1
TTICESTO
o DEPARTAMENTO
ECONOMICO SOB OS nuspícios DO ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO . E 00 FEDERAÇÃO DO COMERCIO DO ESTADO DE SÃO PAULO
sumario Pág.
t
Evolução constitucional e política do Brasil — Dai'io de Almeida Magalhães ... Os Estados Unidos, país devedor — Richard Lewinsohn
Amaro Cavalcanti — Aníbal Freire Uma política econômica — Horácio Lafer
28 40
Üeão Xni e a questão social — Roberto Pinto de Sousa
47
"augusto Comte e a questão social — Ivan Lins n problema do açúcar — Daniel de Carvalho
58 63
S uidade nas trocas internacionais — Djacir Menezes
64
«ui e Nabuco — Luís Viana Filho
gg
A maigein da compensação de cheques — Aldo M. Azevedo
91
o li e a questão financeira — Deolindo Amorim a política da austeridade — Bezerra de Freitas
9? 108
extração e sonegação de impostos — José Luiz de Almeida Nogueira Porto
absoluto e cos/iadas exclus/i/a e direlamer?ie aos/n/eressoc/os. 4*
111
«L,hu1os brasileiros no mercado internacional — Dorival Teixeira Vieira
117
•Ruí Barbosa — José Maria Belo
122
Rctrulura do mercado rural — Moaçyr Paixão
142
í-^ndezas e misérias de uma grande capital — Barros Ferreira
e um repositório precioso de informoções QuardacÓQs sob sigilo *^1
9 22
136
ríanceses na Bahia - Otávio Tarquinio de Sousa A psicologia do imigrante — Cândido Mota Filho
148 152
'irua -Se edx ueSSe eaaócSác?
IR
VIADUTO BOA VISTA, 67- 9? ANDAR - FONE-3-1II2
N.o 59 — OUTUBRO DE 1949
ANO V
o DIGESTO ECONÔMICO pnoc.»
ESTÁ Ã VENDA
nos principais pontos de jornais no Brasil, ao preço de CrS 5,00. Os nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer encomenda, bem como a receber pedidos de assinaturas, ao preço de Cr$ 50,00 anuais.
'• ■t. ■>»
Agente Geral para o Brasil FERNANDO CHINAGLIA
Avenida Presidente Vargas, 502, 19.o andar Rio de Janeiro
Alagoas: Manuel Espíndola, Praça Pe dro II. 49, Maceió.
Ariasonas: Agência Freitas. Rua Joa quim Sarmento, 29, Manaus.
Bahia:
Alfredo J. de Souza &c Cia.,
R. Saldanha da Gama, 6, Salvador.
Ceará: J. Alaor de Albuquerque & Cia. Praça do Ferreira. 621. Fortaleza.
Espírito Sanlo; Viuva Copolílo & Fi lhos. Rua Jerônimo Monteiro, 361, Vitória.
Goiás: João Manarino. Ruá Setenta A, Goiânia.
Maranhão:
Paraná: J. Ghiagnone. Rua 15 de No vembro. 423, Curitiba.
ilHLl mm
Pernambuco: Fernando Chlnaglla. Rua do Imperador. 221, 3.o andar, Recife,
Piauí: Cláudio M. Tote. Teresina.
pnyio
Rio de Janeiro: Fernando Chinaglia. Av. Presidente Vargns. 502. 19.o andar.
Rio Grande do Norte; Luis Romão, Avenida Tavares Lira. 48, Natal. Rio Grande do Sul: Sòmente para Por
to Alegre: Octavio Sagebin, Rua Livraria Universal, Rua
João Lisboa, 114. Sao Lxüz.
7 de Setembro, 7C9, Porto Alegre. Para locais fora do Porto Alegre. Fernando Chinaglia, R. de Janeiro.
Mato Grosao: Carvalho. Pinheiro Sc Cia,. Pça. da República, 20, Cuiabá.
construções aceleram seu ritmo, desde
a pequenina casa longínqua do operário
ponto do território nacional.
Sergipe: Livraria Regina Ltda., Rua
até o imponentí arranha-céu. Nossos técnicos, artistas e operários têm con
Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso. Horizonte.
Pará: Albano H. Martins & Cia., Tra vessa Campos Sales, 85/89. Belém. Paraiba: Loja das Revistas. Rua Ba rão do Triunfo, 510-A. João Pessoa.
construção, contribuindo para en-^ran
duto Santa Efigênia, 281, S. Paulo.
Rua Felipe Sclimidt, R, Florianóp. Avenida dos Andradaa, 330, Belo
Enquanto a população aumenta acen
deccr e aformosear a Capital e o País Estamos aptos a construir em aualouer
Santa Catarina: Pedro Xavier & Cia.. São Paulo: A Intelectual, Ltda., Via
João Pessoa, 137, Aracaju. Território do Acre: Diógenes de Oli veira. Rio Branco.
tuando o nosso índice de vitalidade, as
tribuído em
todos
os
setores
dessa
expansão, contando-se por centenas os edifícios de classe de nossa autoria e
CCNSTüUORâ^
COMERCIAL
DliCIO fl. DE MORBES^ S B E„ga„h=rio ■ Arqai,a,„,. .
'
Rua l,b;to Badarô, 15J . ,b.o . ■ie'elB:e 2.S;3J l'4ium - í
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J04
•
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Alagoas: Manuel Espíndola, Praça Pe dro II. 49, Maceió.
Ariasonas: Agência Freitas. Rua Joa quim Sarmento, 29, Manaus.
Bahia:
Alfredo J. de Souza &c Cia.,
R. Saldanha da Gama, 6, Salvador.
Ceará: J. Alaor de Albuquerque & Cia. Praça do Ferreira. 621. Fortaleza.
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Piauí: Cláudio M. Tote. Teresina.
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Rio de Janeiro: Fernando Chinaglia. Av. Presidente Vargns. 502. 19.o andar.
Rio Grande do Norte; Luis Romão, Avenida Tavares Lira. 48, Natal. Rio Grande do Sul: Sòmente para Por
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João Lisboa, 114. Sao Lxüz.
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•
rtrvi-
Automóveis e Caminhões
fl Máquina que tem "MEMÓRIA
•do/S/S
Concessionários
€ia. de
Automóveis
Alexandre liornstein S À O
Escritório, vendas e secçao de pecas
RUA CAP. FAUSTINO LIMA. 105
OFICINAS:
Os cálculos indivi
RUA CLAUDINO PINTO, 55
duais, obtidos no
Telefone: 2-8740
Telefones:
Escritório e vendas ... 2-8738
Secção de peças
PAULO
2-4564
CAIXA POSTAL, 2840 — SÃO PAULO —
mostrador de bai xo, são acumula
dos na "memória"
(mostrador de ci ma). - Os totais aparecem
auto
maticamente.
Com seu teclado elétrico de dçao direta, soma, subtrai, multiplica ou divide instantâneamente.
uma demonstrarão prática
na execu{ão de seu serviço.
CIA. BURROUGHS DO BRASIL, INC. Iteritãrie Centrei
Rio de Janeiro - Rua do Ailàndega, 81-A-1."
Filiai em SSe Paulo: L-rgo Paissandú, 51 - sobreloja Asentes em : Recile, Salvador, Belo Horizonte, Santos, Bauru, Pôrfo Alegre, Pelotas, Florianópolis e Curitiba.
ONDE ha NEGÕCrOS HÁ^
MÁQUINAS
*
Burroughs^
mAouinas de soma^ calcular, de contabilidade e de estatística * CAIXAS REGISTRADORAS ★ SERVIÇO DE MANUTENÇÃO * ACESSÓRIOS
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A SEMENTEIRA DE
Banco Noroeste do Estado
de São Paulo S/A.
NASCIMENTO 8e COSTA. LTDA.
Importadores e distribuidores, de se
RUA ALVARES PENTEADO. 216
mentes de ortaliças e flores dos
e ho
SEMENTES
melhores cultivadores.
SÃO PAULO
CAIXA POSTAL, 119-B
MARCA REGtSTRADA
Endereço Telegráfico "ORBE"
VENDAS POR ATACADO E VAREJO Remessas pelo reembolso postal. LARGO GENERAL OSORIO, 25 — TELEFONE: 4-5271
End. Telegr.: "SEMENTEIRA" '
SÃO PAULO
CAPITAL RESERVAS
CR$ 24.000.000,00 '
CR$ 40.000.000,00
Terras ãe Altn QuitUdade Vendas a prestações em pequenos e grandes lotes pela
CIA. DE TERRAS NORTE 00 PARANÁ
FILIAIS :
Inscrição N." 12 no Registro Geral de Imóveis da Comarca
Agudos — Andradina — Apucarana — Araçatuba — Ara pongas — Assai — Bandeirantes — Baurú .— Biriguí — Cambé — Campinas — Catanduva — Cornélio Procópio — Getulina — Guárarapes — Jundiaí — Lins — Londrina —
de Londrina, na forma do Decrcto-Lei N.° S07S>, de lS-9-1938 »
Vantajosa produção de: CAFs, CEREAIS, FUMO,
ALGODÃO. CANA DE AÇÚCAR, MANDIOCA. TRIGO, etc. Estrada de ferro — Ótimas estradas de rodagem Esplendido serviço rodoviário
Mandaguarí — Marília — Maringá — Mirandópolis — Mi-
Agência Principal e Centro de Administração Londrina
rassol — Penapolis — Pirajuí — Promíssão — Rolândia — Santo André — Santos — São Bernardo do Campo — Sgo Caetano do Sul — São José do Rio Preto — Tupã e
Séde em Sâo Paulo, Rua S. Bento, 329 - 8." andar - Caixa Postal 2771
\írtl;i»t , ^ NENHUM AGENTE DE VENDA ESTA AUTORIZADO RECEBER DINHEIRO EM NOME DA COMPANHIA.
Valparaiso.
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Banco do Brasil S. ARUA ÁLVARES penteado. N.o 112 SÃO
COBRANrAq
MOíVÊIS 1.
PAULO
depósitos — EMPRÉSTIMOS — CÂMBIO
- CUSTómA - ORDENS DE PAGAMENTO — CRÉDITO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL — CARTEIRA DE financiamento
TAXAS DAS CONTAS DE DEPÓSITO:
Populares (limite de CrS 50.000,00)
4% a.a.
Limitados (limite de CrS 100.000,00)
3% a.a.
SEM LIMITE
Depósitos a Prazo Fixo: 12 meses
5% a.a.
Depósitos de Aviso Prévio: 90 dias
60 dias
4Vè% a.a.
4 % a.a.
6 meses 4% a.a. 30 dias 3V2% a.a. Contas a Prazo Fixo, com Pagamento mensal de Juros: 6 meses
a.a.
12 meses
4Vè% a.a.
IRMÃOS TAPETES, PASSADEIBAS
ABOUCHAR
TECIDOS paraMOVEIS e CORTINAS
LTDA,
CiPUP®S EST©FA11@S
Praça Júlio Mesquita,
5ALAI DE mm,DOmiTOKlOS,HALLÍ,ek. Oficinas Próprias
84-96-102
FONE: 4-0124 São Paulo Pneus e Câmaras de Ar de todas as marcas. —
Rodas para Autos e Ca minhões. — Recautchu-
tagem, Vulcanisação
e
São Paulo — Rua San
Consertos:
ta Efigenia, 51 — Fones-:
Especialistas em
.;-417q - .'-4170
Pneus para:
'í. ...
TRATORES — AV I ÕES — ETC.
kl '.ílfit.
■ .1
'uaJi
Santos — Rua Amador Rueno, 114 — Tel. 2-6555
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BICllSTI) EGONÔMICO
. tJs
B liUUQQ QQS KEGCICIOS HüU PIHOHIW BEWIE Publicado job o» autpfcios do
(Síntese e interpretação)
llSSOCIftÇllO COMERCIALDE SW PAULB
D/vnio DE Almeida
FEDERAÇaO DO COMÉRCIB BO ESIAOO DE SÍG PABLO
o Digesto Econômico Direlor superinlendente; Marlim Afíonso Xavier da Silveira Diretor:
Anlonlo Gontijo de Carvalho
publicará no próximo número: EVOLUÇÃO POLÍTICA E CONSTI TUCIONAL DO BRASIL — Dario cie
O Digesto Econômico, órg&o de In formações econômicas e financei
Almeida Magaliiáes.
ras, é publicado mensalmente pela Edltôra Comercial Ltda.
EQUIDADE NAS TROCAS INTER NACIONAIS - Djacir Mcneze.s.
conceitos emitidos em artigos assi
AUGUSTO CÜMTE E A QUESTÃO
nados.
SOCIAL - Ivan Lins. Na transcrição de artigos pede-se
citar
o
nome
do
Digesto
Económloo,
A REMUNERAÇÃO DOS PREFEITOS MUNICIPAIS - De.sírc Guarani Silva.
Aceita-se Intercâmbio com publi cações congêneres nacionais e es
A DESVALORIZAÇÃO DA LIBRA -
trangeiras.
Dorival Teixeira Vieira.
do Brasil".
'
^
^
'
O curso foi proferido na cátedra dc Direito Constitucional do Prof. Justino limenez de Arcchaga, reputado um dos maiores consiUucionalistas uruguaios, re presentante do seu país ua assembléia das Nações Unidas reunida em Paris.
O nosso ilustre colaborador foi saudado ao iniciar as suas aulas pelo Prof. . Arcchaga, que fez uma análise dos vários sistemas constitucionais do Brasil, mos
ram .sobre a organização política uruguaia. Ao terminar Dario de Almeida Magalhães a última preleçâo, o Prof. Arechaga •
agradeceu e enalteceu calorosamei^te o sua contribuição, assinalando que o profes sor' brasileiro havia elevado a cátedra da Faculdade.
_ O curío foi as.sistido pelo embaixador do Brasil, pelo decano da Faculdade, vaiios professores c intelectuais, despertando o maior iiUcrâsse e contando sempre com numerosa assistência.
(registrado) Numero do mês:
Cr$ 58,00 Crí- 5 00
Atrasado:
Cr$ 8,00 ♦
Redaç&o e Administração: viaduto Boa Vista, 87 - 7.e andar lal. 3-7499 — Caixa Postal, 240-B
i
O eminente publicista foi também oficialmente recebido pelo "Colégio dc
Abogados" de Montevidéu, pelo presiderite da República, pelos Mínistro.s de Estado, c. lhe coidjc agradecer, em nome da missão cultural, o banquete oue a esta ofereceu, o Ministério da.s Relações Exteriores, com a presença das figuras mais graduadas dos meios culturais o sociais do Uruguai.
Apresentando o quadro da evolução coíi.sf/íucioji<7Í e política do Brasil — des
dobrada em cerca dc 130 anos perante público estrangeiro — era necessário ao ilustre conferencista atender a duas circunstâncias: só oferecer as linhas gerais, os traços cidminantes;.e ao mesmt) tempo dar certos informações elementares, sem. as quais a matéria escaparia a compreensão dos ouvintes, não familiarizados com
Ês.se curso vai ser publicado pela revista^cla Faculdade de Direito de Montevi
déu, cabendo, porém, ao "Digesto Econômico" as primíckis da divul(^ação.
Cr? 50,00
'São Paulo
A/onícufV/eii — grande centro de estudos em que se encontram matriculados 3.500 «ifmos — um curso, em tres nrclcçõcs, sobre o "evolução constitucional e volitica
a História dn Brasil
ASSINATURAS;
Digesto Econômico
Ano (simples)
ConvUíodo pcJo sr. dr. Raul Fernandes, Ministro das Relações Exteriores, para ■ coíupor a missão cultural que o Brasil envia ao Untguai, etn virtude de tratado de' intercâmbio existente entre os dois países, o sr. Dario dc Almeida Magalhães pro feriu, em 24, 26 e 29 de agosto, na Faculdade de Direito da Universidade de
trando as influências que as instituições brasileiras, em determinada fase, exerce
SÕBRE A BAHIA - L. A. Cosia Pinto.
A direção nSo se responsabiliza pelos dados cujas fontes estejam devidamente citadas, nem pelos
Magaliü.es
it A fase imperial O primeiro congresso constituinte bra
sileiro foi convocado antes da proclama rão da índcpcndcncia, no período em
que o país, entregue aos cuidados do príncipe regente, sentia que se aproxi mava a hora da separação inevitável da coroa do Portugal. O jo\<>ni príncipe
D. Pedro, arrebatado c iinpcluo.so, não
BICllSTI) EGONÔMICO
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B liUUQQ QQS KEGCICIOS HüU PIHOHIW BEWIE Publicado job o» autpfcios do
(Síntese e interpretação)
llSSOCIftÇllO COMERCIALDE SW PAULB
D/vnio DE Almeida
FEDERAÇaO DO COMÉRCIB BO ESIAOO DE SÍG PABLO
o Digesto Econômico Direlor superinlendente; Marlim Afíonso Xavier da Silveira Diretor:
Anlonlo Gontijo de Carvalho
publicará no próximo número: EVOLUÇÃO POLÍTICA E CONSTI TUCIONAL DO BRASIL — Dario cie
O Digesto Econômico, órg&o de In formações econômicas e financei
Almeida Magaliiáes.
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nados.
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do
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Económloo,
A REMUNERAÇÃO DOS PREFEITOS MUNICIPAIS - De.sírc Guarani Silva.
Aceita-se Intercâmbio com publi cações congêneres nacionais e es
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Dorival Teixeira Vieira.
do Brasil".
'
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O curso foi proferido na cátedra dc Direito Constitucional do Prof. Justino limenez de Arcchaga, reputado um dos maiores consiUucionalistas uruguaios, re presentante do seu país ua assembléia das Nações Unidas reunida em Paris.
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D. Pedro, arrebatado c iinpcluo.so, não
Dicksto Econômico
n
DrOESTO ECONÓNfICO ? 10
opôs fmbaraços ao movimento que ia afirmar a autonomia da antiga colônia,
já então eleN'ada à condigâo de Reino — obra de contingências liistórícas inclviláveis. Ao contrário; o príncipe, integrado nu vida tumultuaria do Brasil, cujo i's-
pírito político percebia carregado de im pulsos desordenados, manifestara ao seu grand<> ministro josé Bonifácio, em carta de abril de 1«22, segundo registra um ilustre historiador patrício, que a con\'u-
cação das Cortes ,no Rio lhe parecia de absoluta necessidade, e ser "o único açu
de" capaz de "conter uma corrente tão forte".
E as razões que justificavam a me dida, o príncipe regente as deu ao seu pai, D. João VI, logo no mês seguinte: "E' necessário que o Brasil tenlia còrtes suas; esta opinião generabza-se cada
povo tem razão... .sem Cantes o Brasil não pndc ser feliz. As leis feitas tao lon ge de nos por homens que não são bra sileiros e qiu- não conhecem as ncce.ssídadcs do Bra.sll não poderão ser bons". A cimvocação das cortc.s legislativas.
'-'^■f;'amada por uma representação oonular endereçada, logo depois, ao prínci
pe, recebeu dêste acolhida fa\orá%cl. porérii sob condição prolclatória: a idéia de
uma c-onsulla prévia aos povos de outras províncias, ou pelas Câmaras, ou pelos procuradores gerais. E' que. segundo a.s circunstâncias fa zem supor, os conselheiros mai.s prestigio.sos do regente temiam as consc(jüèncias da reunião de uma assembléia, no ambiente incandescente e rebe'de cIq Rio
de Janeiro daquela época. O Conselho cios
Procuradores Gerais
dia mais. O povo desta cidade prepara
das Províncias, reunido em junho du
uma representação que me será entre gue para suplicar-lhe que as convoque
1822, invocando "a salvação pública,
e eu não posso recusar-me porque o
a integridade da nação, o decoro do Brasil e a glória do príncipe", a este
encaminhou uma petição em cpie "ins tava,
urgia
e
imperiosamente coman
dava" — nas suas e.xpressões tenninantes — a convocação, com a maior urgência,
de '"uma assembléia geral dos reprcsentante.s das províncias do Brasil".
fonnulava as
seguintes
E
considerações:
"A.S leis, as constituições, todas as ins
tituições humanas são feitas para os po vos, não os povos para elas.
E' dêste
princípio indubitável cpie devemos par tir: as leis formadas na Europa podem fazer a felicidade da Europa, mas não a da América".
Em conseqüência dessa manifestação, em 3 de junho de 1822 — mais de três meses, pois, antes da proclamação da in
dependência — se e.Kpeclia o decrelo convocando a "Assembléia Geral Cons
tituinte
e
Legislativa
composta
deputados das províncias do Brasil".
de
Esse ato traduzia uma atitude de ma
nifesta rebeldia contra a monarquia por
tuguesa, e uma reação positi\'a contra o processo de recolonização à oiitrance a <iue o governo de Portugal pretendia submeter o Brasil.
Proclamada a independência em 7 de
setembro, e aclamado D. Pedro I impe rador constitucional do Bitisil, em 12 de
outubro de 1822, quando a Constituinte inaugurou, solenemente, os seus traba
lhos, em 3 de maio de 1823, já foi para
compor o estatuto básico de uma nação
que nascia para \ ida livre, perturbada e insegui-a, em meio de inquietações e de graves problentas
da
consoMdação
de
sua existência autônoma.
No território imenso e de.spovoado, a reduzida população, nêle dispersa em núcleos isolados, não compunha uma es trutura social sobre a qual se pudesse er guer uma construção política instável; a
autoridade do centro é que havia de ser forçosamente o núcleo de con\'ergència.
de coesão e de .ordem, capaz de conter a desagregação; a ela cabia inevitávelmente improvisar, suprindo o ambiente rarefeito e desarticulado, um sistema apto a sustentar a nação, naquela qua
dra especialmente delicada. Tradições políticas não poderia ofe recer um país que surgia para a \ada
independente depois de um sistema co lonial que durante três séculos mal dei xara bruxolear uma tênue vida nos es
parsos núcleos que se perdiam no isola mento do território, apenas parcialmente
ocupado, e no qual se disseminavam cerca de quatro milhões de habitantes. A.s revoluções que antecederam o mo vimento libertador se haviam inflamado
de um idealismo republicano muito im preciso e inconsistente, que exprimia mais uma reação contra as instituições monár
quicas, símbolo da opressão estrangeira.
As leis e as fórmulas políticas da metrójjüle portuguesa é que haviam forço samente de constituir o stihstratum das
noções de ordem e de legalidade que pre dominavam na minoria dirigente da pá tria em formação.
E a circunstância de
ha\'er proclamado a independência um príncipe português, envolvido pela in
fluência do meio americano (em que se refugiara em 1808, a corte da metrópo le, acossada pelos exércitos de Napoleão), mantinha inevitâvebnente a \an-
culação da nação, que se constituía, às instituições da nação da qual se emancipa\a politicamente.
Eleitos por sufrágio indireto, segundo as instruções baixadas em 19 de ju nho de 1822, os constituintes incumbidos
de elaborar a carta do Império Brasilei
ro se reuniram para esta grave tarefa já em ambiente de insegurança e intran qüilidade. O Imperador e seu ministro José Bonifácio — a figura dominante em
tôda essa época, c-onclutor do go\-êrno e
Dicksto Econômico
n
DrOESTO ECONÓNfICO ? 10
opôs fmbaraços ao movimento que ia afirmar a autonomia da antiga colônia,
já então eleN'ada à condigâo de Reino — obra de contingências liistórícas inclviláveis. Ao contrário; o príncipe, integrado nu vida tumultuaria do Brasil, cujo i's-
pírito político percebia carregado de im pulsos desordenados, manifestara ao seu grand<> ministro josé Bonifácio, em carta de abril de 1«22, segundo registra um ilustre historiador patrício, que a con\'u-
cação das Cortes ,no Rio lhe parecia de absoluta necessidade, e ser "o único açu
de" capaz de "conter uma corrente tão forte".
E as razões que justificavam a me dida, o príncipe regente as deu ao seu pai, D. João VI, logo no mês seguinte: "E' necessário que o Brasil tenlia còrtes suas; esta opinião generabza-se cada
povo tem razão... .sem Cantes o Brasil não pndc ser feliz. As leis feitas tao lon ge de nos por homens que não são bra sileiros e qiu- não conhecem as ncce.ssídadcs do Bra.sll não poderão ser bons". A cimvocação das cortc.s legislativas.
'-'^■f;'amada por uma representação oonular endereçada, logo depois, ao prínci
pe, recebeu dêste acolhida fa\orá%cl. porérii sob condição prolclatória: a idéia de
uma c-onsulla prévia aos povos de outras províncias, ou pelas Câmaras, ou pelos procuradores gerais. E' que. segundo a.s circunstâncias fa zem supor, os conselheiros mai.s prestigio.sos do regente temiam as consc(jüèncias da reunião de uma assembléia, no ambiente incandescente e rebe'de cIq Rio
de Janeiro daquela época. O Conselho cios
Procuradores Gerais
dia mais. O povo desta cidade prepara
das Províncias, reunido em junho du
uma representação que me será entre gue para suplicar-lhe que as convoque
1822, invocando "a salvação pública,
e eu não posso recusar-me porque o
a integridade da nação, o decoro do Brasil e a glória do príncipe", a este
encaminhou uma petição em cpie "ins tava,
urgia
e
imperiosamente coman
dava" — nas suas e.xpressões tenninantes — a convocação, com a maior urgência,
de '"uma assembléia geral dos reprcsentante.s das províncias do Brasil".
fonnulava as
seguintes
E
considerações:
"A.S leis, as constituições, todas as ins
tituições humanas são feitas para os po vos, não os povos para elas.
E' dêste
princípio indubitável cpie devemos par tir: as leis formadas na Europa podem fazer a felicidade da Europa, mas não a da América".
Em conseqüência dessa manifestação, em 3 de junho de 1822 — mais de três meses, pois, antes da proclamação da in
dependência — se e.Kpeclia o decrelo convocando a "Assembléia Geral Cons
tituinte
e
Legislativa
composta
deputados das províncias do Brasil".
de
Esse ato traduzia uma atitude de ma
nifesta rebeldia contra a monarquia por
tuguesa, e uma reação positi\'a contra o processo de recolonização à oiitrance a <iue o governo de Portugal pretendia submeter o Brasil.
Proclamada a independência em 7 de
setembro, e aclamado D. Pedro I impe rador constitucional do Bitisil, em 12 de
outubro de 1822, quando a Constituinte inaugurou, solenemente, os seus traba
lhos, em 3 de maio de 1823, já foi para
compor o estatuto básico de uma nação
que nascia para \ ida livre, perturbada e insegui-a, em meio de inquietações e de graves problentas
da
consoMdação
de
sua existência autônoma.
No território imenso e de.spovoado, a reduzida população, nêle dispersa em núcleos isolados, não compunha uma es trutura social sobre a qual se pudesse er guer uma construção política instável; a
autoridade do centro é que havia de ser forçosamente o núcleo de con\'ergència.
de coesão e de .ordem, capaz de conter a desagregação; a ela cabia inevitávelmente improvisar, suprindo o ambiente rarefeito e desarticulado, um sistema apto a sustentar a nação, naquela qua
dra especialmente delicada. Tradições políticas não poderia ofe recer um país que surgia para a \ada
independente depois de um sistema co lonial que durante três séculos mal dei xara bruxolear uma tênue vida nos es
parsos núcleos que se perdiam no isola mento do território, apenas parcialmente
ocupado, e no qual se disseminavam cerca de quatro milhões de habitantes. A.s revoluções que antecederam o mo vimento libertador se haviam inflamado
de um idealismo republicano muito im preciso e inconsistente, que exprimia mais uma reação contra as instituições monár
quicas, símbolo da opressão estrangeira.
As leis e as fórmulas políticas da metrójjüle portuguesa é que haviam forço samente de constituir o stihstratum das
noções de ordem e de legalidade que pre dominavam na minoria dirigente da pá tria em formação.
E a circunstância de
ha\'er proclamado a independência um príncipe português, envolvido pela in
fluência do meio americano (em que se refugiara em 1808, a corte da metrópo le, acossada pelos exércitos de Napoleão), mantinha inevitâvebnente a \an-
culação da nação, que se constituía, às instituições da nação da qual se emancipa\a politicamente.
Eleitos por sufrágio indireto, segundo as instruções baixadas em 19 de ju nho de 1822, os constituintes incumbidos
de elaborar a carta do Império Brasilei
ro se reuniram para esta grave tarefa já em ambiente de insegurança e intran qüilidade. O Imperador e seu ministro José Bonifácio — a figura dominante em
tôda essa época, c-onclutor do go\-êrno e
••li
Dir.nsTO EconVimico • -
12
dos acontecimentos — compreendiam a
mece-jsidado de resguardar.e de reforçar á autoridade do poder, a fim de garantir
neira das de 1T91 e 92, tèni estabelecido as suas bases o sc tèm c{u^iilo organi
zar, a experiência nos tem'mostrado que
a ordem e a unidade do país, e temiam
são totalmente tcoréticas c metafísicas
^ ^ tendências excessivamente liberais da
C por isso inexoqiiÍNi is." As palavra.s do Imperador, que um
; íts^scmbléia.
^ O programa daquele ministro cra inequivücamente organizar um governo for te', sob a forma monárq\nca: a cunsiiinlv"u) nãij deveria conceder scnão "iiquc-
deputado tachou dc ambíguas , deixa
As idéias que a Rt-vcduvâo Francesa e
gosas e perturbadoras, no seio de uma
constituinte composta em sua grande parle por homens fonnados cm Direita,
representativa, dividindo-se os podercs
vor das liberdades qno a Constituinte
sencontradü nos .seus inipiilsus, c de ülltio lado ;i vitalidade cí\'ica, a indepen
po'!licos do governo em legislativo, e.xcCUUvo e judiciáiio, Uidos como delega
ção da Nação, ponpie "sem essa dcIc»
dência da maioria dos membros da
gação, (puiiquer e.xereíeio de podíTes é
a.ssembh.jji, (pu- soube cnrrentar com
usurpaçáo", dizia o art. 40 do projeto,
cadas, que .seriam fontes de confliio.s
Os receios com que Pedro I encarava a oijra dos constituintes se traduziram
pria dignidade e independência, citida-
seu dia inaugural: logo após relembrar a promessa que fizera, ao receber a coroa imperial, — de defender com a sua
e.spada "a pátria, a nação e a Constitui ção, se for digna do Brasil e de mim",
disse o Imperador. "Rafifico ho|e mui solenemente, pe rante vós, esta promessa, e espero que me ajudeis a desempenliá-Ia fazendo
uma Constituição sábia, justa, adequa da e executável, ditada pela razão, e não pelo capricho... que essa Constitui ção tenha bases sólidas, bases que a sa• bedoria dos séculos tenha mostrado que são as verdadeiras jjara darem uma jus
ta liberdade aos povos e toda a fôrça
1
do sem rcstríçõe.s enfraquccedoras. Enfrentando algumas questõe.s deli- •
c lides cm Montesquieii e Roíisseau. Essa atmosfera de intranqüilidade e
mensagem do trono k assembléia, no
(•<
berdades deveriam ser moderadas; e, do
outro lado, o predomínio do poder do
com o trono, u assembléia, siin sc sub
.nestas suas advertências formuladas na
necessária ao poder executivo."
meter dc maneira lotai, defendendo, ao
contrário, embora discretamente, a pró
O nível intelectual du assembléia não
na forma enfática {pie trazia a marca da Declaração dos Direitos do Moinem. Os
capítulos iniciais do projeto continham a definição da cidadania e dos direitos in
era dos mais altos; mas a sua cnmposi-• dividuais garantidos aos brasileiros — e ção exprimia í) qne <le melhor se po estes direitos cxímprcendiam todos os deria reunir naquela época, quando as <pie as idéia.s liberais, na época, expri praticas do regime representativo aTuni miam, clcsííí' a liberdade pessoal até a de imprensa c religiosa, embora se con
vu dc dar de.sempenbo à sua missão
autorizado estudioso da nossa vida po lítica, depois de balancear os vá
sagrasse a religião católica como "a re
essencial: a redação da carta constitu
rios julgâmcntüs formulados a
cional.
respeito da nossa frustrada pri
Os três irmãos Andradas —
José Bonifácio, Maitim Francisco e An tônio Carlos — domína\'am-na como fi
guras políticas culminante.s. Êsle ultimo foi o relator da comissão olaboradora do
projeto, que em I.^' de setembro de 1823, isto é, ccrca de quatnj mcse.s de
pois da inauguração da assembléia, a esta era apresentado. Vivendo em cli ma de sobressaltos, entre rumores cons
tantes de dissolução, a ^Constitiiinte se
dera pressa em concluir a sua tarefa. O seu esforço ia, entretanto, malograr-
se. Os choques que se repetiam com o
Imperador, extravasando da assembléia para os debates da imprensa, exprimin do, sobretudo, a reação nativisla, contra / a influência no governo de elementos por
tugueses suspeitos à opinião brasileira,
"Tódas as oonstítiiíçÕes que, à ma
iriam desfechar num golpe de Estado.
1.
dignidade e compostura o atentado con tra o qual não tinha meios eficientes de reação pronta. ^
mal conhecidas no Pais — conchii uin
E mais adiante ad\'ertía:
.. .1
segundo declarava o Imperador no de apresentado a \ima assembléia de repre creto de dissolução. sentantes do povo brasileiro: o Império O mulògro com que se inaugurava, do Brasil, uno c indivisível, sc consti tciitleiicías tio monarca, iH'clin'ostj c dc--
dér executivo, precisava ser assegura
eram temidas como extremamente peri
Em traços gerais, assim se cat^acte-.. rizava i) primeiro texto constitucional
tuiu como uma monarquia hereditária c
Imperador, como representante do po-
universais,
nosso Estudo".
indepcTidcnlo traduzia, de uin lado, as
viam, tornado
e
pa a constituinte, porque "perjurara ao .sou solene juramento dc sah-ar o Bra-sil",
do o cpio havia de mais aplicável ao
a abdicar de .suas prerrogatiuis em fh-
a independência dos Estados Unidos ha vitoriosas
Fm 12 dc novembro de 1823, cra,
com eleito, dissobida, cercada pela tro
assim, a vida constitucional do Brasil
ram chiro rpif êle não cbla\ii inclinado
' liberdade de que somos capazes", pretendesse consignar na carta politica, diria clc próprio, mais tarde, num dis que lhe incumbia elaborar; essas li curso proferido na assembléia.
DinrsTo Errvxóxtiro
meira constituinte, e os do cumentos
e
debates
nos seus anais.
reunidos
Em 1923, as
luzes do direito político — ujun-
i
ligião do Estado por excelência e única manteúda por êle". No meio dessas franquias, que lhe •marcam o espírito liberal, é ver
dade que ficou uma mancha negra: a da con.sagração da es-
aavidão, que se ia constituir,
lou — ainda não tinham devassado os
ainda durante cêrca de ,70. anos, oin
nossos horiz{)ntes.
gra\'o pecado do império que nusçia. As atribuições do Poder Legislativo, dividido em "sala de deputados e sala de senadores", foram largamente esta belecidas e amparadas, não se conferin do ao Imperador o direito de dissolução
No projeto de constituição elaborado
(tem sido assinalado uniformemente pe los que o analisam) encontraram guari da, apesar disso, as principais institui
ções consagradas pelo pensamento polí tico dominante, o que sc condensava no constitucionalismo europeu do tempo. O seu elaborador conft^ssaria mais
tarde que a sua tarefa, realizada no es
e protegendü-se com imunidades espe ciais os deputados e senadores. A elei
ção de uns e outros se faria por proces
paço de 15 dias, consistira em "reunir o
so- indireto, sendo os membros do Se
que havia de melhor cm todas as outras constituições, aproveitando e coordenan
nado vitalícios.
'U
O poder judiciário era organizado
••li
Dir.nsTO EconVimico • -
12
dos acontecimentos — compreendiam a
mece-jsidado de resguardar.e de reforçar á autoridade do poder, a fim de garantir
neira das de 1T91 e 92, tèni estabelecido as suas bases o sc tèm c{u^iilo organi
zar, a experiência nos tem'mostrado que
a ordem e a unidade do país, e temiam
são totalmente tcoréticas c metafísicas
^ ^ tendências excessivamente liberais da
C por isso inexoqiiÍNi is." As palavra.s do Imperador, que um
; íts^scmbléia.
^ O programa daquele ministro cra inequivücamente organizar um governo for te', sob a forma monárq\nca: a cunsiiinlv"u) nãij deveria conceder scnão "iiquc-
deputado tachou dc ambíguas , deixa
As idéias que a Rt-vcduvâo Francesa e
gosas e perturbadoras, no seio de uma
constituinte composta em sua grande parle por homens fonnados cm Direita,
representativa, dividindo-se os podercs
vor das liberdades qno a Constituinte
sencontradü nos .seus inipiilsus, c de ülltio lado ;i vitalidade cí\'ica, a indepen
po'!licos do governo em legislativo, e.xcCUUvo e judiciáiio, Uidos como delega
ção da Nação, ponpie "sem essa dcIc»
dência da maioria dos membros da
gação, (puiiquer e.xereíeio de podíTes é
a.ssembh.jji, (pu- soube cnrrentar com
usurpaçáo", dizia o art. 40 do projeto,
cadas, que .seriam fontes de confliio.s
Os receios com que Pedro I encarava a oijra dos constituintes se traduziram
pria dignidade e independência, citida-
seu dia inaugural: logo após relembrar a promessa que fizera, ao receber a coroa imperial, — de defender com a sua
e.spada "a pátria, a nação e a Constitui ção, se for digna do Brasil e de mim",
disse o Imperador. "Rafifico ho|e mui solenemente, pe rante vós, esta promessa, e espero que me ajudeis a desempenliá-Ia fazendo
uma Constituição sábia, justa, adequa da e executável, ditada pela razão, e não pelo capricho... que essa Constitui ção tenha bases sólidas, bases que a sa• bedoria dos séculos tenha mostrado que são as verdadeiras jjara darem uma jus
ta liberdade aos povos e toda a fôrça
1
do sem rcstríçõe.s enfraquccedoras. Enfrentando algumas questõe.s deli- •
c lides cm Montesquieii e Roíisseau. Essa atmosfera de intranqüilidade e
mensagem do trono k assembléia, no
(•<
berdades deveriam ser moderadas; e, do
outro lado, o predomínio do poder do
com o trono, u assembléia, siin sc sub
.nestas suas advertências formuladas na
necessária ao poder executivo."
meter dc maneira lotai, defendendo, ao
contrário, embora discretamente, a pró
O nível intelectual du assembléia não
na forma enfática {pie trazia a marca da Declaração dos Direitos do Moinem. Os
capítulos iniciais do projeto continham a definição da cidadania e dos direitos in
era dos mais altos; mas a sua cnmposi-• dividuais garantidos aos brasileiros — e ção exprimia í) qne <le melhor se po estes direitos cxímprcendiam todos os deria reunir naquela época, quando as <pie as idéia.s liberais, na época, expri praticas do regime representativo aTuni miam, clcsííí' a liberdade pessoal até a de imprensa c religiosa, embora se con
vu dc dar de.sempenbo à sua missão
autorizado estudioso da nossa vida po lítica, depois de balancear os vá
sagrasse a religião católica como "a re
essencial: a redação da carta constitu
rios julgâmcntüs formulados a
cional.
respeito da nossa frustrada pri
Os três irmãos Andradas —
José Bonifácio, Maitim Francisco e An tônio Carlos — domína\'am-na como fi
guras políticas culminante.s. Êsle ultimo foi o relator da comissão olaboradora do
projeto, que em I.^' de setembro de 1823, isto é, ccrca de quatnj mcse.s de
pois da inauguração da assembléia, a esta era apresentado. Vivendo em cli ma de sobressaltos, entre rumores cons
tantes de dissolução, a ^Constitiiinte se
dera pressa em concluir a sua tarefa. O seu esforço ia, entretanto, malograr-
se. Os choques que se repetiam com o
Imperador, extravasando da assembléia para os debates da imprensa, exprimin do, sobretudo, a reação nativisla, contra / a influência no governo de elementos por
tugueses suspeitos à opinião brasileira,
"Tódas as oonstítiiíçÕes que, à ma
iriam desfechar num golpe de Estado.
1.
dignidade e compostura o atentado con tra o qual não tinha meios eficientes de reação pronta. ^
mal conhecidas no Pais — conchii uin
E mais adiante ad\'ertía:
.. .1
segundo declarava o Imperador no de apresentado a \ima assembléia de repre creto de dissolução. sentantes do povo brasileiro: o Império O mulògro com que se inaugurava, do Brasil, uno c indivisível, sc consti tciitleiicías tio monarca, iH'clin'ostj c dc--
dér executivo, precisava ser assegura
eram temidas como extremamente peri
Em traços gerais, assim se cat^acte-.. rizava i) primeiro texto constitucional
tuiu como uma monarquia hereditária c
Imperador, como representante do po-
universais,
nosso Estudo".
indepcTidcnlo traduzia, de uin lado, as
viam, tornado
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pa a constituinte, porque "perjurara ao .sou solene juramento dc sah-ar o Bra-sil",
do o cpio havia de mais aplicável ao
a abdicar de .suas prerrogatiuis em fh-
a independência dos Estados Unidos ha vitoriosas
Fm 12 dc novembro de 1823, cra,
com eleito, dissobida, cercada pela tro
assim, a vida constitucional do Brasil
ram chiro rpif êle não cbla\ii inclinado
' liberdade de que somos capazes", pretendesse consignar na carta politica, diria clc próprio, mais tarde, num dis que lhe incumbia elaborar; essas li curso proferido na assembléia.
DinrsTo Errvxóxtiro
meira constituinte, e os do cumentos
e
debates
nos seus anais.
reunidos
Em 1923, as
luzes do direito político — ujun-
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ligião do Estado por excelência e única manteúda por êle". No meio dessas franquias, que lhe •marcam o espírito liberal, é ver
dade que ficou uma mancha negra: a da con.sagração da es-
aavidão, que se ia constituir,
lou — ainda não tinham devassado os
ainda durante cêrca de ,70. anos, oin
nossos horiz{)ntes.
gra\'o pecado do império que nusçia. As atribuições do Poder Legislativo, dividido em "sala de deputados e sala de senadores", foram largamente esta belecidas e amparadas, não se conferin do ao Imperador o direito de dissolução
No projeto de constituição elaborado
(tem sido assinalado uniformemente pe los que o analisam) encontraram guari da, apesar disso, as principais institui
ções consagradas pelo pensamento polí tico dominante, o que sc condensava no constitucionalismo europeu do tempo. O seu elaborador conft^ssaria mais
tarde que a sua tarefa, realizada no es
e protegendü-se com imunidades espe ciais os deputados e senadores. A elei
ção de uns e outros se faria por proces
paço de 15 dias, consistira em "reunir o
so- indireto, sendo os membros do Se
que havia de melhor cm todas as outras constituições, aproveitando e coordenan
nado vitalícios.
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O poder judiciário era organizado
-IJ- I; Wij!
DlCiEHlO EíonómioS
In»-*
f
Dir.ESTO Econômico
nmilo imperfeitamente, sem garantias adequadas.
O Imperador, além da coíaboruçao que lhe era permitida na confecção das leis, exercia o poder executivo. A sua pessoa era inviolável e sagrada. Um ministério e um con.sellio prisado, de sua livre escolha, o auxiliariam. A
15
havia em breve de lhe apresentar, e que seria "duplicadajliente )nais liberal do
era que nada, ou quase nada, poderia
que o que a extinta A.s.seinbléia acabou
.surgir senão os elementos que fatalmente
dc fazer" — dizia textualmente.
O alentado contra a Constituinte fe
rira fundo a opinião pública da capital E era precis*o apaziguar os
do País. ânimos.
110 futuro. A noss* história, daí por diante, recorda um fatígante esfôrço
forçavam a adaptação dos princípios, para o alcançar". métodos e instituições importadas. Em sua essência o código político ou Comenta um analista de visão profun torgado, para a época, traduzia "tendên da: "legi.slar para o Brasil gregário de cias liberais, embora o comprometes:-p 1823 — agrupamentos étnica e histò- a sua origem histórica — que por si só
O Imperador não cumpriu a solene
ricainrnte distintos — seria tudo, menos
justificou e insuflou revoltas c reações
promessa de convocar nova assembléia
obedecer à consulta lúcida do meio. Era
de grande porte,
de representantes da nação para elabo
trabalho todo subjetivo, ou capricho de
a de requerer ao Imperador a demissão
rar a carta política. Mas se apressou em
minoria erudita, disconendo dedutiva
dos ministros "que parecerem nocivos
designar uma comissão de dez membros
91,-n.II do projeto, semelhantes "requi-
para formular o projeto do futuro có digo bíísico, que deveria ser submetido às câmaras locais, para que estas fizes sem "as observações que lhes pareces
mente sôbre alguns preceitos abstratos, alheia ao modo dc ver da maioria. A nossa única tradição generalizada era a do ódio ao dominador recente ainda em
Câmara caberia a atribuição de apre
ciar a acusação contra os Ministros de Estado e conselheiros privados, e ainda
ao bem público"; mas como está no art. (o nosso primeiro Con.selliü de Estado)
•sições" deveriam ser motivadas, e ain
da assim as poderia indeferir o Im perador.
A administração loca! caberia a um
presidente nomeado pelo Imperador, re
sem justas".
movível ad nutum, e á um conselho
O projeto elaborado se transformou na Constituição outorgada pelo Impe
eletivo.
rador, em 25 de março de 1824.
Quanto ao tratamento do estrangeiro,
o projeto era indisfarçadamente nativista, e procurava, sobretudo, afastar a in fluência e a ingerência dos portuguêses na vida política do País. :i:
«
unânime, favoràvelmente, as câmaras lo
mesurado e perigoso. Inci dia-se na tentativa temerária
Em substância, a Constituição no\-a
se reunira no Brasil desaparecera, dessa
não era diferente do projeto oferecido
foiTna, sob um golpe de força do poder imperial, que não se desligara de suas
ao exame da Constituinte dissolvida. Se
gundo depôs o redator deste último, as
origens absohitistas. Mas a índole in coerente e impulsiva do monaíca, então de pouco mais de 20 anos, se e.xpandi-
fontes em que buscaram inspiração os
ria jjnediatanicnte em manifestações da
elaboradore.s de ambos os textos foram,
em maior parle, a Constituição fran
critores chamou "o seu papel de corte-
cesa, e em menor a da Noruega, de 1814, havida como umu da.s mais de mocráticas da Europa. O fundo comum
são pertinaz da liberdade". No mesmo
de todo o sistema, nas suas linhas gerais,
decreto de dissolução da Constituinte, o
eram as instituições inglêsas.
Imperador prometia convocar uma outra assembléia, a qual teria de trabalhar no projeto da Constituição, que ôle
do meio e das condições da nação que se formava, entre tumultos e apreensões.
quilo que um dos nossos maiores es
blema ainda mais formidável: erguer,
paratórias.
mais precária.
A primeira representação popular que
tinguir-se-ia com a vitória, deixando
aos formadores da nova pátria um pro
ela se manifestarem, de maneira quase
era, como se pode bem compreender, a
De brasileiro, de nativo, de produto
nor conta que no projeto da constituinte dissolvida. Criavam-se os conselhos ge
das províncias, embora com atribui de momento no propagar a rebeldia, ex- rais ções muito restritas. Não assegurou a
funcionários públicos, depois de sôbre cais, cuja liberdade de i^ronunciamentí)
Francesa, na Constituição outorgada, de uma maneira geral, não estavam em me
annas, e esta, servindo como recurso
unido, ao regime constitucional, novo na própria Europa, um povo disperso que não atravessara uma só das fases sociais pre
O monarca a jurou com seus minis tros', e também o bispo, o Exército e os
Os "direitos naturais", as liberdades
essenciais consagradas pela Revolução
nova carta o haheas corpus (que só viria a ser disciplinado em lei em 1832) e permitiu a suspensão preventiva das garantias constitucionais.
Organizou a monarquia he reditária, constiluciònal e re
presentativa, criada sob o princípio da "divisão e har monia dos poderes políticos"
Um salto des-
— como "o princípio conser
da mais grave das revoluções,
vador dos direitos dos cida
a exemplo daquela paradoxal "pelo alto", que o gênio de Turgot, poucos anos antes, concebera como recurso exbemo
dãos, e o meio mais seguro de fazer efetivas as garantias que a Constituição oferece".
Êstes poderes políticos eram quatro:
para salvar Luís XVI, aos rumores pro
"o poder legislativo, o poder modera
fundos de 89".
dor, o poder executivo' e o poder ju dicial". E os representantes da nação eram o "Imperador e a assembléia ge-
Compunlia-se um sistema teórico, sem uma infra-estrutura que o apoiasse. A construção começava pelo alto, e não pelos alicerces. E o sistema deveria responder por duas coisas essenciais:
a unidade da pátria e a ordem pública — uma e outra constantemente expos
tas a provações perigosas.
O que se
fazia era — segundo as expressões do
raV
todos o.s poderes "delegações da
O poder legislativo era exercido pela Camara dos Deputados e pela Câmara de Senadores, a primeira eletiva e tem porária, e a segunda , composta de mem bros vitalícios.
Os senadores seriam
eleitos como os deputados, por .sufrágio invocar — "gravar um marco, ao longe. indireto, porém cm lista tviplicc, escomesmo observador que acabamos de
-IJ- I; Wij!
DlCiEHlO EíonómioS
In»-*
f
Dir.ESTO Econômico
nmilo imperfeitamente, sem garantias adequadas.
O Imperador, além da coíaboruçao que lhe era permitida na confecção das leis, exercia o poder executivo. A sua pessoa era inviolável e sagrada. Um ministério e um con.sellio prisado, de sua livre escolha, o auxiliariam. A
15
havia em breve de lhe apresentar, e que seria "duplicadajliente )nais liberal do
era que nada, ou quase nada, poderia
que o que a extinta A.s.seinbléia acabou
.surgir senão os elementos que fatalmente
dc fazer" — dizia textualmente.
O alentado contra a Constituinte fe
rira fundo a opinião pública da capital E era precis*o apaziguar os
do País. ânimos.
110 futuro. A noss* história, daí por diante, recorda um fatígante esfôrço
forçavam a adaptação dos princípios, para o alcançar". métodos e instituições importadas. Em sua essência o código político ou Comenta um analista de visão profun torgado, para a época, traduzia "tendên da: "legi.slar para o Brasil gregário de cias liberais, embora o comprometes:-p 1823 — agrupamentos étnica e histò- a sua origem histórica — que por si só
O Imperador não cumpriu a solene
ricainrnte distintos — seria tudo, menos
justificou e insuflou revoltas c reações
promessa de convocar nova assembléia
obedecer à consulta lúcida do meio. Era
de grande porte,
de representantes da nação para elabo
trabalho todo subjetivo, ou capricho de
a de requerer ao Imperador a demissão
rar a carta política. Mas se apressou em
minoria erudita, disconendo dedutiva
dos ministros "que parecerem nocivos
designar uma comissão de dez membros
91,-n.II do projeto, semelhantes "requi-
para formular o projeto do futuro có digo bíísico, que deveria ser submetido às câmaras locais, para que estas fizes sem "as observações que lhes pareces
mente sôbre alguns preceitos abstratos, alheia ao modo dc ver da maioria. A nossa única tradição generalizada era a do ódio ao dominador recente ainda em
Câmara caberia a atribuição de apre
ciar a acusação contra os Ministros de Estado e conselheiros privados, e ainda
ao bem público"; mas como está no art. (o nosso primeiro Con.selliü de Estado)
•sições" deveriam ser motivadas, e ain
da assim as poderia indeferir o Im perador.
A administração loca! caberia a um
presidente nomeado pelo Imperador, re
sem justas".
movível ad nutum, e á um conselho
O projeto elaborado se transformou na Constituição outorgada pelo Impe
eletivo.
rador, em 25 de março de 1824.
Quanto ao tratamento do estrangeiro,
o projeto era indisfarçadamente nativista, e procurava, sobretudo, afastar a in fluência e a ingerência dos portuguêses na vida política do País. :i:
«
unânime, favoràvelmente, as câmaras lo
mesurado e perigoso. Inci dia-se na tentativa temerária
Em substância, a Constituição no\-a
se reunira no Brasil desaparecera, dessa
não era diferente do projeto oferecido
foiTna, sob um golpe de força do poder imperial, que não se desligara de suas
ao exame da Constituinte dissolvida. Se
gundo depôs o redator deste último, as
origens absohitistas. Mas a índole in coerente e impulsiva do monaíca, então de pouco mais de 20 anos, se e.xpandi-
fontes em que buscaram inspiração os
ria jjnediatanicnte em manifestações da
elaboradore.s de ambos os textos foram,
em maior parle, a Constituição fran
critores chamou "o seu papel de corte-
cesa, e em menor a da Noruega, de 1814, havida como umu da.s mais de mocráticas da Europa. O fundo comum
são pertinaz da liberdade". No mesmo
de todo o sistema, nas suas linhas gerais,
decreto de dissolução da Constituinte, o
eram as instituições inglêsas.
Imperador prometia convocar uma outra assembléia, a qual teria de trabalhar no projeto da Constituição, que ôle
do meio e das condições da nação que se formava, entre tumultos e apreensões.
quilo que um dos nossos maiores es
blema ainda mais formidável: erguer,
paratórias.
mais precária.
A primeira representação popular que
tinguir-se-ia com a vitória, deixando
aos formadores da nova pátria um pro
ela se manifestarem, de maneira quase
era, como se pode bem compreender, a
De brasileiro, de nativo, de produto
nor conta que no projeto da constituinte dissolvida. Criavam-se os conselhos ge
das províncias, embora com atribui de momento no propagar a rebeldia, ex- rais ções muito restritas. Não assegurou a
funcionários públicos, depois de sôbre cais, cuja liberdade de i^ronunciamentí)
Francesa, na Constituição outorgada, de uma maneira geral, não estavam em me
annas, e esta, servindo como recurso
unido, ao regime constitucional, novo na própria Europa, um povo disperso que não atravessara uma só das fases sociais pre
O monarca a jurou com seus minis tros', e também o bispo, o Exército e os
Os "direitos naturais", as liberdades
essenciais consagradas pela Revolução
nova carta o haheas corpus (que só viria a ser disciplinado em lei em 1832) e permitiu a suspensão preventiva das garantias constitucionais.
Organizou a monarquia he reditária, constiluciònal e re
presentativa, criada sob o princípio da "divisão e har monia dos poderes políticos"
Um salto des-
— como "o princípio conser
da mais grave das revoluções,
vador dos direitos dos cida
a exemplo daquela paradoxal "pelo alto", que o gênio de Turgot, poucos anos antes, concebera como recurso exbemo
dãos, e o meio mais seguro de fazer efetivas as garantias que a Constituição oferece".
Êstes poderes políticos eram quatro:
para salvar Luís XVI, aos rumores pro
"o poder legislativo, o poder modera
fundos de 89".
dor, o poder executivo' e o poder ju dicial". E os representantes da nação eram o "Imperador e a assembléia ge-
Compunlia-se um sistema teórico, sem uma infra-estrutura que o apoiasse. A construção começava pelo alto, e não pelos alicerces. E o sistema deveria responder por duas coisas essenciais:
a unidade da pátria e a ordem pública — uma e outra constantemente expos
tas a provações perigosas.
O que se
fazia era — segundo as expressões do
raV
todos o.s poderes "delegações da
O poder legislativo era exercido pela Camara dos Deputados e pela Câmara de Senadores, a primeira eletiva e tem porária, e a segunda , composta de mem bros vitalícios.
Os senadores seriam
eleitos como os deputados, por .sufrágio invocar — "gravar um marco, ao longe. indireto, porém cm lista tviplicc, escomesmo observador que acabamos de
'm'
T- . DiOEs ir>
Miiíí.slro.s (Ic Ivstiulo I-
magisirado.s. Era o poder .siipreiut). diaiif*- do (|ual
poderia suspender os juizes, ouvido o Conseliio de Estado. Para promover a
Iodos os outros se .subal(criii/.avam.
O
Poder
o
judiciário se pennitia o exercício da avão
Moderador (Ta
poder cíelibcrante.
elctíxainente
formação ia dominar lòda a \'ida con.sti-
deveria ser ouvido em "todos os negó cios-graves e medidas gerais da admi nistração".
O Imperador era o chefe do poder
executivo, que êle, exercitaria pelos-mi » nistros de Estado, responsáveis mesmo agindo por ordem do monarca, "vocal ou escrita".
A peça nova tpie se introduzia no sistema, em confronto com o resultan
te do projeto da constituinte, era o "Po
der Moderador" - delegado privati\'amente ao Imperador, declarado "chefe
supremo da nação e seu primeiro re. presentante, para que incessantemente
tiicional do Império, defínindo-lhe o ca ráter, e (lelcrminanclo o desem oK iniento
de todos os acontecimentos políticos, até o desfecho, na cpicda da moiiarcpiia, cm 1889.
A introdução desse poder, axa.ssalador no aumento crescente de siui autorida
de írrc.sponsável, marcou
cpie o modelo da.s inslítuiçõc.s que ado tamos não nos \'ínha diretamente da In
glaterra.
O Poder Moderador, defor
mado e ampliado na sua autoridade,
f()ra inspirado pela doutrina do constitucionalismo francês, especialmente de Benjamin Constant, exposta no seu livro
"Cüur.s de politiciue constitiitionellc".
dência, equilíbrio e hamjonia dos mais podcres políticos". A constituição declarava que era "o
lès, tian.splantada literalmente jiara a
ganização política" e acreTcentava que "a pe.ssoH do Imperador era inviolável
dem (• estabilidade legal à nação. Ao vontrário. De 1824 a 1831. abriu-se um período de crises, xiolèncias e revolu
ções.
r
Segundo a concepção do publicista gaunossa Constituição imperial, o poder real seria "Ia clef de toutc d'organisation pulitíque". Não lhe caberia, porém, nu prática, um simples papel de árbitro en tre os demais poderes, para contí'-los
Uma des.sa.s revoluções explodiu
íio norte do Pais, estendendo-se a vá-
"«iqueles anos tufbidentos."
i-s.ses sentimentos se mescUuam clc
icteais republicanos, de federação (ins pirada pelo exemplo dos Estados Uni^ reação patriótica contra a «ascendência de elementos portugueses na direção do País.
e amara, à testa da monarquia brasileira, eriava uma situação anômala, geradora c e in.segurança e precariedade. O efeito
A exaltação dos espíritos subiu ao au-
todos os negócios funclamcnlai.s do.E.sta-
A queda de Carlos X na França, em 1830, operou como uma força su
. 'fa; a livre nomeação e demissão dos
rc-i
destinado a reinar, a governar u a adnü-
gestiva poderosa. O ambiente da assem
/
t«"n" Ittfr ■!>
II
I
1*1'"1 11
mente, nove anos mais tarde, como fru to de um golpe de Estado. Hí
5i<
íl-'
Com a abdicação do Imperador — que
cos" — diria o maior dos nossos historia
preensão de que era preciso pelejar pe a consolidação da independência, conquistada num gesto teatral. A pre sença do príncipe portuguê.s, que a pro-
c.xprimiu um juízo preciso.
xaTclade, um
O regime da monarquia representa
tiva só iria ínangurar-se, porém, efetiva
^«1 a opinião pública), animada'da com
na pessoa do Imperador u direção efe tiva de todo o governo, a deliberação de Criava-se. em
contra o trono que pretendera sobreviver
no absolutismo.
«1 guns eminentes parlamentares e jor- firmatório da própria independência do na istas, aos quais coube papel decisivo País — iria estabelecer-se, entre 1831 lios destinos da pátria, a luta pelas rei- e 1840, um interregno em que \ivemos ^iricicações liberais enq>olgou toda a sob um regime semi-republicano. "Ê minoria esclarecida (e que vepresenta- quase um decênio de terremotos políti
<■ a Constituição era apenas "o de um rotulo colado ao absolutismo", segundo
do.-
Imperador Pedro I, que proclamara a
walia como um ato complementar e con-
nas .suas funções distintas; a sua auto
da asseml)!ci;k geiul,- c a dissolução dcs-
tra a uscen.são do um ministério impopu
lar, precipitou o desfecho da luta. O
ÍS só seconduzida reuniu por cm ^ • E daíniicional por diante,
ridade seria crescente, se biperlrofiaría em alargamento constante, até absorver
'nadore.s até a prorrogação e adiamento
crescente do meio. A manifestação pú
blica da capital do País, reclamando con
A primeira
e sagrada: êle não estava sujeito a res-
compreendiam desde a .escolha dos se-
O Imperador sentia, na sua
sensibilidade de impulsivo, a hostilidade
A monarquia se engülfa\a progressi vamente no absolutismo.
ponsabiiidade alguma".
As faculdades abrangidas nes.sc poder . eram enunciadas enr têrmos amplos, e
ardente.
abdicou om 7 de abril de j|as províncias, e sc alimentava dos sen- independência, 1831, em favor de seu filho D. Pedro, tmienln.s e.xaeerbados que traduziam a com menos de seis anos de idade. tonfu.sao e a insatisfação generalizadas então Era a vitória das forças democráticas
nitidamente
\'ele sòbrc a manutenção da indepen
poder moderador a chave de toda a or
A outorga imperial da carta constituvional não produziu o efeito de dar or
Apresenta-se, dessa forma, como se -
conselJieiros vitalícios, em número má
bléia geral lembr.a\a nos .sctis hmec.s dramálieos os da ConNenção francTsa
— fixa um \ igoroso pintor des.sa quadra
tro cie decisão de lodo o sistema.
•vc, bem falaz o caráter represcntati\'ü do gov<'rnu, cjue S(.' conccn(ra\:i na pró pria pessoa do Imperador. E essa de
ximo de dez, nomeados pelo Imperador,
dos os demais <>rgüos.
A figura e a auto
-popular. O Conselho de Estado, comjjosto de
. -
iiistrar. .siibiucleiidí» tuí seu comando to
ridade d(j monarca constitiiiain o cen
responsabilidade dos membros do píider ^'
a .stispcnsau dos
llicndü o Impcruclor acpjèk' (jue doM^iia cxcrccr o rnanclalo.
O poder jiidicÍ5irio era dcclaraclr» índcpcndcnle. c seria composto de jui zes e jurados; mas essa independência era bcin precária por(juc o • Imperador
Dict;sto Ecdnümico
Et^ONÒMico
.iy.,;..:
dores do Império, fixando a fi.sionomia desse período turbulento.
(5 govêrno foi confiado a uma regên cia, a princípio composta de três, e de pois de um só membro, escolhido me diante eleição popular, com mandato de quatro ano.s.
Um grande risco correu a estabilida
de do País nessa época. Os ardores li berais se inflamavam em demasia,
As
leivindicações contra o poder monárqui co se expandiram em excessos perigo.sns naquela (piadra de construção, cm que tudo era aluda inslávcl c iiieonsistenlc.
'm'
T- . DiOEs ir>
Miiíí.slro.s (Ic Ivstiulo I-
magisirado.s. Era o poder .siipreiut). diaiif*- do (|ual
poderia suspender os juizes, ouvido o Conseliio de Estado. Para promover a
Iodos os outros se .subal(criii/.avam.
O
Poder
o
judiciário se pennitia o exercício da avão
Moderador (Ta
poder cíelibcrante.
elctíxainente
formação ia dominar lòda a \'ida con.sti-
deveria ser ouvido em "todos os negó cios-graves e medidas gerais da admi nistração".
O Imperador era o chefe do poder
executivo, que êle, exercitaria pelos-mi » nistros de Estado, responsáveis mesmo agindo por ordem do monarca, "vocal ou escrita".
A peça nova tpie se introduzia no sistema, em confronto com o resultan
te do projeto da constituinte, era o "Po
der Moderador" - delegado privati\'amente ao Imperador, declarado "chefe
supremo da nação e seu primeiro re. presentante, para que incessantemente
tiicional do Império, defínindo-lhe o ca ráter, e (lelcrminanclo o desem oK iniento
de todos os acontecimentos políticos, até o desfecho, na cpicda da moiiarcpiia, cm 1889.
A introdução desse poder, axa.ssalador no aumento crescente de siui autorida
de írrc.sponsável, marcou
cpie o modelo da.s inslítuiçõc.s que ado tamos não nos \'ínha diretamente da In
glaterra.
O Poder Moderador, defor
mado e ampliado na sua autoridade,
f()ra inspirado pela doutrina do constitucionalismo francês, especialmente de Benjamin Constant, exposta no seu livro
"Cüur.s de politiciue constitiitionellc".
dência, equilíbrio e hamjonia dos mais podcres políticos". A constituição declarava que era "o
lès, tian.splantada literalmente jiara a
ganização política" e acreTcentava que "a pe.ssoH do Imperador era inviolável
dem (• estabilidade legal à nação. Ao vontrário. De 1824 a 1831. abriu-se um período de crises, xiolèncias e revolu
ções.
r
Segundo a concepção do publicista gaunossa Constituição imperial, o poder real seria "Ia clef de toutc d'organisation pulitíque". Não lhe caberia, porém, nu prática, um simples papel de árbitro en tre os demais poderes, para contí'-los
Uma des.sa.s revoluções explodiu
íio norte do Pais, estendendo-se a vá-
"«iqueles anos tufbidentos."
i-s.ses sentimentos se mescUuam clc
icteais republicanos, de federação (ins pirada pelo exemplo dos Estados Uni^ reação patriótica contra a «ascendência de elementos portugueses na direção do País.
e amara, à testa da monarquia brasileira, eriava uma situação anômala, geradora c e in.segurança e precariedade. O efeito
A exaltação dos espíritos subiu ao au-
todos os negócios funclamcnlai.s do.E.sta-
A queda de Carlos X na França, em 1830, operou como uma força su
. 'fa; a livre nomeação e demissão dos
rc-i
destinado a reinar, a governar u a adnü-
gestiva poderosa. O ambiente da assem
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t«"n" Ittfr ■!>
II
I
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mente, nove anos mais tarde, como fru to de um golpe de Estado. Hí
5i<
íl-'
Com a abdicação do Imperador — que
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preensão de que era preciso pelejar pe a consolidação da independência, conquistada num gesto teatral. A pre sença do príncipe portuguê.s, que a pro-
c.xprimiu um juízo preciso.
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O regime da monarquia representa
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^«1 a opinião pública), animada'da com
na pessoa do Imperador u direção efe tiva de todo o governo, a deliberação de Criava-se. em
contra o trono que pretendera sobreviver
no absolutismo.
«1 guns eminentes parlamentares e jor- firmatório da própria independência do na istas, aos quais coube papel decisivo País — iria estabelecer-se, entre 1831 lios destinos da pátria, a luta pelas rei- e 1840, um interregno em que \ivemos ^iricicações liberais enq>olgou toda a sob um regime semi-republicano. "Ê minoria esclarecida (e que vepresenta- quase um decênio de terremotos políti
<■ a Constituição era apenas "o de um rotulo colado ao absolutismo", segundo
do.-
Imperador Pedro I, que proclamara a
walia como um ato complementar e con-
nas .suas funções distintas; a sua auto
da asseml)!ci;k geiul,- c a dissolução dcs-
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lar, precipitou o desfecho da luta. O
ÍS só seconduzida reuniu por cm ^ • E daíniicional por diante,
ridade seria crescente, se biperlrofiaría em alargamento constante, até absorver
'nadore.s até a prorrogação e adiamento
crescente do meio. A manifestação pú
blica da capital do País, reclamando con
A primeira
e sagrada: êle não estava sujeito a res-
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O Imperador sentia, na sua
sensibilidade de impulsivo, a hostilidade
A monarquia se engülfa\a progressi vamente no absolutismo.
ponsabiiidade alguma".
As faculdades abrangidas nes.sc poder . eram enunciadas enr têrmos amplos, e
ardente.
abdicou om 7 de abril de j|as províncias, e sc alimentava dos sen- independência, 1831, em favor de seu filho D. Pedro, tmienln.s e.xaeerbados que traduziam a com menos de seis anos de idade. tonfu.sao e a insatisfação generalizadas então Era a vitória das forças democráticas
nitidamente
\'ele sòbrc a manutenção da indepen
poder moderador a chave de toda a or
A outorga imperial da carta constituvional não produziu o efeito de dar or
Apresenta-se, dessa forma, como se -
conselJieiros vitalícios, em número má
bléia geral lembr.a\a nos .sctis hmec.s dramálieos os da ConNenção francTsa
— fixa um \ igoroso pintor des.sa quadra
tro cie decisão de lodo o sistema.
•vc, bem falaz o caráter represcntati\'ü do gov<'rnu, cjue S(.' conccn(ra\:i na pró pria pessoa do Imperador. E essa de
ximo de dez, nomeados pelo Imperador,
dos os demais <>rgüos.
A figura e a auto
-popular. O Conselho de Estado, comjjosto de
. -
iiistrar. .siibiucleiidí» tuí seu comando to
ridade d(j monarca constitiiiain o cen
responsabilidade dos membros do píider ^'
a .stispcnsau dos
llicndü o Impcruclor acpjèk' (jue doM^iia cxcrccr o rnanclalo.
O poder jiidicÍ5irio era dcclaraclr» índcpcndcnle. c seria composto de jui zes e jurados; mas essa independência era bcin precária por(juc o • Imperador
Dict;sto Ecdnümico
Et^ONÒMico
.iy.,;..:
dores do Império, fixando a fi.sionomia desse período turbulento.
(5 govêrno foi confiado a uma regên cia, a princípio composta de três, e de pois de um só membro, escolhido me diante eleição popular, com mandato de quatro ano.s.
Um grande risco correu a estabilida
de do País nessa época. Os ardores li berais se inflamavam em demasia,
As
leivindicações contra o poder monárqui co se expandiram em excessos perigo.sns naquela (piadra de construção, cm que tudo era aluda inslávcl c iiieonsistenlc.
1)K;hfi l t.) K<. ONÓ.NIKU)
Dicesto Econômico
'
19
IS
assim e.xplicava o amurleciineulu dos
Felizmente, porém, uma geração do minada por a'guns homens de visão cla-
e atribuiu à assembléia gorai competên
rividentc e alto equilíbrio soube vencer
sitivos.
a toimenta. Dominaram rapidamente .os
moderados, para .salvar o País da anar
quia — o que para os exaltados consis tiu em transformar a vitória conquistada numa "Journeé des clupes" — segundo uma frase que se tomou famosa. Algumas refonnas, entretanto, se rea lizaram, em atenção às tendências e às reivindicações liberais. O problema
cia interpretati\'a de .seus próprios dispo
O período regência! se desdobrou entre re\oluçõc.s, írrompida.s em vários pontos do País. — Tendências repu blicanas, esforço*s autonomistas, e.xpan-
sões natívistas — foram ainda os fer-
mentos dessas e.xplosões.
A grande obra desse período foi a de resguardar a atitoridade o vencer as forças desagregadoras.
essencial era, todavia, salvar a unidade
O impulso liberal foi, afinal, sendo
nacional, impedindo que o território imenso se repartisse em várias pequenas r( públicas, como previam os observado desenrolados em meio ao maior tumulto
dominado pela reação monárquica, que SC iria exprimir num ato de fôrça parla mentar proclamando em 1840 a maioridade do Imperador, menor de 16 anos. contra o texto expresso da Constituição.
c dinamismo político.
Antecipara-a, porém, em maio daquele
res que presenciavam os acontecimentos,
Houve prudência nas concessões; o e.s-
pírito liberal mostrou, porém, a sua \ilalidade, não só através do Código do
ano, uma lei de inleri^relação do Ato Adicional, promulgada com o objetivo de reduzir a autonomia concedida aos
Processo Crimina!, de 1832, como so
go\'emos provinciais.
bretudo pelo Ato Adicional — o ato de
obra da Câmara dos Deputados — e não
niovimento pe!a centralização e de re forço da monarquia conservadora, ainda .se completaria, em 1841, com as leis cpie restabeleciam o Conselho de Esta
outorga do executivo.
do, com atribuições consultivas, me
reforma da Constituição de 1824, pro mulgado em 12 de agôsto de 1834 —
Essa reforma constitucional represen tou, principalmente, rtma vitória contra a centralização, que já sufoca\'a o de senvolvimento das províncias. Criou as assemb'éias legi.slativas provinciais, elei tas pelo mesmo sistema dos deputados à assembléia geral legislativa, atribuindolhes competência para legislar sobre vá rias matérias de interesse local, só poden do as suas deliberações ser revistas pelo
governo do centro se ofensivas da Cons tituição ou do interêsse de outras provín cias. Aos presidentes das províncias, no-
meado.s pelo Imperador, se conferiu o po der executivo provincial, com o direito de veto suspen.sivo. For fim, o Ato Adi
cional suprimiu n Conselho de Estado,
E esse contra-
antigos ímpetos liberais; "Fui liberal; então a liberdade era nova no País, es tava nas aspirações de todos, mas não
nas leis, nuo nas idéias práticas; o poder era tudo; fui liberal. Hoje, porém, é
Desenvol\endo-sc sob as in.stituições representativas, dentro do binômio par tidário em que uma corrente forçava a marcha para u frente, enquanto a ou tra a modera\'a — o Segundo Império
representou, de acôrdo com uma ima diverso o aspecto da .sociedade; os prin gem feliz, uma prolongada situação de cípios democráticos tudo ganliaram e equilibrio. muUo comprometeram; a sociedade que
então coitíu risco pelo poder, corre ago ra risco pela desorganização e pela anar quia. Como então quis, quero iioje bem
ser\'i-la, quero salvá-la, e. por isso sou regressista". O "regresso" consistia em moderar a expansão da arrancada libe ra , e reforçar a autoridade do poder eentralizado.
j, 1840, até o fim do Segundo emado nao se alteram as instituiçõe.s
A vida nacional adquiriu estabilidade.
As crises externas foram vencidas. Do-'
minado pelo espírito jmídico de seus homens pviblicos representativos, sob a égide do Imperadòr (cuja autoridade morai e cujo trone eram a verdadeira
força de aglutinação), a monarquia se soube cercar de grande respeito, e incu tir na opinião funda reverência pelo po der e pelas instituições que simboli zava. Estas haviam de funcionar de ma
"dotada.s. Os partidos, que se cons- neira mais ou menos artificial, por lhes uiram nus lutas parlamentares, se disa base de apoio, mna realidade ri iuíriam na.s duas correntes, cujas de- faltar política, que elas próprias deveriam con
noniinjiçgpg Ihcg marcavam as tendên cias: liberais e conservadores. As vêzes, sob nomes varia
dos, com as alas que de um
formar lentamente.
Nas câmaras, os debates
eruditos, travados segundo os mais apurados esHlos par
ou de Outro se desmembra vam asses parüdos foram
lamentares, empresta\-am unia
dor, e suprimiam as concessões liberais
ganhando consistência, no esdobrar do funcionamento
^ o sistema. A influência que
era um riveiro de estadistas
do Códico do Processo Criminal de 1832.
iídquiriram, no jôgo das insí uições, foi uma conquista,
de grande prestígio intelec tual, versados em tôdas as questões de direito público.
diante iniciativa voluntária do Impera
Instaura-se, então, em verdade, a fa
se monárquica — o Segundo Reinado — que deveria durar de 1840 a 1889, qua.se meio século.
A mentalidade conservadora, vencido o surto das manifestações líberaús mais
ardorosas, já dominava, marcando as tendências seguras de uma vida políti ca em evolução lenta e compassada. O predomínio do espírito dc equilíbrio e de prudência, senão reacionário, se justificava pela voz de um dos nossos maiores hnmen.s de Estado da época, Bernardo Pereira de Vasconcelos, «pie
alta dignidade espiritual à vida políHca.
A assembléia
forma ainda no tempo da A liberdade de crítica era ampla. A se Rogencia. A instauração do regime par- paração entre os dois partidos, salvo em ameiitar, com as peculiaridades locais, raros momentos de conflitos agudos era representou o fruto de uma evolução, tênue, e às vêzes imperceptível defino curso da qual a As.scmbléia Legisla- nmdo-se por meras tonalidades Libe •va reivindicou a prerrogativa de responsabiliziir o ministério, e de lhe foríar a demissão, quando não merecesse
rais e consen^adores representavam áto-
mos da mesma molécula, segundo uma definição Era possível, graças a a confiança do Parlamento. Em 1847, isso, trocarfiel. de acampamento partidário,
a consolidação do sistema se definiu na escândalo nem apostasia. E os coniei que criou o cargo de Presidente do sem ser\'adores, no govêmo, executa\'am re Conselho de Ministros. formas básicas do programa dos liberais.
1)K;hfi l t.) K<. ONÓ.NIKU)
Dicesto Econômico
'
19
IS
assim e.xplicava o amurleciineulu dos
Felizmente, porém, uma geração do minada por a'guns homens de visão cla-
e atribuiu à assembléia gorai competên
rividentc e alto equilíbrio soube vencer
sitivos.
a toimenta. Dominaram rapidamente .os
moderados, para .salvar o País da anar
quia — o que para os exaltados consis tiu em transformar a vitória conquistada numa "Journeé des clupes" — segundo uma frase que se tomou famosa. Algumas refonnas, entretanto, se rea lizaram, em atenção às tendências e às reivindicações liberais. O problema
cia interpretati\'a de .seus próprios dispo
O período regência! se desdobrou entre re\oluçõc.s, írrompida.s em vários pontos do País. — Tendências repu blicanas, esforço*s autonomistas, e.xpan-
sões natívistas — foram ainda os fer-
mentos dessas e.xplosões.
A grande obra desse período foi a de resguardar a atitoridade o vencer as forças desagregadoras.
essencial era, todavia, salvar a unidade
O impulso liberal foi, afinal, sendo
nacional, impedindo que o território imenso se repartisse em várias pequenas r( públicas, como previam os observado desenrolados em meio ao maior tumulto
dominado pela reação monárquica, que SC iria exprimir num ato de fôrça parla mentar proclamando em 1840 a maioridade do Imperador, menor de 16 anos. contra o texto expresso da Constituição.
c dinamismo político.
Antecipara-a, porém, em maio daquele
res que presenciavam os acontecimentos,
Houve prudência nas concessões; o e.s-
pírito liberal mostrou, porém, a sua \ilalidade, não só através do Código do
ano, uma lei de inleri^relação do Ato Adicional, promulgada com o objetivo de reduzir a autonomia concedida aos
Processo Crimina!, de 1832, como so
go\'emos provinciais.
bretudo pelo Ato Adicional — o ato de
obra da Câmara dos Deputados — e não
niovimento pe!a centralização e de re forço da monarquia conservadora, ainda .se completaria, em 1841, com as leis cpie restabeleciam o Conselho de Esta
outorga do executivo.
do, com atribuições consultivas, me
reforma da Constituição de 1824, pro mulgado em 12 de agôsto de 1834 —
Essa reforma constitucional represen tou, principalmente, rtma vitória contra a centralização, que já sufoca\'a o de senvolvimento das províncias. Criou as assemb'éias legi.slativas provinciais, elei tas pelo mesmo sistema dos deputados à assembléia geral legislativa, atribuindolhes competência para legislar sobre vá rias matérias de interesse local, só poden do as suas deliberações ser revistas pelo
governo do centro se ofensivas da Cons tituição ou do interêsse de outras provín cias. Aos presidentes das províncias, no-
meado.s pelo Imperador, se conferiu o po der executivo provincial, com o direito de veto suspen.sivo. For fim, o Ato Adi
cional suprimiu n Conselho de Estado,
E esse contra-
antigos ímpetos liberais; "Fui liberal; então a liberdade era nova no País, es tava nas aspirações de todos, mas não
nas leis, nuo nas idéias práticas; o poder era tudo; fui liberal. Hoje, porém, é
Desenvol\endo-sc sob as in.stituições representativas, dentro do binômio par tidário em que uma corrente forçava a marcha para u frente, enquanto a ou tra a modera\'a — o Segundo Império
representou, de acôrdo com uma ima diverso o aspecto da .sociedade; os prin gem feliz, uma prolongada situação de cípios democráticos tudo ganliaram e equilibrio. muUo comprometeram; a sociedade que
então coitíu risco pelo poder, corre ago ra risco pela desorganização e pela anar quia. Como então quis, quero iioje bem
ser\'i-la, quero salvá-la, e. por isso sou regressista". O "regresso" consistia em moderar a expansão da arrancada libe ra , e reforçar a autoridade do poder eentralizado.
j, 1840, até o fim do Segundo emado nao se alteram as instituiçõe.s
A vida nacional adquiriu estabilidade.
As crises externas foram vencidas. Do-'
minado pelo espírito jmídico de seus homens pviblicos representativos, sob a égide do Imperadòr (cuja autoridade morai e cujo trone eram a verdadeira
força de aglutinação), a monarquia se soube cercar de grande respeito, e incu tir na opinião funda reverência pelo po der e pelas instituições que simboli zava. Estas haviam de funcionar de ma
"dotada.s. Os partidos, que se cons- neira mais ou menos artificial, por lhes uiram nus lutas parlamentares, se disa base de apoio, mna realidade ri iuíriam na.s duas correntes, cujas de- faltar política, que elas próprias deveriam con
noniinjiçgpg Ihcg marcavam as tendên cias: liberais e conservadores. As vêzes, sob nomes varia
dos, com as alas que de um
formar lentamente.
Nas câmaras, os debates
eruditos, travados segundo os mais apurados esHlos par
ou de Outro se desmembra vam asses parüdos foram
lamentares, empresta\-am unia
dor, e suprimiam as concessões liberais
ganhando consistência, no esdobrar do funcionamento
^ o sistema. A influência que
era um riveiro de estadistas
do Códico do Processo Criminal de 1832.
iídquiriram, no jôgo das insí uições, foi uma conquista,
de grande prestígio intelec tual, versados em tôdas as questões de direito público.
diante iniciativa voluntária do Impera
Instaura-se, então, em verdade, a fa
se monárquica — o Segundo Reinado — que deveria durar de 1840 a 1889, qua.se meio século.
A mentalidade conservadora, vencido o surto das manifestações líberaús mais
ardorosas, já dominava, marcando as tendências seguras de uma vida políti ca em evolução lenta e compassada. O predomínio do espírito dc equilíbrio e de prudência, senão reacionário, se justificava pela voz de um dos nossos maiores hnmen.s de Estado da época, Bernardo Pereira de Vasconcelos, «pie
alta dignidade espiritual à vida políHca.
A assembléia
forma ainda no tempo da A liberdade de crítica era ampla. A se Rogencia. A instauração do regime par- paração entre os dois partidos, salvo em ameiitar, com as peculiaridades locais, raros momentos de conflitos agudos era representou o fruto de uma evolução, tênue, e às vêzes imperceptível defino curso da qual a As.scmbléia Legisla- nmdo-se por meras tonalidades Libe •va reivindicou a prerrogativa de responsabiliziir o ministério, e de lhe foríar a demissão, quando não merecesse
rais e consen^adores representavam áto-
mos da mesma molécula, segundo uma definição Era possível, graças a a confiança do Parlamento. Em 1847, isso, trocarfiel. de acampamento partidário,
a consolidação do sistema se definiu na escândalo nem apostasia. E os coniei que criou o cargo de Presidente do sem ser\'adores, no govêmo, executa\'am re Conselho de Ministros. formas básicas do programa dos liberais.
Dif^rsTO
20
ifiESTo Econômico
J^irlamento, rclratanclo uma realidade.
plèiade de bomens públicos de notá
O gabinete não era o delegado da maio ria parlamentar e .sim o criador dela —
veis qualidades, capazes de dar ao Im
disse, som exagero, um conunlador das práticas constitucionais do nosso Segun-,
vêrno exercido por uma aristocracia. A grande obra que re.sultou dês.se pro
cada gabinete foi pouco maior de um ano; e assim, nessas subidas e descidas
do Império.
periódicas e alternadas, as ambições se
piente. O sistema eleitoral, defeituoso,
longado estágio imperial foi a c-onsolidação da unidade da pátria. A vida mate rial do País não se desenvolvia, porém,
As cliiiis agremiações de caraler nacional se sucediam no poder em compasso de pêndulo, que o Imperador fazia oscilar com regularidade, de acordo com as su
gestões da hora. A média de duraçao de
A formação política do po\i) era inci
pério o seu verdadeiro caráter — do go-
21
Hclardando reformas essenciais, como
esta da descentralização, e reforçando o
seu poder pes.soal, o Imperador (cuja sucessão era igualmente um problema
melindroso para a sensibilidade nacio nal), selara a sorte da monarquia. Conflitos e_ choques .sucessi\'os com instituições que eram por sua natureza
mantendo-sc o método de eleição de
com o ritmo que fòra dc desejar, sob
duplo grau até 1881, ({uando .se instituiu o sufrágio direto; com resultados favo" ráveis, porém efênicros. Ê que o domí
o domínio de uma mentalidade política
esteios do trono conservador — as clas
e jurídica absorvida cni questões menos
ses armadas, a Igreja e a lavoura, ba
praticas. Retardou-se em demasia a so
nio do poder central .sòbre a.s pro\íncias
lução do problema da escravidão, trata
seada no braço escravo, só libertado em
O sistema parlamentar funcionava, assim, remansosamentc, sob o arbítrio
lhe cla\ a a.s armas de \ ílória segura,
do com gradualismo nefasto para um
num meio dcspro\ ido dc instrumentos
pais imenso e desabitado, que reclamava
de ação política, e dc iighilinação social precária. A realidade cia o Poder Mo
imigrantes capazes de servir à explora
satisfariam, e as experiências se reali zavam em ritmo moderado. O método
era sedativo, e evitava as revoluç-ões po líticas.
do monarca.
"Antes cie tudo, o reina
do é do Imperador.
Decerto, ele não
governa diretamente e por si mesmo; cinge-se à Constituição e às formas do sis tema parlamentar; mas como ele só é
derador, deformado nas suas pix-rroga-
árbitro da vez de cada partido, e de
do sisleihu era miia ficção majestosa.
cada estadista, e como está em suas mãos o fazer e desfazer os ministérios, o
Eis uqiii o perfil do regime, traçado com veemência e excesso, pijrém sein íníide-
poder é praticamente dêle" — diz o
licladc sulrslanciul:
mais insuspeito e profundo analista dessa
tivas pela pressão do ambiente. O resto
"No jogo do nosso falso parlainenta-
ção de suas riquezas. De certo momento em diante, entre os espirito.s mais abertos às solicitações do progresso, se firmou a convicção de que
a rígida centralização governamental era upressix-ii c esliolante. Fazia-se urgente libertar as províncias da camisa-de-fòrÇa que as manietava na dependência cio
1888 — aceleraram o fim inevitável.
Custava à nação e.xpulsar do govêmo e do País o nobre e velho monarca,
que se enlretinha no comércio dos poeta.s o dos escritores, cultivava línguas
exóticas e, em quase meio século de paz interna, cercara o ]>ocler da maior com postura e moralidade. Mas, cm verda
de, a monarquia se extinguira por esgo tamento. Não seria a aspiração vigorosa por um outro regime polític-o que a
rismo, não há senão .simulacros, biom
poder central. Enquanto se acentuava
derrubaria em 15 de novembro de 1889:
O Poder Moderador, encarnado no
bos rotos, através dos quais o públicx)
a apoplexia no centro, se agravava a
era um sistema esvaziado
monarca, de certa época em diante,
devassa as combinações do rei no dobrar
paralisia nas e.xtremidades — no con
substância vital, que se movia pacifi
absorveu, com efeito, desembaraçada
e desdobrar dos .seus cálculos, no tecer
ceito clc um pensador.
e retccer dos seus planos. As transmu tações dá política \'êm a ser apenas mu danças dc guardas à onipolêneia perene
camente para encetar-se uma vida nova.
mente o comando político e administra
quadra.
tivo. Nele residia o centro de gravida
de do sistema, O seu papel não era o que incumbe normalmente ao rei numa monarquia representativa segundo o es tilo britânico: ouvir, informar-se e acon
selhar. O liiodêlo do Imperador Pedro II — já Se disse — era muito mais Luís Felipe de França, do que a Rainha Vi
tória, cpie, aliás, nas últimas fases de seu prolongado reinado, influía sensivel
do príncipe reinante, Apoiando em cada uma delas, aparentemente da maioria parlamentar para o povo, o cetro nao faz mais do cpie apelar de si mesmo para sí mesmo."
Contra esse i>ocler pessoal do Imp^^" rador, que clofonnara as instituições. acirravam a.s críticas dos^ partidos;
mente sôbre seus ministros. A doutrina
é verdade — observa um crítico autori
que as circunstâncias lhe obrigaram a seguir não era a . de Thiers: "Le roí règne et ne gouvenie pas". — "O rei
zado — que todos eles calavam tais ex-
pansões ao alcançarem o governo. ^ correção dos excessos vinlia dos atribu
reina, governa e administra" — exclamou tos morais e da nobílissima formação es iini pre.siclente de Conscibo, em 1868, no piritual do monarca, cercado de uma / mà'
tiíàirth-
de toda
a
Dif^rsTO
20
ifiESTo Econômico
J^irlamento, rclratanclo uma realidade.
plèiade de bomens públicos de notá
O gabinete não era o delegado da maio ria parlamentar e .sim o criador dela —
veis qualidades, capazes de dar ao Im
disse, som exagero, um conunlador das práticas constitucionais do nosso Segun-,
vêrno exercido por uma aristocracia. A grande obra que re.sultou dês.se pro
cada gabinete foi pouco maior de um ano; e assim, nessas subidas e descidas
do Império.
periódicas e alternadas, as ambições se
piente. O sistema eleitoral, defeituoso,
longado estágio imperial foi a c-onsolidação da unidade da pátria. A vida mate rial do País não se desenvolvia, porém,
As cliiiis agremiações de caraler nacional se sucediam no poder em compasso de pêndulo, que o Imperador fazia oscilar com regularidade, de acordo com as su
gestões da hora. A média de duraçao de
A formação política do po\i) era inci
pério o seu verdadeiro caráter — do go-
21
Hclardando reformas essenciais, como
esta da descentralização, e reforçando o
seu poder pes.soal, o Imperador (cuja sucessão era igualmente um problema
melindroso para a sensibilidade nacio nal), selara a sorte da monarquia. Conflitos e_ choques .sucessi\'os com instituições que eram por sua natureza
mantendo-sc o método de eleição de
com o ritmo que fòra dc desejar, sob
duplo grau até 1881, ({uando .se instituiu o sufrágio direto; com resultados favo" ráveis, porém efênicros. Ê que o domí
o domínio de uma mentalidade política
esteios do trono conservador — as clas
e jurídica absorvida cni questões menos
ses armadas, a Igreja e a lavoura, ba
praticas. Retardou-se em demasia a so
nio do poder central .sòbre a.s pro\íncias
lução do problema da escravidão, trata
seada no braço escravo, só libertado em
O sistema parlamentar funcionava, assim, remansosamentc, sob o arbítrio
lhe cla\ a a.s armas de \ ílória segura,
do com gradualismo nefasto para um
num meio dcspro\ ido dc instrumentos
pais imenso e desabitado, que reclamava
de ação política, e dc iighilinação social precária. A realidade cia o Poder Mo
imigrantes capazes de servir à explora
satisfariam, e as experiências se reali zavam em ritmo moderado. O método
era sedativo, e evitava as revoluç-ões po líticas.
do monarca.
"Antes cie tudo, o reina
do é do Imperador.
Decerto, ele não
governa diretamente e por si mesmo; cinge-se à Constituição e às formas do sis tema parlamentar; mas como ele só é
derador, deformado nas suas pix-rroga-
árbitro da vez de cada partido, e de
do sisleihu era miia ficção majestosa.
cada estadista, e como está em suas mãos o fazer e desfazer os ministérios, o
Eis uqiii o perfil do regime, traçado com veemência e excesso, pijrém sein íníide-
poder é praticamente dêle" — diz o
licladc sulrslanciul:
mais insuspeito e profundo analista dessa
tivas pela pressão do ambiente. O resto
"No jogo do nosso falso parlainenta-
ção de suas riquezas. De certo momento em diante, entre os espirito.s mais abertos às solicitações do progresso, se firmou a convicção de que
a rígida centralização governamental era upressix-ii c esliolante. Fazia-se urgente libertar as províncias da camisa-de-fòrÇa que as manietava na dependência cio
1888 — aceleraram o fim inevitável.
Custava à nação e.xpulsar do govêmo e do País o nobre e velho monarca,
que se enlretinha no comércio dos poeta.s o dos escritores, cultivava línguas
exóticas e, em quase meio século de paz interna, cercara o ]>ocler da maior com postura e moralidade. Mas, cm verda
de, a monarquia se extinguira por esgo tamento. Não seria a aspiração vigorosa por um outro regime polític-o que a
rismo, não há senão .simulacros, biom
poder central. Enquanto se acentuava
derrubaria em 15 de novembro de 1889:
O Poder Moderador, encarnado no
bos rotos, através dos quais o públicx)
a apoplexia no centro, se agravava a
era um sistema esvaziado
monarca, de certa época em diante,
devassa as combinações do rei no dobrar
paralisia nas e.xtremidades — no con
substância vital, que se movia pacifi
absorveu, com efeito, desembaraçada
e desdobrar dos .seus cálculos, no tecer
ceito clc um pensador.
e retccer dos seus planos. As transmu tações dá política \'êm a ser apenas mu danças dc guardas à onipolêneia perene
camente para encetar-se uma vida nova.
mente o comando político e administra
quadra.
tivo. Nele residia o centro de gravida
de do sistema, O seu papel não era o que incumbe normalmente ao rei numa monarquia representativa segundo o es tilo britânico: ouvir, informar-se e acon
selhar. O liiodêlo do Imperador Pedro II — já Se disse — era muito mais Luís Felipe de França, do que a Rainha Vi
tória, cpie, aliás, nas últimas fases de seu prolongado reinado, influía sensivel
do príncipe reinante, Apoiando em cada uma delas, aparentemente da maioria parlamentar para o povo, o cetro nao faz mais do cpie apelar de si mesmo para sí mesmo."
Contra esse i>ocler pessoal do Imp^^" rador, que clofonnara as instituições. acirravam a.s críticas dos^ partidos;
mente sôbre seus ministros. A doutrina
é verdade — observa um crítico autori
que as circunstâncias lhe obrigaram a seguir não era a . de Thiers: "Le roí règne et ne gouvenie pas". — "O rei
zado — que todos eles calavam tais ex-
pansões ao alcançarem o governo. ^ correção dos excessos vinlia dos atribu
reina, governa e administra" — exclamou tos morais e da nobílissima formação es iini pre.siclente de Conscibo, em 1868, no piritual do monarca, cercado de uma / mà'
tiíàirth-
de toda
a
Hlii.
Dtr.F.sTo Econômico 23
P Os Estados Unidos - país devedor Richard LEWÍNSOHN
/^s Estados Unidos acumularam, como todo o mundo sabe, durante a guer
ciai, na cpiul os Estados Unidos são os
dexedorcs. O fenômeno parece, á pri meira vista, estranho: os Estados Uni
dos, sem dúvida o maior poder eco-
nmndo inteiro. Não se cle\eria sobreestimar os seus saldos. Em comparação
de segurança.
acontecer tal contradição?
As autoridades americanas não esta vam, de maneira alguma, contentes com
dores dos outros países? Como pode Talvez se
com a.s cifras astronômicas da dívida in terna, trata-se de montante relativamen
jam ainda resíduos do tempo em que
a cifra recorde de 278.115.000.000 de
te modesto.
um pais devedor, com uma balança
dólares, e apesar de resgates apreciáveis ficaram, em 30 de junho último, ainda
dos concederam
Em
Os empréstimos que os Estados Uni durante
a
primeira
252,8 bilhões de dólares a cargo do
guerra mundial aos aliados — 11,4 bi
Governo Federal, sem as dívidas dos
lhões de dólares — ainda figuram nas
Estados e mimicípios,'que totalizam
estatísticas do Te.souro, mas mesmo os
cèrca de 15 bilhões de dólares.
A dívida federal é seis. vezes maior
(jue no último ano antes da guerra. Ultrapassa a renda nacional.
A dívida
niaíore.s otimistas não contam mais com
nm resgate. Os auxílios dados na se gunda guerra mundial a título de "lendíeuso" — 47,6 bilhões de dólares — não
pública "per capita" dos Estados Unidos
são considerados como empréstimo for
eleva-se a 1.685 dólares. É cem vezes
mal. Poucos países — entre êles o Brasil
mais elevada que a do Brasil (externa e interna em conjunto), que soma ape
— resgataram i^elo menos parcialmente
nas 300 cmzeiros, ou cerca de 16 dóla
res "per capita". A despeito das taxas baixas de juros, o Govêmo dos Estados Unidos devia gastar, no último exercí
cio, 5.339 milhões de dólares, ou seja 14,4ío de suas despesas orçamentárias,
de dólares como créditos a serem res
gatados, e as amortizações efetuadas até o ano passado atingem 2,4 billiões. Fi
esse aspecto que queremos examinar
shall têm apenas em parte caráter de
Existe ainda um outro
empréstimos. Em suma, os empréstimos
setor da dívida norte-americana, menos conhecido mas não menos interessante.
a longo prazo, cujos planos de resgate,
Os Estados Unidos são em geral consi
não ultrapas.sam 3^ do montante da dí
derados como um dos raros países do
vida intema.
aliás, se estendem até o fim do século,
mundo que não têm. dívida externa.
Quanto à dívida pública, isto é exato. O Govêmo dos Estados Unidos é, di retamente ou através de suas agências,
como a Export-Import Bank, credor do
geiros?
A re.sposta c mais simples. Os Estu dos Unidos têm uma dívida c-omercial para com os outros países, precisamen
te porque são o país mais rico, mais
Afluxo fie capitais Com essa dívida ativa do Govêmo
confronta-se, porém, uma dívida comer-
o afluxo de capitais dêsse gênero. Foi o próprio presidente Rooseve^t que os denunciou como "hot money" — moeda quente - quer dizer, dinheiro flutuante, sem vontade de ficar no país e de liahalhar para fins produtivo.s. O Secretário
do Tesouro americano, sr.' Henry Morgenthau, fôz mesmo tentativas legislati vas e administrativas para "esterilizar"
esse dinheiro, considerado como a prin
jíoderoso e, por conseguinte, mais segu ro. Dois motivos e.xplicam a origem dessa dívida. Já antes da guerra, muitos
cipal fonte da inflação que se manife.s-
capitalistas europeus consideravam os Estados Unidos como um rcfiigio, como
Os governos europeus, aliás, faziam a mesma política que os seus nacionais.
no caso do uma confla
americanas indicam apenas 9,9 bilhões
Mas, não é
neste artigo.
des in\'estÍmentos de capitais estran
a causa comum.
timo de 3.750.000 dólares para a Ing'aterra. Os subsídios do Plano Mar
extremamente endividado.
de pagamentos desequilibrada e gran
o pais menos exposto ao
cam 7,5 bilhões. Mas nesse total já para o serviço com a dívida pública. estão incluídos os empréstimos de apósOs Estados Unidos são, portanto, no ' guerra, em particular o grande emprés
que se refere à dívida interna, um país
os E.stados Unidos eram efetivamente
os montantes que tinham recebido dos Estados Unidos, durante a guerra, para As estatísticas norte-
menores que hoje — e sim por motivos
nómico-financeiro do mundo, são deve
fins de 1945, sua dívida interna atingiu
ra, uma enorme dí\'ida pública.
motivos de lucro - os juros fixos eram ja naquela época mais baixos que nos outios países e os rendimentos das ações
como
Estados Unidos, para presen'á-los contra os pe
parecia, mau grado a
rigos em caso de guerra.
Entretanto, o ouro depo sitado por conta de go
crise, a moeda mais está
vernos estrangeiros nos
vel. Além disso, os im- América
cofres-fortes dos bancos
do
americanos não era consi
Norte eram, na época,
derado como empréstimo.
menos elevados que em muitos países europeus.
Em resumo, a fuga de capitais foi uma das razões que rirain à acumulação de capital geiro nos Estados Unidos. Na maioria dos casos, contudo, não
as
parHcular grande parte de seu ouro, para os
também
desvalorização que tinha sofrido durante a grande na
também
suas disponibilidades, em
menos ameaçado por re voluções sociais. O dólar
postos
Norte.
Expediam
perigo de uma invasão gração,
tou já antes da guerra na América do
conduestran grande se tra
tava de verdadeiros investimentos. Era
um capital inquieto, migratório, que se
dirigia para os E.stados Unidos não por
Era — como ainda hoje o n prática — apenas earmarked" — quer di zer, separado do ouro que pertence ao Governo americano - e discriminado
por um smal bem risível como proprieda
de estrangeira. Teoricamente, os governos estrangeiros guardavam o direito de re-
lirá-lo a qualquer momento. Nfas. lem bra-se que, durante a guerra, não .sò-
Hlii.
Dtr.F.sTo Econômico 23
P Os Estados Unidos - país devedor Richard LEWÍNSOHN
/^s Estados Unidos acumularam, como todo o mundo sabe, durante a guer
ciai, na cpiul os Estados Unidos são os
dexedorcs. O fenômeno parece, á pri meira vista, estranho: os Estados Uni
dos, sem dúvida o maior poder eco-
nmndo inteiro. Não se cle\eria sobreestimar os seus saldos. Em comparação
de segurança.
acontecer tal contradição?
As autoridades americanas não esta vam, de maneira alguma, contentes com
dores dos outros países? Como pode Talvez se
com a.s cifras astronômicas da dívida in terna, trata-se de montante relativamen
jam ainda resíduos do tempo em que
a cifra recorde de 278.115.000.000 de
te modesto.
um pais devedor, com uma balança
dólares, e apesar de resgates apreciáveis ficaram, em 30 de junho último, ainda
dos concederam
Em
Os empréstimos que os Estados Uni durante
a
primeira
252,8 bilhões de dólares a cargo do
guerra mundial aos aliados — 11,4 bi
Governo Federal, sem as dívidas dos
lhões de dólares — ainda figuram nas
Estados e mimicípios,'que totalizam
estatísticas do Te.souro, mas mesmo os
cèrca de 15 bilhões de dólares.
A dívida federal é seis. vezes maior
(jue no último ano antes da guerra. Ultrapassa a renda nacional.
A dívida
niaíore.s otimistas não contam mais com
nm resgate. Os auxílios dados na se gunda guerra mundial a título de "lendíeuso" — 47,6 bilhões de dólares — não
pública "per capita" dos Estados Unidos
são considerados como empréstimo for
eleva-se a 1.685 dólares. É cem vezes
mal. Poucos países — entre êles o Brasil
mais elevada que a do Brasil (externa e interna em conjunto), que soma ape
— resgataram i^elo menos parcialmente
nas 300 cmzeiros, ou cerca de 16 dóla
res "per capita". A despeito das taxas baixas de juros, o Govêmo dos Estados Unidos devia gastar, no último exercí
cio, 5.339 milhões de dólares, ou seja 14,4ío de suas despesas orçamentárias,
de dólares como créditos a serem res
gatados, e as amortizações efetuadas até o ano passado atingem 2,4 billiões. Fi
esse aspecto que queremos examinar
shall têm apenas em parte caráter de
Existe ainda um outro
empréstimos. Em suma, os empréstimos
setor da dívida norte-americana, menos conhecido mas não menos interessante.
a longo prazo, cujos planos de resgate,
Os Estados Unidos são em geral consi
não ultrapas.sam 3^ do montante da dí
derados como um dos raros países do
vida intema.
aliás, se estendem até o fim do século,
mundo que não têm. dívida externa.
Quanto à dívida pública, isto é exato. O Govêmo dos Estados Unidos é, di retamente ou através de suas agências,
como a Export-Import Bank, credor do
geiros?
A re.sposta c mais simples. Os Estu dos Unidos têm uma dívida c-omercial para com os outros países, precisamen
te porque são o país mais rico, mais
Afluxo fie capitais Com essa dívida ativa do Govêmo
confronta-se, porém, uma dívida comer-
o afluxo de capitais dêsse gênero. Foi o próprio presidente Rooseve^t que os denunciou como "hot money" — moeda quente - quer dizer, dinheiro flutuante, sem vontade de ficar no país e de liahalhar para fins produtivo.s. O Secretário
do Tesouro americano, sr.' Henry Morgenthau, fôz mesmo tentativas legislati vas e administrativas para "esterilizar"
esse dinheiro, considerado como a prin
jíoderoso e, por conseguinte, mais segu ro. Dois motivos e.xplicam a origem dessa dívida. Já antes da guerra, muitos
cipal fonte da inflação que se manife.s-
capitalistas europeus consideravam os Estados Unidos como um rcfiigio, como
Os governos europeus, aliás, faziam a mesma política que os seus nacionais.
no caso do uma confla
americanas indicam apenas 9,9 bilhões
Mas, não é
neste artigo.
des in\'estÍmentos de capitais estran
a causa comum.
timo de 3.750.000 dólares para a Ing'aterra. Os subsídios do Plano Mar
extremamente endividado.
de pagamentos desequilibrada e gran
o pais menos exposto ao
cam 7,5 bilhões. Mas nesse total já para o serviço com a dívida pública. estão incluídos os empréstimos de apósOs Estados Unidos são, portanto, no ' guerra, em particular o grande emprés
que se refere à dívida interna, um país
os E.stados Unidos eram efetivamente
os montantes que tinham recebido dos Estados Unidos, durante a guerra, para As estatísticas norte-
menores que hoje — e sim por motivos
nómico-financeiro do mundo, são deve
fins de 1945, sua dívida interna atingiu
ra, uma enorme dí\'ida pública.
motivos de lucro - os juros fixos eram ja naquela época mais baixos que nos outios países e os rendimentos das ações
como
Estados Unidos, para presen'á-los contra os pe
parecia, mau grado a
rigos em caso de guerra.
Entretanto, o ouro depo sitado por conta de go
crise, a moeda mais está
vernos estrangeiros nos
vel. Além disso, os im- América
cofres-fortes dos bancos
do
americanos não era consi
Norte eram, na época,
derado como empréstimo.
menos elevados que em muitos países europeus.
Em resumo, a fuga de capitais foi uma das razões que rirain à acumulação de capital geiro nos Estados Unidos. Na maioria dos casos, contudo, não
as
parHcular grande parte de seu ouro, para os
também
desvalorização que tinha sofrido durante a grande na
também
suas disponibilidades, em
menos ameaçado por re voluções sociais. O dólar
postos
Norte.
Expediam
perigo de uma invasão gração,
tou já antes da guerra na América do
conduestran grande se tra
tava de verdadeiros investimentos. Era
um capital inquieto, migratório, que se
dirigia para os E.stados Unidos não por
Era — como ainda hoje o n prática — apenas earmarked" — quer di zer, separado do ouro que pertence ao Governo americano - e discriminado
por um smal bem risível como proprieda
de estrangeira. Teoricamente, os governos estrangeiros guardavam o direito de re-
lirá-lo a qualquer momento. Nfas. lem bra-se que, durante a guerra, não .sò-
•
1
Dkíi^sií» EcoNÓMir.n
mt-nlc o ouro dos paiscs inimigos, mas
também de países amigos mas ocupados, o até o dc países neutros, ficou blocpieado, e mesmo depois da guerra prccisnn-<;p dc rlrv longas InnfríK negociações nefrociuCÕCS para cisou-se pi !Íbertar esses depósitos. O mesmo acon
teceu cbm os depósitos estrangeiros nos bancos norte-americanos.
Evidenciou-
convenientes — mesmo no pais mais
São em geral depósitos a vista ou u curto prazo, mas constituem dc fato uni
O segundo motivo em que se baseia o estrangeiro, é de outra naturcxa.
E."dstia também, já antes da guerra, nia.s é atualmente de maior importância. Os Estados Unidos são hoje o país em que
está concentrada grande parte do co mércio internacional. A praça de Nova
Total
Todos os .saldos cm favor dos dcpositantcs estrangeiros — particulare.s ou governamentais — representam formal
•
fundo permanente dc grande \'ulto. Ju cm 1935, quando Sc acentuou o inovimcnto do "hot moncy", o Go\crno
2.194
5.844
americano instituiu uma estatí.stiea es
pecial para as contas estrangeiras nOS bancos c.stadunídensc.s, baseada nas in formações dos doze bancos federais de
reserva (Irancos centrais) e di\iilgudu mensalmente no "Trcasury Bulletin", pu blicação oficial do Departamento do
821
18
962 140
944
4.90O
zinho com os Estados Unidos. Seu saldo
representa (piase 161 do total. O saldo
dólares. Seguc-se-lbe a Alemanha, com
re'ativaniente importante dos países asiá ticos resulta principalmente das Filipinas, que, com um saldo de 396 miliiões de dólares, figuram entre os maiores credo
um saldo de 152 nviihões. A França tem
res dos Estados Unidos.
um ativo de 174 milhões, mas seu passi
As contas dos países da América são
vo cicva-.sc a 114 miliiões de dólares. Ou
naUiralmentc de um interesse particular
tros importantes países comerciais, co
para nós e revelam fatos inesperados,
gações de estrangeiros num total de 9^5
Argentina
rio que os países que fazem seus paga
milhões.
Bolívia
De acordo com essa fonte, existiam
783
505 130
um passivo de 18 milhões de dólares. O terceiro dos grandes deposilantcs eu ropeus é, surpreendentemente, a Itália, cujo saldo se eleva a 396 milhões dc
dial, como o eram outrora os grandes bancos ingleses. É naturalmente necessá
Estados Unidos.
34
lino, com um ativo de 437 milhões e
nos Estados Unidos, em abril do 19^^* disponibilidades de estrangeiros num
mo a Holanda e a Suécia, lém .saldos re
A estatística oficial do Tesouro america
lativamente pü(pienos. A lista dos países
no resume-se, a- êsse respeito, nas seguin
europeus abrange também alguns países
tes posições, existentes em 30 de abril
do bloco soviético. A própria Rússia man
último (cm milhões de dólare.s):
Países
Ativo dos
Pímiüo dos
Saldo dos
estrangeiros
estrangeiros
estrangeiros
total de 7.761 milhões de dólares e obri
Ficou, portanto, cm favor
mentos através dos bancos americanos
de estrangeiros, um saldo de 6.81^
mantenham neles depósitos. As contas dos países nos quais as hansações para o
mílhõe.s de dü'ares.
tinham para o.s mesmos fins em Londres. Mas, além disso, as próprias reservas CJ71 dólares dos governos e bancos cen
257
enquanto seu passivo atinge apenas 7 milhões. Em segundo lugar figura a Inglaterra, mau grado a crise do ester
cie de "clearing bouses" — câmaras de
cialmente comerciais, comparáveis àque
2.451 817 1.326
Estados Unidos 594 milhões dc dólares,
compen.sação — para o intercâmbio mun
las que antigamente os particulares mán-
estrangeiros
tém nos Estados Unidos um depósito de 14 milhões de dólare.s, enquanto que seu passivo se limita a 3.000 dólares. A posição predominante do Canadá nessa estatística e.\plicu-se pelas estrei tas ligações da economia desse país vi
Tesouro (Ministério da Fazenda) do.s
de ou em grande parte, contas dos governos ou dos bancos centrais estran geiros. Não obstante, são contas essen
Soldo dos
fsíiííiigeiro.'}
Entre os* países europeus, o maior saldo pertence à Suíça, que possui nos
York toma cada vez mais a posição que ocupava antigamente a cidade de Lon. dres. Três quartos das transações co merciais internacionais são estipulados em dólares. Os grandes bancos ameri canos são, por conseguinte, uma espé
exterior são sujeitas a um rigoroso contrôle- de câmbio são, na sua totalida
PfWòico dos
1.092 158
Ásia
Outros países
mente uma dívida dos Estados Unidos.
a dívida dos Estados Unidos para com
Canadá América Latina ...
Saldos- dos ^>aises estrangeiros
se que a fuga de capitais tem seus in seguro do mundo.
Europa
trais são igualmente depositadas nos bancos americanos.
A/iüo (hs
{•sfrcnigeiros
Porém 1.900 mi
lhões desse saldo p'orlencem a organi zações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, o Banco In ternacional, a UNRRA, e uma parcela de 16 milhões não é identificada.
Os
saldos dos países estrangeiros redu zem-se, assim, a 4.900 milhões, dc dólares, que se discriminam da se
guinte dólares):
maneira, (em
milhões
de
"y
Brasil Chile Colômbia Costa Rica
Cuba Colônias franc. ... Colônias holand. .. México Panamá Peru Venezuela
Outros países Total
224
58
15
2
13
126 62 39 11 229
175
-49
15
47
3
32
7
A
1
24 138 77
166
3
8
79
150 1 23 63
_
1
75 4
50 135 195
25 30
1.326
505
73 44
6 •
110 165
821,
.
V
•
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Dkíi^sií» EcoNÓMir.n
mt-nlc o ouro dos paiscs inimigos, mas
também de países amigos mas ocupados, o até o dc países neutros, ficou blocpieado, e mesmo depois da guerra prccisnn-<;p dc rlrv longas InnfríK negociações nefrociuCÕCS para cisou-se pi !Íbertar esses depósitos. O mesmo acon
teceu cbm os depósitos estrangeiros nos bancos norte-americanos.
Evidenciou-
convenientes — mesmo no pais mais
São em geral depósitos a vista ou u curto prazo, mas constituem dc fato uni
O segundo motivo em que se baseia o estrangeiro, é de outra naturcxa.
E."dstia também, já antes da guerra, nia.s é atualmente de maior importância. Os Estados Unidos são hoje o país em que
está concentrada grande parte do co mércio internacional. A praça de Nova
Total
Todos os .saldos cm favor dos dcpositantcs estrangeiros — particulare.s ou governamentais — representam formal
•
fundo permanente dc grande \'ulto. Ju cm 1935, quando Sc acentuou o inovimcnto do "hot moncy", o Go\crno
2.194
5.844
americano instituiu uma estatí.stiea es
pecial para as contas estrangeiras nOS bancos c.stadunídensc.s, baseada nas in formações dos doze bancos federais de
reserva (Irancos centrais) e di\iilgudu mensalmente no "Trcasury Bulletin", pu blicação oficial do Departamento do
821
18
962 140
944
4.90O
zinho com os Estados Unidos. Seu saldo
representa (piase 161 do total. O saldo
dólares. Seguc-se-lbe a Alemanha, com
re'ativaniente importante dos países asiá ticos resulta principalmente das Filipinas, que, com um saldo de 396 miliiões de dólares, figuram entre os maiores credo
um saldo de 152 nviihões. A França tem
res dos Estados Unidos.
um ativo de 174 milhões, mas seu passi
As contas dos países da América são
vo cicva-.sc a 114 miliiões de dólares. Ou
naUiralmentc de um interesse particular
tros importantes países comerciais, co
para nós e revelam fatos inesperados,
gações de estrangeiros num total de 9^5
Argentina
rio que os países que fazem seus paga
milhões.
Bolívia
De acordo com essa fonte, existiam
783
505 130
um passivo de 18 milhões de dólares. O terceiro dos grandes deposilantcs eu ropeus é, surpreendentemente, a Itália, cujo saldo se eleva a 396 milhões dc
dial, como o eram outrora os grandes bancos ingleses. É naturalmente necessá
Estados Unidos.
34
lino, com um ativo de 437 milhões e
nos Estados Unidos, em abril do 19^^* disponibilidades de estrangeiros num
mo a Holanda e a Suécia, lém .saldos re
A estatística oficial do Tesouro america
lativamente pü(pienos. A lista dos países
no resume-se, a- êsse respeito, nas seguin
europeus abrange também alguns países
tes posições, existentes em 30 de abril
do bloco soviético. A própria Rússia man
último (cm milhões de dólare.s):
Países
Ativo dos
Pímiüo dos
Saldo dos
estrangeiros
estrangeiros
estrangeiros
total de 7.761 milhões de dólares e obri
Ficou, portanto, cm favor
mentos através dos bancos americanos
de estrangeiros, um saldo de 6.81^
mantenham neles depósitos. As contas dos países nos quais as hansações para o
mílhõe.s de dü'ares.
tinham para o.s mesmos fins em Londres. Mas, além disso, as próprias reservas CJ71 dólares dos governos e bancos cen
257
enquanto seu passivo atinge apenas 7 milhões. Em segundo lugar figura a Inglaterra, mau grado a crise do ester
cie de "clearing bouses" — câmaras de
cialmente comerciais, comparáveis àque
2.451 817 1.326
Estados Unidos 594 milhões dc dólares,
compen.sação — para o intercâmbio mun
las que antigamente os particulares mán-
estrangeiros
tém nos Estados Unidos um depósito de 14 milhões de dólare.s, enquanto que seu passivo se limita a 3.000 dólares. A posição predominante do Canadá nessa estatística e.\plicu-se pelas estrei tas ligações da economia desse país vi
Tesouro (Ministério da Fazenda) do.s
de ou em grande parte, contas dos governos ou dos bancos centrais estran geiros. Não obstante, são contas essen
Soldo dos
fsíiííiigeiro.'}
Entre os* países europeus, o maior saldo pertence à Suíça, que possui nos
York toma cada vez mais a posição que ocupava antigamente a cidade de Lon. dres. Três quartos das transações co merciais internacionais são estipulados em dólares. Os grandes bancos ameri canos são, por conseguinte, uma espé
exterior são sujeitas a um rigoroso contrôle- de câmbio são, na sua totalida
PfWòico dos
1.092 158
Ásia
Outros países
mente uma dívida dos Estados Unidos.
a dívida dos Estados Unidos para com
Canadá América Latina ...
Saldos- dos ^>aises estrangeiros
se que a fuga de capitais tem seus in seguro do mundo.
Europa
trais são igualmente depositadas nos bancos americanos.
A/iüo (hs
{•sfrcnigeiros
Porém 1.900 mi
lhões desse saldo p'orlencem a organi zações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, o Banco In ternacional, a UNRRA, e uma parcela de 16 milhões não é identificada.
Os
saldos dos países estrangeiros redu zem-se, assim, a 4.900 milhões, dc dólares, que se discriminam da se
guinte dólares):
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milhões
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Brasil Chile Colômbia Costa Rica
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Outros países Total
224
58
15
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821,
.
V
DiCKSTO EcONÓMIfíO
26
13ioivst<» Econômico
Como o quacÍTo acima demonstra, a Argentina foi, em abril deste ano, o país eom o jnaior saldo em dólares entre os países da América, mas, pro
\adc)s cm dólares, mas suas coutas na estatística norte-americana acusam sal
dos positivos.
126 milhões de dólares o um passivo
posição tenha sofrido mudanças não
de 175 milhões — está também em con
Os liaveres importantes
tradição com os dados publicados no
de Cuba são menos surpreendentes,
último Relatório do Banco do Brasil,
tendo êsse país uma moeda efeti\'aincnte equivalente ao dólar dos Estados
que mo.stra, cm -31 de dezembro de
Unidos. A Venezuela continua um pais
de dólares norte-americano.s, oriundo de
pobre, com grandes reservas cm ouro e divisas. O Uruguai figura na estatísti
suas disponibilidades e obrigações nessa
ca americana entre os "outros países",
alterações durante os primeiros quatro
mas sabe-se que esse país, mau grado
meses deste ano, pois já em dezembro de 1948 o Brasil tinha, .segundo a esta
certas dificuldades, ainda possui reser
vas cambiais apreciáveis.
vantamento dos do Tesouro americano, o ponto mais desfavorável para o Brasil
A posição do Brasil — um ativo de
vavelmente, nos últimos meses, a sua em seu favor.
Segundo os dados do "Federal Re serve Bulietin", oriundos do mesmo le
tística do Tesouro americano, um saldo
negativo de 42 milhões, quase idêntico A posição do Brasil
ao verificado em fins dc abril de 1949
(—49 milhões de dólaie.s). O fenômeno jnais estranho da estatís
No "Federal Rc.serve Bulietin" — pu-
tica norte-americana é a posição do
blicaçãt) dos bancos centrais dos Esta
Brasil.
dos Unidos — de julho xiltimo, encontra
É o único país, não sòmente
da América Latina mas do mundo'in
mos dados sôbre o Brasil que, sem ex
teiro, cujas contas acusam um saldo negativo. Poder-se-iti supor que êsse déficit correspondesse aos "atrasados" comerciais. Mas a ordem de grandeza é
plicar as divergências em foco, e\'idenciarn pelo menos a evolução histórica,
muito diferente.
como se reflete na estatística norte-ame
ricana. Nos últimos sete anos, as contas
Além disso, outros
brasileiras nos Estados Unidos evoluíram
países da América Latina, em particular a Argentina, tém também atrasados e'e-
da maneira seguinte (em miliiões de
Fim do mês
Dezembro 1942 M 1943 >>
9f
Janeiro
1944 1945 1946 1947
1948 1949-
Atiuo do Brasil
67,7 98,7
dólares): Passivo do Brasil
16,7
+
18,9
-h 79,8 -f 115,5 -f 170,4 -1- 124,2
140,8
25,3
195,1
24,7
174,0
49,8
104,7 123,7
165,8 165,4
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171,4
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178,7
Fevereiro
íf
Março
ft
99,0
160,9
n
126,2
175,3
Abril
Saldo do Brasil
51,0
- 61,1
- 41,7 - 51,3 - 59,8
- 67,9 ~ 49,1
deixando saldo negativo dc 84,6 mi lhões de dólares.
tivo.
o pa.'-.si\-o 209,7 milhões de dólares,
moeda. A diferença não se e.xplica por
V
ria de 35,5 milhões de dólares, e parece possível que, com as restrições impostas à importação de bens americanos, a posição do Brasil nos bancos estaduni denses acuse em breve ura saldo posi
verificou-se em 31 de maio dc 1948.
quando o ativo atingiu 125,1-milhões e
1948, um saldo p;)siti\ü de 69 milhões
O déficit cm abril do ano corrente acusa, em relação a êsse máximo, uma mellio-
DiCKSTO EcONÓMIfíO
26
13ioivst<» Econômico
Como o quacÍTo acima demonstra, a Argentina foi, em abril deste ano, o país eom o jnaior saldo em dólares entre os países da América, mas, pro
\adc)s cm dólares, mas suas coutas na estatística norte-americana acusam sal
dos positivos.
126 milhões de dólares o um passivo
posição tenha sofrido mudanças não
de 175 milhões — está também em con
Os liaveres importantes
tradição com os dados publicados no
de Cuba são menos surpreendentes,
último Relatório do Banco do Brasil,
tendo êsse país uma moeda efeti\'aincnte equivalente ao dólar dos Estados
que mo.stra, cm -31 de dezembro de
Unidos. A Venezuela continua um pais
de dólares norte-americano.s, oriundo de
pobre, com grandes reservas cm ouro e divisas. O Uruguai figura na estatísti
suas disponibilidades e obrigações nessa
ca americana entre os "outros países",
alterações durante os primeiros quatro
mas sabe-se que esse país, mau grado
meses deste ano, pois já em dezembro de 1948 o Brasil tinha, .segundo a esta
certas dificuldades, ainda possui reser
vas cambiais apreciáveis.
vantamento dos do Tesouro americano, o ponto mais desfavorável para o Brasil
A posição do Brasil — um ativo de
vavelmente, nos últimos meses, a sua em seu favor.
Segundo os dados do "Federal Re serve Bulietin", oriundos do mesmo le
tística do Tesouro americano, um saldo
negativo de 42 milhões, quase idêntico A posição do Brasil
ao verificado em fins dc abril de 1949
(—49 milhões de dólaie.s). O fenômeno jnais estranho da estatís
No "Federal Rc.serve Bulietin" — pu-
tica norte-americana é a posição do
blicaçãt) dos bancos centrais dos Esta
Brasil.
dos Unidos — de julho xiltimo, encontra
É o único país, não sòmente
da América Latina mas do mundo'in
mos dados sôbre o Brasil que, sem ex
teiro, cujas contas acusam um saldo negativo. Poder-se-iti supor que êsse déficit correspondesse aos "atrasados" comerciais. Mas a ordem de grandeza é
plicar as divergências em foco, e\'idenciarn pelo menos a evolução histórica,
muito diferente.
como se reflete na estatística norte-ame
ricana. Nos últimos sete anos, as contas
Além disso, outros
brasileiras nos Estados Unidos evoluíram
países da América Latina, em particular a Argentina, tém também atrasados e'e-
da maneira seguinte (em miliiões de
Fim do mês
Dezembro 1942 M 1943 >>
9f
Janeiro
1944 1945 1946 1947
1948 1949-
Atiuo do Brasil
67,7 98,7
dólares): Passivo do Brasil
16,7
+
18,9
-h 79,8 -f 115,5 -f 170,4 -1- 124,2
140,8
25,3
195,1
24,7
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104,7 123,7
165,8 165,4
120,1
171,4
118,9
178,7
Fevereiro
íf
Março
ft
99,0
160,9
n
126,2
175,3
Abril
Saldo do Brasil
51,0
- 61,1
- 41,7 - 51,3 - 59,8
- 67,9 ~ 49,1
deixando saldo negativo dc 84,6 mi lhões de dólares.
tivo.
o pa.'-.si\-o 209,7 milhões de dólares,
moeda. A diferença não se e.xplica por
V
ria de 35,5 milhões de dólares, e parece possível que, com as restrições impostas à importação de bens americanos, a posição do Brasil nos bancos estaduni denses acuse em breve ura saldo posi
verificou-se em 31 de maio dc 1948.
quando o ativo atingiu 125,1-milhões e
1948, um saldo p;)siti\ü de 69 milhões
O déficit cm abril do ano corrente acusa, em relação a êsse máximo, uma mellio-
üiçiiSTo Econômico
O x isilante acudiu dc pronto: "Quan do ^'ocês forem homens, ouvirão falar muito deste louco".
era o presidente Saenz Pena, a presidir
^^u.mpre o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil um dos seus deveres primordiais — o de reverenciar a
memória dos que enalteceram o nome do País e serviram indefectivelmentc à
Conferência proferida, por ocaxiâo do centenário de sen nascimento, pelo einineníe Ministro do Síipremo Tribunal
j.'
consagrada ao estudo e representa um
labor contínuo, jamais interrompido pe lo ócio ou quebrantado pela fadiga. A escolha de meu nome prende-se de certo à minha situação de membro do
riiais alto órgão judiciário do Brasil e à
circunstância de ser naquele Tribunal um dos que conviveram com o grande
L
dos Advogados do Brasil.
,
pios. Relevar-me-ão, entretanto', os pro motores desta homenagem as deficiên cias desta minha contribuição, que tem a escusií-la o desvanecimento em procluzi-la.
A índole desta conferência me levará
Mas o rio-gran-
dcnse do norte, tenaz e paciente, vin
vidji profii^iona,! exemplar e cmu a floração dc uma obra intelectual pro
À semelhança de Surmiento, começo"
pelo professorado, e nesse mister njílicou
funda e duradoura.
A República encontrou-o nas lidos do ensino c no cxercíeio da advo
apuraria em tôda a força, dos hoiuená e das cousas. Desde então não foi o
cacia. Proclamado o novo regi me, a sua terra natal não o es
favoritismo que lhe assegurou o é.xito.
queceu, elcgenclo-o senador, em
Conquistada a cadeira de Latim de Ba-
companhia de Josév Bernardo de
turitc, por meio de concurso, os ecos
Medeiros e Oliveira Galvão.
da dignidade nesse sacerdócio determi
A sua vida ativa pode assim desdo
naram a sua ick\ aos Estados Unidos,
da instrução pública. Ainda como Sarmiento, iria demonstrar em país estran geiro a sua devoção ao ensino. Os tem peramentos de um e de outro eram
opostos e as origens da expatríação di versa.
te o halo, que os havia de circundar na
Mas em ambos os inícios subsis
trajetória da vida.
Decerto, a Amaro
w
chefia de nossa legação no Paraguai, em
ção a Sarmiento narra Otávio Amadeo
1894; na consultoria do Ministério do
Uma escola de
meninos recebeu a visita de ufn supe
de do Norte, que não teve a ajudá-lo nem rintendente oficial. Um dos alunos per a projeção da família poderosa nem a" guntou a outro: — "Quem é ele?" — "E segurança da prosperidade econômica. o louco Sarmiento, foi a resposta", iMiiSbíLuÀté,
judiciiíria. A
Assembléia Constituinte de 1894
foi o cemirio em que Amaro Cavalcan ti se projetou para a futuro e nela ci mentou OS" laços que o ligaram para
sempre às figuras preeminentcs naquela reunião, que os acontecimentos posterio- • res colocaram na mesma linha de com
bate c dignidade política — os
Prudente de Morais, os Rodri- ||
gue.s Alves, os Rosa e Silva, 7 homens da mesma têmpera e de uma só palavra. Não" trazia
Amaro Caxalcanti
para o Congresso tradição política, que
lhe desse o apoio antecipado de grupos Três anos de mandato senatorial, até partidários. Não teria o prurido da po 1893; dois unos de função executiva, fictícia e vã, porquanto o seu na qualidade de Ministro da Justiça, no pularidade espírito se afizera à meditação serena. governo Prudente de Morais; nove anos Impôs-se desde logo pela sua competên dc judicatura, no cargo de Ministro cia desopriinida de sectarismo e liberta do Supremo Tribunal Federal, de maio das influências de dogmas. Não era o de 1906 a dezembro de 1914. apedeuta a ronronar de lotrudo, era No.s intervalos entre e.ssas funções, o letrado a defrontar face a face os proo Governo aproveitou seus serviços na
Cavalcanti não ocorreu o que em rela em Vidas Argentinas.
Piá assim a atentar na sua ação'le gislativa, na ação executiva e na ação
brar-se:
em missão oficial de estudos de reforma
canti sob o ângulo de sua atuação nos
esfôrço, é o do filho ilustre do Rio Cran-
1919.
públicos alimentava.
viduais.
a considerar a figura de Amaro Caval
destinos políticos e jurídicos do Brasil. ' ■ Se há alguém que possa ser apresen■ . tado à posteridade como um exemplo dos mais sugestivos de valia do próprio
meses, em fins de 1918 e começos de
ferido pela Corte Suprema, cm conse
gou-se apenas com o atestado dc uma
ciou o conhecimento, que mais tarde sc
postos nos três poderes da República e através de obra copiosa, poliforme e segura. Qualquer dos aspectos de sua ação daria margem para estudos am-
e com o título dc consellor at Jato, con
nidade habitual em torno dos homens
O modesto menino de Scridó chegaria às mais altas posições no seu país, con duzido apenas pelos seus méritos indi
sinamentos.
conferência toda a ati\'idade de Amaro Cavalcanti, desenvolvida no exercício de
Prefeito do Distrito Federal de 1917 a 1918; membro da Còrte Permanente de
qüência do diploma. Isto lhe acarretou
as suas qualidades de observação e ini
Não^ é fácil tarefa desdobrar numa
cia Americana de Washington em 1915;
em nome da gloriosa nação argentina.
referências depreciativas, que a malig-
brasileiro e lhe hauriram estímulo e en
autoridade e experiência.
Ei-lo delegado do Brasil na Conferên
as festas do centenário dc Sarmiento. Dos Estados Unidos voltou Amaro
Tôda a vida de Amaro Cavalcanti foi
;
para a sua
Casalcanti diplomado pe'a Escola de Arbitragem em Haia, de maio de 1917 Direito da Union Uni\ersity de Albany. a 1922; Ministro da Fazenda por trê.s
Federal, Dr. Aníbal Freire, na Ordem
causa do direito.
A apo.sentadoria não o levou à inação. A têmpera do Itdador não esmorecia c os go\'emos suce.í.si\^amente apcla\'am
Cinqüenta unos mais tarde, o menino
AMÍDAL PnEIRE
,
(
29
-If
Exterior, de setembro de 1905 a junho de 1906; na delegação brasileira ao 3." Congresso Internacional Americano, cm 1906.
b.emas. Não impressionaria pelos arrou bos oratorios, que lhe eram escassos. En
frentaria o debate com a dialética, qüe se tornou uma de suas armas pode rosas, e com a segurança do raciocí
nio, que o estudo de humanidades aper feiçoara.
üiçiiSTo Econômico
O x isilante acudiu dc pronto: "Quan do ^'ocês forem homens, ouvirão falar muito deste louco".
era o presidente Saenz Pena, a presidir
^^u.mpre o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil um dos seus deveres primordiais — o de reverenciar a
memória dos que enalteceram o nome do País e serviram indefectivelmentc à
Conferência proferida, por ocaxiâo do centenário de sen nascimento, pelo einineníe Ministro do Síipremo Tribunal
j.'
consagrada ao estudo e representa um
labor contínuo, jamais interrompido pe lo ócio ou quebrantado pela fadiga. A escolha de meu nome prende-se de certo à minha situação de membro do
riiais alto órgão judiciário do Brasil e à
circunstância de ser naquele Tribunal um dos que conviveram com o grande
L
dos Advogados do Brasil.
,
pios. Relevar-me-ão, entretanto', os pro motores desta homenagem as deficiên cias desta minha contribuição, que tem a escusií-la o desvanecimento em procluzi-la.
A índole desta conferência me levará
Mas o rio-gran-
dcnse do norte, tenaz e paciente, vin
vidji profii^iona,! exemplar e cmu a floração dc uma obra intelectual pro
À semelhança de Surmiento, começo"
pelo professorado, e nesse mister njílicou
funda e duradoura.
A República encontrou-o nas lidos do ensino c no cxercíeio da advo
apuraria em tôda a força, dos hoiuená e das cousas. Desde então não foi o
cacia. Proclamado o novo regi me, a sua terra natal não o es
favoritismo que lhe assegurou o é.xito.
queceu, elcgenclo-o senador, em
Conquistada a cadeira de Latim de Ba-
companhia de Josév Bernardo de
turitc, por meio de concurso, os ecos
Medeiros e Oliveira Galvão.
da dignidade nesse sacerdócio determi
A sua vida ativa pode assim desdo
naram a sua ick\ aos Estados Unidos,
da instrução pública. Ainda como Sarmiento, iria demonstrar em país estran geiro a sua devoção ao ensino. Os tem peramentos de um e de outro eram
opostos e as origens da expatríação di versa.
te o halo, que os havia de circundar na
Mas em ambos os inícios subsis
trajetória da vida.
Decerto, a Amaro
w
chefia de nossa legação no Paraguai, em
ção a Sarmiento narra Otávio Amadeo
1894; na consultoria do Ministério do
Uma escola de
meninos recebeu a visita de ufn supe
de do Norte, que não teve a ajudá-lo nem rintendente oficial. Um dos alunos per a projeção da família poderosa nem a" guntou a outro: — "Quem é ele?" — "E segurança da prosperidade econômica. o louco Sarmiento, foi a resposta", iMiiSbíLuÀté,
judiciiíria. A
Assembléia Constituinte de 1894
foi o cemirio em que Amaro Cavalcan ti se projetou para a futuro e nela ci mentou OS" laços que o ligaram para
sempre às figuras preeminentcs naquela reunião, que os acontecimentos posterio- • res colocaram na mesma linha de com
bate c dignidade política — os
Prudente de Morais, os Rodri- ||
gue.s Alves, os Rosa e Silva, 7 homens da mesma têmpera e de uma só palavra. Não" trazia
Amaro Caxalcanti
para o Congresso tradição política, que
lhe desse o apoio antecipado de grupos Três anos de mandato senatorial, até partidários. Não teria o prurido da po 1893; dois unos de função executiva, fictícia e vã, porquanto o seu na qualidade de Ministro da Justiça, no pularidade espírito se afizera à meditação serena. governo Prudente de Morais; nove anos Impôs-se desde logo pela sua competên dc judicatura, no cargo de Ministro cia desopriinida de sectarismo e liberta do Supremo Tribunal Federal, de maio das influências de dogmas. Não era o de 1906 a dezembro de 1914. apedeuta a ronronar de lotrudo, era No.s intervalos entre e.ssas funções, o letrado a defrontar face a face os proo Governo aproveitou seus serviços na
Cavalcanti não ocorreu o que em rela em Vidas Argentinas.
Piá assim a atentar na sua ação'le gislativa, na ação executiva e na ação
brar-se:
em missão oficial de estudos de reforma
canti sob o ângulo de sua atuação nos
esfôrço, é o do filho ilustre do Rio Cran-
1919.
públicos alimentava.
viduais.
a considerar a figura de Amaro Caval
destinos políticos e jurídicos do Brasil. ' ■ Se há alguém que possa ser apresen■ . tado à posteridade como um exemplo dos mais sugestivos de valia do próprio
meses, em fins de 1918 e começos de
ferido pela Corte Suprema, cm conse
gou-se apenas com o atestado dc uma
ciou o conhecimento, que mais tarde sc
postos nos três poderes da República e através de obra copiosa, poliforme e segura. Qualquer dos aspectos de sua ação daria margem para estudos am-
e com o título dc consellor at Jato, con
nidade habitual em torno dos homens
O modesto menino de Scridó chegaria às mais altas posições no seu país, con duzido apenas pelos seus méritos indi
sinamentos.
conferência toda a ati\'idade de Amaro Cavalcanti, desenvolvida no exercício de
Prefeito do Distrito Federal de 1917 a 1918; membro da Còrte Permanente de
qüência do diploma. Isto lhe acarretou
as suas qualidades de observação e ini
Não^ é fácil tarefa desdobrar numa
cia Americana de Washington em 1915;
em nome da gloriosa nação argentina.
referências depreciativas, que a malig-
brasileiro e lhe hauriram estímulo e en
autoridade e experiência.
Ei-lo delegado do Brasil na Conferên
as festas do centenário dc Sarmiento. Dos Estados Unidos voltou Amaro
Tôda a vida de Amaro Cavalcanti foi
;
para a sua
Casalcanti diplomado pe'a Escola de Arbitragem em Haia, de maio de 1917 Direito da Union Uni\ersity de Albany. a 1922; Ministro da Fazenda por trê.s
Federal, Dr. Aníbal Freire, na Ordem
causa do direito.
A apo.sentadoria não o levou à inação. A têmpera do Itdador não esmorecia c os go\'emos suce.í.si\^amente apcla\'am
Cinqüenta unos mais tarde, o menino
AMÍDAL PnEIRE
,
(
29
-If
Exterior, de setembro de 1905 a junho de 1906; na delegação brasileira ao 3." Congresso Internacional Americano, cm 1906.
b.emas. Não impressionaria pelos arrou bos oratorios, que lhe eram escassos. En
frentaria o debate com a dialética, qüe se tornou uma de suas armas pode rosas, e com a segurança do raciocí
nio, que o estudo de humanidades aper feiçoara.
JJn;i„si(, i«/JON0MlCO 3i
DicicsTf) Econômico
A sua sagacidade induziu-o a enca rar, com espírito que os acontecimentos
futuros permitiriam qualificar de pro fético, dois assuntos fundamentais —
o da posição dos Estados no regime fe derativo e o das discriminações das ren
das das entidades de direito público, na
deres que lhes são reservados nos limi tes da Constituição; o soberano i'inico
oração de solidariedade do Congresso
é a Nação".
Os "apoiados", que os anais registram
demonstram que desde logo o homem de saber enunciava conceito hoje irrefragá\cl na doutrina e na lei.
De outra feita, em respo.sta a aparte órbita da respectiva competência. À sua contribuição enr defesa tUi de Seubra, declara: — "V. Excia. fa^^ União contra os exageros do federalismo, (juestãü de palavras e eu faço questão refere-se Agenor de Ronse, incluindo-o de idéias". — Uma \-oz — "Na cicncii' no seu valioso estudo entre os que for mavam o núcleo dessa orientação.
O regime tributário foi o seu tema predileto.
Os anais registram a sua
gílio Dainásio, Beniardino de Campos, Rui Barbosa, mais tatde, ass[na*a na Ubaldino do Amaral, Lauro Müller, Jú Imprensa que "a mera aparição pessoal c lio de Castilhos e João Pinheiro, e a sua inerme de um ministro de coragem a
no dia da promulgação do es
bastou para fazer refluir na Rua do Ou\'idor a onda sanguinária".
tatuto constitucional.
Mais tarde, os acontecimentos o le
Até ao atentado de 5 de no\embro a situação continuou tormentosa e a ener
varam a militar na oposição a Floriano,
gia e capacidade do Ministro se retem
guardando sempre a mesma imperturba-
peraram na luta.
bilidade de ânimo e firmeza nas deci sões.
Nesse período, a figura de Amaro Ca-
\alcanti apresenta na sua rijeza traços a Feijó o entre os seus contempora-
O Sr. Amaro: — "Se
Campo.s Sales, no seu livro de defe sa Da propaganda d presiclôncia, refe
neo.s-, no estrangeiro, a "Waldeck Rous-
dizem alguma cousa, do contrário não
re-se a uma declaração do Amaro, no Se
valem nada".
nado, em junho de 1893, a qual quali fica de "importante", encarecendo de "insuspeito" o testemunho.
seau, na campanha das congregações re
\'alem muito".
Narra Giolittí na.s suas Memórias que.
atuação, sobranceira aos interesses ri
Ministro do Tesouro num do.s ministé
vais e com a visão do homem de Esta
rios Cri.spi, teve de rcsjxmder a uma
do, acautelando as instituições nascen
Ei-lo Ministro de Estado, em janeiro
ligiosas.
Do primeiro, a coragem sem
ostentação; do segundo, de quem Char-
les Peguy insuspeitamente traçou o tes tamento político, segundo as próprias notas do estadista, a justa medida das
interpelação do Conde Alfiéri.
Ao ter minar, Farini, presidente do Senado, dis
de 1897.
tes de males que se poderiam tornar inelutáveis.
se-lhe: — "O .sr. na mocidade deve ter
ca, aumentada pelas divergências indis-
isentaria de fundados deproches. No regime parlamentar, a sorte dos ministros esta em regra ligada à do
O País atravessava grave crise políti
resoluções, com o cunho jurídico que a
estudado o praticado muito bem a
farçáveis entre o Presidente e o Vice-
grima; apercebi-me disto pela sua res
Presidente da República, Manoel Vi-
homenagens devidas ao seu esfôrço. Au-
posta".
lorino..
relino Leal, na Teoria e Prática da
Constituição, alude às grandes responsa
O pí)lítico italiano confes.sa que na reaUdade chegou a bater em assaltos
Amaro Cavalcanti na Constituinte, indi
bilidades do representante norte-riograndcnse no projeto da Constituinte, e re
públicos mestres na profissão. A mocidade de Amaro, pa.ssnda em
cou-o para Miiiistro da Justiça nessa quadra cruciante, em substituição a Al
lembra que, mais tarde, em 1896, "dois
São Luís do Maranhão e Balurité, não
berto Torres.
autores da Constituição, os srs, Amaro Cavalcanti e Rui Barbosa, eminentes
lhe deu ensanchas a praticar a esgrima;
go os incidentes que cuhninaram com o
três facile de devenir ministre, moins faci'e d être un bon ministre, moins fa
mas o seu intelecto, animado pelo cul
assassínio de Gentil de Castro.
cile encore de rester ministre".
ambos, se mediram num formidável due
tivo das boas letras, lhe proporcionava recursos adequados e seguros.
O autores que versaram depois o as sunto rendem a
Amaro Cavalcanti as
lo intelectual em torno dos dispositivos
que regulam a tributação".
O meneio do Latim e por êle o con-
E' de ver-se a agilidade de Amaro nos debates parlamentares. Um dos
Gabinete, de que êle faz parte.
Prudente de Morais, que conhecera
Defrontou êle desde lo
A sua atitude nessa ocasião revelou
energia indomável e sobranceira a quais quer perigos.
Década Republicana, Carlos de Laet,
atribuídas aos Estados, quando um
Da ,sua posição de relevo na Consti tuinte são fatos expressivos a sua elei
embora atribua ao governo ã responsabi lidade pelos crimes anteriores, acentua
ção para a comissão especial de vmte e um membros pala dar parecer sobre o projeto da Constituição, em companhia,
que o "sr. Amaro Cavalcanti desceu à
entre outros, de Lauro Sodré, João Pe
des".
Federação não há Estados soberanos; ê.stes têm e exercem a autonomia de po-
tava da realidade, ao afirmar: " II est
iNo regime presidencial, embora a im portância do seu papel na vida adminis trativa do país, a situação é ainda mais chefe do Executivo.
mo diz Cícero.
obtemperou de pronto; — "Não. Numa
.1.^.
dominar os ânimos.
me.smo tempo êsse tom de polidez e dis
Amar.o
.X
precária, pela dependência em que fica das flutuações da vontade e ânimo do
Chegou sozinho à Rua do Ouvidor, e,
tinção, "mollitudinem huinanitatis", oo*
nia dos Estados da União".
1
enfrentando os arruaceiros, conseguiu
sinais desse atributo mental é a força
comete o erro de desconhecer a sobera
hdade dos ininistériòs e Jules Claretie, a despeito do tom de ironia, não se afas
tacto com os autores latinos lhe aguça ra o entendimento e lhe reafirmara ao
da réplica. Dois exemplos, entre outros. Examinava ele o problema das rendas deputado o interrompeu: — "V. Excia.
E'
verdade que o regime facilita a instabi- À
dro, fosc Higino, João Barbalho, Vir
Comentando
os
acontecimentos
na
Rua do Ouvidor e enérgico se pronun ciou pela cessação de tais enormida
Amaro Cavalcanti foi, porém, minis tro, integralmente ministro, sem dobrez e sem louvaminhas. Para eficiência da açao bastaria a sua autoridade. Mas a
turbaçao dos ânimos da época não impe-
clm que êle se assenhoreasse dos proble mas da pasta e lhes desse atenção con
veniente. Num dêles, o de calamidade
JJn;i„si(, i«/JON0MlCO 3i
DicicsTf) Econômico
A sua sagacidade induziu-o a enca rar, com espírito que os acontecimentos
futuros permitiriam qualificar de pro fético, dois assuntos fundamentais —
o da posição dos Estados no regime fe derativo e o das discriminações das ren
das das entidades de direito público, na
deres que lhes são reservados nos limi tes da Constituição; o soberano i'inico
oração de solidariedade do Congresso
é a Nação".
Os "apoiados", que os anais registram
demonstram que desde logo o homem de saber enunciava conceito hoje irrefragá\cl na doutrina e na lei.
De outra feita, em respo.sta a aparte órbita da respectiva competência. À sua contribuição enr defesa tUi de Seubra, declara: — "V. Excia. fa^^ União contra os exageros do federalismo, (juestãü de palavras e eu faço questão refere-se Agenor de Ronse, incluindo-o de idéias". — Uma \-oz — "Na cicncii' no seu valioso estudo entre os que for mavam o núcleo dessa orientação.
O regime tributário foi o seu tema predileto.
Os anais registram a sua
gílio Dainásio, Beniardino de Campos, Rui Barbosa, mais tatde, ass[na*a na Ubaldino do Amaral, Lauro Müller, Jú Imprensa que "a mera aparição pessoal c lio de Castilhos e João Pinheiro, e a sua inerme de um ministro de coragem a
no dia da promulgação do es
bastou para fazer refluir na Rua do Ou\'idor a onda sanguinária".
tatuto constitucional.
Mais tarde, os acontecimentos o le
Até ao atentado de 5 de no\embro a situação continuou tormentosa e a ener
varam a militar na oposição a Floriano,
gia e capacidade do Ministro se retem
guardando sempre a mesma imperturba-
peraram na luta.
bilidade de ânimo e firmeza nas deci sões.
Nesse período, a figura de Amaro Ca-
\alcanti apresenta na sua rijeza traços a Feijó o entre os seus contempora-
O Sr. Amaro: — "Se
Campo.s Sales, no seu livro de defe sa Da propaganda d presiclôncia, refe
neo.s-, no estrangeiro, a "Waldeck Rous-
dizem alguma cousa, do contrário não
re-se a uma declaração do Amaro, no Se
valem nada".
nado, em junho de 1893, a qual quali fica de "importante", encarecendo de "insuspeito" o testemunho.
seau, na campanha das congregações re
\'alem muito".
Narra Giolittí na.s suas Memórias que.
atuação, sobranceira aos interesses ri
Ministro do Tesouro num do.s ministé
vais e com a visão do homem de Esta
rios Cri.spi, teve de rcsjxmder a uma
do, acautelando as instituições nascen
Ei-lo Ministro de Estado, em janeiro
ligiosas.
Do primeiro, a coragem sem
ostentação; do segundo, de quem Char-
les Peguy insuspeitamente traçou o tes tamento político, segundo as próprias notas do estadista, a justa medida das
interpelação do Conde Alfiéri.
Ao ter minar, Farini, presidente do Senado, dis
de 1897.
tes de males que se poderiam tornar inelutáveis.
se-lhe: — "O .sr. na mocidade deve ter
ca, aumentada pelas divergências indis-
isentaria de fundados deproches. No regime parlamentar, a sorte dos ministros esta em regra ligada à do
O País atravessava grave crise políti
resoluções, com o cunho jurídico que a
estudado o praticado muito bem a
farçáveis entre o Presidente e o Vice-
grima; apercebi-me disto pela sua res
Presidente da República, Manoel Vi-
homenagens devidas ao seu esfôrço. Au-
posta".
lorino..
relino Leal, na Teoria e Prática da
Constituição, alude às grandes responsa
O pí)lítico italiano confes.sa que na reaUdade chegou a bater em assaltos
Amaro Cavalcanti na Constituinte, indi
bilidades do representante norte-riograndcnse no projeto da Constituinte, e re
públicos mestres na profissão. A mocidade de Amaro, pa.ssnda em
cou-o para Miiiistro da Justiça nessa quadra cruciante, em substituição a Al
lembra que, mais tarde, em 1896, "dois
São Luís do Maranhão e Balurité, não
berto Torres.
autores da Constituição, os srs, Amaro Cavalcanti e Rui Barbosa, eminentes
lhe deu ensanchas a praticar a esgrima;
go os incidentes que cuhninaram com o
três facile de devenir ministre, moins faci'e d être un bon ministre, moins fa
mas o seu intelecto, animado pelo cul
assassínio de Gentil de Castro.
cile encore de rester ministre".
ambos, se mediram num formidável due
tivo das boas letras, lhe proporcionava recursos adequados e seguros.
O autores que versaram depois o as sunto rendem a
Amaro Cavalcanti as
lo intelectual em torno dos dispositivos
que regulam a tributação".
O meneio do Latim e por êle o con-
E' de ver-se a agilidade de Amaro nos debates parlamentares. Um dos
Gabinete, de que êle faz parte.
Prudente de Morais, que conhecera
Defrontou êle desde lo
A sua atitude nessa ocasião revelou
energia indomável e sobranceira a quais quer perigos.
Década Republicana, Carlos de Laet,
atribuídas aos Estados, quando um
Da ,sua posição de relevo na Consti tuinte são fatos expressivos a sua elei
embora atribua ao governo ã responsabi lidade pelos crimes anteriores, acentua
ção para a comissão especial de vmte e um membros pala dar parecer sobre o projeto da Constituição, em companhia,
que o "sr. Amaro Cavalcanti desceu à
entre outros, de Lauro Sodré, João Pe
des".
Federação não há Estados soberanos; ê.stes têm e exercem a autonomia de po-
tava da realidade, ao afirmar: " II est
iNo regime presidencial, embora a im portância do seu papel na vida adminis trativa do país, a situação é ainda mais chefe do Executivo.
mo diz Cícero.
obtemperou de pronto; — "Não. Numa
.1.^.
dominar os ânimos.
me.smo tempo êsse tom de polidez e dis
Amar.o
.X
precária, pela dependência em que fica das flutuações da vontade e ânimo do
Chegou sozinho à Rua do Ouvidor, e,
tinção, "mollitudinem huinanitatis", oo*
nia dos Estados da União".
1
enfrentando os arruaceiros, conseguiu
sinais desse atributo mental é a força
comete o erro de desconhecer a sobera
hdade dos ininistériòs e Jules Claretie, a despeito do tom de ironia, não se afas
tacto com os autores latinos lhe aguça ra o entendimento e lhe reafirmara ao
da réplica. Dois exemplos, entre outros. Examinava ele o problema das rendas deputado o interrompeu: — "V. Excia.
E'
verdade que o regime facilita a instabi- À
dro, fosc Higino, João Barbalho, Vir
Comentando
os
acontecimentos
na
Rua do Ouvidor e enérgico se pronun ciou pela cessação de tais enormida
Amaro Cavalcanti foi, porém, minis tro, integralmente ministro, sem dobrez e sem louvaminhas. Para eficiência da açao bastaria a sua autoridade. Mas a
turbaçao dos ânimos da época não impe-
clm que êle se assenhoreasse dos proble mas da pasta e lhes desse atenção con
veniente. Num dêles, o de calamidade
V
I>iGEsTo Econômico 1 •
rlf seu espírito, a obser-
pública, prevista no íft. S.** díi Consti tuição de 1891, a sua intuição jurídica levou-o a expedir circular, que ainda e relembrada pelos estudiosos do assunto. Em artigo recentemente publicado- no
ainpla tolerância ot > i _ . vavao r Hictelieu, noocupe seu cet Tcs,a.„c.„ ^^^'7 aiic emploi pahtuiuc: /,„nt dans les dois sasou que ccnx 1
Jornal c/o Comércio, o ilustre dr. João
t . X , ,c de no iai.sscnt pas uc Ic.s ic. cchuKT ct dc suí
de Oliveira Filho declarou:
"Cabe à União prestar aos Estados Sí>corro, em caso de calamidade públi ca.
Prestar socorro é auxiliar.
Como
intervenção, foi caracterizado por uni
Ministro da Justiça, o dr. Amaro Ca, valcanti. Prestar socorro, porém, é me nos que intervenção. E' .simples inter ferência colaboracionista."
Na sua gestão foi regulamentado o decreto n. 1.030, de 14 de novembro de
1890, que estabeleceu o regime judiciá-
i rio, em face das novas instituições. Para êsse fim teve a iniciatiia dc su
gerir os decretos ns. 2.464 de 1897, e 2.579, do mesmo ano, concernentes a:)
pessoal e competência da justiça local. No capítulo A Jusiiça, da Década Re publicana, Cândido de Oliveira, embo
ra reconhecesse que algumas das disposiçõe.s melhoraram o serviço forense,
cen.sura o regulamento, e a propósito re corda que o substituto de Amaro Ca
valcanti na pasta da Justiça, Epitácio Pessoa, propôs o restabelecimento do
decreto n. 1.030, que "a regulamenta, ção alterou, e.xorbitando da faculdade
conferida ao Executivo de regulamentar as leis".
Não poupando os ministros do regime
mini.stéres sont , chiens, trcs, ciiu• nonoosc.uu Ic.s,abois , . cias , ,
vre Icur cours". X f-ivor popular resgatou, A me-sse do ra\oi ^ i s
,K,rín-,, as injurias sofmlas
Nunlnun
g<oírno deixou o "nd.isas demonslraçfles de estuua publ.ea como o de Prudente. A.nda depo.s, a
aura do poso cercava o seu chefe de respeito e Ncueracãc. matiug.dos ate
então.
Mei dc ter sempre na relenlir^a
a .Vtinia nianife.stacão do puro desta
.cidade ao presidente que estaireleeeu u poder civil no País. T.nha viudo o grande brasileiro assistir, cm 1900, a«
Esse mesmo alento cercou a sua ges tão na Prefeitura do Distrito Federal, durante quase dois anos, a que ascen dera a contra-gôsto. Achava-se no gôzo da aposentadoria de Ministro do SupreTribunal Federal, quando o Govêr-
"e reclamou seus serviços. Dos romanos
dizia o abade Dedouvres que não procu ravam o ócio, antes sofriam com êle.
Para Amaro, a aposentadoria seria o en sejo, como o foi, para as lucubrações de
gabinete. O País, porém, exigiu os seus Serviços e êle não duvidou em prestá mos, com os resultados queji história da
eidade do Rio de Janeiro registra. Na função judiciária não foi menor o relêvo de Amaro Cavalcanti. Coube-
a serenidade peculiar ao juiz, mas com a
enidição e sobranceria que lhe eram ha
bituais. Começou então põr declarar que
se o Ministro da Justiça se tivesse limi tado a comunicar ao Tribunal a reso
lução do Presidente da República de desacatar o acórdão, seria de parecer que se fizesse constar da ata semelhan te comunicação, sem nenhuma observa-
gio a respeito, "desde que o ato do Executivo em nada invalidava a deci são do Tribunal".
Ein outras hipóteses resistiu, porém, à tendência de poder a medida liberató-
na alcançar situações em que interferia a competência privativa do.s outros po deres.
^
No habeas corpus" requerido por Irineu Machado em favor do Coronel Fran co Rabelo e dos membros da Assembléia
advogado. No clia do regresso a São Pault>. a mociclade das escolas c do co-
A formação humanística, a compe tência jurídica e a experiência das cou-
por ter havido decreto de intervenção
méreio movimentou-se para prestar a.s
sas públicas lhe asseguravam pleno êxi
lho, que tanto cligniiieoii a profissão de suas liomenagens ao imaculado varuo. Não foi po.ssí\'el obter músicas militares para o brilhantismo das manifestações o o gosto das fanfarras não é privilégio de qualquer classe ou regime. Por es tranha coincidência, apagou-se a ilumi nação em parte do trecho a percorrer. As famílias queiina\'am, das sacadas do.s prédio.s, fogos de Bengala. Nós, os rapazes de então, conduzimos a car ruagem da Rua da Estrela a Central do
Brasil. De pé no veículo, o Marechal"
centa em nota: "No entanto êsse mes
Cantuária, escullural nas atitudes, impre-
mo ministro, ríspido cen.sor do dr. Ama digo Disciplinar de Ensino Superior e a
cava ao povo que não a.sfixías.se Pruden te, já combalido pela moléstia, que, me ses depois, o havia de vitimar. Espe
lei. n. 221, de 1894".
táculo indelével a relembrar as pugnas
agruras e inju.stiças da carreira políti
cívicas da antigüidade! Ter servido a um Governo sagrado de
ca. Tinha ele, entretanto, em mente, na
tal forma pela gratidão popular foi, para
Não foi Amaro Cavalcanti poupado às
^aro CavalcanH, lenitivo e estímulo.
me substituir a João Barballio, que, cooro êle, se tomara um dos guias do constitucionalismo pátrio.
casamento de Prucleiitc de Morais Fi-
republicano, Cândido de Oliveira acres
ro Cavalcanti, acaba de violar o Có
33
Legislativa do Ceará, denegou a ordem, no Estado e não poder o Judiciiirio des-
íazer tal ato. O Tribunal assim decidiu, to no exercício do cargo. A par disto, a por seis votos contra dois.
sua capacidade de trabalho inesgotável G o seu meticuloso cuidado nos detalhes
No outro pedido, impetrado enf fa vor de José Eduardo de Macedo Soa
de qualquer profissão que exercesse. Prestigiou com a sua autoridade a am
res, para que se declarasse inconstitu
em que se não tratava sòmente da li
Tribunal para decidir sobre a matéria. O seu voto foi sufragado por todos os
cional o estado de sítio, sustentou êle plitude do "habeas corpus" a lúpóteses conria Pedro Lessa, a incompetência do
berdade de locomoção. Tomou-se notável a sua réplica à
outros ministros.
No caso de Leônidas Rezende, defron Fonseca, no caso do "habeas corpus" ao tou-se ainda com Pedro Lessa e teve a Conselho Municipal do Distrito Federal. O chefe do Executivo, em defesa de sua bunal ^ unanimidade do Trimensagem do
Presidente
Hermes
da
atitude do desobediência ao aresta do Su
premo Tribunal Federal, invocou opi
niões de Amaro, no seu livro Regime Fe
Ainda no "habeas corpus" requerido
pe.o insigne Rui em favor de diretores e
pessoal de jornais desta capital sendo derativo, acêrca da independência dos relator Pedro Lessa, reafirmo^u sia poderes e do escrúpulo que deve ter o Judiciário em invadi-la. To''mLÍ ménto T"" das razoes queJudiciário levaram oentrar Exe Amaro, na sessão seguinte àquela na no cutivo a decretar o estado de síHo. Tra qual foi lida a mensagem, retrucou com vou então com o eminente relator me-
V
I>iGEsTo Econômico 1 •
rlf seu espírito, a obser-
pública, prevista no íft. S.** díi Consti tuição de 1891, a sua intuição jurídica levou-o a expedir circular, que ainda e relembrada pelos estudiosos do assunto. Em artigo recentemente publicado- no
ainpla tolerância ot > i _ . vavao r Hictelieu, noocupe seu cet Tcs,a.„c.„ ^^^'7 aiic emploi pahtuiuc: /,„nt dans les dois sasou que ccnx 1
Jornal c/o Comércio, o ilustre dr. João
t . X , ,c de no iai.sscnt pas uc Ic.s ic. cchuKT ct dc suí
de Oliveira Filho declarou:
"Cabe à União prestar aos Estados Sí>corro, em caso de calamidade públi ca.
Prestar socorro é auxiliar.
Como
intervenção, foi caracterizado por uni
Ministro da Justiça, o dr. Amaro Ca, valcanti. Prestar socorro, porém, é me nos que intervenção. E' .simples inter ferência colaboracionista."
Na sua gestão foi regulamentado o decreto n. 1.030, de 14 de novembro de
1890, que estabeleceu o regime judiciá-
i rio, em face das novas instituições. Para êsse fim teve a iniciatiia dc su
gerir os decretos ns. 2.464 de 1897, e 2.579, do mesmo ano, concernentes a:)
pessoal e competência da justiça local. No capítulo A Jusiiça, da Década Re publicana, Cândido de Oliveira, embo
ra reconhecesse que algumas das disposiçõe.s melhoraram o serviço forense,
cen.sura o regulamento, e a propósito re corda que o substituto de Amaro Ca
valcanti na pasta da Justiça, Epitácio Pessoa, propôs o restabelecimento do
decreto n. 1.030, que "a regulamenta, ção alterou, e.xorbitando da faculdade
conferida ao Executivo de regulamentar as leis".
Não poupando os ministros do regime
mini.stéres sont , chiens, trcs, ciiu• nonoosc.uu Ic.s,abois , . cias , ,
vre Icur cours". X f-ivor popular resgatou, A me-sse do ra\oi ^ i s
,K,rín-,, as injurias sofmlas
Nunlnun
g<oírno deixou o "nd.isas demonslraçfles de estuua publ.ea como o de Prudente. A.nda depo.s, a
aura do poso cercava o seu chefe de respeito e Ncueracãc. matiug.dos ate
então.
Mei dc ter sempre na relenlir^a
a .Vtinia nianife.stacão do puro desta
.cidade ao presidente que estaireleeeu u poder civil no País. T.nha viudo o grande brasileiro assistir, cm 1900, a«
Esse mesmo alento cercou a sua ges tão na Prefeitura do Distrito Federal, durante quase dois anos, a que ascen dera a contra-gôsto. Achava-se no gôzo da aposentadoria de Ministro do SupreTribunal Federal, quando o Govêr-
"e reclamou seus serviços. Dos romanos
dizia o abade Dedouvres que não procu ravam o ócio, antes sofriam com êle.
Para Amaro, a aposentadoria seria o en sejo, como o foi, para as lucubrações de
gabinete. O País, porém, exigiu os seus Serviços e êle não duvidou em prestá mos, com os resultados queji história da
eidade do Rio de Janeiro registra. Na função judiciária não foi menor o relêvo de Amaro Cavalcanti. Coube-
a serenidade peculiar ao juiz, mas com a
enidição e sobranceria que lhe eram ha
bituais. Começou então põr declarar que
se o Ministro da Justiça se tivesse limi tado a comunicar ao Tribunal a reso
lução do Presidente da República de desacatar o acórdão, seria de parecer que se fizesse constar da ata semelhan te comunicação, sem nenhuma observa-
gio a respeito, "desde que o ato do Executivo em nada invalidava a deci são do Tribunal".
Ein outras hipóteses resistiu, porém, à tendência de poder a medida liberató-
na alcançar situações em que interferia a competência privativa do.s outros po deres.
^
No habeas corpus" requerido por Irineu Machado em favor do Coronel Fran co Rabelo e dos membros da Assembléia
advogado. No clia do regresso a São Pault>. a mociclade das escolas c do co-
A formação humanística, a compe tência jurídica e a experiência das cou-
por ter havido decreto de intervenção
méreio movimentou-se para prestar a.s
sas públicas lhe asseguravam pleno êxi
lho, que tanto cligniiieoii a profissão de suas liomenagens ao imaculado varuo. Não foi po.ssí\'el obter músicas militares para o brilhantismo das manifestações o o gosto das fanfarras não é privilégio de qualquer classe ou regime. Por es tranha coincidência, apagou-se a ilumi nação em parte do trecho a percorrer. As famílias queiina\'am, das sacadas do.s prédio.s, fogos de Bengala. Nós, os rapazes de então, conduzimos a car ruagem da Rua da Estrela a Central do
Brasil. De pé no veículo, o Marechal"
centa em nota: "No entanto êsse mes
Cantuária, escullural nas atitudes, impre-
mo ministro, ríspido cen.sor do dr. Ama digo Disciplinar de Ensino Superior e a
cava ao povo que não a.sfixías.se Pruden te, já combalido pela moléstia, que, me ses depois, o havia de vitimar. Espe
lei. n. 221, de 1894".
táculo indelével a relembrar as pugnas
agruras e inju.stiças da carreira políti
cívicas da antigüidade! Ter servido a um Governo sagrado de
ca. Tinha ele, entretanto, em mente, na
tal forma pela gratidão popular foi, para
Não foi Amaro Cavalcanti poupado às
^aro CavalcanH, lenitivo e estímulo.
me substituir a João Barballio, que, cooro êle, se tomara um dos guias do constitucionalismo pátrio.
casamento de Prucleiitc de Morais Fi-
republicano, Cândido de Oliveira acres
ro Cavalcanti, acaba de violar o Có
33
Legislativa do Ceará, denegou a ordem, no Estado e não poder o Judiciiirio des-
íazer tal ato. O Tribunal assim decidiu, to no exercício do cargo. A par disto, a por seis votos contra dois.
sua capacidade de trabalho inesgotável G o seu meticuloso cuidado nos detalhes
No outro pedido, impetrado enf fa vor de José Eduardo de Macedo Soa
de qualquer profissão que exercesse. Prestigiou com a sua autoridade a am
res, para que se declarasse inconstitu
em que se não tratava sòmente da li
Tribunal para decidir sobre a matéria. O seu voto foi sufragado por todos os
cional o estado de sítio, sustentou êle plitude do "habeas corpus" a lúpóteses conria Pedro Lessa, a incompetência do
berdade de locomoção. Tomou-se notável a sua réplica à
outros ministros.
No caso de Leônidas Rezende, defron Fonseca, no caso do "habeas corpus" ao tou-se ainda com Pedro Lessa e teve a Conselho Municipal do Distrito Federal. O chefe do Executivo, em defesa de sua bunal ^ unanimidade do Trimensagem do
Presidente
Hermes
da
atitude do desobediência ao aresta do Su
premo Tribunal Federal, invocou opi
niões de Amaro, no seu livro Regime Fe
Ainda no "habeas corpus" requerido
pe.o insigne Rui em favor de diretores e
pessoal de jornais desta capital sendo derativo, acêrca da independência dos relator Pedro Lessa, reafirmo^u sia poderes e do escrúpulo que deve ter o Judiciário em invadi-la. To''mLÍ ménto T"" das razoes queJudiciário levaram oentrar Exe Amaro, na sessão seguinte àquela na no cutivo a decretar o estado de síHo. Tra qual foi lida a mensagem, retrucou com vou então com o eminente relator me-
DicESTo EcoNÓ.síieo
DiGESTü Econômico
34
inorável debate.
Amaro começa por
o regime norlc-americano de •'democra
temperada", expressão que mereceu dizer que praza a Deus seja esta a u h- ocia(lualificativo dc "feliz" por parto de ma vez em que se veja na necessidade Jacques Lamberl. Embora tivesse enun de sustentar o seu voto no Tribunal, de- ciado na Suprema Côrlc a proposição de nêgando unia ordem de *'babea.s cor- que não se poderá exigir dp juiz o f pus" durante o estado de sítio. Acha re.yírain/:, porquanto a "moderação e que a norma traçada pelo Tribunal não uma virtude du vontade c não do julg^ é somente sábia, mas necessária para a sua própria reputação de Poder Judiciá mento", muito contribuiu para que ^ rio independente e afastado das lutas declaração da invalidade das leis, cous tituindo elemento precio.so de moderação políticas. O Tribunal, apenas contra dois votos, entre os poderes, só pudc.sse ser efeü apoiou o seu entendimento. Quinze dias
vada em casos inequívocos. As suas í6
antes de se aposenlar^ teve de votar no julgamento do "habeas corpiis" re querido por Astolfo Rezende em favor
ther, na solução dos conflitos cconoiui COS", não o impediam do respeito
sístcncias, ao lado de Reynalds e
de Nilo Peçanha, para a posse deste
postulados assecuratórios das liberdades
no cargo de presidente do Estado do Rio. Não hesitou em procUunar; "E' a primeira vez que o Tribunal re conhece e manda empossar governador
individuais, tal como no ca.so notave
em um dos Estados da Federação. Mais
que isto, manda empossá-lo por meio da força federal e garanti-lo durante to-
' do p tempo do seu quatriênio. O pre
Grof,jean versas American Press Co. fueAs idéia.s dtr urn c oiiti-o dos grandes valores do judiciarismo americano
piravam-se na visão que a experiência no trato da cousa pública lhes facilita va.
Noutros lanços da vida judiciária,
cedente é da máxima importância, é
.sou esípirito não ficava con.strito a fC
su.scetível de conseqüências,as mais pe-
mulas rígidas.
Tig()sa.s." Desta vez Amaro teve a magna com
panhia de Pedro Lessa, relator do feito. Em alguns aspectos, as idéias de
Na admissão do recurso extraordina rio, colaborou, com Pedro Lessa e
Mendes, na jurisprudência ampliatha do apêlo.
Mesmo na inexistência ^
Amaro em ma
unidade do di
téria
reito
constitu
proces
cional, expos tas no Supre
sual, proclamou
mo Tribunal, encontram si-
caberia
mile nas de Sutherlancl. No
nário se da ne
em
so
1910 que
extraordi
gação de vali dade ou de aplicação de uma lei prÇ
Senado e na doutrinação, foi sempre defensor da independência e harmonia
cessual resultasse violação de um '
judiciária do País reafirmar o.s seus prin-
çao
dos poderes. Coube-lhe na alta côrte . reito federal garantido pela Constitui Sutherland, então senador, quaiiticou
Ainda na mesma matéria, considerou suscetível de recurso • extraordinário a
decisão tomada cm agravo, se tiver ha
vido questão sobre aplicação de "lei
lederal e a decisão fôr contra ela.
método de exposição, pela clareza dos conceitos, pelo \'igor dos argumentos, ri
com o traballio de NitÜ, igual Eram-lhe características a pontualida- valiza mente despretensioso no titulo, embora social c mundano, mas uma obrigação sern o brilho do estílo do autor italiano. moral, e a atenção à e.xposição e debates Releva obsen-ar que o trabalho cie dos casos submetidos à decisão do Tri- Ainaro é datado de 1896 e a primeira ao, que não constitui somente um dever
bunal.
edição do de Nitti é de 1903.
mostrar a -influência do traba Jamais se aplicaria a seu respeito a lhoPara de Amaro sobre os que \crsaram a frase célebre do Presidente Acliilles III do Harlay, numa audiência em que ma especialidade no Brasil, basta atentar
que na segunda edição do Manual gistrados dormiam, ao passo que outros em de Veiga Filho, com a autoridade do faziam ruído: no exercício da cátedra na Facul "Si Mcssieurs qui causent, faisaint autor dade de Direito de São Paulo, o seu comme Mcssieurs qui dorment, Messieurs lUTo e citado acima dos de Leroy-
qui écoutent pourraient entendre". A atividade intelectual de Amaro Ca
valcanti é verdadeiramente surpreen
Beauheu e Paul Cauwés, autores presHgiosos na época.
Os afazeres da alta judicatura não o denioviani de debater os assuntos de sua Faculdades dc Direito do País, de modo a encontrar na competição de compa predileção. Aparece assim em 1914, dente. Não passou ele pelas tradicionais
proferindo na Biblioteca Nacional patrió tudos. A sua ei-udição formou-se à e /iwirwcira do Brasil e pena é que a farevelia de préüos doutorais e de pugnas íandade tivesse impossibilitado o autor forenses. Amnwu-o sòmente a de de e.xecutar, na Pasta da Fazenda, para voção ao trabalho mental. Foi multifornheiros alento e estímulo para os es
tica conferência sôbre a Vida econótnica
me a sua atuação. O historiador terá, porém, de considerá-lo sobretudo sob os
que Rodrigues Alves o escolhera, em iJl8, o programa ideado de exação fi
a^ectos de financista, constitucíonalista, civilista e internacionalista.
Na ordem cronológioá, aparece em prirneiro lugar o cultor de assuntos eco nômicos e da ciência das finanças. No gênero, p primeiro trabalho é o Meio
nanceira.
O direito constitucional foi o campo em que as faculdades primaciais de
^naro Cavalcanti mais se afirmaram.
Nascido para governar, embora sem o gôsto de mandar, que a tolerância do seu espírito reprimia, os desígnios fize Circulante Nacional, em que ôle repro ram-no aparecer no tempo em que deduziu matéria versada em 1888 e 1890. encontrar seu natural emprêgo. L Mas essa obra, que o próprio autor de mstituiçoes nascentes sofriam o choq^
nomina de "resenha e compilação cro
nológica de legislação e de fatos", não tem realce doutrinário. A produção ca
das cohsoes entre as impaciências dos movadores. nem sempre inspirados em
pital na especialidade são os Elementos
de fianças. A modésHa do título não ■ tlexao e do senso político. Fazla-se misOÁ idéia do que a obra contém em subs tância. Pela seriação das matérias, pelo Rui se sublimou, encontrasse a opiiüão pensante em hvros. penetrados de ex-
DicESTo EcoNÓ.síieo
DiGESTü Econômico
34
inorável debate.
Amaro começa por
o regime norlc-americano de •'democra
temperada", expressão que mereceu dizer que praza a Deus seja esta a u h- ocia(lualificativo dc "feliz" por parto de ma vez em que se veja na necessidade Jacques Lamberl. Embora tivesse enun de sustentar o seu voto no Tribunal, de- ciado na Suprema Côrlc a proposição de nêgando unia ordem de *'babea.s cor- que não se poderá exigir dp juiz o f pus" durante o estado de sítio. Acha re.yírain/:, porquanto a "moderação e que a norma traçada pelo Tribunal não uma virtude du vontade c não do julg^ é somente sábia, mas necessária para a sua própria reputação de Poder Judiciá mento", muito contribuiu para que ^ rio independente e afastado das lutas declaração da invalidade das leis, cous tituindo elemento precio.so de moderação políticas. O Tribunal, apenas contra dois votos, entre os poderes, só pudc.sse ser efeü apoiou o seu entendimento. Quinze dias
vada em casos inequívocos. As suas í6
antes de se aposenlar^ teve de votar no julgamento do "habeas corpiis" re querido por Astolfo Rezende em favor
ther, na solução dos conflitos cconoiui COS", não o impediam do respeito
sístcncias, ao lado de Reynalds e
de Nilo Peçanha, para a posse deste
postulados assecuratórios das liberdades
no cargo de presidente do Estado do Rio. Não hesitou em procUunar; "E' a primeira vez que o Tribunal re conhece e manda empossar governador
individuais, tal como no ca.so notave
em um dos Estados da Federação. Mais
que isto, manda empossá-lo por meio da força federal e garanti-lo durante to-
' do p tempo do seu quatriênio. O pre
Grof,jean versas American Press Co. fueAs idéia.s dtr urn c oiiti-o dos grandes valores do judiciarismo americano
piravam-se na visão que a experiência no trato da cousa pública lhes facilita va.
Noutros lanços da vida judiciária,
cedente é da máxima importância, é
.sou esípirito não ficava con.strito a fC
su.scetível de conseqüências,as mais pe-
mulas rígidas.
Tig()sa.s." Desta vez Amaro teve a magna com
panhia de Pedro Lessa, relator do feito. Em alguns aspectos, as idéias de
Na admissão do recurso extraordina rio, colaborou, com Pedro Lessa e
Mendes, na jurisprudência ampliatha do apêlo.
Mesmo na inexistência ^
Amaro em ma
unidade do di
téria
reito
constitu
proces
cional, expos tas no Supre
sual, proclamou
mo Tribunal, encontram si-
caberia
mile nas de Sutherlancl. No
nário se da ne
em
so
1910 que
extraordi
gação de vali dade ou de aplicação de uma lei prÇ
Senado e na doutrinação, foi sempre defensor da independência e harmonia
cessual resultasse violação de um '
judiciária do País reafirmar o.s seus prin-
çao
dos poderes. Coube-lhe na alta côrte . reito federal garantido pela Constitui Sutherland, então senador, quaiiticou
Ainda na mesma matéria, considerou suscetível de recurso • extraordinário a
decisão tomada cm agravo, se tiver ha
vido questão sobre aplicação de "lei
lederal e a decisão fôr contra ela.
método de exposição, pela clareza dos conceitos, pelo \'igor dos argumentos, ri
com o traballio de NitÜ, igual Eram-lhe características a pontualida- valiza mente despretensioso no titulo, embora social c mundano, mas uma obrigação sern o brilho do estílo do autor italiano. moral, e a atenção à e.xposição e debates Releva obsen-ar que o trabalho cie dos casos submetidos à decisão do Tri- Ainaro é datado de 1896 e a primeira ao, que não constitui somente um dever
bunal.
edição do de Nitti é de 1903.
mostrar a -influência do traba Jamais se aplicaria a seu respeito a lhoPara de Amaro sobre os que \crsaram a frase célebre do Presidente Acliilles III do Harlay, numa audiência em que ma especialidade no Brasil, basta atentar
que na segunda edição do Manual gistrados dormiam, ao passo que outros em de Veiga Filho, com a autoridade do faziam ruído: no exercício da cátedra na Facul "Si Mcssieurs qui causent, faisaint autor dade de Direito de São Paulo, o seu comme Mcssieurs qui dorment, Messieurs lUTo e citado acima dos de Leroy-
qui écoutent pourraient entendre". A atividade intelectual de Amaro Ca
valcanti é verdadeiramente surpreen
Beauheu e Paul Cauwés, autores presHgiosos na época.
Os afazeres da alta judicatura não o denioviani de debater os assuntos de sua Faculdades dc Direito do País, de modo a encontrar na competição de compa predileção. Aparece assim em 1914, dente. Não passou ele pelas tradicionais
proferindo na Biblioteca Nacional patrió tudos. A sua ei-udição formou-se à e /iwirwcira do Brasil e pena é que a farevelia de préüos doutorais e de pugnas íandade tivesse impossibilitado o autor forenses. Amnwu-o sòmente a de de e.xecutar, na Pasta da Fazenda, para voção ao trabalho mental. Foi multifornheiros alento e estímulo para os es
tica conferência sôbre a Vida econótnica
me a sua atuação. O historiador terá, porém, de considerá-lo sobretudo sob os
que Rodrigues Alves o escolhera, em iJl8, o programa ideado de exação fi
a^ectos de financista, constitucíonalista, civilista e internacionalista.
Na ordem cronológioá, aparece em prirneiro lugar o cultor de assuntos eco nômicos e da ciência das finanças. No gênero, p primeiro trabalho é o Meio
nanceira.
O direito constitucional foi o campo em que as faculdades primaciais de
^naro Cavalcanti mais se afirmaram.
Nascido para governar, embora sem o gôsto de mandar, que a tolerância do seu espírito reprimia, os desígnios fize Circulante Nacional, em que ôle repro ram-no aparecer no tempo em que deduziu matéria versada em 1888 e 1890. encontrar seu natural emprêgo. L Mas essa obra, que o próprio autor de mstituiçoes nascentes sofriam o choq^
nomina de "resenha e compilação cro
nológica de legislação e de fatos", não tem realce doutrinário. A produção ca
das cohsoes entre as impaciências dos movadores. nem sempre inspirados em
pital na especialidade são os Elementos
de fianças. A modésHa do título não ■ tlexao e do senso político. Fazla-se misOÁ idéia do que a obra contém em subs tância. Pela seriação das matérias, pelo Rui se sublimou, encontrasse a opiiüão pensante em hvros. penetrados de ex-
37
ICO W DlGESTO ECONÓAOCO
cimento de tais atos quando êstes envol
36
rl«ir
nância do poder uacional para icgslar periência e saber, os clarões das veredas sôbre proces.so, estabelecendo a umdado a percorrer até à consolidação do regime, deste, em benefício da ';vida do direito nas suas bases fundamentais. O Regime Federativo apareceu em ocasião própria, Os as.suntos constitucionais iam sen
e dos inlcrêsse.s da Pátria'.
A conclusão do parecer tinlia a mar
ca jurídica de todo.s os seus trabalhos:
'
vam a lesão de direitos individuais pela não aplicação ou indevida aplicação do
, direito vigente. Os atos puramente poHtic-os ou discricionários do Governo de
vem ser excluídos da competência do Judiciário."
canti com uma obra de vulto, tais os que o aureolaram noutros ramos da
ciência jurídica. Mas publicações es parsas revelam tal agudeza, que a sua contribuição há de ser sempre relembra da.
Féz parte da delegação do Brasil à
O voto tem a característica da atuali
Terceira Conferência Internacional Ame
"Admitido o princípio da unidade ao do versados incidentemente, provocados direito privado, não c justificável o «scm regra pelas querelas dos partidos.
dade, pois consubstancia princípios as didos pela doutrina.
Gomes Ferreira, Pandiá Calógeras, Xa vier da Silveira, Graça Aranha e Fon
que Araripe Júnior tanto enalteceu. Era, porém, um trabalho de lústória político-
No Congresso não escaparam à argúcia de Amaro Cavalcanti os perigos dos empréstimos externos celebrados pelos Estados, que deram origem mais tarde
lhos sôbre o arbitramento internacional e a codificação do direito internacional.
a escândalos inomináveis. Entrou na liça, obviando os inconvenientes da me
O primeiro foi um retrospecto da maté ria, em que não aparecem digressões
dida com os temperamentos seguintes:
doutrinárias. O segundo deu-lhe ensanchas para uma explanação, em que se revela a erudição do preopinante, em matéria até então estranha às cogita ções. E' que o poder de assimilação de Amaro e a sua faculdade de adapta ção ao estudo dos problemas jurídicos
da diversidade do processo. Ele Felisbelo Freire havia já publicado a tema não tem assento cm boa teoria e é venHiiítórUi Cniistitucional da República, ficadamente prejudicial na práHca do social e não um repositório de idéias definitivas sobre a matéria. Havia sur
direito."
A visão do
jurista antecipava-se ao
que o Brasil iria realizar trinta anOS
gido o trabalho de Aristides Milton, es
mais tarde.
casso na conceituação dos prpblemas, o só mais tarde %iriam à publicidade os comentários de João Barbalho.
consegue ainda ver aprovada outra eon
Amaro Cavalcanti
traçou
então os
rumos do federalismo, corrigindo-lhe os
excessos e encaminhando-o para so'uções
•
i
n
Tenaz e decidido, Amaro Cavalcant c'usão,-assim redigida;
"A' competência implícita, que do artigo 4 número 8 da Constituição de corre para os Estados de legislarem sõ-
convenientes aos interêsses .superiores da
bre o direito processual de sua justiça,
Nação.
é de caráter limitado."
Os autores norte-americanos apresenta
ram-se como excelentes expositores, mas
na trama das idéias não são fios condu tores de luz intensa. Nas letras jurídi cas sobressaía a obra de Louis Le Fur,
completada tempos depois pela de Durand.
O livro de Amaro, porém, não
perde no confronto. Falta ao autor a fle xibilidade do estilo, firme e rígido como
o seu espírito. A largueza de vistas e a erudição com que a matéria é versada asseguram, entretanto, ao livro, situa ção excepcional na teoria e prática do direito constitucional brasfeiro.
No Congresso Jurídico Americano,
realizado no Rio de Janeiro em 1900,
para comemorar o quarto centenário do descobrimento do Brasil, Amaro Caval canti teve situação de relevo.
Desta vez a oposição cresceu. Amaro defrontava antagonistas do vulto de João Monteiro e Gabriel Ferreira.
Somente
por maioria de quatro votos — trinto e seis contra trinta e dois — foi a
clusão aprovada. , Vêde ainda a clarividência do iw-
mem da lei, que era também homem e Estado.
Constava do questionário a questão .seguinte:
"Há atos de administração ou de
vêmo que escapem à apreciação do ro
dei Judiciário? No caso afirmatn^, qual o princípio que deve servir e critério?' .1
*'0«!
Amaro respondeu nitidamente: ^ atos da administração ou do Governo
não estão sujeitos à apreciação de ou
Coerente com as idéias sustentadas tro poder no regime de divisão e mdopendência dos Poderes Públicos. 3o na Constituinte e desenvolvidas no fie- cabe ao Poder Judiciário tomar conhe
• gime Federativo, pugnava pela predomi
sentes hoje na Constituição e defen
"Não ser lícito aos Estados dar ao ato -o valor ou o caráter de internacionali-
dade nem tampouco incluir nas garantia.s oferecidas as terras públicas do Estado". A emenda conseguiu quarenta e oito votos contra doze.
ricana, juntamente com Joaquim Nabuco. Assis Brasil, Gastão da Cunha, Alfredo toura Xavier.
Apresentou então traba
Era dêsse feitio a têmpera do lidador.
o situariam em primeiro plano em qual- ||
As árduas funções de Ministro do Su
quer conclave.
Um dos sinais da sua ^
premo Tribunal Federal não o dificulta
produção intelectual consiste em ser
vam de acompanhar o movimento das idéias e a necessidade de propagá-las. No
sempre atual. A acuidade do homem de
Instituto dos Advogados pronuncia, em
fórmulas, que a evolução das idéias en
maio de 1910, notável conferência sô bre a revisão das sentenças estaduais
sías.
pela Suprema Corte dos Estados Unidos. Nela o constitucionalista ampliava
meu ver^, em toda a intensidade, na Re
pensamento permitia-lhe a precisão das contraria para a solução das contro\'ér-
Êsses dotes singulares realçam, a
conceitos, formulados em obras anterio
novação do Direito Internacional, com
res e ainda agora os autores especiali
que em 1921 inaugurou os trabalhos da
zados no assunto. Castro Nunes e Ma
Sociedade Brasileira de Direito Interna
tos Peixoto, entre outros, robustecem
cional, criação de sua iniciativa presti
suas opiniões com a autoridade de Ama
giosa.
ro Cavalcanti.
O primeiro asserta que
ninguém melhor do que ele focalizou o sentido da palavra suit para o efeito do Writ of error. Na história do Direito Internacional
americano não figiu-ará Amaro Caval
Essa conferência é uma síntese admi
rável das transformações por que ia passando o Direito Internacional. Não errará o analista aproximando as idéias gerais nela expendidas - das de Kelsen,
enunciadas mais tarde, e que merecerapi
37
ICO W DlGESTO ECONÓAOCO
cimento de tais atos quando êstes envol
36
rl«ir
nância do poder uacional para icgslar periência e saber, os clarões das veredas sôbre proces.so, estabelecendo a umdado a percorrer até à consolidação do regime, deste, em benefício da ';vida do direito nas suas bases fundamentais. O Regime Federativo apareceu em ocasião própria, Os as.suntos constitucionais iam sen
e dos inlcrêsse.s da Pátria'.
A conclusão do parecer tinlia a mar
ca jurídica de todo.s os seus trabalhos:
'
vam a lesão de direitos individuais pela não aplicação ou indevida aplicação do
, direito vigente. Os atos puramente poHtic-os ou discricionários do Governo de
vem ser excluídos da competência do Judiciário."
canti com uma obra de vulto, tais os que o aureolaram noutros ramos da
ciência jurídica. Mas publicações es parsas revelam tal agudeza, que a sua contribuição há de ser sempre relembra da.
Féz parte da delegação do Brasil à
O voto tem a característica da atuali
Terceira Conferência Internacional Ame
"Admitido o princípio da unidade ao do versados incidentemente, provocados direito privado, não c justificável o «scm regra pelas querelas dos partidos.
dade, pois consubstancia princípios as didos pela doutrina.
Gomes Ferreira, Pandiá Calógeras, Xa vier da Silveira, Graça Aranha e Fon
que Araripe Júnior tanto enalteceu. Era, porém, um trabalho de lústória político-
No Congresso não escaparam à argúcia de Amaro Cavalcanti os perigos dos empréstimos externos celebrados pelos Estados, que deram origem mais tarde
lhos sôbre o arbitramento internacional e a codificação do direito internacional.
a escândalos inomináveis. Entrou na liça, obviando os inconvenientes da me
O primeiro foi um retrospecto da maté ria, em que não aparecem digressões
dida com os temperamentos seguintes:
doutrinárias. O segundo deu-lhe ensanchas para uma explanação, em que se revela a erudição do preopinante, em matéria até então estranha às cogita ções. E' que o poder de assimilação de Amaro e a sua faculdade de adapta ção ao estudo dos problemas jurídicos
da diversidade do processo. Ele Felisbelo Freire havia já publicado a tema não tem assento cm boa teoria e é venHiiítórUi Cniistitucional da República, ficadamente prejudicial na práHca do social e não um repositório de idéias definitivas sobre a matéria. Havia sur
direito."
A visão do
jurista antecipava-se ao
que o Brasil iria realizar trinta anOS
gido o trabalho de Aristides Milton, es
mais tarde.
casso na conceituação dos prpblemas, o só mais tarde %iriam à publicidade os comentários de João Barbalho.
consegue ainda ver aprovada outra eon
Amaro Cavalcanti
traçou
então os
rumos do federalismo, corrigindo-lhe os
excessos e encaminhando-o para so'uções
•
i
n
Tenaz e decidido, Amaro Cavalcant c'usão,-assim redigida;
"A' competência implícita, que do artigo 4 número 8 da Constituição de corre para os Estados de legislarem sõ-
convenientes aos interêsses .superiores da
bre o direito processual de sua justiça,
Nação.
é de caráter limitado."
Os autores norte-americanos apresenta
ram-se como excelentes expositores, mas
na trama das idéias não são fios condu tores de luz intensa. Nas letras jurídi cas sobressaía a obra de Louis Le Fur,
completada tempos depois pela de Durand.
O livro de Amaro, porém, não
perde no confronto. Falta ao autor a fle xibilidade do estilo, firme e rígido como
o seu espírito. A largueza de vistas e a erudição com que a matéria é versada asseguram, entretanto, ao livro, situa ção excepcional na teoria e prática do direito constitucional brasfeiro.
No Congresso Jurídico Americano,
realizado no Rio de Janeiro em 1900,
para comemorar o quarto centenário do descobrimento do Brasil, Amaro Caval canti teve situação de relevo.
Desta vez a oposição cresceu. Amaro defrontava antagonistas do vulto de João Monteiro e Gabriel Ferreira.
Somente
por maioria de quatro votos — trinto e seis contra trinta e dois — foi a
clusão aprovada. , Vêde ainda a clarividência do iw-
mem da lei, que era também homem e Estado.
Constava do questionário a questão .seguinte:
"Há atos de administração ou de
vêmo que escapem à apreciação do ro
dei Judiciário? No caso afirmatn^, qual o princípio que deve servir e critério?' .1
*'0«!
Amaro respondeu nitidamente: ^ atos da administração ou do Governo
não estão sujeitos à apreciação de ou
Coerente com as idéias sustentadas tro poder no regime de divisão e mdopendência dos Poderes Públicos. 3o na Constituinte e desenvolvidas no fie- cabe ao Poder Judiciário tomar conhe
• gime Federativo, pugnava pela predomi
sentes hoje na Constituição e defen
"Não ser lícito aos Estados dar ao ato -o valor ou o caráter de internacionali-
dade nem tampouco incluir nas garantia.s oferecidas as terras públicas do Estado". A emenda conseguiu quarenta e oito votos contra doze.
ricana, juntamente com Joaquim Nabuco. Assis Brasil, Gastão da Cunha, Alfredo toura Xavier.
Apresentou então traba
Era dêsse feitio a têmpera do lidador.
o situariam em primeiro plano em qual- ||
As árduas funções de Ministro do Su
quer conclave.
Um dos sinais da sua ^
premo Tribunal Federal não o dificulta
produção intelectual consiste em ser
vam de acompanhar o movimento das idéias e a necessidade de propagá-las. No
sempre atual. A acuidade do homem de
Instituto dos Advogados pronuncia, em
fórmulas, que a evolução das idéias en
maio de 1910, notável conferência sô bre a revisão das sentenças estaduais
sías.
pela Suprema Corte dos Estados Unidos. Nela o constitucionalista ampliava
meu ver^, em toda a intensidade, na Re
pensamento permitia-lhe a precisão das contraria para a solução das contro\'ér-
Êsses dotes singulares realçam, a
conceitos, formulados em obras anterio
novação do Direito Internacional, com
res e ainda agora os autores especiali
que em 1921 inaugurou os trabalhos da
zados no assunto. Castro Nunes e Ma
Sociedade Brasileira de Direito Interna
tos Peixoto, entre outros, robustecem
cional, criação de sua iniciativa presti
suas opiniões com a autoridade de Ama
giosa.
ro Cavalcanti.
O primeiro asserta que
ninguém melhor do que ele focalizou o sentido da palavra suit para o efeito do Writ of error. Na história do Direito Internacional
americano não figiu-ará Amaro Caval
Essa conferência é uma síntese admi
rável das transformações por que ia passando o Direito Internacional. Não errará o analista aproximando as idéias gerais nela expendidas - das de Kelsen,
enunciadas mais tarde, e que merecerapi
píGIíSTO Ef:ON-ÓMK'<"'
38
Digicsto Econò^uco
do professor Jascenlco o qualificativo de
aos trabalhos de direito administratí-
justas.
^'0: Giliberti-Mcssina em 1909, Gían-
No particular do direito ameri
quinto em 1912, Paul Duez cm 1938,
cano os seus conceitos se distanciavam
dos de Alcorta, mas Cruchaga Tocornal, a quem devemos reverências pelo seu amor ao Brasil, apoiou no seu livro
as idéias de Amaro, já expostas na Jun ta de Jurisconsultos:
De acuerdo com o eminente juríscon-
1^ ,cn lU""* humana e o cntcno pao direito e cousa ^ r
T ' na há de aplica-lo w ser também hu-
ra
mano.
As suas idéias, pot exemplo, sobre as
obrigações com cblusula penal, tem o
Benato Alcs.sl em 1939.
Referindo-se ao livro de Amaro, Viveiro.s de Castro, no seu Tratado de Di
reito Administrativo, recomenda a. sua'
leitura como "indispensável aos que qui
lifica de "excessivo rigor que o direito
contemporâneo fulmina", invocando en tão o Código Alemão, o Codigo Suíço ^nte de proveitosa consulta. Além de das Obrigações e o Código Cival da Rús- '
Cmchaga Tocomal, entre outros Ope-
nheim, em International Lato,e Bustaman-
sia Soviética.
Para honra de Amaro, a Exposição de
te, em sua obra clássica, recomendam A
Motivos do Anteprojeto do Código de codificação do direito internacional, de Obrigações, elaborado por esta trindade
1914, A neuiraltdade e as restrições do comercio internacional na presente guer ra européia, de 1916, e Restritiue clau-
ses in International Arhitration Teatries,
publicada em The American Journal of International Lato, de 1914. Fundou Amaro, em 1914, com a co
laboração de altos representantes do pensamento jurídico pátrio, a Sociedade Brasileira de Direito Internacional, que
fulgurante de juristas — Orozimbo No nato, Faladelfo Azevedo e Halmenumn Guimarães — consigna êste trecho:
"Gomo ponto essencial da regulamen tação do instituto, foi atribuída ao juiz a faculdade de reduzir com equidade,
em qualquer caso, a cláusula penui ex cessiva, preceito que Saleilles conusiderou marcante do Código Alemão e tom» di.spensável a fixação de limite para a
foi o encanto de sua vida, nos últimos
pena, como faz o Código Civil no art.
períodos. • Essa instituição subsiste pres
920."
tando serviços assinalados com a realiza
ção de conferências e a publicação do Boletim dirigido pelo eminente jurista e acadêmico sr. Levi Carneiro.
Resta aludir à produção de Amaro Cavalcanti no campo do direito civil.
Coube-lhe relatar, pelo Instituto dos Advogados, a parte especial do projeto
A responsabilidade civil do Estado consagrou Amaro Cavalcanti um livro,
que é, sem exagêro, o mais completo da literatura jurídica americana e um dos melhores entre os produzidos por auto res de outros países.
O livro foi publicado em 1905. Não há prurido de nacionalismo con
do Código Civil, relativa ao direito das
siderar o seu valor, em confronto com
obrigações. O trabalho é de 1901. Ne le sobressaem tendências que poderiam
trabalhos especializados, editados anos depois, e somente a êstes, sem aludir
no solar da Rua D. Carlota ou nas vile-
giaturas do Teresópolis, quando os corFigura inconfundível de firmeza sem arrogância, energia e robustez mental que a longevidade não alterou; amigo insuperável nas dádivas do coração ge
acentua c»mr justeza:
que ela está dispuesta a proceder con Ia mas gran prudência." Vários internacionalistas referem-se a trabalhos de Amaro Cavalcanti como
Do . homem, a minha Sí\udade de
discípulo o revê, nas nossas conversas
portante assT.into".
tante obra
mo, posteriormente desenvolvida, e.n
Cavalcanti.
tesãos da fortuna se retraíam.
adotado para realizarlos.
que o preclaro professor argentino qua
Procurei traçar-vos, nos limites de uma conferência, a vida e a obra de Amaro
serem aprofundar o estudo de tão im
de equilíbrio entre os interesse» sulto brasileno, consideramos que Ia or- sabor em eonflito O que ôle enuncm na ma ganisacion que se ha dado a los trabajos de La Junta y ei método que ha téria identifica-se com a opmiao de Col Hacen creer
39
Aguiar Dias, nu sua recente c impor Da resfjonsabilidade civil,
"A atualidade do trabalho de Amaro
neroso e
nas envolturas de
um
aco
nada .sofreu nos quarenta anos que de-
lhimento sem artifícios!
correraiií de sua publicação. Continua a informar os nossos jiuistas e a ser de
dos tipos representativos da nossa raça,
Honremos em Amaro Cavalcanti um
miíxima jitilidade no estudo do pro
tenaz e confiante, e um dos símbolos
blema."
da nossa elevação jurídica.
píGIíSTO Ef:ON-ÓMK'<"'
38
Digicsto Econò^uco
do professor Jascenlco o qualificativo de
aos trabalhos de direito administratí-
justas.
^'0: Giliberti-Mcssina em 1909, Gían-
No particular do direito ameri
quinto em 1912, Paul Duez cm 1938,
cano os seus conceitos se distanciavam
dos de Alcorta, mas Cruchaga Tocornal, a quem devemos reverências pelo seu amor ao Brasil, apoiou no seu livro
as idéias de Amaro, já expostas na Jun ta de Jurisconsultos:
De acuerdo com o eminente juríscon-
1^ ,cn lU""* humana e o cntcno pao direito e cousa ^ r
T ' na há de aplica-lo w ser também hu-
ra
mano.
As suas idéias, pot exemplo, sobre as
obrigações com cblusula penal, tem o
Benato Alcs.sl em 1939.
Referindo-se ao livro de Amaro, Viveiro.s de Castro, no seu Tratado de Di
reito Administrativo, recomenda a. sua'
leitura como "indispensável aos que qui
lifica de "excessivo rigor que o direito
contemporâneo fulmina", invocando en tão o Código Alemão, o Codigo Suíço ^nte de proveitosa consulta. Além de das Obrigações e o Código Cival da Rús- '
Cmchaga Tocomal, entre outros Ope-
nheim, em International Lato,e Bustaman-
sia Soviética.
Para honra de Amaro, a Exposição de
te, em sua obra clássica, recomendam A
Motivos do Anteprojeto do Código de codificação do direito internacional, de Obrigações, elaborado por esta trindade
1914, A neuiraltdade e as restrições do comercio internacional na presente guer ra européia, de 1916, e Restritiue clau-
ses in International Arhitration Teatries,
publicada em The American Journal of International Lato, de 1914. Fundou Amaro, em 1914, com a co
laboração de altos representantes do pensamento jurídico pátrio, a Sociedade Brasileira de Direito Internacional, que
fulgurante de juristas — Orozimbo No nato, Faladelfo Azevedo e Halmenumn Guimarães — consigna êste trecho:
"Gomo ponto essencial da regulamen tação do instituto, foi atribuída ao juiz a faculdade de reduzir com equidade,
em qualquer caso, a cláusula penui ex cessiva, preceito que Saleilles conusiderou marcante do Código Alemão e tom» di.spensável a fixação de limite para a
foi o encanto de sua vida, nos últimos
pena, como faz o Código Civil no art.
períodos. • Essa instituição subsiste pres
920."
tando serviços assinalados com a realiza
ção de conferências e a publicação do Boletim dirigido pelo eminente jurista e acadêmico sr. Levi Carneiro.
Resta aludir à produção de Amaro Cavalcanti no campo do direito civil.
Coube-lhe relatar, pelo Instituto dos Advogados, a parte especial do projeto
A responsabilidade civil do Estado consagrou Amaro Cavalcanti um livro,
que é, sem exagêro, o mais completo da literatura jurídica americana e um dos melhores entre os produzidos por auto res de outros países.
O livro foi publicado em 1905. Não há prurido de nacionalismo con
do Código Civil, relativa ao direito das
siderar o seu valor, em confronto com
obrigações. O trabalho é de 1901. Ne le sobressaem tendências que poderiam
trabalhos especializados, editados anos depois, e somente a êstes, sem aludir
no solar da Rua D. Carlota ou nas vile-
giaturas do Teresópolis, quando os corFigura inconfundível de firmeza sem arrogância, energia e robustez mental que a longevidade não alterou; amigo insuperável nas dádivas do coração ge
acentua c»mr justeza:
que ela está dispuesta a proceder con Ia mas gran prudência." Vários internacionalistas referem-se a trabalhos de Amaro Cavalcanti como
Do . homem, a minha Sí\udade de
discípulo o revê, nas nossas conversas
portante assT.into".
tante obra
mo, posteriormente desenvolvida, e.n
Cavalcanti.
tesãos da fortuna se retraíam.
adotado para realizarlos.
que o preclaro professor argentino qua
Procurei traçar-vos, nos limites de uma conferência, a vida e a obra de Amaro
serem aprofundar o estudo de tão im
de equilíbrio entre os interesse» sulto brasileno, consideramos que Ia or- sabor em eonflito O que ôle enuncm na ma ganisacion que se ha dado a los trabajos de La Junta y ei método que ha téria identifica-se com a opmiao de Col Hacen creer
39
Aguiar Dias, nu sua recente c impor Da resfjonsabilidade civil,
"A atualidade do trabalho de Amaro
neroso e
nas envolturas de
um
aco
nada .sofreu nos quarenta anos que de-
lhimento sem artifícios!
correraiií de sua publicação. Continua a informar os nossos jiuistas e a ser de
dos tipos representativos da nossa raça,
Honremos em Amaro Cavalcanti um
miíxima jitilidade no estudo do pro
tenaz e confiante, e um dos símbolos
blema."
da nossa elevação jurídica.
Dfc:Kí>T<j Econômico
pela independência política. Surge as
Uma política econômica
sim a escola romântica o nacionalista, que teve os seus fundamentos, como co
Discurso proferido na Câmara dos Depnfados e «|ac reeebea calorosos aplausos
nhecido economista o acentua, "não em
idéias e literatura importadas, não em simpatia política, não em idéias filosó
Horacio Lafer
O estudarmos a receita pública brasileira, a sensação da sua
ficas apriorísticas, mas nas condições do
Recorramo.s um pouco á história, eirr
dois exemplos dos mais altos, o inglês
iüeio e no anseio de expandir e desenvol ver o país". Há um grande território a trabalhar, e assim a política deve ser na
e o norte-americano. A Inglaterra se firmou como país de órbita internacio nal, pois é através o oceano que a ilha transfunde a.s suas energias. Com um mercado interno limitado, a sua expan são exige um inqjório, c para tal o gênio
cional e não internacional; há riquezas a explorar que não podem ficar sujeitas
ção certamente seria um caminho acon
inglês desenvolve a navegação, o seguro,
selhável, embora parcial. Todos sentem
o aceite bancário com o "clearing" em Londres, o empréstimo público ao ex
orientação econômica, que são o roman tismo, o nacionalismo, o otimismo, o
exigüidade ante as exigências das despesas sempre nos do mina e entristece e surge a
pergunta fjue todos se fazem de como será possível aumen tá-la. A melhor fiscalização e arrecada
que algo de mais profundo e generali zado se impõe para que os governos possam contar com mais recursos na sua
terior.
Tudo visa o domínio através de
a teorias alienígenas restritivas, e agsim
a poMtica tem que ser de e.xpansão. A fôrça vital imanente no organismo ame ricano fixa as características da sua
protecionismo e o anticlassismo, ou, sin
tetizando, a ausência de teorias apriorís
um sistema internacional que lhe pos
ticas que restrinjam o espírito de progres-so e de realizações, que é o único
vênia para abordar. A teoria do neovitalismo que Driesch desenvolveu, vós a
sibilite fugir da pequenez interna, e chegar a uma hegemonia que obteve. Então a Inglaterra passa a difundir teo rias econômicas cujos característicos são
conheceis.
Essa "vis vitalis", a força
as linhas restritivas dc expansão que
vital que deve ser encaminhada com um objetivo, se críticos não a aceitam como
deve ser contida dentro da evolução na tural dos fatos, e o pessimismo como
base da filosofia, ninguém a contesta como um fato que atinge o organismo
advertência aos perigos de inovações ou modificações no campo económico-finan-
social, que precisa ser compreendido
ceiro. Essa escola clássica inglesa en contra explicação na geografia que enca minha a "vis vitalis" para assenhorear-se
luta contra as imensas necessidades bra
sileiras. Êste é o aspecto que pedimos
para bem orientá-la.
E quem não a
sente no Brasil, na própria geração es
traço dominante da esconomia america na. A sua primeira graude voz foi Ha
milton, que em 1796 declarava; "nós traballiamos rudemente para estabelecer no país princípios cada vez mais nacio
nais c livres de ingredientes estrangei ros, para que não sejamos nem gregos nem troianos, mas verdadeiros america
nos". "Onde há um interesse de um pro duto — dizia êle — lá está o interesse
do país."
pontânea da natureza, na conquista dos sertões, primeiro pelas bandeiras, depois pela cana, pelo café, pela pecuária? Ul trapassado o ciclo de outros valores como o religioso e o das conquistas territoriais,
começaram a sua vida de nação livre.
cionisnío não
ó fato econômico que prepondera e essa
Imigrantes conhecedores das coisas, vêem
restrição
fôrça vital age hoje sobretudo na luta
as suas imensas possibilidades e no Sul
emancipação;
econômica dos indivíduos e das socie
a influência francesa
teoria inglôsa da
dades. Assim, cumpre examinar o espí
exemplo do nacionalismo econômico de Napoleão. Todos sentem que um país noTo tem que progredir e lutar no cam po econômico como lutou pelas armas
rito e os fatôres que movem essa fôrça,
as razões profundas que impelem êsse dinamismo vital.
dos mares e construir uma economia de órbita internacional.
Outro capítulo, entretanto, surge na história do mundo.
O grande teórico do americanismo na
ec-onomia foi Henry Carey, cujos livros Os Estados Unidos
está
cheia
do
tiveram a maior influência, mesmo na
Eiuopa. "Protee
é
sim
a
moeda e crédito
país novo que se precisa desenvolver", foi um dos temas da doutrina eco
nômica que Carey defendeu.
A luta
pela emancipação política e a guerra civil pela unidade pátria deram aos Es
tados Unidos o sentido de uma política econômica nacionalista, de caráter interfronteiríço, de estímulo ao indiriduo para que empreendesse, de mística da e.xpansão.
Ao intemacionalismo e con
servadorismo inglêses, opunha-se assim o transformismo nacionalista, inovador
otimista, americano. Duas concepções diferentes devido a geografia e fatôres históricos.
E qual o sentido da evolução econô
mica brasileira? Cont um país enorme e cheio de possibilidades, o quadro se as semelha ao americano.
Mas, infeliz
mente, os fatôres iniciais da nossa evo-
ução econômica foram desviados e per turbados. No período colonial tivemos os portos fechados e a proibição do co
mércio interprovincial. No Império es tivemos dominados pelas idéias políticas,
literárias e econômicas da Europa. A Re publica não soube ainda criar a mística
da expansão brasileira em um aparelha-
mento necessílrío para sua aceleração.
Ora, nenlmma idéia geral, seja política,
social ou econômica, se impõe a nãò ser
pela mística de que se revista e pela organização que se lhe empresta para sua efetivação. Asseguramos o sentido da nossa vida política da unidade na cional, na democracia dentro da Fe deração.
Fixa-
W)s
nossa
a
orientação social na igualdade de todos contra
é para o Banco
quaisquer
da Inglaterra e
conceitos, e na
não
integração cres
para
\un
pre
cente dos indiví-
Dfc:Kí>T<j Econômico
pela independência política. Surge as
Uma política econômica
sim a escola romântica o nacionalista, que teve os seus fundamentos, como co
Discurso proferido na Câmara dos Depnfados e «|ac reeebea calorosos aplausos
nhecido economista o acentua, "não em
idéias e literatura importadas, não em simpatia política, não em idéias filosó
Horacio Lafer
O estudarmos a receita pública brasileira, a sensação da sua
ficas apriorísticas, mas nas condições do
Recorramo.s um pouco á história, eirr
dois exemplos dos mais altos, o inglês
iüeio e no anseio de expandir e desenvol ver o país". Há um grande território a trabalhar, e assim a política deve ser na
e o norte-americano. A Inglaterra se firmou como país de órbita internacio nal, pois é através o oceano que a ilha transfunde a.s suas energias. Com um mercado interno limitado, a sua expan são exige um inqjório, c para tal o gênio
cional e não internacional; há riquezas a explorar que não podem ficar sujeitas
ção certamente seria um caminho acon
inglês desenvolve a navegação, o seguro,
selhável, embora parcial. Todos sentem
o aceite bancário com o "clearing" em Londres, o empréstimo público ao ex
orientação econômica, que são o roman tismo, o nacionalismo, o otimismo, o
exigüidade ante as exigências das despesas sempre nos do mina e entristece e surge a
pergunta fjue todos se fazem de como será possível aumen tá-la. A melhor fiscalização e arrecada
que algo de mais profundo e generali zado se impõe para que os governos possam contar com mais recursos na sua
terior.
Tudo visa o domínio através de
a teorias alienígenas restritivas, e agsim
a poMtica tem que ser de e.xpansão. A fôrça vital imanente no organismo ame ricano fixa as características da sua
protecionismo e o anticlassismo, ou, sin
tetizando, a ausência de teorias apriorís
um sistema internacional que lhe pos
ticas que restrinjam o espírito de progres-so e de realizações, que é o único
vênia para abordar. A teoria do neovitalismo que Driesch desenvolveu, vós a
sibilite fugir da pequenez interna, e chegar a uma hegemonia que obteve. Então a Inglaterra passa a difundir teo rias econômicas cujos característicos são
conheceis.
Essa "vis vitalis", a força
as linhas restritivas dc expansão que
vital que deve ser encaminhada com um objetivo, se críticos não a aceitam como
deve ser contida dentro da evolução na tural dos fatos, e o pessimismo como
base da filosofia, ninguém a contesta como um fato que atinge o organismo
advertência aos perigos de inovações ou modificações no campo económico-finan-
social, que precisa ser compreendido
ceiro. Essa escola clássica inglesa en contra explicação na geografia que enca minha a "vis vitalis" para assenhorear-se
luta contra as imensas necessidades bra
sileiras. Êste é o aspecto que pedimos
para bem orientá-la.
E quem não a
sente no Brasil, na própria geração es
traço dominante da esconomia america na. A sua primeira graude voz foi Ha
milton, que em 1796 declarava; "nós traballiamos rudemente para estabelecer no país princípios cada vez mais nacio
nais c livres de ingredientes estrangei ros, para que não sejamos nem gregos nem troianos, mas verdadeiros america
nos". "Onde há um interesse de um pro duto — dizia êle — lá está o interesse
do país."
pontânea da natureza, na conquista dos sertões, primeiro pelas bandeiras, depois pela cana, pelo café, pela pecuária? Ul trapassado o ciclo de outros valores como o religioso e o das conquistas territoriais,
começaram a sua vida de nação livre.
cionisnío não
ó fato econômico que prepondera e essa
Imigrantes conhecedores das coisas, vêem
restrição
fôrça vital age hoje sobretudo na luta
as suas imensas possibilidades e no Sul
emancipação;
econômica dos indivíduos e das socie
a influência francesa
teoria inglôsa da
dades. Assim, cumpre examinar o espí
exemplo do nacionalismo econômico de Napoleão. Todos sentem que um país noTo tem que progredir e lutar no cam po econômico como lutou pelas armas
rito e os fatôres que movem essa fôrça,
as razões profundas que impelem êsse dinamismo vital.
dos mares e construir uma economia de órbita internacional.
Outro capítulo, entretanto, surge na história do mundo.
O grande teórico do americanismo na
ec-onomia foi Henry Carey, cujos livros Os Estados Unidos
está
cheia
do
tiveram a maior influência, mesmo na
Eiuopa. "Protee
é
sim
a
moeda e crédito
país novo que se precisa desenvolver", foi um dos temas da doutrina eco
nômica que Carey defendeu.
A luta
pela emancipação política e a guerra civil pela unidade pátria deram aos Es
tados Unidos o sentido de uma política econômica nacionalista, de caráter interfronteiríço, de estímulo ao indiriduo para que empreendesse, de mística da e.xpansão.
Ao intemacionalismo e con
servadorismo inglêses, opunha-se assim o transformismo nacionalista, inovador
otimista, americano. Duas concepções diferentes devido a geografia e fatôres históricos.
E qual o sentido da evolução econô
mica brasileira? Cont um país enorme e cheio de possibilidades, o quadro se as semelha ao americano.
Mas, infeliz
mente, os fatôres iniciais da nossa evo-
ução econômica foram desviados e per turbados. No período colonial tivemos os portos fechados e a proibição do co
mércio interprovincial. No Império es tivemos dominados pelas idéias políticas,
literárias e econômicas da Europa. A Re publica não soube ainda criar a mística
da expansão brasileira em um aparelha-
mento necessílrío para sua aceleração.
Ora, nenlmma idéia geral, seja política,
social ou econômica, se impõe a nãò ser
pela mística de que se revista e pela organização que se lhe empresta para sua efetivação. Asseguramos o sentido da nossa vida política da unidade na cional, na democracia dentro da Fe deração.
Fixa-
W)s
nossa
a
orientação social na igualdade de todos contra
é para o Banco
quaisquer
da Inglaterra e
conceitos, e na
não
integração cres
para
\un
pre
cente dos indiví-
. • if -X- ^ í'
Dígesto Econômico 42
Dígesto Econômico :43
duos nas possibilidades coletivas. Mas ainda não objetivamos o sentido dos nos sos rumos econômicos.
A mística do
progresso econômico em seu aspecto ro
mântico que forma os heróis e grandes homens, no seu aspecto prático que esti
mula esforços e apóia as realizações, no seu sentido nacional que prepara os
elementos para as condições específicas do povo e da terra, ainda continua uma idéia ausente.
Precisamos ser, em eco
6 reduzida, e nad;i significa ante o au
portar.
mento do patrimônio das enticlaclcs govemamenlais. Conseguimos um lugar honro.so entro os países no intercâmbio mundial, já que estamos cm 7." lugar entre os países exportadores e 10.° lugar
oxigênio e não produzimos azôto, que
Temos potencial elétrico e
as nossas terras reclamam.
As terras
pletando as ligações rodo-fcrroviárias de
férteis aí estão, mas os cereais muitas vezes rareiam e o produtor polico re cebe, ao passo que o consumidor cada vez mais alto paga. Os nossos pastos são extcnsíssimos, mas os rebanhos não
Norte a Sul e somos o 2." país do mundo
crescem na proporção das nossas ne
em movimento aéreo. País na latitude 39 graus, nenhum outro de igual loca
cessidades, corri perigosas perspectivas
entre o.s importadores.
Estamos com
para o futuro.
Importamos centenas
nomia, o que os americanos foram —
lização tanto se desenvoK-eu no seu as
de milhões de cruzeiros de frutas e
nacionalistas, otimistas, transformistas,
pecto panorâmico. O pedestal do q»® temos e possuímos está preparado para que mais e mais venhamos a possuir. Com aplausos gerais, o atual govémo do Presidente Eurico Dutra mais apri
temos das melhores do mundo. Aban
inovadores, e repetir com Hamilton, até que penetre no subconsciente de todos,
que onde há o interesse justo de um produtor, lá está o interôsse nacional. A nossa fòrça vital ainda não se enca minhou para rumos econômicos defini dos, e uns a copiar idéias inglesas, e
Outros sem coragem de seguir o espirito realizador americano, permanecemos po bres sendo ricos.
morou e estendeu a legislação socialConseguimos, assim, firmar no BraSil con-r ccpções políticas, sociológicas, de justiça e fraternidade humana, que honrariam qualquer país do mundo. Vós o sabeís, que todos nós o senti
donamos a pirita que temos e com pramos enxofre. Somos um país que, preparado convenientemente, poderia atrair centenas de milhares de turistas, c são os brasileiros que, aos milhares, são os turistas em outros países. Fábri cas nacionais de vagões estão quase pa ralisadas, e as estradas lutam com falta de vagões para transportes. Não disI>omos de divisas para comprar locomo-
que constitua o subconsciente do homem
e dos governos. Infelizmente, longe es tamos desse quadro. O homem, entre
nós, ainda, com e.xceções crescentes, é um inconformado com o seu fracasso e
muitas vezes um maldizente dos êxitos
alheios. Aquele que empreende passa a ser um aproveitador, o que vence um desonesto, e quanto maíor o êxito maio res serão as prevenções.
Ao invés do
enaltecimento, pelo menos, como esti
mulo para que outros sigam o exemplo, uma rede de suspeições, ataques, injus tiças procura abafar quem age e triunfa, fim de que haja menos e desfaça o que conseguiu. Ao invés de castigar os
que abusam e prevaricam, generalizamse conceitos deprimentes e depressivos para a formação de imi ambiente dinâ mico de estímulo e progresso. Assim, os homens cuja experiência deveria ser aproveitada para os negócios coletivos
mos. Dez por cento das terras de qu© dispomos, sabidamente apropriadas, pro duziriam todo o trigo de que precisamos,
ti\as, c estas poderiam .sc-r fabricadas
cometem o impatriótico êrro de cada vez
aqui. Mandamos bicscar leite cm pó, fruta.s^ o legumes em latas, peixes resse
da política, e todos esperam tudo do
e apenas se começa a ter tiúgo. Louva-
cados c em conserva, e tão fácil seria
horrores da anarquia americana, dando na América do Centro c do Sul "pela
mo-no.s nas infonnações da Standard
tempera doce c cordata, e espírito con servador o prudente, inalo desamor às
do petróleo mundial e anualmente nos
obte-los no Brasil! Realmente, é um consolo e um incentivo tanto termos, mas não será clecepcionante para a nossa
desfalcamos em biliões de cruzeiro.s na
geração, do que temos, relativamente tão
- brutalidades da luta armada, o exemplo
sua importação. T.cmos o melhor miné
pouco possuirmo.s?
radioso e solidário da ordem, da estabi
rio dc feno do mundo c despendemos
lidade e da paz". No ciclo rural, a con
fortunas em compras dc ferro e aço eiTí forma de máquinas. No Nordeslcí, Norte
Nesta vibração dc nm pnvo que forja o seu futuro, tòcla a nossa história revela,
Muitos fatores positivos podem orgu
lhar a todos os brasileiros. No campo político solidificamos a unidade fugin do ao que Oliveira Viana chamou o.s
quista dos sertões pelo café é uma epo péia de coragem e realização no "hinter-
Oil para dizer que dispomos de 6^
e Centro, as melhores fibras abundam,
entretanto, a desoladora falta de uma
política econômica. Esta se compõe de
algumas nativas e, ao invés dc exportar mos para o mundo, somos grandes im
trés fatores essenciais — mentalidade,
cessário desenvolvimento das cidades,
portadores da índia. . . Temos a mellior banxita mas importamos o alumínio. As
que são os grandes consumidores de um
florestas aí estão, ma.s importamos ce
c uma decorrência daquele romantismo econômico que iluminou os homens ame ricanos. Mistura de fé e consciência de dever, entusiasmo e otimismo, altruísmo para com êxitos alheios, determinação
Jand". que criou c civilizou.
O inci
piente ciclo industrial Já é mais do que lima e.sperança que se efetiva com o ne
país.- Sente-se uma nação que cresce,
que se civiliza, que procura valorizar o homem na luta contra o meio hostil. A nossa dívida pública, interna e externa
lulose.
Temos sal e força c importa
mos soda cáustica e cloro. Quem terá melhores plantas oleaginosas? — c ims faltam gorduras que poderíamos cx-
organizaç.ão e técnica.
A mentalidade '
persistente, ela é como a energia elétri ca, que não se vê e tudo move, desde
mais se afastarem dos cargos públicos e
Governo, cuja função é somente orien tadora e .supletiva e nunca a de subs tituir ao indivíduo. Por outro lado, os governo.s sem mentalidade do "fato eco
nômico" ainda vêem no produtor um pedinte, e, qualquer auxílio que conce
dam, um fai or que, diante de solicitações prementes, se dignam conceder "a posteiiori". Essa mentalidade dos homens
e dos governos, que há um século"^ vem sendo deformada, precisa ser .substituí da por aquela de feição mística da qual faJamos. Logo após a mentalidade, o segundo fator de uma política econômi ca e a organização.
Não somos daquele.s que por tudo culpam os governos. Mas é forçoso rewnhecer que a organização do Poder
Executivo para a execução de uma poütica econômica permaneceu antiqua-
. • if -X- ^ í'
Dígesto Econômico 42
Dígesto Econômico :43
duos nas possibilidades coletivas. Mas ainda não objetivamos o sentido dos nos sos rumos econômicos.
A mística do
progresso econômico em seu aspecto ro
mântico que forma os heróis e grandes homens, no seu aspecto prático que esti
mula esforços e apóia as realizações, no seu sentido nacional que prepara os
elementos para as condições específicas do povo e da terra, ainda continua uma idéia ausente.
Precisamos ser, em eco
6 reduzida, e nad;i significa ante o au
portar.
mento do patrimônio das enticlaclcs govemamenlais. Conseguimos um lugar honro.so entro os países no intercâmbio mundial, já que estamos cm 7." lugar entre os países exportadores e 10.° lugar
oxigênio e não produzimos azôto, que
Temos potencial elétrico e
as nossas terras reclamam.
As terras
pletando as ligações rodo-fcrroviárias de
férteis aí estão, mas os cereais muitas vezes rareiam e o produtor polico re cebe, ao passo que o consumidor cada vez mais alto paga. Os nossos pastos são extcnsíssimos, mas os rebanhos não
Norte a Sul e somos o 2." país do mundo
crescem na proporção das nossas ne
em movimento aéreo. País na latitude 39 graus, nenhum outro de igual loca
cessidades, corri perigosas perspectivas
entre o.s importadores.
Estamos com
para o futuro.
Importamos centenas
nomia, o que os americanos foram —
lização tanto se desenvoK-eu no seu as
de milhões de cruzeiros de frutas e
nacionalistas, otimistas, transformistas,
pecto panorâmico. O pedestal do q»® temos e possuímos está preparado para que mais e mais venhamos a possuir. Com aplausos gerais, o atual govémo do Presidente Eurico Dutra mais apri
temos das melhores do mundo. Aban
inovadores, e repetir com Hamilton, até que penetre no subconsciente de todos,
que onde há o interesse justo de um produtor, lá está o interôsse nacional. A nossa fòrça vital ainda não se enca minhou para rumos econômicos defini dos, e uns a copiar idéias inglesas, e
Outros sem coragem de seguir o espirito realizador americano, permanecemos po bres sendo ricos.
morou e estendeu a legislação socialConseguimos, assim, firmar no BraSil con-r ccpções políticas, sociológicas, de justiça e fraternidade humana, que honrariam qualquer país do mundo. Vós o sabeís, que todos nós o senti
donamos a pirita que temos e com pramos enxofre. Somos um país que, preparado convenientemente, poderia atrair centenas de milhares de turistas, c são os brasileiros que, aos milhares, são os turistas em outros países. Fábri cas nacionais de vagões estão quase pa ralisadas, e as estradas lutam com falta de vagões para transportes. Não disI>omos de divisas para comprar locomo-
que constitua o subconsciente do homem
e dos governos. Infelizmente, longe es tamos desse quadro. O homem, entre
nós, ainda, com e.xceções crescentes, é um inconformado com o seu fracasso e
muitas vezes um maldizente dos êxitos
alheios. Aquele que empreende passa a ser um aproveitador, o que vence um desonesto, e quanto maíor o êxito maio res serão as prevenções.
Ao invés do
enaltecimento, pelo menos, como esti
mulo para que outros sigam o exemplo, uma rede de suspeições, ataques, injus tiças procura abafar quem age e triunfa, fim de que haja menos e desfaça o que conseguiu. Ao invés de castigar os
que abusam e prevaricam, generalizamse conceitos deprimentes e depressivos para a formação de imi ambiente dinâ mico de estímulo e progresso. Assim, os homens cuja experiência deveria ser aproveitada para os negócios coletivos
mos. Dez por cento das terras de qu© dispomos, sabidamente apropriadas, pro duziriam todo o trigo de que precisamos,
ti\as, c estas poderiam .sc-r fabricadas
cometem o impatriótico êrro de cada vez
aqui. Mandamos bicscar leite cm pó, fruta.s^ o legumes em latas, peixes resse
da política, e todos esperam tudo do
e apenas se começa a ter tiúgo. Louva-
cados c em conserva, e tão fácil seria
horrores da anarquia americana, dando na América do Centro c do Sul "pela
mo-no.s nas infonnações da Standard
tempera doce c cordata, e espírito con servador o prudente, inalo desamor às
do petróleo mundial e anualmente nos
obte-los no Brasil! Realmente, é um consolo e um incentivo tanto termos, mas não será clecepcionante para a nossa
desfalcamos em biliões de cruzeiro.s na
geração, do que temos, relativamente tão
- brutalidades da luta armada, o exemplo
sua importação. T.cmos o melhor miné
pouco possuirmo.s?
radioso e solidário da ordem, da estabi
rio dc feno do mundo c despendemos
lidade e da paz". No ciclo rural, a con
fortunas em compras dc ferro e aço eiTí forma de máquinas. No Nordeslcí, Norte
Nesta vibração dc nm pnvo que forja o seu futuro, tòcla a nossa história revela,
Muitos fatores positivos podem orgu
lhar a todos os brasileiros. No campo político solidificamos a unidade fugin do ao que Oliveira Viana chamou o.s
quista dos sertões pelo café é uma epo péia de coragem e realização no "hinter-
Oil para dizer que dispomos de 6^
e Centro, as melhores fibras abundam,
entretanto, a desoladora falta de uma
política econômica. Esta se compõe de
algumas nativas e, ao invés dc exportar mos para o mundo, somos grandes im
trés fatores essenciais — mentalidade,
cessário desenvolvimento das cidades,
portadores da índia. . . Temos a mellior banxita mas importamos o alumínio. As
que são os grandes consumidores de um
florestas aí estão, ma.s importamos ce
c uma decorrência daquele romantismo econômico que iluminou os homens ame ricanos. Mistura de fé e consciência de dever, entusiasmo e otimismo, altruísmo para com êxitos alheios, determinação
Jand". que criou c civilizou.
O inci
piente ciclo industrial Já é mais do que lima e.sperança que se efetiva com o ne
país.- Sente-se uma nação que cresce,
que se civiliza, que procura valorizar o homem na luta contra o meio hostil. A nossa dívida pública, interna e externa
lulose.
Temos sal e força c importa
mos soda cáustica e cloro. Quem terá melhores plantas oleaginosas? — c ims faltam gorduras que poderíamos cx-
organizaç.ão e técnica.
A mentalidade '
persistente, ela é como a energia elétri ca, que não se vê e tudo move, desde
mais se afastarem dos cargos públicos e
Governo, cuja função é somente orien tadora e .supletiva e nunca a de subs tituir ao indivíduo. Por outro lado, os governo.s sem mentalidade do "fato eco
nômico" ainda vêem no produtor um pedinte, e, qualquer auxílio que conce
dam, um fai or que, diante de solicitações prementes, se dignam conceder "a posteiiori". Essa mentalidade dos homens
e dos governos, que há um século"^ vem sendo deformada, precisa ser .substituí da por aquela de feição mística da qual faJamos. Logo após a mentalidade, o segundo fator de uma política econômi ca e a organização.
Não somos daquele.s que por tudo culpam os governos. Mas é forçoso rewnhecer que a organização do Poder
Executivo para a execução de uma poütica econômica permaneceu antiqua-
45
Dioksto Econômico
DiCBSTO ECONÓMTCr» 44
da c inadequada.' Os problemas da produção são hoje tratados pelos Minis térios do Trabalho, Agricultura, Fazen
da e Exterior. O primeiro,* que também é de Indústria e Comércio, — tão vastos
problemas tem nos domínios da política e legislação do trabalho que não dispõe nem de aparelhaniento e menos de tempo para cuidar da indústria e do comércio.
Perderá o esforço qualquer
seja exclusivamente do Tesouro, isto e. trate de arrecadar melhor e pagar bem;
que o Ministério do Exterior faça a po lítica internacional.
Como órgão espe
a adoção de uma racional organi
zação do crédito em que encaminhe as
.sileiro.
de; os pântanos italianos convertidos em trigueirais; o ar, a água, os desperdícios
nossas disponibilidades para fins mais produtivos. Deflacionista é todo aque le que se opõe ao progresso do País, que acredita, como único fator, na falha teoria quantitativa clássica da moeda, que não dá ao organismo social o sangue para que viva; que, cerceando os meios
Assim, o Ministério do Tesouro
tege o' "detentor do dinheiro" contra o
dutor nacional.
nômica brasileira, que séculos de des
consumo.
Organização da política de crédito, da política de distribuição, da política do
aparelhamento que possa estudar os pro
ganização. O gover
blemas e auxiliá-los
no do preclaro Ge
O
neral Enrico Gaspar
Dutra, que brilliante-
que cuida da produ
mente
delineou
tringem operações e recolhem pape!-moe-
que tem estado nas cogitações de S. Exa.,
ca. Na Comissão Parlamentar que estu
Vejamos o outro fator, que é a técni da a situação econômica norte-ameri
cana, Mac Cabe, presidente do Federal
atribui aos que defendem a produção nacional a quimera de auto-suficiência,
produzem e mesmo combatem inflações;
em um isolamento nacionalista. O desen
outras vêzes, este fenomeno se piocessa sem aumento de meio cireulante. Porque
duzidos, determinando aumento de preços,
volvimento econômico de um país não é inimigo das importações. Estas cres cem à medida que um povo se civiliza e dependem das disponibilidades de di visas. Produzir o que fòr possível e in
a inflação se verifica quando há excesso de meios de pagamento sobre bens pro
adiado até hoje por várias dificuldades
Assim, parece indubitável que o Mi nistério do Trabalho deva cuidar exclu
vras nada significam. Há emissões que não
da. Assim colocado o problema, as pala
às exigências do momento, problema este
que lhe têm sido opostas.
muitas vêzes o encarece, pela deficiência de artigos disponíveis, em benefício de quem mais pode pagar. O problema, pois, é de dosagem e boa aplicação, 0 nunca de princípios rígidos. É errônea a confusão de idéias que
que pleiteiam maiores créditos à produ
reforma da organização administrativa que o passado nos legou, adaptando-a
tros lhe forneçam informações.
uma continuidade indispensável.
ção, ou de deflacionistas àqueles que res
bases da reforma da organizíição do cre dito, também poderia ainda promover a
i
Ao invés de baratear o custo
da vida pela quantidade de bens à venda,
emissionistas, ora de inflacionistas, aos
a.s
produtor que alimenta o emprego e o
preocupação não permitiram firmar em São freqüentes as acusações ora dé
é organização e só or
Ministério do Exterior,-
nacional; que o Ministério da Fazenda
de pagamento necessários, evita que
defensor vigilante e contínuo do pro
setor executivo," tudo
sivamente das relações com o traballio
não são empíricos, mas científicos, no mundo econômico moderno. Com men
tes lá encontrarão um
realidade brasileira, é um eterno pedín-
confiemos o estudo dos problemas que
talidade apropriada, organização e técni ca, poderemos construir a política eco
paro u produção nO
te que pacientemente aguarda que ou
cos, va'orizemo-Ios e sobretudo a eles
agente impulsíonador do progresso, uni
to, da política de am
do a solicitar informações de "outros ministérios, sem contato direto com a
Assim,
haja produção indispensável e assim pro
vo casos maiores, os
cional, continua com uma arcaica orga
Tudo é tecnologia.
eduquemos técnicos, importemos técni
cer uma política econômica, ser um
produtores e nem és-
nização que tudo lhe dificulta. Obriga
dustriais.
Ma.s haveria um
estudo e planejamcn-
ção nos seus aspectos
transformados em valiosos produtos in
nanceiras, o Ministério do Exterior a sua
ria para atender, sal
de comércio interna
Também inflacionista é quem combate
exigidos para sustentar um só na cida
Ministério especializado, com aparelha mento para estudos técnicos, cuja fun ção fosse amparar a produção, estabele
na sua resolução.
nheiro" e contra a classe média, os que vivem de rendas e salários, a massa.
dutores, que examine os problemas econômicos e promova o progresso bra-
do Ministério do Trabalho, que não possui, justiça se lhe faça, elementos
Nem o ministro tem a folga necessá
sável ao po\'0, porque, diminuindo-a, a encarece em proveito dos que "têm di
produtividade, vários no campo eram
aplicação no exterior.
seus misteres de arrecadar e pagar.
do? Terras de areias de desertos trans
campo produzindo para sustentar vários nas cidades, quando antes, pela pouca
tica da produção, que ampare os pro
de caráter das relações com o trabalho
Fazenda, que resolve quase sempre os problemas da produção, relacionados que são com financiamento, mais tempo ainda necessitaria, exclusivamente para os
pagamento a necessária elasticidade, a fim de possibilitar a produção indispen
lestina; nos E. U. A., um homem no
nistério da Produção, que estude a polí
somente examinaria as possibilidades fi
O Ministério da
cionista aquêle que nega aos meios de
formadas em jardins de cultura na Pa
cializado, então, é indispensável »im Mi
produtor que espere o estudo, o apoio, a um problema industrial que nSo seja
para ação diferente.
Reserve Board, declarou que os E. U. A.
resolveriam qualquer crise com uma ar ma, a tecnologia. Que vemos no mun
Assim, é inflacionista quem deseja
crementar as exportações é o melo de
emissões para fins especulativos, para cobrir déficits, para custear empreendi mentos cuja produtividade será muito
assegurar reservas de divisas para im portar uma série de bens para os quais
futura, determinando, durante essa de-
portações pode
calagem de tempo, excesso de meios de pagamento e alterações violentas de custo de vida. Igualmente, é também infla-
quantidade que tem a tendência ascen dente em países novos. Hoje devería mos desenvolver com prioridade produ-
hoje não há recursos. O gênero das im modificar-se, não
a
45
Dioksto Econômico
DiCBSTO ECONÓMTCr» 44
da c inadequada.' Os problemas da produção são hoje tratados pelos Minis térios do Trabalho, Agricultura, Fazen
da e Exterior. O primeiro,* que também é de Indústria e Comércio, — tão vastos
problemas tem nos domínios da política e legislação do trabalho que não dispõe nem de aparelhaniento e menos de tempo para cuidar da indústria e do comércio.
Perderá o esforço qualquer
seja exclusivamente do Tesouro, isto e. trate de arrecadar melhor e pagar bem;
que o Ministério do Exterior faça a po lítica internacional.
Como órgão espe
a adoção de uma racional organi
zação do crédito em que encaminhe as
.sileiro.
de; os pântanos italianos convertidos em trigueirais; o ar, a água, os desperdícios
nossas disponibilidades para fins mais produtivos. Deflacionista é todo aque le que se opõe ao progresso do País, que acredita, como único fator, na falha teoria quantitativa clássica da moeda, que não dá ao organismo social o sangue para que viva; que, cerceando os meios
Assim, o Ministério do Tesouro
tege o' "detentor do dinheiro" contra o
dutor nacional.
nômica brasileira, que séculos de des
consumo.
Organização da política de crédito, da política de distribuição, da política do
aparelhamento que possa estudar os pro
ganização. O gover
blemas e auxiliá-los
no do preclaro Ge
O
neral Enrico Gaspar
Dutra, que brilliante-
que cuida da produ
mente
delineou
tringem operações e recolhem pape!-moe-
que tem estado nas cogitações de S. Exa.,
ca. Na Comissão Parlamentar que estu
Vejamos o outro fator, que é a técni da a situação econômica norte-ameri
cana, Mac Cabe, presidente do Federal
atribui aos que defendem a produção nacional a quimera de auto-suficiência,
produzem e mesmo combatem inflações;
em um isolamento nacionalista. O desen
outras vêzes, este fenomeno se piocessa sem aumento de meio cireulante. Porque
duzidos, determinando aumento de preços,
volvimento econômico de um país não é inimigo das importações. Estas cres cem à medida que um povo se civiliza e dependem das disponibilidades de di visas. Produzir o que fòr possível e in
a inflação se verifica quando há excesso de meios de pagamento sobre bens pro
adiado até hoje por várias dificuldades
Assim, parece indubitável que o Mi nistério do Trabalho deva cuidar exclu
vras nada significam. Há emissões que não
da. Assim colocado o problema, as pala
às exigências do momento, problema este
que lhe têm sido opostas.
muitas vêzes o encarece, pela deficiência de artigos disponíveis, em benefício de quem mais pode pagar. O problema, pois, é de dosagem e boa aplicação, 0 nunca de princípios rígidos. É errônea a confusão de idéias que
que pleiteiam maiores créditos à produ
reforma da organização administrativa que o passado nos legou, adaptando-a
tros lhe forneçam informações.
uma continuidade indispensável.
ção, ou de deflacionistas àqueles que res
bases da reforma da organizíição do cre dito, também poderia ainda promover a
i
Ao invés de baratear o custo
da vida pela quantidade de bens à venda,
emissionistas, ora de inflacionistas, aos
a.s
produtor que alimenta o emprego e o
preocupação não permitiram firmar em São freqüentes as acusações ora dé
é organização e só or
Ministério do Exterior,-
nacional; que o Ministério da Fazenda
de pagamento necessários, evita que
defensor vigilante e contínuo do pro
setor executivo," tudo
sivamente das relações com o traballio
não são empíricos, mas científicos, no mundo econômico moderno. Com men
tes lá encontrarão um
realidade brasileira, é um eterno pedín-
confiemos o estudo dos problemas que
talidade apropriada, organização e técni ca, poderemos construir a política eco
paro u produção nO
te que pacientemente aguarda que ou
cos, va'orizemo-Ios e sobretudo a eles
agente impulsíonador do progresso, uni
to, da política de am
do a solicitar informações de "outros ministérios, sem contato direto com a
Assim,
haja produção indispensável e assim pro
vo casos maiores, os
cional, continua com uma arcaica orga
Tudo é tecnologia.
eduquemos técnicos, importemos técni
cer uma política econômica, ser um
produtores e nem és-
nização que tudo lhe dificulta. Obriga
dustriais.
Ma.s haveria um
estudo e planejamcn-
ção nos seus aspectos
transformados em valiosos produtos in
nanceiras, o Ministério do Exterior a sua
ria para atender, sal
de comércio interna
Também inflacionista é quem combate
exigidos para sustentar um só na cida
Ministério especializado, com aparelha mento para estudos técnicos, cuja fun ção fosse amparar a produção, estabele
na sua resolução.
nheiro" e contra a classe média, os que vivem de rendas e salários, a massa.
dutores, que examine os problemas econômicos e promova o progresso bra-
do Ministério do Trabalho, que não possui, justiça se lhe faça, elementos
Nem o ministro tem a folga necessá
sável ao po\'0, porque, diminuindo-a, a encarece em proveito dos que "têm di
produtividade, vários no campo eram
aplicação no exterior.
seus misteres de arrecadar e pagar.
do? Terras de areias de desertos trans
campo produzindo para sustentar vários nas cidades, quando antes, pela pouca
tica da produção, que ampare os pro
de caráter das relações com o trabalho
Fazenda, que resolve quase sempre os problemas da produção, relacionados que são com financiamento, mais tempo ainda necessitaria, exclusivamente para os
pagamento a necessária elasticidade, a fim de possibilitar a produção indispen
lestina; nos E. U. A., um homem no
nistério da Produção, que estude a polí
somente examinaria as possibilidades fi
O Ministério da
cionista aquêle que nega aos meios de
formadas em jardins de cultura na Pa
cializado, então, é indispensável »im Mi
produtor que espere o estudo, o apoio, a um problema industrial que nSo seja
para ação diferente.
Reserve Board, declarou que os E. U. A.
resolveriam qualquer crise com uma ar ma, a tecnologia. Que vemos no mun
Assim, é inflacionista quem deseja
crementar as exportações é o melo de
emissões para fins especulativos, para cobrir déficits, para custear empreendi mentos cuja produtividade será muito
assegurar reservas de divisas para im portar uma série de bens para os quais
futura, determinando, durante essa de-
portações pode
calagem de tempo, excesso de meios de pagamento e alterações violentas de custo de vida. Igualmente, é também infla-
quantidade que tem a tendência ascen dente em países novos. Hoje devería mos desenvolver com prioridade produ-
hoje não há recursos. O gênero das im modificar-se, não
a
46
^•õcs nacionais que poupassem remessas
de divisas e que pudessem ser exporta das, além das necessárias ao consumo
nacional. As sobras obtidas teriam apli'cação na importação de outros artigo.s que precisamos. Assim, o antagonismo
entre produção e importação não c.xiste, e uma possibilita a outra.
» Donde melhorar a sorte do homem do
campo de uma lavoura que definha?
■
povo se nao houver aumento de riqueO destino de milhões de hxaàeiTGs depende das iniciativas da produção e do seu amparo, como a única .solução
para elevar o "standard" de vida do
povo e diminuir progressivamente o pau perísmo que nos aflige. O próprio des
Homem
por subscrições públicas, nada .se fez; combatida com planos técnicos e de
conjunto, o êxito econômico 6 inegável. A industrialização do Norte do País. com- o aproveitamento das suas maté-
ria.s-primas, deve ser apressada porque a técnica moderna e a organização po dem operar transformações iraprevisí. veis na luta contra o desnível e o paupe' risníü. Assim, a cogitação dos homens
■ público.s precisa fixar-se em um plane jamento que anime a iniciativa que per mita desenvolver zonas hoje sem vida
vivido até o
tos com que poderia multiplicar infínv-
mentes e, assim mesmo, era muito pe-
se poderia assenhorcar das energias da natureza, e, com o auxílio delas, con
lidade eram a medida da força produ tora. Os instrumentos' mecânicos' por
quistar, domar, dominar a própria na
ê!e utilizados não passavam de utensí
Era a humanidade industrializada de Descartes com esta a abundância, a
ante.s, um grande sábio havia sonhado mecanismos que nao só produziriam em muito maior quantidade, como .substitui
indispensável nos desenvolvermos para que o brasileiro .seja menos pobre. Ho
riam a mão humauii.
Mas, nao passa
ra de um devaneio de filósofo.
mem em contacto com a lavoura, não
No entanto, nos meados do século
XVIII, aquilo que parecia ter sido uto pia de um cérebro por demais imagino so, so tomava uma realidade. É que os
dir se a base da riqueza nacional, lavou
lamente o trabalho do homem; com que
tpiena, porque o homem c a sua habi
com uma humanidade possuidora de
ao trabalho, vcmo.s, dia a dia, como c
agora a sua plena realiziição, isto c, a humanidade possuía aqueles instrumen
século XVIII pobvemenle. A produção .SC restringia às necessidades mais pre
lios ainda rudimentares. Alguns séculos
de iimà ação econômica, sobretudo para corrigir aquelas regiões lirasileíras que a geografia tanto castigou. Homem ligado
ra e pecuária modorram asfixiadas pela , ausência de crédito, de técnica, de trans
quanto a agonia da.s secas foi atendida
í
lizar com decisão e otimismo.
X.
do Sul, sentimos a proniência c a neces sidade da utilização do.s fatores positivos
do Paús exige uma política econômica
to menos a .solução poderá advir de filantropias transitórias c insuficientes. En-
1
cial, uma bênção do destino que muito no.s deu e que aos homens cumpre uti
O sonho daquele sábio encontrava
Hcv-oluçãn imhislrial A humanidade havia
nômico das nossas riquezas, mas as
nível hoje e.\istentc entre as várias regiões não existem mais regiões pobres obri gadas a permanecerem pobres. E mui-
.i
progresso, mas reconhecemos que ôle
compreendemos como possamos progre
adequada. Em rigor, dentro da técnica, ;
trói. Desejamos a aceleração do nosso
apontamos como um patrimônio poten
Que poderá • esperar o traballiador do
(1'rofo.ssor da Uni\'ersidade de São Paulo)
perísmo, ao apontar nossas falhas, se entrega ao pessimi.snío, que nada cons
.se enriquecer, mas pela única forma
nal. Porque da miséria nada promana
Roüeuto Pinto de Souz.a.
dificuldades, ao lamentar o nosso pau
existe. Queremos o aproveitamento eco
senão a miséria; di\idi-]a é aumentá-la.
Leão XIII e a questão social
econômica, mas com elementos quo se podem tomar positivos para o bem geral. Engana-se quem, ao \'crificar noasas
Quem batalha por uma política eco nômica de enriquecimento não luta para' viável de enfrentar o pauperísmo nacio
...
Dicesto ECONÓMÍCí)
tureza.
riqueza. Isso porque, enquanto o ho mem corporal fòsse a medida de tòdas as coisas, enquanto tudo de que preci sasse tivesse de ser produzido por suas débeis mãos, apenas podia haver aquè» les bens que eram capazes cie produzir os músculos que tão rapidamente s^ cansavam e o mundo material se conscr-
varia pobre e miserável e a liumanidade continuamente padeceria dc indigência.
cer" de Joim Kay, que já não necessi
No momento em que conseguis.se arqui tetar os instumicntos capazes de não só substituir como imiltiplicar a força do homem, haveria a fartura sobre a
como serem atendidas, 6 que clamamos
tavam .ser lançadas com a mão através
terra. Êssc momento se apresenta agora.
pela única solução eficiente do proble
da urdidura; a automática "mule-ienny"
Os maquinismos que aqueles fiandei
de jerediah Street. que precisava ape-
ros, ferreiros, barbeiros, mecânicos, pes
mecanismos inventados por Havgreaves,
porte, de distribuição, de amparo. E
Wyalt. Paul c Arkwriglit para "fiar sem
como relator da receita da União, obri-
dedos"; "as iiavetas voadoras para te
gado.s a comprimir despesas, contristados ante necessidades que não têm ma, que é uma política econômica de expansão, feita de estímulo aos que pro
na.s de crianças para alar os fios — vieram produzir, sem que seus inven
duzem, de programa, dc vigilância, de organização e técnica, de compreen.são e fé nas nossas possibilidades, que seja uma fonte dadivosa dc recursos .para o orçamento e dc bem-estar paru o povo.
Nesta convicção, fujamos daqueles que .só lamentam e comprimem; dos homens sem entusiasmo nem visão que falara
a voz dos mortos para um país que ape nas começa a viver.
tores tivessem a menor idéia, uma re
s-
volução profunda na Historia.
Uma
quisadores, engenheiros e sábios aven■ taram, libertaram para .sempre a huma nidade da miséria e determinaram o apa
recimento do industinalismo, que é o
nova era .se abre e um novo destino se oferece à humanidade. Esta, que vive
sinal típico do mundo contemporâneo.
ra parcamente até esse momento, transforma-sc em senhora e possuidora de
Çuestõo social
tôdas as forças que a natureza, duran te milhões de anos, acumulou nas suas entranhas.
Jí..f
Contudo, um grande desajustamento
havia de causar a nascente "grande in dústria". É que esta ia trazer ao mun-
íl
46
^•õcs nacionais que poupassem remessas
de divisas e que pudessem ser exporta das, além das necessárias ao consumo
nacional. As sobras obtidas teriam apli'cação na importação de outros artigo.s que precisamos. Assim, o antagonismo
entre produção e importação não c.xiste, e uma possibilita a outra.
» Donde melhorar a sorte do homem do
campo de uma lavoura que definha?
■
povo se nao houver aumento de riqueO destino de milhões de hxaàeiTGs depende das iniciativas da produção e do seu amparo, como a única .solução
para elevar o "standard" de vida do
povo e diminuir progressivamente o pau perísmo que nos aflige. O próprio des
Homem
por subscrições públicas, nada .se fez; combatida com planos técnicos e de
conjunto, o êxito econômico 6 inegável. A industrialização do Norte do País. com- o aproveitamento das suas maté-
ria.s-primas, deve ser apressada porque a técnica moderna e a organização po dem operar transformações iraprevisí. veis na luta contra o desnível e o paupe' risníü. Assim, a cogitação dos homens
■ público.s precisa fixar-se em um plane jamento que anime a iniciativa que per mita desenvolver zonas hoje sem vida
vivido até o
tos com que poderia multiplicar infínv-
mentes e, assim mesmo, era muito pe-
se poderia assenhorcar das energias da natureza, e, com o auxílio delas, con
lidade eram a medida da força produ tora. Os instrumentos' mecânicos' por
quistar, domar, dominar a própria na
ê!e utilizados não passavam de utensí
Era a humanidade industrializada de Descartes com esta a abundância, a
ante.s, um grande sábio havia sonhado mecanismos que nao só produziriam em muito maior quantidade, como .substitui
indispensável nos desenvolvermos para que o brasileiro .seja menos pobre. Ho
riam a mão humauii.
Mas, nao passa
ra de um devaneio de filósofo.
mem em contacto com a lavoura, não
No entanto, nos meados do século
XVIII, aquilo que parecia ter sido uto pia de um cérebro por demais imagino so, so tomava uma realidade. É que os
dir se a base da riqueza nacional, lavou
lamente o trabalho do homem; com que
tpiena, porque o homem c a sua habi
com uma humanidade possuidora de
ao trabalho, vcmo.s, dia a dia, como c
agora a sua plena realiziição, isto c, a humanidade possuía aqueles instrumen
século XVIII pobvemenle. A produção .SC restringia às necessidades mais pre
lios ainda rudimentares. Alguns séculos
de iimà ação econômica, sobretudo para corrigir aquelas regiões lirasileíras que a geografia tanto castigou. Homem ligado
ra e pecuária modorram asfixiadas pela , ausência de crédito, de técnica, de trans
quanto a agonia da.s secas foi atendida
í
lizar com decisão e otimismo.
X.
do Sul, sentimos a proniência c a neces sidade da utilização do.s fatores positivos
do Paús exige uma política econômica
to menos a .solução poderá advir de filantropias transitórias c insuficientes. En-
1
cial, uma bênção do destino que muito no.s deu e que aos homens cumpre uti
O sonho daquele sábio encontrava
Hcv-oluçãn imhislrial A humanidade havia
nômico das nossas riquezas, mas as
nível hoje e.\istentc entre as várias regiões não existem mais regiões pobres obri gadas a permanecerem pobres. E mui-
.i
progresso, mas reconhecemos que ôle
compreendemos como possamos progre
adequada. Em rigor, dentro da técnica, ;
trói. Desejamos a aceleração do nosso
apontamos como um patrimônio poten
Que poderá • esperar o traballiador do
(1'rofo.ssor da Uni\'ersidade de São Paulo)
perísmo, ao apontar nossas falhas, se entrega ao pessimi.snío, que nada cons
.se enriquecer, mas pela única forma
nal. Porque da miséria nada promana
Roüeuto Pinto de Souz.a.
dificuldades, ao lamentar o nosso pau
existe. Queremos o aproveitamento eco
senão a miséria; di\idi-]a é aumentá-la.
Leão XIII e a questão social
econômica, mas com elementos quo se podem tomar positivos para o bem geral. Engana-se quem, ao \'crificar noasas
Quem batalha por uma política eco nômica de enriquecimento não luta para' viável de enfrentar o pauperísmo nacio
...
Dicesto ECONÓMÍCí)
tureza.
riqueza. Isso porque, enquanto o ho mem corporal fòsse a medida de tòdas as coisas, enquanto tudo de que preci sasse tivesse de ser produzido por suas débeis mãos, apenas podia haver aquè» les bens que eram capazes cie produzir os músculos que tão rapidamente s^ cansavam e o mundo material se conscr-
varia pobre e miserável e a liumanidade continuamente padeceria dc indigência.
cer" de Joim Kay, que já não necessi
No momento em que conseguis.se arqui tetar os instumicntos capazes de não só substituir como imiltiplicar a força do homem, haveria a fartura sobre a
como serem atendidas, 6 que clamamos
tavam .ser lançadas com a mão através
terra. Êssc momento se apresenta agora.
pela única solução eficiente do proble
da urdidura; a automática "mule-ienny"
Os maquinismos que aqueles fiandei
de jerediah Street. que precisava ape-
ros, ferreiros, barbeiros, mecânicos, pes
mecanismos inventados por Havgreaves,
porte, de distribuição, de amparo. E
Wyalt. Paul c Arkwriglit para "fiar sem
como relator da receita da União, obri-
dedos"; "as iiavetas voadoras para te
gado.s a comprimir despesas, contristados ante necessidades que não têm ma, que é uma política econômica de expansão, feita de estímulo aos que pro
na.s de crianças para alar os fios — vieram produzir, sem que seus inven
duzem, de programa, dc vigilância, de organização e técnica, de compreen.são e fé nas nossas possibilidades, que seja uma fonte dadivosa dc recursos .para o orçamento e dc bem-estar paru o povo.
Nesta convicção, fujamos daqueles que .só lamentam e comprimem; dos homens sem entusiasmo nem visão que falara
a voz dos mortos para um país que ape nas começa a viver.
tores tivessem a menor idéia, uma re
s-
volução profunda na Historia.
Uma
quisadores, engenheiros e sábios aven■ taram, libertaram para .sempre a huma nidade da miséria e determinaram o apa
recimento do industinalismo, que é o
nova era .se abre e um novo destino se oferece à humanidade. Esta, que vive
sinal típico do mundo contemporâneo.
ra parcamente até esse momento, transforma-sc em senhora e possuidora de
Çuestõo social
tôdas as forças que a natureza, duran te milhões de anos, acumulou nas suas entranhas.
Jí..f
Contudo, um grande desajustamento
havia de causar a nascente "grande in dústria". É que esta ia trazer ao mun-
íl
Dicrsto Econômico
Dic;estci Econômico 49
do um dos maiores problemas que os
rio, mas, infelizmente, para a mercado
mais que reclame justiç-a dos podei cs
pensadores defrontaram — "a questão
ria "trabalho", submetida, como as de
públicos.
social" — que encheu todo o século
mais, às oscilações da oferta e da pro
XIX de lutas tremendas e que fez
cura.
milhões de criaturas padecerem os mais Ê que um abismo se abriu na huma
cro em grande escala, não se indaga se
nidade, dividíndo-a em dois campos
quem o executa é um adulto ou uma
opostos.
Déste momento em diante,
criança, um doente ou um homem são.
duas facções sociais, separadas por uma
O homem, a mulher c a criança eram para essa economia máquinas a tra
hostilidade inreconciliável, erguem-se uma em frente à outra; — patrões e openírios, ou melhor, homens que dispõem
do capital e de máquinas e homens que não possuem outra coisa senão seus braçt).s e suas próprias forças. Os ínterêsses
desses dois partidos antagônicos são pro
econômico.
fracos, encontrem uma defe
em
todos
os
campos, contudo, pertence
.Cl
à sotoplanura, é esquecido. Perde, assim, u sua dignida de de homem, de pessoa hu mana. É uma peça da gran
aos magnatas da indústria, isto porque o regime é o do
liberalismo.
Neste, o jogo
dos interesses individuais fi
de organização mecanista de
ca a mercê da força com
produção. Quando êsse ser humano não pode mais pro duzir, quando se toma uma máquina gasta, de molas
que êsses próprios interêsse.s
se revestem. Como o pode
leXo
rio está todo ao lado dos in
teresses do.s possuidores dos
meios de produção, é a favor dêsses que pesa a balança do grande jogo de ín terêsses que os economistas clássicos acreditavam
harmônicos.
tinuamente se avoluma e que parece
E na livre
imprestáveis, abandona-se à
caridade pública como um miserável in digente. O trabalhador, diante do sistema eco
nômico liberal do "laíssez faire, laissez
concorrência o abuso, a exploração iní
passar", não possui nenhuma garantia.
qua dos fracos impera.
Ê um abandonado à triste .sorte do si mesmp, por mais que proteste^ por
Não se olha
mais para o trabalhador, para o opera-
querer levar tudo à ruína.
■b
sear-se no antagonismo das profissões,
das condições e das classes, afinal na
oposição entre trabalho acumulado e
A grande
A
"sociedade burgue.sa
moderna,
de feudal" não suprimiu os antagonis
mos de classe. Qngiu-se a "substituir por riovas as antigas classes, os antigo.s
métodos de opressão, as antigas formas
• Enfim, em nossa época a sociedade mteira se biparte, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, "em duas grande.s classes em antagonismo: bur-
questão social tem nesse momento a sua
gue.sia e proletariado".
massa do operariado. Dessa fusão vai nascer todo o movimento de reforma
o viver e o "devenir" são encarados
cabeça - Marx - e o seu corpo - a
serviço aviltante, é relegado
classes. No momento em que principia
a civilização, a produção começa a ba
movimento nacional e universal de agre^ção. Faltava ainda um chefe e uma idéia orientadora. É quando surge no
te, o movimento de massa que con
frendo os mil horrores de um
nossos dias nada mais é do que a histó
ria ininterrupta de encarniçadas lutas de
oriunda do desmoronamento da socieda
para conter, dêsse momento em dian
noite, consumindo-se, enfraquecendo-se, adoecendo, so
sa contra os grandes, os do
De melhoria.
A história de cada sociedade até
imediato."
ceniirio histórico a figura de Karl Marx e lança a palavra de ordem - "traba lhadores, uni-vos". Já nada mais há
O homem que, na grande medo nha usina, moureja dia e
ção sócia!.
ainda penetrado profundamente para se tomar capaz de produzir por si só uni
Só se vê o trabalho na
de trabalho, numa palavra - na melhor organização da sociedade, no sentido de que os desprotegidos, os
fazer. Contudo, essa tomada de cons ciência do poderio da ação em con junto ficou por muitos ano.s difusa, es palhada pela superfície. Não liavía
mal, se possuem algum bem-estar, nada disso é da cogitação desse sistema
se atiram com tôdas as forças de seus cérebros poderosos.
I rola na fixação dos salários, das horas
oomeçam a compreender que isolados
nada va'em e que unidos muito podem
balhar dia e noite. Se se enfraquecem,
outro se opõe. Êsse conflito se desen
Um deseja justamente aquilo a que o
rindo noção de consciência de classe e
.se adoecem, .se se alimentam bem ou
sua objetividade, isto é, os produtos, ou melhor, a produção. Esba, sim, que interessa. O seu custo e o seu preço de venda são o grande problema a que
fundamente diferentes e irreconciliáveí.s.
minadores. A vitória
Diante dessa situação desesperadora, os operários vão pouco a pouco adqui
curava o rendimento do trabalho, o lu
miseráveis horrores.
sua concepção da história vem justa mente satísfazer a esta sêde de reforma, a^ esta sêde de mudança da organiza
Karl Maivc
Em face dessa economia que .só pro
a inevitabilidade da vitória socialista. A
social que enche a segunda metade do século XIX. O operariado encontrou o perfeito realizador de suas reivindica
ções, e êste o perfeito agente para agi
tação de suas idéias. Daí poder dizerse que de 1848 em diante todo o movi
mento .socialista é marxista e operário.
Marx é a aspiração dos próprios ope rários. Daí a razão de ser da justíssima frase de Laski: "foi o homem que en controu o comunismo um caos e dei-
.\ou-o um movimento". Isto porque o que o preocupa é o mesmo que preo cupa os próprios operários, isto é, a
possibilidade da revolução proletária e
No grande jôgo da sua dialética, todo
como um processo de tese e antítese e
a humanidade realiza na sua evolução
essa díaléHca. Entre os dois grupos humanos - a classe operária, "cuia
fonte de vida principal é o salário", e a classe capitalista, "cuja fonte de vida e o lucro, os juros e a renda imobiliána - nunca haverá um acordo pacífico.
A divergência aqui é insuperável e só aüngu-a a sua liquidação pelo combate, a tese e a des^a. ^ antítese Luta, eisdomine a única relaç-ão histórica po^ivel entre exploradores e
explorados, luta por tôda a parte na
terra, e sempre, até a vitória completa
duma classe e a destruição total da outra.
Dicrsto Econômico
Dic;estci Econômico 49
do um dos maiores problemas que os
rio, mas, infelizmente, para a mercado
mais que reclame justiç-a dos podei cs
pensadores defrontaram — "a questão
ria "trabalho", submetida, como as de
públicos.
social" — que encheu todo o século
mais, às oscilações da oferta e da pro
XIX de lutas tremendas e que fez
cura.
milhões de criaturas padecerem os mais Ê que um abismo se abriu na huma
cro em grande escala, não se indaga se
nidade, dividíndo-a em dois campos
quem o executa é um adulto ou uma
opostos.
Déste momento em diante,
criança, um doente ou um homem são.
duas facções sociais, separadas por uma
O homem, a mulher c a criança eram para essa economia máquinas a tra
hostilidade inreconciliável, erguem-se uma em frente à outra; — patrões e openírios, ou melhor, homens que dispõem
do capital e de máquinas e homens que não possuem outra coisa senão seus braçt).s e suas próprias forças. Os ínterêsses
desses dois partidos antagônicos são pro
econômico.
fracos, encontrem uma defe
em
todos
os
campos, contudo, pertence
.Cl
à sotoplanura, é esquecido. Perde, assim, u sua dignida de de homem, de pessoa hu mana. É uma peça da gran
aos magnatas da indústria, isto porque o regime é o do
liberalismo.
Neste, o jogo
dos interesses individuais fi
de organização mecanista de
ca a mercê da força com
produção. Quando êsse ser humano não pode mais pro duzir, quando se toma uma máquina gasta, de molas
que êsses próprios interêsse.s
se revestem. Como o pode
leXo
rio está todo ao lado dos in
teresses do.s possuidores dos
meios de produção, é a favor dêsses que pesa a balança do grande jogo de ín terêsses que os economistas clássicos acreditavam
harmônicos.
tinuamente se avoluma e que parece
E na livre
imprestáveis, abandona-se à
caridade pública como um miserável in digente. O trabalhador, diante do sistema eco
nômico liberal do "laíssez faire, laissez
concorrência o abuso, a exploração iní
passar", não possui nenhuma garantia.
qua dos fracos impera.
Ê um abandonado à triste .sorte do si mesmp, por mais que proteste^ por
Não se olha
mais para o trabalhador, para o opera-
querer levar tudo à ruína.
■b
sear-se no antagonismo das profissões,
das condições e das classes, afinal na
oposição entre trabalho acumulado e
A grande
A
"sociedade burgue.sa
moderna,
de feudal" não suprimiu os antagonis
mos de classe. Qngiu-se a "substituir por riovas as antigas classes, os antigo.s
métodos de opressão, as antigas formas
• Enfim, em nossa época a sociedade mteira se biparte, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, "em duas grande.s classes em antagonismo: bur-
questão social tem nesse momento a sua
gue.sia e proletariado".
massa do operariado. Dessa fusão vai nascer todo o movimento de reforma
o viver e o "devenir" são encarados
cabeça - Marx - e o seu corpo - a
serviço aviltante, é relegado
classes. No momento em que principia
a civilização, a produção começa a ba
movimento nacional e universal de agre^ção. Faltava ainda um chefe e uma idéia orientadora. É quando surge no
te, o movimento de massa que con
frendo os mil horrores de um
nossos dias nada mais é do que a histó
ria ininterrupta de encarniçadas lutas de
oriunda do desmoronamento da socieda
para conter, dêsse momento em dian
noite, consumindo-se, enfraquecendo-se, adoecendo, so
sa contra os grandes, os do
De melhoria.
A história de cada sociedade até
imediato."
ceniirio histórico a figura de Karl Marx e lança a palavra de ordem - "traba lhadores, uni-vos". Já nada mais há
O homem que, na grande medo nha usina, moureja dia e
ção sócia!.
ainda penetrado profundamente para se tomar capaz de produzir por si só uni
Só se vê o trabalho na
de trabalho, numa palavra - na melhor organização da sociedade, no sentido de que os desprotegidos, os
fazer. Contudo, essa tomada de cons ciência do poderio da ação em con junto ficou por muitos ano.s difusa, es palhada pela superfície. Não liavía
mal, se possuem algum bem-estar, nada disso é da cogitação desse sistema
se atiram com tôdas as forças de seus cérebros poderosos.
I rola na fixação dos salários, das horas
oomeçam a compreender que isolados
nada va'em e que unidos muito podem
balhar dia e noite. Se se enfraquecem,
outro se opõe. Êsse conflito se desen
Um deseja justamente aquilo a que o
rindo noção de consciência de classe e
.se adoecem, .se se alimentam bem ou
sua objetividade, isto é, os produtos, ou melhor, a produção. Esba, sim, que interessa. O seu custo e o seu preço de venda são o grande problema a que
fundamente diferentes e irreconciliáveí.s.
minadores. A vitória
Diante dessa situação desesperadora, os operários vão pouco a pouco adqui
curava o rendimento do trabalho, o lu
miseráveis horrores.
sua concepção da história vem justa mente satísfazer a esta sêde de reforma, a^ esta sêde de mudança da organiza
Karl Maivc
Em face dessa economia que .só pro
a inevitabilidade da vitória socialista. A
social que enche a segunda metade do século XIX. O operariado encontrou o perfeito realizador de suas reivindica
ções, e êste o perfeito agente para agi
tação de suas idéias. Daí poder dizerse que de 1848 em diante todo o movi
mento .socialista é marxista e operário.
Marx é a aspiração dos próprios ope rários. Daí a razão de ser da justíssima frase de Laski: "foi o homem que en controu o comunismo um caos e dei-
.\ou-o um movimento". Isto porque o que o preocupa é o mesmo que preo cupa os próprios operários, isto é, a
possibilidade da revolução proletária e
No grande jôgo da sua dialética, todo
como um processo de tese e antítese e
a humanidade realiza na sua evolução
essa díaléHca. Entre os dois grupos humanos - a classe operária, "cuia
fonte de vida principal é o salário", e a classe capitalista, "cuja fonte de vida e o lucro, os juros e a renda imobiliána - nunca haverá um acordo pacífico.
A divergência aqui é insuperável e só aüngu-a a sua liquidação pelo combate, a tese e a des^a. ^ antítese Luta, eisdomine a única relaç-ão histórica po^ivel entre exploradores e
explorados, luta por tôda a parte na
terra, e sempre, até a vitória completa
duma classe e a destruição total da outra.
Digesto Económiqò
Dioésto Econóxíico
50
Mus a vitória está prestes, porque
"enquanto o número dos magnatas do capital diminui constantemente, cresce o
qiuintum da miséria, da opressão, do
"Enfim, ó a destruição de todo ê.ste mundo feito só para o gòzi) <los ipie
possuem, sustentado pelo sofrimento dos que se matam num trabalho aviltante. "Que esse profeta tenha siilo ouvido
da evolução. O segundo ponto destà passagem reside no fato de que o sociaiismo procurava realizar-se através duma
elite stiob. Agora c a massa, a que ver
— escreve Otávio de liaria — que êsse
dadeiramente precisa e quer que a re forma se verifique. Aqui não cabe
ria, que Sc avoluma dia a dia, discipli nada, unida e organizada, mercê do pró
revolucionário tenha encontrado adep
mais o sonho, a utopia.
tos, não há quem possa estranhar.
prio mecanismo do processo capitalista
revolucionário prometer á niullidao os
A classe operária não pede, ordena; não obedece, impõe. Impõe o seu di reito e nessa imposição é a revolução que se prepara. Ü proletariado quer o poder, os meios de produção, a riqueza
desprezo, da humilhação, da exploração e, com ela, a revolta da classe operá
de produção".
"A concentração dos meio.s de produ ção e a socialização do trabalho alcan çam um ponto cm que se tomam in
Nunca se viu na história o ca.so de nm
bens da terra o ela sc recusar a ouvi-lo,
a segui-lo. Não seria o. proletariado do século XIX, mai.s tr.abalhado pelo so
"A produção capitalista engendra por si mesma a sua própria negação, como
frimento e pela miséria do (juc (jualqucr outra multidão, que iria fechar os ou vidos às promessas que Marx lhe faz — promessa.s de conquista dc lodo
a fatalidade que preside às evoluções
mundo .sem o menor perigo de insuces
compatíveis com seu invólucro capita lista.
Ê.ste então arrebenta"...
da naturezíi. Esta particular produção tende a restabelecer, não a propriedade do traballiador, mas a propriedade do mesmo fundada nos progressos realiza-
so, porque se trata do desenvolvimento inevàtável da história. Nada de espantar
que a êsse proletariado Marx tenha aparecido quase urr. deus, c certamente
do.s pelo período capitalista, na.coope
como um profeta salvador."
ração c posse comum de todos os meios
Daí o grande poderio dc Marx c o imenso movimento dc massa que desen cadeou e o perigo que representava para a humanidade o progresso contínuo
de produção, incluída a própria terra. O que a burguesia capitalista produz, antes de tudo, à medida que se desen
volve a grande indústria, são os seus próprios coveiros; a eliminação dela c b triunfo do proletariado são igualmen te inevitáveis."
É a ruína de todo o mundo biuguês,
daquela organização social baseada na exploração do operário para enrique cer cada vez mais as classes privilegia das. É a derrocada de toda a cultura burguesa e com ela o direito com a sua
dessa avalanche destruidora.
Quando o marxismo e a classe. opo'
rária se irmanaram, o problema social perdeu "o cunho moral que possuía ate então. Isso porque essa fosão se venfica em dois sentido.s diversos. No pf
meiro c a própria modificação doutri nária que entra em jôgò. O socialismo era dantes utópico e procurava realiza^ se atravé.s duma burguesia que vivia sob
hipocrisia sistemática e o seu partidaris
o signo do progresso. Agora, o sociali^s-
mo. É o desabar do Estado, meio do
há lugar para a moral. É o abandono do idealismo pelo rea
qual as classes possuidoras se serviram
para assegurar o respeito aos bens do que se apossaram. É o desaparecimen to da propriedade e com cia a explora
mo .se torna cientifica o na ciência não lismo, no sentido marxista. Sob o signo
de cientista perde o seu caráter mora-
e assume o dc fatalista.. Há dc se ção vergonhosa dos traballiadoies pelos > lista verificar-porque as.sim prescreve as leis po.ssuidores que wvem nababescamente.
das nações.
Leão XIII
Leão XIII sentiu.o perigo que ameaçava a tôda a humanidade: o sentido
marjdsta que assiunira as reiWndicações operájias. Estas vinham imbuídas de princípios profundamente anti-humanos" e principalmente anti-cristãos.
A maré montante do socialismo mar xista trazia no seu bojo a ruína de tpdos
os valores humanos. Era necessário pòr iima barreira a- essa onda avassaladora de ruína e destruição.
Seja por reforma.s sucessivas, - saja pela violência das revoluções, quer o • O Papa, do alto do seu pòsto, viu poder. Daí assumir um caráter inteira- claramente que era preciso organizar niente revolucionário; e na revolução nao lia moral, mas vingança. Há sêde de .sangue. Quer-so o extermínio. É o que Se acha escrito no preâmbulo da Constituição russa: "O Estado atual é o da vingança da classe operária..." Assim, o caráter novo que nasceu sob o influ.xo das idéias marxistas e da fusão desta com a classe operária, deixou de •ser moral para ser revolucionário.
M.arx vai mais além, e com isso é
coerente com os seus princípios. Se o
homem não é mais do que "uma con densação de forças econômicas" não há
uma força contrária, e tão forte como a
que orientava todo o movimento cató.
para resolver a situação de
miséria em que se encontrava o ope
rariado, em lartude do regime liberal c duma economia injusUx què favore cia extraordinàriamente a indústria e o
abu.so da exploração do trabalJio, pro
punha restaurar, dentro dos princípios do cristianismo, a justiça para proteger os fracos, e possuía como plano de re forma criar o direito social segundo o espirito do EvangeIJio,
Êsse movimento já pos.suía um corpo admirável de trabalhadores. "Era a razao para as díversidades. ação de um Ketteler, na Alemanha è Portanto, as desigualdades humanas, a não menos poderosa influência 'de que eram baseadas na diferença dos va Hitze; na França, de Mun, ao lado de lores Immanos - que cm última análise La Tour du Pin c Camby, Dos esfor são valüre.s morais - não há razão para ços desses notáveis pensadores católi que e.xistam. Todos são iguais .econò- cos surgiu a legislação openária sôbre a micamente.
É o "homo economicus".
É o homem geral. O homem sem indi vidualidade. O homem igual a outro homem. Quer a Iiorizontalização huma na. É a ruína de todos os valores hu manos. É a subordinação do homemehte ao homem-massa. Ê a estandardização dos indivíduos.
.nbitiagem, sÔbre o descanso dominical sôbre o trabalho das mulheres e £s crianças, sôbre os seguros dos operái-ios "Não menos valiosos foram os esfor-
Mn' Maxen Keufstem. Belcredi eVogelssang. LiechtenS tem. Na Suíça destaca-se Decurtin, que
Digesto Económiqò
Dioésto Econóxíico
50
Mus a vitória está prestes, porque
"enquanto o número dos magnatas do capital diminui constantemente, cresce o
qiuintum da miséria, da opressão, do
"Enfim, ó a destruição de todo ê.ste mundo feito só para o gòzi) <los ipie
possuem, sustentado pelo sofrimento dos que se matam num trabalho aviltante. "Que esse profeta tenha siilo ouvido
da evolução. O segundo ponto destà passagem reside no fato de que o sociaiismo procurava realizar-se através duma
elite stiob. Agora c a massa, a que ver
— escreve Otávio de liaria — que êsse
dadeiramente precisa e quer que a re forma se verifique. Aqui não cabe
ria, que Sc avoluma dia a dia, discipli nada, unida e organizada, mercê do pró
revolucionário tenha encontrado adep
mais o sonho, a utopia.
tos, não há quem possa estranhar.
prio mecanismo do processo capitalista
revolucionário prometer á niullidao os
A classe operária não pede, ordena; não obedece, impõe. Impõe o seu di reito e nessa imposição é a revolução que se prepara. Ü proletariado quer o poder, os meios de produção, a riqueza
desprezo, da humilhação, da exploração e, com ela, a revolta da classe operá
de produção".
"A concentração dos meio.s de produ ção e a socialização do trabalho alcan çam um ponto cm que se tomam in
Nunca se viu na história o ca.so de nm
bens da terra o ela sc recusar a ouvi-lo,
a segui-lo. Não seria o. proletariado do século XIX, mai.s tr.abalhado pelo so
"A produção capitalista engendra por si mesma a sua própria negação, como
frimento e pela miséria do (juc (jualqucr outra multidão, que iria fechar os ou vidos às promessas que Marx lhe faz — promessa.s de conquista dc lodo
a fatalidade que preside às evoluções
mundo .sem o menor perigo de insuces
compatíveis com seu invólucro capita lista.
Ê.ste então arrebenta"...
da naturezíi. Esta particular produção tende a restabelecer, não a propriedade do traballiador, mas a propriedade do mesmo fundada nos progressos realiza-
so, porque se trata do desenvolvimento inevàtável da história. Nada de espantar
que a êsse proletariado Marx tenha aparecido quase urr. deus, c certamente
do.s pelo período capitalista, na.coope
como um profeta salvador."
ração c posse comum de todos os meios
Daí o grande poderio dc Marx c o imenso movimento dc massa que desen cadeou e o perigo que representava para a humanidade o progresso contínuo
de produção, incluída a própria terra. O que a burguesia capitalista produz, antes de tudo, à medida que se desen
volve a grande indústria, são os seus próprios coveiros; a eliminação dela c b triunfo do proletariado são igualmen te inevitáveis."
É a ruína de todo o mundo biuguês,
daquela organização social baseada na exploração do operário para enrique cer cada vez mais as classes privilegia das. É a derrocada de toda a cultura burguesa e com ela o direito com a sua
dessa avalanche destruidora.
Quando o marxismo e a classe. opo'
rária se irmanaram, o problema social perdeu "o cunho moral que possuía ate então. Isso porque essa fosão se venfica em dois sentido.s diversos. No pf
meiro c a própria modificação doutri nária que entra em jôgò. O socialismo era dantes utópico e procurava realiza^ se atravé.s duma burguesia que vivia sob
hipocrisia sistemática e o seu partidaris
o signo do progresso. Agora, o sociali^s-
mo. É o desabar do Estado, meio do
há lugar para a moral. É o abandono do idealismo pelo rea
qual as classes possuidoras se serviram
para assegurar o respeito aos bens do que se apossaram. É o desaparecimen to da propriedade e com cia a explora
mo .se torna cientifica o na ciência não lismo, no sentido marxista. Sob o signo
de cientista perde o seu caráter mora-
e assume o dc fatalista.. Há dc se ção vergonhosa dos traballiadoies pelos > lista verificar-porque as.sim prescreve as leis po.ssuidores que wvem nababescamente.
das nações.
Leão XIII
Leão XIII sentiu.o perigo que ameaçava a tôda a humanidade: o sentido
marjdsta que assiunira as reiWndicações operájias. Estas vinham imbuídas de princípios profundamente anti-humanos" e principalmente anti-cristãos.
A maré montante do socialismo mar xista trazia no seu bojo a ruína de tpdos
os valores humanos. Era necessário pòr iima barreira a- essa onda avassaladora de ruína e destruição.
Seja por reforma.s sucessivas, - saja pela violência das revoluções, quer o • O Papa, do alto do seu pòsto, viu poder. Daí assumir um caráter inteira- claramente que era preciso organizar niente revolucionário; e na revolução nao lia moral, mas vingança. Há sêde de .sangue. Quer-so o extermínio. É o que Se acha escrito no preâmbulo da Constituição russa: "O Estado atual é o da vingança da classe operária..." Assim, o caráter novo que nasceu sob o influ.xo das idéias marxistas e da fusão desta com a classe operária, deixou de •ser moral para ser revolucionário.
M.arx vai mais além, e com isso é
coerente com os seus princípios. Se o
homem não é mais do que "uma con densação de forças econômicas" não há
uma força contrária, e tão forte como a
que orientava todo o movimento cató.
para resolver a situação de
miséria em que se encontrava o ope
rariado, em lartude do regime liberal c duma economia injusUx què favore cia extraordinàriamente a indústria e o
abu.so da exploração do trabalJio, pro
punha restaurar, dentro dos princípios do cristianismo, a justiça para proteger os fracos, e possuía como plano de re forma criar o direito social segundo o espirito do EvangeIJio,
Êsse movimento já pos.suía um corpo admirável de trabalhadores. "Era a razao para as díversidades. ação de um Ketteler, na Alemanha è Portanto, as desigualdades humanas, a não menos poderosa influência 'de que eram baseadas na diferença dos va Hitze; na França, de Mun, ao lado de lores Immanos - que cm última análise La Tour du Pin c Camby, Dos esfor são valüre.s morais - não há razão para ços desses notáveis pensadores católi que e.xistam. Todos são iguais .econò- cos surgiu a legislação openária sôbre a micamente.
É o "homo economicus".
É o homem geral. O homem sem indi vidualidade. O homem igual a outro homem. Quer a Iiorizontalização huma na. É a ruína de todos os valores hu manos. É a subordinação do homemehte ao homem-massa. Ê a estandardização dos indivíduos.
.nbitiagem, sÔbre o descanso dominical sôbre o trabalho das mulheres e £s crianças, sôbre os seguros dos operái-ios "Não menos valiosos foram os esfor-
Mn' Maxen Keufstem. Belcredi eVogelssang. LiechtenS tem. Na Suíça destaca-se Decurtin, que
DíOKSTO EC()NÓM'f^<^ 52
Digesto Econômico
se alia aos católicos em prol das econômicas e sociais. É um bata a or incansável.
^
te dos problemas sociais e da maneira como os mesmos se de\aam impor a" espírito católico c mundo leigo. Foi com esse propósito que, cm
"Na Bélgica, vemos lutando i'ottin octogenário, 1309*00 o Sumo ^ Hellepute e outros. Na Holanda, res- já a sua enciclica "Rerum Novaruiu p'andece a figura do Cardeal^ Sano a, que trazia com subtítulo "Sôbre a « incansável nos estudos da que^stão socia , assim como toma grande relevo a açao dição dos operários". Esta desempenhou social católica de Schapman. Na Ing aterra, é notável o esfôrço_ do Cardeal Manning, cujo nome se tomou univer sal, pelo grande bem que fêz à humani
no mundo catóMco a mesma ação reali
zada pelo "Manifesto Comuni.sta" "'J 1848. Um uniu o operariado, a
a outra congregou as fòrças católica^»*
para que a ação social católica se de- '
De 1891 em diante teve o comuni.*iOi pela frente uma fôrça que agia
senvolvesse de tal modo que influísse de
sentido contrário à -sua c talvez com ®
uma maneira absoluta sôbre o espirito das leis hodiemas. Nos Estados Unidos,
mesma potência.
dade, contribuindo, extraordinariamente,
não devemos esquecer os grandes servi ços emprestados à causa pelo Cardeal Gibbons, cuja contribuição ao direito novo foi brilhante." (1).
Contudo, êsse movimento não possuía
ainda a força que se desejava. Era ne
cessário arregimentar-se toda essa agita
ção, que não só se achava difusa como não possuía uma orientação precisa, uma
Rerum Nomrum
"É com tôda a confiança que
abordamos êste assunto, e em tôda a plenitude do nosso direito; porque «
1878, Leão XIII saíra a campo contra
olhos de todos trair o nosso dever.
lógica — opor uma concepção igualmen
te compacta, significativa e convinceníl) Fernando Callage — Ação Social de Leão XIII — São Paulo. 1941.
valores metafísicos — assim se expres-
domínio da Igreja, calanno-nos seria^ aos
É com estas palavras que Leão Xllf' depois de uma exposição das circun-stan
tra a metafísica ambiente, isto porque o problema daquele tempo era o de se construir ã ciência e com esta realizar
doutrina dum Adão Smith, dum Ricardo
xe, na sua realização, uma modificação completa da sociedade, necessário se faz
e doutros teóricos da economia propria mente dita.
Mas nunra época em que êsse equipa
Como
organizar a rhesma
outrora S. Tomás, Leão XIII tomava a
estimar o procedi
segundo outros va lores. No problema da reorganização da
mento dos homens,
sociedade
na
novo.s valores é que
sua
existência
econômica, segundo ral,
segundo
surge em primeira
os princípios da mo
plana a questão so
transformando
cial. Como êsses no
vos valores, dentro
dos quais deve ser
direito, sinceramen
construída a socie
dade moderna, são
a obediência às leis
valores
morais bastaria para
moral, tôda a ques
marcar
tão social, parte da
exatamente
de
ordem
direitos e deveres e
grande questão filo
unir o rico e o po
sófica, deve
bre, o proprietário e
mir
diz respeito à causa operária, com a sua
que há multo havia sido relegada, cornn vimos, ao campo exclusivamente econo mico. É o que afirma quando diz ser impossível a organização da vida terres
restabelecer a questão no sentido em que realmente devia ser tratada, isto é,
Com isto se distancia da mentalida e
ção de defesa da ciência nascente con
mento já é uma realidade, e que trou
construtiva. E, ao iniciá-la, coloca n questão social dentro do terreno nxora
da época, que, absorvida intelrain^te com os problemas de partilha dos bens
fico. É que a filosofia assumira a posi
e econômicas a ética, banida desde a
o trabalhador."
'
filosóficas dos séculos XVII e XVIII, que eram problemas de caráter cienti
o equipamento material da humanidade.
cias do tempo e de uma crítica ao .socia lismo, inicia a parle verdadeiramente
tro sem ter em %ásta a vida
distanciam inteiramente das cogitações
.sa Fulop Miller — Leão XIII reintroduziu no julgamento das questões sociais
te convicto de que
sos. Enfim, dar c-orpo e idéia unifor mes ao movimento católico. Já em
bate ao programa marxista — logicamen te construído e executado, e vencedor em todos os pontos pela sua própria
essa converSião dos problemas sociais em
contrar-lhe uma solução eficaz."
religião e a dispensação do que e
sidade de ir além de uma crítica unica mente negativa. Era preciso, no com
a fôrça e a perfeição morais. "Com
problemas de fôrça em problemas de
"Ora, como é principalmente a "US que estão confiadas a salvaguarda da
duma liga criminosa" e "ínsania de réprcbos". Logo notou, porém, a neces
cura mostrar e chamar a atenção da existência, em todas as manifestações sociais, dos valores imateriais da vida,
questão de que se trata é duma tal natxueza que, a não se apelar para a re ligião c para a Igreja, é impossível
doutrina forte, coesa, perfeitamente es tabelecida dentro de princípios rigoro
n socialismo, publicando a enciclica "Quod apostolici muneris", na qual de.signa o novo movimento como heresia
materiais e vendo nesta o único meio
de felicidade e salvação humana, pro
33
Enquanto Marx ç. os demais socialis
tas só se preocupam, no problema que natureza econômica, Leão XIII vinha
preocupa-se com a causa da natureza
moral, que é, sem dúvida nenhuma, o ponto principal dos problemas que agi tam a humanidade na hora presente. Os problemas filosóficos da atuali
dade são problemas morais, e nisso se
assu
necessàriamen-
te uma feição, in teiramente moral.
O valor de Leão XIII re.side justa mente em ter chamado a atenção para isso e mostrar que essa questão não
poderia ser resolvida no campo exclusi
vo da economia, mas que fazia parte
dum problema consideravelmente mais vasto, que era o da organização de tôda a sociedade hodiema, profundamente abalada em seus alicerces morais. É, em suma, o grande problema moral que Descartes não procurou re.solver, por
DíOKSTO EC()NÓM'f^<^ 52
Digesto Econômico
se alia aos católicos em prol das econômicas e sociais. É um bata a or incansável.
^
te dos problemas sociais e da maneira como os mesmos se de\aam impor a" espírito católico c mundo leigo. Foi com esse propósito que, cm
"Na Bélgica, vemos lutando i'ottin octogenário, 1309*00 o Sumo ^ Hellepute e outros. Na Holanda, res- já a sua enciclica "Rerum Novaruiu p'andece a figura do Cardeal^ Sano a, que trazia com subtítulo "Sôbre a « incansável nos estudos da que^stão socia , assim como toma grande relevo a açao dição dos operários". Esta desempenhou social católica de Schapman. Na Ing aterra, é notável o esfôrço_ do Cardeal Manning, cujo nome se tomou univer sal, pelo grande bem que fêz à humani
no mundo catóMco a mesma ação reali
zada pelo "Manifesto Comuni.sta" "'J 1848. Um uniu o operariado, a
a outra congregou as fòrças católica^»*
para que a ação social católica se de- '
De 1891 em diante teve o comuni.*iOi pela frente uma fôrça que agia
senvolvesse de tal modo que influísse de
sentido contrário à -sua c talvez com ®
uma maneira absoluta sôbre o espirito das leis hodiemas. Nos Estados Unidos,
mesma potência.
dade, contribuindo, extraordinariamente,
não devemos esquecer os grandes servi ços emprestados à causa pelo Cardeal Gibbons, cuja contribuição ao direito novo foi brilhante." (1).
Contudo, êsse movimento não possuía
ainda a força que se desejava. Era ne
cessário arregimentar-se toda essa agita
ção, que não só se achava difusa como não possuía uma orientação precisa, uma
Rerum Nomrum
"É com tôda a confiança que
abordamos êste assunto, e em tôda a plenitude do nosso direito; porque «
1878, Leão XIII saíra a campo contra
olhos de todos trair o nosso dever.
lógica — opor uma concepção igualmen
te compacta, significativa e convinceníl) Fernando Callage — Ação Social de Leão XIII — São Paulo. 1941.
valores metafísicos — assim se expres-
domínio da Igreja, calanno-nos seria^ aos
É com estas palavras que Leão Xllf' depois de uma exposição das circun-stan
tra a metafísica ambiente, isto porque o problema daquele tempo era o de se construir ã ciência e com esta realizar
doutrina dum Adão Smith, dum Ricardo
xe, na sua realização, uma modificação completa da sociedade, necessário se faz
e doutros teóricos da economia propria mente dita.
Mas nunra época em que êsse equipa
Como
organizar a rhesma
outrora S. Tomás, Leão XIII tomava a
estimar o procedi
segundo outros va lores. No problema da reorganização da
mento dos homens,
sociedade
na
novo.s valores é que
sua
existência
econômica, segundo ral,
segundo
surge em primeira
os princípios da mo
plana a questão so
transformando
cial. Como êsses no
vos valores, dentro
dos quais deve ser
direito, sinceramen
construída a socie
dade moderna, são
a obediência às leis
valores
morais bastaria para
moral, tôda a ques
marcar
tão social, parte da
exatamente
de
ordem
direitos e deveres e
grande questão filo
unir o rico e o po
sófica, deve
bre, o proprietário e
mir
diz respeito à causa operária, com a sua
que há multo havia sido relegada, cornn vimos, ao campo exclusivamente econo mico. É o que afirma quando diz ser impossível a organização da vida terres
restabelecer a questão no sentido em que realmente devia ser tratada, isto é,
Com isto se distancia da mentalida e
ção de defesa da ciência nascente con
mento já é uma realidade, e que trou
construtiva. E, ao iniciá-la, coloca n questão social dentro do terreno nxora
da época, que, absorvida intelrain^te com os problemas de partilha dos bens
fico. É que a filosofia assumira a posi
e econômicas a ética, banida desde a
o trabalhador."
'
filosóficas dos séculos XVII e XVIII, que eram problemas de caráter cienti
o equipamento material da humanidade.
cias do tempo e de uma crítica ao .socia lismo, inicia a parle verdadeiramente
tro sem ter em %ásta a vida
distanciam inteiramente das cogitações
.sa Fulop Miller — Leão XIII reintroduziu no julgamento das questões sociais
te convicto de que
sos. Enfim, dar c-orpo e idéia unifor mes ao movimento católico. Já em
bate ao programa marxista — logicamen te construído e executado, e vencedor em todos os pontos pela sua própria
essa converSião dos problemas sociais em
contrar-lhe uma solução eficaz."
religião e a dispensação do que e
sidade de ir além de uma crítica unica mente negativa. Era preciso, no com
a fôrça e a perfeição morais. "Com
problemas de fôrça em problemas de
"Ora, como é principalmente a "US que estão confiadas a salvaguarda da
duma liga criminosa" e "ínsania de réprcbos". Logo notou, porém, a neces
cura mostrar e chamar a atenção da existência, em todas as manifestações sociais, dos valores imateriais da vida,
questão de que se trata é duma tal natxueza que, a não se apelar para a re ligião c para a Igreja, é impossível
doutrina forte, coesa, perfeitamente es tabelecida dentro de princípios rigoro
n socialismo, publicando a enciclica "Quod apostolici muneris", na qual de.signa o novo movimento como heresia
materiais e vendo nesta o único meio
de felicidade e salvação humana, pro
33
Enquanto Marx ç. os demais socialis
tas só se preocupam, no problema que natureza econômica, Leão XIII vinha
preocupa-se com a causa da natureza
moral, que é, sem dúvida nenhuma, o ponto principal dos problemas que agi tam a humanidade na hora presente. Os problemas filosóficos da atuali
dade são problemas morais, e nisso se
assu
necessàriamen-
te uma feição, in teiramente moral.
O valor de Leão XIII re.side justa mente em ter chamado a atenção para isso e mostrar que essa questão não
poderia ser resolvida no campo exclusi
vo da economia, mas que fazia parte
dum problema consideravelmente mais vasto, que era o da organização de tôda a sociedade hodiema, profundamente abalada em seus alicerces morais. É, em suma, o grande problema moral que Descartes não procurou re.solver, por
•v.r; ■ Digesto Econômico
Dígesto Ec:oríóiNfico"
54
considerar ser prematuro demais fazè-lo
quilar os valores mais altos que, no
no seu tempo, daí ter adotado uma mo
entanto, são aqueles que realmente cons
ral a que denominou de provisória. dos valores morais, o homem — que na concepção do materialismo marxista ha
tituem as elites o .sob cujos' influ.xos marcha a humanidade para u senda do progresso, na ordem material, c a eleva ção moral na ordem e.spiritual. "Esta
via sido reduzido a. uma "condensação
desigualdade, pôr outro lado, reverte eni
de condições econômicas" c, portanto, a
proveito de tod(3s, tanto da sociedade como dos indivíduos; porque a vida so cial requer um organismo muito variado
Colocando a questão social em face
um simples jogo de forças econômicas — adquire o seu verdadeiro pôsto dentro
da criação, qual seja o de um membro Já não
o funções mui diversas, o o f|iie leva pre cisamente os homens a partilharem essas
se considera mais o homem como valor
funções é principalmente a diferença de
econômico, mas como valor moral.
suas respectivas condições."
dotado de dignidade pessoal.
Re-
•cupera, assim, a sua individualidade, a
sua dignidade de ente humano. Passa
novamente à categoria de ser racional e que age não movido por interesses
econômicos, mas por razões de ordem
reza; era selvagem, ci-lo anoteado: de
^
infecunda tornou-sç fértil; o que o tor nou melhor está inerente ao solo e con-
reabilitam o trabalho.
inerente ao que a exerce c a cujo servi ço ela se desenvolve."
Igreja não somente exige que os ricos e os pobres se entendam, mas que se
viesse então atribuir-se esta ten'a ba
unam por reciprocas relações de amiza
Portanto, "é erro capital, na questão
causa, assim é justo que o fruto do
presente, crer que as duas classes são
tralv.iUio pertença ao trabalhador." Porém, se as desigualdades das apti dões parecem justificar a diferença de
inimigas natas uma da outra, como se a
haveres, de maneira nenhuma não é
mente, num duelo obstinado".
lívromente c a próprio talante. "Dc resto, eis cm algumas palavras o resumo desta doutrina: quem quer que
Portanto, oão
xista. "O primeiro princípio a pôr cm
constituí imia mercadoria passível cie
evidencia é que o homem deve aceitar
ser negociável no mercado da oferta e
dância, quer de bens externos e do
coro paciência a sua condição: é impos sível que na sociedade civil todos se
da procura.
corpo, quer de bens dalma, recebeu-os
Ainda é cm nome da mesma dignida de humana que Leão XIII se levanta contra o marxismo, que pretende a eli minação da proprieclacle privada. "Ora,
com o fim de os fazer servir ao seu •
jam elevados ao mesmo nível. ^ sem
dúvida isso o que desejam os "socialis tas"; mas contra a natureza todos os es
forços são vãos. Foi ela, realmente, que estabeleceu entre os homens dife renças tão mullíplices canio profundas, diferenças de inteligência, de talento, de habilidade, de saúde, de fôrça; dife
renças necessárias donde nascé esponta neamente a desigualdade das condições."
consumindo os recursos do seu espírito
e as fôrças do seu corpo em procurar esses bens da natureza? Aplica, para assim dizer, a si mesmo a porção <^1'^ natureza corpôrea que cultiva, e deixa nela como que um certo cunho de sua
Os homens, como indivíduos humanos
pessoa, a ponto que, toda justiça, esse
o racionais, não podem ser reduzidos a uma uniformidade. Não se plasmam as criaturas humanas segundo um único molde. A pessoa racional assume, em
bem será possuído de futuro seu, e não será lícito a ninguém violar o seu di reito, de qualquer forma que seja." E mais adiante: "Não vêem, pois, que
face dos valores humanos, uma diversi
despojam assim êsse homem do fruto do
dade que obedece aos próprios valores individuais. Querer liorizontalizar os sêj-es liumanos é pretender reduzir, ani-
seu trabalho; porcpie afinal êsse campo
tj>-. -i
-
rccebint da divina Bondade maior abun
próprio aperfeiçoamento, e ao mesmo tempo, como ministro da Providência, ao alí\io dos outros."
diz o- Sumo Pontífice, que fez o liomem,
amanhado com arte pela mão do culti vador mudou completamente de natu-
>
de."
mesma forma c^ue o efeito segue a
maiores riquo'zas por exclusivo amor delas mesmas. Pelo contrário, não cabe nem aos possuidores o direito do ireá-las
balhador. "O trabalho 6 pessoa; a for ça realizíidora está ligada ã pessoa, é
tir a igualdade humana no sentido mar
grande parte scriu impo.ssível separá-lo. Ora, a justiça sofreria que um estranho
■ tiçu de Deus a ambição da posse de
ser, como queriam o liberalismo c o marxismo, separados da pessoa do tra
espiritual. Isso pôsto, nao pode Leão XIII admi
consagrar às tarefas que lhe cabem o melhor das suas fôrças. "A doutrina da
conforme a justiça dos homens e, a jus-
Esto não pode
favorecido pela sorte é também obriga do à solidariedade, o deve, no seu pôsto,
fimde-se cie tal forma com èle, que em
nhada pelo suor de quem a cultivou?
A dignidade e a liberdade humaua
55
Não se deve confundir a posse e o justo uso. São princípios inteiramente
diferentes. A posse de riquezas é, para o homem, "um direito que deriva da própria natureza humana". Ao passo que o justo uso da riqueza consiste em "repartir o supérfluo com os necessita
natureza tivesse armado os ricos e os
pobres para que se combatessem mutua Nao se deve pretender a eliminação
duma eni favor de outra, porque Icriamos, neste caso, a mesma situação an
terior. Uma classe, operáriaj dominan
do as demais. É uma dominação injus ta porque seria a dos inferiores sobre os superiores.
Isso levaria a humanidade
a descer a níveis muito mais baixos, extinguindo, assim, tòda a possibilidade
de progresso. Nesse sentido pensa muito claro Berdiaeff: "A verdade não pode
pertencer a uma classe, mas a interpre tação errônea por uma classe pode exis tir e se manifestou repetidas vezes, como atestam os anais da História". O que se
deve pregar e o que é preciso fazer, é a harmonia das classes. É a coUiboração dos vários elementos díspares num movimento solidário de melhoria das con
dições de vida social, permitindo uma reforma na organização total da socie dade, no sentido de se elevar as classes
Em face dos necessitados, o rico se
mais baixas ao nível quanto possível mais próximo das que ocupam posições
acha numa condição de obrigação e,
mais altas. O problema não reside na ni-
dos".
portanto, deve art pobre auxílio e, ao
velação dc tôdas as classes à catcgoriá
dispensar este, não pratica um ato de caridade como o de dar ou negar uma esmola. Pelo contrário, é dever de jus tiça o partilhar, com o que não possui,
junto para a elevação desta ao nível
o que lhe sobra. Por seu lado, o menos
rios, se nos depara, diz Leão XIII, o
do operariado. Mas um esfôrço de con das elites»
Nas corporações ou sindicatos operá
•v.r; ■ Digesto Econômico
Dígesto Ec:oríóiNfico"
54
considerar ser prematuro demais fazè-lo
quilar os valores mais altos que, no
no seu tempo, daí ter adotado uma mo
entanto, são aqueles que realmente cons
ral a que denominou de provisória. dos valores morais, o homem — que na concepção do materialismo marxista ha
tituem as elites o .sob cujos' influ.xos marcha a humanidade para u senda do progresso, na ordem material, c a eleva ção moral na ordem e.spiritual. "Esta
via sido reduzido a. uma "condensação
desigualdade, pôr outro lado, reverte eni
de condições econômicas" c, portanto, a
proveito de tod(3s, tanto da sociedade como dos indivíduos; porque a vida so cial requer um organismo muito variado
Colocando a questão social em face
um simples jogo de forças econômicas — adquire o seu verdadeiro pôsto dentro
da criação, qual seja o de um membro Já não
o funções mui diversas, o o f|iie leva pre cisamente os homens a partilharem essas
se considera mais o homem como valor
funções é principalmente a diferença de
econômico, mas como valor moral.
suas respectivas condições."
dotado de dignidade pessoal.
Re-
•cupera, assim, a sua individualidade, a
sua dignidade de ente humano. Passa
novamente à categoria de ser racional e que age não movido por interesses
econômicos, mas por razões de ordem
reza; era selvagem, ci-lo anoteado: de
^
infecunda tornou-sç fértil; o que o tor nou melhor está inerente ao solo e con-
reabilitam o trabalho.
inerente ao que a exerce c a cujo servi ço ela se desenvolve."
Igreja não somente exige que os ricos e os pobres se entendam, mas que se
viesse então atribuir-se esta ten'a ba
unam por reciprocas relações de amiza
Portanto, "é erro capital, na questão
causa, assim é justo que o fruto do
presente, crer que as duas classes são
tralv.iUio pertença ao trabalhador." Porém, se as desigualdades das apti dões parecem justificar a diferença de
inimigas natas uma da outra, como se a
haveres, de maneira nenhuma não é
mente, num duelo obstinado".
lívromente c a próprio talante. "Dc resto, eis cm algumas palavras o resumo desta doutrina: quem quer que
Portanto, oão
xista. "O primeiro princípio a pôr cm
constituí imia mercadoria passível cie
evidencia é que o homem deve aceitar
ser negociável no mercado da oferta e
dância, quer de bens externos e do
coro paciência a sua condição: é impos sível que na sociedade civil todos se
da procura.
corpo, quer de bens dalma, recebeu-os
Ainda é cm nome da mesma dignida de humana que Leão XIII se levanta contra o marxismo, que pretende a eli minação da proprieclacle privada. "Ora,
com o fim de os fazer servir ao seu •
jam elevados ao mesmo nível. ^ sem
dúvida isso o que desejam os "socialis tas"; mas contra a natureza todos os es
forços são vãos. Foi ela, realmente, que estabeleceu entre os homens dife renças tão mullíplices canio profundas, diferenças de inteligência, de talento, de habilidade, de saúde, de fôrça; dife
renças necessárias donde nascé esponta neamente a desigualdade das condições."
consumindo os recursos do seu espírito
e as fôrças do seu corpo em procurar esses bens da natureza? Aplica, para assim dizer, a si mesmo a porção <^1'^ natureza corpôrea que cultiva, e deixa nela como que um certo cunho de sua
Os homens, como indivíduos humanos
pessoa, a ponto que, toda justiça, esse
o racionais, não podem ser reduzidos a uma uniformidade. Não se plasmam as criaturas humanas segundo um único molde. A pessoa racional assume, em
bem será possuído de futuro seu, e não será lícito a ninguém violar o seu di reito, de qualquer forma que seja." E mais adiante: "Não vêem, pois, que
face dos valores humanos, uma diversi
despojam assim êsse homem do fruto do
dade que obedece aos próprios valores individuais. Querer liorizontalizar os sêj-es liumanos é pretender reduzir, ani-
seu trabalho; porcpie afinal êsse campo
tj>-. -i
-
rccebint da divina Bondade maior abun
próprio aperfeiçoamento, e ao mesmo tempo, como ministro da Providência, ao alí\io dos outros."
diz o- Sumo Pontífice, que fez o liomem,
amanhado com arte pela mão do culti vador mudou completamente de natu-
>
de."
mesma forma c^ue o efeito segue a
maiores riquo'zas por exclusivo amor delas mesmas. Pelo contrário, não cabe nem aos possuidores o direito do ireá-las
balhador. "O trabalho 6 pessoa; a for ça realizíidora está ligada ã pessoa, é
tir a igualdade humana no sentido mar
grande parte scriu impo.ssível separá-lo. Ora, a justiça sofreria que um estranho
■ tiçu de Deus a ambição da posse de
ser, como queriam o liberalismo c o marxismo, separados da pessoa do tra
espiritual. Isso pôsto, nao pode Leão XIII admi
consagrar às tarefas que lhe cabem o melhor das suas fôrças. "A doutrina da
conforme a justiça dos homens e, a jus-
Esto não pode
favorecido pela sorte é também obriga do à solidariedade, o deve, no seu pôsto,
fimde-se cie tal forma com èle, que em
nhada pelo suor de quem a cultivou?
A dignidade e a liberdade humaua
55
Não se deve confundir a posse e o justo uso. São princípios inteiramente
diferentes. A posse de riquezas é, para o homem, "um direito que deriva da própria natureza humana". Ao passo que o justo uso da riqueza consiste em "repartir o supérfluo com os necessita
natureza tivesse armado os ricos e os
pobres para que se combatessem mutua Nao se deve pretender a eliminação
duma eni favor de outra, porque Icriamos, neste caso, a mesma situação an
terior. Uma classe, operáriaj dominan
do as demais. É uma dominação injus ta porque seria a dos inferiores sobre os superiores.
Isso levaria a humanidade
a descer a níveis muito mais baixos, extinguindo, assim, tòda a possibilidade
de progresso. Nesse sentido pensa muito claro Berdiaeff: "A verdade não pode
pertencer a uma classe, mas a interpre tação errônea por uma classe pode exis tir e se manifestou repetidas vezes, como atestam os anais da História". O que se
deve pregar e o que é preciso fazer, é a harmonia das classes. É a coUiboração dos vários elementos díspares num movimento solidário de melhoria das con
dições de vida social, permitindo uma reforma na organização total da socie dade, no sentido de se elevar as classes
Em face dos necessitados, o rico se
mais baixas ao nível quanto possível mais próximo das que ocupam posições
acha numa condição de obrigação e,
mais altas. O problema não reside na ni-
dos".
portanto, deve art pobre auxílio e, ao
velação dc tôdas as classes à catcgoriá
dispensar este, não pratica um ato de caridade como o de dar ou negar uma esmola. Pelo contrário, é dever de jus tiça o partilhar, com o que não possui,
junto para a elevação desta ao nível
o que lhe sobra. Por seu lado, o menos
rios, se nos depara, diz Leão XIII, o
do operariado. Mas um esfôrço de con das elites»
Nas corporações ou sindicatos operá
DrcESTO Econômico
56
Dioestc» Econômico OI
mfclhor remédio para o social. A nistrada com inteireza; que se dctcrnuexperiência que o homem adquire todos ne, prèviamente, o .socorro pelo grau da os dias da exiguidade das suas forças, j.ndigôncia; que os direitos e deveres obriga-o e impele-o a agregar-se a uma cooperação estranha.
São das Sagradas Letras estas máxi mas: "Mais valem dois juntos que um
só, pois tiram vantagem de sua assoc^ção.
Se um cai, o outro sustenta-o.
Desgraçado do homem só, pois quando cair não terá ninguém que o levante". E estoutra; "O irmão que é ajudado
por seu irmão, é como uma cidade forte".
"As corporações operárias serão a
fòrça dos pobres. Terão fim de aper feiçoamento físico, intelectual e morai,
além do amparo econômico.
Terão a
rariado católico — sabedor de que um
dos patrões sejam conciliados com os
grande Papa havia pronunciado um dis curso em que não só testemunhava pleoa compreensão da angustiante situação
direitos e deveres do.s operários. Para
em que se encontravam, mas reconhe
atender a reclamações eventuais, seria
cia os direitos do proletariado e criti cava veementemente a.s graves injusti
de desejar que os próprios estatutos no meassem árbitros do seu seio, para re gularem os litígios. Convém prover as coisas, de modo que em nenhum tempo
ças do sistema cconómico-capitalista. como prescrevia os meios a seguir para
uma solução satisfatória — fez corpo
dentemente dirigidas." (2).
Daí escrever o Conde de Mun, um dos líderes do movimento social-cató-
da e, assim fazendo, trouxe esta grande
que íntima ação de graças despertou a
que em última análise se reduz ao da
Leão XIII sentiu duramente que a
questão proletária se havia tomado o problema da época e que da sua per feita .solução dependia o bem da so
penhavam em promover um movimen
lico: ^ "Que surpresa, que emoção gerai, enciclica em todos os corações. Idéias que, ainda ontem, eram estigmatizadas
Mas êsse problema estava mal
como subversivas e corruptas, são hoje
o seu fundo de reserva, para fazer face aos acidentes, às doenças, à velhice, ao.s reveses. Essas associações podem
colocado. Havia uma confusão de pl""
sancionadas pela mais alta autoridade
ser só de operários, ou podem ser mis tas, isto é, de operários e patrões. Elas
nita no terreno puramente econômico, o
produ2Úráo os mais benéficos frutos se a prudência presidir à sua organização.
lução só podia ser encontrada no plano
aos seus membro.s os meios mais aptos
modo e mais rápido, o fim a que se
nos.
A corrente dominadora — o mar
xismo — procurava resolver essa incóg que era um erro. A sua verdadeira so
da terra. Que intensa emoção nos am
bientes doutrinários, que agitação ainda mais profunda entre os trabalhadores
aoí; quais profetizou, sem cessar, que «ada tinham a esperar de Roma, exceto
moral. "A grande ousadia premeditada dêsse Papa — escreve Fulop Miller, que em plena época materialista-cienlífica analisava questões sociais do ponto de vista metafísico, e apontava nesse cami nho novas possibilidades de se resolver — devia causar funda impressão na hu manidade dêsse fim de século c agir anip'amentc como uma surpresa." A "Rerum
Novarum" passou, nus
propõem, e que consiste ua maior soma
olhares indiferentes e zombadores dos
possível de bens do corpo, do espírito
socialistas-marxistas,
e da fortuna, sem se esquecer que o seu
muitas publicações inteiramente inócuas
como
uma
das
objeto principal é o aperfeiçoamento
para orientar e determinar, por si sós,
moral e religioso, sob pena de degenera rem depressa." "Nas corporações, importa que os
um movimento que lhes opusesse al
operários sejam distribuídos com inteli gência; que a massa comum seja admi-
de combate aos erros marxistas. E o efeito salutar, se não causou diretamen
to proletário católico.
dade.
a que atinjam, pelo caminho mais cô
representativas e poderosas da época. Daí se erguer com um força poderosa
razão, se se reunir em corporações pni-
prejudique a concórdia; convirá terem
critério para determinar os e.statutos dessa disciplina é o proporcionarem elas
também possui o seu chefe e êste é a autoridade mais alta e uma das mais
com aqueles que, havia muito, se em
ciedade inteira e o futuro da humani
que nes.sas coq^orações haja unidade, precisam de uma sábia disciplina. O
para os abençoar." Agora o movimento social católico
falte o trabalho ao operário. O. prole tariado resolverá a questão social pela
sua hierarquia, onde a desigualdade não
Ao Estado, cumpre protegê-las, sem se intrometer no seu governo interior. Para
que o Chefe da Igreja erguesse o braço, Jium gesto de excomunhão. E eis que o vêem estender paternalmente a mão,
guma resistência.
No entanto, o ope-
(2) Resumo feito por Sampaio Dória — QuMtSo Social.
>M;iiÍllilÍÍiMi1l*íllll'-•
te uma legislação protetora operária, veio restabelecer a questão no terreno em que ela realmente devia ser encara
questão para o campo da filosofia moral,
filosofia social, em virtude de ser o pro blema filosófico atual o. de acomodar a estrutura jurídica e social ao novo
equipamento industrial, junto do de senvolvimento científico e técnico.
São estas as grandes modificações trazidas pelo "Grande Papa" na maneira como encarar a questão social e do modo como resolvê-la.
DrcESTO Econômico
56
Dioestc» Econômico OI
mfclhor remédio para o social. A nistrada com inteireza; que se dctcrnuexperiência que o homem adquire todos ne, prèviamente, o .socorro pelo grau da os dias da exiguidade das suas forças, j.ndigôncia; que os direitos e deveres obriga-o e impele-o a agregar-se a uma cooperação estranha.
São das Sagradas Letras estas máxi mas: "Mais valem dois juntos que um
só, pois tiram vantagem de sua assoc^ção.
Se um cai, o outro sustenta-o.
Desgraçado do homem só, pois quando cair não terá ninguém que o levante". E estoutra; "O irmão que é ajudado
por seu irmão, é como uma cidade forte".
"As corporações operárias serão a
fòrça dos pobres. Terão fim de aper feiçoamento físico, intelectual e morai,
além do amparo econômico.
Terão a
rariado católico — sabedor de que um
dos patrões sejam conciliados com os
grande Papa havia pronunciado um dis curso em que não só testemunhava pleoa compreensão da angustiante situação
direitos e deveres do.s operários. Para
em que se encontravam, mas reconhe
atender a reclamações eventuais, seria
cia os direitos do proletariado e criti cava veementemente a.s graves injusti
de desejar que os próprios estatutos no meassem árbitros do seu seio, para re gularem os litígios. Convém prover as coisas, de modo que em nenhum tempo
ças do sistema cconómico-capitalista. como prescrevia os meios a seguir para
uma solução satisfatória — fez corpo
dentemente dirigidas." (2).
Daí escrever o Conde de Mun, um dos líderes do movimento social-cató-
da e, assim fazendo, trouxe esta grande
que íntima ação de graças despertou a
que em última análise se reduz ao da
Leão XIII sentiu duramente que a
questão proletária se havia tomado o problema da época e que da sua per feita .solução dependia o bem da so
penhavam em promover um movimen
lico: ^ "Que surpresa, que emoção gerai, enciclica em todos os corações. Idéias que, ainda ontem, eram estigmatizadas
Mas êsse problema estava mal
como subversivas e corruptas, são hoje
o seu fundo de reserva, para fazer face aos acidentes, às doenças, à velhice, ao.s reveses. Essas associações podem
colocado. Havia uma confusão de pl""
sancionadas pela mais alta autoridade
ser só de operários, ou podem ser mis tas, isto é, de operários e patrões. Elas
nita no terreno puramente econômico, o
produ2Úráo os mais benéficos frutos se a prudência presidir à sua organização.
lução só podia ser encontrada no plano
aos seus membro.s os meios mais aptos
modo e mais rápido, o fim a que se
nos.
A corrente dominadora — o mar
xismo — procurava resolver essa incóg que era um erro. A sua verdadeira so
da terra. Que intensa emoção nos am
bientes doutrinários, que agitação ainda mais profunda entre os trabalhadores
aoí; quais profetizou, sem cessar, que «ada tinham a esperar de Roma, exceto
moral. "A grande ousadia premeditada dêsse Papa — escreve Fulop Miller, que em plena época materialista-cienlífica analisava questões sociais do ponto de vista metafísico, e apontava nesse cami nho novas possibilidades de se resolver — devia causar funda impressão na hu manidade dêsse fim de século c agir anip'amentc como uma surpresa." A "Rerum
Novarum" passou, nus
propõem, e que consiste ua maior soma
olhares indiferentes e zombadores dos
possível de bens do corpo, do espírito
socialistas-marxistas,
e da fortuna, sem se esquecer que o seu
muitas publicações inteiramente inócuas
como
uma
das
objeto principal é o aperfeiçoamento
para orientar e determinar, por si sós,
moral e religioso, sob pena de degenera rem depressa." "Nas corporações, importa que os
um movimento que lhes opusesse al
operários sejam distribuídos com inteli gência; que a massa comum seja admi-
de combate aos erros marxistas. E o efeito salutar, se não causou diretamen
to proletário católico.
dade.
a que atinjam, pelo caminho mais cô
representativas e poderosas da época. Daí se erguer com um força poderosa
razão, se se reunir em corporações pni-
prejudique a concórdia; convirá terem
critério para determinar os e.statutos dessa disciplina é o proporcionarem elas
também possui o seu chefe e êste é a autoridade mais alta e uma das mais
com aqueles que, havia muito, se em
ciedade inteira e o futuro da humani
que nes.sas coq^orações haja unidade, precisam de uma sábia disciplina. O
para os abençoar." Agora o movimento social católico
falte o trabalho ao operário. O. prole tariado resolverá a questão social pela
sua hierarquia, onde a desigualdade não
Ao Estado, cumpre protegê-las, sem se intrometer no seu governo interior. Para
que o Chefe da Igreja erguesse o braço, Jium gesto de excomunhão. E eis que o vêem estender paternalmente a mão,
guma resistência.
No entanto, o ope-
(2) Resumo feito por Sampaio Dória — QuMtSo Social.
>M;iiÍllilÍÍiMi1l*íllll'-•
te uma legislação protetora operária, veio restabelecer a questão no terreno em que ela realmente devia ser encara
questão para o campo da filosofia moral,
filosofia social, em virtude de ser o pro blema filosófico atual o. de acomodar a estrutura jurídica e social ao novo
equipamento industrial, junto do de senvolvimento científico e técnico.
São estas as grandes modificações trazidas pelo "Grande Papa" na maneira como encarar a questão social e do modo como resolvê-la.
Dicesto Econômico 59'
Esta - diz Augusto Comte - cons titui sempre a condição daquela, sobre
Augusto Comte e a questão soda
tudo reiatii-umcnte a um te.somo pere cível, cuja conservação exige atentos ór
gãos especiais, plenamente responsáveis, que somente podem preencher o seu
oficio com inteira segurança, única fon te de tôda atiridade verdadeiramente O capital' e a dioisão dos oficios
trabalho, de sorte que o sapateiro, ao fazer sapatos para o lavrador, se apro
digna.
A lei que rege a concentração do ca pital e sua apropriação ou direção in
pria de uma parte da colheita dêste
a instítuição da propriedade é a base inevitável c indispensável de tôda so
último.
dividual, pode também, segundo Augus
"E, assim, trabalha cada operíirio par^^
to Comte, ser deduzida de outros prin
atender às necessidades dos operários de todos os outros gêneros, os quais, por
cípios .sociológicos de generalidade mais ampla do que os que já foram aqui assinalados em nosso artigo anterior. Assim, por exemplo, o caráter essen
cial de toda organização coletiva con
siste na divisão dos ofícios e convergên cia dos esforços, de acordo com o prin cípio pressentido, na. antigüidade, por Platão e Ari.stóteles, e claramente de
monstrado na modernidade, por Adam Smith e Turgot.
Ora,, só a instituição do capital per mite a divisão dos ofícios.
Para que cada qual se limite a produ zir um só dos diversos materiais indis
pensáveis à existência, é imprescindível que os demais produtos necessários se achem prèviamente acumulados alhures, de modo a permitirem, por troca, a sa
tisfação simultânea de todas as exigên cias pessoais. Todos lucram, aliás, com êsse estado
de coisas, porquanto, entregando-se cada
qual a um imíco gênero de atividade, pode exercê-lo com mais perícia do que o faria se se consagrasse a vários.
"O lavrador — exemplifica Turgot —
tira, do seu campo, a maior quantidade
possível de produtos e satisfaz mais fa
cilmente às outras exigências da vida
pela troca do supérfluo de sua lavoura do que o conseguiria pelo seu próprio
Pensa, portanto, Augusto Comte que ciedade civilizada.
Confusa e pouco distinta entre os sel vagens e os povos de civilização rudi mentar, toma-se cada vez mais nítida
sua vez, traballiam para ele."
com o decorrer da evolução, sendo in-
"Viver para outrem" não c, destarte, apenas uma fórmula moral, que resuine as leis do dever e da felicidade, segundo Aristóteles, Descartes, Condorcet e Au
destmtível não só porque o.s'mais enér-
T de produzir, conservar
vidade, não trabalha só para si. mas
do capital produzido pelos que traba 1_
1
iToVin-
lham sob a sua direção.
Não .se pode, portanto, separar a concentração dos materiais de sua apro priação individual.
regulá-lo de modo a ter, dia a dia
mais, a aplicação social que lhe impõe a sua origem.
Na' fortuna^ mais honestamente rídT honestamente adquiadqui-
tos e processos de tôda
goza: a ciência, os inven
ordem de que se serve, sem falar na parcela de
regem a natureza huma
capital ja formada e de
na, não deixam os socia
positada em suas mãos.
ção social.
Os proprietários são meros gestores do capital e devem possuí-lo — na ex pressão do grande São Paulo — como I
®
P—' A estas det a ci«rde que
listas e os comunistas de ter tôda razao quando lhe reclamam a regulariza
A convergência dos esforços em qual
t
ríM u vista das leis naturais a que estão sujeitos o homem e a sociedade, mas em
e
. vel, à vista das leis que
capital.
J,.
entre o capital e o trabalho, não em se
destruir o primeiro, o que seria quimé-
distribuir a riqueza. Se, porém, a apropriação in dividual desta é inevitá-
convergência dos esforços decorre ainda, como corolário, a gestão individual do
passam a ser os depositários ou gestores
sê-lo em seu destino, consistindo, segun do Augusto Comte, a grande questão
demonstra ser ela, não obstantes vícios das Ses oue'"'
para a coletividade inteira, e daí con siderar Augusto Comte todo cooperador, por mais humilde, do organismo social, verdadeiro servidor público. Do princípio da divisão dos ofícios e
Êsses indispensáveis coordenadores
Sendo, conseqüentemente, o çaj)ital social em sua origem, também deve
gicos insHntos do honl, o conduzem a indtíLo Tu-mT® 'J"
os que vivem em sociedade, porquanto, cada qual, cm seu campo próprio de ati
a.s atividades dos demais.
Origem social do capital e do trabalho-
eb, mas também porque a experiência SSenteT^ comparada com o
gusto Comte. É, antes de tudo, uma fa talidade a que não se podon eximir
quer atividade coletiva exige indivíduos que, de modo exclusivo, se apliquem à função de coordenar, dirigir e orientar
obrigações, podia o vassalo ser despo jado do que detinha.
se não o possuíssem — "tanquam non". Era, aliás, o que acontecia com os feudos na Idade Média, onde o vassalo
"detinha" mas não "possuía" a proprie
dade. Estendendo-se por tôda a socie dade, existia então complicado sistema de subfeudos, em virtude do qual tôda posse (tenure) era condicionada ao cum-
pnmento de determinadas obrigações so ciais. Ao fajtar ao cumprimeiíto dessas
Aos contemporâneos de
ve, afinal, a assistência e o concurso, sem os quais, por maior que sejà a sua
capacidade, nada conseguiria. O capi
tal é, portanto, indiscutivelmente, de
formação coletiva ou social, nela preponderando, ainda mais do que a solida riedade, a continuidade histórica. Mas, não e só a riqueza.
Também o trabalho é social em sua origem (^nstituindo a capacidade pro fissional de cada um lenta e difícil cria
ção da Humanidade, havendo exigido es
forços que muitas vezes remontam às primeu-as etapas da História.
Assim sendo, não deve o trabalho ter
um destíno exclusivamente pessoal, re-
Dicesto Econômico 59'
Esta - diz Augusto Comte - cons titui sempre a condição daquela, sobre
Augusto Comte e a questão soda
tudo reiatii-umcnte a um te.somo pere cível, cuja conservação exige atentos ór
gãos especiais, plenamente responsáveis, que somente podem preencher o seu
oficio com inteira segurança, única fon te de tôda atiridade verdadeiramente O capital' e a dioisão dos oficios
trabalho, de sorte que o sapateiro, ao fazer sapatos para o lavrador, se apro
digna.
A lei que rege a concentração do ca pital e sua apropriação ou direção in
pria de uma parte da colheita dêste
a instítuição da propriedade é a base inevitável c indispensável de tôda so
último.
dividual, pode também, segundo Augus
"E, assim, trabalha cada operíirio par^^
to Comte, ser deduzida de outros prin
atender às necessidades dos operários de todos os outros gêneros, os quais, por
cípios .sociológicos de generalidade mais ampla do que os que já foram aqui assinalados em nosso artigo anterior. Assim, por exemplo, o caráter essen
cial de toda organização coletiva con
siste na divisão dos ofícios e convergên cia dos esforços, de acordo com o prin cípio pressentido, na. antigüidade, por Platão e Ari.stóteles, e claramente de
monstrado na modernidade, por Adam Smith e Turgot.
Ora,, só a instituição do capital per mite a divisão dos ofícios.
Para que cada qual se limite a produ zir um só dos diversos materiais indis
pensáveis à existência, é imprescindível que os demais produtos necessários se achem prèviamente acumulados alhures, de modo a permitirem, por troca, a sa
tisfação simultânea de todas as exigên cias pessoais. Todos lucram, aliás, com êsse estado
de coisas, porquanto, entregando-se cada
qual a um imíco gênero de atividade, pode exercê-lo com mais perícia do que o faria se se consagrasse a vários.
"O lavrador — exemplifica Turgot —
tira, do seu campo, a maior quantidade
possível de produtos e satisfaz mais fa
cilmente às outras exigências da vida
pela troca do supérfluo de sua lavoura do que o conseguiria pelo seu próprio
Pensa, portanto, Augusto Comte que ciedade civilizada.
Confusa e pouco distinta entre os sel vagens e os povos de civilização rudi mentar, toma-se cada vez mais nítida
sua vez, traballiam para ele."
com o decorrer da evolução, sendo in-
"Viver para outrem" não c, destarte, apenas uma fórmula moral, que resuine as leis do dever e da felicidade, segundo Aristóteles, Descartes, Condorcet e Au
destmtível não só porque o.s'mais enér-
T de produzir, conservar
vidade, não trabalha só para si. mas
do capital produzido pelos que traba 1_
1
iToVin-
lham sob a sua direção.
Não .se pode, portanto, separar a concentração dos materiais de sua apro priação individual.
regulá-lo de modo a ter, dia a dia
mais, a aplicação social que lhe impõe a sua origem.
Na' fortuna^ mais honestamente rídT honestamente adquiadqui-
tos e processos de tôda
goza: a ciência, os inven
ordem de que se serve, sem falar na parcela de
regem a natureza huma
capital ja formada e de
na, não deixam os socia
positada em suas mãos.
ção social.
Os proprietários são meros gestores do capital e devem possuí-lo — na ex pressão do grande São Paulo — como I
®
P—' A estas det a ci«rde que
listas e os comunistas de ter tôda razao quando lhe reclamam a regulariza
A convergência dos esforços em qual
t
ríM u vista das leis naturais a que estão sujeitos o homem e a sociedade, mas em
e
. vel, à vista das leis que
capital.
J,.
entre o capital e o trabalho, não em se
destruir o primeiro, o que seria quimé-
distribuir a riqueza. Se, porém, a apropriação in dividual desta é inevitá-
convergência dos esforços decorre ainda, como corolário, a gestão individual do
passam a ser os depositários ou gestores
sê-lo em seu destino, consistindo, segun do Augusto Comte, a grande questão
demonstra ser ela, não obstantes vícios das Ses oue'"'
para a coletividade inteira, e daí con siderar Augusto Comte todo cooperador, por mais humilde, do organismo social, verdadeiro servidor público. Do princípio da divisão dos ofícios e
Êsses indispensáveis coordenadores
Sendo, conseqüentemente, o çaj)ital social em sua origem, também deve
gicos insHntos do honl, o conduzem a indtíLo Tu-mT® 'J"
os que vivem em sociedade, porquanto, cada qual, cm seu campo próprio de ati
a.s atividades dos demais.
Origem social do capital e do trabalho-
eb, mas também porque a experiência SSenteT^ comparada com o
gusto Comte. É, antes de tudo, uma fa talidade a que não se podon eximir
quer atividade coletiva exige indivíduos que, de modo exclusivo, se apliquem à função de coordenar, dirigir e orientar
obrigações, podia o vassalo ser despo jado do que detinha.
se não o possuíssem — "tanquam non". Era, aliás, o que acontecia com os feudos na Idade Média, onde o vassalo
"detinha" mas não "possuía" a proprie
dade. Estendendo-se por tôda a socie dade, existia então complicado sistema de subfeudos, em virtude do qual tôda posse (tenure) era condicionada ao cum-
pnmento de determinadas obrigações so ciais. Ao fajtar ao cumprimeiíto dessas
Aos contemporâneos de
ve, afinal, a assistência e o concurso, sem os quais, por maior que sejà a sua
capacidade, nada conseguiria. O capi
tal é, portanto, indiscutivelmente, de
formação coletiva ou social, nela preponderando, ainda mais do que a solida riedade, a continuidade histórica. Mas, não e só a riqueza.
Também o trabalho é social em sua origem (^nstituindo a capacidade pro fissional de cada um lenta e difícil cria
ção da Humanidade, havendo exigido es
forços que muitas vezes remontam às primeu-as etapas da História.
Assim sendo, não deve o trabalho ter
um destíno exclusivamente pessoal, re-
60
Duíesto
presentando, ao contrário, o contingente com que cada qual contribui para o bem-estar geral da coletividade de quem
fazer com que a gestão dêl^
tudo recebe.
testar a fim de que cada gest''*" J seu
Não admite, pois, dúvida, serem a
riqueza e o trabMho sociais em sua ori gem, donde decorre a exigência de tam bém o serem em seu destino:
Econômico
cada vez mais, aos competente®
ze.s, funestos à existência do homem, sem
Positiva", a mais completa Uherà^
lhes a utilidade.
tniístas, e, daí. pleitear, na '/jg de livre e conscientemente escolh^t'
sucessor, podendo deserdar os cendcntes legítimos no caso àe
indignos de administrar a
que ninguém pretenda, por isto, negarO objeto próprio da política ou arte
.61
vações, que tão terrivelmente assolam, em caráter permanente, os povos selva gens ou em estado de civilização rudi mentar, nos quais não se encontra ainda
social é exatarnente o de minorar e evi
a instituição do capital convenientemen
tar, o mais que fôr possível, os abusos das diversas instituições correspondentes.
te desenvolvida e sistematizada.
j^das
Capitalismo do Estado
rista do bem coletivo, salvag"^^ pre-
A diferença que há entre êsses povos,
onde é diminuto o capittd, e os povos
industriais do Ocidente moderno, é que,
"So che tutto è di tutíi; e che ne p^re Di nascer meritó chi d'esseT nato
apenas as precauções destinadas
Crede solo per se
venir o injusto esquecimento doS ^
deduz, segundo Augusto Comte, a apro
lizada a miséria do que nestes, onde.
"Sei que tudo é de todos; e nem se
ros diretos.
priação ou direção individual do capi
além de mais branda e menos extensa,
quer foi digno de nascer quem crê só para si haver nascido", já o sustentava,
Outro a.xioma sociológico, de que se
Ahwsos
tal, é o que consiga: "toda e qualquer
ela procede, unicamente, da má regula
função social só se pode exercer através,
mentação até hoje dada ao capital. Assim, por e.xemplo, a ruidosa super
de órgãos individuais".
O fato de ser a instituição ào
no século XVIII, um poeta que, segundo observa Augusto Comte, nunca foi acura
.sujeita a abusos não é motivo
do de tendência subversiva: Metastásio.
abolida, como pretendem alguns- ^
Longe, pois, de estarem condenados a um antagonismo fatal e permanente, o capital !•) o trabalho constituem, ao con
nossa espécie, e, conseqüentemente' ^
to se desvia assim o Governo de .sua
organismo social por e^.a formado» mos também levados a extingo»^
função própria de coordenador geral da
o capital é o fruto do trabalho acumu
as demais instituições sociais: pátria, governo, sacerdócio etc-.
nem a que realmente lhe compete, nem a que indèbitamente assim se lhe con
lado, sendo a sua formação inevitável
rem tôdas passíveis de abusos.
fere.
trário, v;lementos que podem e devem convergir harmônicamente, uma vez que
em virtude das duas leis a que nos re ferimos, formuladas por Augusto Comte.
Antecipadamente
respondeu
Adam
Smith aos socialistas Rodbertus, Lassal-
lo e outros, que pretendiam ver, no tra balho, independentemente do acúmulo
Atribuir a apropriação do capital, co
mo querem alguns, ao Govêrno ou Esioilo, será complicar a questão, porquan
Dada a imperfeição fundamei»^''^
sociedade, de maneira a não exercer bem
Essa solução só ilude, aliás, o proble ma, de vez que o Govêrno é uma abs tração, que não existe por si mesma. Confiar-lhe, portanto, a gestão do ca
É mui característica, a esse P*"°P
a anedota contada pelo fundador Sociologia a um de seus díscípo*® Quando, 'em 1825, publicou ^
pital é outorgá-la, de fato, aos. indiví duos que o compõem ou são por ele de
teoria dos dois poderes, espiritual e poral, famoso economista. Charles noyer, autor de célebre tratado so
naqueles, é muito mais dura e genera
produção do trigo, café, borracha, ove lhas, vinhos etc., verificada há alguns anos, não foi real. Proveio, apenas, da imensa interdependência de interêsses no mundo moderno, a qual faz com que perturbações verificadas na América e
na Ásia repercutam na Europa e na África, e vice-versa.
Foi o que ocorreu na guerra russonipônica.
Figuravam
os russos, antes
dessa
guerra, entre os maiores compradores
de chá da índia. Deixando, porém, de adquirl-lo, em conseqüência da guerra, a índia, grande consmnidora de tecidos britânicos, não vendendo mais o seu
guinte objeção: "Mas, não rec^i^ ^
signados. Multíplicar-se-iam, assim, as funções do Estado, ao mesmo tempo que se eli
salientava o filósofo escocês — a causa
que o seu poder espiritual
minaria o estímulo pessoal, decorrente do
do crescimento do capital. O trabalho
"Aníes, muito ao inverso — respon
máximo de liberdade e de responsabili
desfalque em sua balança e.xtema, pas
sem dúvida fornece o objeto que a economia acumula. Mas, faça o que
lhe Augusto Comte — espero que o
dade imprescindível, aos olhos de Comte, ao desempenho de qualquer função so
sou a não comprar algodão americano,
porquanto, do contrário, não ex*stt
dos seus excedentes, a fonte exclusiva do
capital. "Ê a economia e não o trabalho —
a "Liberdade do Trabalho", fêz-lhe a se
fizer o trabalho, sem a economia para
Se, porém, os abusos são mais ou
poupar e pôr de lado, o capital não
menos inevitáveis, não significa isto qne
aumentaria nunca." Liberdade de testar
A regulamentação social do capital, segundo Augusto Comte, consiste em
não devam ser confinados em estre
ssivel. limites e reduzidos ao mínimo po
É, aliás, o que se dá com os próprios agentes naturais: a chuva, o solo, o fogo, a eletricidade etc., são, muitas v
cial.
Sofrendo a Inglaterra, então, grande
de sorte que, em conseqüência de uma guerra longínqua, ficou a população
O capital e a miséria
agrícola dos Estados Unidos sem recur sos para adquirir, como normalmente o
Longe de ser a miséria uma conse qüência da formação do capital, é, ao contrário, exatamente essa formação que
fazia, os produtos industriais do pais,
permite imaginar-se uma sociedade on
ção que, na realidade, não e.xístia.
de ninguém padeça a fome e as pri
Jâ
chá, não teve recursos para continuar a importar os mencionados tecidos.
e, daí, em 1905, a forte crise econômi
ca norte-americana de uma superprodu
Multiplique-se isto por cem — co-
60
Duíesto
presentando, ao contrário, o contingente com que cada qual contribui para o bem-estar geral da coletividade de quem
fazer com que a gestão dêl^
tudo recebe.
testar a fim de que cada gest''*" J seu
Não admite, pois, dúvida, serem a
riqueza e o trabMho sociais em sua ori gem, donde decorre a exigência de tam bém o serem em seu destino:
Econômico
cada vez mais, aos competente®
ze.s, funestos à existência do homem, sem
Positiva", a mais completa Uherà^
lhes a utilidade.
tniístas, e, daí. pleitear, na '/jg de livre e conscientemente escolh^t'
sucessor, podendo deserdar os cendcntes legítimos no caso àe
indignos de administrar a
que ninguém pretenda, por isto, negarO objeto próprio da política ou arte
.61
vações, que tão terrivelmente assolam, em caráter permanente, os povos selva gens ou em estado de civilização rudi mentar, nos quais não se encontra ainda
social é exatarnente o de minorar e evi
a instituição do capital convenientemen
tar, o mais que fôr possível, os abusos das diversas instituições correspondentes.
te desenvolvida e sistematizada.
j^das
Capitalismo do Estado
rista do bem coletivo, salvag"^^ pre-
A diferença que há entre êsses povos,
onde é diminuto o capittd, e os povos
industriais do Ocidente moderno, é que,
"So che tutto è di tutíi; e che ne p^re Di nascer meritó chi d'esseT nato
apenas as precauções destinadas
Crede solo per se
venir o injusto esquecimento doS ^
deduz, segundo Augusto Comte, a apro
lizada a miséria do que nestes, onde.
"Sei que tudo é de todos; e nem se
ros diretos.
priação ou direção individual do capi
além de mais branda e menos extensa,
quer foi digno de nascer quem crê só para si haver nascido", já o sustentava,
Outro a.xioma sociológico, de que se
Ahwsos
tal, é o que consiga: "toda e qualquer
ela procede, unicamente, da má regula
função social só se pode exercer através,
mentação até hoje dada ao capital. Assim, por e.xemplo, a ruidosa super
de órgãos individuais".
O fato de ser a instituição ào
no século XVIII, um poeta que, segundo observa Augusto Comte, nunca foi acura
.sujeita a abusos não é motivo
do de tendência subversiva: Metastásio.
abolida, como pretendem alguns- ^
Longe, pois, de estarem condenados a um antagonismo fatal e permanente, o capital !•) o trabalho constituem, ao con
nossa espécie, e, conseqüentemente' ^
to se desvia assim o Governo de .sua
organismo social por e^.a formado» mos também levados a extingo»^
função própria de coordenador geral da
o capital é o fruto do trabalho acumu
as demais instituições sociais: pátria, governo, sacerdócio etc-.
nem a que realmente lhe compete, nem a que indèbitamente assim se lhe con
lado, sendo a sua formação inevitável
rem tôdas passíveis de abusos.
fere.
trário, v;lementos que podem e devem convergir harmônicamente, uma vez que
em virtude das duas leis a que nos re ferimos, formuladas por Augusto Comte.
Antecipadamente
respondeu
Adam
Smith aos socialistas Rodbertus, Lassal-
lo e outros, que pretendiam ver, no tra balho, independentemente do acúmulo
Atribuir a apropriação do capital, co
mo querem alguns, ao Govêrno ou Esioilo, será complicar a questão, porquan
Dada a imperfeição fundamei»^''^
sociedade, de maneira a não exercer bem
Essa solução só ilude, aliás, o proble ma, de vez que o Govêrno é uma abs tração, que não existe por si mesma. Confiar-lhe, portanto, a gestão do ca
É mui característica, a esse P*"°P
a anedota contada pelo fundador Sociologia a um de seus díscípo*® Quando, 'em 1825, publicou ^
pital é outorgá-la, de fato, aos. indiví duos que o compõem ou são por ele de
teoria dos dois poderes, espiritual e poral, famoso economista. Charles noyer, autor de célebre tratado so
naqueles, é muito mais dura e genera
produção do trigo, café, borracha, ove lhas, vinhos etc., verificada há alguns anos, não foi real. Proveio, apenas, da imensa interdependência de interêsses no mundo moderno, a qual faz com que perturbações verificadas na América e
na Ásia repercutam na Europa e na África, e vice-versa.
Foi o que ocorreu na guerra russonipônica.
Figuravam
os russos, antes
dessa
guerra, entre os maiores compradores
de chá da índia. Deixando, porém, de adquirl-lo, em conseqüência da guerra, a índia, grande consmnidora de tecidos britânicos, não vendendo mais o seu
guinte objeção: "Mas, não rec^i^ ^
signados. Multíplicar-se-iam, assim, as funções do Estado, ao mesmo tempo que se eli
salientava o filósofo escocês — a causa
que o seu poder espiritual
minaria o estímulo pessoal, decorrente do
do crescimento do capital. O trabalho
"Aníes, muito ao inverso — respon
máximo de liberdade e de responsabili
desfalque em sua balança e.xtema, pas
sem dúvida fornece o objeto que a economia acumula. Mas, faça o que
lhe Augusto Comte — espero que o
dade imprescindível, aos olhos de Comte, ao desempenho de qualquer função so
sou a não comprar algodão americano,
porquanto, do contrário, não ex*stt
dos seus excedentes, a fonte exclusiva do
capital. "Ê a economia e não o trabalho —
a "Liberdade do Trabalho", fêz-lhe a se
fizer o trabalho, sem a economia para
Se, porém, os abusos são mais ou
poupar e pôr de lado, o capital não
menos inevitáveis, não significa isto qne
aumentaria nunca." Liberdade de testar
A regulamentação social do capital, segundo Augusto Comte, consiste em
não devam ser confinados em estre
ssivel. limites e reduzidos ao mínimo po
É, aliás, o que se dá com os próprios agentes naturais: a chuva, o solo, o fogo, a eletricidade etc., são, muitas v
cial.
Sofrendo a Inglaterra, então, grande
de sorte que, em conseqüência de uma guerra longínqua, ficou a população
O capital e a miséria
agrícola dos Estados Unidos sem recur sos para adquirir, como normalmente o
Longe de ser a miséria uma conse qüência da formação do capital, é, ao contrário, exatamente essa formação que
fazia, os produtos industriais do pais,
permite imaginar-se uma sociedade on
ção que, na realidade, não e.xístia.
de ninguém padeça a fome e as pri
Jâ
chá, não teve recursos para continuar a importar os mencionados tecidos.
e, daí, em 1905, a forte crise econômi
ca norte-americana de uma superprodu
Multiplique-se isto por cem — co-
Digesto EcoNÓAaco
02
menta, a este propósito, um autor — e
já existe, ou, segundo a fórmula do
ter-se-á uma noção do grau de desequi líbrio econômico mundial, causado pela
Filósofo: "conservar, melhorando".
O problema do açúcar
O mal decorre, na verdade, apenas
Grande Guerra.
da má regulamentação até hoje impres
^•iscurso do Sr. UliniHtro Dnnicl ilo Carvalho no onecrramciito
A miséria dos povos ocidentais tem, portanto, outra origem, e sua solução
sa ao capital por falta de uma opinião pública mundial, convenientemente es clarecida e fortemente concentrada, de
do l.o C«>ngroü>KO ili^mcaroiro IVacional
é menos difícil do que a dos povos onde
ECEBi prazeirosamente a
modo a atuar, rápida e eficazmente, •■i sobre os detentores ou gestores da ri
não existe ainda, suficientemente desen
volvido, o capital ou acôrvo de mate riais imprescindíveis à satisfação das ne cessidades humanas. Longe de destruir,
honrosa incumbência, que
queza, sendo, por outro lado, capaz de impor, aos Governos, a manutenção da paz.
o que há a fazer é aperfeiçoar o que
formadores da inatória-prima como os operários agrictrlas c industriais, o ([ue
o Senhor Presidente da República me atribuiu,
vale dizer todos os elementos vinculados
de falar, em nome de Sua Excelência, na sole-
Vem a piopòsito reproduzir aqui uni trecho da Mensagem do Chefe do Poder Executivo ao Congresso Nacional, em
iiidade de encerramento dêste Congres so.
à economia canavieira do Brasil.
15 de maiço de 1947:
Foi êste, de fato, pela amplitude de
sua organização e pela multiplicidade de sons objetivos, o Primeiro Congresso Açucaroiro Nacional, pois excede às reuniões cx)ngêncrcs anteriormente rea lizadas no País, por iniciativa das clas
ses interessadas ou do poder público. Pof isso mesmo, foi com elevada con
fiança que o Governo acompanhou os vossos
trabalhos,
o
estudo
das
teses
apresentadas e o debate dos problemas
.
.
careira.
Em complemento ao qxie já foi realizado, grande esfôrço terá ainda de ser feito no sentido de racionaMzar a lavoura de cana e as indús
riam na proteção da rotina e da ine
mais larga compreensão, entendimento e
ficiência à custa do consumidor e do
solidariedade das fôrças propulsoras da
nivel de vida do trabalhador rural. A situação dêste último deverá ser
doravante um dos pontos , de peiTnji-
drou-se na orientação do Presidente Eu-
nente atenção da política açucareira
rico Dutra, expressix em vários atos e
governamental.
reira o alcooleira do País, u base dos
V...
lavrador
ceiros, econômicos e sociais, à luz da
documenlo.s públicos, no tocante a êste grande setor da riqueza nacional. Co mo se vê do respectivo temário e, já agora, das conclusões adotadas, houve o intuito de promover o desenvolvimen to e o progresso das indústrias açuca -
ao
trias de açúcar e :l1coo1, pois transigências neste particular redunda
A realização deste Congresso enqua
/■
social
constituem as preocupações funda mentais do Governo na política açu
.agrícolas, industriais, comerciais, finan
economia açucareira.
--
"A assistência técnica ao produtor c a assistência
proce.ssos mais adiantados da sua pro dução c de normas eqüitàtivas na distri
Pelo ato legal, que
autorizou a
ampliação das quotas de produção de açúcar, ficaram os produtores obrigados a aplicar em seus serviços de assistência mcclico-farmacêutica a
importância mínima dc Cr$ 2,00 por saco de açúcar, o que fonieee uma disponibilidade anual da ordem de
buição de seus resultados, procurando
CiJl 36.000.000,00 para os fins de assistência. Os estudos iniciados pre
beneficiar tanto os fornecedores e trans
vêem um ambulatório em cada usí-
Digesto EcoNÓAaco
02
menta, a este propósito, um autor — e
já existe, ou, segundo a fórmula do
ter-se-á uma noção do grau de desequi líbrio econômico mundial, causado pela
Filósofo: "conservar, melhorando".
O problema do açúcar
O mal decorre, na verdade, apenas
Grande Guerra.
da má regulamentação até hoje impres
^•iscurso do Sr. UliniHtro Dnnicl ilo Carvalho no onecrramciito
A miséria dos povos ocidentais tem, portanto, outra origem, e sua solução
sa ao capital por falta de uma opinião pública mundial, convenientemente es clarecida e fortemente concentrada, de
do l.o C«>ngroü>KO ili^mcaroiro IVacional
é menos difícil do que a dos povos onde
ECEBi prazeirosamente a
modo a atuar, rápida e eficazmente, •■i sobre os detentores ou gestores da ri
não existe ainda, suficientemente desen
volvido, o capital ou acôrvo de mate riais imprescindíveis à satisfação das ne cessidades humanas. Longe de destruir,
honrosa incumbência, que
queza, sendo, por outro lado, capaz de impor, aos Governos, a manutenção da paz.
o que há a fazer é aperfeiçoar o que
formadores da inatória-prima como os operários agrictrlas c industriais, o ([ue
o Senhor Presidente da República me atribuiu,
vale dizer todos os elementos vinculados
de falar, em nome de Sua Excelência, na sole-
Vem a piopòsito reproduzir aqui uni trecho da Mensagem do Chefe do Poder Executivo ao Congresso Nacional, em
iiidade de encerramento dêste Congres so.
à economia canavieira do Brasil.
15 de maiço de 1947:
Foi êste, de fato, pela amplitude de
sua organização e pela multiplicidade de sons objetivos, o Primeiro Congresso Açucaroiro Nacional, pois excede às reuniões cx)ngêncrcs anteriormente rea lizadas no País, por iniciativa das clas
ses interessadas ou do poder público. Pof isso mesmo, foi com elevada con
fiança que o Governo acompanhou os vossos
trabalhos,
o
estudo
das
teses
apresentadas e o debate dos problemas
.
.
careira.
Em complemento ao qxie já foi realizado, grande esfôrço terá ainda de ser feito no sentido de racionaMzar a lavoura de cana e as indús
riam na proteção da rotina e da ine
mais larga compreensão, entendimento e
ficiência à custa do consumidor e do
solidariedade das fôrças propulsoras da
nivel de vida do trabalhador rural. A situação dêste último deverá ser
doravante um dos pontos , de peiTnji-
drou-se na orientação do Presidente Eu-
nente atenção da política açucareira
rico Dutra, expressix em vários atos e
governamental.
reira o alcooleira do País, u base dos
V...
lavrador
ceiros, econômicos e sociais, à luz da
documenlo.s públicos, no tocante a êste grande setor da riqueza nacional. Co mo se vê do respectivo temário e, já agora, das conclusões adotadas, houve o intuito de promover o desenvolvimen to e o progresso das indústrias açuca -
ao
trias de açúcar e :l1coo1, pois transigências neste particular redunda
A realização deste Congresso enqua
/■
social
constituem as preocupações funda mentais do Governo na política açu
.agrícolas, industriais, comerciais, finan
economia açucareira.
--
"A assistência técnica ao produtor c a assistência
proce.ssos mais adiantados da sua pro dução c de normas eqüitàtivas na distri
Pelo ato legal, que
autorizou a
ampliação das quotas de produção de açúcar, ficaram os produtores obrigados a aplicar em seus serviços de assistência mcclico-farmacêutica a
importância mínima dc Cr$ 2,00 por saco de açúcar, o que fonieee uma disponibilidade anual da ordem de
buição de seus resultados, procurando
CiJl 36.000.000,00 para os fins de assistência. Os estudos iniciados pre
beneficiar tanto os fornecedores e trans
vêem um ambulatório em cada usí-
CS Dioe-sto EcoNÓ^^lCo
64
na, hospitais regionais, maternidade 6 um hospital central nas capitais dos Estados açucareiros, para casos gra
fim de atender à.s a.spiraçõc.s da comuni dade açucareira, sem maiores sacrifícios para a população do País. É grato ao Governo reconhecer que o temárío elaborado para este Congre.<i.so
no bagaço ou em sua cinza e na lama dos filtros-prensa, todos os elementos mi nerais que haviam sido dali retirados Quando o mel residual, rico em sais
tí também industrializado, passa a pro
tado sempre no sentido de concretizar as
ação do Estado a iniciativa dos produ
priedade agrícola a e.xportar, também álcool, outro composto, orgânico cons tituído e.xclusivamente pelos elementos redrados da água e do gás carbônico do
suas diretrizes em face da agro-indústría do açúcar. Afora o já referido De
tores, no sentido de abrir à mais anti
ar. Os sais ficaram nas caldas residuais
ves e de alta cirurgia."
A ação do Governo tem-se manifes
reflete o pensamento de conjugar com a
creto-lei n.° 9.827, de 10 de setembro de
ga indústria agrária do Brasil novas pos sibilidades de e.xploração da terra, de
1946, que autoriza a revisão geral das
reaparelhamento das fábricas, de distri
quotas de produção das usinas, foi ex
buição das safras, de financiamento dos lavradores e usineiros, de assistência e
pedido o Decreto n.° 25.174-A, de 3
que, se ainda hoje não são integralmente aproveitadas, poderão sê-lo. em breve graças às constantes conquistas da téc nica.
Por outro lado, a cana, com seu cres
toneladas que o Havaí obtém, no Bra sil o tênno médio ainda c de 38 tone
ladas por hectare, sem que a extensão total da cultura — 818 mil hectares — possa ser apontada como determinante fatal desse fenômeno.
Nas modernas práticas de defesa e enriquecimento do solo e de p'antio,
bem como na seleção de variedades, mais adequadas, estão as possibilidades de transformar a economia açucareira me
diante o único recurso eficaz, que é o de barateamento do custo para permi tir o aumento do consumo interno e
de julho de 1948, que adota medidas
valorização do homem do campo, de
cimento entouceirado, cobre quase por
fazer face à competição internacional.
de estímulo á produção de álcool para
acordo com os preceitos e os ensinamen
fins carburantes. Harmonizam-se intei
tos da ciência e da técnica modernas.
nor produção de cana por hectare é o
Em particular, a atuação do Minis
completo o solo, protegendo-o eficaz mente contra os agentes da erosão, en quanto seu abundante .sistema radicular
legais, porque se destinam a incentivar a
tério da Agricultura se tem feito sentir
fabricação do açúcar mais procurado e do álcool-motor. Além disso, para me
contribui para reduzir as perdas por lixiNiação.
lhor estímu'ò à produção e atender à
na busca de elementos que pennítam à tradicional cultura da cana aproximar-se das conquistas assinaladas por outros paí
A agro-indústria canavieira, pois, es tá incorporada às melhores conquistas
expansão do consumo nacional de car-
ses no rendimento, tanto da produção
da civilização brasileira.
biu-ante, foi estabelecida a paridade de preços do açúcar com o álcool produ zido diretamente da cana ou do mel rico, visando garantir justa remuneração daS atividades agrícolas e industriais. Esta preocupação de justiça económico-social in.spirou outras providências go vernamentais, pleiteadas pelas classes produtoras do País, encaminhadas pelas
daquela matéria-prima, em relação à área, quanto da produção do açúcar em
Mas, segundo um conceito" funda mental, embora elementar, de econo mia, a sobrevivência o o lucro de uma indústria se apoiam nas condiç-ões do
ramente as finalidades desses diplomas
suas entidades representativas nos Es tados e estudada.s pelo órgão do seu
contrôle, de conformidade com a orga
nização que coordena, disciplina e im pulsiona a economia canavieira. Assim
relação à cana.
A exploração da cana-de-açúcar, quan do racionalmente praticada, é uma das práticas agrícolas que menos contribuem
equilíbrio entre as despesas que exige c a receita que proporciona.
Enquanto os níveis atingidos pela re
para o esgotamento do solo.
Realmente, o açúcar que sai das usi
ceita bruta são geralmente estabelecidos
nas é um hidrato de carbono quase
por fatôres externos, alheios às pos
quimicamente puro, contendo apenas
sibilidades de contrôle do produtor, as despesas são condicionadas pela nature za e eficiência dos métodos de pro
traços mínimos de resíduo miiferal.
O
açúcar retém, portanto, cLa proprieda de agrícola, apenas os elementos da
dução.
ó que o reajustamento dos preços do
água e do anidrido carbônico do ar, que a energia dos raios de sol reuniu no
Há, evidentemente, um extenso ca minho a percorrer no sentido da reforma
açúcar às condições do mercado interno,
laboratório maraviUioso das folhas ver
desde a extinção do seu racionamento no Distrito Federal e em São Paulo,
des da cana. Para qu.e esse laboratório
dos métodos da nossa mais antiga in dústria agrária, diante dêste fenômeno;
tem obedecido a inquéritos sôbre os
custos da produção agrícola e indus trial, inquéritos esses realizados pelo Instituto do Açúcar e do Álcool e re
examinados por comissões especiais, a
funcione eficientemente, necessita de
elementos minerais que são tirados do solo. Mas, quando a fotossíntese acu mula, na cana, suficiente quantidade de sacarose, e o homem a extrai e purifica; voltam novamente ao solo, incorporados
enquanto a média de rendimento, por hectare, em vários países, já excede de 50 toneladas, alcançando mesmo a 120 toneladas no Peru, sem falar nas 160
A primeira das causas diretas da me
baixo nível de fertilidade das terras, a ser corrigido pela adubação e a cala-
gein-drenagem, em alguns casos, e ir rigação em outros — ou seja, pela racio nalização das práticas agrícolas, quanto ao preparo do solo e às operações co muns a qualquer cultura.
As Estações Experimentais de Cura
do, Campos e Quissamã e a Subestação de Barbalha, com a cooperação do Ins tituto do Açúcar e do Álcool, procedem, nos seus próprios campos e nas planta ções particulares, a' e.x-perimentos c es
tudos com resultados que muito se re comendam para a consecução do obje tivo comum: bai.xar o custo da pro dução.
As experiências de adubação ofere cem dados os mais convincentes.
Em cultuias cujo rendimento médio
era de 35,3 toneladas por hectare, a introdução de dose simples de azòto ele vou êsse rendimento a 46,8 toneladas e de dose dupla a 63,3 toneladas. Nou
tras onde já se colhiam 82,1 toneladas, a colheita aumentou para 99,5 e 106,4 toneladas.
Terras desprovidas de fósforo, que
CS Dioe-sto EcoNÓ^^lCo
64
na, hospitais regionais, maternidade 6 um hospital central nas capitais dos Estados açucareiros, para casos gra
fim de atender à.s a.spiraçõc.s da comuni dade açucareira, sem maiores sacrifícios para a população do País. É grato ao Governo reconhecer que o temárío elaborado para este Congre.<i.so
no bagaço ou em sua cinza e na lama dos filtros-prensa, todos os elementos mi nerais que haviam sido dali retirados Quando o mel residual, rico em sais
tí também industrializado, passa a pro
tado sempre no sentido de concretizar as
ação do Estado a iniciativa dos produ
priedade agrícola a e.xportar, também álcool, outro composto, orgânico cons tituído e.xclusivamente pelos elementos redrados da água e do gás carbônico do
suas diretrizes em face da agro-indústría do açúcar. Afora o já referido De
tores, no sentido de abrir à mais anti
ar. Os sais ficaram nas caldas residuais
ves e de alta cirurgia."
A ação do Governo tem-se manifes
reflete o pensamento de conjugar com a
creto-lei n.° 9.827, de 10 de setembro de
ga indústria agrária do Brasil novas pos sibilidades de e.xploração da terra, de
1946, que autoriza a revisão geral das
reaparelhamento das fábricas, de distri
quotas de produção das usinas, foi ex
buição das safras, de financiamento dos lavradores e usineiros, de assistência e
pedido o Decreto n.° 25.174-A, de 3
que, se ainda hoje não são integralmente aproveitadas, poderão sê-lo. em breve graças às constantes conquistas da téc nica.
Por outro lado, a cana, com seu cres
toneladas que o Havaí obtém, no Bra sil o tênno médio ainda c de 38 tone
ladas por hectare, sem que a extensão total da cultura — 818 mil hectares — possa ser apontada como determinante fatal desse fenômeno.
Nas modernas práticas de defesa e enriquecimento do solo e de p'antio,
bem como na seleção de variedades, mais adequadas, estão as possibilidades de transformar a economia açucareira me
diante o único recurso eficaz, que é o de barateamento do custo para permi tir o aumento do consumo interno e
de julho de 1948, que adota medidas
valorização do homem do campo, de
cimento entouceirado, cobre quase por
fazer face à competição internacional.
de estímulo á produção de álcool para
acordo com os preceitos e os ensinamen
fins carburantes. Harmonizam-se intei
tos da ciência e da técnica modernas.
nor produção de cana por hectare é o
Em particular, a atuação do Minis
completo o solo, protegendo-o eficaz mente contra os agentes da erosão, en quanto seu abundante .sistema radicular
legais, porque se destinam a incentivar a
tério da Agricultura se tem feito sentir
fabricação do açúcar mais procurado e do álcool-motor. Além disso, para me
contribui para reduzir as perdas por lixiNiação.
lhor estímu'ò à produção e atender à
na busca de elementos que pennítam à tradicional cultura da cana aproximar-se das conquistas assinaladas por outros paí
A agro-indústria canavieira, pois, es tá incorporada às melhores conquistas
expansão do consumo nacional de car-
ses no rendimento, tanto da produção
da civilização brasileira.
biu-ante, foi estabelecida a paridade de preços do açúcar com o álcool produ zido diretamente da cana ou do mel rico, visando garantir justa remuneração daS atividades agrícolas e industriais. Esta preocupação de justiça económico-social in.spirou outras providências go vernamentais, pleiteadas pelas classes produtoras do País, encaminhadas pelas
daquela matéria-prima, em relação à área, quanto da produção do açúcar em
Mas, segundo um conceito" funda mental, embora elementar, de econo mia, a sobrevivência o o lucro de uma indústria se apoiam nas condiç-ões do
ramente as finalidades desses diplomas
suas entidades representativas nos Es tados e estudada.s pelo órgão do seu
contrôle, de conformidade com a orga
nização que coordena, disciplina e im pulsiona a economia canavieira. Assim
relação à cana.
A exploração da cana-de-açúcar, quan do racionalmente praticada, é uma das práticas agrícolas que menos contribuem
equilíbrio entre as despesas que exige c a receita que proporciona.
Enquanto os níveis atingidos pela re
para o esgotamento do solo.
Realmente, o açúcar que sai das usi
ceita bruta são geralmente estabelecidos
nas é um hidrato de carbono quase
por fatôres externos, alheios às pos
quimicamente puro, contendo apenas
sibilidades de contrôle do produtor, as despesas são condicionadas pela nature za e eficiência dos métodos de pro
traços mínimos de resíduo miiferal.
O
açúcar retém, portanto, cLa proprieda de agrícola, apenas os elementos da
dução.
ó que o reajustamento dos preços do
água e do anidrido carbônico do ar, que a energia dos raios de sol reuniu no
Há, evidentemente, um extenso ca minho a percorrer no sentido da reforma
açúcar às condições do mercado interno,
laboratório maraviUioso das folhas ver
desde a extinção do seu racionamento no Distrito Federal e em São Paulo,
des da cana. Para qu.e esse laboratório
dos métodos da nossa mais antiga in dústria agrária, diante dêste fenômeno;
tem obedecido a inquéritos sôbre os
custos da produção agrícola e indus trial, inquéritos esses realizados pelo Instituto do Açúcar e do Álcool e re
examinados por comissões especiais, a
funcione eficientemente, necessita de
elementos minerais que são tirados do solo. Mas, quando a fotossíntese acu mula, na cana, suficiente quantidade de sacarose, e o homem a extrai e purifica; voltam novamente ao solo, incorporados
enquanto a média de rendimento, por hectare, em vários países, já excede de 50 toneladas, alcançando mesmo a 120 toneladas no Peru, sem falar nas 160
A primeira das causas diretas da me
baixo nível de fertilidade das terras, a ser corrigido pela adubação e a cala-
gein-drenagem, em alguns casos, e ir rigação em outros — ou seja, pela racio nalização das práticas agrícolas, quanto ao preparo do solo e às operações co muns a qualquer cultura.
As Estações Experimentais de Cura
do, Campos e Quissamã e a Subestação de Barbalha, com a cooperação do Ins tituto do Açúcar e do Álcool, procedem, nos seus próprios campos e nas planta ções particulares, a' e.x-perimentos c es
tudos com resultados que muito se re comendam para a consecução do obje tivo comum: bai.xar o custo da pro dução.
As experiências de adubação ofere cem dados os mais convincentes.
Em cultuias cujo rendimento médio
era de 35,3 toneladas por hectare, a introdução de dose simples de azòto ele vou êsse rendimento a 46,8 toneladas e de dose dupla a 63,3 toneladas. Nou
tras onde já se colhiam 82,1 toneladas, a colheita aumentou para 99,5 e 106,4 toneladas.
Terras desprovidas de fósforo, que
DítiKsid Econômico
TTTTT
Gíí
produziam 28,2 toneladas por hectare, passaram a produzir 58.1 mediante ») emprego de dose simples daquele fcrtiÜzimle e 61,2 toneladas com aplicação de dose dupla. Onde o elemento deficiente era o
potássio, registrando-se uma produção de 54,6 toneladas por hectare, doses simples dè.sse mineral fizeram crescer o rendimento médio para 62.5 toneladas v doses duplas e'evaram-no a 72.5 tone
•j-odu variedade housc. a Co 421 ziu. respectivanu-ntc 98 7, '"'"a, ' ' 6-1,3, donde a média," bastante "
de 80,1 toneiaflas pm- bcc tarePor iVtinio. indicam os
falhas no camuial como um ponsa%eis diretos pela queda cie ção ' ix.r iKctare. e os mcio.s de . , •• ^ os nicios
;
„,,vi,„nln
ias pelo plantio racional e o tratm''*-"'. das estacas com o au.xílio cie
das. Cumpre salientar o <-spi'it<> P gressislu de alguns ciiltivad.)ic'S 0^'^" '
ladas.
Numa cultura experimental, com o
mtrcxlnziram o plantio niccànicm/"'
rendimento, por hectare, de 64 tonela
ziindo, aliás, eciuipamonto constri''d"
das de cana, a aplicação de 300 quilos de salitre fêz subir aquela media para 7.5,3 toneladas e uma quantidade dupla
próprias oficina.s.
cota - junta-se. para majoração
do mesmo mineral a elevon a 85,8 to
ço do custo, outro fator - baiN<'
neladas.
mcnto industrial.
São dados, êsses, colhidos ao acaso na
Ao fator — baixo rendimento agri......AW
cultura, a qual, aliás, serviu também de base a estudos e teses trazidos a debate neste
Congre.sso.
1^.
Em Cuba, onde a colheita p'"'
farta documentação técnica das
• e.stações e subestações experi mentais do Ministério da Agri
lenoiiN».'--
é semelhante á do I extraem, em média,
fO kg de açúcar de cada to[lada de cana. Porto obtém uma produção
.evada cie cana por hcctaie, mio também iim rcnf^hncno
E' o que igualmente acontece em re lação às variedades de cana colocadas
industrial mais forte.
cm competição há muitos anos'.
75 kg. dc açúcar por tonelada cie cana,
Brasil, a média clésse lendimtmto,
Observam-.sc. neste trabaliio, com re
é resultante de extremos muito afasta-
ferencia a cada uma delas, o rendimen
dos, dada a existência cie grande nume
- - --
W
V.WVJ ^ » J J%/.>
ill*»»**'
to agrícola, não só da cana planta, co
ro de láljricas com aparelhameiito p"-'*
mo da.s socas, e o rendimento indus trial prováve'.
cario ou niesnío obsoleto.
A.s.sim c que se viu, em canaviais plan tados cm dezembro de 1944, na Ea-
zenda Angra, de Campos, o comporta mento de uma dezena de variedades nas
diferentes colheitas.
Enquanto a POJ
2878, cuja introdução no Brasil revolu cionou a nossa cultura canavieira, apre
sentou um rendimento médio de 52,4
tonelada.s por hectare, sendo 51,6 na
planta, 57,7 na soca e 48,1 na re.s.soca.
Inclusive nos grandes estabelceimen*
tos*in^u.striais, onde o rendimento é dc cerca de 100 kg de açúcar por lonclucla' de cana, ésse resultado poderia .ser au
mentado pela adoção de. xarieclaclcs mais ricas e pela mais segura ordena ção do período cie mnagcm.
Enquanto nas usinas ciibana.s a safm tem a duração de 150 ,a 160 dias, den
tro de um período ótimo de desenvoMmento e maturação da planta, entre nós
Íií
a inoagein não raro se prolonga por 240 a 260 dias, portanto, uma extensão
cursos a mais pro\-eitosu aplicação na
de tempo em que não podem ser manti das aquelas condições.
ra, em auxílios aos institutos de pesqui
Outra forma do reduzir o custo cia
assistência às diferentes áreas de cultu
sas e no esforço tecnológico necessário
a
assegurar
as bases sólidas
para
produção será o abandono cias práticas obsoletas de colheita c amarração dos
o reaparecimento da nossa produção
feixes, o transporte pelos cambitciros e
nal.
as sucessi\'a.s baldeaçoes desde os cana-
\'{ais até a plataforma da usina, median te o emprego dos equipamentos mo
açucareira
no
mercado
internacio
Rara èsse fim, resultaram, do conclave que ora se encerra, suge.stões fun
dadas em depoimentos e documentários
dernos, geralmente utilizixdos em outros
\aliosos e apreciadas num ambiente de
países produtores.
mútua compreensão. Senhor Presidente Edgar de Goes
Relativamente à organização da eco nomia do açúcar e cio álcool, ^•emos
nela uma das mais dilatadas experiências brasileiras cie interxenção do Estado nas
atividades produtoras e comerciais. Já agora, parece aconselhável que o órgão autárquico executor dessa intervenção só c.xcepcionalmente possa ter encargos de industrial, transportador e \endecÍor.
Monteiro, Senhores Congressistas: re
cebei do Senhor Presidente da República e cie mim próprio as melhores congratuhiçoes pela fecundidade de vossos tra balhos e o preito de confiança do GoNÒrno de que continuareis a servir, co mo o fizeram vossos antecessores e an
tepassados, senhores de engenho das vá rias regiões do País, à segurança e in
São oportunas, igualmente, reformas na política e na estrutura da entidade, me
tegridade da Pátria, à estabilidade e ao
lhor definindo e circunscrevendo os ob
flore.scimenlo da.s instituições democrá-
jetivos essenciais e ciando aos seus re
tica.s.
DítiKsid Econômico
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produziam 28,2 toneladas por hectare, passaram a produzir 58.1 mediante ») emprego de dose simples daquele fcrtiÜzimle e 61,2 toneladas com aplicação de dose dupla. Onde o elemento deficiente era o
potássio, registrando-se uma produção de 54,6 toneladas por hectare, doses simples dè.sse mineral fizeram crescer o rendimento médio para 62.5 toneladas v doses duplas e'evaram-no a 72.5 tone
•j-odu variedade housc. a Co 421 ziu. respectivanu-ntc 98 7, '"'"a, ' ' 6-1,3, donde a média," bastante "
de 80,1 toneiaflas pm- bcc tarePor iVtinio. indicam os
falhas no camuial como um ponsa%eis diretos pela queda cie ção ' ix.r iKctare. e os mcio.s de . , •• ^ os nicios
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ias pelo plantio racional e o tratm''*-"'. das estacas com o au.xílio cie
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ladas.
Numa cultura experimental, com o
mtrcxlnziram o plantio niccànicm/"'
rendimento, por hectare, de 64 tonela
ziindo, aliás, eciuipamonto constri''d"
das de cana, a aplicação de 300 quilos de salitre fêz subir aquela media para 7.5,3 toneladas e uma quantidade dupla
próprias oficina.s.
cota - junta-se. para majoração
do mesmo mineral a elevon a 85,8 to
ço do custo, outro fator - baiN<'
neladas.
mcnto industrial.
São dados, êsses, colhidos ao acaso na
Ao fator — baixo rendimento agri......AW
cultura, a qual, aliás, serviu também de base a estudos e teses trazidos a debate neste
Congre.sso.
1^.
Em Cuba, onde a colheita p'"'
farta documentação técnica das
• e.stações e subestações experi mentais do Ministério da Agri
lenoiiN».'--
é semelhante á do I extraem, em média,
fO kg de açúcar de cada to[lada de cana. Porto obtém uma produção
.evada cie cana por hcctaie, mio também iim rcnf^hncno
E' o que igualmente acontece em re lação às variedades de cana colocadas
industrial mais forte.
cm competição há muitos anos'.
75 kg. dc açúcar por tonelada cie cana,
Brasil, a média clésse lendimtmto,
Observam-.sc. neste trabaliio, com re
é resultante de extremos muito afasta-
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ro de láljricas com aparelhameiito p"-'*
mo da.s socas, e o rendimento indus trial prováve'.
cario ou niesnío obsoleto.
A.s.sim c que se viu, em canaviais plan tados cm dezembro de 1944, na Ea-
zenda Angra, de Campos, o comporta mento de uma dezena de variedades nas
diferentes colheitas.
Enquanto a POJ
2878, cuja introdução no Brasil revolu cionou a nossa cultura canavieira, apre
sentou um rendimento médio de 52,4
tonelada.s por hectare, sendo 51,6 na
planta, 57,7 na soca e 48,1 na re.s.soca.
Inclusive nos grandes estabelceimen*
tos*in^u.striais, onde o rendimento é dc cerca de 100 kg de açúcar por lonclucla' de cana, ésse resultado poderia .ser au
mentado pela adoção de. xarieclaclcs mais ricas e pela mais segura ordena ção do período cie mnagcm.
Enquanto nas usinas ciibana.s a safm tem a duração de 150 ,a 160 dias, den
tro de um período ótimo de desenvoMmento e maturação da planta, entre nós
Íií
a inoagein não raro se prolonga por 240 a 260 dias, portanto, uma extensão
cursos a mais pro\-eitosu aplicação na
de tempo em que não podem ser manti das aquelas condições.
ra, em auxílios aos institutos de pesqui
Outra forma do reduzir o custo cia
assistência às diferentes áreas de cultu
sas e no esforço tecnológico necessário
a
assegurar
as bases sólidas
para
produção será o abandono cias práticas obsoletas de colheita c amarração dos
o reaparecimento da nossa produção
feixes, o transporte pelos cambitciros e
nal.
as sucessi\'a.s baldeaçoes desde os cana-
\'{ais até a plataforma da usina, median te o emprego dos equipamentos mo
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no
mercado
internacio
Rara èsse fim, resultaram, do conclave que ora se encerra, suge.stões fun
dadas em depoimentos e documentários
dernos, geralmente utilizixdos em outros
\aliosos e apreciadas num ambiente de
países produtores.
mútua compreensão. Senhor Presidente Edgar de Goes
Relativamente à organização da eco nomia do açúcar e cio álcool, ^•emos
nela uma das mais dilatadas experiências brasileiras cie interxenção do Estado nas
atividades produtoras e comerciais. Já agora, parece aconselhável que o órgão autárquico executor dessa intervenção só c.xcepcionalmente possa ter encargos de industrial, transportador e \endecÍor.
Monteiro, Senhores Congressistas: re
cebei do Senhor Presidente da República e cie mim próprio as melhores congratuhiçoes pela fecundidade de vossos tra balhos e o preito de confiança do GoNÒrno de que continuareis a servir, co mo o fizeram vossos antecessores e an
tepassados, senhores de engenho das vá rias regiões do País, à segurança e in
São oportunas, igualmente, reformas na política e na estrutura da entidade, me
tegridade da Pátria, à estabilidade e ao
lhor definindo e circunscrevendo os ob
flore.scimenlo da.s instituições democrá-
jetivos essenciais e ciando aos seus re
tica.s.
Digesto Econômico 69
sempre a braços com terrí\cis dificul
RUI E NA Luís
dades financeiras. Também a saúde não lhe fôra propícia na mocidade. E
tudo isso contribuíra para se lhe grava
Viana Filho
rem na alma, indelèvelmente, marcas e reações inteiramente desconhecidas de
Ao ser honrado pelo convite do De partamento de Cultura, pareceu-me que ao fa'ar em São Paulo, na hora em que a Nação já inicia as comemorações dos centenários de Nabuco e Rui, não
seria sem propósito escolhesse como tema as duas grandes figuras da nacionalidade. É que, embora nascidos em outras re giões do País, aqui terçaram êles as primeiras armas, iniciando carreiras des
volucionário da Sabinada.
alheias à vontade do autor, não o foi. O "Digesto Econômico" setUe-se, po rém, honrado em divulgar o importante
gativas da Coroa.
trabalho elaborado pelo autor de "A vida de Rui Barbosa" e que atualmen te está escrevendo a biografia de Joaquim Nabuco
tinadas à imortalidade. O que eqüivale dizer que à glória de ambos estão indiscultura da terra bandeirante. São títu
colocou a mocidade paulista, sob as arcadas da velha Faculdade de Direito, as placas que ali deviam lembrar pelo tempo afora os nomes de três dos seus
mais diletos filhos; Rui Barbosa — Joa quim Nabuco — Rio Branco.
recíproca a admiração do um pelo outro. Nenhuma nuvem de ciúme, e muito me
nos de despeito ou do rivalidade, tolda as relações entre os dois. Durante mais
de quarenta anos, quer militassem na mesma arena, quer em campos opostos — ocasião em que preferiram o si'êncio
— nada, nenhuma palavra ou atitude, revela qualquer sentimento que não seja o da mais franca e leal admiração. Isso,
tão da intimidade dos vossos estudos,
apesar de serem personalidades profun damente diversas, como não poderia deixar de .ser, atentas as origens e a formação espiritvial de onda qual. De fato, enquanto Nabuco, embebido desde a adolescência nos princípio.s do sistema parlamentar inglês, era, pelo
sei se sou injusto ao imaginar que diante de muitos já se começa a levantar a mesma interrogação tantas vezes repe
tida — qual dos dois foi maior? Rui ou Nabuco? Ê que, freqüentemente, tem a fantasia de alguns criado entre os dois
uma espécie de emulação, de rivalidade,
ante a qual teria de decidir o juízo dá posteridade. A verdade, porém, no caso particular
de Rui e Nabuco, é que os fatos, longe de nos levíuem àquela fictícia emulaçilo. nos nio.sfrain quanto foi perfeita o
o iniciador da idéia federativa",
acrescentava Nabuco: "A bandeira fe
deral passou das minhas mãos para as do sr. Rui Barbosa. Pela atitude que julguei dever tomar depois de 13 de maio, perdi a confiança de elementos de
herdeiro dum velho defensor das prerro
felizmente, Rui Barbosa, que está re presentando o papel de Evaristo, é no
Nessa diversidade de origens e de for mação deve estar, em grande parte, a base das sensíveis diferenças entre as
fundo republicano e eu sou monarquista.
personalidades de Rui e Nabuco, e das
dando pela federação com ou sem a
quais a principal, acredito, é que en quanto este último é um refonnador, o
Isto me impede de acompanhar o meu ilustre amigo na campanha que êle está monarquia". Queria, assim, a federação com a monarquia. Ou melhor, só a de
primeiro possui a alma do revolucíoná- . sejava com a monarquia.
Por certo, ao tratar de dois vultos
nada poderei dizer que já não seja do vosso conhecimento. Entretanto, pela simples associação dos dois nomes, não
rar
O outro o 'opinião que sempre me escutaram. In
rio. Ou melhor: Nabuco reforma, para
solüvelmente vinculados o civismo e a
los que se não esquecem. E tanto sabe disso o vosso orgulho, que há anos
Nabuco. Um é o filho do antigo re
Esta conferência deveria ter sido pro ferida em Srto Paulo. Por circunstâncias
o ministério Ouro Preto, após sc decla
berço, um filbo mimado da fortuna, belo, abastado, cheio de talento, e a
ostentar no nome uma estiqje da quí^l
conservar — Rui destrói para inovar. Realmente, embora tenha tido como
diz Graça Aranha, o heroísmo de se parar-se da aristocracia e fazer a Abo
lição, Nabuco manteve grande nprêço pela salvaguarda do regime monárqui co.
Do mesmo modo que, fervoroso
pregoeiro da federação, não vacilou em
deixar passar a bandeira federalista das suas mãos para as de Rui, no momen
como ocorre por ocasião do ministério
tá-la sem o sacrifício da Coroa.
conser\'ador de João Alfredo, que apóia
Es.sa
limitação só é concebível em Nabuco
pe'a fôrça do passado, que o chumbava à sua c'asse, pois, embora reconhecesse a "incomunicabilidado entre èle e as
classes privilegiadas pela organização social existente", não se esquecia de verberar o erro dos^ que "o supõem
vitalícia do Império, Rui, de formação norte-americana, provinha de um lar modesto, abatido por duras e longas provações.
do segundo senador Nabuco.
Nascera na pobreza e pre
senciara a luta dese-sperada do pfii'
J.
formistas bem acima dos partidos, que considerava "igualmente plutocráticas",
to em que percebeu não poder susten
inimigo da sua classe quando se é tão somente inimigo da opressão, que ela exerce sobre outras". Por mais que subisse, não se podia libertar das suas raízes, não fugiria à condição de neto do primeiro senador Nabuco, e filho
cru o Conselhoiro Nabuco, em linha reta, o segundo a sentar-se na câmara
No terreno das idéias políticas, êsse apego ao "vieux regime" constitui jus tamente o divisor de águas entre Na buco e Rui, e assinala com nitidez a distímcia entre o revolucionário, que era Rui. e o reformador, que era Nabuco. Embora fôsse êste um dos espíritos mais avançados de seu tempo, e não poucas vezes colocam-se as suas convicções re
Por isso, no discurso com que recebeu
para se manter fiel ao ideal abolicionista.
Êle próprio escreveria estas pala\Tas, que bem lhe definem a posição no lus-
co-fusco do Império: "Eu hoje luto por idéias e não por partidos. Nas idéias sou intransigente, quanto aos partidos não me presto mais a galvanizá-los. Estão mortos e bem mortos." Contudo mau grado ser uma inteligência' aberta
as reformas sociais, até as mais profimdas, como é o caso da Abolição, Na
buco manter-se-ia atado diante do prin cipio monárquico.
É mesmo curioso
que, havendo participado com tanto vigor na campanha da Abolição, reforma
Digesto Econômico 69
sempre a braços com terrí\cis dificul
RUI E NA Luís
dades financeiras. Também a saúde não lhe fôra propícia na mocidade. E
tudo isso contribuíra para se lhe grava
Viana Filho
rem na alma, indelèvelmente, marcas e reações inteiramente desconhecidas de
Ao ser honrado pelo convite do De partamento de Cultura, pareceu-me que ao fa'ar em São Paulo, na hora em que a Nação já inicia as comemorações dos centenários de Nabuco e Rui, não
seria sem propósito escolhesse como tema as duas grandes figuras da nacionalidade. É que, embora nascidos em outras re giões do País, aqui terçaram êles as primeiras armas, iniciando carreiras des
volucionário da Sabinada.
alheias à vontade do autor, não o foi. O "Digesto Econômico" setUe-se, po rém, honrado em divulgar o importante
gativas da Coroa.
trabalho elaborado pelo autor de "A vida de Rui Barbosa" e que atualmen te está escrevendo a biografia de Joaquim Nabuco
tinadas à imortalidade. O que eqüivale dizer que à glória de ambos estão indiscultura da terra bandeirante. São títu
colocou a mocidade paulista, sob as arcadas da velha Faculdade de Direito, as placas que ali deviam lembrar pelo tempo afora os nomes de três dos seus
mais diletos filhos; Rui Barbosa — Joa quim Nabuco — Rio Branco.
recíproca a admiração do um pelo outro. Nenhuma nuvem de ciúme, e muito me
nos de despeito ou do rivalidade, tolda as relações entre os dois. Durante mais
de quarenta anos, quer militassem na mesma arena, quer em campos opostos — ocasião em que preferiram o si'êncio
— nada, nenhuma palavra ou atitude, revela qualquer sentimento que não seja o da mais franca e leal admiração. Isso,
tão da intimidade dos vossos estudos,
apesar de serem personalidades profun damente diversas, como não poderia deixar de .ser, atentas as origens e a formação espiritvial de onda qual. De fato, enquanto Nabuco, embebido desde a adolescência nos princípio.s do sistema parlamentar inglês, era, pelo
sei se sou injusto ao imaginar que diante de muitos já se começa a levantar a mesma interrogação tantas vezes repe
tida — qual dos dois foi maior? Rui ou Nabuco? Ê que, freqüentemente, tem a fantasia de alguns criado entre os dois
uma espécie de emulação, de rivalidade,
ante a qual teria de decidir o juízo dá posteridade. A verdade, porém, no caso particular
de Rui e Nabuco, é que os fatos, longe de nos levíuem àquela fictícia emulaçilo. nos nio.sfrain quanto foi perfeita o
o iniciador da idéia federativa",
acrescentava Nabuco: "A bandeira fe
deral passou das minhas mãos para as do sr. Rui Barbosa. Pela atitude que julguei dever tomar depois de 13 de maio, perdi a confiança de elementos de
herdeiro dum velho defensor das prerro
felizmente, Rui Barbosa, que está re presentando o papel de Evaristo, é no
Nessa diversidade de origens e de for mação deve estar, em grande parte, a base das sensíveis diferenças entre as
fundo republicano e eu sou monarquista.
personalidades de Rui e Nabuco, e das
dando pela federação com ou sem a
quais a principal, acredito, é que en quanto este último é um refonnador, o
Isto me impede de acompanhar o meu ilustre amigo na campanha que êle está monarquia". Queria, assim, a federação com a monarquia. Ou melhor, só a de
primeiro possui a alma do revolucíoná- . sejava com a monarquia.
Por certo, ao tratar de dois vultos
nada poderei dizer que já não seja do vosso conhecimento. Entretanto, pela simples associação dos dois nomes, não
rar
O outro o 'opinião que sempre me escutaram. In
rio. Ou melhor: Nabuco reforma, para
solüvelmente vinculados o civismo e a
los que se não esquecem. E tanto sabe disso o vosso orgulho, que há anos
Nabuco. Um é o filho do antigo re
Esta conferência deveria ter sido pro ferida em Srto Paulo. Por circunstâncias
o ministério Ouro Preto, após sc decla
berço, um filbo mimado da fortuna, belo, abastado, cheio de talento, e a
ostentar no nome uma estiqje da quí^l
conservar — Rui destrói para inovar. Realmente, embora tenha tido como
diz Graça Aranha, o heroísmo de se parar-se da aristocracia e fazer a Abo
lição, Nabuco manteve grande nprêço pela salvaguarda do regime monárqui co.
Do mesmo modo que, fervoroso
pregoeiro da federação, não vacilou em
deixar passar a bandeira federalista das suas mãos para as de Rui, no momen
como ocorre por ocasião do ministério
tá-la sem o sacrifício da Coroa.
conser\'ador de João Alfredo, que apóia
Es.sa
limitação só é concebível em Nabuco
pe'a fôrça do passado, que o chumbava à sua c'asse, pois, embora reconhecesse a "incomunicabilidado entre èle e as
classes privilegiadas pela organização social existente", não se esquecia de verberar o erro dos^ que "o supõem
vitalícia do Império, Rui, de formação norte-americana, provinha de um lar modesto, abatido por duras e longas provações.
do segundo senador Nabuco.
Nascera na pobreza e pre
senciara a luta dese-sperada do pfii'
J.
formistas bem acima dos partidos, que considerava "igualmente plutocráticas",
to em que percebeu não poder susten
inimigo da sua classe quando se é tão somente inimigo da opressão, que ela exerce sobre outras". Por mais que subisse, não se podia libertar das suas raízes, não fugiria à condição de neto do primeiro senador Nabuco, e filho
cru o Conselhoiro Nabuco, em linha reta, o segundo a sentar-se na câmara
No terreno das idéias políticas, êsse apego ao "vieux regime" constitui jus tamente o divisor de águas entre Na buco e Rui, e assinala com nitidez a distímcia entre o revolucionário, que era Rui. e o reformador, que era Nabuco. Embora fôsse êste um dos espíritos mais avançados de seu tempo, e não poucas vezes colocam-se as suas convicções re
Por isso, no discurso com que recebeu
para se manter fiel ao ideal abolicionista.
Êle próprio escreveria estas pala\Tas, que bem lhe definem a posição no lus-
co-fusco do Império: "Eu hoje luto por idéias e não por partidos. Nas idéias sou intransigente, quanto aos partidos não me presto mais a galvanizá-los. Estão mortos e bem mortos." Contudo mau grado ser uma inteligência' aberta
as reformas sociais, até as mais profimdas, como é o caso da Abolição, Na
buco manter-se-ia atado diante do prin cipio monárquico.
É mesmo curioso
que, havendo participado com tanto vigor na campanha da Abolição, reforma
''ti*
EcaiNOMinO
DlGliSTO Ecünô
cia iraiKjüila. sem remorsos, para os tocracia meio burguesa, cia tpial provi
Nabuco, os seus sentimentos, iio fund são os cie um puro re\<)'ucionário. Oi
'^cça, como diria. .\tituclc impossível
nha, do que a mudança da forma de governe, hc-uvesse permanecido, até ao
scn."^ ideais de reforma iiao conhecem oS
t m Nabuco, para quem a monarciuia,
entraves impost<'S pela preser\ação da
bio intimamente vinculada no sen c.spírito à idéia clc ordem, dcsia apresenUu-
de repercussão niuilo maior, pura a aris N' A.'
'sacrifício, preso ao sistema monaiípiico. O fato, e% ide ntcmcnte, embora possa ser
formalmente explicado pelo "fundo he reditário" a que se refere na "Minha Formação", e pelas con\icções monar-
I
quistas auridas da leitura da Cmu/i/ii/ção inglesa, de Bagehot, deve ter raí'zcs mais fundas.
Realmente, sob o monarquismo de
ordem constituída.
A sua ação náo co-
niifce os limites naluralnicnte imp^^stos
a c^iiem não se desejasse afaslár cio ca minho da c\r)lução (íentro da orclern le gai. Os M-us limites são outros, muito mais amplos. - mais largos, e também;.' muito mais flexíveis. São os limites d próprias idéias, ({ue deíende. e q\i
não são (.ulras senão as da pura dei
Arriscando a ca-
SC não como um fim em si mesma,
pelo menos como iiistiliiição cujo dcsa-
expressão. Dai ha\-er lutado pe'a Abo
são mais do que um natural desdobra-
lição dentro da monarquia, isto é, uma reforma realizada com a prcser\açáü da
niento dac|uc!as idéias. E, para as atin
entanto, ao acreditar ser lc\acln pela lazao, quando, na \crdade. esta apenas
gir, a manutenção da ordem, ou a pre-
SC acomodava a razoes do seu subcons
.servação da forma clc govérno consti
ciente.
tuem ob.stácu]os dc pequena significação. Se necessário, élc os destruirá iinplacà-
Na realidade, o reformador não pu dera acompanhar os passos do re\'oíu-
um cortesão, e muito menos um áulico.
\'elmcnte.
Mas, para Nabuco — e disso é bem p)s-
corrente cpie aiTasta\'a a no\a geração para a República," Engiuiava-se, no
cada pas.so emerge natura'nientc cio mais
cionário. Assim, se Rui se integra no movimento re
s)\'el não tives.se noção exata — o trono
íntimo da sua alma c; refonna ou re-
belde da República, paru
de\ia representar a ordem, cuja ruptura não se coadunava com a sua pev.soiiali-
reira de homem público, Na
dade. Só isso e.xplica uma inteligência
\'olução! A mesma (|uc os liberai.s ha\iam lançado depois cia queda dc Zacúrias, em 68, mas da qual, geralmen
buco, certamente dominado
tão ace.ssí\'el às idéias no\'as encaliiar
te, estavam considerà\clmenle distantes.
pelo sentimento de fidelida
Por isso, a fórmula cjue a
Ao lemporainento de Rui, entretanto, e'a
de à ordem constituída, as-
AncK)rar em S. Cristóvão, e imaginar po
jamais assustaria, uma vez c|ue a con
der levar a bom termo as reformas ar
siderasse útil para a \'itória dos .seus s "princípios". Aí a razão fundamental do [Xiuco apreço em que sempre teve todas as forma.s de governo, inclusive a republicana. E o apreço ainda nicnor com que sempre encarou a Coioa,
.siste, conscientemente, à imolação de todas as suas ambi-
idealismo, graças tão somente a uma
evolução processada so]> a égide da
Coroa.
Numa palavra, a ânsia de re-
fonna, tão viva e ardente em Nabuco,
çcSes políticas. Nem se diga
clc
Por ÍS.SO, embora declarando-se
monarquista, pôde passar dc eonscien-
ao
prodamar-se
ro. e eslava bem certo de
13 de maio ligara Nabncn,
lar.
de maneira indissolúvel, à sorte da mo
narquia. Is.so é inexato. Até porque a
vras tal\'ez injustas, por excessivas, mas
cio pensamento e da ação de Hui Bar bosa, logo i'ercmos cjtie, ao contrário cie
st ria sempre fiel a si próprio, às suas
lie a sua "fixação monárnica inalterável" provinha leitura de Bagehot, NaJico era absolutamente sin-
meios para alcançar objeti\os cleterini.
nados, e qne deveriam sei' substituídos se incapazes de realizar aqueci finalida-
de Nabuco, revela constante desapego dos pio\'entos de ordem pessoal. Êle
que a gratidão nascida em
Imperador em face do cativeiro.
Longe
_mavquista, ou ao afirmar
siva, e que não abrisse oportunidade e Ora, se acompanliarnios a trajetória
nobre, ditado pelo interesse.
disso, tòda a ação voluntária, consciente,
sen espírito.
subversões de conseqüências mais ou menos imprevistas.
lentas, cvJin os ideais de progresso que sinceramente acalentou. .Miás. ésse pro-. cesso de acomodação não representa ati tude deliberada, e na qual pudéssemos vislumbrar qualquer pensamento menos
lAssim,
ele devemos algumas das páginas mais candentes contra a omissão do próprio
mento duma evolução natural, progres
mon:'irqnismo, no fiind'0. representava um processo de acomodação do seu tem peramento, avesso às IransFormações vio
idéias e convicções. Mas, o que não podia — c ninguém bde — era fugir íis forças jai.s profundas c remotas
a dinastia, e o próprio Imperador. Paru éle, a monarquia e as demais formas de govérno não represenlaxain mais do que
era refreada pela idéia ou pelo senti
causa.s remotas, consecjüéncia dc velhas
pro.sseguii' uma glorio.sa car
definitivamente no principio monárcjuico. dentemente a'mejadas, pelo mais puro
destino que não consemvimos \'encer. Também à persomrlidade. resultado de
tável. Bc-m alto seria o de Nabuco, cujo
o federalismo, e até a KepnbMca. não
Não cjue fosse
plena florescência. Mas, -não é apenas o
us seus sentimentos descia\ am piolongar.
Diante da República, intenso conflito travar-se-ia no espírito de Nabuco. Dèle c éste testemunho: "Nada podia ser mai,s doloroso para mim do que a resis tência cpie a minha razão opunha à
está um arraigado amor à ordem cons tituída. da qual era a Coroa a mais alta
tocar na monarcpiia.
aspirações duma carreira política em
i.stralificaçõcs. e qne oin regra ignoran:.),s, deve cada um pagar friÍ>ntc) inevi
crucia libcjul.
direta, a separação da Igreja do Estado,
ate ao ponto dc o(erccer-!he, no apo geu da vida. o sacrifício dc todas as
parecinunto a sua r:i/..ão aceiUna. mas
Nabuco, sustcntundo-o c a)imenlando-o,
estrutura do goxèrno, do mesmo modo que imaginou alcançar a federação sem
A Abolição, a cleiçâ'
urraiais republicanos.
Pala
suficientes para mostiar que não po, deria sobreestimar o papel da Coroa, no desfecho da campanha abolicionista,
exclusivanienle,
em
suas convicções políticas,
pois não tomos espelhos para ver a nossa
próprUi alma. Não lhe seria
dado perceber que aqnela.s conviccões eram, em boa parte, o reflexo das suas
01 igen.': e da sua formação espiritual orientada pelo pai. Nabuco orguhraMrse de ser um reformador. Mas, certa mente, teria pudor de se ver inscrito
''ti*
EcaiNOMinO
DlGliSTO Ecünô
cia iraiKjüila. sem remorsos, para os tocracia meio burguesa, cia tpial provi
Nabuco, os seus sentimentos, iio fund são os cie um puro re\<)'ucionário. Oi
'^cça, como diria. .\tituclc impossível
nha, do que a mudança da forma de governe, hc-uvesse permanecido, até ao
scn."^ ideais de reforma iiao conhecem oS
t m Nabuco, para quem a monarciuia,
entraves impost<'S pela preser\ação da
bio intimamente vinculada no sen c.spírito à idéia clc ordem, dcsia apresenUu-
de repercussão niuilo maior, pura a aris N' A.'
'sacrifício, preso ao sistema monaiípiico. O fato, e% ide ntcmcnte, embora possa ser
formalmente explicado pelo "fundo he reditário" a que se refere na "Minha Formação", e pelas con\icções monar-
I
quistas auridas da leitura da Cmu/i/ii/ção inglesa, de Bagehot, deve ter raí'zcs mais fundas.
Realmente, sob o monarquismo de
ordem constituída.
A sua ação náo co-
niifce os limites naluralnicnte imp^^stos
a c^iiem não se desejasse afaslár cio ca minho da c\r)lução (íentro da orclern le gai. Os M-us limites são outros, muito mais amplos. - mais largos, e também;.' muito mais flexíveis. São os limites d próprias idéias, ({ue deíende. e q\i
não são (.ulras senão as da pura dei
Arriscando a ca-
SC não como um fim em si mesma,
pelo menos como iiistiliiição cujo dcsa-
expressão. Dai ha\-er lutado pe'a Abo
são mais do que um natural desdobra-
lição dentro da monarquia, isto é, uma reforma realizada com a prcser\açáü da
niento dac|uc!as idéias. E, para as atin
entanto, ao acreditar ser lc\acln pela lazao, quando, na \crdade. esta apenas
gir, a manutenção da ordem, ou a pre-
SC acomodava a razoes do seu subcons
.servação da forma clc govérno consti
ciente.
tuem ob.stácu]os dc pequena significação. Se necessário, élc os destruirá iinplacà-
Na realidade, o reformador não pu dera acompanhar os passos do re\'oíu-
um cortesão, e muito menos um áulico.
\'elmcnte.
Mas, para Nabuco — e disso é bem p)s-
corrente cpie aiTasta\'a a no\a geração para a República," Engiuiava-se, no
cada pas.so emerge natura'nientc cio mais
cionário. Assim, se Rui se integra no movimento re
s)\'el não tives.se noção exata — o trono
íntimo da sua alma c; refonna ou re-
belde da República, paru
de\ia representar a ordem, cuja ruptura não se coadunava com a sua pev.soiiali-
reira de homem público, Na
dade. Só isso e.xplica uma inteligência
\'olução! A mesma (|uc os liberai.s ha\iam lançado depois cia queda dc Zacúrias, em 68, mas da qual, geralmen
buco, certamente dominado
tão ace.ssí\'el às idéias no\'as encaliiar
te, estavam considerà\clmenle distantes.
pelo sentimento de fidelida
Por isso, a fórmula cjue a
Ao lemporainento de Rui, entretanto, e'a
de à ordem constituída, as-
AncK)rar em S. Cristóvão, e imaginar po
jamais assustaria, uma vez c|ue a con
der levar a bom termo as reformas ar
siderasse útil para a \'itória dos .seus s "princípios". Aí a razão fundamental do [Xiuco apreço em que sempre teve todas as forma.s de governo, inclusive a republicana. E o apreço ainda nicnor com que sempre encarou a Coioa,
.siste, conscientemente, à imolação de todas as suas ambi-
idealismo, graças tão somente a uma
evolução processada so]> a égide da
Coroa.
Numa palavra, a ânsia de re-
fonna, tão viva e ardente em Nabuco,
çcSes políticas. Nem se diga
clc
Por ÍS.SO, embora declarando-se
monarquista, pôde passar dc eonscien-
ao
prodamar-se
ro. e eslava bem certo de
13 de maio ligara Nabncn,
lar.
de maneira indissolúvel, à sorte da mo
narquia. Is.so é inexato. Até porque a
vras tal\'ez injustas, por excessivas, mas
cio pensamento e da ação de Hui Bar bosa, logo i'ercmos cjtie, ao contrário cie
st ria sempre fiel a si próprio, às suas
lie a sua "fixação monárnica inalterável" provinha leitura de Bagehot, NaJico era absolutamente sin-
meios para alcançar objeti\os cleterini.
nados, e qne deveriam sei' substituídos se incapazes de realizar aqueci finalida-
de Nabuco, revela constante desapego dos pio\'entos de ordem pessoal. Êle
que a gratidão nascida em
Imperador em face do cativeiro.
Longe
_mavquista, ou ao afirmar
siva, e que não abrisse oportunidade e Ora, se acompanliarnios a trajetória
nobre, ditado pelo interesse.
disso, tòda a ação voluntária, consciente,
sen espírito.
subversões de conseqüências mais ou menos imprevistas.
lentas, cvJin os ideais de progresso que sinceramente acalentou. .Miás. ésse pro-. cesso de acomodação não representa ati tude deliberada, e na qual pudéssemos vislumbrar qualquer pensamento menos
lAssim,
ele devemos algumas das páginas mais candentes contra a omissão do próprio
mento duma evolução natural, progres
mon:'irqnismo, no fiind'0. representava um processo de acomodação do seu tem peramento, avesso às IransFormações vio
idéias e convicções. Mas, o que não podia — c ninguém bde — era fugir íis forças jai.s profundas c remotas
a dinastia, e o próprio Imperador. Paru éle, a monarquia e as demais formas de govérno não represenlaxain mais do que
era refreada pela idéia ou pelo senti
causa.s remotas, consecjüéncia dc velhas
pro.sseguii' uma glorio.sa car
definitivamente no principio monárcjuico. dentemente a'mejadas, pelo mais puro
destino que não consemvimos \'encer. Também à persomrlidade. resultado de
tável. Bc-m alto seria o de Nabuco, cujo
o federalismo, e até a KepnbMca. não
Não cjue fosse
plena florescência. Mas, -não é apenas o
us seus sentimentos descia\ am piolongar.
Diante da República, intenso conflito travar-se-ia no espírito de Nabuco. Dèle c éste testemunho: "Nada podia ser mai,s doloroso para mim do que a resis tência cpie a minha razão opunha à
está um arraigado amor à ordem cons tituída. da qual era a Coroa a mais alta
tocar na monarcpiia.
aspirações duma carreira política em
i.stralificaçõcs. e qne oin regra ignoran:.),s, deve cada um pagar friÍ>ntc) inevi
crucia libcjul.
direta, a separação da Igreja do Estado,
ate ao ponto dc o(erccer-!he, no apo geu da vida. o sacrifício dc todas as
parecinunto a sua r:i/..ão aceiUna. mas
Nabuco, sustcntundo-o c a)imenlando-o,
estrutura do goxèrno, do mesmo modo que imaginou alcançar a federação sem
A Abolição, a cleiçâ'
urraiais republicanos.
Pala
suficientes para mostiar que não po, deria sobreestimar o papel da Coroa, no desfecho da campanha abolicionista,
exclusivanienle,
em
suas convicções políticas,
pois não tomos espelhos para ver a nossa
próprUi alma. Não lhe seria
dado perceber que aqnela.s conviccões eram, em boa parte, o reflexo das suas
01 igen.': e da sua formação espiritual orientada pelo pai. Nabuco orguhraMrse de ser um reformador. Mas, certa mente, teria pudor de se ver inscrito
DiCu,ro 1^-*
72
Dicesto Eco^•ó^^co
num rol de revolucionário. O oposto cIp «"i. que se sentiria diminuído se lhe a coragem de ir com as suas
73
; Donifáçj
movido por Nabuco a
polítip_'
recebe o batismo da
iraus?"
E; por último, em virtude *
idéias até ao incêndio das revoluções. Se temos acentuado essas diferenças
rência de Nabuco para o
^tre as personalidades de Rui e Nabuoo, é justamente para ressaltar quanto
Ateneu.
^
c e.xpressivo.
Deviam sabê-lo inclinado
a esposar as idéias novas, pois só isso
justifica essa solicitação de Pamplona, o
em carta de 5 de dezembro de 70, e,
ha de extraordinário no fato de jamais ter sido interrompida entre ê!es a com
simples coincidência essa succ ^ fatos em em que que os os dois estudantes apa^
preensão, se oão a admiração, que e a
cem
célebre documento: "Aqui te envio o 1.° número do nosso jornal; nêle encontrarás o nosso manifesto. Peço-te que faças o possível para que èle seja trans
eleito para o substituir na
portanto, dois dias após a publicação do
,3
Naturalmente, não
se
nota marcante das relações nascidas na
Seria algu"» associados, tensa atinu mais, possivelmente uma in
Academia. Pode dizer-se que, na ati-
dade
^de mantida por um em face do outro, na muita elevação, póis as divergências, por vêzes profundas, que os separaram,
nunca bastaram para que qualquer dêles se «quecesse dos anos em que haviam
utado jtmtos, pelos ideais comuns. T p no — Nabuco ehistórico na vida do Rui se conheceram, transferido da Faculdade do Recife, viera êste cursar em São Paulo o ter-ceiro ano do curso jurídico, e, entre os
seus colegas de série, contava-se Joaquim Nabuco, já um nome feito nos círculos acadêmicos. Para Rúl, antes mesmo de O conhecer, Nabuco já seria o filho do
Conselheiro Nabuco de Araújo, de cuja cabeça lhe dizia o pai ter "alguma coisa de divina". A boa camaradagem viria da identificação em tôrno das idéias
liberais, e das aspirações literárias pelas
espiritual. ecnírihi?)! Tanto niais
Nabuco )não
era dos íntimos de «'
mo Bemardino Pamplona, 0^^ nartírí*^ de Barros Pimentel. Contudo, & r
a
de Nabuco para o R«cife abnn
5®
liiato nas relações entre os dois J
ns
liberais, e isso no momento 5' mo conseqüência da ascensão
Tiramos 3.000 números da República, que logo se esgotaram, e vamos mandar tirar 5.000 do manifesto, em folheto, pa ra distribuir pelas províncias. A causa vai bem por cá, e o clube a respeito da Bahia espera tudo de tua pessoa."
A linguagem é de quem se dirigia a um companheiro de ideal: "A cousa vai
servadores e como reconhece o P P o
Nabuco, se processava entre as , ^ dos liberais a evolução de unia a pa
ra o campo das idéias republicai^ •
Nessa cisão, sobretudo acentua a en. tre a mocidade liberal, e qu®
crito em a^gum jomaí dessa província.
«
luz, em 1870, com o famoso niaoiíesto de dezembro dêsse ano, as ^siçu© Rui e Nabuco, se bem examinadas, nao são idênticas. Enquanto o primeir<^ que tornara à Bahia depois de receber o grau em outubro de 1870, é o escoUudo pelos republicanos para dri^uJgar na
bem por cá, e o c^.ube a respeito da Balüa espera tudo de tua pessoa." Contudo, distanciado do ambiente dos
colegas, e, certamente, mais do que isso, premido pela solidariedade devida ao
pai, um dos líderes do partido liberal, na Bahia, Rui se manteve alheio ao
movimento. Não ajudou a República, nem defendeu a Monarquia. Perma neceu liberal.
O fato não é de im
portância secundária, pois essa diversi dade de tendências estaria destinada a ter os maiores reflexos na vida de ambos.
quais estavam ambos dominados. E, por todo o ano, o último da permanên
a entreter nas colunas da RefortM uma
o
cia de Nabuco em São Paulo, viveriam
polêmica com "A República", defenden
êsse tempo éles o gastaram de modo
entrelaçadas as atividades políticas e
do as excelências do sistema parlamentar
literárias de ambos. Sob a presidência
de Nabuco, ingressa Rui no Ateneu Paulistano, sociedade estudantil, da qual
é eleito segundo orador. A hviependência, jornal fundado por Nabuco, terça as primeiras armas do jornalismo, em São Paulo.
Ainda com Nabuco — e
Castro Alves - integra a comissão de literatura do Ateneu. No banquete pro-
Durante dez anos, entre 68 e 78, Rui
Bahia o seu manifesto, o segundo c ega
inglês. É verdade que Rui, possivejnei^e
levado menos pelas suas convicções do que pelas circunstâncias, não chegaria a tomar qualquer iniciativa — pelo me
Nabuco
não
bastante diverso.
se
encontraram.
E
Quanto a Rui, cuja
dres.
Em resumo, dez anos vividos
venturosamente. •
Muitos caminhos levam a Roma. Em
bora houvessem palmilhado estradas di ferentes, ao verificar-se, em 78, a ascen são dos liberais, Rui e Nabuco, com ou tros jovens Uberais, como Pena, Rodol
fo Dantas e Buarque de, Macedo, ga nharam as suas cadeiras no Parlamento. Aliás, o fato de ascenderem à câma
ra por estradas diversas não significava que se tivessem distanciado no campo das idéias. Longe disso, excetuada a maneira pela qual encaravam a monar
quia, permaneciam fiéis aos ideais que os unira na Academia. Tanto assim que os debates suscitados no Parlamento em tômo da eleição direta, da liberdade re
ligiosa e da Abolição constituiriam os motivos prediletos da atuação de ambos.
E entie 79 e 81, único período em que estiveram juntos no Parlamento, uma
perfeita identidade ideológica assinalou a convivência de Nabuco e Rui.
breza e lutas de família — salvo uma
O extraordinário, porém, nas relações entre os dois jovens líderes Uberais, é que nenhuma sombra de rivalidade, ou de simples ciúme, houvesse interferido na antiga camaradagem, iniciada sob
viagem à Europa em busca de maio
res recursos médicos e uma curta per
por intermédio de Bemardino Pa-mplo-
te, no jornalismo da Província, na advo
na, um dos signatáiios do Manifesto
cacia e nos estudos. E, não fôra o ca
1
na literatura e, com o dinheiro recebi
do duma herança, fizera uma "tQumée" pela Europa, onde conhecera escritores famosos, como Renan e George Sand. Seguira-se o ingresso na dip'omacia, que o levara a servir em Washington e Lon
por terríveis provações — doença, po
a advocacia, consumira-o, principalmen
^
sofrimento. Bem outra fora a trajetória de Nabuco. Vivera a grande \'ida da Corte, colaborara na imprensa como »Tn diletante, ensaiara os primeiros passos
existência, nesse período, fora varrida
nos que se conheça — em favor do novo credo. Silenciou. Mas, o próprio fato de a éle se dirigirem os republicanos,
I'
sensação de felicidade, e- poder-se-ia dizer haver atravessado dez anos de
manência na Côrte, onde viera tentar
samento, que lhe proporcionara plena
as arcadas da velha Faculdade de São Paulo. Nenhum dêles se sentia diminuí
do pelas glórias do outro, nas quais
DiCu,ro 1^-*
72
Dicesto Eco^•ó^^co
num rol de revolucionário. O oposto cIp «"i. que se sentiria diminuído se lhe a coragem de ir com as suas
73
; Donifáçj
movido por Nabuco a
polítip_'
recebe o batismo da
iraus?"
E; por último, em virtude *
idéias até ao incêndio das revoluções. Se temos acentuado essas diferenças
rência de Nabuco para o
^tre as personalidades de Rui e Nabuoo, é justamente para ressaltar quanto
Ateneu.
^
c e.xpressivo.
Deviam sabê-lo inclinado
a esposar as idéias novas, pois só isso
justifica essa solicitação de Pamplona, o
em carta de 5 de dezembro de 70, e,
ha de extraordinário no fato de jamais ter sido interrompida entre ê!es a com
simples coincidência essa succ ^ fatos em em que que os os dois estudantes apa^
preensão, se oão a admiração, que e a
cem
célebre documento: "Aqui te envio o 1.° número do nosso jornal; nêle encontrarás o nosso manifesto. Peço-te que faças o possível para que èle seja trans
eleito para o substituir na
portanto, dois dias após a publicação do
,3
Naturalmente, não
se
nota marcante das relações nascidas na
Seria algu"» associados, tensa atinu mais, possivelmente uma in
Academia. Pode dizer-se que, na ati-
dade
^de mantida por um em face do outro, na muita elevação, póis as divergências, por vêzes profundas, que os separaram,
nunca bastaram para que qualquer dêles se «quecesse dos anos em que haviam
utado jtmtos, pelos ideais comuns. T p no — Nabuco ehistórico na vida do Rui se conheceram, transferido da Faculdade do Recife, viera êste cursar em São Paulo o ter-ceiro ano do curso jurídico, e, entre os
seus colegas de série, contava-se Joaquim Nabuco, já um nome feito nos círculos acadêmicos. Para Rúl, antes mesmo de O conhecer, Nabuco já seria o filho do
Conselheiro Nabuco de Araújo, de cuja cabeça lhe dizia o pai ter "alguma coisa de divina". A boa camaradagem viria da identificação em tôrno das idéias
liberais, e das aspirações literárias pelas
espiritual. ecnírihi?)! Tanto niais
Nabuco )não
era dos íntimos de «'
mo Bemardino Pamplona, 0^^ nartírí*^ de Barros Pimentel. Contudo, & r
a
de Nabuco para o R«cife abnn
5®
liiato nas relações entre os dois J
ns
liberais, e isso no momento 5' mo conseqüência da ascensão
Tiramos 3.000 números da República, que logo se esgotaram, e vamos mandar tirar 5.000 do manifesto, em folheto, pa ra distribuir pelas províncias. A causa vai bem por cá, e o clube a respeito da Bahia espera tudo de tua pessoa."
A linguagem é de quem se dirigia a um companheiro de ideal: "A cousa vai
servadores e como reconhece o P P o
Nabuco, se processava entre as , ^ dos liberais a evolução de unia a pa
ra o campo das idéias republicai^ •
Nessa cisão, sobretudo acentua a en. tre a mocidade liberal, e qu®
crito em a^gum jomaí dessa província.
«
luz, em 1870, com o famoso niaoiíesto de dezembro dêsse ano, as ^siçu© Rui e Nabuco, se bem examinadas, nao são idênticas. Enquanto o primeir<^ que tornara à Bahia depois de receber o grau em outubro de 1870, é o escoUudo pelos republicanos para dri^uJgar na
bem por cá, e o c^.ube a respeito da Balüa espera tudo de tua pessoa." Contudo, distanciado do ambiente dos
colegas, e, certamente, mais do que isso, premido pela solidariedade devida ao
pai, um dos líderes do partido liberal, na Bahia, Rui se manteve alheio ao
movimento. Não ajudou a República, nem defendeu a Monarquia. Perma neceu liberal.
O fato não é de im
portância secundária, pois essa diversi dade de tendências estaria destinada a ter os maiores reflexos na vida de ambos.
quais estavam ambos dominados. E, por todo o ano, o último da permanên
a entreter nas colunas da RefortM uma
o
cia de Nabuco em São Paulo, viveriam
polêmica com "A República", defenden
êsse tempo éles o gastaram de modo
entrelaçadas as atividades políticas e
do as excelências do sistema parlamentar
literárias de ambos. Sob a presidência
de Nabuco, ingressa Rui no Ateneu Paulistano, sociedade estudantil, da qual
é eleito segundo orador. A hviependência, jornal fundado por Nabuco, terça as primeiras armas do jornalismo, em São Paulo.
Ainda com Nabuco — e
Castro Alves - integra a comissão de literatura do Ateneu. No banquete pro-
Durante dez anos, entre 68 e 78, Rui
Bahia o seu manifesto, o segundo c ega
inglês. É verdade que Rui, possivejnei^e
levado menos pelas suas convicções do que pelas circunstâncias, não chegaria a tomar qualquer iniciativa — pelo me
Nabuco
não
bastante diverso.
se
encontraram.
E
Quanto a Rui, cuja
dres.
Em resumo, dez anos vividos
venturosamente. •
Muitos caminhos levam a Roma. Em
bora houvessem palmilhado estradas di ferentes, ao verificar-se, em 78, a ascen são dos liberais, Rui e Nabuco, com ou tros jovens Uberais, como Pena, Rodol
fo Dantas e Buarque de, Macedo, ga nharam as suas cadeiras no Parlamento. Aliás, o fato de ascenderem à câma
ra por estradas diversas não significava que se tivessem distanciado no campo das idéias. Longe disso, excetuada a maneira pela qual encaravam a monar
quia, permaneciam fiéis aos ideais que os unira na Academia. Tanto assim que os debates suscitados no Parlamento em tômo da eleição direta, da liberdade re
ligiosa e da Abolição constituiriam os motivos prediletos da atuação de ambos.
E entie 79 e 81, único período em que estiveram juntos no Parlamento, uma
perfeita identidade ideológica assinalou a convivência de Nabuco e Rui.
breza e lutas de família — salvo uma
O extraordinário, porém, nas relações entre os dois jovens líderes Uberais, é que nenhuma sombra de rivalidade, ou de simples ciúme, houvesse interferido na antiga camaradagem, iniciada sob
viagem à Europa em busca de maio
res recursos médicos e uma curta per
por intermédio de Bemardino Pa-mplo-
te, no jornalismo da Província, na advo
na, um dos signatáiios do Manifesto
cacia e nos estudos. E, não fôra o ca
1
na literatura e, com o dinheiro recebi
do duma herança, fizera uma "tQumée" pela Europa, onde conhecera escritores famosos, como Renan e George Sand. Seguira-se o ingresso na dip'omacia, que o levara a servir em Washington e Lon
por terríveis provações — doença, po
a advocacia, consumira-o, principalmen
^
sofrimento. Bem outra fora a trajetória de Nabuco. Vivera a grande \'ida da Corte, colaborara na imprensa como »Tn diletante, ensaiara os primeiros passos
existência, nesse período, fora varrida
nos que se conheça — em favor do novo credo. Silenciou. Mas, o próprio fato de a éle se dirigirem os republicanos,
I'
sensação de felicidade, e- poder-se-ia dizer haver atravessado dez anos de
manência na Côrte, onde viera tentar
samento, que lhe proporcionara plena
as arcadas da velha Faculdade de São Paulo. Nenhum dêles se sentia diminuí
do pelas glórias do outro, nas quais
*1
Di(a;s'j'(i Ec:oNÓNnr() 75
ICOl DiGEsro Econômico
cada qual parecia ver apenas o presti
gio, o }u'gur, (pie traziam para os idéias cciniins. O qii? raro entre conibaIcntc;. cujas aptidões os r^Vmc no inesni;)
campo, < m que, sem um deles, seria
ração recíproca.
Daí a delicadcz;i, a
confiança de que .se re\csllram as suas
n lações. São fatos de (pie a correspon dência entre óles Irocacla eoiistiluí tw-
o outro. incontcstà%'elmente. o maior.
tcmunho irrel'ulá\ ei.
Ambos, no entanto, possuíam a nobre
para a Europa, cm fe\creiro de b7. co mo corrcspoiulente do O Pois, era abrin
.virtude de admirar os justos Iriunfos
A.ssim. ao jiarlir
profunda separação. Ê que, após o 13 de Maio, um no\o problema {("mr lan
çado decisivamente no tablado político: o federalismo. Embora partidários am bos do sistema federativo, num ponto divergiam profunda e radicalmente: en quanto Nabuco sobrepunha a monar
quia a federação, Rui a cpieria de qual quer modo, com a Coroa ou som ela.
regatear aplausos às vitórias merecidas.
Rui. e.screveiKlo-llie estas palavras rc-
Era o pensamento que concretizara nes ta formula simples e de.cisiva: "A mo
Nabuco, por exemplo, na ocasião mes ma em que era urn dos "ingleses do Senlior Dantas", e rpiando, portanto,
passadas de confiança: "Ninguém nic-
narquia e a república são meios: a li
iiior do que V. pode compreender, se
berdade é o fim."
me 'cn lioje. a dor com rpie eii os
para a campanha iniciada no Diário de
podia ser mais vivo o confronto dele
deixo.
Notícias, repetira o refrão dos liberais de 69: "reforma ou revolução". Nabu co era diferente. A conservação da mo narquia, que se ajustava como uma luva ao seu sentimento de ordem, e
a']leio.^ c, certanumte, lhes repugnaria
f.v.
reflexo dunm franca e jirofunda adnii»
do o coração {pie Nabuco se despedia dc
Mas quem \i\(.' da imprensa
'cc'm Rui e Gusmão Lóbo, assim esertnia
por c.xclusão dc lócias as outras pro-
a R'jdü'fo Dantas: "Que esplêndido que
li.ssôcs, tem uma vida c[ue não llie per tence e tpie SC inoNC .segundo a corrente
esteve o Grey hoje.
O Rui e o Lóbo
são incomparávels." Escrito' desprcocuprtdamente. cheio de sinceridade, sem qualquer eiva de falsa modéstia, o elo
gio tem qualquer cou.sa de inviilgar. Traduz imi entusiasmo impossível da encontrar-se numa alma estiolada pe'a ir\-eja ou pelo despeito. Naljiico, entre
tanto, tal\'ez pela consciência que de via ler da própria grandeza, estava mui
to acima desses sentimentos mesquinhas. Não lhe fazia mal admirar e proclamar a grandeza dos companheiros.
mai.s lorte da necessidade".
L, com
sijTipiicldade amiga, sul)scre\ ia: "Todo .seu Joaciiiini Nahucü." Nesse tom são as cartas; de Nabuco a Rui.
Exprimuun
E, como fiànuila
tinha fundas raízes em sua personali
o faria romper com os l ínculos herdados
através de várias gcraçõc.s.
Èlc qne "
escreveria mais tarde; "republicano —
o único título em nos.sa política que eu • a^gum dia invejei". Sem dúvida, o coração tem razões que a razão des-.'"
conhece... Por isso, embora se orgu lhasse de haver sido o "iniciador da ' idéia federativa", Nabuco, certo de que sem o partido liberal, era "impos
sível fazer a monarquia federativa", pre feria ver a bandeira passar para as mãos de Rui a associar-se às fcirças que se preparavam para realizar a federação
de qualquer maneira. Atitude tanto mais nobre quanto, não menos do quç
Rui, tinha éle lúcida percepção dos peri gos rc.suUanles do abandono da federa
suas convicções políticas.
ção pelo govérno de Ouro Prèto. A hera
De tal modo
([ue, dominando as demais tendências
momento, já fora da Câmara, Nabuco
do seu espírito lilieral e roforinisla, o levaria a não acreditar na federação se
do um político a.s.suine — cscreseii ee nessa ocasião — as atitudes ([ue eu te nho assumido na Câmara, nos "mec-
tes que, embora haja quem afirme "ser a República o ideal de Nabuco", nada
dade, incorporara-se poderosamente às
afeto perfeitamente c.xplicável, pois, no
sentia-se isolado e perseguido. "Quan
sua origem. Estas tinham sido tão for
não cffiu a monarquia. É o pensamento
dizer, antevia a República. Entre tanto,
uma
hora
extraordinàriamente
dramática para a sua carreira, pois via "como a monarquia poderia re.ristir à
(pio, mais tarde, anunciara; "Que a Re
agitação repub'icana. se esta dobrasse a
pública há de ser unitária ou há de Iiaver
sua força com a fòrça quase e.\plosÍ\ a da ansiedade das províncias por .sua autonomia", limitava-sc a apelar para Ouro Prèto a fim de que não fôsse o sen ministério, "em caso algum, o últi
muitas repúblicas não há para mim dú
tings" e no jornalismo, não Icni conta o número dos seus inimigos; todo o
vida alguma". Do mesmo modo éle se
abroquclarla na "absoluta certeza de que
Eo mesmo medo cjue Rui, ao se re
mundo oficial, com as suas vastas ra-
ferir a Nalmco, não .se i'urta\ii a acen
mifíciiçõe,s e sem distinção dc paiiido.s,
era preciso um largo período dc govéi-
tuar "a íascinação do sen talenUj. da
o liostiliza."
E Rui, também batido
no para q povo e com o povo, antes de
sua grande ejriinència individual, feita para as maiore.s cousa.s".
e apedrejado, era, no mundo político,
ser possível o puro govérqo do po\'o".
dos' poiicoa cj^ue o oompreendiam e
mo da monarquia". A.ssim, ao passo que Nabuco, sem
Assim, por uma série de raeiocínios,
fonnara-se no espírito de Nalmco a idéia de que a federação devia preceder á
pre pronto para reformar, mas sem o
apoiavam,
Ê-Sses exempio.s, colliidos em ra.se,s a.s mais diversas das \idas dc Nabuco e
Rui, bom mostram a sensibilidade de ambos, altu teor das .sua.s t|uah'dades morais, e nos fazem compreender os
Vencida, porém, a batalha da Aboli ção, chegara a liora de Rui e Nabuco ;e distanciarem, no campo das idéias.
das a.5 oportunidades, por um em face do outro. Na realidade, apesar de nun ca terem .sido íntimos, no sentido que cr.stnmanio.s dar à palavra, o fato é que
A.S convicções e sentimtiintos di\'ir.sos com que encanixam a monartpiia. e (juo até então apareciam apenas como lenue traço, um nonada, (pie a lula cuimini por outros ideai.s fizera durante anos quase imporceptívei, iria acentuar-.se ca
íii. '(VOU liiiia leal <• dilradoura amizade;
da \('z iiiais. até Iraiisloriiiar-se mima
fundainento.s da atilúcle maulida ern to
república. Raciocínios sinceros, iioncstos, mas que, justamente por nem sempre íelem sólida iiasc doutrinária ou liistó-
rica, como é o caso — ante o e.xcmplo norte-americano — da incompatibilidade
enti'e a federação e uma grande repúbli ca, bem mostram quanto Nabuco, invo luntariamente, fóra traído pelas raízes da
fcitio c a alma dum revolucionário, se dispunlia a cair com o trono. Rui, le-•
vado pelo exaltado liberalismo, que tor nava secundárias as formas de govérno, e sempre predisposto a ver nas\evoluções remédio extiemo, mas necessário
para abrir caminbo ao triunfo da li
berdade, preparava-se para vencer com a federação e à república. Ao chegar-se à solução do 15 dc No-
*1
Di(a;s'j'(i Ec:oNÓNnr() 75
ICOl DiGEsro Econômico
cada qual parecia ver apenas o presti
gio, o }u'gur, (pie traziam para os idéias cciniins. O qii? raro entre conibaIcntc;. cujas aptidões os r^Vmc no inesni;)
campo, < m que, sem um deles, seria
ração recíproca.
Daí a delicadcz;i, a
confiança de que .se re\csllram as suas
n lações. São fatos de (pie a correspon dência entre óles Irocacla eoiistiluí tw-
o outro. incontcstà%'elmente. o maior.
tcmunho irrel'ulá\ ei.
Ambos, no entanto, possuíam a nobre
para a Europa, cm fe\creiro de b7. co mo corrcspoiulente do O Pois, era abrin
.virtude de admirar os justos Iriunfos
A.ssim. ao jiarlir
profunda separação. Ê que, após o 13 de Maio, um no\o problema {("mr lan
çado decisivamente no tablado político: o federalismo. Embora partidários am bos do sistema federativo, num ponto divergiam profunda e radicalmente: en quanto Nabuco sobrepunha a monar
quia a federação, Rui a cpieria de qual quer modo, com a Coroa ou som ela.
regatear aplausos às vitórias merecidas.
Rui. e.screveiKlo-llie estas palavras rc-
Era o pensamento que concretizara nes ta formula simples e de.cisiva: "A mo
Nabuco, por exemplo, na ocasião mes ma em que era urn dos "ingleses do Senlior Dantas", e rpiando, portanto,
passadas de confiança: "Ninguém nic-
narquia e a república são meios: a li
iiior do que V. pode compreender, se
berdade é o fim."
me 'cn lioje. a dor com rpie eii os
para a campanha iniciada no Diário de
podia ser mais vivo o confronto dele
deixo.
Notícias, repetira o refrão dos liberais de 69: "reforma ou revolução". Nabu co era diferente. A conservação da mo narquia, que se ajustava como uma luva ao seu sentimento de ordem, e
a']leio.^ c, certanumte, lhes repugnaria
f.v.
reflexo dunm franca e jirofunda adnii»
do o coração {pie Nabuco se despedia dc
Mas quem \i\(.' da imprensa
'cc'm Rui e Gusmão Lóbo, assim esertnia
por c.xclusão dc lócias as outras pro-
a R'jdü'fo Dantas: "Que esplêndido que
li.ssôcs, tem uma vida c[ue não llie per tence e tpie SC inoNC .segundo a corrente
esteve o Grey hoje.
O Rui e o Lóbo
são incomparávels." Escrito' desprcocuprtdamente. cheio de sinceridade, sem qualquer eiva de falsa modéstia, o elo
gio tem qualquer cou.sa de inviilgar. Traduz imi entusiasmo impossível da encontrar-se numa alma estiolada pe'a ir\-eja ou pelo despeito. Naljiico, entre
tanto, tal\'ez pela consciência que de via ler da própria grandeza, estava mui
to acima desses sentimentos mesquinhas. Não lhe fazia mal admirar e proclamar a grandeza dos companheiros.
mai.s lorte da necessidade".
L, com
sijTipiicldade amiga, sul)scre\ ia: "Todo .seu Joaciiiini Nahucü." Nesse tom são as cartas; de Nabuco a Rui.
Exprimuun
E, como fiànuila
tinha fundas raízes em sua personali
o faria romper com os l ínculos herdados
através de várias gcraçõc.s.
Èlc qne "
escreveria mais tarde; "republicano —
o único título em nos.sa política que eu • a^gum dia invejei". Sem dúvida, o coração tem razões que a razão des-.'"
conhece... Por isso, embora se orgu lhasse de haver sido o "iniciador da ' idéia federativa", Nabuco, certo de que sem o partido liberal, era "impos
sível fazer a monarquia federativa", pre feria ver a bandeira passar para as mãos de Rui a associar-se às fcirças que se preparavam para realizar a federação
de qualquer maneira. Atitude tanto mais nobre quanto, não menos do quç
Rui, tinha éle lúcida percepção dos peri gos rc.suUanles do abandono da federa
suas convicções políticas.
ção pelo govérno de Ouro Prèto. A hera
De tal modo
([ue, dominando as demais tendências
momento, já fora da Câmara, Nabuco
do seu espírito lilieral e roforinisla, o levaria a não acreditar na federação se
do um político a.s.suine — cscreseii ee nessa ocasião — as atitudes ([ue eu te nho assumido na Câmara, nos "mec-
tes que, embora haja quem afirme "ser a República o ideal de Nabuco", nada
dade, incorporara-se poderosamente às
afeto perfeitamente c.xplicável, pois, no
sentia-se isolado e perseguido. "Quan
sua origem. Estas tinham sido tão for
não cffiu a monarquia. É o pensamento
dizer, antevia a República. Entre tanto,
uma
hora
extraordinàriamente
dramática para a sua carreira, pois via "como a monarquia poderia re.ristir à
(pio, mais tarde, anunciara; "Que a Re
agitação repub'icana. se esta dobrasse a
pública há de ser unitária ou há de Iiaver
sua força com a fòrça quase e.\plosÍ\ a da ansiedade das províncias por .sua autonomia", limitava-sc a apelar para Ouro Prèto a fim de que não fôsse o sen ministério, "em caso algum, o últi
muitas repúblicas não há para mim dú
tings" e no jornalismo, não Icni conta o número dos seus inimigos; todo o
vida alguma". Do mesmo modo éle se
abroquclarla na "absoluta certeza de que
Eo mesmo medo cjue Rui, ao se re
mundo oficial, com as suas vastas ra-
ferir a Nalmco, não .se i'urta\ii a acen
mifíciiçõe,s e sem distinção dc paiiido.s,
era preciso um largo período dc govéi-
tuar "a íascinação do sen talenUj. da
o liostiliza."
E Rui, também batido
no para q povo e com o povo, antes de
sua grande ejriinència individual, feita para as maiore.s cousa.s".
e apedrejado, era, no mundo político,
ser possível o puro govérqo do po\'o".
dos' poiicoa cj^ue o oompreendiam e
mo da monarquia". A.ssim, ao passo que Nabuco, sem
Assim, por uma série de raeiocínios,
fonnara-se no espírito de Nalmco a idéia de que a federação devia preceder á
pre pronto para reformar, mas sem o
apoiavam,
Ê-Sses exempio.s, colliidos em ra.se,s a.s mais diversas das \idas dc Nabuco e
Rui, bom mostram a sensibilidade de ambos, altu teor das .sua.s t|uah'dades morais, e nos fazem compreender os
Vencida, porém, a batalha da Aboli ção, chegara a liora de Rui e Nabuco ;e distanciarem, no campo das idéias.
das a.5 oportunidades, por um em face do outro. Na realidade, apesar de nun ca terem .sido íntimos, no sentido que cr.stnmanio.s dar à palavra, o fato é que
A.S convicções e sentimtiintos di\'ir.sos com que encanixam a monartpiia. e (juo até então apareciam apenas como lenue traço, um nonada, (pie a lula cuimini por outros ideai.s fizera durante anos quase imporceptívei, iria acentuar-.se ca
íii. '(VOU liiiia leal <• dilradoura amizade;
da \('z iiiais. até Iraiisloriiiar-se mima
fundainento.s da atilúcle maulida ern to
república. Raciocínios sinceros, iioncstos, mas que, justamente por nem sempre íelem sólida iiasc doutrinária ou liistó-
rica, como é o caso — ante o e.xcmplo norte-americano — da incompatibilidade
enti'e a federação e uma grande repúbli ca, bem mostram quanto Nabuco, invo luntariamente, fóra traído pelas raízes da
fcitio c a alma dum revolucionário, se dispunlia a cair com o trono. Rui, le-•
vado pelo exaltado liberalismo, que tor nava secundárias as formas de govérno, e sempre predisposto a ver nas\evoluções remédio extiemo, mas necessário
para abrir caminbo ao triunfo da li
berdade, preparava-se para vencer com a federação e à república. Ao chegar-se à solução do 15 dc No-
r'!-'
■ Dir.FÁTn Económicò •
0ICJB6TO liCONÓMlC» •
vembro. Rui a Nabuco estavam em
campos opostos. Para este era, pratica mente, o fim de uma brilhante passa
gem pela vida pública. Para o primei ro, o início duma nova etapa cheia de promissoras perspectivas de \dtórias. Que atitude assume Nabuco nessa
•
escnivizaclos, na qual o.s aspectos sentiinentalistas, humanos, superavam de mui to tôdas as razões de ordem política, eco nômica ou social, ninguém poderá exce
da biblioteca, enlre os seus livros, e na
posição de simples espectador dos acon tecimentos, pudesse entregar-se inteira mente à vocação literária, indiscutivel mente a viga-mestra do seu espirito. Uma vocação que a política o as próprias con
der Nabuco. Nôle, antes de ser o inte
lectual, o orador, que se colocava a ser viço duma grande causa, esta é que
tingências da vida haviam atrofiado du
contingência? Talvez com surpresa pa
rante muito tempo, mas que, agora,
inspirava o sentimento de artista.
ra os que não o conhecessem bem, a mudança, longe de o encher de amar
podia afirmar-se livremente.
em nada dimimü o papel de Nabuco na
gura ou irritação, parece mais o pre-
creverá os trabalhos destinados a imor
têxto para uma retirada tranqüila, des pida de azedume.
homem de letras. Um estodisto do />"-
pério, Minha jo-maçõo e Penses dcta^
abandonou, e também pelo desejo de
chées et souvenirs, embora pertencendo a gêneros diferentes, são livros que reve
exprimir as razões da sua fidelidade ao
lam não apenas as altas qualidades li
pensador político. Mantinha o fogo sa grado. Mas, tão fiel à monarquia quan
justamente o oposto daquilo preconizado
zera a República, e evidentemente o úni
por Nabuco, quando escreveu que os livros devem ser todos êles campanhas .
co capaz de restabelecer o antigo regi
Pensamento que mellior caberia em Rui,
me.
cujas obras, ou pelo menos as de mais vi
com simples miragem, mostrava-se favo rável a uma evolução capaz de recons tituir, "no país, não a fé, mas a razão monárquica". Portanto, assim como acreditara na federação como resultado
cisão dos conceitos.
buco — salvo no que diz respeito ao militarismo nascente — assiste aos primei
ros anos da República, possivelmente não decorreriam apenas dum temperamento
equilibrado e suave. O ostracismo servira para que, aos poucos, no recesso
a sua vocação. De algum modo, se não
Acima de tudo, Nabuco era um litera to, um sentimental, um emotivo. D®'
a beleza, a altitude que a sua palaNTa atinge no curso da campanha abolicio nista, evidentemente um campo de elei
ção para se conjugarem a emoção do homem-de-letras e a razão do reforma
dor. Na campanlia pela libertação dos cA...
De
um egresso do seu destino, se não da.
sua natural vocação. Nisso, aliás, enganava-se redondamente.
Ao contrário
cie Nabuco, a vocação de Rui não era
a cias letras, mas a da política. Pos suía, sim, altas qualidades literárias, por certo em nada menores do que as de
Nabuco, mas o que lhe faltava era jus tamente a vocação, essa capacidade de alhear-se inteiramente do debate das
em si mesma a sua finalidade.
que se afirmasse inteiramente a litera
concepção de Rui sôbre o valor das
tura pura, o trabalho das letras pelas letras, sem outro desiderato senão o
de atingir um ideal de beleza e perfei ção. E o próprio' Nabuco, já no fim
da vida, redigiria êsse depoimento, que só não é melancólico por -exprimir a eterna insatisfação, a angústia de todos os artistas: "não devo ser tido senão
como um literato que não teve tempo f-
e se constrói o futuro, para entregar-se, por inteiro, ao labor duma obra que tem
fôsse a lembrança dos dia.s do abolicio nismo, lamentava o tempo perdido nas ingratas lides partidárias, nos meandros
da política, clima pouco propicio para
beleza dum pensamento sereno, no qual
volta da monarquia.
de, e mesmo a tolerância com que Na
decepções do político fôssem consoladas
uma grande e pura obra literária.
certo modo, considerava-o, pois. como
pelas alegrias do artista, que encontrava ^ idéias com que se modifica o presente
gor, são tôdas elas campanhas, no
o poder da imaginação se associa à pre
Contudo, a tranqüilidade, a serenida
Não custa, pois, imaginar-se que as
lamento, na imprensa, nos tribunais, na política. A luta, a contradita, a polêmi ca, é que lhes dão o nervo, a fôrça. Enquanto em Nabuco o que domina é a
düma evolução pacífica, continuava a sonhar com o mesmo caminho para a
Afonso
mesmo".
rio encontrara o seu curso natural- •.
restauração se processasse através dum
Ainda aí, como se se contentasse
nos dias do abolicionismo.
Celso, por exemplo, ouvindo-o em ou tras ocasiões, diria que "não parecia o
terárias do autor, mas, principalmente,
nários,jamais pregou ou desejou que a
movimento subversivo, igual ao que fi
porque jamais a palavra de Nabuco
atingiria paramos iguais aos alcançados
sua vocação para as belas letras. O Pois só a vocação é capaz de produzir obras.assim, escritas no isolamento du ma hora de desgraça. Obras que são
to aos seus sentimentos anti-revolucio
homem-cle-letras e a ação do liomem pú blico. E talvez nbs faça compreender
Êles
Durante alguns anos, possivelmente
teve alguma atividade como escritor e
perfeita associação entre a vocação do
é que darão a medida do escritor, do
movido pela solidariedade devida aos companheiros, sentimento que nunca o
regime desaparecido, Nabuco ainda man
redenção dos escravos. Mas explica a
Nesse período de infortúnio político es talizá-lo na literatura brasileira.
Isso
ria estava à altura dos grandes espíritos, levando-os à imortalidade, que, com os olhos postos nêle próprio, escreveria es tas palavras sôbre o colega da Aca demia: "Penso por isso no Rui, o qual nada fêz pelas ocupações da vida". Lamentava houvessem as contingências negado à \'igoro.sa inteligência de Rui o vagar, a tranqüilidade, para realizar
para o ser". A República fora, assim, caminho para recolher-se à tôrre de
Aliás, diversa da de Nabuco era a
obras piuramente literárias, em confronto
com as grandes ações políticas. Prova disso são as referências que fêz a Voltaire e Vitor Hugo, em cujas obras nada viu de maior do que a parte que ne
las teve a luta em favor dos ideais po
líticos a que se dedicaram. Por isso, ao proclamar que para êle os anos não ha viam corrido "na contemplação do belo, nos laboratórios de arte, no culto das
letras pelas letras", ou que a sua e.xis-
marfim. E a história a maneira de se tência representava "uma xõda inteira libertar do presente, realizando uma de ação, peleja ou apostolado". Rui não sòmente enunciava uma verdade, obra-de-arte que o é, sem dúvida, "Um ■ mas o fa:da sinceramente convicto de e.stadista do Império". haver realizado obra muito maior do Tão forte ero em Nabuco essa concep que a que teria feito se porventura ção de que sòmente a atividade literá perseguisse apenas um puro ideal lite-
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■ Dir.FÁTn Económicò •
0ICJB6TO liCONÓMlC» •
vembro. Rui a Nabuco estavam em
campos opostos. Para este era, pratica mente, o fim de uma brilhante passa
gem pela vida pública. Para o primei ro, o início duma nova etapa cheia de promissoras perspectivas de \dtórias. Que atitude assume Nabuco nessa
•
escnivizaclos, na qual o.s aspectos sentiinentalistas, humanos, superavam de mui to tôdas as razões de ordem política, eco nômica ou social, ninguém poderá exce
da biblioteca, enlre os seus livros, e na
posição de simples espectador dos acon tecimentos, pudesse entregar-se inteira mente à vocação literária, indiscutivel mente a viga-mestra do seu espirito. Uma vocação que a política o as próprias con
der Nabuco. Nôle, antes de ser o inte
lectual, o orador, que se colocava a ser viço duma grande causa, esta é que
tingências da vida haviam atrofiado du
contingência? Talvez com surpresa pa
rante muito tempo, mas que, agora,
inspirava o sentimento de artista.
ra os que não o conhecessem bem, a mudança, longe de o encher de amar
podia afirmar-se livremente.
em nada dimimü o papel de Nabuco na
gura ou irritação, parece mais o pre-
creverá os trabalhos destinados a imor
têxto para uma retirada tranqüila, des pida de azedume.
homem de letras. Um estodisto do />"-
pério, Minha jo-maçõo e Penses dcta^
abandonou, e também pelo desejo de
chées et souvenirs, embora pertencendo a gêneros diferentes, são livros que reve
exprimir as razões da sua fidelidade ao
lam não apenas as altas qualidades li
pensador político. Mantinha o fogo sa grado. Mas, tão fiel à monarquia quan
justamente o oposto daquilo preconizado
zera a República, e evidentemente o úni
por Nabuco, quando escreveu que os livros devem ser todos êles campanhas .
co capaz de restabelecer o antigo regi
Pensamento que mellior caberia em Rui,
me.
cujas obras, ou pelo menos as de mais vi
com simples miragem, mostrava-se favo rável a uma evolução capaz de recons tituir, "no país, não a fé, mas a razão monárquica". Portanto, assim como acreditara na federação como resultado
cisão dos conceitos.
buco — salvo no que diz respeito ao militarismo nascente — assiste aos primei
ros anos da República, possivelmente não decorreriam apenas dum temperamento
equilibrado e suave. O ostracismo servira para que, aos poucos, no recesso
a sua vocação. De algum modo, se não
Acima de tudo, Nabuco era um litera to, um sentimental, um emotivo. D®'
a beleza, a altitude que a sua palaNTa atinge no curso da campanha abolicio nista, evidentemente um campo de elei
ção para se conjugarem a emoção do homem-de-letras e a razão do reforma
dor. Na campanlia pela libertação dos cA...
De
um egresso do seu destino, se não da.
sua natural vocação. Nisso, aliás, enganava-se redondamente.
Ao contrário
cie Nabuco, a vocação de Rui não era
a cias letras, mas a da política. Pos suía, sim, altas qualidades literárias, por certo em nada menores do que as de
Nabuco, mas o que lhe faltava era jus tamente a vocação, essa capacidade de alhear-se inteiramente do debate das
em si mesma a sua finalidade.
que se afirmasse inteiramente a litera
concepção de Rui sôbre o valor das
tura pura, o trabalho das letras pelas letras, sem outro desiderato senão o
de atingir um ideal de beleza e perfei ção. E o próprio' Nabuco, já no fim
da vida, redigiria êsse depoimento, que só não é melancólico por -exprimir a eterna insatisfação, a angústia de todos os artistas: "não devo ser tido senão
como um literato que não teve tempo f-
e se constrói o futuro, para entregar-se, por inteiro, ao labor duma obra que tem
fôsse a lembrança dos dia.s do abolicio nismo, lamentava o tempo perdido nas ingratas lides partidárias, nos meandros
da política, clima pouco propicio para
beleza dum pensamento sereno, no qual
volta da monarquia.
de, e mesmo a tolerância com que Na
decepções do político fôssem consoladas
uma grande e pura obra literária.
certo modo, considerava-o, pois. como
pelas alegrias do artista, que encontrava ^ idéias com que se modifica o presente
gor, são tôdas elas campanhas, no
o poder da imaginação se associa à pre
Contudo, a tranqüilidade, a serenida
Não custa, pois, imaginar-se que as
lamento, na imprensa, nos tribunais, na política. A luta, a contradita, a polêmi ca, é que lhes dão o nervo, a fôrça. Enquanto em Nabuco o que domina é a
düma evolução pacífica, continuava a sonhar com o mesmo caminho para a
Afonso
mesmo".
rio encontrara o seu curso natural- •.
restauração se processasse através dum
Ainda aí, como se se contentasse
nos dias do abolicionismo.
Celso, por exemplo, ouvindo-o em ou tras ocasiões, diria que "não parecia o
terárias do autor, mas, principalmente,
nários,jamais pregou ou desejou que a
movimento subversivo, igual ao que fi
porque jamais a palavra de Nabuco
atingiria paramos iguais aos alcançados
sua vocação para as belas letras. O Pois só a vocação é capaz de produzir obras.assim, escritas no isolamento du ma hora de desgraça. Obras que são
to aos seus sentimentos anti-revolucio
homem-cle-letras e a ação do liomem pú blico. E talvez nbs faça compreender
Êles
Durante alguns anos, possivelmente
teve alguma atividade como escritor e
perfeita associação entre a vocação do
é que darão a medida do escritor, do
movido pela solidariedade devida aos companheiros, sentimento que nunca o
regime desaparecido, Nabuco ainda man
redenção dos escravos. Mas explica a
Nesse período de infortúnio político es talizá-lo na literatura brasileira.
Isso
ria estava à altura dos grandes espíritos, levando-os à imortalidade, que, com os olhos postos nêle próprio, escreveria es tas palavras sôbre o colega da Aca demia: "Penso por isso no Rui, o qual nada fêz pelas ocupações da vida". Lamentava houvessem as contingências negado à \'igoro.sa inteligência de Rui o vagar, a tranqüilidade, para realizar
para o ser". A República fora, assim, caminho para recolher-se à tôrre de
Aliás, diversa da de Nabuco era a
obras piuramente literárias, em confronto
com as grandes ações políticas. Prova disso são as referências que fêz a Voltaire e Vitor Hugo, em cujas obras nada viu de maior do que a parte que ne
las teve a luta em favor dos ideais po
líticos a que se dedicaram. Por isso, ao proclamar que para êle os anos não ha viam corrido "na contemplação do belo, nos laboratórios de arte, no culto das
letras pelas letras", ou que a sua e.xis-
marfim. E a história a maneira de se tência representava "uma xõda inteira libertar do presente, realizando uma de ação, peleja ou apostolado". Rui não sòmente enunciava uma verdade, obra-de-arte que o é, sem dúvida, "Um ■ mas o fa:da sinceramente convicto de e.stadista do Império". haver realizado obra muito maior do Tão forte ero em Nabuco essa concep que a que teria feito se porventura ção de que sòmente a atividade literá perseguisse apenas um puro ideal lite-
Djrnlvi í j Ki";onó.mic« ^
.9 '78
h'i rário.
■ . ' ■
Daí a iiríslèiHÍa cuin (jiif rc-|X'-
■ liu a ce!cbra(,ãu cia "jubi-.eu iúeiáric» '. * . e que externaria nestas palaxras defini tivas:
''Uma' existência
I,
vivida
assim
nos
campos de batalha, tecida, assim, tòda
DiGii.su» Economico
ditaçóus do místico, ou os IrabttlhnS
Desde (jue reoiusara o oferecimento dc
pacieiite.s do artista. Para Rui. si-r afas
Pernambuco para participar da Consti-
tado da vida pública, por mais ipie a
mo tempo que descoroçoava ou alxirrecia muitos monarquistas, enchia dc jú-
luiiilc dc 1890, Nabuco resistiria a to
bilo os arraiais republicanos.
razão o aconselhe a integrar-se ein ou
dos os convites para .servir ao Pais sob
tras
amargura,
o novo regime. "O dever dos monar-
iiupiiotação. desajiislumcnto, c as forças
quistas .sinceros, (piando mesmo a mu-
atividades, reprc.senla
[( ' ela, dos fio.s da a(,'ão combatente, não
interiores da sua vocação acabam sem
I
se desnatara da .sua sub.stància, não se
pre, e irresistivclmente, faz.cndo-o vol
lilicamenlo com ela", e.scievcii em 1895.
desintegra dos seus clemcnto.s orgâni cos, para se apresentar des\eslida e
tar !i cena política, long<> da (pial as .suaf. energias como ([iic se estiolam e
na famosa carta ao Almirante lacoguai.
Iransníudada naquilo de que ela tem
fenecem.
menos, na mera existência de um homem-de-letras. Como cpier rpie se a
movimento a cercbração privilegiada é o debate das grandes idéias eontcmporãncas. a discussão dos pr<íb'enia.s jurídi cos (• administrativos, ou a réplica cios adversários, contra os r|uais se lança, por vézos. com impiedade, mas sem pre com mestria e grandc^Tíi. O ab.s-
■
encare, boa ou má, ê a de um missio
nário, é a de um soldado, é a de um
construtor.
As letras nela entram ujíc-
nas como a forma
^ du • palavra, que reveste
o
pen.sa-
^PF mento, conio a
eloqüência, cjue dobra o poder das
nar(|uia estivesse morta, seria morrer po-
O que o inflama c põe em
trato mão o sechiz. E mesmo a histú-
idéias, como a be-
^ria não o entu-
A.ssini, surdo a todos os apelos, nioslru-
mc.slras da sinceridade desse desejo, que em 189-3 reiteraria no "Apelo aos conser
vadores". no qual dizia; "É para reabi litar a lepúbMea. não para aluí-la, ou siibvertô-la, que devem tender, pois. os esforços de todos os patriotas, qualquer que seja o seu culto politieo. quaisquer
suii obra será for-
(pie forem as suas preferências consti
jacia no calor das poflémicas ou das
tucionais.
•.j -' interior".. . Realmente,
ao
pas.so que em Na-
ixóes.
isi-j buco domina o li-
Imtos
y j tcrato, tantas vcI zes a serviço das
A
;];] grandes causas cia j.i nacionalidade, em :Vj Rui a preeminên-
dum
Nossos destinos não vogam
entre a monarquia e a república, mas
E os as-
entre a república e a anarquia. É pre
aparente
ciso escolher." E acrescentava: "O Bra
mente mai.s frios, como a elaboniçao
código
ou
duma lei (le ensi no. êle logo os
rito do nomeado, cuja carreira ascen
júbilo do condiscípulo, o artigo de Rui
1'
bcle/a
cia de Nabuco, e confessar-se "um dos .
(pie mais admiração professam pelo mé
jaeobino, há muito almejava aliciar para
íjiliisnía e atrai.
a
va-se assim o antigo desejo de Rui, que,
gerahncnte discreto ne.-sas expansões, foi dos primeiros a aparecer em público, para louvar sem restrições a aepiicscên-
dente aeompanha desde os primeiros
a Rcpúblicix o serviço dc lòdas as ca pacidades, sem distinção dc- credos. Desde o Ministério da (''a/taida dera êle
sil reclama a cooperação desinteressada e ativa de todos os (pie representam a capacidade, a abnegação e o vigor." E sonhava com os monarquistas imitando Toc(|ueville. No entanto, razões diversas, inclusive
*
Rcaliz;i-
va-sc disposto a não abandonar a sua roeha Tarpéia. Rui, que estava bem longe de ser um
. ^ Ic7.a aparente, que reflete
79
anos". Escrito cm linguagem calorosa, e na qual despontava a cada passo o • — A Missão 'Nabuco — constituía um
hino à atitude e à personalidade do co lega que, dizia, cedera "a uma necessi dade da sua tempera, a uma força in terior da sua vocação e expansão inevitáve' da sua individualidade, a um im
pulso do seu destino, (pie o não eriou só para escrever com a sua pena a his- • tória, senão também para a elaborar com os seus atos".
Quebrava-se a muralha interposta pela República entre os dois colegas da.s lides do abolicionismo.
De fato. Na
buco não podia ser in.seusivel ao gesto largo e nobre de Rui. E, logo no dia seguinte, na mesma iiora em (pie muito.s.. companheiros se julgavam com direito
de tomar-lhe contas, escrevia-lhe agra-^
decendo as palavras amigas o sinceras. ,
"É-mc grato, dizia Nabuco, depois ,de ''I tanto tempo de .separação, ter que lhe agradecer o seu artigo de ontem, repus- • sado da velha camaradagem que nos
i<'i' cia é do político, que faz das boas lefí;l tra.s, da eloqüência, da beleza da forma, simples instrumentos destinados a mul-
transforma em teses, que reclamajn a dia lética do advogado e a clava do lutador.
tiplicar as forças do mis.sionáTío ou dar
admirável serenidade, Nabuco durante
ál maior vigor à ação do estadista. Daí a diferença de comportamento de cada
dez anos permaneceu afastado de Rni.
pausa para levar a cabo as suas as pirações no campo da literatura, in
lip desde a adolescêneia, (piando fa-.'
Talvez houvessem compreendido que para a sensibilidade dc ambos, depois
duziam Nabuco a responder a t(^das as
da Academia. Os seus elogios não .são outra cousa senão a munificência do seu
evidente nos dez primeiros anos da Re
duma longa convivência interrompida •süb o fragor duma revolução, não e.xis-
solicitações com o mm pos\vuí)Uí.9, que sòn-.ente abandonaria em 1899, para aceitar a defesa do Brasil, no litígio
pública, parece oferecer até certo en
tia solução melhor.
da Guiana Inglê.sa.
canto. É a oportunidade para a.s me-
reatariam relações.
qual ante o ostracismo. Para Nabuco. o recolhimento à \ida pn\ada, como c
Apesar de receber a Repúl)'ica com
o amor-próprio, o desencanto, as convic ções, e também a ânsia de encontrar a
Somente em 1899
A reconsideração de Nalmcn. ao mc.s--
I
..•Vu.i
zíamos parte do mesmo bando liberai
espírito, que pode fazer presentes destes sem despojar-se." Rui ainda tornou ao assunto num arti
go inlitulado F.uirc Vclho.s Amigos, pura
1
Djrnlvi í j Ki";onó.mic« ^
.9 '78
h'i rário.
■ . ' ■
Daí a iiríslèiHÍa cuin (jiif rc-|X'-
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''Uma' existência
I,
vivida
assim
nos
campos de batalha, tecida, assim, tòda
DiGii.su» Economico
ditaçóus do místico, ou os IrabttlhnS
Desde (jue reoiusara o oferecimento dc
pacieiite.s do artista. Para Rui. si-r afas
Pernambuco para participar da Consti-
tado da vida pública, por mais ipie a
mo tempo que descoroçoava ou alxirrecia muitos monarquistas, enchia dc jú-
luiiilc dc 1890, Nabuco resistiria a to
bilo os arraiais republicanos.
razão o aconselhe a integrar-se ein ou
dos os convites para .servir ao Pais sob
tras
amargura,
o novo regime. "O dever dos monar-
iiupiiotação. desajiislumcnto, c as forças
quistas .sinceros, (piando mesmo a mu-
atividades, reprc.senla
[( ' ela, dos fio.s da a(,'ão combatente, não
interiores da sua vocação acabam sem
I
se desnatara da .sua sub.stància, não se
pre, e irresistivclmente, faz.cndo-o vol
lilicamenlo com ela", e.scievcii em 1895.
desintegra dos seus clemcnto.s orgâni cos, para se apresentar des\eslida e
tar !i cena política, long<> da (pial as .suaf. energias como ([iic se estiolam e
na famosa carta ao Almirante lacoguai.
Iransníudada naquilo de que ela tem
fenecem.
menos, na mera existência de um homem-de-letras. Como cpier rpie se a
movimento a cercbração privilegiada é o debate das grandes idéias eontcmporãncas. a discussão dos pr<íb'enia.s jurídi cos (• administrativos, ou a réplica cios adversários, contra os r|uais se lança, por vézos. com impiedade, mas sem pre com mestria e grandc^Tíi. O ab.s-
■
encare, boa ou má, ê a de um missio
nário, é a de um soldado, é a de um
construtor.
As letras nela entram ujíc-
nas como a forma
^ du • palavra, que reveste
o
pen.sa-
^PF mento, conio a
eloqüência, cjue dobra o poder das
nar(|uia estivesse morta, seria morrer po-
O que o inflama c põe em
trato mão o sechiz. E mesmo a histú-
idéias, como a be-
^ria não o entu-
A.ssini, surdo a todos os apelos, nioslru-
mc.slras da sinceridade desse desejo, que em 189-3 reiteraria no "Apelo aos conser
vadores". no qual dizia; "É para reabi litar a lepúbMea. não para aluí-la, ou siibvertô-la, que devem tender, pois. os esforços de todos os patriotas, qualquer que seja o seu culto politieo. quaisquer
suii obra será for-
(pie forem as suas preferências consti
jacia no calor das poflémicas ou das
tucionais.
•.j -' interior".. . Realmente,
ao
pas.so que em Na-
ixóes.
isi-j buco domina o li-
Imtos
y j tcrato, tantas vcI zes a serviço das
A
;];] grandes causas cia j.i nacionalidade, em :Vj Rui a preeminên-
dum
Nossos destinos não vogam
entre a monarquia e a república, mas
E os as-
entre a república e a anarquia. É pre
aparente
ciso escolher." E acrescentava: "O Bra
mente mai.s frios, como a elaboniçao
código
ou
duma lei (le ensi no. êle logo os
rito do nomeado, cuja carreira ascen
júbilo do condiscípulo, o artigo de Rui
1'
bcle/a
cia de Nabuco, e confessar-se "um dos .
(pie mais admiração professam pelo mé
jaeobino, há muito almejava aliciar para
íjiliisnía e atrai.
a
va-se assim o antigo desejo de Rui, que,
gerahncnte discreto ne.-sas expansões, foi dos primeiros a aparecer em público, para louvar sem restrições a aepiicscên-
dente aeompanha desde os primeiros
a Rcpúblicix o serviço dc lòdas as ca pacidades, sem distinção dc- credos. Desde o Ministério da (''a/taida dera êle
sil reclama a cooperação desinteressada e ativa de todos os (pie representam a capacidade, a abnegação e o vigor." E sonhava com os monarquistas imitando Toc(|ueville. No entanto, razões diversas, inclusive
*
Rcaliz;i-
va-sc disposto a não abandonar a sua roeha Tarpéia. Rui, que estava bem longe de ser um
. ^ Ic7.a aparente, que reflete
79
anos". Escrito cm linguagem calorosa, e na qual despontava a cada passo o • — A Missão 'Nabuco — constituía um
hino à atitude e à personalidade do co lega que, dizia, cedera "a uma necessi dade da sua tempera, a uma força in terior da sua vocação e expansão inevitáve' da sua individualidade, a um im
pulso do seu destino, (pie o não eriou só para escrever com a sua pena a his- • tória, senão também para a elaborar com os seus atos".
Quebrava-se a muralha interposta pela República entre os dois colegas da.s lides do abolicionismo.
De fato. Na
buco não podia ser in.seusivel ao gesto largo e nobre de Rui. E, logo no dia seguinte, na mesma iiora em (pie muito.s.. companheiros se julgavam com direito
de tomar-lhe contas, escrevia-lhe agra-^
decendo as palavras amigas o sinceras. ,
"É-mc grato, dizia Nabuco, depois ,de ''I tanto tempo de .separação, ter que lhe agradecer o seu artigo de ontem, repus- • sado da velha camaradagem que nos
i<'i' cia é do político, que faz das boas lefí;l tra.s, da eloqüência, da beleza da forma, simples instrumentos destinados a mul-
transforma em teses, que reclamajn a dia lética do advogado e a clava do lutador.
tiplicar as forças do mis.sionáTío ou dar
admirável serenidade, Nabuco durante
ál maior vigor à ação do estadista. Daí a diferença de comportamento de cada
dez anos permaneceu afastado de Rni.
pausa para levar a cabo as suas as pirações no campo da literatura, in
lip desde a adolescêneia, (piando fa-.'
Talvez houvessem compreendido que para a sensibilidade dc ambos, depois
duziam Nabuco a responder a t(^das as
da Academia. Os seus elogios não .são outra cousa senão a munificência do seu
evidente nos dez primeiros anos da Re
duma longa convivência interrompida •süb o fragor duma revolução, não e.xis-
solicitações com o mm pos\vuí)Uí.9, que sòn-.ente abandonaria em 1899, para aceitar a defesa do Brasil, no litígio
pública, parece oferecer até certo en
tia solução melhor.
da Guiana Inglê.sa.
canto. É a oportunidade para a.s me-
reatariam relações.
qual ante o ostracismo. Para Nabuco. o recolhimento à \ida pn\ada, como c
Apesar de receber a Repúl)'ica com
o amor-próprio, o desencanto, as convic ções, e também a ânsia de encontrar a
Somente em 1899
A reconsideração de Nalmcn. ao mc.s--
I
..•Vu.i
zíamos parte do mesmo bando liberai
espírito, que pode fazer presentes destes sem despojar-se." Rui ainda tornou ao assunto num arti
go inlitulado F.uirc Vclho.s Amigos, pura
1
00
afirmar não o ter inspirado, no episódio, "senão o-^lo por uma reputação que c
hoje uma das poucas fortunas de nossa vida política". Prova de que a longa separação provocada pela queda da monarquia não deixara cicatrizes. E, com o pensamento voltado para os dias
Dicesto EcoNÓ>ncfj
81
caberia a Nabuco externar os seus sciili-
mentos diante da República. E, cheio do emoção, bem compreendendo a signi ficação daquele instante, Nabuco escre veria estas palavras do referência a
Quintino: "Havia alguma coiisa de dra mático em no.s enconlrannos frente a
distantes da "velha camaradagem", po
frente neste recinto c Ticstc dia: êle e
diam reatar, satisfeitos, a mesma ami
eu!" E assim, "depoi.s de haver rendi do ã desgraça um preito de dez anos"
zade da adolescência c que uma forte c recíproca admiração presenara em meio a lôdas as vicissítudes "dos interês-
ses contingentes".
— dizia Nabuco — cedera "ã in\encível prescrição da história".
Jubiloso, Rui logo escreveu ao antigo co'ega: "Ainda bem que, afinal, o
De fato, daí por diante não mais se riam perturbadas as relações entre llui
temos declaradamente, entre nós, onde
e Nabuco. E, ao viajar, para assumir
a sua ausência era uma sensível lacuna'.
o posto no qual produziria trabalho no
De braços abertos, o demolidor da mo narquia recebia o novo servidor da re
gênero incomparável, Nabuco, com deli cadeza e afeto, que eram muito do seu feitio, assim se despedia de Rui:
"Meu caro Rui. Desejo-lhe ao par
tir tôdas as felicidades e peço-lhe que disponlui sempre de mim com a amiza de que nos ligava nos tempos da nossa mocídade, certo de que V. não tem
quem, mais do que eu, deseje a per feição do seu talento, a universalidade
pública. Sem dúvida, a velha camara
dagem reflorira vigorosa c perfeita. Entretanto, por oca.sião da 2.^ Confe rência dc Haia é que a amizade e a admiração de Nabuco pelo colega de Academia seria posta a prova. Como e sabido, o primeiro nome lembrado para
chefiar a delegação do Brasil fôra o de
ra e superior esfera, e é com sincera satisfação que acompanha a plenitude
Nabuco. Rio Branco chegara até a convídá-lo. Depois, cedendo a um movi mento de opinião, é que se voltaria para Rui. E a um amigo íntimo, Graça Aranha, escreveria, justificando-se: "Por mais que eu deseje dar ao Rui essa
que caminha do seu disco intelectual,
prova de amizade e confiança, por mais
Seu sempre, Joaqtiim Nabuco."
que me custe não estar com êle na Europa... não posso ir a Haia como se gundo, o êle só poderá ir como primei
do seu nome- e a imortalidade da sua
obra. Tenho mais ambição do que V. mesmo de o ver entrar na sua verdadei
Sete anos se passaram antes que Na
buco tomasse ao Brasil. E, apesar do
tempo decorrido, um véu de mistério ainda envolvia a atitude de Nabuco diante do novo regime. Continuaria mo-
narquista? Estaria convertido aos ideais republicanos? No célebre banquete que ]he ofereceram então no Cassino Flumi nense, e no qual deveria ter sido sau
dado por Quintino Bocaiúva, de quem também se separara após a Abolição,
Dicesto EcoNÓAnco
nienlc, nenhuma mágoa toldara o es
pírito de Nabuco em face da preterição. Prova disso é que, solicitado pelo Barão do Rio Branco para ir até à Europa, a fim dc au.xiliar Rui com os seus co nhecimentos e as suas relações no mun
do da diplomacia, Nabuco, poucos dias depois do Rui, também chegava a Paris. ^'iaja^•a como um diplomata em férias. E a êle, que sem Rui teria sido o em
atencioso c agradável. Êle tem grande
admiração por V. O México é o rivaí da Argentina na América Espanhola e
politicamente mais importante pela pro ximidade do.s Estados Unidos, o que o toma um agente dêste para as nações
da mesma língua. O México procurou
muito tempo fugir a essa aproximação, baixador, cabia agora um papel anô mas compreende melhor o seu innimo, ignorado. Quantos o desempenha- terêssehoje e os Estados Unidos lhe estão in nam de coração aberto? O certo é que suflando o seu espírito pouco a pouco. imodiatainente Nabuco sc pôs em cam
po, e.xplicando aos amigos da carriére
quem era Rui, o seu valor, o seu nome, a sua preeminência intelectual no Brasil
E também a Rui, informando-o de cer tos meandros em que não podia ser ^'er-
sado, fornecia preciosos informes, dentro os quais se destacam as conhecidas
"Notas Confidenciais", em que, com ver\'o, finura e perspicácia, retratava algujis dos delegados à Conferência de Haia. Assim e que escrevia Nabuco a Rui:
"Notas Confidenciais: ~ O Quesada é o melhor informante que V. possa ter do que se passar na esfera hispano-ame ricana. Ainda que êle seja muito amigo do Saenz Pena, de quem foi Secretário,
V. pode fiar-se nêle, certo de que, se o chamar a si — os cubanos, neste mo mento, sobretudo, são muito sensíveis a simpatia e medem cada pequena di ferença no acolhimento que recebem
ro..." E a Rui, delicadamente, en\aou
ê'© sera um bom abado do Brasil entre
Nabuco êste telegrama: "Saúde obriga-
a Híspano-América.
Êle é muito en
me declinar, mas estarei em pensamento
tusiasta, mas \'e claro e com muita pe
ao seu lado, orgulhoso de ver o Brasil
netração.
assim representado entre as nações. Muitos, muitos parabéns".
amizade com ela."
Mme. Quesada é muito sim
pática e merece que sua senhora faça
Não se pense, no entanto, que eram
"O Esteva, Primeiro Delegado do
.simples palavras de cortesia. Os fatos -SP incumbiriam de mostrar que, real-
México, é muito pobdo, mas frio e
:lÉ.
de forma. Êle foi meu colega em Roma e c meu amigo. O de La Barra é muito
muito suscetível e exigente em questões
Entro o Mé.\ico e a Argentina não tenho
dm-ida de que eles prefeririam elevar o México tímto na Haia como cm qualquer Outra ocasião."
"Dom Domingo é um velho amigo nosso, mas os argentinos o lêm muito
festejado ultimamente e, se é certo que êle era o candidato h Embaixada que o Chile quis criar em Wasliington, talvez ôlo nos suspeite de frieza a respeito dessa idéia. A mim ninguém nunca disse uma palavra por parte do Clüle, nem tampouco por parte doa Estados
Unidos.
Traballiei quanto pude por
apro.ximar os dois países, falando ao Pre
sidente e a Mr. Root sempre do Chile, de modo a elevá-lo no espírito de am bos, e convencendo o Walter Martinez
de que não pode haver política mais errada para o Chile do que inspirar desconfiança aos Estados Unidos, sobre
tudo quando o Peru procura por todos os modos captar-Uies a simpatia. A mim não cabia dizer uma palavra sôbre um plano de que apenas Üve conhecimen
to pelos jornais e em questão tão melin drosa. Admira-me que o Chile tenha querido realizar tal pensamento encar-
regando-o ao Yocham ou tratando por intermédio do Ministro americaho em
Santiago, não sei qual foi o negociador." O Quesada lhe explicará o valor dc
00
afirmar não o ter inspirado, no episódio, "senão o-^lo por uma reputação que c
hoje uma das poucas fortunas de nossa vida política". Prova de que a longa separação provocada pela queda da monarquia não deixara cicatrizes. E, com o pensamento voltado para os dias
Dicesto EcoNÓ>ncfj
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caberia a Nabuco externar os seus sciili-
mentos diante da República. E, cheio do emoção, bem compreendendo a signi ficação daquele instante, Nabuco escre veria estas palavras do referência a
Quintino: "Havia alguma coiisa de dra mático em no.s enconlrannos frente a
distantes da "velha camaradagem", po
frente neste recinto c Ticstc dia: êle e
diam reatar, satisfeitos, a mesma ami
eu!" E assim, "depoi.s de haver rendi do ã desgraça um preito de dez anos"
zade da adolescência c que uma forte c recíproca admiração presenara em meio a lôdas as vicissítudes "dos interês-
ses contingentes".
— dizia Nabuco — cedera "ã in\encível prescrição da história".
Jubiloso, Rui logo escreveu ao antigo co'ega: "Ainda bem que, afinal, o
De fato, daí por diante não mais se riam perturbadas as relações entre llui
temos declaradamente, entre nós, onde
e Nabuco. E, ao viajar, para assumir
a sua ausência era uma sensível lacuna'.
o posto no qual produziria trabalho no
De braços abertos, o demolidor da mo narquia recebia o novo servidor da re
gênero incomparável, Nabuco, com deli cadeza e afeto, que eram muito do seu feitio, assim se despedia de Rui:
"Meu caro Rui. Desejo-lhe ao par
tir tôdas as felicidades e peço-lhe que disponlui sempre de mim com a amiza de que nos ligava nos tempos da nossa mocídade, certo de que V. não tem
quem, mais do que eu, deseje a per feição do seu talento, a universalidade
pública. Sem dúvida, a velha camara
dagem reflorira vigorosa c perfeita. Entretanto, por oca.sião da 2.^ Confe rência dc Haia é que a amizade e a admiração de Nabuco pelo colega de Academia seria posta a prova. Como e sabido, o primeiro nome lembrado para
chefiar a delegação do Brasil fôra o de
ra e superior esfera, e é com sincera satisfação que acompanha a plenitude
Nabuco. Rio Branco chegara até a convídá-lo. Depois, cedendo a um movi mento de opinião, é que se voltaria para Rui. E a um amigo íntimo, Graça Aranha, escreveria, justificando-se: "Por mais que eu deseje dar ao Rui essa
que caminha do seu disco intelectual,
prova de amizade e confiança, por mais
Seu sempre, Joaqtiim Nabuco."
que me custe não estar com êle na Europa... não posso ir a Haia como se gundo, o êle só poderá ir como primei
do seu nome- e a imortalidade da sua
obra. Tenho mais ambição do que V. mesmo de o ver entrar na sua verdadei
Sete anos se passaram antes que Na
buco tomasse ao Brasil. E, apesar do
tempo decorrido, um véu de mistério ainda envolvia a atitude de Nabuco diante do novo regime. Continuaria mo-
narquista? Estaria convertido aos ideais republicanos? No célebre banquete que ]he ofereceram então no Cassino Flumi nense, e no qual deveria ter sido sau
dado por Quintino Bocaiúva, de quem também se separara após a Abolição,
Dicesto EcoNÓAnco
nienlc, nenhuma mágoa toldara o es
pírito de Nabuco em face da preterição. Prova disso é que, solicitado pelo Barão do Rio Branco para ir até à Europa, a fim dc au.xiliar Rui com os seus co nhecimentos e as suas relações no mun
do da diplomacia, Nabuco, poucos dias depois do Rui, também chegava a Paris. ^'iaja^•a como um diplomata em férias. E a êle, que sem Rui teria sido o em
atencioso c agradável. Êle tem grande
admiração por V. O México é o rivaí da Argentina na América Espanhola e
politicamente mais importante pela pro ximidade do.s Estados Unidos, o que o toma um agente dêste para as nações
da mesma língua. O México procurou
muito tempo fugir a essa aproximação, baixador, cabia agora um papel anô mas compreende melhor o seu innimo, ignorado. Quantos o desempenha- terêssehoje e os Estados Unidos lhe estão in nam de coração aberto? O certo é que suflando o seu espírito pouco a pouco. imodiatainente Nabuco sc pôs em cam
po, e.xplicando aos amigos da carriére
quem era Rui, o seu valor, o seu nome, a sua preeminência intelectual no Brasil
E também a Rui, informando-o de cer tos meandros em que não podia ser ^'er-
sado, fornecia preciosos informes, dentro os quais se destacam as conhecidas
"Notas Confidenciais", em que, com ver\'o, finura e perspicácia, retratava algujis dos delegados à Conferência de Haia. Assim e que escrevia Nabuco a Rui:
"Notas Confidenciais: ~ O Quesada é o melhor informante que V. possa ter do que se passar na esfera hispano-ame ricana. Ainda que êle seja muito amigo do Saenz Pena, de quem foi Secretário,
V. pode fiar-se nêle, certo de que, se o chamar a si — os cubanos, neste mo mento, sobretudo, são muito sensíveis a simpatia e medem cada pequena di ferença no acolhimento que recebem
ro..." E a Rui, delicadamente, en\aou
ê'© sera um bom abado do Brasil entre
Nabuco êste telegrama: "Saúde obriga-
a Híspano-América.
Êle é muito en
me declinar, mas estarei em pensamento
tusiasta, mas \'e claro e com muita pe
ao seu lado, orgulhoso de ver o Brasil
netração.
assim representado entre as nações. Muitos, muitos parabéns".
amizade com ela."
Mme. Quesada é muito sim
pática e merece que sua senhora faça
Não se pense, no entanto, que eram
"O Esteva, Primeiro Delegado do
.simples palavras de cortesia. Os fatos -SP incumbiriam de mostrar que, real-
México, é muito pobdo, mas frio e
:lÉ.
de forma. Êle foi meu colega em Roma e c meu amigo. O de La Barra é muito
muito suscetível e exigente em questões
Entro o Mé.\ico e a Argentina não tenho
dm-ida de que eles prefeririam elevar o México tímto na Haia como cm qualquer Outra ocasião."
"Dom Domingo é um velho amigo nosso, mas os argentinos o lêm muito
festejado ultimamente e, se é certo que êle era o candidato h Embaixada que o Chile quis criar em Wasliington, talvez ôlo nos suspeite de frieza a respeito dessa idéia. A mim ninguém nunca disse uma palavra por parte do Clüle, nem tampouco por parte doa Estados
Unidos.
Traballiei quanto pude por
apro.ximar os dois países, falando ao Pre
sidente e a Mr. Root sempre do Chile, de modo a elevá-lo no espírito de am bos, e convencendo o Walter Martinez
de que não pode haver política mais errada para o Chile do que inspirar desconfiança aos Estados Unidos, sobre
tudo quando o Peru procura por todos os modos captar-Uies a simpatia. A mim não cabia dizer uma palavra sôbre um plano de que apenas Üve conhecimen
to pelos jornais e em questão tão melin drosa. Admira-me que o Chile tenha querido realizar tal pensamento encar-
regando-o ao Yocham ou tratando por intermédio do Ministro americaho em
Santiago, não sei qual foi o negociador." O Quesada lhe explicará o valor dc
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'
DiüF.sfo Económi
D{(.i'.si(j Econúxíico
a(jni mesmo, respirando no ambiente
cada delegado híspano-americnuo. nio.slre desejar ouvi-lo sôbre èlcs.
V.
Rui, coiisliluía prova ine([uí\ oca de con
livre, progrcssi.sla c arn-jado de São
fiança c amizade. Ê datada de .Miami, cin -l de feve
Paulo, iniciara ao lado de Rui.
E no
a Rui (pie se c.onbece. Carta inehmcóli-
curso da qual, apesar das profundas di ferenças de temperamento, que marcam as duas eminentes personalidades du
é meu, falando-lhe de V. como dcxo.
ca, labrz já ditada pelo pres.senliuionl" de (piem .sentia (pie a vida não lhe iriu
colegas de Academia nos proporcionam
Êlc estè\e ultimamente bem doente de
Ic/iige. "Compietain-.se dez anos — PS-
altos e.xemplos dc belcz.;i moral, dç
uma dispcpsia nervosa.
V. cultive a
crevia Nabuco — de ausência do Pais e
ainÍ7Aide dèlc, que será o seu melhor guia entre a diplomacia européia. Êlc
da \ida mais artificial (]ne eu podia ler
é muito amável e rpiererú agradar-lhe
bar assim." Desde ({ue o invadira n convicção da niórte pr(>.\ima, era èsse o
"O Fusinato é muito meu amigo. Dou
ao Artur uma carta para èle, em que
lhe manifesto a esperança de vè-!o dei xar a Conferência táo seu amigo como
por èsse instinto político que fa/. da italiana a raça mais civilizada do mun do."
"O Barão de Seiir (sòbie (jiic se fèz "à tort" o epigrama il ne sail lire n/ écnre) é muito relacionado entre a \e-
Iha aristocracia holandesa, esteve no Rio. imião do meu amigo (> Visconde
d Alte, meu colega em Washington, co leciona porcelanas brancas e é um gran de "sportman", no sentido de aposlaclor em corridas. O Artur há de conhecc-Io bem. Talvez èle fòs.se melhor
au.KiIiar seu no que respeita à própria Holanda e ao corpo diplomático de Haia."
reiro de 1909, a última carta cie Nahuo>
Nabuco era admiráve'.
Assim, até an fim, uni belo c peifeitr, espírito de admiração, o mesmo qnc nascera aqui em São Paiiio, sob as ar
ril(,i: "Estou agora absorvido em Platão, pelo qual comecei em 1871 e 18/-. É curiosa essa rotação da Inteligência
que volta ao ponto de partida. Vivo iie.sla pequena biblioteca; a Bíblia, os
Diálogos de Platão, a Moral de AristóleIc.'!. as (.bras filo.sófica.s de Cícero, as
e.bras de PhUarco, Marco Aurélio e algiiiií; mais. É um retiro espiritual... Realimnte, Nabuco abeira\a-se do
vera êle a Rui: "Quisera que
tives
se \'isto a minha correspondência com
o Rio Branco desde ({ue atpii cheguei, eoiuo eu quisera \er a sua de Haia. Um dia (al\'ez as po-ssamos comparar." Infelizmente, a morte não lhe deixa
ria (empo para realizar êsse desejo, — o ci\ãlismo —, cujos ecos ainda reIroam aqui no planalto paulista, Nabuco,
o País com a maior das suas campanlía.s
'ongc da pátria, feclnixa os olhos paru sempre.
E o
Encerrava-se assim uma das mais bri
pedida, para quem conliecc a timidez,
lhantes carreiias a que o País tem u.s-
o.s escrúpulos, as reser\'as de que era forrado o comple.xo Icmperaniento de
gia. força para atravcs.sarem incormptas esta hora angiistiosa • e conturbada da humanidade.
_x'
mava. como se relesse pela última vez
nal. Tanto assim que ao se reiniciar a
americanos de que nect.ssitava.
çòe.s. que nêles, cm vez de mesquinha i"i\"ali(lade, en(rontiarão c.stiniulo. ener
alguns livros fundamentais ao sen espi-
justamente na hora em (pie Rui agitava
a Nabuco tpie Rui se dirigia para soli citar o obséquio de reineter-üie os livras
brados para edificação das novas gera-
tom da correspondência de Nabuco- A Marlim Francisco, por exemplo, infor
cadas da velha e gloriosa Faculdade de Direito, marcaria as relações entre os deis \ ulto.s eminentes da liistória nacio discussão do Código Ci\il, em 1908, era
xiços à nacionalidade, devem ser lem
tidí.». Estou cansado e não. quisera aca
fim. .Certa vez. dc Wa.shington. escre
Tudo franco, exato, precioso. Nenliitin traço de ambição c!)nlrariada.
nossa história, as relações entre os dois
de.«arnbiçã() e de pureza de sentimentos, que, tanto quanto ós inestimáveis ser-
sistido, nas letras e na política. A glo riosa trajetória cpie, (piarenta anos antes, ^
■ /q
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a(jni mesmo, respirando no ambiente
cada delegado híspano-americnuo. nio.slre desejar ouvi-lo sôbre èlcs.
V.
Rui, coiisliluía prova ine([uí\ oca de con
livre, progrcssi.sla c arn-jado de São
fiança c amizade. Ê datada de .Miami, cin -l de feve
Paulo, iniciara ao lado de Rui.
E no
a Rui (pie se c.onbece. Carta inehmcóli-
curso da qual, apesar das profundas di ferenças de temperamento, que marcam as duas eminentes personalidades du
é meu, falando-lhe de V. como dcxo.
ca, labrz já ditada pelo pres.senliuionl" de (piem .sentia (pie a vida não lhe iriu
colegas de Academia nos proporcionam
Êlc estè\e ultimamente bem doente de
Ic/iige. "Compietain-.se dez anos — PS-
altos e.xemplos dc belcz.;i moral, dç
uma dispcpsia nervosa.
V. cultive a
crevia Nabuco — de ausência do Pais e
ainÍ7Aide dèlc, que será o seu melhor guia entre a diplomacia européia. Êlc
da \ida mais artificial (]ne eu podia ler
é muito amável e rpiererú agradar-lhe
bar assim." Desde ({ue o invadira n convicção da niórte pr(>.\ima, era èsse o
"O Fusinato é muito meu amigo. Dou
ao Artur uma carta para èle, em que
lhe manifesto a esperança de vè-!o dei xar a Conferência táo seu amigo como
por èsse instinto político que fa/. da italiana a raça mais civilizada do mun do."
"O Barão de Seiir (sòbie (jiic se fèz "à tort" o epigrama il ne sail lire n/ écnre) é muito relacionado entre a \e-
Iha aristocracia holandesa, esteve no Rio. imião do meu amigo (> Visconde
d Alte, meu colega em Washington, co leciona porcelanas brancas e é um gran de "sportman", no sentido de aposlaclor em corridas. O Artur há de conhecc-Io bem. Talvez èle fòs.se melhor
au.KiIiar seu no que respeita à própria Holanda e ao corpo diplomático de Haia."
reiro de 1909, a última carta cie Nahuo>
Nabuco era admiráve'.
Assim, até an fim, uni belo c peifeitr, espírito de admiração, o mesmo qnc nascera aqui em São Paiiio, sob as ar
ril(,i: "Estou agora absorvido em Platão, pelo qual comecei em 1871 e 18/-. É curiosa essa rotação da Inteligência
que volta ao ponto de partida. Vivo iie.sla pequena biblioteca; a Bíblia, os
Diálogos de Platão, a Moral de AristóleIc.'!. as (.bras filo.sófica.s de Cícero, as
e.bras de PhUarco, Marco Aurélio e algiiiií; mais. É um retiro espiritual... Realimnte, Nabuco abeira\a-se do
vera êle a Rui: "Quisera que
tives
se \'isto a minha correspondência com
o Rio Branco desde ({ue atpii cheguei, eoiuo eu quisera \er a sua de Haia. Um dia (al\'ez as po-ssamos comparar." Infelizmente, a morte não lhe deixa
ria (empo para realizar êsse desejo, — o ci\ãlismo —, cujos ecos ainda reIroam aqui no planalto paulista, Nabuco,
o País com a maior das suas campanlía.s
'ongc da pátria, feclnixa os olhos paru sempre.
E o
Encerrava-se assim uma das mais bri
pedida, para quem conliecc a timidez,
lhantes carreiias a que o País tem u.s-
o.s escrúpulos, as reser\'as de que era forrado o comple.xo Icmperaniento de
gia. força para atravcs.sarem incormptas esta hora angiistiosa • e conturbada da humanidade.
_x'
mava. como se relesse pela última vez
nal. Tanto assim que ao se reiniciar a
americanos de que nect.ssitava.
çòe.s. que nêles, cm vez de mesquinha i"i\"ali(lade, en(rontiarão c.stiniulo. ener
alguns livros fundamentais ao sen espi-
justamente na hora em (pie Rui agitava
a Nabuco tpie Rui se dirigia para soli citar o obséquio de reineter-üie os livras
brados para edificação das novas gera-
tom da correspondência de Nabuco- A Marlim Francisco, por exemplo, infor
cadas da velha e gloriosa Faculdade de Direito, marcaria as relações entre os deis \ ulto.s eminentes da liistória nacio discussão do Código Ci\il, em 1908, era
xiços à nacionalidade, devem ser lem
tidí.». Estou cansado e não. quisera aca
fim. .Certa vez. dc Wa.shington. escre
Tudo franco, exato, precioso. Nenliitin traço de ambição c!)nlrariada.
nossa história, as relações entre os dois
de.«arnbiçã() e de pureza de sentimentos, que, tanto quanto ós inestimáveis ser-
sistido, nas letras e na política. A glo riosa trajetória cpie, (piarenta anos antes, ^
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JDxcesto Econômico
tos de 1 diii de Iraballu) industrial. É
Equidade nas Imcas inlernacionai
um sistema esgotador, que beneficia as nações fortes e aparelhadas. No fundo de tudo isso está batendo
(D
vivamente uma questão vital, que afeta
DjACU\ Menezes
particularmente o Brasil e toda a Amé
(Prof. cat. da Universidade do Brasil) lançar, no Conselho Econômico da Confederação das Indústrias, a idéia que constitui objeto deste exame, o ilus tre economista senador Roberto Simonsen
rica Latina, como não escapou à per
Segundo o fio dÔMo raciocínio, atinou com o núcleo do problema: corrigir, por meios jurídicos intcrnacionaliiiente constituídos (ou melhor, a serem cons
explanou-a em "memorandum" que,
tituídos), as injustiças ocorrentes nas
lúcidamente, esboçava linhas teóricas niais gerais do seu pensamento. Dias de
trocas entre países industrializados e países agrícolas. O fim será e\ itar que
pois. em palestra, esclarecia qual deveria ser a meta e a amplitude da doutrina que sua intuição pioneira lhe sugeria. Lemrava então ser. um programa para o
se "promova, de fato, a troca de pro-
lr''rT
a aparência ilusória da troca monetária, o que na realidade interessa às popula
nr,rr.f
1
^
Internacional SoprocurassG
duto.s
fracamente
remunerados,
p"r
outros altamente recompensados".
A análise econômica mostrou que, sob
nn« possíveis das premissas® queconseqüências sua inteligên-
ções do mundo, através de suas frontei
cia superiormente descortinava.
mados pela vicTa humana. .\s superes-
A idéia não podia deixar de seduzir, ü estudo incessante dos problemas especialmdos que interessam o nosso de.sen-
volvimento industrial leva-nos, vez por outra, a contactos com teorias e pano ramas mais gerais. E o tema que Si monsen corajosamente procurou desta
ras, são as utilidades e serviços recla tnituras monetárias e financeiras pertur
bam ou impedem muitas vêzes a apre ciação objetiva dos valores que .se per-
mutam; e é aí que se oculta a parte mais viva da injustiça do comércio in ternacional.
Os teóricos de nações mais avançadas
car, destinando-o a largo e democrático debate, envolve-se, inevitàvelmente, nas
ehiboram teorias artificiosas que servem
mais altas aspirações humanitárias de
(e a história das doutrinas econômicas
justiça internacional. O autor abalizado da "História Eco
nômica do Brasil" escrevera, em 1937, ao considerar os acordos comerciais entre
as nações, que a reciprocidade estipula da entre partes contratantes econòmicamente desiguais, contendo condições
jurídicas de igualdade, acabava deter minando, "do ponto de vísta econômi co, uma progressiva vassalagem da íiúçâo menos aparelhada à nação mais po derosa".
aos interêsses dos seus respectivos países
cepção •excepcionalmente patriótica de Roberto Simonsen.
Sob a égide da igualdade jurídica, por conseqüência, e.xiste, na realidade, uma
tremenda desigualdade econômica. Essa
jjecialização do trabalho entre as na
ções, a base para explicar as trocas in
ternacionais.
A rede de transportes,
progressivamente aperfeiçoada, facilitou
o escoamento das matérias-primas proce dentes de regiões apartadas do globo, que foram ligadas ao proee.sso de cresci mento capitalista. A conseqüência foi a modificação rápida das regiões atrasa das. Introduziu-se o regime do salariado, que alterou a própria estrutura da
quelas populações. Estas nem sempre
desigualdade tem proporcionado vanta gens extraordinárias aos países que cedo
se beneficiaram com a mudança.
•se lançaram no caminho da industrializa
cada vez mais necessários aos países industrialmente avançados do Ocidente,'
ção intensiva, contando com circunstân cias históricas favoráveis.
Teremos que iniciar a análise do plano eco
Os países atmsados tomaram-se assüu
quer como fomeccdore.s
rr."
de ínatérias-prüuas o gê neros alinienticios, quer
nômico e financeiro.
como mercados consumi
ProkopoWcz assinalou
dores dos produtos ma
três fases na industi-ia-
lização das países agrí-
nufaturados. Foi o que
• '
colas:
a) fase em que se or ganiza a, transformação
rudimentar de suas próprias matériasprimas (refinarias de açúcar, moinho.s
etc.), preparando-as para uma expor tação mais fácil;
b) fase em que se constróem usinas e
fábricas têxteis, de calçados etc., suprin
alguns obser\ndores de
nominaram de "proces so de europeização da agricultura dos países coloniais". Era uma ex-pressão bem .soante para designar a realidade misér-
rima das populações que vegetavam em muitas áreas do globo: - China, índia
e alhures.
A redução das despesas
oriundas da navegação a vapor estendeu
do de artigos de consumo as populações
o comércio de cereais, de queijo algo
aí está para provar isso). Os países
nacionais;
econòmicamente atrasados são freqüen
pesada, a indústria criadora dos bens produtivos.
dão, lã. por paragens até então ion da circulação econômica; o mesmo se deu com os produtos extrativos Von Thünen percebeu os smtomas da transfomiação que se iniciava na economia mundial, como o atesta sua obra Der
temente iludidos — ou porque seus de legados sejam ludibriados pelas leorizações, ou porque se deixam arrastar por motivos menos lisonjeiros. O certo e que cedo acordam dessangrados nas suas
mais profundas fontes de vida coletiva. Porque, com a desigualdade das taxas de trocas, estão entregando, sob a capu
das transações monetárias, produtos de 15 dias de trabalho agrícola por produ
c) fase em que se funda a indústria
Com o desenvolvimento dos meios de
transporte, acelerados a partir dos mea dos do século XIX, começou a constitulr-se um sistema mundial de comér
T /.I T und Nationaloktrmnic, atd La^wrHsohaft
cio operando-se xuna maior divisão in
ternacional do trabalho, fenômenos já
suficientemente estudados pelos econo mistas.
Sraith buscara mesmo, na es-
Os centros mundiais dêsse movimen
to mercantil foram acumulando capitais
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Equidade nas Imcas inlernacionai
um sistema esgotador, que beneficia as nações fortes e aparelhadas. No fundo de tudo isso está batendo
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vivamente uma questão vital, que afeta
DjACU\ Menezes
particularmente o Brasil e toda a Amé
(Prof. cat. da Universidade do Brasil) lançar, no Conselho Econômico da Confederação das Indústrias, a idéia que constitui objeto deste exame, o ilus tre economista senador Roberto Simonsen
rica Latina, como não escapou à per
Segundo o fio dÔMo raciocínio, atinou com o núcleo do problema: corrigir, por meios jurídicos intcrnacionaliiiente constituídos (ou melhor, a serem cons
explanou-a em "memorandum" que,
tituídos), as injustiças ocorrentes nas
lúcidamente, esboçava linhas teóricas niais gerais do seu pensamento. Dias de
trocas entre países industrializados e países agrícolas. O fim será e\ itar que
pois. em palestra, esclarecia qual deveria ser a meta e a amplitude da doutrina que sua intuição pioneira lhe sugeria. Lemrava então ser. um programa para o
se "promova, de fato, a troca de pro-
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a aparência ilusória da troca monetária, o que na realidade interessa às popula
nr,rr.f
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Internacional SoprocurassG
duto.s
fracamente
remunerados,
p"r
outros altamente recompensados".
A análise econômica mostrou que, sob
nn« possíveis das premissas® queconseqüências sua inteligên-
ções do mundo, através de suas frontei
cia superiormente descortinava.
mados pela vicTa humana. .\s superes-
A idéia não podia deixar de seduzir, ü estudo incessante dos problemas especialmdos que interessam o nosso de.sen-
volvimento industrial leva-nos, vez por outra, a contactos com teorias e pano ramas mais gerais. E o tema que Si monsen corajosamente procurou desta
ras, são as utilidades e serviços recla tnituras monetárias e financeiras pertur
bam ou impedem muitas vêzes a apre ciação objetiva dos valores que .se per-
mutam; e é aí que se oculta a parte mais viva da injustiça do comércio in ternacional.
Os teóricos de nações mais avançadas
car, destinando-o a largo e democrático debate, envolve-se, inevitàvelmente, nas
ehiboram teorias artificiosas que servem
mais altas aspirações humanitárias de
(e a história das doutrinas econômicas
justiça internacional. O autor abalizado da "História Eco
nômica do Brasil" escrevera, em 1937, ao considerar os acordos comerciais entre
as nações, que a reciprocidade estipula da entre partes contratantes econòmicamente desiguais, contendo condições
jurídicas de igualdade, acabava deter minando, "do ponto de vísta econômi co, uma progressiva vassalagem da íiúçâo menos aparelhada à nação mais po derosa".
aos interêsses dos seus respectivos países
cepção •excepcionalmente patriótica de Roberto Simonsen.
Sob a égide da igualdade jurídica, por conseqüência, e.xiste, na realidade, uma
tremenda desigualdade econômica. Essa
jjecialização do trabalho entre as na
ções, a base para explicar as trocas in
ternacionais.
A rede de transportes,
progressivamente aperfeiçoada, facilitou
o escoamento das matérias-primas proce dentes de regiões apartadas do globo, que foram ligadas ao proee.sso de cresci mento capitalista. A conseqüência foi a modificação rápida das regiões atrasa das. Introduziu-se o regime do salariado, que alterou a própria estrutura da
quelas populações. Estas nem sempre
desigualdade tem proporcionado vanta gens extraordinárias aos países que cedo
se beneficiaram com a mudança.
•se lançaram no caminho da industrializa
cada vez mais necessários aos países industrialmente avançados do Ocidente,'
ção intensiva, contando com circunstân cias históricas favoráveis.
Teremos que iniciar a análise do plano eco
Os países atmsados tomaram-se assüu
quer como fomeccdore.s
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de ínatérias-prüuas o gê neros alinienticios, quer
nômico e financeiro.
como mercados consumi
ProkopoWcz assinalou
dores dos produtos ma
três fases na industi-ia-
lização das países agrí-
nufaturados. Foi o que
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a) fase em que se or ganiza a, transformação
rudimentar de suas próprias matériasprimas (refinarias de açúcar, moinho.s
etc.), preparando-as para uma expor tação mais fácil;
b) fase em que se constróem usinas e
fábricas têxteis, de calçados etc., suprin
alguns obser\ndores de
nominaram de "proces so de europeização da agricultura dos países coloniais". Era uma ex-pressão bem .soante para designar a realidade misér-
rima das populações que vegetavam em muitas áreas do globo: - China, índia
e alhures.
A redução das despesas
oriundas da navegação a vapor estendeu
do de artigos de consumo as populações
o comércio de cereais, de queijo algo
aí está para provar isso). Os países
nacionais;
econòmicamente atrasados são freqüen
pesada, a indústria criadora dos bens produtivos.
dão, lã. por paragens até então ion da circulação econômica; o mesmo se deu com os produtos extrativos Von Thünen percebeu os smtomas da transfomiação que se iniciava na economia mundial, como o atesta sua obra Der
temente iludidos — ou porque seus de legados sejam ludibriados pelas leorizações, ou porque se deixam arrastar por motivos menos lisonjeiros. O certo e que cedo acordam dessangrados nas suas
mais profundas fontes de vida coletiva. Porque, com a desigualdade das taxas de trocas, estão entregando, sob a capu
das transações monetárias, produtos de 15 dias de trabalho agrícola por produ
c) fase em que se funda a indústria
Com o desenvolvimento dos meios de
transporte, acelerados a partir dos mea dos do século XIX, começou a constitulr-se um sistema mundial de comér
T /.I T und Nationaloktrmnic, atd La^wrHsohaft
cio operando-se xuna maior divisão in
ternacional do trabalho, fenômenos já
suficientemente estudados pelos econo mistas.
Sraith buscara mesmo, na es-
Os centros mundiais dêsse movimen
to mercantil foram acumulando capitais
WrT' 8G
Di<;i:sn) Kcosósiit •• Digesto Econômico
à custa do trabalho dos países retarda dos, que, graduahuente, tiveram de se submeter à liderunça c-conómica dos países industriais carecidos de L('hcufirnimi, — de "espaços %itais". Entre
sa do mercado interno, determina a e.x-
portaçTio do ouro em pagamento dos produtos importacÍ!)s — e os "stoclcs" ntciálicr-.s afiuem para os Estado.< Uni dos. Esg('lam-se as rc.^crvas da .Alc-
tanto, os países atrasados representavam
muiilia, da Itália, do Japão, <iue. são
0/10 da humanidade.
conduzidos ao comércio dc acordos bi
Os seus "espa
ços" já estavam superlotados... Não devemos considerar somente o
aspecto negativo dessa influência do de senvolvimento dos transportes' sobre a repartição internacional do trabalho. Êle influiu poderosamente na expansão da agricultura, que, por sua vez, re
laterais, às autarquias, ao controle dos preço.s, da moeda c do crédito para salvar o regime econômico. Entram numa economia dirigida, de "Ersatz" e de annamenlo.s.
As reservas cie divisas
para importar matérias-primas (carvao, petrólefj', ferro etc.) destinam-se a man
diai.s.
Ides laz.ein acordos, marcam
preços, dirigem os mercados, repartem lúcios labuloso.s.
As rehiçõe.s (inanceiras, (juf SC estabelecem entre esses gru pos de nações, passam a ser dc credores e dcccdorc.s. E, em inalcria de dividas
iiiteniacionais, nossa liistória financeira
c unia ladainha dolorosa de paciente e.xpoliação dc um povo. (1). Onde buscar os capitai.s? Êles não se podem gerar no seu atraso industrial.
Então as nações prejudicadas recorrem aos cenlro.s financeiros. Êstcs assumiram
ao coniércio internacional, dcLeiminOu
tivo cia corrida armamcntista, ipie ga
de há muito a hegemonia do eomcreio internacional. Mas para que os capi tais se desloquem dos centros industriais em que se ciicoiUram, ó preciso que se lhes ofereçam taxas de juros e de divi dendos bem compensadores. Está na lógica do próprio sistema. Com os capitais emprestados surge
os movimentos da e.xpnitação dc ca
rante lucros
uma
pitais, que vem desempenliar uma ação poderosa no deslocamento das merca
Vem o "slogan" — canhão, em vez de
dorias.
cada vez jnais forte. No ponto da sa
clamou sua indu.striah2ação progressi va, a fim de poder aumentar a produti vidade do trabalho.
Onde encontrar cí/pf7m's? A ctjnccnlraçáo d(js capitais, graças
ter o volume de trabalho; se as divisas
forem empregadas para importar man
teiga, então laltarãcj us matérias-primas ((ue alimentam a atividade chis fábricas, aumentará o desemprego e a agitação crescerá.
Nessa situação cheia de in-
certcZiis, a Alemanha lança-se ao palia interno.s iia
mesma
taxa.
porção de outras necessidades;
melhoramento da navegação, dos siste
turação, quando não é possível adiar a crise pela jnanobra armamenlista, des
mas internos de transportes, da organi zação das sucursais bancárias, das agência.s comerciais, de todos os organismos necessários à regulação das relações que
o deslocamento do dinheiro, isto é,
fecha-se na solução final: a dos ca
se formam.
do ouro, é completamente insigni ficante. São O.S produtos que se
quilaniento dos competidores.
"Na realidade — ensina Taussig —
deslocam, e não ocorre imediatamen
te depois dum de.slocamento de ca
pital, como se existisse uma relação
manteiga.
A tensão interna torna-se
capitais dc' que carecem para a explo ração de .suas próprias riquezas natu
se aparelharem para promover o abusIccimenlo de seus próprios mercados
rais. Seu balanço de pagamentos acusa débitos dificilmente rcmcdiáveis. Co
de consumo interno. Aspiram a certa independência econômica — e plane
mo- formar seus próprios capitais?
jam
Depois da crise de 1929-1933, a polí tica protecionista, necessária para defe
comerciais e industriais, cpie, evidente mente, passam a liderar as trocas mun-
pitalista nacional aventurou-se em irticiativas capazes de abrir caminhos in
dustriais para nossa independência eco
nômica, encontrou freqüentemente pe
traordinário de Delmiro de Gouveia. E lógico que não devemos entregar-
os recursos emprestados no desenvol
Os créditos acumulam-se nos países
sulas contratuais. E quando a^gum ca
Ninguém esqueceu o sibilar da bala
tapitais aplicam (ou deveriam aplicar)
véu monetário de que falou Robertsnn.
de antemão com remuneração e segulança absolutas, através de boas cláu
que prostrou para sempre'o vulto e.\-
troca de valores cpie lhes é dosvantajosa, nãn poderão jamais acumular os
clíniieiro se revela o meio aparente — o
nharam-se sempre para serviços públi cos, serviços de transportes, de sanea mento, de luz, de gás, onde contavam
Os países agropastoris importadores dc
ses atra.saclo/j, depauperados por uni;i
que é objeto real desse movimento. O
mico, estimulando o crescimento indus
trial. Os capitais estrangeiros encami
bolia o interêsse da finança estrangeira.
autoinática entre as operações, fi
Assim, no fundo, é a massa geral de mercadorias, que constitui a riqueza,
préstimo cujo capital se investisse eni ol)ras pioneiras do nosso avanço econô
internacionais
nanceiras de crédito e o rcfiuxo ou
o afiu.xü das mercadorias."
dentissimo cm nossa história financei ra: jamais nos foi concedido um em
Lição de íz/girns- hiccif/nieii/os
knick de. 1929 até 1939.
Acontece, agora, porém, rpie os paí
a exportação de capitais que liies farão perder, no futuro, os mercados dos paí ses dependentes. É a luta que se de- , scnrolu alualni|ente na França e na Itália, cujas indústrias reclamam au xilio americano para se reerguerem. O jornalista Matos Ibiapina já de nunciara freqüentes vêzes um fato evi-
la frente, obtusa e múltipla, a resistência e o desprestígio de alguns testas-defeno nacionais. No fundo da manobra,
nhões. A saída guerreira para o ani-
Foi êsse o caminho que veio do
lulos, que vêm muitas vêzes dos países exportadores de capital, seria prejudica da. Nao interessa aos países industriais
vimento da indústria nacional, a fim de
criaç-rio de fábricas, de indústrias
básicas, de caminhos féneos etc.
Os
investimentos de cajJitais nesses países são compensaclnre.s. Acontece, iiorém, <)iie a importação íIos produtos eOrre-
nos, ingéniiamente, ao capital estranho.
Ha uma contradição dura. Por parte dos países industrializados, sob camuflagem do vurios pretextos, há certa relutância em incentivar a industrialização que lhe
retira mercados. Não querem organi zar seus propvios concorrentes. E é ló
gico que assim o façam. O ilógico é qnp não os comprerndamo.s. Exemplos i;ic«'is:
WrT' 8G
Di<;i:sn) Kcosósiit •• Digesto Econômico
à custa do trabalho dos países retarda dos, que, graduahuente, tiveram de se submeter à liderunça c-conómica dos países industriais carecidos de L('hcufirnimi, — de "espaços %itais". Entre
sa do mercado interno, determina a e.x-
portaçTio do ouro em pagamento dos produtos importacÍ!)s — e os "stoclcs" ntciálicr-.s afiuem para os Estado.< Uni dos. Esg('lam-se as rc.^crvas da .Alc-
tanto, os países atrasados representavam
muiilia, da Itália, do Japão, <iue. são
0/10 da humanidade.
conduzidos ao comércio dc acordos bi
Os seus "espa
ços" já estavam superlotados... Não devemos considerar somente o
aspecto negativo dessa influência do de senvolvimento dos transportes' sobre a repartição internacional do trabalho. Êle influiu poderosamente na expansão da agricultura, que, por sua vez, re
laterais, às autarquias, ao controle dos preço.s, da moeda c do crédito para salvar o regime econômico. Entram numa economia dirigida, de "Ersatz" e de annamenlo.s.
As reservas cie divisas
para importar matérias-primas (carvao, petrólefj', ferro etc.) destinam-se a man
diai.s.
Ides laz.ein acordos, marcam
preços, dirigem os mercados, repartem lúcios labuloso.s.
As rehiçõe.s (inanceiras, (juf SC estabelecem entre esses gru pos de nações, passam a ser dc credores e dcccdorc.s. E, em inalcria de dividas
iiiteniacionais, nossa liistória financeira
c unia ladainha dolorosa de paciente e.xpoliação dc um povo. (1). Onde buscar os capitai.s? Êles não se podem gerar no seu atraso industrial.
Então as nações prejudicadas recorrem aos cenlro.s financeiros. Êstcs assumiram
ao coniércio internacional, dcLeiminOu
tivo cia corrida armamcntista, ipie ga
de há muito a hegemonia do eomcreio internacional. Mas para que os capi tais se desloquem dos centros industriais em que se ciicoiUram, ó preciso que se lhes ofereçam taxas de juros e de divi dendos bem compensadores. Está na lógica do próprio sistema. Com os capitais emprestados surge
os movimentos da e.xpnitação dc ca
rante lucros
uma
pitais, que vem desempenliar uma ação poderosa no deslocamento das merca
Vem o "slogan" — canhão, em vez de
dorias.
cada vez jnais forte. No ponto da sa
clamou sua indu.striah2ação progressi va, a fim de poder aumentar a produti vidade do trabalho.
Onde encontrar cí/pf7m's? A ctjnccnlraçáo d(js capitais, graças
ter o volume de trabalho; se as divisas
forem empregadas para importar man
teiga, então laltarãcj us matérias-primas ((ue alimentam a atividade chis fábricas, aumentará o desemprego e a agitação crescerá.
Nessa situação cheia de in-
certcZiis, a Alemanha lança-se ao palia interno.s iia
mesma
taxa.
porção de outras necessidades;
melhoramento da navegação, dos siste
turação, quando não é possível adiar a crise pela jnanobra armamenlista, des
mas internos de transportes, da organi zação das sucursais bancárias, das agência.s comerciais, de todos os organismos necessários à regulação das relações que
o deslocamento do dinheiro, isto é,
fecha-se na solução final: a dos ca
se formam.
do ouro, é completamente insigni ficante. São O.S produtos que se
quilaniento dos competidores.
"Na realidade — ensina Taussig —
deslocam, e não ocorre imediatamen
te depois dum de.slocamento de ca
pital, como se existisse uma relação
manteiga.
A tensão interna torna-se
capitais dc' que carecem para a explo ração de .suas próprias riquezas natu
se aparelharem para promover o abusIccimenlo de seus próprios mercados
rais. Seu balanço de pagamentos acusa débitos dificilmente rcmcdiáveis. Co
de consumo interno. Aspiram a certa independência econômica — e plane
mo- formar seus próprios capitais?
jam
Depois da crise de 1929-1933, a polí tica protecionista, necessária para defe
comerciais e industriais, cpie, evidente mente, passam a liderar as trocas mun-
pitalista nacional aventurou-se em irticiativas capazes de abrir caminhos in
dustriais para nossa independência eco
nômica, encontrou freqüentemente pe
traordinário de Delmiro de Gouveia. E lógico que não devemos entregar-
os recursos emprestados no desenvol
Os créditos acumulam-se nos países
sulas contratuais. E quando a^gum ca
Ninguém esqueceu o sibilar da bala
tapitais aplicam (ou deveriam aplicar)
véu monetário de que falou Robertsnn.
de antemão com remuneração e segulança absolutas, através de boas cláu
que prostrou para sempre'o vulto e.\-
troca de valores cpie lhes é dosvantajosa, nãn poderão jamais acumular os
clíniieiro se revela o meio aparente — o
nharam-se sempre para serviços públi cos, serviços de transportes, de sanea mento, de luz, de gás, onde contavam
Os países agropastoris importadores dc
ses atra.saclo/j, depauperados por uni;i
que é objeto real desse movimento. O
mico, estimulando o crescimento indus
trial. Os capitais estrangeiros encami
bolia o interêsse da finança estrangeira.
autoinática entre as operações, fi
Assim, no fundo, é a massa geral de mercadorias, que constitui a riqueza,
préstimo cujo capital se investisse eni ol)ras pioneiras do nosso avanço econô
internacionais
nanceiras de crédito e o rcfiuxo ou
o afiu.xü das mercadorias."
dentissimo cm nossa história financei ra: jamais nos foi concedido um em
Lição de íz/girns- hiccif/nieii/os
knick de. 1929 até 1939.
Acontece, agora, porém, rpie os paí
a exportação de capitais que liies farão perder, no futuro, os mercados dos paí ses dependentes. É a luta que se de- , scnrolu alualni|ente na França e na Itália, cujas indústrias reclamam au xilio americano para se reerguerem. O jornalista Matos Ibiapina já de nunciara freqüentes vêzes um fato evi-
la frente, obtusa e múltipla, a resistência e o desprestígio de alguns testas-defeno nacionais. No fundo da manobra,
nhões. A saída guerreira para o ani-
Foi êsse o caminho que veio do
lulos, que vêm muitas vêzes dos países exportadores de capital, seria prejudica da. Nao interessa aos países industriais
vimento da indústria nacional, a fim de
criaç-rio de fábricas, de indústrias
básicas, de caminhos féneos etc.
Os
investimentos de cajJitais nesses países são compensaclnre.s. Acontece, iiorém, <)iie a importação íIos produtos eOrre-
nos, ingéniiamente, ao capital estranho.
Ha uma contradição dura. Por parte dos países industrializados, sob camuflagem do vurios pretextos, há certa relutância em incentivar a industrialização que lhe
retira mercados. Não querem organi zar seus propvios concorrentes. E é ló
gico que assim o façam. O ilógico é qnp não os comprerndamo.s. Exemplos i;ic«'is:
Dioksto Econômico
italiana, em detrimento das indústrias similares alemãs. Seria fácil multi
"O capital britânico é responsável pelo desenvolvimento da tecelagem indústria têxtil de exportação britâni ca. O capital americano contribuiu largamente para o desenvolvimento
O mesmo autor publicou o seguinte quadro dos volumes dos pagamentoi
1913
41,2
quais se voltam todos os olhos es-
1923
21,0
perançados.
sôbre
1930
45,5
cêrca de 736 milhões de dólares, sendo
investimento.s
internacionais de
capitais, em milhões de dó'orcs, de 1923 a
O capital alemão facilitou o
desenvolvimento da indústria química Poises credores
Pagamentos .
Balanço
1937,
entre
Grã-Bretanha,
Estados
Unidos, França, Irlanda, Holanda, Bél gica, Suíça e Suécia, como países cre
dores, e 28 países devedores:
1923
1929
1930
1.934
1936
1.896,4
2.786,1
1.120,7
1.350,1
- 220,3
2.989,4 - 582,6
- 463,7
-176,3
- 255,2
1.424,7 - 290,4
1.670,1
2.406,8
2.322,4
944,4
1.094,0
1.134,3
Entradas
1 I
1
1923
Países devedores
1 1929
19'30
1937
1
I 1934
1936
387,1 312,8 154,1 308,9 124,9 -1.443,8 -1.923,5 -1.750,3 - 917,5 - 928,4 -1.134,9 -1.536,4 -1.437,5 - 792,6 - 773,8
Entradas
Pagamentos Balanço
2.205,3 1.676,1
Líquido
3.376,5 2.406,8
Analisando o volume dos pagamentos internacionais,
êsse autor
determinou,
conhecidas as taxas médias de juros c Anos
Total dos pagamentos internacionais
3.098,9
2.322.4
1.245,6 944,4
1.504,7 1.094,9
1937
—
'
Taxa média de
Total dos capitais
juros
investUlos
21,0
1.040
1.200
4,89
24,5
1.567 2.550
1930
—
os dividendos, o volume dos investi
8,00 5,61 4,29
1923 1930 1934
—
mentos internacionais como em capi tais, obtendo o quadro seguinte:
-
45,5 24.2
1934
24,2
capitais é os Estados Unidos, para os
No ano de 1947, exporta
661 sob forma direta.
Grande parte
Na véspera da primeira guerra mundial, o volume atingia a 41,2. Da hecatomije saíam as nações européias encllvidadas e desorganizadas pela oxtraordinária dilapidação de capitais. Decaem os investimentos europeus a qua.se a têrça parte, por volta de 1922. Fala um observador insu.speito. o sr.
importância, porém, é para apliindustria petrolífera à volta Caribe e no Ocidente Próximo. As correntes de capitais empreitados, e ^orte de relações econômicas decorrentes entre países credores e deveexigem organização de um Banf." Internacional que regule o.s negócios
"Depois da última guerra, num nromento em que outros países nos estavam procurando para auxiliá-los
facilitar e ajustar as contas oriundas da guerra. Uma série de incidentes históretardou a sua execução; o as-
construção econômica e social, os
Depois da 2." gueira mundial
Summer M^elles-
nas suas pesadíssimas tarefas de re-
Total das entradas Bruto
A grande nação exportadora de
12,3
da indústria hidrelétrica do Canadá, tação do carvão americano nesse
diais.
1880
que determinou o declínio da expor ■país.
anterior à primeira guerra. A segunda guerra vem suprimir os imperialismos japonês e alemão dos mercados mun-
Aíio^
plicar exemplos dêsse gênero." (2).
c fiação nas índias, que causa, em
conseqüência, um sério prejuizo à
A soma dos capitais coiocadiis nos países de\-edore.s, em milbões de dólare.s-
ligados a economia mundial, a fim de
escapa aqui ao nosso objetivo,
Estados Unidos, que, repentinamente, se tomaram a maior nação credora do mundo e incomparàvelmente forte do ponto de vista econômico,
Enquanto no período anterior à segunda guerra mundial a Europa Hnha uma exportação três vêzes maior que
desfeoharam pesados golpes contra suas estruturas econômicas combalidas pela guena, sobrecarregadas de dívidas; o choque foi tremendo, tan-
ricana, sòzinha, exporta duas vêzes mais que a Europa. Assim mesmo, os défi-
to
moral
como
econòmicamen-
te. . ." (pág. 47). Mas, apesar disso, a recuperação .se processa, atormentadamente. Em 1930, está novamente no nível
os Estados Unidos para o mercado mundial, agora a grande nação norte-ame-
cits do balanço de pagamentos das na ções européias aumentam sempre, por causa cados cantil Eis
dos empréstimos financeiros verifiem relação com o balanço merdaqueles povos. um quadro elucidativo:
Balanço comei-cial dos Estados Unidos com o mundo1938
1947
América Latina
+ 377
+39
+ 2.454 +
937
+ 1 951
América do Norte . . . .
+ 104
+
542
.
•^rica Doeania
~
+ +
269 37
+
Europa
+ 32 . . . + 39 Li.-... '.J. bA'
.
.p +
379 399
026 128
Dioksto Econômico
italiana, em detrimento das indústrias similares alemãs. Seria fácil multi
"O capital britânico é responsável pelo desenvolvimento da tecelagem indústria têxtil de exportação britâni ca. O capital americano contribuiu largamente para o desenvolvimento
O mesmo autor publicou o seguinte quadro dos volumes dos pagamentoi
1913
41,2
quais se voltam todos os olhos es-
1923
21,0
perançados.
sôbre
1930
45,5
cêrca de 736 milhões de dólares, sendo
investimento.s
internacionais de
capitais, em milhões de dó'orcs, de 1923 a
O capital alemão facilitou o
desenvolvimento da indústria química Poises credores
Pagamentos .
Balanço
1937,
entre
Grã-Bretanha,
Estados
Unidos, França, Irlanda, Holanda, Bél gica, Suíça e Suécia, como países cre
dores, e 28 países devedores:
1923
1929
1930
1.934
1936
1.896,4
2.786,1
1.120,7
1.350,1
- 220,3
2.989,4 - 582,6
- 463,7
-176,3
- 255,2
1.424,7 - 290,4
1.670,1
2.406,8
2.322,4
944,4
1.094,0
1.134,3
Entradas
1 I
1
1923
Países devedores
1 1929
19'30
1937
1
I 1934
1936
387,1 312,8 154,1 308,9 124,9 -1.443,8 -1.923,5 -1.750,3 - 917,5 - 928,4 -1.134,9 -1.536,4 -1.437,5 - 792,6 - 773,8
Entradas
Pagamentos Balanço
2.205,3 1.676,1
Líquido
3.376,5 2.406,8
Analisando o volume dos pagamentos internacionais,
êsse autor
determinou,
conhecidas as taxas médias de juros c Anos
Total dos pagamentos internacionais
3.098,9
2.322.4
1.245,6 944,4
1.504,7 1.094,9
1937
—
'
Taxa média de
Total dos capitais
juros
investUlos
21,0
1.040
1.200
4,89
24,5
1.567 2.550
1930
—
os dividendos, o volume dos investi
8,00 5,61 4,29
1923 1930 1934
—
mentos internacionais como em capi tais, obtendo o quadro seguinte:
-
45,5 24.2
1934
24,2
capitais é os Estados Unidos, para os
No ano de 1947, exporta
661 sob forma direta.
Grande parte
Na véspera da primeira guerra mundial, o volume atingia a 41,2. Da hecatomije saíam as nações européias encllvidadas e desorganizadas pela oxtraordinária dilapidação de capitais. Decaem os investimentos europeus a qua.se a têrça parte, por volta de 1922. Fala um observador insu.speito. o sr.
importância, porém, é para apliindustria petrolífera à volta Caribe e no Ocidente Próximo. As correntes de capitais empreitados, e ^orte de relações econômicas decorrentes entre países credores e deveexigem organização de um Banf." Internacional que regule o.s negócios
"Depois da última guerra, num nromento em que outros países nos estavam procurando para auxiliá-los
facilitar e ajustar as contas oriundas da guerra. Uma série de incidentes históretardou a sua execução; o as-
construção econômica e social, os
Depois da 2." gueira mundial
Summer M^elles-
nas suas pesadíssimas tarefas de re-
Total das entradas Bruto
A grande nação exportadora de
12,3
da indústria hidrelétrica do Canadá, tação do carvão americano nesse
diais.
1880
que determinou o declínio da expor ■país.
anterior à primeira guerra. A segunda guerra vem suprimir os imperialismos japonês e alemão dos mercados mun-
Aíio^
plicar exemplos dêsse gênero." (2).
c fiação nas índias, que causa, em
conseqüência, um sério prejuizo à
A soma dos capitais coiocadiis nos países de\-edore.s, em milbões de dólare.s-
ligados a economia mundial, a fim de
escapa aqui ao nosso objetivo,
Estados Unidos, que, repentinamente, se tomaram a maior nação credora do mundo e incomparàvelmente forte do ponto de vista econômico,
Enquanto no período anterior à segunda guerra mundial a Europa Hnha uma exportação três vêzes maior que
desfeoharam pesados golpes contra suas estruturas econômicas combalidas pela guena, sobrecarregadas de dívidas; o choque foi tremendo, tan-
ricana, sòzinha, exporta duas vêzes mais que a Europa. Assim mesmo, os défi-
to
moral
como
econòmicamen-
te. . ." (pág. 47). Mas, apesar disso, a recuperação .se processa, atormentadamente. Em 1930, está novamente no nível
os Estados Unidos para o mercado mundial, agora a grande nação norte-ame-
cits do balanço de pagamentos das na ções européias aumentam sempre, por causa cados cantil Eis
dos empréstimos financeiros verifiem relação com o balanço merdaqueles povos. um quadro elucidativo:
Balanço comei-cial dos Estados Unidos com o mundo1938
1947
América Latina
+ 377
+39
+ 2.454 +
937
+ 1 951
América do Norte . . . .
+ 104
+
542
.
•^rica Doeania
~
+ +
269 37
+
Europa
+ 32 . . . + 39 Li.-... '.J. bA'
.
.p +
379 399
026 128
00
7^
wmmmmmm
Do ano df 1938, temos a média se
mestral; de 1947, as médias do 1." e 2."
semestre, respecli\anicnte. O exceden te de exportação estii assinalado por -f-, e o das importações [íor —. cm milhões de dólares.
Para o conjunto da Europa, comenta um autor, o déficit do balanço dc pa
gamentos, em relação aos Estados Uni
1)1.
taram síia.s reservas i iiuinciira.s com >--••.1,^
E não há possibilidades momentâneas dc alterar a situação: porque os países
devedores europeus cada vez mais esgo
A MARGEM DA COMPENSAÇÃO OE CHEQUES
apelar para- créditos americanos.
significa não ser possível a:)s países \'cdores europeus constituir um pob-"'^' cial produtivo em base indepeiulen'^''
KSTAií.sTmA dos chcques
para tompeliçãn, nos mercados inn*'''
estatística.
compcn.sado.s é uma bús
niiaclo do número de clieques compen
Aux> M. Azuvki
Assim, o crescimento conti-
cliais, coin as demais poténeia.s do iiinb'
sola preciosa para os que
sados eleve ser atribuido a duas causas
do.
vivem navegando no mun
ílixcrsas: — a crescente difusão do seu
(Conclui lio próximo juíiiiC''''^
dos, que era em 1938 de 0,4- milhões de dólares, em 1947 toca a 5,4 milhões.
ct>ll»
importações americanas e .são forçado^
do dos negócios. Suas indicaçõc.s
(1) Djacir Meiiozes. O ouro e a nova co** itlO.
Ontem e o de Hoje. Dip. Rio,
lèm
talor
restrito aos meios banca
cepçao da moeda, Alba Editora. 19''
(2) J. de iMalos Ibiapina. O Brasil
não
rio.s, porciuc resultam de muito.s fatores
ba.stanlc diversificados que, se tornam
u.so e o aumento vegetali\() das transa ções, função do crescimento do númeni
de finnas na praça.
Por outro lado.
cumpre não esquecer outras circunstân
cias que modificam ou podem modificar
sua leitura e exala inleq^relaçno pouco
a situação. Por exemplo, a compensação
acc.ssíveis, não ob.slante contem \-aliosas informações. Uma revista trouxe curio
de ehetjues .só se faz com cheques que
sas obser\ ações a respeito da Càmâra cie Compensação dc São Pau^o, incliisi\e a
pois os pagos diretamente pe'os banco.'? sacados não são computados na esta tística. O simples aumento do número de bancos por si só é suficiente para fa
estatística cios cheques compensados des
transitam por dois bancos pelo menos,
de o seu início, em 1932. Dessa estatís tica de dezesseis anos de atividades cia
zer crescer as compensações de cheques.
Câmara de Campcnsação, é po.s.si\-el re tirar algumas conclusões, que geralmen
gem bancos sem motivo, e o crescimento
te escapam ao leitor superfieial, habitu-ido a percorrer os algarismos ràoidamen-
crescimento \cgetativo global das tran
Enlrclanto, devemos convir que não sur de seu numero pode ser considerado no
te, pura fixar na memória os primeiros ejç^ sações. os últimos, quando chegam a tanto, ÊsteBÉ artigo é uma tentali\'a de interpretação clo.s
números cia estatística
cio nos.so
"clearing", com o fim de analisai o de
Com ésscs pontos esclarecidos, \amo.s acompanhar na Tabela I o desen\ob-imento da estatística do número de che-
r|ucs compensados na nossa Câmara de
senvolvimento dessa importante parcela Compensação. À primeira vista, xerifide nossa economia, isolando os Índices^ ca-se logo que o crescimento de ano para mais significativos. íV
ano é contínuo, Mas, uma atenta obser-
Preliminarmente, eon\'ém salientar o falo bastante conhecido, nui.s não sufi-
cientcniente combatido, do pouco e res trito uso do cheque entre nós.
Ainda
estamos, infelizmente, naquele estágio dos pagamentos à vista e com dinheiro de contado, que caracteriza a economia primitiva, cie crédito ausente e de esper talhões sem escrúpulos. Essa obser\-aç'ão tem sua razão de ser para nos per mitir uma visão mais e.xata da referida
\ação clo.s números de cheques de cada semestre desvenda um fato interessante: — os segundos semestres mostram cresci
mentos muito mais acentuados do que os primeiros. Essa particularidade se
reflete também no montante dos cheques compensados, cujos totais em geral so
bem fortemente em cada segundo se
mestre, em re'ação ao primeiro. Considerando que a difusão do uso d() cheque deve forçosamente reduzir-lhe
00
7^
wmmmmmm
Do ano df 1938, temos a média se
mestral; de 1947, as médias do 1." e 2."
semestre, respecli\anicnte. O exceden te de exportação estii assinalado por -f-, e o das importações [íor —. cm milhões de dólares.
Para o conjunto da Europa, comenta um autor, o déficit do balanço dc pa
gamentos, em relação aos Estados Uni
1)1.
taram síia.s reservas i iiuinciira.s com >--••.1,^
E não há possibilidades momentâneas dc alterar a situação: porque os países
devedores europeus cada vez mais esgo
A MARGEM DA COMPENSAÇÃO OE CHEQUES
apelar para- créditos americanos.
significa não ser possível a:)s países \'cdores europeus constituir um pob-"'^' cial produtivo em base indepeiulen'^''
KSTAií.sTmA dos chcques
para tompeliçãn, nos mercados inn*'''
estatística.
compcn.sado.s é uma bús
niiaclo do número de clieques compen
Aux> M. Azuvki
Assim, o crescimento conti-
cliais, coin as demais poténeia.s do iiinb'
sola preciosa para os que
sados eleve ser atribuido a duas causas
do.
vivem navegando no mun
ílixcrsas: — a crescente difusão do seu
(Conclui lio próximo juíiiiC''''^
dos, que era em 1938 de 0,4- milhões de dólares, em 1947 toca a 5,4 milhões.
ct>ll»
importações americanas e .são forçado^
do dos negócios. Suas indicaçõc.s
(1) Djacir Meiiozes. O ouro e a nova co** itlO.
Ontem e o de Hoje. Dip. Rio,
lèm
talor
restrito aos meios banca
cepçao da moeda, Alba Editora. 19''
(2) J. de iMalos Ibiapina. O Brasil
não
rio.s, porciuc resultam de muito.s fatores
ba.stanlc diversificados que, se tornam
u.so e o aumento vegetali\() das transa ções, função do crescimento do númeni
de finnas na praça.
Por outro lado.
cumpre não esquecer outras circunstân
cias que modificam ou podem modificar
sua leitura e exala inleq^relaçno pouco
a situação. Por exemplo, a compensação
acc.ssíveis, não ob.slante contem \-aliosas informações. Uma revista trouxe curio
de ehetjues .só se faz com cheques que
sas obser\ ações a respeito da Càmâra cie Compensação dc São Pau^o, incliisi\e a
pois os pagos diretamente pe'os banco.'? sacados não são computados na esta tística. O simples aumento do número de bancos por si só é suficiente para fa
estatística cios cheques compensados des
transitam por dois bancos pelo menos,
de o seu início, em 1932. Dessa estatís tica de dezesseis anos de atividades cia
zer crescer as compensações de cheques.
Câmara de Campcnsação, é po.s.si\-el re tirar algumas conclusões, que geralmen
gem bancos sem motivo, e o crescimento
te escapam ao leitor superfieial, habitu-ido a percorrer os algarismos ràoidamen-
crescimento \cgetativo global das tran
Enlrclanto, devemos convir que não sur de seu numero pode ser considerado no
te, pura fixar na memória os primeiros ejç^ sações. os últimos, quando chegam a tanto, ÊsteBÉ artigo é uma tentali\'a de interpretação clo.s
números cia estatística
cio nos.so
"clearing", com o fim de analisai o de
Com ésscs pontos esclarecidos, \amo.s acompanhar na Tabela I o desen\ob-imento da estatística do número de che-
r|ucs compensados na nossa Câmara de
senvolvimento dessa importante parcela Compensação. À primeira vista, xerifide nossa economia, isolando os Índices^ ca-se logo que o crescimento de ano para mais significativos. íV
ano é contínuo, Mas, uma atenta obser-
Preliminarmente, eon\'ém salientar o falo bastante conhecido, nui.s não sufi-
cientcniente combatido, do pouco e res trito uso do cheque entre nós.
Ainda
estamos, infelizmente, naquele estágio dos pagamentos à vista e com dinheiro de contado, que caracteriza a economia primitiva, cie crédito ausente e de esper talhões sem escrúpulos. Essa obser\-aç'ão tem sua razão de ser para nos per mitir uma visão mais e.xata da referida
\ação clo.s números de cheques de cada semestre desvenda um fato interessante: — os segundos semestres mostram cresci
mentos muito mais acentuados do que os primeiros. Essa particularidade se
reflete também no montante dos cheques compensados, cujos totais em geral so
bem fortemente em cada segundo se
mestre, em re'ação ao primeiro. Considerando que a difusão do uso d() cheque deve forçosamente reduzir-lhe
ww
Digesto EcoNÓKaco
Dicesto Econômico ;•
93
92
o valor, teremos um meio de averigu^ a evolução dêssc fator, mediante o cál culo do valor médio dos cheques com
pensados. Evidentemente, se esse valor está em declínio, poderemos afirmar que há maior difusão" no uso de cheques,
desde que, como é o caso em vista, seu número seja crescente. Mas, aqui inter vém outro fator: — a inflação. Em economia inflacionada, há uma tendên
cia forçosa no aumento do valor médio doa cheques, que deverão corresponder aos preços mais elevados das coisas e ser viços. Digamos desde logo que também êsso fator pode ser, apro.ximadamente, medido, como veremos mais adiante. Nos dezesseis anos registrados pela es tatística em estudo, ohserva-se um con-
) tínuo crescer do valor médio dos che
ques compensados.
Não considerando
o caso do primeiro semestre de 1932, início do serviço de compensação de che
ques entre nós, e deixando de lado o se gundo semestre daquele ano da Revolu ção Çonstitucionalista, vejamos rápidamento como evoluiu o valor médio dos
grau de inflação. Para eliminar essa de formação estatística há o recurso de reduzir os valores na inversa razão do
aumento dos preços das coisas e servi ços. Com o intuito de retificar os va lores totais das transações com cheques
compensados, foi aqui adotado o pro cesso de dividi-los pelo índice do "custo da vida", que é um dos mais represen tativos.
Por serem os mais conhecidos
c do maior crédito, utilizei-mo dos ín dices da Divisão de Estatística c Do
cumentação Social do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal da Ca
pital, calculados para a classe operária e tendo por base a média dos preços de 1939. (Em artigo escrito para "ECO NOMIA" - sob o título "A Espiral da Inflação" — procurei demonstrar que o ano de 1939 é bem indicado como base). Reduzindo os valores' totais, a partir
de 1939, pela retificação referida, encon tramos os indicados na última coluna da
cheques compensados. Podemos dizer que, até fins de 1941, o aumento paula tino do valor médio dos cheques sc pro
afinal um coeficiente do dois c meio, nos
cessou lentamente e a taxa mais ou me
dez anos decorridos desde 1939. Ê in
nos reduzida e constante. De 1942 em
teressante observar as flutuações do va
diante, porém, o valor médio subiu acen-
lor real (isento de inflação) dos cheques
tuadamente, de semestre para semestre,
compensados, pois ali pode ser aprecia
até atingir mais de 2.5 mil cruzeiros em
da mais exatamente a evolução de nossa economia, obediente a um crescimento
Vejamos agora çomo se proces.sou o
crescimento do valor total das transações
com íJieques compensados.
Como já
ficou assinalado, os segundos semestres concentram em geral um montante su
perior aos primeiros do mesmo ano, e algumas vezes mesmo em relação ao semestre seguinte, como do 2.° de 1941
para o 1." de 1942 e do de 1946 para o 1" de 194'7- Naturalmente o valor
conducente a conclusões mais seguras,
dos sofre diretamente a influência do
Tabela I. Assim, ao invés de ser mul tiplicado por nove, o montante das Iran.sações com cheques compensados tem
1948.
Para obter uma Wsão mais exata e
da soma de todos os cheques compensa
moderado, constante e mais .sadio. Por esses dados retificados, ve-se também
que, desde fins de 1943, há prãticaniento um estacionamento no volume total, que
sugere uma estagnação do.s negócios. Não obstante, devemos ser cautelosos e
não tirar conclusões apressadas, pois há necessariamente numerosos outros fatô-
res influentes, cujo destaque não pode mos realizar.
V
foi organizada a Tabela II, com núme
ros índices, cuja leitura é mais fácil. O exame desse quadro nos permito outrusaprcciações não menos objetivas cnitcis. Considerando como base o ano de 1939, cuja módia foi tomada como 100,0, organizou-se a serie de índices referentes
ao número de cheques compensados em cada semestre. Verificamos então, mais
fàcilmcnte, que o número de cheque.s foi multíplicado por sete, do 1933 a 1948, enquanto que o seu valor médio
teve um coeficiente do quatro no mesmo tenqjo. Ora, esse valor sofro fatalmen
te a influência da inflação monetária. Daí a razão de retificar êssc valor mé
dio, em função inversa do índice de custo da vida.
Reduzindo o índice do valor médio do cheque, na razão inversa do índice do custo da vida em São Paulo, obtêm-se os índices retificados da última coluna da Tabela II. Sua leitura nos mostra um ciclo
completo, crescente a partir de fins do 1940 e com ápice no 2.° .semestre de 1943, decrescendo
daí até o 1.° semestre de 1948.
Que significa essa onda? Parece-
me que podemos interpretá-la assim: —
com o advento do surto inflaciomírio, houve um crescimento rájpido e inusitado do montante dos negócios, não só pelo aumento dos preços anulado nesses índi ces, mas principalmente pela eclosão dc "grandes transações" individuais. Na
turalmente, essa.s grandes transações, co mo soe acontecer, foram liquidadas em cheques, muitos dos quais envolviam mais de um banco, aparecendo então na Câmara de Compensação. Por outro
lado, a própria inflação, como é sabido, criou numerosos novos clientes dos ban
cos, aumentando, por conseguinte, o nú mero de cheques lançados em circulação. A relação representada pelo valor médio do cheque compensado não mais man teve a precedência na alta, em confronto
com o custo da rida (o que ocorreu ate o 2.0 semestre de 1943), perdendo as sim o ímpeto que lhe dava a dianteira. Disso resulta, como estamos vendo na Tabela 11, o decréscimo sucessivo dos
índices do valor médio retificado, até que de 1946 para diante êles conser vam um nível inferior ao de 1939.
Êste estudo analítico seria mais com pleto se fossem consideradas as estatís ticas do número de bancos inscritos na Gamara de Compensação e o número dc
cheques (não compensados) pagos pelos bancos de São Paulo, Com esses ele mentos complementares, seria possível
destacar duas relações de suma impor tância: — o número de cheques compen
sados por banco, em média; e o montante das transações por cheques não compensados, cujo exa me, realizado com o mesmo cri
tério adotado para os cheques compensados, poderia levar a con clusões mais acertadas. Entietanto, não possuo atualmente ê.sses dados.
Penso que a estatística da c>ompensação de cheques em São Paulo, que acabamos de ver, permite concluir obje tivamente:
1." — O segundo semestre de cada ano mostra maior intensidade nas tran
sações com cheques compensados, não so no número como no valor;
2." - O valor real (não inflacionado) do montante de cheques compensado.s mostra um estacionamento desde o 2.° semestre de 1943, que marca o fim cie um crescimento acentuado;
* -4
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Dicesto Econômico ;•
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o valor, teremos um meio de averigu^ a evolução dêssc fator, mediante o cál culo do valor médio dos cheques com
pensados. Evidentemente, se esse valor está em declínio, poderemos afirmar que há maior difusão" no uso de cheques,
desde que, como é o caso em vista, seu número seja crescente. Mas, aqui inter vém outro fator: — a inflação. Em economia inflacionada, há uma tendên
cia forçosa no aumento do valor médio doa cheques, que deverão corresponder aos preços mais elevados das coisas e ser viços. Digamos desde logo que também êsso fator pode ser, apro.ximadamente, medido, como veremos mais adiante. Nos dezesseis anos registrados pela es tatística em estudo, ohserva-se um con-
) tínuo crescer do valor médio dos che
ques compensados.
Não considerando
o caso do primeiro semestre de 1932, início do serviço de compensação de che
ques entre nós, e deixando de lado o se gundo semestre daquele ano da Revolu ção Çonstitucionalista, vejamos rápidamento como evoluiu o valor médio dos
grau de inflação. Para eliminar essa de formação estatística há o recurso de reduzir os valores na inversa razão do
aumento dos preços das coisas e servi ços. Com o intuito de retificar os va lores totais das transações com cheques
compensados, foi aqui adotado o pro cesso de dividi-los pelo índice do "custo da vida", que é um dos mais represen tativos.
Por serem os mais conhecidos
c do maior crédito, utilizei-mo dos ín dices da Divisão de Estatística c Do
cumentação Social do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal da Ca
pital, calculados para a classe operária e tendo por base a média dos preços de 1939. (Em artigo escrito para "ECO NOMIA" - sob o título "A Espiral da Inflação" — procurei demonstrar que o ano de 1939 é bem indicado como base). Reduzindo os valores' totais, a partir
de 1939, pela retificação referida, encon tramos os indicados na última coluna da
cheques compensados. Podemos dizer que, até fins de 1941, o aumento paula tino do valor médio dos cheques sc pro
afinal um coeficiente do dois c meio, nos
cessou lentamente e a taxa mais ou me
dez anos decorridos desde 1939. Ê in
nos reduzida e constante. De 1942 em
teressante observar as flutuações do va
diante, porém, o valor médio subiu acen-
lor real (isento de inflação) dos cheques
tuadamente, de semestre para semestre,
compensados, pois ali pode ser aprecia
até atingir mais de 2.5 mil cruzeiros em
da mais exatamente a evolução de nossa economia, obediente a um crescimento
Vejamos agora çomo se proces.sou o
crescimento do valor total das transações
com íJieques compensados.
Como já
ficou assinalado, os segundos semestres concentram em geral um montante su
perior aos primeiros do mesmo ano, e algumas vezes mesmo em relação ao semestre seguinte, como do 2.° de 1941
para o 1." de 1942 e do de 1946 para o 1" de 194'7- Naturalmente o valor
conducente a conclusões mais seguras,
dos sofre diretamente a influência do
Tabela I. Assim, ao invés de ser mul tiplicado por nove, o montante das Iran.sações com cheques compensados tem
1948.
Para obter uma Wsão mais exata e
da soma de todos os cheques compensa
moderado, constante e mais .sadio. Por esses dados retificados, ve-se também
que, desde fins de 1943, há prãticaniento um estacionamento no volume total, que
sugere uma estagnação do.s negócios. Não obstante, devemos ser cautelosos e
não tirar conclusões apressadas, pois há necessariamente numerosos outros fatô-
res influentes, cujo destaque não pode mos realizar.
V
foi organizada a Tabela II, com núme
ros índices, cuja leitura é mais fácil. O exame desse quadro nos permito outrusaprcciações não menos objetivas cnitcis. Considerando como base o ano de 1939, cuja módia foi tomada como 100,0, organizou-se a serie de índices referentes
ao número de cheques compensados em cada semestre. Verificamos então, mais
fàcilmcnte, que o número de cheque.s foi multíplicado por sete, do 1933 a 1948, enquanto que o seu valor médio
teve um coeficiente do quatro no mesmo tenqjo. Ora, esse valor sofro fatalmen
te a influência da inflação monetária. Daí a razão de retificar êssc valor mé
dio, em função inversa do índice de custo da vida.
Reduzindo o índice do valor médio do cheque, na razão inversa do índice do custo da vida em São Paulo, obtêm-se os índices retificados da última coluna da Tabela II. Sua leitura nos mostra um ciclo
completo, crescente a partir de fins do 1940 e com ápice no 2.° .semestre de 1943, decrescendo
daí até o 1.° semestre de 1948.
Que significa essa onda? Parece-
me que podemos interpretá-la assim: —
com o advento do surto inflaciomírio, houve um crescimento rájpido e inusitado do montante dos negócios, não só pelo aumento dos preços anulado nesses índi ces, mas principalmente pela eclosão dc "grandes transações" individuais. Na
turalmente, essa.s grandes transações, co mo soe acontecer, foram liquidadas em cheques, muitos dos quais envolviam mais de um banco, aparecendo então na Câmara de Compensação. Por outro
lado, a própria inflação, como é sabido, criou numerosos novos clientes dos ban
cos, aumentando, por conseguinte, o nú mero de cheques lançados em circulação. A relação representada pelo valor médio do cheque compensado não mais man teve a precedência na alta, em confronto
com o custo da rida (o que ocorreu ate o 2.0 semestre de 1943), perdendo as sim o ímpeto que lhe dava a dianteira. Disso resulta, como estamos vendo na Tabela 11, o decréscimo sucessivo dos
índices do valor médio retificado, até que de 1946 para diante êles conser vam um nível inferior ao de 1939.
Êste estudo analítico seria mais com pleto se fossem consideradas as estatís ticas do número de bancos inscritos na Gamara de Compensação e o número dc
cheques (não compensados) pagos pelos bancos de São Paulo, Com esses ele mentos complementares, seria possível
destacar duas relações de suma impor tância: — o número de cheques compen
sados por banco, em média; e o montante das transações por cheques não compensados, cujo exa me, realizado com o mesmo cri
tério adotado para os cheques compensados, poderia levar a con clusões mais acertadas. Entietanto, não possuo atualmente ê.sses dados.
Penso que a estatística da c>ompensação de cheques em São Paulo, que acabamos de ver, permite concluir obje tivamente:
1." — O segundo semestre de cada ano mostra maior intensidade nas tran
sações com cheques compensados, não so no número como no valor;
2." - O valor real (não inflacionado) do montante de cheques compensado.s mostra um estacionamento desde o 2.° semestre de 1943, que marca o fim cie um crescimento acentuado;
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Uk;i:si<) EoOn
tivo real, o valor médio dos elieqiws
95
Número
de
Valor Diédio
Valor total
Valor total
cheques:
do cheque:
dos cheques:
retificado:
1." de 1944 2." dc 1944
813.495 922.415
18.264,00
19.230,00
14.857.707.877 17.738.404.281
cípit da (jiieda do \ alor médio dos checjucs (isento tU) efeito inflacionário);
1." de 1945 2." de 1945
- 936.719
19.646.00 20.356.00
18.403.219.971
8.193.7
1.068.114
21.742.971.521
9.059,5
21.169.00
evidente por seus efeitos primários e secundário,s. Alargou-se desmcsurada-
do 1946 2." dc 1946
1.081,950
pansáo do seu uso.
1.269.000
24.152,00
22.903'.738.584 30.649.201.681
10.450,0
menle o âmbito dos negócios de toda ordem. Em unidades de poder aquisl-
deriam ser alinhadas.
1." de 1947 2." dc 1947
1.169.534 1.276.787
24.685,00
1." de 1948 2." dc 1948
1.278.764
3." - A difusão do uso do clieque sc
processa lenta mas positivamente, como demonstra o seu nvimero crescente e a
te.
cionudo);
ciação monetária, ja se manifesta o prin-
queda do valor médio real (nao inrla-
4P ^ O uno de 1943 parece ser o
ponto crítico da nossa economia de guer ra.
Nesse ano. a iníla(,ão se tornou
Sef)jc,vf»c.9 do ano:
compensados atingiu o ponto culminan
Embora o ano seguinte, de 1941,
tenha sido o de mais acelerada dept^
fato cpie só pode ser atribuído à
Outras conclu.sõcs. menos certas, po^ Mas receio entrar
no terreiu) perigoso dos palpites. . .
TABELA
de
Valor inédio-
cheques:
df) cheque:
I." de
1932 2." de 1932
76.166 102.073
11.413,00
1." de 1933 2." de 1933
208.898 226.524
6.213,00 6.394,00 6.292,00
1." de 1934 2.'-' de 1934
230.797 257.1.58
1.'^ de 1935 2." de 1935
1.405.4.57
Valor total' .
?■
(Paru eliniinat
869.311.708 634.222.779
ü
fator
1.670.008.210
cesso de divi' dir os totnl
261.259 302.462
7..554.00
1.973.722.995 2.373.784.098
1." de 1936 2." de 1936
306.187 352.917
2.587.508.291 2.859.897.238
para a clas^ operária d^
1.'^ de 1937' 2.0 de 1937
363.091
3.306.941.513
Capital.
424.329
8.450,00 8.103,00 9.108,00 8.051,00
3.41,6.576.264
sultado em mi
1." de 1938 2° de 1938
416.054
8.434,00
3.508.9.56.7,53
lhões de cni-
469.507 469,716 512.012
8.251,00 8.519,00
3.874.003.176
1." dc 1939 2.0 de 1939
8.215,00
4.206.258.702
4.189,5
1.'^ de 1940 2.*' de 1940
508.347 ,551.715
9.017,00
4..583.967.176 4.162.997..575
4.416,1
1." de 1941 2/> de 1941
588,583 645.749
4.991.949.034 6.349.164.801
l.« de 1942 2.0 de 1942
568.054 622.789
I." de 1943
656.697' 784.696
2." de 1943
36.305.175.868
9.574,2
1.950.649.617
4.001..544.6.38
SÃO PAULO
Número índice com ba.sc em 1939
pelo índice dt custo da vid»
Setnestrès
Número dc
Valor médio
índice do
Valor reti
do ano:
cheques:
do cheque:
custo (Jg vidn
ficado
15,5
136,4 74,2
1." de 1933
20,8 42,5
2.0 de 1933
46,1
7.5,2
1." de 1934 2." de 1934
47,0
86,5 90,6
1." de 1932 2.^ de 1932
Po*
7.eiros). .
II
CHEQUES COxMPENSADOS PELA CÂMARA DE CO.MPENSAÇÀO DE
"in*
7.235,00 7..585,00
9.832,00 10.980,00 12.632,00 15.271,00 18.071,00
9.010,1 10.093,0
base eni 1939. cuja média foi con.siderada 100,0, confor-mc Tabela II.
retificado:
fiação" — (d adotado o pro
8.481,00
32.589.613.085
do .Município de São Pa\iio, Divisão de Estatística e Dncumentaç<ão Social com
Valor fo/fll
dos cheques:
1.335.703.274 1.425.290.827
7.54.5,00
8.749,7
gina 27. Valor do cheque, calculado pelo autor. índices de custo da vida para a (la.ssc operária da Capital, ca'culado.s pelo Departamento de Cultura da Prefeitura
TABELA
7.848,00
28.515.319.957 31.518.318.291
Dados e.xlraídüs de "Técnica e Economia BANCÁRIA" de março de 1949, pá
SÃO PAULO
Número
25.485,00 25.831,00
8.843,1
I
CHEQUES COMPENSADOS PELA CÂMARA DE COMPENS.\Ç.\0 DE
Sem<?5fre.y do ano:
24.381.00
8.465,9
8.590,0
I.° de 1935
4.017,6
2." dc
1935
76,4
.52.4 53.2 61.6
90,3
62,4
93,8 101,0
1937
71,9 73,9
4.390,4
108,8
2." cie 1937
86,4
1." de 1938 2." de 1938
84,7
100,8
6.237 .()98..585
5.322,0 5.079,0
7.867.303.399
5.700,9
1." do 1939
10.033.666.844 14.180.4-38.446
7.001,9
2." de 1939
9.055,2
95,6 95,7 104,3
101,8 98,2
1.» dc 1936 2.0 de 1936
3.912.6
1." de
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■
'96,2
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Uk;i:si<) EoOn
tivo real, o valor médio dos elieqiws
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Número
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Valor Diédio
Valor total
Valor total
cheques:
do cheque:
dos cheques:
retificado:
1." de 1944 2." dc 1944
813.495 922.415
18.264,00
19.230,00
14.857.707.877 17.738.404.281
cípit da (jiieda do \ alor médio dos checjucs (isento tU) efeito inflacionário);
1." de 1945 2." de 1945
- 936.719
19.646.00 20.356.00
18.403.219.971
8.193.7
1.068.114
21.742.971.521
9.059,5
21.169.00
evidente por seus efeitos primários e secundário,s. Alargou-se desmcsurada-
do 1946 2." dc 1946
1.081,950
pansáo do seu uso.
1.269.000
24.152,00
22.903'.738.584 30.649.201.681
10.450,0
menle o âmbito dos negócios de toda ordem. Em unidades de poder aquisl-
deriam ser alinhadas.
1." de 1947 2." dc 1947
1.169.534 1.276.787
24.685,00
1." de 1948 2." dc 1948
1.278.764
3." - A difusão do uso do clieque sc
processa lenta mas positivamente, como demonstra o seu nvimero crescente e a
te.
cionudo);
ciação monetária, ja se manifesta o prin-
queda do valor médio real (nao inrla-
4P ^ O uno de 1943 parece ser o
ponto crítico da nossa economia de guer ra.
Nesse ano. a iníla(,ão se tornou
Sef)jc,vf»c.9 do ano:
compensados atingiu o ponto culminan
Embora o ano seguinte, de 1941,
tenha sido o de mais acelerada dept^
fato cpie só pode ser atribuído à
Outras conclu.sõcs. menos certas, po^ Mas receio entrar
no terreiu) perigoso dos palpites. . .
TABELA
de
Valor inédio-
cheques:
df) cheque:
I." de
1932 2." de 1932
76.166 102.073
11.413,00
1." de 1933 2." de 1933
208.898 226.524
6.213,00 6.394,00 6.292,00
1." de 1934 2.'-' de 1934
230.797 257.1.58
1.'^ de 1935 2." de 1935
1.405.4.57
Valor total' .
?■
(Paru eliniinat
869.311.708 634.222.779
ü
fator
1.670.008.210
cesso de divi' dir os totnl
261.259 302.462
7..554.00
1.973.722.995 2.373.784.098
1." de 1936 2." de 1936
306.187 352.917
2.587.508.291 2.859.897.238
para a clas^ operária d^
1.'^ de 1937' 2.0 de 1937
363.091
3.306.941.513
Capital.
424.329
8.450,00 8.103,00 9.108,00 8.051,00
3.41,6.576.264
sultado em mi
1." de 1938 2° de 1938
416.054
8.434,00
3.508.9.56.7,53
lhões de cni-
469.507 469,716 512.012
8.251,00 8.519,00
3.874.003.176
1." dc 1939 2.0 de 1939
8.215,00
4.206.258.702
4.189,5
1.'^ de 1940 2.*' de 1940
508.347 ,551.715
9.017,00
4..583.967.176 4.162.997..575
4.416,1
1." de 1941 2/> de 1941
588,583 645.749
4.991.949.034 6.349.164.801
l.« de 1942 2.0 de 1942
568.054 622.789
I." de 1943
656.697' 784.696
2." de 1943
36.305.175.868
9.574,2
1.950.649.617
4.001..544.6.38
SÃO PAULO
Número índice com ba.sc em 1939
pelo índice dt custo da vid»
Setnestrès
Número dc
Valor médio
índice do
Valor reti
do ano:
cheques:
do cheque:
custo (Jg vidn
ficado
15,5
136,4 74,2
1." de 1933
20,8 42,5
2.0 de 1933
46,1
7.5,2
1." de 1934 2." de 1934
47,0
86,5 90,6
1." de 1932 2.^ de 1932
Po*
7.eiros). .
II
CHEQUES COxMPENSADOS PELA CÂMARA DE CO.MPENSAÇÀO DE
"in*
7.235,00 7..585,00
9.832,00 10.980,00 12.632,00 15.271,00 18.071,00
9.010,1 10.093,0
base eni 1939. cuja média foi con.siderada 100,0, confor-mc Tabela II.
retificado:
fiação" — (d adotado o pro
8.481,00
32.589.613.085
do .Município de São Pa\iio, Divisão de Estatística e Dncumentaç<ão Social com
Valor fo/fll
dos cheques:
1.335.703.274 1.425.290.827
7.54.5,00
8.749,7
gina 27. Valor do cheque, calculado pelo autor. índices de custo da vida para a (la.ssc operária da Capital, ca'culado.s pelo Departamento de Cultura da Prefeitura
TABELA
7.848,00
28.515.319.957 31.518.318.291
Dados e.xlraídüs de "Técnica e Economia BANCÁRIA" de março de 1949, pá
SÃO PAULO
Número
25.485,00 25.831,00
8.843,1
I
CHEQUES COMPENSADOS PELA CÂMARA DE COMPENS.\Ç.\0 DE
Sem<?5fre.y do ano:
24.381.00
8.465,9
8.590,0
I.° de 1935
4.017,6
2." dc
1935
76,4
.52.4 53.2 61.6
90,3
62,4
93,8 101,0
1937
71,9 73,9
4.390,4
108,8
2." cie 1937
86,4
1." de 1938 2." de 1938
84,7
100,8
6.237 .()98..585
5.322,0 5.079,0
7.867.303.399
5.700,9
1." do 1939
10.033.666.844 14.180.4-38.446
7.001,9
2." de 1939
9.055,2
95,6 95,7 104,3
101,8 98,2
1.» dc 1936 2.0 de 1936
3.912.6
1." de
96,8
■
'96,2
98,6
99,6 100,4
102,2
97,8 -,uT
iMi.
DfJ
>
l .l-
Senieò-<rí?.s'
Ntwtero de
Valor médio
do ano;
cheques:
do cheque:
J.® de 1940
103,5
2.° de 1940
112,4 119,9 131,5 115,7
1.° de 1941 2.° de 1941 1
^
■ 1*..
■■
ig
p
' 1.9 de 1942 2.° de 1942 1." de 1943 2.° de 1943 1.^ de 1944
126,9 133,8 159,8
índice do custo dc vida
Valor reti-i
ficado
107,8 90,2 101,4 - 117,.5 131,2
103,8 106,4
103,8
113,7 119,3
89,2
122,8
150,9
138,0
106,8 409.3
98.5
143,3 156,6
127,3 137,8
175,5
124,4 111,3
biente tranqüilo das administrações nor
187,9
229,8
1." 2." 1.° 2.°
190,8
234,8
206,5 224,6
217,6 220,4 258,5
243.3
240,0
104,5 101,4
233,0
259,0
97,7
'288,0
293,3
98.4
238.2
291.4
325,9
260,1 260,5 286,3
295,0
329,2
304.6 308,7
361,7
89,4 89,6 84,2
359,7
85,8
1." de 1948 2.° de 1948
PUovÁviiL (pie a fase mais crítica, .É mais discutida de tôda a \ida pú blica dc Rui seja a sua passagem pela
182.5
165,7
1." de 1947 2.° de 1947
Deolindo Amoulm
pasta da Fazenda. De fato, tendo sido Ministro da Fazenda no início do re gime republicano, quando a administra ção pública ainda eslava na experiên cia da nova forma dc govèrno, Rui di
2.« de 1944
1945 1945 1946 1946
questão financeira
84,7
215,9 218.3
de de de de
ui e a
índices calculados pelo autor (exceto os de custo de vida, que são do Departa mento de Cultura da Prefeitura da Capital) com os elementos constantes da Tabela I.
mecanismo da administração, entretan
to, não houve adestramento para as no vas instituições.
A ^'elha administra
ção adaptou-se ao novo regime por for
rigiu as finanças do Brasil sem o am
o seu período tumuUuário, entre a or
mais, circunstância que muito influi na apreciação de sua política financeira,
espcciabnente porque já se sabe que não é fácil a adaptação do sistema ad
ministrativo de um país a quaisquer transformações momentâneas.
A mu- •
dança do regime, tal a tendência dos
acontecimentos que se verificaram ap()s a guena do Paraguai, já era esperada cedo ou tarde, nas camadas
clarecidas.
mais es
Mas a engrenagem admi
nistrativa não se preparou cün\'eniente-
ça da situação, mas não estava organiza da para a transição de 89. Não poden
do escapar à regra dos movimentos recolucionários, a República teve, de fato,
dem c a desordem, até que se firmas sem as bases legais do Estado e se de
finissem as atribuições dos órgãos mais complexo. Foi êsse o ambiente em que Rui conduziu as finanças do País.
E natural que a administração do Rui, por mais prudente que tenha sido a sua orientação, tendo-se em \'ista as
c(.ndições em que participou do Gover no Provisório, não esteja imune de cri ticas, especialmente porque nenhuma ad ministração, até hoje, pode fugir às cxjnlingências Immanas do êrro. Mas o fa
mente para a nova ordem de coisas. As
tor tempo, passado o período de con-
sim, pois, com a proclamação da Re
xu'são, desfeita a incompreensão pró pria das transformações políticas, pode' modificar, e tem modificado, muitos juí zos críticos a respeito de homens e fa
pública, a velha máquina do Estado so freu alteração rápida e de efeitos vio-
lento.s, sem que tivesse havido prepa ração geral, condição, aliás, indispen sável às grandes reformas. O terreno ideol<Sgico, mais sensível às manifes
tações da opinião pública, recebeu o adubo dá "preparação psicológica" de corrente dos fenômenos políticos ocor
ridos no 2." Reinado e cia propagan da republicana, feita abertamente, a partir de 1870, à .sombra do trono de
Pedro 11, em cujo espírito liberal se enraizavam, por índole, mais propensões democráticas do que em muitos re publicanos de haircte revoíucionário, No
M
tos passados. Ministro de um Go\ êino revolucionário, de duração transitória
servindo a um regime nascente, ainda sem Constituição nem Congresso, Rui
não se iludiu com a realidade, so bremodo angustiosa, da ^situação fi nanceira do Brasil, embora os idealis tas romànticKis supusessem que a "febre
de negócios", a aparente prosperidade forçada pelo alargamento do crédito
bancário nos primeiros anos cia Repú blica. assim ccuno as facilidades tempo rárias no campo das explorações, po-
DfJ
>
l .l-
Senieò-<rí?.s'
Ntwtero de
Valor médio
do ano;
cheques:
do cheque:
J.® de 1940
103,5
2.° de 1940
112,4 119,9 131,5 115,7
1.° de 1941 2.° de 1941 1
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p
' 1.9 de 1942 2.° de 1942 1." de 1943 2.° de 1943 1.^ de 1944
126,9 133,8 159,8
índice do custo dc vida
Valor reti-i
ficado
107,8 90,2 101,4 - 117,.5 131,2
103,8 106,4
103,8
113,7 119,3
89,2
122,8
150,9
138,0
106,8 409.3
98.5
143,3 156,6
127,3 137,8
175,5
124,4 111,3
biente tranqüilo das administrações nor
187,9
229,8
1." 2." 1.° 2.°
190,8
234,8
206,5 224,6
217,6 220,4 258,5
243.3
240,0
104,5 101,4
233,0
259,0
97,7
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293,3
98.4
238.2
291.4
325,9
260,1 260,5 286,3
295,0
329,2
304.6 308,7
361,7
89,4 89,6 84,2
359,7
85,8
1." de 1948 2.° de 1948
PUovÁviiL (pie a fase mais crítica, .É mais discutida de tôda a \ida pú blica dc Rui seja a sua passagem pela
182.5
165,7
1." de 1947 2.° de 1947
Deolindo Amoulm
pasta da Fazenda. De fato, tendo sido Ministro da Fazenda no início do re gime republicano, quando a administra ção pública ainda eslava na experiên cia da nova forma dc govèrno, Rui di
2.« de 1944
1945 1945 1946 1946
questão financeira
84,7
215,9 218.3
de de de de
ui e a
índices calculados pelo autor (exceto os de custo de vida, que são do Departa mento de Cultura da Prefeitura da Capital) com os elementos constantes da Tabela I.
mecanismo da administração, entretan
to, não houve adestramento para as no vas instituições.
A ^'elha administra
ção adaptou-se ao novo regime por for
rigiu as finanças do Brasil sem o am
o seu período tumuUuário, entre a or
mais, circunstância que muito influi na apreciação de sua política financeira,
espcciabnente porque já se sabe que não é fácil a adaptação do sistema ad
ministrativo de um país a quaisquer transformações momentâneas.
A mu- •
dança do regime, tal a tendência dos
acontecimentos que se verificaram ap()s a guena do Paraguai, já era esperada cedo ou tarde, nas camadas
clarecidas.
mais es
Mas a engrenagem admi
nistrativa não se preparou cün\'eniente-
ça da situação, mas não estava organiza da para a transição de 89. Não poden
do escapar à regra dos movimentos recolucionários, a República teve, de fato,
dem c a desordem, até que se firmas sem as bases legais do Estado e se de
finissem as atribuições dos órgãos mais complexo. Foi êsse o ambiente em que Rui conduziu as finanças do País.
E natural que a administração do Rui, por mais prudente que tenha sido a sua orientação, tendo-se em \'ista as
c(.ndições em que participou do Gover no Provisório, não esteja imune de cri ticas, especialmente porque nenhuma ad ministração, até hoje, pode fugir às cxjnlingências Immanas do êrro. Mas o fa
mente para a nova ordem de coisas. As
tor tempo, passado o período de con-
sim, pois, com a proclamação da Re
xu'são, desfeita a incompreensão pró pria das transformações políticas, pode' modificar, e tem modificado, muitos juí zos críticos a respeito de homens e fa
pública, a velha máquina do Estado so freu alteração rápida e de efeitos vio-
lento.s, sem que tivesse havido prepa ração geral, condição, aliás, indispen sável às grandes reformas. O terreno ideol<Sgico, mais sensível às manifes
tações da opinião pública, recebeu o adubo dá "preparação psicológica" de corrente dos fenômenos políticos ocor
ridos no 2." Reinado e cia propagan da republicana, feita abertamente, a partir de 1870, à .sombra do trono de
Pedro 11, em cujo espírito liberal se enraizavam, por índole, mais propensões democráticas do que em muitos re publicanos de haircte revoíucionário, No
M
tos passados. Ministro de um Go\ êino revolucionário, de duração transitória
servindo a um regime nascente, ainda sem Constituição nem Congresso, Rui
não se iludiu com a realidade, so bremodo angustiosa, da ^situação fi nanceira do Brasil, embora os idealis tas romànticKis supusessem que a "febre
de negócios", a aparente prosperidade forçada pelo alargamento do crédito
bancário nos primeiros anos cia Repú blica. assim ccuno as facilidades tempo rárias no campo das explorações, po-
I5lGt-ST(í. Econ'ómic<>
pode deixar de ser fei|„. Não 1'»
deriam fazer do Brasil utna potência
provisono
ra outro. Rui não padeceu dessa pe
rigosa ilusão. Federalista de velhos tempos, não tendo a ufania de osten
que não tenha
brio entre a receita e a desj^esa é a en
julgamento da Histónu". ^'«'2
fermidade crônica dc nossa existência
bica no auge da exaltação P"'Sio.
da, antes da República, já haviam de
nacional".
base durável dos Governos irais, todos êlos, naturalmente, «P^f
co'', temperamento infenso à mística dos rótulos, para êle a.salvação nacional es
divergências ideológicas, erani una» cm reconhecer a grande responsab"™'
tava menos na fachada de um regime
do que nã prática do princípios insubsti
que assumiriam perante a Hislóna se 'l ■
tuíveis. Rui, sobretudo, era homem de
Outros Ministros da Fazen
nunciado tal situação. Os anteceden tes de nossa \ ída financeira demonstiam que as emissões não nasceram com a
gestão de Rui na pasta da Fazenda, embora sôbre ele recaiam as mais for
princípios, o que está bem nítido em to
sessem lançar empreendimentos sojnosos.
da a sua campanha pela descentraliza ção administrativa, pela moralidade po lítica, pelo aprovcilamcnlo dus capaci
mente quando tóii, origem
tòrmo empregado na época para signifi car o montante de negócios na praça. O
ria. não podem ser, cm lôcla P ^
déficit fazia parte do acôrvo da mo
Governos realizadores. Mas a
narquia, Provam-no, por exemplo, os
Fazenda, que é o centro de
últimos Relatórios da Fazenda. Belisá-
dades.
Ninguém melhor do que ôle.
dade governamental, compreendeu, na-
quele momento histórico, as limitações
naturais a que estão sujeitos os Gover nos transitórios.
tes criticas à política de encilhamento,
Os Governos transitórios.
portanto, sempre devoto da legitimi
São de seu Relatório,
apresentado ao Marechal Deodoro da
Fonseca em janeiro de 1891, as seguin
da alta administração do País, "^^1' sob os Governos de posição pr^cana.
lio de Sousa, no Relatório de 1887, em
impõe resoluções ou providências ÜUf
ultrapassam o âmbito roH«eiro.^ Estava^
tuação financeira do Im
portanto, sôbre os ombros de
já e.xistcnte, chegando a di
bora otimista quanto à si pério, refere-se ao déficit
.
do campo rigorosamente político, a parte da responsabilidade administrahva do Govêrno Provisório cia Republi
tes palavras: "Os Governos revolucio nários não são, não podem ser Gover
nos econômicos. Entre as in.<ititmções que desabam e as instituições que se planejam, semeado de ruínas e esperan ças, de ameaças e relvUidicações, fran
ca. O Ministro da Fazenda, nesse pe
queia campo vasto e indefinido à hi-
coisa pública. Tenha-se em conta que .se tratava de um Govêmo tipicmueiile revolucionário, mas revolucionário na forma e na essência do regime, as^im como na filosofia política em que sc inspirou a ideologia republicana, simples deposição de um Gabinete ou a súbita queda de um Govêrno, sem mu dar o regime, sem modificar a organiza ção político-econômica do pais, ua''
(
ta de forças contraditórias, contra as
i
poderia, ainda que com qualidades he
.
reta, segura e persistente."
!
de caráter definitivo, não saiu dessa
Não tendo
levado para o Govêmo um programa
compreensão da verdadeira natureza dos Governos prosasórlos, apesar da ve-
cm
alarmante
desacôrdü
com as previsões orçamen
tárias. Por outras palavras: gastava-se mais do que
ser um titular inativo, retraído e sc
aquilo que se fixava nos orçamentos.
adstrito ao papel de mero guardiuo
róicas, traçar aos seus atos orientação
zer que os gastos estavam
ríodo agitado e caótico, jamais poderia '
quais uma ccmissão revoluciotuÍTia não
■
rio, Rui fazia sentir que "o desequilí
pois, aos primeiros dirigentes d-'
tar o brasão de "republicano históri
Hr
Logo na introdução de seu Relató
no bem intencionado, ainda
econômica ou industrial de um ano pa
99
aa
Vivia-se, portanto, no regime de acen tuado desequilíbrio.
Rui, corho se vè,
uão exagerou o quadro das condições
financeiras do País. Em maio de 89, pouco antes de assumir o Govêrno o
Ministério chefiado pelo Visconde de
Ouro Preto, a bem dizer já nas proxi
pedia o titular das Finanças de, como
gime novo, idéias novas, programas no
"outros ministros, chamar a atenção do
vos. Pelo menos era assim que se pen
Govêmo para o déficit, cuja diminuição
se lhe afigurava , possível, pelo que se deduz destas palavras:,"apesar das gran-
J
exercício
se
encerrou
u
monarquia.
Quando apresentou üO Parlamento, CO" mo era de praxe, o novo Ministério, Ou
ro Prêto incluiu entre as
providências mais objetivas de seu programa precisa mente o "equilíbrio da re
ceita com a despesa, pelo menos a ordinária", o que vem confirmar, segundo a frase de Rui, a existência
da
"enfermidade
nacional": o déficit.
crônica
Uma das cogita
ções de Ouro Prêto era, indiscutivel
mente, equilibrar a vida financeira do País. Não faltavam, por todos os títu
los, ao grande ministro da monarquia, as qualidades primadais do homem pú blico de visão e energia, tanto que, no ciclo final do Império, foi o primeiro a naturalmente com o fito de sustentar o
sível, em face da pressão dos aconteci
favorável", o que, entretanto, não im
Lj..'
Em junho de 89 tomou a direção do poder o Gabinete Ouro Prêto, em cujo
Trono, o que, no entanto, já era Impos
re
.
monarquia.
das finanças era "de dia para dia mais
se compara com a transformação gera!,
wOr
líbrio financeiro constituía preocupação inadiável dos últimos Gabinetes da
compreender e tentar executar reformas
como no caso do Brasil em 89:
.
Não cabendo aqui discutir o que pro
punha João Alfredo pára reduzir o- dé ficit, o que se verifica é que o desequi
impostas pela evoHição social e política,
^ '• - emente campanha que se levantou no
cana.
consideravelmente reduzido aom as so
bras, que se realizarem, e com o saldo que deve passar do exercício anterior*.
midades do desmoronamento das ins
nistio da Fazenda, dizia que o estado
sava com o advento da forma repub i-
tros serviços, terá, como se calcula, um "déficit^', que poderá desaparecer ou ser
tituições monárquicas, João Alfredo, Mi-
'
País em conseqüência do chamado encilhamento, cujas causas vamos estudar. De um Govêrno pro\'isório, é claro, não se podé esperar senão aquilo que exige solução imediata, aquilo, enfim, que nSo
des despesas autorizadas em benefício da colonização, estradas de ferro e ou
mentos. Mas Ouro Prêto, sem a menor
dúvida, tinha pulso de estadista. Provara-o suficientemente através de sua
brilhante carreira política e, em circuns
tâncias gravíssimas, na direção da pasta
I5lGt-ST(í. Econ'ómic<>
pode deixar de ser fei|„. Não 1'»
deriam fazer do Brasil utna potência
provisono
ra outro. Rui não padeceu dessa pe
rigosa ilusão. Federalista de velhos tempos, não tendo a ufania de osten
que não tenha
brio entre a receita e a desj^esa é a en
julgamento da Histónu". ^'«'2
fermidade crônica dc nossa existência
bica no auge da exaltação P"'Sio.
da, antes da República, já haviam de
nacional".
base durável dos Governos irais, todos êlos, naturalmente, «P^f
co'', temperamento infenso à mística dos rótulos, para êle a.salvação nacional es
divergências ideológicas, erani una» cm reconhecer a grande responsab"™'
tava menos na fachada de um regime
do que nã prática do princípios insubsti
que assumiriam perante a Hislóna se 'l ■
tuíveis. Rui, sobretudo, era homem de
Outros Ministros da Fazen
nunciado tal situação. Os anteceden tes de nossa \ ída financeira demonstiam que as emissões não nasceram com a
gestão de Rui na pasta da Fazenda, embora sôbre ele recaiam as mais for
princípios, o que está bem nítido em to
sessem lançar empreendimentos sojnosos.
da a sua campanha pela descentraliza ção administrativa, pela moralidade po lítica, pelo aprovcilamcnlo dus capaci
mente quando tóii, origem
tòrmo empregado na época para signifi car o montante de negócios na praça. O
ria. não podem ser, cm lôcla P ^
déficit fazia parte do acôrvo da mo
Governos realizadores. Mas a
narquia, Provam-no, por exemplo, os
Fazenda, que é o centro de
últimos Relatórios da Fazenda. Belisá-
dades.
Ninguém melhor do que ôle.
dade governamental, compreendeu, na-
quele momento histórico, as limitações
naturais a que estão sujeitos os Gover nos transitórios.
tes criticas à política de encilhamento,
Os Governos transitórios.
portanto, sempre devoto da legitimi
São de seu Relatório,
apresentado ao Marechal Deodoro da
Fonseca em janeiro de 1891, as seguin
da alta administração do País, "^^1' sob os Governos de posição pr^cana.
lio de Sousa, no Relatório de 1887, em
impõe resoluções ou providências ÜUf
ultrapassam o âmbito roH«eiro.^ Estava^
tuação financeira do Im
portanto, sôbre os ombros de
já e.xistcnte, chegando a di
bora otimista quanto à si pério, refere-se ao déficit
.
do campo rigorosamente político, a parte da responsabilidade administrahva do Govêrno Provisório cia Republi
tes palavras: "Os Governos revolucio nários não são, não podem ser Gover
nos econômicos. Entre as in.<ititmções que desabam e as instituições que se planejam, semeado de ruínas e esperan ças, de ameaças e relvUidicações, fran
ca. O Ministro da Fazenda, nesse pe
queia campo vasto e indefinido à hi-
coisa pública. Tenha-se em conta que .se tratava de um Govêmo tipicmueiile revolucionário, mas revolucionário na forma e na essência do regime, as^im como na filosofia política em que sc inspirou a ideologia republicana, simples deposição de um Gabinete ou a súbita queda de um Govêrno, sem mu dar o regime, sem modificar a organiza ção político-econômica do pais, ua''
(
ta de forças contraditórias, contra as
i
poderia, ainda que com qualidades he
.
reta, segura e persistente."
!
de caráter definitivo, não saiu dessa
Não tendo
levado para o Govêmo um programa
compreensão da verdadeira natureza dos Governos prosasórlos, apesar da ve-
cm
alarmante
desacôrdü
com as previsões orçamen
tárias. Por outras palavras: gastava-se mais do que
ser um titular inativo, retraído e sc
aquilo que se fixava nos orçamentos.
adstrito ao papel de mero guardiuo
róicas, traçar aos seus atos orientação
zer que os gastos estavam
ríodo agitado e caótico, jamais poderia '
quais uma ccmissão revoluciotuÍTia não
■
rio, Rui fazia sentir que "o desequilí
pois, aos primeiros dirigentes d-'
tar o brasão de "republicano históri
Hr
Logo na introdução de seu Relató
no bem intencionado, ainda
econômica ou industrial de um ano pa
99
aa
Vivia-se, portanto, no regime de acen tuado desequilíbrio.
Rui, corho se vè,
uão exagerou o quadro das condições
financeiras do País. Em maio de 89, pouco antes de assumir o Govêrno o
Ministério chefiado pelo Visconde de
Ouro Preto, a bem dizer já nas proxi
pedia o titular das Finanças de, como
gime novo, idéias novas, programas no
"outros ministros, chamar a atenção do
vos. Pelo menos era assim que se pen
Govêmo para o déficit, cuja diminuição
se lhe afigurava , possível, pelo que se deduz destas palavras:,"apesar das gran-
J
exercício
se
encerrou
u
monarquia.
Quando apresentou üO Parlamento, CO" mo era de praxe, o novo Ministério, Ou
ro Prêto incluiu entre as
providências mais objetivas de seu programa precisa mente o "equilíbrio da re
ceita com a despesa, pelo menos a ordinária", o que vem confirmar, segundo a frase de Rui, a existência
da
"enfermidade
nacional": o déficit.
crônica
Uma das cogita
ções de Ouro Prêto era, indiscutivel
mente, equilibrar a vida financeira do País. Não faltavam, por todos os títu
los, ao grande ministro da monarquia, as qualidades primadais do homem pú blico de visão e energia, tanto que, no ciclo final do Império, foi o primeiro a naturalmente com o fito de sustentar o
sível, em face da pressão dos aconteci
favorável", o que, entretanto, não im
Lj..'
Em junho de 89 tomou a direção do poder o Gabinete Ouro Prêto, em cujo
Trono, o que, no entanto, já era Impos
re
.
monarquia.
das finanças era "de dia para dia mais
se compara com a transformação gera!,
wOr
líbrio financeiro constituía preocupação inadiável dos últimos Gabinetes da
compreender e tentar executar reformas
como no caso do Brasil em 89:
.
Não cabendo aqui discutir o que pro
punha João Alfredo pára reduzir o- dé ficit, o que se verifica é que o desequi
impostas pela evoHição social e política,
^ '• - emente campanha que se levantou no
cana.
consideravelmente reduzido aom as so
bras, que se realizarem, e com o saldo que deve passar do exercício anterior*.
midades do desmoronamento das ins
nistio da Fazenda, dizia que o estado
sava com o advento da forma repub i-
tros serviços, terá, como se calcula, um "déficit^', que poderá desaparecer ou ser
tituições monárquicas, João Alfredo, Mi-
'
País em conseqüência do chamado encilhamento, cujas causas vamos estudar. De um Govêrno pro\'isório, é claro, não se podé esperar senão aquilo que exige solução imediata, aquilo, enfim, que nSo
des despesas autorizadas em benefício da colonização, estradas de ferro e ou
mentos. Mas Ouro Prêto, sem a menor
dúvida, tinha pulso de estadista. Provara-o suficientemente através de sua
brilhante carreira política e, em circuns
tâncias gravíssimas, na direção da pasta
ÜICIiSTO EC ONOMKj,
100
Digesto Econômico 101
da Marinha, enfrentado uma das fases
Pereira tiuc a adnnnistração de Rni fj.
agudas da guerra do Paraguai.^ Mas
.xou a emissão cm 4.50 mil contos, quan
do Calógeras: "uma enchente de socicdades mais ou menos insubsistentes havia
Constant, que era engenheiro; Iodos es
a política financeira de Ouro Preto en
do a lei imperial de 24 de janeiro de
invadido p mercado".
1888 a\'aliara a emis.são cm 600 mi)
tremo recurso da emissão, tais eram,
cíUitos. Evidentemente, o fenômeno eco-
nòmico-social produzido pela extinção
monarquia, impostas, não há dúvida, pe las condições cm que ficam a \ida eco nômica nacional após a extinção da es
a forma de govêrno. ver o Brasil entrar
veredou, muito antes de Rui, para o ex
da e.scra\atiira justifica, à luz de lodo o
cravatura, transmitiram ao primeiro Go
já no Império, as difíceis condições eco nômicas do País, em conseqüência da Abolição. A extinção da escravatura,
sem preparo interno da vida nacional, desorganizara o nosso velho sistema eco
bom-scnso, a.s providcncia.s tomadas pe lo Visconde de Ouro Prêto, todas elas
nômico, todo êle fundado sôbre a eco
bem intencionadas c dc larga visão politica. Mas o que fica provado c que a
nomia rural.
omissão, a tendência inflacionista, ^■inha
A administração Ouro
da monarquia, tanto mais que muitos
tência não solicitada, que êle sc viu for
fazendeiros, desiludidos com a perda
çado a tolerar."
norte-americana, da liberdade religiosa
E.studando. muitos anos depois, as cau.sas da inflação, Pandiá Calógeias, un»
Mus as conseqüências econô
micas da abolição do cativeiro levaram o Govôrno Imperial a abrir facilidades
de crédito para reparar os prejuízos da lavoura, desfalcada do braço cativo. A
política do encHhaimnto, cuja responsa bilidade exclusiva sc atribui a Rui Bar
bosa, nascera no Império, determinada
pela desorientação da lavoura, logo após a Abolição.
A Exposição Financeira de.Rui é de
1890. Nesse documento, que é um dos primeiros da República, dizia êle: "A praça atravessa, neste momento, uma
crise". Antes do encühamento^ que foi o ponto de convergência de todos os
ataques à gestão financeira de Rui, a praça já se achava nesta situação: "Aiações de bancos e companhias de todo gênero — dizia o primeiro Ministro da Fazenda na República — ascendiam ao
triplo, ao quádruplo e ao quíntupJo de sua importância real."
Logo, não foi
do braço calí\'o, já estavam aderindo à cau.sa republicana, forçara o Govêmo Imperial a fazer concessões em grande escala. Qual o fim de tais concessões financeiras? Respondo Calógeras, que foi também
Minísrio da Fazenda: 'Pa
ra auxiliar os antigos donos de escravos,
arruinados pela libertação, e para evitar queixas, concederam facilidades hancácúrias."
Pretendia o Governo Imperial,
por esse meio, além de cuidar do lado propriamente econômico, atender ao la do político da questão, evitando o au mento da.s fileiras republicanas, \'isto a Abolição haver causado muito descon tentamento na classe do.s agricultores, que constituía, como se sabe, a nossa aristocracia econômica. A política eniis-
Rui quem inaugurou as -facilidades de crédito, quem facilitou o desenvolvi
sionista do Império te\'e conseqüências
mento da inflação republicana.
não podia deixar de acontecer, deu gens a verdadeira onda de negócios, permitindo a formação de muitas so ciedades, entre as quais algumas não passavam de aventuras. A oh.servaçáo e
A si
tuação tinha origens remotas. Não sen
do possível a emissão sôbre lastro ouro, não houve outro meío senão o de apó
lices do Tesouro,
Argumenta Batista
Unidos na sxta riqueza e prestigio in
dustrial." Engenheiro não era, no Go vêmo Pro\isório de 1889, apenas Ben jamim Constant, mas também Demétrio Ribeiro, titular da Agricultura. Rui não
dos homens mais competentes do Bra sil, mostrou que o auxílio á lavoura, não podendo ser prolc'ado nos últimos anos
do Império, não c fruto da República.
teórico.
portanto, um efeito ine\itável de cau.sii.s
em ffimí»/io novo de progresso, que
breve o levaria ao nível dos Estados
era um fanáHco das formas do govêrno porquanto lhe era pecuMar a preocupa ção da e.s.scneia. Siía inclinação para os Estados Unidos, dc onde tirou o modèlo de nossa organização constitucional nao decorreu do entusiasmo que dè
damente na gestão de Rui, na pasta Ouro Prêto não era um
verno republicano uma herança finan ceira bem grave. O encilhamcnto foi.
peraram, pelo simples fato de se mudar
acumuladas. Fazendo ponderada críti ca do plano financeiro dc Rui, é ainda Calógeras quem diz: "Rui Barbosa não pode justamente ser acusado dos resul tados obtidos, pois tudo era anormal cm tonio de si, e êle não possuúi os meios de agir segutulo as inspirações de suas própruis idéias, nessa preamar de assis
Preto refletiu muito na República, notada Fazenda.
As emissões da
desfavoráveis, sobretudo porque, como
Todos os males de nossa desorganiza
ção financeira no primeiro período re
publicano têm sido aferidos pela plura lidade bancária, visto se terem mul tiplicado os bancos no País. Mas a ad ministração de Rui foi, sobretudo, "de-
sajudada pela balança comercial", como diz Pires do Rio, de quem o primeiro titular da Fazenda na República rece be acusações muito francas. Em livro relativamente recente, Pires do Rio ex pande os seguintes conceitos: "São desctãpáveLs as ilusões dos homens do Go verno ProvLsório, alvoroçados com « pui-
aU; arrebatou figuras de res^xn^sab.hdade no movimento republicano
mas do grande exemplo da Federação
da autonomia estadual, do processo pol^ tico vigente naquele país. Uma das nm vas mais evidentes de que Rui não^al"
mentou o fet,dus.no das aparèncias é
a sua própria descrença na ' i de transitória das inflações Fl ^ insistiu e,n mostrar, na
nancetra, que o no.sso mal, em m,.'
de abnso de crédito, vem de muit,', k™
ge, na.-) podendo, portanto, um nrnUl
de tal ordem, que se víÍk-X^
à educação do povo, ser rcrobül rvso\ir
diealmente, no decurso de dc um P A reforma da política
dança do regime político num país du Novo Mundo, onde o nuiravilhoso pro
com a intenção de ajustar o no--
gresso industrial dos Estados Unido.s atribuía-se à forma republicana." Con
do País, foi iniciada n,) i'
tinua o ilustre autor de "A Moeda Bra sileira", ex-Ministro da Viação o da Fa
nisino enii.ssor à realidade
1888, ainda na gestão Joào^^vu"'
a lei que autoriza a emis.sã
zenda: "Essa ilusão animava quase io dos os discursos e manifesto.s' político^ dos primeiros dias da República, Não
o introdutor da novidad(,
souberam evitá-la homens como Rui Rai-
ias ao portador c à
ho.vi, Bocanwa e o próprio Benjamim
,
tcs ao portador. Não foi p" ..
ê
'
económico-financeiro do P,-"", art. 1." dessa lei: "Podenão nweda- corrente do Im'>u;
"
" em
procedcn-
ÜICIiSTO EC ONOMKj,
100
Digesto Econômico 101
da Marinha, enfrentado uma das fases
Pereira tiuc a adnnnistração de Rni fj.
agudas da guerra do Paraguai.^ Mas
.xou a emissão cm 4.50 mil contos, quan
do Calógeras: "uma enchente de socicdades mais ou menos insubsistentes havia
Constant, que era engenheiro; Iodos es
a política financeira de Ouro Preto en
do a lei imperial de 24 de janeiro de
invadido p mercado".
1888 a\'aliara a emis.são cm 600 mi)
tremo recurso da emissão, tais eram,
cíUitos. Evidentemente, o fenômeno eco-
nòmico-social produzido pela extinção
monarquia, impostas, não há dúvida, pe las condições cm que ficam a \ida eco nômica nacional após a extinção da es
a forma de govêrno. ver o Brasil entrar
veredou, muito antes de Rui, para o ex
da e.scra\atiira justifica, à luz de lodo o
cravatura, transmitiram ao primeiro Go
já no Império, as difíceis condições eco nômicas do País, em conseqüência da Abolição. A extinção da escravatura,
sem preparo interno da vida nacional, desorganizara o nosso velho sistema eco
bom-scnso, a.s providcncia.s tomadas pe lo Visconde de Ouro Prêto, todas elas
nômico, todo êle fundado sôbre a eco
bem intencionadas c dc larga visão politica. Mas o que fica provado c que a
nomia rural.
omissão, a tendência inflacionista, ^■inha
A administração Ouro
da monarquia, tanto mais que muitos
tência não solicitada, que êle sc viu for
fazendeiros, desiludidos com a perda
çado a tolerar."
norte-americana, da liberdade religiosa
E.studando. muitos anos depois, as cau.sas da inflação, Pandiá Calógeias, un»
Mus as conseqüências econô
micas da abolição do cativeiro levaram o Govôrno Imperial a abrir facilidades
de crédito para reparar os prejuízos da lavoura, desfalcada do braço cativo. A
política do encHhaimnto, cuja responsa bilidade exclusiva sc atribui a Rui Bar
bosa, nascera no Império, determinada
pela desorientação da lavoura, logo após a Abolição.
A Exposição Financeira de.Rui é de
1890. Nesse documento, que é um dos primeiros da República, dizia êle: "A praça atravessa, neste momento, uma
crise". Antes do encühamento^ que foi o ponto de convergência de todos os
ataques à gestão financeira de Rui, a praça já se achava nesta situação: "Aiações de bancos e companhias de todo gênero — dizia o primeiro Ministro da Fazenda na República — ascendiam ao
triplo, ao quádruplo e ao quíntupJo de sua importância real."
Logo, não foi
do braço calí\'o, já estavam aderindo à cau.sa republicana, forçara o Govêmo Imperial a fazer concessões em grande escala. Qual o fim de tais concessões financeiras? Respondo Calógeras, que foi também
Minísrio da Fazenda: 'Pa
ra auxiliar os antigos donos de escravos,
arruinados pela libertação, e para evitar queixas, concederam facilidades hancácúrias."
Pretendia o Governo Imperial,
por esse meio, além de cuidar do lado propriamente econômico, atender ao la do político da questão, evitando o au mento da.s fileiras republicanas, \'isto a Abolição haver causado muito descon tentamento na classe do.s agricultores, que constituía, como se sabe, a nossa aristocracia econômica. A política eniis-
Rui quem inaugurou as -facilidades de crédito, quem facilitou o desenvolvi
sionista do Império te\'e conseqüências
mento da inflação republicana.
não podia deixar de acontecer, deu gens a verdadeira onda de negócios, permitindo a formação de muitas so ciedades, entre as quais algumas não passavam de aventuras. A oh.servaçáo e
A si
tuação tinha origens remotas. Não sen
do possível a emissão sôbre lastro ouro, não houve outro meío senão o de apó
lices do Tesouro,
Argumenta Batista
Unidos na sxta riqueza e prestigio in
dustrial." Engenheiro não era, no Go vêmo Pro\isório de 1889, apenas Ben jamim Constant, mas também Demétrio Ribeiro, titular da Agricultura. Rui não
dos homens mais competentes do Bra sil, mostrou que o auxílio á lavoura, não podendo ser prolc'ado nos últimos anos
do Império, não c fruto da República.
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portanto, um efeito ine\itável de cau.sii.s
em ffimí»/io novo de progresso, que
breve o levaria ao nível dos Estados
era um fanáHco das formas do govêrno porquanto lhe era pecuMar a preocupa ção da e.s.scneia. Siía inclinação para os Estados Unidos, dc onde tirou o modèlo de nossa organização constitucional nao decorreu do entusiasmo que dè
damente na gestão de Rui, na pasta Ouro Prêto não era um
verno republicano uma herança finan ceira bem grave. O encilhamcnto foi.
peraram, pelo simples fato de se mudar
acumuladas. Fazendo ponderada críti ca do plano financeiro dc Rui, é ainda Calógeras quem diz: "Rui Barbosa não pode justamente ser acusado dos resul tados obtidos, pois tudo era anormal cm tonio de si, e êle não possuúi os meios de agir segutulo as inspirações de suas própruis idéias, nessa preamar de assis
Preto refletiu muito na República, notada Fazenda.
As emissões da
desfavoráveis, sobretudo porque, como
Todos os males de nossa desorganiza
ção financeira no primeiro período re
publicano têm sido aferidos pela plura lidade bancária, visto se terem mul tiplicado os bancos no País. Mas a ad ministração de Rui foi, sobretudo, "de-
sajudada pela balança comercial", como diz Pires do Rio, de quem o primeiro titular da Fazenda na República rece be acusações muito francas. Em livro relativamente recente, Pires do Rio ex pande os seguintes conceitos: "São desctãpáveLs as ilusões dos homens do Go verno ProvLsório, alvoroçados com « pui-
aU; arrebatou figuras de res^xn^sab.hdade no movimento republicano
mas do grande exemplo da Federação
da autonomia estadual, do processo pol^ tico vigente naquele país. Uma das nm vas mais evidentes de que Rui não^al"
mentou o fet,dus.no das aparèncias é
a sua própria descrença na ' i de transitória das inflações Fl ^ insistiu e,n mostrar, na
nancetra, que o no.sso mal, em m,.'
de abnso de crédito, vem de muit,', k™
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de tal ordem, que se víÍk-X^
à educação do povo, ser rcrobül rvso\ir
diealmente, no decurso de dc um P A reforma da política
dança do regime político num país du Novo Mundo, onde o nuiravilhoso pro
com a intenção de ajustar o no--
gresso industrial dos Estados Unido.s atribuía-se à forma republicana." Con
do País, foi iniciada n,) i'
tinua o ilustre autor de "A Moeda Bra sileira", ex-Ministro da Viação o da Fa
nisino enii.ssor à realidade
1888, ainda na gestão Joào^^vu"'
a lei que autoriza a emis.sã
zenda: "Essa ilusão animava quase io dos os discursos e manifesto.s' político^ dos primeiros dias da República, Não
o introdutor da novidad(,
souberam evitá-la homens como Rui Rai-
ias ao portador c à
ho.vi, Bocanwa e o próprio Benjamim
,
tcs ao portador. Não foi p" ..
ê
'
económico-financeiro do P,-"", art. 1." dessa lei: "Podenão nweda- corrente do Im'>u;
"
" em
procedcn-
t)icr-sj(j Eo
dose (lutoriziição do Poder Execulico, í/.v
companhiüs (inõnimos que sc propuse rem a fazer operações bancárias e que,
em garantia de pagamento dos inesnws bilhetes, depositarem mi Caixa da Amor tização o suficiente em apólices da dívida pública. . Começou daí, é claro que contra a intenção e a expecta tiva do Governo Imperial, a prolifera
ção de companhias e Bancos, por mais cauteloso que fôsse, como foi, -o espírito da lei de emissões, em cujo corpo (§ 1."
do art. 1°) se lê o seguinte: "a emis
são dos bilhetes só será permitida por soma igual à do valor nomirud das apóUces depositadas". Nem por isso deixou de haver negócios comprometedores na
em 5 de janeiro de 1889, veio o Decre to 10.144, regulando o Decreto de 24
de novembro de 88 (já citado) com dis posições especiais sôbre a lavoura. O
artigo 1.° (Dec. de 1889) e.stá redigi do da seguinte maneira: "O Govêrno
poderá autorizar a emissão de bilhetes ao portador e a vista, conversíveis em moeda corrente do Império, a compa nhias anônhnas bancárias que, garantindo-os com depósito de apólices da dí vida interna fundada, se constituam ou
dito agrícola. O Govêrno, nos últimos meses da mo
\êrno anterior, eonio decorrência lógi ca cios empréstimos e das transações que
narquia, procurou, por todos os meios possíveis, restabelecer a confiança uo seio dos lavradores, o que seria de boa política se já não estivesse n Trono com os seus dias contados. Pode-sc calcular
a preocupação de Ouro Preto c^m a agricultura pelas instruções por è c ci.\co depois de haver assumido a chefia do Gabinete Ministeri;il. baixava instruções
especiais no sentido de serem fiscali zados rigorosamente os contratos firma dos entre os Bancos c os agricultores.
Em seguida (11 de julho) Ouro Preto dirigia-se ao fiscal do Governo itinto ao Banco de Credito Real do Brasil, deter
minando: a) — para garantia de emprés timo aos agricultores, pode ser admitida a hipoléca, não só de propriedades nirais mas iambein de imóveis: b) —
quando o agricxdtor solicitar auxílio pe
cuniário, pode ser concedida a faculda
de de os garantir com bens de teiceiros. que se prestem a coadjuvá-Jo. Tudo in dica, à luz de tais ordens, que a política
pública se tem feito descer toda a resnovo regime não pode deixar de ter li
se desenvolveram no comércio.
Se, de lato, Rui advogou a plurali dade emissora, bateu-se contra a.s- emis sões sem lastro. Rui defendeu o siste
ma de emissões sòbrc apólices cio Tc•souro. Partidários dessa política foram
também, no Império, os cpie não con fiaram no lastro metálico, já então con•siclcrado um meio impraticável pelo Con selheiro. Lafayete e pelo próprio Ouro Preto. Logo, nao foi Rui, nesse parti
cular, um inovador irrequieto, impeli do pela agitação revolucionária da épo
ca.
Rui deixou a" pasta da Fazenda
em 20 de janôiro de 1891. Não tardaria julgamento de sua gestão financeira.
Felisbelo Freire (citado por João Man-
gabeíru em Rui o estadista da Repúbli
ca), adversário de Rui, chegou a dizer, cia tribuna da Gamara, que "o maior cri me da história republicana, maior mes mo do que o da e.squadra que se levan ta contra o supremo depositário da au
toridade; o maior crime foi o ato revo gando o impôsto de importação cm ouro.
reorganizem nos termos da lei 3.150
bancária do Gabinete Ouro Prêto, por
decretado pelo sr. Rui Barbosa". A opi
de 4 de novembro de 1882..."
meio de crédito agrícola, pretendia re erguer a las-oiira c reconciliar os agri cultores com a monarquia. IndisciiH-
tro da Fazenda no Govêrno Floriano Pei
No
mesmo artigo são fixadas as importâncias das enijssões, de acordo com a situação
panhias que se estabelecessem nas Pro
velniente, Ouro Prêto era homem de \i.são política. Mas o que está paten te é que as emissões serviram de base.
víncias de Pernambuco, Bahia, Bio de
])ür falta de outro recurso, ao programa
janeiro, Minas, São Paulo, Hio Chande
do último Gabinete imperial. Não f"-
das Províncias: até 8.000;000$000 (Cr$
8.000.000,00 nioeda atual) para as com
K.-'
gação com a política emissionista do Go-
das aos "fiscais de auxílios a lavoura .
teresse da reforma, rpie logo depois,
o primeiro Ministro da Fazi-nda na Re
motivo especial: a necessidade do cre
Em 6 de julho de 89, por exemplo, pou
ção da lavoura. Tanto era èste o in
rani, eoiiiq se vê. inaiigurada.s pela ad ministração de Rui na direção dos ne gócios da Fazenda. Entretanto, sobre
ponsabibdade pelas conseqüências da inllaçao, cpiando o fenômeno financeiro do
ríodos de grandes emissões.
E.stá fora
'm
víncias do Amazonas, Piauí. Rio Gran de do Norte. Paraíba, A'agoa.s, Sergipe. Goiás e Mato Grosso. E\-idcntenicnle. as emissões bancárias nasceram de
praça, o que, aliás, é inevítá\'el nos pe de dúvida que o objetivo do Governo, aò lançar mão das emissões, era a prote
1:>
do Sul; 6.UUÜ:ÜÜÜ$UU0 paru o Maranháu. Pará Ceará, Espírito Santo, Paraná, Sla. Catarina; 2.000:000$00{> para as Pro
DíoisSif) Er:(>.\'(').Nnf:o
1..'..A
nião de Fc;'i.sbelo Freire, que foi Minis xoto, é absolutamente insuspeita, Não foram as emissões do Govêrno Provisó
rio de 89 a causa de nossa desorgani zação econômica. O Govêrno Floriano, premido pelas imposições da vida inter
V í ^1/,.
na do PaÍB, gravemcMile perturbada, fêz enüsscjes muito mais elásticas do eme a.s
do Governo inicial da República. As sim. pois. o que se poderia chamar o cic.o emi.ssionista do Brasil republicano tem causas muito comiilexas, vinculadas
ao próprio sistema econômico do Impé rio. Quando Ouro Prêto assumiu a cliefia
do Governo e, ao mesmo tempo, a dire ção da pasta da Fazenda, compreendeu bem u necessidade, aliás urgente, de mudar o rumo de nossa vida econômica,
dando-lhe orientação nova para cjue, re
parados os prejuízos causados pela extin ção do^ regime servi], o País ficasse em condições de sair da rotina poiítico-admini.stratíva em que se achava. Havia
necessidade, porém, dc ba.so econômica, uma vez que, em conseqüência da Lei
Áurea, toda a velha organização rural,
baseada no trabalho do escravo, ficara desajustada. A Nação es-perava. sem dúMcla alguma, grandes reformas com o ad vento do Mini.stério de 89. Três dias
depois da posse do Ministério de 7 de
junho de 1889, o Jornal do Comércio, traduzindo a expectativa nacional, dizia o seguinte: "Cí>7?i a organização do Qahinete de 7 de junho, operon-.se notável mudança na direção política do País.
Considerando atentamente a situação d< nosso país, ouvindo vozes autorizadas e interêsses legíHmo.s, não vemos, ao lado
da descentralização administrativa, ques
tão mais grave, tanto pw sva im!)orfâncUi conu> por sua urgência, do que o problema econômico, que apresenta di versas faces pelas quais deve ser enca
rado. A grande indústria nacional a agnciãtum ressente-se profundamente do violento abalo que sofreu a 1.3 de maio, data certamente gloriosa, mas que marca, também, o comêço de uma re
volução econômica." Não tínhamos, na realidade, que pudesse, no século pa.ssu-
t)icr-sj(j Eo
dose (lutoriziição do Poder Execulico, í/.v
companhiüs (inõnimos que sc propuse rem a fazer operações bancárias e que,
em garantia de pagamento dos inesnws bilhetes, depositarem mi Caixa da Amor tização o suficiente em apólices da dívida pública. . Começou daí, é claro que contra a intenção e a expecta tiva do Governo Imperial, a prolifera
ção de companhias e Bancos, por mais cauteloso que fôsse, como foi, -o espírito da lei de emissões, em cujo corpo (§ 1."
do art. 1°) se lê o seguinte: "a emis
são dos bilhetes só será permitida por soma igual à do valor nomirud das apóUces depositadas". Nem por isso deixou de haver negócios comprometedores na
em 5 de janeiro de 1889, veio o Decre to 10.144, regulando o Decreto de 24
de novembro de 88 (já citado) com dis posições especiais sôbre a lavoura. O
artigo 1.° (Dec. de 1889) e.stá redigi do da seguinte maneira: "O Govêrno
poderá autorizar a emissão de bilhetes ao portador e a vista, conversíveis em moeda corrente do Império, a compa nhias anônhnas bancárias que, garantindo-os com depósito de apólices da dí vida interna fundada, se constituam ou
dito agrícola. O Govêrno, nos últimos meses da mo
\êrno anterior, eonio decorrência lógi ca cios empréstimos e das transações que
narquia, procurou, por todos os meios possíveis, restabelecer a confiança uo seio dos lavradores, o que seria de boa política se já não estivesse n Trono com os seus dias contados. Pode-sc calcular
a preocupação de Ouro Preto c^m a agricultura pelas instruções por è c ci.\co depois de haver assumido a chefia do Gabinete Ministeri;il. baixava instruções
especiais no sentido de serem fiscali zados rigorosamente os contratos firma dos entre os Bancos c os agricultores.
Em seguida (11 de julho) Ouro Preto dirigia-se ao fiscal do Governo itinto ao Banco de Credito Real do Brasil, deter
minando: a) — para garantia de emprés timo aos agricultores, pode ser admitida a hipoléca, não só de propriedades nirais mas iambein de imóveis: b) —
quando o agricxdtor solicitar auxílio pe
cuniário, pode ser concedida a faculda
de de os garantir com bens de teiceiros. que se prestem a coadjuvá-Jo. Tudo in dica, à luz de tais ordens, que a política
pública se tem feito descer toda a resnovo regime não pode deixar de ter li
se desenvolveram no comércio.
Se, de lato, Rui advogou a plurali dade emissora, bateu-se contra a.s- emis sões sem lastro. Rui defendeu o siste
ma de emissões sòbrc apólices cio Tc•souro. Partidários dessa política foram
também, no Império, os cpie não con fiaram no lastro metálico, já então con•siclcrado um meio impraticável pelo Con selheiro. Lafayete e pelo próprio Ouro Preto. Logo, nao foi Rui, nesse parti
cular, um inovador irrequieto, impeli do pela agitação revolucionária da épo
ca.
Rui deixou a" pasta da Fazenda
em 20 de janôiro de 1891. Não tardaria julgamento de sua gestão financeira.
Felisbelo Freire (citado por João Man-
gabeíru em Rui o estadista da Repúbli
ca), adversário de Rui, chegou a dizer, cia tribuna da Gamara, que "o maior cri me da história republicana, maior mes mo do que o da e.squadra que se levan ta contra o supremo depositário da au
toridade; o maior crime foi o ato revo gando o impôsto de importação cm ouro.
reorganizem nos termos da lei 3.150
bancária do Gabinete Ouro Prêto, por
decretado pelo sr. Rui Barbosa". A opi
de 4 de novembro de 1882..."
meio de crédito agrícola, pretendia re erguer a las-oiira c reconciliar os agri cultores com a monarquia. IndisciiH-
tro da Fazenda no Govêrno Floriano Pei
No
mesmo artigo são fixadas as importâncias das enijssões, de acordo com a situação
panhias que se estabelecessem nas Pro
velniente, Ouro Prêto era homem de \i.são política. Mas o que está paten te é que as emissões serviram de base.
víncias de Pernambuco, Bahia, Bio de
])ür falta de outro recurso, ao programa
janeiro, Minas, São Paulo, Hio Chande
do último Gabinete imperial. Não f"-
das Províncias: até 8.000;000$000 (Cr$
8.000.000,00 nioeda atual) para as com
K.-'
gação com a política emissionista do Go-
das aos "fiscais de auxílios a lavoura .
teresse da reforma, rpie logo depois,
o primeiro Ministro da Fazi-nda na Re
motivo especial: a necessidade do cre
Em 6 de julho de 89, por exemplo, pou
ção da lavoura. Tanto era èste o in
rani, eoiiiq se vê. inaiigurada.s pela ad ministração de Rui na direção dos ne gócios da Fazenda. Entretanto, sobre
ponsabibdade pelas conseqüências da inllaçao, cpiando o fenômeno financeiro do
ríodos de grandes emissões.
E.stá fora
'm
víncias do Amazonas, Piauí. Rio Gran de do Norte. Paraíba, A'agoa.s, Sergipe. Goiás e Mato Grosso. E\-idcntenicnle. as emissões bancárias nasceram de
praça, o que, aliás, é inevítá\'el nos pe de dúvida que o objetivo do Governo, aò lançar mão das emissões, era a prote
1:>
do Sul; 6.UUÜ:ÜÜÜ$UU0 paru o Maranháu. Pará Ceará, Espírito Santo, Paraná, Sla. Catarina; 2.000:000$00{> para as Pro
DíoisSif) Er:(>.\'(').Nnf:o
1..'..A
nião de Fc;'i.sbelo Freire, que foi Minis xoto, é absolutamente insuspeita, Não foram as emissões do Govêrno Provisó
rio de 89 a causa de nossa desorgani zação econômica. O Govêrno Floriano, premido pelas imposições da vida inter
V í ^1/,.
na do PaÍB, gravemcMile perturbada, fêz enüsscjes muito mais elásticas do eme a.s
do Governo inicial da República. As sim. pois. o que se poderia chamar o cic.o emi.ssionista do Brasil republicano tem causas muito comiilexas, vinculadas
ao próprio sistema econômico do Impé rio. Quando Ouro Prêto assumiu a cliefia
do Governo e, ao mesmo tempo, a dire ção da pasta da Fazenda, compreendeu bem u necessidade, aliás urgente, de mudar o rumo de nossa vida econômica,
dando-lhe orientação nova para cjue, re
parados os prejuízos causados pela extin ção do^ regime servi], o País ficasse em condições de sair da rotina poiítico-admini.stratíva em que se achava. Havia
necessidade, porém, dc ba.so econômica, uma vez que, em conseqüência da Lei
Áurea, toda a velha organização rural,
baseada no trabalho do escravo, ficara desajustada. A Nação es-perava. sem dúMcla alguma, grandes reformas com o ad vento do Mini.stério de 89. Três dias
depois da posse do Ministério de 7 de
junho de 1889, o Jornal do Comércio, traduzindo a expectativa nacional, dizia o seguinte: "Cí>7?i a organização do Qahinete de 7 de junho, operon-.se notável mudança na direção política do País.
Considerando atentamente a situação d< nosso país, ouvindo vozes autorizadas e interêsses legíHmo.s, não vemos, ao lado
da descentralização administrativa, ques
tão mais grave, tanto pw sva im!)orfâncUi conu> por sua urgência, do que o problema econômico, que apresenta di versas faces pelas quais deve ser enca
rado. A grande indústria nacional a agnciãtum ressente-se profundamente do violento abalo que sofreu a 1.3 de maio, data certamente gloriosa, mas que marca, também, o comêço de uma re
volução econômica." Não tínhamos, na realidade, que pudesse, no século pa.ssu-
Diciísto Er.oi4 Dic;icsT(> Eco Nói> iico
104
cli\cr.st).s Governos, desde o Império,
do, merecer a designação de grande dústria nacional. Mas o que é verdade é que já se pensava na formação da
emergência, em momentos difíceis, uma
mentalidade industrial. Rui, no Rela tório de 91, não se descuidou do pro
e,slabilidado econômica para ri'SolvernOT- |
lhas instituições, aumentara a gravidade
malmente certas crises.
futulnmentos, procurava ponto de apoio
blema industrial.
De tudo quanto sc
tem colhido como elemento de crítica da
administração de Rui na gestão das fi nanças, o que fica evidente ante.s de quaisquer outros aspectos de sua administraçãp, assaz trabalJiosa, é que não foi êle o criador da política inflacio-
nista, visto que a situação geral do País já vinha, muito antes da República, caminhando para a solução emissionis-
ta por falta de meios adequados a solu ções normais. O regime deficitário, tal rios
da
vez que o Paí.s se ressente da falta df [ Foi o que se ,
deu na monarquia, mais de uma veA > como também se cícu na República, p
dei>ois do Govêrno Provisório. Veja SC, por exemplo, o Relatório de Joaqui'" Murtinbo, que foi Ministro da 1'azena
na fase da restauração fiiuuiceira. da Ro* pública, isto é, no quatriênio CampO' Sales,, de 1898-902.
Antes, porem,
cabe lembrar que Bernardiuo de Cnm pos, titular da Fazenda na administração anterior, embora sustentando franco ^ sacôrdo com a oriea-
oomo o apresentam
sucessivos
têm feito emissões como recurso de
tação de Rui, depois
relató
Fazenda.
Z'
longe de ser atri buído aos erros de
de dizer que a "do lorosa lição dos fa
que se revesaram no
tos" de 1864 não havia sido aprendi da na República, re conheceu o acerto de Rui quando ê.ste último tomou a ini ciativa de rescindir
Império, constituía
alguns contratos
problema permanen
oriundos da monar
um dos partidos en tão dominantes ou à
imprevidência
<^e
unr Gabinete Minis
terial, dos
r
muitos
te, cujas causas nasceram a bem dizer
quia. A lição de 64, a rpie se re ere
com a própria vida nacional. Um país
Bernardino de Campos, foi a chama febre de ações bancárias, íato
habituado ao desequilíbrio orçamentário, de economia unilateral como era a do
mais uma vez, prova a anteriorida i
século passado, está sujeito, periòdicamente, a descambar para o perigoso re curso das emissões, sempre que há cri-
das emissões na vida financeira do
se.s interna.s ou externas.
A emissão
ficits sucessivos de um exercício para
coincidirulo com a decadência das ve
outro. Nossa emancipação política tc-
da situação. O Trono, abalado cm setis MO sistema falaz de auxilio d lavoura,
que teriam gravado o Tesouro, impro dutivamente, com a enonne desjjesa de 86 mil contos de réis, se o Covérno Pro.
visórw da República, rescindindo algum contratos, não a Iwuvesse reduzido a
\e início em condições financeiras bem
desfa\orávei,s, porque não encontrou las tro. Tenha-se em \ista um fato de real
significação antes de ser assinada, em
25 de março de 1824, a primeira Cons tituição do Brasil, o Govêrno de Pedro
I, no começo daquele ano, já contraía um empréstimo, na praça dc Londres, do i 3.000.000, forçado, naturalmente,
47.250:000.$000". Foi, portanto, na ges-' feia falta de dinheiro no País. A Inde tão de Rui que se reduziu tal despesa. pendência consolidou-se com aperturas Em suma: Bernardino de Campos cen financeiras. Vem daí, na história de surou o plano dc auxílio à lavoura, or nossas finanças, a gênese do desequilí ganizado pelo Visconde de Ouro Prêto; brio com que lutaram notáveis homens ■ c-ombateu as emissões do primeiro Go públicos do 1.° Reinado, como Cairu, verno republicano; aprovou, finalmente,
a ação do Governo Provisório por ter evitado maior desastre econômico em
con.seqüêncía dos empréstimos destinados à lavoura.
As emissões que ocorreram na ad ministração de Rui são inferiores às de
Vasconcelos,
Martim Francisco.
N5o
foi menor a dificuldade dos que, através das alternativas de prosperidade e deca dência econômica, no 2.° Reinado, diri giram a coisa pública. O regime re publicano encontrou os remanescentes
da inflação. Mas não foi Rui o respon
é Joaquim Murtinho, no Relatório de
sável pelas maiores emissões vcrihcadas nos primeiros lustres da administra ção republicana. Desde que se compa
1901.
outras administrações republicanas. Quem o demonstra, c com tôda precisão, Começa o laborioso ministio da
re o meio circulante em 1889 com o
presidência Campos Sales dizendo que "a política financeira no Império, segui da infelizmente pelo República, foi a dos
de outros anos, reconhecendo-se os mo-
"déficUs" orçamentários, cobertos ora por empréstimos, ora por emissões de
compreender o papel de Rui na direção
ti\-os que determinaram o aumento da circulação monetária, não será difícil
das finanças. No Relatório já citado, Joaquim Murtinho apresenta o seguinte
papel-moeda". Procurando a origem das
E' interessante notar que apesar de manter opinião contrária á política '
emissões brasileiras, vai encontrá-la em
quadro das emissões em circulação no -
1809, quando o Banco do Brasil fêz a
Brasil:
Bernardino de Campos, um dos gran
prosperidade, a riqueza transitória, se não aparente e, sobretudo, porque, de pois da ilusão de grandeza, deixa con
des políticos da República, mostra qne Rui, quando Ministro da Fazenda, con seguiu diminuir despesas provenientes do último plano económico-financeiro
sa.strosas. Mas o que é verdade é que
ta de tranqüilidade interna, acu.sam dc-
Campos: "A tramjonmição do trabalho,
si], em relação i\ República.
(quem o negaria sensatamente?) é xim mal, especialmente porque traz a falsa
seqüências morais profundamente de-
palavras do Relatório de Bernardino de
105
nanceira do Govêrno PrON'isório de o •
da monarquia. E' o que se lê nestas
sua primeira emissão. Tendo sido inau
gurado com D. João VI, a nossa emis
são, em 1827, cinco anos após a Inde pendência, já era de jwuco mais de 21 mil contos de réis, ou, em moeda
atual, 21 milhões de cruzeiros. Os orça mentos nacionais, notadamente depois do 18.35 a 40, período dc con.stantc fal
1889 1890 1891 1892
192,800;000$000 207.800:000$000 513.000:000$000 561.000;000$000
1893
631.7O0:00OS000
1894 1895
•
712.000:000éo0(> 678.000:000$000
^
Diciísto Er.oi4 Dic;icsT(> Eco Nói> iico
104
cli\cr.st).s Governos, desde o Império,
do, merecer a designação de grande dústria nacional. Mas o que é verdade é que já se pensava na formação da
emergência, em momentos difíceis, uma
mentalidade industrial. Rui, no Rela tório de 91, não se descuidou do pro
e,slabilidado econômica para ri'SolvernOT- |
lhas instituições, aumentara a gravidade
malmente certas crises.
futulnmentos, procurava ponto de apoio
blema industrial.
De tudo quanto sc
tem colhido como elemento de crítica da
administração de Rui na gestão das fi nanças, o que fica evidente ante.s de quaisquer outros aspectos de sua administraçãp, assaz trabalJiosa, é que não foi êle o criador da política inflacio-
nista, visto que a situação geral do País já vinha, muito antes da República, caminhando para a solução emissionis-
ta por falta de meios adequados a solu ções normais. O regime deficitário, tal rios
da
vez que o Paí.s se ressente da falta df [ Foi o que se ,
deu na monarquia, mais de uma veA > como também se cícu na República, p
dei>ois do Govêrno Provisório. Veja SC, por exemplo, o Relatório de Joaqui'" Murtinbo, que foi Ministro da 1'azena
na fase da restauração fiiuuiceira. da Ro* pública, isto é, no quatriênio CampO' Sales,, de 1898-902.
Antes, porem,
cabe lembrar que Bernardiuo de Cnm pos, titular da Fazenda na administração anterior, embora sustentando franco ^ sacôrdo com a oriea-
oomo o apresentam
sucessivos
têm feito emissões como recurso de
tação de Rui, depois
relató
Fazenda.
Z'
longe de ser atri buído aos erros de
de dizer que a "do lorosa lição dos fa
que se revesaram no
tos" de 1864 não havia sido aprendi da na República, re conheceu o acerto de Rui quando ê.ste último tomou a ini ciativa de rescindir
Império, constituía
alguns contratos
problema permanen
oriundos da monar
um dos partidos en tão dominantes ou à
imprevidência
<^e
unr Gabinete Minis
terial, dos
r
muitos
te, cujas causas nasceram a bem dizer
quia. A lição de 64, a rpie se re ere
com a própria vida nacional. Um país
Bernardino de Campos, foi a chama febre de ações bancárias, íato
habituado ao desequilíbrio orçamentário, de economia unilateral como era a do
mais uma vez, prova a anteriorida i
século passado, está sujeito, periòdicamente, a descambar para o perigoso re curso das emissões, sempre que há cri-
das emissões na vida financeira do
se.s interna.s ou externas.
A emissão
ficits sucessivos de um exercício para
coincidirulo com a decadência das ve
outro. Nossa emancipação política tc-
da situação. O Trono, abalado cm setis MO sistema falaz de auxilio d lavoura,
que teriam gravado o Tesouro, impro dutivamente, com a enonne desjjesa de 86 mil contos de réis, se o Covérno Pro.
visórw da República, rescindindo algum contratos, não a Iwuvesse reduzido a
\e início em condições financeiras bem
desfa\orávei,s, porque não encontrou las tro. Tenha-se em \ista um fato de real
significação antes de ser assinada, em
25 de março de 1824, a primeira Cons tituição do Brasil, o Govêrno de Pedro
I, no começo daquele ano, já contraía um empréstimo, na praça dc Londres, do i 3.000.000, forçado, naturalmente,
47.250:000.$000". Foi, portanto, na ges-' feia falta de dinheiro no País. A Inde tão de Rui que se reduziu tal despesa. pendência consolidou-se com aperturas Em suma: Bernardino de Campos cen financeiras. Vem daí, na história de surou o plano dc auxílio à lavoura, or nossas finanças, a gênese do desequilí ganizado pelo Visconde de Ouro Prêto; brio com que lutaram notáveis homens ■ c-ombateu as emissões do primeiro Go públicos do 1.° Reinado, como Cairu, verno republicano; aprovou, finalmente,
a ação do Governo Provisório por ter evitado maior desastre econômico em
con.seqüêncía dos empréstimos destinados à lavoura.
As emissões que ocorreram na ad ministração de Rui são inferiores às de
Vasconcelos,
Martim Francisco.
N5o
foi menor a dificuldade dos que, através das alternativas de prosperidade e deca dência econômica, no 2.° Reinado, diri giram a coisa pública. O regime re publicano encontrou os remanescentes
da inflação. Mas não foi Rui o respon
é Joaquim Murtinho, no Relatório de
sável pelas maiores emissões vcrihcadas nos primeiros lustres da administra ção republicana. Desde que se compa
1901.
outras administrações republicanas. Quem o demonstra, c com tôda precisão, Começa o laborioso ministio da
re o meio circulante em 1889 com o
presidência Campos Sales dizendo que "a política financeira no Império, segui da infelizmente pelo República, foi a dos
de outros anos, reconhecendo-se os mo-
"déficUs" orçamentários, cobertos ora por empréstimos, ora por emissões de
compreender o papel de Rui na direção
ti\-os que determinaram o aumento da circulação monetária, não será difícil
das finanças. No Relatório já citado, Joaquim Murtinho apresenta o seguinte
papel-moeda". Procurando a origem das
E' interessante notar que apesar de manter opinião contrária á política '
emissões brasileiras, vai encontrá-la em
quadro das emissões em circulação no -
1809, quando o Banco do Brasil fêz a
Brasil:
Bernardino de Campos, um dos gran
prosperidade, a riqueza transitória, se não aparente e, sobretudo, porque, de pois da ilusão de grandeza, deixa con
des políticos da República, mostra qne Rui, quando Ministro da Fazenda, con seguiu diminuir despesas provenientes do último plano económico-financeiro
sa.strosas. Mas o que é verdade é que
ta de tranqüilidade interna, acu.sam dc-
Campos: "A tramjonmição do trabalho,
si], em relação i\ República.
(quem o negaria sensatamente?) é xim mal, especialmente porque traz a falsa
seqüências morais profundamente de-
palavras do Relatório de Bernardino de
105
nanceira do Govêrno PrON'isório de o •
da monarquia. E' o que se lê nestas
sua primeira emissão. Tendo sido inau
gurado com D. João VI, a nossa emis
são, em 1827, cinco anos após a Inde pendência, já era de jwuco mais de 21 mil contos de réis, ou, em moeda
atual, 21 milhões de cruzeiros. Os orça mentos nacionais, notadamente depois do 18.35 a 40, período dc con.stantc fal
1889 1890 1891 1892
192,800;000$000 207.800:000$000 513.000:000$000 561.000;000$000
1893
631.7O0:00OS000
1894 1895
•
712.000:000éo0(> 678.000:000$000
^
Dí(u;st< t KcoKóxnco IDu.r.sfo
liclo por ter di-fondido e praticado a po7U.O00:00O$O(X) 720.962:158S0CK) 785.911:758$000
1896
1897 1898
As emissões de 89-90, período em ciur Hiii foi Ministro, eonipixradus com as de 93 em diante, não representam volu
me tão grande ixo quadro da circulação monetária da República. O período dc 93-94 não foi normal, cm conseqüência da revolta da Armada e de outras alte rações internas, o que explica o fato de haver o Govômo Floriano Peixoto au
mentado as emissões. De 96 a 97, embo
tf República Brasileira não sc circiinÇ-. j 1 .«ii
creveram às soluções imediatas, deter
minadas pelas circunstancias do inomen-. Iti. Não! Seu Relatório cogita de pro blemas que, na época, estavam muito
. litica da e.xpansão bancária, tomou a iniciatixa do corrigir o.s abusos do crédi to com o decreto de 13 de outubro de
1890, rolatixo à formação de .sociedades
anônimas. O juri.sta, portanto, não sc
Jonge da compreensão geral. Antes dc
colocou à margem da realidade quando
tudo, a moralidade administratixa. Bas
inx-estido dc responsabilidade adininis-
ta lembrar que, sendo ministro de um Govêrno dc transição, c não tendo, ain
da, a quem prestar conta de seu.s atos. a não ser à opinião pública, Rui pediu, cm caráter de urgência, a criação do Tribunal de Contas, assunto que vinha sendo objeto de cogítaçõe.s de muitos
tratixu.
i^da-.se, hoje, em "política de preços," como .se essa política fàsse noxidade. Rui
fulminou o plano dc empréstimo à la-
i-continiica. tal como se compreende hoje, não pode ser unilateral. O em
préstimo agrícola sem boa aplicação do crédito, sem noção certa do que seja auxílio à produção, pode vir a ser a cau•sa dc xerdadeiro transtorno social. Rui
ciicgou a prever um sistema de crédito
popular, a instituição de cooperativas, ante\'cnclo, assim, a solução do problema .social por meio de prox-idências lógicas e objetivas.
x-oura pur lhe parecer platônico, justa mente porque, já no começo da Repú blica, via a impraticabilidacle, a inconsis tência de certos planos econômicos sem
A questão financeira não é um capí tulo exclusivo da história republicana. Suas raízes — di-lo a seqüência das ad
boa política de pieços. Eis aqui as pala-
cia monarquia. Rui suportou o pêso de
cional, o Governo Prudente de Morais
homens públicos, desde o 1.^ Reinado, mas que somente com a República ^•cio a
\iu-se forçado a alargar as emissões,
ser definitivamente resolvido, com o
x ras de Rui "Os auxílios à lavoura desa
uma das maiores tarefas atribuídas aos
especialmente para enfrentar as despesas
Decreto 966-A, 7 de no\embro de
da guerra de Canudos, no sertão da
1890. Que não foi Rui um xisionário. apesar de não ter entrado para a alta
parecerão, ou nulificar-sc-ão sempre, en-
homens públicos do regime implanta do cm 89; a direção das finanças com
ra já estivéssemos em regime constitu
Bahia.
As- campanhas contra Rui como que SC polarizaram na pluralidade dos Ban cos, nas emissões. Entretanto, a sua administração desdobrou-se em diversos
sentidos.
E' de Amaro Cavalcanti —
administração do País com a experiên
cia de um homem afeito a operações fi nanceiras, está a indicar o próprio bomsenso em fase de providências e pre visões de evidente sentido prático. Co
uma das mais reputadas competências
mo titular da Fazenda e Senador pela *
do Brasil em matéria financeira, repre
Bahia, compareceu perante a A.ç.senibléia Constituinte para di.scutir o projeto de Constituição de 1891 sem perder de
sentante de nosso País na Primeira Con ferência
Financeira
Pan-Americana
(li(a}ito os poderes públicos não liberta-
ivm a produção das baixas aiUficiais e condenáveis, que são tão freqüentes e gerais". Vê-se por aí que, embora educa nn.s moldes do liberalismo econômico do
que dirigia.
tipo indlx-idualista, Rui compreendeu o fenômeno moderno da intervenção do
.\*ara a despesa do Ministério da Fazen
Estado na vida econômica, não para diri gir mas para estimular a produção. Dis
vista, assuntos atinentes às finanças do País. Na sessão de 23 de dezembro de
Rxú pensou com a mentalidade dos dias
1890, com José Mariano, Bevilacqurt,
<pie passam, como se estivesse vivendo
Meira de VasconceIo.s, .sustentou longo debate sôbre o sistema de tributação
após a última guerra. Não acreditou no
tante, pois, dos acontecimentos atuais.
auxílio teórico à produção agrícola, c
da, êíe revelou, desde logo, a m/ixima
estadual, o que prova que, tanto o®
por isso procurou estancar os efeitos
atividade em hein de seus interêsses,
campo administrativo como no legisla
dos empréstimos, uma x ez que a solução
não só no que dizia respeito à adminis
tivo, o Primeiro Ministro da Fazenda na
impressões prejudiciais que a notícia de tão esperada revolução tivesse porventu ra ocasionado". De fato, as prencupa-
çõe.s de Rui com u futuro da nasccii-
pério. Ainda assim, no fastígio dos gran des negócios, qxianclo se afigurava implo de economia no próprio Ministério
a presidência de uma das Comissões — esta opinião sôbre a.s atividades de Rui na pasta da Fazenda: de justiça confessar que, nos negócios da Fazen
principalmente a respeito do nosso crédi to público no estrangeiro, fazendo constar as garantias do Govêrno e desfazendo as
o (mus da política inflacionista do Im
do politicamente sob influência inglesa, oriundo dc nina geração que .se fonnará
(1915), onde ocupou, com todo brilho,
tração interna propriamente dita, rnasmui
ministrações anteriores — estão no curso
pi.s.sívcl reduzir despe.sa.s, deu o exem
. O último orçamento da monarquia fida, para o e.xercicio de 1890, em .... 62.102:1638190. Rui con.seguÍu dimi nuir es.sa despesa para ei.0I6:034$655. e o fez no período das emissões. Caben do, finalmente, a Rui, uma das maiorc.s
parte.s na construção jurídica e políHca da República, também lhe cabe, à luz de tôda.s á.s críticas, grande parte na ordem financeira do País,
República não se desviou dos proble mas práticos. O impôsto de renda, prevista há tanto tempo, no Império, en controu em Rui, através de suas obser-
vaçõtes parlamentares, a compreensão inai.s clara, mai.s po.sitiva, quando .se organizax'a. para o futuro, n lastvf) finan
ceiro do País. file próprio, tão coniba-.^
A.
no. Departamento de Agrícultura a produç>io de banha 1 no.ç E. U. A. ahngmi entre do 2.m c 2.900 milhões de toneladas.
Dí(u;st< t KcoKóxnco IDu.r.sfo
liclo por ter di-fondido e praticado a po7U.O00:00O$O(X) 720.962:158S0CK) 785.911:758$000
1896
1897 1898
As emissões de 89-90, período em ciur Hiii foi Ministro, eonipixradus com as de 93 em diante, não representam volu
me tão grande ixo quadro da circulação monetária da República. O período dc 93-94 não foi normal, cm conseqüência da revolta da Armada e de outras alte rações internas, o que explica o fato de haver o Govômo Floriano Peixoto au
mentado as emissões. De 96 a 97, embo
tf República Brasileira não sc circiinÇ-. j 1 .«ii
creveram às soluções imediatas, deter
minadas pelas circunstancias do inomen-. Iti. Não! Seu Relatório cogita de pro blemas que, na época, estavam muito
. litica da e.xpansão bancária, tomou a iniciatixa do corrigir o.s abusos do crédi to com o decreto de 13 de outubro de
1890, rolatixo à formação de .sociedades
anônimas. O juri.sta, portanto, não sc
Jonge da compreensão geral. Antes dc
colocou à margem da realidade quando
tudo, a moralidade administratixa. Bas
inx-estido dc responsabilidade adininis-
ta lembrar que, sendo ministro de um Govêrno dc transição, c não tendo, ain
da, a quem prestar conta de seu.s atos. a não ser à opinião pública, Rui pediu, cm caráter de urgência, a criação do Tribunal de Contas, assunto que vinha sendo objeto de cogítaçõe.s de muitos
tratixu.
i^da-.se, hoje, em "política de preços," como .se essa política fàsse noxidade. Rui
fulminou o plano dc empréstimo à la-
i-continiica. tal como se compreende hoje, não pode ser unilateral. O em
préstimo agrícola sem boa aplicação do crédito, sem noção certa do que seja auxílio à produção, pode vir a ser a cau•sa dc xerdadeiro transtorno social. Rui
ciicgou a prever um sistema de crédito
popular, a instituição de cooperativas, ante\'cnclo, assim, a solução do problema .social por meio de prox-idências lógicas e objetivas.
x-oura pur lhe parecer platônico, justa mente porque, já no começo da Repú blica, via a impraticabilidacle, a inconsis tência de certos planos econômicos sem
A questão financeira não é um capí tulo exclusivo da história republicana. Suas raízes — di-lo a seqüência das ad
boa política de pieços. Eis aqui as pala-
cia monarquia. Rui suportou o pêso de
cional, o Governo Prudente de Morais
homens públicos, desde o 1.^ Reinado, mas que somente com a República ^•cio a
\iu-se forçado a alargar as emissões,
ser definitivamente resolvido, com o
x ras de Rui "Os auxílios à lavoura desa
uma das maiores tarefas atribuídas aos
especialmente para enfrentar as despesas
Decreto 966-A, 7 de no\embro de
da guerra de Canudos, no sertão da
1890. Que não foi Rui um xisionário. apesar de não ter entrado para a alta
parecerão, ou nulificar-sc-ão sempre, en-
homens públicos do regime implanta do cm 89; a direção das finanças com
ra já estivéssemos em regime constitu
Bahia.
As- campanhas contra Rui como que SC polarizaram na pluralidade dos Ban cos, nas emissões. Entretanto, a sua administração desdobrou-se em diversos
sentidos.
E' de Amaro Cavalcanti —
administração do País com a experiên
cia de um homem afeito a operações fi nanceiras, está a indicar o próprio bomsenso em fase de providências e pre visões de evidente sentido prático. Co
uma das mais reputadas competências
mo titular da Fazenda e Senador pela *
do Brasil em matéria financeira, repre
Bahia, compareceu perante a A.ç.senibléia Constituinte para di.scutir o projeto de Constituição de 1891 sem perder de
sentante de nosso País na Primeira Con ferência
Financeira
Pan-Americana
(li(a}ito os poderes públicos não liberta-
ivm a produção das baixas aiUficiais e condenáveis, que são tão freqüentes e gerais". Vê-se por aí que, embora educa nn.s moldes do liberalismo econômico do
que dirigia.
tipo indlx-idualista, Rui compreendeu o fenômeno moderno da intervenção do
.\*ara a despesa do Ministério da Fazen
Estado na vida econômica, não para diri gir mas para estimular a produção. Dis
vista, assuntos atinentes às finanças do País. Na sessão de 23 de dezembro de
Rxú pensou com a mentalidade dos dias
1890, com José Mariano, Bevilacqurt,
<pie passam, como se estivesse vivendo
Meira de VasconceIo.s, .sustentou longo debate sôbre o sistema de tributação
após a última guerra. Não acreditou no
tante, pois, dos acontecimentos atuais.
auxílio teórico à produção agrícola, c
da, êíe revelou, desde logo, a m/ixima
estadual, o que prova que, tanto o®
por isso procurou estancar os efeitos
atividade em hein de seus interêsses,
campo administrativo como no legisla
dos empréstimos, uma x ez que a solução
não só no que dizia respeito à adminis
tivo, o Primeiro Ministro da Fazenda na
impressões prejudiciais que a notícia de tão esperada revolução tivesse porventu ra ocasionado". De fato, as prencupa-
çõe.s de Rui com u futuro da nasccii-
pério. Ainda assim, no fastígio dos gran des negócios, qxianclo se afigurava implo de economia no próprio Ministério
a presidência de uma das Comissões — esta opinião sôbre a.s atividades de Rui na pasta da Fazenda: de justiça confessar que, nos negócios da Fazen
principalmente a respeito do nosso crédi to público no estrangeiro, fazendo constar as garantias do Govêrno e desfazendo as
o (mus da política inflacionista do Im
do politicamente sob influência inglesa, oriundo dc nina geração que .se fonnará
(1915), onde ocupou, com todo brilho,
tração interna propriamente dita, rnasmui
ministrações anteriores — estão no curso
pi.s.sívcl reduzir despe.sa.s, deu o exem
. O último orçamento da monarquia fida, para o e.xercicio de 1890, em .... 62.102:1638190. Rui con.seguÍu dimi nuir es.sa despesa para ei.0I6:034$655. e o fez no período das emissões. Caben do, finalmente, a Rui, uma das maiorc.s
parte.s na construção jurídica e políHca da República, também lhe cabe, à luz de tôda.s á.s críticas, grande parte na ordem financeira do País,
República não se desviou dos proble mas práticos. O impôsto de renda, prevista há tanto tempo, no Império, en controu em Rui, através de suas obser-
vaçõtes parlamentares, a compreensão inai.s clara, mai.s po.sitiva, quando .se organizax'a. para o futuro, n lastvf) finan
ceiro do País. file próprio, tão coniba-.^
A.
no. Departamento de Agrícultura a produç>io de banha 1 no.ç E. U. A. ahngmi entre do 2.m c 2.900 milhões de toneladas.
OicrsTo KooNÓMiof)
impoitadorc.s tradicionais da Eu-' tânico. As diretrizes indicadas têm sido
i austeridade
A polític
ropa ocidcntalj
d) em qualquer caso, a Inglaterra não poderá pagar a importação
Bezkbua de Freitas
política
econômica
da
traço muito humano a draiiuiiização W-
formulada
cessiva das circunstâncias da época, e,
por sir Stafford Cripps, cm defesa do po\'0 inglês,
desse modo, chega-se à conclusão de que estas serão permanentes polo simples
teve a virtude de revelar
motivo de já estarem durando seis me-
I
tanto as imensas reservas
ses. Por essa razão, é natural que a deficiência temporária de gêneros ali mentícios, que geralmente sc manifesta
•
austeridade,
de energia como o extra
ordinário senso pedagógico dos britânicos.
Porque essa austeridade não tem a sig
depois das guerras, origine a crença ge
nificação puramente literária que lhe
ral de que a raça luimana perdeu as forças para evitar a fome. Nestes dois xiltimos anos tem-se publicado uma in finidade de livros e panfletos profetizan do que a espécie humana se está re
deram os criadores românticos da c.Stir-
pe de Cervantes ou Nathaniel Hawtorne.
109
seguidas com a fé, a perseverança e a mística dos povos superiores. A Amé
rica do Norte constitui, nesse sentido,
dos alimentos, em \irtude das
outro exemplo digno de meditação. Em
suas dificuldades na balança de
1948, os Estados Unidos conheceram
pagamentos.
uma situação de prosperidade sem pre cedentes. Em dez meses, o N'olume da
Confirma-se, assim, o famoso princí pio sustentado por Thomas Robert Mal-
thus {Essay on the principie of population) segundo o qual a população do mundo cresce numa progressão geomé trica, enquanto os meios de subsistência crescem ein progressão aritmética.
produção nacional havia quase duplica do, o número de seus empregados civis havia ultrapassado a casa dos sessenta milhões e o seu comércio exterior se
tomara a roda mestra dos negócios num-
diais, tudo isso como conseqüência do papel descmpenliado pelos norte-ameri canos nas duas guerras mundiais e nos
Mas, os ingleses, na sua quase totali dade, repudiam os prognósticos som brios; mostram-se, ao revés, cada vez
períodos de reconstrução que a elas se seguiram. Todavia, desde o principio
produzindo com demasiada rapidez, em
mais otimistas e confiantes.
ções determinantes do ciescimento de
que sempre se verificou a falta de ali
selliaJa — e não imposta — por sir Stafford Cripps constitui uma grande
comparação com a capacidade da pro dução de alimentos que o glôbo terrestre pode suportar. A estrutura capital do argumento so bre o qual se apóiam as profecias é simples, e este pode ser reduzido a
lição.
quatro itens:
Austeridade é disciplina rígida, é severi dade, é ascetismo. Pode mesmo ser tomada no sentido de domínio dos sen timentos e paixões, rigor ascético no tra tamento do corpo.
Aludimos ao senso pedagógico dos britânicos porque a austeridade acon-
As fórmulas engenhosas, os sis
mentos. De um modo geral, a Ingla terra se encontra melhor do que nunca; portanto, não há razão para pessimismo,
Os profetas do desastre são, em regra, desarrazoados nas premissas e nas con clusões. Assim, Lord Boyd Orr afirma: "This rísing tide of population and fal-
temas caprichosamente urdidos, as com binações sutis dos técnicos e dos ho
Admitem
a) a fertilidade do solo mundial está
ling reservoir of land fertility is the greatest tlireat to our civilisation" (A
mens públicos, tudo aquilo que poderá
decrescendo, da
concoiTer para a recuperação econômi
que o potencial cm toda a sua
maré crescente da população e a queda
ca da Inglateira reduz-se ao binômio —
extensão e o fornecimento do.s
dos reservatórios da fertilidade do solo são a maior ameaça à nossa civiliza ção). E Walter Lowdennilk acrescen
trabalho e economia. E o plano traça
do'por sir Stafford Cripps — consumo, apenas, do indispensável à sobrevivên cia nacional e aplicaçcão do excedente
mesma forma
produtos alimentíciosj
b) os países que têm uma produção gradntivamente
ta: "Civilisation is running a race \vith
tendendo a consumir a própria
famíne and the issue is still in doubt"
excessiva
estão
sobre esse consumo em investimento.s
produção, e, por isso, os supri
do programa de capital — tem sido exe
mentos para o mercado mundial
cutado com uma firme2:a e uma tenaci
dade sobrenaturais.
Pretendem os bri
tânicos atingir, em 1952, o nível de
tendem a diminuirj
c) a rápida ascensão numérica das populações dos países asiáticos
(A civilização. está apostando corrida com a fome e o resultado ainda é in certo ).
Se é verdade que a política da aus teridade, formulada por sir Stafford
bem-estar coletivo de antes da guerra.
aumentará cada vez mais a pro
Cripps, tem a sua gênese nas condições
Numa recente condensação do Econo-
cura de alimentos nos mercados
econômicas e financeiras do mundo oci
inist, de Londres, o periódico The En-
mundiais, e, como conseqüência,
glish
ces.sarão os fornecimentos para os
sahenta que constitui um
dental, não é menos certo que ela en cerra aspectos peculiares do povo bri
deste ano eWdenciou-se que as condi suas produções industrial e agrícola não eram mais as mesmas.
O publicista Eric Sachs, examinando esse problema central do relatório Tm-
nxan, procura, em tênnos equilibrados,
fixar as origens da crise: "A lüstória de um século mostra que as épocas de prosperidade são sempre seguidas de outras de depressão. É o que se chama
do ciclo econômico, em tomo do qual teorias e sistemas os mais variados sem
pre surgiram e freqüentemente desmoro naram.
As discussões em tômo do fe
nômeno continuam, e até hoje não re presentam o ponto mais claro da ciência
econômica contemporânea. Só uma coisa
continua evidente: — é que as decoiTências do ciclo voltam a ameaçar a esta bilidade da economia mundial".
Mas a depressão norte-americana será vencida com a mesma tenacidade com
que os britânicos têm correspondido ao apêlo de sir Stafford Cripps. Os Esdos Unidos, pela voz dos seus homens representativos, como David E. Lijicn-
OicrsTo KooNÓMiof)
impoitadorc.s tradicionais da Eu-' tânico. As diretrizes indicadas têm sido
i austeridade
A polític
ropa ocidcntalj
d) em qualquer caso, a Inglaterra não poderá pagar a importação
Bezkbua de Freitas
política
econômica
da
traço muito humano a draiiuiiização W-
formulada
cessiva das circunstâncias da época, e,
por sir Stafford Cripps, cm defesa do po\'0 inglês,
desse modo, chega-se à conclusão de que estas serão permanentes polo simples
teve a virtude de revelar
motivo de já estarem durando seis me-
I
tanto as imensas reservas
ses. Por essa razão, é natural que a deficiência temporária de gêneros ali mentícios, que geralmente sc manifesta
•
austeridade,
de energia como o extra
ordinário senso pedagógico dos britânicos.
Porque essa austeridade não tem a sig
depois das guerras, origine a crença ge
nificação puramente literária que lhe
ral de que a raça luimana perdeu as forças para evitar a fome. Nestes dois xiltimos anos tem-se publicado uma in finidade de livros e panfletos profetizan do que a espécie humana se está re
deram os criadores românticos da c.Stir-
pe de Cervantes ou Nathaniel Hawtorne.
109
seguidas com a fé, a perseverança e a mística dos povos superiores. A Amé
rica do Norte constitui, nesse sentido,
dos alimentos, em \irtude das
outro exemplo digno de meditação. Em
suas dificuldades na balança de
1948, os Estados Unidos conheceram
pagamentos.
uma situação de prosperidade sem pre cedentes. Em dez meses, o N'olume da
Confirma-se, assim, o famoso princí pio sustentado por Thomas Robert Mal-
thus {Essay on the principie of population) segundo o qual a população do mundo cresce numa progressão geomé trica, enquanto os meios de subsistência crescem ein progressão aritmética.
produção nacional havia quase duplica do, o número de seus empregados civis havia ultrapassado a casa dos sessenta milhões e o seu comércio exterior se
tomara a roda mestra dos negócios num-
diais, tudo isso como conseqüência do papel descmpenliado pelos norte-ameri canos nas duas guerras mundiais e nos
Mas, os ingleses, na sua quase totali dade, repudiam os prognósticos som brios; mostram-se, ao revés, cada vez
períodos de reconstrução que a elas se seguiram. Todavia, desde o principio
produzindo com demasiada rapidez, em
mais otimistas e confiantes.
ções determinantes do ciescimento de
que sempre se verificou a falta de ali
selliaJa — e não imposta — por sir Stafford Cripps constitui uma grande
comparação com a capacidade da pro dução de alimentos que o glôbo terrestre pode suportar. A estrutura capital do argumento so bre o qual se apóiam as profecias é simples, e este pode ser reduzido a
lição.
quatro itens:
Austeridade é disciplina rígida, é severi dade, é ascetismo. Pode mesmo ser tomada no sentido de domínio dos sen timentos e paixões, rigor ascético no tra tamento do corpo.
Aludimos ao senso pedagógico dos britânicos porque a austeridade acon-
As fórmulas engenhosas, os sis
mentos. De um modo geral, a Ingla terra se encontra melhor do que nunca; portanto, não há razão para pessimismo,
Os profetas do desastre são, em regra, desarrazoados nas premissas e nas con clusões. Assim, Lord Boyd Orr afirma: "This rísing tide of population and fal-
temas caprichosamente urdidos, as com binações sutis dos técnicos e dos ho
Admitem
a) a fertilidade do solo mundial está
ling reservoir of land fertility is the greatest tlireat to our civilisation" (A
mens públicos, tudo aquilo que poderá
decrescendo, da
concoiTer para a recuperação econômi
que o potencial cm toda a sua
maré crescente da população e a queda
ca da Inglateira reduz-se ao binômio —
extensão e o fornecimento do.s
dos reservatórios da fertilidade do solo são a maior ameaça à nossa civiliza ção). E Walter Lowdennilk acrescen
trabalho e economia. E o plano traça
do'por sir Stafford Cripps — consumo, apenas, do indispensável à sobrevivên cia nacional e aplicaçcão do excedente
mesma forma
produtos alimentíciosj
b) os países que têm uma produção gradntivamente
ta: "Civilisation is running a race \vith
tendendo a consumir a própria
famíne and the issue is still in doubt"
excessiva
estão
sobre esse consumo em investimento.s
produção, e, por isso, os supri
do programa de capital — tem sido exe
mentos para o mercado mundial
cutado com uma firme2:a e uma tenaci
dade sobrenaturais.
Pretendem os bri
tânicos atingir, em 1952, o nível de
tendem a diminuirj
c) a rápida ascensão numérica das populações dos países asiáticos
(A civilização. está apostando corrida com a fome e o resultado ainda é in certo ).
Se é verdade que a política da aus teridade, formulada por sir Stafford
bem-estar coletivo de antes da guerra.
aumentará cada vez mais a pro
Cripps, tem a sua gênese nas condições
Numa recente condensação do Econo-
cura de alimentos nos mercados
econômicas e financeiras do mundo oci
inist, de Londres, o periódico The En-
mundiais, e, como conseqüência,
glish
ces.sarão os fornecimentos para os
sahenta que constitui um
dental, não é menos certo que ela en cerra aspectos peculiares do povo bri
deste ano eWdenciou-se que as condi suas produções industrial e agrícola não eram mais as mesmas.
O publicista Eric Sachs, examinando esse problema central do relatório Tm-
nxan, procura, em tênnos equilibrados,
fixar as origens da crise: "A lüstória de um século mostra que as épocas de prosperidade são sempre seguidas de outras de depressão. É o que se chama
do ciclo econômico, em tomo do qual teorias e sistemas os mais variados sem
pre surgiram e freqüentemente desmoro naram.
As discussões em tômo do fe
nômeno continuam, e até hoje não re presentam o ponto mais claro da ciência
econômica contemporânea. Só uma coisa
continua evidente: — é que as decoiTências do ciclo voltam a ameaçar a esta bilidade da economia mundial".
Mas a depressão norte-americana será vencida com a mesma tenacidade com
que os britânicos têm correspondido ao apêlo de sir Stafford Cripps. Os Esdos Unidos, pela voz dos seus homens representativos, como David E. Lijicn-
110
thal, presidente da Comissão de Ener gia Atômica, e James W. Hart, com
bateram o nervosismo, o temor ao fu turo, qualquer modalidade de apreensão nacional. A fé constitui o principal ins trumento da democracia norte-america
na. Ela está sempre presente como base das suas organizações comerciais, indus
Dicesto EcoSi
condições que promosam um cre.<?cimen- ''{J to mais estável e firme na produção, no
emprego e no poder aquisitivo", èle sabe que a grande fôrça dos Estados Unidos é, principalmente, do ordem es piritual. Sua potência não resulta ape
Evasão e sonegação de impostos JosK Lluz de Almeida Nogueira Porto
nas de um sistema econômico bem con
a ecunoniia sobrecarregada de tributos tende, naturalmente, a eva-
cebido e melhor e.xecutado, mas da har
dir-se de seu pagamento, numa ação,
monia dos princípio.s de solidariedade humana, e, dispondo de tão .«^ólidos ele
fesa. Tal seja o montante do impôsto,
sentimentos norte-americanos: "Nós cre
mentos morais, todas as suas crises fo
é vantajoso para o contribuinte correr o
mos no homem não apenas como unida
ram fàcilmente dominadas.
risco da sonegação ou deixar de aufe
triais, financeiras e políticas. David Lilienthal manifesta-se como porta-voz dos
por assim dizer, instintiva de auto de
de luxo, por exemplo, está o poder pú blico pretendendo evitar sua importa ção e, conseqüentemente, o pagamento do impôsto. Na Rússia, durante a última guerra,
os impostos indireto» sôbre mercadorias f bens de consumo em geral e sôbre
de de produção, mas como fillio de
O Brasil tem assim à sua frente duas
Deus. Cremos que o objetivo principal de nossa sociedade não seja garantir
lições — a lição brjtânica de austeridade, reserva, moderação, de sir Slafford Cripps, e a norte-americana, apoiada nas fôrças espirituais do homem. Como todos cs países que participa ram da última guerra, não podemos
Diz-se que há evasão do impôsto quando èle, por meios legais ou fraudu lentos, deixa de ser pago. Assim, tan
fiscal, como para forçar a redução de
to se evade do tributo o contribuinte
evasão do tributo pe^a falta da base
evitar o binômio fatal — trabalho e
que pura e simplesmente sonega rendi
de
mentos tributáveis em sua declaração
quão injusta foi essa medida que só
de impôsto de renda como aquêle que deixa de importar certa mercadoria por que os direitos aduaneiros sôbre a mes ma foram de tal forma majorados que
alcançava as classes mais desfavoreci
e'a não encontrará mais mercado.
A evasão não é desejada pelo poder público quando êste ou não previu o
a "segurança do Estado", mas salva
guardar a dignidade humana e as liber
dades individuais. Somos um povo que tem fé no homem espiritual e que vê em seu aperfeiçoamento e em sua felicida de a meta final de nosso trabalho co tidiano".
Assim, quando o Presidente Truman, apreciando a fase de depressão norteamericana, sustenta que o decréscimo
da produção e dos negócios é caracterís tico de um período de transição, no qual se toma necessário "trabalhar por
economia — ou seja, a batalha sem tréguas da produção. E batalha da pro dução significa atitudes de renúncia, sa crifícios individuais, ação incessante, o
devemo.s ter sempre prqsente que o nosso êxito econômico dependo do vigor das nossas instituições e da firmeza e sinceridade do nosso sistema de vida..
rir os lucros pela atividade, para não efetuar seu pagamento.
velmentej majorados, não tanto para
Ge
ralmente se considera a sonegação (não pagamento fraudulento do impôsto) co mo espécie do gênero evasão. Parecemo, porém, preferível aceitar a termino logia popular reservando o termo emsão apenas para q não pagamento le gítimo do tributo, como no caso de renúncia à importação para evitar o
pagamento de direitos aduaneiros, e o termo sonegação para a fraude fiscal.
A evasão pode ser desejada ou não pelo poder tributahte.
operações de venda, foram considerà-
Parece absurdo
que o poder público crie um impôsto para que ele não seja pago pelo de saparecimento da base de incidência,
mas isso sucede freqüentemente quando o impôsto não seja de finalidades fis cais, mas sim exclusivamente económico-
sociais. Impondo uma tributação pe sadíssima sôbre a importação de objetos
proporcionar
abundante
arrecadação
seu consumo, provocando, assim, uma incidência.
Desnecessário
dizer
das, mas esse é um exemplo típico de evasão do impôsto desejada pelo poder público.
abandono ou. a redução de certas ati
vidades em conseqüência do impôsto, o que, de resto, não estava em seus pla nos, ou deixou na lei brechas por onde possa escapar legalmente o contribuin te.
Exemplo do primeiro caso seria o
de um impôsto de renda tão fortemente
progressi\'o, embora de fins puramen te fiscais, que desestimulasse o contri buinte de continuar auferindo lucros
ou produzindo acima de certo limite.
Os impostos indiretos, quando muito elevados, têm, muitas vêzes, essa conse
qüência, com surpresa para os governan tes que não a desejavam: o consumo de certas mercadorias ou a realização de
determinadas operações se restringe pa ra não haver a obrigação do pagamento do impôsto.
110
thal, presidente da Comissão de Ener gia Atômica, e James W. Hart, com
bateram o nervosismo, o temor ao fu turo, qualquer modalidade de apreensão nacional. A fé constitui o principal ins trumento da democracia norte-america
na. Ela está sempre presente como base das suas organizações comerciais, indus
Dicesto EcoSi
condições que promosam um cre.<?cimen- ''{J to mais estável e firme na produção, no
emprego e no poder aquisitivo", èle sabe que a grande fôrça dos Estados Unidos é, principalmente, do ordem es piritual. Sua potência não resulta ape
Evasão e sonegação de impostos JosK Lluz de Almeida Nogueira Porto
nas de um sistema econômico bem con
a ecunoniia sobrecarregada de tributos tende, naturalmente, a eva-
cebido e melhor e.xecutado, mas da har
dir-se de seu pagamento, numa ação,
monia dos princípio.s de solidariedade humana, e, dispondo de tão .«^ólidos ele
fesa. Tal seja o montante do impôsto,
sentimentos norte-americanos: "Nós cre
mentos morais, todas as suas crises fo
é vantajoso para o contribuinte correr o
mos no homem não apenas como unida
ram fàcilmente dominadas.
risco da sonegação ou deixar de aufe
triais, financeiras e políticas. David Lilienthal manifesta-se como porta-voz dos
por assim dizer, instintiva de auto de
de luxo, por exemplo, está o poder pú blico pretendendo evitar sua importa ção e, conseqüentemente, o pagamento do impôsto. Na Rússia, durante a última guerra,
os impostos indireto» sôbre mercadorias f bens de consumo em geral e sôbre
de de produção, mas como fillio de
O Brasil tem assim à sua frente duas
Deus. Cremos que o objetivo principal de nossa sociedade não seja garantir
lições — a lição brjtânica de austeridade, reserva, moderação, de sir Slafford Cripps, e a norte-americana, apoiada nas fôrças espirituais do homem. Como todos cs países que participa ram da última guerra, não podemos
Diz-se que há evasão do impôsto quando èle, por meios legais ou fraudu lentos, deixa de ser pago. Assim, tan
fiscal, como para forçar a redução de
to se evade do tributo o contribuinte
evasão do tributo pe^a falta da base
evitar o binômio fatal — trabalho e
que pura e simplesmente sonega rendi
de
mentos tributáveis em sua declaração
quão injusta foi essa medida que só
de impôsto de renda como aquêle que deixa de importar certa mercadoria por que os direitos aduaneiros sôbre a mes ma foram de tal forma majorados que
alcançava as classes mais desfavoreci
e'a não encontrará mais mercado.
A evasão não é desejada pelo poder público quando êste ou não previu o
a "segurança do Estado", mas salva
guardar a dignidade humana e as liber
dades individuais. Somos um povo que tem fé no homem espiritual e que vê em seu aperfeiçoamento e em sua felicida de a meta final de nosso trabalho co tidiano".
Assim, quando o Presidente Truman, apreciando a fase de depressão norteamericana, sustenta que o decréscimo
da produção e dos negócios é caracterís tico de um período de transição, no qual se toma necessário "trabalhar por
economia — ou seja, a batalha sem tréguas da produção. E batalha da pro dução significa atitudes de renúncia, sa crifícios individuais, ação incessante, o
devemo.s ter sempre prqsente que o nosso êxito econômico dependo do vigor das nossas instituições e da firmeza e sinceridade do nosso sistema de vida..
rir os lucros pela atividade, para não efetuar seu pagamento.
velmentej majorados, não tanto para
Ge
ralmente se considera a sonegação (não pagamento fraudulento do impôsto) co mo espécie do gênero evasão. Parecemo, porém, preferível aceitar a termino logia popular reservando o termo emsão apenas para q não pagamento le gítimo do tributo, como no caso de renúncia à importação para evitar o
pagamento de direitos aduaneiros, e o termo sonegação para a fraude fiscal.
A evasão pode ser desejada ou não pelo poder tributahte.
operações de venda, foram considerà-
Parece absurdo
que o poder público crie um impôsto para que ele não seja pago pelo de saparecimento da base de incidência,
mas isso sucede freqüentemente quando o impôsto não seja de finalidades fis cais, mas sim exclusivamente económico-
sociais. Impondo uma tributação pe sadíssima sôbre a importação de objetos
proporcionar
abundante
arrecadação
seu consumo, provocando, assim, uma incidência.
Desnecessário
dizer
das, mas esse é um exemplo típico de evasão do impôsto desejada pelo poder público.
abandono ou. a redução de certas ati
vidades em conseqüência do impôsto, o que, de resto, não estava em seus pla nos, ou deixou na lei brechas por onde possa escapar legalmente o contribuin te.
Exemplo do primeiro caso seria o
de um impôsto de renda tão fortemente
progressi\'o, embora de fins puramen te fiscais, que desestimulasse o contri buinte de continuar auferindo lucros
ou produzindo acima de certo limite.
Os impostos indiretos, quando muito elevados, têm, muitas vêzes, essa conse
qüência, com surpresa para os governan tes que não a desejavam: o consumo de certas mercadorias ou a realização de
determinadas operações se restringe pa ra não haver a obrigação do pagamento do impôsto.
•lií
»
Digesto Económic
112
Daí a necessidade de serem estudadas a fundo a"» condições econômicas dos ramos dc atividade sobre os quais se
pretende lançar ou niajorar impostos, para que estes não tenham por virItide eliminá-las, sem que ao menos
o Estado tenha a compensação do im-
pôslo arrecadado.
Suponliamos que
um Estado quaVpier lance um imposto sobre a fabricação de determinado pro
duto, superior à margem de lucro por ele proporcionado: Evidentemente, ces sa sua produção e o Estado não arre cada o imposto.
A economia nacional
é prejudicada, pois o produto pa.ssará a ser importado, e os cofres públicos
não arrecadam um real, por ter desapa recido a base da incidência.
Outra modalidade de evasão do im
posto não desejada pelo poder tributante é a que resulta de
defeitos na técnica fiscal, per mitindo aos contribuintes mais
argutos evitarem legalmente o
pagamento do impôsto, embora Nossa legislação do
imposto de renda, anterior à atiüil, oferecia um exemplo bem típico dessa modalidade de evasão, graças ao cha
mado "regime de base". O contribuin te do impôsto de renda pagava o im posto com hase nos rendimentos aufe ridos no ano anterior, mas tal paga
mento correspondia ao exercício em que fôsse efetuado. Desse si.stema rcsultava que as pessoas jurídicas deixavam de pagar o imposto pelos lucros que au
113
"Impôsto sobre Lucros Extraordinários",
declara sc-u.s rendimentos ou (jue uciiUa
que obedecia ao mesmo regime, acfo-
uma parle dêlo.s, pratica sonegação.
taram essa prática dc encerramento da atividade, deixando legalmente dc pa gar o impôsto sòbre os lucros auferidos no ano de encerramento, para dcjwis
^
Outro exemplo, ainda tirado do nossa.
legislação do impò.sto dc renda: dois
Um outro que declara corretamente sua
renda mas deixa do pagar o inípôsto, "ão o fstá sonegando.
Torna-se sim-
plc.snícnle devedor do Estado, que p:)-
reiniciarem a atividade st)b outra de nominação.
(
o nem prevista cm nossa Icgi.slação.
Cada uma dessas hipóteses, porém, tom
posto dc renda sòbrc o respectivo ren
do impôsto, com o reconhecimento ex
dimento proveniente dc aluguéis. Co mo, porém, o imposto de renda não in
presso dc ser ele devido, não revela por
cide .sòbre o rendimento auferido em
parte do contribuinte a maMcia, o dôlo, que devem ser punidos mais severa
utjlidadcs, isto 6, sobre o valor locati-
mente.
vo do prédio próprio de residência.
nestos, c se não pagou o imposto foi, possivelmente, por não ter tido meios
Seus propósitos não são deso
A f/onegação é o nsV) puganiento
fraiidíilento do impôsto. O contribuin te está compreendido no campo de in cidência do tributo.
Não encontra
maior e ■uma mentalidade desonesta
ção da base da incidência, resulta de \'árías circunstâncias e são muitas as
suas origens. Elas variam de época para época e de país para país. Vejamos
mente furtar-se ao seu pagamento c
é o do Brasih
Para que
baja sonegação — de acordo com a
terminologia usual que estou aqui ado tando — é preciso que o contribuinte
ferissem no exercício do encerramento,
tenha ocultado total ou parcialmente a
pois I o impôsto i^ago nesse exercício, e que lhe dava direito a se considerar quites com o impôsto de ronda, na ver dade correspondia aos lucros do ano an terior. Inúniera.s empresas, principalmentí! durante a vigência do chamado
existência da base de incidência. Aque
le que não paga o impôsto, embora de clare lealmente ser êlc devido, não
pratica sonegação. Simplesmente deixa do pagá-lo. Por exemplo: um contri buinte do impôsto dc renda ipie nao
mada "Ministério de Perguntas Creti nas", de certa revista, esta pergunta não muito cretina "Quem rouba do fis co tem cem anos de perdão?" E' essa .
u dénida em.que se debatem milhares
dc brasileiros. Descrentes da boa apli cação dos dinheiros públicos, não sentin
do os benefícios de uma administração
lo, o contribuinte brasileiro sonega o impôsto o se concede logo os cem anos
o caso que nos intere,s.sa de perto, que
mesmo assim não o paga por ter ocul
aperfeiçoar a fraude fiscal no Brasil. Ainda há dias li, numa sc,ssão cha- .
dor revela uma periculosidade muito
breclias na lei por onde possa legal tado a base da incidência.
de sanção moral para o sonegador, lêni conlribiiído para dcsen\"olvcr c
eficiente, contemplando obras suntuosas
A sonegação, no sentido de oculta-
sH
lapidação dos dinheims públicos, as
•dc fazê-lo,-ou, nu pior das hipóteses, por simples relaxamento. Já o sonega que merece castigo mais severo.
-l-'
Impostos mal dosados e mal arrecada deficiências de controle e a ausência
tivo pelo qual parcceu-inc útil distinguilas. A.ssim, o simples não puganiento
tere sua situação financeira.
.si eiro;j, e. 6 de se reconhecer que mui tos fatores têm contribuído para isso.
sonegação o não pagamento não é usual
cau.sas c conseqüências diversas, mo
dc .sua propriedade, deixando ambos de pagar legalmente o impôsto, embora cm nada se al
parcela apreciável dos contribuintes bra-
dos, a ignorância do contribuinte, a di
do outro, pagando o re.spcctivo a'ugucl, do que resulta que ambos pagam o im
cada um passa a morar na casa
A sonegação, porém, tornou-se há
bito, c dos mais perniciosos, para uma
derá executá-lo pura a cobrança. Essa distinção que aqiii faço entre
contribuintes .são, respectivamente, in quilino e senhorio. Um mora na ca.^a
sem eliminar a base da in
cidência.
Dioksto econômico
A sonegação de impostos no Brasil
tcih origens históricas. O não paga mento dc impostos à Coroa Portuguêsa, no período colonial, era, sem dúvida, ato meritório, pois cada patacão sone
gado ao erário de El-Rei era patacão poupado à economia brasileira que então ■SC c.sboçava. Pena 6 que a fraude fiscal nessa época não tivesse sido muito maior, para que nos pudesse restar uma parto
<lo nüs.so ouro que' hoje dorme nos siihlciTiuicos dos bancos iuglêscs.
e inúteis construídas com o seu dinheide perdão.
Outro fator que contribui para incen tivar a fraude é, embora pareça um contrassenso, o excesso de fiscalização,
de normas regulamentares e de fonnalidades burocráticas. O contribuinte ou
desanima ante a complexidade dessa coisa tianscendental que é pagar um im
pò.sto, ou então mergulha de rijo no cipoal de nossa legislação tributária e
trata de se desvencilhar da melhor
maneira possível, procurando na própria lei os meios de se furtar ao pagamento do.^ tributos. Ante tantas formalida des c exigências, seu raciocínio é êste: Bom. O fisco já nie considera mes
mo um ladrão. Então vamos ver quem é o mais esperto". E, esporHvamente, como quem joga a dinheiro, e a dinhei ro grossti, uma partida dc .xadrez, trata
•lií
»
Digesto Económic
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Daí a necessidade de serem estudadas a fundo a"» condições econômicas dos ramos dc atividade sobre os quais se
pretende lançar ou niajorar impostos, para que estes não tenham por virItide eliminá-las, sem que ao menos
o Estado tenha a compensação do im-
pôslo arrecadado.
Suponliamos que
um Estado quaVpier lance um imposto sobre a fabricação de determinado pro
duto, superior à margem de lucro por ele proporcionado: Evidentemente, ces sa sua produção e o Estado não arre cada o imposto.
A economia nacional
é prejudicada, pois o produto pa.ssará a ser importado, e os cofres públicos
não arrecadam um real, por ter desapa recido a base da incidência.
Outra modalidade de evasão do im
posto não desejada pelo poder tributante é a que resulta de
defeitos na técnica fiscal, per mitindo aos contribuintes mais
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pagamento do impôsto, embora Nossa legislação do
imposto de renda, anterior à atiüil, oferecia um exemplo bem típico dessa modalidade de evasão, graças ao cha
mado "regime de base". O contribuin te do impôsto de renda pagava o im posto com hase nos rendimentos aufe ridos no ano anterior, mas tal paga
mento correspondia ao exercício em que fôsse efetuado. Desse si.stema rcsultava que as pessoas jurídicas deixavam de pagar o imposto pelos lucros que au
113
"Impôsto sobre Lucros Extraordinários",
declara sc-u.s rendimentos ou (jue uciiUa
que obedecia ao mesmo regime, acfo-
uma parle dêlo.s, pratica sonegação.
taram essa prática dc encerramento da atividade, deixando legalmente dc pa gar o impôsto sòbre os lucros auferidos no ano de encerramento, para dcjwis
^
Outro exemplo, ainda tirado do nossa.
legislação do impò.sto dc renda: dois
Um outro que declara corretamente sua
renda mas deixa do pagar o inípôsto, "ão o fstá sonegando.
Torna-se sim-
plc.snícnle devedor do Estado, que p:)-
reiniciarem a atividade st)b outra de nominação.
(
o nem prevista cm nossa Icgi.slação.
Cada uma dessas hipóteses, porém, tom
posto dc renda sòbrc o respectivo ren
do impôsto, com o reconhecimento ex
dimento proveniente dc aluguéis. Co mo, porém, o imposto de renda não in
presso dc ser ele devido, não revela por
cide .sòbre o rendimento auferido em
parte do contribuinte a maMcia, o dôlo, que devem ser punidos mais severa
utjlidadcs, isto 6, sobre o valor locati-
mente.
vo do prédio próprio de residência.
nestos, c se não pagou o imposto foi, possivelmente, por não ter tido meios
Seus propósitos não são deso
A f/onegação é o nsV) puganiento
fraiidíilento do impôsto. O contribuin te está compreendido no campo de in cidência do tributo.
Não encontra
maior e ■uma mentalidade desonesta
ção da base da incidência, resulta de \'árías circunstâncias e são muitas as
suas origens. Elas variam de época para época e de país para país. Vejamos
mente furtar-se ao seu pagamento c
é o do Brasih
Para que
baja sonegação — de acordo com a
terminologia usual que estou aqui ado tando — é preciso que o contribuinte
ferissem no exercício do encerramento,
tenha ocultado total ou parcialmente a
pois I o impôsto i^ago nesse exercício, e que lhe dava direito a se considerar quites com o impôsto de ronda, na ver dade correspondia aos lucros do ano an terior. Inúniera.s empresas, principalmentí! durante a vigência do chamado
existência da base de incidência. Aque
le que não paga o impôsto, embora de clare lealmente ser êlc devido, não
pratica sonegação. Simplesmente deixa do pagá-lo. Por exemplo: um contri buinte do impôsto dc renda ipie nao
mada "Ministério de Perguntas Creti nas", de certa revista, esta pergunta não muito cretina "Quem rouba do fis co tem cem anos de perdão?" E' essa .
u dénida em.que se debatem milhares
dc brasileiros. Descrentes da boa apli cação dos dinheiros públicos, não sentin
do os benefícios de uma administração
lo, o contribuinte brasileiro sonega o impôsto o se concede logo os cem anos
o caso que nos intere,s.sa de perto, que
mesmo assim não o paga por ter ocul
aperfeiçoar a fraude fiscal no Brasil. Ainda há dias li, numa sc,ssão cha- .
dor revela uma periculosidade muito
breclias na lei por onde possa legal tado a base da incidência.
de sanção moral para o sonegador, lêni conlribiiído para dcsen\"olvcr c
eficiente, contemplando obras suntuosas
A sonegação, no sentido de oculta-
sH
lapidação dos dinheims públicos, as
•dc fazê-lo,-ou, nu pior das hipóteses, por simples relaxamento. Já o sonega que merece castigo mais severo.
-l-'
Impostos mal dosados e mal arrecada deficiências de controle e a ausência
tivo pelo qual parcceu-inc útil distinguilas. A.ssim, o simples não puganiento
tere sua situação financeira.
.si eiro;j, e. 6 de se reconhecer que mui tos fatores têm contribuído para isso.
sonegação o não pagamento não é usual
cau.sas c conseqüências diversas, mo
dc .sua propriedade, deixando ambos de pagar legalmente o impôsto, embora cm nada se al
parcela apreciável dos contribuintes bra-
dos, a ignorância do contribuinte, a di
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cada um passa a morar na casa
A sonegação, porém, tornou-se há
bito, c dos mais perniciosos, para uma
derá executá-lo pura a cobrança. Essa distinção que aqiii faço entre
contribuintes .são, respectivamente, in quilino e senhorio. Um mora na ca.^a
sem eliminar a base da in
cidência.
Dioksto econômico
A sonegação de impostos no Brasil
tcih origens históricas. O não paga mento dc impostos à Coroa Portuguêsa, no período colonial, era, sem dúvida, ato meritório, pois cada patacão sone
gado ao erário de El-Rei era patacão poupado à economia brasileira que então ■SC c.sboçava. Pena 6 que a fraude fiscal nessa época não tivesse sido muito maior, para que nos pudesse restar uma parto
<lo nüs.so ouro que' hoje dorme nos siihlciTiuicos dos bancos iuglêscs.
e inúteis construídas com o seu dinheide perdão.
Outro fator que contribui para incen tivar a fraude é, embora pareça um contrassenso, o excesso de fiscalização,
de normas regulamentares e de fonnalidades burocráticas. O contribuinte ou
desanima ante a complexidade dessa coisa tianscendental que é pagar um im
pò.sto, ou então mergulha de rijo no cipoal de nossa legislação tributária e
trata de se desvencilhar da melhor
maneira possível, procurando na própria lei os meios de se furtar ao pagamento do.^ tributos. Ante tantas formalida des c exigências, seu raciocínio é êste: Bom. O fisco já nie considera mes
mo um ladrão. Então vamos ver quem é o mais esperto". E, esporHvamente, como quem joga a dinheiro, e a dinhei ro grossti, uma partida dc .xadrez, trata
DIGESTÍ) Ef'OSÓNÍT'
114
de descobrir nas malhas da lei proces
sos os mais engenhosos de fugir à obri gação do imposto. A esse fator de sonegação se junta
a completa ausência de sanções de or dem moral contra o sonegador. O co
merciante que deixa de pagar um títu lo 6 um desonesto, e está falido. Mas,
também me considero honesto, mas eu
não pagaria, porque não sou trou xa." .
Essa mesma alta personalidade certa vez me contou, para ilustrar esse aspecto
amável de que se reveste no Brasil a fraude fiscal, que no Rio Grande do Sul é comum Icrem-sc, cm fichas dc infor
se em lugar de deixar de pagar um titulo
mações confidenciais dos Bancos, coi
de dez mil cruzeiros, sonega um mi
sas como esta: "Firma conceituada, con-
lhão em impostos, então êle é um ho
trabandista.s há longos anos, dignos de
mem inteligente c hábil, merecedor da admiração e da inveja de seus concida dãos, pois que, só com as armas dc
crédito etc."
sua argúcia, derrotou tôda a experièivcia, técnica e aparelhamento desse Moloch que é q fisco.
Há ulgun.s anos fiz parte de uma co missão incumbida da elaboraçãn de
certa lei fiscal, comissão essa presidida por uma alta personalidade do Gover
no da época, e que represen tava a Fazenda Nacional. Dis
cutia-se um
dispositivo que
obrigava o contribuinte a exibir seus livros e arquivos à fis
calização, quando um dos pre.sentes, diretor de importante as
íESTO
..: a; ,• •• ;«r. EcoxóxrirG"
do vendas e consignações" c por certo foi depois procurar outro advogado mais
hábil, que lhe afirmasse que tal impòsto não existia mesmo e que tudo não pas sava de horrível pesadelo.
Por certo êsse comerciante c.xagerou em sua ignorância. Mas o fato é que não se pode exigir de pequenos co merciantes, artesãos, laxTadores, que compreendam e apliquem as normas tra
çadas em nossa legislação fiscal e que tantas e tantas vezes confundem os
lógica da sonegação. A par de^as exis
próprios funcionários fiscais e advogados especializados na matéria. Na impos sibilidade de cumprir estritamente o.s
tem as razões de ordem cultural, de or dem técnica c de ordem econômica.
muitas vezes cortam o mal pela raiz: não
Essas são as razões de ordem psico
Os motivos de ordem cultural, ou me
lhor dizendo, de ordem ní7o cultural re.sidem na ignorância da grande massa de contribuintes brasileiros, ignorância
geral ou especializada", pois contribuintes há que, com certa razão, têm sagrado horror por essa litera tura enfadonha que é a nossa legislação fiscal.
mandamentos fiscais, os contribuintes
pagam mais o impôsto. As razões de ordem técnica da so
negação resultam dc deficiências das
leis, que as tornam inexeqüíveis.
A
culpa, nesse caso, não é do contribuin
disposições confusas ou inaplicávcis, co mo esta última lei que regula as isen ções constitucionais do impòsto de con
butação que não pode suportar. A ten tação de coner o risco da sonegação tagem no caso de a fraude não ser des coberta.
posto de \'endas e consignações. Ejc-
jionestos."
dução da multa. "Mas dv. — retrucou-
guntou-lhe: "Mas, Seu Fulano, se o
me o homem alarmadíssimo — eu paguei
Sr. fizesse um contratinho que devesse
o impôsto. Tenho um papelziuho ama relo que diz que eu paguei o impos to." Fui ver o tal "papclzinho amare lo"; era um recibo de taxa d'água de
ojl^, _ retiLicou-lhe o Presidente — eu
te conhecido. À medida que sobe um
determinações.
sem fiscalização, porque somos homens
sèlo?" — "Pagaria, Sr. Presidente, por-
impôsto fòsse maior, menor seria a ar
recadação, pelo aumento da fraude. Êsse fenômeno, aliás, é universalmen^
fringi-las, muito embora conheçam suas
solutamente indefensável e que poderíoinos conseguir, quando muito, uma re
(jue sou um homem honesto." — "Pois
tribuintes na comissão aceitariam uma
tributação mais elevada para jóias, perfumarias, bebidas etc. O próprio fisco, porém, se insurgiu contra êsse aumen to, alegando que, com êle, embora o
sumo, obrigam os contribuintes a in
de medidores automáticos.
o fisco o descobrisse, o Sr. pagaria o
Quando se discutia a lei do impòstíi de consumo, os representantes dos con
Comercial de São Paulo, apare
phquei-lhe então que o auto era ab
pagar vinte contos de sêlo e pudesse guardá-lo numa gaveta, sem medo que
ou mal dosados.
Quando eu era chefe do De partamento Legal da Associação
sonegação do impôsto de consumo sô-
O Presidente, então, per
tam de impostos e.xcessivamente altos
huposto sobe também o índice de sua
um auto de infração para ser feita a defesa. O homem, estabelecido já há alguns anos, nunca havia pago o im
mente todos os nossos impostos, com ou
Finalmente, as razões dc ordem eco
nômica que favorecem a fraude resul
sonegação. Isso representa uma reação do organismo econômico repelindo uma tri
testou contra a medida. "Isso, Sr. Pre sidente, é uma afronta a todos"os con
Nós pagamos religiosa
te, sem pagar impôsto algum.
leigos na matéria, sem técnica, contendo
ceu-me certa vez um comerciante com
não o somos.
continuaram a produzir ^clandestinamen
te. E' da legislação. Leis elaboradas por
sociação de classe, se levantou e pro tribuintes — dizia êle — que são equi parados a ladrões pelo fisco. E nós
poder proxar a quem havia xendido a
parte dos seus produtos que, realmente, não existia. Resultado: as pequenas fá bricas de álcool e aguardente simples mente deram bai.va cm suas patentes e
uma ca.sa no Belenzinho.
Êsse contribuinte nunca havia ouvido falar em uma coisa chamada "impósto
Houve uma lei que, para evitar a
bre álcool e aguardente, tornou obriga tório, nas fábricas respectivas, o uso Acontece
que tais medidores, segundo se afirma va, mediam não só o líquido como tam• bém os vapores que passavam pelos oncanamentoj|, acusando uma produção multo superior à real. Caso o contribuin
te adquirisse os selos do imposto de con sumo para a sua produção real, seria
autuado porque o medidor marcava mais.
Caso fizesse a aquisição peía produção marcada, seria também autuado por não . ♦ SW'..-.
será tanto maior quanto maior fôr a van
No Brasil, embora os impostos, consi derados isoladamente, não sejam muito ele\'ados, em seu conjunto o são, e as bases de incidência são sempre as mes mas para dix'ersos impostos.
. Suponhamos que uma sociedade anô
nima, fabricante de chapéus, por exem
plo, sonegue ao pagamento de impostos um contrato de compra e x-enda de
Cr$ 1.000.000,00 e que lhe proporcio naria,iiin lucro de Ci$ 200.000,00. Em
primeiro lugar, deixaria de pagar o selo sôbre o conti-alo, no \'alor de Cr$
5.000,00. A seguir, .sonegaria o impô.sto cio consumo sôbrc os chapéus, ou soja
DIGESTÍ) Ef'OSÓNÍT'
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de descobrir nas malhas da lei proces
sos os mais engenhosos de fugir à obri gação do imposto. A esse fator de sonegação se junta
a completa ausência de sanções de or dem moral contra o sonegador. O co
merciante que deixa de pagar um títu lo 6 um desonesto, e está falido. Mas,
também me considero honesto, mas eu
não pagaria, porque não sou trou xa." .
Essa mesma alta personalidade certa vez me contou, para ilustrar esse aspecto
amável de que se reveste no Brasil a fraude fiscal, que no Rio Grande do Sul é comum Icrem-sc, cm fichas dc infor
se em lugar de deixar de pagar um titulo
mações confidenciais dos Bancos, coi
de dez mil cruzeiros, sonega um mi
sas como esta: "Firma conceituada, con-
lhão em impostos, então êle é um ho
trabandista.s há longos anos, dignos de
mem inteligente c hábil, merecedor da admiração e da inveja de seus concida dãos, pois que, só com as armas dc
crédito etc."
sua argúcia, derrotou tôda a experièivcia, técnica e aparelhamento desse Moloch que é q fisco.
Há ulgun.s anos fiz parte de uma co missão incumbida da elaboraçãn de
certa lei fiscal, comissão essa presidida por uma alta personalidade do Gover
no da época, e que represen tava a Fazenda Nacional. Dis
cutia-se um
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obrigava o contribuinte a exibir seus livros e arquivos à fis
calização, quando um dos pre.sentes, diretor de importante as
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do vendas e consignações" c por certo foi depois procurar outro advogado mais
hábil, que lhe afirmasse que tal impòsto não existia mesmo e que tudo não pas sava de horrível pesadelo.
Por certo êsse comerciante c.xagerou em sua ignorância. Mas o fato é que não se pode exigir de pequenos co merciantes, artesãos, laxTadores, que compreendam e apliquem as normas tra
çadas em nossa legislação fiscal e que tantas e tantas vezes confundem os
lógica da sonegação. A par de^as exis
próprios funcionários fiscais e advogados especializados na matéria. Na impos sibilidade de cumprir estritamente o.s
tem as razões de ordem cultural, de or dem técnica c de ordem econômica.
muitas vezes cortam o mal pela raiz: não
Essas são as razões de ordem psico
Os motivos de ordem cultural, ou me
lhor dizendo, de ordem ní7o cultural re.sidem na ignorância da grande massa de contribuintes brasileiros, ignorância
geral ou especializada", pois contribuintes há que, com certa razão, têm sagrado horror por essa litera tura enfadonha que é a nossa legislação fiscal.
mandamentos fiscais, os contribuintes
pagam mais o impôsto. As razões de ordem técnica da so
negação resultam dc deficiências das
leis, que as tornam inexeqüíveis.
A
culpa, nesse caso, não é do contribuin
disposições confusas ou inaplicávcis, co mo esta última lei que regula as isen ções constitucionais do impòsto de con
butação que não pode suportar. A ten tação de coner o risco da sonegação tagem no caso de a fraude não ser des coberta.
posto de \'endas e consignações. Ejc-
jionestos."
dução da multa. "Mas dv. — retrucou-
guntou-lhe: "Mas, Seu Fulano, se o
me o homem alarmadíssimo — eu paguei
Sr. fizesse um contratinho que devesse
o impôsto. Tenho um papelziuho ama relo que diz que eu paguei o impos to." Fui ver o tal "papclzinho amare lo"; era um recibo de taxa d'água de
ojl^, _ retiLicou-lhe o Presidente — eu
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determinações.
sem fiscalização, porque somos homens
sèlo?" — "Pagaria, Sr. Presidente, por-
impôsto fòsse maior, menor seria a ar
recadação, pelo aumento da fraude. Êsse fenômeno, aliás, é universalmen^
fringi-las, muito embora conheçam suas
solutamente indefensável e que poderíoinos conseguir, quando muito, uma re
(jue sou um homem honesto." — "Pois
tribuintes na comissão aceitariam uma
tributação mais elevada para jóias, perfumarias, bebidas etc. O próprio fisco, porém, se insurgiu contra êsse aumen to, alegando que, com êle, embora o
sumo, obrigam os contribuintes a in
de medidores automáticos.
o fisco o descobrisse, o Sr. pagaria o
Quando se discutia a lei do impòstíi de consumo, os representantes dos con
Comercial de São Paulo, apare
phquei-lhe então que o auto era ab
pagar vinte contos de sêlo e pudesse guardá-lo numa gaveta, sem medo que
ou mal dosados.
Quando eu era chefe do De partamento Legal da Associação
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O Presidente, então, per
tam de impostos e.xcessivamente altos
huposto sobe também o índice de sua
um auto de infração para ser feita a defesa. O homem, estabelecido já há alguns anos, nunca havia pago o im
mente todos os nossos impostos, com ou
Finalmente, as razões dc ordem eco
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sonegação. Isso representa uma reação do organismo econômico repelindo uma tri
testou contra a medida. "Isso, Sr. Pre sidente, é uma afronta a todos"os con
Nós pagamos religiosa
te, sem pagar impôsto algum.
leigos na matéria, sem técnica, contendo
ceu-me certa vez um comerciante com
não o somos.
continuaram a produzir ^clandestinamen
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sociação de classe, se levantou e pro tribuintes — dizia êle — que são equi parados a ladrões pelo fisco. E nós
poder proxar a quem havia xendido a
parte dos seus produtos que, realmente, não existia. Resultado: as pequenas fá bricas de álcool e aguardente simples mente deram bai.va cm suas patentes e
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Êsse contribuinte nunca havia ouvido falar em uma coisa chamada "impósto
Houve uma lei que, para evitar a
bre álcool e aguardente, tornou obriga tório, nas fábricas respectivas, o uso Acontece
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autuado porque o medidor marcava mais.
Caso fizesse a aquisição peía produção marcada, seria também autuado por não . ♦ SW'..-.
será tanto maior quanto maior fôr a van
No Brasil, embora os impostos, consi derados isoladamente, não sejam muito ele\'ados, em seu conjunto o são, e as bases de incidência são sempre as mes mas para dix'ersos impostos.
. Suponhamos que uma sociedade anô
nima, fabricante de chapéus, por exem
plo, sonegue ao pagamento de impostos um contrato de compra e x-enda de
Cr$ 1.000.000,00 e que lhe proporcio naria,iiin lucro de Ci$ 200.000,00. Em
primeiro lugar, deixaria de pagar o selo sôbre o conti-alo, no \'alor de Cr$
5.000,00. A seguir, .sonegaria o impô.sto cio consumo sôbrc os chapéus, ou soja
DinnsTO 116
posto de vendas e consignações, e isso
apenas cerca de 1,3% da população .se ja conlribuiiilc do impôsto sôbre a ren
25.000,00. Finalmente, iria sonegar o
Ora, a fraude, fazendo cair a arreca
niais Cr$ 50.000,00.'Não pagaria o im
representaria em Sáo Paulo mais Cr$
impôsto de renda da própria empresa e dos acionistas, na base total de 30% so bre o lucro, isto é, mais Cr$ 60.000,00.
Tirando, assim, das vistas e do controle
da-.
sidade da majoração de impostos, em detrimento, justamente, daqueles que já os pagam por não quererem ou, nas
do fisco uma só operação, essa empre
sa, em lugar de auferir um lucro líqui do de apenas Cr$ 140.000,00 (deduzido o impôsto de renda) iria em verdade
estava normalizada a arrecadação do
Simplesmente o dòbro.
Positivamente
Em 1929, por exemplo, ano em que já impôsto dc ronda, 267.233 contribuin
tes pagaram de impôsto de renda Cr$ 63.100.000,00, ao pas.so que em 1946,
valeria a pena correr o risco da frau
513.425 contribuintes recolheram
de.
2.612.000.000,00. '■i-
-ii
Todos êsses fatores, psicológicos, his tóricos, culturais, técnicos e econômicos, têm contribuído para elevar o índice de
sonegação, no Brasil, a proporções con sideráveis.
E* de espantar, por exemplo, por mais pobre que seja a população, que
IV -Cnrnes
dação, traz como conseqüência a neces
mais das vezes, não poderem sonegar.
auferir um lucro de Cr$ 280.000,00.
l
Produtos brasileiros no (nercaiÍB internacional
Cr$
Em 1929, cada con
Dohival Teixeiha Vieira
coMÉiiCío de cunies em conserva
e frigorificadás constitui, hoje, o quarto item da balança comercial bra.si-
leira. Em 1914, a sua importância, co mo produto de e.xportação, era insigni ficante, pois representava apenas 0,05% do valor total da nossa exportação. Na quele ano, exportáramos apenas 425 to neladas, correspondendo a Cr.$ 387.000,00, sendo que a quase totali
impôsto de renda, Cr$ 170,00; e em
dade era representada por carnes frigorifícadas. A.s exigências da guerra de
1946, Cr$ 5.300,00. Ao passo que o nú mero de contribuintes não chegou a do brar, a arrecadação do impôsto foi mul
valor total da exportação eram represen
tiplicada mais de 40 vezes. Daí se con
tados por carnes.
tribuinte pagou, cm média, a título de
1914 a 1918 permitiram a expansão da venda do produto e, em 1918, 8,3% do Predomina\'a ainda a
de nota o fato de, em 1926, chegarmos a vender tão sòmente 8.101 toneladas,
no valor de Cr$ 12.206.000,00, voltan
do esse ramo de comércio a representar 0,38% do valor total e.xportado. Não obstante esse acentuado declínio, a nos sa industria de carnes e derivados con
tinuou a progredir, graças aos esforços
dos criadores brasileiros para inelhora1-em os rebanhos e intensificarem a ex
ploração da pecuária, selecionando os
tipos de açougue capazes de permitir maior rendimento industrial; gado pre
coce, bem conformado e de fácil en<»or-
da. A parHr de 1927, forte reação se verificou e a exportação de carnes tor
clui que a Fazenda não cuida de au
venda do produto frigorificado, i>orquan-
nou a crescer;
mentar o seu rebanho, mas sim de tos-
to em todo o País ha\da, ao se iniciar
quiá-lo ao máximo.
a guerra, apenas um matadoiu-o frigo rífico, fundado em 1913 em BaiTCtos, no Estado de São Paulo, pelo Conse lheiro Antônio Prado. A expansão do
que em 1930, justamente no ano mar-
comércio de carnes do Brasil atraiu
para cá o capital estrangeiro, e a Con tinental Products Co,, em 1915, insta lou em Osasco um grande frigorífico. A partir de 1916-17 outros estabeleci mentos se instalaram e imediatamente entraram a e.xportar. Na primeira fase
do desenvolvimento da produção e in dústria de carnes para exportação, o
é interessante verificar
cado pela formidável depressão inter
nacional, que aHngiu todos os mercados,
vendêramos 113.127 toneladas, corres pondentes a Cr$ 173.957.000 00 eqüi
valendo a 6% do %'alor total da ex-portação.
O período de depressão que, começa
do naquele ano, se esfendeu até 1934 atingiu com maior riolência o comércio
do cafe do que o de carnes brasileiras; podemos afirmar que a queda do mer
cado cafeeiro, ao mesmo tempo que
ponto máximo foi alcançado em 1919
quando se venderam 83.427 toneladas, correspondendo 68% à carne frigorificada e 32% à em conserva. A partir desse ano, a concorrência internacional, bem como a redução das solicitações do con
sumo. fizeram com que nossas vendas para o exterior declinassem, sendo digno
nViíulítti'
cuario, no e.xtenor; mesmn
1934,. em que o vaC7.
co p
de carnes baixou para 1
mos 44.213 tonelad^ „ 60.831.000,00. O comér comércio
^ .í
exterior de
carnes conünuou a se desenvolver a
parfr de então e, como no anterior cnn-
DinnsTO 116
posto de vendas e consignações, e isso
apenas cerca de 1,3% da população .se ja conlribuiiilc do impôsto sôbre a ren
25.000,00. Finalmente, iria sonegar o
Ora, a fraude, fazendo cair a arreca
niais Cr$ 50.000,00.'Não pagaria o im
representaria em Sáo Paulo mais Cr$
impôsto de renda da própria empresa e dos acionistas, na base total de 30% so bre o lucro, isto é, mais Cr$ 60.000,00.
Tirando, assim, das vistas e do controle
da-.
sidade da majoração de impostos, em detrimento, justamente, daqueles que já os pagam por não quererem ou, nas
do fisco uma só operação, essa empre
sa, em lugar de auferir um lucro líqui do de apenas Cr$ 140.000,00 (deduzido o impôsto de renda) iria em verdade
estava normalizada a arrecadação do
Simplesmente o dòbro.
Positivamente
Em 1929, por exemplo, ano em que já impôsto dc ronda, 267.233 contribuin
tes pagaram de impôsto de renda Cr$ 63.100.000,00, ao pas.so que em 1946,
valeria a pena correr o risco da frau
513.425 contribuintes recolheram
de.
2.612.000.000,00. '■i-
-ii
Todos êsses fatores, psicológicos, his tóricos, culturais, técnicos e econômicos, têm contribuído para elevar o índice de
sonegação, no Brasil, a proporções con sideráveis.
E* de espantar, por exemplo, por mais pobre que seja a população, que
IV -Cnrnes
dação, traz como conseqüência a neces
mais das vezes, não poderem sonegar.
auferir um lucro de Cr$ 280.000,00.
l
Produtos brasileiros no (nercaiÍB internacional
Cr$
Em 1929, cada con
Dohival Teixeiha Vieira
coMÉiiCío de cunies em conserva
e frigorificadás constitui, hoje, o quarto item da balança comercial bra.si-
leira. Em 1914, a sua importância, co mo produto de e.xportação, era insigni ficante, pois representava apenas 0,05% do valor total da nossa exportação. Na quele ano, exportáramos apenas 425 to neladas, correspondendo a Cr.$ 387.000,00, sendo que a quase totali
impôsto de renda, Cr$ 170,00; e em
dade era representada por carnes frigorifícadas. A.s exigências da guerra de
1946, Cr$ 5.300,00. Ao passo que o nú mero de contribuintes não chegou a do brar, a arrecadação do impôsto foi mul
valor total da exportação eram represen
tiplicada mais de 40 vezes. Daí se con
tados por carnes.
tribuinte pagou, cm média, a título de
1914 a 1918 permitiram a expansão da venda do produto e, em 1918, 8,3% do Predomina\'a ainda a
de nota o fato de, em 1926, chegarmos a vender tão sòmente 8.101 toneladas,
no valor de Cr$ 12.206.000,00, voltan
do esse ramo de comércio a representar 0,38% do valor total e.xportado. Não obstante esse acentuado declínio, a nos sa industria de carnes e derivados con
tinuou a progredir, graças aos esforços
dos criadores brasileiros para inelhora1-em os rebanhos e intensificarem a ex
ploração da pecuária, selecionando os
tipos de açougue capazes de permitir maior rendimento industrial; gado pre
coce, bem conformado e de fácil en<»or-
da. A parHr de 1927, forte reação se verificou e a exportação de carnes tor
clui que a Fazenda não cuida de au
venda do produto frigorificado, i>orquan-
nou a crescer;
mentar o seu rebanho, mas sim de tos-
to em todo o País ha\da, ao se iniciar
quiá-lo ao máximo.
a guerra, apenas um matadoiu-o frigo rífico, fundado em 1913 em BaiTCtos, no Estado de São Paulo, pelo Conse lheiro Antônio Prado. A expansão do
que em 1930, justamente no ano mar-
comércio de carnes do Brasil atraiu
para cá o capital estrangeiro, e a Con tinental Products Co,, em 1915, insta lou em Osasco um grande frigorífico. A partir de 1916-17 outros estabeleci mentos se instalaram e imediatamente entraram a e.xportar. Na primeira fase
do desenvolvimento da produção e in dústria de carnes para exportação, o
é interessante verificar
cado pela formidável depressão inter
nacional, que aHngiu todos os mercados,
vendêramos 113.127 toneladas, corres pondentes a Cr$ 173.957.000 00 eqüi
valendo a 6% do %'alor total da ex-portação.
O período de depressão que, começa
do naquele ano, se esfendeu até 1934 atingiu com maior riolência o comércio
do cafe do que o de carnes brasileiras; podemos afirmar que a queda do mer
cado cafeeiro, ao mesmo tempo que
ponto máximo foi alcançado em 1919
quando se venderam 83.427 toneladas, correspondendo 68% à carne frigorificada e 32% à em conserva. A partir desse ano, a concorrência internacional, bem como a redução das solicitações do con
sumo. fizeram com que nossas vendas para o exterior declinassem, sendo digno
nViíulítti'
cuario, no e.xtenor; mesmn
1934,. em que o vaC7.
co p
de carnes baixou para 1
mos 44.213 tonelad^ „ 60.831.000,00. O comér comércio
^ .í
exterior de
carnes conünuou a se desenvolver a
parfr de então e, como no anterior cnn-
•-1 fc".
Drcr-STO
flito mundial, no de 1939-45. experi mentou acentuado desenvolvimento,
principalmente até o ano da entrada do , nosso país na guerra. Em 1940, a e.xportaçao de carnes chegou a atingir
volume de 128.118 toneladas, no valor de Cr$ 636.714.000,00.
alemã, menos da metade da Argentina
Os perigos da guerra submarina, a
o ainda mcnfjs que a da França e Crá-
partir daquele ano, dificultando o trans
Bretanha.
porte marítimo, responderam cm parte carnes do Brasil; mesmo assim, ao termi
Notc-sc, porém, que a Alemanha pràticamentc desapareceu do cenário co mo produtor, e embora o sul da França
nar a guerra, ainda conseguíramos ven-
não tenha sentido com tanta intensidade
dia do decênio 1936-45, 4,39% das divi-
s.as brasileiras foram conseguidas pela venda do produto. Sua importância, hoje, diminuiu, o que se deve atribuir
os efeitos da guerra, é razoável supor que haja perdido parle da sua posição; o mesmo se pode afirmar da Grã-Bre tanha, que, como é sabido, não chega a' produzir nem o suficiente para o .seu
à normalização gradati\a das economias
consumo, sendo um dos maiores eompradore.s no mercado internacional, tanto
. dos países consumidores, por um lado,
assim que, ainda eni 1948. importou do
(' à desaparição das necessidades de
Brasil 1.530 toneladas de carnes, no
abastecimento de guerra, por outro. Mes
valor de Ci$ 16.858.833.00; note-se,
mo assim, no ano de 1948, vendemos
entretanto, que a restauração de sim
44.070 toneladas, no valor dc Cr$
economia lhe permitiu diminuir scnsl-
439.726.000,00, ou sejam, 2,03% do
vclnienle as compra.s do Brasil, o que
valor de nossa exportação.
fãcilmente se verifica ao recordarmo.s
Durante essa evolução, as carnes em conserva foram graçlativamente contri
o fato de, em 1946, a Inglaterra haver
buindo com maior percentagem do vo-
lume exportado e hoje em dia apenas 53% das carnes vendidas são frigorifica-
das, cabendo 47% ao foniecimento de
comprado 44.776 toneladas. Verdade é que o congelamento do cnxlito bra sileiro naquele país representou tam
bém importante fator para essa redução. Con.siderando-sc o mercado exporta
came.s em conserva. Além disso, expor
dor, até 1939, a Argentina, a Austrália
tamos cpiasc exclusivamente carne de
e o Uruguai vendiam, respectivamente,
vaca, .sendo insignificantes as nos.sas
aos países consumidores, dez, duas e
vendas d(i carne dc porco ou de car neiro. E',preci.so ainda dízer-se que, atualmente, o Brasil não atende a tôdas as solicitações dos mercados exte-
meia c duas vôzes mais que o nos-so
riore.9, porque a exportação forçada do
pcríncío df" gneiTa impediu uma reno\'a-
C^r$ 161.374.167,00.
país, o que vem mosb'ar não sermos dos maiores fornecedores e precisarmos lu tar com forte concorrência.
Atualmente, o nosso principal freguês são os Estados Unidos, visto em 1948
Em ordem de
crescente de importância, vem a se guir a Holanda, com uma importação de 8.261 toneladas, no \alor dc Cr$
Considerando-se o mercado produtor internacional, o Brasil colüea\a-se, ante.s
198.630.000,00. Considerando-se a mé
13.288 toneladas, correspondentes a
mente nas grandc.s cidades brasileiras. da última gm-rra, em sexto lugar, pro duzindo quase a sétima parte da pro dução norte-americana, um tèrço da
Ife der 81.478 toneladas, no valor de Cr$
liaNcrinos exportado paro. aquele país
produto no mercado interno, principal
leiros comerciados, e, cm 1942 ainda re
pela diminuirão do comércio exterior de
r
çãü iíiiediatu das rcsor\'as de gado pi ra corte c pro\'ocou uma escassez do
9,38% do valor total de produtos brasi
presentava 8,5%, contribuindo com um
Dicr.sni Econômico
58.268.997,00, acompanhada de perto pela União Belgo-Luxcmburguesa, que
í
de nós adquiriu 6.545 toneladas; a esta seguiu a Suíça, para onde e.xporlumos 5.408 toneladas. Bcin menos importantes foram as importações da Gré
cia. (3.019 toneladas). Finlândia (2.128) c Ale manha (1.412). A Áfri
ca, os demais países da América do Snl e a Asia constituem mercados con
campos de engorda estão na dependên cia da existência de boas pastagens, além do que exigem grandes áreas dc terreno. Neste particular, convém notar u grande diferença existente entre as
zonas de criação da Argentina e Uru guai e as do Brasil. Naqueles países, a topografia favorece particularmente a criação de gado; as cochilhas e planuras não fatigam o animal e não só permi tem
mais fácil contrôh-
dos rebanhos como tomam menos oneroso o trabalho
de reunir o gado e condu zi-lo para os matadouros,
frigoríficos ou pontos de embarque. A acidentação do nosso terreno dificul
ta o trabalho do peão, en
sumidores dc pequena im portância para o Brasil.
Convém notar, porém, que tanto a Alemanha como a
carece
a mão-de-obra e
contribuí, em parte, para desmerecer
o
rebanho,
Holanda, ou até mesmo em
principalmente quando o
parte a Suíça, desde que
faz a pé, por falta de
suas economias se norma
^as de comunicação. Além disso, como não há uma boa rêde de matadou
lizem,
diminuirão
sensi
velmente seus pedidos; a tendência para uma redu ção já é notada no movi
ros e frigoríficos, os quais se concentram apena.s em
mento comercial dos últi mos
alguns pontos, particular mente São Paulo, o ga do para engorda é c>o-
mese.s.
Con\'ém, por i.sso, inda garmos do provável com portamento da oferta e da procura, np exterior, das
carnes em conserva e frigorificadas, cm
função do movimento dos preços. A oferta de carnes é elástica, ten dendo à inclasticidade.
deslocamento do mesmo se
locado em invernadas e
só depois industrializado e vendido, seja no merca do interno, seja no mercado interaaciunal. E', pois, natural que o custo da
carne brasileira seja mais elevado que
O fenômeno é
a dos seus concorrentes sul-americanos.
fácil de explicar-se porque a pecuária tem o seu desenvolvimento ligado, por um lado, às pastagen.s, e, por outro,
A extensão da propriedade, por um lado, e o ciclo de reprodução e criação,
as difieiihlade.s de armazenamento do
carne ofertado po.ssa expandir-se rapida
piodiilo. U
A fazciicUi dc criação ou os
,0 A.í - , ..
por outro, impedem que o volume de mente, quando a conjuntura do iiicrea:.-Ç. N .
•-1 fc".
Drcr-STO
flito mundial, no de 1939-45. experi mentou acentuado desenvolvimento,
principalmente até o ano da entrada do , nosso país na guerra. Em 1940, a e.xportaçao de carnes chegou a atingir
volume de 128.118 toneladas, no valor de Cr$ 636.714.000,00.
alemã, menos da metade da Argentina
Os perigos da guerra submarina, a
o ainda mcnfjs que a da França e Crá-
partir daquele ano, dificultando o trans
Bretanha.
porte marítimo, responderam cm parte carnes do Brasil; mesmo assim, ao termi
Notc-sc, porém, que a Alemanha pràticamentc desapareceu do cenário co mo produtor, e embora o sul da França
nar a guerra, ainda conseguíramos ven-
não tenha sentido com tanta intensidade
dia do decênio 1936-45, 4,39% das divi-
s.as brasileiras foram conseguidas pela venda do produto. Sua importância, hoje, diminuiu, o que se deve atribuir
os efeitos da guerra, é razoável supor que haja perdido parle da sua posição; o mesmo se pode afirmar da Grã-Bre tanha, que, como é sabido, não chega a' produzir nem o suficiente para o .seu
à normalização gradati\a das economias
consumo, sendo um dos maiores eompradore.s no mercado internacional, tanto
. dos países consumidores, por um lado,
assim que, ainda eni 1948. importou do
(' à desaparição das necessidades de
Brasil 1.530 toneladas de carnes, no
abastecimento de guerra, por outro. Mes
valor de Ci$ 16.858.833.00; note-se,
mo assim, no ano de 1948, vendemos
entretanto, que a restauração de sim
44.070 toneladas, no valor dc Cr$
economia lhe permitiu diminuir scnsl-
439.726.000,00, ou sejam, 2,03% do
vclnienle as compra.s do Brasil, o que
valor de nossa exportação.
fãcilmente se verifica ao recordarmo.s
Durante essa evolução, as carnes em conserva foram graçlativamente contri
o fato de, em 1946, a Inglaterra haver
buindo com maior percentagem do vo-
lume exportado e hoje em dia apenas 53% das carnes vendidas são frigorifica-
das, cabendo 47% ao foniecimento de
comprado 44.776 toneladas. Verdade é que o congelamento do cnxlito bra sileiro naquele país representou tam
bém importante fator para essa redução. Con.siderando-sc o mercado exporta
came.s em conserva. Além disso, expor
dor, até 1939, a Argentina, a Austrália
tamos cpiasc exclusivamente carne de
e o Uruguai vendiam, respectivamente,
vaca, .sendo insignificantes as nos.sas
aos países consumidores, dez, duas e
vendas d(i carne dc porco ou de car neiro. E',preci.so ainda dízer-se que, atualmente, o Brasil não atende a tôdas as solicitações dos mercados exte-
meia c duas vôzes mais que o nos-so
riore.9, porque a exportação forçada do
pcríncío df" gneiTa impediu uma reno\'a-
C^r$ 161.374.167,00.
país, o que vem mosb'ar não sermos dos maiores fornecedores e precisarmos lu tar com forte concorrência.
Atualmente, o nosso principal freguês são os Estados Unidos, visto em 1948
Em ordem de
crescente de importância, vem a se guir a Holanda, com uma importação de 8.261 toneladas, no \alor dc Cr$
Considerando-se o mercado produtor internacional, o Brasil colüea\a-se, ante.s
198.630.000,00. Considerando-se a mé
13.288 toneladas, correspondentes a
mente nas grandc.s cidades brasileiras. da última gm-rra, em sexto lugar, pro duzindo quase a sétima parte da pro dução norte-americana, um tèrço da
Ife der 81.478 toneladas, no valor de Cr$
liaNcrinos exportado paro. aquele país
produto no mercado interno, principal
leiros comerciados, e, cm 1942 ainda re
pela diminuirão do comércio exterior de
r
çãü iíiiediatu das rcsor\'as de gado pi ra corte c pro\'ocou uma escassez do
9,38% do valor total de produtos brasi
presentava 8,5%, contribuindo com um
Dicr.sni Econômico
58.268.997,00, acompanhada de perto pela União Belgo-Luxcmburguesa, que
í
de nós adquiriu 6.545 toneladas; a esta seguiu a Suíça, para onde e.xporlumos 5.408 toneladas. Bcin menos importantes foram as importações da Gré
cia. (3.019 toneladas). Finlândia (2.128) c Ale manha (1.412). A Áfri
ca, os demais países da América do Snl e a Asia constituem mercados con
campos de engorda estão na dependên cia da existência de boas pastagens, além do que exigem grandes áreas dc terreno. Neste particular, convém notar u grande diferença existente entre as
zonas de criação da Argentina e Uru guai e as do Brasil. Naqueles países, a topografia favorece particularmente a criação de gado; as cochilhas e planuras não fatigam o animal e não só permi tem
mais fácil contrôh-
dos rebanhos como tomam menos oneroso o trabalho
de reunir o gado e condu zi-lo para os matadouros,
frigoríficos ou pontos de embarque. A acidentação do nosso terreno dificul
ta o trabalho do peão, en
sumidores dc pequena im portância para o Brasil.
Convém notar, porém, que tanto a Alemanha como a
carece
a mão-de-obra e
contribuí, em parte, para desmerecer
o
rebanho,
Holanda, ou até mesmo em
principalmente quando o
parte a Suíça, desde que
faz a pé, por falta de
suas economias se norma
^as de comunicação. Além disso, como não há uma boa rêde de matadou
lizem,
diminuirão
sensi
velmente seus pedidos; a tendência para uma redu ção já é notada no movi
ros e frigoríficos, os quais se concentram apena.s em
mento comercial dos últi mos
alguns pontos, particular mente São Paulo, o ga do para engorda é c>o-
mese.s.
Con\'ém, por i.sso, inda garmos do provável com portamento da oferta e da procura, np exterior, das
carnes em conserva e frigorificadas, cm
função do movimento dos preços. A oferta de carnes é elástica, ten dendo à inclasticidade.
deslocamento do mesmo se
locado em invernadas e
só depois industrializado e vendido, seja no merca do interno, seja no mercado interaaciunal. E', pois, natural que o custo da
carne brasileira seja mais elevado que
O fenômeno é
a dos seus concorrentes sul-americanos.
fácil de explicar-se porque a pecuária tem o seu desenvolvimento ligado, por um lado, às pastagen.s, e, por outro,
A extensão da propriedade, por um lado, e o ciclo de reprodução e criação,
as difieiihlade.s de armazenamento do
carne ofertado po.ssa expandir-se rapida
piodiilo. U
A fazciicUi dc criação ou os
,0 A.í - , ..
por outro, impedem que o volume de mente, quando a conjuntura do iiicrea:.-Ç. N .
DfOK-STo Econômico
121
Dunisio Económic 120
initindo melhorar as pastagens, u cria
do, seja interna, seja internacional,
fòr por
favorável; a retiação da'produção, outro lado, embora possa fazer-se com maior facilidade, encontra seus limi
da procura que tem ponnitido maior es tabilidade dos preços médios do produto
ção de uma rôde de frigoríficos e a
no mercado internacional. A sua .sensi
o comércio pecuário, ao lado da zo
bilidade às crises c pequena, se compa
otecnia, permitindo o melhoramento e
tes nas próprias proporções da empre
rada com as osci'ações de preços ^•erifi-
sa pecuária. Tanto isto é verdade que, quando as solicitações internacionais au
cadas noutros produtos. Dc um modo geral, os preços médios alcançados tem
mentaram muito, o único recurso encon
tendido a crescer.
trado foi o de roduzir-se a cota do con
entre 1930 e 1933 não foi além de 16?
sumo interno, cbegando-se até mesmo ao sacrifício de rebanhos sem se aten
lor médio da tonelada tom crescido con
der à necessidade de sua renovação;
tinuamente; mesmo computando-se a desvalorização monetária, verlfica-sc a
mataram-se novilhos e até mesmo va
cas em grande quantidade e, se por um lado aproveitou-se a situaçrio favorável
do mercado, criou-se, por outro, um seríssimo problema, o do futuro desen-
\'o'vimento da produção pecuária. Hou ve desfalque de nossos rebanhos, cujas conseqüências ainda se farão sentir. A falta de frigoríficos, disseminados pelas zonas de criação, diminuí as possibili dades de industrialização e não se pode negar que as carnes em conserva, do
ponto de vista mercantil, representam uma oferta mais conveniente, visto per mitirem
maior
a
estocagem
resistência
do
e
com
ela
produto
no
mercado.
nhos, poderão colaborar paru que o Bra sil não perca a posição conseguida no
adaptação dos .transportes para facilitar
mercado internacional de carnes ou vcv nha, até mesmo, a melliorá-la.
A baixa verificada
c, a partir daquele ano cm diante, o va
ocorrência dc uma aprcciáscl estabili dade nos preços do produto. Não é de .se e.sperar que nossa ex portação de carne para a África cresça muito ou que aumente, também, para a América do Norte e Central, ou para
os outros países da América do Sul. Quanto à Ásia, dada a situação políti ca contemporânea, prcvemos que os
mercados daquele continente estarão fe chados para nós, ou, pelo menos, sen
sivelmente reduzidos. A e.xpansão do mercado consumidor do procluto brasi leiro só poderá fazer-se entre os paí.ses
da Europa. "Na medida em que a Ale manha normalize sua economia, expan-
Se a.s nossas condições de produção
dir-sè-á também a venda de carnes pa
e oferta fôssem mais satisfatórias, por certo poderíamos augurar uma expansão maior para o comércio de carnes do Brasil, visto como a procura desse pro duto é inelástica, por atender a uma necessidade vital, de alimentação. Cum
ra aquele país. Prevemos, por outro la do, que a Itália voltará a ser um dos nossos grandes compradores. Convém
pre ainda notar que a carne não sofre
tarmos com uma limitação sensível da
concorrência apreciável de outros su cedâneos e, na medida em que o pa
drão alimentar do mundo vai melhoran
do' o consumo de carne também cresce.
Ela constitui lun dos mais importantes
itens da dieta alimentar de todos os naíse.s.
a mais rápida multiplicação dos reba
,
,
Apesar disso, é esta siliiaçao particular
não esquecer que a concorrência interna cional dificulta o desenvolvimento dc nosso mercado de carnes, além dc con
oferta, proveniente do desfalque sofri do pelos nossos rebanhos e da impossi" bilidade de multiplicá-los ràpidamentc. O futuro do mercado ex[X)rtador dc carnes encontra-se, pois, não tanto na
dependência da procura, ma.s sim na
da oferta, o que eqüivale a dizer qne o desenvolvimento da agrostologia, pori. .
4'
.'zi.
DfOK-STo Econômico
121
Dunisio Económic 120
initindo melhorar as pastagens, u cria
do, seja interna, seja internacional,
fòr por
favorável; a retiação da'produção, outro lado, embora possa fazer-se com maior facilidade, encontra seus limi
da procura que tem ponnitido maior es tabilidade dos preços médios do produto
ção de uma rôde de frigoríficos e a
no mercado internacional. A sua .sensi
o comércio pecuário, ao lado da zo
bilidade às crises c pequena, se compa
otecnia, permitindo o melhoramento e
tes nas próprias proporções da empre
rada com as osci'ações de preços ^•erifi-
sa pecuária. Tanto isto é verdade que, quando as solicitações internacionais au
cadas noutros produtos. Dc um modo geral, os preços médios alcançados tem
mentaram muito, o único recurso encon
tendido a crescer.
trado foi o de roduzir-se a cota do con
entre 1930 e 1933 não foi além de 16?
sumo interno, cbegando-se até mesmo ao sacrifício de rebanhos sem se aten
lor médio da tonelada tom crescido con
der à necessidade de sua renovação;
tinuamente; mesmo computando-se a desvalorização monetária, verlfica-sc a
mataram-se novilhos e até mesmo va
cas em grande quantidade e, se por um lado aproveitou-se a situaçrio favorável
do mercado, criou-se, por outro, um seríssimo problema, o do futuro desen-
\'o'vimento da produção pecuária. Hou ve desfalque de nossos rebanhos, cujas conseqüências ainda se farão sentir. A falta de frigoríficos, disseminados pelas zonas de criação, diminuí as possibili dades de industrialização e não se pode negar que as carnes em conserva, do
ponto de vista mercantil, representam uma oferta mais conveniente, visto per mitirem
maior
a
estocagem
resistência
do
e
com
ela
produto
no
mercado.
nhos, poderão colaborar paru que o Bra sil não perca a posição conseguida no
adaptação dos .transportes para facilitar
mercado internacional de carnes ou vcv nha, até mesmo, a melliorá-la.
A baixa verificada
c, a partir daquele ano cm diante, o va
ocorrência dc uma aprcciáscl estabili dade nos preços do produto. Não é de .se e.sperar que nossa ex portação de carne para a África cresça muito ou que aumente, também, para a América do Norte e Central, ou para
os outros países da América do Sul. Quanto à Ásia, dada a situação políti ca contemporânea, prcvemos que os
mercados daquele continente estarão fe chados para nós, ou, pelo menos, sen
sivelmente reduzidos. A e.xpansão do mercado consumidor do procluto brasi leiro só poderá fazer-se entre os paí.ses
da Europa. "Na medida em que a Ale manha normalize sua economia, expan-
Se a.s nossas condições de produção
dir-sè-á também a venda de carnes pa
e oferta fôssem mais satisfatórias, por certo poderíamos augurar uma expansão maior para o comércio de carnes do Brasil, visto como a procura desse pro duto é inelástica, por atender a uma necessidade vital, de alimentação. Cum
ra aquele país. Prevemos, por outro la do, que a Itália voltará a ser um dos nossos grandes compradores. Convém
pre ainda notar que a carne não sofre
tarmos com uma limitação sensível da
concorrência apreciável de outros su cedâneos e, na medida em que o pa
drão alimentar do mundo vai melhoran
do' o consumo de carne também cresce.
Ela constitui lun dos mais importantes
itens da dieta alimentar de todos os naíse.s.
a mais rápida multiplicação dos reba
,
,
Apesar disso, é esta siliiaçao particular
não esquecer que a concorrência interna cional dificulta o desenvolvimento dc nosso mercado de carnes, além dc con
oferta, proveniente do desfalque sofri do pelos nossos rebanhos e da impossi" bilidade de multiplicá-los ràpidamentc. O futuro do mercado ex[X)rtador dc carnes encontra-se, pois, não tanto na
dependência da procura, ma.s sim na
da oferta, o que eqüivale a dizer qne o desenvolvimento da agrostologia, pori. .
4'
.'zi.
:,«,-V5X^
- "íl»
DtCii:US"io Econômico 12-3
cm
BACBCXA
C'onf4írência roailaíoda no lnMU<n<o Uru|ínaío-nr«NÍIolro. de Moulevidéu, ein HO de
de IO IO
Josií Mmua Bkllo
PsTOu certo de que não vos são estranhas a vida"e a obra de Rui Bar
convosco, a fazer-lhe irrestrito elogio.
Desejava antes traçar-lhe rápido e.sbò-
bosa, projetadas desde cedo além das
ço, procurando os seus traços mais ca
fronteiras de sua pátria. Vida de insa
racterísticos. Mais os seus aspectos sub jetivos, SC assim posso dizer, do que a análise objetiva da sua vida e da sua
no trabalho, e de ardentes lutas, con
quistada desde a adolescência até a ve lhice, dia a dia, hora a hora, e ilumina
obra, desdobradas nas mais várias ati-
mais intensamente o por mais longo tempo se assinalou na vida da sua pá tria, dela muitas vezes transbordando pa
res páginas faladas ou escritas, ou pelo
ra os vastos cenários internacionais. Po
mais palpitante, são as de polêmica. Na sua prosa, tão pródiga de tons, parece
lítico, jornalista, escritor, parlamentar, orador, advogado, jurista e diplomata, jtunais conheceu uma fase de penum bra ou, mesmo, de ti'anqiülo repouso de espírito, em que esto pudesse bastavsc a .si mesmo, alimentando-se da pró pria sci\a, fechado às tentações da vida exterior.
Dc.sdc os muis \crdcs anos.
mal jogado às correntes do mundo, até
a morte, já septuagenário, esteve sempre cm plciu) foco dc luz a sua figura de
da, através das mil vicissitudes que a
\'idades.
atribularam, pelos mais elevados ideais
(pie representou o artista" o que repre
negado, nus ásperas refregas políticas
sentou o homem interior, o homem
em que se envolveu, ardente na agres-
( de liberdade, de igualdade, de justiça e
Que representou o estadista,
de paz; obra imensa, què parece muitas \ èzes a quem mais de perto a perhis-
mano, feito da argila comum de to dos os homens? Quais os seus comple
tra exceder aos limites da mais laborio
xos ou as suas grandes determinantes
sa das inteligôncia.s, a que se estendeu
psicológicas? Quais as influências múlti
com maior ou menor intensidade por quase todas as províncias do conheci
plas quo condicionaram o seu e.spírito, o que haveria neste de profundamente
mento humano. Comemorando comoviclaraento este ano o centenário do nasci
brasileiro, e que haveria de univcnstrl, acima, portanto, das contingências yul-
mento de Rui Barl>osa, nós, brasileiros, fazemos mais do que lembrar um grande
uares do dn mpín gares meio
vulto do nosso passado, recolhido à
glória dos Panteons: evocamos uma fi
dn énoca acíu.^ da época em fiue que agiut
e Pcrdoai-nie que vos fale como .se dirigisse a um auditório exclusivo de .brasileiros, isto é, num tom de intimi
gura em permanente atualidade, nas li
dade, de confidente sinceridade, num
ções que nos deixou, lições do homem
esfòrç-o de ver justo e nítido o meu gran
público, do publicista, do jurista, do in-
de palTÍcio.
temacíonalista; e lições do extraordiná rio escritor a do extraordinário oradpr,
quando uma figura humana atinge à al
que soube manejar com raro gosto e incomparáyel opulência a língua que os portugueses nos'transmitiram e que tão pró.xima é do vosso .formoso e sonoro idioma.
Entretanto, apesar do culto em que
tenho, como todos os meus patrícios, a memória de Rui Barbosa, não me pro
ponho, nesta oportunidade, tão honrosa e tão «^rata para mim, de direto contacto
Pareceu-me sempre que
titude intelectual dc Rui Barbosa e al cança a sua projeção, como que se co
tão frágil aparência física.
Discutido,
.são e implacável no revide, todavia, mal ousaram alguns adversários seus ou alguns jovens iconoclastas duvidar de sua .superioridade intelectual. Havia mesmo entro o.s brasileiros, nos últimos
anos da cxi.stência de Rui Barbosa, uma
espécie de orgulho nacional pelo altíssi mo teor do seu espírito. Por isto mesmo,
quando êlc vivo, foi quase impossível di.scuti-lo com imparcialidade.
Entre
ditirambos líricos ao intelectual, e críticas Injustas e cruéis ao político, não encontrou a anáJise equilibrada que e.xigiam a sua rica personalidade, a sua
grande obra. Mas justamente nc.sta capacidade de despertar julgamentos extremos estaria
loca acima dos fáceis louvores e das apo
uma das grandes seduções psicológicas
logias mais ou menos declamatórias.
de Rui Barbosa. Quando ministro da primeira ditadura republicana, um dos
A maior homenagem que lhe podo ser
prestada, a mais digna do seu gênio, é , a de analisá-la como se ela pertencesse
a outro planêta, ou, pelo menos, se dis tanciasse de séculos na pcrspéctiva liistórica.
Foi Rui Barbosa o- brasileiro que
menos aquelas em que o sentimos mais integrado no seu destino, mais vivo e terem sempre alguma cousa de excên
trico, no sentido geométrico do termo, a suave tolerância, o doce desencanto do ■
mundo, a ironia alada, a graça sorriden te, a melancolia outonàl, a música em surdina.
Perdeu ou lucrou o gênio de Rui Bar
bosa na fatalidade do signo de combate' sob que nasceu? Comprazemo-nos não rarameutc cm refazer para o nosso pró prio gôslo os homens, ns cousas, os aconIccimento.s', de.s\'iaudo-os do curso a
que os lc\'aram cem contingências miste riosas ou escapadas à nossa ar^nicia para atribuir-lhes outra direção. ^Sonhamos sobre as páginas da História ou das bio
grafia.^ dos grandes homens. Que des tino diverso, por exemplo, não teria a civdizaçao do Ocidente, .se a conquisth
romana nao se houvesse detido às mar gens do Reno e do Danúbio. Como
não se perpetuaria a estréia de Napoleão se não fosse a desastrada campanha da Rússia... Aos primeiros contatos com a vida e a obra de Rui Barbosa ficamos a imaginar que mais perfeitos hutos nos
dariam se Certas das paixCes que as agitara,n. Com o rarissimo cabedal da sua inteligeucia, o amor loluptuoso dos hvi-os e o mais completo domínio do nistrumento da oxpressr,o oral e escrita com que trabalhou, poderia elevar-se aos ma.s altos p.ncaros da literatura uni-
seus colegas o qualificou de "pára-raios" do Go\'em() Provisório...
Diria certo
também, se o qualificasse de "distribui
dor de raios", Júpiter tonitroante, pron-to a siderar os que duvidassem da sua
divina grandeza... e porque foi assim, apaixonado e impetuoso, as suas melho
í
.
Chegaríamos, assim, « r siar um Rui Barbosa ou»'-
que não poderia existir
e.xistiu,
tnttor 1de -sistemas I6g os "iabsorvido ''r"" j na especulação das idéias gerais, ou nm Rm, puro artista, puro intelectual, xa-
:,«,-V5X^
- "íl»
DtCii:US"io Econômico 12-3
cm
BACBCXA
C'onf4írência roailaíoda no lnMU<n<o Uru|ínaío-nr«NÍIolro. de Moulevidéu, ein HO de
de IO IO
Josií Mmua Bkllo
PsTOu certo de que não vos são estranhas a vida"e a obra de Rui Bar
convosco, a fazer-lhe irrestrito elogio.
Desejava antes traçar-lhe rápido e.sbò-
bosa, projetadas desde cedo além das
ço, procurando os seus traços mais ca
fronteiras de sua pátria. Vida de insa
racterísticos. Mais os seus aspectos sub jetivos, SC assim posso dizer, do que a análise objetiva da sua vida e da sua
no trabalho, e de ardentes lutas, con
quistada desde a adolescência até a ve lhice, dia a dia, hora a hora, e ilumina
obra, desdobradas nas mais várias ati-
mais intensamente o por mais longo tempo se assinalou na vida da sua pá tria, dela muitas vezes transbordando pa
res páginas faladas ou escritas, ou pelo
ra os vastos cenários internacionais. Po
mais palpitante, são as de polêmica. Na sua prosa, tão pródiga de tons, parece
lítico, jornalista, escritor, parlamentar, orador, advogado, jurista e diplomata, jtunais conheceu uma fase de penum bra ou, mesmo, de ti'anqiülo repouso de espírito, em que esto pudesse bastavsc a .si mesmo, alimentando-se da pró pria sci\a, fechado às tentações da vida exterior.
Dc.sdc os muis \crdcs anos.
mal jogado às correntes do mundo, até
a morte, já septuagenário, esteve sempre cm plciu) foco dc luz a sua figura de
da, através das mil vicissitudes que a
\'idades.
atribularam, pelos mais elevados ideais
(pie representou o artista" o que repre
negado, nus ásperas refregas políticas
sentou o homem interior, o homem
em que se envolveu, ardente na agres-
( de liberdade, de igualdade, de justiça e
Que representou o estadista,
de paz; obra imensa, què parece muitas \ èzes a quem mais de perto a perhis-
mano, feito da argila comum de to dos os homens? Quais os seus comple
tra exceder aos limites da mais laborio
xos ou as suas grandes determinantes
sa das inteligôncia.s, a que se estendeu
psicológicas? Quais as influências múlti
com maior ou menor intensidade por quase todas as províncias do conheci
plas quo condicionaram o seu e.spírito, o que haveria neste de profundamente
mento humano. Comemorando comoviclaraento este ano o centenário do nasci
brasileiro, e que haveria de univcnstrl, acima, portanto, das contingências yul-
mento de Rui Barl>osa, nós, brasileiros, fazemos mais do que lembrar um grande
uares do dn mpín gares meio
vulto do nosso passado, recolhido à
glória dos Panteons: evocamos uma fi
dn énoca acíu.^ da época em fiue que agiut
e Pcrdoai-nie que vos fale como .se dirigisse a um auditório exclusivo de .brasileiros, isto é, num tom de intimi
gura em permanente atualidade, nas li
dade, de confidente sinceridade, num
ções que nos deixou, lições do homem
esfòrç-o de ver justo e nítido o meu gran
público, do publicista, do jurista, do in-
de palTÍcio.
temacíonalista; e lições do extraordiná rio escritor a do extraordinário oradpr,
quando uma figura humana atinge à al
que soube manejar com raro gosto e incomparáyel opulência a língua que os portugueses nos'transmitiram e que tão pró.xima é do vosso .formoso e sonoro idioma.
Entretanto, apesar do culto em que
tenho, como todos os meus patrícios, a memória de Rui Barbosa, não me pro
ponho, nesta oportunidade, tão honrosa e tão «^rata para mim, de direto contacto
Pareceu-me sempre que
titude intelectual dc Rui Barbosa e al cança a sua projeção, como que se co
tão frágil aparência física.
Discutido,
.são e implacável no revide, todavia, mal ousaram alguns adversários seus ou alguns jovens iconoclastas duvidar de sua .superioridade intelectual. Havia mesmo entro o.s brasileiros, nos últimos
anos da cxi.stência de Rui Barbosa, uma
espécie de orgulho nacional pelo altíssi mo teor do seu espírito. Por isto mesmo,
quando êlc vivo, foi quase impossível di.scuti-lo com imparcialidade.
Entre
ditirambos líricos ao intelectual, e críticas Injustas e cruéis ao político, não encontrou a anáJise equilibrada que e.xigiam a sua rica personalidade, a sua
grande obra. Mas justamente nc.sta capacidade de despertar julgamentos extremos estaria
loca acima dos fáceis louvores e das apo
uma das grandes seduções psicológicas
logias mais ou menos declamatórias.
de Rui Barbosa. Quando ministro da primeira ditadura republicana, um dos
A maior homenagem que lhe podo ser
prestada, a mais digna do seu gênio, é , a de analisá-la como se ela pertencesse
a outro planêta, ou, pelo menos, se dis tanciasse de séculos na pcrspéctiva liistórica.
Foi Rui Barbosa o- brasileiro que
menos aquelas em que o sentimos mais integrado no seu destino, mais vivo e terem sempre alguma cousa de excên
trico, no sentido geométrico do termo, a suave tolerância, o doce desencanto do ■
mundo, a ironia alada, a graça sorriden te, a melancolia outonàl, a música em surdina.
Perdeu ou lucrou o gênio de Rui Bar
bosa na fatalidade do signo de combate' sob que nasceu? Comprazemo-nos não rarameutc cm refazer para o nosso pró prio gôslo os homens, ns cousas, os aconIccimento.s', de.s\'iaudo-os do curso a
que os lc\'aram cem contingências miste riosas ou escapadas à nossa ar^nicia para atribuir-lhes outra direção. ^Sonhamos sobre as páginas da História ou das bio
grafia.^ dos grandes homens. Que des tino diverso, por exemplo, não teria a civdizaçao do Ocidente, .se a conquisth
romana nao se houvesse detido às mar gens do Reno e do Danúbio. Como
não se perpetuaria a estréia de Napoleão se não fosse a desastrada campanha da Rússia... Aos primeiros contatos com a vida e a obra de Rui Barbosa ficamos a imaginar que mais perfeitos hutos nos
dariam se Certas das paixCes que as agitara,n. Com o rarissimo cabedal da sua inteligeucia, o amor loluptuoso dos hvi-os e o mais completo domínio do nistrumento da oxpressr,o oral e escrita com que trabalhou, poderia elevar-se aos ma.s altos p.ncaros da literatura uni-
seus colegas o qualificou de "pára-raios" do Go\'em() Provisório...
Diria certo
também, se o qualificasse de "distribui
dor de raios", Júpiter tonitroante, pron-to a siderar os que duvidassem da sua
divina grandeza... e porque foi assim, apaixonado e impetuoso, as suas melho
í
.
Chegaríamos, assim, « r siar um Rui Barbosa ou»'-
que não poderia existir
e.xistiu,
tnttor 1de -sistemas I6g os "iabsorvido ''r"" j na especulação das idéias gerais, ou nm Rm, puro artista, puro intelectual, xa-
iiipi^j.p^ii!Jii ) juiJMppiu
vendo da cultura para a cultura, do es tilo para o estilo — e mais um passo — instalado na sua tôrre de marfim, e q^uc,
125
lica.
irO que importaria aos (pie. ix»r-
doxo, não fosse nem "vermelho", nem
sccioná-la — a do estadista e a cio artista.
que só soubesse das revoluções do seu tempo, quando as balas lhe arrebentas
Mas, antc.s dc^ tudo, ter-.se-ia dc indagar o (pio pode ser um estadista o o que pode ser um artista, ou, cm outros ter mos, se uma e outra vocações impMcam certos complexos de recpiisilos c.speciais que faltariam ou existiriam cin Rui Bar
aqui um velho debate entre alguns íntéqjretes brasileiros de Rui Barbosa. Te ria sido ele sôbre todas as cousas mn
político, um estadista, para o qual a
bosa. Acredito cpic se barateia um pou
cultura do pensamento e o extremo cui
co por tôda parte a classificação dc esta dista, exemplar raro e precio.so, me.smo
dado da fonna significassem apenas ele mentos preparatórios ou subsidiários pa ra uma finalidade que dos mesmos trans
cendesse, porque posta em plano diver so, ou, em verdade, um grande erudito e
nos puísc.s dc antiga c apiirada civiliZiição política. Claro que a alta inteli gência c a sólida cultura .são virtudes básicas para um verdadeiro homem dc
um grande artista, transviado para as Estacloj no entanto, não o compactam atividades j^wliticas, para a plenitude da por si sós. Há alguma cousa mais que vida pública? Aceitando o seu depoi • lhe faz o apanágio: o instintivo conheci mento, na galeria dos homens públicos mento dos homens, o senso da oportuni é que teria de ser estudado. Repetida dade, a coragem de ousar e realizar, a nimente e, por vezes, irritadamente, repe são geral dos probleims, a capacidade liu de si a moldura de puro intelectual, de comando, muitas vêzes inata, quase de literato, em que os seus patrícios
pretenderam enquadrá-lo. Em 1918, por exemplo, terminantemente opôs-se à iniciativa da Academia Brasileira de Le-
certa faculdade divinatória.
Pura ficar
em nossa atualidade, Winston Churclúll e Franklin Roosevelt seriam dois modelos menos imperfeitos.
ti-as de comemorar o seu "jubileu literá rio", transformado afinal em "jubileu
le dos requisitos ideais de um grande
cívico".
e.sladista?
Toda a vida medíocre conhecedor dos
homens, como quase todos os grandes le
trados, pouco introvertido, não se inchiindo a acuidade psicológica, cnhe os mai.s assinalados dons da sua inteligên
cia, bem precária teria sido a aptidão de Rui Barbosa para o ^'ellio nosce ie
ipsum, aliás, tão relati\o sempre, ainda nos que, à maneira de João Jacques
Preencheu Rui Barbosa a melhor par
Sobraram-lho a inteligência,
a cultura, o fespíríto público e a cora gem cívica. Mas, como frisei anterior mente, falha era a .sua aptidão para co
nhecer o.s homens com os quais convi via, e falho o seu senso das oportunidadc.s. A sua visão geral dos problemas teria de colorir-se fatalmente das suas altas tendências dc doutrinário.
Na sua
única experiência dc governo, como m'"
nislro todo-poderoso do primeiro govêmo
Rou.sseau e de Amiel, amam demasiado debruçar-se sôbre si mesmo.s. . . De sen-
republicano do Brasil, planejou e come
lido .secundário, pois, é a sua auto-crí-
çou a executar uma grande reforim fi-
nanceira. Incompará\cI foi a sua pro jeção no cenário cia sua pátria c extraoi-
dlnária a .sua faculdade de apaixonar as multidões nas suas grandes campanha.s políticas. Mas .sempre desconfiei que
talvez um tanto sutil c acadêmica, se
"branco" e nem mesmo "tricolor", e sem os vidros das janelas... Afloro
»
ventura, desejassem decidir da contenda,
ria acompanhar a obra do Rui Barbosa no duplo aspecto em que fosse permitido
como Teófilo Gautier, parnasiano orto
Dicic,sti) EconVjmico
DICESTO EcONÓNUCO'.-!;
124
nêlc não era intenso o gôsto ou a incli ;
í
nação de comando. No fundo, através do seu incansado ânimo combativo e
da.s transigências que a política, a po lítica de todos os dias, lhe impunha, era Rui Barbosa um di.stantc, um insulado, muito mais do mundo som limites das
leituras do que do mundo menor, incerto e palpitante com que sc acotoxclavu.
Ninguém ingressou na vida pública do seu país melhor armado para as mtilantc.s vitórias, A .sua campanha jorna lística nos últimos anos de nossa monar
quia precipitou a queda final do ho nesto e pacífico trono dc Pedro II. O
quo hou\'e dc mais alto e de mais .sólido na estrutura do no.sso regime republica no trouxe o .seu cunho pessoal. E' certo que O.S .seus coevo,s não lhe perdoaram a
sua corajosa reforma bancária na época dc Deodoro da Fonseca; dela teriam ad
vindo todos os males das primeiras fi nanças republicanas, cumulados no boom que, na época, tomou no Brasil o nonto de Encilhomcnto^ sinônimo dc de senfreada especulação de Bôlsa, à seme
lhança da que conheceram outTo.s paíse.s, os E.stados Unidos por exemplo, ou a República Aigentínu, .sob o govêrno dc
Juarez Celman. Os estudio,sos da histó ria financeira do Bra.síl são hoje muito mais justos com Rui Barbosa.
Teriti
fracassado a sua política bancária pela falta
de espírito de continuidade dos
seus sucessores, adversários implacá\eis. Conviria talvez indagar rápidamente aqui o que é um artista ou que cxinjun-
to de qualidades o distinguem, empres tando ao termo significação que extra vase muito à que é atribuída pclo.s di
cionários. Rui Barbosa, homem de açao, não foi o nem pretendeu ser jamais o que chamamos de pensiidor. Nada de original ou, mesmo, de profunda, seria a sua intuição filosófica do mundo e da
vida. Na jinentude, passou quase sem curiosidade pelo movimento de reiiowa-
çâo filosófica, oxallaclo no Recife, quan do um grupo de moços, chefiado por Tobias Barreto, descobria assombrado o materialismo, o agnosticismo,.o évolucionisnío... Católico mais ou menos mihtante tôda a vida, conheceu, entretanto,
curta fase, não de dm-ida religiosa, mas do maçonismo, de antipapismo ou, mais precisamente, de reação ao dogmatismo de Pio IX, Publicou então o U\to O Vapa c o Concilio, tradução do libelo atribuído a Deollinger. Muitos críticos brasileiros e muitos dos seus sinceros admiradores recusaram-lhe
sempre a classificação de artista. Para
Joaquim Nabuco, Rui seria um ciclope intelectual pelas. exageradas proporções
da sua obra. Nabuco limitava um tanto arbitrariamente o conceito de artista ao sentimento da medida do equilíbrio e d\ euritnúa grega. Miguel Ângelo estaria fora da categoria; talvez também Shakcspeare, Beethoven, Wagner, enfim os moftó-íros... Na literatura brasileira o rino, o medido e amargurado Machado
de Assis seria o e.xemplo supremo Rui Barbosa, que. como já lembrei re
peliu sempre as láureas de literato, uma o pendor artístico" do seu espírho, em bora proclamanc o cm seguida, como a
vez, entretanto, reconheceu de público
do molde conservador, amigoum do"liberal pro gresso pela evolução, incrédulo na efi-
cacia das revoluções"
Muito sempre poder-se-i di^sertnr sô
bre a etermi y,estão do "fundo" e da foi ni.i . O aliso uto primado do "fim-
iiipi^j.p^ii!Jii ) juiJMppiu
vendo da cultura para a cultura, do es tilo para o estilo — e mais um passo — instalado na sua tôrre de marfim, e q^uc,
125
lica.
irO que importaria aos (pie. ix»r-
doxo, não fosse nem "vermelho", nem
sccioná-la — a do estadista e a cio artista.
que só soubesse das revoluções do seu tempo, quando as balas lhe arrebentas
Mas, antc.s dc^ tudo, ter-.se-ia dc indagar o (pio pode ser um estadista o o que pode ser um artista, ou, cm outros ter mos, se uma e outra vocações impMcam certos complexos de recpiisilos c.speciais que faltariam ou existiriam cin Rui Bar
aqui um velho debate entre alguns íntéqjretes brasileiros de Rui Barbosa. Te ria sido ele sôbre todas as cousas mn
político, um estadista, para o qual a
bosa. Acredito cpic se barateia um pou
cultura do pensamento e o extremo cui
co por tôda parte a classificação dc esta dista, exemplar raro e precio.so, me.smo
dado da fonna significassem apenas ele mentos preparatórios ou subsidiários pa ra uma finalidade que dos mesmos trans
cendesse, porque posta em plano diver so, ou, em verdade, um grande erudito e
nos puísc.s dc antiga c apiirada civiliZiição política. Claro que a alta inteli gência c a sólida cultura .são virtudes básicas para um verdadeiro homem dc
um grande artista, transviado para as Estacloj no entanto, não o compactam atividades j^wliticas, para a plenitude da por si sós. Há alguma cousa mais que vida pública? Aceitando o seu depoi • lhe faz o apanágio: o instintivo conheci mento, na galeria dos homens públicos mento dos homens, o senso da oportuni é que teria de ser estudado. Repetida dade, a coragem de ousar e realizar, a nimente e, por vezes, irritadamente, repe são geral dos probleims, a capacidade liu de si a moldura de puro intelectual, de comando, muitas vêzes inata, quase de literato, em que os seus patrícios
pretenderam enquadrá-lo. Em 1918, por exemplo, terminantemente opôs-se à iniciativa da Academia Brasileira de Le-
certa faculdade divinatória.
Pura ficar
em nossa atualidade, Winston Churclúll e Franklin Roosevelt seriam dois modelos menos imperfeitos.
ti-as de comemorar o seu "jubileu literá rio", transformado afinal em "jubileu
le dos requisitos ideais de um grande
cívico".
e.sladista?
Toda a vida medíocre conhecedor dos
homens, como quase todos os grandes le
trados, pouco introvertido, não se inchiindo a acuidade psicológica, cnhe os mai.s assinalados dons da sua inteligên
cia, bem precária teria sido a aptidão de Rui Barbosa para o ^'ellio nosce ie
ipsum, aliás, tão relati\o sempre, ainda nos que, à maneira de João Jacques
Preencheu Rui Barbosa a melhor par
Sobraram-lho a inteligência,
a cultura, o fespíríto público e a cora gem cívica. Mas, como frisei anterior mente, falha era a .sua aptidão para co
nhecer o.s homens com os quais convi via, e falho o seu senso das oportunidadc.s. A sua visão geral dos problemas teria de colorir-se fatalmente das suas altas tendências dc doutrinário.
Na sua
única experiência dc governo, como m'"
nislro todo-poderoso do primeiro govêmo
Rou.sseau e de Amiel, amam demasiado debruçar-se sôbre si mesmo.s. . . De sen-
republicano do Brasil, planejou e come
lido .secundário, pois, é a sua auto-crí-
çou a executar uma grande reforim fi-
nanceira. Incompará\cI foi a sua pro jeção no cenário cia sua pátria c extraoi-
dlnária a .sua faculdade de apaixonar as multidões nas suas grandes campanha.s políticas. Mas .sempre desconfiei que
talvez um tanto sutil c acadêmica, se
"branco" e nem mesmo "tricolor", e sem os vidros das janelas... Afloro
»
ventura, desejassem decidir da contenda,
ria acompanhar a obra do Rui Barbosa no duplo aspecto em que fosse permitido
como Teófilo Gautier, parnasiano orto
Dicic,sti) EconVjmico
DICESTO EcONÓNUCO'.-!;
124
nêlc não era intenso o gôsto ou a incli ;
í
nação de comando. No fundo, através do seu incansado ânimo combativo e
da.s transigências que a política, a po lítica de todos os dias, lhe impunha, era Rui Barbosa um di.stantc, um insulado, muito mais do mundo som limites das
leituras do que do mundo menor, incerto e palpitante com que sc acotoxclavu.
Ninguém ingressou na vida pública do seu país melhor armado para as mtilantc.s vitórias, A .sua campanha jorna lística nos últimos anos de nossa monar
quia precipitou a queda final do ho nesto e pacífico trono dc Pedro II. O
quo hou\'e dc mais alto e de mais .sólido na estrutura do no.sso regime republica no trouxe o .seu cunho pessoal. E' certo que O.S .seus coevo,s não lhe perdoaram a
sua corajosa reforma bancária na época dc Deodoro da Fonseca; dela teriam ad
vindo todos os males das primeiras fi nanças republicanas, cumulados no boom que, na época, tomou no Brasil o nonto de Encilhomcnto^ sinônimo dc de senfreada especulação de Bôlsa, à seme
lhança da que conheceram outTo.s paíse.s, os E.stados Unidos por exemplo, ou a República Aigentínu, .sob o govêrno dc
Juarez Celman. Os estudio,sos da histó ria financeira do Bra.síl são hoje muito mais justos com Rui Barbosa.
Teriti
fracassado a sua política bancária pela falta
de espírito de continuidade dos
seus sucessores, adversários implacá\eis. Conviria talvez indagar rápidamente aqui o que é um artista ou que cxinjun-
to de qualidades o distinguem, empres tando ao termo significação que extra vase muito à que é atribuída pclo.s di
cionários. Rui Barbosa, homem de açao, não foi o nem pretendeu ser jamais o que chamamos de pensiidor. Nada de original ou, mesmo, de profunda, seria a sua intuição filosófica do mundo e da
vida. Na jinentude, passou quase sem curiosidade pelo movimento de reiiowa-
çâo filosófica, oxallaclo no Recife, quan do um grupo de moços, chefiado por Tobias Barreto, descobria assombrado o materialismo, o agnosticismo,.o évolucionisnío... Católico mais ou menos mihtante tôda a vida, conheceu, entretanto,
curta fase, não de dm-ida religiosa, mas do maçonismo, de antipapismo ou, mais precisamente, de reação ao dogmatismo de Pio IX, Publicou então o U\to O Vapa c o Concilio, tradução do libelo atribuído a Deollinger. Muitos críticos brasileiros e muitos dos seus sinceros admiradores recusaram-lhe
sempre a classificação de artista. Para
Joaquim Nabuco, Rui seria um ciclope intelectual pelas. exageradas proporções
da sua obra. Nabuco limitava um tanto arbitrariamente o conceito de artista ao sentimento da medida do equilíbrio e d\ euritnúa grega. Miguel Ângelo estaria fora da categoria; talvez também Shakcspeare, Beethoven, Wagner, enfim os moftó-íros... Na literatura brasileira o rino, o medido e amargurado Machado
de Assis seria o e.xemplo supremo Rui Barbosa, que. como já lembrei re
peliu sempre as láureas de literato, uma o pendor artístico" do seu espírho, em bora proclamanc o cm seguida, como a
vez, entretanto, reconheceu de público
do molde conservador, amigoum do"liberal pro gresso pela evolução, incrédulo na efi-
cacia das revoluções"
Muito sempre poder-se-i di^sertnr sô
bre a etermi y,estão do "fundo" e da foi ni.i . O aliso uto primado do "fim-
DlG!«Tt) EtONÓ.V
DiGj£sri"i Ec(»nòmjcc»
126
sar-llic da epidernic, guardando mais ou
clu" iiiüiTtjriii no silêncio tunii^ai o
tautü bárbaro, à scnielliança do nosso
grande EucHdes da Cunha, dos Sertões
terárias.
tido ou que lhe empresta vida propna.
— uma força bruta da Natureza, contida nas normas da gramática. •
para è'es mais do que uma curiosidade,
pensamento; a forma é que \he da sen
A arte literária consiste justamente cm
fazer da linguagem humana muito mais do que rude instrumento de expressão; visa despertar impressões de verdade e sensações de beleza, convencendo e co movendo. Por isto mesmo, o lavar do estilo dobra muitas vêzes o valor da idéia.
Seria
monstiuoso encerrar um
límpido pensamento em grossa moldura de carpinteiro. O "fundo" implicará possivelmente certa ordenação prelimi nar das idéias, mas que só .se materializa na disciplina final do verbo falado ou escrito.
Será a forma neste sentido a
Seria sempre aventuroso pretender anatomizar um grande c.spírito para ana-
!i.sá-lo friamente, à maneira csquemá-
tica de Taine, faculdade por faculdade,
meno.s intactas as .suas personalidades li
A polític.a não rcpre.sentará
uma forma de turismo, uma experiência, das quais voltam, cm regra, desencan tados. A segunda, a do.s grandes retó ricos, no melhor sentido da palavra, tipo ainda uma vez de Cícero. A política .se
e reconstihrir-lhe o misterioso funciona mento. Onde começaria c terminaria em Rui Barbosa o estadista, c onde come
lhes afigura a exclusiva finalidade da
çaria c terminaria o intelectual? Ou, de
ra política, e o intelectual aparecerá com
outra maneira, como sc confunclcin ou se
a sua boa fé inata e os seus instintos de não conformi.smo e de revolta. Exata
cntrechocam o político e o letrado, por definições respectivas, o "combativo e
o "nieditati\'o"? Interrogações de difí cil resposta. Nenlium intelectual, e não
própria beleza, símbolo da clareza, da força expressi
apenas Rui Barbosa, passa
va, do ritmo, da harmo
pe^as atividades partidíuias. que se tecem por toda par
nia, que não se confundem
te de todos os fios bons.
com os atavio.s retóricos.
medíocres
c
tristes, sem
vida, a ela entregando-se sem reservas.
Abalem, no entanto, a sua suporestrutu-
mente o caso de Rui Barbo.sa no Brasil.
Transigiu, condescendeu com o que cha mamos um
tanto pejorativamente de
"ínjunções partidárias". Um dia, por qualquer motivo, que q comum dos políticos julgaria mínimo, explodia-lhe a indignada revolta. Desconfiasse que periclitavani a.s liberdades públicas ou cjue lhe feriam o amor-próprio, ninguém
c, êxitos c.spetaculaics, muito mais de
desencantos do que a!egria.s ela se urdiu. Mesmo nas fases mais ardentes da sua
longa carreira, quando vibram as pági nas mais apaixonadas e mais formosas
da sua obra, é fácil perceber-se qual quer cousa da sua íntima amargura. Amargura, afinal, de todos o.s bovaristos.
isto é, dos que insistem em viver num ambiente fictício e que, antes de ser da pobre Ema, foi de Fiaubert, seu próprio criador...
Tcr-se-iam desfolhado aos quatro v en tos da terra as mais radiantes promes sa.? da juventude ambiciosa e trabalhada
de Rui. .. Escapava das suas mãos fatigadas a dourada messe que compensa ria o suor de tantos anos de tenaz c co rajoso trabalho... Lutar sem remis-
•são, pen.sar, falar, escrever, distribuir
raios, atrair tempestades.. , a qitoi hon?
A ronda da fc«tuna, quando bate á porta <ltí alguém, não escolhe, de certo, a dos
Absurdo era o desejo de
deixar um pouco da pró
Fiaubert de escrever um
pria "grandeza". De bom
livro sôbre nada e que xã-
ou mau grado, o homem
vesse apenas pelo brilho do
de pensamento ou de alta
pulso o paciente trabalho de muitos anos, para dar de .si, na rebelião, a formidá
estilo; mais absurdo ainda
sensibilidade cria para .si
.sa deixou extravasar a própria amargu
vel medida...
um grande 1í\to de idéias
mesmo uma espécie de
ra. Há nõs seus últimos retratos e bus
sem estilo.
insularismo que o protege
Entretanto, um pensador, um divulga dor de idéias, sem preocupações literá rias, contentar-se-ia em escrever com
simplicidade e mediana correção. Pre ciosa foi sempre a família dos Bergsons,
em cujos livros a riqueza das idéias e a beleza da forma se disputam a prima
zia.. . São exigentes os temperamentos
artísticos: mais do que "comunicar",
aspiram a "comungar" com o mundo ex terior, entregando-Uie o fruto sazonado
do seu pensamento e da sua sensibilida de l^oi esse o caso de Rui Barbosa. Não se distingue talvez a sua prosa pelas virtudes que constituem a essência do aticisiuo; nesta relação, será antes um
um pouco do contacto cotidiano do mun do real. E essa evasão psicológica não .se faz sem sacrifício das faculdades co-
inezinhas que o êxito na concorrência política exige. Daí, certo resíduo de boa fé, de candidez, que sc encontra
rá sempre na atuação prática dos que, mesmo sem saber ou sem confe.ssar, mais
nasceram para a "silenciosa orgia dos livro,s" do que para os ruidosos combates dos partidos. Na linhagem espiritual de Rui Barbosa, Cícero será o exemplo clássico.
mai.s o conteria. Jogava fora num im
Naturalmente, nenhum crítico pensa ria em procurar apenas através do letra
do o do homem público a explicação das reações tão diversas de Rui Bar
to.?, quando a velhice lhe acentua os tra ços assimétricos do rosto, compensados,
aliás, pela. irradiação . da inteligência, uma expressão de melancolia que chega
bosa. Ao lado do intelectual e do polí tico, há o "homem humano", do qual já vos falei, determinado pelas "constan
a tornar-se penosa aos que a contem plem.
tes" do seu temperamento e pelas con
do meio em que viveu haviam de fazer
dições do seu tempo c do .seu meio.
de Rui Barbosa O que supomps um ho
Teria encontrado êle o sentido da pró pria existência, ou este se lhe frustrou, como acontece com a grande maioria do.s
homens de invulgar talento, que o pro curaram nas agitações exteriores? A pri meira impressão que, para um pálido
Haverá, imagino, duas espécies de
e.sbôço do retrato, nos deixa a vida de
intelectuais seduzidos pela política. A
Rui Barbosa, é que, sôbre tantps triunfo.?
primeira, a dos que não conseguem pas-
mais inteligentes ou dos mai.s sensi\'eis.. . Vinte vêzes, nos discursos e na correspondência particular. Rui Barbo
Nem o temperamento nem os choque.? mem feliz. Os traços dominantes do seu
caráter foram sempre a coragem, a al tivez e a obsünaçâo, de confe.?sa'da he rança paterna, e todos eles maus viáticos na concorrência da vida. Do or gulho, derivar-se-iam naturalmente o extremo amor-próprio e a fácil irascibili-
dade, e da obstinação, muitas vêzes, a
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sar-llic da epidernic, guardando mais ou
clu" iiiüiTtjriii no silêncio tunii^ai o
tautü bárbaro, à scnielliança do nosso
grande EucHdes da Cunha, dos Sertões
terárias.
tido ou que lhe empresta vida propna.
— uma força bruta da Natureza, contida nas normas da gramática. •
para è'es mais do que uma curiosidade,
pensamento; a forma é que \he da sen
A arte literária consiste justamente cm
fazer da linguagem humana muito mais do que rude instrumento de expressão; visa despertar impressões de verdade e sensações de beleza, convencendo e co movendo. Por isto mesmo, o lavar do estilo dobra muitas vêzes o valor da idéia.
Seria
monstiuoso encerrar um
límpido pensamento em grossa moldura de carpinteiro. O "fundo" implicará possivelmente certa ordenação prelimi nar das idéias, mas que só .se materializa na disciplina final do verbo falado ou escrito.
Será a forma neste sentido a
Seria sempre aventuroso pretender anatomizar um grande c.spírito para ana-
!i.sá-lo friamente, à maneira csquemá-
tica de Taine, faculdade por faculdade,
meno.s intactas as .suas personalidades li
A polític.a não rcpre.sentará
uma forma de turismo, uma experiência, das quais voltam, cm regra, desencan tados. A segunda, a do.s grandes retó ricos, no melhor sentido da palavra, tipo ainda uma vez de Cícero. A política .se
e reconstihrir-lhe o misterioso funciona mento. Onde começaria c terminaria em Rui Barbosa o estadista, c onde come
lhes afigura a exclusiva finalidade da
çaria c terminaria o intelectual? Ou, de
ra política, e o intelectual aparecerá com
outra maneira, como sc confunclcin ou se
a sua boa fé inata e os seus instintos de não conformi.smo e de revolta. Exata
cntrechocam o político e o letrado, por definições respectivas, o "combativo e
o "nieditati\'o"? Interrogações de difí cil resposta. Nenlium intelectual, e não
própria beleza, símbolo da clareza, da força expressi
apenas Rui Barbosa, passa
va, do ritmo, da harmo
pe^as atividades partidíuias. que se tecem por toda par
nia, que não se confundem
te de todos os fios bons.
com os atavio.s retóricos.
medíocres
c
tristes, sem
vida, a ela entregando-se sem reservas.
Abalem, no entanto, a sua suporestrutu-
mente o caso de Rui Barbo.sa no Brasil.
Transigiu, condescendeu com o que cha mamos um
tanto pejorativamente de
"ínjunções partidárias". Um dia, por qualquer motivo, que q comum dos políticos julgaria mínimo, explodia-lhe a indignada revolta. Desconfiasse que periclitavani a.s liberdades públicas ou cjue lhe feriam o amor-próprio, ninguém
c, êxitos c.spetaculaics, muito mais de
desencantos do que a!egria.s ela se urdiu. Mesmo nas fases mais ardentes da sua
longa carreira, quando vibram as pági nas mais apaixonadas e mais formosas
da sua obra, é fácil perceber-se qual quer cousa da sua íntima amargura. Amargura, afinal, de todos o.s bovaristos.
isto é, dos que insistem em viver num ambiente fictício e que, antes de ser da pobre Ema, foi de Fiaubert, seu próprio criador...
Tcr-se-iam desfolhado aos quatro v en tos da terra as mais radiantes promes sa.? da juventude ambiciosa e trabalhada
de Rui. .. Escapava das suas mãos fatigadas a dourada messe que compensa ria o suor de tantos anos de tenaz c co rajoso trabalho... Lutar sem remis-
•são, pen.sar, falar, escrever, distribuir
raios, atrair tempestades.. , a qitoi hon?
A ronda da fc«tuna, quando bate á porta <ltí alguém, não escolhe, de certo, a dos
Absurdo era o desejo de
deixar um pouco da pró
Fiaubert de escrever um
pria "grandeza". De bom
livro sôbre nada e que xã-
ou mau grado, o homem
vesse apenas pelo brilho do
de pensamento ou de alta
pulso o paciente trabalho de muitos anos, para dar de .si, na rebelião, a formidá
estilo; mais absurdo ainda
sensibilidade cria para .si
.sa deixou extravasar a própria amargu
vel medida...
um grande 1í\to de idéias
mesmo uma espécie de
ra. Há nõs seus últimos retratos e bus
sem estilo.
insularismo que o protege
Entretanto, um pensador, um divulga dor de idéias, sem preocupações literá rias, contentar-se-ia em escrever com
simplicidade e mediana correção. Pre ciosa foi sempre a família dos Bergsons,
em cujos livros a riqueza das idéias e a beleza da forma se disputam a prima
zia.. . São exigentes os temperamentos
artísticos: mais do que "comunicar",
aspiram a "comungar" com o mundo ex terior, entregando-Uie o fruto sazonado
do seu pensamento e da sua sensibilida de l^oi esse o caso de Rui Barbosa. Não se distingue talvez a sua prosa pelas virtudes que constituem a essência do aticisiuo; nesta relação, será antes um
um pouco do contacto cotidiano do mun do real. E essa evasão psicológica não .se faz sem sacrifício das faculdades co-
inezinhas que o êxito na concorrência política exige. Daí, certo resíduo de boa fé, de candidez, que sc encontra
rá sempre na atuação prática dos que, mesmo sem saber ou sem confe.ssar, mais
nasceram para a "silenciosa orgia dos livro,s" do que para os ruidosos combates dos partidos. Na linhagem espiritual de Rui Barbosa, Cícero será o exemplo clássico.
mai.s o conteria. Jogava fora num im
Naturalmente, nenhum crítico pensa ria em procurar apenas através do letra
do o do homem público a explicação das reações tão diversas de Rui Bar
to.?, quando a velhice lhe acentua os tra ços assimétricos do rosto, compensados,
aliás, pela. irradiação . da inteligência, uma expressão de melancolia que chega
bosa. Ao lado do intelectual e do polí tico, há o "homem humano", do qual já vos falei, determinado pelas "constan
a tornar-se penosa aos que a contem plem.
tes" do seu temperamento e pelas con
do meio em que viveu haviam de fazer
dições do seu tempo c do .seu meio.
de Rui Barbosa O que supomps um ho
Teria encontrado êle o sentido da pró pria existência, ou este se lhe frustrou, como acontece com a grande maioria do.s
homens de invulgar talento, que o pro curaram nas agitações exteriores? A pri meira impressão que, para um pálido
Haverá, imagino, duas espécies de
e.sbôço do retrato, nos deixa a vida de
intelectuais seduzidos pela política. A
Rui Barbosa, é que, sôbre tantps triunfo.?
primeira, a dos que não conseguem pas-
mais inteligentes ou dos mai.s sensi\'eis.. . Vinte vêzes, nos discursos e na correspondência particular. Rui Barbo
Nem o temperamento nem os choque.? mem feliz. Os traços dominantes do seu
caráter foram sempre a coragem, a al tivez e a obsünaçâo, de confe.?sa'da he rança paterna, e todos eles maus viáticos na concorrência da vida. Do or gulho, derivar-se-iam naturalmente o extremo amor-próprio e a fácil irascibili-
dade, e da obstinação, muitas vêzes, a
Dlf^ESTO
ECOKOM»
{jry
A
128
teimosia. Ainda niuilo jovem, a funiilia
e os íntimos o qualificavam de cabeçudo"... Opínatício, ele corrigiria... Quando convencido de uma atitude, ninguém o demo\ia, e como llie sobra vam sempre intrepidez moral e física, dela afrontava todas as conseqüências. De incansável curiosidade mental, leu
tudo, inquiriu de tudo, a começar pelo.s quarenta mil volumes da sua biblio teca, hoje precioso patrimônio nacional da "Casa
Janeiro.
Rui Barbosa", no
Rio
de
Extraordinária capacidade de
N-cz êsíc nome - 'P"' «"'"cnlc ciicoi^
trava em Napoleáo uni cnuilo digno da sua fôrça.
Todavia, muito nienos
homem dc letras c muito menos
màntico e imaginativo do que
teorizador do tédio. Rui Barbosa sotre^
porventura, mais do que clc pelas « cepções da vida piibiica.
Acentuei cm outro trecho desta P'*'
Icstra que. pela carência dc \ocap'io ou pelos imperativos de sua carrciia ^
advogado c dc político. Rui BarbO-a
de Sou/.;i, o l':iclr«.' Vi,.;,-.,
perfeito -Machado de A.sis'"
a.s suas idéias e a sua couiprcciis.ão pes;oal dos problemas nacionais. Indaga-
erudição c a .sua poderosa dialética
\'um miiita.s vèzes os mais maliciosos nu
Desde que Il.e dessem <, U ma, à sua
(, esgotariam. E isto idnda, no mais opulento dos estilos, onde a revoada das imagens e metáforas parece muitas %-êzo.s uma icsla para os omidos. Di fícil lhe foi sempre a sobriedade. Êle mesmo esermeu
u,na
íntima ao tempo do seu exílio político na Inglaterra:
permita-me ficar aqui
por hoje, meu primo.
Não tenho âni
os miu.s céticos se este Brasil seria um
Brasil positivo, realista, ou uma constru
ção um tanto artificial do que se chamou
pejorativamente de romantismo jurídia). Pe'o menos, a equipe dirigente da Re pública pôs em dúvida, toda a vida, a aptidão construtiva cie Rui Barbosa, co
mo, aliás, já linha feito na monarquia um chefe político, seu caro amigo, ao riscar-lhe á última hora o nome dentre os componentes do seu Gabinete. No
jamais so e\'adiu paru o plano
mo de parar quando começo a o.scre-
idéias desinteressadas. Em tudo q"»' falou e escre\'cu, ainda sôbrc
ver..." Universal pela amplitude da cultura c pela sonsibiMdade aos grandes
fundo, é sempre mais cômodo, cm polí
aparentemente mais distantes da "realidade pessoal", bá sempre a ^ ção, no mais largo .sentido, do
dramas do Um\erso, ninguém, locla\ia. foi mais do .seu paí.s. As cousas c os iíomens do Bra.sil («iam c) ^seu eterno
Mas falou e escreveu, não pela volúpia
diatísmo".
cuidado e o seu eterno tormento. Es
mens médios fáceis em adaplar-sç a to dos os acontecimentos supervindos, do que com os demasiado inteligentes, sem
das especulações literárias, sem alcan
criadora, isto é, a faculdade dc c-nar
gistrais ensaios sôljie os mais estranhos
de "dentro para fora", desassociando
assuntos, como a questão Drevfus, Bal-
os elementos do conhecimenlo intelec tual, emocional c intuitivo, para
four, Carlyle, estavam-lho presentes sem
assimilação; maravillKisa retenção... E
com abundância análoga à das suas lei turas, falou e escreveu.
Daí, a vasti
dão de sua obra, comparada a um oceano, de águas freqüentemente re voltas, ainda quando não profundas... ce definido, e, sim, para os efeitos ime diatos do homem de ação. Nesse aspecto Rui Barbosa teria ra
Não teria tido o que
psicólogos denominam de ÍmaginnÇ»Q
zão quando julgava a mensagem da sua vida muito mais política do que artística. Expansão má.xima da peque na elite de humanistas e de juristas que
ciá-los depois por própria conta, dandü-lhes uma síntese nova. pecer o,
.se formou no Império de Pedro II e .se
quena sonoridade intelectual do seu meio e do seu tempo, e, po.ssisehncnte, um pouco de falso pudor. Prczanca
prolongou em nosso regime republica no, êle imaginou possível . reestruturar a nossa antiga monarquia parlamentar, tão insólita na América, e de seiva já esgotada, sôbre novas base.s. E quan do desesperou de semelhante ideal, um tanto absurdo, propôs-se adaptar o
teria concorrido também para êsse ca ráter da obra de Rui Barbosa a pe
de estudo ou análise objetiva, e, sim,
propeusiui
sário, o Marecluil Florlano Peixoto, que
ções montais. Somente sabia produzir .sob provocação dos fatos positisos.
o condenara ao exílio...
nele
mesmo
a
teve longos anos o iirojeto do Códig» Civil brasileiro som
para ir além das correções da forma. No dia, entretanto, em que se julgou
encontrar tempo
o mais idôneo dos brasileiro.s, pela su
provocado sôbre esta, escreveu talvez
perioridade da inteligência e da cul
o maior do.s seus livros, a intacto à usura do tempo ou, nos, enquanto hou\'er quem fôrça e a belezíi do idioma
obra? Ilusõe.s idênticas teriam embalado Chateaubriand — lembro mais uma
Imaginou uma vez escrever um livro
.sôbre o P^ís insular das suas confessa das predileções; mas esse livro não seria como tantos outros sôbre a velha Albion,
política, desprezaria as puras abstra-
sobretudo
Não seria ele, então, primeiro reali
tura e pelo acervo dos serviços pres tados, para a execução da vastíssima
pre os fatos e as figuras da sua pátria.
"nm foco de luz, uma antítese ofuscaclora .spbre a decadência do Brasil..." Do Brasil sob o governo do seu ad\er-
Brasil ao modélo dos Estados Unidos.
zador prático do regime republicano,
crevendo da Inglaterra pequeno.s e ma
Ré/jhcfl, pelo me preze a em que
poetou Camões e prosaram Frei Lins
Combatendo, destruindo o que jul gava errado, Rui Barbosa correspondia às determinantes do seu temperamento. Mas nenhuma inteligência equilibrada e nenhum carater honesto destroem pelo
prazer mórbido de destruir. Propõem-se naturalmente construir sôbre as ruínas
das cousas destruídas.
Teria sido este
o grande sonlio patriótico de Rui Bar bosa: reconstruir o Brasil dc acordo com
..
. • ':. 4
tica como em tudo, tratar com os ho
pre ansiosos em projetar-se e afirmar-.
so... Depois do fracasso da República
romântica dc 184S cm França, o impe tuoso ullramontano Luiz Veuillot dizia
dc Lamartine que nenhum povo sen sato substitui o coronel comandante pelo primeiro músico do Regimento... Rui
Barbosa guardou sempre a mágoa, que não lie.sitou cm extravasar em docunien-
los públicos, pela permanente quarente na política em que lhe punham o gran de nome nas oportunidades da sua can-
{hdatura à presidência da República. Não foi, pois, propicia a Rui Bar
bosa a vida pública, ou, ao menos, co mo ele a pretraçara e como lhe enche ria a alta e nobre ambição. Vedaram por três ou quatro vêzes o seu caminho
á magistratura suprema da República.
Mas, afinal, não somente das glórias .po
líticas ou literárias se entretece a exis tência, mesmo dos mais lúcidos e mais
ambiciosos. Na .sua tela. a fazer-se' e a desfazer-se a tòdas as horas, como a de Penclope, há muitos outros fios. mais íntimos e mais delicados: família, am-
.--A
- W-í"....
Dlf^ESTO
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teimosia. Ainda niuilo jovem, a funiilia
e os íntimos o qualificavam de cabeçudo"... Opínatício, ele corrigiria... Quando convencido de uma atitude, ninguém o demo\ia, e como llie sobra vam sempre intrepidez moral e física, dela afrontava todas as conseqüências. De incansável curiosidade mental, leu
tudo, inquiriu de tudo, a começar pelo.s quarenta mil volumes da sua biblio teca, hoje precioso patrimônio nacional da "Casa
Janeiro.
Rui Barbosa", no
Rio
de
Extraordinária capacidade de
N-cz êsíc nome - 'P"' «"'"cnlc ciicoi^
trava em Napoleáo uni cnuilo digno da sua fôrça.
Todavia, muito nienos
homem dc letras c muito menos
màntico e imaginativo do que
teorizador do tédio. Rui Barbosa sotre^
porventura, mais do que clc pelas « cepções da vida piibiica.
Acentuei cm outro trecho desta P'*'
Icstra que. pela carência dc \ocap'io ou pelos imperativos de sua carrciia ^
advogado c dc político. Rui BarbO-a
de Sou/.;i, o l':iclr«.' Vi,.;,-.,
perfeito -Machado de A.sis'"
a.s suas idéias e a sua couiprcciis.ão pes;oal dos problemas nacionais. Indaga-
erudição c a .sua poderosa dialética
\'um miiita.s vèzes os mais maliciosos nu
Desde que Il.e dessem <, U ma, à sua
(, esgotariam. E isto idnda, no mais opulento dos estilos, onde a revoada das imagens e metáforas parece muitas %-êzo.s uma icsla para os omidos. Di fícil lhe foi sempre a sobriedade. Êle mesmo esermeu
u,na
íntima ao tempo do seu exílio político na Inglaterra:
permita-me ficar aqui
por hoje, meu primo.
Não tenho âni
os miu.s céticos se este Brasil seria um
Brasil positivo, realista, ou uma constru
ção um tanto artificial do que se chamou
pejorativamente de romantismo jurídia). Pe'o menos, a equipe dirigente da Re pública pôs em dúvida, toda a vida, a aptidão construtiva cie Rui Barbosa, co
mo, aliás, já linha feito na monarquia um chefe político, seu caro amigo, ao riscar-lhe á última hora o nome dentre os componentes do seu Gabinete. No
jamais so e\'adiu paru o plano
mo de parar quando começo a o.scre-
idéias desinteressadas. Em tudo q"»' falou e escre\'cu, ainda sôbrc
ver..." Universal pela amplitude da cultura c pela sonsibiMdade aos grandes
fundo, é sempre mais cômodo, cm polí
aparentemente mais distantes da "realidade pessoal", bá sempre a ^ ção, no mais largo .sentido, do
dramas do Um\erso, ninguém, locla\ia. foi mais do .seu paí.s. As cousas c os iíomens do Bra.sil («iam c) ^seu eterno
Mas falou e escreveu, não pela volúpia
diatísmo".
cuidado e o seu eterno tormento. Es
mens médios fáceis em adaplar-sç a to dos os acontecimentos supervindos, do que com os demasiado inteligentes, sem
das especulações literárias, sem alcan
criadora, isto é, a faculdade dc c-nar
gistrais ensaios sôljie os mais estranhos
de "dentro para fora", desassociando
assuntos, como a questão Drevfus, Bal-
os elementos do conhecimenlo intelec tual, emocional c intuitivo, para
four, Carlyle, estavam-lho presentes sem
assimilação; maravillKisa retenção... E
com abundância análoga à das suas lei turas, falou e escreveu.
Daí, a vasti
dão de sua obra, comparada a um oceano, de águas freqüentemente re voltas, ainda quando não profundas... ce definido, e, sim, para os efeitos ime diatos do homem de ação. Nesse aspecto Rui Barbosa teria ra
Não teria tido o que
psicólogos denominam de ÍmaginnÇ»Q
zão quando julgava a mensagem da sua vida muito mais política do que artística. Expansão má.xima da peque na elite de humanistas e de juristas que
ciá-los depois por própria conta, dandü-lhes uma síntese nova. pecer o,
.se formou no Império de Pedro II e .se
quena sonoridade intelectual do seu meio e do seu tempo, e, po.ssisehncnte, um pouco de falso pudor. Prczanca
prolongou em nosso regime republica no, êle imaginou possível . reestruturar a nossa antiga monarquia parlamentar, tão insólita na América, e de seiva já esgotada, sôbre novas base.s. E quan do desesperou de semelhante ideal, um tanto absurdo, propôs-se adaptar o
teria concorrido também para êsse ca ráter da obra de Rui Barbosa a pe
de estudo ou análise objetiva, e, sim,
propeusiui
sário, o Marecluil Florlano Peixoto, que
ções montais. Somente sabia produzir .sob provocação dos fatos positisos.
o condenara ao exílio...
nele
mesmo
a
teve longos anos o iirojeto do Códig» Civil brasileiro som
para ir além das correções da forma. No dia, entretanto, em que se julgou
encontrar tempo
o mais idôneo dos brasileiro.s, pela su
provocado sôbre esta, escreveu talvez
perioridade da inteligência e da cul
o maior do.s seus livros, a intacto à usura do tempo ou, nos, enquanto hou\'er quem fôrça e a belezíi do idioma
obra? Ilusõe.s idênticas teriam embalado Chateaubriand — lembro mais uma
Imaginou uma vez escrever um livro
.sôbre o P^ís insular das suas confessa das predileções; mas esse livro não seria como tantos outros sôbre a velha Albion,
política, desprezaria as puras abstra-
sobretudo
Não seria ele, então, primeiro reali
tura e pelo acervo dos serviços pres tados, para a execução da vastíssima
pre os fatos e as figuras da sua pátria.
"nm foco de luz, uma antítese ofuscaclora .spbre a decadência do Brasil..." Do Brasil sob o governo do seu ad\er-
Brasil ao modélo dos Estados Unidos.
zador prático do regime republicano,
crevendo da Inglaterra pequeno.s e ma
Ré/jhcfl, pelo me preze a em que
poetou Camões e prosaram Frei Lins
Combatendo, destruindo o que jul gava errado, Rui Barbosa correspondia às determinantes do seu temperamento. Mas nenhuma inteligência equilibrada e nenhum carater honesto destroem pelo
prazer mórbido de destruir. Propõem-se naturalmente construir sôbre as ruínas
das cousas destruídas.
Teria sido este
o grande sonlio patriótico de Rui Bar bosa: reconstruir o Brasil dc acordo com
..
. • ':. 4
tica como em tudo, tratar com os ho
pre ansiosos em projetar-se e afirmar-.
so... Depois do fracasso da República
romântica dc 184S cm França, o impe tuoso ullramontano Luiz Veuillot dizia
dc Lamartine que nenhum povo sen sato substitui o coronel comandante pelo primeiro músico do Regimento... Rui
Barbosa guardou sempre a mágoa, que não lie.sitou cm extravasar em docunien-
los públicos, pela permanente quarente na política em que lhe punham o gran de nome nas oportunidades da sua can-
{hdatura à presidência da República. Não foi, pois, propicia a Rui Bar
bosa a vida pública, ou, ao menos, co mo ele a pretraçara e como lhe enche ria a alta e nobre ambição. Vedaram por três ou quatro vêzes o seu caminho
á magistratura suprema da República.
Mas, afinal, não somente das glórias .po
líticas ou literárias se entretece a exis tência, mesmo dos mais lúcidos e mais
ambiciosos. Na .sua tela. a fazer-se' e a desfazer-se a tòdas as horas, como a de Penclope, há muitos outros fios. mais íntimos e mais delicados: família, am-
.--A
- W-í"....
DtfíKSTíj Econômico
JSÚ
biente doméstico, amigos, amores, os
múltiplos espetáculos da natureza, as vi brações artísticas, a tranqüilidade da consciência, a fé religiosa, a resigna ção filosófica. Rui Barbosa poderia encontrar neles as fontes de felicidade
interior, que, na vida pública, se lhe ti nham secado.
O primeiro meio familiar de Rui Bar bosa não poderia dar-lhe do mundo visões amáveis,
O seu pai, cuja me
mória evocou com tão emocionada ter
I -5 cio. rios ccu na manha
do dl
^
anjo
des no Brasil — começou a projetar-se o
céu no horizonte eu» i de esperança, que me
é, como êle diria, "política, religiosa e
nome do jo\-em estudante em várias ati\'idades literárias e, sobretudo, cívicas.
mercantil".. . No Brasil distante, esta riam sempre o seu pensamento e a sua
Datam dessa época as suas primeiras
ambição. . .
sorris no sorriso u _
sideral de
botoa .alguma
^^
^
's„pcrficic agreste'
-
de nrmha alma a meador que " gia me crio
cia, cuja hênç.o dorr
de sobre as urzes ^
^
^ e a consciêr.a fecundida-
Adelaide,
virtudes, "emanação da honra, da vera
cas das velhas mairui
cidade e da justiça", que teria transmi tido ao filho a "paixão do direito", "a coragem na hora do perigo" e o "mere
bondade, tolerância,
. ,.
,
enfrentar o fardo da vida - bem mereccu os louvores do HHiO ilustre. Muito
mais próximo embora do João Barbosa,
era de gênio orgulhoso, apaixonado c irritadiço, mais fácil em despertar ini
como êle mesmo reconheceu, do D Maria Adelaide a sua herança psicológica
migos do que amigos. Médico sem in-
teria sido especialmente a coragem na
terêsse pela profissão, político sem êxito, mordido de angVfilia e de filologia por-
luta e a paciente labonosidade de ter-
tuguêsa, o Dr. João Barbosa encarnou na
Ainda estudante na Faculdade de Di reito do Hecife. perdia Rui Barbosa a mãe, e mal entrado no inundo, o pai, Cèdo, assim, conheceu as agruras do insulamento afetivo; teria de abrir sozinho
merecido sucesso.
Daí, o que havia
nele de amargura, de revolta contra as injustiças do destino, a explodir a qual quer pretexto e a agravar as verdadeiras ou falsas hostilidades alheias. Através de
tudo, a mais viva estima pelo filho, e, sobretudo, o mais vivo orgulho e o mai.s largo crédito na sua precocidade. Se o espírito paterno, na piedade filial
mita,
as portas da vida, as portas que de tao duros gonzos haviam sido para o ve lo
João Barbosa. A lembrança do ambien te doméstico, pobre e difícil.^ marcou a sua alma, já pouco inclinada as alegrias. Outros complexos, como baixa es tatura e do prognatismo inferior, prova
de Rui Barbosa, simbolizava as mais no
velmente, a trabalhariam. Não poderia,
bres qualidades viris, o materno se irlsa-
pois, perdoar a falta de tato com que um ^ chefe político o percebera, muito moço
ria de todas as doçuras femininas. Não resisto à tentação de citar-vos um trecho
do formoso canto elegíaco em que êle o evocou: "imagem da bondade e da pu reza, que vertestes em minha alma a faculdade de sofrer e perdoar, que me
educastes no espetáculo divino do sacri fício coroado pelo sacrifício, carícia do
ainda, na capital do Império: "O senhor
é mais baixo do que seu pai. . . Nos dois primeiros anos em que cursou a Faculdade de Direito de Pernambuco,
passou quase desapercebido. Transfe rido para a Faculdade de São Paulo naquele tempo não tínhamos universida
Regressou à pátria para a dura luta
ticos, nos quais, como aconteceria com
pela existência, agravada pela morte do pai e pela responsabilidade das dividas
Joaquim Nabuco, seu contemporâneo,
que o mesmo lhe deixara. Nada, pois,
tevo O' bom gosto de não reincidir. En
a mitigar o panorama cinzento do mun do. Curto romance sentimental, encer rado pelo falecimento da sweet-heart,
tretanto, nem no Recife, nem em São
1 ^^"^^"clhores modòdo das melhore virtudes doméstí_
Bahia do meado do século XIX o tipo clássico do letrado de província sem o
manifestações liberais c aboMcionistas.
E também os seus primeiros pecados poé
nura elevando-o a padrão das mais altas
cimento da coerência e da sinceridade",
131
Paulo, não se citam de Rui aventiuras, amores, boêmias de ruas e de cafés, em
.'■uma, qualquer fuga dc estüu\'amento
ju\'enil, e isto num ambiente todo im
pregnado do romantismo, de b)'Tonismo, e onde florescia a adolescência de Castro
Alves, seu colega e amigo, adolescência
que os gregos chamariam de divina. . . Recém-formado em Direito e de re-
redobrou o seu pessimismo, a supersti ção da sua má estrela.
Breve, no en
tanto, encontrava-se com quem seria sua
fiel e dedicada companheira de meio século, D. Maria Augusta, que Uie sobre-^^veu por vinte e cinco anos.
Rui Bar
bosa amava e era amado; à sua alma
solitária deparava-se o mais suave dos
tômo à sua Bahia, onde espera iniciar a
abrigos. O grande afeto pela esposa no
triunfal
homem de hábitos castos não alteraria a
carreira, grave moléstia obri
gou-o a longa convalescença.
A ina-
ti\ddado pesa-lhe como injusta penitên cia.
Mas, em suma, mesmo as cousas
más passam mais depressa do que pen samos.
Rui Barbosa, restabelecido, ins
talava-se na capital baliiana para estrear-se na advocacia e no jornalismo. A generosa amizade de poderoso amigo proporcionou-lhe uma viagem à Europa, especia'mente a Paris, sonho mais do que dourado de todos os jovens — e, creio, por mim, igualmente dos velhos — latino-americanos. . .
Curioso, entre
tanto, é que não se conhece uma im
pressão de Rui sobre Paris ressurreto da "guerra infeliz" e da Comuna, Paris gra ve da margem esquerda. Paris alegre dos houlevards, onde ainda não se te
riam extinguido os ecos da festa do Se
gundo Império. Nem de longe o choque emocional,
que alvoroçou na mesma
época a sensibilidade de Joaquim Na buco, e que o próprio Rui receberia na Ing)aten-a vitoriana e gladstoniana, isto
substância do seu temperamento; mas adoçaria os contornos e emprestaria mais consolado sentido à sua juventude retraí da e melancólica.
Homem combativo
e combatido, guardaria as suas reservas
de afeto para o círculo da família, alar
gado até 05 próximos parentes. Foi qua se unm angústia "de náufrago o seu pri meiro exílio em Buenos Aires, longe da espôsa e dos filhos. O exílio da capital argentina prolongou-se em condições muito menos hmarg.is, porque ao lado da sua gente, que, na Inglaterra, país e'eito do seu espírito. Logo que encerrado o govêrno de Floriano Peixoto, voltava Rui Barbosa à arena da política, da tri
buna parlamentar, do jomahsmo, da advocacia e da diplomacia, para dela não mais sair e, como sempre, impetuoso e ardente, negado até a calúnia, um dia, endeusado em apoteoses como nenhum outro brasileiro conheceu, no outro dia. . .
Sempre me pareceu que a projeção
DtfíKSTíj Econômico
JSÚ
biente doméstico, amigos, amores, os
múltiplos espetáculos da natureza, as vi brações artísticas, a tranqüilidade da consciência, a fé religiosa, a resigna ção filosófica. Rui Barbosa poderia encontrar neles as fontes de felicidade
interior, que, na vida pública, se lhe ti nham secado.
O primeiro meio familiar de Rui Bar bosa não poderia dar-lhe do mundo visões amáveis,
O seu pai, cuja me
mória evocou com tão emocionada ter
I -5 cio. rios ccu na manha
do dl
^
anjo
des no Brasil — começou a projetar-se o
céu no horizonte eu» i de esperança, que me
é, como êle diria, "política, religiosa e
nome do jo\-em estudante em várias ati\'idades literárias e, sobretudo, cívicas.
mercantil".. . No Brasil distante, esta riam sempre o seu pensamento e a sua
Datam dessa época as suas primeiras
ambição. . .
sorris no sorriso u _
sideral de
botoa .alguma
^^
^
's„pcrficic agreste'
-
de nrmha alma a meador que " gia me crio
cia, cuja hênç.o dorr
de sobre as urzes ^
^
^ e a consciêr.a fecundida-
Adelaide,
virtudes, "emanação da honra, da vera
cas das velhas mairui
cidade e da justiça", que teria transmi tido ao filho a "paixão do direito", "a coragem na hora do perigo" e o "mere
bondade, tolerância,
. ,.
,
enfrentar o fardo da vida - bem mereccu os louvores do HHiO ilustre. Muito
mais próximo embora do João Barbosa,
era de gênio orgulhoso, apaixonado c irritadiço, mais fácil em despertar ini
como êle mesmo reconheceu, do D Maria Adelaide a sua herança psicológica
migos do que amigos. Médico sem in-
teria sido especialmente a coragem na
terêsse pela profissão, político sem êxito, mordido de angVfilia e de filologia por-
luta e a paciente labonosidade de ter-
tuguêsa, o Dr. João Barbosa encarnou na
Ainda estudante na Faculdade de Di reito do Hecife. perdia Rui Barbosa a mãe, e mal entrado no inundo, o pai, Cèdo, assim, conheceu as agruras do insulamento afetivo; teria de abrir sozinho
merecido sucesso.
Daí, o que havia
nele de amargura, de revolta contra as injustiças do destino, a explodir a qual quer pretexto e a agravar as verdadeiras ou falsas hostilidades alheias. Através de
tudo, a mais viva estima pelo filho, e, sobretudo, o mais vivo orgulho e o mai.s largo crédito na sua precocidade. Se o espírito paterno, na piedade filial
mita,
as portas da vida, as portas que de tao duros gonzos haviam sido para o ve lo
João Barbosa. A lembrança do ambien te doméstico, pobre e difícil.^ marcou a sua alma, já pouco inclinada as alegrias. Outros complexos, como baixa es tatura e do prognatismo inferior, prova
de Rui Barbosa, simbolizava as mais no
velmente, a trabalhariam. Não poderia,
bres qualidades viris, o materno se irlsa-
pois, perdoar a falta de tato com que um ^ chefe político o percebera, muito moço
ria de todas as doçuras femininas. Não resisto à tentação de citar-vos um trecho
do formoso canto elegíaco em que êle o evocou: "imagem da bondade e da pu reza, que vertestes em minha alma a faculdade de sofrer e perdoar, que me
educastes no espetáculo divino do sacri fício coroado pelo sacrifício, carícia do
ainda, na capital do Império: "O senhor
é mais baixo do que seu pai. . . Nos dois primeiros anos em que cursou a Faculdade de Direito de Pernambuco,
passou quase desapercebido. Transfe rido para a Faculdade de São Paulo naquele tempo não tínhamos universida
Regressou à pátria para a dura luta
ticos, nos quais, como aconteceria com
pela existência, agravada pela morte do pai e pela responsabilidade das dividas
Joaquim Nabuco, seu contemporâneo,
que o mesmo lhe deixara. Nada, pois,
tevo O' bom gosto de não reincidir. En
a mitigar o panorama cinzento do mun do. Curto romance sentimental, encer rado pelo falecimento da sweet-heart,
tretanto, nem no Recife, nem em São
1 ^^"^^"clhores modòdo das melhore virtudes doméstí_
Bahia do meado do século XIX o tipo clássico do letrado de província sem o
manifestações liberais c aboMcionistas.
E também os seus primeiros pecados poé
nura elevando-o a padrão das mais altas
cimento da coerência e da sinceridade",
131
Paulo, não se citam de Rui aventiuras, amores, boêmias de ruas e de cafés, em
.'■uma, qualquer fuga dc estüu\'amento
ju\'enil, e isto num ambiente todo im
pregnado do romantismo, de b)'Tonismo, e onde florescia a adolescência de Castro
Alves, seu colega e amigo, adolescência
que os gregos chamariam de divina. . . Recém-formado em Direito e de re-
redobrou o seu pessimismo, a supersti ção da sua má estrela.
Breve, no en
tanto, encontrava-se com quem seria sua
fiel e dedicada companheira de meio século, D. Maria Augusta, que Uie sobre-^^veu por vinte e cinco anos.
Rui Bar
bosa amava e era amado; à sua alma
solitária deparava-se o mais suave dos
tômo à sua Bahia, onde espera iniciar a
abrigos. O grande afeto pela esposa no
triunfal
homem de hábitos castos não alteraria a
carreira, grave moléstia obri
gou-o a longa convalescença.
A ina-
ti\ddado pesa-lhe como injusta penitên cia.
Mas, em suma, mesmo as cousas
más passam mais depressa do que pen samos.
Rui Barbosa, restabelecido, ins
talava-se na capital baliiana para estrear-se na advocacia e no jornalismo. A generosa amizade de poderoso amigo proporcionou-lhe uma viagem à Europa, especia'mente a Paris, sonho mais do que dourado de todos os jovens — e, creio, por mim, igualmente dos velhos — latino-americanos. . .
Curioso, entre
tanto, é que não se conhece uma im
pressão de Rui sobre Paris ressurreto da "guerra infeliz" e da Comuna, Paris gra ve da margem esquerda. Paris alegre dos houlevards, onde ainda não se te
riam extinguido os ecos da festa do Se
gundo Império. Nem de longe o choque emocional,
que alvoroçou na mesma
época a sensibilidade de Joaquim Na buco, e que o próprio Rui receberia na Ing)aten-a vitoriana e gladstoniana, isto
substância do seu temperamento; mas adoçaria os contornos e emprestaria mais consolado sentido à sua juventude retraí da e melancólica.
Homem combativo
e combatido, guardaria as suas reservas
de afeto para o círculo da família, alar
gado até 05 próximos parentes. Foi qua se unm angústia "de náufrago o seu pri meiro exílio em Buenos Aires, longe da espôsa e dos filhos. O exílio da capital argentina prolongou-se em condições muito menos hmarg.is, porque ao lado da sua gente, que, na Inglaterra, país e'eito do seu espírito. Logo que encerrado o govêrno de Floriano Peixoto, voltava Rui Barbosa à arena da política, da tri
buna parlamentar, do jomahsmo, da advocacia e da diplomacia, para dela não mais sair e, como sempre, impetuoso e ardente, negado até a calúnia, um dia, endeusado em apoteoses como nenhum outro brasileiro conheceu, no outro dia. . .
Sempre me pareceu que a projeção
Dioiísto Ef:<)N(')Micc)
literária de Rui Barbosa sc revelou me
canos do Brasil, c estimulou pela simples
Foi o escritor brasileiro que, na .sua
cializada dü.s juizes e tribunais com que
nos profunda do que seria de esperar. época, mais concorreu para a reaçao contra os desleixes da linguagem e do
estilo, correntes entre os boniens cie p/uinc da Monarquia e da primeira fase da República. Muito mais, sob esse aspecto, do que Machado de As.sis, mestre per feito da forma mas um tanto hermético
ação catulítica o ní\'C'l de cultura espe teve de lidar.
Os êxitos de dinheiro dc Rui Barlx)Sít
foram mais fáceis ou mais posÍti\os do que cs da política. Nenhum jurista cnt
mais solicitado c mcDior pag<} no Brasil do que ele. O seu train de vivrc, desde que SC fi.xou ;io Rio de Janeiro e que
curta e reticente num meio tão sensível
se assinalaram os seus primeiros grandes triunfos profissionais, foi sempre o do burguês de boa mediania. Sóbrio consi
quanto o nosso, tal todos os meios lati
go mesmo, não poupou, no entanto, ne-
nos, à pompa e à sonoridade da frase. Especialmente depois da • sua famosa
niuin\ conforto á .sua família. O "eterno
pelo estranho sabor do seu humorismo e pela extrema descrição da sua "maneira"
Réplica à Redação do Código Civil, se erigiu, embora sem o desejar, em infalí vel professor das boas regras de falar e escrever.. .
E' certo — e eu lembrei
feminino" não parece o tenha torturado cm qualquer tempo. Na Inglaterra, su ponho, estaria muito mais pró.xínio da gravidade "moralista" dc Gladstone do que da inquietação mundana dc Dis-
em outro passo — que muita.s inteligên
raelli... Ao seu temperamento austero
cias jovens, embora reconhecessem a f6r-
e trabalhado por certos c-omplcxos dc
culpa e penitência, não atraíam jamais iibertar-se da sua órbita de influência, os aspectos ligeiros c \oliip(uosos d" mundo. A sua sensação pernumentc do evitando incidir num ruisino de segunda mão. Tab ez porque o julgassem alheio "dever e a profunda consciência da sua aos altos pensamentos filosóficos e pouco missão apostolar, missão tantas \'ê7.es ça cerebral de Rui Barbosa, procuraram
sensível à graça irônica, da qual a cul
com ele sábia — de repetir Santo Antonio
tura francesa, na linha de Montaigne, de Renan e de Anatole Francc, em apo
e o Padre Vieira, isto c, de falar aos pei xes — converteram-lhe a vida num labor sem descanso. Destino, segundo, ima-
geu no começo do século, tinha impreg nado as no\'as gerações literárias do genr sua, de cjuem planta carvalho para Brasil. .. Onde ninguém ousou dispu-' as gerações vindouras, em vez. de coutar-lhe a primazia, foi no campo jurídico ves para o prato do amanhã... Ou, mais precisamente, no direito pú Deu o carvalho a sombra com que blico. Conhecendo como nenhum outro a lústória e a técnica do direito constitu
sonhoti o seu semeador? Ei.s aí o pro blema final de Rui Barbosa. 1'risci ba
conscientemente contrariar as lições do "bem falar" c do "bem escrever" do ve
lancòlicaincnlc a falta imensa que lhes
lho mestre. O pânico dc perder-se na magia das palavras, que é o pecado dos
t(klas as liberdades...
mento de Rui Barbosa começava a alar
1918 a extremos opostos. Em literatura,
como em música, como nas artes plás
gar-se do exclusivo conceito da democra cia individualista para sentir as transfor
ticas, era necessário repudiar o confor
mações sociais, que fermentavam por tò-
mismo do passado e abrir c<irajosamentc caminhos novos.
Mais \ivas ainda do
de latinismo o de classici.smo português,
e econômico. Não repetiria mais o que escrevera uma x ez numa das suas Cartas,
brasileira
da Inglaterra, que a p0bre7.ii ou a mi séria das massas eram "males necessá rios, derivativos incuráveis da enfermi dade humana, da nossa eterna insuficiên
as restrições uu doutrinário
político, imagem dc um século perempto, dc um pas.sado para sempre morto... Morrera com Rui Barbosa a \'clha men
sagem do liberalismo e do romantismo
jurídico... Mais do que dos antigos postulados da democracia formal, pre cisava o Brasil imenso, c ainda tão longe cconòmicamente da sua mise en valeiir, dc guias atentos às realidades concretas. O novo fenômeno social era o "econô
mico", e não o "iX)lítico", a "estrutura", e não a "supercstrutura".
Rui Barbosa não chegou a conliecer o desenvolvimento trágico que a reação anti-intelectual, anti-liberal, anti-deiuo-
crática, tomaria em alguns países do oci dente europeu. A ascensão do fascismo
italiano em 1923, no ano de sua morte, não fazia ainda prever o monstruoso
êxito do nazismo alemão. Evitou-llie, a.ssiin, o destino a angústia suprema da segunda guerra mundial. Redimiu-sc a humanidade civilizada pelos inenarrá
veis .sacrifícios do "suor sangue e lágri
Pontífice. E mais do que isto: criou en
coiTeção da linguagem e pela liarmonia da frase. Mas para diluír-se depressa. As gerações brasileiras cVaprés gnerre, como as de todos os países, na ânsia de
.
mas", das ameaças da escraxádão dos
totalitarismos da direita, para afligir-se hoje sob outras não menos bárbaras. O.s
brasileiros vellios ou no\os que, um
destruir os valores dc um passado tão
instante, duvidaram do alcance de sua
cheio de l)riitais desenganos, proeurarain
pregação doutrinária, puderam medir me-
ií-Xi' V
./L ... .
muito sensível para continuar cristaliza
foram em certas camadas da jtiventudc
pouco que a sua influência literária se
J.-.-ÍU..,- A-'-..,-
da parle. Êle era muito inteligente e
do no seu antigo mancheterismo político
fez sentir especialmente no culto pol"
sidcndalísnío c do federalismo republi
■4
que o repúdio ao escritor, tão marcado
cional norte-americano, doutrinou nesse
às lições da França e da Inglaterra, a curiosidade pelas instituiçõ,es políti cas dos Estados Unidos, modelos do pre-
Nos últimos quartéis da \ ida, o pensa
grandes retóricos, lo\aria os moços de
campo com a infalibilidade de Supremo tre os brasileiros, mais atentos até então
fazJa o velho e apaixonado defensor de
cia ou, de acordo com a fórmula religio
sa, do nosso pecado original", pormie
se derivam essencialmente dos erros da orgamzaçao social, baseada sobre o egoís mo e a ganancia do grande parto dos
grupos dominantes, corrigíveis todana
dentro do primado das libordàdes pela transformação paulatina c -nu-ic ^1
■nossos e,stados de conscièneta coTetiva' Chego ao lenno desta palestra, en,
que tanto abuse, da vossa generosa pa-
cenca. sen, tentar sequer ligeira per- ' quinçao sobre a obra de U„i Ba,li,a Permito-me. no entanto reneti,- ' tal tarefa desafia a ma s
1^
dade de síntese. Imaginai'
sua publicação oficial nd,,' silciro abrangerá mais de
^
de formato médio, ob.-, e de jurista, ak-ançando ramos do direito público
^'"'umes '1
Obra de jornalista, na nuJ ,
"
as ruidosas campanluis
escravatura negra ç 1 1'
Obra de homem do govirno dc oposii-ão e de
da
Dioiísto Ef:<)N(')Micc)
literária de Rui Barbosa sc revelou me
canos do Brasil, c estimulou pela simples
Foi o escritor brasileiro que, na .sua
cializada dü.s juizes e tribunais com que
nos profunda do que seria de esperar. época, mais concorreu para a reaçao contra os desleixes da linguagem e do
estilo, correntes entre os boniens cie p/uinc da Monarquia e da primeira fase da República. Muito mais, sob esse aspecto, do que Machado de As.sis, mestre per feito da forma mas um tanto hermético
ação catulítica o ní\'C'l de cultura espe teve de lidar.
Os êxitos de dinheiro dc Rui Barlx)Sít
foram mais fáceis ou mais posÍti\os do que cs da política. Nenhum jurista cnt
mais solicitado c mcDior pag<} no Brasil do que ele. O seu train de vivrc, desde que SC fi.xou ;io Rio de Janeiro e que
curta e reticente num meio tão sensível
se assinalaram os seus primeiros grandes triunfos profissionais, foi sempre o do burguês de boa mediania. Sóbrio consi
quanto o nosso, tal todos os meios lati
go mesmo, não poupou, no entanto, ne-
nos, à pompa e à sonoridade da frase. Especialmente depois da • sua famosa
niuin\ conforto á .sua família. O "eterno
pelo estranho sabor do seu humorismo e pela extrema descrição da sua "maneira"
Réplica à Redação do Código Civil, se erigiu, embora sem o desejar, em infalí vel professor das boas regras de falar e escrever.. .
E' certo — e eu lembrei
feminino" não parece o tenha torturado cm qualquer tempo. Na Inglaterra, su ponho, estaria muito mais pró.xínio da gravidade "moralista" dc Gladstone do que da inquietação mundana dc Dis-
em outro passo — que muita.s inteligên
raelli... Ao seu temperamento austero
cias jovens, embora reconhecessem a f6r-
e trabalhado por certos c-omplcxos dc
culpa e penitência, não atraíam jamais iibertar-se da sua órbita de influência, os aspectos ligeiros c \oliip(uosos d" mundo. A sua sensação pernumentc do evitando incidir num ruisino de segunda mão. Tab ez porque o julgassem alheio "dever e a profunda consciência da sua aos altos pensamentos filosóficos e pouco missão apostolar, missão tantas \'ê7.es ça cerebral de Rui Barbosa, procuraram
sensível à graça irônica, da qual a cul
com ele sábia — de repetir Santo Antonio
tura francesa, na linha de Montaigne, de Renan e de Anatole Francc, em apo
e o Padre Vieira, isto c, de falar aos pei xes — converteram-lhe a vida num labor sem descanso. Destino, segundo, ima-
geu no começo do século, tinha impreg nado as no\'as gerações literárias do genr sua, de cjuem planta carvalho para Brasil. .. Onde ninguém ousou dispu-' as gerações vindouras, em vez. de coutar-lhe a primazia, foi no campo jurídico ves para o prato do amanhã... Ou, mais precisamente, no direito pú Deu o carvalho a sombra com que blico. Conhecendo como nenhum outro a lústória e a técnica do direito constitu
sonhoti o seu semeador? Ei.s aí o pro blema final de Rui Barbosa. 1'risci ba
conscientemente contrariar as lições do "bem falar" c do "bem escrever" do ve
lancòlicaincnlc a falta imensa que lhes
lho mestre. O pânico dc perder-se na magia das palavras, que é o pecado dos
t(klas as liberdades...
mento de Rui Barbosa começava a alar
1918 a extremos opostos. Em literatura,
como em música, como nas artes plás
gar-se do exclusivo conceito da democra cia individualista para sentir as transfor
ticas, era necessário repudiar o confor
mações sociais, que fermentavam por tò-
mismo do passado e abrir c<irajosamentc caminhos novos.
Mais \ivas ainda do
de latinismo o de classici.smo português,
e econômico. Não repetiria mais o que escrevera uma x ez numa das suas Cartas,
brasileira
da Inglaterra, que a p0bre7.ii ou a mi séria das massas eram "males necessá rios, derivativos incuráveis da enfermi dade humana, da nossa eterna insuficiên
as restrições uu doutrinário
político, imagem dc um século perempto, dc um pas.sado para sempre morto... Morrera com Rui Barbosa a \'clha men
sagem do liberalismo e do romantismo
jurídico... Mais do que dos antigos postulados da democracia formal, pre cisava o Brasil imenso, c ainda tão longe cconòmicamente da sua mise en valeiir, dc guias atentos às realidades concretas. O novo fenômeno social era o "econô
mico", e não o "iX)lítico", a "estrutura", e não a "supercstrutura".
Rui Barbosa não chegou a conliecer o desenvolvimento trágico que a reação anti-intelectual, anti-liberal, anti-deiuo-
crática, tomaria em alguns países do oci dente europeu. A ascensão do fascismo
italiano em 1923, no ano de sua morte, não fazia ainda prever o monstruoso
êxito do nazismo alemão. Evitou-llie, a.ssiin, o destino a angústia suprema da segunda guerra mundial. Redimiu-sc a humanidade civilizada pelos inenarrá
veis .sacrifícios do "suor sangue e lágri
Pontífice. E mais do que isto: criou en
coiTeção da linguagem e pela liarmonia da frase. Mas para diluír-se depressa. As gerações brasileiras cVaprés gnerre, como as de todos os países, na ânsia de
.
mas", das ameaças da escraxádão dos
totalitarismos da direita, para afligir-se hoje sob outras não menos bárbaras. O.s
brasileiros vellios ou no\os que, um
destruir os valores dc um passado tão
instante, duvidaram do alcance de sua
cheio de l)riitais desenganos, proeurarain
pregação doutrinária, puderam medir me-
ií-Xi' V
./L ... .
muito sensível para continuar cristaliza
foram em certas camadas da jtiventudc
pouco que a sua influência literária se
J.-.-ÍU..,- A-'-..,-
da parle. Êle era muito inteligente e
do no seu antigo mancheterismo político
fez sentir especialmente no culto pol"
sidcndalísnío c do federalismo republi
■4
que o repúdio ao escritor, tão marcado
cional norte-americano, doutrinou nesse
às lições da França e da Inglaterra, a curiosidade pelas instituiçõ,es políti cas dos Estados Unidos, modelos do pre-
Nos últimos quartéis da \ ida, o pensa
grandes retóricos, lo\aria os moços de
campo com a infalibilidade de Supremo tre os brasileiros, mais atentos até então
fazJa o velho e apaixonado defensor de
cia ou, de acordo com a fórmula religio
sa, do nosso pecado original", pormie
se derivam essencialmente dos erros da orgamzaçao social, baseada sobre o egoís mo e a ganancia do grande parto dos
grupos dominantes, corrigíveis todana
dentro do primado das libordàdes pela transformação paulatina c -nu-ic ^1
■nossos e,stados de conscièneta coTetiva' Chego ao lenno desta palestra, en,
que tanto abuse, da vossa generosa pa-
cenca. sen, tentar sequer ligeira per- ' quinçao sobre a obra de U„i Ba,li,a Permito-me. no entanto reneti,- ' tal tarefa desafia a ma s
1^
dade de síntese. Imaginai'
sua publicação oficial nd,,' silciro abrangerá mais de
^
de formato médio, ob.-, e de jurista, ak-ançando ramos do direito público
^'"'umes '1
Obra de jornalista, na nuJ ,
"
as ruidosas campanluis
escravatura negra ç 1 1'
Obra de homem do govirno dc oposii-ão e de
da
DlCliSTO EcONÓMKii ^ 134
na sua reforma financeira, nas extraordi nárias orações das suas campanhas pre sidenciais e no manancial ininterrupto dos seus discursos no Congresso Legis
lativo. Obra de ensaísta ou dc crítico,
abrangendo magistral parecer sôijre o ensino público, sucinta análise do gênio de Swift, e as Cartas da Inglaterra, afora trabalhos avulsos,
plomata, cumulada
na
Obra de di
repercussão
No plano da íntcligcncia abstrata, ninguém procuraria em Rui Barbosa o criador de sistemas filosóficos; no selor
da.s letras, em que ele fazia questão de não ser o seu, ninguém, no en
tanto, .se elevou no Brasil, pela opulência e beleza de expressão, a maior
altura; no campo da política, não lhe permitiram dar da sua cupacidado construtiva toda medida.
Não chogon
mundial da sua . atuação na Segunda
sequer a conhecer as glórias do con
Conferência da Paz, reunida em 1908 cm Haia, defendendo a doutrina da
sulado de Cícero, a cujo gênio tanto SC assemelhou o seu... Foi, sob vá
igualdade entre os Estados, e na Con
rios aspectos, um de.senraíziido no am biente político da .sua pátria, como
ferência de Buenos Aires, em 1918,
quando intrèpidamenfe condenava o
aconteceu na sua época a tantas per
\-elho conceito das neutralidades passi\as e acomodatícias, que se julgavam equidistantes entre o agressor e o agre
sonalidades eminentes dos nossos paí
dido, o criminoso e a vítima.
ses novos, ti-an.spluntuclos do solo in telectual da Europa. Encontraria tal
Obra
vez o seu climax ideal na Inglaterra
dó filólogo e de estilista, que deixou na "Réplica à Redação do Código Ci
vitoriana, provavelmente muito mais mhig
vil" o mais rico e formoso monumen
to ja elevado ao idioma português. Desejei simplesmente — volto ao
que, de começo, vos disse — focalizar a figura de Rui Barbosa como ela me impressionou desde a minha juventude. De certo, incompleta tentativa de um
retrato p.sicológico.
Não seria sincero
comigo e nem, sobretudo, convosco, se
pretende.sse colocá-la num nicho^ sa
do que tory. . .
Na monarquia parlamentar c de par tidos rotativos do Brasil, a carreira po
lítica possivelmente ser-llie-ia mais pro
pícia do que foi na Rci^ública. que êle tanto ajudou a fundar e a construir. Barraram-lhe no Império, uma vez, uma
pasta ministerial; recusou-a êle próprio outra vez, por intransigência doutrinária. Mas, pela sua ação no Parlamento, noutras oportunidades, conquistaria, mais
crossanto, como intangível divindade.
que uma simples pasta de ministro, a
O que mais importa nos grandes no mes — insisto sempre — é a sua "es
própria presidência do Conselho. Na República presidencialista mais difíceis
sência humana", o jogo entre as suas virtudes e as sua.s falhas, entre as suas
seriam sempre — o que êle não quis ou não pôde compreender — as sua.s oportu
zonas de luz e de sombra. É quando descem entre os mortais e se confun
nidades cie galgar o suprcnío pôsto do governo. Não eram as qualidades de
dem com as suas paixõe.s, como na epo
Rui Barbosa as que as elites dirigentes das democracias contemporâneas mais
péia homérica, que os deuses e heróis gregos se tornam literàriamente mais interessantes. O divino Ulisses morria
de tédio entre as perfeiçõcs da illia de Calípsfi- . .
prezam ou nas quais melhor confíao^Não inqwrtam, todavia, os possíveis si nais negativos, na relatmdade do espa
ço e do tempo, dos homens da raça dc
Âl
n-lra um Íulganíem"o"rin^°^^^-'" riíos do esm^st" d
igualdade entre os iiidiWduos e as naBarbosa o
ap:nxo„..clo clefenxo, da'"ibert^ t Sulo""'""
DlCliSTO EcONÓMKii ^ 134
na sua reforma financeira, nas extraordi nárias orações das suas campanhas pre sidenciais e no manancial ininterrupto dos seus discursos no Congresso Legis
lativo. Obra de ensaísta ou dc crítico,
abrangendo magistral parecer sôijre o ensino público, sucinta análise do gênio de Swift, e as Cartas da Inglaterra, afora trabalhos avulsos,
plomata, cumulada
na
Obra de di
repercussão
No plano da íntcligcncia abstrata, ninguém procuraria em Rui Barbosa o criador de sistemas filosóficos; no selor
da.s letras, em que ele fazia questão de não ser o seu, ninguém, no en
tanto, .se elevou no Brasil, pela opulência e beleza de expressão, a maior
altura; no campo da política, não lhe permitiram dar da sua cupacidado construtiva toda medida.
Não chogon
mundial da sua . atuação na Segunda
sequer a conhecer as glórias do con
Conferência da Paz, reunida em 1908 cm Haia, defendendo a doutrina da
sulado de Cícero, a cujo gênio tanto SC assemelhou o seu... Foi, sob vá
igualdade entre os Estados, e na Con
rios aspectos, um de.senraíziido no am biente político da .sua pátria, como
ferência de Buenos Aires, em 1918,
quando intrèpidamenfe condenava o
aconteceu na sua época a tantas per
\-elho conceito das neutralidades passi\as e acomodatícias, que se julgavam equidistantes entre o agressor e o agre
sonalidades eminentes dos nossos paí
dido, o criminoso e a vítima.
ses novos, ti-an.spluntuclos do solo in telectual da Europa. Encontraria tal
Obra
vez o seu climax ideal na Inglaterra
dó filólogo e de estilista, que deixou na "Réplica à Redação do Código Ci
vitoriana, provavelmente muito mais mhig
vil" o mais rico e formoso monumen
to ja elevado ao idioma português. Desejei simplesmente — volto ao
que, de começo, vos disse — focalizar a figura de Rui Barbosa como ela me impressionou desde a minha juventude. De certo, incompleta tentativa de um
retrato p.sicológico.
Não seria sincero
comigo e nem, sobretudo, convosco, se
pretende.sse colocá-la num nicho^ sa
do que tory. . .
Na monarquia parlamentar c de par tidos rotativos do Brasil, a carreira po
lítica possivelmente ser-llie-ia mais pro
pícia do que foi na Rci^ública. que êle tanto ajudou a fundar e a construir. Barraram-lhe no Império, uma vez, uma
pasta ministerial; recusou-a êle próprio outra vez, por intransigência doutrinária. Mas, pela sua ação no Parlamento, noutras oportunidades, conquistaria, mais
crossanto, como intangível divindade.
que uma simples pasta de ministro, a
O que mais importa nos grandes no mes — insisto sempre — é a sua "es
própria presidência do Conselho. Na República presidencialista mais difíceis
sência humana", o jogo entre as suas virtudes e as sua.s falhas, entre as suas
seriam sempre — o que êle não quis ou não pôde compreender — as sua.s oportu
zonas de luz e de sombra. É quando descem entre os mortais e se confun
nidades cie galgar o suprcnío pôsto do governo. Não eram as qualidades de
dem com as suas paixõe.s, como na epo
Rui Barbosa as que as elites dirigentes das democracias contemporâneas mais
péia homérica, que os deuses e heróis gregos se tornam literàriamente mais interessantes. O divino Ulisses morria
de tédio entre as perfeiçõcs da illia de Calípsfi- . .
prezam ou nas quais melhor confíao^Não inqwrtam, todavia, os possíveis si nais negativos, na relatmdade do espa
ço e do tempo, dos homens da raça dc
Âl
n-lra um Íulganíem"o"rin^°^^^-'" riíos do esm^st" d
igualdade entre os iiidiWduos e as naBarbosa o
ap:nxo„..clo clefenxo, da'"ibert^ t Sulo""'""
Dioitsio Econômico
.137
rosa promessa dc uma das grandes capi
ifc •• I.." I ;<> f í
tais da América. 13auiu>s r EHaniHA
tem a seu cargo estudos de
bem pensado e começado a cweciitar com os olhos postos no futuro. A expansão era íne\'itá\e!, efetuou-se
Crescera como abençoada por seu pa droeiro que. das alturas, velava pela sua metrópole e a fazia prosperar. Era, afi nal, uma cidade que estava cm rela ção à grandezii espiritual do apóstolo
documentação
como se übedectí.sse às linhas de um
dc (pie tomara o nome. Cidade masculi
destino.
na, .severa, rígida, como sc apresentava
ECENTEMENTE, um dcpartamenlo da Prefeitura, que social,
cal
culou a população de São Paulo
em
2.002.000
habi
Quando Manuel da Nóbrcga subiu de
centro onde a vida já c:omoçaia a tor
nar-se difícil, onde não houvera propor cional expansão de serviços públictis, dos meios de tvansportc coletivo, e do próprio abastecimento. Assim começou a grande miséria sob o racionamento c surgiram as filas. A hahilação
para quenr a primeiro visitava e conhe
E esse número redondo veií)
Santos e indicou o lugar onde devia ser
cia na sua intensa atividade de colmeia
afinal dar expressão, cm algarismos, do
erguido o primeiro colégio, devia ler
fabril.
tormento em que se transformou e.sta
sido inspirado. IIouvc uma espécie de predestinação ao ordenar: — Será aqui! A cidade que cro.sceu em volta da igrcjinha jesuítíca estava providencial-
■ Mas essa grandeza tão celebrada ti
mente localizada em lugar que se tor
nha também o outro lado mau das coisas
nou passagem obrigatória para todos os
terial c eram ainda relativamente novas
Devido ao sistema de serranias
humanas, ressentia-se do mal das improvisaçõe.s que acabam cm solução per pétua.
contaram-se 1.033.202 almas o 125.534
dos procedidos por competentes urba
exi.stente, a produção linha que con vergir para São Patilo. Primeiranienfo, foram as Irillias do mato, cpic demanda
as nossas velhas ferro^àas. Em 1934, quando se efetuou o reccnseamento, prédios.
nistas universais que, depois de muita
sem método e .sem previsão por parte dos meios oficiais, criara problemas que
vam o sertão remoto e auríforo. Tòclas
se agravavam de ano para ano. Forma ram-se nefastas aglomerações no Bexiga e no Brás. Em 1940 faltavam já casas. Ao ser tratada a questão da habi tação verificara-se que eram precisas mais 20 mil residências para resolver a questão dos cortiços e dos poiões insalubre.s. Faltavam escolas, um aparelhainento .social capaz de recuperar os marginai.s que levavam uma \ida parasitá ria e se rejJvoduziam por tugúrios in
para 151.621 e a população estava cal
tantes.
metrópole para quem nela vive. Muitos terão encontrado no fato de ter sido ul
trapassada a casa dos dois milliões moti
vo para enaltecimento regional. É comum citar, com satisfação, a den.sidade demo
gráfica de uma capital que não cessa de crescer.
.São esquecidos, nesses casos, os estu
pesquisa e confrontos, acharam que o ideal para a cidade modelo, que tudo tem e nada fica a de\-er, onde todos
rumos.
para São Paulo convergiam e aciui se eruzavain. Depois, o.s caminhos que
levajn uma \ida fácil, com o abasteci
procediam do mar vieram juntar-se aos do sertão e deram um \'erda<leii"o nó no
mento regular e abundância de re.ser-
sistema de tran.sporte.
\as, é a cidade que não tem menos de
de estranhar que os trilhos da primeira
•400 mil ahna.s e não c.xcede 600 mil.
estrada de ferro realmente econômica subisse de Santos até São Paulo. Havia
Daí para cima, começa a aflição urba na, em conseqüência das dificuldades de liarmonizar o trabalho disciplinado
Não é por is.so
motivos geográficos para tal prelerència.
Grandczo c uüséria
anterior com o número de casas, numa
A expansão tumultuária, feita
e inten.so com a dispersão inevitável dos
E quando o café modificou o aspecto da paisagem, estava dcfinilivãmente
fectos, transmitindo às crianças sua ina-
bairros.
traçado o destino de São Paulo.
daptabilidade, suas doenças e seus ví
Ora, São Paulo há muito foi conside
1890; o Estado exportava dois milhões
cios.
rada, por um prefeito inteligente, me
de sacas e a Capital estava com 63 mil
trópole sem sistema.
almas.
Cresceu sem um
programa, sem um planejamento. As primeiras normas de urbanismo em maior escala foram aplicadas pelo -sr. Prestes Maia. O plano das avenidas,
E nos dez anos seguintes cres
Era uma questão muito séria.
E de
ceu acima de tôdas as previsões. Em 1900, a população do Estado somava
súbito, com o decorrer da guerra e a montagem de novas fábricas que bus cavam a garantia da Light para o for
2.282.893 almas e a Paiilicéia estava com
necimento de fôrça, uma multidão de
que é apenas um tema, ainda consti
293 mil habitantes. Alastrara-se por várzeas antes abandonadas, investira poi
tui tildo quanto existe como projeto
morros acima, alirinava-sc como vigo-
'iLi»- -
época perfeitamente normah quando havia abundância de braços e de ma
Em 1938, o número de casas subira
culada em 1.236.894 almas. Em 1940. quando do reccnseamento geral, encon trou-se uma população de I.S42.068 ha
bitantes, mas de\'idü à anexação do mu nicípio de Santo Amaro, o número de
prcílios era de 179.687. Em 1947, a po pulação já estava em mais de 1.800.000 almas e o número de prédios era de 240 mil, contando fábricas, escolas, arma-
zén.s, garagens, tudo quanto paga im posto predial...
Em 1940 havia 179 mil casas para um milhão e trezentas e tantas mil almas e já se verificava acentuado déficit dê
habitações. A partir dêsse ano pa.ssou n predominar a construção de an-anha-
céus, prédios para escritórios e múltiplos fins, menos de moradia. Ê o período quinhentas mil almas despenhou-se, a das obras suntuárins. Diminuiu o tipo bem dizer, s()bre São Paulo, num dilú sobrado, que era o da casa de aluguel. vio de gente e dc infelicidade. Meio iiiillião dc novos moradores a mais, num
, UL.
Os inconvenientes dêsse aglomerado tornam-se fàcilmenlc compreensíveis pelo confronto do crescimento demográfico
A. lei do imiuilinato afugentava o emprcgo dc capitais nessa categoria de re-
Dioitsio Econômico
.137
rosa promessa dc uma das grandes capi
ifc •• I.." I ;<> f í
tais da América. 13auiu>s r EHaniHA
tem a seu cargo estudos de
bem pensado e começado a cweciitar com os olhos postos no futuro. A expansão era íne\'itá\e!, efetuou-se
Crescera como abençoada por seu pa droeiro que. das alturas, velava pela sua metrópole e a fazia prosperar. Era, afi nal, uma cidade que estava cm rela ção à grandezii espiritual do apóstolo
documentação
como se übedectí.sse às linhas de um
dc (pie tomara o nome. Cidade masculi
destino.
na, .severa, rígida, como sc apresentava
ECENTEMENTE, um dcpartamenlo da Prefeitura, que social,
cal
culou a população de São Paulo
em
2.002.000
habi
Quando Manuel da Nóbrcga subiu de
centro onde a vida já c:omoçaia a tor
nar-se difícil, onde não houvera propor cional expansão de serviços públictis, dos meios de tvansportc coletivo, e do próprio abastecimento. Assim começou a grande miséria sob o racionamento c surgiram as filas. A hahilação
para quenr a primeiro visitava e conhe
E esse número redondo veií)
Santos e indicou o lugar onde devia ser
cia na sua intensa atividade de colmeia
afinal dar expressão, cm algarismos, do
erguido o primeiro colégio, devia ler
fabril.
tormento em que se transformou e.sta
sido inspirado. IIouvc uma espécie de predestinação ao ordenar: — Será aqui! A cidade que cro.sceu em volta da igrcjinha jesuítíca estava providencial-
■ Mas essa grandeza tão celebrada ti
mente localizada em lugar que se tor
nha também o outro lado mau das coisas
nou passagem obrigatória para todos os
terial c eram ainda relativamente novas
Devido ao sistema de serranias
humanas, ressentia-se do mal das improvisaçõe.s que acabam cm solução per pétua.
contaram-se 1.033.202 almas o 125.534
dos procedidos por competentes urba
exi.stente, a produção linha que con vergir para São Patilo. Primeiranienfo, foram as Irillias do mato, cpic demanda
as nossas velhas ferro^àas. Em 1934, quando se efetuou o reccnseamento, prédios.
nistas universais que, depois de muita
sem método e .sem previsão por parte dos meios oficiais, criara problemas que
vam o sertão remoto e auríforo. Tòclas
se agravavam de ano para ano. Forma ram-se nefastas aglomerações no Bexiga e no Brás. Em 1940 faltavam já casas. Ao ser tratada a questão da habi tação verificara-se que eram precisas mais 20 mil residências para resolver a questão dos cortiços e dos poiões insalubre.s. Faltavam escolas, um aparelhainento .social capaz de recuperar os marginai.s que levavam uma \ida parasitá ria e se rejJvoduziam por tugúrios in
para 151.621 e a população estava cal
tantes.
metrópole para quem nela vive. Muitos terão encontrado no fato de ter sido ul
trapassada a casa dos dois milliões moti
vo para enaltecimento regional. É comum citar, com satisfação, a den.sidade demo
gráfica de uma capital que não cessa de crescer.
.São esquecidos, nesses casos, os estu
pesquisa e confrontos, acharam que o ideal para a cidade modelo, que tudo tem e nada fica a de\-er, onde todos
rumos.
para São Paulo convergiam e aciui se eruzavain. Depois, o.s caminhos que
levajn uma \ida fácil, com o abasteci
procediam do mar vieram juntar-se aos do sertão e deram um \'erda<leii"o nó no
mento regular e abundância de re.ser-
sistema de tran.sporte.
\as, é a cidade que não tem menos de
de estranhar que os trilhos da primeira
•400 mil ahna.s e não c.xcede 600 mil.
estrada de ferro realmente econômica subisse de Santos até São Paulo. Havia
Daí para cima, começa a aflição urba na, em conseqüência das dificuldades de liarmonizar o trabalho disciplinado
Não é por is.so
motivos geográficos para tal prelerència.
Grandczo c uüséria
anterior com o número de casas, numa
A expansão tumultuária, feita
e inten.so com a dispersão inevitável dos
E quando o café modificou o aspecto da paisagem, estava dcfinilivãmente
fectos, transmitindo às crianças sua ina-
bairros.
traçado o destino de São Paulo.
daptabilidade, suas doenças e seus ví
Ora, São Paulo há muito foi conside
1890; o Estado exportava dois milhões
cios.
rada, por um prefeito inteligente, me
de sacas e a Capital estava com 63 mil
trópole sem sistema.
almas.
Cresceu sem um
programa, sem um planejamento. As primeiras normas de urbanismo em maior escala foram aplicadas pelo -sr. Prestes Maia. O plano das avenidas,
E nos dez anos seguintes cres
Era uma questão muito séria.
E de
ceu acima de tôdas as previsões. Em 1900, a população do Estado somava
súbito, com o decorrer da guerra e a montagem de novas fábricas que bus cavam a garantia da Light para o for
2.282.893 almas e a Paiilicéia estava com
necimento de fôrça, uma multidão de
que é apenas um tema, ainda consti
293 mil habitantes. Alastrara-se por várzeas antes abandonadas, investira poi
tui tildo quanto existe como projeto
morros acima, alirinava-sc como vigo-
'iLi»- -
época perfeitamente normah quando havia abundância de braços e de ma
Em 1938, o número de casas subira
culada em 1.236.894 almas. Em 1940. quando do reccnseamento geral, encon trou-se uma população de I.S42.068 ha
bitantes, mas de\'idü à anexação do mu nicípio de Santo Amaro, o número de
prcílios era de 179.687. Em 1947, a po pulação já estava em mais de 1.800.000 almas e o número de prédios era de 240 mil, contando fábricas, escolas, arma-
zén.s, garagens, tudo quanto paga im posto predial...
Em 1940 havia 179 mil casas para um milhão e trezentas e tantas mil almas e já se verificava acentuado déficit dê
habitações. A partir dêsse ano pa.ssou n predominar a construção de an-anha-
céus, prédios para escritórios e múltiplos fins, menos de moradia. Ê o período quinhentas mil almas despenhou-se, a das obras suntuárins. Diminuiu o tipo bem dizer, s()bre São Paulo, num dilú sobrado, que era o da casa de aluguel. vio de gente e dc infelicidade. Meio iiiillião dc novos moradores a mais, num
, UL.
Os inconvenientes dêsse aglomerado tornam-se fàcilmenlc compreensíveis pelo confronto do crescimento demográfico
A. lei do imiuilinato afugentava o emprcgo dc capitais nessa categoria de re-
DfoE.sTo Eci»Nóxuro
1
m
Digestü Econômico 138
sidèndas, que eram mais resultado da aplicação da ,pequena econoniia pri vada. Quem tinlia grandes quantias
mil para seiscentos, c os antigos quinlientos e Ninte bondes, devido aos es
tragos c falta de peças, resumiram-se a
disponíveis, ao procurar a sua aplicação, quatrocentos e trinta, cm condições de sempre preierira os edifícios dc con trafegar. creto, localizados em artérias centrais, ou a inversão em amplas áreas para lo tear, em face da valorização certa, com
grande margem de lucro. Conseqüentemente, quando se chegou ao fim da guerra, estava São Paulo com mais meio milhão de habitantes do que em 1940 e o déficit de moradias ainda
agravado.
Moradias de tipo popular,
eNúdentemente, que eram as da pequena economia privada, destroçada também
pela inflação.
Assim SC agravava a vida na capi tal. Já com o problema dos porões e dos cortiços sem resolver, com falta dc vinte mil casas quando a população era de 1.300.000 almas, a concentração pro
gressiva dc gente ia tornar a vida citadina uma maldição. Não se òuidara
do aproveitamento dos terrenos largados que circundam a capital e formam um anel de solidão. A retenção da terni para fins de loteamento, por vezes absurdos
O trans^iorte
e
excessivamente
O transporte tinha atingido uma fase
transportado 44 milhões de passagei ros e os bondes 177 milhões. Em 1940,
de abastecimento. Sempre houvera mui os tirava desses sarcófagos da burocra cia. E para se compreender a que ponto
chegara a indiferença pela produtivida de do solo, basta citar-se a venda dc uma cliácara de trinta alqueires, para
ta\'a interessada na renovação do seu
rida, em 1942, e até então pagava a^-
material.
nas mil cruzeiros de impôsto territorial, por ano. E tratava-se de um bairro que está mais pró.xímo do
pedido anterior de
Brás do que a Pe
aumento das tarifas
nha.
e monopólio total,
distantes, que de
Terras
mais
pretendia apenas de
viam ter sido trans
dicar-se ao forneci
formadas em gran
mento
jas, não
energia
elétrica. Conseqüen
passavam
de ermos. Continua
temente, São Paulo
va sendo necessário
crescia e a condu
ir buscar alimentos
piorava. Em 1940 os bondes transportaram
frescos em lugares remotos, o que eqüi valia ao abastecimento de Paris por
S28 milhões de passageiros e os ônibus 23-3 milliões. Sobreveio ,a falta de ga-
criadores da Suíça e chacareiros da Ho landa. O leite continuou chegando do
.solina, o número de ônibus baixou dc
\'a]e do Paraíba, c até de Araraquara,
ção
sôbre
trilhos
dos, com mais de cinqüenta por cento de ruas senr calçar, e sem transporte rápido, por falta de meios de condução
lotear, em plena Vila Maria. Foi adqui
de
A cidade disper
sara-se por 1.4.55 quilômetros quadra
e de artéria.s racionalmente abertas, que
o número de bondes que trafegava ha
E recusado o seu
de ferro com material antiquado e con sumindo combustível que não existia. Para as estradas de rodagem não ha via caminhões nem gasolina, Não .se cuidara a tempo da eletrificação da.s ferrovia.s, pura .substituição progressiva do vapor, que exige carvão caro ou desbastc de florestas que já estavam no fim. E a multidão recém-chegada instalava-.s'e 2e qualquer jeito, penava e fa zia penar os outros,
constavam apenas de projetos aprovados,
Bastaria alinhá-los, proceder
à snma, e tirar as conclusões. Nada se
Assim, tudo se agravou. Faltou
açúcar, primeiro. Em seguida, a carne.
Em 1940, São Paulo era perfeitamente
abastecido com 140 mil quilos por dia. Depois, duzentos mil já não bastavam. Com o transporte desorganiziido, como abastecer um grande centro? Haria gado gordo em Goiás, mas como trazè-lo até São Paulo, com ferrovias de
bitola estreita e traçado defeituoso? O sistema adotado, de carne em dias
alteniados, forçou a população à fila da madmgada e ã compra "para ama nhã", o que deixou pungente memó ria. No inverno, as donas-de-casa, cujas empregadas tinham procurado ocupação
nas fábricas, eram obrigadas a aguardar a vez nos passeios, à espera que o açou gueiro abrisse. Tinham que voltar, cor rendo, para casa, a fim de prepararem o
As filas
pequeno ahnôço dos filhos que iam para
Teria .sido possível prever tais incon venientes ou evitar o seu agravamento.
a escola. Êsse lormento, essa aflição, durou anos. No verão, a carne, com prada para o dia seguinte, deterioravase e não raramente provocava graves
\
Churciiill conta, em suas memórias, que c^uando os inglêses da província preten deram embarcar aos milhares para Lon dres, a fim de testemunharem aos lon
drinos a sua solidariedade e participa rem dos mesmos perigos, deu ordens terminanles para proibir tais viagens. Era, som dúvida, coisa enaltecedora que rer sofrer do grande risco de \iver na capital bombardeada, revelava um acendraclo grau de heroísmo e de so
lidariedade. Mas o bom-senso do pri meiro-ministro viu logo as conseqüên cias: dificuldades maiores na condução,
já difícil, de abastecimento, e possibili
intoxicações.
A condução cada vez pior. Não en trava um veiculo novo. Pelo contrário, ônibus ainda em condições de prestarem
bons seiviços, porque não liavia gãsolina, eram vendidos para outros Estados, mais bem providos de quotas de com bustível. Cometera-se o erro de incre mentar o uso do gasogênio em vez de se terem montado cinco grandes distilarias regionais para a produção de ál cool com raspa de mandioca.
Erros administrativos agravavam a si
Os números estavam à disposição de
tuação. Em 1940, o sistema de trans porte urbano acusou 561 milhões de passageiros. Com o número de veículos
quem quisesse consultá-los, e nêles se
reduzido em relação a êsse ano, pelo
dade de mais vítimas sem necessidade.
encontrava sério aviso à gente de boa
JL
vontade.
fez.
O transporte repousava nas estradas
distantes,
via diminuído, porque a Light não es-
Estava prestes o término do contrato.
raná, de Goiás e do sul de Minas.
tomara difícil a localização de granjas
tos projetos nas gavetas, mas ninguém calamitosa. Em 1934, os ônibus tinham
a carne de Maio Grosso, e os cereais
do.s confins do Estado, do norle do Pa
de.sga.ste sem substituição, em 1947 bon-
DfoE.sTo Eci»Nóxuro
1
m
Digestü Econômico 138
sidèndas, que eram mais resultado da aplicação da ,pequena econoniia pri vada. Quem tinlia grandes quantias
mil para seiscentos, c os antigos quinlientos e Ninte bondes, devido aos es
tragos c falta de peças, resumiram-se a
disponíveis, ao procurar a sua aplicação, quatrocentos e trinta, cm condições de sempre preierira os edifícios dc con trafegar. creto, localizados em artérias centrais, ou a inversão em amplas áreas para lo tear, em face da valorização certa, com
grande margem de lucro. Conseqüentemente, quando se chegou ao fim da guerra, estava São Paulo com mais meio milhão de habitantes do que em 1940 e o déficit de moradias ainda
agravado.
Moradias de tipo popular,
eNúdentemente, que eram as da pequena economia privada, destroçada também
pela inflação.
Assim SC agravava a vida na capi tal. Já com o problema dos porões e dos cortiços sem resolver, com falta dc vinte mil casas quando a população era de 1.300.000 almas, a concentração pro
gressiva dc gente ia tornar a vida citadina uma maldição. Não se òuidara
do aproveitamento dos terrenos largados que circundam a capital e formam um anel de solidão. A retenção da terni para fins de loteamento, por vezes absurdos
O trans^iorte
e
excessivamente
O transporte tinha atingido uma fase
transportado 44 milhões de passagei ros e os bondes 177 milhões. Em 1940,
de abastecimento. Sempre houvera mui os tirava desses sarcófagos da burocra cia. E para se compreender a que ponto
chegara a indiferença pela produtivida de do solo, basta citar-se a venda dc uma cliácara de trinta alqueires, para
ta\'a interessada na renovação do seu
rida, em 1942, e até então pagava a^-
material.
nas mil cruzeiros de impôsto territorial, por ano. E tratava-se de um bairro que está mais pró.xímo do
pedido anterior de
Brás do que a Pe
aumento das tarifas
nha.
e monopólio total,
distantes, que de
Terras
mais
pretendia apenas de
viam ter sido trans
dicar-se ao forneci
formadas em gran
mento
jas, não
energia
elétrica. Conseqüen
passavam
de ermos. Continua
temente, São Paulo
va sendo necessário
crescia e a condu
ir buscar alimentos
piorava. Em 1940 os bondes transportaram
frescos em lugares remotos, o que eqüi valia ao abastecimento de Paris por
S28 milhões de passageiros e os ônibus 23-3 milliões. Sobreveio ,a falta de ga-
criadores da Suíça e chacareiros da Ho landa. O leite continuou chegando do
.solina, o número de ônibus baixou dc
\'a]e do Paraíba, c até de Araraquara,
ção
sôbre
trilhos
dos, com mais de cinqüenta por cento de ruas senr calçar, e sem transporte rápido, por falta de meios de condução
lotear, em plena Vila Maria. Foi adqui
de
A cidade disper
sara-se por 1.4.55 quilômetros quadra
e de artéria.s racionalmente abertas, que
o número de bondes que trafegava ha
E recusado o seu
de ferro com material antiquado e con sumindo combustível que não existia. Para as estradas de rodagem não ha via caminhões nem gasolina, Não .se cuidara a tempo da eletrificação da.s ferrovia.s, pura .substituição progressiva do vapor, que exige carvão caro ou desbastc de florestas que já estavam no fim. E a multidão recém-chegada instalava-.s'e 2e qualquer jeito, penava e fa zia penar os outros,
constavam apenas de projetos aprovados,
Bastaria alinhá-los, proceder
à snma, e tirar as conclusões. Nada se
Assim, tudo se agravou. Faltou
açúcar, primeiro. Em seguida, a carne.
Em 1940, São Paulo era perfeitamente
abastecido com 140 mil quilos por dia. Depois, duzentos mil já não bastavam. Com o transporte desorganiziido, como abastecer um grande centro? Haria gado gordo em Goiás, mas como trazè-lo até São Paulo, com ferrovias de
bitola estreita e traçado defeituoso? O sistema adotado, de carne em dias
alteniados, forçou a população à fila da madmgada e ã compra "para ama nhã", o que deixou pungente memó ria. No inverno, as donas-de-casa, cujas empregadas tinham procurado ocupação
nas fábricas, eram obrigadas a aguardar a vez nos passeios, à espera que o açou gueiro abrisse. Tinham que voltar, cor rendo, para casa, a fim de prepararem o
As filas
pequeno ahnôço dos filhos que iam para
Teria .sido possível prever tais incon venientes ou evitar o seu agravamento.
a escola. Êsse lormento, essa aflição, durou anos. No verão, a carne, com prada para o dia seguinte, deterioravase e não raramente provocava graves
\
Churciiill conta, em suas memórias, que c^uando os inglêses da província preten deram embarcar aos milhares para Lon dres, a fim de testemunharem aos lon
drinos a sua solidariedade e participa rem dos mesmos perigos, deu ordens terminanles para proibir tais viagens. Era, som dúvida, coisa enaltecedora que rer sofrer do grande risco de \iver na capital bombardeada, revelava um acendraclo grau de heroísmo e de so
lidariedade. Mas o bom-senso do pri meiro-ministro viu logo as conseqüên cias: dificuldades maiores na condução,
já difícil, de abastecimento, e possibili
intoxicações.
A condução cada vez pior. Não en trava um veiculo novo. Pelo contrário, ônibus ainda em condições de prestarem
bons seiviços, porque não liavia gãsolina, eram vendidos para outros Estados, mais bem providos de quotas de com bustível. Cometera-se o erro de incre mentar o uso do gasogênio em vez de se terem montado cinco grandes distilarias regionais para a produção de ál cool com raspa de mandioca.
Erros administrativos agravavam a si
Os números estavam à disposição de
tuação. Em 1940, o sistema de trans porte urbano acusou 561 milhões de passageiros. Com o número de veículos
quem quisesse consultá-los, e nêles se
reduzido em relação a êsse ano, pelo
dade de mais vítimas sem necessidade.
encontrava sério aviso à gente de boa
JL
vontade.
fez.
O transporte repousava nas estradas
distantes,
via diminuído, porque a Light não es-
Estava prestes o término do contrato.
raná, de Goiás e do sul de Minas.
tomara difícil a localização de granjas
tos projetos nas gavetas, mas ninguém calamitosa. Em 1934, os ônibus tinham
a carne de Maio Grosso, e os cereais
do.s confins do Estado, do norle do Pa
de.sga.ste sem substituição, em 1947 bon-
Dkirsro EroNy>N
Mf)
eles e ônibus transjxjrtavam 720 milbões de passageiros. 150 milbões mais cm sete anos e com menos número de ôni bus e bondes em tráfego. Não era mais progresso o C{ue se
verifica\a.
Era a condenação dc tôda
EroNó>nc{)
tido de impedir o agravamento da si tuação. Não raro, o CIn\êrno dificulta\'a a produção-c o abastecimento. Vol
mais, o que c<juivalc a duas cidades
do tamanlu) dc Santos despejadas de repente c de uma vez só.
ta Redonda desfalcou de trabalhado
Há necessidade, agora, de digerir ês-
res rurais o Vale do Paraíba, que abas
se e.\ce.sso, de acomodar com decência
tece dc leite o Rio c São Paulo.
os elementos produtivos e dc dar so
O
uma população laboriosa a uma pena
campo de Cumbica fez com que mui
lução ao caso dos desajustados, o que
progressiva, a um castigo que se agra-» vava de semana para semana. No en tanto, continuava chegando mais gente do interior, atraída, pelos salário.s altos de que ouvia falar e sem saber das di
tas granjas ficassem sem os braços p;u^
não c tarefa de fácil execução; dc ter
trens carreavam êxodos rurais.
ta a necessidade de vinte mil casas, o
Quanto à concentração industrial na
dc dois milhões de metros quadrados de ruas sem calçamento, o que está difícultaiiflo as soluções para o preblema do congestionamento do tráfego; c de extinguir os porões lotados, onde pro liferam as moléstias contagiosas, pon
traziam estampados nos rostos os estig
eficaz dos fcrmentos subversivos.
mas das endemias de sertões remotos.
Era preciso trata-los, já com os ho.spi-
aconscMiável seria a distribuição das in
tais repletos.
No olhar de todos palpita\'am des
já vinha sendo feito, com sucesso, nos Estados Unidos. Mas o grande empe
medidas e.sperançus. Nos primeiros dias o C'.splendor da ci
cilho era a falta de energia elétricji barata e a bai.xo preço.
bitação, os gêneros caros e escassos. O açúcar, que sobrava na torra de ori gem de muitos, andava aqui racionado para todos. Carne, que encontravam
mento da cidade, efetuam-se vinte mil casamentos por ano, o que represen
que absolutamente não e.xistc, porque
habitação e alimento constituíam o mais
defrontavam-.se logo com a falta de ha
E agravando todos esses males, c como conseqüência natural do cresci
minar um programa dc abastecimento
Os
ziam projetos. Arranjavam emprego. Mas
para a casa própria estão praticamente suspensos.
de água ainda no início; de atacar mais
São ape
Muitos
dade grande linha suavidades desco nhecidas. Saboreavam São Paulo e far
do em risco a saúde dos elementos não contaminados. Mas os financiamentos
nas dois casos citados entre múltiplos.
os trabalhos mais rotineiros.
Paulicéia, foí condenada por vários mo tivos. As dificuldades encontradas de
ficuldades que teria de enfrentar.
141
Mais
não se constrocm. E assim, o orgulho da soberba metrópole dc mais do dois milhões
se
transforma
num
sorriso
amargo, porque tal cifra apenas exprime o verdadeiro motivo de tanta afação e de tamanhas dificuldades.
dústrias pelas cidades do interior, o que
W'-
A Light, com seu programa em an
damento para a produção de milhão o meio de cavalos de força e a garantia
de quase meio milhão de cavalo.s, de
LÀn. y . 1
f '
terminava essa infiorescência de novas
indústrias.
't.T
As possibilidades do inte
rior não tinham sido convenientemente
aproveitadas, nem i^lonejadas tampouco.
com abundância na cidadezinlia natal,
E São Paulo, que em 1940, segundo n
tinha preço altíssimo e não era encon trada. Mesmo a.ssim, a maior parte ficou. Arrumou-se de qualquer jeito. E as mulheres caboclas, que não traziam
recenseamenlo efetuado, tinha 190.219
já estava com 326.486 indiistriários, sen do que, em fins dc 1948, esse número
os hábitos domésticos da dona-de-casa
era já calculado cm 4.50 mil.
da cidade, concorriam para agravar a falta de tran.sportc, pois saíam cstonléada.s, a passear, para conliecer a cidade maravilhosa, em conseqüência de nela
indústria do fiação e tecelagem — que
jamento a tempo — ocupava, em 1946,
se terem concentrado dezenas de milha-
nada menos de 156.754 pe.ssoas.
re.s de antigos produtores de abundân
Dessa maneira, durante o período de 1940 a 1946, sem que hou\'esse mais carros rodando e sofrendo os veículos exi.stentes progressivo de.sgaste, aciunuloii-se uma jjopulação dc meio milhão a
"TI,'.- .
'í
■
■ T '•
pessoas ocupadas na indústria, em 1946 Só a
podia estar melhor distribuída pelo in terior, se tivesse sido feito um plane
' 1 ■!"' "V
.
I
SVj! • • ■ a ■
cia que se transformaram enl con.sumidore.s de um dia para o outro.
A expansão metropolitana era caó tica.
Não .SC fizera inn estudo no .sen
•••
Dkirsro EroNy>N
Mf)
eles e ônibus transjxjrtavam 720 milbões de passageiros. 150 milbões mais cm sete anos e com menos número de ôni bus e bondes em tráfego. Não era mais progresso o C{ue se
verifica\a.
Era a condenação dc tôda
EroNó>nc{)
tido de impedir o agravamento da si tuação. Não raro, o CIn\êrno dificulta\'a a produção-c o abastecimento. Vol
mais, o que c<juivalc a duas cidades
do tamanlu) dc Santos despejadas de repente c de uma vez só.
ta Redonda desfalcou de trabalhado
Há necessidade, agora, de digerir ês-
res rurais o Vale do Paraíba, que abas
se e.\ce.sso, de acomodar com decência
tece dc leite o Rio c São Paulo.
os elementos produtivos e dc dar so
O
uma população laboriosa a uma pena
campo de Cumbica fez com que mui
lução ao caso dos desajustados, o que
progressiva, a um castigo que se agra-» vava de semana para semana. No en tanto, continuava chegando mais gente do interior, atraída, pelos salário.s altos de que ouvia falar e sem saber das di
tas granjas ficassem sem os braços p;u^
não c tarefa de fácil execução; dc ter
trens carreavam êxodos rurais.
ta a necessidade de vinte mil casas, o
Quanto à concentração industrial na
dc dois milhões de metros quadrados de ruas sem calçamento, o que está difícultaiiflo as soluções para o preblema do congestionamento do tráfego; c de extinguir os porões lotados, onde pro liferam as moléstias contagiosas, pon
traziam estampados nos rostos os estig
eficaz dos fcrmentos subversivos.
mas das endemias de sertões remotos.
Era preciso trata-los, já com os ho.spi-
aconscMiável seria a distribuição das in
tais repletos.
No olhar de todos palpita\'am des
já vinha sendo feito, com sucesso, nos Estados Unidos. Mas o grande empe
medidas e.sperançus. Nos primeiros dias o C'.splendor da ci
cilho era a falta de energia elétricji barata e a bai.xo preço.
bitação, os gêneros caros e escassos. O açúcar, que sobrava na torra de ori gem de muitos, andava aqui racionado para todos. Carne, que encontravam
mento da cidade, efetuam-se vinte mil casamentos por ano, o que represen
que absolutamente não e.xistc, porque
habitação e alimento constituíam o mais
defrontavam-.se logo com a falta de ha
E agravando todos esses males, c como conseqüência natural do cresci
minar um programa dc abastecimento
Os
ziam projetos. Arranjavam emprego. Mas
para a casa própria estão praticamente suspensos.
de água ainda no início; de atacar mais
São ape
Muitos
dade grande linha suavidades desco nhecidas. Saboreavam São Paulo e far
do em risco a saúde dos elementos não contaminados. Mas os financiamentos
nas dois casos citados entre múltiplos.
os trabalhos mais rotineiros.
Paulicéia, foí condenada por vários mo tivos. As dificuldades encontradas de
ficuldades que teria de enfrentar.
141
Mais
não se constrocm. E assim, o orgulho da soberba metrópole dc mais do dois milhões
se
transforma
num
sorriso
amargo, porque tal cifra apenas exprime o verdadeiro motivo de tanta afação e de tamanhas dificuldades.
dústrias pelas cidades do interior, o que
W'-
A Light, com seu programa em an
damento para a produção de milhão o meio de cavalos de força e a garantia
de quase meio milhão de cavalo.s, de
LÀn. y . 1
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terminava essa infiorescência de novas
indústrias.
't.T
As possibilidades do inte
rior não tinham sido convenientemente
aproveitadas, nem i^lonejadas tampouco.
com abundância na cidadezinlia natal,
E São Paulo, que em 1940, segundo n
tinha preço altíssimo e não era encon trada. Mesmo a.ssim, a maior parte ficou. Arrumou-se de qualquer jeito. E as mulheres caboclas, que não traziam
recenseamenlo efetuado, tinha 190.219
já estava com 326.486 indiistriários, sen do que, em fins dc 1948, esse número
os hábitos domésticos da dona-de-casa
era já calculado cm 4.50 mil.
da cidade, concorriam para agravar a falta de tran.sportc, pois saíam cstonléada.s, a passear, para conliecer a cidade maravilhosa, em conseqüência de nela
indústria do fiação e tecelagem — que
jamento a tempo — ocupava, em 1946,
se terem concentrado dezenas de milha-
nada menos de 156.754 pe.ssoas.
re.s de antigos produtores de abundân
Dessa maneira, durante o período de 1940 a 1946, sem que hou\'esse mais carros rodando e sofrendo os veículos exi.stentes progressivo de.sgaste, aciunuloii-se uma jjopulação dc meio milhão a
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pessoas ocupadas na indústria, em 1946 Só a
podia estar melhor distribuída pelo in terior, se tivesse sido feito um plane
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cia que se transformaram enl con.sumidore.s de um dia para o outro.
A expansão metropolitana era caó tica.
Não .SC fizera inn estudo no .sen
•••
'i'r
1
Digesto EcoNó>nco
vãdo às suas rendas, são
Estrutura do mercado rural Moacyr Paixão
análise
^Vo ESTUDO dos problemas
tacar especial atenção ao
consumidores
campesinato, sobretudo à
milhões de pessoas, representando 68% da população do País.
Em certas re
giões, no caso ao norte, nordeste e cen-
tro-ceste, ligam-se diretamente às ativi
dades agropecuárias mais de 40% dos moradores adultos, contra 6% na indús tria de transformação. E mesmo em
São Paulo, região tida como predomi nantemente industrial, 32% da população ativo-prcdutiva (10 anos e mais de
idade) trabalham no campo, presos à lavoura e à criação, contra apenas 22% na indústria,
Nominalmente, o mercado rural é mais
estrutura do
perficial essa concepção. Composição social dos
para criar condições ao seu desenvoVimento, cabe des
situação das suas camadas mais pobres. Isso porque moram e tra balham no campo aproximadamente 30
da
mercado rural, como é su
do mercado nacional,
A população camponesa
êles os maio
res consumidores do campo. E em ca sos de mercadorias mais caras e não essenciais, são os consumidores exclusi-
O fenômeno da concentração da pro priedade em poucas mãos se faz sentir mesmo próximo aos grandes centros ur
banos. O caso de São Paulo é expres
\os. Contudo, constituem uma parcela mínima da população camponesa, não dando para absorver grandes volumes da produção industrial, de gêneros em geral
sivo: uma pesquisa do engenheiro Mario
ou de servâços. O levantamento das suas
esclarece que 59 proprietários detêm
rendas — admitindo-se, para formula ção do problema, que elas sejam baixas
13% do total da área das 45.119 pro
— não irá melhorar extraordinariamen
cados", Boletim da Secretaria da Agri
Zaroni, acerca da composição da pro priedade territorial em 44 municípios do do Paraíba e vizinhos da capital, priedades observadas ("Colheitas e Mer
do País só pode ser observada, nos
te a procura de mercadorias e animar a
cultura- de São Paulo, outubro
elementos de sua economia c compo
produção.
sição social, através dos resultados do censo agrícola dc 1940. Embora 9 anos
1947). Essa absorção da maioria das terras
disso, é que êsses mfhares de proprie
por uma pequena camada social de
tários territoriais, particularmente os donos de maiores e.xtensões, sustentam
proprietários prende a economia agrá ria nacional a condições tipicamente seml-feuclais de produção, impedindo a penetração do capitalismo no campo, e,
hajam decorrido e os quadros da pro priedade rura'- nunca sejam estáveis, as alterações operadas, no período, uao podem ser sub-tanciais, de maneira a modificar a posição do problema.
O censo encontrou o campesinato adul to assim constituído:
a) 7 milhões de camponeses sem terra;
b) 970 mil pequenos proprietários, possuindo até 20 ha.;
o) 780 mil médios proprietários, pos
amplo que o das cidades, oferecendo
suindo os mais pobres de 20 a 100 ha.,
maiores perspectivas à absorção de mer cadorias e gastos de serviço. Mas isso
os mais ricos de 100 a 200 ha. (ele
nominalmente. Falta assegurar, na rea lidade, um maior poder de compra aos milhões de consumidores potenciais do campo. E mais, falta colocá-los dentro dos mercados, como produtores e con
143
mentos teóricos para análise); d) 148 mil grandes proprietários.
E o fundamental a considerar, além
nas suas mãos, direta ou indiretamente, as condições sociais e o funcionamen to do sistema econômico de todo o cam
pesinato. Ê fato a assinalar — utilizando
dados do censo — que 148.622 proprie dades com mais de 200 ha. (7% das
recenseadas) ocupam 144,5 milhões de
de
pois, o desenvolvimento das inversões
capitahstas, da técnica agrícola, da ele vação dos níveis de produtividade. As grandes propriedades são fortemente absenteístas, oferecem um baixo limite
hectares de terra, correspondendo a 73%
de utilização e cultivo do solo. E mais,
da terra possuída no País. E reduzindo mais o limite da ob.servação: 27.000
o censo constatou que diminui o valor
grandes propriedades (de mais de 1.000 ha.) ocupam 95,4 milhões de hectares,
porção que aumenta a área das proprie
ou sejam 45% da área global das pro
dro a seguir, trabalhado sôbre dados do censo agrícola de 1940.
priedades agrárias.
médio da produção por hectare à pro dades. Isso vem demonstrado no qua
Ê encarando a situação específica
dessas camadas que se chega à cons
tatação da estrutura do mercado rural, à verificação da capacidade aquisitiva
Tipo de propriedade
dos mfhões de consumidores do campo
Êsses problemas não costumam ser debatidos com lógica e coragem. Na
— aos vazios do mercado interno, tantas
— até 20 ha.
vezes assinalados pelos sociólogos e
Médias
caracterização da precariedade do mer
economistas.
Evidentemente os grandes proprie
aparelho circulatório disponível, espec^icamente a deficiência dos transpor tes c a alta taxa de lucros absorvida pe los intermediários. Mas vejamos, da
tários territoriais e a camada mais abas
tada dos médios, incluindo suas famílias,
Área cultivada
(ha.)
s/ área total (%)
Valor da produção icrs./ha.)
44
226
22 13
94 53
Pequenas
sumidores livres.
cado interno, é hábito responsabilizar o
Área média
- de
20 a 100 ha.
43 139
— de 100 a 200 ha, Giuvndes
representam, tomados em caráter pessool»
— mais de 200 ha
788
um elemento positivo no mercado. De-
Média nacional
108 'i
18 40 >
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1
Digesto EcoNó>nco
vãdo às suas rendas, são
Estrutura do mercado rural Moacyr Paixão
análise
^Vo ESTUDO dos problemas
tacar especial atenção ao
consumidores
campesinato, sobretudo à
milhões de pessoas, representando 68% da população do País.
Em certas re
giões, no caso ao norte, nordeste e cen-
tro-ceste, ligam-se diretamente às ativi
dades agropecuárias mais de 40% dos moradores adultos, contra 6% na indús tria de transformação. E mesmo em
São Paulo, região tida como predomi nantemente industrial, 32% da população ativo-prcdutiva (10 anos e mais de
idade) trabalham no campo, presos à lavoura e à criação, contra apenas 22% na indústria,
Nominalmente, o mercado rural é mais
estrutura do
perficial essa concepção. Composição social dos
para criar condições ao seu desenvoVimento, cabe des
situação das suas camadas mais pobres. Isso porque moram e tra balham no campo aproximadamente 30
da
mercado rural, como é su
do mercado nacional,
A população camponesa
êles os maio
res consumidores do campo. E em ca sos de mercadorias mais caras e não essenciais, são os consumidores exclusi-
O fenômeno da concentração da pro priedade em poucas mãos se faz sentir mesmo próximo aos grandes centros ur
banos. O caso de São Paulo é expres
\os. Contudo, constituem uma parcela mínima da população camponesa, não dando para absorver grandes volumes da produção industrial, de gêneros em geral
sivo: uma pesquisa do engenheiro Mario
ou de servâços. O levantamento das suas
esclarece que 59 proprietários detêm
rendas — admitindo-se, para formula ção do problema, que elas sejam baixas
13% do total da área das 45.119 pro
— não irá melhorar extraordinariamen
cados", Boletim da Secretaria da Agri
Zaroni, acerca da composição da pro priedade territorial em 44 municípios do do Paraíba e vizinhos da capital, priedades observadas ("Colheitas e Mer
do País só pode ser observada, nos
te a procura de mercadorias e animar a
cultura- de São Paulo, outubro
elementos de sua economia c compo
produção.
sição social, através dos resultados do censo agrícola dc 1940. Embora 9 anos
1947). Essa absorção da maioria das terras
disso, é que êsses mfhares de proprie
por uma pequena camada social de
tários territoriais, particularmente os donos de maiores e.xtensões, sustentam
proprietários prende a economia agrá ria nacional a condições tipicamente seml-feuclais de produção, impedindo a penetração do capitalismo no campo, e,
hajam decorrido e os quadros da pro priedade rura'- nunca sejam estáveis, as alterações operadas, no período, uao podem ser sub-tanciais, de maneira a modificar a posição do problema.
O censo encontrou o campesinato adul to assim constituído:
a) 7 milhões de camponeses sem terra;
b) 970 mil pequenos proprietários, possuindo até 20 ha.;
o) 780 mil médios proprietários, pos
amplo que o das cidades, oferecendo
suindo os mais pobres de 20 a 100 ha.,
maiores perspectivas à absorção de mer cadorias e gastos de serviço. Mas isso
os mais ricos de 100 a 200 ha. (ele
nominalmente. Falta assegurar, na rea lidade, um maior poder de compra aos milhões de consumidores potenciais do campo. E mais, falta colocá-los dentro dos mercados, como produtores e con
143
mentos teóricos para análise); d) 148 mil grandes proprietários.
E o fundamental a considerar, além
nas suas mãos, direta ou indiretamente, as condições sociais e o funcionamen to do sistema econômico de todo o cam
pesinato. Ê fato a assinalar — utilizando
dados do censo — que 148.622 proprie dades com mais de 200 ha. (7% das
recenseadas) ocupam 144,5 milhões de
de
pois, o desenvolvimento das inversões
capitahstas, da técnica agrícola, da ele vação dos níveis de produtividade. As grandes propriedades são fortemente absenteístas, oferecem um baixo limite
hectares de terra, correspondendo a 73%
de utilização e cultivo do solo. E mais,
da terra possuída no País. E reduzindo mais o limite da ob.servação: 27.000
o censo constatou que diminui o valor
grandes propriedades (de mais de 1.000 ha.) ocupam 95,4 milhões de hectares,
porção que aumenta a área das proprie
ou sejam 45% da área global das pro
dro a seguir, trabalhado sôbre dados do censo agrícola de 1940.
priedades agrárias.
médio da produção por hectare à pro dades. Isso vem demonstrado no qua
Ê encarando a situação específica
dessas camadas que se chega à cons
tatação da estrutura do mercado rural, à verificação da capacidade aquisitiva
Tipo de propriedade
dos mfhões de consumidores do campo
Êsses problemas não costumam ser debatidos com lógica e coragem. Na
— aos vazios do mercado interno, tantas
— até 20 ha.
vezes assinalados pelos sociólogos e
Médias
caracterização da precariedade do mer
economistas.
Evidentemente os grandes proprie
aparelho circulatório disponível, espec^icamente a deficiência dos transpor tes c a alta taxa de lucros absorvida pe los intermediários. Mas vejamos, da
tários territoriais e a camada mais abas
tada dos médios, incluindo suas famílias,
Área cultivada
(ha.)
s/ área total (%)
Valor da produção icrs./ha.)
44
226
22 13
94 53
Pequenas
sumidores livres.
cado interno, é hábito responsabilizar o
Área média
- de
20 a 100 ha.
43 139
— de 100 a 200 ha, Giuvndes
representam, tomados em caráter pessool»
— mais de 200 ha
788
um elemento positivo no mercado. De-
Média nacional
108 'i
18 40 >
Da:i-;sr(» E<;nNÓAjico
OiCRsro EcoNÓMitX)
I br<* u Helórma Agrária, mamliuiii ao
iiomisla baiano a.s.sinalou a dureza du fe
médias de cultivo do solo cin reluçao a
Congresso em maio dc 1948.
nômeno na área cacaiiicullora: "... upós
área global das propriedades, assim conjo do valor da produção por hectare,
Dispondo dí- pouca terra para cultivar — e, mais que is.sf), fechada nas áreas
o estrondo e o tmbilhonav de cada um desses v-endavais (refere-se às crises cí
que SC mostram cxtrenianicnte baixas no
do dominação dos laliíúndios e prc.sa
País, em virtude das próprias condições
à economia do.s borracôes, e.ssa parcela
da propriedade da terra em que se monta a lavoura. A propriedade lati fundiária, ocupando a imensa maioria das áreas do campo, barra o de.senvolvimento das cu'turas e mantém a produ
do campesinato se vè obrigada a traba lhar principalmente para o con.sumo do
clicas nos preços do cacau), centenas dc pequeno.s lavradores desaparecem do rol de produtores independentes, absorvi
Vemos assim
dois fenômenos — us
ção agrícola em crise crônica.
A eco
nomia agrária nacional, predominante
mente de grandes propriedades absen-
teistas. se caracteriza pela pobreza da
técnica, pelo escasso emprego de capital <-m máquinas, benfeitorias e animais
do resistência ou algum grande lavrador clieio de avidez pela terra alheia, dos
pequenos agricultores .são obrigados a
(piais, nao raro, as vitimas são triljutá-
manter um bai.xo nível dc subsistência,
pouco produzindo para a venda e em troca pouco possuindo com que comprar mercadorias, serviços ou mesmo alimen tos adicionais ncce.s.sários" ~ opina o
etc. A técnica agrícola, para maior
Relatório da Missão Abbink (pág. 94).
economia e aproveitamento do trabalho humano, se vê dispensada, devido exa tamente à abundância da mão-de-obra barata disponível, explicando-se assim O.S baixos níveis de produtividade e de renda da terra constatados pelo censo.
A e.scassez dc terra não estimula o
O poder de compra dos pequenos produtores
São 970 mil os pequeno.s proprietá rios (até 20 ha.) recenseado.s. Embora
representem 51% dos proprietários do campo, .sua área de terra possuída não passa de 7.451.215 ha., ou sejam meno.s de 4% do global no País. Acresce que aproximadamente 400
comercio de gêneros agrícolas, nem o emprego da técnica. Antes, a extre ma pobreza do pequeno proprietário — à exceção de determinadas zona.s onde a influência
ção de tratores, mais difíceis ainda pelo seu alto preç'o, assim como dos demais equipamento.s mccánico.s de cultivo e benefíciamento da produção. Geralmente esses milhares dc campo
neses transformam em mercadoria ape
nas determinada monocuU"ura, seja o
café, cacau, algodão, cana-de-açúcar ou arroz. As demais parcelas de sua pro dução, êles não a.s
de 5 ha., uma pro
priedade ptdverizada, eonhece.M a Mensn.^reni ào Coveino so-
í X
/ • .
rias cconòmicamente" (Tosta Filho.
dc produção sempre mais elevado, o
cau, ou da monocultura a (juc estão li gados, sua situação igualmente é precá ria. Sem recursos para atender aos ser
viços e gastos de entre-safra, apelam para os armazéns do barracão ou para crédito manejado pelos intermediários, já que os financiamentos oficiais, Banco do Brasil ou dos organismos es taduais de crédito rural especializado,
na realidade só funcionam para os gran des proprietários e excepcionalmente pa ra os mcdios-ricos. Pagam juros que U-S vêze.s atingem, em zonas isoladas, a 60% ao ano.
No Nordeste, ps pequenos lavradores, espremidos pela nii.séria, costumam ven
der suas culturas ainda na fôlha, a pre ços mais depreciados que à ocaklo das colheita.s.
E mesmo ao sul, onde a
lavoura dos pequenos proprietiu^íos apre cial é extremamente difícil.
Uma pesquisa das cíondições ccxinómi-
mente sua capacidade, aquisitiva — é direta c profundamente en volvida pelas crises de preços de sua única
cas das xíiopriedades agrícolas na Baixa Mojiana (São Paulo), constatou como é
mercadoria.
Um oco-
camada de proprietários. Suas colI)eita.s
Nas época.s normais de preços do ca
sim, sua renda agrí cola — e especifica
relação
do Econômico da Agricultura do Dis trito de Ibiti", pág. 25, 1945). A cada ano mais se pauperiza essa " arrancadas de solos em processo de rá
senta maior ligação independente com o mercado, a situação de.s.sa camada so
em
ria - "... a renda líquida não foi .suficiente para cobrir os salários dc 200 cinzeiros por mês para o sitiante e dc 5 cruzeiros por dia, a .séco. a cada membro da família considérado como uma enxada" (Rui Miller Paiva, "Estu
"Plano de Ação Econômica para o Estado da Bahia", pág. B-4(), 1948).
As
colocam
com o mercado.
tém cada um menos
exploração anti
foi reduzida
-sibilidade do uso de adubos, da introdu
'são minifundiários, de
econômica, como re-
do latifúndio
(colonato gaúcho etc.) — elimina u pos-
mil dos proprietários dessa camada social
(3e
dos por uin vizinho de maior capacidade
méstico, sendo rala a parle de sua prt)dução <pie vai ao mercado. "Muitos
eionalmenlr boa. parlo apro.scnla lucro.s hui.vos e outra parle se mostra deficitá
pobre a renda agrícola na região, par ticularmente a renda das pecjuenas propricdadc.s. D.,s sílio.s (até 50 ha,) exu-
minudos, eni um ano dc coMieila cxcep-
pido esgotamento, apresentam um custo
que leva á redução progressiva da ren
da agrícola da terra. Às vêzcs a queda dc sua capacidade aquisitiva .se dá dras ticamente, como no caso da cri.sc do
cacau e algodão (queda dos preços, rcIrainiento da procura etc.). E 6 assim que essa grande parcela do campesinato mantém, flutuando, a sua precária posi
ção no mercado nacional. As massas scm-terra fora do mercado
7 milhões de pessoas adultas, residen
tes no campo, não sendo proprietárias, procuram anendar pequenos tratos de terra, ou passam a concorrer no mer
cado de mão-de-obra e a vender a outrem o seu trabalho.
Não conseguiu o censo fixar precisa
mente a etapa histórica das relações econômicas entre as massas sem-terra e
os proprietários arrendantes, embora cer
tos questionários, não apurados, procurassem observar o fenômeno. Sabe-se
contudi?, de anáhses regionais esparsas' que as relações capitalistas de alugvrei da terra e remuneração do trabalho não .se tornaram ainda freqüentes. Predomi na no campo a parceria agríciiVi, o re
gime de meação nas colheitas, u /cqi, ..-!T
Da:i-;sr(» E<;nNÓAjico
OiCRsro EcoNÓMitX)
I br<* u Helórma Agrária, mamliuiii ao
iiomisla baiano a.s.sinalou a dureza du fe
médias de cultivo do solo cin reluçao a
Congresso em maio dc 1948.
nômeno na área cacaiiicullora: "... upós
área global das propriedades, assim conjo do valor da produção por hectare,
Dispondo dí- pouca terra para cultivar — e, mais que is.sf), fechada nas áreas
o estrondo e o tmbilhonav de cada um desses v-endavais (refere-se às crises cí
que SC mostram cxtrenianicnte baixas no
do dominação dos laliíúndios e prc.sa
País, em virtude das próprias condições
à economia do.s borracôes, e.ssa parcela
da propriedade da terra em que se monta a lavoura. A propriedade lati fundiária, ocupando a imensa maioria das áreas do campo, barra o de.senvolvimento das cu'turas e mantém a produ
do campesinato se vè obrigada a traba lhar principalmente para o con.sumo do
clicas nos preços do cacau), centenas dc pequeno.s lavradores desaparecem do rol de produtores independentes, absorvi
Vemos assim
dois fenômenos — us
ção agrícola em crise crônica.
A eco
nomia agrária nacional, predominante
mente de grandes propriedades absen-
teistas. se caracteriza pela pobreza da
técnica, pelo escasso emprego de capital <-m máquinas, benfeitorias e animais
do resistência ou algum grande lavrador clieio de avidez pela terra alheia, dos
pequenos agricultores .são obrigados a
(piais, nao raro, as vitimas são triljutá-
manter um bai.xo nível dc subsistência,
pouco produzindo para a venda e em troca pouco possuindo com que comprar mercadorias, serviços ou mesmo alimen tos adicionais ncce.s.sários" ~ opina o
etc. A técnica agrícola, para maior
Relatório da Missão Abbink (pág. 94).
economia e aproveitamento do trabalho humano, se vê dispensada, devido exa tamente à abundância da mão-de-obra barata disponível, explicando-se assim O.S baixos níveis de produtividade e de renda da terra constatados pelo censo.
A e.scassez dc terra não estimula o
O poder de compra dos pequenos produtores
São 970 mil os pequeno.s proprietá rios (até 20 ha.) recenseado.s. Embora
representem 51% dos proprietários do campo, .sua área de terra possuída não passa de 7.451.215 ha., ou sejam meno.s de 4% do global no País. Acresce que aproximadamente 400
comercio de gêneros agrícolas, nem o emprego da técnica. Antes, a extre ma pobreza do pequeno proprietário — à exceção de determinadas zona.s onde a influência
ção de tratores, mais difíceis ainda pelo seu alto preç'o, assim como dos demais equipamento.s mccánico.s de cultivo e benefíciamento da produção. Geralmente esses milhares dc campo
neses transformam em mercadoria ape
nas determinada monocuU"ura, seja o
café, cacau, algodão, cana-de-açúcar ou arroz. As demais parcelas de sua pro dução, êles não a.s
de 5 ha., uma pro
priedade ptdverizada, eonhece.M a Mensn.^reni ào Coveino so-
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/ • .
rias cconòmicamente" (Tosta Filho.
dc produção sempre mais elevado, o
cau, ou da monocultura a (juc estão li gados, sua situação igualmente é precá ria. Sem recursos para atender aos ser
viços e gastos de entre-safra, apelam para os armazéns do barracão ou para crédito manejado pelos intermediários, já que os financiamentos oficiais, Banco do Brasil ou dos organismos es taduais de crédito rural especializado,
na realidade só funcionam para os gran des proprietários e excepcionalmente pa ra os mcdios-ricos. Pagam juros que U-S vêze.s atingem, em zonas isoladas, a 60% ao ano.
No Nordeste, ps pequenos lavradores, espremidos pela nii.séria, costumam ven
der suas culturas ainda na fôlha, a pre ços mais depreciados que à ocaklo das colheita.s.
E mesmo ao sul, onde a
lavoura dos pequenos proprietiu^íos apre cial é extremamente difícil.
Uma pesquisa das cíondições ccxinómi-
mente sua capacidade, aquisitiva — é direta c profundamente en volvida pelas crises de preços de sua única
cas das xíiopriedades agrícolas na Baixa Mojiana (São Paulo), constatou como é
mercadoria.
Um oco-
camada de proprietários. Suas colI)eita.s
Nas época.s normais de preços do ca
sim, sua renda agrí cola — e especifica
relação
do Econômico da Agricultura do Dis trito de Ibiti", pág. 25, 1945). A cada ano mais se pauperiza essa " arrancadas de solos em processo de rá
senta maior ligação independente com o mercado, a situação de.s.sa camada so
em
ria - "... a renda líquida não foi .suficiente para cobrir os salários dc 200 cinzeiros por mês para o sitiante e dc 5 cruzeiros por dia, a .séco. a cada membro da família considérado como uma enxada" (Rui Miller Paiva, "Estu
"Plano de Ação Econômica para o Estado da Bahia", pág. B-4(), 1948).
As
colocam
com o mercado.
tém cada um menos
exploração anti
foi reduzida
-sibilidade do uso de adubos, da introdu
'são minifundiários, de
econômica, como re-
do latifúndio
(colonato gaúcho etc.) — elimina u pos-
mil dos proprietários dessa camada social
(3e
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méstico, sendo rala a parle de sua prt)dução <pie vai ao mercado. "Muitos
eionalmenlr boa. parlo apro.scnla lucro.s hui.vos e outra parle se mostra deficitá
pobre a renda agrícola na região, par ticularmente a renda das pecjuenas propricdadc.s. D.,s sílio.s (até 50 ha,) exu-
minudos, eni um ano dc coMieila cxcep-
pido esgotamento, apresentam um custo
que leva á redução progressiva da ren
da agrícola da terra. Às vêzcs a queda dc sua capacidade aquisitiva .se dá dras ticamente, como no caso da cri.sc do
cacau e algodão (queda dos preços, rcIrainiento da procura etc.). E 6 assim que essa grande parcela do campesinato mantém, flutuando, a sua precária posi
ção no mercado nacional. As massas scm-terra fora do mercado
7 milhões de pessoas adultas, residen
tes no campo, não sendo proprietárias, procuram anendar pequenos tratos de terra, ou passam a concorrer no mer
cado de mão-de-obra e a vender a outrem o seu trabalho.
Não conseguiu o censo fixar precisa
mente a etapa histórica das relações econômicas entre as massas sem-terra e
os proprietários arrendantes, embora cer
tos questionários, não apurados, procurassem observar o fenômeno. Sabe-se
contudi?, de anáhses regionais esparsas' que as relações capitalistas de alugvrei da terra e remuneração do trabalho não .se tornaram ainda freqüentes. Predomi na no campo a parceria agríciiVi, o re
gime de meação nas colheitas, u /cqi, ..-!T
Dioksto EroNÓ>ni
UioESTO Econômico
147
146
outras formas de cessão da terra contra
pagamento em espécie. A regra geral é esta: se possuem dinheiro, os campo
neses podem arrendar a terra pagando em moeda; caso negativo, sujeitam-se
fazendo outras culturas nas ruas do ca-
fèzal, pode tocar até 3.000 pés^ Siw renda anual, em conseqüência, não será
superior a 2,5 ou 3 mil cruzeiros — padrão de vida normal. Em relação aos trabaUiadores assala
as massas sem-terra são mais pobres, o
riados é idêntica a situação.
arrendamento em espécie é predomi nante. ]á no Rio Grande do Sul, São
que 23% das crianças não freqüentavam as aulas municipais por falta de roupas para vestir.
Na zona
do cacau, na Bahia, onde existem talvez 100 mil assalariados agrícolas (130 mil
mento do mercado interno, conseqüentemente à ampiação dos quadros da economia nacional (maiores níveis de
Paraná está bastante di
da safra), as diárias va
fundido o regime dos ar
riam de 8 a 12 cruzeiros,
rendamentos a dinheiro.
a sêco. No fim do mês,
mida, de recursos financeiros para o Estado etc.), criar condições para ani quilar os fatôres do pauperismo, do
300
estão amarrados milhões de camponeses
produção conseguiram pe netrar em
maior
escala
na agricultura, sem o
cruzeiros,
por se
contarem muitos cs dias-
'1^
santo-de-guarda. Presentemente, aliás, os sa
abandono, é certo, das
lários vêm sendo reduzi
%'elhas características se-
dos, diante da profunda
mi-feudais. Em São Paulo, uma pes quisa da Diretoria de Estatística, Indús
tria e Comércio ("Estatística Agrícola e Zootécnica", 1939/40) encontrou os ar rendatários, num total de 64.889 no
Estado (abrangidos pela pesquisa), as
crise de preços caída sôbre a economia do cacau. E o pior é que cm qualquer das regiões rurais onde o trabalho é pago a dinheiro — e elas são raras — o assala riado não compra livremente no merca do, não se libertou do regime do barra
sim divididos:
cão, da subordinação pessoal ao círculo
Pagam arrendamento a
econômico do dono da terra.
dinheiro
^ 33.628 (52%)
Pagam em espécie .... 31.261" (48%) Geralmente as taxas de arrendamento nês, reduzindo ao mínimo sua capaci
lonos. A campanha do Rio Grande do
ras, de gêneros em geral e serviços. Co
Sul (cerca de 33% da superfície do Es tado), zona de grandes latifündios e
mo a dos pequenos arrendatários, é
onde se localiza a maior parte dos cam
difícil a situação dos colonos, camara
poneses sem-terra gaúchos, nos dá a respeito um quadro e.xpressivo. Um 1p*
pagam ao colono 800 e até 900 cru zeiros pelo trato de 1.000 pés de café, ao ano. E é necessário considerar que
um camponê.s, tocando .só o café e não
no País.
Os interêsses dessa imensa
camada social se confundem, assim, com os interêsses da Nação.
Positivamente, sem a solução do pro blema da terra, sem o rompimento com as relações de produção tipicamente semi-feudais, ainda predominantes nas áreas do campo, nada de prático se con-
traballiadores sem-terra, sejam eles ar
dade como consumidor de manufatu
São Paulo, os casos de fazendas que
atraso, do regime de subconsumo a que
O fenômeno do mercado vazio encon
rendatários, parceiros, camaradas ou co
das ou agregados. São freqüentes, em
produção, de renda produzida e consu
tra elementos para existir sobretudo nas condições de pobreza desses milhões de
são pesadíssimas, empobrecem o campo
vantamento censitário analisado por J. Santos ("Levantamento Censitário e
Análise Sociográfica de uni Município San Pedro Pastoril", em "Província íIa de São Pedro',1 n.° 5). ao tratar dos fatõres da evasão
recer a industrialização do País. Nossa
que chegou - expressa na queda do rendimento-área das culturas e dos
Torna-se fundamental ao desenvolvi-
nas épocas mais intensas
perfazem apenas 200 a
estado da economia agráiia ou de favo produção para sair da crise crônica a
^ :ic
Paulo, Santa Catarina e
Trata-se de regiões onde as formas capitalistas de
seguirá fazer no sentido de melliorar o
agricultura exige formas capitalistas de
renda insuficiente para assegurar um
e nas demais áreas do campesinato onde
aos contratos de servidão. No Nordeste
escolar em Pinheiro Machado, revela
i ,
volumes físicos das colheitas na maioria
dos produtos; formas capitalistas somen te possíveis, afinal, depois de modifica
das as condições atuais de propriedade
da terra. Mas é importante não esque cer a impossibilidade de superar os res
tos semi-feudais e criar as inversões ca pitalistas no campo fora de um desen\-olvimento industrial do País. Não te
mos indústrias pesadas, não produzimos máquinas agrícolas senão em escala in
significante - e isso igualmente atua
de maneira considerável na presen-açâo das ataduras semi-feudais, na manuten
ção do estagio primitívo da agricultura, na barva renda individual do campesi nato e, lògicamente, na pobreza do mer cado interno.
Dioksto EroNÓ>ni
UioESTO Econômico
147
146
outras formas de cessão da terra contra
pagamento em espécie. A regra geral é esta: se possuem dinheiro, os campo
neses podem arrendar a terra pagando em moeda; caso negativo, sujeitam-se
fazendo outras culturas nas ruas do ca-
fèzal, pode tocar até 3.000 pés^ Siw renda anual, em conseqüência, não será
superior a 2,5 ou 3 mil cruzeiros — padrão de vida normal. Em relação aos trabaUiadores assala
as massas sem-terra são mais pobres, o
riados é idêntica a situação.
arrendamento em espécie é predomi nante. ]á no Rio Grande do Sul, São
que 23% das crianças não freqüentavam as aulas municipais por falta de roupas para vestir.
Na zona
do cacau, na Bahia, onde existem talvez 100 mil assalariados agrícolas (130 mil
mento do mercado interno, conseqüentemente à ampiação dos quadros da economia nacional (maiores níveis de
Paraná está bastante di
da safra), as diárias va
fundido o regime dos ar
riam de 8 a 12 cruzeiros,
rendamentos a dinheiro.
a sêco. No fim do mês,
mida, de recursos financeiros para o Estado etc.), criar condições para ani quilar os fatôres do pauperismo, do
300
estão amarrados milhões de camponeses
produção conseguiram pe netrar em
maior
escala
na agricultura, sem o
cruzeiros,
por se
contarem muitos cs dias-
'1^
santo-de-guarda. Presentemente, aliás, os sa
abandono, é certo, das
lários vêm sendo reduzi
%'elhas características se-
dos, diante da profunda
mi-feudais. Em São Paulo, uma pes quisa da Diretoria de Estatística, Indús
tria e Comércio ("Estatística Agrícola e Zootécnica", 1939/40) encontrou os ar rendatários, num total de 64.889 no
Estado (abrangidos pela pesquisa), as
crise de preços caída sôbre a economia do cacau. E o pior é que cm qualquer das regiões rurais onde o trabalho é pago a dinheiro — e elas são raras — o assala riado não compra livremente no merca do, não se libertou do regime do barra
sim divididos:
cão, da subordinação pessoal ao círculo
Pagam arrendamento a
econômico do dono da terra.
dinheiro
^ 33.628 (52%)
Pagam em espécie .... 31.261" (48%) Geralmente as taxas de arrendamento nês, reduzindo ao mínimo sua capaci
lonos. A campanha do Rio Grande do
ras, de gêneros em geral e serviços. Co
Sul (cerca de 33% da superfície do Es tado), zona de grandes latifündios e
mo a dos pequenos arrendatários, é
onde se localiza a maior parte dos cam
difícil a situação dos colonos, camara
poneses sem-terra gaúchos, nos dá a respeito um quadro e.xpressivo. Um 1p*
pagam ao colono 800 e até 900 cru zeiros pelo trato de 1.000 pés de café, ao ano. E é necessário considerar que
um camponê.s, tocando .só o café e não
no País.
Os interêsses dessa imensa
camada social se confundem, assim, com os interêsses da Nação.
Positivamente, sem a solução do pro blema da terra, sem o rompimento com as relações de produção tipicamente semi-feudais, ainda predominantes nas áreas do campo, nada de prático se con-
traballiadores sem-terra, sejam eles ar
dade como consumidor de manufatu
São Paulo, os casos de fazendas que
atraso, do regime de subconsumo a que
O fenômeno do mercado vazio encon
rendatários, parceiros, camaradas ou co
das ou agregados. São freqüentes, em
produção, de renda produzida e consu
tra elementos para existir sobretudo nas condições de pobreza desses milhões de
são pesadíssimas, empobrecem o campo
vantamento censitário analisado por J. Santos ("Levantamento Censitário e
Análise Sociográfica de uni Município San Pedro Pastoril", em "Província íIa de São Pedro',1 n.° 5). ao tratar dos fatõres da evasão
recer a industrialização do País. Nossa
que chegou - expressa na queda do rendimento-área das culturas e dos
Torna-se fundamental ao desenvolvi-
nas épocas mais intensas
perfazem apenas 200 a
estado da economia agráiia ou de favo produção para sair da crise crônica a
^ :ic
Paulo, Santa Catarina e
Trata-se de regiões onde as formas capitalistas de
seguirá fazer no sentido de melliorar o
agricultura exige formas capitalistas de
renda insuficiente para assegurar um
e nas demais áreas do campesinato onde
aos contratos de servidão. No Nordeste
escolar em Pinheiro Machado, revela
i ,
volumes físicos das colheitas na maioria
dos produtos; formas capitalistas somen te possíveis, afinal, depois de modifica
das as condições atuais de propriedade
da terra. Mas é importante não esque cer a impossibilidade de superar os res
tos semi-feudais e criar as inversões ca pitalistas no campo fora de um desen\-olvimento industrial do País. Não te
mos indústrias pesadas, não produzimos máquinas agrícolas senão em escala in
significante - e isso igualmente atua
de maneira considerável na presen-açâo das ataduras semi-feudais, na manuten
ção do estagio primitívo da agricultura, na barva renda individual do campesi nato e, lògicamente, na pobreza do mer cado interno.
1^-
Dicrsto Econômico
" M9
influência, ne gorado surto rexolucioná-
rio l)aíano, cios "abt)miná\ei.s princípios franceses", como os tachou D. Rodrigo cie Sousa Coutinho.
Otávio Tahquínto dk Sousa ÂO. será
tres
da
difícil descobrir in
cidade com Tiradentes, dele ou\iu que
fluências de filósofos e pensa
Minas Gerais "podia bem ficar indepen
dores polític-os franceses ein al gumas das figuras mais ilus
dente assim comi) féz a América Ingle
Inconfidência
Mineira,
bas
tando uma vista dolhos no catálogo dos livros seqüestrados ao cônego Luís Viei ra da Silva, onde figuram C^ondiliac e Montesquiexi, a Enciclopédia, o inde fectível Mably e numerosas obras de ciências naturais, história, geografia,
viagens etc., todas em língua france.sa. Mas o que acendeu mais diretamente nesses homens das Minas Gerais o de
sejo o o plano dé uma conspiração paru estabelecer um govêrno republicano foi
sai"; dias depois o mesmo alferes Joa
O govêrno da metrópole vigiava a fim de impedir a cli.sscminaçãn, no Brasil, das idéia.s que tanto o alarmavam. Em 1792, uma carta régia recomendava muito cuidado com o navio "Le Dili-
leção das leis coiislítutí% as dos Estados
gcnt", mandado para cá .sob a alegação de procurar nos mares cio, sul o explo rador La Perousc. Isso era "um prc-
Unidos da América" — pedindo-lhe que
léxto pura introduzir nas colônia.s estran
quim José da Silva Xa\íer o procurou com um li\To escrito cm francês — "Co
traduzisse um capítulo. Também ao sargenlo-mor Simão Pires Sardinha recor reu Tiradentes para que lhe tradir/jsse certas passagens de lí\ros ingleses qiie diziam respeito a coisas da América .
geiras o mesmo e.spírito de liberdade que reina neste pais" (França), dizia
a ordem régia, acrescentando que a Ccn.stituição France.sa já estava tradu zida cm português e espanhol. Não
lugares do Brasil. Papéis públicos e li vros atravessavam o mar e com cies
Sem perderem mmca prestigio no Brasil, os acontecíinento.s* da América do
dos filosóficos e científicos, conhecedor
o mesmo se verificando com os que lo-
lãii larvado ou frustro como o das Minas
no do ano de 1798. A cs.se movimento,
queria "uma república livre e florente".
Gorai.s, já se pretendeu chamar com evidente cxugéro de "priimara revolução social brasileira", "revolução proletária",
como a que tinham feito os "americanos
feita ou tentada por "massas doutrinadas
ingleses".
e conscientes". Bem mais modestas pro-
Francisco Xavier Macliado, porta-e.standarte do regimento de cavalaria da
liorções teve ê!e, muito embora não deva
giiarnição de Vila Rica, que seT\'íra ein [acobina, na Bahia, e voltara i^or mar,
a pailícipação de tantos traballuulores
via Kío
pode, porém, ser pôslo em chriacla é a
Janeiro, cnconfrando-so nessa
política européia, gente que lia gazetas
Condo de Rezende, esta\'am voltados de preferencia para os sucessos da frança,
vocá-Io.
nas Gerais era o melhor do mundo",
te interessada no desenvolvimento da
novidades.
inarain parte no inalogr;id<) le\'anle baia
.sllciro, asseverando que "o País de Mi
idéias e cloulvinus. Havia na Bahia gen
Norte foram relegado.s a segundo plano depois da Revolução Francesa. Todos os implicados na devassa mandada pro ceder no Rio de Janeiro, cm 1794, pelo
em tabernas, quartéis e casas particula res*, Tiradentes não perdia ensejo de inPreciir.soi* do "ufanismo" bra-
como mentor do lev ante dc 1798, o que . não parece ter. qualquer fundamento, pois, ainda cpie fosse certa a sua estada na Bahia no ano da tentativa frustra —
o que deve ser averiguado — não ani
maria jamais tal movimento, julgando, como julgava, os revolucionários
ser esquecido o seu caráter popular, ciada manuais e simples .soldados. O tpie
.^' ■-.A':
inglesas, correios da Europa, curiosa cie
Lembre-se, por exemplo, o
padre Francí.sco Agostinho Gomes, le trado no melhor sentido, forte em estu
de várias línguas o tão modesto e. tímido que, dofendendo-o da acusação de- ter dado um banquete de çavnc em sexta-feira clu Paixão e de ser
sectário dos princípios jacobino.s, D. Fernando ]o.sé de Por
tugal mandava dizer para Li.sboa
cpie
era
"excessivamente
atado, incapaz de qualquer empre.sa que requercsse resolução e de
sembaraço", ou então Cipriano Barata, o "Baratinha", médico generoso, revo lucionário por temperamento e vocação, futuro jornalista das sucessivas "Sentí-
de
França "novos canibais" e "parricidas". e horrorizado sempre com "a desenfrea
da libertinagem e sanguinária carreir.i
vam ao Rio, a Pernambuco e a outros
lução chegavam à Bahia, como chega
pítão Vicente Vieira da Mota e o men
vento, segundo a imagem do Tenente-
clc^x)is Visconde de Caini, homem dc estudos sérios, apontado recentemente
generalizado entre mineiros, conforme acentuaram cm seus depoimentos o Ca-. cionado Brito Malheiro.
Coronel Basílio de Brito Malheiro de Lago, nas suas viagens ,e nas conversas
tinuaria a freqüentá-las por longas tem poradas até os dias da Regência. Baia no também era Jo.sé da Silva Lisboa.
obstante, as notícias cia Grande Revo- ' da nação francesa".
o c.vemplo então "fresco" da América
lima ob.sessão. Transformado em corta-
começaria a conhecer as prisõc.s do Brasil nos fins do século XVIII e con
E isso constituía um estado de espírito
Inglesa, como disse Tiradentes ao te-"
nente José Antônio de Melo. Freqüen tes são as referências á emancipação dos Estados Unidos nos depoimentos da devas.sa mineira e para o alferes Joaquim José esse sucesso passou a ser quase
tielas", que por amor de .suas coiiv icçõcs
Como quer que seja, os aspectos mai.s curio.sos da conjuração baiana são real
mente a participação de um giandc númercx lio"iens do povo, inclusive es cravos, e a inegável influência dos acon-
tecimento.s da Rovoluç.ão Francesa.
Os
boletins e cartazes espalhados pela cida
de do Salvador não permitem dúvidas:
"Animai-vos povo baianense (sic) que
está para ehegíu* o tempo feliz de nos.sa liberdade, o tempo em que todos sere mos iguais". Ou cnlão: "A Lilierdade consiste no estado feliz, no estado livre (Ic abatimento. . Os adeptos da conjura queriam ser "francese.s".
Conversando com Joaquim José
da Veiga, denunciante do mo vimento, João de Deus do Nas cimento, pardo livre, alfaiate
cabo do regimento de milícia! di-sse que "convinha que todos sé fizessem franceses para viverem om iirual-
dade e abundância", e até parece''que procurava vestir-se segundo a moda do
França. É o que se conclui do depoimen
to de Francisc-o Xavier dc Almeida, nos
1^-
Dicrsto Econômico
" M9
influência, ne gorado surto rexolucioná-
rio l)aíano, cios "abt)miná\ei.s princípios franceses", como os tachou D. Rodrigo cie Sousa Coutinho.
Otávio Tahquínto dk Sousa ÂO. será
tres
da
difícil descobrir in
cidade com Tiradentes, dele ou\iu que
fluências de filósofos e pensa
Minas Gerais "podia bem ficar indepen
dores polític-os franceses ein al gumas das figuras mais ilus
dente assim comi) féz a América Ingle
Inconfidência
Mineira,
bas
tando uma vista dolhos no catálogo dos livros seqüestrados ao cônego Luís Viei ra da Silva, onde figuram C^ondiliac e Montesquiexi, a Enciclopédia, o inde fectível Mably e numerosas obras de ciências naturais, história, geografia,
viagens etc., todas em língua france.sa. Mas o que acendeu mais diretamente nesses homens das Minas Gerais o de
sejo o o plano dé uma conspiração paru estabelecer um govêrno republicano foi
sai"; dias depois o mesmo alferes Joa
O govêrno da metrópole vigiava a fim de impedir a cli.sscminaçãn, no Brasil, das idéia.s que tanto o alarmavam. Em 1792, uma carta régia recomendava muito cuidado com o navio "Le Dili-
leção das leis coiislítutí% as dos Estados
gcnt", mandado para cá .sob a alegação de procurar nos mares cio, sul o explo rador La Perousc. Isso era "um prc-
Unidos da América" — pedindo-lhe que
léxto pura introduzir nas colônia.s estran
quim José da Silva Xa\íer o procurou com um li\To escrito cm francês — "Co
traduzisse um capítulo. Também ao sargenlo-mor Simão Pires Sardinha recor reu Tiradentes para que lhe tradir/jsse certas passagens de lí\ros ingleses qiie diziam respeito a coisas da América .
geiras o mesmo e.spírito de liberdade que reina neste pais" (França), dizia
a ordem régia, acrescentando que a Ccn.stituição France.sa já estava tradu zida cm português e espanhol. Não
lugares do Brasil. Papéis públicos e li vros atravessavam o mar e com cies
Sem perderem mmca prestigio no Brasil, os acontecíinento.s* da América do
dos filosóficos e científicos, conhecedor
o mesmo se verificando com os que lo-
lãii larvado ou frustro como o das Minas
no do ano de 1798. A cs.se movimento,
queria "uma república livre e florente".
Gorai.s, já se pretendeu chamar com evidente cxugéro de "priimara revolução social brasileira", "revolução proletária",
como a que tinham feito os "americanos
feita ou tentada por "massas doutrinadas
ingleses".
e conscientes". Bem mais modestas pro-
Francisco Xavier Macliado, porta-e.standarte do regimento de cavalaria da
liorções teve ê!e, muito embora não deva
giiarnição de Vila Rica, que seT\'íra ein [acobina, na Bahia, e voltara i^or mar,
a pailícipação de tantos traballuulores
via Kío
pode, porém, ser pôslo em chriacla é a
Janeiro, cnconfrando-so nessa
política européia, gente que lia gazetas
Condo de Rezende, esta\'am voltados de preferencia para os sucessos da frança,
vocá-Io.
nas Gerais era o melhor do mundo",
te interessada no desenvolvimento da
novidades.
inarain parte no inalogr;id<) le\'anle baia
.sllciro, asseverando que "o País de Mi
idéias e cloulvinus. Havia na Bahia gen
Norte foram relegado.s a segundo plano depois da Revolução Francesa. Todos os implicados na devassa mandada pro ceder no Rio de Janeiro, cm 1794, pelo
em tabernas, quartéis e casas particula res*, Tiradentes não perdia ensejo de inPreciir.soi* do "ufanismo" bra-
como mentor do lev ante dc 1798, o que . não parece ter. qualquer fundamento, pois, ainda cpie fosse certa a sua estada na Bahia no ano da tentativa frustra —
o que deve ser averiguado — não ani
maria jamais tal movimento, julgando, como julgava, os revolucionários
ser esquecido o seu caráter popular, ciada manuais e simples .soldados. O tpie
.^' ■-.A':
inglesas, correios da Europa, curiosa cie
Lembre-se, por exemplo, o
padre Francí.sco Agostinho Gomes, le trado no melhor sentido, forte em estu
de várias línguas o tão modesto e. tímido que, dofendendo-o da acusação de- ter dado um banquete de çavnc em sexta-feira clu Paixão e de ser
sectário dos princípios jacobino.s, D. Fernando ]o.sé de Por
tugal mandava dizer para Li.sboa
cpie
era
"excessivamente
atado, incapaz de qualquer empre.sa que requercsse resolução e de
sembaraço", ou então Cipriano Barata, o "Baratinha", médico generoso, revo lucionário por temperamento e vocação, futuro jornalista das sucessivas "Sentí-
de
França "novos canibais" e "parricidas". e horrorizado sempre com "a desenfrea
da libertinagem e sanguinária carreir.i
vam ao Rio, a Pernambuco e a outros
lução chegavam à Bahia, como chega
pítão Vicente Vieira da Mota e o men
vento, segundo a imagem do Tenente-
clc^x)is Visconde de Caini, homem dc estudos sérios, apontado recentemente
generalizado entre mineiros, conforme acentuaram cm seus depoimentos o Ca-. cionado Brito Malheiro.
Coronel Basílio de Brito Malheiro de Lago, nas suas viagens ,e nas conversas
tinuaria a freqüentá-las por longas tem poradas até os dias da Regência. Baia no também era Jo.sé da Silva Lisboa.
obstante, as notícias cia Grande Revo- ' da nação francesa".
o c.vemplo então "fresco" da América
lima ob.sessão. Transformado em corta-
começaria a conhecer as prisõc.s do Brasil nos fins do século XVIII e con
E isso constituía um estado de espírito
Inglesa, como disse Tiradentes ao te-"
nente José Antônio de Melo. Freqüen tes são as referências á emancipação dos Estados Unidos nos depoimentos da devas.sa mineira e para o alferes Joaquim José esse sucesso passou a ser quase
tielas", que por amor de .suas coiiv icçõcs
Como quer que seja, os aspectos mai.s curio.sos da conjuração baiana são real
mente a participação de um giandc númercx lio"iens do povo, inclusive es cravos, e a inegável influência dos acon-
tecimento.s da Rovoluç.ão Francesa.
Os
boletins e cartazes espalhados pela cida
de do Salvador não permitem dúvidas:
"Animai-vos povo baianense (sic) que
está para ehegíu* o tempo feliz de nos.sa liberdade, o tempo em que todos sere mos iguais". Ou cnlão: "A Lilierdade consiste no estado feliz, no estado livre (Ic abatimento. . Os adeptos da conjura queriam ser "francese.s".
Conversando com Joaquim José
da Veiga, denunciante do mo vimento, João de Deus do Nas cimento, pardo livre, alfaiate
cabo do regimento de milícia! di-sse que "convinha que todos sé fizessem franceses para viverem om iirual-
dade e abundância", e até parece''que procurava vestir-se segundo a moda do
França. É o que se conclui do depoimen
to de Francisc-o Xavier dc Almeida, nos
Dir.Esro Écfí? Digksto Er()Nó>riCü
uutos da devassa: "porque o dito João de Deus trazia calçados uns chinelins com bico muito comprido e a entrada muito
baixa, e calções tão apertados que vinha muito descomposto, lho estranhou a testemunha, ao que respondeu; — "cale a bôca, êste trajar é francês; muito bre vemente verá vossa mercê tudo frances
O mesmo pardo João de Deus
amava Ana Romana Lopes do Nasci_ os autos falam de "amizade ilícita" — mulatinha de dezessete anos,
"Vossa mercê líão Ivm medo ao tempo
c porque 6 rico não quer molhar os pés ... tempo \'irá em que possa ser
eu que ande de cadeira e vo.ssa mercê cie pé".
Êsse tempo seria depois que se redu zisse "o continente Brasil a um govêmo
de igualdade, entrando nêle brancos, pardos e pretos, sem distinção de côres, sòmente de capacidade para mandar e governar"; governo de igualdade à se
que fôra escrava do padre João Lopes
melhança do que se inslalara na França. A França e o que lá ocvirria eram a
da Silva, em cuja casa assistia. Quando o namorado foi preso, Ana Romana quis
imediato desses esquecidos precursores
saber o motivo e apenas lhe disseram
que "por estar metido em histórias de
Francesia". "Francês" o pobre João de Deus, condenado à fôrca, posta a sua "cabeça defronte da casa" que lhe ser via de morada e os quartos nos cais de maior freqüência e comércio desta ci
dade até que uma e outros sejam con sumidos pelo tempo para ser assim pa tente a todos a enormidade de seu de lito..
— sentenciou na sua crueldade a
Justiça Real. Delito de "francesia", de querer ser um liomem livre. E de ser - "petulante, altivo, soberbo e orgulho so" — como se disse na devassa, acumu
lando os qualificativos. Mulato que fi cava sentado diante de brancos pode
do liberalismo brasileiro.
tônio Inácio Ramos, homem branco. Mu
iniciados.
Gerais. Talvez Barata tenha podido es
conder ou queimar alguma coisa, como
fêz o cirurgião José de Freitas Sacoto, mas ainda assim o meirinho apreendeu
setenta e quatro livros, entre os quais obras de medicina, matemática, filoso fia e história, na maioria em francês, Condillac e uma "Arte de tratar a si nas
enfermidades
venéreas -
de revelar a relativa opulência de alguns revolucionários mineiros, como Liácio José de Alvarenga Pei.xoto, com os seus cinqüenta e sete escravos e os seus ser
viços de prata, ou o citado conego Lu s Vieira, possuidor de cadeiras o poltronas
de jacarandá, de tamboretes torneados, de lijelas de louça fina, de bules da
cadeira de arruar por causa da chuva
índia; o revolucionário baiano possu a
dü dito João de Deus", disse êste:
como
Bahia.
muitos
outros
baianos
brancos.
O seqüestro dos bens de
Cípriano Barata esteve longe de lar uma biblioteca comparável à do cônego Luís Vieira da Silva lá nas Minas
quim de Oliveira que, "vindo em uma
e parando os pretos na porta da loja
pela Europa, cá chegariam"; pretendia,
"um aéreo govênio de igualdade", segundo a definição entre displicente c inquieta do,s desembargadores da
bléías revolucionárias — de Boissy d Anglas sobretudo — circulavam entre os
mesmo
lato que desafiava outros mulatos pre sumidos, da espécie de Antônio Joa
Mas confiava na vitória das no\-as
Líntos
Longe estava também a casa dc Barata
trabalhando falava assim às pessoas",
tos.
idéias, certo dc que "os franceses, os quais andavam nessa mesma diligência
pardos e negros, o estabelecimento de
"uma república democrática", de "uma democracia rasa e independente", ou de
ceses, no original ou traduzidos em co pias manuscritas, discursos da.s assem*
nente-Coronel Caetano Maurício Macha do: "não se levantava do assento em
testemunhou © seu colega alfaiate An
estante para livros c trés camas de pre
preocupação absorvente, o estimulo
rosos, conforme aconteceu com o Te-
que estava o muitas vezes sem estar
lima lina, um leito velho, dois baús, uma
apenas cinco escravos e, como mobi rio, uma banca, meia dúzia de cadeiras,
CTT-T ri
i
Dir.Esro Écfí? Digksto Er()Nó>riCü
uutos da devassa: "porque o dito João de Deus trazia calçados uns chinelins com bico muito comprido e a entrada muito
baixa, e calções tão apertados que vinha muito descomposto, lho estranhou a testemunha, ao que respondeu; — "cale a bôca, êste trajar é francês; muito bre vemente verá vossa mercê tudo frances
O mesmo pardo João de Deus
amava Ana Romana Lopes do Nasci_ os autos falam de "amizade ilícita" — mulatinha de dezessete anos,
"Vossa mercê líão Ivm medo ao tempo
c porque 6 rico não quer molhar os pés ... tempo \'irá em que possa ser
eu que ande de cadeira e vo.ssa mercê cie pé".
Êsse tempo seria depois que se redu zisse "o continente Brasil a um govêmo
de igualdade, entrando nêle brancos, pardos e pretos, sem distinção de côres, sòmente de capacidade para mandar e governar"; governo de igualdade à se
que fôra escrava do padre João Lopes
melhança do que se inslalara na França. A França e o que lá ocvirria eram a
da Silva, em cuja casa assistia. Quando o namorado foi preso, Ana Romana quis
imediato desses esquecidos precursores
saber o motivo e apenas lhe disseram
que "por estar metido em histórias de
Francesia". "Francês" o pobre João de Deus, condenado à fôrca, posta a sua "cabeça defronte da casa" que lhe ser via de morada e os quartos nos cais de maior freqüência e comércio desta ci
dade até que uma e outros sejam con sumidos pelo tempo para ser assim pa tente a todos a enormidade de seu de lito..
— sentenciou na sua crueldade a
Justiça Real. Delito de "francesia", de querer ser um liomem livre. E de ser - "petulante, altivo, soberbo e orgulho so" — como se disse na devassa, acumu
lando os qualificativos. Mulato que fi cava sentado diante de brancos pode
do liberalismo brasileiro.
tônio Inácio Ramos, homem branco. Mu
iniciados.
Gerais. Talvez Barata tenha podido es
conder ou queimar alguma coisa, como
fêz o cirurgião José de Freitas Sacoto, mas ainda assim o meirinho apreendeu
setenta e quatro livros, entre os quais obras de medicina, matemática, filoso fia e história, na maioria em francês, Condillac e uma "Arte de tratar a si nas
enfermidades
venéreas -
de revelar a relativa opulência de alguns revolucionários mineiros, como Liácio José de Alvarenga Pei.xoto, com os seus cinqüenta e sete escravos e os seus ser
viços de prata, ou o citado conego Lu s Vieira, possuidor de cadeiras o poltronas
de jacarandá, de tamboretes torneados, de lijelas de louça fina, de bules da
cadeira de arruar por causa da chuva
índia; o revolucionário baiano possu a
dü dito João de Deus", disse êste:
como
Bahia.
muitos
outros
baianos
brancos.
O seqüestro dos bens de
Cípriano Barata esteve longe de lar uma biblioteca comparável à do cônego Luís Vieira da Silva lá nas Minas
quim de Oliveira que, "vindo em uma
e parando os pretos na porta da loja
pela Europa, cá chegariam"; pretendia,
"um aéreo govênio de igualdade", segundo a definição entre displicente c inquieta do,s desembargadores da
bléías revolucionárias — de Boissy d Anglas sobretudo — circulavam entre os
mesmo
lato que desafiava outros mulatos pre sumidos, da espécie de Antônio Joa
Mas confiava na vitória das no\-as
Líntos
Longe estava também a casa dc Barata
trabalhando falava assim às pessoas",
tos.
idéias, certo dc que "os franceses, os quais andavam nessa mesma diligência
pardos e negros, o estabelecimento de
"uma república democrática", de "uma democracia rasa e independente", ou de
ceses, no original ou traduzidos em co pias manuscritas, discursos da.s assem*
nente-Coronel Caetano Maurício Macha do: "não se levantava do assento em
testemunhou © seu colega alfaiate An
estante para livros c trés camas de pre
preocupação absorvente, o estimulo
rosos, conforme aconteceu com o Te-
que estava o muitas vezes sem estar
lima lina, um leito velho, dois baús, uma
apenas cinco escravos e, como mobi rio, uma banca, meia dúzia de cadeiras,
CTT-T ri
i
Hí
V. ,
ir^
ineno da imigração toni n- •. L i os po\os ambiciosos para a lula .nanl.. cio direilo dac ,;', "'i'"- lando va,.i,s minorias naciopelo predoiiúnio nmiulial.
ümiigirantc CÂNT)ii)o Mota Filho
Tanto uma, conio outni, eram doutri
nas. estímulos preparados no campo da
?lta. e o pretd.t<, ouista. quista.
I-toje, co.n casa amarya c trágica c-
abanflonado pela civilè
T^a litcrulum brasileira, quem mais se
iiiem
vo'tou para o problema do imigran te, como problema fiindamcnlal do País,
Ziição.
foi, indiscnti\'elmente, Graça Aranlia.
blema. como niai.s tarde o colocou Al-
"Cbanaã", que c fruto de uma sensibi
bcrlí) Torres, isto é, dentro da afirmati
lidade estética, é uma preocupação ro manceada. Do começo ao fim da obra,
va de que o principal prt)blema do Bra
e.stá o seu autor voltado para o proble ma da terra sem defesas, entregue à audacia ou à ambição do estrangeiro co lonizador.
Mi'kau não c só o germano hegcliano e bismarquiano ao mesmo tempo, com ostentação de orgulho e de domí nio. E' êle o imigrante, o homem es-
tianho à terra, aquele que não se con
funde com a paisagem e que a vé ape nas como campo po.ssível para suas am bições.
Se bem que o pensamento de Graça Aranha tenha calor com
nacional
Ambos os éscrilorcs colocaram o pro
sil é o da \aIorizíição do Iiomem hni-
graçao, mmto embora de todb „ã„ ti
ganda por sobre a verdade.
cm debates intensos, formou uma política, deu vitalidade a um regime e chegou a ser a força primordial da última guerra, não porque "u raça" raça" fosse um fenômeno bioUndco
mo conseqüência do reconlic-
por isso mesmo, de.spreza o homem da terra que vai explorar, que c um ho mem inteiramente sucumbido diunlc-da natureza.
Eliminando a figura do imigrante,
olhando apenas o lioniem naci<mal no seu desamparo, Euclide.s da Cunha com pleta o quadrr) de Graça Araniia. E am nacional brasileiro
mem deve ser olliudo prin
às coisas e aos aconteci mentos — éie, entretanto,
ficou nas páginas de nossa
trangeiro
em
terras na
cionais e o problema d»
•
'
homem nacional dentro da civilização nacional.
foi repetido, de outra for ma e em butro estilo, por
A colonização germâni
ca, no Estado do Espírito
Euclide.s da Cunha.
Santo, como em Santa Catarina e como
no
Rio
Grande do Sul, não deu
os resultados previsto.s, Mas nao deu, em grande parto, devido à situação in
olhava as ameaças por sobre o Paí.s
ternacional que desviou as ani])içôcs do
peío lado de dentro, apontando na in compreendida sociologia sertaneja o ho-
conquistas para outros caminhos. \iniüs, na Europa, cnlrclanlo, o fcnô-
,
te melafisico, a preponderância racial,
cresceu, tomou corpo,
cipalmente nesses dois as pectos, isto é. como mu problema do homem es
do e dojiiinador, Euclides da Cunha
do armas cm punho, na iUúna confia:
do sangue, como uma verdade física em contraposição a um princípio meramen
multissecular, com uma consciência su blimada de seu próprio valor e que,
blema
ameaças por sobre o País pelo lado do fora, apontando o imigrante inadapta-
afirmava, como um dogma, o imperatiio
o perigo racista,
o resultante efetivo de \n\r\ realidade racial. Êle nasceu
do aproveitamento do ho
Enquanto Graça Aranlia olhava as
quer na realidade presente.
A Alemanha nacional-socialista, que
®
Milkaii, nas páginas de "Chaiuui , é o imigrante, filho de uma cí\Ílizi»ç5o
bos nos afirmam que o pro
de alerta, grito esse que
seus fundamentos.
sileíro.
. dar com frieza aos fatos,
grito
ccvaao cb problema do imigrante, em' passada,
vesse desaparec.do, „r,„ ce aos estudiosos do assunto
bativo e predisposição es tética — pensamento leva do, portanto, a se acomo-
literatura como um
pcnenca poclc-ae, cone rfcilo, faLr u,nu
cultura, e.vpressoes do inconformismohumano, mas que, na verdade, não ti nham base segura, quer na realidade
o que. fez, entretanto, foi uma demons
tração do poder psicológico, acima do' lógico, da propa O desprezo pelas raças in feriores se ohjeti\ou como um processo emocional e não co clmento de um fato, dc uma
lei biológica.efetivamente com provada. Foi mais uma afir
capaz de criar forças e pd\i-
mação do poder da arma psi
légios, de dividir os "homens
em de raça superior e inferior, de estabelecer no de.stino do mundo, como di-
zia Goebbels o "primado do sangue".
cológica, preparando os espí ritos para um determinado fim, que era o fim da Alemanha nazista.
O que fêz avançar os e.sércitos de Ê e fo. o efeito de um programa cul- llitler foi, indiscuthdmcnte, o fanatis lural, capnchosamtínle arquitetado um mo nacional. A raça superior é uma .sistema de sugestões pôsto cm prática idéia, como é uma uma pohtica de preconceitü.s hàbilmen- do mundo moderno.idéia a proletarização te delineada, que chegou a alcançar, não Terminada a guerra, com a derrota dos
raro, a espíritos livre.s e generosos. As idéias de Niotszche, de Stewart, Cham-
berlain, de Gobineau e de outros, pon do em realce a aristocracia biológica portadora de uma incomparável energia
países do "eixo" e com uma Europa devastada, caiu por terra a pretensão
racista, mas ficou bem saliente o poder psicológico.
E ó esse poder p.sicológico que Graça vital, constituiram .uma interpretação da Aranha assinala no imigrante Milkau, ente historia. Assim como surgia uma inter penetra no desertão brasileiro imbuído pretação econômica da história, que re de um preconceito cultural. comendava a utilização do proletário verdade, o indivíduo assim deixa para a luta política, assim surgiu uma de Na ser um imigrante para ser um con
interpretação racial da história, (Estimu
..•♦«•J J'
quistador.
A terra, para óle, não é
Hí
V. ,
ir^
ineno da imigração toni n- •. L i os po\os ambiciosos para a lula .nanl.. cio direilo dac ,;', "'i'"- lando va,.i,s minorias naciopelo predoiiúnio nmiulial.
ümiigirantc CÂNT)ii)o Mota Filho
Tanto uma, conio outni, eram doutri
nas. estímulos preparados no campo da
?lta. e o pretd.t<, ouista. quista.
I-toje, co.n casa amarya c trágica c-
abanflonado pela civilè
T^a litcrulum brasileira, quem mais se
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vo'tou para o problema do imigran te, como problema fiindamcnlal do País,
Ziição.
foi, indiscnti\'elmente, Graça Aranlia.
blema. como niai.s tarde o colocou Al-
"Cbanaã", que c fruto de uma sensibi
bcrlí) Torres, isto é, dentro da afirmati
lidade estética, é uma preocupação ro manceada. Do começo ao fim da obra,
va de que o principal prt)blema do Bra
e.stá o seu autor voltado para o proble ma da terra sem defesas, entregue à audacia ou à ambição do estrangeiro co lonizador.
Mi'kau não c só o germano hegcliano e bismarquiano ao mesmo tempo, com ostentação de orgulho e de domí nio. E' êle o imigrante, o homem es-
tianho à terra, aquele que não se con
funde com a paisagem e que a vé ape nas como campo po.ssível para suas am bições.
Se bem que o pensamento de Graça Aranha tenha calor com
nacional
Ambos os éscrilorcs colocaram o pro
sil é o da \aIorizíição do Iiomem hni-
graçao, mmto embora de todb „ã„ ti
ganda por sobre a verdade.
cm debates intensos, formou uma política, deu vitalidade a um regime e chegou a ser a força primordial da última guerra, não porque "u raça" raça" fosse um fenômeno bioUndco
mo conseqüência do reconlic-
por isso mesmo, de.spreza o homem da terra que vai explorar, que c um ho mem inteiramente sucumbido diunlc-da natureza.
Eliminando a figura do imigrante,
olhando apenas o lioniem naci<mal no seu desamparo, Euclide.s da Cunha com pleta o quadrr) de Graça Araniia. E am nacional brasileiro
mem deve ser olliudo prin
às coisas e aos aconteci mentos — éie, entretanto,
ficou nas páginas de nossa
trangeiro
em
terras na
cionais e o problema d»
•
'
homem nacional dentro da civilização nacional.
foi repetido, de outra for ma e em butro estilo, por
A colonização germâni
ca, no Estado do Espírito
Euclide.s da Cunha.
Santo, como em Santa Catarina e como
no
Rio
Grande do Sul, não deu
os resultados previsto.s, Mas nao deu, em grande parto, devido à situação in
olhava as ameaças por sobre o Paí.s
ternacional que desviou as ani])içôcs do
peío lado de dentro, apontando na in compreendida sociologia sertaneja o ho-
conquistas para outros caminhos. \iniüs, na Europa, cnlrclanlo, o fcnô-
,
te melafisico, a preponderância racial,
cresceu, tomou corpo,
cipalmente nesses dois as pectos, isto é. como mu problema do homem es
do e dojiiinador, Euclides da Cunha
do armas cm punho, na iUúna confia:
do sangue, como uma verdade física em contraposição a um princípio meramen
multissecular, com uma consciência su blimada de seu próprio valor e que,
blema
ameaças por sobre o País pelo lado do fora, apontando o imigrante inadapta-
afirmava, como um dogma, o imperatiio
o perigo racista,
o resultante efetivo de \n\r\ realidade racial. Êle nasceu
do aproveitamento do ho
Enquanto Graça Aranlia olhava as
quer na realidade presente.
A Alemanha nacional-socialista, que
®
Milkaii, nas páginas de "Chaiuui , é o imigrante, filho de uma cí\Ílizi»ç5o
bos nos afirmam que o pro
de alerta, grito esse que
seus fundamentos.
sileíro.
. dar com frieza aos fatos,
grito
ccvaao cb problema do imigrante, em' passada,
vesse desaparec.do, „r,„ ce aos estudiosos do assunto
bativo e predisposição es tética — pensamento leva do, portanto, a se acomo-
literatura como um
pcnenca poclc-ae, cone rfcilo, faLr u,nu
cultura, e.vpressoes do inconformismohumano, mas que, na verdade, não ti nham base segura, quer na realidade
o que. fez, entretanto, foi uma demons
tração do poder psicológico, acima do' lógico, da propa O desprezo pelas raças in feriores se ohjeti\ou como um processo emocional e não co clmento de um fato, dc uma
lei biológica.efetivamente com provada. Foi mais uma afir
capaz de criar forças e pd\i-
mação do poder da arma psi
légios, de dividir os "homens
em de raça superior e inferior, de estabelecer no de.stino do mundo, como di-
zia Goebbels o "primado do sangue".
cológica, preparando os espí ritos para um determinado fim, que era o fim da Alemanha nazista.
O que fêz avançar os e.sércitos de Ê e fo. o efeito de um programa cul- llitler foi, indiscuthdmcnte, o fanatis lural, capnchosamtínle arquitetado um mo nacional. A raça superior é uma .sistema de sugestões pôsto cm prática idéia, como é uma uma pohtica de preconceitü.s hàbilmen- do mundo moderno.idéia a proletarização te delineada, que chegou a alcançar, não Terminada a guerra, com a derrota dos
raro, a espíritos livre.s e generosos. As idéias de Niotszche, de Stewart, Cham-
berlain, de Gobineau e de outros, pon do em realce a aristocracia biológica portadora de uma incomparável energia
países do "eixo" e com uma Europa devastada, caiu por terra a pretensão
racista, mas ficou bem saliente o poder psicológico.
E ó esse poder p.sicológico que Graça vital, constituiram .uma interpretação da Aranha assinala no imigrante Milkau, ente historia. Assim como surgia uma inter penetra no desertão brasileiro imbuído pretação econômica da história, que re de um preconceito cultural. comendava a utilização do proletário verdade, o indivíduo assim deixa para a luta política, assim surgiu uma de Na ser um imigrante para ser um con
interpretação racial da história, (Estimu
..•♦«•J J'
quistador.
A terra, para óle, não é
W^'
154
Digesto Econômico
mna nova pátria ou uma terra para o
seu trabalho, mas um prolongamento da sua, mais uma incorporação imperial. No fundo de sua alma está a diretriz
"1 forumâ. Em fins do • • CP instalavam de imicrantcs sc ui
railhão nesse pais. .
do Estado a que pertence e o comando
A não ser os cuidados cugeoKOs, outros
de seu Governo.
nau existiram, poi-s s
No entanto, na psicologia do imigran te autêntico, daquele que e convenien
tun.es e 1,óbitos, suus relig.oes e eren-
te para um país que precisa de braço — só se encontra o seu pendor humano, a
sua ambição própria, o seu desejo de compor a sua vida, de fazer a sua eco nomia e de assim enfrentar as dificulda
des na luta pela e.xistência. Num inquérito que procedi, em 1928,
sòbre a mentalidade do imigrante de após-guerra, pude verificar, com rela
tiva facilidade, que a mesma estava com pletamente modificada pelas condições políticas e ela já não se aproximava do imigrante chegado ao País log(j depois da proclamação da República. Por outro lado, de uma feita, como
-
, ,,„is ê es conservaram „a
terra u.nericana soas Imgu^ »<=us etts-
ças.
V» p.undo ipermaneceram coMas, contuciu, i
mo huigrantcs, pongie eram destituídos de Ideologias politioas e de pretensões
nacionais.
.
•
•
.
i
Um pais que recebe tm.g.antes, hoje ern dia. está em situação de alerta, por que vivemos nmna hora mteusa de ut,lização psicológica do .migrante par., fios políticos. Na triste época dos campc,s de concentração e dos desloca dos de guerra, num momento cn.^ue as ideologias penetram pelas faetitdades criadas pela crise da própria cv.hzavao, o homem que emigra ó get-almeute um contaminado, um fruto das derrotas polí
jornalista, tive ocasião de estudar os si
ticas ou uma vítima das mesmas.
nais da passagem dos colonos america
A escolha de tipo humano nao deve ■ser feita tão só às mentalidades propi
nos por São Paulo, em virtude do pla no elaborado na monarquia para a fun dação de colônias no interior do País, com elementos do sul dos Estados Uni
dos, que deixavam seu país em virtude da Guerra de Secessão. Quando fiz o meu trabalho, em Americana e adjacên cias, encontrei apenas algumas famílias
radicadas, porém tôdas elas ainda im pregnadas do mesmo espírito que do minava o sul dos E.stados Unidos, nos
tempos de Lincoln. Na realidade, trouxeiam consigo máquinas e processos agrí colas racionais, mas com eles a psicolo
gia do exilado e não a psicologia do imi grante.
No entanto, o imigrante que emigra
cias paru nós à vida rural, porque os imigrantes europeus, qwe sofreram no campo as desditas da gueira, estão com
os seus reflexos predispostos e trazem a alma desconfiada.
Segundo Rafael Benchimal, duas sua
a.'i ordens de fatores que formam o emi
grante: 1." - fatores de expulsão; 2." fatôres de atração.
Não há dúvida que êsses fatôres iw-
dem aparecer unidos e separados. Mas muitas vôzes uns preponderam sôbrc
os outros. Para que os fatôres de atra
ção sejam reais e fecundo.s, precisamos, porém, na atualidade, não desmerecer a gravidade dos fatôres de expulsão,
por necessidade econômica e não por
que constituem a motivação inicial da
motivo político, que é aquêle que des ceu para nós no fim do século dezeno-
busca de melhor vida, porque a dêle é
partida do emigrante. Hoje êle parte em
1.55
insuportável, 6 a pior possí\cl. na miséria ou na ameaça
Vi\e
da miséria,
numa atmosfera de guerra ou de revo
luções, vendo e sofrendo as perseguiç-õcs religiosas c políticas.
Assim, dèxemos distinguii-, num apa nhado geral, trcs tipos dc emigrantes: 1) o emigrante que não quer perder o (pie tem;
2)
o emigrante que nada tem a per der;
3)
o emigrante que perdeu o que tinha.
Nesses três tipos os fatôres de expul são atuam diferentemente, provocando desde a esperança até a revolta. Em to dos eles, porém, deve atuar ainda o sinal
dos conflitos políticos, que só uma po lítica de libertação dos mesmos, nas
terras que os recebem, é que pode colocá-^os na plenitude dc seu significado.
W^'
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Digesto Econômico
mna nova pátria ou uma terra para o
seu trabalho, mas um prolongamento da sua, mais uma incorporação imperial. No fundo de sua alma está a diretriz
"1 forumâ. Em fins do • • CP instalavam de imicrantcs sc ui
railhão nesse pais. .
do Estado a que pertence e o comando
A não ser os cuidados cugeoKOs, outros
de seu Governo.
nau existiram, poi-s s
No entanto, na psicologia do imigran te autêntico, daquele que e convenien
tun.es e 1,óbitos, suus relig.oes e eren-
te para um país que precisa de braço — só se encontra o seu pendor humano, a
sua ambição própria, o seu desejo de compor a sua vida, de fazer a sua eco nomia e de assim enfrentar as dificulda
des na luta pela e.xistência. Num inquérito que procedi, em 1928,
sòbre a mentalidade do imigrante de após-guerra, pude verificar, com rela
tiva facilidade, que a mesma estava com pletamente modificada pelas condições políticas e ela já não se aproximava do imigrante chegado ao País log(j depois da proclamação da República. Por outro lado, de uma feita, como
-
, ,,„is ê es conservaram „a
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ças.
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mo huigrantcs, pongie eram destituídos de Ideologias politioas e de pretensões
nacionais.
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Um pais que recebe tm.g.antes, hoje ern dia. está em situação de alerta, por que vivemos nmna hora mteusa de ut,lização psicológica do .migrante par., fios políticos. Na triste época dos campc,s de concentração e dos desloca dos de guerra, num momento cn.^ue as ideologias penetram pelas faetitdades criadas pela crise da própria cv.hzavao, o homem que emigra ó get-almeute um contaminado, um fruto das derrotas polí
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PORQUE O SR. DEVE ANUNCIAR NO
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ECONÔMICO Coiiíit/cjo o "Digesto Econômico", sob a exímia di
Precíw nns iiifornwi-õcfi, MÓhno e ohjclicn m»s comentários, cômodo c clc^anic nii apresenlttção, o Dicksto Econômico, í/«íií/(> ""s scits
.leitnrcfi vm panorama nuoi.ial do mmulo dos negócios, circula numa classe de alio poder acitiisUivo a elevado pafirão de vida. Par razões, os anúncios inseridos no Dioksio Eco nômico são lidos^ fjírí/MVÍoí.'//íj.";i/í', por wn pro.
reção de Gontijo de CaroaUio, repositório precioso de ensinamentos culturais e íécmcos, suhminisirados, acêrca
dos mais variadçs temas, por autoridades de alto renome. A sua leitura, sôhre aprazível aos espíritos curiosos,
6, do mesmo passo, de evidente proveito e utilidade. Theodomiro Dias
(Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo)
vável comj)rador.
Pista revista é jnddícada mensalmente pela Kdi'
V
tõra Comercial Lida., .soh os auspícios da Asso
ciação Camwrcial de São Paulo e da Federação do Comércio do Esado dc São Paulo.
EDITÔRA
COMERCIAL
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