DIGESTO ECONÔMICO, número 35, outubro 1947

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ECONOMICO SOB os auspícios Dn ASSOCIAÇKO COMERCIAL DE SÃO PAULO E DO FEDERACAO DO COMERCIO DO ESTADO DE SAO PAULO FW T» -

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O Dinbeiro, os Preços Internos e Internacionais e as Crises — Djacir Menezes - • ■

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O Algodão em São Paulo — Garibaldi Dantas

O Problema Nacional do Trigo — Edgai-d Teixeira Leite Cristianismo e Le Play — Louis Baudin

...

Protecionismo Alfandegário — Gottfried von Oração de Paraninfo — Davi Campista

Haborler

História Econômica — Comércio de Aves — Afonso Arinos de Melo Franco

Os Primeiros EngenHos Centrais do Brasil — José Honório Rodrigues Idéias e Intorêsses ■—-

Otávio

Tarquínio

de

Souza

O Algodão em São Paulo nos séculos XVI e XVII — Sérgio Buarque de Holanda Geografia das Comunicações Paulistas — O Litoral — Nelson Werneck Sodré . . . Defumação *5

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da

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Econômico

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Maquiavel, Teórico da Política Burguesa Senac — Franci.sco Gai-cia Bastos

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do

Vida

— José Bonifácio de Sousa Amaral Cândido Mota Filho

Redação

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CAPITAL REALISADO FUNDO DE RESERVA FUNDO DE RESERVA LEGAL LUCROS EM SUSPENSO

Cr$ 100.000.000,00 CrS 95.000.000,00 CrS 6.427.503,30 CrS 7.109.675.()0

MATRIZ — São Paulo

Rua 15 de Novembro n. 289

Caixa Postal, 36 — Telefone: 2-3191

Onde quer que o sr. observe as iudúsirias ao serviço do gênero luiniano, ali adiará os produtos químicos c plás ticos Monsanlo ajudando a acelerar suas tarefas e a me lhorar os seus produtos.

Isso se aplica particularmente aos países da América do Sul e Central, onde griuide número de novas indús trias estão sendo incrementadas. Cada ano que passa, numa proporção maior do que no ano anterior,centenas

de produtos das dezoito fábricas Monsanlo têm sido expedidos para esses paises. Essa tendência continuou mesmo durante a guerra, a tal ponto que, no ano findo,

filiais

as indústrias da América do Sul e Central consiuniram

RIO DE JANEIRO

Rua l.o de Março n. 77

SANTOS

15 de Novembro n. 109 Tel. 23-1796 - Interurbano: LD.4 RuaTelefones: 2022 e 2485 Caixa Postal, 230

Caixa Postal, 89

mais do dobro do volume de produtos Monsanto que usaram em 1941.

Enquanto essas indústrias e nossa capacidade para servi-las continuarem progredindo, vislumbramos um

Americana — Amparo — Araraquara — Baurú — Bebedouro •— Botucatu — Birigui — Bragança Paulista — Cafelândia — Cam pinas — Caíanduva — Jaboticabal — Londrina — Marília — Olímpia de Caldas — Presidente Prudente — Ribeirão Carlos — São José do Rio Preto — São

Manuel — Tanabi — Taquaritinga — Tupã — Valparaizo — Valinhos.

futuro mais brilhante c próspero, como nunca se viu an teriormente em nossos dois grandes continentes. MONSANTO CHEMICAL COMPANY, 1700 South 2nd Street, St. Louis 4, Mo., E. U. A. e MONSANTO CHEMICALS, LTD., Victoria Station House, London, S. W. 1, Englond

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CORRESPONDENTES NO PAÍS E NO ESTRANGEIRO

EIS

ALGUMAS INDUSTRIAS

SERVIDAS PELA MONSANTO

DIRETORIA:

Bebidas

Papel

Processamento químico Produtos alimentícios

Petróleo Farmacêutica

Leônidas Garcia Rosa — Diretor-Vice-Presidente

Produtos florestais Inseticidas

Plósticos

José da Silva Gordo — Diretor-Superintendente

Empacotamento Tintas, locas, vernizes

Te'xteis Tratamento de ógua

Numa de Oliveira — Diretor-Presidente

Theodoro Ouartim Barbosa e Francisco B. de Queirós Ferreira — Diretores-Gerentes.

PRODUTOS

QUÍMICOS

Curtume

A SERVIÇO DA INDUSTRIA..QUE SERVE A HUMANIDADE

Monsanto


■P

*!'

FORD

MOTOR

COMPANY

Dagenham

LIMITED INGLATERRA

Distribuidores exclusivos

Nenhum criador joga fóra propositadamente o leite

que produz em sua fazenda — porque leite é dinheiro proveniente de trabalho contínuo e penoso.

Já pensou, entretanto, em quantos latões de leite o

senhor desperdiça simplesmente porque deixa de os produzir?

Lembre-se de que P^ra produzirem com eficiência e

economia as vacas leiteiras exigem uma alimentação racionai - farta, rica e bem equilibrada.

As "RAÇÕES CONCENTRADAS BRASIL" são cuidadosamente calculadas para a obtenção do má ximo rendimento dos seus animais, conservaudo-os fortes e sadios.

Experimente-a hoje mesmo e nunca mais

deixará de usa-la.

V-

(Resp. Brenno M. úe Andrade, eng.-agro.)

Pedidos à Caixa Postal, 1117 Produto

da Refinadora

de. Óleos

Rua Xavier de Toledo, 114 •

Brasil

Loja e Escritório: RUA DAS PALMEIRAS, 315 Depart®. Agrícola — ALAMEDA NOTHMANN. 1234 S/À

Caixa Postal, 1117

UriNM)C<OuCUOS tRASU w

st

Oficina e Montagem: RUA VITORINO CARMILO. 1017

São Paulo

Fone: Escritório: 5-4842 — Fone: Oficina: 5-9556 '

SÃO PAULO


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SÃO PAULO


DIIIESTO ECdMm

(PícmeÇameitta e qsoLêfino. uh&xmx9-

O UUNDO DOS NE60CIOS NUM PANORAMA MENSAL

Publicado sob o* auspícios da

ASSOCIfiCflO COMERCIALDE SÃO PAULO

FEDERAÇÃO 00 COMÉRCIO 00 ESTADO DE SÃO PAULO Diretor Superintendente

Auro Soares de Moura Andrade Diretor:

Anlonlo Gonlijo de Carvalho

por Ltnz de Anhaia Melo

O Digesfo Econômico publicará no próximo número; AS

LEIS

ECONÔMICAS -

O ilustre professor Anlioia Melo mostra cnie a falta de um plano admini^raitoo leoa a muitos o desejo da tirania e o rejJÚdio da democracia, e que o planejamento para ser uma força só pode ser feito na base de uma participação popular.

Louis

Baudin.

O SÁBIO MABTIUS E O PÃO DE

MANDIOCA — Américo Jacobina Lacoinbe.

|S|Mes ?co°ôSc°a3

Dans une démocratie TUrbanisme

Urbanismo, define bem Jean Lebre-

ne pcut étre qu*une vaste oeuvre

coUective, qui demande Tadliésion

ton, ó "Ia remise en ordre du compléxe ville-campagne".

consciente et complete, Ia participation active de tout le peuple.

grandes males simultâneos: a de popula

II ne peut y avoir d*Urbanisme "imposé" dans un pays libre.

O PLANO REGIONAL DE SANTOS Francisco Prestes Maía.

Pierrc Vago: Français.

A CIDADE JARDIM — Luiz dc Anbaia

L'Urbanlsme

Melo.

fl^pifos "líjaf devidamente citadas, Ss

HISTÓRIA

nem pelS

®"^"idos em artigosS

Na transcrição de artigos pede-se citar

o

nome

do

Digeslo

Econômico.

cações congêneres nacionais e es

- Afonso

Arinos de Melo Franco.

BALANÇA DE PAGAMENTO EM RE

(registrado)

Cr$ 30.00 CrS 36,00

Número do mês:

CrS 3,00

Atrasado:

CrS 5,00

sas cidades está exigindo solução urgente, e todos sentem que a afitude

Viaduto Boa Vista, 67 - 7.o andar Tel. 3-7499 — Caixa Postal, 240-B São Paulo

urbano das pequenas cidades a estagna ção e decadência desses centros; e o das

metrópoles, a apoplexia da prosperida de.

Falsa prosperidade. O "bigger-city complex" é entre nos

nistração urbana brasileira, salvo raras

um verdadeiro culto nacional e aceito

€xeções, precisa ter fim.

sem maior exame.

A CARTA INTERNACIONAL DO CO —

Teotônio

Monteiro

de

ECONOMIA E HUMANISMO - Luiz CinlTa do Prado.

PAULISTAS — Nelson Wemeck Sodré.

FIAÇÃO E TECELAGEM EM SÃO PAULO NO PERÍODO COLONIAL

Sérgio Buarque de Holanda.

Os males provenientes de um cresci-

a escala humana e não a das possibili

€stá permitindo que, em todo o terri tório nacional, novos e gra-

de é organismo e não mecanismo. E não há vantagem em li vrar-se alguém da ditadura dos homens para cair na dita dura da máquina, igualmente

ves erros sejam diàriamente praticados.

O urbanismo propõe medi das de correção e outius de

dades técnicas, hoje ilimitadas. Cida

nefasta.

Um plano regional, bem es

prevenção.

Se as primeiras em regra custam muito

dinheiro, as segundas nada custam.

A escala da vida urbana deve ser

niento desordenado não são corrigidos, 6 a inércia das administrações municipais

Cònsisfcem em "fatores de orientação", Redação e Administração:

Sofre o homem do campo de isolamen to e abandono crônicos; sofre o homem

GIME DE PAPEL MOEDA - Gott-

GEOGRAFIA DAS COMUNICAÇÕES

Ano (simples)

problema do planejamento das nos

das cidades.

fried von Haberler.

trangeiras.

ASSINATURAS: Digesto Econômico

O

ção dos campos e o congestionamento

de "laisser-faire" que caracteriza a admi

MÉRCIO Barros.

Aceita-se intercâmbio com publi

ECONÔMICA

A ausência de plano é causa de dois

como as classifica o urbanista americano

Jaccb Crane, e evitam a repetição de erros que, justificáveis em outros tem pos, hoje são positivamente criminosos.

A base mínima de qualquer planeja mento é, hoje, regional.

tudado, tudo^ resolveria.

O grande sonho da humanidade, de uma vida mellior é perfeitamente reali

zável; preciso é, porém, que se dê ao urbanista a oportunidade de o provar. A Antigüidade teve as suas cidades religiosas; a Idade-Media, cidades prá ticas; o Renascimento e Barroco, cidades artísticas.


DIIIESTO ECdMm

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O UUNDO DOS NE60CIOS NUM PANORAMA MENSAL

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FEDERAÇÃO 00 COMÉRCIO 00 ESTADO DE SÃO PAULO Diretor Superintendente

Auro Soares de Moura Andrade Diretor:

Anlonlo Gonlijo de Carvalho

por Ltnz de Anhaia Melo

O Digesfo Econômico publicará no próximo número; AS

LEIS

ECONÔMICAS -

O ilustre professor Anlioia Melo mostra cnie a falta de um plano admini^raitoo leoa a muitos o desejo da tirania e o rejJÚdio da democracia, e que o planejamento para ser uma força só pode ser feito na base de uma participação popular.

Louis

Baudin.

O SÁBIO MABTIUS E O PÃO DE

MANDIOCA — Américo Jacobina Lacoinbe.

|S|Mes ?co°ôSc°a3

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Urbanismo, define bem Jean Lebre-

ne pcut étre qu*une vaste oeuvre

coUective, qui demande Tadliésion

ton, ó "Ia remise en ordre du compléxe ville-campagne".

consciente et complete, Ia participation active de tout le peuple.

grandes males simultâneos: a de popula

II ne peut y avoir d*Urbanisme "imposé" dans un pays libre.

O PLANO REGIONAL DE SANTOS Francisco Prestes Maía.

Pierrc Vago: Français.

A CIDADE JARDIM — Luiz dc Anbaia

L'Urbanlsme

Melo.

fl^pifos "líjaf devidamente citadas, Ss

HISTÓRIA

nem pelS

®"^"idos em artigosS

Na transcrição de artigos pede-se citar

o

nome

do

Digeslo

Econômico.

cações congêneres nacionais e es

- Afonso

Arinos de Melo Franco.

BALANÇA DE PAGAMENTO EM RE

(registrado)

Cr$ 30.00 CrS 36,00

Número do mês:

CrS 3,00

Atrasado:

CrS 5,00

sas cidades está exigindo solução urgente, e todos sentem que a afitude

Viaduto Boa Vista, 67 - 7.o andar Tel. 3-7499 — Caixa Postal, 240-B São Paulo

urbano das pequenas cidades a estagna ção e decadência desses centros; e o das

metrópoles, a apoplexia da prosperida de.

Falsa prosperidade. O "bigger-city complex" é entre nos

nistração urbana brasileira, salvo raras

um verdadeiro culto nacional e aceito

€xeções, precisa ter fim.

sem maior exame.

A CARTA INTERNACIONAL DO CO —

Teotônio

Monteiro

de

ECONOMIA E HUMANISMO - Luiz CinlTa do Prado.

PAULISTAS — Nelson Wemeck Sodré.

FIAÇÃO E TECELAGEM EM SÃO PAULO NO PERÍODO COLONIAL

Sérgio Buarque de Holanda.

Os males provenientes de um cresci-

a escala humana e não a das possibili

€stá permitindo que, em todo o terri tório nacional, novos e gra-

de é organismo e não mecanismo. E não há vantagem em li vrar-se alguém da ditadura dos homens para cair na dita dura da máquina, igualmente

ves erros sejam diàriamente praticados.

O urbanismo propõe medi das de correção e outius de

dades técnicas, hoje ilimitadas. Cida

nefasta.

Um plano regional, bem es

prevenção.

Se as primeiras em regra custam muito

dinheiro, as segundas nada custam.

A escala da vida urbana deve ser

niento desordenado não são corrigidos, 6 a inércia das administrações municipais

Cònsisfcem em "fatores de orientação", Redação e Administração:

Sofre o homem do campo de isolamen to e abandono crônicos; sofre o homem

GIME DE PAPEL MOEDA - Gott-

GEOGRAFIA DAS COMUNICAÇÕES

Ano (simples)

problema do planejamento das nos

das cidades.

fried von Haberler.

trangeiras.

ASSINATURAS: Digesto Econômico

O

ção dos campos e o congestionamento

de "laisser-faire" que caracteriza a admi

MÉRCIO Barros.

Aceita-se intercâmbio com publi

ECONÔMICA

A ausência de plano é causa de dois

como as classifica o urbanista americano

Jaccb Crane, e evitam a repetição de erros que, justificáveis em outros tem pos, hoje são positivamente criminosos.

A base mínima de qualquer planeja mento é, hoje, regional.

tudado, tudo^ resolveria.

O grande sonho da humanidade, de uma vida mellior é perfeitamente reali

zável; preciso é, porém, que se dê ao urbanista a oportunidade de o provar. A Antigüidade teve as suas cidades religiosas; a Idade-Media, cidades prá ticas; o Renascimento e Barroco, cidades artísticas.


Dicesto Econóaoco

18

19

Dicesto Econômico

fôrças coletivas, e que ponha cm mar

cha, afinal, uma sociedade que dispõe de uma tecnologia magnífica mas que a usa de maneira suicida, contra si mesma.

Na falta do poder diretivo, que fi.xe os eixo.s diretores, a atititde dos go vernos é de avanços e recuos, marchas e contra-marchas, que nada i*esolvem e

tudo agravam.

século XX, e nas quais seja absoluta a os mecânicos e ImobUiários.

tamente definidas e que, por isso mes

ainda

a

confusão

do am-

E nenhum preço é demasiado quando se trata de obter ou preservar os ele

mentos essenciais a uma vida digna de

É preciso, portanto, organizar e arti cular a administração pública, de forma

traditórios e muitas vezes de demolição

que o mundo tecnológico criado pelo ho-

sumária dos anteriores. O judiciário, eni regra, é conservador em excesso.

.mem seja por êle eficientemente diri gido.

As leis são flores e não raízes da ci\'i-

ser vivida.

Mas, onde estão êsses planos? Quem dêles cogita?

Um quarto poder

Essa articulação se deve fazer crian

lização. O que se observa, porém, ó que há uma decalagem entre a necessi

do o "poder diretivo", que é, como

dade social e a expressão legal vigente,

acertadamente afirma Rexford Tugwell,

que perturba uma evolução necessária,

de um caos social".

a única porta aberta para se escapar

muitas vêzes.

A estrutura governamental tem que se adaptar à sociedade que deve servir^ O sistema tradicional de três pode-

res — executivo, legislativo e judiciário - harmônicos e independentes entre si,

não atende, de maneira satisfatória, às necessidades do mundo moderno, tecno lógico e social.' Êsse sistema não apresenta as carac

terísticas de estabilidade necessária mas

de adaptação pronta às flutuações e im previstos da sociedade moderna.

Legislativo e executivo sao de nature

za instável, sucedendo-se e renovando-se

engrenagem, e peça de importância fun damental diante da realidade social da era maquinista e tecnológica. Peça que mocrática dos governos, sintonizar as so com a estabilidade tradicional e a

seqüência necessária nas realizações de uma

era

de

movimento, deslocação,

transformação.

Essa peça 6 "um poder diretivo", que monize, em esforço unidirecional, as

Planejar Organizar Coordenar

Comandar e Controlar.

Se a organização é complexa, como a de um Govêmo, embora municipal, e

muito difícil que o administrador possa O poder diretivo ou "staff" e justa mente destinado a pre executivo, estender-lhe

é

a personalidade, mul tiplicar-lhe os meios de ação.

As funções "staff"

ou diretivas são as três primeiras das sete mencionadas:

e circunstâncias, a natureza e a tecno

Investigar,

logia, leis de seqüência causai e não

Prever e

disciplina rigorosa, baseada na investi í'».

Prever

administração, que

com precedentes. A técnica planológica diretiva é uma

trace os planos fundamentais, que har

Investigar

encher as lacunas do

tineiro, dispersivo; terá sôbre o legislativo a vantagem de não repre sentar facção, região ou partido político; sôbre o judiciário a de lidar com fatos

solicitações e o dinamismo do progres

As funções do administrador, segundo Fayol e Urwick, são as seguintes:

cutivo a vantagem de não ter que operar a traballio estafante, ro

consiga, sem prejuízo da expressão de

mo, escapa à "intuição" dos estadistas

cuidar de tudo,

Um poder diretivo terá sôbre o exe

Falta, evidentemente, uma peça nessa

A administração pública é hoje uma

amadores improvisados.

desejam a simplicidade da tirania. em prazos curtos, com programas con

tadual ou municipal.

que adotando orientações discordantes,

uão pode haver ação social eficaz e, por isso, muitos negam a democracia e

precedência dos valores humanos sobre

Assim se poderá obter um bom coe ficiente de segurança no "social management", seja de âmbito nacional, es

ciência com um corpo de regras perfei

Sem plano nada se realiza; sem plano

A nossa época deve ter as suas cida

ligência dos peritos.

A ciência da administração

hiente social.

des sociais, adequadas ao homem do

os recursos da técnica e a melhor inte

Pretendendo suprir essa falta, que to dos notam, criam-se conselhos, comis sões, institutos, autarquias, consultorias aumentam

I

gação cuidadosa dos fatos do passado e do presente, que deve empregar todos

Planejar.

É por isso que, como já notava Fayol, à medida que a administração se toma


Dicesto Econóaoco

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19

Dicesto Econômico

fôrças coletivas, e que ponha cm mar

cha, afinal, uma sociedade que dispõe de uma tecnologia magnífica mas que a usa de maneira suicida, contra si mesma.

Na falta do poder diretivo, que fi.xe os eixo.s diretores, a atititde dos go vernos é de avanços e recuos, marchas e contra-marchas, que nada i*esolvem e

tudo agravam.

século XX, e nas quais seja absoluta a os mecânicos e ImobUiários.

tamente definidas e que, por isso mes

ainda

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do am-

E nenhum preço é demasiado quando se trata de obter ou preservar os ele

mentos essenciais a uma vida digna de

É preciso, portanto, organizar e arti cular a administração pública, de forma

traditórios e muitas vezes de demolição

que o mundo tecnológico criado pelo ho-

sumária dos anteriores. O judiciário, eni regra, é conservador em excesso.

.mem seja por êle eficientemente diri gido.

As leis são flores e não raízes da ci\'i-

ser vivida.

Mas, onde estão êsses planos? Quem dêles cogita?

Um quarto poder

Essa articulação se deve fazer crian

lização. O que se observa, porém, ó que há uma decalagem entre a necessi

do o "poder diretivo", que é, como

dade social e a expressão legal vigente,

acertadamente afirma Rexford Tugwell,

que perturba uma evolução necessária,

de um caos social".

a única porta aberta para se escapar

muitas vêzes.

A estrutura governamental tem que se adaptar à sociedade que deve servir^ O sistema tradicional de três pode-

res — executivo, legislativo e judiciário - harmônicos e independentes entre si,

não atende, de maneira satisfatória, às necessidades do mundo moderno, tecno lógico e social.' Êsse sistema não apresenta as carac

terísticas de estabilidade necessária mas

de adaptação pronta às flutuações e im previstos da sociedade moderna.

Legislativo e executivo sao de nature

za instável, sucedendo-se e renovando-se

engrenagem, e peça de importância fun damental diante da realidade social da era maquinista e tecnológica. Peça que mocrática dos governos, sintonizar as so com a estabilidade tradicional e a

seqüência necessária nas realizações de uma

era

de

movimento, deslocação,

transformação.

Essa peça 6 "um poder diretivo", que monize, em esforço unidirecional, as

Planejar Organizar Coordenar

Comandar e Controlar.

Se a organização é complexa, como a de um Govêmo, embora municipal, e

muito difícil que o administrador possa O poder diretivo ou "staff" e justa mente destinado a pre executivo, estender-lhe

é

a personalidade, mul tiplicar-lhe os meios de ação.

As funções "staff"

ou diretivas são as três primeiras das sete mencionadas:

e circunstâncias, a natureza e a tecno

Investigar,

logia, leis de seqüência causai e não

Prever e

disciplina rigorosa, baseada na investi í'».

Prever

administração, que

com precedentes. A técnica planológica diretiva é uma

trace os planos fundamentais, que har

Investigar

encher as lacunas do

tineiro, dispersivo; terá sôbre o legislativo a vantagem de não repre sentar facção, região ou partido político; sôbre o judiciário a de lidar com fatos

solicitações e o dinamismo do progres

As funções do administrador, segundo Fayol e Urwick, são as seguintes:

cutivo a vantagem de não ter que operar a traballio estafante, ro

consiga, sem prejuízo da expressão de

mo, escapa à "intuição" dos estadistas

cuidar de tudo,

Um poder diretivo terá sôbre o exe

Falta, evidentemente, uma peça nessa

A administração pública é hoje uma

amadores improvisados.

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que adotando orientações discordantes,

uão pode haver ação social eficaz e, por isso, muitos negam a democracia e

precedência dos valores humanos sobre

Assim se poderá obter um bom coe ficiente de segurança no "social management", seja de âmbito nacional, es

ciência com um corpo de regras perfei

Sem plano nada se realiza; sem plano

A nossa época deve ter as suas cida

ligência dos peritos.

A ciência da administração

hiente social.

des sociais, adequadas ao homem do

os recursos da técnica e a melhor inte

Pretendendo suprir essa falta, que to dos notam, criam-se conselhos, comis sões, institutos, autarquias, consultorias aumentam

I

gação cuidadosa dos fatos do passado e do presente, que deve empregar todos

Planejar.

É por isso que, como já notava Fayol, à medida que a administração se toma


FT'"*:

Dicesto EcoNÓNnco

20

mais complexa são menos necessários

E é por intermédio da Comissão Con

conhecimentos de técnica especializada

sultiva do Plano, que o cidadão parti

por parte do chefe e passam a ser fun

cipa, orienta e luta pelo plano da sua

damentais a visão administrativa, expe

cidade.

riência, capacidade executiva, tato social

O dinheiro, os preços internos e os internacionais e as crises

Com pequenas variantes — e há cer

— qualidades necessárias para organizar,

ca de mil nas cidades americanas — a or

por DjAcm Menezes

coordenar, comandar e controlar.

ganização dessas comissões obedece às

(Prof. cat. da Universidade do Brasil)

normas fixadas na "Carta Municipal Mo delo" elaborada pela "National Munici pal League", de Nova York.

O professor Djacir Menezes, neste en saio de caráter doutrinário, escudado

Poder diretivo e govêrno urbano

função diretiva no govênio munici I palA deve agir através de dois órgãos

Sendo de sete o numero dc membros,

diferentes.

dor e mais cinco cidadãos representati

Dentro da própria estrutura munici pal deve haver um órgão, fora da rotina diária da administração, ao qual incum

vos e de notório saber dos múltiplos pro

técnica que interessam ao planejamento.

be a função "staff", junto do executivo.

Êsses cinco cidadãos são nomeados

É o órgão do Plano, ou do Urbanis mo, hierarquicamente superior a todos

em vasta bibliografia, cxatnina a teoria

xun dêles é o prefeito, outro um verea

blemas de ordem social, econômica e

pelo prefeito e os termos dos respec tivos mandatos são defazados, de for

dos preços e faz uma interpretação das crises econômicas.

j^UM encontro casual, há dias, entre es tudiosos de ciências sociais, todos

cular, de acordo com a disciplina a que habituara o espírito. Não apareceram

amigos da livre disponibilidade de espí rito e nenhum arrogado em proprietário

soluções definitivas e universais. Mes mo porque o universo provavelmente es peraria outras soluções. Entretanto, convinha trazer a questão a debate,

os outros departamentos municipais e

ma que a Comissão se renova mas há

dos assuntos em debate, — surdiu a in

subordinado diretamente ao chefe do

sempre uma maioria permanente.

dagação sôbre a relação existente entre os preços internos e os preços interna

cando tentativas de inteligências melhor

E como o plano deve ser expressão da vontade popular, forma plástica da

ter a "continuidade de orientação" den

cionais, no instante em que a conjuntura,

tro dos ciclos sucessivos de administra

alma coletiva, é indispensável um órgão

ções.

atingindo o auge, começa a infletir no sentido da depressão. Até que ponto

aparelhadas, nas páginas de uma revis ta especializada. Embora sem pretensão

de ligação entre administração e povo, que é a "Comissão Consultiva do Plano". Històricaménte, o planejamento das cidades foi da alçada de príncipes, pa triarcas, colonizadores, capitães de in

Organizado o plano, ou parte dele, pelo trabalho conjunto do "staff" e da Comissão, o processo é submetido à

executivo.

Isso é fundamental e se destina a man

aprovação da Câmara Municipal. Esta poderá emendar ou rejeitar o

dústria ou mesmo especuladores de ter

proposto, mas isto exige uma maioria de

renos.

dois terços da totalidade dos verea

O cidadão não participava da obra de planejamento; era beneficiário ou ví tima, nunca colaborador.

dores. SK * Sl;

Nossa sociedade atual é muito comple

xa; seu funcionamento regular depende

Hoje, a situação mudou. E só numa base de participação popular o planeja mento pode ser uma força vital na for

da sintonização de uma série de fatores e da subordinação inflexível dos inte

mação do mundo urbano moderno.

resses privados aos sociais.

ttns preços influiriam nos outros?

Co

mo enunciar aquelas interdependências, apontando os fatores determinantes? Até

onde a baixa interna dos preços, expri mindo a modificação no poder de com pra da moeda, teria correspondência no mercado e.xtemo? Por que ás vêzes os preços internos variavam no sentido con trário aos externos?

Como a teoria dós

de formular soluções, nem sequer enca

minhá-las, dispusemo-nos a escrever es

tas linhas, sem o propósito de justificar qualquer política. São reflexões feitas e enunciadas com o intuito honesto de

pesquisa da verdade — ou do que nos pareceu ser a verdade. * ÍÍ« *

Que o mecanismo da oferta e procura determine os preços — é uma afirmativa

preços se articularia com o problema, dentro de uma interpretação mais geral

que tem, para a economia acadêmica,

das crises econômicas?

todas as evidências de uma verdade

As perguntas tremendas foram formu ladas por um dos presentes, professor dé altos dotes intelectuais, com a tranqüili

axiomática.

dade de quem comunica que é tarde e

como "as leis fundamentais da Econo

Tais leis são apresentadas

nos compêndios e em tôda literatura pro duzida pelos economistas do liberalismo

afirma David Lilienthal, da T. V. A. —

Sem um órgão dnetivo, orientado para o futuro, não será possível estabelecer

is whetlier the people will fight for it — not simply whether they will accept ít, or approve it but whether they will

uma política social genuína, orientada pela técnica, recursos e circunstâncias da vida presente e não por e.xpedíentes

vai tomar o ônibus para casa. Com prudência, todos reconheceram a natu

mia política". É desnecessário fazer ci tações que alongariam o tema. Chegou-

reza complexa do problema, cada qual

fight for it".

de política partidária.

impressionado com um aspecto parti

se mesmo a dizer que as leis da oferta e procura estavam para a Ciência eco-

"The test of democratic planning —


FT'"*:

Dicesto EcoNÓNnco

20

mais complexa são menos necessários

E é por intermédio da Comissão Con

conhecimentos de técnica especializada

sultiva do Plano, que o cidadão parti

por parte do chefe e passam a ser fun

cipa, orienta e luta pelo plano da sua

damentais a visão administrativa, expe

cidade.

riência, capacidade executiva, tato social

O dinheiro, os preços internos e os internacionais e as crises

Com pequenas variantes — e há cer

— qualidades necessárias para organizar,

ca de mil nas cidades americanas — a or

por DjAcm Menezes

coordenar, comandar e controlar.

ganização dessas comissões obedece às

(Prof. cat. da Universidade do Brasil)

normas fixadas na "Carta Municipal Mo delo" elaborada pela "National Munici pal League", de Nova York.

O professor Djacir Menezes, neste en saio de caráter doutrinário, escudado

Poder diretivo e govêrno urbano

função diretiva no govênio munici I palA deve agir através de dois órgãos

Sendo de sete o numero dc membros,

diferentes.

dor e mais cinco cidadãos representati

Dentro da própria estrutura munici pal deve haver um órgão, fora da rotina diária da administração, ao qual incum

vos e de notório saber dos múltiplos pro

técnica que interessam ao planejamento.

be a função "staff", junto do executivo.

Êsses cinco cidadãos são nomeados

É o órgão do Plano, ou do Urbanis mo, hierarquicamente superior a todos

em vasta bibliografia, cxatnina a teoria

xun dêles é o prefeito, outro um verea

blemas de ordem social, econômica e

pelo prefeito e os termos dos respec tivos mandatos são defazados, de for

dos preços e faz uma interpretação das crises econômicas.

j^UM encontro casual, há dias, entre es tudiosos de ciências sociais, todos

cular, de acordo com a disciplina a que habituara o espírito. Não apareceram

amigos da livre disponibilidade de espí rito e nenhum arrogado em proprietário

soluções definitivas e universais. Mes mo porque o universo provavelmente es peraria outras soluções. Entretanto, convinha trazer a questão a debate,

os outros departamentos municipais e

ma que a Comissão se renova mas há

dos assuntos em debate, — surdiu a in

subordinado diretamente ao chefe do

sempre uma maioria permanente.

dagação sôbre a relação existente entre os preços internos e os preços interna

cando tentativas de inteligências melhor

E como o plano deve ser expressão da vontade popular, forma plástica da

ter a "continuidade de orientação" den

cionais, no instante em que a conjuntura,

tro dos ciclos sucessivos de administra

alma coletiva, é indispensável um órgão

ções.

atingindo o auge, começa a infletir no sentido da depressão. Até que ponto

aparelhadas, nas páginas de uma revis ta especializada. Embora sem pretensão

de ligação entre administração e povo, que é a "Comissão Consultiva do Plano". Històricaménte, o planejamento das cidades foi da alçada de príncipes, pa triarcas, colonizadores, capitães de in

Organizado o plano, ou parte dele, pelo trabalho conjunto do "staff" e da Comissão, o processo é submetido à

executivo.

Isso é fundamental e se destina a man

aprovação da Câmara Municipal. Esta poderá emendar ou rejeitar o

dústria ou mesmo especuladores de ter

proposto, mas isto exige uma maioria de

renos.

dois terços da totalidade dos verea

O cidadão não participava da obra de planejamento; era beneficiário ou ví tima, nunca colaborador.

dores. SK * Sl;

Nossa sociedade atual é muito comple

xa; seu funcionamento regular depende

Hoje, a situação mudou. E só numa base de participação popular o planeja mento pode ser uma força vital na for

da sintonização de uma série de fatores e da subordinação inflexível dos inte

mação do mundo urbano moderno.

resses privados aos sociais.

ttns preços influiriam nos outros?

Co

mo enunciar aquelas interdependências, apontando os fatores determinantes? Até

onde a baixa interna dos preços, expri mindo a modificação no poder de com pra da moeda, teria correspondência no mercado e.xtemo? Por que ás vêzes os preços internos variavam no sentido con trário aos externos?

Como a teoria dós

de formular soluções, nem sequer enca

minhá-las, dispusemo-nos a escrever es

tas linhas, sem o propósito de justificar qualquer política. São reflexões feitas e enunciadas com o intuito honesto de

pesquisa da verdade — ou do que nos pareceu ser a verdade. * ÍÍ« *

Que o mecanismo da oferta e procura determine os preços — é uma afirmativa

preços se articularia com o problema, dentro de uma interpretação mais geral

que tem, para a economia acadêmica,

das crises econômicas?

todas as evidências de uma verdade

As perguntas tremendas foram formu ladas por um dos presentes, professor dé altos dotes intelectuais, com a tranqüili

axiomática.

dade de quem comunica que é tarde e

como "as leis fundamentais da Econo

Tais leis são apresentadas

nos compêndios e em tôda literatura pro duzida pelos economistas do liberalismo

afirma David Lilienthal, da T. V. A. —

Sem um órgão dnetivo, orientado para o futuro, não será possível estabelecer

is whetlier the people will fight for it — not simply whether they will accept ít, or approve it but whether they will

uma política social genuína, orientada pela técnica, recursos e circunstâncias da vida presente e não por e.xpedíentes

vai tomar o ônibus para casa. Com prudência, todos reconheceram a natu

mia política". É desnecessário fazer ci tações que alongariam o tema. Chegou-

reza complexa do problema, cada qual

fight for it".

de política partidária.

impressionado com um aspecto parti

se mesmo a dizer que as leis da oferta e procura estavam para a Ciência eco-

"The test of democratic planning —


nómica como as leis da gravitaçâo para a física — quando a física não sofrerá a revisão amplifícadcra da Relatividade. Compreende-se que o capitalismo nas

cente, todo êle volvido para a concorrên cia, exalçasse, através de seus mais emi nentes teóricos, as virtudes criadoras da

competição, dos móveis competitivos, dos instintos competitivos. E que fôssem construindo e consolidando os postula dos políticos e jurídicos necessários para assegurar o mecanismo exigido pelas fôrças que se expandiam dentro do quadro

acanhado das regulamentações feudais. Logo os espíritos superiormente dotados perceberam que a competição seria o fa tor central da nova economia que des pontava — 6 que realmente assumiu um

importante papel no processo de con centração da riqueza, com a extensão e aprofundamento das trocas, a forma ção das sociedades anônimas, o desen

23

Dicesto EcoNÓ^aco

DiCESTo EcoNÓ^^co

22

de de pensamento foram corolários qi'® serviam magnificamente aos "noví b"mines" para destruir a ordem feudal e seus privilégios. A livre concorrência desfraldou uma bandeira política que

ingônita das coisas se cristalizava nos postulados que o liberalismo econômico preparava e aperfeiçoava... A burgue sia comercial, forjando suas armas ideo lógicas, selava-as com o sainete da imu

des se abriam aos cientistas, pois a pres

são de fortes interesses envolvia os obje

tos da investigação.

Não se tratava, contudo, de desdenhar a Economia clássica; sua e.\periência era

produto de "longo trabalho teórico; —

centivou a combatividade das fòrçps qu®

tabilidade.

cresciam nos quadros da burguesiaCongregou os melhores espíritos do sé

não se verificavam as leis de oferta ope

cumpria "desenvolvê-la", enriquecendo-a

rando em tôda sua plenitude: pior para

culo XIX. Mas uma coisa era êsse'desenvolvimen

a realidade.

com ensinamentos que só poderiam ser adquiridos no exame das realidades-am bientes. Por que os clássicos se haviam _ impressionado com os problemas da pro

to da realidade econômica, dentro de condições

liistòricamente

r

definidas, ®

outra coisa os programas políticos e j^' rídicos que se formulavam. Assim, insuficiências da igualdade política e jn-

rídica eram agravadas pelas designfib dades econômicas, desaparecendo, p®^^

Na realidade econômica,

Na sociedade oride elas

reinassem, alcançar-so-ia o má.\imo hedo-

nístico, o sistema produziria o máximo de ,rendimento e equilíbrio social. Todos os erros eram procedentes dos desvios e contravenções àquelas leis. Êsses ra

dução?

Porque o produtor era o que

mais lhe reclamava a atenção, no capi

talismo mercantil. A reação subjetivista

ciocínios tiveram o cunho científico: e todos os outros eram considerados fru

do marginalismo tem seu significado: dá aos problemas do consumo a primazia.

tos da ignorância. Dai a tirania do pen

Tanto que surgiu nos países en\ que se atrasara o capitalismo (Áustria, Hun

necessidade, as belezas que a liberdade

samento ricardiano, de que fala Lord

garantia nos'programas.

Keynes. Ricardo pesou sobre o pensa

gria). Arredam-se os problemas que b-

mento econômico como a Santa Inqui

nham impressionado os clássicos.

sição, diz-nos êle.

É pitorescamente verdadeira a denominação que dá Lord Keynes aos dissi

Entretanto, o que parecia não se ocul tar aos olhos dos estudiosos, era a vai

volvimento industrial com a aplicação

dade das leis de oferta e procura na so ciedade moderna: os seus apologistas

das ciências da natureza, a criação dos

líricos, como Bastiat, ou frios e objeti

organismos de crédito reclamados pelos

vos, como Walras, se uniam na mes

Lentamente, porém, uma revisão foi-se

mercados nacionais crescentes.

ma convicção: tôdas as tentativas his

impondo à maioria dos economistas: e,

aceitam a tirania de Ricardo.

tóricas para abolir aquelas leis redunda

olhos abertos sôbre os acontecimentos,

porque admitiu a procura efetiva, na

ram em perturbações maiores. Os eco

compreenderam a necessidade de rees

acepção de Malthus, o prof. J. A. Hobson

nomistas então, levantando as faces sá bias da contemplação dessas leis, relem bravam a atitude fisiocrática, sorrindo • dos políticos que entendiam reformar le

truturar os ensinamentos teóricos em face

teve suas conferências cassadas na Uni versidade de Oxford. Parecia insen

a conceituaram sobre princípios insupe

gislativamente a ordem econômica: "natura non ímperatur nisi parendo".. - "

íntermczzo trágico, a própria economia acadêmica, através de representantes avi

ráveis e definitivos.

A natureza só se comanda obedecendo

sados, dotados de um sentido mais vital

tro dos limites traçados — e foram os

às suas leis. E a ordem social da rique

da realidade e menos ressequido em fórmulas, começou a enxergar novas leis reguladoras da produção em nível cartelizado, com as grandes unidades pro

heréticos que rasgaram novas perspecti

dutivas interessadas em mercados colo

O mercado tomou-se assim o centro

da vida econômica.

Nele pulsavam as

correntes mais poderosas de vida cole tiva. Suas leis seriam o ppnto de par

tida indispensável para os teóricos. E de tal forma julgaram superior a nova forma econômica sobre a anterior, que Atingia-se o que

havia de mais elevado na evolução hu

mana; 8 as leis da competição livre eram

za é, para êles, um prolongamento da

leis eternas, vincadas na alma humana

ordem natural da criação. Reaparecia o núcleo da.filosofia teológica. Os esforços humanos para alterar a ordem econômica estavam assim prelimi narmente condenados. Essa atitude agra

pelo Criador sob formas instinHvas, que vinham da própria natureza animal. Os

* sH

5!s

dentes da economia acadêmica: "econo mia herética".

do processo econômico e social que se estendeu ao período compreendido en tre as duas guerras mundiais. Nesse

Os heréticos não se con

finam naque'es horizontes fechados. Não Somente

sato duvidar disso. Era como suspeitar das leis da gravidade. E quem havia de defendè-lo depois? Lord Keynes. A Economia clássica se enfezava den

vas, com Gesell, com Hobson, com Sismondi, com Mar.x, e outros.

As discor-

dâncias de Malthus foram fecundas. Foi

ca seria expressão resultante do equilí brio das competições. Liberdade de

dava aos que fruíam as vantagens e pri vilégios já estabelecidos, em condições

pólios exigia outros estudos que não

então que os pacatos seguidores da linha ricardiana, congregados em hosanas às maravilhas da oferta e procura do modêlo tradicional, ouviram, assombrados, o

eram mais os estudos feitos pelos clássi

pontífice máximo da Economia moderna,

pessoa, liberdade de associação, liberda

històricamente definidas.

cos e neo-clássicos.

voltar-se para o sacro colégio ricardiano

mais altos atributos tinham o selo impe-

recível dessa origem. A ordem econômi

niais e em conquistas petrolíficas de po vos atrasados. O capitalismo de mono

A sabedoria

i.

Terríveis dificulda


nómica como as leis da gravitaçâo para a física — quando a física não sofrerá a revisão amplifícadcra da Relatividade. Compreende-se que o capitalismo nas

cente, todo êle volvido para a concorrên cia, exalçasse, através de seus mais emi nentes teóricos, as virtudes criadoras da

competição, dos móveis competitivos, dos instintos competitivos. E que fôssem construindo e consolidando os postula dos políticos e jurídicos necessários para assegurar o mecanismo exigido pelas fôrças que se expandiam dentro do quadro

acanhado das regulamentações feudais. Logo os espíritos superiormente dotados perceberam que a competição seria o fa tor central da nova economia que des pontava — 6 que realmente assumiu um

importante papel no processo de con centração da riqueza, com a extensão e aprofundamento das trocas, a forma ção das sociedades anônimas, o desen

23

Dicesto EcoNÓ^aco

DiCESTo EcoNÓ^^co

22

de de pensamento foram corolários qi'® serviam magnificamente aos "noví b"mines" para destruir a ordem feudal e seus privilégios. A livre concorrência desfraldou uma bandeira política que

ingônita das coisas se cristalizava nos postulados que o liberalismo econômico preparava e aperfeiçoava... A burgue sia comercial, forjando suas armas ideo lógicas, selava-as com o sainete da imu

des se abriam aos cientistas, pois a pres

são de fortes interesses envolvia os obje

tos da investigação.

Não se tratava, contudo, de desdenhar a Economia clássica; sua e.\periência era

produto de "longo trabalho teórico; —

centivou a combatividade das fòrçps qu®

tabilidade.

cresciam nos quadros da burguesiaCongregou os melhores espíritos do sé

não se verificavam as leis de oferta ope

cumpria "desenvolvê-la", enriquecendo-a

rando em tôda sua plenitude: pior para

culo XIX. Mas uma coisa era êsse'desenvolvimen

a realidade.

com ensinamentos que só poderiam ser adquiridos no exame das realidades-am bientes. Por que os clássicos se haviam _ impressionado com os problemas da pro

to da realidade econômica, dentro de condições

liistòricamente

r

definidas, ®

outra coisa os programas políticos e j^' rídicos que se formulavam. Assim, insuficiências da igualdade política e jn-

rídica eram agravadas pelas designfib dades econômicas, desaparecendo, p®^^

Na realidade econômica,

Na sociedade oride elas

reinassem, alcançar-so-ia o má.\imo hedo-

nístico, o sistema produziria o máximo de ,rendimento e equilíbrio social. Todos os erros eram procedentes dos desvios e contravenções àquelas leis. Êsses ra

dução?

Porque o produtor era o que

mais lhe reclamava a atenção, no capi

talismo mercantil. A reação subjetivista

ciocínios tiveram o cunho científico: e todos os outros eram considerados fru

do marginalismo tem seu significado: dá aos problemas do consumo a primazia.

tos da ignorância. Dai a tirania do pen

Tanto que surgiu nos países en\ que se atrasara o capitalismo (Áustria, Hun

necessidade, as belezas que a liberdade

samento ricardiano, de que fala Lord

garantia nos'programas.

Keynes. Ricardo pesou sobre o pensa

gria). Arredam-se os problemas que b-

mento econômico como a Santa Inqui

nham impressionado os clássicos.

sição, diz-nos êle.

É pitorescamente verdadeira a denominação que dá Lord Keynes aos dissi

Entretanto, o que parecia não se ocul tar aos olhos dos estudiosos, era a vai

volvimento industrial com a aplicação

dade das leis de oferta e procura na so ciedade moderna: os seus apologistas

das ciências da natureza, a criação dos

líricos, como Bastiat, ou frios e objeti

organismos de crédito reclamados pelos

vos, como Walras, se uniam na mes

Lentamente, porém, uma revisão foi-se

mercados nacionais crescentes.

ma convicção: tôdas as tentativas his

impondo à maioria dos economistas: e,

aceitam a tirania de Ricardo.

tóricas para abolir aquelas leis redunda

olhos abertos sôbre os acontecimentos,

porque admitiu a procura efetiva, na

ram em perturbações maiores. Os eco

compreenderam a necessidade de rees

acepção de Malthus, o prof. J. A. Hobson

nomistas então, levantando as faces sá bias da contemplação dessas leis, relem bravam a atitude fisiocrática, sorrindo • dos políticos que entendiam reformar le

truturar os ensinamentos teóricos em face

teve suas conferências cassadas na Uni versidade de Oxford. Parecia insen

a conceituaram sobre princípios insupe

gislativamente a ordem econômica: "natura non ímperatur nisi parendo".. - "

íntermczzo trágico, a própria economia acadêmica, através de representantes avi

ráveis e definitivos.

A natureza só se comanda obedecendo

sados, dotados de um sentido mais vital

tro dos limites traçados — e foram os

às suas leis. E a ordem social da rique

da realidade e menos ressequido em fórmulas, começou a enxergar novas leis reguladoras da produção em nível cartelizado, com as grandes unidades pro

heréticos que rasgaram novas perspecti

dutivas interessadas em mercados colo

O mercado tomou-se assim o centro

da vida econômica.

Nele pulsavam as

correntes mais poderosas de vida cole tiva. Suas leis seriam o ppnto de par

tida indispensável para os teóricos. E de tal forma julgaram superior a nova forma econômica sobre a anterior, que Atingia-se o que

havia de mais elevado na evolução hu

mana; 8 as leis da competição livre eram

za é, para êles, um prolongamento da

leis eternas, vincadas na alma humana

ordem natural da criação. Reaparecia o núcleo da.filosofia teológica. Os esforços humanos para alterar a ordem econômica estavam assim prelimi narmente condenados. Essa atitude agra

pelo Criador sob formas instinHvas, que vinham da própria natureza animal. Os

* sH

5!s

dentes da economia acadêmica: "econo mia herética".

do processo econômico e social que se estendeu ao período compreendido en tre as duas guerras mundiais. Nesse

Os heréticos não se con

finam naque'es horizontes fechados. Não Somente

sato duvidar disso. Era como suspeitar das leis da gravidade. E quem havia de defendè-lo depois? Lord Keynes. A Economia clássica se enfezava den

vas, com Gesell, com Hobson, com Sismondi, com Mar.x, e outros.

As discor-

dâncias de Malthus foram fecundas. Foi

ca seria expressão resultante do equilí brio das competições. Liberdade de

dava aos que fruíam as vantagens e pri vilégios já estabelecidos, em condições

pólios exigia outros estudos que não

então que os pacatos seguidores da linha ricardiana, congregados em hosanas às maravilhas da oferta e procura do modêlo tradicional, ouviram, assombrados, o

eram mais os estudos feitos pelos clássi

pontífice máximo da Economia moderna,

pessoa, liberdade de associação, liberda

històricamente definidas.

cos e neo-clássicos.

voltar-se para o sacro colégio ricardiano

mais altos atributos tinham o selo impe-

recível dessa origem. A ordem econômi

niais e em conquistas petrolíficas de po vos atrasados. O capitalismo de mono

A sabedoria

i.

Terríveis dificulda


r 24

J

Dicesto Econónhco

€ bradar que era tempo de sacudir a tirania de Ricardo! que Malthus já ha via suspeitado da insuficiência da pro cura, como estava conceituada pelos clás

sicos! e outros pontos mais.

Eis um dos grandes méritos de Keynes. Entreaberta a fresta, quebrado o encanto, os pioneiros das hostes acadê

micas saíram a tomar ares. Joan Robinson verificou, admirada,- as coincidências

do pensamento mais recente, na análi se dos ciclos, com certas afirmações mar-

prcconizadíus para solucionar desajustamentos, adstringíndo-se ao c.xanie das fôrças competitivas, são in.siificienlcs. Essa crítica abraça todos os remédios do:: monetarislas, isto c. daqueles que

vêem em preceitos de política nionetWa e bancária o meio de sanar as irregu

laridades e as crises do sistema capitali.sta.

Silvio Gescll, que Lord Keynes

zarra, cada qual lavrando a seu modo, com suas ferramentas, o seu trato de

terra, embora sem o vigor e a segu rança que o método científico poderia proporcionar. Mas a fecundidade da ter ra compensava um pouco as falhas dos

tamento das fôrças no mercado, são,

pois, fenômenos superficiais. Há causas profundas, que subjazem àquelas ma nifestações que vêm à tona no proces

iniríficas de xmia nova forma de dinhei

ro despido das funções de poupança. Não é por mera coincidência que nos

gou um socialismo baseado na circula ção.

Tende a atenuar a relação entre ambos. Quando baixam a.s vendas a crédito,

teorias de Gesell. Procurou apoiar suas

"meio de poupança" que introduz o de sequilíbrio, na sua opinião, pois dá ao capitaUsta a faculdade de retirar dinhei ro da circulação, de acumular poder de compra em su.spenso, comandando o

correntes dos estoques de mercadorias mercadorias provém pois das próprias mercadorias e não de seus possuidores — conjectura Gesell —, a procura, cm

Tais vendas a crédito também

Lord Keynes indicou as falJias das

sobem as quantidades dc

idéias sôbre as variações dos

mercadorias a serem troca

preços de modo mais com

das por dinheiro, os preços

plexo: sôbre a "taxa de re

tendem a declinar.

muneração dos fatores pro

Conclui

esse autor: a oferta de mer

cadorias por dinheiro tende ^ variar em função inversa

às vendas a crédito.

dutivos que entram no custo

marginal" e o "volume de emprêgo". As variações na procura têm grande influen

A alta dos preços estimu

cia sôbre os custos e sôbre

la o comerciante à compra. Quando se deprimem os pre-

o volume de emprêgo. Sòmente em regime de emprê

Ços, êle torna-se tímido: passa a retirar dinheiro da

circulação.

As reservas, os

entesouramentos

aumentam.

go pleno dos fatores produ tivos qualquer aumento da procura efetiva age imedia tamente sobre os preços pra

compensação, não está sujeita a lôda essa premência. O dinheiro surge como

E se o dinheiro já escasseava, ainda mais

elemento intermediário e sua estagna

antítese que o dinheiro conjuga numa

se aplicasse a teoria quantitativa da

unidade: a função de intermediário e a

moeda seria necessário:

ção nas caixas dos bancos, nos depósi tos particulares, i-esulta do fato de ser furtado ao seu papei de intercâmbio dos bens, ficando como "poupança". Tal

so de competição. As variações da ofer ta não se desprendem das relações que configuram socialmente o processo de

fenômeno se man festa nas modificações

criação das utilidades e serviços.

de preços, porque se alterou a pro

Eis porque, do plano da circulação de

dinheiro: as servidas pelas letras, diz

de de mercadorias em face do dinheiro.

que devem ser vendidas. A oferta de tão na própria produção e no seu nível

culação monetária, à cata das virtudes

cita apologòticamente Proudhon, que pre

está condicionada pela imposições de

técnico; as oscilações dos preços, refle xos daquelas condições através do ajus

alusão — e volve às ilusões sôbre a cir

Há uma margem de circulação de mercadorias que sc não processa pelo

cia é no sentido de diminuir a quantida

sell — e.xprime a procura de dinheiro e

As condições de oferta e procura es

vez niais esquivo".

agem sobre os preços: mas sua influên

lítica, que os perturba. -A:

em busca de um melhor ponto de apoio para seu raciocínio. Mas fica nessa

fico, foi um herético que atribuiu aos

instrumentos e o excesso de paixão po ❖

de influência, uma intensificação da ofer

ta, "que é a procura pelo dinheiro cada

ma. E tanto isso é verdade, que, %ez

por outra, Gesell alude à divisão social do trabalho, de que emanou o dinheiro,

Gesell.

proce.sso social da produção. Os preços são determinados pela ofer ta e procura; mas a oferta — argui Ge-

íjí

lor dos bons, reduzem as aquisições. Conseqüência; declínio da procura, au mento da oferta. Há, ne.ssu reciprocidade

trouxe à consideração do mundo cienti

defeitos do processo de íntcrcàmb o to |L xistas. E, em campo aberto, os econo- dos os grandes males existentes. O di B mistas de formação clássica, julgando nheiro é meio de permuta e meio dc W penetrar em terra virgem, — depararam poupança. É o fato de ser também

a terra revolta dos heréticos em alga

25

Dicesto EcoNÓ^^co

porção entre mercadorias e serviços e o

mercadorias, onde vigoram as leis de

dinheiro: a circulação monetária dimi

oferta e procura, temos de descer a pla nos mais profundos, a fim de destrinçar as relações mais íntimas, que aquelas manifestações mascaram. E as medidas

nuiu em relação ao estoque de bens. Maior quantidade de mercadoria é ofe

recida pelo dinheiro; e os detentores do dinheiro, pressentindo a hesitação no va-

escasso se torna.

Aqui se patenteia a

função de poupança. A visão insuficien

ticados e sôbre os salários, que variarão

na mesma proporção. Assim, para que a) existência de elasticidade perfei

te de Gesell não lhe dá a compreensão

ta da oferta durante o desem-

total do fenômeno que analisou. Essa

prêgo;

insuficiência procede de uma atitude metodológica: ele não parte do principio de que o problema ultrapassa a esfera da circulação, e que é nas relações hu manas, que configuram as trocas den tro do processo produtivo, estruturando

h) existência de perfeita inelasticidade da oferta ao atingir-se o em

interdependências entre os homens, que è preciso ir buscar as raízes do proble

Dadas essas condições, a teoria quan titativa seria enunciada como segue:

prêgo pleno; c) variação da procura efetiva na

mesma proporção que a-quanti dade de dinheiro.


r 24

J

Dicesto Econónhco

€ bradar que era tempo de sacudir a tirania de Ricardo! que Malthus já ha via suspeitado da insuficiência da pro cura, como estava conceituada pelos clás

sicos! e outros pontos mais.

Eis um dos grandes méritos de Keynes. Entreaberta a fresta, quebrado o encanto, os pioneiros das hostes acadê

micas saíram a tomar ares. Joan Robinson verificou, admirada,- as coincidências

do pensamento mais recente, na análi se dos ciclos, com certas afirmações mar-

prcconizadíus para solucionar desajustamentos, adstringíndo-se ao c.xanie das fôrças competitivas, são in.siificienlcs. Essa crítica abraça todos os remédios do:: monetarislas, isto c. daqueles que

vêem em preceitos de política nionetWa e bancária o meio de sanar as irregu

laridades e as crises do sistema capitali.sta.

Silvio Gescll, que Lord Keynes

zarra, cada qual lavrando a seu modo, com suas ferramentas, o seu trato de

terra, embora sem o vigor e a segu rança que o método científico poderia proporcionar. Mas a fecundidade da ter ra compensava um pouco as falhas dos

tamento das fôrças no mercado, são,

pois, fenômenos superficiais. Há causas profundas, que subjazem àquelas ma nifestações que vêm à tona no proces

iniríficas de xmia nova forma de dinhei

ro despido das funções de poupança. Não é por mera coincidência que nos

gou um socialismo baseado na circula ção.

Tende a atenuar a relação entre ambos. Quando baixam a.s vendas a crédito,

teorias de Gesell. Procurou apoiar suas

"meio de poupança" que introduz o de sequilíbrio, na sua opinião, pois dá ao capitaUsta a faculdade de retirar dinhei ro da circulação, de acumular poder de compra em su.spenso, comandando o

correntes dos estoques de mercadorias mercadorias provém pois das próprias mercadorias e não de seus possuidores — conjectura Gesell —, a procura, cm

Tais vendas a crédito também

Lord Keynes indicou as falJias das

sobem as quantidades dc

idéias sôbre as variações dos

mercadorias a serem troca

preços de modo mais com

das por dinheiro, os preços

plexo: sôbre a "taxa de re

tendem a declinar.

muneração dos fatores pro

Conclui

esse autor: a oferta de mer

cadorias por dinheiro tende ^ variar em função inversa

às vendas a crédito.

dutivos que entram no custo

marginal" e o "volume de emprêgo". As variações na procura têm grande influen

A alta dos preços estimu

cia sôbre os custos e sôbre

la o comerciante à compra. Quando se deprimem os pre-

o volume de emprêgo. Sòmente em regime de emprê

Ços, êle torna-se tímido: passa a retirar dinheiro da

circulação.

As reservas, os

entesouramentos

aumentam.

go pleno dos fatores produ tivos qualquer aumento da procura efetiva age imedia tamente sobre os preços pra

compensação, não está sujeita a lôda essa premência. O dinheiro surge como

E se o dinheiro já escasseava, ainda mais

elemento intermediário e sua estagna

antítese que o dinheiro conjuga numa

se aplicasse a teoria quantitativa da

unidade: a função de intermediário e a

moeda seria necessário:

ção nas caixas dos bancos, nos depósi tos particulares, i-esulta do fato de ser furtado ao seu papei de intercâmbio dos bens, ficando como "poupança". Tal

so de competição. As variações da ofer ta não se desprendem das relações que configuram socialmente o processo de

fenômeno se man festa nas modificações

criação das utilidades e serviços.

de preços, porque se alterou a pro

Eis porque, do plano da circulação de

dinheiro: as servidas pelas letras, diz

de de mercadorias em face do dinheiro.

que devem ser vendidas. A oferta de tão na própria produção e no seu nível

culação monetária, à cata das virtudes

cita apologòticamente Proudhon, que pre

está condicionada pela imposições de

técnico; as oscilações dos preços, refle xos daquelas condições através do ajus

alusão — e volve às ilusões sôbre a cir

Há uma margem de circulação de mercadorias que sc não processa pelo

cia é no sentido de diminuir a quantida

sell — e.xprime a procura de dinheiro e

As condições de oferta e procura es

vez niais esquivo".

agem sobre os preços: mas sua influên

lítica, que os perturba. -A:

em busca de um melhor ponto de apoio para seu raciocínio. Mas fica nessa

fico, foi um herético que atribuiu aos

instrumentos e o excesso de paixão po ❖

de influência, uma intensificação da ofer

ta, "que é a procura pelo dinheiro cada

ma. E tanto isso é verdade, que, %ez

por outra, Gesell alude à divisão social do trabalho, de que emanou o dinheiro,

Gesell.

proce.sso social da produção. Os preços são determinados pela ofer ta e procura; mas a oferta — argui Ge-

íjí

lor dos bons, reduzem as aquisições. Conseqüência; declínio da procura, au mento da oferta. Há, ne.ssu reciprocidade

trouxe à consideração do mundo cienti

defeitos do processo de íntcrcàmb o to |L xistas. E, em campo aberto, os econo- dos os grandes males existentes. O di B mistas de formação clássica, julgando nheiro é meio de permuta e meio dc W penetrar em terra virgem, — depararam poupança. É o fato de ser também

a terra revolta dos heréticos em alga

25

Dicesto EcoNÓ^^co

porção entre mercadorias e serviços e o

mercadorias, onde vigoram as leis de

dinheiro: a circulação monetária dimi

oferta e procura, temos de descer a pla nos mais profundos, a fim de destrinçar as relações mais íntimas, que aquelas manifestações mascaram. E as medidas

nuiu em relação ao estoque de bens. Maior quantidade de mercadoria é ofe

recida pelo dinheiro; e os detentores do dinheiro, pressentindo a hesitação no va-

escasso se torna.

Aqui se patenteia a

função de poupança. A visão insuficien

ticados e sôbre os salários, que variarão

na mesma proporção. Assim, para que a) existência de elasticidade perfei

te de Gesell não lhe dá a compreensão

ta da oferta durante o desem-

total do fenômeno que analisou. Essa

prêgo;

insuficiência procede de uma atitude metodológica: ele não parte do principio de que o problema ultrapassa a esfera da circulação, e que é nas relações hu manas, que configuram as trocas den tro do processo produtivo, estruturando

h) existência de perfeita inelasticidade da oferta ao atingir-se o em

interdependências entre os homens, que è preciso ir buscar as raízes do proble

Dadas essas condições, a teoria quan titativa seria enunciada como segue:

prêgo pleno; c) variação da procura efetiva na

mesma proporção que a-quanti dade de dinheiro.


Digesto EcoNó^^co

26

Durante o desemprego, as variações do

do analisou as variações da taxa de

nomia reflexa" (Gudin) começa a in-

plicando também a quantidade de moe da) nada significaria, desde que fosse

volume de emprego serão proporcionais

"composição orgânica do capital" e suas

à quantidade de dinheiro; ao atíngir-se

correlações com a taxa de lucro nas

fletir para a depressão que será irra diada das nações de "economia lider".

o emprôgo pleno, os preços variarão

diferentes indiistrias.

Os sintomas já estão à vista.

proporcionalmente à quantidade de di

nos como os investimentos, que a pou

nhecimento dos fenômenos cíclicos não

pança toma ixealiziiveis, sòmente são

deu ainda meios de ação capaz de diri ficientemente poderosos para que se

o nível geral de preços anteriores, —

neidade dos recursos produtivos, sua

condicionados pela poupança em regi me de emprego pleno: aqui está uma diferença essencial com os postulados

completa permutabilidade entre êles, a

da Economia clássica.

ouça a palavra dos estudiosos que falem apenas em nome da Ciência e do bem-

tribuição e consumo existentes, portanto

nheiro.

Entretanto, para esse enunciado sim

plificado, Keynes pressupôs a homoge

I

27

Digesto Econômico

Keynes mostra-

O ritmo dos in

mir os efeitos.

O co

Os interesses são su

As conseqüências infla

proporcional para todos os ingressos. Entretanto, se os preços Pa, Pb, Pc,. • Pn mudassem

em relação a Px,

Pz,... Pw, e admitindo que tais mudan ças se compensassem de forma a manter

tais variações afetariam a produção, dis o funcionamento do sistema.

Oro, na

proporcionalidade de remuneração dos

vestimentos decorre das remunerações

estar humano.

fatores que entram no custo marginal, o

que o capitalista e.spera obter: "a pou

cionárias da guerra eram inevitáveis, po

aumento da unidade de salário antes de

pança seria condição necessária, mas

rém atonuáveis.

o emprego pleno ser atingido etc.

tre nós teve várias origens, que nao

economia se adaptam mais ràpidamente,

A analise sugere a idéia da complexi dade das interdependências existentes no

não suficiente para a acumulação capi talista". Nas atividades produtivas do mundo moderno, jamais se reduziu o

cãbe discutir agora e aqui. As medidas adotadas exprimem, além do mais, um

o outros só muito tarde começam a acusar seus efeitos iniciais. O setor agrí

processo produtivo concretamente estu

"exército industrial de reserva" a zero:

sincero desconliecimento do mecanismo

cola marcha atrasadamente cm relaçao

A sua agravação en

inflação, os distúrbios se processam de sigualmente, porque certos setores da

aos efeitos indicados. Há certo coefi-

dado. O fato elementar é esse: a quan . o desemprego é fenômeno permanente. tidade de dinheiro atua sôbre a procura Portanto, como anotou Joan Robinson,

do formação dc preços.

efetiva; esta, crescendo, determina o au

Pietro, cm número passado desta Re

forças á busca de novo equilíbrio

vista ("Digesto Econômico", n.° 25,

e os mais retardados sofrem mais pre

mento do volume de emprêgo; "então,

a realidade está sempre longe dos mo delos fornecidos pelas teorias clássicas.

o nível de preços tende a ascender". Assim, há dupla ascensão: no volume de emprêgo e no nível de preços. A

o desequilíbrio entre os bens de produ

interação de todos esses fatôres é que di

As teorias do sub-consumo apontaram

Foi o que

mostrou, sucintamente; o sr. João di ano III).

É no mercado de câmbio que pri

ciente de retardamento nêsse jogo

6

juízos. Mas a importância do problema resido na consideração dos "preçH)S re

ção e os bens de consumo como "cau-

meiro se anuncia a atividade de um

lativos" e não, em primeiro lanço, no

sae

foco inflacionista: porque a oferta da

nível de preços.

Keynes vai indicar-nos as causas, entre outras, na desigualdade entre poupan ça e investimentos, a que se somam

moeda nacional se unifica e intensifica

A inflação já começou a declinar — mas porque as fôrças do sistema con duzem a isso, não como resultado de

influi sôbre a procura efetiva, fazendo-a

fatôres psicológicos (propensão para

cambial antecede a elevação dos preços.

crescer, e, concomitantemente, determi nando o aumento da unidade de custo

consumir, eficácia marginal do capital)Em todo caso, já observamos a seria

No interior do país, a dispersão do po der de compra retarda a reação dos

proporcional ao acréscimo da procura

tentativa para enquadrar os fenômenos

"preços". Ademais, é preciso levar em

efetiva.

estudados dentro de um panorama mais

conta a elasticidade das diversas mer

ficulta a análise do problema.

Mas

não existe estado inflacionário enquanto a elevação da quantidade de dinheiro

ífs * *

No pensamento de Keynes, em linhas gerais, o problema se apresenta sempre em ponto de vista funcional, como ex pressão de relações entre grandezas econômicas, cujas interdependências se esforça por e'ucidar. Com o emprêgo pleno dos recursos produtivos, qualquer investimento posterior exige mais traballio e ocasiona a alta de salários. Marx

havia pressentido aquelas relações, quan

causantes" das

crises

do

sistema.

largo, onde tratamos com variáveis macro-económicas. Não é possível, por tanto, abordar atualmente o nosso pro blema dos preços sem relacioná-los com:

naquele mercado, proporcionando um efeito mais sensível. A queda da taxa

convém discriminar bem dois conceitos

das mercadorias que constituem o vo

no mesmo sentido e proporcionalidade.

"terms of trade" - fôsse alterada des-

Assim, uma mudança geral e uniforme

favoràvelmente), "os efeitos resultan

no nível de preços (por exemplo, tòdas as mercadorias duplicam de preço, du

tes- sôbre o nível de preç"OS e sôbre os

é medido em fvmção do volume de mer

que nossa conjuntura de nação de "ccor

Agora aproximamo-nos de uma das

e os "preços relativos", que não variam

dade econômica (as crises); b) as conseqüências inflacionárias

Sabe-se que atingimos o 'momento em

uma de suas expressões.

Se tais produtos sofrerem diminuição nos seus preços em relação aos produtos principais de nossa importação, (noutras palavras: se a "relação de trocas" —

relevantes: o "nível de preços", que e.x-

prime o poder de compra da moeda e

* * Hí

Tal acon

-questões enunciadas. Çonsiderando-se nosso balanço de ex cadorias dentro do país, além de ou tros fatores importantes. Nessa altura, portação, atentemos no comportamento

a) os movimentos cíclicos da ativi

que seguiram à guerra mundial.

qualquer medida política.

tece nèsse momento da conjuntura. E

cadorias que o dinheiro pode adquirir,

lume maior da riqueza exportada.

preços relativos seriam independentes".

^


Digesto EcoNó^^co

26

Durante o desemprego, as variações do

do analisou as variações da taxa de

nomia reflexa" (Gudin) começa a in-

plicando também a quantidade de moe da) nada significaria, desde que fosse

volume de emprego serão proporcionais

"composição orgânica do capital" e suas

à quantidade de dinheiro; ao atíngir-se

correlações com a taxa de lucro nas

fletir para a depressão que será irra diada das nações de "economia lider".

o emprôgo pleno, os preços variarão

diferentes indiistrias.

Os sintomas já estão à vista.

proporcionalmente à quantidade de di

nos como os investimentos, que a pou

nhecimento dos fenômenos cíclicos não

pança toma ixealiziiveis, sòmente são

deu ainda meios de ação capaz de diri ficientemente poderosos para que se

o nível geral de preços anteriores, —

neidade dos recursos produtivos, sua

condicionados pela poupança em regi me de emprego pleno: aqui está uma diferença essencial com os postulados

completa permutabilidade entre êles, a

da Economia clássica.

ouça a palavra dos estudiosos que falem apenas em nome da Ciência e do bem-

tribuição e consumo existentes, portanto

nheiro.

Entretanto, para esse enunciado sim

plificado, Keynes pressupôs a homoge

I

27

Digesto Econômico

Keynes mostra-

O ritmo dos in

mir os efeitos.

O co

Os interesses são su

As conseqüências infla

proporcional para todos os ingressos. Entretanto, se os preços Pa, Pb, Pc,. • Pn mudassem

em relação a Px,

Pz,... Pw, e admitindo que tais mudan ças se compensassem de forma a manter

tais variações afetariam a produção, dis o funcionamento do sistema.

Oro, na

proporcionalidade de remuneração dos

vestimentos decorre das remunerações

estar humano.

fatores que entram no custo marginal, o

que o capitalista e.spera obter: "a pou

cionárias da guerra eram inevitáveis, po

aumento da unidade de salário antes de

pança seria condição necessária, mas

rém atonuáveis.

o emprego pleno ser atingido etc.

tre nós teve várias origens, que nao

economia se adaptam mais ràpidamente,

A analise sugere a idéia da complexi dade das interdependências existentes no

não suficiente para a acumulação capi talista". Nas atividades produtivas do mundo moderno, jamais se reduziu o

cãbe discutir agora e aqui. As medidas adotadas exprimem, além do mais, um

o outros só muito tarde começam a acusar seus efeitos iniciais. O setor agrí

processo produtivo concretamente estu

"exército industrial de reserva" a zero:

sincero desconliecimento do mecanismo

cola marcha atrasadamente cm relaçao

A sua agravação en

inflação, os distúrbios se processam de sigualmente, porque certos setores da

aos efeitos indicados. Há certo coefi-

dado. O fato elementar é esse: a quan . o desemprego é fenômeno permanente. tidade de dinheiro atua sôbre a procura Portanto, como anotou Joan Robinson,

do formação dc preços.

efetiva; esta, crescendo, determina o au

Pietro, cm número passado desta Re

forças á busca de novo equilíbrio

vista ("Digesto Econômico", n.° 25,

e os mais retardados sofrem mais pre

mento do volume de emprêgo; "então,

a realidade está sempre longe dos mo delos fornecidos pelas teorias clássicas.

o nível de preços tende a ascender". Assim, há dupla ascensão: no volume de emprêgo e no nível de preços. A

o desequilíbrio entre os bens de produ

interação de todos esses fatôres é que di

As teorias do sub-consumo apontaram

Foi o que

mostrou, sucintamente; o sr. João di ano III).

É no mercado de câmbio que pri

ciente de retardamento nêsse jogo

6

juízos. Mas a importância do problema resido na consideração dos "preçH)S re

ção e os bens de consumo como "cau-

meiro se anuncia a atividade de um

lativos" e não, em primeiro lanço, no

sae

foco inflacionista: porque a oferta da

nível de preços.

Keynes vai indicar-nos as causas, entre outras, na desigualdade entre poupan ça e investimentos, a que se somam

moeda nacional se unifica e intensifica

A inflação já começou a declinar — mas porque as fôrças do sistema con duzem a isso, não como resultado de

influi sôbre a procura efetiva, fazendo-a

fatôres psicológicos (propensão para

cambial antecede a elevação dos preços.

crescer, e, concomitantemente, determi nando o aumento da unidade de custo

consumir, eficácia marginal do capital)Em todo caso, já observamos a seria

No interior do país, a dispersão do po der de compra retarda a reação dos

proporcional ao acréscimo da procura

tentativa para enquadrar os fenômenos

"preços". Ademais, é preciso levar em

efetiva.

estudados dentro de um panorama mais

conta a elasticidade das diversas mer

ficulta a análise do problema.

Mas

não existe estado inflacionário enquanto a elevação da quantidade de dinheiro

ífs * *

No pensamento de Keynes, em linhas gerais, o problema se apresenta sempre em ponto de vista funcional, como ex pressão de relações entre grandezas econômicas, cujas interdependências se esforça por e'ucidar. Com o emprêgo pleno dos recursos produtivos, qualquer investimento posterior exige mais traballio e ocasiona a alta de salários. Marx

havia pressentido aquelas relações, quan

causantes" das

crises

do

sistema.

largo, onde tratamos com variáveis macro-económicas. Não é possível, por tanto, abordar atualmente o nosso pro blema dos preços sem relacioná-los com:

naquele mercado, proporcionando um efeito mais sensível. A queda da taxa

convém discriminar bem dois conceitos

das mercadorias que constituem o vo

no mesmo sentido e proporcionalidade.

"terms of trade" - fôsse alterada des-

Assim, uma mudança geral e uniforme

favoràvelmente), "os efeitos resultan

no nível de preços (por exemplo, tòdas as mercadorias duplicam de preço, du

tes- sôbre o nível de preç"OS e sôbre os

é medido em fvmção do volume de mer

que nossa conjuntura de nação de "ccor

Agora aproximamo-nos de uma das

e os "preços relativos", que não variam

dade econômica (as crises); b) as conseqüências inflacionárias

Sabe-se que atingimos o 'momento em

uma de suas expressões.

Se tais produtos sofrerem diminuição nos seus preços em relação aos produtos principais de nossa importação, (noutras palavras: se a "relação de trocas" —

relevantes: o "nível de preços", que e.x-

prime o poder de compra da moeda e

* * Hí

Tal acon

-questões enunciadas. Çonsiderando-se nosso balanço de ex cadorias dentro do país, além de ou tros fatores importantes. Nessa altura, portação, atentemos no comportamento

a) os movimentos cíclicos da ativi

que seguiram à guerra mundial.

qualquer medida política.

tece nèsse momento da conjuntura. E

cadorias que o dinheiro pode adquirir,

lume maior da riqueza exportada.

preços relativos seriam independentes".

^


28

Dicesto Econômico

Ricardo, em c^ta a Malthus, em 1811, dizia que o "câmbio mede exatamente

a depreciação do dinheiro" (the exchange measures accurately the depreciation Of the currency") _ e assinalou, no fa moso artigo sôbre "High príce of bulüon , que a causa da depreciação do dinlieiro e elevação cambial residia no

mercados em que as informações são

de de mercadorias a mesma quantidade

baques exclamam frases otimistas sôbre

céleres, graças à organização de bolsas

em que tudo é mais lento c difícil. Na

que importava anteriormente. Mas de quem ó o prejuízo, neste caso? Do ex portador? Jamais. Êle também apro

ex-portação cresceu! Os querubins se calariam caso compreendessem os fenô

queles, a nivelação se faz de acordo

veita essa situação. O lucro que decor

menos à luz do mecanismo das trocas.

com as circunstâncias, o mercado mani

re dessa diferença de preços (quer dizer,

Porque é o trabalho nacional que está

festa determinada "velocidade de rea

a diferença entre os preços praticados

ção". Entre os dois extremos, há mna

no estrangeiro e os preços internos, de primidos pela inflação) é repartido entre

sendo dessangrado, processando-se a transferência da riqueza para mao de

uma fónnula esquemática.

o exportador nacional e o importador ou consumidor estrangeiro — esclarece Eugênio Gudin. Ambos, pois, se ir

de valores eficientíssímas.

Há outros

aumento de circulação promovida pelo gradação que resiste a uma interpreta Banco de Inglaterra. Dessa controvér- ção capaz de liarmoníza-los dentro de «a nasceram todos os argumentos cientilicos que alimentariam os economistas ate a primeira guerra mundial. Não lhe

foi trazida contribuição de maior valia.

I

Outro aspecto indispensável para boa compreensão do problema.

A maioria dos produtos tom o seu A teoria da paridade aquisitiva", de "ponto (isto é, o ponto Cassei, enunciada por volta de J918, em quedeo importação" preço ascendente merca yoia-se na tese de que o aumento de doria faculta a importação dadamercado dinheiro provoca a queda do câmbio. ria similar estrangeira) bem afastado do Embora falha e aproximativa, a teoria "ponto de exportação" (que c o ponto pretende explicar a "tendência" para o abaixo do qual e'a é exportada). Nesse

nivelamento inter-regional e internacio

nal dos preços. Os gastos de transportes embaraçam, desviam aquela tendência, que não se pode processar livremente.

Entre nações, aquelas despesas são agra

vadas com impostos aduaneiros, seguros variados, taxações sup'ementares, etc., oscilando segundo as políticas adotadas. A conquista dos mercados exige outra ordem de despesas que ficam subsumidas nos mesmos itens. Todas essas des

pesas devem somar uma importância que coloque a mercadoria ainda abaixo

do ponto de exportação", segundo ensi

cionário.

Cassei. Traité d'Économie politique'^ Ees Editions Domat-Montchrestien. ' 1929; Djacir Menezes. "Curso de Econ^a

Assim, ao sair do país uma maior quantidade de mercadorias, alguns bas-

Aires. 1936; Gudin.

Princípios de Eco

nomia Monetária, 2.® ed.. Agir,

'

Política", Liv. Freitas Bastos. Rio. R«'-

termediárias em grau de comercializa' ção internacional variável segundo as Quando aumentam

com o aperfeiçoamento das bolsas res

pectivas, um imperfeito paralelismo dos preços internos e externos tem mais possibiMdade de existir, se outros fatores não entram em jogo.

Se um pais tem sua moeda deprecia

moverem novas organizações de venda

da, sua "relação de trocas" com o es

em novos mercados, etc.

trangeiro toma-se desfavorável, — por

L.il.•.•

Money. Harcourt, Brace & Co., N.Y.. 1936, Silvio Gesoll, El Orden Econômico Nf*"' ral por Libremoneda y Librelierra, f. u. S*

mésticas; e também entre êsses dois polos há uma gama de mercadorias iD"

fator de diferenciação entre preços in

ral Theory o£ Employment. Inloresí and

ção, isto é, a parte ativa e trabalhadora da nação, que viveu em regime de pri vação forçada, típica do estado infla-

das, há mercadorias inevitavelmente do

pesas anteriores de transporte, como

entretanto, extremamente incerto.

Nota — Para a argumentação e reflexões acima, baseamo-nos em: Kcynes,

vém ainda considerar que, ao lado de

circunstâncias.

Isso tudo é,

quem? quem pagou o prejuízo? A na

nacionais.

mercadorias altamente internaciona

condições de comercialização indicadas,

ciativa e espírito de empresa para pro

À custa de

poucos à custa da imensa maioria dos

causação" relativamente autônomas.

nais.

ternos e externos, a dificuldade e es cassez de informações e a falta de ini

manam no lucro obtido.

nossa conquista de mais mercados. A

intervalo, que pode ser grande para muitos bens, "os preços podem se'' muito desiguais, quer no interior do pais, quer no exterior, sem que se estabeleçam entre eles influências capazes de agir sentido nivelador". São duas "áreas de

nam os teoreraas das trocas internacio

Norman Angell acrescentou às des

29

Digesto Econômico

que passa a pagar com maior quantida-

A denominada "lei da lã", cujo projeto está sendo apreciado pc^o Congresso

norte-americano e que uma vez aprovado permitiria o aumento de 50% nos direitos alfandegários sôbre as importações de lã bruta e manufaturada, sopeu sério ata^

que que constitui uma condenação da parte de duas entidades do país. Ò Conselho N' acional do Comércio Exterior, que alega representar importante fração da "United States Export — Import Shipping Banking Insurance" e serviços

congêneres, telegrafou aos membros ao Congresso, transmitindo-lhes uma mensa^ gem em que pedia para que se opusessem à aprovação da merwionada lei.


28

Dicesto Econômico

Ricardo, em c^ta a Malthus, em 1811, dizia que o "câmbio mede exatamente

a depreciação do dinheiro" (the exchange measures accurately the depreciation Of the currency") _ e assinalou, no fa moso artigo sôbre "High príce of bulüon , que a causa da depreciação do dinlieiro e elevação cambial residia no

mercados em que as informações são

de de mercadorias a mesma quantidade

baques exclamam frases otimistas sôbre

céleres, graças à organização de bolsas

em que tudo é mais lento c difícil. Na

que importava anteriormente. Mas de quem ó o prejuízo, neste caso? Do ex portador? Jamais. Êle também apro

ex-portação cresceu! Os querubins se calariam caso compreendessem os fenô

queles, a nivelação se faz de acordo

veita essa situação. O lucro que decor

menos à luz do mecanismo das trocas.

com as circunstâncias, o mercado mani

re dessa diferença de preços (quer dizer,

Porque é o trabalho nacional que está

festa determinada "velocidade de rea

a diferença entre os preços praticados

ção". Entre os dois extremos, há mna

no estrangeiro e os preços internos, de primidos pela inflação) é repartido entre

sendo dessangrado, processando-se a transferência da riqueza para mao de

uma fónnula esquemática.

o exportador nacional e o importador ou consumidor estrangeiro — esclarece Eugênio Gudin. Ambos, pois, se ir

de valores eficientíssímas.

Há outros

aumento de circulação promovida pelo gradação que resiste a uma interpreta Banco de Inglaterra. Dessa controvér- ção capaz de liarmoníza-los dentro de «a nasceram todos os argumentos cientilicos que alimentariam os economistas ate a primeira guerra mundial. Não lhe

foi trazida contribuição de maior valia.

I

Outro aspecto indispensável para boa compreensão do problema.

A maioria dos produtos tom o seu A teoria da paridade aquisitiva", de "ponto (isto é, o ponto Cassei, enunciada por volta de J918, em quedeo importação" preço ascendente merca yoia-se na tese de que o aumento de doria faculta a importação dadamercado dinheiro provoca a queda do câmbio. ria similar estrangeira) bem afastado do Embora falha e aproximativa, a teoria "ponto de exportação" (que c o ponto pretende explicar a "tendência" para o abaixo do qual e'a é exportada). Nesse

nivelamento inter-regional e internacio

nal dos preços. Os gastos de transportes embaraçam, desviam aquela tendência, que não se pode processar livremente.

Entre nações, aquelas despesas são agra

vadas com impostos aduaneiros, seguros variados, taxações sup'ementares, etc., oscilando segundo as políticas adotadas. A conquista dos mercados exige outra ordem de despesas que ficam subsumidas nos mesmos itens. Todas essas des

pesas devem somar uma importância que coloque a mercadoria ainda abaixo

do ponto de exportação", segundo ensi

cionário.

Cassei. Traité d'Économie politique'^ Ees Editions Domat-Montchrestien. ' 1929; Djacir Menezes. "Curso de Econ^a

Assim, ao sair do país uma maior quantidade de mercadorias, alguns bas-

Aires. 1936; Gudin.

Princípios de Eco

nomia Monetária, 2.® ed.. Agir,

'

Política", Liv. Freitas Bastos. Rio. R«'-

termediárias em grau de comercializa' ção internacional variável segundo as Quando aumentam

com o aperfeiçoamento das bolsas res

pectivas, um imperfeito paralelismo dos preços internos e externos tem mais possibiMdade de existir, se outros fatores não entram em jogo.

Se um pais tem sua moeda deprecia

moverem novas organizações de venda

da, sua "relação de trocas" com o es

em novos mercados, etc.

trangeiro toma-se desfavorável, — por

L.il.•.•

Money. Harcourt, Brace & Co., N.Y.. 1936, Silvio Gesoll, El Orden Econômico Nf*"' ral por Libremoneda y Librelierra, f. u. S*

mésticas; e também entre êsses dois polos há uma gama de mercadorias iD"

fator de diferenciação entre preços in

ral Theory o£ Employment. Inloresí and

ção, isto é, a parte ativa e trabalhadora da nação, que viveu em regime de pri vação forçada, típica do estado infla-

das, há mercadorias inevitavelmente do

pesas anteriores de transporte, como

entretanto, extremamente incerto.

Nota — Para a argumentação e reflexões acima, baseamo-nos em: Kcynes,

vém ainda considerar que, ao lado de

circunstâncias.

Isso tudo é,

quem? quem pagou o prejuízo? A na

nacionais.

mercadorias altamente internaciona

condições de comercialização indicadas,

ciativa e espírito de empresa para pro

À custa de

poucos à custa da imensa maioria dos

causação" relativamente autônomas.

nais.

ternos e externos, a dificuldade e es cassez de informações e a falta de ini

manam no lucro obtido.

nossa conquista de mais mercados. A

intervalo, que pode ser grande para muitos bens, "os preços podem se'' muito desiguais, quer no interior do pais, quer no exterior, sem que se estabeleçam entre eles influências capazes de agir sentido nivelador". São duas "áreas de

nam os teoreraas das trocas internacio

Norman Angell acrescentou às des

29

Digesto Econômico

que passa a pagar com maior quantida-

A denominada "lei da lã", cujo projeto está sendo apreciado pc^o Congresso

norte-americano e que uma vez aprovado permitiria o aumento de 50% nos direitos alfandegários sôbre as importações de lã bruta e manufaturada, sopeu sério ata^

que que constitui uma condenação da parte de duas entidades do país. Ò Conselho N' acional do Comércio Exterior, que alega representar importante fração da "United States Export — Import Shipping Banking Insurance" e serviços

congêneres, telegrafou aos membros ao Congresso, transmitindo-lhes uma mensa^ gem em que pedia para que se opusessem à aprovação da merwionada lei.


31

DicESTO Econômico

em São Paulo a níveis que mesmo os mais pessimistas não ousavam admitir

tempos atrás. E acima de tudo há crise de con-

consumo a registar ganhos conse

fonte de lucros razoáveis dos Ia vradores.

mo, traduzido em áreas progressivamen

te maiores e em continuado interesse A crise do algodão

^Ão pAtnx» atravessa atualmente séria

dos lavradores pelo cultivo do algodiio, a ponto de se ter cogitado mesmo de

restringir-lhe ó plantio, durante os anOS

Apesar dos preços

de guerra, quando os estoques se

no Interior, para o produto em bruto que interessa aos lavradores, serem os

acumulavam no país o as perspectiva internacionais dessa matéria-prima nao

mais elevados registrados nos últimos

eram julgadas seguras.

tempos, não se nota nenhum entusiasmo no ano corrente, mas, ao contrário, a

atmosfera predominante nos meios agrí

Hoje, perde a lavoura dinheiro, to mada a produção algodoeira em con junto, vendendo as colheitas a pr®^^

colas é de desânimo e desconfiança.

quase três vôzes acima dos anos

crise algodoeira.

A explicação dessa aparente anomalia reside exclusivamente no baixo rendi

mento das terras, não sòmente neste

ano, como nos dois imediatamente an

condições adversas do tempo, por falta

de braços nas épocas indicadas das

cional

épocas.

Essa é a causa da crise.

Em anos

passados a lavoura de algodão em São Paulo ganhava dinheiro vendendo al godão em caroço a menos de CrS 20,00 por arrôba. E por isso havia entusias

dimos.

A queda da produção por unidade

Enquanto subia o consumo, caia

Há três anos a média da produção não ultrapassava de vinte e um mi

cinco

anos atrás

crítica

que

era

tudo^

que escreveu especialmente para o ^ gesto Econômico", expõe, com absolu o conhecimento, a situação atual do algP dão em São Paulo e no mundo, e os

motivos por que êsse produto contiaua^ rã a ser um dos elementos básicos da ri

Essa afirmativa reoes-

te-se de particular oportunidade por estar em início a nova safra algodoeira de São Paulo

se

reu

A produção

nou a estação algodoeira, não mãos e em todos os países. Isso já é considerado deficiente.

Se a produção do hemisfério setentrional, que representa dois terços das safras mundiais, não correr a contento de agora em

mundial que antes de 1939 al

diante, o suprimento dessa maté

cançara trinta milhões de fardos, ainda se mantinha até 1944 em

ria-prima em muitos países im portantes ficará sensivelmente sa

redor de vinte e quatro milhões;

crificado.

o consumo mundial de cerca de vinte e nove milhões de fardos

disso, basta notar que nos Estados-Unidos o "carry-over" em 31

antes de 1939, caiu durante a

de julho último foi inferior a

guerra a menos de vinte mi-

2.500.000 fardos. E ainda por

Uiões. O comércio

cima de qualidades baixas. Mes internacional

de

Para se ter uma idéia

mo com a nova safra que ali já

algodão passou de treze a cator ze milhões de fardos por ano, no período anterior à guerra,

está plantada sensivelmente su

para menos de cinco milhões du

consumo interno, deixando pos sibilidades de sobras exportáveis

rante a conflagração mundial.

M.

Em 31 de julho

havia no mundo mais de dezoito milhões de fardos em tôdas as

onde

os anos de guerra.

competência, no último aríigo da

acumulados.

des conferências

dutores, apesar da atividade têx til intensa aí registada durante

O sr. Garibaldi Dantas, técnico de

ção, lançou-se mão dos estoques

próximo passado, quando termi

E havia motivos para isso. De fato, os estoques acumula vam-se nos grandes centros pro

0»*

Para atender

consumo maior do que a produ

quanto visasse à restrição da pro dução era bem recebido nas gran niam técnicos de todos os países.

correlata do braço, pelo encarecimen ^ e quase inexistência de fertilizantes, o ^ vou o custo de produção do algo

queza paulista.

julgada tão

cação das recomendações técnicas quan

godão em caroço em São Paulo não ultrapassou de 80 a 90 arrobas por al queire contra 130 e até 150 em outras

de fardes.

lhões de fardos.

colheitas, pela negligência na contlnuato à época de plantio, espaçamento e adubação, é fato incontestável que nas três últimas safras o rendimento do al

tarão mais de vinte e seis milhões

.

A posição algodoeira interna

maior expansão a que há pouco a

ç<ão de bons tratos culturais e na apli

tecidos de algodão do mundo gas

não tem, felizmente, razão de ser

A modificação da posição algodoeira internacional

Por falta de adubos, métodos

culturas, pelos estragos de pragas, pelas

cutivos, apesar das destruições de centros fabris da Europa e ÁsiaNo ano corrente, as fábricas de

a produção mundial.

de superfície em 1945, 1946 e 1 agravada pelo custo crescente das o culturais mais adequados, rotação de lidades empregadas na lavoura, pela teriores.

Essa crise de confiança, justi- ^ ficada 'pelas causas apontadas,

quando encarado o problema do ponto-de-vista internacional.

rante os anos de guerra. Com a ter minação do conflito, alargaram-se os

mercados algodoeiros, passando O

Hança nas vantagens da cultura algodoeira de São Paulo, como IV

Por isso, era justificado o pessimismo

dos meios algodoeiros internacionais du

:..-1 -X./ ■ ,

perior, não haverá algodão sufi ciente senão para atender ao

1


31

DicESTO Econômico

em São Paulo a níveis que mesmo os mais pessimistas não ousavam admitir

tempos atrás. E acima de tudo há crise de con-

consumo a registar ganhos conse

fonte de lucros razoáveis dos Ia vradores.

mo, traduzido em áreas progressivamen

te maiores e em continuado interesse A crise do algodão

^Ão pAtnx» atravessa atualmente séria

dos lavradores pelo cultivo do algodiio, a ponto de se ter cogitado mesmo de

restringir-lhe ó plantio, durante os anOS

Apesar dos preços

de guerra, quando os estoques se

no Interior, para o produto em bruto que interessa aos lavradores, serem os

acumulavam no país o as perspectiva internacionais dessa matéria-prima nao

mais elevados registrados nos últimos

eram julgadas seguras.

tempos, não se nota nenhum entusiasmo no ano corrente, mas, ao contrário, a

atmosfera predominante nos meios agrí

Hoje, perde a lavoura dinheiro, to mada a produção algodoeira em con junto, vendendo as colheitas a pr®^^

colas é de desânimo e desconfiança.

quase três vôzes acima dos anos

crise algodoeira.

A explicação dessa aparente anomalia reside exclusivamente no baixo rendi

mento das terras, não sòmente neste

ano, como nos dois imediatamente an

condições adversas do tempo, por falta

de braços nas épocas indicadas das

cional

épocas.

Essa é a causa da crise.

Em anos

passados a lavoura de algodão em São Paulo ganhava dinheiro vendendo al godão em caroço a menos de CrS 20,00 por arrôba. E por isso havia entusias

dimos.

A queda da produção por unidade

Enquanto subia o consumo, caia

Há três anos a média da produção não ultrapassava de vinte e um mi

cinco

anos atrás

crítica

que

era

tudo^

que escreveu especialmente para o ^ gesto Econômico", expõe, com absolu o conhecimento, a situação atual do algP dão em São Paulo e no mundo, e os

motivos por que êsse produto contiaua^ rã a ser um dos elementos básicos da ri

Essa afirmativa reoes-

te-se de particular oportunidade por estar em início a nova safra algodoeira de São Paulo

se

reu

A produção

nou a estação algodoeira, não mãos e em todos os países. Isso já é considerado deficiente.

Se a produção do hemisfério setentrional, que representa dois terços das safras mundiais, não correr a contento de agora em

mundial que antes de 1939 al

diante, o suprimento dessa maté

cançara trinta milhões de fardos, ainda se mantinha até 1944 em

ria-prima em muitos países im portantes ficará sensivelmente sa

redor de vinte e quatro milhões;

crificado.

o consumo mundial de cerca de vinte e nove milhões de fardos

disso, basta notar que nos Estados-Unidos o "carry-over" em 31

antes de 1939, caiu durante a

de julho último foi inferior a

guerra a menos de vinte mi-

2.500.000 fardos. E ainda por

Uiões. O comércio

cima de qualidades baixas. Mes internacional

de

Para se ter uma idéia

mo com a nova safra que ali já

algodão passou de treze a cator ze milhões de fardos por ano, no período anterior à guerra,

está plantada sensivelmente su

para menos de cinco milhões du

consumo interno, deixando pos sibilidades de sobras exportáveis

rante a conflagração mundial.

M.

Em 31 de julho

havia no mundo mais de dezoito milhões de fardos em tôdas as

onde

os anos de guerra.

competência, no último aríigo da

acumulados.

des conferências

dutores, apesar da atividade têx til intensa aí registada durante

O sr. Garibaldi Dantas, técnico de

ção, lançou-se mão dos estoques

próximo passado, quando termi

E havia motivos para isso. De fato, os estoques acumula vam-se nos grandes centros pro

0»*

Para atender

consumo maior do que a produ

quanto visasse à restrição da pro dução era bem recebido nas gran niam técnicos de todos os países.

correlata do braço, pelo encarecimen ^ e quase inexistência de fertilizantes, o ^ vou o custo de produção do algo

queza paulista.

julgada tão

cação das recomendações técnicas quan

godão em caroço em São Paulo não ultrapassou de 80 a 90 arrobas por al queire contra 130 e até 150 em outras

de fardes.

lhões de fardos.

colheitas, pela negligência na contlnuato à época de plantio, espaçamento e adubação, é fato incontestável que nas três últimas safras o rendimento do al

tarão mais de vinte e seis milhões

.

A posição algodoeira interna

maior expansão a que há pouco a

ç<ão de bons tratos culturais e na apli

tecidos de algodão do mundo gas

não tem, felizmente, razão de ser

A modificação da posição algodoeira internacional

Por falta de adubos, métodos

culturas, pelos estragos de pragas, pelas

cutivos, apesar das destruições de centros fabris da Europa e ÁsiaNo ano corrente, as fábricas de

a produção mundial.

de superfície em 1945, 1946 e 1 agravada pelo custo crescente das o culturais mais adequados, rotação de lidades empregadas na lavoura, pela teriores.

Essa crise de confiança, justi- ^ ficada 'pelas causas apontadas,

quando encarado o problema do ponto-de-vista internacional.

rante os anos de guerra. Com a ter minação do conflito, alargaram-se os

mercados algodoeiros, passando O

Hança nas vantagens da cultura algodoeira de São Paulo, como IV

Por isso, era justificado o pessimismo

dos meios algodoeiros internacionais du

:..-1 -X./ ■ ,

perior, não haverá algodão sufi ciente senão para atender ao

1


y DicESTO EcoNÓAnco

82

de no máximo dois a dois milhões e meio de fardos. Por isso, Já se fala com insis-

tência nos meios internacionais autori-

dc verificada a repetição de somas de algodão em trânsito. Des.sa maneira, o "carry-over" em julho de 1946,

zados em possível "fome de algodão".

dado antes como sendo de 7.500.000

De fato, acaba o "Bureau of Census", fardos aproximadamente, foi reduzido dos Estados Unidos, de concluir ds tra- agora a 7 325 901' balhos de apuração da posição estatísCom essas retificações e apurações,

rica do algodão naquele país até 31 de constata-se que o suprimento da estação

juUio último, data em que terminou a agora em curso, isto é, o suprimento estaçao 1946/47 e se iniciou a seguinte. do período de l'° d® agôsto de 1947 a De acordo com os dados recebidos re- 31 dg julho de 1948, será de apro.xicentemente no Brasil, o "carry-over"

madamente 14.000.000 de fardos con-

norte-americano, na citada data, era de

tra 16 000 ítOO no ano anterior.

Será

2.520.587 fardos, pràticamente, pois, o o mais fraco dos õlHmos vinte anos. que havíamos previsto em comentários Admitindo aue seja realmente esse o suantenores. Foi retificado o de igual data primento vejamos como se poderá dis-

^ estaçao anterior, o qual sofreu re- iribuir taí volume de algodão, na estação

duçao de quase 200.000 fardos, depois há pouco iniciada: SUPRIMENTO

I

JcTsu",""

u\ T d; importação de,..outros países

veio "Bureau

c; Produção da safra nova

^

2.520.587 250.000

^,

fardos "

11.840.000 " "14.610.587

distribuição a) Consumo do país no ano b) Exportação c) Algodão destruído

9.000.000 de fardos 2.500.000 50.000 Tf.550.000

"Carry-over" em 31/7/48 Os cálculos feitos acima não são exa

gerados.

A importação de outros paí

3.060.000 mamos a base menos volumosa de apenas

2.500.000 fardos; quanto ao consumo,

que alcançou na estação anterior • • •

ses também poderia ser ligeiramente al terada. Em conjunto, porém, não nos parece provável sensível modificação do suprimento do ano em curso. Quanto

"Joumal of Commerce" da data citada,

ainda à distribuição, foram tomadas as

sus", baixamo-lo para 9.000.000 de far

10.035.300 fardos, segundo adianta o com base em dados do "Bureau of Cen

pro\'idências mais moderadas. Assim é

dos.

que, no tocante à exportação, que na estação passada foi superior a 3.500.000

tanto, levantada já com todos os des contos prováveis, diante da situação di fícil por que passa o mundo, quanto à possibíMdade dos mercados consumido-

fardos, sem incluir os embarques do

exército para o Japão e Alemanha, to

A distribuição prevista foi, por

i


y DicESTO EcoNÓAnco

82

de no máximo dois a dois milhões e meio de fardos. Por isso, Já se fala com insis-

tência nos meios internacionais autori-

dc verificada a repetição de somas de algodão em trânsito. Des.sa maneira, o "carry-over" em julho de 1946,

zados em possível "fome de algodão".

dado antes como sendo de 7.500.000

De fato, acaba o "Bureau of Census", fardos aproximadamente, foi reduzido dos Estados Unidos, de concluir ds tra- agora a 7 325 901' balhos de apuração da posição estatísCom essas retificações e apurações,

rica do algodão naquele país até 31 de constata-se que o suprimento da estação

juUio último, data em que terminou a agora em curso, isto é, o suprimento estaçao 1946/47 e se iniciou a seguinte. do período de l'° d® agôsto de 1947 a De acordo com os dados recebidos re- 31 dg julho de 1948, será de apro.xicentemente no Brasil, o "carry-over"

madamente 14.000.000 de fardos con-

norte-americano, na citada data, era de

tra 16 000 ítOO no ano anterior.

Será

2.520.587 fardos, pràticamente, pois, o o mais fraco dos õlHmos vinte anos. que havíamos previsto em comentários Admitindo aue seja realmente esse o suantenores. Foi retificado o de igual data primento vejamos como se poderá dis-

^ estaçao anterior, o qual sofreu re- iribuir taí volume de algodão, na estação

duçao de quase 200.000 fardos, depois há pouco iniciada: SUPRIMENTO

I

JcTsu",""

u\ T d; importação de,..outros países

veio "Bureau

c; Produção da safra nova

^

2.520.587 250.000

^,

fardos "

11.840.000 " "14.610.587

distribuição a) Consumo do país no ano b) Exportação c) Algodão destruído

9.000.000 de fardos 2.500.000 50.000 Tf.550.000

"Carry-over" em 31/7/48 Os cálculos feitos acima não são exa

gerados.

A importação de outros paí

3.060.000 mamos a base menos volumosa de apenas

2.500.000 fardos; quanto ao consumo,

que alcançou na estação anterior • • •

ses também poderia ser ligeiramente al terada. Em conjunto, porém, não nos parece provável sensível modificação do suprimento do ano em curso. Quanto

"Joumal of Commerce" da data citada,

ainda à distribuição, foram tomadas as

sus", baixamo-lo para 9.000.000 de far

10.035.300 fardos, segundo adianta o com base em dados do "Bureau of Cen

pro\'idências mais moderadas. Assim é

dos.

que, no tocante à exportação, que na estação passada foi superior a 3.500.000

tanto, levantada já com todos os des contos prováveis, diante da situação di fícil por que passa o mundo, quanto à possibíMdade dos mercados consumido-

fardos, sem incluir os embarques do

exército para o Japão e Alemanha, to

A distribuição prevista foi, por

i


34

Digesto Econômico

res importarem algodão norte-america

dia e Egito, a falta de mão de obra cni

no, em regime livre, por falta de dóla

outros, a migração de braços do algodão

res.

para culturas -mais rendosas, como se tem observado no México, na Argentina

Levou-se igualmente em conta a

provável diminuição de consumo inter no nos Estados Unidos, em vista da

queda registada nos últimos meses da

e em certa escala no Brasil, as grandes secas na zona soviética de produção, as

estação anterior.

instáveis condições políticas da China,

Mesmo assim, espe

ra-se sejam ali consumidos mais de

tudo isso, aliado ao tempo desfavorável

9.000.000 de fardos.

na maioria dos países citados, durante as

Cora tais previsões, a conclusão .'ine vitável é que a posição estatística^ do a godão norte-americano, durante a es- • tação em curso, é boa, niesmo admi

tindo os embaraços recentes decorren

tes da situação financeira da Inglaterra

últimas colheitas, vem prejudicando sèriamente a produção algodoeira inter nacional.

■ Xémerosos de falta de matér"a-prima,

alguns países consumidores mais caute

losos, como a Inglaterra, tratam de for mar estoques de reserva e fomentar a Continente. De fato, se o que acima * expansão dessa lavoura nas colônias e expusemos fôr apurado, no decorrer dà domínios.

e suas repercu^Ões em outros países do

presente estação, o suprimento norte-

americano continuará pois. escasso, para um país que consome 9.000.000 a

10.000.000'de fardos e^ pretende ex

portar 4.000.ÒOO a 5.000.000, o "carryover" de apenas 3.0OÓ.000. de fardos não pode ser considerado excessivo. An-'

Se há cinco anos se recebia com sa

tisfação toda e qualquer proposta de res trição de área e produção mundiais, hoje encara-se com boa vontade qual quer medida oposta de fomento das colheitas.

É que o mundo começa a recear a estes, deverá ser interpretado como fraco, ' cãssez de algodão, em que pesem as se se levar em conta que,"apesar de o possibilidades de aumento da produção govêmo dos Estados Unidos ter con mundial de artigos sintéticos, concorren seguido forçar a venda e colocação da , tes em parte do algodão, mas também maior parte de seus estoques de péssima dificultados em sua expansão pel«i qualidade, graças à situação privilegia rência geral de celulose e carvão, as da que desfruta em vários mercados co bases dessa poderosa indústria inter mo o Japão, Alemanha e outros, ainda não é satisfatória a sua constituição,

nacional.

Se não há ainda sinais positivos de

tanto que o ágio para as boas qualida

"fome de a'godão" no mundo, para Ia

des continua muito acentuado, em re lação à base.

se marchará, caso não se tomem desde

Haverá falta de algodão no mundo? .

já providênci^ indispensáveis ao retor

no da produção algodoeira a seu ritmo normal, nos países onde essa atividade tem condições de êxito.

Se essa é a situação nos Estados Uni dos, não é diverso o que se passa em

O papel de São Paulo

outros centros produtores. A necessida de de produção de gêneros aMmentares

O sr. Henry Spielman, adido agrícola

em alguns países algodoeiros, como in-

do Consulado Geral dos Estados Unidos

liMi iklÊh-r


34

Digesto Econômico

res importarem algodão norte-america

dia e Egito, a falta de mão de obra cni

no, em regime livre, por falta de dóla

outros, a migração de braços do algodão

res.

para culturas -mais rendosas, como se tem observado no México, na Argentina

Levou-se igualmente em conta a

provável diminuição de consumo inter no nos Estados Unidos, em vista da

queda registada nos últimos meses da

e em certa escala no Brasil, as grandes secas na zona soviética de produção, as

estação anterior.

instáveis condições políticas da China,

Mesmo assim, espe

ra-se sejam ali consumidos mais de

tudo isso, aliado ao tempo desfavorável

9.000.000 de fardos.

na maioria dos países citados, durante as

Cora tais previsões, a conclusão .'ine vitável é que a posição estatística^ do a godão norte-americano, durante a es- • tação em curso, é boa, niesmo admi

tindo os embaraços recentes decorren

tes da situação financeira da Inglaterra

últimas colheitas, vem prejudicando sèriamente a produção algodoeira inter nacional.

■ Xémerosos de falta de matér"a-prima,

alguns países consumidores mais caute

losos, como a Inglaterra, tratam de for mar estoques de reserva e fomentar a Continente. De fato, se o que acima * expansão dessa lavoura nas colônias e expusemos fôr apurado, no decorrer dà domínios.

e suas repercu^Ões em outros países do

presente estação, o suprimento norte-

americano continuará pois. escasso, para um país que consome 9.000.000 a

10.000.000'de fardos e^ pretende ex

portar 4.000.ÒOO a 5.000.000, o "carryover" de apenas 3.0OÓ.000. de fardos não pode ser considerado excessivo. An-'

Se há cinco anos se recebia com sa

tisfação toda e qualquer proposta de res trição de área e produção mundiais, hoje encara-se com boa vontade qual quer medida oposta de fomento das colheitas.

É que o mundo começa a recear a estes, deverá ser interpretado como fraco, ' cãssez de algodão, em que pesem as se se levar em conta que,"apesar de o possibilidades de aumento da produção govêmo dos Estados Unidos ter con mundial de artigos sintéticos, concorren seguido forçar a venda e colocação da , tes em parte do algodão, mas também maior parte de seus estoques de péssima dificultados em sua expansão pel«i qualidade, graças à situação privilegia rência geral de celulose e carvão, as da que desfruta em vários mercados co bases dessa poderosa indústria inter mo o Japão, Alemanha e outros, ainda não é satisfatória a sua constituição,

nacional.

Se não há ainda sinais positivos de

tanto que o ágio para as boas qualida

"fome de a'godão" no mundo, para Ia

des continua muito acentuado, em re lação à base.

se marchará, caso não se tomem desde

Haverá falta de algodão no mundo? .

já providênci^ indispensáveis ao retor

no da produção algodoeira a seu ritmo normal, nos países onde essa atividade tem condições de êxito.

Se essa é a situação nos Estados Uni dos, não é diverso o que se passa em

O papel de São Paulo

outros centros produtores. A necessida de de produção de gêneros aMmentares

O sr. Henry Spielman, adido agrícola

em alguns países algodoeiros, como in-

do Consulado Geral dos Estados Unidos

liMi iklÊh-r


Digesxo Econômico

38

'

Dioesto Econômico

em São Paulo, descreveu há três anos um trabalho notável, denominado a re

ção algodoeira, como as usinas de bene-

É verdade que esse custo também subiu em nosso meio, pela queda anor

gião algodoeira paulista a de mais forte

ficiamento, as fábricas de óleo, de te

mal do rendimento das terras, conse

capacidade de expansão do mundo. A sua valiosa opinião tem bases reais

na continuação e na expansão da produ

qüente a condições desfavoráveis do

de escoamento de sua produção,

nizações de exportadores e comerciantes

tempo. Repetições de períodos tão de

por fenovias e rodovias, apresen tando ainda um pôrto que no ano passado, em meio a crise sem precedentes de congestionamento,

na expansão aqui registada no período

Com esse verdadeiro mundo de múltiplas

sastrosos, como o do último trienio não

facetas, todos vivendo à sombra gene

são comuns. Se bem que seja impossí

O que é necessário agora é vencer a

de mfiior fortiecedor de algodão do

rosa do algodão, com a cooperação e assistência mais entusiastas e diretas dos poderes públicos, pela reorganização e unificação de seus órgãos especializados o algodão não desaparecerá da vida

mundo no hemisfério meridional.

econômica de São Paulo ou não termi

três últimos anos de safras irregulares, para poder São Paulo voltar à posição

vel prever o tempo, tudo faz crer que poderemos ter anos melhores de agora em diante, com mais adequada distri buição de chuvas e plantio e cultivo das lavouras em condições mais apropriadas. São Paulo tem, pois, um grande fu turo algodoeiro, porque:

nará os seus dias gloriosos de fastígio Programa de oito pontos

Para se obter essa recuperação pa rece-nos aconselhável a adoção de um programa de oito pontos:

1) — Reestruturação e ampliação dos órgãos técnicos da Secretaria da

h

Agricultura responsáveis pela se leção e multiplicação de semen

tes, fiscalização de usinas, padro nização e classificação, defesa con tra as pragas, combate à erosão e fiscalização de adubos;

2) — Ampliação e facilitação do crédi to agrícola aos lavradores de al godão; 3) — Intensificação das práticas de adubação;

4) — Rotação das culturas;

5) — Aproveitamento racional das ter

e esplendor como cultura apagada e

1.° — Dispõe ainda da melhor organi

subsidiária, mas continuará como um dos mais fortes esteios da economia

zação algodoeira dc qualquer centro competidor, necessitando apenas reestruturá-la para voltar aos seus grandes dias de eficiên

de São Paulo.

Mais de um bilhão de cruzeiros acha-

se empregado em usinas, prensas, fábri

cas de óleo e outras instalações algo-

cia e entusiasmo;

doeiras, como armazéns, reprensadoras e prensas. Um exército vive e depende

2.® — Tem

ganização; outro exército o sustenta, no

trabaUio das lavouras disseminadas pelos quatro cantos de São Paulo. Se a crise é forte, após três a quatro

anos de safras minguadas, não é, entre tanto, suficiente, a nosso ver, para ani

se levantou, pelo esforço da técnica e do

intemaciona'. Subsíd os, assistência, cré

6) — Mecanização das lavouras;

ditos, preços mínimos, tudo quanto se

7) — Combate à erosão; 8) — Combate às pragas.

faz fora de São Paulo e do Brasil para impedir o deslocamento do eixo económ'co algodoeiro das antigas glebas

acentua-

racterísticos de fibra, enfardamento, classificação comercial, rendimento industrial, não encon

Porque, em última análise, quem vai decidir do futuro do algodão é o custo

clima

4.® — Porque possui algodões cujos ca

trabalho bandeirantes.

da produção, encarado em seu aspecto

e

hemisfério meridional;

quilar essa modelar organização que aqui

ras, através de métodos culturais

terras

damente favoráveis à exploração algodoeira; 3.® — Planta, cultiva e colhe algodão em períodos quando não há pràticamente outros grandes com petidores, pois é a maior zona produtora mundial localizada no

dêle na movimentação dessa grande or

adequados às atuais variedades-algodoe ras e às que forem criadas;

k' •

tram sérios competidores em qualquer parte do mundo; 5.® — Porque tem possibilidades reais de produzir a baixo custo, quan do melhoradas as condições de cultivo mecânico, adubação, co

O futuro do algodão em São Paulõ

para as terras mais novas de nosso meio,

lheita e beneficiamento de suas

Com esse programa, com a coopera

será debalde, se o custo de produção continuar ali mais elevado do que em

6.® — Porque dispõe de modelar rede

ção de tôdas as entidades interessadas

7.® — Porque tem facilidades especiais

cidos, as grandes reprensadoras, as orga

de 1930 a 1934.

crise de desconfiança e desânimo dos

algodão dotadas da mais moder na aparelhagem;

lavouras; de usinas de beneficiamento de

São Paulo. ■

CM-',

foi o que conseguiu 'embarcar mais algodão no mundo; 8.® — Porque já demonstrou sua capa cidade de e.xpansão e competi

ção

nos

mercados

mundiais,

quando os preços internacionais eram os mais baixos da Ixistória,

deslocando outros algodões de

mercados julgados privativos de sua

esfera

de

influência

e

ação;

9.® — Porque está conseguindo sobrexàver em meio à mais persistente

e injusta perseguição comercial de subsídios e "dumpings" de

que se tem lembrança na lüstória da luta pelos mercados mun diais;

10.® — Porque tem ainda pela frente possibilidades quase ine.xploradas, quando se lhe estenderem as vantagens amplas de financia mentos especiais, para a sua ex

ploração científica e racional e se empregarem métodos moder nos de cultivo mecânico, de de fesa das terras contra as erosões,

de colheita, beneficiamento, en-

fnrdamento ainda mais capri chosos de que os já em vigor. Uma lavoura que apresenta essas cre

denciais e ostenta tão poderoso patri mônio não pode falhar, porque se falliar é a derrota da própria técnica e da or ganização econômica.


Digesxo Econômico

38

'

Dioesto Econômico

em São Paulo, descreveu há três anos um trabalho notável, denominado a re

ção algodoeira, como as usinas de bene-

É verdade que esse custo também subiu em nosso meio, pela queda anor

gião algodoeira paulista a de mais forte

ficiamento, as fábricas de óleo, de te

mal do rendimento das terras, conse

capacidade de expansão do mundo. A sua valiosa opinião tem bases reais

na continuação e na expansão da produ

qüente a condições desfavoráveis do

de escoamento de sua produção,

nizações de exportadores e comerciantes

tempo. Repetições de períodos tão de

por fenovias e rodovias, apresen tando ainda um pôrto que no ano passado, em meio a crise sem precedentes de congestionamento,

na expansão aqui registada no período

Com esse verdadeiro mundo de múltiplas

sastrosos, como o do último trienio não

facetas, todos vivendo à sombra gene

são comuns. Se bem que seja impossí

O que é necessário agora é vencer a

de mfiior fortiecedor de algodão do

rosa do algodão, com a cooperação e assistência mais entusiastas e diretas dos poderes públicos, pela reorganização e unificação de seus órgãos especializados o algodão não desaparecerá da vida

mundo no hemisfério meridional.

econômica de São Paulo ou não termi

três últimos anos de safras irregulares, para poder São Paulo voltar à posição

vel prever o tempo, tudo faz crer que poderemos ter anos melhores de agora em diante, com mais adequada distri buição de chuvas e plantio e cultivo das lavouras em condições mais apropriadas. São Paulo tem, pois, um grande fu turo algodoeiro, porque:

nará os seus dias gloriosos de fastígio Programa de oito pontos

Para se obter essa recuperação pa rece-nos aconselhável a adoção de um programa de oito pontos:

1) — Reestruturação e ampliação dos órgãos técnicos da Secretaria da

h

Agricultura responsáveis pela se leção e multiplicação de semen

tes, fiscalização de usinas, padro nização e classificação, defesa con tra as pragas, combate à erosão e fiscalização de adubos;

2) — Ampliação e facilitação do crédi to agrícola aos lavradores de al godão; 3) — Intensificação das práticas de adubação;

4) — Rotação das culturas;

5) — Aproveitamento racional das ter

e esplendor como cultura apagada e

1.° — Dispõe ainda da melhor organi

subsidiária, mas continuará como um dos mais fortes esteios da economia

zação algodoeira dc qualquer centro competidor, necessitando apenas reestruturá-la para voltar aos seus grandes dias de eficiên

de São Paulo.

Mais de um bilhão de cruzeiros acha-

se empregado em usinas, prensas, fábri

cas de óleo e outras instalações algo-

cia e entusiasmo;

doeiras, como armazéns, reprensadoras e prensas. Um exército vive e depende

2.® — Tem

ganização; outro exército o sustenta, no

trabaUio das lavouras disseminadas pelos quatro cantos de São Paulo. Se a crise é forte, após três a quatro

anos de safras minguadas, não é, entre tanto, suficiente, a nosso ver, para ani

se levantou, pelo esforço da técnica e do

intemaciona'. Subsíd os, assistência, cré

6) — Mecanização das lavouras;

ditos, preços mínimos, tudo quanto se

7) — Combate à erosão; 8) — Combate às pragas.

faz fora de São Paulo e do Brasil para impedir o deslocamento do eixo económ'co algodoeiro das antigas glebas

acentua-

racterísticos de fibra, enfardamento, classificação comercial, rendimento industrial, não encon

Porque, em última análise, quem vai decidir do futuro do algodão é o custo

clima

4.® — Porque possui algodões cujos ca

trabalho bandeirantes.

da produção, encarado em seu aspecto

e

hemisfério meridional;

quilar essa modelar organização que aqui

ras, através de métodos culturais

terras

damente favoráveis à exploração algodoeira; 3.® — Planta, cultiva e colhe algodão em períodos quando não há pràticamente outros grandes com petidores, pois é a maior zona produtora mundial localizada no

dêle na movimentação dessa grande or

adequados às atuais variedades-algodoe ras e às que forem criadas;

k' •

tram sérios competidores em qualquer parte do mundo; 5.® — Porque tem possibilidades reais de produzir a baixo custo, quan do melhoradas as condições de cultivo mecânico, adubação, co

O futuro do algodão em São Paulõ

para as terras mais novas de nosso meio,

lheita e beneficiamento de suas

Com esse programa, com a coopera

será debalde, se o custo de produção continuar ali mais elevado do que em

6.® — Porque dispõe de modelar rede

ção de tôdas as entidades interessadas

7.® — Porque tem facilidades especiais

cidos, as grandes reprensadoras, as orga

de 1930 a 1934.

crise de desconfiança e desânimo dos

algodão dotadas da mais moder na aparelhagem;

lavouras; de usinas de beneficiamento de

São Paulo. ■

CM-',

foi o que conseguiu 'embarcar mais algodão no mundo; 8.® — Porque já demonstrou sua capa cidade de e.xpansão e competi

ção

nos

mercados

mundiais,

quando os preços internacionais eram os mais baixos da Ixistória,

deslocando outros algodões de

mercados julgados privativos de sua

esfera

de

influência

e

ação;

9.® — Porque está conseguindo sobrexàver em meio à mais persistente

e injusta perseguição comercial de subsídios e "dumpings" de

que se tem lembrança na lüstória da luta pelos mercados mun diais;

10.® — Porque tem ainda pela frente possibilidades quase ine.xploradas, quando se lhe estenderem as vantagens amplas de financia mentos especiais, para a sua ex

ploração científica e racional e se empregarem métodos moder nos de cultivo mecânico, de de fesa das terras contra as erosões,

de colheita, beneficiamento, en-

fnrdamento ainda mais capri chosos de que os já em vigor. Uma lavoura que apresenta essas cre

denciais e ostenta tão poderoso patri mônio não pode falhar, porque se falliar é a derrota da própria técnica e da or ganização econômica.


Dicesto Econômico

o fpfiMAèma mjcjUMjoJL cUx Viü^ por Edgabd Teixeira Leite

j^uNCA se apresentou com tanta clareza consumo atual do Brasil é de dezoito

com 72 grs. por dia. Se é precário, sob o aspecto "individual", é prccaríssimo, sob o aspecto "coletivo", o aspec

o problema nacional do trigo.

O

39

Insubstituível nos

vida de seu povo. "Isso só é possível

centros urbanos, pe'a facilidade de sua

industrializando, pois criando vacas e

comercialização, decorrente de sua sto-

ckagem, obtenção em todas as épocas

plantando trigo nunca alcançaremos êste objetivo", são afirmativas bem recentes

do ano, fabricação industrial, o seu suprimento não tem apenas efeitos de

selho de Economia da Argentina. E já

zado dos alimentos.

ordem "alimentar". Os de ordem "psi

dicam que, mesmo partindo do per ca pita de 27 quilos (hoje é de 16 a 17),

neste momento, estão proibidas, ao que parece, as importações de tecidos, na quele país, mostrando quanto seria alea tória a política de pretender basear a nossa questão al-mentar, subordinando-a à ingênua fórmula: trigo da Argentina — manufatura do Brasil. Já rimos o aspecto da quantidade. Examinemos o do preço. Como se sabe, o general

renta e cinco milhões de habitantes, es

haveria necessidade de intensificar o

Peron estabeleceu o "controle pelo go-

taria abastecido apenas por noventa dias

consumo de trigo entre nós, de 81% —

vêmo do sistema econômico da Nação",

na expressão textual de um dos seus co

cológica" são dos mais relevantes: a

história registra, em todos os tempos e

milhões de sacos de farinha, de cin

to de abastecimento.

qüenta quilos,.ou cerca de um milhão

que são escritas estas linhas, e.xame ri

e duzentas mil toneladas. Apenas cêrca de dez por cento são produzidas dentro

dentro de nossas fronteiras, havia, as

no desenvolvimento da desordem social.

de nossas fronteiras: Rio Grande, Santa

segurado apenas para trinta ou qua

Estudos recentes, bem conduzidos, in

Catarina e um pouco no Paraná. A pro dução destes Estados não é suficiente nem mesmo para seu abastecimento. O

de Miguel Miranda, presidente do Con

No momento em

goroso, em todo o país, verificou que, renta dias. E, com o já embarcado e em viagem, um grande país, com qua

em todos os países, o papel político da escassez de pão, como fator precípuo,

nosso principal fornecedor é a Argentina. As suas safras, que já atingiram a oito milhões de toneladas, são hoje de cêrca de 5.500.000 toneladas. O excedente

a cem. De tal modo sempre estivemos

para alcançarmos o nível considerado razoável de 2.400

laboradores

destinado aos mercados externos é apro ximadamente de 2.500.000 toneladas,

nesta dependência, que os órgãos ofi ciais e as organizações privadas, que

calorias.

ma na apresenta

lidam com ôste setor, a acreditam sa

das quais 1.250.000 são enviadas ao Brasil.

O nosso consumo

tisfatória e normal... porque poderia ser pior. Não é preciso insistir o que re

presentaria em fatôres, que podem sobrevir, na época

per capita ano, que já atingiu a 23 quilos (certos autores mencionara 27), é

hoje de perto de 18 qui los. Compare-se com o de outros povos:

Argentina

155. Estados Unidos 100, França 183, Suécia 220, e

ter-se-á a exata posição

alimentar do Brasil, que se

to

ção do plano qüinqüenal que

alimentação de 17

"era

para 34 quilos —

a afirmativa que

ainda muito abaixo

estaVa empregan do a economia di

das necessidades —

vivemos: greves de trans portes terrestres e maríti

p excedente de trigo argentino expor

mos, demoras de embar

ques, infortúnios no mar, mudança de orientação da política econômica nos paí ses exportadores e até con flitos

internacionais.

É

dinação" ao estrangeiro, em

da

relação ao mais generali-

ocidental,

mais

evidente a nossa "subor

O "Digesto EconÓJTiKO tem a honra de publicar êste trabalho de autoria do dr. Edgara Teixeira Leite, atual secretário da Agricultura, Indústria e Comércio do Estado do Rio de Janeiro e representante da Comissão Central do Preço no Conselho

Nacional do Trigo. O dr. Edgard Teixeira Leite é nome de projeção nos meios econômicos e financeiros do pais, antigo deputado federal e secretário da Fazenda

pelo Estado de Pernambuco, atual mesídente da Sociedade dos Amigos de Alberto Torres e vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura.

Afir

simples — o da

agitada e incerta em que

situa entre os mais baixos entre as nações da chama

civilização

siderações

De con

veremos que todo

injustificada

rigida, e por isso

tável mal daria para atender às nossas necessidades. Mas a nossa população cresce de um milhão por ano e também a sua capacidade aquisitiva, ao passo que decrcsceu a safra argentina. E ter-se-á chegado à primeira conclusão: á de, num futro bem próximo, não poder a Argentina — cujas safras dccres-

çeqi — suprir totalmente o nosso povo. Fica assim e'uc;dado o argumento tan

pressupunha ignorância ou maldade, e que estava respeitando as leis da oferta e da procmu, atuando com preços eco nômicos e não com preços políticos". A realidade é diversa. Organizado o Instituto Argentino de Promoção de In tercâmbio, cuja sigla é lAPI, está im

pondo para o trigo preços que discor dam dos vigentes no mercado intema-

cional. Fixando para o produtor o preço de 17 pesos, por 100 quilos de trigo,

tas vezes renovado, com boa fé e simpli cidade: a Argentina plantando trigo pa ra alimentar o Brasil e'o Brasil suprin

o lAPI vende ao "mundo actualmente

do a Argentina de artefatos de sua in

a Argentina está realizando vigorosa po

para comer", na frase de Peron, a preços crescentes de 30 pesos, 35 a 40, a 45, com perspectivas de novos aumen

lítica, visando elevar o "standard" de

tos para os "povos na miséria" — as

dústria, notadamente de tecidos.

Mas

en Ia miséria, que debe pedir muchas

veces, planideramente Io que necesita


Dicesto Econômico

o fpfiMAèma mjcjUMjoJL cUx Viü^ por Edgabd Teixeira Leite

j^uNCA se apresentou com tanta clareza consumo atual do Brasil é de dezoito

com 72 grs. por dia. Se é precário, sob o aspecto "individual", é prccaríssimo, sob o aspecto "coletivo", o aspec

o problema nacional do trigo.

O

39

Insubstituível nos

vida de seu povo. "Isso só é possível

centros urbanos, pe'a facilidade de sua

industrializando, pois criando vacas e

comercialização, decorrente de sua sto-

ckagem, obtenção em todas as épocas

plantando trigo nunca alcançaremos êste objetivo", são afirmativas bem recentes

do ano, fabricação industrial, o seu suprimento não tem apenas efeitos de

selho de Economia da Argentina. E já

zado dos alimentos.

ordem "alimentar". Os de ordem "psi

dicam que, mesmo partindo do per ca pita de 27 quilos (hoje é de 16 a 17),

neste momento, estão proibidas, ao que parece, as importações de tecidos, na quele país, mostrando quanto seria alea tória a política de pretender basear a nossa questão al-mentar, subordinando-a à ingênua fórmula: trigo da Argentina — manufatura do Brasil. Já rimos o aspecto da quantidade. Examinemos o do preço. Como se sabe, o general

renta e cinco milhões de habitantes, es

haveria necessidade de intensificar o

Peron estabeleceu o "controle pelo go-

taria abastecido apenas por noventa dias

consumo de trigo entre nós, de 81% —

vêmo do sistema econômico da Nação",

na expressão textual de um dos seus co

cológica" são dos mais relevantes: a

história registra, em todos os tempos e

milhões de sacos de farinha, de cin

to de abastecimento.

qüenta quilos,.ou cerca de um milhão

que são escritas estas linhas, e.xame ri

e duzentas mil toneladas. Apenas cêrca de dez por cento são produzidas dentro

dentro de nossas fronteiras, havia, as

no desenvolvimento da desordem social.

de nossas fronteiras: Rio Grande, Santa

segurado apenas para trinta ou qua

Estudos recentes, bem conduzidos, in

Catarina e um pouco no Paraná. A pro dução destes Estados não é suficiente nem mesmo para seu abastecimento. O

de Miguel Miranda, presidente do Con

No momento em

goroso, em todo o país, verificou que, renta dias. E, com o já embarcado e em viagem, um grande país, com qua

em todos os países, o papel político da escassez de pão, como fator precípuo,

nosso principal fornecedor é a Argentina. As suas safras, que já atingiram a oito milhões de toneladas, são hoje de cêrca de 5.500.000 toneladas. O excedente

a cem. De tal modo sempre estivemos

para alcançarmos o nível considerado razoável de 2.400

laboradores

destinado aos mercados externos é apro ximadamente de 2.500.000 toneladas,

nesta dependência, que os órgãos ofi ciais e as organizações privadas, que

calorias.

ma na apresenta

lidam com ôste setor, a acreditam sa

das quais 1.250.000 são enviadas ao Brasil.

O nosso consumo

tisfatória e normal... porque poderia ser pior. Não é preciso insistir o que re

presentaria em fatôres, que podem sobrevir, na época

per capita ano, que já atingiu a 23 quilos (certos autores mencionara 27), é

hoje de perto de 18 qui los. Compare-se com o de outros povos:

Argentina

155. Estados Unidos 100, França 183, Suécia 220, e

ter-se-á a exata posição

alimentar do Brasil, que se

to

ção do plano qüinqüenal que

alimentação de 17

"era

para 34 quilos —

a afirmativa que

ainda muito abaixo

estaVa empregan do a economia di

das necessidades —

vivemos: greves de trans portes terrestres e maríti

p excedente de trigo argentino expor

mos, demoras de embar

ques, infortúnios no mar, mudança de orientação da política econômica nos paí ses exportadores e até con flitos

internacionais.

É

dinação" ao estrangeiro, em

da

relação ao mais generali-

ocidental,

mais

evidente a nossa "subor

O "Digesto EconÓJTiKO tem a honra de publicar êste trabalho de autoria do dr. Edgara Teixeira Leite, atual secretário da Agricultura, Indústria e Comércio do Estado do Rio de Janeiro e representante da Comissão Central do Preço no Conselho

Nacional do Trigo. O dr. Edgard Teixeira Leite é nome de projeção nos meios econômicos e financeiros do pais, antigo deputado federal e secretário da Fazenda

pelo Estado de Pernambuco, atual mesídente da Sociedade dos Amigos de Alberto Torres e vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura.

Afir

simples — o da

agitada e incerta em que

situa entre os mais baixos entre as nações da chama

civilização

siderações

De con

veremos que todo

injustificada

rigida, e por isso

tável mal daria para atender às nossas necessidades. Mas a nossa população cresce de um milhão por ano e também a sua capacidade aquisitiva, ao passo que decrcsceu a safra argentina. E ter-se-á chegado à primeira conclusão: á de, num futro bem próximo, não poder a Argentina — cujas safras dccres-

çeqi — suprir totalmente o nosso povo. Fica assim e'uc;dado o argumento tan

pressupunha ignorância ou maldade, e que estava respeitando as leis da oferta e da procmu, atuando com preços eco nômicos e não com preços políticos". A realidade é diversa. Organizado o Instituto Argentino de Promoção de In tercâmbio, cuja sigla é lAPI, está im

pondo para o trigo preços que discor dam dos vigentes no mercado intema-

cional. Fixando para o produtor o preço de 17 pesos, por 100 quilos de trigo,

tas vezes renovado, com boa fé e simpli cidade: a Argentina plantando trigo pa ra alimentar o Brasil e'o Brasil suprin

o lAPI vende ao "mundo actualmente

do a Argentina de artefatos de sua in

a Argentina está realizando vigorosa po

para comer", na frase de Peron, a preços crescentes de 30 pesos, 35 a 40, a 45, com perspectivas de novos aumen

lítica, visando elevar o "standard" de

tos para os "povos na miséria" — as

dústria, notadamente de tecidos.

Mas

en Ia miséria, que debe pedir muchas

veces, planideramente Io que necesita


Í^TTT DrciiSTO

40

Econóküco 41

Dicesto Econômico

nações imprevidentes, que são obriga

tudo isso — leia-se o discurso do sub-se-

das a acratar, esgotando-se em san grias permanentes de sua economia. Neste momento, o Brasil está despen dendo cerca de duzentos cruzeiros por saco de farinha que consome: multi-

cretário de Agricultura, Cluyton Anderson, ao se encerrar a Conferência Inter

plique-se pelos dezessete milhões de seu consumo anual de importação estran

nacional de Cereais, há poucos dias, em Paris. Advertindo contra a desmedida

esperança de fornecimento de cereais dos Estados Unidos, diz: "Esta tendência

anti-realista parece consistir na crença

esta sangria: 2.500.000.000 a Cr$ 4,00 o quilo = 3.400.000.000,00. A farinha

de que os fornecimentos são ilimitados nos países exportadores e ao que diz respeito aos Estados Unidos, que não há

argentina hoje já nos está sendo vendida

limite prático à medida em que nosso

a Cr§ 215,00 o saco, na base de 40

país pode dispor de transporte e fun dos para exportação de cereais". Por isso pôde ser reservada para o Brasil quantidade insignificante, que não re

geira, e ter-se-á a quantia que atinge

pesos, 100 quilos de trigo. A próxi ma remessa, cujo preço subiu para 45 pesos, vai ser de Cr$ 238,00.

Temos

assim, partindo de bases seguras, outro elemento para examinar o problema na cional do trigo: o da impossibilidade de obtê-lo em quantidades suficientes e a preços razoáveis e com segurança de

suprimento. Na verdade, como é pú-

^ blico e notório, apesar do convênio as sinado com o Brasil, cancelou a Argen

presenta senão parcela mínima do nos so já precário consumo. Que nos valha esta lição, sobretudo sob um dos aspec

nos considerasse supridos de trigo (por noventa dias), ou porque efetivamen

já "atualmente" precário em quantidade e regularidade de suprimento como base

te não pudesse atender, pela escassez de sua safra. Em qualquer caso: aviso

o nosso povo.

mos receber, afirma-se, em largas quan

de país irmão.

não ser esquecida. Na verdade, os Estados Unidos estão colhendo uma das safras "records" de sua história: 385.173.200 hectolitros.

Apesar de

ços remuneradores, evitadas interferên

técnica, mas, também, antes, de ordem

organização dos mercados, o que se po

econômica. As da primeira categoria —

deria chamar, enfim, de "política nacio nal" do trigo, que está ainda por ser

isto é — o problema do "trigo nacio nal", já está satisfatoriamente resolvido: possibilidade de plantação, terras e varie dades adequadas, resistentes às ferru gens, e luna experiência mais que cen

cias que desanimem a lavoura, com a

resolrída, isto é, em "plano econômico

paralelo ao plano técnico".

É do que se deve cuidar, com o maior interesse e urgência, porque estamos

uma série de fatores: métodos de traba

diante de problema vital, que não é apenas econômico: é problema de de

lho e conhecimentos, trabalhadores trei

fesa nacional, no seu mais alto e comple

nados.

to sentido.

tenária de sua cultura, criando tôda

b) que o aspecto de intercâmbio

pitão que não cuidou" do famoso con ceito camoneano, volvemos nossas espe ranças para os Estados Unidos. Podería

ra grande e proveitosa lição, que deve ser aprendida e meditada, e sobretudo

— é indispensável que sejam preenchi das condições, não apenas de ordem

de abastecimento regular de pão para comercial, troca de trigo argentino por produtos manufaturados brasileiros, não pôde ser encarado nos seus estritos têrmos, em face da industrialização do gran

nlia daquele país, amigo e generoso.

produtor, e não ao intermediário; o da defesa do produto, pela garantia de pre

suficientemente esclarecido:

a) que não podemos contar, exclusi

Entretanto o que vai ocorrendo, encer

da produção; com o financiamento ao

Pôsto o problema em

vamente, com trigo de origem argentina,

tidades e a preços muito baratos, a fari-

cultura do trigo — em larga produção

comporta o da organização econômica

seus justos termos parece que ficou

das, que nos deveria fazer, ou porque

Então, porque agimos, como o "ca

estrangeiros, relativamente a um pro duto chave como o do trigo. Mas para fundarmos a grande agri

tos mais graves do problema: o da de fesa nacional.

tina duas remessas de 100.000 tonela

aos navegantes descuidados!

Mas o "problema nacional" do trigo

do abastecimento e da política de países

e) que o suprimento de trigo ame ricano, mesmo em face de grandes sa

Lord Lirüithsow, atual presidente em exercício da "Empire Cotton Growing

Corporation", degrau que o mundo está seriamente preocupado quanto ao supria mento de algodão. No ano anterior a colheita dos Estados Unidos, calculada em

fras, é precário, ainda quando não ocor

8.500.000 fardos, foi a menor desde 1921.

ram circunstâncias excepcionais, que im

de algodão do tipo norte-americano, colhido no Império Britânico e enviado ao

peçam o seu transporte:

Lancashire, constituiria uma economia de dólares, tendo êle apDnado a uma re

d) que os problemas número um de um povo — alimentação e defesa nacio nal — não podem estar na dependência

presentação da entidade que se avistaria com o ministro das Colônias britânicas, sr.

Declarou aquele titular na convenção anual da corporação, que cada fardo

Arthur Greech Joncs, para solicitar-lhe um amparo mais liberal aos gooernos co

loniais a fim de que possam eficientemente favorecer a produção do algodão «o Império Britânico.


Í^TTT DrciiSTO

40

Econóküco 41

Dicesto Econômico

nações imprevidentes, que são obriga

tudo isso — leia-se o discurso do sub-se-

das a acratar, esgotando-se em san grias permanentes de sua economia. Neste momento, o Brasil está despen dendo cerca de duzentos cruzeiros por saco de farinha que consome: multi-

cretário de Agricultura, Cluyton Anderson, ao se encerrar a Conferência Inter

plique-se pelos dezessete milhões de seu consumo anual de importação estran

nacional de Cereais, há poucos dias, em Paris. Advertindo contra a desmedida

esperança de fornecimento de cereais dos Estados Unidos, diz: "Esta tendência

anti-realista parece consistir na crença

esta sangria: 2.500.000.000 a Cr$ 4,00 o quilo = 3.400.000.000,00. A farinha

de que os fornecimentos são ilimitados nos países exportadores e ao que diz respeito aos Estados Unidos, que não há

argentina hoje já nos está sendo vendida

limite prático à medida em que nosso

a Cr§ 215,00 o saco, na base de 40

país pode dispor de transporte e fun dos para exportação de cereais". Por isso pôde ser reservada para o Brasil quantidade insignificante, que não re

geira, e ter-se-á a quantia que atinge

pesos, 100 quilos de trigo. A próxi ma remessa, cujo preço subiu para 45 pesos, vai ser de Cr$ 238,00.

Temos

assim, partindo de bases seguras, outro elemento para examinar o problema na cional do trigo: o da impossibilidade de obtê-lo em quantidades suficientes e a preços razoáveis e com segurança de

suprimento. Na verdade, como é pú-

^ blico e notório, apesar do convênio as sinado com o Brasil, cancelou a Argen

presenta senão parcela mínima do nos so já precário consumo. Que nos valha esta lição, sobretudo sob um dos aspec

nos considerasse supridos de trigo (por noventa dias), ou porque efetivamen

já "atualmente" precário em quantidade e regularidade de suprimento como base

te não pudesse atender, pela escassez de sua safra. Em qualquer caso: aviso

o nosso povo.

mos receber, afirma-se, em largas quan

de país irmão.

não ser esquecida. Na verdade, os Estados Unidos estão colhendo uma das safras "records" de sua história: 385.173.200 hectolitros.

Apesar de

ços remuneradores, evitadas interferên

técnica, mas, também, antes, de ordem

organização dos mercados, o que se po

econômica. As da primeira categoria —

deria chamar, enfim, de "política nacio nal" do trigo, que está ainda por ser

isto é — o problema do "trigo nacio nal", já está satisfatoriamente resolvido: possibilidade de plantação, terras e varie dades adequadas, resistentes às ferru gens, e luna experiência mais que cen

cias que desanimem a lavoura, com a

resolrída, isto é, em "plano econômico

paralelo ao plano técnico".

É do que se deve cuidar, com o maior interesse e urgência, porque estamos

uma série de fatores: métodos de traba

diante de problema vital, que não é apenas econômico: é problema de de

lho e conhecimentos, trabalhadores trei

fesa nacional, no seu mais alto e comple

nados.

to sentido.

tenária de sua cultura, criando tôda

b) que o aspecto de intercâmbio

pitão que não cuidou" do famoso con ceito camoneano, volvemos nossas espe ranças para os Estados Unidos. Podería

ra grande e proveitosa lição, que deve ser aprendida e meditada, e sobretudo

— é indispensável que sejam preenchi das condições, não apenas de ordem

de abastecimento regular de pão para comercial, troca de trigo argentino por produtos manufaturados brasileiros, não pôde ser encarado nos seus estritos têrmos, em face da industrialização do gran

nlia daquele país, amigo e generoso.

produtor, e não ao intermediário; o da defesa do produto, pela garantia de pre

suficientemente esclarecido:

a) que não podemos contar, exclusi

Entretanto o que vai ocorrendo, encer

da produção; com o financiamento ao

Pôsto o problema em

vamente, com trigo de origem argentina,

tidades e a preços muito baratos, a fari-

cultura do trigo — em larga produção

comporta o da organização econômica

seus justos termos parece que ficou

das, que nos deveria fazer, ou porque

Então, porque agimos, como o "ca

estrangeiros, relativamente a um pro duto chave como o do trigo. Mas para fundarmos a grande agri

tos mais graves do problema: o da de fesa nacional.

tina duas remessas de 100.000 tonela

aos navegantes descuidados!

Mas o "problema nacional" do trigo

do abastecimento e da política de países

e) que o suprimento de trigo ame ricano, mesmo em face de grandes sa

Lord Lirüithsow, atual presidente em exercício da "Empire Cotton Growing

Corporation", degrau que o mundo está seriamente preocupado quanto ao supria mento de algodão. No ano anterior a colheita dos Estados Unidos, calculada em

fras, é precário, ainda quando não ocor

8.500.000 fardos, foi a menor desde 1921.

ram circunstâncias excepcionais, que im

de algodão do tipo norte-americano, colhido no Império Britânico e enviado ao

peçam o seu transporte:

Lancashire, constituiria uma economia de dólares, tendo êle apDnado a uma re

d) que os problemas número um de um povo — alimentação e defesa nacio nal — não podem estar na dependência

presentação da entidade que se avistaria com o ministro das Colônias britânicas, sr.

Declarou aquele titular na convenção anual da corporação, que cada fardo

Arthur Greech Joncs, para solicitar-lhe um amparo mais liberal aos gooernos co

loniais a fim de que possam eficientemente favorecer a produção do algodão «o Império Britânico.


I*

tiiGESTO Econômico

O Cristianismo e Le Play

cédés d'exploitation et d'élaboration en usage dans les divers pays. A

43

pensée d'une réforme, ce n'est qu*à

cette fin il visita une fois le Dane-

Ia suite de Texpórience et en combinant les voies et moyens qu*il propo-

Conferência proferida pcio prof. Louis Baudin, antigo professor da

mark, une fois Ia Suède et Ia Nor-

se avec toutes les forces vives de Ia

Universidade de Viena e atual da de Harvard na cátedra dc Co

vège, trois fois Ia Russie, six fois TAn-

civilisation actuelle, sans prétendre

mércio Internacional, a 24 de abril de 1947, sob os auspícios da Caixa

gletcrre, deux fois TEspagne, trois

en étouffer ni en refoulcr le déve-

Econômica Federal de São Paulo.

fois ritalie, une fois Ia Moravie, Ia

loppement. Toutefois il a vu des plaies, il les a sondées, il a êru dé-

conferência de hoje difere das

mente abau^ada. Os olhos sumidos sob

já pronunciadas.

pesadas pálpebras.

Devo apre

Os braços pendi

sentar-vos hoje um grande ho

dos.

mem, coisa

Desde que quer exprimir um pensamen

afinal de contas

Parece absorvido em si mesmo.

se

to, tomar parte em uma discussão, o

Já tive ocasião de caracterizar o que

olhar transmuda-se, revelando pene tração e firmeza. Sua palavra e tôda

mais

ou

menos

rara

de

encontrar.

entendo por indivíduo de elite.

Usan

do o mesmo critério objetivamente e procurando, através dos tempos, uma ilustração para a tese sustentada, não poderia deixar de escolher Frederico Le Play.

Entre os seus contemporâneos, Le Play foi tido como um sábio. Para os pôs teres e particularmente para seus co-

menladores, continua sendo um homem de primeira plana, digno de.toda con sideração, mas algo misterioso, de di fícil qualificação. E os historiadores das

doutrinas, que são obrigados a enqua

drá-lo numa categoria, não sabem onde

inclui-lo. Por isso, às vêzes, apõem-lhe uma rubrica muito singular: a de "con

fessional", que não é um epíteto próprio à Economia.

À guisa de introdução traçarei, segun do os autores do tempo, o retrato de Le Play. Eis como o descreveu um

sua pessoa refetem uma calma interior

Hongrie, Ia Turquie d'Eiirope: il fit un grand voyage en Carinthie, dans le Tyrol: il traversa nombre de fois TAllemagne. Bref, Ia Scandinavie exceptée, il a yisitc a peu prós trois fois en moyenne chaque parlie de TEurope. Des missions spécialcs qui lui furent confiées par les gouvernements, par des souverains ou par

cou\Tir des dangers pour Tavenir et,

à certains égards, des príncipes de décadence, si Ton n'y avisait et si Fon n'y portait remède; et non seulement il averti, mais en savant, en.

homme pratique, muni de toutes les lumières de son temps et de tous les matériaux particuliers qu'il a rassemblés, au fait de tous les ingré-

oriunda de inabalável convicção".

de três puissants particuliers, le mi-

Vejamos agora o retrato psicológico que nos é dado por Samte-Beuve, e

rent à môme de faire des observa-

dients et les mobiles sociaux, sachant

tions comparées aprofondies, depuis Ia Belgique jusqu'aux confins de 1'Europe et dc VAsie; pas une forge importante ne lui a échappé: il a'eu a en diriger lui-même; il a eu dans

tous les rouages et tous les ressorts,

consta do tômo IX da obra intitulada "Nouveaux lundis":

"Esprit exact, sévère, pénétrant, exigeant avec lui-même, il ne négiigea rien de ce qui pouvait perfectionner son enseignement et faire avancer Ia science d'application a laquelle il s'était voué.

les usines de |'Oural jusqu'à 45.000 individus sous ses ordres, une véritable armée d'ouvriers.

L'im de ces hommes rares, chez qui

Au lieu de s'en tenir aux livres et

Ia conscience en tout est vm besoin

aux procedes en usage dans son pays, il voyagea et le fit avec ordre, mé-

grand plaisir comme Ia récompense

thode, en tenant note et registre de chaque observation, sans rien laisser d'inexploré ou d'étudié à demi. On prendra idée de Ia masse de notions precises ainsi amassées par lui et passées ensulte au creuset, pour

de première nécessité et dont le plus est dans Ia poursuite même d'un travail et dans Taccomplissement absolu d'une fonction". E mais adiante:

..."M. Le Play est d*une généra-

il propose des moyens précis de se corriger et de s'arrêter à temps".

A citação é um pouco longa. Faço-a ^ porqxre, saída da pena de Sante-Beuve, é realmente alguma coisa de extraor dinário. Encontramos aí também, sublinliado, na citação de xuna carta de Mon-

talembert, escrita a Augustin Cochin em 10 de outubro de 1864, o traço carac

terístico de Le Play, a sua coragem moral:

"Je hs le livre de Le Play et j'en suis émerveillé. II n'a pas paru de livre plus important et plus intéres- sant depuis le grand ouvrage de Toc-

tion toute nouvelle (Chamo a aten

quevíUe sur Ia Démocratie: et Le

ção sôbre esta observação, pois, cos

seu contemporâneo que o conheceu bem, em artigo escrito em 1882: "Le Play

en sachant que depuis 1829 jusqu'en 1853, c'est-à-dire pendant vingt-

tuma-se apresentá-lo, ao contrário, como antiquado em relação à sua

Play a le mérite d'avoir bícn plus de courage que Tocquevüle, qui n'a jamais osé braver un prejugé puis-

é um temperamento nervoso. Curvado,

quatre ans, il fit un voyage de six

época); il est rhomme de Ia société

sant... II faut que vous lui rendiez

magro, modestamente vestido. De pa lavra pronta de sentido, não fixa a atenção. Mas desde que o observemos impressiona-nos pela delicadeza dos seus

mois chaque année, et un voyage d'étude, non une toumée de plai-

modeme par excellence, nourri de sa

pleine justice, et que nous adoptions son livre comme notre programme,

traços. A fronte alta, descoberta, forte

ainsi dire, de son rigouxeux esprit,

Llhiver à Paris, il faisait sont

vie, élevé dans son progrès, dans ses sciences et dans leurs appUcations,

cours, et Tété venu, il partait pour aller vérifier sur les lieux les pro-

do Ia lignée des fils de Monge et

de détail, qui pourront être assez

de Berthollet; et, s*il a conçu Ia

nombreux".

sir.

sans nous" arrêter aux dissentiments


I*

tiiGESTO Econômico

O Cristianismo e Le Play

cédés d'exploitation et d'élaboration en usage dans les divers pays. A

43

pensée d'une réforme, ce n'est qu*à

cette fin il visita une fois le Dane-

Ia suite de Texpórience et en combinant les voies et moyens qu*il propo-

Conferência proferida pcio prof. Louis Baudin, antigo professor da

mark, une fois Ia Suède et Ia Nor-

se avec toutes les forces vives de Ia

Universidade de Viena e atual da de Harvard na cátedra dc Co

vège, trois fois Ia Russie, six fois TAn-

civilisation actuelle, sans prétendre

mércio Internacional, a 24 de abril de 1947, sob os auspícios da Caixa

gletcrre, deux fois TEspagne, trois

en étouffer ni en refoulcr le déve-

Econômica Federal de São Paulo.

fois ritalie, une fois Ia Moravie, Ia

loppement. Toutefois il a vu des plaies, il les a sondées, il a êru dé-

conferência de hoje difere das

mente abau^ada. Os olhos sumidos sob

já pronunciadas.

pesadas pálpebras.

Devo apre

Os braços pendi

sentar-vos hoje um grande ho

dos.

mem, coisa

Desde que quer exprimir um pensamen

afinal de contas

Parece absorvido em si mesmo.

se

to, tomar parte em uma discussão, o

Já tive ocasião de caracterizar o que

olhar transmuda-se, revelando pene tração e firmeza. Sua palavra e tôda

mais

ou

menos

rara

de

encontrar.

entendo por indivíduo de elite.

Usan

do o mesmo critério objetivamente e procurando, através dos tempos, uma ilustração para a tese sustentada, não poderia deixar de escolher Frederico Le Play.

Entre os seus contemporâneos, Le Play foi tido como um sábio. Para os pôs teres e particularmente para seus co-

menladores, continua sendo um homem de primeira plana, digno de.toda con sideração, mas algo misterioso, de di fícil qualificação. E os historiadores das

doutrinas, que são obrigados a enqua

drá-lo numa categoria, não sabem onde

inclui-lo. Por isso, às vêzes, apõem-lhe uma rubrica muito singular: a de "con

fessional", que não é um epíteto próprio à Economia.

À guisa de introdução traçarei, segun do os autores do tempo, o retrato de Le Play. Eis como o descreveu um

sua pessoa refetem uma calma interior

Hongrie, Ia Turquie d'Eiirope: il fit un grand voyage en Carinthie, dans le Tyrol: il traversa nombre de fois TAllemagne. Bref, Ia Scandinavie exceptée, il a yisitc a peu prós trois fois en moyenne chaque parlie de TEurope. Des missions spécialcs qui lui furent confiées par les gouvernements, par des souverains ou par

cou\Tir des dangers pour Tavenir et,

à certains égards, des príncipes de décadence, si Ton n'y avisait et si Fon n'y portait remède; et non seulement il averti, mais en savant, en.

homme pratique, muni de toutes les lumières de son temps et de tous les matériaux particuliers qu'il a rassemblés, au fait de tous les ingré-

oriunda de inabalável convicção".

de três puissants particuliers, le mi-

Vejamos agora o retrato psicológico que nos é dado por Samte-Beuve, e

rent à môme de faire des observa-

dients et les mobiles sociaux, sachant

tions comparées aprofondies, depuis Ia Belgique jusqu'aux confins de 1'Europe et dc VAsie; pas une forge importante ne lui a échappé: il a'eu a en diriger lui-même; il a eu dans

tous les rouages et tous les ressorts,

consta do tômo IX da obra intitulada "Nouveaux lundis":

"Esprit exact, sévère, pénétrant, exigeant avec lui-même, il ne négiigea rien de ce qui pouvait perfectionner son enseignement et faire avancer Ia science d'application a laquelle il s'était voué.

les usines de |'Oural jusqu'à 45.000 individus sous ses ordres, une véritable armée d'ouvriers.

L'im de ces hommes rares, chez qui

Au lieu de s'en tenir aux livres et

Ia conscience en tout est vm besoin

aux procedes en usage dans son pays, il voyagea et le fit avec ordre, mé-

grand plaisir comme Ia récompense

thode, en tenant note et registre de chaque observation, sans rien laisser d'inexploré ou d'étudié à demi. On prendra idée de Ia masse de notions precises ainsi amassées par lui et passées ensulte au creuset, pour

de première nécessité et dont le plus est dans Ia poursuite même d'un travail et dans Taccomplissement absolu d'une fonction". E mais adiante:

..."M. Le Play est d*une généra-

il propose des moyens précis de se corriger et de s'arrêter à temps".

A citação é um pouco longa. Faço-a ^ porqxre, saída da pena de Sante-Beuve, é realmente alguma coisa de extraor dinário. Encontramos aí também, sublinliado, na citação de xuna carta de Mon-

talembert, escrita a Augustin Cochin em 10 de outubro de 1864, o traço carac

terístico de Le Play, a sua coragem moral:

"Je hs le livre de Le Play et j'en suis émerveillé. II n'a pas paru de livre plus important et plus intéres- sant depuis le grand ouvrage de Toc-

tion toute nouvelle (Chamo a aten

quevíUe sur Ia Démocratie: et Le

ção sôbre esta observação, pois, cos

seu contemporâneo que o conheceu bem, em artigo escrito em 1882: "Le Play

en sachant que depuis 1829 jusqu'en 1853, c'est-à-dire pendant vingt-

tuma-se apresentá-lo, ao contrário, como antiquado em relação à sua

Play a le mérite d'avoir bícn plus de courage que Tocquevüle, qui n'a jamais osé braver un prejugé puis-

é um temperamento nervoso. Curvado,

quatre ans, il fit un voyage de six

época); il est rhomme de Ia société

sant... II faut que vous lui rendiez

magro, modestamente vestido. De pa lavra pronta de sentido, não fixa a atenção. Mas desde que o observemos impressiona-nos pela delicadeza dos seus

mois chaque année, et un voyage d'étude, non une toumée de plai-

modeme par excellence, nourri de sa

pleine justice, et que nous adoptions son livre comme notre programme,

traços. A fronte alta, descoberta, forte

ainsi dire, de son rigouxeux esprit,

Llhiver à Paris, il faisait sont

vie, élevé dans son progrès, dans ses sciences et dans leurs appUcations,

cours, et Tété venu, il partait pour aller vérifier sur les lieux les pro-

do Ia lignée des fils de Monge et

de détail, qui pourront être assez

de Berthollet; et, s*il a conçu Ia

nombreux".

sir.

sans nous" arrêter aux dissentiments


DiGESTO Econômico

44

O que admiro em Le Play é sobre tudo a coragem que lhe permite atacar de frente, sem embustes, a moral e os preconceitos do seu tempo. No geral rende-se homenagem à inteligência e ao

fazem os estudantes de hoje, ao Jardim de Luxemburgo. Encontrava-se com ou tros camaradas e estudantes do Quartier Latin. Punha-se a falar então, não

45

Digesto Econômico

Na Escola de Minas havia o hábito de

fazer com que os estudantes viajassem. Le Play começou a viajar como estu dante, continuando a fazê-lo depois que

pulações operárias, menos avançadas, pa recem mais felizes que outras. Seria uma lei fatal essa em virtude da qual

o homem, à medida que se eleva em civilização, parece menos satisfeito e

de questões científicas, mas de ques

saiu da escola. Visitou as minas de Lor-

saber, sem se levar em conta o caráter.

tões sociais.

contente da sua sorte?

É por este motivo que a apreciação de

vores do Jardim do Luxemburgo, junto

raine. Percorreu tòda a Europa, parte do Levante, os Países Baixos, a África.

Sainte-Beuve nos é particularmente sim

à Fonte de Nêmesis, foi que.Le Play

Conhecia muito bem a Europa. Percor

pática.

chegou à concepção a que me referi. Foi assim que travou relações com Mi-

reu a Escandinávia, a Europa Central, a

Abandonou a cátedra, pediu demissão para consagrar-se unicamente à ciência

Rússia várias vezes.

chel Chevalier e com Bastiat.

lho, bom no cavalo, falava seis línguas; foi úm grande viajor, com uma reser

social. Abandonar a cadeira de profes

Eis aí Le Play pintado física e psico logicamente.

E sob a sombra das ár

Êste

força de se ouvir falar de um autor

atravessava no momento uma crise mo ral. Foi assim que nasceu ao mesmo

quando já é célebre e, portanto, idoso, acaba-se por imaginar que o mesmo

tudo o reformador social. Por esta época

Veja-se, entretanto, o seguinte:

À

nunca teve mocidade. Ck)ncordo que há

tempo o físico, o matemático e sobre

queimou as mãos em uma explosão de

pessoas velhas desde o nascimento. Mas

laboratório.

êste não é o caso de Le Play. Lendose a correspondência de Le Play vê-se,

ter imóvel, durante um certo tempo,

ao contrário, que, na sua juventude, foi

como os demais rapazes, alegre, vivo

Viu-se forçado a se man

em seu quarto. Aproveitou a oportuni dade para meditar sobre as conversas mantidas com seus camaradas. Isto foi

clieio de bom humor. Em viagem que

em 1834, portanto, depois da Revo

fez à Espanha, vestiu-se à espanhola, de capa e sombrero, e cheio de espírito pôs-se a declamar: "Yo soy ei jefe de

lução de 1830. Não se faz sempre uma

Ia cabaUeria espanola".

Aí está o homem. Vejamos agora, rapidamente, a sua vida. Nasceu perto de Honfleur, na Baixa Normandia. Co

nheceu a paz e a calma no seio da

família de um agrimensor burguês. Estava também destinado a ser um bom

agrimensor rural. Mas a sorte decidiu de maneira diversa.

Encontrou certa

vez um amigo que, sabendo ser Le

Play bom em matemática, aconselhou-o a apresentar-se à Escola Politécnica. Aí distinguindo-se como uma pessoa bri

idéia exata dessa Revolução de 1830,

que nos parece secundária. Muitos es píritos conservadores desse tempo tinliam ficado vivamente impressionados

com os horrores da grande revolução de 1789 e com o que de fundamental e vital foi suprimido com a destruição do antigo regime. Pretendia-se, pois, com a Revolução de 1830 voltar ao passado, restabelecendo pura e simplesmente, por meio de autoridade direta, o que se

pudesse ressuscitar. Mas Le Play impressionara-se sobretudo com os horro res a que assistiu na Revolução de 1830 e essa impressão produziu-lhe um sen timento que jamais o abandonou duran

Era ótimo andari

va: não sei porque não visitou a Amé rica, o que ouso dizer, foi uma lacuna grave.

E sempre nas suas viagens

conduzia o pão da ciência: a técnica.

Le Play tomou então uma grave de cisão, que revela a sua coragem moral.

sor após ter alcançado o "standíng" a que chegou foi realmente um ato de bravura; a auto-disciplína que atingiu é heróica.

Tomou-se um educador do homem.

Resume-se em três palavras a finalida de visada: A paz social. Ins

Nomeado professor da Es cola de Minas, foi um gran

creve-se imediatamente como

de mestre e técnico de pri

grande adversário da luta de classe e, portanto, como indi

meira ordem.

Mas ao mes

mo tempo que estudava e

vidualista e liberal, conforme

fazia suas observações téc-

êle mesmo o disse.

O interessante em sua dou

nicad, estudava o homem.

Preocupava-se com o operá

trina é verificar-se não ser

rio. Redigiu observações de ordem social, por exemplo,

um professor ou apóstolo abs

êsse matemático, êsse físico, trato. Ao contrário estamos diante de um cientista com

nas suas célelDres "Memórias

sòbre o processo metalúrgico

"

empregado no País de Gales sôbre a fabricação do cobre". Ao lado das observações técnicas, julgadas boas pelos

especialistas, escreveu sobre as condições de vida dos fundidores do País de Gales,

comparando-as com as de outros lu

pleto. Busca exemplos, ilustrações, obser vações. Nada avança sem o apoio dos fatos.

Escreveu então sua famosa monogra fia: "Les ouvriers européens". É um trabalho coroado pela Academia de Ciências. Depois Le Play publicou sua

gares, o que é muito instrutivo. A Revolução de 1848 foi decisiva para

"Reforme sociale de France", em 18B4,

Le Play. Os graves problemas suscita

livro que teve seis edições sucessivas,

dos, as sombrias idéias geradas, fize-

durante a sua vida.

São trabalhos que se encontram, hoje,

lhante, entrou na Escola de Minas, em te toda a vida. Da mesma forma que 1827.'Lá começou a observar o mundo. Le Play, outros espíritos ilustres como Situava-se a Escola de Minas, como Benjamin Constant, Tocqueville, Royer-

ram-no supor que a humanidade enlou

ainda hoje, no Boulevard de Saint Mi- CoUard foram tomados da mesma im pressão ante os efeitos catastróficos da chel, no Quartíer Laün, Le Play, es Restauração.

quecera. Gom essa Revolução Le Play tem a visão da disparidade entre o pro gresso técnico e a moral. Porque não

nas bibliotecas, ao lado das obras sobre o Direito Civil, de Pothier, de Histoire Romaine, de Rollin. Mas é um traba

obstante essa técnica e êsse aperfeiçoa

lho que, no seu tempo, todo mundo

mento o homem, ou melhor, certas po

teve entre as mãos.

tudante, tinha o hábito de ir, como o


DiGESTO Econômico

44

O que admiro em Le Play é sobre tudo a coragem que lhe permite atacar de frente, sem embustes, a moral e os preconceitos do seu tempo. No geral rende-se homenagem à inteligência e ao

fazem os estudantes de hoje, ao Jardim de Luxemburgo. Encontrava-se com ou tros camaradas e estudantes do Quartier Latin. Punha-se a falar então, não

45

Digesto Econômico

Na Escola de Minas havia o hábito de

fazer com que os estudantes viajassem. Le Play começou a viajar como estu dante, continuando a fazê-lo depois que

pulações operárias, menos avançadas, pa recem mais felizes que outras. Seria uma lei fatal essa em virtude da qual

o homem, à medida que se eleva em civilização, parece menos satisfeito e

de questões científicas, mas de ques

saiu da escola. Visitou as minas de Lor-

saber, sem se levar em conta o caráter.

tões sociais.

contente da sua sorte?

É por este motivo que a apreciação de

vores do Jardim do Luxemburgo, junto

raine. Percorreu tòda a Europa, parte do Levante, os Países Baixos, a África.

Sainte-Beuve nos é particularmente sim

à Fonte de Nêmesis, foi que.Le Play

Conhecia muito bem a Europa. Percor

pática.

chegou à concepção a que me referi. Foi assim que travou relações com Mi-

reu a Escandinávia, a Europa Central, a

Abandonou a cátedra, pediu demissão para consagrar-se unicamente à ciência

Rússia várias vezes.

chel Chevalier e com Bastiat.

lho, bom no cavalo, falava seis línguas; foi úm grande viajor, com uma reser

social. Abandonar a cadeira de profes

Eis aí Le Play pintado física e psico logicamente.

E sob a sombra das ár

Êste

força de se ouvir falar de um autor

atravessava no momento uma crise mo ral. Foi assim que nasceu ao mesmo

quando já é célebre e, portanto, idoso, acaba-se por imaginar que o mesmo

tudo o reformador social. Por esta época

Veja-se, entretanto, o seguinte:

À

nunca teve mocidade. Ck)ncordo que há

tempo o físico, o matemático e sobre

queimou as mãos em uma explosão de

pessoas velhas desde o nascimento. Mas

laboratório.

êste não é o caso de Le Play. Lendose a correspondência de Le Play vê-se,

ter imóvel, durante um certo tempo,

ao contrário, que, na sua juventude, foi

como os demais rapazes, alegre, vivo

Viu-se forçado a se man

em seu quarto. Aproveitou a oportuni dade para meditar sobre as conversas mantidas com seus camaradas. Isto foi

clieio de bom humor. Em viagem que

em 1834, portanto, depois da Revo

fez à Espanha, vestiu-se à espanhola, de capa e sombrero, e cheio de espírito pôs-se a declamar: "Yo soy ei jefe de

lução de 1830. Não se faz sempre uma

Ia cabaUeria espanola".

Aí está o homem. Vejamos agora, rapidamente, a sua vida. Nasceu perto de Honfleur, na Baixa Normandia. Co

nheceu a paz e a calma no seio da

família de um agrimensor burguês. Estava também destinado a ser um bom

agrimensor rural. Mas a sorte decidiu de maneira diversa.

Encontrou certa

vez um amigo que, sabendo ser Le

Play bom em matemática, aconselhou-o a apresentar-se à Escola Politécnica. Aí distinguindo-se como uma pessoa bri

idéia exata dessa Revolução de 1830,

que nos parece secundária. Muitos es píritos conservadores desse tempo tinliam ficado vivamente impressionados

com os horrores da grande revolução de 1789 e com o que de fundamental e vital foi suprimido com a destruição do antigo regime. Pretendia-se, pois, com a Revolução de 1830 voltar ao passado, restabelecendo pura e simplesmente, por meio de autoridade direta, o que se

pudesse ressuscitar. Mas Le Play impressionara-se sobretudo com os horro res a que assistiu na Revolução de 1830 e essa impressão produziu-lhe um sen timento que jamais o abandonou duran

Era ótimo andari

va: não sei porque não visitou a Amé rica, o que ouso dizer, foi uma lacuna grave.

E sempre nas suas viagens

conduzia o pão da ciência: a técnica.

Le Play tomou então uma grave de cisão, que revela a sua coragem moral.

sor após ter alcançado o "standíng" a que chegou foi realmente um ato de bravura; a auto-disciplína que atingiu é heróica.

Tomou-se um educador do homem.

Resume-se em três palavras a finalida de visada: A paz social. Ins

Nomeado professor da Es cola de Minas, foi um gran

creve-se imediatamente como

de mestre e técnico de pri

grande adversário da luta de classe e, portanto, como indi

meira ordem.

Mas ao mes

mo tempo que estudava e

vidualista e liberal, conforme

fazia suas observações téc-

êle mesmo o disse.

O interessante em sua dou

nicad, estudava o homem.

Preocupava-se com o operá

trina é verificar-se não ser

rio. Redigiu observações de ordem social, por exemplo,

um professor ou apóstolo abs

êsse matemático, êsse físico, trato. Ao contrário estamos diante de um cientista com

nas suas célelDres "Memórias

sòbre o processo metalúrgico

"

empregado no País de Gales sôbre a fabricação do cobre". Ao lado das observações técnicas, julgadas boas pelos

especialistas, escreveu sobre as condições de vida dos fundidores do País de Gales,

comparando-as com as de outros lu

pleto. Busca exemplos, ilustrações, obser vações. Nada avança sem o apoio dos fatos.

Escreveu então sua famosa monogra fia: "Les ouvriers européens". É um trabalho coroado pela Academia de Ciências. Depois Le Play publicou sua

gares, o que é muito instrutivo. A Revolução de 1848 foi decisiva para

"Reforme sociale de France", em 18B4,

Le Play. Os graves problemas suscita

livro que teve seis edições sucessivas,

dos, as sombrias idéias geradas, fize-

durante a sua vida.

São trabalhos que se encontram, hoje,

lhante, entrou na Escola de Minas, em te toda a vida. Da mesma forma que 1827.'Lá começou a observar o mundo. Le Play, outros espíritos ilustres como Situava-se a Escola de Minas, como Benjamin Constant, Tocqueville, Royer-

ram-no supor que a humanidade enlou

ainda hoje, no Boulevard de Saint Mi- CoUard foram tomados da mesma im pressão ante os efeitos catastróficos da chel, no Quartíer Laün, Le Play, es Restauração.

quecera. Gom essa Revolução Le Play tem a visão da disparidade entre o pro gresso técnico e a moral. Porque não

nas bibliotecas, ao lado das obras sobre o Direito Civil, de Pothier, de Histoire Romaine, de Rollin. Mas é um traba

obstante essa técnica e êsse aperfeiçoa

lho que, no seu tempo, todo mundo

mento o homem, ou melhor, certas po

teve entre as mãos.

tudante, tinha o hábito de ir, como o


46

Digesto Econômico

Sem as procurar, recebeu honrarias em sua época. Foi nomeado Comissário Geral da Exposição, em 1867. Pela

mesmo nos homens mais perfeitos. As

de Le Play são de ordem doutrinária.

Vejamos, pois, a aliança do técnico

47

Digesto Econômico

à primeira vista, parece não devia ter uti lizado por não se tratar de orçamen tos de famílias de operários.

É que

ocuparam em criar oportunidades de trabalho. E a pedido de Napoleão III

mo se estuda qualquer ciência: a física, a química, a matemática, a biologia

"operário" tem um sentido particular para Le Play. Quando fa^a de operário não quer dizer "assalariado". Para Le Play há uma diferença entre as duas

etc.

palavras. "Operário" é toda pessoa que

escreveu, em 1870, um pequeno livro que se chamou "L'organization du Tra-

É por isso que Divisia, outro matemá

tratando de proprietário. Por exemplo:

vaíl",

tico e também economista, chama Le

, Em 1870-71, sobrevindo a guerra, a

Play de "o Quesnay e o Walras da eco

Comuna ficou profundamente abalada.

nomia social".

Luta de nações, luta de classes. No fundo tudo se resume numa coisa: de-

o proprietário de um motor, que traba lha para si mesnio, é um operário se gundo Le Play. Faço essa observação, pois pode causar estranheza encontra

ser descoberta.

sespêro, fruto dos mesmos erros.

serão métodos exatos de observação, a

primeira vez criou uma Galeria de His tória do Trabalho, distribuindo prêmios ao bom trabalhador e a todos que se

Prossegue no seu aposlolado. Funda

a "União para a paz social" e publica sua revista: "La réforme sociale".

E

em seguida inicia uma ciência social um pouco diferente. Profundamente ca

tólico, não era ignorado por Leão XIII, que o nomeou Comendador de S. Gre-

gório. A doutrina de Le Play cons tituiu a base de grandes encíclicas.

5 de abril de 1882, não longe IdessaEm Escola de Minas, onde a sua carreira teve início, na "Place de Saínt

Sulpice", faleceu Le Play como bom francês e bom cristão, td. como deve morrer um homem que sempre obede ceu aos ditames da sua consciência.

Eis o breve histórico pelo qual quis começar esta exposição. Revela-nos uma

personalidade mais complexa do que é comum admitir-se em Le Play: A prin cípio, a aliança do técnico e do refor mador, a qual lhe dá um método. Em seguida, a aliança do católico e do

G do reformador.

Devemos estudar a ciência social co

Existe uma natureza de coisas sociais.

Essa natureza das coisas sociais deve Os meios a empregar

saber: a monografia e a história.

Passarei por este ponto rapidamente,

corrente.

Todo mundo o sabe.

Êste

um regime familiar, quer na agricul tura, quer na indústria. Na agricultu ra existiam os proprietários, que Niviam nas suas terras, comívendo com os cul tivadores.

Trabalhavam ao seu lado e

os compreendiam.

Nas corporações o mestre estava junto ao aprendiz, em companhia dos operários. Todavia Le Play não faz o elogio incondicional do antigo regime. Mante

ve-se sempre imparcial. Ao contrário

diz que, sob o antigo regime, ha\ia

grafia, cuja paternidade se atribui a Le Play.

Tourville e outros, aperfeiçoaram-no,

A monografia é o estudo pormenori zado de algumas unidades pertencentes

devassidões da côrte, a corrupção dos nobres, o absenteísmo dos senliores e a

"Quadro da Ciência Social", que é uma

à série investigada, suscetível de uma

extensão do de Le Play.

pois ninguém ignora o que seja a mono

criando o método conhecido como o

generalização. O processo é muito vivo.

Para poder realizar pesquisas sôbre

violência desusada na sua pena: são as

centralização burocrática, em particular

na época de Luís XIV. Critica sobretudo os métodos empregados por Colbert, de que Le Play não gosta.

O indivíduo é observado no seu meio,

questões mais íntimas, Le Play e seus

durante o curso de sua existência, de

díscipulos fizeram-se operários, viveram

modo a ser apreendido na sua comple

no meio dos camponeses, a fim de que

nalista deve-se ter bem em mente o

xidade humana.

as monografias fôssem mais exatas.

sentido dêsse qualificativo, que, no caso, não é o sentido comum. É tradiciona lista no sentido de que vai buscar a

Difere da estatística,

processo puramente quantitativo, que não retém senão pontos comuns a certo número, o maior número possível de in divíduos. Envolve um perigo: o da

molins e Jacques Valdin Demoville para a monografia e para a história. A história, para Le Play, é uma

generalização.

fonte profana.

É uma constatação de

velhos clichês.

Os historiadores nem

É preciso ter segurança

de se tratar de uma unidade represen

Podemos citar ainda os nomes de De-

Quando se diz que Le Play é tradicio

tradição o que convém. Não admite tudo o que vem do antigo regune, da mesma forma que não diz que tudo ai era falso. O antigo regime não foi de to

sempre se dão ao trabalho de examiná-

do. um mal.

los de perto a fim de verificar a sua

um bem. Não existem pontos absolutos

à luz com o "orçamento familiar", pelo

exatidão. Le Play é muito rigoroso para

na história.

qual se verifica a orientação da des

com os historiadores amadores.

berdade sistemática.

tativa da generalidade, do tipo.

É o princípio ativo que Le Play pôs pesa local.

terística da classe.

certas deficiências, que sempre existem,

ções sôbre pessoas desse gênero. A monografia tomou-se um método

gozes. É bem uma caricatura, diz-nos Le Play. O antagonismo, ao contrário, nasceu depois de 1789. Outrora existia

abusos graves, denunciando-os com uma

doutrina.

Aí estão os dois pontos sôbre os

rem-se, nas suas moriografias, observa

França, unicamente de vitimas e de al

método sofreu depois modificações. Continuadores de Le Play, como Henri de

individualista-liberal, que lhe dá uma

quais assentarei minha exposição. Jun tarei um quarto ponto, que revelará

tem atividade manual, mesmo em se

mo entre as classes. A população apa rece, antes de 1789, como composta, em

Constitui mesmo a carac

Exige, de modo

geral, que os orçamentos sejam orça

mentos de operários. Os operários são iriais acessíveis que as classes médias. Todavia usou de muito orçamento que,

Assim, referindo-se ao antigo regime

A revolução não foi só A revolução não foi a li

De inicio transformou o antigo re

êle se ensinava, no seu tempo, aos es colares. O antigo regime era apresen

gime. Esta é a tese capital de Le Play. Denuncia o que chama de "falsos dogmas" da Revolução. Por aí pode-

tado como um sistema de opressão per

ríios precisar o seu pensamento.

manente, opressão do povo e antagonis

primeiro lugar está a liberdade sistemá-

diz não ter correspondido ao que sôbre

Em


46

Digesto Econômico

Sem as procurar, recebeu honrarias em sua época. Foi nomeado Comissário Geral da Exposição, em 1867. Pela

mesmo nos homens mais perfeitos. As

de Le Play são de ordem doutrinária.

Vejamos, pois, a aliança do técnico

47

Digesto Econômico

à primeira vista, parece não devia ter uti lizado por não se tratar de orçamen tos de famílias de operários.

É que

ocuparam em criar oportunidades de trabalho. E a pedido de Napoleão III

mo se estuda qualquer ciência: a física, a química, a matemática, a biologia

"operário" tem um sentido particular para Le Play. Quando fa^a de operário não quer dizer "assalariado". Para Le Play há uma diferença entre as duas

etc.

palavras. "Operário" é toda pessoa que

escreveu, em 1870, um pequeno livro que se chamou "L'organization du Tra-

É por isso que Divisia, outro matemá

tratando de proprietário. Por exemplo:

vaíl",

tico e também economista, chama Le

, Em 1870-71, sobrevindo a guerra, a

Play de "o Quesnay e o Walras da eco

Comuna ficou profundamente abalada.

nomia social".

Luta de nações, luta de classes. No fundo tudo se resume numa coisa: de-

o proprietário de um motor, que traba lha para si mesnio, é um operário se gundo Le Play. Faço essa observação, pois pode causar estranheza encontra

ser descoberta.

sespêro, fruto dos mesmos erros.

serão métodos exatos de observação, a

primeira vez criou uma Galeria de His tória do Trabalho, distribuindo prêmios ao bom trabalhador e a todos que se

Prossegue no seu aposlolado. Funda

a "União para a paz social" e publica sua revista: "La réforme sociale".

E

em seguida inicia uma ciência social um pouco diferente. Profundamente ca

tólico, não era ignorado por Leão XIII, que o nomeou Comendador de S. Gre-

gório. A doutrina de Le Play cons tituiu a base de grandes encíclicas.

5 de abril de 1882, não longe IdessaEm Escola de Minas, onde a sua carreira teve início, na "Place de Saínt

Sulpice", faleceu Le Play como bom francês e bom cristão, td. como deve morrer um homem que sempre obede ceu aos ditames da sua consciência.

Eis o breve histórico pelo qual quis começar esta exposição. Revela-nos uma

personalidade mais complexa do que é comum admitir-se em Le Play: A prin cípio, a aliança do técnico e do refor mador, a qual lhe dá um método. Em seguida, a aliança do católico e do

G do reformador.

Devemos estudar a ciência social co

Existe uma natureza de coisas sociais.

Essa natureza das coisas sociais deve Os meios a empregar

saber: a monografia e a história.

Passarei por este ponto rapidamente,

corrente.

Todo mundo o sabe.

Êste

um regime familiar, quer na agricul tura, quer na indústria. Na agricultu ra existiam os proprietários, que Niviam nas suas terras, comívendo com os cul tivadores.

Trabalhavam ao seu lado e

os compreendiam.

Nas corporações o mestre estava junto ao aprendiz, em companhia dos operários. Todavia Le Play não faz o elogio incondicional do antigo regime. Mante

ve-se sempre imparcial. Ao contrário

diz que, sob o antigo regime, ha\ia

grafia, cuja paternidade se atribui a Le Play.

Tourville e outros, aperfeiçoaram-no,

A monografia é o estudo pormenori zado de algumas unidades pertencentes

devassidões da côrte, a corrupção dos nobres, o absenteísmo dos senliores e a

"Quadro da Ciência Social", que é uma

à série investigada, suscetível de uma

extensão do de Le Play.

pois ninguém ignora o que seja a mono

criando o método conhecido como o

generalização. O processo é muito vivo.

Para poder realizar pesquisas sôbre

violência desusada na sua pena: são as

centralização burocrática, em particular

na época de Luís XIV. Critica sobretudo os métodos empregados por Colbert, de que Le Play não gosta.

O indivíduo é observado no seu meio,

questões mais íntimas, Le Play e seus

durante o curso de sua existência, de

díscipulos fizeram-se operários, viveram

modo a ser apreendido na sua comple

no meio dos camponeses, a fim de que

nalista deve-se ter bem em mente o

xidade humana.

as monografias fôssem mais exatas.

sentido dêsse qualificativo, que, no caso, não é o sentido comum. É tradiciona lista no sentido de que vai buscar a

Difere da estatística,

processo puramente quantitativo, que não retém senão pontos comuns a certo número, o maior número possível de in divíduos. Envolve um perigo: o da

molins e Jacques Valdin Demoville para a monografia e para a história. A história, para Le Play, é uma

generalização.

fonte profana.

É uma constatação de

velhos clichês.

Os historiadores nem

É preciso ter segurança

de se tratar de uma unidade represen

Podemos citar ainda os nomes de De-

Quando se diz que Le Play é tradicio

tradição o que convém. Não admite tudo o que vem do antigo regune, da mesma forma que não diz que tudo ai era falso. O antigo regime não foi de to

sempre se dão ao trabalho de examiná-

do. um mal.

los de perto a fim de verificar a sua

um bem. Não existem pontos absolutos

à luz com o "orçamento familiar", pelo

exatidão. Le Play é muito rigoroso para

na história.

qual se verifica a orientação da des

com os historiadores amadores.

berdade sistemática.

tativa da generalidade, do tipo.

É o princípio ativo que Le Play pôs pesa local.

terística da classe.

certas deficiências, que sempre existem,

ções sôbre pessoas desse gênero. A monografia tomou-se um método

gozes. É bem uma caricatura, diz-nos Le Play. O antagonismo, ao contrário, nasceu depois de 1789. Outrora existia

abusos graves, denunciando-os com uma

doutrina.

Aí estão os dois pontos sôbre os

rem-se, nas suas moriografias, observa

França, unicamente de vitimas e de al

método sofreu depois modificações. Continuadores de Le Play, como Henri de

individualista-liberal, que lhe dá uma

quais assentarei minha exposição. Jun tarei um quarto ponto, que revelará

tem atividade manual, mesmo em se

mo entre as classes. A população apa rece, antes de 1789, como composta, em

Constitui mesmo a carac

Exige, de modo

geral, que os orçamentos sejam orça

mentos de operários. Os operários são iriais acessíveis que as classes médias. Todavia usou de muito orçamento que,

Assim, referindo-se ao antigo regime

A revolução não foi só A revolução não foi a li

De inicio transformou o antigo re

êle se ensinava, no seu tempo, aos es colares. O antigo regime era apresen

gime. Esta é a tese capital de Le Play. Denuncia o que chama de "falsos dogmas" da Revolução. Por aí pode-

tado como um sistema de opressão per

ríios precisar o seu pensamento.

manente, opressão do povo e antagonis

primeiro lugar está a liberdade sistemá-

diz não ter correspondido ao que sôbre

Em


48

Digesto Econômico

tica. É a primeira falha. No entanto Le Play diz-se liberal. Referindo-se a

toma posição. Os clássicos se lhe apre

Dunoyer, economista da primeira me

sentam, como ôle mesmo diz, como al

tade do século XIX, cem por cento li

guma coisa de fatal, de inevitável. Fa la-nos, em dado momento, de direito

beral, excessivamente irritante e violen

to em seus propósitos e que se manifes tou sôbre a Sociedade de Economia

Social, fundada por Le Play, conta como as coisas se passaram. Diz: "Du

noyer nos achou tão liberais que quis, em seguida, ser admitido entre nós". Portanto, Le Play se coloca entre os

Baptiste Say, mas ràpidamente.

Não

de propriedade individual. Não é ori ginal quando trata do assunto. Ao discutir as comunidades é mais in

teressante. boas críticas.

Cita-nos observações, faz Mas sôbre os fundamen

tos da propriedade nada bá. Quando nos fala de concorrência, de

liberais. Mas não é um liberal cego, fende-a bem. Ataca o monopólio. A pois rejeita a bberdade sistemática.

Posso dizer: é quasi um neo-bberal. Faz

distinção entre a liberdade sistemática, o anarquismo e o liberalismo.

Segundo falso dogma: a igualdade providencial. Neste ponto ataca Jean Jacques Rousseau, de maneira aliás mui

to gentil. Ataca também Tocqueville. ^ Tocquevil.e teve certos momentos de m depressão física. Atravessava nessa époW ca uma crise moral. Admitia certas idéias de igualitarismo necessário, que Le Play rejeitava com violência.

Terceiro falso dogma: o direito de re volta. Julga-o inadmissível. Diz Le Play: as revoluções nada melhoram. Não fazem senão modificar os abusos. O

crítica de Le Play é muito forte. Aqui também não é original. O aspecto econômico preocupa-o menos que o pro blema social.

Veremos o inconvenien

te disso.

Le Play edíficou sua doutrina por oposição aos falsos dogmas da Revolu

ção. Daí opor às liberdades absolutas, a moral e a religião. A igualdade pro videncial, a Iiierarquia. Ao direito de

tant e outros.

Passemos agora a examinar os fimda-

mentos da doutrina de Le Play. A doutrina de Le Play é social. Exis

49

no Decálogo, que é a regra, a lei.

A

tal ponto que se pode dizer que Le Play é um católico muito singular. Só £a2j alusão ao Djcoálogó, nunca ^ aos Santos Evangelhos. Para ele o Decálogo

é fundamental, por e.xemplo, quando examina o fator de produção que é o trabalho e a poupança. A maneira de Le Play conceber o trabalho é para nós alguma coisa de extraordinário.

A sua

fórmula é a seguinte: O fim supremo do trabalho é a virtude e não a riqueza.

Ê coisa desnorteante. Ler-se hoje em dia um lema como este é magnífico! É o grande tormento do individualismo, nu ma nova tonalidade.

mente não é economia.

Quero sublinhar, a propósito da con cepção familiar de Le Play, o seguinte: Le Play não procede por via de abstra ção ou de raciocínio dedutivo, teórico.

Não. Observa, fala de diferentes gêne ros de famiba: Há a princípio a família patriarcal. O pai conserva ao seu lado os filhos casados e exerce sôbre êles,

como sôbre seus filhos, uma autoridade

muito ampla. É o tipo de família que

viu entre os povos pastores do Oriente, entre os aldeões rus-

' sos e entre os povos eslavos da

virtude é utopia. Mas não devemos exagerar. Êste é o fim supremo, ou melhor, o ideal para Le Play.

Europa Central. Foi lá que constatou suas vantagens e in convenientes.

Observa a êste

propósito os erros, os grandes

Lendo-se o contexto ver-se-á que o fim imediato é um mí

nia certa medida. Para apresentar me-

nimo de bem-estar para o

Ihof a coisa, situa o indivíduo ao mes

triarcal. Êste tipo de comuni dade abafa a expansão de in

indivíduo.

dividualidades.

mo tempo diante de Deus, da família, e da sociedade. Esta a admirável cons

mal tendo a virtude como

trução de Le Play; A princípio diante de Deus: a religião e a moral. Eis o

ideal. É uma coisa até muito

que sua doutrina tem um aspecto con

fessional.

inconvenientes da família pa

Le Play não se colocava

bela. Não o estamos acusando quando dizemos que é coisa não encontrável em trabalhos sôbre economia.

Encontra-se um belo elogio sôbre a

Entretanto,

veja-se

bem:

Para além da família vê apa recer o indivíduo. Não ignorava

o

individuo, portanto.

Quando nos fala de família instável, cita-nos a população operária da Euro pa ocidental, submetida ao novo regime

poupança, em Le Play. Entende e de

manufatureiro. É muito comum também

monstra que a poupança atesta a exis

gue inteiramente a ciência técnica e a

entre as classes ricas de França, sob um

tência de um certo bem-estar. É neces

ciência moral, e mesmo contrapõe uma

sário testemunhar êsse bem-estar que,

conjunto de influências, entre as quais figura, em primeira plana, a divisão forçada de bens da herança.

A regra que apresenta, a qual distin

Le Play cuida do social, e apenas do

ses.' Mas o que interessa na poupan ça não é isso. A finalidade da pou

social.

Não se deve jamais inovar em moral

o investimento, como dizemos hoje em dia. A poupança tem a força de re primir paixões, de conter os apetites.

de economia. É muito grave. Sou obri

porque tudo foi dito. uma vez por tôdas.

gado a registrá-lo. De tempos a tem

Le Play refere-se aí ao Decálogo. Tôda a obra de Le Play está calcada

pos faz alusões a Adam Smith, a Jean

Le Play não ignorou o

busca de uma economia de

em particular, existe entre nós france

Não cuida

o indivíduo. indivíduo.

Essa

outra, é a seguinte: no domínio cientí

Não de economia.

conhecidas. A unidade é a família e não

Natural

fico e técnico as inovações são um bem, as invenções são fonte de progresso. No domínio moral as inovações são um mal.

te aqui um ponto que me desnorteia. A ê!e voltare' no fim desta exposição.

Coloquemos agora o indivíduo diante

da família. Suas concepções são muito

revolta, a autoridade, pelo menos nu-

que fez a grande Revolução? Simples primeiro fundamento da sociedade para mente transferiu a tirania do príncipe, passando-a à maioria. Não é original a Le Play. Ê por isso que se pode dizer idéia. Assim pensaram Benjamin Cons-

Dígesto Econômico

pança não é a acumulação de riquezas,

Eis o que interessa.

Sob êste

regime os filhos, não tendo que atender às necessidades dos parentes mais pró ximos, chegam ràpidamente a uma situa ção elevada, se dotados de capacidade.

Mas por outro lado, se se entregam ao vício estão mais ex-postos à miséria. O

inconveniente desse regime é, pois, criar


48

Digesto Econômico

tica. É a primeira falha. No entanto Le Play diz-se liberal. Referindo-se a

toma posição. Os clássicos se lhe apre

Dunoyer, economista da primeira me

sentam, como ôle mesmo diz, como al

tade do século XIX, cem por cento li

guma coisa de fatal, de inevitável. Fa la-nos, em dado momento, de direito

beral, excessivamente irritante e violen

to em seus propósitos e que se manifes tou sôbre a Sociedade de Economia

Social, fundada por Le Play, conta como as coisas se passaram. Diz: "Du

noyer nos achou tão liberais que quis, em seguida, ser admitido entre nós". Portanto, Le Play se coloca entre os

Baptiste Say, mas ràpidamente.

Não

de propriedade individual. Não é ori ginal quando trata do assunto. Ao discutir as comunidades é mais in

teressante. boas críticas.

Cita-nos observações, faz Mas sôbre os fundamen

tos da propriedade nada bá. Quando nos fala de concorrência, de

liberais. Mas não é um liberal cego, fende-a bem. Ataca o monopólio. A pois rejeita a bberdade sistemática.

Posso dizer: é quasi um neo-bberal. Faz

distinção entre a liberdade sistemática, o anarquismo e o liberalismo.

Segundo falso dogma: a igualdade providencial. Neste ponto ataca Jean Jacques Rousseau, de maneira aliás mui

to gentil. Ataca também Tocqueville. ^ Tocquevil.e teve certos momentos de m depressão física. Atravessava nessa époW ca uma crise moral. Admitia certas idéias de igualitarismo necessário, que Le Play rejeitava com violência.

Terceiro falso dogma: o direito de re volta. Julga-o inadmissível. Diz Le Play: as revoluções nada melhoram. Não fazem senão modificar os abusos. O

crítica de Le Play é muito forte. Aqui também não é original. O aspecto econômico preocupa-o menos que o pro blema social.

Veremos o inconvenien

te disso.

Le Play edíficou sua doutrina por oposição aos falsos dogmas da Revolu

ção. Daí opor às liberdades absolutas, a moral e a religião. A igualdade pro videncial, a Iiierarquia. Ao direito de

tant e outros.

Passemos agora a examinar os fimda-

mentos da doutrina de Le Play. A doutrina de Le Play é social. Exis

49

no Decálogo, que é a regra, a lei.

A

tal ponto que se pode dizer que Le Play é um católico muito singular. Só £a2j alusão ao Djcoálogó, nunca ^ aos Santos Evangelhos. Para ele o Decálogo

é fundamental, por e.xemplo, quando examina o fator de produção que é o trabalho e a poupança. A maneira de Le Play conceber o trabalho é para nós alguma coisa de extraordinário.

A sua

fórmula é a seguinte: O fim supremo do trabalho é a virtude e não a riqueza.

Ê coisa desnorteante. Ler-se hoje em dia um lema como este é magnífico! É o grande tormento do individualismo, nu ma nova tonalidade.

mente não é economia.

Quero sublinhar, a propósito da con cepção familiar de Le Play, o seguinte: Le Play não procede por via de abstra ção ou de raciocínio dedutivo, teórico.

Não. Observa, fala de diferentes gêne ros de famiba: Há a princípio a família patriarcal. O pai conserva ao seu lado os filhos casados e exerce sôbre êles,

como sôbre seus filhos, uma autoridade

muito ampla. É o tipo de família que

viu entre os povos pastores do Oriente, entre os aldeões rus-

' sos e entre os povos eslavos da

virtude é utopia. Mas não devemos exagerar. Êste é o fim supremo, ou melhor, o ideal para Le Play.

Europa Central. Foi lá que constatou suas vantagens e in convenientes.

Observa a êste

propósito os erros, os grandes

Lendo-se o contexto ver-se-á que o fim imediato é um mí

nia certa medida. Para apresentar me-

nimo de bem-estar para o

Ihof a coisa, situa o indivíduo ao mes

triarcal. Êste tipo de comuni dade abafa a expansão de in

indivíduo.

dividualidades.

mo tempo diante de Deus, da família, e da sociedade. Esta a admirável cons

mal tendo a virtude como

trução de Le Play; A princípio diante de Deus: a religião e a moral. Eis o

ideal. É uma coisa até muito

que sua doutrina tem um aspecto con

fessional.

inconvenientes da família pa

Le Play não se colocava

bela. Não o estamos acusando quando dizemos que é coisa não encontrável em trabalhos sôbre economia.

Encontra-se um belo elogio sôbre a

Entretanto,

veja-se

bem:

Para além da família vê apa recer o indivíduo. Não ignorava

o

individuo, portanto.

Quando nos fala de família instável, cita-nos a população operária da Euro pa ocidental, submetida ao novo regime

poupança, em Le Play. Entende e de

manufatureiro. É muito comum também

monstra que a poupança atesta a exis

gue inteiramente a ciência técnica e a

entre as classes ricas de França, sob um

tência de um certo bem-estar. É neces

ciência moral, e mesmo contrapõe uma

sário testemunhar êsse bem-estar que,

conjunto de influências, entre as quais figura, em primeira plana, a divisão forçada de bens da herança.

A regra que apresenta, a qual distin

Le Play cuida do social, e apenas do

ses.' Mas o que interessa na poupan ça não é isso. A finalidade da pou

social.

Não se deve jamais inovar em moral

o investimento, como dizemos hoje em dia. A poupança tem a força de re primir paixões, de conter os apetites.

de economia. É muito grave. Sou obri

porque tudo foi dito. uma vez por tôdas.

gado a registrá-lo. De tempos a tem

Le Play refere-se aí ao Decálogo. Tôda a obra de Le Play está calcada

pos faz alusões a Adam Smith, a Jean

Le Play não ignorou o

busca de uma economia de

em particular, existe entre nós france

Não cuida

o indivíduo. indivíduo.

Essa

outra, é a seguinte: no domínio cientí

Não de economia.

conhecidas. A unidade é a família e não

Natural

fico e técnico as inovações são um bem, as invenções são fonte de progresso. No domínio moral as inovações são um mal.

te aqui um ponto que me desnorteia. A ê!e voltare' no fim desta exposição.

Coloquemos agora o indivíduo diante

da família. Suas concepções são muito

revolta, a autoridade, pelo menos nu-

que fez a grande Revolução? Simples primeiro fundamento da sociedade para mente transferiu a tirania do príncipe, passando-a à maioria. Não é original a Le Play. Ê por isso que se pode dizer idéia. Assim pensaram Benjamin Cons-

Dígesto Econômico

pança não é a acumulação de riquezas,

Eis o que interessa.

Sob êste

regime os filhos, não tendo que atender às necessidades dos parentes mais pró ximos, chegam ràpidamente a uma situa ção elevada, se dotados de capacidade.

Mas por outro lado, se se entregam ao vício estão mais ex-postos à miséria. O

inconveniente desse regime é, pois, criar


Digesto Econômico

Dicesto Econômico

50

essa disparidade entre os membros de uma mesma família.

Finalmente, bá a família "souclie" ou

família tronco. Com esta concepção de família tronco, propõe a modificação da lei de sucessão, dando ao pai de famí

51

cunho renovador. É a propósito da sua concepção de autoridade social, qvie se ria a do pai de família, do chefe de emprêsa, ou seja, o estabelecimento das classes superiores. É grave o que nos

passava a um só herdeiro. É o direito de primogenitura. Le Play rejeita a conservação forçada em nome da liber

dade. Há o regime da partilha forçada,

lia a inteira liberdade de testar, de mo

que é o mais funesto por tender a des truir a autoridade paterna. É a causa da ruína e desagregação da maioria das

do que este possa instituir como princi

famílias.

pal herdeiro o filho a quem incumba

tudos de Le Play a respeito. Mostra que constituiu uma máquina de guerra

indivíduo e não de família?

de continuar sua obra. Se esta liberda

de lhe fosse concedida, o pai, na maio

nas mãos dos homens de Estado, e em

ria dos casos, escolheria para seu asso ciado, para continuar a sua obra, o filho

particular de Napoleão.

passagem onde Le Play deixa de lado o aspecto familiar e encara o aspecto

viu-se da herança forçada para assegurar

mais capaz.

seu poderio, graças à criação do mor-

Os outros receberiam um

diz: o problema social será resolvido por um pequeno número de homens su periores.

São muito interessantes- os es

Como?)

nota isso:

Napoleâo ser-

Então trata-se de

Vignes

"É curioso, diz.

Há uma

individual".

É verdade.

Mas Le Play está no

dote para se estabelecerem fora do lar

gado. Aliás em carta escrita por Napo

umbral do que se chama de teoria das

paterno, ou seriam instituídos pecúlios a seu favor, se preferissem conservar-se no

leão, a seu irmão José, rei de Nápoles, vêm expressamente declaradas as ra zões políticas que o levaram a promul gar o Código Civil. Há, finalmente, o

elites.

lar. Evidentemente é uma conciliação muito engenhosa entre o espírito de aventura de uns e o espírito caseiro de outros. Os exemplos abundam na Es candinávia, nos Apeninos, nos Altos Pirineus, na França.

Le Play escreveu sua "Réforme so-

vro belas páginas sôbre o papel da mu lher, sôbre o papel do pai de família, sôbre os filhos. Se o papel do soberano

é dirigir uma sociedade que não criou, o do pai é superior ao do soberano.

ro de indivíduos.

Volta então ao seu método, que é multo interessante também.

a concepção de Le Play é muito bela, embora não se possa dizer que seja

todo de ação, de relação entre as classes

Quanto à autoridade paterna faz com parações muito instrutivas. Num dos artigos da Constituição, promulgada na

te da sociedade. Nos termos em que Le

Play a considera o que existe é uma

Assembléia de 15 de março de 1846,

hierarquia.

constava que o direito do filho era

Há a hierarquia de pessoas, a prin cípio, e depois de profissões, menos co

cia pela herança. A propósito da heran ça há uma série de considerações em

Le Play. São famosos os tipos de su cessão: Há o tipo de conservação for

çada, pela qual o patrimônio da família

cular, nas forjas saonesas de Autrey-Lès Gray, de que nos pinta um magnífico quadro: o patrão é respeitado por todos

do enfraquecimento dos costumes e fu ato de discernimento e de amor.

Entre as gerações

é original. Viu o patronato funcionar, em parti

Com isso evitar-se-iam os males

bárbaros que se devem corrigir e moldar.

sucessivas a continuidade se estabele

lação de patronato. Mais uma vez não

da incessante mobilidade, que e causa

Le Play. Compara os filhos a pequenos

O filho merece menos consideração de

os operários; trata-os como um pai a seus filhas.

O patronato visa, numa certa medida, o bem-estar, Não é isto, entretanto, o

essencial.

Agora Le Play coloca o indivíduo dian

nhecida e menos curiosa.

À testa da hierarquia de pessoas es tão as autoridades sociais. Lastimo que Le

Play nãcr tenha comprovado a sua idéia. É neste ponto que se pretende im primir ao pensamento de Le Play o

É o mé

superiores e uma outra classe, é a re

me de sucessão no qual o pai pode dis por livremente, pelo menos da metade dos seus bens, embora tenha muitos fi

nesta para a fecundidade dos casamen tos, para as boas tradições domésticas. O ato superior que realiza o pai é um

igual ao dos pais.

concepções um pouco vagas de classe

sistema da liberdade testamentária. Aqui

lhos.

Ficou nessas

superior, formada por um certo núme

exata. Êsse sistema compreende o regi

ciale" em 1864. Encontramos nesse li

Não a constrói.

O patrão, diz-nos Le Play,

Estou

trões estão dispostos, em qualquer mo mento, a estabelecer um tal regime, nem

os operários a aceitá-lo.

Talvez seja

muito pessimista.

Sob influência de Le Play aparece ram na França as obras sociais. Graças

a ela vimos surgir no fim do grande quantidade de habitações rias, clínicas hospitalares, praças porte, por iniciativa dos patrões. Por aí se vê que a posteridade

século operá de es às vê-

zes é injusta com relação a Le Play. Dando aos patrões, na organização do

trabalho, o lugar de chefe, sublinha o interesse do patronato. Para que êste seja fecundo é preciso que haja estabili dade nos contratos. É preciso que a estabiüdade do operário na empresa seja assegurada. É preciso que haja um melhor conhecimento recíproco. Isto se estabelece graças a um contrato de longa duração.

Outro aspecto "apresentado por Le Play, de grande interêsse, sobretudo nas épocas de crise: a aliança entre o tra balho de fábrica e a terra. Desejava que todos os operários tivessem um quintal,

um jardim, a fim de que pudessem en

tregar-se a trabalhos de agricultura ou horticultura.

Escreve minuciosamente

sôbre as vantagens que adviriam aos

Eis aí

operários das cidades do cultivo de le gumes e da criação de abelhas. É o físiocrata dos operários.

uma concepção de patronato elevada e digna. O patrão deve dar o exemplo.

Vejamos agora a liierarquia das pes soas nas profissões. É a parte mais

É uma concepção muito boa, mas to

curiosa da obra de Le Play. Há escolas

tem por missão propagar entre os operá rios o conhecimento da ordem moral e

o respeito à lei e à família.

i

entanto, não se ilude. Diz-nos;

longe de acreditar que todos os pa

talmente rejeitada pela organização ope rária. É mesmo objeto de reprovação da parte do sindicato, que vê nela uma espécie de título de propriedade do pa trão sôbre cs operários. Le Play, no

de economia que salientaram a impor tância de certas atividades econômicas. Mas esta hierarquia não é estabelecida

por razões econômicas, como, por exem plo, o "produto líquido" na escola dos


Digesto Econômico

Dicesto Econômico

50

essa disparidade entre os membros de uma mesma família.

Finalmente, bá a família "souclie" ou

família tronco. Com esta concepção de família tronco, propõe a modificação da lei de sucessão, dando ao pai de famí

51

cunho renovador. É a propósito da sua concepção de autoridade social, qvie se ria a do pai de família, do chefe de emprêsa, ou seja, o estabelecimento das classes superiores. É grave o que nos

passava a um só herdeiro. É o direito de primogenitura. Le Play rejeita a conservação forçada em nome da liber

dade. Há o regime da partilha forçada,

lia a inteira liberdade de testar, de mo

que é o mais funesto por tender a des truir a autoridade paterna. É a causa da ruína e desagregação da maioria das

do que este possa instituir como princi

famílias.

pal herdeiro o filho a quem incumba

tudos de Le Play a respeito. Mostra que constituiu uma máquina de guerra

indivíduo e não de família?

de continuar sua obra. Se esta liberda

de lhe fosse concedida, o pai, na maio

nas mãos dos homens de Estado, e em

ria dos casos, escolheria para seu asso ciado, para continuar a sua obra, o filho

particular de Napoleão.

passagem onde Le Play deixa de lado o aspecto familiar e encara o aspecto

viu-se da herança forçada para assegurar

mais capaz.

seu poderio, graças à criação do mor-

Os outros receberiam um

diz: o problema social será resolvido por um pequeno número de homens su periores.

São muito interessantes- os es

Como?)

nota isso:

Napoleâo ser-

Então trata-se de

Vignes

"É curioso, diz.

Há uma

individual".

É verdade.

Mas Le Play está no

dote para se estabelecerem fora do lar

gado. Aliás em carta escrita por Napo

umbral do que se chama de teoria das

paterno, ou seriam instituídos pecúlios a seu favor, se preferissem conservar-se no

leão, a seu irmão José, rei de Nápoles, vêm expressamente declaradas as ra zões políticas que o levaram a promul gar o Código Civil. Há, finalmente, o

elites.

lar. Evidentemente é uma conciliação muito engenhosa entre o espírito de aventura de uns e o espírito caseiro de outros. Os exemplos abundam na Es candinávia, nos Apeninos, nos Altos Pirineus, na França.

Le Play escreveu sua "Réforme so-

vro belas páginas sôbre o papel da mu lher, sôbre o papel do pai de família, sôbre os filhos. Se o papel do soberano

é dirigir uma sociedade que não criou, o do pai é superior ao do soberano.

ro de indivíduos.

Volta então ao seu método, que é multo interessante também.

a concepção de Le Play é muito bela, embora não se possa dizer que seja

todo de ação, de relação entre as classes

Quanto à autoridade paterna faz com parações muito instrutivas. Num dos artigos da Constituição, promulgada na

te da sociedade. Nos termos em que Le

Play a considera o que existe é uma

Assembléia de 15 de março de 1846,

hierarquia.

constava que o direito do filho era

Há a hierarquia de pessoas, a prin cípio, e depois de profissões, menos co

cia pela herança. A propósito da heran ça há uma série de considerações em

Le Play. São famosos os tipos de su cessão: Há o tipo de conservação for

çada, pela qual o patrimônio da família

cular, nas forjas saonesas de Autrey-Lès Gray, de que nos pinta um magnífico quadro: o patrão é respeitado por todos

do enfraquecimento dos costumes e fu ato de discernimento e de amor.

Entre as gerações

é original. Viu o patronato funcionar, em parti

Com isso evitar-se-iam os males

bárbaros que se devem corrigir e moldar.

sucessivas a continuidade se estabele

lação de patronato. Mais uma vez não

da incessante mobilidade, que e causa

Le Play. Compara os filhos a pequenos

O filho merece menos consideração de

os operários; trata-os como um pai a seus filhas.

O patronato visa, numa certa medida, o bem-estar, Não é isto, entretanto, o

essencial.

Agora Le Play coloca o indivíduo dian

nhecida e menos curiosa.

À testa da hierarquia de pessoas es tão as autoridades sociais. Lastimo que Le

Play nãcr tenha comprovado a sua idéia. É neste ponto que se pretende im primir ao pensamento de Le Play o

É o mé

superiores e uma outra classe, é a re

me de sucessão no qual o pai pode dis por livremente, pelo menos da metade dos seus bens, embora tenha muitos fi

nesta para a fecundidade dos casamen tos, para as boas tradições domésticas. O ato superior que realiza o pai é um

igual ao dos pais.

concepções um pouco vagas de classe

sistema da liberdade testamentária. Aqui

lhos.

Ficou nessas

superior, formada por um certo núme

exata. Êsse sistema compreende o regi

ciale" em 1864. Encontramos nesse li

Não a constrói.

O patrão, diz-nos Le Play,

Estou

trões estão dispostos, em qualquer mo mento, a estabelecer um tal regime, nem

os operários a aceitá-lo.

Talvez seja

muito pessimista.

Sob influência de Le Play aparece ram na França as obras sociais. Graças

a ela vimos surgir no fim do grande quantidade de habitações rias, clínicas hospitalares, praças porte, por iniciativa dos patrões. Por aí se vê que a posteridade

século operá de es às vê-

zes é injusta com relação a Le Play. Dando aos patrões, na organização do

trabalho, o lugar de chefe, sublinha o interesse do patronato. Para que êste seja fecundo é preciso que haja estabili dade nos contratos. É preciso que a estabiüdade do operário na empresa seja assegurada. É preciso que haja um melhor conhecimento recíproco. Isto se estabelece graças a um contrato de longa duração.

Outro aspecto "apresentado por Le Play, de grande interêsse, sobretudo nas épocas de crise: a aliança entre o tra balho de fábrica e a terra. Desejava que todos os operários tivessem um quintal,

um jardim, a fim de que pudessem en

tregar-se a trabalhos de agricultura ou horticultura.

Escreve minuciosamente

sôbre as vantagens que adviriam aos

Eis aí

operários das cidades do cultivo de le gumes e da criação de abelhas. É o físiocrata dos operários.

uma concepção de patronato elevada e digna. O patrão deve dar o exemplo.

Vejamos agora a liierarquia das pes soas nas profissões. É a parte mais

É uma concepção muito boa, mas to

curiosa da obra de Le Play. Há escolas

tem por missão propagar entre os operá rios o conhecimento da ordem moral e

o respeito à lei e à família.

i

entanto, não se ilude. Diz-nos;

longe de acreditar que todos os pa

talmente rejeitada pela organização ope rária. É mesmo objeto de reprovação da parte do sindicato, que vê nela uma espécie de título de propriedade do pa trão sôbre cs operários. Le Play, no

de economia que salientaram a impor tância de certas atividades econômicas. Mas esta hierarquia não é estabelecida

por razões econômicas, como, por exem plo, o "produto líquido" na escola dos


Digesto EcoNó^^co

52

fisiocratas, mas por simples razões de ordem moral e social.

Põe também em primeira plana a

agricultura. A primeira atividade eco nômica é a agrícola. Por que? Porque harmoniza a família com o solo, asse

gura a sua independência, fornecendo meios de subsistência e, sobretudo, põe-

na ao abrigo da corrupção das cidades. Por questões de rendimento, de divi são do trabalho, da necessidade nacio

nal, depois da agricultura, vêm as minas. As minas prosperam quando o chefe é previdente. Quando não o fôr, pode rão apresentar resultados desfavoráveis do ponto de vista da estabilidade dos operários. Le Play desejava que as mi

nas fossem declaradas propriedade pri vada a fim de assegurar a continuida

de do trabalho. Le Play não era favo rável à nacionalização.

Depois das minas, vinham as manu faturas.

Estão ligadas ao solo.

São

propícias ao estabelecimento de famílias instáveis. Deveriam ser condenadas por Le Play, mas não o são. Mais uma vez

observamos êste traço peculiar ao espírito de Le Play.

Le Play nos diz que a manufatura é favorável à educação das individuali

dades eminentes. Eis a .concepção do indivíduo de elite que reaparece. Esta

preocupação curiosa, que sempre volta, admira-nos.

Surge agora o comércio. O comércio ó cosmopolita. Le Play entrega-se en tão a considerações sôbre o grande co mércio e o perigo de corrupção em vir tude das riquezas que acumula. O pe

queno comércio forneceu gerações de

riabalhadores liberais como os bascos, os asturianos, os tiroleses, os auvemhenses etc.

Em seguida vêm as profissões libe rais. Há aqui uma, regra interessante.

r

Quanto maior o número de membros das profissões liberais influentes e res ponsáveis, tanto mais agudas se acusam as divergências entre êles, isto e, tanto mais suscetíveis de grandeza ou de de cadência. Vejamos um e.^emplo (ouso dizer que Le Piay começa por um caso pouco apropriado: parece que não teve oportunidade de observar). O que nos

diz parece-nos um pouco singular. Co meça pelo guerreiro. Os homens de guerra, para Le Play são postos em pri meira plana. Não há disparidade en

53

DicESTO Econômico

rio. Não há aí meio termo: essa catego

uma excelente maneira de dar indepen

ria nos oferece e.xemplos de elevação ou

dência ao ensino superior. Há corpora

rebai-xamento.

ções de assistência.

É a propósito do Estado que Le Play afirma de novo seu individualismo.

O

individualismo é um princípio que o Es tado deve garantir. Serão atribuições

do Estado apenas aquelas que não pu derem ser preenchidas pelo indivíduo e

Critica estas por

que teme que êsse socorro regular ha bitue a quem o recebe a não trabalhar. Isto \iria agravar o pauperismo. Não deseja essas corporações porque são contTíurias á liberdade de trabalho. Aqui está de novo o liberal.

Cita a ordem.

Abordamos, afinal, a última parte,

tre êlcs, e isto porque se encontram

Declara-se contra o que hoje chamamos do economia dirigida. Na verdade, se há um intervencionismo em Le Play, como indicou meu amigo prof. Hugon,

que será muito curta. Sou obrigado a fazer algumas reservas a esta doutrina. É magnífica, impressio nante, majestosa. Os ensinamentos po

diante da morte. Le Play não fala na

é bem um intervencionismo*Çamiliar.

sitivos são numerosos: a moral, a fa

vida da casema; considera apenas o

momento da guerra.

Neste momento,

em presença da morte, são levados pela religião, o que me parece exagerado. Os professores surgem depois. Reú nem as aspirações do pai e do patrão. Premuniram-se contra a corrupção pelo

trabalho exigido pela busca da verdade. Como se dá com os guerreiros, não há disparidade entre os professores. A terceira categoria é a dos homens de letras e os artistas.

^

^

as outras coletividades.

Le Play só lida com agrupamentos co mo a família. Todos os demais agrupa mentos, julga-os suspeitos.

blico. Em virtude disso são suscetíveis de propagar tanto o bem quanto o ma.

Mas há um ensina

mento negativo: a debilidade da base econômica.

nidade nada adianta de interessante.

Le Play é um tipo de reformador so cial que não aprofunda a economia. Eis a prova: Não está na Reforma Social,

Estuda as associações corporativas de produção de 1848. Êste trabalho de Le

em outros escritos menos conhecidos.

As associações dividem-se em comu

nidades e corporações. Sôbre a comu

Play ó um dos mais interessantes que conheço sôbre o assunto, e admiràvel.mente feito.

Menciona em seguida as sociedades de

Exercem grande influência sobre pu

mília, a religião.

capital.

Desconfia dessas sociedades.

No entanto prestam serviços.

E cita

nem na Organização do Trabalho, mas

Le Play se aventura no plano da di nâmica, constrói a lei da evolução. Isso não é muito grave. Há outros que construíram, mais ou menos, leis de evolução. Basta citar Saint-Simon, Com-

Adam Smith. Efetivamente Adam Smith

te, Spencer. A evolução passou por certas etapas:

Diz-nos Le Play: Devemos tomar cui

nos conta como os bancos escoceses de

a era do pastoreio, a era da máquina; a

dado e mesmo temê-los. Os advogados podem ser agentes de moralização ou de desmoralização. Quanto aos médi

seu tempo conseguiram moralizar o pais

era do óleo. E Le Play não esquece da sua província na era do pastoreio.

cos e magistrados, há disparidade mo ral entre êles.

Se médicos e magistra

dos só se interessam pelos ganhos, lu cros e honrarias, são o pior dos flageles

para a sociedade. Mas se, ao contrário, se entregam à carreira com dedicação,

não consentindo em dar crédito a clien

te que não tivesse moralidade.

dade. Reduzem e limitam a responsa

bilidade. Há paginas que lembram as de Walter Lippmann. Le Play não é corporativista, embora seja muitas vezes tomado como tal. Cri

tica severamente as corporações.

são agentes do bem.

A quarta categoria é superior ou infe rior: a do homem de culto. Apresenta o

maior grau de disparidade: o padre, o homem de Estado ou o grande funcionáA.àái

Aí está alguma coisa tocante. Mais uma

Critica as formas anônimas de socie

vez sente-se que Le Play foi literalmen te subjugado pelo espetáculo das este pes da Rússia, delas não podendo des viar o olhar. Compreende-se: é a fasci

nação a que estão sujeitos todos os que viram o sertão, os pampas ou a puna, o

De

oceano ou o deserto, enfim tudo quanto

vemos fazer uma restrição: toma a pa

é para nós manifestação do infinito. Mas isso é poesia e não economia política.

lavra corporação no seu sentido medie val e, por isso, elogia as corporações de ensino superior por exemplo. O que é

Le Play apresenta uma regra espe cífica, pois não se esquece da base moral


Digesto EcoNó^^co

52

fisiocratas, mas por simples razões de ordem moral e social.

Põe também em primeira plana a

agricultura. A primeira atividade eco nômica é a agrícola. Por que? Porque harmoniza a família com o solo, asse

gura a sua independência, fornecendo meios de subsistência e, sobretudo, põe-

na ao abrigo da corrupção das cidades. Por questões de rendimento, de divi são do trabalho, da necessidade nacio

nal, depois da agricultura, vêm as minas. As minas prosperam quando o chefe é previdente. Quando não o fôr, pode rão apresentar resultados desfavoráveis do ponto de vista da estabilidade dos operários. Le Play desejava que as mi

nas fossem declaradas propriedade pri vada a fim de assegurar a continuida

de do trabalho. Le Play não era favo rável à nacionalização.

Depois das minas, vinham as manu faturas.

Estão ligadas ao solo.

São

propícias ao estabelecimento de famílias instáveis. Deveriam ser condenadas por Le Play, mas não o são. Mais uma vez

observamos êste traço peculiar ao espírito de Le Play.

Le Play nos diz que a manufatura é favorável à educação das individuali

dades eminentes. Eis a .concepção do indivíduo de elite que reaparece. Esta

preocupação curiosa, que sempre volta, admira-nos.

Surge agora o comércio. O comércio ó cosmopolita. Le Play entrega-se en tão a considerações sôbre o grande co mércio e o perigo de corrupção em vir tude das riquezas que acumula. O pe

queno comércio forneceu gerações de

riabalhadores liberais como os bascos, os asturianos, os tiroleses, os auvemhenses etc.

Em seguida vêm as profissões libe rais. Há aqui uma, regra interessante.

r

Quanto maior o número de membros das profissões liberais influentes e res ponsáveis, tanto mais agudas se acusam as divergências entre êles, isto e, tanto mais suscetíveis de grandeza ou de de cadência. Vejamos um e.^emplo (ouso dizer que Le Piay começa por um caso pouco apropriado: parece que não teve oportunidade de observar). O que nos

diz parece-nos um pouco singular. Co meça pelo guerreiro. Os homens de guerra, para Le Play são postos em pri meira plana. Não há disparidade en

53

DicESTO Econômico

rio. Não há aí meio termo: essa catego

uma excelente maneira de dar indepen

ria nos oferece e.xemplos de elevação ou

dência ao ensino superior. Há corpora

rebai-xamento.

ções de assistência.

É a propósito do Estado que Le Play afirma de novo seu individualismo.

O

individualismo é um princípio que o Es tado deve garantir. Serão atribuições

do Estado apenas aquelas que não pu derem ser preenchidas pelo indivíduo e

Critica estas por

que teme que êsse socorro regular ha bitue a quem o recebe a não trabalhar. Isto \iria agravar o pauperismo. Não deseja essas corporações porque são contTíurias á liberdade de trabalho. Aqui está de novo o liberal.

Cita a ordem.

Abordamos, afinal, a última parte,

tre êlcs, e isto porque se encontram

Declara-se contra o que hoje chamamos do economia dirigida. Na verdade, se há um intervencionismo em Le Play, como indicou meu amigo prof. Hugon,

que será muito curta. Sou obrigado a fazer algumas reservas a esta doutrina. É magnífica, impressio nante, majestosa. Os ensinamentos po

diante da morte. Le Play não fala na

é bem um intervencionismo*Çamiliar.

sitivos são numerosos: a moral, a fa

vida da casema; considera apenas o

momento da guerra.

Neste momento,

em presença da morte, são levados pela religião, o que me parece exagerado. Os professores surgem depois. Reú nem as aspirações do pai e do patrão. Premuniram-se contra a corrupção pelo

trabalho exigido pela busca da verdade. Como se dá com os guerreiros, não há disparidade entre os professores. A terceira categoria é a dos homens de letras e os artistas.

^

^

as outras coletividades.

Le Play só lida com agrupamentos co mo a família. Todos os demais agrupa mentos, julga-os suspeitos.

blico. Em virtude disso são suscetíveis de propagar tanto o bem quanto o ma.

Mas há um ensina

mento negativo: a debilidade da base econômica.

nidade nada adianta de interessante.

Le Play é um tipo de reformador so cial que não aprofunda a economia. Eis a prova: Não está na Reforma Social,

Estuda as associações corporativas de produção de 1848. Êste trabalho de Le

em outros escritos menos conhecidos.

As associações dividem-se em comu

nidades e corporações. Sôbre a comu

Play ó um dos mais interessantes que conheço sôbre o assunto, e admiràvel.mente feito.

Menciona em seguida as sociedades de

Exercem grande influência sobre pu

mília, a religião.

capital.

Desconfia dessas sociedades.

No entanto prestam serviços.

E cita

nem na Organização do Trabalho, mas

Le Play se aventura no plano da di nâmica, constrói a lei da evolução. Isso não é muito grave. Há outros que construíram, mais ou menos, leis de evolução. Basta citar Saint-Simon, Com-

Adam Smith. Efetivamente Adam Smith

te, Spencer. A evolução passou por certas etapas:

Diz-nos Le Play: Devemos tomar cui

nos conta como os bancos escoceses de

a era do pastoreio, a era da máquina; a

dado e mesmo temê-los. Os advogados podem ser agentes de moralização ou de desmoralização. Quanto aos médi

seu tempo conseguiram moralizar o pais

era do óleo. E Le Play não esquece da sua província na era do pastoreio.

cos e magistrados, há disparidade mo ral entre êles.

Se médicos e magistra

dos só se interessam pelos ganhos, lu cros e honrarias, são o pior dos flageles

para a sociedade. Mas se, ao contrário, se entregam à carreira com dedicação,

não consentindo em dar crédito a clien

te que não tivesse moralidade.

dade. Reduzem e limitam a responsa

bilidade. Há paginas que lembram as de Walter Lippmann. Le Play não é corporativista, embora seja muitas vezes tomado como tal. Cri

tica severamente as corporações.

são agentes do bem.

A quarta categoria é superior ou infe rior: a do homem de culto. Apresenta o

maior grau de disparidade: o padre, o homem de Estado ou o grande funcionáA.àái

Aí está alguma coisa tocante. Mais uma

Critica as formas anônimas de socie

vez sente-se que Le Play foi literalmen te subjugado pelo espetáculo das este pes da Rússia, delas não podendo des viar o olhar. Compreende-se: é a fasci

nação a que estão sujeitos todos os que viram o sertão, os pampas ou a puna, o

De

oceano ou o deserto, enfim tudo quanto

vemos fazer uma restrição: toma a pa

é para nós manifestação do infinito. Mas isso é poesia e não economia política.

lavra corporação no seu sentido medie val e, por isso, elogia as corporações de ensino superior por exemplo. O que é

Le Play apresenta uma regra espe cífica, pois não se esquece da base moral


Dicesto Econômico

54

e nos diz: a felicidade dos homens é

aquilo que êles concebem na moralida

As idéias de Le Play serviram à re dação da encíclica "Rerum Novarum",

de; diminui à medida que se afastam da

de Leão XIII. Êste criou em Roma um

região boreal.

círculo de estudos sociais, onde se en

Indago; que gênero de moralidade po lar é essa? Os habitantes das regiões mais afastadas do Equador, para cima ou para baixo, são mais morais? Serão mais morais por estarem frigorificados? Ê que o frio mata os apetites e as pai xões: os homens, então, são morais. Mas,

se, ao contrário, se aproximam do Equa dor, deixam de ser morais.

No entan

to, aqueles que guardam sua moralidade

sabendo resistir às tentações das grandes cidades é que na verdade são morais.

Creio que Le Play não compreendeu a questão e acabou por nos propor um ideal muito difícil de se aceitar.

Opõe a felicidade, na miséria, à imo ralidade, na prosperidade. O seu ideal é o polo. Os lapões, dentro das suas tocas geladas, são o protótipo da feli cidade.

Isto é falso.

Insisto sobre o perigo de teses sociais, cujas bases econômicas são insuficien

tes. E insisto porque é muito freqüente, em nossos dias, submeterem-se a elas espíritos os mais generosos. Le Play é por conseguinte muito ins

trutivo, tanto pelas suas falhas como pe las suas qualidades.

por CoTTimiED VON IlADERLEn

contrava Monsenhor Mermillot, bispo de

Friburgo, o qual voltando à Suíça, em 1843, fundou a União Católica Corporativista, tendo La Tour du Pin, amigo e

discípulo de Le Play, como propagador das suas idéias. Por intermédio daquele as idéias de Le Play foram até Roma e

0 pnoDLEMA do prote

bita do liberabsmo. Mas,

a grande crise de 1870 agiu como um fator de regressão nessa tendên

cionismo a'fandegário remonta a origens muito antigas. Já os mercantiistas defendiam a idéia da auto-sufi-

cia voltando o continente eiuopeu ao

se tomaram conhecidas e, por isso, en

ciôncia nacional e da proteção das eco-

protecionismo alfandegário; com o movi

contram-se em grande parte na encíclica

nom as nacionais contra a concorrência

mento de unificação alemã a doutrina

estrangeira. Em oposição a esta idéia levantou-se a fisiocracia proclamando a

da economia nacional começou a ganhar

"Renim N^arum". Termino citando o próprio Le Play, em Suas conclusões da Reforma Social.

Eis o que nos diz: "Procurando no in quérito o ponto de partida das refor mas, não devemos esquecer que o conhe cimento dos princípios é difícil e ficará estéril sem a virtude que se dedica a aplicá-los.

Devemos contar mais com

os exemplos do que com os preceitos. Propaguemos o sentimento da honra pela prática do dever; o espírito de indepen

dência, pela temperança e o trabalho; a* harmonia social pelo amor do próximo e a tolerância. Virtude, honra, tole rância. Eis as palavras que amaremos

liberdade de empreendimento e de co mércio e, se não quisermos recuar mais no tempo, poderemos fazer datar de

terreno e, principalmente, a partir de 1867 êste protecionismo desenvolveu-se cada vez mais conser\'ando-se, apenas, como defensores do livre cambismo a

então esta oposição entre liberais e pro tecionistas que se exprimem, na política internacional, principalmente por duas correntes: os ingleses a proclamarem a

Inglaterra, Bélgica e Holanda. Esta trí plice reação, porém, após a guerra de

liberdade completa do comércio, após a

um protecionismo cada vez maior.

revolução industrial, e o continente eu

ropeu, liderado

principalmente

pela

França, a aceitar a proteção. Os JEstados Unidos com a sua própria

independência iniciou a política de "selfpreservation" e, de então para cá, con

ver repetidas freqüentemente pela bôca

tinuou num caminho francamente prote

de muitas pessoas". Para nós, historiadores de doutrina, Le

nante cm 1890.

cionista alcançando seu ponto culmi Neste meio tempo a

1914 e 1918 iria ser anulada e o quadro

que se viu a partir de então foi o de^

A conferênc a preliminar para a orga-^ nização internacional de comércio e em-

prêgo, realizada em Genebra, permitiu concretizar a existência desse protecio

nismo generalizado evidenciando, ao mes mo tempo, a oposição entre a teoria económ ca e a prática comercial. Ve rifica-se, hoje, que os homens de ciência, estudando a teoria do comércio interna

Inglaterra, procurando estabelecer acor

cional, alinham argumentos no sentido

dos comerciais de caráter liberal, con

de mostrar os benefícios dò livre cam

bismo, mas os políticos e os homens de negócio, quase sem exceção em todo

Não digo socialismo cristão. Socialismo cristão é contradição nos termos. Digo

teia o individualismo para a moralização e moraliza-o. Dôste ponto de vista mere ce ocupar um lugar entre os grandes

seguia fazer com que a França, a Ale manha, a Itál'a entrassem para a ór

seres que orientaram os destinos dos

cristianismo social.

povos.

O "Digesto Econômico" tem a honra de publicar a conferência sôhre "Protecionis mo Alfandegário" que o professor Gottfried Haherler, da Universidade de Harvard,

Chego à minha conclusão: Compreender-se-á porque Le Play está, em larga escala, na origem do cristianismo social.

Play se situa em plena encruzilhada da história das doutrinas econômicas. Nor

onde leciona "Comércio Internacional , realizou em 19 de agosto no Instituto de

Economia da Associação Comercial de São Paulo, a convite do dr. Brasília Ma

chado Neto. No próximo número publicaremos a conferência que proferiu sôbre ''Balança de pagamento em regitne papel-moeda". O prof. Haberler, autor de várias obras sôbre economia, goza de renome universal. "Comércio Internacional" e "Prosperidade e Depressão" são os livros da sua autoria que tiveram inaior repercussão nos nossos meios intelectuais.


Dicesto Econômico

54

e nos diz: a felicidade dos homens é

aquilo que êles concebem na moralida

As idéias de Le Play serviram à re dação da encíclica "Rerum Novarum",

de; diminui à medida que se afastam da

de Leão XIII. Êste criou em Roma um

região boreal.

círculo de estudos sociais, onde se en

Indago; que gênero de moralidade po lar é essa? Os habitantes das regiões mais afastadas do Equador, para cima ou para baixo, são mais morais? Serão mais morais por estarem frigorificados? Ê que o frio mata os apetites e as pai xões: os homens, então, são morais. Mas,

se, ao contrário, se aproximam do Equa dor, deixam de ser morais.

No entan

to, aqueles que guardam sua moralidade

sabendo resistir às tentações das grandes cidades é que na verdade são morais.

Creio que Le Play não compreendeu a questão e acabou por nos propor um ideal muito difícil de se aceitar.

Opõe a felicidade, na miséria, à imo ralidade, na prosperidade. O seu ideal é o polo. Os lapões, dentro das suas tocas geladas, são o protótipo da feli cidade.

Isto é falso.

Insisto sobre o perigo de teses sociais, cujas bases econômicas são insuficien

tes. E insisto porque é muito freqüente, em nossos dias, submeterem-se a elas espíritos os mais generosos. Le Play é por conseguinte muito ins

trutivo, tanto pelas suas falhas como pe las suas qualidades.

por CoTTimiED VON IlADERLEn

contrava Monsenhor Mermillot, bispo de

Friburgo, o qual voltando à Suíça, em 1843, fundou a União Católica Corporativista, tendo La Tour du Pin, amigo e

discípulo de Le Play, como propagador das suas idéias. Por intermédio daquele as idéias de Le Play foram até Roma e

0 pnoDLEMA do prote

bita do liberabsmo. Mas,

a grande crise de 1870 agiu como um fator de regressão nessa tendên

cionismo a'fandegário remonta a origens muito antigas. Já os mercantiistas defendiam a idéia da auto-sufi-

cia voltando o continente eiuopeu ao

se tomaram conhecidas e, por isso, en

ciôncia nacional e da proteção das eco-

protecionismo alfandegário; com o movi

contram-se em grande parte na encíclica

nom as nacionais contra a concorrência

mento de unificação alemã a doutrina

estrangeira. Em oposição a esta idéia levantou-se a fisiocracia proclamando a

da economia nacional começou a ganhar

"Renim N^arum". Termino citando o próprio Le Play, em Suas conclusões da Reforma Social.

Eis o que nos diz: "Procurando no in quérito o ponto de partida das refor mas, não devemos esquecer que o conhe cimento dos princípios é difícil e ficará estéril sem a virtude que se dedica a aplicá-los.

Devemos contar mais com

os exemplos do que com os preceitos. Propaguemos o sentimento da honra pela prática do dever; o espírito de indepen

dência, pela temperança e o trabalho; a* harmonia social pelo amor do próximo e a tolerância. Virtude, honra, tole rância. Eis as palavras que amaremos

liberdade de empreendimento e de co mércio e, se não quisermos recuar mais no tempo, poderemos fazer datar de

terreno e, principalmente, a partir de 1867 êste protecionismo desenvolveu-se cada vez mais conser\'ando-se, apenas, como defensores do livre cambismo a

então esta oposição entre liberais e pro tecionistas que se exprimem, na política internacional, principalmente por duas correntes: os ingleses a proclamarem a

Inglaterra, Bélgica e Holanda. Esta trí plice reação, porém, após a guerra de

liberdade completa do comércio, após a

um protecionismo cada vez maior.

revolução industrial, e o continente eu

ropeu, liderado

principalmente

pela

França, a aceitar a proteção. Os JEstados Unidos com a sua própria

independência iniciou a política de "selfpreservation" e, de então para cá, con

ver repetidas freqüentemente pela bôca

tinuou num caminho francamente prote

de muitas pessoas". Para nós, historiadores de doutrina, Le

nante cm 1890.

cionista alcançando seu ponto culmi Neste meio tempo a

1914 e 1918 iria ser anulada e o quadro

que se viu a partir de então foi o de^

A conferênc a preliminar para a orga-^ nização internacional de comércio e em-

prêgo, realizada em Genebra, permitiu concretizar a existência desse protecio

nismo generalizado evidenciando, ao mes mo tempo, a oposição entre a teoria económ ca e a prática comercial. Ve rifica-se, hoje, que os homens de ciência, estudando a teoria do comércio interna

Inglaterra, procurando estabelecer acor

cional, alinham argumentos no sentido

dos comerciais de caráter liberal, con

de mostrar os benefícios dò livre cam

bismo, mas os políticos e os homens de negócio, quase sem exceção em todo

Não digo socialismo cristão. Socialismo cristão é contradição nos termos. Digo

teia o individualismo para a moralização e moraliza-o. Dôste ponto de vista mere ce ocupar um lugar entre os grandes

seguia fazer com que a França, a Ale manha, a Itál'a entrassem para a ór

seres que orientaram os destinos dos

cristianismo social.

povos.

O "Digesto Econômico" tem a honra de publicar a conferência sôhre "Protecionis mo Alfandegário" que o professor Gottfried Haherler, da Universidade de Harvard,

Chego à minha conclusão: Compreender-se-á porque Le Play está, em larga escala, na origem do cristianismo social.

Play se situa em plena encruzilhada da história das doutrinas econômicas. Nor

onde leciona "Comércio Internacional , realizou em 19 de agosto no Instituto de

Economia da Associação Comercial de São Paulo, a convite do dr. Brasília Ma

chado Neto. No próximo número publicaremos a conferência que proferiu sôbre ''Balança de pagamento em regitne papel-moeda". O prof. Haberler, autor de várias obras sôbre economia, goza de renome universal. "Comércio Internacional" e "Prosperidade e Depressão" são os livros da sua autoria que tiveram inaior repercussão nos nossos meios intelectuais.


...

j , 11,.

Digesto EcoNÓ\nco

o mundo, denunciam a impossibilidade

prátíca de aplicação da teoria, defen dendo a política econômica de proteção alfandegária.

Surge, então, o problema: por que,

fandegário é uma defesa necessária por que, pelo imposto, o país de indústria nascente consegue igualar o custo do produto estrangeiro ap nacional, passan do o mesmo a ser vendido em igualdade

fica nas mãos do comerciante não ha

cia das suas produções, impedindo a

vendo certeza da possibilidade da pro

concorrência de similares estrangeiros. Isto é muito natural, pois, nos momen

emprego dos lucros obtidos.

tos de depressão, a queda dos preços no mercado interno faz com que os pro dutores se voltem para o mercado in

de condições, sendo até mais interessan

protecionismo alfandegário? Responder a esta questão é o que procuraremos

te haver uma ligeira vantagem a favor do

fazer.

O segundo caso de proteção alfande gária admissível é o de defesa de um monópolio naciona'. Pode-se dar o caso

ternacional na esperança de uma re cuperação, sendo a baixa dos seus preços um estímulo para que o importador es trangeiro absorva quantidades maiores

de um determinado país conseguir um

de produtos do país, cujos preços bai

monopólio de produção de determinado produto, podendo êle suprir todo o mer

xaram. A única forma cie impedir esta

senvolvimento industrial não se fez, no mundo, uniformemente, e sim com uma

cado interno; no caso de concorrentes

produção do país considerado é o esta

estrangeiros que possam oferecer o mes mo produto, o governo poderá defender

belecimento de uma barreira alfande

A primeira delas é a de defesa e encora jamento das indústrias nascentes. O de

diversidade de ritmo e diferença de ori gem, no tempo, de país para país. Al guns países pioneiros puderam desen

volver, sem entraves, o seu parque in

Inaturais, dos fatôres. de produção que dustrial, tirando proveito dos recursos

produto nacional.

o seu monopólio chegando mesmo ate

a proibição da entrada do similar estran geiro. Êste é o caso típico do Brasil na produção cafeeira. A proteção ao mono

maior absorção que poria em perigo a gária.

Após 1931 esta proteção alfandegária mediante tarifa deixou de ser importante visto terem sido criados outros meios

mercados, estabelecendo-se, então, a di visão do mundo entre países de estru tura industrial e países de estrutura

posição de direitos de exportação, quan

mais sérios e mais complexos de prote ção — as quotas de importação, os con troles de câmbio, os acordos de "clea-

do o Estado, procura obter recursos sem

ring''.

agrícola ou, quando muito, de minera

impor quotas de sacrifício para que a

mental entre a proteção estabelecida pelo sistema de quotas e a estabelecida pelo

maior quantidade do produto não provo

sistema de tarifas. Nesta última, o ren

lhes permitiram construir indústrias na

cionais potentes e com elas conquistar

pólio poder-se-á fazer, também, pela im

vação de preços no mercado interno)

glaterra, em 1930, elevando as tarifas, para garantir o mínimo de sobrevivên

no momento, atual tem-se acelerado o

Três são as exceções que admitem a existência do protecionismo alfandegário.

57

Dicesto Econômico

56

dução nacional ser beneficiada com o

São os particulares que se enriquecem, muitas vêzes até com prejuízo daquela. Um fato curioso que deve ser obser vado é a diferença de posição tomada nestes últimos cinqüenta anos pelos paí ses- seguintes: E.stados Unidos e Ingla terra. O primeiro tendo, graças ao pro»^ tecionismo, expandido ao máximo as suas

fôrças produtivas encontrou-se, gradativamente, na posição de grande fornece dor do mundo, principalmente após as duas grandes guerras que prejudicaram, enormemente, todo o parque produtor europeu, principalmente o inglês. Pode,

assim, passar da posição de defensor do protecionismo para a de paladino do li vre câmbio. Em oposição, a Inglaterra, após haver tentado sem sucesso res

que a queda dos preços no mercado

dimento dá tarifa vai para o Tesouro

de organizar seu parque industrial, ain

exterior e pode ainda, em outro caso, quando se tratar de ganhar mercado

tabelecer a posição inteniacicnal da li bra esterlina, passou a adotar uma polí tica protecionista, abandonando o livre câmbio. Hoje cliega até a estabelecer monopólios de importação pelo sistema de compras diretas. O governo inglês

Nacional, fornecendo ao Estado recur

realiza compras diretas nos países ex

da que contando com bases reais de

externo e encorajar a produção nacional,

portadores e distribui depois o produto

existência, vão entrar em concorrência

mantendo o monopólio, estabelecer prê

com as nações já desenvolvidas indus trialmente não podendo com elas lutar

mios à exportação que barateiem o

sos que lhe permitem exercer, mediante créditos, prêmios à produção e assistên cia técnica e econômica,.uma política efetiva de proteção direta à produção

custo no exterior e difundam a venda

nacional.

uma vez que não possuem o mesmo

do produto.

do estabelecimento

ção, fornecedores de víveres e matérias-

primas, em troca de produtos manufatu rados. Estas últimas nações, no desejo

aparelhamento e a mesma experiência; sua mão de obra é mais cara e o seu

custo de produção é mais elevado. Ass m sendo, os países industrialmente de senvolvidos têm a possibilidade de colo

car produtos iguais aos nacionais a pre ços mais baixos e, por vêzes, terão inte resse em fazê-lo, para não perder mer cado. Neste caso, o protecionismo al

grande sacrifício para os produtores do artigo monopolizado; pode até mesmo

Por fim, há uma terceira forma de

fensável de produção alfandegária: quando um país diante de uma depres são internacional sente que sua econo

mia pode sofrer repercussão da crise ex terior, poderá, por meio de barreiras al fandegárias, evitar que a sua economia se torne sensível ao ocorrido fora.

Foi

o que fizeram os Estados Unidos e In

Há, entretanto, uma diferença funda

monopolizado, por-preços tabelados, aos comerciantes no mercado interno. Além

disso estabeleceu quotas de exportação

No caso

de quotas e' con

I

e

acordos

bilate-

rai.s. Nos Estados

trole de câmbio a

Unidos,

diferença de pre ços provocada por êste regime (uma

Hull, que tem si do o principal res ponsável pela mu

vez que, em ambos

dança da política

Cordell

os casos, a conse-

comercial

qitóncia é uma ele

americana, apoian-

norte-


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Digesto EcoNÓ\nco

o mundo, denunciam a impossibilidade

prátíca de aplicação da teoria, defen dendo a política econômica de proteção alfandegária.

Surge, então, o problema: por que,

fandegário é uma defesa necessária por que, pelo imposto, o país de indústria nascente consegue igualar o custo do produto estrangeiro ap nacional, passan do o mesmo a ser vendido em igualdade

fica nas mãos do comerciante não ha

cia das suas produções, impedindo a

vendo certeza da possibilidade da pro

concorrência de similares estrangeiros. Isto é muito natural, pois, nos momen

emprego dos lucros obtidos.

tos de depressão, a queda dos preços no mercado interno faz com que os pro dutores se voltem para o mercado in

de condições, sendo até mais interessan

protecionismo alfandegário? Responder a esta questão é o que procuraremos

te haver uma ligeira vantagem a favor do

fazer.

O segundo caso de proteção alfande gária admissível é o de defesa de um monópolio naciona'. Pode-se dar o caso

ternacional na esperança de uma re cuperação, sendo a baixa dos seus preços um estímulo para que o importador es trangeiro absorva quantidades maiores

de um determinado país conseguir um

de produtos do país, cujos preços bai

monopólio de produção de determinado produto, podendo êle suprir todo o mer

xaram. A única forma cie impedir esta

senvolvimento industrial não se fez, no mundo, uniformemente, e sim com uma

cado interno; no caso de concorrentes

produção do país considerado é o esta

estrangeiros que possam oferecer o mes mo produto, o governo poderá defender

belecimento de uma barreira alfande

A primeira delas é a de defesa e encora jamento das indústrias nascentes. O de

diversidade de ritmo e diferença de ori gem, no tempo, de país para país. Al guns países pioneiros puderam desen

volver, sem entraves, o seu parque in

Inaturais, dos fatôres. de produção que dustrial, tirando proveito dos recursos

produto nacional.

o seu monopólio chegando mesmo ate

a proibição da entrada do similar estran geiro. Êste é o caso típico do Brasil na produção cafeeira. A proteção ao mono

maior absorção que poria em perigo a gária.

Após 1931 esta proteção alfandegária mediante tarifa deixou de ser importante visto terem sido criados outros meios

mercados, estabelecendo-se, então, a di visão do mundo entre países de estru tura industrial e países de estrutura

posição de direitos de exportação, quan

mais sérios e mais complexos de prote ção — as quotas de importação, os con troles de câmbio, os acordos de "clea-

do o Estado, procura obter recursos sem

ring''.

agrícola ou, quando muito, de minera

impor quotas de sacrifício para que a

mental entre a proteção estabelecida pelo sistema de quotas e a estabelecida pelo

maior quantidade do produto não provo

sistema de tarifas. Nesta última, o ren

lhes permitiram construir indústrias na

cionais potentes e com elas conquistar

pólio poder-se-á fazer, também, pela im

vação de preços no mercado interno)

glaterra, em 1930, elevando as tarifas, para garantir o mínimo de sobrevivên

no momento, atual tem-se acelerado o

Três são as exceções que admitem a existência do protecionismo alfandegário.

57

Dicesto Econômico

56

dução nacional ser beneficiada com o

São os particulares que se enriquecem, muitas vêzes até com prejuízo daquela. Um fato curioso que deve ser obser vado é a diferença de posição tomada nestes últimos cinqüenta anos pelos paí ses- seguintes: E.stados Unidos e Ingla terra. O primeiro tendo, graças ao pro»^ tecionismo, expandido ao máximo as suas

fôrças produtivas encontrou-se, gradativamente, na posição de grande fornece dor do mundo, principalmente após as duas grandes guerras que prejudicaram, enormemente, todo o parque produtor europeu, principalmente o inglês. Pode,

assim, passar da posição de defensor do protecionismo para a de paladino do li vre câmbio. Em oposição, a Inglaterra, após haver tentado sem sucesso res

que a queda dos preços no mercado

dimento dá tarifa vai para o Tesouro

de organizar seu parque industrial, ain

exterior e pode ainda, em outro caso, quando se tratar de ganhar mercado

tabelecer a posição inteniacicnal da li bra esterlina, passou a adotar uma polí tica protecionista, abandonando o livre câmbio. Hoje cliega até a estabelecer monopólios de importação pelo sistema de compras diretas. O governo inglês

Nacional, fornecendo ao Estado recur

realiza compras diretas nos países ex

da que contando com bases reais de

externo e encorajar a produção nacional,

portadores e distribui depois o produto

existência, vão entrar em concorrência

mantendo o monopólio, estabelecer prê

com as nações já desenvolvidas indus trialmente não podendo com elas lutar

mios à exportação que barateiem o

sos que lhe permitem exercer, mediante créditos, prêmios à produção e assistên cia técnica e econômica,.uma política efetiva de proteção direta à produção

custo no exterior e difundam a venda

nacional.

uma vez que não possuem o mesmo

do produto.

do estabelecimento

ção, fornecedores de víveres e matérias-

primas, em troca de produtos manufatu rados. Estas últimas nações, no desejo

aparelhamento e a mesma experiência; sua mão de obra é mais cara e o seu

custo de produção é mais elevado. Ass m sendo, os países industrialmente de senvolvidos têm a possibilidade de colo

car produtos iguais aos nacionais a pre ços mais baixos e, por vêzes, terão inte resse em fazê-lo, para não perder mer cado. Neste caso, o protecionismo al

grande sacrifício para os produtores do artigo monopolizado; pode até mesmo

Por fim, há uma terceira forma de

fensável de produção alfandegária: quando um país diante de uma depres são internacional sente que sua econo

mia pode sofrer repercussão da crise ex terior, poderá, por meio de barreiras al fandegárias, evitar que a sua economia se torne sensível ao ocorrido fora.

Foi

o que fizeram os Estados Unidos e In

Há, entretanto, uma diferença funda

monopolizado, por-preços tabelados, aos comerciantes no mercado interno. Além

disso estabeleceu quotas de exportação

No caso

de quotas e' con

I

e

acordos

bilate-

rai.s. Nos Estados

trole de câmbio a

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diferença de pre ços provocada por êste regime (uma

Hull, que tem si do o principal res ponsável pela mu

vez que, em ambos

dança da política

Cordell

os casos, a conse-

comercial

qitóncia é uma ele

americana, apoian-

norte-


TTT

DíCESTO EcONÓhOCO

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Digesto EcoNÓRnco

59

as suas indústrias, produzir cm série e a baixo custo, encontram-se, hoje, diante

encontra, mesmo internamente, unanimi

demais países do mundo. A nação nor

mércio internacional, defende o aban

dade de pontos de vista e, no exterior,

te-americana encontra-se numa posição

dono da política de proteção em todo O

de tal volume de produção que reconhe

tem que lutar com uma grande resis

privilegiada podendo bastar-se a si pró

cem a impossibilidade de uma absorção quase total pelo mercado interno e

tência por parte dos outros países que

pria, possuindo todos os recursos capa

ou querem desenvolver suas economias

vêem-se obrigados não só a manter os mercados estrangeiros ja criados como também a expandí-Ios e conseguir, na me

o parque produtor destruído pe^a guerra,

zes de lhe permitir viver quase indepen dendo da produção e do comércio das demais partes do mundo, muito embora

tentando restabelecer, assim, a sua es

venha a sofrer com isto uma contração

trutura econômica de ante-guerra. Por

êste motivo é que o projeto de Carta

da sua produção industrial. Talvez, com exceção da Rússia, seja o único país que

Internacional de Comércio, em poucos itens, estabelece o princípio geral das

tenha chegado à situação de auto-sufi-

do-se nos argumentos da teoria do co mundo e o restabelecimento do liberalis mo alfandegário; por isso, viu-se a na ção norte-americana negociar, em Gene

bra, grandes reduções tarifárias, apoiando-se nas próprias cláusulas da Carta Econômica do Atlântico.

O esforço da América do Norte em favor do restabelecimento do livre câm

bio vai mais longe, não se limita à po lítica comercial tarifária; pelo acordo de Bretton Woods criaram-se O Fundo Mo netário Internacional e o Banco Inter

nacional de Reconstrução e Desenvolvi

mento cuja finalidade é a de liberar o

controle de câmbio e garantir uma rela tiva estabilidade monetária internacio

nal que facilite as trocas e impeça vio lentas flutuações cambiais.

Êstes dois

organismos agiriam como órgãos complementares da Organização Internacio nal de Comércio e permitiriam, ao mun

do, abandonar a política de proteção em favor da maior facilidade das trocas in ternacionais.

Estas propostas, porém, têm provoca do reação compreensível e inevitável

principalmente por parte dos países no vos, que aspiram desenvolver á sua eco

nomia e criar indústrias próprias capa zes de dar maior estabilidade a sua

estrutura econômica e maior grau de independência em relação às economias alienígenas.

dida do possível, novos compradores. Os agricultores, porém, afirmam ser hoje o protecionismo aIfandegár:o na Amé rica do Norte mais necessário que nun

ciência econômica. Já o resto do mun

ca, uma vez que a concorrência interna cional ali se manifestando provocará a decadência da [agricultura norte-ame

reduções tarifárias e da volta gradativa

do ou não tem uma estrutura industrial

ao liberalismo econômico. Mas, se guem-se a estas afirmações claras e con

que lhe permita o pleno aproveitamento

ricana, visto como o custo de produ

cisas páginas e páginas de restrições, de exceções à regra geral, de tal modo que

ção agrícola é, ali, muito ma:s e.evado que o dos países não industrializados, de estrutura eminentemente agrícola. O trabalhador rural na América do Norte habituando-se, cada dia mais, a um pa drão de vida elevado , vai exigindo salá rios altos e a indústria, absorvendo gran de número de braços, causou a escassez

de mão de obra agrícola provocando, também, grande elevação dos salários. Apesar da mecanização da lavoura permitíi um aumento de rendimento do

trabalho e apesar, ainda, dos aperfeiçoa

jeto é que a Conferência Internacional

das matérias-primas no caso de países novos, ou então, principa'mente no caso de países europeus, o seu parque in dustrial se acha destruído pela guerra; quase todos eles não possuem a va.st{-

de Comércio, em conjunto, chegou a

dão territorial e a diversificação de re

êste resultado: qualquer nação, em polí

cursos e de clima que permitem à Amé

a impressão que se tein ao ler êste pro

tica comercial internacional, pode fazer o que quiser, deixando, é claro, aos de mais países o direito de fazer o mes

rica do Norte ser, se necessiírio, auto-

fomecedora da própria indústria. Os demais, portanto, precisam do inter- 1

câmbio comercial para viver, visto se-'

mo.

Seja dito para terminar que o pro

rem interdependentes e, no estado atual

blema do re.stabelecimento do comércio

da economia do mundo, todos eles ne

internacional não é hoje tão importante para os Estados Unidos, quanto para os

cessitam recursos que a nação americana lhes pode fornecer.

mentos técnicos e das pesquisas agro

nômicas permitirem a expansão da pro dução agrícola, representa o salário a maior parcela do custo de produção na agricultura. Os salários de países de base agrícola, com um nível de vida mais baixo, são multo menores que os

Não se deve pensar, porém, que a oposição à proposta norte-americana de liberdade de comércio existe apenas no âmbito internacional. Dentro da pró pria América do Norte, existem duas cor rentes, úma pró e outra contra o livre

norte-americanos e, além disto, suas moe

cambismo.

dução agrícola dos Estados Unidos.

Os industriais norte-ameri

nacionais, quando novos, ou reconstruir

das, mais fracas que o dólar, tomam possível maior importação norte-ameri cana de produtos agrícolas estrangeiros e a colocação dos mesmos, a preços bai xos, no mercado interno, matando a pro

canos, tendo conseguido desenvolver sua

Êste é o panorama: A América' do

produção em grande escala, concentrar

Norte, pioneira do livre cambismo, não

As embaixadas e legações dos Estados Unidos em 18 países foram advertidas para que previnam os governos estrangeiros de que as exportações norte-americanas

de cereais serão reduzidas pelo menos de 10%, no presente ano agrícola. Essa diminuição, segundo se anuncia oficialmente, ó o resultado de um "dé ficit^' verificado nas colheitas, em relação às estimativas feitas. ^

Os preços dos cereais no mercado de Chicago estão subindo diàriarti^f}te, den tro do limite permitido de 10 centavos por "bushel". Outros níveis elevaram-se hoje acima do record& atingido durante a última crise mundial de alimentos, no inverno passado.


TTT

DíCESTO EcONÓhOCO

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as suas indústrias, produzir cm série e a baixo custo, encontram-se, hoje, diante

encontra, mesmo internamente, unanimi

demais países do mundo. A nação nor

mércio internacional, defende o aban

dade de pontos de vista e, no exterior,

te-americana encontra-se numa posição

dono da política de proteção em todo O

de tal volume de produção que reconhe

tem que lutar com uma grande resis

privilegiada podendo bastar-se a si pró

cem a impossibilidade de uma absorção quase total pelo mercado interno e

tência por parte dos outros países que

pria, possuindo todos os recursos capa

ou querem desenvolver suas economias

vêem-se obrigados não só a manter os mercados estrangeiros ja criados como também a expandí-Ios e conseguir, na me

o parque produtor destruído pe^a guerra,

zes de lhe permitir viver quase indepen dendo da produção e do comércio das demais partes do mundo, muito embora

tentando restabelecer, assim, a sua es

venha a sofrer com isto uma contração

trutura econômica de ante-guerra. Por

êste motivo é que o projeto de Carta

da sua produção industrial. Talvez, com exceção da Rússia, seja o único país que

Internacional de Comércio, em poucos itens, estabelece o princípio geral das

tenha chegado à situação de auto-sufi-

do-se nos argumentos da teoria do co mundo e o restabelecimento do liberalis mo alfandegário; por isso, viu-se a na ção norte-americana negociar, em Gene

bra, grandes reduções tarifárias, apoiando-se nas próprias cláusulas da Carta Econômica do Atlântico.

O esforço da América do Norte em favor do restabelecimento do livre câm

bio vai mais longe, não se limita à po lítica comercial tarifária; pelo acordo de Bretton Woods criaram-se O Fundo Mo netário Internacional e o Banco Inter

nacional de Reconstrução e Desenvolvi

mento cuja finalidade é a de liberar o

controle de câmbio e garantir uma rela tiva estabilidade monetária internacio

nal que facilite as trocas e impeça vio lentas flutuações cambiais.

Êstes dois

organismos agiriam como órgãos complementares da Organização Internacio nal de Comércio e permitiriam, ao mun

do, abandonar a política de proteção em favor da maior facilidade das trocas in ternacionais.

Estas propostas, porém, têm provoca do reação compreensível e inevitável

principalmente por parte dos países no vos, que aspiram desenvolver á sua eco

nomia e criar indústrias próprias capa zes de dar maior estabilidade a sua

estrutura econômica e maior grau de independência em relação às economias alienígenas.

dida do possível, novos compradores. Os agricultores, porém, afirmam ser hoje o protecionismo aIfandegár:o na Amé rica do Norte mais necessário que nun

ciência econômica. Já o resto do mun

ca, uma vez que a concorrência interna cional ali se manifestando provocará a decadência da [agricultura norte-ame

reduções tarifárias e da volta gradativa

do ou não tem uma estrutura industrial

ao liberalismo econômico. Mas, se guem-se a estas afirmações claras e con

que lhe permita o pleno aproveitamento

ricana, visto como o custo de produ

cisas páginas e páginas de restrições, de exceções à regra geral, de tal modo que

ção agrícola é, ali, muito ma:s e.evado que o dos países não industrializados, de estrutura eminentemente agrícola. O trabalhador rural na América do Norte habituando-se, cada dia mais, a um pa drão de vida elevado , vai exigindo salá rios altos e a indústria, absorvendo gran de número de braços, causou a escassez

de mão de obra agrícola provocando, também, grande elevação dos salários. Apesar da mecanização da lavoura permitíi um aumento de rendimento do

trabalho e apesar, ainda, dos aperfeiçoa

jeto é que a Conferência Internacional

das matérias-primas no caso de países novos, ou então, principa'mente no caso de países europeus, o seu parque in dustrial se acha destruído pela guerra; quase todos eles não possuem a va.st{-

de Comércio, em conjunto, chegou a

dão territorial e a diversificação de re

êste resultado: qualquer nação, em polí

cursos e de clima que permitem à Amé

a impressão que se tein ao ler êste pro

tica comercial internacional, pode fazer o que quiser, deixando, é claro, aos de mais países o direito de fazer o mes

rica do Norte ser, se necessiírio, auto-

fomecedora da própria indústria. Os demais, portanto, precisam do inter- 1

câmbio comercial para viver, visto se-'

mo.

Seja dito para terminar que o pro

rem interdependentes e, no estado atual

blema do re.stabelecimento do comércio

da economia do mundo, todos eles ne

internacional não é hoje tão importante para os Estados Unidos, quanto para os

cessitam recursos que a nação americana lhes pode fornecer.

mentos técnicos e das pesquisas agro

nômicas permitirem a expansão da pro dução agrícola, representa o salário a maior parcela do custo de produção na agricultura. Os salários de países de base agrícola, com um nível de vida mais baixo, são multo menores que os

Não se deve pensar, porém, que a oposição à proposta norte-americana de liberdade de comércio existe apenas no âmbito internacional. Dentro da pró pria América do Norte, existem duas cor rentes, úma pró e outra contra o livre

norte-americanos e, além disto, suas moe

cambismo.

dução agrícola dos Estados Unidos.

Os industriais norte-ameri

nacionais, quando novos, ou reconstruir

das, mais fracas que o dólar, tomam possível maior importação norte-ameri cana de produtos agrícolas estrangeiros e a colocação dos mesmos, a preços bai xos, no mercado interno, matando a pro

canos, tendo conseguido desenvolver sua

Êste é o panorama: A América' do

produção em grande escala, concentrar

Norte, pioneira do livre cambismo, não

As embaixadas e legações dos Estados Unidos em 18 países foram advertidas para que previnam os governos estrangeiros de que as exportações norte-americanas

de cereais serão reduzidas pelo menos de 10%, no presente ano agrícola. Essa diminuição, segundo se anuncia oficialmente, ó o resultado de um "dé ficit^' verificado nas colheitas, em relação às estimativas feitas. ^

Os preços dos cereais no mercado de Chicago estão subindo diàriarti^f}te, den tro do limite permitido de 10 centavos por "bushel". Outros níveis elevaram-se hoje acima do record& atingido durante a última crise mundial de alimentos, no inverno passado.


f

Digesto Econômico

Oração de paraninfo Davi Campista

prece, está no ensino da mocidade.

O

lavrador dêste chão de\ia amanhá-lo de

joelhos. Crêde que me acho realmente Sob esta impressão, como se ao rece-

ber dos braços da minha companheira

Há, diz o orador, por enfre as ale grias saudáveis desta cerimônia, em que a inteligência e o coração solenizam o seu aperfeiçoamento pelo trabalho, algu ma coisa que está a pedir o amparo da vossa simpatia e o bálsamo do vosso perdão.

É a presença do orador naquela tri buna onde mais se aclara e avigora a

mas em flor abertas ao orvalho vivifican-

te da palavra dos mestres, à doçura dos

filho recém-nascido, uma voz in

ferior mo segredasse: Purifica teu há

conselhos, à luz bendita da ciência e

lito, que lhe vai insuflar a vida ou a

do dever.

morte".

O orador tem o vivo sentimento das

Se o orador não podo dar aos seus

responsabilidades que lhe pesam naquele momento em que se congratula com os seus jovens ouvintes pelo encerramento

Ouvintes as fulgurações de uma palavra que os seduza, o respeito que deve à

feliz dos seus trabalhos escolares.

pureza do espírito juvenil dêles, asseSora a absoluta sinceridade com que lhes

morte; daquele ser cujas mãos Deus quis erguessem as nossas para as primeiras orações e cujo sorriso é uma aurora de

esperança". gem

Vereis sempre a sua ima

quando sentirdes um bom im

pulso no coração, o desejo de enxugar uma lágrima, de partir o vosso pão com o faminto.

Homens — a vossa consciência a re

fletirá 8 é a. consciência que deveis to mar como guia inseparável, como inspiradora constante dos vossos atos.

Ela

vos afastará do mal, diz o orador, como

um anjo tutelar, como aquêle anjo mudo da tragédia formosa de d'Annunzio. Conheçais a "Fillia de Jorio?" É uma pobre mulher amaldiçoada pela supersti ção e perseguida por homens ébrios de sol e de vinho. Refugia-se em um lar

Ê a tarefa de um missionário do bem,

fala, despreocupado de tudo o que não seja fortalecê-los no sentimento do de-

ficência quis estender-se até a humil dade do orador' para dar-lhe o imerecido

tão grave e tão fecunda qne, em circuns tâncias semelhantes, inspirou ao chefe da mentalidade brasileira estas frases ^^pi" dares; "Quando a minha tarefa deste

realce daquele instante.

momento se me antollia sob esta feição,

tivo da inteligência dos seus discípulos,

alguma coisa passa por mim como de cima, religiosamente. A fronte do sacer

mas continuar e aperfeiçoar a tarefa

dote se verga para o cálice consagra do. A do lavrador para a terra. A do

ros tempos da vida, lhes formam o co ração e o caráter.

ó filha do infortúnio, presa da miséria.

que espalha o grão da verdade, para o

expulsar entregando-a aos seus perse guidores. Então Aligi avança para a

consciência da sua fraqueza, vencida pela espontânea generosidade das congrega

ções do instituto Granbery, cuja muni-

Mas não podia o orador optar pelo si lêncio, fugir ao apêlo que lhe vinha da

quele centro luminoso de educação, da

quela terra em que desabrocham vito riosas todas as fôrças vivas do Éstado, daquela cidade risonha e culta que o

e na prática do bem.

Êsse é também o papel da escola, ijue não deve cuidar somente

do

cul

abençoada das mães, que, nos primei

orador revê e encontra sempre entre as

E todos os três receberam ordens sacras.

A meiga influência dessa obra do mais santo amor há de perdurar na sua alma, que a guardará para sempre — como

mais caras recordações da sua meninice.

Todos concorrem para a fecundação divi

num sólido envólucro, semelhante àquê-

E aquela era a mais nobre das tribu

sulco soaberto nas consciências novas.

na do universo.

A hóstia, o arado, a

les cristais do Oriente em que dorme o

nas, o púlpito do educador, erguido ali

palavra, correspondem aos três sacerdó

puro espírito das rosas mortas.

como num templo, num sacrário de es

cios do Senhor. Mas a suprema santi-

uma gota da sua divina essência para perfumar-lhes a existência inteira, se

peranças que era aquele conjunto de al

ficação da linguagem humana, abaixo da

Bastará

jam quais forem as vicissitudes e os

Em cumprimento a um plano traçado pela direção do "Digesto Econômico" de divulgar trabalhos inéditos ou inteiramente desconhecidos (&■ geração atual, ela borados por brasileiros ilustres, a nossa revista divulga, neste número, a notável ora ção proferida pelo insigne estadista Davi Moretzsohn Campista, como paraninfo da turma de bacharelandos do Ginásio Granheru, na cidade de Juiz de Fora, em 6 de junho de 1905. Embora não se trate de discurso escrito, graças à habilidade de um taquígrafo, pôde, apesar de ser uma torrente a palavra de Campina, fazer-se

um apanJuido completo da formosíssima oração. Não se revestem só de encan tadora forma essas páginas, até hoje em seu todo conservadas inéditas. Os conceitos que emifiu sobre educação^ e democracia são atuais e poderiam ser subscritos pelos nossos mais eminentes políticos e educadores. Constitui ainda uma homenagem d memória do extraordinário homem público, considerado, em consenso unânime, como uma das maiores figuras que atuaram no Parlamento Brasileiro.

sofrimentos que o futuro lhes reserva. É o germen que crescerá com éles. A

onde se celebram as bodas de Aligi, o

pastor e suplica que a protejam. Mas a condenada não deve encontrar acolhida;

Resiste brandamente aos que a querem

vítima desvairada e levanta sobre ela o

seu cajado de pastor. Vai feri-la. Su bitamente para, cai de joelhos em gesto de adoração e atira para longe a arma.

É que êle vira ao lado da "Filha de Jorio", ■ protegendo-a com a sua doce tristeza, um anjo mudo que chorava e olhava-o fixamente.

vida tempestuosa e sofredora de Lord

L'angelo muto ho visto che piangeva

Byron, prendeu-a Castelar em grande

Che lacrimava e mi guardava fissol Pois beml Quando um mau movimen

parte às desventuras maternas, às desgra ças que a fatalidade lhe colocara junto ao

berço. "Faltaram-lhe, dizia êle, as pu ras carícias daquele ser que Deus en viou junto ao berço para que, ao abrir os olhos, oculte sob as asas do seu amor

tôda a obscurldade do horizonte em

que vamos batalhar para conquistar ,a

to se apoderar de vós, diz o orador,

quando sentirdes fraquear o vosso âni mo numa tendência para o mal, parai e olhai para diante de vós: vereis o anjo mudo da vossa consciência, cujo olhar,

velado por lágrimas silenciosas, vos fará recuar e restituirá à vossa alma abala-


f

Digesto Econômico

Oração de paraninfo Davi Campista

prece, está no ensino da mocidade.

O

lavrador dêste chão de\ia amanhá-lo de

joelhos. Crêde que me acho realmente Sob esta impressão, como se ao rece-

ber dos braços da minha companheira

Há, diz o orador, por enfre as ale grias saudáveis desta cerimônia, em que a inteligência e o coração solenizam o seu aperfeiçoamento pelo trabalho, algu ma coisa que está a pedir o amparo da vossa simpatia e o bálsamo do vosso perdão.

É a presença do orador naquela tri buna onde mais se aclara e avigora a

mas em flor abertas ao orvalho vivifican-

te da palavra dos mestres, à doçura dos

filho recém-nascido, uma voz in

ferior mo segredasse: Purifica teu há

conselhos, à luz bendita da ciência e

lito, que lhe vai insuflar a vida ou a

do dever.

morte".

O orador tem o vivo sentimento das

Se o orador não podo dar aos seus

responsabilidades que lhe pesam naquele momento em que se congratula com os seus jovens ouvintes pelo encerramento

Ouvintes as fulgurações de uma palavra que os seduza, o respeito que deve à

feliz dos seus trabalhos escolares.

pureza do espírito juvenil dêles, asseSora a absoluta sinceridade com que lhes

morte; daquele ser cujas mãos Deus quis erguessem as nossas para as primeiras orações e cujo sorriso é uma aurora de

esperança". gem

Vereis sempre a sua ima

quando sentirdes um bom im

pulso no coração, o desejo de enxugar uma lágrima, de partir o vosso pão com o faminto.

Homens — a vossa consciência a re

fletirá 8 é a. consciência que deveis to mar como guia inseparável, como inspiradora constante dos vossos atos.

Ela

vos afastará do mal, diz o orador, como

um anjo tutelar, como aquêle anjo mudo da tragédia formosa de d'Annunzio. Conheçais a "Fillia de Jorio?" É uma pobre mulher amaldiçoada pela supersti ção e perseguida por homens ébrios de sol e de vinho. Refugia-se em um lar

Ê a tarefa de um missionário do bem,

fala, despreocupado de tudo o que não seja fortalecê-los no sentimento do de-

ficência quis estender-se até a humil dade do orador' para dar-lhe o imerecido

tão grave e tão fecunda qne, em circuns tâncias semelhantes, inspirou ao chefe da mentalidade brasileira estas frases ^^pi" dares; "Quando a minha tarefa deste

realce daquele instante.

momento se me antollia sob esta feição,

tivo da inteligência dos seus discípulos,

alguma coisa passa por mim como de cima, religiosamente. A fronte do sacer

mas continuar e aperfeiçoar a tarefa

dote se verga para o cálice consagra do. A do lavrador para a terra. A do

ros tempos da vida, lhes formam o co ração e o caráter.

ó filha do infortúnio, presa da miséria.

que espalha o grão da verdade, para o

expulsar entregando-a aos seus perse guidores. Então Aligi avança para a

consciência da sua fraqueza, vencida pela espontânea generosidade das congrega

ções do instituto Granbery, cuja muni-

Mas não podia o orador optar pelo si lêncio, fugir ao apêlo que lhe vinha da

quele centro luminoso de educação, da

quela terra em que desabrocham vito riosas todas as fôrças vivas do Éstado, daquela cidade risonha e culta que o

e na prática do bem.

Êsse é também o papel da escola, ijue não deve cuidar somente

do

cul

abençoada das mães, que, nos primei

orador revê e encontra sempre entre as

E todos os três receberam ordens sacras.

A meiga influência dessa obra do mais santo amor há de perdurar na sua alma, que a guardará para sempre — como

mais caras recordações da sua meninice.

Todos concorrem para a fecundação divi

num sólido envólucro, semelhante àquê-

E aquela era a mais nobre das tribu

sulco soaberto nas consciências novas.

na do universo.

A hóstia, o arado, a

les cristais do Oriente em que dorme o

nas, o púlpito do educador, erguido ali

palavra, correspondem aos três sacerdó

puro espírito das rosas mortas.

como num templo, num sacrário de es

cios do Senhor. Mas a suprema santi-

uma gota da sua divina essência para perfumar-lhes a existência inteira, se

peranças que era aquele conjunto de al

ficação da linguagem humana, abaixo da

Bastará

jam quais forem as vicissitudes e os

Em cumprimento a um plano traçado pela direção do "Digesto Econômico" de divulgar trabalhos inéditos ou inteiramente desconhecidos (&■ geração atual, ela borados por brasileiros ilustres, a nossa revista divulga, neste número, a notável ora ção proferida pelo insigne estadista Davi Moretzsohn Campista, como paraninfo da turma de bacharelandos do Ginásio Granheru, na cidade de Juiz de Fora, em 6 de junho de 1905. Embora não se trate de discurso escrito, graças à habilidade de um taquígrafo, pôde, apesar de ser uma torrente a palavra de Campina, fazer-se

um apanJuido completo da formosíssima oração. Não se revestem só de encan tadora forma essas páginas, até hoje em seu todo conservadas inéditas. Os conceitos que emifiu sobre educação^ e democracia são atuais e poderiam ser subscritos pelos nossos mais eminentes políticos e educadores. Constitui ainda uma homenagem d memória do extraordinário homem público, considerado, em consenso unânime, como uma das maiores figuras que atuaram no Parlamento Brasileiro.

sofrimentos que o futuro lhes reserva. É o germen que crescerá com éles. A

onde se celebram as bodas de Aligi, o

pastor e suplica que a protejam. Mas a condenada não deve encontrar acolhida;

Resiste brandamente aos que a querem

vítima desvairada e levanta sobre ela o

seu cajado de pastor. Vai feri-la. Su bitamente para, cai de joelhos em gesto de adoração e atira para longe a arma.

É que êle vira ao lado da "Filha de Jorio", ■ protegendo-a com a sua doce tristeza, um anjo mudo que chorava e olhava-o fixamente.

vida tempestuosa e sofredora de Lord

L'angelo muto ho visto che piangeva

Byron, prendeu-a Castelar em grande

Che lacrimava e mi guardava fissol Pois beml Quando um mau movimen

parte às desventuras maternas, às desgra ças que a fatalidade lhe colocara junto ao

berço. "Faltaram-lhe, dizia êle, as pu ras carícias daquele ser que Deus en viou junto ao berço para que, ao abrir os olhos, oculte sob as asas do seu amor

tôda a obscurldade do horizonte em

que vamos batalhar para conquistar ,a

to se apoderar de vós, diz o orador,

quando sentirdes fraquear o vosso âni mo numa tendência para o mal, parai e olhai para diante de vós: vereis o anjo mudo da vossa consciência, cujo olhar,

velado por lágrimas silenciosas, vos fará recuar e restituirá à vossa alma abala-


Digesto Econômico

Digesto Econónoco

62

da a noção do bem, do amor e do per

dão, das coisas puras e elevadas. O triunfo da consciência é a mais no

bre e a mais fecunda das vitórias; sig

63

ter que o façam com desvelo, porque

que a ordem natural impõe e até a ciên cia justifica. Se tiverdes mérito e puderdes subir além daquilo a que se chamou — so

a principal missão da^escola, em uma de mocracia, não é formar letrados nem

trate de interessar o homem nos negó

cientistas — é formar cidadãos.

cios do seu país. A indiferença política é fonte dos

Todo o

nifica o império do homem sôbre si

berania dos inferiores — vereis colear

homem digno de ser considerado mem

mesmo — o maior e o mais real dos im

em tômo do vosso renome a serpente do

bro de uma democracia, diz um con

périos. E não pareça que é sempre fácil conquistá-lo. É cheia de tentações e cheia de espinhos a estrada que nos

o vosso esforço.

conduz ao futuro. "Lemos e admiramos",

aparências, parecendo que transpirais a

E assim, sob a superfície calma das

diz Lubbock, "os heróis da antigüidade,

felicidade e o orgulho dos vossos triun

mas cada um de nós terá na vida ba

fes, ocultareis um coração dilacerado, uma alma opressa que lentamente se

talhas comparáveis às de Maratona e das Termópilas; cada um de nós encon tra a esfinge à margem do caminho; a cada um de nós, como a Hércules, será proposta a escolha entre o vício e a vir

tude; somos livres como Páris de confe

rir o prêmio a Vênus, a Juno ou a Minerva".

A mais bem formada das almas va-cila

freqüentemente quando flagelada pelos desenganos e pelos sofrimentos. A resignação é, sem dúvida, uma vir

tude cristã; mas a dor profunda inspira a revolta, dita a represália e sufoca o . perdão. Quantas vezes, diz o orador, na vossa vida de homens e de cidadãos tereis de sorver o fel das injustiças mais amar

temporâneo, deve começar por ser um

despeito e misturar a sua peçonha com

aprendiz de cidadão; êsse aprendizado

ainda em \'ias de elaboração. Para ro-

bustecer aquela concorrem certamente

Esta, assim

orientada, fornecerá a

pensamentos e sentimentos em que se

É o momento de reagirdes, de recon-

quistardes o império sôbre vós mes nítida dos vossos deveras, a solidez in-

quebrantável das vossas virtudes cívicas. Há de salvar-vos a fé, a fé religiosa, a

fé moral profunda, a fé no futuro gran dioso desta pátria, na solidariedade hu mana para o bem.

A fé religiosa é o melhor dos bálsamos para as feridas morais, a mai§ pura

consolação que aos sofrimentos se de

tor de coesão do Estado moderno.

bater a democracia nas suas bases; é

Re

Para a doce figura de Cristo, cuja

Hoje, é com ciêiicia que se tenta com com

as leis da rida- que se procura

lítica pelo meio mais capaz de bem

demonstrar a inanidade das idéias igua litárias e a pura fantasia dos sonhos da

fortalecê-la.

fraternidade.

Sabe-se que o melhor da história da

Ouve-se dizer que da época atual já

Grécia foi o produto de uma educação verdadeiramente nacional. "Sparta", diz um escritòr, "com a legislação de Licur-

se descortina bem próximo o futuro que

go, Tebas no tempo de Pelópidas e de

feriores, vencidas necessàriamente na

Epaminondas, fizeram de seus filhos

cidadãos e soldados capazes de elevar a

luta da concorrência vital. O imperia lismo é a cristalização política desta

sua pátria".

tendência.

"Mais feliz ainda, Atenas preparou

param.

doutrinas cujos alicerces parecem indestrutí\'eis por isso que se os vai buscar na fatalidade das leis naturais.

nossa, ó estreitar os laços de imião po

estéril a fé consoladora, a consciência

a corrente do pessimismo contemporâneo e o triunfo aparente do absolutismo de

apoia a consciência nacional. Mais do que a raça, a língua e outros elementos, é a consciência nacional o primeiro fa vigorá-la em uma federação como a

mos, de opordes ao ceticismo invasor e

maiores males, sobretudo para uma jo vem nação cuja feição definitiva está

será mesmo a essência da educação.

base psicológica que é a comunidade de

ensombra na dúvida e no desgosto.

É a educação que forma o caráter de uma nacionalidade, educação era que se

ao mesmo tempo os heróis de Maratona,

pertencerá exclusivamente às raças fortes

que se hão de expandir à custa das in

E já tememos nós outros, havermos

feito jus ao diploma de raça incompe tente, de povo insusceti\'el de organiza

gas, de emulações pèrfidamente interes-

imagem as nações já elevam no | cimo de Salamina

seiras, de provações cruciantes a que

das suas fronteiras como um símbolo de

res para as peças de Ésquilo, de Só-

tereis de impor silêncio que tanto mais

fraternidade', convergem o olhar nublado de tòdas as angústias, o fervor de todas as súplicas, o alvorôço de todas as almas agitadas — dos humildes aos poderosos, emparelhados na dor, nivelados pelas

focles, de Eurípides, admiradores e mo

ção estável, incapaz de Iniciativas fe cundas, a contrastar com a opulenta exu

lágrimas.

sangram quanto menos se revelaml

Como homens públicos o vosso patrio tismo mais sincero há de ser visto atra

vés dos vossos interesses reais ou supos tos; as vossas intenções desfiguradas pela malícia, os vossos atos interpretados des-

favoràvelmente pela exegese sofistica da

política subalterna. Se fordes fracos no manejo de armas

iguais às que vos ferem, sereis abando

Sereis bons se tiverdes a fe cristã. Ao lado dêsse tesoura, continua o ora

dor, onde ireis buscar a noção dos vossos

nados como inúteis porque é preciso

eliminar os fracos. É o realismo trágico

vossos mestres néatse caminho, e é mis

delos para Fídias e Praxíteles. Os filó

berância de um imenso território que

sofos punham na mesma linha a moral, a política e a educação. Mesmo com o

deve ser entregue pela fôrça irredud-

estoicismo, a filosofia não se limita à

vel das coisas.

cidade; quer formar cidadãos do uni verso e proclama que todos os homens são, por nàtmeza, iguais, livres e ir

resistência, das nossas forças assimiladoras, estamos a ver perigos temerosos na

mãos. Os romanos tiveram pela família

locahzaçao, em nosso seio, de massas

uma forte educação cujo fim era prin cipalmente despertar o amor da pátria". Dignos de imitação são êstes e iguais exemplos que a história nos fornece.

deveres morais, é necessário que formeis um outro onde se condensem os vossos deveres de cidadãos. Guiar-vos-ão os

e de Platéa, os espectado

L ...

atrai as melhores atividades e a elas

E duvidosos das nossas condições de

oriundas das chamadas raças superiores. Sem dúvida que o conjunto de carac

teres físicos e morais, transmitidos de ge ração em geração e fixados, pela here-


Digesto Econômico

Digesto Econónoco

62

da a noção do bem, do amor e do per

dão, das coisas puras e elevadas. O triunfo da consciência é a mais no

bre e a mais fecunda das vitórias; sig

63

ter que o façam com desvelo, porque

que a ordem natural impõe e até a ciên cia justifica. Se tiverdes mérito e puderdes subir além daquilo a que se chamou — so

a principal missão da^escola, em uma de mocracia, não é formar letrados nem

trate de interessar o homem nos negó

cientistas — é formar cidadãos.

cios do seu país. A indiferença política é fonte dos

Todo o

nifica o império do homem sôbre si

berania dos inferiores — vereis colear

homem digno de ser considerado mem

mesmo — o maior e o mais real dos im

em tômo do vosso renome a serpente do

bro de uma democracia, diz um con

périos. E não pareça que é sempre fácil conquistá-lo. É cheia de tentações e cheia de espinhos a estrada que nos

o vosso esforço.

conduz ao futuro. "Lemos e admiramos",

aparências, parecendo que transpirais a

E assim, sob a superfície calma das

diz Lubbock, "os heróis da antigüidade,

felicidade e o orgulho dos vossos triun

mas cada um de nós terá na vida ba

fes, ocultareis um coração dilacerado, uma alma opressa que lentamente se

talhas comparáveis às de Maratona e das Termópilas; cada um de nós encon tra a esfinge à margem do caminho; a cada um de nós, como a Hércules, será proposta a escolha entre o vício e a vir

tude; somos livres como Páris de confe

rir o prêmio a Vênus, a Juno ou a Minerva".

A mais bem formada das almas va-cila

freqüentemente quando flagelada pelos desenganos e pelos sofrimentos. A resignação é, sem dúvida, uma vir

tude cristã; mas a dor profunda inspira a revolta, dita a represália e sufoca o . perdão. Quantas vezes, diz o orador, na vossa vida de homens e de cidadãos tereis de sorver o fel das injustiças mais amar

temporâneo, deve começar por ser um

despeito e misturar a sua peçonha com

aprendiz de cidadão; êsse aprendizado

ainda em \'ias de elaboração. Para ro-

bustecer aquela concorrem certamente

Esta, assim

orientada, fornecerá a

pensamentos e sentimentos em que se

É o momento de reagirdes, de recon-

quistardes o império sôbre vós mes nítida dos vossos deveras, a solidez in-

quebrantável das vossas virtudes cívicas. Há de salvar-vos a fé, a fé religiosa, a

fé moral profunda, a fé no futuro gran dioso desta pátria, na solidariedade hu mana para o bem.

A fé religiosa é o melhor dos bálsamos para as feridas morais, a mai§ pura

consolação que aos sofrimentos se de

tor de coesão do Estado moderno.

bater a democracia nas suas bases; é

Re

Para a doce figura de Cristo, cuja

Hoje, é com ciêiicia que se tenta com com

as leis da rida- que se procura

lítica pelo meio mais capaz de bem

demonstrar a inanidade das idéias igua litárias e a pura fantasia dos sonhos da

fortalecê-la.

fraternidade.

Sabe-se que o melhor da história da

Ouve-se dizer que da época atual já

Grécia foi o produto de uma educação verdadeiramente nacional. "Sparta", diz um escritòr, "com a legislação de Licur-

se descortina bem próximo o futuro que

go, Tebas no tempo de Pelópidas e de

feriores, vencidas necessàriamente na

Epaminondas, fizeram de seus filhos

cidadãos e soldados capazes de elevar a

luta da concorrência vital. O imperia lismo é a cristalização política desta

sua pátria".

tendência.

"Mais feliz ainda, Atenas preparou

param.

doutrinas cujos alicerces parecem indestrutí\'eis por isso que se os vai buscar na fatalidade das leis naturais.

nossa, ó estreitar os laços de imião po

estéril a fé consoladora, a consciência

a corrente do pessimismo contemporâneo e o triunfo aparente do absolutismo de

apoia a consciência nacional. Mais do que a raça, a língua e outros elementos, é a consciência nacional o primeiro fa vigorá-la em uma federação como a

mos, de opordes ao ceticismo invasor e

maiores males, sobretudo para uma jo vem nação cuja feição definitiva está

será mesmo a essência da educação.

base psicológica que é a comunidade de

ensombra na dúvida e no desgosto.

É a educação que forma o caráter de uma nacionalidade, educação era que se

ao mesmo tempo os heróis de Maratona,

pertencerá exclusivamente às raças fortes

que se hão de expandir à custa das in

E já tememos nós outros, havermos

feito jus ao diploma de raça incompe tente, de povo insusceti\'el de organiza

gas, de emulações pèrfidamente interes-

imagem as nações já elevam no | cimo de Salamina

seiras, de provações cruciantes a que

das suas fronteiras como um símbolo de

res para as peças de Ésquilo, de Só-

tereis de impor silêncio que tanto mais

fraternidade', convergem o olhar nublado de tòdas as angústias, o fervor de todas as súplicas, o alvorôço de todas as almas agitadas — dos humildes aos poderosos, emparelhados na dor, nivelados pelas

focles, de Eurípides, admiradores e mo

ção estável, incapaz de Iniciativas fe cundas, a contrastar com a opulenta exu

lágrimas.

sangram quanto menos se revelaml

Como homens públicos o vosso patrio tismo mais sincero há de ser visto atra

vés dos vossos interesses reais ou supos tos; as vossas intenções desfiguradas pela malícia, os vossos atos interpretados des-

favoràvelmente pela exegese sofistica da

política subalterna. Se fordes fracos no manejo de armas

iguais às que vos ferem, sereis abando

Sereis bons se tiverdes a fe cristã. Ao lado dêsse tesoura, continua o ora

dor, onde ireis buscar a noção dos vossos

nados como inúteis porque é preciso

eliminar os fracos. É o realismo trágico

vossos mestres néatse caminho, e é mis

delos para Fídias e Praxíteles. Os filó

berância de um imenso território que

sofos punham na mesma linha a moral, a política e a educação. Mesmo com o

deve ser entregue pela fôrça irredud-

estoicismo, a filosofia não se limita à

vel das coisas.

cidade; quer formar cidadãos do uni verso e proclama que todos os homens são, por nàtmeza, iguais, livres e ir

resistência, das nossas forças assimiladoras, estamos a ver perigos temerosos na

mãos. Os romanos tiveram pela família

locahzaçao, em nosso seio, de massas

uma forte educação cujo fim era prin cipalmente despertar o amor da pátria". Dignos de imitação são êstes e iguais exemplos que a história nos fornece.

deveres morais, é necessário que formeis um outro onde se condensem os vossos deveres de cidadãos. Guiar-vos-ão os

e de Platéa, os espectado

L ...

atrai as melhores atividades e a elas

E duvidosos das nossas condições de

oriundas das chamadas raças superiores. Sem dúvida que o conjunto de carac

teres físicos e morais, transmitidos de ge ração em geração e fixados, pela here-


ni»^

Digesto Econômico

64

Digesto Econômico

dítariedade, influi no caráter de um

ram o tesouro e os impostos aumenta

povo.

ram de mais de 60%".

Mas, visto de perto, o dogma

das raças tem muito de vulnerável.

Exagera-se o seu valor e esse abuso insinua-se, alastra-se nos espíritos, re vestindo as aparências e a inflexibilidade de uma verdade científica.

Daí, diz

emérito publicista, a freqüência nos es

Isto era escrito

cinco anos depois de proclamada a Repúb'ica. Aí temos pois delapidações do tesouro por causa da raça; aumento de imposto por causa da raça e tudo por que essa raça não possui instituições po líticas correspondentes a sua índole.

tudos históricos de considerações sôbre

Entretanto, instituições libérrimas sob

o "gênio das raças"; afirmações de que

a forma federativa como as da Suíça,

os germanos têm no sangue a necessidade

conseguem governar com felicidade gru pos de raças diversas unidos com van tagem em uma só democracia.

da independência, que os semitas têm o cérebro monoteísta, que, hereditàriamente, o homem de sangue latino ama a uni

dade, tem imaginação mas não tem

É curioso, observar que outro escri tor da mesma escola, o conhecido soció

energia nem perseverança. A vulgarização destas teses leva à

logo Lilienfeld, em um estudo sôbre a

crença de que â questão da raça supera a tôdas, que os povos valem o que vale a sua raça, e em suma, que ó des tino das nações é determinado pelo va lor da sua composição étnica. Se houvermos de aceitar o absolutis-

mo da doutrina e sobretudo as aplicações que dela fazem diversos teoristas ao nosso povo, seríamos levados a descrer

das nossas instituições, do nosso futuro e

encerrarmo-nos numa resignação que

nem a ciência, nem a experiência justi ficam.

Le Bon, por ex., parte do princípio de que o caráter de uma raça não é susce tível de ser modificado pela educação; é elemento fundamental indestrutível que permite diferenciar a constituição mental dos povos.

E, tratando-se do

Brasil, pontifica textualmente o seguinte; "Seria interessante saber-se a' que fi

evolução das formas políticas, parece

' Mas os antropologistas nem mesmo estão de acôrdo sôbre a significação so cial desta última distinção.

"Os gregos antigos, inquire Tarde, eram mais dolicocéfalos do que os gre

da na classe dos Eupátridas. Em Roma, a incorporação freqüen to dos povos vencidos infundiu sangue

gos modernos? Ignora-se. Em todo o

novo na classe dos patrícios pela admis

caso, não é licito prender-se a decadên

são no Senado de nobres famílias estran

cia da Grécia à diminuição da dolicoceíalia". Êsse

mesmo

autor invoca

contra

a

distinção absoluta das raças — a prodi

giosa transformação do Japão separada

geiras. Mais tarde, quando desapare ceram as barreiras entre o patriciato e a plebe, tôdas as distinções de origem se confundiram e o nonre de romano ser

viu para designar uma categoria de

em menos de uma

pessoas que não

geração pela assi

tinham de comum

milação dos exem

senão

plos da

número de direitos

Europa,

um

certo

afirmar que as condições do meio bra

desde o armamen

sileiro, os antecedentes das raças que o

to e o

vestuário

Em Esparta, a

habitaram e ainda em parte o povoam,

até às indústrias, às

raça conquísladora

são francamente favoráveis à instituição

artes e aos costu

da mais pura democracia.

mes. Além de tudo

dos Dóricos con servou melhor e

"Ainda hoje, diz ele, as tribos que ha bitam o interior do Brasil, apresentam

embriões de pequenas republicas verda

o tipo se modifica

mais longamente a

por um conjunto de

sua pureza. Mas,

circunstâncias

por

dependentes da ra

chefes temporários escolhidos entre os

ça em si.

principais da tribo".

anglo-saxônio

elementos

O tipo

Estados Unidos al tera-se ' evidente

doutrinas.

mente e sem cru-

predisposição étnica não decorre necessa

zaménto,

riamente o gônio de um povo. Tôdas as

observa Novicow.

estra-

nhos, enfraqueceu-

nos

nos conduz a aparente rigidez de tais A verdade é que de uma

não haver querido receber

in

deiramente democráticas, governados por

Vê-se, pois, a que conclusões diversas

políticos.

se

e

acabou

por extinguir-se. A realidade da raça

não se poderia en

c o in o

contrar senão em

Em uma mesma nação há pois su

uma região isolada cujos habitantes vi

periores ê inferiores; a constituição men

vessem afastados de tôda a comunica

tal média se formará pela educação e dela surgirá lenta mas seguramente a

ção com o estrange ro e portanto em um

nhuma relação entre raça e nação. A

estado de civilização inferior.

antroposociologia, acrescenta Bouglé, não

consciência nacional.

energias mentais as \'erdadeiras criado ras da personalidade de um povo. A história nos mostra como o predomínio,

nações são mestiças, diz Gobineau, cem vêzes mestiças.

Hoje não existe, escreve Topinard, ne

cariam reduzidas as instituições democrá

confimde mais a raça com a nação, mas

Os gregos da Ática se gabavam de

ticas dos Estados Unidos, transportadas

no interior das próprias nações espera

ser autóctones e ac^edita^'am que es-

para uma raça inferior. O Brasil, ado

distinguir por meio de medidas pre cisas os tipos antropològicamente diferen

póhtâneattiente haviam surgido do solo,

rais para raças sem energia e sem von

tes. Não se falará mais em raça anglo-

que a obscuridade dos tempos primitivos

tade, sucumbiu à decadência e à anarquia. Os chefes do govêmo delapida-

saxônia, na raça latina, etc., mas em

permitia áo orgulho ateniense, mas uma

raça braquicéfala e dolicocéfala.

lénda sem base. Incessantes cruzamen

tando essas instituições demasiado libe

na classe dos escravos, dos libertos, dos openírios e dos comerciantes, mas ain

narra um publicista..

Era uma lenda

tos se haviam realizado, não sòmente

São as

a superioridade, a chefia da civilização tem passado de uns para outros povos.

As jovens nações do novo mundo competirá um dia o cetro - que já se desloca. Prepararmo-nos para êsse fu turo, principaimente pela educação do


ni»^

Digesto Econômico

64

Digesto Econômico

dítariedade, influi no caráter de um

ram o tesouro e os impostos aumenta

povo.

ram de mais de 60%".

Mas, visto de perto, o dogma

das raças tem muito de vulnerável.

Exagera-se o seu valor e esse abuso insinua-se, alastra-se nos espíritos, re vestindo as aparências e a inflexibilidade de uma verdade científica.

Daí, diz

emérito publicista, a freqüência nos es

Isto era escrito

cinco anos depois de proclamada a Repúb'ica. Aí temos pois delapidações do tesouro por causa da raça; aumento de imposto por causa da raça e tudo por que essa raça não possui instituições po líticas correspondentes a sua índole.

tudos históricos de considerações sôbre

Entretanto, instituições libérrimas sob

o "gênio das raças"; afirmações de que

a forma federativa como as da Suíça,

os germanos têm no sangue a necessidade

conseguem governar com felicidade gru pos de raças diversas unidos com van tagem em uma só democracia.

da independência, que os semitas têm o cérebro monoteísta, que, hereditàriamente, o homem de sangue latino ama a uni

dade, tem imaginação mas não tem

É curioso, observar que outro escri tor da mesma escola, o conhecido soció

energia nem perseverança. A vulgarização destas teses leva à

logo Lilienfeld, em um estudo sôbre a

crença de que â questão da raça supera a tôdas, que os povos valem o que vale a sua raça, e em suma, que ó des tino das nações é determinado pelo va lor da sua composição étnica. Se houvermos de aceitar o absolutis-

mo da doutrina e sobretudo as aplicações que dela fazem diversos teoristas ao nosso povo, seríamos levados a descrer

das nossas instituições, do nosso futuro e

encerrarmo-nos numa resignação que

nem a ciência, nem a experiência justi ficam.

Le Bon, por ex., parte do princípio de que o caráter de uma raça não é susce tível de ser modificado pela educação; é elemento fundamental indestrutível que permite diferenciar a constituição mental dos povos.

E, tratando-se do

Brasil, pontifica textualmente o seguinte; "Seria interessante saber-se a' que fi

evolução das formas políticas, parece

' Mas os antropologistas nem mesmo estão de acôrdo sôbre a significação so cial desta última distinção.

"Os gregos antigos, inquire Tarde, eram mais dolicocéfalos do que os gre

da na classe dos Eupátridas. Em Roma, a incorporação freqüen to dos povos vencidos infundiu sangue

gos modernos? Ignora-se. Em todo o

novo na classe dos patrícios pela admis

caso, não é licito prender-se a decadên

são no Senado de nobres famílias estran

cia da Grécia à diminuição da dolicoceíalia". Êsse

mesmo

autor invoca

contra

a

distinção absoluta das raças — a prodi

giosa transformação do Japão separada

geiras. Mais tarde, quando desapare ceram as barreiras entre o patriciato e a plebe, tôdas as distinções de origem se confundiram e o nonre de romano ser

viu para designar uma categoria de

em menos de uma

pessoas que não

geração pela assi

tinham de comum

milação dos exem

senão

plos da

número de direitos

Europa,

um

certo

afirmar que as condições do meio bra

desde o armamen

sileiro, os antecedentes das raças que o

to e o

vestuário

Em Esparta, a

habitaram e ainda em parte o povoam,

até às indústrias, às

raça conquísladora

são francamente favoráveis à instituição

artes e aos costu

da mais pura democracia.

mes. Além de tudo

dos Dóricos con servou melhor e

"Ainda hoje, diz ele, as tribos que ha bitam o interior do Brasil, apresentam

embriões de pequenas republicas verda

o tipo se modifica

mais longamente a

por um conjunto de

sua pureza. Mas,

circunstâncias

por

dependentes da ra

chefes temporários escolhidos entre os

ça em si.

principais da tribo".

anglo-saxônio

elementos

O tipo

Estados Unidos al tera-se ' evidente

doutrinas.

mente e sem cru-

predisposição étnica não decorre necessa

zaménto,

riamente o gônio de um povo. Tôdas as

observa Novicow.

estra-

nhos, enfraqueceu-

nos

nos conduz a aparente rigidez de tais A verdade é que de uma

não haver querido receber

in

deiramente democráticas, governados por

Vê-se, pois, a que conclusões diversas

políticos.

se

e

acabou

por extinguir-se. A realidade da raça

não se poderia en

c o in o

contrar senão em

Em uma mesma nação há pois su

uma região isolada cujos habitantes vi

periores ê inferiores; a constituição men

vessem afastados de tôda a comunica

tal média se formará pela educação e dela surgirá lenta mas seguramente a

ção com o estrange ro e portanto em um

nhuma relação entre raça e nação. A

estado de civilização inferior.

antroposociologia, acrescenta Bouglé, não

consciência nacional.

energias mentais as \'erdadeiras criado ras da personalidade de um povo. A história nos mostra como o predomínio,

nações são mestiças, diz Gobineau, cem vêzes mestiças.

Hoje não existe, escreve Topinard, ne

cariam reduzidas as instituições democrá

confimde mais a raça com a nação, mas

Os gregos da Ática se gabavam de

ticas dos Estados Unidos, transportadas

no interior das próprias nações espera

ser autóctones e ac^edita^'am que es-

para uma raça inferior. O Brasil, ado

distinguir por meio de medidas pre cisas os tipos antropològicamente diferen

póhtâneattiente haviam surgido do solo,

rais para raças sem energia e sem von

tes. Não se falará mais em raça anglo-

que a obscuridade dos tempos primitivos

tade, sucumbiu à decadência e à anarquia. Os chefes do govêmo delapida-

saxônia, na raça latina, etc., mas em

permitia áo orgulho ateniense, mas uma

raça braquicéfala e dolicocéfala.

lénda sem base. Incessantes cruzamen

tando essas instituições demasiado libe

na classe dos escravos, dos libertos, dos openírios e dos comerciantes, mas ain

narra um publicista..

Era uma lenda

tos se haviam realizado, não sòmente

São as

a superioridade, a chefia da civilização tem passado de uns para outros povos.

As jovens nações do novo mundo competirá um dia o cetro - que já se desloca. Prepararmo-nos para êsse fu turo, principaimente pela educação do


Digesto Econômico

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67

DICESTO EcoNÓNnco

mática, eterna como as leis que re

não ó a única obreira do progresso e

caráter e da vontade, é o dever do

idéia e de inclinações comuns a tôdas

presente. Diz-se que a hora do inundo

as sociedades inteligentes. Dêsse modo

gem as revoluções planetárias. Desigual

nem sempre o produz. Em certas cir

é o da luta no terreno econômico e aí

de pensar comum, junto a um modo de

dade e seleção são condições do pro

cunstâncias favorece a sobrerivência de

viver idêntico, resulta uma maneira aná

gresso.

tipos reconhecidamente inferiores; por

melhor se apura o valor da capacidade de uma raça. E uma corrente de opi

Entretanto a fantasia triunfa; e êsse o

outro lado, tipos considerados geralmen

loga de sentir que, de geraçao em ge ração, apaga o cunho hereditário ou

fato que ressalta da primeir.i observa

mente em virtude das atenuações que

Se tal inferioridade

primado das raças. O intemacionalismo comercial e indus

ção, do primeiro olhar lançado sôbre a

evolução por que passaram e passam as

sofre nesta ou naquela espécie a con

existe é errôneo pretender-se encontrarlhe a origem em uma tara da raça.

instituições dos povos cultos. Como árvores agitadas pelo vento, na frase de um publicista, vemo-las tôdas curvadas na mesma direção pela impe tuosa rajada. O direito se transforma; em vez. do direito arcaico que vivia de

corrência dos indivíduos.

intemacionalismo científico criou uma

distinções, temos a igualdade jurídica, a igualdade perante a lei. A igualda

das circunstâncias. "Um lobo", pergxm-

de política impõe-se ao lado da civil.

cordeiro para a vitória nas lutas da

A pirâmide da soberania está invertida: em vez de uma autoridade que desce do

chado, rico de pastagens: êle morrerá

nião contemporânea afirma a inferiorida

de dos latinos, senhores ainda da imagi nação e da arte.

Não é preciso recuar muito no tempo para que nos mostre a história períodos em que inferiores eram as raças rivais.

Goethe, em 1829, dizia que, enquanto os alemães se atormentavam com a so

lução de problemas filosóficos, riam-se

dêles os ingleses com a sua grande ra zão prática e ganhavam o mundo. Wolf

refere o caso do viajante Campe em 1790, característico do apreço em que eram tidos os alemães. Estavam então em França e foi um dia à assembléia na

cional. Entre as coisas recebidas, encon

trava-se um livro dedicado à assembléia, livro sôbre navegação, escrito e enviado por um alemão. Quando o secretário pronunciou a palavra "alemão", a as sembléia disparou na gargalhada. Para

aquêles senhores era tão ridículo que um alemão escrevesse um livro sôbre navegação como se um groenlandês ou

um hotentote^ escrevesse um livro sôbre ópera.

trial operou primeiro êsse resultado; o mentalidade quase idêntica. Vê-se pois o va'or que têm certas sentenças condenatórias da nossa raça, da nossa capacidade nacional, quer no terreno da atividade econômica, quer no

da vida e da organização política. É indispensável afastar êsse espanta lho do caminho da nossa mocidade, li

bertá-la de preconceitos que são uma fonte de desânimo e dar-lhe a consciên

cia da sua perfeita idoneidade para con duzir a nossa pátria ao futuro a que temos o direito e o dever de aspirar.

O futuro, diz Guyãu, há de ser feito

por nós e dependerá do modo pelo qual houvermos educado as gerações novas.

, A instrução bem orientada e sòlidamente baseada, isenta de prejuízos e de sectarismo, fará dos nossos jovens pa trícios homens do seu tempo, amigos

da liberdade, da justiça e da ordem, defensores conscientes da democracia,

dessa democracia de que são filhos e

te como superiores sobrevi\'em exata Não são ra

ros na natureza casos em que os seres

se elevam e melhoram pelo au.\ílio mú tuo e não esmagando-se uns aos outros.

A superioridade e a capacidade são, aliás, coisas relativas. Tudo depende ta Le Dantec, "é mais apto do que um vida?

Colocai o lobo em terreno fe

senhor aos seus subordinados, temos uma

de fome; o cordeiro, pelo contrario,

autoridade que sobe do povo aos .seus

prosperará.

funcionários.

lobo? Não, certamente. Se introduzir- ^ mos o lobo no cercado em que está o cordeiro, êste será devorado. Ha qua- V

Por outro lado, a solidariedade hu

mana enlaça as nações; o século está

impregnado de humanitarismo. esta tendência

contraria

as

Nem

doutrinas

científicas senão quando estas se satu ram de um naturalismo "à outrance"

que conduz a analogias biológicas abso

É este mais apto que o

lidades reputadas como inferiores e das quais se originam inesperadas van tagens. Assim, em certas illias da Ocea nia, são os insetos desprovidos de asas, que sobrevivem porque estão menos ex

lutas e escurecem o que há de especial

postos dos que os que . voam a serem

e de variável no mundo humano.

arrastados ao mar pelas violências do

Sem dúvida que, neste como no mun

vento".

Dir-se-ia até que as próprias

do animal, a hereditariedade, a divisão

leis naturais instituem a associação, a

cooperação, a fraternidade, como for ças ímpulsoras do progresso. Seleção e

Entretanto a Alemanha entra hoje na frota comercial do mundo com uma por

que incontestávelmente se infiltra em tô

do trabalho e a disputa dos alimentos são fenômenos constantes.

centagem muitas vezes superior à da França e,^em muitos pontos, leva van

das as instituições atuais. Excessos da

sociologia naturalista, tendo como ali

Mas no seu

próprio domínio exclusivo — o da bio logia, diz um naturalista, estas leis com que se pretênde acorrentar o entusias mo democrático, já não são leis de bronze. Diz-se que o combate universal

auxílio mútuo, "struggle for life" e fra

Dizem

é condição da vida e do progresso que

cial, adverte que na sua teoria não se

pela boca de Hamon que a ordem social

se forma do triunfo dos mais fortes e

deve tomar a expressão — luta pela vida

dos mais capazes. O antagonismo existe

— em sentido absoluto e exclusivo. Co

cerce certas leis da vida, alias menos

tagem à Inglaterra. O comércio de Ve

inflexíveis do que parece, sorriem da

neza foi célebre e sabe-se o que valeu

idéia igualitária como de uma fantasia,

Portugal no mar. A civilização ocidental mobiliza cada vez mais os indivíduos, mistura-os em

sem dúvida sedutora, mas frágil e efemera como tôdas as fantasias.

agrupamentos diferentes e aproxima os

repousa na desigualdade que não se

povos mais afastados. Êsse entrelaça

pode destruir porque é inseparável da

mento produz um fundo de cultura, de

raça, invariável como as verdades mate-

por tôda a parte na natureza.

ternidade parecem coisas inconciliáveis na vida.

Rigorosamente não são.

O

próprio Darwin, de cujas doutrinas se faz hoje tão larga aplicação à vida so

Mostra,

mo exemplos observam os naturalistas

porém, um escritor que a luta pela vida

que, por vêzes, certas espécies destina-


Digesto Econômico

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DICESTO EcoNÓNnco

mática, eterna como as leis que re

não ó a única obreira do progresso e

caráter e da vontade, é o dever do

idéia e de inclinações comuns a tôdas

presente. Diz-se que a hora do inundo

as sociedades inteligentes. Dêsse modo

gem as revoluções planetárias. Desigual

nem sempre o produz. Em certas cir

é o da luta no terreno econômico e aí

de pensar comum, junto a um modo de

dade e seleção são condições do pro

cunstâncias favorece a sobrerivência de

viver idêntico, resulta uma maneira aná

gresso.

tipos reconhecidamente inferiores; por

melhor se apura o valor da capacidade de uma raça. E uma corrente de opi

Entretanto a fantasia triunfa; e êsse o

outro lado, tipos considerados geralmen

loga de sentir que, de geraçao em ge ração, apaga o cunho hereditário ou

fato que ressalta da primeir.i observa

mente em virtude das atenuações que

Se tal inferioridade

primado das raças. O intemacionalismo comercial e indus

ção, do primeiro olhar lançado sôbre a

evolução por que passaram e passam as

sofre nesta ou naquela espécie a con

existe é errôneo pretender-se encontrarlhe a origem em uma tara da raça.

instituições dos povos cultos. Como árvores agitadas pelo vento, na frase de um publicista, vemo-las tôdas curvadas na mesma direção pela impe tuosa rajada. O direito se transforma; em vez. do direito arcaico que vivia de

corrência dos indivíduos.

intemacionalismo científico criou uma

distinções, temos a igualdade jurídica, a igualdade perante a lei. A igualda

das circunstâncias. "Um lobo", pergxm-

de política impõe-se ao lado da civil.

cordeiro para a vitória nas lutas da

A pirâmide da soberania está invertida: em vez de uma autoridade que desce do

chado, rico de pastagens: êle morrerá

nião contemporânea afirma a inferiorida

de dos latinos, senhores ainda da imagi nação e da arte.

Não é preciso recuar muito no tempo para que nos mostre a história períodos em que inferiores eram as raças rivais.

Goethe, em 1829, dizia que, enquanto os alemães se atormentavam com a so

lução de problemas filosóficos, riam-se

dêles os ingleses com a sua grande ra zão prática e ganhavam o mundo. Wolf

refere o caso do viajante Campe em 1790, característico do apreço em que eram tidos os alemães. Estavam então em França e foi um dia à assembléia na

cional. Entre as coisas recebidas, encon

trava-se um livro dedicado à assembléia, livro sôbre navegação, escrito e enviado por um alemão. Quando o secretário pronunciou a palavra "alemão", a as sembléia disparou na gargalhada. Para

aquêles senhores era tão ridículo que um alemão escrevesse um livro sôbre navegação como se um groenlandês ou

um hotentote^ escrevesse um livro sôbre ópera.

trial operou primeiro êsse resultado; o mentalidade quase idêntica. Vê-se pois o va'or que têm certas sentenças condenatórias da nossa raça, da nossa capacidade nacional, quer no terreno da atividade econômica, quer no

da vida e da organização política. É indispensável afastar êsse espanta lho do caminho da nossa mocidade, li

bertá-la de preconceitos que são uma fonte de desânimo e dar-lhe a consciên

cia da sua perfeita idoneidade para con duzir a nossa pátria ao futuro a que temos o direito e o dever de aspirar.

O futuro, diz Guyãu, há de ser feito

por nós e dependerá do modo pelo qual houvermos educado as gerações novas.

, A instrução bem orientada e sòlidamente baseada, isenta de prejuízos e de sectarismo, fará dos nossos jovens pa trícios homens do seu tempo, amigos

da liberdade, da justiça e da ordem, defensores conscientes da democracia,

dessa democracia de que são filhos e

te como superiores sobrevi\'em exata Não são ra

ros na natureza casos em que os seres

se elevam e melhoram pelo au.\ílio mú tuo e não esmagando-se uns aos outros.

A superioridade e a capacidade são, aliás, coisas relativas. Tudo depende ta Le Dantec, "é mais apto do que um vida?

Colocai o lobo em terreno fe

senhor aos seus subordinados, temos uma

de fome; o cordeiro, pelo contrario,

autoridade que sobe do povo aos .seus

prosperará.

funcionários.

lobo? Não, certamente. Se introduzir- ^ mos o lobo no cercado em que está o cordeiro, êste será devorado. Ha qua- V

Por outro lado, a solidariedade hu

mana enlaça as nações; o século está

impregnado de humanitarismo. esta tendência

contraria

as

Nem

doutrinas

científicas senão quando estas se satu ram de um naturalismo "à outrance"

que conduz a analogias biológicas abso

É este mais apto que o

lidades reputadas como inferiores e das quais se originam inesperadas van tagens. Assim, em certas illias da Ocea nia, são os insetos desprovidos de asas, que sobrevivem porque estão menos ex

lutas e escurecem o que há de especial

postos dos que os que . voam a serem

e de variável no mundo humano.

arrastados ao mar pelas violências do

Sem dúvida que, neste como no mun

vento".

Dir-se-ia até que as próprias

do animal, a hereditariedade, a divisão

leis naturais instituem a associação, a

cooperação, a fraternidade, como for ças ímpulsoras do progresso. Seleção e

Entretanto a Alemanha entra hoje na frota comercial do mundo com uma por

que incontestávelmente se infiltra em tô

do trabalho e a disputa dos alimentos são fenômenos constantes.

centagem muitas vezes superior à da França e,^em muitos pontos, leva van

das as instituições atuais. Excessos da

sociologia naturalista, tendo como ali

Mas no seu

próprio domínio exclusivo — o da bio logia, diz um naturalista, estas leis com que se pretênde acorrentar o entusias mo democrático, já não são leis de bronze. Diz-se que o combate universal

auxílio mútuo, "struggle for life" e fra

Dizem

é condição da vida e do progresso que

cial, adverte que na sua teoria não se

pela boca de Hamon que a ordem social

se forma do triunfo dos mais fortes e

deve tomar a expressão — luta pela vida

dos mais capazes. O antagonismo existe

— em sentido absoluto e exclusivo. Co

cerce certas leis da vida, alias menos

tagem à Inglaterra. O comércio de Ve

inflexíveis do que parece, sorriem da

neza foi célebre e sabe-se o que valeu

idéia igualitária como de uma fantasia,

Portugal no mar. A civilização ocidental mobiliza cada vez mais os indivíduos, mistura-os em

sem dúvida sedutora, mas frágil e efemera como tôdas as fantasias.

agrupamentos diferentes e aproxima os

repousa na desigualdade que não se

povos mais afastados. Êsse entrelaça

pode destruir porque é inseparável da

mento produz um fundo de cultura, de

raça, invariável como as verdades mate-

por tôda a parte na natureza.

ternidade parecem coisas inconciliáveis na vida.

Rigorosamente não são.

O

próprio Darwin, de cujas doutrinas se faz hoje tão larga aplicação à vida so

Mostra,

mo exemplos observam os naturalistas

porém, um escritor que a luta pela vida

que, por vêzes, certas espécies destina-


DiCESTo Econômico

Se ps pacíficos herbívoros, diz Houssave,

a personificação do índúndiialismo ex cessivo, é dado por publicistas como o mal generalizado das gerações atuais.

são mais prósperos que os carnívoros e

Assim é, observa um crítico, que o ar-

se multiplicam por milhares — é porque

rivismo brutal que anseia pelo sucesso a todo o custo e por todos os meios, o

das a servirem de alimento a outras, ti

ram vantagens exatamente desse fato.

o homem tomou a direção dos rebanhos; lucraram em servi-lo.

Ha esporos de cogumelos incapazes dc germinar enquanto a sua membrana não

fôr amolecida e digerida pelo estômago dos herbívoros.

Os insetos não são os

parasitas das flores por isso que lhes roubam o suco? Entretanto são também

seus benfeitores por isso que lhes propa gam o pó^én. A organização de es forços. a sociabilidade não são fenôme nos desconhecidos entre os animais. Assim, mesmo nos domínios da bio logia, a fraternidade não é uma fanta

sia.^ Tome-se agora êsse organismo es pecial que é a sociedade humana e ver-se-á que as leis da natureza não são feitas para condenarem as aspirações de mocráticas nem o moral da solidarie dade. ^

Apregoam-se as vantagens dc individuabsmo, os seus triunfos em todas as manifestações da atividade social; e à

fôrça de repetir-se o vocábulo chega-se a dar-lhe a significação de um sêco

egoísmo, a e.vpressão de um antagonis mo real entre o indivíduo e a sociedade como se não houvesse possibilidade de uma justa harmonia entre os dois têrmos.

diletantismo estético pronto sempre a sacrificar sentimentos humanitíirios à be

leza de um gesto, o orgulho aristocráti co de casta que recusa altivamente às massas populares o direito à cultura e à felicidade, o anarquismo "literário" e a "decadência" moderna — pretendem haurir autoridade nas doutrinas de Níe

tzche. Ela divinizou a vontade sobera

69

Dicesto EcoNÓmco

vidade — tais são os dois fatores do pro blema da educação. No indi\ íduo, é necessário educar a vontade ao lado da

inteligência, armá-la para as lutas do futuro. "Para melhor apoiar os fracos, é preciso que sejais fortes, dizia um ora Paris".

rada do novo século, destinadas a au

Tenhamos a coragem dc dizer que

há duas espécies do solidariedade: a boa e a má, a verdadeira e a falsa.

A

primeira consiste em fazer o mais que se pode em benefício dos outros. Esta é excelente; praticá-la com tôdas as for ças.

A outra consiste em esperar que

quanto mais se isola, e elevou como ideal supremo a figura do super-homem, estranha criação que, na frase de um

confiai dela.

de si próprio. É contra esses desvios que o solida-

pécie de solidariedade nada vale; des Contai, antes c acima

de tudo, com as vossas próprias forças, com a vossa energia, com a vossa von tade.

Esforçai-vos por saberdes querer. Educar o indivíduo fazendo-o forte,

não para o egoísmo ou para o isolamen to, mas para a verdadeira solidariedade,

rismo nos põe em guarda; restitue-nos à terra, liga-nos aos nossos semelhantes e mostra que não fomos feitos para nos

é educar o homem moderno consciente

fugirmos uns aos outros nem para nos

Já alguém, referindo-se ao progresso

esmagarmos. "O solidarismo nos ajuda a opor às fórmulas aristocráticas, atro-

da mutualidade, notou que a caracterís tica dominante nos últimos períodos do século que passou era o de haver sido

fiantes e dissolventes do individualis

intenso do que no século extinto. Pelo contrário, novas e maiores maravilhas já se deixam entre\'er nesta primeira alvo

na do homem forte, tanto mais poderoso

e homem de presa desejoso de elevar-se acima das massas para elevar-se acima

cia, da indústria e da arte, sej"a menos

dor aos alunos do Lycée Condorcct, em

os outros façam tudo por nós; essa es

escritor, é um misto de ambicioso e de esteta, de dominador e de artista, poeta

Não é que venha a diminuir a parte da inteligência na obra e nas ações humanas, nem que o progresso da ciên

de seus deveres sociais, filhos das idéias

e dos sentimentos do seu tempo.

mentar em proporção cada vez maior o

opulento capital que a mentalidade hu mana acumulou.

Mas é que o amor, a paz e a bon dade, penetram cada vez mais nas cons

ciências, purificam os espíritos e ele vam os corações. A sociedade moderna

já não elimina brutalmente os fracos nem abandona os desventurados; pelo

contrário, ampara-os. Vede por toda a parte os admiráveis progressos da as sistência como obrigação social nas suas

diversas modalidades.

j|

Ela estende a mão protetora à cria- " tura que a sorte feriu no berço; acom

panha-a na vida; socorre-a na enfermi dade e dá-lhe arrimo na velhice.

Os

fracos, os defeituosos, já não são con denados como repelentes parasitas! —

"Mens sana in corpore sano" é sem dú vida o ideal.

Mas um corpo franziu;)

e doentio pode abrigar o gênio de um Pascal proveitoso à sociedade inteira. A ciência, por seu lado, melhora a sorte dos infelizes, alÍNÍa os sofrimen

um século muito humano.

treito, do culto" intensivo do eu, são fórmulas anti-sociais que não têm apoio

mo", diz Bengli, "um individualismo de mocrático, princípio fecundo de união e de ação sociais cuja divisa não será mais "cada um para si'', mas "cada um por todos e todos por cada um", e cujo

a e'etricidade, suprimiu as distâncias. Quiseram chamá-lo- o século da , en

fias e das,religiões. - Sem falar do seu

genharia; "entretanto", dizia ■ Waldeck-

fundamento moral, ela tem um funda

As fórmulas desse individualismo es e não têm sanção nas leis da natureza.

domínio marcaria a vitória definitiva

Ê entretanto em nome destas que se

natureza pròpriamente humana sobre ^

lhes abre caminho e elas vão constituindo

natureza animal". Para a realização des

uma prática mental como se realmente a sociedade não fosse feita senão para

se ideal a educação não terá somente

ò indivíduo forte.

indivíduo, mas assegurar o progresso re

O caso de Níetzche, apontado geral mente, e talvez sem grande reação, como

gular da sociedade e o aperfeiçoamento da inteira espécie. Indivíduo e coleti

por fim dirigir o desenvolvimento do

tos e rasga um dilatado horizonte de

No domínio da ciência realizou es

pantosos progressos; descobriu o vapor,

esperanças.

"A tristeza da condição humana", diz Dastre, "é o tema constante das filoso

Rousseau, "deveriam apelidá-lo século

mento físico proveniente de quatro cau

da mutualidade".

sas: a imperfeição física ou desarmonia da- natureza, a moléstia, a velliice, a

Herdeiro dêsse im

pulso, continuador eficaz dessa evolu ção, eu creio, diz o orador, que o século

morte. Quanto à moléstia, não é uma

atual será principalmente, o. século do

esperança quimérica predizer que a

coração.

ciência a vencerá. A medicina, libcr-

' "


DiCESTo Econômico

Se ps pacíficos herbívoros, diz Houssave,

a personificação do índúndiialismo ex cessivo, é dado por publicistas como o mal generalizado das gerações atuais.

são mais prósperos que os carnívoros e

Assim é, observa um crítico, que o ar-

se multiplicam por milhares — é porque

rivismo brutal que anseia pelo sucesso a todo o custo e por todos os meios, o

das a servirem de alimento a outras, ti

ram vantagens exatamente desse fato.

o homem tomou a direção dos rebanhos; lucraram em servi-lo.

Ha esporos de cogumelos incapazes dc germinar enquanto a sua membrana não

fôr amolecida e digerida pelo estômago dos herbívoros.

Os insetos não são os

parasitas das flores por isso que lhes roubam o suco? Entretanto são também

seus benfeitores por isso que lhes propa gam o pó^én. A organização de es forços. a sociabilidade não são fenôme nos desconhecidos entre os animais. Assim, mesmo nos domínios da bio logia, a fraternidade não é uma fanta

sia.^ Tome-se agora êsse organismo es pecial que é a sociedade humana e ver-se-á que as leis da natureza não são feitas para condenarem as aspirações de mocráticas nem o moral da solidarie dade. ^

Apregoam-se as vantagens dc individuabsmo, os seus triunfos em todas as manifestações da atividade social; e à

fôrça de repetir-se o vocábulo chega-se a dar-lhe a significação de um sêco

egoísmo, a e.vpressão de um antagonis mo real entre o indivíduo e a sociedade como se não houvesse possibilidade de uma justa harmonia entre os dois têrmos.

diletantismo estético pronto sempre a sacrificar sentimentos humanitíirios à be

leza de um gesto, o orgulho aristocráti co de casta que recusa altivamente às massas populares o direito à cultura e à felicidade, o anarquismo "literário" e a "decadência" moderna — pretendem haurir autoridade nas doutrinas de Níe

tzche. Ela divinizou a vontade sobera

69

Dicesto EcoNÓmco

vidade — tais são os dois fatores do pro blema da educação. No indi\ íduo, é necessário educar a vontade ao lado da

inteligência, armá-la para as lutas do futuro. "Para melhor apoiar os fracos, é preciso que sejais fortes, dizia um ora Paris".

rada do novo século, destinadas a au

Tenhamos a coragem dc dizer que

há duas espécies do solidariedade: a boa e a má, a verdadeira e a falsa.

A

primeira consiste em fazer o mais que se pode em benefício dos outros. Esta é excelente; praticá-la com tôdas as for ças.

A outra consiste em esperar que

quanto mais se isola, e elevou como ideal supremo a figura do super-homem, estranha criação que, na frase de um

confiai dela.

de si próprio. É contra esses desvios que o solida-

pécie de solidariedade nada vale; des Contai, antes c acima

de tudo, com as vossas próprias forças, com a vossa energia, com a vossa von tade.

Esforçai-vos por saberdes querer. Educar o indivíduo fazendo-o forte,

não para o egoísmo ou para o isolamen to, mas para a verdadeira solidariedade,

rismo nos põe em guarda; restitue-nos à terra, liga-nos aos nossos semelhantes e mostra que não fomos feitos para nos

é educar o homem moderno consciente

fugirmos uns aos outros nem para nos

Já alguém, referindo-se ao progresso

esmagarmos. "O solidarismo nos ajuda a opor às fórmulas aristocráticas, atro-

da mutualidade, notou que a caracterís tica dominante nos últimos períodos do século que passou era o de haver sido

fiantes e dissolventes do individualis

intenso do que no século extinto. Pelo contrário, novas e maiores maravilhas já se deixam entre\'er nesta primeira alvo

na do homem forte, tanto mais poderoso

e homem de presa desejoso de elevar-se acima das massas para elevar-se acima

cia, da indústria e da arte, sej"a menos

dor aos alunos do Lycée Condorcct, em

os outros façam tudo por nós; essa es

escritor, é um misto de ambicioso e de esteta, de dominador e de artista, poeta

Não é que venha a diminuir a parte da inteligência na obra e nas ações humanas, nem que o progresso da ciên

de seus deveres sociais, filhos das idéias

e dos sentimentos do seu tempo.

mentar em proporção cada vez maior o

opulento capital que a mentalidade hu mana acumulou.

Mas é que o amor, a paz e a bon dade, penetram cada vez mais nas cons

ciências, purificam os espíritos e ele vam os corações. A sociedade moderna

já não elimina brutalmente os fracos nem abandona os desventurados; pelo

contrário, ampara-os. Vede por toda a parte os admiráveis progressos da as sistência como obrigação social nas suas

diversas modalidades.

j|

Ela estende a mão protetora à cria- " tura que a sorte feriu no berço; acom

panha-a na vida; socorre-a na enfermi dade e dá-lhe arrimo na velhice.

Os

fracos, os defeituosos, já não são con denados como repelentes parasitas! —

"Mens sana in corpore sano" é sem dú vida o ideal.

Mas um corpo franziu;)

e doentio pode abrigar o gênio de um Pascal proveitoso à sociedade inteira. A ciência, por seu lado, melhora a sorte dos infelizes, alÍNÍa os sofrimen

um século muito humano.

treito, do culto" intensivo do eu, são fórmulas anti-sociais que não têm apoio

mo", diz Bengli, "um individualismo de mocrático, princípio fecundo de união e de ação sociais cuja divisa não será mais "cada um para si'', mas "cada um por todos e todos por cada um", e cujo

a e'etricidade, suprimiu as distâncias. Quiseram chamá-lo- o século da , en

fias e das,religiões. - Sem falar do seu

genharia; "entretanto", dizia ■ Waldeck-

fundamento moral, ela tem um funda

As fórmulas desse individualismo es e não têm sanção nas leis da natureza.

domínio marcaria a vitória definitiva

Ê entretanto em nome destas que se

natureza pròpriamente humana sobre ^

lhes abre caminho e elas vão constituindo

natureza animal". Para a realização des

uma prática mental como se realmente a sociedade não fosse feita senão para

se ideal a educação não terá somente

ò indivíduo forte.

indivíduo, mas assegurar o progresso re

O caso de Níetzche, apontado geral mente, e talvez sem grande reação, como

gular da sociedade e o aperfeiçoamento da inteira espécie. Indivíduo e coleti

por fim dirigir o desenvolvimento do

tos e rasga um dilatado horizonte de

No domínio da ciência realizou es

pantosos progressos; descobriu o vapor,

esperanças.

"A tristeza da condição humana", diz Dastre, "é o tema constante das filoso

Rousseau, "deveriam apelidá-lo século

mento físico proveniente de quatro cau

da mutualidade".

sas: a imperfeição física ou desarmonia da- natureza, a moléstia, a velliice, a

Herdeiro dêsse im

pulso, continuador eficaz dessa evolu ção, eu creio, diz o orador, que o século

morte. Quanto à moléstia, não é uma

atual será principalmente, o. século do

esperança quimérica predizer que a

coração.

ciência a vencerá. A medicina, libcr-

' "


70

Dicesto EcoKÓ\nco

tada da atitude contemplativa que con

pois da desordem — a ordem; depois dos

servou durante séculos, iniciou a luta

meios violentos — os tribunais.

e a vitória se esboça. A moléstia já não

A arbitragem tende a substituir a

é a potência misteriosa a que não era possível escapar. Pasteur deu-lhe um corpo". Quanto à velhice, os moder

guerra, já bem se percebem os primeiros

nos estudos científicos deixam entrever, mais ou menos claramente, uma evo

lução normal da existência que a toma ra mais longa e isenta, pelo menos, da degenerescência' senil.

Se agora volvermos o olhar para ou tros aspectos da existência, para a vida econômica por exemplo, onde mais in tensa é a luta e onde o conflito de in-

teresses da lugar aos mais graves prob emas soc.a.s dos nossos dias, veremos que a sol.danedade, a cooperação, cada ve2 mais larga e háunfante, opera a har-

morna, abranda a luta.

"Toda a forma cooperativa", diz um publicista, e a solução de um conflito Que e a cooperativa de consumo senão a

solução do conflito entre o comprador 6 o vendedor? Que é a sociedade de crédito senão a supressão do conflito

msfg^/a €coMómfe<y

alvores dessa manhã benéfica.

Comércio dc animais

Todo és.se conjunto de fatos vitorio sos, influindo sôbre a consciência de uma nação jovem e inteligente, diz o

orador, educada na democracia e praticando-a com amor, perm'te-nas pre

por Afonso Aiunos de Melo Fixancc

dizer o futuro de grandeza e de felici

contemporâneos que percorrem, nas OiStabelas estatísticas, as cifras referentes

dade para a pátria, futuro de que se-

à nossa exportação de produtos de ori

rei.s vós, meu.s jovens amigos, os esfor

gem animal, nem sempre se recordam de como é antigo, no Brasil, este comér

çados obreiros.

Que os vossos mestres

se compenetrem da vossa e da sua missão. A ê'es eu direi: interessai os

cio exportador.

vossos discípulos na vida e no progres-

nossa vida, não tinha êle nenhum re'êvo

.so da sua pátria.

especial no quadro das atividades eco nômicas. Tanto assim que um historia dor do tômo de Caio Prado Júnior, dos

Mas evitai aprecia

ções sobre as coisas do dia em que a pequena política se envolve. Não quei rais aferir os governos pelo ideal da república, porque as repúblicas ideais são como as estrelas, na frase de Bacon; estão altas de mais para darem luz.

Aos representantes dos diversos cultos,

lha bastante ao verdadeiro, dentro da

qual, entre árvores alinhadas, divisamos ^

(1500-1530), na sua excelente "Histó

feitassem os mapas do Brasil com pa

de comércio ancilar, de pouca monta,

aproxima uns dos outros mais do que

destinado à satisfação de certa necessi

a.ssalariado?"

sôbre aquilo que nos separa.

dade de luxo e pitoresco, então como agora sempre presente entre os homens. Mas a verdade é que, por pouco consi derável que tenha sido este comércio dentro do volume e do valor global da

se batem ainda. Mas é incontestável também que a obra da paz universal a substituição das armas pela justiça inter nacional, organiza-se com vigor. Êsse é a'iás o fruto de uma evolução natural

que os pubhcistas assinalam tanto na or dem das relações privadas como no círculo das relações internacionais. De

pois da pura vingança: — o direito; de

a auréola das vossas pr meiras vitórias, direi:

Trabalhai sempre. Trabalhai pela ver dade, com a fé; pela liberdade, com a ordem; pela solidariedade, com o amor; pela república, com todas as energias do vosso caráter, com os ar

dores do vosso coração, com a fôrça ge nerosa do vosso braço.

Sois o futuro. Recebei as simpatias e

as homenagens do meu declínio.

pagaios e araras coloridas e brilhantes. Possuo dois mapas antigos do Brasil, de autoria de famosos cartógrafos, um de 1588, desenhado por Jodocus Hondius e outro sem data, mas poste

rior àquêle, assinado por Henricus Hon dius, se não me engano filho do pri meiro. Os dois mapas são ornados com

exportação, não é desprezível a sua pre

papagaios, sendo que o de Jodocus exi

sença na nossa vida econômica, quan

be também um tucano, figurando as duas aves sôbre um quadro muito bo

do examinada em detalhe. Por outro lado o comércio de animais teve influên cia em outros setores da nossa História,

nito, colocado no ângulo inferior do de senho, e que representa um grupo de

principalmente na fôrça sugestiva com que contribuiu, no Velho Mundo, para despertar a atenção pública sôbre o

índios 6 índias entregues a diversasocupações. A bela ave brasileira chegou a dar

Brasil.

o seu nome à tena. Como se sabe o embaixador de Veneza em Lisboa, Lorenzo Crético, descrevendo em 1501 o

Esta sugestão transparece nas repre

sentações gráficas e em outros elementos.

' 'liiJiiiüt

Daí por diante, até o fim do século XVI, era comum que os cartógrafos en

união de todos; insisti sôbre o que nos

"Na vida política é fato que as nações

três enormes papagaios.

ria Econômica".

a sociedade de produção senão a eli minação do conflito entre o patrão e o

A vós, meus amigos, conclui o ora

de uma terra cujo contorno se asseme

quer menciona o comércio de animais quando trata da fase do pau brasil

A exportação de peles, mamíferos e aves corresponderia assim a xima espécie

dor, que volveis ao lar com o sorriso e

No primeiro mapa do Brasil, que se en contra no planisfério de Cantino, feito em 1502, figura o nosso país na forma

mais eminentes que possuimos, nem se

eu pediria com Picavet: formando o homem e o cidadão, tornai mais fácil a

É a solidariedade, a fraternidade que

descreve, com a graça que lhe é peculiar, o que foi o comércio da ave que che gou a dar o sett nome à nossa terra.

Sem dúvida, nos primeiros tempos da

entre o capitalista e o devedor? Que é

ganham terreno.

O sr. Ajoxxso Arittos de Melo Franco


70

Dicesto EcoKÓ\nco

tada da atitude contemplativa que con

pois da desordem — a ordem; depois dos

servou durante séculos, iniciou a luta

meios violentos — os tribunais.

e a vitória se esboça. A moléstia já não

A arbitragem tende a substituir a

é a potência misteriosa a que não era possível escapar. Pasteur deu-lhe um corpo". Quanto à velhice, os moder

guerra, já bem se percebem os primeiros

nos estudos científicos deixam entrever, mais ou menos claramente, uma evo

lução normal da existência que a toma ra mais longa e isenta, pelo menos, da degenerescência' senil.

Se agora volvermos o olhar para ou tros aspectos da existência, para a vida econômica por exemplo, onde mais in tensa é a luta e onde o conflito de in-

teresses da lugar aos mais graves prob emas soc.a.s dos nossos dias, veremos que a sol.danedade, a cooperação, cada ve2 mais larga e háunfante, opera a har-

morna, abranda a luta.

"Toda a forma cooperativa", diz um publicista, e a solução de um conflito Que e a cooperativa de consumo senão a

solução do conflito entre o comprador 6 o vendedor? Que é a sociedade de crédito senão a supressão do conflito

msfg^/a €coMómfe<y

alvores dessa manhã benéfica.

Comércio dc animais

Todo és.se conjunto de fatos vitorio sos, influindo sôbre a consciência de uma nação jovem e inteligente, diz o

orador, educada na democracia e praticando-a com amor, perm'te-nas pre

por Afonso Aiunos de Melo Fixancc

dizer o futuro de grandeza e de felici

contemporâneos que percorrem, nas OiStabelas estatísticas, as cifras referentes

dade para a pátria, futuro de que se-

à nossa exportação de produtos de ori

rei.s vós, meu.s jovens amigos, os esfor

gem animal, nem sempre se recordam de como é antigo, no Brasil, este comér

çados obreiros.

Que os vossos mestres

se compenetrem da vossa e da sua missão. A ê'es eu direi: interessai os

cio exportador.

vossos discípulos na vida e no progres-

nossa vida, não tinha êle nenhum re'êvo

.so da sua pátria.

especial no quadro das atividades eco nômicas. Tanto assim que um historia dor do tômo de Caio Prado Júnior, dos

Mas evitai aprecia

ções sobre as coisas do dia em que a pequena política se envolve. Não quei rais aferir os governos pelo ideal da república, porque as repúblicas ideais são como as estrelas, na frase de Bacon; estão altas de mais para darem luz.

Aos representantes dos diversos cultos,

lha bastante ao verdadeiro, dentro da

qual, entre árvores alinhadas, divisamos ^

(1500-1530), na sua excelente "Histó

feitassem os mapas do Brasil com pa

de comércio ancilar, de pouca monta,

aproxima uns dos outros mais do que

destinado à satisfação de certa necessi

a.ssalariado?"

sôbre aquilo que nos separa.

dade de luxo e pitoresco, então como agora sempre presente entre os homens. Mas a verdade é que, por pouco consi derável que tenha sido este comércio dentro do volume e do valor global da

se batem ainda. Mas é incontestável também que a obra da paz universal a substituição das armas pela justiça inter nacional, organiza-se com vigor. Êsse é a'iás o fruto de uma evolução natural

que os pubhcistas assinalam tanto na or dem das relações privadas como no círculo das relações internacionais. De

pois da pura vingança: — o direito; de

a auréola das vossas pr meiras vitórias, direi:

Trabalhai sempre. Trabalhai pela ver dade, com a fé; pela liberdade, com a ordem; pela solidariedade, com o amor; pela república, com todas as energias do vosso caráter, com os ar

dores do vosso coração, com a fôrça ge nerosa do vosso braço.

Sois o futuro. Recebei as simpatias e

as homenagens do meu declínio.

pagaios e araras coloridas e brilhantes. Possuo dois mapas antigos do Brasil, de autoria de famosos cartógrafos, um de 1588, desenhado por Jodocus Hondius e outro sem data, mas poste

rior àquêle, assinado por Henricus Hon dius, se não me engano filho do pri meiro. Os dois mapas são ornados com

exportação, não é desprezível a sua pre

papagaios, sendo que o de Jodocus exi

sença na nossa vida econômica, quan

be também um tucano, figurando as duas aves sôbre um quadro muito bo

do examinada em detalhe. Por outro lado o comércio de animais teve influên cia em outros setores da nossa História,

nito, colocado no ângulo inferior do de senho, e que representa um grupo de

principalmente na fôrça sugestiva com que contribuiu, no Velho Mundo, para despertar a atenção pública sôbre o

índios 6 índias entregues a diversasocupações. A bela ave brasileira chegou a dar

Brasil.

o seu nome à tena. Como se sabe o embaixador de Veneza em Lisboa, Lorenzo Crético, descrevendo em 1501 o

Esta sugestão transparece nas repre

sentações gráficas e em outros elementos.

' 'liiJiiiüt

Daí por diante, até o fim do século XVI, era comum que os cartógrafos en

união de todos; insisti sôbre o que nos

"Na vida política é fato que as nações

três enormes papagaios.

ria Econômica".

a sociedade de produção senão a eli minação do conflito entre o patrão e o

A vós, meus amigos, conclui o ora

de uma terra cujo contorno se asseme

quer menciona o comércio de animais quando trata da fase do pau brasil

A exportação de peles, mamíferos e aves corresponderia assim a xima espécie

dor, que volveis ao lar com o sorriso e

No primeiro mapa do Brasil, que se en contra no planisfério de Cantino, feito em 1502, figura o nosso país na forma

mais eminentes que possuimos, nem se

eu pediria com Picavet: formando o homem e o cidadão, tornai mais fácil a

É a solidariedade, a fraternidade que

descreve, com a graça que lhe é peculiar, o que foi o comércio da ave que che gou a dar o sett nome à nossa terra.

Sem dúvida, nos primeiros tempos da

entre o capitalista e o devedor? Que é

ganham terreno.

O sr. Ajoxxso Arittos de Melo Franco


Digesto Econômico 72

73

Digesto Econômico

regresso de Cabral, a que assistira, diz:

Descobriu uma terra nova a que cha mam dos Papagaios". A partir de Cabral te

mos notícias freqüentes

culto da Natureza uma fábula fasci nante.

mas entusiásticos.

ções escritas e até na arte sacra deco

levava 3.000 peles de onça, 600 papa

rativa, como vemos exemplos cm certas igrejas da época, multiplicavam-se ao

gaios e cerca de 300 macacos e sa-

Fala do bico disfor

me em comparação com o corpo e da

mfutivilhosa plumagem- Antes dêle. de navegadores que trans aliás, o bom André Thevet, no livro portam consigo papagaios, "Singularités de Ia Franca Antarlique", ,,,

macacos, gatos do mato, ® outros animais para

vende-los na Europa.

O famoso regimento da Nau Bretoa,

publicado por Vambagen na primeira História, documento datado de 1511, em um capítulo especial

carlas ^^uintes doifttos e ^ peça. y;;ir -t tre do.so gatos e um sagui^ e sSoTIs

peças, o p.loto dois gatos e cinco sagmns e três papagaios e oito tuins e são dezoito peças, Domingos carpinteiro três macacos e dois gatos e são cinco peças"

Somente o Barão de Saint Blancard,

denominado "Jardin ot Cabinct Poétique" comemora o tucano cm versos ruins

já tinha fornecido informações sòbre o tucano, inclusive a de que ele era "sur

em princípios do século XVI carregou

Nas estampas, nos mapas, nas descri

lado das figuras de índios nus, as do bichos estranhos Brasil.

vindos da

terra

do

no Brasil uma nau, "La Pelerine", que

güins! Terra dos papagaios e tucanos, terra

dos macacos e sagüins, terra do Bra sil...

Ia coste de Ia murine Ia plus freqüente marchandisé".

Ainda no século XVIII vemos viajan

tes. como o ilustre La Condamíne, preo

cupados com as aves do Brasil. Alude ao processo de que os selvagens se utilizavam para mudar as cores das penas, coisa que ja se fazia no século XVI, segundo Ferdinand Denis, e que

"í.

V

se continua a fazer, no depoimento de Koch-Grünberg.

i

Os macacos eram outro genero muito

utilizado naquele primitivo comércio de exportação.

etc. A enumeração é longa e seguida Thevet, referindo-se a certa espécie de avaliaçao, com cálculo de pagamen- dêles, diz que já eram tão freqüentes to dos direitos devidos ao rei na Europa que se dispensava de descre Ê interessante notar-se como naquela Marot, em 1537, tentando ri época recuada ji faziam os portugueses vê-los. dicularizar um desafeto, chama-o de

perfeita diferença entre os símios° alu dindo separadamente a macacos 'e saguins e entre os psitacídios, estabelecen

saguim. As damas elegantes da côrte, os "mignons" efeminados de Henrique III de Valois nunca se privavam do pra

do a mesma distinção entre papagaios e

zer vaidoso de passear com os macaqui

tuins.

nhos do Brasil.

O papagaio do Brasil, difundido pe^a Europa, em várias das suas 70 espécies foi celebrado em livros de grandes es critores, como Erasmo de Roterdam e

Locke, e temos inúmeros depoimentos de como era estimado pelos franceses.

O tucano era outra ave de alta valia, pela beleza da sua plumagem e estranlia forma do bico.

Um medíocre poeta de princípios do século XVII, Paul Contant, num livro

Dados recentemente publicados revelam que, durante a estação de 1946-Í947, a pesca de baleia no Oceano Antártico atingiu a 933.800 barris de,Óleo e de es-

permacete. Na estação anterior, a produção fora de 496.780 barris.

As casas nobres ou as dos comercian

tes enriquecidos com o trafico de além-

Sete expedições se realizaram para êsse fim na última estação, sendo de seis o número corre.-ípondente à anterior. As principais razões para a melhoria foram as

mar ostentavam desde o século XVI, fre

seguintes: existência de maior número de navios em cada expedição; aperfeiçoamen

qüentemente, araras, micos e mnraca-

tos introduzidos tanto nos navios como nos respectivos equipamentos; e, por último,

jáfi, juntamente com escravos índios.

a circunstância de tôdas as expedições terem podido, iniciar a estação no tempo

Eram

devido.

amostras de um

mundo novo,

observadas com ingênua curiosidade. Tudo evocava uma vida misteriosa e

distante, uma vida natural e fabulosa ao mesmo tempo, pois a imagmaçao desabusada do Renascimento fazia do

A produção, por baleia, na última estação foi de 117 barris, sendo de apenas 100 o número correspondente à estação anterior. Dêste modo, regista-se acréscimo

de 17 por cento.

Ao preço aproximado de cem libras por tondada, os 933.'800

barris {representando cêrca de 150 mil toneladas) devem custar 15 milhões de libras.


Digesto Econômico 72

73

Digesto Econômico

regresso de Cabral, a que assistira, diz:

Descobriu uma terra nova a que cha mam dos Papagaios". A partir de Cabral te

mos notícias freqüentes

culto da Natureza uma fábula fasci nante.

mas entusiásticos.

ções escritas e até na arte sacra deco

levava 3.000 peles de onça, 600 papa

rativa, como vemos exemplos cm certas igrejas da época, multiplicavam-se ao

gaios e cerca de 300 macacos e sa-

Fala do bico disfor

me em comparação com o corpo e da

mfutivilhosa plumagem- Antes dêle. de navegadores que trans aliás, o bom André Thevet, no livro portam consigo papagaios, "Singularités de Ia Franca Antarlique", ,,,

macacos, gatos do mato, ® outros animais para

vende-los na Europa.

O famoso regimento da Nau Bretoa,

publicado por Vambagen na primeira História, documento datado de 1511, em um capítulo especial

carlas ^^uintes doifttos e ^ peça. y;;ir -t tre do.so gatos e um sagui^ e sSoTIs

peças, o p.loto dois gatos e cinco sagmns e três papagaios e oito tuins e são dezoito peças, Domingos carpinteiro três macacos e dois gatos e são cinco peças"

Somente o Barão de Saint Blancard,

denominado "Jardin ot Cabinct Poétique" comemora o tucano cm versos ruins

já tinha fornecido informações sòbre o tucano, inclusive a de que ele era "sur

em princípios do século XVI carregou

Nas estampas, nos mapas, nas descri

lado das figuras de índios nus, as do bichos estranhos Brasil.

vindos da

terra

do

no Brasil uma nau, "La Pelerine", que

güins! Terra dos papagaios e tucanos, terra

dos macacos e sagüins, terra do Bra sil...

Ia coste de Ia murine Ia plus freqüente marchandisé".

Ainda no século XVIII vemos viajan

tes. como o ilustre La Condamíne, preo

cupados com as aves do Brasil. Alude ao processo de que os selvagens se utilizavam para mudar as cores das penas, coisa que ja se fazia no século XVI, segundo Ferdinand Denis, e que

"í.

V

se continua a fazer, no depoimento de Koch-Grünberg.

i

Os macacos eram outro genero muito

utilizado naquele primitivo comércio de exportação.

etc. A enumeração é longa e seguida Thevet, referindo-se a certa espécie de avaliaçao, com cálculo de pagamen- dêles, diz que já eram tão freqüentes to dos direitos devidos ao rei na Europa que se dispensava de descre Ê interessante notar-se como naquela Marot, em 1537, tentando ri época recuada ji faziam os portugueses vê-los. dicularizar um desafeto, chama-o de

perfeita diferença entre os símios° alu dindo separadamente a macacos 'e saguins e entre os psitacídios, estabelecen

saguim. As damas elegantes da côrte, os "mignons" efeminados de Henrique III de Valois nunca se privavam do pra

do a mesma distinção entre papagaios e

zer vaidoso de passear com os macaqui

tuins.

nhos do Brasil.

O papagaio do Brasil, difundido pe^a Europa, em várias das suas 70 espécies foi celebrado em livros de grandes es critores, como Erasmo de Roterdam e

Locke, e temos inúmeros depoimentos de como era estimado pelos franceses.

O tucano era outra ave de alta valia, pela beleza da sua plumagem e estranlia forma do bico.

Um medíocre poeta de princípios do século XVII, Paul Contant, num livro

Dados recentemente publicados revelam que, durante a estação de 1946-Í947, a pesca de baleia no Oceano Antártico atingiu a 933.800 barris de,Óleo e de es-

permacete. Na estação anterior, a produção fora de 496.780 barris.

As casas nobres ou as dos comercian

tes enriquecidos com o trafico de além-

Sete expedições se realizaram para êsse fim na última estação, sendo de seis o número corre.-ípondente à anterior. As principais razões para a melhoria foram as

mar ostentavam desde o século XVI, fre

seguintes: existência de maior número de navios em cada expedição; aperfeiçoamen

qüentemente, araras, micos e mnraca-

tos introduzidos tanto nos navios como nos respectivos equipamentos; e, por último,

jáfi, juntamente com escravos índios.

a circunstância de tôdas as expedições terem podido, iniciar a estação no tempo

Eram

devido.

amostras de um

mundo novo,

observadas com ingênua curiosidade. Tudo evocava uma vida misteriosa e

distante, uma vida natural e fabulosa ao mesmo tempo, pois a imagmaçao desabusada do Renascimento fazia do

A produção, por baleia, na última estação foi de 117 barris, sendo de apenas 100 o número correspondente à estação anterior. Dêste modo, regista-se acréscimo

de 17 por cento.

Ao preço aproximado de cem libras por tondada, os 933.'800

barris {representando cêrca de 150 mil toneladas) devem custar 15 milhões de libras.


DiCESTo Econômico

Os primeiros engenhos centrais no Brasil por José IIoNÓnio Rodrigues

¥á se escreveu que desde 1820, com o espírito industrial que se espalhou

O sr. José Hoiwrio Rodrigues, que já

pelo mundo e com a Independência, a

a História do Açúcar, descreve neste ar

antiga cultura açucareira, que de 1686

tigo os primórdios da iniciativa privada

a 1812 caira 90!^, volta a reaparecer.

de caráter nitidamente capitalista tm economia açucareira da nossa terra.

Basta examinarmos as cifras para que

nos prometeu uma obra de fôlego sóbrc

saltem aos nossos olhos as razões do en

tusiasmo gerador das novas e grandes fábricas.

i

A exportação do açúcar, que fôra de 120 milhões de libras em 1820, subira a 165 milhões e quinhentas mil libras em 1833-34 e, num crescimento contí nuo, atingira em 1874 a 306.571 mil

libras.

É ôste o algarismo mais àlto

antes que se introduzissem melhoramen tos essenciais, antes que a ação dos re

contos; o dinheiro abundava e uma su bida extraordinária teve lugar nos pre

ços das ações de quase tôdas as companliias. Daí a criação de novos bancos, e, com a criação de um banco de emis

são, o papel moeda abundante de que carecia a especulação.

formadores abalasse a rotina tão obe

A nova pauta alfandegária protecio nista decretada por Alves Branco favo

decida ainda durante o século XIX.

recia os inícios de nossa industrialização.

Tudo estava a indicar a reforma do sistema de produção, a fim de alcan çar-se ainda maior rendimento. Com a extinção do tráfico negro mudara-se in

A partír de 1850, começam a organizarse as corporações industriais.

teiramente a face de todas as coisas na agricutura, no comércio e na indústria

ou de interesse puramente industrial,

conforme notou Joaquim Nabuco. Os ca

blica.

pitais que eram empregados nessas ilíci

tas transações afluirara à praça, do que resultou uma baixa considerável nos des-

1

Os engenhos centrais eram vistos não

como um problema de simples utilidade mas como uma medida de ordem pú Êles constituíam uma aspiração

social da época. A sua introdução li

75

çava nos mercados os trabalhadores es

nas. Nèáse decreto se determinava tam

trangeiros, li\Tes do senhor e da rotina

bém que os acionistas dos engenhos centrais que obtivessem capitais a juros

secular,,e a divisão do trabalho, urgen se, separando-se o trabalho do produtor

de 7% poderiam emprestar até 10!? das quantias tomadas à taxa de'8% aos plan

da atividade do la\Tadür.

tadores e fornecedores de cana.

As dispendiosas instalações dos apa relhos e maquinismos aperfeiçoados não podiam ser feitas pelos lavradores isola

Novo decreto, de n.° 8.357, em de zembro de 1881, bai-xou outro regula

damente, salvo raras e.xceções, e daí adveio a necessidade das associações de

tido o juro de 1% e no qual se incluíam, entre os favores concedidos pelo Estado, o direito de desapropriação, o uso de

temente reclamada, começava a fazer-

agricultores e capitalistas para a reali zação das grandes fábricas centrais, on de o pessoal técnico e habilitado labo rava o produto que era levado pelo agri

cultor. A consciência capitalista, desper tada pela sedução de grandes negócios,

mento, em que continuava a ser garan

madeira, das terras devolutas, a isen

ção de direitos de importação sobre a maquinar'ia, a preferência para a aqui sição de terrenos devolutos. Estabele ciam-se todos os detalhes sôbre os re

arrisca-se a empreendimentos audacio sos. Os engenhos centrais surgem como

querimentos de concessão e dispunha-se que as companhias que tivessem sede

inxiativa capitalista, nacional ou estran

fora do país nomeariam um represen

geira. Londres, então o principal mer cado exportador de capitais, vai desem penhar papel importante neste como em

tante com todos os poderes precisos

outros vários setores da vida econômica brasileira.

para tratar e resolver no Império, dire tamente com o governo, as questões provenientes do contrato. Dos trinta mil contos destinados ao

Assim como as estradas de ferro, os

financiamento pelo Estado, oito mil

engenhos centrais nasceram sob o signo da garantia de juros. Pé'o decreto n.°

caberiam a Pernambuco, seis mil e cem à Bahia, cinco mil e seiscentos ao Rio

2.687, de 6 de novembro de 1875, o

de Janeiro, dois mil a Sergipe e mil e

govômo ficou autorizado a garantir juros de 7% ao ano até o capital realizado de trinta mil contos às companhias que se

novecentos a São Paulo, e quantias sem

propusessem estabelecer engenhos-cen-

rou até dezembro de 1888, quando foi expedido novo Regulamento, que, em

pre decrescentes às outras províncias

produtoras de açúcar. Êsse regime du

gou-se à utilização das estradas de ferro

trais para fabricar açúcar de cana, me

e do trabalhador livre. A imigração lan-

diante o emprêgo de aparelhos e proces sos modernos os mais aperfeiçoados. Para a obtenção dessas garantias se riam, preferidas as Companhias que, ten do já celebrado, ajustes com as admi nistrações provinciais, mostrassem, peran

linhas gerais, assegurava aos acionistas

te o Governo Imperial, que se achavam

tores e lavradores.

associadas aos proprietários agrícolas do lugar onde pretendiam estabelecer o engenho-central, com a segurança do for necimento da quantidade precisa de ca-

era na base de sete mil e quinhentos contos para Pernambuco, seis mil para a Bahia, cinco mil para o Rio de Janeiro,

dos engenhos centrais as mesmas ga rantias e privilégios. O juro a que to mavam emprestado baixara, entretanto,

a e era mantida a taxa de 8% para os empréstimos que fizessem aos produ O financiamento

três mil para Sergipe, mil e nOA'ecentos


DiCESTo Econômico

Os primeiros engenhos centrais no Brasil por José IIoNÓnio Rodrigues

¥á se escreveu que desde 1820, com o espírito industrial que se espalhou

O sr. José Hoiwrio Rodrigues, que já

pelo mundo e com a Independência, a

a História do Açúcar, descreve neste ar

antiga cultura açucareira, que de 1686

tigo os primórdios da iniciativa privada

a 1812 caira 90!^, volta a reaparecer.

de caráter nitidamente capitalista tm economia açucareira da nossa terra.

Basta examinarmos as cifras para que

nos prometeu uma obra de fôlego sóbrc

saltem aos nossos olhos as razões do en

tusiasmo gerador das novas e grandes fábricas.

i

A exportação do açúcar, que fôra de 120 milhões de libras em 1820, subira a 165 milhões e quinhentas mil libras em 1833-34 e, num crescimento contí nuo, atingira em 1874 a 306.571 mil

libras.

É ôste o algarismo mais àlto

antes que se introduzissem melhoramen tos essenciais, antes que a ação dos re

contos; o dinheiro abundava e uma su bida extraordinária teve lugar nos pre

ços das ações de quase tôdas as companliias. Daí a criação de novos bancos, e, com a criação de um banco de emis

são, o papel moeda abundante de que carecia a especulação.

formadores abalasse a rotina tão obe

A nova pauta alfandegária protecio nista decretada por Alves Branco favo

decida ainda durante o século XIX.

recia os inícios de nossa industrialização.

Tudo estava a indicar a reforma do sistema de produção, a fim de alcan çar-se ainda maior rendimento. Com a extinção do tráfico negro mudara-se in

A partír de 1850, começam a organizarse as corporações industriais.

teiramente a face de todas as coisas na agricutura, no comércio e na indústria

ou de interesse puramente industrial,

conforme notou Joaquim Nabuco. Os ca

blica.

pitais que eram empregados nessas ilíci

tas transações afluirara à praça, do que resultou uma baixa considerável nos des-

1

Os engenhos centrais eram vistos não

como um problema de simples utilidade mas como uma medida de ordem pú Êles constituíam uma aspiração

social da época. A sua introdução li

75

çava nos mercados os trabalhadores es

nas. Nèáse decreto se determinava tam

trangeiros, li\Tes do senhor e da rotina

bém que os acionistas dos engenhos centrais que obtivessem capitais a juros

secular,,e a divisão do trabalho, urgen se, separando-se o trabalho do produtor

de 7% poderiam emprestar até 10!? das quantias tomadas à taxa de'8% aos plan

da atividade do la\Tadür.

tadores e fornecedores de cana.

As dispendiosas instalações dos apa relhos e maquinismos aperfeiçoados não podiam ser feitas pelos lavradores isola

Novo decreto, de n.° 8.357, em de zembro de 1881, bai-xou outro regula

damente, salvo raras e.xceções, e daí adveio a necessidade das associações de

tido o juro de 1% e no qual se incluíam, entre os favores concedidos pelo Estado, o direito de desapropriação, o uso de

temente reclamada, começava a fazer-

agricultores e capitalistas para a reali zação das grandes fábricas centrais, on de o pessoal técnico e habilitado labo rava o produto que era levado pelo agri

cultor. A consciência capitalista, desper tada pela sedução de grandes negócios,

mento, em que continuava a ser garan

madeira, das terras devolutas, a isen

ção de direitos de importação sobre a maquinar'ia, a preferência para a aqui sição de terrenos devolutos. Estabele ciam-se todos os detalhes sôbre os re

arrisca-se a empreendimentos audacio sos. Os engenhos centrais surgem como

querimentos de concessão e dispunha-se que as companhias que tivessem sede

inxiativa capitalista, nacional ou estran

fora do país nomeariam um represen

geira. Londres, então o principal mer cado exportador de capitais, vai desem penhar papel importante neste como em

tante com todos os poderes precisos

outros vários setores da vida econômica brasileira.

para tratar e resolver no Império, dire tamente com o governo, as questões provenientes do contrato. Dos trinta mil contos destinados ao

Assim como as estradas de ferro, os

financiamento pelo Estado, oito mil

engenhos centrais nasceram sob o signo da garantia de juros. Pé'o decreto n.°

caberiam a Pernambuco, seis mil e cem à Bahia, cinco mil e seiscentos ao Rio

2.687, de 6 de novembro de 1875, o

de Janeiro, dois mil a Sergipe e mil e

govômo ficou autorizado a garantir juros de 7% ao ano até o capital realizado de trinta mil contos às companhias que se

novecentos a São Paulo, e quantias sem

propusessem estabelecer engenhos-cen-

rou até dezembro de 1888, quando foi expedido novo Regulamento, que, em

pre decrescentes às outras províncias

produtoras de açúcar. Êsse regime du

gou-se à utilização das estradas de ferro

trais para fabricar açúcar de cana, me

e do trabalhador livre. A imigração lan-

diante o emprêgo de aparelhos e proces sos modernos os mais aperfeiçoados. Para a obtenção dessas garantias se riam, preferidas as Companhias que, ten do já celebrado, ajustes com as admi nistrações provinciais, mostrassem, peran

linhas gerais, assegurava aos acionistas

te o Governo Imperial, que se achavam

tores e lavradores.

associadas aos proprietários agrícolas do lugar onde pretendiam estabelecer o engenho-central, com a segurança do for necimento da quantidade precisa de ca-

era na base de sete mil e quinhentos contos para Pernambuco, seis mil para a Bahia, cinco mil para o Rio de Janeiro,

dos engenhos centrais as mesmas ga rantias e privilégios. O juro a que to mavam emprestado baixara, entretanto,

a e era mantida a taxa de 8% para os empréstimos que fizessem aos produ O financiamento

três mil para Sergipe, mil e nOA'ecentos


n

77

Dicesto Econômico

Dicesto Econômico

76

estabelecimento de engenhos centrais no

do álcool de cana pelo sistema de di

para São Paulo e daí em diante em quantias decrescentes para as outras fusão. O engenho central a ser cons províncias.

-

,

Essa legislação, visando estimular a

truído, o Aírises, deveria ter capacida

de para trabalhar trezentas toneladas

município de São Cristóvão, à margem do Rio Vaza-Barris, e em Riachuelo, no

dês a fundação de dois engenhos cen trais na Paraíba e em Sergipe. Calcula-

víx-SG a renda líquida provável em

município de Laranjeira. Em Alagoas,

421:225$400, mas tal estimativa parece

a primeira companhia para a fundação de dois engenhos centrais foi fundada em 1882 pelo dr. Possidónio de Carva

ter sido excedida.

organização de engenhos centrais, au

do cana e a usiiia de Barcelos, a ser

mentava o entusiasmo pelo empreendi mento e despertava o desejo de refazer-se o sistema antiquado de produção. O primeiro engenho central constituídp com capitais brasileiros foi o Quissamã, cujos estatutos foram aprovados em

transformada, duzentas toneladas. Algumas vezes, mesmo sem obter do governo a garantia de juros, tentavam negociantes ou engenheiros organizar companhias destinadas ao estabeleci mento de engenhos centrais. O gover

6 de novembro de 1875. O primeiro a

no se limitava, então, a conceder de

ser constituido com capitais ingleses foi o Engenho Araruama, em 1880, de pro

terminados favores, permitidos pelo de

toneladas de cana e fabricar anualmen

Empresa Açucareira do Grão Pará desti

creto n.° 8.357, de 1881, sem assu

te, no mínimo, 750 toneladas de açúcar. Em Pernambuco, a província mais con

nada a construir um engenho central no município de Garapé-Mirim.

priedade da The Rio de Janeiro Central Sugar Factories.

1

De 1880 em diante surgem várias iniciativas novas. Em 1884 a The Rio

de Janeiro Central Sugar Factories com

pra também o Engenho Central de Man-

mir nenhíima responsabilidade pela fu tura concessão de garantia de juros. A iniciativa dos engenhos centrais ga nhava adesões em tôda parte e os insu cessos não faziam desanimar os novos

garatiba e a firma The London and Brazilian Sugar Factories compra os en genhos centrais de Muriaé, Itaboraí, São

empreendedores.

João da Barra. A The São Paulo Cen

belecido as fábricas centrais, decidiu di vidi-las em três distritos; Pernambuco,

tral Sugar Factory of Brazil adquire, em São Paulo, o Engenho Central de Capivari. Entre 1800 e 1884 organizam-se tam

bém várias fábricas centrais de origem exclusivamente nacional. Em São Paulo

fundam-se os Engenhos Lorena, Piraci caba, Porto Feliz, Tietê e Taubaté. Só

o capital realizado pelos engenhos de Lorena, Porto Feliz, Piracicaba e Capi vari e o das usinas de Monte Alegre, Araraquara e outros estabelecimentos congêneres de menor importância era

Desejando o Govêrno amparar as pro

víncias açucareiras onde se haviam esta

Bahia e Rio de Janeiro, compreendendo o primeiro as províncias do Pará, Mara nhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pa raíba e Pernambuco, o segundo as pro

víncias de Sergipe, Alagoas, Espirito Santo e Baliia e o terceiro as do Rio

de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e o Município Neutro (atual Distrito Federal).

geralmente orçado em seis mil contos.

Na Bahia, a Dennis Blair & Compa nhia obteve, em 1881, garantia de juros a 6% sôbre o capital de 5.600 contos para o estabelecimento de oito 'enge

No Rio de Janeiro fundavam-se tam

nhos centrais e outras companlüas obti-

bém diversos engenhos centrais e em

1888 a Companlüa Agrícola de Campos

obtinha garantia de juros de 8% sôbre o capital de 750 contos, durante quinze anos, para o estabelecimento de um en genho destinado ao fabrico do açúcar e

nham igual privilégio. Na Província de Sergipe o primeiro engenho central foi

No Ceará, presume-se que o primeiro

nário do arrasamento do Morro do Se

ongeiiho central foi fundado no muni cípio de Mecejana e no Maranhão no município de Monção, no vale do Pin-

nado, obtendo também João Henrique

daré.

Costard garantia de juros de 6% para

pregaram grandes capitais para o esta

a construção de um engenho que tivesse

belecimento de engenhos centrais, desde

a capacidade de moer diáriamente 150

18 de janeiro de 1877 organizara-se a

lho Moreira, que havia sido concessio

templada na distribuição do credito fe

No Pará, onde os ingleses em

Quanto às proNÓncias ao sul de São

deral, a iniciativa teve acollúda ime

Pau'o somente a do Paraná inicia a em

diata.

Os quatro primeiros engenhos

presa central de coordenação da atiW-

centrais construídos foram os de Pal-

mares. Cabo, Agua Preta e Escada, se guidos de muitos outros. Exerceram ai atividades a Centi'al Sugar Factories of

dade industrial e agrícola. Desde 18 í9 organizara-se aí uma companhia cen tral açucareira, que de\'eria fundar um engenho central na freguesia de N. S.

Brazil, a North Brazilian Sugar Facto

do Rosário, no município de Paranagua.

ries, a Nazareth Central Sugar Factory

Nessas terras as canas davam 7% de sacarose e os incorporadores esperavam que com o emprego do novo apare

of Brazil.

Nas outras províncias mais para o norte, o estabelecimento do primeiro en

genho central na Paraíba data de 1882. Em 1887 incorporava-se uma sociedade de mil e quinhentos contos tendo por objetivo o estabelecimento de dois enge nhos centrais: um no município de La

ranjeira, em Sergipe, e outro na capi tal da Paraíba. O capital de 1.032.000 florins, equivalente a 756:800§460 réis, fôrã levantado em Amsterdam. Gozava

da isenção dos direitos de entrada para os materiais importados do estrangeiro

e da garantia de juros de 6% durante vinte anos sôbre o capital de 1.200 con tos." Assim, déve-se ao capital neerlan-

fimdado no Município de Maroim, com

garantia de juros, pelo comendador Fran cisco de Paula Mayrlnck e pela mesma data idêntica garantia era dada para o

li Jíi!JÉI>4iÍí^iM ■

lho de repressão elas dariam ainda mais, sem aumento de trabalho e de tempo.

Havia na região grande quantidade de madeiras, boa aguada e um consumo

de açúcar e aguardente avaliado em mil contos de réis. -O predomínio do en

genho de pau movido por bois e os primitivos alambiques é que não per mitiam o aproveitamento da vasta e crescida cu'tura de canas.

Essa ein traços rapidíssimos a lústória da origem da iniciatiya individual de caráter tipicamente capitalista na econo mia açucareira do Brasil.


n

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Dicesto Econômico

Dicesto Econômico

76

estabelecimento de engenhos centrais no

do álcool de cana pelo sistema de di

para São Paulo e daí em diante em quantias decrescentes para as outras fusão. O engenho central a ser cons províncias.

-

,

Essa legislação, visando estimular a

truído, o Aírises, deveria ter capacida

de para trabalhar trezentas toneladas

município de São Cristóvão, à margem do Rio Vaza-Barris, e em Riachuelo, no

dês a fundação de dois engenhos cen trais na Paraíba e em Sergipe. Calcula-

víx-SG a renda líquida provável em

município de Laranjeira. Em Alagoas,

421:225$400, mas tal estimativa parece

a primeira companhia para a fundação de dois engenhos centrais foi fundada em 1882 pelo dr. Possidónio de Carva

ter sido excedida.

organização de engenhos centrais, au

do cana e a usiiia de Barcelos, a ser

mentava o entusiasmo pelo empreendi mento e despertava o desejo de refazer-se o sistema antiquado de produção. O primeiro engenho central constituídp com capitais brasileiros foi o Quissamã, cujos estatutos foram aprovados em

transformada, duzentas toneladas. Algumas vezes, mesmo sem obter do governo a garantia de juros, tentavam negociantes ou engenheiros organizar companhias destinadas ao estabeleci mento de engenhos centrais. O gover

6 de novembro de 1875. O primeiro a

no se limitava, então, a conceder de

ser constituido com capitais ingleses foi o Engenho Araruama, em 1880, de pro

terminados favores, permitidos pelo de

toneladas de cana e fabricar anualmen

Empresa Açucareira do Grão Pará desti

creto n.° 8.357, de 1881, sem assu

te, no mínimo, 750 toneladas de açúcar. Em Pernambuco, a província mais con

nada a construir um engenho central no município de Garapé-Mirim.

priedade da The Rio de Janeiro Central Sugar Factories.

1

De 1880 em diante surgem várias iniciativas novas. Em 1884 a The Rio

de Janeiro Central Sugar Factories com

pra também o Engenho Central de Man-

mir nenhíima responsabilidade pela fu tura concessão de garantia de juros. A iniciativa dos engenhos centrais ga nhava adesões em tôda parte e os insu cessos não faziam desanimar os novos

garatiba e a firma The London and Brazilian Sugar Factories compra os en genhos centrais de Muriaé, Itaboraí, São

empreendedores.

João da Barra. A The São Paulo Cen

belecido as fábricas centrais, decidiu di vidi-las em três distritos; Pernambuco,

tral Sugar Factory of Brazil adquire, em São Paulo, o Engenho Central de Capivari. Entre 1800 e 1884 organizam-se tam

bém várias fábricas centrais de origem exclusivamente nacional. Em São Paulo

fundam-se os Engenhos Lorena, Piraci caba, Porto Feliz, Tietê e Taubaté. Só

o capital realizado pelos engenhos de Lorena, Porto Feliz, Piracicaba e Capi vari e o das usinas de Monte Alegre, Araraquara e outros estabelecimentos congêneres de menor importância era

Desejando o Govêrno amparar as pro

víncias açucareiras onde se haviam esta

Bahia e Rio de Janeiro, compreendendo o primeiro as províncias do Pará, Mara nhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pa raíba e Pernambuco, o segundo as pro

víncias de Sergipe, Alagoas, Espirito Santo e Baliia e o terceiro as do Rio

de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e o Município Neutro (atual Distrito Federal).

geralmente orçado em seis mil contos.

Na Bahia, a Dennis Blair & Compa nhia obteve, em 1881, garantia de juros a 6% sôbre o capital de 5.600 contos para o estabelecimento de oito 'enge

No Rio de Janeiro fundavam-se tam

nhos centrais e outras companlüas obti-

bém diversos engenhos centrais e em

1888 a Companlüa Agrícola de Campos

obtinha garantia de juros de 8% sôbre o capital de 750 contos, durante quinze anos, para o estabelecimento de um en genho destinado ao fabrico do açúcar e

nham igual privilégio. Na Província de Sergipe o primeiro engenho central foi

No Ceará, presume-se que o primeiro

nário do arrasamento do Morro do Se

ongeiiho central foi fundado no muni cípio de Mecejana e no Maranhão no município de Monção, no vale do Pin-

nado, obtendo também João Henrique

daré.

Costard garantia de juros de 6% para

pregaram grandes capitais para o esta

a construção de um engenho que tivesse

belecimento de engenhos centrais, desde

a capacidade de moer diáriamente 150

18 de janeiro de 1877 organizara-se a

lho Moreira, que havia sido concessio

templada na distribuição do credito fe

No Pará, onde os ingleses em

Quanto às proNÓncias ao sul de São

deral, a iniciativa teve acollúda ime

Pau'o somente a do Paraná inicia a em

diata.

Os quatro primeiros engenhos

presa central de coordenação da atiW-

centrais construídos foram os de Pal-

mares. Cabo, Agua Preta e Escada, se guidos de muitos outros. Exerceram ai atividades a Centi'al Sugar Factories of

dade industrial e agrícola. Desde 18 í9 organizara-se aí uma companhia cen tral açucareira, que de\'eria fundar um engenho central na freguesia de N. S.

Brazil, a North Brazilian Sugar Facto

do Rosário, no município de Paranagua.

ries, a Nazareth Central Sugar Factory

Nessas terras as canas davam 7% de sacarose e os incorporadores esperavam que com o emprego do novo apare

of Brazil.

Nas outras províncias mais para o norte, o estabelecimento do primeiro en

genho central na Paraíba data de 1882. Em 1887 incorporava-se uma sociedade de mil e quinhentos contos tendo por objetivo o estabelecimento de dois enge nhos centrais: um no município de La

ranjeira, em Sergipe, e outro na capi tal da Paraíba. O capital de 1.032.000 florins, equivalente a 756:800§460 réis, fôrã levantado em Amsterdam. Gozava

da isenção dos direitos de entrada para os materiais importados do estrangeiro

e da garantia de juros de 6% durante vinte anos sôbre o capital de 1.200 con tos." Assim, déve-se ao capital neerlan-

fimdado no Município de Maroim, com

garantia de juros, pelo comendador Fran cisco de Paula Mayrlnck e pela mesma data idêntica garantia era dada para o

li Jíi!JÉI>4iÍí^iM ■

lho de repressão elas dariam ainda mais, sem aumento de trabalho e de tempo.

Havia na região grande quantidade de madeiras, boa aguada e um consumo

de açúcar e aguardente avaliado em mil contos de réis. -O predomínio do en

genho de pau movido por bois e os primitivos alambiques é que não per mitiam o aproveitamento da vasta e crescida cu'tura de canas.

Essa ein traços rapidíssimos a lústória da origem da iniciatiya individual de caráter tipicamente capitalista na econo mia açucareira do Brasil.


79

Digesto Econômico

bispo o proibira de confessar e, apu-

Idéias e interésses

rando-se que o pobre frade aprendera

por Otávio Tauquínio de Sousa

con\ávência de padres italianos, vindos de Goa pela nau Belém, e hospedados no hospício da Palma, ordenou D. Fer nando José de Portugal que os mesmos missionários voltassem para bordo da nau surta no porto e dela não saissem sem

Joaquim Nabuco afirmou que pelas al turas de 1866, isto é, já na segunda metade do século XIX, a sociedade bra sileira tinha tanta consciência da "ano malia da escravidão como do movimen

O ST. Otávio Torqtiínio de Sousa swtcnta, neste -primoroso artigo, que mui tas das lutas políticas travadas no perío

to da Terra . De tal maneira aquela

do da regência, com a aparência de

condicionara a formação do país, esti

pugnas de idéias, não eram senão ma

vara na raiz de tôdas as suas aüvidades

nobras de escravistas e traficantes.

econômicas e lhe marcara os mais pro

I

tima e contrária à religião, ou ao menos

só legítima se os escravos haviam sido

cravos eqüivalia a não ser ser

tomados em guerra justa. E

vido. Por isso, possúiam-nos

tão convencido estava de sua

giosas, oficiais mecânicos e

simples donos de pequenas boticas.

Mas houve em diferentes ocasiões

quem

encarasse

a

escravidão como uma anomalia, como um crime, como um pecado e até co mo um êrro político e econômico. Em

1T94, D. Fernando José de Portugal, governador da Bahia, comunicava para' Lisboa, ao ministro Martinho de Melo e Castro, grave ocorrência: um frade

capuchinho, padre frei José de Bolonha "tivera o desacordo e indiscreção" de se

guir a respeito de escravos opinião capaz de inquietar a consciência dos habitantes

da capitania, acarretando do mesmo pas

o governador, "consciência sumamente

minguando-lhe

porém

lógicos".

Talentos, conhecimentos, consciência

pra-os "a pessoas autorizadas para os venderem, debaixo dos oUios e consen

timento do Príncipe", e "exigir de um

particular, quando compra qualquer mercadoria", que se informe antes don de ela provém, seria "aniquilar toda e qualquer espécie de comércio". Aí está o escravo como simples mer

cadoria e a sua compra tida como uma forma de comércio tão regular como

qualquer outra.

A gravidade da falta

e subsistência" do sistema colonial. Pôsto

barcado para Lisboa, com proibição de saltar em terra sem ordem expressa do governo da metrópole, já antes o arce-

...

.1.1.. 'A>

ga-se sem lucro, sendo o seu sustento o mais vil, o seu vestido o mais grosseiro, e o seu repouso sôbre alguma taboa dura quando não é sobre a mesma terra fria... no serviço o quer seu senhor li

geiro como o cervo, robusto como o boi, sofrido como o jumento... nada para o descanso, tudo para o trab^io...

nada para os misteres e uso próprio, tudo para os lucros e interesse alheio . Ao tempo em que o padre Rocha exercia a profissão de advogado na Ba

hia, muito padeciam os pretos escravos.

Conta-nos êle que em fazendas, enge inumanos qüe a primeira hospedagem que lhes faziam era o açoite ''sem mais causa que a vontade própria". Surras

domiciliário da cidade da Bahia e nela antes de ter o humilde capuchinho, com

averiguada. Quem compra escravos, assevera ele, com-

pouco mais do que o bruto... trabalha sem descanso, lida sem sossego, e fati-

dre Manuel Ribeiro Rocha, "lisbonense,

festa do Espírito Santo vários senhores de engenho, os obri

gou a entrar nessa indagação, ao parecer do futuro marquês de Aguiar impossível de ser

homem: ...tanto desce que fica sendo

escrupulosa concorriam na pessoa do pa advogado". Em 1758, trinta e seis anos

cdriietida por frei José de Bolonha de terminou a sua expulsão da Bahia. Em

do Deus", frei José de Bolonha se per

Não lhe faltava, como notou

opinião que, confessando pela

so "conseqüências funestas à conservação que "homem virtuoso e zeloso do serviço

vidão".

"maiores talentos e conhecimentos teo

suadira de que a escravidão era ilegí

ços nem pernas; não ter es

as pessoas de condição mais diversa, padres e ordens reli

autorização positiva. Eis os vexames a

que se submeteu frei José de Bolonha por ler percebido a "anomalia da escra escrupulosa",

fundos aspectos da vida social - que a sua monstruosidade se disfarçara a pon to de quase passar despercebida. Não ter escravos no Brasil era não ter bra

doutrinas tão erradas e perigosas na

aqueles incômodos que são contrários e repugnantes à natureza e condição do

nhos e lavras minerais havia senhores tao

tão simpática leviandade, aflorado a ' preventivas, como advertência a negros matéria melindrosa, padre Rocha a exa minara com toda a sutileza de um ver

dadeiro doutor.

Seu livro intitulado

"Ethiope resgatado, empenhado, susten tado, corrigido, instruido e libertado" constitui "discurso teológico-jurídico" no qual se estabelece o modo de comerciar, haver e possuir vàlidamente os pretos cativos africanos e as obrigações que

correm a quem dêles se servir. Bas tante prudente para lograr as licenças do Santo Ofício, do Ordinário e do

Paço, _nem Jíor isso manifesta menos o seu horror à abominável instituição e

perde o lugar a que faz jus de um dos maiores precursores da libertação dos escravos. No "argumento e razão da obra", espécie de prólogo ou prefácio, diz de parfda que não há maior infeli cidade do que ser escravo, nela reuni das "tôdas aquelas misérias e todos

menos submissos. A isto chama pitores camente o autor de "O Etliiope resga

tado" de "teologia rural" e, apoiado em Sêneca, lembra que os escravos são também homens, são companheiros e

amigos, visto que "nasceram da mesma sorte que os senhores, gozam do mesmo ceu, da mesma respiração e da mesma vida". Só faltou ao gentio Sêneca, adian ta Rocha, dizer "que têem o mesmo Pai no ceu e tiveram o mesmo Redentor na terra e com o preço do mesmo sangue

de Jesus Cristo foram libertados da in fame escravidão de Satanaz".

Contra

os castigos aviltantes, contra a prática de picar as nádegas dos escravos, apos-

trofa o padre-advogado: "transformados já em lobos e ursos estão no meio dêsses matos, por essas fazendas, enge nhos e lavras minerais os homens ou

nâo-homens que tal fazem... este fu-


79

Digesto Econômico

bispo o proibira de confessar e, apu-

Idéias e interésses

rando-se que o pobre frade aprendera

por Otávio Tauquínio de Sousa

con\ávência de padres italianos, vindos de Goa pela nau Belém, e hospedados no hospício da Palma, ordenou D. Fer nando José de Portugal que os mesmos missionários voltassem para bordo da nau surta no porto e dela não saissem sem

Joaquim Nabuco afirmou que pelas al turas de 1866, isto é, já na segunda metade do século XIX, a sociedade bra sileira tinha tanta consciência da "ano malia da escravidão como do movimen

O ST. Otávio Torqtiínio de Sousa swtcnta, neste -primoroso artigo, que mui tas das lutas políticas travadas no perío

to da Terra . De tal maneira aquela

do da regência, com a aparência de

condicionara a formação do país, esti

pugnas de idéias, não eram senão ma

vara na raiz de tôdas as suas aüvidades

nobras de escravistas e traficantes.

econômicas e lhe marcara os mais pro

I

tima e contrária à religião, ou ao menos

só legítima se os escravos haviam sido

cravos eqüivalia a não ser ser

tomados em guerra justa. E

vido. Por isso, possúiam-nos

tão convencido estava de sua

giosas, oficiais mecânicos e

simples donos de pequenas boticas.

Mas houve em diferentes ocasiões

quem

encarasse

a

escravidão como uma anomalia, como um crime, como um pecado e até co mo um êrro político e econômico. Em

1T94, D. Fernando José de Portugal, governador da Bahia, comunicava para' Lisboa, ao ministro Martinho de Melo e Castro, grave ocorrência: um frade

capuchinho, padre frei José de Bolonha "tivera o desacordo e indiscreção" de se

guir a respeito de escravos opinião capaz de inquietar a consciência dos habitantes

da capitania, acarretando do mesmo pas

o governador, "consciência sumamente

minguando-lhe

porém

lógicos".

Talentos, conhecimentos, consciência

pra-os "a pessoas autorizadas para os venderem, debaixo dos oUios e consen

timento do Príncipe", e "exigir de um

particular, quando compra qualquer mercadoria", que se informe antes don de ela provém, seria "aniquilar toda e qualquer espécie de comércio". Aí está o escravo como simples mer

cadoria e a sua compra tida como uma forma de comércio tão regular como

qualquer outra.

A gravidade da falta

e subsistência" do sistema colonial. Pôsto

barcado para Lisboa, com proibição de saltar em terra sem ordem expressa do governo da metrópole, já antes o arce-

...

.1.1.. 'A>

ga-se sem lucro, sendo o seu sustento o mais vil, o seu vestido o mais grosseiro, e o seu repouso sôbre alguma taboa dura quando não é sobre a mesma terra fria... no serviço o quer seu senhor li

geiro como o cervo, robusto como o boi, sofrido como o jumento... nada para o descanso, tudo para o trab^io...

nada para os misteres e uso próprio, tudo para os lucros e interesse alheio . Ao tempo em que o padre Rocha exercia a profissão de advogado na Ba

hia, muito padeciam os pretos escravos.

Conta-nos êle que em fazendas, enge inumanos qüe a primeira hospedagem que lhes faziam era o açoite ''sem mais causa que a vontade própria". Surras

domiciliário da cidade da Bahia e nela antes de ter o humilde capuchinho, com

averiguada. Quem compra escravos, assevera ele, com-

pouco mais do que o bruto... trabalha sem descanso, lida sem sossego, e fati-

dre Manuel Ribeiro Rocha, "lisbonense,

festa do Espírito Santo vários senhores de engenho, os obri

gou a entrar nessa indagação, ao parecer do futuro marquês de Aguiar impossível de ser

homem: ...tanto desce que fica sendo

escrupulosa concorriam na pessoa do pa advogado". Em 1758, trinta e seis anos

cdriietida por frei José de Bolonha de terminou a sua expulsão da Bahia. Em

do Deus", frei José de Bolonha se per

Não lhe faltava, como notou

opinião que, confessando pela

so "conseqüências funestas à conservação que "homem virtuoso e zeloso do serviço

vidão".

"maiores talentos e conhecimentos teo

suadira de que a escravidão era ilegí

ços nem pernas; não ter es

as pessoas de condição mais diversa, padres e ordens reli

autorização positiva. Eis os vexames a

que se submeteu frei José de Bolonha por ler percebido a "anomalia da escra escrupulosa",

fundos aspectos da vida social - que a sua monstruosidade se disfarçara a pon to de quase passar despercebida. Não ter escravos no Brasil era não ter bra

doutrinas tão erradas e perigosas na

aqueles incômodos que são contrários e repugnantes à natureza e condição do

nhos e lavras minerais havia senhores tao

tão simpática leviandade, aflorado a ' preventivas, como advertência a negros matéria melindrosa, padre Rocha a exa minara com toda a sutileza de um ver

dadeiro doutor.

Seu livro intitulado

"Ethiope resgatado, empenhado, susten tado, corrigido, instruido e libertado" constitui "discurso teológico-jurídico" no qual se estabelece o modo de comerciar, haver e possuir vàlidamente os pretos cativos africanos e as obrigações que

correm a quem dêles se servir. Bas tante prudente para lograr as licenças do Santo Ofício, do Ordinário e do

Paço, _nem Jíor isso manifesta menos o seu horror à abominável instituição e

perde o lugar a que faz jus de um dos maiores precursores da libertação dos escravos. No "argumento e razão da obra", espécie de prólogo ou prefácio, diz de parfda que não há maior infeli cidade do que ser escravo, nela reuni das "tôdas aquelas misérias e todos

menos submissos. A isto chama pitores camente o autor de "O Etliiope resga

tado" de "teologia rural" e, apoiado em Sêneca, lembra que os escravos são também homens, são companheiros e

amigos, visto que "nasceram da mesma sorte que os senhores, gozam do mesmo ceu, da mesma respiração e da mesma vida". Só faltou ao gentio Sêneca, adian ta Rocha, dizer "que têem o mesmo Pai no ceu e tiveram o mesmo Redentor na terra e com o preço do mesmo sangue

de Jesus Cristo foram libertados da in fame escravidão de Satanaz".

Contra

os castigos aviltantes, contra a prática de picar as nádegas dos escravos, apos-

trofa o padre-advogado: "transformados já em lobos e ursos estão no meio dêsses matos, por essas fazendas, enge nhos e lavras minerais os homens ou

nâo-homens que tal fazem... este fu-


80

Dicesto EcoNÓMtco

í"or, esta braveza, esta sanha e esta cruel

dade degenera dc Iiumana e passa já a ferina.. Homens não, feras, bmque depois de açoitarem os negros

cauterizavam as feridas com pingos dc

l^cre derretido, martirizando o escravo, é nosso irmão e nosso próximo". E certo que nem todos os senhores

regular é a inviolabilidade dc- qual quer espécie de propriedade... Pa triotas, vossas propriedades ainda as mais opugnantes ao ideal de justiça serão sa gradas". Por muito que possa escandalizar hoje

Dioesto EcoNÓ^cco

81 %

mória dos benefícios políticos do govôr-

no de'-hei Nosso Senhor D. João VI",

a propriedade foi sancionada para bem de todos... Não é o direito de proprie

em 1818, embora com laivos racistas,

dade que querem defender, é o di

também se manifestara contra o trá

reito da fôrça... se a lei deve defender

fico.

a propriedade, muito mais deve defender

Mas ninguém, como José Bonifácio,

a liberdade pessoal dos homens, que não

compasslvos ou menos duros. Mas esse

a posição assumida pelo governo repu blicano de 1817, o certo c que ela de corria do próprio fundamento da rexDlução pernambucana — revolução de al guns idealistas do feiüo dos padres João

^ a, a lhes lembrar que os negros catl-

picamente burgueses e cítadinos como

sem dúvida os motivos de piedade reli

Domingos José Martins, mas acima de tudo revolução dos grandes proprietários

no trabalho escravo; e tão subversivo era

giosa e convicção filosófica que outros já haviam invocado; a infâmia do tráfi

territoriais do nordeste brasileiro, ávi

o ilustre Andrada como o humilde capu chinho frei José de Bolonha. Um e ou

co surge em tôda a sua crueza e os

dos de se libertarem do monopólio da

tro contrariavam os interesses mais ime

malefícios da escravidão em impressio

diatos da classe em cujo benefício pre-

nante seqüência: a degradação dos cos tumes públicos e privados, o luxo e a

cipuamente se processava a emancipa

procediam assim com os escravos. Mui-

os, na Bahia e em outros lugares, eram

iscurso teológico-jurídico do padre Ro-

icc

irmãos e seus próximos, pregação subversiva,

mn '

°outra, escravo propriedade conão mudariam de

ÂnhT quando lhes^ começa senhores de en genho

» nao mais em nome de princí

ram a contrariar os interésses

Ribeiro e Tenório, de elementos mais ti

metrópole.

Ao tempo da Independên

tomou posição em docimiento da impor

podem ser propriedade de ninguém..."

tância de sua "Repre-sentação à Assem bléia Geral Constituinte e Legislativa do Império sôbre a escravatura". Há um acento ao mesmo tempo simples e grave

Como o piedoso autor do "Ethiope resgatado", José Bonifácio lembrava que "os negros são homens como nós". Pe rigosa opinião num momento em que a

nas palavras andradinas.

economia brasileira descansa\ a em cheio

Nelas estão

ção política do Brasil — a dos proprietá rios mrais, classe dirigente durante todo

cia, os problemas da e.xtinção

corrupção no lugar da civilizi\ção e da

pios evangélicos e religiosos, mas de doutrinas filosóficas e

do tráfico e da abolição da es cravidão voltariam de novo a

imensos cabedais malbaratados na com

econômicas. Vale a pena re

debate, provocados em grande parte pela campanha movida em toda a parte pelos ingleses. Alguns dos homens mais es

o Império e larga parte do período re publicano. Frei José de Bolonha fôra ex

pra de negros, as perdas consideráveis

pulso do Brasil e enviado para Lisboa.

cordar o que aconteceu du rante o movimento republica no de 1817, em Pernambuco. Em meio de grandes reivindi-

/cações liberais, nada se decidira acêrca

da libertação dos escravos, o que não impediu a circulação de boatos em tal sentido. E logo veio uma esclarecedora proclamação do govêmo republicano: "A suspeita tem-se insinuado nos proprietá rios rurais: êles crêem que a benéfica

tendência da presente liberal revolução tem por fim a emancipação indistinta

dos homens de cor e escravos. O go verno lhes perdoa uma suspeita que o honra. Nutrido em sentimentos gene rosos não pode jamais acreditar que os homens por mais ou menos tostados de

generassem do original tipo de igual dade: mas está igualmente convenci do que a base de toda a sociedade

clarecidos de então, de ma

neira explícita e por. motivos mais ou rhenos generosos, já se tinham convencido da necessidade de medidas a

respeito: José da Silva Lisboa, Antônio Rodrigues Veloso de Oliveira, Martim

Francisco, Domingos Alves Branco Muniz Barreto, José Bonifácio.

Martim

Francisco, em memória sobre uma via

indústria, o atraso da agricultura, os com

os

escravos

doentes ou

mortos.

"Como poderá haver uma Constituição liberal e duradoura em país continua mente habitado por uma multidão imen sa de escravos brutos e inimigos?" — interroga José Bonifácio. E não te mendo "os urros do sórdido interesse", propõe que se dê à "grande obra" da

A José Bonifácio tocaria destino seme

lhante: um longo e duro exílio, o afas tamento para sempre do exercício de funções públicas. O Primeiro Reinado,

a despeito das imposições britânicas, pa ralisou o nio%âmento em favor do tra

balho livre, mantendo o tráfico de afri canos e fortalecendo a escravidão.

Não

abolição da escravatura um sentido de

haveria grandes mudanças com a chama

"expiação de crimes e pecados velhos". Uma novidade, porém, palpita na "Re

republicana da Regência. Não obstante

presentação" — o c'amor em nome da

a lei de 7 de novembro de 1831, que

da república provisória ou experiência

gem científica feita eni 1803, espan

"justiça sócia'".

Não mais a caridade-

tava-se com os castigos e mau trato in

declarava livres todos os escravos vin

apenas; não mais a justiça segundo o conceito tradicional, mas a justiça social,

dos de fora do Império e impunha pe nas aos seus importadores, a Regên

base e fundamento da comavência en

cia nada pôde fazer contra a escravidão,

fligidos à "desgraçada raça africana", aludindo à "injustiça de um tráfico tão vergonhoso para a humanidade"; Veloso

tro homens livres.

de Oliveira em 1814, quando chanceler

çado ou coerente do que os republi

da Relação do Maranhão, estudando a

em pura perda todo o coração nos com

canos de 1817, proclama sem temor:

agricultura e a colonização do Brasil,

•.. dirão talvez que se favorecerdes a liberdade dos escravos será atacar a propriedade. Não vos iludais, senhores.

promissos assumidos nesse particular.

defendera planos de extinção do tráfico e da escravidão; Silva Lisboa,, na "Me-

Muito mais avan

Homens como Feijó e Evaristo puseram

Só havia entre nós efetivamente organi zado e de longa data o trabalho servil e, salvo alguns espíritos mais lúcidos, a


80

Dicesto EcoNÓMtco

í"or, esta braveza, esta sanha e esta cruel

dade degenera dc Iiumana e passa já a ferina.. Homens não, feras, bmque depois de açoitarem os negros

cauterizavam as feridas com pingos dc

l^cre derretido, martirizando o escravo, é nosso irmão e nosso próximo". E certo que nem todos os senhores

regular é a inviolabilidade dc- qual quer espécie de propriedade... Pa triotas, vossas propriedades ainda as mais opugnantes ao ideal de justiça serão sa gradas". Por muito que possa escandalizar hoje

Dioesto EcoNÓ^cco

81 %

mória dos benefícios políticos do govôr-

no de'-hei Nosso Senhor D. João VI",

a propriedade foi sancionada para bem de todos... Não é o direito de proprie

em 1818, embora com laivos racistas,

dade que querem defender, é o di

também se manifestara contra o trá

reito da fôrça... se a lei deve defender

fico.

a propriedade, muito mais deve defender

Mas ninguém, como José Bonifácio,

a liberdade pessoal dos homens, que não

compasslvos ou menos duros. Mas esse

a posição assumida pelo governo repu blicano de 1817, o certo c que ela de corria do próprio fundamento da rexDlução pernambucana — revolução de al guns idealistas do feiüo dos padres João

^ a, a lhes lembrar que os negros catl-

picamente burgueses e cítadinos como

sem dúvida os motivos de piedade reli

Domingos José Martins, mas acima de tudo revolução dos grandes proprietários

no trabalho escravo; e tão subversivo era

giosa e convicção filosófica que outros já haviam invocado; a infâmia do tráfi

territoriais do nordeste brasileiro, ávi

o ilustre Andrada como o humilde capu chinho frei José de Bolonha. Um e ou

co surge em tôda a sua crueza e os

dos de se libertarem do monopólio da

tro contrariavam os interesses mais ime

malefícios da escravidão em impressio

diatos da classe em cujo benefício pre-

nante seqüência: a degradação dos cos tumes públicos e privados, o luxo e a

cipuamente se processava a emancipa

procediam assim com os escravos. Mui-

os, na Bahia e em outros lugares, eram

iscurso teológico-jurídico do padre Ro-

icc

irmãos e seus próximos, pregação subversiva,

mn '

°outra, escravo propriedade conão mudariam de

ÂnhT quando lhes^ começa senhores de en genho

» nao mais em nome de princí

ram a contrariar os interésses

Ribeiro e Tenório, de elementos mais ti

metrópole.

Ao tempo da Independên

tomou posição em docimiento da impor

podem ser propriedade de ninguém..."

tância de sua "Repre-sentação à Assem bléia Geral Constituinte e Legislativa do Império sôbre a escravatura". Há um acento ao mesmo tempo simples e grave

Como o piedoso autor do "Ethiope resgatado", José Bonifácio lembrava que "os negros são homens como nós". Pe rigosa opinião num momento em que a

nas palavras andradinas.

economia brasileira descansa\ a em cheio

Nelas estão

ção política do Brasil — a dos proprietá rios mrais, classe dirigente durante todo

cia, os problemas da e.xtinção

corrupção no lugar da civilizi\ção e da

pios evangélicos e religiosos, mas de doutrinas filosóficas e

do tráfico e da abolição da es cravidão voltariam de novo a

imensos cabedais malbaratados na com

econômicas. Vale a pena re

debate, provocados em grande parte pela campanha movida em toda a parte pelos ingleses. Alguns dos homens mais es

o Império e larga parte do período re publicano. Frei José de Bolonha fôra ex

pra de negros, as perdas consideráveis

pulso do Brasil e enviado para Lisboa.

cordar o que aconteceu du rante o movimento republica no de 1817, em Pernambuco. Em meio de grandes reivindi-

/cações liberais, nada se decidira acêrca

da libertação dos escravos, o que não impediu a circulação de boatos em tal sentido. E logo veio uma esclarecedora proclamação do govêmo republicano: "A suspeita tem-se insinuado nos proprietá rios rurais: êles crêem que a benéfica

tendência da presente liberal revolução tem por fim a emancipação indistinta

dos homens de cor e escravos. O go verno lhes perdoa uma suspeita que o honra. Nutrido em sentimentos gene rosos não pode jamais acreditar que os homens por mais ou menos tostados de

generassem do original tipo de igual dade: mas está igualmente convenci do que a base de toda a sociedade

clarecidos de então, de ma

neira explícita e por. motivos mais ou rhenos generosos, já se tinham convencido da necessidade de medidas a

respeito: José da Silva Lisboa, Antônio Rodrigues Veloso de Oliveira, Martim

Francisco, Domingos Alves Branco Muniz Barreto, José Bonifácio.

Martim

Francisco, em memória sobre uma via

indústria, o atraso da agricultura, os com

os

escravos

doentes ou

mortos.

"Como poderá haver uma Constituição liberal e duradoura em país continua mente habitado por uma multidão imen sa de escravos brutos e inimigos?" — interroga José Bonifácio. E não te mendo "os urros do sórdido interesse", propõe que se dê à "grande obra" da

A José Bonifácio tocaria destino seme

lhante: um longo e duro exílio, o afas tamento para sempre do exercício de funções públicas. O Primeiro Reinado,

a despeito das imposições britânicas, pa ralisou o nio%âmento em favor do tra

balho livre, mantendo o tráfico de afri canos e fortalecendo a escravidão.

Não

abolição da escravatura um sentido de

haveria grandes mudanças com a chama

"expiação de crimes e pecados velhos". Uma novidade, porém, palpita na "Re

republicana da Regência. Não obstante

presentação" — o c'amor em nome da

a lei de 7 de novembro de 1831, que

da república provisória ou experiência

gem científica feita eni 1803, espan

"justiça sócia'".

Não mais a caridade-

tava-se com os castigos e mau trato in

declarava livres todos os escravos vin

apenas; não mais a justiça segundo o conceito tradicional, mas a justiça social,

dos de fora do Império e impunha pe nas aos seus importadores, a Regên

base e fundamento da comavência en

cia nada pôde fazer contra a escravidão,

fligidos à "desgraçada raça africana", aludindo à "injustiça de um tráfico tão vergonhoso para a humanidade"; Veloso

tro homens livres.

de Oliveira em 1814, quando chanceler

çado ou coerente do que os republi

da Relação do Maranhão, estudando a

em pura perda todo o coração nos com

canos de 1817, proclama sem temor:

agricultura e a colonização do Brasil,

•.. dirão talvez que se favorecerdes a liberdade dos escravos será atacar a propriedade. Não vos iludais, senhores.

promissos assumidos nesse particular.

defendera planos de extinção do tráfico e da escravidão; Silva Lisboa,, na "Me-

Muito mais avan

Homens como Feijó e Evaristo puseram

Só havia entre nós efetivamente organi zado e de longa data o trabalho servil e, salvo alguns espíritos mais lúcidos, a


Dicesto Econômico

82

de imigração européia, difíceis sob vá rios aspectos e mal conduzidas, nao

oligarquia conservadora ou partido "saquarema", acobertavam os comercian tes de gado humano c levavam a ridí culo os planos de colonização branca,

seduziam os homens práticos. O traba

tachando de "liberalão", "republicano"

lhador que se adaptara às condições do

e de "comunista" quem quer que se

Brasil era o negro, o escravo africano. Se ass'm pensavam os fazendeiros e senhores de engenho, bem se imagina o ponto de vista dos indivíduos que fa ziam o comércio de pretos, os famosos

batesse pela repressão ao tráfico. Con

opinião geral ligava à abolição da escra vidão a ruína do país.

As tentativas

OflLQODflOEmSflOPffULO

MOS SÉCULOS XVI E XVII por SÉRGIO Buarque de Holanda

siderável deve ter sido a parte dos contraband stas de africanos e seus prote

tores políticos no malogro da regência

M carta de agôsto de 1549, endereça da da Bahia ao Padre Mestre Simão,

dígenas que praticam a tecelagem de rede, o recurso quase exclusivo a téc

negreiros.

de Feijó. Na grande lavoura encontra ria o seu maior apoio o partido do "re

encarecia Nóbrega a necessidade de vi rem pessoas que soubessem tecer algo

nicas adventícias, e já se notou que estas desaparecem entre as tribos estremes

Sob a aparência de disputa de idéias e princípios políticos, muitas das lutas

gresso", vitorioso em 1837, com a queda do padre paulista. Entre 1830 e 1839

dão, "que cá há muito". E sugeria ao

de convívio com ci\'iIizados (1).

mesmo tempo algum petitório de roupa

processo de fabrico assinalado na Ama

zônia por Knoch-Grünberg é, em essên cia, o mesmo que tive ocasião de teste munhar pessoalmente entre tecedeiras

O

da era regencial não passaram de mano

entrariam no Brasil mais de quatrocentos

para se cobrirem os novos convertidos:

bras dos senhores de escravos e dos traficantes, seus associados. Nada con

mil escravos. O tráfico só terminaria na

"ao menos uiria camisa a cada mulher,

década de 1850, depois de todas as hu milhações que os britânicos nos impu

pela honestidade da religião crista, por que vêm todas a esta cidade à missa

de rede de Cuiabá e Sorocaba. A apa

seram, e a escravidão, por doze anos

apenas, não enveredou pelo século XX

aos domingos e festas, que faz muita devoção e vêm resando as orações que

relhagem usada, o modo de produção, o próprio vocabulário técnico dessas te

a dentro. Muito custaram a triunfar o

lhes ensinamos e não parece honesto

cedeiras filiam-se claramente à primi

padre Rocha, frei Bolonha, Jose Boni

estarem nuas entre os cristãos na igreja

tiva indústria portuguesa.

fácio e outros sonhadores dessa marca.

e quando as ensinamos". Nove anos mais tarde, conforme outras

que compõem o seu tear vertical só sei de uma peça, a que serve para dividir

cartas jesuíticas, já existia pelo menos

em duas séries os fios do urdume, cuja

seguiu Feijó quando regente, na cam panha que pretendeu desenvolver con

h tra aqueles que o seu ministro José Iná cio Borges chamou de "infames contra

bandistas de escravos".

Os elementos

mais poderosos, que iriam constituir a

um tecelão índio com seu tear numa

Das partes

designação — "bariti" em Cuiabá, "bu-

das alde as baianas, tendo aprendido o

ruchê" em Sorocaba — pode sugerir in

ofício por iniciativa dos padres.

fluência indígena.

Ou

tros seguiram-lhe o exemplo, e o cui

dado que antes punham todos nos fes tejos bestiais de carne humana e tam bém nas guerras e cerimônias gentílicas,

aplicavam-no agora em plantar algodão, fiarem-no e vestirem-se. Em 1562, leva

As rêdes de algodão de que se ser

viam a princípio os índios da costa do Brasil seriam feitas de fios trançados,

não tramados. E é às dêste tipo que \

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

da da Bahia, introduzia-se a indvistria

Ap&soT de tsf sido ujn dos países cuja economia menos sofreu com a gticfTO,

o Uruguai está começando a sentir os seus efeitos. Entre os problemas económicosociais mais prementes, que estão exigindo pronta solução destacam-se: regula rização do abastecimento de gêneros alimentícios, em particular da carne e do trigo; contenção da expansão dos meios de pagamentos e da inflação de preços

correspondentes; solução dos conflitos trabalhistas resultantes do desequilíbrio entre 03 preços e os salários; equilíbrio orçamentário com a eliminação dos "déficit^ que se vêm produzindo, embora o constante aumento da receita pública.

têxtil nas aldeias do Espírito Santo. Tais depoimentos ajudam a desfazer a crença ainda muito generalizada de que nossos indígenas do litoral, que como

o historiador Sérgio Buarque de Holan da, que atualmente dirige com proficiên cia o Museu Paulista e preside a Asso

se sabe utilizavam o algodão em varia

de São Paulo, no artigo escrito esjjecial-

dos misteres, inclusive na fiação, co

mente para a nossa revista, mostra que

nhecessem qualquer sistema de tecela

o progresso do cultivo do algodão, co mo nenhum outro produto tropical, dependeu da existência de maquinismos e métodos de elaboração adequados.

gem antes dos primeiros contactos com

o europeu. Não deixa de ser signifi cativo ainda hoje, nos nossos grupos in

ciação Brasileira de Escritores, secção


Dicesto Econômico

82

de imigração européia, difíceis sob vá rios aspectos e mal conduzidas, nao

oligarquia conservadora ou partido "saquarema", acobertavam os comercian tes de gado humano c levavam a ridí culo os planos de colonização branca,

seduziam os homens práticos. O traba

tachando de "liberalão", "republicano"

lhador que se adaptara às condições do

e de "comunista" quem quer que se

Brasil era o negro, o escravo africano. Se ass'm pensavam os fazendeiros e senhores de engenho, bem se imagina o ponto de vista dos indivíduos que fa ziam o comércio de pretos, os famosos

batesse pela repressão ao tráfico. Con

opinião geral ligava à abolição da escra vidão a ruína do país.

As tentativas

OflLQODflOEmSflOPffULO

MOS SÉCULOS XVI E XVII por SÉRGIO Buarque de Holanda

siderável deve ter sido a parte dos contraband stas de africanos e seus prote

tores políticos no malogro da regência

M carta de agôsto de 1549, endereça da da Bahia ao Padre Mestre Simão,

dígenas que praticam a tecelagem de rede, o recurso quase exclusivo a téc

negreiros.

de Feijó. Na grande lavoura encontra ria o seu maior apoio o partido do "re

encarecia Nóbrega a necessidade de vi rem pessoas que soubessem tecer algo

nicas adventícias, e já se notou que estas desaparecem entre as tribos estremes

Sob a aparência de disputa de idéias e princípios políticos, muitas das lutas

gresso", vitorioso em 1837, com a queda do padre paulista. Entre 1830 e 1839

dão, "que cá há muito". E sugeria ao

de convívio com ci\'iIizados (1).

mesmo tempo algum petitório de roupa

processo de fabrico assinalado na Ama

zônia por Knoch-Grünberg é, em essên cia, o mesmo que tive ocasião de teste munhar pessoalmente entre tecedeiras

O

da era regencial não passaram de mano

entrariam no Brasil mais de quatrocentos

para se cobrirem os novos convertidos:

bras dos senhores de escravos e dos traficantes, seus associados. Nada con

mil escravos. O tráfico só terminaria na

"ao menos uiria camisa a cada mulher,

década de 1850, depois de todas as hu milhações que os britânicos nos impu

pela honestidade da religião crista, por que vêm todas a esta cidade à missa

de rede de Cuiabá e Sorocaba. A apa

seram, e a escravidão, por doze anos

apenas, não enveredou pelo século XX

aos domingos e festas, que faz muita devoção e vêm resando as orações que

relhagem usada, o modo de produção, o próprio vocabulário técnico dessas te

a dentro. Muito custaram a triunfar o

lhes ensinamos e não parece honesto

cedeiras filiam-se claramente à primi

padre Rocha, frei Bolonha, Jose Boni

estarem nuas entre os cristãos na igreja

tiva indústria portuguesa.

fácio e outros sonhadores dessa marca.

e quando as ensinamos". Nove anos mais tarde, conforme outras

que compõem o seu tear vertical só sei de uma peça, a que serve para dividir

cartas jesuíticas, já existia pelo menos

em duas séries os fios do urdume, cuja

seguiu Feijó quando regente, na cam panha que pretendeu desenvolver con

h tra aqueles que o seu ministro José Iná cio Borges chamou de "infames contra

bandistas de escravos".

Os elementos

mais poderosos, que iriam constituir a

um tecelão índio com seu tear numa

Das partes

designação — "bariti" em Cuiabá, "bu-

das alde as baianas, tendo aprendido o

ruchê" em Sorocaba — pode sugerir in

ofício por iniciativa dos padres.

fluência indígena.

Ou

tros seguiram-lhe o exemplo, e o cui

dado que antes punham todos nos fes tejos bestiais de carne humana e tam bém nas guerras e cerimônias gentílicas,

aplicavam-no agora em plantar algodão, fiarem-no e vestirem-se. Em 1562, leva

As rêdes de algodão de que se ser

viam a princípio os índios da costa do Brasil seriam feitas de fios trançados,

não tramados. E é às dêste tipo que \

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

da da Bahia, introduzia-se a indvistria

Ap&soT de tsf sido ujn dos países cuja economia menos sofreu com a gticfTO,

o Uruguai está começando a sentir os seus efeitos. Entre os problemas económicosociais mais prementes, que estão exigindo pronta solução destacam-se: regula rização do abastecimento de gêneros alimentícios, em particular da carne e do trigo; contenção da expansão dos meios de pagamentos e da inflação de preços

correspondentes; solução dos conflitos trabalhistas resultantes do desequilíbrio entre 03 preços e os salários; equilíbrio orçamentário com a eliminação dos "déficit^ que se vêm produzindo, embora o constante aumento da receita pública.

têxtil nas aldeias do Espírito Santo. Tais depoimentos ajudam a desfazer a crença ainda muito generalizada de que nossos indígenas do litoral, que como

o historiador Sérgio Buarque de Holan da, que atualmente dirige com proficiên cia o Museu Paulista e preside a Asso

se sabe utilizavam o algodão em varia

de São Paulo, no artigo escrito esjjecial-

dos misteres, inclusive na fiação, co

mente para a nossa revista, mostra que

nhecessem qualquer sistema de tecela

o progresso do cultivo do algodão, co mo nenhum outro produto tropical, dependeu da existência de maquinismos e métodos de elaboração adequados.

gem antes dos primeiros contactos com

o europeu. Não deixa de ser signifi cativo ainda hoje, nos nossos grupos in

ciação Brasileira de Escritores, secção


Digesto Económ^

84

se

refere

Nóbrega,

aparentemente,

quando, em carta escrita no ano de 1561 ao Geral da Companhia de Jesus,

afirma que, sendo elas as camas da terra, não se alcan^vam com facilidade em

De Buenos Aires sabe-se com seguran

ça que veio para São Vicente em 1587 uma enorme partida de pano de algodão de Tucumã remetida pelo bispo Fran cisco Vitória, o mesmo que no ano ante

São Vicente por serem caras, mas po diam vir de outras capitanias, "onde

cedente recolhera em San Miguel e

Santiago — por meios compulsivos, di-

são muito baratas".

z-am as más línguas — trinta carretas de

Em que época teriam vindo para o

tecidos a fim de envia-los àquele pôrtoí

Brasil os primeiros teares de rede? Nos inventários paulistas conhecidos, ôles não aparecem expressamente menciona

Tem essa remessa a particularidade de ser a primeira de produto "argentino

dos antes de 1729, mas é pouco ve

sua fundação (2).

rossímil que até então os moradores

da capitania dependessem nesse parti cular da indústria indígena. Quanto aos

de tecer pano, ôstes já existem segura

mente, em São Paulo, desde o século

idos camaristas da vila para que só se XVI. Ê de 1578, com efeito, a ordem

teçam panos de acordo com a marca do

mar, isto é, que tenham três palmos e meio de largura.

Mas a indústria de tecidos ainda seria incipiente e escassa nesse período. Por

isso, "põr haver na terra pouco pano de algodão", deliberam os oficiais da Câmara que o tecido grosso seja ven

dido a duzentos réis a vara e o delgado a duzentos e quarenta.

Decidem mais

que ninguém venda o quintal de algo dão "em caroço, enxuto e bem acondi-

cionado" por mais de dois mil réis, e ainda, que não vendam para fora da vila sem licença especial, Esta última

resolução aplica-se não sòmente ao al

godão bruto como aos tecidos: "nenhua pessoa venda pano de algodão para fora

embarcada em Buenos Aires desde a

A taxa estipulada em 1585 pela Ga mara de São Paulo mantêm-na os ofi ciais oito anos mais tarde para os panos

tecidos: duzentos réis a vara, mas desta

vez sem discriminação de qualidade. As

avaliações consignadas nos inventários revelam, em todo caso, oscilação apre

ciável nos preços, refletindo talvez irre gularidade no abastecimento do produto, que não dependeria unicamente do plantio local. Num inventário de 1597 encontramos o valor de 3$200 para o

quintal de algodão em caroço; meia arrôba do limpo é orçada no ano de 1593 em 1$200, o que eqüivale a nada

menos do que 9$600 para o quintal. Neste caso, entretanto, a divergência

só à primeira vista pode parecer excessi va: na realidade duas arrôbas de algodão

em caroço davam, de ordinário, meia do produto limpo. E é preciso considerar o tempo e trabalho consumidos na lim

85

Digesto EcoNó^^co

ser oito vezes maior, pois dois indivíduos manejando o aparellio limpavam em vinte e quatro horas duas arrôbas de al godão em caroço (3). Não está provado, entretanto, que essa

máquina existisse no planalto paulista durante o período que nos ocupa. O primeiro inventário em que ela ocorre é o de Henrique da Cunha Machado, e traz a data de 1680. É verdade que o autor anônimo dos "Diálogos das Gran

1608

1$000

1613

$500

1615

$500 $500 $400

1616

1619 1620

$320

1622 (qualidade inferior)

$300

1628 1631 1635

$400

1636

$400 $480 $320

dezas do Brasil" regista a presença des

1637

S320

se tipo de escaroçador nas capitanias do norte já durante as primeiras décadas

1638

$480 $500 $480 $400

Num inventário de 1598, o de Isa bel Félix, cpm sítio no Tejuguaçu, en

contramos o preço de quatrocentos réis para uma arrôba menos seis ou oito arratéis de algodão, o que concorda aproximadamente coni a taxa oficial de dois mil réis para o quintal.

1640 1641

do século XVII.

Mas em

outros textos, de 1599 e 1600 respecti

vamente, registam-se os preços de oitocentos e de seíscentos e quarenta réis para a arrôba. É a partir dessa época aparentemen te, que se intensificam as plantações no planalto, e em 1606 os camaristas de São Paulo já poderão escrever ao dona tário que em sua capitania "há muito algodão". Êsse fato reflete-se aos pou

1642 1644 1646 1649 1650

§400

$320 $320 $400

As avaliações variavam algumas xèzcs de acôrdo com a qualidade do produto. Assim é que as três arrôbas deixadas por Antônio Cubas de Macedo em 1622 são vendidas à razão de trezentos reis

cada uma, "por ser ruim". E num mes mo inventário datado, êste, de 1654, fi

guram quarenta e duas arrôbas de al godão bom a um cruzado a arrôba, e ou tras tantas "de somenos" a doze vinténs.

O produto inferior não seria utilizado

cos no declínio e estabilização dos pre

na tecelagem, mas de preferência na fa

ços, que depois do segundo decênio do

bricação de outros objetos, tais como

século oscilam apenas entre uma pataca

pavios de vela, rêdes de pescar, fios de sapateiro, franjas ou varandas de rede

peza. Calculou-se que uma pesssoa, trabalhando um dia inteiro sem auxilio

e quatrocentos e oitenta ou quinhentos

de máquina, não chegava a produzir

em caroço, conforme se pode ver no

etc. Serviriam além disso para acolchoar os célebres gibões estofados dos

quadro abaixo, organizado de acordo

bandeirantes, que consumiam, os maio

com avaliações constantes de inventá

res, até oito arratéis de algodão, e os outros, os "escupiletes", destinados a

da vila sem primeiro o trazer à Gamara

mais de um arratel de algodão livre de

pera se fazer diligência se no povo é

sementes.

mister".

de madeira, importado da Ásia, que prevaleceu no Brasil até fins do período

É mais do que provável que a carên cia dêsse produto fosse em parte com

r

Com o rústico descaroçador

colonial e ainda em nossos dias se en

pensada com a importação de outras ca contra esporadicamente em lugares do pitanias e também de fora do Brasil. interior, o rendimento do trabalho podia

réis no máximo por arrôba de algodão

rios seisCentistas (4):

resguardar apenas o busto e o ventre, 1600 1606

$640 $480

1607

$800

seis arratéis ou pouco menos.

O valor do pano tecido, que em 1585 6 em 1596 fôra taxado pelo Conselho


Digesto Económ^

84

se

refere

Nóbrega,

aparentemente,

quando, em carta escrita no ano de 1561 ao Geral da Companhia de Jesus,

afirma que, sendo elas as camas da terra, não se alcan^vam com facilidade em

De Buenos Aires sabe-se com seguran

ça que veio para São Vicente em 1587 uma enorme partida de pano de algodão de Tucumã remetida pelo bispo Fran cisco Vitória, o mesmo que no ano ante

São Vicente por serem caras, mas po diam vir de outras capitanias, "onde

cedente recolhera em San Miguel e

Santiago — por meios compulsivos, di-

são muito baratas".

z-am as más línguas — trinta carretas de

Em que época teriam vindo para o

tecidos a fim de envia-los àquele pôrtoí

Brasil os primeiros teares de rede? Nos inventários paulistas conhecidos, ôles não aparecem expressamente menciona

Tem essa remessa a particularidade de ser a primeira de produto "argentino

dos antes de 1729, mas é pouco ve

sua fundação (2).

rossímil que até então os moradores

da capitania dependessem nesse parti cular da indústria indígena. Quanto aos

de tecer pano, ôstes já existem segura

mente, em São Paulo, desde o século

idos camaristas da vila para que só se XVI. Ê de 1578, com efeito, a ordem

teçam panos de acordo com a marca do

mar, isto é, que tenham três palmos e meio de largura.

Mas a indústria de tecidos ainda seria incipiente e escassa nesse período. Por

isso, "põr haver na terra pouco pano de algodão", deliberam os oficiais da Câmara que o tecido grosso seja ven

dido a duzentos réis a vara e o delgado a duzentos e quarenta.

Decidem mais

que ninguém venda o quintal de algo dão "em caroço, enxuto e bem acondi-

cionado" por mais de dois mil réis, e ainda, que não vendam para fora da vila sem licença especial, Esta última

resolução aplica-se não sòmente ao al

godão bruto como aos tecidos: "nenhua pessoa venda pano de algodão para fora

embarcada em Buenos Aires desde a

A taxa estipulada em 1585 pela Ga mara de São Paulo mantêm-na os ofi ciais oito anos mais tarde para os panos

tecidos: duzentos réis a vara, mas desta

vez sem discriminação de qualidade. As

avaliações consignadas nos inventários revelam, em todo caso, oscilação apre

ciável nos preços, refletindo talvez irre gularidade no abastecimento do produto, que não dependeria unicamente do plantio local. Num inventário de 1597 encontramos o valor de 3$200 para o

quintal de algodão em caroço; meia arrôba do limpo é orçada no ano de 1593 em 1$200, o que eqüivale a nada

menos do que 9$600 para o quintal. Neste caso, entretanto, a divergência

só à primeira vista pode parecer excessi va: na realidade duas arrôbas de algodão

em caroço davam, de ordinário, meia do produto limpo. E é preciso considerar o tempo e trabalho consumidos na lim

85

Digesto EcoNó^^co

ser oito vezes maior, pois dois indivíduos manejando o aparellio limpavam em vinte e quatro horas duas arrôbas de al godão em caroço (3). Não está provado, entretanto, que essa

máquina existisse no planalto paulista durante o período que nos ocupa. O primeiro inventário em que ela ocorre é o de Henrique da Cunha Machado, e traz a data de 1680. É verdade que o autor anônimo dos "Diálogos das Gran

1608

1$000

1613

$500

1615

$500 $500 $400

1616

1619 1620

$320

1622 (qualidade inferior)

$300

1628 1631 1635

$400

1636

$400 $480 $320

dezas do Brasil" regista a presença des

1637

S320

se tipo de escaroçador nas capitanias do norte já durante as primeiras décadas

1638

$480 $500 $480 $400

Num inventário de 1598, o de Isa bel Félix, cpm sítio no Tejuguaçu, en

contramos o preço de quatrocentos réis para uma arrôba menos seis ou oito arratéis de algodão, o que concorda aproximadamente coni a taxa oficial de dois mil réis para o quintal.

1640 1641

do século XVII.

Mas em

outros textos, de 1599 e 1600 respecti

vamente, registam-se os preços de oitocentos e de seíscentos e quarenta réis para a arrôba. É a partir dessa época aparentemen te, que se intensificam as plantações no planalto, e em 1606 os camaristas de São Paulo já poderão escrever ao dona tário que em sua capitania "há muito algodão". Êsse fato reflete-se aos pou

1642 1644 1646 1649 1650

§400

$320 $320 $400

As avaliações variavam algumas xèzcs de acôrdo com a qualidade do produto. Assim é que as três arrôbas deixadas por Antônio Cubas de Macedo em 1622 são vendidas à razão de trezentos reis

cada uma, "por ser ruim". E num mes mo inventário datado, êste, de 1654, fi

guram quarenta e duas arrôbas de al godão bom a um cruzado a arrôba, e ou tras tantas "de somenos" a doze vinténs.

O produto inferior não seria utilizado

cos no declínio e estabilização dos pre

na tecelagem, mas de preferência na fa

ços, que depois do segundo decênio do

bricação de outros objetos, tais como

século oscilam apenas entre uma pataca

pavios de vela, rêdes de pescar, fios de sapateiro, franjas ou varandas de rede

peza. Calculou-se que uma pesssoa, trabalhando um dia inteiro sem auxilio

e quatrocentos e oitenta ou quinhentos

de máquina, não chegava a produzir

em caroço, conforme se pode ver no

etc. Serviriam além disso para acolchoar os célebres gibões estofados dos

quadro abaixo, organizado de acordo

bandeirantes, que consumiam, os maio

com avaliações constantes de inventá

res, até oito arratéis de algodão, e os outros, os "escupiletes", destinados a

da vila sem primeiro o trazer à Gamara

mais de um arratel de algodão livre de

pera se fazer diligência se no povo é

sementes.

mister".

de madeira, importado da Ásia, que prevaleceu no Brasil até fins do período

É mais do que provável que a carên cia dêsse produto fosse em parte com

r

Com o rústico descaroçador

colonial e ainda em nossos dias se en

pensada com a importação de outras ca contra esporadicamente em lugares do pitanias e também de fora do Brasil. interior, o rendimento do trabalho podia

réis no máximo por arrôba de algodão

rios seisCentistas (4):

resguardar apenas o busto e o ventre, 1600 1606

$640 $480

1607

$800

seis arratéis ou pouco menos.

O valor do pano tecido, que em 1585 6 em 1596 fôra taxado pelo Conselho


86

Dicesto Econômico

em duzentos réis a vara, corresponde de perto ao do algodãó em caroço. Quando este, em 1613, é avaliado em quinhentos réis a arroba, aquele se vende a sete

gente de serviço. A tecelagem compete,

vinténs a vara. Por volta de 1641, quando o algodão está a um cruzado

portugueses, ofício pouco limpo e sem

godão e em outro, de 1685, mil e cin qüenta e oito varas. Domingos Fernan

primor.

des, o fundador de Itu, tem em casa, no

ou, quando muito, a quatrocentos e oi tenta reis, o tecido custa quatro vin téns e um tostão (enquanto o pano im portado, de linho, se vende a 1$600 a vara). E em 1681 descerá a setenta e

cinco reis e a quatro vinténs, quando a arrôba de algodão bruto vale apenas du zentos e quarenta réis.

O pano tinto alcança naturalmente

mais do quatro árvores e vem citado

por isso, a esta gente, e por ser, entre

A lavoura algodoeira acompanha a expansão do povoamento no planalto e cresce cora ela. Quase todos os sítios da roça têm seu pequeno algodoal, tão pequeno em certos casos que um dêles

o de João Gomes, em Mogi, não conta

pois um descaroçador pode ser construí

do por qualquer carpinteiro e um tear vale, quando muito, o que valem dez

ano de 1652, três teares pelo menos,

arrobas de algodão bruto, mas sobretudo

onde labutam escravos e administrados.

o processo demorado, fastidioso e fati-

não obstante seu clima úmido e incons

E nos de Guilherme Pompeu de Almei da há, em 1658, mil varas de pano pertencentes a Pedro Dias Leite.

gante que requer a indústria, mesmo ha

tante.

Especialmente na Embuaçavo e

na Moóca. Transposto o Tietê, as plan

tações acompanham-lhe as margens, so

Repete-se com esses magnatas do al godão o que se dá, em muito maior es

bretudo rio abaixÔ, e também as dos

brasil, a gra. Os mais zelosos não deiantes de lançar-lhe a tintura, para que antes com sumagre. Tudo isso contribuí

nas o que determina, nesse caso, a con

centração não é o custo do maquinismo,

Nos primeiros tempos planta-se nos

xanam de umar o tecido com alumen

para elevar-lhe o custo.

cabo, com uma porcentagem regular do próprio pano que assim fabricam. Ape

próprios arredores da vila de São Paulo,

matena corante importada: o anil, o

sendo o pano de côr preta, tratá-lo-íam

próprio e o alheio. Isso c.xplica que num inventário de 1674 figurem novecentas e sessenta varas de pano de al

ma necessidade caseira ou para vestir a

seus tributários como o Pinheiros, o Co

E

bons lucros fazendo tecer o algodão

no inventário. Mas há de dar para algu

preços maiores por exigir emprégo de

nao se estragasse ou desbotasse.

87

Digesto Econômico

vendo mão de obra numerosa e dispo

nível. A verdade é que de nenhum produto tropical se pode dizer, tanto como do algodão, que os progressos no

seu cultivo dependeram estreitamente

tia e, em partes, o Jaguarí. Em Parnaíba são assinalados algodoais no sítio

cala, com os potentados do açúcar, quando concentram no seu engenho a moagem da cana de todos os lavradores

da existência de maquinismos adequados

de Belchior Carneiro desde 1607, de

da vizinhança. Recebem o algodão em

feiçoados. Métodos e maquinismos que

zoito anos antes de fundar-se a rila;

caroço e encarregam-se da limpeza, car-

só dois séculos mais tarde principiariam

no Ururaí em 1624 nas terras de Matias do Oliveira e Marcos Fernandes; em

da, fiação, tecelagem, pagando-se, ao

a surgir entre nós.

c de métodos de elaboração mais aper

1620 na área de Mogl das Cruzes. Ao lado dos canaviais, dos milharais,

até mesmo dos trigais, que ocupam o melhor da atividade rural dos moradores,

o papel do algodão, ao menos na pri meira metade do século, é praticamente

insignificante. Só em um ou outro in ventário da época se encontram, entre

os bens deixados, mais de seis arrobas de algodão, e essa mesma

quantidade é excepcional. A partir de 1650 mais ou me nos é que começam a surgir

f

produções mais avultadas. Certo inventário de 1668 as

sinala quarenta e quatro arrôbas; sessenta e quatro é

quanto apresenta outro, de 1670; e em um de 1693 chegam-se a registar noventa e quatrol Nem todos dispõem de teares, de modo que alguns

proprietários devem auferir

O jornal "Financial Times" publicou uma notícia segundo a qual o Brasil em pregará dois milhões de libras esterlinas, de seus saldos acumulados em Londres, na compra definitiva de três emprêsas subsidiárias da "Brazil Raihoay Company" De acordo com essa informação o negócio foi anunciado pela Comissão de portadores de títulos da "Brazil Railway". É óbvio, todavia, que a (geração de pende de aprovação do Congresso brasileiro. As três emprêsas incncionadas, que já haviam sido anteriormente expropriadas pelo govêmo hrasüelro, são as seguintes-, "Southern Brazil Lumber and Colonization Company"; "Companhia de Indiisirias Brasileiras de Papel" e "Emprôsa de Armazéns Frigoríficos".


86

Dicesto Econômico

em duzentos réis a vara, corresponde de perto ao do algodãó em caroço. Quando este, em 1613, é avaliado em quinhentos réis a arroba, aquele se vende a sete

gente de serviço. A tecelagem compete,

vinténs a vara. Por volta de 1641, quando o algodão está a um cruzado

portugueses, ofício pouco limpo e sem

godão e em outro, de 1685, mil e cin qüenta e oito varas. Domingos Fernan

primor.

des, o fundador de Itu, tem em casa, no

ou, quando muito, a quatrocentos e oi tenta reis, o tecido custa quatro vin téns e um tostão (enquanto o pano im portado, de linho, se vende a 1$600 a vara). E em 1681 descerá a setenta e

cinco reis e a quatro vinténs, quando a arrôba de algodão bruto vale apenas du zentos e quarenta réis.

O pano tinto alcança naturalmente

mais do quatro árvores e vem citado

por isso, a esta gente, e por ser, entre

A lavoura algodoeira acompanha a expansão do povoamento no planalto e cresce cora ela. Quase todos os sítios da roça têm seu pequeno algodoal, tão pequeno em certos casos que um dêles

o de João Gomes, em Mogi, não conta

pois um descaroçador pode ser construí

do por qualquer carpinteiro e um tear vale, quando muito, o que valem dez

ano de 1652, três teares pelo menos,

arrobas de algodão bruto, mas sobretudo

onde labutam escravos e administrados.

o processo demorado, fastidioso e fati-

não obstante seu clima úmido e incons

E nos de Guilherme Pompeu de Almei da há, em 1658, mil varas de pano pertencentes a Pedro Dias Leite.

gante que requer a indústria, mesmo ha

tante.

Especialmente na Embuaçavo e

na Moóca. Transposto o Tietê, as plan

tações acompanham-lhe as margens, so

Repete-se com esses magnatas do al godão o que se dá, em muito maior es

bretudo rio abaixÔ, e também as dos

brasil, a gra. Os mais zelosos não deiantes de lançar-lhe a tintura, para que antes com sumagre. Tudo isso contribuí

nas o que determina, nesse caso, a con

centração não é o custo do maquinismo,

Nos primeiros tempos planta-se nos

xanam de umar o tecido com alumen

para elevar-lhe o custo.

cabo, com uma porcentagem regular do próprio pano que assim fabricam. Ape

próprios arredores da vila de São Paulo,

matena corante importada: o anil, o

sendo o pano de côr preta, tratá-lo-íam

próprio e o alheio. Isso c.xplica que num inventário de 1674 figurem novecentas e sessenta varas de pano de al

ma necessidade caseira ou para vestir a

seus tributários como o Pinheiros, o Co

E

bons lucros fazendo tecer o algodão

no inventário. Mas há de dar para algu

preços maiores por exigir emprégo de

nao se estragasse ou desbotasse.

87

Digesto Econômico

vendo mão de obra numerosa e dispo

nível. A verdade é que de nenhum produto tropical se pode dizer, tanto como do algodão, que os progressos no

seu cultivo dependeram estreitamente

tia e, em partes, o Jaguarí. Em Parnaíba são assinalados algodoais no sítio

cala, com os potentados do açúcar, quando concentram no seu engenho a moagem da cana de todos os lavradores

da existência de maquinismos adequados

de Belchior Carneiro desde 1607, de

da vizinhança. Recebem o algodão em

feiçoados. Métodos e maquinismos que

zoito anos antes de fundar-se a rila;

caroço e encarregam-se da limpeza, car-

só dois séculos mais tarde principiariam

no Ururaí em 1624 nas terras de Matias do Oliveira e Marcos Fernandes; em

da, fiação, tecelagem, pagando-se, ao

a surgir entre nós.

c de métodos de elaboração mais aper

1620 na área de Mogl das Cruzes. Ao lado dos canaviais, dos milharais,

até mesmo dos trigais, que ocupam o melhor da atividade rural dos moradores,

o papel do algodão, ao menos na pri meira metade do século, é praticamente

insignificante. Só em um ou outro in ventário da época se encontram, entre

os bens deixados, mais de seis arrobas de algodão, e essa mesma

quantidade é excepcional. A partir de 1650 mais ou me nos é que começam a surgir

f

produções mais avultadas. Certo inventário de 1668 as

sinala quarenta e quatro arrôbas; sessenta e quatro é

quanto apresenta outro, de 1670; e em um de 1693 chegam-se a registar noventa e quatrol Nem todos dispõem de teares, de modo que alguns

proprietários devem auferir

O jornal "Financial Times" publicou uma notícia segundo a qual o Brasil em pregará dois milhões de libras esterlinas, de seus saldos acumulados em Londres, na compra definitiva de três emprêsas subsidiárias da "Brazil Raihoay Company" De acordo com essa informação o negócio foi anunciado pela Comissão de portadores de títulos da "Brazil Railway". É óbvio, todavia, que a (geração de pende de aprovação do Congresso brasileiro. As três emprêsas incncionadas, que já haviam sido anteriormente expropriadas pelo govêmo hrasüelro, são as seguintes-, "Southern Brazil Lumber and Colonization Company"; "Companhia de Indiisirias Brasileiras de Papel" e "Emprôsa de Armazéns Frigoríficos".


Digesto EcoNÓ^^co

Geografia das Comunicações Paulistas

89

da, oferecc-sc como acesso dc importân

quiá que, até Periiibe, margeia á cosia.

cia indiscutível, cujo aproveitamento fu

III — o liloral

A "Zona arenosa", pois, da barra do

turo, com a transformação de Cananéia

Ribeira, exclusive, ao avanço do Monga-

por Nelson Werneck Sodbé

em porto aparelhado, não deverá tardar

guá, em meio ã praia Grande, não ofe

muito. A foz do Ribeira, por outio lado,

rece condições de acesso ao interior, nem

é a porta de um sistema fluvial cujas condições de navegabilidade estão com provadas pelo uso, servindo a uma região

de abordagem, fazendo-se a circulação

rica, em constante progresso, e que pe

zona santista. .

diferentes faixas do litoral paulista são condicionadas, de um lado pelo maior ou menor afastamento entre a

Serra do Mar e o oceano, de outro, como cojiseqüêncía, pela existência ou não de uma zona de baixada entre a

Serra e a orla marítima. É assim que,

O sr. Nelson Werneck Sodré, em séu

terceiro artigo referente às comunicações paulistas, examina o litoral do Estado

e as condições que oferece, do aspecto ferroviário e rodoviário.

na parte sulina, correspondente ao tre

cho do desenvolvimento daquela Serra entre os limites paranaenses e a reffião

de Piedade, onde tem o nome de Paranapiacaba, existe a baixada intermediá-

A "Zona illiada" é uma porta gigan

no sentido transversal unicamente, à

beira do oceano, gravitando tôda para a

netra fundamente, graças ao afastamen to da Serra do Mar nessa região, no território paulista. A "Zona ilhada", pois, entre a barra de Ararapira e a foz do Ribeira, inclusive, apresenta-se com

senvolve-se a "Zona baixa santista". Cor

uma importância muito grande, na geo

ção da bai.xada santista, nesta compreen

grafia do litoral do Estado.

didas as ilhas de Santo Amaro e de

Da ponta de Mongaguú ã ponta da Enseada, além da barra da Bertioga, de

responde i\ aproximação entre a Serra do Már e o oceano, com a faixa de transi

tesca, — sua hospitalidade à navegação é notória e histórica. Quatro barras, de sul para norte, oferecem-se à aborda gem: a de Ararapira, na ponta da illia

beira-Juquiá se estreita, partida pela ir

faixa da praia Grande ao norte do avan

rupção isolada mas significativa da Ser

do Cardoso; a de Cananéia, entre esta

ra dos Itatins, encontra-se a segunda zona litorânea, de longas praias rasas, numa costa lisa de recortes, sem ensea

águas, cora os rios em constante comuni

ilha e a Comprida; a de Icaparra, entre esta última e a de Iguape; e a da foz do Ribeira. Separando as ilhas, entre si ou

ço de Mongaguá, e se desenvolve, atin gindo a região das ilhas, pelas praias de S. Vicente, prolongando-se com a do Guarujá e as de menores proporções

das, sem reentrâncias, cuja única des-

de Santo Amaro, Pernambuco, Perequê, ,

cação, no quadro mais firme de um sistema fluvial dependente da costa, todo

do continente, vemos os canais maríti mos chamados, curiosamente. Mar de

continmdade de vulto figura-se apenas da região dos Itatins, quando a Serra

tôdas, desde Guarujá, na orla oceânica

se aproxima do oceano.

Nesta "Zona

da ilha de Santo Amaro. A característi

arenosa" encontram-se, de Santos para o sul, as praias sucessivas: a Grande,

ca mais importante da "Zona baixa san

na do Ribeira-Juquiá. À proporção que

a Serra se aproxima da região saotista avizinha-se da costa, - à baixada se es treita, em conseqüência, e perde as suas características, com a confusão das

voltado para ela, em cursos de pequena Ararapira, Mar de Itapitangui, Mar de extensão e destituídos de aptidão para a' Cananéia, Mar do Cubatão e Mar de navegação.

Isso vai corresponder, na

orla marítima, em conjunto:

— no primeiro trecho, de baixada franca mas indecisa nas suas linhas, a uma zona ilhada, com a formação mon

tanhosa da ilha do Cardoso, a baixa ilha de Cananéia, a ilha mista de bai xada e morraria de Iguape, tudo fecha

do pe!a longa restinga da ilha Com prida.

— no segundo trecho, quando a bai

xada se apresenta firme e semeada de contrafortes, a uma costa baixa e are nosa, com longuíssimas praias, de fraca declividade e pouco propícias à aborda gem de embarcações.

Iguape. Um só obstáculo se apresenta á navegação, na extensa "Zona ilhada": o tombo das águas, causado, no interior dêsses canais, pelos desníveis das marés.

Na faixa em que a baixada do Ri-

S. Vicente.

Começa, no sul, com a

Grande, Pinheiros, Camburi e Prainha,

tista" é o sistema de canais, num dos

com quarenta e quatro quilômetros, até

quais se encrava o maior pôrto brasilei

a foz do rio Itanliaen; a de Peruíbe,

ro. As obras aí levantadas, os constantes

com vinte e cinco quilômetros, até a

Se a entrada de Icaparra vem sendo, pro gressivamente, aterrada pelo aluvião car reado no Valo Orando, canal que a

barra do rio do mesmo nomo; e, depois

trabalhos de dragagem do canal santista, o futuro aproveitamento da costa de Ita-

da irrupção dos Itatins, as praias do

pema e do canal da Bertioga para am

Una e da Juréa, separadas pela ponta

mão do homem, há mais de um século,

dôste último nome, cada uma da ordem

pliação da faixa de cais, a intensa humanização da baixada santista, a importân

abriu, tornando Iguape uma ilha, — e se a barra de Ararapira só se presta à pequena navegação, as duas outras en

dos vinte quilômetros. São estas praias duras e largas,

cia das comuriicações que já ligam êsse porto ao pla

prestando-se ao tráfego de

nalto, tudo indica a zona em

tradas, a da foz do Ribeira e a da

viaturas, na baixa maré, mas sem ancoradouros, sem aces sos, e sem articulação com o interior, fazendo-se tôda a

questão como a mais impor tante do litoral paulista. Suas

circulação no sentido trans

radouro, as comunicações pe-

barra de Cananéia, esta particularmente, apresentam-se favoráveis a quem pre tenda abordar a costa sulina.

Protegida, a última, pelos anteparos naturais das ilhas do Cardoso e Compri-

versal, pelas próprias praias, ou pela ferrovia Santos-Ju-

condições naturais e artifi

ciais de abordagem e anco^^trantes já e.xistentes, dão-

lhe um relêvo singular na


Digesto EcoNÓ^^co

Geografia das Comunicações Paulistas

89

da, oferecc-sc como acesso dc importân

quiá que, até Periiibe, margeia á cosia.

cia indiscutível, cujo aproveitamento fu

III — o liloral

A "Zona arenosa", pois, da barra do

turo, com a transformação de Cananéia

Ribeira, exclusive, ao avanço do Monga-

por Nelson Werneck Sodbé

em porto aparelhado, não deverá tardar

guá, em meio ã praia Grande, não ofe

muito. A foz do Ribeira, por outio lado,

rece condições de acesso ao interior, nem

é a porta de um sistema fluvial cujas condições de navegabilidade estão com provadas pelo uso, servindo a uma região

de abordagem, fazendo-se a circulação

rica, em constante progresso, e que pe

zona santista. .

diferentes faixas do litoral paulista são condicionadas, de um lado pelo maior ou menor afastamento entre a

Serra do Mar e o oceano, de outro, como cojiseqüêncía, pela existência ou não de uma zona de baixada entre a

Serra e a orla marítima. É assim que,

O sr. Nelson Werneck Sodré, em séu

terceiro artigo referente às comunicações paulistas, examina o litoral do Estado

e as condições que oferece, do aspecto ferroviário e rodoviário.

na parte sulina, correspondente ao tre

cho do desenvolvimento daquela Serra entre os limites paranaenses e a reffião

de Piedade, onde tem o nome de Paranapiacaba, existe a baixada intermediá-

A "Zona illiada" é uma porta gigan

no sentido transversal unicamente, à

beira do oceano, gravitando tôda para a

netra fundamente, graças ao afastamen to da Serra do Mar nessa região, no território paulista. A "Zona ilhada", pois, entre a barra de Ararapira e a foz do Ribeira, inclusive, apresenta-se com

senvolve-se a "Zona baixa santista". Cor

uma importância muito grande, na geo

ção da bai.xada santista, nesta compreen

grafia do litoral do Estado.

didas as ilhas de Santo Amaro e de

Da ponta de Mongaguú ã ponta da Enseada, além da barra da Bertioga, de

responde i\ aproximação entre a Serra do Már e o oceano, com a faixa de transi

tesca, — sua hospitalidade à navegação é notória e histórica. Quatro barras, de sul para norte, oferecem-se à aborda gem: a de Ararapira, na ponta da illia

beira-Juquiá se estreita, partida pela ir

faixa da praia Grande ao norte do avan

rupção isolada mas significativa da Ser

do Cardoso; a de Cananéia, entre esta

ra dos Itatins, encontra-se a segunda zona litorânea, de longas praias rasas, numa costa lisa de recortes, sem ensea

águas, cora os rios em constante comuni

ilha e a Comprida; a de Icaparra, entre esta última e a de Iguape; e a da foz do Ribeira. Separando as ilhas, entre si ou

ço de Mongaguá, e se desenvolve, atin gindo a região das ilhas, pelas praias de S. Vicente, prolongando-se com a do Guarujá e as de menores proporções

das, sem reentrâncias, cuja única des-

de Santo Amaro, Pernambuco, Perequê, ,

cação, no quadro mais firme de um sistema fluvial dependente da costa, todo

do continente, vemos os canais maríti mos chamados, curiosamente. Mar de

continmdade de vulto figura-se apenas da região dos Itatins, quando a Serra

tôdas, desde Guarujá, na orla oceânica

se aproxima do oceano.

Nesta "Zona

da ilha de Santo Amaro. A característi

arenosa" encontram-se, de Santos para o sul, as praias sucessivas: a Grande,

ca mais importante da "Zona baixa san

na do Ribeira-Juquiá. À proporção que

a Serra se aproxima da região saotista avizinha-se da costa, - à baixada se es treita, em conseqüência, e perde as suas características, com a confusão das

voltado para ela, em cursos de pequena Ararapira, Mar de Itapitangui, Mar de extensão e destituídos de aptidão para a' Cananéia, Mar do Cubatão e Mar de navegação.

Isso vai corresponder, na

orla marítima, em conjunto:

— no primeiro trecho, de baixada franca mas indecisa nas suas linhas, a uma zona ilhada, com a formação mon

tanhosa da ilha do Cardoso, a baixa ilha de Cananéia, a ilha mista de bai xada e morraria de Iguape, tudo fecha

do pe!a longa restinga da ilha Com prida.

— no segundo trecho, quando a bai

xada se apresenta firme e semeada de contrafortes, a uma costa baixa e are nosa, com longuíssimas praias, de fraca declividade e pouco propícias à aborda gem de embarcações.

Iguape. Um só obstáculo se apresenta á navegação, na extensa "Zona ilhada": o tombo das águas, causado, no interior dêsses canais, pelos desníveis das marés.

Na faixa em que a baixada do Ri-

S. Vicente.

Começa, no sul, com a

Grande, Pinheiros, Camburi e Prainha,

tista" é o sistema de canais, num dos

com quarenta e quatro quilômetros, até

quais se encrava o maior pôrto brasilei

a foz do rio Itanliaen; a de Peruíbe,

ro. As obras aí levantadas, os constantes

com vinte e cinco quilômetros, até a

Se a entrada de Icaparra vem sendo, pro gressivamente, aterrada pelo aluvião car reado no Valo Orando, canal que a

barra do rio do mesmo nomo; e, depois

trabalhos de dragagem do canal santista, o futuro aproveitamento da costa de Ita-

da irrupção dos Itatins, as praias do

pema e do canal da Bertioga para am

Una e da Juréa, separadas pela ponta

mão do homem, há mais de um século,

dôste último nome, cada uma da ordem

pliação da faixa de cais, a intensa humanização da baixada santista, a importân

abriu, tornando Iguape uma ilha, — e se a barra de Ararapira só se presta à pequena navegação, as duas outras en

dos vinte quilômetros. São estas praias duras e largas,

cia das comuriicações que já ligam êsse porto ao pla

prestando-se ao tráfego de

nalto, tudo indica a zona em

tradas, a da foz do Ribeira e a da

viaturas, na baixa maré, mas sem ancoradouros, sem aces sos, e sem articulação com o interior, fazendo-se tôda a

questão como a mais impor tante do litoral paulista. Suas

circulação no sentido trans

radouro, as comunicações pe-

barra de Cananéia, esta particularmente, apresentam-se favoráveis a quem pre tenda abordar a costa sulina.

Protegida, a última, pelos anteparos naturais das ilhas do Cardoso e Compri-

versal, pelas próprias praias, ou pela ferrovia Santos-Ju-

condições naturais e artifi

ciais de abordagem e anco^^trantes já e.xistentes, dão-

lhe um relêvo singular na


'! mmfi Dxgesto EcoNÓ^^co

90

Digesto Econômico

roçadas, junto à costa, para um e ou

"costeiras", Itaguaré, Guaratuba, Boracéa, a maior. Una, Juquií, Baleia,

tro lado, a articulação existente com a

Camburi, Saí, Buiçucanga, Maresias,

se sucedem, quase sem interrupção. Em seguida à barra do rio Juqueriquere

baixada do Ribeira-Juquiá, pela ferro

Toque-Toque, Gaelá, Barequessaba, S.

apresenta-se a ampla enseada do Cara-

via que liga a cidade de Juquíá a San tos, apenas fazem avultar essa impor

Sebastião c S. Francisco são, em regra,

guatatuba e, mais ao norte, as praias de Massaguassú, de Mococa e de Taba-

geografia regional. As facilidades para

sôbre o oceano.

Essas dobras de costa

91

da ação dos ventos e de sua fraca de-

clividade.

As outras baías, entretanto,

fornecem ancoradouros próprios à cabo tagem. A baixada do Juqueriquere, logo em seguida ao pôrto de S. Sebastião e bastante próxima do centro urbano de

do Mar e o oceano, deixando uma es

moles, bravías, dc tombo, difíceis ao acesso, íngremes e fundas. As mais e.xtensas, Boracéa c Guaratuba, com oito quilômetros, não fogem à regra. As areias impedem a formação de barras,

fundas baías do Mar Virado, da Forta

treita zona de baixada, isolada e cheia

na foz dos rios, e represam suas águas,

leza e do Flamengo, protcg'da.s por

de mangues, que se firma à proporção que se afasta da orla marítima. Vai desde a ponta da Enseada à barra nor te do canal que separa a ilha de S. Se

que se estendem na baixada. O mar, por sua vez, nesse trecho da costa, é

"costeiras" que penetram fundo no oceano. Seguem-se as praias das Toni-

da", pois, não oferece vantagens à

compatí\'el com

bastião do continente, inclusive. Trata-

abordagem e à penetração, mas tem a singularidade de apresentar, graças ao levantamento da ilha de S. Sebastião,

as

tância.

A quarta faixa do litoral paulista cor responde à aproximação entre a Serra

se de uma costa pouco recortada a

que, na extremidade da zona, o porto de S. Sebastião, criado pelo anteparo da ilha do mesmo nome e pèlas condi ções do canal que a separa do conti

habitualmente difícil.

linga, além das menores, encravadas na

Caraguatatuba, entretanto, oferece-se co

exte;isa "costeira" que se apresenta com

mo uma aberta natural na muralha da

a Serra da Lagoa. Vèm depois as pro

Serra do Mar, a quem cuide em pene trar para o planalto.

Nessa entrada

natural, segundo estudos já feitos, deve estender-se a ferro\'ia que servirá ao pôrto de S. Sebastião, uma vez construí

A "Zona dobra

do, em

escala

necessidades,

a desde que a orientação seja a

o porto do mesmo nome, com excelen

de se ligar esse porto ao centro

tes condições naturais, superiores às de

nente, dá um relevo especial. "Zona dobrada" porque montanhosa, com a Ser ra vizinha do oceano, sem recortes acen tuados e, por isso mesmo, sem ancoradouros, com praias muito diferentes das

Santos e das melhores do mundo, dada

coletor è distri

a profundidade do canal e a proteção fornecida pela ilha. As . obras iniciais de aparelhamento, aí existentes, com um píer e um cáís com armazém, serão pro-

buidor

da "Zona arenosa", curtas, estreitas, man

melhor, talvez um dos grandes portos brasileiros, como as suas condições na turais indicam e a necessidade acabará

sas algumas, outras bravas, descaindo

quase todas bruscamente, semeada de "costeiras" e fragmentada por rios cur

tos, encachoeirados, o Itaguaré, o Guaratuba, o Una-Cubatão, o Sai, o Grande,

sinuosos na estreita baixada, mas rasos e sensíveis à maré, sem condições de

do litoral paulista.

No caso de se

núcleos urbanos do vale do Paraí

ba, a tendência

será transpor a Serra face a Caragua nhas e Grande e a extensa baía de Uba-

tuba. Mas ao norte, além de pequenas praias, apresentam-se as de Itamumbuca

navegabilidade, deixando tôda a zona

A "Zona recortada", configurada pela

proximidade entre a Serra do Mar e o

sem entradas para o interior, isolada

oceano e pela inexistência de baixada, _ ^

e do Poruba, a que se seguem as baías de Ubatubamirím e de Picinguaba. Daí por diante estendem-se pequenas praias desprotegidas e "costeiras" agrestes, até

dêle e somente debruçada sôbre o mar, — salvo casos isolados e de pouca ex com a facilidade relativa das roçadas pressão, — apresenta-se desde a barra nróximo à costa, mas suficientemente norte do canal de S. Sebastião até o

bastadas, da ordem de cinco quilôme

tros, para fugir aos mangues e ao curso inferior dos rios.

,

As sucessivas praias, da ponta da En

seada ao canal de S. Sebasüão geral mente curtas, estreitas e isoladas por

a inflexão que configura, nos "fjords"

limite entre os Estados de São Paulo e

de Parati, a entrada sul da enorme baía

do Rio de Janeiro. É uma zona rica em enseadas, em abrigos naturais, forte mente dentada, com profundas reentrân-

Na zona em apreço o porto mais fa vorável é o de Ubatuba, de vez que a

cias, protegidas pela aproximação dos contrafortes da Serra, que se debruçam

São

pretender ligar o pôrto a um dos

vàvelmente continuadas, tornando o porto

por exigir. A penetração ao interior, porém, para servir ao porto, será feita pouco mais ao norte, já na ultima zona

de

Paulo.

da ilha Grande, já território fluminense.

enseada de Caraguatatuba, com os seus doze quilômetros de praia, se ressente

tatuba, onde foi ela já transposta por rodovia de condições técnicas excelentes, que procura S. José dos Campos, por

Paraibuna".

De qualquer forma, a re

gião S. Sebastíão-Caraguatatuba, inter mediária entre duas zonas bem distintas

do litoral, apresenta-se como porta de acesso ao interior, com duas direções, a

de Mogi das Cruzes, pelo vale do Ju queriquere, e a de S. José dos Campos, transpondo a Serra do Mar, esta já ser

vida por rodovia. Neste último caso, há que considerar os trabalhos de apro

veitamento de energia hidrelétrica, pro jetados para a região de Caraguatatuba.


'! mmfi Dxgesto EcoNÓ^^co

90

Digesto Econômico

roçadas, junto à costa, para um e ou

"costeiras", Itaguaré, Guaratuba, Boracéa, a maior. Una, Juquií, Baleia,

tro lado, a articulação existente com a

Camburi, Saí, Buiçucanga, Maresias,

se sucedem, quase sem interrupção. Em seguida à barra do rio Juqueriquere

baixada do Ribeira-Juquiá, pela ferro

Toque-Toque, Gaelá, Barequessaba, S.

apresenta-se a ampla enseada do Cara-

via que liga a cidade de Juquíá a San tos, apenas fazem avultar essa impor

Sebastião c S. Francisco são, em regra,

guatatuba e, mais ao norte, as praias de Massaguassú, de Mococa e de Taba-

geografia regional. As facilidades para

sôbre o oceano.

Essas dobras de costa

91

da ação dos ventos e de sua fraca de-

clividade.

As outras baías, entretanto,

fornecem ancoradouros próprios à cabo tagem. A baixada do Juqueriquere, logo em seguida ao pôrto de S. Sebastião e bastante próxima do centro urbano de

do Mar e o oceano, deixando uma es

moles, bravías, dc tombo, difíceis ao acesso, íngremes e fundas. As mais e.xtensas, Boracéa c Guaratuba, com oito quilômetros, não fogem à regra. As areias impedem a formação de barras,

fundas baías do Mar Virado, da Forta

treita zona de baixada, isolada e cheia

na foz dos rios, e represam suas águas,

leza e do Flamengo, protcg'da.s por

de mangues, que se firma à proporção que se afasta da orla marítima. Vai desde a ponta da Enseada à barra nor te do canal que separa a ilha de S. Se

que se estendem na baixada. O mar, por sua vez, nesse trecho da costa, é

"costeiras" que penetram fundo no oceano. Seguem-se as praias das Toni-

da", pois, não oferece vantagens à

compatí\'el com

bastião do continente, inclusive. Trata-

abordagem e à penetração, mas tem a singularidade de apresentar, graças ao levantamento da ilha de S. Sebastião,

as

tância.

A quarta faixa do litoral paulista cor responde à aproximação entre a Serra

se de uma costa pouco recortada a

que, na extremidade da zona, o porto de S. Sebastião, criado pelo anteparo da ilha do mesmo nome e pèlas condi ções do canal que a separa do conti

habitualmente difícil.

linga, além das menores, encravadas na

Caraguatatuba, entretanto, oferece-se co

exte;isa "costeira" que se apresenta com

mo uma aberta natural na muralha da

a Serra da Lagoa. Vèm depois as pro

Serra do Mar, a quem cuide em pene trar para o planalto.

Nessa entrada

natural, segundo estudos já feitos, deve estender-se a ferro\'ia que servirá ao pôrto de S. Sebastião, uma vez construí

A "Zona dobra

do, em

escala

necessidades,

a desde que a orientação seja a

o porto do mesmo nome, com excelen

de se ligar esse porto ao centro

tes condições naturais, superiores às de

nente, dá um relevo especial. "Zona dobrada" porque montanhosa, com a Ser ra vizinha do oceano, sem recortes acen tuados e, por isso mesmo, sem ancoradouros, com praias muito diferentes das

Santos e das melhores do mundo, dada

coletor è distri

a profundidade do canal e a proteção fornecida pela ilha. As . obras iniciais de aparelhamento, aí existentes, com um píer e um cáís com armazém, serão pro-

buidor

da "Zona arenosa", curtas, estreitas, man

melhor, talvez um dos grandes portos brasileiros, como as suas condições na turais indicam e a necessidade acabará

sas algumas, outras bravas, descaindo

quase todas bruscamente, semeada de "costeiras" e fragmentada por rios cur

tos, encachoeirados, o Itaguaré, o Guaratuba, o Una-Cubatão, o Sai, o Grande,

sinuosos na estreita baixada, mas rasos e sensíveis à maré, sem condições de

do litoral paulista.

No caso de se

núcleos urbanos do vale do Paraí

ba, a tendência

será transpor a Serra face a Caragua nhas e Grande e a extensa baía de Uba-

tuba. Mas ao norte, além de pequenas praias, apresentam-se as de Itamumbuca

navegabilidade, deixando tôda a zona

A "Zona recortada", configurada pela

proximidade entre a Serra do Mar e o

sem entradas para o interior, isolada

oceano e pela inexistência de baixada, _ ^

e do Poruba, a que se seguem as baías de Ubatubamirím e de Picinguaba. Daí por diante estendem-se pequenas praias desprotegidas e "costeiras" agrestes, até

dêle e somente debruçada sôbre o mar, — salvo casos isolados e de pouca ex com a facilidade relativa das roçadas pressão, — apresenta-se desde a barra nróximo à costa, mas suficientemente norte do canal de S. Sebastião até o

bastadas, da ordem de cinco quilôme

tros, para fugir aos mangues e ao curso inferior dos rios.

,

As sucessivas praias, da ponta da En

seada ao canal de S. Sebasüão geral mente curtas, estreitas e isoladas por

a inflexão que configura, nos "fjords"

limite entre os Estados de São Paulo e

de Parati, a entrada sul da enorme baía

do Rio de Janeiro. É uma zona rica em enseadas, em abrigos naturais, forte mente dentada, com profundas reentrân-

Na zona em apreço o porto mais fa vorável é o de Ubatuba, de vez que a

cias, protegidas pela aproximação dos contrafortes da Serra, que se debruçam

São

pretender ligar o pôrto a um dos

vàvelmente continuadas, tornando o porto

por exigir. A penetração ao interior, porém, para servir ao porto, será feita pouco mais ao norte, já na ultima zona

de

Paulo.

da ilha Grande, já território fluminense.

enseada de Caraguatatuba, com os seus doze quilômetros de praia, se ressente

tatuba, onde foi ela já transposta por rodovia de condições técnicas excelentes, que procura S. José dos Campos, por

Paraibuna".

De qualquer forma, a re

gião S. Sebastíão-Caraguatatuba, inter mediária entre duas zonas bem distintas

do litoral, apresenta-se como porta de acesso ao interior, com duas direções, a

de Mogi das Cruzes, pelo vale do Ju queriquere, e a de S. José dos Campos, transpondo a Serra do Mar, esta já ser

vida por rodovia. Neste último caso, há que considerar os trabalhos de apro

veitamento de energia hidrelétrica, pro jetados para a região de Caraguatatuba.


Digesto Econômico

02

A ligação de Ubatuba ao planalto, na região do vale do Paraíba, demandaria a transposição de dois vales, do Paraibuna e do Paraitinga e tres divisores, um

deles a própria Serra do Mar. A impo sição do terreno, face à diminuta impor tância econômica atual do antigo gran de porto cafeeiro, já deu a solução ra-

zoável, com a construção da rodoria

Ubatuba-Caraguatatuba, em curso no momento, a cpial, uma vez completada, fixará imi trecho grande de roçada, jun to à costa, de S. Sebastião a Ubatuba,

por Caraguatatuba, articulado à pene trante Caraguatatuba- Paraibuna-S. José dos Campos.

DEFUMAÇAO DA

BORRACHA

por Gastão Crvís VI

artigo anterior, N'ogueiro já de volta

deixamos o serin à bôca da estrada,

depois de ter passado para o seu balde o látex recolhido nas tíjelinhas.

Sem

O sr.

Gastão Cruls informa que o

látex é defunuido no dia em que

é colhido, antes de ser processada a stta coagulaçõo.

perda de tempo e antes que êsse látex se coagule espontaneamente, o trabalha dor amazonense dirige-se, então, para a

Notícias de Buenos Aires, publicadas com destaque pela imprensa local, i»- ,

■formando que o j?r. Miguel Miranda pretenderia forçar a Grã-Bretatiha a cccier quanto à conversibilidade do esterlino, não causaram surpresa aos círculos respon sáveis de Londres nem abalaram a convicção de que a aquisição das ferrovias e emprêsas de bondes de propriedade britânica, por parte da Argentina, será efetua da apenas com ligeiro atraso.

.

Os aludidos círculos considerain como certo algurn acôrdo com a Arganiina

sôbre o esterlino, pois a outra alternativa seria uma situação inconcebível, no qual não haveria comércio algum entre aquêle pais de um lado, e a Grã-Bretanha e tôda a área da libra do outro.

Salienta-se que uma suspensão breve e parcial do intercâmbio prejttdicario ambas as nações, porquanto a carne congelada, ao contrário da enlatada, não pode ser armazenada indefinidamente. A Inglaterra ê o -maior mercado para a cqriw frigorificada, mas está disposta a reduzir ainda mais as rações da população, a fim de não se sujeitar a qualquer chantagem. Concordam, porém, com a indicações dadas pelo sr. Miranda, no sentido ao que a questão proüàvelmente será resolvida dentro em breve.

pequena barraca ou tapiri, a que já fizemos referência, situada em ponto bem próximo, e onde vai proceder à defumação do produto. Ai, quase sem pre, êle terá alguém — a mulher ou um filho — que o auxilie na penosa e lenta operação, que lhe pedirá mais algumas horas de trabalho, num ambiente e.xíguo, escuro, e de ar quase irrespirável, pois

que continuamente carregado de uma sufocante fumaceira.

É mesmo condi

ção indispensável ao bom êxito do tra balho que a barraca seja pequenina e bem fechada, apenas aberta na frente, para que nela a fumaça se condense com vantagem.

No centro dessa barraca já está ar mado o "defumadòr".

Êste

consiste

num forno ou caldeira, buraco aberto

no clião e no qual, entre duas pedras, se vai fazer o fogo, a princípio com las cas e gravetos de qualquer madeira e, depois, para que se desprenda bastan te fumaça, queimando cavacos de paus especiais, como o pau darco, a maçaranduba, itaúba, breu, abiu ou cumani,

mas, preferentemente, côcos de alguma? palmeiras: uauaçu, inajá, tucumã, murumuru, açaí e, sobretudo, urucuri.

Ser;

vem também para o mesmo fim as cascas de côcos da Bahia, os troncos de

algumas palmeiras, como miritl e açaí e,

em geral, todos os paus verdes, especial mente os resinosos e aqueles que, ao

queimar, desenvolvem grande quantida de de calor. Aliás o seringueiro expe rimentado tem bom faro para a escolha dêsse material, pois não são poucas as

madeiras, como a paracaúba, que, ,fa-


Digesto Econômico

02

A ligação de Ubatuba ao planalto, na região do vale do Paraíba, demandaria a transposição de dois vales, do Paraibuna e do Paraitinga e tres divisores, um

deles a própria Serra do Mar. A impo sição do terreno, face à diminuta impor tância econômica atual do antigo gran de porto cafeeiro, já deu a solução ra-

zoável, com a construção da rodoria

Ubatuba-Caraguatatuba, em curso no momento, a cpial, uma vez completada, fixará imi trecho grande de roçada, jun to à costa, de S. Sebastião a Ubatuba,

por Caraguatatuba, articulado à pene trante Caraguatatuba- Paraibuna-S. José dos Campos.

DEFUMAÇAO DA

BORRACHA

por Gastão Crvís VI

artigo anterior, N'ogueiro já de volta

deixamos o serin à bôca da estrada,

depois de ter passado para o seu balde o látex recolhido nas tíjelinhas.

Sem

O sr.

Gastão Cruls informa que o

látex é defunuido no dia em que

é colhido, antes de ser processada a stta coagulaçõo.

perda de tempo e antes que êsse látex se coagule espontaneamente, o trabalha dor amazonense dirige-se, então, para a

Notícias de Buenos Aires, publicadas com destaque pela imprensa local, i»- ,

■formando que o j?r. Miguel Miranda pretenderia forçar a Grã-Bretatiha a cccier quanto à conversibilidade do esterlino, não causaram surpresa aos círculos respon sáveis de Londres nem abalaram a convicção de que a aquisição das ferrovias e emprêsas de bondes de propriedade britânica, por parte da Argentina, será efetua da apenas com ligeiro atraso.

.

Os aludidos círculos considerain como certo algurn acôrdo com a Arganiina

sôbre o esterlino, pois a outra alternativa seria uma situação inconcebível, no qual não haveria comércio algum entre aquêle pais de um lado, e a Grã-Bretanha e tôda a área da libra do outro.

Salienta-se que uma suspensão breve e parcial do intercâmbio prejttdicario ambas as nações, porquanto a carne congelada, ao contrário da enlatada, não pode ser armazenada indefinidamente. A Inglaterra ê o -maior mercado para a cqriw frigorificada, mas está disposta a reduzir ainda mais as rações da população, a fim de não se sujeitar a qualquer chantagem. Concordam, porém, com a indicações dadas pelo sr. Miranda, no sentido ao que a questão proüàvelmente será resolvida dentro em breve.

pequena barraca ou tapiri, a que já fizemos referência, situada em ponto bem próximo, e onde vai proceder à defumação do produto. Ai, quase sem pre, êle terá alguém — a mulher ou um filho — que o auxilie na penosa e lenta operação, que lhe pedirá mais algumas horas de trabalho, num ambiente e.xíguo, escuro, e de ar quase irrespirável, pois

que continuamente carregado de uma sufocante fumaceira.

É mesmo condi

ção indispensável ao bom êxito do tra balho que a barraca seja pequenina e bem fechada, apenas aberta na frente, para que nela a fumaça se condense com vantagem.

No centro dessa barraca já está ar mado o "defumadòr".

Êste

consiste

num forno ou caldeira, buraco aberto

no clião e no qual, entre duas pedras, se vai fazer o fogo, a princípio com las cas e gravetos de qualquer madeira e, depois, para que se desprenda bastan te fumaça, queimando cavacos de paus especiais, como o pau darco, a maçaranduba, itaúba, breu, abiu ou cumani,

mas, preferentemente, côcos de alguma? palmeiras: uauaçu, inajá, tucumã, murumuru, açaí e, sobretudo, urucuri.

Ser;

vem também para o mesmo fim as cascas de côcos da Bahia, os troncos de

algumas palmeiras, como miritl e açaí e,

em geral, todos os paus verdes, especial mente os resinosos e aqueles que, ao

queimar, desenvolvem grande quantida de de calor. Aliás o seringueiro expe rimentado tem bom faro para a escolha dêsse material, pois não são poucas as

madeiras, como a paracaúba, que, ,fa-


Digesto EcoNÓxnco

94

95

Digesto Econômico

grande bloco, cujo peso pode ir de 40 a 60 quilos. A esses blocos, de formato

zendo um fogo muito forte, defumam a borracha apenas por fora.

do tiver de ser transferido para o ca vador, é de uso revestí-la de uma li

Feito o forno e aceso o fogo, sôbre ele é colocado o boião, espécie de cha

geira camada de argila, que será que

mais ou menos elipsóíde, dá-se o nome

brada no momento oportuno.

de "pelos", pois que a borracha neles se vai dispondo por camadas, como se fòra mesmo uma longa pele enrolada

Diga-se

miné cônica, metálica, com a abertura

que em certas regiões o cavador é

menor virada para cima, mas que po

também chamado "taniboca".

de ser sumariamente substituída por uma

lata de querosene, voltada de boca para baixo e na qual foi feito um furo cir

cular no fundo. Certos seringueiros usam como boião uma peça de argila que tem na base, na parte que assenta

Logo que o seringueiro chega à bar raca, passa para uma bacia de fôlha

sôbre si mesma.

de flandres, com uns 80 cm. de diâ

lhar desde o início até o fim da opera

metro, o leite que trouxera no balde e, se a operação não é logo iniciada, to ma o cuidado de mantê-lo sôbre um

foguinho ligeiro. A seguir, depois que o forno já foi aceso c a fumaça co meça a se desprender bem viva pela

Há seringueiros que preferem traba ção com um cavador único, talhado em forma de remo, o que os poupa ao

trabalho de passar posteriormente o pe

forquilhas, está disposto um pau ro-

soa que o ajuda, vai derramando, por

liço, a que dão o nome de sarilho, e que servirá de ponto de apoio a outro

meio de uma cuia, pequenas quanti

queno bloco de goma para o cava dor roliço. Mas, nesses casos, a pele é sempre muito menor, com peso que não irá além de 5 a 8 quilos e, para retirá-la da extremidade espatulada, faz-se-lhe uma incisão acompanhando uma das

dades de látex na extremidade mais

bordas cortantes do instrumento.

sôbre o forno, a forma de abóbada, e é encimada por um tubo curto; a cha

miné. À pequena altura do boião, des cansando horizontalmente sôbre duas

pau, também roliço, o cavador, com uns 5 a 6 centímetros de diâmetro, êste

manejado pelo operador, e em cuja ex tremidade vai ser feita a coagulação e

defumação da borracha. O seringueiro,

boca do boião, êle, ou melhor a pes

larga do tal pau em forma de remo e êste é logo levado ao calor e a fu maça, até que o látex se coagule, o que não tarda a se dar. Imediata mente, nova dose de goma e derrama da sôbre a primeira, e outra vez toma

entretanto, só come

o instrumento à bô-

çará a trabalhar com o cavador, rolando-o

ca cib boião, para

que o calor e a fu

sôbre o sarilho, de

maça ajam também

pois que já tiver uma certa quantida

sôbre esta. E assim, sucessivamente, até

de de borracha coa

que já se tenha for

coagulação até aquêle em que chega às mãos do comprador, quase 50%.

À borracha coagulada a tempo e bem defumada é que se dá o nome de "fina . Chama-se "entre-fina" àquela já me nos valorizada, porque preparada com

menos rigor. Por "semambi" é conhe cida a borracha de qualidade inferior, que • não sofreu defumação e cuja coa gulação se operou espontaneamente so

bre o próprio tronco das seringueiras,

depois que as tije'inhas foram retiradas; ou ainda aquela que ficou como resto

no fundo das próprias tijelinhas, do balde e da bacia. Essa borracha, que

representa 20% do látex recolhido, mas que pode chegar até 40% se o serin

gueiro for desidloso, encontra, contudo,

colocação no mercado e, por isso, nunca

deixa de ser aproveitada.

O látex, colhido num dia, há-de ser

Prontas uma ou mais "peles", o se

defumado nesse mesmo dia, antes que

ringueiro leva-as ao barracão central,

se processe a sua coagulação. Todavia,

que é o ponto de afluência de todas as

sôbre a mesma "pele" começada num

atividades do seringal. O barracão, on

dia, pode prosseguir o trabalho nos dias subseqüentes, até que ■ o bloco atinja

de mora o seringalista ou quem o re

o tamanho e o peso desejados. O látex,

presenta, aloja freqüentemente um ar mazém mais ou menos bem provido, que

já depois de coagulado e defumado, ain

prove a tòdas as necessidades dos traba

da conserva a sua côr branca.

lhadores locais. Por isso, é quase sem

Entre

tanto, pela ação do tempo, e da dissecação, a superfície das "peles" adquire 'uma tonalidade escura, quase preta. Re

pre uma enorme casa, toda feita de ma deira, situada à beira do rio, em ponto

adrede escolhido e onde possa dispor de bom pôrto, para os serviços de carga e descarga. É por ésse mesmo pôrto que

gulada e condensa

mado, na pá do pe

tirado do cavador, o bloco de borracha

da sob a forma es

queno remo, por su

férica na ponta de

perposição de cama

é exposto ao ar, sôbre um girau e, aí, depois de bem seco perde bastante em

se escoará toda a borracha para os gran

outro pau, êste sem

das

peso. Não raro, desde o momento da

des mercados de Belém e de Manaus.

de leite, uma

pequena

bola

de

pre menor, de forma espatulada ou, me lhor, de um peque

borracha maciça. Então esta bola é

no remo, de arestas cortantes. Para que

retirada da pá do remo e espetada na

o bloco de borra

ponta do cavador,

cha seja mais fàcil-

onde

mente

retirado

da

pá dêsse remo, quari-

operação

Sepundo fontes dignas de todo crédito, a decisão do gooêrno argentino, de suspender os embarques de carne em conserva para a Grã-Bretanha, é uma medida

vai prosseguir até

de caráter provisório, destinada tão só a forçar a Inglaterra a solver ràpidamente os problemas resultantes da suspensão da conversibilidade do esterlino.

a

que se obtenha um


Digesto EcoNÓxnco

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Digesto Econômico

grande bloco, cujo peso pode ir de 40 a 60 quilos. A esses blocos, de formato

zendo um fogo muito forte, defumam a borracha apenas por fora.

do tiver de ser transferido para o ca vador, é de uso revestí-la de uma li

Feito o forno e aceso o fogo, sôbre ele é colocado o boião, espécie de cha

geira camada de argila, que será que

mais ou menos elipsóíde, dá-se o nome

brada no momento oportuno.

de "pelos", pois que a borracha neles se vai dispondo por camadas, como se fòra mesmo uma longa pele enrolada

Diga-se

miné cônica, metálica, com a abertura

que em certas regiões o cavador é

menor virada para cima, mas que po

também chamado "taniboca".

de ser sumariamente substituída por uma

lata de querosene, voltada de boca para baixo e na qual foi feito um furo cir

cular no fundo. Certos seringueiros usam como boião uma peça de argila que tem na base, na parte que assenta

Logo que o seringueiro chega à bar raca, passa para uma bacia de fôlha

sôbre si mesma.

de flandres, com uns 80 cm. de diâ

lhar desde o início até o fim da opera

metro, o leite que trouxera no balde e, se a operação não é logo iniciada, to ma o cuidado de mantê-lo sôbre um

foguinho ligeiro. A seguir, depois que o forno já foi aceso c a fumaça co meça a se desprender bem viva pela

Há seringueiros que preferem traba ção com um cavador único, talhado em forma de remo, o que os poupa ao

trabalho de passar posteriormente o pe

forquilhas, está disposto um pau ro-

soa que o ajuda, vai derramando, por

liço, a que dão o nome de sarilho, e que servirá de ponto de apoio a outro

meio de uma cuia, pequenas quanti

queno bloco de goma para o cava dor roliço. Mas, nesses casos, a pele é sempre muito menor, com peso que não irá além de 5 a 8 quilos e, para retirá-la da extremidade espatulada, faz-se-lhe uma incisão acompanhando uma das

dades de látex na extremidade mais

bordas cortantes do instrumento.

sôbre o forno, a forma de abóbada, e é encimada por um tubo curto; a cha

miné. À pequena altura do boião, des cansando horizontalmente sôbre duas

pau, também roliço, o cavador, com uns 5 a 6 centímetros de diâmetro, êste

manejado pelo operador, e em cuja ex tremidade vai ser feita a coagulação e

defumação da borracha. O seringueiro,

boca do boião, êle, ou melhor a pes

larga do tal pau em forma de remo e êste é logo levado ao calor e a fu maça, até que o látex se coagule, o que não tarda a se dar. Imediata mente, nova dose de goma e derrama da sôbre a primeira, e outra vez toma

entretanto, só come

o instrumento à bô-

çará a trabalhar com o cavador, rolando-o

ca cib boião, para

que o calor e a fu

sôbre o sarilho, de

maça ajam também

pois que já tiver uma certa quantida

sôbre esta. E assim, sucessivamente, até

de de borracha coa

que já se tenha for

coagulação até aquêle em que chega às mãos do comprador, quase 50%.

À borracha coagulada a tempo e bem defumada é que se dá o nome de "fina . Chama-se "entre-fina" àquela já me nos valorizada, porque preparada com

menos rigor. Por "semambi" é conhe cida a borracha de qualidade inferior, que • não sofreu defumação e cuja coa gulação se operou espontaneamente so

bre o próprio tronco das seringueiras,

depois que as tije'inhas foram retiradas; ou ainda aquela que ficou como resto

no fundo das próprias tijelinhas, do balde e da bacia. Essa borracha, que

representa 20% do látex recolhido, mas que pode chegar até 40% se o serin

gueiro for desidloso, encontra, contudo,

colocação no mercado e, por isso, nunca

deixa de ser aproveitada.

O látex, colhido num dia, há-de ser

Prontas uma ou mais "peles", o se

defumado nesse mesmo dia, antes que

ringueiro leva-as ao barracão central,

se processe a sua coagulação. Todavia,

que é o ponto de afluência de todas as

sôbre a mesma "pele" começada num

atividades do seringal. O barracão, on

dia, pode prosseguir o trabalho nos dias subseqüentes, até que ■ o bloco atinja

de mora o seringalista ou quem o re

o tamanho e o peso desejados. O látex,

presenta, aloja freqüentemente um ar mazém mais ou menos bem provido, que

já depois de coagulado e defumado, ain

prove a tòdas as necessidades dos traba

da conserva a sua côr branca.

lhadores locais. Por isso, é quase sem

Entre

tanto, pela ação do tempo, e da dissecação, a superfície das "peles" adquire 'uma tonalidade escura, quase preta. Re

pre uma enorme casa, toda feita de ma deira, situada à beira do rio, em ponto

adrede escolhido e onde possa dispor de bom pôrto, para os serviços de carga e descarga. É por ésse mesmo pôrto que

gulada e condensa

mado, na pá do pe

tirado do cavador, o bloco de borracha

da sob a forma es

queno remo, por su

férica na ponta de

perposição de cama

é exposto ao ar, sôbre um girau e, aí, depois de bem seco perde bastante em

se escoará toda a borracha para os gran

outro pau, êste sem

das

peso. Não raro, desde o momento da

des mercados de Belém e de Manaus.

de leite, uma

pequena

bola

de

pre menor, de forma espatulada ou, me lhor, de um peque

borracha maciça. Então esta bola é

no remo, de arestas cortantes. Para que

retirada da pá do remo e espetada na

o bloco de borra

ponta do cavador,

cha seja mais fàcil-

onde

mente

retirado

da

pá dêsse remo, quari-

operação

Sepundo fontes dignas de todo crédito, a decisão do gooêrno argentino, de suspender os embarques de carne em conserva para a Grã-Bretanha, é uma medida

vai prosseguir até

de caráter provisório, destinada tão só a forçar a Inglaterra a solver ràpidamente os problemas resultantes da suspensão da conversibilidade do esterlino.

a

que se obtenha um


97

Dicesto Econômico

O problema do abastecimento

Bebemos 179 gramas de leite por dia. Estamos longe da "dose ótima de urn litro" preconizada pelos cientistas ame

e o custo de vida

ricanos e mesmo da "dose mmima de

por José Bonifácio de Sousa Amaral II

O sr. José Bonifácio de Sousa Amaral,

neste segundo artigo do série que esió

j^o Brasil o problema alimentar ainda

escrevendo para o "Digesto Econômico",

reclama estudos cujos elementos de vem ser fornecidos por inquéritos.

analisa, com gráficos e tabelas, os inqué

Por enquanto, os nossos estudos ali-

mentares são deficientes, apesar de con tarmos com uma literatura abundante e valiosa.

O conliecimento das condições eco

ritos realizados no Estado de São Paulo, sôhre as deficiências das condições eco

nômicas e os Juíbitos alimentares da po pulação brasileira, com uso restrito da carne e do leite.

populações nacionais e das respectivas classes nos diversos Estados do país ain da depende de pesquisas e de inquéritos. No Estado de São Paulo, que se pode

86 famílias de classe média, num total

considerar o mais bem alimentado da

Educação" de setembro de 1935; o ter

União em face da sua grande produção lizado em 1924 pelo dr. Mário Cardim

ceiro do mesmo ano foi realizado pelo prof. Horace B. Davies auxiluido pelo' Instituto de Educação e o de Higiene. Foram estudadas 221 famílias de ope

e cujos dados apenas conhecemos por

rárias de 39 bairros da Capital.

conhecimento, nove inquéritos: um rea

citação, não nos tendo sido possível obter o método e os pormenores técni cos dè sua realização; e oito, realizados de 1935 a 1942.

Em 1935 realizaram-se na Capital paulista três inquéritos: um sob a orien tação do dr. G. H. de Paula Sousa e ela borado pelos srs. drs. Pedro Egídio de

Em 1937-38 o professor Samuel H.

hov^Tie, então diretor da Sub-Divisao de Documentação Social e Estatistícas Mu nicipais, promoveu um inquérito sobre

% litro".

As frutas e verduras figuram com ex cessiva modéstia em nosso cardápio.

a alimentação dos lixeiros da Pre eitura.

A ingestão diária de ciálcio apura da por nós é de 0,717 gramas, muito inferior à de 1,50 gramas aconselhada por Mac-Lester. A de ferro 0,0168,

Nesse inquérito ficou demonstrada a "predominância de arroz, pão, baetas e açúcar, um escasso consumo de .eite e carne e ausência de frutas e ver uras

boa se não houvesse deficiência de cál

na dieta dêsses openírios. Mesmo o consumo de leite estava abaixo ^ ção recomendada pela lei ® ° mínimo. Assim, enquanto esta lei pres

cio, que é um economizador de ferro. Consumo mode.sto de vitaminas A e C.

Estes defeitos desapareceriam se usás semos fartamente o leite, as frutas fres

creve 200 gramas diárias de c^e por

cas e as verduras.

pessoa", o lixeiro paulistano só consu mia 95,2 gramas. De leite, a lei pres creve 250 gramas diárias, o dietólogo prof. Josué de Castro prescreve 400 gra mas, enquanto o lixeiro, na reahdade,

prof. A. de Almeida Júnior, abrangendo de 872 pessoas, sendo seus resultados publicados nos "Arquívo.s do Instituto de

mílias é de 2$822; no intemato 1$505;

a média geral 2$081. Quanto maior a família menor o gasto "per capita". O leite é excessivamente caro enjre

proteínas animais e de cálcio, o que sig

xos padrões de nutrição.

seqüentemente a produção, a melhora e

porção que as classes estudadas eram de

o barateamento do lei-

salários mais altos.

te, dos ovos, das frutas

"Comemos em média 200 gramas de

carne por dia (carne de vaca, presunto,

letiva, o professor pri mário tem um grande

rentes classes, num total de l.OS^pes-

salsichas, carnes verdes).

papel a desempenhar".

dose se mantenha, dadas as vantagens

giene e na Revista do Arquivo Muni cipal vol. XVII; outro, realizado pelo

da alimentação cárnea e a modicidade do seu preço entre nós.

dual diário constam do

\

quadro n.° 1 a seguir, de onde se depreende a

e das verduras. Na so

média de São Paulo foram as seguintes:

no Boletim n." 58 do Instituto de Hi

as dietas de 793 famílias com 5.053

pessoas de diferentes categorias sociais. As taxas apuradas de consumo indivi

deficiência de cálcio e

lução desse importante

Carvalho e A. de Ulhôa Cintra, conhe

Não há inconvenientes em que essa

nal Feminino, e junto às famílias das

respectivas alunas. Foram pesquisadas

Precisamos incrementar o uso e con

leite". Esta restrição desaparecia i\ pro As conclusões do prof. Almeida Ju-

rintendência do Ensino Profissional, sob a orientação do dr. Francisco Pompeo do Amaral. Foi promorido com o au xílio das dietistas do Instituto Profissio

teínas-came custam $800, igual quan

O inquérito Paula Sousa, atrás referi do, apurou um consumo insuficiente de

nior relativas à aUmentação da classe

O maior inquérito realizado em Sao

Paulo sôbre alimentação foi o da Sup^

Em São Paulo, se 100 gramas de pro-

tidade de proteínas-leite custa 2$400. A combinação feijão com farinha — alimento quase exclusivo de boa parte da população rural, constitui, econômi ca e fisiològicamente, um dos mais bai

nifica um "restrito uso de carnes e de

consome apenas 106,3 gramas.

nós. Nos Estados Unidos, custando a caloria-came 100, a caloria-Ieite custa 63.

cido como inquérito do Instituto de Hi giene. Abrangeu 305 famílias, de dife soas. Seus resultados foram publicados

melhoria das rendas.

A despesa diária por pessoa nas fa

nômicas e dos hábitos alimentares das

agro-pecuária, só houve, de que tivemos

de cereais e pão nas famílias mais po bres, condição que desaparecia com a

de proteínas animais,

problema de higiene co

excesso de liidratos de carbono, considerável "déficit" de vitaminas,

segunda declara o ori

Davies também obser

entador técnico em suas conclusões. Por êsses

vou, no seu inquérito, o uso mais freqüente

.

1 - Al -

.


97

Dicesto Econômico

O problema do abastecimento

Bebemos 179 gramas de leite por dia. Estamos longe da "dose ótima de urn litro" preconizada pelos cientistas ame

e o custo de vida

ricanos e mesmo da "dose mmima de

por José Bonifácio de Sousa Amaral II

O sr. José Bonifácio de Sousa Amaral,

neste segundo artigo do série que esió

j^o Brasil o problema alimentar ainda

escrevendo para o "Digesto Econômico",

reclama estudos cujos elementos de vem ser fornecidos por inquéritos.

analisa, com gráficos e tabelas, os inqué

Por enquanto, os nossos estudos ali-

mentares são deficientes, apesar de con tarmos com uma literatura abundante e valiosa.

O conliecimento das condições eco

ritos realizados no Estado de São Paulo, sôhre as deficiências das condições eco

nômicas e os Juíbitos alimentares da po pulação brasileira, com uso restrito da carne e do leite.

populações nacionais e das respectivas classes nos diversos Estados do país ain da depende de pesquisas e de inquéritos. No Estado de São Paulo, que se pode

86 famílias de classe média, num total

considerar o mais bem alimentado da

Educação" de setembro de 1935; o ter

União em face da sua grande produção lizado em 1924 pelo dr. Mário Cardim

ceiro do mesmo ano foi realizado pelo prof. Horace B. Davies auxiluido pelo' Instituto de Educação e o de Higiene. Foram estudadas 221 famílias de ope

e cujos dados apenas conhecemos por

rárias de 39 bairros da Capital.

conhecimento, nove inquéritos: um rea

citação, não nos tendo sido possível obter o método e os pormenores técni cos dè sua realização; e oito, realizados de 1935 a 1942.

Em 1935 realizaram-se na Capital paulista três inquéritos: um sob a orien tação do dr. G. H. de Paula Sousa e ela borado pelos srs. drs. Pedro Egídio de

Em 1937-38 o professor Samuel H.

hov^Tie, então diretor da Sub-Divisao de Documentação Social e Estatistícas Mu nicipais, promoveu um inquérito sobre

% litro".

As frutas e verduras figuram com ex cessiva modéstia em nosso cardápio.

a alimentação dos lixeiros da Pre eitura.

A ingestão diária de ciálcio apura da por nós é de 0,717 gramas, muito inferior à de 1,50 gramas aconselhada por Mac-Lester. A de ferro 0,0168,

Nesse inquérito ficou demonstrada a "predominância de arroz, pão, baetas e açúcar, um escasso consumo de .eite e carne e ausência de frutas e ver uras

boa se não houvesse deficiência de cál

na dieta dêsses openírios. Mesmo o consumo de leite estava abaixo ^ ção recomendada pela lei ® ° mínimo. Assim, enquanto esta lei pres

cio, que é um economizador de ferro. Consumo mode.sto de vitaminas A e C.

Estes defeitos desapareceriam se usás semos fartamente o leite, as frutas fres

creve 200 gramas diárias de c^e por

cas e as verduras.

pessoa", o lixeiro paulistano só consu mia 95,2 gramas. De leite, a lei pres creve 250 gramas diárias, o dietólogo prof. Josué de Castro prescreve 400 gra mas, enquanto o lixeiro, na reahdade,

prof. A. de Almeida Júnior, abrangendo de 872 pessoas, sendo seus resultados publicados nos "Arquívo.s do Instituto de

mílias é de 2$822; no intemato 1$505;

a média geral 2$081. Quanto maior a família menor o gasto "per capita". O leite é excessivamente caro enjre

proteínas animais e de cálcio, o que sig

xos padrões de nutrição.

seqüentemente a produção, a melhora e

porção que as classes estudadas eram de

o barateamento do lei-

salários mais altos.

te, dos ovos, das frutas

"Comemos em média 200 gramas de

carne por dia (carne de vaca, presunto,

letiva, o professor pri mário tem um grande

rentes classes, num total de l.OS^pes-

salsichas, carnes verdes).

papel a desempenhar".

dose se mantenha, dadas as vantagens

giene e na Revista do Arquivo Muni cipal vol. XVII; outro, realizado pelo

da alimentação cárnea e a modicidade do seu preço entre nós.

dual diário constam do

\

quadro n.° 1 a seguir, de onde se depreende a

e das verduras. Na so

média de São Paulo foram as seguintes:

no Boletim n." 58 do Instituto de Hi

as dietas de 793 famílias com 5.053

pessoas de diferentes categorias sociais. As taxas apuradas de consumo indivi

deficiência de cálcio e

lução desse importante

Carvalho e A. de Ulhôa Cintra, conhe

Não há inconvenientes em que essa

nal Feminino, e junto às famílias das

respectivas alunas. Foram pesquisadas

Precisamos incrementar o uso e con

leite". Esta restrição desaparecia i\ pro As conclusões do prof. Almeida Ju-

rintendência do Ensino Profissional, sob a orientação do dr. Francisco Pompeo do Amaral. Foi promorido com o au xílio das dietistas do Instituto Profissio

teínas-came custam $800, igual quan

O inquérito Paula Sousa, atrás referi do, apurou um consumo insuficiente de

nior relativas à aUmentação da classe

O maior inquérito realizado em Sao

Paulo sôbre alimentação foi o da Sup^

Em São Paulo, se 100 gramas de pro-

tidade de proteínas-leite custa 2$400. A combinação feijão com farinha — alimento quase exclusivo de boa parte da população rural, constitui, econômi ca e fisiològicamente, um dos mais bai

nifica um "restrito uso de carnes e de

consome apenas 106,3 gramas.

nós. Nos Estados Unidos, custando a caloria-came 100, a caloria-Ieite custa 63.

cido como inquérito do Instituto de Hi giene. Abrangeu 305 famílias, de dife soas. Seus resultados foram publicados

melhoria das rendas.

A despesa diária por pessoa nas fa

nômicas e dos hábitos alimentares das

agro-pecuária, só houve, de que tivemos

de cereais e pão nas famílias mais po bres, condição que desaparecia com a

de proteínas animais,

problema de higiene co

excesso de liidratos de carbono, considerável "déficit" de vitaminas,

segunda declara o ori

Davies também obser

entador técnico em suas conclusões. Por êsses

vou, no seu inquérito, o uso mais freqüente

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1 - Al -

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99

Digesto Econômico DicESTO EcoNóiaco

98

QUADRO N.° 2 dados o consumo individual diário de

proteínas resultante da ração-média apu rada foi de 82 gramas, e a de proteínas animais 27,8 gramas. A taxa global de proteínas conveniente seria,' em média,

conforme admite, 87,5 — 96,6 grs., e a de proteínas animais 43,8 — 49,8 apuradas dos diversos elementos nutri tivos que foram as seguintes:

Proteínas (Quant. global

QUADRO N.® 1

dr. F. Pompêo do Amaral, na Superintendência do Ensino Profissional

Número de pessoas que o inquérito abrange: 5.053 Número de famílias: 793

Resultados: Consumo médio diário por pessoa em gramas

9

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calórico: 2.888,9 calorias

Feita a redução dessas taxas alimentares aos diversos elementos indispensáveis

à conservação do equilíbrio fisiológico, temos os dados do quadro abaixo:

Cifras Convetuentes

Gorduras Hidrocarbonados

27,800 69,200 465,800

Cloreto de sódio Potássio

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Os resultados dos inquéritos supra re-

b' os métodos de elaboração dos dados

A comparação não é perfeita porque os campos de pesquisas foram diferentes

lente, o que, infelizmente, não ocorreu nos demivis inquéritos.

feridos foram inclusos no quadro n.° 3 seguinte, em comparação com as dietas indicadas pela lei do salário mínimo e pelo prof. Josué de Castro.

não foram os mesmos, Uns apresentaram consumo médio, outros mediano e dois estabeleceram como unidade consumidora o adulto-equiva-


99

Digesto Econômico DicESTO EcoNóiaco

98

QUADRO N.° 2 dados o consumo individual diário de

proteínas resultante da ração-média apu rada foi de 82 gramas, e a de proteínas animais 27,8 gramas. A taxa global de proteínas conveniente seria,' em média,

conforme admite, 87,5 — 96,6 grs., e a de proteínas animais 43,8 — 49,8 apuradas dos diversos elementos nutri tivos que foram as seguintes:

Proteínas (Quant. global

QUADRO N.® 1

dr. F. Pompêo do Amaral, na Superintendência do Ensino Profissional

Número de pessoas que o inquérito abrange: 5.053 Número de famílias: 793

Resultados: Consumo médio diário por pessoa em gramas

9

24,538 99,642

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Açúcar

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10432

^

calórico: 2.888,9 calorias

Feita a redução dessas taxas alimentares aos diversos elementos indispensáveis

à conservação do equilíbrio fisiológico, temos os dados do quadro abaixo:

Cifras Convetuentes

Gorduras Hidrocarbonados

27,800 69,200 465,800

Cloreto de sódio Potássio

14,255 3,956

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Vitamina A

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B C

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0,707 M19

Magnésio ■•••;

- 87,5 - 99,6 grs.

" " .

Cálcio Fósforo

37 518

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Resultados Encontrados

82,000 gramas

(Prot. animais

Ração média do paulistano, segundo um inquérito procedido sob a orientação do

-

Quantidades de alimentos contidas nas substâncias Teferid<is no quadro n. 1

grs., bem acima, portanto, das ta.\as

0,1 -

0,1 —

0,5

U.I.

6.000 U.I. 600 1.800

S.B.Unid.

Excesso de hidrocarbonados.

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600 S.B.Unid.

' Observações: Deficiência de proteínas, especialmente animais. gorduras.

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Deficiência de

Deficiência de todas as

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Os resultados dos inquéritos supra re-

b' os métodos de elaboração dos dados

A comparação não é perfeita porque os campos de pesquisas foram diferentes

lente, o que, infelizmente, não ocorreu nos demivis inquéritos.

feridos foram inclusos no quadro n.° 3 seguinte, em comparação com as dietas indicadas pela lei do salário mínimo e pelo prof. Josué de Castro.

não foram os mesmos, Uns apresentaram consumo médio, outros mediano e dois estabeleceram como unidade consumidora o adulto-equiva-


Digesto Econômico

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dietólogo, dr. José Coimbra Duarte. O objetivo desse inquérito foi conhe cer a ração média usual dos operários

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Dirigido pelo economista prof. Gustavo

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1939, publicado em 1940. Za^ecki, e executado por seus auxiliares técnicos, drs. Carlos Nóbrega Duarte,

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dústria e Comercio, em dezembro de Sj

paulistanos, em face da ração-tipo, con siderada essencial pelo decreto-lei n.° 399 de 30 de abril de 1938, para os Es

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de Estatística da

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3. 4. S.

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150,0 400,0 300,0 250,0

10. 11.

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Inquérito Diretoria

Lei do Salário Mínimo 1.

Frutas (banana) Legumes Leite

12.

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13.

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dústria e Comercio, em dezembro de Sj

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102

Por esse quadro se verifica que a ali mentação principal do operário paulista investigado é constituída de pão, banana e arroz, sendo que a ração de banana

está abaixo da quantidade tipo. Em todos os demais alimentos o seu consumo é deficitário, salvo em ba

nha. De açúcar, o "déficit" é de 30%, de batata 100%, de café 1,5%, de came

cêrca de 80%, de feijão 72%, de legumes 95%, de leite e manteiga 100%, de massas 37%, de ovos 100%.

Analisando essa alimentação nas fichas

de 87 famílias, únicas que responderam

de modo inteligível entre as 600 mqueridas, os autores da pesquisa chegaram à conclusão de que mais de 80% se

alimentavam insuficientemente de carne, feijão, legumes, raízes, tubérculos, leite e laticínios, etc., e recomendaram o ensi

no de dietética desde a escola primária. Dos inquéritos realizados na Capital, foi esse o que apresentou conclusões mais impressionantes. Êsses operários vivem ao que se vê das cifras apuradas, num regime de fome. Resta inquerir a mor talidade infantil nessa classe, a sua mor

talidade por tuberculose e a duração média de seus indivíduos, para ter-se

mais clara noção da sua indigência ali mentar.

O oitavo inquérito de que tivemos co nhecimento no Estado de São Paulo foi

realizado na zona rural de Rio Preto,

Dicesto Econónüco

Dicesto Econômico

dr. Murilo N. Pacheco, engenheiro, es tudioso de Sociologia, e dirigente da

103

gosto, o leite é para os doentes e as crianças. Ausência completa de frutos

QUADRO N.° 5

propriedade. Outros pontos da zona foram também pesquisados com o auxílio dos srs. dr.

A alimentação na zona rural de Rio

o legumes. Quem quiser assistir a um

Preto

espetáculo interessante, abra a porteira de um pomar à garotada de uma fazen

Jorge Carneiro de Campos, médico, la vrador e prefeito municipal de Monte

da. Há ura assalto ruidoso. Se as ár-

\'ores forem poucas, nem os pomos %'erConsumo diá

Aprazível; Sebastião de Almeida Olivei

rio médio por

ra, historiador e folclorísta em Tanabi; Alimentos

Dario de Jesus, escritor e escrivão de paz cm Ribeirão Claro; e Natal Kurilci,

pes.soa em gramas

lavrador em Vila Magda".

des escaparão. Aquela gula não é o pecado bíblico, é a fome específica da alimentação errada. Não se engana im punemente o estômago". Sôbre essa desconsoladora conclu

são, o autor refere que ao menos um

A população pesquisada constituía-se de 402 pessoas distribuídas' em 74 fa mílias, com média de 5,5 pessoas por

107,00 237,00

1. Açúcar 2. Arroz

3. Banha (1)

família, sendo do sexo masculino 209

(52%) e do feminino 193 (48%). Essas pessoas foram divididas em gru pos de idades, sendo 8% de 2 anos para'

67,00

4. Café (pó)

50,00

5. Came

49,00

(de trigo

motivo de alegria êsse inquérito lhe pro porcionou e foi o escasso uso de e.xcitantes (álcool e fumo). A quota de i excitantes era de 2%. Apenas 15 famílias (20%) consumiam bebidas alcoólicas.

217,00

As 59 restantes não o usavam. Nas 74 fa

pesa de tabaco por família importava em

mílias, 66 fumavam e 8 não.

A des

menos, 13% entre 2 c 7 anos, 19% entre 7

6. Farinha (de milho (de mandioca

e 14 anos, 54% de 14 a 50 anos e 4% de mais de 50 anos.

7. Feijão

4,50 13,00 117,00

8. Fubá

20,00

9. Leite

0,09 17,00

as conclusões de oito inquéritos realiza

32,00

Infelizmente foram só oito, e apenas um no interior do Estado, onde urgia a

A despesa de cada uma dessas famí

lias atinge em média 344 cruzeiros re

10. Mandioca 11. Massas 12. Ovos

partidos em 66,9% para alimentação,

17,4 % para vestuário, 7,3% para farmá cia, 1,4% para médico, 1,2% para luz, 2,6% para excitantes e 3,2% para di

13. Pão (2) 14. Sal (3)

0,12 —

20,00

versos.

Na zona loiral a moradia é gratuita

^1) — Toucinho.

assim como a lenha e o café. Os colonos

(2) — Já incluído no consumo de fari nha de trigo, por ser o pão de

o empregados têm permissão para criar aves, e limitadamente gado bovino, ca

sob a direção do dr. A. Tavares de

prino e suíno, o que aumenta a sua

Almeida. "O campo central de suas indagações foi a fazenda São José, em

renda, em média, de 44 cruzeiros men

Mirassol, centro da zona chamada Alta

sais por famílias, sem incluir casa que corresponde a uma economia de mais de

Araraquarense. Os dados foram ali co

30 cruzeiros mensais.

lhidos cuidadosamente, em questionário referente aos anos de 1939 e 1940, pelo

O consumo médio alimentar apurado nesse inquérito foi o seguinte:

fabricação doméstica.

dos no Estado de São Paulo.

promoção de outros que nos dessem pormenores da alimentação de tôdas as zonas e tanto de populações urbanas co mo rurais. Se a zona de Rio Preto, que é nova e rica, apresenta quadro tão la mentável, que não se passará nas cha

madas zonas pobres, onde as popula ções vegetam?

informa:

O problema alimentar visto do seu aspecto fisiológico, seria facilmente re solvido pela educação alimentar de um lado e pe'a produção, de outro. Mas êsse aspecto é apenas metade do problema. Não basta produzir e abastecer o mer

mos neste trabalho, é manifesta a carên

cado; é necessário que os preços de

cia de alimentos protetores. A carne entra no cardápio apenas para dar o

sitiva dos consumidores. Temos visto,

(S) — Superior ao consumo urbano, pela neces.sidade de salgar carnes de criações abatidas.

Concluindo, o autor deste inquérito "Nas tabelas que oferece

J,

Cr$ 6,31 ou 1,8%. Ai ficam relatadas "á vol d'oiseau"

venda não excedam a capacidade aqui


I

I"

102

Por esse quadro se verifica que a ali mentação principal do operário paulista investigado é constituída de pão, banana e arroz, sendo que a ração de banana

está abaixo da quantidade tipo. Em todos os demais alimentos o seu consumo é deficitário, salvo em ba

nha. De açúcar, o "déficit" é de 30%, de batata 100%, de café 1,5%, de came

cêrca de 80%, de feijão 72%, de legumes 95%, de leite e manteiga 100%, de massas 37%, de ovos 100%.

Analisando essa alimentação nas fichas

de 87 famílias, únicas que responderam

de modo inteligível entre as 600 mqueridas, os autores da pesquisa chegaram à conclusão de que mais de 80% se

alimentavam insuficientemente de carne, feijão, legumes, raízes, tubérculos, leite e laticínios, etc., e recomendaram o ensi

no de dietética desde a escola primária. Dos inquéritos realizados na Capital, foi esse o que apresentou conclusões mais impressionantes. Êsses operários vivem ao que se vê das cifras apuradas, num regime de fome. Resta inquerir a mor talidade infantil nessa classe, a sua mor

talidade por tuberculose e a duração média de seus indivíduos, para ter-se

mais clara noção da sua indigência ali mentar.

O oitavo inquérito de que tivemos co nhecimento no Estado de São Paulo foi

realizado na zona rural de Rio Preto,

Dicesto Econónüco

Dicesto Econômico

dr. Murilo N. Pacheco, engenheiro, es tudioso de Sociologia, e dirigente da

103

gosto, o leite é para os doentes e as crianças. Ausência completa de frutos

QUADRO N.° 5

propriedade. Outros pontos da zona foram também pesquisados com o auxílio dos srs. dr.

A alimentação na zona rural de Rio

o legumes. Quem quiser assistir a um

Preto

espetáculo interessante, abra a porteira de um pomar à garotada de uma fazen

Jorge Carneiro de Campos, médico, la vrador e prefeito municipal de Monte

da. Há ura assalto ruidoso. Se as ár-

\'ores forem poucas, nem os pomos %'erConsumo diá

Aprazível; Sebastião de Almeida Olivei

rio médio por

ra, historiador e folclorísta em Tanabi; Alimentos

Dario de Jesus, escritor e escrivão de paz cm Ribeirão Claro; e Natal Kurilci,

pes.soa em gramas

lavrador em Vila Magda".

des escaparão. Aquela gula não é o pecado bíblico, é a fome específica da alimentação errada. Não se engana im punemente o estômago". Sôbre essa desconsoladora conclu

são, o autor refere que ao menos um

A população pesquisada constituía-se de 402 pessoas distribuídas' em 74 fa mílias, com média de 5,5 pessoas por

107,00 237,00

1. Açúcar 2. Arroz

3. Banha (1)

família, sendo do sexo masculino 209

(52%) e do feminino 193 (48%). Essas pessoas foram divididas em gru pos de idades, sendo 8% de 2 anos para'

67,00

4. Café (pó)

50,00

5. Came

49,00

(de trigo

motivo de alegria êsse inquérito lhe pro porcionou e foi o escasso uso de e.xcitantes (álcool e fumo). A quota de i excitantes era de 2%. Apenas 15 famílias (20%) consumiam bebidas alcoólicas.

217,00

As 59 restantes não o usavam. Nas 74 fa

pesa de tabaco por família importava em

mílias, 66 fumavam e 8 não.

A des

menos, 13% entre 2 c 7 anos, 19% entre 7

6. Farinha (de milho (de mandioca

e 14 anos, 54% de 14 a 50 anos e 4% de mais de 50 anos.

7. Feijão

4,50 13,00 117,00

8. Fubá

20,00

9. Leite

0,09 17,00

as conclusões de oito inquéritos realiza

32,00

Infelizmente foram só oito, e apenas um no interior do Estado, onde urgia a

A despesa de cada uma dessas famí

lias atinge em média 344 cruzeiros re

10. Mandioca 11. Massas 12. Ovos

partidos em 66,9% para alimentação,

17,4 % para vestuário, 7,3% para farmá cia, 1,4% para médico, 1,2% para luz, 2,6% para excitantes e 3,2% para di

13. Pão (2) 14. Sal (3)

0,12 —

20,00

versos.

Na zona loiral a moradia é gratuita

^1) — Toucinho.

assim como a lenha e o café. Os colonos

(2) — Já incluído no consumo de fari nha de trigo, por ser o pão de

o empregados têm permissão para criar aves, e limitadamente gado bovino, ca

sob a direção do dr. A. Tavares de

prino e suíno, o que aumenta a sua

Almeida. "O campo central de suas indagações foi a fazenda São José, em

renda, em média, de 44 cruzeiros men

Mirassol, centro da zona chamada Alta

sais por famílias, sem incluir casa que corresponde a uma economia de mais de

Araraquarense. Os dados foram ali co

30 cruzeiros mensais.

lhidos cuidadosamente, em questionário referente aos anos de 1939 e 1940, pelo

O consumo médio alimentar apurado nesse inquérito foi o seguinte:

fabricação doméstica.

dos no Estado de São Paulo.

promoção de outros que nos dessem pormenores da alimentação de tôdas as zonas e tanto de populações urbanas co mo rurais. Se a zona de Rio Preto, que é nova e rica, apresenta quadro tão la mentável, que não se passará nas cha

madas zonas pobres, onde as popula ções vegetam?

informa:

O problema alimentar visto do seu aspecto fisiológico, seria facilmente re solvido pela educação alimentar de um lado e pe'a produção, de outro. Mas êsse aspecto é apenas metade do problema. Não basta produzir e abastecer o mer

mos neste trabalho, é manifesta a carên

cado; é necessário que os preços de

cia de alimentos protetores. A carne entra no cardápio apenas para dar o

sitiva dos consumidores. Temos visto,

(S) — Superior ao consumo urbano, pela neces.sidade de salgar carnes de criações abatidas.

Concluindo, o autor deste inquérito "Nas tabelas que oferece

J,

Cr$ 6,31 ou 1,8%. Ai ficam relatadas "á vol d'oiseau"

venda não excedam a capacidade aqui


104

Dicesto Econômico

freqüentemente alimentos de primeira necessidade serem exportados para o es

não sendo mais possível corrigir o "dé ficit" alimentar, mesmo porque, ainda

trangeiro, onde o nível de preços é mais atraente para os produtores e interme

que uma parte da produção tenha fica

diários. E, ainda que os preços inter nos, ulteriormente, se elevem ao nível

dos de fora, o produto nacional, de con

sumo indispensável e de produção anual limitada, já esta fora de nossas fronteiras.

do no país, seu preço elevado pela es cassez impede a generalização do con sumo pelas classes de menores recursos. Êste assunto merece amplas conside

rações, que deixaremos para próximo

AUTORES E LIVROS Maqiiiavcl, teórico da política borgaesn por CÂNDIDO Mota Filho "Decomendo a leitura da obra de Oskar

vê-lo como sacerdote. Seu espírito, além

Von Wertheimer sôbre Maquiavel, na

disso, formara-se na observação e não

edição da Livraria Globo. O livro foi escrito diante das atribulações da moder

na política européia. Para Wertbeimer,

artigo.

talvez a nossa época, essencialmente po

lítica, seja capaz de reconhecer a verda de a respeito do famoso secretário florentino.

Para Wertheimer, Maquiavel é um

no dogma. Parte da critica da socieda de, como Lutero da interpretação pessoal da Bíbha.

Observou a cidade, suas ruas, suas ^

praças, cheias de povo, seus portos cheios de barcos, seu comércio cheio de

negócios, seus governos cheios de rivali dades e incompreensões. Observou o

homem típico do Renascimento italiano, "homem novo", aquele homem que fazia muito embora odiasse várias manifesta

ções de seu tempo. Tirou êle suas idéias

políticas não sòmente da História, mas também de sua própria época.

trihiÜÍ

Suífo anuncwu oficialmente que deixou de cunhar e dis-

enrJn n ^ francos, OS quais nos últimos anos esiaoam mercado negro. Até fins de agôsto, aquô:e es«ím milhões milhnp'! df n "em ^ maior mocdasparte do aludido metal, novara valorfora de do 1 húião 500 de ^irnn francos contrabandeadas país. e As compT^ eram financiadas principalmente com dólares, em con6cqiiónc\(i do

Z

Ao mesmo tempo, o nível impôsto aos membros do Fundo Monetário Inter

nacional foi mantido apesar do pedido geral de acréscimo, o que inf-uiu na majo ração das cotaçoes dos títulos de mineração aurífera. Nas ultimas semanas,^ a liquidação dos valores em dólares para a compra do

mencionado metal, na Suíça, tornou-se tão ampla que se verificou brusca queda na cotaçao daquela moeda.

^

Um comunicado oficial refere-se aos seguintes motivos, para justificar a deci

são do Banco Nacional:

r

i

>

1. Até agora as moedas de ouro circulavam com o escopo de absorver as

quantidades que se estavam acumulando, em resultado da balança monetária atica

da Suíça, impedindo, assim, indesejável inflação do volume em circulação. 2. Os recentes acontecimentos monetários em numerosos países motivaram grande aumento na procura do ouro e sendo a Suíça a única nação que o vomlia ao povo em geral, tornou-se um ponto focai da procura, de tal forma que as moedas emitidas pelo Banco Nacional passaram a ser um instrumento de especulação inter nacional e contrabando.

3. Embora permitindo a satisfação das legítimas exigências do comércio ín-

ternacional e de certas indústrias do país, foi imprescindívM, em favor do inicrêsse futuro do comércio de • exportação nacional, fazer cessar tais abusos e canalizar o fluxo de ouro do mencionado banco.

Wertheimer é alemão lido em Hegel

e, para êle, a política, no sentido mais amplo da palavra, é a determinação trá gica da nossa era. Mesmo dentro dôsse sentido trágico e

portanto de uma interpretação, podemos sentir a fôrça e o significado de Maquia vel, como teórico da política burguesa. Êle, de fato, se encarregou de inter

pretar a novidade política do Renasci mento e essa novidade era, sem dúvida,

um Borgia ou um Celini, um Miguel Ângelo ou um Júlio 11.

A cidade é um livro político que e e

lê todos os dias. Ela revela, nos confU- m

tos entre os prós e os contras, a germi- ^ nação dos novos interesses. Viu o povo exaltado e fanático, aclamando o incon

formado Savonarola e, logo a seguir, levando-o vencido à fogueira do sacri fício.

Maquiavel rompe com a clericalizaçâo da política e procura estabelecer novos fundamentos para a ordem social, dan do assim as linhas gerais do Estado bur

guês, isto é, os fundamentos de um Estado feito de baixo para cima, do

dais, mas nos Medicis e nos Fuggars.

O pensador florentino enxerga a so ciedade em decomposição pela Eiuopa

de seu tempo. Como os Medicis, surge do nada.

Atrás dele não havia tradi

ção ou passado.

Nasceu numa família

modesta e habitava uma casinha modes

ta, numa rua modesta.

Em casa encontrara o equilíbrio bur

guês, oposto às loucuras do mundo. Um pai legista, que desejava vê-lo advoga do e uma mãe piedosa que desejava

j

^

a burguesia. Êle não vislumbra valor a^gum autêntico nas velhas figuras feu E êle mesmo vem das improvisações

1

povo para as instituições do povo. e, principalmente, pela Italia, martirizada por conflitos, revoluções e guerras. Não há mais um sentido político no

jôgo das competições. Por isso Maquia vel só pensa politicamente. "Nenhum outro pensador envolveu tanto a política na vida dos homens, quanto Maquiavel! Sua doutrina política é, diz Wertlieimer, acima de tudo, a política do homem".


104

Dicesto Econômico

freqüentemente alimentos de primeira necessidade serem exportados para o es

não sendo mais possível corrigir o "dé ficit" alimentar, mesmo porque, ainda

trangeiro, onde o nível de preços é mais atraente para os produtores e interme

que uma parte da produção tenha fica

diários. E, ainda que os preços inter nos, ulteriormente, se elevem ao nível

dos de fora, o produto nacional, de con

sumo indispensável e de produção anual limitada, já esta fora de nossas fronteiras.

do no país, seu preço elevado pela es cassez impede a generalização do con sumo pelas classes de menores recursos. Êste assunto merece amplas conside

rações, que deixaremos para próximo

AUTORES E LIVROS Maqiiiavcl, teórico da política borgaesn por CÂNDIDO Mota Filho "Decomendo a leitura da obra de Oskar

vê-lo como sacerdote. Seu espírito, além

Von Wertheimer sôbre Maquiavel, na

disso, formara-se na observação e não

edição da Livraria Globo. O livro foi escrito diante das atribulações da moder

na política européia. Para Wertbeimer,

artigo.

talvez a nossa época, essencialmente po

lítica, seja capaz de reconhecer a verda de a respeito do famoso secretário florentino.

Para Wertheimer, Maquiavel é um

no dogma. Parte da critica da socieda de, como Lutero da interpretação pessoal da Bíbha.

Observou a cidade, suas ruas, suas ^

praças, cheias de povo, seus portos cheios de barcos, seu comércio cheio de

negócios, seus governos cheios de rivali dades e incompreensões. Observou o

homem típico do Renascimento italiano, "homem novo", aquele homem que fazia muito embora odiasse várias manifesta

ções de seu tempo. Tirou êle suas idéias

políticas não sòmente da História, mas também de sua própria época.

trihiÜÍ

Suífo anuncwu oficialmente que deixou de cunhar e dis-

enrJn n ^ francos, OS quais nos últimos anos esiaoam mercado negro. Até fins de agôsto, aquô:e es«ím milhões milhnp'! df n "em ^ maior mocdasparte do aludido metal, novara valorfora de do 1 húião 500 de ^irnn francos contrabandeadas país. e As compT^ eram financiadas principalmente com dólares, em con6cqiiónc\(i do

Z

Ao mesmo tempo, o nível impôsto aos membros do Fundo Monetário Inter

nacional foi mantido apesar do pedido geral de acréscimo, o que inf-uiu na majo ração das cotaçoes dos títulos de mineração aurífera. Nas ultimas semanas,^ a liquidação dos valores em dólares para a compra do

mencionado metal, na Suíça, tornou-se tão ampla que se verificou brusca queda na cotaçao daquela moeda.

^

Um comunicado oficial refere-se aos seguintes motivos, para justificar a deci

são do Banco Nacional:

r

i

>

1. Até agora as moedas de ouro circulavam com o escopo de absorver as

quantidades que se estavam acumulando, em resultado da balança monetária atica

da Suíça, impedindo, assim, indesejável inflação do volume em circulação. 2. Os recentes acontecimentos monetários em numerosos países motivaram grande aumento na procura do ouro e sendo a Suíça a única nação que o vomlia ao povo em geral, tornou-se um ponto focai da procura, de tal forma que as moedas emitidas pelo Banco Nacional passaram a ser um instrumento de especulação inter nacional e contrabando.

3. Embora permitindo a satisfação das legítimas exigências do comércio ín-

ternacional e de certas indústrias do país, foi imprescindívM, em favor do inicrêsse futuro do comércio de • exportação nacional, fazer cessar tais abusos e canalizar o fluxo de ouro do mencionado banco.

Wertheimer é alemão lido em Hegel

e, para êle, a política, no sentido mais amplo da palavra, é a determinação trá gica da nossa era. Mesmo dentro dôsse sentido trágico e

portanto de uma interpretação, podemos sentir a fôrça e o significado de Maquia vel, como teórico da política burguesa. Êle, de fato, se encarregou de inter

pretar a novidade política do Renasci mento e essa novidade era, sem dúvida,

um Borgia ou um Celini, um Miguel Ângelo ou um Júlio 11.

A cidade é um livro político que e e

lê todos os dias. Ela revela, nos confU- m

tos entre os prós e os contras, a germi- ^ nação dos novos interesses. Viu o povo exaltado e fanático, aclamando o incon

formado Savonarola e, logo a seguir, levando-o vencido à fogueira do sacri fício.

Maquiavel rompe com a clericalizaçâo da política e procura estabelecer novos fundamentos para a ordem social, dan do assim as linhas gerais do Estado bur

guês, isto é, os fundamentos de um Estado feito de baixo para cima, do

dais, mas nos Medicis e nos Fuggars.

O pensador florentino enxerga a so ciedade em decomposição pela Eiuopa

de seu tempo. Como os Medicis, surge do nada.

Atrás dele não havia tradi

ção ou passado.

Nasceu numa família

modesta e habitava uma casinha modes

ta, numa rua modesta.

Em casa encontrara o equilíbrio bur

guês, oposto às loucuras do mundo. Um pai legista, que desejava vê-lo advoga do e uma mãe piedosa que desejava

j

^

a burguesia. Êle não vislumbra valor a^gum autêntico nas velhas figuras feu E êle mesmo vem das improvisações

1

povo para as instituições do povo. e, principalmente, pela Italia, martirizada por conflitos, revoluções e guerras. Não há mais um sentido político no

jôgo das competições. Por isso Maquia vel só pensa politicamente. "Nenhum outro pensador envolveu tanto a política na vida dos homens, quanto Maquiavel! Sua doutrina política é, diz Wertlieimer, acima de tudo, a política do homem".


100

Digesto EcoNó.Nnco

Nesse reencontro com o homem, en

quanto homem, inicia Maquiavel a sua

doutrinação. Como burguês, parte de uma desconfiança e de uma concepção pessimista da vida. Só mesmo um bur

guês do Renascimento, um intelectual ti

picamente burguês poderia escrever que "quase sempre é melhor deixar-se ven cer pela força do que pelo mêdo da fôrça".

O antropocentrismo maquiavélico é amargo e triste. O homem desentende-

se de seu semelhante, pela ambiç-ão in

satisfeita, porque, dentro dêle mora, co mo em

rochedo

agreste, Êle

A política aproveita a ambição para

parece

não passou de um profeta desarmado? Daí a sua frase terrível, filha de seu

da vida, como os sucessos de Jacob Fug-

"fortuna" e muito menos "\irtíi".

gars ou de Lourenço o Magnífico. ■"O Príncipe" de Maquiavel, diz Laski,

como Lutero também não é a verdade.

mem novo de sua época.

Sabe o que

encoberta. Quem trabalha para êle, no palco dos acontécünentos, é o homem de

francamente materialista, sem o estôrvo

cáme e osso, com suas qualidades e de feitos, o homem como animal político,

tempo, do tempo de Heriquc VIII, Fran cisco I, Carlos V, César Borgia: — "Deus ama aos homens fortes porque sempre casüga os impotentes por intermédio dos poderosos". (Vida de Castmccio). Escreveu "O Príncipe" e os "Comentários

sobre

Tito

pode ser muito bem o retrato do ho quer; é cruel servindo o seu ideal.

quando já tinham perecido governos republicanos.

arraizadas nos costumes medievais.

do t-U TEWO

diante de um pintor. "Mas,

êsse quadro se reveste de cores pouco amáveis, porque Maquiavel não encon

tra sorrisos na política, que tem por campo a realidade efetiva, a realidade tal qual se desenrola.

A política, para êle, traduzindo os de sentendimentos humanos, é ação e não

pensamento. No fundo de todo homem

de ação há um político. E em todo po

tomado sob o critério da utilidade".

potismo é filho predileto da

Croce tem razão, ao estudar o papel

anarquia e que a falsifica ção do homem pelo homem,

político de Maquiavel, em dizer que êle representa um novo momento do es

a simulação institucional acumulam, em forma insu

pírito humano: — o econômico e o uti

litário que, na vida das nações, cor responde ao político. Êle é, com efeito, o pensamento da burguesia em marcha. Sofrendo inúme ras interpretações, aqui amigo da liber dade, ali amigo da tirania, êle era,

perável, os desentendimentos humanos. A pompa e o formalismo não são elementos para

esconder uma realidade e a tirania surge

não como prova de fôilça, mas como prova

de fraqueza e de envilecimento coletivo.

acima de tudo, favorável à política co mo a ciência da oportunidade.

A Itália estava anarquizada e san

grenta e seu povo perdera a noção da liberdade.

A

vitalidade é a pedra angular de seu método para conceber o poder, também

Percebe, com a decomposi ção da autoridade, que des

serve,

É

de qualquer das vaidades mundanas

Lirio"

os

posar

pério. .." E acrescenta: — "Quem dese jar conhecer o que os escritores Untcs dis seram, obser\'em o que dizem de Catilina",

submissa e prestadia... Gerardo Marone diz que "o Príncipe é um retrato em que cada máxima é uma pince

Quinhentos

embasbacados com a extensão de seu im

■àe fortalczíi que por mais armada c defendida que se apresente, é sempre conquistável. A vida política, para êle, é o sucesso

despertar de forças telúricas,

lada; toda a política

Êste deixa

possibilidade para todos, uma espécie

dade armada com espada de fogo. Por que fracassou Savonaroia senão porque

encara o quadro histórico de

a inteligência

107

<ie ser um privilégio, para tomar-se uma

losófica, mas a verdade atuante, a ver

seu tempo, como o de um

que

Digesto Econômico ca como luta pelo poder.

vencer as fraquezas e as transigèncias. A verdade política não é a verdade fi

uma ave de rapina.

i

Para êle, o poder, diante do mimdo

No entanto, antes havia a

fôrça religiosa, o poder divino dos prín cipes que enchiam de fecundos resulta-* dos a vida histórica dos povos, como

A política, que se faz pela "fortuna" e pela "\irtú" é pois a tradução de uma realidade.

Sem essa realidade não ha

Maquiavel não pode ser a verdade, Mas êle desvenda uma região que estava

que sabe manejar a razão e a fôrça. Anibas as atividades são necessárias,

porque o homem é psicològicamente uma espécie de centauro, um ser que e fôr ça animal e racional ao mesmo tempo.

É bem certo que o príncipe deve agir pela lei, porque a lei é própria do ho mem e a fôrça é própria das feras, é impotente.. .

A prudência, a fôrça, a desconfiança, a ambição, o êxito, a mentira são armas

necessárias para ordem, para a ordem burguesa, que se materializa no Estado. Maquiavel acentua que esses elementos negativos podem servir para a tranqüi lidade da República, como o espírito tumultuário da República romana, — a

novo, é conseqüência da compreensão de uma realidade social. O político é um homem que compreende o sentido

para revelar, no mundo clássico, uma

desunião da plebe e Senado serviram

da vida coletiva e, com isso, consegue

realidade construtiva.

pios, crenças, idéias, acontecimentos são

quando Péricles fazia promessas durante a guerra do Peloponeso.

apenas pretextos para a ação. Plomem virtuoso seria Lourenço o Magnífico,

pairar a'to sobre as ondas dos aconteci mentos. O príncipe não vale por ser

jamais esquecia do valor da liberdade,

Maquiavel, como pensador político,

príncipe, mas pela capacidade que tem

era um filósofo das coisas visíveis.

porque era tão só um homem de ação.

função de seu cargo, conhecendo de per

Sem virtude alguma era o pobre Píer

de sustentar o poder, utilizando-se da ãstúcia 8 da virtude. "Que ninguém se

Solderini, alcaide de Florença que, muito embora honesto e nobre, por inércia e

to as condições humanas de seu tempo, deixava a burguesia falar pelo seu gênio. . • O liberalismo toma forma singular em

inépcia, deixou perder a República.

engane, escreveu êle, com a glória de César, celebrado ao máximo pelos escri tores; porque aquêles que o elogiam

seu pensamento, quando define a polítí-

estão corrompidos por sua fortuna ou

lítico há um homem de ação.

Princí

Em

líiaMi

s

Mas esta surge em cena, quando aquela »

Maquiavel, que tanto fala\'a na fôrça, porque o arguto mundo da burguesia apoiava-se, ao mesmo tempo, na fôrça e na liberdade.

"Levantava, diz Wertliei-

mer, diante dos grandes senhores da

época o grito da liberdade, de uma li berdade que a Itália já não conhecia desde os tempos romanos".


100

Digesto EcoNó.Nnco

Nesse reencontro com o homem, en

quanto homem, inicia Maquiavel a sua

doutrinação. Como burguês, parte de uma desconfiança e de uma concepção pessimista da vida. Só mesmo um bur

guês do Renascimento, um intelectual ti

picamente burguês poderia escrever que "quase sempre é melhor deixar-se ven cer pela força do que pelo mêdo da fôrça".

O antropocentrismo maquiavélico é amargo e triste. O homem desentende-

se de seu semelhante, pela ambiç-ão in

satisfeita, porque, dentro dêle mora, co mo em

rochedo

agreste, Êle

A política aproveita a ambição para

parece

não passou de um profeta desarmado? Daí a sua frase terrível, filha de seu

da vida, como os sucessos de Jacob Fug-

"fortuna" e muito menos "\irtíi".

gars ou de Lourenço o Magnífico. ■"O Príncipe" de Maquiavel, diz Laski,

como Lutero também não é a verdade.

mem novo de sua época.

Sabe o que

encoberta. Quem trabalha para êle, no palco dos acontécünentos, é o homem de

francamente materialista, sem o estôrvo

cáme e osso, com suas qualidades e de feitos, o homem como animal político,

tempo, do tempo de Heriquc VIII, Fran cisco I, Carlos V, César Borgia: — "Deus ama aos homens fortes porque sempre casüga os impotentes por intermédio dos poderosos". (Vida de Castmccio). Escreveu "O Príncipe" e os "Comentários

sobre

Tito

pode ser muito bem o retrato do ho quer; é cruel servindo o seu ideal.

quando já tinham perecido governos republicanos.

arraizadas nos costumes medievais.

do t-U TEWO

diante de um pintor. "Mas,

êsse quadro se reveste de cores pouco amáveis, porque Maquiavel não encon

tra sorrisos na política, que tem por campo a realidade efetiva, a realidade tal qual se desenrola.

A política, para êle, traduzindo os de sentendimentos humanos, é ação e não

pensamento. No fundo de todo homem

de ação há um político. E em todo po

tomado sob o critério da utilidade".

potismo é filho predileto da

Croce tem razão, ao estudar o papel

anarquia e que a falsifica ção do homem pelo homem,

político de Maquiavel, em dizer que êle representa um novo momento do es

a simulação institucional acumulam, em forma insu

pírito humano: — o econômico e o uti

litário que, na vida das nações, cor responde ao político. Êle é, com efeito, o pensamento da burguesia em marcha. Sofrendo inúme ras interpretações, aqui amigo da liber dade, ali amigo da tirania, êle era,

perável, os desentendimentos humanos. A pompa e o formalismo não são elementos para

esconder uma realidade e a tirania surge

não como prova de fôilça, mas como prova

de fraqueza e de envilecimento coletivo.

acima de tudo, favorável à política co mo a ciência da oportunidade.

A Itália estava anarquizada e san

grenta e seu povo perdera a noção da liberdade.

A

vitalidade é a pedra angular de seu método para conceber o poder, também

Percebe, com a decomposi ção da autoridade, que des

serve,

É

de qualquer das vaidades mundanas

Lirio"

os

posar

pério. .." E acrescenta: — "Quem dese jar conhecer o que os escritores Untcs dis seram, obser\'em o que dizem de Catilina",

submissa e prestadia... Gerardo Marone diz que "o Príncipe é um retrato em que cada máxima é uma pince

Quinhentos

embasbacados com a extensão de seu im

■àe fortalczíi que por mais armada c defendida que se apresente, é sempre conquistável. A vida política, para êle, é o sucesso

despertar de forças telúricas,

lada; toda a política

Êste deixa

possibilidade para todos, uma espécie

dade armada com espada de fogo. Por que fracassou Savonaroia senão porque

encara o quadro histórico de

a inteligência

107

<ie ser um privilégio, para tomar-se uma

losófica, mas a verdade atuante, a ver

seu tempo, como o de um

que

Digesto Econômico ca como luta pelo poder.

vencer as fraquezas e as transigèncias. A verdade política não é a verdade fi

uma ave de rapina.

i

Para êle, o poder, diante do mimdo

No entanto, antes havia a

fôrça religiosa, o poder divino dos prín cipes que enchiam de fecundos resulta-* dos a vida histórica dos povos, como

A política, que se faz pela "fortuna" e pela "\irtú" é pois a tradução de uma realidade.

Sem essa realidade não ha

Maquiavel não pode ser a verdade, Mas êle desvenda uma região que estava

que sabe manejar a razão e a fôrça. Anibas as atividades são necessárias,

porque o homem é psicològicamente uma espécie de centauro, um ser que e fôr ça animal e racional ao mesmo tempo.

É bem certo que o príncipe deve agir pela lei, porque a lei é própria do ho mem e a fôrça é própria das feras, é impotente.. .

A prudência, a fôrça, a desconfiança, a ambição, o êxito, a mentira são armas

necessárias para ordem, para a ordem burguesa, que se materializa no Estado. Maquiavel acentua que esses elementos negativos podem servir para a tranqüi lidade da República, como o espírito tumultuário da República romana, — a

novo, é conseqüência da compreensão de uma realidade social. O político é um homem que compreende o sentido

para revelar, no mundo clássico, uma

desunião da plebe e Senado serviram

da vida coletiva e, com isso, consegue

realidade construtiva.

pios, crenças, idéias, acontecimentos são

quando Péricles fazia promessas durante a guerra do Peloponeso.

apenas pretextos para a ação. Plomem virtuoso seria Lourenço o Magnífico,

pairar a'to sobre as ondas dos aconteci mentos. O príncipe não vale por ser

jamais esquecia do valor da liberdade,

Maquiavel, como pensador político,

príncipe, mas pela capacidade que tem

era um filósofo das coisas visíveis.

porque era tão só um homem de ação.

função de seu cargo, conhecendo de per

Sem virtude alguma era o pobre Píer

de sustentar o poder, utilizando-se da ãstúcia 8 da virtude. "Que ninguém se

Solderini, alcaide de Florença que, muito embora honesto e nobre, por inércia e

to as condições humanas de seu tempo, deixava a burguesia falar pelo seu gênio. . • O liberalismo toma forma singular em

inépcia, deixou perder a República.

engane, escreveu êle, com a glória de César, celebrado ao máximo pelos escri tores; porque aquêles que o elogiam

seu pensamento, quando define a polítí-

estão corrompidos por sua fortuna ou

lítico há um homem de ação.

Princí

Em

líiaMi

s

Mas esta surge em cena, quando aquela »

Maquiavel, que tanto fala\'a na fôrça, porque o arguto mundo da burguesia apoiava-se, ao mesmo tempo, na fôrça e na liberdade.

"Levantava, diz Wertliei-

mer, diante dos grandes senhores da

época o grito da liberdade, de uma li berdade que a Itália já não conhecia desde os tempos romanos".


f*'

- "p-

100

DiGESTo Econômico

classes produtoras tiveram em mira, não só a aprcnd'2y\gem e a especialização dos

SEV/IC. (JM/l ODRA DE APREIVOIZIGEM E iVPERFEUOlMEIVTO PAR/l O COMEREIARIO

seus colaboradores, assim como também o levantamento moral da massa comer-

por Francisco Garcia Bastos

ciária; assim é que; ao par de uma ins trução básica moderna, o estudo de ma térias técnicas e a prática de métodos

Diretor da i^sociação Comercial de São Paulo, o autor, em recente palestra no Idorf', teve oportunidade de fazer um apanhado do signifmado e do plano do SENAC — o Serviço Nacional de Aprendiza gem Comercial , em São Paulo, de cujo Conselho Regional é membro. ^oNviDADOs a tomar parte, em mais uma das úteis iniciativas do "IDORT' aqui estamos, procurando contribuir com

o nosso modesto trabalho, na Jornada da Produção.

Representantes que somos, das classes

produtoras, reconhecemos a necessidade de investigação, divulgação e debate dos nossos problemas econômicos, incenti vando e procurando por todos os meios

amparar, melhorar e aumentar a produ ção nacional, como único meio de conse guirmos a prosperidade e a valorização do trabalhador brasileiro.

As quatro colunas mestras que susten

tam a economia de um povo são: produ ção, circulação, distribuição e consumo.

As classes produtoras, no conclave de Teresópohs, estudaram a fundo os nos sos problemas econômicos e além de

recomendações e planos econômicos, preconizaram como meio de equilíbrio

social a melhoria de situação dos empre gados, pela instituição de ensino espe cializado, que consistiria num nivela

mento cultural como base e aperfeiçoa mento técnico como fim.

Ao comércio, à indústria e à lavoura, foi recomendado um estudo profundo das condições de instrução dos seus

auxíliares, para que as classes patro nais, cada uma no seu setor, recomen

comerciais, foi estudado com muito ca

rinho um programa para a formação so cial adequada à nossa mocidade, com

Assim é que, atendendo aos reclamos dos comerciantes, o poder público, pelo Decreto

Federal n.° 8.621

preendendo instrução moral e cívica, di reitos e deveres dos empregados, recrea

de 10 de

ção etc.

janeiro de 1946, criou o Serviço Nacio

O interessante é notarmos a modali

nal de Aprendizagem Comercial, abre

dade de ensino adotado.

viadamente chamado "SENAC", e ou

O menor comerciário é recrutado nas

torgou à Confederação Nacional do Co

casas comerc'ais, na proporção de um para dez empregados, ficando o comer

mércio o direito de cobrar dos comer ciantes uma determinada taxa, com a fi-

nahdade de ministrar a aprendizagem comercial em todo o País.

Vamos, portanto, apreciar e analisar a vida do SENAC Paulista, baseados na

experiência que tivemos, do seu pri meiro ano de existência.

No entanto, o SENAC não cuidará só dos* menores.

porém à noite, ou em horário fora do expediente de trabaUio. Findos os cursos de aprendizagem, para

menores ou para maiores, com grau de instrução melhorada, poderão então in gressar nos cursos de especialização, que pela sua finalidade prática, esperamos, virão atender.às necessidades, fornecen do ao comércio elementos mais capazes,

com um preparo técnico adequado, e uma formação sócia', mais equilibrada. Criamos inicialmente os cursos de es

pecialização de: Balconistas de Tecidos, Balconistas de Ferragens, Balconistas de Calçados, Caixa-Tesoureiro e Arqiii\-ista,

ciante obrigado a permitir ao menor fre

6 os cursos de treinamento de Taquigra-

qüentar os cursos do SENAC, durante o período regulamentar de trabalho. Ini

fia e Datilografia.

cialmente, instituímos o horário de 8 às

nores na Capital e três no Interior, nas

11 horas da manhã, e e.xceto aos sába

cidades de Ribeirão Preto, Santos e

dos, a fim de o menor não perder o

Campinas.

cuj'a fundação começou com uma esco

la, é o campo fértil para uma iniciativa desta natureza.

Cerca de 1.500 a'unos comerciários foram

submete-se a uma prova de se

.

leção, e depois de aprovado é

-

de aprendizagem, que são

para o primeiro ano, consideramos

\V

tivo, é composto de cinco comercian tes, de um répresentante do Ministério da Educação, de um representante do Ministério do Trabalho e do D!retor-Ge-

os

resultados

iniciais

bastante satisfatórios, por ini-

dois: Praticante de Comércio,

para aquêle que exerce a sua

matriculados nos cur-

sos SENAC, e como amostra

encaminhado para os cursos

Em julho do ano passado, foi organi zado e instalado o Conselho Regional do SENAC, que como órgão delibera

d

Já instalámos quatro escolas para me

contato diário com a casa onde trabalha. Matriculado o menor, êle

São Paulo, esta magnífica metrópole,

Os maiores terão as mes

mas oportunidades de ensino gratuito,

^

ciarmos no campo do ensino a nossa ação social.

função na loja ou expediente

'

externo, e. Praticante de Es critório, para aquêle que tem a sua atividade empregada no escritório

'

Julgamos, portanto, merecer

a colaboração de todos a obra em que estamos empenhados, porque melhorando o nível cultural do

ral do Departamento Regional do SE NAC. O Diretor-Geral é quem dirige o Departamento Regional, órgão executi

ou serviço correlato.

nosso povo, daremos um grande passo à frente.

vo das deliberações do Conselho. Iniciamos as nossas atividades, com o

Se o menor, pelo seu estudo ou dis cernimento, não tem um preparo sufi ciente, ou como comparação, pelo menos

dassem aos poderes competentes um

estudo, planejamento e organização dos nossos serviços, para, uma vez organi

meio prático, eficiente e rápido, para a

zada a nossa base, iniciássemos as nos

melhoria do nível de instrução técnica

sas investigações no campo propriamen

dos seus auxíliares.

te do ensino, objetivo do SENAC. As

equivalente ao curso primário, êle deve

■■

fu

As classes produtoras, que tanto têm contribuído para o nosso engrandecimento, entrando no campo do ensino,

rá permanecer o tempo suficiente no

estão dando uma demonstração dos seus

curso preparatório, para que haja um nivelamento, entre todos aqueles que freqüentarem os cursos de aprendizagem.

trabalhadores, tudo fazendo para que um clima de confiança volte a reinar, ft

propósitos, de estreita união com os


f*'

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100

DiGESTo Econômico

classes produtoras tiveram em mira, não só a aprcnd'2y\gem e a especialização dos

SEV/IC. (JM/l ODRA DE APREIVOIZIGEM E iVPERFEUOlMEIVTO PAR/l O COMEREIARIO

seus colaboradores, assim como também o levantamento moral da massa comer-

por Francisco Garcia Bastos

ciária; assim é que; ao par de uma ins trução básica moderna, o estudo de ma térias técnicas e a prática de métodos

Diretor da i^sociação Comercial de São Paulo, o autor, em recente palestra no Idorf', teve oportunidade de fazer um apanhado do signifmado e do plano do SENAC — o Serviço Nacional de Aprendiza gem Comercial , em São Paulo, de cujo Conselho Regional é membro. ^oNviDADOs a tomar parte, em mais uma das úteis iniciativas do "IDORT' aqui estamos, procurando contribuir com

o nosso modesto trabalho, na Jornada da Produção.

Representantes que somos, das classes

produtoras, reconhecemos a necessidade de investigação, divulgação e debate dos nossos problemas econômicos, incenti vando e procurando por todos os meios

amparar, melhorar e aumentar a produ ção nacional, como único meio de conse guirmos a prosperidade e a valorização do trabalhador brasileiro.

As quatro colunas mestras que susten

tam a economia de um povo são: produ ção, circulação, distribuição e consumo.

As classes produtoras, no conclave de Teresópohs, estudaram a fundo os nos sos problemas econômicos e além de

recomendações e planos econômicos, preconizaram como meio de equilíbrio

social a melhoria de situação dos empre gados, pela instituição de ensino espe cializado, que consistiria num nivela

mento cultural como base e aperfeiçoa mento técnico como fim.

Ao comércio, à indústria e à lavoura, foi recomendado um estudo profundo das condições de instrução dos seus

auxíliares, para que as classes patro nais, cada uma no seu setor, recomen

comerciais, foi estudado com muito ca

rinho um programa para a formação so cial adequada à nossa mocidade, com

Assim é que, atendendo aos reclamos dos comerciantes, o poder público, pelo Decreto

Federal n.° 8.621

preendendo instrução moral e cívica, di reitos e deveres dos empregados, recrea

de 10 de

ção etc.

janeiro de 1946, criou o Serviço Nacio

O interessante é notarmos a modali

nal de Aprendizagem Comercial, abre

dade de ensino adotado.

viadamente chamado "SENAC", e ou

O menor comerciário é recrutado nas

torgou à Confederação Nacional do Co

casas comerc'ais, na proporção de um para dez empregados, ficando o comer

mércio o direito de cobrar dos comer ciantes uma determinada taxa, com a fi-

nahdade de ministrar a aprendizagem comercial em todo o País.

Vamos, portanto, apreciar e analisar a vida do SENAC Paulista, baseados na

experiência que tivemos, do seu pri meiro ano de existência.

No entanto, o SENAC não cuidará só dos* menores.

porém à noite, ou em horário fora do expediente de trabaUio. Findos os cursos de aprendizagem, para

menores ou para maiores, com grau de instrução melhorada, poderão então in gressar nos cursos de especialização, que pela sua finalidade prática, esperamos, virão atender.às necessidades, fornecen do ao comércio elementos mais capazes,

com um preparo técnico adequado, e uma formação sócia', mais equilibrada. Criamos inicialmente os cursos de es

pecialização de: Balconistas de Tecidos, Balconistas de Ferragens, Balconistas de Calçados, Caixa-Tesoureiro e Arqiii\-ista,

ciante obrigado a permitir ao menor fre

6 os cursos de treinamento de Taquigra-

qüentar os cursos do SENAC, durante o período regulamentar de trabalho. Ini

fia e Datilografia.

cialmente, instituímos o horário de 8 às

nores na Capital e três no Interior, nas

11 horas da manhã, e e.xceto aos sába

cidades de Ribeirão Preto, Santos e

dos, a fim de o menor não perder o

Campinas.

cuj'a fundação começou com uma esco

la, é o campo fértil para uma iniciativa desta natureza.

Cerca de 1.500 a'unos comerciários foram

submete-se a uma prova de se

.

leção, e depois de aprovado é

-

de aprendizagem, que são

para o primeiro ano, consideramos

\V

tivo, é composto de cinco comercian tes, de um répresentante do Ministério da Educação, de um representante do Ministério do Trabalho e do D!retor-Ge-

os

resultados

iniciais

bastante satisfatórios, por ini-

dois: Praticante de Comércio,

para aquêle que exerce a sua

matriculados nos cur-

sos SENAC, e como amostra

encaminhado para os cursos

Em julho do ano passado, foi organi zado e instalado o Conselho Regional do SENAC, que como órgão delibera

d

Já instalámos quatro escolas para me

contato diário com a casa onde trabalha. Matriculado o menor, êle

São Paulo, esta magnífica metrópole,

Os maiores terão as mes

mas oportunidades de ensino gratuito,

^

ciarmos no campo do ensino a nossa ação social.

função na loja ou expediente

'

externo, e. Praticante de Es critório, para aquêle que tem a sua atividade empregada no escritório

'

Julgamos, portanto, merecer

a colaboração de todos a obra em que estamos empenhados, porque melhorando o nível cultural do

ral do Departamento Regional do SE NAC. O Diretor-Geral é quem dirige o Departamento Regional, órgão executi

ou serviço correlato.

nosso povo, daremos um grande passo à frente.

vo das deliberações do Conselho. Iniciamos as nossas atividades, com o

Se o menor, pelo seu estudo ou dis cernimento, não tem um preparo sufi ciente, ou como comparação, pelo menos

dassem aos poderes competentes um

estudo, planejamento e organização dos nossos serviços, para, uma vez organi

meio prático, eficiente e rápido, para a

zada a nossa base, iniciássemos as nos

melhoria do nível de instrução técnica

sas investigações no campo propriamen

dos seus auxíliares.

te do ensino, objetivo do SENAC. As

equivalente ao curso primário, êle deve

■■

fu

As classes produtoras, que tanto têm contribuído para o nosso engrandecimento, entrando no campo do ensino,

rá permanecer o tempo suficiente no

estão dando uma demonstração dos seus

curso preparatório, para que haja um nivelamento, entre todos aqueles que freqüentarem os cursos de aprendizagem.

trabalhadores, tudo fazendo para que um clima de confiança volte a reinar, ft

propósitos, de estreita união com os


110

DrcESTO

PMORAMA ECON.OMICÜ

fim de conseguirmos a tão almejada paz

lasse, também, da melhoria da técni

social.

ca cultural dos nossos co'aboradores.

N<ão pretendemos fazer qualquer con corrência aos estabelecimentos de en

sino existentes, tanto é que, estando o

menor convocado, fazendo qualquer cur so para a função adequada que exerce não será interrompido o seu estudo, fi cando isento, por estar fazendo um curso

para função adequada.

Ao contrário,

em nosso programa, procuraremos cola

borar e amparar as escolas existentes, in centivando o aparecimento de outras onde forem necessárias.

h

Econômico

Daremos bô'sas de estudos aos comer-

ciários que mais se distinguirem para

cursarem as escolas técnicas de comércio e os c^sos superiores de Contabilidade e Atuária e de Ciências Econômicas. . Prêmios de viagem e bolsas de estudos no exterior serão a atração máxima, co mo concessões especiais, sempre basea

das no merecimento pessoal.

Ê portanto muito oportuno, que na jornada da produção do IDORT se fa-

O nosso espírito de brasilidade está

posto à prova e os brasileiros de todos os quadranles acham-se empenhados nesta obra meritória.

Queremos salientar cm São Paulo o nòmo de Brasílio Machado Neto que, com o seu espírito brilhante e empreen dedor, foi dos primeiros a abraçar a idéia, e reatizá-la de maneira prática e

construtiva, pois já este ano teremos os primeiros alunos com os seus cursos terminados, tanto os menores, nos cursos

de aprendizagem, como cs maiores, nos cursos rápidos, de especialização. Que outros sigam o bom exemplo, para vermos muito breve o levantamento mo

ral e intelectual da nossa mocidade, e

que todos, de mãos dadas, conjuguem os seus esforços, para o sempre crescente aumento da nossa produção e para a

completa felicidade da comunidade bra sileira.

A Comissão federal de pesquisas econômicas da Suíça, em relatóno atinente à ^ desde o jmnto de vista da economia mundial, a dema^a ainda preponderante de produtos agrícolas é todavia um dos principais apoios da mi esfcmi imlustrial, a situação do mercado se modifica somente pouco a pouco.

situação econômica uo fim do segundo trinwstre de 1947 coi^tata

Na Suíça como no exterior, obseroam-se ultimamente tensões crescentes na evolu ção conjuntural, quer dizer, um antagonismo entre as

trôgradL. O índice dos preços por atacado aumentou

e de 4 3% no decurso dc um ano. O índice do custo de vula subiu de 2,4% duwnte o segundo trimestre e de 5% em relação a junho de 1946. Os salanos na

da cimtrução cresceram de 1,2% e S,2% respectivamente durante os mesmos pertOihs de tZvo taxas atuais sobrepassam 8,4% osgraças saláriosà reais de agosto Êsses iZesAs aumentos de salários foram depossíveis atividade da dc 1939^ fr"So sempre extraordinliamente intenso. Os YJZJrZZ próximo mantêm-se geralmente favoráveis. O nmm?ro ZeíTre-

Ztorgadas testemunha o desejo persistente de edificar.

■ílete-% na situação sempre tensa do mercado de trabalho. O movim..nto o

Z-

mércio varejista ultrapassou, mês por mês, em proporçoes ^ Zs reMos coircspLdentes ao ano anterior. Aumentou,variando em valor,entre de \<3%

Znte o vdnieiro semestre. As necessidades acrescidas de meios de vidas à «ersisfeníe prosiyeridade econômica e à alta do nwel de preços e > alTto» ^deSu. do bolanço do banco emtor „ cm. nu» circulação jiduciária. Medidas de esterüizaçao foram tomadas a fim de cvit um tJvo acrescimento. Na esfera, das finanças publicas, Zireitas alfandegárias do segundo frimestre alcançaram a importância de 109 Ihões de francos, a maior que em tempo algum foi registrada durante um

De aârdo ZZm as contas àos cantões para 1946, o produto dos 'fopostos aumenta de 5Q milhões de francos de 1945 para 1946 e alcançou a qiumtia de 518 mdho^ No seu conjunto, a situação econômica da Smça caractenzo-se, ainda, pela pr . peridade.

O relatório anual da direção central do Fundo Monetário Internacional, pu blicado, trouxe à luz problemas graves e

imediatos, relativos ao financiamento dos

As exportações da Grã-Bretaryha em abril atingiram 82.700.000 libras esterlinas mais do que no mês anterior. Foi o volume mais elevado do ano. Considerando-se

o número de dias de trabalho, representa, segundo o Ministério do Comércio, 98X do de 1938.

Os gêneros alimenticios, as bebidas e o fumo contrihuiram com inais de me" fade do total. Os três maiores mercados, no primeiro trimestre, ainda foram ín dia Britânica, África do Sul e Austrália. O excesso das importações sôbre as ex portações elevou-se de 109.000.000 de esterlinos no terceiro trimestre do ano passado para 116.400.000 esterlinos no primeiro trimestre dêste ano.

pagamentos internacionais. Revelou ain da que o Fundo se vê impossibilitado pafA resoVei^ tais dificuldades, tanto quanto o Banco Internacional, cujo re latório também foi divulgado. Confirma-se assim a versão bastante

conhecida de que o Fundo, a menos que

seja reorganizado, não é um organismo destinado a fazer face à crise atuah Idêntico conceito se faz em relação ao

Banco Internacional, cujo escopo essen cial são os trabalhos de rotina.

A coin

cidência de estarem presentes em Lon dres tantos peritos financeiros dá uma

oportunidade para que as discussões se

jam dirigidas num sentido mais realista. O relatório do Fundo Monetário In

ternacional revela o seguinte, entre ou tras coisas;

^> ^


110

DrcESTO

PMORAMA ECON.OMICÜ

fim de conseguirmos a tão almejada paz

lasse, também, da melhoria da técni

social.

ca cultural dos nossos co'aboradores.

N<ão pretendemos fazer qualquer con corrência aos estabelecimentos de en

sino existentes, tanto é que, estando o

menor convocado, fazendo qualquer cur so para a função adequada que exerce não será interrompido o seu estudo, fi cando isento, por estar fazendo um curso

para função adequada.

Ao contrário,

em nosso programa, procuraremos cola

borar e amparar as escolas existentes, in centivando o aparecimento de outras onde forem necessárias.

h

Econômico

Daremos bô'sas de estudos aos comer-

ciários que mais se distinguirem para

cursarem as escolas técnicas de comércio e os c^sos superiores de Contabilidade e Atuária e de Ciências Econômicas. . Prêmios de viagem e bolsas de estudos no exterior serão a atração máxima, co mo concessões especiais, sempre basea

das no merecimento pessoal.

Ê portanto muito oportuno, que na jornada da produção do IDORT se fa-

O nosso espírito de brasilidade está

posto à prova e os brasileiros de todos os quadranles acham-se empenhados nesta obra meritória.

Queremos salientar cm São Paulo o nòmo de Brasílio Machado Neto que, com o seu espírito brilhante e empreen dedor, foi dos primeiros a abraçar a idéia, e reatizá-la de maneira prática e

construtiva, pois já este ano teremos os primeiros alunos com os seus cursos terminados, tanto os menores, nos cursos

de aprendizagem, como cs maiores, nos cursos rápidos, de especialização. Que outros sigam o bom exemplo, para vermos muito breve o levantamento mo

ral e intelectual da nossa mocidade, e

que todos, de mãos dadas, conjuguem os seus esforços, para o sempre crescente aumento da nossa produção e para a

completa felicidade da comunidade bra sileira.

A Comissão federal de pesquisas econômicas da Suíça, em relatóno atinente à ^ desde o jmnto de vista da economia mundial, a dema^a ainda preponderante de produtos agrícolas é todavia um dos principais apoios da mi esfcmi imlustrial, a situação do mercado se modifica somente pouco a pouco.

situação econômica uo fim do segundo trinwstre de 1947 coi^tata

Na Suíça como no exterior, obseroam-se ultimamente tensões crescentes na evolu ção conjuntural, quer dizer, um antagonismo entre as

trôgradL. O índice dos preços por atacado aumentou

e de 4 3% no decurso dc um ano. O índice do custo de vula subiu de 2,4% duwnte o segundo trimestre e de 5% em relação a junho de 1946. Os salanos na

da cimtrução cresceram de 1,2% e S,2% respectivamente durante os mesmos pertOihs de tZvo taxas atuais sobrepassam 8,4% osgraças saláriosà reais de agosto Êsses iZesAs aumentos de salários foram depossíveis atividade da dc 1939^ fr"So sempre extraordinliamente intenso. Os YJZJrZZ próximo mantêm-se geralmente favoráveis. O nmm?ro ZeíTre-

Ztorgadas testemunha o desejo persistente de edificar.

■ílete-% na situação sempre tensa do mercado de trabalho. O movim..nto o

Z-

mércio varejista ultrapassou, mês por mês, em proporçoes ^ Zs reMos coircspLdentes ao ano anterior. Aumentou,variando em valor,entre de \<3%

Znte o vdnieiro semestre. As necessidades acrescidas de meios de vidas à «ersisfeníe prosiyeridade econômica e à alta do nwel de preços e > alTto» ^deSu. do bolanço do banco emtor „ cm. nu» circulação jiduciária. Medidas de esterüizaçao foram tomadas a fim de cvit um tJvo acrescimento. Na esfera, das finanças publicas, Zireitas alfandegárias do segundo frimestre alcançaram a importância de 109 Ihões de francos, a maior que em tempo algum foi registrada durante um

De aârdo ZZm as contas àos cantões para 1946, o produto dos 'fopostos aumenta de 5Q milhões de francos de 1945 para 1946 e alcançou a qiumtia de 518 mdho^ No seu conjunto, a situação econômica da Smça caractenzo-se, ainda, pela pr . peridade.

O relatório anual da direção central do Fundo Monetário Internacional, pu blicado, trouxe à luz problemas graves e

imediatos, relativos ao financiamento dos

As exportações da Grã-Bretaryha em abril atingiram 82.700.000 libras esterlinas mais do que no mês anterior. Foi o volume mais elevado do ano. Considerando-se

o número de dias de trabalho, representa, segundo o Ministério do Comércio, 98X do de 1938.

Os gêneros alimenticios, as bebidas e o fumo contrihuiram com inais de me" fade do total. Os três maiores mercados, no primeiro trimestre, ainda foram ín dia Britânica, África do Sul e Austrália. O excesso das importações sôbre as ex portações elevou-se de 109.000.000 de esterlinos no terceiro trimestre do ano passado para 116.400.000 esterlinos no primeiro trimestre dêste ano.

pagamentos internacionais. Revelou ain da que o Fundo se vê impossibilitado pafA resoVei^ tais dificuldades, tanto quanto o Banco Internacional, cujo re latório também foi divulgado. Confirma-se assim a versão bastante

conhecida de que o Fundo, a menos que

seja reorganizado, não é um organismo destinado a fazer face à crise atuah Idêntico conceito se faz em relação ao

Banco Internacional, cujo escopo essen cial são os trabalhos de rotina.

A coin

cidência de estarem presentes em Lon dres tantos peritos financeiros dá uma

oportunidade para que as discussões se

jam dirigidas num sentido mais realista. O relatório do Fundo Monetário In

ternacional revela o seguinte, entre ou tras coisas;

^> ^


112

Para financiar as importações feitas nos Estados Unidos, pelos demais países,

Dicesto Econômico

economia mundial estão perdendo rapi

de libras-ouro ao Banco Federal de Re

damente os recursos comerc ais.

serva de Nova York.

foram usados cêrca de 1.800.000.000

Indubitavelmente, a solução do proble

de dólares das reservas em ouro e em

ma está na produção, mas isso depende ' da política adotada pelos governos, para

dólares durante o ano de 1946 e mais

2.300.000.000 de dólares no primeiro semestre do corrente ano. Embora parte dêsse total tenha sido coberta pelas úl timas produções auríferas, as reservas

monetárias das outras nações são insu ficientes para contrabalançar o "défi

cit" da balança de pagamento com os E. U. A.

Enquanto as reservas da África do

Sul e alguns países neutros da Europa ^ sao hoje muito maiores que antes da ^ guerra, as da maior parte dôles são muito mferiores.

As reservas fora da Rússia e Estados Unidos estão mais ou menos no nível anterior ao conflito, mas na América do Sul, Suíça e África do Sul aumentaram sensivelmente, ao passo que em nume rosas outras nações ficaram reduzidas.

Simultaneamente, a alta de preços dimi nuiu o poder aquisitivo de quase todos

pôr cobro à inflação interna. Por extrema coincidência, o relatório

é apresentado oficiahnente uo sr. Ilugh Dalton na qualidade de presidente do Fundo Monetário Internacional, duran

te o ano que tennina com a reunião atual. Assim dizemos porque s. s. é o m"nistro do Tesouro da Grã-Bretanha e

um dos poucos economistas mundiais que negam esta conexão entre a inflação

Hs * íH

Informa-so que estão esgotados os

provocaria dificuldades em face da rea lidade. Revelou que há certas disposi ções no acôrdo sôbre o Fundo Monetá

rio, com o escopo de contrabalançar tais contingências. Acrescentou que "ainda

to, pelo Banco do Brasil, de tôdas as compras da França naquele país. Em

tannos com essas contingências no pas

decorrência, serão interrompidas as aqui

não tivemos oportunidade de nos defronsado, mas poderemos tê-la no futuro".

sições de café, tecidos, algodão, couro, fumo e outros artigos que o mercado

si! * *

francês vinha efetuando no Brasil. O coronel Edmundo de Macedo Soa * *

res e Silva, governador fluminense, en

viou mensagem à Assembléia Legisla

do sr. Dalton poderá ser provada com os Informa-se que era sessão secreta, na

tiva do Estado, solicitando aumento de

comissão conjunta do Fundo Monetário

50% no bnposto de Vendas e Consigna

O aludido documento faz breves re

Internacional e do Banco Internacional,

ções.

ferências í\ prata e afirma que o co

foi recomendada a admissão da Finlândia

mércio com o ouro tem sido reduzido

ao quadro de países-membros das duas

em virtude da fragilidade do mercado

instituições. Dessarte, será a primeira

O Tesouro britânico anunciou que o

intemaciónal, concentrado no momento

nação, pertencente à esfera de influên cia soviética a participar das atividades

Fundo Monetário Internacional concor dou em fornecer 60 milhões de dólares

das aludidas organizações. A recomendação, entretanto, depende

troca de libras esterlinas.

próximo outono.

em Nova York, onde o Fundo Interna

cional recebeu maior quantidade de me

tes da conflagração atingiam

a enviar o excesso para Londres e pro

de ratificação por parte dos departamen

vocar a redistribuição de seus depósitos,

tos governamentais competentes. Ao in dicarem a Finlândia, o sr. F. A. dos

além de 1.800.000.000; as maiores re-

tir uma política do organismo destinada

se dêsse fato a suspensão do financiamen

créditos franceses no Brasil, originando-

os países. As reservas européias que an 5.200.000.000 de dólares, hoje não vão

do Monetário, disse ser certo não exis

à manutenção do câmbio vigente, o que

interna e o "déficit" externo. A teoria

resultados do orçamento britânico no

lis

Digesto Econômico

tal que poderia manter, sendo obrigado

^

s5«

à Grã-Bretanha nos próximos dias, em * * Hí

I

duções se verificaram na Holanda e ha

de acôrdo com os estatutos.

í

França.

o sr. Douglas O. Abbot, do Canadá, es

ciou o reinicio parcial das transações em

;

elevação dos níveis e a manutenção do

restrições nas importações não podem prejudicar diretamente o comércio.

tipularam em 38 milhões de dólares a

A última assembléia da reunião é des

cota daquele país para o Banco Inter

esterlinos e a emissão, a partir de se tembro, de licenças de importação, inter

]

Com o decréscimo de suas posses, a

restante das reservas de ouro, a Ingla! terra e os países da Europa podem ago

I

;

ra pagar apenas 25% das importações que

Finalmente, o relatório afirma que as

tinada à conversibilidade do esterlino,

nacional.

porém, já foi inutilizada pelos aconteci

soma igual para o Fundo Monetário; es

mentos verificados depois da organização

sas contribuições serão pagas em ouro, ao câmbio corrente. Outra recomendação foi o aumento da

realizavam normalmente antes da heca

do relatório. A integração completa da

tombe.

libra no sistema multilateral mundial de

Para alguns governos a balança do es terlino é ainda importante, embora no

pagamentos será facilitada pela regulari zação do problema das balanças de es

presente o seu uso esteja bastante limi tado.

O relatório do Fundo Monetário re

conhece que algumas nações-chave na

Santos Filho, representante do Brasil, e

terlinos com o Exterior. * *

O Tesouro Britânico anunciou que o

Banco da Inglaterra vendeu 20 milhões

Ademais, deverá subscrever

cota do Irã, a qual deverá passar de 25

para 35 milhões de dólares. A contri buição do Egito também sofrerá majo ração, de 45 para 60 milhões de dólares. . O sr. Camille Gutt, representante da Bélgica e diretor-administrativo do Fun

I

O Banco Central da Atgentína anun

rompidas há cêrca de 15 dias, quando a Inglaterra decidiu suspender a con versibilidade da libra.

Esclareceu o aludido estabelecimento

de credito que a concessão possuía "ca ráter o mais temporário possível", de pendendo do prosseguimento do exame da situação, resultante daquela inicia tiva da Grã-Bretanha.

As operações com a libra esterlina so

frerão, no entanto, as seguintes restrições:


112

Para financiar as importações feitas nos Estados Unidos, pelos demais países,

Dicesto Econômico

economia mundial estão perdendo rapi

de libras-ouro ao Banco Federal de Re

damente os recursos comerc ais.

serva de Nova York.

foram usados cêrca de 1.800.000.000

Indubitavelmente, a solução do proble

de dólares das reservas em ouro e em

ma está na produção, mas isso depende ' da política adotada pelos governos, para

dólares durante o ano de 1946 e mais

2.300.000.000 de dólares no primeiro semestre do corrente ano. Embora parte dêsse total tenha sido coberta pelas úl timas produções auríferas, as reservas

monetárias das outras nações são insu ficientes para contrabalançar o "défi

cit" da balança de pagamento com os E. U. A.

Enquanto as reservas da África do

Sul e alguns países neutros da Europa ^ sao hoje muito maiores que antes da ^ guerra, as da maior parte dôles são muito mferiores.

As reservas fora da Rússia e Estados Unidos estão mais ou menos no nível anterior ao conflito, mas na América do Sul, Suíça e África do Sul aumentaram sensivelmente, ao passo que em nume rosas outras nações ficaram reduzidas.

Simultaneamente, a alta de preços dimi nuiu o poder aquisitivo de quase todos

pôr cobro à inflação interna. Por extrema coincidência, o relatório

é apresentado oficiahnente uo sr. Ilugh Dalton na qualidade de presidente do Fundo Monetário Internacional, duran

te o ano que tennina com a reunião atual. Assim dizemos porque s. s. é o m"nistro do Tesouro da Grã-Bretanha e

um dos poucos economistas mundiais que negam esta conexão entre a inflação

Hs * íH

Informa-so que estão esgotados os

provocaria dificuldades em face da rea lidade. Revelou que há certas disposi ções no acôrdo sôbre o Fundo Monetá

rio, com o escopo de contrabalançar tais contingências. Acrescentou que "ainda

to, pelo Banco do Brasil, de tôdas as compras da França naquele país. Em

tannos com essas contingências no pas

decorrência, serão interrompidas as aqui

não tivemos oportunidade de nos defronsado, mas poderemos tê-la no futuro".

sições de café, tecidos, algodão, couro, fumo e outros artigos que o mercado

si! * *

francês vinha efetuando no Brasil. O coronel Edmundo de Macedo Soa * *

res e Silva, governador fluminense, en

viou mensagem à Assembléia Legisla

do sr. Dalton poderá ser provada com os Informa-se que era sessão secreta, na

tiva do Estado, solicitando aumento de

comissão conjunta do Fundo Monetário

50% no bnposto de Vendas e Consigna

O aludido documento faz breves re

Internacional e do Banco Internacional,

ções.

ferências í\ prata e afirma que o co

foi recomendada a admissão da Finlândia

mércio com o ouro tem sido reduzido

ao quadro de países-membros das duas

em virtude da fragilidade do mercado

instituições. Dessarte, será a primeira

O Tesouro britânico anunciou que o

intemaciónal, concentrado no momento

nação, pertencente à esfera de influên cia soviética a participar das atividades

Fundo Monetário Internacional concor dou em fornecer 60 milhões de dólares

das aludidas organizações. A recomendação, entretanto, depende

troca de libras esterlinas.

próximo outono.

em Nova York, onde o Fundo Interna

cional recebeu maior quantidade de me

tes da conflagração atingiam

a enviar o excesso para Londres e pro

de ratificação por parte dos departamen

vocar a redistribuição de seus depósitos,

tos governamentais competentes. Ao in dicarem a Finlândia, o sr. F. A. dos

além de 1.800.000.000; as maiores re-

tir uma política do organismo destinada

se dêsse fato a suspensão do financiamen

créditos franceses no Brasil, originando-

os países. As reservas européias que an 5.200.000.000 de dólares, hoje não vão

do Monetário, disse ser certo não exis

à manutenção do câmbio vigente, o que

interna e o "déficit" externo. A teoria

resultados do orçamento britânico no

lis

Digesto Econômico

tal que poderia manter, sendo obrigado

^

s5«

à Grã-Bretanha nos próximos dias, em * * Hí

I

duções se verificaram na Holanda e ha

de acôrdo com os estatutos.

í

França.

o sr. Douglas O. Abbot, do Canadá, es

ciou o reinicio parcial das transações em

;

elevação dos níveis e a manutenção do

restrições nas importações não podem prejudicar diretamente o comércio.

tipularam em 38 milhões de dólares a

A última assembléia da reunião é des

cota daquele país para o Banco Inter

esterlinos e a emissão, a partir de se tembro, de licenças de importação, inter

]

Com o decréscimo de suas posses, a

restante das reservas de ouro, a Ingla! terra e os países da Europa podem ago

I

;

ra pagar apenas 25% das importações que

Finalmente, o relatório afirma que as

tinada à conversibilidade do esterlino,

nacional.

porém, já foi inutilizada pelos aconteci

soma igual para o Fundo Monetário; es

mentos verificados depois da organização

sas contribuições serão pagas em ouro, ao câmbio corrente. Outra recomendação foi o aumento da

realizavam normalmente antes da heca

do relatório. A integração completa da

tombe.

libra no sistema multilateral mundial de

Para alguns governos a balança do es terlino é ainda importante, embora no

pagamentos será facilitada pela regulari zação do problema das balanças de es

presente o seu uso esteja bastante limi tado.

O relatório do Fundo Monetário re

conhece que algumas nações-chave na

Santos Filho, representante do Brasil, e

terlinos com o Exterior. * *

O Tesouro Britânico anunciou que o

Banco da Inglaterra vendeu 20 milhões

Ademais, deverá subscrever

cota do Irã, a qual deverá passar de 25

para 35 milhões de dólares. A contri buição do Egito também sofrerá majo ração, de 45 para 60 milhões de dólares. . O sr. Camille Gutt, representante da Bélgica e diretor-administrativo do Fun

I

O Banco Central da Atgentína anun

rompidas há cêrca de 15 dias, quando a Inglaterra decidiu suspender a con versibilidade da libra.

Esclareceu o aludido estabelecimento

de credito que a concessão possuía "ca ráter o mais temporário possível", de pendendo do prosseguimento do exame da situação, resultante daquela inicia tiva da Grã-Bretanha.

As operações com a libra esterlina so

frerão, no entanto, as seguintes restrições:


Digesto Econômico

.114

Digesto Econónuco

produto contrabalançarão qualquer de

MERCADO OFICIAL — Compras à vista de libras, lucros das exportações

créscimo estacionai nos preços da came,

para a Inglaterra e vendas futuras de li

durante o outono.

bras ou a dinheiro, para pagamentos de 5}:

importações daquele país.

í}: *

éitiitidas pelo govêmo militar aliado de ocupação): 300.285; Bilhetes do Esta do: 7.348.090.000 liras. Total da cir culação: 548.767.773.535 liras.

As licenças de importação a serem

Reduções dnisticas nas rações alimentares da Grã-Bretanha, inclusive a di minuição da ração de came do equix-a-

emitidas valerão apenas durante 15 dias

lente de um "shilling" e dois pence para

para certos produtos medicinais, indus

8 pence apenas, serão apresentadas pelo

os regulamentos vigentes.

triais e químicos, petróleos e derivados,

ministro da Alimentação, John Strachey,

inseticidas e outros.

na reunião extraordinária do Gabinete,

O Banco Central da Argentina divul

segundo anuncia o jornal conservador

gou aviso, segundo o qual na hipótese

"Sunday Graphic". As rações de came para crianças se riam rebaixadas de 7 pence para 5 e, além disso, seriam também reduzidas

de não serem essas licenças usadas, es-

i tarão seus possuidores sujeitos à multa de 20% sobre o valor delas. íjí

as rações de manteiga, chá, toucinho, queijo e, possivelmente, de ovos — acres centa aquêle órgão.

O sr. Correia e Castro, ministro da ;!:

Fazenda, submeteu à consideração do

Hs

Conselho Federal de Comércio Exterior

o processo em que o Centro e a Federa ção das Indústrias do Estado de São Paulo pedem sejam removidas, por parte do governo argentino, as dificuldades

As importações francesas de carvão alcançaram, na semana de 13 a 19 de julho último, 420.492 toneladas, o que representa um aumento de 7% em rela

criadas com a suspensão de vendas de

ção à semana anterior.

cambiais para importação de tecidos de

O maior aumento até hoje registrado foi nas importações provenientes do Rur, que passaram do 53.721 para 70.589

algodão produzidos e fabricados no Brasil.

toneladas. * *

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos informou que não há

Foram as seguintes as importações pro cedentes de outros países: E. U. A.,

cessidades internas da nação, presumm-

do-se que tal fato prejudicará as expor tações.

Revelou, ainda, que a extrema carên

cia de milho não se fará sentir até a

primavera, mas os elevados preços desse

:i<

Essa noticia provocou

sério alarma entre as indústrias automo

bilísticas as quais fizeram observar que tuada em bloco, pro\'ocaria uma grave crise na indústria italiana, cuja produção

:!í

O Banco Nacional Sueco reiniciou as

compras de esterlinos da área do esterli no, em conseqüência dos novos acordos anglo-suecos sobre pagamentos. A me dida não abrange, contudo, os Estados Unidos ou outros países, que habitual mente pagam à Suécia em dólares. íjc :K

neladas; Polônia, 11.054, toneladas. Hs

*

Foram publicados os dados relativos à circulação monetária na Itália a 30 de abril próximo passado, que são os se

guintes: liras do Banco da Itália: .... 460.404.383.250; Liras "Am" (Liras

anual é presentemente de apenas poucos milhares. Propuseram, portanto, que as

sobras aliadas sejam vendidas no Ex terior particularmente à Suíça, que já

adquiriu 10.000 veículos dessa origem. * * *

No último trimestre, o fornecimento

governamental, na Polônia, de sementes,

o Ministério da Agricultura do Brasil já distribuiu em diversos Estados cêrca

adubos artificiais e aparelhagens mecâ

de 80 mil enxadas especialmente fabri

nicas, além da concessão de créditos, aumentou de volume. Enquanto que em

cadas em São Paulo, com características

semelhantes às inglesas. Para o Sul as

1945, somou 30.000.000 e em 1946

remessas foram feitas em caminhões,

93

evitando-se, assim, as demoras dó tráfego

mestre se elevou a 63.150.000 dóla

milliões de dólares, naquele tri

res, isto é, 65% do ano anterior. A estes

ferroviário.

Como é difícil a obtenção de praça

em Santos, quanto ao transporte marí timo para o Norte do país, aquele Minis

números devem-se acrescentar ainda os fornecimentos da UNRRA. * *

tério resolveu que as remessas para as regiões setentrionais sejam feitas por via terrestre, de São Paulo a esta capital,

O restabelecimento do "mercado li

onde serão embarcadas.

vre" nas indústrias de lã norte-america

No corrente mês, o suprimento de en xadas deverá atingir o número de cem

troles do govêmo, motivou um dos maio

mil unidades.

res surtos do comércio respectivo nos

nas, com a recente eliminação dos con

últimos anos.

215.261 toneladas; Bélgica, 16.658 to

esperanças de que a safra de milho seja

suficiente para cobrir o mínimo das ne

tado de funcionamento, prontos para se

rem vendidos.

a venda de tais veículos, caso seja efe

MERCADO LIVRE — Vendas de li

bras para pagamentos, de acôrdo com

115

*

O Presidente da ARAR, departamen to oficial encarregado da venda das so

O sr. C. Bigelow, secretario da "Bos ton Wool Trade Association", declarou

que, com a eliminação dos controles ofi

ciais, ao lado da falta do produto no

bras de guerra cedidas à Itália), prof.

Exterior, a procura da lã dos E. U. A.

Ernesto Rossi, anunciou que além dos 99.300 veículos automóveis já vendidos, existem ainda nos campos de armaze namento do seu departamento cêrca de 50.000 dêsses veículos em perfeito es-

tomou o mercado extremamente ativo.

Durante a guerra, o governo controlou a indústria de lã em bruto, mas êsses controles foram removidos em 15 de

abril.

Quanto ao programa de com-


Digesto Econômico

.114

Digesto Econónuco

produto contrabalançarão qualquer de

MERCADO OFICIAL — Compras à vista de libras, lucros das exportações

créscimo estacionai nos preços da came,

para a Inglaterra e vendas futuras de li

durante o outono.

bras ou a dinheiro, para pagamentos de 5}:

importações daquele país.

í}: *

éitiitidas pelo govêmo militar aliado de ocupação): 300.285; Bilhetes do Esta do: 7.348.090.000 liras. Total da cir culação: 548.767.773.535 liras.

As licenças de importação a serem

Reduções dnisticas nas rações alimentares da Grã-Bretanha, inclusive a di minuição da ração de came do equix-a-

emitidas valerão apenas durante 15 dias

lente de um "shilling" e dois pence para

para certos produtos medicinais, indus

8 pence apenas, serão apresentadas pelo

os regulamentos vigentes.

triais e químicos, petróleos e derivados,

ministro da Alimentação, John Strachey,

inseticidas e outros.

na reunião extraordinária do Gabinete,

O Banco Central da Argentina divul

segundo anuncia o jornal conservador

gou aviso, segundo o qual na hipótese

"Sunday Graphic". As rações de came para crianças se riam rebaixadas de 7 pence para 5 e, além disso, seriam também reduzidas

de não serem essas licenças usadas, es-

i tarão seus possuidores sujeitos à multa de 20% sobre o valor delas. íjí

as rações de manteiga, chá, toucinho, queijo e, possivelmente, de ovos — acres centa aquêle órgão.

O sr. Correia e Castro, ministro da ;!:

Fazenda, submeteu à consideração do

Hs

Conselho Federal de Comércio Exterior

o processo em que o Centro e a Federa ção das Indústrias do Estado de São Paulo pedem sejam removidas, por parte do governo argentino, as dificuldades

As importações francesas de carvão alcançaram, na semana de 13 a 19 de julho último, 420.492 toneladas, o que representa um aumento de 7% em rela

criadas com a suspensão de vendas de

ção à semana anterior.

cambiais para importação de tecidos de

O maior aumento até hoje registrado foi nas importações provenientes do Rur, que passaram do 53.721 para 70.589

algodão produzidos e fabricados no Brasil.

toneladas. * *

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos informou que não há

Foram as seguintes as importações pro cedentes de outros países: E. U. A.,

cessidades internas da nação, presumm-

do-se que tal fato prejudicará as expor tações.

Revelou, ainda, que a extrema carên

cia de milho não se fará sentir até a

primavera, mas os elevados preços desse

:i<

Essa noticia provocou

sério alarma entre as indústrias automo

bilísticas as quais fizeram observar que tuada em bloco, pro\'ocaria uma grave crise na indústria italiana, cuja produção

:!í

O Banco Nacional Sueco reiniciou as

compras de esterlinos da área do esterli no, em conseqüência dos novos acordos anglo-suecos sobre pagamentos. A me dida não abrange, contudo, os Estados Unidos ou outros países, que habitual mente pagam à Suécia em dólares. íjc :K

neladas; Polônia, 11.054, toneladas. Hs

*

Foram publicados os dados relativos à circulação monetária na Itália a 30 de abril próximo passado, que são os se

guintes: liras do Banco da Itália: .... 460.404.383.250; Liras "Am" (Liras

anual é presentemente de apenas poucos milhares. Propuseram, portanto, que as

sobras aliadas sejam vendidas no Ex terior particularmente à Suíça, que já

adquiriu 10.000 veículos dessa origem. * * *

No último trimestre, o fornecimento

governamental, na Polônia, de sementes,

o Ministério da Agricultura do Brasil já distribuiu em diversos Estados cêrca

adubos artificiais e aparelhagens mecâ

de 80 mil enxadas especialmente fabri

nicas, além da concessão de créditos, aumentou de volume. Enquanto que em

cadas em São Paulo, com características

semelhantes às inglesas. Para o Sul as

1945, somou 30.000.000 e em 1946

remessas foram feitas em caminhões,

93

evitando-se, assim, as demoras dó tráfego

mestre se elevou a 63.150.000 dóla

milliões de dólares, naquele tri

res, isto é, 65% do ano anterior. A estes

ferroviário.

Como é difícil a obtenção de praça

em Santos, quanto ao transporte marí timo para o Norte do país, aquele Minis

números devem-se acrescentar ainda os fornecimentos da UNRRA. * *

tério resolveu que as remessas para as regiões setentrionais sejam feitas por via terrestre, de São Paulo a esta capital,

O restabelecimento do "mercado li

onde serão embarcadas.

vre" nas indústrias de lã norte-america

No corrente mês, o suprimento de en xadas deverá atingir o número de cem

troles do govêmo, motivou um dos maio

mil unidades.

res surtos do comércio respectivo nos

nas, com a recente eliminação dos con

últimos anos.

215.261 toneladas; Bélgica, 16.658 to

esperanças de que a safra de milho seja

suficiente para cobrir o mínimo das ne

tado de funcionamento, prontos para se

rem vendidos.

a venda de tais veículos, caso seja efe

MERCADO LIVRE — Vendas de li

bras para pagamentos, de acôrdo com

115

*

O Presidente da ARAR, departamen to oficial encarregado da venda das so

O sr. C. Bigelow, secretario da "Bos ton Wool Trade Association", declarou

que, com a eliminação dos controles ofi

ciais, ao lado da falta do produto no

bras de guerra cedidas à Itália), prof.

Exterior, a procura da lã dos E. U. A.

Ernesto Rossi, anunciou que além dos 99.300 veículos automóveis já vendidos, existem ainda nos campos de armaze namento do seu departamento cêrca de 50.000 dêsses veículos em perfeito es-

tomou o mercado extremamente ativo.

Durante a guerra, o governo controlou a indústria de lã em bruto, mas êsses controles foram removidos em 15 de

abril.

Quanto ao programa de com-


Digesto Econômico

116

pras do governo, a legislação respecti va está agora sendo apreciada pelo Se

câmbio de menrcadorías 17.000.000 de dólares

no valor de

Por fôrça desse acôrdo, cujo prazo é

nado.

O ST. Bigelow adiantou que a indús tria tem maiores vantagens vendendo ao

comércio que aos órgãos oficiais, cujas compras muitas vêzes acarretam grandes despesas ao vendedor. O presente surto no comércio de lã promete perdurar por muito tempo.

VEinS QUE SIMBOLIZAM

de um ano, a Polônia fornecerá matérias-

primas para a indústria búlgara, além de produtos químicos, peças de locomo tivas e outros materiais, em troca de

fumo, peles e madeiras. if: * *

Esboça-se, nos círculos algodoeiros iní}S * *

O relatório do Departamento de Agri cultura sobre a situação do trigo in forma que "embora as perspectivas de grandes quantidades para a exportação sejam favoráveis, especialmente nos Es tados Unidos e Canadá, os atuais indí

cios são de que durante o próximo ano a procura estrapgeira excederá novamen

te à quantidade disponível para exporta-

glêses, movimento em favor do desen volvimento das plantações de algodão no Sudão e África Oriental Britânica.

A

produção algodoeira daquela região po derá, segundo os técnicos da "Empire Cotton Association", ser duplicada era

dois ou três anos, o que permitirá à In glaterra economizar quarenta milhões de dólares nas compras feitas aos Estados Unidos. Acredita-se que o assunto será discutido pelo Ministério Colonial, du

I 1

rante o próximo mês. O relatório revela também que, se

Se o govêmo adotar o projeto, sua

gundo todos os indícios, as colheitas no Hemisfério Ocidental serão melhores que

execução será provavelmente confiada

as normais, apresentando-se melhores

concessões no Sudão terminam em 1950.

perspectivas nos Estados Unidos e pio res, na Europa.

As colheitas no continente emopeu,

ao "Sudan Plantations S^dicat", cujas * * *

Conduzindo mais de 90.000 cachos

com exceção das da União Soviética, se

de bananas, para Buenos Aires, e par®

rão "outra vez bastante inferiores à mé

Antuérpia, zarparam do porto quatro na

dia de 1.670 milhões de "bushels" de

vios, dos quais dois suecos, um norte-

antes da guerra e até 10 ou mais por cento menores que as de 1946, as quais

americano e um finlandês.

ascenderam a 1.350 milhões de "bu.s-

Para Antuérpia, o "Peru" conduziu 15.824 cachos, pesando 326.538 quilos,

hels".

e o "Venezuela", 18.622 cachos, com

Quando o sr. começar a encontrar dificuldade nas partidas e notar maior consumo de combus tível, mande verificar aa velas de seu auto.

Se estas estiverem gastas ou cansadas, troqueas Jogo por velas A. C. — e uma nova era começará para seu carro 1 Exija as legítimas

um peso de 382.252 quilos. :}! * *

A Bulgária assinou tratado comercial com a Polônia, determinando o inter-

. Para Buenos Aires, o "Dei Norte",

4.000 cachos, pesando 80.000 quilos, e o "Navígator"-, transportou 54.984 ca chos, com um peso de 1.099.680 quilos.

VELAS PRODUTO DA GENERAL MOTORS

AC

•'VJ


Digesto Econômico

116

pras do governo, a legislação respecti va está agora sendo apreciada pelo Se

câmbio de menrcadorías 17.000.000 de dólares

no valor de

Por fôrça desse acôrdo, cujo prazo é

nado.

O ST. Bigelow adiantou que a indús tria tem maiores vantagens vendendo ao

comércio que aos órgãos oficiais, cujas compras muitas vêzes acarretam grandes despesas ao vendedor. O presente surto no comércio de lã promete perdurar por muito tempo.

VEinS QUE SIMBOLIZAM

de um ano, a Polônia fornecerá matérias-

primas para a indústria búlgara, além de produtos químicos, peças de locomo tivas e outros materiais, em troca de

fumo, peles e madeiras. if: * *

Esboça-se, nos círculos algodoeiros iní}S * *

O relatório do Departamento de Agri cultura sobre a situação do trigo in forma que "embora as perspectivas de grandes quantidades para a exportação sejam favoráveis, especialmente nos Es tados Unidos e Canadá, os atuais indí

cios são de que durante o próximo ano a procura estrapgeira excederá novamen

te à quantidade disponível para exporta-

glêses, movimento em favor do desen volvimento das plantações de algodão no Sudão e África Oriental Britânica.

A

produção algodoeira daquela região po derá, segundo os técnicos da "Empire Cotton Association", ser duplicada era

dois ou três anos, o que permitirá à In glaterra economizar quarenta milhões de dólares nas compras feitas aos Estados Unidos. Acredita-se que o assunto será discutido pelo Ministério Colonial, du

I 1

rante o próximo mês. O relatório revela também que, se

Se o govêmo adotar o projeto, sua

gundo todos os indícios, as colheitas no Hemisfério Ocidental serão melhores que

execução será provavelmente confiada

as normais, apresentando-se melhores

concessões no Sudão terminam em 1950.

perspectivas nos Estados Unidos e pio res, na Europa.

As colheitas no continente emopeu,

ao "Sudan Plantations S^dicat", cujas * * *

Conduzindo mais de 90.000 cachos

com exceção das da União Soviética, se

de bananas, para Buenos Aires, e par®

rão "outra vez bastante inferiores à mé

Antuérpia, zarparam do porto quatro na

dia de 1.670 milhões de "bushels" de

vios, dos quais dois suecos, um norte-

antes da guerra e até 10 ou mais por cento menores que as de 1946, as quais

americano e um finlandês.

ascenderam a 1.350 milhões de "bu.s-

Para Antuérpia, o "Peru" conduziu 15.824 cachos, pesando 326.538 quilos,

hels".

e o "Venezuela", 18.622 cachos, com

Quando o sr. começar a encontrar dificuldade nas partidas e notar maior consumo de combus tível, mande verificar aa velas de seu auto.

Se estas estiverem gastas ou cansadas, troqueas Jogo por velas A. C. — e uma nova era começará para seu carro 1 Exija as legítimas

um peso de 382.252 quilos. :}! * *

A Bulgária assinou tratado comercial com a Polônia, determinando o inter-

. Para Buenos Aires, o "Dei Norte",

4.000 cachos, pesando 80.000 quilos, e o "Navígator"-, transportou 54.984 ca chos, com um peso de 1.099.680 quilos.

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