D CESTO
(RMÃOS ABOUCHAR
ECONOMICO
LTDA, Praça Júlio Mesquila» •
.54-96-102-, FONE: 4-0124
São Paulo
SOB OS auspícios 00 ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO
Pneus e Câmaras de Ar
de Iodas as marcas. —
áodas para Autos e Ca
E DO FEDERAÇÃO DO COMERCIO 00 ESTADO DE SÃO PAÜL^
minhões." — Recautchu-
tagem, Vulcanisaçao e
'S^S.
Consertos:
•
Especialistas em
}- Pneus para:-
s u M >\ RI o
T R A T O R E S — AVI
ÕES
—
m Pág.
ETC.
o
monelárlo o a escassez de dólares - Richard Lewinsohn para a agricultura - S. Froes de Abreu
O BUiema íribuíário do Brasil - Paul
sóbre padrão de vida — L. A. Costa P nt
9 2 22
da instabilidade monetária com o capital das emprésas _
Cia. União dos Refinadores —
No Brasil Centro-Oeste - Pimentel Gomes
"
fRéfínérlá de AçCtóar Torrefaçâo e IVIosg©m d© Oa-fê DIRETORIA
Hanns Matl
"
-
posição do Brasil nos mercados mundiaU de arroz - Moacyr Paixão O tratado de Methuen — Nelson Wemeek Sodre
A e.independência - Otávio Tarquínlo de Sonsa Augusto Comle e o liberalismo econômico - I^an Lins O ParaaitUmo dos pobres — Cândido Mota Filho
íris Miguel Rolundo
« G1
conservas de pescado — Antônio Renato Gago Nobre Obrigatoriedade da padronização orçamentária — Affonso Almiro
José Ferraz de Camargo . Mário d'Almeida
39
Rui Barbosa e o imposto de renda - Guilhei-me Deveza
Calógetas e a evolução do exército - Antonio Gontijo de Carvalho
CAIXA POSTAL n.o 695, .
Armando Pereira Viariz
- Da.o de A.d>eida Ma.amSes
Salário e produtividade do trabalho - Dorival Teixeira Vieira
RUA BORGES DE FIGUEIREDO, n.o 237
.'
-«,«0810 — José Luiz de Almeida Nogueira Pôrto
Agricuhu,^ de alimentação - Roberto Pinto de Souza
FUNDADA EM 1910 — CAPITAL: CrS 40.000.000.00 PAULO
,
Câmbio — José Thomaz Nabuco
Açúosr © Caf©
SÃO
Nocõm
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José.Antônio Rosaã
N.o 55 — JUNHO DE 1949 —.ANO V
. 5
■ '«■PW- '
o
DIGESTO
eg\tMCIA
ECONOMICO
ESTÁ Ã VENDA
nos principais pontos de jornais no Brasil, ao preço de CrS 5,00.
Os nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer encomenda, bem como a receber pedidos de assinaturas, ao preço de CrS 50,00 anuais.
Agente Geral para o Brasil FERNANDO CHINAGLIA
ATenida Presidente Vargas, 502, 19.o «ndar Rio de Janeiro
Alagoas: Manuel Espíndola, Praça Pe dro II. 49, Maceió.
vembro. 423, Curitiba.
Amazonas: Agência Freitas. Rua Joa quim Sarmento. 29, Manaus.
Bahia;
Alfredo J. de Souza & Cia..
R. Saldanha da Gama. 6, Salvador. Ceará: J. Alaor de Albuquerque & Cia.
Praça do Ferreira, 621, Fortaleza. Espirito Santo; Viuva Copolilo & Fi lhos. Rua Jerônimo Monteiro. 361, Vitória,
Goi^: João M.Tnnrino. Rua Setenta A, Goiânia.
Grosso:
Pernambuco:
Fernando
Recife"
Chlnacrlla
221. 3.o andar!
Piauí: Cláudio M. Tote. Teresina. Rio de .^neiro: Fernando Chinaelia
índar Pio
Grande
Vargas. 502. 19.o do
Norto-
ii.to.
Avenida Tavares Lira. 48. NSaL
Hio Grande do Sul-
Carvalho.
Pinheiro
&
Cia.. Pça. da República, 20, Cuiabá. Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso, Avenida dos Andradas. 330. Belo Horizonte.
Pará: Albano H. Martins & Cia.. Trave.ssa Campos Sales. 85/89. Belém.
Paraiba: Loja das Revistas. Rua Barao.do Trlvinfo. 510-A. João Pessoa,
assim se idealiza...
o
ASSIM SE CONCRETIZA
.
to Alogre:
MBranhâo: Livraria Unlversai. Rua Liflbüâ. 114. sao Luiz. Moio
Paraná: J. Ghiagnone. Rua 15 de No
Pala
Fernand^o"èh'mTgI?a.
P-
Alegre,
/ílS'
^^Tua^^Fehpc^ScrnnTdt^^a:^^
O" GIGANTES de cimento armadoano motivos de orgulho para
território
nacional.
E
tupcndu rcnlidadc. vai Q gente brfl» sileira plasmando, com os seus arra
civilização, resultam do trabalho ár duo do engenheiro que, sôbre uma
nha-céus, as grandes cidades da nova
prancheta, faz a planta e calcula os
Sergipe: Livraria Rc-ítina Ltda João Pessoa. 137. Aracaju
Rua
seus mínimos detalhes. A Construtora e Comercial Dácio A. de Moraes S.A.
veira. Rio Branco.
o
todo pouliotu. que servem de índice do
via
Território do Acre: Diógenea de Oli
todo
nosso progresso e mesmo da nossa
São Paulo: A Intelectual. Ltda
duto Santa Efigênia. 281. S. Paulo,
por
assim, fazendo cie um Ideai uma es-
América. CONSTRUTORA E COMERCIAL
há muito que vem colaborando para
oacio fl. DE MORAES S. A.
o desenvolvimento maior de nossa terra, contando-se na sua fôlha de
Rua Libero Badarõ. 153 • 17." - Telefone 2-S539
serviços, o levantamento de edifícios
Sâo Paulo
Engonhorla - Arquitefuro • Construções
Panam -18.003
■ '«■PW- '
o
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ATenida Presidente Vargas, 502, 19.o «ndar Rio de Janeiro
Alagoas: Manuel Espíndola, Praça Pe dro II. 49, Maceió.
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Bahia;
Alfredo J. de Souza & Cia..
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Praça do Ferreira, 621, Fortaleza. Espirito Santo; Viuva Copolilo & Fi lhos. Rua Jerônimo Monteiro. 361, Vitória,
Goi^: João M.Tnnrino. Rua Setenta A, Goiânia.
Grosso:
Pernambuco:
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Norto-
ii.to.
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Hio Grande do Sul-
Carvalho.
Pinheiro
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Cia.. Pça. da República, 20, Cuiabá. Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso, Avenida dos Andradas. 330. Belo Horizonte.
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nacional.
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civilização, resultam do trabalho ár duo do engenheiro que, sôbre uma
nha-céus, as grandes cidades da nova
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íy.
DES.PflULO A
ROMA
E MILÃO
IfflPIW
em 28 fioras saídas
as
quintas
feiras
A BUENOS AIRES ' em 5 fioras
A Smith-Corona Super-Speed NÃO hA mAouina mais PIAFEITA
SAÍDAS AS TERÇAS FEIRAS
t ****
MÁQUINAS IMPORTADORA LTDA. SAO
Informações e reservas de passagens
PAULO
RUA UÍBCR-O BADARÓ. 462 - Sobreloji
EMPRESAS marítimas (BRASIL) LTDA.
TUS. 2-6273 e 2-4573 «O [>£ JANEieO
8UA VISCONDE 0£ INHAÜMA, «4 u « ANOA« lEt. <í'-7Sje
f..
aao HORIZONTE;
■UA CARUOS. lOa - Kl. !-«ap| Ui
Rua Braulio Gomes, 56 - Tel. 4-2020 ou nas Agencias de Viagens outorizadas
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I
1 Automóveis e Caminhões
Concessionários
Cia. de
ci-
Autcméveis
Alexandre Bicrnstein SÃO
PAULO
Escritório, vendas e secçâo de
OFICINAS:
peças
RUA CLAUDINO PINTO, -55
RUA CAP. FAUSTINO Telefones:
Escritório e vendas ... 2-8738
Secção de peças
'
Telefone: 2-8740
LIMA, 105
2-4564
CAIXA POSTAL, 2840 — SÃO PAULO —
1?
PORTO
sss^ UM CIGARRO DE LUXO J;] TIPO AMERICANO PRODUTO SUDAN S/A
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Monsavto
Uma Companhia Brasileira
Monsanto Chemical Company
.L.4
I
Produiov iniermediórios.
JoMsy Ci<y - USA
Produiot
químicos
poro todos os indüsirlos, ínseticidos, herbiel.
dos, rodenlicidos. Moterlois plóslicos. Colos
CONQUISTA A SUPREMACIA MUNDIAL
ONYX INTERNATIONAL
SI. leuit - USA
poro compensodos, etc.
Produtos poro omoclomento, desengordu. romento, tingimento, ocobomento. etc., no industrio têxtil.
Eis o que afirmam as cifras do balanço de
SULACAP, do exercício de 1948
DURAND & HUGUENIN S. A.
FABRIQUE ZURICOISE DE
Sulfo
sòmeDto cm 1948
Pagn t-cnfis aos portodorea
Corontos 00 cromo especiais paro cstomporio de olgodôo, sedo, "reiyon", etc.
143.001.368,70
títuln*. por Sur-
teioa. Kcagutcs e UiatrlbuiçSo de Lucros
sômcDte em 1948
■os Portadores deTítulos
dcsdo 1939
Ativo Iteal da Cia
poro peneiíos, etc.
714.999.279,30 11.550.935,00 70.278.309,40
VENANGO ENGINEERING
TRE HnJRflUUC PRESS UFG. CO.
ftiiiadelphio • USa
oumcnto sòmenle em 1918 total nlé 31 De zembro 1918 ....
Peservus Matemáticas
Gozes de sedo poro quadros de estomporio. Gozes de sédo
Corantes "Indlgoso'"
dcsdo 1929
DiatribuiçSo de Lucros
GAZES À BLUTER 2v'>aue • Sulco
Cr$
Mount Gileod • USA
134 471.327,80 1.076.102.712,40 1.145.714.783,20
om 31 do Dezembro do 1913.
Máquinas pneumóticos para tingimentode meodos, meios,
porb Injeçoo e moldogem de moiérios
tios em rocas, etc.
plóslicos
Prensar e móquinos hidráulicos
Valor dos Títulos emitidos e em
vigor em 31 do Dezemb.o do 1948
11.877.330.000,00 o.
D
APLICAÇAO DOS VALOKES DO ATIVO
'^íhO'^
Cr$ Apólices da Divida Pública ■ oufrcs Títulos de Penda..
260.732.672,00
Empréstimos sóbre hipote
Dinheiro em Bancos e em Ca xz
cas, títulos da Cia. e outros
valores garantidos ..
529.836.556,40
Cr$
Imóv Is em centros de
grande valorização . .
C ut.-os valore.
....
280.507.093,90
BUrmO-ELECTRO-CHEMICAl Co íttc
Mwihoiue - Fronte
Bultolo • USa
teitros e ponos técnicos
Peróxido de hidrogênio poro olve{omenlos nos Indústrias de
poro todos os Indústrias
tecidos e de papel, processos
qu'mícos, (Ins «sonllòrios, etc.
S 8.061.7-'4,80
46.603.636,10
PiJOGRESSÃO DO ATIVO NOS ÚLTIMOS 5 ANOS Em 1943 — CrS 501906.310,00
D DOLIFUS & NOACK S. A.
Reprcsentocôes poro o Brasil
Em 1948 — CrS 1.145.741.7B3,:0
sm amm cípitahziçío, s. 4.
n"
Sede Social — Rio de Janeiro
Sucursal em São Paulo — Rua 15 de Novembro - Esq. Aucliieta
RIO DE JANEIRO Ruo Conselheiro Saraiva, 16
Coixo Poslol. 237 • Tei.i 23-5516
Teiegramos; "COLOR"
SAO PAULO Puo Moriim Burchord, 608
Coixa Postol, 1685 - Tel.: 3..3154 Coixo Postei, 680 - Tel.: 3-492
Telegramas: "CÓLOR"
Agentes nos principais cidades do pois
.^1
CURITIBA R. Cel. M. Barreto Monclaro, 405
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Sulfo
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dcsdo 1939
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poro peneiíos, etc.
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11.877.330.000,00 o.
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poro todos os Indústrias
tecidos e de papel, processos
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DIGESTO EMIÍMICO e HUXOO DOS NECOCiOS NUM PIHORIMI MEKSIl PubUeado teb o< autpfciot da
^ O íundo monetário e a escassez de dólares
-k
Richabd Lewinsoiin
ASSOCIACiQ COMERCiniDE SAO PAULO
T^ò próximo mès de julho, o Fundo
FEDERAÇÃO DD COMÉRCIO DO ESIAOO DE SAD PAOLD
Mcnctúrio Internacional celebrará
O Digcsto Econômico
seu quinto aniversário natahcio. Foi em
publicará no próximo número:
23 de julho de 1944 que ficou encerrada a famosa Conferência de Bretton Woods,
TEMAS E PROBLEMAS EM DEBATE Direíor superintendente: Martím Aííonso Xavier da Silveira
— Dario de Almeida Magalhães.
Diretor;
Antonio Gontijo do Carvalho
O Dlgesto Econômico, órgão de In formações econômicas e financeié publicado mensalmente pela Editora Comercial Ltda.
Del.S
responsabiliza
fontes estejam
f* emitidos citadas, nem pelos Mnceitos em artigos assi-
Na transcrição de artigos pede-se citar o nome do Digeito Econômico.
PROBLEMAS DA jUSTIÇA FISCAL
com a criação simultânea do Fundo e do Banco Internacional de Reconstrução
e DesenvQ'\imento. Sendo elaborado em plenu guerra, quer dizer numa situa
ção econômica, financeira e monetária
completamente anormal, o Estatuto de
— Paul Hugon.
Bretton Woods não podia ser pôsto em
]OSÉ DE ALENCAR E O TRIBUNAL DE CONTAS - Deolindo Amorim.
vigor imediatamente. Mesmo dcqjois do fim da conflagração, passou quase um
ano até que o Fundo Monetário pudesse iniciar suas atividades.
TRATADO DE METHUEN
Nelson
Wemeck Sodré.
RELAÇÕES ENTRE O CAPITAL DAS EMPRESAS E A ESTABILIDADE
Entretanto, a situação política mudou.
Já em maio de 1946, quando os direto
cações congêneres nacionais e eatrangeiras.
Ano (simples)
Crg 50,00
(registrado)
Numero do mês:
Atrasado:
CrS 58.00
Cr$ 5 00
Cr§ 8,00
♦
Redação e Administração: Viaduto Boa Vista, «7 - 7.o andar
TeL 3-7499 — Caixa Postal. 240-B São Paulo
do contra uma recaída nas perturbações
monetárias que se manifestaram depois da primeira guerra mundial e que, com curtos intervalos de relativa calma, con
tinuaram até a segunda conflagração.
Se não fosse possível criar uma moeda única para todos cs países, pretendia-se, pelo menos, dar às transações internacio nais uma base .sólida e uniforme.
A
idéia dos organizixdores foi que o Fundo se tomasse logo num verdadeiro "Clea-
ríng Houre" — uma Gamara de Com pensação para o mundo inteiro. Naturalmente, não se podia esperar
signatários do Estatuto de Bretton Woods tornaram-se membros, e ainda entre es ses trinta e oito, vários não adquiriram
A PLANIFICAÇÃO DA IMPOSTURA
terem cumprido as condições prelimina
COMTE E A CORRELAÇÃO DOS FENÔMENOS SOCIAIS _ Ivan Lins.
Seu
motivo principal foi de proteger o mun
que as balanças de pagamento sempre fossem perfeitamente equíHbradas. Precisar-se-ia, pois, de um capital de mo vimento para equilibrar os déficits tem
res. A Rússia, que devia contribuir para o Fundo com 1.200 milhões de dólares -
depois dos Estados Unidos e da Inglater ASSINATURAS; Digeito Econômico
tremamente amplo e ambicioso.
primeira reunião, apenas 38 dos 46 países
MONETÁRIA - Djacir Menezes. — Roland Corbisier
O Fundo Monetário Internacional tem, desde a sua criação, um programa ex
res executivos do Fundo realizaram sua
a faculdade de membro efetivo, por nac Aceita-se intercâmbio com publi
Os objetivos do Fundo
ra a maior cota — absteve-se. Mas, ou
porários. O resto dos recursos do Fundo devia constituir uma reserva para ocor
rências excepcionais e, sobretudo, um apoio de ordem moral para dar a or ganização internacional o prestigio ne cessário. O próprio Estatuto define,
linguagem bem expressiva, as fi tros países entraram para o Fundo, e numa nalidades do Fundo. Diz a cláusula I, atualmente 47 nações figuram na lista dos membros. Porém, o capital do Fun do ficou abaixo do montante de 8.800 milhões de dó'ares originalmente pre
visto para os membros fundadores. Em 28 de fevereiro último, a soma das cotas atingia apenas 8.034 milhões, a subscrição efetiva 6.853 milhões de dóla res.
textualmente:
"Os objetivos do Fundo Monetário Internacional são:
1) Promover a cooperação monetá ria internacional por meio de uma
instituição permanente, que funciona
como órgão de consulta e de colabo-
DIGESTO EMIÍMICO e HUXOO DOS NECOCiOS NUM PIHORIMI MEKSIl PubUeado teb o< autpfciot da
^ O íundo monetário e a escassez de dólares
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Richabd Lewinsoiin
ASSOCIACiQ COMERCiniDE SAO PAULO
T^ò próximo mès de julho, o Fundo
FEDERAÇÃO DD COMÉRCIO DO ESIAOO DE SAD PAOLD
Mcnctúrio Internacional celebrará
O Digcsto Econômico
seu quinto aniversário natahcio. Foi em
publicará no próximo número:
23 de julho de 1944 que ficou encerrada a famosa Conferência de Bretton Woods,
TEMAS E PROBLEMAS EM DEBATE Direíor superintendente: Martím Aííonso Xavier da Silveira
— Dario de Almeida Magalhães.
Diretor;
Antonio Gontijo do Carvalho
O Dlgesto Econômico, órgão de In formações econômicas e financeié publicado mensalmente pela Editora Comercial Ltda.
Del.S
responsabiliza
fontes estejam
f* emitidos citadas, nem pelos Mnceitos em artigos assi-
Na transcrição de artigos pede-se citar o nome do Digeito Econômico.
PROBLEMAS DA jUSTIÇA FISCAL
com a criação simultânea do Fundo e do Banco Internacional de Reconstrução
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ção econômica, financeira e monetária
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Bretton Woods não podia ser pôsto em
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vigor imediatamente. Mesmo dcqjois do fim da conflagração, passou quase um
ano até que o Fundo Monetário pudesse iniciar suas atividades.
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Wemeck Sodré.
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Entretanto, a situação política mudou.
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cações congêneres nacionais e eatrangeiras.
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Atrasado:
CrS 58.00
Cr$ 5 00
Cr§ 8,00
♦
Redação e Administração: Viaduto Boa Vista, «7 - 7.o andar
TeL 3-7499 — Caixa Postal. 240-B São Paulo
do contra uma recaída nas perturbações
monetárias que se manifestaram depois da primeira guerra mundial e que, com curtos intervalos de relativa calma, con
tinuaram até a segunda conflagração.
Se não fosse possível criar uma moeda única para todos cs países, pretendia-se, pelo menos, dar às transações internacio nais uma base .sólida e uniforme.
A
idéia dos organizixdores foi que o Fundo se tomasse logo num verdadeiro "Clea-
ríng Houre" — uma Gamara de Com pensação para o mundo inteiro. Naturalmente, não se podia esperar
signatários do Estatuto de Bretton Woods tornaram-se membros, e ainda entre es ses trinta e oito, vários não adquiriram
A PLANIFICAÇÃO DA IMPOSTURA
terem cumprido as condições prelimina
COMTE E A CORRELAÇÃO DOS FENÔMENOS SOCIAIS _ Ivan Lins.
Seu
motivo principal foi de proteger o mun
que as balanças de pagamento sempre fossem perfeitamente equíHbradas. Precisar-se-ia, pois, de um capital de mo vimento para equilibrar os déficits tem
res. A Rússia, que devia contribuir para o Fundo com 1.200 milhões de dólares -
depois dos Estados Unidos e da Inglater ASSINATURAS; Digeito Econômico
tremamente amplo e ambicioso.
primeira reunião, apenas 38 dos 46 países
MONETÁRIA - Djacir Menezes. — Roland Corbisier
O Fundo Monetário Internacional tem, desde a sua criação, um programa ex
res executivos do Fundo realizaram sua
a faculdade de membro efetivo, por nac Aceita-se intercâmbio com publi
Os objetivos do Fundo
ra a maior cota — absteve-se. Mas, ou
porários. O resto dos recursos do Fundo devia constituir uma reserva para ocor
rências excepcionais e, sobretudo, um apoio de ordem moral para dar a or ganização internacional o prestigio ne cessário. O próprio Estatuto define,
linguagem bem expressiva, as fi tros países entraram para o Fundo, e numa nalidades do Fundo. Diz a cláusula I, atualmente 47 nações figuram na lista dos membros. Porém, o capital do Fun do ficou abaixo do montante de 8.800 milhões de dó'ares originalmente pre
visto para os membros fundadores. Em 28 de fevereiro último, a soma das cotas atingia apenas 8.034 milhões, a subscrição efetiva 6.853 milhões de dóla res.
textualmente:
"Os objetivos do Fundo Monetário Internacional são:
1) Promover a cooperação monetá ria internacional por meio de uma
instituição permanente, que funciona
como órgão de consulta e de colabo-
■••V'- -.í-
Dicesto Econômico
JO
ração nos problemas monetários in ternacionais.
2) Facilitar a expansão e o desen volvimento equilibrado do comércio internacional, contribuindo, por essa
forma, para propiciar e assegurar o emprego e a renda real, em níveis elevados, e desenvolver as fontes pro dutoras de todos os países membros,
objetivos primordiais da política eco nômica.
3) Promover a estabilidade cam
bial, manter em boa ordem os regu lamentos de câmbio entre os mem
bros e evitar depreciações cambiais com o intuito de concorrência.
4) Auxiliar o estabelecimento de
um sistema multilateral de pagamen tos, em relação às transações corren tes entre os países membros e elimi
nar as restrições cambiais que en travam a expansão do comércio in ternacional.
5) Infundir confiança aos países membros, faciÜtando-lhes a utilização
dos recursos do Fundo, mediante ga
rantias adequadas, dando-lhes assim a oportunidade de corrigir os dese
quilíbrios em seus balanços de pa
tuto tornou-se realidade.
O Fundo fun
ciona de uma maneira muito imperfei ta como órgão do consulta e colaboração. Vária.s reformas monetárias foram inicia das sem colaboração e com métodos con
trários aos princípios do Fundo.
O co
0) De acordo com o que foi aci
minuir a intensidade do desequilí brio nos balanços internacionais de pagamentos dos membros. O Fundo norteará suas decisões
em harmonia com os objetivos exa rados nestacláusula."
Relendo hoje esse programa, ninguém poderia afirmar que o Fundo já teria atingido seus objetivos. Nenhum dos seis pontos formulados no seu Esta-
Econômico
Monetário Internacional devem, preci
samente, mostrar sua eficiência cm perío
depois dc tôdas as grandes guerras, mas ficou longe do ser equilibrado. O insucesso c ainda mais visível no que se refere aos pontos mais técnicos do programa. A estabilidade cambial
não passa de um desejo. Nove países membros - entre êles países como a França, a Itália, a China - ainda não fixaram sua taxa cambial de acordo com as prescrições do Estatuto, e cm muitos outros países apenas parte do comércio exterior se efetua à taxa oficial.
^
Os meios do Fundo
pois as outras moedas são pouco procu
Surge a questão de saber porque o
vam cada vez mais a e.xpansão do * tercâmbio internacional.
qüentemente, recorrer a expedientes dos mais duvidosos.
Tal é, em resumo, a situação que se
apresenta cinco anos depois da criação e três anos depois do início das ativida des do Fundo Monetário Internacional.
Sem dúvida, os resultados até agora ob
tidos não são muito animadores. Podc-so objetar que os problemas monetá rios do após-guerra foram particularmen te complexos e que, talvez, tudo fôsse muito pior ainda se o Fundo não existis
se.
Mas, instituições como o Fundo
o Fundo obteve, me
lhores intenções, tornou-se instrumen
lares em ouro e 5.428 milhões em moe
to tão pouco eticaz. A razão reside, até certo ponto, na insuficiência de suas di.sponibilidades. Essa falta não é in teiramente surpreendente. Já nos tra-
dispõe de 3.487 milhões de dólares era
das nacionais, entro elas 2.062 milhões de dólares norte-americanos. Ao todo, ouro e US dólares.
Em relação a um co
- balhos preparatórios para
mércio
a Conferência de "Brotton
de
lares ao ano — sem contar
sos necessários foi ampla
os pagamentos de serviços — tais disponibilidades pa
Confron
taram-se dois projetos, um
recem extremamente módi
de autoria do economista
cas.
inglês Lord Kcynes, outro americano Harry D. White.
internacional
cerca de 60 bilhões de dó
Woods, a quantia de recur
ou práticas de compensação, quer dizer
mentos, e as restrições cambiais entm"
guinte situação:
diante subscrições, 1.425 milliões de dó
elaborado pelo financista
, '
radas. Desse regulamento resultou a se
Fundo, certamente animado pelas me
mente discutida.
segundo o sistema bilateral dc
Mas, dessa segunda e maior parcela, sòmente a contribuição dos Estados Unidos, paga efetivamente em dólares, tem para as atividades do Fundo um valor palpável,
perança do estabelecer universalmente um sistema mu'tilatcral de pagamentos não se realizou. Grande parte do comér cio internacional faz-se mediante acn
três quartos em moeda nacional.
dos difíceis. Com tempo bom ninguém precisa de guarda-chuva.
mércio internacional expandiu-se como
Enfim, os desequilíbrios nos balanços gamento, sem que precisem recorrer de pagamentos são enormes e permanen a expedientes ruinosos para a pros tes, e o Fundo pouco fôz para reduzi-los" peridade nacional ou internacional. Muitos países membros deviam, conse-^ ma exposto, reduzir a duração e di
Dicesto
Mas, os Estados Uni
dos e alguns outros países têm uma balança de paga
O projeto Keynes queria dotar o Fundo
mentos bem equilibrada. Além disso, os
do segundo as necessidades do comércio
dos normalmente dentro de três meses,
de uma moeda própria, o "bancor", cujo volume poderia ser estendido e contraí
pagamentos do intercâmbio mercantil são liquidados ou deveriam ser liquida
internacional. O projeto White, que foi
de modo que as dispombilidades do Fundo poderiam ser utilizadas várias ve
enfim adotado, instituía praticamente o dólar como meio de pagamento interna
cional. Foi uma solução mais prudente,
menos exposta ao perigo de inflação, mas a prudência conduzia forçosamente à insuficiência.
Como já mencionamos, o capital total
subscrito do Fundo é, atualmente, de
6,8 bilhões de dólares, ou seja, de dois
bilhões menos que o montante originulmenle previsto. Mas, isso só não é deci sivo. Pois, mesmo dos 0,8 bilhões, ape
zes ao ano, para o financiamento do co mércio.
Ora, mesmo os recursos disponíveis são sòmente utilizados em' pequena par
te. Segundo o Estatuto, cada membro tem o direito de adquirir do Fundo moe das de outros membros, dentro de 12
meses, num montante que corresponda a 25% de sua cota, contra pagamento em
moeda nacional.
Um país, por exem
plo, cuja cotii no Fundo seja de 100 mi
nas metade é efetivamente utilizável. Os recursos do Fundo compõem-se de duas
lhões de dólare.s, poderá obter de ju-,
gar um quarto de sua cota era curo e
meira transação com o Fundo, poderá
parcelas: cada pais membro deve pa
lho de 1949 até junho de 1950, 25 mi lhões de dólares e, sendo essa sua pri
■••V'- -.í-
Dicesto Econômico
JO
ração nos problemas monetários in ternacionais.
2) Facilitar a expansão e o desen volvimento equilibrado do comércio internacional, contribuindo, por essa
forma, para propiciar e assegurar o emprego e a renda real, em níveis elevados, e desenvolver as fontes pro dutoras de todos os países membros,
objetivos primordiais da política eco nômica.
3) Promover a estabilidade cam
bial, manter em boa ordem os regu lamentos de câmbio entre os mem
bros e evitar depreciações cambiais com o intuito de concorrência.
4) Auxiliar o estabelecimento de
um sistema multilateral de pagamen tos, em relação às transações corren tes entre os países membros e elimi
nar as restrições cambiais que en travam a expansão do comércio in ternacional.
5) Infundir confiança aos países membros, faciÜtando-lhes a utilização
dos recursos do Fundo, mediante ga
rantias adequadas, dando-lhes assim a oportunidade de corrigir os dese
quilíbrios em seus balanços de pa
tuto tornou-se realidade.
O Fundo fun
ciona de uma maneira muito imperfei ta como órgão do consulta e colaboração. Vária.s reformas monetárias foram inicia das sem colaboração e com métodos con
trários aos princípios do Fundo.
O co
0) De acordo com o que foi aci
minuir a intensidade do desequilí brio nos balanços internacionais de pagamentos dos membros. O Fundo norteará suas decisões
em harmonia com os objetivos exa rados nestacláusula."
Relendo hoje esse programa, ninguém poderia afirmar que o Fundo já teria atingido seus objetivos. Nenhum dos seis pontos formulados no seu Esta-
Econômico
Monetário Internacional devem, preci
samente, mostrar sua eficiência cm perío
depois dc tôdas as grandes guerras, mas ficou longe do ser equilibrado. O insucesso c ainda mais visível no que se refere aos pontos mais técnicos do programa. A estabilidade cambial
não passa de um desejo. Nove países membros - entre êles países como a França, a Itália, a China - ainda não fixaram sua taxa cambial de acordo com as prescrições do Estatuto, e cm muitos outros países apenas parte do comércio exterior se efetua à taxa oficial.
^
Os meios do Fundo
pois as outras moedas são pouco procu
Surge a questão de saber porque o
vam cada vez mais a e.xpansão do * tercâmbio internacional.
qüentemente, recorrer a expedientes dos mais duvidosos.
Tal é, em resumo, a situação que se
apresenta cinco anos depois da criação e três anos depois do início das ativida des do Fundo Monetário Internacional.
Sem dúvida, os resultados até agora ob
tidos não são muito animadores. Podc-so objetar que os problemas monetá rios do após-guerra foram particularmen te complexos e que, talvez, tudo fôsse muito pior ainda se o Fundo não existis
se.
Mas, instituições como o Fundo
o Fundo obteve, me
lhores intenções, tornou-se instrumen
lares em ouro e 5.428 milhões em moe
to tão pouco eticaz. A razão reside, até certo ponto, na insuficiência de suas di.sponibilidades. Essa falta não é in teiramente surpreendente. Já nos tra-
dispõe de 3.487 milhões de dólares era
das nacionais, entro elas 2.062 milhões de dólares norte-americanos. Ao todo, ouro e US dólares.
Em relação a um co
- balhos preparatórios para
mércio
a Conferência de "Brotton
de
lares ao ano — sem contar
sos necessários foi ampla
os pagamentos de serviços — tais disponibilidades pa
Confron
taram-se dois projetos, um
recem extremamente módi
de autoria do economista
cas.
inglês Lord Kcynes, outro americano Harry D. White.
internacional
cerca de 60 bilhões de dó
Woods, a quantia de recur
ou práticas de compensação, quer dizer
mentos, e as restrições cambiais entm"
guinte situação:
diante subscrições, 1.425 milliões de dó
elaborado pelo financista
, '
radas. Desse regulamento resultou a se
Fundo, certamente animado pelas me
mente discutida.
segundo o sistema bilateral dc
Mas, dessa segunda e maior parcela, sòmente a contribuição dos Estados Unidos, paga efetivamente em dólares, tem para as atividades do Fundo um valor palpável,
perança do estabelecer universalmente um sistema mu'tilatcral de pagamentos não se realizou. Grande parte do comér cio internacional faz-se mediante acn
três quartos em moeda nacional.
dos difíceis. Com tempo bom ninguém precisa de guarda-chuva.
mércio internacional expandiu-se como
Enfim, os desequilíbrios nos balanços gamento, sem que precisem recorrer de pagamentos são enormes e permanen a expedientes ruinosos para a pros tes, e o Fundo pouco fôz para reduzi-los" peridade nacional ou internacional. Muitos países membros deviam, conse-^ ma exposto, reduzir a duração e di
Dicesto
Mas, os Estados Uni
dos e alguns outros países têm uma balança de paga
O projeto Keynes queria dotar o Fundo
mentos bem equilibrada. Além disso, os
do segundo as necessidades do comércio
dos normalmente dentro de três meses,
de uma moeda própria, o "bancor", cujo volume poderia ser estendido e contraí
pagamentos do intercâmbio mercantil são liquidados ou deveriam ser liquida
internacional. O projeto White, que foi
de modo que as dispombilidades do Fundo poderiam ser utilizadas várias ve
enfim adotado, instituía praticamente o dólar como meio de pagamento interna
cional. Foi uma solução mais prudente,
menos exposta ao perigo de inflação, mas a prudência conduzia forçosamente à insuficiência.
Como já mencionamos, o capital total
subscrito do Fundo é, atualmente, de
6,8 bilhões de dólares, ou seja, de dois
bilhões menos que o montante originulmenle previsto. Mas, isso só não é deci sivo. Pois, mesmo dos 0,8 bilhões, ape
zes ao ano, para o financiamento do co mércio.
Ora, mesmo os recursos disponíveis são sòmente utilizados em' pequena par
te. Segundo o Estatuto, cada membro tem o direito de adquirir do Fundo moe das de outros membros, dentro de 12
meses, num montante que corresponda a 25% de sua cota, contra pagamento em
moeda nacional.
Um país, por exem
plo, cuja cotii no Fundo seja de 100 mi
nas metade é efetivamente utilizável. Os recursos do Fundo compõem-se de duas
lhões de dólare.s, poderá obter de ju-,
gar um quarto de sua cota era curo e
meira transação com o Fundo, poderá
parcelas: cada pais membro deve pa
lho de 1949 até junho de 1950, 25 mi lhões de dólares e, sendo essa sua pri
mmm 13
Dioesto Econômico 12
Dxcesto Eco^'ó^^co
repetir essa operação todos os anos até junho de 1957, o que perfaz os 200 milhões de dólares. Paga por essa vanta gem úma comissão inicial e uma ligei ra taxa semestral, e fica obrigado a re
vender ao Fundo as divisas estrangeiras, quando não mais precisar delas. De
fato, trata-se, pois, de uma operação de crédito, com condições particularmente favoráveis.
,
Tal é a teoria. Na realidade, país al gum pôde adquirir ao Fundo, até agora, mais dólares do que 25% de sua cota,
embora muitos países já tenham o di reito de receber 50% e mais em dólares, em troca, contra sua moeda. As vendas
totais de dólares, efetuadas pelo Fundo até fins de fevereiro deste ano, soma
atingiu 700 milhões de dólares — xolu-
me bem modesto pura uma instituição que era destinada a ser a Câmara de Compensação do mundo.
Quanto às operações em dólares, observa-so que as vendas do Fundo absor
veram apenas a tèrça parte dos seus recursos.
As suas reservas de ouro fi
caram completamente intactas, ainda que também elas pudessem ser mobili zadas para atender às necessidades cam biais dos países membros. Verifica-se que, por toda parte, o dólar é escasso — com exceção do Fundo Monetário Inter
nacional, que ainda possui imia reserva de 1.367 milhões - reserva completa mente estéril, além dos 1.425 niilhõ'" em
ouro.
ram apenas 682 milhões e distribuiam-se
da maneira seguinte:
Países Inglaterra França índia Holanda
62 5
Bélgica México
33^0 22,5
Dinamarca
10 2
União Sul-Africana .... Chile Tchecoslováquia
10,0 8,8 6,0 5,0 1,3 0,5 . 0,3
Noruega Costa Rica
Nicarágua Etiópia
Além disso, foram trocadas através do
Fundo pequenas importâncias em libras esterlinas, francos belgas, florins holan
deses e coroas norueguesas, de modo que o total das transações cambiais do
Fundo, em três anos de suas atividades,
cionar como verdadeiro motor da eco
nomia mundial, transformou-se logo nu
ma máquina burocrática pesada e pouco eficiente.
As desvantagens de partici
par do Fundo eram visí\'0is: os países membros deviam abandonar boa parte da sua soberania monetária e sujeitar-se
das suas próprias minas a um preço mais elevado e reinunerador para os pro dutores.
Dificultou, por conseguinte, a
produção de ouro, o que ainda contri buiu para agravar a crise cambial. Reflexões dèsse gênero tomavam natu ralmente o Fundo menos atraente. Mas,
cm primeiro lugar, foi o problema da t.ixa inicial que atrasou o início daí transações do Brasil com o Fundo Monetiíriü. O Estatuto do Fundo estipula
que pais a'gum pode adquirir dólares ou outras moedas estrangeiras do Fundo antes de ter fixado e comunicado oficial mente a sua própria ta.xa
a um sistema dc controle
cambial relativa ao dólar.
nem sempre agradável — além da obrigação de imo
Em vista do falo de todo
ajustamento ulterior da ta.xa precisar de autorização do Fundo, essa questão tor nou-se de importância pri
do metal precio.so, no caso
O Brasil pertence aos membros fund
^ ativa na Conferência de Bretton
apenu.s, embora o capital total do Banco fôssc mais elevado que o do Fundo. Porém, no Brasil como em outros paí ses, o entusiasmo para o hundo diminuiu quando sc tornou evidente que a noxa instituição internacional, em vez de fun
ses membros a não comprarem o ouro
sem garantia de restituição
dores, mas tornou-se apenas há pouc^' Milhões de .$ meses cliente do Fundo. ToiTin>i 300,0 125,0 92_5
Banco fôssc de 105 milhões de dü'ares
bilizar imediatamente 25% de suas reservas de ouro,
A posição do Brasil
Compras de dólares ao Fundo
em 150 milhões, enquanto a sua cota no
Pnrtí*
j
e recebeu na distribuição inicial do
^
pitai a subscrever uma cota de 15o ihões de dólares, a mais elevada
todos os países da América Latina Lem bra-se que, naquela época, uma cota alta no Fundo era geralmente considera da não como um ônus — um .quarto da cota c pagável em ouro - e sim como grande vantagem, na expectativa de créditos futuros que dependem do mon
tante da cota. Enquanto nenhum país se mostrava muito interessado em rece
ber uma cota alta no capital do Banco Internacional de Reconstrução e Desen volvimento, que pode dispor de seu ca pital independentemente das cotas ma
nifestou-se verdadeira competição para a obtenção de cotas altas no Fundo. Pa recia, portanto, sucesso notável o fato
de a cota do Brasil no Fundo ser fixada
J,
mordial.
de o país querer retirar-se
Ora, qual seria a taxa,
do Fundo.
011, como diz o Estatuto
Por outro lado, as van
do Fundo, o "valor par"
tagens concretas para os
mais adequado do cmzeiro? Alguns especialistas acreditavam que a alta dos
membros do Fundo torna
vam-se cada vez mais du vidosas. O Fundo regula mentou muito e ajudou
preços e do custo da pro dução no mercado interno
pouco os países em dificul
justificaria uma taxa de 40
dades cambiais. A questão
cruzeiros ou mais por dólar. Outros argumenta
da inflação interna ficou inteiramente fora de sua
vam que as reservas de
competência. A Adminis tração do Fundo mostrou-
se ardentemente antí-inflacionista, mas
nada fêz para liberar o mundo da praga da inflação. Exigia dos seus membros que mantivessem oficialmente sua taxa
ouro e de divisas do Brasil
justificariam uma taxa de 15 ou de 10 cruzeiros.
As discussões sobre essa questão ter-
o mercado-negro internacional. Fixou o
se-iam provàve'mente prolongado ainda mais, se o Govêrno não tomasse uma de cisão a respeito. O Banco Internacio
ao custo da produção mineira e obrigou
irmão gêmeo do Fundo, não concede empréstimos a países que ainda não fi-
de câmbio, mas não conseguia suprimir
preço do ouro num nível muito inferior
os governos e bancos centrais dos paí
nal de Reconstrução e Desenvolvimento,
mmm 13
Dioesto Econômico 12
Dxcesto Eco^'ó^^co
repetir essa operação todos os anos até junho de 1957, o que perfaz os 200 milhões de dólares. Paga por essa vanta gem úma comissão inicial e uma ligei ra taxa semestral, e fica obrigado a re
vender ao Fundo as divisas estrangeiras, quando não mais precisar delas. De
fato, trata-se, pois, de uma operação de crédito, com condições particularmente favoráveis.
,
Tal é a teoria. Na realidade, país al gum pôde adquirir ao Fundo, até agora, mais dólares do que 25% de sua cota,
embora muitos países já tenham o di reito de receber 50% e mais em dólares, em troca, contra sua moeda. As vendas
totais de dólares, efetuadas pelo Fundo até fins de fevereiro deste ano, soma
atingiu 700 milhões de dólares — xolu-
me bem modesto pura uma instituição que era destinada a ser a Câmara de Compensação do mundo.
Quanto às operações em dólares, observa-so que as vendas do Fundo absor
veram apenas a tèrça parte dos seus recursos.
As suas reservas de ouro fi
caram completamente intactas, ainda que também elas pudessem ser mobili zadas para atender às necessidades cam biais dos países membros. Verifica-se que, por toda parte, o dólar é escasso — com exceção do Fundo Monetário Inter
nacional, que ainda possui imia reserva de 1.367 milhões - reserva completa mente estéril, além dos 1.425 niilhõ'" em
ouro.
ram apenas 682 milhões e distribuiam-se
da maneira seguinte:
Países Inglaterra França índia Holanda
62 5
Bélgica México
33^0 22,5
Dinamarca
10 2
União Sul-Africana .... Chile Tchecoslováquia
10,0 8,8 6,0 5,0 1,3 0,5 . 0,3
Noruega Costa Rica
Nicarágua Etiópia
Além disso, foram trocadas através do
Fundo pequenas importâncias em libras esterlinas, francos belgas, florins holan
deses e coroas norueguesas, de modo que o total das transações cambiais do
Fundo, em três anos de suas atividades,
cionar como verdadeiro motor da eco
nomia mundial, transformou-se logo nu
ma máquina burocrática pesada e pouco eficiente.
As desvantagens de partici
par do Fundo eram visí\'0is: os países membros deviam abandonar boa parte da sua soberania monetária e sujeitar-se
das suas próprias minas a um preço mais elevado e reinunerador para os pro dutores.
Dificultou, por conseguinte, a
produção de ouro, o que ainda contri buiu para agravar a crise cambial. Reflexões dèsse gênero tomavam natu ralmente o Fundo menos atraente. Mas,
cm primeiro lugar, foi o problema da t.ixa inicial que atrasou o início daí transações do Brasil com o Fundo Monetiíriü. O Estatuto do Fundo estipula
que pais a'gum pode adquirir dólares ou outras moedas estrangeiras do Fundo antes de ter fixado e comunicado oficial mente a sua própria ta.xa
a um sistema dc controle
cambial relativa ao dólar.
nem sempre agradável — além da obrigação de imo
Em vista do falo de todo
ajustamento ulterior da ta.xa precisar de autorização do Fundo, essa questão tor nou-se de importância pri
do metal precio.so, no caso
O Brasil pertence aos membros fund
^ ativa na Conferência de Bretton
apenu.s, embora o capital total do Banco fôssc mais elevado que o do Fundo. Porém, no Brasil como em outros paí ses, o entusiasmo para o hundo diminuiu quando sc tornou evidente que a noxa instituição internacional, em vez de fun
ses membros a não comprarem o ouro
sem garantia de restituição
dores, mas tornou-se apenas há pouc^' Milhões de .$ meses cliente do Fundo. ToiTin>i 300,0 125,0 92_5
Banco fôssc de 105 milhões de dü'ares
bilizar imediatamente 25% de suas reservas de ouro,
A posição do Brasil
Compras de dólares ao Fundo
em 150 milhões, enquanto a sua cota no
Pnrtí*
j
e recebeu na distribuição inicial do
^
pitai a subscrever uma cota de 15o ihões de dólares, a mais elevada
todos os países da América Latina Lem bra-se que, naquela época, uma cota alta no Fundo era geralmente considera da não como um ônus — um .quarto da cota c pagável em ouro - e sim como grande vantagem, na expectativa de créditos futuros que dependem do mon
tante da cota. Enquanto nenhum país se mostrava muito interessado em rece
ber uma cota alta no capital do Banco Internacional de Reconstrução e Desen volvimento, que pode dispor de seu ca pital independentemente das cotas ma
nifestou-se verdadeira competição para a obtenção de cotas altas no Fundo. Pa recia, portanto, sucesso notável o fato
de a cota do Brasil no Fundo ser fixada
J,
mordial.
de o país querer retirar-se
Ora, qual seria a taxa,
do Fundo.
011, como diz o Estatuto
Por outro lado, as van
do Fundo, o "valor par"
tagens concretas para os
mais adequado do cmzeiro? Alguns especialistas acreditavam que a alta dos
membros do Fundo torna
vam-se cada vez mais du vidosas. O Fundo regula mentou muito e ajudou
preços e do custo da pro dução no mercado interno
pouco os países em dificul
justificaria uma taxa de 40
dades cambiais. A questão
cruzeiros ou mais por dólar. Outros argumenta
da inflação interna ficou inteiramente fora de sua
vam que as reservas de
competência. A Adminis tração do Fundo mostrou-
se ardentemente antí-inflacionista, mas
nada fêz para liberar o mundo da praga da inflação. Exigia dos seus membros que mantivessem oficialmente sua taxa
ouro e de divisas do Brasil
justificariam uma taxa de 15 ou de 10 cruzeiros.
As discussões sobre essa questão ter-
o mercado-negro internacional. Fixou o
se-iam provàve'mente prolongado ainda mais, se o Govêrno não tomasse uma de cisão a respeito. O Banco Internacio
ao custo da produção mineira e obrigou
irmão gêmeo do Fundo, não concede empréstimos a países que ainda não fi-
de câmbio, mas não conseguia suprimir
preço do ouro num nível muito inferior
os governos e bancos centrais dos paí
nal de Reconstrução e Desenvolvimento,
I
14
DiciiSTo Econômico
xaranj oficialmente sua taxa de câmbio.
dições preliminares, o Brasil podia tam
Essa condição constituía um obstáculo ao
bém adquirir divisas do Fundo.
empréstimo do Banco Internacional des
abril último reídizou-se a primeira tran
tinado ao grupo da "Light" e garantido
sação: o Fundo vendeu ao Brasil 15 mi
pelo Governo brasileiro. As dificiddades
lhões dc dólare.s, contra pagamento em
foram eliminadas pela declaração do valor par do cruzeiro, em 14 de julho de 1948. A taxa em vigor foi transfor
cruzeiros. Ês.sc monlanlc corresponde apenas a 10% da cota do Brasil, enquan to vários outros membros do Fundo —
mada em taxa oficia! — processo adotado
a Inglaterra, a França, a Holanda, o
por quase todos os países membros do
México, a Nicarágua e Costa Rica —' já
Fundo.
receberam dólares numa proporção de 20-25% de suas cotas respccliva.s. Ngo
Logo depois o Governo do Brasil pa gou a parte de sua cota realizável em ouro. Foi uma despesa considerável.
há razões para recusar ao Brasil a venda de dólares na mesma proporção quc ao's
Sôbre a cota de 150 milhões de dólare."?, 25%, ou sejam, 37,5 milhões de
outros países. De acordo com o Esta
dó'ares, deviam ser pagos em ouro. Re duziu-se, assim, a reserva de ouro do
Tesouro Nacional de 33.325 kg. de ouro ifino, num valor de 694 milhões de cru
zeiros. O pagamento dos restantes 75%, pagáveis em moeda nacional, demorou
mais.
Foi efetuado apenas em março
de 1949.
O balancete do Banco do
Brasil, em 31 de março último, acusou uma nova conta de 2.081 mi']iões de
O sistema tributário do Brasil
Ern
Paui. Hücon
(Professor da Universidade de São Paulo o dus Faculdades de Direito da França)
para as duas grandes guerras II — O problema da produtividade fiscal. preparação do sécu'o XX, sua condução e suas con "O impôsto é uma contribuição Estado. Assim compreendido, re
pousa em dois princípios funda
tuto, o Brasil tem o direito de adquirir" até março dc 1950, mais 22,5 milhões de dólares, sem ultrapassar o limita de 25%, da cota, dentro de doze meses
Fundo Monetário Internacional".
Tendo, assim, cumprido todas as con
a 380 bilhões, em 1946.
tiça."
de libras e.çtcriinas, antes de 1914, a 3,2 bilhões em 1945.
estudo o problema da distribuição dos impostos entre a União, os Estados e os Municípios, no sistema tributário
consecutivos.
Dependerá da política do Fundo que operações nessa dimensão sejam possí veis. O Fundo restringe cada vez m-ii"
brasi'eiro.
Estudaremos agora esses impostos em
função dos dois princípios básicos em todo sistema tributário: a produtividade,
suas transações em dó'ares: em Iqat vendeu 468 milhões, em 1948 apen 197 milhões, e, no ano corrente, as ve'
e a justiça.
O sistema de impostos do Bra^l axaminado sob o ângulo da. produtividade
tanto, a escassez de dólares acentua-.
no mundo inteiro. Constitui esse urn dos numerosos problemas aiiida não re solvidos pelo Fundo Monetário Interna
Nesse domínio, um primeiro fato se impõe: o aumento consi
cional.
em 1920, a 10 billiões em 1940, e a 82 bilhões e meio, em 1946.
No Brasil, as despesas públicas tam bém aumentam.
As receitas da União se elevavam a 654 milhões de cruzeiros, em 1913; che
gam a 3 bilhões e 800 milhões de cru zeiros em 1939; quase atingem 14 bi lhões em 1947 e ultrapassam 19 bilhões no orçamento de 1949.
A? receitas dos Estados atingiam a 2 bilhões o 135 milhões d© cruzeiros em 1937; 2 bi lhões e 353 em 1940; 8
nibiécea muito maior ao que nos demais meses durante os três referidos trimcifro^ Assim, março dêste ano registrou 414.115 sacas ou 35,8% mais que o idêntico ml',
sas públicas é um fato geral. Verifica-se
^
As receitas dos Municí
pios eram respectivamente, nas mesmas datas, de 673 milhões, 600 milhões e 1
to dos encargos tributários. Êsse aumento de despe
no Brasil como em todos os países.
^ o mes
A contribuirão do porto de Santos para o total do café brasileiro embarcado importou em 2.557.706 sacas neste ano, e em 2.464.111 sacas em 1948 isto ^ 6ir3% e 65,3% respectivamente.
bilhões e meio em 1946. ^
orçamento, verifica-se, con
seqüentemente, um aumen
.
Nos Estados Unidos, passa de 487 milhões de dólares, em 1900, a 6 bilhões
derável e rápido das des
sacas (10,5%) mais que em. igual período de 1948 e 432.697 -wca.y (li e%? 3 1947, segundo numeras básicos fornecidos pela Carteira Agrícola do Ba,J^ a Estado. E' de notar que março último foi o mês em que se embarcou volunie
..
Na Inglaterra, passa de 230 milhões
pesas públicas. Sendo o impôsto a fonte normal, principal e permanente do
A exportação total hraHleira de café, incluindo cabotagem e consumo a atingiu, no primeiro trimestre do ano em curso, 4.169.090 sacas, o« sejam 304^^'
de 1948.
Na França, o orçamento geral passa
de 5 bilhões de francos-ouro, em 1913,
mentais: a produtividade e a jus
Examinamos na primeira parte deste
cruzeiros — igual, à taxa de Cr$ 18,.50 • das fazem-se ainda mais raras,
por dólar, a 112,5 milhões de dólares, designada como "Contribuição para o
seqüências.
Precisamos com alguns números a imobrigatória e de interesse geral, pDiUincia desse fenômeno fundamental. destinada a cobrir as despesas do
causas residem na progressiva ampliação das funções do Estado na ordem eco-
bilhão e 500 milhões de cruzeiros.
Uma observação se impõe: Trata-se de receitas tioniínals; as re
ceitas reais devem ser consideradas em
n^micT^rsocial e, principalmente, na função da diminuição do poder aquisi-
4
I
14
DiciiSTo Econômico
xaranj oficialmente sua taxa de câmbio.
dições preliminares, o Brasil podia tam
Essa condição constituía um obstáculo ao
bém adquirir divisas do Fundo.
empréstimo do Banco Internacional des
abril último reídizou-se a primeira tran
tinado ao grupo da "Light" e garantido
sação: o Fundo vendeu ao Brasil 15 mi
pelo Governo brasileiro. As dificiddades
lhões dc dólare.s, contra pagamento em
foram eliminadas pela declaração do valor par do cruzeiro, em 14 de julho de 1948. A taxa em vigor foi transfor
cruzeiros. Ês.sc monlanlc corresponde apenas a 10% da cota do Brasil, enquan to vários outros membros do Fundo —
mada em taxa oficia! — processo adotado
a Inglaterra, a França, a Holanda, o
por quase todos os países membros do
México, a Nicarágua e Costa Rica —' já
Fundo.
receberam dólares numa proporção de 20-25% de suas cotas respccliva.s. Ngo
Logo depois o Governo do Brasil pa gou a parte de sua cota realizável em ouro. Foi uma despesa considerável.
há razões para recusar ao Brasil a venda de dólares na mesma proporção quc ao's
Sôbre a cota de 150 milhões de dólare."?, 25%, ou sejam, 37,5 milhões de
outros países. De acordo com o Esta
dó'ares, deviam ser pagos em ouro. Re duziu-se, assim, a reserva de ouro do
Tesouro Nacional de 33.325 kg. de ouro ifino, num valor de 694 milhões de cru
zeiros. O pagamento dos restantes 75%, pagáveis em moeda nacional, demorou
mais.
Foi efetuado apenas em março
de 1949.
O balancete do Banco do
Brasil, em 31 de março último, acusou uma nova conta de 2.081 mi']iões de
O sistema tributário do Brasil
Ern
Paui. Hücon
(Professor da Universidade de São Paulo o dus Faculdades de Direito da França)
para as duas grandes guerras II — O problema da produtividade fiscal. preparação do sécu'o XX, sua condução e suas con "O impôsto é uma contribuição Estado. Assim compreendido, re
pousa em dois princípios funda
tuto, o Brasil tem o direito de adquirir" até março dc 1950, mais 22,5 milhões de dólares, sem ultrapassar o limita de 25%, da cota, dentro de doze meses
Fundo Monetário Internacional".
Tendo, assim, cumprido todas as con
a 380 bilhões, em 1946.
tiça."
de libras e.çtcriinas, antes de 1914, a 3,2 bilhões em 1945.
estudo o problema da distribuição dos impostos entre a União, os Estados e os Municípios, no sistema tributário
consecutivos.
Dependerá da política do Fundo que operações nessa dimensão sejam possí veis. O Fundo restringe cada vez m-ii"
brasi'eiro.
Estudaremos agora esses impostos em
função dos dois princípios básicos em todo sistema tributário: a produtividade,
suas transações em dó'ares: em Iqat vendeu 468 milhões, em 1948 apen 197 milhões, e, no ano corrente, as ve'
e a justiça.
O sistema de impostos do Bra^l axaminado sob o ângulo da. produtividade
tanto, a escassez de dólares acentua-.
no mundo inteiro. Constitui esse urn dos numerosos problemas aiiida não re solvidos pelo Fundo Monetário Interna
Nesse domínio, um primeiro fato se impõe: o aumento consi
cional.
em 1920, a 10 billiões em 1940, e a 82 bilhões e meio, em 1946.
No Brasil, as despesas públicas tam bém aumentam.
As receitas da União se elevavam a 654 milhões de cruzeiros, em 1913; che
gam a 3 bilhões e 800 milhões de cru zeiros em 1939; quase atingem 14 bi lhões em 1947 e ultrapassam 19 bilhões no orçamento de 1949.
A? receitas dos Estados atingiam a 2 bilhões o 135 milhões d© cruzeiros em 1937; 2 bi lhões e 353 em 1940; 8
nibiécea muito maior ao que nos demais meses durante os três referidos trimcifro^ Assim, março dêste ano registrou 414.115 sacas ou 35,8% mais que o idêntico ml',
sas públicas é um fato geral. Verifica-se
^
As receitas dos Municí
pios eram respectivamente, nas mesmas datas, de 673 milhões, 600 milhões e 1
to dos encargos tributários. Êsse aumento de despe
no Brasil como em todos os países.
^ o mes
A contribuirão do porto de Santos para o total do café brasileiro embarcado importou em 2.557.706 sacas neste ano, e em 2.464.111 sacas em 1948 isto ^ 6ir3% e 65,3% respectivamente.
bilhões e meio em 1946. ^
orçamento, verifica-se, con
seqüentemente, um aumen
.
Nos Estados Unidos, passa de 487 milhões de dólares, em 1900, a 6 bilhões
derável e rápido das des
sacas (10,5%) mais que em. igual período de 1948 e 432.697 -wca.y (li e%? 3 1947, segundo numeras básicos fornecidos pela Carteira Agrícola do Ba,J^ a Estado. E' de notar que março último foi o mês em que se embarcou volunie
..
Na Inglaterra, passa de 230 milhões
pesas públicas. Sendo o impôsto a fonte normal, principal e permanente do
A exportação total hraHleira de café, incluindo cabotagem e consumo a atingiu, no primeiro trimestre do ano em curso, 4.169.090 sacas, o« sejam 304^^'
de 1948.
Na França, o orçamento geral passa
de 5 bilhões de francos-ouro, em 1913,
mentais: a produtividade e a jus
Examinamos na primeira parte deste
cruzeiros — igual, à taxa de Cr$ 18,.50 • das fazem-se ainda mais raras,
por dólar, a 112,5 milhões de dólares, designada como "Contribuição para o
seqüências.
Precisamos com alguns números a imobrigatória e de interesse geral, pDiUincia desse fenômeno fundamental. destinada a cobrir as despesas do
causas residem na progressiva ampliação das funções do Estado na ordem eco-
bilhão e 500 milhões de cruzeiros.
Uma observação se impõe: Trata-se de receitas tioniínals; as re
ceitas reais devem ser consideradas em
n^micT^rsocial e, principalmente, na função da diminuição do poder aquisi-
4
16
Dicesto Eco^-ó^^co
tivo da moeda. A avaliação exata dessa redução é impossíve', cm \drtude da
impostos, só possuem um valor nominal,
ausência de índices de probos, de ata
que convém corrigir, 'csando cm conta a
cado e de varejOj seguros e váIido.s para todo o País. - Pode-se, pois, fazer so mente o estudo da evolução rdaíiva.
Uma aproximação aceitá\el nos parece consisHr na apreciação de uma queda
do poder aquisitivo do cruzeiro, nos úl timos 10 anos, de 350 a 400%.
Nestas condições, pode-se dizer que o aumento das despesas públicas, ao in vés de 480, foi de 100?.
Admitindo-se que as despesas públi cas do Brasil tenham realmente dobrado em 10 anos, verifica-se tratar-se de um aunicnto importante — sem dú\ida al
guma — mas de nenhum modo compa rava] ao de alguns outros países e de
■modo algum em desproporção com a desenvolvimento das riouezas- nacionais e o progresso econômico do Brasil, (i) Notemos que os impostos da União em 1913, se elevaram a 372 milhões de cruzeiros; em 1939, a 2 bilhões o melo-
em 1947, a 11 bilhões e meio.
Os im
postos dos Estados, de 1937 a 1940 passaram de 1 bilhão e 151 milhões a
6 bilhões aproximadamente; os impos tos municipais forneciam um total dc
509 milhões, em 1937, para atingirem, em 1946, 957 milhões de cruzeiros. (1) — o rápido aumento das despesas públicas é uma realidade que a simples
Digesto
Êstes dados, relativos ao aumento dos
Econômico
dação Vargas, no Rio, um certo número de especialistas ensaia uma avaliação
É interessante observar o e.xemplo do comportamento do imposto de importa
baixa do poder aquisitivo do cruzeiro
precisa da renda nacional. Somente de posse dêsse resultado será possível tirar
ção durante a guerra e depois dela; êsse
anteriormente indicada.
conclusões relativamente à importância
Seria altamente Interessante poder deüuzlr desses dados um certo número de indicaç-ões para sabor se realmente au mentaram os encargos fiscais em relação à renda nacional e à ronda individiud.
c às variações dos encargos fiscais na
É fácil para os países que dí.spõein de estatísticas da renda nacional e da renda
destituídas de valor, mas a maioria di
rias, do ponto de vista quantitativo, di ferindo grandemente da evolução das
cionais.
Atua'mente só é possível apresentar
aproximaç-ões. Algumas das que têm sido apresentadas até agora não são
"per capita" tomar conhecimento do au mento do peso dos encargos fiscais. Assim, ó possível indicar que;
Feitas estas reservas, ó certo que as
A experiência desses períodos nos mostra, pois, que estas tarifas aduanei
modo
aumentaram
os
encargos
tributários.
O problema da produtividade do im posto conserva, pois, mais do que nunca, tôda sua importância. — Para a União, o imposto de impor tação^ depois de ter sido o imposto mais produtivo do Império e da República,
- para a Inglaterra, essa porcentairem
passou de 11%, em 1913, para 37 cm 1946;
— para os E.s(ados Unidos, essa n
perdeu sua preponderância em benefí cio do imposto de consumo, a partir de 1940. Em 1942, passa o mesmo à ter ceira categoria dos impostos federais; o impòsto de renda toma o segundo lugar. Em 1946 não representa mais do que
centagem, que em 1913 .só era de «Í' atinge 29,5? em 1946.
Para o Brasil, semelhante cálculo n~ pode pretender nenhum rigor científi
mas somente unia indicação bem anm--'
mativa. (2) Sob o patrocínio da Fu^"
sensíveis às variações dos preços. ras, fi.xas como são, lião desempenham
bem seu papel fiscal e, pior ainda, não oferecem a proteção de que tanto carece a economia nacional neste delicado pe ríodo de evolução que atravessa. O Governo brasileiro lançou mão jus
tamente do argumento de apresentarem os seus direitos alfandegários êsse cará ter fi.xo para obter, na Conferência Mun dial do Comércio e Emprego, o rea-
justamento de suas tarifas, tomando por base a elevação de 40%.
O impôsto de consumo reagiu de maneira diferente: a guerra de 1939 não
relação ao conjunto dos impostos do País, o imposto de importação se situa em quarto lugar (8,4%), precedido pelo
afetou sua produtividade. Ao contrário, a partir de 1940 êle se toma o primeiro imposto do sistema tributário brasileiro. O quantum de sua arrecadação au menta rápida e consideràvelmente, de
e consignações (21?) e pelo de renda
14,5? do total dos impostos federais. Em
rido aumento. Evidentemente, êssos dos reduzem sêriamente a importâno^"
nais constituídas, na sua maioria, por
tarifas fixas e não "ad valorem", o que faz com que não sejam diretamente
mesmo
em 1946 era superior a 37?;
importações em valor. O que, aliás, é muito compreensível, por serem as tarifas aduaneiras nacio
fere entre si grandemente. Convém, pois, ser muito prudente nesse domínio.
despesas públicas tendo aumentado, do
— para a França, a porcentagem da renda nacional absorvida pelo iinné,s/ era, em 1913, de 12? apenas, «-'nquanto
imposto acompanha de muito perto a evolução das importações de mercado
do aumento nominal das despesas nOK»*®
de consumo (24,5?),
fluenciar pela espetacular aparência no
te. num discurso pronunciado perant
(18,6%).
vido, de um lado, à alta de preços, e, de outro, à sua "maleabilidade".
minal.
Paulo, o Dr. Brasílio Machado Neto oh mava a atençao, com justiça, para o f to de que a despesa pública "per carv" ta" dêste Estado, convertida em ou^ ~
(2)
E' com êsse espírito do "relativo" que o Dr. José Luiz de .Mmeida No-
observação cotidiana confirma. Contudo, é necessário não nos deixemos tão só in E' preciso reduzi-lo ás suas jus
tas propmções. levando-se em conta cer tos fatôres que o alteram, hipertrofian-
cas.
E" nesse sentido que. recentem
Assembléia Legislativa do Estado de
do-o, como por exemplo a diminuição do poder aquisitivo da moeda, o aumen to da população, o acréscimo da renda
•aumentou entre 1927 e 1046 de anenaó
nacional. E" pela correção do valor no minal do aumento das despesas públi
zeiros "papel" a receita
cas, com o auxílio dôsses dados, que se pode obter uma apreciação real do refe-
21% (de Crç 15,79 a CrS 19.07). Em c?u
eueira Porto apresenta, em estudo interessante publicado no "Digesto Econômico da Associação Comercial de São Paulo (março de 1949), os dados seguintes: RENDA
do Estado
elevou de 400 milhões de cruzeiros (19281 a mais de 3 bilhões de cruzeiros (1946) ou seja de 750%.
V
d® vendas
per cap.
1926 1938 1946
16.000.000
25.500.000 92.000.000
DESPESA
NACIONAL 457,30 637,50 2.000.00
1.500.000
Ind. 100
4.750.000 14.200.000
316 947
ind .
P tJ B L I C A ' per cap.
ind.
43,00 118,00
100 215
310,00
721
16
Dicesto Eco^-ó^^co
tivo da moeda. A avaliação exata dessa redução é impossíve', cm \drtude da
impostos, só possuem um valor nominal,
ausência de índices de probos, de ata
que convém corrigir, 'csando cm conta a
cado e de varejOj seguros e váIido.s para todo o País. - Pode-se, pois, fazer so mente o estudo da evolução rdaíiva.
Uma aproximação aceitá\el nos parece consisHr na apreciação de uma queda
do poder aquisitivo do cruzeiro, nos úl timos 10 anos, de 350 a 400%.
Nestas condições, pode-se dizer que o aumento das despesas públicas, ao in vés de 480, foi de 100?.
Admitindo-se que as despesas públi cas do Brasil tenham realmente dobrado em 10 anos, verifica-se tratar-se de um aunicnto importante — sem dú\ida al
guma — mas de nenhum modo compa rava] ao de alguns outros países e de
■modo algum em desproporção com a desenvolvimento das riouezas- nacionais e o progresso econômico do Brasil, (i) Notemos que os impostos da União em 1913, se elevaram a 372 milhões de cruzeiros; em 1939, a 2 bilhões o melo-
em 1947, a 11 bilhões e meio.
Os im
postos dos Estados, de 1937 a 1940 passaram de 1 bilhão e 151 milhões a
6 bilhões aproximadamente; os impos tos municipais forneciam um total dc
509 milhões, em 1937, para atingirem, em 1946, 957 milhões de cruzeiros. (1) — o rápido aumento das despesas públicas é uma realidade que a simples
Digesto
Êstes dados, relativos ao aumento dos
Econômico
dação Vargas, no Rio, um certo número de especialistas ensaia uma avaliação
É interessante observar o e.xemplo do comportamento do imposto de importa
baixa do poder aquisitivo do cruzeiro
precisa da renda nacional. Somente de posse dêsse resultado será possível tirar
ção durante a guerra e depois dela; êsse
anteriormente indicada.
conclusões relativamente à importância
Seria altamente Interessante poder deüuzlr desses dados um certo número de indicaç-ões para sabor se realmente au mentaram os encargos fiscais em relação à renda nacional e à ronda individiud.
c às variações dos encargos fiscais na
É fácil para os países que dí.spõein de estatísticas da renda nacional e da renda
destituídas de valor, mas a maioria di
rias, do ponto de vista quantitativo, di ferindo grandemente da evolução das
cionais.
Atua'mente só é possível apresentar
aproximaç-ões. Algumas das que têm sido apresentadas até agora não são
"per capita" tomar conhecimento do au mento do peso dos encargos fiscais. Assim, ó possível indicar que;
Feitas estas reservas, ó certo que as
A experiência desses períodos nos mostra, pois, que estas tarifas aduanei
modo
aumentaram
os
encargos
tributários.
O problema da produtividade do im posto conserva, pois, mais do que nunca, tôda sua importância. — Para a União, o imposto de impor tação^ depois de ter sido o imposto mais produtivo do Império e da República,
- para a Inglaterra, essa porcentairem
passou de 11%, em 1913, para 37 cm 1946;
— para os E.s(ados Unidos, essa n
perdeu sua preponderância em benefí cio do imposto de consumo, a partir de 1940. Em 1942, passa o mesmo à ter ceira categoria dos impostos federais; o impòsto de renda toma o segundo lugar. Em 1946 não representa mais do que
centagem, que em 1913 .só era de «Í' atinge 29,5? em 1946.
Para o Brasil, semelhante cálculo n~ pode pretender nenhum rigor científi
mas somente unia indicação bem anm--'
mativa. (2) Sob o patrocínio da Fu^"
sensíveis às variações dos preços. ras, fi.xas como são, lião desempenham
bem seu papel fiscal e, pior ainda, não oferecem a proteção de que tanto carece a economia nacional neste delicado pe ríodo de evolução que atravessa. O Governo brasileiro lançou mão jus
tamente do argumento de apresentarem os seus direitos alfandegários êsse cará ter fi.xo para obter, na Conferência Mun dial do Comércio e Emprego, o rea-
justamento de suas tarifas, tomando por base a elevação de 40%.
O impôsto de consumo reagiu de maneira diferente: a guerra de 1939 não
relação ao conjunto dos impostos do País, o imposto de importação se situa em quarto lugar (8,4%), precedido pelo
afetou sua produtividade. Ao contrário, a partir de 1940 êle se toma o primeiro imposto do sistema tributário brasileiro. O quantum de sua arrecadação au menta rápida e consideràvelmente, de
e consignações (21?) e pelo de renda
14,5? do total dos impostos federais. Em
rido aumento. Evidentemente, êssos dos reduzem sêriamente a importâno^"
nais constituídas, na sua maioria, por
tarifas fixas e não "ad valorem", o que faz com que não sejam diretamente
mesmo
em 1946 era superior a 37?;
importações em valor. O que, aliás, é muito compreensível, por serem as tarifas aduaneiras nacio
fere entre si grandemente. Convém, pois, ser muito prudente nesse domínio.
despesas públicas tendo aumentado, do
— para a França, a porcentagem da renda nacional absorvida pelo iinné,s/ era, em 1913, de 12? apenas, «-'nquanto
imposto acompanha de muito perto a evolução das importações de mercado
do aumento nominal das despesas nOK»*®
de consumo (24,5?),
fluenciar pela espetacular aparência no
te. num discurso pronunciado perant
(18,6%).
vido, de um lado, à alta de preços, e, de outro, à sua "maleabilidade".
minal.
Paulo, o Dr. Brasílio Machado Neto oh mava a atençao, com justiça, para o f to de que a despesa pública "per carv" ta" dêste Estado, convertida em ou^ ~
(2)
E' com êsse espírito do "relativo" que o Dr. José Luiz de .Mmeida No-
observação cotidiana confirma. Contudo, é necessário não nos deixemos tão só in E' preciso reduzi-lo ás suas jus
tas propmções. levando-se em conta cer tos fatôres que o alteram, hipertrofian-
cas.
E" nesse sentido que. recentem
Assembléia Legislativa do Estado de
do-o, como por exemplo a diminuição do poder aquisitivo da moeda, o aumen to da população, o acréscimo da renda
•aumentou entre 1927 e 1046 de anenaó
nacional. E" pela correção do valor no minal do aumento das despesas públi
zeiros "papel" a receita
cas, com o auxílio dôsses dados, que se pode obter uma apreciação real do refe-
21% (de Crç 15,79 a CrS 19.07). Em c?u
eueira Porto apresenta, em estudo interessante publicado no "Digesto Econômico da Associação Comercial de São Paulo (março de 1949), os dados seguintes: RENDA
do Estado
elevou de 400 milhões de cruzeiros (19281 a mais de 3 bilhões de cruzeiros (1946) ou seja de 750%.
V
d® vendas
per cap.
1926 1938 1946
16.000.000
25.500.000 92.000.000
DESPESA
NACIONAL 457,30 637,50 2.000.00
1.500.000
Ind. 100
4.750.000 14.200.000
316 947
ind .
P tJ B L I C A ' per cap.
ind.
43,00 118,00
100 215
310,00
721
..F -i'!*
Dicesto Econômico
18
19
Dic.esto Econômico
Na atividade econômica interna, maior
propósito da localização da arrecadação
impostos dos Estados; cm 1946, 57,7%. De uma a outra dessas datas, passou de
jogos e diversões, que não chegaram se
70% foram obtidos no E.stado de São
726 milhões a mais de 3 bilhões de cru
posto, o que permite desenvolver a sua
Paulo (44,9%) c no Distrito
zeiros.
produtividade (1 bilhão de cruzeiros em
(25,4%).
nominal, durante êsse período. Essa fraca produtividade, apesar dos esforços feitos pela Constituição de 1946
que nunca durante estes últimos anos,
atinge ôle, cada vez mais, graças à sua
maleabilidade, a matéria sujeita a im
desse imposto: Dessa arrecadação, mai.s ou
menos Federal
Seguem-se-lhe o impôsto de transmis
quer a dobrar seu rendimento em valor
Evidentemente, isso não significa que
são inter^ivos (8,2% da arrecadação
cm favor dos municípios, não permite
total dos E.stados em 1940; 13,8% em
esperar no futuro aumentos substanciais
Sua faculdade de adaptação toma-o um imposto precioso, sobretudo nas épo cas em que se faz necessário um grande
tenham sido os contribuintes paulistas e cariocas os únicos a fornecer os 70%-
do receita.
esforço fiscal. O aumento da produtivi dade do imposto de consumo foi parti cularmente forte a partir de 1945; é devido. Igualmente, em grande parte, a modificações de sua regulamentação
prime, com exatidão, a seguinte reali
1946); o de indústrias e profissões (9,6% em 1940; 5,4% em 1946); o territorial (5,5% 6 4,1%); o de exportação (7,8%
dade:
3,2%); o de transmissão causa-moHis
(2,6% e 3%); o do sêlo (4,3% e 1,7%)
no total das receitas tributárias do País: 12% em 1947; 9% em 1940; 5,8% em
etc.
1946.
1939; 4 bilhões e meio em 1947).
da arrecadação desse impó.sto. Isso ex 1.°) — que a concentração industrial e comercial do País se encontra, de fato
no Estado de São Pau^o e no Distrito
Enquanto a porcentagem dos impostos
(Decreto-lei 7.404 de 22 de março de 1945). Êste decreto-lei, de um lado,
Federai;
elevou as taxas do imposto e, de outro,
imposto de consumo pagam, no Estado
transformou a maioria de suas taxas, que eram fixas, em taxas ad-valorem, o que permitiu que o rendimento proveniente
de São Paulo e no Distrito Federal, 70%
porcentagem dos impostos estaduais pas
do total desse imposto;
sou de 33% a 36,6%.
desse imposto pudesse acompanhar a alta continua dos preços. Enfim, esse decreto-lei estendeu êsse imposto a um número muito maior de produtos. O imposto incide em 29 classes de pro dutos, dos quais os mais importantes, em 1946, eram os seguintes:
fumo, 23^; tecidos, 18,2%; bebidas,
17%; aparelhos e máquinas, 7,5%; produ tos alimentícios industrializados, 6,3%; calçados, 4%.
Um estudo detalhado dos produtos
atingidos por êste imposto mostraria que
se, do ponto de vLsta da eqüidade fiscal, sérias criticas lhe pudessem ser dirigi das — às quais responderemos mais adiante — do ponto de vista de sua produtividade dá, ao contrario, excelen tes resultados.
3.^) — que os contribuinte.s reais do
Em 1946, forneceu sòzínho 40,5% da 25% da receita tributária total do País. Uma última ob;:ervação se impõe a ,1... ,
— Já examinamos, na primeira parte
lo país, onde quer que sejam consumidos os produtos do Estado de São Paulo e
nicipais. Considerados .sob o ângulo da
do Distrito Federal.
Têm uma produtividade limitada, quer
mais extraordinário do sistema brasilei ro é aquele que incide sobre a renda
Êste impôsto, que tem realmente pouco mais de vinte anos de existência progre-
diu com uma rapidez surpreendente
Em 1939, produziu 300 milhões de cruzeiros; em 1947, 4 bilhões de cruzei ros. Mesmo levando cm conta a dimi nuição do poder aquisitivo da moeda o acréscimo de produtividade desse im pôsto continua impressionante.
Atualmente é, pela importância de sua arrecadação, o segundo impôsto fe deral e o terceiro dos impostos brasi
— À frente dos impostos de que dis põem os Estados, vem o impôsto de vendas e consignações. Em 1940, repre sentava 42% da arrecadação de todos os
* sis *
vel entre 1940 e 1946 (58% e 57.5%), a
dêste estudo, o caso dos impostos mu
— Quanto à produtividade, o impôsto
Em 1947 e 1948 verifica-se um fraco
aumento: 6,5% e 7,6%.
do País permaneceu relativamente está
impòsto SC encontram disseminados pe
leiros.
receita dos impostos federais e perto de
.u-
2.") — que os contribuinte.s legais do
federais sobre a totalidade dos impostos
Notemos, mais uma vez, que essas
receitas tributárias municipais diminuem
produtividade, não são bons impostos. em função da matéria sôbre que se
aplicam, quer em razão de sua organi zação técnica, que os torna pouco aptos a se adaptarem às variações dos preços.
Levando-se
em
consideração
essas
observações de ordem geral sôbre a
produtividade do sistema brasileiro de impostos, pode-se pedir mais à tributa ção se, como é provável, as despesas continuarem a aumentar?
A resposta é difícil, dada a ignorân cia em que estamos sôbre a parte re tirada pelo impôsto à renda nacional e à renda individual. Só pode ser forne cida em função de princípios gerais que
Lembremos que o mais produtivo os limites do impôsto e em dentre ele.s é o impôsto de indústrias e determinam \'irtudo da observação da realidade eco profissões: forneceu, sozinho, em 1946, nômica brasileira.
51,5% da receita tributária municipal.
Sua produtividade é, no entanto, lenta:
Considerando o que se passou no de
seu rendimento dobrou, exatamente, em
correr das duas últimas guerras, pa
valor nomirial, de 1940 a 1946.Ainda menos favoráveis, do ponto de
vista da produtividade, são os outros
rece ser possível o acréscimo indefinido das despesas públicas. Para o imposto, o caso é outro. Seu aumento não pode
impostos municipais: o impôsto de li
ultrapassar certos Jliinites intiansponf
cença. pesado e cristalizado por suas taxas fixas, não pôde acompanhar a alta de preços e só assinalou um insigni
veis.
ficante acréscimo nominal de receita: 143 milhões a 200 milhões... A mesma observação é válida pára
de de resistência da pivdução à tributa ção; em seguida, e conseqüentemente,
os impostos predial, territorial urbano.
Êsses limites são constituídos, em pri
meiro lugar, e sobretudo, pela capacida
pela resistência das rendas privadas e pela resistência da renda nacional.
..F -i'!*
Dicesto Econômico
18
19
Dic.esto Econômico
Na atividade econômica interna, maior
propósito da localização da arrecadação
impostos dos Estados; cm 1946, 57,7%. De uma a outra dessas datas, passou de
jogos e diversões, que não chegaram se
70% foram obtidos no E.stado de São
726 milhões a mais de 3 bilhões de cru
posto, o que permite desenvolver a sua
Paulo (44,9%) c no Distrito
zeiros.
produtividade (1 bilhão de cruzeiros em
(25,4%).
nominal, durante êsse período. Essa fraca produtividade, apesar dos esforços feitos pela Constituição de 1946
que nunca durante estes últimos anos,
atinge ôle, cada vez mais, graças à sua
maleabilidade, a matéria sujeita a im
desse imposto: Dessa arrecadação, mai.s ou
menos Federal
Seguem-se-lhe o impôsto de transmis
quer a dobrar seu rendimento em valor
Evidentemente, isso não significa que
são inter^ivos (8,2% da arrecadação
cm favor dos municípios, não permite
total dos E.stados em 1940; 13,8% em
esperar no futuro aumentos substanciais
Sua faculdade de adaptação toma-o um imposto precioso, sobretudo nas épo cas em que se faz necessário um grande
tenham sido os contribuintes paulistas e cariocas os únicos a fornecer os 70%-
do receita.
esforço fiscal. O aumento da produtivi dade do imposto de consumo foi parti cularmente forte a partir de 1945; é devido. Igualmente, em grande parte, a modificações de sua regulamentação
prime, com exatidão, a seguinte reali
1946); o de indústrias e profissões (9,6% em 1940; 5,4% em 1946); o territorial (5,5% 6 4,1%); o de exportação (7,8%
dade:
3,2%); o de transmissão causa-moHis
(2,6% e 3%); o do sêlo (4,3% e 1,7%)
no total das receitas tributárias do País: 12% em 1947; 9% em 1940; 5,8% em
etc.
1946.
1939; 4 bilhões e meio em 1947).
da arrecadação desse impó.sto. Isso ex 1.°) — que a concentração industrial e comercial do País se encontra, de fato
no Estado de São Pau^o e no Distrito
Enquanto a porcentagem dos impostos
(Decreto-lei 7.404 de 22 de março de 1945). Êste decreto-lei, de um lado,
Federai;
elevou as taxas do imposto e, de outro,
imposto de consumo pagam, no Estado
transformou a maioria de suas taxas, que eram fixas, em taxas ad-valorem, o que permitiu que o rendimento proveniente
de São Paulo e no Distrito Federal, 70%
porcentagem dos impostos estaduais pas
do total desse imposto;
sou de 33% a 36,6%.
desse imposto pudesse acompanhar a alta continua dos preços. Enfim, esse decreto-lei estendeu êsse imposto a um número muito maior de produtos. O imposto incide em 29 classes de pro dutos, dos quais os mais importantes, em 1946, eram os seguintes:
fumo, 23^; tecidos, 18,2%; bebidas,
17%; aparelhos e máquinas, 7,5%; produ tos alimentícios industrializados, 6,3%; calçados, 4%.
Um estudo detalhado dos produtos
atingidos por êste imposto mostraria que
se, do ponto de vLsta da eqüidade fiscal, sérias criticas lhe pudessem ser dirigi das — às quais responderemos mais adiante — do ponto de vista de sua produtividade dá, ao contrario, excelen tes resultados.
3.^) — que os contribuinte.s reais do
Em 1946, forneceu sòzínho 40,5% da 25% da receita tributária total do País. Uma última ob;:ervação se impõe a ,1... ,
— Já examinamos, na primeira parte
lo país, onde quer que sejam consumidos os produtos do Estado de São Paulo e
nicipais. Considerados .sob o ângulo da
do Distrito Federal.
Têm uma produtividade limitada, quer
mais extraordinário do sistema brasilei ro é aquele que incide sobre a renda
Êste impôsto, que tem realmente pouco mais de vinte anos de existência progre-
diu com uma rapidez surpreendente
Em 1939, produziu 300 milhões de cruzeiros; em 1947, 4 bilhões de cruzei ros. Mesmo levando cm conta a dimi nuição do poder aquisitivo da moeda o acréscimo de produtividade desse im pôsto continua impressionante.
Atualmente é, pela importância de sua arrecadação, o segundo impôsto fe deral e o terceiro dos impostos brasi
— À frente dos impostos de que dis põem os Estados, vem o impôsto de vendas e consignações. Em 1940, repre sentava 42% da arrecadação de todos os
* sis *
vel entre 1940 e 1946 (58% e 57.5%), a
dêste estudo, o caso dos impostos mu
— Quanto à produtividade, o impôsto
Em 1947 e 1948 verifica-se um fraco
aumento: 6,5% e 7,6%.
do País permaneceu relativamente está
impòsto SC encontram disseminados pe
leiros.
receita dos impostos federais e perto de
.u-
2.") — que os contribuinte.s legais do
federais sobre a totalidade dos impostos
Notemos, mais uma vez, que essas
receitas tributárias municipais diminuem
produtividade, não são bons impostos. em função da matéria sôbre que se
aplicam, quer em razão de sua organi zação técnica, que os torna pouco aptos a se adaptarem às variações dos preços.
Levando-se
em
consideração
essas
observações de ordem geral sôbre a
produtividade do sistema brasileiro de impostos, pode-se pedir mais à tributa ção se, como é provável, as despesas continuarem a aumentar?
A resposta é difícil, dada a ignorân cia em que estamos sôbre a parte re tirada pelo impôsto à renda nacional e à renda individual. Só pode ser forne cida em função de princípios gerais que
Lembremos que o mais produtivo os limites do impôsto e em dentre ele.s é o impôsto de indústrias e determinam \'irtudo da observação da realidade eco profissões: forneceu, sozinho, em 1946, nômica brasileira.
51,5% da receita tributária municipal.
Sua produtividade é, no entanto, lenta:
Considerando o que se passou no de
seu rendimento dobrou, exatamente, em
correr das duas últimas guerras, pa
valor nomirial, de 1940 a 1946.Ainda menos favoráveis, do ponto de
vista da produtividade, são os outros
rece ser possível o acréscimo indefinido das despesas públicas. Para o imposto, o caso é outro. Seu aumento não pode
impostos municipais: o impôsto de li
ultrapassar certos Jliinites intiansponf
cença. pesado e cristalizado por suas taxas fixas, não pôde acompanhar a alta de preços e só assinalou um insigni
veis.
ficante acréscimo nominal de receita: 143 milhões a 200 milhões... A mesma observação é válida pára
de de resistência da pivdução à tributa ção; em seguida, e conseqüentemente,
os impostos predial, territorial urbano.
Êsses limites são constituídos, em pri
meiro lugar, e sobretudo, pela capacida
pela resistência das rendas privadas e pela resistência da renda nacional.
"i 20
Dicf-sto
Econômico
21
Dicesto Econômico
— O imposto que incide sôbre a pro dução — indústria, agricultura, comér cio, banco, transporte e todos os serviços econômicos — repercute no preço de custo. Segundo a importância da ta.\a
do imposto, segundo a natureza da pro dução, segundo a empresa seja mais ou menos marginal, segundo as disponibili dades do consumo, o aumento do preço de custo vai ter nova repercussão, maior Ou menor, sôbre o preço de venda.
Quando esse imposto se torna muito pesado, quando as conseqüências de sua incidência são mal calculadas pela admi nistração fiscal, tem, como resultado
imediato ou remoto, desencorajar a pro cura e diminuir a produção.
divíduo ô impossí\'el
dispensar
sem
abandonar a satisfação de suas necessi
dades primordiais. Essa
resistência
varia
conforme
as
classes e as regiõc.s, mas será tanto mais vigorosa quanto mais tender o ex
Ao mesmo tempo que a tributação
exagerada desvia a iniciativa individual
cesso fiscal a aproximar o mínimo psi cológico do mínimo fisiológico. O fi.sco só pode vencer essa resistên cia pór meio de medidas de conlrôle ca da vez mais rigorosas e vexatórias; a li
um excesso incontestável cujas conse qüências serão desastrosas para a eco
berdade indi\idual ó, assim, sacrificada por uma tributação exagerada. O resul tado provável é uma reação social vio lenta, perigosa para a estabilidade eco nômica e política.
E o problema é tanto mais sério quan to a tendência atual para o Brasi', como para tôdas as nações, é dc aumentar continuamente as despesas publicas, e,
por conseguinte, a produtividade da tri butação.
Qualquer que seja o peso exato dos impostos no Brasil atualmente, é certo, em razão do esforço econômico que se
organização séria deve ser empreendida, para tomar mais eficaz e menos onero so o aparelho arrecadador e fiscalizador. Enfim, para certos impostos, cuja base é muito estreita, seu alargamento racio
nal pennite um acréscimo substancia! do rendimento. É o caso particular do im
pôsto de renda, que examinaremos mais especialmente, considerando o princípio da justiça no sistema tributário brasi leiro.
Entre as duas guerras, essa porcen tagem muitas vêzes se elevou de 20%
a 25%. Atualmente atinge a 30% para os Estados Unidos; 37% para a Ingla
existentes a resistir a ela, criando e de
.sem empobrecer o país.
Para o Brasil, é difícil precisar êsse dado, que é, no entanto, de primeira
— Essa fraude vai estender-se à dis
nomia nacional.
Para isso, uma melhor distribuição
dos impostos deve ser estudada; uma
nacional.
senvolvendo a fraude fiscal... e o espí
simulação de parte dos rendimentos pri vados, e aí está uma das resistências não desprezíveis dessa categoria de rendi mentos ao impôsto muito pesado.
se aproxima da realidade, haverá então
Estados Unidos, não absorviam, pelos
terra e França. São arrecadações má ximas perigo.sas de serem ultrapassadas
dades extraordinárias.
Se este último cálculo
impostos, mais de 8% a 15% da renda
de novas produções, incita as empresas rito latino, nesse domínio, tem possibili
Se não é possível reduzi-lo, em \ irtu-
pelo menos se dc\'e tornar o impôsto
Antes da guerra de 1914, os grandes" países como a França, a- Inglaterra os
único meio poderoso de fornecer o es forço para a evolução que se impõe.
de dc aumento dos encargos públicos, mais produti\'0.
mais perigoso nas economias em pro muito pesado atrapaUra a produção exis tente, como, sobretudo, desencoraja o es pírito empreeruledor, que é o motor principal do progresso econômico e o
mais pesado.
20 milhões, estimando os encargos do impôsto em 40% da renda nacional (Dr.
Horacio Lafcr — parecer do Re'atório da
funda e rápida evolução, como a do Brasil. Então, não somente o impôsto
mente desenvolvida; mas toma-se muito
desenvolve, pouco oportuno torná-lo
bilhões do cruzeiros c a tributação em
Receita, 1947).
— A resistência da renda nacional constitui um terceiro limite ao impôsto Em período norma^ a parte absor vida pelo impôsto sôbre a renda nacio nal ó relativamente pouco importante
Êsse mecanismo já é grave nos países de ec-onomia comple.xa está\el e inteira
outros calculam a renda nacional cm 50
importância para a administração do País. Representa para a arrecadação o
que o sinal vermelho representa para um trem: não se o transpõe sem correr o risco de acidentei
As avaliações nacionais variam. Alguns
A situação do Banco da França revela importante diminuição da circulação
iiduciária: - desceu de 15 hiliões. A carteira comercial aumentw de 1 bUjoes, os adiantamentos a 30 dias caíram de 6 biliões e o "open-rnarket de 2 büwes. As contas correntes postais do Banco subiram 5 biliões e as contas conentes
da clieiUela quase 10 hiliões. O Tesouro reembolsou 3.800 milhões na contra dos adiantamentos provisórios, embora não se beneficiasse ainda das primeiros entradas
O empréstimo, cujo êxito é notável, não afetou o mercado monetário, apesar do
Essa resistência sera tanto mais forte
pensam que a "despesa pública" (e não
e astuciosa quanto mais tenha o fisco atingido o mínimo \'ital, quer dizer,
sòmente o impôsto) absorvia, em 1946,
montante tanie das uus subscrições. íí-uwo.
30,8% da renda nacional (Dr. José L. de Almeida Nogueira Porto, artigo citado);
contas em bancos. Até os Bônus do Tesouro (que estão sendo renocados) ^ozam
aquela parte do rendimento que ao in
^
Os depósitos nas Caixas Econômicos não sofreram vanaçao icnsivel, nem as de uma apreciável estabilidade.
"i 20
Dicf-sto
Econômico
21
Dicesto Econômico
— O imposto que incide sôbre a pro dução — indústria, agricultura, comér cio, banco, transporte e todos os serviços econômicos — repercute no preço de custo. Segundo a importância da ta.\a
do imposto, segundo a natureza da pro dução, segundo a empresa seja mais ou menos marginal, segundo as disponibili dades do consumo, o aumento do preço de custo vai ter nova repercussão, maior Ou menor, sôbre o preço de venda.
Quando esse imposto se torna muito pesado, quando as conseqüências de sua incidência são mal calculadas pela admi nistração fiscal, tem, como resultado
imediato ou remoto, desencorajar a pro cura e diminuir a produção.
divíduo ô impossí\'el
dispensar
sem
abandonar a satisfação de suas necessi
dades primordiais. Essa
resistência
varia
conforme
as
classes e as regiõc.s, mas será tanto mais vigorosa quanto mais tender o ex
Ao mesmo tempo que a tributação
exagerada desvia a iniciativa individual
cesso fiscal a aproximar o mínimo psi cológico do mínimo fisiológico. O fi.sco só pode vencer essa resistên cia pór meio de medidas de conlrôle ca da vez mais rigorosas e vexatórias; a li
um excesso incontestável cujas conse qüências serão desastrosas para a eco
berdade indi\idual ó, assim, sacrificada por uma tributação exagerada. O resul tado provável é uma reação social vio lenta, perigosa para a estabilidade eco nômica e política.
E o problema é tanto mais sério quan to a tendência atual para o Brasi', como para tôdas as nações, é dc aumentar continuamente as despesas publicas, e,
por conseguinte, a produtividade da tri butação.
Qualquer que seja o peso exato dos impostos no Brasil atualmente, é certo, em razão do esforço econômico que se
organização séria deve ser empreendida, para tomar mais eficaz e menos onero so o aparelho arrecadador e fiscalizador. Enfim, para certos impostos, cuja base é muito estreita, seu alargamento racio
nal pennite um acréscimo substancia! do rendimento. É o caso particular do im
pôsto de renda, que examinaremos mais especialmente, considerando o princípio da justiça no sistema tributário brasi leiro.
Entre as duas guerras, essa porcen tagem muitas vêzes se elevou de 20%
a 25%. Atualmente atinge a 30% para os Estados Unidos; 37% para a Ingla
existentes a resistir a ela, criando e de
.sem empobrecer o país.
Para o Brasil, é difícil precisar êsse dado, que é, no entanto, de primeira
— Essa fraude vai estender-se à dis
nomia nacional.
Para isso, uma melhor distribuição
dos impostos deve ser estudada; uma
nacional.
senvolvendo a fraude fiscal... e o espí
simulação de parte dos rendimentos pri vados, e aí está uma das resistências não desprezíveis dessa categoria de rendi mentos ao impôsto muito pesado.
se aproxima da realidade, haverá então
Estados Unidos, não absorviam, pelos
terra e França. São arrecadações má ximas perigo.sas de serem ultrapassadas
dades extraordinárias.
Se este último cálculo
impostos, mais de 8% a 15% da renda
de novas produções, incita as empresas rito latino, nesse domínio, tem possibili
Se não é possível reduzi-lo, em \ irtu-
pelo menos se dc\'e tornar o impôsto
Antes da guerra de 1914, os grandes" países como a França, a- Inglaterra os
único meio poderoso de fornecer o es forço para a evolução que se impõe.
de dc aumento dos encargos públicos, mais produti\'0.
mais perigoso nas economias em pro muito pesado atrapaUra a produção exis tente, como, sobretudo, desencoraja o es pírito empreeruledor, que é o motor principal do progresso econômico e o
mais pesado.
20 milhões, estimando os encargos do impôsto em 40% da renda nacional (Dr.
Horacio Lafcr — parecer do Re'atório da
funda e rápida evolução, como a do Brasil. Então, não somente o impôsto
mente desenvolvida; mas toma-se muito
desenvolve, pouco oportuno torná-lo
bilhões do cruzeiros c a tributação em
Receita, 1947).
— A resistência da renda nacional constitui um terceiro limite ao impôsto Em período norma^ a parte absor vida pelo impôsto sôbre a renda nacio nal ó relativamente pouco importante
Êsse mecanismo já é grave nos países de ec-onomia comple.xa está\el e inteira
outros calculam a renda nacional cm 50
importância para a administração do País. Representa para a arrecadação o
que o sinal vermelho representa para um trem: não se o transpõe sem correr o risco de acidentei
As avaliações nacionais variam. Alguns
A situação do Banco da França revela importante diminuição da circulação
iiduciária: - desceu de 15 hiliões. A carteira comercial aumentw de 1 bUjoes, os adiantamentos a 30 dias caíram de 6 biliões e o "open-rnarket de 2 büwes. As contas correntes postais do Banco subiram 5 biliões e as contas conentes
da clieiUela quase 10 hiliões. O Tesouro reembolsou 3.800 milhões na contra dos adiantamentos provisórios, embora não se beneficiasse ainda das primeiros entradas
O empréstimo, cujo êxito é notável, não afetou o mercado monetário, apesar do
Essa resistência sera tanto mais forte
pensam que a "despesa pública" (e não
e astuciosa quanto mais tenha o fisco atingido o mínimo \'ital, quer dizer,
sòmente o impôsto) absorvia, em 1946,
montante tanie das uus subscrições. íí-uwo.
30,8% da renda nacional (Dr. José L. de Almeida Nogueira Porto, artigo citado);
contas em bancos. Até os Bônus do Tesouro (que estão sendo renocados) ^ozam
aquela parte do rendimento que ao in
^
Os depósitos nas Caixas Econômicos não sofreram vanaçao icnsivel, nem as de uma apreciável estabilidade.
23 f
Digesto Econômico
Minerais para a agricultura S. Fbóes Abreu
A
MODERNA agricultura necessita da mineração para suprir as necessida
Os colonizadores, depois, com mais re^ cursos para lutar contra a floresta, ex
des enormes de certos minerais indispen
pandiram as áreas de cultura, usaram,
sáveis às culturas intensivas.
como os índios, o fogo como instrumento de conquista, dilataram as áreas cultiva das mas não cuidaram do solo com o
O solo das principais zonas agrícolas não dispõe mais dos fertilizantes natu rais concentrados pela natureza no de-
desvê'o merecido.
^ correr de sécu'os. Hoje, um solo virm gem de cultura representa riqueza con-
dias, daí o panorama atua! de largos
W centrada e vale como um aluvião aurí-
trechos inteiramente abandonados, pró
fero descoberto no tempo da Colônia. A agricultura, como fá salientou Klages, não deixa de ser uma forma especial da mineração, pois extrai do solo quantida des enormes de vários compostos mine
naquele pais. Emboi-a sejam conhecidas
depois de dissolvido nágua, é tratado
ocorrências de nitratos cm zonas semi-
com lixíria de cinzas vegetais, e o pro
áridas da índia, da China e do Egito,
duto, depois de concentrado, é dci.xado
já e.xplüradas desde a mais remota an
cristalizar, fornecendo belos cristais de
tigüidade, hoje o mercado mundial é suprido pelo Chile, que não chega a satisfazer às exigências de azôto das
nitrato de sódio.
e se limita à produção para os fogueteiros regionais.
dutos azotudos (uréia, cianamida cáicica, sulfato de amônio) para satisfa
Fernando Costa, sempre profundamente
dial. O Chile mantém o monopólio da
produção dc .salitre natural, mas cada vez mais se acentua a concorrência dos
ximo às zonas mais povoadas.
produtos artificiais fabricados na Europa
A mineração, que outrora fora grande
a produtividade do solo.
abandonam a terra em busca de outras mais rendosas, e assim se vão formando
Os minerais mais relacionados com a produção agrícola são os nitratos, os fos
anualmente na fertilização do solo
zonas de pobreza e abandono em torno
fates e os sais de potássio.
das grandes aglomerações humanas.
^ Outros são empregados em circuns tâncias especiais, como a calcila a
Êsse fenômeno se verifica em todos os
no desenvolvimento normal das plan
encontram os habitantes.
tas e na resistência contra as moléstias
Nos países
Dentre êsses salientam-se o nianganês'
mento do solo tem sido grande e -medi
o cobre, o zinco, o tungstênio etc.
das adequadas têm mantido florescentes
Nitratos — Os nitratos levam ao solo o
certas zonas cultivadas há muitos séculos.
azôto, que nem sempre é encontrado
Entre nós, os indígenas que habíta-
nas quantidades necessárias ao perfeito
com suas intensivas culturas de
Mandioca e foram mudando as suas ro-
Ças à medida que a terra se esgotava.
da metade se destina à agricultu ra c a outra metade' às industrias vas etc.).
O que se consome
representa uma proporção mínima das necessidades para se ter produção
comparável à das zonas agrícolas mais evoluídas, pois só para a área cultivada no Estado de São Paulo calcula-se em
ii.sados somente em pequenas doses re presentam um papel de muito destaque
fsis civilizados, a reação contra o esgota
vam o litoral aproveitavam os solos fér-
O Brasil importa anualmente cerca de 40.000 tons. de nitratos, dos quais côrca
do'omita^ e a gipsita, e ainda outros
pontos habitadas pelo homem. Nalguns países, como na China, na índia, na Grécia ou nas Antilhas, é o responsável pelas situações deploráveis em que se
40.000 tons. a quantidade de salitre o sulfato de amônio necessária para uma
adubação compatível com as necessida des das terras e das culturas.
A produção brasileira de salitre e in
significante e representa o esforço de algumas dezenas de pessoas, empregan do os métodos mais rudimentares, nos
sertões de Goiás, Minas, Bahia, Piauí e
desenvolvimento dos vegetais.'O mine
Pernambuco.
ral que contribui com o azôto é o nitrato de sódio ou salítre do Chile, extraído em grande escala nos desertos andinos
contradas nesses Estados são eflorescências nas rochas da'zona semi-arida ou
As terras salitrosas en
no solo das grutas calcáreas; o material.
I
mento da Produção Mineral procedeu a exaustivo estudo das zonas salitreiras do
Piauí, chegando a resultados inteiramen
de ocorrência.
mínimo remunerador. Então, os homens
gotamento de certos componentes mi
produção brasileira, a Divisão de Fo
te desanimadores, em xnrtude da esparsa
(fabricação de ácido mtiico, pól vora e fogos de artifício, conser
produtividade da terra decrésce pelo es
interessado nos problemas essenciais da
gia abundante, usando a mais barata das niatérias-primas; o ar atmosférico.
nerais e as colheitas caem abaixo do
Depois de vários anos de cultivo, a
Em 1940, por sugestão do Ministro
e nos Estados Unidos, em zonas de ener
concorrente da agricultura na disputa pelos braços para o trabalho, passou, nos tempos modernos, a prestar-lhe concur so valioso. A contribuição da mineração para o desenvoKamenlo da agricultura é obra de grande monta; nos países adian tados há uma estreita correlação entre a produção de minerais fertilizantes e
rais.
ca teve grande significação econômica
áreas cultivadas. Ê ainda necessário fabricar nitratos sintéticos e outros pro
zer às necessidades da agricultura mun
Essa prática se manteve até os nossos
Essa indústria, ten
tada várias vêzcs em maior escala, nun
disseminação do mineral e do seu- modo
^
É interessante notar que o salitre foi h| um mineral que mereceu a atenção do govêmo colonial na época em
que ainda não era usado como fertilizante, tendo importância so mente na arte pirotécnica e na conservação dos corpos.
Nos primeiros anos do século XDC, Bernardo Manoel de Vas
concelos, governador geral da Capita nia do Ceará, nomeou o naturalista por
tuguês João da Silva Feijó para o fim especial do "descobrimento de salitre e mais assunto.s da História Natural nas
terras da Capitania". Como conseqüên cia, foram estudados vários depósitos de salitre no centro do Ceará e estabelecida a sua exploração por conta do Governo. Êsse e.\einplo de industria estatal nos
primeiros anos do século XIX não foi brilhante; no primeiro ano de trabalho o custo do quilo de salitre ficou em 625 réis 8 no segundo ano subiu a 1.154 réis, enquanto o salitre importado do Oriente ficava, naquela época, a 205 réis, e o que era produzido na região
23 f
Digesto Econômico
Minerais para a agricultura S. Fbóes Abreu
A
MODERNA agricultura necessita da mineração para suprir as necessida
Os colonizadores, depois, com mais re^ cursos para lutar contra a floresta, ex
des enormes de certos minerais indispen
pandiram as áreas de cultura, usaram,
sáveis às culturas intensivas.
como os índios, o fogo como instrumento de conquista, dilataram as áreas cultiva das mas não cuidaram do solo com o
O solo das principais zonas agrícolas não dispõe mais dos fertilizantes natu rais concentrados pela natureza no de-
desvê'o merecido.
^ correr de sécu'os. Hoje, um solo virm gem de cultura representa riqueza con-
dias, daí o panorama atua! de largos
W centrada e vale como um aluvião aurí-
trechos inteiramente abandonados, pró
fero descoberto no tempo da Colônia. A agricultura, como fá salientou Klages, não deixa de ser uma forma especial da mineração, pois extrai do solo quantida des enormes de vários compostos mine
naquele pais. Emboi-a sejam conhecidas
depois de dissolvido nágua, é tratado
ocorrências de nitratos cm zonas semi-
com lixíria de cinzas vegetais, e o pro
áridas da índia, da China e do Egito,
duto, depois de concentrado, é dci.xado
já e.xplüradas desde a mais remota an
cristalizar, fornecendo belos cristais de
tigüidade, hoje o mercado mundial é suprido pelo Chile, que não chega a satisfazer às exigências de azôto das
nitrato de sódio.
e se limita à produção para os fogueteiros regionais.
dutos azotudos (uréia, cianamida cáicica, sulfato de amônio) para satisfa
Fernando Costa, sempre profundamente
dial. O Chile mantém o monopólio da
produção dc .salitre natural, mas cada vez mais se acentua a concorrência dos
ximo às zonas mais povoadas.
produtos artificiais fabricados na Europa
A mineração, que outrora fora grande
a produtividade do solo.
abandonam a terra em busca de outras mais rendosas, e assim se vão formando
Os minerais mais relacionados com a produção agrícola são os nitratos, os fos
anualmente na fertilização do solo
zonas de pobreza e abandono em torno
fates e os sais de potássio.
das grandes aglomerações humanas.
^ Outros são empregados em circuns tâncias especiais, como a calcila a
Êsse fenômeno se verifica em todos os
no desenvolvimento normal das plan
encontram os habitantes.
tas e na resistência contra as moléstias
Nos países
Dentre êsses salientam-se o nianganês'
mento do solo tem sido grande e -medi
o cobre, o zinco, o tungstênio etc.
das adequadas têm mantido florescentes
Nitratos — Os nitratos levam ao solo o
certas zonas cultivadas há muitos séculos.
azôto, que nem sempre é encontrado
Entre nós, os indígenas que habíta-
nas quantidades necessárias ao perfeito
com suas intensivas culturas de
Mandioca e foram mudando as suas ro-
Ças à medida que a terra se esgotava.
da metade se destina à agricultu ra c a outra metade' às industrias vas etc.).
O que se consome
representa uma proporção mínima das necessidades para se ter produção
comparável à das zonas agrícolas mais evoluídas, pois só para a área cultivada no Estado de São Paulo calcula-se em
ii.sados somente em pequenas doses re presentam um papel de muito destaque
fsis civilizados, a reação contra o esgota
vam o litoral aproveitavam os solos fér-
O Brasil importa anualmente cerca de 40.000 tons. de nitratos, dos quais côrca
do'omita^ e a gipsita, e ainda outros
pontos habitadas pelo homem. Nalguns países, como na China, na índia, na Grécia ou nas Antilhas, é o responsável pelas situações deploráveis em que se
40.000 tons. a quantidade de salitre o sulfato de amônio necessária para uma
adubação compatível com as necessida des das terras e das culturas.
A produção brasileira de salitre e in
significante e representa o esforço de algumas dezenas de pessoas, empregan do os métodos mais rudimentares, nos
sertões de Goiás, Minas, Bahia, Piauí e
desenvolvimento dos vegetais.'O mine
Pernambuco.
ral que contribui com o azôto é o nitrato de sódio ou salítre do Chile, extraído em grande escala nos desertos andinos
contradas nesses Estados são eflorescências nas rochas da'zona semi-arida ou
As terras salitrosas en
no solo das grutas calcáreas; o material.
I
mento da Produção Mineral procedeu a exaustivo estudo das zonas salitreiras do
Piauí, chegando a resultados inteiramen
de ocorrência.
mínimo remunerador. Então, os homens
gotamento de certos componentes mi
produção brasileira, a Divisão de Fo
te desanimadores, em xnrtude da esparsa
(fabricação de ácido mtiico, pól vora e fogos de artifício, conser
produtividade da terra decrésce pelo es
interessado nos problemas essenciais da
gia abundante, usando a mais barata das niatérias-primas; o ar atmosférico.
nerais e as colheitas caem abaixo do
Depois de vários anos de cultivo, a
Em 1940, por sugestão do Ministro
e nos Estados Unidos, em zonas de ener
concorrente da agricultura na disputa pelos braços para o trabalho, passou, nos tempos modernos, a prestar-lhe concur so valioso. A contribuição da mineração para o desenvoKamenlo da agricultura é obra de grande monta; nos países adian tados há uma estreita correlação entre a produção de minerais fertilizantes e
rais.
ca teve grande significação econômica
áreas cultivadas. Ê ainda necessário fabricar nitratos sintéticos e outros pro
zer às necessidades da agricultura mun
Essa prática se manteve até os nossos
Essa indústria, ten
tada várias vêzcs em maior escala, nun
disseminação do mineral e do seu- modo
^
É interessante notar que o salitre foi h| um mineral que mereceu a atenção do govêmo colonial na época em
que ainda não era usado como fertilizante, tendo importância so mente na arte pirotécnica e na conservação dos corpos.
Nos primeiros anos do século XDC, Bernardo Manoel de Vas
concelos, governador geral da Capita nia do Ceará, nomeou o naturalista por
tuguês João da Silva Feijó para o fim especial do "descobrimento de salitre e mais assunto.s da História Natural nas
terras da Capitania". Como conseqüên cia, foram estudados vários depósitos de salitre no centro do Ceará e estabelecida a sua exploração por conta do Governo. Êsse e.\einplo de industria estatal nos
primeiros anos do século XIX não foi brilhante; no primeiro ano de trabalho o custo do quilo de salitre ficou em 625 réis 8 no segundo ano subiu a 1.154 réis, enquanto o salitre importado do Oriente ficava, naquela época, a 205 réis, e o que era produzido na região
Dicilsto Econômico
24
calcárea de Minas Gerais era forneci
nossas jazidas e tem estimulado negocia
do à fábrica de pólvora do Rio de Ja
ções em tòriio da importação de rochas
neiro a 327 réis o quilo. (*)
fosfatadas da África do Norte (Algéria,
Em vista do insucesso, foram abando
Digesto
Na zona da Ribeira de Iguape es
nados os depósitos de nitratos no Centro do Ceará e explorados os da parte oci
tão-se desenvolvendo os Iraballios de
dental, na serra da Ibiapaba, próximo a Viçosa, e no sertão, a nove léguas ao sul
e.xp'oração no Morro do Serrote (jazidas Wende! c Latif) e cm Jacupiranga (Ser rana S. A.)5 cm Ipanema prosseguem os
ou sem ela. Sem Araxá, as perspectivas,
cial, mas não podem ser consideradas
encarando as necessidades do País, são
suficientemente grandes para a Nação.
algo sombrias, porque não poderão sa
Marrocos, Tuní.sia).
Minas, em São Paulo, Paraíba, Bahia e
fosfatados, considerando-se tão somente
Santa Catarina devem ser estimulados
os próximos 50 anos. Os depósito.s em exploração no sul de São Paulo, pelo que se conhece atualmente, não tem
trabaMios num ritmo compatível com as
em fevereiro de 1805 a Junta da Fazen
dificuldades locais e as jazidas de Araxá
volume suficiente para assegurar a to talidade do consumo nacional no pró
da ordenou a paralisação do empreendi
recentemente descobertas, estão sendo
ximo meio século.
mento.
cuidadosamente estudadas para o fim de
nos sertões da Bahia (Morro do Chapéu, Rio de Contas), e Minas Gerais (Rio
Na Paraíba, os depósito.s de apatita
das Velhas, Abaeté) ou de Pernambuco
ploração; os de Ipírá, na Bahia, estão
sendo estudados; e atenções especiais estão merecendo os depósito.s de guano da liha Rala, no arquipélago de Fer nando de Noronha. 0.s grandes depósito.s de fosfatos de alumínio na Serra da Pirocaua o Ilha Tra
Origem dos depósitos, bem dife rente das formações sedimentares
marinhas que ocorrem no Chile. As investigações feitas até o pre sente nas zonas salitreiras do Brasil
desenvolvimento de processos tec
nológicos que facultem o .seu apro veitamento em bases econômicas.
ral. O futuro da nossa produção de ni tratos não está nas jazidas ridiculamente
Os recentes estudos do Instituto de Tecnologia Industrial de Minas Gerais
são da nossa agricultura e à defesa na
lidades econômicas.
Nossas jazidas de fosfatos no Sul (Araxá, Ipanema, Jacupiranga, Serrote, Anitápolis) resultam da ação de erup-
seira, no Maranhão, aguardam "o
não dão a menor esperança de pro duzirmos em larga escala salitre natu pequenas, até agora conhecidas, mas na sua fabricação partindo do ar atmosfé rico, nos pontos em que se possa dispor de energia a um preço compatível com aquela indústria tão necessária à expan
sitos de Araxá e a necessidade de es clarecimento definitivo das suas possibi
de Alagou do Monteiro já estão em ex
(Buíque) não é mais animadora, e esse produto nunca passou dum âmbito estri tamente regional. A razão disso está na
Daí a grande importância dos depó
uma indu-strialização eficiente. ■
que atualmente satisfazem a maior parte das necessidades do consumo mundial.
Tanto os depósitos do Norte da África quanto os da América do Norte (Flori da, Tennessee) têm origem sedimentar
em Araxá levaram à cubagem de quan
e se apresentam em grandes massas,
tidades notáveis de rocha fosfatada pela
ocupando grandes extensões. O apro veitamento das jazidas de fosfatos ja
presença de apatita; porém, o que se verifica pelos estudos dados à publi
conhecidas no Brasil implica na adoção
cidade é que ainda há problemas a
de técnicas mais delicadas e mais one
serem solucionados. Sendo po.ssível pro duzir em Araxá fosfatos com as caracte
internacional. Isso se refere a tôdas as
fósforo retirado em muitos anos de cul
cultura, e a preços satisfatórios, ter-se-á ali uma fonte de riqueza de grande re
sitos de guano da Ilha Rata
tura tem fomentado a exploração das
percussão sôbre toda a agricultura na
e do fosforito que ocorre no
ue Janeiro, tomo XXXIII e Rev. do Insti
As fontes industriais de
potássio são as jazidas salinas (evaporites) de Stassfurt (Alemanha), Alsácia (França), Novo Mé.xico (Estados Uni dos), Catalunha. (Espanha), Polônia, Rússia, Palestina e Cliile.
Nessas jazidas encontram-se os sais
do potássio, de magnésio e sódio, e
Quando a Alemanha anexou a Alsácia, após a guerra de 1870, ficou com o mo nopólio do potássio pela posse das duas
rísticas necessárias ao emprôgo na agri
tuto do Ceará. vol. XXXIX, pág. 172.
e o fósforo.
em apatita e outros minerais. São ja zidas de origem diferente daquelas que formam as grandes reservas de fosfatos
Fosfatos. — A compreensão da neces sidade urgente de retribuir ao solo o
Ceara. Rev, da Soe. de Geografia do Rio
Potássio. — Os sais de potássio estão
no mesmo p'ano de carência que o azôto
tivas alcalinas sôbre as rochas adjacen tes, formando uma zona periférica rica
cional.
Abreu — Um capítulo da Geografia do
porque abordam um problema de im portância fundamental para o País.
mediante uma separação por processos \ físicos, obtém-se um produto puro, a preços razoáveis que permitem o seu
rosas, exigindo maior esforço para levar os produtos aos padrões do mercado
{ )Para maiores detalhes vide: S. Froes
Os trabalhos atualmente em curso em
tisfazer ao consumo crescente de adubos
da cidade de Granja. Como não fos sem mais promissores os resultados ali,
A história das explorações de salitre
25
Econômico
nossas jazidas, com exceção dos depó
emprêgo, em larga escala, na agricultura.
mais importantes jazidas do mundo. A volta da Alsácia à França, depois da guerra de I9I4-I9I8, restituiu a esse
país as fontes de potássio para sua im portante produção agrícola, mas para
fins de proteção comercial foram man tidos acordos fixando preços, quotas etc.
Os Estados Unidos há muito sentiram
que sua enorme produção agrícola estava na dependência das fontes européias de potássio e lançaram audaciosos progra mas de pesquisas para descobrir fontes
cional.
Morro do Serrote (São Paulo),
desse mineral em seu próprio território. Em perfurações pa ra petróleo no oeste do Texas
Para um pronunciamento atual sôbre o problema do fosfato no Brasil deve-se
ambos de reservas relativamen
e Novo México foram encontra
te pequenas, encarando-se o problema nacional. Essas jazi das podem ser consideradas grandes para uma firma comer
estabelecer duas hipóteses: a situação com a contribuição satisfatória de Araxá ÈUàkt
dos sais de potássio, e neste iVtímo Estado, em Carlsbad,
instalou-se a grande indústria de potássio que passou a com-
Dicilsto Econômico
24
calcárea de Minas Gerais era forneci
nossas jazidas e tem estimulado negocia
do à fábrica de pólvora do Rio de Ja
ções em tòriio da importação de rochas
neiro a 327 réis o quilo. (*)
fosfatadas da África do Norte (Algéria,
Em vista do insucesso, foram abando
Digesto
Na zona da Ribeira de Iguape es
nados os depósitos de nitratos no Centro do Ceará e explorados os da parte oci
tão-se desenvolvendo os Iraballios de
dental, na serra da Ibiapaba, próximo a Viçosa, e no sertão, a nove léguas ao sul
e.xp'oração no Morro do Serrote (jazidas Wende! c Latif) e cm Jacupiranga (Ser rana S. A.)5 cm Ipanema prosseguem os
ou sem ela. Sem Araxá, as perspectivas,
cial, mas não podem ser consideradas
encarando as necessidades do País, são
suficientemente grandes para a Nação.
algo sombrias, porque não poderão sa
Marrocos, Tuní.sia).
Minas, em São Paulo, Paraíba, Bahia e
fosfatados, considerando-se tão somente
Santa Catarina devem ser estimulados
os próximos 50 anos. Os depósito.s em exploração no sul de São Paulo, pelo que se conhece atualmente, não tem
trabaMios num ritmo compatível com as
em fevereiro de 1805 a Junta da Fazen
dificuldades locais e as jazidas de Araxá
volume suficiente para assegurar a to talidade do consumo nacional no pró
da ordenou a paralisação do empreendi
recentemente descobertas, estão sendo
ximo meio século.
mento.
cuidadosamente estudadas para o fim de
nos sertões da Bahia (Morro do Chapéu, Rio de Contas), e Minas Gerais (Rio
Na Paraíba, os depósito.s de apatita
das Velhas, Abaeté) ou de Pernambuco
ploração; os de Ipírá, na Bahia, estão
sendo estudados; e atenções especiais estão merecendo os depósito.s de guano da liha Rala, no arquipélago de Fer nando de Noronha. 0.s grandes depósito.s de fosfatos de alumínio na Serra da Pirocaua o Ilha Tra
Origem dos depósitos, bem dife rente das formações sedimentares
marinhas que ocorrem no Chile. As investigações feitas até o pre sente nas zonas salitreiras do Brasil
desenvolvimento de processos tec
nológicos que facultem o .seu apro veitamento em bases econômicas.
ral. O futuro da nossa produção de ni tratos não está nas jazidas ridiculamente
Os recentes estudos do Instituto de Tecnologia Industrial de Minas Gerais
são da nossa agricultura e à defesa na
lidades econômicas.
Nossas jazidas de fosfatos no Sul (Araxá, Ipanema, Jacupiranga, Serrote, Anitápolis) resultam da ação de erup-
seira, no Maranhão, aguardam "o
não dão a menor esperança de pro duzirmos em larga escala salitre natu pequenas, até agora conhecidas, mas na sua fabricação partindo do ar atmosfé rico, nos pontos em que se possa dispor de energia a um preço compatível com aquela indústria tão necessária à expan
sitos de Araxá e a necessidade de es clarecimento definitivo das suas possibi
de Alagou do Monteiro já estão em ex
(Buíque) não é mais animadora, e esse produto nunca passou dum âmbito estri tamente regional. A razão disso está na
Daí a grande importância dos depó
uma indu-strialização eficiente. ■
que atualmente satisfazem a maior parte das necessidades do consumo mundial.
Tanto os depósitos do Norte da África quanto os da América do Norte (Flori da, Tennessee) têm origem sedimentar
em Araxá levaram à cubagem de quan
e se apresentam em grandes massas,
tidades notáveis de rocha fosfatada pela
ocupando grandes extensões. O apro veitamento das jazidas de fosfatos ja
presença de apatita; porém, o que se verifica pelos estudos dados à publi
conhecidas no Brasil implica na adoção
cidade é que ainda há problemas a
de técnicas mais delicadas e mais one
serem solucionados. Sendo po.ssível pro duzir em Araxá fosfatos com as caracte
internacional. Isso se refere a tôdas as
fósforo retirado em muitos anos de cul
cultura, e a preços satisfatórios, ter-se-á ali uma fonte de riqueza de grande re
sitos de guano da Ilha Rata
tura tem fomentado a exploração das
percussão sôbre toda a agricultura na
e do fosforito que ocorre no
ue Janeiro, tomo XXXIII e Rev. do Insti
As fontes industriais de
potássio são as jazidas salinas (evaporites) de Stassfurt (Alemanha), Alsácia (França), Novo Mé.xico (Estados Uni dos), Catalunha. (Espanha), Polônia, Rússia, Palestina e Cliile.
Nessas jazidas encontram-se os sais
do potássio, de magnésio e sódio, e
Quando a Alemanha anexou a Alsácia, após a guerra de 1870, ficou com o mo nopólio do potássio pela posse das duas
rísticas necessárias ao emprôgo na agri
tuto do Ceará. vol. XXXIX, pág. 172.
e o fósforo.
em apatita e outros minerais. São ja zidas de origem diferente daquelas que formam as grandes reservas de fosfatos
Fosfatos. — A compreensão da neces sidade urgente de retribuir ao solo o
Ceara. Rev, da Soe. de Geografia do Rio
Potássio. — Os sais de potássio estão
no mesmo p'ano de carência que o azôto
tivas alcalinas sôbre as rochas adjacen tes, formando uma zona periférica rica
cional.
Abreu — Um capítulo da Geografia do
porque abordam um problema de im portância fundamental para o País.
mediante uma separação por processos \ físicos, obtém-se um produto puro, a preços razoáveis que permitem o seu
rosas, exigindo maior esforço para levar os produtos aos padrões do mercado
{ )Para maiores detalhes vide: S. Froes
Os trabalhos atualmente em curso em
tisfazer ao consumo crescente de adubos
da cidade de Granja. Como não fos sem mais promissores os resultados ali,
A história das explorações de salitre
25
Econômico
nossas jazidas, com exceção dos depó
emprêgo, em larga escala, na agricultura.
mais importantes jazidas do mundo. A volta da Alsácia à França, depois da guerra de I9I4-I9I8, restituiu a esse
país as fontes de potássio para sua im portante produção agrícola, mas para
fins de proteção comercial foram man tidos acordos fixando preços, quotas etc.
Os Estados Unidos há muito sentiram
que sua enorme produção agrícola estava na dependência das fontes européias de potássio e lançaram audaciosos progra mas de pesquisas para descobrir fontes
cional.
Morro do Serrote (São Paulo),
desse mineral em seu próprio território. Em perfurações pa ra petróleo no oeste do Texas
Para um pronunciamento atual sôbre o problema do fosfato no Brasil deve-se
ambos de reservas relativamen
e Novo México foram encontra
te pequenas, encarando-se o problema nacional. Essas jazi das podem ser consideradas grandes para uma firma comer
estabelecer duas hipóteses: a situação com a contribuição satisfatória de Araxá ÈUàkt
dos sais de potássio, e neste iVtímo Estado, em Carlsbad,
instalou-se a grande indústria de potássio que passou a com-
26
Dicesto
Econômico
Estudo sobre padrão d© vida
petir com a produção de Stassfurt e da
to Nacional de Tecnologia e no Instituto
Alsácia.
de Pesquisas e Tecnologia de Sergipe
As necessidades da agricultura, nos Estados Unidos, andam por mais de um
estão sendo feitos e.studos para o apro veitamento dos sais de .sódio, magncsio
<Rosallados prciimiunres de pcsqnisa)
milhão de toneladas, anualmente, de sais
de potássio, havendo já uma produção
e potássio, como cooperação aos traba lhos das companhias Indústrias Brasilei
(Universidade do Brasi',
nacional em tômo de 50% do consumo.
ras Alcalinas e Sal-Gema, Soda Cáustica
Instituto
O panorama mundial do mercado de sais de potássio é deficitário, havendo
e Indústrias Química.s.
mais procura que produção, porque cada vez os povos compreendem a ne cessidade de adubar o solo para aumen tar as colheitas.
No Brasil estamos importando sais de potássio do Chile e dos Estados Uni
dos, 6 ainda utilizamos cinzas de lenha
e de resíduos vegetais ricos em potássio. As importações giram em tômo de 10.000 toneladas e, no entanto, para um emprego necessário a toda a área
cultivada no País, o consumo seria da ordem de 900.000 toneladas, ou noven
ta vêzes mais. Os recursos de potássio no Brasil atualmente consistem nas ja zidas de leucita do planalto de Caldas e nas camadas potássicas no depósito de sa'-gema de Cotinguiba, em Sergipe. A leucita é um feldspatóide, um silicato de alumínio e potássio, encontrado nas rochas emptivas, que poderá fornecer
:í«
Fazendo-se um cotejo entre a área cultivada e o consumo dc adubos mine
gràficamente estudado. Dentro em bre ve, decorrido um ano do começo da apu \ CONVITE do Professor Luiz Dods"worth Martins, diretor do Institu
ração, o Instituto de Economia espera
publicar em ^'olume os resultados das
rais no Brasil, constala-se que a agri
to de Economia, órgão de pesquisas eco
cultura nacional está vivendo num re gime de carência de fertilizantes — o
nômicas e sociais da Fundação Mauú,
dados foram submetidos.
tivemos a honra de dirigir um inqué
principal responsável pelo baixo índice de produção do nosso solo. A maior parte da área cultivada compõe-se de tratos que há muito perderam a uber-
rito sôbre o padrão de vida de um gru-
dade primitiva e só nas zonas pioneiras de Minas, Goiás, São Paulo e Paraná é que se consegue obter uma farta produ
punha-se de 396 famílias, compreenden do um total de 2.010 pessoas, às quais
ção sem o concurso da adubação quí mica.
O problema do azôto pode ser resol vido em parte com a adubação verde com leguminosas fixadoras do azôto atmosférico, e em parte com a instalação de usinas produtoras de ainônía e nitra
po de famílias de comerciários, no Distrito Federal.
O grupo demonstrativo e.stuclado com
"* Divulgamos aqui, como nota prévia, e pe'a primeira vez, parte das análises das despesas das famílias estudadas. Ou tros dados complementares serão encon trados na referida publicação, primeira
de uma série em que o Instituto de Eco nomia pretende divulgar os principais
foram feitas aproximadamente 2.000 vi resultados de sua fecunda atividade no sitas domiciliares pela equipe de tra campo das pesquisas econômicas e so balho, integrada por 21 economistas di- ciológicas. Em que pese a natureza necessaria p'omados pela Universidade do Brasil. mente fragmentária dessas observações O objetivo geral do estudo era fazer, por meio de um questionário para esse que se seguem, esperamos que isso seja fim e.specialmente organizado, o levanta mento da receita de cada família no mês
compensado pelo fato de esses dados re
fletirem resultados coUiidos numa pesqui
de abril de 1948 e o registro minucio
sa de campo, pesquisa que alcançou
está também na dependência do resul
pesas domésticas foi feito mediante o lançamento diário — por parte dos che
não nos cabe aqui discutir — só ulti
tado das pesquisas em andamento.
fes das famílias ou das donas de casa,
mamente começa a superar o estado lar-
em caderneta para êste fim preparada — de todos os gastos efetuados pela fa
vário do mero ensaio erudito em que
forma assimilável o metal alcalino.
resultado dos grandes trabalhos em curso
Os sais de potássio descobertos recen temente em Sergipe são da classe da
e o abastecimento de sais de potássio
camalita e sllvita, que ocorrem nas ja
O suprimento de fosfates depende do
Nunca será demais insistir no proble
Na Escola Politécnica de São Paulo,
ma da melhoria do solo, um dos mais
na Faculdade de Filosofia e no Instituto
importantes recursos naturais duma na ção, 8 muito justamente considerado a
mento da leucita, enquanto no Institu-
Economia)
elaborações fundamentais a que aquéles
tos sintéticos.
Geográfico e Geológico estão sendo es tudados os processos para - o aproveita
de
sif :5f
potássio para fins agrícolas mediante tra tamentos tecnológicos que ponham em
zidas típicas de evaporites,.
L. A. Costa Pinto
base do bem-estar e da riquxza do povo brasileiro.
so das despesas dessas mesmas famílias uma envergadura pouco freqüente em no mês seguinte. Êste registro das des estudos dessa natureza em nosso país, onde a sociologia — por motivos que
foi mantida por muito tempo.
mília, dia por dia, durante todo o perío do da coleta.
O material assim recolhido permitiu-
nos obter, através das analises a que
êle foi submetido, preciosas ipdicações sôbre a estrutura, o orçamento e a vida social cotidiana do grupo assim mono-
II
Levantados e devidamente analisados todos os elementos' da receita e da des
pesa dos orçamentos domésticos que constituíram nossa amostra, e detenoi-
26
Dicesto
Econômico
Estudo sobre padrão d© vida
petir com a produção de Stassfurt e da
to Nacional de Tecnologia e no Instituto
Alsácia.
de Pesquisas e Tecnologia de Sergipe
As necessidades da agricultura, nos Estados Unidos, andam por mais de um
estão sendo feitos e.studos para o apro veitamento dos sais de .sódio, magncsio
<Rosallados prciimiunres de pcsqnisa)
milhão de toneladas, anualmente, de sais
de potássio, havendo já uma produção
e potássio, como cooperação aos traba lhos das companhias Indústrias Brasilei
(Universidade do Brasi',
nacional em tômo de 50% do consumo.
ras Alcalinas e Sal-Gema, Soda Cáustica
Instituto
O panorama mundial do mercado de sais de potássio é deficitário, havendo
e Indústrias Química.s.
mais procura que produção, porque cada vez os povos compreendem a ne cessidade de adubar o solo para aumen tar as colheitas.
No Brasil estamos importando sais de potássio do Chile e dos Estados Uni
dos, 6 ainda utilizamos cinzas de lenha
e de resíduos vegetais ricos em potássio. As importações giram em tômo de 10.000 toneladas e, no entanto, para um emprego necessário a toda a área
cultivada no País, o consumo seria da ordem de 900.000 toneladas, ou noven
ta vêzes mais. Os recursos de potássio no Brasil atualmente consistem nas ja zidas de leucita do planalto de Caldas e nas camadas potássicas no depósito de sa'-gema de Cotinguiba, em Sergipe. A leucita é um feldspatóide, um silicato de alumínio e potássio, encontrado nas rochas emptivas, que poderá fornecer
:í«
Fazendo-se um cotejo entre a área cultivada e o consumo dc adubos mine
gràficamente estudado. Dentro em bre ve, decorrido um ano do começo da apu \ CONVITE do Professor Luiz Dods"worth Martins, diretor do Institu
ração, o Instituto de Economia espera
publicar em ^'olume os resultados das
rais no Brasil, constala-se que a agri
to de Economia, órgão de pesquisas eco
cultura nacional está vivendo num re gime de carência de fertilizantes — o
nômicas e sociais da Fundação Mauú,
dados foram submetidos.
tivemos a honra de dirigir um inqué
principal responsável pelo baixo índice de produção do nosso solo. A maior parte da área cultivada compõe-se de tratos que há muito perderam a uber-
rito sôbre o padrão de vida de um gru-
dade primitiva e só nas zonas pioneiras de Minas, Goiás, São Paulo e Paraná é que se consegue obter uma farta produ
punha-se de 396 famílias, compreenden do um total de 2.010 pessoas, às quais
ção sem o concurso da adubação quí mica.
O problema do azôto pode ser resol vido em parte com a adubação verde com leguminosas fixadoras do azôto atmosférico, e em parte com a instalação de usinas produtoras de ainônía e nitra
po de famílias de comerciários, no Distrito Federal.
O grupo demonstrativo e.stuclado com
"* Divulgamos aqui, como nota prévia, e pe'a primeira vez, parte das análises das despesas das famílias estudadas. Ou tros dados complementares serão encon trados na referida publicação, primeira
de uma série em que o Instituto de Eco nomia pretende divulgar os principais
foram feitas aproximadamente 2.000 vi resultados de sua fecunda atividade no sitas domiciliares pela equipe de tra campo das pesquisas econômicas e so balho, integrada por 21 economistas di- ciológicas. Em que pese a natureza necessaria p'omados pela Universidade do Brasil. mente fragmentária dessas observações O objetivo geral do estudo era fazer, por meio de um questionário para esse que se seguem, esperamos que isso seja fim e.specialmente organizado, o levanta mento da receita de cada família no mês
compensado pelo fato de esses dados re
fletirem resultados coUiidos numa pesqui
de abril de 1948 e o registro minucio
sa de campo, pesquisa que alcançou
está também na dependência do resul
pesas domésticas foi feito mediante o lançamento diário — por parte dos che
não nos cabe aqui discutir — só ulti
tado das pesquisas em andamento.
fes das famílias ou das donas de casa,
mamente começa a superar o estado lar-
em caderneta para êste fim preparada — de todos os gastos efetuados pela fa
vário do mero ensaio erudito em que
forma assimilável o metal alcalino.
resultado dos grandes trabalhos em curso
Os sais de potássio descobertos recen temente em Sergipe são da classe da
e o abastecimento de sais de potássio
camalita e sllvita, que ocorrem nas ja
O suprimento de fosfates depende do
Nunca será demais insistir no proble
Na Escola Politécnica de São Paulo,
ma da melhoria do solo, um dos mais
na Faculdade de Filosofia e no Instituto
importantes recursos naturais duma na ção, 8 muito justamente considerado a
mento da leucita, enquanto no Institu-
Economia)
elaborações fundamentais a que aquéles
tos sintéticos.
Geográfico e Geológico estão sendo es tudados os processos para - o aproveita
de
sif :5f
potássio para fins agrícolas mediante tra tamentos tecnológicos que ponham em
zidas típicas de evaporites,.
L. A. Costa Pinto
base do bem-estar e da riquxza do povo brasileiro.
so das despesas dessas mesmas famílias uma envergadura pouco freqüente em no mês seguinte. Êste registro das des estudos dessa natureza em nosso país, onde a sociologia — por motivos que
foi mantida por muito tempo.
mília, dia por dia, durante todo o perío do da coleta.
O material assim recolhido permitiu-
nos obter, através das analises a que
êle foi submetido, preciosas ipdicações sôbre a estrutura, o orçamento e a vida social cotidiana do grupo assim mono-
II
Levantados e devidamente analisados todos os elementos' da receita e da des
pesa dos orçamentos domésticos que constituíram nossa amostra, e detenoi-
28
Digesto
Econômico
nados os característicos sociológicos da
conlramos Cr$ 844.936,30.
No mesmo
estrutura das famílias que a compunham
período, u renda média da distribuição
cumpriu-nos coroar a investigação en
foi do Cr$ 2.511,30 c a despesa média
carando diretamente o problema inicial
de Cr$ 2.624,00.
mente formulado, que enquadrava os ob jetivos fundamentais da pesquisa reali
tivo estudado, se forma.sse uma unidade
zada.
Tratava-se, como foi dito, de levantar' s receita de um determinado mês e es-
tudar o modo como essa receita se es
coava nas despesas de um período ime
diatamente seguinte; depois de analisa das -per se cada uma das parcelas que compunham a renda e de estudar a dis
tribuição dos gastos, item por item, da despesa das famílias — tínhamos os
elementos para apreciar, no conjunto da amostra e nos diversos grupos de caracte
rísticos semelhantes em que ela se di vidia, a real situação sócio-económica
das famílias que constituíram o campo de análises. Para alcançar esse objeti vo final, os dados em mão nos permi
tiam constatações objetivas, de valor científico evidente, que tinham o méri to, inclusive, de dispensar maiores elocubrações ou artifícios, pois que as apu rações feitas com os dados diretamente colhidos da realidade foram encaminha
das de modo que — digamos assim — "falassem por si mesmas", com uma elo qüência que a sobriedade com que que
remos apresentá-las só poderá ressaltar. Somando o conjunto dos réditos de tôdas as famílias estudadas (1) no mês a
que se refere o levantamento das ren das (abril de 1948) - encontramos a
soma de Cr$ 808.638,60. Somando-se igualmente tôdas as despesas de todas
as famílias, no período de 30 dias que se seguiu ao cômputo -da receita, en-
Como SC verifica, o grupo demonstra econômica, teria uma economia deficitá ria (2).
Evidentemente, c.ssu verificação não
esgota o assunto. Pelo contrário, naque le resultado estavam indicações e pontos de partida de outras análises, que não
sòmenle completaram a apuração pre'iminar sobro o orçamento do conjunto, mas também lançariam mais luz sobre o prob'cma que se pretendia conhecer. Elas foram procedidas, e seus resultados mais importantes aqui divulgamos aos estudiosos e interessados no problema.
Em verdade, compunham o grupo de famílias que estudamos unidades domés ticas em que a receita c.xcedia a des pesa, bem como outras unidades do mésticas em que a despe.sa era maior do
que a receita. Tornava-se indispensá
vel, por conseqüência - inclusive paia estabelecer um contrôle indireto sòbre a veracidade das respostas obtidas -
estudar a situação dos orçamentos médios dentro dos diversos grupos de famílias discriminados pelo número de membros componentes e pelo número de membros dependentes.
Discriminadas as famílias à luz desse critério, o que logo se destacou - con firmando, aliás, resultado obüdo em ou tras apurações — foi a estreita e evidente
relação que existe, em famílias cuja fonte principal de ingressos é o salário dos membros ativos, entre o tamanho (2) No têxto do relalÓTio final da pes
Jl) Neste caso, 323 famílias, pois só
sobre êsse número dispúnhamos _ de in formações Bõbre as despesas, registradas Tia» ...—1 _, . nas cadernetas
quisa. referimo-nos aos problemas meto
dológicos envolvidos na apuração de ques tionários em que a despesa excedia a re ceita. e vice-versa. Cfr. op. cit.
....
í-> o O O O O O O O O O O O O O 552
oooooooo o o o o o o 5 2 2 2 2
28
Digesto
Econômico
nados os característicos sociológicos da
conlramos Cr$ 844.936,30.
No mesmo
estrutura das famílias que a compunham
período, u renda média da distribuição
cumpriu-nos coroar a investigação en
foi do Cr$ 2.511,30 c a despesa média
carando diretamente o problema inicial
de Cr$ 2.624,00.
mente formulado, que enquadrava os ob jetivos fundamentais da pesquisa reali
tivo estudado, se forma.sse uma unidade
zada.
Tratava-se, como foi dito, de levantar' s receita de um determinado mês e es-
tudar o modo como essa receita se es
coava nas despesas de um período ime
diatamente seguinte; depois de analisa das -per se cada uma das parcelas que compunham a renda e de estudar a dis
tribuição dos gastos, item por item, da despesa das famílias — tínhamos os
elementos para apreciar, no conjunto da amostra e nos diversos grupos de caracte
rísticos semelhantes em que ela se di vidia, a real situação sócio-económica
das famílias que constituíram o campo de análises. Para alcançar esse objeti vo final, os dados em mão nos permi
tiam constatações objetivas, de valor científico evidente, que tinham o méri to, inclusive, de dispensar maiores elocubrações ou artifícios, pois que as apu rações feitas com os dados diretamente colhidos da realidade foram encaminha
das de modo que — digamos assim — "falassem por si mesmas", com uma elo qüência que a sobriedade com que que
remos apresentá-las só poderá ressaltar. Somando o conjunto dos réditos de tôdas as famílias estudadas (1) no mês a
que se refere o levantamento das ren das (abril de 1948) - encontramos a
soma de Cr$ 808.638,60. Somando-se igualmente tôdas as despesas de todas
as famílias, no período de 30 dias que se seguiu ao cômputo -da receita, en-
Como SC verifica, o grupo demonstra econômica, teria uma economia deficitá ria (2).
Evidentemente, c.ssu verificação não
esgota o assunto. Pelo contrário, naque le resultado estavam indicações e pontos de partida de outras análises, que não
sòmenle completaram a apuração pre'iminar sobro o orçamento do conjunto, mas também lançariam mais luz sobre o prob'cma que se pretendia conhecer. Elas foram procedidas, e seus resultados mais importantes aqui divulgamos aos estudiosos e interessados no problema.
Em verdade, compunham o grupo de famílias que estudamos unidades domés ticas em que a receita c.xcedia a des pesa, bem como outras unidades do mésticas em que a despe.sa era maior do
que a receita. Tornava-se indispensá
vel, por conseqüência - inclusive paia estabelecer um contrôle indireto sòbre a veracidade das respostas obtidas -
estudar a situação dos orçamentos médios dentro dos diversos grupos de famílias discriminados pelo número de membros componentes e pelo número de membros dependentes.
Discriminadas as famílias à luz desse critério, o que logo se destacou - con firmando, aliás, resultado obüdo em ou tras apurações — foi a estreita e evidente
relação que existe, em famílias cuja fonte principal de ingressos é o salário dos membros ativos, entre o tamanho (2) No têxto do relalÓTio final da pes
Jl) Neste caso, 323 famílias, pois só
sobre êsse número dispúnhamos _ de in formações Bõbre as despesas, registradas Tia» ...—1 _, . nas cadernetas
quisa. referimo-nos aos problemas meto
dológicos envolvidos na apuração de ques tionários em que a despesa excedia a re ceita. e vice-versa. Cfr. op. cit.
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-31
Digesto Econômico CO
r♦
r-
CO
das famílias, a idade dos componentes e o volume da renda familiar.
to
De acordo com o critério estabelecido,
c
e já exposto — número de membros das
pendente.
r*-
famílias e número de dependentes —
passam as despesas começam a aparecer com mais freqüência a partir do grupo de famílias compostas de 6 membros. Es
temos as unidades domésticas discrimi
CNi —
V»
+
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tO
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r- m rr-
cví —
cvi
r-~
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cg
<o
0)
(O
m
UD o Ut
—
04 tf )
in
mesma composição e por ésses valores foram traçados os dois grirficos apresen
tados: no primeiro temos a receita e
despesa da distribuição; no segundo re presentamos uma linha traçada pelas di ferenças — positivas e negativas — entre aqueles valores.
Dentre os 35 grupos de orçamentos domésticos assim considerados, 20 apre
tf )o fO •«t n <o
pesa.
—
—
o 4> n
cg Qí
r)
—
fn o u>
Cg
—
fVJ o —
9
o cg •T
tas com 1, 2 e 3 dependentes, ainda têm
supera\ãt; com 4 e 5 dependentes voltam a apresentar déficit. O mesmo ocorre com as unidades de 7 e mais 7 mem
bros, onde os orçamentos deficitários ten dem a diminuir e os déficits encontrados tendem a se reduzir. Assim, nas famí lias de volume menor predominam os orçamentos deficitários, enquanto que
nas famílias de volume maior a tendên cia c inversa.
Êsse fato, estranho à primeira vista,
decoire da circunstância atrás referida: nas famílias cuja fonte principal de ren da é o salário dos membros que tra balham, existe uma relação permanente entre o mmiero de componentes e a ren
da, pois, na medida em que aumenta o
número de filhos que trabalham, tende a crescer a renda doméstica, enquanto
que, nas famílias menores, constituídas
resultados dos diversos grupos — refleti
dos no comportamento das curvas aqui
tende a ser deficitário.
apresentadas — verificamos que os orça
Em razão disso, o conjunto da distri
mentos das famíbas até 3 membros —
buição pode ser dividido em dois grupes
que totalizam 106 unidades — são todos
nitidamente caracterizados: no grupo de
deficitários; • nelas, por contingência de sua própria estrutura, predominam, em mais de 50%, as famílias em que só há um elemento ativo (3). Na escala as cendente do número de membros das famílias, o primeiro orçamento médio
famílias até 5 membros, predominam os déficits - 14 - sôbre os superávits -
(3) Entre os ativos esl&o incluídos, tam bém, os que exercem atividade econômica
ficitárias, estão 120 unidades domésticas.
o o o o o o
1; naquelas de 6 membros e mais, pre dominam os superávits — 14 — sôbre os déficits - 6. No primeiro grupo, eco nomias deficitárias, incluem-se 203 um-
dades, e no segundo, economias não de
o o o o o o
T *0 03 o OJ ^
Orçamentos em que as receitas ultra
em época recente, em que so o pai, ou quando muito o casal, contribui para a receita do orçamento doméstico, êste
Analisando mais minuciosamente os
cg
Jo
mília, a receita e ü despesa média dos grupos de famílias que apresentaram a
vit; noutros têrmos, em 57% dos orça mentos a despesa é maior do que a re ceita, e em 43% a receita excede a des
«o
OOOOOOOOOOOOO o oo o o oooooooo oo o CO to ^r\] o (O <o T oj
mais de 7 membros, das quais mais de
7 são dependentes. Dentro de cada gru po foram determinadas, independente
sentam déficit 6 15 apresentam superá
fVJ
o <UJ
nadas em 35 grupos, desde as unidades compostas de um só membro e nenhum dependente, até aquelas compostas de
mente da receita ou despesa de cada fa
lO
<o
em que se encontra a receita maior do que a despesa é o das famílias compostas de 4 membros dos quais nenhum é de
diU.
CM
no âmbito doméstico, auferindo rendeu
iJÍ^ÍÍÉI
A maior receita média e a maior
-31
Digesto Econômico CO
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CO
das famílias, a idade dos componentes e o volume da renda familiar.
to
De acordo com o critério estabelecido,
c
e já exposto — número de membros das
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tados: no primeiro temos a receita e
despesa da distribuição; no segundo re presentamos uma linha traçada pelas di ferenças — positivas e negativas — entre aqueles valores.
Dentre os 35 grupos de orçamentos domésticos assim considerados, 20 apre
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bros, onde os orçamentos deficitários ten dem a diminuir e os déficits encontrados tendem a se reduzir. Assim, nas famí lias de volume menor predominam os orçamentos deficitários, enquanto que
nas famílias de volume maior a tendên cia c inversa.
Êsse fato, estranho à primeira vista,
decoire da circunstância atrás referida: nas famílias cuja fonte principal de ren da é o salário dos membros que tra balham, existe uma relação permanente entre o mmiero de componentes e a ren
da, pois, na medida em que aumenta o
número de filhos que trabalham, tende a crescer a renda doméstica, enquanto
que, nas famílias menores, constituídas
resultados dos diversos grupos — refleti
dos no comportamento das curvas aqui
tende a ser deficitário.
apresentadas — verificamos que os orça
Em razão disso, o conjunto da distri
mentos das famíbas até 3 membros —
buição pode ser dividido em dois grupes
que totalizam 106 unidades — são todos
nitidamente caracterizados: no grupo de
deficitários; • nelas, por contingência de sua própria estrutura, predominam, em mais de 50%, as famílias em que só há um elemento ativo (3). Na escala as cendente do número de membros das famílias, o primeiro orçamento médio
famílias até 5 membros, predominam os déficits - 14 - sôbre os superávits -
(3) Entre os ativos esl&o incluídos, tam bém, os que exercem atividade econômica
ficitárias, estão 120 unidades domésticas.
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1; naquelas de 6 membros e mais, pre dominam os superávits — 14 — sôbre os déficits - 6. No primeiro grupo, eco nomias deficitárias, incluem-se 203 um-
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Orçamentos em que as receitas ultra
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Analisando mais minuciosamente os
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mília, a receita e ü despesa média dos grupos de famílias que apresentaram a
vit; noutros têrmos, em 57% dos orça mentos a despesa é maior do que a re ceita, e em 43% a receita excede a des
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7 são dependentes. Dentro de cada gru po foram determinadas, independente
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nadas em 35 grupos, desde as unidades compostas de um só membro e nenhum dependente, até aquelas compostas de
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em que se encontra a receita maior do que a despesa é o das famílias compostas de 4 membros dos quais nenhum é de
diU.
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no âmbito doméstico, auferindo rendeu
iJÍ^ÍÍÉI
A maior receita média e a maior
Digesto Econónhco
32
despesa média da distribuição coin
nosso material de pesquisa, o que dese
cidem ambas nas familias de 7 mem
jamos é chamar a atenção do leitor inte
bros em que um único membro é
ressado para a conveniência de uma tal
dependente.
anáMsc, què relaciona a situação econô
despesa foi encontrado nas famílias de
mica à estrutura da unidade doméstica, e que nos parece um procedimento mais
7 membros onde nenhum é dependente
recomendável, embora menos freqüente,
e o maior excesso da despesa sôbrè a ren
do que a redução de todos os casos a
O maior excesso da receita sobre a
da corresponde ao gnipo de famílias de 6 membros dos quais 4 são dependentes. Como se vê, essa correlação estabe
lecida entre a composição da família e a análise de seu orçamento pode servir também como meio auxiliar de compro
vação da representatividade do grupo estudado, bem como do acerto do ca
minho percorrido.
Apresentando aqui essas elaborações so
bre os orçamentos que constituíram o
Relações da instabilidade monetária com o capital das empresas (I) DjAcm Menezes
(Da Universidade do Brasil)
unidades fictícias consideradas equiva lentes à média de tôdas as famílias estu dadas, média que resulta numa família de tipo ideal e inexistente. Nos gráficos aqui estampados estão os resultados das elaborações procedidas à
luz desse critério, e para esclarecimen to completo remetemos os interessados ao relatório final da pesquisa, editado pelo Instituto de Economia da Funda ção Mauá.
teria sido possí' vel a expansão das fôrças produtivas, com a introdução das má
quinas, que permitiram a exploração das novas formas de energias na
turais a partir da cha mada "revolução indus
trial", se a própria vida econômica não sugeris se e fizesse
nascer
a
"sociedade por ações".
O papel que desempe nhou na evolução do
capitalismo foi imenso: e o legislador foi ao en contro
das
exigências
do capital que ràpidamente se concentra va, expandindo sua ação sobre as rique zas naturais do globo: as áreas longín
quas e os povos coloniais foram gradual-
iniciou a partir do sé culo XVI, desdobrando-
se num panorama de atividades criadoras que envolvem
as
artes,
a
ciência e a filosofia do Ocidente.
A tecnologia, conjun to
de
conhecimentos
destinados à aplicação
no processo produtivo, assumia
importância
fundamental, exigindo laboratórios experimen tais, pesquisas, inven ções — movendo
ciên
cia para frente. Era a mola que impelia o co nhecimento da natureza e seus proces
sos. Quando se fêz a passagem da ener gia a vapor para a energia elétrica co mo base das indústrias mais avançadas,
- mente incorporados ao processo económi- - no madrugar do século XX, mais se
CO que ascendia a novas fases na histó ria mundial.
Foi o período em que o progresso
das fôrças industriais reclamou novos
Anuncia-se que a Administração da Cooperação Econômica aprovou uma verha de mais de 5.200 milhões de ■dólares.
O órgão de ajuda econômica dos Estados Unidos começOu as suas operações há 14 meses passados e o último sumário da Administração indica que as autorizações
atingiram a 5.182.III.000 dólares. Éste total foi a conseqüência do acréscimo, à cifra anterior, da último, autorização de uma verba de 41.345.000 dólares, para ser usada em compras pelo Reino
Unido, França, Áustria, Grécia, Itália, Holanda, África do Norte Francesa e as^
duas zonas de ocupação da Alemanha sob contrôíe britânico e norte-americano.
quadros que canalizassem seu vigor exal-
t.ado pelas descobertas científicas. A classe mais ativa no processo de criação das utilidades, com iniciativa admirável, jemoliu velhas praxes e instituições, ela borando as bases do mundo moderno. Seria difícil dar, a rápido traço, as. li nhas gerais da transformação que se
definiu a nova civilização técnica.
Se
bem que a produção -da eletricidade em
escala comercial tenha surgido nas al turas de 1880; foi somente pelo ano de
1910 que começou a penetrar e modi
ficar a estrutura econômica do Ocidente.
Acelerando a produção moderna, susci tou também os problemas da concor rência no mercado mundial.
O aproveitamento da energia elétrica
revoluciona a estrutura da máquina,
porque determina a aparição de novo
Digesto Econónhco
32
despesa média da distribuição coin
nosso material de pesquisa, o que dese
cidem ambas nas familias de 7 mem
jamos é chamar a atenção do leitor inte
bros em que um único membro é
ressado para a conveniência de uma tal
dependente.
anáMsc, què relaciona a situação econô
despesa foi encontrado nas famílias de
mica à estrutura da unidade doméstica, e que nos parece um procedimento mais
7 membros onde nenhum é dependente
recomendável, embora menos freqüente,
e o maior excesso da despesa sôbrè a ren
do que a redução de todos os casos a
O maior excesso da receita sobre a
da corresponde ao gnipo de famílias de 6 membros dos quais 4 são dependentes. Como se vê, essa correlação estabe
lecida entre a composição da família e a análise de seu orçamento pode servir também como meio auxiliar de compro
vação da representatividade do grupo estudado, bem como do acerto do ca
minho percorrido.
Apresentando aqui essas elaborações so
bre os orçamentos que constituíram o
Relações da instabilidade monetária com o capital das empresas (I) DjAcm Menezes
(Da Universidade do Brasil)
unidades fictícias consideradas equiva lentes à média de tôdas as famílias estu dadas, média que resulta numa família de tipo ideal e inexistente. Nos gráficos aqui estampados estão os resultados das elaborações procedidas à
luz desse critério, e para esclarecimen to completo remetemos os interessados ao relatório final da pesquisa, editado pelo Instituto de Economia da Funda ção Mauá.
teria sido possí' vel a expansão das fôrças produtivas, com a introdução das má
quinas, que permitiram a exploração das novas formas de energias na
turais a partir da cha mada "revolução indus
trial", se a própria vida econômica não sugeris se e fizesse
nascer
a
"sociedade por ações".
O papel que desempe nhou na evolução do
capitalismo foi imenso: e o legislador foi ao en contro
das
exigências
do capital que ràpidamente se concentra va, expandindo sua ação sobre as rique zas naturais do globo: as áreas longín
quas e os povos coloniais foram gradual-
iniciou a partir do sé culo XVI, desdobrando-
se num panorama de atividades criadoras que envolvem
as
artes,
a
ciência e a filosofia do Ocidente.
A tecnologia, conjun to
de
conhecimentos
destinados à aplicação
no processo produtivo, assumia
importância
fundamental, exigindo laboratórios experimen tais, pesquisas, inven ções — movendo
ciên
cia para frente. Era a mola que impelia o co nhecimento da natureza e seus proces
sos. Quando se fêz a passagem da ener gia a vapor para a energia elétrica co mo base das indústrias mais avançadas,
- mente incorporados ao processo económi- - no madrugar do século XX, mais se
CO que ascendia a novas fases na histó ria mundial.
Foi o período em que o progresso
das fôrças industriais reclamou novos
Anuncia-se que a Administração da Cooperação Econômica aprovou uma verha de mais de 5.200 milhões de ■dólares.
O órgão de ajuda econômica dos Estados Unidos começOu as suas operações há 14 meses passados e o último sumário da Administração indica que as autorizações
atingiram a 5.182.III.000 dólares. Éste total foi a conseqüência do acréscimo, à cifra anterior, da último, autorização de uma verba de 41.345.000 dólares, para ser usada em compras pelo Reino
Unido, França, Áustria, Grécia, Itália, Holanda, África do Norte Francesa e as^
duas zonas de ocupação da Alemanha sob contrôíe britânico e norte-americano.
quadros que canalizassem seu vigor exal-
t.ado pelas descobertas científicas. A classe mais ativa no processo de criação das utilidades, com iniciativa admirável, jemoliu velhas praxes e instituições, ela borando as bases do mundo moderno. Seria difícil dar, a rápido traço, as. li nhas gerais da transformação que se
definiu a nova civilização técnica.
Se
bem que a produção -da eletricidade em
escala comercial tenha surgido nas al turas de 1880; foi somente pelo ano de
1910 que começou a penetrar e modi
ficar a estrutura econômica do Ocidente.
Acelerando a produção moderna, susci tou também os problemas da concor rência no mercado mundial.
O aproveitamento da energia elétrica
revoluciona a estrutura da máquina,
porque determina a aparição de novo
'^1 i ip III
34
Digesto EcONÓ^OCO
equipamento industrial tão diverso da
dicos reclamados para harmonizar, coor
"manufatura".
denar e disciplinar a expansão daquelas
O termo,"manufatura"
continua sendo empregado — mas o con teúdo é completamente outro. As na ções cuja economia estava apta para
receber as novas invenções ganharam
alento ímp"revisto. A percentagem de instrumentos eletrificados e de máqui nas, na indústria norte-americana, por exemplo, era de 4% em 1899, de 23% em 1909, de 53% em 1910 e de 75% em 1927. (1)
^ Das reações mútuas entre o progresso técnlco-industrial e as ciências físico-na-
turais resultaram as conquistas alcança das nesta atribulada metade do século
XX. Mas os impactos que esse conjunto de conhecimentos e técnicas têm desen volvido contra as estruturas institucio
nais, quer reformando-as, quer amea çando-as, são ainda mais importantes a
forças.
tal-dinheiro, forma simbólica da riqueza, vos: criaram-se valores que têm outras
condições de garantia, desconhecidas no mundo do capitalismo mercantil. Sua
conferia personalidade jurídica própria.
possíveis fortunas secretas. Ouçamo-lo:
tório nacional e mesmo fora dêle. Êles
"Outrora, o rícõ era o que possuía o castelo, as fazendas, ao menos uma bela
são titulares de um direito; porque os
A "comandita por ações" e a "sociedade anônima" são modeladas juridicamente
e vencem nos diversos países a fôrça
conservadora das jurisprudências sempre ferradas aos interesses estratificados.
Fala-so na democratização da prol)riedade, que o regime de ações parece
do capitalismo: os milhares de acionistas,
são mais viva do capital. Conforme anotou Ripert, tornaram-se
que trazem seus capitais para a forma
que criava. O mercador tinha loja, ar mava navios, amontoava.mercadorias, po
dia-se julgar da riqueza do seu estabe lecimento.
"Uma coisa era secreta: o montante
tentou fazer publicar as hipotecas, os
metais químicos. Daí dizer vun obser-vador que temos uma "economia de
metais".
Os processos eletroquímicos
criam novos desenvolvimentos e a meta
lurgia assume função relevante no curso da história atual. Fortunas secretas
Temos em vista indicar, nestas pre liminares, as condições econômicas que foram concomitantes, e, por vêzes, de terminantes das transformações a que aludimos.
A concentração progressiva
de observação superficial do fenômeno ainda embrionário. O controle das so ciedades vai parar invariavelmente às mãos de uma minoria, que comanda um capital crescente e dispõe de um poder
social e econômico verificável nas gran das sociedades modernas. Dentro da din^ica geral do sistema econômico a
sociedade anônima não reverteria ém elemento revolucionário, transformador do próprio sistema, como quiseram en
xergar alguns líricos. Exatamente o que também se dá com a cooperativa: ate nuando certos efeitos, não pode meter ombros na modificação do regime, como pretendem outros idealizadores. Bem ao contrário: contribui para sua permanên cia, impedindo que as contradições se
aprofundem, suavizando os desajustamentos, equilibrando as forças em jògo.
dos capitais que originou êsses organis mos potentes do capitalismo industrial, deu possibi'idade a novas formas de produção — e o legislador acudiu à vida
nar outras formas de riquezas, dando
econômica fabricando os institutos jurí
maior mobilidade às fortunas. O capi-
A sociedade por ações veio determi
bens produtivos, em que se invertem
aquêles capitais, são propriedades da empresa como pessoa jurídica — são ca fortuna ostentava-se. Impunha certa li-' pital da emprêsa como tal, dirigido por nha e era difícil escapar às obrigações uma hierarquia de especialistas, de téc
proporcionar a todos, abrindo-lhes a
direito de voto. Tudo isso não passou
ção da empresa, dispersam-se no terri
casa na cidade e seu jardim, que pos suía lindos móveis e boas roupas. A
comucópia dos benefícios do capital A lei confere a soberania da sociedade
ao colégio eleitoral representado pela
terísticas indiridualizadas dos começos
plasticidade multiforme fê-lo a e.xpres-
segurança humana.
tais estruturais, metais de transmissão e
E, no final de contas — a proprieda de da exploração perdeu aquelas carac
O direito anterior não conhecia aquêles institutos: as sociedades de capitais, como viu muito bem Ripert, não podiam ser assimiladas às chamadas "companlúas de carta", a que a legislação não
das dívidas.
O surto industrialista se faz por in
O capital e o balanço das' empresas
adquiriu novos elementos representati
considerar, em face do problema de assembléia geral ~ e as ações dão q termédio do emprego dos metais — me
35
Digesto Econômico
No dia em que Colbert
proprietários endividados fizeram fra cassar a reforma." (2)
nicos, considerados os mandatários dos acionistas. Foi o fenômeno que Berle
e Means apontaram, num 1í\to famoso, da cisão entre a propriedade e o con
trole das empresas. (3) Para os autores americanos, foi aba
lado o princípio econômico da iniciati va individual na emprêsa industrial: a ordem que vigorou durante três séculos
Que acontece hoje, que o "rédito"
foi destruída pela "dissolução do átomo
também se tomou secreto? O capitalis ta tem sua fortuna em ações, percebe rendimentos que ninguém vê, a não ser
norte-americanos, que ambos estudaram,
que êle deseje evidenciá-los na vida
da propriedade". Os dados estatísticos
mostram que a concentração do pode rio econômico atinge limites e.vtraordi-
suntuosa, atestando o vulto de seus ca
nários. No mercado de valores de Nova
bedais. Êle pode ser um ricaço — des
York, 130 sociedades controlam mais de 80% dos ativos de 573 sociedades repre
provido de bens materiais. Pode, como diz o jurista francês, organizar metòdi-
sentadas na bôlsa, em março de 1929,
camente sua insolvahiJidade. Escapa ao
segundo as tabelas publicadas pelo
ôlho das' massas necessitadas, às quais
"Commercial and Financial Clironicle".
não afronta com a ostentação de seu confôrto. Basta-lhe, como sinal oculto
"Entre 1922 e 1928 — escrevem êks — as estimativas do National Industrial
de sua opulência, a caderneta do banco onde depositou seus títulos.
mento da riqueza nacional de 12,5%,
Conference Board indicaram o cresci
Os títulos substituiram-se aos bens.
em relação ao crescimento dos ativos
Ê a premissa social da especulação, o terreno propício onde campeia a alta finança, que incursiona às vêzes para
ou seja, uma taxa anual de crescimento
-além das fronteiras já bem dilatadas da moralidade.
das 200 maiores sociedades com 45,6%,
de 2,0% e 6,3%, respectivamente. Essa concentração crescente fêz com
que os princípios da competição oligo-
'^1 i ip III
34
Digesto EcONÓ^OCO
equipamento industrial tão diverso da
dicos reclamados para harmonizar, coor
"manufatura".
denar e disciplinar a expansão daquelas
O termo,"manufatura"
continua sendo empregado — mas o con teúdo é completamente outro. As na ções cuja economia estava apta para
receber as novas invenções ganharam
alento ímp"revisto. A percentagem de instrumentos eletrificados e de máqui nas, na indústria norte-americana, por exemplo, era de 4% em 1899, de 23% em 1909, de 53% em 1910 e de 75% em 1927. (1)
^ Das reações mútuas entre o progresso técnlco-industrial e as ciências físico-na-
turais resultaram as conquistas alcança das nesta atribulada metade do século
XX. Mas os impactos que esse conjunto de conhecimentos e técnicas têm desen volvido contra as estruturas institucio
nais, quer reformando-as, quer amea çando-as, são ainda mais importantes a
forças.
tal-dinheiro, forma simbólica da riqueza, vos: criaram-se valores que têm outras
condições de garantia, desconhecidas no mundo do capitalismo mercantil. Sua
conferia personalidade jurídica própria.
possíveis fortunas secretas. Ouçamo-lo:
tório nacional e mesmo fora dêle. Êles
"Outrora, o rícõ era o que possuía o castelo, as fazendas, ao menos uma bela
são titulares de um direito; porque os
A "comandita por ações" e a "sociedade anônima" são modeladas juridicamente
e vencem nos diversos países a fôrça
conservadora das jurisprudências sempre ferradas aos interesses estratificados.
Fala-so na democratização da prol)riedade, que o regime de ações parece
do capitalismo: os milhares de acionistas,
são mais viva do capital. Conforme anotou Ripert, tornaram-se
que trazem seus capitais para a forma
que criava. O mercador tinha loja, ar mava navios, amontoava.mercadorias, po
dia-se julgar da riqueza do seu estabe lecimento.
"Uma coisa era secreta: o montante
tentou fazer publicar as hipotecas, os
metais químicos. Daí dizer vun obser-vador que temos uma "economia de
metais".
Os processos eletroquímicos
criam novos desenvolvimentos e a meta
lurgia assume função relevante no curso da história atual. Fortunas secretas
Temos em vista indicar, nestas pre liminares, as condições econômicas que foram concomitantes, e, por vêzes, de terminantes das transformações a que aludimos.
A concentração progressiva
de observação superficial do fenômeno ainda embrionário. O controle das so ciedades vai parar invariavelmente às mãos de uma minoria, que comanda um capital crescente e dispõe de um poder
social e econômico verificável nas gran das sociedades modernas. Dentro da din^ica geral do sistema econômico a
sociedade anônima não reverteria ém elemento revolucionário, transformador do próprio sistema, como quiseram en
xergar alguns líricos. Exatamente o que também se dá com a cooperativa: ate nuando certos efeitos, não pode meter ombros na modificação do regime, como pretendem outros idealizadores. Bem ao contrário: contribui para sua permanên cia, impedindo que as contradições se
aprofundem, suavizando os desajustamentos, equilibrando as forças em jògo.
dos capitais que originou êsses organis mos potentes do capitalismo industrial, deu possibi'idade a novas formas de produção — e o legislador acudiu à vida
nar outras formas de riquezas, dando
econômica fabricando os institutos jurí
maior mobilidade às fortunas. O capi-
A sociedade por ações veio determi
bens produtivos, em que se invertem
aquêles capitais, são propriedades da empresa como pessoa jurídica — são ca fortuna ostentava-se. Impunha certa li-' pital da emprêsa como tal, dirigido por nha e era difícil escapar às obrigações uma hierarquia de especialistas, de téc
proporcionar a todos, abrindo-lhes a
direito de voto. Tudo isso não passou
ção da empresa, dispersam-se no terri
casa na cidade e seu jardim, que pos suía lindos móveis e boas roupas. A
comucópia dos benefícios do capital A lei confere a soberania da sociedade
ao colégio eleitoral representado pela
terísticas indiridualizadas dos começos
plasticidade multiforme fê-lo a e.xpres-
segurança humana.
tais estruturais, metais de transmissão e
E, no final de contas — a proprieda de da exploração perdeu aquelas carac
O direito anterior não conhecia aquêles institutos: as sociedades de capitais, como viu muito bem Ripert, não podiam ser assimiladas às chamadas "companlúas de carta", a que a legislação não
das dívidas.
O surto industrialista se faz por in
O capital e o balanço das' empresas
adquiriu novos elementos representati
considerar, em face do problema de assembléia geral ~ e as ações dão q termédio do emprego dos metais — me
35
Digesto Econômico
No dia em que Colbert
proprietários endividados fizeram fra cassar a reforma." (2)
nicos, considerados os mandatários dos acionistas. Foi o fenômeno que Berle
e Means apontaram, num 1í\to famoso, da cisão entre a propriedade e o con
trole das empresas. (3) Para os autores americanos, foi aba
lado o princípio econômico da iniciati va individual na emprêsa industrial: a ordem que vigorou durante três séculos
Que acontece hoje, que o "rédito"
foi destruída pela "dissolução do átomo
também se tomou secreto? O capitalis ta tem sua fortuna em ações, percebe rendimentos que ninguém vê, a não ser
norte-americanos, que ambos estudaram,
que êle deseje evidenciá-los na vida
da propriedade". Os dados estatísticos
mostram que a concentração do pode rio econômico atinge limites e.vtraordi-
suntuosa, atestando o vulto de seus ca
nários. No mercado de valores de Nova
bedais. Êle pode ser um ricaço — des
York, 130 sociedades controlam mais de 80% dos ativos de 573 sociedades repre
provido de bens materiais. Pode, como diz o jurista francês, organizar metòdi-
sentadas na bôlsa, em março de 1929,
camente sua insolvahiJidade. Escapa ao
segundo as tabelas publicadas pelo
ôlho das' massas necessitadas, às quais
"Commercial and Financial Clironicle".
não afronta com a ostentação de seu confôrto. Basta-lhe, como sinal oculto
"Entre 1922 e 1928 — escrevem êks — as estimativas do National Industrial
de sua opulência, a caderneta do banco onde depositou seus títulos.
mento da riqueza nacional de 12,5%,
Conference Board indicaram o cresci
Os títulos substituiram-se aos bens.
em relação ao crescimento dos ativos
Ê a premissa social da especulação, o terreno propício onde campeia a alta finança, que incursiona às vêzes para
ou seja, uma taxa anual de crescimento
-além das fronteiras já bem dilatadas da moralidade.
das 200 maiores sociedades com 45,6%,
de 2,0% e 6,3%, respectivamente. Essa concentração crescente fêz com
que os princípios da competição oligo-
36
polística se tomassem mais importantes que os celebrados princípios clássicos da livre competição das primeiras idades do capitalismo. Evolvendo do acanliamento dos antigos quadros, essas organizações absor\'eram
Dicesto EcoNÓ^aco
cadorias infierí, matérias-primas, maté rias auxiliares, maquinaria, instalações, e o elemento humano.
Estabclccem-se
relações entre homens a propósito dos bens produtivos; e, concomitantemehte, entre os bens, permeiam interesses hu
influências muito fortes e multiplicaram
manos, nessa tessitura complexa que
suas ligações com a máquina do Estado. Sem se entrosarem na estrutura dele,
constitui a empresa industrial moderna.
tomando-se órgãos públicos, assumiram, entretanto, uma posição e.specífica, que
criminação das partes ou elementos que
não se pode mais caracterizar como em-
A análise econômica exige uma dis integram o patrimônio. Essa discrimina ção servirá, até certo ponto, de base à
prêsas privadas na velha acepção jurí técnica contabilística para organização dica. São, sob vários aspectos, institui . dos balanços.
ções sociais que acentuam, dia a dia, os
37
Digesto Econômico
emprêgo pleno — numa ecODOmia pro gressiva ou estacionária (Pigou),.
tuem o ativo e o passivo reais, o capital como sua propriedade e os benefícios como propriedade dos acionistas. Os elementos que se relacionam no balanço formam interdependências de valores
ção líquida, as e.xigibilidades — traduz
que se não podem interpretar isolada
uma fotografia de um equilíbrio, num
mente.
Daí a dificuldade de leitura
que oferecem quando excessivamente la
Devendo o balanço dilucidar a origem
dos capitais, sua representação, a situa instante determinado, do ativo e do pas
sivo. Através dessas categorias contábeis
cônicos (5). O significado das contas
— esbá a realidade dos fatôres de pro
afins, agrupadas segundo a natureza dos elementos patrimoniais, constitui base
dução: os bens indiretos e o tiabalho humano, isto é, o trabalho passado e
para análise do grau de solvência da
materializado e o trabalho presente e
emprêsa.
vivo, na associação funcional de criar
utilidades e proporcionar serviços. En
O balanço vem a ser, portanto, o pro cesso que nos demonstra a estruturação do capital e seu caráter nas empresas
Categorias econômicas e "azienda tegram a "azienda",se exprimem, atra
Berle e Means) a natureza do capital. Para que analisemos bem o capital das
Não passa de uma técnica que permite e.xamínar o estado da economia empre
nômenos e comple.\os que só a ana lise da realidade da emprêsa pode re
sarial e carece de muitos requisitos íh-
vés da técnica contábil, em estimativas
velar (6).
métricas graças à moeda. É a lingua
empresas, temos que estudar, inicial
a que se propõe. Sendo o ativo social a
processos gradualmente mais sociais da produção.
Tóda essa grande transformação não alterou (e aqui está uma i'usão de
mente, a configuração especial que êle toma. ao investir-se no processo produ tivo, dependente de múltiplas combina ções, conforme os recursos produtivos empregados. A empresa ~é personifica da e tem uma dívida no seu passivo — que é seu capital. O patrimônio que se lhe confere é algo de essencialmente di
nâmico: seus elementos componentes, no curso de atividades que definem a vida
empresarial, estão num conjunto de va riações e dependências mútuas, que re
dispensáveis para alcançar os resultados garantia única que a sociedade anônima oferece a terceiros, o balanço é o documento necessário para esclarecimento
frei da sua situação real. Se êle é feito do forma excessivamente sintética, sem ordem na seriação dos valores, as inexatidões, dissimuladas, viciarão quais
quer informações úteis, induzindo os melhores peritos a. conclusões falsas O instrumento da técnica contábil é dócil, como. adverte Folliet, e fàcilmen- te insinua dividendos fictícios sob a
lidades e esforço humano relacionados
aparente normalidade de uma apresen tação que, entretanto, afeta a integrida
na unidade do mesmo processo. A for
de do capital da emprêsa. (4)
sultam da combinação criadora de uti
ma da riqueza "capüal-dinheiro", ao in vestir-se, transfigura-se em diversos ele mentos, que se harmonizam, em diferen tes funções, no organismo "aziendal". A expressão organismo exprime com certa
A sociedade de capitais — e, parti cularmente, nomeamos a sociedade anô nima — acentuando a distinção entre os
acionistas, de um lado, e a pessoa jurí
fidelidade a unidade desse cosmo de re
dica possuidora de um patrimônio, de outro, tornou indispensável fixar juridi
lações Sociais destinado a gerar mais
camente o descrime entre os valores
riqueza, Há mercadorias acabadas, mer-
mobiliários e imobiliários que consti-
tão, facilmente compreendemos que, na- * \
As relações entre os valores que in
quela foto contabilística, ocultam-se fe
O capital tem ferinas variadas, como
gem monetária que faculta a tradução já se disse. Como bens de produção, quantitativa das variações do conjunto pode imobilizar-se em períodos que va de relações estudadas, designadas como
riam segundo a natureza da emprêsa e
uma unidade pelo nome de patrimônio. seu ramo de negócios. Nas empresas O sistema de preços dá-nos as medidas comerciais o período é menor que nas dêsses diversos valores incorporados ao industriais. Ê o que alguns denominam
processo produtivo e resenhados no ba lanço num dado instante de suas com
de período de rotação do capital. Êsse capital procede, geralmente, do capital próprio da emprêsa ou das reservas e
binações.
necessidade de examinar a estrutura do
empréstimos a longo prazo, constituído para renovação do equipamento indus
capital das emprêsas.
trial. Vários autores acentuam a impor
Os economistas sempre acentuaram a
As categorias
clássicas - capital fixo e circulante -
tância que tem, na taxa de lucro das so
não apanharam a riqueza de combinação ciedades, a relação existente entre o dos recursos produtivos den^o de cada capital imobilizado e o circulante. Po unidade empresarial. O próprio "capi- de-se distinguir a parte do capital apli tal-dinheiro" e a própria exploração po dem oferecer múltiplas combinações dos
cado à produção, excluída apenas a parte destinada ao pagamento da força
fatôres conjugados na produção, dando produtividades diferentes entre si. Den
tre as duas partes. Essa relação pode
tro de um esquema geral, há xrnia va riedade enorme de conjugação de re cursos. A complexidade cresce quando se considera ainda o'grau de ocupação
dêsses recursos até o ponto de seu
do trabalho, e estabelecer a relação en esclarecer-nos sobre a estrutura do ca
pital, como fez Pigou na sua obra The purê theoiij of Capital. Podem-se estabe lecer ainda outras relações que servem
para mostrar as diferentes .estruturas
36
polística se tomassem mais importantes que os celebrados princípios clássicos da livre competição das primeiras idades do capitalismo. Evolvendo do acanliamento dos antigos quadros, essas organizações absor\'eram
Dicesto EcoNÓ^aco
cadorias infierí, matérias-primas, maté rias auxiliares, maquinaria, instalações, e o elemento humano.
Estabclccem-se
relações entre homens a propósito dos bens produtivos; e, concomitantemehte, entre os bens, permeiam interesses hu
influências muito fortes e multiplicaram
manos, nessa tessitura complexa que
suas ligações com a máquina do Estado. Sem se entrosarem na estrutura dele,
constitui a empresa industrial moderna.
tomando-se órgãos públicos, assumiram, entretanto, uma posição e.specífica, que
criminação das partes ou elementos que
não se pode mais caracterizar como em-
A análise econômica exige uma dis integram o patrimônio. Essa discrimina ção servirá, até certo ponto, de base à
prêsas privadas na velha acepção jurí técnica contabilística para organização dica. São, sob vários aspectos, institui . dos balanços.
ções sociais que acentuam, dia a dia, os
37
Digesto Econômico
emprêgo pleno — numa ecODOmia pro gressiva ou estacionária (Pigou),.
tuem o ativo e o passivo reais, o capital como sua propriedade e os benefícios como propriedade dos acionistas. Os elementos que se relacionam no balanço formam interdependências de valores
ção líquida, as e.xigibilidades — traduz
que se não podem interpretar isolada
uma fotografia de um equilíbrio, num
mente.
Daí a dificuldade de leitura
que oferecem quando excessivamente la
Devendo o balanço dilucidar a origem
dos capitais, sua representação, a situa instante determinado, do ativo e do pas
sivo. Através dessas categorias contábeis
cônicos (5). O significado das contas
— esbá a realidade dos fatôres de pro
afins, agrupadas segundo a natureza dos elementos patrimoniais, constitui base
dução: os bens indiretos e o tiabalho humano, isto é, o trabalho passado e
para análise do grau de solvência da
materializado e o trabalho presente e
emprêsa.
vivo, na associação funcional de criar
utilidades e proporcionar serviços. En
O balanço vem a ser, portanto, o pro cesso que nos demonstra a estruturação do capital e seu caráter nas empresas
Categorias econômicas e "azienda tegram a "azienda",se exprimem, atra
Berle e Means) a natureza do capital. Para que analisemos bem o capital das
Não passa de uma técnica que permite e.xamínar o estado da economia empre
nômenos e comple.\os que só a ana lise da realidade da emprêsa pode re
sarial e carece de muitos requisitos íh-
vés da técnica contábil, em estimativas
velar (6).
métricas graças à moeda. É a lingua
empresas, temos que estudar, inicial
a que se propõe. Sendo o ativo social a
processos gradualmente mais sociais da produção.
Tóda essa grande transformação não alterou (e aqui está uma i'usão de
mente, a configuração especial que êle toma. ao investir-se no processo produ tivo, dependente de múltiplas combina ções, conforme os recursos produtivos empregados. A empresa ~é personifica da e tem uma dívida no seu passivo — que é seu capital. O patrimônio que se lhe confere é algo de essencialmente di
nâmico: seus elementos componentes, no curso de atividades que definem a vida
empresarial, estão num conjunto de va riações e dependências mútuas, que re
dispensáveis para alcançar os resultados garantia única que a sociedade anônima oferece a terceiros, o balanço é o documento necessário para esclarecimento
frei da sua situação real. Se êle é feito do forma excessivamente sintética, sem ordem na seriação dos valores, as inexatidões, dissimuladas, viciarão quais
quer informações úteis, induzindo os melhores peritos a. conclusões falsas O instrumento da técnica contábil é dócil, como. adverte Folliet, e fàcilmen- te insinua dividendos fictícios sob a
lidades e esforço humano relacionados
aparente normalidade de uma apresen tação que, entretanto, afeta a integrida
na unidade do mesmo processo. A for
de do capital da emprêsa. (4)
sultam da combinação criadora de uti
ma da riqueza "capüal-dinheiro", ao in vestir-se, transfigura-se em diversos ele mentos, que se harmonizam, em diferen tes funções, no organismo "aziendal". A expressão organismo exprime com certa
A sociedade de capitais — e, parti cularmente, nomeamos a sociedade anô nima — acentuando a distinção entre os
acionistas, de um lado, e a pessoa jurí
fidelidade a unidade desse cosmo de re
dica possuidora de um patrimônio, de outro, tornou indispensável fixar juridi
lações Sociais destinado a gerar mais
camente o descrime entre os valores
riqueza, Há mercadorias acabadas, mer-
mobiliários e imobiliários que consti-
tão, facilmente compreendemos que, na- * \
As relações entre os valores que in
quela foto contabilística, ocultam-se fe
O capital tem ferinas variadas, como
gem monetária que faculta a tradução já se disse. Como bens de produção, quantitativa das variações do conjunto pode imobilizar-se em períodos que va de relações estudadas, designadas como
riam segundo a natureza da emprêsa e
uma unidade pelo nome de patrimônio. seu ramo de negócios. Nas empresas O sistema de preços dá-nos as medidas comerciais o período é menor que nas dêsses diversos valores incorporados ao industriais. Ê o que alguns denominam
processo produtivo e resenhados no ba lanço num dado instante de suas com
de período de rotação do capital. Êsse capital procede, geralmente, do capital próprio da emprêsa ou das reservas e
binações.
necessidade de examinar a estrutura do
empréstimos a longo prazo, constituído para renovação do equipamento indus
capital das emprêsas.
trial. Vários autores acentuam a impor
Os economistas sempre acentuaram a
As categorias
clássicas - capital fixo e circulante -
tância que tem, na taxa de lucro das so
não apanharam a riqueza de combinação ciedades, a relação existente entre o dos recursos produtivos den^o de cada capital imobilizado e o circulante. Po unidade empresarial. O próprio "capi- de-se distinguir a parte do capital apli tal-dinheiro" e a própria exploração po dem oferecer múltiplas combinações dos
cado à produção, excluída apenas a parte destinada ao pagamento da força
fatôres conjugados na produção, dando produtividades diferentes entre si. Den
tre as duas partes. Essa relação pode
tro de um esquema geral, há xrnia va riedade enorme de conjugação de re cursos. A complexidade cresce quando se considera ainda o'grau de ocupação
dêsses recursos até o ponto de seu
do trabalho, e estabelecer a relação en esclarecer-nos sobre a estrutura do ca
pital, como fez Pigou na sua obra The purê theoiij of Capital. Podem-se estabe lecer ainda outras relações que servem
para mostrar as diferentes .estruturas
38
Dicksto
Econômico
que toma o capital e o trabalho, e suas
entre o estoque de mercadorias, maté
relações com as taxas de lucro, a fim
rias-primas e saldo das contas "Devedo
de determinar o que mais convém ao processo produtivo. Mas aproximemo-nos mais dos objeti
res Gerais e Duplicatas a Receber"; re
vos de nossa análise. Os lucros de cada exercício fornecem
os suplementos do próprio capital, e aparecem no balanço como fundo de
reserva: — reserva legal, estatutária etc.
(7). O capital gera o capital — porque é a poupança oriunda dos réditos altos, que a emprêsa proporciona, que cons
lação entre o volume das transações e
lação.
do ativo imobilizado e o volume das vendas; relação entre vendas e a taxa de lucros; relação entre as transaçúes' e o capital empregado; relação entre o ativo imobilizixdo o o ativo líquido; entre ôstc e as dívidas passivas; relação entre
saldos das contas de "Cai.va e Letras a Pagar" c "Credores-Gerais" etc.). (1) — Mary L. Fleddern and Marv
Kleeck. Technology and Livehood
maior em certas atividades industriais do
sell Sage Foundalions, N. Y., I944 *
que noutras. Daí a importância de considerá-Ia em relação com as demais
COS do Capitalismo Moderno, Liv Bastos. Rio, trad., 1947. '
que movimentam o organismo aziendal. Mas a emprêsa recorre também a em préstimos a longo prazo para investimen tos — e a comparação do capital ativo imobilizado com o capital circulante não é suficiente para esclarecer-nos sôbre a situação real da sociedade. Outras re
lações se tomam indispensáveis para completarem as informações (relação
Finalidades oxtra-fiseais do imposto
iJosÉ Luiz de Almeida Nogueira Porto
Ação do impôsto sôbre a circulação
A PRINCÍPIO, a circulação material, de pois a circulação econômica, sem
A parte do ativo imobilizado
partes do capital dentro dos processos
III
os saldos das contas referidas; relação
titui o tributário mais robusto da acumu
(maquinaria, instrumental, instalação, propriedades da empresa etc.) é muito
Noções gerais sobre imposto
w. "S-
•(2) — Goorges Ripert, Aspeclos Ju*írf»
(3) — Berle and Means. Modem Com
pre os movimentos reais ou simbólicos da riqueza, mereceram as preferências do fisco como ideais para sobrecarregála de tributos. Impostos de barreira, de vendas e consignações, de transmis são "inter-vivos" e "causa-mortis" e
ration and Private Propertv, Tlm -m?®"
muitos outros da mesma natureza, ato-
(4) — Follict. The Bllan dans les Sor-i tés Anonymes. Payot, Paris. 194G. (5) — Pierre Strolil, Inlroduclíon A
caiam a riqueza p<u"a saltar em sua ga
Millan Co.. N. Y.. 1947.
®
Comptabilitó des Entreprisos. Récii«n c. rev. "pAri<3 lOdfí rey, Paris, 1943.
tSl-
(6) — Otto Fischor. Do l'lnflu©nc6 ^
Flucluations Monétaires sur les bllnt.» *
le problème de Ia ré-avaluation. r-fivr" s/d. 'renova.
(7) — Folliet, ob. cil.; Fischer «b cu
— São os dois autores que melhor verc
ram o assunto que abordanjos agora
ra atender ás despesas gerais da admi nistração pública.
exemplo, não tem finalidade econômica.
rias em países descapitalizados como é esses impostos sôbre a circulação tem
perniciosa influência na economia do país, e daí a vedação constitucional, no
Brasil, da e.xístência de impostos de bar reira entre Estados ou Municípios.
Ação sôbre a distribuição
hases para a execução do plano Truman de auxílio aoa países pouco desenvolvidos estão sendo assentadas. O custo dôsse programa seria de US$ 125 milhões, para o
Nem sempre é fácil distinguir-se onde
buiriam com metade e os outros países com o restante. A maior parte dessa soma caberia à América Latina e seria destinada ao contrôle da malária e ao desenvolvi
termina a finalidade puramente fiscal e onde começa o objetivo econômico, quan do se trate de ação do Estado visando
mento da agricultura e educação.
da uma parcela considerável dos gran
local ou de uni proprietário para outro. Essa tributação, porém, na generali dade dos casos, como no Brasil, por
Embora sem finalidades econômicas,
qual, no caso de ser o mesmo aprovado peto Congresso, os Estados Unidos contri
todos os países, a finalidade é puramen te fiscal, pois que o Estado não arreca des rendimento para distribuí-la entre os
Ela resulta de contingências orçamentá
melhor distribuição da riqueza.
d
derar que no Brasil, como em quase "
rupa logo que ela se movimente de um
o nosso.
segando notícia divulgada pelo "Wall Street Journal" de 16 de maio último as
Ao tributar pesadamente as rendas elevadas e ao isentar as pequenas ren das, tanto pode o Estado estar adotando uma políticA social, visando a distribui ção da riqueza, como pode, também, es tar simplesmente tributando cada ura na proporção de sua capacidade contributiva. Aliás, somos propensos a consi-
mais necessitados, mas simplesmente pa
Assim sendo, as tarifas pesadamente progressivas do impôsto de renda — ho je adotadas em todos os países — têm antes um fundamento fiscal do que eco nômico.
Os impostos sobre rendas e sucessões são os veículos mais apropriados para se obter melhor distribuição das rique
zas e, em alguns casos, o quase comple to nivelamento das fortunas. A manipu
lação de qualquer desses impostos se ria capaz de modificar inteiramente a fi sionomia de uma organização social, im-
primindo-Die cunho capitalista ou socia lista, de acordo com a vontade dos go vernantes.
Na Inglaterra, por exemplo, em que, segundo Laufemburger, o impôsto sôbre
38
Dicksto
Econômico
que toma o capital e o trabalho, e suas
entre o estoque de mercadorias, maté
relações com as taxas de lucro, a fim
rias-primas e saldo das contas "Devedo
de determinar o que mais convém ao processo produtivo. Mas aproximemo-nos mais dos objeti
res Gerais e Duplicatas a Receber"; re
vos de nossa análise. Os lucros de cada exercício fornecem
os suplementos do próprio capital, e aparecem no balanço como fundo de
reserva: — reserva legal, estatutária etc.
(7). O capital gera o capital — porque é a poupança oriunda dos réditos altos, que a emprêsa proporciona, que cons
lação entre o volume das transações e
lação.
do ativo imobilizado e o volume das vendas; relação entre vendas e a taxa de lucros; relação entre as transaçúes' e o capital empregado; relação entre o ativo imobilizixdo o o ativo líquido; entre ôstc e as dívidas passivas; relação entre
saldos das contas de "Cai.va e Letras a Pagar" c "Credores-Gerais" etc.). (1) — Mary L. Fleddern and Marv
Kleeck. Technology and Livehood
maior em certas atividades industriais do
sell Sage Foundalions, N. Y., I944 *
que noutras. Daí a importância de considerá-Ia em relação com as demais
COS do Capitalismo Moderno, Liv Bastos. Rio, trad., 1947. '
que movimentam o organismo aziendal. Mas a emprêsa recorre também a em préstimos a longo prazo para investimen tos — e a comparação do capital ativo imobilizado com o capital circulante não é suficiente para esclarecer-nos sôbre a situação real da sociedade. Outras re
lações se tomam indispensáveis para completarem as informações (relação
Finalidades oxtra-fiseais do imposto
iJosÉ Luiz de Almeida Nogueira Porto
Ação do impôsto sôbre a circulação
A PRINCÍPIO, a circulação material, de pois a circulação econômica, sem
A parte do ativo imobilizado
partes do capital dentro dos processos
III
os saldos das contas referidas; relação
titui o tributário mais robusto da acumu
(maquinaria, instrumental, instalação, propriedades da empresa etc.) é muito
Noções gerais sobre imposto
w. "S-
•(2) — Goorges Ripert, Aspeclos Ju*írf»
(3) — Berle and Means. Modem Com
pre os movimentos reais ou simbólicos da riqueza, mereceram as preferências do fisco como ideais para sobrecarregála de tributos. Impostos de barreira, de vendas e consignações, de transmis são "inter-vivos" e "causa-mortis" e
ration and Private Propertv, Tlm -m?®"
muitos outros da mesma natureza, ato-
(4) — Follict. The Bllan dans les Sor-i tés Anonymes. Payot, Paris. 194G. (5) — Pierre Strolil, Inlroduclíon A
caiam a riqueza p<u"a saltar em sua ga
Millan Co.. N. Y.. 1947.
®
Comptabilitó des Entreprisos. Récii«n c. rev. "pAri<3 lOdfí rey, Paris, 1943.
tSl-
(6) — Otto Fischor. Do l'lnflu©nc6 ^
Flucluations Monétaires sur les bllnt.» *
le problème de Ia ré-avaluation. r-fivr" s/d. 'renova.
(7) — Folliet, ob. cil.; Fischer «b cu
— São os dois autores que melhor verc
ram o assunto que abordanjos agora
ra atender ás despesas gerais da admi nistração pública.
exemplo, não tem finalidade econômica.
rias em países descapitalizados como é esses impostos sôbre a circulação tem
perniciosa influência na economia do país, e daí a vedação constitucional, no
Brasil, da e.xístência de impostos de bar reira entre Estados ou Municípios.
Ação sôbre a distribuição
hases para a execução do plano Truman de auxílio aoa países pouco desenvolvidos estão sendo assentadas. O custo dôsse programa seria de US$ 125 milhões, para o
Nem sempre é fácil distinguir-se onde
buiriam com metade e os outros países com o restante. A maior parte dessa soma caberia à América Latina e seria destinada ao contrôle da malária e ao desenvolvi
termina a finalidade puramente fiscal e onde começa o objetivo econômico, quan do se trate de ação do Estado visando
mento da agricultura e educação.
da uma parcela considerável dos gran
local ou de uni proprietário para outro. Essa tributação, porém, na generali dade dos casos, como no Brasil, por
Embora sem finalidades econômicas,
qual, no caso de ser o mesmo aprovado peto Congresso, os Estados Unidos contri
todos os países, a finalidade é puramen te fiscal, pois que o Estado não arreca des rendimento para distribuí-la entre os
Ela resulta de contingências orçamentá
melhor distribuição da riqueza.
d
derar que no Brasil, como em quase "
rupa logo que ela se movimente de um
o nosso.
segando notícia divulgada pelo "Wall Street Journal" de 16 de maio último as
Ao tributar pesadamente as rendas elevadas e ao isentar as pequenas ren das, tanto pode o Estado estar adotando uma políticA social, visando a distribui ção da riqueza, como pode, também, es tar simplesmente tributando cada ura na proporção de sua capacidade contributiva. Aliás, somos propensos a consi-
mais necessitados, mas simplesmente pa
Assim sendo, as tarifas pesadamente progressivas do impôsto de renda — ho je adotadas em todos os países — têm antes um fundamento fiscal do que eco nômico.
Os impostos sobre rendas e sucessões são os veículos mais apropriados para se obter melhor distribuição das rique
zas e, em alguns casos, o quase comple to nivelamento das fortunas. A manipu
lação de qualquer desses impostos se ria capaz de modificar inteiramente a fi sionomia de uma organização social, im-
primindo-Die cunho capitalista ou socia lista, de acordo com a vontade dos go vernantes.
Na Inglaterra, por exemplo, em que, segundo Laufemburger, o impôsto sôbre
DICESTO ECONÓ^ÜCO
40
a renda representou o "pivot" da econo
ção tão elevada não poderia deixar de ter
mia e guerra, todos os rendimentos fo-
objetivos econômicos de melhor reoarli-
teto máximo de
ção das fortunas, de absorção do çxcesso
qual a mcome tax" e a "surtax" passam a mcicür na razão de 95%. Uma tributa-
mente os seus objetivos, como so verifica pelo seguinte quaclro:
^^ras anuais, limite esse a partir do
Rendimento depois da imposição í
í £
150 a
250
250 a
500 !!!!'.
500 a 1.000 .•...
1
!!!!!..
£ 1.000 a 2.000
£ 2.000 a 4.000 £ 4.000 a 6.000
Ü! •" ...
mais de £ 6.000 ..!!!!!]!!!!!! Êsses números mostram claramente como se alterou a distribuição dos ga
do poder de compra etc. E aHngiu plena N' úmero de contribuitue^
ses pobres ou a ser distribuída entre
sas capitalistas *8 as cooperativas, em de
elas.
trimento daquelas, para que o regime cooperativista ganhe novo alento e vá aos
Na verdade, embora se preste muito a
ação no plano social e econômico, o im pôsto de transmissão não tem sido uti lizado com êsse objetivo. Basta ver que
na França, por e.\emJ)lo, sua arrecadação representa apenas 1,5 por mil, em rela ção ao valor das fortunas privadas. No
1938/39
1944/45
4.500.000
7.400.000 5.050.000
o Estado de São Paulo, que aplica as
830.000 186.000
em linha reta entre 2% e 25%, influindo o montante da herança, a idade do her deiro e o local de residência deste.
1.820.000 450.000 155.000 56.000 12.000 7.000
Brasil, em que o impôsto ó estadual,
33.050
tarifas mais pesadas, tributa a sucessão
890
ser progressivo e não apenas pronorAío-
nal. Daí a dificuldade de se saber se nhos individuais pelo imposto de renda, o objetivo de uma tabela progressK-a na Inglaterra. Aumenta enormemente o de impôsto de renda é ^conómico-social numero de pessoas com renda líquida ou simplesmente fiscal. mferior a 1.000 libras; conserva-se apro ximadamente o mesmo número dos que íH íH
consistem em amparo a determinadas formas de empresa e em gravação da
reduz-se — a ponto de quase desapare cer na classe dos rendimentos superio
no nosso, são altamente favoreci
res a 6.000 bbras — o número dos que auferem mais de 2.000 libras de ren dimento anual. .
Processo aproximadamente idêntico foi o adotado durante a guerra nos Es tados Unidos, mas lá, ao que parece, não houve outro objetivo que o de aten der aos hstronômicos oi^çaiuentos de guerra.
A finalidade última dos impostos pro gressivos sobre as rendas podem ser, na maioria dos casos, apenas objeto de conjeturas, levando-se em conta a política
geral adotada pelos governos, a gradação da progressividade e outros fatores, pois,
de acordo com o principio da capacidade
contributiva, também o impôsto deve
Outro impôsto que se presta a
política de melhor distribuição das for tunas é o impôsto de transmissão "causa mortis". Por certo a aplicação dêsse im pôsto com objetivos puramente económico-sociais seria capaz de, em
^re-
ração apenas, provocar uma conipl?ta
subversão da ordem social, pela redislrlbuição das fortunas.
Em verdade, porém, nenhum país^do tou ainda uma política tributária com esse objetivo. Limitam-se, todos êles a invocar o pretexto económico-social dara impor uma tributação elevada e de propósitos fiscais, não só porque o im pôsto de transmissão nunca é tão elevado que importe em verdadeira expropriação, como porque sua arrecadação jamais so" destina especialmente a amparar as clas
poucos SC infiltrando em todos os ra mos dc atividade e c.xpulsando dêles ca pitalistas e comerciantes. Muitas tentati%*as têm sido feitas no
Brasil para se isentar as cooperativas até dos impostos indiretos, como o de vendas e consignações, por exemplo. Sc porém, a justiça ou conveniência da isenção dos impostos diretos é questão de mera con vicção pessoal, a dispensa dos tributos indiretos assume proporções de clamo-
rosa injustiça. Is.so porque êsses tributos, pela sua própria natureza, se desdnam a
ser diluídos por toda a população, de modo a pesar o menos possível sobre ca-
60
têm renda entre 1.000 e 2.000 libras; e
41
Digesto Econômico
Outras modalidades de ação do im
pôsto sôbre a distribuição das riquezas
da cidadão. Concedida que seja a isen-
ção, abrem-se clareiras de favor fiscal no seio da população e os ônus irão pe sar mais sobre cada um dos não favore
cidos, pelo simples fato de não
concentração de capitais.
serem associados ou de não com
As cooperativas, em muitos re
prarem produtos de cooperativas,
gimes tributários e especialmente das.
circunstância essa sem a menor
significação social ou econômica.
A eliminação do interme
diário ou do capitalista, que re-^ sulta do regimte cooperativista, é vista com muita simpatia por grande parte do povo. Mormente com relação ao co merciante, cuja função na ordem eco nômica é mal compreendida, tal elimina
Com relação às formas de em
presas, não faz nossa legislação fiscal distinção alguma. Tanto pelo impôsto de renda como pelos demais impostos
que recaem sôbre atividades comerciais ou industriais, sío elas tratadas igual
ção é proclamada como altamente van tajosa, e essa convicção popular se re
mente.
flete em medidas governamentais favo ráveis às cooperativas, dentre as quais
anônimas gozam de uma certa vanta
ocupa sempre o primeiro plano a isenção
procurada pelo legislador. A vantagem
E' bem verdade que as sociedades gem, mas esta não foi de modo algum
de impostos.
consiste em evitar para os seus compo
Ora, tais isenções não encontram fun damento financeiro por não resultarem da ausência da capacidade contributiva dessas organizações. Visam, assim, um fim económico-socíalr estabelecer a dis paridade de tratamento entre as empre
nentes a incidência do impôsto de renda
progressivo, sofrendo os dividendos o desconto de um impôsto fixo na fonte
pagadora. Daí a razão pela qual tôda grande empresa no Brasil sé transfor ma em sociedade anônima, desvirtuando
DICESTO ECONÓ^ÜCO
40
a renda representou o "pivot" da econo
ção tão elevada não poderia deixar de ter
mia e guerra, todos os rendimentos fo-
objetivos econômicos de melhor reoarli-
teto máximo de
ção das fortunas, de absorção do çxcesso
qual a mcome tax" e a "surtax" passam a mcicür na razão de 95%. Uma tributa-
mente os seus objetivos, como so verifica pelo seguinte quaclro:
^^ras anuais, limite esse a partir do
Rendimento depois da imposição í
í £
150 a
250
250 a
500 !!!!'.
500 a 1.000 .•...
1
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£ 1.000 a 2.000
£ 2.000 a 4.000 £ 4.000 a 6.000
Ü! •" ...
mais de £ 6.000 ..!!!!!]!!!!!! Êsses números mostram claramente como se alterou a distribuição dos ga
do poder de compra etc. E aHngiu plena N' úmero de contribuitue^
ses pobres ou a ser distribuída entre
sas capitalistas *8 as cooperativas, em de
elas.
trimento daquelas, para que o regime cooperativista ganhe novo alento e vá aos
Na verdade, embora se preste muito a
ação no plano social e econômico, o im pôsto de transmissão não tem sido uti lizado com êsse objetivo. Basta ver que
na França, por e.\emJ)lo, sua arrecadação representa apenas 1,5 por mil, em rela ção ao valor das fortunas privadas. No
1938/39
1944/45
4.500.000
7.400.000 5.050.000
o Estado de São Paulo, que aplica as
830.000 186.000
em linha reta entre 2% e 25%, influindo o montante da herança, a idade do her deiro e o local de residência deste.
1.820.000 450.000 155.000 56.000 12.000 7.000
Brasil, em que o impôsto ó estadual,
33.050
tarifas mais pesadas, tributa a sucessão
890
ser progressivo e não apenas pronorAío-
nal. Daí a dificuldade de se saber se nhos individuais pelo imposto de renda, o objetivo de uma tabela progressK-a na Inglaterra. Aumenta enormemente o de impôsto de renda é ^conómico-social numero de pessoas com renda líquida ou simplesmente fiscal. mferior a 1.000 libras; conserva-se apro ximadamente o mesmo número dos que íH íH
consistem em amparo a determinadas formas de empresa e em gravação da
reduz-se — a ponto de quase desapare cer na classe dos rendimentos superio
no nosso, são altamente favoreci
res a 6.000 bbras — o número dos que auferem mais de 2.000 libras de ren dimento anual. .
Processo aproximadamente idêntico foi o adotado durante a guerra nos Es tados Unidos, mas lá, ao que parece, não houve outro objetivo que o de aten der aos hstronômicos oi^çaiuentos de guerra.
A finalidade última dos impostos pro gressivos sobre as rendas podem ser, na maioria dos casos, apenas objeto de conjeturas, levando-se em conta a política
geral adotada pelos governos, a gradação da progressividade e outros fatores, pois,
de acordo com o principio da capacidade
contributiva, também o impôsto deve
Outro impôsto que se presta a
política de melhor distribuição das for tunas é o impôsto de transmissão "causa mortis". Por certo a aplicação dêsse im pôsto com objetivos puramente económico-sociais seria capaz de, em
^re-
ração apenas, provocar uma conipl?ta
subversão da ordem social, pela redislrlbuição das fortunas.
Em verdade, porém, nenhum país^do tou ainda uma política tributária com esse objetivo. Limitam-se, todos êles a invocar o pretexto económico-social dara impor uma tributação elevada e de propósitos fiscais, não só porque o im pôsto de transmissão nunca é tão elevado que importe em verdadeira expropriação, como porque sua arrecadação jamais so" destina especialmente a amparar as clas
poucos SC infiltrando em todos os ra mos dc atividade e c.xpulsando dêles ca pitalistas e comerciantes. Muitas tentati%*as têm sido feitas no
Brasil para se isentar as cooperativas até dos impostos indiretos, como o de vendas e consignações, por exemplo. Sc porém, a justiça ou conveniência da isenção dos impostos diretos é questão de mera con vicção pessoal, a dispensa dos tributos indiretos assume proporções de clamo-
rosa injustiça. Is.so porque êsses tributos, pela sua própria natureza, se desdnam a
ser diluídos por toda a população, de modo a pesar o menos possível sobre ca-
60
têm renda entre 1.000 e 2.000 libras; e
41
Digesto Econômico
Outras modalidades de ação do im
pôsto sôbre a distribuição das riquezas
da cidadão. Concedida que seja a isen-
ção, abrem-se clareiras de favor fiscal no seio da população e os ônus irão pe sar mais sobre cada um dos não favore
cidos, pelo simples fato de não
concentração de capitais.
serem associados ou de não com
As cooperativas, em muitos re
prarem produtos de cooperativas,
gimes tributários e especialmente das.
circunstância essa sem a menor
significação social ou econômica.
A eliminação do interme
diário ou do capitalista, que re-^ sulta do regimte cooperativista, é vista com muita simpatia por grande parte do povo. Mormente com relação ao co merciante, cuja função na ordem eco nômica é mal compreendida, tal elimina
Com relação às formas de em
presas, não faz nossa legislação fiscal distinção alguma. Tanto pelo impôsto de renda como pelos demais impostos
que recaem sôbre atividades comerciais ou industriais, sío elas tratadas igual
ção é proclamada como altamente van tajosa, e essa convicção popular se re
mente.
flete em medidas governamentais favo ráveis às cooperativas, dentre as quais
anônimas gozam de uma certa vanta
ocupa sempre o primeiro plano a isenção
procurada pelo legislador. A vantagem
E' bem verdade que as sociedades gem, mas esta não foi de modo algum
de impostos.
consiste em evitar para os seus compo
Ora, tais isenções não encontram fun damento financeiro por não resultarem da ausência da capacidade contributiva dessas organizações. Visam, assim, um fim económico-socíalr estabelecer a dis paridade de tratamento entre as empre
nentes a incidência do impôsto de renda
progressivo, sofrendo os dividendos o desconto de um impôsto fixo na fonte
pagadora. Daí a razão pela qual tôda grande empresa no Brasil sé transfor ma em sociedade anônima, desvirtuando
42
Dicesto
Econômico
43
Dicesto Econômico
embora a natureza e o5 objetivos dessa
so não resulta, aliás, do propósito delibe
espécie de sociedade.
rado de facilitar a concentração de ca pitais, mas de razões de ordem técnica,
se tributassem fortemente as despesas de
sumo, é o impôsto de consumo, o qual
pois que rescr\'a não distribuída é lucro
cónsumo, isentando-se de impostos a
incide, ou melhor, deveria incidir, em
to nítida na legislação fiscal francesa.
que não foi obtido pelo contribuinte,
parte poupada do rendimentp.
Assim, os lucros das sociedades por ações,
pessoa física. Nos países altamente capitalizados é
razão do grau de necessidade ou de utilidade dos produtos. Assim, a alta tributação que sofrem as bebidas, as jóias, as perfumarias e o
A finalidade econômica de favorecer
determinadas formas de empresas é mui
na França, sofrem uma tributação glo
bal de 54%, enquanto que as sociedades de pessoas são tributadas em 24% e o ar tesanato em 16%, com a finalidade evi
dente de se amparar aqueles rjue, em sua atividade, aplicam não só seu capital mas também seu trabalho.
Idêntico propósito orientava a legisla-r ção alemã ao tempo do nacional-socialismo.
Rumo oposto, porém, segue a legis lação inglesa, a qual visivelmente favo rece as sociedades de capitais. Quanto à legislação norte-americana, como a
nossa, não faz distinção quanto h espé cie da sociedade. * ❖ *
A tributação da concentração de ca pitais, visando objetivos econômicos e sociais, não existe de forma característi
ca em nossa legislação fiscal.
E' bem
verdade que o impôsto de renda das pes soas jurídicas sofre uma pequena varia
ção em função do lucro obtido, o que demonstra um propósito de se tributar
mais pesadamente a grande empresa. Entretanto, como essa tributação inde
pende do capital investido, não se pode dizer que ela tenha o intuito.de evitar
explicável a tendência da legislação fis
cal de dificultar o mais possível o pro cesso de concentração de capitais. E' o que sucede nos Estados Unidos, em que os lucros não distribuídos sofrem uma táxação de 27,5%, quando não ul
trapassem de 100.000 dólares e de 38,5%
Culloch ("Principies of Political Economy"), por exemplo, aconselhava que
Essas duas tendências revelam con
cepções diferentes da ordem social e esta não é a ocasião própria para discuti-las. Uma coisa, porém, é certa; o capital é um fator de produção, pertença êle aos cidadãos ou à coletividade representada
pelo Estado. A condição preliminar, por tanto, é a de que êle exista, e para isso é preciso que seja acumulado. Nessa ordem
quando excedam desse limite. "Le pre
de idéias, no Brasil a legislação deveria
texte officiel de cette surtaxe — escreve
ser nitidamente favorável à formação e
Laufemburger em "Finances Coinparés"
à concentração de capitais, pois, de to dos os fatôres da produção, êsse é o
~ est d'eviter que Tabstention de dis-
O instrumento típico, no Brasil, de in tervenção tributária do Estado no con
fumo — não só no Brasil, como na maio
ria dos países — resulta do propósito dos governos de restringir seu consumo. E' bem verdade que essa tributação cor
responde também ao princípio da ca pacidade contributiva, pois presume-se que os consumidores de produtos supér fluos possam contribuir em proporção
maior do que aquêles que só consomem produtos úteis ou necessiírios à \'ida. E' uma presunção falível, mas coletivamen-
á
H
tribuer les réserves ne permette aux
mais escasso entre nós.
actionnaires d'échapper aux impôts for-
os Estados Unidos têm interesse em evi
te considerada é aceitável.
tar a poupança individual, para poder
Poder-se-á alegar, com relação à le gislação fiscal brasileira, que artigos
tement progressifs sur le revenu des per.sonnes physiques, impôts qui auraient étó dus si les dividendes avaient été distribués. Mais en fait cet encouragement fiscal des distribuitions est upe réaction contre Ia pratique de Tautofinancement des entreprises et de Ia puis sance économique qu'il implique." Na França, a grande empresa é mais
Ao passo que
dar escoamento à sua colossal produ ção, o Brasil tem interesse na poupança,
absolutamente necessários sofrem tribu
para que as empresas disponham de maior capital e, conseqüentemente, de
tação mais elevada do que outros supér fluos. E' o caso do fósforo, por exem
melhores condições de produtividade, e
plo. Não há dúvida que assim é, e só
para que o crédito se torne mais fácil e o juro menos elevado do que atualmente.
nos cabe lamentar que os governos, com
Um sistema de isenções fiscais para re
o propósito de arrecadar mais, tenham abandonado os princípios técnicos que
tributada proporcionalmente do que a
servas de emprêsas conduziria, prova
deveriam orientar a ünposição sobre o
pequena, e a fusão de empresas é forte
velmente, a êsse resultado.
consumo.
mente tributada com um impôsto de 16% sòbre o aumento do capital. Além disso
Ação sôbre o consumo
os grandes magazines sofrem uma tri
butação progressiva sobre o volume dos
O consumo em geral, ou de deter
Os demais impostos indiretos exis tentes no iBrá;sil, notadamente o de vendas e consignações, embora se re flitam sôbre o consumo, restringindo-o, não visam de modo algum essa conse
negócios.
minadas mercadorias em particular, pode
Como regra geral, os governos de tendências socialistas são hostis à con
ser fàcilmente manobrado pelo Estado
qüência, mas sim a de proporcionar ar
através do impôsto, o qual, tributando
recadação aos cofres públicos.
a concentração de capitais. De resto, nossa legislação não só não hostiliza a concentração de capitais, co mo até facilita, deixando de tributar as reservas da sociedade com o impôsto
progressivo devido pelos seus componen
rumo oposto e ou são indiferentes ou
tes, tributação essa que só tem lugar por ocasião da distribuição das reservas. Is
mesmo francamente favoráveis à concen
geira a tal ponto que ela fica fora do al
tração e à formação de capitais. Mac
cance da grande massa da população.
regime fiscal para dificultá-la o mais pos
pesadamente determinado produto, eleva seu preço e, conseqüentemente, reduz
para restringir draconianamente o con
sível. Já as nações, como os economis
seu consumo.
sumo, não de alguns, mas de todos os
centração de capitais e- lançam mão do
tas, de tendências capitalistas, seguem
Os direitos aduaneü-os outra coisa não
fazem que encarecer a mercadoria estran
Exemplo típico da ação do impôsto produtos, foi a prática adotada durante a guerra pela U.R.S.S.. A alíquota do impôsto sôbre vendas, já bastante ele vada, foi majorada em 100%, do que reAJ.
v..1.
42
Dicesto
Econômico
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Dicesto Econômico
embora a natureza e o5 objetivos dessa
so não resulta, aliás, do propósito delibe
espécie de sociedade.
rado de facilitar a concentração de ca pitais, mas de razões de ordem técnica,
se tributassem fortemente as despesas de
sumo, é o impôsto de consumo, o qual
pois que rescr\'a não distribuída é lucro
cónsumo, isentando-se de impostos a
incide, ou melhor, deveria incidir, em
to nítida na legislação fiscal francesa.
que não foi obtido pelo contribuinte,
parte poupada do rendimentp.
Assim, os lucros das sociedades por ações,
pessoa física. Nos países altamente capitalizados é
razão do grau de necessidade ou de utilidade dos produtos. Assim, a alta tributação que sofrem as bebidas, as jóias, as perfumarias e o
A finalidade econômica de favorecer
determinadas formas de empresas é mui
na França, sofrem uma tributação glo
bal de 54%, enquanto que as sociedades de pessoas são tributadas em 24% e o ar tesanato em 16%, com a finalidade evi
dente de se amparar aqueles rjue, em sua atividade, aplicam não só seu capital mas também seu trabalho.
Idêntico propósito orientava a legisla-r ção alemã ao tempo do nacional-socialismo.
Rumo oposto, porém, segue a legis lação inglesa, a qual visivelmente favo rece as sociedades de capitais. Quanto à legislação norte-americana, como a
nossa, não faz distinção quanto h espé cie da sociedade. * ❖ *
A tributação da concentração de ca pitais, visando objetivos econômicos e sociais, não existe de forma característi
ca em nossa legislação fiscal.
E' bem
verdade que o impôsto de renda das pes soas jurídicas sofre uma pequena varia
ção em função do lucro obtido, o que demonstra um propósito de se tributar
mais pesadamente a grande empresa. Entretanto, como essa tributação inde
pende do capital investido, não se pode dizer que ela tenha o intuito.de evitar
explicável a tendência da legislação fis
cal de dificultar o mais possível o pro cesso de concentração de capitais. E' o que sucede nos Estados Unidos, em que os lucros não distribuídos sofrem uma táxação de 27,5%, quando não ul
trapassem de 100.000 dólares e de 38,5%
Culloch ("Principies of Political Economy"), por exemplo, aconselhava que
Essas duas tendências revelam con
cepções diferentes da ordem social e esta não é a ocasião própria para discuti-las. Uma coisa, porém, é certa; o capital é um fator de produção, pertença êle aos cidadãos ou à coletividade representada
pelo Estado. A condição preliminar, por tanto, é a de que êle exista, e para isso é preciso que seja acumulado. Nessa ordem
quando excedam desse limite. "Le pre
de idéias, no Brasil a legislação deveria
texte officiel de cette surtaxe — escreve
ser nitidamente favorável à formação e
Laufemburger em "Finances Coinparés"
à concentração de capitais, pois, de to dos os fatôres da produção, êsse é o
~ est d'eviter que Tabstention de dis-
O instrumento típico, no Brasil, de in tervenção tributária do Estado no con
fumo — não só no Brasil, como na maio
ria dos países — resulta do propósito dos governos de restringir seu consumo. E' bem verdade que essa tributação cor
responde também ao princípio da ca pacidade contributiva, pois presume-se que os consumidores de produtos supér fluos possam contribuir em proporção
maior do que aquêles que só consomem produtos úteis ou necessiírios à \'ida. E' uma presunção falível, mas coletivamen-
á
H
tribuer les réserves ne permette aux
mais escasso entre nós.
actionnaires d'échapper aux impôts for-
os Estados Unidos têm interesse em evi
te considerada é aceitável.
tar a poupança individual, para poder
Poder-se-á alegar, com relação à le gislação fiscal brasileira, que artigos
tement progressifs sur le revenu des per.sonnes physiques, impôts qui auraient étó dus si les dividendes avaient été distribués. Mais en fait cet encouragement fiscal des distribuitions est upe réaction contre Ia pratique de Tautofinancement des entreprises et de Ia puis sance économique qu'il implique." Na França, a grande empresa é mais
Ao passo que
dar escoamento à sua colossal produ ção, o Brasil tem interesse na poupança,
absolutamente necessários sofrem tribu
para que as empresas disponham de maior capital e, conseqüentemente, de
tação mais elevada do que outros supér fluos. E' o caso do fósforo, por exem
melhores condições de produtividade, e
plo. Não há dúvida que assim é, e só
para que o crédito se torne mais fácil e o juro menos elevado do que atualmente.
nos cabe lamentar que os governos, com
Um sistema de isenções fiscais para re
o propósito de arrecadar mais, tenham abandonado os princípios técnicos que
tributada proporcionalmente do que a
servas de emprêsas conduziria, prova
deveriam orientar a ünposição sobre o
pequena, e a fusão de empresas é forte
velmente, a êsse resultado.
consumo.
mente tributada com um impôsto de 16% sòbre o aumento do capital. Além disso
Ação sôbre o consumo
os grandes magazines sofrem uma tri
butação progressiva sobre o volume dos
O consumo em geral, ou de deter
Os demais impostos indiretos exis tentes no iBrá;sil, notadamente o de vendas e consignações, embora se re flitam sôbre o consumo, restringindo-o, não visam de modo algum essa conse
negócios.
minadas mercadorias em particular, pode
Como regra geral, os governos de tendências socialistas são hostis à con
ser fàcilmente manobrado pelo Estado
qüência, mas sim a de proporcionar ar
através do impôsto, o qual, tributando
recadação aos cofres públicos.
a concentração de capitais. De resto, nossa legislação não só não hostiliza a concentração de capitais, co mo até facilita, deixando de tributar as reservas da sociedade com o impôsto
progressivo devido pelos seus componen
rumo oposto e ou são indiferentes ou
tes, tributação essa que só tem lugar por ocasião da distribuição das reservas. Is
mesmo francamente favoráveis à concen
geira a tal ponto que ela fica fora do al
tração e à formação de capitais. Mac
cance da grande massa da população.
regime fiscal para dificultá-la o mais pos
pesadamente determinado produto, eleva seu preço e, conseqüentemente, reduz
para restringir draconianamente o con
sível. Já as nações, como os economis
seu consumo.
sumo, não de alguns, mas de todos os
centração de capitais e- lançam mão do
tas, de tendências capitalistas, seguem
Os direitos aduaneü-os outra coisa não
fazem que encarecer a mercadoria estran
Exemplo típico da ação do impôsto produtos, foi a prática adotada durante a guerra pela U.R.S.S.. A alíquota do impôsto sôbre vendas, já bastante ele vada, foi majorada em 100%, do que reAJ.
v..1.
I ".um n i
Dicesto Econômico
44
sultou uma alta considerável de pre ços, afastando do mercado consumidor
tringir o consumo global • pela elevação dos impostos indiretos. Essa elevação
O ADVOGADO MENDES PIMENTEL
consideráveis massas de população. Essa circunstância permitiu que o raciona
tem'sido uma contingência das precárias condições financeiras de quase todas as
Dario de Almeida Magalhães
mento rigoroso, então adotado, fosse ob
nações neste após-gucrra.
Mas, por
servado pela população, que, de resto,
DESTINO lhe marcara a vocação de
outro lado, em todos os regimes fis cais se procura restringir o consumo do artigos supérfluos ou perniciosos,
Francisco Mendes Pimentel era daqueles,
não dispunha de meios para comprar mais do que o permitido. O resultado da
medida foi que êsse imposto, que em 1941 havia proporcionado uma arreca
dação de 124 bilhões de rublos, em
com uma tributação que, em alguns
casos, representa verdadeiro proibicionismo.
1943, com, a taxa dobrada, só rendeu *
71 bilhões, o que prova que a elevação do impôsto fez cair o consumo em 63%.
Não conhecemos exemplos, em outros países, de medidas fiscais que visem les-
*
*
Outros aspectos da ação social e eco nômica do impôsto serão abordados
no artigo seguinte desta série.
maneira inequívoca e indelével. como Bourdillon, que haviam de ser ad
vogados "por decreto nominativo da Providencia". As incursões por êle ten
tadas em campos fronteiriços à advo cacia foram episódicas e efêmeras. ,0
professorado em Barbacena, no início da carreira, era certamente o adjutório de que se valia o iniciante pobre para as segurar-se certa estabilidade financeira,
Revestirain^se de cerimônia cívica as co
memorações do octogôsimo aniversário natalício do grande jtirisconsuUo Fran cisco Mendes Pimentel. Associondo-se a
essas homenagens, o "Digesto Econômi co" tem o prazer de publicar o magní
fico ensaio escrito pelo sr. Dario de Al
meida Magalhães, seu diistre e cons tante colaborador. Êste trabalho será
publicado na "Revista Forense".
à espera do rendimento mais segmo de um escritório que ainda aliciava clien
i
tela. A advocacia é como uma enseada
em que muitas águas desembocam, e de onde partem inúmeras caravelas à bus
que se agitavam naquela quadra de enuuc/ ai-.
--
j.
_
saio das novas instituições,7 foi , logo^con1 A • vocado para a Câmara Estadual. Anuiu ao chamamento e suportou o exercício saio Uilô
ca de rumos variados e imprevistos. O
do mandato até ao fim do prazo regu.ar.
seu exercício também "méne a tout , e
E dessa primeira experiência deLxou
conduz, nos seus enredos e desdobramen tos, aos fins mais desencontrados. Duas
seduções poderosas sôbre ela atuam de maneira constante, e quase irresistível:
a do jornalismo e a da política. Uma e outra atividades são mesmo como que
desdobramentos obrigatórios dà advoca cia militante. Não é outra também a nossa tradição no Império e na Republi
Mendes Pimentel, como traço significa tivo, um discurso sôbre a "incorporação
do proletariado à sociedade moderna , que, pronunciado em 1896, vale como alto testemunho da acuidade e da largueza de vistas do político, que os par tidos mineiros dentro em pouco iriam
perder, para infortúnio da vida cívica de Minas e do Brasil.
Se o deputado estadual Mendes Pi
nos pmses paxses participantes ao do Plano tiano Marshall, é maior agora asora do que antes da suerra guePro
A Administração da Co^eração Econômica anunciou que o nível de emprêso
ca: a advocacia foi sempre a pepineiia onde se abasteceram, entre nós, os parti
mentel era sóbrio e arredio, nem por isso
O relatório da A. C. E. diz que existem, atualmente, mais assalariados no comércio e na indústria, do que em 1937. Indica também que o desemprêgo, cm neral é menor do que antes da guerra e que os operários estão recebendo tantos
dos políticos para enriquecer os seus quadros das suas figiuas mais capazes
se deixou de perceber a verdadeira es tatura do homem que se escondia dis
e brilhantes.
cretamente. A ascensão imediata à Câ
alimentos quanto há dez anos atrás. O relatório da A. C. E. diz que no Reinn Unido o número de desempregados foi — vinte e- -•— — cento cm j 1938. ir, O Na ■ Áustria c reduzido cinco por confronto com os dados de e -na Suécia, o número dos seni em' r
.
..
lC\OQ
.
prêgo foi reduzido em um terço. Por sua vez, a Dinamarca reduziu o desemprêgo a setenta e cinco por cento dos níveis de antes da guerra. Na França, a redução foi de dez por cento, na Irlanda de oitenta por cento, e na Holanda de quinze por cento.
A situação atualmente prevalecente na Alemanha, Itália, Grécia e
Bélgica, foi qualificada como exceção.
Mendes Pimentel, homem público de
nascença, não poderia fugir a tais solici tações. O profissional que rapidamente
ganhara fama num fôro ilustre, como o era o de Barbacena nos primeiros anos
da República, e que como jornalista local participava dos debates das questões
'i
mara Federal veio como uma prova de
que àquele tempo predominava realmen te um critério de seleção de valores, em
bora sujeito freqüentemente a colapsos e eclipses, sobretudo em Minas, onde, durante uma larga quadra, o "coronelismo" submeteu, torceu ou esmagou as
I ".um n i
Dicesto Econômico
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sultou uma alta considerável de pre ços, afastando do mercado consumidor
tringir o consumo global • pela elevação dos impostos indiretos. Essa elevação
O ADVOGADO MENDES PIMENTEL
consideráveis massas de população. Essa circunstância permitiu que o raciona
tem'sido uma contingência das precárias condições financeiras de quase todas as
Dario de Almeida Magalhães
mento rigoroso, então adotado, fosse ob
nações neste após-gucrra.
Mas, por
servado pela população, que, de resto,
DESTINO lhe marcara a vocação de
outro lado, em todos os regimes fis cais se procura restringir o consumo do artigos supérfluos ou perniciosos,
Francisco Mendes Pimentel era daqueles,
não dispunha de meios para comprar mais do que o permitido. O resultado da
medida foi que êsse imposto, que em 1941 havia proporcionado uma arreca
dação de 124 bilhões de rublos, em
com uma tributação que, em alguns
casos, representa verdadeiro proibicionismo.
1943, com, a taxa dobrada, só rendeu *
71 bilhões, o que prova que a elevação do impôsto fez cair o consumo em 63%.
Não conhecemos exemplos, em outros países, de medidas fiscais que visem les-
*
*
Outros aspectos da ação social e eco nômica do impôsto serão abordados
no artigo seguinte desta série.
maneira inequívoca e indelével. como Bourdillon, que haviam de ser ad
vogados "por decreto nominativo da Providencia". As incursões por êle ten
tadas em campos fronteiriços à advo cacia foram episódicas e efêmeras. ,0
professorado em Barbacena, no início da carreira, era certamente o adjutório de que se valia o iniciante pobre para as segurar-se certa estabilidade financeira,
Revestirain^se de cerimônia cívica as co
memorações do octogôsimo aniversário natalício do grande jtirisconsuUo Fran cisco Mendes Pimentel. Associondo-se a
essas homenagens, o "Digesto Econômi co" tem o prazer de publicar o magní
fico ensaio escrito pelo sr. Dario de Al
meida Magalhães, seu diistre e cons tante colaborador. Êste trabalho será
publicado na "Revista Forense".
à espera do rendimento mais segmo de um escritório que ainda aliciava clien
i
tela. A advocacia é como uma enseada
em que muitas águas desembocam, e de onde partem inúmeras caravelas à bus
que se agitavam naquela quadra de enuuc/ ai-.
--
j.
_
saio das novas instituições,7 foi , logo^con1 A • vocado para a Câmara Estadual. Anuiu ao chamamento e suportou o exercício saio Uilô
ca de rumos variados e imprevistos. O
do mandato até ao fim do prazo regu.ar.
seu exercício também "méne a tout , e
E dessa primeira experiência deLxou
conduz, nos seus enredos e desdobramen tos, aos fins mais desencontrados. Duas
seduções poderosas sôbre ela atuam de maneira constante, e quase irresistível:
a do jornalismo e a da política. Uma e outra atividades são mesmo como que
desdobramentos obrigatórios dà advoca cia militante. Não é outra também a nossa tradição no Império e na Republi
Mendes Pimentel, como traço significa tivo, um discurso sôbre a "incorporação
do proletariado à sociedade moderna , que, pronunciado em 1896, vale como alto testemunho da acuidade e da largueza de vistas do político, que os par tidos mineiros dentro em pouco iriam
perder, para infortúnio da vida cívica de Minas e do Brasil.
Se o deputado estadual Mendes Pi
nos pmses paxses participantes ao do Plano tiano Marshall, é maior agora asora do que antes da suerra guePro
A Administração da Co^eração Econômica anunciou que o nível de emprêso
ca: a advocacia foi sempre a pepineiia onde se abasteceram, entre nós, os parti
mentel era sóbrio e arredio, nem por isso
O relatório da A. C. E. diz que existem, atualmente, mais assalariados no comércio e na indústria, do que em 1937. Indica também que o desemprêgo, cm neral é menor do que antes da guerra e que os operários estão recebendo tantos
dos políticos para enriquecer os seus quadros das suas figiuas mais capazes
se deixou de perceber a verdadeira es tatura do homem que se escondia dis
e brilhantes.
cretamente. A ascensão imediata à Câ
alimentos quanto há dez anos atrás. O relatório da A. C. E. diz que no Reinn Unido o número de desempregados foi — vinte e- -•— — cento cm j 1938. ir, O Na ■ Áustria c reduzido cinco por confronto com os dados de e -na Suécia, o número dos seni em' r
.
..
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prêgo foi reduzido em um terço. Por sua vez, a Dinamarca reduziu o desemprêgo a setenta e cinco por cento dos níveis de antes da guerra. Na França, a redução foi de dez por cento, na Irlanda de oitenta por cento, e na Holanda de quinze por cento.
A situação atualmente prevalecente na Alemanha, Itália, Grécia e
Bélgica, foi qualificada como exceção.
Mendes Pimentel, homem público de
nascença, não poderia fugir a tais solici tações. O profissional que rapidamente
ganhara fama num fôro ilustre, como o era o de Barbacena nos primeiros anos
da República, e que como jornalista local participava dos debates das questões
'i
mara Federal veio como uma prova de
que àquele tempo predominava realmen te um critério de seleção de valores, em
bora sujeito freqüentemente a colapsos e eclipses, sobretudo em Minas, onde, durante uma larga quadra, o "coronelismo" submeteu, torceu ou esmagou as
46
Digesto EcoNÓ^^co
mais vigorosas capacidades para a vida pública. A promoção, todavia, não o seduziu. Não embriagou o moço de 28 anos a perspectiva de uma carreira po lítica que se anunciava faustosa.
Não
era essa^a vocação de Mendes Pimentel: a sua personalidade era demasiado rija para os meneios e as sinuosidades
de uma política que se desenrolava en tre grupos e arranjos personalistas e com-
padrescos, completamente alheia aos es
quemas ideológicos, às questões e prin cípios gerais, a disciplina consciente mente emanada das assembléias deli
como a concebia, tal como a exigia a ri ca c seivosa personalidade de Mendes
Pimentel. Servi-la, nela integrar-se por ambição, comodismo ou vaidade, seria uma transigência que não afinava com
o seu temperamento, um tanto rude, e certamente inquebrantável.
A retirada, embora com o sacrifício
da carreira, se impunha; mas não seria
uma deserção, um gesto de egoísmo, ou de fraqueza. Não: a sua consciência dos deveres da cidadania era bem viva; e para compri-los iria o combatente ape nas buscar outro campo, em que pudes
berativas dos partidos, de vida organi expandir-se com desenvoltura e dezada e de funcionamento regular. O se tédio o venceu, diante da pobreza do es sempeno, proveitosamente. A transferência para Belo Horizonte petáculo. A sua fibra de condutor era representou a eleição do cenário privile madaplável àquele jôgo monótono e va zio, em que tudo eram composições Ee- giado, onde o seu destino se iria des xíveis e acomodações descaracterizadoras. dobrar até à culminância moral e inte a que atingiu. O homem públi Uma personalidade que precisava ex lectual não morrera, porém, em Mendes Pi pandir-se, sem se deformar, uma perso co mentel. A prova c que a sua primeira nalidade em busca de realização, mas iniciativa foi fundar na capital recémque teimava em ser fiel a si mesma, ha nada um jornal diário. Iniciaüva auda veria de entrar fatalmente em conflito ciosa, temerária, num meio desprovido de com esse ambiente que lhe parecia a tudo para um jornal, inclusive de acon mn tempo fútil e dissolvente. A retirada tecimentos de leitores; e que tôdas de Mendes Pimentel — assinalada em as condiçõese indicavam incapaz de sus plena juventude, por uma renúncia que tentar uma publicação onerosa, como à lhe testemunlia a decisão da vontade e a que o político renunciante lançava com confiança em si próprio — é o reencon a resolução confiante de sempre — a tro do homem com o seu destino indes, viável. O campo de sua atuação deveria ser outro, em que se aproveitassem inte
gralmente as suas qualidades, quç a política mutilaria ou neutralizaria na me
diania incaracterística que impunha, so bretudo àquela época, como uma con dição de biunfo, num meio em que o sufrágio'6 a vida partidária eram apenas convenções ou simulações hipócritas, re
petidas com maior ou menor compostura e gravidade.
Aquela não era a vida pública tal
mesma resolução que o levaria, em 1904 a criar, no mesmo ambiente acanhado ê
a manter ininterruptamente durante 27 anos, como diretor, a "Revista Forense"
de tão fecundos serviços ao pensamento
jurídico do País.
O "Diário de Minas", que Mendes Pi mentel fundou em 1899 e dirigiu duran te um ano, era uma folha política, es sencialmente política, em que se deba tiam, quase diàriamente, através dos ar tigos de fundo que o seu diretor escre
via, com a marca daquele seu estilo já
47
DrcEsTO Econômico
tões da hora. O homem público conti
desWos nem digressões: Mendes Pimen tel seria só e apenas advogado. Da po
nuava \agilante e atuante, muito embo
lítica e das suas traças, que não pu
inconfundível, todos os problemas e ques
ra o político que vivera a vida medío cre e vazia dos partidos o das assem bléias expandisse o seu desencanto piO" fundo nestas palavras que estão no ar
tigo da apresentação do jornal, de 19 de janeiro de 1899:
"O arruído que periòdicamente levan tam os "politicians" nas épocas de renovamento de mandato não tem acuidade além das fronteiras do profissiona lismo; é um simples fogo de vista
que ao apagar-se torna a escuri dão mais densa, é uma mareta
dera compreender, nem aceitar, se re tirara enfastiado ad museam. Jornalis
mo, só exerceria o especializado — o
jornalismo forense — através da revista, que criara e dirigiria com o seu digno e eficiente companheiro Estêvão Pinto. Professor, também continuaria a sê-!o, iluminando a cátedra de Direito Penal
da Faculdade, que lhe merecia todos os desvelos. Mas o -profcssorado jurídico seria para ele apenas um comple mento essencial à formação e à
atividade do advogado.
Pois o
estudo 8 o trato da doutrina eram
que encrespa a superfície do oceano da opinião sem nunca agi
indispensáveis à sua concepção do
tar-lho as camadas profundas e
o explicaria no seu discurso de posse na
sem atingir-lhe o seio. Caído o pano sôbre o desenlace da farsa eleitoral, re colhem todos os atores aos mesmos bas tidores, 6 longe da ribalta se acorapadram na mais ínrima camaradagem, ate que o apetite de uma nova sucessão os
fraga de novo ao palco, divididos em campos irfeconciliáveis e partidos irre
oficio da advocacia, conforme êle
presidência do Instituto dos Advogados H de Minas, em 1915, nestas palavras: "Sem a teoria, que ilumina e vivifica o têxto, o advogado é o "cantor formularum" — incapaz de perceber que em cada caso judiciário há um problema so cial em equação, e que ^ regras que
o direito disciplinam são corolários de dutíveis. "O povo, esse nem ao menos se com princípios fundamentais, cujas raízes praz mais em assistir ao espetáculo que, mergulham na tradição, mantendo no
a fôrça de repetido, Ibe embotou a curiosidade; o eleitorado aposentou-se na
abstenção em massa, e foi substituído pela fraude escancarada, sem termo e sem limites, e que é a paródia bufa do sistema representativo." * * *
Do comêço do século em diante, a marcha seria uma só. e pela mesma es trada real: — marcha ascendente, sem
hiatos, sem quedas, pela estrada que o levaria ao apogeu do prestígio profissio nal, moral e cíviço. Não houvç mais
processo evolutivo a pureza das linhas originais da construção milenária." A sedução do magistério em Mendes Piment,el — que foi, em verdade, sempre um professor emérito, na cátedra e fora dela — lhe vinha, sem duvida, desse
aprêço pela cultura, e também pela in fluencia estimulante que poderia exercer com o seu feitio impressivo sôbre os
estudantes, para que estes, pelo esforço perseverante e pelo amor ao estudo, aproveitassem e desenvolvessem ao má ximo os talentos naturais de que fossem
dotados, mantendo, assim, uma tradição
íntelect\ial em que êle viã o mellior pa-
46
Digesto EcoNÓ^^co
mais vigorosas capacidades para a vida pública. A promoção, todavia, não o seduziu. Não embriagou o moço de 28 anos a perspectiva de uma carreira po lítica que se anunciava faustosa.
Não
era essa^a vocação de Mendes Pimentel: a sua personalidade era demasiado rija para os meneios e as sinuosidades
de uma política que se desenrolava en tre grupos e arranjos personalistas e com-
padrescos, completamente alheia aos es
quemas ideológicos, às questões e prin cípios gerais, a disciplina consciente mente emanada das assembléias deli
como a concebia, tal como a exigia a ri ca c seivosa personalidade de Mendes
Pimentel. Servi-la, nela integrar-se por ambição, comodismo ou vaidade, seria uma transigência que não afinava com
o seu temperamento, um tanto rude, e certamente inquebrantável.
A retirada, embora com o sacrifício
da carreira, se impunha; mas não seria
uma deserção, um gesto de egoísmo, ou de fraqueza. Não: a sua consciência dos deveres da cidadania era bem viva; e para compri-los iria o combatente ape nas buscar outro campo, em que pudes
berativas dos partidos, de vida organi expandir-se com desenvoltura e dezada e de funcionamento regular. O se tédio o venceu, diante da pobreza do es sempeno, proveitosamente. A transferência para Belo Horizonte petáculo. A sua fibra de condutor era representou a eleição do cenário privile madaplável àquele jôgo monótono e va zio, em que tudo eram composições Ee- giado, onde o seu destino se iria des xíveis e acomodações descaracterizadoras. dobrar até à culminância moral e inte a que atingiu. O homem públi Uma personalidade que precisava ex lectual não morrera, porém, em Mendes Pi pandir-se, sem se deformar, uma perso co mentel. A prova c que a sua primeira nalidade em busca de realização, mas iniciativa foi fundar na capital recémque teimava em ser fiel a si mesma, ha nada um jornal diário. Iniciaüva auda veria de entrar fatalmente em conflito ciosa, temerária, num meio desprovido de com esse ambiente que lhe parecia a tudo para um jornal, inclusive de acon mn tempo fútil e dissolvente. A retirada tecimentos de leitores; e que tôdas de Mendes Pimentel — assinalada em as condiçõese indicavam incapaz de sus plena juventude, por uma renúncia que tentar uma publicação onerosa, como à lhe testemunlia a decisão da vontade e a que o político renunciante lançava com confiança em si próprio — é o reencon a resolução confiante de sempre — a tro do homem com o seu destino indes, viável. O campo de sua atuação deveria ser outro, em que se aproveitassem inte
gralmente as suas qualidades, quç a política mutilaria ou neutralizaria na me
diania incaracterística que impunha, so bretudo àquela época, como uma con dição de biunfo, num meio em que o sufrágio'6 a vida partidária eram apenas convenções ou simulações hipócritas, re
petidas com maior ou menor compostura e gravidade.
Aquela não era a vida pública tal
mesma resolução que o levaria, em 1904 a criar, no mesmo ambiente acanhado ê
a manter ininterruptamente durante 27 anos, como diretor, a "Revista Forense"
de tão fecundos serviços ao pensamento
jurídico do País.
O "Diário de Minas", que Mendes Pi mentel fundou em 1899 e dirigiu duran te um ano, era uma folha política, es sencialmente política, em que se deba tiam, quase diàriamente, através dos ar tigos de fundo que o seu diretor escre
via, com a marca daquele seu estilo já
47
DrcEsTO Econômico
tões da hora. O homem público conti
desWos nem digressões: Mendes Pimen tel seria só e apenas advogado. Da po
nuava \agilante e atuante, muito embo
lítica e das suas traças, que não pu
inconfundível, todos os problemas e ques
ra o político que vivera a vida medío cre e vazia dos partidos o das assem bléias expandisse o seu desencanto piO" fundo nestas palavras que estão no ar
tigo da apresentação do jornal, de 19 de janeiro de 1899:
"O arruído que periòdicamente levan tam os "politicians" nas épocas de renovamento de mandato não tem acuidade além das fronteiras do profissiona lismo; é um simples fogo de vista
que ao apagar-se torna a escuri dão mais densa, é uma mareta
dera compreender, nem aceitar, se re tirara enfastiado ad museam. Jornalis
mo, só exerceria o especializado — o
jornalismo forense — através da revista, que criara e dirigiria com o seu digno e eficiente companheiro Estêvão Pinto. Professor, também continuaria a sê-!o, iluminando a cátedra de Direito Penal
da Faculdade, que lhe merecia todos os desvelos. Mas o -profcssorado jurídico seria para ele apenas um comple mento essencial à formação e à
atividade do advogado.
Pois o
estudo 8 o trato da doutrina eram
que encrespa a superfície do oceano da opinião sem nunca agi
indispensáveis à sua concepção do
tar-lho as camadas profundas e
o explicaria no seu discurso de posse na
sem atingir-lhe o seio. Caído o pano sôbre o desenlace da farsa eleitoral, re colhem todos os atores aos mesmos bas tidores, 6 longe da ribalta se acorapadram na mais ínrima camaradagem, ate que o apetite de uma nova sucessão os
fraga de novo ao palco, divididos em campos irfeconciliáveis e partidos irre
oficio da advocacia, conforme êle
presidência do Instituto dos Advogados H de Minas, em 1915, nestas palavras: "Sem a teoria, que ilumina e vivifica o têxto, o advogado é o "cantor formularum" — incapaz de perceber que em cada caso judiciário há um problema so cial em equação, e que ^ regras que
o direito disciplinam são corolários de dutíveis. "O povo, esse nem ao menos se com princípios fundamentais, cujas raízes praz mais em assistir ao espetáculo que, mergulham na tradição, mantendo no
a fôrça de repetido, Ibe embotou a curiosidade; o eleitorado aposentou-se na
abstenção em massa, e foi substituído pela fraude escancarada, sem termo e sem limites, e que é a paródia bufa do sistema representativo." * * *
Do comêço do século em diante, a marcha seria uma só. e pela mesma es trada real: — marcha ascendente, sem
hiatos, sem quedas, pela estrada que o levaria ao apogeu do prestígio profissio nal, moral e cíviço. Não houvç mais
processo evolutivo a pureza das linhas originais da construção milenária." A sedução do magistério em Mendes Piment,el — que foi, em verdade, sempre um professor emérito, na cátedra e fora dela — lhe vinha, sem duvida, desse
aprêço pela cultura, e também pela in fluencia estimulante que poderia exercer com o seu feitio impressivo sôbre os
estudantes, para que estes, pelo esforço perseverante e pelo amor ao estudo, aproveitassem e desenvolvessem ao má ximo os talentos naturais de que fossem
dotados, mantendo, assim, uma tradição
íntelect\ial em que êle viã o mellior pa-
48
Dicesto Econômico
trimonio de Minas. E foi esse fecundo
papel de excilador de qualidades e de valores que mestre Mendes Pímentel re presentou, com sua presença, o seu exem
plo e sua palavra, não só na Faculdade
vida pública se poderia indicar do que êsso zêlo infatigdvel pela mocidadc es tudiosa? O homem público Mendes Phmentel não se cstiolara na sua voca
ção; o advogado não era um profissional
de Direito, como no meio forense mi
que exercesse a sua tarefa com espí
neiro.
rito privado; tínlia, ao revés, bem vivo o sentimento da dignidade do seu offhium
E todo o seu eonstante empenho nessa tarefa teve o fito único de elevar o
tônus cultural e a dignidade do pretório do nosso Estado, erguendo a advo
cacia e a }ustiça à excelsa posição que paritàriamente lhes cabe.
Veja-se, nestoutro passo do discurso
citado, a emoção com que procura e.xcitar as ambições dos moços ao triunfo nas lides profissionais:
•.."foi principalmente pensando nos moços que mais me sorriu a idéia dos
colegas que intencionavam a fundação do Insütuto... É talvez pelo meu amor ao magistério que não sei de alegria tão ampla, de prazer tão consolador, de con tentamento tão vivo como o de assistir
à eclosão de um espírito de eleição, desses que nas primeiras cintilações já denunciam os fulgores que iluminam uma existência inteira."
Os moços, os seus discípulos, os que iniciavam a caminhada pela mesma rota em que êle já havia ascendido às culminâncias, foram sempre o pensamento
mais constante de Mendes Pimentelj aconselhá-los, estimulá-los, provocar-lhes as paixões nobres e as aspirações supe riores, foi esse o alvo permanente de
suas palavras e de suas ações, até que a ingratidão e o desvario, numa hora de lirante, lhe permitisse dar aos seus alu nos universitários a lição mais alta e
mais pura — a de uma conduta exemplar na dignidade, na renúncia, na serenidade e na impavidez, postas em defesa da cultura e da seriedade do ensino.
Que maior testemunho de dedicação à •A'
pubhcum; e professor de Direito, que o completava no fôro e na cátedra, êste não
moral este não desceu jamais. E como ligados por um sistema de vasos comu-
nicantes, a marca que indicava a subida
qualidade da inagi.straturu tinha corres pondência na que traduzia o superior quilate da advocacia.
A aplicação cstrônua aos deveres, o estudo paciente c acurado, a probidade sem jaça, a independência, a dignidade,
era um repetidor de lições, nem um
o desinterôsse — eis as virtudes que, du
docente empenhado apenas em instruir os sei^ discípulos; era um mestre de verdade que educava pela sua vida e que sobretudo queria abrir caminhos
rante anos e anos, tornaram modelar, sob
f.yorecer vitórias, ajudar a construir des
tinos, formar gerações que excedessem em virtude e sennços, às antecessoras' A alma universitária se irradiava da íiaui ra impressionante dêsse professor tior
49
Dioesto Econômico
todos os aspectos, o fôro mais graduado de Minas Gerais. A Relação mineira era
um seminário de juizes virtuosos e sá
bios, formados • para a missão de distri buir justiça com serenidade e zelo sem par. E nesse mesmo estilo baliam de proceder os advogados, para serem ouvi
Êste fôro predestinado era um recinto fechado, na culminância em que se er guia, aos ruídos e às agitações, aos es cândalos e aos comentários da praça pública. Nunca ninguém ousou murmu rar coisa alguma sobre a dignidade e a honradez de seus juizes, realmente iiivulneráveis a qualquer suspeita ou ma-
•'
ledicéncia. A cordialidade e a serenida
de eram as características da atmosfera
que os envolvia, e na qual juizes e advo gados se moviam cercados da mesma compostura e da mesma dignidade. Era, em verdade, um cenáculo, uma escola.
E tudo contribuía para que assim se consei^^asse por longo tempo: o orgulho em preservá-lo na altura a que ascen dera por todos os que nêle se inte
gravam; os inadaptados se retraíam
para não serem repelidos como imposto- ^
um insensível, que dêsse convívio esni ritual não trouxesse alguma marca moml
dos e considerados nas suas postulações. Do Tribunal da Relação se irradiava
o exemplo, e daí emanava a sensação de .segurança o de confiança que envolvia
meio social que o rodeava, em que as
e intelectual.
toda a justiça mineira, na mesma res
cujas aula.s não passava ninguém, 'sen^ão
* * *
fôro da jovem capital mineira nn começo do século, oferecia um quadro excepcional. O padrão tnoral e inte lectual dos juizes c advogados se eleva va a níveis dificilmente ultrapassáveis.'
Sentia-se que a justiça se cercava de
uma aura singular de dignidade e nobre za, que se refletia na figura de cada um
dos seus servidores - magistrados, ou advogados. Nesse ambiente iria Mendes
Pímentel ter o privilégio de exercer du
rante trinta anos a advocacia, sem in terrupção. Porque, por um dêsses mi-
lagres de continuidade que constituem bênçãos da Providência, durante todo
êsse largo período não decaiu a superior qualidade do pretório da capital mineira, pois, se por vêzes o nível intelectual mé dio conheceu baixas ocasionais, o padrão
peitabilidade imperturbável. O poder judiciário, assim composto, cumpria fiel mente a sua missão tutelar; os juvisdi-
cionados não tinham nunca a menor du vida na fidelidade e na exação dos ser
vidores da justiça; os direitos de todos e de cada um estavam-resguardados por
juizes probos e esclarecidos, que nada
temiam, e nada, nenhuma influencia,
poderia desviar da linha do dever e da honra.
Receio, ou medo de qualquer
res; e a modéstia e a sobriedade do
forças econômicas ainda incipientes não contribuíam para que os grandes inte resses materiais em disputa viessem per
turbar, com as paixões que desencandeiam, a límpidez, a modéstia e o ar
franciscano daquele reduto invulnerável às solicitações subalternas.
O exercício da sua profissão perante julgadores de tal estatura era o estímulo permanente com que contava um advo
gado como Mendes Pimentel, para o qual o ofício não era uma técnica, ou
espécie, não entibiaria o ânimo dos jul gadores de tal jaez; ambições ou inte-
um meio de vida apenas, mas sobretudo
rôsses não alimentavam aqueles que ao
são e calor, para testemunhar a alta qua lidade da magistratura superior de
elegerem a carreira abraçada haviam re nunciado igualmente às honrarias e à fartura, em voto espontâneo de pobreza
o modéstia, para só buscarem nas com
uma atividade de ordem moral. E êle
nunca deixou de se expandir com efu-
Minas.
O Tribunal da Relação era um dos
motivos de orgulho de sua vida, e cer
pensações de ordem moral os prêmios a que poderiam aspirar no desempenho
tamente uma das razões mais fortes e
do nobilíssimo niinislério em que se
constantes para a sua confiança nos ho
investiam.
isdíLad*,-.
mens, nos impulsos superiores da huma- ■
V
48
Dicesto Econômico
trimonio de Minas. E foi esse fecundo
papel de excilador de qualidades e de valores que mestre Mendes Pímentel re presentou, com sua presença, o seu exem
plo e sua palavra, não só na Faculdade
vida pública se poderia indicar do que êsso zêlo infatigdvel pela mocidadc es tudiosa? O homem público Mendes Phmentel não se cstiolara na sua voca
ção; o advogado não era um profissional
de Direito, como no meio forense mi
que exercesse a sua tarefa com espí
neiro.
rito privado; tínlia, ao revés, bem vivo o sentimento da dignidade do seu offhium
E todo o seu eonstante empenho nessa tarefa teve o fito único de elevar o
tônus cultural e a dignidade do pretório do nosso Estado, erguendo a advo
cacia e a }ustiça à excelsa posição que paritàriamente lhes cabe.
Veja-se, nestoutro passo do discurso
citado, a emoção com que procura e.xcitar as ambições dos moços ao triunfo nas lides profissionais:
•.."foi principalmente pensando nos moços que mais me sorriu a idéia dos
colegas que intencionavam a fundação do Insütuto... É talvez pelo meu amor ao magistério que não sei de alegria tão ampla, de prazer tão consolador, de con tentamento tão vivo como o de assistir
à eclosão de um espírito de eleição, desses que nas primeiras cintilações já denunciam os fulgores que iluminam uma existência inteira."
Os moços, os seus discípulos, os que iniciavam a caminhada pela mesma rota em que êle já havia ascendido às culminâncias, foram sempre o pensamento
mais constante de Mendes Pimentelj aconselhá-los, estimulá-los, provocar-lhes as paixões nobres e as aspirações supe riores, foi esse o alvo permanente de
suas palavras e de suas ações, até que a ingratidão e o desvario, numa hora de lirante, lhe permitisse dar aos seus alu nos universitários a lição mais alta e
mais pura — a de uma conduta exemplar na dignidade, na renúncia, na serenidade e na impavidez, postas em defesa da cultura e da seriedade do ensino.
Que maior testemunho de dedicação à •A'
pubhcum; e professor de Direito, que o completava no fôro e na cátedra, êste não
moral este não desceu jamais. E como ligados por um sistema de vasos comu-
nicantes, a marca que indicava a subida
qualidade da inagi.straturu tinha corres pondência na que traduzia o superior quilate da advocacia.
A aplicação cstrônua aos deveres, o estudo paciente c acurado, a probidade sem jaça, a independência, a dignidade,
era um repetidor de lições, nem um
o desinterôsse — eis as virtudes que, du
docente empenhado apenas em instruir os sei^ discípulos; era um mestre de verdade que educava pela sua vida e que sobretudo queria abrir caminhos
rante anos e anos, tornaram modelar, sob
f.yorecer vitórias, ajudar a construir des
tinos, formar gerações que excedessem em virtude e sennços, às antecessoras' A alma universitária se irradiava da íiaui ra impressionante dêsse professor tior
49
Dioesto Econômico
todos os aspectos, o fôro mais graduado de Minas Gerais. A Relação mineira era
um seminário de juizes virtuosos e sá
bios, formados • para a missão de distri buir justiça com serenidade e zelo sem par. E nesse mesmo estilo baliam de proceder os advogados, para serem ouvi
Êste fôro predestinado era um recinto fechado, na culminância em que se er guia, aos ruídos e às agitações, aos es cândalos e aos comentários da praça pública. Nunca ninguém ousou murmu rar coisa alguma sobre a dignidade e a honradez de seus juizes, realmente iiivulneráveis a qualquer suspeita ou ma-
•'
ledicéncia. A cordialidade e a serenida
de eram as características da atmosfera
que os envolvia, e na qual juizes e advo gados se moviam cercados da mesma compostura e da mesma dignidade. Era, em verdade, um cenáculo, uma escola.
E tudo contribuía para que assim se consei^^asse por longo tempo: o orgulho em preservá-lo na altura a que ascen dera por todos os que nêle se inte
gravam; os inadaptados se retraíam
para não serem repelidos como imposto- ^
um insensível, que dêsse convívio esni ritual não trouxesse alguma marca moml
dos e considerados nas suas postulações. Do Tribunal da Relação se irradiava
o exemplo, e daí emanava a sensação de .segurança o de confiança que envolvia
meio social que o rodeava, em que as
e intelectual.
toda a justiça mineira, na mesma res
cujas aula.s não passava ninguém, 'sen^ão
* * *
fôro da jovem capital mineira nn começo do século, oferecia um quadro excepcional. O padrão tnoral e inte lectual dos juizes c advogados se eleva va a níveis dificilmente ultrapassáveis.'
Sentia-se que a justiça se cercava de
uma aura singular de dignidade e nobre za, que se refletia na figura de cada um
dos seus servidores - magistrados, ou advogados. Nesse ambiente iria Mendes
Pímentel ter o privilégio de exercer du
rante trinta anos a advocacia, sem in terrupção. Porque, por um dêsses mi-
lagres de continuidade que constituem bênçãos da Providência, durante todo
êsse largo período não decaiu a superior qualidade do pretório da capital mineira, pois, se por vêzes o nível intelectual mé dio conheceu baixas ocasionais, o padrão
peitabilidade imperturbável. O poder judiciário, assim composto, cumpria fiel mente a sua missão tutelar; os juvisdi-
cionados não tinham nunca a menor du vida na fidelidade e na exação dos ser
vidores da justiça; os direitos de todos e de cada um estavam-resguardados por
juizes probos e esclarecidos, que nada
temiam, e nada, nenhuma influencia,
poderia desviar da linha do dever e da honra.
Receio, ou medo de qualquer
res; e a modéstia e a sobriedade do
forças econômicas ainda incipientes não contribuíam para que os grandes inte resses materiais em disputa viessem per
turbar, com as paixões que desencandeiam, a límpidez, a modéstia e o ar
franciscano daquele reduto invulnerável às solicitações subalternas.
O exercício da sua profissão perante julgadores de tal estatura era o estímulo permanente com que contava um advo
gado como Mendes Pimentel, para o qual o ofício não era uma técnica, ou
espécie, não entibiaria o ânimo dos jul gadores de tal jaez; ambições ou inte-
um meio de vida apenas, mas sobretudo
rôsses não alimentavam aqueles que ao
são e calor, para testemunhar a alta qua lidade da magistratura superior de
elegerem a carreira abraçada haviam re nunciado igualmente às honrarias e à fartura, em voto espontâneo de pobreza
o modéstia, para só buscarem nas com
uma atividade de ordem moral. E êle
nunca deixou de se expandir com efu-
Minas.
O Tribunal da Relação era um dos
motivos de orgulho de sua vida, e cer
pensações de ordem moral os prêmios a que poderiam aspirar no desempenho
tamente uma das razões mais fortes e
do nobilíssimo niinislério em que se
constantes para a sua confiança nos ho
investiam.
isdíLad*,-.
mens, nos impulsos superiores da huma- ■
V
P Dicesto EcoNÓ^^co
50
Digesto Econômico
51
nidade, em meio às crises de cepticismo
cendo uma ação de ordem social mais
que assaltavam a sua existência pontiIhada de lutas e dissabores. Eis, por exemplo, a ênfase com que, em 1923,
profunda do que a que se contém nor malmente no desempenho de sua tarela
Daí porque a sua figura íntegra com pleta e ensina aquêlc glorioso foro.mi neiro — cuja influência na vida do Es
fabricação de moeda falsa que ficou fa
específica.
tado, na \áda cívica de Minas, há de ser
moso nas crônicas do Estado — o caso
faz o louvor do tribunal mineiro (Rev. For. vol. XLI, pág. 177):
No meio dêsses juizes, lidando peran
um dia devidamente medida e exqilicada,
te ôles, Mendes Pímentel se sentiu sem
como um insubstituível fator de ordem,
"No consenso ■unânime dos profissio
pre tranqüilo e feliz. Porque, na verda
nais do foro brasileiro, nenhum tribunal
de equilíbrio e dignidade coletiva de
da fazenda do Areião. Os agentes po liciais tiveram um procedimento que a Mendes Pimentel pareceu gravemente
de, era um dôles; poderia pertencer à corporação dos julgadores, sem alterar substancialmente a missão de que se
germe singular de fecundação do es
da República excede em predicados a Relação de Minas Gerais como órgão de distribuição da justiça." O advogado máximo de seu meio, para o qual o comportamento ético irre preensível era o supremo dever, sente-se sempre venturoso pelo prêmio que o destino lhe reservara de desempenhar o seu ministério perante juizes dignos de confiança tão integral e merecedores de respeito tão irrestrito.
Essa autoridade da magistratura é que corrigia e equilibrava o funcionamento
dos outros poderes: o executivo, prêsa de
um partido único, e o legislativo unâni
me, agindo sem vigilância de uma opi
nião pública, em verdade, completamen te dispersa e descuidada. O judiciário,
incumbia, e sem muito menos violentar
a sua formação. Era êle um juiz; exer cia a advocacia com tanta elevação e
escrúpulo, com tão rigoroso zelo pelos aspectos morais das questões cujo pa trocínio lhe era confiado, que desempe nhava, em verdade, uma judicatura. As
divergências que se poderiam estabelecer entre êle e os magistrados perante os quais postulava seriam apenas de natu
reza doutrinária ou opinativa, que fa
talmente dividem os tribunais e as corpo rações, .sob a influência da dialética mais Ou menos
poderosa
e
convin
cente.
em Minas, assim composto e cercado de
Se Mendes Pimentel —- filho de uni nobre e digno magistrado — se houvesse
exação dos seus servidores, era o refú
transformado em juiz de carreira, perder-se-iam, talvez, no exercício passivo
tamanha dignidade e prestígio, pela
gio e a garantia dos direitos e liberda des; e a sua influência certamente con tribuiu sensivelmente para conter os ím
petos e os excessos dos poderes políti
cos, e foi um eficaz elemento na for mação do clima de equilíbrio e segu rança de que Minas gozou sempre na nossa conturbada e viciosa vida repu
blicana. Se a justiça falliou em muitos pontos do País, deixando de ser aquele órgão de moderação e proteção que, no regime adotado, lhe cabia ser, para re primir os excessos e as arbitrariedades, certamente em Minas ele se desincumbiu
pírito da legalidade.
A rápida passagem de Mendes Pi mentel pelo jornalismo político, ao es tabelecer a sua banca de advogado em Belo Horizonte, contribuiu apreciàvel-
mente para o seu rápido sucesso profis sional. Não só pelo bom teor dos artigos
víano Brandão, e Chefe de Polícia Aure-
liano Magalhães.
Ocorreu um caso de
incorreto. E o "Diário de Minas", pela pena vigorosa de seu diretor, em comen tários sucessivos, atacou rijamente o
Chefe de Polícia responsável. A impres são causada pela campanha foi intensa e profunda. A autoridade acusada se defendeu da imputação de "absoluta
incapacidade administrativa" que lhe fô-
de fundo que o "Diário de Minas" es tampava, quase diàriamente, discutindo as questões gerais — como, por exemplo, a série dos que versaram a reforma tri butária promovida por David Campista —• mas, e principalmente, talvez, pelas qualidades de independência e intrepidez que o "debater" revelava na análise
ra feita sem ambages; e o jornal acusa
dos homens e dos acontecimentos.
são. Quem era aquele bravo que ousa va ferir, em cheio provocar, na sua fi-^
Era então presidente do Estado Sil-
dor lhe estampou a longa contestação, para revidar, em seguida, com maior
agressividade. ^ A polícia era, então, por uma velha M
tradição que se argamassara no espírito ™
público, uma coisa sagrada, intangível, fonte de terror e instrumento de submis
e quieto da magistratura, algumas de
suas qualidades incisivas de pugnacida-
de, rebeldia e iniciativa, a flama qui
xotesca que era seu apanágio; mas quanto ao mais — a isenção, o equilíbrio
o o apuro moral na apreciação das ques tões — haveriam apenas de se sublimar
nos julgamentos que lhe coubesse pro ferir, elevando-se ao mesmo nível dos juizes mais perfeitos e mais integral mente votados ao desempenho do espi nhoso encargo de julgar. É que néle o saber jurídico sempre foi apenas um complemento da sua apura
cabalmente de sua missão, graças sobre
da consciência moral e do mais com
tudo às virtudes dos seus juizes, exer
preensivo sentimento de justiça.
m
P Dicesto EcoNÓ^^co
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Digesto Econômico
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nidade, em meio às crises de cepticismo
cendo uma ação de ordem social mais
que assaltavam a sua existência pontiIhada de lutas e dissabores. Eis, por exemplo, a ênfase com que, em 1923,
profunda do que a que se contém nor malmente no desempenho de sua tarela
Daí porque a sua figura íntegra com pleta e ensina aquêlc glorioso foro.mi neiro — cuja influência na vida do Es
fabricação de moeda falsa que ficou fa
específica.
tado, na \áda cívica de Minas, há de ser
moso nas crônicas do Estado — o caso
faz o louvor do tribunal mineiro (Rev. For. vol. XLI, pág. 177):
No meio dêsses juizes, lidando peran
um dia devidamente medida e exqilicada,
te ôles, Mendes Pímentel se sentiu sem
como um insubstituível fator de ordem,
"No consenso ■unânime dos profissio
pre tranqüilo e feliz. Porque, na verda
nais do foro brasileiro, nenhum tribunal
de equilíbrio e dignidade coletiva de
da fazenda do Areião. Os agentes po liciais tiveram um procedimento que a Mendes Pimentel pareceu gravemente
de, era um dôles; poderia pertencer à corporação dos julgadores, sem alterar substancialmente a missão de que se
germe singular de fecundação do es
da República excede em predicados a Relação de Minas Gerais como órgão de distribuição da justiça." O advogado máximo de seu meio, para o qual o comportamento ético irre preensível era o supremo dever, sente-se sempre venturoso pelo prêmio que o destino lhe reservara de desempenhar o seu ministério perante juizes dignos de confiança tão integral e merecedores de respeito tão irrestrito.
Essa autoridade da magistratura é que corrigia e equilibrava o funcionamento
dos outros poderes: o executivo, prêsa de
um partido único, e o legislativo unâni
me, agindo sem vigilância de uma opi
nião pública, em verdade, completamen te dispersa e descuidada. O judiciário,
incumbia, e sem muito menos violentar
a sua formação. Era êle um juiz; exer cia a advocacia com tanta elevação e
escrúpulo, com tão rigoroso zelo pelos aspectos morais das questões cujo pa trocínio lhe era confiado, que desempe nhava, em verdade, uma judicatura. As
divergências que se poderiam estabelecer entre êle e os magistrados perante os quais postulava seriam apenas de natu
reza doutrinária ou opinativa, que fa
talmente dividem os tribunais e as corpo rações, .sob a influência da dialética mais Ou menos
poderosa
e
convin
cente.
em Minas, assim composto e cercado de
Se Mendes Pimentel —- filho de uni nobre e digno magistrado — se houvesse
exação dos seus servidores, era o refú
transformado em juiz de carreira, perder-se-iam, talvez, no exercício passivo
tamanha dignidade e prestígio, pela
gio e a garantia dos direitos e liberda des; e a sua influência certamente con tribuiu sensivelmente para conter os ím
petos e os excessos dos poderes políti
cos, e foi um eficaz elemento na for mação do clima de equilíbrio e segu rança de que Minas gozou sempre na nossa conturbada e viciosa vida repu
blicana. Se a justiça falliou em muitos pontos do País, deixando de ser aquele órgão de moderação e proteção que, no regime adotado, lhe cabia ser, para re primir os excessos e as arbitrariedades, certamente em Minas ele se desincumbiu
pírito da legalidade.
A rápida passagem de Mendes Pi mentel pelo jornalismo político, ao es tabelecer a sua banca de advogado em Belo Horizonte, contribuiu apreciàvel-
mente para o seu rápido sucesso profis sional. Não só pelo bom teor dos artigos
víano Brandão, e Chefe de Polícia Aure-
liano Magalhães.
Ocorreu um caso de
incorreto. E o "Diário de Minas", pela pena vigorosa de seu diretor, em comen tários sucessivos, atacou rijamente o
Chefe de Polícia responsável. A impres são causada pela campanha foi intensa e profunda. A autoridade acusada se defendeu da imputação de "absoluta
incapacidade administrativa" que lhe fô-
de fundo que o "Diário de Minas" es tampava, quase diàriamente, discutindo as questões gerais — como, por exemplo, a série dos que versaram a reforma tri butária promovida por David Campista —• mas, e principalmente, talvez, pelas qualidades de independência e intrepidez que o "debater" revelava na análise
ra feita sem ambages; e o jornal acusa
dos homens e dos acontecimentos.
são. Quem era aquele bravo que ousa va ferir, em cheio provocar, na sua fi-^
Era então presidente do Estado Sil-
dor lhe estampou a longa contestação, para revidar, em seguida, com maior
agressividade. ^ A polícia era, então, por uma velha M
tradição que se argamassara no espírito ™
público, uma coisa sagrada, intangível, fonte de terror e instrumento de submis
e quieto da magistratura, algumas de
suas qualidades incisivas de pugnacida-
de, rebeldia e iniciativa, a flama qui
xotesca que era seu apanágio; mas quanto ao mais — a isenção, o equilíbrio
o o apuro moral na apreciação das ques tões — haveriam apenas de se sublimar
nos julgamentos que lhe coubesse pro ferir, elevando-se ao mesmo nível dos juizes mais perfeitos e mais integral mente votados ao desempenho do espi nhoso encargo de julgar. É que néle o saber jurídico sempre foi apenas um complemento da sua apura
cabalmente de sua missão, graças sobre
da consciência moral e do mais com
tudo às virtudes dos seus juizes, exer
preensivo sentimento de justiça.
m
52
Dígesto EcoNÓNnco
gura mais graduada, as iras dessa ins
apenas pouco mais de dois anos de
tituição temibilíssima, inviolável nas suas
e.xistôncia. Era uma cidade eni constru
prerrogativas • e na sua impunidade?
1
:}; * sH
ção em que o Govêrno ainda se insta
Já no seu primeiro fascículo, a "Re
Tôdas as vistas e todas as atenções se
vista Forense" registra na sua crônica:
voltaram para a figura destemerosa do diretor do jornal: ali estava um homem sem medo e sem conveniências, capaz
se reunira uma plêiade de juristas e
advogados de nota, os que se transpor taram para' a novel Capital ou já iriam
"Causa importante — Vai ser iniciada a execução judicial na açao entre o Vis
solicitados para atividades políticas. Os
lícia.
claros na advocacia se iriam abrir nessa
No meio propício à unanimidade e à
submissão — lun só partido, o do govêrno; câmaras unânimes; imprensa inexis tente ou calada — naquele meio mineiro
incolor e tranqüilo, Mendes Pimentel surgia brandindo, a sua clava de comba-
coni ímpeto e ruído que causavam pânico e frêmito de emoção. E contra quem se atirava o incrível batalbador?
Justamente contra o mais perigoso dos
redutos do Govêrno: a máquina policial. A sensação que o gesto intrépido provo.^ cou foi imensa. Surgia, sem dúvida, um homem cuja independência e cuja bravura diante de nada cediam.
Durante um ano apenas, como já assi nalamos, dispersaria Mendes Pimentel a sua atuação no jornalismo político. Mas as atitudes e iniciativas — como esta
do combate aos erros da polícia esta dual — que teve como jornalista have
vindo Lopes, Estêvão Lobo e Virgílio de Melo Franco eram os nomes que dominavam o pretório mineiro naquela quadra. Os seus escritórios ainda vêm anunciados nas páginas do "Diário de
de se defrontarem no fôro, nos anos que decorrem de 1900 a 1910.
A fundação, em 1904, da "Revista
Forense", completou o quadro em que se desdobraria a ação profissional de
Mendes Pimentel. A publicação que
das a sua tempera de lutador, as quali
um estudo de Pedro Lessa, então advo
nas", denunciando' tais atributos, vale ram de muito ao êxito da carreira pro
fissional que se iniciava, na capital mi neira, sob um signo extremamente pro pício, sob outros aspectos.
Belo Horizonte tinha, naquela época,
cionais. Já no segundo fascículo, insere
gado em São Paulo, sôbre testamento; e daí por diante a publicação provinciana é distinguida com a colaboração dos maiores nomes do mundo jurídico brasi leiro — o que era um testemunho de sua
boa qualidade e, sobretudo, uma prova do prestígio crescente da figura do seu dü-etor, cuja consagração profissional
dominava completamente o meio e já
cional e de vigor inconfundível.
Parte das produções jurídiôas de Men des Pimentel se encontra nas páginas da "Revista Forense". Raro será o fas
E de então em diante, pode dizer-se que não houve causa de relevo no Estado
virão depois — Estêvão Pinto, João Luís Alves, João Batista Martins, Pleitor de Sousa e Afonso Pena Júnior, marcando os pontos mais altos das competências
mas qualidades do escritor forense, cujo estilo traduz, mais do que uma mentali dade, ao mesmo tempo clara e profun da, uma consciência de têmpera excep
cículo que, entre 1904 e 1931, não apre
nal já se impusera de maneira defmitiva.
com o pai) e Mendes Pimentel. Outros
são do discurso sóbrio e denso, as mes
Esta foi uma questão de grande vulto financeiro para a época. A primeira demanda de valor pecuniário considerá A essa altura o seu renome profissio
Minas", ao lado dos de Alfredo Pinto,
recurso) sentia, na segurança e na preci
ta Martins."
vel de que participava Mendes Pimentel.
Afrânio de Melo Franco (que advoga
riam de contribuir para tomar conheci
sempre perfil como advogado: a altaneria, a coragem moral, a fidelidade aos deveres, cumpridos a qualquer custo. E essas campanhas do "Diário de Mi
Gerais. São advogados, por parte do requerente, o dr. Mendes Pimentel, e pelo Estado o dr. Aureliano Magalhães, sub-procurador geral, e o dr. Baptis-
fase de transformação. Gonçalves Cha ves, Henrique Sales, Sabino Barroso, De
lança ao serviço das letras jurídicas logo adquiriu caráter e repercussão na
dades mais salientes que lhe marcaram
conde dc Guahi e o Estado de Minas
a caminho da aposentadoria, ou seriam
mais eficaz e perigosa do poder: a po
mente escrito, não sendo de uso mesmo
a sustentação oral perante o tribunal de
lava. Do fôro de Ouro Prêto, em que
de afrontar, pelo amor à verdade, a arma
53
DiciíSTO Econômico
em que não lhe coubesse o patrocínio do um dos litigantes. Com o tempo, a sua atividade se circunscreveu quase
que só aos arrazoados perante o Tribunal da Relação e aos pareceres. Excepcio nalmente, só de raro em raro, intervi-
sente um ou mais pareceres e arrazoa
dos de sua lavra. Esta parte divulgada
é, todavia, apenas xuna parcela bem mesquinha do seu labor ininterrupto. O volume maior da produção está guar
dado nos autos que se acumulam nos ^
arquivos do tribunal mineiro, ou nos ca- V
demos em que o jurisconsulto lançava as respostas às consultas que lhe eram oferecidas, e que o autor teima em re
cusar à publicidade, apesar de todos os rogos dos editores, sob a escusa que a modéstia lhe dita (á modéstia que nunca
nha em primeira instância. .Nos anos
o abandonou), de imerecerem tais pro
moda e intensíssima, e se exercia não
Às razões ê pareceres, divulgados na quela revista, e em memoriais, se juntam algumas lições magistrais colhidas em
iniciais, porém, a sua atividade era oní-
apenas no fôro da capital como no das comarcas mais importantes do Estado, desde que a gravidade do caso tomasse
duções as honras da publicidade.
notas taquigráficas, enquanto iam sendo
insubstituível para o cliente a interven
prelecionadas da cátedra de Direito Pe
ção do patrono, em cuja capacidade de positava confiança infungível. E algu
em cada fascículo da "Revista Forense
mas vezes mesmo, Mendes Pimentel
que já era exímio criminalista — partici pava dos debates do juri, como aconte ceu num julgamento de crime político,
nal. E também as crônicas estampadas como notas da redação, nas quais, apesar
de não virem assinadas, é fácil identificar
a marca incisiva do autor. Algumas des
tas crônicas (que versavam sôbre acon
ocorrido em Turvo, famoso nos fastos
tecimentos, iniciativas e projetos que pu
judiciários mineiros justamente, pelo pres tígio dos advogados que nele se me diram. E quem o via falar, na tribuna
sôbre livros ou revistas de Direito) ti
se irradiava ràpidamente para além das
judiciária (a que poucas vezes compa
fronteiras de Minas.
receu, pois o processo era então total AMl.MíSiu.
dessem interessar ao mundo jurídico, ou veram, no momento, grande repercus são e influência, como, verbi gratía, a
que Mendes Pimentel estampou no vo-
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Dígesto EcoNÓNnco
gura mais graduada, as iras dessa ins
apenas pouco mais de dois anos de
tituição temibilíssima, inviolável nas suas
e.xistôncia. Era uma cidade eni constru
prerrogativas • e na sua impunidade?
1
:}; * sH
ção em que o Govêrno ainda se insta
Já no seu primeiro fascículo, a "Re
Tôdas as vistas e todas as atenções se
vista Forense" registra na sua crônica:
voltaram para a figura destemerosa do diretor do jornal: ali estava um homem sem medo e sem conveniências, capaz
se reunira uma plêiade de juristas e
advogados de nota, os que se transpor taram para' a novel Capital ou já iriam
"Causa importante — Vai ser iniciada a execução judicial na açao entre o Vis
solicitados para atividades políticas. Os
lícia.
claros na advocacia se iriam abrir nessa
No meio propício à unanimidade e à
submissão — lun só partido, o do govêrno; câmaras unânimes; imprensa inexis tente ou calada — naquele meio mineiro
incolor e tranqüilo, Mendes Pimentel surgia brandindo, a sua clava de comba-
coni ímpeto e ruído que causavam pânico e frêmito de emoção. E contra quem se atirava o incrível batalbador?
Justamente contra o mais perigoso dos
redutos do Govêrno: a máquina policial. A sensação que o gesto intrépido provo.^ cou foi imensa. Surgia, sem dúvida, um homem cuja independência e cuja bravura diante de nada cediam.
Durante um ano apenas, como já assi nalamos, dispersaria Mendes Pimentel a sua atuação no jornalismo político. Mas as atitudes e iniciativas — como esta
do combate aos erros da polícia esta dual — que teve como jornalista have
vindo Lopes, Estêvão Lobo e Virgílio de Melo Franco eram os nomes que dominavam o pretório mineiro naquela quadra. Os seus escritórios ainda vêm anunciados nas páginas do "Diário de
de se defrontarem no fôro, nos anos que decorrem de 1900 a 1910.
A fundação, em 1904, da "Revista
Forense", completou o quadro em que se desdobraria a ação profissional de
Mendes Pimentel. A publicação que
das a sua tempera de lutador, as quali
um estudo de Pedro Lessa, então advo
nas", denunciando' tais atributos, vale ram de muito ao êxito da carreira pro
fissional que se iniciava, na capital mi neira, sob um signo extremamente pro pício, sob outros aspectos.
Belo Horizonte tinha, naquela época,
cionais. Já no segundo fascículo, insere
gado em São Paulo, sôbre testamento; e daí por diante a publicação provinciana é distinguida com a colaboração dos maiores nomes do mundo jurídico brasi leiro — o que era um testemunho de sua
boa qualidade e, sobretudo, uma prova do prestígio crescente da figura do seu dü-etor, cuja consagração profissional
dominava completamente o meio e já
cional e de vigor inconfundível.
Parte das produções jurídiôas de Men des Pimentel se encontra nas páginas da "Revista Forense". Raro será o fas
E de então em diante, pode dizer-se que não houve causa de relevo no Estado
virão depois — Estêvão Pinto, João Luís Alves, João Batista Martins, Pleitor de Sousa e Afonso Pena Júnior, marcando os pontos mais altos das competências
mas qualidades do escritor forense, cujo estilo traduz, mais do que uma mentali dade, ao mesmo tempo clara e profun da, uma consciência de têmpera excep
cículo que, entre 1904 e 1931, não apre
nal já se impusera de maneira defmitiva.
com o pai) e Mendes Pimentel. Outros
são do discurso sóbrio e denso, as mes
Esta foi uma questão de grande vulto financeiro para a época. A primeira demanda de valor pecuniário considerá A essa altura o seu renome profissio
Minas", ao lado dos de Alfredo Pinto,
recurso) sentia, na segurança e na preci
ta Martins."
vel de que participava Mendes Pimentel.
Afrânio de Melo Franco (que advoga
riam de contribuir para tomar conheci
sempre perfil como advogado: a altaneria, a coragem moral, a fidelidade aos deveres, cumpridos a qualquer custo. E essas campanhas do "Diário de Mi
Gerais. São advogados, por parte do requerente, o dr. Mendes Pimentel, e pelo Estado o dr. Aureliano Magalhães, sub-procurador geral, e o dr. Baptis-
fase de transformação. Gonçalves Cha ves, Henrique Sales, Sabino Barroso, De
lança ao serviço das letras jurídicas logo adquiriu caráter e repercussão na
dades mais salientes que lhe marcaram
conde dc Guahi e o Estado de Minas
a caminho da aposentadoria, ou seriam
mais eficaz e perigosa do poder: a po
mente escrito, não sendo de uso mesmo
a sustentação oral perante o tribunal de
lava. Do fôro de Ouro Prêto, em que
de afrontar, pelo amor à verdade, a arma
53
DiciíSTO Econômico
em que não lhe coubesse o patrocínio do um dos litigantes. Com o tempo, a sua atividade se circunscreveu quase
que só aos arrazoados perante o Tribunal da Relação e aos pareceres. Excepcio nalmente, só de raro em raro, intervi-
sente um ou mais pareceres e arrazoa
dos de sua lavra. Esta parte divulgada
é, todavia, apenas xuna parcela bem mesquinha do seu labor ininterrupto. O volume maior da produção está guar
dado nos autos que se acumulam nos ^
arquivos do tribunal mineiro, ou nos ca- V
demos em que o jurisconsulto lançava as respostas às consultas que lhe eram oferecidas, e que o autor teima em re
cusar à publicidade, apesar de todos os rogos dos editores, sob a escusa que a modéstia lhe dita (á modéstia que nunca
nha em primeira instância. .Nos anos
o abandonou), de imerecerem tais pro
moda e intensíssima, e se exercia não
Às razões ê pareceres, divulgados na quela revista, e em memoriais, se juntam algumas lições magistrais colhidas em
iniciais, porém, a sua atividade era oní-
apenas no fôro da capital como no das comarcas mais importantes do Estado, desde que a gravidade do caso tomasse
duções as honras da publicidade.
notas taquigráficas, enquanto iam sendo
insubstituível para o cliente a interven
prelecionadas da cátedra de Direito Pe
ção do patrono, em cuja capacidade de positava confiança infungível. E algu
em cada fascículo da "Revista Forense
mas vezes mesmo, Mendes Pimentel
que já era exímio criminalista — partici pava dos debates do juri, como aconte ceu num julgamento de crime político,
nal. E também as crônicas estampadas como notas da redação, nas quais, apesar
de não virem assinadas, é fácil identificar
a marca incisiva do autor. Algumas des
tas crônicas (que versavam sôbre acon
ocorrido em Turvo, famoso nos fastos
tecimentos, iniciativas e projetos que pu
judiciários mineiros justamente, pelo pres tígio dos advogados que nele se me diram. E quem o via falar, na tribuna
sôbre livros ou revistas de Direito) ti
se irradiava ràpidamente para além das
judiciária (a que poucas vezes compa
fronteiras de Minas.
receu, pois o processo era então total AMl.MíSiu.
dessem interessar ao mundo jurídico, ou veram, no momento, grande repercus são e influência, como, verbi gratía, a
que Mendes Pimentel estampou no vo-
54
Dicesto Econômico
55
Dioesto Econômico
lume 4, criticando o projeto de lei do
pág. 204, sôbre a produção jurídica em
do País, para figurarem ao lado dos de
"A nossa geração se orgulha da for
deputado
Minas:
Rui, Lafaiele, Be\ ílaqua, Lacerda de Al
tuna de possuir um jurista como vós, em'
"Aqui em Minas, onde existe reputada Faculdade o onde o numeroso corpo de
meida, Carvalho dc Mendonça — os lu
quem o saber, a dedicação, a coragem, o
juizes e advogados conta individualidades
gração que não foi procurada por ne
extradição.
Gennano
Hasslocher- sôbre
O comentário que apon
tava os erros e inconvenientes da pro posição teve efeito decisivo na regula mentação legal da matéria. E o pa recer do deputado Estêvão Lobo sobre o proj'eto Hasslocher cita mesmo como
fonte de sua inspiração o "magistral ar tigo de Mendes Pimentel".
de destaque, a produção impressa é es cassíssima."
A vida simples e modesta de Minas — sem grandes negócios, sem vastas em
minares do foro bra.silciro.
Unia consa
nhum artificio, senão pela aplicação dos
talentos e \irtudes pessoais à realização de uma vida \'otada, pelo labor constan te, ao serxãço do direito c da justiça.
desinterêsse, a probidade — todas as
grandes xrirtudes profissionais do advo gado se disputam a primazia"... ..."Minas Gerais de há muito já se habituou, nos conflitos do interesse in
dividual e nos grandes problemas sociais
Compulsando-se a produção divulga da do excelso j'urista mineiro, pode-se bem compreender a razão da fama que
se armam nos meios cosmopolitas, nos
desde cedo lhe rodeou o nome, e com o correr dos anos só fez dílatar-se e ex
O grande Rui, na petição inicial da c políticos, a inquirir de vosso juízo e a ação que propôs, cm 1915, perante o ^ acatar o vosso conselho, vendo partir desta casa, como outrora em Roma, a Supremo Tribunal, para obter a decre palavra oracular do jurisconsulto: "domo tação de nulidade do laudo arbitrai, pro
mercados movimentados e trepidantes,
nunciado na questão de limites entre
em que os interesses e as competições se
presas, em tudo rotineira e monótona —
pandir-se, dos quadros de uma provín cia quieta, tímida e fechada, para a
amplitude de todo o cenário jurídico nacional, onde então dominavam algu mas figuras de mérito verdadeiro. Um
prestígio de tal monta só conquistaria do altiplano mineiro uma figura, em tudo avessa ao ruído e à exibição (ao contrário arredia e concentmda por tem
não contribuía, por outro lado, com
aquelas complexas questões jurídicas que emaranham e se desdobram sob formas tentaculares e surpreendentes. A maté
ria-prima de casos forenses com que
E.spírito Santo e Minas, chama a Mendes Pimentel (que seria o seu contendor no pleito, defendendo em nome de Minas a integral vitória que para esta alcan
deveria trabalhar o jurista mineiro era,
çam) de "respeitável e doutíssimo juris-
em pral, banal e singela, não abrindo
prudente" e lhe exolta a 'abundância
peramento), que fosse realmente lastreada por virtudes de fulgor indissimulável.
ensejo às felizes demonstrações de origi nalidade de pensamento e de aptidões excepcionais, que só as questões intrin cadas e inusitadas de ordinário propiciam
senvolver, como patrono de Minas, na
c favorecem.
divergência sôbre fronteiras com o Espí
Efetivamente, só uma vez, até 1931, surgiu Mendes Pimentel na grande cena
que o renome de Mondes Pimentel se
forense federal, e o fêz para contender com um adversário ímpar — Rui Barbosa
Nada disto, porém, foi obstáculo a
ampliasse rapidamente, numa auréola de respeito e acatamento realmente consa-
gradora. Ê só compulsar os volumes daquela revista. As questões mais varia
— na ação rescisória proposta por êste contra o laudo arbitrai proferido na ques
das são por êle tratadas com igual pro
tão de limites Minas-Espírito Santo. Até
ficiência e esmero. O seu saber se reve
então ~ e êste pleito se abriu em 1915 — e depois deste episódio, até à transfe rência para o Rio, o mundo em que se moveu Mendes Pimentel foi o da pa cata província que tanto estremecia. Não funcionou em grandes questões pe
rante o Supremo Tribunal; à tribuna
mentel, o trabalho que llie coube de rito Santo, marca o momento culminante,
do ponto de vista da consagração públi ca do jurista. No órgão oficial do Es tado se abrem colunas para registrar o acontecimento entre expressões como estas:
"Se o ilustre jurista não se houvesse
ainda reputado, por uma larga cópia de
55«
í}í ^
Nessa preeminência, Mendes Pimen tel se conser\'ou, cercado da máxima" veneração e carinho, sem que ninguém
lhe disputasse a posição, sem que a in veja ou o despeito lhe ofuscassem a glória imarcescível. Em tôrno de sua figura consular se estabeleceu o con senso unânime do seu meio: êle era o
maior, era o indiscutido, aquele cuja pa
lavra tinha mais pêso, pelo saber e pela autoridade de que se revestia. E o seu mérito supi-emo foi o de resistir, sem se deformar, a essa prova terrível. Essa
trabahios notáveis, como dos mais bri
consagração singular não Uie açulou a
ciplina jurídica, desde o Direito Cons titucional até o Penal ou o Processual. E em todos os seus trabalhos se sente a
lhantes advogados brasileiros," só a obra que êle vem de produzir agora basta ria para assim definitivamente o concei
vaidade, não lhe hipertrofiou, não lhe quebrou as medidas habituais da perso
mesma segurança, o mesmo zelo, a mes
tuar" ... "produção admirável e per
ma profundidade, o mesmo método, a mesma penetração, a mesma honestida
de intelectual. De advogado e jurista
publicar livros; e, a esse respeito, poder-se-ia dizer que se incluía entre os atingidos pelo comentário lastimoso que
consagrado na província, passa, em pou
fêz na "Revista Forense" - Vol. XXXII,
Na vida de advogado de Mendes Pi
mentel a posição indiscutida: "primus
inter-pares na vossa, profissão".
la profundo e seguro em qualquer dis
Nunca quis
dêste jamais compareceu.
de talento e sabor".
jtirisconsuUi totius orocuium cioitatis". E por fim, reconhecia a Mendes Pi
cos anos, à categoria de jurisconsulto de
autoridade nacional: os seus pareceres são procurados de todos os pontos
.kíÜÉíLiiJl-
feita de um mestre".
Os juristas mineiros promoveram ao
nalidade. Resistindo à temível experiên
cia, impàvidamente, mostrou bem a fir meza do seu temperamento, e deu tes temunho definitivo de que era digno
advogado de Minas uma manifestação
pública, de que foi orador Heitor de
daquele renome único que lhe aureolava a figura de homem e de cidadão.
Sousa, depois deputado federal e minis tro do Supremo Tribunal, que o exalta em palavras çomo estas:
A modéstia dos hábitos, a simplicidade da vida, o rumo fixado, o caminho es
colhido - nada disto sç alterou jamais
54
Dicesto Econômico
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Dioesto Econômico
lume 4, criticando o projeto de lei do
pág. 204, sôbre a produção jurídica em
do País, para figurarem ao lado dos de
"A nossa geração se orgulha da for
deputado
Minas:
Rui, Lafaiele, Be\ ílaqua, Lacerda de Al
tuna de possuir um jurista como vós, em'
"Aqui em Minas, onde existe reputada Faculdade o onde o numeroso corpo de
meida, Carvalho dc Mendonça — os lu
quem o saber, a dedicação, a coragem, o
juizes e advogados conta individualidades
gração que não foi procurada por ne
extradição.
Gennano
Hasslocher- sôbre
O comentário que apon
tava os erros e inconvenientes da pro posição teve efeito decisivo na regula mentação legal da matéria. E o pa recer do deputado Estêvão Lobo sobre o proj'eto Hasslocher cita mesmo como
fonte de sua inspiração o "magistral ar tigo de Mendes Pimentel".
de destaque, a produção impressa é es cassíssima."
A vida simples e modesta de Minas — sem grandes negócios, sem vastas em
minares do foro bra.silciro.
Unia consa
nhum artificio, senão pela aplicação dos
talentos e \irtudes pessoais à realização de uma vida \'otada, pelo labor constan te, ao serxãço do direito c da justiça.
desinterêsse, a probidade — todas as
grandes xrirtudes profissionais do advo gado se disputam a primazia"... ..."Minas Gerais de há muito já se habituou, nos conflitos do interesse in
dividual e nos grandes problemas sociais
Compulsando-se a produção divulga da do excelso j'urista mineiro, pode-se bem compreender a razão da fama que
se armam nos meios cosmopolitas, nos
desde cedo lhe rodeou o nome, e com o correr dos anos só fez dílatar-se e ex
O grande Rui, na petição inicial da c políticos, a inquirir de vosso juízo e a ação que propôs, cm 1915, perante o ^ acatar o vosso conselho, vendo partir desta casa, como outrora em Roma, a Supremo Tribunal, para obter a decre palavra oracular do jurisconsulto: "domo tação de nulidade do laudo arbitrai, pro
mercados movimentados e trepidantes,
nunciado na questão de limites entre
em que os interesses e as competições se
presas, em tudo rotineira e monótona —
pandir-se, dos quadros de uma provín cia quieta, tímida e fechada, para a
amplitude de todo o cenário jurídico nacional, onde então dominavam algu mas figuras de mérito verdadeiro. Um
prestígio de tal monta só conquistaria do altiplano mineiro uma figura, em tudo avessa ao ruído e à exibição (ao contrário arredia e concentmda por tem
não contribuía, por outro lado, com
aquelas complexas questões jurídicas que emaranham e se desdobram sob formas tentaculares e surpreendentes. A maté
ria-prima de casos forenses com que
E.spírito Santo e Minas, chama a Mendes Pimentel (que seria o seu contendor no pleito, defendendo em nome de Minas a integral vitória que para esta alcan
deveria trabalhar o jurista mineiro era,
çam) de "respeitável e doutíssimo juris-
em pral, banal e singela, não abrindo
prudente" e lhe exolta a 'abundância
peramento), que fosse realmente lastreada por virtudes de fulgor indissimulável.
ensejo às felizes demonstrações de origi nalidade de pensamento e de aptidões excepcionais, que só as questões intrin cadas e inusitadas de ordinário propiciam
senvolver, como patrono de Minas, na
c favorecem.
divergência sôbre fronteiras com o Espí
Efetivamente, só uma vez, até 1931, surgiu Mendes Pimentel na grande cena
que o renome de Mondes Pimentel se
forense federal, e o fêz para contender com um adversário ímpar — Rui Barbosa
Nada disto, porém, foi obstáculo a
ampliasse rapidamente, numa auréola de respeito e acatamento realmente consa-
gradora. Ê só compulsar os volumes daquela revista. As questões mais varia
— na ação rescisória proposta por êste contra o laudo arbitrai proferido na ques
das são por êle tratadas com igual pro
tão de limites Minas-Espírito Santo. Até
ficiência e esmero. O seu saber se reve
então ~ e êste pleito se abriu em 1915 — e depois deste episódio, até à transfe rência para o Rio, o mundo em que se moveu Mendes Pimentel foi o da pa cata província que tanto estremecia. Não funcionou em grandes questões pe
rante o Supremo Tribunal; à tribuna
mentel, o trabalho que llie coube de rito Santo, marca o momento culminante,
do ponto de vista da consagração públi ca do jurista. No órgão oficial do Es tado se abrem colunas para registrar o acontecimento entre expressões como estas:
"Se o ilustre jurista não se houvesse
ainda reputado, por uma larga cópia de
55«
í}í ^
Nessa preeminência, Mendes Pimen tel se conser\'ou, cercado da máxima" veneração e carinho, sem que ninguém
lhe disputasse a posição, sem que a in veja ou o despeito lhe ofuscassem a glória imarcescível. Em tôrno de sua figura consular se estabeleceu o con senso unânime do seu meio: êle era o
maior, era o indiscutido, aquele cuja pa
lavra tinha mais pêso, pelo saber e pela autoridade de que se revestia. E o seu mérito supi-emo foi o de resistir, sem se deformar, a essa prova terrível. Essa
trabahios notáveis, como dos mais bri
consagração singular não Uie açulou a
ciplina jurídica, desde o Direito Cons titucional até o Penal ou o Processual. E em todos os seus trabalhos se sente a
lhantes advogados brasileiros," só a obra que êle vem de produzir agora basta ria para assim definitivamente o concei
vaidade, não lhe hipertrofiou, não lhe quebrou as medidas habituais da perso
mesma segurança, o mesmo zelo, a mes
tuar" ... "produção admirável e per
ma profundidade, o mesmo método, a mesma penetração, a mesma honestida
de intelectual. De advogado e jurista
publicar livros; e, a esse respeito, poder-se-ia dizer que se incluía entre os atingidos pelo comentário lastimoso que
consagrado na província, passa, em pou
fêz na "Revista Forense" - Vol. XXXII,
Na vida de advogado de Mendes Pi
mentel a posição indiscutida: "primus
inter-pares na vossa, profissão".
la profundo e seguro em qualquer dis
Nunca quis
dêste jamais compareceu.
de talento e sabor".
jtirisconsuUi totius orocuium cioitatis". E por fim, reconhecia a Mendes Pi
cos anos, à categoria de jurisconsulto de
autoridade nacional: os seus pareceres são procurados de todos os pontos
.kíÜÉíLiiJl-
feita de um mestre".
Os juristas mineiros promoveram ao
nalidade. Resistindo à temível experiên
cia, impàvidamente, mostrou bem a fir meza do seu temperamento, e deu tes temunho definitivo de que era digno
advogado de Minas uma manifestação
pública, de que foi orador Heitor de
daquele renome único que lhe aureolava a figura de homem e de cidadão.
Sousa, depois deputado federal e minis tro do Supremo Tribunal, que o exalta em palavras çomo estas:
A modéstia dos hábitos, a simplicidade da vida, o rumo fixado, o caminho es
colhido - nada disto sç alterou jamais
^7^
Wf^
56
Digesto EcoNÓ\aco
em meio àquela auréola perturbadora. Em tudo continuou fiel a si mesmo,
decisão traduzia, nas emergências
como se se conservasse dentro de um
tros veículos seguros não dispunha para
esquema pré-estabelecido, por uma von tade inquebrantável. As honrarias, as
se manifestar.
homenagens, os aplausos, as seduções de qualquer espécie não o demoveram ja mais do rumo ou do estilo adotado, em
consonância com os impulsos mais cons
tantes do seu temperamento viril e se vero.
A ressonância e a influência da sua presença cresceram sempre, não obstante
o seu imutável retraimento. Aparente mente, estava confinado no fôro; a sua
vida se circunscrevia às lides judiciárias.
Mas a sua gente percebia bem que, na
êle nunca se ausentara da "ci-
Vitas". Era um silencioso, mas a sua ação catalítica se fazia sentir mesmo
pela sugestão da sua simples presença. Os^ mineiros acompanhavam atentos os silêncios de Mendes Pimentel, e confia vam naquele taciturno, porque sabiam
que ali estava um vigilante, cuja presen ça por si só era uma força de contenção,
de intimidação, de refreamento. Porque quando aquela voz de timbre incomparável quebrasse o silêncio (e ela o fazia
de quando em quando, em horas cul minantes) era a consciência mesma de
José Thomaz Nabuco
Daí porque o papel que lhe coube
a estabilidade do valor aquisitivo da
desempenhar no seu meio quem o defi niu de forma lapidar foi Tito Fulgêncio,
A SITUAÇÃO cambial no Brasil está-se tomando de novo difícil. Já a de-
saudando a Mendes Pimentel na cerimô
niora para se conseguir cobertura de
nia magna de sua posse na reitoria da Universidade de Minas, nestas paIa\Tas: "Em síntese: é o povo mineiro todos os
dólares é considerável, apesar da res
dade cambial, isto é, o valor aquisitivo
trição das importações pelo regime da licença prévia.
de uma moeda no e.xterior, ao passo que
dias".
O sábio jurista, ferido por uma ex
plosão de insânia, há muitos anos, se transferiu para o Rio, abandonando com indisfarçável mágua, a sua cidade de Belo Horizonte, que êle viu nascer c cuja vida se confundiu, durante mais de três decênios, com as suas lutas e
triunfos. Na capital da República, foi
acolliido e festejado pelo numeroso'cír culo de seus admiradores e amigos e cercado pelo mesmo aprêço geral, já en volvido pelo rumor de sua fama nacional Mas a sua presença de verdade, não de sapareceu de Minas; aí ela continua, co tidiana, ininterrupta, fecunda, apesar dos transbordamentos de vulg^idade e da
ação pertinaz do obscurantismo e da Im'. postura. Essa presença, pelo que ela e.x-
um povo que se exprimiria num julga
príme e significa, c uma porção inapre-
mento inexorável. A comunhão mineira
ciável do patrimônio espiritual de Minas
nunca deixou, por isso, de ver no jurisconsulto, que pretendia em vão ser ape
CAMBIO
cru-
ciantes, o puro sentir geral, que de ou
que se guarda carinhosamente, para que
nas um oficial de seu ofício, um intér
a comunhão mineira se conserve fiel aos seus nobres atributos de coração e de
prete 6 um guia fiel e intemerato, cuja
inteligência.
Verificou-se esta coisa surpreenden te. Criada a Carteira de Importação e
Exportação do Banco do Brasil e todo o sistema burocrático e de papelada pa
ra se fazer uma importação com despesa
para a Nação e incômodo para todos, não houve coordenação entre aquela carteira e a de câmbio do mesmo esta
belecimento, de modo que foi expedi
do, por uma, maior número de licen ças do que a outra tinha recursos para satisfazer. E grandes fábricas paulistas, como a da Ford e a da General Motors, fecharam ou ameaçam fechar, lançando
ao desemprego milliares de operários, não só delas próprias como de tôdas as outras que as abasteciam dêste ou daquele modo, como a incipiente indus tria de radiadores.
A causa fundamental dessas difi
culdades, porém, está na taxa de câm bio que vimos mantendo, ha mais de dez anos, na paridade de 18 cruzeiros por dólar. Não há dúvida que a estabilida de cambial é uma das melhores coisas
que se possa ter. Washington Luís, na sua conhecida campanha pela estabili
zação, comparava as baixas e altas su cessivas, que assolavam o pais, a um
rolo compressor que passava sobre ele, ora indo, ora vindo.
Mas, para que possa haver es tabilidade cambial é preciso que La
ja uma coisa mais ampla, que é
moeda.
E' fútil pretender manter a estabili
se permite que essa mesma moeda so fra uma redução enorme no seu valor
intemo, porque, fazendo-o, as coisas im portadas se tomam mais baratas do que
as de produção local e há a corrida pa ra as importações, que fatalmente re
dunda ou na queda das taxas cambiais, ou em uma restrição progressiva das importações.
Essa procura exagerada de câmbio coincide, naturalmente, com uma difi culdade cada vez maior nas exportações,
porque a desvalorização da moeda, isto é, a subida geral dos preços internos,
determina um encarecimento geral da produção nacional, e ela, por conse guinte, tem dificuldade maior em con correr, nos mercados estrangeiros, com
mercadorias de outras procedências. A desvalorização da moeda, no seu
valor aquisitivo intemo, produz, sôbre a estabilidade cambial, dois efeitos simul tâneos — o do aumento da procura de cambiais e o da diminuição da oferta
de cambiais — agravados ainda pelos efeitos psicológicos dessa situação, que é a de o capital que está fora do pais deixar de afluir e o que está dentro pro curar sair.
Não é, pois, possível ter a pretensão de manter o valor aquisitivo externo
da moeda (taxa de câmbio) quando
ocorre uma grande (e permanente) bai xa do seu valor aquisitivo interno, co
mo a que se deu entre nós.
^7^
Wf^
56
Digesto EcoNÓ\aco
em meio àquela auréola perturbadora. Em tudo continuou fiel a si mesmo,
decisão traduzia, nas emergências
como se se conservasse dentro de um
tros veículos seguros não dispunha para
esquema pré-estabelecido, por uma von tade inquebrantável. As honrarias, as
se manifestar.
homenagens, os aplausos, as seduções de qualquer espécie não o demoveram ja mais do rumo ou do estilo adotado, em
consonância com os impulsos mais cons
tantes do seu temperamento viril e se vero.
A ressonância e a influência da sua presença cresceram sempre, não obstante
o seu imutável retraimento. Aparente mente, estava confinado no fôro; a sua
vida se circunscrevia às lides judiciárias.
Mas a sua gente percebia bem que, na
êle nunca se ausentara da "ci-
Vitas". Era um silencioso, mas a sua ação catalítica se fazia sentir mesmo
pela sugestão da sua simples presença. Os^ mineiros acompanhavam atentos os silêncios de Mendes Pimentel, e confia vam naquele taciturno, porque sabiam
que ali estava um vigilante, cuja presen ça por si só era uma força de contenção,
de intimidação, de refreamento. Porque quando aquela voz de timbre incomparável quebrasse o silêncio (e ela o fazia
de quando em quando, em horas cul minantes) era a consciência mesma de
José Thomaz Nabuco
Daí porque o papel que lhe coube
a estabilidade do valor aquisitivo da
desempenhar no seu meio quem o defi niu de forma lapidar foi Tito Fulgêncio,
A SITUAÇÃO cambial no Brasil está-se tomando de novo difícil. Já a de-
saudando a Mendes Pimentel na cerimô
niora para se conseguir cobertura de
nia magna de sua posse na reitoria da Universidade de Minas, nestas paIa\Tas: "Em síntese: é o povo mineiro todos os
dólares é considerável, apesar da res
dade cambial, isto é, o valor aquisitivo
trição das importações pelo regime da licença prévia.
de uma moeda no e.xterior, ao passo que
dias".
O sábio jurista, ferido por uma ex
plosão de insânia, há muitos anos, se transferiu para o Rio, abandonando com indisfarçável mágua, a sua cidade de Belo Horizonte, que êle viu nascer c cuja vida se confundiu, durante mais de três decênios, com as suas lutas e
triunfos. Na capital da República, foi
acolliido e festejado pelo numeroso'cír culo de seus admiradores e amigos e cercado pelo mesmo aprêço geral, já en volvido pelo rumor de sua fama nacional Mas a sua presença de verdade, não de sapareceu de Minas; aí ela continua, co tidiana, ininterrupta, fecunda, apesar dos transbordamentos de vulg^idade e da
ação pertinaz do obscurantismo e da Im'. postura. Essa presença, pelo que ela e.x-
um povo que se exprimiria num julga
príme e significa, c uma porção inapre-
mento inexorável. A comunhão mineira
ciável do patrimônio espiritual de Minas
nunca deixou, por isso, de ver no jurisconsulto, que pretendia em vão ser ape
CAMBIO
cru-
ciantes, o puro sentir geral, que de ou
que se guarda carinhosamente, para que
nas um oficial de seu ofício, um intér
a comunhão mineira se conserve fiel aos seus nobres atributos de coração e de
prete 6 um guia fiel e intemerato, cuja
inteligência.
Verificou-se esta coisa surpreenden te. Criada a Carteira de Importação e
Exportação do Banco do Brasil e todo o sistema burocrático e de papelada pa
ra se fazer uma importação com despesa
para a Nação e incômodo para todos, não houve coordenação entre aquela carteira e a de câmbio do mesmo esta
belecimento, de modo que foi expedi
do, por uma, maior número de licen ças do que a outra tinha recursos para satisfazer. E grandes fábricas paulistas, como a da Ford e a da General Motors, fecharam ou ameaçam fechar, lançando
ao desemprego milliares de operários, não só delas próprias como de tôdas as outras que as abasteciam dêste ou daquele modo, como a incipiente indus tria de radiadores.
A causa fundamental dessas difi
culdades, porém, está na taxa de câm bio que vimos mantendo, ha mais de dez anos, na paridade de 18 cruzeiros por dólar. Não há dúvida que a estabilida de cambial é uma das melhores coisas
que se possa ter. Washington Luís, na sua conhecida campanha pela estabili
zação, comparava as baixas e altas su cessivas, que assolavam o pais, a um
rolo compressor que passava sobre ele, ora indo, ora vindo.
Mas, para que possa haver es tabilidade cambial é preciso que La
ja uma coisa mais ampla, que é
moeda.
E' fútil pretender manter a estabili
se permite que essa mesma moeda so fra uma redução enorme no seu valor
intemo, porque, fazendo-o, as coisas im portadas se tomam mais baratas do que
as de produção local e há a corrida pa ra as importações, que fatalmente re
dunda ou na queda das taxas cambiais, ou em uma restrição progressiva das importações.
Essa procura exagerada de câmbio coincide, naturalmente, com uma difi culdade cada vez maior nas exportações,
porque a desvalorização da moeda, isto é, a subida geral dos preços internos,
determina um encarecimento geral da produção nacional, e ela, por conse guinte, tem dificuldade maior em con correr, nos mercados estrangeiros, com
mercadorias de outras procedências. A desvalorização da moeda, no seu
valor aquisitivo intemo, produz, sôbre a estabilidade cambial, dois efeitos simul tâneos — o do aumento da procura de cambiais e o da diminuição da oferta
de cambiais — agravados ainda pelos efeitos psicológicos dessa situação, que é a de o capital que está fora do pais deixar de afluir e o que está dentro pro curar sair.
Não é, pois, possível ter a pretensão de manter o valor aquisitivo externo
da moeda (taxa de câmbio) quando
ocorre uma grande (e permanente) bai xa do seu valor aquisitivo interno, co
mo a que se deu entre nós.
Dicesto
58
rr
Econômico
Digesto Econômico
59
podemos, naturalmente, adiar, à custa
tais, mas nunca, ou raramente, assisti
câmbio, se não fosse correspondida por
consumidor, ao fazer as suas compras
de duros sacrifícios, a data em que a
mos a uma revalorização do poder aqui
uma alta imediata do café em Santos,
na padaria.
baixa do câmbio se tomará inevitável, aumentando o rigor das licenças de im
sitivo dela, a não ser em escala muito
determinaria o aumento da procura do
reduzida.
café brasileiro, que, em pouco tempo, restabeleceria o equilíbrio atual da Bòlsa
portação, diminuindo as entradas de ga
Entre nós o seu valor aquisitivo inter
solina, carvão, óleo e trigo, e conhecen do, novamente, os rigores do raciona mento de todos êsses produtos. Mas não devemos esquecer que, enquanto se
no baixou, nos últimos dez anos, à terça
mantiverem essas taxas altas de câm
poucos, nos iremos afastando do conví
que eram antes da guerra. O que dissemos sobre o efeito da manutenção da taxa de câmbio, encon tra sua confirmação no fato de terem os produtos importados sofrido, nos últi mos dez anos, uma alta relativamente pequena, em relação com a nacional. A gasolina, por exemplo, aumentou cer
vio com outros povos, no comércio inter
ca de 50% no decênio, ao passo que a
bio, toda a nossa produção continua rá a ser vendida nos mercados externos
a preços mais altos e que, dêsse modo, continuaremos a estimular a produção, em outros países, do café e de outras
mercadorias concorrentes, e que, aos nacional.
O único modo de se evitar a baixa
do câmbio, em face de uma desvaloriza
ção interna da moeda, seria efetuar a revalorização desta no mercado inter no, isto é, adotar uma política de bai
xar preços, salários e tudo o mais. Mas êsse processo é ainda mais doloroso do que aquele por que passamos, da des valorização da moeda.
A baixa dos
salários, por exemplo, só se consegue através do desemprego, que é uma das
maiores aflições por que pode passar um povo.
Se, por um lado, a desvalorização da moeda sacrifica todos os credores, obrl-
gando-os a receber em quitação uma moeda desvalorizada, por outro lado
a revalorização da moeda sacrifica to dos os devedores, obrigando-os a pagar em moeda valorizada aquilo que recebe
de Nova York.
parto do que era, e não se pode absolu tamente pensar em fazer a ascensão in
versa, obrigando os preços a voltarem ao
carne, os ovos e o peixe triplicaram de preço, pelo menos. Os que argumentam contra uma bai
O argumento, além do mais, 6 ime-
triota. Êle não leva, tampouco, em con
firrtil cobrado pelo padeiro ao freguês.
sideração, as outras exportações que de verão surgir em conseqüência do bara
de qualquer aumento, por menor que
teamento dos nossos produtos no estran geiro, muitas das quais serão surpresa
custo do pão, porque ela, também, não Reconhecemos o grave inconveniente
seja, mas conhecemos também as des vantagens do racionamento, a que sere mos levados de novo, se persistir a atual
para todos, porque a previsão humana é sempre falha, mas que são certas, pois
taxa de câmbio.
o barateamento dos nossos preços no
nunca soluções ideais. Todas elas têm
exterior não pode deixar de aumentar a quantidade de produtos exportáveis.
tem de ser o resultado de uma concilia
Nb mundo não há
vantagens e desvantagens e a perfeita ção entre todos,
xa de câmbio, neste momento, dizem que nenhum povo desvaloriza volunta riamente a sua moeda, porque ninguém vai, intencionalmente, diminuir o seu poder aquisitivo no exterior. Se o câm bio baixar, dizem, vamos receber menos
por si própria, de
embora não o seja
freio às importa ções, encarecendo
de forma absoluta.
dólares pelo nosso café, porque o pre
a
ço do café é estabelecido pelo merca do de Santos, e se o câmbio baixar os
do, imediatamente,
Na parte que diz
desnecessária tôda a burocracia das li
porte de mercado
compradores terão de sacrificar um nú
mero menor de dólares para adquiri-
lo e nós, em conseqüência, disporemos de menos ouro no exterior.
Mas êsse argumento é ilusório porque o preço do café, nos mercados estran geiros, não é reflexo perfeito do merca
do de Santos, mas decorre de uma sé rie dc circunstâncias, entre as quais a
Por outro lado, a baixa da nossa ta
que leve à escolha
xa cambial servirá,
. da mais vantajosa,
mercadoria im
portada e toman
nos
importante.
respeito ao trans rias, merece con
sideração, mas o efeito que um aumento
será üma economia e um alivio para
de 50% na gasolina terá sobre o preço final dos alimentos adquiridos pelo pú
todos.
A baixa da taxa cambial determina
rá sem dúvida um novo aumento do
custo da vida. O trigo mais caro (to
mamos logo o exemplo mais grave) de
freqüência a períodos de desvaloriza ção da moeda, conseqüentes a dificul
desvalorização do nosso câmbio não afe
dades ou extravagâncias govemamen-
tará essa relação.
A baixa de nosso
O caso da gaso lina já é muito me
cenças de importa ção e dos contrôles aduaneiros, o que
terminará um aumento do preço do pão,
financeira dos povos, assistimos com
sofrerão alteração. Por outro lado, um
aumento no preço da farinha não de terminará um aumento equivalente no é o único elemento constitutivo do preço
Bôlsa de Santos é uma, a de Bogotá
E' por isso mesmo que, na história
no custo da farinha de trigo, porque tôdas as outras despesas dos moinhos não
diatista, pois sacrifica o futuro pelo pre sente, e devo por isso ser afastado por todo homem prudente e verdadeiro pa
é outra, e não é possível fugir ao fato de que a oferta e procura na Bôlsa de Nova York é que fixa o preço, e que a
ram numa de menor valor.
Um aumento de 50íS nd preço do bri go, não determinará um aumento de 50%
mas isto não será tão danoso como se
possa imaginar, porque a materia-pnma — o trigo — não é o único elemento constitutivo do preço afinal pago pelo
blico é relativamente pequeno.
De qualquer forma, a baixa do câm bio é um mal que temos de encarar não como um erro praticado por nós, mas como o resultado inevitável de
uma longa série de erros (ou fatalida des), que nos vem do passado. E é um mal menor do que a persistência numa orientação que irá aos poucos es-
Dicesto
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Econômico
Digesto Econômico
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podemos, naturalmente, adiar, à custa
tais, mas nunca, ou raramente, assisti
câmbio, se não fosse correspondida por
consumidor, ao fazer as suas compras
de duros sacrifícios, a data em que a
mos a uma revalorização do poder aqui
uma alta imediata do café em Santos,
na padaria.
baixa do câmbio se tomará inevitável, aumentando o rigor das licenças de im
sitivo dela, a não ser em escala muito
determinaria o aumento da procura do
reduzida.
café brasileiro, que, em pouco tempo, restabeleceria o equilíbrio atual da Bòlsa
portação, diminuindo as entradas de ga
Entre nós o seu valor aquisitivo inter
solina, carvão, óleo e trigo, e conhecen do, novamente, os rigores do raciona mento de todos êsses produtos. Mas não devemos esquecer que, enquanto se
no baixou, nos últimos dez anos, à terça
mantiverem essas taxas altas de câm
poucos, nos iremos afastando do conví
que eram antes da guerra. O que dissemos sobre o efeito da manutenção da taxa de câmbio, encon tra sua confirmação no fato de terem os produtos importados sofrido, nos últi mos dez anos, uma alta relativamente pequena, em relação com a nacional. A gasolina, por exemplo, aumentou cer
vio com outros povos, no comércio inter
ca de 50% no decênio, ao passo que a
bio, toda a nossa produção continua rá a ser vendida nos mercados externos
a preços mais altos e que, dêsse modo, continuaremos a estimular a produção, em outros países, do café e de outras
mercadorias concorrentes, e que, aos nacional.
O único modo de se evitar a baixa
do câmbio, em face de uma desvaloriza
ção interna da moeda, seria efetuar a revalorização desta no mercado inter no, isto é, adotar uma política de bai
xar preços, salários e tudo o mais. Mas êsse processo é ainda mais doloroso do que aquele por que passamos, da des valorização da moeda.
A baixa dos
salários, por exemplo, só se consegue através do desemprego, que é uma das
maiores aflições por que pode passar um povo.
Se, por um lado, a desvalorização da moeda sacrifica todos os credores, obrl-
gando-os a receber em quitação uma moeda desvalorizada, por outro lado
a revalorização da moeda sacrifica to dos os devedores, obrigando-os a pagar em moeda valorizada aquilo que recebe
de Nova York.
parto do que era, e não se pode absolu tamente pensar em fazer a ascensão in
versa, obrigando os preços a voltarem ao
carne, os ovos e o peixe triplicaram de preço, pelo menos. Os que argumentam contra uma bai
O argumento, além do mais, 6 ime-
triota. Êle não leva, tampouco, em con
firrtil cobrado pelo padeiro ao freguês.
sideração, as outras exportações que de verão surgir em conseqüência do bara
de qualquer aumento, por menor que
teamento dos nossos produtos no estran geiro, muitas das quais serão surpresa
custo do pão, porque ela, também, não Reconhecemos o grave inconveniente
seja, mas conhecemos também as des vantagens do racionamento, a que sere mos levados de novo, se persistir a atual
para todos, porque a previsão humana é sempre falha, mas que são certas, pois
taxa de câmbio.
o barateamento dos nossos preços no
nunca soluções ideais. Todas elas têm
exterior não pode deixar de aumentar a quantidade de produtos exportáveis.
tem de ser o resultado de uma concilia
Nb mundo não há
vantagens e desvantagens e a perfeita ção entre todos,
xa de câmbio, neste momento, dizem que nenhum povo desvaloriza volunta riamente a sua moeda, porque ninguém vai, intencionalmente, diminuir o seu poder aquisitivo no exterior. Se o câm bio baixar, dizem, vamos receber menos
por si própria, de
embora não o seja
freio às importa ções, encarecendo
de forma absoluta.
dólares pelo nosso café, porque o pre
a
ço do café é estabelecido pelo merca do de Santos, e se o câmbio baixar os
do, imediatamente,
Na parte que diz
desnecessária tôda a burocracia das li
porte de mercado
compradores terão de sacrificar um nú
mero menor de dólares para adquiri-
lo e nós, em conseqüência, disporemos de menos ouro no exterior.
Mas êsse argumento é ilusório porque o preço do café, nos mercados estran geiros, não é reflexo perfeito do merca
do de Santos, mas decorre de uma sé rie dc circunstâncias, entre as quais a
Por outro lado, a baixa da nossa ta
que leve à escolha
xa cambial servirá,
. da mais vantajosa,
mercadoria im
portada e toman
nos
importante.
respeito ao trans rias, merece con
sideração, mas o efeito que um aumento
será üma economia e um alivio para
de 50% na gasolina terá sobre o preço final dos alimentos adquiridos pelo pú
todos.
A baixa da taxa cambial determina
rá sem dúvida um novo aumento do
custo da vida. O trigo mais caro (to
mamos logo o exemplo mais grave) de
freqüência a períodos de desvaloriza ção da moeda, conseqüentes a dificul
desvalorização do nosso câmbio não afe
dades ou extravagâncias govemamen-
tará essa relação.
A baixa de nosso
O caso da gaso lina já é muito me
cenças de importa ção e dos contrôles aduaneiros, o que
terminará um aumento do preço do pão,
financeira dos povos, assistimos com
sofrerão alteração. Por outro lado, um
aumento no preço da farinha não de terminará um aumento equivalente no é o único elemento constitutivo do preço
Bôlsa de Santos é uma, a de Bogotá
E' por isso mesmo que, na história
no custo da farinha de trigo, porque tôdas as outras despesas dos moinhos não
diatista, pois sacrifica o futuro pelo pre sente, e devo por isso ser afastado por todo homem prudente e verdadeiro pa
é outra, e não é possível fugir ao fato de que a oferta e procura na Bôlsa de Nova York é que fixa o preço, e que a
ram numa de menor valor.
Um aumento de 50íS nd preço do bri go, não determinará um aumento de 50%
mas isto não será tão danoso como se
possa imaginar, porque a materia-pnma — o trigo — não é o único elemento constitutivo do preço afinal pago pelo
blico é relativamente pequeno.
De qualquer forma, a baixa do câm bio é um mal que temos de encarar não como um erro praticado por nós, mas como o resultado inevitável de
uma longa série de erros (ou fatalida des), que nos vem do passado. E é um mal menor do que a persistência numa orientação que irá aos poucos es-
Digesto Econó>oco
60
trangulando o país e lhe. entravando o
os Estados Unidos. Evidentemente, um
futmo.
é pouco.
Com a política atual fecham-se as fábricas e novas não se abrirão.
Com
uma política diversa, de liberdade cam
Roberto Pinto de Souza
governo convença que a moeda se tor nou realmente livre, a ele acorrerão
bial, permitida por uma taxa mais rea
grandes somas, pois o capital procura
lista, as indústrias se desenvolverão e o
sempre estar a muitas amarras o não de
capital estrangeiro poderá melhorar com
pendente de uma só. Todas as demais
segurança para criar ainda outros. Uma
nações seguem a política da entrada
orientação levará ao desemprego mas a
franca de dinheiro e saída restrita, polí
outra levará à abundância, e os aumen
tica cujo acanhamento é de tal ordem
tos de salário que esta^ acarretará com
que se admira vé-la seguida por países
pensarão, de longe, o encarecimento
como a França, que, pelo menos, tem
que a gasolina ou o trigo tiverem so
tido o senso de vir reduzindo, sucessiva
frido.
mente, o valor da sua moeda no mercado
Lembremo-nos também de que hoje só há no mundo um único país de onde
seu valor interno.
se pode tirar livremente dinheiro. São
Agricultura de alimentação
Se a êle se acrescentar um
outro, onde a pala\Ta c a orientação do
internacional, à medida que desaparece A política de ar
madilha, que recebe e não restitui, não pode levar longe.
\7ivemos hoje no regime da fila. Para qualquer coisa que se queira, é
preciso se alinhar: é para o ônibus, ê para o cinema, é para a carne, é para a manteiga, é para o leite. Todos já estão acostumados, o, o que é pior, con formados, e a tal ponto que se esquecem
compensadores do que os colhidos pelo
mulo de pessoas, como é o caso do ci
sidade; segundo, porque a inflação deu margem à especulação em todos os ter
nema ou do ônibus, mas, o que e muito
renos, gerando a aplicação de capitais
mais grave — a ausência de gêneros ali
de preferência no movimento do mer cado do que no cultivo da terra; tercei ro, porque a guerra criou nas cidades
mentícios.
Há alguns anos atrás, quando Hitier exclamou: "manteiga por canhão", o mundo todo se penalizou pelo povo ale mão. Mas aquilo era um meio para
um sem número de novas ati\'idades, atraindo inúmeros braços da zona ru
atingir um fim e os alemães sabiam qual era o fim. Mas hoje, aqui entre
benefício dos gêneros de primeira ne--
perseguimos alguma finalidade? Absolutamente, não.
Então, por que é?
"Uma exportação de capital de 2.000 milhões de dólares por ano não pareceria
os lucros auferidos na agricultura dos produtos de exportação são muito mais
essas filas não denunciam apenas acu
Esta supressão foi determinada porque
tidas ao Secretário Geral das Nações Unidas.
sas são muito simples: primeiro, porque
cultivo de gêneros de primeira neces
dos os gêneros de primeira necessidade.
Cerca de 2.000 milhões de dólares por ano de fundos partictdares dos E. XJ. A
gêneros de primeira necessidade. Mas por que não se planta? As cau
do lado trágico da questão. Sim, porque
nós,' não é só manteiga que não e.xiste: c a carne, é o feijão, é o arroz, são to
poderão ser invertidos no estrangeiro a partir de 1952, em condições econômicas favoráveis, segundo estimativas da Associação Nacional dos Fabricantes transmi
se procura intensificar a produção dos
ral; 6 quarto, porque nada se fêz em cessidade. Daí o decréscimo que se ve rifica, ano a ano, na colheita dos pro dutos de alimentação.
Mas cabe ainda uma outra pergun
ta: a cultura de gêneros alimentícios é regular? E' organizada? Não; ao contrário, é fruto do oportu
A resposta é muito simples — porque não se plantam gêneros alimentícios re
nismo. Deixe-me explicar. , Ninguém planta feijão, batata, milho, regular e
gularmente, e de um modo racional.
sistematicamente.
Todos sabem disso; no entanto, não
se aquilataram da sua gravidade e con tinuam a fazer piadas sôbre as filas,
Na grande maioria^
das vêzes, êstes cereais são cultivados
só quando há uma nesga de terra mais ou menos inútil ou à espera de futura
porém, a situação não é para risos e
cultura, e assim mesmo quando o pre
dos os rincões deste vasto Brasil só se
nossos maiores celeiros. Na zona velha,
à luz das estatísticas, impor um grande ônus aos recursos naturais ou padrão do vida do nível de preços domésticos", afirma o estudo em questão. O 'relatório presume que o "ousado novo plano" de auxílio às áreas atrasadas anunciado pelo presidente Truinan, começará quando terminar o Plano de Recupe ração Européia,, provàvelmente em 1952. Presume-se ainda que o novo plano operará por meio de transações capitais "livremente feitas por interêsses privados. O governo apenas auxiliaria a criar condições favoráveis a tais inversões por
ço é compensador. Isso se verifica, prin nem para blagues. E é preciso compre endermos isto: não existem, em quantida- . cipalmente, nas zonas pioneiras, como na Alta Sorocabana e no Norte do Pa de nece.ssária, alimentos para a popula raná, que são, incontestàvelmente, os ção brasileira. O mal é geral. , De to
particulares".
comer. E por que não há? Porque não
ouve um côro uníssono: não há o que
o sistema é diferente: a plantação é realizada pelos colonos nas áreas a êles
Digesto Econó>oco
60
trangulando o país e lhe. entravando o
os Estados Unidos. Evidentemente, um
futmo.
é pouco.
Com a política atual fecham-se as fábricas e novas não se abrirão.
Com
uma política diversa, de liberdade cam
Roberto Pinto de Souza
governo convença que a moeda se tor nou realmente livre, a ele acorrerão
bial, permitida por uma taxa mais rea
grandes somas, pois o capital procura
lista, as indústrias se desenvolverão e o
sempre estar a muitas amarras o não de
capital estrangeiro poderá melhorar com
pendente de uma só. Todas as demais
segurança para criar ainda outros. Uma
nações seguem a política da entrada
orientação levará ao desemprego mas a
franca de dinheiro e saída restrita, polí
outra levará à abundância, e os aumen
tica cujo acanhamento é de tal ordem
tos de salário que esta^ acarretará com
que se admira vé-la seguida por países
pensarão, de longe, o encarecimento
como a França, que, pelo menos, tem
que a gasolina ou o trigo tiverem so
tido o senso de vir reduzindo, sucessiva
frido.
mente, o valor da sua moeda no mercado
Lembremo-nos também de que hoje só há no mundo um único país de onde
seu valor interno.
se pode tirar livremente dinheiro. São
Agricultura de alimentação
Se a êle se acrescentar um
outro, onde a pala\Ta c a orientação do
internacional, à medida que desaparece A política de ar
madilha, que recebe e não restitui, não pode levar longe.
\7ivemos hoje no regime da fila. Para qualquer coisa que se queira, é
preciso se alinhar: é para o ônibus, ê para o cinema, é para a carne, é para a manteiga, é para o leite. Todos já estão acostumados, o, o que é pior, con formados, e a tal ponto que se esquecem
compensadores do que os colhidos pelo
mulo de pessoas, como é o caso do ci
sidade; segundo, porque a inflação deu margem à especulação em todos os ter
nema ou do ônibus, mas, o que e muito
renos, gerando a aplicação de capitais
mais grave — a ausência de gêneros ali
de preferência no movimento do mer cado do que no cultivo da terra; tercei ro, porque a guerra criou nas cidades
mentícios.
Há alguns anos atrás, quando Hitier exclamou: "manteiga por canhão", o mundo todo se penalizou pelo povo ale mão. Mas aquilo era um meio para
um sem número de novas ati\'idades, atraindo inúmeros braços da zona ru
atingir um fim e os alemães sabiam qual era o fim. Mas hoje, aqui entre
benefício dos gêneros de primeira ne--
perseguimos alguma finalidade? Absolutamente, não.
Então, por que é?
"Uma exportação de capital de 2.000 milhões de dólares por ano não pareceria
os lucros auferidos na agricultura dos produtos de exportação são muito mais
essas filas não denunciam apenas acu
Esta supressão foi determinada porque
tidas ao Secretário Geral das Nações Unidas.
sas são muito simples: primeiro, porque
cultivo de gêneros de primeira neces
dos os gêneros de primeira necessidade.
Cerca de 2.000 milhões de dólares por ano de fundos partictdares dos E. XJ. A
gêneros de primeira necessidade. Mas por que não se planta? As cau
do lado trágico da questão. Sim, porque
nós,' não é só manteiga que não e.xiste: c a carne, é o feijão, é o arroz, são to
poderão ser invertidos no estrangeiro a partir de 1952, em condições econômicas favoráveis, segundo estimativas da Associação Nacional dos Fabricantes transmi
se procura intensificar a produção dos
ral; 6 quarto, porque nada se fêz em cessidade. Daí o decréscimo que se ve rifica, ano a ano, na colheita dos pro dutos de alimentação.
Mas cabe ainda uma outra pergun
ta: a cultura de gêneros alimentícios é regular? E' organizada? Não; ao contrário, é fruto do oportu
A resposta é muito simples — porque não se plantam gêneros alimentícios re
nismo. Deixe-me explicar. , Ninguém planta feijão, batata, milho, regular e
gularmente, e de um modo racional.
sistematicamente.
Todos sabem disso; no entanto, não
se aquilataram da sua gravidade e con tinuam a fazer piadas sôbre as filas,
Na grande maioria^
das vêzes, êstes cereais são cultivados
só quando há uma nesga de terra mais ou menos inútil ou à espera de futura
porém, a situação não é para risos e
cultura, e assim mesmo quando o pre
dos os rincões deste vasto Brasil só se
nossos maiores celeiros. Na zona velha,
à luz das estatísticas, impor um grande ônus aos recursos naturais ou padrão do vida do nível de preços domésticos", afirma o estudo em questão. O 'relatório presume que o "ousado novo plano" de auxílio às áreas atrasadas anunciado pelo presidente Truinan, começará quando terminar o Plano de Recupe ração Européia,, provàvelmente em 1952. Presume-se ainda que o novo plano operará por meio de transações capitais "livremente feitas por interêsses privados. O governo apenas auxiliaria a criar condições favoráveis a tais inversões por
ço é compensador. Isso se verifica, prin nem para blagues. E é preciso compre endermos isto: não existem, em quantida- . cipalmente, nas zonas pioneiras, como na Alta Sorocabana e no Norte do Pa de nece.ssária, alimentos para a popula raná, que são, incontestàvelmente, os ção brasileira. O mal é geral. , De to
particulares".
comer. E por que não há? Porque não
ouve um côro uníssono: não há o que
o sistema é diferente: a plantação é realizada pelos colonos nas áreas a êles
62
Digesto
Econômico
Digesto Econômico
63
concedidas; o fazendeiro raramente o
social independente. O que ela prefen-
tido o programa preparado pelo Depar
faz. Fora dos colonos, só os pequenos
dia era a exploração, o lucro.
tamento de Economia ida Federação
essas duas instituições prestam imenso
das Indústrias.
benefício
sitiantes é que se dedicam a êsse gê nero de exploração agrícola.
Daí a
pouca consistência da nossa economia co
lonial mudando continuamente de pro
Dos debates foram-se destacando, des
duto, som fixar-so num, capaz de sub
de logo, três idéias que, depuradas pe
plorou regularmente a banana e hoje o arroz,
sistir por si e de encontrar em si a fôrça
la discussão entre os técnicos, se eleva
a mandioca, a uva, o fi
Mas se essa orientação era certa para a política portuguôsa e consultava os interêsses de Portugal, de maneira ne
Entre nós, só se ex
go e a laranja. Mas são plaintações ainda inci
pientes. De modo ge
ral, podemos dizer que, no campo da agricultura de alimentação, tudo ainda está por fazer.
Entretanto, alguém sabe dizer de al guma providência do Govêmo nesse sen
tido? Não. Pelo contrário, vêm-se apenas medidas opostas, procurando
desenvolver atividades agrícolas anti-alimenticias. Digo antí-alimentícias por que o amparo dispensado aos plantado res de algodão e café rouba não só^o fi
nanciamento como o braço que se po deria dirigir ao cultivo dos gêneros de primeira necessidade.
O que preocupa a todos, e ao Go
vêmo principalmente, são aquelas ati\ddades que podem produzir lucro ime diato e vasto. Aliás, êsse mal vem de longe e se prende ao início da nossa
história. Nascemos para fornecer produ tos de exportação ao comércio europeu e, até hoje, permanecemos com o mesmo característico, isto é, a nossa economia se constitui somente de produtos de ex
portação, sofrendo as oscilações do co mércio internacional.
Um olhar na
nossa Iiistória, por mais ligeiro que seja, revela logo esta asserção. Os cícios do passado brasileiro alternam épocas de prosperidade com períodos de depressão. Aliás, essa orientação estava certa pa ra a coroa lusitana. A política portu guesa orientadora da' nossa colonização não visava a formação de um organismo
de continuidade.
nhuma é correta atualmente. Urge uma modificação total, sem o que perece remos.
E' preciso que os poderes públicos se capacitem da necessidade imperiosa de
se compreender um vasto programa para a criação, entre nós, da agricultura de
alimentação. Basta lembrar que, neste momento, o Canadá e os Estados Uni
dos, países de alimentação abundante, estão empenhados numa verdadeira cru
zada pró-agricultur'a de alimentação. O primeiro decretou, logo após o térmi
no da guerra, a convocação obrigatória
ram em princípios a serem seguidos na orientação da política de incremento da agricultura alimentar. 1.^ — Produção técnica, obtida atra
vés de campos de cooperação. 2.^ — Garantia de preço mínimo re
primeira necessidade viu frustrados os planos de auxílio de que tanto necessi ta, e teve novamente de contar só com os seus parcos recursos, e, portanto, cair na mesma rotina de produção anti-eco-
nómica e de preço elevadíssimo, trans
que sempre vivemos em déficit alimen-
so estado de coisas, trataram de formar, com os seus próprios liave-
Roberto Simonsen compreendera o que era preciso fazer: pro
duas
o fraco rendimento da mão-de-obra bra
sileira que, apesar de
formando o custo de vida no Brasil em
Já em 1945 o espírito vivo do Dr.
das
ser uma das mais bara
se puderam converter em açuo, e mais uma vez a agricultura de gêneros de
um dos mais caros do mundo.
industriais, em
assalariados
quena classe média. Somos um povo de subnutridos, daí
tas do mundo na impor
Infelizmente o esforço do Dr. Rober to Simonsen e do Dr. Mello Moraes não
Vários
aos
grandes forças econômicas. Entretanto, é preciso que elas não durmam no doce enleio dos louros já colhidos, e ampliem o campo de sua atuação com no\'as ini.ciati\'as, que redundem em melhora da dieta alimentar dos operários e da pe
munerado. 3.® — Financiamento.
de todos os homens válidos, a fim de trabalharem no campo. Se tal ocorre nessas nações ricas, imagino entre nós, tar.
,ríos e cqmerciários. Incontestàvelmente,
face
dês-
res, plantações de cereais e de legu mes, no intuito não só de baratear o custo de vida como de alimentar con
tância do salário perce bido, torna-se, na rea
lidade, pela sua baixa
produtividade, bastante cara. Não há exemplo do florescimento de uma civilização num país de população sub-alimentada. Portanto, o primeiro passo para o desenvolvimento cultural e econômico do Brasil é a melhoria física
de sua gente, e a base para a obtenção desta é o fornecimento de uma sadia nutrição.
Para, se atingir êsse fim, é preciso unia agricultura eficiente de gêneros de pri meira necessidade. Essa, contudo, não
pode ser elaborada, contando apenas com os seus próprios recursos. O Go vêmo, por cubo lado, tem suas vistas
mover, sem perda de
venientemente os seus operários. Infe
tempo, a cultura regular e definitiva da agricultu
vas isoladas e se circuns
voltadas para outros setores e proble mas, daí não ter podido amparar devida
creveram mais a fábricas localizadas no interior do
ca. Só a reunião dos esforços das clas
ra de alimentação. Pa ra isso, solicitou a cola boração do Secretário
lizmente, foram iniciati
mente êsse ramo de atividade econômi
Estado, onde as condi
ses agrícola, industrial e comercial do
da Agricultura, Dr. Mello Moraes, e dos
ções favoreciam e fa
seus excelentes técnicos, no sentido de
cilitavam tais iniciativas.
país é que poderá oferecer a possibili dade da criação de uma verdadeira agri
um entendimento para incrementar a
E* verdade que o Sesi e o Sesc procu raram vir em socorro das classes traba lhadoras, criando armazéns distribuido res de víveres, comprados por atacado e cedidos a preço de custç aos industriá-
produção dos gêneros de primeira ne cessidade. O apelo foi imediatamente aceito, originando-se reuniões importan
tíssimas, em que foi amplamente discu
cultura alimentar.
Infelizmente, não é isso que elas têm feito. Viveram e vivem no maior isolacionismo econômico, dai a nossa histó
ria apresentar uma evolução por linhas
62
Digesto
Econômico
Digesto Econômico
63
concedidas; o fazendeiro raramente o
social independente. O que ela prefen-
tido o programa preparado pelo Depar
faz. Fora dos colonos, só os pequenos
dia era a exploração, o lucro.
tamento de Economia ida Federação
essas duas instituições prestam imenso
das Indústrias.
benefício
sitiantes é que se dedicam a êsse gê nero de exploração agrícola.
Daí a
pouca consistência da nossa economia co
lonial mudando continuamente de pro
Dos debates foram-se destacando, des
duto, som fixar-so num, capaz de sub
de logo, três idéias que, depuradas pe
plorou regularmente a banana e hoje o arroz,
sistir por si e de encontrar em si a fôrça
la discussão entre os técnicos, se eleva
a mandioca, a uva, o fi
Mas se essa orientação era certa para a política portuguôsa e consultava os interêsses de Portugal, de maneira ne
Entre nós, só se ex
go e a laranja. Mas são plaintações ainda inci
pientes. De modo ge
ral, podemos dizer que, no campo da agricultura de alimentação, tudo ainda está por fazer.
Entretanto, alguém sabe dizer de al guma providência do Govêmo nesse sen
tido? Não. Pelo contrário, vêm-se apenas medidas opostas, procurando
desenvolver atividades agrícolas anti-alimenticias. Digo antí-alimentícias por que o amparo dispensado aos plantado res de algodão e café rouba não só^o fi
nanciamento como o braço que se po deria dirigir ao cultivo dos gêneros de primeira necessidade.
O que preocupa a todos, e ao Go
vêmo principalmente, são aquelas ati\ddades que podem produzir lucro ime diato e vasto. Aliás, êsse mal vem de longe e se prende ao início da nossa
história. Nascemos para fornecer produ tos de exportação ao comércio europeu e, até hoje, permanecemos com o mesmo característico, isto é, a nossa economia se constitui somente de produtos de ex
portação, sofrendo as oscilações do co mércio internacional.
Um olhar na
nossa Iiistória, por mais ligeiro que seja, revela logo esta asserção. Os cícios do passado brasileiro alternam épocas de prosperidade com períodos de depressão. Aliás, essa orientação estava certa pa ra a coroa lusitana. A política portu guesa orientadora da' nossa colonização não visava a formação de um organismo
de continuidade.
nhuma é correta atualmente. Urge uma modificação total, sem o que perece remos.
E' preciso que os poderes públicos se capacitem da necessidade imperiosa de
se compreender um vasto programa para a criação, entre nós, da agricultura de
alimentação. Basta lembrar que, neste momento, o Canadá e os Estados Uni
dos, países de alimentação abundante, estão empenhados numa verdadeira cru
zada pró-agricultur'a de alimentação. O primeiro decretou, logo após o térmi
no da guerra, a convocação obrigatória
ram em princípios a serem seguidos na orientação da política de incremento da agricultura alimentar. 1.^ — Produção técnica, obtida atra
vés de campos de cooperação. 2.^ — Garantia de preço mínimo re
primeira necessidade viu frustrados os planos de auxílio de que tanto necessi ta, e teve novamente de contar só com os seus parcos recursos, e, portanto, cair na mesma rotina de produção anti-eco-
nómica e de preço elevadíssimo, trans
que sempre vivemos em déficit alimen-
so estado de coisas, trataram de formar, com os seus próprios liave-
Roberto Simonsen compreendera o que era preciso fazer: pro
duas
o fraco rendimento da mão-de-obra bra
sileira que, apesar de
formando o custo de vida no Brasil em
Já em 1945 o espírito vivo do Dr.
das
ser uma das mais bara
se puderam converter em açuo, e mais uma vez a agricultura de gêneros de
um dos mais caros do mundo.
industriais, em
assalariados
quena classe média. Somos um povo de subnutridos, daí
tas do mundo na impor
Infelizmente o esforço do Dr. Rober to Simonsen e do Dr. Mello Moraes não
Vários
aos
grandes forças econômicas. Entretanto, é preciso que elas não durmam no doce enleio dos louros já colhidos, e ampliem o campo de sua atuação com no\'as ini.ciati\'as, que redundem em melhora da dieta alimentar dos operários e da pe
munerado. 3.® — Financiamento.
de todos os homens válidos, a fim de trabalharem no campo. Se tal ocorre nessas nações ricas, imagino entre nós, tar.
,ríos e cqmerciários. Incontestàvelmente,
face
dês-
res, plantações de cereais e de legu mes, no intuito não só de baratear o custo de vida como de alimentar con
tância do salário perce bido, torna-se, na rea
lidade, pela sua baixa
produtividade, bastante cara. Não há exemplo do florescimento de uma civilização num país de população sub-alimentada. Portanto, o primeiro passo para o desenvolvimento cultural e econômico do Brasil é a melhoria física
de sua gente, e a base para a obtenção desta é o fornecimento de uma sadia nutrição.
Para, se atingir êsse fim, é preciso unia agricultura eficiente de gêneros de pri meira necessidade. Essa, contudo, não
pode ser elaborada, contando apenas com os seus próprios recursos. O Go vêmo, por cubo lado, tem suas vistas
mover, sem perda de
venientemente os seus operários. Infe
tempo, a cultura regular e definitiva da agricultu
vas isoladas e se circuns
voltadas para outros setores e proble mas, daí não ter podido amparar devida
creveram mais a fábricas localizadas no interior do
ca. Só a reunião dos esforços das clas
ra de alimentação. Pa ra isso, solicitou a cola boração do Secretário
lizmente, foram iniciati
mente êsse ramo de atividade econômi
Estado, onde as condi
ses agrícola, industrial e comercial do
da Agricultura, Dr. Mello Moraes, e dos
ções favoreciam e fa
seus excelentes técnicos, no sentido de
cilitavam tais iniciativas.
país é que poderá oferecer a possibili dade da criação de uma verdadeira agri
um entendimento para incrementar a
E* verdade que o Sesi e o Sesc procu raram vir em socorro das classes traba lhadoras, criando armazéns distribuido res de víveres, comprados por atacado e cedidos a preço de custç aos industriá-
produção dos gêneros de primeira ne cessidade. O apelo foi imediatamente aceito, originando-se reuniões importan
tíssimas, em que foi amplamente discu
cultura alimentar.
Infelizmente, não é isso que elas têm feito. Viveram e vivem no maior isolacionismo econômico, dai a nossa histó
ria apresentar uma evolução por linhas
•11"^
64
Dicesto
quebradas e o presente uma estrutura econômica desarticulada, em que as fôrças produtoras agem isoladamente, sem paralelismo, e, o que é pior, opondo-se 0 lutando, não raras vêzes, umas com' as
Outras, trazendo dessa forma a destrui ção de si mesmas ou retardando o seu desenvolvimento. O resultado dessa sín
tese de antagonismos se expressa no pa radoxo de sermos um país essencialmen
te agrícola que não tem meios para ali
Econômico
durante a guerra se construíram no
Rui Barbosa e o Imposto de renda
norte do Brasil, sc improvisou, do dia
Guilherme Deveza
de espantar. Nas bases americanas, que para a noite, ativíssima agricultura de legumes cientificamente cultivados.
a premência de necessidades orça mentárias, que se debatiam com de-
Iguais atividades se desenvolveram rà-
pidamente em todas as ilhas do Pacífico, à medida que se processava a marcha para Tóquio das tropas estadunidenses.
jurídica, financeira, econótnica, pedagó
ram as tentativas feitas, durante o Im
gica e filoJógica de que Rui Barbosa não haja tratado, e o Impôsfo de Renda é -um de que ele se ocupou com especial
pério, para a implantação do imposto de
A garantia de preço mínimo, por par
'■enda no Brasil. O.s intensos debates que sôbre o assunto se desferiam no
te daquelas duas entidades, não exige
Parece tulo existir assunto dc natureza
feituosíssimo sistema fiscal, diversas fo
Ministros da Fazenda ofereciam em seus
relatórios, para a inclusão daquele tri
vem-se associando às comemorações cí
em si uma política e, por isso, sô podem ser empreendidos por pessoas que es
escoará facilmente e não colocará o pro blema do preço e nem tampouco estará
carinho, colocando-se entre os paladinos mais entusiásticos de sita implantação no Brasil. Festejando cm novembro o centenário dc nascimento do glorioso bra sileiro, o "Digesto Econômico" há muito
sujeita às oscilações do mercado.
buto nas fontes de receita do Império.
vicas, já iniciadas em todo o país, com a
tejam acima dos iriterêsses individuais e
a boca, a modo da organização econômi
E raramente tais sugestões deixavam de ser acompanhadas de inquéritos promo vidos pelo Governo, sôbre a matéria, nos quais Se manifestavam as pessoas de niaior responsabilidade ou projeção na vida política e administrativa do País.
mentar suficientemente os seus filhos.
E' verdade que não se pode culpar ninguém pela situação em que se en contra a economia' brasileira.
A visão
dos problemas e o rumo que devem se. guir as atividades econômicas resumem
cujos conhecimentos econômicos abran-
jam o funcionamento integral'da nossa economia.
O Sesi e o Sesç, órgãos executores da
política social das classes produtoras, poderiam realizar a tarefa benemérita da estruturação da nossa verdadeira
agricultura alimentar.
Os três pontos
focalizados atrás poderiam ser tomados como princípios orientadores. Não se
diga que são fantasias, vôos de ima ginação incapazes de se transformarem
nenhum esforço especial.
A produção
Parlamento, não raro ilustrados por sur
— destinando-se a ser vendida a preços
preendente erudição, tinbam como ori
baixos, quase de custo, e já possuindo de
gem, quase sempre, as sugestões que
antemão vasto mercado consumidor — se
E'
uma produção que se faz da mão para ca- medieval.
A única dificuldade a resolver é a Êsse não será por certo de solução difícil, uma
questão do financiamento.
E já em 1835, no relatório dos negó
vez que essa espécie de agricultura não
cios da Fazenda apresentado a Assem bléia Geral Legislativa, dizia o Ministro
exige aparelhamento e cuidados espe ciais, e nem tampouco vastas áreas de terra. Acreditamos que, com boa von tade e desejo de prestar serviço dos mais
Manoel do Nascimento Castro e Silva:
"O mal que resulta de um errado
úteis e importantes à coletividade, pode
sistema de contribuição, e difícil do
rão o Sesi e o Sesc remover êsse obstá
apreciar em toda a sua extensão. Jul go da primeira necessidade entre nos'
culo. A fé move montanhas, e o dese
em realizações práticas. A tecnização da
jo firme de bem servir à nação transpõe
produção agrícola alimentar não é coisa
todos os óbices.
sistematizar, segundo a ciência, a im
'
posição das rendas públicas, por ma neira tal que, longe de atacar os di ferentes ramos de indústria, os pro mova ou auxilie; e ao mesmo tempo
•l'
igualar quanto possível o peso das •contribuições segundo a renda, ou haveres dos contribuintes."
Ó Departamento de Agricultura anuncia que os Estados Unidos estabeleceram um novo recorde para exportação de cereais e seus produtos. Durante os dez meses de julho-48 a abril'49, este país exportou 579.083 milhões de' hushels. As exportações no período correspondente, nos anos 47-48, montavam a 499.019 milhões de hushels.
Confessava, a seguir, que chegara a nomear "uma comissão de cidadãos en tendidos na matéria, e de cuja expe-
publicação de trabalhos especializados sôbre a vida e obra do itistgne, homem de Estado.
riência não podia du\adar". Entretanto,
não fora feliz com ela, pois pelas ocu
pações de que estavam cs seus mem
bros sobrecarregados, "e também pela gravidade do assunto, que exigia sérias meditações,
combinações e
cálculos",
não obtivera resultado algum de seus tra balhos.
Mais tarde, quando as despesas com a guerra do Paraguai arruinavam as fi nanças do País, insuficientemente ampa
radas com os empréstimos a que o Im pério recorrera, é o Ministro João da Silva Carrão, no relatório com que apre sentava à Assembléia Geral Legislativa a proposta de orçamento para o exercício de 1867-1868, quem ensaia decididos
passos para a obtenção de novos recur sos nos domínios da tributação da ren da. E o seu exemplo, embora com me nos rigor, é seguido no ano imediato
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Dicesto
quebradas e o presente uma estrutura econômica desarticulada, em que as fôrças produtoras agem isoladamente, sem paralelismo, e, o que é pior, opondo-se 0 lutando, não raras vêzes, umas com' as
Outras, trazendo dessa forma a destrui ção de si mesmas ou retardando o seu desenvolvimento. O resultado dessa sín
tese de antagonismos se expressa no pa radoxo de sermos um país essencialmen
te agrícola que não tem meios para ali
Econômico
durante a guerra se construíram no
Rui Barbosa e o Imposto de renda
norte do Brasil, sc improvisou, do dia
Guilherme Deveza
de espantar. Nas bases americanas, que para a noite, ativíssima agricultura de legumes cientificamente cultivados.
a premência de necessidades orça mentárias, que se debatiam com de-
Iguais atividades se desenvolveram rà-
pidamente em todas as ilhas do Pacífico, à medida que se processava a marcha para Tóquio das tropas estadunidenses.
jurídica, financeira, econótnica, pedagó
ram as tentativas feitas, durante o Im
gica e filoJógica de que Rui Barbosa não haja tratado, e o Impôsfo de Renda é -um de que ele se ocupou com especial
pério, para a implantação do imposto de
A garantia de preço mínimo, por par
'■enda no Brasil. O.s intensos debates que sôbre o assunto se desferiam no
te daquelas duas entidades, não exige
Parece tulo existir assunto dc natureza
feituosíssimo sistema fiscal, diversas fo
Ministros da Fazenda ofereciam em seus
relatórios, para a inclusão daquele tri
vem-se associando às comemorações cí
em si uma política e, por isso, sô podem ser empreendidos por pessoas que es
escoará facilmente e não colocará o pro blema do preço e nem tampouco estará
carinho, colocando-se entre os paladinos mais entusiásticos de sita implantação no Brasil. Festejando cm novembro o centenário dc nascimento do glorioso bra sileiro, o "Digesto Econômico" há muito
sujeita às oscilações do mercado.
buto nas fontes de receita do Império.
vicas, já iniciadas em todo o país, com a
tejam acima dos iriterêsses individuais e
a boca, a modo da organização econômi
E raramente tais sugestões deixavam de ser acompanhadas de inquéritos promo vidos pelo Governo, sôbre a matéria, nos quais Se manifestavam as pessoas de niaior responsabilidade ou projeção na vida política e administrativa do País.
mentar suficientemente os seus filhos.
E' verdade que não se pode culpar ninguém pela situação em que se en contra a economia' brasileira.
A visão
dos problemas e o rumo que devem se. guir as atividades econômicas resumem
cujos conhecimentos econômicos abran-
jam o funcionamento integral'da nossa economia.
O Sesi e o Sesç, órgãos executores da
política social das classes produtoras, poderiam realizar a tarefa benemérita da estruturação da nossa verdadeira
agricultura alimentar.
Os três pontos
focalizados atrás poderiam ser tomados como princípios orientadores. Não se
diga que são fantasias, vôos de ima ginação incapazes de se transformarem
nenhum esforço especial.
A produção
Parlamento, não raro ilustrados por sur
— destinando-se a ser vendida a preços
preendente erudição, tinbam como ori
baixos, quase de custo, e já possuindo de
gem, quase sempre, as sugestões que
antemão vasto mercado consumidor — se
E'
uma produção que se faz da mão para ca- medieval.
A única dificuldade a resolver é a Êsse não será por certo de solução difícil, uma
questão do financiamento.
E já em 1835, no relatório dos negó
vez que essa espécie de agricultura não
cios da Fazenda apresentado a Assem bléia Geral Legislativa, dizia o Ministro
exige aparelhamento e cuidados espe ciais, e nem tampouco vastas áreas de terra. Acreditamos que, com boa von tade e desejo de prestar serviço dos mais
Manoel do Nascimento Castro e Silva:
"O mal que resulta de um errado
úteis e importantes à coletividade, pode
sistema de contribuição, e difícil do
rão o Sesi e o Sesc remover êsse obstá
apreciar em toda a sua extensão. Jul go da primeira necessidade entre nos'
culo. A fé move montanhas, e o dese
em realizações práticas. A tecnização da
jo firme de bem servir à nação transpõe
produção agrícola alimentar não é coisa
todos os óbices.
sistematizar, segundo a ciência, a im
'
posição das rendas públicas, por ma neira tal que, longe de atacar os di ferentes ramos de indústria, os pro mova ou auxilie; e ao mesmo tempo
•l'
igualar quanto possível o peso das •contribuições segundo a renda, ou haveres dos contribuintes."
Ó Departamento de Agricultura anuncia que os Estados Unidos estabeleceram um novo recorde para exportação de cereais e seus produtos. Durante os dez meses de julho-48 a abril'49, este país exportou 579.083 milhões de' hushels. As exportações no período correspondente, nos anos 47-48, montavam a 499.019 milhões de hushels.
Confessava, a seguir, que chegara a nomear "uma comissão de cidadãos en tendidos na matéria, e de cuja expe-
publicação de trabalhos especializados sôbre a vida e obra do itistgne, homem de Estado.
riência não podia du\adar". Entretanto,
não fora feliz com ela, pois pelas ocu
pações de que estavam cs seus mem
bros sobrecarregados, "e também pela gravidade do assunto, que exigia sérias meditações,
combinações e
cálculos",
não obtivera resultado algum de seus tra balhos.
Mais tarde, quando as despesas com a guerra do Paraguai arruinavam as fi nanças do País, insuficientemente ampa
radas com os empréstimos a que o Im pério recorrera, é o Ministro João da Silva Carrão, no relatório com que apre sentava à Assembléia Geral Legislativa a proposta de orçamento para o exercício de 1867-1868, quem ensaia decididos
passos para a obtenção de novos recur sos nos domínios da tributação da ren da. E o seu exemplo, embora com me nos rigor, é seguido no ano imediato
I''1
^
'•
Dicesto Econômico
66
1
pelo seu sucessor na pasta da Fazenda,
desequilíbrio entre a receita e a despe
Zacarias de Goes e Vasconcelos.
sa, que no dizer de Rui Barbosa, em seu extraordinário relatório de janeiro
Coube a Afonso Celso de Assis Fi
gueiredo, Visconde de Ouro Prêto, pro
do 1891, como ministro do Covêmo Pro
vocar, em 1879, quando na gerencia das
visório, "era
finanças do País, novos" e acalorados de
nossa existência nacional", só tendia a
bates sôbre o assunto, que voltou à tela,
acentuar-se, em proporções imprevisíveis.
com a mesma intensidade, em 1883,
quando a pasta da Fazenda se encontra
va em mãos do Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira. E por este foi no meada uma comissão para rever a legis lação que regulava a cobrança das ren das gerais, provinciais e municipais, a qual se desincumbiu de sua missão coi'n grande brilho, como se vê do interessante
enfermidade
crônica de
E Rui Barbosa, demonstrando que "a nova organização do País trouxe conse qüentemente a necessidade de reconsti
tuir o nosso sistema tributário", erige-se, como os ministros do Império ha\àani feito em semelhantes aperluras do Te souro, em caloroso advogado do impôs to de renda, o qual — diga-se de passa gem — deve sua criação, em quase toda
0 instrutivo relatório que apresentou, na
a parte em que existe, a grandes crises gestão, porém, de Sousa Dantas. Em seu . nacionais. trabalho desenvolveu ela E' verdade que no pro
longo estudo em tômo do impôsto de renda, terminan
do por oferecer um projeto
jeto de Constituição do Co
vêmo Provisório, cuja auto ria Rui mais de uma vez
para a sua implantação em nosso país.
reivindicou, aquele impôs
Mas dessas tentativas, que não deixavam de ser arroja das para a época em que
jeto de cogitações na dis
nações como a Alemanha,
França, Estados Unidos e Itália tateavam em terreno
que só a Inglaterra vinha pisando com firmeza, sempre se co lhiam alguns frutos, com a adoção de formas isoladas de tributação do ren
dimento. Foi assim que ao impôsto sô bre vencimentos vieram juntar-se o im
to, ou algo que com êle se assemelhasse, não fôra ob criminação da capacidade
tributária das unidades po líticas. A União, segundo o artigo 6.° do projeto, po dia decretar: 1.°) impostos sôbre a importação de procedência es trangeira; 2.°) direitos de entrada, saída e estadia de navios; 3.°) taxas de selo-
pôsto sôbre o valor locativo de imóveis, o impôsto sôbre os dividendos de socie
4.°) contribuições postais e telegráficas. E os Estados, de acôrdo cora o artigo 8.®, ficavam com a competência para decretar impostos: 1.°) sôbre a e.xporta-
dades anônimas e outros mais, que cons
ção de mercadorias, que não fossem de
tituíram o processo evolutivo do sistema que só muito mais tarde, ja em nossos
outros Estados; 2.°) sôbre a propriedado territorial; 3.®) sôbre a transmissão de
dias, tomaria- forma definida.
propriedade. E tanto a União quanto
Proclamada a República, com os con
os Estados podiam criar, cumulativa
seqüentes excessos do novo regime, nesse
mente ou não, outras fontes do rocei-
espírito insopitável de tudo reformar, o
ta, desde que respeitados os princípios
- tíJf...
67
DrcEsTo Econômico
firmados cm vários outros dispositivos. Essa distribuição de rendas encontrou,
porém, fortes opositores no Congresso
se sustentavam as províncias no antigo regime." Lembra, então, que quando a Amé
Constituinte, que rccca\am continuas
rica do Norte adotara a forma federativa,
sem os Estados, com os recursos que
idênticos receios ali tiveram lugar, du^•idllndo-se de que os Estados, "empobre cidos e de\'astados pela revolução e pela desordem, pudessem arrostar as despe
lhes eram atribuídos, na situação de de
pendência do Covêmo central em que viviam as antigas províncias no regi-
ine há pouco dcmíbado. E o Ministro da Fazenda do Co
vêmo Pro\isório, cm sessão do 16 de dezembro de 1890, comparece a defen
sas de um govômo federal regularmente organizado". Mas unicamente um tri buto ~ o impôsto geral sobre a proprie dade — incluído na legislação dos Esta
produzira, não obstante a fraudo hader o esquema fiscal do projeto, único, dos, vê-lo reduzido a três quartas partes de a seu ver, compatível com o sistema fe seu valor, receita incomparavelmente derativo que SC procurava abraçar, e maior do que u modesta contribuição que em que a primeira necessidade era asse Dies fôra fLxada para a manutenção da
gurar a existência independente da União Federal". Às suas afirmativas
União.
E Rui faz questão de acentuar: "No junta o testemunho dos algarismos, para demonstrar quanto eram infundados o.s te-se que não me refiro ao impôsto ter rcceio.s, espalhados em alguns Estados, ritorial, mas ao impôsto geral sôbre ^ de que a Federação, nos termos do pro propriedade. Êsse encargo recai englojeto, lhes tiraria a capacidade para pro badamente sôbre o total dos haveres do contribuinte, segundo as suas declara ver a suas próprias necessidades.
"Estamo.s em presença de um ver-
dadeiro pânico - ãiz Rui Barbosa - de um fenômeno irreflexívo de medo ma nifesto nessa persuasão, em que laboram muitos membros desta Casa, de que os E-stados não podem aceitar êsse plano, sem se condenarem à misóna. Nessas três fontes de renda, que o projeto lhes reserva privativamente, de que o proje to exclui absolutamente a União, ou, antes, em duas dessas fontes apenas, as
taxas sobre a exportação e sôbre a trans
missão de propriedade, sobram-lhes m^os para a vida sem estreiteza no seio da Fe deração. Depois, senhores, resta aos Es tados, por explorar, vastíssimo campo tributário, nunca ensaiado sob a Monar
quia. Não havemos de cingir-nos, em matéria de impostos, aos instrumentos
enferrujados, às fontes escassas, de que
ções, corrigidas por uma fiscalização que se constitui, em cada Estado, numa junta retificadora {Board of Equaliza-
tion). Êle abrange a propriedade real e pessoal, não só a terra, as construções, todas as expressões diretas da riqueza, como o conjunto dessas representações convencionais dela, a que os americanos
chamam propriedade intangível: os tí tulos, as ações, as dívidas de 1í\to, a renda".
E abordando, pela primeira vez, o
problema que iria pôr em equação, sob .seus variados aspectos, no relatório em
que prestaria contas de seus quatorze meses de trabalho e luta à frente do Mi nistério da Fazenda, Rui Barbosa ex
clama: "Já se experimentou, porventura, entre nós, êssç impôsto fecundíssimo? Nem sequer ensaiamos ainda o impôsto
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pelo seu sucessor na pasta da Fazenda,
desequilíbrio entre a receita e a despe
Zacarias de Goes e Vasconcelos.
sa, que no dizer de Rui Barbosa, em seu extraordinário relatório de janeiro
Coube a Afonso Celso de Assis Fi
gueiredo, Visconde de Ouro Prêto, pro
do 1891, como ministro do Covêmo Pro
vocar, em 1879, quando na gerencia das
visório, "era
finanças do País, novos" e acalorados de
nossa existência nacional", só tendia a
bates sôbre o assunto, que voltou à tela,
acentuar-se, em proporções imprevisíveis.
com a mesma intensidade, em 1883,
quando a pasta da Fazenda se encontra
va em mãos do Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira. E por este foi no meada uma comissão para rever a legis lação que regulava a cobrança das ren das gerais, provinciais e municipais, a qual se desincumbiu de sua missão coi'n grande brilho, como se vê do interessante
enfermidade
crônica de
E Rui Barbosa, demonstrando que "a nova organização do País trouxe conse qüentemente a necessidade de reconsti
tuir o nosso sistema tributário", erige-se, como os ministros do Império ha\àani feito em semelhantes aperluras do Te souro, em caloroso advogado do impôs to de renda, o qual — diga-se de passa gem — deve sua criação, em quase toda
0 instrutivo relatório que apresentou, na
a parte em que existe, a grandes crises gestão, porém, de Sousa Dantas. Em seu . nacionais. trabalho desenvolveu ela E' verdade que no pro
longo estudo em tômo do impôsto de renda, terminan
do por oferecer um projeto
jeto de Constituição do Co
vêmo Provisório, cuja auto ria Rui mais de uma vez
para a sua implantação em nosso país.
reivindicou, aquele impôs
Mas dessas tentativas, que não deixavam de ser arroja das para a época em que
jeto de cogitações na dis
nações como a Alemanha,
França, Estados Unidos e Itália tateavam em terreno
que só a Inglaterra vinha pisando com firmeza, sempre se co lhiam alguns frutos, com a adoção de formas isoladas de tributação do ren
dimento. Foi assim que ao impôsto sô bre vencimentos vieram juntar-se o im
to, ou algo que com êle se assemelhasse, não fôra ob criminação da capacidade
tributária das unidades po líticas. A União, segundo o artigo 6.° do projeto, po dia decretar: 1.°) impostos sôbre a importação de procedência es trangeira; 2.°) direitos de entrada, saída e estadia de navios; 3.°) taxas de selo-
pôsto sôbre o valor locativo de imóveis, o impôsto sôbre os dividendos de socie
4.°) contribuições postais e telegráficas. E os Estados, de acôrdo cora o artigo 8.®, ficavam com a competência para decretar impostos: 1.°) sôbre a e.xporta-
dades anônimas e outros mais, que cons
ção de mercadorias, que não fossem de
tituíram o processo evolutivo do sistema que só muito mais tarde, ja em nossos
outros Estados; 2.°) sôbre a propriedado territorial; 3.®) sôbre a transmissão de
dias, tomaria- forma definida.
propriedade. E tanto a União quanto
Proclamada a República, com os con
os Estados podiam criar, cumulativa
seqüentes excessos do novo regime, nesse
mente ou não, outras fontes do rocei-
espírito insopitável de tudo reformar, o
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DrcEsTo Econômico
firmados cm vários outros dispositivos. Essa distribuição de rendas encontrou,
porém, fortes opositores no Congresso
se sustentavam as províncias no antigo regime." Lembra, então, que quando a Amé
Constituinte, que rccca\am continuas
rica do Norte adotara a forma federativa,
sem os Estados, com os recursos que
idênticos receios ali tiveram lugar, du^•idllndo-se de que os Estados, "empobre cidos e de\'astados pela revolução e pela desordem, pudessem arrostar as despe
lhes eram atribuídos, na situação de de
pendência do Covêmo central em que viviam as antigas províncias no regi-
ine há pouco dcmíbado. E o Ministro da Fazenda do Co
vêmo Pro\isório, cm sessão do 16 de dezembro de 1890, comparece a defen
sas de um govômo federal regularmente organizado". Mas unicamente um tri buto ~ o impôsto geral sobre a proprie dade — incluído na legislação dos Esta
produzira, não obstante a fraudo hader o esquema fiscal do projeto, único, dos, vê-lo reduzido a três quartas partes de a seu ver, compatível com o sistema fe seu valor, receita incomparavelmente derativo que SC procurava abraçar, e maior do que u modesta contribuição que em que a primeira necessidade era asse Dies fôra fLxada para a manutenção da
gurar a existência independente da União Federal". Às suas afirmativas
União.
E Rui faz questão de acentuar: "No junta o testemunho dos algarismos, para demonstrar quanto eram infundados o.s te-se que não me refiro ao impôsto ter rcceio.s, espalhados em alguns Estados, ritorial, mas ao impôsto geral sôbre ^ de que a Federação, nos termos do pro propriedade. Êsse encargo recai englojeto, lhes tiraria a capacidade para pro badamente sôbre o total dos haveres do contribuinte, segundo as suas declara ver a suas próprias necessidades.
"Estamo.s em presença de um ver-
dadeiro pânico - ãiz Rui Barbosa - de um fenômeno irreflexívo de medo ma nifesto nessa persuasão, em que laboram muitos membros desta Casa, de que os E-stados não podem aceitar êsse plano, sem se condenarem à misóna. Nessas três fontes de renda, que o projeto lhes reserva privativamente, de que o proje to exclui absolutamente a União, ou, antes, em duas dessas fontes apenas, as
taxas sobre a exportação e sôbre a trans
missão de propriedade, sobram-lhes m^os para a vida sem estreiteza no seio da Fe deração. Depois, senhores, resta aos Es tados, por explorar, vastíssimo campo tributário, nunca ensaiado sob a Monar
quia. Não havemos de cingir-nos, em matéria de impostos, aos instrumentos
enferrujados, às fontes escassas, de que
ções, corrigidas por uma fiscalização que se constitui, em cada Estado, numa junta retificadora {Board of Equaliza-
tion). Êle abrange a propriedade real e pessoal, não só a terra, as construções, todas as expressões diretas da riqueza, como o conjunto dessas representações convencionais dela, a que os americanos
chamam propriedade intangível: os tí tulos, as ações, as dívidas de 1í\to, a renda".
E abordando, pela primeira vez, o
problema que iria pôr em equação, sob .seus variados aspectos, no relatório em
que prestaria contas de seus quatorze meses de trabalho e luta à frente do Mi nistério da Fazenda, Rui Barbosa ex
clama: "Já se experimentou, porventura, entre nós, êssç impôsto fecundíssimo? Nem sequer ensaiamos ainda o impôsto
IST '
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Dicesto Econômico
sobre a renda, tributo justíssimo, reparador, indispensável, urgente". Ao recapitular, entretanto, nesse re
latório, o esquema tributário do Projeto de Constituição apresentado pelo Gover no Provisório, assevera Rui Barbosa que se algum reparo se lhe podia fazer era "o de ter excedido, talvez, os limites da
prudência na liberalidade para com os orçamentos dos Estados".
Impunlia-se, sim, ao Poder Legislati vo, procurar novas fontes de receita
rio passa a indicar os tributos que.julga capazes de "compensar as perdas imi nentes da receita geral", dentre os quais, pelo longo estudo que llic dedica, na quele seu extraordinário poder de esgo tar o assunto que abordasse, dá especial destaque ao imposto de renda. "Em que pese à opinião paradoxal
a-çada da União. Mas para que pudesse ser encontrada uma solução razoável pa
ó a que alarga a importância aos impos
sário era que a competência tributária dos Estados se mantivesse dentro dos
limites que o projeto lhe traçara
E
Rui advertia: "Se o domínio tributário da União fôr ainda mais desfalcado se novas fontes de renda se
transferirem do governo cen tral para os governos locais,
se prevalecerem certas emen
honra como nação, arvorando em prin cípio absoluto o egoísmo dos Estados, olvidando a impossibibdade do desen volvimento destes fora da aliança indis
solúvel no seio da grande pátria bra sileira, — nesse caso a dificuldade será
mais de uma vez, enveredar por êsse caminho; muitas foram as vozes que
cil e de resultados mais imediatos: os
to é que "não se proporcionam à gra duação das fortunas entre os contribuin tes, antes se derramam principalmente e exercem pressão rnuíto mais grave so bre as classes menos favorecidas, roçan
do apenas ã superfície os maiores cimos da riqueza". Dessa maneira, não po
tar a acentuada tendência que
dia um sistema de orçamento, atento
se verificava nos Estados Uni
dos no sentido de alargar o
aos princípios de justiça e às aspirações
âmbito da taxação direta, diz Rui Barbosa: "Discutam em
rar no impôsto direto o corretivo com
morais da democracia, "deixar de procu
pensador contra as iniquidades da taxa
bora teoristas a preexcelência entre o ini-
pôsto indireto e o direto, a verdade prá
ção indireta não retificada por esse con-
tica, a verdade inelutável é que, na si tuação hodierna das sociedades políticas essas ^ duas formas de contribuição do indivíduo para a existência do Estado
trapêso".
E após comentar as lacunas do siste ma orçamentário americano em confron
to com o inglês. Rui Barbosa conclui, fa zendo suas as palavras de Gustav Gohn,
tão grave, que não vejo como o legisla dor poderia solvê-Ia imediatamente". Partindo, pois, do pressuposto de que
tos".
várias formas sob que se pode concre
o Congresso Constituinte manteria o pla no fiscal do projeto em discussão, o Mi
Dos vícios inerentes aos impostos indi retos não havia que duvidar, prossegue
tizar a idéia das contribuições diretas,
nistro da Fazenda do Governo Provisó
Rui; em primeiro lugar, o Tesouro do
consrituem elemtentos inseparáveis de equilíbrio na organização dos orçamen
o grande economista alemão: "Ora, das a menos imperfeita, a mais eficaz, a mais
justa é a do impôsto sobre a renda, o único instrumento financeiro "capaz de
1
Brasil, porém, até hoje, a atenção dos governos se tem concentrado quase só na aplicação do impôsto indireto, sob
classes pobres, convertendo-se mesmo,
dos impostos indiretos, como instrumen to financeiro, argumenta ainda Rui, o cer
extremas do radicalismo suíço, que teve de se confessar impotente na sua condenação aos impostos indiretos. E depois de apon
e fora do Parlamento. E Rui, recapitulando cs passos dados naquele sentido, resume, em breves linhas, todo o pro grama tributário da Monarquia: "No
a sua manifestação mais trivial, mais fá
Embora indiscutível a produtividade
Mas essa associação entre democracia e impôsto direto não podia ser levada aos
sôbre o assunto se fizeram ouvir, dentro
dosados, até o consumo do necessário nas
que crescem na razão indireta da renda".
mais amplo desenvolvimento moral."
nossa solidariedade e da nossa
A política fiscal do Império tentara,
a mercadoria ao consumidor, tem êste de
não raro, em taxas regressivas, taxas
tos civilizadores, isto é, como exigências do princípio de justiça nas sociedades de
mas de nossa existência, da
classes ricas e abastadas".
bre os menos capazes de pagá-los, cer ceando quando não convenientemente
tos diretos, precisamente como elemen
cerem as necessidades supre
tre um e outro inteqjõc-se uma série de intermediários, de modo que, ao chegar
mais, muitas vezes, esses impostos, "so
mais imbuída nos ideais democráticos
das funestas, que parece esque
que deve recair sôbre os ombros das
culação; depois, o princípjo de igualda de é freqüentemente ferido, pesando
mais adiantados em civilização, e o im
posto direto o dos povos mais atrasados, a idéia que tende a se generalizar sob a civilização contemporânea, cada vez
medir a proporção de encargos públicos,
que saí da algibeira do contribuinte; en
arrostar, no preço que por cia paga, as
cia êle seu trabalho, "quando afirmou que o impôsto indireto é o dos povos
69
Estado não é inteiramente embolsado do
sobretaxas sucessivas de que aqueles se vão forrando, acrescidas das parcelas reclamadas sob êsse pretexto pela espe
de Thíers", são as palavras com que ini
mas para compensar a diminuição que o orçamento geral iria fatalmente sofrer, com a ausência dos impos.tos que, se gundo a Constituição Republicana, ainda em discussão, deixassem de ficar sob a ra tão sério problema financeiro,' neces
Digesto Econômico
direitos de alfândega. E do impôsto sô bre a renda, por mais que se lhe haja proclamado a conveniência e a moralida
de, ainda não se curou em tentar, a adap tação, que as nossas circunstâncias per mitem, e as nossas necessidades recla mam".
Não obstante reconliecesse no impôs to de renda invulgar poder de dilatação, sobretudo nas grandes urgências nacio nais, Rui, apoiado em Leroy BeauUeu, considerava-o essencialmente um impôs to complementar — uma taxa de ajusta mento e compensação — que tinha por
fim restabelecer a justiça no sistema fis cal, tirando às classes abastadas e ricas,
grandemente poupadas pelos impostos in diretos, um suplemento de contribuição. "Mas, para que êsse característico se realize sinceramente — acrescenta êle —
para que essa contribuição seja em ver dade, no rigor da intenção que se Uie associa, uma taxa complementar, neces
sário é que abranja todas as rendas, não importa a sua categoria, ainda que
algumas já carreguem com outios grava mos. Todas as fontes de riqueza públi ca, os bens imobiliários, os capitais em numerário e em créditos ativos, os ofí-
IST '
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Dicesto Econômico
sobre a renda, tributo justíssimo, reparador, indispensável, urgente". Ao recapitular, entretanto, nesse re
latório, o esquema tributário do Projeto de Constituição apresentado pelo Gover no Provisório, assevera Rui Barbosa que se algum reparo se lhe podia fazer era "o de ter excedido, talvez, os limites da
prudência na liberalidade para com os orçamentos dos Estados".
Impunlia-se, sim, ao Poder Legislati vo, procurar novas fontes de receita
rio passa a indicar os tributos que.julga capazes de "compensar as perdas imi nentes da receita geral", dentre os quais, pelo longo estudo que llic dedica, na quele seu extraordinário poder de esgo tar o assunto que abordasse, dá especial destaque ao imposto de renda. "Em que pese à opinião paradoxal
a-çada da União. Mas para que pudesse ser encontrada uma solução razoável pa
ó a que alarga a importância aos impos
sário era que a competência tributária dos Estados se mantivesse dentro dos
limites que o projeto lhe traçara
E
Rui advertia: "Se o domínio tributário da União fôr ainda mais desfalcado se novas fontes de renda se
transferirem do governo cen tral para os governos locais,
se prevalecerem certas emen
honra como nação, arvorando em prin cípio absoluto o egoísmo dos Estados, olvidando a impossibibdade do desen volvimento destes fora da aliança indis
solúvel no seio da grande pátria bra sileira, — nesse caso a dificuldade será
mais de uma vez, enveredar por êsse caminho; muitas foram as vozes que
cil e de resultados mais imediatos: os
to é que "não se proporcionam à gra duação das fortunas entre os contribuin tes, antes se derramam principalmente e exercem pressão rnuíto mais grave so bre as classes menos favorecidas, roçan
do apenas ã superfície os maiores cimos da riqueza". Dessa maneira, não po
tar a acentuada tendência que
dia um sistema de orçamento, atento
se verificava nos Estados Uni
dos no sentido de alargar o
aos princípios de justiça e às aspirações
âmbito da taxação direta, diz Rui Barbosa: "Discutam em
rar no impôsto direto o corretivo com
morais da democracia, "deixar de procu
pensador contra as iniquidades da taxa
bora teoristas a preexcelência entre o ini-
pôsto indireto e o direto, a verdade prá
ção indireta não retificada por esse con-
tica, a verdade inelutável é que, na si tuação hodierna das sociedades políticas essas ^ duas formas de contribuição do indivíduo para a existência do Estado
trapêso".
E após comentar as lacunas do siste ma orçamentário americano em confron
to com o inglês. Rui Barbosa conclui, fa zendo suas as palavras de Gustav Gohn,
tão grave, que não vejo como o legisla dor poderia solvê-Ia imediatamente". Partindo, pois, do pressuposto de que
tos".
várias formas sob que se pode concre
o Congresso Constituinte manteria o pla no fiscal do projeto em discussão, o Mi
Dos vícios inerentes aos impostos indi retos não havia que duvidar, prossegue
tizar a idéia das contribuições diretas,
nistro da Fazenda do Governo Provisó
Rui; em primeiro lugar, o Tesouro do
consrituem elemtentos inseparáveis de equilíbrio na organização dos orçamen
o grande economista alemão: "Ora, das a menos imperfeita, a mais eficaz, a mais
justa é a do impôsto sobre a renda, o único instrumento financeiro "capaz de
1
Brasil, porém, até hoje, a atenção dos governos se tem concentrado quase só na aplicação do impôsto indireto, sob
classes pobres, convertendo-se mesmo,
dos impostos indiretos, como instrumen to financeiro, argumenta ainda Rui, o cer
extremas do radicalismo suíço, que teve de se confessar impotente na sua condenação aos impostos indiretos. E depois de apon
e fora do Parlamento. E Rui, recapitulando cs passos dados naquele sentido, resume, em breves linhas, todo o pro grama tributário da Monarquia: "No
a sua manifestação mais trivial, mais fá
Embora indiscutível a produtividade
Mas essa associação entre democracia e impôsto direto não podia ser levada aos
sôbre o assunto se fizeram ouvir, dentro
dosados, até o consumo do necessário nas
que crescem na razão indireta da renda".
mais amplo desenvolvimento moral."
nossa solidariedade e da nossa
A política fiscal do Império tentara,
a mercadoria ao consumidor, tem êste de
não raro, em taxas regressivas, taxas
tos civilizadores, isto é, como exigências do princípio de justiça nas sociedades de
mas de nossa existência, da
classes ricas e abastadas".
bre os menos capazes de pagá-los, cer ceando quando não convenientemente
tos diretos, precisamente como elemen
cerem as necessidades supre
tre um e outro inteqjõc-se uma série de intermediários, de modo que, ao chegar
mais, muitas vezes, esses impostos, "so
mais imbuída nos ideais democráticos
das funestas, que parece esque
que deve recair sôbre os ombros das
culação; depois, o princípjo de igualda de é freqüentemente ferido, pesando
mais adiantados em civilização, e o im
posto direto o dos povos mais atrasados, a idéia que tende a se generalizar sob a civilização contemporânea, cada vez
medir a proporção de encargos públicos,
que saí da algibeira do contribuinte; en
arrostar, no preço que por cia paga, as
cia êle seu trabalho, "quando afirmou que o impôsto indireto é o dos povos
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Estado não é inteiramente embolsado do
sobretaxas sucessivas de que aqueles se vão forrando, acrescidas das parcelas reclamadas sob êsse pretexto pela espe
de Thíers", são as palavras com que ini
mas para compensar a diminuição que o orçamento geral iria fatalmente sofrer, com a ausência dos impos.tos que, se gundo a Constituição Republicana, ainda em discussão, deixassem de ficar sob a ra tão sério problema financeiro,' neces
Digesto Econômico
direitos de alfândega. E do impôsto sô bre a renda, por mais que se lhe haja proclamado a conveniência e a moralida
de, ainda não se curou em tentar, a adap tação, que as nossas circunstâncias per mitem, e as nossas necessidades recla mam".
Não obstante reconliecesse no impôs to de renda invulgar poder de dilatação, sobretudo nas grandes urgências nacio nais, Rui, apoiado em Leroy BeauUeu, considerava-o essencialmente um impôs to complementar — uma taxa de ajusta mento e compensação — que tinha por
fim restabelecer a justiça no sistema fis cal, tirando às classes abastadas e ricas,
grandemente poupadas pelos impostos in diretos, um suplemento de contribuição. "Mas, para que êsse característico se realize sinceramente — acrescenta êle —
para que essa contribuição seja em ver dade, no rigor da intenção que se Uie associa, uma taxa complementar, neces
sário é que abranja todas as rendas, não importa a sua categoria, ainda que
algumas já carreguem com outios grava mos. Todas as fontes de riqueza públi ca, os bens imobiliários, os capitais em numerário e em créditos ativos, os ofí-
-T^
Digesto Econónhco
Salário e produtividade do trabalho
cios, as profissões, as funções, os em
Perguntas que ainda hoje se fazem,
pregos, todos êsses elementos, a capaci
.sobre a Icgitímidade da tributação des te ou daquele rendimento, encontravnm já em seu relatório re.sposta categórica:* "A concepção do impó-sto sobre a renda não se compadece com a isenção de clas ses. Tôdas cla.s; salvo nos graus mí
MBORA o conceito de salário
nimos apenas correspondentes aos mais
o conceito etimológico de salá
junto de bens instrumentais, quer dizer, tudo aquilo que pode ser\'ir à produção
rio e o econômico. Etimològi-
dos bens de consumo, mas que ao ser
camente, poderemos defini-lo
utilizado consome-se apenas lentamente.
dade contributiva industrial na sua to
talidade, no seu complexo, deve concor rer, em escala eqüitativamente proporcio
nada à sua importância comparativa, para a coleta geral. Êsse caráter de ge neralidade liga-se ao caráter de repara ção, constituindo a fisionomia típica do imposto."
E das várias formas de imposto de renda ensaiadas e adotadas em diferen
tes países, é pelo tipo inglês, "mais prá tico, mais imitável, mais eficaz, mais eqüitütivo" e do qual faz minucioso Iiis-
fcjL tórico, expondo o seu mecanismo, indi^ cando as suas vantagens e os seus in
convenientes, que Rui demonstra maior inclinação.
Nao há particularidade do tributo que êle deixe de focalizar, quer sob o ponto de vista teórico, quer sob o ponto de
vista prático, fortalecendo suas afirma tivas com a experiência de outros povos, com as lições de economistas ou fi
Dorival Teixeira Vieira
pareça demasiadamente sim
ples, convém lembrar a impor tante diferença existente entre
estreitos meios dc subsistência, devem
abranger-se no domínio dessa contribui-
como a remuneração previa
giada os problemas básicos do impósto
mente estabelecida, paga em dinheiro ou utilidades, a um indivíduo que se
como é o da sua incidência, o da dife
obriga a executar certos ser>'Íços duran
E assim passam sob sua pena privile
vel, do mesmo modo costuma-se dislin-
] j
|
te determinado horário, sob orientação,
fiscalização e dependência de um em
tulo em capítulo, com tôda pnidência
pregador. Entretanto, no sentido econô
guir, no sahírio, modalidades diversas ^ que recebem nomes diferentes. h
certo de que em matéria tão melindrosa
mico, essa definição etimológica, mujto ■ampla sob certos aspectos e muito res
cução e dos não qualificados, que exi
só por tentativas sc chegaria a bom têrmo, vai estabelecendo as normas, fixan
do os limites do que sc poderia chamar de sistema brasileiro de imposto de renda. Suas palavras não caíram em terre
gem mais a fòrça física que o esforço
ferimos, então, defini-lo como sendo a parcela de rendimento que cabe ao
mental, damos o nome de salário prò-
trabalho.
Do resultado do emprôgo dos fatôres de produção temos, em conseqüência, ou
gos públicos, na organização das finan
ou um alargamento dos serviços necessá
vezes sem brilho, com os conceitos não raro mode.stos de outros que antes dêle
ças do País.
rios à vida e ao desenvolvimento
se ocujíaram de tão delicado assunto em nosso país, e cujos nomes, não fôsse o
em novas formas, deve principalmente
E o ímpôsto de renda, plasmado hoje sua força moral aos princípios que Rui Barbosa consagrou com o vigor e o bri lho de seu estilo sem par.
À remuneração dos trabalhos de exe
trita sob outros, não nos convém, e pre
idéias, igualmente, com as palavras às
danados, talvez, a completa obscuridade.
Como se costuma fazer distinção en
tre trabalho qualificado e não qualifi cado, trabalho permanenta e cotidiano, trabalho facultativo, acidenta! e variá-
tributável, o das isenções. E de capí
figura fiscal. E numa admirável isen ção de ânimo procura ilustrar suas
relevo que Rui lhes dá, estariam con-
seu sentido amplo, abrangendo o con
renciação de rendimentos, o do mínimo
no sáfaro, embora longos anos levassem a frutíficar. Outros seguiram, com o mesmo emjbenho, até a \ntória final, seu anseio de meUior distribuição dos encar
nancistas já identificados com aquela
Êsses dois fatôres são o trabalho e o
capital, se considerarmos êste último no
um aumento dos bens disponíveis para
a satisfação das necessidades humanas,
priamchte dito, enquanto que à do trabalho qualificado, de conteúdo mais mental que físico, chamamos vencimen to.
Essas diferenças de terminologia,
mais usadas na prática do que aceitas pela teoria, não são consideradas pela
Economia Política que, de um modo genérico, denomina salário a qual quer parcela de ^rédito da pro
económico-social de qualquer co
letividade. Mas, é preciso lem brar que o resultado do emprego dos fatôres precisa ser distribuí do proporcionalmente entre os
vários agentes. Cada uma das parcelas a ser distribuída recebe um nome espe
cial.
Realmente, se estudarmos a pro
dução verificaremos que dois grandes fatôres concorrem para que tenhamos à nossa disposição o conjunto de bens necessário.s não só à nossa sobrevivência,
mas ainda capazes de garantir um certo
conforto e ^uma vida digna.
dução que caiba ao trabalho, qualquer que êle seja. Antes de abordarmos o tema
principal, que é a relação entre 'a rèmuneração do trabalho e a sua pro
dutividade, precisamos indagar quais os elementos necessários para o estabeleci mento de um critério razoável para sua fixação.
De um modo geral, indagando-se da teoria econômica, vemos que o trabalho
também está sujeito às leis de oferta e procura; como, porém, é de natureza
SÍ
-T^
Digesto Econónhco
Salário e produtividade do trabalho
cios, as profissões, as funções, os em
Perguntas que ainda hoje se fazem,
pregos, todos êsses elementos, a capaci
.sobre a Icgitímidade da tributação des te ou daquele rendimento, encontravnm já em seu relatório re.sposta categórica:* "A concepção do impó-sto sobre a renda não se compadece com a isenção de clas ses. Tôdas cla.s; salvo nos graus mí
MBORA o conceito de salário
nimos apenas correspondentes aos mais
o conceito etimológico de salá
junto de bens instrumentais, quer dizer, tudo aquilo que pode ser\'ir à produção
rio e o econômico. Etimològi-
dos bens de consumo, mas que ao ser
camente, poderemos defini-lo
utilizado consome-se apenas lentamente.
dade contributiva industrial na sua to
talidade, no seu complexo, deve concor rer, em escala eqüitativamente proporcio
nada à sua importância comparativa, para a coleta geral. Êsse caráter de ge neralidade liga-se ao caráter de repara ção, constituindo a fisionomia típica do imposto."
E das várias formas de imposto de renda ensaiadas e adotadas em diferen
tes países, é pelo tipo inglês, "mais prá tico, mais imitável, mais eficaz, mais eqüitütivo" e do qual faz minucioso Iiis-
fcjL tórico, expondo o seu mecanismo, indi^ cando as suas vantagens e os seus in
convenientes, que Rui demonstra maior inclinação.
Nao há particularidade do tributo que êle deixe de focalizar, quer sob o ponto de vista teórico, quer sob o ponto de
vista prático, fortalecendo suas afirma tivas com a experiência de outros povos, com as lições de economistas ou fi
Dorival Teixeira Vieira
pareça demasiadamente sim
ples, convém lembrar a impor tante diferença existente entre
estreitos meios dc subsistência, devem
abranger-se no domínio dessa contribui-
como a remuneração previa
giada os problemas básicos do impósto
mente estabelecida, paga em dinheiro ou utilidades, a um indivíduo que se
como é o da sua incidência, o da dife
obriga a executar certos ser>'Íços duran
E assim passam sob sua pena privile
vel, do mesmo modo costuma-se dislin-
] j
|
te determinado horário, sob orientação,
fiscalização e dependência de um em
tulo em capítulo, com tôda pnidência
pregador. Entretanto, no sentido econô
guir, no sahírio, modalidades diversas ^ que recebem nomes diferentes. h
certo de que em matéria tão melindrosa
mico, essa definição etimológica, mujto ■ampla sob certos aspectos e muito res
cução e dos não qualificados, que exi
só por tentativas sc chegaria a bom têrmo, vai estabelecendo as normas, fixan
do os limites do que sc poderia chamar de sistema brasileiro de imposto de renda. Suas palavras não caíram em terre
gem mais a fòrça física que o esforço
ferimos, então, defini-lo como sendo a parcela de rendimento que cabe ao
mental, damos o nome de salário prò-
trabalho.
Do resultado do emprôgo dos fatôres de produção temos, em conseqüência, ou
gos públicos, na organização das finan
ou um alargamento dos serviços necessá
vezes sem brilho, com os conceitos não raro mode.stos de outros que antes dêle
ças do País.
rios à vida e ao desenvolvimento
se ocujíaram de tão delicado assunto em nosso país, e cujos nomes, não fôsse o
em novas formas, deve principalmente
E o ímpôsto de renda, plasmado hoje sua força moral aos princípios que Rui Barbosa consagrou com o vigor e o bri lho de seu estilo sem par.
À remuneração dos trabalhos de exe
trita sob outros, não nos convém, e pre
idéias, igualmente, com as palavras às
danados, talvez, a completa obscuridade.
Como se costuma fazer distinção en
tre trabalho qualificado e não qualifi cado, trabalho permanenta e cotidiano, trabalho facultativo, acidenta! e variá-
tributável, o das isenções. E de capí
figura fiscal. E numa admirável isen ção de ânimo procura ilustrar suas
relevo que Rui lhes dá, estariam con-
seu sentido amplo, abrangendo o con
renciação de rendimentos, o do mínimo
no sáfaro, embora longos anos levassem a frutíficar. Outros seguiram, com o mesmo emjbenho, até a \ntória final, seu anseio de meUior distribuição dos encar
nancistas já identificados com aquela
Êsses dois fatôres são o trabalho e o
capital, se considerarmos êste último no
um aumento dos bens disponíveis para
a satisfação das necessidades humanas,
priamchte dito, enquanto que à do trabalho qualificado, de conteúdo mais mental que físico, chamamos vencimen to.
Essas diferenças de terminologia,
mais usadas na prática do que aceitas pela teoria, não são consideradas pela
Economia Política que, de um modo genérico, denomina salário a qual quer parcela de ^rédito da pro
económico-social de qualquer co
letividade. Mas, é preciso lem brar que o resultado do emprego dos fatôres precisa ser distribuí do proporcionalmente entre os
vários agentes. Cada uma das parcelas a ser distribuída recebe um nome espe
cial.
Realmente, se estudarmos a pro
dução verificaremos que dois grandes fatôres concorrem para que tenhamos à nossa disposição o conjunto de bens necessário.s não só à nossa sobrevivência,
mas ainda capazes de garantir um certo
conforto e ^uma vida digna.
dução que caiba ao trabalho, qualquer que êle seja. Antes de abordarmos o tema
principal, que é a relação entre 'a rèmuneração do trabalho e a sua pro
dutividade, precisamos indagar quais os elementos necessários para o estabeleci mento de um critério razoável para sua fixação.
De um modo geral, indagando-se da teoria econômica, vemos que o trabalho
também está sujeito às leis de oferta e procura; como, porém, é de natureza
SÍ
72
DiGESTO Econômico Dicesto Econômico
diferente dos bens materiais, necessário se toma fazer uma série de correções
para que se possa determinar o preço
cutro extremo da distribuição também
deste serviço. A oferta de trabalho, diz a escola
verificamos que pequeno c o número de indivíduos inaptos para a maioria das atividades exigidas na produção contem
clássica, é dada pelo número
porânea, e que, por isso, ficam condena
de assa
dos a executar tarefas não qualificadas
lariados. Quando se quer indagar das possibilidades de trabalho, quer num de terminado setor de atividade, quer con
apresentando diferenças de grau e limi
siderando-se todas as atividades no seu
te, se coloca entre esses dois extremos.
conjunto, precisamos pesquisar o núme
ro de indivíduos que possivelmente po derão trabalhar naquele ramo ou con
junto de atividades. Uma vez que êste aglomerado humano é geralmente hete rogêneo, não tendo as características
de homogeneidade que apresenta uma determinada mercadoria, vemos, em con
m balho num mercado qualquer é seqüência, que a oferta de tra
muito diversa_^ da dos produtos. Daí afirmar-se que o mercado de trabalho é sui generis. Em primeiro lugar, há diferen
ças de aptidões, embora constitua antes
objeto de estudo da psico-técníca que da economia; indagações feitas sôbre as curvas de aptidão e de salário vieram
mostrar que nas atividades normais, con siderando-se o trabalho total numa socie
dade, as aptidões se distribuem segundo uma curva campanular.
e extremamente simples.
A maioria,
Mesmo quando se trata de igualdade
de aptidões, isto não significa igualda
aprendizagem .se fez com maior rapidez e simplicidade. Devemos levar cm conta, também, a
estabelecimentos se criam e a propor
observações de Moore autorizam-nos a
sempre são os mais aptos os que se co
falar em leis.
locam em posição-chave no processo de
de que o salário se eleva quando o ca pital se avoluma e a de que, à medida em que a proporção dos estabelecimen
produção.
Como podemos obsei^'ar, a oferta de
ção das empresas aumenta, os salários se elevam para todas as idades. Estas À luz destas duas — a
de de- salários ou de produtividade do trabalho, uma vez que outros fatores
trabalho não c fácil de ser determina
tos aumenta, os salários se elevam para
da, não se assimilando, portanto, á -ofer
capazes de alterar a oferta de trabalho
ta de mercadorias.
todos os grupos de idade — é que ire mos examinar, como exemplo, q pro
podem influir. O interesse pecuniário,
Do mesmo modo que a oferta, a pro cura de trabalho é também sui generis.
por exemplo, pode levar muitas vêzes o
indivíduo a
procurar
um
trabalho
que não esteja de acordo com
Douglas, fazendo estudos sôbre essa pro cura, chegou à constatação de que o
suas aptidões. Do mesmo modo,
melhor índice de medida,
em virtude da sua maior ou me
quer em atividades particu lares, quer em empresas, é a sua produtividade.
nor procura, valoriza-se para mais ou para menos a sua aptidão den
tro de um determinado ramo de atividade.
Devemos considerar também a in
O resultado do trabalho do comerciá-
rio não apresenta a materialidade que possuem as mercadorias. São bens iniateriais, serviços ten
do tanto valor ou ,tah'ez
maior que os produtos, mas que não podem ser medidos pelo mesmo estalão daque les; podemos falar em quan
Poder-se-ia discutir se real trabalho é um bom índice de
fluência do meio social, familiar e do estágio de evolução econômica que mos
sua procura.'Para isto, teríamos de indagar das relações entre a produção e
tram que, mesmo em igualdade de con
o trabalho e a produção e o capital. Cobb, em outras indagações, bastante
dições, os níveis de salário não são obrigatòriamente os mesmos. Quando nos colocamos dentro da economia chama da complexa, em que a divisão do tra
blema da relação existente entre os ven
cimentos e a produtividade no comércio.
mente a produtividade do
profundas, sôbre a produtividade ^ do trabalho e capital, em vários países,
balho aumenta cada vez mais, exige^
se dos vários indivíduos uma aprendiza
chegou a estabelecer uma lei gertil de maior freqüência, na qual verifi cou que, tomando-se a produção como
rio, duas curvas unimodais, sendo que
gem especializada, quer empírica — feita
uma unidade, o trabalho entra em me
tidade de produtos, mas não basta in dagar da quantidade de serviços e sim da sua qualidade. A dificuldade se tor
na maior quando deparamos com a heterogeneidade da atividade comercial. A produção contemporânea caracterizase pela crescente divisão do trabalho e especialização das tarefas, provocando consigo o desdobramento das atiridades comerciais.
Como distribuição organi
dia com 3/4 do produzido e o capital com 1/4 apenas, o que significa a maior
zada de produtos, assume o comercio grande importância no desenvolvimento
mediante certo custo, deve ser levada em
importância do fator trabalho, estando a produção, portanto, na razao direta da
os consumidores quanto para os produto
consideração ao se fixarern os vários ní
sua produtividade.
à custa do próprio indivíduo — quer sis é superior ao da distribuição feminina, temática e racional. Essa aprendiza o valor modal da distribuição masculina
o que significa que as mulheres se con tentam em ganhar menos, ainda que as aptidões sejam as mesmas. Da análise da curva de aptidões pode-se apreciar que poucos são aqueles dotados de qua lidades excepcionais para o. trabalho, ca pazes, portanto, de se ajustar aos tipos
\'a com O' aumento do capital, e, mais ainda, que à medida em que os grandes
questão das oportunidades. Nem sem pre são cs mais aptos os que realmente tcin oportunidade de aprender, nem
ção não separarmos os sexos, teremos uma curva biniodal e, em caso contrá
No caso dos salários, se na distribui
73
de trabalho altamente qualificado. No
gem, que exige certa duração e se faz
veis de salário, uma vez que não é pos
Desde Ricardo se vem apontando a
da economia nacional e é tão útil para res, atendendo a necessidades sociais in discutíveis.
Os serviços que presta se
sível atribuir a me.sma taxa de salário a
discrepância que existe entre o traba
vêm desenvolvendo, assim, em ritmo
atividades que 'exigiram aprendizagem mais longa e penosa e a outras cuja
lho e a sua remuneração, colocando-se, na maioria das vêzes, esta última em nível mais baixo. Estudos feitos por
crescente, e exigem do comerciário um preparo técnico-profíssional especiali zado. Por isso, em todas as atividades
Moore mostraram que o saláriq se elç-
comerciais, é preciso indagar-se tanto da
72
DiGESTO Econômico Dicesto Econômico
diferente dos bens materiais, necessário se toma fazer uma série de correções
para que se possa determinar o preço
cutro extremo da distribuição também
deste serviço. A oferta de trabalho, diz a escola
verificamos que pequeno c o número de indivíduos inaptos para a maioria das atividades exigidas na produção contem
clássica, é dada pelo número
porânea, e que, por isso, ficam condena
de assa
dos a executar tarefas não qualificadas
lariados. Quando se quer indagar das possibilidades de trabalho, quer num de terminado setor de atividade, quer con
apresentando diferenças de grau e limi
siderando-se todas as atividades no seu
te, se coloca entre esses dois extremos.
conjunto, precisamos pesquisar o núme
ro de indivíduos que possivelmente po derão trabalhar naquele ramo ou con
junto de atividades. Uma vez que êste aglomerado humano é geralmente hete rogêneo, não tendo as características
de homogeneidade que apresenta uma determinada mercadoria, vemos, em con
m balho num mercado qualquer é seqüência, que a oferta de tra
muito diversa_^ da dos produtos. Daí afirmar-se que o mercado de trabalho é sui generis. Em primeiro lugar, há diferen
ças de aptidões, embora constitua antes
objeto de estudo da psico-técníca que da economia; indagações feitas sôbre as curvas de aptidão e de salário vieram
mostrar que nas atividades normais, con siderando-se o trabalho total numa socie
dade, as aptidões se distribuem segundo uma curva campanular.
e extremamente simples.
A maioria,
Mesmo quando se trata de igualdade
de aptidões, isto não significa igualda
aprendizagem .se fez com maior rapidez e simplicidade. Devemos levar cm conta, também, a
estabelecimentos se criam e a propor
observações de Moore autorizam-nos a
sempre são os mais aptos os que se co
falar em leis.
locam em posição-chave no processo de
de que o salário se eleva quando o ca pital se avoluma e a de que, à medida em que a proporção dos estabelecimen
produção.
Como podemos obsei^'ar, a oferta de
ção das empresas aumenta, os salários se elevam para todas as idades. Estas À luz destas duas — a
de de- salários ou de produtividade do trabalho, uma vez que outros fatores
trabalho não c fácil de ser determina
tos aumenta, os salários se elevam para
da, não se assimilando, portanto, á -ofer
capazes de alterar a oferta de trabalho
ta de mercadorias.
todos os grupos de idade — é que ire mos examinar, como exemplo, q pro
podem influir. O interesse pecuniário,
Do mesmo modo que a oferta, a pro cura de trabalho é também sui generis.
por exemplo, pode levar muitas vêzes o
indivíduo a
procurar
um
trabalho
que não esteja de acordo com
Douglas, fazendo estudos sôbre essa pro cura, chegou à constatação de que o
suas aptidões. Do mesmo modo,
melhor índice de medida,
em virtude da sua maior ou me
quer em atividades particu lares, quer em empresas, é a sua produtividade.
nor procura, valoriza-se para mais ou para menos a sua aptidão den
tro de um determinado ramo de atividade.
Devemos considerar também a in
O resultado do trabalho do comerciá-
rio não apresenta a materialidade que possuem as mercadorias. São bens iniateriais, serviços ten
do tanto valor ou ,tah'ez
maior que os produtos, mas que não podem ser medidos pelo mesmo estalão daque les; podemos falar em quan
Poder-se-ia discutir se real trabalho é um bom índice de
fluência do meio social, familiar e do estágio de evolução econômica que mos
sua procura.'Para isto, teríamos de indagar das relações entre a produção e
tram que, mesmo em igualdade de con
o trabalho e a produção e o capital. Cobb, em outras indagações, bastante
dições, os níveis de salário não são obrigatòriamente os mesmos. Quando nos colocamos dentro da economia chama da complexa, em que a divisão do tra
blema da relação existente entre os ven
cimentos e a produtividade no comércio.
mente a produtividade do
profundas, sôbre a produtividade ^ do trabalho e capital, em vários países,
balho aumenta cada vez mais, exige^
se dos vários indivíduos uma aprendiza
chegou a estabelecer uma lei gertil de maior freqüência, na qual verifi cou que, tomando-se a produção como
rio, duas curvas unimodais, sendo que
gem especializada, quer empírica — feita
uma unidade, o trabalho entra em me
tidade de produtos, mas não basta in dagar da quantidade de serviços e sim da sua qualidade. A dificuldade se tor
na maior quando deparamos com a heterogeneidade da atividade comercial. A produção contemporânea caracterizase pela crescente divisão do trabalho e especialização das tarefas, provocando consigo o desdobramento das atiridades comerciais.
Como distribuição organi
dia com 3/4 do produzido e o capital com 1/4 apenas, o que significa a maior
zada de produtos, assume o comercio grande importância no desenvolvimento
mediante certo custo, deve ser levada em
importância do fator trabalho, estando a produção, portanto, na razao direta da
os consumidores quanto para os produto
consideração ao se fixarern os vários ní
sua produtividade.
à custa do próprio indivíduo — quer sis é superior ao da distribuição feminina, temática e racional. Essa aprendiza o valor modal da distribuição masculina
o que significa que as mulheres se con tentam em ganhar menos, ainda que as aptidões sejam as mesmas. Da análise da curva de aptidões pode-se apreciar que poucos são aqueles dotados de qua lidades excepcionais para o. trabalho, ca pazes, portanto, de se ajustar aos tipos
\'a com O' aumento do capital, e, mais ainda, que à medida em que os grandes
questão das oportunidades. Nem sem pre são cs mais aptos os que realmente tcin oportunidade de aprender, nem
ção não separarmos os sexos, teremos uma curva biniodal e, em caso contrá
No caso dos salários, se na distribui
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de trabalho altamente qualificado. No
gem, que exige certa duração e se faz
veis de salário, uma vez que não é pos
Desde Ricardo se vem apontando a
da economia nacional e é tão útil para res, atendendo a necessidades sociais in discutíveis.
Os serviços que presta se
sível atribuir a me.sma taxa de salário a
discrepância que existe entre o traba
vêm desenvolvendo, assim, em ritmo
atividades que 'exigiram aprendizagem mais longa e penosa e a outras cuja
lho e a sua remuneração, colocando-se, na maioria das vêzes, esta última em nível mais baixo. Estudos feitos por
crescente, e exigem do comerciário um preparo técnico-profíssional especiali zado. Por isso, em todas as atividades
Moore mostraram que o saláriq se elç-
comerciais, é preciso indagar-se tanto da
Dicesto Econômico
Dicesto Econômico
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qualidade quanto da qualidade do ser viço prestado, ou seja, da produtivida de do trabalho do comerciário.
Daí afirmarmos que a oferta de tra
não pode ser medida unicamente por um critério psico-técnico, uma vez que cer tos fatores, como por e-xemplo a vonta de, podem influir, alterando o resulta
balho no comércio é heterogênea, senão
do da pesquisa. Principalmente quando
mais heterogênea que a oferta em qual quer outro ramo de atividade, uma vez que as emprôsas se especializam e ao mesmo tempo sua atividade se diversi
há um afastamento sensível entre o sa
fica.
Do lado da procura, embora se possa admitir que esta, pelo menos teòricamen-
te, deveria ser função da produtivida de, não se deve esquecer quê sua me dida toma-se muito difícil e que só in diretamente poderia ser mensurável.
Afirma-se ser possível medir essa pro dutividade mediante provas psico-técnícas ou certos formulários — as chama das fichas de merecimento —
lário e o custo de vida, crescendo este
mais que aquele, gera-se um desconten
tamento, por parte do trabaliiador, que traz como resultado certa má vontade
em relação à produção. Procurando indagar da produtividade o fixação dos níveis de vencimentos, Moore fez pesquisas sôbre salário e custo de vida e chegou à conclusão de que não se pode falar em uma corre lação estreita entre o mínimo- de subsis
tência e nível de salário. Realmente, indagando do mínimo de subsistência para uma coletividade e dos
que uniformizariam o crité rio de aferição. Realmente,
salários percebidos pela mes
e.sta estandardização auxi liaria, contornaria, em parte,
tor um índice igual a 0,3. Êsse resultado não nos indi
as dificuldades, mas não seria
capaz de resolvê-las. O pro blema da aferição da produ tividade do trabalho, median
te as fichas de merecimento,
hoje representa uma necesridade premente, não só para o comércio brasileiro como também para tôdas as
ma, encontrou o referido au
ca que os salários estejam ligados a um mínimo dc sub
sistência. Podemos dizer que, em geral, ganha-se mais que o necessário para sobre viver. Indagou Moore, tam
bém, do mínimo de saúde e decência e nível de salário, e encontrou uma corre
da lei de participação do trabalhador
lação de 0,7, o que prova que não se pode divorciar o problema do salário da
nos lucros das empresas, em vias de
questão do mínimo de decência e saúde.
atividades econômicas, no país, mercê
ser promulgada. Com efeito, é pensa mento dos legisladores distribuir a par cela de lucros que se destinará direta mente aos assalariados em função do seu merecimento, ou seja, da sua produ tividade. Daí tornar-se obrigatório um critério de uniformização de julgamen
to, a ser aplicado uniformemente, den tro da emprêsa, pelo menos. Convém
notar, no entanto, que a produtividade
Uma terceira observação feita por êle e a de que o aumento do rendimento lí quido corresponde a um aumento das despesas, se anteriormente os recursos tivessem sido insuficientes.
Não existi
ra o problema de salário sempre que, indagando-se das despesas do operariado, SG verificar que além de pagar tôdas as suas contas e garantir um mínimo de saúde e decência, se constate havçr um
e.Tcesso, que representará uma provisão para o futuro ou elevação do seu padrão de vida. Quando, porém, não existir ês se excesso apresentado por uma pou
pança, fãcilniente verificável pelos de pósitos das Caixas Econômicas ou, en tão, quando êstcs começarem a minguar para cobrir as deficiências dos salários percebidos, poderemos ter a certeza de
dor, procurando novo patrão -ou nova atividade, seja porque negue-se o pa trão a receber o empregado pelo salário
c condições por êste exigidas. Em qual quer dos dois casos, o mais forte é quem impõe o preço de mercado. Transportando esse mecanismo para o caso do comércio, o problema se resol
ve em saber quem é mais forte — aque
sérias reivindicações de aumento de sa^ le que procura o trabalho ou quem o lário.
As repercussões dêssc estado de coisas na produtividade são violentas, in.sidiosas e, por isso mesmo, cada vez mais graves. O comerciário, em geral, perten ce à classe média, e esta é, hoje em dia, uma classe descontente. E , pois, perfei
tamente explicável a negligência e dilui ção do senso de responsabilidade que
hoje se verifica; e.xplicáveis também se tomam os constantes movimentos de rei vindicação de salários.
Devido á organização sindical, a situa ção do mercado de trabalho, hoje, 6 de bilateralisnío típico, quer dizer, empre
gadores se apresentam em bloco e os comerciarios que reclamam os aumentos formam, também, um só todo. Quando o bílateralismo existe, há um regateio en tre as duas partes em presença na per-
muta, até estabelecerem um acordo no
qual se fixam o jíieço, a quantidade e as condições da operação; se êste acòr-
do fôr julgado inaceitável por uma das duas partes e não se chegar a um .ou
tro que satisfaça a ambas, havera rup tura das negociações e a operação não se realizará. Isso eqüivale a dizer que, no caso dos salários, quando há bilateralísmO, ou o patrão e empregado rega teiam até combinarem o salário, duração e condições do traballio, favoráveis a am bos, ou então, o empregado abandona
o emprego, seja por não concordar com as condições oferecidas pelo emprega-
oferece. A resposta é muito simples: se
o orçamento do comerciário fôr insufi ciente 0 se a sua mobilidade de traba
lho fôr pequena, êste será o mais fraco. Nesta situação, a possibilidade de uma
niptxua por parte do comerciário será muito fraca.
Haverá uma acomodação
que, pelo menos do ponto de vista eco nômico, não será muito favorável ao em
pregado.
Há, porém, fatôres de correção a con siderar, tais como a opinião pública, que
pode forçar o problema, aumentando a força do mais fraco, ou a compreensão
do empregador, evitando situações de desagrado, que repercutirão na produti vidade do traballio.
Os aumentos se sucedem, mas o des
contentamento perdura. A que atribuir semelhante situação? Na busca de uma
resposta precisamos não esquecer que
há fatôres, vindos do passado, geradores desta situação, que precisam ser remo vidos; isto, porém, não se consegue de um dia para outro. E' natural que o co merciante, pretendendo pagar mais, exi
ja mais; essa produtividade, porém, não se elevará tão depressa, e sim sòmente
quando se sentir que a nova situação tor nou-se mais duradoura e justa. Dai não acreditarmos que apenas um aumento
de ordenados, conseguido hoje ou ama nhã, feito "deste ou daquele modo, resol va o problema. Aliás, é êsse o pensa mento do comércio e da indústria pau-
Dicesto Econômico
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qualidade quanto da qualidade do ser viço prestado, ou seja, da produtivida de do trabalho do comerciário.
Daí afirmarmos que a oferta de tra
não pode ser medida unicamente por um critério psico-técnico, uma vez que cer tos fatores, como por e-xemplo a vonta de, podem influir, alterando o resulta
balho no comércio é heterogênea, senão
do da pesquisa. Principalmente quando
mais heterogênea que a oferta em qual quer outro ramo de atividade, uma vez que as emprôsas se especializam e ao mesmo tempo sua atividade se diversi
há um afastamento sensível entre o sa
fica.
Do lado da procura, embora se possa admitir que esta, pelo menos teòricamen-
te, deveria ser função da produtivida de, não se deve esquecer quê sua me dida toma-se muito difícil e que só in diretamente poderia ser mensurável.
Afirma-se ser possível medir essa pro dutividade mediante provas psico-técnícas ou certos formulários — as chama das fichas de merecimento —
lário e o custo de vida, crescendo este
mais que aquele, gera-se um desconten
tamento, por parte do trabaliiador, que traz como resultado certa má vontade
em relação à produção. Procurando indagar da produtividade o fixação dos níveis de vencimentos, Moore fez pesquisas sôbre salário e custo de vida e chegou à conclusão de que não se pode falar em uma corre lação estreita entre o mínimo- de subsis
tência e nível de salário. Realmente, indagando do mínimo de subsistência para uma coletividade e dos
que uniformizariam o crité rio de aferição. Realmente,
salários percebidos pela mes
e.sta estandardização auxi liaria, contornaria, em parte,
tor um índice igual a 0,3. Êsse resultado não nos indi
as dificuldades, mas não seria
capaz de resolvê-las. O pro blema da aferição da produ tividade do trabalho, median
te as fichas de merecimento,
hoje representa uma necesridade premente, não só para o comércio brasileiro como também para tôdas as
ma, encontrou o referido au
ca que os salários estejam ligados a um mínimo dc sub
sistência. Podemos dizer que, em geral, ganha-se mais que o necessário para sobre viver. Indagou Moore, tam
bém, do mínimo de saúde e decência e nível de salário, e encontrou uma corre
da lei de participação do trabalhador
lação de 0,7, o que prova que não se pode divorciar o problema do salário da
nos lucros das empresas, em vias de
questão do mínimo de decência e saúde.
atividades econômicas, no país, mercê
ser promulgada. Com efeito, é pensa mento dos legisladores distribuir a par cela de lucros que se destinará direta mente aos assalariados em função do seu merecimento, ou seja, da sua produ tividade. Daí tornar-se obrigatório um critério de uniformização de julgamen
to, a ser aplicado uniformemente, den tro da emprêsa, pelo menos. Convém
notar, no entanto, que a produtividade
Uma terceira observação feita por êle e a de que o aumento do rendimento lí quido corresponde a um aumento das despesas, se anteriormente os recursos tivessem sido insuficientes.
Não existi
ra o problema de salário sempre que, indagando-se das despesas do operariado, SG verificar que além de pagar tôdas as suas contas e garantir um mínimo de saúde e decência, se constate havçr um
e.Tcesso, que representará uma provisão para o futuro ou elevação do seu padrão de vida. Quando, porém, não existir ês se excesso apresentado por uma pou
pança, fãcilniente verificável pelos de pósitos das Caixas Econômicas ou, en tão, quando êstcs começarem a minguar para cobrir as deficiências dos salários percebidos, poderemos ter a certeza de
dor, procurando novo patrão -ou nova atividade, seja porque negue-se o pa trão a receber o empregado pelo salário
c condições por êste exigidas. Em qual quer dos dois casos, o mais forte é quem impõe o preço de mercado. Transportando esse mecanismo para o caso do comércio, o problema se resol
ve em saber quem é mais forte — aque
sérias reivindicações de aumento de sa^ le que procura o trabalho ou quem o lário.
As repercussões dêssc estado de coisas na produtividade são violentas, in.sidiosas e, por isso mesmo, cada vez mais graves. O comerciário, em geral, perten ce à classe média, e esta é, hoje em dia, uma classe descontente. E , pois, perfei
tamente explicável a negligência e dilui ção do senso de responsabilidade que
hoje se verifica; e.xplicáveis também se tomam os constantes movimentos de rei vindicação de salários.
Devido á organização sindical, a situa ção do mercado de trabalho, hoje, 6 de bilateralisnío típico, quer dizer, empre
gadores se apresentam em bloco e os comerciarios que reclamam os aumentos formam, também, um só todo. Quando o bílateralismo existe, há um regateio en tre as duas partes em presença na per-
muta, até estabelecerem um acordo no
qual se fixam o jíieço, a quantidade e as condições da operação; se êste acòr-
do fôr julgado inaceitável por uma das duas partes e não se chegar a um .ou
tro que satisfaça a ambas, havera rup tura das negociações e a operação não se realizará. Isso eqüivale a dizer que, no caso dos salários, quando há bilateralísmO, ou o patrão e empregado rega teiam até combinarem o salário, duração e condições do traballio, favoráveis a am bos, ou então, o empregado abandona
o emprego, seja por não concordar com as condições oferecidas pelo emprega-
oferece. A resposta é muito simples: se
o orçamento do comerciário fôr insufi ciente 0 se a sua mobilidade de traba
lho fôr pequena, êste será o mais fraco. Nesta situação, a possibilidade de uma
niptxua por parte do comerciário será muito fraca.
Haverá uma acomodação
que, pelo menos do ponto de vista eco nômico, não será muito favorável ao em
pregado.
Há, porém, fatôres de correção a con siderar, tais como a opinião pública, que
pode forçar o problema, aumentando a força do mais fraco, ou a compreensão
do empregador, evitando situações de desagrado, que repercutirão na produti vidade do traballio.
Os aumentos se sucedem, mas o des
contentamento perdura. A que atribuir semelhante situação? Na busca de uma
resposta precisamos não esquecer que
há fatôres, vindos do passado, geradores desta situação, que precisam ser remo vidos; isto, porém, não se consegue de um dia para outro. E' natural que o co merciante, pretendendo pagar mais, exi
ja mais; essa produtividade, porém, não se elevará tão depressa, e sim sòmente
quando se sentir que a nova situação tor nou-se mais duradoura e justa. Dai não acreditarmos que apenas um aumento
de ordenados, conseguido hoje ou ama nhã, feito "deste ou daquele modo, resol va o problema. Aliás, é êsse o pensa mento do comércio e da indústria pau-
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Dici"-sto Econômico
listas, que sç traduz pelas realizações do
tência médico-sanitária que lhes permi
S.E.S.C. e S.E.N.A.C., S.E;S.I. e S.E.N.
ta a preservação da saúde; até mesmo
A.I. Procuram os empregadores melho rar as condições de vida de seus empre gados e permitir-lhes um aumento de
salário real, graças à prestação de servi
ços que dêem ao assalariado maior pre paro técnico-profissional, melhor edu
cação geral, para si e seus filhos, assis
CÜLOGER/IS E A EIÍOLEÇAO DO EXERCITO
da alimentação, vestuário e recreação se vem cuidando.
Antônio Gontijo de Cauvaeho
Procura-se, dessa ma
neira, reajustar os salários reais e elevar, ao mesmo tempo, o padrão de vida dos que trabalham e a sua produtividade,
A o ter de assomar a esta tribuna, nes-
evitando atritos e ajustando-os melhor à tarefa do engrandecimento do Brasil.
rio tão ilustro, confesso que foi de temor
te recinto austero o perante auditó
a minha primeira impressão. É que percebi a delicadeza da incumbência e o relevo do encargo, ao falar, na Escola do Estado-Maior,do Exército, a oficiais
proficientes e destcmerosos, que encar nam a própria força operante da nacio
O "Digesto Econômico" publica a con
ferência que o seu diretor realizou na Escola do Estado-Maior do Exército, em
17 de maio pró.ximo findo, sobre "Caló geras e a evolução do Exército". O conferencista foi saudado pelo General José Daudt Fabrício, atual diretor da Escola.
nalidade.
A eles, quero e devo apresentar as ho
menagens do meu apreço cívico, no qual vai implícita a certeza de que, neles, na sua bravura, na sua disciplina e no seu
patriotismo, repousa a segurança do Brasil; por ôles, a nossa Pátria logrará realizar, dentro de suas fronteiras como
na política externa, a obra ingente de civilização e progresso, que é o nosso
supremo ideal, o programa indefectível de nossos esforços.
Foi por êsse ideal e para esse pro
grama que João Pandiá Calógeras tra balhou sistemática e persistentemente,
durante todo o decurso de sua vida pu
hreven^nte ao mercado um
dfj'
blica - longa, afanosa e brilhante. Ho mem de Estado, teve a ambição de fazer com que o Exército Brasileiro fõsse (co
i ■
mo para sua terra almejava o General
empórios e armazém, à vista
Munilla) "foco de luz e crisol de ener
caZcidade de. 68 qaUos7 e wZara SZZuilo Z r ,"''"em vouco mais de dois mi A 71 . a". j. " nutos. Possui ires janelas di^ost^ de1 ^uuo formaaea cafe J poder^observar o café Ztl a
gias positivas, centro e origem da força
clfé%O fZad^' ^nfra-vernwlhos torrando o produto mn um tambor giratório e o novo ton-ador será fabricado, para expoitação, pela Perkins Machine ò- Gear
quem quer que seja, mas para que a
dependente, para vender o produto torrado na hora, conforme o gosto e a quan
robusteça ao abrigo de estranhas e ve xatórias dominações, provenham elas da ambição de outros povos mais fortes ou resultem da imprevidência, da fraqueza
moral e mateçi^l que devemos acalentar o desenvolver - não para subjugar a
Co., de Springfield, Massachusetts, e pela Pantex Manufacturing Corp., de Pawtw cket, para distribuição no mercado norte-americano. A companhia de Boston arren dará, também, o equipamento para os armazéns interessados. Ao que se espera será organizada brevemente uma cadeia de "lofas" de café, com financiamento in-
nossa independência se preserve e se
tidade desejada pelo freguês. Resta saber qual será a reação do ^público consumidor.
ou dos erros de nós mesmos".
■Má
Tendo, pois, de entreter-me sobre o grande Calógeras, a este, à sua doutrina e ao seu e.xemplo, é que pedirei para as
minhas palavras a autoridade de que e'as carecem.
Não constitui desrespeito à verdade a asserção de que D. Pedro II, contrastan
do com o genro, o Conde D'Eu, "o francês", não amava o Exército, como o
exigiam as suas funções de imperante. Cumpriu o seu dever ha guerra do Pa raguai. Encaneceu com o prolonga
mento da luta. O seu patriotismo extefiorizava-se, porém, no desvelo à insti'ução e no lápis fatídico à ascensão de políticos de reputação enodoada. As pastas militares eram confiadas a estreantes ou de saber restrito, tirante
raras exceções, apontadas pelos historia
dores, como Ângelo Ferraz e Junqueira. Afonso Celso de Assis Figueiredo, que foi excelente titular da Marinha, quando ocupou a pasta mal iniciava a sua car reira política, trancada em pleno fastí-
gio. Compensou a falha da sua ine.xperiência administrativa, na época, com o
vigor da inteligência e a férrea vontade. Os assuntos militares sempre parece ram inacessíveis aos civis. Rui Barbosa,
76
Dici"-sto Econômico
listas, que sç traduz pelas realizações do
tência médico-sanitária que lhes permi
S.E.S.C. e S.E.N.A.C., S.E;S.I. e S.E.N.
ta a preservação da saúde; até mesmo
A.I. Procuram os empregadores melho rar as condições de vida de seus empre gados e permitir-lhes um aumento de
salário real, graças à prestação de servi
ços que dêem ao assalariado maior pre paro técnico-profissional, melhor edu
cação geral, para si e seus filhos, assis
CÜLOGER/IS E A EIÍOLEÇAO DO EXERCITO
da alimentação, vestuário e recreação se vem cuidando.
Antônio Gontijo de Cauvaeho
Procura-se, dessa ma
neira, reajustar os salários reais e elevar, ao mesmo tempo, o padrão de vida dos que trabalham e a sua produtividade,
A o ter de assomar a esta tribuna, nes-
evitando atritos e ajustando-os melhor à tarefa do engrandecimento do Brasil.
rio tão ilustro, confesso que foi de temor
te recinto austero o perante auditó
a minha primeira impressão. É que percebi a delicadeza da incumbência e o relevo do encargo, ao falar, na Escola do Estado-Maior,do Exército, a oficiais
proficientes e destcmerosos, que encar nam a própria força operante da nacio
O "Digesto Econômico" publica a con
ferência que o seu diretor realizou na Escola do Estado-Maior do Exército, em
17 de maio pró.ximo findo, sobre "Caló geras e a evolução do Exército". O conferencista foi saudado pelo General José Daudt Fabrício, atual diretor da Escola.
nalidade.
A eles, quero e devo apresentar as ho
menagens do meu apreço cívico, no qual vai implícita a certeza de que, neles, na sua bravura, na sua disciplina e no seu
patriotismo, repousa a segurança do Brasil; por ôles, a nossa Pátria logrará realizar, dentro de suas fronteiras como
na política externa, a obra ingente de civilização e progresso, que é o nosso
supremo ideal, o programa indefectível de nossos esforços.
Foi por êsse ideal e para esse pro
grama que João Pandiá Calógeras tra balhou sistemática e persistentemente,
durante todo o decurso de sua vida pu
hreven^nte ao mercado um
dfj'
blica - longa, afanosa e brilhante. Ho mem de Estado, teve a ambição de fazer com que o Exército Brasileiro fõsse (co
i ■
mo para sua terra almejava o General
empórios e armazém, à vista
Munilla) "foco de luz e crisol de ener
caZcidade de. 68 qaUos7 e wZara SZZuilo Z r ,"''"em vouco mais de dois mi A 71 . a". j. " nutos. Possui ires janelas di^ost^ de1 ^uuo formaaea cafe J poder^observar o café Ztl a
gias positivas, centro e origem da força
clfé%O fZad^' ^nfra-vernwlhos torrando o produto mn um tambor giratório e o novo ton-ador será fabricado, para expoitação, pela Perkins Machine ò- Gear
quem quer que seja, mas para que a
dependente, para vender o produto torrado na hora, conforme o gosto e a quan
robusteça ao abrigo de estranhas e ve xatórias dominações, provenham elas da ambição de outros povos mais fortes ou resultem da imprevidência, da fraqueza
moral e mateçi^l que devemos acalentar o desenvolver - não para subjugar a
Co., de Springfield, Massachusetts, e pela Pantex Manufacturing Corp., de Pawtw cket, para distribuição no mercado norte-americano. A companhia de Boston arren dará, também, o equipamento para os armazéns interessados. Ao que se espera será organizada brevemente uma cadeia de "lofas" de café, com financiamento in-
nossa independência se preserve e se
tidade desejada pelo freguês. Resta saber qual será a reação do ^público consumidor.
ou dos erros de nós mesmos".
■Má
Tendo, pois, de entreter-me sobre o grande Calógeras, a este, à sua doutrina e ao seu e.xemplo, é que pedirei para as
minhas palavras a autoridade de que e'as carecem.
Não constitui desrespeito à verdade a asserção de que D. Pedro II, contrastan
do com o genro, o Conde D'Eu, "o francês", não amava o Exército, como o
exigiam as suas funções de imperante. Cumpriu o seu dever ha guerra do Pa raguai. Encaneceu com o prolonga
mento da luta. O seu patriotismo extefiorizava-se, porém, no desvelo à insti'ução e no lápis fatídico à ascensão de políticos de reputação enodoada. As pastas militares eram confiadas a estreantes ou de saber restrito, tirante
raras exceções, apontadas pelos historia
dores, como Ângelo Ferraz e Junqueira. Afonso Celso de Assis Figueiredo, que foi excelente titular da Marinha, quando ocupou a pasta mal iniciava a sua car reira política, trancada em pleno fastí-
gio. Compensou a falha da sua ine.xperiência administrativa, na época, com o
vigor da inteligência e a férrea vontade. Os assuntos militares sempre parece ram inacessíveis aos civis. Rui Barbosa,
78
Dicesto Econômico
aiireolado da fama de gênio, entendeu que precisava justificar-se, no prefácio
crição cuja sede era Ouro Prôto, cidade
às "Cartas de Inglaterra", ao se aventu
a que se vinculara pelo cérebro e pelo
rar a escrever "A Liçãe do Extremo
coração, Calógeras, mandatário típico da nação brasileira, deputado federal que não discutia um problema sequer, sob o
Oriente", matéria alheia às de sua ati
vidade pública. Citou, em .abono desses passeios espirituais, os e.xemplos de Mi-
chelet, Retz, Jomini, De Maistre, Saint Beuve e tantos outros que cintilaram em crônicas militares, em tática e em estra
tégia. Poderia até, se quisesse usar a prata da casa e não estivesse arras tado pela paLxão política, mencionar o do seu antagonista, o autoritário Visc-onde de Ouro Preto, quê acabava de lan çar com sucesso "A Marinha de Outro-
ra", obra de política naval.
Eleito por Minas Gerais, pela círcuns-
prisma regional, debatia com o mesmo ardor, com a mesma soma de conheci mentos, o Tratado do Acre, o leilão da Sorocabana c a tranifercncia da Escola de Ouro Preto.
Imagem da nação, fator máximo da
tinha sido objeto de artigos do Capitão
o Brasil, em que são inúmeras o podero sas as forças do di.spcrsão, não há maior
Fragoso. Pois bem, alguns deputados,
êrro do que lançar-se sôbre as fôrças ar madas a pecha de constituirem uma casta dentro da nação: elas constituem a
própria nação. Coerente, pois, estava
o grande brasileiro cni sustentar que sol-
agiam mais como paulistas, mineiros
espírito de disciplina e ordem De tipo marcial, civil de vocaçao militar, auxi liado por um grupo numeroso de oficiais
tismo mas não cuidava das fôrças arma das com a psique militar. Estranha in
tério adotado, na Primeira Repiiblica
compreensão lavrava entre civis e mili
ças, de todas a mais importante e de
plo desta orientação regional ora o cri
Deschamps Cavalcanti e do Major Tasso ao ouvirem falar em jogo,.^intérpelaram-
no supondo que "Kriegspiel" fosse lima variedade do jôgo de damas, xadrez ou a delícia dos nossos avós, o gamão. Ante a indiferença de uns e o aplauso
Parlamento, traçou, com ver os problemas do Exército não era de outros nopara o debate amplo, uma resolver os problemas de uma corpora •excelsitude, diretriz arejada, que despertou enorme
ção.
O Parlamento declamava sôbre patrio
Maior Alemão. No Brasil, o assunto já
sua coesão, notadamente cm país, como
- Os deputados, em sua quase totali dade, com a política dos governadores e o predomínio dos grandes Estados, dada a inexistência de partidos nacionais, gaúchos, do que como brasileiros. Exem
79
Dioesto Econômico
Calógeras, no conceito e.xato de fe cundo escritor, possuía a elegância das virtudes das armas: a retidão, moral e o
entusiasmo entre os novos oficiais do Exército, ansiosos de reformar a menta lidade reinante no seio das fôrças ar madas.
Apraz-me repetir aqui as suas pala vras, ungidas de fé patriótica: "O pro blema militar é dos que me apai.xonam o
tares e funesta teoria tomava corpo entre maior eficiência, estágio quase obrigató políticos de rasteira visada: a de que rio para os Ministérios. Nela ingressa as liberdades públicas só se
do Exército, o.s "jovens turcos" - assim se denominavam os que fizeram cursos na Alemanha, como Souza Reis, Leitão
há de mais alto, abnegado e altruísta da natureza hmnana. A essa escola de sa de Carvalho, Censerico de Vasconcellos,. Bertoldo Klinger, a cuja falange se filiou crifício e, de abnegação que é o Exército,
riam possíveis no Brasil com a rivalidade das fôrças de terra
Pedro Cavalcanti, e que se agrupavam
ços, fraco é verdade, mas sincero, entu
e mar.
Em princípios do século XX, inicia-se a reação. Cabe o comando, na Câmara dos
para a formação da Comissão de Finan
vam os deputados de cultura
especializada e que represen tassem diretamente os Estados
Calógeras, admirado e festeja do pelos seus pares, não era considerado defensor de inte
Deputados, a um engenheiro
resses regionais.
de
clopédico legislador, em ope
raro
valor, familiarizado
com os estudos de metalurgia, mecânica e eietro-siderurgia, adquiridos na famosa Escola fundada por Henry Gorceix: João Pandiá Calógeras. Ao debate dos problemas mi
É a razão
pela qual o dinâmico, o enci rosidade e saber por nenhum superado na Cadeia Velha, não fêz parte da Comissão de^ Fi nanças, cujos pareceres sôbre
em tôrno da revista "A defesa naciona
_ iniciou no Parlamento a prática de obra apostólica, pregando a reorganiza
correntes nos dias em que estamos vi
vendo, embaraçadas, porém, em longa
litares não o levou somente o
cussões em plenário.
seu pendor pela técnica. Sim, a sua filosofia política, invariá vel em tôda a sua gloriosa vida
deputado nacional, sentia uma atração irresistível para as fôr ças armadas," que consubstan ciam não só a própria unidade
militares. Menciono um fato que espe lha o meio em que Calógeras atuava:
física como a unidade moral
unidade e eternidade do Brasil.
da Pátria.
siástico e meditado".
Conceitos que caracterizam o apaixo nado do Exército. Profissão de fé digna
ção do Exército, insmgindo-se contra de estadista que, consoante Herriot, é quem sabe não só realizar como idea rias bélicas passadistas, enfrentando sor lizar. bretudo a ignorância dos legisladores. eram somente hinos os discursos Vou apenas rastrear prélios intelec deNão Calógeras, cuja extensão e calor im tuais do vanguardeiro dos não amenislas, pediam o emprêgo do cinzel. Proferia do obcecado da coisa pública: idéias
fase da vida nacional, pela incompreen
pública, que poderá ser sinteti zada num simples binômio:
procuro trazer meú contingente de esfor
métodos administrativos antiquados e teo
orçamentos só tiveram a sua preciosa colaboração nas dis Sendo o
espírito. Vejo ligado a èle tudo quanto
verdadeiros libelos num estilo enxuto.
Surpreendia os ourintes porque não só fustigava os erros de administração, co
são dos políücos, alheios aos assuntos
mo as falhas da emperrada máquina
Certa vez, propôs a introdução no E.xer-
vam-no as variadas e oportunas citações de Clauswitz, Moltke, von Der Goltz,
cíto do "Kriegspiel", um jogo interessan
militar.
A par da literatura de guerra, prova-
obras eram do seu constante ma te, preparador das decisões táticas no cujas nuseio; para os artigos de terreno, usado na guerra russo-japonêsa, abertura disputado das pubMcâções inilitares, comp matéria até de circulares do Estado-
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aiireolado da fama de gênio, entendeu que precisava justificar-se, no prefácio
crição cuja sede era Ouro Prôto, cidade
às "Cartas de Inglaterra", ao se aventu
a que se vinculara pelo cérebro e pelo
rar a escrever "A Liçãe do Extremo
coração, Calógeras, mandatário típico da nação brasileira, deputado federal que não discutia um problema sequer, sob o
Oriente", matéria alheia às de sua ati
vidade pública. Citou, em .abono desses passeios espirituais, os e.xemplos de Mi-
chelet, Retz, Jomini, De Maistre, Saint Beuve e tantos outros que cintilaram em crônicas militares, em tática e em estra
tégia. Poderia até, se quisesse usar a prata da casa e não estivesse arras tado pela paLxão política, mencionar o do seu antagonista, o autoritário Visc-onde de Ouro Preto, quê acabava de lan çar com sucesso "A Marinha de Outro-
ra", obra de política naval.
Eleito por Minas Gerais, pela círcuns-
prisma regional, debatia com o mesmo ardor, com a mesma soma de conheci mentos, o Tratado do Acre, o leilão da Sorocabana c a tranifercncia da Escola de Ouro Preto.
Imagem da nação, fator máximo da
tinha sido objeto de artigos do Capitão
o Brasil, em que são inúmeras o podero sas as forças do di.spcrsão, não há maior
Fragoso. Pois bem, alguns deputados,
êrro do que lançar-se sôbre as fôrças ar madas a pecha de constituirem uma casta dentro da nação: elas constituem a
própria nação. Coerente, pois, estava
o grande brasileiro cni sustentar que sol-
agiam mais como paulistas, mineiros
espírito de disciplina e ordem De tipo marcial, civil de vocaçao militar, auxi liado por um grupo numeroso de oficiais
tismo mas não cuidava das fôrças arma das com a psique militar. Estranha in
tério adotado, na Primeira Repiiblica
compreensão lavrava entre civis e mili
ças, de todas a mais importante e de
plo desta orientação regional ora o cri
Deschamps Cavalcanti e do Major Tasso ao ouvirem falar em jogo,.^intérpelaram-
no supondo que "Kriegspiel" fosse lima variedade do jôgo de damas, xadrez ou a delícia dos nossos avós, o gamão. Ante a indiferença de uns e o aplauso
Parlamento, traçou, com ver os problemas do Exército não era de outros nopara o debate amplo, uma resolver os problemas de uma corpora •excelsitude, diretriz arejada, que despertou enorme
ção.
O Parlamento declamava sôbre patrio
Maior Alemão. No Brasil, o assunto já
sua coesão, notadamente cm país, como
- Os deputados, em sua quase totali dade, com a política dos governadores e o predomínio dos grandes Estados, dada a inexistência de partidos nacionais, gaúchos, do que como brasileiros. Exem
79
Dioesto Econômico
Calógeras, no conceito e.xato de fe cundo escritor, possuía a elegância das virtudes das armas: a retidão, moral e o
entusiasmo entre os novos oficiais do Exército, ansiosos de reformar a menta lidade reinante no seio das fôrças ar madas.
Apraz-me repetir aqui as suas pala vras, ungidas de fé patriótica: "O pro blema militar é dos que me apai.xonam o
tares e funesta teoria tomava corpo entre maior eficiência, estágio quase obrigató políticos de rasteira visada: a de que rio para os Ministérios. Nela ingressa as liberdades públicas só se
do Exército, o.s "jovens turcos" - assim se denominavam os que fizeram cursos na Alemanha, como Souza Reis, Leitão
há de mais alto, abnegado e altruísta da natureza hmnana. A essa escola de sa de Carvalho, Censerico de Vasconcellos,. Bertoldo Klinger, a cuja falange se filiou crifício e, de abnegação que é o Exército,
riam possíveis no Brasil com a rivalidade das fôrças de terra
Pedro Cavalcanti, e que se agrupavam
ços, fraco é verdade, mas sincero, entu
e mar.
Em princípios do século XX, inicia-se a reação. Cabe o comando, na Câmara dos
para a formação da Comissão de Finan
vam os deputados de cultura
especializada e que represen tassem diretamente os Estados
Calógeras, admirado e festeja do pelos seus pares, não era considerado defensor de inte
Deputados, a um engenheiro
resses regionais.
de
clopédico legislador, em ope
raro
valor, familiarizado
com os estudos de metalurgia, mecânica e eietro-siderurgia, adquiridos na famosa Escola fundada por Henry Gorceix: João Pandiá Calógeras. Ao debate dos problemas mi
É a razão
pela qual o dinâmico, o enci rosidade e saber por nenhum superado na Cadeia Velha, não fêz parte da Comissão de^ Fi nanças, cujos pareceres sôbre
em tôrno da revista "A defesa naciona
_ iniciou no Parlamento a prática de obra apostólica, pregando a reorganiza
correntes nos dias em que estamos vi
vendo, embaraçadas, porém, em longa
litares não o levou somente o
cussões em plenário.
seu pendor pela técnica. Sim, a sua filosofia política, invariá vel em tôda a sua gloriosa vida
deputado nacional, sentia uma atração irresistível para as fôr ças armadas," que consubstan ciam não só a própria unidade
militares. Menciono um fato que espe lha o meio em que Calógeras atuava:
física como a unidade moral
unidade e eternidade do Brasil.
da Pátria.
siástico e meditado".
Conceitos que caracterizam o apaixo nado do Exército. Profissão de fé digna
ção do Exército, insmgindo-se contra de estadista que, consoante Herriot, é quem sabe não só realizar como idea rias bélicas passadistas, enfrentando sor lizar. bretudo a ignorância dos legisladores. eram somente hinos os discursos Vou apenas rastrear prélios intelec deNão Calógeras, cuja extensão e calor im tuais do vanguardeiro dos não amenislas, pediam o emprêgo do cinzel. Proferia do obcecado da coisa pública: idéias
fase da vida nacional, pela incompreen
pública, que poderá ser sinteti zada num simples binômio:
procuro trazer meú contingente de esfor
métodos administrativos antiquados e teo
orçamentos só tiveram a sua preciosa colaboração nas dis Sendo o
espírito. Vejo ligado a èle tudo quanto
verdadeiros libelos num estilo enxuto.
Surpreendia os ourintes porque não só fustigava os erros de administração, co
são dos políücos, alheios aos assuntos
mo as falhas da emperrada máquina
Certa vez, propôs a introdução no E.xer-
vam-no as variadas e oportunas citações de Clauswitz, Moltke, von Der Goltz,
cíto do "Kriegspiel", um jogo interessan
militar.
A par da literatura de guerra, prova-
obras eram do seu constante ma te, preparador das decisões táticas no cujas nuseio; para os artigos de terreno, usado na guerra russo-japonêsa, abertura disputado das pubMcâções inilitares, comp matéria até de circulares do Estado-
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1 . -
Diciísto Econômico
seja a "Revista de Artilharia", a que no momento me ocorre, Calógeras não
era apenas um deputado de erudição lívresca: freqüentava com assiduidade os exercícios, e nas manobras causava sur
presa aos amigos ao ser apanhado a ensinar a recrutas.
Espírito de cooperação, punim-se ime
diatamente em contato com quem reve
lasse valor cultural. E o fazia sem apre
sentação, com simplicidade. Não há
muito tempo, per'ustrei dois depoimen
mein.s milítare.s europeus. Pouco depois, recebia de Calógcra.s, qnc o descoiihccb por completo, um cartão de felicitações pelo magnífico traballio. ScnsibiMzado ante o gesto, raro entro os próprios ca maradas, mandou-lhe o folheto "O tiro
de artilharia de costa", no qual fimiaN-a os princípios dessa modalidade de fogo do artilharia. CaV)geras rc.spondeu-lhc imediatamente, salientando o falo de ser a primeira vez que o assunto era tratado
i-
Dicesto Econômico
Nenhum problema agitou tanto o ele
81
ção viva da nação, Calógeras combateu
mento civil como o do sorteio militar,
a manutenção das miÜcias estaduais e a
levado, a termo no governo de Afonso Pena. Calógeras colaborou na lei reorganizadora do Exército, que reputava carta de alforria, código de progresso
política das linhas de tiro, propugnando, com toda a fiama do patriotismo, a na ção armada, medida que, segundo inú
para as instituições militares.
mento em,massa das populações e pro testo generalizado das mães. Um dos
O exército profissional, "rarmée de métier" na expressão france.sa, consti tuía duplico perigo, que apontava: polí
meros opositores, iria provocar levanta
remédios que sugeriu para aplainar essa
tico, formando no seio da coletividade
tensão de espírito foi o de o reservista servir na guamição mais próxima à lo
tos, que evidenciam não só a sua insa
em nossa literatura; lembrava-lhe, po
uma casta especial dela segregada, insu
calidade donde era filho.
ciável curiosidade, a sua paixão pelo es acabo de felar. Um foi trazido pelo
rém, que já havia aparelhagens mecâni
ficientemente
cas que resolviam rápida c-automàtica-
baseada no falso pressuposto do volun
Calógeras, já então partidário da idéia nova, advogava a prestação anual, gra
mente os numerosos cálcufos necessários para a correta execução dêssc tiro. Cas
tariado que, em geral, só atrai o rebu-
tuita, de todos os brasileiros, na caser-
talho social, os vencidos da vida, enfim
tro e Silva declarou-lhe que "de leitura" não desconhecia tais aparelhagens e só
"o emprôgo de soldado"; militar, pela organização viciosa e inexistência de re
na. Pensando assim, não poderia dei xar de ter sempre em mente o proble ma do aquartelamento, que procurou com máxima dedicação resolver quando
tudo e aquele ânimo cooperativo de nue
General Pedro Cavalcanti. Outro pelo General Castro e Silva, seu oficial de gabinete no Ministério da Guerra.
Conta-nos o primeiro que, em 1908 então tenente, recebeu de Felix Pacheco o convite para exercer no "Tomai dn
Comercio" o cargo de crítico de livros que versassem matéria militar. Reme
teram-lhe vários volumes para se pro nunciar. Entre êles, um exemplar sôbre a guerra russo-japonê.sa, de autoria de Henrique Rostagno, observador militar
da Argentina no teatro daquela guerra
O novel articulista escreveu longameníe sôbre aquela obra volumosa. Calógeras atento a tudo que se referisse a assuntos bélicos, imediatamente enviou-lhe carta de sabedor, repleta de observações, de acordo umas, em desacordo outras, sô bre o livro que ainda trazia tinta fresca dos prelos, e' em tomo da análise do comentarista. Foi assim que travou rela
nao lhes fizera menção, na brochura que escrevera, porque apenas tivera em men
te um estudo teórico do tiro. Ministro
da Guerra, Calógeras lembrou-se do episódio e Castro e Silva é convocado
esclarecida, organização
servas.
O sorteio criou o reseraasta; alterou o
conceito de não ser o serviço militar
profissão permanente mas pagamento de dívida para com a Pátria; aumentou o
para o seu gabinete.
efetivo do Exército sem acréscimo pon
Com Souza Reis, oficial dos mais competentes do Exército, um dos líderes
derável nas despesas; a mocidado foi convocada p^*"^ ® serviço das armas; a
Ministro da Guerra.
O parlamentar que afirmou "O Exér-" cito e.xige um sistema orgânico de cons trução de quartéis em todo o território da República" teve a fortuna de de monstrar, com o correr dos anos, qiie
da corrente renovadora, manteve longa
classe militar deixou de ser uma classe
possuía êsse traço de estadista: o equi líbrio entre "a cogitação e a ação": rea
correspondência epístolar. De grande interesse seria a divulgação dessas car tas, em que as necessidades do Exército
à parte.
lizou como Ministro o que reclamou
são ventiladas do alto.
Em contiaposição, narrou-me o huma nista e educador Fernando de Azevedo 9^6, tendo proferido na Escola Normal
de São Paulo conferência sôbre as van tagens do ensino do Latim, a primeira carta de aplausos que recebeu foi a do Ministro da Guerra, que não o conhecia
Posteriormente, desenvolveu, em dis
"Não é possível retirar os moços do seio das famílias para alojá-los em ver
por considerá-lo injusto e anti-republica no; não compreendia isenções conferidas pe'a sorte; os ônus e as vantagens devem
dadeiras pocilgas, que são muitos dos
ser distribuídas igualmente para todos
nossos quartéis, nem adquirir custosos armamentos para deixar que se deterio rem em galpões de todo inadequados à
os brasileiros e é um ônus não ter a
sua armazenagem e consen'ação", são
honra de defender o seu país.
observações que não se cansava de re
Com a conquista da opinião pública para essas idéias, corh os frutos obtidos da campanha cívica encetada por Olavo
petir aos seus comandados, hoje pelo
ções com Pedro Cavalcanti. Não menos significativo é o segundo depoimento. Em abril de 1914, o Capitão Castro e Silva publicou, no Boletim do Es-
qüentes, reveladores de personalidade
Bilac, caminhou em busca do ideal: o
inconfundível, de espmto multiforme, de
serviço militar obrigatório.
tado-Maior do Exército, um estudo sôbre
cooperação e patriótico, de cultura téc
"O projétil único para a artilharia de campanha", matéria muito debatida nos
nica e clássica, não comum entre os nossos homens de govêmo.
pessoalmente e se achava na cidade do
Rio de Janeiro. São fatos por si só elo
como deputado.
cursos e em livros, a tese de que acei tava o sorteio como medida transitória,
Entusiasta do Exército em acolher ci
dadãos de tôdas as profissões e de todos OS matizes, tendo-o como a representa
General Castro e Silva dhulgadas no
consciencioso traballio em que focaliza a atuação do insigne brasileiro no Mi nistério da Guerra.
que
justificam
Ponderações essas
de maneira
irretor-
quível a política que seguiu, de
substituir os casarões coloniais pe-
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1 . -
Diciísto Econômico
seja a "Revista de Artilharia", a que no momento me ocorre, Calógeras não
era apenas um deputado de erudição lívresca: freqüentava com assiduidade os exercícios, e nas manobras causava sur
presa aos amigos ao ser apanhado a ensinar a recrutas.
Espírito de cooperação, punim-se ime
diatamente em contato com quem reve
lasse valor cultural. E o fazia sem apre
sentação, com simplicidade. Não há
muito tempo, per'ustrei dois depoimen
mein.s milítare.s europeus. Pouco depois, recebia de Calógcra.s, qnc o descoiihccb por completo, um cartão de felicitações pelo magnífico traballio. ScnsibiMzado ante o gesto, raro entro os próprios ca maradas, mandou-lhe o folheto "O tiro
de artilharia de costa", no qual fimiaN-a os princípios dessa modalidade de fogo do artilharia. CaV)geras rc.spondeu-lhc imediatamente, salientando o falo de ser a primeira vez que o assunto era tratado
i-
Dicesto Econômico
Nenhum problema agitou tanto o ele
81
ção viva da nação, Calógeras combateu
mento civil como o do sorteio militar,
a manutenção das miÜcias estaduais e a
levado, a termo no governo de Afonso Pena. Calógeras colaborou na lei reorganizadora do Exército, que reputava carta de alforria, código de progresso
política das linhas de tiro, propugnando, com toda a fiama do patriotismo, a na ção armada, medida que, segundo inú
para as instituições militares.
mento em,massa das populações e pro testo generalizado das mães. Um dos
O exército profissional, "rarmée de métier" na expressão france.sa, consti tuía duplico perigo, que apontava: polí
meros opositores, iria provocar levanta
remédios que sugeriu para aplainar essa
tico, formando no seio da coletividade
tensão de espírito foi o de o reservista servir na guamição mais próxima à lo
tos, que evidenciam não só a sua insa
em nossa literatura; lembrava-lhe, po
uma casta especial dela segregada, insu
calidade donde era filho.
ciável curiosidade, a sua paixão pelo es acabo de felar. Um foi trazido pelo
rém, que já havia aparelhagens mecâni
ficientemente
cas que resolviam rápida c-automàtica-
baseada no falso pressuposto do volun
Calógeras, já então partidário da idéia nova, advogava a prestação anual, gra
mente os numerosos cálcufos necessários para a correta execução dêssc tiro. Cas
tariado que, em geral, só atrai o rebu-
tuita, de todos os brasileiros, na caser-
talho social, os vencidos da vida, enfim
tro e Silva declarou-lhe que "de leitura" não desconhecia tais aparelhagens e só
"o emprôgo de soldado"; militar, pela organização viciosa e inexistência de re
na. Pensando assim, não poderia dei xar de ter sempre em mente o proble ma do aquartelamento, que procurou com máxima dedicação resolver quando
tudo e aquele ânimo cooperativo de nue
General Pedro Cavalcanti. Outro pelo General Castro e Silva, seu oficial de gabinete no Ministério da Guerra.
Conta-nos o primeiro que, em 1908 então tenente, recebeu de Felix Pacheco o convite para exercer no "Tomai dn
Comercio" o cargo de crítico de livros que versassem matéria militar. Reme
teram-lhe vários volumes para se pro nunciar. Entre êles, um exemplar sôbre a guerra russo-japonê.sa, de autoria de Henrique Rostagno, observador militar
da Argentina no teatro daquela guerra
O novel articulista escreveu longameníe sôbre aquela obra volumosa. Calógeras atento a tudo que se referisse a assuntos bélicos, imediatamente enviou-lhe carta de sabedor, repleta de observações, de acordo umas, em desacordo outras, sô bre o livro que ainda trazia tinta fresca dos prelos, e' em tomo da análise do comentarista. Foi assim que travou rela
nao lhes fizera menção, na brochura que escrevera, porque apenas tivera em men
te um estudo teórico do tiro. Ministro
da Guerra, Calógeras lembrou-se do episódio e Castro e Silva é convocado
esclarecida, organização
servas.
O sorteio criou o reseraasta; alterou o
conceito de não ser o serviço militar
profissão permanente mas pagamento de dívida para com a Pátria; aumentou o
para o seu gabinete.
efetivo do Exército sem acréscimo pon
Com Souza Reis, oficial dos mais competentes do Exército, um dos líderes
derável nas despesas; a mocidado foi convocada p^*"^ ® serviço das armas; a
Ministro da Guerra.
O parlamentar que afirmou "O Exér-" cito e.xige um sistema orgânico de cons trução de quartéis em todo o território da República" teve a fortuna de de monstrar, com o correr dos anos, qiie
da corrente renovadora, manteve longa
classe militar deixou de ser uma classe
possuía êsse traço de estadista: o equi líbrio entre "a cogitação e a ação": rea
correspondência epístolar. De grande interesse seria a divulgação dessas car tas, em que as necessidades do Exército
à parte.
lizou como Ministro o que reclamou
são ventiladas do alto.
Em contiaposição, narrou-me o huma nista e educador Fernando de Azevedo 9^6, tendo proferido na Escola Normal
de São Paulo conferência sôbre as van tagens do ensino do Latim, a primeira carta de aplausos que recebeu foi a do Ministro da Guerra, que não o conhecia
Posteriormente, desenvolveu, em dis
"Não é possível retirar os moços do seio das famílias para alojá-los em ver
por considerá-lo injusto e anti-republica no; não compreendia isenções conferidas pe'a sorte; os ônus e as vantagens devem
dadeiras pocilgas, que são muitos dos
ser distribuídas igualmente para todos
nossos quartéis, nem adquirir custosos armamentos para deixar que se deterio rem em galpões de todo inadequados à
os brasileiros e é um ônus não ter a
sua armazenagem e consen'ação", são
honra de defender o seu país.
observações que não se cansava de re
Com a conquista da opinião pública para essas idéias, corh os frutos obtidos da campanha cívica encetada por Olavo
petir aos seus comandados, hoje pelo
ções com Pedro Cavalcanti. Não menos significativo é o segundo depoimento. Em abril de 1914, o Capitão Castro e Silva publicou, no Boletim do Es-
qüentes, reveladores de personalidade
Bilac, caminhou em busca do ideal: o
inconfundível, de espmto multiforme, de
serviço militar obrigatório.
tado-Maior do Exército, um estudo sôbre
cooperação e patriótico, de cultura téc
"O projétil único para a artilharia de campanha", matéria muito debatida nos
nica e clássica, não comum entre os nossos homens de govêmo.
pessoalmente e se achava na cidade do
Rio de Janeiro. São fatos por si só elo
como deputado.
cursos e em livros, a tese de que acei tava o sorteio como medida transitória,
Entusiasta do Exército em acolher ci
dadãos de tôdas as profissões e de todos OS matizes, tendo-o como a representa
General Castro e Silva dhulgadas no
consciencioso traballio em que focaliza a atuação do insigne brasileiro no Mi nistério da Guerra.
que
justificam
Ponderações essas
de maneira
irretor-
quível a política que seguiu, de
substituir os casarões coloniais pe-
83
Digesto Econômico Digesto Econômico
82
Ias caseraas amplas e saudáveis, pro pícias à robustez e bem-estar do solda do brasileiro.
Estimulado pelos "jovens turcos", pro curou, através da acústica do Parlamen to, insuflar ânimo em oficiais amodor-
rados pela rotina.
Sobretudo, opôs-se
à influência, que reputava deletéria, das doutrinas comtistas no Exército. O
mal, a seu ver, estava na deficiêrícia
do ensino nas escolas militares, com a preocupação quase exclusiva de in
vestigar problemas filosóficos, descui dando do preparo técnico.
A doutrina de Augusto Comte, que o empolgou na mocidade, civil e con-
com o autoritarismo, formava » ciliável matemáticos e filósofos. Preparava o militar para a paz e o afastava da orientação bélica: êrro que o não belicista sem devaneios reconhecia. Em con
seqüência, a Escola fornecia engenhei ros, burocratas e não soldados.
Com
a responsabilidade de Calógeras, foi di to que muitos alunos saíam das es
colas militares, quanto aos exercícios
de artilharia, sem ter feito sequer um único disparo. E' natural que essas afirmações, de tanta rudeza, provocas sem forte reação em vários núcleos do
E.xército, influenciados pela obra do cul
tor da humanidade ou do Grande Sêr,
respeitável e grandiosa sob vários as pectos e sempre recordada pela prega ção de Benjamín Constant, cidadão
mo para a renovação, imimeros eram
parlamentares do valoroso brasileiro, sur giram na imprensa artigos cncomiásticos de Souza Reis, de Pedro Cavalcanti, com o pseudônimo de Coronel Fix, e até
conferências no Estado-Maior, como, por exemplo, a pronunciada pelo Gel. Fileto
Pires Ferreira, que discorreu sôbre efe
tivos do Exército, tema analisado pelo grande estadista.
Significativas foram as paldvras do
e da especialização crescente imposta pe las fôrças armadas. Antepunha ainda
t
do ideal militar.
Preocupado em resguardar ú eficiên cia das instituições ar madas e de não cercear
a livre escolha dos elei
tores, o democrata cio
so da reorganização do
tado-Maior: "A classe militar, disse o
Exército, se não admi tia limitação à capaci
Col. Fileto, "recebe com júbilo, com
grandes esperanças, a intervenção pa triótica do ilustre deputado np estudo
das coisas da guerra" e ainda "que con
quiste as posições donde possa dirigir a campanlia que empreendeu a favor do
Exército".
Alusão clara à pasta da
Guerra.
O esforço gigantesco de Calógeras exaltou tôda a oficialidade jovem. Não
ó segredo que muitos militares — por cm abaixo-assinado, que não foi le
vado avante, por infringir às normas disciplinares — tentaram fazê-lo Minis tro da Cueira no quatriênio Venccslau Brás, ato de extraordinária relevância
propalado ciúme do soldado para com
Inegável, porém, que, em parte, à campanha tenaz, ininterrupta e prestigio sa de Calógeras se deve melhor com
o paisano, o reconhecimento do militar para com o civil enamorado do Exército.
preensão desses problemas, fundamen tais para o resguardo da nacionalidade
"grande mudo", como o conceituava
Calógeras advogou sempre a tese do Foch. Deputado, ministro ou publicista, sempre entendeu que a experiência pro vava mal de militares serem in\'estidos
de funções eletivas quando em serviço
surgem — em notá\'el relatório confiden ciai apresentado ao Conselheiro Rodri gues Alves sôbre a lei de meios para o e.xercício de 1919, Calógeras aconse lhou a maior severidade na exigência da transitoriedade das funções profes-
sorais. O preparo militar só se adquire
essa objeção, que o define: as transi- "vendo, tratando e pelejando", na frase gências inevitáveis da política, arte de do^poeta. Nenhum ensino teórico é van governar os lioincns, mareiam a beleza tajoso sem a prática, notadamente o das
conferencista no próprio recinto do Es
e que traduz o maior desmentido ao
cessário se diga, se no Exército havia oficiais sem curso, promovidos por ser
ra, em virtude de outras' preocupações
memoráveis discursos
de vida puríssima e apóstolo do paci
Ne
progressivo c fatal, dc assuntos de guer
entendia.
fismo.
brasileira, nas elites dirigentes.
cia de atividades públicas. O argumen to era de ordem técnica: o alhcamento,
civil, dc descortino c influência, que os do.s
das necessidades reais do Exército, que
a todo o momento, em rápido crescendo,
cargos de eleição: objetava à coexistên
O.S que, de idoneidade, preparo c fé, o apoiavam, jubilosos de encontrar um
Em face
É evidente não ser contrário a
oficiais dc terra o'mar desempenharem
ativo.
viços de natureza politíca, sem ani
dade política do oficial, não
se
entusiasmava,
'como vimos, com o des vio dos rumos da pro
fissão das armas. Alvitrava a solução coeren
te: permitir a eleição, com a reforma voluntá
ria do oficial ao aceitar o cargo. Op
ção compreensível em quem, seguindo as aspirações do patriotismo, entendesse assim poder melhor servir o Brasil. E' de se registrar não só a sua isen ção de defender na Câmara essas idéias, um tanto arrojadas para a época, em
presença de militares-deputados,. ijuase todos a êle ligados por laços de afe
coisas de guerra. O professor, voltando às fileiras, permanece soldado; não re
tomando, transforma-se em burocrata e fracassa como escultor da alma militar.
Quem assim se manifesta\'a e sempre re conheceu as falhas da
nossa organização béli ca, não poderia deixar de ser um convencido da necessidade da vin da de instrutores estran
geiros
para
Exército.
o
nosso
Não foi Ca
lógeras o primeiro civil que arrostou a má compreensão de al guns militares, homens de governo e leguleios, a divisar na medida uma ne
gação da inteligência, do preparo e do patriotismo, dos oficiais brasileiros. Rui Barbosa, tão mal compreendido em suas relações com as fôrças armadas, nos pri-
mórdios do século XX, pelas colunas da "Imprensa", já pleiteava a urgência
que era ouvido, persuadidos todos da
da entrega da educação técnica do Exér cito a oficiais alienígenas. Na platafor
sinceridade das suas opiniões e sobre tudo do seu entranliado amor às fôrças
fensor da justiça e da liberdade indivi
to, como ainda o profundo respeito com
armadas.
Para eficiência do ensino da arte bé
lica e para evitar que o oficial se alheie
ma do civilismo, lavrada com buril, o de
dual insistiu na idéia, com exemplos re centes da Argentina, Chile e Peru, sendo
que os andinos conferiram a militares es-
83
Digesto Econômico Digesto Econômico
82
Ias caseraas amplas e saudáveis, pro pícias à robustez e bem-estar do solda do brasileiro.
Estimulado pelos "jovens turcos", pro curou, através da acústica do Parlamen to, insuflar ânimo em oficiais amodor-
rados pela rotina.
Sobretudo, opôs-se
à influência, que reputava deletéria, das doutrinas comtistas no Exército. O
mal, a seu ver, estava na deficiêrícia
do ensino nas escolas militares, com a preocupação quase exclusiva de in
vestigar problemas filosóficos, descui dando do preparo técnico.
A doutrina de Augusto Comte, que o empolgou na mocidade, civil e con-
com o autoritarismo, formava » ciliável matemáticos e filósofos. Preparava o militar para a paz e o afastava da orientação bélica: êrro que o não belicista sem devaneios reconhecia. Em con
seqüência, a Escola fornecia engenhei ros, burocratas e não soldados.
Com
a responsabilidade de Calógeras, foi di to que muitos alunos saíam das es
colas militares, quanto aos exercícios
de artilharia, sem ter feito sequer um único disparo. E' natural que essas afirmações, de tanta rudeza, provocas sem forte reação em vários núcleos do
E.xército, influenciados pela obra do cul
tor da humanidade ou do Grande Sêr,
respeitável e grandiosa sob vários as pectos e sempre recordada pela prega ção de Benjamín Constant, cidadão
mo para a renovação, imimeros eram
parlamentares do valoroso brasileiro, sur giram na imprensa artigos cncomiásticos de Souza Reis, de Pedro Cavalcanti, com o pseudônimo de Coronel Fix, e até
conferências no Estado-Maior, como, por exemplo, a pronunciada pelo Gel. Fileto
Pires Ferreira, que discorreu sôbre efe
tivos do Exército, tema analisado pelo grande estadista.
Significativas foram as paldvras do
e da especialização crescente imposta pe las fôrças armadas. Antepunha ainda
t
do ideal militar.
Preocupado em resguardar ú eficiên cia das instituições ar madas e de não cercear
a livre escolha dos elei
tores, o democrata cio
so da reorganização do
tado-Maior: "A classe militar, disse o
Exército, se não admi tia limitação à capaci
Col. Fileto, "recebe com júbilo, com
grandes esperanças, a intervenção pa triótica do ilustre deputado np estudo
das coisas da guerra" e ainda "que con
quiste as posições donde possa dirigir a campanlia que empreendeu a favor do
Exército".
Alusão clara à pasta da
Guerra.
O esforço gigantesco de Calógeras exaltou tôda a oficialidade jovem. Não
ó segredo que muitos militares — por cm abaixo-assinado, que não foi le
vado avante, por infringir às normas disciplinares — tentaram fazê-lo Minis tro da Cueira no quatriênio Venccslau Brás, ato de extraordinária relevância
propalado ciúme do soldado para com
Inegável, porém, que, em parte, à campanha tenaz, ininterrupta e prestigio sa de Calógeras se deve melhor com
o paisano, o reconhecimento do militar para com o civil enamorado do Exército.
preensão desses problemas, fundamen tais para o resguardo da nacionalidade
"grande mudo", como o conceituava
Calógeras advogou sempre a tese do Foch. Deputado, ministro ou publicista, sempre entendeu que a experiência pro vava mal de militares serem in\'estidos
de funções eletivas quando em serviço
surgem — em notá\'el relatório confiden ciai apresentado ao Conselheiro Rodri gues Alves sôbre a lei de meios para o e.xercício de 1919, Calógeras aconse lhou a maior severidade na exigência da transitoriedade das funções profes-
sorais. O preparo militar só se adquire
essa objeção, que o define: as transi- "vendo, tratando e pelejando", na frase gências inevitáveis da política, arte de do^poeta. Nenhum ensino teórico é van governar os lioincns, mareiam a beleza tajoso sem a prática, notadamente o das
conferencista no próprio recinto do Es
e que traduz o maior desmentido ao
cessário se diga, se no Exército havia oficiais sem curso, promovidos por ser
ra, em virtude de outras' preocupações
memoráveis discursos
de vida puríssima e apóstolo do paci
Ne
progressivo c fatal, dc assuntos de guer
entendia.
fismo.
brasileira, nas elites dirigentes.
cia de atividades públicas. O argumen to era de ordem técnica: o alhcamento,
civil, dc descortino c influência, que os do.s
das necessidades reais do Exército, que
a todo o momento, em rápido crescendo,
cargos de eleição: objetava à coexistên
O.S que, de idoneidade, preparo c fé, o apoiavam, jubilosos de encontrar um
Em face
É evidente não ser contrário a
oficiais dc terra o'mar desempenharem
ativo.
viços de natureza politíca, sem ani
dade política do oficial, não
se
entusiasmava,
'como vimos, com o des vio dos rumos da pro
fissão das armas. Alvitrava a solução coeren
te: permitir a eleição, com a reforma voluntá
ria do oficial ao aceitar o cargo. Op
ção compreensível em quem, seguindo as aspirações do patriotismo, entendesse assim poder melhor servir o Brasil. E' de se registrar não só a sua isen ção de defender na Câmara essas idéias, um tanto arrojadas para a época, em
presença de militares-deputados,. ijuase todos a êle ligados por laços de afe
coisas de guerra. O professor, voltando às fileiras, permanece soldado; não re
tomando, transforma-se em burocrata e fracassa como escultor da alma militar.
Quem assim se manifesta\'a e sempre re conheceu as falhas da
nossa organização béli ca, não poderia deixar de ser um convencido da necessidade da vin da de instrutores estran
geiros
para
Exército.
o
nosso
Não foi Ca
lógeras o primeiro civil que arrostou a má compreensão de al guns militares, homens de governo e leguleios, a divisar na medida uma ne
gação da inteligência, do preparo e do patriotismo, dos oficiais brasileiros. Rui Barbosa, tão mal compreendido em suas relações com as fôrças armadas, nos pri-
mórdios do século XX, pelas colunas da "Imprensa", já pleiteava a urgência
que era ouvido, persuadidos todos da
da entrega da educação técnica do Exér cito a oficiais alienígenas. Na platafor
sinceridade das suas opiniões e sobre tudo do seu entranliado amor às fôrças
fensor da justiça e da liberdade indivi
to, como ainda o profundo respeito com
armadas.
Para eficiência do ensino da arte bé
lica e para evitar que o oficial se alheie
ma do civilismo, lavrada com buril, o de
dual insistiu na idéia, com exemplos re centes da Argentina, Chile e Peru, sendo
que os andinos conferiram a militares es-
84
trangeiros a própria estrutura do Exército.
Calógeras foi dos precursores desse movimento de rejuvenescôncia no Parla mento. Fê-lo quando o Marechal Hermes
dirigia a pasta do Exército. Apresentou o justificou emendas ao Orçamento da Guerra, autorizando o Governo Federal
a contratar instrutores europeus. Quan
to à idéia, aventada por inúmeros deputa
dos, da ida de oficiais brasileiros para o Velho Mundo, a fim de servir no Exér cito da Alemanha ou da França, se em
princípio transigiu, com a emenda que ofereceu, elevando, em cada ano, o nú mero de oficiais, discordou do projeto, na mesma legislatura, o espírito peregrino de Calógeras, visto tratar-se de processo moroso, solução para casos individuais
e, substancialmente, êrro de psicologia ;
Na presidência Hermes, apoiado pela inferiores, conquistada pela renovação
maiona ponderável de oficiais, de postos
benfazeja, em discursos de retumbante êxito, ao bater-se pelo aperfeiçoamento técnico do pessoal, pede a "missão es trangeira", tomada essa expressão em sentido amplo, "a grande missão" e não simplesmente o conjunto de instru tores que vinham ao Brasil.
Brasileiro até a medula, sem a fobia do estrangeiro, desejava a "grande mis são", que só poderia ser francesa, dada a afinidade de raça, para aumentar a
eficiência dos nossos soldados, cujas qua lidades de resistência, sobriedade e des temer sempre encareceu. Vencidos os últimos óbices, o General
Cardoso de Aguiar, com o apoio integral
do Calógeras, no Parlamento, a-contra ta, ensejando ao seu sucessor imediato na pasta da Guerra, na órbita adminis trativa e disciplinar, tomar realidade o ideal que acalentou em fase brilhante de sua vida parlamentar.
Dicesto Econômico
1
No aludido relatório, em que deli
neou um iirograma de govêmo, obra
classificada pelos escritores como o com pêndio da administração brasileira, o
85
Dicesto Econômico
A guerra hodierna é o problema social por e.xcelêncíu e atinge a vida nacional na
sua
totalidade
e
a
tôdas
as
classes.
desenvolver, porém, em conferências es
pecializadas pelos conhecedores. Leigo como sou em matéria pro priamente militar, cabc-me, para não ser
grande civil soldado, diante da comple
Escudado na e.xperiência dêsse sécu
acoimado de lavrar em seara estranha,
xidade da organização das fòrças arma
lo tormentoso e na autoridade de tantos-
apenas ressaltar em Calógeras, nesse re mate de palestra, versada a vôo de pás saro, a feição do patriota, que nêle se
das, propôs a separação dos serviços do Estado-Maior da administração dos pro blemas dc guerra. Esta é uma função política transitó ria. Aquele, um cargo exclusivamente técnico e de caráter permanente, de co mando, enfim. O chefe do Estado-
Maior é o responsável pelo apresto da tropa.
O Ministro, que pode ser civil
o fornecedor dos recursos para que o Exército e a Marinha tenham o seu pre paro de guerra. Em torno dessas pro posições, que mereceram reparos, ali nhou argumentos ponderosos. Poderá alguém, ao proceder á leitura daquele relatório — que se conservou
inédito durante quinze anos, e só publi cado a instâncias minhas — conjeturar que Calógeras, talvez naquele momen to histórico o único civil que discutia os problemas das forças armadas com apreciável conhecimento de técnica rni-
litar, se estivesse insinuando para a pasta da Guerra. Cometerá injustiça à memó ria do grande brasileiro quem assim presumir.
Nunca pleiteou cargos de administra ção; indiferente âs honrarias, aceitava-
os como resgate de um dever para com
a Pátria. Suportou o ostracismo, em ple
no. vigor da inteligência, sem uma quei xa, quando simples palavra de agrado o levaria de novo aos galarins dos Minis térios, suspirados pelos que o cambatiam nos bastidores dos palácios de govêmo. Hoje é uma verdade inconteste o en
trelaçamento máximo dos assuntos civis e militares na pasta que com devolamento superintendeu.
estrategistas e escritores, como esse fa moso crítico inglês Liddel Hart, no li flagração mundial, pode-se afirmar a in-
revestiu sempre de misticismo. Corria em suas veias sangue de raças
comensurável influência civil na con3uta das próprias operações militares.
milenárias.' Mas ninguém cultuou mais o Brasil do que ele, sacrificado em sua
vro que escreveu sobre a primeira con
Estadista do estofo dos dirigentes in
gleses e humanistas franceses, ao acei tar de Epitácio Pessoa, que reatava uma
praxe do Império, o honroso convite pa
saúde e em seus bens materiais.
Examinai, compatriotas que me ouvis,
a imensa, a grandiosa bibliografia de Calógeras. E' o Brasil, em sua história colonial, política, guerreira e diplomá
ra gerir a pasta da Guerra, estava o téc nico político, o afeiçoado às forças ar madas, apto para exercê-la, como o jul gava a juventude do Exército. O acêrto de providências iniciais con quista os poucos recalcitrantes. Em breve, unanimidade se faz em volta do
lítica Monetária do Brasil, a Formação
general civil, que passa a viver com a
Histórica do Brasil, a Política Exterior
tica; é o Brasil, em suas finanças, em sua economia, em sua administração, em suas indústrias, em suas riquezas, enciman- ^ do os títulos de uma obra orgânica e
construtiva: "As Minas do Brasil"; a Po- ~
tropa e para a tropa.
do Brasil, os Problemas de Govêmo e de
Rodeado de militares de alta patente e de reconhecido preparo técnico, como
Administração do Brasil.
Tasso Fragoso, Malan D'Angrogne, Ce lestino Bastos, Cândido Rondon e tan tos outros, nada escapa à faina desco munal do depositário de tantas espe ranças. Tudo vê e tudo prove. Arma
mento, munição, material de campanha
de tôda sorte, aviação militar, instniçãò e exercícios, quartéis, acampamentos,
campos de instrução, fábricas militares,
Vêde-o: é o educador, de inteligência
alada, que, em páginas vigorosas e de esplendor cívico, descreve os feitos de Caxias e Osório e os indica à mocidade estudiosa como numes tutelares da na
ção. E' o reabilitador da memória de Barbacena, ensombrada em Passo do Rosário. E* o otimista que não admite
se prognosticar a ruína e a perdição da terra que o viu nascer. E' o pensamen
escolas de tiro e prática de armas, novos
to única e exclusivamente voltado pam
regulamentos, preenchimento dos claros pelo sorteio, reforma da justiça militar, eis uma visão panorâmica dos serviços
a Pátria comum.
fé e de culto às tradições caras aos nos
que, na simplicidade, dos títulos, em
sos sentimentos de brasilidade, eu repi
"Formação Histórica do Brasil", Calóge ras proclamou objeto da sua atenção
Permiti, enfim, que, neste ambiente de ta as palavTas de Rondon, que valem como aresto inapelável da posteridade:
realizadora. Cada uma dessas preciosas
O Exército Brasileiro não teve melhor
utilidades é digna de um capítulo, a
amigo.
84
trangeiros a própria estrutura do Exército.
Calógeras foi dos precursores desse movimento de rejuvenescôncia no Parla mento. Fê-lo quando o Marechal Hermes
dirigia a pasta do Exército. Apresentou o justificou emendas ao Orçamento da Guerra, autorizando o Governo Federal
a contratar instrutores europeus. Quan
to à idéia, aventada por inúmeros deputa
dos, da ida de oficiais brasileiros para o Velho Mundo, a fim de servir no Exér cito da Alemanha ou da França, se em
princípio transigiu, com a emenda que ofereceu, elevando, em cada ano, o nú mero de oficiais, discordou do projeto, na mesma legislatura, o espírito peregrino de Calógeras, visto tratar-se de processo moroso, solução para casos individuais
e, substancialmente, êrro de psicologia ;
Na presidência Hermes, apoiado pela inferiores, conquistada pela renovação
maiona ponderável de oficiais, de postos
benfazeja, em discursos de retumbante êxito, ao bater-se pelo aperfeiçoamento técnico do pessoal, pede a "missão es trangeira", tomada essa expressão em sentido amplo, "a grande missão" e não simplesmente o conjunto de instru tores que vinham ao Brasil.
Brasileiro até a medula, sem a fobia do estrangeiro, desejava a "grande mis são", que só poderia ser francesa, dada a afinidade de raça, para aumentar a
eficiência dos nossos soldados, cujas qua lidades de resistência, sobriedade e des temer sempre encareceu. Vencidos os últimos óbices, o General
Cardoso de Aguiar, com o apoio integral
do Calógeras, no Parlamento, a-contra ta, ensejando ao seu sucessor imediato na pasta da Guerra, na órbita adminis trativa e disciplinar, tomar realidade o ideal que acalentou em fase brilhante de sua vida parlamentar.
Dicesto Econômico
1
No aludido relatório, em que deli
neou um iirograma de govêmo, obra
classificada pelos escritores como o com pêndio da administração brasileira, o
85
Dicesto Econômico
A guerra hodierna é o problema social por e.xcelêncíu e atinge a vida nacional na
sua
totalidade
e
a
tôdas
as
classes.
desenvolver, porém, em conferências es
pecializadas pelos conhecedores. Leigo como sou em matéria pro priamente militar, cabc-me, para não ser
grande civil soldado, diante da comple
Escudado na e.xperiência dêsse sécu
acoimado de lavrar em seara estranha,
xidade da organização das fòrças arma
lo tormentoso e na autoridade de tantos-
apenas ressaltar em Calógeras, nesse re mate de palestra, versada a vôo de pás saro, a feição do patriota, que nêle se
das, propôs a separação dos serviços do Estado-Maior da administração dos pro blemas dc guerra. Esta é uma função política transitó ria. Aquele, um cargo exclusivamente técnico e de caráter permanente, de co mando, enfim. O chefe do Estado-
Maior é o responsável pelo apresto da tropa.
O Ministro, que pode ser civil
o fornecedor dos recursos para que o Exército e a Marinha tenham o seu pre paro de guerra. Em torno dessas pro posições, que mereceram reparos, ali nhou argumentos ponderosos. Poderá alguém, ao proceder á leitura daquele relatório — que se conservou
inédito durante quinze anos, e só publi cado a instâncias minhas — conjeturar que Calógeras, talvez naquele momen to histórico o único civil que discutia os problemas das forças armadas com apreciável conhecimento de técnica rni-
litar, se estivesse insinuando para a pasta da Guerra. Cometerá injustiça à memó ria do grande brasileiro quem assim presumir.
Nunca pleiteou cargos de administra ção; indiferente âs honrarias, aceitava-
os como resgate de um dever para com
a Pátria. Suportou o ostracismo, em ple
no. vigor da inteligência, sem uma quei xa, quando simples palavra de agrado o levaria de novo aos galarins dos Minis térios, suspirados pelos que o cambatiam nos bastidores dos palácios de govêmo. Hoje é uma verdade inconteste o en
trelaçamento máximo dos assuntos civis e militares na pasta que com devolamento superintendeu.
estrategistas e escritores, como esse fa moso crítico inglês Liddel Hart, no li flagração mundial, pode-se afirmar a in-
revestiu sempre de misticismo. Corria em suas veias sangue de raças
comensurável influência civil na con3uta das próprias operações militares.
milenárias.' Mas ninguém cultuou mais o Brasil do que ele, sacrificado em sua
vro que escreveu sobre a primeira con
Estadista do estofo dos dirigentes in
gleses e humanistas franceses, ao acei tar de Epitácio Pessoa, que reatava uma
praxe do Império, o honroso convite pa
saúde e em seus bens materiais.
Examinai, compatriotas que me ouvis,
a imensa, a grandiosa bibliografia de Calógeras. E' o Brasil, em sua história colonial, política, guerreira e diplomá
ra gerir a pasta da Guerra, estava o téc nico político, o afeiçoado às forças ar madas, apto para exercê-la, como o jul gava a juventude do Exército. O acêrto de providências iniciais con quista os poucos recalcitrantes. Em breve, unanimidade se faz em volta do
lítica Monetária do Brasil, a Formação
general civil, que passa a viver com a
Histórica do Brasil, a Política Exterior
tica; é o Brasil, em suas finanças, em sua economia, em sua administração, em suas indústrias, em suas riquezas, enciman- ^ do os títulos de uma obra orgânica e
construtiva: "As Minas do Brasil"; a Po- ~
tropa e para a tropa.
do Brasil, os Problemas de Govêmo e de
Rodeado de militares de alta patente e de reconhecido preparo técnico, como
Administração do Brasil.
Tasso Fragoso, Malan D'Angrogne, Ce lestino Bastos, Cândido Rondon e tan tos outros, nada escapa à faina desco munal do depositário de tantas espe ranças. Tudo vê e tudo prove. Arma
mento, munição, material de campanha
de tôda sorte, aviação militar, instniçãò e exercícios, quartéis, acampamentos,
campos de instrução, fábricas militares,
Vêde-o: é o educador, de inteligência
alada, que, em páginas vigorosas e de esplendor cívico, descreve os feitos de Caxias e Osório e os indica à mocidade estudiosa como numes tutelares da na
ção. E' o reabilitador da memória de Barbacena, ensombrada em Passo do Rosário. E* o otimista que não admite
se prognosticar a ruína e a perdição da terra que o viu nascer. E' o pensamen
escolas de tiro e prática de armas, novos
to única e exclusivamente voltado pam
regulamentos, preenchimento dos claros pelo sorteio, reforma da justiça militar, eis uma visão panorâmica dos serviços
a Pátria comum.
fé e de culto às tradições caras aos nos
que, na simplicidade, dos títulos, em
sos sentimentos de brasilidade, eu repi
"Formação Histórica do Brasil", Calóge ras proclamou objeto da sua atenção
Permiti, enfim, que, neste ambiente de ta as palavTas de Rondon, que valem como aresto inapelável da posteridade:
realizadora. Cada uma dessas preciosas
O Exército Brasileiro não teve melhor
utilidades é digna de um capítulo, a
amigo.
Digesto Econômico
' NO BRASIL CRNTRÜ-OESTE
87
guio, alternam torras onduladas e chapadões, invernadas belíssimas, onde pas
PiMENTEL Go^^ES
avistam florestas, culturas de arroz e trigo e pastagens.
tam zebuínos, e culturas cli\'ersas, des
Quakix) quiserem fazer uma viagem
co, petróleo do xisto betuminoso de Taubaté-Tremeinbé, florestas fornecedoras de matéria-prima para enormes fábricas de
tacando-se os cafczais c os arrozais.
tres de rida e foi criada por decreto,
riqueza criada pelo zcbu. Além de de zenas de quilômetros de outras inverna
em local escolhido por uma comissão. O
vegação aérea que mantêm linhas para
celulose e papel, trigais e arrozais gran des e fecundos, cafezaís restaurados pelo sornbreamento e adubação racional, e uma fruticultura em que se produzisse,
céus, fábricas e mas asfaltadas. E a das e outras culturas, entremeadas de
maiores urbanistas.
Goiânia.
aproveitando sabiamente as diversas al
raras florestas, aparece Uberlândia, ci
titudes, das bananas e das laranjas aos
dade cheia de vida e progresso.
agradável e ao mesmo tempo adqui rir maior confiança no futuro do Brasil, tomem um avião no aeroporto Santos
Dumont, no Rio de Janeiro, pertencen te a uma das várias companhias de na Se o dia estiver ensolarado,
não abram o jornal. Contemplem a flo resta de arranha-céus cariocas, sempre mais altos e mais numerosos, que vão ficando lá embaixo; os estaleiros das
ilhas das Cobras, Viana e Mocanguê; o aeroporto da Ilha do Governador, na ponta do Galeão; as cento e tantas ou
tras ilhas grandes e pequenas, algumas extremamente pitorescas, que polvilham
a baía de Guanabara; a planície chata e fecunda que é a baixada fluminense,
ampla, de 16.500 quilômetros quadrados, onde se cruzam os rios, os canais de dre
nagem e as estradas de ferro e de ro dagem, zona própria à cultura mecanizad^a e ainda muito insuficientemente' aproveitada; os contrafortes e depois a própria Serra do Mar, imponente, flores tada, magnífica, erguendo seus pincaros culminantes a mais de dois mil me
tros de altura, e dando início ao planal to que se alarga por três quintas partes
naíba do Sul, amplo,
Mas, além da Mantiqueira, outra zo na futurosa que o desmatamento irracio
tortuoso, envoK'endo com suas águas pardas tra-se em
ria.
merosas,
branquiçada que se alarga cada vez
ainda
mais. Lembra São Paulo. Os arranha-
cidades, turbiuas com milhões de quilováüos-hora de capacidade, uma Volta Redonda multiplicada por quatro ou cin
apenas campos ondulados e matas raríssimas. A devastação tem sido enorme. Depois, quando penetramos no Triân-
Goiás c no
vores e uma fabca cen
tral de gramados. Há, ainda,
as
areas
numeradas.
das. A energia elétri ca é insuficiente, o que está prejudicando a in dustrialização da cida
sações de Goiás tornam-
de. Instala-se nova tur
se mais intensas. A pri
lentidão.
vez. Havia mesmo uma ponta de frio, embora fossem apenas 16 horas.
neiro e São Paulo, do mesmo dia.
buscando no Centro-Oeste a fartura o a tranqüilidade que não encon trara
na
Europa,
mostrava-se
sa
tisfeitíssima.
Goiânia se situa além, depois de uns 1
bina, mas pequeníssima, em face das
meira surpre.sa, mesmo para os que vi vem compulsando geografias que mere çam o nome e dados meteorológicos, e o clima, suavíssimo na tarde de 30 de abril em que lá estívc pela prímeka italiana, que seguia no mesmo avião
do Uberaba. A princípio, sobrevoamos
O asfalto
parimenta ruas e aveni
terior brasileiro, as sen
tes de agora serão um milhão lá nara
avenidas
bridor de Goiás — e Pamaíba. As ruas são
florestas
revestem
as
Anhangüera — o desco
No aeroporto de Aná polis, uma das cidades mais progressistas do in
rápido crescimento, no Brasil, pois tem
1970. ^ Partimos rumo a oeste, em busca
plas e belamente arbo rizadas. A primeira tem quatro renques de ár
muito grandes.
céus tomam-se sempre mais numerosos e audaciosos. Já os há com bem mais de vinte andares. Na Cidade Industrial, fumegam chaminés. O açude da PampuIha, aproveitado ao máximo, mata as saudades do mar. O aeroporto, com suas longas pistas de cimento, é movimentadíssimo. A cidade é uma das de mais
estamos começando a imitar no São Francisco e os indianos no Damodar, dar-nos-ia entre as nossas duas maiores
Tocantins — tôdas am
ladas, as cultiiras nu
Belo Horizonte surge como mancha es-
os seus trezentos e tantos mil habitan
Atualmente, tem o seu centro na Pra
ça Cívica (por que não Praça Brasil?) donde partem as ave nidas Goiás, Araguaia e
terras, a princípio, são um pouco mais ondu
dicados quase exclusivamente à pecuá
integral, num plano semelhante ao do Tenessee, plano que, adaptado ao meio,
plano é de autoria de um dos nossos
Brasil Centro-Ocste. As
se os planaltos ondulados e desnudos, de
anos. Não havendo mudança no ritmo
A cidade suqjreende. Tem três lus
as muitas ilhas, e en
nal e o mau aproveitamento estão pre judicando extraordinariamente, alargam-
duplicado a população de doze em doze
Há arranha-
Atravessa-se o Par-
gçs e maçãs.
O vale do Paraíba do Sul
do Brasil.
prosperidade e riqueza.
caquis, pêssegos, peras, ameixas, morau-
está lá embaixo. O seu aproveitamento
Go/dmVi
Uberaba dá ao viajor uin sensação de
quinze minutos de vôo baixo, em que se
necessidades, e com extrema e enervante
O aeroporto é freqüentado por aviões de quatro companhias aéreas. Â tarde vendem-se os matutinos do Rio de Ja ramal ferroviário
Leopoldo
O
Bulhões-
Goiânia ainda não está terminado. Cau
sa espécie não ter partido a ferrovia de Anápolis, pois seria muito mais curto, encontraria, terreno
muito
mellior
e
custaria muito menos. Os trilhos apro ximam-se, o que é um cousôlo.
Digesto Econômico
' NO BRASIL CRNTRÜ-OESTE
87
guio, alternam torras onduladas e chapadões, invernadas belíssimas, onde pas
PiMENTEL Go^^ES
avistam florestas, culturas de arroz e trigo e pastagens.
tam zebuínos, e culturas cli\'ersas, des
Quakix) quiserem fazer uma viagem
co, petróleo do xisto betuminoso de Taubaté-Tremeinbé, florestas fornecedoras de matéria-prima para enormes fábricas de
tacando-se os cafczais c os arrozais.
tres de rida e foi criada por decreto,
riqueza criada pelo zcbu. Além de de zenas de quilômetros de outras inverna
em local escolhido por uma comissão. O
vegação aérea que mantêm linhas para
celulose e papel, trigais e arrozais gran des e fecundos, cafezaís restaurados pelo sornbreamento e adubação racional, e uma fruticultura em que se produzisse,
céus, fábricas e mas asfaltadas. E a das e outras culturas, entremeadas de
maiores urbanistas.
Goiânia.
aproveitando sabiamente as diversas al
raras florestas, aparece Uberlândia, ci
titudes, das bananas e das laranjas aos
dade cheia de vida e progresso.
agradável e ao mesmo tempo adqui rir maior confiança no futuro do Brasil, tomem um avião no aeroporto Santos
Dumont, no Rio de Janeiro, pertencen te a uma das várias companhias de na Se o dia estiver ensolarado,
não abram o jornal. Contemplem a flo resta de arranha-céus cariocas, sempre mais altos e mais numerosos, que vão ficando lá embaixo; os estaleiros das
ilhas das Cobras, Viana e Mocanguê; o aeroporto da Ilha do Governador, na ponta do Galeão; as cento e tantas ou
tras ilhas grandes e pequenas, algumas extremamente pitorescas, que polvilham
a baía de Guanabara; a planície chata e fecunda que é a baixada fluminense,
ampla, de 16.500 quilômetros quadrados, onde se cruzam os rios, os canais de dre
nagem e as estradas de ferro e de ro dagem, zona própria à cultura mecanizad^a e ainda muito insuficientemente' aproveitada; os contrafortes e depois a própria Serra do Mar, imponente, flores tada, magnífica, erguendo seus pincaros culminantes a mais de dois mil me
tros de altura, e dando início ao planal to que se alarga por três quintas partes
naíba do Sul, amplo,
Mas, além da Mantiqueira, outra zo na futurosa que o desmatamento irracio
tortuoso, envoK'endo com suas águas pardas tra-se em
ria.
merosas,
branquiçada que se alarga cada vez
ainda
mais. Lembra São Paulo. Os arranha-
cidades, turbiuas com milhões de quilováüos-hora de capacidade, uma Volta Redonda multiplicada por quatro ou cin
apenas campos ondulados e matas raríssimas. A devastação tem sido enorme. Depois, quando penetramos no Triân-
Goiás c no
vores e uma fabca cen
tral de gramados. Há, ainda,
as
areas
numeradas.
das. A energia elétri ca é insuficiente, o que está prejudicando a in dustrialização da cida
sações de Goiás tornam-
de. Instala-se nova tur
se mais intensas. A pri
lentidão.
vez. Havia mesmo uma ponta de frio, embora fossem apenas 16 horas.
neiro e São Paulo, do mesmo dia.
buscando no Centro-Oeste a fartura o a tranqüilidade que não encon trara
na
Europa,
mostrava-se
sa
tisfeitíssima.
Goiânia se situa além, depois de uns 1
bina, mas pequeníssima, em face das
meira surpre.sa, mesmo para os que vi vem compulsando geografias que mere çam o nome e dados meteorológicos, e o clima, suavíssimo na tarde de 30 de abril em que lá estívc pela prímeka italiana, que seguia no mesmo avião
do Uberaba. A princípio, sobrevoamos
O asfalto
parimenta ruas e aveni
terior brasileiro, as sen
tes de agora serão um milhão lá nara
avenidas
bridor de Goiás — e Pamaíba. As ruas são
florestas
revestem
as
Anhangüera — o desco
No aeroporto de Aná polis, uma das cidades mais progressistas do in
rápido crescimento, no Brasil, pois tem
1970. ^ Partimos rumo a oeste, em busca
plas e belamente arbo rizadas. A primeira tem quatro renques de ár
muito grandes.
céus tomam-se sempre mais numerosos e audaciosos. Já os há com bem mais de vinte andares. Na Cidade Industrial, fumegam chaminés. O açude da PampuIha, aproveitado ao máximo, mata as saudades do mar. O aeroporto, com suas longas pistas de cimento, é movimentadíssimo. A cidade é uma das de mais
estamos começando a imitar no São Francisco e os indianos no Damodar, dar-nos-ia entre as nossas duas maiores
Tocantins — tôdas am
ladas, as cultiiras nu
Belo Horizonte surge como mancha es-
os seus trezentos e tantos mil habitan
Atualmente, tem o seu centro na Pra
ça Cívica (por que não Praça Brasil?) donde partem as ave nidas Goiás, Araguaia e
terras, a princípio, são um pouco mais ondu
dicados quase exclusivamente à pecuá
integral, num plano semelhante ao do Tenessee, plano que, adaptado ao meio,
plano é de autoria de um dos nossos
Brasil Centro-Ocste. As
se os planaltos ondulados e desnudos, de
anos. Não havendo mudança no ritmo
A cidade suqjreende. Tem três lus
as muitas ilhas, e en
nal e o mau aproveitamento estão pre judicando extraordinariamente, alargam-
duplicado a população de doze em doze
Há arranha-
Atravessa-se o Par-
gçs e maçãs.
O vale do Paraíba do Sul
do Brasil.
prosperidade e riqueza.
caquis, pêssegos, peras, ameixas, morau-
está lá embaixo. O seu aproveitamento
Go/dmVi
Uberaba dá ao viajor uin sensação de
quinze minutos de vôo baixo, em que se
necessidades, e com extrema e enervante
O aeroporto é freqüentado por aviões de quatro companhias aéreas. Â tarde vendem-se os matutinos do Rio de Ja ramal ferroviário
Leopoldo
O
Bulhões-
Goiânia ainda não está terminado. Cau
sa espécie não ter partido a ferrovia de Anápolis, pois seria muito mais curto, encontraria, terreno
muito
mellior
e
custaria muito menos. Os trilhos apro ximam-se, o que é um cousôlo.
Digesto Econômico 88
89
Dicesto EcoN'ó>nco
há as culturas que \'ai encontrando por
As estradas de rodagem, partindo de Goiânia em vários sentidos, aloncam-se
por centenas de quilômetros.
Dekani,
porém, ainda muito- a desejar. Talvez Goiânia tenha uns 100 mil ha
bitantes dentro de vinte anos, se solu
cionarem com brevidade os seus proble mas de transporte e energia. TiOnas ecológicas
Distinguem-se cinco zonas ecológicas
em Goiás: Norte, Planalto, Centro, Sul e
dutos se encaminharão para Belém e os mercados consumidores.
As quatro zonas restantes, no estudo
resumido que estou fazendo, podem ser consideradas cm conjunto. São 282 mil
quilômetros quadrados — tanto quanto os Estados de São Paulo e Rio de Ja
-1.000 e 1.200 metros.
ra rotineira de todas as fazendas.
média de uns oitocentos metros, atingin O clima sensível é muito mais agradá
dos maiores rios do Brasil e do mundo
ralelo 14. Os europeus que aí moram e
te, na chapada dos Veadeiros, sob o pa
— o Tocantins e seu afluente Araguaia. O clima é quente nos vales dos rios c que estão chegando diretamente da Eu ropa, em quantidades crescentes, julgamno excelente e se
cipais tem a pecuária — ainda rotineira
Os
trígaís estão-se tornando muito freqüen tes. Voando-se de avião, vez por outra
alguém estende o braço e mostra as manchas verdes dos trígais, todos em
boas condições. Na chapada dos Vea deiros, onde o fazendeiro João Bernar-
des Rabelo planta trigo, na fazenda Moi nho, há 21 anos — estive conversando com êste benemérito — o Ministério da
Agricultura está conseguindo multipli car as lavouras. No Posto Agropecuário,
aclimatam com faci
lidade. Um antigo
cuja instalação o Ministério da Agricul
diplomata norueguês
tura ultima nas proximidades de Goiás,
os que tomavam parte na Conferência de
em
fresco nos planaltos. Como riquezas prin
zais, embora ainda relativamente pe
do, porem, em trechos imensos, 900
neiro, juntos — do planaltos altos, em
tros quadrados. E' perlongado por dois
O Norte é maior que as quatro restan tes, juntas. Dispõe de 358 mil quilôme
pois Goiás produziu 3.200 mil sacos de 60 quilos em 1947, enquanto o Brasil produzia 43.272 mil. Há muitos cafe-
quenos. • A plantação continua. Tudo faz crer que Goiás possa pelo menos produzir tanto café quanto São Paulo em seu período áureo. O milho 6 cultu
vel do que o indicado pelos termôme tros. Já em maio, as noites são frígidas. As geadas se fazem notar em vários pontos. Neva, embora muito raramen
Sudoeste.
aqui e por ali. Os arrozais são numerosos e grandes,
bora proveniente de um país que confina
com os gelos polares, uma terra de ge leiras eternas, sol de meia-noite, monta nhas glaciais e vales frígidos, dizia-me
Colonização e Imigração viram trigais
Central, Colônia Agrícola Nacional de Goiás,Agro-Colonizadora IndustrialLtda.,
Cooperativas Italianas de Técnicos Agri cultores, Cooperativa Agropecuária de
200 famílias européias deslocadas.
A Colônia Agrícola Nacional, perten cente ao Ministério da Agricultura, dis
põe de 2.472 km2 entre 525 e 725 me tros de altura. Distribui lotes de 20 a 50 hectares. Em 1944, tinha 10 famí
lias; em 1946, 1.600. Hoje, há mais de 3.000.
A Agro-Colonizadora Ltda. é de ini ciativa do deputado Hugo Borghi. Con ta com 2.500 km2 no vale superior do Taranã, em altitude superior a 700 me
tros. A Agro-Colonizadora dedicar-se-á à cultura de cereais e de frutas e à cria
ção de bovinos e aves. Terá farta ener
gia hidrelétrica, um grande frigorífico para bovinos etc. A colônia Cooperativas Italianas de
Técnicos Agricultores pretende colocar duas mil famílias italianas dentro de três
anos. O Govêmo de Goiás prometeu facilitar-lhes a aquisição de 150 mil hec tares de boas terras, em Rio Verde.
em desenvolvimento, trigais sendo cei
fados e trigo colhido. Diz-se por Ia que o trigo dá 60 por 1. Acredito que
Transportes
em Goiânia maravilhas sobre o clima do
próprio consumo e pí^r^i abastecer a pla
Várias companhias de navegação aé rea ligam Goiás ao Rio de Janeiro, São
nície amazônica. O marmelo é plantado
Paulo, Belém e Belo Horizonte.
em grande escala no município de Luziânia, que faz regular exportação desse doce. Há pequenos vinhedos. Os italia
em execução, levará os trilhos da Cen
e bastante futurosa, ainda é mínimo. No
planalto central. Não esperava fato se melhante. Decididamente os dados oficiais não faziam acreditar em condições tão favoráveis ao povoamento por exuo-
momento, melhoram-se as condições de
peus!
nos dos Abruzos que começam a povoar
Estrada de Ferro de Goiás a Araguaia,
navegabilidade do Tocantins e do Ara
Acrescentem-se terras férteis em gran de quantidade, rios numerosos e pisco-
o Rio Verde pretendem dedicar-se de
preferência ao plantio de trigo, vinha e
porto sôbre o rio do mesmo nome; a Araraquarense a Cuiabá, porto sôbre o
oliveira. O algodão é outra grande pos-
rio do mesmo nome, ati-avessando o sul
sibi'ídade.
de Goiás.
— e o babaçu, ainda muito abandonado. Há notável riqueza mineral, como ou
ro, diamantes, minério de ferro de pri meira ordem, cristal de rocha etc.
O aproveitamento de área tão grande
guaia.
Alongam-se estradas de roda
gem. Uma grande empresa, com capi tais brasileiros e canadenses, cuida da
instalação de uma indústria siderúrgica a coque de babaçu, às margens do To cantins, e de uma grande fábrica de óleo de babaçu, nos barrancos do Ara
guaia. Pelos dois grandes rios, os pro-
sos, muita energia hidrelétrica em po tencial, fartíssima e variada riqueza mi neral.
Goiás possa produzir trigo para o seu
Colônias Culturas
Confirmando a impressão agradável que o viajor tem do clima dos planaltos goianos que ficam ao sul do paralelo 12,
Há várias colônias instaladas ou em
vias de instalação:
Fundação Brasil
O plano ferroviário planejado, parte tral a Peixe, porto sôbré o Tocantins; a
O plano rodoviário em execução do tará Goiás de boas estradas em todos os
sentidos, ligando-o também ao Rio de
Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Hori-
Digesto Econômico 88
89
Dicesto EcoN'ó>nco
há as culturas que \'ai encontrando por
As estradas de rodagem, partindo de Goiânia em vários sentidos, aloncam-se
por centenas de quilômetros.
Dekani,
porém, ainda muito- a desejar. Talvez Goiânia tenha uns 100 mil ha
bitantes dentro de vinte anos, se solu
cionarem com brevidade os seus proble mas de transporte e energia. TiOnas ecológicas
Distinguem-se cinco zonas ecológicas
em Goiás: Norte, Planalto, Centro, Sul e
dutos se encaminharão para Belém e os mercados consumidores.
As quatro zonas restantes, no estudo
resumido que estou fazendo, podem ser consideradas cm conjunto. São 282 mil
quilômetros quadrados — tanto quanto os Estados de São Paulo e Rio de Ja
-1.000 e 1.200 metros.
ra rotineira de todas as fazendas.
média de uns oitocentos metros, atingin O clima sensível é muito mais agradá
dos maiores rios do Brasil e do mundo
ralelo 14. Os europeus que aí moram e
te, na chapada dos Veadeiros, sob o pa
— o Tocantins e seu afluente Araguaia. O clima é quente nos vales dos rios c que estão chegando diretamente da Eu ropa, em quantidades crescentes, julgamno excelente e se
cipais tem a pecuária — ainda rotineira
Os
trígaís estão-se tornando muito freqüen tes. Voando-se de avião, vez por outra
alguém estende o braço e mostra as manchas verdes dos trígais, todos em
boas condições. Na chapada dos Vea deiros, onde o fazendeiro João Bernar-
des Rabelo planta trigo, na fazenda Moi nho, há 21 anos — estive conversando com êste benemérito — o Ministério da
Agricultura está conseguindo multipli car as lavouras. No Posto Agropecuário,
aclimatam com faci
lidade. Um antigo
cuja instalação o Ministério da Agricul
diplomata norueguês
tura ultima nas proximidades de Goiás,
os que tomavam parte na Conferência de
em
fresco nos planaltos. Como riquezas prin
zais, embora ainda relativamente pe
do, porem, em trechos imensos, 900
neiro, juntos — do planaltos altos, em
tros quadrados. E' perlongado por dois
O Norte é maior que as quatro restan tes, juntas. Dispõe de 358 mil quilôme
pois Goiás produziu 3.200 mil sacos de 60 quilos em 1947, enquanto o Brasil produzia 43.272 mil. Há muitos cafe-
quenos. • A plantação continua. Tudo faz crer que Goiás possa pelo menos produzir tanto café quanto São Paulo em seu período áureo. O milho 6 cultu
vel do que o indicado pelos termôme tros. Já em maio, as noites são frígidas. As geadas se fazem notar em vários pontos. Neva, embora muito raramen
Sudoeste.
aqui e por ali. Os arrozais são numerosos e grandes,
bora proveniente de um país que confina
com os gelos polares, uma terra de ge leiras eternas, sol de meia-noite, monta nhas glaciais e vales frígidos, dizia-me
Colonização e Imigração viram trigais
Central, Colônia Agrícola Nacional de Goiás,Agro-Colonizadora IndustrialLtda.,
Cooperativas Italianas de Técnicos Agri cultores, Cooperativa Agropecuária de
200 famílias européias deslocadas.
A Colônia Agrícola Nacional, perten cente ao Ministério da Agricultura, dis
põe de 2.472 km2 entre 525 e 725 me tros de altura. Distribui lotes de 20 a 50 hectares. Em 1944, tinha 10 famí
lias; em 1946, 1.600. Hoje, há mais de 3.000.
A Agro-Colonizadora Ltda. é de ini ciativa do deputado Hugo Borghi. Con ta com 2.500 km2 no vale superior do Taranã, em altitude superior a 700 me
tros. A Agro-Colonizadora dedicar-se-á à cultura de cereais e de frutas e à cria
ção de bovinos e aves. Terá farta ener
gia hidrelétrica, um grande frigorífico para bovinos etc. A colônia Cooperativas Italianas de
Técnicos Agricultores pretende colocar duas mil famílias italianas dentro de três
anos. O Govêmo de Goiás prometeu facilitar-lhes a aquisição de 150 mil hec tares de boas terras, em Rio Verde.
em desenvolvimento, trigais sendo cei
fados e trigo colhido. Diz-se por Ia que o trigo dá 60 por 1. Acredito que
Transportes
em Goiânia maravilhas sobre o clima do
próprio consumo e pí^r^i abastecer a pla
Várias companhias de navegação aé rea ligam Goiás ao Rio de Janeiro, São
nície amazônica. O marmelo é plantado
Paulo, Belém e Belo Horizonte.
em grande escala no município de Luziânia, que faz regular exportação desse doce. Há pequenos vinhedos. Os italia
em execução, levará os trilhos da Cen
e bastante futurosa, ainda é mínimo. No
planalto central. Não esperava fato se melhante. Decididamente os dados oficiais não faziam acreditar em condições tão favoráveis ao povoamento por exuo-
momento, melhoram-se as condições de
peus!
nos dos Abruzos que começam a povoar
Estrada de Ferro de Goiás a Araguaia,
navegabilidade do Tocantins e do Ara
Acrescentem-se terras férteis em gran de quantidade, rios numerosos e pisco-
o Rio Verde pretendem dedicar-se de
preferência ao plantio de trigo, vinha e
porto sôbre o rio do mesmo nome; a Araraquarense a Cuiabá, porto sôbre o
oliveira. O algodão é outra grande pos-
rio do mesmo nome, ati-avessando o sul
sibi'ídade.
de Goiás.
— e o babaçu, ainda muito abandonado. Há notável riqueza mineral, como ou
ro, diamantes, minério de ferro de pri meira ordem, cristal de rocha etc.
O aproveitamento de área tão grande
guaia.
Alongam-se estradas de roda
gem. Uma grande empresa, com capi tais brasileiros e canadenses, cuida da
instalação de uma indústria siderúrgica a coque de babaçu, às margens do To cantins, e de uma grande fábrica de óleo de babaçu, nos barrancos do Ara
guaia. Pelos dois grandes rios, os pro-
sos, muita energia hidrelétrica em po tencial, fartíssima e variada riqueza mi neral.
Goiás possa produzir trigo para o seu
Colônias Culturas
Confirmando a impressão agradável que o viajor tem do clima dos planaltos goianos que ficam ao sul do paralelo 12,
Há várias colônias instaladas ou em
vias de instalação:
Fundação Brasil
O plano ferroviário planejado, parte tral a Peixe, porto sôbré o Tocantins; a
O plano rodoviário em execução do tará Goiás de boas estradas em todos os
sentidos, ligando-o também ao Rio de
Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Hori-
90
DicESTO EcOKÓ^DCÜ
zünte. Recife, Fortaleza, São Luís, Be
plano está executado; parte em execução.
minliam-.se para lá correntes imigrató rias provenientes de outros pontos cio País e da Europa. As culturas se mul
Terra da promissão
tiplicam. As estradas de ferro e de ro dagem se alongam aceleradamente. Sur
lém, Rio Branco e Santarém. Parte do
Posição do Brasil nos mercados mundiais de arroz Moacyr Paixão
gem as primeiras indústrias. As cidades
Os planaltos do Brasil Centro-Oeste
constituem uma terra da promissão.
Abandonados durante muito tempo, en contram-se em rápido progresso. Enca-
O exame das condições
crescem ràpidamentc. Em breve, o cora
materiais
ção do Brasil não será mais um \-ácuo econômico e sim um dos trechos
povoados e dinamizados do País.
da
economia
nacional, particulannentc
Uma publicação recente da Organiza
dos problemas da produ ção, os elementos funda
ção de Agricultura e Alimentação (F. A. O.) — "Rice Bülletin", de março de 1949 — apresenta a variação da produ ção arrozeira, entre duas épocas, que é
mentais a considerar são
evidentemente as forças à
produtivas em jogo (emprego de máquinas e mão-de-obra). Contudo, a his tória interna de certos produtos agríco las, extraÜvos ou industriais salientes tais como o café, cacau, algodão, mamona, carne, tecidos, borracha, carnaú
ba e agora minérios — se liga direíamento à história do mercado mundial, cm de
intpTTUirinnnl
^
Ihni rti
o lugar de desiaque de outras épocas «o comércio situação ainda ali reinante, haja emncci'
nri Ji i7 o fato e que a Alenmnha /ígfldosretorna à faltaràpidamente de unidadeàdesuavistas dasposição potÂcias ocupantes, antiga de
potência industrial e comercial.
terminadas épocas. É o caso do arroz, setor economico
cujo desenvolvimento se mostra subs
do arroz repercutiu em cima do similar
riação dos volumes físicos da produção arrozeira, nos embaraços atuais do co mércio interno e na tendência altista dos preços. 1938-39
'
países índia
duçãò germânico. De outras fontes, esjoera-.se- possa a importação dâsse país no
Paquistão
ano em' curso, alcançar 2.000.000.000 de dólares e a exportação . 1.000.000.000. Trata-se, como se vê, de mercado de grande importância, com o
Japão
qual sempre mantivemos excelentes trocas e para onde se poderia escoar parte dc
1938-39 1947-48
147,4 142,6
1948-49
144,5
nunciam maior decréscimo. Em volumes
132,7 milhões (93%), na última safra
(a previsão para 1948-49 fixa a produ ção em 135,1 milhões). Nota-se a po
sição dos maiores paises produtores asiáticos,. no quadro abaixo: 1947-48
(Milhões de ton.) (Milhões de tOn.\
que acaba de nos chegar por via aérea, as autoridades americanas, inglôsas e fran cesas de ocupação permitirão, de agora em diante, muito maior liberãidade à »ro-
nossa produção de café, couros e algodão, só para citar alguns dos principais ariit^os de que a Alemanha necessita urgentemente.
Milhões de ton.
físicos, suas colheitas caíram de 141,3 milhões de toneladas (1938-39) para
navios do tipo LtbeHij", alguns dos quais tanques. Conseguiu ainda para construir cêrca de cem unidades para o sL comércio. E' de lastiimr nuc enquanto quase todos os grandes países procuram, por seu lado, o mercado cft! Alernanha, atnda se esteja em nosso meio no teireno dos conversações. Sahc-sc Segundo informações que obtivenios através do 'World Reports" de «y 9-5-49, y-a-K/
Ano agrícola
mcnte no asiático. Não é difícil obser var até onde a conjuntura internacional brasileiro, influindo fortemente na va
a Alemanha.
em relação" à estimativa para 1948-49.
de procura excepcional determinada pela
guerra, no mercado mundial enotada-
porem, que ja foi proporá pelo Ministério das Relações Extenores urrui espécie dc "mesa redonda" para discutir as futuras exportações e importações brasileiras vara
da ordem de 4,8 milhões de toneladas,
no cômputo à base da colheita real do ano agrícola 1947-48, e de 2,9 milhões
É precisamente na Ásia, onde se lo calizavam 96% da produção nnmdial, antes da guerra, que as estatísticas de
tancialmente relacionado com a situaçao
;x.' foram firmados alguns convênios como os dapara Argentina luans-a via, pr^endo-se a conclusão de outroscomerciais, acordos comerciais, breve e com
Át^ria Grécm, ItaUa, Bélgica e Luxemburgo, Hungria, Irlanda França, Pan.Zão Strla Líbano, México, Cofâmbia, Chile, Japão e Pãõnia. Fora o tra^orte ZZui produção, conseguiu a Alemanlia, das autoridades de ocupação, côrca de qiZcZa
Fome de arroz nos tnercados mundiais
China
..
1948-49
(Previsão, m.t.)
50.1
46.5
46,6
29.2
28.6
12,2 11,5
11,6 11,2
29,0 11,6 11,8
Na Birmânia e Indochina, países ou-
1940-46, período de profunda escassez
trora de grandes excedentes, as áreas
total produzido figura 9,6% abaixo dos
de cultivo e as colheitas elevaram-se de muito sôbre os níveis normais de
mas ainda assim, na última safra, seu
totais de antes da guerra. Foi de 5,6-
^
90
DicESTO EcOKÓ^DCÜ
zünte. Recife, Fortaleza, São Luís, Be
plano está executado; parte em execução.
minliam-.se para lá correntes imigrató rias provenientes de outros pontos cio País e da Europa. As culturas se mul
Terra da promissão
tiplicam. As estradas de ferro e de ro dagem se alongam aceleradamente. Sur
lém, Rio Branco e Santarém. Parte do
Posição do Brasil nos mercados mundiais de arroz Moacyr Paixão
gem as primeiras indústrias. As cidades
Os planaltos do Brasil Centro-Oeste
constituem uma terra da promissão.
Abandonados durante muito tempo, en contram-se em rápido progresso. Enca-
O exame das condições
crescem ràpidamentc. Em breve, o cora
materiais
ção do Brasil não será mais um \-ácuo econômico e sim um dos trechos
povoados e dinamizados do País.
da
economia
nacional, particulannentc
Uma publicação recente da Organiza
dos problemas da produ ção, os elementos funda
ção de Agricultura e Alimentação (F. A. O.) — "Rice Bülletin", de março de 1949 — apresenta a variação da produ ção arrozeira, entre duas épocas, que é
mentais a considerar são
evidentemente as forças à
produtivas em jogo (emprego de máquinas e mão-de-obra). Contudo, a his tória interna de certos produtos agríco las, extraÜvos ou industriais salientes tais como o café, cacau, algodão, mamona, carne, tecidos, borracha, carnaú
ba e agora minérios — se liga direíamento à história do mercado mundial, cm de
intpTTUirinnnl
^
Ihni rti
o lugar de desiaque de outras épocas «o comércio situação ainda ali reinante, haja emncci'
nri Ji i7 o fato e que a Alenmnha /ígfldosretorna à faltaràpidamente de unidadeàdesuavistas dasposição potÂcias ocupantes, antiga de
potência industrial e comercial.
terminadas épocas. É o caso do arroz, setor economico
cujo desenvolvimento se mostra subs
do arroz repercutiu em cima do similar
riação dos volumes físicos da produção arrozeira, nos embaraços atuais do co mércio interno e na tendência altista dos preços. 1938-39
'
países índia
duçãò germânico. De outras fontes, esjoera-.se- possa a importação dâsse país no
Paquistão
ano em' curso, alcançar 2.000.000.000 de dólares e a exportação . 1.000.000.000. Trata-se, como se vê, de mercado de grande importância, com o
Japão
qual sempre mantivemos excelentes trocas e para onde se poderia escoar parte dc
1938-39 1947-48
147,4 142,6
1948-49
144,5
nunciam maior decréscimo. Em volumes
132,7 milhões (93%), na última safra
(a previsão para 1948-49 fixa a produ ção em 135,1 milhões). Nota-se a po
sição dos maiores paises produtores asiáticos,. no quadro abaixo: 1947-48
(Milhões de ton.) (Milhões de tOn.\
que acaba de nos chegar por via aérea, as autoridades americanas, inglôsas e fran cesas de ocupação permitirão, de agora em diante, muito maior liberãidade à »ro-
nossa produção de café, couros e algodão, só para citar alguns dos principais ariit^os de que a Alemanha necessita urgentemente.
Milhões de ton.
físicos, suas colheitas caíram de 141,3 milhões de toneladas (1938-39) para
navios do tipo LtbeHij", alguns dos quais tanques. Conseguiu ainda para construir cêrca de cem unidades para o sL comércio. E' de lastiimr nuc enquanto quase todos os grandes países procuram, por seu lado, o mercado cft! Alernanha, atnda se esteja em nosso meio no teireno dos conversações. Sahc-sc Segundo informações que obtivenios através do 'World Reports" de «y 9-5-49, y-a-K/
Ano agrícola
mcnte no asiático. Não é difícil obser var até onde a conjuntura internacional brasileiro, influindo fortemente na va
a Alemanha.
em relação" à estimativa para 1948-49.
de procura excepcional determinada pela
guerra, no mercado mundial enotada-
porem, que ja foi proporá pelo Ministério das Relações Extenores urrui espécie dc "mesa redonda" para discutir as futuras exportações e importações brasileiras vara
da ordem de 4,8 milhões de toneladas,
no cômputo à base da colheita real do ano agrícola 1947-48, e de 2,9 milhões
É precisamente na Ásia, onde se lo calizavam 96% da produção nnmdial, antes da guerra, que as estatísticas de
tancialmente relacionado com a situaçao
;x.' foram firmados alguns convênios como os dapara Argentina luans-a via, pr^endo-se a conclusão de outroscomerciais, acordos comerciais, breve e com
Át^ria Grécm, ItaUa, Bélgica e Luxemburgo, Hungria, Irlanda França, Pan.Zão Strla Líbano, México, Cofâmbia, Chile, Japão e Pãõnia. Fora o tra^orte ZZui produção, conseguiu a Alemanlia, das autoridades de ocupação, côrca de qiZcZa
Fome de arroz nos tnercados mundiais
China
..
1948-49
(Previsão, m.t.)
50.1
46.5
46,6
29.2
28.6
12,2 11,5
11,6 11,2
29,0 11,6 11,8
Na Birmânia e Indochina, países ou-
1940-46, período de profunda escassez
trora de grandes excedentes, as áreas
total produzido figura 9,6% abaixo dos
de cultivo e as colheitas elevaram-se de muito sôbre os níveis normais de
mas ainda assim, na última safra, seu
totais de antes da guerra. Foi de 5,6-
^
.
P'■
.li
'
^
F7
Dicesto
milhões de toneladas a produção da Birmânia e de 5,1 milhões a da Indochina. Somente o SiÜo, dentre os exportadores, promete retomar na próxima safra sua anHga produtividade.
para alimentar de arroz a 50 milhões de pessoas, em I ano. Um dos resultados dessa situação de escassez, da fome mundial de excedentes de arroz, está no regime de racionamento visando corrigir
ladas representando 42% da exportação mundial. Atualmente, contudo, a posi-
real se viram obrigados. Mesmo países como o Japão, e a üha de Ceilão que
Ern 1939 o excedente exportável da Birmama abngia a 4 milhões de tone-
tigos níveis da produção, devido ao das necessidades de consumo,
contra 0,8 milhões em 1947
plenamente à pro-
p j
notar quedoasarroz, necessidades normais. aee consumo presentemene, su iram o 11% ou mais sôbre os ní"ío pré-guerra, devido socrescimento das opopulações. sso o serve para situar problema
cura mtema do produto.
Na Malaia
atualmente, arroz entra 14% que na composição oalimentar, sobrecom48%, ora a percentagem normal de antes ds
93
Econômico
Países
Produção nacional
Importação
(Em 1.000 ton.)
(Em 1.000 ton.) 8
Suíça
Turquia
260
Reino Unido
795
6
Abrindo o problema em uma confe
í
rência internacional de arro?, reunida em
Baguio, Filipinas (março de 1948), con cluíram os técnicos do organismo pela necessidade de restaurar urgentemente
3,5 milhões de hectares de terras rizícolas abandonadas na China, índia, Indo china e Birmânia, ou de ampliar os
plantios, mesmo fora dessas regiões, ate
atídlda T" 1934-39 o movimento exportador Jeír" ^ntex da roz atingia a 8.6 milhões de tontladís 13 m il - TT 7?"'^ ™
Essa situação deficitária do mercado
(8,1 milhões fornecidos pela ÃsiaT bat
caiu extraordinàrianrcnte. Íí T
da Asia). Esse isfalque de 5 2 ml hZ
Ihões de toneladas no comércio exterior
do cereal corresponde, calculando s6-
sin
nhl
1939 1942 1944 1946
4.1 ™'nn>es
19471948
O quadro
7 da importação euro-
Bélgica Dinamarca França
'.
__
;
_ — 560
Grécia
Itália
Países Baixos Noruega Portugal
'.. .
•■t.a.iiLÁ- 'li I iti ft WiKiin 7
-
,
Y 2 129
5
19
422
_
,
..L-c- .'Vi. . ..
-j:^i
; ■
. ... - > ■
1.058 1.427 1.681 1.650 1.695
sejar uma situação ainda melhor ao produto. Mas enfrenta o arroz os mes mos problemas que retardam o livre desenvolvimento dos diversos setores da agricultura brasileira, até agora amarra da a velhas e profundas sobrevivências
g g 7
_ 49
1.075
O crescimento verificado no volume
(Em 1.000 ton )
scmi-feudais. .1
—
elevaram
sua
area
Em certas zonas, mesino
No quadro
de cultivo e das colheitas obtidas, na cionalmente.
Área
das safras não exprime, como pode apa rentar, uma etapa, de franco desenvolvi mento na economia do cereal. Diante da atração dos mercados, seria de de
Importação
(Em 1.000 ton.)
mercados
sando a intervir em maior escala no abastecimento mundial. Êsse e exata
(1.000 ha.)
dia do Extremo OrientO.^^o nece^So ^rs^Tm^nt^dÍ mT49^^'"'' Áustria
mundial de arroz tornou mais intensa a
caíram de 0,8
Produção nacinnal
dos
plantada rizícola e suas colheitas, pas
mente o caso do Brasil.
Anos
e^erior.
guerra — e atraídos pela conjuntura
a seguir observa-se a variação, desde a pré-guerra à última safra, das áreas
reduziram de 0,4 milhões as
bre um consumo de 102 kg/pessoa (mt néfld
senvolvendo o processo altista dos pre ços. Certos países menos atingidos pela
a cobertura dos déficits mundiais do
toneladas de arroz, para
xando em 1947-48 a 2,8 mUhões narã mnh'^" " V" mm 1 "7 1948-49, segundo previsão (2,5 milhS S, coTd
procura que a oferta do cereal, de
mercado.
Atraso da rizicuUura nacional
retomar o volume de 3,4 milhões
865
2.091
guerra. Noutras regiões da Âia esnecialmente no consumo Extremo doOriente, a pcrcentagem de arroz também
do cereal num plano, de extreiía gravi-
672
Alemanha Ocidental
os déficits do mercado arrozeiro, a que os países principais consumidores do ce-
mLÍdofr'^-^ "'^ ^^^stecimento dos mais perto se acham de refazer os In-
rdesterfo^s va o volume de 1 2 mi]l!^°^
Dicesto
Econômico
Produção (1.000 ton.) 1.484 1.881 2.110 2.771 2.598 2.790
existindo condições vantajosas de solo e clima (terras irrigadas, ocorrência de chuvas fortes no verão etc.), a rizicultura mantém-se atrasada e seus totais de
produção continuam há anos praticamen te inalterados.
Na realidade, apenas
São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás enchem as estatísticas de
produção nacional do arroz. O quadro seguirfte dá idéia da distri buição no país da produção arrozeira;
.
P'■
.li
'
^
F7
Dicesto
milhões de toneladas a produção da Birmânia e de 5,1 milhões a da Indochina. Somente o SiÜo, dentre os exportadores, promete retomar na próxima safra sua anHga produtividade.
para alimentar de arroz a 50 milhões de pessoas, em I ano. Um dos resultados dessa situação de escassez, da fome mundial de excedentes de arroz, está no regime de racionamento visando corrigir
ladas representando 42% da exportação mundial. Atualmente, contudo, a posi-
real se viram obrigados. Mesmo países como o Japão, e a üha de Ceilão que
Ern 1939 o excedente exportável da Birmama abngia a 4 milhões de tone-
tigos níveis da produção, devido ao das necessidades de consumo,
contra 0,8 milhões em 1947
plenamente à pro-
p j
notar quedoasarroz, necessidades normais. aee consumo presentemene, su iram o 11% ou mais sôbre os ní"ío pré-guerra, devido socrescimento das opopulações. sso o serve para situar problema
cura mtema do produto.
Na Malaia
atualmente, arroz entra 14% que na composição oalimentar, sobrecom48%, ora a percentagem normal de antes ds
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Econômico
Países
Produção nacional
Importação
(Em 1.000 ton.)
(Em 1.000 ton.) 8
Suíça
Turquia
260
Reino Unido
795
6
Abrindo o problema em uma confe
í
rência internacional de arro?, reunida em
Baguio, Filipinas (março de 1948), con cluíram os técnicos do organismo pela necessidade de restaurar urgentemente
3,5 milhões de hectares de terras rizícolas abandonadas na China, índia, Indo china e Birmânia, ou de ampliar os
plantios, mesmo fora dessas regiões, ate
atídlda T" 1934-39 o movimento exportador Jeír" ^ntex da roz atingia a 8.6 milhões de tontladís 13 m il - TT 7?"'^ ™
Essa situação deficitária do mercado
(8,1 milhões fornecidos pela ÃsiaT bat
caiu extraordinàrianrcnte. Íí T
da Asia). Esse isfalque de 5 2 ml hZ
Ihões de toneladas no comércio exterior
do cereal corresponde, calculando s6-
sin
nhl
1939 1942 1944 1946
4.1 ™'nn>es
19471948
O quadro
7 da importação euro-
Bélgica Dinamarca França
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_ — 560
Grécia
Itália
Países Baixos Noruega Portugal
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Y 2 129
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19
422
_
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1.058 1.427 1.681 1.650 1.695
sejar uma situação ainda melhor ao produto. Mas enfrenta o arroz os mes mos problemas que retardam o livre desenvolvimento dos diversos setores da agricultura brasileira, até agora amarra da a velhas e profundas sobrevivências
g g 7
_ 49
1.075
O crescimento verificado no volume
(Em 1.000 ton )
scmi-feudais. .1
—
elevaram
sua
area
Em certas zonas, mesino
No quadro
de cultivo e das colheitas obtidas, na cionalmente.
Área
das safras não exprime, como pode apa rentar, uma etapa, de franco desenvolvi mento na economia do cereal. Diante da atração dos mercados, seria de de
Importação
(Em 1.000 ton.)
mercados
sando a intervir em maior escala no abastecimento mundial. Êsse e exata
(1.000 ha.)
dia do Extremo OrientO.^^o nece^So ^rs^Tm^nt^dÍ mT49^^'"'' Áustria
mundial de arroz tornou mais intensa a
caíram de 0,8
Produção nacinnal
dos
plantada rizícola e suas colheitas, pas
mente o caso do Brasil.
Anos
e^erior.
guerra — e atraídos pela conjuntura
a seguir observa-se a variação, desde a pré-guerra à última safra, das áreas
reduziram de 0,4 milhões as
bre um consumo de 102 kg/pessoa (mt néfld
senvolvendo o processo altista dos pre ços. Certos países menos atingidos pela
a cobertura dos déficits mundiais do
toneladas de arroz, para
xando em 1947-48 a 2,8 mUhões narã mnh'^" " V" mm 1 "7 1948-49, segundo previsão (2,5 milhS S, coTd
procura que a oferta do cereal, de
mercado.
Atraso da rizicuUura nacional
retomar o volume de 3,4 milhões
865
2.091
guerra. Noutras regiões da Âia esnecialmente no consumo Extremo doOriente, a pcrcentagem de arroz também
do cereal num plano, de extreiía gravi-
672
Alemanha Ocidental
os déficits do mercado arrozeiro, a que os países principais consumidores do ce-
mLÍdofr'^-^ "'^ ^^^stecimento dos mais perto se acham de refazer os In-
rdesterfo^s va o volume de 1 2 mi]l!^°^
Dicesto
Econômico
Produção (1.000 ton.) 1.484 1.881 2.110 2.771 2.598 2.790
existindo condições vantajosas de solo e clima (terras irrigadas, ocorrência de chuvas fortes no verão etc.), a rizicultura mantém-se atrasada e seus totais de
produção continuam há anos praticamen te inalterados.
Na realidade, apenas
São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás enchem as estatísticas de
produção nacional do arroz. O quadro seguirfte dá idéia da distri buição no país da produção arrozeira;
DrcESTO Econômico
■f -•
94
(Em 1.000 ton.)
Digesto
Econômico
Í9S9
1942
1944
1946
1947
1948
1939
1942
1944
1946
1947
São Paulo Piio Grande do Sul ....
468 350
487
494
384
519
949 647
855 682
Minas Gerais
331
403
520
84 245
216 391
198
517 231
482
Goiás
192
Mas na realidade os nossos excedentes, bem examinadas as condições do mer
379
427
387
cado, SC mostram só aparentes. O mer
norte e nordeste do país a média produção-habitante é apenas de 17 kg. e 13
cado nacional de arroz — e não só de
kg., respectivamente.
arroz mas dc todos os produtos — está ainda naquc'a.fase pioneira, de procura
SC verifica, um mercado nacional satu-
potencial, a que se referiu Roberto Simonsen, salvo engano, na sua "Diretri
econômica dos excedentes — mas um mosaico de áreas saturadas ao lado de
20 outras Unidades
...
Descendo às porcentagens na compo sição das colheitas, o quadro revela que
o país.
os arrozais paulistas, gaúchos, mineiros e
nio fundiário, freqüentemente dispondo
goianos representam, na escala dos anos
ci\ás 1939-47, sempre acima de 85% da produção nacional, valendo ainda referir que Sta. Catarina, Paraná e Maranhão
igualmente oferecem safras de volumes
ponderáveis.
Nas demais regiões, so
bretudo ao Norte e Nordeste, a rizicultura se mantém em níveis atrasados,
não atendendo sequer a 1/3 dos gastos locais.
Mas o fenômeno encontrou um
obstáculo.
Onde figura o grande domí
de mão-de-obra rural abundante e ba
rata, as inversões em máquinas, adu-
bagem, instalações industriais, .são pre cárias.
Mesmo
os
capitais
ixiriãvcis
(moeda, crédito etc.) se tornam perfei tamente dispensáveis, em virtude de a
mão-de-obra servir' em regimes de par
ceria e só excepcionalmente receber salá rio em moeda.
É em certas áreas do Rio Grande do Sul que se localiza a cultura arrozeira
Os excedentes do mercado intenw
só essa lavoura, em 220 mil hectares de
Aos observadores do mercado de arroz, •somos um país detentor de sobras para
mais adiantada do país. Observa-se quê arrozais, emprega 819 tratores, repre sentando 28% do total dos tratores utili zados no país, em mais de 18 milhões de hectares cultivados. A rizicultura gaúcha aparece em maior escala nas re
giões de colonato, predominantemente dé médias e pequenas propriedades, mais
exportação.
E a mais evidente confir
mação desse fato parece existir na me
lhoria acentuada, nos últimos anos de nossa
particrpaçãò
no
abastecimento
mundial, sem que hajam sofrido desfal que as trocas internas.
acessíveis às inversões de capital e à
Até 1913, ocasionalmente ainda im portamos arroz. Mas as quantidades
técnica.
produzidas no país iam crescendo a cada
Nas épocas normais do mercado é compreensível que o arroz, não sendo
um produto fundamentalmente de ex portação, como o café ou cacau, raro encoraje os investimentos. As aplicações de capital recaem, de preferência, na
queles produtos que se podem transfor
Consumo interno (1.000 ton.) E.vccdente exportado (1.000 ton.)
1.424 1.799 1.961 2.619 2.280 2.578 152 60 82 149 218 212
áreas de mercada vazio, com subconsumo.
A circulação e o
consumo da produção encontram no mer cado enormes vazios, expressos na inca
pacidade aquisitiva de uma parte con siderável da população, sobretudo o camposinato.
A falta de estatísticas nacionais espe cíficas de consumo impede a verifica
ção dos totais de arroz excedente, em
cada região o nacionalmente. Mas se sabe que São Paulo e Minas, embora figurem liderando as colheitas de arroz, apresentam baixas cotas por habitante. Goiás e Rio Grande do Sul, respectiva
mente com 202 kg. e 151 kg. por ha bitante (arroz com casca), são de certo os únicos Estados possuidores de sobras Arroz brasileiro
sôbre o valor unitário das exportações),
ó possível perceber a razão essencial da maior presença do cereal brasileiro no suprimento dos mercados mundiais. 1948 285
334
363
445
496
dois últimos conflitos mundiais. Em 1914-19 foi de quase 300% o aumento das nossas vendas de arroz ao exterior
Essa vertiginosa corrida altista "nas compras do exterior funciona como atra ção de mercados. Incentiva a criação, dentro do país, de excedentes ocasionais
Certos problemas do aparelho regu lador da circulação favorecem a prepa
ração dêsses excedentes ocasionais. Des
Não foi à toa que
ses, os que me parecem mais decisivos, porque prejudicam, de cheio o escoa mento da produção arrozeira e a amplia
mil tone'adas aos de 1946, nem por
ção do mercado interno, são a precarie dade das instalações para armazenamen to e conservação dos.estoques, a escassez
dos transportes, a fome tarifária e a
ou só aparentes.
em 1947, embora os totais da produção arrozeira se hajam reduzido de 173
do produto, atingindo, em 1947, seu
to específico do consumo nacional, o ar
ponto mais alto — 7,2% das exportações
isso as exportações deixaram de apresen
roz é cereal fàcilmente comerciável.
mundiais, contra 0,6% em .1939.
tar um saltò ponderável, de 152 para
O fenômeno é observável no quadro
I-'. A. O. no "Rice Bulletin") e os de venda no comércio externo (calculados
1947 249
100
seguinte:
Tomando-se para confronto os
230
ção do Brasil no comércio internacional
inversões na lavoiura arrozeira, em todo
terior.
índices de preços do arroz em grosso, no mercado nacional (cálculos da
1946
diante da escassez mundial e do aumen
lógico, então, seria o crescimento das
rença na evolução dos preços obtidos
pelo arroz, nos mercados interno e ex
199
mar imediatamente em mercadoria. Ora,
O
estudar, rapidamente. O maior deles, certamente o preponderante, é a dife
1945
100
subiu extraordinàriamente a participa
O aumento obsen-ado nas exportações ó mero efeito de fatôres que passarei a
1938
No mercado mundial
No período 1943-48 também
rado — só onde pode existir a figura
(cito de memória).
No mercado interno
anterior.
Não temos, logo
zes para uma Política Pan-Americana"
ano, tomando impulso na ocasião dos
calculado sobre a média do qüinqüênio
reais da mercadoria sôbre o consumo. Ao
218 mil toneladas.
super-tributàção (considerada sobretu-
DrcESTO Econômico
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(Em 1.000 ton.)
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São Paulo Piio Grande do Sul ....
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Minas Gerais
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84 245
216 391
198
517 231
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Goiás
192
Mas na realidade os nossos excedentes, bem examinadas as condições do mer
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cado, SC mostram só aparentes. O mer
norte e nordeste do país a média produção-habitante é apenas de 17 kg. e 13
cado nacional de arroz — e não só de
kg., respectivamente.
arroz mas dc todos os produtos — está ainda naquc'a.fase pioneira, de procura
SC verifica, um mercado nacional satu-
potencial, a que se referiu Roberto Simonsen, salvo engano, na sua "Diretri
econômica dos excedentes — mas um mosaico de áreas saturadas ao lado de
20 outras Unidades
...
Descendo às porcentagens na compo sição das colheitas, o quadro revela que
o país.
os arrozais paulistas, gaúchos, mineiros e
nio fundiário, freqüentemente dispondo
goianos representam, na escala dos anos
ci\ás 1939-47, sempre acima de 85% da produção nacional, valendo ainda referir que Sta. Catarina, Paraná e Maranhão
igualmente oferecem safras de volumes
ponderáveis.
Nas demais regiões, so
bretudo ao Norte e Nordeste, a rizicultura se mantém em níveis atrasados,
não atendendo sequer a 1/3 dos gastos locais.
Mas o fenômeno encontrou um
obstáculo.
Onde figura o grande domí
de mão-de-obra rural abundante e ba
rata, as inversões em máquinas, adu-
bagem, instalações industriais, .são pre cárias.
Mesmo
os
capitais
ixiriãvcis
(moeda, crédito etc.) se tornam perfei tamente dispensáveis, em virtude de a
mão-de-obra servir' em regimes de par
ceria e só excepcionalmente receber salá rio em moeda.
É em certas áreas do Rio Grande do Sul que se localiza a cultura arrozeira
Os excedentes do mercado intenw
só essa lavoura, em 220 mil hectares de
Aos observadores do mercado de arroz, •somos um país detentor de sobras para
mais adiantada do país. Observa-se quê arrozais, emprega 819 tratores, repre sentando 28% do total dos tratores utili zados no país, em mais de 18 milhões de hectares cultivados. A rizicultura gaúcha aparece em maior escala nas re
giões de colonato, predominantemente dé médias e pequenas propriedades, mais
exportação.
E a mais evidente confir
mação desse fato parece existir na me
lhoria acentuada, nos últimos anos de nossa
particrpaçãò
no
abastecimento
mundial, sem que hajam sofrido desfal que as trocas internas.
acessíveis às inversões de capital e à
Até 1913, ocasionalmente ainda im portamos arroz. Mas as quantidades
técnica.
produzidas no país iam crescendo a cada
Nas épocas normais do mercado é compreensível que o arroz, não sendo
um produto fundamentalmente de ex portação, como o café ou cacau, raro encoraje os investimentos. As aplicações de capital recaem, de preferência, na
queles produtos que se podem transfor
Consumo interno (1.000 ton.) E.vccdente exportado (1.000 ton.)
1.424 1.799 1.961 2.619 2.280 2.578 152 60 82 149 218 212
áreas de mercada vazio, com subconsumo.
A circulação e o
consumo da produção encontram no mer cado enormes vazios, expressos na inca
pacidade aquisitiva de uma parte con siderável da população, sobretudo o camposinato.
A falta de estatísticas nacionais espe cíficas de consumo impede a verifica
ção dos totais de arroz excedente, em
cada região o nacionalmente. Mas se sabe que São Paulo e Minas, embora figurem liderando as colheitas de arroz, apresentam baixas cotas por habitante. Goiás e Rio Grande do Sul, respectiva
mente com 202 kg. e 151 kg. por ha bitante (arroz com casca), são de certo os únicos Estados possuidores de sobras Arroz brasileiro
sôbre o valor unitário das exportações),
ó possível perceber a razão essencial da maior presença do cereal brasileiro no suprimento dos mercados mundiais. 1948 285
334
363
445
496
dois últimos conflitos mundiais. Em 1914-19 foi de quase 300% o aumento das nossas vendas de arroz ao exterior
Essa vertiginosa corrida altista "nas compras do exterior funciona como atra ção de mercados. Incentiva a criação, dentro do país, de excedentes ocasionais
Certos problemas do aparelho regu lador da circulação favorecem a prepa
ração dêsses excedentes ocasionais. Des
Não foi à toa que
ses, os que me parecem mais decisivos, porque prejudicam, de cheio o escoa mento da produção arrozeira e a amplia
mil tone'adas aos de 1946, nem por
ção do mercado interno, são a precarie dade das instalações para armazenamen to e conservação dos.estoques, a escassez
dos transportes, a fome tarifária e a
ou só aparentes.
em 1947, embora os totais da produção arrozeira se hajam reduzido de 173
do produto, atingindo, em 1947, seu
to específico do consumo nacional, o ar
ponto mais alto — 7,2% das exportações
isso as exportações deixaram de apresen
roz é cereal fàcilmente comerciável.
mundiais, contra 0,6% em .1939.
tar um saltò ponderável, de 152 para
O fenômeno é observável no quadro
I-'. A. O. no "Rice Bulletin") e os de venda no comércio externo (calculados
1947 249
100
seguinte:
Tomando-se para confronto os
230
ção do Brasil no comércio internacional
inversões na lavoiura arrozeira, em todo
terior.
índices de preços do arroz em grosso, no mercado nacional (cálculos da
1946
diante da escassez mundial e do aumen
lógico, então, seria o crescimento das
rença na evolução dos preços obtidos
pelo arroz, nos mercados interno e ex
199
mar imediatamente em mercadoria. Ora,
O
estudar, rapidamente. O maior deles, certamente o preponderante, é a dife
1945
100
subiu extraordinàriamente a participa
O aumento obsen-ado nas exportações ó mero efeito de fatôres que passarei a
1938
No mercado mundial
No período 1943-48 também
rado — só onde pode existir a figura
(cito de memória).
No mercado interno
anterior.
Não temos, logo
zes para uma Política Pan-Americana"
ano, tomando impulso na ocasião dos
calculado sobre a média do qüinqüênio
reais da mercadoria sôbre o consumo. Ao
218 mil toneladas.
super-tributàção (considerada sobretu-
^ --
.1, 1 . 1
98
do a reincidência dos impostos locais). A rizicultura brasileira encontrou nas
duas últimas guerras condições favorá veis de mercado, que poderiam ter pro movido o seu desenvolvimento. ■ Mas a
DIGESTO ECONÓJkOCO
economia rural do país — dentro dela a do arroz — tem problemas internos fun damentais, problemas de estrutura, enor mes obstáculos à superação da crise em que nos achamos.
O tratado de Methuen 111 - Os vinhos Nelson Werneck Sodré
í\té 1680, as terras do Alto Douro estavam ainda Incultas ein sua maior
parte. As plantações para o vinho ape nas se iniciavam.
Nessa época, a In
glaterra procurava os vinhos para o seu consumo na França c na Espanha. Com o advento do estado de guerra com esses
países, privados de seus fornecimentos, os ingleses voltaram as suas atenções para Portugal. Começaram por rece
não pagava mais de 24 libras, muito menos da metade.
De 1686 a 1690,
caíram as importações de vinhos portu gueses, entretanto, aumentando a dos franceses, na Inglatena. Mas veio o conflito 6 Portugal passou a dominar o mercado.
Com o advento da paz de Riswick, em 1697, parecia ameaçada essa prima
zia. Fizeram pressão os negociantes do
ber os vinhos da Madeira. Parece que
Douro, no sentido de ser mantida a pauta
a intervenção dos negociantes britânicos da feitoria do Porto se manifestou não
preferencial britânica. Conduziu as ne gociações, em Londres, D. Luís da Cunha e, segundo seu depoimento no Testamento Político, estava certo de con
só no desenvolvimento da cultura como
na preparação do vinho, de forma a que ele fôsse aceito em seu país. De qual
quer modo, parece certo que os vinhos do Douro não eram agradáveis ao pala-
dar inglês, no início. A luta dos ho
seguir o seu intento. Tratava-se ^ de manter, e não de inovar, e ja o gosto -
inglês parece que se inclinava para os vinhos do Pôrto, acostumado pelo uso durante os anos em que durou o con
mens da feitoria com os fabricantes teve o seu primeiro episódio nessa interven ção e em mútuas acusações de adul
flito com a França. Os dêste país, real
teração do produto.
ferência do consumidor britânico — e o
Acusações que,
mente, jamais viriam a alcançar a pre
num mercado ascensional, devem- ter
vinho do Pôrto passou a constituir uim
ingleses e a situação dos produtores não foi jamais favorável ante esse mo
lavradores do Douro, sem dúvida apreen
sido fundadas, de parte a parte. O que parte insubstituível do hábito inglês, c certo é que o comércio de vinhos do' uma peça da sua rotina de vida. Em que alterou o Tratado de Me Douro estava quase todo nas mãos dos thuen esse quadro? Deu segurança aos
nopólio. Em 1697, os interesses envol
sivos ante a ameaça de retomada da
Segundo o relatáio anual da Associação Australiana de Metais e Minas n produção das mmas de ouro na Austrália está em declínio. Enquanto o preço'do metal permanece constante, o custo da produção aumenta e a situação não pode ser melhorada, senão através de subvenções, que o govêrno recusa fornecer, coin
vidos no negócio dos vinhos já eram avultados. No decênio de 1678 a 1687, 3 exportação de vinlios do Pôrto orça
concorrência francesa no mercado bri
va numa média de 7.700 pipas, e ja
cessou o seu desenvolvimento e, mesmo
receio de cometer infrações aos acordos de Bretton Woods.
vigorava, na alfândega inglesa, pauta de favor, em relação ao produto francês. Em 1688, este pagava 53 libras por tonei, enquanto o de procedência lusa
muitos decênios depois, quando crises esporádicas a assaltaram, soube atraves sá-las porque havia constituído uma or ganização capaz de suportar os seus aba-
O total da produção de 1948 foi apenas de 888.429 onças, contra 937.Q5Q do ano precedente.
.íu" J-K
tânico* Daí por diante, efetivamente, a atividade vinhateira, em Portugal, não
^ --
.1, 1 . 1
98
do a reincidência dos impostos locais). A rizicultura brasileira encontrou nas
duas últimas guerras condições favorá veis de mercado, que poderiam ter pro movido o seu desenvolvimento. ■ Mas a
DIGESTO ECONÓJkOCO
economia rural do país — dentro dela a do arroz — tem problemas internos fun damentais, problemas de estrutura, enor mes obstáculos à superação da crise em que nos achamos.
O tratado de Methuen 111 - Os vinhos Nelson Werneck Sodré
í\té 1680, as terras do Alto Douro estavam ainda Incultas ein sua maior
parte. As plantações para o vinho ape nas se iniciavam.
Nessa época, a In
glaterra procurava os vinhos para o seu consumo na França c na Espanha. Com o advento do estado de guerra com esses
países, privados de seus fornecimentos, os ingleses voltaram as suas atenções para Portugal. Começaram por rece
não pagava mais de 24 libras, muito menos da metade.
De 1686 a 1690,
caíram as importações de vinhos portu gueses, entretanto, aumentando a dos franceses, na Inglatena. Mas veio o conflito 6 Portugal passou a dominar o mercado.
Com o advento da paz de Riswick, em 1697, parecia ameaçada essa prima
zia. Fizeram pressão os negociantes do
ber os vinhos da Madeira. Parece que
Douro, no sentido de ser mantida a pauta
a intervenção dos negociantes britânicos da feitoria do Porto se manifestou não
preferencial britânica. Conduziu as ne gociações, em Londres, D. Luís da Cunha e, segundo seu depoimento no Testamento Político, estava certo de con
só no desenvolvimento da cultura como
na preparação do vinho, de forma a que ele fôsse aceito em seu país. De qual
quer modo, parece certo que os vinhos do Douro não eram agradáveis ao pala-
dar inglês, no início. A luta dos ho
seguir o seu intento. Tratava-se ^ de manter, e não de inovar, e ja o gosto -
inglês parece que se inclinava para os vinhos do Pôrto, acostumado pelo uso durante os anos em que durou o con
mens da feitoria com os fabricantes teve o seu primeiro episódio nessa interven ção e em mútuas acusações de adul
flito com a França. Os dêste país, real
teração do produto.
ferência do consumidor britânico — e o
Acusações que,
mente, jamais viriam a alcançar a pre
num mercado ascensional, devem- ter
vinho do Pôrto passou a constituir uim
ingleses e a situação dos produtores não foi jamais favorável ante esse mo
lavradores do Douro, sem dúvida apreen
sido fundadas, de parte a parte. O que parte insubstituível do hábito inglês, c certo é que o comércio de vinhos do' uma peça da sua rotina de vida. Em que alterou o Tratado de Me Douro estava quase todo nas mãos dos thuen esse quadro? Deu segurança aos
nopólio. Em 1697, os interesses envol
sivos ante a ameaça de retomada da
Segundo o relatáio anual da Associação Australiana de Metais e Minas n produção das mmas de ouro na Austrália está em declínio. Enquanto o preço'do metal permanece constante, o custo da produção aumenta e a situação não pode ser melhorada, senão através de subvenções, que o govêrno recusa fornecer, coin
vidos no negócio dos vinhos já eram avultados. No decênio de 1678 a 1687, 3 exportação de vinlios do Pôrto orça
concorrência francesa no mercado bri
va numa média de 7.700 pipas, e ja
cessou o seu desenvolvimento e, mesmo
receio de cometer infrações aos acordos de Bretton Woods.
vigorava, na alfândega inglesa, pauta de favor, em relação ao produto francês. Em 1688, este pagava 53 libras por tonei, enquanto o de procedência lusa
muitos decênios depois, quando crises esporádicas a assaltaram, soube atraves sá-las porque havia constituído uma or ganização capaz de suportar os seus aba-
O total da produção de 1948 foi apenas de 888.429 onças, contra 937.Q5Q do ano precedente.
.íu" J-K
tânico* Daí por diante, efetivamente, a atividade vinhateira, em Portugal, não
•?WÇ
Digesto Econômico •ÓMICO
los. Muito terreno de pão se abando nou, em proveito da cultura que tinha mercado assegurado, pela concessão de
rencial.
pauta preferencial, sem dúvida. Foi um
ficavam ao arbítrio de decisão de parti culares ingleses, e negociantes, portan to interessados, residentes no país? (19)
dos males do Tratado de Methuen — e
Pombal procurou contorná-lo, na segun da metade do século, limitando as terras
em que a atividade agrícola ligada à produção de vinhos pudesse desenvol^'er-se.
É inequívoco, porém, que os intcrêsses britânicos não se restringiam ao gôsto do produto, ao desejo de preju dicar o rival francês, à necessidade dctrocar essa concessão pela que lhe per mitisse colocação dos panos no mercado
■S!°' vinho até do Porto, foi demoradagôsto a suapelo imposição, certo ponto, e de tôda maneira deriva
da da impossibilidade do uso do vinho francês, em períodos
Não se reportava ela, pelo tra
o
pro
se que como um dever. (18). O desejo de prejudicar o desenvol vimento comercial da França teve seus adversários na própria Inglaterra, inclu sive os livre-cambistas. O próprio Adam Smith escreveria não compreender como
se pudesse trocar o produto próximo e melhor pelo produto mais distante. No que diz respeito à colocação dos panos, cuja entrada em Portugal vinha sendo prejudicada, embora não houvesse, em realidade, uma proibição absoluta — possivelmente os arranjos diplomáticos conseguissem a taxa alfandegária prefe
o problema da transferência do ouro foi
um detalhe, quando muito um aspecto
alimentícios e a pesca, para se dedica rem à vinicultura, pelo que necessitava o Reino importar crescente tonelagem
parcial, ainda que importante. Mas era
de produtos alimentícios, que não pro
tes, absor\'eram as atenções.
Não se tratava de inovar — mais uma
duzia em quantidadc.s suficientes para o
o mais claro, o mais evidente, e os seus tons sensacionais, as suas côres alarman
Ficaram
esquecidos
outros
efeitos,
vez — mas de restabelecer uma conquis
consumo de sua população. Tinha razão
ta antiga. Havia outros interesses em jogo, no caso dos vinhos. Favorecendo
menos notórios, para análise dos quais
D. Luís da Cunha, quando achava pre judicial o abandono do pão pelo vinho, do produto indispensável e de consumo interno, pelo produto supérfluo e desti
ra econômica luso-brasileira.
a entrada dos produtos portugueses na
Inglaterra, os compatriotas de Methuen,
era indispensável um estudo da estrutu Essa aná
lise é que faltou. Ela situaria o Trata do de Methuen no conjunto do desenvol
só no que diz respeito estritamente à produção vinícola lusa, favoreciam tam
nado ao mercado externo.
bém:
Mas o fato é que pesou fortemente na balança comercial lusa, desde a Restau ração, agravando-se bastante com o de
mente ajustada àquele conjunto. (22) É evidente que o Tratado de Methuen
senvolvimento da vinicultura, a impor
timentos britânicos em Portugal. Os ca
de navegação de 1654 e pelo Ato de Navegação de 1651, o transporte da produção do centro produtor ao centro
tação de bacalhau e trigo. Bacalhau é trigo fornecidos pelos inglêses, em na vios ingleses, a importadores inglêses
consumidor;
estabelecidos em Portugal - em grande
- os capitais bri
parte — e que os distribuíam, fixando os
tânicos investidos na produção vinícoli portuguêsa, capitais
preços.
guma, mas que q
existência; (20)
— os fometíimentos britânicos de gê neros alimentícios, particularmente o ba-
Se desenvolveram e, com isso, extrema-
ram-se as relações entre os comissários
inglêses do Porto e os lavnrdores lusos. A forma mais comum de contrôle do
mercado interno, que exerciam aquêles,
"Com as nossas
bacalhau da Terra Nova, em grande-
grande arma capitalista que, manejada por quem dela dispunha, face aos que
centando, ainda: "E a troco disso desa
não entravam senão com a terra ou o
Methuen simplesmente pelo confronta da balança do comércio externo portu
guês. na qual quase sempre havia saldo para os britânicos — verifica-se apenas
■f
pitais aplicados no comércio de vinhos
lãs vestimos os portuguêses, e com o
fogamos a terra de seu vinho". (21) Quando se analisa o Tratado de
preços. A prolongada luta entre comer ciantes e lavradores do Douro, êstes naturais da terra, aqueles ingleses, sd
estimulou extraordinàriamente os inves
fLxando os preços, eslava no sistema de
proporção, lhes damos de comer". Acres
dominavam, qug ^ dessoravam, na con quista dos lucros, e que faziam superiormente o jogo dos
ciantes ingleses o motim de 1757, niul completara a Companhia seis meses de
A tal ponto que um compa
vimento mercantil da época, de que foi imia simples peça. Mas peça perfeita
triota dôsses negociantes, não sem zom
baria, poderia dizer:
que a impulsiona vam, sem dúvida ai-
encontrou solução, e assim mesmo par cial e temporária, quando Pombal or ganizou a Companhia Geral da Acri~ cultura das Vinhas do Alto Douro, coo tra a qual, aliás, fomentaram os nego
É evidente
que esta é apenas uma face da questão.
— a navegação britânica, a que cou be, quase privativamente, pela cláusula
cartada comercial, de tão largo alcance e de tão agitada re usavam
calhau e o trigo, \'isto como abandona
pelo de 1654, quando os direitos de 23S
thuen lançou a sua
ses
99
vam os lavradores lusos as culturas de
mo depois que Me
duto português qua
Digesto Econômico
tado de 1703, ao costume estabelecido
intervalados e de certa duração. Mes
percussão, os inglê-
T
urna párte dos seus efeitos, a parte evi dente, imediata. Sua repercussão na transferência do ouro brasileiro para o erário inglês obscureceu o senso dos eco nomistas. Era tão alarmante o quadro, o tão claro, que tudo parecia — e ainda
parece hoje a muitos — cingir-se a um problema de evasão de riqueza. O qua dro era mais complexo, entretanto. Nêle,
financiamento, no crédito em suma, a
trabalho, seu e de outrem, produzia excelentes resultados eni moeda, mas também uma surda irritação, uma re
volta que se manifestou em muitos epi sódios.
Contra esse estado de coisas
é que Pombal levantou a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro. O quadro era bem singular: "A criação da Companhia das Vinhas do Alto Douro foi uhi golpe direto e
profundo aos interesses e à preponde rância da colônia na região duriense.
Os lavradores, até aí sujeitos à feitoria do Pôrto, que impunha os preços, umas
vezes porque, tendo adiantado as somas
•?WÇ
Digesto Econômico •ÓMICO
los. Muito terreno de pão se abando nou, em proveito da cultura que tinha mercado assegurado, pela concessão de
rencial.
pauta preferencial, sem dúvida. Foi um
ficavam ao arbítrio de decisão de parti culares ingleses, e negociantes, portan to interessados, residentes no país? (19)
dos males do Tratado de Methuen — e
Pombal procurou contorná-lo, na segun da metade do século, limitando as terras
em que a atividade agrícola ligada à produção de vinhos pudesse desenvol^'er-se.
É inequívoco, porém, que os intcrêsses britânicos não se restringiam ao gôsto do produto, ao desejo de preju dicar o rival francês, à necessidade dctrocar essa concessão pela que lhe per mitisse colocação dos panos no mercado
■S!°' vinho até do Porto, foi demoradagôsto a suapelo imposição, certo ponto, e de tôda maneira deriva
da da impossibilidade do uso do vinho francês, em períodos
Não se reportava ela, pelo tra
o
pro
se que como um dever. (18). O desejo de prejudicar o desenvol vimento comercial da França teve seus adversários na própria Inglaterra, inclu sive os livre-cambistas. O próprio Adam Smith escreveria não compreender como
se pudesse trocar o produto próximo e melhor pelo produto mais distante. No que diz respeito à colocação dos panos, cuja entrada em Portugal vinha sendo prejudicada, embora não houvesse, em realidade, uma proibição absoluta — possivelmente os arranjos diplomáticos conseguissem a taxa alfandegária prefe
o problema da transferência do ouro foi
um detalhe, quando muito um aspecto
alimentícios e a pesca, para se dedica rem à vinicultura, pelo que necessitava o Reino importar crescente tonelagem
parcial, ainda que importante. Mas era
de produtos alimentícios, que não pro
tes, absor\'eram as atenções.
Não se tratava de inovar — mais uma
duzia em quantidadc.s suficientes para o
o mais claro, o mais evidente, e os seus tons sensacionais, as suas côres alarman
Ficaram
esquecidos
outros
efeitos,
vez — mas de restabelecer uma conquis
consumo de sua população. Tinha razão
ta antiga. Havia outros interesses em jogo, no caso dos vinhos. Favorecendo
menos notórios, para análise dos quais
D. Luís da Cunha, quando achava pre judicial o abandono do pão pelo vinho, do produto indispensável e de consumo interno, pelo produto supérfluo e desti
ra econômica luso-brasileira.
a entrada dos produtos portugueses na
Inglaterra, os compatriotas de Methuen,
era indispensável um estudo da estrutu Essa aná
lise é que faltou. Ela situaria o Trata do de Methuen no conjunto do desenvol
só no que diz respeito estritamente à produção vinícola lusa, favoreciam tam
nado ao mercado externo.
bém:
Mas o fato é que pesou fortemente na balança comercial lusa, desde a Restau ração, agravando-se bastante com o de
mente ajustada àquele conjunto. (22) É evidente que o Tratado de Methuen
senvolvimento da vinicultura, a impor
timentos britânicos em Portugal. Os ca
de navegação de 1654 e pelo Ato de Navegação de 1651, o transporte da produção do centro produtor ao centro
tação de bacalhau e trigo. Bacalhau é trigo fornecidos pelos inglêses, em na vios ingleses, a importadores inglêses
consumidor;
estabelecidos em Portugal - em grande
- os capitais bri
parte — e que os distribuíam, fixando os
tânicos investidos na produção vinícoli portuguêsa, capitais
preços.
guma, mas que q
existência; (20)
— os fometíimentos britânicos de gê neros alimentícios, particularmente o ba-
Se desenvolveram e, com isso, extrema-
ram-se as relações entre os comissários
inglêses do Porto e os lavnrdores lusos. A forma mais comum de contrôle do
mercado interno, que exerciam aquêles,
"Com as nossas
bacalhau da Terra Nova, em grande-
grande arma capitalista que, manejada por quem dela dispunha, face aos que
centando, ainda: "E a troco disso desa
não entravam senão com a terra ou o
Methuen simplesmente pelo confronta da balança do comércio externo portu
guês. na qual quase sempre havia saldo para os britânicos — verifica-se apenas
■f
pitais aplicados no comércio de vinhos
lãs vestimos os portuguêses, e com o
fogamos a terra de seu vinho". (21) Quando se analisa o Tratado de
preços. A prolongada luta entre comer ciantes e lavradores do Douro, êstes naturais da terra, aqueles ingleses, sd
estimulou extraordinàriamente os inves
fLxando os preços, eslava no sistema de
proporção, lhes damos de comer". Acres
dominavam, qug ^ dessoravam, na con quista dos lucros, e que faziam superiormente o jogo dos
ciantes ingleses o motim de 1757, niul completara a Companhia seis meses de
A tal ponto que um compa
vimento mercantil da época, de que foi imia simples peça. Mas peça perfeita
triota dôsses negociantes, não sem zom
baria, poderia dizer:
que a impulsiona vam, sem dúvida ai-
encontrou solução, e assim mesmo par cial e temporária, quando Pombal or ganizou a Companhia Geral da Acri~ cultura das Vinhas do Alto Douro, coo tra a qual, aliás, fomentaram os nego
É evidente
que esta é apenas uma face da questão.
— a navegação britânica, a que cou be, quase privativamente, pela cláusula
cartada comercial, de tão largo alcance e de tão agitada re usavam
calhau e o trigo, \'isto como abandona
pelo de 1654, quando os direitos de 23S
thuen lançou a sua
ses
99
vam os lavradores lusos as culturas de
mo depois que Me
duto português qua
Digesto Econômico
tado de 1703, ao costume estabelecido
intervalados e de certa duração. Mes
percussão, os inglê-
T
urna párte dos seus efeitos, a parte evi dente, imediata. Sua repercussão na transferência do ouro brasileiro para o erário inglês obscureceu o senso dos eco nomistas. Era tão alarmante o quadro, o tão claro, que tudo parecia — e ainda
parece hoje a muitos — cingir-se a um problema de evasão de riqueza. O qua dro era mais complexo, entretanto. Nêle,
financiamento, no crédito em suma, a
trabalho, seu e de outrem, produzia excelentes resultados eni moeda, mas também uma surda irritação, uma re
volta que se manifestou em muitos epi sódios.
Contra esse estado de coisas
é que Pombal levantou a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro. O quadro era bem singular: "A criação da Companhia das Vinhas do Alto Douro foi uhi golpe direto e
profundo aos interesses e à preponde rância da colônia na região duriense.
Os lavradores, até aí sujeitos à feitoria do Pôrto, que impunha os preços, umas
vezes porque, tendo adiantado as somas
101
Dicesto Econômico 100
Dicesto Econóxdco
(20^
para os gastos agrícolas, exigia lhe fosse entregue a colheita sem condições; ou tras porque, constituindo-se por seu tur no impecune, só a prazos longos, que chegavam a dois anos, oferecia realizar
as compras., Em um e outro caso pro
vocando a baixa. Os vinhos que, em 1731, se tinham pago a 48 mil réis a pipa, e que depois, pelo alargamento da cultura, valiam, segundo a qualidade, 20 e 14 mil réis, tinham declinado para 7$200 e 6$400 réis e ainda assim a
prazo. O requerimento em que frei João de Mansilha, certamente de acordo com
Pombal, apresentava o plano da Compa nhia, descreve o estado de ruína da
agricul^a, a miséria geral, o abandono glebas, tudo obra das usuras e opres
são dos ingleses. Acontecia até verem-
se os lavradores coagidos a sacrificar-
lhes a honestidade das filhas para po derem vender o vinho. Só compravam aos lavradores que lhes facilitavam as filhas para bailar com êlesi Ê evidente que o termo bailar tem aqui significado lato". (23) u fe . Favorecendo a entrada de vinhos portuguêses, em detrimento, é bem verda
de, do concorrente francês, com o qual o país consumidor se viu, aliás, envolvi
do era conflitos freqüentes, militares e comerciais, o que, por si só, lhes proi bia o uso de seus produtos — firmavam os britânicos a posição dos capitais que haviam investido na produção vinícola
reram para a tarifa preferencial especi ficada no Tratado de Mcthuen para os vinhos lusos, é difícil esclarecer. (24)
Demais, não havia a Inglaterra feito
concessão especial, porque os vinhos por tugueses já gozavam o favor da tarifa
decênio depois, "The British Merchant",
gazeta londrina, exaltando a obra de
dores. A multidão que veio para a rua,
aos gritos do: "Viva a liberdade! Morra rios e gente miserável, mas nos processos
que alguns clérigos, por meio de conse
lhos e pródicas, haviam incitado a popu lação à revolta, envolvendo-se mesmo no
Lúcio de Azevedo, esclarecia que o tra
Estranhos ã preparação do motim que
tado não dera a Portugal nada do que êste já não tivesse, mas conseguira, para
longe de coiTesponder a uma manifesta ção espontânea de ódio à Companhia, foi muito premeditado." Em Francisco An tônio Corrêa: História Econômica de Por
se averiguou que os inglêses não foram
tugal;
um viajante britânico.
João Lúcio de
Azevedo acrescenta, ao citar as palavras
nação, amiga: dava-nos o preciso e de
sembaraçava-nos do supérfluo.
(22)
Mesmo os modernos estudiosos
brasileiros da história econômica ficaram
presos ao problema da evasao_ do ouro. quase que exclusivamente. Nao & regra Roberto Simonsen, na sua Historia Econômica do Brasil.
(23) — João Lúcio de Azevedo: Épocas de Portugal Econômico.
(24)
O desenvolvimento da atividade
vinícola no Alto Douro pode ser aprecia
do nos trabalhos "Oa Vinhos do 1^"°' de Júlio Eduardo dos Santos e O Douro
Ilustrado", do Visconde de Vila Maior.
uma elevação de tarifas.
Êsso produtor não via, na verdade que os próprios investimentos britânicos na produção vinícola do Alto Douro constituíam uma sorte de amparo contra essa possibilidade, tanto mais que o con
corrente francês oferecia outros aspectos
1 1
desfavoráveis que tomariam, para os in
gleses, difícil a hipótese de uma prefe rência no seu sentido. Não seria sinto mática a circunstância de — facultando
o Tratado de Methuen uma tarifa espe cial para os vinhos portuguêses, sempre inferior de um terço àquela que inci disse sôbre o produto francês — não se de 1786. sempre se conservou abaixo da
sua marinha mercante; faziam-se forne
quele têrço?
cedores de produtos alimentícios a uma
no alvorecer do século XVIII, concor
que transcrevemos, não sem algum ^edume: "Assim, duplo serviço da parte da
levantamento os mais ousados. Também
cilidade para a entrada de seus tecidos no país luso. O que é indispensÚNT?] esclarecer, entretanto, é que o acôrdo de 1703 tranqüilizava o produtor portu guês quanto à possibilidade futura de
tor da mencionada relaçao anônima, indi
glêses foram, cm grande parte, os instiga
Companhia, parece averiguado que os in
Methuen, conforme bem observou João
a Inglaterra, o que esta não linha, a fa
Épocas de Portugal Econômico. Não nos foi possível compulsar o_ trabalho do ^ciado pelo historiógrafo português como
aue então foram instaurados, vcrificou-se
A tal ponto que, um'
(21) — An accounl o£ the court of Por tugal. Citado de João Lúcio de Azevedo:
ear no Porto, em 23 de fevereiro de_1757. isto é. seis meses depois da fundação da
antes de 1703.
fretes e firmando o desenvolvimento de
pitais ingleses sediados no Alto Douro,
Nos tumultos que
preferencial nas alfândegas britânicas,
terem valido disso os britânicos para elevar aquela tarifa que, salvo a partir
população de que parte considerável abandonara o seu cultivo para dedicarse ao da vinha. Até que ponto os ca
nem por isso deixava de ser pertmaz e violenta.
a Companhia!" era constituída poi; operá
o seu país, em seus navios, lucrando os
lusa; transportavam essa produção para
"A guerra que os inglêses mo
viam à Companhia era cautelosa, mas
(18) — "From this time tho drinking of Port was regarded as a patriotic duly by the english squire."
Em Charlotte M
Waters: As economie hislory of England (19) — Os direitos de 23% correspon diam aos 10% de dízima, aos 10% de siza e aos 3% de consulado.
Durante a conferê,xcia semestral da Federação dos
®
^
"llTmrpela qLlidade da carne de carneiro da Argentina que
nt ouZdo é certo que seria preferível enviar per,tos para prestdtr a comp,a de nZsas "ames no estrmgeiro. Os 2 funcionários que foram designados para proceàe,
a tat eómpras por coíta da Inglaterra não sairam a,nda de nosso paut. embora continuemos a comprar da Argentina e outros patses .
■
101
Dicesto Econômico 100
Dicesto Econóxdco
(20^
para os gastos agrícolas, exigia lhe fosse entregue a colheita sem condições; ou tras porque, constituindo-se por seu tur no impecune, só a prazos longos, que chegavam a dois anos, oferecia realizar
as compras., Em um e outro caso pro
vocando a baixa. Os vinhos que, em 1731, se tinham pago a 48 mil réis a pipa, e que depois, pelo alargamento da cultura, valiam, segundo a qualidade, 20 e 14 mil réis, tinham declinado para 7$200 e 6$400 réis e ainda assim a
prazo. O requerimento em que frei João de Mansilha, certamente de acordo com
Pombal, apresentava o plano da Compa nhia, descreve o estado de ruína da
agricul^a, a miséria geral, o abandono glebas, tudo obra das usuras e opres
são dos ingleses. Acontecia até verem-
se os lavradores coagidos a sacrificar-
lhes a honestidade das filhas para po derem vender o vinho. Só compravam aos lavradores que lhes facilitavam as filhas para bailar com êlesi Ê evidente que o termo bailar tem aqui significado lato". (23) u fe . Favorecendo a entrada de vinhos portuguêses, em detrimento, é bem verda
de, do concorrente francês, com o qual o país consumidor se viu, aliás, envolvi
do era conflitos freqüentes, militares e comerciais, o que, por si só, lhes proi bia o uso de seus produtos — firmavam os britânicos a posição dos capitais que haviam investido na produção vinícola
reram para a tarifa preferencial especi ficada no Tratado de Mcthuen para os vinhos lusos, é difícil esclarecer. (24)
Demais, não havia a Inglaterra feito
concessão especial, porque os vinhos por tugueses já gozavam o favor da tarifa
decênio depois, "The British Merchant",
gazeta londrina, exaltando a obra de
dores. A multidão que veio para a rua,
aos gritos do: "Viva a liberdade! Morra rios e gente miserável, mas nos processos
que alguns clérigos, por meio de conse
lhos e pródicas, haviam incitado a popu lação à revolta, envolvendo-se mesmo no
Lúcio de Azevedo, esclarecia que o tra
Estranhos ã preparação do motim que
tado não dera a Portugal nada do que êste já não tivesse, mas conseguira, para
longe de coiTesponder a uma manifesta ção espontânea de ódio à Companhia, foi muito premeditado." Em Francisco An tônio Corrêa: História Econômica de Por
se averiguou que os inglêses não foram
tugal;
um viajante britânico.
João Lúcio de
Azevedo acrescenta, ao citar as palavras
nação, amiga: dava-nos o preciso e de
sembaraçava-nos do supérfluo.
(22)
Mesmo os modernos estudiosos
brasileiros da história econômica ficaram
presos ao problema da evasao_ do ouro. quase que exclusivamente. Nao & regra Roberto Simonsen, na sua Historia Econômica do Brasil.
(23) — João Lúcio de Azevedo: Épocas de Portugal Econômico.
(24)
O desenvolvimento da atividade
vinícola no Alto Douro pode ser aprecia
do nos trabalhos "Oa Vinhos do 1^"°' de Júlio Eduardo dos Santos e O Douro
Ilustrado", do Visconde de Vila Maior.
uma elevação de tarifas.
Êsso produtor não via, na verdade que os próprios investimentos britânicos na produção vinícola do Alto Douro constituíam uma sorte de amparo contra essa possibilidade, tanto mais que o con
corrente francês oferecia outros aspectos
1 1
desfavoráveis que tomariam, para os in
gleses, difícil a hipótese de uma prefe rência no seu sentido. Não seria sinto mática a circunstância de — facultando
o Tratado de Methuen uma tarifa espe cial para os vinhos portuguêses, sempre inferior de um terço àquela que inci disse sôbre o produto francês — não se de 1786. sempre se conservou abaixo da
sua marinha mercante; faziam-se forne
quele têrço?
cedores de produtos alimentícios a uma
no alvorecer do século XVIII, concor
que transcrevemos, não sem algum ^edume: "Assim, duplo serviço da parte da
levantamento os mais ousados. Também
cilidade para a entrada de seus tecidos no país luso. O que é indispensÚNT?] esclarecer, entretanto, é que o acôrdo de 1703 tranqüilizava o produtor portu guês quanto à possibilidade futura de
tor da mencionada relaçao anônima, indi
glêses foram, cm grande parte, os instiga
Companhia, parece averiguado que os in
Methuen, conforme bem observou João
a Inglaterra, o que esta não linha, a fa
Épocas de Portugal Econômico. Não nos foi possível compulsar o_ trabalho do ^ciado pelo historiógrafo português como
aue então foram instaurados, vcrificou-se
A tal ponto que, um'
(21) — An accounl o£ the court of Por tugal. Citado de João Lúcio de Azevedo:
ear no Porto, em 23 de fevereiro de_1757. isto é. seis meses depois da fundação da
antes de 1703.
fretes e firmando o desenvolvimento de
pitais ingleses sediados no Alto Douro,
Nos tumultos que
preferencial nas alfândegas britânicas,
terem valido disso os britânicos para elevar aquela tarifa que, salvo a partir
população de que parte considerável abandonara o seu cultivo para dedicarse ao da vinha. Até que ponto os ca
nem por isso deixava de ser pertmaz e violenta.
a Companhia!" era constituída poi; operá
o seu país, em seus navios, lucrando os
lusa; transportavam essa produção para
"A guerra que os inglêses mo
viam à Companhia era cautelosa, mas
(18) — "From this time tho drinking of Port was regarded as a patriotic duly by the english squire."
Em Charlotte M
Waters: As economie hislory of England (19) — Os direitos de 23% correspon diam aos 10% de dízima, aos 10% de siza e aos 3% de consulado.
Durante a conferê,xcia semestral da Federação dos
®
^
"llTmrpela qLlidade da carne de carneiro da Argentina que
nt ouZdo é certo que seria preferível enviar per,tos para prestdtr a comp,a de nZsas "ames no estrmgeiro. Os 2 funcionários que foram designados para proceàe,
a tat eómpras por coíta da Inglaterra não sairam a,nda de nosso paut. embora continuemos a comprar da Argentina e outros patses .
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103
Dicesto Econômico
A diplomacia inglesa e a Independência Otávio Tarquínio de Sousa
poucos livros serão mais atraentes do que os que recolhem cartas, sobre
tudo se escritas no abandono da intimi
dade. Embora ainda diante de amigos
o pudor ou a vaidade componham mui tas vêzes atitudes e dissimulem o fundo secreto do coração, é na correspondência
tra que a Grã-Bretanha não tinha dúvi xam transparecer o seu pensamento, dão opiniões e sustentam pontos de vista.
das a respeito da ínevátabilidade da in dependência dos povos da América La
Quem quiser fixar as diretrizes da polí
tina.
tica britânica em relação à América La tina, nas primeiras décadas do século
XIX, encontrará nessa correspondência elementos de grande significação. Uma primeira observação será a sim patia com que os ingleses acompanha
particular que as naturezas podem ser surpreendidas, muito mais do que nos livros de memórias e confidências, feitos ram a emancipação dos povos latinopode-se dizer sob a presença antecipada e inibitória dos leitores, com as precau americanos. Certo, essa simpatia não foi ções que visam à sua censura. Ler velhas desinteressada, já que à Grã-Bretanha cartas intimas, por triviais que sejam, é em pleno desenvolvimento de sua' revo entr^ em contacto com criaturas falíveis lução industrial, não animava um espí rito parecido com o do "Exército de ^sofredoras, senti-las nos transes de sua Salvação". Os inglêses queriam merca dos, queriam facilidades para o seu co A correspondência que estive a ler ul mércio e até mais um pouco do que fa timamente não era de amigos para ami — queriam privilégios. Porque gos, nem se constituiu pròpriamente do cilidades ao impulso dos interesses dos indus que se chama cartas; tratava-se de epis agia triais e mercadores da Ilha, o govêrno tolárío diplomático, em que de ordhiá- britânico se colocou a serviço das rio se busca o mínimo de compromisso e metrópolesnão espanhola e portuguêsa e as
o máximo de vago e impreciso, na arte de sugerir mais do que afirmar, de mor der e soprar, de deixar sempre abertos os caminhos de volta. Eram os ofícios e as notas, de caráter reservado, do Fo-
reign Office aos agentes britânicos na
América e na Europa, e as respostas destes, tudo acerca de um único assunto ~ a independência do Brasil e das colô
sumiu o papel de mediador, senão de
árbitro nos conflitos entre aquelas e as jovens nações americanas.
A despeito de sua imensa superiorida
de marítima, os inglêses não estavam sós em campo. Sem falar do que a Espanha
e Portugal ainda pudessem tentar, havia
Em tais papéis não
a Áustria de Metternich, as ambições da França, os arreganhos da Rússia, o pQ_ derio nascente dos Estados Unidos, na
prevalece o tom burocrático e evasivo de
tomada de consciência de sua política
nias espanholas.
diplomatas mais ou menos sutis, mais ou
menos simplórios. Castlereagh e Strangford, Canning e Chamberlain, Thornton e Stuart, Ponsonby e Gordoii, cautelosos ainda quando escrevem com a ressalva
de "muito secreto e confidencial", dei
do monopólio das metrópoles ibéricas lhes propiciara. A correspondência ati va e passiva do Foreígn Office demons
continental. Imbuídos do uma mentali
dade de bons comerciantes, que se jul-
gavam do mesmo passo bons cristãos, os inglêses adotaram uma política pruden te e firme, buscando consolidar os mer cados da América do Sul que a e.xtinção
Mas, conciliatória na forma, esti
mulava uma solução que lhe parecia
mais simpática e mais do agrado da Europa da Santa Aliança: independência
tempo necessário para produzir os seus efeitos ortopédicos de mero agente consolidador da unidade nacional.
Com monarquias constitucionais prefe riam comerciar os inglêses, embora não
sentissem escrúpulos excessivos em fazêlo com repúblicas de laivos jacobinos. Em última análise, uma única condição
impunham para o estabelecimento de boas relações e o reconhecimento da in
à sombra de instituições monárquicas.
dependência: a abolição do tráfico e da
Convém salientar que, se no Brasil as circunstâncias favoreceram essa fórmula,
escravidão. Não tem faltado quem ne
não a desejaram menos em outros países latino-americanos algumas de suas mais
ilustres figuras. Vários foram os planos e as tentativas, cogitando-se ora de es
gue qualquer fundo generoso a essa exi gência da Grã-Bretanha, empenhada era que as suas colônias não ficassem em situação de inferioridade no tocante ao custo da mão-de-obr.a. Por puro inte
colher os imperantes entre os membros resse ou por interesse e espuito liberal da família real espanhola, ora entre prín-' misturados, o certo é que a Inglaterra ,. cipes de sangue de outras casas da Eu não transigiu. O problema da escravidão toi ropa, ora de elevar a realeza resolvido facilmente na Améri personagens nascidas nas pró ca espanhola, tomando-se, en prias colônias. Da ultima espé tretanto, para o Brasil, um dos cie foi Agustin de Itúrbide, no casos mais tristes e difíceis de
México, e seria Bolívar, se tives
se levado adiante projetos de fendidos por alguns dos seus
adeptos. San Martin quis ardentemente a monarquia com um rei vindo da Eu ropa, e 0'Higgins não estêve longe, em certo momento, de igual solução. Sem falar nos príncipes da casa reinante na
Espanha, foram lembrados o Duque de Orleans, o Príncipe de Luca, os prín
cipes da casa de Bourbon depois da res
,sua política interna e externa.
E o Brasil preocupava sobremo do os inglêses, uma vez que o wu co mércio conosco excedeu a princípio o mantido com todo o resto da Amenca
Latina e nunca Uie foi inferior. Entre 1808 e 1813 a Grã-Bretanha exerceu
influência decisiva e quase vexatória no
governo de D. João; Strangford meüa o bedelho em tudo com mais ou menos
do de Saxe-Coburgo. Obstáculos insu
tato, como uma espécie de lorde prote tor. Por essa época foi considerável a
no Brasil, o galho que aqui ficara pegou e floresceu em dois reinados. Mas vin
vêrno a "potestade tutelar da Sociedade
tauração em França, o Príncipe Leopol
peráveis, a despeito das predileções majs impopularidade inglesa no Brasil. Jo^ íntimas de Castlereagh e Canning, não da Silva Lisboa, futuro Visconde de permitiram que se consumasse essa pro Cairu; apologista irrestrito da^ Inglaterra, liferação de monarquia na América. Só na qual chegou a ver "adorável instru gou por excepcionais cuidados de uma política oportunista,, durando apenas o
mento da Providência", e no__seu go
coe Civilização", flpiyfl deixa fòra fòra de de dúvida dúvida co
mo, pouco depois de celebrados, ja os
103
Dicesto Econômico
A diplomacia inglesa e a Independência Otávio Tarquínio de Sousa
poucos livros serão mais atraentes do que os que recolhem cartas, sobre
tudo se escritas no abandono da intimi
dade. Embora ainda diante de amigos
o pudor ou a vaidade componham mui tas vêzes atitudes e dissimulem o fundo secreto do coração, é na correspondência
tra que a Grã-Bretanha não tinha dúvi xam transparecer o seu pensamento, dão opiniões e sustentam pontos de vista.
das a respeito da ínevátabilidade da in dependência dos povos da América La
Quem quiser fixar as diretrizes da polí
tina.
tica britânica em relação à América La tina, nas primeiras décadas do século
XIX, encontrará nessa correspondência elementos de grande significação. Uma primeira observação será a sim patia com que os ingleses acompanha
particular que as naturezas podem ser surpreendidas, muito mais do que nos livros de memórias e confidências, feitos ram a emancipação dos povos latinopode-se dizer sob a presença antecipada e inibitória dos leitores, com as precau americanos. Certo, essa simpatia não foi ções que visam à sua censura. Ler velhas desinteressada, já que à Grã-Bretanha cartas intimas, por triviais que sejam, é em pleno desenvolvimento de sua' revo entr^ em contacto com criaturas falíveis lução industrial, não animava um espí rito parecido com o do "Exército de ^sofredoras, senti-las nos transes de sua Salvação". Os inglêses queriam merca dos, queriam facilidades para o seu co A correspondência que estive a ler ul mércio e até mais um pouco do que fa timamente não era de amigos para ami — queriam privilégios. Porque gos, nem se constituiu pròpriamente do cilidades ao impulso dos interesses dos indus que se chama cartas; tratava-se de epis agia triais e mercadores da Ilha, o govêrno tolárío diplomático, em que de ordhiá- britânico se colocou a serviço das rio se busca o mínimo de compromisso e metrópolesnão espanhola e portuguêsa e as
o máximo de vago e impreciso, na arte de sugerir mais do que afirmar, de mor der e soprar, de deixar sempre abertos os caminhos de volta. Eram os ofícios e as notas, de caráter reservado, do Fo-
reign Office aos agentes britânicos na
América e na Europa, e as respostas destes, tudo acerca de um único assunto ~ a independência do Brasil e das colô
sumiu o papel de mediador, senão de
árbitro nos conflitos entre aquelas e as jovens nações americanas.
A despeito de sua imensa superiorida
de marítima, os inglêses não estavam sós em campo. Sem falar do que a Espanha
e Portugal ainda pudessem tentar, havia
Em tais papéis não
a Áustria de Metternich, as ambições da França, os arreganhos da Rússia, o pQ_ derio nascente dos Estados Unidos, na
prevalece o tom burocrático e evasivo de
tomada de consciência de sua política
nias espanholas.
diplomatas mais ou menos sutis, mais ou
menos simplórios. Castlereagh e Strangford, Canning e Chamberlain, Thornton e Stuart, Ponsonby e Gordoii, cautelosos ainda quando escrevem com a ressalva
de "muito secreto e confidencial", dei
do monopólio das metrópoles ibéricas lhes propiciara. A correspondência ati va e passiva do Foreígn Office demons
continental. Imbuídos do uma mentali
dade de bons comerciantes, que se jul-
gavam do mesmo passo bons cristãos, os inglêses adotaram uma política pruden te e firme, buscando consolidar os mer cados da América do Sul que a e.xtinção
Mas, conciliatória na forma, esti
mulava uma solução que lhe parecia
mais simpática e mais do agrado da Europa da Santa Aliança: independência
tempo necessário para produzir os seus efeitos ortopédicos de mero agente consolidador da unidade nacional.
Com monarquias constitucionais prefe riam comerciar os inglêses, embora não
sentissem escrúpulos excessivos em fazêlo com repúblicas de laivos jacobinos. Em última análise, uma única condição
impunham para o estabelecimento de boas relações e o reconhecimento da in
à sombra de instituições monárquicas.
dependência: a abolição do tráfico e da
Convém salientar que, se no Brasil as circunstâncias favoreceram essa fórmula,
escravidão. Não tem faltado quem ne
não a desejaram menos em outros países latino-americanos algumas de suas mais
ilustres figuras. Vários foram os planos e as tentativas, cogitando-se ora de es
gue qualquer fundo generoso a essa exi gência da Grã-Bretanha, empenhada era que as suas colônias não ficassem em situação de inferioridade no tocante ao custo da mão-de-obr.a. Por puro inte
colher os imperantes entre os membros resse ou por interesse e espuito liberal da família real espanhola, ora entre prín-' misturados, o certo é que a Inglaterra ,. cipes de sangue de outras casas da Eu não transigiu. O problema da escravidão toi ropa, ora de elevar a realeza resolvido facilmente na Améri personagens nascidas nas pró ca espanhola, tomando-se, en prias colônias. Da ultima espé tretanto, para o Brasil, um dos cie foi Agustin de Itúrbide, no casos mais tristes e difíceis de
México, e seria Bolívar, se tives
se levado adiante projetos de fendidos por alguns dos seus
adeptos. San Martin quis ardentemente a monarquia com um rei vindo da Eu ropa, e 0'Higgins não estêve longe, em certo momento, de igual solução. Sem falar nos príncipes da casa reinante na
Espanha, foram lembrados o Duque de Orleans, o Príncipe de Luca, os prín
cipes da casa de Bourbon depois da res
,sua política interna e externa.
E o Brasil preocupava sobremo do os inglêses, uma vez que o wu co mércio conosco excedeu a princípio o mantido com todo o resto da Amenca
Latina e nunca Uie foi inferior. Entre 1808 e 1813 a Grã-Bretanha exerceu
influência decisiva e quase vexatória no
governo de D. João; Strangford meüa o bedelho em tudo com mais ou menos
do de Saxe-Coburgo. Obstáculos insu
tato, como uma espécie de lorde prote tor. Por essa época foi considerável a
no Brasil, o galho que aqui ficara pegou e floresceu em dois reinados. Mas vin
vêrno a "potestade tutelar da Sociedade
tauração em França, o Príncipe Leopol
peráveis, a despeito das predileções majs impopularidade inglesa no Brasil. Jo^ íntimas de Castlereagh e Canning, não da Silva Lisboa, futuro Visconde de permitiram que se consumasse essa pro Cairu; apologista irrestrito da^ Inglaterra, liferação de monarquia na América. Só na qual chegou a ver "adorável instru gou por excepcionais cuidados de uma política oportunista,, durando apenas o
mento da Providência", e no__seu go
coe Civilização", flpiyfl deixa fòra fòra de de dúvida dúvida co
mo, pouco depois de celebrados, ja os
Digesto Econóa«co 104
tratados de 1810 suscitavam a maior
animosidade. Empregou-se "extraordi nária sagacidade", dizia Cairu na Me
mória dos benefícios políticos do govêrno de El-rei nosso senhor D. João VI,
Digesto Econômico
meiro plano. Nada, afinal, conseguiu de positivo na época de nossa emancipa ção nacional a diplomacia inglesa. De nada valeu que nesses dias estivesse à frente do Ministério de Estrangeiros do
escrita em 1818, "em desacreditar o
Brasil um homem como José Bonifácio,
nosso tratado, como sendo golpe de graça da indústria de Portugal, aniquí-
inimigo, desde os dias de estudante em
lação do comércio do Brasil, e odioso
economia brasileira repousava na escra vidão, vivia por assim dizer exclusiva
monopólio extorquido por um governo que sofre a ditadura do corpo mercantil do país e se prevalece de circunstâncias
favoráveis para surpreender a boa fé de cândidos negociadores". No tratado de comércio de 1810 as
mercadorias da Inglaterra obtiveram pro teção especial, e aos comerciantes in-
glêses, estabelecidos no Brasil, foram conferidos praticamente direitos extra
territoriais com a sua justiça própria. A acreditar-se num dos biógrafos de Canning, ninguém teria sido mais severo, na apreciação desse tratado, do que o gran de ministro inglês, ao qualificá-lo de "odioso e impolítíco". No tratado de aliança e amizade do mesmo ano de 1810 ficou pactuada a gradual abolição do trafico africano. Mas a resistência oposta a essa medida continuou fortís
sima e o tráfico não se interrompeu. Quando os acontecimentos culminaram nos sucessos da independência do Brasil com a ruptura de quaisquer laços com Portugal, a diplomacia inglesa redobrou esforços a fim de impor a terminação definitiva do comércio de negros e a extinção da escravidão. ~As conversas de Canning em Londres com o futuro
Marquês de Barbacena, a missão de
Coimbra, do trabalho servil.
ses dúbias para disfarçar a verdade:
animais de carga, sem os quais os bran cos não poderiam viver..." Na dureza do seu julgamento, o di
falou como um observador implacável e
plomata inglês não cuidou de tecer fra
e escravos.
frio da sociedade brasileira de senhores
Toda a
mente da escravidão. O velho Andrada
pagou com o exílio de cinco anos e a
proscrição da vida pública as suas te merárias idéias abolicionistas. O tráfico
encheu o Primeiro Reinado, avultou na Regência, mau grado o seu espírito re publicano e a lei de 7 de novembro de 1831, avançou por tôda uma década do Segundo Reinado e, para vergonha nossa só acabou depois de 1850, por fôrça de
humilhantes intervenções inglôsas na política interna do Brasil. E a escravi dão quase atingiu o século XX, na Terra
i
de Santa Cruz.
Explica-se o pessimismo do agente diplomático britânico Henry Chamberlain, tão ligado aos episódios da fase da independência brasileira, ao afirmar a Canning, numa comunicação secreta de 31 de dezembro de 1823: "Quando che gar o feliz momento da abolição, não será devido nunca à inclinação sincera
do povo ou do govêrno, a menos que venham a sofrer grande mudança. Pois quase me aventuraria a. dizer que não
há dez pessoas em todo o Império que
considerem esse comércio como um cri
me ou o encarem sob outro aspecto que
Segundo a estatística do Departamento de Con^cio, a produção
^
bens de consumo e de produção apresentou, no pnmetro trimestre de 49. o maior dj^rlínio verificado desde o término da guerra.
_
.
A referida produção caiu para uma média anual de 256 biltoes. ou sejam,
US$9 mühões menos que o primeiro trimestre de 48.
í de
Lord Amherst no Rio de Janeiro, as ins
não seja o de ganho e perda, de sim ples especulação mercantil, que deve
truções formais dadas a Henry Chamberlain, e tôdas as negociações entre os
continuar ou cessar conforme for vanta
it/iAos comwaram menos e economizaiam. mais.
joso ou não. Acostumados a não fazer
governos britânico e brasileiro sobre o
nada, a ver só os negros trabalharem, os
O maior declínio que se tinha até então verificado, de trimestre a trimestre, 4oi apenas de US$1.SOO milhões e teve lugar no primeiro tnme^re_ de 46, quando
reconhecimento da independência do
Brasil, colocaram esse assunto em prí-
brasileiros em geral estão convencidos de que os escravos são necessários como
A razão avresentada pelos esjoecxalistas como causadora dêsse declínio é de
que os preços estão mais baixos. Mesmo assim os consumidores e negociantes, pn, ..
.
,.
-. máquina econômica do pais sofreu a reconversão para a produção behca.
,_
Digesto Econóa«co 104
tratados de 1810 suscitavam a maior
animosidade. Empregou-se "extraordi nária sagacidade", dizia Cairu na Me
mória dos benefícios políticos do govêrno de El-rei nosso senhor D. João VI,
Digesto Econômico
meiro plano. Nada, afinal, conseguiu de positivo na época de nossa emancipa ção nacional a diplomacia inglesa. De nada valeu que nesses dias estivesse à frente do Ministério de Estrangeiros do
escrita em 1818, "em desacreditar o
Brasil um homem como José Bonifácio,
nosso tratado, como sendo golpe de graça da indústria de Portugal, aniquí-
inimigo, desde os dias de estudante em
lação do comércio do Brasil, e odioso
economia brasileira repousava na escra vidão, vivia por assim dizer exclusiva
monopólio extorquido por um governo que sofre a ditadura do corpo mercantil do país e se prevalece de circunstâncias
favoráveis para surpreender a boa fé de cândidos negociadores". No tratado de comércio de 1810 as
mercadorias da Inglaterra obtiveram pro teção especial, e aos comerciantes in-
glêses, estabelecidos no Brasil, foram conferidos praticamente direitos extra
territoriais com a sua justiça própria. A acreditar-se num dos biógrafos de Canning, ninguém teria sido mais severo, na apreciação desse tratado, do que o gran de ministro inglês, ao qualificá-lo de "odioso e impolítíco". No tratado de aliança e amizade do mesmo ano de 1810 ficou pactuada a gradual abolição do trafico africano. Mas a resistência oposta a essa medida continuou fortís
sima e o tráfico não se interrompeu. Quando os acontecimentos culminaram nos sucessos da independência do Brasil com a ruptura de quaisquer laços com Portugal, a diplomacia inglesa redobrou esforços a fim de impor a terminação definitiva do comércio de negros e a extinção da escravidão. ~As conversas de Canning em Londres com o futuro
Marquês de Barbacena, a missão de
Coimbra, do trabalho servil.
ses dúbias para disfarçar a verdade:
animais de carga, sem os quais os bran cos não poderiam viver..." Na dureza do seu julgamento, o di
falou como um observador implacável e
plomata inglês não cuidou de tecer fra
e escravos.
frio da sociedade brasileira de senhores
Toda a
mente da escravidão. O velho Andrada
pagou com o exílio de cinco anos e a
proscrição da vida pública as suas te merárias idéias abolicionistas. O tráfico
encheu o Primeiro Reinado, avultou na Regência, mau grado o seu espírito re publicano e a lei de 7 de novembro de 1831, avançou por tôda uma década do Segundo Reinado e, para vergonha nossa só acabou depois de 1850, por fôrça de
humilhantes intervenções inglôsas na política interna do Brasil. E a escravi dão quase atingiu o século XX, na Terra
i
de Santa Cruz.
Explica-se o pessimismo do agente diplomático britânico Henry Chamberlain, tão ligado aos episódios da fase da independência brasileira, ao afirmar a Canning, numa comunicação secreta de 31 de dezembro de 1823: "Quando che gar o feliz momento da abolição, não será devido nunca à inclinação sincera
do povo ou do govêrno, a menos que venham a sofrer grande mudança. Pois quase me aventuraria a. dizer que não
há dez pessoas em todo o Império que
considerem esse comércio como um cri
me ou o encarem sob outro aspecto que
Segundo a estatística do Departamento de Con^cio, a produção
^
bens de consumo e de produção apresentou, no pnmetro trimestre de 49. o maior dj^rlínio verificado desde o término da guerra.
_
.
A referida produção caiu para uma média anual de 256 biltoes. ou sejam,
US$9 mühões menos que o primeiro trimestre de 48.
í de
Lord Amherst no Rio de Janeiro, as ins
não seja o de ganho e perda, de sim ples especulação mercantil, que deve
truções formais dadas a Henry Chamberlain, e tôdas as negociações entre os
continuar ou cessar conforme for vanta
it/iAos comwaram menos e economizaiam. mais.
joso ou não. Acostumados a não fazer
governos britânico e brasileiro sobre o
nada, a ver só os negros trabalharem, os
O maior declínio que se tinha até então verificado, de trimestre a trimestre, 4oi apenas de US$1.SOO milhões e teve lugar no primeiro tnme^re_ de 46, quando
reconhecimento da independência do
Brasil, colocaram esse assunto em prí-
brasileiros em geral estão convencidos de que os escravos são necessários como
A razão avresentada pelos esjoecxalistas como causadora dêsse declínio é de
que os preços estão mais baixos. Mesmo assim os consumidores e negociantes, pn, ..
.
,.
-. máquina econômica do pais sofreu a reconversão para a produção behca.
,_
Dicesto Econômico
Aususto Comte c o liberalismo econômico
plicam fàcilmente êsse triste resultado.
IvAK Lins
J^ÃO se contentando com aplicar as
107
E assim — comentava Comte — enquan
colossais se faziam em poucos anos, os que haviam contribuído para erguê-las
to engenhosos processos proporcionavam aos mais pobres artesãos modernos co
numa enxerga de hospital.
não tinham outro destino senão morrer
doutrinas de Malthus e Dar\vin ao
França; proibiu^ tôda coligação de ope rários. E dei.xados estes sem defesa pe
campo social, apelava ainda a economia
rante os patrões, tomou-sc a luta in
passados, êstes provãvelmente haviam obtido, nos séculos aludidos, uma satis
política do século XIX para sofistica e
teiramente desigual, acarretando o apa
fação mais completa das primeiras ne
irrisória argumentação dc ordem moral.
recimento da mais negra miséria ao lado do luxo mais desbragado.
cessidades físicas. Além disso, a aproximaçãò mais fraternal entre patrões e trabalhadores (enquanto a preponderân
se, vestir-se e instalar-se sofrivelmente.
cia dos nobres havia contido a tendência
mentalidade dos industriais coetâneos de
É assim que Stuart Mill repelia tôda in tervenção do Estado em proveito da classe operária como atentatória de sua dignidade e de seus verdadeiros interes ses, doutrina, sem dúvida, muito cômoda para os que tinham a sorte de pertencer às classes ricas... Não concordando com êsse alvitre e considerando o libera
lismo econômico o inimigo do proletário e o defensor do feudalismo financeiro, aconselhou Augusto Comte, ao revés, no Sistema de Política Pa.
sitiva, fôsse incluída, nos orçamentos, enorme
verba — um têrço dos orçamentos — especial mente destinada a tra
balhos públicos previs tos pora eventualmente ocuparem as vítimas do desemprego, perigo no vo, nascido com a liber dade econômica, vito
riosa a partir da Revo lução Francesa, e que,
Comte e uma nova Cavalaria
Precedendo a Ruskin e ao Professor Marshall, salientava então Comte a ne
as vítimas dos desajustamentos econômi cos decorrentes do índustrialismo.
Não se conformax^a
o filósofo com o fato
tria e da expansão dos mercados, sendo, se gundo Hallam, n salá rio dos operários de seu tempo sensivelmente in
ferior, à vista do preço das
de quatorze horas, os industriais britâni cos,-ein petição ao Parlamento, alegaram ser o seu lucro constituído apenas pela
da burguesia. Quanto mais aprofundar mos este grande assunto de meditações políticas — concluía o filósofo — mais sentiremos que os ínterêsses próprios das
última meia hora! Que não teriam dito, se previssem o dia de oito horas, como
classes inferiores espontaneamente con
Poupar será consumir?
correm hoje com as necessidades fimdamentais que uma sã análise histórica re
de, em vez de melho rar, piorar cada dia mais a situação do operário, apesar dos imensos aperfeiçoamen tos técnicos da indús
seus promotores, na rea lidade fêz do operário miserável joguete nas
Comte, únicos realmente favorecidos
cendente ulterior do deplorável egoísmo
com que seriam atendidas e amparadas
O seguinte fato é característico da pelo abstencionismo da economia Liberal. Pleiteando os operários inglèses a re dução do dia de trabalho, que era então
dos do que o passaram a ser sob o as
substituindo-se a fôrça pela generosidade
balho, uma parte suficiente para nutrir-
dos burgueses a substituírem seu domí
reitos e deveres eram menos desconheci
laria, adaptada à civilização moderna
Em vão sustentara Adam Smith ser
inteiramente justo que os que alimen tam, \'estem e alojam tôda gente, en contrem, no produto de seu próprio tra
nio ao dos chefes feudais) proporciona va também às populações operárias me lhor existência moral, onde os seus di
cessidade de instituir-se uma nova Cava
contra o pensamento de
mãos do capitalista. Atento o espírito de desenfreado in dividualismo, preponderante na Revolu ção Francesa, foram condenadas e dissol vidas as corporações de ofício, e uma lei de 1791, reforçada pelo Código Penal da
modidades desconhecidas a seus ante
notam Gide e Rist?
Acobertando os piores desvios do in-
vela na evolução preparatória das so
dustrialismo, tomara-se a economia po
ciedades modernas.
lítica liberal a ciência sinistra tão te
Longe, portanto,
de constituir vã utopia filosófica, con
mida de Carlyle. Enquanto era patente
soante o cego desdém de quase^ todos
que a miséria aumentava na razão direta
os homens de Estado da época, tendia,
do traballio, havia autores que sustenta
ao contrário, o voto especulativo de irma. vam serem o desperdício e o esbanja reorganização sistemática da sociedade, mento dos ricos funções sociais, e que a apoiar-se sobre poderoso instinto po
mercadorias mais
indispensáveis, ao de seus predecessores dos
operários produziam à custa de imenso
tisfatòriamente atendido.
esforço, era um indivíduo útil.
O Apocalipse do desespêro social
séculos XIV e XV..
Pregando a ortodoxia individualista, a
Muitas influências incontestáveis — a ex
liberdade a todo custo, só conseguira
tensão ulterior de um luxo imoderado o
transformar-se, nas palavras de um dis
crescente emprego das máquinas, a con
cípulo de Comte, em "Apocalipse do
densação progressiva dos operários — e.x-
desespêro social". ■ . L
todo capitalista, por isso mesmo que se dignava destruir loucamente o .que o®
pular, que não carecia mais senão en contrar órgãos racionais a fim de ser sa-
Enquanto fortunas
Se es
banjava, passava à categoria' de benfeitor do pobre, fazendo prosperar o co mércio... E, ao contrário, se poupa va, era tido como pernicioso, à vista da
afirmativa paradoxal, repetida desde
Adam Smith até Stuart Mül, e segundo a qual poupar é consumir...
Em lugar de verem que o problema
Dicesto Econômico
Aususto Comte c o liberalismo econômico
plicam fàcilmente êsse triste resultado.
IvAK Lins
J^ÃO se contentando com aplicar as
107
E assim — comentava Comte — enquan
colossais se faziam em poucos anos, os que haviam contribuído para erguê-las
to engenhosos processos proporcionavam aos mais pobres artesãos modernos co
numa enxerga de hospital.
não tinham outro destino senão morrer
doutrinas de Malthus e Dar\vin ao
França; proibiu^ tôda coligação de ope rários. E dei.xados estes sem defesa pe
campo social, apelava ainda a economia
rante os patrões, tomou-sc a luta in
passados, êstes provãvelmente haviam obtido, nos séculos aludidos, uma satis
política do século XIX para sofistica e
teiramente desigual, acarretando o apa
fação mais completa das primeiras ne
irrisória argumentação dc ordem moral.
recimento da mais negra miséria ao lado do luxo mais desbragado.
cessidades físicas. Além disso, a aproximaçãò mais fraternal entre patrões e trabalhadores (enquanto a preponderân
se, vestir-se e instalar-se sofrivelmente.
cia dos nobres havia contido a tendência
mentalidade dos industriais coetâneos de
É assim que Stuart Mill repelia tôda in tervenção do Estado em proveito da classe operária como atentatória de sua dignidade e de seus verdadeiros interes ses, doutrina, sem dúvida, muito cômoda para os que tinham a sorte de pertencer às classes ricas... Não concordando com êsse alvitre e considerando o libera
lismo econômico o inimigo do proletário e o defensor do feudalismo financeiro, aconselhou Augusto Comte, ao revés, no Sistema de Política Pa.
sitiva, fôsse incluída, nos orçamentos, enorme
verba — um têrço dos orçamentos — especial mente destinada a tra
balhos públicos previs tos pora eventualmente ocuparem as vítimas do desemprego, perigo no vo, nascido com a liber dade econômica, vito
riosa a partir da Revo lução Francesa, e que,
Comte e uma nova Cavalaria
Precedendo a Ruskin e ao Professor Marshall, salientava então Comte a ne
as vítimas dos desajustamentos econômi cos decorrentes do índustrialismo.
Não se conformax^a
o filósofo com o fato
tria e da expansão dos mercados, sendo, se gundo Hallam, n salá rio dos operários de seu tempo sensivelmente in
ferior, à vista do preço das
de quatorze horas, os industriais britâni cos,-ein petição ao Parlamento, alegaram ser o seu lucro constituído apenas pela
da burguesia. Quanto mais aprofundar mos este grande assunto de meditações políticas — concluía o filósofo — mais sentiremos que os ínterêsses próprios das
última meia hora! Que não teriam dito, se previssem o dia de oito horas, como
classes inferiores espontaneamente con
Poupar será consumir?
correm hoje com as necessidades fimdamentais que uma sã análise histórica re
de, em vez de melho rar, piorar cada dia mais a situação do operário, apesar dos imensos aperfeiçoamen tos técnicos da indús
seus promotores, na rea lidade fêz do operário miserável joguete nas
Comte, únicos realmente favorecidos
cendente ulterior do deplorável egoísmo
com que seriam atendidas e amparadas
O seguinte fato é característico da pelo abstencionismo da economia Liberal. Pleiteando os operários inglèses a re dução do dia de trabalho, que era então
dos do que o passaram a ser sob o as
substituindo-se a fôrça pela generosidade
balho, uma parte suficiente para nutrir-
dos burgueses a substituírem seu domí
reitos e deveres eram menos desconheci
laria, adaptada à civilização moderna
Em vão sustentara Adam Smith ser
inteiramente justo que os que alimen tam, \'estem e alojam tôda gente, en contrem, no produto de seu próprio tra
nio ao dos chefes feudais) proporciona va também às populações operárias me lhor existência moral, onde os seus di
cessidade de instituir-se uma nova Cava
contra o pensamento de
mãos do capitalista. Atento o espírito de desenfreado in dividualismo, preponderante na Revolu ção Francesa, foram condenadas e dissol vidas as corporações de ofício, e uma lei de 1791, reforçada pelo Código Penal da
modidades desconhecidas a seus ante
notam Gide e Rist?
Acobertando os piores desvios do in-
vela na evolução preparatória das so
dustrialismo, tomara-se a economia po
ciedades modernas.
lítica liberal a ciência sinistra tão te
Longe, portanto,
de constituir vã utopia filosófica, con
mida de Carlyle. Enquanto era patente
soante o cego desdém de quase^ todos
que a miséria aumentava na razão direta
os homens de Estado da época, tendia,
do traballio, havia autores que sustenta
ao contrário, o voto especulativo de irma. vam serem o desperdício e o esbanja reorganização sistemática da sociedade, mento dos ricos funções sociais, e que a apoiar-se sobre poderoso instinto po
mercadorias mais
indispensáveis, ao de seus predecessores dos
operários produziam à custa de imenso
tisfatòriamente atendido.
esforço, era um indivíduo útil.
O Apocalipse do desespêro social
séculos XIV e XV..
Pregando a ortodoxia individualista, a
Muitas influências incontestáveis — a ex
liberdade a todo custo, só conseguira
tensão ulterior de um luxo imoderado o
transformar-se, nas palavras de um dis
crescente emprego das máquinas, a con
cípulo de Comte, em "Apocalipse do
densação progressiva dos operários — e.x-
desespêro social". ■ . L
todo capitalista, por isso mesmo que se dignava destruir loucamente o .que o®
pular, que não carecia mais senão en contrar órgãos racionais a fim de ser sa-
Enquanto fortunas
Se es
banjava, passava à categoria' de benfeitor do pobre, fazendo prosperar o co mércio... E, ao contrário, se poupa va, era tido como pernicioso, à vista da
afirmativa paradoxal, repetida desde
Adam Smith até Stuart Mül, e segundo a qual poupar é consumir...
Em lugar de verem que o problema
rr^
DiGESTo Econômico
Dicesto Econômico
108
da produção não pode ser regulado e resoKddo sem o do emprego da riqueza, que, por sua vez, depende das mais
dos predecessores e dos contemporâneos imprime à riqueza um cunlio social que se opõe à sua apropriação indmdual
mitada os objetos necessários à sua exis tência, a história jamais registrou senão crises de fome. A partir do advento da grande indústria e da agricultura cien
altas questões sociais e morais, atribuíam
absoluta, isto é, sem responsabilidade, de modo a impedir a regulamentação do
plar um espetáculo singular — em vez
os economistas ao
homem
o destino
único de produzir para consumir, de
modo a não passar, afinal, de aperfei çoado produtor de estéreo; "venuto al
mondo sol per jar letame", na expressão enérgica
de
Aiiosto, lembrada
por
Comte.
"Lendo certos economistas — comen
tava Droz em seus Princípios da Ciên-
cia das Riquezas — acreditar-se-ia que os produtos não são feitos para os homens, mas, ao invés, os homens é que são feitos para os produtos."
Destino social da riqueza
A ciência social não admite, porém, deva haver uma classe de privilegiados cujo único fim seja o parasitário destino de consumir.
O verda
seu emprego.
A origem da grande desordem econô mica da modernidade provém, em par te, de não se terem ainda convencido,
em sua maioria, os detentores do capital, de que desempenham uma função cole tiva ou social, sendo, tal qual os operá rios, verdadeiros servidores públicos. Em vez de se colocarem no ponto de
vista de produzir para atender às ne cessidades do consumo, obtendo, em
conseqüência, o indispensável acrésci mo do capital que llies cumpre dirigir, invertem os dados do problema e visam, primeiro, um lucro pessoal desmedido, e só secundàriamente cogitam das reais
necessidades do público. Enquanto as possi bilidades do consumo
ultrapassaram a pro
tífica e mecanizada, passou-se a contem
de lutarem contra a carência de utilida des, como o fizeram durante os 60 sé culos de sua vida histórica, passaram os
nome de todos os seres humanos priva
dos do mais estrito necessário para a Contra estas e semelhantes conseqüên
cias da organização individualista da
zerem, racionalmente, previsões indus triais, através do estabelecimento de um
que um servidor da
cros excessivos. Mas, o mesmo já não pode ocorrer hoje, em iguais proporções, porque o
coletividade e deve ter
poder aquisitivo das
sempre em vista os
massas não se desen
interesses desta últi
volveu com rapidez idêntica à da capaci
ma na aplicação da riqueza, de que não é senão o gestor no
próprio interesse da Sociedade, com o /ws utendi et administran-
dade de produção.
cessem assistência, secundando a extin
a concepção individualista, com o -jus
boin, reproduzindo conceito de Howard Scott — quando o homem, reduzido apenas às suas forças, só conseguia pro duzir em quantidade extremamente li-
Nenhum capital é o resultado do esfôrço de um só indivíduo. O concurso
um acréscimo devidamente projetado. Consistiria, então, a principal função dos banqueiros em comanditarem, com sa
abundância
No decorrer de to
progressivamente chegamos, na moder
nidade, c.\p'ica-se, em parte, segundo Comte, por haver sido a evolu^o eco nômica o resultado de uma séne de evoluções parciais desiguais: a pnnci-
"ente, eis desigualdades de evolução
consHtuíram un^ fonte J e
caus!a dra"&lta de organiação provéte
entretanto, do fato de revostu-» a vidade industrial moderna de
estritamente indiriduahsta ® ^ v,.j' sem ainda apresentar um car ^ ,
mente social. Daí resultou. "«J
do filósofo, que, "de conformda^jom
sistema completo de estatística^ de modo o insHnto primitivo do que cada geração pudesse transmitir, a pado, cada qual se seguinte, o conjunto do capital por ela mente com o seu interêsse pes herdado da precedente, reahzando-Ihe bedoria, os empreendimentos que mere
dos os séculos — observa Jacques Du-
iríendi et abutendi. ■
temente insiste na necessidade de se ra-
A luta contra a
di e não o proprietário absoluto, segundo
à conjuntura econômica. O estado de anarquia industrial a que .
vida.
produção se rebela, em seu sisterna social e político. Augusto Comte que freqüen
detentor do capital, assim como o operá rio, nada mais é do
dos projetos de indústrias e obras novas
homens a se organizar para a luta contra a fabricação a domicílio, em segui a abundância, porque esta maia o lucro! pio da o comércio transcontinental com as Queimar café, ou atirá-lo ao mar, grandes navegações, mais tarde a gran e como no Brasil; deixar o trigo apodrecer indústria, que se sucedeu ao desenvolvi nos cais dos portos, como na Argentina, mento dos bancos e às invenções moder ou dizimar carneiros, como na Austrália; nas etc. - evoluções parciais, cada u^ lançar tonéis de vinho nos rios, como se das quais se efetuou em épocas o fez na Itália, ou pôr fogo a lavouras de rentes. ^„ algodão como se praticou alhures, serão Como a vida econômica, e, conse talvez atos muito lógicos e conformes às qüentemente, o trabalho, nao . exigências de um capitalismo sem en sistematizados senão em tranhas, mas que a moral condena em ses até que venham a se-lo universal
dução, puderam os ca pitalistas realizar lu_
deiro consumidor é o
próprio produtor. O
promover a regularização do fluxo de investimentos, condicionando a e.xecuçao
^ ^ publtca M ". função
jj]',' assim, E
por todos encarado como o j
V o lucro
es-
sencial da atividade econômica. ^ Procede daí que, tendo, como unico
móvel, o desejo de acumular riquezas
ção dos ramos ociosos ou prejudiciais. sem se haverem nunca elevado Pon Ê. como se ve, uma antevisão do Coi^e- de vista dos Interêsses gerais, os chefes lha de Controle de Investimento, moder industriais jamais conseguiram, ouja namente preconizado na Inglaterra e nos Estados Unidos, e cuja tarefa é a de
mais quiseram opor-se aos empreendi-
rr^
DiGESTo Econômico
Dicesto Econômico
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da produção não pode ser regulado e resoKddo sem o do emprego da riqueza, que, por sua vez, depende das mais
dos predecessores e dos contemporâneos imprime à riqueza um cunlio social que se opõe à sua apropriação indmdual
mitada os objetos necessários à sua exis tência, a história jamais registrou senão crises de fome. A partir do advento da grande indústria e da agricultura cien
altas questões sociais e morais, atribuíam
absoluta, isto é, sem responsabilidade, de modo a impedir a regulamentação do
plar um espetáculo singular — em vez
os economistas ao
homem
o destino
único de produzir para consumir, de
modo a não passar, afinal, de aperfei çoado produtor de estéreo; "venuto al
mondo sol per jar letame", na expressão enérgica
de
Aiiosto, lembrada
por
Comte.
"Lendo certos economistas — comen
tava Droz em seus Princípios da Ciên-
cia das Riquezas — acreditar-se-ia que os produtos não são feitos para os homens, mas, ao invés, os homens é que são feitos para os produtos."
Destino social da riqueza
A ciência social não admite, porém, deva haver uma classe de privilegiados cujo único fim seja o parasitário destino de consumir.
O verda
seu emprego.
A origem da grande desordem econô mica da modernidade provém, em par te, de não se terem ainda convencido,
em sua maioria, os detentores do capital, de que desempenham uma função cole tiva ou social, sendo, tal qual os operá rios, verdadeiros servidores públicos. Em vez de se colocarem no ponto de
vista de produzir para atender às ne cessidades do consumo, obtendo, em
conseqüência, o indispensável acrésci mo do capital que llies cumpre dirigir, invertem os dados do problema e visam, primeiro, um lucro pessoal desmedido, e só secundàriamente cogitam das reais
necessidades do público. Enquanto as possi bilidades do consumo
ultrapassaram a pro
tífica e mecanizada, passou-se a contem
de lutarem contra a carência de utilida des, como o fizeram durante os 60 sé culos de sua vida histórica, passaram os
nome de todos os seres humanos priva
dos do mais estrito necessário para a Contra estas e semelhantes conseqüên
cias da organização individualista da
zerem, racionalmente, previsões indus triais, através do estabelecimento de um
que um servidor da
cros excessivos. Mas, o mesmo já não pode ocorrer hoje, em iguais proporções, porque o
coletividade e deve ter
poder aquisitivo das
sempre em vista os
massas não se desen
interesses desta últi
volveu com rapidez idêntica à da capaci
ma na aplicação da riqueza, de que não é senão o gestor no
próprio interesse da Sociedade, com o /ws utendi et administran-
dade de produção.
cessem assistência, secundando a extin
a concepção individualista, com o -jus
boin, reproduzindo conceito de Howard Scott — quando o homem, reduzido apenas às suas forças, só conseguia pro duzir em quantidade extremamente li-
Nenhum capital é o resultado do esfôrço de um só indivíduo. O concurso
um acréscimo devidamente projetado. Consistiria, então, a principal função dos banqueiros em comanditarem, com sa
abundância
No decorrer de to
progressivamente chegamos, na moder
nidade, c.\p'ica-se, em parte, segundo Comte, por haver sido a evolu^o eco nômica o resultado de uma séne de evoluções parciais desiguais: a pnnci-
"ente, eis desigualdades de evolução
consHtuíram un^ fonte J e
caus!a dra"&lta de organiação provéte
entretanto, do fato de revostu-» a vidade industrial moderna de
estritamente indiriduahsta ® ^ v,.j' sem ainda apresentar um car ^ ,
mente social. Daí resultou. "«J
do filósofo, que, "de conformda^jom
sistema completo de estatística^ de modo o insHnto primitivo do que cada geração pudesse transmitir, a pado, cada qual se seguinte, o conjunto do capital por ela mente com o seu interêsse pes herdado da precedente, reahzando-Ihe bedoria, os empreendimentos que mere
dos os séculos — observa Jacques Du-
iríendi et abutendi. ■
temente insiste na necessidade de se ra-
A luta contra a
di e não o proprietário absoluto, segundo
à conjuntura econômica. O estado de anarquia industrial a que .
vida.
produção se rebela, em seu sisterna social e político. Augusto Comte que freqüen
detentor do capital, assim como o operá rio, nada mais é do
dos projetos de indústrias e obras novas
homens a se organizar para a luta contra a fabricação a domicílio, em segui a abundância, porque esta maia o lucro! pio da o comércio transcontinental com as Queimar café, ou atirá-lo ao mar, grandes navegações, mais tarde a gran e como no Brasil; deixar o trigo apodrecer indústria, que se sucedeu ao desenvolvi nos cais dos portos, como na Argentina, mento dos bancos e às invenções moder ou dizimar carneiros, como na Austrália; nas etc. - evoluções parciais, cada u^ lançar tonéis de vinho nos rios, como se das quais se efetuou em épocas o fez na Itália, ou pôr fogo a lavouras de rentes. ^„ algodão como se praticou alhures, serão Como a vida econômica, e, conse talvez atos muito lógicos e conformes às qüentemente, o trabalho, nao . exigências de um capitalismo sem en sistematizados senão em tranhas, mas que a moral condena em ses até que venham a se-lo universal
dução, puderam os ca pitalistas realizar lu_
deiro consumidor é o
próprio produtor. O
promover a regularização do fluxo de investimentos, condicionando a e.xecuçao
^ ^ publtca M ". função
jj]',' assim, E
por todos encarado como o j
V o lucro
es-
sencial da atividade econômica. ^ Procede daí que, tendo, como unico
móvel, o desejo de acumular riquezas
ção dos ramos ociosos ou prejudiciais. sem se haverem nunca elevado Pon Ê. como se ve, uma antevisão do Coi^e- de vista dos Interêsses gerais, os chefes lha de Controle de Investimento, moder industriais jamais conseguiram, ouja namente preconizado na Inglaterra e nos Estados Unidos, e cuja tarefa é a de
mais quiseram opor-se aos empreendi-
DroESTo Ecoxümico
mentos guerreiros, dos quais lêm sido, muitas vezes, cúmplices e até mentores.
Cada um deles ficou, até aqui, circuns crito aos ínterêsses partículares do seu
ramo industrial ou comercial, sem ja mais se preocupar em organizá-lo em função do conjunto social. Conceberam quando muito, fôsse a vida econômica organizada sôbre uma base exclusiva mente nacional e h custa dos interesses
legítimos- dos outros povos, reduzidos pelas armas, ou pela subordinação economica, à categoria de simples colônias, ü- por isso que, embora increpando . aos operários serem por demais propen sos as soluções violentas, é Comte parti cularmente severo em relação aos che fes industriais, que, depois de terem
Üdo o mérito de derrubar o antigo sisik tema social, lhe herdaram, parcialmente
pr o espinto e as tendências opressivas ' E assim - se se pode, sem ironia
empregar esta expressão - o equilíbrio
tiva sistemática da falta de organização. As teorias de Augusto Comte condu zem, em resumo, à .seguinte conclusão: no apogeu do regime calôlico-feudal
(apogeu que, segundo o filósofo, durou apenas dois séculos) a ^compressão das paixões individuais (c, conseqüentemen te, a disciplina coletiva) resultou de princípios comuns que tiravam sua au
burguês, que o formulou no tempo de Colbext, nada mais é do que a justifica
téis, surgidos da lixtc concorrência, aca
regulamentação mundial da indústria,
decorrente da reorganização espiritual que julgava imprescindível ao inundo moderno.
direção, uma — a ciência — ficou até íiqui excessivamente dispersiva e espe
cializada para preencher o alto papel social desempenhado outrora pelo Cato
licismo: a consagração dos princípios
•
sagraram, durante décadas, erigindo a doutrina do "laisser faire, laisser passer" em dogma fundamental da vida econô mica. Ora, este mote, bem digno do
concorrência, jicsordenadamenle entu lham os mercados com os seus produtü.s, acarretando tremendas crises de super
duas grandes forças novas — a ciência
seio da cidade, como entre os Romanos mas, apenas, sôbre o antagonismo dos ínterêsses privados: antagonismo entre
mundo moderno que os economistas,
de lucros fabulosos com os mais graves prejuízos para a coletividade. Eis por que clamava Augusto Comte por uma
e a indústria — uma espiritual e outra temporal, embrionárias ambas no sistema social e político da Idade-Média. Desenvolvondo-se essas duas fôrças sem
outra — a indústria — permaneceu de
como vimos em artigos anteriores, a con
grupo a parasitàrlamente beneficiar-se
miséria. Ou as eniprêsas, mexidas pela
própria abundância; ou os trustes e car
.
tomou esta situação característica do
bam com a própria concorrência e im põem aos produtos os preços que bem entendem. E, assim, passa um pequeno
bragados ao lado da mais intolerável
toridade da teologia, cujo intérprete era
estabeleceu, não sôbre a base de um sis 'f- ou sôbre universal, como na Idade-Media, a da cooperação no
trabalhadores e patrões. De tal modo se
tiómica, com todo o seu séquito de hor rores: o luxo c o desperdício mais des-
o sacerdócio. O mundo moderno rom peu essa síntese em conseqüência de
em conseqüência dos quais o indivíduo
pria indústria; antagonismo entre as di versas nações industriais ou agrícolasantagonismo, dentro de cada país, entre
durará indefinidamente a anarquia eco-
produção e fazendo com que a misé ria, nas palavras dc Fourier, nasça da
do mimdo moderno pouco a pouco se
' a agricultura e a indústria; antagonis mo entre os diferentes ramos da pró
DrcESTo Econômico
se subordina à coletividade. Quanto à
masiadamente individualista para permi bases que não as do conflito de inte
tir organizar a sociedade sôbre outras resses privados.
No pensamento de
Comte, o primeiro problema prepondera sobre o segundo, não podendo a vida econômica ser organizada sem que umâ
doutrina de conjunto, universalmente adotada, venha de novo consagrar a dis
ciplina coletiva. A reorganização espi grande, o máximo problema dos tempos
ritual é, pois, aos olhos do filósofo, o modernos. Sem ela será impossível a
estatísticas do Depariamento de Comercto dos Estados Umdos houve um aunu^nto apreciável nas exportações e importações durante As importações subiram de 64 mühões de dólares sôbre
reorganização econômica sôbre bases
cêrca de 39 milhões de dólares, sôbre a media de 1948, a um total de 631.900.000
verdadeiramente racionais, porquanto só ela permitirá o surto dos órgãos mun diais de coordenação de que carece a
irasse um nuiior aumento de dólares nas importações m^W^dóIares, em fevereiro, a 184.700.000 dólares,deemalmentos março. vegetais,^ de
indústria moderna. Sem a formação de tais órgãos, especialmente consagrados
à supervisão da indústria moderna, per-
O aumento apreciável das importações de café e açácar ffz com que^ regis-
Aç exportações aumentaram cêrca de 123 milhões de dólares, em fevereiro e
131 mühleTd^ dólares sôbre a média mensal da 1948, estabelecendo um no^o
recorde para 1949, de 1.152.300.000 dólares.
DroESTo Ecoxümico
mentos guerreiros, dos quais lêm sido, muitas vezes, cúmplices e até mentores.
Cada um deles ficou, até aqui, circuns crito aos ínterêsses partículares do seu
ramo industrial ou comercial, sem ja mais se preocupar em organizá-lo em função do conjunto social. Conceberam quando muito, fôsse a vida econômica organizada sôbre uma base exclusiva mente nacional e h custa dos interesses
legítimos- dos outros povos, reduzidos pelas armas, ou pela subordinação economica, à categoria de simples colônias, ü- por isso que, embora increpando . aos operários serem por demais propen sos as soluções violentas, é Comte parti cularmente severo em relação aos che fes industriais, que, depois de terem
Üdo o mérito de derrubar o antigo sisik tema social, lhe herdaram, parcialmente
pr o espinto e as tendências opressivas ' E assim - se se pode, sem ironia
empregar esta expressão - o equilíbrio
tiva sistemática da falta de organização. As teorias de Augusto Comte condu zem, em resumo, à .seguinte conclusão: no apogeu do regime calôlico-feudal
(apogeu que, segundo o filósofo, durou apenas dois séculos) a ^compressão das paixões individuais (c, conseqüentemen te, a disciplina coletiva) resultou de princípios comuns que tiravam sua au
burguês, que o formulou no tempo de Colbext, nada mais é do que a justifica
téis, surgidos da lixtc concorrência, aca
regulamentação mundial da indústria,
decorrente da reorganização espiritual que julgava imprescindível ao inundo moderno.
direção, uma — a ciência — ficou até íiqui excessivamente dispersiva e espe
cializada para preencher o alto papel social desempenhado outrora pelo Cato
licismo: a consagração dos princípios
•
sagraram, durante décadas, erigindo a doutrina do "laisser faire, laisser passer" em dogma fundamental da vida econô mica. Ora, este mote, bem digno do
concorrência, jicsordenadamenle entu lham os mercados com os seus produtü.s, acarretando tremendas crises de super
duas grandes forças novas — a ciência
seio da cidade, como entre os Romanos mas, apenas, sôbre o antagonismo dos ínterêsses privados: antagonismo entre
mundo moderno que os economistas,
de lucros fabulosos com os mais graves prejuízos para a coletividade. Eis por que clamava Augusto Comte por uma
e a indústria — uma espiritual e outra temporal, embrionárias ambas no sistema social e político da Idade-Média. Desenvolvondo-se essas duas fôrças sem
outra — a indústria — permaneceu de
como vimos em artigos anteriores, a con
grupo a parasitàrlamente beneficiar-se
miséria. Ou as eniprêsas, mexidas pela
própria abundância; ou os trustes e car
.
tomou esta situação característica do
bam com a própria concorrência e im põem aos produtos os preços que bem entendem. E, assim, passa um pequeno
bragados ao lado da mais intolerável
toridade da teologia, cujo intérprete era
estabeleceu, não sôbre a base de um sis 'f- ou sôbre universal, como na Idade-Media, a da cooperação no
trabalhadores e patrões. De tal modo se
tiómica, com todo o seu séquito de hor rores: o luxo c o desperdício mais des-
o sacerdócio. O mundo moderno rom peu essa síntese em conseqüência de
em conseqüência dos quais o indivíduo
pria indústria; antagonismo entre as di versas nações industriais ou agrícolasantagonismo, dentro de cada país, entre
durará indefinidamente a anarquia eco-
produção e fazendo com que a misé ria, nas palavras dc Fourier, nasça da
do mimdo moderno pouco a pouco se
' a agricultura e a indústria; antagonis mo entre os diferentes ramos da pró
DrcESTo Econômico
se subordina à coletividade. Quanto à
masiadamente individualista para permi bases que não as do conflito de inte
tir organizar a sociedade sôbre outras resses privados.
No pensamento de
Comte, o primeiro problema prepondera sobre o segundo, não podendo a vida econômica ser organizada sem que umâ
doutrina de conjunto, universalmente adotada, venha de novo consagrar a dis
ciplina coletiva. A reorganização espi grande, o máximo problema dos tempos
ritual é, pois, aos olhos do filósofo, o modernos. Sem ela será impossível a
estatísticas do Depariamento de Comercto dos Estados Umdos houve um aunu^nto apreciável nas exportações e importações durante As importações subiram de 64 mühões de dólares sôbre
reorganização econômica sôbre bases
cêrca de 39 milhões de dólares, sôbre a media de 1948, a um total de 631.900.000
verdadeiramente racionais, porquanto só ela permitirá o surto dos órgãos mun diais de coordenação de que carece a
irasse um nuiior aumento de dólares nas importações m^W^dóIares, em fevereiro, a 184.700.000 dólares,deemalmentos março. vegetais,^ de
indústria moderna. Sem a formação de tais órgãos, especialmente consagrados
à supervisão da indústria moderna, per-
O aumento apreciável das importações de café e açácar ffz com que^ regis-
Aç exportações aumentaram cêrca de 123 milhões de dólares, em fevereiro e
131 mühleTd^ dólares sôbre a média mensal da 1948, estabelecendo um no^o
recorde para 1949, de 1.152.300.000 dólares.
Dicesto Econômico
Conservas de pescado Antonio Renato Gaoo Nobee
breves notas publicadas no "Digesto Econômico" de dezembro de
194Y, focalizando a indústria de conser
vas de pescado, tecemos considerações acerca de suas possibilidades e do valor real das espécies ictiológicas brasileiras
umas aguardando industrialização, ou tras necessitando melhor aproveitamento mais racional acondicionamento, alérn
de processos menos empíricos e, portan
to, mais condizentes com o surto indus trial do após-guerra.
Então, lançamos apêlo a quem íncumbe amparar e auxiliar o desenvolvimenf to industrial do país, no sentido de in centivar amplo financiamento que sal vasse da ruína indústria primordial ao
abastecimento interno, e, futuramente mdustna exportadora ao serviço do pro'
gresso do Brasil. Todavia, e ao que pa rece, nosso apêlo não foi ouvido ou le vado em consideração, porquanto meses depois fechava definitivamente impor
tante fábrica do Estado do Rio, enquan to outras suspendiam suas atividades ou reduziam oS fabricos a restritas parcelas da capacidade real de suas unidades fabris. * *
Freqüentemente, deparamos com'inú meras entrevistas, artigos assinados ou
simples tópicos na imprensa diaria e pe
5 espécies ictiológicas diferentes, além dos produtos secos, salgados e prensa dos ou defumados que estas fábricas
se dedicam a essas indústrias são exem
costumam preparar.
plos frisantes e convincentes do que aca
As novas indústrias, ou as indústrias
não resta a menor dúvida; mas de que, para tanto, ó necessário que os in
velhas que se integrassem nestes prin
os créditos, se defenderá dos aventurei
cípios ou em quaisquer outros planeja dos previamente, seriam financiadas em maior ou menor escala, conforme pra ticassem um ou os dois sistemas que se digladiam nos mercados internacio nais — o manual c o mecânico — qyg praticassem o melhor aproveitamento dos subprodutos para adubos, farinhas e óleos
ros porventura instalados na indústria
comestíveis ou industriais e tivessem si
dustriais ofereçam garantias de idonei dade, direção técnica competente e, principalmente, que os industriais bene ficiados possuam o ailto da indústria também não deve restar a menor dúvida, pois só assim o governo, ao conceder
o de que há reminiscências, pouco tranquilizadoras, no próprio Estado do Rio. Por outro lado, a grande maioria das fábricas existentes não oferece garantias que permitam ampla assistência financei
ra, como pretendem alguns, quer por seus descomunais e absurdos encargos, quer ainda porque seus proprietários são
esporádicos industriais sempre à espreita de negócios que lhes permitam maiores lucros, e para onde, não raramente, des viam os capitais ganlios na indústria ou conseguidos para a indústria e com ma
nifesto prejuízo para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das respectivas uni dades fabris. Êstes, e outros fatos filia
dos na reconhecida ignorância desses in dustriais, de onde se ausentou o dinamis1^0 e onde morreu a iniciativa, que nSo
Ibes permite apetrecharem-se para se defenderem interna e externamente dos concorrentes estrangeiros, nos levam a
concluir que o financiamento indispen
sável ao «oerguimento, desenvolvimento riódica, solicitando urgentes medidas de e aperfeiçoamento da industrialização de proteção, regulamentação e amparo fi . pescado, deveria ser concedido, preferen-
113
do racionalmente projetadas e construí
das em locais de fácil abastecimento das
matérias-pri
mas
essenciais
e
A história da pesca e da industrializa ção de pescado dos principais países que bamos de escrever.
Ela afirma, por
exemplo, que na França, na Espanha, na Noruega, em Portugal, no Canadá e mesmo nos Estados Unidos só foi possí-
\'e^ suprir o mercado de pescado fresco
quando a indústria de conser\'as tomou notável desenvolrimento. Por outras pa
lavras, as indústrias de pesca e conservas desenvolveram-se, nesses países, sem
pre correlativamente. ^ produção, em grande escala, de comestíveis enlatados utilizando as mais di\'ersas matérias-primas, teve início nes te país durante a
. grande guerra de
próximo aos gran
1914-18, época em
des centros consu midores ou aos
truídos ou entra
principais meios de
ram em funciona
transporte.
A solução dêsse
problema resolveria outro, não menos
- importante, como seja o do abasteci mento de pescado fresco as populações. E' que está provado que sòmente uma indústria apetrechada para o grande con sumo de pescado possibilita o emprêgo de grandes capitais na industria da pes ca, pois assegura o escoamento do pes cado que não for consumido em fresco pelas populações, ou quando não houver lugar nos frigoríficos para armazena mento.
As indústrias de conservas jamais pre
que foram corts-» mento os grandes matadouros-frigorí-
ficos estrangeiros e algumas poucas in dústrias nacionais. Mas é indubitável que
foi a partir do início da última guerra, e principalniente durante a guerra, que se
popularizou o consumo de comestíveis enlatados, particularmente produtos e
subprodutos de carne, frutas, vegetais e
legumes, conservas mistas, produtos e subprodutos de pescado etc., a ponto de as grandes cidades brasileiras apresenta rem índices de consumo surpreenden temente elevados para o padrão de vida do país. Todavia, foi precisamente no
judicaram o abastecimento público de
pescado, ou melhor, nos produtos e sub
pescado fresco. Primeiro, porque pa gando preços mais baixos, sòmente fa
produtos de peixe em conserva, que se
temente, para a instalação de novas fá
servação de pescado. Que a* adoção de
bricas com a capacidade mínima para
bricam as sobras do consumo em fresco;
verificou menor aumento de consumo, embora bem maior ao verificado no con
tais medidas se impõe e são imprescin
laborar, anualmente, 700 a 800 tonela das de produtos enlatados, utilizando 4 a
depois, porque as principais espécies con-
sumo de pescado fresco, pois êste último,
.sumídas na indústria têm pequena aceita
nos anos de 1939 a 1940, não chegou a aumentar 20Í, enquanto os preços mé-
nanceiro às indústrias de pesca e con
díveis à sobrevivência dessas indústrias.
ção dos consumidores de pescado fresco.
Dicesto Econômico
Conservas de pescado Antonio Renato Gaoo Nobee
breves notas publicadas no "Digesto Econômico" de dezembro de
194Y, focalizando a indústria de conser
vas de pescado, tecemos considerações acerca de suas possibilidades e do valor real das espécies ictiológicas brasileiras
umas aguardando industrialização, ou tras necessitando melhor aproveitamento mais racional acondicionamento, alérn
de processos menos empíricos e, portan
to, mais condizentes com o surto indus trial do após-guerra.
Então, lançamos apêlo a quem íncumbe amparar e auxiliar o desenvolvimenf to industrial do país, no sentido de in centivar amplo financiamento que sal vasse da ruína indústria primordial ao
abastecimento interno, e, futuramente mdustna exportadora ao serviço do pro'
gresso do Brasil. Todavia, e ao que pa rece, nosso apêlo não foi ouvido ou le vado em consideração, porquanto meses depois fechava definitivamente impor
tante fábrica do Estado do Rio, enquan to outras suspendiam suas atividades ou reduziam oS fabricos a restritas parcelas da capacidade real de suas unidades fabris. * *
Freqüentemente, deparamos com'inú meras entrevistas, artigos assinados ou
simples tópicos na imprensa diaria e pe
5 espécies ictiológicas diferentes, além dos produtos secos, salgados e prensa dos ou defumados que estas fábricas
se dedicam a essas indústrias são exem
costumam preparar.
plos frisantes e convincentes do que aca
As novas indústrias, ou as indústrias
não resta a menor dúvida; mas de que, para tanto, ó necessário que os in
velhas que se integrassem nestes prin
os créditos, se defenderá dos aventurei
cípios ou em quaisquer outros planeja dos previamente, seriam financiadas em maior ou menor escala, conforme pra ticassem um ou os dois sistemas que se digladiam nos mercados internacio nais — o manual c o mecânico — qyg praticassem o melhor aproveitamento dos subprodutos para adubos, farinhas e óleos
ros porventura instalados na indústria
comestíveis ou industriais e tivessem si
dustriais ofereçam garantias de idonei dade, direção técnica competente e, principalmente, que os industriais bene ficiados possuam o ailto da indústria também não deve restar a menor dúvida, pois só assim o governo, ao conceder
o de que há reminiscências, pouco tranquilizadoras, no próprio Estado do Rio. Por outro lado, a grande maioria das fábricas existentes não oferece garantias que permitam ampla assistência financei
ra, como pretendem alguns, quer por seus descomunais e absurdos encargos, quer ainda porque seus proprietários são
esporádicos industriais sempre à espreita de negócios que lhes permitam maiores lucros, e para onde, não raramente, des viam os capitais ganlios na indústria ou conseguidos para a indústria e com ma
nifesto prejuízo para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das respectivas uni dades fabris. Êstes, e outros fatos filia
dos na reconhecida ignorância desses in dustriais, de onde se ausentou o dinamis1^0 e onde morreu a iniciativa, que nSo
Ibes permite apetrecharem-se para se defenderem interna e externamente dos concorrentes estrangeiros, nos levam a
concluir que o financiamento indispen
sável ao «oerguimento, desenvolvimento riódica, solicitando urgentes medidas de e aperfeiçoamento da industrialização de proteção, regulamentação e amparo fi . pescado, deveria ser concedido, preferen-
113
do racionalmente projetadas e construí
das em locais de fácil abastecimento das
matérias-pri
mas
essenciais
e
A história da pesca e da industrializa ção de pescado dos principais países que bamos de escrever.
Ela afirma, por
exemplo, que na França, na Espanha, na Noruega, em Portugal, no Canadá e mesmo nos Estados Unidos só foi possí-
\'e^ suprir o mercado de pescado fresco
quando a indústria de conser\'as tomou notável desenvolrimento. Por outras pa
lavras, as indústrias de pesca e conservas desenvolveram-se, nesses países, sem
pre correlativamente. ^ produção, em grande escala, de comestíveis enlatados utilizando as mais di\'ersas matérias-primas, teve início nes te país durante a
. grande guerra de
próximo aos gran
1914-18, época em
des centros consu midores ou aos
truídos ou entra
principais meios de
ram em funciona
transporte.
A solução dêsse
problema resolveria outro, não menos
- importante, como seja o do abasteci mento de pescado fresco as populações. E' que está provado que sòmente uma indústria apetrechada para o grande con sumo de pescado possibilita o emprêgo de grandes capitais na industria da pes ca, pois assegura o escoamento do pes cado que não for consumido em fresco pelas populações, ou quando não houver lugar nos frigoríficos para armazena mento.
As indústrias de conservas jamais pre
que foram corts-» mento os grandes matadouros-frigorí-
ficos estrangeiros e algumas poucas in dústrias nacionais. Mas é indubitável que
foi a partir do início da última guerra, e principalniente durante a guerra, que se
popularizou o consumo de comestíveis enlatados, particularmente produtos e
subprodutos de carne, frutas, vegetais e
legumes, conservas mistas, produtos e subprodutos de pescado etc., a ponto de as grandes cidades brasileiras apresenta rem índices de consumo surpreenden temente elevados para o padrão de vida do país. Todavia, foi precisamente no
judicaram o abastecimento público de
pescado, ou melhor, nos produtos e sub
pescado fresco. Primeiro, porque pa gando preços mais baixos, sòmente fa
produtos de peixe em conserva, que se
temente, para a instalação de novas fá
servação de pescado. Que a* adoção de
bricas com a capacidade mínima para
bricam as sobras do consumo em fresco;
verificou menor aumento de consumo, embora bem maior ao verificado no con
tais medidas se impõe e são imprescin
laborar, anualmente, 700 a 800 tonela das de produtos enlatados, utilizando 4 a
depois, porque as principais espécies con-
sumo de pescado fresco, pois êste último,
.sumídas na indústria têm pequena aceita
nos anos de 1939 a 1940, não chegou a aumentar 20Í, enquanto os preços mé-
nanceiro às indústrias de pesca e con
díveis à sobrevivência dessas indústrias.
ção dos consumidores de pescado fresco.
Dicesto Econômico
114
clios, nesse período, aumentaram em
apresentam, equacionando as possibilida
mais de 100%, e mesmo assim ainda se
des de fabrico e consumo e a equanimldadc de indústrias oongêneres ou afins, não considero intransponível o que ou tros julgam impossível, ou impraticável.
mantêm
inferiores
aos
veriíícadcs
na
maioria dos países píscatórios e grandes produtores de conservas de pescado. Vários motivos, quanto a nós, devem
ter contribuído para esse quase despre zo pelo pescado fresco e em conserva, e nos quais devem avultar os seguintes: quanto ao pescado fresco, o fato de
custar normalmente, nos grandes cen tros consumidores, cerca de 30 a 40%
mais caro que a carne, e enquanto esta se apresenta pronta para a culinária,
aquele necessita amanho e salga que, além de requerer conhecimentos que a maioria das empregadas e donas de ca sa não possuem, dá trabalho e rouba
tempo; quanto aos enlatados, o fato
do o pescado em conserva custar cer
ca de 40% mais caro e, quando estran
mas diretrizes.
E como a Argentina é
tes assuntos de pesca e conservas, vamos
cado, e se permite que a indústria es
A indústria argentina de conservas de pescado seguiu evolução idêntica à bra
®
mentos orientadores e controladores da
industria brasileira, possibilitando aos in dustriais patrícuos meios de defesa con
tra os concorrentes estrangeiros.
Conscante o que acabamos de es crever, não descortl-
sileira, até 1928-30, embora anterior
namos como seja im
mente já viesse sendo protegida por vá rias medidas governamentais. E' então
praticável a indus
trialização do pesca do, em larga escala, neste país. E daí as
reflexões que se se
qualidades de adaptação) a maleabilida
guem,
de e a iniciativa de técnicos espanhóis.
para o campo das
Aproveitando a última guerra, com o
lização de pescado para consumo inter
sicas e mentais.
mencionar na lata a qualidade do óleo
de cobertura — óleo de amendoim, óleo de algodão etc. — ou a espécie ictiológica, pelo menos o nome \ailgar do pes trangeira venha concorrer aos mercados
pescado têm pouco por onde escolher, porquanto a indústria nacional se resu me a industrializar sardinhas, e pouco
alimentação racional, e que esse alimen to, como dizia Cuvier, permitir-lhe-á, até à velliice, a plenitude das forças fí
Alguns dos fabricos,^ como "Salmón Argentóo", são preparados com espé cies sinulares, orientação que de há muito deveriam ter seguido os departa
plo da indústria platina.
siderados imprescindíveis na cozinha bra sileira, os consumidores de conservas de
povo que não tenha receio de comer pei xe, que o pescado é indispensável numa
a qualidade cio pescado e com dese nhos que os incautos confundiam com
Não sabemos, ninguém há de saber,
citar, embora resumidamente, o e.xem-
desaparecimento dos tradicionais expor-, tadores, a Argentina não sòmente desen
E' urgentemente necessário ensinar ao
"vidros".
sardinhas, que não passavam de cavali-
1
tidas e cravadas"' "à décola^^' e em
"Filetes cie Peixe" sem especificar qual
porque se obriga a indústria brasileira a
estranhas a técnica (melhor diremos as
mais.
dos por outras fonnas, acondicionados cm latas "cravadas e cravadas" "evibu-
mais ou menos aproximadas e que ti vessem seguido, alguns decênios, as mes
to os produtos e subprodutos de carne matos e tipos de fabrico que devem ul trapassar de 50, em grande maioria con
leles de Anchoa en Aceite", como ou
nhas em óleo, num fabrico corrente.
em tudo um caso idêntico ao nosso, nes
115
tros países c.vportaram sardinhas em óleo rotuladas de "Sardinhas em Azeite" e
Nesses casos, não há como estudar
que os industriais argentinos resolvem seguir rumos diferentes, a que não são
se apresentam numa variedade de for
f
a evolução da indústria em países de economia idêntica, de possibilidades
vas de carne. Por outro lado, enquan
geiros, 80% a 150% mais, que as conser
Digesto Econômico
suposições: suponha
nacionais com fabricos em óleo rotula dos de azeite e com conservas onde não
volveu extraordinàriamerite a industria
no, como ainda exportou consideráveis
partidas de enlatados.
O Brasil, por
exemplo, foi um dos países que impor taram conservas platinas, concedendo aos industriais daquele país facilidades
que se negavam aos próprios industriais brasileiros.
Colaboramos, assim, embo
ra modestamente, para o desenvolvimen to dessa indústria, que exportou para o nosso mercado péssimos fabricos de ca valas rotulados de "Filetes de Atún", e um outro fabrico, talvez preparado com enxova, mas de uma espécie diferente
Aprofundado nesses assuntos, estudan-
da que é usualmente empregada para en-
do-os nas múltiplas formas por que se
chovar, e vendidos com o nome de "Fi-
transpostas
encontramos mencionados os nomes do
pescado, ou com legendas que não cor
1
respondem ao conteúdo da lata.
Voltemos à indústria argentina, pro tegida por deliberações do seu Minis
tério da Agricultura, amparada pelo govêmo.
Presentemente, essa indústria fabrica
um sem número de. produtos, onde se
mos, portanto, que
os industriais brasileiros se associassem ern agremiação fundamentalmente demo crática, orientadora e controladora de
qualidade, estudassem novos produtos, lançassem novos formatos, adaptassem ou utilizassem outros, considerados es-
tandardizados por longa utilização mun dial e adequados às nossas espécies ictàológicas. Suponhamos que, além dos processos manuais atualmente usados pe la nossa indústria, praticassem sistemas
destacam os fabricos de cavalas prepa
de fabrico mecânico por forma a pos
radas como salmão, em môlho de toma te e em pasta; atum em azeite e em •
sibilitar a produção em quantidade e em
môlho de tomate; amêijoás e mexilhões
o mercado- brasileiro fôsse conveniente
em escabeche e ao natural; filetes encho-
mente
qualidade; e continuemos a supor que estudado, os novos formatos,
os novos 6 velhos fabricos e as espécies cos marinhos, cozidos, fritos e prepara- íctiológicas como albacoras, bonitos, cavados, corvina e outros peixes e molus
Dicesto Econômico
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clios, nesse período, aumentaram em
apresentam, equacionando as possibilida
mais de 100%, e mesmo assim ainda se
des de fabrico e consumo e a equanimldadc de indústrias oongêneres ou afins, não considero intransponível o que ou tros julgam impossível, ou impraticável.
mantêm
inferiores
aos
veriíícadcs
na
maioria dos países píscatórios e grandes produtores de conservas de pescado. Vários motivos, quanto a nós, devem
ter contribuído para esse quase despre zo pelo pescado fresco e em conserva, e nos quais devem avultar os seguintes: quanto ao pescado fresco, o fato de
custar normalmente, nos grandes cen tros consumidores, cerca de 30 a 40%
mais caro que a carne, e enquanto esta se apresenta pronta para a culinária,
aquele necessita amanho e salga que, além de requerer conhecimentos que a maioria das empregadas e donas de ca sa não possuem, dá trabalho e rouba
tempo; quanto aos enlatados, o fato
do o pescado em conserva custar cer
ca de 40% mais caro e, quando estran
mas diretrizes.
E como a Argentina é
tes assuntos de pesca e conservas, vamos
cado, e se permite que a indústria es
A indústria argentina de conservas de pescado seguiu evolução idêntica à bra
®
mentos orientadores e controladores da
industria brasileira, possibilitando aos in dustriais patrícuos meios de defesa con
tra os concorrentes estrangeiros.
Conscante o que acabamos de es crever, não descortl-
sileira, até 1928-30, embora anterior
namos como seja im
mente já viesse sendo protegida por vá rias medidas governamentais. E' então
praticável a indus
trialização do pesca do, em larga escala, neste país. E daí as
reflexões que se se
qualidades de adaptação) a maleabilida
guem,
de e a iniciativa de técnicos espanhóis.
para o campo das
Aproveitando a última guerra, com o
lização de pescado para consumo inter
sicas e mentais.
mencionar na lata a qualidade do óleo
de cobertura — óleo de amendoim, óleo de algodão etc. — ou a espécie ictiológica, pelo menos o nome \ailgar do pes trangeira venha concorrer aos mercados
pescado têm pouco por onde escolher, porquanto a indústria nacional se resu me a industrializar sardinhas, e pouco
alimentação racional, e que esse alimen to, como dizia Cuvier, permitir-lhe-á, até à velliice, a plenitude das forças fí
Alguns dos fabricos,^ como "Salmón Argentóo", são preparados com espé cies sinulares, orientação que de há muito deveriam ter seguido os departa
plo da indústria platina.
siderados imprescindíveis na cozinha bra sileira, os consumidores de conservas de
povo que não tenha receio de comer pei xe, que o pescado é indispensável numa
a qualidade cio pescado e com dese nhos que os incautos confundiam com
Não sabemos, ninguém há de saber,
citar, embora resumidamente, o e.xem-
desaparecimento dos tradicionais expor-, tadores, a Argentina não sòmente desen
E' urgentemente necessário ensinar ao
"vidros".
sardinhas, que não passavam de cavali-
1
tidas e cravadas"' "à décola^^' e em
"Filetes cie Peixe" sem especificar qual
porque se obriga a indústria brasileira a
estranhas a técnica (melhor diremos as
mais.
dos por outras fonnas, acondicionados cm latas "cravadas e cravadas" "evibu-
mais ou menos aproximadas e que ti vessem seguido, alguns decênios, as mes
to os produtos e subprodutos de carne matos e tipos de fabrico que devem ul trapassar de 50, em grande maioria con
leles de Anchoa en Aceite", como ou
nhas em óleo, num fabrico corrente.
em tudo um caso idêntico ao nosso, nes
115
tros países c.vportaram sardinhas em óleo rotuladas de "Sardinhas em Azeite" e
Nesses casos, não há como estudar
que os industriais argentinos resolvem seguir rumos diferentes, a que não são
se apresentam numa variedade de for
f
a evolução da indústria em países de economia idêntica, de possibilidades
vas de carne. Por outro lado, enquan
geiros, 80% a 150% mais, que as conser
Digesto Econômico
suposições: suponha
nacionais com fabricos em óleo rotula dos de azeite e com conservas onde não
volveu extraordinàriamerite a industria
no, como ainda exportou consideráveis
partidas de enlatados.
O Brasil, por
exemplo, foi um dos países que impor taram conservas platinas, concedendo aos industriais daquele país facilidades
que se negavam aos próprios industriais brasileiros.
Colaboramos, assim, embo
ra modestamente, para o desenvolvimen to dessa indústria, que exportou para o nosso mercado péssimos fabricos de ca valas rotulados de "Filetes de Atún", e um outro fabrico, talvez preparado com enxova, mas de uma espécie diferente
Aprofundado nesses assuntos, estudan-
da que é usualmente empregada para en-
do-os nas múltiplas formas por que se
chovar, e vendidos com o nome de "Fi-
transpostas
encontramos mencionados os nomes do
pescado, ou com legendas que não cor
1
respondem ao conteúdo da lata.
Voltemos à indústria argentina, pro tegida por deliberações do seu Minis
tério da Agricultura, amparada pelo govêmo.
Presentemente, essa indústria fabrica
um sem número de. produtos, onde se
mos, portanto, que
os industriais brasileiros se associassem ern agremiação fundamentalmente demo crática, orientadora e controladora de
qualidade, estudassem novos produtos, lançassem novos formatos, adaptassem ou utilizassem outros, considerados es-
tandardizados por longa utilização mun dial e adequados às nossas espécies ictàológicas. Suponhamos que, além dos processos manuais atualmente usados pe la nossa indústria, praticassem sistemas
destacam os fabricos de cavalas prepa
de fabrico mecânico por forma a pos
radas como salmão, em môlho de toma te e em pasta; atum em azeite e em •
sibilitar a produção em quantidade e em
môlho de tomate; amêijoás e mexilhões
o mercado- brasileiro fôsse conveniente
em escabeche e ao natural; filetes encho-
mente
qualidade; e continuemos a supor que estudado, os novos formatos,
os novos 6 velhos fabricos e as espécies cos marinhos, cozidos, fritos e prepara- íctiológicas como albacoras, bonitos, cavados, corvina e outros peixes e molus
r
Dicesto Econômico
118
para não mencionar muitas outras, di
mente, pode arcar com parte considerá vel das despesas de execução de pla
vulgadas por campanhas de publicida
nos desta nal\ireza.
de indispensáveis à venda de produtos novos e imprescindíveis à manutenção de vendas apreciáveis de qualquer pro
auxílio financeiro e técnico a indústria
valas, serras, calamares ou cs mariscos,
duto,
Não há como negar que o planejamen to destas sxeposições e sua execução tra
riam resultados seguros e compensadores
a industria do pescado que, presente
Obrigatoriedade da padronização orçamentária
Ademais, aí esta o
Affonso Almiro
Governo que, decerto, não regatearia primordial ao abastecimento interno, e
p,\x>noNizAÇÃo dos or
num futuro mais ou monos próximo,
çamentos estaduais e ■municipais é legalmen te obrigatória. O De
indústria exportadora, bastando para tan to despender escassa parcela da econo mia feita em divisas com as restrições im
creto-lei 2.416, de 17
postas às importações de congêneres
dc julho de 1940, que aprovou a codificação
estrangeiros.
das normas financeiras para os Estados e Municípios, não perdeu sua xagencia,
após a promulgação da Conshtuiçao Fe
deral de 1946 e das Constituições Es taduais subseqüentes.
Essa tese, ou melhor, essa verdade, vem sendo repetida, com grande entu siasmo e com justificada convicção, pela Secretaria do Conselho Técnico de Eco nomia e Finanças, através a palaxTa au torizada de Valcntim Bouças: - Com o
entusiasmo de quem viu consagrada,
de forma inequívoca e Ijrilh^, pela
Assembléia Constituinte de 1946, uma
obra inestimável de técnica e racionali
zação, que tantos benefícios tem trazido* ao paísl E com a convicção de quem
assistiu aos debates parlamentares e ve rificou a segurança e a consciência com
que foi votado e aprovado, pelo plená
rio esclarecido, o princípio constitucional
Durante êste ultimo ano, apesar ãe toda a nossa amizade com a Argentina, fomos obrigados a inten^fwar o desenvolvimento de outras fontes de provisões, como por exemplo a Australú^ declarou na Câmara dos Comuns o sr. Strachey, minivtrn do d.n Abastecimento. nistro
O ministro deu a entender que o acôrdo com a Austrália não é o único que a Inglaterra está em vias de concluir. Acrescentou, todavia, que "oferecemos aos argentinos aumento de preços para a came" e que, "qualquer que seja o resultado imediato das negociações, tenho confiança em que, cedo ou tarde, chegaremos a um entendimento, nos têrmos do qual as trocas entre nossos dois países, inclusive os
envios de carne, poderão prosseguir. Paralisar completamente o comércio entre a Argentina e a Grã-Bretanha seria desastroso para os dois países". ^ÜÊÊêêà lU
da padronização orçamentária!
Certamente, até boje, nenhum Estado ou Município levantou duvidas quanto a validade e vigência do diploma legal que aprovou as resoluções das memoráveis Conferências de Técnicos em Contabili dade Pública e Assuntos Fazendarios, e
prova disto, nós a temos na unanimidade
dos orçamentos estaduais e municipais
que continuam a obedecer ao padrao
legal.
Eis,
entretanto,
que
surge
agora,
quando já conx^ocada para julho próxi
mo a III Conferência Fazendária, um ilustre técnico da União — cujo orça
mento, aliás, não seguiu o padrão, apesar
da promessa formal do antigo Presidente
da Comissão de Orçamento federal feita
aos representantes estaduais e municipais, em 6-10-1939 (1) - e afirma, enfática
e peremptòriamente, que o Decreto-lei 2.416 é hoje inoperante.
Sem desrespeitar a incontestável auto ridade de Arizio de Viana, um dos maio
res especialistas brasileiros em matéria orçamentária, tomarei a liberdade futar as ousadas conclusões do seu bri
lhante artigo "O Destino da Padroni^ção Orçamentária", publicado no n.
e
maio do Digesto Econômico, buscando, para isto, o depoimento de eminentes juristas. Com êles, demonstrarei que o padrão de orçamento se impõe, iião apenas pelo seu reconhecido e procla
mado valof, ou pelas vantagens extram-
dinárias e comprovadas que advêm do seu cumprimento por todos os Estados e Municípios, mas, constitucionalmente, porque:
a) - fl Constituição de 1946 coma-
grou o princípio da padroniza
ção orçamentária; eh) - o De
creto-lei 2.416 continua na ple nitude de sua vigência.
Antes, porém, não posso deixar de sa
lientar a minha estranheza em face da
indagação preliminar de Arizio de V\ana;^ "Em que consiste o direito financeiro?^ Melhor do que eu, como um dos lí-
r
Dicesto Econômico
118
para não mencionar muitas outras, di
mente, pode arcar com parte considerá vel das despesas de execução de pla
vulgadas por campanhas de publicida
nos desta nal\ireza.
de indispensáveis à venda de produtos novos e imprescindíveis à manutenção de vendas apreciáveis de qualquer pro
auxílio financeiro e técnico a indústria
valas, serras, calamares ou cs mariscos,
duto,
Não há como negar que o planejamen to destas sxeposições e sua execução tra
riam resultados seguros e compensadores
a industria do pescado que, presente
Obrigatoriedade da padronização orçamentária
Ademais, aí esta o
Affonso Almiro
Governo que, decerto, não regatearia primordial ao abastecimento interno, e
p,\x>noNizAÇÃo dos or
num futuro mais ou monos próximo,
çamentos estaduais e ■municipais é legalmen te obrigatória. O De
indústria exportadora, bastando para tan to despender escassa parcela da econo mia feita em divisas com as restrições im
creto-lei 2.416, de 17
postas às importações de congêneres
dc julho de 1940, que aprovou a codificação
estrangeiros.
das normas financeiras para os Estados e Municípios, não perdeu sua xagencia,
após a promulgação da Conshtuiçao Fe
deral de 1946 e das Constituições Es taduais subseqüentes.
Essa tese, ou melhor, essa verdade, vem sendo repetida, com grande entu siasmo e com justificada convicção, pela Secretaria do Conselho Técnico de Eco nomia e Finanças, através a palaxTa au torizada de Valcntim Bouças: - Com o
entusiasmo de quem viu consagrada,
de forma inequívoca e Ijrilh^, pela
Assembléia Constituinte de 1946, uma
obra inestimável de técnica e racionali
zação, que tantos benefícios tem trazido* ao paísl E com a convicção de quem
assistiu aos debates parlamentares e ve rificou a segurança e a consciência com
que foi votado e aprovado, pelo plená
rio esclarecido, o princípio constitucional
Durante êste ultimo ano, apesar ãe toda a nossa amizade com a Argentina, fomos obrigados a inten^fwar o desenvolvimento de outras fontes de provisões, como por exemplo a Australú^ declarou na Câmara dos Comuns o sr. Strachey, minivtrn do d.n Abastecimento. nistro
O ministro deu a entender que o acôrdo com a Austrália não é o único que a Inglaterra está em vias de concluir. Acrescentou, todavia, que "oferecemos aos argentinos aumento de preços para a came" e que, "qualquer que seja o resultado imediato das negociações, tenho confiança em que, cedo ou tarde, chegaremos a um entendimento, nos têrmos do qual as trocas entre nossos dois países, inclusive os
envios de carne, poderão prosseguir. Paralisar completamente o comércio entre a Argentina e a Grã-Bretanha seria desastroso para os dois países". ^ÜÊÊêêà lU
da padronização orçamentária!
Certamente, até boje, nenhum Estado ou Município levantou duvidas quanto a validade e vigência do diploma legal que aprovou as resoluções das memoráveis Conferências de Técnicos em Contabili dade Pública e Assuntos Fazendarios, e
prova disto, nós a temos na unanimidade
dos orçamentos estaduais e municipais
que continuam a obedecer ao padrao
legal.
Eis,
entretanto,
que
surge
agora,
quando já conx^ocada para julho próxi
mo a III Conferência Fazendária, um ilustre técnico da União — cujo orça
mento, aliás, não seguiu o padrão, apesar
da promessa formal do antigo Presidente
da Comissão de Orçamento federal feita
aos representantes estaduais e municipais, em 6-10-1939 (1) - e afirma, enfática
e peremptòriamente, que o Decreto-lei 2.416 é hoje inoperante.
Sem desrespeitar a incontestável auto ridade de Arizio de Viana, um dos maio
res especialistas brasileiros em matéria orçamentária, tomarei a liberdade futar as ousadas conclusões do seu bri
lhante artigo "O Destino da Padroni^ção Orçamentária", publicado no n.
e
maio do Digesto Econômico, buscando, para isto, o depoimento de eminentes juristas. Com êles, demonstrarei que o padrão de orçamento se impõe, iião apenas pelo seu reconhecido e procla
mado valof, ou pelas vantagens extram-
dinárias e comprovadas que advêm do seu cumprimento por todos os Estados e Municípios, mas, constitucionalmente, porque:
a) - fl Constituição de 1946 coma-
grou o princípio da padroniza
ção orçamentária; eh) - o De
creto-lei 2.416 continua na ple nitude de sua vigência.
Antes, porém, não posso deixar de sa
lientar a minha estranheza em face da
indagação preliminar de Arizio de V\ana;^ "Em que consiste o direito financeiro?^ Melhor do que eu, como um dos lí-
Dicesto Econômico
Dicesto EcoNÓxnco
deres que e da brilhante equipe de téc nicos da administração de que muito justamente se orgulha o Dasp, èle não desconhece que "o direito financeiro constitui elemento preponderante no es
tudo da administração pública". (2) Conhecedor profundo do nosso direito orçamentário, autor da magnífica obra
'O orçamento brasileiro", cujo valor in trínseco justificou fosse ela traduzida
nanceira, e, por essa forma, condensa
tòdns as normas que se fazem necessá rias à organização financeira, instituindo
preceitos administrativos sòbre o impor tante ramo do poder público". (4)
Será uma inovação o que, já em 1841, merecia as honras do um aprofundado estudo, de um tratado especial? Senü novidade o que há mais de um século já estava perfeita e completamente ca
para o inglês, e traduzida por um espe racterizado como o conjunto de regras cialista do porte de Harvey Walker "por que sc deve dirigir a Administra como pode Arizio de Viana desconhecer ção Geral da Fazenda Nacional, no que que 'o direito financeiro compreende toda a técnica jurídica que preside à elaboraçao dos orçamentos, à receita e despesa públicas e às relações decorren tes das operaç-óes de crédito de ciue se
socorre o Estado"? (3) ^ Nem mesmo a uma possível má vontaí ^ padronização se lie podea atribuir tal pergunta, de vez que considera no próprio artigo como "uma eylendida conquista da racionalização administrativa do Brasil".
't
é relativo à Receita o Despesa dp Im
pério, à Arrecadação, Fiscalização é Dis
tribuição das Rendas Públicas"? (5) Poderia êle dizer, e nisto ninguém o
senvolvimento"... Vejamos:
1 — "É por enquanto uma inovação constitucional" — Ora, é notório que o Direito Financeiro tem existência pró pria, real, viva e operante, pela ação
contestaria, que a c.xpressão "direito fi
nanceiro" aparece, agora, pela primeira vez, em nossa Carta Magna. Mas, quan do a Constituição de 1934 incluiu, tam
constante do seu conteúdo jurídico. Co mo escreve De Plácido e Silva, "o Direi
"direito aéreo", não houve este, jurista
Convém lembrar aqui o ensinamento
de Guglielmo Masci, desenvolvido por
to Financeiro articula as regras que fo
riamente circunscrito u determinados li
mites. Na ordem lógica, a satisfação das
nanceiras, traçando os preceitos que se
necessidades coletivas é uma preliminar relativamente à disciplina jurídica das re lações oriundas da atividade econômica
rão seguidos no funcionamento dos ór gãos financeiros ou da administração fi
sem o conhecimento sistemático e cien tífico da realidade financeira". (6)
autonomias municipais e estaduais, es
Pois, como afirma ^íariü Pugliese, "ei derecho financiero alcanzó rango de dís-
dos créditos fiscais em todo o território
dezembro de 1938, que, sem quebra das tabeleceu o processo para a cobrança
cip'ina jurídica antonoma por motivos de ordem puramente cientifico". (7) 3 — "Um quase-nada jurídico, sem atos e fatos que o positivem". — O Di
unificação do direito financeiro em todo
reito Financeiro é uma disciplina autô
o mundo, salientando que "não é fácil
noma, grandemente estudada em todo o mundo, notadamente na Itália, onde
brasileiro" (9)
Vai muito mais longe Nogueira Itagi-
ba lembrando a hipótese já debatida da pe'as peculiaridades de cada país, mas é
existem vários institutos que se dedicam
respeitável aspiração a de um estatuto único, que condense todos os princípios
ao seu estudo, como órgãos especiais de
fundamentais de Direito Financeiro, pa
vista di diritto finanziario e scienza delia
cípio, uma frase a espera de desenvol vimento..." — Em seu excelente trata
cionale de Droit Finaiicíer et Fiscal -
definir o direito financeiro: "Ê um ra
que reúne as associações especializadas dos principais países (Italia, França, Es
che per Ia sua vastità e per talirai spe-
tados Unidos, Inglaterra, Bélgica, Suíça, México, Suécia. Egito, Dinamarca, Ar
plina autonoma". (II)
mo dei diritto pubblico, ramo speciale, ciali caratteri assume valore di disci
Até os nossos
dias, desenvolveu-se mais, corporificouse, tomou \'ulto, cresceu, entre nós, até merecer menção expressa na Constitui ção Federal.
A propósito, João Martins de Oliveira,
Cruz, Carlos Medeiros e outros.
em recente trabalho, registra a queixa
Nos programas oficiais das nossas es colas superiores, consta da cadeira de
já citado Compêndio de Direito Finan
Finanças um capítulo especial dedicado
}
edição apa
receu em 1897, Graziani já afirmava, ao.
ao estudo do Direito Financeiro. Os es 1
do sôbre finanças, cuja
sede em Haya — íi Association Intema-
o Instituto Brasileiro de Direito Finan ceiro, recentemente fundado por Tito Rezende, Paulo Martins, Erymá Car neiro, Gilberto de Ulhôa Conte, Elmano
plina autônoma?
ram estabelecidas para as realizações fi
reito financeiro, cita, entre nós, o exem plo do "Decreto-lei n.° 960, de 17 de
gentina, Canadá etc.) à cjual está filiado
vamente estudados e ordenadas, que for mam o conteúdo e o objeto desta disci
legislador por isso se mantém necessà-
disciplina jurídica da matéria financeira
Portanto, não se compreende a
Existe uma entidade internacional com
cia privativa da União, o legislar sôbre
inerentes à ordem econômica e à estru tura social e política, e o arbítrio do
vários países que unificaram o seu di
meios.
finanza", dirigida por Griziotti.
bém pela primeira vez, como competên
Armando Cuida: "O direito deve har monizar-se com certas leis supremas
e política aplicada á consecução dos
divulgação, alguns de proteção mundial, ra ter aplicação universal". (10) 4 — "Intenção, um embrião de prin como, por exemplo, a conhecida Re
não, que levantasse dúvida quanto à As respostas que dá à sua pergunta ou existência anterior dêste ramo indepen amda aumentam a estranheza de quem, dente do direito público. como eu, o conhece e admira. Diz ê!e' 2 — "Uma ficção" — Será uma ficção "É por enquanto uma inovação consti o direito positivo? Será uma ficção o tucional: uma ficção; um quase-nada conjunto de nonnas e princípios exausti jurídico, sem atos e fatos que o positívem; talvez uma intenção, um embrião de princípio, uma frase a espera de de
119
tudantes brasileiros, além da já e.xtensa
bibliografia nacional sôbre o assunto,
de Silva Maia, feita em I84I, no seu
ceiro; "Não temos um corpo especial dêste Direito, isto é, não há no Brasil
um Código Financeiro"," para comple tar: "Durante o regime republicano ain
recorrem à imensa lista de autores es
da perdurou o caos da ^legislação finan
trangeiros, entre os quais posso destacar
ceira, agravado com a autonomia con
alguns, que, de modo particular, versa ram sôbre a matéria. (8) O Desembargador Ivair Nogueira Ita-
giba, em obra recente, depois de citar
cedida às antigas províncias, cada uma com privilégio de legislar sôbre seus or
çamento:". Logo a seguir, salientan do que "há uns quatro lustros, talvez,
i- tt-x-i v ■■ iV.y -
Dicesto Econômico
Dicesto EcoNÓxnco
deres que e da brilhante equipe de téc nicos da administração de que muito justamente se orgulha o Dasp, èle não desconhece que "o direito financeiro constitui elemento preponderante no es
tudo da administração pública". (2) Conhecedor profundo do nosso direito orçamentário, autor da magnífica obra
'O orçamento brasileiro", cujo valor in trínseco justificou fosse ela traduzida
nanceira, e, por essa forma, condensa
tòdns as normas que se fazem necessá rias à organização financeira, instituindo
preceitos administrativos sòbre o impor tante ramo do poder público". (4)
Será uma inovação o que, já em 1841, merecia as honras do um aprofundado estudo, de um tratado especial? Senü novidade o que há mais de um século já estava perfeita e completamente ca
para o inglês, e traduzida por um espe racterizado como o conjunto de regras cialista do porte de Harvey Walker "por que sc deve dirigir a Administra como pode Arizio de Viana desconhecer ção Geral da Fazenda Nacional, no que que 'o direito financeiro compreende toda a técnica jurídica que preside à elaboraçao dos orçamentos, à receita e despesa públicas e às relações decorren tes das operaç-óes de crédito de ciue se
socorre o Estado"? (3) ^ Nem mesmo a uma possível má vontaí ^ padronização se lie podea atribuir tal pergunta, de vez que considera no próprio artigo como "uma eylendida conquista da racionalização administrativa do Brasil".
't
é relativo à Receita o Despesa dp Im
pério, à Arrecadação, Fiscalização é Dis
tribuição das Rendas Públicas"? (5) Poderia êle dizer, e nisto ninguém o
senvolvimento"... Vejamos:
1 — "É por enquanto uma inovação constitucional" — Ora, é notório que o Direito Financeiro tem existência pró pria, real, viva e operante, pela ação
contestaria, que a c.xpressão "direito fi
nanceiro" aparece, agora, pela primeira vez, em nossa Carta Magna. Mas, quan do a Constituição de 1934 incluiu, tam
constante do seu conteúdo jurídico. Co mo escreve De Plácido e Silva, "o Direi
"direito aéreo", não houve este, jurista
Convém lembrar aqui o ensinamento
de Guglielmo Masci, desenvolvido por
to Financeiro articula as regras que fo
riamente circunscrito u determinados li
mites. Na ordem lógica, a satisfação das
nanceiras, traçando os preceitos que se
necessidades coletivas é uma preliminar relativamente à disciplina jurídica das re lações oriundas da atividade econômica
rão seguidos no funcionamento dos ór gãos financeiros ou da administração fi
sem o conhecimento sistemático e cien tífico da realidade financeira". (6)
autonomias municipais e estaduais, es
Pois, como afirma ^íariü Pugliese, "ei derecho financiero alcanzó rango de dís-
dos créditos fiscais em todo o território
dezembro de 1938, que, sem quebra das tabeleceu o processo para a cobrança
cip'ina jurídica antonoma por motivos de ordem puramente cientifico". (7) 3 — "Um quase-nada jurídico, sem atos e fatos que o positivem". — O Di
unificação do direito financeiro em todo
reito Financeiro é uma disciplina autô
o mundo, salientando que "não é fácil
noma, grandemente estudada em todo o mundo, notadamente na Itália, onde
brasileiro" (9)
Vai muito mais longe Nogueira Itagi-
ba lembrando a hipótese já debatida da pe'as peculiaridades de cada país, mas é
existem vários institutos que se dedicam
respeitável aspiração a de um estatuto único, que condense todos os princípios
ao seu estudo, como órgãos especiais de
fundamentais de Direito Financeiro, pa
vista di diritto finanziario e scienza delia
cípio, uma frase a espera de desenvol vimento..." — Em seu excelente trata
cionale de Droit Finaiicíer et Fiscal -
definir o direito financeiro: "Ê um ra
que reúne as associações especializadas dos principais países (Italia, França, Es
che per Ia sua vastità e per talirai spe-
tados Unidos, Inglaterra, Bélgica, Suíça, México, Suécia. Egito, Dinamarca, Ar
plina autonoma". (II)
mo dei diritto pubblico, ramo speciale, ciali caratteri assume valore di disci
Até os nossos
dias, desenvolveu-se mais, corporificouse, tomou \'ulto, cresceu, entre nós, até merecer menção expressa na Constitui ção Federal.
A propósito, João Martins de Oliveira,
Cruz, Carlos Medeiros e outros.
em recente trabalho, registra a queixa
Nos programas oficiais das nossas es colas superiores, consta da cadeira de
já citado Compêndio de Direito Finan
Finanças um capítulo especial dedicado
}
edição apa
receu em 1897, Graziani já afirmava, ao.
ao estudo do Direito Financeiro. Os es 1
do sôbre finanças, cuja
sede em Haya — íi Association Intema-
o Instituto Brasileiro de Direito Finan ceiro, recentemente fundado por Tito Rezende, Paulo Martins, Erymá Car neiro, Gilberto de Ulhôa Conte, Elmano
plina autônoma?
ram estabelecidas para as realizações fi
reito financeiro, cita, entre nós, o exem plo do "Decreto-lei n.° 960, de 17 de
gentina, Canadá etc.) à cjual está filiado
vamente estudados e ordenadas, que for mam o conteúdo e o objeto desta disci
legislador por isso se mantém necessà-
disciplina jurídica da matéria financeira
Portanto, não se compreende a
Existe uma entidade internacional com
cia privativa da União, o legislar sôbre
inerentes à ordem econômica e à estru tura social e política, e o arbítrio do
vários países que unificaram o seu di
meios.
finanza", dirigida por Griziotti.
bém pela primeira vez, como competên
Armando Cuida: "O direito deve har monizar-se com certas leis supremas
e política aplicada á consecução dos
divulgação, alguns de proteção mundial, ra ter aplicação universal". (10) 4 — "Intenção, um embrião de prin como, por exemplo, a conhecida Re
não, que levantasse dúvida quanto à As respostas que dá à sua pergunta ou existência anterior dêste ramo indepen amda aumentam a estranheza de quem, dente do direito público. como eu, o conhece e admira. Diz ê!e' 2 — "Uma ficção" — Será uma ficção "É por enquanto uma inovação consti o direito positivo? Será uma ficção o tucional: uma ficção; um quase-nada conjunto de nonnas e princípios exausti jurídico, sem atos e fatos que o positívem; talvez uma intenção, um embrião de princípio, uma frase a espera de de
119
tudantes brasileiros, além da já e.xtensa
bibliografia nacional sôbre o assunto,
de Silva Maia, feita em I84I, no seu
ceiro; "Não temos um corpo especial dêste Direito, isto é, não há no Brasil
um Código Financeiro"," para comple tar: "Durante o regime republicano ain
recorrem à imensa lista de autores es
da perdurou o caos da ^legislação finan
trangeiros, entre os quais posso destacar
ceira, agravado com a autonomia con
alguns, que, de modo particular, versa ram sôbre a matéria. (8) O Desembargador Ivair Nogueira Ita-
giba, em obra recente, depois de citar
cedida às antigas províncias, cada uma com privilégio de legislar sôbre seus or
çamento:". Logo a seguir, salientan do que "há uns quatro lustros, talvez,
i- tt-x-i v ■■ iV.y -
*4
120
Digesto Eco^•ó^^co
nota-se promissora reação no setor da
interpretativa, quer no terreno do direi
legislação financeira", cita o Código de Contabilidade da União, de 28 de ja
to, quer no campo do cmpirismo políti
neiro de 1922, e o Decreto-lei 2.416, de 17 de julho de 1940. Frisando a lei de
padronização, diz: "Êste é o maior e,
1
co".
Aliás, de acôrdo com a técnica do di
reito constitucional, uma Carta Magna tanto mais é juridicamente perfeita quan to mais fixa normas gerais, transferindo
121
Digesto Econômico
tituição apenas a direito civil, ter-se-ia que admitir que, amaniiã, um Estado
drões estatuídos em lei federal". JusÜfícou
ou um Município, alegando sua autono
o ilustre representante da Bahia a sua emenda, com as seguintes palavras:
mia, pudesse legislar sobre a curatela ou
"Primeiro firmo a noção de que estas
a cnfiteusc, por exemplo.
normas da Constituição são imperiosas,
quer para a União, quer para os Estados e Municípios.
quiçá, o mais importante passo que a nossa legalidade fazendária alcançou.
i\s leis a faculdade de discriminar formas
A lei de padronização orçamentária, que aliás regula apenas a apresentação
Tão notáveis serão os efeitos desta sis-
de execução c aplicação desses mesmos
formal dos orçamentos estaduais e mu
raras coisas boas feitas pelo Estado
princípios normativos.
nicipais para fins estatísticos, está en quadrada e subordinada ao princípio ge
clui a padronização dos orçamentos es
tematização que é de esperar se possa construir em breve a grande lei geral de tributos, que tem sido em outras
nações a base da mais perfeita organi zação fiscal". (12) a)
A Constituição Federal de 1946
consagrou o princípio da padro. nização orçamentária.
É conhecida a regra de que "uma lei só e legitima quando se conforma com
os princípios da Constituição". (13) E conseqüentemente, "a lei que vai de encontro a um preceito constitucional é, por isso mesmo, irrita e nula, na me
dida em que a incompatibilidade se verifica".
Diante dessas regras fundamentais, para se julgar a ínconstitucionalidade de
uma lei, deve-se, em cada caso objetivo, verificar se, com efeito, a norma consti
tucional é de caráter geral ou estrito, pois só assim se poderá precisar se uma certa lei especial, pela sua natureza e destinação, está enquadrada no princípio de ordem geral. Essa verificação deve ser feita, no
Pontes de Miranda, no seu mais re
cente livro (14), eWdencia essa verdade
nérico contido na letra h do n.° XV do
artigo 5.° da Constituição Federal. Aliás,
tituições dos Estados Unidos e da In
a lição de Carlos Maximiliano funda
taduais e municipais, não só aperfeiçoando-os do ponto de vista técnico, mas, ainda, permitindo unidade na ma
menta definitivamente essa afirmativa,
neira de se elaborarem as estatísticas de
glaterra, que primam pelo laconismo.
quando diz que "quando a Constituição contabilidade pública, de interesse na confere poder geral ou prescreve dever, cional. Seria de tôda conveniência que franquia também, implicitamente, todos se conservasse êsse padrão e se permi os poderes particulares necessários para tisse à lei federal estabelecer linhas ge o e.xercício de um ou cumprimento de rais uniformes para todo o país. Com
A nossa Constituição Federal, nesse
particular, também procurou fixar e.x-
clusivamente normas gerais, deixando de lado os detalhes secundários, natural mente afetos às leis ordinárias.
outro". (15)
Dentro dessa concepção 6 que se deve compreender o sentido e o alcance da letra b, n.° XV, do artigo 5.® da Constituição de 1946, pois, consignando
isto, estou-coerente com o meu ponto
de vista, de que o direito financeiro deve Barbosa, "em se questionando sòbre in ser estatuído, em suas linhas gerais, p6 ^ terpretação de um têxto legislativo, deve competência legislativa da União .(19) Considerando o ensinamento de Rui
caber certa precedência, na escala das autoridades, à de quem o elaborou". (16) E, também considerando a ver dade enunciada por José Duarte, de que
como consignou, apenas a competência
da União para legislar sobre direito fi nanceiro, lògicamente, se fôsse tratar de
matéria substancialmente subordinada a esse ramo do direito, estaria caindo num erro de redundância imperdoável na téc
"a Constituição não estatui, somente, o
nica legislativa constitucional. E, se assim não fôsse, quando a le
seu têxto, senão, também, o que nele implicitamente se abrange e o que necessàriamente se segue da essência das
que se contém em termos explícitos no
tra a do mesmo número e artigo se re
Tendo em vista a resolução anterior
da mesma Comissão que rejeitou outra emenda do mesmo deputado, que dava
à União competência para legislar sôbre direito financeiro (depois aprovada pelo
plenário), o assunto provocou rápido debate, o qual, aliás, senàu para ressal tar o entusiasmo dos deputados e sena
dores presentes, pela obra de padroni
fere ao direito civil, teria, para que ti
suas disposições", c, ainda mais, que
vesse vigência uma lei federal sòbre o
"através dos trabalhos preparatórios pe
direito das coisas ou o direito da famí
ve aprovação o princípio que teve a se jusHficação da lei" (17), reproduzirei, guinte redação, no Projeto de Consti em rápidas palavras, o histórico a que
da letra da Constituição e a irifinita va riedade dós casos concretos, a cujas ne cessidades o texto escrito é chamado a
outros ramos.
prover, a interpretação constitucional to ma o aspecto de verdadeira construção
por Arizio de Viana, referindo-se a Cons-
hermenêutica do direito, pois, como sa
lienta Queiroz Lima, "dado o laconismo
No\'o, devemos reconhecer que se in
jurídica, exemplificando com as Cons
lia, que se encontrar, no corpo da Cons tituição, dispositivo expresso outorgan do à União competência para legislar sôbre esses direitos. No entanto, isto só poderia ser admitido por absurdo, pois estão dentro do direito civil aquêles dois
entanto, com as cautelas fixadas pela
Além disso, entre as
netramos nesses meandros e obtemos a
Arizio de Viana se reportou. (18) Procurando afastar qualquer dúvida
quanto à constitucionalidade dos padrões orçamentários, o Deputado Aliomar Ba leeiro apresentou a seguinte emenda, na
E, na mesma ordem de idéias seguida
•-
chamada Comissão da Constituição: "Os orçamentos da União, Estados, Distrito Federal-e Municípios obedecerão a pa I
zação orçamentária. (20) Pela mesma
razão "(rejeição da outra emenda) obte tuição elaborado pela referida Comis
são: "Artigo 136 — Os padrões orçamen tários, fixados mediante convenção entre
a União e os Estados, serão obrigató rios em todo o país" (21)
No plenário obteve esse artigo consagradora aprovação, juntamente com uma emenda de Ary Viana, que man-
*4
120
Digesto Eco^•ó^^co
nota-se promissora reação no setor da
interpretativa, quer no terreno do direi
legislação financeira", cita o Código de Contabilidade da União, de 28 de ja
to, quer no campo do cmpirismo políti
neiro de 1922, e o Decreto-lei 2.416, de 17 de julho de 1940. Frisando a lei de
padronização, diz: "Êste é o maior e,
1
co".
Aliás, de acôrdo com a técnica do di
reito constitucional, uma Carta Magna tanto mais é juridicamente perfeita quan to mais fixa normas gerais, transferindo
121
Digesto Econômico
tituição apenas a direito civil, ter-se-ia que admitir que, amaniiã, um Estado
drões estatuídos em lei federal". JusÜfícou
ou um Município, alegando sua autono
o ilustre representante da Bahia a sua emenda, com as seguintes palavras:
mia, pudesse legislar sobre a curatela ou
"Primeiro firmo a noção de que estas
a cnfiteusc, por exemplo.
normas da Constituição são imperiosas,
quer para a União, quer para os Estados e Municípios.
quiçá, o mais importante passo que a nossa legalidade fazendária alcançou.
i\s leis a faculdade de discriminar formas
A lei de padronização orçamentária, que aliás regula apenas a apresentação
Tão notáveis serão os efeitos desta sis-
de execução c aplicação desses mesmos
formal dos orçamentos estaduais e mu
raras coisas boas feitas pelo Estado
princípios normativos.
nicipais para fins estatísticos, está en quadrada e subordinada ao princípio ge
clui a padronização dos orçamentos es
tematização que é de esperar se possa construir em breve a grande lei geral de tributos, que tem sido em outras
nações a base da mais perfeita organi zação fiscal". (12) a)
A Constituição Federal de 1946
consagrou o princípio da padro. nização orçamentária.
É conhecida a regra de que "uma lei só e legitima quando se conforma com
os princípios da Constituição". (13) E conseqüentemente, "a lei que vai de encontro a um preceito constitucional é, por isso mesmo, irrita e nula, na me
dida em que a incompatibilidade se verifica".
Diante dessas regras fundamentais, para se julgar a ínconstitucionalidade de
uma lei, deve-se, em cada caso objetivo, verificar se, com efeito, a norma consti
tucional é de caráter geral ou estrito, pois só assim se poderá precisar se uma certa lei especial, pela sua natureza e destinação, está enquadrada no princípio de ordem geral. Essa verificação deve ser feita, no
Pontes de Miranda, no seu mais re
cente livro (14), eWdencia essa verdade
nérico contido na letra h do n.° XV do
artigo 5.° da Constituição Federal. Aliás,
tituições dos Estados Unidos e da In
a lição de Carlos Maximiliano funda
taduais e municipais, não só aperfeiçoando-os do ponto de vista técnico, mas, ainda, permitindo unidade na ma
menta definitivamente essa afirmativa,
neira de se elaborarem as estatísticas de
glaterra, que primam pelo laconismo.
quando diz que "quando a Constituição contabilidade pública, de interesse na confere poder geral ou prescreve dever, cional. Seria de tôda conveniência que franquia também, implicitamente, todos se conservasse êsse padrão e se permi os poderes particulares necessários para tisse à lei federal estabelecer linhas ge o e.xercício de um ou cumprimento de rais uniformes para todo o país. Com
A nossa Constituição Federal, nesse
particular, também procurou fixar e.x-
clusivamente normas gerais, deixando de lado os detalhes secundários, natural mente afetos às leis ordinárias.
outro". (15)
Dentro dessa concepção 6 que se deve compreender o sentido e o alcance da letra b, n.° XV, do artigo 5.® da Constituição de 1946, pois, consignando
isto, estou-coerente com o meu ponto
de vista, de que o direito financeiro deve Barbosa, "em se questionando sòbre in ser estatuído, em suas linhas gerais, p6 ^ terpretação de um têxto legislativo, deve competência legislativa da União .(19) Considerando o ensinamento de Rui
caber certa precedência, na escala das autoridades, à de quem o elaborou". (16) E, também considerando a ver dade enunciada por José Duarte, de que
como consignou, apenas a competência
da União para legislar sobre direito fi nanceiro, lògicamente, se fôsse tratar de
matéria substancialmente subordinada a esse ramo do direito, estaria caindo num erro de redundância imperdoável na téc
"a Constituição não estatui, somente, o
nica legislativa constitucional. E, se assim não fôsse, quando a le
seu têxto, senão, também, o que nele implicitamente se abrange e o que necessàriamente se segue da essência das
que se contém em termos explícitos no
tra a do mesmo número e artigo se re
Tendo em vista a resolução anterior
da mesma Comissão que rejeitou outra emenda do mesmo deputado, que dava
à União competência para legislar sôbre direito financeiro (depois aprovada pelo
plenário), o assunto provocou rápido debate, o qual, aliás, senàu para ressal tar o entusiasmo dos deputados e sena
dores presentes, pela obra de padroni
fere ao direito civil, teria, para que ti
suas disposições", c, ainda mais, que
vesse vigência uma lei federal sòbre o
"através dos trabalhos preparatórios pe
direito das coisas ou o direito da famí
ve aprovação o princípio que teve a se jusHficação da lei" (17), reproduzirei, guinte redação, no Projeto de Consti em rápidas palavras, o histórico a que
da letra da Constituição e a irifinita va riedade dós casos concretos, a cujas ne cessidades o texto escrito é chamado a
outros ramos.
prover, a interpretação constitucional to ma o aspecto de verdadeira construção
por Arizio de Viana, referindo-se a Cons-
hermenêutica do direito, pois, como sa
lienta Queiroz Lima, "dado o laconismo
No\'o, devemos reconhecer que se in
jurídica, exemplificando com as Cons
lia, que se encontrar, no corpo da Cons tituição, dispositivo expresso outorgan do à União competência para legislar sôbre esses direitos. No entanto, isto só poderia ser admitido por absurdo, pois estão dentro do direito civil aquêles dois
entanto, com as cautelas fixadas pela
Além disso, entre as
netramos nesses meandros e obtemos a
Arizio de Viana se reportou. (18) Procurando afastar qualquer dúvida
quanto à constitucionalidade dos padrões orçamentários, o Deputado Aliomar Ba leeiro apresentou a seguinte emenda, na
E, na mesma ordem de idéias seguida
•-
chamada Comissão da Constituição: "Os orçamentos da União, Estados, Distrito Federal-e Municípios obedecerão a pa I
zação orçamentária. (20) Pela mesma
razão "(rejeição da outra emenda) obte tuição elaborado pela referida Comis
são: "Artigo 136 — Os padrões orçamen tários, fixados mediante convenção entre
a União e os Estados, serão obrigató rios em todo o país" (21)
No plenário obteve esse artigo consagradora aprovação, juntamente com uma emenda de Ary Viana, que man-
■"Ti?
)KÓMIC0
Digesto Ecokómico
122
dava acrescentar a palavra "Municípios"
terá vigor até que outra a modifique
(22). Desta forma, efetivamente, a As
ou revoque.
sembléia Constituinte homologou a es plêndida realização das Conferências de
§ 1.° — A lei posterior revoga a an terior quando expressamente o declare,
Técnicos em
quando seja com ela incompatível ou
Contabilidade Pública e
Assuntos Fazendários.
Posteriormente, a mesma Comissão da
Constituição, onde havia nascido e to
mado corpo a iniciativa da menção expressa à padronização, em face da aprovação, pelo plenário, da atual letra b, n.® XV, do artigo 5.® e, coerente com
a justificação do Deputado Aliomar Ba
§ 2." — A • lei no\'a, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior."
inclusão do artigo 136 do anteprojeto.
se não há incompatibilidade constitucio
não
contraria
a
natureza
finalidade do Decreto-lei 2.416.
acima, não poderia tet sido outra a de
vos do diploma legal que aprovou a pa
Desnecessário seria repetir, ainda uma vez, o ensinamento do Mestre, quando afirma "Interpretar a lei é revelar o pen
dronização
"O que importa saber-se é que o artigo 5.°, n.° XV, b, da Constituição de 1940, permite que a União dê normas gerais para a administração 'da fazenda nacio nal, estadual, territorial, distrital (Dis trito Federal) e municipal, ainda re lativas a receita e despesa, arrecadação, fiscalização e distribuição, desempenho das atribuições dos que guardam ou
aplicam dinheíros públicos, tomada de contas, responsabilidades, direito orça mentário, pensões etc." (24) b) — O DecretO'lei 2.416 continua
na plenitude da sua vigência.
A lei de introdução ao Código Civil estatui, no seu artigo 2.°:
"Não se
destinando à vigência temporária, a lei
lei.
orçamentária
Releve-se o meu entusiasmo na defesa
da legalidade e vigência da padroniza ção, de vez que, .se este entusiasmo é
]
Não existe, até aqui, todavia, qualquer lei que contrarie o sistema fixado nò Decreto-lei 2.416, e, portantoj de acôrdo com a boa hermenêutica e com as
Saint-Prix: "Les arguments dont on use
en droit positif se tirent: les uns, du texte mème de Ia loi; les autres, des
da, sob o aspecto jurídico, a asserção de
Direito Financeiro"
(7) — "Instituciones de Derecho Financiero — México — 1939.
~
Glf NNINI — ELEMENTI dl Diiitto Fmanziario e di Contabilità Dello Stato c Instituzioni di Diritto Tributário.
VICENZO TANGORRA — Trattato Finanza.
A. WAGNER — Science des Finances.
MYRBACH RHEINFELD — Précis de Droit flnancier. tradução do Grundriss des Finanzrechts".
GIOVANNI FASOLIS — Scienza finanze e diritto finanziario.
F. FLEINER — Droit administratif allemand.
ERNESTO D'ALBERGO — Scienza Delle Finanze e Diritto Finanziario. UBERTO SPIL'MANN ~ Elementí di Scienza delle Finanze e de Di
mica fmanziaria e Diritto Penale
(26)
FiriflDzisrio.
Não fôsse a repercussão que poderia ter a afirmativa categórica .de Arizio de
LORINI — Scienza delia Finanza.
Viana, e o respeito à sua brilhante inte ligência, e, certamente, me dispensaria deirionstrar, por evidentes, estas duas tesés:
a) — A Constituição Federal de 1946 consagrou o princípio da pa
1
dronização orçamentária.
h) — O Decreto-lei 2.416, continua
na plenitude de sua vigência.
ritto Finanziario.
HEITOR ABODUXNO — Elementí di finanza e diritto finanziario.
DONVITO CARANO — I teoreml fondamentali deUa statica e dinâ .^FYER — Droit Adminis
tratif Allemand.
ORLANDO — Trattato di diritto amministrativo italiano
TCHERNOFF - Traité de Droit
Penal Financier. LASCHI — Le crime financier.
DE SANCTIS^— Direito financeiro privado e público (apud Didimo da Veiga).
■LUIGI EINAUDI — Principies de Hacienda Pública.
GUILLERMO AHUMADA ~ Trata do de Finanzas Publicas
H. DORN
Diritto finanziario e úoppie imposizioni.
MARIO PUGLIESI — Derecho fi(D — Vide Anais da I Conferência de Técnicos em Contabilidade Pública
e Assuntos Fazendários, pág. 87. (2)
Themistocles Cavalcanti — "Tra tado de Direito Administrativo" —
(3)
Idem pág. 96, e "A Constituição Fe
a plenitude de sua vigência. Esta a razão por que considerei ousa
°
(á) — in "Unidade de Tributação" — 1941.
travaux preparatoircs et des sources ou Ia loi a etè puiseé; d'autres, des prín cipes generaux du droit, des verités scientifiques ou de 1 equitéj d'autres, enfin, des dísposírions des particulicrs".
regras fundamentais de aplicação do di reito, não se pode levantar dúvida sôbre
As considerações aqui de
senvolvidas obedeceram à lição de F.
i
lo41.
nanziano.
científica.
I
Antonio da Silva Mala — '
teza e a minha confiança na sua legiti
A argumentação jurídica deve ter base
pois é notório que a lei geral não revoga
~
GUGLIELMO MASCI — Corso dl Scienza delle Finanze é diritto Fi-
ficos efeitos.
diploma legal fosse de caráter especial,
bém é regra fundamental que "nos re gimes federativos, como o nosso, a su premacia cabe, necessariamente, às leis federais sobre as estaduais" (25)
"Finanças e Direito Fiscal" —
1941 — pág. 31
grande, muito maiore.s são a minha cer midade e na projeção dos seus bené
ser "legalmente obrigatórios", seria ne cessária a existência de nova lei que "expre.ssamente a revogasse" ou "fosse com ela incompatível" ou "regulasse inteira mente a matéria de que trata". Seria necessário ainda que o novo
que a nova lei fosse federal, pois tam
Veja-se a jurisprudência dos nossos
inconstitucionalídade da lei).
deixassem de
a lei especial. Ainda mais, seria preciso, no caso,
Sem dúvida, é mister dos
tribunais: (Ao judiciário cabe declarar a
Logo,
cisão,da ilustre Comissão.
samento que anima as suas palavras" (23), para concluir, com o eminente constitucionalista Pontes de Miranda:
gatória".
mais complc.xos c intrincados reconhe cer-se de plano a não vigência de uma
e a
nal, ou melhor, se o espírito da Consti tuição não eliminou, antes pelo contrá rio o fortaleceu,. para que os dispositi
Econ-ómico
padronização "não é legalmente obri
Ficou demonstrado que a Constituição Federal, pelo seu sentido e pc'o seu al cance,
Digesto
Arizio de Viana, no sentido de que a
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
leeiro, julgou, e muito acertadamente, ser desnecessária, porque redundante, a De acordo com as regras da boa técnica legislativa constitucional, citadas
I
1942 — pág. 97. deral Comentada". Vol. I.
nanc^ro e Instituciones de Dere cho Financiero.
XOUIS TROTADAS - L-Appllca-
ziom delia teoria delia causa nel dintto finanziario e Préci<? de
Science et legislation Fiiianclere
AUGUSTO GRAZIANNI -- Institu-
zioni di Scienza delle Finaníl
■"Ti?
)KÓMIC0
Digesto Ecokómico
122
dava acrescentar a palavra "Municípios"
terá vigor até que outra a modifique
(22). Desta forma, efetivamente, a As
ou revoque.
sembléia Constituinte homologou a es plêndida realização das Conferências de
§ 1.° — A lei posterior revoga a an terior quando expressamente o declare,
Técnicos em
quando seja com ela incompatível ou
Contabilidade Pública e
Assuntos Fazendários.
Posteriormente, a mesma Comissão da
Constituição, onde havia nascido e to
mado corpo a iniciativa da menção expressa à padronização, em face da aprovação, pelo plenário, da atual letra b, n.® XV, do artigo 5.® e, coerente com
a justificação do Deputado Aliomar Ba
§ 2." — A • lei no\'a, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior."
inclusão do artigo 136 do anteprojeto.
se não há incompatibilidade constitucio
não
contraria
a
natureza
finalidade do Decreto-lei 2.416.
acima, não poderia tet sido outra a de
vos do diploma legal que aprovou a pa
Desnecessário seria repetir, ainda uma vez, o ensinamento do Mestre, quando afirma "Interpretar a lei é revelar o pen
dronização
"O que importa saber-se é que o artigo 5.°, n.° XV, b, da Constituição de 1940, permite que a União dê normas gerais para a administração 'da fazenda nacio nal, estadual, territorial, distrital (Dis trito Federal) e municipal, ainda re lativas a receita e despesa, arrecadação, fiscalização e distribuição, desempenho das atribuições dos que guardam ou
aplicam dinheíros públicos, tomada de contas, responsabilidades, direito orça mentário, pensões etc." (24) b) — O DecretO'lei 2.416 continua
na plenitude da sua vigência.
A lei de introdução ao Código Civil estatui, no seu artigo 2.°:
"Não se
destinando à vigência temporária, a lei
lei.
orçamentária
Releve-se o meu entusiasmo na defesa
da legalidade e vigência da padroniza ção, de vez que, .se este entusiasmo é
]
Não existe, até aqui, todavia, qualquer lei que contrarie o sistema fixado nò Decreto-lei 2.416, e, portantoj de acôrdo com a boa hermenêutica e com as
Saint-Prix: "Les arguments dont on use
en droit positif se tirent: les uns, du texte mème de Ia loi; les autres, des
da, sob o aspecto jurídico, a asserção de
Direito Financeiro"
(7) — "Instituciones de Derecho Financiero — México — 1939.
~
Glf NNINI — ELEMENTI dl Diiitto Fmanziario e di Contabilità Dello Stato c Instituzioni di Diritto Tributário.
VICENZO TANGORRA — Trattato Finanza.
A. WAGNER — Science des Finances.
MYRBACH RHEINFELD — Précis de Droit flnancier. tradução do Grundriss des Finanzrechts".
GIOVANNI FASOLIS — Scienza finanze e diritto finanziario.
F. FLEINER — Droit administratif allemand.
ERNESTO D'ALBERGO — Scienza Delle Finanze e Diritto Finanziario. UBERTO SPIL'MANN ~ Elementí di Scienza delle Finanze e de Di
mica fmanziaria e Diritto Penale
(26)
FiriflDzisrio.
Não fôsse a repercussão que poderia ter a afirmativa categórica .de Arizio de
LORINI — Scienza delia Finanza.
Viana, e o respeito à sua brilhante inte ligência, e, certamente, me dispensaria deirionstrar, por evidentes, estas duas tesés:
a) — A Constituição Federal de 1946 consagrou o princípio da pa
1
dronização orçamentária.
h) — O Decreto-lei 2.416, continua
na plenitude de sua vigência.
ritto Finanziario.
HEITOR ABODUXNO — Elementí di finanza e diritto finanziario.
DONVITO CARANO — I teoreml fondamentali deUa statica e dinâ .^FYER — Droit Adminis
tratif Allemand.
ORLANDO — Trattato di diritto amministrativo italiano
TCHERNOFF - Traité de Droit
Penal Financier. LASCHI — Le crime financier.
DE SANCTIS^— Direito financeiro privado e público (apud Didimo da Veiga).
■LUIGI EINAUDI — Principies de Hacienda Pública.
GUILLERMO AHUMADA ~ Trata do de Finanzas Publicas
H. DORN
Diritto finanziario e úoppie imposizioni.
MARIO PUGLIESI — Derecho fi(D — Vide Anais da I Conferência de Técnicos em Contabilidade Pública
e Assuntos Fazendários, pág. 87. (2)
Themistocles Cavalcanti — "Tra tado de Direito Administrativo" —
(3)
Idem pág. 96, e "A Constituição Fe
a plenitude de sua vigência. Esta a razão por que considerei ousa
°
(á) — in "Unidade de Tributação" — 1941.
travaux preparatoircs et des sources ou Ia loi a etè puiseé; d'autres, des prín cipes generaux du droit, des verités scientifiques ou de 1 equitéj d'autres, enfin, des dísposírions des particulicrs".
regras fundamentais de aplicação do di reito, não se pode levantar dúvida sôbre
As considerações aqui de
senvolvidas obedeceram à lição de F.
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lo41.
nanziano.
científica.
I
Antonio da Silva Mala — '
teza e a minha confiança na sua legiti
A argumentação jurídica deve ter base
pois é notório que a lei geral não revoga
~
GUGLIELMO MASCI — Corso dl Scienza delle Finanze é diritto Fi-
ficos efeitos.
diploma legal fosse de caráter especial,
bém é regra fundamental que "nos re gimes federativos, como o nosso, a su premacia cabe, necessariamente, às leis federais sobre as estaduais" (25)
"Finanças e Direito Fiscal" —
1941 — pág. 31
grande, muito maiore.s são a minha cer midade e na projeção dos seus bené
ser "legalmente obrigatórios", seria ne cessária a existência de nova lei que "expre.ssamente a revogasse" ou "fosse com ela incompatível" ou "regulasse inteira mente a matéria de que trata". Seria necessário ainda que o novo
que a nova lei fosse federal, pois tam
Veja-se a jurisprudência dos nossos
inconstitucionalídade da lei).
deixassem de
a lei especial. Ainda mais, seria preciso, no caso,
Sem dúvida, é mister dos
tribunais: (Ao judiciário cabe declarar a
Logo,
cisão,da ilustre Comissão.
samento que anima as suas palavras" (23), para concluir, com o eminente constitucionalista Pontes de Miranda:
gatória".
mais complc.xos c intrincados reconhe cer-se de plano a não vigência de uma
e a
nal, ou melhor, se o espírito da Consti tuição não eliminou, antes pelo contrá rio o fortaleceu,. para que os dispositi
Econ-ómico
padronização "não é legalmente obri
Ficou demonstrado que a Constituição Federal, pelo seu sentido e pc'o seu al cance,
Digesto
Arizio de Viana, no sentido de que a
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
leeiro, julgou, e muito acertadamente, ser desnecessária, porque redundante, a De acordo com as regras da boa técnica legislativa constitucional, citadas
I
1942 — pág. 97. deral Comentada". Vol. I.
nanc^ro e Instituciones de Dere cho Financiero.
XOUIS TROTADAS - L-Appllca-
ziom delia teoria delia causa nel dintto finanziario e Préci<? de
Science et legislation Fiiianclere
AUGUSTO GRAZIANNI -- Institu-
zioni di Scienza delle Finaníl
DiCESTO Ecokóndco
124
LUTGI .EINAUDI — Princípios de
(16 — in " Comentários à Constituição Fer
deral Brasileira" — Vol. I — pág.
Hacienda Publica.
FLORA — Manuale delle scienze delle íinanze.
BENNEVENUTO
GRIZIOTTI
—
Princlpii di política diritto e sclendes Finances et de Legislatioa Finanoière.
Ingrosso — Institugioni dl Diritto Finanzíario.
Laufenburger — "Précis d'Econo-
niie et de legislation íinancière. (9) — in "O Pensamento Político, Univer sal e a Constituição Brasileira" — 1948 — Vol. II — pág. 118.
(19)
"Diário da Assembléia" n. 66, de
(20) —
Veja-se "Diário da Assembléia" n.
16-5-46, pág. 1.767.
66. pág. 1.770.
28-5-46 — pág. 2.117
»
(22) — "Diário
da Assembléia" n. 90, de 19-6-1946 — pág. 2.725
(23) — Clovis Bcvilacqua — "Teoria Geral do Direito Civil" — pág. 48.
(11)—In Instituzioni di Scienza delle Fi
(24) — "Comentários
nanze — 2.0 edição.
(13) — Queiroz Lima — "Teoria do Esta do" — pág. 425
~P°"^®*^tários à Constituição de 1946 (15)—m Hermenêutica e Aplicação do Direito" — pág. 375
O
(21) — "Diário da Assembléia" n. 75, de
(10)—Idem, pág. 119
(12) —"Direito Fiscal" — 1943 — pág. 15.
CÂNDIDO Mota Filho
çamentária" — pág. 27 e seguinte.
za delle Finanze.
GASTON JÈSE — Cous de Sciense
o PARASITISMO DOS POBRES
114.
(17) — "A Constituição Brasileira de 1916" — pág. 18 (18) — Affonso Almiro — "Técnica Or
à
Constituição
de
1946" — Vol. X — pág. 297. (25)'— Clovis Bcvilacqua — "Teoria Geral do Direito Civil" — pág. 17; e Ama ro Cavalcanti — "Regime Federa
tivo" — pág. 191 e seguintes, (26) — in —
Manuel de Logique Juridique — pág. 22.
7
pnoBLEM^v das favelas na Capital da
sapareceu. Foi-se estendendo como um processo canceroso. E foi-se estendendo
diana.
corrida pelas conquistas da civilização e
Houve um tempo, quando o moder
nismo procurava conquistar os foros de originalidade, em que a.s favelas passavam para as mãos dos pintores, dos literatos e dos estrangeiros enfastiado.s com a sua vidade dos tóxicos da civilização. Era então elegantíssimo uma visita aos ca
Houve
ros cariocas.
O que era civilização, higiene, confor to, arquitetura já não tinha mais sen tido para esses partidários de Gauguin.
O que representava, na verdade, um pro
das exportações, traduziram a redução do "déficit" do comércio externo durante a
recia para êles. Havia o espetáculo pou co visto ou quase inédito, para fascinar sensibilidades -exaustas e novidadeiras.
Tais cifras, caminhando paralelamente às que representaram o calor
seguTida metade do ano, pois que na primeira metade as importações superaram as
exportações em £251.000.000, enquanto que no segundo semestre, a diferença não subiu a mais de £181.000.000. O que melhor dá a conhecer a magnitude do esfôrço realizado pela Crã-Bretanha em 1948 é a comparação do "déficit" comercial do ano passado com o registrado em 1947, quando o mesmo foi de 630.000.000 de libras, Ou seja cêrca de 50 por cento superior.
E quem olha os morros,
que davam à paisagem carioca o tom de
seus melhores encantos, depara, aturdido e apreensivo, com essa invasão cm suas
latas velhas e tábuas, naquele bronco e imundo PáHo dos Milagres, via nascer um novo mundo. Em plena civilização, ao lado das ruas asfaltadas e iluminadas, havia uma paisagem africana e primi tiva onde as vozes perdidas de raças vencidas ou extintas recobravam o seu
caindo a 179.000.000 em setembro para subirem novamente, em novembro, a 181.000.000.
racamentos.
ne, de bom gôsto, mesmo de respeito
antigo vigor e encantamento.
em abril o valor de £186.000.000, flutuaram consideràvelmente nos meses posteriores,
do urbanismo, cresceram várias cidades formadas por estranhos e imundos abar
lombadas, dessas turvas favelas que se
mesmo um escritor francês, fruto genuí no do decadentismo "montmartrois", que via o futuro nos formigueiros dos mor .■Ci73.7p0.000. Embora as importações tenham constituído um "record" do tempo de paz, não obedeceram à mesma curva ascendente das exportações. Tendo atingido
a olhos ristos, como se fôsse um mal incurável. Assim, dentro da cidade so
sebres improvisados que trepavam desor denados pelos morros do Rio. Êles eram um encanto para as vistas aborrecidas.
Aquôle ajuntamento humano, feito com
As importações britânicas de dezembro do ano findo atingiram o v(dor de
O mal que devia desaparecer não de
República não é uma preocupação recente. De há muito que dêlc cuidam os poderes públicos c a imprensa coti
cesso social, um quisto perigoso, não apa
Porém, tudo isso passou, como passam
depressa os despropósitos.
E ficou a
verdade, uma estranha e grave forma de infecção urbana.
assemelham a monstruosas feridas na carne escura das montanhas.
Não há policia, princípio de higie
humano que detenha a propagação da favela.
Vai enfrentando, sem nenhuma
dificuldade, as oposições que encontra. É uma invasão estranha e bárbara que se revela de um dia para outro. Uma po pulação perdida, desabrigada e audacio sa toma conta do solo, como conquista dores em território inimigo. O morro toma-se assim a pátria da autêntica população carnavalesca sambis
ta e musical do Rio de Janeiro. E é a mina eleitoral que fornece a massa capaz de decidir nos pleitos. Ortega y Gasset, no seu 1í\to "A rebe
lião das massas", fala nas superpopulações alarmantes das grandes cidades. Êsse fenômeno cria os elementos políti cos dos movimentos da atualidade para a conquista do poder.
Essa massa ur
bana se explica pelo industrialisnío mo derno que força a existência de densas
populações proletárias. A cidade ofere
ce, pela indústria, fascinantes possibili-
DiCESTO Ecokóndco
124
LUTGI .EINAUDI — Princípios de
(16 — in " Comentários à Constituição Fer
deral Brasileira" — Vol. I — pág.
Hacienda Publica.
FLORA — Manuale delle scienze delle íinanze.
BENNEVENUTO
GRIZIOTTI
—
Princlpii di política diritto e sclendes Finances et de Legislatioa Finanoière.
Ingrosso — Institugioni dl Diritto Finanzíario.
Laufenburger — "Précis d'Econo-
niie et de legislation íinancière. (9) — in "O Pensamento Político, Univer sal e a Constituição Brasileira" — 1948 — Vol. II — pág. 118.
(19)
"Diário da Assembléia" n. 66, de
(20) —
Veja-se "Diário da Assembléia" n.
16-5-46, pág. 1.767.
66. pág. 1.770.
28-5-46 — pág. 2.117
»
(22) — "Diário
da Assembléia" n. 90, de 19-6-1946 — pág. 2.725
(23) — Clovis Bcvilacqua — "Teoria Geral do Direito Civil" — pág. 48.
(11)—In Instituzioni di Scienza delle Fi
(24) — "Comentários
nanze — 2.0 edição.
(13) — Queiroz Lima — "Teoria do Esta do" — pág. 425
~P°"^®*^tários à Constituição de 1946 (15)—m Hermenêutica e Aplicação do Direito" — pág. 375
O
(21) — "Diário da Assembléia" n. 75, de
(10)—Idem, pág. 119
(12) —"Direito Fiscal" — 1943 — pág. 15.
CÂNDIDO Mota Filho
çamentária" — pág. 27 e seguinte.
za delle Finanze.
GASTON JÈSE — Cous de Sciense
o PARASITISMO DOS POBRES
114.
(17) — "A Constituição Brasileira de 1916" — pág. 18 (18) — Affonso Almiro — "Técnica Or
à
Constituição
de
1946" — Vol. X — pág. 297. (25)'— Clovis Bcvilacqua — "Teoria Geral do Direito Civil" — pág. 17; e Ama ro Cavalcanti — "Regime Federa
tivo" — pág. 191 e seguintes, (26) — in —
Manuel de Logique Juridique — pág. 22.
7
pnoBLEM^v das favelas na Capital da
sapareceu. Foi-se estendendo como um processo canceroso. E foi-se estendendo
diana.
corrida pelas conquistas da civilização e
Houve um tempo, quando o moder
nismo procurava conquistar os foros de originalidade, em que a.s favelas passavam para as mãos dos pintores, dos literatos e dos estrangeiros enfastiado.s com a sua vidade dos tóxicos da civilização. Era então elegantíssimo uma visita aos ca
Houve
ros cariocas.
O que era civilização, higiene, confor to, arquitetura já não tinha mais sen tido para esses partidários de Gauguin.
O que representava, na verdade, um pro
das exportações, traduziram a redução do "déficit" do comércio externo durante a
recia para êles. Havia o espetáculo pou co visto ou quase inédito, para fascinar sensibilidades -exaustas e novidadeiras.
Tais cifras, caminhando paralelamente às que representaram o calor
seguTida metade do ano, pois que na primeira metade as importações superaram as
exportações em £251.000.000, enquanto que no segundo semestre, a diferença não subiu a mais de £181.000.000. O que melhor dá a conhecer a magnitude do esfôrço realizado pela Crã-Bretanha em 1948 é a comparação do "déficit" comercial do ano passado com o registrado em 1947, quando o mesmo foi de 630.000.000 de libras, Ou seja cêrca de 50 por cento superior.
E quem olha os morros,
que davam à paisagem carioca o tom de
seus melhores encantos, depara, aturdido e apreensivo, com essa invasão cm suas
latas velhas e tábuas, naquele bronco e imundo PáHo dos Milagres, via nascer um novo mundo. Em plena civilização, ao lado das ruas asfaltadas e iluminadas, havia uma paisagem africana e primi tiva onde as vozes perdidas de raças vencidas ou extintas recobravam o seu
caindo a 179.000.000 em setembro para subirem novamente, em novembro, a 181.000.000.
racamentos.
ne, de bom gôsto, mesmo de respeito
antigo vigor e encantamento.
em abril o valor de £186.000.000, flutuaram consideràvelmente nos meses posteriores,
do urbanismo, cresceram várias cidades formadas por estranhos e imundos abar
lombadas, dessas turvas favelas que se
mesmo um escritor francês, fruto genuí no do decadentismo "montmartrois", que via o futuro nos formigueiros dos mor .■Ci73.7p0.000. Embora as importações tenham constituído um "record" do tempo de paz, não obedeceram à mesma curva ascendente das exportações. Tendo atingido
a olhos ristos, como se fôsse um mal incurável. Assim, dentro da cidade so
sebres improvisados que trepavam desor denados pelos morros do Rio. Êles eram um encanto para as vistas aborrecidas.
Aquôle ajuntamento humano, feito com
As importações britânicas de dezembro do ano findo atingiram o v(dor de
O mal que devia desaparecer não de
República não é uma preocupação recente. De há muito que dêlc cuidam os poderes públicos c a imprensa coti
cesso social, um quisto perigoso, não apa
Porém, tudo isso passou, como passam
depressa os despropósitos.
E ficou a
verdade, uma estranha e grave forma de infecção urbana.
assemelham a monstruosas feridas na carne escura das montanhas.
Não há policia, princípio de higie
humano que detenha a propagação da favela.
Vai enfrentando, sem nenhuma
dificuldade, as oposições que encontra. É uma invasão estranha e bárbara que se revela de um dia para outro. Uma po pulação perdida, desabrigada e audacio sa toma conta do solo, como conquista dores em território inimigo. O morro toma-se assim a pátria da autêntica população carnavalesca sambis
ta e musical do Rio de Janeiro. E é a mina eleitoral que fornece a massa capaz de decidir nos pleitos. Ortega y Gasset, no seu 1í\to "A rebe
lião das massas", fala nas superpopulações alarmantes das grandes cidades. Êsse fenômeno cria os elementos políti cos dos movimentos da atualidade para a conquista do poder.
Essa massa ur
bana se explica pelo industrialisnío mo derno que força a existência de densas
populações proletárias. A cidade ofere
ce, pela indústria, fascinantes possibili-
IFWffTT
120
dades. E todos os trabalhadores cami
Digesto Econômico
Atualmente, o censo nos morros da ci
nholas eram canalizadas e 8!? serviam-sc
eis, no dizer de Miche*et, a melhor tá
de poços, e o restante, quase 85%, era abastecido por águas vindas das bicas
"O pobre não tem outro problema —
Distrito Federal, vivem ou vegetam mais de 130 mil pessoas. A.ssini, nêles se
públicas.
dizia Louis Blanc — senão a sua po
instalam 7% da sua população. Apenas um distrito, o de Jacurepaguá, não pos sui favelas. Enquanto que sòmente no Mcier existem 17, cm Botafogo 14 e na
superposta de cidade, uma população semi-parasita, scmi-bárbara, propícia a
nham para ela em procura de melliores
dade chega a um resultado alarmante.
salários, de maior conforto, de elemen
Em 35 mil barracões, nas 105 favelas do
tos que facilitem a defesa moral e ma terial de suas famílias. Marx via na ci
dade industrializada o palco onde se de veria realizar a revolução social. Nela o
proletário toma consciência de seu valor
econômico e de seu poder de decisão. Mas não é o que acontece com as
favelas no Rio. Nelas a população pre dominante não é a de trabalhadores conscientes de seu valor social, não é de uma expressão política de classe. A favela é o contrário de tudo isso. Nela não está o operário oprimido, mas o
homem indigente e trôpego, que não aceita o traba
» vida senão na indolência
Penha 11.
Os maiores núcleos do população se fixam nas favelas de Jacarèzinho, de Mangueira c da Praia do Pinto. Nestes últimos foram encontrados respectiva
tência, é o pobre visto na sua insufi ciência vital ou na sua incapacidade de
aproximam ou passam de
1.000 habitantes; como em
e, principalmente, da sociologia cultu-
dos em São Paulo, ouvi de
um nobre magistrado que
trágica população infantil. Poucas cidades podem ter no mundo numero tão alto de menores abandona
dos! E é, indiscutivelmente, pelo nu mero de menores abandonados que se mede o valor da civilização de um povo.
Só em nossos dias, com o estudo dos
tenebrosas, grandes abismos que se
cia aos menores abandona
despejavam pela cidade essa imensa e
a condição do pobre em si mesmo.
abrem no clarão da cidade. Os estudiosos dos problemas sociais
pronunciava uma conferên cia no Rio sobre a assistên
parsos pelos morros da cidade é que
Poucos são aqueles que se a\'enturavam a passar daí e que, estudando a so ciologia da pobreza, podiam enfrentar
Quase todas, porém, se
Há alguns anos, quando
responsabilidade desses "Canudos" es
pobre.
morros, entretanto, sao massas escuras e
nas policiadas.
E de onde vinha esse número confrangedor? Dos morros, isto é, das favelas. O abandono social, a vida destituída de
dragem. À noite, a cidade se ilumina com
Efetivamente, o que sempre valeu para o pobre é sua condição de pobre, porque é esta, na sociedade feudal e na sociedade capitalista, a sua condição de
mentam ainda mai.s em Jacaròzinho, on de existem 3.637 casebres.
viciada ou no comporta
duzentos mil.
todos os vícios e a todos os crimes. E
é com ela que se desenvolve uma in fância a-Deus-dará, envolvida por esse ambiente de degradação humana e por êsse exemplo de preguiça e de malan
breza".
um deslumbramento incomparavel.
mento suspeito para as zo
na capital, da República, ultrapassava a
Assim vive e cresce uma população
tica para os empreiteiros de revolução.
mente 2.248 e 1.281 casebres. Êstes au
lho, que não compreende a
o número deles, existentes
Digesto Econômico
Os
Barreiro, em Cantagalo, no
ralista, notam duas espécies de para-
Salgueiro, no
sitismo social: — o parasitismo dos ricos
morro -do
Vintém, no Esqueleto ou
e o parasitismo dos pobres, ambos fru
na Barreira do Vasco, o
tos de uma deficiente circulação social.
número dominante das mu lheres e mais dominante ainda de crianças é verda deiramente espantoso! Em
O parasitismo do rico, pelas condi ções com que se expande, e mais conhe
130 mil favelados, quase 34% possuíam menos de 13 anos, ao mesmo tempo que 14% tinham
dados antropológicos e sociais da exis
adaptação social pelo trabalho. Por certo que há a e.\-pIoração do po
bre, mas do pobre como trabalhador, isto é, como valor social. Mas o pobre
porque não trabalha ou porque, traba
lhando, transforma seus resultados em
argumentos anti-sociais — êsse não é
cido e mais criticado. Êle decone de um excesso de egoísmo, de uma indo
nem pode ser um explorado. Vive co mo vive e só assim pode viver. Conver sando com um favelado do morro do
lência exploradora de uma classe. Con tra êle é que se revoltava o velho Ca
recostado à porta da casinhola tropega,
Vintém, indaguei o que fazia. E êle,
tão em Roma, porque, no dizer de Ju venal, êle estava roendo o prestígio ro
respondeu-me que "não tinha profissão, porque nunca suportou ordens de quem
e adolescentes, quase que a metade da população dos morros. E o número dos
mano até os ossos!
quer que seja!"
que nada fazem, que vivem na vaga bundagem e na sordice, é bastante para
diferentemente, porque o pobre é sem pre o melhor argumento para uma revo
13 a 20 anos, perfazendo assim, crianças
assinalar o aspecto patológico da for mação sociológica das favelas. Há, nes se quadro, 100 assalariados para I75 que nada fazeml
Dos casebres pesquisados, mais de 65% eram apenas de dois cômodos, e 7 mil deles eram apenas dotados de fos sas.
Quanto à água, apenas 7% das casi-
O parasitismo dos pobres foi olhado lução. Agradar o pobre, seja quem fôr êsse pobre, e atirá-lo contra o rico.
_
Êsse parasitismo do pobre, como o
parasitismo do rico, é um mal social. Ambos comprometem uma sociedade^ E o que estamos vendo no Rio pode ate ser o sinal de um mal profundo.
IFWffTT
120
dades. E todos os trabalhadores cami
Digesto Econômico
Atualmente, o censo nos morros da ci
nholas eram canalizadas e 8!? serviam-sc
eis, no dizer de Miche*et, a melhor tá
de poços, e o restante, quase 85%, era abastecido por águas vindas das bicas
"O pobre não tem outro problema —
Distrito Federal, vivem ou vegetam mais de 130 mil pessoas. A.ssini, nêles se
públicas.
dizia Louis Blanc — senão a sua po
instalam 7% da sua população. Apenas um distrito, o de Jacurepaguá, não pos sui favelas. Enquanto que sòmente no Mcier existem 17, cm Botafogo 14 e na
superposta de cidade, uma população semi-parasita, scmi-bárbara, propícia a
nham para ela em procura de melliores
dade chega a um resultado alarmante.
salários, de maior conforto, de elemen
Em 35 mil barracões, nas 105 favelas do
tos que facilitem a defesa moral e ma terial de suas famílias. Marx via na ci
dade industrializada o palco onde se de veria realizar a revolução social. Nela o
proletário toma consciência de seu valor
econômico e de seu poder de decisão. Mas não é o que acontece com as
favelas no Rio. Nelas a população pre dominante não é a de trabalhadores conscientes de seu valor social, não é de uma expressão política de classe. A favela é o contrário de tudo isso. Nela não está o operário oprimido, mas o
homem indigente e trôpego, que não aceita o traba
» vida senão na indolência
Penha 11.
Os maiores núcleos do população se fixam nas favelas de Jacarèzinho, de Mangueira c da Praia do Pinto. Nestes últimos foram encontrados respectiva
tência, é o pobre visto na sua insufi ciência vital ou na sua incapacidade de
aproximam ou passam de
1.000 habitantes; como em
e, principalmente, da sociologia cultu-
dos em São Paulo, ouvi de
um nobre magistrado que
trágica população infantil. Poucas cidades podem ter no mundo numero tão alto de menores abandona
dos! E é, indiscutivelmente, pelo nu mero de menores abandonados que se mede o valor da civilização de um povo.
Só em nossos dias, com o estudo dos
tenebrosas, grandes abismos que se
cia aos menores abandona
despejavam pela cidade essa imensa e
a condição do pobre em si mesmo.
abrem no clarão da cidade. Os estudiosos dos problemas sociais
pronunciava uma conferên cia no Rio sobre a assistên
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Poucos são aqueles que se a\'enturavam a passar daí e que, estudando a so ciologia da pobreza, podiam enfrentar
Quase todas, porém, se
Há alguns anos, quando
responsabilidade desses "Canudos" es
pobre.
morros, entretanto, sao massas escuras e
nas policiadas.
E de onde vinha esse número confrangedor? Dos morros, isto é, das favelas. O abandono social, a vida destituída de
dragem. À noite, a cidade se ilumina com
Efetivamente, o que sempre valeu para o pobre é sua condição de pobre, porque é esta, na sociedade feudal e na sociedade capitalista, a sua condição de
mentam ainda mai.s em Jacaròzinho, on de existem 3.637 casebres.
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breza".
um deslumbramento incomparavel.
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Assim vive e cresce uma população
tica para os empreiteiros de revolução.
mente 2.248 e 1.281 casebres. Êstes au
lho, que não compreende a
o número deles, existentes
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Barreiro, em Cantagalo, no
ralista, notam duas espécies de para-
Salgueiro, no
sitismo social: — o parasitismo dos ricos
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Vintém, no Esqueleto ou
e o parasitismo dos pobres, ambos fru
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O parasitismo do rico, pelas condi ções com que se expande, e mais conhe
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SUMARIO Pág. 9
Conferência de Araxá — Temário
19
J A planificação da impostura — Roland Corbisier
25
U Para um melhor aproveitamento dos recursos naturais — S. Fróes de Abreu
31
* Q Estado como freguês — L. A. Costa Pinto
Posição doa Estados Unidos em face da crise cambial — Roberto Pinto de Sousa
IRMÃOS ABOUCHAR
CT problema do inquilinato — Eduardo Duvivier \,'nelacões entre o capital das emprêsas e a Instabilidade monetária Djacir Menezes ^
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o sistema tributário do Brasil — Paul Hugon
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Produtos brasileiros no mercado internacional — Dorival Teixeira Vieira
73
Noções gerais sôbre o impôslo — José Luiz de Almeida Nogueira Porto .
79
pui, estudante — Antônio Gontijo de Carvalho O tratado de Methuen — Nelson Werneck Sodré
98
93
José de Alencar e o Tribunal de Contas — Deolindo Amorim
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Comte e a correlação dos fenômenos sociais — Lvan Lins
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O Oportunismo político — Otávio Tarquínio de Sousa .A.
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O orçamento público ao alcance de todos — Guilherme Moojen A economia do trabalho — Cândido Mota Filho ,.otT,Ar,.5o terrestre e fluvial da capitania de São Paulo, em 1801 —
Afonso de Taunay
tagem, Vulcanisação e deserto da formiga — Barros Ferreira
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N.o SG — JULHO DE 1949 — ANO V