DIGESTO ECONÔMICO, número 55, junho 1949

Page 1

D CESTO

(RMÃOS ABOUCHAR

ECONOMICO

LTDA, Praça Júlio Mesquila» •

.54-96-102-, FONE: 4-0124

São Paulo

SOB OS auspícios 00 ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO

Pneus e Câmaras de Ar

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E DO FEDERAÇÃO DO COMERCIO 00 ESTADO DE SÃO PAÜL^

minhões." — Recautchu-

tagem, Vulcanisaçao e

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monelárlo o a escassez de dólares - Richard Lewinsohn para a agricultura - S. Froes de Abreu

O BUiema íribuíário do Brasil - Paul

sóbre padrão de vida — L. A. Costa P nt

9 2 22

da instabilidade monetária com o capital das emprésas _

Cia. União dos Refinadores —

No Brasil Centro-Oeste - Pimentel Gomes

"

fRéfínérlá de AçCtóar Torrefaçâo e IVIosg©m d© Oa-fê DIRETORIA

Hanns Matl

"

-

posição do Brasil nos mercados mundiaU de arroz - Moacyr Paixão O tratado de Methuen — Nelson Wemeek Sodre

A e.independência - Otávio Tarquínlo de Sonsa Augusto Comle e o liberalismo econômico - I^an Lins O ParaaitUmo dos pobres — Cândido Mota Filho

íris Miguel Rolundo

« G1

conservas de pescado — Antônio Renato Gago Nobre Obrigatoriedade da padronização orçamentária — Affonso Almiro

José Ferraz de Camargo . Mário d'Almeida

39

Rui Barbosa e o imposto de renda - Guilhei-me Deveza

Calógetas e a evolução do exército - Antonio Gontijo de Carvalho

CAIXA POSTAL n.o 695, .

Armando Pereira Viariz

- Da.o de A.d>eida Ma.amSes

Salário e produtividade do trabalho - Dorival Teixeira Vieira

RUA BORGES DE FIGUEIREDO, n.o 237

.'

-«,«0810 — José Luiz de Almeida Nogueira Pôrto

Agricuhu,^ de alimentação - Roberto Pinto de Souza

FUNDADA EM 1910 — CAPITAL: CrS 40.000.000.00 PAULO

,

Câmbio — José Thomaz Nabuco

Açúosr © Caf©

SÃO

Nocõm

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José.Antônio Rosaã

N.o 55 — JUNHO DE 1949 —.ANO V

. 5


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o

DIGESTO

eg\tMCIA

ECONOMICO

ESTÁ Ã VENDA

nos principais pontos de jornais no Brasil, ao preço de CrS 5,00.

Os nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer encomenda, bem como a receber pedidos de assinaturas, ao preço de CrS 50,00 anuais.

Agente Geral para o Brasil FERNANDO CHINAGLIA

ATenida Presidente Vargas, 502, 19.o «ndar Rio de Janeiro

Alagoas: Manuel Espíndola, Praça Pe dro II. 49, Maceió.

vembro. 423, Curitiba.

Amazonas: Agência Freitas. Rua Joa quim Sarmento. 29, Manaus.

Bahia;

Alfredo J. de Souza & Cia..

R. Saldanha da Gama. 6, Salvador. Ceará: J. Alaor de Albuquerque & Cia.

Praça do Ferreira, 621, Fortaleza. Espirito Santo; Viuva Copolilo & Fi lhos. Rua Jerônimo Monteiro. 361, Vitória,

Goi^: João M.Tnnrino. Rua Setenta A, Goiânia.

Grosso:

Pernambuco:

Fernando

Recife"

Chlnacrlla

221. 3.o andar!

Piauí: Cláudio M. Tote. Teresina. Rio de .^neiro: Fernando Chinaelia

índar Pio

Grande

Vargas. 502. 19.o do

Norto-

ii.to.

Avenida Tavares Lira. 48. NSaL

Hio Grande do Sul-

Carvalho.

Pinheiro

&

Cia.. Pça. da República, 20, Cuiabá. Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso, Avenida dos Andradas. 330. Belo Horizonte.

Pará: Albano H. Martins & Cia.. Trave.ssa Campos Sales. 85/89. Belém.

Paraiba: Loja das Revistas. Rua Barao.do Trlvinfo. 510-A. João Pessoa,

assim se idealiza...

o

ASSIM SE CONCRETIZA

.

to Alogre:

MBranhâo: Livraria Unlversai. Rua Liflbüâ. 114. sao Luiz. Moio

Paraná: J. Ghiagnone. Rua 15 de No

Pala

Fernand^o"èh'mTgI?a.

P-

Alegre,

/ílS'

^^Tua^^Fehpc^ScrnnTdt^^a:^^

O" GIGANTES de cimento armadoano motivos de orgulho para

território

nacional.

E

tupcndu rcnlidadc. vai Q gente brfl» sileira plasmando, com os seus arra

civilização, resultam do trabalho ár duo do engenheiro que, sôbre uma

nha-céus, as grandes cidades da nova

prancheta, faz a planta e calcula os

Sergipe: Livraria Rc-ítina Ltda João Pessoa. 137. Aracaju

Rua

seus mínimos detalhes. A Construtora e Comercial Dácio A. de Moraes S.A.

veira. Rio Branco.

o

todo pouliotu. que servem de índice do

via

Território do Acre: Diógenea de Oli

todo

nosso progresso e mesmo da nossa

São Paulo: A Intelectual. Ltda

duto Santa Efigênia. 281. S. Paulo,

por

assim, fazendo cie um Ideai uma es-

América. CONSTRUTORA E COMERCIAL

há muito que vem colaborando para

oacio fl. DE MORAES S. A.

o desenvolvimento maior de nossa terra, contando-se na sua fôlha de

Rua Libero Badarõ. 153 • 17." - Telefone 2-S539

serviços, o levantamento de edifícios

Sâo Paulo

Engonhorla - Arquitefuro • Construções

Panam -18.003


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DIGESTO

eg\tMCIA

ECONOMICO

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Carvalho.

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DES.PflULO A

ROMA

E MILÃO

IfflPIW

em 28 fioras saídas

as

quintas

feiras

A BUENOS AIRES ' em 5 fioras

A Smith-Corona Super-Speed NÃO hA mAouina mais PIAFEITA

SAÍDAS AS TERÇAS FEIRAS

t ****

MÁQUINAS IMPORTADORA LTDA. SAO

Informações e reservas de passagens

PAULO

RUA UÍBCR-O BADARÓ. 462 - Sobreloji

EMPRESAS marítimas (BRASIL) LTDA.

TUS. 2-6273 e 2-4573 «O [>£ JANEieO

8UA VISCONDE 0£ INHAÜMA, «4 u « ANOA« lEt. <í'-7Sje

f..

aao HORIZONTE;

■UA CARUOS. lOa - Kl. !-«ap| Ui

Rua Braulio Gomes, 56 - Tel. 4-2020 ou nas Agencias de Viagens outorizadas


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I

1 Automóveis e Caminhões

Concessionários

Cia. de

ci-

Autcméveis

Alexandre Bicrnstein SÃO

PAULO

Escritório, vendas e secçâo de

OFICINAS:

peças

RUA CLAUDINO PINTO, -55

RUA CAP. FAUSTINO Telefones:

Escritório e vendas ... 2-8738

Secção de peças

'

Telefone: 2-8740

LIMA, 105

2-4564

CAIXA POSTAL, 2840 — SÃO PAULO —

1?

PORTO

sss^ UM CIGARRO DE LUXO J;] TIPO AMERICANO PRODUTO SUDAN S/A


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Monsavto

Uma Companhia Brasileira

Monsanto Chemical Company

.L.4

I

Produiov iniermediórios.

JoMsy Ci<y - USA

Produiot

químicos

poro todos os indüsirlos, ínseticidos, herbiel.

dos, rodenlicidos. Moterlois plóslicos. Colos

CONQUISTA A SUPREMACIA MUNDIAL

ONYX INTERNATIONAL

SI. leuit - USA

poro compensodos, etc.

Produtos poro omoclomento, desengordu. romento, tingimento, ocobomento. etc., no industrio têxtil.

Eis o que afirmam as cifras do balanço de

SULACAP, do exercício de 1948

DURAND & HUGUENIN S. A.

FABRIQUE ZURICOISE DE

Sulfo

sòmeDto cm 1948

Pagn t-cnfis aos portodorea

Corontos 00 cromo especiais paro cstomporio de olgodôo, sedo, "reiyon", etc.

143.001.368,70

títuln*. por Sur-

teioa. Kcagutcs e UiatrlbuiçSo de Lucros

sômcDte em 1948

■os Portadores deTítulos

dcsdo 1939

Ativo Iteal da Cia

poro peneiíos, etc.

714.999.279,30 11.550.935,00 70.278.309,40

VENANGO ENGINEERING

TRE HnJRflUUC PRESS UFG. CO.

ftiiiadelphio • USa

oumcnto sòmenle em 1918 total nlé 31 De zembro 1918 ....

Peservus Matemáticas

Gozes de sedo poro quadros de estomporio. Gozes de sédo

Corantes "Indlgoso'"

dcsdo 1929

DiatribuiçSo de Lucros

GAZES À BLUTER 2v'>aue • Sulco

Cr$

Mount Gileod • USA

134 471.327,80 1.076.102.712,40 1.145.714.783,20

om 31 do Dezembro do 1913.

Máquinas pneumóticos para tingimentode meodos, meios,

porb Injeçoo e moldogem de moiérios

tios em rocas, etc.

plóslicos

Prensar e móquinos hidráulicos

Valor dos Títulos emitidos e em

vigor em 31 do Dezemb.o do 1948

11.877.330.000,00 o.

D

APLICAÇAO DOS VALOKES DO ATIVO

'^íhO'^

Cr$ Apólices da Divida Pública ■ oufrcs Títulos de Penda..

260.732.672,00

Empréstimos sóbre hipote

Dinheiro em Bancos e em Ca xz

cas, títulos da Cia. e outros

valores garantidos ..

529.836.556,40

Cr$

Imóv Is em centros de

grande valorização . .

C ut.-os valore.

....

280.507.093,90

BUrmO-ELECTRO-CHEMICAl Co íttc

Mwihoiue - Fronte

Bultolo • USa

teitros e ponos técnicos

Peróxido de hidrogênio poro olve{omenlos nos Indústrias de

poro todos os Indústrias

tecidos e de papel, processos

qu'mícos, (Ins «sonllòrios, etc.

S 8.061.7-'4,80

46.603.636,10

PiJOGRESSÃO DO ATIVO NOS ÚLTIMOS 5 ANOS Em 1943 — CrS 501906.310,00

D DOLIFUS & NOACK S. A.

Reprcsentocôes poro o Brasil

Em 1948 — CrS 1.145.741.7B3,:0

sm amm cípitahziçío, s. 4.

n"

Sede Social — Rio de Janeiro

Sucursal em São Paulo — Rua 15 de Novembro - Esq. Aucliieta

RIO DE JANEIRO Ruo Conselheiro Saraiva, 16

Coixo Poslol. 237 • Tei.i 23-5516

Teiegramos; "COLOR"

SAO PAULO Puo Moriim Burchord, 608

Coixa Postol, 1685 - Tel.: 3..3154 Coixo Postei, 680 - Tel.: 3-492

Telegramas: "CÓLOR"

Agentes nos principais cidades do pois

.^1

CURITIBA R. Cel. M. Barreto Monclaro, 405

Telegramas: "COLOR"


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Valor dos Títulos emitidos e em

vigor em 31 do Dezemb.o do 1948

11.877.330.000,00 o.

D

APLICAÇAO DOS VALOKES DO ATIVO

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poro todos os Indústrias

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PiJOGRESSÃO DO ATIVO NOS ÚLTIMOS 5 ANOS Em 1943 — CrS 501906.310,00

D DOLIFUS & NOACK S. A.

Reprcsentocôes poro o Brasil

Em 1948 — CrS 1.145.741.7B3,:0

sm amm cípitahziçío, s. 4.

n"

Sede Social — Rio de Janeiro

Sucursal em São Paulo — Rua 15 de Novembro - Esq. Aucliieta

RIO DE JANEIRO Ruo Conselheiro Saraiva, 16

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Agentes nos principais cidades do pois

.^1

CURITIBA R. Cel. M. Barreto Monclaro, 405

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DIGESTO EMIÍMICO e HUXOO DOS NECOCiOS NUM PIHORIMI MEKSIl PubUeado teb o< autpfciot da

^ O íundo monetário e a escassez de dólares

-k

Richabd Lewinsoiin

ASSOCIACiQ COMERCiniDE SAO PAULO

T^ò próximo mès de julho, o Fundo

FEDERAÇÃO DD COMÉRCIO DO ESIAOO DE SAD PAOLD

Mcnctúrio Internacional celebrará

O Digcsto Econômico

seu quinto aniversário natahcio. Foi em

publicará no próximo número:

23 de julho de 1944 que ficou encerrada a famosa Conferência de Bretton Woods,

TEMAS E PROBLEMAS EM DEBATE Direíor superintendente: Martím Aííonso Xavier da Silveira

— Dario de Almeida Magalhães.

Diretor;

Antonio Gontijo do Carvalho

O Dlgesto Econômico, órgão de In formações econômicas e financeié publicado mensalmente pela Editora Comercial Ltda.

Del.S

responsabiliza

fontes estejam

f* emitidos citadas, nem pelos Mnceitos em artigos assi-

Na transcrição de artigos pede-se citar o nome do Digeito Econômico.

PROBLEMAS DA jUSTIÇA FISCAL

com a criação simultânea do Fundo e do Banco Internacional de Reconstrução

e DesenvQ'\imento. Sendo elaborado em plenu guerra, quer dizer numa situa

ção econômica, financeira e monetária

completamente anormal, o Estatuto de

— Paul Hugon.

Bretton Woods não podia ser pôsto em

]OSÉ DE ALENCAR E O TRIBUNAL DE CONTAS - Deolindo Amorim.

vigor imediatamente. Mesmo dcqjois do fim da conflagração, passou quase um

ano até que o Fundo Monetário pudesse iniciar suas atividades.

TRATADO DE METHUEN

Nelson

Wemeck Sodré.

RELAÇÕES ENTRE O CAPITAL DAS EMPRESAS E A ESTABILIDADE

Entretanto, a situação política mudou.

Já em maio de 1946, quando os direto

cações congêneres nacionais e eatrangeiras.

Ano (simples)

Crg 50,00

(registrado)

Numero do mês:

Atrasado:

CrS 58.00

Cr$ 5 00

Cr§ 8,00

Redação e Administração: Viaduto Boa Vista, «7 - 7.o andar

TeL 3-7499 — Caixa Postal. 240-B São Paulo

do contra uma recaída nas perturbações

monetárias que se manifestaram depois da primeira guerra mundial e que, com curtos intervalos de relativa calma, con

tinuaram até a segunda conflagração.

Se não fosse possível criar uma moeda única para todos cs países, pretendia-se, pelo menos, dar às transações internacio nais uma base .sólida e uniforme.

A

idéia dos organizixdores foi que o Fundo se tomasse logo num verdadeiro "Clea-

ríng Houre" — uma Gamara de Com pensação para o mundo inteiro. Naturalmente, não se podia esperar

signatários do Estatuto de Bretton Woods tornaram-se membros, e ainda entre es ses trinta e oito, vários não adquiriram

A PLANIFICAÇÃO DA IMPOSTURA

terem cumprido as condições prelimina

COMTE E A CORRELAÇÃO DOS FENÔMENOS SOCIAIS _ Ivan Lins.

Seu

motivo principal foi de proteger o mun

que as balanças de pagamento sempre fossem perfeitamente equíHbradas. Precisar-se-ia, pois, de um capital de mo vimento para equilibrar os déficits tem

res. A Rússia, que devia contribuir para o Fundo com 1.200 milhões de dólares -

depois dos Estados Unidos e da Inglater ASSINATURAS; Digeito Econômico

tremamente amplo e ambicioso.

primeira reunião, apenas 38 dos 46 países

MONETÁRIA - Djacir Menezes. — Roland Corbisier

O Fundo Monetário Internacional tem, desde a sua criação, um programa ex

res executivos do Fundo realizaram sua

a faculdade de membro efetivo, por nac Aceita-se intercâmbio com publi

Os objetivos do Fundo

ra a maior cota — absteve-se. Mas, ou

porários. O resto dos recursos do Fundo devia constituir uma reserva para ocor

rências excepcionais e, sobretudo, um apoio de ordem moral para dar a or ganização internacional o prestigio ne cessário. O próprio Estatuto define,

linguagem bem expressiva, as fi tros países entraram para o Fundo, e numa nalidades do Fundo. Diz a cláusula I, atualmente 47 nações figuram na lista dos membros. Porém, o capital do Fun do ficou abaixo do montante de 8.800 milhões de dó'ares originalmente pre

visto para os membros fundadores. Em 28 de fevereiro último, a soma das cotas atingia apenas 8.034 milhões, a subscrição efetiva 6.853 milhões de dóla res.

textualmente:

"Os objetivos do Fundo Monetário Internacional são:

1) Promover a cooperação monetá ria internacional por meio de uma

instituição permanente, que funciona

como órgão de consulta e de colabo-


DIGESTO EMIÍMICO e HUXOO DOS NECOCiOS NUM PIHORIMI MEKSIl PubUeado teb o< autpfciot da

^ O íundo monetário e a escassez de dólares

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Richabd Lewinsoiin

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T^ò próximo mès de julho, o Fundo

FEDERAÇÃO DD COMÉRCIO DO ESIAOO DE SAD PAOLD

Mcnctúrio Internacional celebrará

O Digcsto Econômico

seu quinto aniversário natahcio. Foi em

publicará no próximo número:

23 de julho de 1944 que ficou encerrada a famosa Conferência de Bretton Woods,

TEMAS E PROBLEMAS EM DEBATE Direíor superintendente: Martím Aííonso Xavier da Silveira

— Dario de Almeida Magalhães.

Diretor;

Antonio Gontijo do Carvalho

O Dlgesto Econômico, órgão de In formações econômicas e financeié publicado mensalmente pela Editora Comercial Ltda.

Del.S

responsabiliza

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Na transcrição de artigos pede-se citar o nome do Digeito Econômico.

PROBLEMAS DA jUSTIÇA FISCAL

com a criação simultânea do Fundo e do Banco Internacional de Reconstrução

e DesenvQ'\imento. Sendo elaborado em plenu guerra, quer dizer numa situa

ção econômica, financeira e monetária

completamente anormal, o Estatuto de

— Paul Hugon.

Bretton Woods não podia ser pôsto em

]OSÉ DE ALENCAR E O TRIBUNAL DE CONTAS - Deolindo Amorim.

vigor imediatamente. Mesmo dcqjois do fim da conflagração, passou quase um

ano até que o Fundo Monetário pudesse iniciar suas atividades.

TRATADO DE METHUEN

Nelson

Wemeck Sodré.

RELAÇÕES ENTRE O CAPITAL DAS EMPRESAS E A ESTABILIDADE

Entretanto, a situação política mudou.

Já em maio de 1946, quando os direto

cações congêneres nacionais e eatrangeiras.

Ano (simples)

Crg 50,00

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CrS 58.00

Cr$ 5 00

Cr§ 8,00

Redação e Administração: Viaduto Boa Vista, «7 - 7.o andar

TeL 3-7499 — Caixa Postal. 240-B São Paulo

do contra uma recaída nas perturbações

monetárias que se manifestaram depois da primeira guerra mundial e que, com curtos intervalos de relativa calma, con

tinuaram até a segunda conflagração.

Se não fosse possível criar uma moeda única para todos cs países, pretendia-se, pelo menos, dar às transações internacio nais uma base .sólida e uniforme.

A

idéia dos organizixdores foi que o Fundo se tomasse logo num verdadeiro "Clea-

ríng Houre" — uma Gamara de Com pensação para o mundo inteiro. Naturalmente, não se podia esperar

signatários do Estatuto de Bretton Woods tornaram-se membros, e ainda entre es ses trinta e oito, vários não adquiriram

A PLANIFICAÇÃO DA IMPOSTURA

terem cumprido as condições prelimina

COMTE E A CORRELAÇÃO DOS FENÔMENOS SOCIAIS _ Ivan Lins.

Seu

motivo principal foi de proteger o mun

que as balanças de pagamento sempre fossem perfeitamente equíHbradas. Precisar-se-ia, pois, de um capital de mo vimento para equilibrar os déficits tem

res. A Rússia, que devia contribuir para o Fundo com 1.200 milhões de dólares -

depois dos Estados Unidos e da Inglater ASSINATURAS; Digeito Econômico

tremamente amplo e ambicioso.

primeira reunião, apenas 38 dos 46 países

MONETÁRIA - Djacir Menezes. — Roland Corbisier

O Fundo Monetário Internacional tem, desde a sua criação, um programa ex

res executivos do Fundo realizaram sua

a faculdade de membro efetivo, por nac Aceita-se intercâmbio com publi

Os objetivos do Fundo

ra a maior cota — absteve-se. Mas, ou

porários. O resto dos recursos do Fundo devia constituir uma reserva para ocor

rências excepcionais e, sobretudo, um apoio de ordem moral para dar a or ganização internacional o prestigio ne cessário. O próprio Estatuto define,

linguagem bem expressiva, as fi tros países entraram para o Fundo, e numa nalidades do Fundo. Diz a cláusula I, atualmente 47 nações figuram na lista dos membros. Porém, o capital do Fun do ficou abaixo do montante de 8.800 milhões de dó'ares originalmente pre

visto para os membros fundadores. Em 28 de fevereiro último, a soma das cotas atingia apenas 8.034 milhões, a subscrição efetiva 6.853 milhões de dóla res.

textualmente:

"Os objetivos do Fundo Monetário Internacional são:

1) Promover a cooperação monetá ria internacional por meio de uma

instituição permanente, que funciona

como órgão de consulta e de colabo-


■••V'- -.í-

Dicesto Econômico

JO

ração nos problemas monetários in ternacionais.

2) Facilitar a expansão e o desen volvimento equilibrado do comércio internacional, contribuindo, por essa

forma, para propiciar e assegurar o emprego e a renda real, em níveis elevados, e desenvolver as fontes pro dutoras de todos os países membros,

objetivos primordiais da política eco nômica.

3) Promover a estabilidade cam

bial, manter em boa ordem os regu lamentos de câmbio entre os mem

bros e evitar depreciações cambiais com o intuito de concorrência.

4) Auxiliar o estabelecimento de

um sistema multilateral de pagamen tos, em relação às transações corren tes entre os países membros e elimi

nar as restrições cambiais que en travam a expansão do comércio in ternacional.

5) Infundir confiança aos países membros, faciÜtando-lhes a utilização

dos recursos do Fundo, mediante ga

rantias adequadas, dando-lhes assim a oportunidade de corrigir os dese

quilíbrios em seus balanços de pa

tuto tornou-se realidade.

O Fundo fun

ciona de uma maneira muito imperfei ta como órgão do consulta e colaboração. Vária.s reformas monetárias foram inicia das sem colaboração e com métodos con

trários aos princípios do Fundo.

O co

0) De acordo com o que foi aci

minuir a intensidade do desequilí brio nos balanços internacionais de pagamentos dos membros. O Fundo norteará suas decisões

em harmonia com os objetivos exa rados nestacláusula."

Relendo hoje esse programa, ninguém poderia afirmar que o Fundo já teria atingido seus objetivos. Nenhum dos seis pontos formulados no seu Esta-

Econômico

Monetário Internacional devem, preci

samente, mostrar sua eficiência cm perío

depois dc tôdas as grandes guerras, mas ficou longe do ser equilibrado. O insucesso c ainda mais visível no que se refere aos pontos mais técnicos do programa. A estabilidade cambial

não passa de um desejo. Nove países membros - entre êles países como a França, a Itália, a China - ainda não fixaram sua taxa cambial de acordo com as prescrições do Estatuto, e cm muitos outros países apenas parte do comércio exterior se efetua à taxa oficial.

^

Os meios do Fundo

pois as outras moedas são pouco procu

Surge a questão de saber porque o

vam cada vez mais a e.xpansão do * tercâmbio internacional.

qüentemente, recorrer a expedientes dos mais duvidosos.

Tal é, em resumo, a situação que se

apresenta cinco anos depois da criação e três anos depois do início das ativida des do Fundo Monetário Internacional.

Sem dúvida, os resultados até agora ob

tidos não são muito animadores. Podc-so objetar que os problemas monetá rios do após-guerra foram particularmen te complexos e que, talvez, tudo fôsse muito pior ainda se o Fundo não existis

se.

Mas, instituições como o Fundo

o Fundo obteve, me

lhores intenções, tornou-se instrumen

lares em ouro e 5.428 milhões em moe

to tão pouco eticaz. A razão reside, até certo ponto, na insuficiência de suas di.sponibilidades. Essa falta não é in teiramente surpreendente. Já nos tra-

dispõe de 3.487 milhões de dólares era

das nacionais, entro elas 2.062 milhões de dólares norte-americanos. Ao todo, ouro e US dólares.

Em relação a um co

- balhos preparatórios para

mércio

a Conferência de "Brotton

de

lares ao ano — sem contar

sos necessários foi ampla

os pagamentos de serviços — tais disponibilidades pa

Confron

taram-se dois projetos, um

recem extremamente módi

de autoria do economista

cas.

inglês Lord Kcynes, outro americano Harry D. White.

internacional

cerca de 60 bilhões de dó

Woods, a quantia de recur

ou práticas de compensação, quer dizer

mentos, e as restrições cambiais entm"

guinte situação:

diante subscrições, 1.425 milliões de dó

elaborado pelo financista

, '

radas. Desse regulamento resultou a se

Fundo, certamente animado pelas me

mente discutida.

segundo o sistema bilateral dc

Mas, dessa segunda e maior parcela, sòmente a contribuição dos Estados Unidos, paga efetivamente em dólares, tem para as atividades do Fundo um valor palpável,

perança do estabelecer universalmente um sistema mu'tilatcral de pagamentos não se realizou. Grande parte do comér cio internacional faz-se mediante acn

três quartos em moeda nacional.

dos difíceis. Com tempo bom ninguém precisa de guarda-chuva.

mércio internacional expandiu-se como

Enfim, os desequilíbrios nos balanços gamento, sem que precisem recorrer de pagamentos são enormes e permanen a expedientes ruinosos para a pros tes, e o Fundo pouco fôz para reduzi-los" peridade nacional ou internacional. Muitos países membros deviam, conse-^ ma exposto, reduzir a duração e di

Dicesto

Mas, os Estados Uni

dos e alguns outros países têm uma balança de paga

O projeto Keynes queria dotar o Fundo

mentos bem equilibrada. Além disso, os

do segundo as necessidades do comércio

dos normalmente dentro de três meses,

de uma moeda própria, o "bancor", cujo volume poderia ser estendido e contraí

pagamentos do intercâmbio mercantil são liquidados ou deveriam ser liquida

internacional. O projeto White, que foi

de modo que as dispombilidades do Fundo poderiam ser utilizadas várias ve

enfim adotado, instituía praticamente o dólar como meio de pagamento interna

cional. Foi uma solução mais prudente,

menos exposta ao perigo de inflação, mas a prudência conduzia forçosamente à insuficiência.

Como já mencionamos, o capital total

subscrito do Fundo é, atualmente, de

6,8 bilhões de dólares, ou seja, de dois

bilhões menos que o montante originulmenle previsto. Mas, isso só não é deci sivo. Pois, mesmo dos 0,8 bilhões, ape

zes ao ano, para o financiamento do co mércio.

Ora, mesmo os recursos disponíveis são sòmente utilizados em' pequena par

te. Segundo o Estatuto, cada membro tem o direito de adquirir do Fundo moe das de outros membros, dentro de 12

meses, num montante que corresponda a 25% de sua cota, contra pagamento em

moeda nacional.

Um país, por exem

plo, cuja cotii no Fundo seja de 100 mi

nas metade é efetivamente utilizável. Os recursos do Fundo compõem-se de duas

lhões de dólare.s, poderá obter de ju-,

gar um quarto de sua cota era curo e

meira transação com o Fundo, poderá

parcelas: cada pais membro deve pa

lho de 1949 até junho de 1950, 25 mi lhões de dólares e, sendo essa sua pri


■••V'- -.í-

Dicesto Econômico

JO

ração nos problemas monetários in ternacionais.

2) Facilitar a expansão e o desen volvimento equilibrado do comércio internacional, contribuindo, por essa

forma, para propiciar e assegurar o emprego e a renda real, em níveis elevados, e desenvolver as fontes pro dutoras de todos os países membros,

objetivos primordiais da política eco nômica.

3) Promover a estabilidade cam

bial, manter em boa ordem os regu lamentos de câmbio entre os mem

bros e evitar depreciações cambiais com o intuito de concorrência.

4) Auxiliar o estabelecimento de

um sistema multilateral de pagamen tos, em relação às transações corren tes entre os países membros e elimi

nar as restrições cambiais que en travam a expansão do comércio in ternacional.

5) Infundir confiança aos países membros, faciÜtando-lhes a utilização

dos recursos do Fundo, mediante ga

rantias adequadas, dando-lhes assim a oportunidade de corrigir os dese

quilíbrios em seus balanços de pa

tuto tornou-se realidade.

O Fundo fun

ciona de uma maneira muito imperfei ta como órgão do consulta e colaboração. Vária.s reformas monetárias foram inicia das sem colaboração e com métodos con

trários aos princípios do Fundo.

O co

0) De acordo com o que foi aci

minuir a intensidade do desequilí brio nos balanços internacionais de pagamentos dos membros. O Fundo norteará suas decisões

em harmonia com os objetivos exa rados nestacláusula."

Relendo hoje esse programa, ninguém poderia afirmar que o Fundo já teria atingido seus objetivos. Nenhum dos seis pontos formulados no seu Esta-

Econômico

Monetário Internacional devem, preci

samente, mostrar sua eficiência cm perío

depois dc tôdas as grandes guerras, mas ficou longe do ser equilibrado. O insucesso c ainda mais visível no que se refere aos pontos mais técnicos do programa. A estabilidade cambial

não passa de um desejo. Nove países membros - entre êles países como a França, a Itália, a China - ainda não fixaram sua taxa cambial de acordo com as prescrições do Estatuto, e cm muitos outros países apenas parte do comércio exterior se efetua à taxa oficial.

^

Os meios do Fundo

pois as outras moedas são pouco procu

Surge a questão de saber porque o

vam cada vez mais a e.xpansão do * tercâmbio internacional.

qüentemente, recorrer a expedientes dos mais duvidosos.

Tal é, em resumo, a situação que se

apresenta cinco anos depois da criação e três anos depois do início das ativida des do Fundo Monetário Internacional.

Sem dúvida, os resultados até agora ob

tidos não são muito animadores. Podc-so objetar que os problemas monetá rios do após-guerra foram particularmen te complexos e que, talvez, tudo fôsse muito pior ainda se o Fundo não existis

se.

Mas, instituições como o Fundo

o Fundo obteve, me

lhores intenções, tornou-se instrumen

lares em ouro e 5.428 milhões em moe

to tão pouco eticaz. A razão reside, até certo ponto, na insuficiência de suas di.sponibilidades. Essa falta não é in teiramente surpreendente. Já nos tra-

dispõe de 3.487 milhões de dólares era

das nacionais, entro elas 2.062 milhões de dólares norte-americanos. Ao todo, ouro e US dólares.

Em relação a um co

- balhos preparatórios para

mércio

a Conferência de "Brotton

de

lares ao ano — sem contar

sos necessários foi ampla

os pagamentos de serviços — tais disponibilidades pa

Confron

taram-se dois projetos, um

recem extremamente módi

de autoria do economista

cas.

inglês Lord Kcynes, outro americano Harry D. White.

internacional

cerca de 60 bilhões de dó

Woods, a quantia de recur

ou práticas de compensação, quer dizer

mentos, e as restrições cambiais entm"

guinte situação:

diante subscrições, 1.425 milliões de dó

elaborado pelo financista

, '

radas. Desse regulamento resultou a se

Fundo, certamente animado pelas me

mente discutida.

segundo o sistema bilateral dc

Mas, dessa segunda e maior parcela, sòmente a contribuição dos Estados Unidos, paga efetivamente em dólares, tem para as atividades do Fundo um valor palpável,

perança do estabelecer universalmente um sistema mu'tilatcral de pagamentos não se realizou. Grande parte do comér cio internacional faz-se mediante acn

três quartos em moeda nacional.

dos difíceis. Com tempo bom ninguém precisa de guarda-chuva.

mércio internacional expandiu-se como

Enfim, os desequilíbrios nos balanços gamento, sem que precisem recorrer de pagamentos são enormes e permanen a expedientes ruinosos para a pros tes, e o Fundo pouco fôz para reduzi-los" peridade nacional ou internacional. Muitos países membros deviam, conse-^ ma exposto, reduzir a duração e di

Dicesto

Mas, os Estados Uni

dos e alguns outros países têm uma balança de paga

O projeto Keynes queria dotar o Fundo

mentos bem equilibrada. Além disso, os

do segundo as necessidades do comércio

dos normalmente dentro de três meses,

de uma moeda própria, o "bancor", cujo volume poderia ser estendido e contraí

pagamentos do intercâmbio mercantil são liquidados ou deveriam ser liquida

internacional. O projeto White, que foi

de modo que as dispombilidades do Fundo poderiam ser utilizadas várias ve

enfim adotado, instituía praticamente o dólar como meio de pagamento interna

cional. Foi uma solução mais prudente,

menos exposta ao perigo de inflação, mas a prudência conduzia forçosamente à insuficiência.

Como já mencionamos, o capital total

subscrito do Fundo é, atualmente, de

6,8 bilhões de dólares, ou seja, de dois

bilhões menos que o montante originulmenle previsto. Mas, isso só não é deci sivo. Pois, mesmo dos 0,8 bilhões, ape

zes ao ano, para o financiamento do co mércio.

Ora, mesmo os recursos disponíveis são sòmente utilizados em' pequena par

te. Segundo o Estatuto, cada membro tem o direito de adquirir do Fundo moe das de outros membros, dentro de 12

meses, num montante que corresponda a 25% de sua cota, contra pagamento em

moeda nacional.

Um país, por exem

plo, cuja cotii no Fundo seja de 100 mi

nas metade é efetivamente utilizável. Os recursos do Fundo compõem-se de duas

lhões de dólare.s, poderá obter de ju-,

gar um quarto de sua cota era curo e

meira transação com o Fundo, poderá

parcelas: cada pais membro deve pa

lho de 1949 até junho de 1950, 25 mi lhões de dólares e, sendo essa sua pri


mmm 13

Dioesto Econômico 12

Dxcesto Eco^'ó^^co

repetir essa operação todos os anos até junho de 1957, o que perfaz os 200 milhões de dólares. Paga por essa vanta gem úma comissão inicial e uma ligei ra taxa semestral, e fica obrigado a re

vender ao Fundo as divisas estrangeiras, quando não mais precisar delas. De

fato, trata-se, pois, de uma operação de crédito, com condições particularmente favoráveis.

,

Tal é a teoria. Na realidade, país al gum pôde adquirir ao Fundo, até agora, mais dólares do que 25% de sua cota,

embora muitos países já tenham o di reito de receber 50% e mais em dólares, em troca, contra sua moeda. As vendas

totais de dólares, efetuadas pelo Fundo até fins de fevereiro deste ano, soma

atingiu 700 milhões de dólares — xolu-

me bem modesto pura uma instituição que era destinada a ser a Câmara de Compensação do mundo.

Quanto às operações em dólares, observa-so que as vendas do Fundo absor

veram apenas a tèrça parte dos seus recursos.

As suas reservas de ouro fi

caram completamente intactas, ainda que também elas pudessem ser mobili zadas para atender às necessidades cam biais dos países membros. Verifica-se que, por toda parte, o dólar é escasso — com exceção do Fundo Monetário Inter

nacional, que ainda possui imia reserva de 1.367 milhões - reserva completa mente estéril, além dos 1.425 niilhõ'" em

ouro.

ram apenas 682 milhões e distribuiam-se

da maneira seguinte:

Países Inglaterra França índia Holanda

62 5

Bélgica México

33^0 22,5

Dinamarca

10 2

União Sul-Africana .... Chile Tchecoslováquia

10,0 8,8 6,0 5,0 1,3 0,5 . 0,3

Noruega Costa Rica

Nicarágua Etiópia

Além disso, foram trocadas através do

Fundo pequenas importâncias em libras esterlinas, francos belgas, florins holan

deses e coroas norueguesas, de modo que o total das transações cambiais do

Fundo, em três anos de suas atividades,

cionar como verdadeiro motor da eco

nomia mundial, transformou-se logo nu

ma máquina burocrática pesada e pouco eficiente.

As desvantagens de partici

par do Fundo eram visí\'0is: os países membros deviam abandonar boa parte da sua soberania monetária e sujeitar-se

das suas próprias minas a um preço mais elevado e reinunerador para os pro dutores.

Dificultou, por conseguinte, a

produção de ouro, o que ainda contri buiu para agravar a crise cambial. Reflexões dèsse gênero tomavam natu ralmente o Fundo menos atraente. Mas,

cm primeiro lugar, foi o problema da t.ixa inicial que atrasou o início daí transações do Brasil com o Fundo Monetiíriü. O Estatuto do Fundo estipula

que pais a'gum pode adquirir dólares ou outras moedas estrangeiras do Fundo antes de ter fixado e comunicado oficial mente a sua própria ta.xa

a um sistema dc controle

cambial relativa ao dólar.

nem sempre agradável — além da obrigação de imo

Em vista do falo de todo

ajustamento ulterior da ta.xa precisar de autorização do Fundo, essa questão tor nou-se de importância pri

do metal precio.so, no caso

O Brasil pertence aos membros fund

^ ativa na Conferência de Bretton

apenu.s, embora o capital total do Banco fôssc mais elevado que o do Fundo. Porém, no Brasil como em outros paí ses, o entusiasmo para o hundo diminuiu quando sc tornou evidente que a noxa instituição internacional, em vez de fun

ses membros a não comprarem o ouro

sem garantia de restituição

dores, mas tornou-se apenas há pouc^' Milhões de .$ meses cliente do Fundo. ToiTin>i 300,0 125,0 92_5

Banco fôssc de 105 milhões de dü'ares

bilizar imediatamente 25% de suas reservas de ouro,

A posição do Brasil

Compras de dólares ao Fundo

em 150 milhões, enquanto a sua cota no

Pnrtí*

j

e recebeu na distribuição inicial do

^

pitai a subscrever uma cota de 15o ihões de dólares, a mais elevada

todos os países da América Latina Lem bra-se que, naquela época, uma cota alta no Fundo era geralmente considera da não como um ônus — um .quarto da cota c pagável em ouro - e sim como grande vantagem, na expectativa de créditos futuros que dependem do mon

tante da cota. Enquanto nenhum país se mostrava muito interessado em rece

ber uma cota alta no capital do Banco Internacional de Reconstrução e Desen volvimento, que pode dispor de seu ca pital independentemente das cotas ma

nifestou-se verdadeira competição para a obtenção de cotas altas no Fundo. Pa recia, portanto, sucesso notável o fato

de a cota do Brasil no Fundo ser fixada

J,

mordial.

de o país querer retirar-se

Ora, qual seria a taxa,

do Fundo.

011, como diz o Estatuto

Por outro lado, as van

do Fundo, o "valor par"

tagens concretas para os

mais adequado do cmzeiro? Alguns especialistas acreditavam que a alta dos

membros do Fundo torna

vam-se cada vez mais du vidosas. O Fundo regula mentou muito e ajudou

preços e do custo da pro dução no mercado interno

pouco os países em dificul

justificaria uma taxa de 40

dades cambiais. A questão

cruzeiros ou mais por dólar. Outros argumenta

da inflação interna ficou inteiramente fora de sua

vam que as reservas de

competência. A Adminis tração do Fundo mostrou-

se ardentemente antí-inflacionista, mas

nada fêz para liberar o mundo da praga da inflação. Exigia dos seus membros que mantivessem oficialmente sua taxa

ouro e de divisas do Brasil

justificariam uma taxa de 15 ou de 10 cruzeiros.

As discussões sobre essa questão ter-

o mercado-negro internacional. Fixou o

se-iam provàve'mente prolongado ainda mais, se o Govêrno não tomasse uma de cisão a respeito. O Banco Internacio

ao custo da produção mineira e obrigou

irmão gêmeo do Fundo, não concede empréstimos a países que ainda não fi-

de câmbio, mas não conseguia suprimir

preço do ouro num nível muito inferior

os governos e bancos centrais dos paí

nal de Reconstrução e Desenvolvimento,


mmm 13

Dioesto Econômico 12

Dxcesto Eco^'ó^^co

repetir essa operação todos os anos até junho de 1957, o que perfaz os 200 milhões de dólares. Paga por essa vanta gem úma comissão inicial e uma ligei ra taxa semestral, e fica obrigado a re

vender ao Fundo as divisas estrangeiras, quando não mais precisar delas. De

fato, trata-se, pois, de uma operação de crédito, com condições particularmente favoráveis.

,

Tal é a teoria. Na realidade, país al gum pôde adquirir ao Fundo, até agora, mais dólares do que 25% de sua cota,

embora muitos países já tenham o di reito de receber 50% e mais em dólares, em troca, contra sua moeda. As vendas

totais de dólares, efetuadas pelo Fundo até fins de fevereiro deste ano, soma

atingiu 700 milhões de dólares — xolu-

me bem modesto pura uma instituição que era destinada a ser a Câmara de Compensação do mundo.

Quanto às operações em dólares, observa-so que as vendas do Fundo absor

veram apenas a tèrça parte dos seus recursos.

As suas reservas de ouro fi

caram completamente intactas, ainda que também elas pudessem ser mobili zadas para atender às necessidades cam biais dos países membros. Verifica-se que, por toda parte, o dólar é escasso — com exceção do Fundo Monetário Inter

nacional, que ainda possui imia reserva de 1.367 milhões - reserva completa mente estéril, além dos 1.425 niilhõ'" em

ouro.

ram apenas 682 milhões e distribuiam-se

da maneira seguinte:

Países Inglaterra França índia Holanda

62 5

Bélgica México

33^0 22,5

Dinamarca

10 2

União Sul-Africana .... Chile Tchecoslováquia

10,0 8,8 6,0 5,0 1,3 0,5 . 0,3

Noruega Costa Rica

Nicarágua Etiópia

Além disso, foram trocadas através do

Fundo pequenas importâncias em libras esterlinas, francos belgas, florins holan

deses e coroas norueguesas, de modo que o total das transações cambiais do

Fundo, em três anos de suas atividades,

cionar como verdadeiro motor da eco

nomia mundial, transformou-se logo nu

ma máquina burocrática pesada e pouco eficiente.

As desvantagens de partici

par do Fundo eram visí\'0is: os países membros deviam abandonar boa parte da sua soberania monetária e sujeitar-se

das suas próprias minas a um preço mais elevado e reinunerador para os pro dutores.

Dificultou, por conseguinte, a

produção de ouro, o que ainda contri buiu para agravar a crise cambial. Reflexões dèsse gênero tomavam natu ralmente o Fundo menos atraente. Mas,

cm primeiro lugar, foi o problema da t.ixa inicial que atrasou o início daí transações do Brasil com o Fundo Monetiíriü. O Estatuto do Fundo estipula

que pais a'gum pode adquirir dólares ou outras moedas estrangeiras do Fundo antes de ter fixado e comunicado oficial mente a sua própria ta.xa

a um sistema dc controle

cambial relativa ao dólar.

nem sempre agradável — além da obrigação de imo

Em vista do falo de todo

ajustamento ulterior da ta.xa precisar de autorização do Fundo, essa questão tor nou-se de importância pri

do metal precio.so, no caso

O Brasil pertence aos membros fund

^ ativa na Conferência de Bretton

apenu.s, embora o capital total do Banco fôssc mais elevado que o do Fundo. Porém, no Brasil como em outros paí ses, o entusiasmo para o hundo diminuiu quando sc tornou evidente que a noxa instituição internacional, em vez de fun

ses membros a não comprarem o ouro

sem garantia de restituição

dores, mas tornou-se apenas há pouc^' Milhões de .$ meses cliente do Fundo. ToiTin>i 300,0 125,0 92_5

Banco fôssc de 105 milhões de dü'ares

bilizar imediatamente 25% de suas reservas de ouro,

A posição do Brasil

Compras de dólares ao Fundo

em 150 milhões, enquanto a sua cota no

Pnrtí*

j

e recebeu na distribuição inicial do

^

pitai a subscrever uma cota de 15o ihões de dólares, a mais elevada

todos os países da América Latina Lem bra-se que, naquela época, uma cota alta no Fundo era geralmente considera da não como um ônus — um .quarto da cota c pagável em ouro - e sim como grande vantagem, na expectativa de créditos futuros que dependem do mon

tante da cota. Enquanto nenhum país se mostrava muito interessado em rece

ber uma cota alta no capital do Banco Internacional de Reconstrução e Desen volvimento, que pode dispor de seu ca pital independentemente das cotas ma

nifestou-se verdadeira competição para a obtenção de cotas altas no Fundo. Pa recia, portanto, sucesso notável o fato

de a cota do Brasil no Fundo ser fixada

J,

mordial.

de o país querer retirar-se

Ora, qual seria a taxa,

do Fundo.

011, como diz o Estatuto

Por outro lado, as van

do Fundo, o "valor par"

tagens concretas para os

mais adequado do cmzeiro? Alguns especialistas acreditavam que a alta dos

membros do Fundo torna

vam-se cada vez mais du vidosas. O Fundo regula mentou muito e ajudou

preços e do custo da pro dução no mercado interno

pouco os países em dificul

justificaria uma taxa de 40

dades cambiais. A questão

cruzeiros ou mais por dólar. Outros argumenta

da inflação interna ficou inteiramente fora de sua

vam que as reservas de

competência. A Adminis tração do Fundo mostrou-

se ardentemente antí-inflacionista, mas

nada fêz para liberar o mundo da praga da inflação. Exigia dos seus membros que mantivessem oficialmente sua taxa

ouro e de divisas do Brasil

justificariam uma taxa de 15 ou de 10 cruzeiros.

As discussões sobre essa questão ter-

o mercado-negro internacional. Fixou o

se-iam provàve'mente prolongado ainda mais, se o Govêrno não tomasse uma de cisão a respeito. O Banco Internacio

ao custo da produção mineira e obrigou

irmão gêmeo do Fundo, não concede empréstimos a países que ainda não fi-

de câmbio, mas não conseguia suprimir

preço do ouro num nível muito inferior

os governos e bancos centrais dos paí

nal de Reconstrução e Desenvolvimento,


I

14

DiciiSTo Econômico

xaranj oficialmente sua taxa de câmbio.

dições preliminares, o Brasil podia tam

Essa condição constituía um obstáculo ao

bém adquirir divisas do Fundo.

empréstimo do Banco Internacional des

abril último reídizou-se a primeira tran

tinado ao grupo da "Light" e garantido

sação: o Fundo vendeu ao Brasil 15 mi

pelo Governo brasileiro. As dificiddades

lhões dc dólare.s, contra pagamento em

foram eliminadas pela declaração do valor par do cruzeiro, em 14 de julho de 1948. A taxa em vigor foi transfor

cruzeiros. Ês.sc monlanlc corresponde apenas a 10% da cota do Brasil, enquan to vários outros membros do Fundo —

mada em taxa oficia! — processo adotado

a Inglaterra, a França, a Holanda, o

por quase todos os países membros do

México, a Nicarágua e Costa Rica —' já

Fundo.

receberam dólares numa proporção de 20-25% de suas cotas respccliva.s. Ngo

Logo depois o Governo do Brasil pa gou a parte de sua cota realizável em ouro. Foi uma despesa considerável.

há razões para recusar ao Brasil a venda de dólares na mesma proporção quc ao's

Sôbre a cota de 150 milhões de dólare."?, 25%, ou sejam, 37,5 milhões de

outros países. De acordo com o Esta

dó'ares, deviam ser pagos em ouro. Re duziu-se, assim, a reserva de ouro do

Tesouro Nacional de 33.325 kg. de ouro ifino, num valor de 694 milhões de cru

zeiros. O pagamento dos restantes 75%, pagáveis em moeda nacional, demorou

mais.

Foi efetuado apenas em março

de 1949.

O balancete do Banco do

Brasil, em 31 de março último, acusou uma nova conta de 2.081 mi']iões de

O sistema tributário do Brasil

Ern

Paui. Hücon

(Professor da Universidade de São Paulo o dus Faculdades de Direito da França)

para as duas grandes guerras II — O problema da produtividade fiscal. preparação do sécu'o XX, sua condução e suas con "O impôsto é uma contribuição Estado. Assim compreendido, re

pousa em dois princípios funda

tuto, o Brasil tem o direito de adquirir" até março dc 1950, mais 22,5 milhões de dólares, sem ultrapassar o limita de 25%, da cota, dentro de doze meses

Fundo Monetário Internacional".

Tendo, assim, cumprido todas as con

a 380 bilhões, em 1946.

tiça."

de libras e.çtcriinas, antes de 1914, a 3,2 bilhões em 1945.

estudo o problema da distribuição dos impostos entre a União, os Estados e os Municípios, no sistema tributário

consecutivos.

Dependerá da política do Fundo que operações nessa dimensão sejam possí veis. O Fundo restringe cada vez m-ii"

brasi'eiro.

Estudaremos agora esses impostos em

função dos dois princípios básicos em todo sistema tributário: a produtividade,

suas transações em dó'ares: em Iqat vendeu 468 milhões, em 1948 apen 197 milhões, e, no ano corrente, as ve'

e a justiça.

O sistema de impostos do Bra^l axaminado sob o ângulo da. produtividade

tanto, a escassez de dólares acentua-.

no mundo inteiro. Constitui esse urn dos numerosos problemas aiiida não re solvidos pelo Fundo Monetário Interna

Nesse domínio, um primeiro fato se impõe: o aumento consi

cional.

em 1920, a 10 billiões em 1940, e a 82 bilhões e meio, em 1946.

No Brasil, as despesas públicas tam bém aumentam.

As receitas da União se elevavam a 654 milhões de cruzeiros, em 1913; che

gam a 3 bilhões e 800 milhões de cru zeiros em 1939; quase atingem 14 bi lhões em 1947 e ultrapassam 19 bilhões no orçamento de 1949.

A? receitas dos Estados atingiam a 2 bilhões o 135 milhões d© cruzeiros em 1937; 2 bi lhões e 353 em 1940; 8

nibiécea muito maior ao que nos demais meses durante os três referidos trimcifro^ Assim, março dêste ano registrou 414.115 sacas ou 35,8% mais que o idêntico ml',

sas públicas é um fato geral. Verifica-se

^

As receitas dos Municí

pios eram respectivamente, nas mesmas datas, de 673 milhões, 600 milhões e 1

to dos encargos tributários. Êsse aumento de despe

no Brasil como em todos os países.

^ o mes

A contribuirão do porto de Santos para o total do café brasileiro embarcado importou em 2.557.706 sacas neste ano, e em 2.464.111 sacas em 1948 isto ^ 6ir3% e 65,3% respectivamente.

bilhões e meio em 1946. ^

orçamento, verifica-se, con

seqüentemente, um aumen

.

Nos Estados Unidos, passa de 487 milhões de dólares, em 1900, a 6 bilhões

derável e rápido das des

sacas (10,5%) mais que em. igual período de 1948 e 432.697 -wca.y (li e%? 3 1947, segundo numeras básicos fornecidos pela Carteira Agrícola do Ba,J^ a Estado. E' de notar que março último foi o mês em que se embarcou volunie

..

Na Inglaterra, passa de 230 milhões

pesas públicas. Sendo o impôsto a fonte normal, principal e permanente do

A exportação total hraHleira de café, incluindo cabotagem e consumo a atingiu, no primeiro trimestre do ano em curso, 4.169.090 sacas, o« sejam 304^^'

de 1948.

Na França, o orçamento geral passa

de 5 bilhões de francos-ouro, em 1913,

mentais: a produtividade e a jus

Examinamos na primeira parte deste

cruzeiros — igual, à taxa de Cr$ 18,.50 • das fazem-se ainda mais raras,

por dólar, a 112,5 milhões de dólares, designada como "Contribuição para o

seqüências.

Precisamos com alguns números a imobrigatória e de interesse geral, pDiUincia desse fenômeno fundamental. destinada a cobrir as despesas do

causas residem na progressiva ampliação das funções do Estado na ordem eco-

bilhão e 500 milhões de cruzeiros.

Uma observação se impõe: Trata-se de receitas tioniínals; as re

ceitas reais devem ser consideradas em

n^micT^rsocial e, principalmente, na função da diminuição do poder aquisi-

4


I

14

DiciiSTo Econômico

xaranj oficialmente sua taxa de câmbio.

dições preliminares, o Brasil podia tam

Essa condição constituía um obstáculo ao

bém adquirir divisas do Fundo.

empréstimo do Banco Internacional des

abril último reídizou-se a primeira tran

tinado ao grupo da "Light" e garantido

sação: o Fundo vendeu ao Brasil 15 mi

pelo Governo brasileiro. As dificiddades

lhões dc dólare.s, contra pagamento em

foram eliminadas pela declaração do valor par do cruzeiro, em 14 de julho de 1948. A taxa em vigor foi transfor

cruzeiros. Ês.sc monlanlc corresponde apenas a 10% da cota do Brasil, enquan to vários outros membros do Fundo —

mada em taxa oficia! — processo adotado

a Inglaterra, a França, a Holanda, o

por quase todos os países membros do

México, a Nicarágua e Costa Rica —' já

Fundo.

receberam dólares numa proporção de 20-25% de suas cotas respccliva.s. Ngo

Logo depois o Governo do Brasil pa gou a parte de sua cota realizável em ouro. Foi uma despesa considerável.

há razões para recusar ao Brasil a venda de dólares na mesma proporção quc ao's

Sôbre a cota de 150 milhões de dólare."?, 25%, ou sejam, 37,5 milhões de

outros países. De acordo com o Esta

dó'ares, deviam ser pagos em ouro. Re duziu-se, assim, a reserva de ouro do

Tesouro Nacional de 33.325 kg. de ouro ifino, num valor de 694 milhões de cru

zeiros. O pagamento dos restantes 75%, pagáveis em moeda nacional, demorou

mais.

Foi efetuado apenas em março

de 1949.

O balancete do Banco do

Brasil, em 31 de março último, acusou uma nova conta de 2.081 mi']iões de

O sistema tributário do Brasil

Ern

Paui. Hücon

(Professor da Universidade de São Paulo o dus Faculdades de Direito da França)

para as duas grandes guerras II — O problema da produtividade fiscal. preparação do sécu'o XX, sua condução e suas con "O impôsto é uma contribuição Estado. Assim compreendido, re

pousa em dois princípios funda

tuto, o Brasil tem o direito de adquirir" até março dc 1950, mais 22,5 milhões de dólares, sem ultrapassar o limita de 25%, da cota, dentro de doze meses

Fundo Monetário Internacional".

Tendo, assim, cumprido todas as con

a 380 bilhões, em 1946.

tiça."

de libras e.çtcriinas, antes de 1914, a 3,2 bilhões em 1945.

estudo o problema da distribuição dos impostos entre a União, os Estados e os Municípios, no sistema tributário

consecutivos.

Dependerá da política do Fundo que operações nessa dimensão sejam possí veis. O Fundo restringe cada vez m-ii"

brasi'eiro.

Estudaremos agora esses impostos em

função dos dois princípios básicos em todo sistema tributário: a produtividade,

suas transações em dó'ares: em Iqat vendeu 468 milhões, em 1948 apen 197 milhões, e, no ano corrente, as ve'

e a justiça.

O sistema de impostos do Bra^l axaminado sob o ângulo da. produtividade

tanto, a escassez de dólares acentua-.

no mundo inteiro. Constitui esse urn dos numerosos problemas aiiida não re solvidos pelo Fundo Monetário Interna

Nesse domínio, um primeiro fato se impõe: o aumento consi

cional.

em 1920, a 10 billiões em 1940, e a 82 bilhões e meio, em 1946.

No Brasil, as despesas públicas tam bém aumentam.

As receitas da União se elevavam a 654 milhões de cruzeiros, em 1913; che

gam a 3 bilhões e 800 milhões de cru zeiros em 1939; quase atingem 14 bi lhões em 1947 e ultrapassam 19 bilhões no orçamento de 1949.

A? receitas dos Estados atingiam a 2 bilhões o 135 milhões d© cruzeiros em 1937; 2 bi lhões e 353 em 1940; 8

nibiécea muito maior ao que nos demais meses durante os três referidos trimcifro^ Assim, março dêste ano registrou 414.115 sacas ou 35,8% mais que o idêntico ml',

sas públicas é um fato geral. Verifica-se

^

As receitas dos Municí

pios eram respectivamente, nas mesmas datas, de 673 milhões, 600 milhões e 1

to dos encargos tributários. Êsse aumento de despe

no Brasil como em todos os países.

^ o mes

A contribuirão do porto de Santos para o total do café brasileiro embarcado importou em 2.557.706 sacas neste ano, e em 2.464.111 sacas em 1948 isto ^ 6ir3% e 65,3% respectivamente.

bilhões e meio em 1946. ^

orçamento, verifica-se, con

seqüentemente, um aumen

.

Nos Estados Unidos, passa de 487 milhões de dólares, em 1900, a 6 bilhões

derável e rápido das des

sacas (10,5%) mais que em. igual período de 1948 e 432.697 -wca.y (li e%? 3 1947, segundo numeras básicos fornecidos pela Carteira Agrícola do Ba,J^ a Estado. E' de notar que março último foi o mês em que se embarcou volunie

..

Na Inglaterra, passa de 230 milhões

pesas públicas. Sendo o impôsto a fonte normal, principal e permanente do

A exportação total hraHleira de café, incluindo cabotagem e consumo a atingiu, no primeiro trimestre do ano em curso, 4.169.090 sacas, o« sejam 304^^'

de 1948.

Na França, o orçamento geral passa

de 5 bilhões de francos-ouro, em 1913,

mentais: a produtividade e a jus

Examinamos na primeira parte deste

cruzeiros — igual, à taxa de Cr$ 18,.50 • das fazem-se ainda mais raras,

por dólar, a 112,5 milhões de dólares, designada como "Contribuição para o

seqüências.

Precisamos com alguns números a imobrigatória e de interesse geral, pDiUincia desse fenômeno fundamental. destinada a cobrir as despesas do

causas residem na progressiva ampliação das funções do Estado na ordem eco-

bilhão e 500 milhões de cruzeiros.

Uma observação se impõe: Trata-se de receitas tioniínals; as re

ceitas reais devem ser consideradas em

n^micT^rsocial e, principalmente, na função da diminuição do poder aquisi-

4


16

Dicesto Eco^-ó^^co

tivo da moeda. A avaliação exata dessa redução é impossíve', cm \drtude da

impostos, só possuem um valor nominal,

ausência de índices de probos, de ata

que convém corrigir, 'csando cm conta a

cado e de varejOj seguros e váIido.s para todo o País. - Pode-se, pois, fazer so mente o estudo da evolução rdaíiva.

Uma aproximação aceitá\el nos parece consisHr na apreciação de uma queda

do poder aquisitivo do cruzeiro, nos úl timos 10 anos, de 350 a 400%.

Nestas condições, pode-se dizer que o aumento das despesas públicas, ao in vés de 480, foi de 100?.

Admitindo-se que as despesas públi cas do Brasil tenham realmente dobrado em 10 anos, verifica-se tratar-se de um aunicnto importante — sem dú\ida al

guma — mas de nenhum modo compa rava] ao de alguns outros países e de

■modo algum em desproporção com a desenvolvimento das riouezas- nacionais e o progresso econômico do Brasil, (i) Notemos que os impostos da União em 1913, se elevaram a 372 milhões de cruzeiros; em 1939, a 2 bilhões o melo-

em 1947, a 11 bilhões e meio.

Os im

postos dos Estados, de 1937 a 1940 passaram de 1 bilhão e 151 milhões a

6 bilhões aproximadamente; os impos tos municipais forneciam um total dc

509 milhões, em 1937, para atingirem, em 1946, 957 milhões de cruzeiros. (1) — o rápido aumento das despesas públicas é uma realidade que a simples

Digesto

Êstes dados, relativos ao aumento dos

Econômico

dação Vargas, no Rio, um certo número de especialistas ensaia uma avaliação

É interessante observar o e.xemplo do comportamento do imposto de importa

baixa do poder aquisitivo do cruzeiro

precisa da renda nacional. Somente de posse dêsse resultado será possível tirar

ção durante a guerra e depois dela; êsse

anteriormente indicada.

conclusões relativamente à importância

Seria altamente Interessante poder deüuzlr desses dados um certo número de indicaç-ões para sabor se realmente au mentaram os encargos fiscais em relação à renda nacional e à ronda individiud.

c às variações dos encargos fiscais na

É fácil para os países que dí.spõein de estatísticas da renda nacional e da renda

destituídas de valor, mas a maioria di

rias, do ponto de vista quantitativo, di ferindo grandemente da evolução das

cionais.

Atua'mente só é possível apresentar

aproximaç-ões. Algumas das que têm sido apresentadas até agora não são

"per capita" tomar conhecimento do au mento do peso dos encargos fiscais. Assim, ó possível indicar que;

Feitas estas reservas, ó certo que as

A experiência desses períodos nos mostra, pois, que estas tarifas aduanei

modo

aumentaram

os

encargos

tributários.

O problema da produtividade do im posto conserva, pois, mais do que nunca, tôda sua importância. — Para a União, o imposto de impor tação^ depois de ter sido o imposto mais produtivo do Império e da República,

- para a Inglaterra, essa porcentairem

passou de 11%, em 1913, para 37 cm 1946;

— para os E.s(ados Unidos, essa n

perdeu sua preponderância em benefí cio do imposto de consumo, a partir de 1940. Em 1942, passa o mesmo à ter ceira categoria dos impostos federais; o impòsto de renda toma o segundo lugar. Em 1946 não representa mais do que

centagem, que em 1913 .só era de «Í' atinge 29,5? em 1946.

Para o Brasil, semelhante cálculo n~ pode pretender nenhum rigor científi

mas somente unia indicação bem anm--'

mativa. (2) Sob o patrocínio da Fu^"

sensíveis às variações dos preços. ras, fi.xas como são, lião desempenham

bem seu papel fiscal e, pior ainda, não oferecem a proteção de que tanto carece a economia nacional neste delicado pe ríodo de evolução que atravessa. O Governo brasileiro lançou mão jus

tamente do argumento de apresentarem os seus direitos alfandegários êsse cará ter fi.xo para obter, na Conferência Mun dial do Comércio e Emprego, o rea-

justamento de suas tarifas, tomando por base a elevação de 40%.

O impôsto de consumo reagiu de maneira diferente: a guerra de 1939 não

relação ao conjunto dos impostos do País, o imposto de importação se situa em quarto lugar (8,4%), precedido pelo

afetou sua produtividade. Ao contrário, a partir de 1940 êle se toma o primeiro imposto do sistema tributário brasileiro. O quantum de sua arrecadação au menta rápida e consideràvelmente, de

e consignações (21?) e pelo de renda

14,5? do total dos impostos federais. Em

rido aumento. Evidentemente, êssos dos reduzem sêriamente a importâno^"

nais constituídas, na sua maioria, por

tarifas fixas e não "ad valorem", o que faz com que não sejam diretamente

mesmo

em 1946 era superior a 37?;

importações em valor. O que, aliás, é muito compreensível, por serem as tarifas aduaneiras nacio

fere entre si grandemente. Convém, pois, ser muito prudente nesse domínio.

despesas públicas tendo aumentado, do

— para a França, a porcentagem da renda nacional absorvida pelo iinné,s/ era, em 1913, de 12? apenas, «-'nquanto

imposto acompanha de muito perto a evolução das importações de mercado

do aumento nominal das despesas nOK»*®

de consumo (24,5?),

fluenciar pela espetacular aparência no

te. num discurso pronunciado perant

(18,6%).

vido, de um lado, à alta de preços, e, de outro, à sua "maleabilidade".

minal.

Paulo, o Dr. Brasílio Machado Neto oh mava a atençao, com justiça, para o f to de que a despesa pública "per carv" ta" dêste Estado, convertida em ou^ ~

(2)

E' com êsse espírito do "relativo" que o Dr. José Luiz de .Mmeida No-

observação cotidiana confirma. Contudo, é necessário não nos deixemos tão só in E' preciso reduzi-lo ás suas jus

tas propmções. levando-se em conta cer tos fatôres que o alteram, hipertrofian-

cas.

E" nesse sentido que. recentem

Assembléia Legislativa do Estado de

do-o, como por exemplo a diminuição do poder aquisitivo da moeda, o aumen to da população, o acréscimo da renda

•aumentou entre 1927 e 1046 de anenaó

nacional. E" pela correção do valor no minal do aumento das despesas públi

zeiros "papel" a receita

cas, com o auxílio dôsses dados, que se pode obter uma apreciação real do refe-

21% (de Crç 15,79 a CrS 19.07). Em c?u

eueira Porto apresenta, em estudo interessante publicado no "Digesto Econômico da Associação Comercial de São Paulo (março de 1949), os dados seguintes: RENDA

do Estado

elevou de 400 milhões de cruzeiros (19281 a mais de 3 bilhões de cruzeiros (1946) ou seja de 750%.

V

d® vendas

per cap.

1926 1938 1946

16.000.000

25.500.000 92.000.000

DESPESA

NACIONAL 457,30 637,50 2.000.00

1.500.000

Ind. 100

4.750.000 14.200.000

316 947

ind .

P tJ B L I C A ' per cap.

ind.

43,00 118,00

100 215

310,00

721


16

Dicesto Eco^-ó^^co

tivo da moeda. A avaliação exata dessa redução é impossíve', cm \drtude da

impostos, só possuem um valor nominal,

ausência de índices de probos, de ata

que convém corrigir, 'csando cm conta a

cado e de varejOj seguros e váIido.s para todo o País. - Pode-se, pois, fazer so mente o estudo da evolução rdaíiva.

Uma aproximação aceitá\el nos parece consisHr na apreciação de uma queda

do poder aquisitivo do cruzeiro, nos úl timos 10 anos, de 350 a 400%.

Nestas condições, pode-se dizer que o aumento das despesas públicas, ao in vés de 480, foi de 100?.

Admitindo-se que as despesas públi cas do Brasil tenham realmente dobrado em 10 anos, verifica-se tratar-se de um aunicnto importante — sem dú\ida al

guma — mas de nenhum modo compa rava] ao de alguns outros países e de

■modo algum em desproporção com a desenvolvimento das riouezas- nacionais e o progresso econômico do Brasil, (i) Notemos que os impostos da União em 1913, se elevaram a 372 milhões de cruzeiros; em 1939, a 2 bilhões o melo-

em 1947, a 11 bilhões e meio.

Os im

postos dos Estados, de 1937 a 1940 passaram de 1 bilhão e 151 milhões a

6 bilhões aproximadamente; os impos tos municipais forneciam um total dc

509 milhões, em 1937, para atingirem, em 1946, 957 milhões de cruzeiros. (1) — o rápido aumento das despesas públicas é uma realidade que a simples

Digesto

Êstes dados, relativos ao aumento dos

Econômico

dação Vargas, no Rio, um certo número de especialistas ensaia uma avaliação

É interessante observar o e.xemplo do comportamento do imposto de importa

baixa do poder aquisitivo do cruzeiro

precisa da renda nacional. Somente de posse dêsse resultado será possível tirar

ção durante a guerra e depois dela; êsse

anteriormente indicada.

conclusões relativamente à importância

Seria altamente Interessante poder deüuzlr desses dados um certo número de indicaç-ões para sabor se realmente au mentaram os encargos fiscais em relação à renda nacional e à ronda individiud.

c às variações dos encargos fiscais na

É fácil para os países que dí.spõein de estatísticas da renda nacional e da renda

destituídas de valor, mas a maioria di

rias, do ponto de vista quantitativo, di ferindo grandemente da evolução das

cionais.

Atua'mente só é possível apresentar

aproximaç-ões. Algumas das que têm sido apresentadas até agora não são

"per capita" tomar conhecimento do au mento do peso dos encargos fiscais. Assim, ó possível indicar que;

Feitas estas reservas, ó certo que as

A experiência desses períodos nos mostra, pois, que estas tarifas aduanei

modo

aumentaram

os

encargos

tributários.

O problema da produtividade do im posto conserva, pois, mais do que nunca, tôda sua importância. — Para a União, o imposto de impor tação^ depois de ter sido o imposto mais produtivo do Império e da República,

- para a Inglaterra, essa porcentairem

passou de 11%, em 1913, para 37 cm 1946;

— para os E.s(ados Unidos, essa n

perdeu sua preponderância em benefí cio do imposto de consumo, a partir de 1940. Em 1942, passa o mesmo à ter ceira categoria dos impostos federais; o impòsto de renda toma o segundo lugar. Em 1946 não representa mais do que

centagem, que em 1913 .só era de «Í' atinge 29,5? em 1946.

Para o Brasil, semelhante cálculo n~ pode pretender nenhum rigor científi

mas somente unia indicação bem anm--'

mativa. (2) Sob o patrocínio da Fu^"

sensíveis às variações dos preços. ras, fi.xas como são, lião desempenham

bem seu papel fiscal e, pior ainda, não oferecem a proteção de que tanto carece a economia nacional neste delicado pe ríodo de evolução que atravessa. O Governo brasileiro lançou mão jus

tamente do argumento de apresentarem os seus direitos alfandegários êsse cará ter fi.xo para obter, na Conferência Mun dial do Comércio e Emprego, o rea-

justamento de suas tarifas, tomando por base a elevação de 40%.

O impôsto de consumo reagiu de maneira diferente: a guerra de 1939 não

relação ao conjunto dos impostos do País, o imposto de importação se situa em quarto lugar (8,4%), precedido pelo

afetou sua produtividade. Ao contrário, a partir de 1940 êle se toma o primeiro imposto do sistema tributário brasileiro. O quantum de sua arrecadação au menta rápida e consideràvelmente, de

e consignações (21?) e pelo de renda

14,5? do total dos impostos federais. Em

rido aumento. Evidentemente, êssos dos reduzem sêriamente a importâno^"

nais constituídas, na sua maioria, por

tarifas fixas e não "ad valorem", o que faz com que não sejam diretamente

mesmo

em 1946 era superior a 37?;

importações em valor. O que, aliás, é muito compreensível, por serem as tarifas aduaneiras nacio

fere entre si grandemente. Convém, pois, ser muito prudente nesse domínio.

despesas públicas tendo aumentado, do

— para a França, a porcentagem da renda nacional absorvida pelo iinné,s/ era, em 1913, de 12? apenas, «-'nquanto

imposto acompanha de muito perto a evolução das importações de mercado

do aumento nominal das despesas nOK»*®

de consumo (24,5?),

fluenciar pela espetacular aparência no

te. num discurso pronunciado perant

(18,6%).

vido, de um lado, à alta de preços, e, de outro, à sua "maleabilidade".

minal.

Paulo, o Dr. Brasílio Machado Neto oh mava a atençao, com justiça, para o f to de que a despesa pública "per carv" ta" dêste Estado, convertida em ou^ ~

(2)

E' com êsse espírito do "relativo" que o Dr. José Luiz de .Mmeida No-

observação cotidiana confirma. Contudo, é necessário não nos deixemos tão só in E' preciso reduzi-lo ás suas jus

tas propmções. levando-se em conta cer tos fatôres que o alteram, hipertrofian-

cas.

E" nesse sentido que. recentem

Assembléia Legislativa do Estado de

do-o, como por exemplo a diminuição do poder aquisitivo da moeda, o aumen to da população, o acréscimo da renda

•aumentou entre 1927 e 1046 de anenaó

nacional. E" pela correção do valor no minal do aumento das despesas públi

zeiros "papel" a receita

cas, com o auxílio dôsses dados, que se pode obter uma apreciação real do refe-

21% (de Crç 15,79 a CrS 19.07). Em c?u

eueira Porto apresenta, em estudo interessante publicado no "Digesto Econômico da Associação Comercial de São Paulo (março de 1949), os dados seguintes: RENDA

do Estado

elevou de 400 milhões de cruzeiros (19281 a mais de 3 bilhões de cruzeiros (1946) ou seja de 750%.

V

d® vendas

per cap.

1926 1938 1946

16.000.000

25.500.000 92.000.000

DESPESA

NACIONAL 457,30 637,50 2.000.00

1.500.000

Ind. 100

4.750.000 14.200.000

316 947

ind .

P tJ B L I C A ' per cap.

ind.

43,00 118,00

100 215

310,00

721


..F -i'!*

Dicesto Econômico

18

19

Dic.esto Econômico

Na atividade econômica interna, maior

propósito da localização da arrecadação

impostos dos Estados; cm 1946, 57,7%. De uma a outra dessas datas, passou de

jogos e diversões, que não chegaram se

70% foram obtidos no E.stado de São

726 milhões a mais de 3 bilhões de cru

posto, o que permite desenvolver a sua

Paulo (44,9%) c no Distrito

zeiros.

produtividade (1 bilhão de cruzeiros em

(25,4%).

nominal, durante êsse período. Essa fraca produtividade, apesar dos esforços feitos pela Constituição de 1946

que nunca durante estes últimos anos,

atinge ôle, cada vez mais, graças à sua

maleabilidade, a matéria sujeita a im

desse imposto: Dessa arrecadação, mai.s ou

menos Federal

Seguem-se-lhe o impôsto de transmis

quer a dobrar seu rendimento em valor

Evidentemente, isso não significa que

são inter^ivos (8,2% da arrecadação

cm favor dos municípios, não permite

total dos E.stados em 1940; 13,8% em

esperar no futuro aumentos substanciais

Sua faculdade de adaptação toma-o um imposto precioso, sobretudo nas épo cas em que se faz necessário um grande

tenham sido os contribuintes paulistas e cariocas os únicos a fornecer os 70%-

do receita.

esforço fiscal. O aumento da produtivi dade do imposto de consumo foi parti cularmente forte a partir de 1945; é devido. Igualmente, em grande parte, a modificações de sua regulamentação

prime, com exatidão, a seguinte reali

1946); o de indústrias e profissões (9,6% em 1940; 5,4% em 1946); o territorial (5,5% 6 4,1%); o de exportação (7,8%

dade:

3,2%); o de transmissão causa-moHis

(2,6% e 3%); o do sêlo (4,3% e 1,7%)

no total das receitas tributárias do País: 12% em 1947; 9% em 1940; 5,8% em

etc.

1946.

1939; 4 bilhões e meio em 1947).

da arrecadação desse impó.sto. Isso ex 1.°) — que a concentração industrial e comercial do País se encontra, de fato

no Estado de São Pau^o e no Distrito

Enquanto a porcentagem dos impostos

(Decreto-lei 7.404 de 22 de março de 1945). Êste decreto-lei, de um lado,

Federai;

elevou as taxas do imposto e, de outro,

imposto de consumo pagam, no Estado

transformou a maioria de suas taxas, que eram fixas, em taxas ad-valorem, o que permitiu que o rendimento proveniente

de São Paulo e no Distrito Federal, 70%

porcentagem dos impostos estaduais pas

do total desse imposto;

sou de 33% a 36,6%.

desse imposto pudesse acompanhar a alta continua dos preços. Enfim, esse decreto-lei estendeu êsse imposto a um número muito maior de produtos. O imposto incide em 29 classes de pro dutos, dos quais os mais importantes, em 1946, eram os seguintes:

fumo, 23^; tecidos, 18,2%; bebidas,

17%; aparelhos e máquinas, 7,5%; produ tos alimentícios industrializados, 6,3%; calçados, 4%.

Um estudo detalhado dos produtos

atingidos por êste imposto mostraria que

se, do ponto de vLsta da eqüidade fiscal, sérias criticas lhe pudessem ser dirigi das — às quais responderemos mais adiante — do ponto de vista de sua produtividade dá, ao contrario, excelen tes resultados.

3.^) — que os contribuinte.s reais do

Em 1946, forneceu sòzínho 40,5% da 25% da receita tributária total do País. Uma última ob;:ervação se impõe a ,1... ,

— Já examinamos, na primeira parte

lo país, onde quer que sejam consumidos os produtos do Estado de São Paulo e

nicipais. Considerados .sob o ângulo da

do Distrito Federal.

Têm uma produtividade limitada, quer

mais extraordinário do sistema brasilei ro é aquele que incide sobre a renda

Êste impôsto, que tem realmente pouco mais de vinte anos de existência progre-

diu com uma rapidez surpreendente

Em 1939, produziu 300 milhões de cruzeiros; em 1947, 4 bilhões de cruzei ros. Mesmo levando cm conta a dimi nuição do poder aquisitivo da moeda o acréscimo de produtividade desse im pôsto continua impressionante.

Atualmente é, pela importância de sua arrecadação, o segundo impôsto fe deral e o terceiro dos impostos brasi

— À frente dos impostos de que dis põem os Estados, vem o impôsto de vendas e consignações. Em 1940, repre sentava 42% da arrecadação de todos os

* sis *

vel entre 1940 e 1946 (58% e 57.5%), a

dêste estudo, o caso dos impostos mu

— Quanto à produtividade, o impôsto

Em 1947 e 1948 verifica-se um fraco

aumento: 6,5% e 7,6%.

do País permaneceu relativamente está

impòsto SC encontram disseminados pe

leiros.

receita dos impostos federais e perto de

.u-

2.") — que os contribuinte.s legais do

federais sobre a totalidade dos impostos

Notemos, mais uma vez, que essas

receitas tributárias municipais diminuem

produtividade, não são bons impostos. em função da matéria sôbre que se

aplicam, quer em razão de sua organi zação técnica, que os torna pouco aptos a se adaptarem às variações dos preços.

Levando-se

em

consideração

essas

observações de ordem geral sôbre a

produtividade do sistema brasileiro de impostos, pode-se pedir mais à tributa ção se, como é provável, as despesas continuarem a aumentar?

A resposta é difícil, dada a ignorân cia em que estamos sôbre a parte re tirada pelo impôsto à renda nacional e à renda individual. Só pode ser forne cida em função de princípios gerais que

Lembremos que o mais produtivo os limites do impôsto e em dentre ele.s é o impôsto de indústrias e determinam \'irtudo da observação da realidade eco profissões: forneceu, sozinho, em 1946, nômica brasileira.

51,5% da receita tributária municipal.

Sua produtividade é, no entanto, lenta:

Considerando o que se passou no de

seu rendimento dobrou, exatamente, em

correr das duas últimas guerras, pa

valor nomirial, de 1940 a 1946.Ainda menos favoráveis, do ponto de

vista da produtividade, são os outros

rece ser possível o acréscimo indefinido das despesas públicas. Para o imposto, o caso é outro. Seu aumento não pode

impostos municipais: o impôsto de li

ultrapassar certos Jliinites intiansponf

cença. pesado e cristalizado por suas taxas fixas, não pôde acompanhar a alta de preços e só assinalou um insigni

veis.

ficante acréscimo nominal de receita: 143 milhões a 200 milhões... A mesma observação é válida pára

de de resistência da pivdução à tributa ção; em seguida, e conseqüentemente,

os impostos predial, territorial urbano.

Êsses limites são constituídos, em pri

meiro lugar, e sobretudo, pela capacida

pela resistência das rendas privadas e pela resistência da renda nacional.


..F -i'!*

Dicesto Econômico

18

19

Dic.esto Econômico

Na atividade econômica interna, maior

propósito da localização da arrecadação

impostos dos Estados; cm 1946, 57,7%. De uma a outra dessas datas, passou de

jogos e diversões, que não chegaram se

70% foram obtidos no E.stado de São

726 milhões a mais de 3 bilhões de cru

posto, o que permite desenvolver a sua

Paulo (44,9%) c no Distrito

zeiros.

produtividade (1 bilhão de cruzeiros em

(25,4%).

nominal, durante êsse período. Essa fraca produtividade, apesar dos esforços feitos pela Constituição de 1946

que nunca durante estes últimos anos,

atinge ôle, cada vez mais, graças à sua

maleabilidade, a matéria sujeita a im

desse imposto: Dessa arrecadação, mai.s ou

menos Federal

Seguem-se-lhe o impôsto de transmis

quer a dobrar seu rendimento em valor

Evidentemente, isso não significa que

são inter^ivos (8,2% da arrecadação

cm favor dos municípios, não permite

total dos E.stados em 1940; 13,8% em

esperar no futuro aumentos substanciais

Sua faculdade de adaptação toma-o um imposto precioso, sobretudo nas épo cas em que se faz necessário um grande

tenham sido os contribuintes paulistas e cariocas os únicos a fornecer os 70%-

do receita.

esforço fiscal. O aumento da produtivi dade do imposto de consumo foi parti cularmente forte a partir de 1945; é devido. Igualmente, em grande parte, a modificações de sua regulamentação

prime, com exatidão, a seguinte reali

1946); o de indústrias e profissões (9,6% em 1940; 5,4% em 1946); o territorial (5,5% 6 4,1%); o de exportação (7,8%

dade:

3,2%); o de transmissão causa-moHis

(2,6% e 3%); o do sêlo (4,3% e 1,7%)

no total das receitas tributárias do País: 12% em 1947; 9% em 1940; 5,8% em

etc.

1946.

1939; 4 bilhões e meio em 1947).

da arrecadação desse impó.sto. Isso ex 1.°) — que a concentração industrial e comercial do País se encontra, de fato

no Estado de São Pau^o e no Distrito

Enquanto a porcentagem dos impostos

(Decreto-lei 7.404 de 22 de março de 1945). Êste decreto-lei, de um lado,

Federai;

elevou as taxas do imposto e, de outro,

imposto de consumo pagam, no Estado

transformou a maioria de suas taxas, que eram fixas, em taxas ad-valorem, o que permitiu que o rendimento proveniente

de São Paulo e no Distrito Federal, 70%

porcentagem dos impostos estaduais pas

do total desse imposto;

sou de 33% a 36,6%.

desse imposto pudesse acompanhar a alta continua dos preços. Enfim, esse decreto-lei estendeu êsse imposto a um número muito maior de produtos. O imposto incide em 29 classes de pro dutos, dos quais os mais importantes, em 1946, eram os seguintes:

fumo, 23^; tecidos, 18,2%; bebidas,

17%; aparelhos e máquinas, 7,5%; produ tos alimentícios industrializados, 6,3%; calçados, 4%.

Um estudo detalhado dos produtos

atingidos por êste imposto mostraria que

se, do ponto de vLsta da eqüidade fiscal, sérias criticas lhe pudessem ser dirigi das — às quais responderemos mais adiante — do ponto de vista de sua produtividade dá, ao contrario, excelen tes resultados.

3.^) — que os contribuinte.s reais do

Em 1946, forneceu sòzínho 40,5% da 25% da receita tributária total do País. Uma última ob;:ervação se impõe a ,1... ,

— Já examinamos, na primeira parte

lo país, onde quer que sejam consumidos os produtos do Estado de São Paulo e

nicipais. Considerados .sob o ângulo da

do Distrito Federal.

Têm uma produtividade limitada, quer

mais extraordinário do sistema brasilei ro é aquele que incide sobre a renda

Êste impôsto, que tem realmente pouco mais de vinte anos de existência progre-

diu com uma rapidez surpreendente

Em 1939, produziu 300 milhões de cruzeiros; em 1947, 4 bilhões de cruzei ros. Mesmo levando cm conta a dimi nuição do poder aquisitivo da moeda o acréscimo de produtividade desse im pôsto continua impressionante.

Atualmente é, pela importância de sua arrecadação, o segundo impôsto fe deral e o terceiro dos impostos brasi

— À frente dos impostos de que dis põem os Estados, vem o impôsto de vendas e consignações. Em 1940, repre sentava 42% da arrecadação de todos os

* sis *

vel entre 1940 e 1946 (58% e 57.5%), a

dêste estudo, o caso dos impostos mu

— Quanto à produtividade, o impôsto

Em 1947 e 1948 verifica-se um fraco

aumento: 6,5% e 7,6%.

do País permaneceu relativamente está

impòsto SC encontram disseminados pe

leiros.

receita dos impostos federais e perto de

.u-

2.") — que os contribuinte.s legais do

federais sobre a totalidade dos impostos

Notemos, mais uma vez, que essas

receitas tributárias municipais diminuem

produtividade, não são bons impostos. em função da matéria sôbre que se

aplicam, quer em razão de sua organi zação técnica, que os torna pouco aptos a se adaptarem às variações dos preços.

Levando-se

em

consideração

essas

observações de ordem geral sôbre a

produtividade do sistema brasileiro de impostos, pode-se pedir mais à tributa ção se, como é provável, as despesas continuarem a aumentar?

A resposta é difícil, dada a ignorân cia em que estamos sôbre a parte re tirada pelo impôsto à renda nacional e à renda individual. Só pode ser forne cida em função de princípios gerais que

Lembremos que o mais produtivo os limites do impôsto e em dentre ele.s é o impôsto de indústrias e determinam \'irtudo da observação da realidade eco profissões: forneceu, sozinho, em 1946, nômica brasileira.

51,5% da receita tributária municipal.

Sua produtividade é, no entanto, lenta:

Considerando o que se passou no de

seu rendimento dobrou, exatamente, em

correr das duas últimas guerras, pa

valor nomirial, de 1940 a 1946.Ainda menos favoráveis, do ponto de

vista da produtividade, são os outros

rece ser possível o acréscimo indefinido das despesas públicas. Para o imposto, o caso é outro. Seu aumento não pode

impostos municipais: o impôsto de li

ultrapassar certos Jliinites intiansponf

cença. pesado e cristalizado por suas taxas fixas, não pôde acompanhar a alta de preços e só assinalou um insigni

veis.

ficante acréscimo nominal de receita: 143 milhões a 200 milhões... A mesma observação é válida pára

de de resistência da pivdução à tributa ção; em seguida, e conseqüentemente,

os impostos predial, territorial urbano.

Êsses limites são constituídos, em pri

meiro lugar, e sobretudo, pela capacida

pela resistência das rendas privadas e pela resistência da renda nacional.


"i 20

Dicf-sto

Econômico

21

Dicesto Econômico

— O imposto que incide sôbre a pro dução — indústria, agricultura, comér cio, banco, transporte e todos os serviços econômicos — repercute no preço de custo. Segundo a importância da ta.\a

do imposto, segundo a natureza da pro dução, segundo a empresa seja mais ou menos marginal, segundo as disponibili dades do consumo, o aumento do preço de custo vai ter nova repercussão, maior Ou menor, sôbre o preço de venda.

Quando esse imposto se torna muito pesado, quando as conseqüências de sua incidência são mal calculadas pela admi nistração fiscal, tem, como resultado

imediato ou remoto, desencorajar a pro cura e diminuir a produção.

divíduo ô impossí\'el

dispensar

sem

abandonar a satisfação de suas necessi

dades primordiais. Essa

resistência

varia

conforme

as

classes e as regiõc.s, mas será tanto mais vigorosa quanto mais tender o ex

Ao mesmo tempo que a tributação

exagerada desvia a iniciativa individual

cesso fiscal a aproximar o mínimo psi cológico do mínimo fisiológico. O fi.sco só pode vencer essa resistên cia pór meio de medidas de conlrôle ca da vez mais rigorosas e vexatórias; a li

um excesso incontestável cujas conse qüências serão desastrosas para a eco

berdade indi\idual ó, assim, sacrificada por uma tributação exagerada. O resul tado provável é uma reação social vio lenta, perigosa para a estabilidade eco nômica e política.

E o problema é tanto mais sério quan to a tendência atual para o Brasi', como para tôdas as nações, é dc aumentar continuamente as despesas publicas, e,

por conseguinte, a produtividade da tri butação.

Qualquer que seja o peso exato dos impostos no Brasil atualmente, é certo, em razão do esforço econômico que se

organização séria deve ser empreendida, para tomar mais eficaz e menos onero so o aparelho arrecadador e fiscalizador. Enfim, para certos impostos, cuja base é muito estreita, seu alargamento racio

nal pennite um acréscimo substancia! do rendimento. É o caso particular do im

pôsto de renda, que examinaremos mais especialmente, considerando o princípio da justiça no sistema tributário brasi leiro.

Entre as duas guerras, essa porcen tagem muitas vêzes se elevou de 20%

a 25%. Atualmente atinge a 30% para os Estados Unidos; 37% para a Ingla

existentes a resistir a ela, criando e de

.sem empobrecer o país.

Para o Brasil, é difícil precisar êsse dado, que é, no entanto, de primeira

— Essa fraude vai estender-se à dis

nomia nacional.

Para isso, uma melhor distribuição

dos impostos deve ser estudada; uma

nacional.

senvolvendo a fraude fiscal... e o espí

simulação de parte dos rendimentos pri vados, e aí está uma das resistências não desprezíveis dessa categoria de rendi mentos ao impôsto muito pesado.

se aproxima da realidade, haverá então

Estados Unidos, não absorviam, pelos

terra e França. São arrecadações má ximas perigo.sas de serem ultrapassadas

dades extraordinárias.

Se este último cálculo

impostos, mais de 8% a 15% da renda

de novas produções, incita as empresas rito latino, nesse domínio, tem possibili

Se não é possível reduzi-lo, em \ irtu-

pelo menos se dc\'e tornar o impôsto

Antes da guerra de 1914, os grandes" países como a França, a- Inglaterra os

único meio poderoso de fornecer o es forço para a evolução que se impõe.

de dc aumento dos encargos públicos, mais produti\'0.

mais perigoso nas economias em pro muito pesado atrapaUra a produção exis tente, como, sobretudo, desencoraja o es pírito empreeruledor, que é o motor principal do progresso econômico e o

mais pesado.

20 milhões, estimando os encargos do impôsto em 40% da renda nacional (Dr.

Horacio Lafcr — parecer do Re'atório da

funda e rápida evolução, como a do Brasil. Então, não somente o impôsto

mente desenvolvida; mas toma-se muito

desenvolve, pouco oportuno torná-lo

bilhões do cruzeiros c a tributação em

Receita, 1947).

— A resistência da renda nacional constitui um terceiro limite ao impôsto Em período norma^ a parte absor vida pelo impôsto sôbre a renda nacio nal ó relativamente pouco importante

Êsse mecanismo já é grave nos países de ec-onomia comple.xa está\el e inteira

outros calculam a renda nacional cm 50

importância para a administração do País. Representa para a arrecadação o

que o sinal vermelho representa para um trem: não se o transpõe sem correr o risco de acidentei

As avaliações nacionais variam. Alguns

A situação do Banco da França revela importante diminuição da circulação

iiduciária: - desceu de 15 hiliões. A carteira comercial aumentw de 1 bUjoes, os adiantamentos a 30 dias caíram de 6 biliões e o "open-rnarket de 2 büwes. As contas correntes postais do Banco subiram 5 biliões e as contas conentes

da clieiUela quase 10 hiliões. O Tesouro reembolsou 3.800 milhões na contra dos adiantamentos provisórios, embora não se beneficiasse ainda das primeiros entradas

O empréstimo, cujo êxito é notável, não afetou o mercado monetário, apesar do

Essa resistência sera tanto mais forte

pensam que a "despesa pública" (e não

e astuciosa quanto mais tenha o fisco atingido o mínimo \'ital, quer dizer,

sòmente o impôsto) absorvia, em 1946,

montante tanie das uus subscrições. íí-uwo.

30,8% da renda nacional (Dr. José L. de Almeida Nogueira Porto, artigo citado);

contas em bancos. Até os Bônus do Tesouro (que estão sendo renocados) ^ozam

aquela parte do rendimento que ao in

^

Os depósitos nas Caixas Econômicos não sofreram vanaçao icnsivel, nem as de uma apreciável estabilidade.


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Dicf-sto

Econômico

21

Dicesto Econômico

— O imposto que incide sôbre a pro dução — indústria, agricultura, comér cio, banco, transporte e todos os serviços econômicos — repercute no preço de custo. Segundo a importância da ta.\a

do imposto, segundo a natureza da pro dução, segundo a empresa seja mais ou menos marginal, segundo as disponibili dades do consumo, o aumento do preço de custo vai ter nova repercussão, maior Ou menor, sôbre o preço de venda.

Quando esse imposto se torna muito pesado, quando as conseqüências de sua incidência são mal calculadas pela admi nistração fiscal, tem, como resultado

imediato ou remoto, desencorajar a pro cura e diminuir a produção.

divíduo ô impossí\'el

dispensar

sem

abandonar a satisfação de suas necessi

dades primordiais. Essa

resistência

varia

conforme

as

classes e as regiõc.s, mas será tanto mais vigorosa quanto mais tender o ex

Ao mesmo tempo que a tributação

exagerada desvia a iniciativa individual

cesso fiscal a aproximar o mínimo psi cológico do mínimo fisiológico. O fi.sco só pode vencer essa resistên cia pór meio de medidas de conlrôle ca da vez mais rigorosas e vexatórias; a li

um excesso incontestável cujas conse qüências serão desastrosas para a eco

berdade indi\idual ó, assim, sacrificada por uma tributação exagerada. O resul tado provável é uma reação social vio lenta, perigosa para a estabilidade eco nômica e política.

E o problema é tanto mais sério quan to a tendência atual para o Brasi', como para tôdas as nações, é dc aumentar continuamente as despesas publicas, e,

por conseguinte, a produtividade da tri butação.

Qualquer que seja o peso exato dos impostos no Brasil atualmente, é certo, em razão do esforço econômico que se

organização séria deve ser empreendida, para tomar mais eficaz e menos onero so o aparelho arrecadador e fiscalizador. Enfim, para certos impostos, cuja base é muito estreita, seu alargamento racio

nal pennite um acréscimo substancia! do rendimento. É o caso particular do im

pôsto de renda, que examinaremos mais especialmente, considerando o princípio da justiça no sistema tributário brasi leiro.

Entre as duas guerras, essa porcen tagem muitas vêzes se elevou de 20%

a 25%. Atualmente atinge a 30% para os Estados Unidos; 37% para a Ingla

existentes a resistir a ela, criando e de

.sem empobrecer o país.

Para o Brasil, é difícil precisar êsse dado, que é, no entanto, de primeira

— Essa fraude vai estender-se à dis

nomia nacional.

Para isso, uma melhor distribuição

dos impostos deve ser estudada; uma

nacional.

senvolvendo a fraude fiscal... e o espí

simulação de parte dos rendimentos pri vados, e aí está uma das resistências não desprezíveis dessa categoria de rendi mentos ao impôsto muito pesado.

se aproxima da realidade, haverá então

Estados Unidos, não absorviam, pelos

terra e França. São arrecadações má ximas perigo.sas de serem ultrapassadas

dades extraordinárias.

Se este último cálculo

impostos, mais de 8% a 15% da renda

de novas produções, incita as empresas rito latino, nesse domínio, tem possibili

Se não é possível reduzi-lo, em \ irtu-

pelo menos se dc\'e tornar o impôsto

Antes da guerra de 1914, os grandes" países como a França, a- Inglaterra os

único meio poderoso de fornecer o es forço para a evolução que se impõe.

de dc aumento dos encargos públicos, mais produti\'0.

mais perigoso nas economias em pro muito pesado atrapaUra a produção exis tente, como, sobretudo, desencoraja o es pírito empreeruledor, que é o motor principal do progresso econômico e o

mais pesado.

20 milhões, estimando os encargos do impôsto em 40% da renda nacional (Dr.

Horacio Lafcr — parecer do Re'atório da

funda e rápida evolução, como a do Brasil. Então, não somente o impôsto

mente desenvolvida; mas toma-se muito

desenvolve, pouco oportuno torná-lo

bilhões do cruzeiros c a tributação em

Receita, 1947).

— A resistência da renda nacional constitui um terceiro limite ao impôsto Em período norma^ a parte absor vida pelo impôsto sôbre a renda nacio nal ó relativamente pouco importante

Êsse mecanismo já é grave nos países de ec-onomia comple.xa está\el e inteira

outros calculam a renda nacional cm 50

importância para a administração do País. Representa para a arrecadação o

que o sinal vermelho representa para um trem: não se o transpõe sem correr o risco de acidentei

As avaliações nacionais variam. Alguns

A situação do Banco da França revela importante diminuição da circulação

iiduciária: - desceu de 15 hiliões. A carteira comercial aumentw de 1 bUjoes, os adiantamentos a 30 dias caíram de 6 biliões e o "open-rnarket de 2 büwes. As contas correntes postais do Banco subiram 5 biliões e as contas conentes

da clieiUela quase 10 hiliões. O Tesouro reembolsou 3.800 milhões na contra dos adiantamentos provisórios, embora não se beneficiasse ainda das primeiros entradas

O empréstimo, cujo êxito é notável, não afetou o mercado monetário, apesar do

Essa resistência sera tanto mais forte

pensam que a "despesa pública" (e não

e astuciosa quanto mais tenha o fisco atingido o mínimo \'ital, quer dizer,

sòmente o impôsto) absorvia, em 1946,

montante tanie das uus subscrições. íí-uwo.

30,8% da renda nacional (Dr. José L. de Almeida Nogueira Porto, artigo citado);

contas em bancos. Até os Bônus do Tesouro (que estão sendo renocados) ^ozam

aquela parte do rendimento que ao in

^

Os depósitos nas Caixas Econômicos não sofreram vanaçao icnsivel, nem as de uma apreciável estabilidade.


23 f

Digesto Econômico

Minerais para a agricultura S. Fbóes Abreu

A

MODERNA agricultura necessita da mineração para suprir as necessida

Os colonizadores, depois, com mais re^ cursos para lutar contra a floresta, ex

des enormes de certos minerais indispen

pandiram as áreas de cultura, usaram,

sáveis às culturas intensivas.

como os índios, o fogo como instrumento de conquista, dilataram as áreas cultiva das mas não cuidaram do solo com o

O solo das principais zonas agrícolas não dispõe mais dos fertilizantes natu rais concentrados pela natureza no de-

desvê'o merecido.

^ correr de sécu'os. Hoje, um solo virm gem de cultura representa riqueza con-

dias, daí o panorama atua! de largos

W centrada e vale como um aluvião aurí-

trechos inteiramente abandonados, pró

fero descoberto no tempo da Colônia. A agricultura, como fá salientou Klages, não deixa de ser uma forma especial da mineração, pois extrai do solo quantida des enormes de vários compostos mine

naquele pais. Emboi-a sejam conhecidas

depois de dissolvido nágua, é tratado

ocorrências de nitratos cm zonas semi-

com lixíria de cinzas vegetais, e o pro

áridas da índia, da China e do Egito,

duto, depois de concentrado, é dci.xado

já e.xplüradas desde a mais remota an

cristalizar, fornecendo belos cristais de

tigüidade, hoje o mercado mundial é suprido pelo Chile, que não chega a satisfazer às exigências de azôto das

nitrato de sódio.

e se limita à produção para os fogueteiros regionais.

dutos azotudos (uréia, cianamida cáicica, sulfato de amônio) para satisfa

Fernando Costa, sempre profundamente

dial. O Chile mantém o monopólio da

produção dc .salitre natural, mas cada vez mais se acentua a concorrência dos

ximo às zonas mais povoadas.

produtos artificiais fabricados na Europa

A mineração, que outrora fora grande

a produtividade do solo.

abandonam a terra em busca de outras mais rendosas, e assim se vão formando

Os minerais mais relacionados com a produção agrícola são os nitratos, os fos

anualmente na fertilização do solo

zonas de pobreza e abandono em torno

fates e os sais de potássio.

das grandes aglomerações humanas.

^ Outros são empregados em circuns tâncias especiais, como a calcila a

Êsse fenômeno se verifica em todos os

no desenvolvimento normal das plan

encontram os habitantes.

tas e na resistência contra as moléstias

Nos países

Dentre êsses salientam-se o nianganês'

mento do solo tem sido grande e -medi

o cobre, o zinco, o tungstênio etc.

das adequadas têm mantido florescentes

Nitratos — Os nitratos levam ao solo o

certas zonas cultivadas há muitos séculos.

azôto, que nem sempre é encontrado

Entre nós, os indígenas que habíta-

nas quantidades necessárias ao perfeito

com suas intensivas culturas de

Mandioca e foram mudando as suas ro-

Ças à medida que a terra se esgotava.

da metade se destina à agricultu ra c a outra metade' às industrias vas etc.).

O que se consome

representa uma proporção mínima das necessidades para se ter produção

comparável à das zonas agrícolas mais evoluídas, pois só para a área cultivada no Estado de São Paulo calcula-se em

ii.sados somente em pequenas doses re presentam um papel de muito destaque

fsis civilizados, a reação contra o esgota

vam o litoral aproveitavam os solos fér-

O Brasil importa anualmente cerca de 40.000 tons. de nitratos, dos quais côrca

do'omita^ e a gipsita, e ainda outros

pontos habitadas pelo homem. Nalguns países, como na China, na índia, na Grécia ou nas Antilhas, é o responsável pelas situações deploráveis em que se

40.000 tons. a quantidade de salitre o sulfato de amônio necessária para uma

adubação compatível com as necessida des das terras e das culturas.

A produção brasileira de salitre e in

significante e representa o esforço de algumas dezenas de pessoas, empregan do os métodos mais rudimentares, nos

sertões de Goiás, Minas, Bahia, Piauí e

desenvolvimento dos vegetais.'O mine

Pernambuco.

ral que contribui com o azôto é o nitrato de sódio ou salítre do Chile, extraído em grande escala nos desertos andinos

contradas nesses Estados são eflorescências nas rochas da'zona semi-arida ou

As terras salitrosas en

no solo das grutas calcáreas; o material.

I

mento da Produção Mineral procedeu a exaustivo estudo das zonas salitreiras do

Piauí, chegando a resultados inteiramen

de ocorrência.

mínimo remunerador. Então, os homens

gotamento de certos componentes mi

produção brasileira, a Divisão de Fo

te desanimadores, em xnrtude da esparsa

(fabricação de ácido mtiico, pól vora e fogos de artifício, conser

produtividade da terra decrésce pelo es

interessado nos problemas essenciais da

gia abundante, usando a mais barata das niatérias-primas; o ar atmosférico.

nerais e as colheitas caem abaixo do

Depois de vários anos de cultivo, a

Em 1940, por sugestão do Ministro

e nos Estados Unidos, em zonas de ener

concorrente da agricultura na disputa pelos braços para o trabalho, passou, nos tempos modernos, a prestar-lhe concur so valioso. A contribuição da mineração para o desenvoKamenlo da agricultura é obra de grande monta; nos países adian tados há uma estreita correlação entre a produção de minerais fertilizantes e

rais.

ca teve grande significação econômica

áreas cultivadas. Ê ainda necessário fabricar nitratos sintéticos e outros pro

zer às necessidades da agricultura mun

Essa prática se manteve até os nossos

Essa indústria, ten

tada várias vêzcs em maior escala, nun

disseminação do mineral e do seu- modo

^

É interessante notar que o salitre foi h| um mineral que mereceu a atenção do govêmo colonial na época em

que ainda não era usado como fertilizante, tendo importância so mente na arte pirotécnica e na conservação dos corpos.

Nos primeiros anos do século XDC, Bernardo Manoel de Vas

concelos, governador geral da Capita nia do Ceará, nomeou o naturalista por

tuguês João da Silva Feijó para o fim especial do "descobrimento de salitre e mais assunto.s da História Natural nas

terras da Capitania". Como conseqüên cia, foram estudados vários depósitos de salitre no centro do Ceará e estabelecida a sua exploração por conta do Governo. Êsse e.\einplo de industria estatal nos

primeiros anos do século XIX não foi brilhante; no primeiro ano de trabalho o custo do quilo de salitre ficou em 625 réis 8 no segundo ano subiu a 1.154 réis, enquanto o salitre importado do Oriente ficava, naquela época, a 205 réis, e o que era produzido na região


23 f

Digesto Econômico

Minerais para a agricultura S. Fbóes Abreu

A

MODERNA agricultura necessita da mineração para suprir as necessida

Os colonizadores, depois, com mais re^ cursos para lutar contra a floresta, ex

des enormes de certos minerais indispen

pandiram as áreas de cultura, usaram,

sáveis às culturas intensivas.

como os índios, o fogo como instrumento de conquista, dilataram as áreas cultiva das mas não cuidaram do solo com o

O solo das principais zonas agrícolas não dispõe mais dos fertilizantes natu rais concentrados pela natureza no de-

desvê'o merecido.

^ correr de sécu'os. Hoje, um solo virm gem de cultura representa riqueza con-

dias, daí o panorama atua! de largos

W centrada e vale como um aluvião aurí-

trechos inteiramente abandonados, pró

fero descoberto no tempo da Colônia. A agricultura, como fá salientou Klages, não deixa de ser uma forma especial da mineração, pois extrai do solo quantida des enormes de vários compostos mine

naquele pais. Emboi-a sejam conhecidas

depois de dissolvido nágua, é tratado

ocorrências de nitratos cm zonas semi-

com lixíria de cinzas vegetais, e o pro

áridas da índia, da China e do Egito,

duto, depois de concentrado, é dci.xado

já e.xplüradas desde a mais remota an

cristalizar, fornecendo belos cristais de

tigüidade, hoje o mercado mundial é suprido pelo Chile, que não chega a satisfazer às exigências de azôto das

nitrato de sódio.

e se limita à produção para os fogueteiros regionais.

dutos azotudos (uréia, cianamida cáicica, sulfato de amônio) para satisfa

Fernando Costa, sempre profundamente

dial. O Chile mantém o monopólio da

produção dc .salitre natural, mas cada vez mais se acentua a concorrência dos

ximo às zonas mais povoadas.

produtos artificiais fabricados na Europa

A mineração, que outrora fora grande

a produtividade do solo.

abandonam a terra em busca de outras mais rendosas, e assim se vão formando

Os minerais mais relacionados com a produção agrícola são os nitratos, os fos

anualmente na fertilização do solo

zonas de pobreza e abandono em torno

fates e os sais de potássio.

das grandes aglomerações humanas.

^ Outros são empregados em circuns tâncias especiais, como a calcila a

Êsse fenômeno se verifica em todos os

no desenvolvimento normal das plan

encontram os habitantes.

tas e na resistência contra as moléstias

Nos países

Dentre êsses salientam-se o nianganês'

mento do solo tem sido grande e -medi

o cobre, o zinco, o tungstênio etc.

das adequadas têm mantido florescentes

Nitratos — Os nitratos levam ao solo o

certas zonas cultivadas há muitos séculos.

azôto, que nem sempre é encontrado

Entre nós, os indígenas que habíta-

nas quantidades necessárias ao perfeito

com suas intensivas culturas de

Mandioca e foram mudando as suas ro-

Ças à medida que a terra se esgotava.

da metade se destina à agricultu ra c a outra metade' às industrias vas etc.).

O que se consome

representa uma proporção mínima das necessidades para se ter produção

comparável à das zonas agrícolas mais evoluídas, pois só para a área cultivada no Estado de São Paulo calcula-se em

ii.sados somente em pequenas doses re presentam um papel de muito destaque

fsis civilizados, a reação contra o esgota

vam o litoral aproveitavam os solos fér-

O Brasil importa anualmente cerca de 40.000 tons. de nitratos, dos quais côrca

do'omita^ e a gipsita, e ainda outros

pontos habitadas pelo homem. Nalguns países, como na China, na índia, na Grécia ou nas Antilhas, é o responsável pelas situações deploráveis em que se

40.000 tons. a quantidade de salitre o sulfato de amônio necessária para uma

adubação compatível com as necessida des das terras e das culturas.

A produção brasileira de salitre e in

significante e representa o esforço de algumas dezenas de pessoas, empregan do os métodos mais rudimentares, nos

sertões de Goiás, Minas, Bahia, Piauí e

desenvolvimento dos vegetais.'O mine

Pernambuco.

ral que contribui com o azôto é o nitrato de sódio ou salítre do Chile, extraído em grande escala nos desertos andinos

contradas nesses Estados são eflorescências nas rochas da'zona semi-arida ou

As terras salitrosas en

no solo das grutas calcáreas; o material.

I

mento da Produção Mineral procedeu a exaustivo estudo das zonas salitreiras do

Piauí, chegando a resultados inteiramen

de ocorrência.

mínimo remunerador. Então, os homens

gotamento de certos componentes mi

produção brasileira, a Divisão de Fo

te desanimadores, em xnrtude da esparsa

(fabricação de ácido mtiico, pól vora e fogos de artifício, conser

produtividade da terra decrésce pelo es

interessado nos problemas essenciais da

gia abundante, usando a mais barata das niatérias-primas; o ar atmosférico.

nerais e as colheitas caem abaixo do

Depois de vários anos de cultivo, a

Em 1940, por sugestão do Ministro

e nos Estados Unidos, em zonas de ener

concorrente da agricultura na disputa pelos braços para o trabalho, passou, nos tempos modernos, a prestar-lhe concur so valioso. A contribuição da mineração para o desenvoKamenlo da agricultura é obra de grande monta; nos países adian tados há uma estreita correlação entre a produção de minerais fertilizantes e

rais.

ca teve grande significação econômica

áreas cultivadas. Ê ainda necessário fabricar nitratos sintéticos e outros pro

zer às necessidades da agricultura mun

Essa prática se manteve até os nossos

Essa indústria, ten

tada várias vêzcs em maior escala, nun

disseminação do mineral e do seu- modo

^

É interessante notar que o salitre foi h| um mineral que mereceu a atenção do govêmo colonial na época em

que ainda não era usado como fertilizante, tendo importância so mente na arte pirotécnica e na conservação dos corpos.

Nos primeiros anos do século XDC, Bernardo Manoel de Vas

concelos, governador geral da Capita nia do Ceará, nomeou o naturalista por

tuguês João da Silva Feijó para o fim especial do "descobrimento de salitre e mais assunto.s da História Natural nas

terras da Capitania". Como conseqüên cia, foram estudados vários depósitos de salitre no centro do Ceará e estabelecida a sua exploração por conta do Governo. Êsse e.\einplo de industria estatal nos

primeiros anos do século XIX não foi brilhante; no primeiro ano de trabalho o custo do quilo de salitre ficou em 625 réis 8 no segundo ano subiu a 1.154 réis, enquanto o salitre importado do Oriente ficava, naquela época, a 205 réis, e o que era produzido na região


Dicilsto Econômico

24

calcárea de Minas Gerais era forneci

nossas jazidas e tem estimulado negocia

do à fábrica de pólvora do Rio de Ja

ções em tòriio da importação de rochas

neiro a 327 réis o quilo. (*)

fosfatadas da África do Norte (Algéria,

Em vista do insucesso, foram abando

Digesto

Na zona da Ribeira de Iguape es

nados os depósitos de nitratos no Centro do Ceará e explorados os da parte oci

tão-se desenvolvendo os Iraballios de

dental, na serra da Ibiapaba, próximo a Viçosa, e no sertão, a nove léguas ao sul

e.xp'oração no Morro do Serrote (jazidas Wende! c Latif) e cm Jacupiranga (Ser rana S. A.)5 cm Ipanema prosseguem os

ou sem ela. Sem Araxá, as perspectivas,

cial, mas não podem ser consideradas

encarando as necessidades do País, são

suficientemente grandes para a Nação.

algo sombrias, porque não poderão sa

Marrocos, Tuní.sia).

Minas, em São Paulo, Paraíba, Bahia e

fosfatados, considerando-se tão somente

Santa Catarina devem ser estimulados

os próximos 50 anos. Os depósito.s em exploração no sul de São Paulo, pelo que se conhece atualmente, não tem

trabaMios num ritmo compatível com as

em fevereiro de 1805 a Junta da Fazen

dificuldades locais e as jazidas de Araxá

volume suficiente para assegurar a to talidade do consumo nacional no pró

da ordenou a paralisação do empreendi

recentemente descobertas, estão sendo

ximo meio século.

mento.

cuidadosamente estudadas para o fim de

nos sertões da Bahia (Morro do Chapéu, Rio de Contas), e Minas Gerais (Rio

Na Paraíba, os depósito.s de apatita

das Velhas, Abaeté) ou de Pernambuco

ploração; os de Ipírá, na Bahia, estão

sendo estudados; e atenções especiais estão merecendo os depósito.s de guano da liha Rala, no arquipélago de Fer nando de Noronha. 0.s grandes depósito.s de fosfatos de alumínio na Serra da Pirocaua o Ilha Tra

Origem dos depósitos, bem dife rente das formações sedimentares

marinhas que ocorrem no Chile. As investigações feitas até o pre sente nas zonas salitreiras do Brasil

desenvolvimento de processos tec

nológicos que facultem o .seu apro veitamento em bases econômicas.

ral. O futuro da nossa produção de ni tratos não está nas jazidas ridiculamente

Os recentes estudos do Instituto de Tecnologia Industrial de Minas Gerais

são da nossa agricultura e à defesa na

lidades econômicas.

Nossas jazidas de fosfatos no Sul (Araxá, Ipanema, Jacupiranga, Serrote, Anitápolis) resultam da ação de erup-

seira, no Maranhão, aguardam "o

não dão a menor esperança de pro duzirmos em larga escala salitre natu pequenas, até agora conhecidas, mas na sua fabricação partindo do ar atmosfé rico, nos pontos em que se possa dispor de energia a um preço compatível com aquela indústria tão necessária à expan

sitos de Araxá e a necessidade de es clarecimento definitivo das suas possibi

de Alagou do Monteiro já estão em ex

(Buíque) não é mais animadora, e esse produto nunca passou dum âmbito estri tamente regional. A razão disso está na

Daí a grande importância dos depó

uma indu-strialização eficiente. ■

que atualmente satisfazem a maior parte das necessidades do consumo mundial.

Tanto os depósitos do Norte da África quanto os da América do Norte (Flori da, Tennessee) têm origem sedimentar

em Araxá levaram à cubagem de quan

e se apresentam em grandes massas,

tidades notáveis de rocha fosfatada pela

ocupando grandes extensões. O apro veitamento das jazidas de fosfatos ja

presença de apatita; porém, o que se verifica pelos estudos dados à publi

conhecidas no Brasil implica na adoção

cidade é que ainda há problemas a

de técnicas mais delicadas e mais one

serem solucionados. Sendo po.ssível pro duzir em Araxá fosfatos com as caracte

internacional. Isso se refere a tôdas as

fósforo retirado em muitos anos de cul

cultura, e a preços satisfatórios, ter-se-á ali uma fonte de riqueza de grande re

sitos de guano da Ilha Rata

tura tem fomentado a exploração das

percussão sôbre toda a agricultura na

e do fosforito que ocorre no

ue Janeiro, tomo XXXIII e Rev. do Insti

As fontes industriais de

potássio são as jazidas salinas (evaporites) de Stassfurt (Alemanha), Alsácia (França), Novo Mé.xico (Estados Uni dos), Catalunha. (Espanha), Polônia, Rússia, Palestina e Cliile.

Nessas jazidas encontram-se os sais

do potássio, de magnésio e sódio, e

Quando a Alemanha anexou a Alsácia, após a guerra de 1870, ficou com o mo nopólio do potássio pela posse das duas

rísticas necessárias ao emprôgo na agri

tuto do Ceará. vol. XXXIX, pág. 172.

e o fósforo.

em apatita e outros minerais. São ja zidas de origem diferente daquelas que formam as grandes reservas de fosfatos

Fosfatos. — A compreensão da neces sidade urgente de retribuir ao solo o

Ceara. Rev, da Soe. de Geografia do Rio

Potássio. — Os sais de potássio estão

no mesmo p'ano de carência que o azôto

tivas alcalinas sôbre as rochas adjacen tes, formando uma zona periférica rica

cional.

Abreu — Um capítulo da Geografia do

porque abordam um problema de im portância fundamental para o País.

mediante uma separação por processos \ físicos, obtém-se um produto puro, a preços razoáveis que permitem o seu

rosas, exigindo maior esforço para levar os produtos aos padrões do mercado

{ )Para maiores detalhes vide: S. Froes

Os trabalhos atualmente em curso em

tisfazer ao consumo crescente de adubos

da cidade de Granja. Como não fos sem mais promissores os resultados ali,

A história das explorações de salitre

25

Econômico

nossas jazidas, com exceção dos depó

emprêgo, em larga escala, na agricultura.

mais importantes jazidas do mundo. A volta da Alsácia à França, depois da guerra de I9I4-I9I8, restituiu a esse

país as fontes de potássio para sua im portante produção agrícola, mas para

fins de proteção comercial foram man tidos acordos fixando preços, quotas etc.

Os Estados Unidos há muito sentiram

que sua enorme produção agrícola estava na dependência das fontes européias de potássio e lançaram audaciosos progra mas de pesquisas para descobrir fontes

cional.

Morro do Serrote (São Paulo),

desse mineral em seu próprio território. Em perfurações pa ra petróleo no oeste do Texas

Para um pronunciamento atual sôbre o problema do fosfato no Brasil deve-se

ambos de reservas relativamen

e Novo México foram encontra

te pequenas, encarando-se o problema nacional. Essas jazi das podem ser consideradas grandes para uma firma comer

estabelecer duas hipóteses: a situação com a contribuição satisfatória de Araxá ÈUàkt

dos sais de potássio, e neste iVtímo Estado, em Carlsbad,

instalou-se a grande indústria de potássio que passou a com-


Dicilsto Econômico

24

calcárea de Minas Gerais era forneci

nossas jazidas e tem estimulado negocia

do à fábrica de pólvora do Rio de Ja

ções em tòriio da importação de rochas

neiro a 327 réis o quilo. (*)

fosfatadas da África do Norte (Algéria,

Em vista do insucesso, foram abando

Digesto

Na zona da Ribeira de Iguape es

nados os depósitos de nitratos no Centro do Ceará e explorados os da parte oci

tão-se desenvolvendo os Iraballios de

dental, na serra da Ibiapaba, próximo a Viçosa, e no sertão, a nove léguas ao sul

e.xp'oração no Morro do Serrote (jazidas Wende! c Latif) e cm Jacupiranga (Ser rana S. A.)5 cm Ipanema prosseguem os

ou sem ela. Sem Araxá, as perspectivas,

cial, mas não podem ser consideradas

encarando as necessidades do País, são

suficientemente grandes para a Nação.

algo sombrias, porque não poderão sa

Marrocos, Tuní.sia).

Minas, em São Paulo, Paraíba, Bahia e

fosfatados, considerando-se tão somente

Santa Catarina devem ser estimulados

os próximos 50 anos. Os depósito.s em exploração no sul de São Paulo, pelo que se conhece atualmente, não tem

trabaMios num ritmo compatível com as

em fevereiro de 1805 a Junta da Fazen

dificuldades locais e as jazidas de Araxá

volume suficiente para assegurar a to talidade do consumo nacional no pró

da ordenou a paralisação do empreendi

recentemente descobertas, estão sendo

ximo meio século.

mento.

cuidadosamente estudadas para o fim de

nos sertões da Bahia (Morro do Chapéu, Rio de Contas), e Minas Gerais (Rio

Na Paraíba, os depósito.s de apatita

das Velhas, Abaeté) ou de Pernambuco

ploração; os de Ipírá, na Bahia, estão

sendo estudados; e atenções especiais estão merecendo os depósito.s de guano da liha Rala, no arquipélago de Fer nando de Noronha. 0.s grandes depósito.s de fosfatos de alumínio na Serra da Pirocaua o Ilha Tra

Origem dos depósitos, bem dife rente das formações sedimentares

marinhas que ocorrem no Chile. As investigações feitas até o pre sente nas zonas salitreiras do Brasil

desenvolvimento de processos tec

nológicos que facultem o .seu apro veitamento em bases econômicas.

ral. O futuro da nossa produção de ni tratos não está nas jazidas ridiculamente

Os recentes estudos do Instituto de Tecnologia Industrial de Minas Gerais

são da nossa agricultura e à defesa na

lidades econômicas.

Nossas jazidas de fosfatos no Sul (Araxá, Ipanema, Jacupiranga, Serrote, Anitápolis) resultam da ação de erup-

seira, no Maranhão, aguardam "o

não dão a menor esperança de pro duzirmos em larga escala salitre natu pequenas, até agora conhecidas, mas na sua fabricação partindo do ar atmosfé rico, nos pontos em que se possa dispor de energia a um preço compatível com aquela indústria tão necessária à expan

sitos de Araxá e a necessidade de es clarecimento definitivo das suas possibi

de Alagou do Monteiro já estão em ex

(Buíque) não é mais animadora, e esse produto nunca passou dum âmbito estri tamente regional. A razão disso está na

Daí a grande importância dos depó

uma indu-strialização eficiente. ■

que atualmente satisfazem a maior parte das necessidades do consumo mundial.

Tanto os depósitos do Norte da África quanto os da América do Norte (Flori da, Tennessee) têm origem sedimentar

em Araxá levaram à cubagem de quan

e se apresentam em grandes massas,

tidades notáveis de rocha fosfatada pela

ocupando grandes extensões. O apro veitamento das jazidas de fosfatos ja

presença de apatita; porém, o que se verifica pelos estudos dados à publi

conhecidas no Brasil implica na adoção

cidade é que ainda há problemas a

de técnicas mais delicadas e mais one

serem solucionados. Sendo po.ssível pro duzir em Araxá fosfatos com as caracte

internacional. Isso se refere a tôdas as

fósforo retirado em muitos anos de cul

cultura, e a preços satisfatórios, ter-se-á ali uma fonte de riqueza de grande re

sitos de guano da Ilha Rata

tura tem fomentado a exploração das

percussão sôbre toda a agricultura na

e do fosforito que ocorre no

ue Janeiro, tomo XXXIII e Rev. do Insti

As fontes industriais de

potássio são as jazidas salinas (evaporites) de Stassfurt (Alemanha), Alsácia (França), Novo Mé.xico (Estados Uni dos), Catalunha. (Espanha), Polônia, Rússia, Palestina e Cliile.

Nessas jazidas encontram-se os sais

do potássio, de magnésio e sódio, e

Quando a Alemanha anexou a Alsácia, após a guerra de 1870, ficou com o mo nopólio do potássio pela posse das duas

rísticas necessárias ao emprôgo na agri

tuto do Ceará. vol. XXXIX, pág. 172.

e o fósforo.

em apatita e outros minerais. São ja zidas de origem diferente daquelas que formam as grandes reservas de fosfatos

Fosfatos. — A compreensão da neces sidade urgente de retribuir ao solo o

Ceara. Rev, da Soe. de Geografia do Rio

Potássio. — Os sais de potássio estão

no mesmo p'ano de carência que o azôto

tivas alcalinas sôbre as rochas adjacen tes, formando uma zona periférica rica

cional.

Abreu — Um capítulo da Geografia do

porque abordam um problema de im portância fundamental para o País.

mediante uma separação por processos \ físicos, obtém-se um produto puro, a preços razoáveis que permitem o seu

rosas, exigindo maior esforço para levar os produtos aos padrões do mercado

{ )Para maiores detalhes vide: S. Froes

Os trabalhos atualmente em curso em

tisfazer ao consumo crescente de adubos

da cidade de Granja. Como não fos sem mais promissores os resultados ali,

A história das explorações de salitre

25

Econômico

nossas jazidas, com exceção dos depó

emprêgo, em larga escala, na agricultura.

mais importantes jazidas do mundo. A volta da Alsácia à França, depois da guerra de I9I4-I9I8, restituiu a esse

país as fontes de potássio para sua im portante produção agrícola, mas para

fins de proteção comercial foram man tidos acordos fixando preços, quotas etc.

Os Estados Unidos há muito sentiram

que sua enorme produção agrícola estava na dependência das fontes européias de potássio e lançaram audaciosos progra mas de pesquisas para descobrir fontes

cional.

Morro do Serrote (São Paulo),

desse mineral em seu próprio território. Em perfurações pa ra petróleo no oeste do Texas

Para um pronunciamento atual sôbre o problema do fosfato no Brasil deve-se

ambos de reservas relativamen

e Novo México foram encontra

te pequenas, encarando-se o problema nacional. Essas jazi das podem ser consideradas grandes para uma firma comer

estabelecer duas hipóteses: a situação com a contribuição satisfatória de Araxá ÈUàkt

dos sais de potássio, e neste iVtímo Estado, em Carlsbad,

instalou-se a grande indústria de potássio que passou a com-


26

Dicesto

Econômico

Estudo sobre padrão d© vida

petir com a produção de Stassfurt e da

to Nacional de Tecnologia e no Instituto

Alsácia.

de Pesquisas e Tecnologia de Sergipe

As necessidades da agricultura, nos Estados Unidos, andam por mais de um

estão sendo feitos e.studos para o apro veitamento dos sais de .sódio, magncsio

<Rosallados prciimiunres de pcsqnisa)

milhão de toneladas, anualmente, de sais

de potássio, havendo já uma produção

e potássio, como cooperação aos traba lhos das companhias Indústrias Brasilei

(Universidade do Brasi',

nacional em tômo de 50% do consumo.

ras Alcalinas e Sal-Gema, Soda Cáustica

Instituto

O panorama mundial do mercado de sais de potássio é deficitário, havendo

e Indústrias Química.s.

mais procura que produção, porque cada vez os povos compreendem a ne cessidade de adubar o solo para aumen tar as colheitas.

No Brasil estamos importando sais de potássio do Chile e dos Estados Uni

dos, 6 ainda utilizamos cinzas de lenha

e de resíduos vegetais ricos em potássio. As importações giram em tômo de 10.000 toneladas e, no entanto, para um emprego necessário a toda a área

cultivada no País, o consumo seria da ordem de 900.000 toneladas, ou noven

ta vêzes mais. Os recursos de potássio no Brasil atualmente consistem nas ja zidas de leucita do planalto de Caldas e nas camadas potássicas no depósito de sa'-gema de Cotinguiba, em Sergipe. A leucita é um feldspatóide, um silicato de alumínio e potássio, encontrado nas rochas emptivas, que poderá fornecer

:í«

Fazendo-se um cotejo entre a área cultivada e o consumo dc adubos mine

gràficamente estudado. Dentro em bre ve, decorrido um ano do começo da apu \ CONVITE do Professor Luiz Dods"worth Martins, diretor do Institu

ração, o Instituto de Economia espera

publicar em ^'olume os resultados das

rais no Brasil, constala-se que a agri

to de Economia, órgão de pesquisas eco

cultura nacional está vivendo num re gime de carência de fertilizantes — o

nômicas e sociais da Fundação Mauú,

dados foram submetidos.

tivemos a honra de dirigir um inqué

principal responsável pelo baixo índice de produção do nosso solo. A maior parte da área cultivada compõe-se de tratos que há muito perderam a uber-

rito sôbre o padrão de vida de um gru-

dade primitiva e só nas zonas pioneiras de Minas, Goiás, São Paulo e Paraná é que se consegue obter uma farta produ

punha-se de 396 famílias, compreenden do um total de 2.010 pessoas, às quais

ção sem o concurso da adubação quí mica.

O problema do azôto pode ser resol vido em parte com a adubação verde com leguminosas fixadoras do azôto atmosférico, e em parte com a instalação de usinas produtoras de ainônía e nitra

po de famílias de comerciários, no Distrito Federal.

O grupo demonstrativo e.stuclado com

"* Divulgamos aqui, como nota prévia, e pe'a primeira vez, parte das análises das despesas das famílias estudadas. Ou tros dados complementares serão encon trados na referida publicação, primeira

de uma série em que o Instituto de Eco nomia pretende divulgar os principais

foram feitas aproximadamente 2.000 vi resultados de sua fecunda atividade no sitas domiciliares pela equipe de tra campo das pesquisas econômicas e so balho, integrada por 21 economistas di- ciológicas. Em que pese a natureza necessaria p'omados pela Universidade do Brasil. mente fragmentária dessas observações O objetivo geral do estudo era fazer, por meio de um questionário para esse que se seguem, esperamos que isso seja fim e.specialmente organizado, o levanta mento da receita de cada família no mês

compensado pelo fato de esses dados re

fletirem resultados coUiidos numa pesqui

de abril de 1948 e o registro minucio

sa de campo, pesquisa que alcançou

está também na dependência do resul

pesas domésticas foi feito mediante o lançamento diário — por parte dos che

não nos cabe aqui discutir — só ulti

tado das pesquisas em andamento.

fes das famílias ou das donas de casa,

mamente começa a superar o estado lar-

em caderneta para êste fim preparada — de todos os gastos efetuados pela fa

vário do mero ensaio erudito em que

forma assimilável o metal alcalino.

resultado dos grandes trabalhos em curso

Os sais de potássio descobertos recen temente em Sergipe são da classe da

e o abastecimento de sais de potássio

camalita e sllvita, que ocorrem nas ja

O suprimento de fosfates depende do

Nunca será demais insistir no proble

Na Escola Politécnica de São Paulo,

ma da melhoria do solo, um dos mais

na Faculdade de Filosofia e no Instituto

importantes recursos naturais duma na ção, 8 muito justamente considerado a

mento da leucita, enquanto no Institu-

Economia)

elaborações fundamentais a que aquéles

tos sintéticos.

Geográfico e Geológico estão sendo es tudados os processos para - o aproveita

de

sif :5f

potássio para fins agrícolas mediante tra tamentos tecnológicos que ponham em

zidas típicas de evaporites,.

L. A. Costa Pinto

base do bem-estar e da riquxza do povo brasileiro.

so das despesas dessas mesmas famílias uma envergadura pouco freqüente em no mês seguinte. Êste registro das des estudos dessa natureza em nosso país, onde a sociologia — por motivos que

foi mantida por muito tempo.

mília, dia por dia, durante todo o perío do da coleta.

O material assim recolhido permitiu-

nos obter, através das analises a que

êle foi submetido, preciosas ipdicações sôbre a estrutura, o orçamento e a vida social cotidiana do grupo assim mono-

II

Levantados e devidamente analisados todos os elementos' da receita e da des

pesa dos orçamentos domésticos que constituíram nossa amostra, e detenoi-


26

Dicesto

Econômico

Estudo sobre padrão d© vida

petir com a produção de Stassfurt e da

to Nacional de Tecnologia e no Instituto

Alsácia.

de Pesquisas e Tecnologia de Sergipe

As necessidades da agricultura, nos Estados Unidos, andam por mais de um

estão sendo feitos e.studos para o apro veitamento dos sais de .sódio, magncsio

<Rosallados prciimiunres de pcsqnisa)

milhão de toneladas, anualmente, de sais

de potássio, havendo já uma produção

e potássio, como cooperação aos traba lhos das companhias Indústrias Brasilei

(Universidade do Brasi',

nacional em tômo de 50% do consumo.

ras Alcalinas e Sal-Gema, Soda Cáustica

Instituto

O panorama mundial do mercado de sais de potássio é deficitário, havendo

e Indústrias Química.s.

mais procura que produção, porque cada vez os povos compreendem a ne cessidade de adubar o solo para aumen tar as colheitas.

No Brasil estamos importando sais de potássio do Chile e dos Estados Uni

dos, 6 ainda utilizamos cinzas de lenha

e de resíduos vegetais ricos em potássio. As importações giram em tômo de 10.000 toneladas e, no entanto, para um emprego necessário a toda a área

cultivada no País, o consumo seria da ordem de 900.000 toneladas, ou noven

ta vêzes mais. Os recursos de potássio no Brasil atualmente consistem nas ja zidas de leucita do planalto de Caldas e nas camadas potássicas no depósito de sa'-gema de Cotinguiba, em Sergipe. A leucita é um feldspatóide, um silicato de alumínio e potássio, encontrado nas rochas emptivas, que poderá fornecer

:í«

Fazendo-se um cotejo entre a área cultivada e o consumo dc adubos mine

gràficamente estudado. Dentro em bre ve, decorrido um ano do começo da apu \ CONVITE do Professor Luiz Dods"worth Martins, diretor do Institu

ração, o Instituto de Economia espera

publicar em ^'olume os resultados das

rais no Brasil, constala-se que a agri

to de Economia, órgão de pesquisas eco

cultura nacional está vivendo num re gime de carência de fertilizantes — o

nômicas e sociais da Fundação Mauú,

dados foram submetidos.

tivemos a honra de dirigir um inqué

principal responsável pelo baixo índice de produção do nosso solo. A maior parte da área cultivada compõe-se de tratos que há muito perderam a uber-

rito sôbre o padrão de vida de um gru-

dade primitiva e só nas zonas pioneiras de Minas, Goiás, São Paulo e Paraná é que se consegue obter uma farta produ

punha-se de 396 famílias, compreenden do um total de 2.010 pessoas, às quais

ção sem o concurso da adubação quí mica.

O problema do azôto pode ser resol vido em parte com a adubação verde com leguminosas fixadoras do azôto atmosférico, e em parte com a instalação de usinas produtoras de ainônía e nitra

po de famílias de comerciários, no Distrito Federal.

O grupo demonstrativo e.stuclado com

"* Divulgamos aqui, como nota prévia, e pe'a primeira vez, parte das análises das despesas das famílias estudadas. Ou tros dados complementares serão encon trados na referida publicação, primeira

de uma série em que o Instituto de Eco nomia pretende divulgar os principais

foram feitas aproximadamente 2.000 vi resultados de sua fecunda atividade no sitas domiciliares pela equipe de tra campo das pesquisas econômicas e so balho, integrada por 21 economistas di- ciológicas. Em que pese a natureza necessaria p'omados pela Universidade do Brasil. mente fragmentária dessas observações O objetivo geral do estudo era fazer, por meio de um questionário para esse que se seguem, esperamos que isso seja fim e.specialmente organizado, o levanta mento da receita de cada família no mês

compensado pelo fato de esses dados re

fletirem resultados coUiidos numa pesqui

de abril de 1948 e o registro minucio

sa de campo, pesquisa que alcançou

está também na dependência do resul

pesas domésticas foi feito mediante o lançamento diário — por parte dos che

não nos cabe aqui discutir — só ulti

tado das pesquisas em andamento.

fes das famílias ou das donas de casa,

mamente começa a superar o estado lar-

em caderneta para êste fim preparada — de todos os gastos efetuados pela fa

vário do mero ensaio erudito em que

forma assimilável o metal alcalino.

resultado dos grandes trabalhos em curso

Os sais de potássio descobertos recen temente em Sergipe são da classe da

e o abastecimento de sais de potássio

camalita e sllvita, que ocorrem nas ja

O suprimento de fosfates depende do

Nunca será demais insistir no proble

Na Escola Politécnica de São Paulo,

ma da melhoria do solo, um dos mais

na Faculdade de Filosofia e no Instituto

importantes recursos naturais duma na ção, 8 muito justamente considerado a

mento da leucita, enquanto no Institu-

Economia)

elaborações fundamentais a que aquéles

tos sintéticos.

Geográfico e Geológico estão sendo es tudados os processos para - o aproveita

de

sif :5f

potássio para fins agrícolas mediante tra tamentos tecnológicos que ponham em

zidas típicas de evaporites,.

L. A. Costa Pinto

base do bem-estar e da riquxza do povo brasileiro.

so das despesas dessas mesmas famílias uma envergadura pouco freqüente em no mês seguinte. Êste registro das des estudos dessa natureza em nosso país, onde a sociologia — por motivos que

foi mantida por muito tempo.

mília, dia por dia, durante todo o perío do da coleta.

O material assim recolhido permitiu-

nos obter, através das analises a que

êle foi submetido, preciosas ipdicações sôbre a estrutura, o orçamento e a vida social cotidiana do grupo assim mono-

II

Levantados e devidamente analisados todos os elementos' da receita e da des

pesa dos orçamentos domésticos que constituíram nossa amostra, e detenoi-


28

Digesto

Econômico

nados os característicos sociológicos da

conlramos Cr$ 844.936,30.

No mesmo

estrutura das famílias que a compunham

período, u renda média da distribuição

cumpriu-nos coroar a investigação en

foi do Cr$ 2.511,30 c a despesa média

carando diretamente o problema inicial

de Cr$ 2.624,00.

mente formulado, que enquadrava os ob jetivos fundamentais da pesquisa reali

tivo estudado, se forma.sse uma unidade

zada.

Tratava-se, como foi dito, de levantar' s receita de um determinado mês e es-

tudar o modo como essa receita se es

coava nas despesas de um período ime

diatamente seguinte; depois de analisa das -per se cada uma das parcelas que compunham a renda e de estudar a dis

tribuição dos gastos, item por item, da despesa das famílias — tínhamos os

elementos para apreciar, no conjunto da amostra e nos diversos grupos de caracte

rísticos semelhantes em que ela se di vidia, a real situação sócio-económica

das famílias que constituíram o campo de análises. Para alcançar esse objeti vo final, os dados em mão nos permi

tiam constatações objetivas, de valor científico evidente, que tinham o méri to, inclusive, de dispensar maiores elocubrações ou artifícios, pois que as apu rações feitas com os dados diretamente colhidos da realidade foram encaminha

das de modo que — digamos assim — "falassem por si mesmas", com uma elo qüência que a sobriedade com que que

remos apresentá-las só poderá ressaltar. Somando o conjunto dos réditos de tôdas as famílias estudadas (1) no mês a

que se refere o levantamento das ren das (abril de 1948) - encontramos a

soma de Cr$ 808.638,60. Somando-se igualmente tôdas as despesas de todas

as famílias, no período de 30 dias que se seguiu ao cômputo -da receita, en-

Como SC verifica, o grupo demonstra econômica, teria uma economia deficitá ria (2).

Evidentemente, c.ssu verificação não

esgota o assunto. Pelo contrário, naque le resultado estavam indicações e pontos de partida de outras análises, que não

sòmenle completaram a apuração pre'iminar sobro o orçamento do conjunto, mas também lançariam mais luz sobre o prob'cma que se pretendia conhecer. Elas foram procedidas, e seus resultados mais importantes aqui divulgamos aos estudiosos e interessados no problema.

Em verdade, compunham o grupo de famílias que estudamos unidades domés ticas em que a receita c.xcedia a des pesa, bem como outras unidades do mésticas em que a despe.sa era maior do

que a receita. Tornava-se indispensá

vel, por conseqüência - inclusive paia estabelecer um contrôle indireto sòbre a veracidade das respostas obtidas -

estudar a situação dos orçamentos médios dentro dos diversos grupos de famílias discriminados pelo número de membros componentes e pelo número de membros dependentes.

Discriminadas as famílias à luz desse critério, o que logo se destacou - con firmando, aliás, resultado obüdo em ou tras apurações — foi a estreita e evidente

relação que existe, em famílias cuja fonte principal de ingressos é o salário dos membros ativos, entre o tamanho (2) No têxto do relalÓTio final da pes

Jl) Neste caso, 323 famílias, pois só

sobre êsse número dispúnhamos _ de in formações Bõbre as despesas, registradas Tia» ...—1 _, . nas cadernetas

quisa. referimo-nos aos problemas meto

dológicos envolvidos na apuração de ques tionários em que a despesa excedia a re ceita. e vice-versa. Cfr. op. cit.

....

í-> o O O O O O O O O O O O O O 552

oooooooo o o o o o o 5 2 2 2 2


28

Digesto

Econômico

nados os característicos sociológicos da

conlramos Cr$ 844.936,30.

No mesmo

estrutura das famílias que a compunham

período, u renda média da distribuição

cumpriu-nos coroar a investigação en

foi do Cr$ 2.511,30 c a despesa média

carando diretamente o problema inicial

de Cr$ 2.624,00.

mente formulado, que enquadrava os ob jetivos fundamentais da pesquisa reali

tivo estudado, se forma.sse uma unidade

zada.

Tratava-se, como foi dito, de levantar' s receita de um determinado mês e es-

tudar o modo como essa receita se es

coava nas despesas de um período ime

diatamente seguinte; depois de analisa das -per se cada uma das parcelas que compunham a renda e de estudar a dis

tribuição dos gastos, item por item, da despesa das famílias — tínhamos os

elementos para apreciar, no conjunto da amostra e nos diversos grupos de caracte

rísticos semelhantes em que ela se di vidia, a real situação sócio-económica

das famílias que constituíram o campo de análises. Para alcançar esse objeti vo final, os dados em mão nos permi

tiam constatações objetivas, de valor científico evidente, que tinham o méri to, inclusive, de dispensar maiores elocubrações ou artifícios, pois que as apu rações feitas com os dados diretamente colhidos da realidade foram encaminha

das de modo que — digamos assim — "falassem por si mesmas", com uma elo qüência que a sobriedade com que que

remos apresentá-las só poderá ressaltar. Somando o conjunto dos réditos de tôdas as famílias estudadas (1) no mês a

que se refere o levantamento das ren das (abril de 1948) - encontramos a

soma de Cr$ 808.638,60. Somando-se igualmente tôdas as despesas de todas

as famílias, no período de 30 dias que se seguiu ao cômputo -da receita, en-

Como SC verifica, o grupo demonstra econômica, teria uma economia deficitá ria (2).

Evidentemente, c.ssu verificação não

esgota o assunto. Pelo contrário, naque le resultado estavam indicações e pontos de partida de outras análises, que não

sòmenle completaram a apuração pre'iminar sobro o orçamento do conjunto, mas também lançariam mais luz sobre o prob'cma que se pretendia conhecer. Elas foram procedidas, e seus resultados mais importantes aqui divulgamos aos estudiosos e interessados no problema.

Em verdade, compunham o grupo de famílias que estudamos unidades domés ticas em que a receita c.xcedia a des pesa, bem como outras unidades do mésticas em que a despe.sa era maior do

que a receita. Tornava-se indispensá

vel, por conseqüência - inclusive paia estabelecer um contrôle indireto sòbre a veracidade das respostas obtidas -

estudar a situação dos orçamentos médios dentro dos diversos grupos de famílias discriminados pelo número de membros componentes e pelo número de membros dependentes.

Discriminadas as famílias à luz desse critério, o que logo se destacou - con firmando, aliás, resultado obüdo em ou tras apurações — foi a estreita e evidente

relação que existe, em famílias cuja fonte principal de ingressos é o salário dos membros ativos, entre o tamanho (2) No têxto do relalÓTio final da pes

Jl) Neste caso, 323 famílias, pois só

sobre êsse número dispúnhamos _ de in formações Bõbre as despesas, registradas Tia» ...—1 _, . nas cadernetas

quisa. referimo-nos aos problemas meto

dológicos envolvidos na apuração de ques tionários em que a despesa excedia a re ceita. e vice-versa. Cfr. op. cit.

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-31

Digesto Econômico CO

r♦

r-

CO

das famílias, a idade dos componentes e o volume da renda familiar.

to

De acordo com o critério estabelecido,

c

e já exposto — número de membros das

pendente.

r*-

famílias e número de dependentes —

passam as despesas começam a aparecer com mais freqüência a partir do grupo de famílias compostas de 6 membros. Es

temos as unidades domésticas discrimi

CNi —

+

r-

tO

r-

r-

r- m rr-

cví —

cvi

r-~

i£>

tf )c\|

o

(O fn

cg

<o

0)

(O

m

UD o Ut

04 tf )

in

mesma composição e por ésses valores foram traçados os dois grirficos apresen

tados: no primeiro temos a receita e

despesa da distribuição; no segundo re presentamos uma linha traçada pelas di ferenças — positivas e negativas — entre aqueles valores.

Dentre os 35 grupos de orçamentos domésticos assim considerados, 20 apre

tf )o fO •«t n <o

pesa.

o 4> n

cg Qí

r)

fn o u>

Cg

fVJ o —

9

o cg •T

tas com 1, 2 e 3 dependentes, ainda têm

supera\ãt; com 4 e 5 dependentes voltam a apresentar déficit. O mesmo ocorre com as unidades de 7 e mais 7 mem

bros, onde os orçamentos deficitários ten dem a diminuir e os déficits encontrados tendem a se reduzir. Assim, nas famí lias de volume menor predominam os orçamentos deficitários, enquanto que

nas famílias de volume maior a tendên cia c inversa.

Êsse fato, estranho à primeira vista,

decoire da circunstância atrás referida: nas famílias cuja fonte principal de ren da é o salário dos membros que tra balham, existe uma relação permanente entre o mmiero de componentes e a ren

da, pois, na medida em que aumenta o

número de filhos que trabalham, tende a crescer a renda doméstica, enquanto

que, nas famílias menores, constituídas

resultados dos diversos grupos — refleti

dos no comportamento das curvas aqui

tende a ser deficitário.

apresentadas — verificamos que os orça

Em razão disso, o conjunto da distri

mentos das famíbas até 3 membros —

buição pode ser dividido em dois grupes

que totalizam 106 unidades — são todos

nitidamente caracterizados: no grupo de

deficitários; • nelas, por contingência de sua própria estrutura, predominam, em mais de 50%, as famílias em que só há um elemento ativo (3). Na escala as cendente do número de membros das famílias, o primeiro orçamento médio

famílias até 5 membros, predominam os déficits - 14 - sôbre os superávits -

(3) Entre os ativos esl&o incluídos, tam bém, os que exercem atividade econômica

ficitárias, estão 120 unidades domésticas.

o o o o o o

1; naquelas de 6 membros e mais, pre dominam os superávits — 14 — sôbre os déficits - 6. No primeiro grupo, eco nomias deficitárias, incluem-se 203 um-

dades, e no segundo, economias não de

o o o o o o

T *0 03 o OJ ^

Orçamentos em que as receitas ultra

em época recente, em que so o pai, ou quando muito o casal, contribui para a receita do orçamento doméstico, êste

Analisando mais minuciosamente os

cg

Jo

mília, a receita e ü despesa média dos grupos de famílias que apresentaram a

vit; noutros têrmos, em 57% dos orça mentos a despesa é maior do que a re ceita, e em 43% a receita excede a des

«o

OOOOOOOOOOOOO o oo o o oooooooo oo o CO to ^r\] o (O <o T oj

mais de 7 membros, das quais mais de

7 são dependentes. Dentro de cada gru po foram determinadas, independente

sentam déficit 6 15 apresentam superá

fVJ

o <UJ

nadas em 35 grupos, desde as unidades compostas de um só membro e nenhum dependente, até aquelas compostas de

mente da receita ou despesa de cada fa

lO

<o

em que se encontra a receita maior do que a despesa é o das famílias compostas de 4 membros dos quais nenhum é de

diU.

CM

no âmbito doméstico, auferindo rendeu

iJÍ^ÍÍÉI

A maior receita média e a maior


-31

Digesto Econômico CO

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nas famílias de volume maior a tendên cia c inversa.

Êsse fato, estranho à primeira vista,

decoire da circunstância atrás referida: nas famílias cuja fonte principal de ren da é o salário dos membros que tra balham, existe uma relação permanente entre o mmiero de componentes e a ren

da, pois, na medida em que aumenta o

número de filhos que trabalham, tende a crescer a renda doméstica, enquanto

que, nas famílias menores, constituídas

resultados dos diversos grupos — refleti

dos no comportamento das curvas aqui

tende a ser deficitário.

apresentadas — verificamos que os orça

Em razão disso, o conjunto da distri

mentos das famíbas até 3 membros —

buição pode ser dividido em dois grupes

que totalizam 106 unidades — são todos

nitidamente caracterizados: no grupo de

deficitários; • nelas, por contingência de sua própria estrutura, predominam, em mais de 50%, as famílias em que só há um elemento ativo (3). Na escala as cendente do número de membros das famílias, o primeiro orçamento médio

famílias até 5 membros, predominam os déficits - 14 - sôbre os superávits -

(3) Entre os ativos esl&o incluídos, tam bém, os que exercem atividade econômica

ficitárias, estão 120 unidades domésticas.

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Orçamentos em que as receitas ultra

em época recente, em que so o pai, ou quando muito o casal, contribui para a receita do orçamento doméstico, êste

Analisando mais minuciosamente os

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mília, a receita e ü despesa média dos grupos de famílias que apresentaram a

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7 são dependentes. Dentro de cada gru po foram determinadas, independente

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nadas em 35 grupos, desde as unidades compostas de um só membro e nenhum dependente, até aquelas compostas de

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em que se encontra a receita maior do que a despesa é o das famílias compostas de 4 membros dos quais nenhum é de

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no âmbito doméstico, auferindo rendeu

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A maior receita média e a maior


Digesto Econónhco

32

despesa média da distribuição coin

nosso material de pesquisa, o que dese

cidem ambas nas familias de 7 mem

jamos é chamar a atenção do leitor inte

bros em que um único membro é

ressado para a conveniência de uma tal

dependente.

anáMsc, què relaciona a situação econô

despesa foi encontrado nas famílias de

mica à estrutura da unidade doméstica, e que nos parece um procedimento mais

7 membros onde nenhum é dependente

recomendável, embora menos freqüente,

e o maior excesso da despesa sôbrè a ren

do que a redução de todos os casos a

O maior excesso da receita sobre a

da corresponde ao gnipo de famílias de 6 membros dos quais 4 são dependentes. Como se vê, essa correlação estabe

lecida entre a composição da família e a análise de seu orçamento pode servir também como meio auxiliar de compro

vação da representatividade do grupo estudado, bem como do acerto do ca

minho percorrido.

Apresentando aqui essas elaborações so

bre os orçamentos que constituíram o

Relações da instabilidade monetária com o capital das empresas (I) DjAcm Menezes

(Da Universidade do Brasil)

unidades fictícias consideradas equiva lentes à média de tôdas as famílias estu dadas, média que resulta numa família de tipo ideal e inexistente. Nos gráficos aqui estampados estão os resultados das elaborações procedidas à

luz desse critério, e para esclarecimen to completo remetemos os interessados ao relatório final da pesquisa, editado pelo Instituto de Economia da Funda ção Mauá.

teria sido possí' vel a expansão das fôrças produtivas, com a introdução das má

quinas, que permitiram a exploração das novas formas de energias na

turais a partir da cha mada "revolução indus

trial", se a própria vida econômica não sugeris se e fizesse

nascer

a

"sociedade por ações".

O papel que desempe nhou na evolução do

capitalismo foi imenso: e o legislador foi ao en contro

das

exigências

do capital que ràpidamente se concentra va, expandindo sua ação sobre as rique zas naturais do globo: as áreas longín

quas e os povos coloniais foram gradual-

iniciou a partir do sé culo XVI, desdobrando-

se num panorama de atividades criadoras que envolvem

as

artes,

a

ciência e a filosofia do Ocidente.

A tecnologia, conjun to

de

conhecimentos

destinados à aplicação

no processo produtivo, assumia

importância

fundamental, exigindo laboratórios experimen tais, pesquisas, inven ções — movendo

ciên

cia para frente. Era a mola que impelia o co nhecimento da natureza e seus proces

sos. Quando se fêz a passagem da ener gia a vapor para a energia elétrica co mo base das indústrias mais avançadas,

- mente incorporados ao processo económi- - no madrugar do século XX, mais se

CO que ascendia a novas fases na histó ria mundial.

Foi o período em que o progresso

das fôrças industriais reclamou novos

Anuncia-se que a Administração da Cooperação Econômica aprovou uma verha de mais de 5.200 milhões de ■dólares.

O órgão de ajuda econômica dos Estados Unidos começOu as suas operações há 14 meses passados e o último sumário da Administração indica que as autorizações

atingiram a 5.182.III.000 dólares. Éste total foi a conseqüência do acréscimo, à cifra anterior, da último, autorização de uma verba de 41.345.000 dólares, para ser usada em compras pelo Reino

Unido, França, Áustria, Grécia, Itália, Holanda, África do Norte Francesa e as^

duas zonas de ocupação da Alemanha sob contrôíe britânico e norte-americano.

quadros que canalizassem seu vigor exal-

t.ado pelas descobertas científicas. A classe mais ativa no processo de criação das utilidades, com iniciativa admirável, jemoliu velhas praxes e instituições, ela borando as bases do mundo moderno. Seria difícil dar, a rápido traço, as. li nhas gerais da transformação que se

definiu a nova civilização técnica.

Se

bem que a produção -da eletricidade em

escala comercial tenha surgido nas al turas de 1880; foi somente pelo ano de

1910 que começou a penetrar e modi

ficar a estrutura econômica do Ocidente.

Acelerando a produção moderna, susci tou também os problemas da concor rência no mercado mundial.

O aproveitamento da energia elétrica

revoluciona a estrutura da máquina,

porque determina a aparição de novo


Digesto Econónhco

32

despesa média da distribuição coin

nosso material de pesquisa, o que dese

cidem ambas nas familias de 7 mem

jamos é chamar a atenção do leitor inte

bros em que um único membro é

ressado para a conveniência de uma tal

dependente.

anáMsc, què relaciona a situação econô

despesa foi encontrado nas famílias de

mica à estrutura da unidade doméstica, e que nos parece um procedimento mais

7 membros onde nenhum é dependente

recomendável, embora menos freqüente,

e o maior excesso da despesa sôbrè a ren

do que a redução de todos os casos a

O maior excesso da receita sobre a

da corresponde ao gnipo de famílias de 6 membros dos quais 4 são dependentes. Como se vê, essa correlação estabe

lecida entre a composição da família e a análise de seu orçamento pode servir também como meio auxiliar de compro

vação da representatividade do grupo estudado, bem como do acerto do ca

minho percorrido.

Apresentando aqui essas elaborações so

bre os orçamentos que constituíram o

Relações da instabilidade monetária com o capital das empresas (I) DjAcm Menezes

(Da Universidade do Brasil)

unidades fictícias consideradas equiva lentes à média de tôdas as famílias estu dadas, média que resulta numa família de tipo ideal e inexistente. Nos gráficos aqui estampados estão os resultados das elaborações procedidas à

luz desse critério, e para esclarecimen to completo remetemos os interessados ao relatório final da pesquisa, editado pelo Instituto de Economia da Funda ção Mauá.

teria sido possí' vel a expansão das fôrças produtivas, com a introdução das má

quinas, que permitiram a exploração das novas formas de energias na

turais a partir da cha mada "revolução indus

trial", se a própria vida econômica não sugeris se e fizesse

nascer

a

"sociedade por ações".

O papel que desempe nhou na evolução do

capitalismo foi imenso: e o legislador foi ao en contro

das

exigências

do capital que ràpidamente se concentra va, expandindo sua ação sobre as rique zas naturais do globo: as áreas longín

quas e os povos coloniais foram gradual-

iniciou a partir do sé culo XVI, desdobrando-

se num panorama de atividades criadoras que envolvem

as

artes,

a

ciência e a filosofia do Ocidente.

A tecnologia, conjun to

de

conhecimentos

destinados à aplicação

no processo produtivo, assumia

importância

fundamental, exigindo laboratórios experimen tais, pesquisas, inven ções — movendo

ciên

cia para frente. Era a mola que impelia o co nhecimento da natureza e seus proces

sos. Quando se fêz a passagem da ener gia a vapor para a energia elétrica co mo base das indústrias mais avançadas,

- mente incorporados ao processo económi- - no madrugar do século XX, mais se

CO que ascendia a novas fases na histó ria mundial.

Foi o período em que o progresso

das fôrças industriais reclamou novos

Anuncia-se que a Administração da Cooperação Econômica aprovou uma verha de mais de 5.200 milhões de ■dólares.

O órgão de ajuda econômica dos Estados Unidos começOu as suas operações há 14 meses passados e o último sumário da Administração indica que as autorizações

atingiram a 5.182.III.000 dólares. Éste total foi a conseqüência do acréscimo, à cifra anterior, da último, autorização de uma verba de 41.345.000 dólares, para ser usada em compras pelo Reino

Unido, França, Áustria, Grécia, Itália, Holanda, África do Norte Francesa e as^

duas zonas de ocupação da Alemanha sob contrôíe britânico e norte-americano.

quadros que canalizassem seu vigor exal-

t.ado pelas descobertas científicas. A classe mais ativa no processo de criação das utilidades, com iniciativa admirável, jemoliu velhas praxes e instituições, ela borando as bases do mundo moderno. Seria difícil dar, a rápido traço, as. li nhas gerais da transformação que se

definiu a nova civilização técnica.

Se

bem que a produção -da eletricidade em

escala comercial tenha surgido nas al turas de 1880; foi somente pelo ano de

1910 que começou a penetrar e modi

ficar a estrutura econômica do Ocidente.

Acelerando a produção moderna, susci tou também os problemas da concor rência no mercado mundial.

O aproveitamento da energia elétrica

revoluciona a estrutura da máquina,

porque determina a aparição de novo


'^1 i ip III

34

Digesto EcONÓ^OCO

equipamento industrial tão diverso da

dicos reclamados para harmonizar, coor

"manufatura".

denar e disciplinar a expansão daquelas

O termo,"manufatura"

continua sendo empregado — mas o con teúdo é completamente outro. As na ções cuja economia estava apta para

receber as novas invenções ganharam

alento ímp"revisto. A percentagem de instrumentos eletrificados e de máqui nas, na indústria norte-americana, por exemplo, era de 4% em 1899, de 23% em 1909, de 53% em 1910 e de 75% em 1927. (1)

^ Das reações mútuas entre o progresso técnlco-industrial e as ciências físico-na-

turais resultaram as conquistas alcança das nesta atribulada metade do século

XX. Mas os impactos que esse conjunto de conhecimentos e técnicas têm desen volvido contra as estruturas institucio

nais, quer reformando-as, quer amea çando-as, são ainda mais importantes a

forças.

tal-dinheiro, forma simbólica da riqueza, vos: criaram-se valores que têm outras

condições de garantia, desconhecidas no mundo do capitalismo mercantil. Sua

conferia personalidade jurídica própria.

possíveis fortunas secretas. Ouçamo-lo:

tório nacional e mesmo fora dêle. Êles

"Outrora, o rícõ era o que possuía o castelo, as fazendas, ao menos uma bela

são titulares de um direito; porque os

A "comandita por ações" e a "sociedade anônima" são modeladas juridicamente

e vencem nos diversos países a fôrça

conservadora das jurisprudências sempre ferradas aos interesses estratificados.

Fala-so na democratização da prol)riedade, que o regime de ações parece

do capitalismo: os milhares de acionistas,

são mais viva do capital. Conforme anotou Ripert, tornaram-se

que trazem seus capitais para a forma

que criava. O mercador tinha loja, ar mava navios, amontoava.mercadorias, po

dia-se julgar da riqueza do seu estabe lecimento.

"Uma coisa era secreta: o montante

tentou fazer publicar as hipotecas, os

metais químicos. Daí dizer vun obser-vador que temos uma "economia de

metais".

Os processos eletroquímicos

criam novos desenvolvimentos e a meta

lurgia assume função relevante no curso da história atual. Fortunas secretas

Temos em vista indicar, nestas pre liminares, as condições econômicas que foram concomitantes, e, por vêzes, de terminantes das transformações a que aludimos.

A concentração progressiva

de observação superficial do fenômeno ainda embrionário. O controle das so ciedades vai parar invariavelmente às mãos de uma minoria, que comanda um capital crescente e dispõe de um poder

social e econômico verificável nas gran das sociedades modernas. Dentro da din^ica geral do sistema econômico a

sociedade anônima não reverteria ém elemento revolucionário, transformador do próprio sistema, como quiseram en

xergar alguns líricos. Exatamente o que também se dá com a cooperativa: ate nuando certos efeitos, não pode meter ombros na modificação do regime, como pretendem outros idealizadores. Bem ao contrário: contribui para sua permanên cia, impedindo que as contradições se

aprofundem, suavizando os desajustamentos, equilibrando as forças em jògo.

dos capitais que originou êsses organis mos potentes do capitalismo industrial, deu possibi'idade a novas formas de produção — e o legislador acudiu à vida

nar outras formas de riquezas, dando

econômica fabricando os institutos jurí

maior mobilidade às fortunas. O capi-

A sociedade por ações veio determi

bens produtivos, em que se invertem

aquêles capitais, são propriedades da empresa como pessoa jurídica — são ca fortuna ostentava-se. Impunha certa li-' pital da emprêsa como tal, dirigido por nha e era difícil escapar às obrigações uma hierarquia de especialistas, de téc

proporcionar a todos, abrindo-lhes a

direito de voto. Tudo isso não passou

ção da empresa, dispersam-se no terri

casa na cidade e seu jardim, que pos suía lindos móveis e boas roupas. A

comucópia dos benefícios do capital A lei confere a soberania da sociedade

ao colégio eleitoral representado pela

terísticas indiridualizadas dos começos

plasticidade multiforme fê-lo a e.xpres-

segurança humana.

tais estruturais, metais de transmissão e

E, no final de contas — a proprieda de da exploração perdeu aquelas carac

O direito anterior não conhecia aquêles institutos: as sociedades de capitais, como viu muito bem Ripert, não podiam ser assimiladas às chamadas "companlúas de carta", a que a legislação não

das dívidas.

O surto industrialista se faz por in

O capital e o balanço das' empresas

adquiriu novos elementos representati

considerar, em face do problema de assembléia geral ~ e as ações dão q termédio do emprego dos metais — me

35

Digesto Econômico

No dia em que Colbert

proprietários endividados fizeram fra cassar a reforma." (2)

nicos, considerados os mandatários dos acionistas. Foi o fenômeno que Berle

e Means apontaram, num 1í\to famoso, da cisão entre a propriedade e o con

trole das empresas. (3) Para os autores americanos, foi aba

lado o princípio econômico da iniciati va individual na emprêsa industrial: a ordem que vigorou durante três séculos

Que acontece hoje, que o "rédito"

foi destruída pela "dissolução do átomo

também se tomou secreto? O capitalis ta tem sua fortuna em ações, percebe rendimentos que ninguém vê, a não ser

norte-americanos, que ambos estudaram,

que êle deseje evidenciá-los na vida

da propriedade". Os dados estatísticos

mostram que a concentração do pode rio econômico atinge limites e.vtraordi-

suntuosa, atestando o vulto de seus ca

nários. No mercado de valores de Nova

bedais. Êle pode ser um ricaço — des

York, 130 sociedades controlam mais de 80% dos ativos de 573 sociedades repre

provido de bens materiais. Pode, como diz o jurista francês, organizar metòdi-

sentadas na bôlsa, em março de 1929,

camente sua insolvahiJidade. Escapa ao

segundo as tabelas publicadas pelo

ôlho das' massas necessitadas, às quais

"Commercial and Financial Clironicle".

não afronta com a ostentação de seu confôrto. Basta-lhe, como sinal oculto

"Entre 1922 e 1928 — escrevem êks — as estimativas do National Industrial

de sua opulência, a caderneta do banco onde depositou seus títulos.

mento da riqueza nacional de 12,5%,

Conference Board indicaram o cresci

Os títulos substituiram-se aos bens.

em relação ao crescimento dos ativos

Ê a premissa social da especulação, o terreno propício onde campeia a alta finança, que incursiona às vêzes para

ou seja, uma taxa anual de crescimento

-além das fronteiras já bem dilatadas da moralidade.

das 200 maiores sociedades com 45,6%,

de 2,0% e 6,3%, respectivamente. Essa concentração crescente fêz com

que os princípios da competição oligo-


'^1 i ip III

34

Digesto EcONÓ^OCO

equipamento industrial tão diverso da

dicos reclamados para harmonizar, coor

"manufatura".

denar e disciplinar a expansão daquelas

O termo,"manufatura"

continua sendo empregado — mas o con teúdo é completamente outro. As na ções cuja economia estava apta para

receber as novas invenções ganharam

alento ímp"revisto. A percentagem de instrumentos eletrificados e de máqui nas, na indústria norte-americana, por exemplo, era de 4% em 1899, de 23% em 1909, de 53% em 1910 e de 75% em 1927. (1)

^ Das reações mútuas entre o progresso técnlco-industrial e as ciências físico-na-

turais resultaram as conquistas alcança das nesta atribulada metade do século

XX. Mas os impactos que esse conjunto de conhecimentos e técnicas têm desen volvido contra as estruturas institucio

nais, quer reformando-as, quer amea çando-as, são ainda mais importantes a

forças.

tal-dinheiro, forma simbólica da riqueza, vos: criaram-se valores que têm outras

condições de garantia, desconhecidas no mundo do capitalismo mercantil. Sua

conferia personalidade jurídica própria.

possíveis fortunas secretas. Ouçamo-lo:

tório nacional e mesmo fora dêle. Êles

"Outrora, o rícõ era o que possuía o castelo, as fazendas, ao menos uma bela

são titulares de um direito; porque os

A "comandita por ações" e a "sociedade anônima" são modeladas juridicamente

e vencem nos diversos países a fôrça

conservadora das jurisprudências sempre ferradas aos interesses estratificados.

Fala-so na democratização da prol)riedade, que o regime de ações parece

do capitalismo: os milhares de acionistas,

são mais viva do capital. Conforme anotou Ripert, tornaram-se

que trazem seus capitais para a forma

que criava. O mercador tinha loja, ar mava navios, amontoava.mercadorias, po

dia-se julgar da riqueza do seu estabe lecimento.

"Uma coisa era secreta: o montante

tentou fazer publicar as hipotecas, os

metais químicos. Daí dizer vun obser-vador que temos uma "economia de

metais".

Os processos eletroquímicos

criam novos desenvolvimentos e a meta

lurgia assume função relevante no curso da história atual. Fortunas secretas

Temos em vista indicar, nestas pre liminares, as condições econômicas que foram concomitantes, e, por vêzes, de terminantes das transformações a que aludimos.

A concentração progressiva

de observação superficial do fenômeno ainda embrionário. O controle das so ciedades vai parar invariavelmente às mãos de uma minoria, que comanda um capital crescente e dispõe de um poder

social e econômico verificável nas gran das sociedades modernas. Dentro da din^ica geral do sistema econômico a

sociedade anônima não reverteria ém elemento revolucionário, transformador do próprio sistema, como quiseram en

xergar alguns líricos. Exatamente o que também se dá com a cooperativa: ate nuando certos efeitos, não pode meter ombros na modificação do regime, como pretendem outros idealizadores. Bem ao contrário: contribui para sua permanên cia, impedindo que as contradições se

aprofundem, suavizando os desajustamentos, equilibrando as forças em jògo.

dos capitais que originou êsses organis mos potentes do capitalismo industrial, deu possibi'idade a novas formas de produção — e o legislador acudiu à vida

nar outras formas de riquezas, dando

econômica fabricando os institutos jurí

maior mobilidade às fortunas. O capi-

A sociedade por ações veio determi

bens produtivos, em que se invertem

aquêles capitais, são propriedades da empresa como pessoa jurídica — são ca fortuna ostentava-se. Impunha certa li-' pital da emprêsa como tal, dirigido por nha e era difícil escapar às obrigações uma hierarquia de especialistas, de téc

proporcionar a todos, abrindo-lhes a

direito de voto. Tudo isso não passou

ção da empresa, dispersam-se no terri

casa na cidade e seu jardim, que pos suía lindos móveis e boas roupas. A

comucópia dos benefícios do capital A lei confere a soberania da sociedade

ao colégio eleitoral representado pela

terísticas indiridualizadas dos começos

plasticidade multiforme fê-lo a e.xpres-

segurança humana.

tais estruturais, metais de transmissão e

E, no final de contas — a proprieda de da exploração perdeu aquelas carac

O direito anterior não conhecia aquêles institutos: as sociedades de capitais, como viu muito bem Ripert, não podiam ser assimiladas às chamadas "companlúas de carta", a que a legislação não

das dívidas.

O surto industrialista se faz por in

O capital e o balanço das' empresas

adquiriu novos elementos representati

considerar, em face do problema de assembléia geral ~ e as ações dão q termédio do emprego dos metais — me

35

Digesto Econômico

No dia em que Colbert

proprietários endividados fizeram fra cassar a reforma." (2)

nicos, considerados os mandatários dos acionistas. Foi o fenômeno que Berle

e Means apontaram, num 1í\to famoso, da cisão entre a propriedade e o con

trole das empresas. (3) Para os autores americanos, foi aba

lado o princípio econômico da iniciati va individual na emprêsa industrial: a ordem que vigorou durante três séculos

Que acontece hoje, que o "rédito"

foi destruída pela "dissolução do átomo

também se tomou secreto? O capitalis ta tem sua fortuna em ações, percebe rendimentos que ninguém vê, a não ser

norte-americanos, que ambos estudaram,

que êle deseje evidenciá-los na vida

da propriedade". Os dados estatísticos

mostram que a concentração do pode rio econômico atinge limites e.vtraordi-

suntuosa, atestando o vulto de seus ca

nários. No mercado de valores de Nova

bedais. Êle pode ser um ricaço — des

York, 130 sociedades controlam mais de 80% dos ativos de 573 sociedades repre

provido de bens materiais. Pode, como diz o jurista francês, organizar metòdi-

sentadas na bôlsa, em março de 1929,

camente sua insolvahiJidade. Escapa ao

segundo as tabelas publicadas pelo

ôlho das' massas necessitadas, às quais

"Commercial and Financial Clironicle".

não afronta com a ostentação de seu confôrto. Basta-lhe, como sinal oculto

"Entre 1922 e 1928 — escrevem êks — as estimativas do National Industrial

de sua opulência, a caderneta do banco onde depositou seus títulos.

mento da riqueza nacional de 12,5%,

Conference Board indicaram o cresci

Os títulos substituiram-se aos bens.

em relação ao crescimento dos ativos

Ê a premissa social da especulação, o terreno propício onde campeia a alta finança, que incursiona às vêzes para

ou seja, uma taxa anual de crescimento

-além das fronteiras já bem dilatadas da moralidade.

das 200 maiores sociedades com 45,6%,

de 2,0% e 6,3%, respectivamente. Essa concentração crescente fêz com

que os princípios da competição oligo-


36

polística se tomassem mais importantes que os celebrados princípios clássicos da livre competição das primeiras idades do capitalismo. Evolvendo do acanliamento dos antigos quadros, essas organizações absor\'eram

Dicesto EcoNÓ^aco

cadorias infierí, matérias-primas, maté rias auxiliares, maquinaria, instalações, e o elemento humano.

Estabclccem-se

relações entre homens a propósito dos bens produtivos; e, concomitantemehte, entre os bens, permeiam interesses hu

influências muito fortes e multiplicaram

manos, nessa tessitura complexa que

suas ligações com a máquina do Estado. Sem se entrosarem na estrutura dele,

constitui a empresa industrial moderna.

tomando-se órgãos públicos, assumiram, entretanto, uma posição e.specífica, que

criminação das partes ou elementos que

não se pode mais caracterizar como em-

A análise econômica exige uma dis integram o patrimônio. Essa discrimina ção servirá, até certo ponto, de base à

prêsas privadas na velha acepção jurí técnica contabilística para organização dica. São, sob vários aspectos, institui . dos balanços.

ções sociais que acentuam, dia a dia, os

37

Digesto Econômico

emprêgo pleno — numa ecODOmia pro gressiva ou estacionária (Pigou),.

tuem o ativo e o passivo reais, o capital como sua propriedade e os benefícios como propriedade dos acionistas. Os elementos que se relacionam no balanço formam interdependências de valores

ção líquida, as e.xigibilidades — traduz

que se não podem interpretar isolada

uma fotografia de um equilíbrio, num

mente.

Daí a dificuldade de leitura

que oferecem quando excessivamente la

Devendo o balanço dilucidar a origem

dos capitais, sua representação, a situa instante determinado, do ativo e do pas

sivo. Através dessas categorias contábeis

cônicos (5). O significado das contas

— esbá a realidade dos fatôres de pro

afins, agrupadas segundo a natureza dos elementos patrimoniais, constitui base

dução: os bens indiretos e o tiabalho humano, isto é, o trabalho passado e

para análise do grau de solvência da

materializado e o trabalho presente e

emprêsa.

vivo, na associação funcional de criar

utilidades e proporcionar serviços. En

O balanço vem a ser, portanto, o pro cesso que nos demonstra a estruturação do capital e seu caráter nas empresas

Categorias econômicas e "azienda tegram a "azienda",se exprimem, atra

Berle e Means) a natureza do capital. Para que analisemos bem o capital das

Não passa de uma técnica que permite e.xamínar o estado da economia empre

nômenos e comple.\os que só a ana lise da realidade da emprêsa pode re

sarial e carece de muitos requisitos íh-

vés da técnica contábil, em estimativas

velar (6).

métricas graças à moeda. É a lingua

empresas, temos que estudar, inicial

a que se propõe. Sendo o ativo social a

processos gradualmente mais sociais da produção.

Tóda essa grande transformação não alterou (e aqui está uma i'usão de

mente, a configuração especial que êle toma. ao investir-se no processo produ tivo, dependente de múltiplas combina ções, conforme os recursos produtivos empregados. A empresa ~é personifica da e tem uma dívida no seu passivo — que é seu capital. O patrimônio que se lhe confere é algo de essencialmente di

nâmico: seus elementos componentes, no curso de atividades que definem a vida

empresarial, estão num conjunto de va riações e dependências mútuas, que re

dispensáveis para alcançar os resultados garantia única que a sociedade anônima oferece a terceiros, o balanço é o documento necessário para esclarecimento

frei da sua situação real. Se êle é feito do forma excessivamente sintética, sem ordem na seriação dos valores, as inexatidões, dissimuladas, viciarão quais

quer informações úteis, induzindo os melhores peritos a. conclusões falsas O instrumento da técnica contábil é dócil, como. adverte Folliet, e fàcilmen- te insinua dividendos fictícios sob a

lidades e esforço humano relacionados

aparente normalidade de uma apresen tação que, entretanto, afeta a integrida

na unidade do mesmo processo. A for

de do capital da emprêsa. (4)

sultam da combinação criadora de uti

ma da riqueza "capüal-dinheiro", ao in vestir-se, transfigura-se em diversos ele mentos, que se harmonizam, em diferen tes funções, no organismo "aziendal". A expressão organismo exprime com certa

A sociedade de capitais — e, parti cularmente, nomeamos a sociedade anô nima — acentuando a distinção entre os

acionistas, de um lado, e a pessoa jurí

fidelidade a unidade desse cosmo de re

dica possuidora de um patrimônio, de outro, tornou indispensável fixar juridi

lações Sociais destinado a gerar mais

camente o descrime entre os valores

riqueza, Há mercadorias acabadas, mer-

mobiliários e imobiliários que consti-

tão, facilmente compreendemos que, na- * \

As relações entre os valores que in

quela foto contabilística, ocultam-se fe

O capital tem ferinas variadas, como

gem monetária que faculta a tradução já se disse. Como bens de produção, quantitativa das variações do conjunto pode imobilizar-se em períodos que va de relações estudadas, designadas como

riam segundo a natureza da emprêsa e

uma unidade pelo nome de patrimônio. seu ramo de negócios. Nas empresas O sistema de preços dá-nos as medidas comerciais o período é menor que nas dêsses diversos valores incorporados ao industriais. Ê o que alguns denominam

processo produtivo e resenhados no ba lanço num dado instante de suas com

de período de rotação do capital. Êsse capital procede, geralmente, do capital próprio da emprêsa ou das reservas e

binações.

necessidade de examinar a estrutura do

empréstimos a longo prazo, constituído para renovação do equipamento indus

capital das emprêsas.

trial. Vários autores acentuam a impor

Os economistas sempre acentuaram a

As categorias

clássicas - capital fixo e circulante -

tância que tem, na taxa de lucro das so

não apanharam a riqueza de combinação ciedades, a relação existente entre o dos recursos produtivos den^o de cada capital imobilizado e o circulante. Po unidade empresarial. O próprio "capi- de-se distinguir a parte do capital apli tal-dinheiro" e a própria exploração po dem oferecer múltiplas combinações dos

cado à produção, excluída apenas a parte destinada ao pagamento da força

fatôres conjugados na produção, dando produtividades diferentes entre si. Den

tre as duas partes. Essa relação pode

tro de um esquema geral, há xrnia va riedade enorme de conjugação de re cursos. A complexidade cresce quando se considera ainda o'grau de ocupação

dêsses recursos até o ponto de seu

do trabalho, e estabelecer a relação en esclarecer-nos sobre a estrutura do ca

pital, como fez Pigou na sua obra The purê theoiij of Capital. Podem-se estabe lecer ainda outras relações que servem

para mostrar as diferentes .estruturas


36

polística se tomassem mais importantes que os celebrados princípios clássicos da livre competição das primeiras idades do capitalismo. Evolvendo do acanliamento dos antigos quadros, essas organizações absor\'eram

Dicesto EcoNÓ^aco

cadorias infierí, matérias-primas, maté rias auxiliares, maquinaria, instalações, e o elemento humano.

Estabclccem-se

relações entre homens a propósito dos bens produtivos; e, concomitantemehte, entre os bens, permeiam interesses hu

influências muito fortes e multiplicaram

manos, nessa tessitura complexa que

suas ligações com a máquina do Estado. Sem se entrosarem na estrutura dele,

constitui a empresa industrial moderna.

tomando-se órgãos públicos, assumiram, entretanto, uma posição e.specífica, que

criminação das partes ou elementos que

não se pode mais caracterizar como em-

A análise econômica exige uma dis integram o patrimônio. Essa discrimina ção servirá, até certo ponto, de base à

prêsas privadas na velha acepção jurí técnica contabilística para organização dica. São, sob vários aspectos, institui . dos balanços.

ções sociais que acentuam, dia a dia, os

37

Digesto Econômico

emprêgo pleno — numa ecODOmia pro gressiva ou estacionária (Pigou),.

tuem o ativo e o passivo reais, o capital como sua propriedade e os benefícios como propriedade dos acionistas. Os elementos que se relacionam no balanço formam interdependências de valores

ção líquida, as e.xigibilidades — traduz

que se não podem interpretar isolada

uma fotografia de um equilíbrio, num

mente.

Daí a dificuldade de leitura

que oferecem quando excessivamente la

Devendo o balanço dilucidar a origem

dos capitais, sua representação, a situa instante determinado, do ativo e do pas

sivo. Através dessas categorias contábeis

cônicos (5). O significado das contas

— esbá a realidade dos fatôres de pro

afins, agrupadas segundo a natureza dos elementos patrimoniais, constitui base

dução: os bens indiretos e o tiabalho humano, isto é, o trabalho passado e

para análise do grau de solvência da

materializado e o trabalho presente e

emprêsa.

vivo, na associação funcional de criar

utilidades e proporcionar serviços. En

O balanço vem a ser, portanto, o pro cesso que nos demonstra a estruturação do capital e seu caráter nas empresas

Categorias econômicas e "azienda tegram a "azienda",se exprimem, atra

Berle e Means) a natureza do capital. Para que analisemos bem o capital das

Não passa de uma técnica que permite e.xamínar o estado da economia empre

nômenos e comple.\os que só a ana lise da realidade da emprêsa pode re

sarial e carece de muitos requisitos íh-

vés da técnica contábil, em estimativas

velar (6).

métricas graças à moeda. É a lingua

empresas, temos que estudar, inicial

a que se propõe. Sendo o ativo social a

processos gradualmente mais sociais da produção.

Tóda essa grande transformação não alterou (e aqui está uma i'usão de

mente, a configuração especial que êle toma. ao investir-se no processo produ tivo, dependente de múltiplas combina ções, conforme os recursos produtivos empregados. A empresa ~é personifica da e tem uma dívida no seu passivo — que é seu capital. O patrimônio que se lhe confere é algo de essencialmente di

nâmico: seus elementos componentes, no curso de atividades que definem a vida

empresarial, estão num conjunto de va riações e dependências mútuas, que re

dispensáveis para alcançar os resultados garantia única que a sociedade anônima oferece a terceiros, o balanço é o documento necessário para esclarecimento

frei da sua situação real. Se êle é feito do forma excessivamente sintética, sem ordem na seriação dos valores, as inexatidões, dissimuladas, viciarão quais

quer informações úteis, induzindo os melhores peritos a. conclusões falsas O instrumento da técnica contábil é dócil, como. adverte Folliet, e fàcilmen- te insinua dividendos fictícios sob a

lidades e esforço humano relacionados

aparente normalidade de uma apresen tação que, entretanto, afeta a integrida

na unidade do mesmo processo. A for

de do capital da emprêsa. (4)

sultam da combinação criadora de uti

ma da riqueza "capüal-dinheiro", ao in vestir-se, transfigura-se em diversos ele mentos, que se harmonizam, em diferen tes funções, no organismo "aziendal". A expressão organismo exprime com certa

A sociedade de capitais — e, parti cularmente, nomeamos a sociedade anô nima — acentuando a distinção entre os

acionistas, de um lado, e a pessoa jurí

fidelidade a unidade desse cosmo de re

dica possuidora de um patrimônio, de outro, tornou indispensável fixar juridi

lações Sociais destinado a gerar mais

camente o descrime entre os valores

riqueza, Há mercadorias acabadas, mer-

mobiliários e imobiliários que consti-

tão, facilmente compreendemos que, na- * \

As relações entre os valores que in

quela foto contabilística, ocultam-se fe

O capital tem ferinas variadas, como

gem monetária que faculta a tradução já se disse. Como bens de produção, quantitativa das variações do conjunto pode imobilizar-se em períodos que va de relações estudadas, designadas como

riam segundo a natureza da emprêsa e

uma unidade pelo nome de patrimônio. seu ramo de negócios. Nas empresas O sistema de preços dá-nos as medidas comerciais o período é menor que nas dêsses diversos valores incorporados ao industriais. Ê o que alguns denominam

processo produtivo e resenhados no ba lanço num dado instante de suas com

de período de rotação do capital. Êsse capital procede, geralmente, do capital próprio da emprêsa ou das reservas e

binações.

necessidade de examinar a estrutura do

empréstimos a longo prazo, constituído para renovação do equipamento indus

capital das emprêsas.

trial. Vários autores acentuam a impor

Os economistas sempre acentuaram a

As categorias

clássicas - capital fixo e circulante -

tância que tem, na taxa de lucro das so

não apanharam a riqueza de combinação ciedades, a relação existente entre o dos recursos produtivos den^o de cada capital imobilizado e o circulante. Po unidade empresarial. O próprio "capi- de-se distinguir a parte do capital apli tal-dinheiro" e a própria exploração po dem oferecer múltiplas combinações dos

cado à produção, excluída apenas a parte destinada ao pagamento da força

fatôres conjugados na produção, dando produtividades diferentes entre si. Den

tre as duas partes. Essa relação pode

tro de um esquema geral, há xrnia va riedade enorme de conjugação de re cursos. A complexidade cresce quando se considera ainda o'grau de ocupação

dêsses recursos até o ponto de seu

do trabalho, e estabelecer a relação en esclarecer-nos sobre a estrutura do ca

pital, como fez Pigou na sua obra The purê theoiij of Capital. Podem-se estabe lecer ainda outras relações que servem

para mostrar as diferentes .estruturas


38

Dicksto

Econômico

que toma o capital e o trabalho, e suas

entre o estoque de mercadorias, maté

relações com as taxas de lucro, a fim

rias-primas e saldo das contas "Devedo

de determinar o que mais convém ao processo produtivo. Mas aproximemo-nos mais dos objeti

res Gerais e Duplicatas a Receber"; re

vos de nossa análise. Os lucros de cada exercício fornecem

os suplementos do próprio capital, e aparecem no balanço como fundo de

reserva: — reserva legal, estatutária etc.

(7). O capital gera o capital — porque é a poupança oriunda dos réditos altos, que a emprêsa proporciona, que cons

lação entre o volume das transações e

lação.

do ativo imobilizado e o volume das vendas; relação entre vendas e a taxa de lucros; relação entre as transaçúes' e o capital empregado; relação entre o ativo imobilizixdo o o ativo líquido; entre ôstc e as dívidas passivas; relação entre

saldos das contas de "Cai.va e Letras a Pagar" c "Credores-Gerais" etc.). (1) — Mary L. Fleddern and Marv

Kleeck. Technology and Livehood

maior em certas atividades industriais do

sell Sage Foundalions, N. Y., I944 *

que noutras. Daí a importância de considerá-Ia em relação com as demais

COS do Capitalismo Moderno, Liv Bastos. Rio, trad., 1947. '

que movimentam o organismo aziendal. Mas a emprêsa recorre também a em préstimos a longo prazo para investimen tos — e a comparação do capital ativo imobilizado com o capital circulante não é suficiente para esclarecer-nos sôbre a situação real da sociedade. Outras re

lações se tomam indispensáveis para completarem as informações (relação

Finalidades oxtra-fiseais do imposto

iJosÉ Luiz de Almeida Nogueira Porto

Ação do impôsto sôbre a circulação

A PRINCÍPIO, a circulação material, de pois a circulação econômica, sem

A parte do ativo imobilizado

partes do capital dentro dos processos

III

os saldos das contas referidas; relação

titui o tributário mais robusto da acumu

(maquinaria, instrumental, instalação, propriedades da empresa etc.) é muito

Noções gerais sobre imposto

w. "S-

•(2) — Goorges Ripert, Aspeclos Ju*írf»

(3) — Berle and Means. Modem Com

pre os movimentos reais ou simbólicos da riqueza, mereceram as preferências do fisco como ideais para sobrecarregála de tributos. Impostos de barreira, de vendas e consignações, de transmis são "inter-vivos" e "causa-mortis" e

ration and Private Propertv, Tlm -m?®"

muitos outros da mesma natureza, ato-

(4) — Follict. The Bllan dans les Sor-i tés Anonymes. Payot, Paris. 194G. (5) — Pierre Strolil, Inlroduclíon A

caiam a riqueza p<u"a saltar em sua ga

Millan Co.. N. Y.. 1947.

®

Comptabilitó des Entreprisos. Récii«n c. rev. "pAri<3 lOdfí rey, Paris, 1943.

tSl-

(6) — Otto Fischor. Do l'lnflu©nc6 ^

Flucluations Monétaires sur les bllnt.» *

le problème de Ia ré-avaluation. r-fivr" s/d. 'renova.

(7) — Folliet, ob. cil.; Fischer «b cu

— São os dois autores que melhor verc

ram o assunto que abordanjos agora

ra atender ás despesas gerais da admi nistração pública.

exemplo, não tem finalidade econômica.

rias em países descapitalizados como é esses impostos sôbre a circulação tem

perniciosa influência na economia do país, e daí a vedação constitucional, no

Brasil, da e.xístência de impostos de bar reira entre Estados ou Municípios.

Ação sôbre a distribuição

hases para a execução do plano Truman de auxílio aoa países pouco desenvolvidos estão sendo assentadas. O custo dôsse programa seria de US$ 125 milhões, para o

Nem sempre é fácil distinguir-se onde

buiriam com metade e os outros países com o restante. A maior parte dessa soma caberia à América Latina e seria destinada ao contrôle da malária e ao desenvolvi

termina a finalidade puramente fiscal e onde começa o objetivo econômico, quan do se trate de ação do Estado visando

mento da agricultura e educação.

da uma parcela considerável dos gran

local ou de uni proprietário para outro. Essa tributação, porém, na generali dade dos casos, como no Brasil, por

Embora sem finalidades econômicas,

qual, no caso de ser o mesmo aprovado peto Congresso, os Estados Unidos contri

todos os países, a finalidade é puramen te fiscal, pois que o Estado não arreca des rendimento para distribuí-la entre os

Ela resulta de contingências orçamentá

melhor distribuição da riqueza.

d

derar que no Brasil, como em quase "

rupa logo que ela se movimente de um

o nosso.

segando notícia divulgada pelo "Wall Street Journal" de 16 de maio último as

Ao tributar pesadamente as rendas elevadas e ao isentar as pequenas ren das, tanto pode o Estado estar adotando uma políticA social, visando a distribui ção da riqueza, como pode, também, es tar simplesmente tributando cada ura na proporção de sua capacidade contributiva. Aliás, somos propensos a consi-

mais necessitados, mas simplesmente pa

Assim sendo, as tarifas pesadamente progressivas do impôsto de renda — ho je adotadas em todos os países — têm antes um fundamento fiscal do que eco nômico.

Os impostos sobre rendas e sucessões são os veículos mais apropriados para se obter melhor distribuição das rique

zas e, em alguns casos, o quase comple to nivelamento das fortunas. A manipu

lação de qualquer desses impostos se ria capaz de modificar inteiramente a fi sionomia de uma organização social, im-

primindo-Die cunho capitalista ou socia lista, de acordo com a vontade dos go vernantes.

Na Inglaterra, por exemplo, em que, segundo Laufemburger, o impôsto sôbre


38

Dicksto

Econômico

que toma o capital e o trabalho, e suas

entre o estoque de mercadorias, maté

relações com as taxas de lucro, a fim

rias-primas e saldo das contas "Devedo

de determinar o que mais convém ao processo produtivo. Mas aproximemo-nos mais dos objeti

res Gerais e Duplicatas a Receber"; re

vos de nossa análise. Os lucros de cada exercício fornecem

os suplementos do próprio capital, e aparecem no balanço como fundo de

reserva: — reserva legal, estatutária etc.

(7). O capital gera o capital — porque é a poupança oriunda dos réditos altos, que a emprêsa proporciona, que cons

lação entre o volume das transações e

lação.

do ativo imobilizado e o volume das vendas; relação entre vendas e a taxa de lucros; relação entre as transaçúes' e o capital empregado; relação entre o ativo imobilizixdo o o ativo líquido; entre ôstc e as dívidas passivas; relação entre

saldos das contas de "Cai.va e Letras a Pagar" c "Credores-Gerais" etc.). (1) — Mary L. Fleddern and Marv

Kleeck. Technology and Livehood

maior em certas atividades industriais do

sell Sage Foundalions, N. Y., I944 *

que noutras. Daí a importância de considerá-Ia em relação com as demais

COS do Capitalismo Moderno, Liv Bastos. Rio, trad., 1947. '

que movimentam o organismo aziendal. Mas a emprêsa recorre também a em préstimos a longo prazo para investimen tos — e a comparação do capital ativo imobilizado com o capital circulante não é suficiente para esclarecer-nos sôbre a situação real da sociedade. Outras re

lações se tomam indispensáveis para completarem as informações (relação

Finalidades oxtra-fiseais do imposto

iJosÉ Luiz de Almeida Nogueira Porto

Ação do impôsto sôbre a circulação

A PRINCÍPIO, a circulação material, de pois a circulação econômica, sem

A parte do ativo imobilizado

partes do capital dentro dos processos

III

os saldos das contas referidas; relação

titui o tributário mais robusto da acumu

(maquinaria, instrumental, instalação, propriedades da empresa etc.) é muito

Noções gerais sobre imposto

w. "S-

•(2) — Goorges Ripert, Aspeclos Ju*írf»

(3) — Berle and Means. Modem Com

pre os movimentos reais ou simbólicos da riqueza, mereceram as preferências do fisco como ideais para sobrecarregála de tributos. Impostos de barreira, de vendas e consignações, de transmis são "inter-vivos" e "causa-mortis" e

ration and Private Propertv, Tlm -m?®"

muitos outros da mesma natureza, ato-

(4) — Follict. The Bllan dans les Sor-i tés Anonymes. Payot, Paris. 194G. (5) — Pierre Strolil, Inlroduclíon A

caiam a riqueza p<u"a saltar em sua ga

Millan Co.. N. Y.. 1947.

®

Comptabilitó des Entreprisos. Récii«n c. rev. "pAri<3 lOdfí rey, Paris, 1943.

tSl-

(6) — Otto Fischor. Do l'lnflu©nc6 ^

Flucluations Monétaires sur les bllnt.» *

le problème de Ia ré-avaluation. r-fivr" s/d. 'renova.

(7) — Folliet, ob. cil.; Fischer «b cu

— São os dois autores que melhor verc

ram o assunto que abordanjos agora

ra atender ás despesas gerais da admi nistração pública.

exemplo, não tem finalidade econômica.

rias em países descapitalizados como é esses impostos sôbre a circulação tem

perniciosa influência na economia do país, e daí a vedação constitucional, no

Brasil, da e.xístência de impostos de bar reira entre Estados ou Municípios.

Ação sôbre a distribuição

hases para a execução do plano Truman de auxílio aoa países pouco desenvolvidos estão sendo assentadas. O custo dôsse programa seria de US$ 125 milhões, para o

Nem sempre é fácil distinguir-se onde

buiriam com metade e os outros países com o restante. A maior parte dessa soma caberia à América Latina e seria destinada ao contrôle da malária e ao desenvolvi

termina a finalidade puramente fiscal e onde começa o objetivo econômico, quan do se trate de ação do Estado visando

mento da agricultura e educação.

da uma parcela considerável dos gran

local ou de uni proprietário para outro. Essa tributação, porém, na generali dade dos casos, como no Brasil, por

Embora sem finalidades econômicas,

qual, no caso de ser o mesmo aprovado peto Congresso, os Estados Unidos contri

todos os países, a finalidade é puramen te fiscal, pois que o Estado não arreca des rendimento para distribuí-la entre os

Ela resulta de contingências orçamentá

melhor distribuição da riqueza.

d

derar que no Brasil, como em quase "

rupa logo que ela se movimente de um

o nosso.

segando notícia divulgada pelo "Wall Street Journal" de 16 de maio último as

Ao tributar pesadamente as rendas elevadas e ao isentar as pequenas ren das, tanto pode o Estado estar adotando uma políticA social, visando a distribui ção da riqueza, como pode, também, es tar simplesmente tributando cada ura na proporção de sua capacidade contributiva. Aliás, somos propensos a consi-

mais necessitados, mas simplesmente pa

Assim sendo, as tarifas pesadamente progressivas do impôsto de renda — ho je adotadas em todos os países — têm antes um fundamento fiscal do que eco nômico.

Os impostos sobre rendas e sucessões são os veículos mais apropriados para se obter melhor distribuição das rique

zas e, em alguns casos, o quase comple to nivelamento das fortunas. A manipu

lação de qualquer desses impostos se ria capaz de modificar inteiramente a fi sionomia de uma organização social, im-

primindo-Die cunho capitalista ou socia lista, de acordo com a vontade dos go vernantes.

Na Inglaterra, por exemplo, em que, segundo Laufemburger, o impôsto sôbre


DICESTO ECONÓ^ÜCO

40

a renda representou o "pivot" da econo

ção tão elevada não poderia deixar de ter

mia e guerra, todos os rendimentos fo-

objetivos econômicos de melhor reoarli-

teto máximo de

ção das fortunas, de absorção do çxcesso

qual a mcome tax" e a "surtax" passam a mcicür na razão de 95%. Uma tributa-

mente os seus objetivos, como so verifica pelo seguinte quaclro:

^^ras anuais, limite esse a partir do

Rendimento depois da imposição í

í £

150 a

250

250 a

500 !!!!'.

500 a 1.000 .•...

1

!!!!!..

£ 1.000 a 2.000

£ 2.000 a 4.000 £ 4.000 a 6.000

Ü! •" ...

mais de £ 6.000 ..!!!!!]!!!!!! Êsses números mostram claramente como se alterou a distribuição dos ga

do poder de compra etc. E aHngiu plena N' úmero de contribuitue^

ses pobres ou a ser distribuída entre

sas capitalistas *8 as cooperativas, em de

elas.

trimento daquelas, para que o regime cooperativista ganhe novo alento e vá aos

Na verdade, embora se preste muito a

ação no plano social e econômico, o im pôsto de transmissão não tem sido uti lizado com êsse objetivo. Basta ver que

na França, por e.\emJ)lo, sua arrecadação representa apenas 1,5 por mil, em rela ção ao valor das fortunas privadas. No

1938/39

1944/45

4.500.000

7.400.000 5.050.000

o Estado de São Paulo, que aplica as

830.000 186.000

em linha reta entre 2% e 25%, influindo o montante da herança, a idade do her deiro e o local de residência deste.

1.820.000 450.000 155.000 56.000 12.000 7.000

Brasil, em que o impôsto ó estadual,

33.050

tarifas mais pesadas, tributa a sucessão

890

ser progressivo e não apenas pronorAío-

nal. Daí a dificuldade de se saber se nhos individuais pelo imposto de renda, o objetivo de uma tabela progressK-a na Inglaterra. Aumenta enormemente o de impôsto de renda é ^conómico-social numero de pessoas com renda líquida ou simplesmente fiscal. mferior a 1.000 libras; conserva-se apro ximadamente o mesmo número dos que íH íH

consistem em amparo a determinadas formas de empresa e em gravação da

reduz-se — a ponto de quase desapare cer na classe dos rendimentos superio

no nosso, são altamente favoreci

res a 6.000 bbras — o número dos que auferem mais de 2.000 libras de ren dimento anual. .

Processo aproximadamente idêntico foi o adotado durante a guerra nos Es tados Unidos, mas lá, ao que parece, não houve outro objetivo que o de aten der aos hstronômicos oi^çaiuentos de guerra.

A finalidade última dos impostos pro gressivos sobre as rendas podem ser, na maioria dos casos, apenas objeto de conjeturas, levando-se em conta a política

geral adotada pelos governos, a gradação da progressividade e outros fatores, pois,

de acordo com o principio da capacidade

contributiva, também o impôsto deve

Outro impôsto que se presta a

política de melhor distribuição das for tunas é o impôsto de transmissão "causa mortis". Por certo a aplicação dêsse im pôsto com objetivos puramente económico-sociais seria capaz de, em

^re-

ração apenas, provocar uma conipl?ta

subversão da ordem social, pela redislrlbuição das fortunas.

Em verdade, porém, nenhum país^do tou ainda uma política tributária com esse objetivo. Limitam-se, todos êles a invocar o pretexto económico-social dara impor uma tributação elevada e de propósitos fiscais, não só porque o im pôsto de transmissão nunca é tão elevado que importe em verdadeira expropriação, como porque sua arrecadação jamais so" destina especialmente a amparar as clas

poucos SC infiltrando em todos os ra mos dc atividade e c.xpulsando dêles ca pitalistas e comerciantes. Muitas tentati%*as têm sido feitas no

Brasil para se isentar as cooperativas até dos impostos indiretos, como o de vendas e consignações, por exemplo. Sc porém, a justiça ou conveniência da isenção dos impostos diretos é questão de mera con vicção pessoal, a dispensa dos tributos indiretos assume proporções de clamo-

rosa injustiça. Is.so porque êsses tributos, pela sua própria natureza, se desdnam a

ser diluídos por toda a população, de modo a pesar o menos possível sobre ca-

60

têm renda entre 1.000 e 2.000 libras; e

41

Digesto Econômico

Outras modalidades de ação do im

pôsto sôbre a distribuição das riquezas

da cidadão. Concedida que seja a isen-

ção, abrem-se clareiras de favor fiscal no seio da população e os ônus irão pe sar mais sobre cada um dos não favore

cidos, pelo simples fato de não

concentração de capitais.

serem associados ou de não com

As cooperativas, em muitos re

prarem produtos de cooperativas,

gimes tributários e especialmente das.

circunstância essa sem a menor

significação social ou econômica.

A eliminação do interme

diário ou do capitalista, que re-^ sulta do regimte cooperativista, é vista com muita simpatia por grande parte do povo. Mormente com relação ao co merciante, cuja função na ordem eco nômica é mal compreendida, tal elimina

Com relação às formas de em

presas, não faz nossa legislação fiscal distinção alguma. Tanto pelo impôsto de renda como pelos demais impostos

que recaem sôbre atividades comerciais ou industriais, sío elas tratadas igual

ção é proclamada como altamente van tajosa, e essa convicção popular se re

mente.

flete em medidas governamentais favo ráveis às cooperativas, dentre as quais

anônimas gozam de uma certa vanta

ocupa sempre o primeiro plano a isenção

procurada pelo legislador. A vantagem

E' bem verdade que as sociedades gem, mas esta não foi de modo algum

de impostos.

consiste em evitar para os seus compo

Ora, tais isenções não encontram fun damento financeiro por não resultarem da ausência da capacidade contributiva dessas organizações. Visam, assim, um fim económico-socíalr estabelecer a dis paridade de tratamento entre as empre

nentes a incidência do impôsto de renda

progressivo, sofrendo os dividendos o desconto de um impôsto fixo na fonte

pagadora. Daí a razão pela qual tôda grande empresa no Brasil sé transfor ma em sociedade anônima, desvirtuando


DICESTO ECONÓ^ÜCO

40

a renda representou o "pivot" da econo

ção tão elevada não poderia deixar de ter

mia e guerra, todos os rendimentos fo-

objetivos econômicos de melhor reoarli-

teto máximo de

ção das fortunas, de absorção do çxcesso

qual a mcome tax" e a "surtax" passam a mcicür na razão de 95%. Uma tributa-

mente os seus objetivos, como so verifica pelo seguinte quaclro:

^^ras anuais, limite esse a partir do

Rendimento depois da imposição í

í £

150 a

250

250 a

500 !!!!'.

500 a 1.000 .•...

1

!!!!!..

£ 1.000 a 2.000

£ 2.000 a 4.000 £ 4.000 a 6.000

Ü! •" ...

mais de £ 6.000 ..!!!!!]!!!!!! Êsses números mostram claramente como se alterou a distribuição dos ga

do poder de compra etc. E aHngiu plena N' úmero de contribuitue^

ses pobres ou a ser distribuída entre

sas capitalistas *8 as cooperativas, em de

elas.

trimento daquelas, para que o regime cooperativista ganhe novo alento e vá aos

Na verdade, embora se preste muito a

ação no plano social e econômico, o im pôsto de transmissão não tem sido uti lizado com êsse objetivo. Basta ver que

na França, por e.\emJ)lo, sua arrecadação representa apenas 1,5 por mil, em rela ção ao valor das fortunas privadas. No

1938/39

1944/45

4.500.000

7.400.000 5.050.000

o Estado de São Paulo, que aplica as

830.000 186.000

em linha reta entre 2% e 25%, influindo o montante da herança, a idade do her deiro e o local de residência deste.

1.820.000 450.000 155.000 56.000 12.000 7.000

Brasil, em que o impôsto ó estadual,

33.050

tarifas mais pesadas, tributa a sucessão

890

ser progressivo e não apenas pronorAío-

nal. Daí a dificuldade de se saber se nhos individuais pelo imposto de renda, o objetivo de uma tabela progressK-a na Inglaterra. Aumenta enormemente o de impôsto de renda é ^conómico-social numero de pessoas com renda líquida ou simplesmente fiscal. mferior a 1.000 libras; conserva-se apro ximadamente o mesmo número dos que íH íH

consistem em amparo a determinadas formas de empresa e em gravação da

reduz-se — a ponto de quase desapare cer na classe dos rendimentos superio

no nosso, são altamente favoreci

res a 6.000 bbras — o número dos que auferem mais de 2.000 libras de ren dimento anual. .

Processo aproximadamente idêntico foi o adotado durante a guerra nos Es tados Unidos, mas lá, ao que parece, não houve outro objetivo que o de aten der aos hstronômicos oi^çaiuentos de guerra.

A finalidade última dos impostos pro gressivos sobre as rendas podem ser, na maioria dos casos, apenas objeto de conjeturas, levando-se em conta a política

geral adotada pelos governos, a gradação da progressividade e outros fatores, pois,

de acordo com o principio da capacidade

contributiva, também o impôsto deve

Outro impôsto que se presta a

política de melhor distribuição das for tunas é o impôsto de transmissão "causa mortis". Por certo a aplicação dêsse im pôsto com objetivos puramente económico-sociais seria capaz de, em

^re-

ração apenas, provocar uma conipl?ta

subversão da ordem social, pela redislrlbuição das fortunas.

Em verdade, porém, nenhum país^do tou ainda uma política tributária com esse objetivo. Limitam-se, todos êles a invocar o pretexto económico-social dara impor uma tributação elevada e de propósitos fiscais, não só porque o im pôsto de transmissão nunca é tão elevado que importe em verdadeira expropriação, como porque sua arrecadação jamais so" destina especialmente a amparar as clas

poucos SC infiltrando em todos os ra mos dc atividade e c.xpulsando dêles ca pitalistas e comerciantes. Muitas tentati%*as têm sido feitas no

Brasil para se isentar as cooperativas até dos impostos indiretos, como o de vendas e consignações, por exemplo. Sc porém, a justiça ou conveniência da isenção dos impostos diretos é questão de mera con vicção pessoal, a dispensa dos tributos indiretos assume proporções de clamo-

rosa injustiça. Is.so porque êsses tributos, pela sua própria natureza, se desdnam a

ser diluídos por toda a população, de modo a pesar o menos possível sobre ca-

60

têm renda entre 1.000 e 2.000 libras; e

41

Digesto Econômico

Outras modalidades de ação do im

pôsto sôbre a distribuição das riquezas

da cidadão. Concedida que seja a isen-

ção, abrem-se clareiras de favor fiscal no seio da população e os ônus irão pe sar mais sobre cada um dos não favore

cidos, pelo simples fato de não

concentração de capitais.

serem associados ou de não com

As cooperativas, em muitos re

prarem produtos de cooperativas,

gimes tributários e especialmente das.

circunstância essa sem a menor

significação social ou econômica.

A eliminação do interme

diário ou do capitalista, que re-^ sulta do regimte cooperativista, é vista com muita simpatia por grande parte do povo. Mormente com relação ao co merciante, cuja função na ordem eco nômica é mal compreendida, tal elimina

Com relação às formas de em

presas, não faz nossa legislação fiscal distinção alguma. Tanto pelo impôsto de renda como pelos demais impostos

que recaem sôbre atividades comerciais ou industriais, sío elas tratadas igual

ção é proclamada como altamente van tajosa, e essa convicção popular se re

mente.

flete em medidas governamentais favo ráveis às cooperativas, dentre as quais

anônimas gozam de uma certa vanta

ocupa sempre o primeiro plano a isenção

procurada pelo legislador. A vantagem

E' bem verdade que as sociedades gem, mas esta não foi de modo algum

de impostos.

consiste em evitar para os seus compo

Ora, tais isenções não encontram fun damento financeiro por não resultarem da ausência da capacidade contributiva dessas organizações. Visam, assim, um fim económico-socíalr estabelecer a dis paridade de tratamento entre as empre

nentes a incidência do impôsto de renda

progressivo, sofrendo os dividendos o desconto de um impôsto fixo na fonte

pagadora. Daí a razão pela qual tôda grande empresa no Brasil sé transfor ma em sociedade anônima, desvirtuando


42

Dicesto

Econômico

43

Dicesto Econômico

embora a natureza e o5 objetivos dessa

so não resulta, aliás, do propósito delibe

espécie de sociedade.

rado de facilitar a concentração de ca pitais, mas de razões de ordem técnica,

se tributassem fortemente as despesas de

sumo, é o impôsto de consumo, o qual

pois que rescr\'a não distribuída é lucro

cónsumo, isentando-se de impostos a

incide, ou melhor, deveria incidir, em

to nítida na legislação fiscal francesa.

que não foi obtido pelo contribuinte,

parte poupada do rendimentp.

Assim, os lucros das sociedades por ações,

pessoa física. Nos países altamente capitalizados é

razão do grau de necessidade ou de utilidade dos produtos. Assim, a alta tributação que sofrem as bebidas, as jóias, as perfumarias e o

A finalidade econômica de favorecer

determinadas formas de empresas é mui

na França, sofrem uma tributação glo

bal de 54%, enquanto que as sociedades de pessoas são tributadas em 24% e o ar tesanato em 16%, com a finalidade evi

dente de se amparar aqueles rjue, em sua atividade, aplicam não só seu capital mas também seu trabalho.

Idêntico propósito orientava a legisla-r ção alemã ao tempo do nacional-socialismo.

Rumo oposto, porém, segue a legis lação inglesa, a qual visivelmente favo rece as sociedades de capitais. Quanto à legislação norte-americana, como a

nossa, não faz distinção quanto h espé cie da sociedade. * ❖ *

A tributação da concentração de ca pitais, visando objetivos econômicos e sociais, não existe de forma característi

ca em nossa legislação fiscal.

E' bem

verdade que o impôsto de renda das pes soas jurídicas sofre uma pequena varia

ção em função do lucro obtido, o que demonstra um propósito de se tributar

mais pesadamente a grande empresa. Entretanto, como essa tributação inde

pende do capital investido, não se pode dizer que ela tenha o intuito.de evitar

explicável a tendência da legislação fis

cal de dificultar o mais possível o pro cesso de concentração de capitais. E' o que sucede nos Estados Unidos, em que os lucros não distribuídos sofrem uma táxação de 27,5%, quando não ul

trapassem de 100.000 dólares e de 38,5%

Culloch ("Principies of Political Economy"), por exemplo, aconselhava que

Essas duas tendências revelam con

cepções diferentes da ordem social e esta não é a ocasião própria para discuti-las. Uma coisa, porém, é certa; o capital é um fator de produção, pertença êle aos cidadãos ou à coletividade representada

pelo Estado. A condição preliminar, por tanto, é a de que êle exista, e para isso é preciso que seja acumulado. Nessa ordem

quando excedam desse limite. "Le pre

de idéias, no Brasil a legislação deveria

texte officiel de cette surtaxe — escreve

ser nitidamente favorável à formação e

Laufemburger em "Finances Coinparés"

à concentração de capitais, pois, de to dos os fatôres da produção, êsse é o

~ est d'eviter que Tabstention de dis-

O instrumento típico, no Brasil, de in tervenção tributária do Estado no con

fumo — não só no Brasil, como na maio

ria dos países — resulta do propósito dos governos de restringir seu consumo. E' bem verdade que essa tributação cor

responde também ao princípio da ca pacidade contributiva, pois presume-se que os consumidores de produtos supér fluos possam contribuir em proporção

maior do que aquêles que só consomem produtos úteis ou necessiírios à \'ida. E' uma presunção falível, mas coletivamen-

á

H

tribuer les réserves ne permette aux

mais escasso entre nós.

actionnaires d'échapper aux impôts for-

os Estados Unidos têm interesse em evi

te considerada é aceitável.

tar a poupança individual, para poder

Poder-se-á alegar, com relação à le gislação fiscal brasileira, que artigos

tement progressifs sur le revenu des per.sonnes physiques, impôts qui auraient étó dus si les dividendes avaient été distribués. Mais en fait cet encouragement fiscal des distribuitions est upe réaction contre Ia pratique de Tautofinancement des entreprises et de Ia puis sance économique qu'il implique." Na França, a grande empresa é mais

Ao passo que

dar escoamento à sua colossal produ ção, o Brasil tem interesse na poupança,

absolutamente necessários sofrem tribu

para que as empresas disponham de maior capital e, conseqüentemente, de

tação mais elevada do que outros supér fluos. E' o caso do fósforo, por exem

melhores condições de produtividade, e

plo. Não há dúvida que assim é, e só

para que o crédito se torne mais fácil e o juro menos elevado do que atualmente.

nos cabe lamentar que os governos, com

Um sistema de isenções fiscais para re

o propósito de arrecadar mais, tenham abandonado os princípios técnicos que

tributada proporcionalmente do que a

servas de emprêsas conduziria, prova

deveriam orientar a ünposição sobre o

pequena, e a fusão de empresas é forte

velmente, a êsse resultado.

consumo.

mente tributada com um impôsto de 16% sòbre o aumento do capital. Além disso

Ação sôbre o consumo

os grandes magazines sofrem uma tri

butação progressiva sobre o volume dos

O consumo em geral, ou de deter

Os demais impostos indiretos exis tentes no iBrá;sil, notadamente o de vendas e consignações, embora se re flitam sôbre o consumo, restringindo-o, não visam de modo algum essa conse

negócios.

minadas mercadorias em particular, pode

Como regra geral, os governos de tendências socialistas são hostis à con

ser fàcilmente manobrado pelo Estado

qüência, mas sim a de proporcionar ar

através do impôsto, o qual, tributando

recadação aos cofres públicos.

a concentração de capitais. De resto, nossa legislação não só não hostiliza a concentração de capitais, co mo até facilita, deixando de tributar as reservas da sociedade com o impôsto

progressivo devido pelos seus componen

rumo oposto e ou são indiferentes ou

tes, tributação essa que só tem lugar por ocasião da distribuição das reservas. Is

mesmo francamente favoráveis à concen

geira a tal ponto que ela fica fora do al

tração e à formação de capitais. Mac

cance da grande massa da população.

regime fiscal para dificultá-la o mais pos

pesadamente determinado produto, eleva seu preço e, conseqüentemente, reduz

para restringir draconianamente o con

sível. Já as nações, como os economis

seu consumo.

sumo, não de alguns, mas de todos os

centração de capitais e- lançam mão do

tas, de tendências capitalistas, seguem

Os direitos aduaneü-os outra coisa não

fazem que encarecer a mercadoria estran

Exemplo típico da ação do impôsto produtos, foi a prática adotada durante a guerra pela U.R.S.S.. A alíquota do impôsto sôbre vendas, já bastante ele vada, foi majorada em 100%, do que reAJ.

v..1.


42

Dicesto

Econômico

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Dicesto Econômico

embora a natureza e o5 objetivos dessa

so não resulta, aliás, do propósito delibe

espécie de sociedade.

rado de facilitar a concentração de ca pitais, mas de razões de ordem técnica,

se tributassem fortemente as despesas de

sumo, é o impôsto de consumo, o qual

pois que rescr\'a não distribuída é lucro

cónsumo, isentando-se de impostos a

incide, ou melhor, deveria incidir, em

to nítida na legislação fiscal francesa.

que não foi obtido pelo contribuinte,

parte poupada do rendimentp.

Assim, os lucros das sociedades por ações,

pessoa física. Nos países altamente capitalizados é

razão do grau de necessidade ou de utilidade dos produtos. Assim, a alta tributação que sofrem as bebidas, as jóias, as perfumarias e o

A finalidade econômica de favorecer

determinadas formas de empresas é mui

na França, sofrem uma tributação glo

bal de 54%, enquanto que as sociedades de pessoas são tributadas em 24% e o ar tesanato em 16%, com a finalidade evi

dente de se amparar aqueles rjue, em sua atividade, aplicam não só seu capital mas também seu trabalho.

Idêntico propósito orientava a legisla-r ção alemã ao tempo do nacional-socialismo.

Rumo oposto, porém, segue a legis lação inglesa, a qual visivelmente favo rece as sociedades de capitais. Quanto à legislação norte-americana, como a

nossa, não faz distinção quanto h espé cie da sociedade. * ❖ *

A tributação da concentração de ca pitais, visando objetivos econômicos e sociais, não existe de forma característi

ca em nossa legislação fiscal.

E' bem

verdade que o impôsto de renda das pes soas jurídicas sofre uma pequena varia

ção em função do lucro obtido, o que demonstra um propósito de se tributar

mais pesadamente a grande empresa. Entretanto, como essa tributação inde

pende do capital investido, não se pode dizer que ela tenha o intuito.de evitar

explicável a tendência da legislação fis

cal de dificultar o mais possível o pro cesso de concentração de capitais. E' o que sucede nos Estados Unidos, em que os lucros não distribuídos sofrem uma táxação de 27,5%, quando não ul

trapassem de 100.000 dólares e de 38,5%

Culloch ("Principies of Political Economy"), por exemplo, aconselhava que

Essas duas tendências revelam con

cepções diferentes da ordem social e esta não é a ocasião própria para discuti-las. Uma coisa, porém, é certa; o capital é um fator de produção, pertença êle aos cidadãos ou à coletividade representada

pelo Estado. A condição preliminar, por tanto, é a de que êle exista, e para isso é preciso que seja acumulado. Nessa ordem

quando excedam desse limite. "Le pre

de idéias, no Brasil a legislação deveria

texte officiel de cette surtaxe — escreve

ser nitidamente favorável à formação e

Laufemburger em "Finances Coinparés"

à concentração de capitais, pois, de to dos os fatôres da produção, êsse é o

~ est d'eviter que Tabstention de dis-

O instrumento típico, no Brasil, de in tervenção tributária do Estado no con

fumo — não só no Brasil, como na maio

ria dos países — resulta do propósito dos governos de restringir seu consumo. E' bem verdade que essa tributação cor

responde também ao princípio da ca pacidade contributiva, pois presume-se que os consumidores de produtos supér fluos possam contribuir em proporção

maior do que aquêles que só consomem produtos úteis ou necessiírios à \'ida. E' uma presunção falível, mas coletivamen-

á

H

tribuer les réserves ne permette aux

mais escasso entre nós.

actionnaires d'échapper aux impôts for-

os Estados Unidos têm interesse em evi

te considerada é aceitável.

tar a poupança individual, para poder

Poder-se-á alegar, com relação à le gislação fiscal brasileira, que artigos

tement progressifs sur le revenu des per.sonnes physiques, impôts qui auraient étó dus si les dividendes avaient été distribués. Mais en fait cet encouragement fiscal des distribuitions est upe réaction contre Ia pratique de Tautofinancement des entreprises et de Ia puis sance économique qu'il implique." Na França, a grande empresa é mais

Ao passo que

dar escoamento à sua colossal produ ção, o Brasil tem interesse na poupança,

absolutamente necessários sofrem tribu

para que as empresas disponham de maior capital e, conseqüentemente, de

tação mais elevada do que outros supér fluos. E' o caso do fósforo, por exem

melhores condições de produtividade, e

plo. Não há dúvida que assim é, e só

para que o crédito se torne mais fácil e o juro menos elevado do que atualmente.

nos cabe lamentar que os governos, com

Um sistema de isenções fiscais para re

o propósito de arrecadar mais, tenham abandonado os princípios técnicos que

tributada proporcionalmente do que a

servas de emprêsas conduziria, prova

deveriam orientar a ünposição sobre o

pequena, e a fusão de empresas é forte

velmente, a êsse resultado.

consumo.

mente tributada com um impôsto de 16% sòbre o aumento do capital. Além disso

Ação sôbre o consumo

os grandes magazines sofrem uma tri

butação progressiva sobre o volume dos

O consumo em geral, ou de deter

Os demais impostos indiretos exis tentes no iBrá;sil, notadamente o de vendas e consignações, embora se re flitam sôbre o consumo, restringindo-o, não visam de modo algum essa conse

negócios.

minadas mercadorias em particular, pode

Como regra geral, os governos de tendências socialistas são hostis à con

ser fàcilmente manobrado pelo Estado

qüência, mas sim a de proporcionar ar

através do impôsto, o qual, tributando

recadação aos cofres públicos.

a concentração de capitais. De resto, nossa legislação não só não hostiliza a concentração de capitais, co mo até facilita, deixando de tributar as reservas da sociedade com o impôsto

progressivo devido pelos seus componen

rumo oposto e ou são indiferentes ou

tes, tributação essa que só tem lugar por ocasião da distribuição das reservas. Is

mesmo francamente favoráveis à concen

geira a tal ponto que ela fica fora do al

tração e à formação de capitais. Mac

cance da grande massa da população.

regime fiscal para dificultá-la o mais pos

pesadamente determinado produto, eleva seu preço e, conseqüentemente, reduz

para restringir draconianamente o con

sível. Já as nações, como os economis

seu consumo.

sumo, não de alguns, mas de todos os

centração de capitais e- lançam mão do

tas, de tendências capitalistas, seguem

Os direitos aduaneü-os outra coisa não

fazem que encarecer a mercadoria estran

Exemplo típico da ação do impôsto produtos, foi a prática adotada durante a guerra pela U.R.S.S.. A alíquota do impôsto sôbre vendas, já bastante ele vada, foi majorada em 100%, do que reAJ.

v..1.


I ".um n i

Dicesto Econômico

44

sultou uma alta considerável de pre ços, afastando do mercado consumidor

tringir o consumo global • pela elevação dos impostos indiretos. Essa elevação

O ADVOGADO MENDES PIMENTEL

consideráveis massas de população. Essa circunstância permitiu que o raciona

tem'sido uma contingência das precárias condições financeiras de quase todas as

Dario de Almeida Magalhães

mento rigoroso, então adotado, fosse ob

nações neste após-gucrra.

Mas, por

servado pela população, que, de resto,

DESTINO lhe marcara a vocação de

outro lado, em todos os regimes fis cais se procura restringir o consumo do artigos supérfluos ou perniciosos,

Francisco Mendes Pimentel era daqueles,

não dispunha de meios para comprar mais do que o permitido. O resultado da

medida foi que êsse imposto, que em 1941 havia proporcionado uma arreca

dação de 124 bilhões de rublos, em

com uma tributação que, em alguns

casos, representa verdadeiro proibicionismo.

1943, com, a taxa dobrada, só rendeu *

71 bilhões, o que prova que a elevação do impôsto fez cair o consumo em 63%.

Não conhecemos exemplos, em outros países, de medidas fiscais que visem les-

*

*

Outros aspectos da ação social e eco nômica do impôsto serão abordados

no artigo seguinte desta série.

maneira inequívoca e indelével. como Bourdillon, que haviam de ser ad

vogados "por decreto nominativo da Providencia". As incursões por êle ten

tadas em campos fronteiriços à advo cacia foram episódicas e efêmeras. ,0

professorado em Barbacena, no início da carreira, era certamente o adjutório de que se valia o iniciante pobre para as segurar-se certa estabilidade financeira,

Revestirain^se de cerimônia cívica as co

memorações do octogôsimo aniversário natalício do grande jtirisconsuUo Fran cisco Mendes Pimentel. Associondo-se a

essas homenagens, o "Digesto Econômi co" tem o prazer de publicar o magní

fico ensaio escrito pelo sr. Dario de Al

meida Magalhães, seu diistre e cons tante colaborador. Êste trabalho será

publicado na "Revista Forense".

à espera do rendimento mais segmo de um escritório que ainda aliciava clien

i

tela. A advocacia é como uma enseada

em que muitas águas desembocam, e de onde partem inúmeras caravelas à bus

que se agitavam naquela quadra de enuuc/ ai-.

--

j.

_

saio das novas instituições,7 foi , logo^con1 A • vocado para a Câmara Estadual. Anuiu ao chamamento e suportou o exercício saio Uilô

ca de rumos variados e imprevistos. O

do mandato até ao fim do prazo regu.ar.

seu exercício também "méne a tout , e

E dessa primeira experiência deLxou

conduz, nos seus enredos e desdobramen tos, aos fins mais desencontrados. Duas

seduções poderosas sôbre ela atuam de maneira constante, e quase irresistível:

a do jornalismo e a da política. Uma e outra atividades são mesmo como que

desdobramentos obrigatórios dà advoca cia militante. Não é outra também a nossa tradição no Império e na Republi

Mendes Pimentel, como traço significa tivo, um discurso sôbre a "incorporação

do proletariado à sociedade moderna , que, pronunciado em 1896, vale como alto testemunho da acuidade e da largueza de vistas do político, que os par tidos mineiros dentro em pouco iriam

perder, para infortúnio da vida cívica de Minas e do Brasil.

Se o deputado estadual Mendes Pi

nos pmses paxses participantes ao do Plano tiano Marshall, é maior agora asora do que antes da suerra guePro

A Administração da Co^eração Econômica anunciou que o nível de emprêso

ca: a advocacia foi sempre a pepineiia onde se abasteceram, entre nós, os parti

mentel era sóbrio e arredio, nem por isso

O relatório da A. C. E. diz que existem, atualmente, mais assalariados no comércio e na indústria, do que em 1937. Indica também que o desemprêgo, cm neral é menor do que antes da guerra e que os operários estão recebendo tantos

dos políticos para enriquecer os seus quadros das suas figiuas mais capazes

se deixou de perceber a verdadeira es tatura do homem que se escondia dis

e brilhantes.

cretamente. A ascensão imediata à Câ

alimentos quanto há dez anos atrás. O relatório da A. C. E. diz que no Reinn Unido o número de desempregados foi — vinte e- -•— — cento cm j 1938. ir, O Na ■ Áustria c reduzido cinco por confronto com os dados de e -na Suécia, o número dos seni em' r

.

..

lC\OQ

.

prêgo foi reduzido em um terço. Por sua vez, a Dinamarca reduziu o desemprêgo a setenta e cinco por cento dos níveis de antes da guerra. Na França, a redução foi de dez por cento, na Irlanda de oitenta por cento, e na Holanda de quinze por cento.

A situação atualmente prevalecente na Alemanha, Itália, Grécia e

Bélgica, foi qualificada como exceção.

Mendes Pimentel, homem público de

nascença, não poderia fugir a tais solici tações. O profissional que rapidamente

ganhara fama num fôro ilustre, como o era o de Barbacena nos primeiros anos

da República, e que como jornalista local participava dos debates das questões

'i

mara Federal veio como uma prova de

que àquele tempo predominava realmen te um critério de seleção de valores, em

bora sujeito freqüentemente a colapsos e eclipses, sobretudo em Minas, onde, durante uma larga quadra, o "coronelismo" submeteu, torceu ou esmagou as


I ".um n i

Dicesto Econômico

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sultou uma alta considerável de pre ços, afastando do mercado consumidor

tringir o consumo global • pela elevação dos impostos indiretos. Essa elevação

O ADVOGADO MENDES PIMENTEL

consideráveis massas de população. Essa circunstância permitiu que o raciona

tem'sido uma contingência das precárias condições financeiras de quase todas as

Dario de Almeida Magalhães

mento rigoroso, então adotado, fosse ob

nações neste após-gucrra.

Mas, por

servado pela população, que, de resto,

DESTINO lhe marcara a vocação de

outro lado, em todos os regimes fis cais se procura restringir o consumo do artigos supérfluos ou perniciosos,

Francisco Mendes Pimentel era daqueles,

não dispunha de meios para comprar mais do que o permitido. O resultado da

medida foi que êsse imposto, que em 1941 havia proporcionado uma arreca

dação de 124 bilhões de rublos, em

com uma tributação que, em alguns

casos, representa verdadeiro proibicionismo.

1943, com, a taxa dobrada, só rendeu *

71 bilhões, o que prova que a elevação do impôsto fez cair o consumo em 63%.

Não conhecemos exemplos, em outros países, de medidas fiscais que visem les-

*

*

Outros aspectos da ação social e eco nômica do impôsto serão abordados

no artigo seguinte desta série.

maneira inequívoca e indelével. como Bourdillon, que haviam de ser ad

vogados "por decreto nominativo da Providencia". As incursões por êle ten

tadas em campos fronteiriços à advo cacia foram episódicas e efêmeras. ,0

professorado em Barbacena, no início da carreira, era certamente o adjutório de que se valia o iniciante pobre para as segurar-se certa estabilidade financeira,

Revestirain^se de cerimônia cívica as co

memorações do octogôsimo aniversário natalício do grande jtirisconsuUo Fran cisco Mendes Pimentel. Associondo-se a

essas homenagens, o "Digesto Econômi co" tem o prazer de publicar o magní

fico ensaio escrito pelo sr. Dario de Al

meida Magalhães, seu diistre e cons tante colaborador. Êste trabalho será

publicado na "Revista Forense".

à espera do rendimento mais segmo de um escritório que ainda aliciava clien

i

tela. A advocacia é como uma enseada

em que muitas águas desembocam, e de onde partem inúmeras caravelas à bus

que se agitavam naquela quadra de enuuc/ ai-.

--

j.

_

saio das novas instituições,7 foi , logo^con1 A • vocado para a Câmara Estadual. Anuiu ao chamamento e suportou o exercício saio Uilô

ca de rumos variados e imprevistos. O

do mandato até ao fim do prazo regu.ar.

seu exercício também "méne a tout , e

E dessa primeira experiência deLxou

conduz, nos seus enredos e desdobramen tos, aos fins mais desencontrados. Duas

seduções poderosas sôbre ela atuam de maneira constante, e quase irresistível:

a do jornalismo e a da política. Uma e outra atividades são mesmo como que

desdobramentos obrigatórios dà advoca cia militante. Não é outra também a nossa tradição no Império e na Republi

Mendes Pimentel, como traço significa tivo, um discurso sôbre a "incorporação

do proletariado à sociedade moderna , que, pronunciado em 1896, vale como alto testemunho da acuidade e da largueza de vistas do político, que os par tidos mineiros dentro em pouco iriam

perder, para infortúnio da vida cívica de Minas e do Brasil.

Se o deputado estadual Mendes Pi

nos pmses paxses participantes ao do Plano tiano Marshall, é maior agora asora do que antes da suerra guePro

A Administração da Co^eração Econômica anunciou que o nível de emprêso

ca: a advocacia foi sempre a pepineiia onde se abasteceram, entre nós, os parti

mentel era sóbrio e arredio, nem por isso

O relatório da A. C. E. diz que existem, atualmente, mais assalariados no comércio e na indústria, do que em 1937. Indica também que o desemprêgo, cm neral é menor do que antes da guerra e que os operários estão recebendo tantos

dos políticos para enriquecer os seus quadros das suas figiuas mais capazes

se deixou de perceber a verdadeira es tatura do homem que se escondia dis

e brilhantes.

cretamente. A ascensão imediata à Câ

alimentos quanto há dez anos atrás. O relatório da A. C. E. diz que no Reinn Unido o número de desempregados foi — vinte e- -•— — cento cm j 1938. ir, O Na ■ Áustria c reduzido cinco por confronto com os dados de e -na Suécia, o número dos seni em' r

.

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prêgo foi reduzido em um terço. Por sua vez, a Dinamarca reduziu o desemprêgo a setenta e cinco por cento dos níveis de antes da guerra. Na França, a redução foi de dez por cento, na Irlanda de oitenta por cento, e na Holanda de quinze por cento.

A situação atualmente prevalecente na Alemanha, Itália, Grécia e

Bélgica, foi qualificada como exceção.

Mendes Pimentel, homem público de

nascença, não poderia fugir a tais solici tações. O profissional que rapidamente

ganhara fama num fôro ilustre, como o era o de Barbacena nos primeiros anos

da República, e que como jornalista local participava dos debates das questões

'i

mara Federal veio como uma prova de

que àquele tempo predominava realmen te um critério de seleção de valores, em

bora sujeito freqüentemente a colapsos e eclipses, sobretudo em Minas, onde, durante uma larga quadra, o "coronelismo" submeteu, torceu ou esmagou as


46

Digesto EcoNÓ^^co

mais vigorosas capacidades para a vida pública. A promoção, todavia, não o seduziu. Não embriagou o moço de 28 anos a perspectiva de uma carreira po lítica que se anunciava faustosa.

Não

era essa^a vocação de Mendes Pimentel: a sua personalidade era demasiado rija para os meneios e as sinuosidades

de uma política que se desenrolava en tre grupos e arranjos personalistas e com-

padrescos, completamente alheia aos es

quemas ideológicos, às questões e prin cípios gerais, a disciplina consciente mente emanada das assembléias deli

como a concebia, tal como a exigia a ri ca c seivosa personalidade de Mendes

Pimentel. Servi-la, nela integrar-se por ambição, comodismo ou vaidade, seria uma transigência que não afinava com

o seu temperamento, um tanto rude, e certamente inquebrantável.

A retirada, embora com o sacrifício

da carreira, se impunha; mas não seria

uma deserção, um gesto de egoísmo, ou de fraqueza. Não: a sua consciência dos deveres da cidadania era bem viva; e para compri-los iria o combatente ape nas buscar outro campo, em que pudes

berativas dos partidos, de vida organi expandir-se com desenvoltura e dezada e de funcionamento regular. O se tédio o venceu, diante da pobreza do es sempeno, proveitosamente. A transferência para Belo Horizonte petáculo. A sua fibra de condutor era representou a eleição do cenário privile madaplável àquele jôgo monótono e va zio, em que tudo eram composições Ee- giado, onde o seu destino se iria des xíveis e acomodações descaracterizadoras. dobrar até à culminância moral e inte a que atingiu. O homem públi Uma personalidade que precisava ex lectual não morrera, porém, em Mendes Pi pandir-se, sem se deformar, uma perso co mentel. A prova c que a sua primeira nalidade em busca de realização, mas iniciativa foi fundar na capital recémque teimava em ser fiel a si mesma, ha nada um jornal diário. Iniciaüva auda veria de entrar fatalmente em conflito ciosa, temerária, num meio desprovido de com esse ambiente que lhe parecia a tudo para um jornal, inclusive de acon mn tempo fútil e dissolvente. A retirada tecimentos de leitores; e que tôdas de Mendes Pimentel — assinalada em as condiçõese indicavam incapaz de sus plena juventude, por uma renúncia que tentar uma publicação onerosa, como à lhe testemunlia a decisão da vontade e a que o político renunciante lançava com confiança em si próprio — é o reencon a resolução confiante de sempre — a tro do homem com o seu destino indes, viável. O campo de sua atuação deveria ser outro, em que se aproveitassem inte

gralmente as suas qualidades, quç a política mutilaria ou neutralizaria na me

diania incaracterística que impunha, so bretudo àquela época, como uma con dição de biunfo, num meio em que o sufrágio'6 a vida partidária eram apenas convenções ou simulações hipócritas, re

petidas com maior ou menor compostura e gravidade.

Aquela não era a vida pública tal

mesma resolução que o levaria, em 1904 a criar, no mesmo ambiente acanhado ê

a manter ininterruptamente durante 27 anos, como diretor, a "Revista Forense"

de tão fecundos serviços ao pensamento

jurídico do País.

O "Diário de Minas", que Mendes Pi mentel fundou em 1899 e dirigiu duran te um ano, era uma folha política, es sencialmente política, em que se deba tiam, quase diàriamente, através dos ar tigos de fundo que o seu diretor escre

via, com a marca daquele seu estilo já

47

DrcEsTO Econômico

tões da hora. O homem público conti

desWos nem digressões: Mendes Pimen tel seria só e apenas advogado. Da po

nuava \agilante e atuante, muito embo

lítica e das suas traças, que não pu

inconfundível, todos os problemas e ques

ra o político que vivera a vida medío cre e vazia dos partidos o das assem bléias expandisse o seu desencanto piO" fundo nestas palavras que estão no ar

tigo da apresentação do jornal, de 19 de janeiro de 1899:

"O arruído que periòdicamente levan tam os "politicians" nas épocas de renovamento de mandato não tem acuidade além das fronteiras do profissiona lismo; é um simples fogo de vista

que ao apagar-se torna a escuri dão mais densa, é uma mareta

dera compreender, nem aceitar, se re tirara enfastiado ad museam. Jornalis

mo, só exerceria o especializado — o

jornalismo forense — através da revista, que criara e dirigiria com o seu digno e eficiente companheiro Estêvão Pinto. Professor, também continuaria a sê-!o, iluminando a cátedra de Direito Penal

da Faculdade, que lhe merecia todos os desvelos. Mas o -profcssorado jurídico seria para ele apenas um comple mento essencial à formação e à

atividade do advogado.

Pois o

estudo 8 o trato da doutrina eram

que encrespa a superfície do oceano da opinião sem nunca agi

indispensáveis à sua concepção do

tar-lho as camadas profundas e

o explicaria no seu discurso de posse na

sem atingir-lhe o seio. Caído o pano sôbre o desenlace da farsa eleitoral, re colhem todos os atores aos mesmos bas tidores, 6 longe da ribalta se acorapadram na mais ínrima camaradagem, ate que o apetite de uma nova sucessão os

fraga de novo ao palco, divididos em campos irfeconciliáveis e partidos irre

oficio da advocacia, conforme êle

presidência do Instituto dos Advogados H de Minas, em 1915, nestas palavras: "Sem a teoria, que ilumina e vivifica o têxto, o advogado é o "cantor formularum" — incapaz de perceber que em cada caso judiciário há um problema so cial em equação, e que ^ regras que

o direito disciplinam são corolários de dutíveis. "O povo, esse nem ao menos se com princípios fundamentais, cujas raízes praz mais em assistir ao espetáculo que, mergulham na tradição, mantendo no

a fôrça de repetido, Ibe embotou a curiosidade; o eleitorado aposentou-se na

abstenção em massa, e foi substituído pela fraude escancarada, sem termo e sem limites, e que é a paródia bufa do sistema representativo." * * *

Do comêço do século em diante, a marcha seria uma só. e pela mesma es trada real: — marcha ascendente, sem

hiatos, sem quedas, pela estrada que o levaria ao apogeu do prestígio profissio nal, moral e cíviço. Não houvç mais

processo evolutivo a pureza das linhas originais da construção milenária." A sedução do magistério em Mendes Piment,el — que foi, em verdade, sempre um professor emérito, na cátedra e fora dela — lhe vinha, sem duvida, desse

aprêço pela cultura, e também pela in fluencia estimulante que poderia exercer com o seu feitio impressivo sôbre os

estudantes, para que estes, pelo esforço perseverante e pelo amor ao estudo, aproveitassem e desenvolvessem ao má ximo os talentos naturais de que fossem

dotados, mantendo, assim, uma tradição

íntelect\ial em que êle viã o mellior pa-


46

Digesto EcoNÓ^^co

mais vigorosas capacidades para a vida pública. A promoção, todavia, não o seduziu. Não embriagou o moço de 28 anos a perspectiva de uma carreira po lítica que se anunciava faustosa.

Não

era essa^a vocação de Mendes Pimentel: a sua personalidade era demasiado rija para os meneios e as sinuosidades

de uma política que se desenrolava en tre grupos e arranjos personalistas e com-

padrescos, completamente alheia aos es

quemas ideológicos, às questões e prin cípios gerais, a disciplina consciente mente emanada das assembléias deli

como a concebia, tal como a exigia a ri ca c seivosa personalidade de Mendes

Pimentel. Servi-la, nela integrar-se por ambição, comodismo ou vaidade, seria uma transigência que não afinava com

o seu temperamento, um tanto rude, e certamente inquebrantável.

A retirada, embora com o sacrifício

da carreira, se impunha; mas não seria

uma deserção, um gesto de egoísmo, ou de fraqueza. Não: a sua consciência dos deveres da cidadania era bem viva; e para compri-los iria o combatente ape nas buscar outro campo, em que pudes

berativas dos partidos, de vida organi expandir-se com desenvoltura e dezada e de funcionamento regular. O se tédio o venceu, diante da pobreza do es sempeno, proveitosamente. A transferência para Belo Horizonte petáculo. A sua fibra de condutor era representou a eleição do cenário privile madaplável àquele jôgo monótono e va zio, em que tudo eram composições Ee- giado, onde o seu destino se iria des xíveis e acomodações descaracterizadoras. dobrar até à culminância moral e inte a que atingiu. O homem públi Uma personalidade que precisava ex lectual não morrera, porém, em Mendes Pi pandir-se, sem se deformar, uma perso co mentel. A prova c que a sua primeira nalidade em busca de realização, mas iniciativa foi fundar na capital recémque teimava em ser fiel a si mesma, ha nada um jornal diário. Iniciaüva auda veria de entrar fatalmente em conflito ciosa, temerária, num meio desprovido de com esse ambiente que lhe parecia a tudo para um jornal, inclusive de acon mn tempo fútil e dissolvente. A retirada tecimentos de leitores; e que tôdas de Mendes Pimentel — assinalada em as condiçõese indicavam incapaz de sus plena juventude, por uma renúncia que tentar uma publicação onerosa, como à lhe testemunlia a decisão da vontade e a que o político renunciante lançava com confiança em si próprio — é o reencon a resolução confiante de sempre — a tro do homem com o seu destino indes, viável. O campo de sua atuação deveria ser outro, em que se aproveitassem inte

gralmente as suas qualidades, quç a política mutilaria ou neutralizaria na me

diania incaracterística que impunha, so bretudo àquela época, como uma con dição de biunfo, num meio em que o sufrágio'6 a vida partidária eram apenas convenções ou simulações hipócritas, re

petidas com maior ou menor compostura e gravidade.

Aquela não era a vida pública tal

mesma resolução que o levaria, em 1904 a criar, no mesmo ambiente acanhado ê

a manter ininterruptamente durante 27 anos, como diretor, a "Revista Forense"

de tão fecundos serviços ao pensamento

jurídico do País.

O "Diário de Minas", que Mendes Pi mentel fundou em 1899 e dirigiu duran te um ano, era uma folha política, es sencialmente política, em que se deba tiam, quase diàriamente, através dos ar tigos de fundo que o seu diretor escre

via, com a marca daquele seu estilo já

47

DrcEsTO Econômico

tões da hora. O homem público conti

desWos nem digressões: Mendes Pimen tel seria só e apenas advogado. Da po

nuava \agilante e atuante, muito embo

lítica e das suas traças, que não pu

inconfundível, todos os problemas e ques

ra o político que vivera a vida medío cre e vazia dos partidos o das assem bléias expandisse o seu desencanto piO" fundo nestas palavras que estão no ar

tigo da apresentação do jornal, de 19 de janeiro de 1899:

"O arruído que periòdicamente levan tam os "politicians" nas épocas de renovamento de mandato não tem acuidade além das fronteiras do profissiona lismo; é um simples fogo de vista

que ao apagar-se torna a escuri dão mais densa, é uma mareta

dera compreender, nem aceitar, se re tirara enfastiado ad museam. Jornalis

mo, só exerceria o especializado — o

jornalismo forense — através da revista, que criara e dirigiria com o seu digno e eficiente companheiro Estêvão Pinto. Professor, também continuaria a sê-!o, iluminando a cátedra de Direito Penal

da Faculdade, que lhe merecia todos os desvelos. Mas o -profcssorado jurídico seria para ele apenas um comple mento essencial à formação e à

atividade do advogado.

Pois o

estudo 8 o trato da doutrina eram

que encrespa a superfície do oceano da opinião sem nunca agi

indispensáveis à sua concepção do

tar-lho as camadas profundas e

o explicaria no seu discurso de posse na

sem atingir-lhe o seio. Caído o pano sôbre o desenlace da farsa eleitoral, re colhem todos os atores aos mesmos bas tidores, 6 longe da ribalta se acorapadram na mais ínrima camaradagem, ate que o apetite de uma nova sucessão os

fraga de novo ao palco, divididos em campos irfeconciliáveis e partidos irre

oficio da advocacia, conforme êle

presidência do Instituto dos Advogados H de Minas, em 1915, nestas palavras: "Sem a teoria, que ilumina e vivifica o têxto, o advogado é o "cantor formularum" — incapaz de perceber que em cada caso judiciário há um problema so cial em equação, e que ^ regras que

o direito disciplinam são corolários de dutíveis. "O povo, esse nem ao menos se com princípios fundamentais, cujas raízes praz mais em assistir ao espetáculo que, mergulham na tradição, mantendo no

a fôrça de repetido, Ibe embotou a curiosidade; o eleitorado aposentou-se na

abstenção em massa, e foi substituído pela fraude escancarada, sem termo e sem limites, e que é a paródia bufa do sistema representativo." * * *

Do comêço do século em diante, a marcha seria uma só. e pela mesma es trada real: — marcha ascendente, sem

hiatos, sem quedas, pela estrada que o levaria ao apogeu do prestígio profissio nal, moral e cíviço. Não houvç mais

processo evolutivo a pureza das linhas originais da construção milenária." A sedução do magistério em Mendes Piment,el — que foi, em verdade, sempre um professor emérito, na cátedra e fora dela — lhe vinha, sem duvida, desse

aprêço pela cultura, e também pela in fluencia estimulante que poderia exercer com o seu feitio impressivo sôbre os

estudantes, para que estes, pelo esforço perseverante e pelo amor ao estudo, aproveitassem e desenvolvessem ao má ximo os talentos naturais de que fossem

dotados, mantendo, assim, uma tradição

íntelect\ial em que êle viã o mellior pa-


48

Dicesto Econômico

trimonio de Minas. E foi esse fecundo

papel de excilador de qualidades e de valores que mestre Mendes Pímentel re presentou, com sua presença, o seu exem

plo e sua palavra, não só na Faculdade

vida pública se poderia indicar do que êsso zêlo infatigdvel pela mocidadc es tudiosa? O homem público Mendes Phmentel não se cstiolara na sua voca

ção; o advogado não era um profissional

de Direito, como no meio forense mi

que exercesse a sua tarefa com espí

neiro.

rito privado; tínlia, ao revés, bem vivo o sentimento da dignidade do seu offhium

E todo o seu eonstante empenho nessa tarefa teve o fito único de elevar o

tônus cultural e a dignidade do pretório do nosso Estado, erguendo a advo

cacia e a }ustiça à excelsa posição que paritàriamente lhes cabe.

Veja-se, nestoutro passo do discurso

citado, a emoção com que procura e.xcitar as ambições dos moços ao triunfo nas lides profissionais:

•.."foi principalmente pensando nos moços que mais me sorriu a idéia dos

colegas que intencionavam a fundação do Insütuto... É talvez pelo meu amor ao magistério que não sei de alegria tão ampla, de prazer tão consolador, de con tentamento tão vivo como o de assistir

à eclosão de um espírito de eleição, desses que nas primeiras cintilações já denunciam os fulgores que iluminam uma existência inteira."

Os moços, os seus discípulos, os que iniciavam a caminhada pela mesma rota em que êle já havia ascendido às culminâncias, foram sempre o pensamento

mais constante de Mendes Pimentelj aconselhá-los, estimulá-los, provocar-lhes as paixões nobres e as aspirações supe riores, foi esse o alvo permanente de

suas palavras e de suas ações, até que a ingratidão e o desvario, numa hora de lirante, lhe permitisse dar aos seus alu nos universitários a lição mais alta e

mais pura — a de uma conduta exemplar na dignidade, na renúncia, na serenidade e na impavidez, postas em defesa da cultura e da seriedade do ensino.

Que maior testemunho de dedicação à •A'

pubhcum; e professor de Direito, que o completava no fôro e na cátedra, êste não

moral este não desceu jamais. E como ligados por um sistema de vasos comu-

nicantes, a marca que indicava a subida

qualidade da inagi.straturu tinha corres pondência na que traduzia o superior quilate da advocacia.

A aplicação cstrônua aos deveres, o estudo paciente c acurado, a probidade sem jaça, a independência, a dignidade,

era um repetidor de lições, nem um

o desinterôsse — eis as virtudes que, du

docente empenhado apenas em instruir os sei^ discípulos; era um mestre de verdade que educava pela sua vida e que sobretudo queria abrir caminhos

rante anos e anos, tornaram modelar, sob

f.yorecer vitórias, ajudar a construir des

tinos, formar gerações que excedessem em virtude e sennços, às antecessoras' A alma universitária se irradiava da íiaui ra impressionante dêsse professor tior

49

Dioesto Econômico

todos os aspectos, o fôro mais graduado de Minas Gerais. A Relação mineira era

um seminário de juizes virtuosos e sá

bios, formados • para a missão de distri buir justiça com serenidade e zelo sem par. E nesse mesmo estilo baliam de proceder os advogados, para serem ouvi

Êste fôro predestinado era um recinto fechado, na culminância em que se er guia, aos ruídos e às agitações, aos es cândalos e aos comentários da praça pública. Nunca ninguém ousou murmu rar coisa alguma sobre a dignidade e a honradez de seus juizes, realmente iiivulneráveis a qualquer suspeita ou ma-

•'

ledicéncia. A cordialidade e a serenida

de eram as características da atmosfera

que os envolvia, e na qual juizes e advo gados se moviam cercados da mesma compostura e da mesma dignidade. Era, em verdade, um cenáculo, uma escola.

E tudo contribuía para que assim se consei^^asse por longo tempo: o orgulho em preservá-lo na altura a que ascen dera por todos os que nêle se inte

gravam; os inadaptados se retraíam

para não serem repelidos como imposto- ^

um insensível, que dêsse convívio esni ritual não trouxesse alguma marca moml

dos e considerados nas suas postulações. Do Tribunal da Relação se irradiava

o exemplo, e daí emanava a sensação de .segurança o de confiança que envolvia

meio social que o rodeava, em que as

e intelectual.

toda a justiça mineira, na mesma res

cujas aula.s não passava ninguém, 'sen^ão

* * *

fôro da jovem capital mineira nn começo do século, oferecia um quadro excepcional. O padrão tnoral e inte lectual dos juizes c advogados se eleva va a níveis dificilmente ultrapassáveis.'

Sentia-se que a justiça se cercava de

uma aura singular de dignidade e nobre za, que se refletia na figura de cada um

dos seus servidores - magistrados, ou advogados. Nesse ambiente iria Mendes

Pímentel ter o privilégio de exercer du

rante trinta anos a advocacia, sem in terrupção. Porque, por um dêsses mi-

lagres de continuidade que constituem bênçãos da Providência, durante todo

êsse largo período não decaiu a superior qualidade do pretório da capital mineira, pois, se por vêzes o nível intelectual mé dio conheceu baixas ocasionais, o padrão

peitabilidade imperturbável. O poder judiciário, assim composto, cumpria fiel mente a sua missão tutelar; os juvisdi-

cionados não tinham nunca a menor du vida na fidelidade e na exação dos ser

vidores da justiça; os direitos de todos e de cada um estavam-resguardados por

juizes probos e esclarecidos, que nada

temiam, e nada, nenhuma influencia,

poderia desviar da linha do dever e da honra.

Receio, ou medo de qualquer

res; e a modéstia e a sobriedade do

forças econômicas ainda incipientes não contribuíam para que os grandes inte resses materiais em disputa viessem per

turbar, com as paixões que desencandeiam, a límpidez, a modéstia e o ar

franciscano daquele reduto invulnerável às solicitações subalternas.

O exercício da sua profissão perante julgadores de tal estatura era o estímulo permanente com que contava um advo

gado como Mendes Pimentel, para o qual o ofício não era uma técnica, ou

espécie, não entibiaria o ânimo dos jul gadores de tal jaez; ambições ou inte-

um meio de vida apenas, mas sobretudo

rôsses não alimentavam aqueles que ao

são e calor, para testemunhar a alta qua lidade da magistratura superior de

elegerem a carreira abraçada haviam re nunciado igualmente às honrarias e à fartura, em voto espontâneo de pobreza

o modéstia, para só buscarem nas com

uma atividade de ordem moral. E êle

nunca deixou de se expandir com efu-

Minas.

O Tribunal da Relação era um dos

motivos de orgulho de sua vida, e cer

pensações de ordem moral os prêmios a que poderiam aspirar no desempenho

tamente uma das razões mais fortes e

do nobilíssimo niinislério em que se

constantes para a sua confiança nos ho

investiam.

isdíLad*,-.

mens, nos impulsos superiores da huma- ■

V


48

Dicesto Econômico

trimonio de Minas. E foi esse fecundo

papel de excilador de qualidades e de valores que mestre Mendes Pímentel re presentou, com sua presença, o seu exem

plo e sua palavra, não só na Faculdade

vida pública se poderia indicar do que êsso zêlo infatigdvel pela mocidadc es tudiosa? O homem público Mendes Phmentel não se cstiolara na sua voca

ção; o advogado não era um profissional

de Direito, como no meio forense mi

que exercesse a sua tarefa com espí

neiro.

rito privado; tínlia, ao revés, bem vivo o sentimento da dignidade do seu offhium

E todo o seu eonstante empenho nessa tarefa teve o fito único de elevar o

tônus cultural e a dignidade do pretório do nosso Estado, erguendo a advo

cacia e a }ustiça à excelsa posição que paritàriamente lhes cabe.

Veja-se, nestoutro passo do discurso

citado, a emoção com que procura e.xcitar as ambições dos moços ao triunfo nas lides profissionais:

•.."foi principalmente pensando nos moços que mais me sorriu a idéia dos

colegas que intencionavam a fundação do Insütuto... É talvez pelo meu amor ao magistério que não sei de alegria tão ampla, de prazer tão consolador, de con tentamento tão vivo como o de assistir

à eclosão de um espírito de eleição, desses que nas primeiras cintilações já denunciam os fulgores que iluminam uma existência inteira."

Os moços, os seus discípulos, os que iniciavam a caminhada pela mesma rota em que êle já havia ascendido às culminâncias, foram sempre o pensamento

mais constante de Mendes Pimentelj aconselhá-los, estimulá-los, provocar-lhes as paixões nobres e as aspirações supe riores, foi esse o alvo permanente de

suas palavras e de suas ações, até que a ingratidão e o desvario, numa hora de lirante, lhe permitisse dar aos seus alu nos universitários a lição mais alta e

mais pura — a de uma conduta exemplar na dignidade, na renúncia, na serenidade e na impavidez, postas em defesa da cultura e da seriedade do ensino.

Que maior testemunho de dedicação à •A'

pubhcum; e professor de Direito, que o completava no fôro e na cátedra, êste não

moral este não desceu jamais. E como ligados por um sistema de vasos comu-

nicantes, a marca que indicava a subida

qualidade da inagi.straturu tinha corres pondência na que traduzia o superior quilate da advocacia.

A aplicação cstrônua aos deveres, o estudo paciente c acurado, a probidade sem jaça, a independência, a dignidade,

era um repetidor de lições, nem um

o desinterôsse — eis as virtudes que, du

docente empenhado apenas em instruir os sei^ discípulos; era um mestre de verdade que educava pela sua vida e que sobretudo queria abrir caminhos

rante anos e anos, tornaram modelar, sob

f.yorecer vitórias, ajudar a construir des

tinos, formar gerações que excedessem em virtude e sennços, às antecessoras' A alma universitária se irradiava da íiaui ra impressionante dêsse professor tior

49

Dioesto Econômico

todos os aspectos, o fôro mais graduado de Minas Gerais. A Relação mineira era

um seminário de juizes virtuosos e sá

bios, formados • para a missão de distri buir justiça com serenidade e zelo sem par. E nesse mesmo estilo baliam de proceder os advogados, para serem ouvi

Êste fôro predestinado era um recinto fechado, na culminância em que se er guia, aos ruídos e às agitações, aos es cândalos e aos comentários da praça pública. Nunca ninguém ousou murmu rar coisa alguma sobre a dignidade e a honradez de seus juizes, realmente iiivulneráveis a qualquer suspeita ou ma-

•'

ledicéncia. A cordialidade e a serenida

de eram as características da atmosfera

que os envolvia, e na qual juizes e advo gados se moviam cercados da mesma compostura e da mesma dignidade. Era, em verdade, um cenáculo, uma escola.

E tudo contribuía para que assim se consei^^asse por longo tempo: o orgulho em preservá-lo na altura a que ascen dera por todos os que nêle se inte

gravam; os inadaptados se retraíam

para não serem repelidos como imposto- ^

um insensível, que dêsse convívio esni ritual não trouxesse alguma marca moml

dos e considerados nas suas postulações. Do Tribunal da Relação se irradiava

o exemplo, e daí emanava a sensação de .segurança o de confiança que envolvia

meio social que o rodeava, em que as

e intelectual.

toda a justiça mineira, na mesma res

cujas aula.s não passava ninguém, 'sen^ão

* * *

fôro da jovem capital mineira nn começo do século, oferecia um quadro excepcional. O padrão tnoral e inte lectual dos juizes c advogados se eleva va a níveis dificilmente ultrapassáveis.'

Sentia-se que a justiça se cercava de

uma aura singular de dignidade e nobre za, que se refletia na figura de cada um

dos seus servidores - magistrados, ou advogados. Nesse ambiente iria Mendes

Pímentel ter o privilégio de exercer du

rante trinta anos a advocacia, sem in terrupção. Porque, por um dêsses mi-

lagres de continuidade que constituem bênçãos da Providência, durante todo

êsse largo período não decaiu a superior qualidade do pretório da capital mineira, pois, se por vêzes o nível intelectual mé dio conheceu baixas ocasionais, o padrão

peitabilidade imperturbável. O poder judiciário, assim composto, cumpria fiel mente a sua missão tutelar; os juvisdi-

cionados não tinham nunca a menor du vida na fidelidade e na exação dos ser

vidores da justiça; os direitos de todos e de cada um estavam-resguardados por

juizes probos e esclarecidos, que nada

temiam, e nada, nenhuma influencia,

poderia desviar da linha do dever e da honra.

Receio, ou medo de qualquer

res; e a modéstia e a sobriedade do

forças econômicas ainda incipientes não contribuíam para que os grandes inte resses materiais em disputa viessem per

turbar, com as paixões que desencandeiam, a límpidez, a modéstia e o ar

franciscano daquele reduto invulnerável às solicitações subalternas.

O exercício da sua profissão perante julgadores de tal estatura era o estímulo permanente com que contava um advo

gado como Mendes Pimentel, para o qual o ofício não era uma técnica, ou

espécie, não entibiaria o ânimo dos jul gadores de tal jaez; ambições ou inte-

um meio de vida apenas, mas sobretudo

rôsses não alimentavam aqueles que ao

são e calor, para testemunhar a alta qua lidade da magistratura superior de

elegerem a carreira abraçada haviam re nunciado igualmente às honrarias e à fartura, em voto espontâneo de pobreza

o modéstia, para só buscarem nas com

uma atividade de ordem moral. E êle

nunca deixou de se expandir com efu-

Minas.

O Tribunal da Relação era um dos

motivos de orgulho de sua vida, e cer

pensações de ordem moral os prêmios a que poderiam aspirar no desempenho

tamente uma das razões mais fortes e

do nobilíssimo niinislério em que se

constantes para a sua confiança nos ho

investiam.

isdíLad*,-.

mens, nos impulsos superiores da huma- ■

V


P Dicesto EcoNÓ^^co

50

Digesto Econômico

51

nidade, em meio às crises de cepticismo

cendo uma ação de ordem social mais

que assaltavam a sua existência pontiIhada de lutas e dissabores. Eis, por exemplo, a ênfase com que, em 1923,

profunda do que a que se contém nor malmente no desempenho de sua tarela

Daí porque a sua figura íntegra com pleta e ensina aquêlc glorioso foro.mi neiro — cuja influência na vida do Es

fabricação de moeda falsa que ficou fa

específica.

tado, na \áda cívica de Minas, há de ser

moso nas crônicas do Estado — o caso

faz o louvor do tribunal mineiro (Rev. For. vol. XLI, pág. 177):

No meio dêsses juizes, lidando peran

um dia devidamente medida e exqilicada,

te ôles, Mendes Pímentel se sentiu sem

como um insubstituível fator de ordem,

"No consenso ■unânime dos profissio

pre tranqüilo e feliz. Porque, na verda

nais do foro brasileiro, nenhum tribunal

de equilíbrio e dignidade coletiva de

da fazenda do Areião. Os agentes po liciais tiveram um procedimento que a Mendes Pimentel pareceu gravemente

de, era um dôles; poderia pertencer à corporação dos julgadores, sem alterar substancialmente a missão de que se

germe singular de fecundação do es

da República excede em predicados a Relação de Minas Gerais como órgão de distribuição da justiça." O advogado máximo de seu meio, para o qual o comportamento ético irre preensível era o supremo dever, sente-se sempre venturoso pelo prêmio que o destino lhe reservara de desempenhar o seu ministério perante juizes dignos de confiança tão integral e merecedores de respeito tão irrestrito.

Essa autoridade da magistratura é que corrigia e equilibrava o funcionamento

dos outros poderes: o executivo, prêsa de

um partido único, e o legislativo unâni

me, agindo sem vigilância de uma opi

nião pública, em verdade, completamen te dispersa e descuidada. O judiciário,

incumbia, e sem muito menos violentar

a sua formação. Era êle um juiz; exer cia a advocacia com tanta elevação e

escrúpulo, com tão rigoroso zelo pelos aspectos morais das questões cujo pa trocínio lhe era confiado, que desempe nhava, em verdade, uma judicatura. As

divergências que se poderiam estabelecer entre êle e os magistrados perante os quais postulava seriam apenas de natu

reza doutrinária ou opinativa, que fa

talmente dividem os tribunais e as corpo rações, .sob a influência da dialética mais Ou menos

poderosa

e

convin

cente.

em Minas, assim composto e cercado de

Se Mendes Pimentel —- filho de uni nobre e digno magistrado — se houvesse

exação dos seus servidores, era o refú

transformado em juiz de carreira, perder-se-iam, talvez, no exercício passivo

tamanha dignidade e prestígio, pela

gio e a garantia dos direitos e liberda des; e a sua influência certamente con tribuiu sensivelmente para conter os ím

petos e os excessos dos poderes políti

cos, e foi um eficaz elemento na for mação do clima de equilíbrio e segu rança de que Minas gozou sempre na nossa conturbada e viciosa vida repu

blicana. Se a justiça falliou em muitos pontos do País, deixando de ser aquele órgão de moderação e proteção que, no regime adotado, lhe cabia ser, para re primir os excessos e as arbitrariedades, certamente em Minas ele se desincumbiu

pírito da legalidade.

A rápida passagem de Mendes Pi mentel pelo jornalismo político, ao es tabelecer a sua banca de advogado em Belo Horizonte, contribuiu apreciàvel-

mente para o seu rápido sucesso profis sional. Não só pelo bom teor dos artigos

víano Brandão, e Chefe de Polícia Aure-

liano Magalhães.

Ocorreu um caso de

incorreto. E o "Diário de Minas", pela pena vigorosa de seu diretor, em comen tários sucessivos, atacou rijamente o

Chefe de Polícia responsável. A impres são causada pela campanha foi intensa e profunda. A autoridade acusada se defendeu da imputação de "absoluta

incapacidade administrativa" que lhe fô-

de fundo que o "Diário de Minas" es tampava, quase diàriamente, discutindo as questões gerais — como, por exemplo, a série dos que versaram a reforma tri butária promovida por David Campista —• mas, e principalmente, talvez, pelas qualidades de independência e intrepidez que o "debater" revelava na análise

ra feita sem ambages; e o jornal acusa

dos homens e dos acontecimentos.

são. Quem era aquele bravo que ousa va ferir, em cheio provocar, na sua fi-^

Era então presidente do Estado Sil-

dor lhe estampou a longa contestação, para revidar, em seguida, com maior

agressividade. ^ A polícia era, então, por uma velha M

tradição que se argamassara no espírito ™

público, uma coisa sagrada, intangível, fonte de terror e instrumento de submis

e quieto da magistratura, algumas de

suas qualidades incisivas de pugnacida-

de, rebeldia e iniciativa, a flama qui

xotesca que era seu apanágio; mas quanto ao mais — a isenção, o equilíbrio

o o apuro moral na apreciação das ques tões — haveriam apenas de se sublimar

nos julgamentos que lhe coubesse pro ferir, elevando-se ao mesmo nível dos juizes mais perfeitos e mais integral mente votados ao desempenho do espi nhoso encargo de julgar. É que néle o saber jurídico sempre foi apenas um complemento da sua apura

cabalmente de sua missão, graças sobre

da consciência moral e do mais com

tudo às virtudes dos seus juizes, exer

preensivo sentimento de justiça.

m


P Dicesto EcoNÓ^^co

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Digesto Econômico

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nidade, em meio às crises de cepticismo

cendo uma ação de ordem social mais

que assaltavam a sua existência pontiIhada de lutas e dissabores. Eis, por exemplo, a ênfase com que, em 1923,

profunda do que a que se contém nor malmente no desempenho de sua tarela

Daí porque a sua figura íntegra com pleta e ensina aquêlc glorioso foro.mi neiro — cuja influência na vida do Es

fabricação de moeda falsa que ficou fa

específica.

tado, na \áda cívica de Minas, há de ser

moso nas crônicas do Estado — o caso

faz o louvor do tribunal mineiro (Rev. For. vol. XLI, pág. 177):

No meio dêsses juizes, lidando peran

um dia devidamente medida e exqilicada,

te ôles, Mendes Pímentel se sentiu sem

como um insubstituível fator de ordem,

"No consenso ■unânime dos profissio

pre tranqüilo e feliz. Porque, na verda

nais do foro brasileiro, nenhum tribunal

de equilíbrio e dignidade coletiva de

da fazenda do Areião. Os agentes po liciais tiveram um procedimento que a Mendes Pimentel pareceu gravemente

de, era um dôles; poderia pertencer à corporação dos julgadores, sem alterar substancialmente a missão de que se

germe singular de fecundação do es

da República excede em predicados a Relação de Minas Gerais como órgão de distribuição da justiça." O advogado máximo de seu meio, para o qual o comportamento ético irre preensível era o supremo dever, sente-se sempre venturoso pelo prêmio que o destino lhe reservara de desempenhar o seu ministério perante juizes dignos de confiança tão integral e merecedores de respeito tão irrestrito.

Essa autoridade da magistratura é que corrigia e equilibrava o funcionamento

dos outros poderes: o executivo, prêsa de

um partido único, e o legislativo unâni

me, agindo sem vigilância de uma opi

nião pública, em verdade, completamen te dispersa e descuidada. O judiciário,

incumbia, e sem muito menos violentar

a sua formação. Era êle um juiz; exer cia a advocacia com tanta elevação e

escrúpulo, com tão rigoroso zelo pelos aspectos morais das questões cujo pa trocínio lhe era confiado, que desempe nhava, em verdade, uma judicatura. As

divergências que se poderiam estabelecer entre êle e os magistrados perante os quais postulava seriam apenas de natu

reza doutrinária ou opinativa, que fa

talmente dividem os tribunais e as corpo rações, .sob a influência da dialética mais Ou menos

poderosa

e

convin

cente.

em Minas, assim composto e cercado de

Se Mendes Pimentel —- filho de uni nobre e digno magistrado — se houvesse

exação dos seus servidores, era o refú

transformado em juiz de carreira, perder-se-iam, talvez, no exercício passivo

tamanha dignidade e prestígio, pela

gio e a garantia dos direitos e liberda des; e a sua influência certamente con tribuiu sensivelmente para conter os ím

petos e os excessos dos poderes políti

cos, e foi um eficaz elemento na for mação do clima de equilíbrio e segu rança de que Minas gozou sempre na nossa conturbada e viciosa vida repu

blicana. Se a justiça falliou em muitos pontos do País, deixando de ser aquele órgão de moderação e proteção que, no regime adotado, lhe cabia ser, para re primir os excessos e as arbitrariedades, certamente em Minas ele se desincumbiu

pírito da legalidade.

A rápida passagem de Mendes Pi mentel pelo jornalismo político, ao es tabelecer a sua banca de advogado em Belo Horizonte, contribuiu apreciàvel-

mente para o seu rápido sucesso profis sional. Não só pelo bom teor dos artigos

víano Brandão, e Chefe de Polícia Aure-

liano Magalhães.

Ocorreu um caso de

incorreto. E o "Diário de Minas", pela pena vigorosa de seu diretor, em comen tários sucessivos, atacou rijamente o

Chefe de Polícia responsável. A impres são causada pela campanha foi intensa e profunda. A autoridade acusada se defendeu da imputação de "absoluta

incapacidade administrativa" que lhe fô-

de fundo que o "Diário de Minas" es tampava, quase diàriamente, discutindo as questões gerais — como, por exemplo, a série dos que versaram a reforma tri butária promovida por David Campista —• mas, e principalmente, talvez, pelas qualidades de independência e intrepidez que o "debater" revelava na análise

ra feita sem ambages; e o jornal acusa

dos homens e dos acontecimentos.

são. Quem era aquele bravo que ousa va ferir, em cheio provocar, na sua fi-^

Era então presidente do Estado Sil-

dor lhe estampou a longa contestação, para revidar, em seguida, com maior

agressividade. ^ A polícia era, então, por uma velha M

tradição que se argamassara no espírito ™

público, uma coisa sagrada, intangível, fonte de terror e instrumento de submis

e quieto da magistratura, algumas de

suas qualidades incisivas de pugnacida-

de, rebeldia e iniciativa, a flama qui

xotesca que era seu apanágio; mas quanto ao mais — a isenção, o equilíbrio

o o apuro moral na apreciação das ques tões — haveriam apenas de se sublimar

nos julgamentos que lhe coubesse pro ferir, elevando-se ao mesmo nível dos juizes mais perfeitos e mais integral mente votados ao desempenho do espi nhoso encargo de julgar. É que néle o saber jurídico sempre foi apenas um complemento da sua apura

cabalmente de sua missão, graças sobre

da consciência moral e do mais com

tudo às virtudes dos seus juizes, exer

preensivo sentimento de justiça.

m


52

Dígesto EcoNÓNnco

gura mais graduada, as iras dessa ins

apenas pouco mais de dois anos de

tituição temibilíssima, inviolável nas suas

e.xistôncia. Era uma cidade eni constru

prerrogativas • e na sua impunidade?

1

:}; * sH

ção em que o Govêrno ainda se insta

Já no seu primeiro fascículo, a "Re

Tôdas as vistas e todas as atenções se

vista Forense" registra na sua crônica:

voltaram para a figura destemerosa do diretor do jornal: ali estava um homem sem medo e sem conveniências, capaz

se reunira uma plêiade de juristas e

advogados de nota, os que se transpor taram para' a novel Capital ou já iriam

"Causa importante — Vai ser iniciada a execução judicial na açao entre o Vis

solicitados para atividades políticas. Os

lícia.

claros na advocacia se iriam abrir nessa

No meio propício à unanimidade e à

submissão — lun só partido, o do govêrno; câmaras unânimes; imprensa inexis tente ou calada — naquele meio mineiro

incolor e tranqüilo, Mendes Pimentel surgia brandindo, a sua clava de comba-

coni ímpeto e ruído que causavam pânico e frêmito de emoção. E contra quem se atirava o incrível batalbador?

Justamente contra o mais perigoso dos

redutos do Govêrno: a máquina policial. A sensação que o gesto intrépido provo.^ cou foi imensa. Surgia, sem dúvida, um homem cuja independência e cuja bravura diante de nada cediam.

Durante um ano apenas, como já assi nalamos, dispersaria Mendes Pimentel a sua atuação no jornalismo político. Mas as atitudes e iniciativas — como esta

do combate aos erros da polícia esta dual — que teve como jornalista have

vindo Lopes, Estêvão Lobo e Virgílio de Melo Franco eram os nomes que dominavam o pretório mineiro naquela quadra. Os seus escritórios ainda vêm anunciados nas páginas do "Diário de

de se defrontarem no fôro, nos anos que decorrem de 1900 a 1910.

A fundação, em 1904, da "Revista

Forense", completou o quadro em que se desdobraria a ação profissional de

Mendes Pimentel. A publicação que

das a sua tempera de lutador, as quali

um estudo de Pedro Lessa, então advo

nas", denunciando' tais atributos, vale ram de muito ao êxito da carreira pro

fissional que se iniciava, na capital mi neira, sob um signo extremamente pro pício, sob outros aspectos.

Belo Horizonte tinha, naquela época,

cionais. Já no segundo fascículo, insere

gado em São Paulo, sôbre testamento; e daí por diante a publicação provinciana é distinguida com a colaboração dos maiores nomes do mundo jurídico brasi leiro — o que era um testemunho de sua

boa qualidade e, sobretudo, uma prova do prestígio crescente da figura do seu dü-etor, cuja consagração profissional

dominava completamente o meio e já

cional e de vigor inconfundível.

Parte das produções jurídiôas de Men des Pimentel se encontra nas páginas da "Revista Forense". Raro será o fas

E de então em diante, pode dizer-se que não houve causa de relevo no Estado

virão depois — Estêvão Pinto, João Luís Alves, João Batista Martins, Pleitor de Sousa e Afonso Pena Júnior, marcando os pontos mais altos das competências

mas qualidades do escritor forense, cujo estilo traduz, mais do que uma mentali dade, ao mesmo tempo clara e profun da, uma consciência de têmpera excep

cículo que, entre 1904 e 1931, não apre

nal já se impusera de maneira defmitiva.

com o pai) e Mendes Pimentel. Outros

são do discurso sóbrio e denso, as mes

Esta foi uma questão de grande vulto financeiro para a época. A primeira demanda de valor pecuniário considerá A essa altura o seu renome profissio

Minas", ao lado dos de Alfredo Pinto,

recurso) sentia, na segurança e na preci

ta Martins."

vel de que participava Mendes Pimentel.

Afrânio de Melo Franco (que advoga

riam de contribuir para tomar conheci

sempre perfil como advogado: a altaneria, a coragem moral, a fidelidade aos deveres, cumpridos a qualquer custo. E essas campanhas do "Diário de Mi

Gerais. São advogados, por parte do requerente, o dr. Mendes Pimentel, e pelo Estado o dr. Aureliano Magalhães, sub-procurador geral, e o dr. Baptis-

fase de transformação. Gonçalves Cha ves, Henrique Sales, Sabino Barroso, De

lança ao serviço das letras jurídicas logo adquiriu caráter e repercussão na

dades mais salientes que lhe marcaram

conde dc Guahi e o Estado de Minas

a caminho da aposentadoria, ou seriam

mais eficaz e perigosa do poder: a po

mente escrito, não sendo de uso mesmo

a sustentação oral perante o tribunal de

lava. Do fôro de Ouro Prêto, em que

de afrontar, pelo amor à verdade, a arma

53

DiciíSTO Econômico

em que não lhe coubesse o patrocínio do um dos litigantes. Com o tempo, a sua atividade se circunscreveu quase

que só aos arrazoados perante o Tribunal da Relação e aos pareceres. Excepcio nalmente, só de raro em raro, intervi-

sente um ou mais pareceres e arrazoa

dos de sua lavra. Esta parte divulgada

é, todavia, apenas xuna parcela bem mesquinha do seu labor ininterrupto. O volume maior da produção está guar

dado nos autos que se acumulam nos ^

arquivos do tribunal mineiro, ou nos ca- V

demos em que o jurisconsulto lançava as respostas às consultas que lhe eram oferecidas, e que o autor teima em re

cusar à publicidade, apesar de todos os rogos dos editores, sob a escusa que a modéstia lhe dita (á modéstia que nunca

nha em primeira instância. .Nos anos

o abandonou), de imerecerem tais pro

moda e intensíssima, e se exercia não

Às razões ê pareceres, divulgados na quela revista, e em memoriais, se juntam algumas lições magistrais colhidas em

iniciais, porém, a sua atividade era oní-

apenas no fôro da capital como no das comarcas mais importantes do Estado, desde que a gravidade do caso tomasse

duções as honras da publicidade.

notas taquigráficas, enquanto iam sendo

insubstituível para o cliente a interven

prelecionadas da cátedra de Direito Pe

ção do patrono, em cuja capacidade de positava confiança infungível. E algu

em cada fascículo da "Revista Forense

mas vezes mesmo, Mendes Pimentel

que já era exímio criminalista — partici pava dos debates do juri, como aconte ceu num julgamento de crime político,

nal. E também as crônicas estampadas como notas da redação, nas quais, apesar

de não virem assinadas, é fácil identificar

a marca incisiva do autor. Algumas des

tas crônicas (que versavam sôbre acon

ocorrido em Turvo, famoso nos fastos

tecimentos, iniciativas e projetos que pu

judiciários mineiros justamente, pelo pres tígio dos advogados que nele se me diram. E quem o via falar, na tribuna

sôbre livros ou revistas de Direito) ti

se irradiava ràpidamente para além das

judiciária (a que poucas vezes compa

fronteiras de Minas.

receu, pois o processo era então total AMl.MíSiu.

dessem interessar ao mundo jurídico, ou veram, no momento, grande repercus são e influência, como, verbi gratía, a

que Mendes Pimentel estampou no vo-


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Dígesto EcoNÓNnco

gura mais graduada, as iras dessa ins

apenas pouco mais de dois anos de

tituição temibilíssima, inviolável nas suas

e.xistôncia. Era uma cidade eni constru

prerrogativas • e na sua impunidade?

1

:}; * sH

ção em que o Govêrno ainda se insta

Já no seu primeiro fascículo, a "Re

Tôdas as vistas e todas as atenções se

vista Forense" registra na sua crônica:

voltaram para a figura destemerosa do diretor do jornal: ali estava um homem sem medo e sem conveniências, capaz

se reunira uma plêiade de juristas e

advogados de nota, os que se transpor taram para' a novel Capital ou já iriam

"Causa importante — Vai ser iniciada a execução judicial na açao entre o Vis

solicitados para atividades políticas. Os

lícia.

claros na advocacia se iriam abrir nessa

No meio propício à unanimidade e à

submissão — lun só partido, o do govêrno; câmaras unânimes; imprensa inexis tente ou calada — naquele meio mineiro

incolor e tranqüilo, Mendes Pimentel surgia brandindo, a sua clava de comba-

coni ímpeto e ruído que causavam pânico e frêmito de emoção. E contra quem se atirava o incrível batalbador?

Justamente contra o mais perigoso dos

redutos do Govêrno: a máquina policial. A sensação que o gesto intrépido provo.^ cou foi imensa. Surgia, sem dúvida, um homem cuja independência e cuja bravura diante de nada cediam.

Durante um ano apenas, como já assi nalamos, dispersaria Mendes Pimentel a sua atuação no jornalismo político. Mas as atitudes e iniciativas — como esta

do combate aos erros da polícia esta dual — que teve como jornalista have

vindo Lopes, Estêvão Lobo e Virgílio de Melo Franco eram os nomes que dominavam o pretório mineiro naquela quadra. Os seus escritórios ainda vêm anunciados nas páginas do "Diário de

de se defrontarem no fôro, nos anos que decorrem de 1900 a 1910.

A fundação, em 1904, da "Revista

Forense", completou o quadro em que se desdobraria a ação profissional de

Mendes Pimentel. A publicação que

das a sua tempera de lutador, as quali

um estudo de Pedro Lessa, então advo

nas", denunciando' tais atributos, vale ram de muito ao êxito da carreira pro

fissional que se iniciava, na capital mi neira, sob um signo extremamente pro pício, sob outros aspectos.

Belo Horizonte tinha, naquela época,

cionais. Já no segundo fascículo, insere

gado em São Paulo, sôbre testamento; e daí por diante a publicação provinciana é distinguida com a colaboração dos maiores nomes do mundo jurídico brasi leiro — o que era um testemunho de sua

boa qualidade e, sobretudo, uma prova do prestígio crescente da figura do seu dü-etor, cuja consagração profissional

dominava completamente o meio e já

cional e de vigor inconfundível.

Parte das produções jurídiôas de Men des Pimentel se encontra nas páginas da "Revista Forense". Raro será o fas

E de então em diante, pode dizer-se que não houve causa de relevo no Estado

virão depois — Estêvão Pinto, João Luís Alves, João Batista Martins, Pleitor de Sousa e Afonso Pena Júnior, marcando os pontos mais altos das competências

mas qualidades do escritor forense, cujo estilo traduz, mais do que uma mentali dade, ao mesmo tempo clara e profun da, uma consciência de têmpera excep

cículo que, entre 1904 e 1931, não apre

nal já se impusera de maneira defmitiva.

com o pai) e Mendes Pimentel. Outros

são do discurso sóbrio e denso, as mes

Esta foi uma questão de grande vulto financeiro para a época. A primeira demanda de valor pecuniário considerá A essa altura o seu renome profissio

Minas", ao lado dos de Alfredo Pinto,

recurso) sentia, na segurança e na preci

ta Martins."

vel de que participava Mendes Pimentel.

Afrânio de Melo Franco (que advoga

riam de contribuir para tomar conheci

sempre perfil como advogado: a altaneria, a coragem moral, a fidelidade aos deveres, cumpridos a qualquer custo. E essas campanhas do "Diário de Mi

Gerais. São advogados, por parte do requerente, o dr. Mendes Pimentel, e pelo Estado o dr. Aureliano Magalhães, sub-procurador geral, e o dr. Baptis-

fase de transformação. Gonçalves Cha ves, Henrique Sales, Sabino Barroso, De

lança ao serviço das letras jurídicas logo adquiriu caráter e repercussão na

dades mais salientes que lhe marcaram

conde dc Guahi e o Estado de Minas

a caminho da aposentadoria, ou seriam

mais eficaz e perigosa do poder: a po

mente escrito, não sendo de uso mesmo

a sustentação oral perante o tribunal de

lava. Do fôro de Ouro Prêto, em que

de afrontar, pelo amor à verdade, a arma

53

DiciíSTO Econômico

em que não lhe coubesse o patrocínio do um dos litigantes. Com o tempo, a sua atividade se circunscreveu quase

que só aos arrazoados perante o Tribunal da Relação e aos pareceres. Excepcio nalmente, só de raro em raro, intervi-

sente um ou mais pareceres e arrazoa

dos de sua lavra. Esta parte divulgada

é, todavia, apenas xuna parcela bem mesquinha do seu labor ininterrupto. O volume maior da produção está guar

dado nos autos que se acumulam nos ^

arquivos do tribunal mineiro, ou nos ca- V

demos em que o jurisconsulto lançava as respostas às consultas que lhe eram oferecidas, e que o autor teima em re

cusar à publicidade, apesar de todos os rogos dos editores, sob a escusa que a modéstia lhe dita (á modéstia que nunca

nha em primeira instância. .Nos anos

o abandonou), de imerecerem tais pro

moda e intensíssima, e se exercia não

Às razões ê pareceres, divulgados na quela revista, e em memoriais, se juntam algumas lições magistrais colhidas em

iniciais, porém, a sua atividade era oní-

apenas no fôro da capital como no das comarcas mais importantes do Estado, desde que a gravidade do caso tomasse

duções as honras da publicidade.

notas taquigráficas, enquanto iam sendo

insubstituível para o cliente a interven

prelecionadas da cátedra de Direito Pe

ção do patrono, em cuja capacidade de positava confiança infungível. E algu

em cada fascículo da "Revista Forense

mas vezes mesmo, Mendes Pimentel

que já era exímio criminalista — partici pava dos debates do juri, como aconte ceu num julgamento de crime político,

nal. E também as crônicas estampadas como notas da redação, nas quais, apesar

de não virem assinadas, é fácil identificar

a marca incisiva do autor. Algumas des

tas crônicas (que versavam sôbre acon

ocorrido em Turvo, famoso nos fastos

tecimentos, iniciativas e projetos que pu

judiciários mineiros justamente, pelo pres tígio dos advogados que nele se me diram. E quem o via falar, na tribuna

sôbre livros ou revistas de Direito) ti

se irradiava ràpidamente para além das

judiciária (a que poucas vezes compa

fronteiras de Minas.

receu, pois o processo era então total AMl.MíSiu.

dessem interessar ao mundo jurídico, ou veram, no momento, grande repercus são e influência, como, verbi gratía, a

que Mendes Pimentel estampou no vo-


54

Dicesto Econômico

55

Dioesto Econômico

lume 4, criticando o projeto de lei do

pág. 204, sôbre a produção jurídica em

do País, para figurarem ao lado dos de

"A nossa geração se orgulha da for

deputado

Minas:

Rui, Lafaiele, Be\ ílaqua, Lacerda de Al

tuna de possuir um jurista como vós, em'

"Aqui em Minas, onde existe reputada Faculdade o onde o numeroso corpo de

meida, Carvalho dc Mendonça — os lu

quem o saber, a dedicação, a coragem, o

juizes e advogados conta individualidades

gração que não foi procurada por ne

extradição.

Gennano

Hasslocher- sôbre

O comentário que apon

tava os erros e inconvenientes da pro posição teve efeito decisivo na regula mentação legal da matéria. E o pa recer do deputado Estêvão Lobo sobre o proj'eto Hasslocher cita mesmo como

fonte de sua inspiração o "magistral ar tigo de Mendes Pimentel".

de destaque, a produção impressa é es cassíssima."

A vida simples e modesta de Minas — sem grandes negócios, sem vastas em

minares do foro bra.silciro.

Unia consa

nhum artificio, senão pela aplicação dos

talentos e \irtudes pessoais à realização de uma vida \'otada, pelo labor constan te, ao serxãço do direito c da justiça.

desinterêsse, a probidade — todas as

grandes xrirtudes profissionais do advo gado se disputam a primazia"... ..."Minas Gerais de há muito já se habituou, nos conflitos do interesse in

dividual e nos grandes problemas sociais

Compulsando-se a produção divulga da do excelso j'urista mineiro, pode-se bem compreender a razão da fama que

se armam nos meios cosmopolitas, nos

desde cedo lhe rodeou o nome, e com o correr dos anos só fez dílatar-se e ex

O grande Rui, na petição inicial da c políticos, a inquirir de vosso juízo e a ação que propôs, cm 1915, perante o ^ acatar o vosso conselho, vendo partir desta casa, como outrora em Roma, a Supremo Tribunal, para obter a decre palavra oracular do jurisconsulto: "domo tação de nulidade do laudo arbitrai, pro

mercados movimentados e trepidantes,

nunciado na questão de limites entre

em que os interesses e as competições se

presas, em tudo rotineira e monótona —

pandir-se, dos quadros de uma provín cia quieta, tímida e fechada, para a

amplitude de todo o cenário jurídico nacional, onde então dominavam algu mas figuras de mérito verdadeiro. Um

prestígio de tal monta só conquistaria do altiplano mineiro uma figura, em tudo avessa ao ruído e à exibição (ao contrário arredia e concentmda por tem

não contribuía, por outro lado, com

aquelas complexas questões jurídicas que emaranham e se desdobram sob formas tentaculares e surpreendentes. A maté

ria-prima de casos forenses com que

E.spírito Santo e Minas, chama a Mendes Pimentel (que seria o seu contendor no pleito, defendendo em nome de Minas a integral vitória que para esta alcan

deveria trabalhar o jurista mineiro era,

çam) de "respeitável e doutíssimo juris-

em pral, banal e singela, não abrindo

prudente" e lhe exolta a 'abundância

peramento), que fosse realmente lastreada por virtudes de fulgor indissimulável.

ensejo às felizes demonstrações de origi nalidade de pensamento e de aptidões excepcionais, que só as questões intrin cadas e inusitadas de ordinário propiciam

senvolver, como patrono de Minas, na

c favorecem.

divergência sôbre fronteiras com o Espí

Efetivamente, só uma vez, até 1931, surgiu Mendes Pimentel na grande cena

que o renome de Mondes Pimentel se

forense federal, e o fêz para contender com um adversário ímpar — Rui Barbosa

Nada disto, porém, foi obstáculo a

ampliasse rapidamente, numa auréola de respeito e acatamento realmente consa-

gradora. Ê só compulsar os volumes daquela revista. As questões mais varia

— na ação rescisória proposta por êste contra o laudo arbitrai proferido na ques

das são por êle tratadas com igual pro

tão de limites Minas-Espírito Santo. Até

ficiência e esmero. O seu saber se reve

então ~ e êste pleito se abriu em 1915 — e depois deste episódio, até à transfe rência para o Rio, o mundo em que se moveu Mendes Pimentel foi o da pa cata província que tanto estremecia. Não funcionou em grandes questões pe

rante o Supremo Tribunal; à tribuna

mentel, o trabalho que llie coube de rito Santo, marca o momento culminante,

do ponto de vista da consagração públi ca do jurista. No órgão oficial do Es tado se abrem colunas para registrar o acontecimento entre expressões como estas:

"Se o ilustre jurista não se houvesse

ainda reputado, por uma larga cópia de

55«

í}í ^

Nessa preeminência, Mendes Pimen tel se conser\'ou, cercado da máxima" veneração e carinho, sem que ninguém

lhe disputasse a posição, sem que a in veja ou o despeito lhe ofuscassem a glória imarcescível. Em tôrno de sua figura consular se estabeleceu o con senso unânime do seu meio: êle era o

maior, era o indiscutido, aquele cuja pa

lavra tinha mais pêso, pelo saber e pela autoridade de que se revestia. E o seu mérito supi-emo foi o de resistir, sem se deformar, a essa prova terrível. Essa

trabahios notáveis, como dos mais bri

consagração singular não Uie açulou a

ciplina jurídica, desde o Direito Cons titucional até o Penal ou o Processual. E em todos os seus trabalhos se sente a

lhantes advogados brasileiros," só a obra que êle vem de produzir agora basta ria para assim definitivamente o concei

vaidade, não lhe hipertrofiou, não lhe quebrou as medidas habituais da perso

mesma segurança, o mesmo zelo, a mes

tuar" ... "produção admirável e per

ma profundidade, o mesmo método, a mesma penetração, a mesma honestida

de intelectual. De advogado e jurista

publicar livros; e, a esse respeito, poder-se-ia dizer que se incluía entre os atingidos pelo comentário lastimoso que

consagrado na província, passa, em pou

fêz na "Revista Forense" - Vol. XXXII,

Na vida de advogado de Mendes Pi

mentel a posição indiscutida: "primus

inter-pares na vossa, profissão".

la profundo e seguro em qualquer dis

Nunca quis

dêste jamais compareceu.

de talento e sabor".

jtirisconsuUi totius orocuium cioitatis". E por fim, reconhecia a Mendes Pi

cos anos, à categoria de jurisconsulto de

autoridade nacional: os seus pareceres são procurados de todos os pontos

.kíÜÉíLiiJl-

feita de um mestre".

Os juristas mineiros promoveram ao

nalidade. Resistindo à temível experiên

cia, impàvidamente, mostrou bem a fir meza do seu temperamento, e deu tes temunho definitivo de que era digno

advogado de Minas uma manifestação

pública, de que foi orador Heitor de

daquele renome único que lhe aureolava a figura de homem e de cidadão.

Sousa, depois deputado federal e minis tro do Supremo Tribunal, que o exalta em palavras çomo estas:

A modéstia dos hábitos, a simplicidade da vida, o rumo fixado, o caminho es

colhido - nada disto sç alterou jamais


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Dicesto Econômico

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Dioesto Econômico

lume 4, criticando o projeto de lei do

pág. 204, sôbre a produção jurídica em

do País, para figurarem ao lado dos de

"A nossa geração se orgulha da for

deputado

Minas:

Rui, Lafaiele, Be\ ílaqua, Lacerda de Al

tuna de possuir um jurista como vós, em'

"Aqui em Minas, onde existe reputada Faculdade o onde o numeroso corpo de

meida, Carvalho dc Mendonça — os lu

quem o saber, a dedicação, a coragem, o

juizes e advogados conta individualidades

gração que não foi procurada por ne

extradição.

Gennano

Hasslocher- sôbre

O comentário que apon

tava os erros e inconvenientes da pro posição teve efeito decisivo na regula mentação legal da matéria. E o pa recer do deputado Estêvão Lobo sobre o proj'eto Hasslocher cita mesmo como

fonte de sua inspiração o "magistral ar tigo de Mendes Pimentel".

de destaque, a produção impressa é es cassíssima."

A vida simples e modesta de Minas — sem grandes negócios, sem vastas em

minares do foro bra.silciro.

Unia consa

nhum artificio, senão pela aplicação dos

talentos e \irtudes pessoais à realização de uma vida \'otada, pelo labor constan te, ao serxãço do direito c da justiça.

desinterêsse, a probidade — todas as

grandes xrirtudes profissionais do advo gado se disputam a primazia"... ..."Minas Gerais de há muito já se habituou, nos conflitos do interesse in

dividual e nos grandes problemas sociais

Compulsando-se a produção divulga da do excelso j'urista mineiro, pode-se bem compreender a razão da fama que

se armam nos meios cosmopolitas, nos

desde cedo lhe rodeou o nome, e com o correr dos anos só fez dílatar-se e ex

O grande Rui, na petição inicial da c políticos, a inquirir de vosso juízo e a ação que propôs, cm 1915, perante o ^ acatar o vosso conselho, vendo partir desta casa, como outrora em Roma, a Supremo Tribunal, para obter a decre palavra oracular do jurisconsulto: "domo tação de nulidade do laudo arbitrai, pro

mercados movimentados e trepidantes,

nunciado na questão de limites entre

em que os interesses e as competições se

presas, em tudo rotineira e monótona —

pandir-se, dos quadros de uma provín cia quieta, tímida e fechada, para a

amplitude de todo o cenário jurídico nacional, onde então dominavam algu mas figuras de mérito verdadeiro. Um

prestígio de tal monta só conquistaria do altiplano mineiro uma figura, em tudo avessa ao ruído e à exibição (ao contrário arredia e concentmda por tem

não contribuía, por outro lado, com

aquelas complexas questões jurídicas que emaranham e se desdobram sob formas tentaculares e surpreendentes. A maté

ria-prima de casos forenses com que

E.spírito Santo e Minas, chama a Mendes Pimentel (que seria o seu contendor no pleito, defendendo em nome de Minas a integral vitória que para esta alcan

deveria trabalhar o jurista mineiro era,

çam) de "respeitável e doutíssimo juris-

em pral, banal e singela, não abrindo

prudente" e lhe exolta a 'abundância

peramento), que fosse realmente lastreada por virtudes de fulgor indissimulável.

ensejo às felizes demonstrações de origi nalidade de pensamento e de aptidões excepcionais, que só as questões intrin cadas e inusitadas de ordinário propiciam

senvolver, como patrono de Minas, na

c favorecem.

divergência sôbre fronteiras com o Espí

Efetivamente, só uma vez, até 1931, surgiu Mendes Pimentel na grande cena

que o renome de Mondes Pimentel se

forense federal, e o fêz para contender com um adversário ímpar — Rui Barbosa

Nada disto, porém, foi obstáculo a

ampliasse rapidamente, numa auréola de respeito e acatamento realmente consa-

gradora. Ê só compulsar os volumes daquela revista. As questões mais varia

— na ação rescisória proposta por êste contra o laudo arbitrai proferido na ques

das são por êle tratadas com igual pro

tão de limites Minas-Espírito Santo. Até

ficiência e esmero. O seu saber se reve

então ~ e êste pleito se abriu em 1915 — e depois deste episódio, até à transfe rência para o Rio, o mundo em que se moveu Mendes Pimentel foi o da pa cata província que tanto estremecia. Não funcionou em grandes questões pe

rante o Supremo Tribunal; à tribuna

mentel, o trabalho que llie coube de rito Santo, marca o momento culminante,

do ponto de vista da consagração públi ca do jurista. No órgão oficial do Es tado se abrem colunas para registrar o acontecimento entre expressões como estas:

"Se o ilustre jurista não se houvesse

ainda reputado, por uma larga cópia de

55«

í}í ^

Nessa preeminência, Mendes Pimen tel se conser\'ou, cercado da máxima" veneração e carinho, sem que ninguém

lhe disputasse a posição, sem que a in veja ou o despeito lhe ofuscassem a glória imarcescível. Em tôrno de sua figura consular se estabeleceu o con senso unânime do seu meio: êle era o

maior, era o indiscutido, aquele cuja pa

lavra tinha mais pêso, pelo saber e pela autoridade de que se revestia. E o seu mérito supi-emo foi o de resistir, sem se deformar, a essa prova terrível. Essa

trabahios notáveis, como dos mais bri

consagração singular não Uie açulou a

ciplina jurídica, desde o Direito Cons titucional até o Penal ou o Processual. E em todos os seus trabalhos se sente a

lhantes advogados brasileiros," só a obra que êle vem de produzir agora basta ria para assim definitivamente o concei

vaidade, não lhe hipertrofiou, não lhe quebrou as medidas habituais da perso

mesma segurança, o mesmo zelo, a mes

tuar" ... "produção admirável e per

ma profundidade, o mesmo método, a mesma penetração, a mesma honestida

de intelectual. De advogado e jurista

publicar livros; e, a esse respeito, poder-se-ia dizer que se incluía entre os atingidos pelo comentário lastimoso que

consagrado na província, passa, em pou

fêz na "Revista Forense" - Vol. XXXII,

Na vida de advogado de Mendes Pi

mentel a posição indiscutida: "primus

inter-pares na vossa, profissão".

la profundo e seguro em qualquer dis

Nunca quis

dêste jamais compareceu.

de talento e sabor".

jtirisconsuUi totius orocuium cioitatis". E por fim, reconhecia a Mendes Pi

cos anos, à categoria de jurisconsulto de

autoridade nacional: os seus pareceres são procurados de todos os pontos

.kíÜÉíLiiJl-

feita de um mestre".

Os juristas mineiros promoveram ao

nalidade. Resistindo à temível experiên

cia, impàvidamente, mostrou bem a fir meza do seu temperamento, e deu tes temunho definitivo de que era digno

advogado de Minas uma manifestação

pública, de que foi orador Heitor de

daquele renome único que lhe aureolava a figura de homem e de cidadão.

Sousa, depois deputado federal e minis tro do Supremo Tribunal, que o exalta em palavras çomo estas:

A modéstia dos hábitos, a simplicidade da vida, o rumo fixado, o caminho es

colhido - nada disto sç alterou jamais


^7^

Wf^

56

Digesto EcoNÓ\aco

em meio àquela auréola perturbadora. Em tudo continuou fiel a si mesmo,

decisão traduzia, nas emergências

como se se conservasse dentro de um

tros veículos seguros não dispunha para

esquema pré-estabelecido, por uma von tade inquebrantável. As honrarias, as

se manifestar.

homenagens, os aplausos, as seduções de qualquer espécie não o demoveram ja mais do rumo ou do estilo adotado, em

consonância com os impulsos mais cons

tantes do seu temperamento viril e se vero.

A ressonância e a influência da sua presença cresceram sempre, não obstante

o seu imutável retraimento. Aparente mente, estava confinado no fôro; a sua

vida se circunscrevia às lides judiciárias.

Mas a sua gente percebia bem que, na

êle nunca se ausentara da "ci-

Vitas". Era um silencioso, mas a sua ação catalítica se fazia sentir mesmo

pela sugestão da sua simples presença. Os^ mineiros acompanhavam atentos os silêncios de Mendes Pimentel, e confia vam naquele taciturno, porque sabiam

que ali estava um vigilante, cuja presen ça por si só era uma força de contenção,

de intimidação, de refreamento. Porque quando aquela voz de timbre incomparável quebrasse o silêncio (e ela o fazia

de quando em quando, em horas cul minantes) era a consciência mesma de

José Thomaz Nabuco

Daí porque o papel que lhe coube

a estabilidade do valor aquisitivo da

desempenhar no seu meio quem o defi niu de forma lapidar foi Tito Fulgêncio,

A SITUAÇÃO cambial no Brasil está-se tomando de novo difícil. Já a de-

saudando a Mendes Pimentel na cerimô

niora para se conseguir cobertura de

nia magna de sua posse na reitoria da Universidade de Minas, nestas paIa\Tas: "Em síntese: é o povo mineiro todos os

dólares é considerável, apesar da res

dade cambial, isto é, o valor aquisitivo

trição das importações pelo regime da licença prévia.

de uma moeda no e.xterior, ao passo que

dias".

O sábio jurista, ferido por uma ex

plosão de insânia, há muitos anos, se transferiu para o Rio, abandonando com indisfarçável mágua, a sua cidade de Belo Horizonte, que êle viu nascer c cuja vida se confundiu, durante mais de três decênios, com as suas lutas e

triunfos. Na capital da República, foi

acolliido e festejado pelo numeroso'cír culo de seus admiradores e amigos e cercado pelo mesmo aprêço geral, já en volvido pelo rumor de sua fama nacional Mas a sua presença de verdade, não de sapareceu de Minas; aí ela continua, co tidiana, ininterrupta, fecunda, apesar dos transbordamentos de vulg^idade e da

ação pertinaz do obscurantismo e da Im'. postura. Essa presença, pelo que ela e.x-

um povo que se exprimiria num julga

príme e significa, c uma porção inapre-

mento inexorável. A comunhão mineira

ciável do patrimônio espiritual de Minas

nunca deixou, por isso, de ver no jurisconsulto, que pretendia em vão ser ape

CAMBIO

cru-

ciantes, o puro sentir geral, que de ou

que se guarda carinhosamente, para que

nas um oficial de seu ofício, um intér

a comunhão mineira se conserve fiel aos seus nobres atributos de coração e de

prete 6 um guia fiel e intemerato, cuja

inteligência.

Verificou-se esta coisa surpreenden te. Criada a Carteira de Importação e

Exportação do Banco do Brasil e todo o sistema burocrático e de papelada pa

ra se fazer uma importação com despesa

para a Nação e incômodo para todos, não houve coordenação entre aquela carteira e a de câmbio do mesmo esta

belecimento, de modo que foi expedi

do, por uma, maior número de licen ças do que a outra tinha recursos para satisfazer. E grandes fábricas paulistas, como a da Ford e a da General Motors, fecharam ou ameaçam fechar, lançando

ao desemprego milliares de operários, não só delas próprias como de tôdas as outras que as abasteciam dêste ou daquele modo, como a incipiente indus tria de radiadores.

A causa fundamental dessas difi

culdades, porém, está na taxa de câm bio que vimos mantendo, ha mais de dez anos, na paridade de 18 cruzeiros por dólar. Não há dúvida que a estabilida de cambial é uma das melhores coisas

que se possa ter. Washington Luís, na sua conhecida campanha pela estabili

zação, comparava as baixas e altas su cessivas, que assolavam o pais, a um

rolo compressor que passava sobre ele, ora indo, ora vindo.

Mas, para que possa haver es tabilidade cambial é preciso que La

ja uma coisa mais ampla, que é

moeda.

E' fútil pretender manter a estabili

se permite que essa mesma moeda so fra uma redução enorme no seu valor

intemo, porque, fazendo-o, as coisas im portadas se tomam mais baratas do que

as de produção local e há a corrida pa ra as importações, que fatalmente re

dunda ou na queda das taxas cambiais, ou em uma restrição progressiva das importações.

Essa procura exagerada de câmbio coincide, naturalmente, com uma difi culdade cada vez maior nas exportações,

porque a desvalorização da moeda, isto é, a subida geral dos preços internos,

determina um encarecimento geral da produção nacional, e ela, por conse guinte, tem dificuldade maior em con correr, nos mercados estrangeiros, com

mercadorias de outras procedências. A desvalorização da moeda, no seu

valor aquisitivo intemo, produz, sôbre a estabilidade cambial, dois efeitos simul tâneos — o do aumento da procura de cambiais e o da diminuição da oferta

de cambiais — agravados ainda pelos efeitos psicológicos dessa situação, que é a de o capital que está fora do pais deixar de afluir e o que está dentro pro curar sair.

Não é, pois, possível ter a pretensão de manter o valor aquisitivo externo

da moeda (taxa de câmbio) quando

ocorre uma grande (e permanente) bai xa do seu valor aquisitivo interno, co

mo a que se deu entre nós.


^7^

Wf^

56

Digesto EcoNÓ\aco

em meio àquela auréola perturbadora. Em tudo continuou fiel a si mesmo,

decisão traduzia, nas emergências

como se se conservasse dentro de um

tros veículos seguros não dispunha para

esquema pré-estabelecido, por uma von tade inquebrantável. As honrarias, as

se manifestar.

homenagens, os aplausos, as seduções de qualquer espécie não o demoveram ja mais do rumo ou do estilo adotado, em

consonância com os impulsos mais cons

tantes do seu temperamento viril e se vero.

A ressonância e a influência da sua presença cresceram sempre, não obstante

o seu imutável retraimento. Aparente mente, estava confinado no fôro; a sua

vida se circunscrevia às lides judiciárias.

Mas a sua gente percebia bem que, na

êle nunca se ausentara da "ci-

Vitas". Era um silencioso, mas a sua ação catalítica se fazia sentir mesmo

pela sugestão da sua simples presença. Os^ mineiros acompanhavam atentos os silêncios de Mendes Pimentel, e confia vam naquele taciturno, porque sabiam

que ali estava um vigilante, cuja presen ça por si só era uma força de contenção,

de intimidação, de refreamento. Porque quando aquela voz de timbre incomparável quebrasse o silêncio (e ela o fazia

de quando em quando, em horas cul minantes) era a consciência mesma de

José Thomaz Nabuco

Daí porque o papel que lhe coube

a estabilidade do valor aquisitivo da

desempenhar no seu meio quem o defi niu de forma lapidar foi Tito Fulgêncio,

A SITUAÇÃO cambial no Brasil está-se tomando de novo difícil. Já a de-

saudando a Mendes Pimentel na cerimô

niora para se conseguir cobertura de

nia magna de sua posse na reitoria da Universidade de Minas, nestas paIa\Tas: "Em síntese: é o povo mineiro todos os

dólares é considerável, apesar da res

dade cambial, isto é, o valor aquisitivo

trição das importações pelo regime da licença prévia.

de uma moeda no e.xterior, ao passo que

dias".

O sábio jurista, ferido por uma ex

plosão de insânia, há muitos anos, se transferiu para o Rio, abandonando com indisfarçável mágua, a sua cidade de Belo Horizonte, que êle viu nascer c cuja vida se confundiu, durante mais de três decênios, com as suas lutas e

triunfos. Na capital da República, foi

acolliido e festejado pelo numeroso'cír culo de seus admiradores e amigos e cercado pelo mesmo aprêço geral, já en volvido pelo rumor de sua fama nacional Mas a sua presença de verdade, não de sapareceu de Minas; aí ela continua, co tidiana, ininterrupta, fecunda, apesar dos transbordamentos de vulg^idade e da

ação pertinaz do obscurantismo e da Im'. postura. Essa presença, pelo que ela e.x-

um povo que se exprimiria num julga

príme e significa, c uma porção inapre-

mento inexorável. A comunhão mineira

ciável do patrimônio espiritual de Minas

nunca deixou, por isso, de ver no jurisconsulto, que pretendia em vão ser ape

CAMBIO

cru-

ciantes, o puro sentir geral, que de ou

que se guarda carinhosamente, para que

nas um oficial de seu ofício, um intér

a comunhão mineira se conserve fiel aos seus nobres atributos de coração e de

prete 6 um guia fiel e intemerato, cuja

inteligência.

Verificou-se esta coisa surpreenden te. Criada a Carteira de Importação e

Exportação do Banco do Brasil e todo o sistema burocrático e de papelada pa

ra se fazer uma importação com despesa

para a Nação e incômodo para todos, não houve coordenação entre aquela carteira e a de câmbio do mesmo esta

belecimento, de modo que foi expedi

do, por uma, maior número de licen ças do que a outra tinha recursos para satisfazer. E grandes fábricas paulistas, como a da Ford e a da General Motors, fecharam ou ameaçam fechar, lançando

ao desemprego milliares de operários, não só delas próprias como de tôdas as outras que as abasteciam dêste ou daquele modo, como a incipiente indus tria de radiadores.

A causa fundamental dessas difi

culdades, porém, está na taxa de câm bio que vimos mantendo, ha mais de dez anos, na paridade de 18 cruzeiros por dólar. Não há dúvida que a estabilida de cambial é uma das melhores coisas

que se possa ter. Washington Luís, na sua conhecida campanha pela estabili

zação, comparava as baixas e altas su cessivas, que assolavam o pais, a um

rolo compressor que passava sobre ele, ora indo, ora vindo.

Mas, para que possa haver es tabilidade cambial é preciso que La

ja uma coisa mais ampla, que é

moeda.

E' fútil pretender manter a estabili

se permite que essa mesma moeda so fra uma redução enorme no seu valor

intemo, porque, fazendo-o, as coisas im portadas se tomam mais baratas do que

as de produção local e há a corrida pa ra as importações, que fatalmente re

dunda ou na queda das taxas cambiais, ou em uma restrição progressiva das importações.

Essa procura exagerada de câmbio coincide, naturalmente, com uma difi culdade cada vez maior nas exportações,

porque a desvalorização da moeda, isto é, a subida geral dos preços internos,

determina um encarecimento geral da produção nacional, e ela, por conse guinte, tem dificuldade maior em con correr, nos mercados estrangeiros, com

mercadorias de outras procedências. A desvalorização da moeda, no seu

valor aquisitivo intemo, produz, sôbre a estabilidade cambial, dois efeitos simul tâneos — o do aumento da procura de cambiais e o da diminuição da oferta

de cambiais — agravados ainda pelos efeitos psicológicos dessa situação, que é a de o capital que está fora do pais deixar de afluir e o que está dentro pro curar sair.

Não é, pois, possível ter a pretensão de manter o valor aquisitivo externo

da moeda (taxa de câmbio) quando

ocorre uma grande (e permanente) bai xa do seu valor aquisitivo interno, co

mo a que se deu entre nós.


Dicesto

58

rr

Econômico

Digesto Econômico

59

podemos, naturalmente, adiar, à custa

tais, mas nunca, ou raramente, assisti

câmbio, se não fosse correspondida por

consumidor, ao fazer as suas compras

de duros sacrifícios, a data em que a

mos a uma revalorização do poder aqui

uma alta imediata do café em Santos,

na padaria.

baixa do câmbio se tomará inevitável, aumentando o rigor das licenças de im

sitivo dela, a não ser em escala muito

determinaria o aumento da procura do

reduzida.

café brasileiro, que, em pouco tempo, restabeleceria o equilíbrio atual da Bòlsa

portação, diminuindo as entradas de ga

Entre nós o seu valor aquisitivo inter

solina, carvão, óleo e trigo, e conhecen do, novamente, os rigores do raciona mento de todos êsses produtos. Mas não devemos esquecer que, enquanto se

no baixou, nos últimos dez anos, à terça

mantiverem essas taxas altas de câm

poucos, nos iremos afastando do conví

que eram antes da guerra. O que dissemos sobre o efeito da manutenção da taxa de câmbio, encon tra sua confirmação no fato de terem os produtos importados sofrido, nos últi mos dez anos, uma alta relativamente pequena, em relação com a nacional. A gasolina, por exemplo, aumentou cer

vio com outros povos, no comércio inter

ca de 50% no decênio, ao passo que a

bio, toda a nossa produção continua rá a ser vendida nos mercados externos

a preços mais altos e que, dêsse modo, continuaremos a estimular a produção, em outros países, do café e de outras

mercadorias concorrentes, e que, aos nacional.

O único modo de se evitar a baixa

do câmbio, em face de uma desvaloriza

ção interna da moeda, seria efetuar a revalorização desta no mercado inter no, isto é, adotar uma política de bai

xar preços, salários e tudo o mais. Mas êsse processo é ainda mais doloroso do que aquele por que passamos, da des valorização da moeda.

A baixa dos

salários, por exemplo, só se consegue através do desemprego, que é uma das

maiores aflições por que pode passar um povo.

Se, por um lado, a desvalorização da moeda sacrifica todos os credores, obrl-

gando-os a receber em quitação uma moeda desvalorizada, por outro lado

a revalorização da moeda sacrifica to dos os devedores, obrigando-os a pagar em moeda valorizada aquilo que recebe

de Nova York.

parto do que era, e não se pode absolu tamente pensar em fazer a ascensão in

versa, obrigando os preços a voltarem ao

carne, os ovos e o peixe triplicaram de preço, pelo menos. Os que argumentam contra uma bai

O argumento, além do mais, 6 ime-

triota. Êle não leva, tampouco, em con

firrtil cobrado pelo padeiro ao freguês.

sideração, as outras exportações que de verão surgir em conseqüência do bara

de qualquer aumento, por menor que

teamento dos nossos produtos no estran geiro, muitas das quais serão surpresa

custo do pão, porque ela, também, não Reconhecemos o grave inconveniente

seja, mas conhecemos também as des vantagens do racionamento, a que sere mos levados de novo, se persistir a atual

para todos, porque a previsão humana é sempre falha, mas que são certas, pois

taxa de câmbio.

o barateamento dos nossos preços no

nunca soluções ideais. Todas elas têm

exterior não pode deixar de aumentar a quantidade de produtos exportáveis.

tem de ser o resultado de uma concilia

Nb mundo não há

vantagens e desvantagens e a perfeita ção entre todos,

xa de câmbio, neste momento, dizem que nenhum povo desvaloriza volunta riamente a sua moeda, porque ninguém vai, intencionalmente, diminuir o seu poder aquisitivo no exterior. Se o câm bio baixar, dizem, vamos receber menos

por si própria, de

embora não o seja

freio às importa ções, encarecendo

de forma absoluta.

dólares pelo nosso café, porque o pre

a

ço do café é estabelecido pelo merca do de Santos, e se o câmbio baixar os

do, imediatamente,

Na parte que diz

desnecessária tôda a burocracia das li

porte de mercado

compradores terão de sacrificar um nú

mero menor de dólares para adquiri-

lo e nós, em conseqüência, disporemos de menos ouro no exterior.

Mas êsse argumento é ilusório porque o preço do café, nos mercados estran geiros, não é reflexo perfeito do merca

do de Santos, mas decorre de uma sé rie dc circunstâncias, entre as quais a

Por outro lado, a baixa da nossa ta

que leve à escolha

xa cambial servirá,

. da mais vantajosa,

mercadoria im

portada e toman

nos

importante.

respeito ao trans rias, merece con

sideração, mas o efeito que um aumento

será üma economia e um alivio para

de 50% na gasolina terá sobre o preço final dos alimentos adquiridos pelo pú

todos.

A baixa da taxa cambial determina

rá sem dúvida um novo aumento do

custo da vida. O trigo mais caro (to

mamos logo o exemplo mais grave) de

freqüência a períodos de desvaloriza ção da moeda, conseqüentes a dificul

desvalorização do nosso câmbio não afe

dades ou extravagâncias govemamen-

tará essa relação.

A baixa de nosso

O caso da gaso lina já é muito me

cenças de importa ção e dos contrôles aduaneiros, o que

terminará um aumento do preço do pão,

financeira dos povos, assistimos com

sofrerão alteração. Por outro lado, um

aumento no preço da farinha não de terminará um aumento equivalente no é o único elemento constitutivo do preço

Bôlsa de Santos é uma, a de Bogotá

E' por isso mesmo que, na história

no custo da farinha de trigo, porque tôdas as outras despesas dos moinhos não

diatista, pois sacrifica o futuro pelo pre sente, e devo por isso ser afastado por todo homem prudente e verdadeiro pa

é outra, e não é possível fugir ao fato de que a oferta e procura na Bôlsa de Nova York é que fixa o preço, e que a

ram numa de menor valor.

Um aumento de 50íS nd preço do bri go, não determinará um aumento de 50%

mas isto não será tão danoso como se

possa imaginar, porque a materia-pnma — o trigo — não é o único elemento constitutivo do preço afinal pago pelo

blico é relativamente pequeno.

De qualquer forma, a baixa do câm bio é um mal que temos de encarar não como um erro praticado por nós, mas como o resultado inevitável de

uma longa série de erros (ou fatalida des), que nos vem do passado. E é um mal menor do que a persistência numa orientação que irá aos poucos es-


Dicesto

58

rr

Econômico

Digesto Econômico

59

podemos, naturalmente, adiar, à custa

tais, mas nunca, ou raramente, assisti

câmbio, se não fosse correspondida por

consumidor, ao fazer as suas compras

de duros sacrifícios, a data em que a

mos a uma revalorização do poder aqui

uma alta imediata do café em Santos,

na padaria.

baixa do câmbio se tomará inevitável, aumentando o rigor das licenças de im

sitivo dela, a não ser em escala muito

determinaria o aumento da procura do

reduzida.

café brasileiro, que, em pouco tempo, restabeleceria o equilíbrio atual da Bòlsa

portação, diminuindo as entradas de ga

Entre nós o seu valor aquisitivo inter

solina, carvão, óleo e trigo, e conhecen do, novamente, os rigores do raciona mento de todos êsses produtos. Mas não devemos esquecer que, enquanto se

no baixou, nos últimos dez anos, à terça

mantiverem essas taxas altas de câm

poucos, nos iremos afastando do conví

que eram antes da guerra. O que dissemos sobre o efeito da manutenção da taxa de câmbio, encon tra sua confirmação no fato de terem os produtos importados sofrido, nos últi mos dez anos, uma alta relativamente pequena, em relação com a nacional. A gasolina, por exemplo, aumentou cer

vio com outros povos, no comércio inter

ca de 50% no decênio, ao passo que a

bio, toda a nossa produção continua rá a ser vendida nos mercados externos

a preços mais altos e que, dêsse modo, continuaremos a estimular a produção, em outros países, do café e de outras

mercadorias concorrentes, e que, aos nacional.

O único modo de se evitar a baixa

do câmbio, em face de uma desvaloriza

ção interna da moeda, seria efetuar a revalorização desta no mercado inter no, isto é, adotar uma política de bai

xar preços, salários e tudo o mais. Mas êsse processo é ainda mais doloroso do que aquele por que passamos, da des valorização da moeda.

A baixa dos

salários, por exemplo, só se consegue através do desemprego, que é uma das

maiores aflições por que pode passar um povo.

Se, por um lado, a desvalorização da moeda sacrifica todos os credores, obrl-

gando-os a receber em quitação uma moeda desvalorizada, por outro lado

a revalorização da moeda sacrifica to dos os devedores, obrigando-os a pagar em moeda valorizada aquilo que recebe

de Nova York.

parto do que era, e não se pode absolu tamente pensar em fazer a ascensão in

versa, obrigando os preços a voltarem ao

carne, os ovos e o peixe triplicaram de preço, pelo menos. Os que argumentam contra uma bai

O argumento, além do mais, 6 ime-

triota. Êle não leva, tampouco, em con

firrtil cobrado pelo padeiro ao freguês.

sideração, as outras exportações que de verão surgir em conseqüência do bara

de qualquer aumento, por menor que

teamento dos nossos produtos no estran geiro, muitas das quais serão surpresa

custo do pão, porque ela, também, não Reconhecemos o grave inconveniente

seja, mas conhecemos também as des vantagens do racionamento, a que sere mos levados de novo, se persistir a atual

para todos, porque a previsão humana é sempre falha, mas que são certas, pois

taxa de câmbio.

o barateamento dos nossos preços no

nunca soluções ideais. Todas elas têm

exterior não pode deixar de aumentar a quantidade de produtos exportáveis.

tem de ser o resultado de uma concilia

Nb mundo não há

vantagens e desvantagens e a perfeita ção entre todos,

xa de câmbio, neste momento, dizem que nenhum povo desvaloriza volunta riamente a sua moeda, porque ninguém vai, intencionalmente, diminuir o seu poder aquisitivo no exterior. Se o câm bio baixar, dizem, vamos receber menos

por si própria, de

embora não o seja

freio às importa ções, encarecendo

de forma absoluta.

dólares pelo nosso café, porque o pre

a

ço do café é estabelecido pelo merca do de Santos, e se o câmbio baixar os

do, imediatamente,

Na parte que diz

desnecessária tôda a burocracia das li

porte de mercado

compradores terão de sacrificar um nú

mero menor de dólares para adquiri-

lo e nós, em conseqüência, disporemos de menos ouro no exterior.

Mas êsse argumento é ilusório porque o preço do café, nos mercados estran geiros, não é reflexo perfeito do merca

do de Santos, mas decorre de uma sé rie dc circunstâncias, entre as quais a

Por outro lado, a baixa da nossa ta

que leve à escolha

xa cambial servirá,

. da mais vantajosa,

mercadoria im

portada e toman

nos

importante.

respeito ao trans rias, merece con

sideração, mas o efeito que um aumento

será üma economia e um alivio para

de 50% na gasolina terá sobre o preço final dos alimentos adquiridos pelo pú

todos.

A baixa da taxa cambial determina

rá sem dúvida um novo aumento do

custo da vida. O trigo mais caro (to

mamos logo o exemplo mais grave) de

freqüência a períodos de desvaloriza ção da moeda, conseqüentes a dificul

desvalorização do nosso câmbio não afe

dades ou extravagâncias govemamen-

tará essa relação.

A baixa de nosso

O caso da gaso lina já é muito me

cenças de importa ção e dos contrôles aduaneiros, o que

terminará um aumento do preço do pão,

financeira dos povos, assistimos com

sofrerão alteração. Por outro lado, um

aumento no preço da farinha não de terminará um aumento equivalente no é o único elemento constitutivo do preço

Bôlsa de Santos é uma, a de Bogotá

E' por isso mesmo que, na história

no custo da farinha de trigo, porque tôdas as outras despesas dos moinhos não

diatista, pois sacrifica o futuro pelo pre sente, e devo por isso ser afastado por todo homem prudente e verdadeiro pa

é outra, e não é possível fugir ao fato de que a oferta e procura na Bôlsa de Nova York é que fixa o preço, e que a

ram numa de menor valor.

Um aumento de 50íS nd preço do bri go, não determinará um aumento de 50%

mas isto não será tão danoso como se

possa imaginar, porque a materia-pnma — o trigo — não é o único elemento constitutivo do preço afinal pago pelo

blico é relativamente pequeno.

De qualquer forma, a baixa do câm bio é um mal que temos de encarar não como um erro praticado por nós, mas como o resultado inevitável de

uma longa série de erros (ou fatalida des), que nos vem do passado. E é um mal menor do que a persistência numa orientação que irá aos poucos es-


Digesto Econó>oco

60

trangulando o país e lhe. entravando o

os Estados Unidos. Evidentemente, um

futmo.

é pouco.

Com a política atual fecham-se as fábricas e novas não se abrirão.

Com

uma política diversa, de liberdade cam

Roberto Pinto de Souza

governo convença que a moeda se tor nou realmente livre, a ele acorrerão

bial, permitida por uma taxa mais rea

grandes somas, pois o capital procura

lista, as indústrias se desenvolverão e o

sempre estar a muitas amarras o não de

capital estrangeiro poderá melhorar com

pendente de uma só. Todas as demais

segurança para criar ainda outros. Uma

nações seguem a política da entrada

orientação levará ao desemprego mas a

franca de dinheiro e saída restrita, polí

outra levará à abundância, e os aumen

tica cujo acanhamento é de tal ordem

tos de salário que esta^ acarretará com

que se admira vé-la seguida por países

pensarão, de longe, o encarecimento

como a França, que, pelo menos, tem

que a gasolina ou o trigo tiverem so

tido o senso de vir reduzindo, sucessiva

frido.

mente, o valor da sua moeda no mercado

Lembremo-nos também de que hoje só há no mundo um único país de onde

seu valor interno.

se pode tirar livremente dinheiro. São

Agricultura de alimentação

Se a êle se acrescentar um

outro, onde a pala\Ta c a orientação do

internacional, à medida que desaparece A política de ar

madilha, que recebe e não restitui, não pode levar longe.

\7ivemos hoje no regime da fila. Para qualquer coisa que se queira, é

preciso se alinhar: é para o ônibus, ê para o cinema, é para a carne, é para a manteiga, é para o leite. Todos já estão acostumados, o, o que é pior, con formados, e a tal ponto que se esquecem

compensadores do que os colhidos pelo

mulo de pessoas, como é o caso do ci

sidade; segundo, porque a inflação deu margem à especulação em todos os ter

nema ou do ônibus, mas, o que e muito

renos, gerando a aplicação de capitais

mais grave — a ausência de gêneros ali

de preferência no movimento do mer cado do que no cultivo da terra; tercei ro, porque a guerra criou nas cidades

mentícios.

Há alguns anos atrás, quando Hitier exclamou: "manteiga por canhão", o mundo todo se penalizou pelo povo ale mão. Mas aquilo era um meio para

um sem número de novas ati\'idades, atraindo inúmeros braços da zona ru

atingir um fim e os alemães sabiam qual era o fim. Mas hoje, aqui entre

benefício dos gêneros de primeira ne--

perseguimos alguma finalidade? Absolutamente, não.

Então, por que é?

"Uma exportação de capital de 2.000 milhões de dólares por ano não pareceria

os lucros auferidos na agricultura dos produtos de exportação são muito mais

essas filas não denunciam apenas acu

Esta supressão foi determinada porque

tidas ao Secretário Geral das Nações Unidas.

sas são muito simples: primeiro, porque

cultivo de gêneros de primeira neces

dos os gêneros de primeira necessidade.

Cerca de 2.000 milhões de dólares por ano de fundos partictdares dos E. XJ. A

gêneros de primeira necessidade. Mas por que não se planta? As cau

do lado trágico da questão. Sim, porque

nós,' não é só manteiga que não e.xiste: c a carne, é o feijão, é o arroz, são to

poderão ser invertidos no estrangeiro a partir de 1952, em condições econômicas favoráveis, segundo estimativas da Associação Nacional dos Fabricantes transmi

se procura intensificar a produção dos

ral; 6 quarto, porque nada se fêz em cessidade. Daí o decréscimo que se ve rifica, ano a ano, na colheita dos pro dutos de alimentação.

Mas cabe ainda uma outra pergun

ta: a cultura de gêneros alimentícios é regular? E' organizada? Não; ao contrário, é fruto do oportu

A resposta é muito simples — porque não se plantam gêneros alimentícios re

nismo. Deixe-me explicar. , Ninguém planta feijão, batata, milho, regular e

gularmente, e de um modo racional.

sistematicamente.

Todos sabem disso; no entanto, não

se aquilataram da sua gravidade e con tinuam a fazer piadas sôbre as filas,

Na grande maioria^

das vêzes, êstes cereais são cultivados

só quando há uma nesga de terra mais ou menos inútil ou à espera de futura

porém, a situação não é para risos e

cultura, e assim mesmo quando o pre

dos os rincões deste vasto Brasil só se

nossos maiores celeiros. Na zona velha,

à luz das estatísticas, impor um grande ônus aos recursos naturais ou padrão do vida do nível de preços domésticos", afirma o estudo em questão. O 'relatório presume que o "ousado novo plano" de auxílio às áreas atrasadas anunciado pelo presidente Truinan, começará quando terminar o Plano de Recupe ração Européia,, provàvelmente em 1952. Presume-se ainda que o novo plano operará por meio de transações capitais "livremente feitas por interêsses privados. O governo apenas auxiliaria a criar condições favoráveis a tais inversões por

ço é compensador. Isso se verifica, prin nem para blagues. E é preciso compre endermos isto: não existem, em quantida- . cipalmente, nas zonas pioneiras, como na Alta Sorocabana e no Norte do Pa de nece.ssária, alimentos para a popula raná, que são, incontestàvelmente, os ção brasileira. O mal é geral. , De to

particulares".

comer. E por que não há? Porque não

ouve um côro uníssono: não há o que

o sistema é diferente: a plantação é realizada pelos colonos nas áreas a êles


Digesto Econó>oco

60

trangulando o país e lhe. entravando o

os Estados Unidos. Evidentemente, um

futmo.

é pouco.

Com a política atual fecham-se as fábricas e novas não se abrirão.

Com

uma política diversa, de liberdade cam

Roberto Pinto de Souza

governo convença que a moeda se tor nou realmente livre, a ele acorrerão

bial, permitida por uma taxa mais rea

grandes somas, pois o capital procura

lista, as indústrias se desenvolverão e o

sempre estar a muitas amarras o não de

capital estrangeiro poderá melhorar com

pendente de uma só. Todas as demais

segurança para criar ainda outros. Uma

nações seguem a política da entrada

orientação levará ao desemprego mas a

franca de dinheiro e saída restrita, polí

outra levará à abundância, e os aumen

tica cujo acanhamento é de tal ordem

tos de salário que esta^ acarretará com

que se admira vé-la seguida por países

pensarão, de longe, o encarecimento

como a França, que, pelo menos, tem

que a gasolina ou o trigo tiverem so

tido o senso de vir reduzindo, sucessiva

frido.

mente, o valor da sua moeda no mercado

Lembremo-nos também de que hoje só há no mundo um único país de onde

seu valor interno.

se pode tirar livremente dinheiro. São

Agricultura de alimentação

Se a êle se acrescentar um

outro, onde a pala\Ta c a orientação do

internacional, à medida que desaparece A política de ar

madilha, que recebe e não restitui, não pode levar longe.

\7ivemos hoje no regime da fila. Para qualquer coisa que se queira, é

preciso se alinhar: é para o ônibus, ê para o cinema, é para a carne, é para a manteiga, é para o leite. Todos já estão acostumados, o, o que é pior, con formados, e a tal ponto que se esquecem

compensadores do que os colhidos pelo

mulo de pessoas, como é o caso do ci

sidade; segundo, porque a inflação deu margem à especulação em todos os ter

nema ou do ônibus, mas, o que e muito

renos, gerando a aplicação de capitais

mais grave — a ausência de gêneros ali

de preferência no movimento do mer cado do que no cultivo da terra; tercei ro, porque a guerra criou nas cidades

mentícios.

Há alguns anos atrás, quando Hitier exclamou: "manteiga por canhão", o mundo todo se penalizou pelo povo ale mão. Mas aquilo era um meio para

um sem número de novas ati\'idades, atraindo inúmeros braços da zona ru

atingir um fim e os alemães sabiam qual era o fim. Mas hoje, aqui entre

benefício dos gêneros de primeira ne--

perseguimos alguma finalidade? Absolutamente, não.

Então, por que é?

"Uma exportação de capital de 2.000 milhões de dólares por ano não pareceria

os lucros auferidos na agricultura dos produtos de exportação são muito mais

essas filas não denunciam apenas acu

Esta supressão foi determinada porque

tidas ao Secretário Geral das Nações Unidas.

sas são muito simples: primeiro, porque

cultivo de gêneros de primeira neces

dos os gêneros de primeira necessidade.

Cerca de 2.000 milhões de dólares por ano de fundos partictdares dos E. XJ. A

gêneros de primeira necessidade. Mas por que não se planta? As cau

do lado trágico da questão. Sim, porque

nós,' não é só manteiga que não e.xiste: c a carne, é o feijão, é o arroz, são to

poderão ser invertidos no estrangeiro a partir de 1952, em condições econômicas favoráveis, segundo estimativas da Associação Nacional dos Fabricantes transmi

se procura intensificar a produção dos

ral; 6 quarto, porque nada se fêz em cessidade. Daí o decréscimo que se ve rifica, ano a ano, na colheita dos pro dutos de alimentação.

Mas cabe ainda uma outra pergun

ta: a cultura de gêneros alimentícios é regular? E' organizada? Não; ao contrário, é fruto do oportu

A resposta é muito simples — porque não se plantam gêneros alimentícios re

nismo. Deixe-me explicar. , Ninguém planta feijão, batata, milho, regular e

gularmente, e de um modo racional.

sistematicamente.

Todos sabem disso; no entanto, não

se aquilataram da sua gravidade e con tinuam a fazer piadas sôbre as filas,

Na grande maioria^

das vêzes, êstes cereais são cultivados

só quando há uma nesga de terra mais ou menos inútil ou à espera de futura

porém, a situação não é para risos e

cultura, e assim mesmo quando o pre

dos os rincões deste vasto Brasil só se

nossos maiores celeiros. Na zona velha,

à luz das estatísticas, impor um grande ônus aos recursos naturais ou padrão do vida do nível de preços domésticos", afirma o estudo em questão. O 'relatório presume que o "ousado novo plano" de auxílio às áreas atrasadas anunciado pelo presidente Truinan, começará quando terminar o Plano de Recupe ração Européia,, provàvelmente em 1952. Presume-se ainda que o novo plano operará por meio de transações capitais "livremente feitas por interêsses privados. O governo apenas auxiliaria a criar condições favoráveis a tais inversões por

ço é compensador. Isso se verifica, prin nem para blagues. E é preciso compre endermos isto: não existem, em quantida- . cipalmente, nas zonas pioneiras, como na Alta Sorocabana e no Norte do Pa de nece.ssária, alimentos para a popula raná, que são, incontestàvelmente, os ção brasileira. O mal é geral. , De to

particulares".

comer. E por que não há? Porque não

ouve um côro uníssono: não há o que

o sistema é diferente: a plantação é realizada pelos colonos nas áreas a êles


62

Digesto

Econômico

Digesto Econômico

63

concedidas; o fazendeiro raramente o

social independente. O que ela prefen-

tido o programa preparado pelo Depar

faz. Fora dos colonos, só os pequenos

dia era a exploração, o lucro.

tamento de Economia ida Federação

essas duas instituições prestam imenso

das Indústrias.

benefício

sitiantes é que se dedicam a êsse gê nero de exploração agrícola.

Daí a

pouca consistência da nossa economia co

lonial mudando continuamente de pro

Dos debates foram-se destacando, des

duto, som fixar-so num, capaz de sub

de logo, três idéias que, depuradas pe

plorou regularmente a banana e hoje o arroz,

sistir por si e de encontrar em si a fôrça

la discussão entre os técnicos, se eleva

a mandioca, a uva, o fi

Mas se essa orientação era certa para a política portuguôsa e consultava os interêsses de Portugal, de maneira ne

Entre nós, só se ex

go e a laranja. Mas são plaintações ainda inci

pientes. De modo ge

ral, podemos dizer que, no campo da agricultura de alimentação, tudo ainda está por fazer.

Entretanto, alguém sabe dizer de al guma providência do Govêmo nesse sen

tido? Não. Pelo contrário, vêm-se apenas medidas opostas, procurando

desenvolver atividades agrícolas anti-alimenticias. Digo antí-alimentícias por que o amparo dispensado aos plantado res de algodão e café rouba não só^o fi

nanciamento como o braço que se po deria dirigir ao cultivo dos gêneros de primeira necessidade.

O que preocupa a todos, e ao Go

vêmo principalmente, são aquelas ati\ddades que podem produzir lucro ime diato e vasto. Aliás, êsse mal vem de longe e se prende ao início da nossa

história. Nascemos para fornecer produ tos de exportação ao comércio europeu e, até hoje, permanecemos com o mesmo característico, isto é, a nossa economia se constitui somente de produtos de ex

portação, sofrendo as oscilações do co mércio internacional.

Um olhar na

nossa Iiistória, por mais ligeiro que seja, revela logo esta asserção. Os cícios do passado brasileiro alternam épocas de prosperidade com períodos de depressão. Aliás, essa orientação estava certa pa ra a coroa lusitana. A política portu guesa orientadora da' nossa colonização não visava a formação de um organismo

de continuidade.

nhuma é correta atualmente. Urge uma modificação total, sem o que perece remos.

E' preciso que os poderes públicos se capacitem da necessidade imperiosa de

se compreender um vasto programa para a criação, entre nós, da agricultura de

alimentação. Basta lembrar que, neste momento, o Canadá e os Estados Uni

dos, países de alimentação abundante, estão empenhados numa verdadeira cru

zada pró-agricultur'a de alimentação. O primeiro decretou, logo após o térmi

no da guerra, a convocação obrigatória

ram em princípios a serem seguidos na orientação da política de incremento da agricultura alimentar. 1.^ — Produção técnica, obtida atra

vés de campos de cooperação. 2.^ — Garantia de preço mínimo re

primeira necessidade viu frustrados os planos de auxílio de que tanto necessi ta, e teve novamente de contar só com os seus parcos recursos, e, portanto, cair na mesma rotina de produção anti-eco-

nómica e de preço elevadíssimo, trans

que sempre vivemos em déficit alimen-

so estado de coisas, trataram de formar, com os seus próprios liave-

Roberto Simonsen compreendera o que era preciso fazer: pro

duas

o fraco rendimento da mão-de-obra bra

sileira que, apesar de

formando o custo de vida no Brasil em

Já em 1945 o espírito vivo do Dr.

das

ser uma das mais bara

se puderam converter em açuo, e mais uma vez a agricultura de gêneros de

um dos mais caros do mundo.

industriais, em

assalariados

quena classe média. Somos um povo de subnutridos, daí

tas do mundo na impor

Infelizmente o esforço do Dr. Rober to Simonsen e do Dr. Mello Moraes não

Vários

aos

grandes forças econômicas. Entretanto, é preciso que elas não durmam no doce enleio dos louros já colhidos, e ampliem o campo de sua atuação com no\'as ini.ciati\'as, que redundem em melhora da dieta alimentar dos operários e da pe

munerado. 3.® — Financiamento.

de todos os homens válidos, a fim de trabalharem no campo. Se tal ocorre nessas nações ricas, imagino entre nós, tar.

,ríos e cqmerciários. Incontestàvelmente,

face

dês-

res, plantações de cereais e de legu mes, no intuito não só de baratear o custo de vida como de alimentar con

tância do salário perce bido, torna-se, na rea

lidade, pela sua baixa

produtividade, bastante cara. Não há exemplo do florescimento de uma civilização num país de população sub-alimentada. Portanto, o primeiro passo para o desenvolvimento cultural e econômico do Brasil é a melhoria física

de sua gente, e a base para a obtenção desta é o fornecimento de uma sadia nutrição.

Para, se atingir êsse fim, é preciso unia agricultura eficiente de gêneros de pri meira necessidade. Essa, contudo, não

pode ser elaborada, contando apenas com os seus próprios recursos. O Go vêmo, por cubo lado, tem suas vistas

mover, sem perda de

venientemente os seus operários. Infe

tempo, a cultura regular e definitiva da agricultu

vas isoladas e se circuns

voltadas para outros setores e proble mas, daí não ter podido amparar devida

creveram mais a fábricas localizadas no interior do

ca. Só a reunião dos esforços das clas

ra de alimentação. Pa ra isso, solicitou a cola boração do Secretário

lizmente, foram iniciati

mente êsse ramo de atividade econômi

Estado, onde as condi

ses agrícola, industrial e comercial do

da Agricultura, Dr. Mello Moraes, e dos

ções favoreciam e fa

seus excelentes técnicos, no sentido de

cilitavam tais iniciativas.

país é que poderá oferecer a possibili dade da criação de uma verdadeira agri

um entendimento para incrementar a

E* verdade que o Sesi e o Sesc procu raram vir em socorro das classes traba lhadoras, criando armazéns distribuido res de víveres, comprados por atacado e cedidos a preço de custç aos industriá-

produção dos gêneros de primeira ne cessidade. O apelo foi imediatamente aceito, originando-se reuniões importan

tíssimas, em que foi amplamente discu

cultura alimentar.

Infelizmente, não é isso que elas têm feito. Viveram e vivem no maior isolacionismo econômico, dai a nossa histó

ria apresentar uma evolução por linhas


62

Digesto

Econômico

Digesto Econômico

63

concedidas; o fazendeiro raramente o

social independente. O que ela prefen-

tido o programa preparado pelo Depar

faz. Fora dos colonos, só os pequenos

dia era a exploração, o lucro.

tamento de Economia ida Federação

essas duas instituições prestam imenso

das Indústrias.

benefício

sitiantes é que se dedicam a êsse gê nero de exploração agrícola.

Daí a

pouca consistência da nossa economia co

lonial mudando continuamente de pro

Dos debates foram-se destacando, des

duto, som fixar-so num, capaz de sub

de logo, três idéias que, depuradas pe

plorou regularmente a banana e hoje o arroz,

sistir por si e de encontrar em si a fôrça

la discussão entre os técnicos, se eleva

a mandioca, a uva, o fi

Mas se essa orientação era certa para a política portuguôsa e consultava os interêsses de Portugal, de maneira ne

Entre nós, só se ex

go e a laranja. Mas são plaintações ainda inci

pientes. De modo ge

ral, podemos dizer que, no campo da agricultura de alimentação, tudo ainda está por fazer.

Entretanto, alguém sabe dizer de al guma providência do Govêmo nesse sen

tido? Não. Pelo contrário, vêm-se apenas medidas opostas, procurando

desenvolver atividades agrícolas anti-alimenticias. Digo antí-alimentícias por que o amparo dispensado aos plantado res de algodão e café rouba não só^o fi

nanciamento como o braço que se po deria dirigir ao cultivo dos gêneros de primeira necessidade.

O que preocupa a todos, e ao Go

vêmo principalmente, são aquelas ati\ddades que podem produzir lucro ime diato e vasto. Aliás, êsse mal vem de longe e se prende ao início da nossa

história. Nascemos para fornecer produ tos de exportação ao comércio europeu e, até hoje, permanecemos com o mesmo característico, isto é, a nossa economia se constitui somente de produtos de ex

portação, sofrendo as oscilações do co mércio internacional.

Um olhar na

nossa Iiistória, por mais ligeiro que seja, revela logo esta asserção. Os cícios do passado brasileiro alternam épocas de prosperidade com períodos de depressão. Aliás, essa orientação estava certa pa ra a coroa lusitana. A política portu guesa orientadora da' nossa colonização não visava a formação de um organismo

de continuidade.

nhuma é correta atualmente. Urge uma modificação total, sem o que perece remos.

E' preciso que os poderes públicos se capacitem da necessidade imperiosa de

se compreender um vasto programa para a criação, entre nós, da agricultura de

alimentação. Basta lembrar que, neste momento, o Canadá e os Estados Uni

dos, países de alimentação abundante, estão empenhados numa verdadeira cru

zada pró-agricultur'a de alimentação. O primeiro decretou, logo após o térmi

no da guerra, a convocação obrigatória

ram em princípios a serem seguidos na orientação da política de incremento da agricultura alimentar. 1.^ — Produção técnica, obtida atra

vés de campos de cooperação. 2.^ — Garantia de preço mínimo re

primeira necessidade viu frustrados os planos de auxílio de que tanto necessi ta, e teve novamente de contar só com os seus parcos recursos, e, portanto, cair na mesma rotina de produção anti-eco-

nómica e de preço elevadíssimo, trans

que sempre vivemos em déficit alimen-

so estado de coisas, trataram de formar, com os seus próprios liave-

Roberto Simonsen compreendera o que era preciso fazer: pro

duas

o fraco rendimento da mão-de-obra bra

sileira que, apesar de

formando o custo de vida no Brasil em

Já em 1945 o espírito vivo do Dr.

das

ser uma das mais bara

se puderam converter em açuo, e mais uma vez a agricultura de gêneros de

um dos mais caros do mundo.

industriais, em

assalariados

quena classe média. Somos um povo de subnutridos, daí

tas do mundo na impor

Infelizmente o esforço do Dr. Rober to Simonsen e do Dr. Mello Moraes não

Vários

aos

grandes forças econômicas. Entretanto, é preciso que elas não durmam no doce enleio dos louros já colhidos, e ampliem o campo de sua atuação com no\'as ini.ciati\'as, que redundem em melhora da dieta alimentar dos operários e da pe

munerado. 3.® — Financiamento.

de todos os homens válidos, a fim de trabalharem no campo. Se tal ocorre nessas nações ricas, imagino entre nós, tar.

,ríos e cqmerciários. Incontestàvelmente,

face

dês-

res, plantações de cereais e de legu mes, no intuito não só de baratear o custo de vida como de alimentar con

tância do salário perce bido, torna-se, na rea

lidade, pela sua baixa

produtividade, bastante cara. Não há exemplo do florescimento de uma civilização num país de população sub-alimentada. Portanto, o primeiro passo para o desenvolvimento cultural e econômico do Brasil é a melhoria física

de sua gente, e a base para a obtenção desta é o fornecimento de uma sadia nutrição.

Para, se atingir êsse fim, é preciso unia agricultura eficiente de gêneros de pri meira necessidade. Essa, contudo, não

pode ser elaborada, contando apenas com os seus próprios recursos. O Go vêmo, por cubo lado, tem suas vistas

mover, sem perda de

venientemente os seus operários. Infe

tempo, a cultura regular e definitiva da agricultu

vas isoladas e se circuns

voltadas para outros setores e proble mas, daí não ter podido amparar devida

creveram mais a fábricas localizadas no interior do

ca. Só a reunião dos esforços das clas

ra de alimentação. Pa ra isso, solicitou a cola boração do Secretário

lizmente, foram iniciati

mente êsse ramo de atividade econômi

Estado, onde as condi

ses agrícola, industrial e comercial do

da Agricultura, Dr. Mello Moraes, e dos

ções favoreciam e fa

seus excelentes técnicos, no sentido de

cilitavam tais iniciativas.

país é que poderá oferecer a possibili dade da criação de uma verdadeira agri

um entendimento para incrementar a

E* verdade que o Sesi e o Sesc procu raram vir em socorro das classes traba lhadoras, criando armazéns distribuido res de víveres, comprados por atacado e cedidos a preço de custç aos industriá-

produção dos gêneros de primeira ne cessidade. O apelo foi imediatamente aceito, originando-se reuniões importan

tíssimas, em que foi amplamente discu

cultura alimentar.

Infelizmente, não é isso que elas têm feito. Viveram e vivem no maior isolacionismo econômico, dai a nossa histó

ria apresentar uma evolução por linhas


•11"^

64

Dicesto

quebradas e o presente uma estrutura econômica desarticulada, em que as fôrças produtoras agem isoladamente, sem paralelismo, e, o que é pior, opondo-se 0 lutando, não raras vêzes, umas com' as

Outras, trazendo dessa forma a destrui ção de si mesmas ou retardando o seu desenvolvimento. O resultado dessa sín

tese de antagonismos se expressa no pa radoxo de sermos um país essencialmen

te agrícola que não tem meios para ali

Econômico

durante a guerra se construíram no

Rui Barbosa e o Imposto de renda

norte do Brasil, sc improvisou, do dia

Guilherme Deveza

de espantar. Nas bases americanas, que para a noite, ativíssima agricultura de legumes cientificamente cultivados.

a premência de necessidades orça mentárias, que se debatiam com de-

Iguais atividades se desenvolveram rà-

pidamente em todas as ilhas do Pacífico, à medida que se processava a marcha para Tóquio das tropas estadunidenses.

jurídica, financeira, econótnica, pedagó

ram as tentativas feitas, durante o Im

gica e filoJógica de que Rui Barbosa não haja tratado, e o Impôsfo de Renda é -um de que ele se ocupou com especial

pério, para a implantação do imposto de

A garantia de preço mínimo, por par

'■enda no Brasil. O.s intensos debates que sôbre o assunto se desferiam no

te daquelas duas entidades, não exige

Parece tulo existir assunto dc natureza

feituosíssimo sistema fiscal, diversas fo

Ministros da Fazenda ofereciam em seus

relatórios, para a inclusão daquele tri

vem-se associando às comemorações cí

em si uma política e, por isso, sô podem ser empreendidos por pessoas que es

escoará facilmente e não colocará o pro blema do preço e nem tampouco estará

carinho, colocando-se entre os paladinos mais entusiásticos de sita implantação no Brasil. Festejando cm novembro o centenário dc nascimento do glorioso bra sileiro, o "Digesto Econômico" há muito

sujeita às oscilações do mercado.

buto nas fontes de receita do Império.

vicas, já iniciadas em todo o país, com a

tejam acima dos iriterêsses individuais e

a boca, a modo da organização econômi

E raramente tais sugestões deixavam de ser acompanhadas de inquéritos promo vidos pelo Governo, sôbre a matéria, nos quais Se manifestavam as pessoas de niaior responsabilidade ou projeção na vida política e administrativa do País.

mentar suficientemente os seus filhos.

E' verdade que não se pode culpar ninguém pela situação em que se en contra a economia' brasileira.

A visão

dos problemas e o rumo que devem se. guir as atividades econômicas resumem

cujos conhecimentos econômicos abran-

jam o funcionamento integral'da nossa economia.

O Sesi e o Sesç, órgãos executores da

política social das classes produtoras, poderiam realizar a tarefa benemérita da estruturação da nossa verdadeira

agricultura alimentar.

Os três pontos

focalizados atrás poderiam ser tomados como princípios orientadores. Não se

diga que são fantasias, vôos de ima ginação incapazes de se transformarem

nenhum esforço especial.

A produção

Parlamento, não raro ilustrados por sur

— destinando-se a ser vendida a preços

preendente erudição, tinbam como ori

baixos, quase de custo, e já possuindo de

gem, quase sempre, as sugestões que

antemão vasto mercado consumidor — se

E'

uma produção que se faz da mão para ca- medieval.

A única dificuldade a resolver é a Êsse não será por certo de solução difícil, uma

questão do financiamento.

E já em 1835, no relatório dos negó

vez que essa espécie de agricultura não

cios da Fazenda apresentado a Assem bléia Geral Legislativa, dizia o Ministro

exige aparelhamento e cuidados espe ciais, e nem tampouco vastas áreas de terra. Acreditamos que, com boa von tade e desejo de prestar serviço dos mais

Manoel do Nascimento Castro e Silva:

"O mal que resulta de um errado

úteis e importantes à coletividade, pode

sistema de contribuição, e difícil do

rão o Sesi e o Sesc remover êsse obstá

apreciar em toda a sua extensão. Jul go da primeira necessidade entre nos'

culo. A fé move montanhas, e o dese

em realizações práticas. A tecnização da

jo firme de bem servir à nação transpõe

produção agrícola alimentar não é coisa

todos os óbices.

sistematizar, segundo a ciência, a im

'

posição das rendas públicas, por ma neira tal que, longe de atacar os di ferentes ramos de indústria, os pro mova ou auxilie; e ao mesmo tempo

•l'

igualar quanto possível o peso das •contribuições segundo a renda, ou haveres dos contribuintes."

Ó Departamento de Agricultura anuncia que os Estados Unidos estabeleceram um novo recorde para exportação de cereais e seus produtos. Durante os dez meses de julho-48 a abril'49, este país exportou 579.083 milhões de' hushels. As exportações no período correspondente, nos anos 47-48, montavam a 499.019 milhões de hushels.

Confessava, a seguir, que chegara a nomear "uma comissão de cidadãos en tendidos na matéria, e de cuja expe-

publicação de trabalhos especializados sôbre a vida e obra do itistgne, homem de Estado.

riência não podia du\adar". Entretanto,

não fora feliz com ela, pois pelas ocu

pações de que estavam cs seus mem

bros sobrecarregados, "e também pela gravidade do assunto, que exigia sérias meditações,

combinações e

cálculos",

não obtivera resultado algum de seus tra balhos.

Mais tarde, quando as despesas com a guerra do Paraguai arruinavam as fi nanças do País, insuficientemente ampa

radas com os empréstimos a que o Im pério recorrera, é o Ministro João da Silva Carrão, no relatório com que apre sentava à Assembléia Geral Legislativa a proposta de orçamento para o exercício de 1867-1868, quem ensaia decididos

passos para a obtenção de novos recur sos nos domínios da tributação da ren da. E o seu exemplo, embora com me nos rigor, é seguido no ano imediato


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Dicesto

quebradas e o presente uma estrutura econômica desarticulada, em que as fôrças produtoras agem isoladamente, sem paralelismo, e, o que é pior, opondo-se 0 lutando, não raras vêzes, umas com' as

Outras, trazendo dessa forma a destrui ção de si mesmas ou retardando o seu desenvolvimento. O resultado dessa sín

tese de antagonismos se expressa no pa radoxo de sermos um país essencialmen

te agrícola que não tem meios para ali

Econômico

durante a guerra se construíram no

Rui Barbosa e o Imposto de renda

norte do Brasil, sc improvisou, do dia

Guilherme Deveza

de espantar. Nas bases americanas, que para a noite, ativíssima agricultura de legumes cientificamente cultivados.

a premência de necessidades orça mentárias, que se debatiam com de-

Iguais atividades se desenvolveram rà-

pidamente em todas as ilhas do Pacífico, à medida que se processava a marcha para Tóquio das tropas estadunidenses.

jurídica, financeira, econótnica, pedagó

ram as tentativas feitas, durante o Im

gica e filoJógica de que Rui Barbosa não haja tratado, e o Impôsfo de Renda é -um de que ele se ocupou com especial

pério, para a implantação do imposto de

A garantia de preço mínimo, por par

'■enda no Brasil. O.s intensos debates que sôbre o assunto se desferiam no

te daquelas duas entidades, não exige

Parece tulo existir assunto dc natureza

feituosíssimo sistema fiscal, diversas fo

Ministros da Fazenda ofereciam em seus

relatórios, para a inclusão daquele tri

vem-se associando às comemorações cí

em si uma política e, por isso, sô podem ser empreendidos por pessoas que es

escoará facilmente e não colocará o pro blema do preço e nem tampouco estará

carinho, colocando-se entre os paladinos mais entusiásticos de sita implantação no Brasil. Festejando cm novembro o centenário dc nascimento do glorioso bra sileiro, o "Digesto Econômico" há muito

sujeita às oscilações do mercado.

buto nas fontes de receita do Império.

vicas, já iniciadas em todo o país, com a

tejam acima dos iriterêsses individuais e

a boca, a modo da organização econômi

E raramente tais sugestões deixavam de ser acompanhadas de inquéritos promo vidos pelo Governo, sôbre a matéria, nos quais Se manifestavam as pessoas de niaior responsabilidade ou projeção na vida política e administrativa do País.

mentar suficientemente os seus filhos.

E' verdade que não se pode culpar ninguém pela situação em que se en contra a economia' brasileira.

A visão

dos problemas e o rumo que devem se. guir as atividades econômicas resumem

cujos conhecimentos econômicos abran-

jam o funcionamento integral'da nossa economia.

O Sesi e o Sesç, órgãos executores da

política social das classes produtoras, poderiam realizar a tarefa benemérita da estruturação da nossa verdadeira

agricultura alimentar.

Os três pontos

focalizados atrás poderiam ser tomados como princípios orientadores. Não se

diga que são fantasias, vôos de ima ginação incapazes de se transformarem

nenhum esforço especial.

A produção

Parlamento, não raro ilustrados por sur

— destinando-se a ser vendida a preços

preendente erudição, tinbam como ori

baixos, quase de custo, e já possuindo de

gem, quase sempre, as sugestões que

antemão vasto mercado consumidor — se

E'

uma produção que se faz da mão para ca- medieval.

A única dificuldade a resolver é a Êsse não será por certo de solução difícil, uma

questão do financiamento.

E já em 1835, no relatório dos negó

vez que essa espécie de agricultura não

cios da Fazenda apresentado a Assem bléia Geral Legislativa, dizia o Ministro

exige aparelhamento e cuidados espe ciais, e nem tampouco vastas áreas de terra. Acreditamos que, com boa von tade e desejo de prestar serviço dos mais

Manoel do Nascimento Castro e Silva:

"O mal que resulta de um errado

úteis e importantes à coletividade, pode

sistema de contribuição, e difícil do

rão o Sesi e o Sesc remover êsse obstá

apreciar em toda a sua extensão. Jul go da primeira necessidade entre nos'

culo. A fé move montanhas, e o dese

em realizações práticas. A tecnização da

jo firme de bem servir à nação transpõe

produção agrícola alimentar não é coisa

todos os óbices.

sistematizar, segundo a ciência, a im

'

posição das rendas públicas, por ma neira tal que, longe de atacar os di ferentes ramos de indústria, os pro mova ou auxilie; e ao mesmo tempo

•l'

igualar quanto possível o peso das •contribuições segundo a renda, ou haveres dos contribuintes."

Ó Departamento de Agricultura anuncia que os Estados Unidos estabeleceram um novo recorde para exportação de cereais e seus produtos. Durante os dez meses de julho-48 a abril'49, este país exportou 579.083 milhões de' hushels. As exportações no período correspondente, nos anos 47-48, montavam a 499.019 milhões de hushels.

Confessava, a seguir, que chegara a nomear "uma comissão de cidadãos en tendidos na matéria, e de cuja expe-

publicação de trabalhos especializados sôbre a vida e obra do itistgne, homem de Estado.

riência não podia du\adar". Entretanto,

não fora feliz com ela, pois pelas ocu

pações de que estavam cs seus mem

bros sobrecarregados, "e também pela gravidade do assunto, que exigia sérias meditações,

combinações e

cálculos",

não obtivera resultado algum de seus tra balhos.

Mais tarde, quando as despesas com a guerra do Paraguai arruinavam as fi nanças do País, insuficientemente ampa

radas com os empréstimos a que o Im pério recorrera, é o Ministro João da Silva Carrão, no relatório com que apre sentava à Assembléia Geral Legislativa a proposta de orçamento para o exercício de 1867-1868, quem ensaia decididos

passos para a obtenção de novos recur sos nos domínios da tributação da ren da. E o seu exemplo, embora com me nos rigor, é seguido no ano imediato


I''1

^

'•

Dicesto Econômico

66

1

pelo seu sucessor na pasta da Fazenda,

desequilíbrio entre a receita e a despe

Zacarias de Goes e Vasconcelos.

sa, que no dizer de Rui Barbosa, em seu extraordinário relatório de janeiro

Coube a Afonso Celso de Assis Fi

gueiredo, Visconde de Ouro Prêto, pro

do 1891, como ministro do Covêmo Pro

vocar, em 1879, quando na gerencia das

visório, "era

finanças do País, novos" e acalorados de

nossa existência nacional", só tendia a

bates sôbre o assunto, que voltou à tela,

acentuar-se, em proporções imprevisíveis.

com a mesma intensidade, em 1883,

quando a pasta da Fazenda se encontra

va em mãos do Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira. E por este foi no meada uma comissão para rever a legis lação que regulava a cobrança das ren das gerais, provinciais e municipais, a qual se desincumbiu de sua missão coi'n grande brilho, como se vê do interessante

enfermidade

crônica de

E Rui Barbosa, demonstrando que "a nova organização do País trouxe conse qüentemente a necessidade de reconsti

tuir o nosso sistema tributário", erige-se, como os ministros do Império ha\àani feito em semelhantes aperluras do Te souro, em caloroso advogado do impôs to de renda, o qual — diga-se de passa gem — deve sua criação, em quase toda

0 instrutivo relatório que apresentou, na

a parte em que existe, a grandes crises gestão, porém, de Sousa Dantas. Em seu . nacionais. trabalho desenvolveu ela E' verdade que no pro

longo estudo em tômo do impôsto de renda, terminan

do por oferecer um projeto

jeto de Constituição do Co

vêmo Provisório, cuja auto ria Rui mais de uma vez

para a sua implantação em nosso país.

reivindicou, aquele impôs

Mas dessas tentativas, que não deixavam de ser arroja das para a época em que

jeto de cogitações na dis

nações como a Alemanha,

França, Estados Unidos e Itália tateavam em terreno

que só a Inglaterra vinha pisando com firmeza, sempre se co lhiam alguns frutos, com a adoção de formas isoladas de tributação do ren

dimento. Foi assim que ao impôsto sô bre vencimentos vieram juntar-se o im

to, ou algo que com êle se assemelhasse, não fôra ob criminação da capacidade

tributária das unidades po líticas. A União, segundo o artigo 6.° do projeto, po dia decretar: 1.°) impostos sôbre a importação de procedência es trangeira; 2.°) direitos de entrada, saída e estadia de navios; 3.°) taxas de selo-

pôsto sôbre o valor locativo de imóveis, o impôsto sôbre os dividendos de socie

4.°) contribuições postais e telegráficas. E os Estados, de acôrdo cora o artigo 8.®, ficavam com a competência para decretar impostos: 1.°) sôbre a e.xporta-

dades anônimas e outros mais, que cons

ção de mercadorias, que não fossem de

tituíram o processo evolutivo do sistema que só muito mais tarde, ja em nossos

outros Estados; 2.°) sôbre a propriedado territorial; 3.®) sôbre a transmissão de

dias, tomaria- forma definida.

propriedade. E tanto a União quanto

Proclamada a República, com os con

os Estados podiam criar, cumulativa

seqüentes excessos do novo regime, nesse

mente ou não, outras fontes do rocei-

espírito insopitável de tudo reformar, o

ta, desde que respeitados os princípios

- tíJf...

67

DrcEsTo Econômico

firmados cm vários outros dispositivos. Essa distribuição de rendas encontrou,

porém, fortes opositores no Congresso

se sustentavam as províncias no antigo regime." Lembra, então, que quando a Amé

Constituinte, que rccca\am continuas

rica do Norte adotara a forma federativa,

sem os Estados, com os recursos que

idênticos receios ali tiveram lugar, du^•idllndo-se de que os Estados, "empobre cidos e de\'astados pela revolução e pela desordem, pudessem arrostar as despe

lhes eram atribuídos, na situação de de

pendência do Covêmo central em que viviam as antigas províncias no regi-

ine há pouco dcmíbado. E o Ministro da Fazenda do Co

vêmo Pro\isório, cm sessão do 16 de dezembro de 1890, comparece a defen

sas de um govômo federal regularmente organizado". Mas unicamente um tri buto ~ o impôsto geral sobre a proprie dade — incluído na legislação dos Esta

produzira, não obstante a fraudo hader o esquema fiscal do projeto, único, dos, vê-lo reduzido a três quartas partes de a seu ver, compatível com o sistema fe seu valor, receita incomparavelmente derativo que SC procurava abraçar, e maior do que u modesta contribuição que em que a primeira necessidade era asse Dies fôra fLxada para a manutenção da

gurar a existência independente da União Federal". Às suas afirmativas

União.

E Rui faz questão de acentuar: "No junta o testemunho dos algarismos, para demonstrar quanto eram infundados o.s te-se que não me refiro ao impôsto ter rcceio.s, espalhados em alguns Estados, ritorial, mas ao impôsto geral sôbre ^ de que a Federação, nos termos do pro propriedade. Êsse encargo recai englojeto, lhes tiraria a capacidade para pro badamente sôbre o total dos haveres do contribuinte, segundo as suas declara ver a suas próprias necessidades.

"Estamo.s em presença de um ver-

dadeiro pânico - ãiz Rui Barbosa - de um fenômeno irreflexívo de medo ma nifesto nessa persuasão, em que laboram muitos membros desta Casa, de que os E-stados não podem aceitar êsse plano, sem se condenarem à misóna. Nessas três fontes de renda, que o projeto lhes reserva privativamente, de que o proje to exclui absolutamente a União, ou, antes, em duas dessas fontes apenas, as

taxas sobre a exportação e sôbre a trans

missão de propriedade, sobram-lhes m^os para a vida sem estreiteza no seio da Fe deração. Depois, senhores, resta aos Es tados, por explorar, vastíssimo campo tributário, nunca ensaiado sob a Monar

quia. Não havemos de cingir-nos, em matéria de impostos, aos instrumentos

enferrujados, às fontes escassas, de que

ções, corrigidas por uma fiscalização que se constitui, em cada Estado, numa junta retificadora {Board of Equaliza-

tion). Êle abrange a propriedade real e pessoal, não só a terra, as construções, todas as expressões diretas da riqueza, como o conjunto dessas representações convencionais dela, a que os americanos

chamam propriedade intangível: os tí tulos, as ações, as dívidas de 1í\to, a renda".

E abordando, pela primeira vez, o

problema que iria pôr em equação, sob .seus variados aspectos, no relatório em

que prestaria contas de seus quatorze meses de trabalho e luta à frente do Mi nistério da Fazenda, Rui Barbosa ex

clama: "Já se experimentou, porventura, entre nós, êssç impôsto fecundíssimo? Nem sequer ensaiamos ainda o impôsto


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Dicesto Econômico

66

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pelo seu sucessor na pasta da Fazenda,

desequilíbrio entre a receita e a despe

Zacarias de Goes e Vasconcelos.

sa, que no dizer de Rui Barbosa, em seu extraordinário relatório de janeiro

Coube a Afonso Celso de Assis Fi

gueiredo, Visconde de Ouro Prêto, pro

do 1891, como ministro do Covêmo Pro

vocar, em 1879, quando na gerencia das

visório, "era

finanças do País, novos" e acalorados de

nossa existência nacional", só tendia a

bates sôbre o assunto, que voltou à tela,

acentuar-se, em proporções imprevisíveis.

com a mesma intensidade, em 1883,

quando a pasta da Fazenda se encontra

va em mãos do Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira. E por este foi no meada uma comissão para rever a legis lação que regulava a cobrança das ren das gerais, provinciais e municipais, a qual se desincumbiu de sua missão coi'n grande brilho, como se vê do interessante

enfermidade

crônica de

E Rui Barbosa, demonstrando que "a nova organização do País trouxe conse qüentemente a necessidade de reconsti

tuir o nosso sistema tributário", erige-se, como os ministros do Império ha\àani feito em semelhantes aperluras do Te souro, em caloroso advogado do impôs to de renda, o qual — diga-se de passa gem — deve sua criação, em quase toda

0 instrutivo relatório que apresentou, na

a parte em que existe, a grandes crises gestão, porém, de Sousa Dantas. Em seu . nacionais. trabalho desenvolveu ela E' verdade que no pro

longo estudo em tômo do impôsto de renda, terminan

do por oferecer um projeto

jeto de Constituição do Co

vêmo Provisório, cuja auto ria Rui mais de uma vez

para a sua implantação em nosso país.

reivindicou, aquele impôs

Mas dessas tentativas, que não deixavam de ser arroja das para a época em que

jeto de cogitações na dis

nações como a Alemanha,

França, Estados Unidos e Itália tateavam em terreno

que só a Inglaterra vinha pisando com firmeza, sempre se co lhiam alguns frutos, com a adoção de formas isoladas de tributação do ren

dimento. Foi assim que ao impôsto sô bre vencimentos vieram juntar-se o im

to, ou algo que com êle se assemelhasse, não fôra ob criminação da capacidade

tributária das unidades po líticas. A União, segundo o artigo 6.° do projeto, po dia decretar: 1.°) impostos sôbre a importação de procedência es trangeira; 2.°) direitos de entrada, saída e estadia de navios; 3.°) taxas de selo-

pôsto sôbre o valor locativo de imóveis, o impôsto sôbre os dividendos de socie

4.°) contribuições postais e telegráficas. E os Estados, de acôrdo cora o artigo 8.®, ficavam com a competência para decretar impostos: 1.°) sôbre a e.xporta-

dades anônimas e outros mais, que cons

ção de mercadorias, que não fossem de

tituíram o processo evolutivo do sistema que só muito mais tarde, ja em nossos

outros Estados; 2.°) sôbre a propriedado territorial; 3.®) sôbre a transmissão de

dias, tomaria- forma definida.

propriedade. E tanto a União quanto

Proclamada a República, com os con

os Estados podiam criar, cumulativa

seqüentes excessos do novo regime, nesse

mente ou não, outras fontes do rocei-

espírito insopitável de tudo reformar, o

ta, desde que respeitados os princípios

- tíJf...

67

DrcEsTo Econômico

firmados cm vários outros dispositivos. Essa distribuição de rendas encontrou,

porém, fortes opositores no Congresso

se sustentavam as províncias no antigo regime." Lembra, então, que quando a Amé

Constituinte, que rccca\am continuas

rica do Norte adotara a forma federativa,

sem os Estados, com os recursos que

idênticos receios ali tiveram lugar, du^•idllndo-se de que os Estados, "empobre cidos e de\'astados pela revolução e pela desordem, pudessem arrostar as despe

lhes eram atribuídos, na situação de de

pendência do Covêmo central em que viviam as antigas províncias no regi-

ine há pouco dcmíbado. E o Ministro da Fazenda do Co

vêmo Pro\isório, cm sessão do 16 de dezembro de 1890, comparece a defen

sas de um govômo federal regularmente organizado". Mas unicamente um tri buto ~ o impôsto geral sobre a proprie dade — incluído na legislação dos Esta

produzira, não obstante a fraudo hader o esquema fiscal do projeto, único, dos, vê-lo reduzido a três quartas partes de a seu ver, compatível com o sistema fe seu valor, receita incomparavelmente derativo que SC procurava abraçar, e maior do que u modesta contribuição que em que a primeira necessidade era asse Dies fôra fLxada para a manutenção da

gurar a existência independente da União Federal". Às suas afirmativas

União.

E Rui faz questão de acentuar: "No junta o testemunho dos algarismos, para demonstrar quanto eram infundados o.s te-se que não me refiro ao impôsto ter rcceio.s, espalhados em alguns Estados, ritorial, mas ao impôsto geral sôbre ^ de que a Federação, nos termos do pro propriedade. Êsse encargo recai englojeto, lhes tiraria a capacidade para pro badamente sôbre o total dos haveres do contribuinte, segundo as suas declara ver a suas próprias necessidades.

"Estamo.s em presença de um ver-

dadeiro pânico - ãiz Rui Barbosa - de um fenômeno irreflexívo de medo ma nifesto nessa persuasão, em que laboram muitos membros desta Casa, de que os E-stados não podem aceitar êsse plano, sem se condenarem à misóna. Nessas três fontes de renda, que o projeto lhes reserva privativamente, de que o proje to exclui absolutamente a União, ou, antes, em duas dessas fontes apenas, as

taxas sobre a exportação e sôbre a trans

missão de propriedade, sobram-lhes m^os para a vida sem estreiteza no seio da Fe deração. Depois, senhores, resta aos Es tados, por explorar, vastíssimo campo tributário, nunca ensaiado sob a Monar

quia. Não havemos de cingir-nos, em matéria de impostos, aos instrumentos

enferrujados, às fontes escassas, de que

ções, corrigidas por uma fiscalização que se constitui, em cada Estado, numa junta retificadora {Board of Equaliza-

tion). Êle abrange a propriedade real e pessoal, não só a terra, as construções, todas as expressões diretas da riqueza, como o conjunto dessas representações convencionais dela, a que os americanos

chamam propriedade intangível: os tí tulos, as ações, as dívidas de 1í\to, a renda".

E abordando, pela primeira vez, o

problema que iria pôr em equação, sob .seus variados aspectos, no relatório em

que prestaria contas de seus quatorze meses de trabalho e luta à frente do Mi nistério da Fazenda, Rui Barbosa ex

clama: "Já se experimentou, porventura, entre nós, êssç impôsto fecundíssimo? Nem sequer ensaiamos ainda o impôsto


IST '

68

Dicesto Econômico

sobre a renda, tributo justíssimo, reparador, indispensável, urgente". Ao recapitular, entretanto, nesse re

latório, o esquema tributário do Projeto de Constituição apresentado pelo Gover no Provisório, assevera Rui Barbosa que se algum reparo se lhe podia fazer era "o de ter excedido, talvez, os limites da

prudência na liberalidade para com os orçamentos dos Estados".

Impunlia-se, sim, ao Poder Legislati vo, procurar novas fontes de receita

rio passa a indicar os tributos que.julga capazes de "compensar as perdas imi nentes da receita geral", dentre os quais, pelo longo estudo que llic dedica, na quele seu extraordinário poder de esgo tar o assunto que abordasse, dá especial destaque ao imposto de renda. "Em que pese à opinião paradoxal

a-çada da União. Mas para que pudesse ser encontrada uma solução razoável pa

ó a que alarga a importância aos impos

sário era que a competência tributária dos Estados se mantivesse dentro dos

limites que o projeto lhe traçara

E

Rui advertia: "Se o domínio tributário da União fôr ainda mais desfalcado se novas fontes de renda se

transferirem do governo cen tral para os governos locais,

se prevalecerem certas emen

honra como nação, arvorando em prin cípio absoluto o egoísmo dos Estados, olvidando a impossibibdade do desen volvimento destes fora da aliança indis

solúvel no seio da grande pátria bra sileira, — nesse caso a dificuldade será

mais de uma vez, enveredar por êsse caminho; muitas foram as vozes que

cil e de resultados mais imediatos: os

to é que "não se proporcionam à gra duação das fortunas entre os contribuin tes, antes se derramam principalmente e exercem pressão rnuíto mais grave so bre as classes menos favorecidas, roçan

do apenas ã superfície os maiores cimos da riqueza". Dessa maneira, não po

tar a acentuada tendência que

dia um sistema de orçamento, atento

se verificava nos Estados Uni

dos no sentido de alargar o

aos princípios de justiça e às aspirações

âmbito da taxação direta, diz Rui Barbosa: "Discutam em

rar no impôsto direto o corretivo com

morais da democracia, "deixar de procu

pensador contra as iniquidades da taxa

bora teoristas a preexcelência entre o ini-

pôsto indireto e o direto, a verdade prá

ção indireta não retificada por esse con-

tica, a verdade inelutável é que, na si tuação hodierna das sociedades políticas essas ^ duas formas de contribuição do indivíduo para a existência do Estado

trapêso".

E após comentar as lacunas do siste ma orçamentário americano em confron

to com o inglês. Rui Barbosa conclui, fa zendo suas as palavras de Gustav Gohn,

tão grave, que não vejo como o legisla dor poderia solvê-Ia imediatamente". Partindo, pois, do pressuposto de que

tos".

várias formas sob que se pode concre

o Congresso Constituinte manteria o pla no fiscal do projeto em discussão, o Mi

Dos vícios inerentes aos impostos indi retos não havia que duvidar, prossegue

tizar a idéia das contribuições diretas,

nistro da Fazenda do Governo Provisó

Rui; em primeiro lugar, o Tesouro do

consrituem elemtentos inseparáveis de equilíbrio na organização dos orçamen

o grande economista alemão: "Ora, das a menos imperfeita, a mais eficaz, a mais

justa é a do impôsto sobre a renda, o único instrumento financeiro "capaz de

1

Brasil, porém, até hoje, a atenção dos governos se tem concentrado quase só na aplicação do impôsto indireto, sob

classes pobres, convertendo-se mesmo,

dos impostos indiretos, como instrumen to financeiro, argumenta ainda Rui, o cer

extremas do radicalismo suíço, que teve de se confessar impotente na sua condenação aos impostos indiretos. E depois de apon

e fora do Parlamento. E Rui, recapitulando cs passos dados naquele sentido, resume, em breves linhas, todo o pro grama tributário da Monarquia: "No

a sua manifestação mais trivial, mais fá

Embora indiscutível a produtividade

Mas essa associação entre democracia e impôsto direto não podia ser levada aos

sôbre o assunto se fizeram ouvir, dentro

dosados, até o consumo do necessário nas

que crescem na razão indireta da renda".

mais amplo desenvolvimento moral."

nossa solidariedade e da nossa

A política fiscal do Império tentara,

a mercadoria ao consumidor, tem êste de

não raro, em taxas regressivas, taxas

tos civilizadores, isto é, como exigências do princípio de justiça nas sociedades de

mas de nossa existência, da

classes ricas e abastadas".

bre os menos capazes de pagá-los, cer ceando quando não convenientemente

tos diretos, precisamente como elemen

cerem as necessidades supre

tre um e outro inteqjõc-se uma série de intermediários, de modo que, ao chegar

mais, muitas vezes, esses impostos, "so

mais imbuída nos ideais democráticos

das funestas, que parece esque

que deve recair sôbre os ombros das

culação; depois, o princípjo de igualda de é freqüentemente ferido, pesando

mais adiantados em civilização, e o im

posto direto o dos povos mais atrasados, a idéia que tende a se generalizar sob a civilização contemporânea, cada vez

medir a proporção de encargos públicos,

que saí da algibeira do contribuinte; en

arrostar, no preço que por cia paga, as

cia êle seu trabalho, "quando afirmou que o impôsto indireto é o dos povos

69

Estado não é inteiramente embolsado do

sobretaxas sucessivas de que aqueles se vão forrando, acrescidas das parcelas reclamadas sob êsse pretexto pela espe

de Thíers", são as palavras com que ini

mas para compensar a diminuição que o orçamento geral iria fatalmente sofrer, com a ausência dos impos.tos que, se gundo a Constituição Republicana, ainda em discussão, deixassem de ficar sob a ra tão sério problema financeiro,' neces

Digesto Econômico

direitos de alfândega. E do impôsto sô bre a renda, por mais que se lhe haja proclamado a conveniência e a moralida

de, ainda não se curou em tentar, a adap tação, que as nossas circunstâncias per mitem, e as nossas necessidades recla mam".

Não obstante reconliecesse no impôs to de renda invulgar poder de dilatação, sobretudo nas grandes urgências nacio nais, Rui, apoiado em Leroy BeauUeu, considerava-o essencialmente um impôs to complementar — uma taxa de ajusta mento e compensação — que tinha por

fim restabelecer a justiça no sistema fis cal, tirando às classes abastadas e ricas,

grandemente poupadas pelos impostos in diretos, um suplemento de contribuição. "Mas, para que êsse característico se realize sinceramente — acrescenta êle —

para que essa contribuição seja em ver dade, no rigor da intenção que se Uie associa, uma taxa complementar, neces

sário é que abranja todas as rendas, não importa a sua categoria, ainda que

algumas já carreguem com outios grava mos. Todas as fontes de riqueza públi ca, os bens imobiliários, os capitais em numerário e em créditos ativos, os ofí-


IST '

68

Dicesto Econômico

sobre a renda, tributo justíssimo, reparador, indispensável, urgente". Ao recapitular, entretanto, nesse re

latório, o esquema tributário do Projeto de Constituição apresentado pelo Gover no Provisório, assevera Rui Barbosa que se algum reparo se lhe podia fazer era "o de ter excedido, talvez, os limites da

prudência na liberalidade para com os orçamentos dos Estados".

Impunlia-se, sim, ao Poder Legislati vo, procurar novas fontes de receita

rio passa a indicar os tributos que.julga capazes de "compensar as perdas imi nentes da receita geral", dentre os quais, pelo longo estudo que llic dedica, na quele seu extraordinário poder de esgo tar o assunto que abordasse, dá especial destaque ao imposto de renda. "Em que pese à opinião paradoxal

a-çada da União. Mas para que pudesse ser encontrada uma solução razoável pa

ó a que alarga a importância aos impos

sário era que a competência tributária dos Estados se mantivesse dentro dos

limites que o projeto lhe traçara

E

Rui advertia: "Se o domínio tributário da União fôr ainda mais desfalcado se novas fontes de renda se

transferirem do governo cen tral para os governos locais,

se prevalecerem certas emen

honra como nação, arvorando em prin cípio absoluto o egoísmo dos Estados, olvidando a impossibibdade do desen volvimento destes fora da aliança indis

solúvel no seio da grande pátria bra sileira, — nesse caso a dificuldade será

mais de uma vez, enveredar por êsse caminho; muitas foram as vozes que

cil e de resultados mais imediatos: os

to é que "não se proporcionam à gra duação das fortunas entre os contribuin tes, antes se derramam principalmente e exercem pressão rnuíto mais grave so bre as classes menos favorecidas, roçan

do apenas ã superfície os maiores cimos da riqueza". Dessa maneira, não po

tar a acentuada tendência que

dia um sistema de orçamento, atento

se verificava nos Estados Uni

dos no sentido de alargar o

aos princípios de justiça e às aspirações

âmbito da taxação direta, diz Rui Barbosa: "Discutam em

rar no impôsto direto o corretivo com

morais da democracia, "deixar de procu

pensador contra as iniquidades da taxa

bora teoristas a preexcelência entre o ini-

pôsto indireto e o direto, a verdade prá

ção indireta não retificada por esse con-

tica, a verdade inelutável é que, na si tuação hodierna das sociedades políticas essas ^ duas formas de contribuição do indivíduo para a existência do Estado

trapêso".

E após comentar as lacunas do siste ma orçamentário americano em confron

to com o inglês. Rui Barbosa conclui, fa zendo suas as palavras de Gustav Gohn,

tão grave, que não vejo como o legisla dor poderia solvê-Ia imediatamente". Partindo, pois, do pressuposto de que

tos".

várias formas sob que se pode concre

o Congresso Constituinte manteria o pla no fiscal do projeto em discussão, o Mi

Dos vícios inerentes aos impostos indi retos não havia que duvidar, prossegue

tizar a idéia das contribuições diretas,

nistro da Fazenda do Governo Provisó

Rui; em primeiro lugar, o Tesouro do

consrituem elemtentos inseparáveis de equilíbrio na organização dos orçamen

o grande economista alemão: "Ora, das a menos imperfeita, a mais eficaz, a mais

justa é a do impôsto sobre a renda, o único instrumento financeiro "capaz de

1

Brasil, porém, até hoje, a atenção dos governos se tem concentrado quase só na aplicação do impôsto indireto, sob

classes pobres, convertendo-se mesmo,

dos impostos indiretos, como instrumen to financeiro, argumenta ainda Rui, o cer

extremas do radicalismo suíço, que teve de se confessar impotente na sua condenação aos impostos indiretos. E depois de apon

e fora do Parlamento. E Rui, recapitulando cs passos dados naquele sentido, resume, em breves linhas, todo o pro grama tributário da Monarquia: "No

a sua manifestação mais trivial, mais fá

Embora indiscutível a produtividade

Mas essa associação entre democracia e impôsto direto não podia ser levada aos

sôbre o assunto se fizeram ouvir, dentro

dosados, até o consumo do necessário nas

que crescem na razão indireta da renda".

mais amplo desenvolvimento moral."

nossa solidariedade e da nossa

A política fiscal do Império tentara,

a mercadoria ao consumidor, tem êste de

não raro, em taxas regressivas, taxas

tos civilizadores, isto é, como exigências do princípio de justiça nas sociedades de

mas de nossa existência, da

classes ricas e abastadas".

bre os menos capazes de pagá-los, cer ceando quando não convenientemente

tos diretos, precisamente como elemen

cerem as necessidades supre

tre um e outro inteqjõc-se uma série de intermediários, de modo que, ao chegar

mais, muitas vezes, esses impostos, "so

mais imbuída nos ideais democráticos

das funestas, que parece esque

que deve recair sôbre os ombros das

culação; depois, o princípjo de igualda de é freqüentemente ferido, pesando

mais adiantados em civilização, e o im

posto direto o dos povos mais atrasados, a idéia que tende a se generalizar sob a civilização contemporânea, cada vez

medir a proporção de encargos públicos,

que saí da algibeira do contribuinte; en

arrostar, no preço que por cia paga, as

cia êle seu trabalho, "quando afirmou que o impôsto indireto é o dos povos

69

Estado não é inteiramente embolsado do

sobretaxas sucessivas de que aqueles se vão forrando, acrescidas das parcelas reclamadas sob êsse pretexto pela espe

de Thíers", são as palavras com que ini

mas para compensar a diminuição que o orçamento geral iria fatalmente sofrer, com a ausência dos impos.tos que, se gundo a Constituição Republicana, ainda em discussão, deixassem de ficar sob a ra tão sério problema financeiro,' neces

Digesto Econômico

direitos de alfândega. E do impôsto sô bre a renda, por mais que se lhe haja proclamado a conveniência e a moralida

de, ainda não se curou em tentar, a adap tação, que as nossas circunstâncias per mitem, e as nossas necessidades recla mam".

Não obstante reconliecesse no impôs to de renda invulgar poder de dilatação, sobretudo nas grandes urgências nacio nais, Rui, apoiado em Leroy BeauUeu, considerava-o essencialmente um impôs to complementar — uma taxa de ajusta mento e compensação — que tinha por

fim restabelecer a justiça no sistema fis cal, tirando às classes abastadas e ricas,

grandemente poupadas pelos impostos in diretos, um suplemento de contribuição. "Mas, para que êsse característico se realize sinceramente — acrescenta êle —

para que essa contribuição seja em ver dade, no rigor da intenção que se Uie associa, uma taxa complementar, neces

sário é que abranja todas as rendas, não importa a sua categoria, ainda que

algumas já carreguem com outios grava mos. Todas as fontes de riqueza públi ca, os bens imobiliários, os capitais em numerário e em créditos ativos, os ofí-


-T^

Digesto Econónhco

Salário e produtividade do trabalho

cios, as profissões, as funções, os em

Perguntas que ainda hoje se fazem,

pregos, todos êsses elementos, a capaci

.sobre a Icgitímidade da tributação des te ou daquele rendimento, encontravnm já em seu relatório re.sposta categórica:* "A concepção do impó-sto sobre a renda não se compadece com a isenção de clas ses. Tôdas cla.s; salvo nos graus mí

MBORA o conceito de salário

nimos apenas correspondentes aos mais

o conceito etimológico de salá

junto de bens instrumentais, quer dizer, tudo aquilo que pode ser\'ir à produção

rio e o econômico. Etimològi-

dos bens de consumo, mas que ao ser

camente, poderemos defini-lo

utilizado consome-se apenas lentamente.

dade contributiva industrial na sua to

talidade, no seu complexo, deve concor rer, em escala eqüitativamente proporcio

nada à sua importância comparativa, para a coleta geral. Êsse caráter de ge neralidade liga-se ao caráter de repara ção, constituindo a fisionomia típica do imposto."

E das várias formas de imposto de renda ensaiadas e adotadas em diferen

tes países, é pelo tipo inglês, "mais prá tico, mais imitável, mais eficaz, mais eqüitütivo" e do qual faz minucioso Iiis-

fcjL tórico, expondo o seu mecanismo, indi^ cando as suas vantagens e os seus in

convenientes, que Rui demonstra maior inclinação.

Nao há particularidade do tributo que êle deixe de focalizar, quer sob o ponto de vista teórico, quer sob o ponto de

vista prático, fortalecendo suas afirma tivas com a experiência de outros povos, com as lições de economistas ou fi

Dorival Teixeira Vieira

pareça demasiadamente sim

ples, convém lembrar a impor tante diferença existente entre

estreitos meios dc subsistência, devem

abranger-se no domínio dessa contribui-

como a remuneração previa

giada os problemas básicos do impósto

mente estabelecida, paga em dinheiro ou utilidades, a um indivíduo que se

como é o da sua incidência, o da dife

obriga a executar certos ser>'Íços duran

E assim passam sob sua pena privile

vel, do mesmo modo costuma-se dislin-

] j

|

te determinado horário, sob orientação,

fiscalização e dependência de um em

tulo em capítulo, com tôda pnidência

pregador. Entretanto, no sentido econô

guir, no sahírio, modalidades diversas ^ que recebem nomes diferentes. h

certo de que em matéria tão melindrosa

mico, essa definição etimológica, mujto ■ampla sob certos aspectos e muito res

cução e dos não qualificados, que exi

só por tentativas sc chegaria a bom têrmo, vai estabelecendo as normas, fixan

do os limites do que sc poderia chamar de sistema brasileiro de imposto de renda. Suas palavras não caíram em terre

gem mais a fòrça física que o esforço

ferimos, então, defini-lo como sendo a parcela de rendimento que cabe ao

mental, damos o nome de salário prò-

trabalho.

Do resultado do emprôgo dos fatôres de produção temos, em conseqüência, ou

gos públicos, na organização das finan

ou um alargamento dos serviços necessá

vezes sem brilho, com os conceitos não raro mode.stos de outros que antes dêle

ças do País.

rios à vida e ao desenvolvimento

se ocujíaram de tão delicado assunto em nosso país, e cujos nomes, não fôsse o

em novas formas, deve principalmente

E o ímpôsto de renda, plasmado hoje sua força moral aos princípios que Rui Barbosa consagrou com o vigor e o bri lho de seu estilo sem par.

À remuneração dos trabalhos de exe

trita sob outros, não nos convém, e pre

idéias, igualmente, com as palavras às

danados, talvez, a completa obscuridade.

Como se costuma fazer distinção en

tre trabalho qualificado e não qualifi cado, trabalho permanenta e cotidiano, trabalho facultativo, acidenta! e variá-

tributável, o das isenções. E de capí

figura fiscal. E numa admirável isen ção de ânimo procura ilustrar suas

relevo que Rui lhes dá, estariam con-

seu sentido amplo, abrangendo o con

renciação de rendimentos, o do mínimo

no sáfaro, embora longos anos levassem a frutíficar. Outros seguiram, com o mesmo emjbenho, até a \ntória final, seu anseio de meUior distribuição dos encar

nancistas já identificados com aquela

Êsses dois fatôres são o trabalho e o

capital, se considerarmos êste último no

um aumento dos bens disponíveis para

a satisfação das necessidades humanas,

priamchte dito, enquanto que à do trabalho qualificado, de conteúdo mais mental que físico, chamamos vencimen to.

Essas diferenças de terminologia,

mais usadas na prática do que aceitas pela teoria, não são consideradas pela

Economia Política que, de um modo genérico, denomina salário a qual quer parcela de ^rédito da pro

económico-social de qualquer co

letividade. Mas, é preciso lem brar que o resultado do emprego dos fatôres precisa ser distribuí do proporcionalmente entre os

vários agentes. Cada uma das parcelas a ser distribuída recebe um nome espe

cial.

Realmente, se estudarmos a pro

dução verificaremos que dois grandes fatôres concorrem para que tenhamos à nossa disposição o conjunto de bens necessário.s não só à nossa sobrevivência,

mas ainda capazes de garantir um certo

conforto e ^uma vida digna.

dução que caiba ao trabalho, qualquer que êle seja. Antes de abordarmos o tema

principal, que é a relação entre 'a rèmuneração do trabalho e a sua pro

dutividade, precisamos indagar quais os elementos necessários para o estabeleci mento de um critério razoável para sua fixação.

De um modo geral, indagando-se da teoria econômica, vemos que o trabalho

também está sujeito às leis de oferta e procura; como, porém, é de natureza


-T^

Digesto Econónhco

Salário e produtividade do trabalho

cios, as profissões, as funções, os em

Perguntas que ainda hoje se fazem,

pregos, todos êsses elementos, a capaci

.sobre a Icgitímidade da tributação des te ou daquele rendimento, encontravnm já em seu relatório re.sposta categórica:* "A concepção do impó-sto sobre a renda não se compadece com a isenção de clas ses. Tôdas cla.s; salvo nos graus mí

MBORA o conceito de salário

nimos apenas correspondentes aos mais

o conceito etimológico de salá

junto de bens instrumentais, quer dizer, tudo aquilo que pode ser\'ir à produção

rio e o econômico. Etimològi-

dos bens de consumo, mas que ao ser

camente, poderemos defini-lo

utilizado consome-se apenas lentamente.

dade contributiva industrial na sua to

talidade, no seu complexo, deve concor rer, em escala eqüitativamente proporcio

nada à sua importância comparativa, para a coleta geral. Êsse caráter de ge neralidade liga-se ao caráter de repara ção, constituindo a fisionomia típica do imposto."

E das várias formas de imposto de renda ensaiadas e adotadas em diferen

tes países, é pelo tipo inglês, "mais prá tico, mais imitável, mais eficaz, mais eqüitütivo" e do qual faz minucioso Iiis-

fcjL tórico, expondo o seu mecanismo, indi^ cando as suas vantagens e os seus in

convenientes, que Rui demonstra maior inclinação.

Nao há particularidade do tributo que êle deixe de focalizar, quer sob o ponto de vista teórico, quer sob o ponto de

vista prático, fortalecendo suas afirma tivas com a experiência de outros povos, com as lições de economistas ou fi

Dorival Teixeira Vieira

pareça demasiadamente sim

ples, convém lembrar a impor tante diferença existente entre

estreitos meios dc subsistência, devem

abranger-se no domínio dessa contribui-

como a remuneração previa

giada os problemas básicos do impósto

mente estabelecida, paga em dinheiro ou utilidades, a um indivíduo que se

como é o da sua incidência, o da dife

obriga a executar certos ser>'Íços duran

E assim passam sob sua pena privile

vel, do mesmo modo costuma-se dislin-

] j

|

te determinado horário, sob orientação,

fiscalização e dependência de um em

tulo em capítulo, com tôda pnidência

pregador. Entretanto, no sentido econô

guir, no sahírio, modalidades diversas ^ que recebem nomes diferentes. h

certo de que em matéria tão melindrosa

mico, essa definição etimológica, mujto ■ampla sob certos aspectos e muito res

cução e dos não qualificados, que exi

só por tentativas sc chegaria a bom têrmo, vai estabelecendo as normas, fixan

do os limites do que sc poderia chamar de sistema brasileiro de imposto de renda. Suas palavras não caíram em terre

gem mais a fòrça física que o esforço

ferimos, então, defini-lo como sendo a parcela de rendimento que cabe ao

mental, damos o nome de salário prò-

trabalho.

Do resultado do emprôgo dos fatôres de produção temos, em conseqüência, ou

gos públicos, na organização das finan

ou um alargamento dos serviços necessá

vezes sem brilho, com os conceitos não raro mode.stos de outros que antes dêle

ças do País.

rios à vida e ao desenvolvimento

se ocujíaram de tão delicado assunto em nosso país, e cujos nomes, não fôsse o

em novas formas, deve principalmente

E o ímpôsto de renda, plasmado hoje sua força moral aos princípios que Rui Barbosa consagrou com o vigor e o bri lho de seu estilo sem par.

À remuneração dos trabalhos de exe

trita sob outros, não nos convém, e pre

idéias, igualmente, com as palavras às

danados, talvez, a completa obscuridade.

Como se costuma fazer distinção en

tre trabalho qualificado e não qualifi cado, trabalho permanenta e cotidiano, trabalho facultativo, acidenta! e variá-

tributável, o das isenções. E de capí

figura fiscal. E numa admirável isen ção de ânimo procura ilustrar suas

relevo que Rui lhes dá, estariam con-

seu sentido amplo, abrangendo o con

renciação de rendimentos, o do mínimo

no sáfaro, embora longos anos levassem a frutíficar. Outros seguiram, com o mesmo emjbenho, até a \ntória final, seu anseio de meUior distribuição dos encar

nancistas já identificados com aquela

Êsses dois fatôres são o trabalho e o

capital, se considerarmos êste último no

um aumento dos bens disponíveis para

a satisfação das necessidades humanas,

priamchte dito, enquanto que à do trabalho qualificado, de conteúdo mais mental que físico, chamamos vencimen to.

Essas diferenças de terminologia,

mais usadas na prática do que aceitas pela teoria, não são consideradas pela

Economia Política que, de um modo genérico, denomina salário a qual quer parcela de ^rédito da pro

económico-social de qualquer co

letividade. Mas, é preciso lem brar que o resultado do emprego dos fatôres precisa ser distribuí do proporcionalmente entre os

vários agentes. Cada uma das parcelas a ser distribuída recebe um nome espe

cial.

Realmente, se estudarmos a pro

dução verificaremos que dois grandes fatôres concorrem para que tenhamos à nossa disposição o conjunto de bens necessário.s não só à nossa sobrevivência,

mas ainda capazes de garantir um certo

conforto e ^uma vida digna.

dução que caiba ao trabalho, qualquer que êle seja. Antes de abordarmos o tema

principal, que é a relação entre 'a rèmuneração do trabalho e a sua pro

dutividade, precisamos indagar quais os elementos necessários para o estabeleci mento de um critério razoável para sua fixação.

De um modo geral, indagando-se da teoria econômica, vemos que o trabalho

também está sujeito às leis de oferta e procura; como, porém, é de natureza


72

DiGESTO Econômico Dicesto Econômico

diferente dos bens materiais, necessário se toma fazer uma série de correções

para que se possa determinar o preço

cutro extremo da distribuição também

deste serviço. A oferta de trabalho, diz a escola

verificamos que pequeno c o número de indivíduos inaptos para a maioria das atividades exigidas na produção contem

clássica, é dada pelo número

porânea, e que, por isso, ficam condena

de assa

dos a executar tarefas não qualificadas

lariados. Quando se quer indagar das possibilidades de trabalho, quer num de terminado setor de atividade, quer con

apresentando diferenças de grau e limi

siderando-se todas as atividades no seu

te, se coloca entre esses dois extremos.

conjunto, precisamos pesquisar o núme

ro de indivíduos que possivelmente po derão trabalhar naquele ramo ou con

junto de atividades. Uma vez que êste aglomerado humano é geralmente hete rogêneo, não tendo as características

de homogeneidade que apresenta uma determinada mercadoria, vemos, em con

m balho num mercado qualquer é seqüência, que a oferta de tra

muito diversa_^ da dos produtos. Daí afirmar-se que o mercado de trabalho é sui generis. Em primeiro lugar, há diferen

ças de aptidões, embora constitua antes

objeto de estudo da psico-técníca que da economia; indagações feitas sôbre as curvas de aptidão e de salário vieram

mostrar que nas atividades normais, con siderando-se o trabalho total numa socie

dade, as aptidões se distribuem segundo uma curva campanular.

e extremamente simples.

A maioria,

Mesmo quando se trata de igualdade

de aptidões, isto não significa igualda

aprendizagem .se fez com maior rapidez e simplicidade. Devemos levar cm conta, também, a

estabelecimentos se criam e a propor

observações de Moore autorizam-nos a

sempre são os mais aptos os que se co

falar em leis.

locam em posição-chave no processo de

de que o salário se eleva quando o ca pital se avoluma e a de que, à medida em que a proporção dos estabelecimen

produção.

Como podemos obsei^'ar, a oferta de

ção das empresas aumenta, os salários se elevam para todas as idades. Estas À luz destas duas — a

de de- salários ou de produtividade do trabalho, uma vez que outros fatores

trabalho não c fácil de ser determina

tos aumenta, os salários se elevam para

da, não se assimilando, portanto, á -ofer

capazes de alterar a oferta de trabalho

ta de mercadorias.

todos os grupos de idade — é que ire mos examinar, como exemplo, q pro

podem influir. O interesse pecuniário,

Do mesmo modo que a oferta, a pro cura de trabalho é também sui generis.

por exemplo, pode levar muitas vêzes o

indivíduo a

procurar

um

trabalho

que não esteja de acordo com

Douglas, fazendo estudos sôbre essa pro cura, chegou à constatação de que o

suas aptidões. Do mesmo modo,

melhor índice de medida,

em virtude da sua maior ou me

quer em atividades particu lares, quer em empresas, é a sua produtividade.

nor procura, valoriza-se para mais ou para menos a sua aptidão den

tro de um determinado ramo de atividade.

Devemos considerar também a in

O resultado do trabalho do comerciá-

rio não apresenta a materialidade que possuem as mercadorias. São bens iniateriais, serviços ten

do tanto valor ou ,tah'ez

maior que os produtos, mas que não podem ser medidos pelo mesmo estalão daque les; podemos falar em quan

Poder-se-ia discutir se real trabalho é um bom índice de

fluência do meio social, familiar e do estágio de evolução econômica que mos

sua procura.'Para isto, teríamos de indagar das relações entre a produção e

tram que, mesmo em igualdade de con

o trabalho e a produção e o capital. Cobb, em outras indagações, bastante

dições, os níveis de salário não são obrigatòriamente os mesmos. Quando nos colocamos dentro da economia chama da complexa, em que a divisão do tra

blema da relação existente entre os ven

cimentos e a produtividade no comércio.

mente a produtividade do

profundas, sôbre a produtividade ^ do trabalho e capital, em vários países,

balho aumenta cada vez mais, exige^

se dos vários indivíduos uma aprendiza

chegou a estabelecer uma lei gertil de maior freqüência, na qual verifi cou que, tomando-se a produção como

rio, duas curvas unimodais, sendo que

gem especializada, quer empírica — feita

uma unidade, o trabalho entra em me

tidade de produtos, mas não basta in dagar da quantidade de serviços e sim da sua qualidade. A dificuldade se tor

na maior quando deparamos com a heterogeneidade da atividade comercial. A produção contemporânea caracterizase pela crescente divisão do trabalho e especialização das tarefas, provocando consigo o desdobramento das atiridades comerciais.

Como distribuição organi

dia com 3/4 do produzido e o capital com 1/4 apenas, o que significa a maior

zada de produtos, assume o comercio grande importância no desenvolvimento

mediante certo custo, deve ser levada em

importância do fator trabalho, estando a produção, portanto, na razao direta da

os consumidores quanto para os produto

consideração ao se fixarern os vários ní

sua produtividade.

à custa do próprio indivíduo — quer sis é superior ao da distribuição feminina, temática e racional. Essa aprendiza o valor modal da distribuição masculina

o que significa que as mulheres se con tentam em ganhar menos, ainda que as aptidões sejam as mesmas. Da análise da curva de aptidões pode-se apreciar que poucos são aqueles dotados de qua lidades excepcionais para o. trabalho, ca pazes, portanto, de se ajustar aos tipos

\'a com O' aumento do capital, e, mais ainda, que à medida em que os grandes

questão das oportunidades. Nem sem pre são cs mais aptos os que realmente tcin oportunidade de aprender, nem

ção não separarmos os sexos, teremos uma curva biniodal e, em caso contrá

No caso dos salários, se na distribui

73

de trabalho altamente qualificado. No

gem, que exige certa duração e se faz

veis de salário, uma vez que não é pos

Desde Ricardo se vem apontando a

da economia nacional e é tão útil para res, atendendo a necessidades sociais in discutíveis.

Os serviços que presta se

sível atribuir a me.sma taxa de salário a

discrepância que existe entre o traba

vêm desenvolvendo, assim, em ritmo

atividades que 'exigiram aprendizagem mais longa e penosa e a outras cuja

lho e a sua remuneração, colocando-se, na maioria das vêzes, esta última em nível mais baixo. Estudos feitos por

crescente, e exigem do comerciário um preparo técnico-profíssional especiali zado. Por isso, em todas as atividades

Moore mostraram que o saláriq se elç-

comerciais, é preciso indagar-se tanto da


72

DiGESTO Econômico Dicesto Econômico

diferente dos bens materiais, necessário se toma fazer uma série de correções

para que se possa determinar o preço

cutro extremo da distribuição também

deste serviço. A oferta de trabalho, diz a escola

verificamos que pequeno c o número de indivíduos inaptos para a maioria das atividades exigidas na produção contem

clássica, é dada pelo número

porânea, e que, por isso, ficam condena

de assa

dos a executar tarefas não qualificadas

lariados. Quando se quer indagar das possibilidades de trabalho, quer num de terminado setor de atividade, quer con

apresentando diferenças de grau e limi

siderando-se todas as atividades no seu

te, se coloca entre esses dois extremos.

conjunto, precisamos pesquisar o núme

ro de indivíduos que possivelmente po derão trabalhar naquele ramo ou con

junto de atividades. Uma vez que êste aglomerado humano é geralmente hete rogêneo, não tendo as características

de homogeneidade que apresenta uma determinada mercadoria, vemos, em con

m balho num mercado qualquer é seqüência, que a oferta de tra

muito diversa_^ da dos produtos. Daí afirmar-se que o mercado de trabalho é sui generis. Em primeiro lugar, há diferen

ças de aptidões, embora constitua antes

objeto de estudo da psico-técníca que da economia; indagações feitas sôbre as curvas de aptidão e de salário vieram

mostrar que nas atividades normais, con siderando-se o trabalho total numa socie

dade, as aptidões se distribuem segundo uma curva campanular.

e extremamente simples.

A maioria,

Mesmo quando se trata de igualdade

de aptidões, isto não significa igualda

aprendizagem .se fez com maior rapidez e simplicidade. Devemos levar cm conta, também, a

estabelecimentos se criam e a propor

observações de Moore autorizam-nos a

sempre são os mais aptos os que se co

falar em leis.

locam em posição-chave no processo de

de que o salário se eleva quando o ca pital se avoluma e a de que, à medida em que a proporção dos estabelecimen

produção.

Como podemos obsei^'ar, a oferta de

ção das empresas aumenta, os salários se elevam para todas as idades. Estas À luz destas duas — a

de de- salários ou de produtividade do trabalho, uma vez que outros fatores

trabalho não c fácil de ser determina

tos aumenta, os salários se elevam para

da, não se assimilando, portanto, á -ofer

capazes de alterar a oferta de trabalho

ta de mercadorias.

todos os grupos de idade — é que ire mos examinar, como exemplo, q pro

podem influir. O interesse pecuniário,

Do mesmo modo que a oferta, a pro cura de trabalho é também sui generis.

por exemplo, pode levar muitas vêzes o

indivíduo a

procurar

um

trabalho

que não esteja de acordo com

Douglas, fazendo estudos sôbre essa pro cura, chegou à constatação de que o

suas aptidões. Do mesmo modo,

melhor índice de medida,

em virtude da sua maior ou me

quer em atividades particu lares, quer em empresas, é a sua produtividade.

nor procura, valoriza-se para mais ou para menos a sua aptidão den

tro de um determinado ramo de atividade.

Devemos considerar também a in

O resultado do trabalho do comerciá-

rio não apresenta a materialidade que possuem as mercadorias. São bens iniateriais, serviços ten

do tanto valor ou ,tah'ez

maior que os produtos, mas que não podem ser medidos pelo mesmo estalão daque les; podemos falar em quan

Poder-se-ia discutir se real trabalho é um bom índice de

fluência do meio social, familiar e do estágio de evolução econômica que mos

sua procura.'Para isto, teríamos de indagar das relações entre a produção e

tram que, mesmo em igualdade de con

o trabalho e a produção e o capital. Cobb, em outras indagações, bastante

dições, os níveis de salário não são obrigatòriamente os mesmos. Quando nos colocamos dentro da economia chama da complexa, em que a divisão do tra

blema da relação existente entre os ven

cimentos e a produtividade no comércio.

mente a produtividade do

profundas, sôbre a produtividade ^ do trabalho e capital, em vários países,

balho aumenta cada vez mais, exige^

se dos vários indivíduos uma aprendiza

chegou a estabelecer uma lei gertil de maior freqüência, na qual verifi cou que, tomando-se a produção como

rio, duas curvas unimodais, sendo que

gem especializada, quer empírica — feita

uma unidade, o trabalho entra em me

tidade de produtos, mas não basta in dagar da quantidade de serviços e sim da sua qualidade. A dificuldade se tor

na maior quando deparamos com a heterogeneidade da atividade comercial. A produção contemporânea caracterizase pela crescente divisão do trabalho e especialização das tarefas, provocando consigo o desdobramento das atiridades comerciais.

Como distribuição organi

dia com 3/4 do produzido e o capital com 1/4 apenas, o que significa a maior

zada de produtos, assume o comercio grande importância no desenvolvimento

mediante certo custo, deve ser levada em

importância do fator trabalho, estando a produção, portanto, na razao direta da

os consumidores quanto para os produto

consideração ao se fixarern os vários ní

sua produtividade.

à custa do próprio indivíduo — quer sis é superior ao da distribuição feminina, temática e racional. Essa aprendiza o valor modal da distribuição masculina

o que significa que as mulheres se con tentam em ganhar menos, ainda que as aptidões sejam as mesmas. Da análise da curva de aptidões pode-se apreciar que poucos são aqueles dotados de qua lidades excepcionais para o. trabalho, ca pazes, portanto, de se ajustar aos tipos

\'a com O' aumento do capital, e, mais ainda, que à medida em que os grandes

questão das oportunidades. Nem sem pre são cs mais aptos os que realmente tcin oportunidade de aprender, nem

ção não separarmos os sexos, teremos uma curva biniodal e, em caso contrá

No caso dos salários, se na distribui

73

de trabalho altamente qualificado. No

gem, que exige certa duração e se faz

veis de salário, uma vez que não é pos

Desde Ricardo se vem apontando a

da economia nacional e é tão útil para res, atendendo a necessidades sociais in discutíveis.

Os serviços que presta se

sível atribuir a me.sma taxa de salário a

discrepância que existe entre o traba

vêm desenvolvendo, assim, em ritmo

atividades que 'exigiram aprendizagem mais longa e penosa e a outras cuja

lho e a sua remuneração, colocando-se, na maioria das vêzes, esta última em nível mais baixo. Estudos feitos por

crescente, e exigem do comerciário um preparo técnico-profíssional especiali zado. Por isso, em todas as atividades

Moore mostraram que o saláriq se elç-

comerciais, é preciso indagar-se tanto da


Dicesto Econômico

Dicesto Econômico

74

qualidade quanto da qualidade do ser viço prestado, ou seja, da produtivida de do trabalho do comerciário.

Daí afirmarmos que a oferta de tra

não pode ser medida unicamente por um critério psico-técnico, uma vez que cer tos fatores, como por e-xemplo a vonta de, podem influir, alterando o resulta

balho no comércio é heterogênea, senão

do da pesquisa. Principalmente quando

mais heterogênea que a oferta em qual quer outro ramo de atividade, uma vez que as emprôsas se especializam e ao mesmo tempo sua atividade se diversi

há um afastamento sensível entre o sa

fica.

Do lado da procura, embora se possa admitir que esta, pelo menos teòricamen-

te, deveria ser função da produtivida de, não se deve esquecer quê sua me dida toma-se muito difícil e que só in diretamente poderia ser mensurável.

Afirma-se ser possível medir essa pro dutividade mediante provas psico-técnícas ou certos formulários — as chama das fichas de merecimento —

lário e o custo de vida, crescendo este

mais que aquele, gera-se um desconten

tamento, por parte do trabaliiador, que traz como resultado certa má vontade

em relação à produção. Procurando indagar da produtividade o fixação dos níveis de vencimentos, Moore fez pesquisas sôbre salário e custo de vida e chegou à conclusão de que não se pode falar em uma corre lação estreita entre o mínimo- de subsis

tência e nível de salário. Realmente, indagando do mínimo de subsistência para uma coletividade e dos

que uniformizariam o crité rio de aferição. Realmente,

salários percebidos pela mes

e.sta estandardização auxi liaria, contornaria, em parte,

tor um índice igual a 0,3. Êsse resultado não nos indi

as dificuldades, mas não seria

capaz de resolvê-las. O pro blema da aferição da produ tividade do trabalho, median

te as fichas de merecimento,

hoje representa uma necesridade premente, não só para o comércio brasileiro como também para tôdas as

ma, encontrou o referido au

ca que os salários estejam ligados a um mínimo dc sub

sistência. Podemos dizer que, em geral, ganha-se mais que o necessário para sobre viver. Indagou Moore, tam

bém, do mínimo de saúde e decência e nível de salário, e encontrou uma corre

da lei de participação do trabalhador

lação de 0,7, o que prova que não se pode divorciar o problema do salário da

nos lucros das empresas, em vias de

questão do mínimo de decência e saúde.

atividades econômicas, no país, mercê

ser promulgada. Com efeito, é pensa mento dos legisladores distribuir a par cela de lucros que se destinará direta mente aos assalariados em função do seu merecimento, ou seja, da sua produ tividade. Daí tornar-se obrigatório um critério de uniformização de julgamen

to, a ser aplicado uniformemente, den tro da emprêsa, pelo menos. Convém

notar, no entanto, que a produtividade

Uma terceira observação feita por êle e a de que o aumento do rendimento lí quido corresponde a um aumento das despesas, se anteriormente os recursos tivessem sido insuficientes.

Não existi

ra o problema de salário sempre que, indagando-se das despesas do operariado, SG verificar que além de pagar tôdas as suas contas e garantir um mínimo de saúde e decência, se constate havçr um

e.Tcesso, que representará uma provisão para o futuro ou elevação do seu padrão de vida. Quando, porém, não existir ês se excesso apresentado por uma pou

pança, fãcilniente verificável pelos de pósitos das Caixas Econômicas ou, en tão, quando êstcs começarem a minguar para cobrir as deficiências dos salários percebidos, poderemos ter a certeza de

dor, procurando novo patrão -ou nova atividade, seja porque negue-se o pa trão a receber o empregado pelo salário

c condições por êste exigidas. Em qual quer dos dois casos, o mais forte é quem impõe o preço de mercado. Transportando esse mecanismo para o caso do comércio, o problema se resol

ve em saber quem é mais forte — aque

sérias reivindicações de aumento de sa^ le que procura o trabalho ou quem o lário.

As repercussões dêssc estado de coisas na produtividade são violentas, in.sidiosas e, por isso mesmo, cada vez mais graves. O comerciário, em geral, perten ce à classe média, e esta é, hoje em dia, uma classe descontente. E , pois, perfei

tamente explicável a negligência e dilui ção do senso de responsabilidade que

hoje se verifica; e.xplicáveis também se tomam os constantes movimentos de rei vindicação de salários.

Devido á organização sindical, a situa ção do mercado de trabalho, hoje, 6 de bilateralisnío típico, quer dizer, empre

gadores se apresentam em bloco e os comerciarios que reclamam os aumentos formam, também, um só todo. Quando o bílateralismo existe, há um regateio en tre as duas partes em presença na per-

muta, até estabelecerem um acordo no

qual se fixam o jíieço, a quantidade e as condições da operação; se êste acòr-

do fôr julgado inaceitável por uma das duas partes e não se chegar a um .ou

tro que satisfaça a ambas, havera rup tura das negociações e a operação não se realizará. Isso eqüivale a dizer que, no caso dos salários, quando há bilateralísmO, ou o patrão e empregado rega teiam até combinarem o salário, duração e condições do traballio, favoráveis a am bos, ou então, o empregado abandona

o emprego, seja por não concordar com as condições oferecidas pelo emprega-

oferece. A resposta é muito simples: se

o orçamento do comerciário fôr insufi ciente 0 se a sua mobilidade de traba

lho fôr pequena, êste será o mais fraco. Nesta situação, a possibilidade de uma

niptxua por parte do comerciário será muito fraca.

Haverá uma acomodação

que, pelo menos do ponto de vista eco nômico, não será muito favorável ao em

pregado.

Há, porém, fatôres de correção a con siderar, tais como a opinião pública, que

pode forçar o problema, aumentando a força do mais fraco, ou a compreensão

do empregador, evitando situações de desagrado, que repercutirão na produti vidade do traballio.

Os aumentos se sucedem, mas o des

contentamento perdura. A que atribuir semelhante situação? Na busca de uma

resposta precisamos não esquecer que

há fatôres, vindos do passado, geradores desta situação, que precisam ser remo vidos; isto, porém, não se consegue de um dia para outro. E' natural que o co merciante, pretendendo pagar mais, exi

ja mais; essa produtividade, porém, não se elevará tão depressa, e sim sòmente

quando se sentir que a nova situação tor nou-se mais duradoura e justa. Dai não acreditarmos que apenas um aumento

de ordenados, conseguido hoje ou ama nhã, feito "deste ou daquele modo, resol va o problema. Aliás, é êsse o pensa mento do comércio e da indústria pau-


Dicesto Econômico

Dicesto Econômico

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qualidade quanto da qualidade do ser viço prestado, ou seja, da produtivida de do trabalho do comerciário.

Daí afirmarmos que a oferta de tra

não pode ser medida unicamente por um critério psico-técnico, uma vez que cer tos fatores, como por e-xemplo a vonta de, podem influir, alterando o resulta

balho no comércio é heterogênea, senão

do da pesquisa. Principalmente quando

mais heterogênea que a oferta em qual quer outro ramo de atividade, uma vez que as emprôsas se especializam e ao mesmo tempo sua atividade se diversi

há um afastamento sensível entre o sa

fica.

Do lado da procura, embora se possa admitir que esta, pelo menos teòricamen-

te, deveria ser função da produtivida de, não se deve esquecer quê sua me dida toma-se muito difícil e que só in diretamente poderia ser mensurável.

Afirma-se ser possível medir essa pro dutividade mediante provas psico-técnícas ou certos formulários — as chama das fichas de merecimento —

lário e o custo de vida, crescendo este

mais que aquele, gera-se um desconten

tamento, por parte do trabaliiador, que traz como resultado certa má vontade

em relação à produção. Procurando indagar da produtividade o fixação dos níveis de vencimentos, Moore fez pesquisas sôbre salário e custo de vida e chegou à conclusão de que não se pode falar em uma corre lação estreita entre o mínimo- de subsis

tência e nível de salário. Realmente, indagando do mínimo de subsistência para uma coletividade e dos

que uniformizariam o crité rio de aferição. Realmente,

salários percebidos pela mes

e.sta estandardização auxi liaria, contornaria, em parte,

tor um índice igual a 0,3. Êsse resultado não nos indi

as dificuldades, mas não seria

capaz de resolvê-las. O pro blema da aferição da produ tividade do trabalho, median

te as fichas de merecimento,

hoje representa uma necesridade premente, não só para o comércio brasileiro como também para tôdas as

ma, encontrou o referido au

ca que os salários estejam ligados a um mínimo dc sub

sistência. Podemos dizer que, em geral, ganha-se mais que o necessário para sobre viver. Indagou Moore, tam

bém, do mínimo de saúde e decência e nível de salário, e encontrou uma corre

da lei de participação do trabalhador

lação de 0,7, o que prova que não se pode divorciar o problema do salário da

nos lucros das empresas, em vias de

questão do mínimo de decência e saúde.

atividades econômicas, no país, mercê

ser promulgada. Com efeito, é pensa mento dos legisladores distribuir a par cela de lucros que se destinará direta mente aos assalariados em função do seu merecimento, ou seja, da sua produ tividade. Daí tornar-se obrigatório um critério de uniformização de julgamen

to, a ser aplicado uniformemente, den tro da emprêsa, pelo menos. Convém

notar, no entanto, que a produtividade

Uma terceira observação feita por êle e a de que o aumento do rendimento lí quido corresponde a um aumento das despesas, se anteriormente os recursos tivessem sido insuficientes.

Não existi

ra o problema de salário sempre que, indagando-se das despesas do operariado, SG verificar que além de pagar tôdas as suas contas e garantir um mínimo de saúde e decência, se constate havçr um

e.Tcesso, que representará uma provisão para o futuro ou elevação do seu padrão de vida. Quando, porém, não existir ês se excesso apresentado por uma pou

pança, fãcilniente verificável pelos de pósitos das Caixas Econômicas ou, en tão, quando êstcs começarem a minguar para cobrir as deficiências dos salários percebidos, poderemos ter a certeza de

dor, procurando novo patrão -ou nova atividade, seja porque negue-se o pa trão a receber o empregado pelo salário

c condições por êste exigidas. Em qual quer dos dois casos, o mais forte é quem impõe o preço de mercado. Transportando esse mecanismo para o caso do comércio, o problema se resol

ve em saber quem é mais forte — aque

sérias reivindicações de aumento de sa^ le que procura o trabalho ou quem o lário.

As repercussões dêssc estado de coisas na produtividade são violentas, in.sidiosas e, por isso mesmo, cada vez mais graves. O comerciário, em geral, perten ce à classe média, e esta é, hoje em dia, uma classe descontente. E , pois, perfei

tamente explicável a negligência e dilui ção do senso de responsabilidade que

hoje se verifica; e.xplicáveis também se tomam os constantes movimentos de rei vindicação de salários.

Devido á organização sindical, a situa ção do mercado de trabalho, hoje, 6 de bilateralisnío típico, quer dizer, empre

gadores se apresentam em bloco e os comerciarios que reclamam os aumentos formam, também, um só todo. Quando o bílateralismo existe, há um regateio en tre as duas partes em presença na per-

muta, até estabelecerem um acordo no

qual se fixam o jíieço, a quantidade e as condições da operação; se êste acòr-

do fôr julgado inaceitável por uma das duas partes e não se chegar a um .ou

tro que satisfaça a ambas, havera rup tura das negociações e a operação não se realizará. Isso eqüivale a dizer que, no caso dos salários, quando há bilateralísmO, ou o patrão e empregado rega teiam até combinarem o salário, duração e condições do traballio, favoráveis a am bos, ou então, o empregado abandona

o emprego, seja por não concordar com as condições oferecidas pelo emprega-

oferece. A resposta é muito simples: se

o orçamento do comerciário fôr insufi ciente 0 se a sua mobilidade de traba

lho fôr pequena, êste será o mais fraco. Nesta situação, a possibilidade de uma

niptxua por parte do comerciário será muito fraca.

Haverá uma acomodação

que, pelo menos do ponto de vista eco nômico, não será muito favorável ao em

pregado.

Há, porém, fatôres de correção a con siderar, tais como a opinião pública, que

pode forçar o problema, aumentando a força do mais fraco, ou a compreensão

do empregador, evitando situações de desagrado, que repercutirão na produti vidade do traballio.

Os aumentos se sucedem, mas o des

contentamento perdura. A que atribuir semelhante situação? Na busca de uma

resposta precisamos não esquecer que

há fatôres, vindos do passado, geradores desta situação, que precisam ser remo vidos; isto, porém, não se consegue de um dia para outro. E' natural que o co merciante, pretendendo pagar mais, exi

ja mais; essa produtividade, porém, não se elevará tão depressa, e sim sòmente

quando se sentir que a nova situação tor nou-se mais duradoura e justa. Dai não acreditarmos que apenas um aumento

de ordenados, conseguido hoje ou ama nhã, feito "deste ou daquele modo, resol va o problema. Aliás, é êsse o pensa mento do comércio e da indústria pau-


76

Dici"-sto Econômico

listas, que sç traduz pelas realizações do

tência médico-sanitária que lhes permi

S.E.S.C. e S.E.N.A.C., S.E;S.I. e S.E.N.

ta a preservação da saúde; até mesmo

A.I. Procuram os empregadores melho rar as condições de vida de seus empre gados e permitir-lhes um aumento de

salário real, graças à prestação de servi

ços que dêem ao assalariado maior pre paro técnico-profissional, melhor edu

cação geral, para si e seus filhos, assis

CÜLOGER/IS E A EIÍOLEÇAO DO EXERCITO

da alimentação, vestuário e recreação se vem cuidando.

Antônio Gontijo de Cauvaeho

Procura-se, dessa ma

neira, reajustar os salários reais e elevar, ao mesmo tempo, o padrão de vida dos que trabalham e a sua produtividade,

A o ter de assomar a esta tribuna, nes-

evitando atritos e ajustando-os melhor à tarefa do engrandecimento do Brasil.

rio tão ilustro, confesso que foi de temor

te recinto austero o perante auditó

a minha primeira impressão. É que percebi a delicadeza da incumbência e o relevo do encargo, ao falar, na Escola do Estado-Maior,do Exército, a oficiais

proficientes e destcmerosos, que encar nam a própria força operante da nacio

O "Digesto Econômico" publica a con

ferência que o seu diretor realizou na Escola do Estado-Maior do Exército, em

17 de maio pró.ximo findo, sobre "Caló geras e a evolução do Exército". O conferencista foi saudado pelo General José Daudt Fabrício, atual diretor da Escola.

nalidade.

A eles, quero e devo apresentar as ho

menagens do meu apreço cívico, no qual vai implícita a certeza de que, neles, na sua bravura, na sua disciplina e no seu

patriotismo, repousa a segurança do Brasil; por ôles, a nossa Pátria logrará realizar, dentro de suas fronteiras como

na política externa, a obra ingente de civilização e progresso, que é o nosso

supremo ideal, o programa indefectível de nossos esforços.

Foi por êsse ideal e para esse pro

grama que João Pandiá Calógeras tra balhou sistemática e persistentemente,

durante todo o decurso de sua vida pu

hreven^nte ao mercado um

dfj'

blica - longa, afanosa e brilhante. Ho mem de Estado, teve a ambição de fazer com que o Exército Brasileiro fõsse (co

i ■

mo para sua terra almejava o General

empórios e armazém, à vista

Munilla) "foco de luz e crisol de ener

caZcidade de. 68 qaUos7 e wZara SZZuilo Z r ,"''"em vouco mais de dois mi A 71 . a". j. " nutos. Possui ires janelas di^ost^ de1 ^uuo formaaea cafe J poder^observar o café Ztl a

gias positivas, centro e origem da força

clfé%O fZad^' ^nfra-vernwlhos torrando o produto mn um tambor giratório e o novo ton-ador será fabricado, para expoitação, pela Perkins Machine ò- Gear

quem quer que seja, mas para que a

dependente, para vender o produto torrado na hora, conforme o gosto e a quan

robusteça ao abrigo de estranhas e ve xatórias dominações, provenham elas da ambição de outros povos mais fortes ou resultem da imprevidência, da fraqueza

moral e mateçi^l que devemos acalentar o desenvolver - não para subjugar a

Co., de Springfield, Massachusetts, e pela Pantex Manufacturing Corp., de Pawtw cket, para distribuição no mercado norte-americano. A companhia de Boston arren dará, também, o equipamento para os armazéns interessados. Ao que se espera será organizada brevemente uma cadeia de "lofas" de café, com financiamento in-

nossa independência se preserve e se

tidade desejada pelo freguês. Resta saber qual será a reação do ^público consumidor.

ou dos erros de nós mesmos".

■Má

Tendo, pois, de entreter-me sobre o grande Calógeras, a este, à sua doutrina e ao seu e.xemplo, é que pedirei para as

minhas palavras a autoridade de que e'as carecem.

Não constitui desrespeito à verdade a asserção de que D. Pedro II, contrastan

do com o genro, o Conde D'Eu, "o francês", não amava o Exército, como o

exigiam as suas funções de imperante. Cumpriu o seu dever ha guerra do Pa raguai. Encaneceu com o prolonga

mento da luta. O seu patriotismo extefiorizava-se, porém, no desvelo à insti'ução e no lápis fatídico à ascensão de políticos de reputação enodoada. As pastas militares eram confiadas a estreantes ou de saber restrito, tirante

raras exceções, apontadas pelos historia

dores, como Ângelo Ferraz e Junqueira. Afonso Celso de Assis Figueiredo, que foi excelente titular da Marinha, quando ocupou a pasta mal iniciava a sua car reira política, trancada em pleno fastí-

gio. Compensou a falha da sua ine.xperiência administrativa, na época, com o

vigor da inteligência e a férrea vontade. Os assuntos militares sempre parece ram inacessíveis aos civis. Rui Barbosa,


76

Dici"-sto Econômico

listas, que sç traduz pelas realizações do

tência médico-sanitária que lhes permi

S.E.S.C. e S.E.N.A.C., S.E;S.I. e S.E.N.

ta a preservação da saúde; até mesmo

A.I. Procuram os empregadores melho rar as condições de vida de seus empre gados e permitir-lhes um aumento de

salário real, graças à prestação de servi

ços que dêem ao assalariado maior pre paro técnico-profissional, melhor edu

cação geral, para si e seus filhos, assis

CÜLOGER/IS E A EIÍOLEÇAO DO EXERCITO

da alimentação, vestuário e recreação se vem cuidando.

Antônio Gontijo de Cauvaeho

Procura-se, dessa ma

neira, reajustar os salários reais e elevar, ao mesmo tempo, o padrão de vida dos que trabalham e a sua produtividade,

A o ter de assomar a esta tribuna, nes-

evitando atritos e ajustando-os melhor à tarefa do engrandecimento do Brasil.

rio tão ilustro, confesso que foi de temor

te recinto austero o perante auditó

a minha primeira impressão. É que percebi a delicadeza da incumbência e o relevo do encargo, ao falar, na Escola do Estado-Maior,do Exército, a oficiais

proficientes e destcmerosos, que encar nam a própria força operante da nacio

O "Digesto Econômico" publica a con

ferência que o seu diretor realizou na Escola do Estado-Maior do Exército, em

17 de maio pró.ximo findo, sobre "Caló geras e a evolução do Exército". O conferencista foi saudado pelo General José Daudt Fabrício, atual diretor da Escola.

nalidade.

A eles, quero e devo apresentar as ho

menagens do meu apreço cívico, no qual vai implícita a certeza de que, neles, na sua bravura, na sua disciplina e no seu

patriotismo, repousa a segurança do Brasil; por ôles, a nossa Pátria logrará realizar, dentro de suas fronteiras como

na política externa, a obra ingente de civilização e progresso, que é o nosso

supremo ideal, o programa indefectível de nossos esforços.

Foi por êsse ideal e para esse pro

grama que João Pandiá Calógeras tra balhou sistemática e persistentemente,

durante todo o decurso de sua vida pu

hreven^nte ao mercado um

dfj'

blica - longa, afanosa e brilhante. Ho mem de Estado, teve a ambição de fazer com que o Exército Brasileiro fõsse (co

i ■

mo para sua terra almejava o General

empórios e armazém, à vista

Munilla) "foco de luz e crisol de ener

caZcidade de. 68 qaUos7 e wZara SZZuilo Z r ,"''"em vouco mais de dois mi A 71 . a". j. " nutos. Possui ires janelas di^ost^ de1 ^uuo formaaea cafe J poder^observar o café Ztl a

gias positivas, centro e origem da força

clfé%O fZad^' ^nfra-vernwlhos torrando o produto mn um tambor giratório e o novo ton-ador será fabricado, para expoitação, pela Perkins Machine ò- Gear

quem quer que seja, mas para que a

dependente, para vender o produto torrado na hora, conforme o gosto e a quan

robusteça ao abrigo de estranhas e ve xatórias dominações, provenham elas da ambição de outros povos mais fortes ou resultem da imprevidência, da fraqueza

moral e mateçi^l que devemos acalentar o desenvolver - não para subjugar a

Co., de Springfield, Massachusetts, e pela Pantex Manufacturing Corp., de Pawtw cket, para distribuição no mercado norte-americano. A companhia de Boston arren dará, também, o equipamento para os armazéns interessados. Ao que se espera será organizada brevemente uma cadeia de "lofas" de café, com financiamento in-

nossa independência se preserve e se

tidade desejada pelo freguês. Resta saber qual será a reação do ^público consumidor.

ou dos erros de nós mesmos".

■Má

Tendo, pois, de entreter-me sobre o grande Calógeras, a este, à sua doutrina e ao seu e.xemplo, é que pedirei para as

minhas palavras a autoridade de que e'as carecem.

Não constitui desrespeito à verdade a asserção de que D. Pedro II, contrastan

do com o genro, o Conde D'Eu, "o francês", não amava o Exército, como o

exigiam as suas funções de imperante. Cumpriu o seu dever ha guerra do Pa raguai. Encaneceu com o prolonga

mento da luta. O seu patriotismo extefiorizava-se, porém, no desvelo à insti'ução e no lápis fatídico à ascensão de políticos de reputação enodoada. As pastas militares eram confiadas a estreantes ou de saber restrito, tirante

raras exceções, apontadas pelos historia

dores, como Ângelo Ferraz e Junqueira. Afonso Celso de Assis Figueiredo, que foi excelente titular da Marinha, quando ocupou a pasta mal iniciava a sua car reira política, trancada em pleno fastí-

gio. Compensou a falha da sua ine.xperiência administrativa, na época, com o

vigor da inteligência e a férrea vontade. Os assuntos militares sempre parece ram inacessíveis aos civis. Rui Barbosa,


78

Dicesto Econômico

aiireolado da fama de gênio, entendeu que precisava justificar-se, no prefácio

crição cuja sede era Ouro Prôto, cidade

às "Cartas de Inglaterra", ao se aventu

a que se vinculara pelo cérebro e pelo

rar a escrever "A Liçãe do Extremo

coração, Calógeras, mandatário típico da nação brasileira, deputado federal que não discutia um problema sequer, sob o

Oriente", matéria alheia às de sua ati

vidade pública. Citou, em .abono desses passeios espirituais, os e.xemplos de Mi-

chelet, Retz, Jomini, De Maistre, Saint Beuve e tantos outros que cintilaram em crônicas militares, em tática e em estra

tégia. Poderia até, se quisesse usar a prata da casa e não estivesse arras tado pela paLxão política, mencionar o do seu antagonista, o autoritário Visc-onde de Ouro Preto, quê acabava de lan çar com sucesso "A Marinha de Outro-

ra", obra de política naval.

Eleito por Minas Gerais, pela círcuns-

prisma regional, debatia com o mesmo ardor, com a mesma soma de conheci mentos, o Tratado do Acre, o leilão da Sorocabana c a tranifercncia da Escola de Ouro Preto.

Imagem da nação, fator máximo da

tinha sido objeto de artigos do Capitão

o Brasil, em que são inúmeras o podero sas as forças do di.spcrsão, não há maior

Fragoso. Pois bem, alguns deputados,

êrro do que lançar-se sôbre as fôrças ar madas a pecha de constituirem uma casta dentro da nação: elas constituem a

própria nação. Coerente, pois, estava

o grande brasileiro cni sustentar que sol-

agiam mais como paulistas, mineiros

espírito de disciplina e ordem De tipo marcial, civil de vocaçao militar, auxi liado por um grupo numeroso de oficiais

tismo mas não cuidava das fôrças arma das com a psique militar. Estranha in

tério adotado, na Primeira Repiiblica

compreensão lavrava entre civis e mili

ças, de todas a mais importante e de

plo desta orientação regional ora o cri

Deschamps Cavalcanti e do Major Tasso ao ouvirem falar em jogo,.^intérpelaram-

no supondo que "Kriegspiel" fosse lima variedade do jôgo de damas, xadrez ou a delícia dos nossos avós, o gamão. Ante a indiferença de uns e o aplauso

Parlamento, traçou, com ver os problemas do Exército não era de outros nopara o debate amplo, uma resolver os problemas de uma corpora •excelsitude, diretriz arejada, que despertou enorme

ção.

O Parlamento declamava sôbre patrio

Maior Alemão. No Brasil, o assunto já

sua coesão, notadamente cm país, como

- Os deputados, em sua quase totali dade, com a política dos governadores e o predomínio dos grandes Estados, dada a inexistência de partidos nacionais, gaúchos, do que como brasileiros. Exem

79

Dioesto Econômico

Calógeras, no conceito e.xato de fe cundo escritor, possuía a elegância das virtudes das armas: a retidão, moral e o

entusiasmo entre os novos oficiais do Exército, ansiosos de reformar a menta lidade reinante no seio das fôrças ar madas.

Apraz-me repetir aqui as suas pala vras, ungidas de fé patriótica: "O pro blema militar é dos que me apai.xonam o

tares e funesta teoria tomava corpo entre maior eficiência, estágio quase obrigató políticos de rasteira visada: a de que rio para os Ministérios. Nela ingressa as liberdades públicas só se

do Exército, o.s "jovens turcos" - assim se denominavam os que fizeram cursos na Alemanha, como Souza Reis, Leitão

há de mais alto, abnegado e altruísta da natureza hmnana. A essa escola de sa de Carvalho, Censerico de Vasconcellos,. Bertoldo Klinger, a cuja falange se filiou crifício e, de abnegação que é o Exército,

riam possíveis no Brasil com a rivalidade das fôrças de terra

Pedro Cavalcanti, e que se agrupavam

ços, fraco é verdade, mas sincero, entu

e mar.

Em princípios do século XX, inicia-se a reação. Cabe o comando, na Câmara dos

para a formação da Comissão de Finan

vam os deputados de cultura

especializada e que represen tassem diretamente os Estados

Calógeras, admirado e festeja do pelos seus pares, não era considerado defensor de inte

Deputados, a um engenheiro

resses regionais.

de

clopédico legislador, em ope

raro

valor, familiarizado

com os estudos de metalurgia, mecânica e eietro-siderurgia, adquiridos na famosa Escola fundada por Henry Gorceix: João Pandiá Calógeras. Ao debate dos problemas mi

É a razão

pela qual o dinâmico, o enci rosidade e saber por nenhum superado na Cadeia Velha, não fêz parte da Comissão de^ Fi nanças, cujos pareceres sôbre

em tôrno da revista "A defesa naciona

_ iniciou no Parlamento a prática de obra apostólica, pregando a reorganiza

correntes nos dias em que estamos vi

vendo, embaraçadas, porém, em longa

litares não o levou somente o

cussões em plenário.

seu pendor pela técnica. Sim, a sua filosofia política, invariá vel em tôda a sua gloriosa vida

deputado nacional, sentia uma atração irresistível para as fôr ças armadas," que consubstan ciam não só a própria unidade

militares. Menciono um fato que espe lha o meio em que Calógeras atuava:

física como a unidade moral

unidade e eternidade do Brasil.

da Pátria.

siástico e meditado".

Conceitos que caracterizam o apaixo nado do Exército. Profissão de fé digna

ção do Exército, insmgindo-se contra de estadista que, consoante Herriot, é quem sabe não só realizar como idea rias bélicas passadistas, enfrentando sor lizar. bretudo a ignorância dos legisladores. eram somente hinos os discursos Vou apenas rastrear prélios intelec deNão Calógeras, cuja extensão e calor im tuais do vanguardeiro dos não amenislas, pediam o emprêgo do cinzel. Proferia do obcecado da coisa pública: idéias

fase da vida nacional, pela incompreen

pública, que poderá ser sinteti zada num simples binômio:

procuro trazer meú contingente de esfor

métodos administrativos antiquados e teo

orçamentos só tiveram a sua preciosa colaboração nas dis Sendo o

espírito. Vejo ligado a èle tudo quanto

verdadeiros libelos num estilo enxuto.

Surpreendia os ourintes porque não só fustigava os erros de administração, co

são dos políücos, alheios aos assuntos

mo as falhas da emperrada máquina

Certa vez, propôs a introdução no E.xer-

vam-no as variadas e oportunas citações de Clauswitz, Moltke, von Der Goltz,

cíto do "Kriegspiel", um jogo interessan

militar.

A par da literatura de guerra, prova-

obras eram do seu constante ma te, preparador das decisões táticas no cujas nuseio; para os artigos de terreno, usado na guerra russo-japonêsa, abertura disputado das pubMcâções inilitares, comp matéria até de circulares do Estado-


78

Dicesto Econômico

aiireolado da fama de gênio, entendeu que precisava justificar-se, no prefácio

crição cuja sede era Ouro Prôto, cidade

às "Cartas de Inglaterra", ao se aventu

a que se vinculara pelo cérebro e pelo

rar a escrever "A Liçãe do Extremo

coração, Calógeras, mandatário típico da nação brasileira, deputado federal que não discutia um problema sequer, sob o

Oriente", matéria alheia às de sua ati

vidade pública. Citou, em .abono desses passeios espirituais, os e.xemplos de Mi-

chelet, Retz, Jomini, De Maistre, Saint Beuve e tantos outros que cintilaram em crônicas militares, em tática e em estra

tégia. Poderia até, se quisesse usar a prata da casa e não estivesse arras tado pela paLxão política, mencionar o do seu antagonista, o autoritário Visc-onde de Ouro Preto, quê acabava de lan çar com sucesso "A Marinha de Outro-

ra", obra de política naval.

Eleito por Minas Gerais, pela círcuns-

prisma regional, debatia com o mesmo ardor, com a mesma soma de conheci mentos, o Tratado do Acre, o leilão da Sorocabana c a tranifercncia da Escola de Ouro Preto.

Imagem da nação, fator máximo da

tinha sido objeto de artigos do Capitão

o Brasil, em que são inúmeras o podero sas as forças do di.spcrsão, não há maior

Fragoso. Pois bem, alguns deputados,

êrro do que lançar-se sôbre as fôrças ar madas a pecha de constituirem uma casta dentro da nação: elas constituem a

própria nação. Coerente, pois, estava

o grande brasileiro cni sustentar que sol-

agiam mais como paulistas, mineiros

espírito de disciplina e ordem De tipo marcial, civil de vocaçao militar, auxi liado por um grupo numeroso de oficiais

tismo mas não cuidava das fôrças arma das com a psique militar. Estranha in

tério adotado, na Primeira Repiiblica

compreensão lavrava entre civis e mili

ças, de todas a mais importante e de

plo desta orientação regional ora o cri

Deschamps Cavalcanti e do Major Tasso ao ouvirem falar em jogo,.^intérpelaram-

no supondo que "Kriegspiel" fosse lima variedade do jôgo de damas, xadrez ou a delícia dos nossos avós, o gamão. Ante a indiferença de uns e o aplauso

Parlamento, traçou, com ver os problemas do Exército não era de outros nopara o debate amplo, uma resolver os problemas de uma corpora •excelsitude, diretriz arejada, que despertou enorme

ção.

O Parlamento declamava sôbre patrio

Maior Alemão. No Brasil, o assunto já

sua coesão, notadamente cm país, como

- Os deputados, em sua quase totali dade, com a política dos governadores e o predomínio dos grandes Estados, dada a inexistência de partidos nacionais, gaúchos, do que como brasileiros. Exem

79

Dioesto Econômico

Calógeras, no conceito e.xato de fe cundo escritor, possuía a elegância das virtudes das armas: a retidão, moral e o

entusiasmo entre os novos oficiais do Exército, ansiosos de reformar a menta lidade reinante no seio das fôrças ar madas.

Apraz-me repetir aqui as suas pala vras, ungidas de fé patriótica: "O pro blema militar é dos que me apai.xonam o

tares e funesta teoria tomava corpo entre maior eficiência, estágio quase obrigató políticos de rasteira visada: a de que rio para os Ministérios. Nela ingressa as liberdades públicas só se

do Exército, o.s "jovens turcos" - assim se denominavam os que fizeram cursos na Alemanha, como Souza Reis, Leitão

há de mais alto, abnegado e altruísta da natureza hmnana. A essa escola de sa de Carvalho, Censerico de Vasconcellos,. Bertoldo Klinger, a cuja falange se filiou crifício e, de abnegação que é o Exército,

riam possíveis no Brasil com a rivalidade das fôrças de terra

Pedro Cavalcanti, e que se agrupavam

ços, fraco é verdade, mas sincero, entu

e mar.

Em princípios do século XX, inicia-se a reação. Cabe o comando, na Câmara dos

para a formação da Comissão de Finan

vam os deputados de cultura

especializada e que represen tassem diretamente os Estados

Calógeras, admirado e festeja do pelos seus pares, não era considerado defensor de inte

Deputados, a um engenheiro

resses regionais.

de

clopédico legislador, em ope

raro

valor, familiarizado

com os estudos de metalurgia, mecânica e eietro-siderurgia, adquiridos na famosa Escola fundada por Henry Gorceix: João Pandiá Calógeras. Ao debate dos problemas mi

É a razão

pela qual o dinâmico, o enci rosidade e saber por nenhum superado na Cadeia Velha, não fêz parte da Comissão de^ Fi nanças, cujos pareceres sôbre

em tôrno da revista "A defesa naciona

_ iniciou no Parlamento a prática de obra apostólica, pregando a reorganiza

correntes nos dias em que estamos vi

vendo, embaraçadas, porém, em longa

litares não o levou somente o

cussões em plenário.

seu pendor pela técnica. Sim, a sua filosofia política, invariá vel em tôda a sua gloriosa vida

deputado nacional, sentia uma atração irresistível para as fôr ças armadas," que consubstan ciam não só a própria unidade

militares. Menciono um fato que espe lha o meio em que Calógeras atuava:

física como a unidade moral

unidade e eternidade do Brasil.

da Pátria.

siástico e meditado".

Conceitos que caracterizam o apaixo nado do Exército. Profissão de fé digna

ção do Exército, insmgindo-se contra de estadista que, consoante Herriot, é quem sabe não só realizar como idea rias bélicas passadistas, enfrentando sor lizar. bretudo a ignorância dos legisladores. eram somente hinos os discursos Vou apenas rastrear prélios intelec deNão Calógeras, cuja extensão e calor im tuais do vanguardeiro dos não amenislas, pediam o emprêgo do cinzel. Proferia do obcecado da coisa pública: idéias

fase da vida nacional, pela incompreen

pública, que poderá ser sinteti zada num simples binômio:

procuro trazer meú contingente de esfor

métodos administrativos antiquados e teo

orçamentos só tiveram a sua preciosa colaboração nas dis Sendo o

espírito. Vejo ligado a èle tudo quanto

verdadeiros libelos num estilo enxuto.

Surpreendia os ourintes porque não só fustigava os erros de administração, co

são dos políücos, alheios aos assuntos

mo as falhas da emperrada máquina

Certa vez, propôs a introdução no E.xer-

vam-no as variadas e oportunas citações de Clauswitz, Moltke, von Der Goltz,

cíto do "Kriegspiel", um jogo interessan

militar.

A par da literatura de guerra, prova-

obras eram do seu constante ma te, preparador das decisões táticas no cujas nuseio; para os artigos de terreno, usado na guerra russo-japonêsa, abertura disputado das pubMcâções inilitares, comp matéria até de circulares do Estado-


80

1 . -

Diciísto Econômico

seja a "Revista de Artilharia", a que no momento me ocorre, Calógeras não

era apenas um deputado de erudição lívresca: freqüentava com assiduidade os exercícios, e nas manobras causava sur

presa aos amigos ao ser apanhado a ensinar a recrutas.

Espírito de cooperação, punim-se ime

diatamente em contato com quem reve

lasse valor cultural. E o fazia sem apre

sentação, com simplicidade. Não há

muito tempo, per'ustrei dois depoimen

mein.s milítare.s europeus. Pouco depois, recebia de Calógcra.s, qnc o descoiihccb por completo, um cartão de felicitações pelo magnífico traballio. ScnsibiMzado ante o gesto, raro entro os próprios ca maradas, mandou-lhe o folheto "O tiro

de artilharia de costa", no qual fimiaN-a os princípios dessa modalidade de fogo do artilharia. CaV)geras rc.spondeu-lhc imediatamente, salientando o falo de ser a primeira vez que o assunto era tratado

i-

Dicesto Econômico

Nenhum problema agitou tanto o ele

81

ção viva da nação, Calógeras combateu

mento civil como o do sorteio militar,

a manutenção das miÜcias estaduais e a

levado, a termo no governo de Afonso Pena. Calógeras colaborou na lei reorganizadora do Exército, que reputava carta de alforria, código de progresso

política das linhas de tiro, propugnando, com toda a fiama do patriotismo, a na ção armada, medida que, segundo inú

para as instituições militares.

mento em,massa das populações e pro testo generalizado das mães. Um dos

O exército profissional, "rarmée de métier" na expressão france.sa, consti tuía duplico perigo, que apontava: polí

meros opositores, iria provocar levanta

remédios que sugeriu para aplainar essa

tico, formando no seio da coletividade

tensão de espírito foi o de o reservista servir na guamição mais próxima à lo

tos, que evidenciam não só a sua insa

em nossa literatura; lembrava-lhe, po

uma casta especial dela segregada, insu

calidade donde era filho.

ciável curiosidade, a sua paixão pelo es acabo de felar. Um foi trazido pelo

rém, que já havia aparelhagens mecâni

ficientemente

cas que resolviam rápida c-automàtica-

baseada no falso pressuposto do volun

Calógeras, já então partidário da idéia nova, advogava a prestação anual, gra

mente os numerosos cálcufos necessários para a correta execução dêssc tiro. Cas

tariado que, em geral, só atrai o rebu-

tuita, de todos os brasileiros, na caser-

talho social, os vencidos da vida, enfim

tro e Silva declarou-lhe que "de leitura" não desconhecia tais aparelhagens e só

"o emprôgo de soldado"; militar, pela organização viciosa e inexistência de re

na. Pensando assim, não poderia dei xar de ter sempre em mente o proble ma do aquartelamento, que procurou com máxima dedicação resolver quando

tudo e aquele ânimo cooperativo de nue

General Pedro Cavalcanti. Outro pelo General Castro e Silva, seu oficial de gabinete no Ministério da Guerra.

Conta-nos o primeiro que, em 1908 então tenente, recebeu de Felix Pacheco o convite para exercer no "Tomai dn

Comercio" o cargo de crítico de livros que versassem matéria militar. Reme

teram-lhe vários volumes para se pro nunciar. Entre êles, um exemplar sôbre a guerra russo-japonê.sa, de autoria de Henrique Rostagno, observador militar

da Argentina no teatro daquela guerra

O novel articulista escreveu longameníe sôbre aquela obra volumosa. Calógeras atento a tudo que se referisse a assuntos bélicos, imediatamente enviou-lhe carta de sabedor, repleta de observações, de acordo umas, em desacordo outras, sô bre o livro que ainda trazia tinta fresca dos prelos, e' em tomo da análise do comentarista. Foi assim que travou rela

nao lhes fizera menção, na brochura que escrevera, porque apenas tivera em men

te um estudo teórico do tiro. Ministro

da Guerra, Calógeras lembrou-se do episódio e Castro e Silva é convocado

esclarecida, organização

servas.

O sorteio criou o reseraasta; alterou o

conceito de não ser o serviço militar

profissão permanente mas pagamento de dívida para com a Pátria; aumentou o

para o seu gabinete.

efetivo do Exército sem acréscimo pon

Com Souza Reis, oficial dos mais competentes do Exército, um dos líderes

derável nas despesas; a mocidado foi convocada p^*"^ ® serviço das armas; a

Ministro da Guerra.

O parlamentar que afirmou "O Exér-" cito e.xige um sistema orgânico de cons trução de quartéis em todo o território da República" teve a fortuna de de monstrar, com o correr dos anos, qiie

da corrente renovadora, manteve longa

classe militar deixou de ser uma classe

possuía êsse traço de estadista: o equi líbrio entre "a cogitação e a ação": rea

correspondência epístolar. De grande interesse seria a divulgação dessas car tas, em que as necessidades do Exército

à parte.

lizou como Ministro o que reclamou

são ventiladas do alto.

Em contiaposição, narrou-me o huma nista e educador Fernando de Azevedo 9^6, tendo proferido na Escola Normal

de São Paulo conferência sôbre as van tagens do ensino do Latim, a primeira carta de aplausos que recebeu foi a do Ministro da Guerra, que não o conhecia

Posteriormente, desenvolveu, em dis

"Não é possível retirar os moços do seio das famílias para alojá-los em ver

por considerá-lo injusto e anti-republica no; não compreendia isenções conferidas pe'a sorte; os ônus e as vantagens devem

dadeiras pocilgas, que são muitos dos

ser distribuídas igualmente para todos

nossos quartéis, nem adquirir custosos armamentos para deixar que se deterio rem em galpões de todo inadequados à

os brasileiros e é um ônus não ter a

sua armazenagem e consen'ação", são

honra de defender o seu país.

observações que não se cansava de re

Com a conquista da opinião pública para essas idéias, corh os frutos obtidos da campanha cívica encetada por Olavo

petir aos seus comandados, hoje pelo

ções com Pedro Cavalcanti. Não menos significativo é o segundo depoimento. Em abril de 1914, o Capitão Castro e Silva publicou, no Boletim do Es-

qüentes, reveladores de personalidade

Bilac, caminhou em busca do ideal: o

inconfundível, de espmto multiforme, de

serviço militar obrigatório.

tado-Maior do Exército, um estudo sôbre

cooperação e patriótico, de cultura téc

"O projétil único para a artilharia de campanha", matéria muito debatida nos

nica e clássica, não comum entre os nossos homens de govêmo.

pessoalmente e se achava na cidade do

Rio de Janeiro. São fatos por si só elo

como deputado.

cursos e em livros, a tese de que acei tava o sorteio como medida transitória,

Entusiasta do Exército em acolher ci

dadãos de tôdas as profissões e de todos OS matizes, tendo-o como a representa

General Castro e Silva dhulgadas no

consciencioso traballio em que focaliza a atuação do insigne brasileiro no Mi nistério da Guerra.

que

justificam

Ponderações essas

de maneira

irretor-

quível a política que seguiu, de

substituir os casarões coloniais pe-


80

1 . -

Diciísto Econômico

seja a "Revista de Artilharia", a que no momento me ocorre, Calógeras não

era apenas um deputado de erudição lívresca: freqüentava com assiduidade os exercícios, e nas manobras causava sur

presa aos amigos ao ser apanhado a ensinar a recrutas.

Espírito de cooperação, punim-se ime

diatamente em contato com quem reve

lasse valor cultural. E o fazia sem apre

sentação, com simplicidade. Não há

muito tempo, per'ustrei dois depoimen

mein.s milítare.s europeus. Pouco depois, recebia de Calógcra.s, qnc o descoiihccb por completo, um cartão de felicitações pelo magnífico traballio. ScnsibiMzado ante o gesto, raro entro os próprios ca maradas, mandou-lhe o folheto "O tiro

de artilharia de costa", no qual fimiaN-a os princípios dessa modalidade de fogo do artilharia. CaV)geras rc.spondeu-lhc imediatamente, salientando o falo de ser a primeira vez que o assunto era tratado

i-

Dicesto Econômico

Nenhum problema agitou tanto o ele

81

ção viva da nação, Calógeras combateu

mento civil como o do sorteio militar,

a manutenção das miÜcias estaduais e a

levado, a termo no governo de Afonso Pena. Calógeras colaborou na lei reorganizadora do Exército, que reputava carta de alforria, código de progresso

política das linhas de tiro, propugnando, com toda a fiama do patriotismo, a na ção armada, medida que, segundo inú

para as instituições militares.

mento em,massa das populações e pro testo generalizado das mães. Um dos

O exército profissional, "rarmée de métier" na expressão france.sa, consti tuía duplico perigo, que apontava: polí

meros opositores, iria provocar levanta

remédios que sugeriu para aplainar essa

tico, formando no seio da coletividade

tensão de espírito foi o de o reservista servir na guamição mais próxima à lo

tos, que evidenciam não só a sua insa

em nossa literatura; lembrava-lhe, po

uma casta especial dela segregada, insu

calidade donde era filho.

ciável curiosidade, a sua paixão pelo es acabo de felar. Um foi trazido pelo

rém, que já havia aparelhagens mecâni

ficientemente

cas que resolviam rápida c-automàtica-

baseada no falso pressuposto do volun

Calógeras, já então partidário da idéia nova, advogava a prestação anual, gra

mente os numerosos cálcufos necessários para a correta execução dêssc tiro. Cas

tariado que, em geral, só atrai o rebu-

tuita, de todos os brasileiros, na caser-

talho social, os vencidos da vida, enfim

tro e Silva declarou-lhe que "de leitura" não desconhecia tais aparelhagens e só

"o emprôgo de soldado"; militar, pela organização viciosa e inexistência de re

na. Pensando assim, não poderia dei xar de ter sempre em mente o proble ma do aquartelamento, que procurou com máxima dedicação resolver quando

tudo e aquele ânimo cooperativo de nue

General Pedro Cavalcanti. Outro pelo General Castro e Silva, seu oficial de gabinete no Ministério da Guerra.

Conta-nos o primeiro que, em 1908 então tenente, recebeu de Felix Pacheco o convite para exercer no "Tomai dn

Comercio" o cargo de crítico de livros que versassem matéria militar. Reme

teram-lhe vários volumes para se pro nunciar. Entre êles, um exemplar sôbre a guerra russo-japonê.sa, de autoria de Henrique Rostagno, observador militar

da Argentina no teatro daquela guerra

O novel articulista escreveu longameníe sôbre aquela obra volumosa. Calógeras atento a tudo que se referisse a assuntos bélicos, imediatamente enviou-lhe carta de sabedor, repleta de observações, de acordo umas, em desacordo outras, sô bre o livro que ainda trazia tinta fresca dos prelos, e' em tomo da análise do comentarista. Foi assim que travou rela

nao lhes fizera menção, na brochura que escrevera, porque apenas tivera em men

te um estudo teórico do tiro. Ministro

da Guerra, Calógeras lembrou-se do episódio e Castro e Silva é convocado

esclarecida, organização

servas.

O sorteio criou o reseraasta; alterou o

conceito de não ser o serviço militar

profissão permanente mas pagamento de dívida para com a Pátria; aumentou o

para o seu gabinete.

efetivo do Exército sem acréscimo pon

Com Souza Reis, oficial dos mais competentes do Exército, um dos líderes

derável nas despesas; a mocidado foi convocada p^*"^ ® serviço das armas; a

Ministro da Guerra.

O parlamentar que afirmou "O Exér-" cito e.xige um sistema orgânico de cons trução de quartéis em todo o território da República" teve a fortuna de de monstrar, com o correr dos anos, qiie

da corrente renovadora, manteve longa

classe militar deixou de ser uma classe

possuía êsse traço de estadista: o equi líbrio entre "a cogitação e a ação": rea

correspondência epístolar. De grande interesse seria a divulgação dessas car tas, em que as necessidades do Exército

à parte.

lizou como Ministro o que reclamou

são ventiladas do alto.

Em contiaposição, narrou-me o huma nista e educador Fernando de Azevedo 9^6, tendo proferido na Escola Normal

de São Paulo conferência sôbre as van tagens do ensino do Latim, a primeira carta de aplausos que recebeu foi a do Ministro da Guerra, que não o conhecia

Posteriormente, desenvolveu, em dis

"Não é possível retirar os moços do seio das famílias para alojá-los em ver

por considerá-lo injusto e anti-republica no; não compreendia isenções conferidas pe'a sorte; os ônus e as vantagens devem

dadeiras pocilgas, que são muitos dos

ser distribuídas igualmente para todos

nossos quartéis, nem adquirir custosos armamentos para deixar que se deterio rem em galpões de todo inadequados à

os brasileiros e é um ônus não ter a

sua armazenagem e consen'ação", são

honra de defender o seu país.

observações que não se cansava de re

Com a conquista da opinião pública para essas idéias, corh os frutos obtidos da campanha cívica encetada por Olavo

petir aos seus comandados, hoje pelo

ções com Pedro Cavalcanti. Não menos significativo é o segundo depoimento. Em abril de 1914, o Capitão Castro e Silva publicou, no Boletim do Es-

qüentes, reveladores de personalidade

Bilac, caminhou em busca do ideal: o

inconfundível, de espmto multiforme, de

serviço militar obrigatório.

tado-Maior do Exército, um estudo sôbre

cooperação e patriótico, de cultura téc

"O projétil único para a artilharia de campanha", matéria muito debatida nos

nica e clássica, não comum entre os nossos homens de govêmo.

pessoalmente e se achava na cidade do

Rio de Janeiro. São fatos por si só elo

como deputado.

cursos e em livros, a tese de que acei tava o sorteio como medida transitória,

Entusiasta do Exército em acolher ci

dadãos de tôdas as profissões e de todos OS matizes, tendo-o como a representa

General Castro e Silva dhulgadas no

consciencioso traballio em que focaliza a atuação do insigne brasileiro no Mi nistério da Guerra.

que

justificam

Ponderações essas

de maneira

irretor-

quível a política que seguiu, de

substituir os casarões coloniais pe-


83

Digesto Econômico Digesto Econômico

82

Ias caseraas amplas e saudáveis, pro pícias à robustez e bem-estar do solda do brasileiro.

Estimulado pelos "jovens turcos", pro curou, através da acústica do Parlamen to, insuflar ânimo em oficiais amodor-

rados pela rotina.

Sobretudo, opôs-se

à influência, que reputava deletéria, das doutrinas comtistas no Exército. O

mal, a seu ver, estava na deficiêrícia

do ensino nas escolas militares, com a preocupação quase exclusiva de in

vestigar problemas filosóficos, descui dando do preparo técnico.

A doutrina de Augusto Comte, que o empolgou na mocidade, civil e con-

com o autoritarismo, formava » ciliável matemáticos e filósofos. Preparava o militar para a paz e o afastava da orientação bélica: êrro que o não belicista sem devaneios reconhecia. Em con

seqüência, a Escola fornecia engenhei ros, burocratas e não soldados.

Com

a responsabilidade de Calógeras, foi di to que muitos alunos saíam das es

colas militares, quanto aos exercícios

de artilharia, sem ter feito sequer um único disparo. E' natural que essas afirmações, de tanta rudeza, provocas sem forte reação em vários núcleos do

E.xército, influenciados pela obra do cul

tor da humanidade ou do Grande Sêr,

respeitável e grandiosa sob vários as pectos e sempre recordada pela prega ção de Benjamín Constant, cidadão

mo para a renovação, imimeros eram

parlamentares do valoroso brasileiro, sur giram na imprensa artigos cncomiásticos de Souza Reis, de Pedro Cavalcanti, com o pseudônimo de Coronel Fix, e até

conferências no Estado-Maior, como, por exemplo, a pronunciada pelo Gel. Fileto

Pires Ferreira, que discorreu sôbre efe

tivos do Exército, tema analisado pelo grande estadista.

Significativas foram as paldvras do

e da especialização crescente imposta pe las fôrças armadas. Antepunha ainda

t

do ideal militar.

Preocupado em resguardar ú eficiên cia das instituições ar madas e de não cercear

a livre escolha dos elei

tores, o democrata cio

so da reorganização do

tado-Maior: "A classe militar, disse o

Exército, se não admi tia limitação à capaci

Col. Fileto, "recebe com júbilo, com

grandes esperanças, a intervenção pa triótica do ilustre deputado np estudo

das coisas da guerra" e ainda "que con

quiste as posições donde possa dirigir a campanlia que empreendeu a favor do

Exército".

Alusão clara à pasta da

Guerra.

O esforço gigantesco de Calógeras exaltou tôda a oficialidade jovem. Não

ó segredo que muitos militares — por cm abaixo-assinado, que não foi le

vado avante, por infringir às normas disciplinares — tentaram fazê-lo Minis tro da Cueira no quatriênio Venccslau Brás, ato de extraordinária relevância

propalado ciúme do soldado para com

Inegável, porém, que, em parte, à campanha tenaz, ininterrupta e prestigio sa de Calógeras se deve melhor com

o paisano, o reconhecimento do militar para com o civil enamorado do Exército.

preensão desses problemas, fundamen tais para o resguardo da nacionalidade

"grande mudo", como o conceituava

Calógeras advogou sempre a tese do Foch. Deputado, ministro ou publicista, sempre entendeu que a experiência pro vava mal de militares serem in\'estidos

de funções eletivas quando em serviço

surgem — em notá\'el relatório confiden ciai apresentado ao Conselheiro Rodri gues Alves sôbre a lei de meios para o e.xercício de 1919, Calógeras aconse lhou a maior severidade na exigência da transitoriedade das funções profes-

sorais. O preparo militar só se adquire

essa objeção, que o define: as transi- "vendo, tratando e pelejando", na frase gências inevitáveis da política, arte de do^poeta. Nenhum ensino teórico é van governar os lioincns, mareiam a beleza tajoso sem a prática, notadamente o das

conferencista no próprio recinto do Es

e que traduz o maior desmentido ao

cessário se diga, se no Exército havia oficiais sem curso, promovidos por ser

ra, em virtude de outras' preocupações

memoráveis discursos

de vida puríssima e apóstolo do paci

Ne

progressivo c fatal, dc assuntos de guer

entendia.

fismo.

brasileira, nas elites dirigentes.

cia de atividades públicas. O argumen to era de ordem técnica: o alhcamento,

civil, dc descortino c influência, que os do.s

das necessidades reais do Exército, que

a todo o momento, em rápido crescendo,

cargos de eleição: objetava à coexistên

O.S que, de idoneidade, preparo c fé, o apoiavam, jubilosos de encontrar um

Em face

É evidente não ser contrário a

oficiais dc terra o'mar desempenharem

ativo.

viços de natureza politíca, sem ani

dade política do oficial, não

se

entusiasmava,

'como vimos, com o des vio dos rumos da pro

fissão das armas. Alvitrava a solução coeren

te: permitir a eleição, com a reforma voluntá

ria do oficial ao aceitar o cargo. Op

ção compreensível em quem, seguindo as aspirações do patriotismo, entendesse assim poder melhor servir o Brasil. E' de se registrar não só a sua isen ção de defender na Câmara essas idéias, um tanto arrojadas para a época, em

presença de militares-deputados,. ijuase todos a êle ligados por laços de afe

coisas de guerra. O professor, voltando às fileiras, permanece soldado; não re

tomando, transforma-se em burocrata e fracassa como escultor da alma militar.

Quem assim se manifesta\'a e sempre re conheceu as falhas da

nossa organização béli ca, não poderia deixar de ser um convencido da necessidade da vin da de instrutores estran

geiros

para

Exército.

o

nosso

Não foi Ca

lógeras o primeiro civil que arrostou a má compreensão de al guns militares, homens de governo e leguleios, a divisar na medida uma ne

gação da inteligência, do preparo e do patriotismo, dos oficiais brasileiros. Rui Barbosa, tão mal compreendido em suas relações com as fôrças armadas, nos pri-

mórdios do século XX, pelas colunas da "Imprensa", já pleiteava a urgência

que era ouvido, persuadidos todos da

da entrega da educação técnica do Exér cito a oficiais alienígenas. Na platafor

sinceridade das suas opiniões e sobre tudo do seu entranliado amor às fôrças

fensor da justiça e da liberdade indivi

to, como ainda o profundo respeito com

armadas.

Para eficiência do ensino da arte bé

lica e para evitar que o oficial se alheie

ma do civilismo, lavrada com buril, o de

dual insistiu na idéia, com exemplos re centes da Argentina, Chile e Peru, sendo

que os andinos conferiram a militares es-


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Digesto Econômico Digesto Econômico

82

Ias caseraas amplas e saudáveis, pro pícias à robustez e bem-estar do solda do brasileiro.

Estimulado pelos "jovens turcos", pro curou, através da acústica do Parlamen to, insuflar ânimo em oficiais amodor-

rados pela rotina.

Sobretudo, opôs-se

à influência, que reputava deletéria, das doutrinas comtistas no Exército. O

mal, a seu ver, estava na deficiêrícia

do ensino nas escolas militares, com a preocupação quase exclusiva de in

vestigar problemas filosóficos, descui dando do preparo técnico.

A doutrina de Augusto Comte, que o empolgou na mocidade, civil e con-

com o autoritarismo, formava » ciliável matemáticos e filósofos. Preparava o militar para a paz e o afastava da orientação bélica: êrro que o não belicista sem devaneios reconhecia. Em con

seqüência, a Escola fornecia engenhei ros, burocratas e não soldados.

Com

a responsabilidade de Calógeras, foi di to que muitos alunos saíam das es

colas militares, quanto aos exercícios

de artilharia, sem ter feito sequer um único disparo. E' natural que essas afirmações, de tanta rudeza, provocas sem forte reação em vários núcleos do

E.xército, influenciados pela obra do cul

tor da humanidade ou do Grande Sêr,

respeitável e grandiosa sob vários as pectos e sempre recordada pela prega ção de Benjamín Constant, cidadão

mo para a renovação, imimeros eram

parlamentares do valoroso brasileiro, sur giram na imprensa artigos cncomiásticos de Souza Reis, de Pedro Cavalcanti, com o pseudônimo de Coronel Fix, e até

conferências no Estado-Maior, como, por exemplo, a pronunciada pelo Gel. Fileto

Pires Ferreira, que discorreu sôbre efe

tivos do Exército, tema analisado pelo grande estadista.

Significativas foram as paldvras do

e da especialização crescente imposta pe las fôrças armadas. Antepunha ainda

t

do ideal militar.

Preocupado em resguardar ú eficiên cia das instituições ar madas e de não cercear

a livre escolha dos elei

tores, o democrata cio

so da reorganização do

tado-Maior: "A classe militar, disse o

Exército, se não admi tia limitação à capaci

Col. Fileto, "recebe com júbilo, com

grandes esperanças, a intervenção pa triótica do ilustre deputado np estudo

das coisas da guerra" e ainda "que con

quiste as posições donde possa dirigir a campanlia que empreendeu a favor do

Exército".

Alusão clara à pasta da

Guerra.

O esforço gigantesco de Calógeras exaltou tôda a oficialidade jovem. Não

ó segredo que muitos militares — por cm abaixo-assinado, que não foi le

vado avante, por infringir às normas disciplinares — tentaram fazê-lo Minis tro da Cueira no quatriênio Venccslau Brás, ato de extraordinária relevância

propalado ciúme do soldado para com

Inegável, porém, que, em parte, à campanha tenaz, ininterrupta e prestigio sa de Calógeras se deve melhor com

o paisano, o reconhecimento do militar para com o civil enamorado do Exército.

preensão desses problemas, fundamen tais para o resguardo da nacionalidade

"grande mudo", como o conceituava

Calógeras advogou sempre a tese do Foch. Deputado, ministro ou publicista, sempre entendeu que a experiência pro vava mal de militares serem in\'estidos

de funções eletivas quando em serviço

surgem — em notá\'el relatório confiden ciai apresentado ao Conselheiro Rodri gues Alves sôbre a lei de meios para o e.xercício de 1919, Calógeras aconse lhou a maior severidade na exigência da transitoriedade das funções profes-

sorais. O preparo militar só se adquire

essa objeção, que o define: as transi- "vendo, tratando e pelejando", na frase gências inevitáveis da política, arte de do^poeta. Nenhum ensino teórico é van governar os lioincns, mareiam a beleza tajoso sem a prática, notadamente o das

conferencista no próprio recinto do Es

e que traduz o maior desmentido ao

cessário se diga, se no Exército havia oficiais sem curso, promovidos por ser

ra, em virtude de outras' preocupações

memoráveis discursos

de vida puríssima e apóstolo do paci

Ne

progressivo c fatal, dc assuntos de guer

entendia.

fismo.

brasileira, nas elites dirigentes.

cia de atividades públicas. O argumen to era de ordem técnica: o alhcamento,

civil, dc descortino c influência, que os do.s

das necessidades reais do Exército, que

a todo o momento, em rápido crescendo,

cargos de eleição: objetava à coexistên

O.S que, de idoneidade, preparo c fé, o apoiavam, jubilosos de encontrar um

Em face

É evidente não ser contrário a

oficiais dc terra o'mar desempenharem

ativo.

viços de natureza politíca, sem ani

dade política do oficial, não

se

entusiasmava,

'como vimos, com o des vio dos rumos da pro

fissão das armas. Alvitrava a solução coeren

te: permitir a eleição, com a reforma voluntá

ria do oficial ao aceitar o cargo. Op

ção compreensível em quem, seguindo as aspirações do patriotismo, entendesse assim poder melhor servir o Brasil. E' de se registrar não só a sua isen ção de defender na Câmara essas idéias, um tanto arrojadas para a época, em

presença de militares-deputados,. ijuase todos a êle ligados por laços de afe

coisas de guerra. O professor, voltando às fileiras, permanece soldado; não re

tomando, transforma-se em burocrata e fracassa como escultor da alma militar.

Quem assim se manifesta\'a e sempre re conheceu as falhas da

nossa organização béli ca, não poderia deixar de ser um convencido da necessidade da vin da de instrutores estran

geiros

para

Exército.

o

nosso

Não foi Ca

lógeras o primeiro civil que arrostou a má compreensão de al guns militares, homens de governo e leguleios, a divisar na medida uma ne

gação da inteligência, do preparo e do patriotismo, dos oficiais brasileiros. Rui Barbosa, tão mal compreendido em suas relações com as fôrças armadas, nos pri-

mórdios do século XX, pelas colunas da "Imprensa", já pleiteava a urgência

que era ouvido, persuadidos todos da

da entrega da educação técnica do Exér cito a oficiais alienígenas. Na platafor

sinceridade das suas opiniões e sobre tudo do seu entranliado amor às fôrças

fensor da justiça e da liberdade indivi

to, como ainda o profundo respeito com

armadas.

Para eficiência do ensino da arte bé

lica e para evitar que o oficial se alheie

ma do civilismo, lavrada com buril, o de

dual insistiu na idéia, com exemplos re centes da Argentina, Chile e Peru, sendo

que os andinos conferiram a militares es-


84

trangeiros a própria estrutura do Exército.

Calógeras foi dos precursores desse movimento de rejuvenescôncia no Parla mento. Fê-lo quando o Marechal Hermes

dirigia a pasta do Exército. Apresentou o justificou emendas ao Orçamento da Guerra, autorizando o Governo Federal

a contratar instrutores europeus. Quan

to à idéia, aventada por inúmeros deputa

dos, da ida de oficiais brasileiros para o Velho Mundo, a fim de servir no Exér cito da Alemanha ou da França, se em

princípio transigiu, com a emenda que ofereceu, elevando, em cada ano, o nú mero de oficiais, discordou do projeto, na mesma legislatura, o espírito peregrino de Calógeras, visto tratar-se de processo moroso, solução para casos individuais

e, substancialmente, êrro de psicologia ;

Na presidência Hermes, apoiado pela inferiores, conquistada pela renovação

maiona ponderável de oficiais, de postos

benfazeja, em discursos de retumbante êxito, ao bater-se pelo aperfeiçoamento técnico do pessoal, pede a "missão es trangeira", tomada essa expressão em sentido amplo, "a grande missão" e não simplesmente o conjunto de instru tores que vinham ao Brasil.

Brasileiro até a medula, sem a fobia do estrangeiro, desejava a "grande mis são", que só poderia ser francesa, dada a afinidade de raça, para aumentar a

eficiência dos nossos soldados, cujas qua lidades de resistência, sobriedade e des temer sempre encareceu. Vencidos os últimos óbices, o General

Cardoso de Aguiar, com o apoio integral

do Calógeras, no Parlamento, a-contra ta, ensejando ao seu sucessor imediato na pasta da Guerra, na órbita adminis trativa e disciplinar, tomar realidade o ideal que acalentou em fase brilhante de sua vida parlamentar.

Dicesto Econômico

1

No aludido relatório, em que deli

neou um iirograma de govêmo, obra

classificada pelos escritores como o com pêndio da administração brasileira, o

85

Dicesto Econômico

A guerra hodierna é o problema social por e.xcelêncíu e atinge a vida nacional na

sua

totalidade

e

a

tôdas

as

classes.

desenvolver, porém, em conferências es

pecializadas pelos conhecedores. Leigo como sou em matéria pro priamente militar, cabc-me, para não ser

grande civil soldado, diante da comple

Escudado na e.xperiência dêsse sécu

acoimado de lavrar em seara estranha,

xidade da organização das fòrças arma

lo tormentoso e na autoridade de tantos-

apenas ressaltar em Calógeras, nesse re mate de palestra, versada a vôo de pás saro, a feição do patriota, que nêle se

das, propôs a separação dos serviços do Estado-Maior da administração dos pro blemas dc guerra. Esta é uma função política transitó ria. Aquele, um cargo exclusivamente técnico e de caráter permanente, de co mando, enfim. O chefe do Estado-

Maior é o responsável pelo apresto da tropa.

O Ministro, que pode ser civil

o fornecedor dos recursos para que o Exército e a Marinha tenham o seu pre paro de guerra. Em torno dessas pro posições, que mereceram reparos, ali nhou argumentos ponderosos. Poderá alguém, ao proceder á leitura daquele relatório — que se conservou

inédito durante quinze anos, e só publi cado a instâncias minhas — conjeturar que Calógeras, talvez naquele momen to histórico o único civil que discutia os problemas das forças armadas com apreciável conhecimento de técnica rni-

litar, se estivesse insinuando para a pasta da Guerra. Cometerá injustiça à memó ria do grande brasileiro quem assim presumir.

Nunca pleiteou cargos de administra ção; indiferente âs honrarias, aceitava-

os como resgate de um dever para com

a Pátria. Suportou o ostracismo, em ple

no. vigor da inteligência, sem uma quei xa, quando simples palavra de agrado o levaria de novo aos galarins dos Minis térios, suspirados pelos que o cambatiam nos bastidores dos palácios de govêmo. Hoje é uma verdade inconteste o en

trelaçamento máximo dos assuntos civis e militares na pasta que com devolamento superintendeu.

estrategistas e escritores, como esse fa moso crítico inglês Liddel Hart, no li flagração mundial, pode-se afirmar a in-

revestiu sempre de misticismo. Corria em suas veias sangue de raças

comensurável influência civil na con3uta das próprias operações militares.

milenárias.' Mas ninguém cultuou mais o Brasil do que ele, sacrificado em sua

vro que escreveu sobre a primeira con

Estadista do estofo dos dirigentes in

gleses e humanistas franceses, ao acei tar de Epitácio Pessoa, que reatava uma

praxe do Império, o honroso convite pa

saúde e em seus bens materiais.

Examinai, compatriotas que me ouvis,

a imensa, a grandiosa bibliografia de Calógeras. E' o Brasil, em sua história colonial, política, guerreira e diplomá

ra gerir a pasta da Guerra, estava o téc nico político, o afeiçoado às forças ar madas, apto para exercê-la, como o jul gava a juventude do Exército. O acêrto de providências iniciais con quista os poucos recalcitrantes. Em breve, unanimidade se faz em volta do

lítica Monetária do Brasil, a Formação

general civil, que passa a viver com a

Histórica do Brasil, a Política Exterior

tica; é o Brasil, em suas finanças, em sua economia, em sua administração, em suas indústrias, em suas riquezas, enciman- ^ do os títulos de uma obra orgânica e

construtiva: "As Minas do Brasil"; a Po- ~

tropa e para a tropa.

do Brasil, os Problemas de Govêmo e de

Rodeado de militares de alta patente e de reconhecido preparo técnico, como

Administração do Brasil.

Tasso Fragoso, Malan D'Angrogne, Ce lestino Bastos, Cândido Rondon e tan tos outros, nada escapa à faina desco munal do depositário de tantas espe ranças. Tudo vê e tudo prove. Arma

mento, munição, material de campanha

de tôda sorte, aviação militar, instniçãò e exercícios, quartéis, acampamentos,

campos de instrução, fábricas militares,

Vêde-o: é o educador, de inteligência

alada, que, em páginas vigorosas e de esplendor cívico, descreve os feitos de Caxias e Osório e os indica à mocidade estudiosa como numes tutelares da na

ção. E' o reabilitador da memória de Barbacena, ensombrada em Passo do Rosário. E* o otimista que não admite

se prognosticar a ruína e a perdição da terra que o viu nascer. E' o pensamen

escolas de tiro e prática de armas, novos

to única e exclusivamente voltado pam

regulamentos, preenchimento dos claros pelo sorteio, reforma da justiça militar, eis uma visão panorâmica dos serviços

a Pátria comum.

fé e de culto às tradições caras aos nos

que, na simplicidade, dos títulos, em

sos sentimentos de brasilidade, eu repi

"Formação Histórica do Brasil", Calóge ras proclamou objeto da sua atenção

Permiti, enfim, que, neste ambiente de ta as palavTas de Rondon, que valem como aresto inapelável da posteridade:

realizadora. Cada uma dessas preciosas

O Exército Brasileiro não teve melhor

utilidades é digna de um capítulo, a

amigo.


84

trangeiros a própria estrutura do Exército.

Calógeras foi dos precursores desse movimento de rejuvenescôncia no Parla mento. Fê-lo quando o Marechal Hermes

dirigia a pasta do Exército. Apresentou o justificou emendas ao Orçamento da Guerra, autorizando o Governo Federal

a contratar instrutores europeus. Quan

to à idéia, aventada por inúmeros deputa

dos, da ida de oficiais brasileiros para o Velho Mundo, a fim de servir no Exér cito da Alemanha ou da França, se em

princípio transigiu, com a emenda que ofereceu, elevando, em cada ano, o nú mero de oficiais, discordou do projeto, na mesma legislatura, o espírito peregrino de Calógeras, visto tratar-se de processo moroso, solução para casos individuais

e, substancialmente, êrro de psicologia ;

Na presidência Hermes, apoiado pela inferiores, conquistada pela renovação

maiona ponderável de oficiais, de postos

benfazeja, em discursos de retumbante êxito, ao bater-se pelo aperfeiçoamento técnico do pessoal, pede a "missão es trangeira", tomada essa expressão em sentido amplo, "a grande missão" e não simplesmente o conjunto de instru tores que vinham ao Brasil.

Brasileiro até a medula, sem a fobia do estrangeiro, desejava a "grande mis são", que só poderia ser francesa, dada a afinidade de raça, para aumentar a

eficiência dos nossos soldados, cujas qua lidades de resistência, sobriedade e des temer sempre encareceu. Vencidos os últimos óbices, o General

Cardoso de Aguiar, com o apoio integral

do Calógeras, no Parlamento, a-contra ta, ensejando ao seu sucessor imediato na pasta da Guerra, na órbita adminis trativa e disciplinar, tomar realidade o ideal que acalentou em fase brilhante de sua vida parlamentar.

Dicesto Econômico

1

No aludido relatório, em que deli

neou um iirograma de govêmo, obra

classificada pelos escritores como o com pêndio da administração brasileira, o

85

Dicesto Econômico

A guerra hodierna é o problema social por e.xcelêncíu e atinge a vida nacional na

sua

totalidade

e

a

tôdas

as

classes.

desenvolver, porém, em conferências es

pecializadas pelos conhecedores. Leigo como sou em matéria pro priamente militar, cabc-me, para não ser

grande civil soldado, diante da comple

Escudado na e.xperiência dêsse sécu

acoimado de lavrar em seara estranha,

xidade da organização das fòrças arma

lo tormentoso e na autoridade de tantos-

apenas ressaltar em Calógeras, nesse re mate de palestra, versada a vôo de pás saro, a feição do patriota, que nêle se

das, propôs a separação dos serviços do Estado-Maior da administração dos pro blemas dc guerra. Esta é uma função política transitó ria. Aquele, um cargo exclusivamente técnico e de caráter permanente, de co mando, enfim. O chefe do Estado-

Maior é o responsável pelo apresto da tropa.

O Ministro, que pode ser civil

o fornecedor dos recursos para que o Exército e a Marinha tenham o seu pre paro de guerra. Em torno dessas pro posições, que mereceram reparos, ali nhou argumentos ponderosos. Poderá alguém, ao proceder á leitura daquele relatório — que se conservou

inédito durante quinze anos, e só publi cado a instâncias minhas — conjeturar que Calógeras, talvez naquele momen to histórico o único civil que discutia os problemas das forças armadas com apreciável conhecimento de técnica rni-

litar, se estivesse insinuando para a pasta da Guerra. Cometerá injustiça à memó ria do grande brasileiro quem assim presumir.

Nunca pleiteou cargos de administra ção; indiferente âs honrarias, aceitava-

os como resgate de um dever para com

a Pátria. Suportou o ostracismo, em ple

no. vigor da inteligência, sem uma quei xa, quando simples palavra de agrado o levaria de novo aos galarins dos Minis térios, suspirados pelos que o cambatiam nos bastidores dos palácios de govêmo. Hoje é uma verdade inconteste o en

trelaçamento máximo dos assuntos civis e militares na pasta que com devolamento superintendeu.

estrategistas e escritores, como esse fa moso crítico inglês Liddel Hart, no li flagração mundial, pode-se afirmar a in-

revestiu sempre de misticismo. Corria em suas veias sangue de raças

comensurável influência civil na con3uta das próprias operações militares.

milenárias.' Mas ninguém cultuou mais o Brasil do que ele, sacrificado em sua

vro que escreveu sobre a primeira con

Estadista do estofo dos dirigentes in

gleses e humanistas franceses, ao acei tar de Epitácio Pessoa, que reatava uma

praxe do Império, o honroso convite pa

saúde e em seus bens materiais.

Examinai, compatriotas que me ouvis,

a imensa, a grandiosa bibliografia de Calógeras. E' o Brasil, em sua história colonial, política, guerreira e diplomá

ra gerir a pasta da Guerra, estava o téc nico político, o afeiçoado às forças ar madas, apto para exercê-la, como o jul gava a juventude do Exército. O acêrto de providências iniciais con quista os poucos recalcitrantes. Em breve, unanimidade se faz em volta do

lítica Monetária do Brasil, a Formação

general civil, que passa a viver com a

Histórica do Brasil, a Política Exterior

tica; é o Brasil, em suas finanças, em sua economia, em sua administração, em suas indústrias, em suas riquezas, enciman- ^ do os títulos de uma obra orgânica e

construtiva: "As Minas do Brasil"; a Po- ~

tropa e para a tropa.

do Brasil, os Problemas de Govêmo e de

Rodeado de militares de alta patente e de reconhecido preparo técnico, como

Administração do Brasil.

Tasso Fragoso, Malan D'Angrogne, Ce lestino Bastos, Cândido Rondon e tan tos outros, nada escapa à faina desco munal do depositário de tantas espe ranças. Tudo vê e tudo prove. Arma

mento, munição, material de campanha

de tôda sorte, aviação militar, instniçãò e exercícios, quartéis, acampamentos,

campos de instrução, fábricas militares,

Vêde-o: é o educador, de inteligência

alada, que, em páginas vigorosas e de esplendor cívico, descreve os feitos de Caxias e Osório e os indica à mocidade estudiosa como numes tutelares da na

ção. E' o reabilitador da memória de Barbacena, ensombrada em Passo do Rosário. E* o otimista que não admite

se prognosticar a ruína e a perdição da terra que o viu nascer. E' o pensamen

escolas de tiro e prática de armas, novos

to única e exclusivamente voltado pam

regulamentos, preenchimento dos claros pelo sorteio, reforma da justiça militar, eis uma visão panorâmica dos serviços

a Pátria comum.

fé e de culto às tradições caras aos nos

que, na simplicidade, dos títulos, em

sos sentimentos de brasilidade, eu repi

"Formação Histórica do Brasil", Calóge ras proclamou objeto da sua atenção

Permiti, enfim, que, neste ambiente de ta as palavTas de Rondon, que valem como aresto inapelável da posteridade:

realizadora. Cada uma dessas preciosas

O Exército Brasileiro não teve melhor

utilidades é digna de um capítulo, a

amigo.


Digesto Econômico

' NO BRASIL CRNTRÜ-OESTE

87

guio, alternam torras onduladas e chapadões, invernadas belíssimas, onde pas

PiMENTEL Go^^ES

avistam florestas, culturas de arroz e trigo e pastagens.

tam zebuínos, e culturas cli\'ersas, des

Quakix) quiserem fazer uma viagem

co, petróleo do xisto betuminoso de Taubaté-Tremeinbé, florestas fornecedoras de matéria-prima para enormes fábricas de

tacando-se os cafczais c os arrozais.

tres de rida e foi criada por decreto,

riqueza criada pelo zcbu. Além de de zenas de quilômetros de outras inverna

em local escolhido por uma comissão. O

vegação aérea que mantêm linhas para

celulose e papel, trigais e arrozais gran des e fecundos, cafezaís restaurados pelo sornbreamento e adubação racional, e uma fruticultura em que se produzisse,

céus, fábricas e mas asfaltadas. E a das e outras culturas, entremeadas de

maiores urbanistas.

Goiânia.

aproveitando sabiamente as diversas al

raras florestas, aparece Uberlândia, ci

titudes, das bananas e das laranjas aos

dade cheia de vida e progresso.

agradável e ao mesmo tempo adqui rir maior confiança no futuro do Brasil, tomem um avião no aeroporto Santos

Dumont, no Rio de Janeiro, pertencen te a uma das várias companhias de na Se o dia estiver ensolarado,

não abram o jornal. Contemplem a flo resta de arranha-céus cariocas, sempre mais altos e mais numerosos, que vão ficando lá embaixo; os estaleiros das

ilhas das Cobras, Viana e Mocanguê; o aeroporto da Ilha do Governador, na ponta do Galeão; as cento e tantas ou

tras ilhas grandes e pequenas, algumas extremamente pitorescas, que polvilham

a baía de Guanabara; a planície chata e fecunda que é a baixada fluminense,

ampla, de 16.500 quilômetros quadrados, onde se cruzam os rios, os canais de dre

nagem e as estradas de ferro e de ro dagem, zona própria à cultura mecanizad^a e ainda muito insuficientemente' aproveitada; os contrafortes e depois a própria Serra do Mar, imponente, flores tada, magnífica, erguendo seus pincaros culminantes a mais de dois mil me

tros de altura, e dando início ao planal to que se alarga por três quintas partes

naíba do Sul, amplo,

Mas, além da Mantiqueira, outra zo na futurosa que o desmatamento irracio

tortuoso, envoK'endo com suas águas pardas tra-se em

ria.

merosas,

branquiçada que se alarga cada vez

ainda

mais. Lembra São Paulo. Os arranha-

cidades, turbiuas com milhões de quilováüos-hora de capacidade, uma Volta Redonda multiplicada por quatro ou cin

apenas campos ondulados e matas raríssimas. A devastação tem sido enorme. Depois, quando penetramos no Triân-

Goiás c no

vores e uma fabca cen

tral de gramados. Há, ainda,

as

areas

numeradas.

das. A energia elétri ca é insuficiente, o que está prejudicando a in dustrialização da cida

sações de Goiás tornam-

de. Instala-se nova tur

se mais intensas. A pri

lentidão.

vez. Havia mesmo uma ponta de frio, embora fossem apenas 16 horas.

neiro e São Paulo, do mesmo dia.

buscando no Centro-Oeste a fartura o a tranqüilidade que não encon trara

na

Europa,

mostrava-se

sa

tisfeitíssima.

Goiânia se situa além, depois de uns 1

bina, mas pequeníssima, em face das

meira surpre.sa, mesmo para os que vi vem compulsando geografias que mere çam o nome e dados meteorológicos, e o clima, suavíssimo na tarde de 30 de abril em que lá estívc pela prímeka italiana, que seguia no mesmo avião

do Uberaba. A princípio, sobrevoamos

O asfalto

parimenta ruas e aveni

terior brasileiro, as sen

tes de agora serão um milhão lá nara

avenidas

bridor de Goiás — e Pamaíba. As ruas são

florestas

revestem

as

Anhangüera — o desco

No aeroporto de Aná polis, uma das cidades mais progressistas do in

rápido crescimento, no Brasil, pois tem

1970. ^ Partimos rumo a oeste, em busca

plas e belamente arbo rizadas. A primeira tem quatro renques de ár

muito grandes.

céus tomam-se sempre mais numerosos e audaciosos. Já os há com bem mais de vinte andares. Na Cidade Industrial, fumegam chaminés. O açude da PampuIha, aproveitado ao máximo, mata as saudades do mar. O aeroporto, com suas longas pistas de cimento, é movimentadíssimo. A cidade é uma das de mais

estamos começando a imitar no São Francisco e os indianos no Damodar, dar-nos-ia entre as nossas duas maiores

Tocantins — tôdas am

ladas, as cultiiras nu

Belo Horizonte surge como mancha es-

os seus trezentos e tantos mil habitan

Atualmente, tem o seu centro na Pra

ça Cívica (por que não Praça Brasil?) donde partem as ave nidas Goiás, Araguaia e

terras, a princípio, são um pouco mais ondu

dicados quase exclusivamente à pecuá

integral, num plano semelhante ao do Tenessee, plano que, adaptado ao meio,

plano é de autoria de um dos nossos

Brasil Centro-Ocste. As

se os planaltos ondulados e desnudos, de

anos. Não havendo mudança no ritmo

A cidade suqjreende. Tem três lus

as muitas ilhas, e en

nal e o mau aproveitamento estão pre judicando extraordinariamente, alargam-

duplicado a população de doze em doze

Há arranha-

Atravessa-se o Par-

gçs e maçãs.

O vale do Paraíba do Sul

do Brasil.

prosperidade e riqueza.

caquis, pêssegos, peras, ameixas, morau-

está lá embaixo. O seu aproveitamento

Go/dmVi

Uberaba dá ao viajor uin sensação de

quinze minutos de vôo baixo, em que se

necessidades, e com extrema e enervante

O aeroporto é freqüentado por aviões de quatro companhias aéreas. Â tarde vendem-se os matutinos do Rio de Ja ramal ferroviário

Leopoldo

O

Bulhões-

Goiânia ainda não está terminado. Cau

sa espécie não ter partido a ferrovia de Anápolis, pois seria muito mais curto, encontraria, terreno

muito

mellior

e

custaria muito menos. Os trilhos apro ximam-se, o que é um cousôlo.


Digesto Econômico

' NO BRASIL CRNTRÜ-OESTE

87

guio, alternam torras onduladas e chapadões, invernadas belíssimas, onde pas

PiMENTEL Go^^ES

avistam florestas, culturas de arroz e trigo e pastagens.

tam zebuínos, e culturas cli\'ersas, des

Quakix) quiserem fazer uma viagem

co, petróleo do xisto betuminoso de Taubaté-Tremeinbé, florestas fornecedoras de matéria-prima para enormes fábricas de

tacando-se os cafczais c os arrozais.

tres de rida e foi criada por decreto,

riqueza criada pelo zcbu. Além de de zenas de quilômetros de outras inverna

em local escolhido por uma comissão. O

vegação aérea que mantêm linhas para

celulose e papel, trigais e arrozais gran des e fecundos, cafezaís restaurados pelo sornbreamento e adubação racional, e uma fruticultura em que se produzisse,

céus, fábricas e mas asfaltadas. E a das e outras culturas, entremeadas de

maiores urbanistas.

Goiânia.

aproveitando sabiamente as diversas al

raras florestas, aparece Uberlândia, ci

titudes, das bananas e das laranjas aos

dade cheia de vida e progresso.

agradável e ao mesmo tempo adqui rir maior confiança no futuro do Brasil, tomem um avião no aeroporto Santos

Dumont, no Rio de Janeiro, pertencen te a uma das várias companhias de na Se o dia estiver ensolarado,

não abram o jornal. Contemplem a flo resta de arranha-céus cariocas, sempre mais altos e mais numerosos, que vão ficando lá embaixo; os estaleiros das

ilhas das Cobras, Viana e Mocanguê; o aeroporto da Ilha do Governador, na ponta do Galeão; as cento e tantas ou

tras ilhas grandes e pequenas, algumas extremamente pitorescas, que polvilham

a baía de Guanabara; a planície chata e fecunda que é a baixada fluminense,

ampla, de 16.500 quilômetros quadrados, onde se cruzam os rios, os canais de dre

nagem e as estradas de ferro e de ro dagem, zona própria à cultura mecanizad^a e ainda muito insuficientemente' aproveitada; os contrafortes e depois a própria Serra do Mar, imponente, flores tada, magnífica, erguendo seus pincaros culminantes a mais de dois mil me

tros de altura, e dando início ao planal to que se alarga por três quintas partes

naíba do Sul, amplo,

Mas, além da Mantiqueira, outra zo na futurosa que o desmatamento irracio

tortuoso, envoK'endo com suas águas pardas tra-se em

ria.

merosas,

branquiçada que se alarga cada vez

ainda

mais. Lembra São Paulo. Os arranha-

cidades, turbiuas com milhões de quilováüos-hora de capacidade, uma Volta Redonda multiplicada por quatro ou cin

apenas campos ondulados e matas raríssimas. A devastação tem sido enorme. Depois, quando penetramos no Triân-

Goiás c no

vores e uma fabca cen

tral de gramados. Há, ainda,

as

areas

numeradas.

das. A energia elétri ca é insuficiente, o que está prejudicando a in dustrialização da cida

sações de Goiás tornam-

de. Instala-se nova tur

se mais intensas. A pri

lentidão.

vez. Havia mesmo uma ponta de frio, embora fossem apenas 16 horas.

neiro e São Paulo, do mesmo dia.

buscando no Centro-Oeste a fartura o a tranqüilidade que não encon trara

na

Europa,

mostrava-se

sa

tisfeitíssima.

Goiânia se situa além, depois de uns 1

bina, mas pequeníssima, em face das

meira surpre.sa, mesmo para os que vi vem compulsando geografias que mere çam o nome e dados meteorológicos, e o clima, suavíssimo na tarde de 30 de abril em que lá estívc pela prímeka italiana, que seguia no mesmo avião

do Uberaba. A princípio, sobrevoamos

O asfalto

parimenta ruas e aveni

terior brasileiro, as sen

tes de agora serão um milhão lá nara

avenidas

bridor de Goiás — e Pamaíba. As ruas são

florestas

revestem

as

Anhangüera — o desco

No aeroporto de Aná polis, uma das cidades mais progressistas do in

rápido crescimento, no Brasil, pois tem

1970. ^ Partimos rumo a oeste, em busca

plas e belamente arbo rizadas. A primeira tem quatro renques de ár

muito grandes.

céus tomam-se sempre mais numerosos e audaciosos. Já os há com bem mais de vinte andares. Na Cidade Industrial, fumegam chaminés. O açude da PampuIha, aproveitado ao máximo, mata as saudades do mar. O aeroporto, com suas longas pistas de cimento, é movimentadíssimo. A cidade é uma das de mais

estamos começando a imitar no São Francisco e os indianos no Damodar, dar-nos-ia entre as nossas duas maiores

Tocantins — tôdas am

ladas, as cultiiras nu

Belo Horizonte surge como mancha es-

os seus trezentos e tantos mil habitan

Atualmente, tem o seu centro na Pra

ça Cívica (por que não Praça Brasil?) donde partem as ave nidas Goiás, Araguaia e

terras, a princípio, são um pouco mais ondu

dicados quase exclusivamente à pecuá

integral, num plano semelhante ao do Tenessee, plano que, adaptado ao meio,

plano é de autoria de um dos nossos

Brasil Centro-Ocste. As

se os planaltos ondulados e desnudos, de

anos. Não havendo mudança no ritmo

A cidade suqjreende. Tem três lus

as muitas ilhas, e en

nal e o mau aproveitamento estão pre judicando extraordinariamente, alargam-

duplicado a população de doze em doze

Há arranha-

Atravessa-se o Par-

gçs e maçãs.

O vale do Paraíba do Sul

do Brasil.

prosperidade e riqueza.

caquis, pêssegos, peras, ameixas, morau-

está lá embaixo. O seu aproveitamento

Go/dmVi

Uberaba dá ao viajor uin sensação de

quinze minutos de vôo baixo, em que se

necessidades, e com extrema e enervante

O aeroporto é freqüentado por aviões de quatro companhias aéreas. Â tarde vendem-se os matutinos do Rio de Ja ramal ferroviário

Leopoldo

O

Bulhões-

Goiânia ainda não está terminado. Cau

sa espécie não ter partido a ferrovia de Anápolis, pois seria muito mais curto, encontraria, terreno

muito

mellior

e

custaria muito menos. Os trilhos apro ximam-se, o que é um cousôlo.


Digesto Econômico 88

89

Dicesto EcoN'ó>nco

há as culturas que \'ai encontrando por

As estradas de rodagem, partindo de Goiânia em vários sentidos, aloncam-se

por centenas de quilômetros.

Dekani,

porém, ainda muito- a desejar. Talvez Goiânia tenha uns 100 mil ha

bitantes dentro de vinte anos, se solu

cionarem com brevidade os seus proble mas de transporte e energia. TiOnas ecológicas

Distinguem-se cinco zonas ecológicas

em Goiás: Norte, Planalto, Centro, Sul e

dutos se encaminharão para Belém e os mercados consumidores.

As quatro zonas restantes, no estudo

resumido que estou fazendo, podem ser consideradas cm conjunto. São 282 mil

quilômetros quadrados — tanto quanto os Estados de São Paulo e Rio de Ja

-1.000 e 1.200 metros.

ra rotineira de todas as fazendas.

média de uns oitocentos metros, atingin O clima sensível é muito mais agradá

dos maiores rios do Brasil e do mundo

ralelo 14. Os europeus que aí moram e

te, na chapada dos Veadeiros, sob o pa

— o Tocantins e seu afluente Araguaia. O clima é quente nos vales dos rios c que estão chegando diretamente da Eu ropa, em quantidades crescentes, julgamno excelente e se

cipais tem a pecuária — ainda rotineira

Os

trígaís estão-se tornando muito freqüen tes. Voando-se de avião, vez por outra

alguém estende o braço e mostra as manchas verdes dos trígais, todos em

boas condições. Na chapada dos Vea deiros, onde o fazendeiro João Bernar-

des Rabelo planta trigo, na fazenda Moi nho, há 21 anos — estive conversando com êste benemérito — o Ministério da

Agricultura está conseguindo multipli car as lavouras. No Posto Agropecuário,

aclimatam com faci

lidade. Um antigo

cuja instalação o Ministério da Agricul

diplomata norueguês

tura ultima nas proximidades de Goiás,

os que tomavam parte na Conferência de

em

fresco nos planaltos. Como riquezas prin

zais, embora ainda relativamente pe

do, porem, em trechos imensos, 900

neiro, juntos — do planaltos altos, em

tros quadrados. E' perlongado por dois

O Norte é maior que as quatro restan tes, juntas. Dispõe de 358 mil quilôme

pois Goiás produziu 3.200 mil sacos de 60 quilos em 1947, enquanto o Brasil produzia 43.272 mil. Há muitos cafe-

quenos. • A plantação continua. Tudo faz crer que Goiás possa pelo menos produzir tanto café quanto São Paulo em seu período áureo. O milho 6 cultu

vel do que o indicado pelos termôme tros. Já em maio, as noites são frígidas. As geadas se fazem notar em vários pontos. Neva, embora muito raramen

Sudoeste.

aqui e por ali. Os arrozais são numerosos e grandes,

bora proveniente de um país que confina

com os gelos polares, uma terra de ge leiras eternas, sol de meia-noite, monta nhas glaciais e vales frígidos, dizia-me

Colonização e Imigração viram trigais

Central, Colônia Agrícola Nacional de Goiás,Agro-Colonizadora IndustrialLtda.,

Cooperativas Italianas de Técnicos Agri cultores, Cooperativa Agropecuária de

200 famílias européias deslocadas.

A Colônia Agrícola Nacional, perten cente ao Ministério da Agricultura, dis

põe de 2.472 km2 entre 525 e 725 me tros de altura. Distribui lotes de 20 a 50 hectares. Em 1944, tinha 10 famí

lias; em 1946, 1.600. Hoje, há mais de 3.000.

A Agro-Colonizadora Ltda. é de ini ciativa do deputado Hugo Borghi. Con ta com 2.500 km2 no vale superior do Taranã, em altitude superior a 700 me

tros. A Agro-Colonizadora dedicar-se-á à cultura de cereais e de frutas e à cria

ção de bovinos e aves. Terá farta ener

gia hidrelétrica, um grande frigorífico para bovinos etc. A colônia Cooperativas Italianas de

Técnicos Agricultores pretende colocar duas mil famílias italianas dentro de três

anos. O Govêmo de Goiás prometeu facilitar-lhes a aquisição de 150 mil hec tares de boas terras, em Rio Verde.

em desenvolvimento, trigais sendo cei

fados e trigo colhido. Diz-se por Ia que o trigo dá 60 por 1. Acredito que

Transportes

em Goiânia maravilhas sobre o clima do

próprio consumo e pí^r^i abastecer a pla

Várias companhias de navegação aé rea ligam Goiás ao Rio de Janeiro, São

nície amazônica. O marmelo é plantado

Paulo, Belém e Belo Horizonte.

em grande escala no município de Luziânia, que faz regular exportação desse doce. Há pequenos vinhedos. Os italia

em execução, levará os trilhos da Cen

e bastante futurosa, ainda é mínimo. No

planalto central. Não esperava fato se melhante. Decididamente os dados oficiais não faziam acreditar em condições tão favoráveis ao povoamento por exuo-

momento, melhoram-se as condições de

peus!

nos dos Abruzos que começam a povoar

Estrada de Ferro de Goiás a Araguaia,

navegabilidade do Tocantins e do Ara

Acrescentem-se terras férteis em gran de quantidade, rios numerosos e pisco-

o Rio Verde pretendem dedicar-se de

preferência ao plantio de trigo, vinha e

porto sôbre o rio do mesmo nome; a Araraquarense a Cuiabá, porto sôbre o

oliveira. O algodão é outra grande pos-

rio do mesmo nome, ati-avessando o sul

sibi'ídade.

de Goiás.

— e o babaçu, ainda muito abandonado. Há notável riqueza mineral, como ou

ro, diamantes, minério de ferro de pri meira ordem, cristal de rocha etc.

O aproveitamento de área tão grande

guaia.

Alongam-se estradas de roda

gem. Uma grande empresa, com capi tais brasileiros e canadenses, cuida da

instalação de uma indústria siderúrgica a coque de babaçu, às margens do To cantins, e de uma grande fábrica de óleo de babaçu, nos barrancos do Ara

guaia. Pelos dois grandes rios, os pro-

sos, muita energia hidrelétrica em po tencial, fartíssima e variada riqueza mi neral.

Goiás possa produzir trigo para o seu

Colônias Culturas

Confirmando a impressão agradável que o viajor tem do clima dos planaltos goianos que ficam ao sul do paralelo 12,

Há várias colônias instaladas ou em

vias de instalação:

Fundação Brasil

O plano ferroviário planejado, parte tral a Peixe, porto sôbré o Tocantins; a

O plano rodoviário em execução do tará Goiás de boas estradas em todos os

sentidos, ligando-o também ao Rio de

Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Hori-


Digesto Econômico 88

89

Dicesto EcoN'ó>nco

há as culturas que \'ai encontrando por

As estradas de rodagem, partindo de Goiânia em vários sentidos, aloncam-se

por centenas de quilômetros.

Dekani,

porém, ainda muito- a desejar. Talvez Goiânia tenha uns 100 mil ha

bitantes dentro de vinte anos, se solu

cionarem com brevidade os seus proble mas de transporte e energia. TiOnas ecológicas

Distinguem-se cinco zonas ecológicas

em Goiás: Norte, Planalto, Centro, Sul e

dutos se encaminharão para Belém e os mercados consumidores.

As quatro zonas restantes, no estudo

resumido que estou fazendo, podem ser consideradas cm conjunto. São 282 mil

quilômetros quadrados — tanto quanto os Estados de São Paulo e Rio de Ja

-1.000 e 1.200 metros.

ra rotineira de todas as fazendas.

média de uns oitocentos metros, atingin O clima sensível é muito mais agradá

dos maiores rios do Brasil e do mundo

ralelo 14. Os europeus que aí moram e

te, na chapada dos Veadeiros, sob o pa

— o Tocantins e seu afluente Araguaia. O clima é quente nos vales dos rios c que estão chegando diretamente da Eu ropa, em quantidades crescentes, julgamno excelente e se

cipais tem a pecuária — ainda rotineira

Os

trígaís estão-se tornando muito freqüen tes. Voando-se de avião, vez por outra

alguém estende o braço e mostra as manchas verdes dos trígais, todos em

boas condições. Na chapada dos Vea deiros, onde o fazendeiro João Bernar-

des Rabelo planta trigo, na fazenda Moi nho, há 21 anos — estive conversando com êste benemérito — o Ministério da

Agricultura está conseguindo multipli car as lavouras. No Posto Agropecuário,

aclimatam com faci

lidade. Um antigo

cuja instalação o Ministério da Agricul

diplomata norueguês

tura ultima nas proximidades de Goiás,

os que tomavam parte na Conferência de

em

fresco nos planaltos. Como riquezas prin

zais, embora ainda relativamente pe

do, porem, em trechos imensos, 900

neiro, juntos — do planaltos altos, em

tros quadrados. E' perlongado por dois

O Norte é maior que as quatro restan tes, juntas. Dispõe de 358 mil quilôme

pois Goiás produziu 3.200 mil sacos de 60 quilos em 1947, enquanto o Brasil produzia 43.272 mil. Há muitos cafe-

quenos. • A plantação continua. Tudo faz crer que Goiás possa pelo menos produzir tanto café quanto São Paulo em seu período áureo. O milho 6 cultu

vel do que o indicado pelos termôme tros. Já em maio, as noites são frígidas. As geadas se fazem notar em vários pontos. Neva, embora muito raramen

Sudoeste.

aqui e por ali. Os arrozais são numerosos e grandes,

bora proveniente de um país que confina

com os gelos polares, uma terra de ge leiras eternas, sol de meia-noite, monta nhas glaciais e vales frígidos, dizia-me

Colonização e Imigração viram trigais

Central, Colônia Agrícola Nacional de Goiás,Agro-Colonizadora IndustrialLtda.,

Cooperativas Italianas de Técnicos Agri cultores, Cooperativa Agropecuária de

200 famílias européias deslocadas.

A Colônia Agrícola Nacional, perten cente ao Ministério da Agricultura, dis

põe de 2.472 km2 entre 525 e 725 me tros de altura. Distribui lotes de 20 a 50 hectares. Em 1944, tinha 10 famí

lias; em 1946, 1.600. Hoje, há mais de 3.000.

A Agro-Colonizadora Ltda. é de ini ciativa do deputado Hugo Borghi. Con ta com 2.500 km2 no vale superior do Taranã, em altitude superior a 700 me

tros. A Agro-Colonizadora dedicar-se-á à cultura de cereais e de frutas e à cria

ção de bovinos e aves. Terá farta ener

gia hidrelétrica, um grande frigorífico para bovinos etc. A colônia Cooperativas Italianas de

Técnicos Agricultores pretende colocar duas mil famílias italianas dentro de três

anos. O Govêmo de Goiás prometeu facilitar-lhes a aquisição de 150 mil hec tares de boas terras, em Rio Verde.

em desenvolvimento, trigais sendo cei

fados e trigo colhido. Diz-se por Ia que o trigo dá 60 por 1. Acredito que

Transportes

em Goiânia maravilhas sobre o clima do

próprio consumo e pí^r^i abastecer a pla

Várias companhias de navegação aé rea ligam Goiás ao Rio de Janeiro, São

nície amazônica. O marmelo é plantado

Paulo, Belém e Belo Horizonte.

em grande escala no município de Luziânia, que faz regular exportação desse doce. Há pequenos vinhedos. Os italia

em execução, levará os trilhos da Cen

e bastante futurosa, ainda é mínimo. No

planalto central. Não esperava fato se melhante. Decididamente os dados oficiais não faziam acreditar em condições tão favoráveis ao povoamento por exuo-

momento, melhoram-se as condições de

peus!

nos dos Abruzos que começam a povoar

Estrada de Ferro de Goiás a Araguaia,

navegabilidade do Tocantins e do Ara

Acrescentem-se terras férteis em gran de quantidade, rios numerosos e pisco-

o Rio Verde pretendem dedicar-se de

preferência ao plantio de trigo, vinha e

porto sôbre o rio do mesmo nome; a Araraquarense a Cuiabá, porto sôbre o

oliveira. O algodão é outra grande pos-

rio do mesmo nome, ati-avessando o sul

sibi'ídade.

de Goiás.

— e o babaçu, ainda muito abandonado. Há notável riqueza mineral, como ou

ro, diamantes, minério de ferro de pri meira ordem, cristal de rocha etc.

O aproveitamento de área tão grande

guaia.

Alongam-se estradas de roda

gem. Uma grande empresa, com capi tais brasileiros e canadenses, cuida da

instalação de uma indústria siderúrgica a coque de babaçu, às margens do To cantins, e de uma grande fábrica de óleo de babaçu, nos barrancos do Ara

guaia. Pelos dois grandes rios, os pro-

sos, muita energia hidrelétrica em po tencial, fartíssima e variada riqueza mi neral.

Goiás possa produzir trigo para o seu

Colônias Culturas

Confirmando a impressão agradável que o viajor tem do clima dos planaltos goianos que ficam ao sul do paralelo 12,

Há várias colônias instaladas ou em

vias de instalação:

Fundação Brasil

O plano ferroviário planejado, parte tral a Peixe, porto sôbré o Tocantins; a

O plano rodoviário em execução do tará Goiás de boas estradas em todos os

sentidos, ligando-o também ao Rio de

Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Hori-


90

DicESTO EcOKÓ^DCÜ

zünte. Recife, Fortaleza, São Luís, Be

plano está executado; parte em execução.

minliam-.se para lá correntes imigrató rias provenientes de outros pontos cio País e da Europa. As culturas se mul

Terra da promissão

tiplicam. As estradas de ferro e de ro dagem se alongam aceleradamente. Sur

lém, Rio Branco e Santarém. Parte do

Posição do Brasil nos mercados mundiais de arroz Moacyr Paixão

gem as primeiras indústrias. As cidades

Os planaltos do Brasil Centro-Oeste

constituem uma terra da promissão.

Abandonados durante muito tempo, en contram-se em rápido progresso. Enca-

O exame das condições

crescem ràpidamentc. Em breve, o cora

materiais

ção do Brasil não será mais um \-ácuo econômico e sim um dos trechos

povoados e dinamizados do País.

da

economia

nacional, particulannentc

Uma publicação recente da Organiza

dos problemas da produ ção, os elementos funda

ção de Agricultura e Alimentação (F. A. O.) — "Rice Bülletin", de março de 1949 — apresenta a variação da produ ção arrozeira, entre duas épocas, que é

mentais a considerar são

evidentemente as forças à

produtivas em jogo (emprego de máquinas e mão-de-obra). Contudo, a his tória interna de certos produtos agríco las, extraÜvos ou industriais salientes tais como o café, cacau, algodão, mamona, carne, tecidos, borracha, carnaú

ba e agora minérios — se liga direíamento à história do mercado mundial, cm de

intpTTUirinnnl

^

Ihni rti

o lugar de desiaque de outras épocas «o comércio situação ainda ali reinante, haja emncci'

nri Ji i7 o fato e que a Alenmnha /ígfldosretorna à faltaràpidamente de unidadeàdesuavistas dasposição potÂcias ocupantes, antiga de

potência industrial e comercial.

terminadas épocas. É o caso do arroz, setor economico

cujo desenvolvimento se mostra subs

do arroz repercutiu em cima do similar

riação dos volumes físicos da produção arrozeira, nos embaraços atuais do co mércio interno e na tendência altista dos preços. 1938-39

'

países índia

duçãò germânico. De outras fontes, esjoera-.se- possa a importação dâsse país no

Paquistão

ano em' curso, alcançar 2.000.000.000 de dólares e a exportação . 1.000.000.000. Trata-se, como se vê, de mercado de grande importância, com o

Japão

qual sempre mantivemos excelentes trocas e para onde se poderia escoar parte dc

1938-39 1947-48

147,4 142,6

1948-49

144,5

nunciam maior decréscimo. Em volumes

132,7 milhões (93%), na última safra

(a previsão para 1948-49 fixa a produ ção em 135,1 milhões). Nota-se a po

sição dos maiores paises produtores asiáticos,. no quadro abaixo: 1947-48

(Milhões de ton.) (Milhões de tOn.\

que acaba de nos chegar por via aérea, as autoridades americanas, inglôsas e fran cesas de ocupação permitirão, de agora em diante, muito maior liberãidade à »ro-

nossa produção de café, couros e algodão, só para citar alguns dos principais ariit^os de que a Alemanha necessita urgentemente.

Milhões de ton.

físicos, suas colheitas caíram de 141,3 milhões de toneladas (1938-39) para

navios do tipo LtbeHij", alguns dos quais tanques. Conseguiu ainda para construir cêrca de cem unidades para o sL comércio. E' de lastiimr nuc enquanto quase todos os grandes países procuram, por seu lado, o mercado cft! Alernanha, atnda se esteja em nosso meio no teireno dos conversações. Sahc-sc Segundo informações que obtivenios através do 'World Reports" de «y 9-5-49, y-a-K/

Ano agrícola

mcnte no asiático. Não é difícil obser var até onde a conjuntura internacional brasileiro, influindo fortemente na va

a Alemanha.

em relação" à estimativa para 1948-49.

de procura excepcional determinada pela

guerra, no mercado mundial enotada-

porem, que ja foi proporá pelo Ministério das Relações Extenores urrui espécie dc "mesa redonda" para discutir as futuras exportações e importações brasileiras vara

da ordem de 4,8 milhões de toneladas,

no cômputo à base da colheita real do ano agrícola 1947-48, e de 2,9 milhões

É precisamente na Ásia, onde se lo calizavam 96% da produção nnmdial, antes da guerra, que as estatísticas de

tancialmente relacionado com a situaçao

;x.' foram firmados alguns convênios como os dapara Argentina luans-a via, pr^endo-se a conclusão de outroscomerciais, acordos comerciais, breve e com

Át^ria Grécm, ItaUa, Bélgica e Luxemburgo, Hungria, Irlanda França, Pan.Zão Strla Líbano, México, Cofâmbia, Chile, Japão e Pãõnia. Fora o tra^orte ZZui produção, conseguiu a Alemanlia, das autoridades de ocupação, côrca de qiZcZa

Fome de arroz nos tnercados mundiais

China

..

1948-49

(Previsão, m.t.)

50.1

46.5

46,6

29.2

28.6

12,2 11,5

11,6 11,2

29,0 11,6 11,8

Na Birmânia e Indochina, países ou-

1940-46, período de profunda escassez

trora de grandes excedentes, as áreas

total produzido figura 9,6% abaixo dos

de cultivo e as colheitas elevaram-se de muito sôbre os níveis normais de

mas ainda assim, na última safra, seu

totais de antes da guerra. Foi de 5,6-

^


90

DicESTO EcOKÓ^DCÜ

zünte. Recife, Fortaleza, São Luís, Be

plano está executado; parte em execução.

minliam-.se para lá correntes imigrató rias provenientes de outros pontos cio País e da Europa. As culturas se mul

Terra da promissão

tiplicam. As estradas de ferro e de ro dagem se alongam aceleradamente. Sur

lém, Rio Branco e Santarém. Parte do

Posição do Brasil nos mercados mundiais de arroz Moacyr Paixão

gem as primeiras indústrias. As cidades

Os planaltos do Brasil Centro-Oeste

constituem uma terra da promissão.

Abandonados durante muito tempo, en contram-se em rápido progresso. Enca-

O exame das condições

crescem ràpidamentc. Em breve, o cora

materiais

ção do Brasil não será mais um \-ácuo econômico e sim um dos trechos

povoados e dinamizados do País.

da

economia

nacional, particulannentc

Uma publicação recente da Organiza

dos problemas da produ ção, os elementos funda

ção de Agricultura e Alimentação (F. A. O.) — "Rice Bülletin", de março de 1949 — apresenta a variação da produ ção arrozeira, entre duas épocas, que é

mentais a considerar são

evidentemente as forças à

produtivas em jogo (emprego de máquinas e mão-de-obra). Contudo, a his tória interna de certos produtos agríco las, extraÜvos ou industriais salientes tais como o café, cacau, algodão, mamona, carne, tecidos, borracha, carnaú

ba e agora minérios — se liga direíamento à história do mercado mundial, cm de

intpTTUirinnnl

^

Ihni rti

o lugar de desiaque de outras épocas «o comércio situação ainda ali reinante, haja emncci'

nri Ji i7 o fato e que a Alenmnha /ígfldosretorna à faltaràpidamente de unidadeàdesuavistas dasposição potÂcias ocupantes, antiga de

potência industrial e comercial.

terminadas épocas. É o caso do arroz, setor economico

cujo desenvolvimento se mostra subs

do arroz repercutiu em cima do similar

riação dos volumes físicos da produção arrozeira, nos embaraços atuais do co mércio interno e na tendência altista dos preços. 1938-39

'

países índia

duçãò germânico. De outras fontes, esjoera-.se- possa a importação dâsse país no

Paquistão

ano em' curso, alcançar 2.000.000.000 de dólares e a exportação . 1.000.000.000. Trata-se, como se vê, de mercado de grande importância, com o

Japão

qual sempre mantivemos excelentes trocas e para onde se poderia escoar parte dc

1938-39 1947-48

147,4 142,6

1948-49

144,5

nunciam maior decréscimo. Em volumes

132,7 milhões (93%), na última safra

(a previsão para 1948-49 fixa a produ ção em 135,1 milhões). Nota-se a po

sição dos maiores paises produtores asiáticos,. no quadro abaixo: 1947-48

(Milhões de ton.) (Milhões de tOn.\

que acaba de nos chegar por via aérea, as autoridades americanas, inglôsas e fran cesas de ocupação permitirão, de agora em diante, muito maior liberãidade à »ro-

nossa produção de café, couros e algodão, só para citar alguns dos principais ariit^os de que a Alemanha necessita urgentemente.

Milhões de ton.

físicos, suas colheitas caíram de 141,3 milhões de toneladas (1938-39) para

navios do tipo LtbeHij", alguns dos quais tanques. Conseguiu ainda para construir cêrca de cem unidades para o sL comércio. E' de lastiimr nuc enquanto quase todos os grandes países procuram, por seu lado, o mercado cft! Alernanha, atnda se esteja em nosso meio no teireno dos conversações. Sahc-sc Segundo informações que obtivenios através do 'World Reports" de «y 9-5-49, y-a-K/

Ano agrícola

mcnte no asiático. Não é difícil obser var até onde a conjuntura internacional brasileiro, influindo fortemente na va

a Alemanha.

em relação" à estimativa para 1948-49.

de procura excepcional determinada pela

guerra, no mercado mundial enotada-

porem, que ja foi proporá pelo Ministério das Relações Extenores urrui espécie dc "mesa redonda" para discutir as futuras exportações e importações brasileiras vara

da ordem de 4,8 milhões de toneladas,

no cômputo à base da colheita real do ano agrícola 1947-48, e de 2,9 milhões

É precisamente na Ásia, onde se lo calizavam 96% da produção nnmdial, antes da guerra, que as estatísticas de

tancialmente relacionado com a situaçao

;x.' foram firmados alguns convênios como os dapara Argentina luans-a via, pr^endo-se a conclusão de outroscomerciais, acordos comerciais, breve e com

Át^ria Grécm, ItaUa, Bélgica e Luxemburgo, Hungria, Irlanda França, Pan.Zão Strla Líbano, México, Cofâmbia, Chile, Japão e Pãõnia. Fora o tra^orte ZZui produção, conseguiu a Alemanlia, das autoridades de ocupação, côrca de qiZcZa

Fome de arroz nos tnercados mundiais

China

..

1948-49

(Previsão, m.t.)

50.1

46.5

46,6

29.2

28.6

12,2 11,5

11,6 11,2

29,0 11,6 11,8

Na Birmânia e Indochina, países ou-

1940-46, período de profunda escassez

trora de grandes excedentes, as áreas

total produzido figura 9,6% abaixo dos

de cultivo e as colheitas elevaram-se de muito sôbre os níveis normais de

mas ainda assim, na última safra, seu

totais de antes da guerra. Foi de 5,6-

^


.

P'■

.li

'

^

F7

Dicesto

milhões de toneladas a produção da Birmânia e de 5,1 milhões a da Indochina. Somente o SiÜo, dentre os exportadores, promete retomar na próxima safra sua anHga produtividade.

para alimentar de arroz a 50 milhões de pessoas, em I ano. Um dos resultados dessa situação de escassez, da fome mundial de excedentes de arroz, está no regime de racionamento visando corrigir

ladas representando 42% da exportação mundial. Atualmente, contudo, a posi-

real se viram obrigados. Mesmo países como o Japão, e a üha de Ceilão que

Ern 1939 o excedente exportável da Birmama abngia a 4 milhões de tone-

tigos níveis da produção, devido ao das necessidades de consumo,

contra 0,8 milhões em 1947

plenamente à pro-

p j

notar quedoasarroz, necessidades normais. aee consumo presentemene, su iram o 11% ou mais sôbre os ní"ío pré-guerra, devido socrescimento das opopulações. sso o serve para situar problema

cura mtema do produto.

Na Malaia

atualmente, arroz entra 14% que na composição oalimentar, sobrecom48%, ora a percentagem normal de antes ds

93

Econômico

Países

Produção nacional

Importação

(Em 1.000 ton.)

(Em 1.000 ton.) 8

Suíça

Turquia

260

Reino Unido

795

6

Abrindo o problema em uma confe

í

rência internacional de arro?, reunida em

Baguio, Filipinas (março de 1948), con cluíram os técnicos do organismo pela necessidade de restaurar urgentemente

3,5 milhões de hectares de terras rizícolas abandonadas na China, índia, Indo china e Birmânia, ou de ampliar os

plantios, mesmo fora dessas regiões, ate

atídlda T" 1934-39 o movimento exportador Jeír" ^ntex da roz atingia a 8.6 milhões de tontladís 13 m il - TT 7?"'^ ™

Essa situação deficitária do mercado

(8,1 milhões fornecidos pela ÃsiaT bat

caiu extraordinàrianrcnte. Íí T

da Asia). Esse isfalque de 5 2 ml hZ

Ihões de toneladas no comércio exterior

do cereal corresponde, calculando s6-

sin

nhl

1939 1942 1944 1946

4.1 ™'nn>es

19471948

O quadro

7 da importação euro-

Bélgica Dinamarca França

'.

__

;

_ — 560

Grécia

Itália

Países Baixos Noruega Portugal

'.. .

•■t.a.iiLÁ- 'li I iti ft WiKiin 7

-

,

Y 2 129

5

19

422

_

,

..L-c- .'Vi. . ..

-j:^i

; ■

. ... - > ■

1.058 1.427 1.681 1.650 1.695

sejar uma situação ainda melhor ao produto. Mas enfrenta o arroz os mes mos problemas que retardam o livre desenvolvimento dos diversos setores da agricultura brasileira, até agora amarra da a velhas e profundas sobrevivências

g g 7

_ 49

1.075

O crescimento verificado no volume

(Em 1.000 ton )

scmi-feudais. .1

elevaram

sua

area

Em certas zonas, mesino

No quadro

de cultivo e das colheitas obtidas, na cionalmente.

Área

das safras não exprime, como pode apa rentar, uma etapa, de franco desenvolvi mento na economia do cereal. Diante da atração dos mercados, seria de de

Importação

(Em 1.000 ton.)

mercados

sando a intervir em maior escala no abastecimento mundial. Êsse e exata

(1.000 ha.)

dia do Extremo OrientO.^^o nece^So ^rs^Tm^nt^dÍ mT49^^'"'' Áustria

mundial de arroz tornou mais intensa a

caíram de 0,8

Produção nacinnal

dos

plantada rizícola e suas colheitas, pas

mente o caso do Brasil.

Anos

e^erior.

guerra — e atraídos pela conjuntura

a seguir observa-se a variação, desde a pré-guerra à última safra, das áreas

reduziram de 0,4 milhões as

bre um consumo de 102 kg/pessoa (mt néfld

senvolvendo o processo altista dos pre ços. Certos países menos atingidos pela

a cobertura dos déficits mundiais do

toneladas de arroz, para

xando em 1947-48 a 2,8 mUhões narã mnh'^" " V" mm 1 "7 1948-49, segundo previsão (2,5 milhS S, coTd

procura que a oferta do cereal, de

mercado.

Atraso da rizicuUura nacional

retomar o volume de 3,4 milhões

865

2.091

guerra. Noutras regiões da Âia esnecialmente no consumo Extremo doOriente, a pcrcentagem de arroz também

do cereal num plano, de extreiía gravi-

672

Alemanha Ocidental

os déficits do mercado arrozeiro, a que os países principais consumidores do ce-

mLÍdofr'^-^ "'^ ^^^stecimento dos mais perto se acham de refazer os In-

rdesterfo^s va o volume de 1 2 mi]l!^°^

Dicesto

Econômico

Produção (1.000 ton.) 1.484 1.881 2.110 2.771 2.598 2.790

existindo condições vantajosas de solo e clima (terras irrigadas, ocorrência de chuvas fortes no verão etc.), a rizicultura mantém-se atrasada e seus totais de

produção continuam há anos praticamen te inalterados.

Na realidade, apenas

São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás enchem as estatísticas de

produção nacional do arroz. O quadro seguirfte dá idéia da distri buição no país da produção arrozeira;


.

P'■

.li

'

^

F7

Dicesto

milhões de toneladas a produção da Birmânia e de 5,1 milhões a da Indochina. Somente o SiÜo, dentre os exportadores, promete retomar na próxima safra sua anHga produtividade.

para alimentar de arroz a 50 milhões de pessoas, em I ano. Um dos resultados dessa situação de escassez, da fome mundial de excedentes de arroz, está no regime de racionamento visando corrigir

ladas representando 42% da exportação mundial. Atualmente, contudo, a posi-

real se viram obrigados. Mesmo países como o Japão, e a üha de Ceilão que

Ern 1939 o excedente exportável da Birmama abngia a 4 milhões de tone-

tigos níveis da produção, devido ao das necessidades de consumo,

contra 0,8 milhões em 1947

plenamente à pro-

p j

notar quedoasarroz, necessidades normais. aee consumo presentemene, su iram o 11% ou mais sôbre os ní"ío pré-guerra, devido socrescimento das opopulações. sso o serve para situar problema

cura mtema do produto.

Na Malaia

atualmente, arroz entra 14% que na composição oalimentar, sobrecom48%, ora a percentagem normal de antes ds

93

Econômico

Países

Produção nacional

Importação

(Em 1.000 ton.)

(Em 1.000 ton.) 8

Suíça

Turquia

260

Reino Unido

795

6

Abrindo o problema em uma confe

í

rência internacional de arro?, reunida em

Baguio, Filipinas (março de 1948), con cluíram os técnicos do organismo pela necessidade de restaurar urgentemente

3,5 milhões de hectares de terras rizícolas abandonadas na China, índia, Indo china e Birmânia, ou de ampliar os

plantios, mesmo fora dessas regiões, ate

atídlda T" 1934-39 o movimento exportador Jeír" ^ntex da roz atingia a 8.6 milhões de tontladís 13 m il - TT 7?"'^ ™

Essa situação deficitária do mercado

(8,1 milhões fornecidos pela ÃsiaT bat

caiu extraordinàrianrcnte. Íí T

da Asia). Esse isfalque de 5 2 ml hZ

Ihões de toneladas no comércio exterior

do cereal corresponde, calculando s6-

sin

nhl

1939 1942 1944 1946

4.1 ™'nn>es

19471948

O quadro

7 da importação euro-

Bélgica Dinamarca França

'.

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_ — 560

Grécia

Itália

Países Baixos Noruega Portugal

'.. .

•■t.a.iiLÁ- 'li I iti ft WiKiin 7

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Y 2 129

5

19

422

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1.058 1.427 1.681 1.650 1.695

sejar uma situação ainda melhor ao produto. Mas enfrenta o arroz os mes mos problemas que retardam o livre desenvolvimento dos diversos setores da agricultura brasileira, até agora amarra da a velhas e profundas sobrevivências

g g 7

_ 49

1.075

O crescimento verificado no volume

(Em 1.000 ton )

scmi-feudais. .1

elevaram

sua

area

Em certas zonas, mesino

No quadro

de cultivo e das colheitas obtidas, na cionalmente.

Área

das safras não exprime, como pode apa rentar, uma etapa, de franco desenvolvi mento na economia do cereal. Diante da atração dos mercados, seria de de

Importação

(Em 1.000 ton.)

mercados

sando a intervir em maior escala no abastecimento mundial. Êsse e exata

(1.000 ha.)

dia do Extremo OrientO.^^o nece^So ^rs^Tm^nt^dÍ mT49^^'"'' Áustria

mundial de arroz tornou mais intensa a

caíram de 0,8

Produção nacinnal

dos

plantada rizícola e suas colheitas, pas

mente o caso do Brasil.

Anos

e^erior.

guerra — e atraídos pela conjuntura

a seguir observa-se a variação, desde a pré-guerra à última safra, das áreas

reduziram de 0,4 milhões as

bre um consumo de 102 kg/pessoa (mt néfld

senvolvendo o processo altista dos pre ços. Certos países menos atingidos pela

a cobertura dos déficits mundiais do

toneladas de arroz, para

xando em 1947-48 a 2,8 mUhões narã mnh'^" " V" mm 1 "7 1948-49, segundo previsão (2,5 milhS S, coTd

procura que a oferta do cereal, de

mercado.

Atraso da rizicuUura nacional

retomar o volume de 3,4 milhões

865

2.091

guerra. Noutras regiões da Âia esnecialmente no consumo Extremo doOriente, a pcrcentagem de arroz também

do cereal num plano, de extreiía gravi-

672

Alemanha Ocidental

os déficits do mercado arrozeiro, a que os países principais consumidores do ce-

mLÍdofr'^-^ "'^ ^^^stecimento dos mais perto se acham de refazer os In-

rdesterfo^s va o volume de 1 2 mi]l!^°^

Dicesto

Econômico

Produção (1.000 ton.) 1.484 1.881 2.110 2.771 2.598 2.790

existindo condições vantajosas de solo e clima (terras irrigadas, ocorrência de chuvas fortes no verão etc.), a rizicultura mantém-se atrasada e seus totais de

produção continuam há anos praticamen te inalterados.

Na realidade, apenas

São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás enchem as estatísticas de

produção nacional do arroz. O quadro seguirfte dá idéia da distri buição no país da produção arrozeira;


DrcESTO Econômico

■f -•

94

(Em 1.000 ton.)

Digesto

Econômico

Í9S9

1942

1944

1946

1947

1948

1939

1942

1944

1946

1947

São Paulo Piio Grande do Sul ....

468 350

487

494

384

519

949 647

855 682

Minas Gerais

331

403

520

84 245

216 391

198

517 231

482

Goiás

192

Mas na realidade os nossos excedentes, bem examinadas as condições do mer

379

427

387

cado, SC mostram só aparentes. O mer

norte e nordeste do país a média produção-habitante é apenas de 17 kg. e 13

cado nacional de arroz — e não só de

kg., respectivamente.

arroz mas dc todos os produtos — está ainda naquc'a.fase pioneira, de procura

SC verifica, um mercado nacional satu-

potencial, a que se referiu Roberto Simonsen, salvo engano, na sua "Diretri

econômica dos excedentes — mas um mosaico de áreas saturadas ao lado de

20 outras Unidades

...

Descendo às porcentagens na compo sição das colheitas, o quadro revela que

o país.

os arrozais paulistas, gaúchos, mineiros e

nio fundiário, freqüentemente dispondo

goianos representam, na escala dos anos

ci\ás 1939-47, sempre acima de 85% da produção nacional, valendo ainda referir que Sta. Catarina, Paraná e Maranhão

igualmente oferecem safras de volumes

ponderáveis.

Nas demais regiões, so

bretudo ao Norte e Nordeste, a rizicultura se mantém em níveis atrasados,

não atendendo sequer a 1/3 dos gastos locais.

Mas o fenômeno encontrou um

obstáculo.

Onde figura o grande domí

de mão-de-obra rural abundante e ba

rata, as inversões em máquinas, adu-

bagem, instalações industriais, .são pre cárias.

Mesmo

os

capitais

ixiriãvcis

(moeda, crédito etc.) se tornam perfei tamente dispensáveis, em virtude de a

mão-de-obra servir' em regimes de par

ceria e só excepcionalmente receber salá rio em moeda.

É em certas áreas do Rio Grande do Sul que se localiza a cultura arrozeira

Os excedentes do mercado intenw

só essa lavoura, em 220 mil hectares de

Aos observadores do mercado de arroz, •somos um país detentor de sobras para

mais adiantada do país. Observa-se quê arrozais, emprega 819 tratores, repre sentando 28% do total dos tratores utili zados no país, em mais de 18 milhões de hectares cultivados. A rizicultura gaúcha aparece em maior escala nas re

giões de colonato, predominantemente dé médias e pequenas propriedades, mais

exportação.

E a mais evidente confir

mação desse fato parece existir na me

lhoria acentuada, nos últimos anos de nossa

particrpaçãò

no

abastecimento

mundial, sem que hajam sofrido desfal que as trocas internas.

acessíveis às inversões de capital e à

Até 1913, ocasionalmente ainda im portamos arroz. Mas as quantidades

técnica.

produzidas no país iam crescendo a cada

Nas épocas normais do mercado é compreensível que o arroz, não sendo

um produto fundamentalmente de ex portação, como o café ou cacau, raro encoraje os investimentos. As aplicações de capital recaem, de preferência, na

queles produtos que se podem transfor

Consumo interno (1.000 ton.) E.vccdente exportado (1.000 ton.)

1.424 1.799 1.961 2.619 2.280 2.578 152 60 82 149 218 212

áreas de mercada vazio, com subconsumo.

A circulação e o

consumo da produção encontram no mer cado enormes vazios, expressos na inca

pacidade aquisitiva de uma parte con siderável da população, sobretudo o camposinato.

A falta de estatísticas nacionais espe cíficas de consumo impede a verifica

ção dos totais de arroz excedente, em

cada região o nacionalmente. Mas se sabe que São Paulo e Minas, embora figurem liderando as colheitas de arroz, apresentam baixas cotas por habitante. Goiás e Rio Grande do Sul, respectiva

mente com 202 kg. e 151 kg. por ha bitante (arroz com casca), são de certo os únicos Estados possuidores de sobras Arroz brasileiro

sôbre o valor unitário das exportações),

ó possível perceber a razão essencial da maior presença do cereal brasileiro no suprimento dos mercados mundiais. 1948 285

334

363

445

496

dois últimos conflitos mundiais. Em 1914-19 foi de quase 300% o aumento das nossas vendas de arroz ao exterior

Essa vertiginosa corrida altista "nas compras do exterior funciona como atra ção de mercados. Incentiva a criação, dentro do país, de excedentes ocasionais

Certos problemas do aparelho regu lador da circulação favorecem a prepa

ração dêsses excedentes ocasionais. Des

Não foi à toa que

ses, os que me parecem mais decisivos, porque prejudicam, de cheio o escoa mento da produção arrozeira e a amplia

mil tone'adas aos de 1946, nem por

ção do mercado interno, são a precarie dade das instalações para armazenamen to e conservação dos.estoques, a escassez

dos transportes, a fome tarifária e a

ou só aparentes.

em 1947, embora os totais da produção arrozeira se hajam reduzido de 173

do produto, atingindo, em 1947, seu

to específico do consumo nacional, o ar

ponto mais alto — 7,2% das exportações

isso as exportações deixaram de apresen

roz é cereal fàcilmente comerciável.

mundiais, contra 0,6% em .1939.

tar um saltò ponderável, de 152 para

O fenômeno é observável no quadro

I-'. A. O. no "Rice Bulletin") e os de venda no comércio externo (calculados

1947 249

100

seguinte:

Tomando-se para confronto os

230

ção do Brasil no comércio internacional

inversões na lavoiura arrozeira, em todo

terior.

índices de preços do arroz em grosso, no mercado nacional (cálculos da

1946

diante da escassez mundial e do aumen

lógico, então, seria o crescimento das

rença na evolução dos preços obtidos

pelo arroz, nos mercados interno e ex

199

mar imediatamente em mercadoria. Ora,

O

estudar, rapidamente. O maior deles, certamente o preponderante, é a dife

1945

100

subiu extraordinàriamente a participa

O aumento obsen-ado nas exportações ó mero efeito de fatôres que passarei a

1938

No mercado mundial

No período 1943-48 também

rado — só onde pode existir a figura

(cito de memória).

No mercado interno

anterior.

Não temos, logo

zes para uma Política Pan-Americana"

ano, tomando impulso na ocasião dos

calculado sobre a média do qüinqüênio

reais da mercadoria sôbre o consumo. Ao

218 mil toneladas.

super-tributàção (considerada sobretu-


DrcESTO Econômico

■f -•

94

(Em 1.000 ton.)

Digesto

Econômico

Í9S9

1942

1944

1946

1947

1948

1939

1942

1944

1946

1947

São Paulo Piio Grande do Sul ....

468 350

487

494

384

519

949 647

855 682

Minas Gerais

331

403

520

84 245

216 391

198

517 231

482

Goiás

192

Mas na realidade os nossos excedentes, bem examinadas as condições do mer

379

427

387

cado, SC mostram só aparentes. O mer

norte e nordeste do país a média produção-habitante é apenas de 17 kg. e 13

cado nacional de arroz — e não só de

kg., respectivamente.

arroz mas dc todos os produtos — está ainda naquc'a.fase pioneira, de procura

SC verifica, um mercado nacional satu-

potencial, a que se referiu Roberto Simonsen, salvo engano, na sua "Diretri

econômica dos excedentes — mas um mosaico de áreas saturadas ao lado de

20 outras Unidades

...

Descendo às porcentagens na compo sição das colheitas, o quadro revela que

o país.

os arrozais paulistas, gaúchos, mineiros e

nio fundiário, freqüentemente dispondo

goianos representam, na escala dos anos

ci\ás 1939-47, sempre acima de 85% da produção nacional, valendo ainda referir que Sta. Catarina, Paraná e Maranhão

igualmente oferecem safras de volumes

ponderáveis.

Nas demais regiões, so

bretudo ao Norte e Nordeste, a rizicultura se mantém em níveis atrasados,

não atendendo sequer a 1/3 dos gastos locais.

Mas o fenômeno encontrou um

obstáculo.

Onde figura o grande domí

de mão-de-obra rural abundante e ba

rata, as inversões em máquinas, adu-

bagem, instalações industriais, .são pre cárias.

Mesmo

os

capitais

ixiriãvcis

(moeda, crédito etc.) se tornam perfei tamente dispensáveis, em virtude de a

mão-de-obra servir' em regimes de par

ceria e só excepcionalmente receber salá rio em moeda.

É em certas áreas do Rio Grande do Sul que se localiza a cultura arrozeira

Os excedentes do mercado intenw

só essa lavoura, em 220 mil hectares de

Aos observadores do mercado de arroz, •somos um país detentor de sobras para

mais adiantada do país. Observa-se quê arrozais, emprega 819 tratores, repre sentando 28% do total dos tratores utili zados no país, em mais de 18 milhões de hectares cultivados. A rizicultura gaúcha aparece em maior escala nas re

giões de colonato, predominantemente dé médias e pequenas propriedades, mais

exportação.

E a mais evidente confir

mação desse fato parece existir na me

lhoria acentuada, nos últimos anos de nossa

particrpaçãò

no

abastecimento

mundial, sem que hajam sofrido desfal que as trocas internas.

acessíveis às inversões de capital e à

Até 1913, ocasionalmente ainda im portamos arroz. Mas as quantidades

técnica.

produzidas no país iam crescendo a cada

Nas épocas normais do mercado é compreensível que o arroz, não sendo

um produto fundamentalmente de ex portação, como o café ou cacau, raro encoraje os investimentos. As aplicações de capital recaem, de preferência, na

queles produtos que se podem transfor

Consumo interno (1.000 ton.) E.vccdente exportado (1.000 ton.)

1.424 1.799 1.961 2.619 2.280 2.578 152 60 82 149 218 212

áreas de mercada vazio, com subconsumo.

A circulação e o

consumo da produção encontram no mer cado enormes vazios, expressos na inca

pacidade aquisitiva de uma parte con siderável da população, sobretudo o camposinato.

A falta de estatísticas nacionais espe cíficas de consumo impede a verifica

ção dos totais de arroz excedente, em

cada região o nacionalmente. Mas se sabe que São Paulo e Minas, embora figurem liderando as colheitas de arroz, apresentam baixas cotas por habitante. Goiás e Rio Grande do Sul, respectiva

mente com 202 kg. e 151 kg. por ha bitante (arroz com casca), são de certo os únicos Estados possuidores de sobras Arroz brasileiro

sôbre o valor unitário das exportações),

ó possível perceber a razão essencial da maior presença do cereal brasileiro no suprimento dos mercados mundiais. 1948 285

334

363

445

496

dois últimos conflitos mundiais. Em 1914-19 foi de quase 300% o aumento das nossas vendas de arroz ao exterior

Essa vertiginosa corrida altista "nas compras do exterior funciona como atra ção de mercados. Incentiva a criação, dentro do país, de excedentes ocasionais

Certos problemas do aparelho regu lador da circulação favorecem a prepa

ração dêsses excedentes ocasionais. Des

Não foi à toa que

ses, os que me parecem mais decisivos, porque prejudicam, de cheio o escoa mento da produção arrozeira e a amplia

mil tone'adas aos de 1946, nem por

ção do mercado interno, são a precarie dade das instalações para armazenamen to e conservação dos.estoques, a escassez

dos transportes, a fome tarifária e a

ou só aparentes.

em 1947, embora os totais da produção arrozeira se hajam reduzido de 173

do produto, atingindo, em 1947, seu

to específico do consumo nacional, o ar

ponto mais alto — 7,2% das exportações

isso as exportações deixaram de apresen

roz é cereal fàcilmente comerciável.

mundiais, contra 0,6% em .1939.

tar um saltò ponderável, de 152 para

O fenômeno é observável no quadro

I-'. A. O. no "Rice Bulletin") e os de venda no comércio externo (calculados

1947 249

100

seguinte:

Tomando-se para confronto os

230

ção do Brasil no comércio internacional

inversões na lavoiura arrozeira, em todo

terior.

índices de preços do arroz em grosso, no mercado nacional (cálculos da

1946

diante da escassez mundial e do aumen

lógico, então, seria o crescimento das

rença na evolução dos preços obtidos

pelo arroz, nos mercados interno e ex

199

mar imediatamente em mercadoria. Ora,

O

estudar, rapidamente. O maior deles, certamente o preponderante, é a dife

1945

100

subiu extraordinàriamente a participa

O aumento obsen-ado nas exportações ó mero efeito de fatôres que passarei a

1938

No mercado mundial

No período 1943-48 também

rado — só onde pode existir a figura

(cito de memória).

No mercado interno

anterior.

Não temos, logo

zes para uma Política Pan-Americana"

ano, tomando impulso na ocasião dos

calculado sobre a média do qüinqüênio

reais da mercadoria sôbre o consumo. Ao

218 mil toneladas.

super-tributàção (considerada sobretu-


^ --

.1, 1 . 1

98

do a reincidência dos impostos locais). A rizicultura brasileira encontrou nas

duas últimas guerras condições favorá veis de mercado, que poderiam ter pro movido o seu desenvolvimento. ■ Mas a

DIGESTO ECONÓJkOCO

economia rural do país — dentro dela a do arroz — tem problemas internos fun damentais, problemas de estrutura, enor mes obstáculos à superação da crise em que nos achamos.

O tratado de Methuen 111 - Os vinhos Nelson Werneck Sodré

í\té 1680, as terras do Alto Douro estavam ainda Incultas ein sua maior

parte. As plantações para o vinho ape nas se iniciavam.

Nessa época, a In

glaterra procurava os vinhos para o seu consumo na França c na Espanha. Com o advento do estado de guerra com esses

países, privados de seus fornecimentos, os ingleses voltaram as suas atenções para Portugal. Começaram por rece

não pagava mais de 24 libras, muito menos da metade.

De 1686 a 1690,

caíram as importações de vinhos portu gueses, entretanto, aumentando a dos franceses, na Inglatena. Mas veio o conflito 6 Portugal passou a dominar o mercado.

Com o advento da paz de Riswick, em 1697, parecia ameaçada essa prima

zia. Fizeram pressão os negociantes do

ber os vinhos da Madeira. Parece que

Douro, no sentido de ser mantida a pauta

a intervenção dos negociantes britânicos da feitoria do Porto se manifestou não

preferencial britânica. Conduziu as ne gociações, em Londres, D. Luís da Cunha e, segundo seu depoimento no Testamento Político, estava certo de con

só no desenvolvimento da cultura como

na preparação do vinho, de forma a que ele fôsse aceito em seu país. De qual

quer modo, parece certo que os vinhos do Douro não eram agradáveis ao pala-

dar inglês, no início. A luta dos ho

seguir o seu intento. Tratava-se ^ de manter, e não de inovar, e ja o gosto -

inglês parece que se inclinava para os vinhos do Pôrto, acostumado pelo uso durante os anos em que durou o con

mens da feitoria com os fabricantes teve o seu primeiro episódio nessa interven ção e em mútuas acusações de adul

flito com a França. Os dêste país, real

teração do produto.

ferência do consumidor britânico — e o

Acusações que,

mente, jamais viriam a alcançar a pre

num mercado ascensional, devem- ter

vinho do Pôrto passou a constituir uim

ingleses e a situação dos produtores não foi jamais favorável ante esse mo

lavradores do Douro, sem dúvida apreen

sido fundadas, de parte a parte. O que parte insubstituível do hábito inglês, c certo é que o comércio de vinhos do' uma peça da sua rotina de vida. Em que alterou o Tratado de Me Douro estava quase todo nas mãos dos thuen esse quadro? Deu segurança aos

nopólio. Em 1697, os interesses envol

sivos ante a ameaça de retomada da

Segundo o relatáio anual da Associação Australiana de Metais e Minas n produção das mmas de ouro na Austrália está em declínio. Enquanto o preço'do metal permanece constante, o custo da produção aumenta e a situação não pode ser melhorada, senão através de subvenções, que o govêrno recusa fornecer, coin

vidos no negócio dos vinhos já eram avultados. No decênio de 1678 a 1687, 3 exportação de vinlios do Pôrto orça

concorrência francesa no mercado bri

va numa média de 7.700 pipas, e ja

cessou o seu desenvolvimento e, mesmo

receio de cometer infrações aos acordos de Bretton Woods.

vigorava, na alfândega inglesa, pauta de favor, em relação ao produto francês. Em 1688, este pagava 53 libras por tonei, enquanto o de procedência lusa

muitos decênios depois, quando crises esporádicas a assaltaram, soube atraves sá-las porque havia constituído uma or ganização capaz de suportar os seus aba-

O total da produção de 1948 foi apenas de 888.429 onças, contra 937.Q5Q do ano precedente.

.íu" J-K

tânico* Daí por diante, efetivamente, a atividade vinhateira, em Portugal, não


^ --

.1, 1 . 1

98

do a reincidência dos impostos locais). A rizicultura brasileira encontrou nas

duas últimas guerras condições favorá veis de mercado, que poderiam ter pro movido o seu desenvolvimento. ■ Mas a

DIGESTO ECONÓJkOCO

economia rural do país — dentro dela a do arroz — tem problemas internos fun damentais, problemas de estrutura, enor mes obstáculos à superação da crise em que nos achamos.

O tratado de Methuen 111 - Os vinhos Nelson Werneck Sodré

í\té 1680, as terras do Alto Douro estavam ainda Incultas ein sua maior

parte. As plantações para o vinho ape nas se iniciavam.

Nessa época, a In

glaterra procurava os vinhos para o seu consumo na França c na Espanha. Com o advento do estado de guerra com esses

países, privados de seus fornecimentos, os ingleses voltaram as suas atenções para Portugal. Começaram por rece

não pagava mais de 24 libras, muito menos da metade.

De 1686 a 1690,

caíram as importações de vinhos portu gueses, entretanto, aumentando a dos franceses, na Inglatena. Mas veio o conflito 6 Portugal passou a dominar o mercado.

Com o advento da paz de Riswick, em 1697, parecia ameaçada essa prima

zia. Fizeram pressão os negociantes do

ber os vinhos da Madeira. Parece que

Douro, no sentido de ser mantida a pauta

a intervenção dos negociantes britânicos da feitoria do Porto se manifestou não

preferencial britânica. Conduziu as ne gociações, em Londres, D. Luís da Cunha e, segundo seu depoimento no Testamento Político, estava certo de con

só no desenvolvimento da cultura como

na preparação do vinho, de forma a que ele fôsse aceito em seu país. De qual

quer modo, parece certo que os vinhos do Douro não eram agradáveis ao pala-

dar inglês, no início. A luta dos ho

seguir o seu intento. Tratava-se ^ de manter, e não de inovar, e ja o gosto -

inglês parece que se inclinava para os vinhos do Pôrto, acostumado pelo uso durante os anos em que durou o con

mens da feitoria com os fabricantes teve o seu primeiro episódio nessa interven ção e em mútuas acusações de adul

flito com a França. Os dêste país, real

teração do produto.

ferência do consumidor britânico — e o

Acusações que,

mente, jamais viriam a alcançar a pre

num mercado ascensional, devem- ter

vinho do Pôrto passou a constituir uim

ingleses e a situação dos produtores não foi jamais favorável ante esse mo

lavradores do Douro, sem dúvida apreen

sido fundadas, de parte a parte. O que parte insubstituível do hábito inglês, c certo é que o comércio de vinhos do' uma peça da sua rotina de vida. Em que alterou o Tratado de Me Douro estava quase todo nas mãos dos thuen esse quadro? Deu segurança aos

nopólio. Em 1697, os interesses envol

sivos ante a ameaça de retomada da

Segundo o relatáio anual da Associação Australiana de Metais e Minas n produção das mmas de ouro na Austrália está em declínio. Enquanto o preço'do metal permanece constante, o custo da produção aumenta e a situação não pode ser melhorada, senão através de subvenções, que o govêrno recusa fornecer, coin

vidos no negócio dos vinhos já eram avultados. No decênio de 1678 a 1687, 3 exportação de vinlios do Pôrto orça

concorrência francesa no mercado bri

va numa média de 7.700 pipas, e ja

cessou o seu desenvolvimento e, mesmo

receio de cometer infrações aos acordos de Bretton Woods.

vigorava, na alfândega inglesa, pauta de favor, em relação ao produto francês. Em 1688, este pagava 53 libras por tonei, enquanto o de procedência lusa

muitos decênios depois, quando crises esporádicas a assaltaram, soube atraves sá-las porque havia constituído uma or ganização capaz de suportar os seus aba-

O total da produção de 1948 foi apenas de 888.429 onças, contra 937.Q5Q do ano precedente.

.íu" J-K

tânico* Daí por diante, efetivamente, a atividade vinhateira, em Portugal, não


•?WÇ

Digesto Econômico •ÓMICO

los. Muito terreno de pão se abando nou, em proveito da cultura que tinha mercado assegurado, pela concessão de

rencial.

pauta preferencial, sem dúvida. Foi um

ficavam ao arbítrio de decisão de parti culares ingleses, e negociantes, portan to interessados, residentes no país? (19)

dos males do Tratado de Methuen — e

Pombal procurou contorná-lo, na segun da metade do século, limitando as terras

em que a atividade agrícola ligada à produção de vinhos pudesse desenvol^'er-se.

É inequívoco, porém, que os intcrêsses britânicos não se restringiam ao gôsto do produto, ao desejo de preju dicar o rival francês, à necessidade dctrocar essa concessão pela que lhe per mitisse colocação dos panos no mercado

■S!°' vinho até do Porto, foi demoradagôsto a suapelo imposição, certo ponto, e de tôda maneira deriva

da da impossibilidade do uso do vinho francês, em períodos

Não se reportava ela, pelo tra

o

pro

se que como um dever. (18). O desejo de prejudicar o desenvol vimento comercial da França teve seus adversários na própria Inglaterra, inclu sive os livre-cambistas. O próprio Adam Smith escreveria não compreender como

se pudesse trocar o produto próximo e melhor pelo produto mais distante. No que diz respeito à colocação dos panos, cuja entrada em Portugal vinha sendo prejudicada, embora não houvesse, em realidade, uma proibição absoluta — possivelmente os arranjos diplomáticos conseguissem a taxa alfandegária prefe

o problema da transferência do ouro foi

um detalhe, quando muito um aspecto

alimentícios e a pesca, para se dedica rem à vinicultura, pelo que necessitava o Reino importar crescente tonelagem

parcial, ainda que importante. Mas era

de produtos alimentícios, que não pro

tes, absor\'eram as atenções.

Não se tratava de inovar — mais uma

duzia em quantidadc.s suficientes para o

o mais claro, o mais evidente, e os seus tons sensacionais, as suas côres alarman

Ficaram

esquecidos

outros

efeitos,

vez — mas de restabelecer uma conquis

consumo de sua população. Tinha razão

ta antiga. Havia outros interesses em jogo, no caso dos vinhos. Favorecendo

menos notórios, para análise dos quais

D. Luís da Cunha, quando achava pre judicial o abandono do pão pelo vinho, do produto indispensável e de consumo interno, pelo produto supérfluo e desti

ra econômica luso-brasileira.

a entrada dos produtos portugueses na

Inglaterra, os compatriotas de Methuen,

era indispensável um estudo da estrutu Essa aná

lise é que faltou. Ela situaria o Trata do de Methuen no conjunto do desenvol

só no que diz respeito estritamente à produção vinícola lusa, favoreciam tam

nado ao mercado externo.

bém:

Mas o fato é que pesou fortemente na balança comercial lusa, desde a Restau ração, agravando-se bastante com o de

mente ajustada àquele conjunto. (22) É evidente que o Tratado de Methuen

senvolvimento da vinicultura, a impor

timentos britânicos em Portugal. Os ca

de navegação de 1654 e pelo Ato de Navegação de 1651, o transporte da produção do centro produtor ao centro

tação de bacalhau e trigo. Bacalhau é trigo fornecidos pelos inglêses, em na vios ingleses, a importadores inglêses

consumidor;

estabelecidos em Portugal - em grande

- os capitais bri

parte — e que os distribuíam, fixando os

tânicos investidos na produção vinícoli portuguêsa, capitais

preços.

guma, mas que q

existência; (20)

— os fometíimentos britânicos de gê neros alimentícios, particularmente o ba-

Se desenvolveram e, com isso, extrema-

ram-se as relações entre os comissários

inglêses do Porto e os lavnrdores lusos. A forma mais comum de contrôle do

mercado interno, que exerciam aquêles,

"Com as nossas

bacalhau da Terra Nova, em grande-

grande arma capitalista que, manejada por quem dela dispunha, face aos que

centando, ainda: "E a troco disso desa

não entravam senão com a terra ou o

Methuen simplesmente pelo confronta da balança do comércio externo portu

guês. na qual quase sempre havia saldo para os britânicos — verifica-se apenas

■f

pitais aplicados no comércio de vinhos

lãs vestimos os portuguêses, e com o

fogamos a terra de seu vinho". (21) Quando se analisa o Tratado de

preços. A prolongada luta entre comer ciantes e lavradores do Douro, êstes naturais da terra, aqueles ingleses, sd

estimulou extraordinàriamente os inves

fLxando os preços, eslava no sistema de

proporção, lhes damos de comer". Acres

dominavam, qug ^ dessoravam, na con quista dos lucros, e que faziam superiormente o jogo dos

ciantes ingleses o motim de 1757, niul completara a Companhia seis meses de

A tal ponto que um compa

vimento mercantil da época, de que foi imia simples peça. Mas peça perfeita

triota dôsses negociantes, não sem zom

baria, poderia dizer:

que a impulsiona vam, sem dúvida ai-

encontrou solução, e assim mesmo par cial e temporária, quando Pombal or ganizou a Companhia Geral da Acri~ cultura das Vinhas do Alto Douro, coo tra a qual, aliás, fomentaram os nego

É evidente

que esta é apenas uma face da questão.

— a navegação britânica, a que cou be, quase privativamente, pela cláusula

cartada comercial, de tão largo alcance e de tão agitada re usavam

calhau e o trigo, \'isto como abandona

pelo de 1654, quando os direitos de 23S

thuen lançou a sua

ses

99

vam os lavradores lusos as culturas de

mo depois que Me

duto português qua

Digesto Econômico

tado de 1703, ao costume estabelecido

intervalados e de certa duração. Mes

percussão, os inglê-

T

urna párte dos seus efeitos, a parte evi dente, imediata. Sua repercussão na transferência do ouro brasileiro para o erário inglês obscureceu o senso dos eco nomistas. Era tão alarmante o quadro, o tão claro, que tudo parecia — e ainda

parece hoje a muitos — cingir-se a um problema de evasão de riqueza. O qua dro era mais complexo, entretanto. Nêle,

financiamento, no crédito em suma, a

trabalho, seu e de outrem, produzia excelentes resultados eni moeda, mas também uma surda irritação, uma re

volta que se manifestou em muitos epi sódios.

Contra esse estado de coisas

é que Pombal levantou a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro. O quadro era bem singular: "A criação da Companhia das Vinhas do Alto Douro foi uhi golpe direto e

profundo aos interesses e à preponde rância da colônia na região duriense.

Os lavradores, até aí sujeitos à feitoria do Pôrto, que impunha os preços, umas

vezes porque, tendo adiantado as somas


•?WÇ

Digesto Econômico •ÓMICO

los. Muito terreno de pão se abando nou, em proveito da cultura que tinha mercado assegurado, pela concessão de

rencial.

pauta preferencial, sem dúvida. Foi um

ficavam ao arbítrio de decisão de parti culares ingleses, e negociantes, portan to interessados, residentes no país? (19)

dos males do Tratado de Methuen — e

Pombal procurou contorná-lo, na segun da metade do século, limitando as terras

em que a atividade agrícola ligada à produção de vinhos pudesse desenvol^'er-se.

É inequívoco, porém, que os intcrêsses britânicos não se restringiam ao gôsto do produto, ao desejo de preju dicar o rival francês, à necessidade dctrocar essa concessão pela que lhe per mitisse colocação dos panos no mercado

■S!°' vinho até do Porto, foi demoradagôsto a suapelo imposição, certo ponto, e de tôda maneira deriva

da da impossibilidade do uso do vinho francês, em períodos

Não se reportava ela, pelo tra

o

pro

se que como um dever. (18). O desejo de prejudicar o desenvol vimento comercial da França teve seus adversários na própria Inglaterra, inclu sive os livre-cambistas. O próprio Adam Smith escreveria não compreender como

se pudesse trocar o produto próximo e melhor pelo produto mais distante. No que diz respeito à colocação dos panos, cuja entrada em Portugal vinha sendo prejudicada, embora não houvesse, em realidade, uma proibição absoluta — possivelmente os arranjos diplomáticos conseguissem a taxa alfandegária prefe

o problema da transferência do ouro foi

um detalhe, quando muito um aspecto

alimentícios e a pesca, para se dedica rem à vinicultura, pelo que necessitava o Reino importar crescente tonelagem

parcial, ainda que importante. Mas era

de produtos alimentícios, que não pro

tes, absor\'eram as atenções.

Não se tratava de inovar — mais uma

duzia em quantidadc.s suficientes para o

o mais claro, o mais evidente, e os seus tons sensacionais, as suas côres alarman

Ficaram

esquecidos

outros

efeitos,

vez — mas de restabelecer uma conquis

consumo de sua população. Tinha razão

ta antiga. Havia outros interesses em jogo, no caso dos vinhos. Favorecendo

menos notórios, para análise dos quais

D. Luís da Cunha, quando achava pre judicial o abandono do pão pelo vinho, do produto indispensável e de consumo interno, pelo produto supérfluo e desti

ra econômica luso-brasileira.

a entrada dos produtos portugueses na

Inglaterra, os compatriotas de Methuen,

era indispensável um estudo da estrutu Essa aná

lise é que faltou. Ela situaria o Trata do de Methuen no conjunto do desenvol

só no que diz respeito estritamente à produção vinícola lusa, favoreciam tam

nado ao mercado externo.

bém:

Mas o fato é que pesou fortemente na balança comercial lusa, desde a Restau ração, agravando-se bastante com o de

mente ajustada àquele conjunto. (22) É evidente que o Tratado de Methuen

senvolvimento da vinicultura, a impor

timentos britânicos em Portugal. Os ca

de navegação de 1654 e pelo Ato de Navegação de 1651, o transporte da produção do centro produtor ao centro

tação de bacalhau e trigo. Bacalhau é trigo fornecidos pelos inglêses, em na vios ingleses, a importadores inglêses

consumidor;

estabelecidos em Portugal - em grande

- os capitais bri

parte — e que os distribuíam, fixando os

tânicos investidos na produção vinícoli portuguêsa, capitais

preços.

guma, mas que q

existência; (20)

— os fometíimentos britânicos de gê neros alimentícios, particularmente o ba-

Se desenvolveram e, com isso, extrema-

ram-se as relações entre os comissários

inglêses do Porto e os lavnrdores lusos. A forma mais comum de contrôle do

mercado interno, que exerciam aquêles,

"Com as nossas

bacalhau da Terra Nova, em grande-

grande arma capitalista que, manejada por quem dela dispunha, face aos que

centando, ainda: "E a troco disso desa

não entravam senão com a terra ou o

Methuen simplesmente pelo confronta da balança do comércio externo portu

guês. na qual quase sempre havia saldo para os britânicos — verifica-se apenas

■f

pitais aplicados no comércio de vinhos

lãs vestimos os portuguêses, e com o

fogamos a terra de seu vinho". (21) Quando se analisa o Tratado de

preços. A prolongada luta entre comer ciantes e lavradores do Douro, êstes naturais da terra, aqueles ingleses, sd

estimulou extraordinàriamente os inves

fLxando os preços, eslava no sistema de

proporção, lhes damos de comer". Acres

dominavam, qug ^ dessoravam, na con quista dos lucros, e que faziam superiormente o jogo dos

ciantes ingleses o motim de 1757, niul completara a Companhia seis meses de

A tal ponto que um compa

vimento mercantil da época, de que foi imia simples peça. Mas peça perfeita

triota dôsses negociantes, não sem zom

baria, poderia dizer:

que a impulsiona vam, sem dúvida ai-

encontrou solução, e assim mesmo par cial e temporária, quando Pombal or ganizou a Companhia Geral da Acri~ cultura das Vinhas do Alto Douro, coo tra a qual, aliás, fomentaram os nego

É evidente

que esta é apenas uma face da questão.

— a navegação britânica, a que cou be, quase privativamente, pela cláusula

cartada comercial, de tão largo alcance e de tão agitada re usavam

calhau e o trigo, \'isto como abandona

pelo de 1654, quando os direitos de 23S

thuen lançou a sua

ses

99

vam os lavradores lusos as culturas de

mo depois que Me

duto português qua

Digesto Econômico

tado de 1703, ao costume estabelecido

intervalados e de certa duração. Mes

percussão, os inglê-

T

urna párte dos seus efeitos, a parte evi dente, imediata. Sua repercussão na transferência do ouro brasileiro para o erário inglês obscureceu o senso dos eco nomistas. Era tão alarmante o quadro, o tão claro, que tudo parecia — e ainda

parece hoje a muitos — cingir-se a um problema de evasão de riqueza. O qua dro era mais complexo, entretanto. Nêle,

financiamento, no crédito em suma, a

trabalho, seu e de outrem, produzia excelentes resultados eni moeda, mas também uma surda irritação, uma re

volta que se manifestou em muitos epi sódios.

Contra esse estado de coisas

é que Pombal levantou a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro. O quadro era bem singular: "A criação da Companhia das Vinhas do Alto Douro foi uhi golpe direto e

profundo aos interesses e à preponde rância da colônia na região duriense.

Os lavradores, até aí sujeitos à feitoria do Pôrto, que impunha os preços, umas

vezes porque, tendo adiantado as somas


101

Dicesto Econômico 100

Dicesto Econóxdco

(20^

para os gastos agrícolas, exigia lhe fosse entregue a colheita sem condições; ou tras porque, constituindo-se por seu tur no impecune, só a prazos longos, que chegavam a dois anos, oferecia realizar

as compras., Em um e outro caso pro

vocando a baixa. Os vinhos que, em 1731, se tinham pago a 48 mil réis a pipa, e que depois, pelo alargamento da cultura, valiam, segundo a qualidade, 20 e 14 mil réis, tinham declinado para 7$200 e 6$400 réis e ainda assim a

prazo. O requerimento em que frei João de Mansilha, certamente de acordo com

Pombal, apresentava o plano da Compa nhia, descreve o estado de ruína da

agricul^a, a miséria geral, o abandono glebas, tudo obra das usuras e opres

são dos ingleses. Acontecia até verem-

se os lavradores coagidos a sacrificar-

lhes a honestidade das filhas para po derem vender o vinho. Só compravam aos lavradores que lhes facilitavam as filhas para bailar com êlesi Ê evidente que o termo bailar tem aqui significado lato". (23) u fe . Favorecendo a entrada de vinhos portuguêses, em detrimento, é bem verda

de, do concorrente francês, com o qual o país consumidor se viu, aliás, envolvi

do era conflitos freqüentes, militares e comerciais, o que, por si só, lhes proi bia o uso de seus produtos — firmavam os britânicos a posição dos capitais que haviam investido na produção vinícola

reram para a tarifa preferencial especi ficada no Tratado de Mcthuen para os vinhos lusos, é difícil esclarecer. (24)

Demais, não havia a Inglaterra feito

concessão especial, porque os vinhos por tugueses já gozavam o favor da tarifa

decênio depois, "The British Merchant",

gazeta londrina, exaltando a obra de

dores. A multidão que veio para a rua,

aos gritos do: "Viva a liberdade! Morra rios e gente miserável, mas nos processos

que alguns clérigos, por meio de conse

lhos e pródicas, haviam incitado a popu lação à revolta, envolvendo-se mesmo no

Lúcio de Azevedo, esclarecia que o tra

Estranhos ã preparação do motim que

tado não dera a Portugal nada do que êste já não tivesse, mas conseguira, para

longe de coiTesponder a uma manifesta ção espontânea de ódio à Companhia, foi muito premeditado." Em Francisco An tônio Corrêa: História Econômica de Por

se averiguou que os inglêses não foram

tugal;

um viajante britânico.

João Lúcio de

Azevedo acrescenta, ao citar as palavras

nação, amiga: dava-nos o preciso e de

sembaraçava-nos do supérfluo.

(22)

Mesmo os modernos estudiosos

brasileiros da história econômica ficaram

presos ao problema da evasao_ do ouro. quase que exclusivamente. Nao & regra Roberto Simonsen, na sua Historia Econômica do Brasil.

(23) — João Lúcio de Azevedo: Épocas de Portugal Econômico.

(24)

O desenvolvimento da atividade

vinícola no Alto Douro pode ser aprecia

do nos trabalhos "Oa Vinhos do 1^"°' de Júlio Eduardo dos Santos e O Douro

Ilustrado", do Visconde de Vila Maior.

uma elevação de tarifas.

Êsso produtor não via, na verdade que os próprios investimentos britânicos na produção vinícola do Alto Douro constituíam uma sorte de amparo contra essa possibilidade, tanto mais que o con

corrente francês oferecia outros aspectos

1 1

desfavoráveis que tomariam, para os in

gleses, difícil a hipótese de uma prefe rência no seu sentido. Não seria sinto mática a circunstância de — facultando

o Tratado de Methuen uma tarifa espe cial para os vinhos portuguêses, sempre inferior de um terço àquela que inci disse sôbre o produto francês — não se de 1786. sempre se conservou abaixo da

sua marinha mercante; faziam-se forne

quele têrço?

cedores de produtos alimentícios a uma

no alvorecer do século XVIII, concor

que transcrevemos, não sem algum ^edume: "Assim, duplo serviço da parte da

levantamento os mais ousados. Também

cilidade para a entrada de seus tecidos no país luso. O que é indispensÚNT?] esclarecer, entretanto, é que o acôrdo de 1703 tranqüilizava o produtor portu guês quanto à possibilidade futura de

tor da mencionada relaçao anônima, indi

glêses foram, cm grande parte, os instiga

Companhia, parece averiguado que os in

Methuen, conforme bem observou João

a Inglaterra, o que esta não linha, a fa

Épocas de Portugal Econômico. Não nos foi possível compulsar o_ trabalho do ^ciado pelo historiógrafo português como

aue então foram instaurados, vcrificou-se

A tal ponto que, um'

(21) — An accounl o£ the court of Por tugal. Citado de João Lúcio de Azevedo:

ear no Porto, em 23 de fevereiro de_1757. isto é. seis meses depois da fundação da

antes de 1703.

fretes e firmando o desenvolvimento de

pitais ingleses sediados no Alto Douro,

Nos tumultos que

preferencial nas alfândegas britânicas,

terem valido disso os britânicos para elevar aquela tarifa que, salvo a partir

população de que parte considerável abandonara o seu cultivo para dedicarse ao da vinha. Até que ponto os ca

nem por isso deixava de ser pertmaz e violenta.

a Companhia!" era constituída poi; operá

o seu país, em seus navios, lucrando os

lusa; transportavam essa produção para

"A guerra que os inglêses mo

viam à Companhia era cautelosa, mas

(18) — "From this time tho drinking of Port was regarded as a patriotic duly by the english squire."

Em Charlotte M

Waters: As economie hislory of England (19) — Os direitos de 23% correspon diam aos 10% de dízima, aos 10% de siza e aos 3% de consulado.

Durante a conferê,xcia semestral da Federação dos

®

^

"llTmrpela qLlidade da carne de carneiro da Argentina que

nt ouZdo é certo que seria preferível enviar per,tos para prestdtr a comp,a de nZsas "ames no estrmgeiro. Os 2 funcionários que foram designados para proceàe,

a tat eómpras por coíta da Inglaterra não sairam a,nda de nosso paut. embora continuemos a comprar da Argentina e outros patses .


101

Dicesto Econômico 100

Dicesto Econóxdco

(20^

para os gastos agrícolas, exigia lhe fosse entregue a colheita sem condições; ou tras porque, constituindo-se por seu tur no impecune, só a prazos longos, que chegavam a dois anos, oferecia realizar

as compras., Em um e outro caso pro

vocando a baixa. Os vinhos que, em 1731, se tinham pago a 48 mil réis a pipa, e que depois, pelo alargamento da cultura, valiam, segundo a qualidade, 20 e 14 mil réis, tinham declinado para 7$200 e 6$400 réis e ainda assim a

prazo. O requerimento em que frei João de Mansilha, certamente de acordo com

Pombal, apresentava o plano da Compa nhia, descreve o estado de ruína da

agricul^a, a miséria geral, o abandono glebas, tudo obra das usuras e opres

são dos ingleses. Acontecia até verem-

se os lavradores coagidos a sacrificar-

lhes a honestidade das filhas para po derem vender o vinho. Só compravam aos lavradores que lhes facilitavam as filhas para bailar com êlesi Ê evidente que o termo bailar tem aqui significado lato". (23) u fe . Favorecendo a entrada de vinhos portuguêses, em detrimento, é bem verda

de, do concorrente francês, com o qual o país consumidor se viu, aliás, envolvi

do era conflitos freqüentes, militares e comerciais, o que, por si só, lhes proi bia o uso de seus produtos — firmavam os britânicos a posição dos capitais que haviam investido na produção vinícola

reram para a tarifa preferencial especi ficada no Tratado de Mcthuen para os vinhos lusos, é difícil esclarecer. (24)

Demais, não havia a Inglaterra feito

concessão especial, porque os vinhos por tugueses já gozavam o favor da tarifa

decênio depois, "The British Merchant",

gazeta londrina, exaltando a obra de

dores. A multidão que veio para a rua,

aos gritos do: "Viva a liberdade! Morra rios e gente miserável, mas nos processos

que alguns clérigos, por meio de conse

lhos e pródicas, haviam incitado a popu lação à revolta, envolvendo-se mesmo no

Lúcio de Azevedo, esclarecia que o tra

Estranhos ã preparação do motim que

tado não dera a Portugal nada do que êste já não tivesse, mas conseguira, para

longe de coiTesponder a uma manifesta ção espontânea de ódio à Companhia, foi muito premeditado." Em Francisco An tônio Corrêa: História Econômica de Por

se averiguou que os inglêses não foram

tugal;

um viajante britânico.

João Lúcio de

Azevedo acrescenta, ao citar as palavras

nação, amiga: dava-nos o preciso e de

sembaraçava-nos do supérfluo.

(22)

Mesmo os modernos estudiosos

brasileiros da história econômica ficaram

presos ao problema da evasao_ do ouro. quase que exclusivamente. Nao & regra Roberto Simonsen, na sua Historia Econômica do Brasil.

(23) — João Lúcio de Azevedo: Épocas de Portugal Econômico.

(24)

O desenvolvimento da atividade

vinícola no Alto Douro pode ser aprecia

do nos trabalhos "Oa Vinhos do 1^"°' de Júlio Eduardo dos Santos e O Douro

Ilustrado", do Visconde de Vila Maior.

uma elevação de tarifas.

Êsso produtor não via, na verdade que os próprios investimentos britânicos na produção vinícola do Alto Douro constituíam uma sorte de amparo contra essa possibilidade, tanto mais que o con

corrente francês oferecia outros aspectos

1 1

desfavoráveis que tomariam, para os in

gleses, difícil a hipótese de uma prefe rência no seu sentido. Não seria sinto mática a circunstância de — facultando

o Tratado de Methuen uma tarifa espe cial para os vinhos portuguêses, sempre inferior de um terço àquela que inci disse sôbre o produto francês — não se de 1786. sempre se conservou abaixo da

sua marinha mercante; faziam-se forne

quele têrço?

cedores de produtos alimentícios a uma

no alvorecer do século XVIII, concor

que transcrevemos, não sem algum ^edume: "Assim, duplo serviço da parte da

levantamento os mais ousados. Também

cilidade para a entrada de seus tecidos no país luso. O que é indispensÚNT?] esclarecer, entretanto, é que o acôrdo de 1703 tranqüilizava o produtor portu guês quanto à possibilidade futura de

tor da mencionada relaçao anônima, indi

glêses foram, cm grande parte, os instiga

Companhia, parece averiguado que os in

Methuen, conforme bem observou João

a Inglaterra, o que esta não linha, a fa

Épocas de Portugal Econômico. Não nos foi possível compulsar o_ trabalho do ^ciado pelo historiógrafo português como

aue então foram instaurados, vcrificou-se

A tal ponto que, um'

(21) — An accounl o£ the court of Por tugal. Citado de João Lúcio de Azevedo:

ear no Porto, em 23 de fevereiro de_1757. isto é. seis meses depois da fundação da

antes de 1703.

fretes e firmando o desenvolvimento de

pitais ingleses sediados no Alto Douro,

Nos tumultos que

preferencial nas alfândegas britânicas,

terem valido disso os britânicos para elevar aquela tarifa que, salvo a partir

população de que parte considerável abandonara o seu cultivo para dedicarse ao da vinha. Até que ponto os ca

nem por isso deixava de ser pertmaz e violenta.

a Companhia!" era constituída poi; operá

o seu país, em seus navios, lucrando os

lusa; transportavam essa produção para

"A guerra que os inglêses mo

viam à Companhia era cautelosa, mas

(18) — "From this time tho drinking of Port was regarded as a patriotic duly by the english squire."

Em Charlotte M

Waters: As economie hislory of England (19) — Os direitos de 23% correspon diam aos 10% de dízima, aos 10% de siza e aos 3% de consulado.

Durante a conferê,xcia semestral da Federação dos

®

^

"llTmrpela qLlidade da carne de carneiro da Argentina que

nt ouZdo é certo que seria preferível enviar per,tos para prestdtr a comp,a de nZsas "ames no estrmgeiro. Os 2 funcionários que foram designados para proceàe,

a tat eómpras por coíta da Inglaterra não sairam a,nda de nosso paut. embora continuemos a comprar da Argentina e outros patses .


103

Dicesto Econômico

A diplomacia inglesa e a Independência Otávio Tarquínio de Sousa

poucos livros serão mais atraentes do que os que recolhem cartas, sobre

tudo se escritas no abandono da intimi

dade. Embora ainda diante de amigos

o pudor ou a vaidade componham mui tas vêzes atitudes e dissimulem o fundo secreto do coração, é na correspondência

tra que a Grã-Bretanha não tinha dúvi xam transparecer o seu pensamento, dão opiniões e sustentam pontos de vista.

das a respeito da ínevátabilidade da in dependência dos povos da América La

Quem quiser fixar as diretrizes da polí

tina.

tica britânica em relação à América La tina, nas primeiras décadas do século

XIX, encontrará nessa correspondência elementos de grande significação. Uma primeira observação será a sim patia com que os ingleses acompanha

particular que as naturezas podem ser surpreendidas, muito mais do que nos livros de memórias e confidências, feitos ram a emancipação dos povos latinopode-se dizer sob a presença antecipada e inibitória dos leitores, com as precau americanos. Certo, essa simpatia não foi ções que visam à sua censura. Ler velhas desinteressada, já que à Grã-Bretanha cartas intimas, por triviais que sejam, é em pleno desenvolvimento de sua' revo entr^ em contacto com criaturas falíveis lução industrial, não animava um espí rito parecido com o do "Exército de ^sofredoras, senti-las nos transes de sua Salvação". Os inglêses queriam merca dos, queriam facilidades para o seu co A correspondência que estive a ler ul mércio e até mais um pouco do que fa timamente não era de amigos para ami — queriam privilégios. Porque gos, nem se constituiu pròpriamente do cilidades ao impulso dos interesses dos indus que se chama cartas; tratava-se de epis agia triais e mercadores da Ilha, o govêrno tolárío diplomático, em que de ordhiá- britânico se colocou a serviço das rio se busca o mínimo de compromisso e metrópolesnão espanhola e portuguêsa e as

o máximo de vago e impreciso, na arte de sugerir mais do que afirmar, de mor der e soprar, de deixar sempre abertos os caminhos de volta. Eram os ofícios e as notas, de caráter reservado, do Fo-

reign Office aos agentes britânicos na

América e na Europa, e as respostas destes, tudo acerca de um único assunto ~ a independência do Brasil e das colô

sumiu o papel de mediador, senão de

árbitro nos conflitos entre aquelas e as jovens nações americanas.

A despeito de sua imensa superiorida

de marítima, os inglêses não estavam sós em campo. Sem falar do que a Espanha

e Portugal ainda pudessem tentar, havia

Em tais papéis não

a Áustria de Metternich, as ambições da França, os arreganhos da Rússia, o pQ_ derio nascente dos Estados Unidos, na

prevalece o tom burocrático e evasivo de

tomada de consciência de sua política

nias espanholas.

diplomatas mais ou menos sutis, mais ou

menos simplórios. Castlereagh e Strangford, Canning e Chamberlain, Thornton e Stuart, Ponsonby e Gordoii, cautelosos ainda quando escrevem com a ressalva

de "muito secreto e confidencial", dei

do monopólio das metrópoles ibéricas lhes propiciara. A correspondência ati va e passiva do Foreígn Office demons

continental. Imbuídos do uma mentali

dade de bons comerciantes, que se jul-

gavam do mesmo passo bons cristãos, os inglêses adotaram uma política pruden te e firme, buscando consolidar os mer cados da América do Sul que a e.xtinção

Mas, conciliatória na forma, esti

mulava uma solução que lhe parecia

mais simpática e mais do agrado da Europa da Santa Aliança: independência

tempo necessário para produzir os seus efeitos ortopédicos de mero agente consolidador da unidade nacional.

Com monarquias constitucionais prefe riam comerciar os inglêses, embora não

sentissem escrúpulos excessivos em fazêlo com repúblicas de laivos jacobinos. Em última análise, uma única condição

impunham para o estabelecimento de boas relações e o reconhecimento da in

à sombra de instituições monárquicas.

dependência: a abolição do tráfico e da

Convém salientar que, se no Brasil as circunstâncias favoreceram essa fórmula,

escravidão. Não tem faltado quem ne

não a desejaram menos em outros países latino-americanos algumas de suas mais

ilustres figuras. Vários foram os planos e as tentativas, cogitando-se ora de es

gue qualquer fundo generoso a essa exi gência da Grã-Bretanha, empenhada era que as suas colônias não ficassem em situação de inferioridade no tocante ao custo da mão-de-obr.a. Por puro inte

colher os imperantes entre os membros resse ou por interesse e espuito liberal da família real espanhola, ora entre prín-' misturados, o certo é que a Inglaterra ,. cipes de sangue de outras casas da Eu não transigiu. O problema da escravidão toi ropa, ora de elevar a realeza resolvido facilmente na Améri personagens nascidas nas pró ca espanhola, tomando-se, en prias colônias. Da ultima espé tretanto, para o Brasil, um dos cie foi Agustin de Itúrbide, no casos mais tristes e difíceis de

México, e seria Bolívar, se tives

se levado adiante projetos de fendidos por alguns dos seus

adeptos. San Martin quis ardentemente a monarquia com um rei vindo da Eu ropa, e 0'Higgins não estêve longe, em certo momento, de igual solução. Sem falar nos príncipes da casa reinante na

Espanha, foram lembrados o Duque de Orleans, o Príncipe de Luca, os prín

cipes da casa de Bourbon depois da res

,sua política interna e externa.

E o Brasil preocupava sobremo do os inglêses, uma vez que o wu co mércio conosco excedeu a princípio o mantido com todo o resto da Amenca

Latina e nunca Uie foi inferior. Entre 1808 e 1813 a Grã-Bretanha exerceu

influência decisiva e quase vexatória no

governo de D. João; Strangford meüa o bedelho em tudo com mais ou menos

do de Saxe-Coburgo. Obstáculos insu

tato, como uma espécie de lorde prote tor. Por essa época foi considerável a

no Brasil, o galho que aqui ficara pegou e floresceu em dois reinados. Mas vin

vêrno a "potestade tutelar da Sociedade

tauração em França, o Príncipe Leopol

peráveis, a despeito das predileções majs impopularidade inglesa no Brasil. Jo^ íntimas de Castlereagh e Canning, não da Silva Lisboa, futuro Visconde de permitiram que se consumasse essa pro Cairu; apologista irrestrito da^ Inglaterra, liferação de monarquia na América. Só na qual chegou a ver "adorável instru gou por excepcionais cuidados de uma política oportunista,, durando apenas o

mento da Providência", e no__seu go

coe Civilização", flpiyfl deixa fòra fòra de de dúvida dúvida co

mo, pouco depois de celebrados, ja os


103

Dicesto Econômico

A diplomacia inglesa e a Independência Otávio Tarquínio de Sousa

poucos livros serão mais atraentes do que os que recolhem cartas, sobre

tudo se escritas no abandono da intimi

dade. Embora ainda diante de amigos

o pudor ou a vaidade componham mui tas vêzes atitudes e dissimulem o fundo secreto do coração, é na correspondência

tra que a Grã-Bretanha não tinha dúvi xam transparecer o seu pensamento, dão opiniões e sustentam pontos de vista.

das a respeito da ínevátabilidade da in dependência dos povos da América La

Quem quiser fixar as diretrizes da polí

tina.

tica britânica em relação à América La tina, nas primeiras décadas do século

XIX, encontrará nessa correspondência elementos de grande significação. Uma primeira observação será a sim patia com que os ingleses acompanha

particular que as naturezas podem ser surpreendidas, muito mais do que nos livros de memórias e confidências, feitos ram a emancipação dos povos latinopode-se dizer sob a presença antecipada e inibitória dos leitores, com as precau americanos. Certo, essa simpatia não foi ções que visam à sua censura. Ler velhas desinteressada, já que à Grã-Bretanha cartas intimas, por triviais que sejam, é em pleno desenvolvimento de sua' revo entr^ em contacto com criaturas falíveis lução industrial, não animava um espí rito parecido com o do "Exército de ^sofredoras, senti-las nos transes de sua Salvação". Os inglêses queriam merca dos, queriam facilidades para o seu co A correspondência que estive a ler ul mércio e até mais um pouco do que fa timamente não era de amigos para ami — queriam privilégios. Porque gos, nem se constituiu pròpriamente do cilidades ao impulso dos interesses dos indus que se chama cartas; tratava-se de epis agia triais e mercadores da Ilha, o govêrno tolárío diplomático, em que de ordhiá- britânico se colocou a serviço das rio se busca o mínimo de compromisso e metrópolesnão espanhola e portuguêsa e as

o máximo de vago e impreciso, na arte de sugerir mais do que afirmar, de mor der e soprar, de deixar sempre abertos os caminhos de volta. Eram os ofícios e as notas, de caráter reservado, do Fo-

reign Office aos agentes britânicos na

América e na Europa, e as respostas destes, tudo acerca de um único assunto ~ a independência do Brasil e das colô

sumiu o papel de mediador, senão de

árbitro nos conflitos entre aquelas e as jovens nações americanas.

A despeito de sua imensa superiorida

de marítima, os inglêses não estavam sós em campo. Sem falar do que a Espanha

e Portugal ainda pudessem tentar, havia

Em tais papéis não

a Áustria de Metternich, as ambições da França, os arreganhos da Rússia, o pQ_ derio nascente dos Estados Unidos, na

prevalece o tom burocrático e evasivo de

tomada de consciência de sua política

nias espanholas.

diplomatas mais ou menos sutis, mais ou

menos simplórios. Castlereagh e Strangford, Canning e Chamberlain, Thornton e Stuart, Ponsonby e Gordoii, cautelosos ainda quando escrevem com a ressalva

de "muito secreto e confidencial", dei

do monopólio das metrópoles ibéricas lhes propiciara. A correspondência ati va e passiva do Foreígn Office demons

continental. Imbuídos do uma mentali

dade de bons comerciantes, que se jul-

gavam do mesmo passo bons cristãos, os inglêses adotaram uma política pruden te e firme, buscando consolidar os mer cados da América do Sul que a e.xtinção

Mas, conciliatória na forma, esti

mulava uma solução que lhe parecia

mais simpática e mais do agrado da Europa da Santa Aliança: independência

tempo necessário para produzir os seus efeitos ortopédicos de mero agente consolidador da unidade nacional.

Com monarquias constitucionais prefe riam comerciar os inglêses, embora não

sentissem escrúpulos excessivos em fazêlo com repúblicas de laivos jacobinos. Em última análise, uma única condição

impunham para o estabelecimento de boas relações e o reconhecimento da in

à sombra de instituições monárquicas.

dependência: a abolição do tráfico e da

Convém salientar que, se no Brasil as circunstâncias favoreceram essa fórmula,

escravidão. Não tem faltado quem ne

não a desejaram menos em outros países latino-americanos algumas de suas mais

ilustres figuras. Vários foram os planos e as tentativas, cogitando-se ora de es

gue qualquer fundo generoso a essa exi gência da Grã-Bretanha, empenhada era que as suas colônias não ficassem em situação de inferioridade no tocante ao custo da mão-de-obr.a. Por puro inte

colher os imperantes entre os membros resse ou por interesse e espuito liberal da família real espanhola, ora entre prín-' misturados, o certo é que a Inglaterra ,. cipes de sangue de outras casas da Eu não transigiu. O problema da escravidão toi ropa, ora de elevar a realeza resolvido facilmente na Améri personagens nascidas nas pró ca espanhola, tomando-se, en prias colônias. Da ultima espé tretanto, para o Brasil, um dos cie foi Agustin de Itúrbide, no casos mais tristes e difíceis de

México, e seria Bolívar, se tives

se levado adiante projetos de fendidos por alguns dos seus

adeptos. San Martin quis ardentemente a monarquia com um rei vindo da Eu ropa, e 0'Higgins não estêve longe, em certo momento, de igual solução. Sem falar nos príncipes da casa reinante na

Espanha, foram lembrados o Duque de Orleans, o Príncipe de Luca, os prín

cipes da casa de Bourbon depois da res

,sua política interna e externa.

E o Brasil preocupava sobremo do os inglêses, uma vez que o wu co mércio conosco excedeu a princípio o mantido com todo o resto da Amenca

Latina e nunca Uie foi inferior. Entre 1808 e 1813 a Grã-Bretanha exerceu

influência decisiva e quase vexatória no

governo de D. João; Strangford meüa o bedelho em tudo com mais ou menos

do de Saxe-Coburgo. Obstáculos insu

tato, como uma espécie de lorde prote tor. Por essa época foi considerável a

no Brasil, o galho que aqui ficara pegou e floresceu em dois reinados. Mas vin

vêrno a "potestade tutelar da Sociedade

tauração em França, o Príncipe Leopol

peráveis, a despeito das predileções majs impopularidade inglesa no Brasil. Jo^ íntimas de Castlereagh e Canning, não da Silva Lisboa, futuro Visconde de permitiram que se consumasse essa pro Cairu; apologista irrestrito da^ Inglaterra, liferação de monarquia na América. Só na qual chegou a ver "adorável instru gou por excepcionais cuidados de uma política oportunista,, durando apenas o

mento da Providência", e no__seu go

coe Civilização", flpiyfl deixa fòra fòra de de dúvida dúvida co

mo, pouco depois de celebrados, ja os


Digesto Econóa«co 104

tratados de 1810 suscitavam a maior

animosidade. Empregou-se "extraordi nária sagacidade", dizia Cairu na Me

mória dos benefícios políticos do govêrno de El-rei nosso senhor D. João VI,

Digesto Econômico

meiro plano. Nada, afinal, conseguiu de positivo na época de nossa emancipa ção nacional a diplomacia inglesa. De nada valeu que nesses dias estivesse à frente do Ministério de Estrangeiros do

escrita em 1818, "em desacreditar o

Brasil um homem como José Bonifácio,

nosso tratado, como sendo golpe de graça da indústria de Portugal, aniquí-

inimigo, desde os dias de estudante em

lação do comércio do Brasil, e odioso

economia brasileira repousava na escra vidão, vivia por assim dizer exclusiva

monopólio extorquido por um governo que sofre a ditadura do corpo mercantil do país e se prevalece de circunstâncias

favoráveis para surpreender a boa fé de cândidos negociadores". No tratado de comércio de 1810 as

mercadorias da Inglaterra obtiveram pro teção especial, e aos comerciantes in-

glêses, estabelecidos no Brasil, foram conferidos praticamente direitos extra

territoriais com a sua justiça própria. A acreditar-se num dos biógrafos de Canning, ninguém teria sido mais severo, na apreciação desse tratado, do que o gran de ministro inglês, ao qualificá-lo de "odioso e impolítíco". No tratado de aliança e amizade do mesmo ano de 1810 ficou pactuada a gradual abolição do trafico africano. Mas a resistência oposta a essa medida continuou fortís

sima e o tráfico não se interrompeu. Quando os acontecimentos culminaram nos sucessos da independência do Brasil com a ruptura de quaisquer laços com Portugal, a diplomacia inglesa redobrou esforços a fim de impor a terminação definitiva do comércio de negros e a extinção da escravidão. ~As conversas de Canning em Londres com o futuro

Marquês de Barbacena, a missão de

Coimbra, do trabalho servil.

ses dúbias para disfarçar a verdade:

animais de carga, sem os quais os bran cos não poderiam viver..." Na dureza do seu julgamento, o di

falou como um observador implacável e

plomata inglês não cuidou de tecer fra

e escravos.

frio da sociedade brasileira de senhores

Toda a

mente da escravidão. O velho Andrada

pagou com o exílio de cinco anos e a

proscrição da vida pública as suas te merárias idéias abolicionistas. O tráfico

encheu o Primeiro Reinado, avultou na Regência, mau grado o seu espírito re publicano e a lei de 7 de novembro de 1831, avançou por tôda uma década do Segundo Reinado e, para vergonha nossa só acabou depois de 1850, por fôrça de

humilhantes intervenções inglôsas na política interna do Brasil. E a escravi dão quase atingiu o século XX, na Terra

i

de Santa Cruz.

Explica-se o pessimismo do agente diplomático britânico Henry Chamberlain, tão ligado aos episódios da fase da independência brasileira, ao afirmar a Canning, numa comunicação secreta de 31 de dezembro de 1823: "Quando che gar o feliz momento da abolição, não será devido nunca à inclinação sincera

do povo ou do govêrno, a menos que venham a sofrer grande mudança. Pois quase me aventuraria a. dizer que não

há dez pessoas em todo o Império que

considerem esse comércio como um cri

me ou o encarem sob outro aspecto que

Segundo a estatística do Departamento de Con^cio, a produção

^

bens de consumo e de produção apresentou, no pnmetro trimestre de 49. o maior dj^rlínio verificado desde o término da guerra.

_

.

A referida produção caiu para uma média anual de 256 biltoes. ou sejam,

US$9 mühões menos que o primeiro trimestre de 48.

í de

Lord Amherst no Rio de Janeiro, as ins

não seja o de ganho e perda, de sim ples especulação mercantil, que deve

truções formais dadas a Henry Chamberlain, e tôdas as negociações entre os

continuar ou cessar conforme for vanta

it/iAos comwaram menos e economizaiam. mais.

joso ou não. Acostumados a não fazer

governos britânico e brasileiro sobre o

nada, a ver só os negros trabalharem, os

O maior declínio que se tinha até então verificado, de trimestre a trimestre, 4oi apenas de US$1.SOO milhões e teve lugar no primeiro tnme^re_ de 46, quando

reconhecimento da independência do

Brasil, colocaram esse assunto em prí-

brasileiros em geral estão convencidos de que os escravos são necessários como

A razão avresentada pelos esjoecxalistas como causadora dêsse declínio é de

que os preços estão mais baixos. Mesmo assim os consumidores e negociantes, pn, ..

.

,.

-. máquina econômica do pais sofreu a reconversão para a produção behca.

,_


Digesto Econóa«co 104

tratados de 1810 suscitavam a maior

animosidade. Empregou-se "extraordi nária sagacidade", dizia Cairu na Me

mória dos benefícios políticos do govêrno de El-rei nosso senhor D. João VI,

Digesto Econômico

meiro plano. Nada, afinal, conseguiu de positivo na época de nossa emancipa ção nacional a diplomacia inglesa. De nada valeu que nesses dias estivesse à frente do Ministério de Estrangeiros do

escrita em 1818, "em desacreditar o

Brasil um homem como José Bonifácio,

nosso tratado, como sendo golpe de graça da indústria de Portugal, aniquí-

inimigo, desde os dias de estudante em

lação do comércio do Brasil, e odioso

economia brasileira repousava na escra vidão, vivia por assim dizer exclusiva

monopólio extorquido por um governo que sofre a ditadura do corpo mercantil do país e se prevalece de circunstâncias

favoráveis para surpreender a boa fé de cândidos negociadores". No tratado de comércio de 1810 as

mercadorias da Inglaterra obtiveram pro teção especial, e aos comerciantes in-

glêses, estabelecidos no Brasil, foram conferidos praticamente direitos extra

territoriais com a sua justiça própria. A acreditar-se num dos biógrafos de Canning, ninguém teria sido mais severo, na apreciação desse tratado, do que o gran de ministro inglês, ao qualificá-lo de "odioso e impolítíco". No tratado de aliança e amizade do mesmo ano de 1810 ficou pactuada a gradual abolição do trafico africano. Mas a resistência oposta a essa medida continuou fortís

sima e o tráfico não se interrompeu. Quando os acontecimentos culminaram nos sucessos da independência do Brasil com a ruptura de quaisquer laços com Portugal, a diplomacia inglesa redobrou esforços a fim de impor a terminação definitiva do comércio de negros e a extinção da escravidão. ~As conversas de Canning em Londres com o futuro

Marquês de Barbacena, a missão de

Coimbra, do trabalho servil.

ses dúbias para disfarçar a verdade:

animais de carga, sem os quais os bran cos não poderiam viver..." Na dureza do seu julgamento, o di

falou como um observador implacável e

plomata inglês não cuidou de tecer fra

e escravos.

frio da sociedade brasileira de senhores

Toda a

mente da escravidão. O velho Andrada

pagou com o exílio de cinco anos e a

proscrição da vida pública as suas te merárias idéias abolicionistas. O tráfico

encheu o Primeiro Reinado, avultou na Regência, mau grado o seu espírito re publicano e a lei de 7 de novembro de 1831, avançou por tôda uma década do Segundo Reinado e, para vergonha nossa só acabou depois de 1850, por fôrça de

humilhantes intervenções inglôsas na política interna do Brasil. E a escravi dão quase atingiu o século XX, na Terra

i

de Santa Cruz.

Explica-se o pessimismo do agente diplomático britânico Henry Chamberlain, tão ligado aos episódios da fase da independência brasileira, ao afirmar a Canning, numa comunicação secreta de 31 de dezembro de 1823: "Quando che gar o feliz momento da abolição, não será devido nunca à inclinação sincera

do povo ou do govêrno, a menos que venham a sofrer grande mudança. Pois quase me aventuraria a. dizer que não

há dez pessoas em todo o Império que

considerem esse comércio como um cri

me ou o encarem sob outro aspecto que

Segundo a estatística do Departamento de Con^cio, a produção

^

bens de consumo e de produção apresentou, no pnmetro trimestre de 49. o maior dj^rlínio verificado desde o término da guerra.

_

.

A referida produção caiu para uma média anual de 256 biltoes. ou sejam,

US$9 mühões menos que o primeiro trimestre de 48.

í de

Lord Amherst no Rio de Janeiro, as ins

não seja o de ganho e perda, de sim ples especulação mercantil, que deve

truções formais dadas a Henry Chamberlain, e tôdas as negociações entre os

continuar ou cessar conforme for vanta

it/iAos comwaram menos e economizaiam. mais.

joso ou não. Acostumados a não fazer

governos britânico e brasileiro sobre o

nada, a ver só os negros trabalharem, os

O maior declínio que se tinha até então verificado, de trimestre a trimestre, 4oi apenas de US$1.SOO milhões e teve lugar no primeiro tnme^re_ de 46, quando

reconhecimento da independência do

Brasil, colocaram esse assunto em prí-

brasileiros em geral estão convencidos de que os escravos são necessários como

A razão avresentada pelos esjoecxalistas como causadora dêsse declínio é de

que os preços estão mais baixos. Mesmo assim os consumidores e negociantes, pn, ..

.

,.

-. máquina econômica do pais sofreu a reconversão para a produção behca.

,_


Dicesto Econômico

Aususto Comte c o liberalismo econômico

plicam fàcilmente êsse triste resultado.

IvAK Lins

J^ÃO se contentando com aplicar as

107

E assim — comentava Comte — enquan

colossais se faziam em poucos anos, os que haviam contribuído para erguê-las

to engenhosos processos proporcionavam aos mais pobres artesãos modernos co

numa enxerga de hospital.

não tinham outro destino senão morrer

doutrinas de Malthus e Dar\vin ao

França; proibiu^ tôda coligação de ope rários. E dei.xados estes sem defesa pe

campo social, apelava ainda a economia

rante os patrões, tomou-sc a luta in

passados, êstes provãvelmente haviam obtido, nos séculos aludidos, uma satis

política do século XIX para sofistica e

teiramente desigual, acarretando o apa

fação mais completa das primeiras ne

irrisória argumentação dc ordem moral.

recimento da mais negra miséria ao lado do luxo mais desbragado.

cessidades físicas. Além disso, a aproximaçãò mais fraternal entre patrões e trabalhadores (enquanto a preponderân

se, vestir-se e instalar-se sofrivelmente.

cia dos nobres havia contido a tendência

mentalidade dos industriais coetâneos de

É assim que Stuart Mill repelia tôda in tervenção do Estado em proveito da classe operária como atentatória de sua dignidade e de seus verdadeiros interes ses, doutrina, sem dúvida, muito cômoda para os que tinham a sorte de pertencer às classes ricas... Não concordando com êsse alvitre e considerando o libera

lismo econômico o inimigo do proletário e o defensor do feudalismo financeiro, aconselhou Augusto Comte, ao revés, no Sistema de Política Pa.

sitiva, fôsse incluída, nos orçamentos, enorme

verba — um têrço dos orçamentos — especial mente destinada a tra

balhos públicos previs tos pora eventualmente ocuparem as vítimas do desemprego, perigo no vo, nascido com a liber dade econômica, vito

riosa a partir da Revo lução Francesa, e que,

Comte e uma nova Cavalaria

Precedendo a Ruskin e ao Professor Marshall, salientava então Comte a ne

as vítimas dos desajustamentos econômi cos decorrentes do índustrialismo.

Não se conformax^a

o filósofo com o fato

tria e da expansão dos mercados, sendo, se gundo Hallam, n salá rio dos operários de seu tempo sensivelmente in

ferior, à vista do preço das

de quatorze horas, os industriais britâni cos,-ein petição ao Parlamento, alegaram ser o seu lucro constituído apenas pela

da burguesia. Quanto mais aprofundar mos este grande assunto de meditações políticas — concluía o filósofo — mais sentiremos que os ínterêsses próprios das

última meia hora! Que não teriam dito, se previssem o dia de oito horas, como

classes inferiores espontaneamente con

Poupar será consumir?

correm hoje com as necessidades fimdamentais que uma sã análise histórica re

de, em vez de melho rar, piorar cada dia mais a situação do operário, apesar dos imensos aperfeiçoamen tos técnicos da indús

seus promotores, na rea lidade fêz do operário miserável joguete nas

Comte, únicos realmente favorecidos

cendente ulterior do deplorável egoísmo

com que seriam atendidas e amparadas

O seguinte fato é característico da pelo abstencionismo da economia Liberal. Pleiteando os operários inglèses a re dução do dia de trabalho, que era então

dos do que o passaram a ser sob o as

substituindo-se a fôrça pela generosidade

balho, uma parte suficiente para nutrir-

dos burgueses a substituírem seu domí

reitos e deveres eram menos desconheci

laria, adaptada à civilização moderna

Em vão sustentara Adam Smith ser

inteiramente justo que os que alimen tam, \'estem e alojam tôda gente, en contrem, no produto de seu próprio tra

nio ao dos chefes feudais) proporciona va também às populações operárias me lhor existência moral, onde os seus di

cessidade de instituir-se uma nova Cava

contra o pensamento de

mãos do capitalista. Atento o espírito de desenfreado in dividualismo, preponderante na Revolu ção Francesa, foram condenadas e dissol vidas as corporações de ofício, e uma lei de 1791, reforçada pelo Código Penal da

modidades desconhecidas a seus ante

notam Gide e Rist?

Acobertando os piores desvios do in-

vela na evolução preparatória das so

dustrialismo, tomara-se a economia po

ciedades modernas.

lítica liberal a ciência sinistra tão te

Longe, portanto,

de constituir vã utopia filosófica, con

mida de Carlyle. Enquanto era patente

soante o cego desdém de quase^ todos

que a miséria aumentava na razão direta

os homens de Estado da época, tendia,

do traballio, havia autores que sustenta

ao contrário, o voto especulativo de irma. vam serem o desperdício e o esbanja reorganização sistemática da sociedade, mento dos ricos funções sociais, e que a apoiar-se sobre poderoso instinto po

mercadorias mais

indispensáveis, ao de seus predecessores dos

operários produziam à custa de imenso

tisfatòriamente atendido.

esforço, era um indivíduo útil.

O Apocalipse do desespêro social

séculos XIV e XV..

Pregando a ortodoxia individualista, a

Muitas influências incontestáveis — a ex

liberdade a todo custo, só conseguira

tensão ulterior de um luxo imoderado o

transformar-se, nas palavras de um dis

crescente emprego das máquinas, a con

cípulo de Comte, em "Apocalipse do

densação progressiva dos operários — e.x-

desespêro social". ■ . L

todo capitalista, por isso mesmo que se dignava destruir loucamente o .que o®

pular, que não carecia mais senão en contrar órgãos racionais a fim de ser sa-

Enquanto fortunas

Se es

banjava, passava à categoria' de benfeitor do pobre, fazendo prosperar o co mércio... E, ao contrário, se poupa va, era tido como pernicioso, à vista da

afirmativa paradoxal, repetida desde

Adam Smith até Stuart Mül, e segundo a qual poupar é consumir...

Em lugar de verem que o problema


Dicesto Econômico

Aususto Comte c o liberalismo econômico

plicam fàcilmente êsse triste resultado.

IvAK Lins

J^ÃO se contentando com aplicar as

107

E assim — comentava Comte — enquan

colossais se faziam em poucos anos, os que haviam contribuído para erguê-las

to engenhosos processos proporcionavam aos mais pobres artesãos modernos co

numa enxerga de hospital.

não tinham outro destino senão morrer

doutrinas de Malthus e Dar\vin ao

França; proibiu^ tôda coligação de ope rários. E dei.xados estes sem defesa pe

campo social, apelava ainda a economia

rante os patrões, tomou-sc a luta in

passados, êstes provãvelmente haviam obtido, nos séculos aludidos, uma satis

política do século XIX para sofistica e

teiramente desigual, acarretando o apa

fação mais completa das primeiras ne

irrisória argumentação dc ordem moral.

recimento da mais negra miséria ao lado do luxo mais desbragado.

cessidades físicas. Além disso, a aproximaçãò mais fraternal entre patrões e trabalhadores (enquanto a preponderân

se, vestir-se e instalar-se sofrivelmente.

cia dos nobres havia contido a tendência

mentalidade dos industriais coetâneos de

É assim que Stuart Mill repelia tôda in tervenção do Estado em proveito da classe operária como atentatória de sua dignidade e de seus verdadeiros interes ses, doutrina, sem dúvida, muito cômoda para os que tinham a sorte de pertencer às classes ricas... Não concordando com êsse alvitre e considerando o libera

lismo econômico o inimigo do proletário e o defensor do feudalismo financeiro, aconselhou Augusto Comte, ao revés, no Sistema de Política Pa.

sitiva, fôsse incluída, nos orçamentos, enorme

verba — um têrço dos orçamentos — especial mente destinada a tra

balhos públicos previs tos pora eventualmente ocuparem as vítimas do desemprego, perigo no vo, nascido com a liber dade econômica, vito

riosa a partir da Revo lução Francesa, e que,

Comte e uma nova Cavalaria

Precedendo a Ruskin e ao Professor Marshall, salientava então Comte a ne

as vítimas dos desajustamentos econômi cos decorrentes do índustrialismo.

Não se conformax^a

o filósofo com o fato

tria e da expansão dos mercados, sendo, se gundo Hallam, n salá rio dos operários de seu tempo sensivelmente in

ferior, à vista do preço das

de quatorze horas, os industriais britâni cos,-ein petição ao Parlamento, alegaram ser o seu lucro constituído apenas pela

da burguesia. Quanto mais aprofundar mos este grande assunto de meditações políticas — concluía o filósofo — mais sentiremos que os ínterêsses próprios das

última meia hora! Que não teriam dito, se previssem o dia de oito horas, como

classes inferiores espontaneamente con

Poupar será consumir?

correm hoje com as necessidades fimdamentais que uma sã análise histórica re

de, em vez de melho rar, piorar cada dia mais a situação do operário, apesar dos imensos aperfeiçoamen tos técnicos da indús

seus promotores, na rea lidade fêz do operário miserável joguete nas

Comte, únicos realmente favorecidos

cendente ulterior do deplorável egoísmo

com que seriam atendidas e amparadas

O seguinte fato é característico da pelo abstencionismo da economia Liberal. Pleiteando os operários inglèses a re dução do dia de trabalho, que era então

dos do que o passaram a ser sob o as

substituindo-se a fôrça pela generosidade

balho, uma parte suficiente para nutrir-

dos burgueses a substituírem seu domí

reitos e deveres eram menos desconheci

laria, adaptada à civilização moderna

Em vão sustentara Adam Smith ser

inteiramente justo que os que alimen tam, \'estem e alojam tôda gente, en contrem, no produto de seu próprio tra

nio ao dos chefes feudais) proporciona va também às populações operárias me lhor existência moral, onde os seus di

cessidade de instituir-se uma nova Cava

contra o pensamento de

mãos do capitalista. Atento o espírito de desenfreado in dividualismo, preponderante na Revolu ção Francesa, foram condenadas e dissol vidas as corporações de ofício, e uma lei de 1791, reforçada pelo Código Penal da

modidades desconhecidas a seus ante

notam Gide e Rist?

Acobertando os piores desvios do in-

vela na evolução preparatória das so

dustrialismo, tomara-se a economia po

ciedades modernas.

lítica liberal a ciência sinistra tão te

Longe, portanto,

de constituir vã utopia filosófica, con

mida de Carlyle. Enquanto era patente

soante o cego desdém de quase^ todos

que a miséria aumentava na razão direta

os homens de Estado da época, tendia,

do traballio, havia autores que sustenta

ao contrário, o voto especulativo de irma. vam serem o desperdício e o esbanja reorganização sistemática da sociedade, mento dos ricos funções sociais, e que a apoiar-se sobre poderoso instinto po

mercadorias mais

indispensáveis, ao de seus predecessores dos

operários produziam à custa de imenso

tisfatòriamente atendido.

esforço, era um indivíduo útil.

O Apocalipse do desespêro social

séculos XIV e XV..

Pregando a ortodoxia individualista, a

Muitas influências incontestáveis — a ex

liberdade a todo custo, só conseguira

tensão ulterior de um luxo imoderado o

transformar-se, nas palavras de um dis

crescente emprego das máquinas, a con

cípulo de Comte, em "Apocalipse do

densação progressiva dos operários — e.x-

desespêro social". ■ . L

todo capitalista, por isso mesmo que se dignava destruir loucamente o .que o®

pular, que não carecia mais senão en contrar órgãos racionais a fim de ser sa-

Enquanto fortunas

Se es

banjava, passava à categoria' de benfeitor do pobre, fazendo prosperar o co mércio... E, ao contrário, se poupa va, era tido como pernicioso, à vista da

afirmativa paradoxal, repetida desde

Adam Smith até Stuart Mül, e segundo a qual poupar é consumir...

Em lugar de verem que o problema


rr^

DiGESTo Econômico

Dicesto Econômico

108

da produção não pode ser regulado e resoKddo sem o do emprego da riqueza, que, por sua vez, depende das mais

dos predecessores e dos contemporâneos imprime à riqueza um cunlio social que se opõe à sua apropriação indmdual

mitada os objetos necessários à sua exis tência, a história jamais registrou senão crises de fome. A partir do advento da grande indústria e da agricultura cien

altas questões sociais e morais, atribuíam

absoluta, isto é, sem responsabilidade, de modo a impedir a regulamentação do

plar um espetáculo singular — em vez

os economistas ao

homem

o destino

único de produzir para consumir, de

modo a não passar, afinal, de aperfei çoado produtor de estéreo; "venuto al

mondo sol per jar letame", na expressão enérgica

de

Aiiosto, lembrada

por

Comte.

"Lendo certos economistas — comen

tava Droz em seus Princípios da Ciên-

cia das Riquezas — acreditar-se-ia que os produtos não são feitos para os homens, mas, ao invés, os homens é que são feitos para os produtos."

Destino social da riqueza

A ciência social não admite, porém, deva haver uma classe de privilegiados cujo único fim seja o parasitário destino de consumir.

O verda

seu emprego.

A origem da grande desordem econô mica da modernidade provém, em par te, de não se terem ainda convencido,

em sua maioria, os detentores do capital, de que desempenham uma função cole tiva ou social, sendo, tal qual os operá rios, verdadeiros servidores públicos. Em vez de se colocarem no ponto de

vista de produzir para atender às ne cessidades do consumo, obtendo, em

conseqüência, o indispensável acrésci mo do capital que llies cumpre dirigir, invertem os dados do problema e visam, primeiro, um lucro pessoal desmedido, e só secundàriamente cogitam das reais

necessidades do público. Enquanto as possi bilidades do consumo

ultrapassaram a pro

tífica e mecanizada, passou-se a contem

de lutarem contra a carência de utilida des, como o fizeram durante os 60 sé culos de sua vida histórica, passaram os

nome de todos os seres humanos priva

dos do mais estrito necessário para a Contra estas e semelhantes conseqüên

cias da organização individualista da

zerem, racionalmente, previsões indus triais, através do estabelecimento de um

que um servidor da

cros excessivos. Mas, o mesmo já não pode ocorrer hoje, em iguais proporções, porque o

coletividade e deve ter

poder aquisitivo das

sempre em vista os

massas não se desen

interesses desta últi

volveu com rapidez idêntica à da capaci

ma na aplicação da riqueza, de que não é senão o gestor no

próprio interesse da Sociedade, com o /ws utendi et administran-

dade de produção.

cessem assistência, secundando a extin

a concepção individualista, com o -jus

boin, reproduzindo conceito de Howard Scott — quando o homem, reduzido apenas às suas forças, só conseguia pro duzir em quantidade extremamente li-

Nenhum capital é o resultado do esfôrço de um só indivíduo. O concurso

um acréscimo devidamente projetado. Consistiria, então, a principal função dos banqueiros em comanditarem, com sa

abundância

No decorrer de to

progressivamente chegamos, na moder

nidade, c.\p'ica-se, em parte, segundo Comte, por haver sido a evolu^o eco nômica o resultado de uma séne de evoluções parciais desiguais: a pnnci-

"ente, eis desigualdades de evolução

consHtuíram un^ fonte J e

caus!a dra"&lta de organiação provéte

entretanto, do fato de revostu-» a vidade industrial moderna de

estritamente indiriduahsta ® ^ v,.j' sem ainda apresentar um car ^ ,

mente social. Daí resultou. "«J

do filósofo, que, "de conformda^jom

sistema completo de estatística^ de modo o insHnto primitivo do que cada geração pudesse transmitir, a pado, cada qual se seguinte, o conjunto do capital por ela mente com o seu interêsse pes herdado da precedente, reahzando-Ihe bedoria, os empreendimentos que mere

dos os séculos — observa Jacques Du-

iríendi et abutendi. ■

temente insiste na necessidade de se ra-

A luta contra a

di e não o proprietário absoluto, segundo

à conjuntura econômica. O estado de anarquia industrial a que .

vida.

produção se rebela, em seu sisterna social e político. Augusto Comte que freqüen

detentor do capital, assim como o operá rio, nada mais é do

dos projetos de indústrias e obras novas

homens a se organizar para a luta contra a fabricação a domicílio, em segui a abundância, porque esta maia o lucro! pio da o comércio transcontinental com as Queimar café, ou atirá-lo ao mar, grandes navegações, mais tarde a gran e como no Brasil; deixar o trigo apodrecer indústria, que se sucedeu ao desenvolvi nos cais dos portos, como na Argentina, mento dos bancos e às invenções moder ou dizimar carneiros, como na Austrália; nas etc. - evoluções parciais, cada u^ lançar tonéis de vinho nos rios, como se das quais se efetuou em épocas o fez na Itália, ou pôr fogo a lavouras de rentes. ^„ algodão como se praticou alhures, serão Como a vida econômica, e, conse talvez atos muito lógicos e conformes às qüentemente, o trabalho, nao . exigências de um capitalismo sem en sistematizados senão em tranhas, mas que a moral condena em ses até que venham a se-lo universal

dução, puderam os ca pitalistas realizar lu_

deiro consumidor é o

próprio produtor. O

promover a regularização do fluxo de investimentos, condicionando a e.xecuçao

^ ^ publtca M ". função

jj]',' assim, E

por todos encarado como o j

V o lucro

es-

sencial da atividade econômica. ^ Procede daí que, tendo, como unico

móvel, o desejo de acumular riquezas

ção dos ramos ociosos ou prejudiciais. sem se haverem nunca elevado Pon Ê. como se ve, uma antevisão do Coi^e- de vista dos Interêsses gerais, os chefes lha de Controle de Investimento, moder industriais jamais conseguiram, ouja namente preconizado na Inglaterra e nos Estados Unidos, e cuja tarefa é a de

mais quiseram opor-se aos empreendi-


rr^

DiGESTo Econômico

Dicesto Econômico

108

da produção não pode ser regulado e resoKddo sem o do emprego da riqueza, que, por sua vez, depende das mais

dos predecessores e dos contemporâneos imprime à riqueza um cunlio social que se opõe à sua apropriação indmdual

mitada os objetos necessários à sua exis tência, a história jamais registrou senão crises de fome. A partir do advento da grande indústria e da agricultura cien

altas questões sociais e morais, atribuíam

absoluta, isto é, sem responsabilidade, de modo a impedir a regulamentação do

plar um espetáculo singular — em vez

os economistas ao

homem

o destino

único de produzir para consumir, de

modo a não passar, afinal, de aperfei çoado produtor de estéreo; "venuto al

mondo sol per jar letame", na expressão enérgica

de

Aiiosto, lembrada

por

Comte.

"Lendo certos economistas — comen

tava Droz em seus Princípios da Ciên-

cia das Riquezas — acreditar-se-ia que os produtos não são feitos para os homens, mas, ao invés, os homens é que são feitos para os produtos."

Destino social da riqueza

A ciência social não admite, porém, deva haver uma classe de privilegiados cujo único fim seja o parasitário destino de consumir.

O verda

seu emprego.

A origem da grande desordem econô mica da modernidade provém, em par te, de não se terem ainda convencido,

em sua maioria, os detentores do capital, de que desempenham uma função cole tiva ou social, sendo, tal qual os operá rios, verdadeiros servidores públicos. Em vez de se colocarem no ponto de

vista de produzir para atender às ne cessidades do consumo, obtendo, em

conseqüência, o indispensável acrésci mo do capital que llies cumpre dirigir, invertem os dados do problema e visam, primeiro, um lucro pessoal desmedido, e só secundàriamente cogitam das reais

necessidades do público. Enquanto as possi bilidades do consumo

ultrapassaram a pro

tífica e mecanizada, passou-se a contem

de lutarem contra a carência de utilida des, como o fizeram durante os 60 sé culos de sua vida histórica, passaram os

nome de todos os seres humanos priva

dos do mais estrito necessário para a Contra estas e semelhantes conseqüên

cias da organização individualista da

zerem, racionalmente, previsões indus triais, através do estabelecimento de um

que um servidor da

cros excessivos. Mas, o mesmo já não pode ocorrer hoje, em iguais proporções, porque o

coletividade e deve ter

poder aquisitivo das

sempre em vista os

massas não se desen

interesses desta últi

volveu com rapidez idêntica à da capaci

ma na aplicação da riqueza, de que não é senão o gestor no

próprio interesse da Sociedade, com o /ws utendi et administran-

dade de produção.

cessem assistência, secundando a extin

a concepção individualista, com o -jus

boin, reproduzindo conceito de Howard Scott — quando o homem, reduzido apenas às suas forças, só conseguia pro duzir em quantidade extremamente li-

Nenhum capital é o resultado do esfôrço de um só indivíduo. O concurso

um acréscimo devidamente projetado. Consistiria, então, a principal função dos banqueiros em comanditarem, com sa

abundância

No decorrer de to

progressivamente chegamos, na moder

nidade, c.\p'ica-se, em parte, segundo Comte, por haver sido a evolu^o eco nômica o resultado de uma séne de evoluções parciais desiguais: a pnnci-

"ente, eis desigualdades de evolução

consHtuíram un^ fonte J e

caus!a dra"&lta de organiação provéte

entretanto, do fato de revostu-» a vidade industrial moderna de

estritamente indiriduahsta ® ^ v,.j' sem ainda apresentar um car ^ ,

mente social. Daí resultou. "«J

do filósofo, que, "de conformda^jom

sistema completo de estatística^ de modo o insHnto primitivo do que cada geração pudesse transmitir, a pado, cada qual se seguinte, o conjunto do capital por ela mente com o seu interêsse pes herdado da precedente, reahzando-Ihe bedoria, os empreendimentos que mere

dos os séculos — observa Jacques Du-

iríendi et abutendi. ■

temente insiste na necessidade de se ra-

A luta contra a

di e não o proprietário absoluto, segundo

à conjuntura econômica. O estado de anarquia industrial a que .

vida.

produção se rebela, em seu sisterna social e político. Augusto Comte que freqüen

detentor do capital, assim como o operá rio, nada mais é do

dos projetos de indústrias e obras novas

homens a se organizar para a luta contra a fabricação a domicílio, em segui a abundância, porque esta maia o lucro! pio da o comércio transcontinental com as Queimar café, ou atirá-lo ao mar, grandes navegações, mais tarde a gran e como no Brasil; deixar o trigo apodrecer indústria, que se sucedeu ao desenvolvi nos cais dos portos, como na Argentina, mento dos bancos e às invenções moder ou dizimar carneiros, como na Austrália; nas etc. - evoluções parciais, cada u^ lançar tonéis de vinho nos rios, como se das quais se efetuou em épocas o fez na Itália, ou pôr fogo a lavouras de rentes. ^„ algodão como se praticou alhures, serão Como a vida econômica, e, conse talvez atos muito lógicos e conformes às qüentemente, o trabalho, nao . exigências de um capitalismo sem en sistematizados senão em tranhas, mas que a moral condena em ses até que venham a se-lo universal

dução, puderam os ca pitalistas realizar lu_

deiro consumidor é o

próprio produtor. O

promover a regularização do fluxo de investimentos, condicionando a e.xecuçao

^ ^ publtca M ". função

jj]',' assim, E

por todos encarado como o j

V o lucro

es-

sencial da atividade econômica. ^ Procede daí que, tendo, como unico

móvel, o desejo de acumular riquezas

ção dos ramos ociosos ou prejudiciais. sem se haverem nunca elevado Pon Ê. como se ve, uma antevisão do Coi^e- de vista dos Interêsses gerais, os chefes lha de Controle de Investimento, moder industriais jamais conseguiram, ouja namente preconizado na Inglaterra e nos Estados Unidos, e cuja tarefa é a de

mais quiseram opor-se aos empreendi-


DroESTo Ecoxümico

mentos guerreiros, dos quais lêm sido, muitas vezes, cúmplices e até mentores.

Cada um deles ficou, até aqui, circuns crito aos ínterêsses partículares do seu

ramo industrial ou comercial, sem ja mais se preocupar em organizá-lo em função do conjunto social. Conceberam quando muito, fôsse a vida econômica organizada sôbre uma base exclusiva mente nacional e h custa dos interesses

legítimos- dos outros povos, reduzidos pelas armas, ou pela subordinação economica, à categoria de simples colônias, ü- por isso que, embora increpando . aos operários serem por demais propen sos as soluções violentas, é Comte parti cularmente severo em relação aos che fes industriais, que, depois de terem

Üdo o mérito de derrubar o antigo sisik tema social, lhe herdaram, parcialmente

pr o espinto e as tendências opressivas ' E assim - se se pode, sem ironia

empregar esta expressão - o equilíbrio

tiva sistemática da falta de organização. As teorias de Augusto Comte condu zem, em resumo, à .seguinte conclusão: no apogeu do regime calôlico-feudal

(apogeu que, segundo o filósofo, durou apenas dois séculos) a ^compressão das paixões individuais (c, conseqüentemen te, a disciplina coletiva) resultou de princípios comuns que tiravam sua au

burguês, que o formulou no tempo de Colbext, nada mais é do que a justifica

téis, surgidos da lixtc concorrência, aca

regulamentação mundial da indústria,

decorrente da reorganização espiritual que julgava imprescindível ao inundo moderno.

direção, uma — a ciência — ficou até íiqui excessivamente dispersiva e espe

cializada para preencher o alto papel social desempenhado outrora pelo Cato

licismo: a consagração dos princípios

sagraram, durante décadas, erigindo a doutrina do "laisser faire, laisser passer" em dogma fundamental da vida econô mica. Ora, este mote, bem digno do

concorrência, jicsordenadamenle entu lham os mercados com os seus produtü.s, acarretando tremendas crises de super

duas grandes forças novas — a ciência

seio da cidade, como entre os Romanos mas, apenas, sôbre o antagonismo dos ínterêsses privados: antagonismo entre

mundo moderno que os economistas,

de lucros fabulosos com os mais graves prejuízos para a coletividade. Eis por que clamava Augusto Comte por uma

e a indústria — uma espiritual e outra temporal, embrionárias ambas no sistema social e político da Idade-Média. Desenvolvondo-se essas duas fôrças sem

outra — a indústria — permaneceu de

como vimos em artigos anteriores, a con

grupo a parasitàrlamente beneficiar-se

miséria. Ou as eniprêsas, mexidas pela

própria abundância; ou os trustes e car

.

tomou esta situação característica do

bam com a própria concorrência e im põem aos produtos os preços que bem entendem. E, assim, passa um pequeno

bragados ao lado da mais intolerável

toridade da teologia, cujo intérprete era

estabeleceu, não sôbre a base de um sis 'f- ou sôbre universal, como na Idade-Media, a da cooperação no

trabalhadores e patrões. De tal modo se

tiómica, com todo o seu séquito de hor rores: o luxo c o desperdício mais des-

o sacerdócio. O mundo moderno rom peu essa síntese em conseqüência de

em conseqüência dos quais o indivíduo

pria indústria; antagonismo entre as di versas nações industriais ou agrícolasantagonismo, dentro de cada país, entre

durará indefinidamente a anarquia eco-

produção e fazendo com que a misé ria, nas palavras dc Fourier, nasça da

do mimdo moderno pouco a pouco se

' a agricultura e a indústria; antagonis mo entre os diferentes ramos da pró

DrcESTo Econômico

se subordina à coletividade. Quanto à

masiadamente individualista para permi bases que não as do conflito de inte

tir organizar a sociedade sôbre outras resses privados.

No pensamento de

Comte, o primeiro problema prepondera sobre o segundo, não podendo a vida econômica ser organizada sem que umâ

doutrina de conjunto, universalmente adotada, venha de novo consagrar a dis

ciplina coletiva. A reorganização espi grande, o máximo problema dos tempos

ritual é, pois, aos olhos do filósofo, o modernos. Sem ela será impossível a

estatísticas do Depariamento de Comercto dos Estados Umdos houve um aunu^nto apreciável nas exportações e importações durante As importações subiram de 64 mühões de dólares sôbre

reorganização econômica sôbre bases

cêrca de 39 milhões de dólares, sôbre a media de 1948, a um total de 631.900.000

verdadeiramente racionais, porquanto só ela permitirá o surto dos órgãos mun diais de coordenação de que carece a

irasse um nuiior aumento de dólares nas importações m^W^dóIares, em fevereiro, a 184.700.000 dólares,deemalmentos março. vegetais,^ de

indústria moderna. Sem a formação de tais órgãos, especialmente consagrados

à supervisão da indústria moderna, per-

O aumento apreciável das importações de café e açácar ffz com que^ regis-

Aç exportações aumentaram cêrca de 123 milhões de dólares, em fevereiro e

131 mühleTd^ dólares sôbre a média mensal da 1948, estabelecendo um no^o

recorde para 1949, de 1.152.300.000 dólares.


DroESTo Ecoxümico

mentos guerreiros, dos quais lêm sido, muitas vezes, cúmplices e até mentores.

Cada um deles ficou, até aqui, circuns crito aos ínterêsses partículares do seu

ramo industrial ou comercial, sem ja mais se preocupar em organizá-lo em função do conjunto social. Conceberam quando muito, fôsse a vida econômica organizada sôbre uma base exclusiva mente nacional e h custa dos interesses

legítimos- dos outros povos, reduzidos pelas armas, ou pela subordinação economica, à categoria de simples colônias, ü- por isso que, embora increpando . aos operários serem por demais propen sos as soluções violentas, é Comte parti cularmente severo em relação aos che fes industriais, que, depois de terem

Üdo o mérito de derrubar o antigo sisik tema social, lhe herdaram, parcialmente

pr o espinto e as tendências opressivas ' E assim - se se pode, sem ironia

empregar esta expressão - o equilíbrio

tiva sistemática da falta de organização. As teorias de Augusto Comte condu zem, em resumo, à .seguinte conclusão: no apogeu do regime calôlico-feudal

(apogeu que, segundo o filósofo, durou apenas dois séculos) a ^compressão das paixões individuais (c, conseqüentemen te, a disciplina coletiva) resultou de princípios comuns que tiravam sua au

burguês, que o formulou no tempo de Colbext, nada mais é do que a justifica

téis, surgidos da lixtc concorrência, aca

regulamentação mundial da indústria,

decorrente da reorganização espiritual que julgava imprescindível ao inundo moderno.

direção, uma — a ciência — ficou até íiqui excessivamente dispersiva e espe

cializada para preencher o alto papel social desempenhado outrora pelo Cato

licismo: a consagração dos princípios

sagraram, durante décadas, erigindo a doutrina do "laisser faire, laisser passer" em dogma fundamental da vida econô mica. Ora, este mote, bem digno do

concorrência, jicsordenadamenle entu lham os mercados com os seus produtü.s, acarretando tremendas crises de super

duas grandes forças novas — a ciência

seio da cidade, como entre os Romanos mas, apenas, sôbre o antagonismo dos ínterêsses privados: antagonismo entre

mundo moderno que os economistas,

de lucros fabulosos com os mais graves prejuízos para a coletividade. Eis por que clamava Augusto Comte por uma

e a indústria — uma espiritual e outra temporal, embrionárias ambas no sistema social e político da Idade-Média. Desenvolvondo-se essas duas fôrças sem

outra — a indústria — permaneceu de

como vimos em artigos anteriores, a con

grupo a parasitàrlamente beneficiar-se

miséria. Ou as eniprêsas, mexidas pela

própria abundância; ou os trustes e car

.

tomou esta situação característica do

bam com a própria concorrência e im põem aos produtos os preços que bem entendem. E, assim, passa um pequeno

bragados ao lado da mais intolerável

toridade da teologia, cujo intérprete era

estabeleceu, não sôbre a base de um sis 'f- ou sôbre universal, como na Idade-Media, a da cooperação no

trabalhadores e patrões. De tal modo se

tiómica, com todo o seu séquito de hor rores: o luxo c o desperdício mais des-

o sacerdócio. O mundo moderno rom peu essa síntese em conseqüência de

em conseqüência dos quais o indivíduo

pria indústria; antagonismo entre as di versas nações industriais ou agrícolasantagonismo, dentro de cada país, entre

durará indefinidamente a anarquia eco-

produção e fazendo com que a misé ria, nas palavras dc Fourier, nasça da

do mimdo moderno pouco a pouco se

' a agricultura e a indústria; antagonis mo entre os diferentes ramos da pró

DrcESTo Econômico

se subordina à coletividade. Quanto à

masiadamente individualista para permi bases que não as do conflito de inte

tir organizar a sociedade sôbre outras resses privados.

No pensamento de

Comte, o primeiro problema prepondera sobre o segundo, não podendo a vida econômica ser organizada sem que umâ

doutrina de conjunto, universalmente adotada, venha de novo consagrar a dis

ciplina coletiva. A reorganização espi grande, o máximo problema dos tempos

ritual é, pois, aos olhos do filósofo, o modernos. Sem ela será impossível a

estatísticas do Depariamento de Comercto dos Estados Umdos houve um aunu^nto apreciável nas exportações e importações durante As importações subiram de 64 mühões de dólares sôbre

reorganização econômica sôbre bases

cêrca de 39 milhões de dólares, sôbre a media de 1948, a um total de 631.900.000

verdadeiramente racionais, porquanto só ela permitirá o surto dos órgãos mun diais de coordenação de que carece a

irasse um nuiior aumento de dólares nas importações m^W^dóIares, em fevereiro, a 184.700.000 dólares,deemalmentos março. vegetais,^ de

indústria moderna. Sem a formação de tais órgãos, especialmente consagrados

à supervisão da indústria moderna, per-

O aumento apreciável das importações de café e açácar ffz com que^ regis-

Aç exportações aumentaram cêrca de 123 milhões de dólares, em fevereiro e

131 mühleTd^ dólares sôbre a média mensal da 1948, estabelecendo um no^o

recorde para 1949, de 1.152.300.000 dólares.


Dicesto Econômico

Conservas de pescado Antonio Renato Gaoo Nobee

breves notas publicadas no "Digesto Econômico" de dezembro de

194Y, focalizando a indústria de conser

vas de pescado, tecemos considerações acerca de suas possibilidades e do valor real das espécies ictiológicas brasileiras

umas aguardando industrialização, ou tras necessitando melhor aproveitamento mais racional acondicionamento, alérn

de processos menos empíricos e, portan

to, mais condizentes com o surto indus trial do após-guerra.

Então, lançamos apêlo a quem íncumbe amparar e auxiliar o desenvolvimenf to industrial do país, no sentido de in centivar amplo financiamento que sal vasse da ruína indústria primordial ao

abastecimento interno, e, futuramente mdustna exportadora ao serviço do pro'

gresso do Brasil. Todavia, e ao que pa rece, nosso apêlo não foi ouvido ou le vado em consideração, porquanto meses depois fechava definitivamente impor

tante fábrica do Estado do Rio, enquan to outras suspendiam suas atividades ou reduziam oS fabricos a restritas parcelas da capacidade real de suas unidades fabris. * *

Freqüentemente, deparamos com'inú meras entrevistas, artigos assinados ou

simples tópicos na imprensa diaria e pe

5 espécies ictiológicas diferentes, além dos produtos secos, salgados e prensa dos ou defumados que estas fábricas

se dedicam a essas indústrias são exem

costumam preparar.

plos frisantes e convincentes do que aca

As novas indústrias, ou as indústrias

não resta a menor dúvida; mas de que, para tanto, ó necessário que os in

velhas que se integrassem nestes prin

os créditos, se defenderá dos aventurei

cípios ou em quaisquer outros planeja dos previamente, seriam financiadas em maior ou menor escala, conforme pra ticassem um ou os dois sistemas que se digladiam nos mercados internacio nais — o manual c o mecânico — qyg praticassem o melhor aproveitamento dos subprodutos para adubos, farinhas e óleos

ros porventura instalados na indústria

comestíveis ou industriais e tivessem si

dustriais ofereçam garantias de idonei dade, direção técnica competente e, principalmente, que os industriais bene ficiados possuam o ailto da indústria também não deve restar a menor dúvida, pois só assim o governo, ao conceder

o de que há reminiscências, pouco tranquilizadoras, no próprio Estado do Rio. Por outro lado, a grande maioria das fábricas existentes não oferece garantias que permitam ampla assistência financei

ra, como pretendem alguns, quer por seus descomunais e absurdos encargos, quer ainda porque seus proprietários são

esporádicos industriais sempre à espreita de negócios que lhes permitam maiores lucros, e para onde, não raramente, des viam os capitais ganlios na indústria ou conseguidos para a indústria e com ma

nifesto prejuízo para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das respectivas uni dades fabris. Êstes, e outros fatos filia

dos na reconhecida ignorância desses in dustriais, de onde se ausentou o dinamis1^0 e onde morreu a iniciativa, que nSo

Ibes permite apetrecharem-se para se defenderem interna e externamente dos concorrentes estrangeiros, nos levam a

concluir que o financiamento indispen

sável ao «oerguimento, desenvolvimento riódica, solicitando urgentes medidas de e aperfeiçoamento da industrialização de proteção, regulamentação e amparo fi . pescado, deveria ser concedido, preferen-

113

do racionalmente projetadas e construí

das em locais de fácil abastecimento das

matérias-pri

mas

essenciais

e

A história da pesca e da industrializa ção de pescado dos principais países que bamos de escrever.

Ela afirma, por

exemplo, que na França, na Espanha, na Noruega, em Portugal, no Canadá e mesmo nos Estados Unidos só foi possí-

\'e^ suprir o mercado de pescado fresco

quando a indústria de conser\'as tomou notável desenvolrimento. Por outras pa

lavras, as indústrias de pesca e conservas desenvolveram-se, nesses países, sem

pre correlativamente. ^ produção, em grande escala, de comestíveis enlatados utilizando as mais di\'ersas matérias-primas, teve início nes te país durante a

. grande guerra de

próximo aos gran

1914-18, época em

des centros consu midores ou aos

truídos ou entra

principais meios de

ram em funciona

transporte.

A solução dêsse

problema resolveria outro, não menos

- importante, como seja o do abasteci mento de pescado fresco as populações. E' que está provado que sòmente uma indústria apetrechada para o grande con sumo de pescado possibilita o emprêgo de grandes capitais na industria da pes ca, pois assegura o escoamento do pes cado que não for consumido em fresco pelas populações, ou quando não houver lugar nos frigoríficos para armazena mento.

As indústrias de conservas jamais pre

que foram corts-» mento os grandes matadouros-frigorí-

ficos estrangeiros e algumas poucas in dústrias nacionais. Mas é indubitável que

foi a partir do início da última guerra, e principalniente durante a guerra, que se

popularizou o consumo de comestíveis enlatados, particularmente produtos e

subprodutos de carne, frutas, vegetais e

legumes, conservas mistas, produtos e subprodutos de pescado etc., a ponto de as grandes cidades brasileiras apresenta rem índices de consumo surpreenden temente elevados para o padrão de vida do país. Todavia, foi precisamente no

judicaram o abastecimento público de

pescado, ou melhor, nos produtos e sub

pescado fresco. Primeiro, porque pa gando preços mais baixos, sòmente fa

produtos de peixe em conserva, que se

temente, para a instalação de novas fá

servação de pescado. Que a* adoção de

bricas com a capacidade mínima para

bricam as sobras do consumo em fresco;

verificou menor aumento de consumo, embora bem maior ao verificado no con

tais medidas se impõe e são imprescin

laborar, anualmente, 700 a 800 tonela das de produtos enlatados, utilizando 4 a

depois, porque as principais espécies con-

sumo de pescado fresco, pois êste último,

.sumídas na indústria têm pequena aceita

nos anos de 1939 a 1940, não chegou a aumentar 20Í, enquanto os preços mé-

nanceiro às indústrias de pesca e con

díveis à sobrevivência dessas indústrias.

ção dos consumidores de pescado fresco.


Dicesto Econômico

Conservas de pescado Antonio Renato Gaoo Nobee

breves notas publicadas no "Digesto Econômico" de dezembro de

194Y, focalizando a indústria de conser

vas de pescado, tecemos considerações acerca de suas possibilidades e do valor real das espécies ictiológicas brasileiras

umas aguardando industrialização, ou tras necessitando melhor aproveitamento mais racional acondicionamento, alérn

de processos menos empíricos e, portan

to, mais condizentes com o surto indus trial do após-guerra.

Então, lançamos apêlo a quem íncumbe amparar e auxiliar o desenvolvimenf to industrial do país, no sentido de in centivar amplo financiamento que sal vasse da ruína indústria primordial ao

abastecimento interno, e, futuramente mdustna exportadora ao serviço do pro'

gresso do Brasil. Todavia, e ao que pa rece, nosso apêlo não foi ouvido ou le vado em consideração, porquanto meses depois fechava definitivamente impor

tante fábrica do Estado do Rio, enquan to outras suspendiam suas atividades ou reduziam oS fabricos a restritas parcelas da capacidade real de suas unidades fabris. * *

Freqüentemente, deparamos com'inú meras entrevistas, artigos assinados ou

simples tópicos na imprensa diaria e pe

5 espécies ictiológicas diferentes, além dos produtos secos, salgados e prensa dos ou defumados que estas fábricas

se dedicam a essas indústrias são exem

costumam preparar.

plos frisantes e convincentes do que aca

As novas indústrias, ou as indústrias

não resta a menor dúvida; mas de que, para tanto, ó necessário que os in

velhas que se integrassem nestes prin

os créditos, se defenderá dos aventurei

cípios ou em quaisquer outros planeja dos previamente, seriam financiadas em maior ou menor escala, conforme pra ticassem um ou os dois sistemas que se digladiam nos mercados internacio nais — o manual c o mecânico — qyg praticassem o melhor aproveitamento dos subprodutos para adubos, farinhas e óleos

ros porventura instalados na indústria

comestíveis ou industriais e tivessem si

dustriais ofereçam garantias de idonei dade, direção técnica competente e, principalmente, que os industriais bene ficiados possuam o ailto da indústria também não deve restar a menor dúvida, pois só assim o governo, ao conceder

o de que há reminiscências, pouco tranquilizadoras, no próprio Estado do Rio. Por outro lado, a grande maioria das fábricas existentes não oferece garantias que permitam ampla assistência financei

ra, como pretendem alguns, quer por seus descomunais e absurdos encargos, quer ainda porque seus proprietários são

esporádicos industriais sempre à espreita de negócios que lhes permitam maiores lucros, e para onde, não raramente, des viam os capitais ganlios na indústria ou conseguidos para a indústria e com ma

nifesto prejuízo para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das respectivas uni dades fabris. Êstes, e outros fatos filia

dos na reconhecida ignorância desses in dustriais, de onde se ausentou o dinamis1^0 e onde morreu a iniciativa, que nSo

Ibes permite apetrecharem-se para se defenderem interna e externamente dos concorrentes estrangeiros, nos levam a

concluir que o financiamento indispen

sável ao «oerguimento, desenvolvimento riódica, solicitando urgentes medidas de e aperfeiçoamento da industrialização de proteção, regulamentação e amparo fi . pescado, deveria ser concedido, preferen-

113

do racionalmente projetadas e construí

das em locais de fácil abastecimento das

matérias-pri

mas

essenciais

e

A história da pesca e da industrializa ção de pescado dos principais países que bamos de escrever.

Ela afirma, por

exemplo, que na França, na Espanha, na Noruega, em Portugal, no Canadá e mesmo nos Estados Unidos só foi possí-

\'e^ suprir o mercado de pescado fresco

quando a indústria de conser\'as tomou notável desenvolrimento. Por outras pa

lavras, as indústrias de pesca e conservas desenvolveram-se, nesses países, sem

pre correlativamente. ^ produção, em grande escala, de comestíveis enlatados utilizando as mais di\'ersas matérias-primas, teve início nes te país durante a

. grande guerra de

próximo aos gran

1914-18, época em

des centros consu midores ou aos

truídos ou entra

principais meios de

ram em funciona

transporte.

A solução dêsse

problema resolveria outro, não menos

- importante, como seja o do abasteci mento de pescado fresco as populações. E' que está provado que sòmente uma indústria apetrechada para o grande con sumo de pescado possibilita o emprêgo de grandes capitais na industria da pes ca, pois assegura o escoamento do pes cado que não for consumido em fresco pelas populações, ou quando não houver lugar nos frigoríficos para armazena mento.

As indústrias de conservas jamais pre

que foram corts-» mento os grandes matadouros-frigorí-

ficos estrangeiros e algumas poucas in dústrias nacionais. Mas é indubitável que

foi a partir do início da última guerra, e principalniente durante a guerra, que se

popularizou o consumo de comestíveis enlatados, particularmente produtos e

subprodutos de carne, frutas, vegetais e

legumes, conservas mistas, produtos e subprodutos de pescado etc., a ponto de as grandes cidades brasileiras apresenta rem índices de consumo surpreenden temente elevados para o padrão de vida do país. Todavia, foi precisamente no

judicaram o abastecimento público de

pescado, ou melhor, nos produtos e sub

pescado fresco. Primeiro, porque pa gando preços mais baixos, sòmente fa

produtos de peixe em conserva, que se

temente, para a instalação de novas fá

servação de pescado. Que a* adoção de

bricas com a capacidade mínima para

bricam as sobras do consumo em fresco;

verificou menor aumento de consumo, embora bem maior ao verificado no con

tais medidas se impõe e são imprescin

laborar, anualmente, 700 a 800 tonela das de produtos enlatados, utilizando 4 a

depois, porque as principais espécies con-

sumo de pescado fresco, pois êste último,

.sumídas na indústria têm pequena aceita

nos anos de 1939 a 1940, não chegou a aumentar 20Í, enquanto os preços mé-

nanceiro às indústrias de pesca e con

díveis à sobrevivência dessas indústrias.

ção dos consumidores de pescado fresco.


Dicesto Econômico

114

clios, nesse período, aumentaram em

apresentam, equacionando as possibilida

mais de 100%, e mesmo assim ainda se

des de fabrico e consumo e a equanimldadc de indústrias oongêneres ou afins, não considero intransponível o que ou tros julgam impossível, ou impraticável.

mantêm

inferiores

aos

veriíícadcs

na

maioria dos países píscatórios e grandes produtores de conservas de pescado. Vários motivos, quanto a nós, devem

ter contribuído para esse quase despre zo pelo pescado fresco e em conserva, e nos quais devem avultar os seguintes: quanto ao pescado fresco, o fato de

custar normalmente, nos grandes cen tros consumidores, cerca de 30 a 40%

mais caro que a carne, e enquanto esta se apresenta pronta para a culinária,

aquele necessita amanho e salga que, além de requerer conhecimentos que a maioria das empregadas e donas de ca sa não possuem, dá trabalho e rouba

tempo; quanto aos enlatados, o fato

do o pescado em conserva custar cer

ca de 40% mais caro e, quando estran

mas diretrizes.

E como a Argentina é

tes assuntos de pesca e conservas, vamos

cado, e se permite que a indústria es

A indústria argentina de conservas de pescado seguiu evolução idêntica à bra

®

mentos orientadores e controladores da

industria brasileira, possibilitando aos in dustriais patrícuos meios de defesa con

tra os concorrentes estrangeiros.

Conscante o que acabamos de es crever, não descortl-

sileira, até 1928-30, embora anterior

namos como seja im

mente já viesse sendo protegida por vá rias medidas governamentais. E' então

praticável a indus

trialização do pesca do, em larga escala, neste país. E daí as

reflexões que se se

qualidades de adaptação) a maleabilida

guem,

de e a iniciativa de técnicos espanhóis.

para o campo das

Aproveitando a última guerra, com o

lização de pescado para consumo inter

sicas e mentais.

mencionar na lata a qualidade do óleo

de cobertura — óleo de amendoim, óleo de algodão etc. — ou a espécie ictiológica, pelo menos o nome \ailgar do pes trangeira venha concorrer aos mercados

pescado têm pouco por onde escolher, porquanto a indústria nacional se resu me a industrializar sardinhas, e pouco

alimentação racional, e que esse alimen to, como dizia Cuvier, permitir-lhe-á, até à velliice, a plenitude das forças fí

Alguns dos fabricos,^ como "Salmón Argentóo", são preparados com espé cies sinulares, orientação que de há muito deveriam ter seguido os departa

plo da indústria platina.

siderados imprescindíveis na cozinha bra sileira, os consumidores de conservas de

povo que não tenha receio de comer pei xe, que o pescado é indispensável numa

a qualidade cio pescado e com dese nhos que os incautos confundiam com

Não sabemos, ninguém há de saber,

citar, embora resumidamente, o e.xem-

desaparecimento dos tradicionais expor-, tadores, a Argentina não sòmente desen

E' urgentemente necessário ensinar ao

"vidros".

sardinhas, que não passavam de cavali-

1

tidas e cravadas"' "à décola^^' e em

"Filetes cie Peixe" sem especificar qual

porque se obriga a indústria brasileira a

estranhas a técnica (melhor diremos as

mais.

dos por outras fonnas, acondicionados cm latas "cravadas e cravadas" "evibu-

mais ou menos aproximadas e que ti vessem seguido, alguns decênios, as mes

to os produtos e subprodutos de carne matos e tipos de fabrico que devem ul trapassar de 50, em grande maioria con

leles de Anchoa en Aceite", como ou

nhas em óleo, num fabrico corrente.

em tudo um caso idêntico ao nosso, nes

115

tros países c.vportaram sardinhas em óleo rotuladas de "Sardinhas em Azeite" e

Nesses casos, não há como estudar

que os industriais argentinos resolvem seguir rumos diferentes, a que não são

se apresentam numa variedade de for

f

a evolução da indústria em países de economia idêntica, de possibilidades

vas de carne. Por outro lado, enquan

geiros, 80% a 150% mais, que as conser

Digesto Econômico

suposições: suponha

nacionais com fabricos em óleo rotula dos de azeite e com conservas onde não

volveu extraordinàriamerite a industria

no, como ainda exportou consideráveis

partidas de enlatados.

O Brasil, por

exemplo, foi um dos países que impor taram conservas platinas, concedendo aos industriais daquele país facilidades

que se negavam aos próprios industriais brasileiros.

Colaboramos, assim, embo

ra modestamente, para o desenvolvimen to dessa indústria, que exportou para o nosso mercado péssimos fabricos de ca valas rotulados de "Filetes de Atún", e um outro fabrico, talvez preparado com enxova, mas de uma espécie diferente

Aprofundado nesses assuntos, estudan-

da que é usualmente empregada para en-

do-os nas múltiplas formas por que se

chovar, e vendidos com o nome de "Fi-

transpostas

encontramos mencionados os nomes do

pescado, ou com legendas que não cor

1

respondem ao conteúdo da lata.

Voltemos à indústria argentina, pro tegida por deliberações do seu Minis

tério da Agricultura, amparada pelo govêmo.

Presentemente, essa indústria fabrica

um sem número de. produtos, onde se

mos, portanto, que

os industriais brasileiros se associassem ern agremiação fundamentalmente demo crática, orientadora e controladora de

qualidade, estudassem novos produtos, lançassem novos formatos, adaptassem ou utilizassem outros, considerados es-

tandardizados por longa utilização mun dial e adequados às nossas espécies ictàológicas. Suponhamos que, além dos processos manuais atualmente usados pe la nossa indústria, praticassem sistemas

destacam os fabricos de cavalas prepa

de fabrico mecânico por forma a pos

radas como salmão, em môlho de toma te e em pasta; atum em azeite e em •

sibilitar a produção em quantidade e em

môlho de tomate; amêijoás e mexilhões

o mercado- brasileiro fôsse conveniente

em escabeche e ao natural; filetes encho-

mente

qualidade; e continuemos a supor que estudado, os novos formatos,

os novos 6 velhos fabricos e as espécies cos marinhos, cozidos, fritos e prepara- íctiológicas como albacoras, bonitos, cavados, corvina e outros peixes e molus


Dicesto Econômico

114

clios, nesse período, aumentaram em

apresentam, equacionando as possibilida

mais de 100%, e mesmo assim ainda se

des de fabrico e consumo e a equanimldadc de indústrias oongêneres ou afins, não considero intransponível o que ou tros julgam impossível, ou impraticável.

mantêm

inferiores

aos

veriíícadcs

na

maioria dos países píscatórios e grandes produtores de conservas de pescado. Vários motivos, quanto a nós, devem

ter contribuído para esse quase despre zo pelo pescado fresco e em conserva, e nos quais devem avultar os seguintes: quanto ao pescado fresco, o fato de

custar normalmente, nos grandes cen tros consumidores, cerca de 30 a 40%

mais caro que a carne, e enquanto esta se apresenta pronta para a culinária,

aquele necessita amanho e salga que, além de requerer conhecimentos que a maioria das empregadas e donas de ca sa não possuem, dá trabalho e rouba

tempo; quanto aos enlatados, o fato

do o pescado em conserva custar cer

ca de 40% mais caro e, quando estran

mas diretrizes.

E como a Argentina é

tes assuntos de pesca e conservas, vamos

cado, e se permite que a indústria es

A indústria argentina de conservas de pescado seguiu evolução idêntica à bra

®

mentos orientadores e controladores da

industria brasileira, possibilitando aos in dustriais patrícuos meios de defesa con

tra os concorrentes estrangeiros.

Conscante o que acabamos de es crever, não descortl-

sileira, até 1928-30, embora anterior

namos como seja im

mente já viesse sendo protegida por vá rias medidas governamentais. E' então

praticável a indus

trialização do pesca do, em larga escala, neste país. E daí as

reflexões que se se

qualidades de adaptação) a maleabilida

guem,

de e a iniciativa de técnicos espanhóis.

para o campo das

Aproveitando a última guerra, com o

lização de pescado para consumo inter

sicas e mentais.

mencionar na lata a qualidade do óleo

de cobertura — óleo de amendoim, óleo de algodão etc. — ou a espécie ictiológica, pelo menos o nome \ailgar do pes trangeira venha concorrer aos mercados

pescado têm pouco por onde escolher, porquanto a indústria nacional se resu me a industrializar sardinhas, e pouco

alimentação racional, e que esse alimen to, como dizia Cuvier, permitir-lhe-á, até à velliice, a plenitude das forças fí

Alguns dos fabricos,^ como "Salmón Argentóo", são preparados com espé cies sinulares, orientação que de há muito deveriam ter seguido os departa

plo da indústria platina.

siderados imprescindíveis na cozinha bra sileira, os consumidores de conservas de

povo que não tenha receio de comer pei xe, que o pescado é indispensável numa

a qualidade cio pescado e com dese nhos que os incautos confundiam com

Não sabemos, ninguém há de saber,

citar, embora resumidamente, o e.xem-

desaparecimento dos tradicionais expor-, tadores, a Argentina não sòmente desen

E' urgentemente necessário ensinar ao

"vidros".

sardinhas, que não passavam de cavali-

1

tidas e cravadas"' "à décola^^' e em

"Filetes cie Peixe" sem especificar qual

porque se obriga a indústria brasileira a

estranhas a técnica (melhor diremos as

mais.

dos por outras fonnas, acondicionados cm latas "cravadas e cravadas" "evibu-

mais ou menos aproximadas e que ti vessem seguido, alguns decênios, as mes

to os produtos e subprodutos de carne matos e tipos de fabrico que devem ul trapassar de 50, em grande maioria con

leles de Anchoa en Aceite", como ou

nhas em óleo, num fabrico corrente.

em tudo um caso idêntico ao nosso, nes

115

tros países c.vportaram sardinhas em óleo rotuladas de "Sardinhas em Azeite" e

Nesses casos, não há como estudar

que os industriais argentinos resolvem seguir rumos diferentes, a que não são

se apresentam numa variedade de for

f

a evolução da indústria em países de economia idêntica, de possibilidades

vas de carne. Por outro lado, enquan

geiros, 80% a 150% mais, que as conser

Digesto Econômico

suposições: suponha

nacionais com fabricos em óleo rotula dos de azeite e com conservas onde não

volveu extraordinàriamerite a industria

no, como ainda exportou consideráveis

partidas de enlatados.

O Brasil, por

exemplo, foi um dos países que impor taram conservas platinas, concedendo aos industriais daquele país facilidades

que se negavam aos próprios industriais brasileiros.

Colaboramos, assim, embo

ra modestamente, para o desenvolvimen to dessa indústria, que exportou para o nosso mercado péssimos fabricos de ca valas rotulados de "Filetes de Atún", e um outro fabrico, talvez preparado com enxova, mas de uma espécie diferente

Aprofundado nesses assuntos, estudan-

da que é usualmente empregada para en-

do-os nas múltiplas formas por que se

chovar, e vendidos com o nome de "Fi-

transpostas

encontramos mencionados os nomes do

pescado, ou com legendas que não cor

1

respondem ao conteúdo da lata.

Voltemos à indústria argentina, pro tegida por deliberações do seu Minis

tério da Agricultura, amparada pelo govêmo.

Presentemente, essa indústria fabrica

um sem número de. produtos, onde se

mos, portanto, que

os industriais brasileiros se associassem ern agremiação fundamentalmente demo crática, orientadora e controladora de

qualidade, estudassem novos produtos, lançassem novos formatos, adaptassem ou utilizassem outros, considerados es-

tandardizados por longa utilização mun dial e adequados às nossas espécies ictàológicas. Suponhamos que, além dos processos manuais atualmente usados pe la nossa indústria, praticassem sistemas

destacam os fabricos de cavalas prepa

de fabrico mecânico por forma a pos

radas como salmão, em môlho de toma te e em pasta; atum em azeite e em •

sibilitar a produção em quantidade e em

môlho de tomate; amêijoás e mexilhões

o mercado- brasileiro fôsse conveniente

em escabeche e ao natural; filetes encho-

mente

qualidade; e continuemos a supor que estudado, os novos formatos,

os novos 6 velhos fabricos e as espécies cos marinhos, cozidos, fritos e prepara- íctiológicas como albacoras, bonitos, cavados, corvina e outros peixes e molus


r

Dicesto Econômico

118

para não mencionar muitas outras, di

mente, pode arcar com parte considerá vel das despesas de execução de pla

vulgadas por campanhas de publicida

nos desta nal\ireza.

de indispensáveis à venda de produtos novos e imprescindíveis à manutenção de vendas apreciáveis de qualquer pro

auxílio financeiro e técnico a indústria

valas, serras, calamares ou cs mariscos,

duto,

Não há como negar que o planejamen to destas sxeposições e sua execução tra

riam resultados seguros e compensadores

a industria do pescado que, presente

Obrigatoriedade da padronização orçamentária

Ademais, aí esta o

Affonso Almiro

Governo que, decerto, não regatearia primordial ao abastecimento interno, e

p,\x>noNizAÇÃo dos or

num futuro mais ou monos próximo,

çamentos estaduais e ■municipais é legalmen te obrigatória. O De

indústria exportadora, bastando para tan to despender escassa parcela da econo mia feita em divisas com as restrições im

creto-lei 2.416, de 17

postas às importações de congêneres

dc julho de 1940, que aprovou a codificação

estrangeiros.

das normas financeiras para os Estados e Municípios, não perdeu sua xagencia,

após a promulgação da Conshtuiçao Fe

deral de 1946 e das Constituições Es taduais subseqüentes.

Essa tese, ou melhor, essa verdade, vem sendo repetida, com grande entu siasmo e com justificada convicção, pela Secretaria do Conselho Técnico de Eco nomia e Finanças, através a palaxTa au torizada de Valcntim Bouças: - Com o

entusiasmo de quem viu consagrada,

de forma inequívoca e Ijrilh^, pela

Assembléia Constituinte de 1946, uma

obra inestimável de técnica e racionali

zação, que tantos benefícios tem trazido* ao paísl E com a convicção de quem

assistiu aos debates parlamentares e ve rificou a segurança e a consciência com

que foi votado e aprovado, pelo plená

rio esclarecido, o princípio constitucional

Durante êste ultimo ano, apesar ãe toda a nossa amizade com a Argentina, fomos obrigados a inten^fwar o desenvolvimento de outras fontes de provisões, como por exemplo a Australú^ declarou na Câmara dos Comuns o sr. Strachey, minivtrn do d.n Abastecimento. nistro

O ministro deu a entender que o acôrdo com a Austrália não é o único que a Inglaterra está em vias de concluir. Acrescentou, todavia, que "oferecemos aos argentinos aumento de preços para a came" e que, "qualquer que seja o resultado imediato das negociações, tenho confiança em que, cedo ou tarde, chegaremos a um entendimento, nos têrmos do qual as trocas entre nossos dois países, inclusive os

envios de carne, poderão prosseguir. Paralisar completamente o comércio entre a Argentina e a Grã-Bretanha seria desastroso para os dois países". ^ÜÊÊêêà lU

da padronização orçamentária!

Certamente, até boje, nenhum Estado ou Município levantou duvidas quanto a validade e vigência do diploma legal que aprovou as resoluções das memoráveis Conferências de Técnicos em Contabili dade Pública e Assuntos Fazendarios, e

prova disto, nós a temos na unanimidade

dos orçamentos estaduais e municipais

que continuam a obedecer ao padrao

legal.

Eis,

entretanto,

que

surge

agora,

quando já conx^ocada para julho próxi

mo a III Conferência Fazendária, um ilustre técnico da União — cujo orça

mento, aliás, não seguiu o padrão, apesar

da promessa formal do antigo Presidente

da Comissão de Orçamento federal feita

aos representantes estaduais e municipais, em 6-10-1939 (1) - e afirma, enfática

e peremptòriamente, que o Decreto-lei 2.416 é hoje inoperante.

Sem desrespeitar a incontestável auto ridade de Arizio de Viana, um dos maio

res especialistas brasileiros em matéria orçamentária, tomarei a liberdade futar as ousadas conclusões do seu bri

lhante artigo "O Destino da Padroni^ção Orçamentária", publicado no n.

e

maio do Digesto Econômico, buscando, para isto, o depoimento de eminentes juristas. Com êles, demonstrarei que o padrão de orçamento se impõe, iião apenas pelo seu reconhecido e procla

mado valof, ou pelas vantagens extram-

dinárias e comprovadas que advêm do seu cumprimento por todos os Estados e Municípios, mas, constitucionalmente, porque:

a) - fl Constituição de 1946 coma-

grou o princípio da padroniza

ção orçamentária; eh) - o De

creto-lei 2.416 continua na ple nitude de sua vigência.

Antes, porém, não posso deixar de sa

lientar a minha estranheza em face da

indagação preliminar de Arizio de V\ana;^ "Em que consiste o direito financeiro?^ Melhor do que eu, como um dos lí-


r

Dicesto Econômico

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para não mencionar muitas outras, di

mente, pode arcar com parte considerá vel das despesas de execução de pla

vulgadas por campanhas de publicida

nos desta nal\ireza.

de indispensáveis à venda de produtos novos e imprescindíveis à manutenção de vendas apreciáveis de qualquer pro

auxílio financeiro e técnico a indústria

valas, serras, calamares ou cs mariscos,

duto,

Não há como negar que o planejamen to destas sxeposições e sua execução tra

riam resultados seguros e compensadores

a industria do pescado que, presente

Obrigatoriedade da padronização orçamentária

Ademais, aí esta o

Affonso Almiro

Governo que, decerto, não regatearia primordial ao abastecimento interno, e

p,\x>noNizAÇÃo dos or

num futuro mais ou monos próximo,

çamentos estaduais e ■municipais é legalmen te obrigatória. O De

indústria exportadora, bastando para tan to despender escassa parcela da econo mia feita em divisas com as restrições im

creto-lei 2.416, de 17

postas às importações de congêneres

dc julho de 1940, que aprovou a codificação

estrangeiros.

das normas financeiras para os Estados e Municípios, não perdeu sua xagencia,

após a promulgação da Conshtuiçao Fe

deral de 1946 e das Constituições Es taduais subseqüentes.

Essa tese, ou melhor, essa verdade, vem sendo repetida, com grande entu siasmo e com justificada convicção, pela Secretaria do Conselho Técnico de Eco nomia e Finanças, através a palaxTa au torizada de Valcntim Bouças: - Com o

entusiasmo de quem viu consagrada,

de forma inequívoca e Ijrilh^, pela

Assembléia Constituinte de 1946, uma

obra inestimável de técnica e racionali

zação, que tantos benefícios tem trazido* ao paísl E com a convicção de quem

assistiu aos debates parlamentares e ve rificou a segurança e a consciência com

que foi votado e aprovado, pelo plená

rio esclarecido, o princípio constitucional

Durante êste ultimo ano, apesar ãe toda a nossa amizade com a Argentina, fomos obrigados a inten^fwar o desenvolvimento de outras fontes de provisões, como por exemplo a Australú^ declarou na Câmara dos Comuns o sr. Strachey, minivtrn do d.n Abastecimento. nistro

O ministro deu a entender que o acôrdo com a Austrália não é o único que a Inglaterra está em vias de concluir. Acrescentou, todavia, que "oferecemos aos argentinos aumento de preços para a came" e que, "qualquer que seja o resultado imediato das negociações, tenho confiança em que, cedo ou tarde, chegaremos a um entendimento, nos têrmos do qual as trocas entre nossos dois países, inclusive os

envios de carne, poderão prosseguir. Paralisar completamente o comércio entre a Argentina e a Grã-Bretanha seria desastroso para os dois países". ^ÜÊÊêêà lU

da padronização orçamentária!

Certamente, até boje, nenhum Estado ou Município levantou duvidas quanto a validade e vigência do diploma legal que aprovou as resoluções das memoráveis Conferências de Técnicos em Contabili dade Pública e Assuntos Fazendarios, e

prova disto, nós a temos na unanimidade

dos orçamentos estaduais e municipais

que continuam a obedecer ao padrao

legal.

Eis,

entretanto,

que

surge

agora,

quando já conx^ocada para julho próxi

mo a III Conferência Fazendária, um ilustre técnico da União — cujo orça

mento, aliás, não seguiu o padrão, apesar

da promessa formal do antigo Presidente

da Comissão de Orçamento federal feita

aos representantes estaduais e municipais, em 6-10-1939 (1) - e afirma, enfática

e peremptòriamente, que o Decreto-lei 2.416 é hoje inoperante.

Sem desrespeitar a incontestável auto ridade de Arizio de Viana, um dos maio

res especialistas brasileiros em matéria orçamentária, tomarei a liberdade futar as ousadas conclusões do seu bri

lhante artigo "O Destino da Padroni^ção Orçamentária", publicado no n.

e

maio do Digesto Econômico, buscando, para isto, o depoimento de eminentes juristas. Com êles, demonstrarei que o padrão de orçamento se impõe, iião apenas pelo seu reconhecido e procla

mado valof, ou pelas vantagens extram-

dinárias e comprovadas que advêm do seu cumprimento por todos os Estados e Municípios, mas, constitucionalmente, porque:

a) - fl Constituição de 1946 coma-

grou o princípio da padroniza

ção orçamentária; eh) - o De

creto-lei 2.416 continua na ple nitude de sua vigência.

Antes, porém, não posso deixar de sa

lientar a minha estranheza em face da

indagação preliminar de Arizio de V\ana;^ "Em que consiste o direito financeiro?^ Melhor do que eu, como um dos lí-


Dicesto Econômico

Dicesto EcoNÓxnco

deres que e da brilhante equipe de téc nicos da administração de que muito justamente se orgulha o Dasp, èle não desconhece que "o direito financeiro constitui elemento preponderante no es

tudo da administração pública". (2) Conhecedor profundo do nosso direito orçamentário, autor da magnífica obra

'O orçamento brasileiro", cujo valor in trínseco justificou fosse ela traduzida

nanceira, e, por essa forma, condensa

tòdns as normas que se fazem necessá rias à organização financeira, instituindo

preceitos administrativos sòbre o impor tante ramo do poder público". (4)

Será uma inovação o que, já em 1841, merecia as honras do um aprofundado estudo, de um tratado especial? Senü novidade o que há mais de um século já estava perfeita e completamente ca

para o inglês, e traduzida por um espe racterizado como o conjunto de regras cialista do porte de Harvey Walker "por que sc deve dirigir a Administra como pode Arizio de Viana desconhecer ção Geral da Fazenda Nacional, no que que 'o direito financeiro compreende toda a técnica jurídica que preside à elaboraçao dos orçamentos, à receita e despesa públicas e às relações decorren tes das operaç-óes de crédito de ciue se

socorre o Estado"? (3) ^ Nem mesmo a uma possível má vontaí ^ padronização se lie podea atribuir tal pergunta, de vez que considera no próprio artigo como "uma eylendida conquista da racionalização administrativa do Brasil".

't

é relativo à Receita o Despesa dp Im

pério, à Arrecadação, Fiscalização é Dis

tribuição das Rendas Públicas"? (5) Poderia êle dizer, e nisto ninguém o

senvolvimento"... Vejamos:

1 — "É por enquanto uma inovação constitucional" — Ora, é notório que o Direito Financeiro tem existência pró pria, real, viva e operante, pela ação

contestaria, que a c.xpressão "direito fi

nanceiro" aparece, agora, pela primeira vez, em nossa Carta Magna. Mas, quan do a Constituição de 1934 incluiu, tam

constante do seu conteúdo jurídico. Co mo escreve De Plácido e Silva, "o Direi

"direito aéreo", não houve este, jurista

Convém lembrar aqui o ensinamento

de Guglielmo Masci, desenvolvido por

to Financeiro articula as regras que fo

riamente circunscrito u determinados li

mites. Na ordem lógica, a satisfação das

nanceiras, traçando os preceitos que se

necessidades coletivas é uma preliminar relativamente à disciplina jurídica das re lações oriundas da atividade econômica

rão seguidos no funcionamento dos ór gãos financeiros ou da administração fi

sem o conhecimento sistemático e cien tífico da realidade financeira". (6)

autonomias municipais e estaduais, es

Pois, como afirma ^íariü Pugliese, "ei derecho financiero alcanzó rango de dís-

dos créditos fiscais em todo o território

dezembro de 1938, que, sem quebra das tabeleceu o processo para a cobrança

cip'ina jurídica antonoma por motivos de ordem puramente cientifico". (7) 3 — "Um quase-nada jurídico, sem atos e fatos que o positivem". — O Di

unificação do direito financeiro em todo

reito Financeiro é uma disciplina autô

o mundo, salientando que "não é fácil

noma, grandemente estudada em todo o mundo, notadamente na Itália, onde

brasileiro" (9)

Vai muito mais longe Nogueira Itagi-

ba lembrando a hipótese já debatida da pe'as peculiaridades de cada país, mas é

existem vários institutos que se dedicam

respeitável aspiração a de um estatuto único, que condense todos os princípios

ao seu estudo, como órgãos especiais de

fundamentais de Direito Financeiro, pa

vista di diritto finanziario e scienza delia

cípio, uma frase a espera de desenvol vimento..." — Em seu excelente trata

cionale de Droit Finaiicíer et Fiscal -

definir o direito financeiro: "Ê um ra

que reúne as associações especializadas dos principais países (Italia, França, Es

che per Ia sua vastità e per talirai spe-

tados Unidos, Inglaterra, Bélgica, Suíça, México, Suécia. Egito, Dinamarca, Ar

plina autonoma". (II)

mo dei diritto pubblico, ramo speciale, ciali caratteri assume valore di disci

Até os nossos

dias, desenvolveu-se mais, corporificouse, tomou \'ulto, cresceu, entre nós, até merecer menção expressa na Constitui ção Federal.

A propósito, João Martins de Oliveira,

Cruz, Carlos Medeiros e outros.

em recente trabalho, registra a queixa

Nos programas oficiais das nossas es colas superiores, consta da cadeira de

já citado Compêndio de Direito Finan

Finanças um capítulo especial dedicado

}

edição apa

receu em 1897, Graziani já afirmava, ao.

ao estudo do Direito Financeiro. Os es 1

do sôbre finanças, cuja

sede em Haya — íi Association Intema-

o Instituto Brasileiro de Direito Finan ceiro, recentemente fundado por Tito Rezende, Paulo Martins, Erymá Car neiro, Gilberto de Ulhôa Conte, Elmano

plina autônoma?

ram estabelecidas para as realizações fi

reito financeiro, cita, entre nós, o exem plo do "Decreto-lei n.° 960, de 17 de

gentina, Canadá etc.) à cjual está filiado

vamente estudados e ordenadas, que for mam o conteúdo e o objeto desta disci

legislador por isso se mantém necessà-

disciplina jurídica da matéria financeira

Portanto, não se compreende a

Existe uma entidade internacional com

cia privativa da União, o legislar sôbre

inerentes à ordem econômica e à estru tura social e política, e o arbítrio do

vários países que unificaram o seu di

meios.

finanza", dirigida por Griziotti.

bém pela primeira vez, como competên

Armando Cuida: "O direito deve har monizar-se com certas leis supremas

e política aplicada á consecução dos

divulgação, alguns de proteção mundial, ra ter aplicação universal". (10) 4 — "Intenção, um embrião de prin como, por exemplo, a conhecida Re

não, que levantasse dúvida quanto à As respostas que dá à sua pergunta ou existência anterior dêste ramo indepen amda aumentam a estranheza de quem, dente do direito público. como eu, o conhece e admira. Diz ê!e' 2 — "Uma ficção" — Será uma ficção "É por enquanto uma inovação consti o direito positivo? Será uma ficção o tucional: uma ficção; um quase-nada conjunto de nonnas e princípios exausti jurídico, sem atos e fatos que o positívem; talvez uma intenção, um embrião de princípio, uma frase a espera de de

119

tudantes brasileiros, além da já e.xtensa

bibliografia nacional sôbre o assunto,

de Silva Maia, feita em I84I, no seu

ceiro; "Não temos um corpo especial dêste Direito, isto é, não há no Brasil

um Código Financeiro"," para comple tar: "Durante o regime republicano ain

recorrem à imensa lista de autores es

da perdurou o caos da ^legislação finan

trangeiros, entre os quais posso destacar

ceira, agravado com a autonomia con

alguns, que, de modo particular, versa ram sôbre a matéria. (8) O Desembargador Ivair Nogueira Ita-

giba, em obra recente, depois de citar

cedida às antigas províncias, cada uma com privilégio de legislar sôbre seus or

çamento:". Logo a seguir, salientan do que "há uns quatro lustros, talvez,

i- tt-x-i v ■■ iV.y -


Dicesto Econômico

Dicesto EcoNÓxnco

deres que e da brilhante equipe de téc nicos da administração de que muito justamente se orgulha o Dasp, èle não desconhece que "o direito financeiro constitui elemento preponderante no es

tudo da administração pública". (2) Conhecedor profundo do nosso direito orçamentário, autor da magnífica obra

'O orçamento brasileiro", cujo valor in trínseco justificou fosse ela traduzida

nanceira, e, por essa forma, condensa

tòdns as normas que se fazem necessá rias à organização financeira, instituindo

preceitos administrativos sòbre o impor tante ramo do poder público". (4)

Será uma inovação o que, já em 1841, merecia as honras do um aprofundado estudo, de um tratado especial? Senü novidade o que há mais de um século já estava perfeita e completamente ca

para o inglês, e traduzida por um espe racterizado como o conjunto de regras cialista do porte de Harvey Walker "por que sc deve dirigir a Administra como pode Arizio de Viana desconhecer ção Geral da Fazenda Nacional, no que que 'o direito financeiro compreende toda a técnica jurídica que preside à elaboraçao dos orçamentos, à receita e despesa públicas e às relações decorren tes das operaç-óes de crédito de ciue se

socorre o Estado"? (3) ^ Nem mesmo a uma possível má vontaí ^ padronização se lie podea atribuir tal pergunta, de vez que considera no próprio artigo como "uma eylendida conquista da racionalização administrativa do Brasil".

't

é relativo à Receita o Despesa dp Im

pério, à Arrecadação, Fiscalização é Dis

tribuição das Rendas Públicas"? (5) Poderia êle dizer, e nisto ninguém o

senvolvimento"... Vejamos:

1 — "É por enquanto uma inovação constitucional" — Ora, é notório que o Direito Financeiro tem existência pró pria, real, viva e operante, pela ação

contestaria, que a c.xpressão "direito fi

nanceiro" aparece, agora, pela primeira vez, em nossa Carta Magna. Mas, quan do a Constituição de 1934 incluiu, tam

constante do seu conteúdo jurídico. Co mo escreve De Plácido e Silva, "o Direi

"direito aéreo", não houve este, jurista

Convém lembrar aqui o ensinamento

de Guglielmo Masci, desenvolvido por

to Financeiro articula as regras que fo

riamente circunscrito u determinados li

mites. Na ordem lógica, a satisfação das

nanceiras, traçando os preceitos que se

necessidades coletivas é uma preliminar relativamente à disciplina jurídica das re lações oriundas da atividade econômica

rão seguidos no funcionamento dos ór gãos financeiros ou da administração fi

sem o conhecimento sistemático e cien tífico da realidade financeira". (6)

autonomias municipais e estaduais, es

Pois, como afirma ^íariü Pugliese, "ei derecho financiero alcanzó rango de dís-

dos créditos fiscais em todo o território

dezembro de 1938, que, sem quebra das tabeleceu o processo para a cobrança

cip'ina jurídica antonoma por motivos de ordem puramente cientifico". (7) 3 — "Um quase-nada jurídico, sem atos e fatos que o positivem". — O Di

unificação do direito financeiro em todo

reito Financeiro é uma disciplina autô

o mundo, salientando que "não é fácil

noma, grandemente estudada em todo o mundo, notadamente na Itália, onde

brasileiro" (9)

Vai muito mais longe Nogueira Itagi-

ba lembrando a hipótese já debatida da pe'as peculiaridades de cada país, mas é

existem vários institutos que se dedicam

respeitável aspiração a de um estatuto único, que condense todos os princípios

ao seu estudo, como órgãos especiais de

fundamentais de Direito Financeiro, pa

vista di diritto finanziario e scienza delia

cípio, uma frase a espera de desenvol vimento..." — Em seu excelente trata

cionale de Droit Finaiicíer et Fiscal -

definir o direito financeiro: "Ê um ra

que reúne as associações especializadas dos principais países (Italia, França, Es

che per Ia sua vastità e per talirai spe-

tados Unidos, Inglaterra, Bélgica, Suíça, México, Suécia. Egito, Dinamarca, Ar

plina autonoma". (II)

mo dei diritto pubblico, ramo speciale, ciali caratteri assume valore di disci

Até os nossos

dias, desenvolveu-se mais, corporificouse, tomou \'ulto, cresceu, entre nós, até merecer menção expressa na Constitui ção Federal.

A propósito, João Martins de Oliveira,

Cruz, Carlos Medeiros e outros.

em recente trabalho, registra a queixa

Nos programas oficiais das nossas es colas superiores, consta da cadeira de

já citado Compêndio de Direito Finan

Finanças um capítulo especial dedicado

}

edição apa

receu em 1897, Graziani já afirmava, ao.

ao estudo do Direito Financeiro. Os es 1

do sôbre finanças, cuja

sede em Haya — íi Association Intema-

o Instituto Brasileiro de Direito Finan ceiro, recentemente fundado por Tito Rezende, Paulo Martins, Erymá Car neiro, Gilberto de Ulhôa Conte, Elmano

plina autônoma?

ram estabelecidas para as realizações fi

reito financeiro, cita, entre nós, o exem plo do "Decreto-lei n.° 960, de 17 de

gentina, Canadá etc.) à cjual está filiado

vamente estudados e ordenadas, que for mam o conteúdo e o objeto desta disci

legislador por isso se mantém necessà-

disciplina jurídica da matéria financeira

Portanto, não se compreende a

Existe uma entidade internacional com

cia privativa da União, o legislar sôbre

inerentes à ordem econômica e à estru tura social e política, e o arbítrio do

vários países que unificaram o seu di

meios.

finanza", dirigida por Griziotti.

bém pela primeira vez, como competên

Armando Cuida: "O direito deve har monizar-se com certas leis supremas

e política aplicada á consecução dos

divulgação, alguns de proteção mundial, ra ter aplicação universal". (10) 4 — "Intenção, um embrião de prin como, por exemplo, a conhecida Re

não, que levantasse dúvida quanto à As respostas que dá à sua pergunta ou existência anterior dêste ramo indepen amda aumentam a estranheza de quem, dente do direito público. como eu, o conhece e admira. Diz ê!e' 2 — "Uma ficção" — Será uma ficção "É por enquanto uma inovação consti o direito positivo? Será uma ficção o tucional: uma ficção; um quase-nada conjunto de nonnas e princípios exausti jurídico, sem atos e fatos que o positívem; talvez uma intenção, um embrião de princípio, uma frase a espera de de

119

tudantes brasileiros, além da já e.xtensa

bibliografia nacional sôbre o assunto,

de Silva Maia, feita em I84I, no seu

ceiro; "Não temos um corpo especial dêste Direito, isto é, não há no Brasil

um Código Financeiro"," para comple tar: "Durante o regime republicano ain

recorrem à imensa lista de autores es

da perdurou o caos da ^legislação finan

trangeiros, entre os quais posso destacar

ceira, agravado com a autonomia con

alguns, que, de modo particular, versa ram sôbre a matéria. (8) O Desembargador Ivair Nogueira Ita-

giba, em obra recente, depois de citar

cedida às antigas províncias, cada uma com privilégio de legislar sôbre seus or

çamento:". Logo a seguir, salientan do que "há uns quatro lustros, talvez,

i- tt-x-i v ■■ iV.y -


*4

120

Digesto Eco^•ó^^co

nota-se promissora reação no setor da

interpretativa, quer no terreno do direi

legislação financeira", cita o Código de Contabilidade da União, de 28 de ja

to, quer no campo do cmpirismo políti

neiro de 1922, e o Decreto-lei 2.416, de 17 de julho de 1940. Frisando a lei de

padronização, diz: "Êste é o maior e,

1

co".

Aliás, de acôrdo com a técnica do di

reito constitucional, uma Carta Magna tanto mais é juridicamente perfeita quan to mais fixa normas gerais, transferindo

121

Digesto Econômico

tituição apenas a direito civil, ter-se-ia que admitir que, amaniiã, um Estado

drões estatuídos em lei federal". JusÜfícou

ou um Município, alegando sua autono

o ilustre representante da Bahia a sua emenda, com as seguintes palavras:

mia, pudesse legislar sobre a curatela ou

"Primeiro firmo a noção de que estas

a cnfiteusc, por exemplo.

normas da Constituição são imperiosas,

quer para a União, quer para os Estados e Municípios.

quiçá, o mais importante passo que a nossa legalidade fazendária alcançou.

i\s leis a faculdade de discriminar formas

A lei de padronização orçamentária, que aliás regula apenas a apresentação

Tão notáveis serão os efeitos desta sis-

de execução c aplicação desses mesmos

formal dos orçamentos estaduais e mu

raras coisas boas feitas pelo Estado

princípios normativos.

nicipais para fins estatísticos, está en quadrada e subordinada ao princípio ge

clui a padronização dos orçamentos es

tematização que é de esperar se possa construir em breve a grande lei geral de tributos, que tem sido em outras

nações a base da mais perfeita organi zação fiscal". (12) a)

A Constituição Federal de 1946

consagrou o princípio da padro. nização orçamentária.

É conhecida a regra de que "uma lei só e legitima quando se conforma com

os princípios da Constituição". (13) E conseqüentemente, "a lei que vai de encontro a um preceito constitucional é, por isso mesmo, irrita e nula, na me

dida em que a incompatibilidade se verifica".

Diante dessas regras fundamentais, para se julgar a ínconstitucionalidade de

uma lei, deve-se, em cada caso objetivo, verificar se, com efeito, a norma consti

tucional é de caráter geral ou estrito, pois só assim se poderá precisar se uma certa lei especial, pela sua natureza e destinação, está enquadrada no princípio de ordem geral. Essa verificação deve ser feita, no

Pontes de Miranda, no seu mais re

cente livro (14), eWdencia essa verdade

nérico contido na letra h do n.° XV do

artigo 5.° da Constituição Federal. Aliás,

tituições dos Estados Unidos e da In

a lição de Carlos Maximiliano funda

taduais e municipais, não só aperfeiçoando-os do ponto de vista técnico, mas, ainda, permitindo unidade na ma

menta definitivamente essa afirmativa,

neira de se elaborarem as estatísticas de

glaterra, que primam pelo laconismo.

quando diz que "quando a Constituição contabilidade pública, de interesse na confere poder geral ou prescreve dever, cional. Seria de tôda conveniência que franquia também, implicitamente, todos se conservasse êsse padrão e se permi os poderes particulares necessários para tisse à lei federal estabelecer linhas ge o e.xercício de um ou cumprimento de rais uniformes para todo o país. Com

A nossa Constituição Federal, nesse

particular, também procurou fixar e.x-

clusivamente normas gerais, deixando de lado os detalhes secundários, natural mente afetos às leis ordinárias.

outro". (15)

Dentro dessa concepção 6 que se deve compreender o sentido e o alcance da letra b, n.° XV, do artigo 5.® da Constituição de 1946, pois, consignando

isto, estou-coerente com o meu ponto

de vista, de que o direito financeiro deve Barbosa, "em se questionando sòbre in ser estatuído, em suas linhas gerais, p6 ^ terpretação de um têxto legislativo, deve competência legislativa da União .(19) Considerando o ensinamento de Rui

caber certa precedência, na escala das autoridades, à de quem o elaborou". (16) E, também considerando a ver dade enunciada por José Duarte, de que

como consignou, apenas a competência

da União para legislar sobre direito fi nanceiro, lògicamente, se fôsse tratar de

matéria substancialmente subordinada a esse ramo do direito, estaria caindo num erro de redundância imperdoável na téc

"a Constituição não estatui, somente, o

nica legislativa constitucional. E, se assim não fôsse, quando a le

seu têxto, senão, também, o que nele implicitamente se abrange e o que necessàriamente se segue da essência das

que se contém em termos explícitos no

tra a do mesmo número e artigo se re

Tendo em vista a resolução anterior

da mesma Comissão que rejeitou outra emenda do mesmo deputado, que dava

à União competência para legislar sôbre direito financeiro (depois aprovada pelo

plenário), o assunto provocou rápido debate, o qual, aliás, senàu para ressal tar o entusiasmo dos deputados e sena

dores presentes, pela obra de padroni

fere ao direito civil, teria, para que ti

suas disposições", c, ainda mais, que

vesse vigência uma lei federal sòbre o

"através dos trabalhos preparatórios pe

direito das coisas ou o direito da famí

ve aprovação o princípio que teve a se jusHficação da lei" (17), reproduzirei, guinte redação, no Projeto de Consti em rápidas palavras, o histórico a que

da letra da Constituição e a irifinita va riedade dós casos concretos, a cujas ne cessidades o texto escrito é chamado a

outros ramos.

prover, a interpretação constitucional to ma o aspecto de verdadeira construção

por Arizio de Viana, referindo-se a Cons-

hermenêutica do direito, pois, como sa

lienta Queiroz Lima, "dado o laconismo

No\'o, devemos reconhecer que se in

jurídica, exemplificando com as Cons

lia, que se encontrar, no corpo da Cons tituição, dispositivo expresso outorgan do à União competência para legislar sôbre esses direitos. No entanto, isto só poderia ser admitido por absurdo, pois estão dentro do direito civil aquêles dois

entanto, com as cautelas fixadas pela

Além disso, entre as

netramos nesses meandros e obtemos a

Arizio de Viana se reportou. (18) Procurando afastar qualquer dúvida

quanto à constitucionalidade dos padrões orçamentários, o Deputado Aliomar Ba leeiro apresentou a seguinte emenda, na

E, na mesma ordem de idéias seguida

•-

chamada Comissão da Constituição: "Os orçamentos da União, Estados, Distrito Federal-e Municípios obedecerão a pa I

zação orçamentária. (20) Pela mesma

razão "(rejeição da outra emenda) obte tuição elaborado pela referida Comis

são: "Artigo 136 — Os padrões orçamen tários, fixados mediante convenção entre

a União e os Estados, serão obrigató rios em todo o país" (21)

No plenário obteve esse artigo consagradora aprovação, juntamente com uma emenda de Ary Viana, que man-


*4

120

Digesto Eco^•ó^^co

nota-se promissora reação no setor da

interpretativa, quer no terreno do direi

legislação financeira", cita o Código de Contabilidade da União, de 28 de ja

to, quer no campo do cmpirismo políti

neiro de 1922, e o Decreto-lei 2.416, de 17 de julho de 1940. Frisando a lei de

padronização, diz: "Êste é o maior e,

1

co".

Aliás, de acôrdo com a técnica do di

reito constitucional, uma Carta Magna tanto mais é juridicamente perfeita quan to mais fixa normas gerais, transferindo

121

Digesto Econômico

tituição apenas a direito civil, ter-se-ia que admitir que, amaniiã, um Estado

drões estatuídos em lei federal". JusÜfícou

ou um Município, alegando sua autono

o ilustre representante da Bahia a sua emenda, com as seguintes palavras:

mia, pudesse legislar sobre a curatela ou

"Primeiro firmo a noção de que estas

a cnfiteusc, por exemplo.

normas da Constituição são imperiosas,

quer para a União, quer para os Estados e Municípios.

quiçá, o mais importante passo que a nossa legalidade fazendária alcançou.

i\s leis a faculdade de discriminar formas

A lei de padronização orçamentária, que aliás regula apenas a apresentação

Tão notáveis serão os efeitos desta sis-

de execução c aplicação desses mesmos

formal dos orçamentos estaduais e mu

raras coisas boas feitas pelo Estado

princípios normativos.

nicipais para fins estatísticos, está en quadrada e subordinada ao princípio ge

clui a padronização dos orçamentos es

tematização que é de esperar se possa construir em breve a grande lei geral de tributos, que tem sido em outras

nações a base da mais perfeita organi zação fiscal". (12) a)

A Constituição Federal de 1946

consagrou o princípio da padro. nização orçamentária.

É conhecida a regra de que "uma lei só e legitima quando se conforma com

os princípios da Constituição". (13) E conseqüentemente, "a lei que vai de encontro a um preceito constitucional é, por isso mesmo, irrita e nula, na me

dida em que a incompatibilidade se verifica".

Diante dessas regras fundamentais, para se julgar a ínconstitucionalidade de

uma lei, deve-se, em cada caso objetivo, verificar se, com efeito, a norma consti

tucional é de caráter geral ou estrito, pois só assim se poderá precisar se uma certa lei especial, pela sua natureza e destinação, está enquadrada no princípio de ordem geral. Essa verificação deve ser feita, no

Pontes de Miranda, no seu mais re

cente livro (14), eWdencia essa verdade

nérico contido na letra h do n.° XV do

artigo 5.° da Constituição Federal. Aliás,

tituições dos Estados Unidos e da In

a lição de Carlos Maximiliano funda

taduais e municipais, não só aperfeiçoando-os do ponto de vista técnico, mas, ainda, permitindo unidade na ma

menta definitivamente essa afirmativa,

neira de se elaborarem as estatísticas de

glaterra, que primam pelo laconismo.

quando diz que "quando a Constituição contabilidade pública, de interesse na confere poder geral ou prescreve dever, cional. Seria de tôda conveniência que franquia também, implicitamente, todos se conservasse êsse padrão e se permi os poderes particulares necessários para tisse à lei federal estabelecer linhas ge o e.xercício de um ou cumprimento de rais uniformes para todo o país. Com

A nossa Constituição Federal, nesse

particular, também procurou fixar e.x-

clusivamente normas gerais, deixando de lado os detalhes secundários, natural mente afetos às leis ordinárias.

outro". (15)

Dentro dessa concepção 6 que se deve compreender o sentido e o alcance da letra b, n.° XV, do artigo 5.® da Constituição de 1946, pois, consignando

isto, estou-coerente com o meu ponto

de vista, de que o direito financeiro deve Barbosa, "em se questionando sòbre in ser estatuído, em suas linhas gerais, p6 ^ terpretação de um têxto legislativo, deve competência legislativa da União .(19) Considerando o ensinamento de Rui

caber certa precedência, na escala das autoridades, à de quem o elaborou". (16) E, também considerando a ver dade enunciada por José Duarte, de que

como consignou, apenas a competência

da União para legislar sobre direito fi nanceiro, lògicamente, se fôsse tratar de

matéria substancialmente subordinada a esse ramo do direito, estaria caindo num erro de redundância imperdoável na téc

"a Constituição não estatui, somente, o

nica legislativa constitucional. E, se assim não fôsse, quando a le

seu têxto, senão, também, o que nele implicitamente se abrange e o que necessàriamente se segue da essência das

que se contém em termos explícitos no

tra a do mesmo número e artigo se re

Tendo em vista a resolução anterior

da mesma Comissão que rejeitou outra emenda do mesmo deputado, que dava

à União competência para legislar sôbre direito financeiro (depois aprovada pelo

plenário), o assunto provocou rápido debate, o qual, aliás, senàu para ressal tar o entusiasmo dos deputados e sena

dores presentes, pela obra de padroni

fere ao direito civil, teria, para que ti

suas disposições", c, ainda mais, que

vesse vigência uma lei federal sòbre o

"através dos trabalhos preparatórios pe

direito das coisas ou o direito da famí

ve aprovação o princípio que teve a se jusHficação da lei" (17), reproduzirei, guinte redação, no Projeto de Consti em rápidas palavras, o histórico a que

da letra da Constituição e a irifinita va riedade dós casos concretos, a cujas ne cessidades o texto escrito é chamado a

outros ramos.

prover, a interpretação constitucional to ma o aspecto de verdadeira construção

por Arizio de Viana, referindo-se a Cons-

hermenêutica do direito, pois, como sa

lienta Queiroz Lima, "dado o laconismo

No\'o, devemos reconhecer que se in

jurídica, exemplificando com as Cons

lia, que se encontrar, no corpo da Cons tituição, dispositivo expresso outorgan do à União competência para legislar sôbre esses direitos. No entanto, isto só poderia ser admitido por absurdo, pois estão dentro do direito civil aquêles dois

entanto, com as cautelas fixadas pela

Além disso, entre as

netramos nesses meandros e obtemos a

Arizio de Viana se reportou. (18) Procurando afastar qualquer dúvida

quanto à constitucionalidade dos padrões orçamentários, o Deputado Aliomar Ba leeiro apresentou a seguinte emenda, na

E, na mesma ordem de idéias seguida

•-

chamada Comissão da Constituição: "Os orçamentos da União, Estados, Distrito Federal-e Municípios obedecerão a pa I

zação orçamentária. (20) Pela mesma

razão "(rejeição da outra emenda) obte tuição elaborado pela referida Comis

são: "Artigo 136 — Os padrões orçamen tários, fixados mediante convenção entre

a União e os Estados, serão obrigató rios em todo o país" (21)

No plenário obteve esse artigo consagradora aprovação, juntamente com uma emenda de Ary Viana, que man-


■"Ti?

)KÓMIC0

Digesto Ecokómico

122

dava acrescentar a palavra "Municípios"

terá vigor até que outra a modifique

(22). Desta forma, efetivamente, a As

ou revoque.

sembléia Constituinte homologou a es plêndida realização das Conferências de

§ 1.° — A lei posterior revoga a an terior quando expressamente o declare,

Técnicos em

quando seja com ela incompatível ou

Contabilidade Pública e

Assuntos Fazendários.

Posteriormente, a mesma Comissão da

Constituição, onde havia nascido e to

mado corpo a iniciativa da menção expressa à padronização, em face da aprovação, pelo plenário, da atual letra b, n.® XV, do artigo 5.® e, coerente com

a justificação do Deputado Aliomar Ba

§ 2." — A • lei no\'a, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior."

inclusão do artigo 136 do anteprojeto.

se não há incompatibilidade constitucio

não

contraria

a

natureza

finalidade do Decreto-lei 2.416.

acima, não poderia tet sido outra a de

vos do diploma legal que aprovou a pa

Desnecessário seria repetir, ainda uma vez, o ensinamento do Mestre, quando afirma "Interpretar a lei é revelar o pen

dronização

"O que importa saber-se é que o artigo 5.°, n.° XV, b, da Constituição de 1940, permite que a União dê normas gerais para a administração 'da fazenda nacio nal, estadual, territorial, distrital (Dis trito Federal) e municipal, ainda re lativas a receita e despesa, arrecadação, fiscalização e distribuição, desempenho das atribuições dos que guardam ou

aplicam dinheíros públicos, tomada de contas, responsabilidades, direito orça mentário, pensões etc." (24) b) — O DecretO'lei 2.416 continua

na plenitude da sua vigência.

A lei de introdução ao Código Civil estatui, no seu artigo 2.°:

"Não se

destinando à vigência temporária, a lei

lei.

orçamentária

Releve-se o meu entusiasmo na defesa

da legalidade e vigência da padroniza ção, de vez que, .se este entusiasmo é

]

Não existe, até aqui, todavia, qualquer lei que contrarie o sistema fixado nò Decreto-lei 2.416, e, portantoj de acôrdo com a boa hermenêutica e com as

Saint-Prix: "Les arguments dont on use

en droit positif se tirent: les uns, du texte mème de Ia loi; les autres, des

da, sob o aspecto jurídico, a asserção de

Direito Financeiro"

(7) — "Instituciones de Derecho Financiero — México — 1939.

~

Glf NNINI — ELEMENTI dl Diiitto Fmanziario e di Contabilità Dello Stato c Instituzioni di Diritto Tributário.

VICENZO TANGORRA — Trattato Finanza.

A. WAGNER — Science des Finances.

MYRBACH RHEINFELD — Précis de Droit flnancier. tradução do Grundriss des Finanzrechts".

GIOVANNI FASOLIS — Scienza finanze e diritto finanziario.

F. FLEINER — Droit administratif allemand.

ERNESTO D'ALBERGO — Scienza Delle Finanze e Diritto Finanziario. UBERTO SPIL'MANN ~ Elementí di Scienza delle Finanze e de Di

mica fmanziaria e Diritto Penale

(26)

FiriflDzisrio.

Não fôsse a repercussão que poderia ter a afirmativa categórica .de Arizio de

LORINI — Scienza delia Finanza.

Viana, e o respeito à sua brilhante inte ligência, e, certamente, me dispensaria deirionstrar, por evidentes, estas duas tesés:

a) — A Constituição Federal de 1946 consagrou o princípio da pa

1

dronização orçamentária.

h) — O Decreto-lei 2.416, continua

na plenitude de sua vigência.

ritto Finanziario.

HEITOR ABODUXNO — Elementí di finanza e diritto finanziario.

DONVITO CARANO — I teoreml fondamentali deUa statica e dinâ .^FYER — Droit Adminis

tratif Allemand.

ORLANDO — Trattato di diritto amministrativo italiano

TCHERNOFF - Traité de Droit

Penal Financier. LASCHI — Le crime financier.

DE SANCTIS^— Direito financeiro privado e público (apud Didimo da Veiga).

■LUIGI EINAUDI — Principies de Hacienda Pública.

GUILLERMO AHUMADA ~ Trata do de Finanzas Publicas

H. DORN

Diritto finanziario e úoppie imposizioni.

MARIO PUGLIESI — Derecho fi(D — Vide Anais da I Conferência de Técnicos em Contabilidade Pública

e Assuntos Fazendários, pág. 87. (2)

Themistocles Cavalcanti — "Tra tado de Direito Administrativo" —

(3)

Idem pág. 96, e "A Constituição Fe

a plenitude de sua vigência. Esta a razão por que considerei ousa

°

(á) — in "Unidade de Tributação" — 1941.

travaux preparatoircs et des sources ou Ia loi a etè puiseé; d'autres, des prín cipes generaux du droit, des verités scientifiques ou de 1 equitéj d'autres, enfin, des dísposírions des particulicrs".

regras fundamentais de aplicação do di reito, não se pode levantar dúvida sôbre

As considerações aqui de

senvolvidas obedeceram à lição de F.

i

lo41.

nanziano.

científica.

I

Antonio da Silva Mala — '

teza e a minha confiança na sua legiti

A argumentação jurídica deve ter base

pois é notório que a lei geral não revoga

~

GUGLIELMO MASCI — Corso dl Scienza delle Finanze é diritto Fi-

ficos efeitos.

diploma legal fosse de caráter especial,

bém é regra fundamental que "nos re gimes federativos, como o nosso, a su premacia cabe, necessariamente, às leis federais sobre as estaduais" (25)

"Finanças e Direito Fiscal" —

1941 — pág. 31

grande, muito maiore.s são a minha cer midade e na projeção dos seus bené

ser "legalmente obrigatórios", seria ne cessária a existência de nova lei que "expre.ssamente a revogasse" ou "fosse com ela incompatível" ou "regulasse inteira mente a matéria de que trata". Seria necessário ainda que o novo

que a nova lei fosse federal, pois tam

Veja-se a jurisprudência dos nossos

inconstitucionalídade da lei).

deixassem de

a lei especial. Ainda mais, seria preciso, no caso,

Sem dúvida, é mister dos

tribunais: (Ao judiciário cabe declarar a

Logo,

cisão,da ilustre Comissão.

samento que anima as suas palavras" (23), para concluir, com o eminente constitucionalista Pontes de Miranda:

gatória".

mais complc.xos c intrincados reconhe cer-se de plano a não vigência de uma

e a

nal, ou melhor, se o espírito da Consti tuição não eliminou, antes pelo contrá rio o fortaleceu,. para que os dispositi

Econ-ómico

padronização "não é legalmente obri

Ficou demonstrado que a Constituição Federal, pelo seu sentido e pc'o seu al cance,

Digesto

Arizio de Viana, no sentido de que a

quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

leeiro, julgou, e muito acertadamente, ser desnecessária, porque redundante, a De acordo com as regras da boa técnica legislativa constitucional, citadas

I

1942 — pág. 97. deral Comentada". Vol. I.

nanc^ro e Instituciones de Dere cho Financiero.

XOUIS TROTADAS - L-Appllca-

ziom delia teoria delia causa nel dintto finanziario e Préci<? de

Science et legislation Fiiianclere

AUGUSTO GRAZIANNI -- Institu-

zioni di Scienza delle Finaníl


■"Ti?

)KÓMIC0

Digesto Ecokómico

122

dava acrescentar a palavra "Municípios"

terá vigor até que outra a modifique

(22). Desta forma, efetivamente, a As

ou revoque.

sembléia Constituinte homologou a es plêndida realização das Conferências de

§ 1.° — A lei posterior revoga a an terior quando expressamente o declare,

Técnicos em

quando seja com ela incompatível ou

Contabilidade Pública e

Assuntos Fazendários.

Posteriormente, a mesma Comissão da

Constituição, onde havia nascido e to

mado corpo a iniciativa da menção expressa à padronização, em face da aprovação, pelo plenário, da atual letra b, n.® XV, do artigo 5.® e, coerente com

a justificação do Deputado Aliomar Ba

§ 2." — A • lei no\'a, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior."

inclusão do artigo 136 do anteprojeto.

se não há incompatibilidade constitucio

não

contraria

a

natureza

finalidade do Decreto-lei 2.416.

acima, não poderia tet sido outra a de

vos do diploma legal que aprovou a pa

Desnecessário seria repetir, ainda uma vez, o ensinamento do Mestre, quando afirma "Interpretar a lei é revelar o pen

dronização

"O que importa saber-se é que o artigo 5.°, n.° XV, b, da Constituição de 1940, permite que a União dê normas gerais para a administração 'da fazenda nacio nal, estadual, territorial, distrital (Dis trito Federal) e municipal, ainda re lativas a receita e despesa, arrecadação, fiscalização e distribuição, desempenho das atribuições dos que guardam ou

aplicam dinheíros públicos, tomada de contas, responsabilidades, direito orça mentário, pensões etc." (24) b) — O DecretO'lei 2.416 continua

na plenitude da sua vigência.

A lei de introdução ao Código Civil estatui, no seu artigo 2.°:

"Não se

destinando à vigência temporária, a lei

lei.

orçamentária

Releve-se o meu entusiasmo na defesa

da legalidade e vigência da padroniza ção, de vez que, .se este entusiasmo é

]

Não existe, até aqui, todavia, qualquer lei que contrarie o sistema fixado nò Decreto-lei 2.416, e, portantoj de acôrdo com a boa hermenêutica e com as

Saint-Prix: "Les arguments dont on use

en droit positif se tirent: les uns, du texte mème de Ia loi; les autres, des

da, sob o aspecto jurídico, a asserção de

Direito Financeiro"

(7) — "Instituciones de Derecho Financiero — México — 1939.

~

Glf NNINI — ELEMENTI dl Diiitto Fmanziario e di Contabilità Dello Stato c Instituzioni di Diritto Tributário.

VICENZO TANGORRA — Trattato Finanza.

A. WAGNER — Science des Finances.

MYRBACH RHEINFELD — Précis de Droit flnancier. tradução do Grundriss des Finanzrechts".

GIOVANNI FASOLIS — Scienza finanze e diritto finanziario.

F. FLEINER — Droit administratif allemand.

ERNESTO D'ALBERGO — Scienza Delle Finanze e Diritto Finanziario. UBERTO SPIL'MANN ~ Elementí di Scienza delle Finanze e de Di

mica fmanziaria e Diritto Penale

(26)

FiriflDzisrio.

Não fôsse a repercussão que poderia ter a afirmativa categórica .de Arizio de

LORINI — Scienza delia Finanza.

Viana, e o respeito à sua brilhante inte ligência, e, certamente, me dispensaria deirionstrar, por evidentes, estas duas tesés:

a) — A Constituição Federal de 1946 consagrou o princípio da pa

1

dronização orçamentária.

h) — O Decreto-lei 2.416, continua

na plenitude de sua vigência.

ritto Finanziario.

HEITOR ABODUXNO — Elementí di finanza e diritto finanziario.

DONVITO CARANO — I teoreml fondamentali deUa statica e dinâ .^FYER — Droit Adminis

tratif Allemand.

ORLANDO — Trattato di diritto amministrativo italiano

TCHERNOFF - Traité de Droit

Penal Financier. LASCHI — Le crime financier.

DE SANCTIS^— Direito financeiro privado e público (apud Didimo da Veiga).

■LUIGI EINAUDI — Principies de Hacienda Pública.

GUILLERMO AHUMADA ~ Trata do de Finanzas Publicas

H. DORN

Diritto finanziario e úoppie imposizioni.

MARIO PUGLIESI — Derecho fi(D — Vide Anais da I Conferência de Técnicos em Contabilidade Pública

e Assuntos Fazendários, pág. 87. (2)

Themistocles Cavalcanti — "Tra tado de Direito Administrativo" —

(3)

Idem pág. 96, e "A Constituição Fe

a plenitude de sua vigência. Esta a razão por que considerei ousa

°

(á) — in "Unidade de Tributação" — 1941.

travaux preparatoircs et des sources ou Ia loi a etè puiseé; d'autres, des prín cipes generaux du droit, des verités scientifiques ou de 1 equitéj d'autres, enfin, des dísposírions des particulicrs".

regras fundamentais de aplicação do di reito, não se pode levantar dúvida sôbre

As considerações aqui de

senvolvidas obedeceram à lição de F.

i

lo41.

nanziano.

científica.

I

Antonio da Silva Mala — '

teza e a minha confiança na sua legiti

A argumentação jurídica deve ter base

pois é notório que a lei geral não revoga

~

GUGLIELMO MASCI — Corso dl Scienza delle Finanze é diritto Fi-

ficos efeitos.

diploma legal fosse de caráter especial,

bém é regra fundamental que "nos re gimes federativos, como o nosso, a su premacia cabe, necessariamente, às leis federais sobre as estaduais" (25)

"Finanças e Direito Fiscal" —

1941 — pág. 31

grande, muito maiore.s são a minha cer midade e na projeção dos seus bené

ser "legalmente obrigatórios", seria ne cessária a existência de nova lei que "expre.ssamente a revogasse" ou "fosse com ela incompatível" ou "regulasse inteira mente a matéria de que trata". Seria necessário ainda que o novo

que a nova lei fosse federal, pois tam

Veja-se a jurisprudência dos nossos

inconstitucionalídade da lei).

deixassem de

a lei especial. Ainda mais, seria preciso, no caso,

Sem dúvida, é mister dos

tribunais: (Ao judiciário cabe declarar a

Logo,

cisão,da ilustre Comissão.

samento que anima as suas palavras" (23), para concluir, com o eminente constitucionalista Pontes de Miranda:

gatória".

mais complc.xos c intrincados reconhe cer-se de plano a não vigência de uma

e a

nal, ou melhor, se o espírito da Consti tuição não eliminou, antes pelo contrá rio o fortaleceu,. para que os dispositi

Econ-ómico

padronização "não é legalmente obri

Ficou demonstrado que a Constituição Federal, pelo seu sentido e pc'o seu al cance,

Digesto

Arizio de Viana, no sentido de que a

quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

leeiro, julgou, e muito acertadamente, ser desnecessária, porque redundante, a De acordo com as regras da boa técnica legislativa constitucional, citadas

I

1942 — pág. 97. deral Comentada". Vol. I.

nanc^ro e Instituciones de Dere cho Financiero.

XOUIS TROTADAS - L-Appllca-

ziom delia teoria delia causa nel dintto finanziario e Préci<? de

Science et legislation Fiiianclere

AUGUSTO GRAZIANNI -- Institu-

zioni di Scienza delle Finaníl


DiCESTO Ecokóndco

124

LUTGI .EINAUDI — Princípios de

(16 — in " Comentários à Constituição Fer

deral Brasileira" — Vol. I — pág.

Hacienda Publica.

FLORA — Manuale delle scienze delle íinanze.

BENNEVENUTO

GRIZIOTTI

Princlpii di política diritto e sclendes Finances et de Legislatioa Finanoière.

Ingrosso — Institugioni dl Diritto Finanzíario.

Laufenburger — "Précis d'Econo-

niie et de legislation íinancière. (9) — in "O Pensamento Político, Univer sal e a Constituição Brasileira" — 1948 — Vol. II — pág. 118.

(19)

"Diário da Assembléia" n. 66, de

(20) —

Veja-se "Diário da Assembléia" n.

16-5-46, pág. 1.767.

66. pág. 1.770.

28-5-46 — pág. 2.117

»

(22) — "Diário

da Assembléia" n. 90, de 19-6-1946 — pág. 2.725

(23) — Clovis Bcvilacqua — "Teoria Geral do Direito Civil" — pág. 48.

(11)—In Instituzioni di Scienza delle Fi

(24) — "Comentários

nanze — 2.0 edição.

(13) — Queiroz Lima — "Teoria do Esta do" — pág. 425

~P°"^®*^tários à Constituição de 1946 (15)—m Hermenêutica e Aplicação do Direito" — pág. 375

O

(21) — "Diário da Assembléia" n. 75, de

(10)—Idem, pág. 119

(12) —"Direito Fiscal" — 1943 — pág. 15.

CÂNDIDO Mota Filho

çamentária" — pág. 27 e seguinte.

za delle Finanze.

GASTON JÈSE — Cous de Sciense

o PARASITISMO DOS POBRES

114.

(17) — "A Constituição Brasileira de 1916" — pág. 18 (18) — Affonso Almiro — "Técnica Or

à

Constituição

de

1946" — Vol. X — pág. 297. (25)'— Clovis Bcvilacqua — "Teoria Geral do Direito Civil" — pág. 17; e Ama ro Cavalcanti — "Regime Federa

tivo" — pág. 191 e seguintes, (26) — in —

Manuel de Logique Juridique — pág. 22.

7

pnoBLEM^v das favelas na Capital da

sapareceu. Foi-se estendendo como um processo canceroso. E foi-se estendendo

diana.

corrida pelas conquistas da civilização e

Houve um tempo, quando o moder

nismo procurava conquistar os foros de originalidade, em que a.s favelas passavam para as mãos dos pintores, dos literatos e dos estrangeiros enfastiado.s com a sua vidade dos tóxicos da civilização. Era então elegantíssimo uma visita aos ca

Houve

ros cariocas.

O que era civilização, higiene, confor to, arquitetura já não tinha mais sen tido para esses partidários de Gauguin.

O que representava, na verdade, um pro

das exportações, traduziram a redução do "déficit" do comércio externo durante a

recia para êles. Havia o espetáculo pou co visto ou quase inédito, para fascinar sensibilidades -exaustas e novidadeiras.

Tais cifras, caminhando paralelamente às que representaram o calor

seguTida metade do ano, pois que na primeira metade as importações superaram as

exportações em £251.000.000, enquanto que no segundo semestre, a diferença não subiu a mais de £181.000.000. O que melhor dá a conhecer a magnitude do esfôrço realizado pela Crã-Bretanha em 1948 é a comparação do "déficit" comercial do ano passado com o registrado em 1947, quando o mesmo foi de 630.000.000 de libras, Ou seja cêrca de 50 por cento superior.

E quem olha os morros,

que davam à paisagem carioca o tom de

seus melhores encantos, depara, aturdido e apreensivo, com essa invasão cm suas

latas velhas e tábuas, naquele bronco e imundo PáHo dos Milagres, via nascer um novo mundo. Em plena civilização, ao lado das ruas asfaltadas e iluminadas, havia uma paisagem africana e primi tiva onde as vozes perdidas de raças vencidas ou extintas recobravam o seu

caindo a 179.000.000 em setembro para subirem novamente, em novembro, a 181.000.000.

racamentos.

ne, de bom gôsto, mesmo de respeito

antigo vigor e encantamento.

em abril o valor de £186.000.000, flutuaram consideràvelmente nos meses posteriores,

do urbanismo, cresceram várias cidades formadas por estranhos e imundos abar

lombadas, dessas turvas favelas que se

mesmo um escritor francês, fruto genuí no do decadentismo "montmartrois", que via o futuro nos formigueiros dos mor .■Ci73.7p0.000. Embora as importações tenham constituído um "record" do tempo de paz, não obedeceram à mesma curva ascendente das exportações. Tendo atingido

a olhos ristos, como se fôsse um mal incurável. Assim, dentro da cidade so

sebres improvisados que trepavam desor denados pelos morros do Rio. Êles eram um encanto para as vistas aborrecidas.

Aquôle ajuntamento humano, feito com

As importações britânicas de dezembro do ano findo atingiram o v(dor de

O mal que devia desaparecer não de

República não é uma preocupação recente. De há muito que dêlc cuidam os poderes públicos c a imprensa coti

cesso social, um quisto perigoso, não apa

Porém, tudo isso passou, como passam

depressa os despropósitos.

E ficou a

verdade, uma estranha e grave forma de infecção urbana.

assemelham a monstruosas feridas na carne escura das montanhas.

Não há policia, princípio de higie

humano que detenha a propagação da favela.

Vai enfrentando, sem nenhuma

dificuldade, as oposições que encontra. É uma invasão estranha e bárbara que se revela de um dia para outro. Uma po pulação perdida, desabrigada e audacio sa toma conta do solo, como conquista dores em território inimigo. O morro toma-se assim a pátria da autêntica população carnavalesca sambis

ta e musical do Rio de Janeiro. E é a mina eleitoral que fornece a massa capaz de decidir nos pleitos. Ortega y Gasset, no seu 1í\to "A rebe

lião das massas", fala nas superpopulações alarmantes das grandes cidades. Êsse fenômeno cria os elementos políti cos dos movimentos da atualidade para a conquista do poder.

Essa massa ur

bana se explica pelo industrialisnío mo derno que força a existência de densas

populações proletárias. A cidade ofere

ce, pela indústria, fascinantes possibili-


DiCESTO Ecokóndco

124

LUTGI .EINAUDI — Princípios de

(16 — in " Comentários à Constituição Fer

deral Brasileira" — Vol. I — pág.

Hacienda Publica.

FLORA — Manuale delle scienze delle íinanze.

BENNEVENUTO

GRIZIOTTI

Princlpii di política diritto e sclendes Finances et de Legislatioa Finanoière.

Ingrosso — Institugioni dl Diritto Finanzíario.

Laufenburger — "Précis d'Econo-

niie et de legislation íinancière. (9) — in "O Pensamento Político, Univer sal e a Constituição Brasileira" — 1948 — Vol. II — pág. 118.

(19)

"Diário da Assembléia" n. 66, de

(20) —

Veja-se "Diário da Assembléia" n.

16-5-46, pág. 1.767.

66. pág. 1.770.

28-5-46 — pág. 2.117

»

(22) — "Diário

da Assembléia" n. 90, de 19-6-1946 — pág. 2.725

(23) — Clovis Bcvilacqua — "Teoria Geral do Direito Civil" — pág. 48.

(11)—In Instituzioni di Scienza delle Fi

(24) — "Comentários

nanze — 2.0 edição.

(13) — Queiroz Lima — "Teoria do Esta do" — pág. 425

~P°"^®*^tários à Constituição de 1946 (15)—m Hermenêutica e Aplicação do Direito" — pág. 375

O

(21) — "Diário da Assembléia" n. 75, de

(10)—Idem, pág. 119

(12) —"Direito Fiscal" — 1943 — pág. 15.

CÂNDIDO Mota Filho

çamentária" — pág. 27 e seguinte.

za delle Finanze.

GASTON JÈSE — Cous de Sciense

o PARASITISMO DOS POBRES

114.

(17) — "A Constituição Brasileira de 1916" — pág. 18 (18) — Affonso Almiro — "Técnica Or

à

Constituição

de

1946" — Vol. X — pág. 297. (25)'— Clovis Bcvilacqua — "Teoria Geral do Direito Civil" — pág. 17; e Ama ro Cavalcanti — "Regime Federa

tivo" — pág. 191 e seguintes, (26) — in —

Manuel de Logique Juridique — pág. 22.

7

pnoBLEM^v das favelas na Capital da

sapareceu. Foi-se estendendo como um processo canceroso. E foi-se estendendo

diana.

corrida pelas conquistas da civilização e

Houve um tempo, quando o moder

nismo procurava conquistar os foros de originalidade, em que a.s favelas passavam para as mãos dos pintores, dos literatos e dos estrangeiros enfastiado.s com a sua vidade dos tóxicos da civilização. Era então elegantíssimo uma visita aos ca

Houve

ros cariocas.

O que era civilização, higiene, confor to, arquitetura já não tinha mais sen tido para esses partidários de Gauguin.

O que representava, na verdade, um pro

das exportações, traduziram a redução do "déficit" do comércio externo durante a

recia para êles. Havia o espetáculo pou co visto ou quase inédito, para fascinar sensibilidades -exaustas e novidadeiras.

Tais cifras, caminhando paralelamente às que representaram o calor

seguTida metade do ano, pois que na primeira metade as importações superaram as

exportações em £251.000.000, enquanto que no segundo semestre, a diferença não subiu a mais de £181.000.000. O que melhor dá a conhecer a magnitude do esfôrço realizado pela Crã-Bretanha em 1948 é a comparação do "déficit" comercial do ano passado com o registrado em 1947, quando o mesmo foi de 630.000.000 de libras, Ou seja cêrca de 50 por cento superior.

E quem olha os morros,

que davam à paisagem carioca o tom de

seus melhores encantos, depara, aturdido e apreensivo, com essa invasão cm suas

latas velhas e tábuas, naquele bronco e imundo PáHo dos Milagres, via nascer um novo mundo. Em plena civilização, ao lado das ruas asfaltadas e iluminadas, havia uma paisagem africana e primi tiva onde as vozes perdidas de raças vencidas ou extintas recobravam o seu

caindo a 179.000.000 em setembro para subirem novamente, em novembro, a 181.000.000.

racamentos.

ne, de bom gôsto, mesmo de respeito

antigo vigor e encantamento.

em abril o valor de £186.000.000, flutuaram consideràvelmente nos meses posteriores,

do urbanismo, cresceram várias cidades formadas por estranhos e imundos abar

lombadas, dessas turvas favelas que se

mesmo um escritor francês, fruto genuí no do decadentismo "montmartrois", que via o futuro nos formigueiros dos mor .■Ci73.7p0.000. Embora as importações tenham constituído um "record" do tempo de paz, não obedeceram à mesma curva ascendente das exportações. Tendo atingido

a olhos ristos, como se fôsse um mal incurável. Assim, dentro da cidade so

sebres improvisados que trepavam desor denados pelos morros do Rio. Êles eram um encanto para as vistas aborrecidas.

Aquôle ajuntamento humano, feito com

As importações britânicas de dezembro do ano findo atingiram o v(dor de

O mal que devia desaparecer não de

República não é uma preocupação recente. De há muito que dêlc cuidam os poderes públicos c a imprensa coti

cesso social, um quisto perigoso, não apa

Porém, tudo isso passou, como passam

depressa os despropósitos.

E ficou a

verdade, uma estranha e grave forma de infecção urbana.

assemelham a monstruosas feridas na carne escura das montanhas.

Não há policia, princípio de higie

humano que detenha a propagação da favela.

Vai enfrentando, sem nenhuma

dificuldade, as oposições que encontra. É uma invasão estranha e bárbara que se revela de um dia para outro. Uma po pulação perdida, desabrigada e audacio sa toma conta do solo, como conquista dores em território inimigo. O morro toma-se assim a pátria da autêntica população carnavalesca sambis

ta e musical do Rio de Janeiro. E é a mina eleitoral que fornece a massa capaz de decidir nos pleitos. Ortega y Gasset, no seu 1í\to "A rebe

lião das massas", fala nas superpopulações alarmantes das grandes cidades. Êsse fenômeno cria os elementos políti cos dos movimentos da atualidade para a conquista do poder.

Essa massa ur

bana se explica pelo industrialisnío mo derno que força a existência de densas

populações proletárias. A cidade ofere

ce, pela indústria, fascinantes possibili-


IFWffTT

120

dades. E todos os trabalhadores cami

Digesto Econômico

Atualmente, o censo nos morros da ci

nholas eram canalizadas e 8!? serviam-sc

eis, no dizer de Miche*et, a melhor tá

de poços, e o restante, quase 85%, era abastecido por águas vindas das bicas

"O pobre não tem outro problema —

Distrito Federal, vivem ou vegetam mais de 130 mil pessoas. A.ssini, nêles se

públicas.

dizia Louis Blanc — senão a sua po

instalam 7% da sua população. Apenas um distrito, o de Jacurepaguá, não pos sui favelas. Enquanto que sòmente no Mcier existem 17, cm Botafogo 14 e na

superposta de cidade, uma população semi-parasita, scmi-bárbara, propícia a

nham para ela em procura de melliores

dade chega a um resultado alarmante.

salários, de maior conforto, de elemen

Em 35 mil barracões, nas 105 favelas do

tos que facilitem a defesa moral e ma terial de suas famílias. Marx via na ci

dade industrializada o palco onde se de veria realizar a revolução social. Nela o

proletário toma consciência de seu valor

econômico e de seu poder de decisão. Mas não é o que acontece com as

favelas no Rio. Nelas a população pre dominante não é a de trabalhadores conscientes de seu valor social, não é de uma expressão política de classe. A favela é o contrário de tudo isso. Nela não está o operário oprimido, mas o

homem indigente e trôpego, que não aceita o traba

» vida senão na indolência

Penha 11.

Os maiores núcleos do população se fixam nas favelas de Jacarèzinho, de Mangueira c da Praia do Pinto. Nestes últimos foram encontrados respectiva

tência, é o pobre visto na sua insufi ciência vital ou na sua incapacidade de

aproximam ou passam de

1.000 habitantes; como em

e, principalmente, da sociologia cultu-

dos em São Paulo, ouvi de

um nobre magistrado que

trágica população infantil. Poucas cidades podem ter no mundo numero tão alto de menores abandona

dos! E é, indiscutivelmente, pelo nu mero de menores abandonados que se mede o valor da civilização de um povo.

Só em nossos dias, com o estudo dos

tenebrosas, grandes abismos que se

cia aos menores abandona

despejavam pela cidade essa imensa e

a condição do pobre em si mesmo.

abrem no clarão da cidade. Os estudiosos dos problemas sociais

pronunciava uma conferên cia no Rio sobre a assistên

parsos pelos morros da cidade é que

Poucos são aqueles que se a\'enturavam a passar daí e que, estudando a so ciologia da pobreza, podiam enfrentar

Quase todas, porém, se

Há alguns anos, quando

responsabilidade desses "Canudos" es

pobre.

morros, entretanto, sao massas escuras e

nas policiadas.

E de onde vinha esse número confrangedor? Dos morros, isto é, das favelas. O abandono social, a vida destituída de

dragem. À noite, a cidade se ilumina com

Efetivamente, o que sempre valeu para o pobre é sua condição de pobre, porque é esta, na sociedade feudal e na sociedade capitalista, a sua condição de

mentam ainda mai.s em Jacaròzinho, on de existem 3.637 casebres.

viciada ou no comporta

duzentos mil.

todos os vícios e a todos os crimes. E

é com ela que se desenvolve uma in fância a-Deus-dará, envolvida por esse ambiente de degradação humana e por êsse exemplo de preguiça e de malan

breza".

um deslumbramento incomparavel.

mento suspeito para as zo

na capital, da República, ultrapassava a

Assim vive e cresce uma população

tica para os empreiteiros de revolução.

mente 2.248 e 1.281 casebres. Êstes au

lho, que não compreende a

o número deles, existentes

Digesto Econômico

Os

Barreiro, em Cantagalo, no

ralista, notam duas espécies de para-

Salgueiro, no

sitismo social: — o parasitismo dos ricos

morro -do

Vintém, no Esqueleto ou

e o parasitismo dos pobres, ambos fru

na Barreira do Vasco, o

tos de uma deficiente circulação social.

número dominante das mu lheres e mais dominante ainda de crianças é verda deiramente espantoso! Em

O parasitismo do rico, pelas condi ções com que se expande, e mais conhe

130 mil favelados, quase 34% possuíam menos de 13 anos, ao mesmo tempo que 14% tinham

dados antropológicos e sociais da exis

adaptação social pelo trabalho. Por certo que há a e.\-pIoração do po

bre, mas do pobre como trabalhador, isto é, como valor social. Mas o pobre

porque não trabalha ou porque, traba

lhando, transforma seus resultados em

argumentos anti-sociais — êsse não é

cido e mais criticado. Êle decone de um excesso de egoísmo, de uma indo

nem pode ser um explorado. Vive co mo vive e só assim pode viver. Conver sando com um favelado do morro do

lência exploradora de uma classe. Con tra êle é que se revoltava o velho Ca

recostado à porta da casinhola tropega,

Vintém, indaguei o que fazia. E êle,

tão em Roma, porque, no dizer de Ju venal, êle estava roendo o prestígio ro

respondeu-me que "não tinha profissão, porque nunca suportou ordens de quem

e adolescentes, quase que a metade da população dos morros. E o número dos

mano até os ossos!

quer que seja!"

que nada fazem, que vivem na vaga bundagem e na sordice, é bastante para

diferentemente, porque o pobre é sem pre o melhor argumento para uma revo

13 a 20 anos, perfazendo assim, crianças

assinalar o aspecto patológico da for mação sociológica das favelas. Há, nes se quadro, 100 assalariados para I75 que nada fazeml

Dos casebres pesquisados, mais de 65% eram apenas de dois cômodos, e 7 mil deles eram apenas dotados de fos sas.

Quanto à água, apenas 7% das casi-

O parasitismo dos pobres foi olhado lução. Agradar o pobre, seja quem fôr êsse pobre, e atirá-lo contra o rico.

_

Êsse parasitismo do pobre, como o

parasitismo do rico, é um mal social. Ambos comprometem uma sociedade^ E o que estamos vendo no Rio pode ate ser o sinal de um mal profundo.


IFWffTT

120

dades. E todos os trabalhadores cami

Digesto Econômico

Atualmente, o censo nos morros da ci

nholas eram canalizadas e 8!? serviam-sc

eis, no dizer de Miche*et, a melhor tá

de poços, e o restante, quase 85%, era abastecido por águas vindas das bicas

"O pobre não tem outro problema —

Distrito Federal, vivem ou vegetam mais de 130 mil pessoas. A.ssini, nêles se

públicas.

dizia Louis Blanc — senão a sua po

instalam 7% da sua população. Apenas um distrito, o de Jacurepaguá, não pos sui favelas. Enquanto que sòmente no Mcier existem 17, cm Botafogo 14 e na

superposta de cidade, uma população semi-parasita, scmi-bárbara, propícia a

nham para ela em procura de melliores

dade chega a um resultado alarmante.

salários, de maior conforto, de elemen

Em 35 mil barracões, nas 105 favelas do

tos que facilitem a defesa moral e ma terial de suas famílias. Marx via na ci

dade industrializada o palco onde se de veria realizar a revolução social. Nela o

proletário toma consciência de seu valor

econômico e de seu poder de decisão. Mas não é o que acontece com as

favelas no Rio. Nelas a população pre dominante não é a de trabalhadores conscientes de seu valor social, não é de uma expressão política de classe. A favela é o contrário de tudo isso. Nela não está o operário oprimido, mas o

homem indigente e trôpego, que não aceita o traba

» vida senão na indolência

Penha 11.

Os maiores núcleos do população se fixam nas favelas de Jacarèzinho, de Mangueira c da Praia do Pinto. Nestes últimos foram encontrados respectiva

tência, é o pobre visto na sua insufi ciência vital ou na sua incapacidade de

aproximam ou passam de

1.000 habitantes; como em

e, principalmente, da sociologia cultu-

dos em São Paulo, ouvi de

um nobre magistrado que

trágica população infantil. Poucas cidades podem ter no mundo numero tão alto de menores abandona

dos! E é, indiscutivelmente, pelo nu mero de menores abandonados que se mede o valor da civilização de um povo.

Só em nossos dias, com o estudo dos

tenebrosas, grandes abismos que se

cia aos menores abandona

despejavam pela cidade essa imensa e

a condição do pobre em si mesmo.

abrem no clarão da cidade. Os estudiosos dos problemas sociais

pronunciava uma conferên cia no Rio sobre a assistên

parsos pelos morros da cidade é que

Poucos são aqueles que se a\'enturavam a passar daí e que, estudando a so ciologia da pobreza, podiam enfrentar

Quase todas, porém, se

Há alguns anos, quando

responsabilidade desses "Canudos" es

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E de onde vinha esse número confrangedor? Dos morros, isto é, das favelas. O abandono social, a vida destituída de

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Efetivamente, o que sempre valeu para o pobre é sua condição de pobre, porque é esta, na sociedade feudal e na sociedade capitalista, a sua condição de

mentam ainda mai.s em Jacaròzinho, on de existem 3.637 casebres.

viciada ou no comporta

duzentos mil.

todos os vícios e a todos os crimes. E

é com ela que se desenvolve uma in fância a-Deus-dará, envolvida por esse ambiente de degradação humana e por êsse exemplo de preguiça e de malan

breza".

um deslumbramento incomparavel.

mento suspeito para as zo

na capital, da República, ultrapassava a

Assim vive e cresce uma população

tica para os empreiteiros de revolução.

mente 2.248 e 1.281 casebres. Êstes au

lho, que não compreende a

o número deles, existentes

Digesto Econômico

Os

Barreiro, em Cantagalo, no

ralista, notam duas espécies de para-

Salgueiro, no

sitismo social: — o parasitismo dos ricos

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Vintém, no Esqueleto ou

e o parasitismo dos pobres, ambos fru

na Barreira do Vasco, o

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O parasitismo do rico, pelas condi ções com que se expande, e mais conhe

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SUMARIO Pág. 9

Conferência de Araxá — Temário

19

J A planificação da impostura — Roland Corbisier

25

U Para um melhor aproveitamento dos recursos naturais — S. Fróes de Abreu

31

* Q Estado como freguês — L. A. Costa Pinto

Posição doa Estados Unidos em face da crise cambial — Roberto Pinto de Sousa

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CT problema do inquilinato — Eduardo Duvivier \,'nelacões entre o capital das emprêsas e a Instabilidade monetária Djacir Menezes ^

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o sistema tributário do Brasil — Paul Hugon

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Produtos brasileiros no mercado internacional — Dorival Teixeira Vieira

73

Noções gerais sôbre o impôslo — José Luiz de Almeida Nogueira Porto .

79

pui, estudante — Antônio Gontijo de Carvalho O tratado de Methuen — Nelson Werneck Sodré

98

93

José de Alencar e o Tribunal de Contas — Deolindo Amorim

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Comte e a correlação dos fenômenos sociais — Lvan Lins

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O Oportunismo político — Otávio Tarquínio de Sousa .A.

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O orçamento público ao alcance de todos — Guilherme Moojen A economia do trabalho — Cândido Mota Filho ,.otT,Ar,.5o terrestre e fluvial da capitania de São Paulo, em 1801 —

Afonso de Taunay

tagem, Vulcanisação e deserto da formiga — Barros Ferreira

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