, deliberou o Congresso Cafeeiro, reunido em novembro de 1946, em Bogotá, reco mendar o emprôgo de rapadura nos casos em que o uso do açúcar não seja impres cindível. A rapadura, afirma o documento, tem poderoso valor nutritivo e a inten sificação do seu emprêgo redundaria em proveito do consumidor, evítando-lhe o pagamento dos elevados preços do açúcar importado, do produtor agrícola, favo recido pelo maior consumo da rapadura, e da economia nacional, poupada do gasto de divisas para a aquisição de açúcar no estrangeiro.


DrcESTo Econômico

roMo é remunerada hoje em dia a mão-de-obra na ItálUi^ Com base nas esta tísticas e nos índices do custo de vida e tendo ainda em conta as mais recentes

majorações de salarios, deduz-se que, representando por 100 o ordenado real per cebido pelo trabalhador manual comum da indústria de construções em 1938, o atual seria de 106, significando que hoje o operário dôsse ramo está em condi ções de usufruir um padrão de vida superior ao daquele ano. Dentro de igual comparação a indústria mecânica oferece um índice de 132 ou um acréscimo de 1/3, em confronto com o período pró-auerra Da mesma forma melhorou sensivelmente a situação dos empregados bancários de primeira categoria. Quanto aos operários especializados, nas duas indústrias aludidas ainda não foi alcançado o nível de antes do conflito, se bem que, sobretudo para a classe dos i^camcos, seja mínima a diferença em relação ao nível de antes da conflagração. M cifras demonstram tan^ém que se bs salários de algumas categorias de trabaIhadores tivessem ainda de ser aumentados, tais acréscimos repercutiriam nos pre ços das mercadores. As estatísticas confirmam o que iã tivemos ocasião de assinahr, tóo e, que os vencimentos das diversas- fínções intelectuais estão muito abaixo das remunerações dos trabalhadores manuais.

Nacional da França, informou à im

confronto com a produção de 6 milliõeí e 200 mil quintais registrada em 1940,

reduzir a taxa índice sôbre as minas

a produção anual atual não ultrapassa,

prata mexicanas exploradas pelas companhias estrangeiras. Por força da

de 1.400.000 quintais.

taxa atual, que seria exorbitante, tais

prensa qeu o governo decidiu limitar as

importações à base de dólares ao estri tamente essencial, a fim de evitar uma

minas de fraco rendimento e extrair

apenas os minerais que contenham gran-

*le porcentagem de prata. Circulam ru

mores de que a mina Delmonte, explo rada por uma companhia norte-america na, está em vias de suspender a produ ção. Sabe-se que, após o acôrdo refe rente à indenização dos acionistas da

^mpanhía de petróleo Eagle, foi pro

palado que o governo do México procura

ria encontrar possibilidades de fazer no^as concessões petrolíferas a empresas

catástrofe econômica. Adiantou s.s. que a situação da França é tão desespera da quanto a da Grã-Bretanha e que, a menos que sejam tomadas medidas se melhantes às adotadas pelos britânicos, ocorrerá uma catástrofe.

Declarou, prosseguindo, que o govêrno decidiu suspender a importação de

artigos de luxo procedentes dos Estados

dendo da entrega da segunda prestação Banco Mundial. A escassez de dólares,

segundo o sr. Philip, deve-se, em gran de parte, às condições internas e à de cisão britânica de suspender a conversi bilidade das libras esterlinas.

Entre as importações suspensas figu ram a gasolina, máquinas e ferramentas. Essa última será um obstáculo ao plano Monnet de reconstrução do país. Con

Unidos, apenas permitindo a importa ção de carvão, trigo e óleos, a partir do momento em que foi tomada a de

cluindo o ministro da Defesa Nacional

cisão.

de vida de antes da guerra.

• país ante o inverno mais desesperador, venta e três milhões de dólares pata

ção, aventando a probabilidade de volo Chile, dentro em breve, n uma

passageiros para todo o mundo, realiza ram uma reunião.

No que diz respeito à sociedade de "Itália", que fazia o serviço das linhas

transatlânticas, o seu'representante de clarou que a frota de 37 unidades (tota lizando 546.316 toneladas), existente em 1937, reduziu-se, em conseqüência total de 137.487 toneladas.

Todavia,

com êsses navios a "Itália" conseguiu res tabelecer as comunicações com a Améri ca, enquanto estão em reparos cinco pa

quetes da classe do "Navigatori", desti

mestre de 1947 e contraiu compromisso

passageiros.

Depois de examinar a situação das di visas durante o últímo ano, o sr. Baltrà

de 137.347.000 dólares para o mesmo período, havendo, portanto, um saldo

* * *

Foi divulgado que o governo da Ar * * *

gentina prometeu continuar a enviar à

Inglaterra suprimentos de carne e outros

* * *

A produção de massas alimentícias atitude do México relativamente aos ca-

ziam o serviço das grandes linhas de

adiantou que o Chile dispõe de .... 150.547.00 dólares para o segundo se

riisponibilidades de divisas.

normal para 1948.

Novo indício sôbre a mudança de

e "Tírrênia") que antes da guerra fa

nados especialmente às linhas para a América do Sul. No que se refere ao programa de novas construções, a so ciedade orientou sua preferência para unidade de tonelagem média (25 a 30 mil toneladas), muito mais rápidas e do tadas de grandes comodidades para os

simação de normalidade, com relação às

menos, dez anos para atingir o nível

desde a libertação, tendo decidido re

servar a importância de duzentos e no

O ministro da Economia chileno, sr.

Alberto Baltra, divulgou uma declara

disse que o país necessitará de, pelo

Acrescentou que o governo está com

Os representantes das quatro maio res empresas de navegação italianas ("Itália", "Lloyd Triestino", "Adriática"

da guerra, a apenas 12 navios, com um Hs

Essa importação, todavia, está depen

do empréstimo concedido à França pelo

si: * *

companhias são obrigadas a abandonar

as importações básicas, provenientes dos E.U.A., durante todo o resto deste ano.

cassez dos abastecimentos de trigo. Em

pitais estrangeiros, é fornecido pela nobcia, de fonte americana, segundo a lual o presidente Alemán pretenderia

rio Exterior.

O sr. André Philip, ministro da Defesa

11«

(que representa uma das principais ati

gêneros alimentícios essenciais, até que se realizem as negociações decorrentes

vidades industriais da Itália meridional) sofreu enorme diminuição, devido à es-

libra.

da suspensão da conversibilidade da


DrcESTo Econômico

roMo é remunerada hoje em dia a mão-de-obra na ItálUi^ Com base nas esta tísticas e nos índices do custo de vida e tendo ainda em conta as mais recentes

majorações de salarios, deduz-se que, representando por 100 o ordenado real per cebido pelo trabalhador manual comum da indústria de construções em 1938, o atual seria de 106, significando que hoje o operário dôsse ramo está em condi ções de usufruir um padrão de vida superior ao daquele ano. Dentro de igual comparação a indústria mecânica oferece um índice de 132 ou um acréscimo de 1/3, em confronto com o período pró-auerra Da mesma forma melhorou sensivelmente a situação dos empregados bancários de primeira categoria. Quanto aos operários especializados, nas duas indústrias aludidas ainda não foi alcançado o nível de antes do conflito, se bem que, sobretudo para a classe dos i^camcos, seja mínima a diferença em relação ao nível de antes da conflagração. M cifras demonstram tan^ém que se bs salários de algumas categorias de trabaIhadores tivessem ainda de ser aumentados, tais acréscimos repercutiriam nos pre ços das mercadores. As estatísticas confirmam o que iã tivemos ocasião de assinahr, tóo e, que os vencimentos das diversas- fínções intelectuais estão muito abaixo das remunerações dos trabalhadores manuais.

Nacional da França, informou à im

confronto com a produção de 6 milliõeí e 200 mil quintais registrada em 1940,

reduzir a taxa índice sôbre as minas

a produção anual atual não ultrapassa,

prata mexicanas exploradas pelas companhias estrangeiras. Por força da

de 1.400.000 quintais.

taxa atual, que seria exorbitante, tais

prensa qeu o governo decidiu limitar as

importações à base de dólares ao estri tamente essencial, a fim de evitar uma

minas de fraco rendimento e extrair

apenas os minerais que contenham gran-

*le porcentagem de prata. Circulam ru

mores de que a mina Delmonte, explo rada por uma companhia norte-america na, está em vias de suspender a produ ção. Sabe-se que, após o acôrdo refe rente à indenização dos acionistas da

^mpanhía de petróleo Eagle, foi pro

palado que o governo do México procura

ria encontrar possibilidades de fazer no^as concessões petrolíferas a empresas

catástrofe econômica. Adiantou s.s. que a situação da França é tão desespera da quanto a da Grã-Bretanha e que, a menos que sejam tomadas medidas se melhantes às adotadas pelos britânicos, ocorrerá uma catástrofe.

Declarou, prosseguindo, que o govêrno decidiu suspender a importação de

artigos de luxo procedentes dos Estados

dendo da entrega da segunda prestação Banco Mundial. A escassez de dólares,

segundo o sr. Philip, deve-se, em gran de parte, às condições internas e à de cisão britânica de suspender a conversi bilidade das libras esterlinas.

Entre as importações suspensas figu ram a gasolina, máquinas e ferramentas. Essa última será um obstáculo ao plano Monnet de reconstrução do país. Con

Unidos, apenas permitindo a importa ção de carvão, trigo e óleos, a partir do momento em que foi tomada a de

cluindo o ministro da Defesa Nacional

cisão.

de vida de antes da guerra.

• país ante o inverno mais desesperador, venta e três milhões de dólares pata

ção, aventando a probabilidade de volo Chile, dentro em breve, n uma

passageiros para todo o mundo, realiza ram uma reunião.

No que diz respeito à sociedade de "Itália", que fazia o serviço das linhas

transatlânticas, o seu'representante de clarou que a frota de 37 unidades (tota lizando 546.316 toneladas), existente em 1937, reduziu-se, em conseqüência total de 137.487 toneladas.

Todavia,

com êsses navios a "Itália" conseguiu res tabelecer as comunicações com a Améri ca, enquanto estão em reparos cinco pa

quetes da classe do "Navigatori", desti

mestre de 1947 e contraiu compromisso

passageiros.

Depois de examinar a situação das di visas durante o últímo ano, o sr. Baltrà

de 137.347.000 dólares para o mesmo período, havendo, portanto, um saldo

* * *

Foi divulgado que o governo da Ar * * *

gentina prometeu continuar a enviar à

Inglaterra suprimentos de carne e outros

* * *

A produção de massas alimentícias atitude do México relativamente aos ca-

ziam o serviço das grandes linhas de

adiantou que o Chile dispõe de .... 150.547.00 dólares para o segundo se

riisponibilidades de divisas.

normal para 1948.

Novo indício sôbre a mudança de

e "Tírrênia") que antes da guerra fa

nados especialmente às linhas para a América do Sul. No que se refere ao programa de novas construções, a so ciedade orientou sua preferência para unidade de tonelagem média (25 a 30 mil toneladas), muito mais rápidas e do tadas de grandes comodidades para os

simação de normalidade, com relação às

menos, dez anos para atingir o nível

desde a libertação, tendo decidido re

servar a importância de duzentos e no

O ministro da Economia chileno, sr.

Alberto Baltra, divulgou uma declara

disse que o país necessitará de, pelo

Acrescentou que o governo está com

Os representantes das quatro maio res empresas de navegação italianas ("Itália", "Lloyd Triestino", "Adriática"

da guerra, a apenas 12 navios, com um Hs

Essa importação, todavia, está depen

do empréstimo concedido à França pelo

si: * *

companhias são obrigadas a abandonar

as importações básicas, provenientes dos E.U.A., durante todo o resto deste ano.

cassez dos abastecimentos de trigo. Em

pitais estrangeiros, é fornecido pela nobcia, de fonte americana, segundo a lual o presidente Alemán pretenderia

rio Exterior.

O sr. André Philip, ministro da Defesa

11«

(que representa uma das principais ati

gêneros alimentícios essenciais, até que se realizem as negociações decorrentes

vidades industriais da Itália meridional) sofreu enorme diminuição, devido à es-

libra.

da suspensão da conversibilidade da


Digesto

116

Comunicações confidenciais de grande importância foram trocadas entre os dois governos, sabendo-se que a Argentina

não pretende tomar qualquer providên cia precipitada no tocante à cessação de

EcoNÓKnco

Com esse índice de produção serão necessários 54 meses para que a pro

cura venha a ser atendida pronta e satisfutòriamentc.

suas exportações para a Grã-Bretanha,

*

antes de serem discutidas, pelos respecti vos técnicos, as futuras perspectivas de comérc o entre os dois países, ante a

Londres anunciou que os países* das

nova situação.

Américas Central e do Sul, os Estados

O Secretariado Internacional da Lã de

Unidos, a Suíça, a Suécia e Portugal, '■¥

sH

*

Os economistas japoneses esperam que

o comércio exterior do país atinja a

cifra de 200 milhões de esterlinos, em 1948.

Ao divulgar essa notícia, afirmou o

inc'uir-se-ão entre as primeiras nações, onde a Grã-Bretanha fará uma última

tentativa para aumentar seus mercados para a colocação de lã. Novas cotas de exportação já foram

destinadas aos produtores de artigos de

diretor do Departamento de Comércio que o Japão planeja importar 60 milhões

lã no Reino Unido. O governo britânico visa a incrementar as exportações de te cidos de lã, de cerca de 20% nos pró

dução de artigos de importação, inclu

ximos nove meses.

de esterlinos de matéria-prima para pro

sive algodão, ferro e aço, cêrca de 20 milhões de esterlinos de combustíveis e

equipamentos para usinas de energia elé

trica e 120 milhões de esterlinos de gê neros alimentícios e outros produtos.

Segundo aquela declaração, espera-se

lhões de esterlinos de artigos japoneses. *

*

*

Segundo o sr. L. H. Baker, presiden te da "Admirai Corporation of Chica

go", a procura de refrigeradores nos Estado.s Unidos ainda excederá à produ

ção, no mínimo'durante três anos. Em todo o ano de 1946, foram pro duzidos 2.400.000 refrigeradores e em

1947, até a presente data, a produção se vem processando com uma média mensal de 280.000 unidades.

Restaure a potência do motor, seu

em

carro Anéis

de

qualidade garantida. Para obter real econo mia de óleo e gasoli

são excessivamente valiosos para a ex portação.

na... insista na marca :Jí

*

"Pedrick"]

íí«

42.235 pessoas emigraram da Itália, durante os primeiros cinco meses do corrente

instalando

Pistão "Pedrick", de

O ministro do Comércio, "sir" Stafford

Cripps, declarou que a população deve preparar-se para sofrer a escas.sez de tais artigos, porquanto esses produtos

que as exportações incluam 175 milhões de esterlinos de gêneros alimentícios fei tos com materiais importados e 25 mi

r

Instale

ano.

Segundo dados fornecidos pelo Ins tituto Central de Estatística, 7.330 ita

lianos partiram da Lombardia; 6.080 da Venetia e 4.040 do Piemonte; a pro

víncia que contribuiu com menor con

tingente foi a Sardenba. Nove mil, qua

trocentos e quarenta e um imigrantes se

guiram para a França, 8.694 para os Estados Unidos, 7.824 para a Bélgica,

7.371 para a Suíça, 4.156 para a Argenfna e 1.347 destinain-se ao Brasil.

GENERAL MOTORS

DO BRASIL S. A.


Digesto

116

Comunicações confidenciais de grande importância foram trocadas entre os dois governos, sabendo-se que a Argentina

não pretende tomar qualquer providên cia precipitada no tocante à cessação de

EcoNÓKnco

Com esse índice de produção serão necessários 54 meses para que a pro

cura venha a ser atendida pronta e satisfutòriamentc.

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*

antes de serem discutidas, pelos respecti vos técnicos, as futuras perspectivas de comérc o entre os dois países, ante a

Londres anunciou que os países* das

nova situação.

Américas Central e do Sul, os Estados

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Unidos, a Suíça, a Suécia e Portugal, '■¥

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*

Os economistas japoneses esperam que

o comércio exterior do país atinja a

cifra de 200 milhões de esterlinos, em 1948.

Ao divulgar essa notícia, afirmou o

inc'uir-se-ão entre as primeiras nações, onde a Grã-Bretanha fará uma última

tentativa para aumentar seus mercados para a colocação de lã. Novas cotas de exportação já foram

destinadas aos produtores de artigos de

diretor do Departamento de Comércio que o Japão planeja importar 60 milhões

lã no Reino Unido. O governo britânico visa a incrementar as exportações de te cidos de lã, de cerca de 20% nos pró

dução de artigos de importação, inclu

ximos nove meses.

de esterlinos de matéria-prima para pro

sive algodão, ferro e aço, cêrca de 20 milhões de esterlinos de combustíveis e

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trica e 120 milhões de esterlinos de gê neros alimentícios e outros produtos.

Segundo aquela declaração, espera-se

lhões de esterlinos de artigos japoneses. *

*

*

Segundo o sr. L. H. Baker, presiden te da "Admirai Corporation of Chica

go", a procura de refrigeradores nos Estado.s Unidos ainda excederá à produ

ção, no mínimo'durante três anos. Em todo o ano de 1946, foram pro duzidos 2.400.000 refrigeradores e em

1947, até a presente data, a produção se vem processando com uma média mensal de 280.000 unidades.

Restaure a potência do motor, seu

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*

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íí«

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instalando

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Cripps, declarou que a população deve preparar-se para sofrer a escas.sez de tais artigos, porquanto esses produtos

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r

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ano.

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víncia que contribuiu com menor con

tingente foi a Sardenba. Nove mil, qua

trocentos e quarenta e um imigrantes se

guiram para a França, 8.694 para os Estados Unidos, 7.824 para a Bélgica,

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AGUA FILTRADA E REFRIGERADA, DIA E NOITE I

?m o SEU SaHGUE-

•Para cinemas,repartições piiblicas,

Ha'todo um romance empolBonlc em cada

escolas c escritórios, fábricas etc.

gola do remcdfo. Suo origem está nas montanhas dc minério bruto que a pouco o

•Fabricação 100% americana.

pouco foi entregado para altos tornos, onde o calor derrete o metal, separondo-o. assim,

do grande porte dos corpos com que viveu

•RcfriBcração automática,com com

desde a formação do mundo. Ainda assim o ferro está cm estado de Impureza. Dezenas de outros corpos continuam ligados intima

•Temperatura da água regulável,

pressor próprio.

mente aos lingotes provindos dos fornos Ai' começo o árduo lolwr dos loborolórios, com

de O a 15 graus centígrados.

suas relortas, fornos, cadinhos, reativos, cien tistas. médicos. farmocOullcos. técnicos, obrci-

•Equipado com motor Century, de

ros especializados, tudo e todos nn ánsla de conseguir o» miligramas de ferro puro

1/4 hp.

que entrarão nos formulas destinadas ã sal

Entrada c saída dc água corrente.

vaguarda de nossa saúde. Assisto o alguma cena déste empolgante romance. Venha ver

Cômodo, simples, elegante.

o que faz um laboratório.

ESTAMOS DE PORTAS ABERTASI ••

o» I':raíiitatvm'>

Mínimo consumo de energia

• ••-••••ai

A IftDÚSratA fARMACÊUTICA NACIONAL É FATOR OB

PKAÇa da republica, 309 — SAO PAULO

.►J .jàffiV'.-


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II—-í

-V"#

I

r

ALIMENTO PORQUE O SR. DEVE

ANUNCIAR

NO

— completa linha de deliciosos e

DIGESTO

nutritivos produtos Swift; pastas, presuntada, ervilhas, presunto cozi

ECONOMICO

do, carne em conserva, extrato de carne, salsichas, xarque, óleo e com

posto "A PATROA".

m

Preciso nas informações, sóbrio e objetivo nos

I

comentários, cômodo e elegante na apresenta ção, o Digesto Econômico, dando aos seus

— OS famosos adubos orgânicos "O

leitores um panorama mensal do mundo dos

Semeador". Feitos de resíduos fres

negócios, circula numa classe de alto poder

cos de carne, sangue e ossos de ani

aquisitivo e elevado padrão de vida. Por essas

mais,os adubos Swift,"O Semeador",

razões, os anúncios inseridos no Digesto Eco

fecundam e enriquecem a terra,pro

nômico são lidos, invariàvelmente, por um pro

duzindo melhores e maiores frutos

vável comprador.

e colheitas.

Esta revista é publicada mensalmente pela Edi-, tôra Comercial Ltda., sob os auspícios da Asso ciação ComercUil de São Paulo e da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.

PARA

4

AN I MA I S

— rações Swift balanceadas de carne e ossos, Ossorinha, Sangarinha-pro

porcionam uma alimentação cienti fica dosada para engorda, produçSo ou crescimento de gado. porcos» galinhas, etc.

EDITORA

COMERCIAL

LIMITADA

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FILIADO AO SINDICATO DOS

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CORRETORES DE IMÓVEIS E AO preoAo imobiliário

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VENDA

DE

IMÓVEIS

Para a compra e' venda de seus imóveis encarregue a nossa Seção Especializada.

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Conheça o valor e

o aproveitamento

de

seus

imóveis.

Peça nossa avaliação.

EMPRÉSTIMOS hipotecários Financiamos construções, fazemos empréstimos sob hipoteca de

prédios, terrenos, incorporações, etc., por conta de terceiros.

Válvulas — Rádios — Microfones, Pick-Ups — Alto-Falantes — Dial — Toca-Discos simples e automáticos — Móveis para Rádios de Mesa e Vitrolas — Kits completos para 5, 6 e 7 válvulas — Bobinas Meissner e Douglas — Teste para válvulas — Osciladores

Capacimetros — Ohm-Meter — Material Elétrico. ACEITAMOS PEDIDOS PELO REEMBOLSO.

Grande capital a ser aplicado. ADMINISTRAÇÃO PREDIAL Oferecemos completa e perfeita assistência.

Rua Libero Badaró. 472 - Telefone, 2-2374 - C. Postal, 1003

Confie-nos a administração de seus imóveis.

SÃO PAULO

RUA SXO BENTO, 48 — 8.0 ANDAR — SALAS 812-813-014 — TEL. 2-7380


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A SERVIÇAL LTDA.

Jacques Louis-Delamare - Havre

Serviços que oferecemos: Organização de sociedades^comercioU, industriais, civis. Contratos, distratos, modiíicoçôes de firmas, coope

EXPORTADOR

rativos e todos os serviços nas Juntas Comerciais e legalízoção

perante todas as Repartições Publicas, Municipais, Estodoais e Federais.

Oferece para importação da França:

REQUEREMOS PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE

Conservas, azeitonas, azeite de oliveira. — Champagne, Conhaque, Brandis, vinhos, etc. — Porcelanas de Vierzon (Limoges) — Teci dos de linho, cambraias — Tecidos de lã — Casimiras — Fio de Unho, lá e outros — Distribuidores exclusivos para as bicicletas

INDUSTRIAL, COMERCIAL E CÍVEL PARA: Marcas de industrio, de Co Títulos de estabelecimentos. mercio ou de Exportação. Privilegies de Invenção.

Nomes Comerciais. Insigniai

"BalUs" de St. Etienne.

Agentes idoneos para os diversos Estados do Brasil, estão sendo

Licenças de preparados far

Comerciais.

macêuticos, veterinários, inse

Sinais de Propaganda. Frases

ticidas, desinfectontes. Analises

de Propaganda.

de bebidas, comestíveis, etc.

CONSULTE-NOS SEM COMPROMISSO

acolhidos.

A SERVlCAL LTDA S. Paulo: Rua Direita,64 - 3." - Tels. 2-8934 e 3-3831 - C. Postais 3631 e 1421

Agente: H. C. ROSSARIE — Caixa 2424 — São Paulo

R.Janeiro: Av. Aporicio Borges,207-12.® pov. - Tel. 42-9285 - C. Postal 3384

I BA.NHA '^ALIANÇA'*

r X

PRESUNTOS COZIDOS "PAN ,HAM",

IMPORTADORES-ATACADISTAS

em latas e embrulhados.

GÊNEROS ALIMENTÍCIOS, FERRAGENS, ETC.

Salames, presuntos tipo italiano, copa, bacon, carne de

Endereço Telegráfico:

porco salgada, miúdos de porco e toucinhos salgados. Conservas "ODERICH", "ALIANÇA" e "SOL" Todos estes afamados produtos dos

Frigoríficos Nacionais Sul Brasileiros, Lida. de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. encontram-se á venda na MATRIZ:

RUA CANTAREIRA, 507-515 — Caixa Postal, 1853

Sociedade Paulista de Representações Lida.

Fones: Esc.: 6-4820 — Arm.: 4-7624 — SÃO PAULO FILIAL: Marília — C. P.

Rua Paula Souza n.® 354 — Fone; 4-1922 — Telegramas "Soprei" SÃO PAULO

.M


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PRAÇA ANTÔNIO PRADO, 6 CAIXA POSTAL, 789 — END. TELEGR.: "BANESPA' AGÊNCIAS: Ampsiro — Andradina — Araçatuba -- Araraquara — Alibáia — Avaré — Barreios — Batatais — Bauru — Botucatú

— Brás (Capital) — Caçapava — Campinas — Campo Grande (Maio Grosso) — Catanduva — Franca — Ibitinga — Itapetininga — Ituverava Jaboticabal — Jaú — Jundiaí — Limeira — Lins Marília — Mirassol — Mogi Mirim — Novo Horizonte — Olím

PORTO

pia Ourinhos — Palmital — Piracicaba — Pirajuí — Pirassununga Presidente Prudente —^ Ouatá — Registro — Ribeirão Prêlo

Sto. Anastácio — S. Carlos — S. João da Bôa Vista —

S. Joaquim da Barra — S. José do Rio Pardo — S. José do Rio Prêto

S. Simão — Santos — Tanabi — Tietê — Tupan.

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2-7095 6-2775

Papelaria e Tipografia ANDREOTTl LOJA;

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R. QUINTINO BOCAYUVA. 24 (PBOXIMO A R. OlHElTAl OFICINA-,

RUA TEIXEIRA

Rua 15 de Novembro. 330 - B.o — Fone 2-2165 ■

Caixa Postal, 2934

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