DIGESTO ECONÔMICO, número 59, outubro 1949

Page 1

1

TTICESTO

o DEPARTAMENTO

ECONOMICO SOB OS nuspícios DO ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO . E 00 FEDERAÇÃO DO COMERCIO DO ESTADO DE SÃO PAULO

sumario Pág.

t

Evolução constitucional e política do Brasil — Dai'io de Almeida Magalhães ... Os Estados Unidos, país devedor — Richard Lewinsohn

Amaro Cavalcanti — Aníbal Freire Uma política econômica — Horácio Lafer

28 40

Üeão Xni e a questão social — Roberto Pinto de Sousa

47

"augusto Comte e a questão social — Ivan Lins n problema do açúcar — Daniel de Carvalho

58 63

S uidade nas trocas internacionais — Djacir Menezes

64

«ui e Nabuco — Luís Viana Filho

gg

A maigein da compensação de cheques — Aldo M. Azevedo

91

o li e a questão financeira — Deolindo Amorim a política da austeridade — Bezerra de Freitas

9? 108

extração e sonegação de impostos — José Luiz de Almeida Nogueira Porto

absoluto e cos/iadas exclus/i/a e direlamer?ie aos/n/eressoc/os. 4*

111

«L,hu1os brasileiros no mercado internacional — Dorival Teixeira Vieira

117

•Ruí Barbosa — José Maria Belo

122

Rctrulura do mercado rural — Moaçyr Paixão

142

í-^ndezas e misérias de uma grande capital — Barros Ferreira

e um repositório precioso de informoções QuardacÓQs sob sigilo *^1

9 22

136

ríanceses na Bahia - Otávio Tarquinio de Sousa A psicologia do imigrante — Cândido Mota Filho

148 152

'irua -Se edx ueSSe eaaócSác?

IR

VIADUTO BOA VISTA, 67- 9? ANDAR - FONE-3-1II2

N.o 59 — OUTUBRO DE 1949

ANO V


o DIGESTO ECONÔMICO pnoc.»

ESTÁ Ã VENDA

nos principais pontos de jornais no Brasil, ao preço de CrS 5,00. Os nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer encomenda, bem como a receber pedidos de assinaturas, ao preço de Cr$ 50,00 anuais.

'• ■t. ■>»

Agente Geral para o Brasil FERNANDO CHINAGLIA

Avenida Presidente Vargas, 502, 19.o andar Rio de Janeiro

Alagoas: Manuel Espíndola, Praça Pe dro II. 49, Maceió.

Ariasonas: Agência Freitas. Rua Joa quim Sarmento, 29, Manaus.

Bahia:

Alfredo J. de Souza &c Cia.,

R. Saldanha da Gama, 6, Salvador.

Ceará: J. Alaor de Albuquerque & Cia. Praça do Ferreira. 621. Fortaleza.

Espírito Sanlo; Viuva Copolílo & Fi lhos. Rua Jerônimo Monteiro, 361, Vitória.

Goiás: João Manarino. Ruá Setenta A, Goiânia.

Maranhão:

Paraná: J. Ghiagnone. Rua 15 de No vembro. 423, Curitiba.

ilHLl mm

Pernambuco: Fernando Chlnaglla. Rua do Imperador. 221, 3.o andar, Recife,

Piauí: Cláudio M. Tote. Teresina.

pnyio

Rio de Janeiro: Fernando Chinaglia. Av. Presidente Vargns. 502. 19.o andar.

Rio Grande do Norte; Luis Romão, Avenida Tavares Lira. 48, Natal. Rio Grande do Sul: Sòmente para Por

to Alegre: Octavio Sagebin, Rua Livraria Universal, Rua

João Lisboa, 114. Sao Lxüz.

7 de Setembro, 7C9, Porto Alegre. Para locais fora do Porto Alegre. Fernando Chinaglia, R. de Janeiro.

Mato Grosao: Carvalho. Pinheiro Sc Cia,. Pça. da República, 20, Cuiabá.

construções aceleram seu ritmo, desde

a pequenina casa longínqua do operário

ponto do território nacional.

Sergipe: Livraria Regina Ltda., Rua

até o imponentí arranha-céu. Nossos técnicos, artistas e operários têm con

Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso. Horizonte.

Pará: Albano H. Martins & Cia., Tra vessa Campos Sales, 85/89. Belém. Paraiba: Loja das Revistas. Rua Ba rão do Triunfo, 510-A. João Pessoa.

construção, contribuindo para en-^ran

duto Santa Efigênia, 281, S. Paulo.

Rua Felipe Sclimidt, R, Florianóp. Avenida dos Andradaa, 330, Belo

Enquanto a população aumenta acen

deccr e aformosear a Capital e o País Estamos aptos a construir em aualouer

Santa Catarina: Pedro Xavier & Cia.. São Paulo: A Intelectual, Ltda., Via

João Pessoa, 137, Aracaju. Território do Acre: Diógenes de Oli veira. Rio Branco.

tuando o nosso índice de vitalidade, as

tribuído em

todos

os

setores

dessa

expansão, contando-se por centenas os edifícios de classe de nossa autoria e

CCNSTüUORâ^

COMERCIAL

DliCIO fl. DE MORBES^ S B E„ga„h=rio ■ Arqai,a,„,. .

'

Rua l,b;to Badarô, 15J . ,b.o . ■ie'elB:e 2.S;3J l'4ium - í

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J04


o DIGESTO ECONÔMICO pnoc.»

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Alagoas: Manuel Espíndola, Praça Pe dro II. 49, Maceió.

Ariasonas: Agência Freitas. Rua Joa quim Sarmento, 29, Manaus.

Bahia:

Alfredo J. de Souza &c Cia.,

R. Saldanha da Gama, 6, Salvador.

Ceará: J. Alaor de Albuquerque & Cia. Praça do Ferreira. 621. Fortaleza.

Espírito Sanlo; Viuva Copolílo & Fi lhos. Rua Jerônimo Monteiro, 361, Vitória.

Goiás: João Manarino. Ruá Setenta A, Goiânia.

Maranhão:

Paraná: J. Ghiagnone. Rua 15 de No vembro. 423, Curitiba.

ilHLl mm

Pernambuco: Fernando Chlnaglla. Rua do Imperador. 221, 3.o andar, Recife,

Piauí: Cláudio M. Tote. Teresina.

pnyio

Rio de Janeiro: Fernando Chinaglia. Av. Presidente Vargns. 502. 19.o andar.

Rio Grande do Norte; Luis Romão, Avenida Tavares Lira. 48, Natal. Rio Grande do Sul: Sòmente para Por

to Alegre: Octavio Sagebin, Rua Livraria Universal, Rua

João Lisboa, 114. Sao Lxüz.

7 de Setembro, 7C9, Porto Alegre. Para locais fora do Porto Alegre. Fernando Chinaglia, R. de Janeiro.

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construções aceleram seu ritmo, desde

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rtrvi-

Automóveis e Caminhões

fl Máquina que tem "MEMÓRIA

•do/S/S

Concessionários

€ia. de

Automóveis

Alexandre liornstein S À O

Escritório, vendas e secçao de pecas

RUA CAP. FAUSTINO LIMA. 105

OFICINAS:

Os cálculos indivi

RUA CLAUDINO PINTO, 55

duais, obtidos no

Telefone: 2-8740

Telefones:

Escritório e vendas ... 2-8738

Secção de peças

PAULO

2-4564

CAIXA POSTAL, 2840 — SÃO PAULO —

mostrador de bai xo, são acumula

dos na "memória"

(mostrador de ci ma). - Os totais aparecem

auto

maticamente.

Com seu teclado elétrico de dçao direta, soma, subtrai, multiplica ou divide instantâneamente.

uma demonstrarão prática

na execu{ão de seu serviço.

CIA. BURROUGHS DO BRASIL, INC. Iteritãrie Centrei

Rio de Janeiro - Rua do Ailàndega, 81-A-1."

Filiai em SSe Paulo: L-rgo Paissandú, 51 - sobreloja Asentes em : Recile, Salvador, Belo Horizonte, Santos, Bauru, Pôrfo Alegre, Pelotas, Florianópolis e Curitiba.

ONDE ha NEGÕCrOS HÁ^

MÁQUINAS

*

Burroughs^

mAouinas de soma^ calcular, de contabilidade e de estatística * CAIXAS REGISTRADORAS ★ SERVIÇO DE MANUTENÇÃO * ACESSÓRIOS


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A SEMENTEIRA DE

Banco Noroeste do Estado

de São Paulo S/A.

NASCIMENTO 8e COSTA. LTDA.

Importadores e distribuidores, de se

RUA ALVARES PENTEADO. 216

mentes de ortaliças e flores dos

e ho

SEMENTES

melhores cultivadores.

SÃO PAULO

CAIXA POSTAL, 119-B

MARCA REGtSTRADA

Endereço Telegráfico "ORBE"

VENDAS POR ATACADO E VAREJO Remessas pelo reembolso postal. LARGO GENERAL OSORIO, 25 — TELEFONE: 4-5271

End. Telegr.: "SEMENTEIRA" '

SÃO PAULO

CAPITAL RESERVAS

CR$ 24.000.000,00 '

CR$ 40.000.000,00

Terras ãe Altn QuitUdade Vendas a prestações em pequenos e grandes lotes pela

CIA. DE TERRAS NORTE 00 PARANÁ

FILIAIS :

Inscrição N." 12 no Registro Geral de Imóveis da Comarca

Agudos — Andradina — Apucarana — Araçatuba — Ara pongas — Assai — Bandeirantes — Baurú .— Biriguí — Cambé — Campinas — Catanduva — Cornélio Procópio — Getulina — Guárarapes — Jundiaí — Lins — Londrina —

de Londrina, na forma do Decrcto-Lei N.° S07S>, de lS-9-1938 »

Vantajosa produção de: CAFs, CEREAIS, FUMO,

ALGODÃO. CANA DE AÇÚCAR, MANDIOCA. TRIGO, etc. Estrada de ferro — Ótimas estradas de rodagem Esplendido serviço rodoviário

Mandaguarí — Marília — Maringá — Mirandópolis — Mi-

Agência Principal e Centro de Administração Londrina

rassol — Penapolis — Pirajuí — Promíssão — Rolândia — Santo André — Santos — São Bernardo do Campo — Sgo Caetano do Sul — São José do Rio Preto — Tupã e

Séde em Sâo Paulo, Rua S. Bento, 329 - 8." andar - Caixa Postal 2771

\írtl;i»t , ^ NENHUM AGENTE DE VENDA ESTA AUTORIZADO RECEBER DINHEIRO EM NOME DA COMPANHIA.

Valparaiso.


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Banco do Brasil S. ARUA ÁLVARES penteado. N.o 112 SÃO

COBRANrAq

MOíVÊIS 1.

PAULO

depósitos — EMPRÉSTIMOS — CÂMBIO

- CUSTómA - ORDENS DE PAGAMENTO — CRÉDITO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL — CARTEIRA DE financiamento

TAXAS DAS CONTAS DE DEPÓSITO:

Populares (limite de CrS 50.000,00)

4% a.a.

Limitados (limite de CrS 100.000,00)

3% a.a.

SEM LIMITE

Depósitos a Prazo Fixo: 12 meses

5% a.a.

Depósitos de Aviso Prévio: 90 dias

60 dias

4Vè% a.a.

4 % a.a.

6 meses 4% a.a. 30 dias 3V2% a.a. Contas a Prazo Fixo, com Pagamento mensal de Juros: 6 meses

a.a.

12 meses

4Vè% a.a.

IRMÃOS TAPETES, PASSADEIBAS

ABOUCHAR

TECIDOS paraMOVEIS e CORTINAS

LTDA,

CiPUP®S EST©FA11@S

Praça Júlio Mesquita,

5ALAI DE mm,DOmiTOKlOS,HALLÍ,ek. Oficinas Próprias

84-96-102

FONE: 4-0124 São Paulo Pneus e Câmaras de Ar de todas as marcas. —

Rodas para Autos e Ca minhões. — Recautchu-

tagem, Vulcanisação

e

São Paulo — Rua San

Consertos:

ta Efigenia, 51 — Fones-:

Especialistas em

.;-417q - .'-4170

Pneus para:

'í. ...

TRATORES — AV I ÕES — ETC.

kl '.ílfit.

■ .1

'uaJi

Santos — Rua Amador Rueno, 114 — Tel. 2-6555


Banco do Brasil S. ARUA ÁLVARES penteado. N.o 112 SÃO

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BICllSTI) EGONÔMICO

. tJs

B liUUQQ QQS KEGCICIOS HüU PIHOHIW BEWIE Publicado job o» autpfcios do

(Síntese e interpretação)

llSSOCIftÇllO COMERCIALDE SW PAULB

D/vnio DE Almeida

FEDERAÇaO DO COMÉRCIB BO ESIAOO DE SÍG PABLO

o Digesto Econômico Direlor superinlendente; Marlim Afíonso Xavier da Silveira Diretor:

Anlonlo Gontijo de Carvalho

publicará no próximo número: EVOLUÇÃO POLÍTICA E CONSTI TUCIONAL DO BRASIL — Dario cie

O Digesto Econômico, órg&o de In formações econômicas e financei

Almeida Magaliiáes.

ras, é publicado mensalmente pela Edltôra Comercial Ltda.

EQUIDADE NAS TROCAS INTER NACIONAIS - Djacir Mcneze.s.

conceitos emitidos em artigos assi

AUGUSTO CÜMTE E A QUESTÃO

nados.

SOCIAL - Ivan Lins. Na transcrição de artigos pede-se

citar

o

nome

do

Digesto

Económloo,

A REMUNERAÇÃO DOS PREFEITOS MUNICIPAIS - De.sírc Guarani Silva.

Aceita-se Intercâmbio com publi cações congêneres nacionais e es

A DESVALORIZAÇÃO DA LIBRA -

trangeiras.

Dorival Teixeira Vieira.

do Brasil".

'

^

^

'

O curso foi proferido na cátedra dc Direito Constitucional do Prof. Justino limenez de Arcchaga, reputado um dos maiores consiUucionalistas uruguaios, re presentante do seu país ua assembléia das Nações Unidas reunida em Paris.

O nosso ilustre colaborador foi saudado ao iniciar as suas aulas pelo Prof. . Arcchaga, que fez uma análise dos vários sistemas constitucionais do Brasil, mos

ram .sobre a organização política uruguaia. Ao terminar Dario de Almeida Magalhães a última preleçâo, o Prof. Arechaga •

agradeceu e enalteceu calorosamei^te o sua contribuição, assinalando que o profes sor' brasileiro havia elevado a cátedra da Faculdade.

_ O curío foi as.sistido pelo embaixador do Brasil, pelo decano da Faculdade, vaiios professores c intelectuais, despertando o maior iiUcrâsse e contando sempre com numerosa assistência.

(registrado) Numero do mês:

Cr$ 58,00 Crí- 5 00

Atrasado:

Cr$ 8,00 ♦

Redaç&o e Administração: viaduto Boa Vista, 87 - 7.e andar lal. 3-7499 — Caixa Postal, 240-B

i

O eminente publicista foi também oficialmente recebido pelo "Colégio dc

Abogados" de Montevidéu, pelo presiderite da República, pelos Mínistro.s de Estado, c. lhe coidjc agradecer, em nome da missão cultural, o banquete oue a esta ofereceu, o Ministério da.s Relações Exteriores, com a presença das figuras mais graduadas dos meios culturais o sociais do Uruguai.

Apresentando o quadro da evolução coíi.sf/íucioji<7Í e política do Brasil — des

dobrada em cerca dc 130 anos perante público estrangeiro — era necessário ao ilustre conferencista atender a duas circunstâncias: só oferecer as linhas gerais, os traços cidminantes;.e ao mesmt) tempo dar certos informações elementares, sem. as quais a matéria escaparia a compreensão dos ouvintes, não familiarizados com

Ês.se curso vai ser publicado pela revista^cla Faculdade de Direito de Montevi

déu, cabendo, porém, ao "Digesto Econômico" as primíckis da divul(^ação.

Cr? 50,00

'São Paulo

A/onícufV/eii — grande centro de estudos em que se encontram matriculados 3.500 «ifmos — um curso, em tres nrclcçõcs, sobre o "evolução constitucional e volitica

a História dn Brasil

ASSINATURAS;

Digesto Econômico

Ano (simples)

ConvUíodo pcJo sr. dr. Raul Fernandes, Ministro das Relações Exteriores, para ■ coíupor a missão cultural que o Brasil envia ao Untguai, etn virtude de tratado de' intercâmbio existente entre os dois países, o sr. Dario dc Almeida Magalhães pro feriu, em 24, 26 e 29 de agosto, na Faculdade de Direito da Universidade de

trando as influências que as instituições brasileiras, em determinada fase, exerce

SÕBRE A BAHIA - L. A. Cosia Pinto.

A direção nSo se responsabiliza pelos dados cujas fontes estejam devidamente citadas, nem pelos

Magaliü.es

it A fase imperial O primeiro congresso constituinte bra

sileiro foi convocado antes da proclama rão da índcpcndcncia, no período em

que o país, entregue aos cuidados do príncipe regente, sentia que se aproxi mava a hora da separação inevitável da coroa do Portugal. O jo\<>ni príncipe

D. Pedro, arrebatado c iinpcluo.so, não


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(Síntese e interpretação)

llSSOCIftÇllO COMERCIALDE SW PAULB

D/vnio DE Almeida

FEDERAÇaO DO COMÉRCIB BO ESIAOO DE SÍG PABLO

o Digesto Econômico Direlor superinlendente; Marlim Afíonso Xavier da Silveira Diretor:

Anlonlo Gontijo de Carvalho

publicará no próximo número: EVOLUÇÃO POLÍTICA E CONSTI TUCIONAL DO BRASIL — Dario cie

O Digesto Econômico, órg&o de In formações econômicas e financei

Almeida Magaliiáes.

ras, é publicado mensalmente pela Edltôra Comercial Ltda.

EQUIDADE NAS TROCAS INTER NACIONAIS - Djacir Mcneze.s.

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AUGUSTO CÜMTE E A QUESTÃO

nados.

SOCIAL - Ivan Lins. Na transcrição de artigos pede-se

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do

Digesto

Económloo,

A REMUNERAÇÃO DOS PREFEITOS MUNICIPAIS - De.sírc Guarani Silva.

Aceita-se Intercâmbio com publi cações congêneres nacionais e es

A DESVALORIZAÇÃO DA LIBRA -

trangeiras.

Dorival Teixeira Vieira.

do Brasil".

'

^

^

'

O curso foi proferido na cátedra dc Direito Constitucional do Prof. Justino limenez de Arcchaga, reputado um dos maiores consiUucionalistas uruguaios, re presentante do seu país ua assembléia das Nações Unidas reunida em Paris.

O nosso ilustre colaborador foi saudado ao iniciar as suas aulas pelo Prof. . Arcchaga, que fez uma análise dos vários sistemas constitucionais do Brasil, mos

ram .sobre a organização política uruguaia. Ao terminar Dario de Almeida Magalhães a última preleçâo, o Prof. Arechaga •

agradeceu e enalteceu calorosamei^te o sua contribuição, assinalando que o profes sor' brasileiro havia elevado a cátedra da Faculdade.

_ O curío foi as.sistido pelo embaixador do Brasil, pelo decano da Faculdade, vaiios professores c intelectuais, despertando o maior iiUcrâsse e contando sempre com numerosa assistência.

(registrado) Numero do mês:

Cr$ 58,00 Crí- 5 00

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i

O eminente publicista foi também oficialmente recebido pelo "Colégio dc

Abogados" de Montevidéu, pelo presiderite da República, pelos Mínistro.s de Estado, c. lhe coidjc agradecer, em nome da missão cultural, o banquete oue a esta ofereceu, o Ministério da.s Relações Exteriores, com a presença das figuras mais graduadas dos meios culturais o sociais do Uruguai.

Apresentando o quadro da evolução coíi.sf/íucioji<7Í e política do Brasil — des

dobrada em cerca dc 130 anos perante público estrangeiro — era necessário ao ilustre conferencista atender a duas circunstâncias: só oferecer as linhas gerais, os traços cidminantes;.e ao mesmt) tempo dar certos informações elementares, sem. as quais a matéria escaparia a compreensão dos ouvintes, não familiarizados com

Ês.se curso vai ser publicado pela revista^cla Faculdade de Direito de Montevi

déu, cabendo, porém, ao "Digesto Econômico" as primíckis da divul(^ação.

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'São Paulo

A/onícufV/eii — grande centro de estudos em que se encontram matriculados 3.500 «ifmos — um curso, em tres nrclcçõcs, sobre o "evolução constitucional e volitica

a História dn Brasil

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Digesto Econômico

Ano (simples)

ConvUíodo pcJo sr. dr. Raul Fernandes, Ministro das Relações Exteriores, para ■ coíupor a missão cultural que o Brasil envia ao Untguai, etn virtude de tratado de' intercâmbio existente entre os dois países, o sr. Dario dc Almeida Magalhães pro feriu, em 24, 26 e 29 de agosto, na Faculdade de Direito da Universidade de

trando as influências que as instituições brasileiras, em determinada fase, exerce

SÕBRE A BAHIA - L. A. Cosia Pinto.

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sileiro foi convocado antes da proclama rão da índcpcndcncia, no período em

que o país, entregue aos cuidados do príncipe regente, sentia que se aproxi mava a hora da separação inevitável da coroa do Portugal. O jo\<>ni príncipe

D. Pedro, arrebatado c iinpcluo.so, não


Dicksto Econômico

n

DrOESTO ECONÓNfICO ? 10

opôs fmbaraços ao movimento que ia afirmar a autonomia da antiga colônia,

já então eleN'ada à condigâo de Reino — obra de contingências liistórícas inclviláveis. Ao contrário; o príncipe, integrado nu vida tumultuaria do Brasil, cujo i's-

pírito político percebia carregado de im pulsos desordenados, manifestara ao seu grand<> ministro josé Bonifácio, em carta de abril de 1«22, segundo registra um ilustre historiador patrício, que a con\'u-

cação das Cortes ,no Rio lhe parecia de absoluta necessidade, e ser "o único açu

de" capaz de "conter uma corrente tão forte".

E as razões que justificavam a me dida, o príncipe regente as deu ao seu pai, D. João VI, logo no mês seguinte: "E' necessário que o Brasil tenlia còrtes suas; esta opinião generabza-se cada

povo tem razão... .sem Cantes o Brasil não pndc ser feliz. As leis feitas tao lon ge de nos por homens que não são bra sileiros e qiu- não conhecem as ncce.ssídadcs do Bra.sll não poderão ser bons". A cimvocação das cortc.s legislativas.

'-'^■f;'amada por uma representação oonular endereçada, logo depois, ao prínci

pe, recebeu dêste acolhida fa\orá%cl. porérii sob condição prolclatória: a idéia de

uma c-onsulla prévia aos povos de outras províncias, ou pelas Câmaras, ou pelos procuradores gerais. E' que. segundo a.s circunstâncias fa zem supor, os conselheiros mai.s prestigio.sos do regente temiam as consc(jüèncias da reunião de uma assembléia, no ambiente incandescente e rebe'de cIq Rio

de Janeiro daquela época. O Conselho cios

Procuradores Gerais

dia mais. O povo desta cidade prepara

das Províncias, reunido em junho du

uma representação que me será entre gue para suplicar-lhe que as convoque

1822, invocando "a salvação pública,

e eu não posso recusar-me porque o

a integridade da nação, o decoro do Brasil e a glória do príncipe", a este

encaminhou uma petição em cpie "ins tava,

urgia

e

imperiosamente coman

dava" — nas suas e.xpressões tenninantes — a convocação, com a maior urgência,

de '"uma assembléia geral dos reprcsentante.s das províncias do Brasil".

fonnulava as

seguintes

E

considerações:

"A.S leis, as constituições, todas as ins

tituições humanas são feitas para os po vos, não os povos para elas.

E' dêste

princípio indubitável cpie devemos par tir: as leis formadas na Europa podem fazer a felicidade da Europa, mas não a da América".

Em conseqüência dessa manifestação, em 3 de junho de 1822 — mais de três meses, pois, antes da proclamação da in

dependência — se e.Kpeclia o decrelo convocando a "Assembléia Geral Cons

tituinte

e

Legislativa

composta

deputados das províncias do Brasil".

de

Esse ato traduzia uma atitude de ma

nifesta rebeldia contra a monarquia por

tuguesa, e uma reação positi\'a contra o processo de recolonização à oiitrance a <iue o governo de Portugal pretendia submeter o Brasil.

Proclamada a independência em 7 de

setembro, e aclamado D. Pedro I impe rador constitucional do Bitisil, em 12 de

outubro de 1822, quando a Constituinte inaugurou, solenemente, os seus traba

lhos, em 3 de maio de 1823, já foi para

compor o estatuto básico de uma nação

que nascia para \ ida livre, perturbada e insegui-a, em meio de inquietações e de graves problentas

da

consoMdação

de

sua existência autônoma.

No território imenso e de.spovoado, a reduzida população, nêle dispersa em núcleos isolados, não compunha uma es trutura social sobre a qual se pudesse er guer uma construção política instável; a

autoridade do centro é que havia de ser forçosamente o núcleo de con\'ergència.

de coesão e de .ordem, capaz de conter a desagregação; a ela cabia inevitávelmente improvisar, suprindo o ambiente rarefeito e desarticulado, um sistema apto a sustentar a nação, naquela qua

dra especialmente delicada. Tradições políticas não poderia ofe recer um país que surgia para a \ada

independente depois de um sistema co lonial que durante três séculos mal dei xara bruxolear uma tênue vida nos es

parsos núcleos que se perdiam no isola mento do território, apenas parcialmente

ocupado, e no qual se disseminavam cerca de quatro milhões de habitantes. A.s revoluções que antecederam o mo vimento libertador se haviam inflamado

de um idealismo republicano muito im preciso e inconsistente, que exprimia mais uma reação contra as instituições monár

quicas, símbolo da opressão estrangeira.

As leis e as fórmulas políticas da metrójjüle portuguesa é que haviam forço samente de constituir o stihstratum das

noções de ordem e de legalidade que pre dominavam na minoria dirigente da pá tria em formação.

E a circunstância de

ha\'er proclamado a independência um príncipe português, envolvido pela in

fluência do meio americano (em que se refugiara em 1808, a corte da metrópo le, acossada pelos exércitos de Napoleão), mantinha inevitâvebnente a \an-

culação da nação, que se constituía, às instituições da nação da qual se emancipa\a politicamente.

Eleitos por sufrágio indireto, segundo as instruções baixadas em 19 de ju nho de 1822, os constituintes incumbidos

de elaborar a carta do Império Brasilei

ro se reuniram para esta grave tarefa já em ambiente de insegurança e intran qüilidade. O Imperador e seu ministro José Bonifácio — a figura dominante em

tôda essa época, c-onclutor do go\-êrno e


Dicksto Econômico

n

DrOESTO ECONÓNfICO ? 10

opôs fmbaraços ao movimento que ia afirmar a autonomia da antiga colônia,

já então eleN'ada à condigâo de Reino — obra de contingências liistórícas inclviláveis. Ao contrário; o príncipe, integrado nu vida tumultuaria do Brasil, cujo i's-

pírito político percebia carregado de im pulsos desordenados, manifestara ao seu grand<> ministro josé Bonifácio, em carta de abril de 1«22, segundo registra um ilustre historiador patrício, que a con\'u-

cação das Cortes ,no Rio lhe parecia de absoluta necessidade, e ser "o único açu

de" capaz de "conter uma corrente tão forte".

E as razões que justificavam a me dida, o príncipe regente as deu ao seu pai, D. João VI, logo no mês seguinte: "E' necessário que o Brasil tenlia còrtes suas; esta opinião generabza-se cada

povo tem razão... .sem Cantes o Brasil não pndc ser feliz. As leis feitas tao lon ge de nos por homens que não são bra sileiros e qiu- não conhecem as ncce.ssídadcs do Bra.sll não poderão ser bons". A cimvocação das cortc.s legislativas.

'-'^■f;'amada por uma representação oonular endereçada, logo depois, ao prínci

pe, recebeu dêste acolhida fa\orá%cl. porérii sob condição prolclatória: a idéia de

uma c-onsulla prévia aos povos de outras províncias, ou pelas Câmaras, ou pelos procuradores gerais. E' que. segundo a.s circunstâncias fa zem supor, os conselheiros mai.s prestigio.sos do regente temiam as consc(jüèncias da reunião de uma assembléia, no ambiente incandescente e rebe'de cIq Rio

de Janeiro daquela época. O Conselho cios

Procuradores Gerais

dia mais. O povo desta cidade prepara

das Províncias, reunido em junho du

uma representação que me será entre gue para suplicar-lhe que as convoque

1822, invocando "a salvação pública,

e eu não posso recusar-me porque o

a integridade da nação, o decoro do Brasil e a glória do príncipe", a este

encaminhou uma petição em cpie "ins tava,

urgia

e

imperiosamente coman

dava" — nas suas e.xpressões tenninantes — a convocação, com a maior urgência,

de '"uma assembléia geral dos reprcsentante.s das províncias do Brasil".

fonnulava as

seguintes

E

considerações:

"A.S leis, as constituições, todas as ins

tituições humanas são feitas para os po vos, não os povos para elas.

E' dêste

princípio indubitável cpie devemos par tir: as leis formadas na Europa podem fazer a felicidade da Europa, mas não a da América".

Em conseqüência dessa manifestação, em 3 de junho de 1822 — mais de três meses, pois, antes da proclamação da in

dependência — se e.Kpeclia o decrelo convocando a "Assembléia Geral Cons

tituinte

e

Legislativa

composta

deputados das províncias do Brasil".

de

Esse ato traduzia uma atitude de ma

nifesta rebeldia contra a monarquia por

tuguesa, e uma reação positi\'a contra o processo de recolonização à oiitrance a <iue o governo de Portugal pretendia submeter o Brasil.

Proclamada a independência em 7 de

setembro, e aclamado D. Pedro I impe rador constitucional do Bitisil, em 12 de

outubro de 1822, quando a Constituinte inaugurou, solenemente, os seus traba

lhos, em 3 de maio de 1823, já foi para

compor o estatuto básico de uma nação

que nascia para \ ida livre, perturbada e insegui-a, em meio de inquietações e de graves problentas

da

consoMdação

de

sua existência autônoma.

No território imenso e de.spovoado, a reduzida população, nêle dispersa em núcleos isolados, não compunha uma es trutura social sobre a qual se pudesse er guer uma construção política instável; a

autoridade do centro é que havia de ser forçosamente o núcleo de con\'ergència.

de coesão e de .ordem, capaz de conter a desagregação; a ela cabia inevitávelmente improvisar, suprindo o ambiente rarefeito e desarticulado, um sistema apto a sustentar a nação, naquela qua

dra especialmente delicada. Tradições políticas não poderia ofe recer um país que surgia para a \ada

independente depois de um sistema co lonial que durante três séculos mal dei xara bruxolear uma tênue vida nos es

parsos núcleos que se perdiam no isola mento do território, apenas parcialmente

ocupado, e no qual se disseminavam cerca de quatro milhões de habitantes. A.s revoluções que antecederam o mo vimento libertador se haviam inflamado

de um idealismo republicano muito im preciso e inconsistente, que exprimia mais uma reação contra as instituições monár

quicas, símbolo da opressão estrangeira.

As leis e as fórmulas políticas da metrójjüle portuguesa é que haviam forço samente de constituir o stihstratum das

noções de ordem e de legalidade que pre dominavam na minoria dirigente da pá tria em formação.

E a circunstância de

ha\'er proclamado a independência um príncipe português, envolvido pela in

fluência do meio americano (em que se refugiara em 1808, a corte da metrópo le, acossada pelos exércitos de Napoleão), mantinha inevitâvebnente a \an-

culação da nação, que se constituía, às instituições da nação da qual se emancipa\a politicamente.

Eleitos por sufrágio indireto, segundo as instruções baixadas em 19 de ju nho de 1822, os constituintes incumbidos

de elaborar a carta do Império Brasilei

ro se reuniram para esta grave tarefa já em ambiente de insegurança e intran qüilidade. O Imperador e seu ministro José Bonifácio — a figura dominante em

tôda essa época, c-onclutor do go\-êrno e


••li

Dir.nsTO EconVimico • -

12

dos acontecimentos — compreendiam a

mece-jsidado de resguardar.e de reforçar á autoridade do poder, a fim de garantir

neira das de 1T91 e 92, tèni estabelecido as suas bases o sc tèm c{u^iilo organi

zar, a experiência nos tem'mostrado que

a ordem e a unidade do país, e temiam

são totalmente tcoréticas c metafísicas

^ ^ tendências excessivamente liberais da

C por isso inexoqiiÍNi is." As palavra.s do Imperador, que um

; íts^scmbléia.

^ O programa daquele ministro cra inequivücamente organizar um governo for te', sob a forma monárq\nca: a cunsiiinlv"u) nãij deveria conceder scnão "iiquc-

deputado tachou dc ambíguas , deixa

As idéias que a Rt-vcduvâo Francesa e

gosas e perturbadoras, no seio de uma

constituinte composta em sua grande parle por homens fonnados cm Direita,

representativa, dividindo-se os podercs

vor das liberdades qno a Constituinte

sencontradü nos .seus inipiilsus, c de ülltio lado ;i vitalidade cí\'ica, a indepen

po'!licos do governo em legislativo, e.xcCUUvo e judiciáiio, Uidos como delega

ção da Nação, ponpie "sem essa dcIc»

dência da maioria dos membros da

gação, (puiiquer e.xereíeio de podíTes é

a.ssembh.jji, (pu- soube cnrrentar com

usurpaçáo", dizia o art. 40 do projeto,

cadas, que .seriam fontes de confliio.s

Os receios com que Pedro I encarava a oijra dos constituintes se traduziram

pria dignidade e independência, citida-

seu dia inaugural: logo após relembrar a promessa que fizera, ao receber a coroa imperial, — de defender com a sua

e.spada "a pátria, a nação e a Constitui ção, se for digna do Brasil e de mim",

disse o Imperador. "Rafifico ho|e mui solenemente, pe rante vós, esta promessa, e espero que me ajudeis a desempenliá-Ia fazendo

uma Constituição sábia, justa, adequa da e executável, ditada pela razão, e não pelo capricho... que essa Constitui ção tenha bases sólidas, bases que a sa• bedoria dos séculos tenha mostrado que são as verdadeiras jjara darem uma jus

ta liberdade aos povos e toda a fôrça

1

do sem rcstríçõe.s enfraquccedoras. Enfrentando algumas questõe.s deli- •

c lides cm Montesquieii e Roíisseau. Essa atmosfera de intranqüilidade e

mensagem do trono k assembléia, no

(•<

berdades deveriam ser moderadas; e, do

outro lado, o predomínio do poder do

com o trono, u assembléia, siin sc sub

.nestas suas advertências formuladas na

necessária ao poder executivo."

meter dc maneira lotai, defendendo, ao

contrário, embora discretamente, a pró

O nível intelectual du assembléia não

na forma enfática {pie trazia a marca da Declaração dos Direitos do Moinem. Os

capítulos iniciais do projeto continham a definição da cidadania e dos direitos in

era dos mais altos; mas a sua cnmposi-• dividuais garantidos aos brasileiros — e ção exprimia í) qne <le melhor se po estes direitos cxímprcendiam todos os deria reunir naquela época, quando as <pie as idéia.s liberais, na época, expri praticas do regime representativo aTuni miam, clcsííí' a liberdade pessoal até a de imprensa c religiosa, embora se con

vu dc dar de.sempenbo à sua missão

autorizado estudioso da nossa vida po lítica, depois de balancear os vá

sagrasse a religião católica como "a re

essencial: a redação da carta constitu

rios julgâmcntüs formulados a

cional.

respeito da nossa frustrada pri

Os três irmãos Andradas —

José Bonifácio, Maitim Francisco e An tônio Carlos — domína\'am-na como fi

guras políticas culminante.s. Êsle ultimo foi o relator da comissão olaboradora do

projeto, que em I.^' de setembro de 1823, isto é, ccrca de quatnj mcse.s de

pois da inauguração da assembléia, a esta era apresentado. Vivendo em cli ma de sobressaltos, entre rumores cons

tantes de dissolução, a ^Constitiiinte se

dera pressa em concluir a sua tarefa. O seu esforço ia, entretanto, malograr-

se. Os choques que se repetiam com o

Imperador, extravasando da assembléia para os debates da imprensa, exprimin do, sobretudo, a reação nativisla, contra / a influência no governo de elementos por

tugueses suspeitos à opinião brasileira,

"Tódas as oonstítiiíçÕes que, à ma

iriam desfechar num golpe de Estado.

1.

dignidade e compostura o atentado con tra o qual não tinha meios eficientes de reação pronta. ^

mal conhecidas no Pais — conchii uin

E mais adiante ad\'ertía:

.. .1

segundo declarava o Imperador no de apresentado a \ima assembléia de repre creto de dissolução. sentantes do povo brasileiro: o Império O mulògro com que se inaugurava, do Brasil, uno c indivisível, sc consti tciitleiicías tio monarca, iH'clin'ostj c dc--

dér executivo, precisava ser assegura

eram temidas como extremamente peri

Em traços gerais, assim se cat^acte-.. rizava i) primeiro texto constitucional

tuiu como uma monarquia hereditária c

Imperador, como representante do po-

universais,

nosso Estudo".

indepcTidcnlo traduzia, de uin lado, as

viam, tornado

e

pa a constituinte, porque "perjurara ao .sou solene juramento dc sah-ar o Bra-sil",

do o cpio havia de mais aplicável ao

a abdicar de .suas prerrogatiuis em fh-

a independência dos Estados Unidos ha vitoriosas

Fm 12 dc novembro de 1823, cra,

com eleito, dissobida, cercada pela tro

assim, a vida constitucional do Brasil

ram chiro rpif êle não cbla\ii inclinado

' liberdade de que somos capazes", pretendesse consignar na carta politica, diria clc próprio, mais tarde, num dis que lhe incumbia elaborar; essas li curso proferido na assembléia.

DinrsTo Errvxóxtiro

meira constituinte, e os do cumentos

e

debates

nos seus anais.

reunidos

Em 1923, as

luzes do direito político — ujun-

i

ligião do Estado por excelência e única manteúda por êle". No meio dessas franquias, que lhe •marcam o espírito liberal, é ver

dade que ficou uma mancha negra: a da con.sagração da es-

aavidão, que se ia constituir,

lou — ainda não tinham devassado os

ainda durante cêrca de ,70. anos, oin

nossos horiz{)ntes.

gra\'o pecado do império que nusçia. As atribuições do Poder Legislativo, dividido em "sala de deputados e sala de senadores", foram largamente esta belecidas e amparadas, não se conferin do ao Imperador o direito de dissolução

No projeto de constituição elaborado

(tem sido assinalado uniformemente pe los que o analisam) encontraram guari da, apesar disso, as principais institui

ções consagradas pelo pensamento polí tico dominante, o que sc condensava no constitucionalismo europeu do tempo. O seu elaborador conft^ssaria mais

tarde que a sua tarefa, realizada no es

e protegendü-se com imunidades espe ciais os deputados e senadores. A elei

ção de uns e outros se faria por proces

paço de 15 dias, consistira em "reunir o

so- indireto, sendo os membros do Se

que havia de melhor cm todas as outras constituições, aproveitando e coordenan

nado vitalícios.

'U

O poder judiciário era organizado


••li

Dir.nsTO EconVimico • -

12

dos acontecimentos — compreendiam a

mece-jsidado de resguardar.e de reforçar á autoridade do poder, a fim de garantir

neira das de 1T91 e 92, tèni estabelecido as suas bases o sc tèm c{u^iilo organi

zar, a experiência nos tem'mostrado que

a ordem e a unidade do país, e temiam

são totalmente tcoréticas c metafísicas

^ ^ tendências excessivamente liberais da

C por isso inexoqiiÍNi is." As palavra.s do Imperador, que um

; íts^scmbléia.

^ O programa daquele ministro cra inequivücamente organizar um governo for te', sob a forma monárq\nca: a cunsiiinlv"u) nãij deveria conceder scnão "iiquc-

deputado tachou dc ambíguas , deixa

As idéias que a Rt-vcduvâo Francesa e

gosas e perturbadoras, no seio de uma

constituinte composta em sua grande parle por homens fonnados cm Direita,

representativa, dividindo-se os podercs

vor das liberdades qno a Constituinte

sencontradü nos .seus inipiilsus, c de ülltio lado ;i vitalidade cí\'ica, a indepen

po'!licos do governo em legislativo, e.xcCUUvo e judiciáiio, Uidos como delega

ção da Nação, ponpie "sem essa dcIc»

dência da maioria dos membros da

gação, (puiiquer e.xereíeio de podíTes é

a.ssembh.jji, (pu- soube cnrrentar com

usurpaçáo", dizia o art. 40 do projeto,

cadas, que .seriam fontes de confliio.s

Os receios com que Pedro I encarava a oijra dos constituintes se traduziram

pria dignidade e independência, citida-

seu dia inaugural: logo após relembrar a promessa que fizera, ao receber a coroa imperial, — de defender com a sua

e.spada "a pátria, a nação e a Constitui ção, se for digna do Brasil e de mim",

disse o Imperador. "Rafifico ho|e mui solenemente, pe rante vós, esta promessa, e espero que me ajudeis a desempenliá-Ia fazendo

uma Constituição sábia, justa, adequa da e executável, ditada pela razão, e não pelo capricho... que essa Constitui ção tenha bases sólidas, bases que a sa• bedoria dos séculos tenha mostrado que são as verdadeiras jjara darem uma jus

ta liberdade aos povos e toda a fôrça

1

do sem rcstríçõe.s enfraquccedoras. Enfrentando algumas questõe.s deli- •

c lides cm Montesquieii e Roíisseau. Essa atmosfera de intranqüilidade e

mensagem do trono k assembléia, no

(•<

berdades deveriam ser moderadas; e, do

outro lado, o predomínio do poder do

com o trono, u assembléia, siin sc sub

.nestas suas advertências formuladas na

necessária ao poder executivo."

meter dc maneira lotai, defendendo, ao

contrário, embora discretamente, a pró

O nível intelectual du assembléia não

na forma enfática {pie trazia a marca da Declaração dos Direitos do Moinem. Os

capítulos iniciais do projeto continham a definição da cidadania e dos direitos in

era dos mais altos; mas a sua cnmposi-• dividuais garantidos aos brasileiros — e ção exprimia í) qne <le melhor se po estes direitos cxímprcendiam todos os deria reunir naquela época, quando as <pie as idéia.s liberais, na época, expri praticas do regime representativo aTuni miam, clcsííí' a liberdade pessoal até a de imprensa c religiosa, embora se con

vu dc dar de.sempenbo à sua missão

autorizado estudioso da nossa vida po lítica, depois de balancear os vá

sagrasse a religião católica como "a re

essencial: a redação da carta constitu

rios julgâmcntüs formulados a

cional.

respeito da nossa frustrada pri

Os três irmãos Andradas —

José Bonifácio, Maitim Francisco e An tônio Carlos — domína\'am-na como fi

guras políticas culminante.s. Êsle ultimo foi o relator da comissão olaboradora do

projeto, que em I.^' de setembro de 1823, isto é, ccrca de quatnj mcse.s de

pois da inauguração da assembléia, a esta era apresentado. Vivendo em cli ma de sobressaltos, entre rumores cons

tantes de dissolução, a ^Constitiiinte se

dera pressa em concluir a sua tarefa. O seu esforço ia, entretanto, malograr-

se. Os choques que se repetiam com o

Imperador, extravasando da assembléia para os debates da imprensa, exprimin do, sobretudo, a reação nativisla, contra / a influência no governo de elementos por

tugueses suspeitos à opinião brasileira,

"Tódas as oonstítiiíçÕes que, à ma

iriam desfechar num golpe de Estado.

1.

dignidade e compostura o atentado con tra o qual não tinha meios eficientes de reação pronta. ^

mal conhecidas no Pais — conchii uin

E mais adiante ad\'ertía:

.. .1

segundo declarava o Imperador no de apresentado a \ima assembléia de repre creto de dissolução. sentantes do povo brasileiro: o Império O mulògro com que se inaugurava, do Brasil, uno c indivisível, sc consti tciitleiicías tio monarca, iH'clin'ostj c dc--

dér executivo, precisava ser assegura

eram temidas como extremamente peri

Em traços gerais, assim se cat^acte-.. rizava i) primeiro texto constitucional

tuiu como uma monarquia hereditária c

Imperador, como representante do po-

universais,

nosso Estudo".

indepcTidcnlo traduzia, de uin lado, as

viam, tornado

e

pa a constituinte, porque "perjurara ao .sou solene juramento dc sah-ar o Bra-sil",

do o cpio havia de mais aplicável ao

a abdicar de .suas prerrogatiuis em fh-

a independência dos Estados Unidos ha vitoriosas

Fm 12 dc novembro de 1823, cra,

com eleito, dissobida, cercada pela tro

assim, a vida constitucional do Brasil

ram chiro rpif êle não cbla\ii inclinado

' liberdade de que somos capazes", pretendesse consignar na carta politica, diria clc próprio, mais tarde, num dis que lhe incumbia elaborar; essas li curso proferido na assembléia.

DinrsTo Errvxóxtiro

meira constituinte, e os do cumentos

e

debates

nos seus anais.

reunidos

Em 1923, as

luzes do direito político — ujun-

i

ligião do Estado por excelência e única manteúda por êle". No meio dessas franquias, que lhe •marcam o espírito liberal, é ver

dade que ficou uma mancha negra: a da con.sagração da es-

aavidão, que se ia constituir,

lou — ainda não tinham devassado os

ainda durante cêrca de ,70. anos, oin

nossos horiz{)ntes.

gra\'o pecado do império que nusçia. As atribuições do Poder Legislativo, dividido em "sala de deputados e sala de senadores", foram largamente esta belecidas e amparadas, não se conferin do ao Imperador o direito de dissolução

No projeto de constituição elaborado

(tem sido assinalado uniformemente pe los que o analisam) encontraram guari da, apesar disso, as principais institui

ções consagradas pelo pensamento polí tico dominante, o que sc condensava no constitucionalismo europeu do tempo. O seu elaborador conft^ssaria mais

tarde que a sua tarefa, realizada no es

e protegendü-se com imunidades espe ciais os deputados e senadores. A elei

ção de uns e outros se faria por proces

paço de 15 dias, consistira em "reunir o

so- indireto, sendo os membros do Se

que havia de melhor cm todas as outras constituições, aproveitando e coordenan

nado vitalícios.

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O poder judiciário era organizado


-IJ- I; Wij!

DlCiEHlO EíonómioS

In»-*

f

Dir.ESTO Econômico

nmilo imperfeitamente, sem garantias adequadas.

O Imperador, além da coíaboruçao que lhe era permitida na confecção das leis, exercia o poder executivo. A sua pessoa era inviolável e sagrada. Um ministério e um con.sellio prisado, de sua livre escolha, o auxiliariam. A

15

havia em breve de lhe apresentar, e que seria "duplicadajliente )nais liberal do

era que nada, ou quase nada, poderia

que o que a extinta A.s.seinbléia acabou

.surgir senão os elementos que fatalmente

dc fazer" — dizia textualmente.

O alentado contra a Constituinte fe

rira fundo a opinião pública da capital E era precis*o apaziguar os

do País. ânimos.

110 futuro. A noss* história, daí por diante, recorda um fatígante esfôrço

forçavam a adaptação dos princípios, para o alcançar". métodos e instituições importadas. Em sua essência o código político ou Comenta um analista de visão profun torgado, para a época, traduzia "tendên da: "legi.slar para o Brasil gregário de cias liberais, embora o comprometes:-p 1823 — agrupamentos étnica e histò- a sua origem histórica — que por si só

O Imperador não cumpriu a solene

ricainrnte distintos — seria tudo, menos

justificou e insuflou revoltas c reações

promessa de convocar nova assembléia

obedecer à consulta lúcida do meio. Era

de grande porte,

de representantes da nação para elabo

trabalho todo subjetivo, ou capricho de

a de requerer ao Imperador a demissão

rar a carta política. Mas se apressou em

minoria erudita, disconendo dedutiva

dos ministros "que parecerem nocivos

designar uma comissão de dez membros

91,-n.II do projeto, semelhantes "requi-

para formular o projeto do futuro có digo bíísico, que deveria ser submetido às câmaras locais, para que estas fizes sem "as observações que lhes pareces

mente sôbre alguns preceitos abstratos, alheia ao modo dc ver da maioria. A nossa única tradição generalizada era a do ódio ao dominador recente ainda em

Câmara caberia a atribuição de apre

ciar a acusação contra os Ministros de Estado e conselheiros privados, e ainda

ao bem público"; mas como está no art. (o nosso primeiro Con.selliü de Estado)

•sições" deveriam ser motivadas, e ain

da assim as poderia indeferir o Im perador.

A administração loca! caberia a um

presidente nomeado pelo Imperador, re

sem justas".

movível ad nutum, e á um conselho

O projeto elaborado se transformou na Constituição outorgada pelo Impe

eletivo.

rador, em 25 de março de 1824.

Quanto ao tratamento do estrangeiro,

o projeto era indisfarçadamente nativista, e procurava, sobretudo, afastar a in fluência e a ingerência dos portuguêses na vida política do País. :i:

«

unânime, favoràvelmente, as câmaras lo

mesurado e perigoso. Inci dia-se na tentativa temerária

Em substância, a Constituição no\-a

se reunira no Brasil desaparecera, dessa

não era diferente do projeto oferecido

foiTna, sob um golpe de força do poder imperial, que não se desligara de suas

ao exame da Constituinte dissolvida. Se

gundo depôs o redator deste último, as

origens absohitistas. Mas a índole in coerente e impulsiva do monaíca, então de pouco mais de 20 anos, se e.xpandi-

fontes em que buscaram inspiração os

ria jjnediatanicnte em manifestações da

elaboradore.s de ambos os textos foram,

em maior parle, a Constituição fran

critores chamou "o seu papel de corte-

cesa, e em menor a da Noruega, de 1814, havida como umu da.s mais de mocráticas da Europa. O fundo comum

são pertinaz da liberdade". No mesmo

de todo o sistema, nas suas linhas gerais,

decreto de dissolução da Constituinte, o

eram as instituições inglêsas.

Imperador prometia convocar uma outra assembléia, a qual teria de trabalhar no projeto da Constituição, que ôle

do meio e das condições da nação que se formava, entre tumultos e apreensões.

quilo que um dos nossos maiores es

blema ainda mais formidável: erguer,

paratórias.

mais precária.

A primeira representação popular que

tinguir-se-ia com a vitória, deixando

aos formadores da nova pátria um pro

ela se manifestarem, de maneira quase

era, como se pode bem compreender, a

De brasileiro, de nativo, de produto

nor conta que no projeto da constituinte dissolvida. Criavam-se os conselhos ge

das províncias, embora com atribui de momento no propagar a rebeldia, ex- rais ções muito restritas. Não assegurou a

funcionários públicos, depois de sôbre cais, cuja liberdade de i^ronunciamentí)

Francesa, na Constituição outorgada, de uma maneira geral, não estavam em me

annas, e esta, servindo como recurso

unido, ao regime constitucional, novo na própria Europa, um povo disperso que não atravessara uma só das fases sociais pre

O monarca a jurou com seus minis tros', e também o bispo, o Exército e os

Os "direitos naturais", as liberdades

essenciais consagradas pela Revolução

nova carta o haheas corpus (que só viria a ser disciplinado em lei em 1832) e permitiu a suspensão preventiva das garantias constitucionais.

Organizou a monarquia he reditária, constiluciònal e re

presentativa, criada sob o princípio da "divisão e har monia dos poderes políticos"

Um salto des-

— como "o princípio conser

da mais grave das revoluções,

vador dos direitos dos cida

a exemplo daquela paradoxal "pelo alto", que o gênio de Turgot, poucos anos antes, concebera como recurso exbemo

dãos, e o meio mais seguro de fazer efetivas as garantias que a Constituição oferece".

Êstes poderes políticos eram quatro:

para salvar Luís XVI, aos rumores pro

"o poder legislativo, o poder modera

fundos de 89".

dor, o poder executivo' e o poder ju dicial". E os representantes da nação eram o "Imperador e a assembléia ge-

Compunlia-se um sistema teórico, sem uma infra-estrutura que o apoiasse. A construção começava pelo alto, e não pelos alicerces. E o sistema deveria responder por duas coisas essenciais:

a unidade da pátria e a ordem pública — uma e outra constantemente expos

tas a provações perigosas.

O que se

fazia era — segundo as expressões do

raV

todos o.s poderes "delegações da

O poder legislativo era exercido pela Camara dos Deputados e pela Câmara de Senadores, a primeira eletiva e tem porária, e a segunda , composta de mem bros vitalícios.

Os senadores seriam

eleitos como os deputados, por .sufrágio invocar — "gravar um marco, ao longe. indireto, porém cm lista tviplicc, escomesmo observador que acabamos de


-IJ- I; Wij!

DlCiEHlO EíonómioS

In»-*

f

Dir.ESTO Econômico

nmilo imperfeitamente, sem garantias adequadas.

O Imperador, além da coíaboruçao que lhe era permitida na confecção das leis, exercia o poder executivo. A sua pessoa era inviolável e sagrada. Um ministério e um con.sellio prisado, de sua livre escolha, o auxiliariam. A

15

havia em breve de lhe apresentar, e que seria "duplicadajliente )nais liberal do

era que nada, ou quase nada, poderia

que o que a extinta A.s.seinbléia acabou

.surgir senão os elementos que fatalmente

dc fazer" — dizia textualmente.

O alentado contra a Constituinte fe

rira fundo a opinião pública da capital E era precis*o apaziguar os

do País. ânimos.

110 futuro. A noss* história, daí por diante, recorda um fatígante esfôrço

forçavam a adaptação dos princípios, para o alcançar". métodos e instituições importadas. Em sua essência o código político ou Comenta um analista de visão profun torgado, para a época, traduzia "tendên da: "legi.slar para o Brasil gregário de cias liberais, embora o comprometes:-p 1823 — agrupamentos étnica e histò- a sua origem histórica — que por si só

O Imperador não cumpriu a solene

ricainrnte distintos — seria tudo, menos

justificou e insuflou revoltas c reações

promessa de convocar nova assembléia

obedecer à consulta lúcida do meio. Era

de grande porte,

de representantes da nação para elabo

trabalho todo subjetivo, ou capricho de

a de requerer ao Imperador a demissão

rar a carta política. Mas se apressou em

minoria erudita, disconendo dedutiva

dos ministros "que parecerem nocivos

designar uma comissão de dez membros

91,-n.II do projeto, semelhantes "requi-

para formular o projeto do futuro có digo bíísico, que deveria ser submetido às câmaras locais, para que estas fizes sem "as observações que lhes pareces

mente sôbre alguns preceitos abstratos, alheia ao modo dc ver da maioria. A nossa única tradição generalizada era a do ódio ao dominador recente ainda em

Câmara caberia a atribuição de apre

ciar a acusação contra os Ministros de Estado e conselheiros privados, e ainda

ao bem público"; mas como está no art. (o nosso primeiro Con.selliü de Estado)

•sições" deveriam ser motivadas, e ain

da assim as poderia indeferir o Im perador.

A administração loca! caberia a um

presidente nomeado pelo Imperador, re

sem justas".

movível ad nutum, e á um conselho

O projeto elaborado se transformou na Constituição outorgada pelo Impe

eletivo.

rador, em 25 de março de 1824.

Quanto ao tratamento do estrangeiro,

o projeto era indisfarçadamente nativista, e procurava, sobretudo, afastar a in fluência e a ingerência dos portuguêses na vida política do País. :i:

«

unânime, favoràvelmente, as câmaras lo

mesurado e perigoso. Inci dia-se na tentativa temerária

Em substância, a Constituição no\-a

se reunira no Brasil desaparecera, dessa

não era diferente do projeto oferecido

foiTna, sob um golpe de força do poder imperial, que não se desligara de suas

ao exame da Constituinte dissolvida. Se

gundo depôs o redator deste último, as

origens absohitistas. Mas a índole in coerente e impulsiva do monaíca, então de pouco mais de 20 anos, se e.xpandi-

fontes em que buscaram inspiração os

ria jjnediatanicnte em manifestações da

elaboradore.s de ambos os textos foram,

em maior parle, a Constituição fran

critores chamou "o seu papel de corte-

cesa, e em menor a da Noruega, de 1814, havida como umu da.s mais de mocráticas da Europa. O fundo comum

são pertinaz da liberdade". No mesmo

de todo o sistema, nas suas linhas gerais,

decreto de dissolução da Constituinte, o

eram as instituições inglêsas.

Imperador prometia convocar uma outra assembléia, a qual teria de trabalhar no projeto da Constituição, que ôle

do meio e das condições da nação que se formava, entre tumultos e apreensões.

quilo que um dos nossos maiores es

blema ainda mais formidável: erguer,

paratórias.

mais precária.

A primeira representação popular que

tinguir-se-ia com a vitória, deixando

aos formadores da nova pátria um pro

ela se manifestarem, de maneira quase

era, como se pode bem compreender, a

De brasileiro, de nativo, de produto

nor conta que no projeto da constituinte dissolvida. Criavam-se os conselhos ge

das províncias, embora com atribui de momento no propagar a rebeldia, ex- rais ções muito restritas. Não assegurou a

funcionários públicos, depois de sôbre cais, cuja liberdade de i^ronunciamentí)

Francesa, na Constituição outorgada, de uma maneira geral, não estavam em me

annas, e esta, servindo como recurso

unido, ao regime constitucional, novo na própria Europa, um povo disperso que não atravessara uma só das fases sociais pre

O monarca a jurou com seus minis tros', e também o bispo, o Exército e os

Os "direitos naturais", as liberdades

essenciais consagradas pela Revolução

nova carta o haheas corpus (que só viria a ser disciplinado em lei em 1832) e permitiu a suspensão preventiva das garantias constitucionais.

Organizou a monarquia he reditária, constiluciònal e re

presentativa, criada sob o princípio da "divisão e har monia dos poderes políticos"

Um salto des-

— como "o princípio conser

da mais grave das revoluções,

vador dos direitos dos cida

a exemplo daquela paradoxal "pelo alto", que o gênio de Turgot, poucos anos antes, concebera como recurso exbemo

dãos, e o meio mais seguro de fazer efetivas as garantias que a Constituição oferece".

Êstes poderes políticos eram quatro:

para salvar Luís XVI, aos rumores pro

"o poder legislativo, o poder modera

fundos de 89".

dor, o poder executivo' e o poder ju dicial". E os representantes da nação eram o "Imperador e a assembléia ge-

Compunlia-se um sistema teórico, sem uma infra-estrutura que o apoiasse. A construção começava pelo alto, e não pelos alicerces. E o sistema deveria responder por duas coisas essenciais:

a unidade da pátria e a ordem pública — uma e outra constantemente expos

tas a provações perigosas.

O que se

fazia era — segundo as expressões do

raV

todos o.s poderes "delegações da

O poder legislativo era exercido pela Camara dos Deputados e pela Câmara de Senadores, a primeira eletiva e tem porária, e a segunda , composta de mem bros vitalícios.

Os senadores seriam

eleitos como os deputados, por .sufrágio invocar — "gravar um marco, ao longe. indireto, porém cm lista tviplicc, escomesmo observador que acabamos de


'm'

T- . DiOEs ir>

Miiíí.slro.s (Ic Ivstiulo I-

magisirado.s. Era o poder .siipreiut). diaiif*- do (|ual

poderia suspender os juizes, ouvido o Conseliio de Estado. Para promover a

Iodos os outros se .subal(criii/.avam.

O

Poder

o

judiciário se pennitia o exercício da avão

Moderador (Ta

poder cíelibcrante.

elctíxainente

formação ia dominar lòda a \'ida con.sti-

deveria ser ouvido em "todos os negó cios-graves e medidas gerais da admi nistração".

O Imperador era o chefe do poder

executivo, que êle, exercitaria pelos-mi » nistros de Estado, responsáveis mesmo agindo por ordem do monarca, "vocal ou escrita".

A peça nova tpie se introduzia no sistema, em confronto com o resultan

te do projeto da constituinte, era o "Po

der Moderador" - delegado privati\'amente ao Imperador, declarado "chefe

supremo da nação e seu primeiro re. presentante, para que incessantemente

tiicional do Império, defínindo-lhe o ca ráter, e (lelcrminanclo o desem oK iniento

de todos os acontecimentos políticos, até o desfecho, na cpicda da moiiarcpiia, cm 1889.

A introdução desse poder, axa.ssalador no aumento crescente de siui autorida

de írrc.sponsável, marcou

cpie o modelo da.s inslítuiçõc.s que ado tamos não nos \'ínha diretamente da In

glaterra.

O Poder Moderador, defor

mado e ampliado na sua autoridade,

f()ra inspirado pela doutrina do constitucionalismo francês, especialmente de Benjamin Constant, exposta no seu livro

"Cüur.s de politiciue constitiitionellc".

dência, equilíbrio e hamjonia dos mais podcres políticos". A constituição declarava que era "o

lès, tian.splantada literalmente jiara a

ganização política" e acreTcentava que "a pe.ssoH do Imperador era inviolável

dem (• estabilidade legal à nação. Ao vontrário. De 1824 a 1831. abriu-se um período de crises, xiolèncias e revolu

ções.

r

Segundo a concepção do publicista gaunossa Constituição imperial, o poder real seria "Ia clef de toutc d'organisation pulitíque". Não lhe caberia, porém, nu prática, um simples papel de árbitro en tre os demais poderes, para contí'-los

Uma des.sa.s revoluções explodiu

íio norte do Pais, estendendo-se a vá-

"«iqueles anos tufbidentos."

i-s.ses sentimentos se mescUuam clc

icteais republicanos, de federação (ins pirada pelo exemplo dos Estados Uni^ reação patriótica contra a «ascendência de elementos portugueses na direção do País.

e amara, à testa da monarquia brasileira, eriava uma situação anômala, geradora c e in.segurança e precariedade. O efeito

A exaltação dos espíritos subiu ao au-

todos os negócios funclamcnlai.s do.E.sta-

A queda de Carlos X na França, em 1830, operou como uma força su

. 'fa; a livre nomeação e demissão dos

rc-i

destinado a reinar, a governar u a adnü-

gestiva poderosa. O ambiente da assem

/

t«"n" Ittfr ■!>

II

I

1*1'"1 11

mente, nove anos mais tarde, como fru to de um golpe de Estado. Hí

5i<

íl-'

Com a abdicação do Imperador — que

cos" — diria o maior dos nossos historia

preensão de que era preciso pelejar pe a consolidação da independência, conquistada num gesto teatral. A pre sença do príncipe portuguê.s, que a pro-

c.xprimiu um juízo preciso.

xaTclade, um

O regime da monarquia representa

tiva só iria ínangurar-se, porém, efetiva

^«1 a opinião pública), animada'da com

na pessoa do Imperador u direção efe tiva de todo o governo, a deliberação de Criava-se. em

contra o trono que pretendera sobreviver

no absolutismo.

«1 guns eminentes parlamentares e jor- firmatório da própria independência do na istas, aos quais coube papel decisivo País — iria estabelecer-se, entre 1831 lios destinos da pátria, a luta pelas rei- e 1840, um interregno em que \ivemos ^iricicações liberais enq>olgou toda a sob um regime semi-republicano. "Ê minoria esclarecida (e que vepresenta- quase um decênio de terremotos políti

<■ a Constituição era apenas "o de um rotulo colado ao absolutismo", segundo

do.-

Imperador Pedro I, que proclamara a

walia como um ato complementar e con-

nas .suas funções distintas; a sua auto

da asseml)!ci;k geiul,- c a dissolução dcs-

tra a uscen.são do um ministério impopu

lar, precipitou o desfecho da luta. O

ÍS só seconduzida reuniu por cm ^ • E daíniicional por diante,

ridade seria crescente, se biperlrofiaría em alargamento constante, até absorver

'nadore.s até a prorrogação e adiamento

crescente do meio. A manifestação pú

blica da capital do País, reclamando con

A primeira

e sagrada: êle não estava sujeito a res-

compreendiam desde a .escolha dos se-

O Imperador sentia, na sua

sensibilidade de impulsivo, a hostilidade

A monarquia se engülfa\a progressi vamente no absolutismo.

ponsabiiidade alguma".

As faculdades abrangidas nes.sc poder . eram enunciadas enr têrmos amplos, e

ardente.

abdicou om 7 de abril de j|as províncias, e sc alimentava dos sen- independência, 1831, em favor de seu filho D. Pedro, tmienln.s e.xaeerbados que traduziam a com menos de seis anos de idade. tonfu.sao e a insatisfação generalizadas então Era a vitória das forças democráticas

nitidamente

\'ele sòbrc a manutenção da indepen

poder moderador a chave de toda a or

A outorga imperial da carta constituvional não produziu o efeito de dar or

Apresenta-se, dessa forma, como se -

conselJieiros vitalícios, em número má

bléia geral lembr.a\a nos .sctis hmec.s dramálieos os da ConNenção francTsa

— fixa um \ igoroso pintor des.sa quadra

tro cie decisão de lodo o sistema.

•vc, bem falaz o caráter represcntati\'ü do gov<'rnu, cjue S(.' conccn(ra\:i na pró pria pessoa do Imperador. E essa de

ximo de dez, nomeados pelo Imperador,

dos os demais <>rgüos.

A figura e a auto

-popular. O Conselho de Estado, comjjosto de

. -

iiistrar. .siibiucleiidí» tuí seu comando to

ridade d(j monarca constitiiiain o cen

responsabilidade dos membros do píider ^'

a .stispcnsau dos

llicndü o Impcruclor acpjèk' (jue doM^iia cxcrccr o rnanclalo.

O poder jiidicÍ5irio era dcclaraclr» índcpcndcnle. c seria composto de jui zes e jurados; mas essa independência era bcin precária por(juc o • Imperador

Dict;sto Ecdnümico

Et^ONÒMico

.iy.,;..:

dores do Império, fixando a fi.sionomia desse período turbulento.

(5 govêrno foi confiado a uma regên cia, a princípio composta de três, e de pois de um só membro, escolhido me diante eleição popular, com mandato de quatro ano.s.

Um grande risco correu a estabilida

de do País nessa época. Os ardores li berais se inflamavam em demasia,

As

leivindicações contra o poder monárqui co se expandiram em excessos perigo.sns naquela (piadra de construção, cm que tudo era aluda inslávcl c iiieonsistenlc.


'm'

T- . DiOEs ir>

Miiíí.slro.s (Ic Ivstiulo I-

magisirado.s. Era o poder .siipreiut). diaiif*- do (|ual

poderia suspender os juizes, ouvido o Conseliio de Estado. Para promover a

Iodos os outros se .subal(criii/.avam.

O

Poder

o

judiciário se pennitia o exercício da avão

Moderador (Ta

poder cíelibcrante.

elctíxainente

formação ia dominar lòda a \'ida con.sti-

deveria ser ouvido em "todos os negó cios-graves e medidas gerais da admi nistração".

O Imperador era o chefe do poder

executivo, que êle, exercitaria pelos-mi » nistros de Estado, responsáveis mesmo agindo por ordem do monarca, "vocal ou escrita".

A peça nova tpie se introduzia no sistema, em confronto com o resultan

te do projeto da constituinte, era o "Po

der Moderador" - delegado privati\'amente ao Imperador, declarado "chefe

supremo da nação e seu primeiro re. presentante, para que incessantemente

tiicional do Império, defínindo-lhe o ca ráter, e (lelcrminanclo o desem oK iniento

de todos os acontecimentos políticos, até o desfecho, na cpicda da moiiarcpiia, cm 1889.

A introdução desse poder, axa.ssalador no aumento crescente de siui autorida

de írrc.sponsável, marcou

cpie o modelo da.s inslítuiçõc.s que ado tamos não nos \'ínha diretamente da In

glaterra.

O Poder Moderador, defor

mado e ampliado na sua autoridade,

f()ra inspirado pela doutrina do constitucionalismo francês, especialmente de Benjamin Constant, exposta no seu livro

"Cüur.s de politiciue constitiitionellc".

dência, equilíbrio e hamjonia dos mais podcres políticos". A constituição declarava que era "o

lès, tian.splantada literalmente jiara a

ganização política" e acreTcentava que "a pe.ssoH do Imperador era inviolável

dem (• estabilidade legal à nação. Ao vontrário. De 1824 a 1831. abriu-se um período de crises, xiolèncias e revolu

ções.

r

Segundo a concepção do publicista gaunossa Constituição imperial, o poder real seria "Ia clef de toutc d'organisation pulitíque". Não lhe caberia, porém, nu prática, um simples papel de árbitro en tre os demais poderes, para contí'-los

Uma des.sa.s revoluções explodiu

íio norte do Pais, estendendo-se a vá-

"«iqueles anos tufbidentos."

i-s.ses sentimentos se mescUuam clc

icteais republicanos, de federação (ins pirada pelo exemplo dos Estados Uni^ reação patriótica contra a «ascendência de elementos portugueses na direção do País.

e amara, à testa da monarquia brasileira, eriava uma situação anômala, geradora c e in.segurança e precariedade. O efeito

A exaltação dos espíritos subiu ao au-

todos os negócios funclamcnlai.s do.E.sta-

A queda de Carlos X na França, em 1830, operou como uma força su

. 'fa; a livre nomeação e demissão dos

rc-i

destinado a reinar, a governar u a adnü-

gestiva poderosa. O ambiente da assem

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t«"n" Ittfr ■!>

II

I

1*1'"1 11

mente, nove anos mais tarde, como fru to de um golpe de Estado. Hí

5i<

íl-'

Com a abdicação do Imperador — que

cos" — diria o maior dos nossos historia

preensão de que era preciso pelejar pe a consolidação da independência, conquistada num gesto teatral. A pre sença do príncipe portuguê.s, que a pro-

c.xprimiu um juízo preciso.

xaTclade, um

O regime da monarquia representa

tiva só iria ínangurar-se, porém, efetiva

^«1 a opinião pública), animada'da com

na pessoa do Imperador u direção efe tiva de todo o governo, a deliberação de Criava-se. em

contra o trono que pretendera sobreviver

no absolutismo.

«1 guns eminentes parlamentares e jor- firmatório da própria independência do na istas, aos quais coube papel decisivo País — iria estabelecer-se, entre 1831 lios destinos da pátria, a luta pelas rei- e 1840, um interregno em que \ivemos ^iricicações liberais enq>olgou toda a sob um regime semi-republicano. "Ê minoria esclarecida (e que vepresenta- quase um decênio de terremotos políti

<■ a Constituição era apenas "o de um rotulo colado ao absolutismo", segundo

do.-

Imperador Pedro I, que proclamara a

walia como um ato complementar e con-

nas .suas funções distintas; a sua auto

da asseml)!ci;k geiul,- c a dissolução dcs-

tra a uscen.são do um ministério impopu

lar, precipitou o desfecho da luta. O

ÍS só seconduzida reuniu por cm ^ • E daíniicional por diante,

ridade seria crescente, se biperlrofiaría em alargamento constante, até absorver

'nadore.s até a prorrogação e adiamento

crescente do meio. A manifestação pú

blica da capital do País, reclamando con

A primeira

e sagrada: êle não estava sujeito a res-

compreendiam desde a .escolha dos se-

O Imperador sentia, na sua

sensibilidade de impulsivo, a hostilidade

A monarquia se engülfa\a progressi vamente no absolutismo.

ponsabiiidade alguma".

As faculdades abrangidas nes.sc poder . eram enunciadas enr têrmos amplos, e

ardente.

abdicou om 7 de abril de j|as províncias, e sc alimentava dos sen- independência, 1831, em favor de seu filho D. Pedro, tmienln.s e.xaeerbados que traduziam a com menos de seis anos de idade. tonfu.sao e a insatisfação generalizadas então Era a vitória das forças democráticas

nitidamente

\'ele sòbrc a manutenção da indepen

poder moderador a chave de toda a or

A outorga imperial da carta constituvional não produziu o efeito de dar or

Apresenta-se, dessa forma, como se -

conselJieiros vitalícios, em número má

bléia geral lembr.a\a nos .sctis hmec.s dramálieos os da ConNenção francTsa

— fixa um \ igoroso pintor des.sa quadra

tro cie decisão de lodo o sistema.

•vc, bem falaz o caráter represcntati\'ü do gov<'rnu, cjue S(.' conccn(ra\:i na pró pria pessoa do Imperador. E essa de

ximo de dez, nomeados pelo Imperador,

dos os demais <>rgüos.

A figura e a auto

-popular. O Conselho de Estado, comjjosto de

. -

iiistrar. .siibiucleiidí» tuí seu comando to

ridade d(j monarca constitiiiain o cen

responsabilidade dos membros do píider ^'

a .stispcnsau dos

llicndü o Impcruclor acpjèk' (jue doM^iia cxcrccr o rnanclalo.

O poder jiidicÍ5irio era dcclaraclr» índcpcndcnle. c seria composto de jui zes e jurados; mas essa independência era bcin precária por(juc o • Imperador

Dict;sto Ecdnümico

Et^ONÒMico

.iy.,;..:

dores do Império, fixando a fi.sionomia desse período turbulento.

(5 govêrno foi confiado a uma regên cia, a princípio composta de três, e de pois de um só membro, escolhido me diante eleição popular, com mandato de quatro ano.s.

Um grande risco correu a estabilida

de do País nessa época. Os ardores li berais se inflamavam em demasia,

As

leivindicações contra o poder monárqui co se expandiram em excessos perigo.sns naquela (piadra de construção, cm que tudo era aluda inslávcl c iiieonsistenlc.


1)K;hfi l t.) K<. ONÓ.NIKU)

Dicesto Econômico

'

19

IS

assim e.xplicava o amurleciineulu dos

Felizmente, porém, uma geração do minada por a'guns homens de visão cla-

e atribuiu à assembléia gorai competên

rividentc e alto equilíbrio soube vencer

sitivos.

a toimenta. Dominaram rapidamente .os

moderados, para .salvar o País da anar

quia — o que para os exaltados consis tiu em transformar a vitória conquistada numa "Journeé des clupes" — segundo uma frase que se tomou famosa. Algumas refonnas, entretanto, se rea lizaram, em atenção às tendências e às reivindicações liberais. O problema

cia interpretati\'a de .seus próprios dispo

O período regência! se desdobrou entre re\oluçõc.s, írrompida.s em vários pontos do País. — Tendências repu blicanas, esforço*s autonomistas, e.xpan-

sões natívistas — foram ainda os fer-

mentos dessas e.xplosões.

A grande obra desse período foi a de resguardar a atitoridade o vencer as forças desagregadoras.

essencial era, todavia, salvar a unidade

O impulso liberal foi, afinal, sendo

nacional, impedindo que o território imenso se repartisse em várias pequenas r( públicas, como previam os observado desenrolados em meio ao maior tumulto

dominado pela reação monárquica, que SC iria exprimir num ato de fôrça parla mentar proclamando em 1840 a maioridade do Imperador, menor de 16 anos. contra o texto expresso da Constituição.

c dinamismo político.

Antecipara-a, porém, em maio daquele

res que presenciavam os acontecimentos,

Houve prudência nas concessões; o e.s-

pírito liberal mostrou, porém, a sua \ilalidade, não só através do Código do

ano, uma lei de inleri^relação do Ato Adicional, promulgada com o objetivo de reduzir a autonomia concedida aos

Processo Crimina!, de 1832, como so

go\'emos provinciais.

bretudo pelo Ato Adicional — o ato de

obra da Câmara dos Deputados — e não

niovimento pe!a centralização e de re forço da monarquia conservadora, ainda .se completaria, em 1841, com as leis cpie restabeleciam o Conselho de Esta

outorga do executivo.

do, com atribuições consultivas, me

reforma da Constituição de 1824, pro mulgado em 12 de agôsto de 1834 —

Essa reforma constitucional represen tou, principalmente, rtma vitória contra a centralização, que já sufoca\'a o de senvolvimento das províncias. Criou as assemb'éias legi.slativas provinciais, elei tas pelo mesmo sistema dos deputados à assembléia geral legislativa, atribuindolhes competência para legislar sobre vá rias matérias de interesse local, só poden do as suas deliberações ser revistas pelo

governo do centro se ofensivas da Cons tituição ou do interêsse de outras provín cias. Aos presidentes das províncias, no-

meado.s pelo Imperador, se conferiu o po der executivo provincial, com o direito de veto suspen.sivo. For fim, o Ato Adi

cional suprimiu n Conselho de Estado,

E esse contra-

antigos ímpetos liberais; "Fui liberal; então a liberdade era nova no País, es tava nas aspirações de todos, mas não

nas leis, nuo nas idéias práticas; o poder era tudo; fui liberal. Hoje, porém, é

Desenvol\endo-sc sob as in.stituições representativas, dentro do binômio par tidário em que uma corrente forçava a marcha para u frente, enquanto a ou tra a modera\'a — o Segundo Império

representou, de acôrdo com uma ima diverso o aspecto da .sociedade; os prin gem feliz, uma prolongada situação de cípios democráticos tudo ganliaram e equilibrio. muUo comprometeram; a sociedade que

então coitíu risco pelo poder, corre ago ra risco pela desorganização e pela anar quia. Como então quis, quero iioje bem

ser\'i-la, quero salvá-la, e. por isso sou regressista". O "regresso" consistia em moderar a expansão da arrancada libe ra , e reforçar a autoridade do poder eentralizado.

j, 1840, até o fim do Segundo emado nao se alteram as instituiçõe.s

A vida nacional adquiriu estabilidade.

As crises externas foram vencidas. Do-'

minado pelo espírito jmídico de seus homens pviblicos representativos, sob a égide do Imperadòr (cuja autoridade morai e cujo trone eram a verdadeira

força de aglutinação), a monarquia se soube cercar de grande respeito, e incu tir na opinião funda reverência pelo po der e pelas instituições que simboli zava. Estas haviam de funcionar de ma

"dotada.s. Os partidos, que se cons- neira mais ou menos artificial, por lhes uiram nus lutas parlamentares, se disa base de apoio, mna realidade ri iuíriam na.s duas correntes, cujas de- faltar política, que elas próprias deveriam con

noniinjiçgpg Ihcg marcavam as tendên cias: liberais e conservadores. As vêzes, sob nomes varia

dos, com as alas que de um

formar lentamente.

Nas câmaras, os debates

eruditos, travados segundo os mais apurados esHlos par

ou de Outro se desmembra vam asses parüdos foram

lamentares, empresta\-am unia

dor, e suprimiam as concessões liberais

ganhando consistência, no esdobrar do funcionamento

^ o sistema. A influência que

era um riveiro de estadistas

do Códico do Processo Criminal de 1832.

iídquiriram, no jôgo das insí uições, foi uma conquista,

de grande prestígio intelec tual, versados em tôdas as questões de direito público.

diante iniciativa voluntária do Impera

Instaura-se, então, em verdade, a fa

se monárquica — o Segundo Reinado — que deveria durar de 1840 a 1889, qua.se meio século.

A mentalidade conservadora, vencido o surto das manifestações líberaús mais

ardorosas, já dominava, marcando as tendências seguras de uma vida políti ca em evolução lenta e compassada. O predomínio do espírito dc equilíbrio e de prudência, senão reacionário, se justificava pela voz de um dos nossos maiores hnmen.s de Estado da época, Bernardo Pereira de Vasconcelos, «pie

alta dignidade espiritual à vida políHca.

A assembléia

forma ainda no tempo da A liberdade de crítica era ampla. A se Rogencia. A instauração do regime par- paração entre os dois partidos, salvo em ameiitar, com as peculiaridades locais, raros momentos de conflitos agudos era representou o fruto de uma evolução, tênue, e às vêzes imperceptível defino curso da qual a As.scmbléia Legisla- nmdo-se por meras tonalidades Libe •va reivindicou a prerrogativa de responsabiliziir o ministério, e de lhe foríar a demissão, quando não merecesse

rais e consen^adores representavam áto-

mos da mesma molécula, segundo uma definição Era possível, graças a a confiança do Parlamento. Em 1847, isso, trocarfiel. de acampamento partidário,

a consolidação do sistema se definiu na escândalo nem apostasia. E os coniei que criou o cargo de Presidente do sem ser\'adores, no govêmo, executa\'am re Conselho de Ministros. formas básicas do programa dos liberais.


1)K;hfi l t.) K<. ONÓ.NIKU)

Dicesto Econômico

'

19

IS

assim e.xplicava o amurleciineulu dos

Felizmente, porém, uma geração do minada por a'guns homens de visão cla-

e atribuiu à assembléia gorai competên

rividentc e alto equilíbrio soube vencer

sitivos.

a toimenta. Dominaram rapidamente .os

moderados, para .salvar o País da anar

quia — o que para os exaltados consis tiu em transformar a vitória conquistada numa "Journeé des clupes" — segundo uma frase que se tomou famosa. Algumas refonnas, entretanto, se rea lizaram, em atenção às tendências e às reivindicações liberais. O problema

cia interpretati\'a de .seus próprios dispo

O período regência! se desdobrou entre re\oluçõc.s, írrompida.s em vários pontos do País. — Tendências repu blicanas, esforço*s autonomistas, e.xpan-

sões natívistas — foram ainda os fer-

mentos dessas e.xplosões.

A grande obra desse período foi a de resguardar a atitoridade o vencer as forças desagregadoras.

essencial era, todavia, salvar a unidade

O impulso liberal foi, afinal, sendo

nacional, impedindo que o território imenso se repartisse em várias pequenas r( públicas, como previam os observado desenrolados em meio ao maior tumulto

dominado pela reação monárquica, que SC iria exprimir num ato de fôrça parla mentar proclamando em 1840 a maioridade do Imperador, menor de 16 anos. contra o texto expresso da Constituição.

c dinamismo político.

Antecipara-a, porém, em maio daquele

res que presenciavam os acontecimentos,

Houve prudência nas concessões; o e.s-

pírito liberal mostrou, porém, a sua \ilalidade, não só através do Código do

ano, uma lei de inleri^relação do Ato Adicional, promulgada com o objetivo de reduzir a autonomia concedida aos

Processo Crimina!, de 1832, como so

go\'emos provinciais.

bretudo pelo Ato Adicional — o ato de

obra da Câmara dos Deputados — e não

niovimento pe!a centralização e de re forço da monarquia conservadora, ainda .se completaria, em 1841, com as leis cpie restabeleciam o Conselho de Esta

outorga do executivo.

do, com atribuições consultivas, me

reforma da Constituição de 1824, pro mulgado em 12 de agôsto de 1834 —

Essa reforma constitucional represen tou, principalmente, rtma vitória contra a centralização, que já sufoca\'a o de senvolvimento das províncias. Criou as assemb'éias legi.slativas provinciais, elei tas pelo mesmo sistema dos deputados à assembléia geral legislativa, atribuindolhes competência para legislar sobre vá rias matérias de interesse local, só poden do as suas deliberações ser revistas pelo

governo do centro se ofensivas da Cons tituição ou do interêsse de outras provín cias. Aos presidentes das províncias, no-

meado.s pelo Imperador, se conferiu o po der executivo provincial, com o direito de veto suspen.sivo. For fim, o Ato Adi

cional suprimiu n Conselho de Estado,

E esse contra-

antigos ímpetos liberais; "Fui liberal; então a liberdade era nova no País, es tava nas aspirações de todos, mas não

nas leis, nuo nas idéias práticas; o poder era tudo; fui liberal. Hoje, porém, é

Desenvol\endo-sc sob as in.stituições representativas, dentro do binômio par tidário em que uma corrente forçava a marcha para u frente, enquanto a ou tra a modera\'a — o Segundo Império

representou, de acôrdo com uma ima diverso o aspecto da .sociedade; os prin gem feliz, uma prolongada situação de cípios democráticos tudo ganliaram e equilibrio. muUo comprometeram; a sociedade que

então coitíu risco pelo poder, corre ago ra risco pela desorganização e pela anar quia. Como então quis, quero iioje bem

ser\'i-la, quero salvá-la, e. por isso sou regressista". O "regresso" consistia em moderar a expansão da arrancada libe ra , e reforçar a autoridade do poder eentralizado.

j, 1840, até o fim do Segundo emado nao se alteram as instituiçõe.s

A vida nacional adquiriu estabilidade.

As crises externas foram vencidas. Do-'

minado pelo espírito jmídico de seus homens pviblicos representativos, sob a égide do Imperadòr (cuja autoridade morai e cujo trone eram a verdadeira

força de aglutinação), a monarquia se soube cercar de grande respeito, e incu tir na opinião funda reverência pelo po der e pelas instituições que simboli zava. Estas haviam de funcionar de ma

"dotada.s. Os partidos, que se cons- neira mais ou menos artificial, por lhes uiram nus lutas parlamentares, se disa base de apoio, mna realidade ri iuíriam na.s duas correntes, cujas de- faltar política, que elas próprias deveriam con

noniinjiçgpg Ihcg marcavam as tendên cias: liberais e conservadores. As vêzes, sob nomes varia

dos, com as alas que de um

formar lentamente.

Nas câmaras, os debates

eruditos, travados segundo os mais apurados esHlos par

ou de Outro se desmembra vam asses parüdos foram

lamentares, empresta\-am unia

dor, e suprimiam as concessões liberais

ganhando consistência, no esdobrar do funcionamento

^ o sistema. A influência que

era um riveiro de estadistas

do Códico do Processo Criminal de 1832.

iídquiriram, no jôgo das insí uições, foi uma conquista,

de grande prestígio intelec tual, versados em tôdas as questões de direito público.

diante iniciativa voluntária do Impera

Instaura-se, então, em verdade, a fa

se monárquica — o Segundo Reinado — que deveria durar de 1840 a 1889, qua.se meio século.

A mentalidade conservadora, vencido o surto das manifestações líberaús mais

ardorosas, já dominava, marcando as tendências seguras de uma vida políti ca em evolução lenta e compassada. O predomínio do espírito dc equilíbrio e de prudência, senão reacionário, se justificava pela voz de um dos nossos maiores hnmen.s de Estado da época, Bernardo Pereira de Vasconcelos, «pie

alta dignidade espiritual à vida políHca.

A assembléia

forma ainda no tempo da A liberdade de crítica era ampla. A se Rogencia. A instauração do regime par- paração entre os dois partidos, salvo em ameiitar, com as peculiaridades locais, raros momentos de conflitos agudos era representou o fruto de uma evolução, tênue, e às vêzes imperceptível defino curso da qual a As.scmbléia Legisla- nmdo-se por meras tonalidades Libe •va reivindicou a prerrogativa de responsabiliziir o ministério, e de lhe foríar a demissão, quando não merecesse

rais e consen^adores representavam áto-

mos da mesma molécula, segundo uma definição Era possível, graças a a confiança do Parlamento. Em 1847, isso, trocarfiel. de acampamento partidário,

a consolidação do sistema se definiu na escândalo nem apostasia. E os coniei que criou o cargo de Presidente do sem ser\'adores, no govêmo, executa\'am re Conselho de Ministros. formas básicas do programa dos liberais.


Dif^rsTO

20

ifiESTo Econômico

J^irlamento, rclratanclo uma realidade.

plèiade de bomens públicos de notá

O gabinete não era o delegado da maio ria parlamentar e .sim o criador dela —

veis qualidades, capazes de dar ao Im

disse, som exagero, um conunlador das práticas constitucionais do nosso Segun-,

vêrno exercido por uma aristocracia. A grande obra que re.sultou dês.se pro

cada gabinete foi pouco maior de um ano; e assim, nessas subidas e descidas

do Império.

periódicas e alternadas, as ambições se

piente. O sistema eleitoral, defeituoso,

longado estágio imperial foi a c-onsolidação da unidade da pátria. A vida mate rial do País não se desenvolvia, porém,

As cliiiis agremiações de caraler nacional se sucediam no poder em compasso de pêndulo, que o Imperador fazia oscilar com regularidade, de acordo com as su

gestões da hora. A média de duraçao de

A formação política do po\i) era inci

pério o seu verdadeiro caráter — do go-

21

Hclardando reformas essenciais, como

esta da descentralização, e reforçando o

seu poder pes.soal, o Imperador (cuja sucessão era igualmente um problema

melindroso para a sensibilidade nacio nal), selara a sorte da monarquia. Conflitos e_ choques .sucessi\'os com instituições que eram por sua natureza

mantendo-sc o método de eleição de

com o ritmo que fòra dc desejar, sob

duplo grau até 1881, ({uando .se instituiu o sufrágio direto; com resultados favo" ráveis, porém efênicros. Ê que o domí

o domínio de uma mentalidade política

esteios do trono conservador — as clas

e jurídica absorvida cni questões menos

ses armadas, a Igreja e a lavoura, ba

praticas. Retardou-se em demasia a so

nio do poder central .sòbre a.s pro\íncias

lução do problema da escravidão, trata

seada no braço escravo, só libertado em

O sistema parlamentar funcionava, assim, remansosamentc, sob o arbítrio

lhe cla\ a a.s armas de \ ílória segura,

do com gradualismo nefasto para um

num meio dcspro\ ido dc instrumentos

pais imenso e desabitado, que reclamava

de ação política, e dc iighilinação social precária. A realidade cia o Poder Mo

imigrantes capazes de servir à explora

satisfariam, e as experiências se reali zavam em ritmo moderado. O método

era sedativo, e evitava as revoluç-ões po líticas.

do monarca.

"Antes cie tudo, o reina

do é do Imperador.

Decerto, ele não

governa diretamente e por si mesmo; cinge-se à Constituição e às formas do sis tema parlamentar; mas como ele só é

derador, deformado nas suas pix-rroga-

árbitro da vez de cada partido, e de

do sisleihu era miia ficção majestosa.

cada estadista, e como está em suas mãos o fazer e desfazer os ministérios, o

Eis uqiii o perfil do regime, traçado com veemência e excesso, pijrém sein íníide-

poder é praticamente dêle" — diz o

licladc sulrslanciul:

mais insuspeito e profundo analista dessa

tivas pela pressão do ambiente. O resto

"No jogo do nosso falso parlainenta-

ção de suas riquezas. De certo momento em diante, entre os espirito.s mais abertos às solicitações do progresso, se firmou a convicção de que

a rígida centralização governamental era upressix-ii c esliolante. Fazia-se urgente libertar as províncias da camisa-de-fòrÇa que as manietava na dependência cio

1888 — aceleraram o fim inevitável.

Custava à nação e.xpulsar do govêmo e do País o nobre e velho monarca,

que se enlretinha no comércio dos poeta.s o dos escritores, cultivava línguas

exóticas e, em quase meio século de paz interna, cercara o ]>ocler da maior com postura e moralidade. Mas, cm verda

de, a monarquia se extinguira por esgo tamento. Não seria a aspiração vigorosa por um outro regime polític-o que a

rismo, não há senão .simulacros, biom

poder central. Enquanto se acentuava

derrubaria em 15 de novembro de 1889:

O Poder Moderador, encarnado no

bos rotos, através dos quais o públicx)

a apoplexia no centro, se agravava a

era um sistema esvaziado

monarca, de certa época em diante,

devassa as combinações do rei no dobrar

paralisia nas e.xtremidades — no con

substância vital, que se movia pacifi

absorveu, com efeito, desembaraçada

e desdobrar dos .seus cálculos, no tecer

ceito clc um pensador.

e retccer dos seus planos. As transmu tações dá política \'êm a ser apenas mu danças dc guardas à onipolêneia perene

camente para encetar-se uma vida nova.

mente o comando político e administra

quadra.

tivo. Nele residia o centro de gravida

de do sistema, O seu papel não era o que incumbe normalmente ao rei numa monarquia representativa segundo o es tilo britânico: ouvir, informar-se e acon

selhar. O liiodêlo do Imperador Pedro II — já Se disse — era muito mais Luís Felipe de França, do que a Rainha Vi

tória, cpie, aliás, nas últimas fases de seu prolongado reinado, influía sensivel

do príncipe reinante, Apoiando em cada uma delas, aparentemente da maioria parlamentar para o povo, o cetro nao faz mais do cpie apelar de si mesmo para sí mesmo."

Contra esse i>ocler pessoal do Imp^^" rador, que clofonnara as instituições. acirravam a.s críticas dos^ partidos;

mente sôbre seus ministros. A doutrina

é verdade — observa um crítico autori

que as circunstâncias lhe obrigaram a seguir não era a . de Thiers: "Le roí règne et ne gouvenie pas". — "O rei

zado — que todos eles calavam tais ex-

pansões ao alcançarem o governo. ^ correção dos excessos vinlia dos atribu

reina, governa e administra" — exclamou tos morais e da nobílissima formação es iini pre.siclente de Conscibo, em 1868, no piritual do monarca, cercado de uma / mà'

tiíàirth-

de toda

a


Dif^rsTO

20

ifiESTo Econômico

J^irlamento, rclratanclo uma realidade.

plèiade de bomens públicos de notá

O gabinete não era o delegado da maio ria parlamentar e .sim o criador dela —

veis qualidades, capazes de dar ao Im

disse, som exagero, um conunlador das práticas constitucionais do nosso Segun-,

vêrno exercido por uma aristocracia. A grande obra que re.sultou dês.se pro

cada gabinete foi pouco maior de um ano; e assim, nessas subidas e descidas

do Império.

periódicas e alternadas, as ambições se

piente. O sistema eleitoral, defeituoso,

longado estágio imperial foi a c-onsolidação da unidade da pátria. A vida mate rial do País não se desenvolvia, porém,

As cliiiis agremiações de caraler nacional se sucediam no poder em compasso de pêndulo, que o Imperador fazia oscilar com regularidade, de acordo com as su

gestões da hora. A média de duraçao de

A formação política do po\i) era inci

pério o seu verdadeiro caráter — do go-

21

Hclardando reformas essenciais, como

esta da descentralização, e reforçando o

seu poder pes.soal, o Imperador (cuja sucessão era igualmente um problema

melindroso para a sensibilidade nacio nal), selara a sorte da monarquia. Conflitos e_ choques .sucessi\'os com instituições que eram por sua natureza

mantendo-sc o método de eleição de

com o ritmo que fòra dc desejar, sob

duplo grau até 1881, ({uando .se instituiu o sufrágio direto; com resultados favo" ráveis, porém efênicros. Ê que o domí

o domínio de uma mentalidade política

esteios do trono conservador — as clas

e jurídica absorvida cni questões menos

ses armadas, a Igreja e a lavoura, ba

praticas. Retardou-se em demasia a so

nio do poder central .sòbre a.s pro\íncias

lução do problema da escravidão, trata

seada no braço escravo, só libertado em

O sistema parlamentar funcionava, assim, remansosamentc, sob o arbítrio

lhe cla\ a a.s armas de \ ílória segura,

do com gradualismo nefasto para um

num meio dcspro\ ido dc instrumentos

pais imenso e desabitado, que reclamava

de ação política, e dc iighilinação social precária. A realidade cia o Poder Mo

imigrantes capazes de servir à explora

satisfariam, e as experiências se reali zavam em ritmo moderado. O método

era sedativo, e evitava as revoluç-ões po líticas.

do monarca.

"Antes cie tudo, o reina

do é do Imperador.

Decerto, ele não

governa diretamente e por si mesmo; cinge-se à Constituição e às formas do sis tema parlamentar; mas como ele só é

derador, deformado nas suas pix-rroga-

árbitro da vez de cada partido, e de

do sisleihu era miia ficção majestosa.

cada estadista, e como está em suas mãos o fazer e desfazer os ministérios, o

Eis uqiii o perfil do regime, traçado com veemência e excesso, pijrém sein íníide-

poder é praticamente dêle" — diz o

licladc sulrslanciul:

mais insuspeito e profundo analista dessa

tivas pela pressão do ambiente. O resto

"No jogo do nosso falso parlainenta-

ção de suas riquezas. De certo momento em diante, entre os espirito.s mais abertos às solicitações do progresso, se firmou a convicção de que

a rígida centralização governamental era upressix-ii c esliolante. Fazia-se urgente libertar as províncias da camisa-de-fòrÇa que as manietava na dependência cio

1888 — aceleraram o fim inevitável.

Custava à nação e.xpulsar do govêmo e do País o nobre e velho monarca,

que se enlretinha no comércio dos poeta.s o dos escritores, cultivava línguas

exóticas e, em quase meio século de paz interna, cercara o ]>ocler da maior com postura e moralidade. Mas, cm verda

de, a monarquia se extinguira por esgo tamento. Não seria a aspiração vigorosa por um outro regime polític-o que a

rismo, não há senão .simulacros, biom

poder central. Enquanto se acentuava

derrubaria em 15 de novembro de 1889:

O Poder Moderador, encarnado no

bos rotos, através dos quais o públicx)

a apoplexia no centro, se agravava a

era um sistema esvaziado

monarca, de certa época em diante,

devassa as combinações do rei no dobrar

paralisia nas e.xtremidades — no con

substância vital, que se movia pacifi

absorveu, com efeito, desembaraçada

e desdobrar dos .seus cálculos, no tecer

ceito clc um pensador.

e retccer dos seus planos. As transmu tações dá política \'êm a ser apenas mu danças dc guardas à onipolêneia perene

camente para encetar-se uma vida nova.

mente o comando político e administra

quadra.

tivo. Nele residia o centro de gravida

de do sistema, O seu papel não era o que incumbe normalmente ao rei numa monarquia representativa segundo o es tilo britânico: ouvir, informar-se e acon

selhar. O liiodêlo do Imperador Pedro II — já Se disse — era muito mais Luís Felipe de França, do que a Rainha Vi

tória, cpie, aliás, nas últimas fases de seu prolongado reinado, influía sensivel

do príncipe reinante, Apoiando em cada uma delas, aparentemente da maioria parlamentar para o povo, o cetro nao faz mais do cpie apelar de si mesmo para sí mesmo."

Contra esse i>ocler pessoal do Imp^^" rador, que clofonnara as instituições. acirravam a.s críticas dos^ partidos;

mente sôbre seus ministros. A doutrina

é verdade — observa um crítico autori

que as circunstâncias lhe obrigaram a seguir não era a . de Thiers: "Le roí règne et ne gouvenie pas". — "O rei

zado — que todos eles calavam tais ex-

pansões ao alcançarem o governo. ^ correção dos excessos vinlia dos atribu

reina, governa e administra" — exclamou tos morais e da nobílissima formação es iini pre.siclente de Conscibo, em 1868, no piritual do monarca, cercado de uma / mà'

tiíàirth-

de toda

a


Hlii.

Dtr.F.sTo Econômico 23

P Os Estados Unidos - país devedor Richard LEWÍNSOHN

/^s Estados Unidos acumularam, como todo o mundo sabe, durante a guer

ciai, na cpiul os Estados Unidos são os

dexedorcs. O fenômeno parece, á pri meira vista, estranho: os Estados Uni

dos, sem dúvida o maior poder eco-

nmndo inteiro. Não se cle\eria sobreestimar os seus saldos. Em comparação

de segurança.

acontecer tal contradição?

As autoridades americanas não esta vam, de maneira alguma, contentes com

dores dos outros países? Como pode Talvez se

com a.s cifras astronômicas da dívida in terna, trata-se de montante relativamen

jam ainda resíduos do tempo em que

a cifra recorde de 278.115.000.000 de

te modesto.

um pais devedor, com uma balança

dólares, e apesar de resgates apreciáveis ficaram, em 30 de junho último, ainda

dos concederam

Em

Os empréstimos que os Estados Uni durante

a

primeira

252,8 bilhões de dólares a cargo do

guerra mundial aos aliados — 11,4 bi

Governo Federal, sem as dívidas dos

lhões de dólares — ainda figuram nas

Estados e mimicípios,'que totalizam

estatísticas do Te.souro, mas mesmo os

cèrca de 15 bilhões de dólares.

A dívida federal é seis. vezes maior

(jue no último ano antes da guerra. Ultrapassa a renda nacional.

A dívida

niaíore.s otimistas não contam mais com

nm resgate. Os auxílios dados na se gunda guerra mundial a título de "lendíeuso" — 47,6 bilhões de dólares — não

pública "per capita" dos Estados Unidos

são considerados como empréstimo for

eleva-se a 1.685 dólares. É cem vezes

mal. Poucos países — entre êles o Brasil

mais elevada que a do Brasil (externa e interna em conjunto), que soma ape

— resgataram i^elo menos parcialmente

nas 300 cmzeiros, ou cerca de 16 dóla

res "per capita". A despeito das taxas baixas de juros, o Govêmo dos Estados Unidos devia gastar, no último exercí

cio, 5.339 milhões de dólares, ou seja 14,4ío de suas despesas orçamentárias,

de dólares como créditos a serem res

gatados, e as amortizações efetuadas até o ano passado atingem 2,4 billiões. Fi

esse aspecto que queremos examinar

shall têm apenas em parte caráter de

Existe ainda um outro

empréstimos. Em suma, os empréstimos

setor da dívida norte-americana, menos conhecido mas não menos interessante.

a longo prazo, cujos planos de resgate,

Os Estados Unidos são em geral consi

não ultrapas.sam 3^ do montante da dí

derados como um dos raros países do

vida intema.

aliás, se estendem até o fim do século,

mundo que não têm. dívida externa.

Quanto à dívida pública, isto é exato. O Govêmo dos Estados Unidos é, di retamente ou através de suas agências,

como a Export-Import Bank, credor do

geiros?

A re.sposta c mais simples. Os Estu dos Unidos têm uma dívida c-omercial para com os outros países, precisamen

te porque são o país mais rico, mais

Afluxo fie capitais Com essa dívida ativa do Govêmo

confronta-se, porém, uma dívida comer-

o afluxo de capitais dêsse gênero. Foi o próprio presidente Rooseve^t que os denunciou como "hot money" — moeda quente - quer dizer, dinheiro flutuante, sem vontade de ficar no país e de liahalhar para fins produtivo.s. O Secretário

do Tesouro americano, sr.' Henry Morgenthau, fôz mesmo tentativas legislati vas e administrativas para "esterilizar"

esse dinheiro, considerado como a prin

jíoderoso e, por conseguinte, mais segu ro. Dois motivos e.xplicam a origem dessa dívida. Já antes da guerra, muitos

cipal fonte da inflação que se manife.s-

capitalistas europeus consideravam os Estados Unidos como um rcfiigio, como

Os governos europeus, aliás, faziam a mesma política que os seus nacionais.

no caso do uma confla

americanas indicam apenas 9,9 bilhões

Mas, não é

neste artigo.

des in\'estÍmentos de capitais estran

a causa comum.

timo de 3.750.000 dólares para a Ing'aterra. Os subsídios do Plano Mar

extremamente endividado.

de pagamentos desequilibrada e gran

o pais menos exposto ao

cam 7,5 bilhões. Mas nesse total já para o serviço com a dívida pública. estão incluídos os empréstimos de apósOs Estados Unidos são, portanto, no ' guerra, em particular o grande emprés

que se refere à dívida interna, um país

os E.stados Unidos eram efetivamente

os montantes que tinham recebido dos Estados Unidos, durante a guerra, para As estatísticas norte-

menores que hoje — e sim por motivos

nómico-financeiro do mundo, são deve

fins de 1945, sua dívida interna atingiu

ra, uma enorme dí\'ida pública.

motivos de lucro - os juros fixos eram ja naquela época mais baixos que nos outios países e os rendimentos das ações

como

Estados Unidos, para presen'á-los contra os pe

parecia, mau grado a

rigos em caso de guerra.

Entretanto, o ouro depo sitado por conta de go

crise, a moeda mais está

vernos estrangeiros nos

vel. Além disso, os im- América

cofres-fortes dos bancos

do

americanos não era consi

Norte eram, na época,

derado como empréstimo.

menos elevados que em muitos países europeus.

Em resumo, a fuga de capitais foi uma das razões que rirain à acumulação de capital geiro nos Estados Unidos. Na maioria dos casos, contudo, não

as

parHcular grande parte de seu ouro, para os

também

desvalorização que tinha sofrido durante a grande na

também

suas disponibilidades, em

menos ameaçado por re voluções sociais. O dólar

postos

Norte.

Expediam

perigo de uma invasão gração,

tou já antes da guerra na América do

conduestran grande se tra

tava de verdadeiros investimentos. Era

um capital inquieto, migratório, que se

dirigia para os E.stados Unidos não por

Era — como ainda hoje o n prática — apenas earmarked" — quer di zer, separado do ouro que pertence ao Governo americano - e discriminado

por um smal bem risível como proprieda

de estrangeira. Teoricamente, os governos estrangeiros guardavam o direito de re-

lirá-lo a qualquer momento. Nfas. lem bra-se que, durante a guerra, não .sò-


Hlii.

Dtr.F.sTo Econômico 23

P Os Estados Unidos - país devedor Richard LEWÍNSOHN

/^s Estados Unidos acumularam, como todo o mundo sabe, durante a guer

ciai, na cpiul os Estados Unidos são os

dexedorcs. O fenômeno parece, á pri meira vista, estranho: os Estados Uni

dos, sem dúvida o maior poder eco-

nmndo inteiro. Não se cle\eria sobreestimar os seus saldos. Em comparação

de segurança.

acontecer tal contradição?

As autoridades americanas não esta vam, de maneira alguma, contentes com

dores dos outros países? Como pode Talvez se

com a.s cifras astronômicas da dívida in terna, trata-se de montante relativamen

jam ainda resíduos do tempo em que

a cifra recorde de 278.115.000.000 de

te modesto.

um pais devedor, com uma balança

dólares, e apesar de resgates apreciáveis ficaram, em 30 de junho último, ainda

dos concederam

Em

Os empréstimos que os Estados Uni durante

a

primeira

252,8 bilhões de dólares a cargo do

guerra mundial aos aliados — 11,4 bi

Governo Federal, sem as dívidas dos

lhões de dólares — ainda figuram nas

Estados e mimicípios,'que totalizam

estatísticas do Te.souro, mas mesmo os

cèrca de 15 bilhões de dólares.

A dívida federal é seis. vezes maior

(jue no último ano antes da guerra. Ultrapassa a renda nacional.

A dívida

niaíore.s otimistas não contam mais com

nm resgate. Os auxílios dados na se gunda guerra mundial a título de "lendíeuso" — 47,6 bilhões de dólares — não

pública "per capita" dos Estados Unidos

são considerados como empréstimo for

eleva-se a 1.685 dólares. É cem vezes

mal. Poucos países — entre êles o Brasil

mais elevada que a do Brasil (externa e interna em conjunto), que soma ape

— resgataram i^elo menos parcialmente

nas 300 cmzeiros, ou cerca de 16 dóla

res "per capita". A despeito das taxas baixas de juros, o Govêmo dos Estados Unidos devia gastar, no último exercí

cio, 5.339 milhões de dólares, ou seja 14,4ío de suas despesas orçamentárias,

de dólares como créditos a serem res

gatados, e as amortizações efetuadas até o ano passado atingem 2,4 billiões. Fi

esse aspecto que queremos examinar

shall têm apenas em parte caráter de

Existe ainda um outro

empréstimos. Em suma, os empréstimos

setor da dívida norte-americana, menos conhecido mas não menos interessante.

a longo prazo, cujos planos de resgate,

Os Estados Unidos são em geral consi

não ultrapas.sam 3^ do montante da dí

derados como um dos raros países do

vida intema.

aliás, se estendem até o fim do século,

mundo que não têm. dívida externa.

Quanto à dívida pública, isto é exato. O Govêmo dos Estados Unidos é, di retamente ou através de suas agências,

como a Export-Import Bank, credor do

geiros?

A re.sposta c mais simples. Os Estu dos Unidos têm uma dívida c-omercial para com os outros países, precisamen

te porque são o país mais rico, mais

Afluxo fie capitais Com essa dívida ativa do Govêmo

confronta-se, porém, uma dívida comer-

o afluxo de capitais dêsse gênero. Foi o próprio presidente Rooseve^t que os denunciou como "hot money" — moeda quente - quer dizer, dinheiro flutuante, sem vontade de ficar no país e de liahalhar para fins produtivo.s. O Secretário

do Tesouro americano, sr.' Henry Morgenthau, fôz mesmo tentativas legislati vas e administrativas para "esterilizar"

esse dinheiro, considerado como a prin

jíoderoso e, por conseguinte, mais segu ro. Dois motivos e.xplicam a origem dessa dívida. Já antes da guerra, muitos

cipal fonte da inflação que se manife.s-

capitalistas europeus consideravam os Estados Unidos como um rcfiigio, como

Os governos europeus, aliás, faziam a mesma política que os seus nacionais.

no caso do uma confla

americanas indicam apenas 9,9 bilhões

Mas, não é

neste artigo.

des in\'estÍmentos de capitais estran

a causa comum.

timo de 3.750.000 dólares para a Ing'aterra. Os subsídios do Plano Mar

extremamente endividado.

de pagamentos desequilibrada e gran

o pais menos exposto ao

cam 7,5 bilhões. Mas nesse total já para o serviço com a dívida pública. estão incluídos os empréstimos de apósOs Estados Unidos são, portanto, no ' guerra, em particular o grande emprés

que se refere à dívida interna, um país

os E.stados Unidos eram efetivamente

os montantes que tinham recebido dos Estados Unidos, durante a guerra, para As estatísticas norte-

menores que hoje — e sim por motivos

nómico-financeiro do mundo, são deve

fins de 1945, sua dívida interna atingiu

ra, uma enorme dí\'ida pública.

motivos de lucro - os juros fixos eram ja naquela época mais baixos que nos outios países e os rendimentos das ações

como

Estados Unidos, para presen'á-los contra os pe

parecia, mau grado a

rigos em caso de guerra.

Entretanto, o ouro depo sitado por conta de go

crise, a moeda mais está

vernos estrangeiros nos

vel. Além disso, os im- América

cofres-fortes dos bancos

do

americanos não era consi

Norte eram, na época,

derado como empréstimo.

menos elevados que em muitos países europeus.

Em resumo, a fuga de capitais foi uma das razões que rirain à acumulação de capital geiro nos Estados Unidos. Na maioria dos casos, contudo, não

as

parHcular grande parte de seu ouro, para os

também

desvalorização que tinha sofrido durante a grande na

também

suas disponibilidades, em

menos ameaçado por re voluções sociais. O dólar

postos

Norte.

Expediam

perigo de uma invasão gração,

tou já antes da guerra na América do

conduestran grande se tra

tava de verdadeiros investimentos. Era

um capital inquieto, migratório, que se

dirigia para os E.stados Unidos não por

Era — como ainda hoje o n prática — apenas earmarked" — quer di zer, separado do ouro que pertence ao Governo americano - e discriminado

por um smal bem risível como proprieda

de estrangeira. Teoricamente, os governos estrangeiros guardavam o direito de re-

lirá-lo a qualquer momento. Nfas. lem bra-se que, durante a guerra, não .sò-


1

Dkíi^sií» EcoNÓMir.n

mt-nlc o ouro dos paiscs inimigos, mas

também de países amigos mas ocupados, o até o dc países neutros, ficou blocpieado, e mesmo depois da guerra prccisnn-<;p dc rlrv longas InnfríK negociações nefrociuCÕCS para cisou-se pi !Íbertar esses depósitos. O mesmo acon

teceu cbm os depósitos estrangeiros nos bancos norte-americanos.

Evidenciou-

convenientes — mesmo no pais mais

São em geral depósitos a vista ou u curto prazo, mas constituem dc fato uni

O segundo motivo em que se baseia o estrangeiro, é de outra naturcxa.

E."dstia também, já antes da guerra, nia.s é atualmente de maior importância. Os Estados Unidos são hoje o país em que

está concentrada grande parte do co mércio internacional. A praça de Nova

Total

Todos os .saldos cm favor dos dcpositantcs estrangeiros — particulare.s ou governamentais — representam formal

fundo permanente dc grande \'ulto. Ju cm 1935, quando Sc acentuou o inovimcnto do "hot moncy", o Go\crno

2.194

5.844

americano instituiu uma estatí.stiea es

pecial para as contas estrangeiras nOS bancos c.stadunídensc.s, baseada nas in formações dos doze bancos federais de

reserva (Irancos centrais) e di\iilgudu mensalmente no "Trcasury Bulletin", pu blicação oficial do Departamento do

821

18

962 140

944

4.90O

zinho com os Estados Unidos. Seu saldo

representa (piase 161 do total. O saldo

dólares. Seguc-se-lbe a Alemanha, com

re'ativaniente importante dos países asiá ticos resulta principalmente das Filipinas, que, com um saldo de 396 miliiões de dólares, figuram entre os maiores credo

um saldo de 152 nviihões. A França tem

res dos Estados Unidos.

um ativo de 174 milhões, mas seu passi

As contas dos países da América são

vo cicva-.sc a 114 miliiões de dólares. Ou

naUiralmentc de um interesse particular

tros importantes países comerciais, co

para nós e revelam fatos inesperados,

gações de estrangeiros num total de 9^5

Argentina

rio que os países que fazem seus paga

milhões.

Bolívia

De acordo com essa fonte, existiam

783

505 130

um passivo de 18 milhões de dólares. O terceiro dos grandes deposilantcs eu ropeus é, surpreendentemente, a Itália, cujo saldo se eleva a 396 milhões dc

dial, como o eram outrora os grandes bancos ingleses. É naturalmente necessá

Estados Unidos.

34

lino, com um ativo de 437 milhões e

nos Estados Unidos, em abril do 19^^* disponibilidades de estrangeiros num

mo a Holanda e a Suécia, lém .saldos re

A estatística oficial do Tesouro america

lativamente pü(pienos. A lista dos países

no resume-se, a- êsse respeito, nas seguin

europeus abrange também alguns países

tes posições, existentes em 30 de abril

do bloco soviético. A própria Rússia man

último (cm milhões de dólare.s):

Países

Ativo dos

Pímiüo dos

Saldo dos

estrangeiros

estrangeiros

estrangeiros

total de 7.761 milhões de dólares e obri

Ficou, portanto, cm favor

mentos através dos bancos americanos

de estrangeiros, um saldo de 6.81^

mantenham neles depósitos. As contas dos países nos quais as hansações para o

mílhõe.s de dü'ares.

tinham para o.s mesmos fins em Londres. Mas, além disso, as próprias reservas CJ71 dólares dos governos e bancos cen

257

enquanto seu passivo atinge apenas 7 milhões. Em segundo lugar figura a Inglaterra, mau grado a crise do ester

cie de "clearing bouses" — câmaras de

cialmente comerciais, comparáveis àque

2.451 817 1.326

Estados Unidos 594 milhões dc dólares,

compen.sação — para o intercâmbio mun

las que antigamente os particulares mán-

estrangeiros

tém nos Estados Unidos um depósito de 14 milhões de dólare.s, enquanto que seu passivo se limita a 3.000 dólares. A posição predominante do Canadá nessa estatística e.\plicu-se pelas estrei tas ligações da economia desse país vi

Tesouro (Ministério da Fazenda) do.s

de ou em grande parte, contas dos governos ou dos bancos centrais estran geiros. Não obstante, são contas essen

Soldo dos

fsíiííiigeiro.'}

Entre os* países europeus, o maior saldo pertence à Suíça, que possui nos

York toma cada vez mais a posição que ocupava antigamente a cidade de Lon. dres. Três quartos das transações co merciais internacionais são estipulados em dólares. Os grandes bancos ameri canos são, por conseguinte, uma espé

exterior são sujeitas a um rigoroso contrôle- de câmbio são, na sua totalida

PfWòico dos

1.092 158

Ásia

Outros países

mente uma dívida dos Estados Unidos.

a dívida dos Estados Unidos para com

Canadá América Latina ...

Saldos- dos ^>aises estrangeiros

se que a fuga de capitais tem seus in seguro do mundo.

Europa

trais são igualmente depositadas nos bancos americanos.

A/iüo (hs

{•sfrcnigeiros

Porém 1.900 mi

lhões desse saldo p'orlencem a organi zações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, o Banco In ternacional, a UNRRA, e uma parcela de 16 milhões não é identificada.

Os

saldos dos países estrangeiros redu zem-se, assim, a 4.900 milhões, dc dólares, que se discriminam da se

guinte dólares):

maneira, (em

milhões

de

"y

Brasil Chile Colômbia Costa Rica

Cuba Colônias franc. ... Colônias holand. .. México Panamá Peru Venezuela

Outros países Total

224

58

15

2

13

126 62 39 11 229

175

-49

15

47

3

32

7

A

1

24 138 77

166

3

8

79

150 1 23 63

_

1

75 4

50 135 195

25 30

1.326

505

73 44

6 •

110 165

821,

.

V


1

Dkíi^sií» EcoNÓMir.n

mt-nlc o ouro dos paiscs inimigos, mas

também de países amigos mas ocupados, o até o dc países neutros, ficou blocpieado, e mesmo depois da guerra prccisnn-<;p dc rlrv longas InnfríK negociações nefrociuCÕCS para cisou-se pi !Íbertar esses depósitos. O mesmo acon

teceu cbm os depósitos estrangeiros nos bancos norte-americanos.

Evidenciou-

convenientes — mesmo no pais mais

São em geral depósitos a vista ou u curto prazo, mas constituem dc fato uni

O segundo motivo em que se baseia o estrangeiro, é de outra naturcxa.

E."dstia também, já antes da guerra, nia.s é atualmente de maior importância. Os Estados Unidos são hoje o país em que

está concentrada grande parte do co mércio internacional. A praça de Nova

Total

Todos os .saldos cm favor dos dcpositantcs estrangeiros — particulare.s ou governamentais — representam formal

fundo permanente dc grande \'ulto. Ju cm 1935, quando Sc acentuou o inovimcnto do "hot moncy", o Go\crno

2.194

5.844

americano instituiu uma estatí.stiea es

pecial para as contas estrangeiras nOS bancos c.stadunídensc.s, baseada nas in formações dos doze bancos federais de

reserva (Irancos centrais) e di\iilgudu mensalmente no "Trcasury Bulletin", pu blicação oficial do Departamento do

821

18

962 140

944

4.90O

zinho com os Estados Unidos. Seu saldo

representa (piase 161 do total. O saldo

dólares. Seguc-se-lbe a Alemanha, com

re'ativaniente importante dos países asiá ticos resulta principalmente das Filipinas, que, com um saldo de 396 miliiões de dólares, figuram entre os maiores credo

um saldo de 152 nviihões. A França tem

res dos Estados Unidos.

um ativo de 174 milhões, mas seu passi

As contas dos países da América são

vo cicva-.sc a 114 miliiões de dólares. Ou

naUiralmentc de um interesse particular

tros importantes países comerciais, co

para nós e revelam fatos inesperados,

gações de estrangeiros num total de 9^5

Argentina

rio que os países que fazem seus paga

milhões.

Bolívia

De acordo com essa fonte, existiam

783

505 130

um passivo de 18 milhões de dólares. O terceiro dos grandes deposilantcs eu ropeus é, surpreendentemente, a Itália, cujo saldo se eleva a 396 milhões dc

dial, como o eram outrora os grandes bancos ingleses. É naturalmente necessá

Estados Unidos.

34

lino, com um ativo de 437 milhões e

nos Estados Unidos, em abril do 19^^* disponibilidades de estrangeiros num

mo a Holanda e a Suécia, lém .saldos re

A estatística oficial do Tesouro america

lativamente pü(pienos. A lista dos países

no resume-se, a- êsse respeito, nas seguin

europeus abrange também alguns países

tes posições, existentes em 30 de abril

do bloco soviético. A própria Rússia man

último (cm milhões de dólare.s):

Países

Ativo dos

Pímiüo dos

Saldo dos

estrangeiros

estrangeiros

estrangeiros

total de 7.761 milhões de dólares e obri

Ficou, portanto, cm favor

mentos através dos bancos americanos

de estrangeiros, um saldo de 6.81^

mantenham neles depósitos. As contas dos países nos quais as hansações para o

mílhõe.s de dü'ares.

tinham para o.s mesmos fins em Londres. Mas, além disso, as próprias reservas CJ71 dólares dos governos e bancos cen

257

enquanto seu passivo atinge apenas 7 milhões. Em segundo lugar figura a Inglaterra, mau grado a crise do ester

cie de "clearing bouses" — câmaras de

cialmente comerciais, comparáveis àque

2.451 817 1.326

Estados Unidos 594 milhões dc dólares,

compen.sação — para o intercâmbio mun

las que antigamente os particulares mán-

estrangeiros

tém nos Estados Unidos um depósito de 14 milhões de dólare.s, enquanto que seu passivo se limita a 3.000 dólares. A posição predominante do Canadá nessa estatística e.\plicu-se pelas estrei tas ligações da economia desse país vi

Tesouro (Ministério da Fazenda) do.s

de ou em grande parte, contas dos governos ou dos bancos centrais estran geiros. Não obstante, são contas essen

Soldo dos

fsíiííiigeiro.'}

Entre os* países europeus, o maior saldo pertence à Suíça, que possui nos

York toma cada vez mais a posição que ocupava antigamente a cidade de Lon. dres. Três quartos das transações co merciais internacionais são estipulados em dólares. Os grandes bancos ameri canos são, por conseguinte, uma espé

exterior são sujeitas a um rigoroso contrôle- de câmbio são, na sua totalida

PfWòico dos

1.092 158

Ásia

Outros países

mente uma dívida dos Estados Unidos.

a dívida dos Estados Unidos para com

Canadá América Latina ...

Saldos- dos ^>aises estrangeiros

se que a fuga de capitais tem seus in seguro do mundo.

Europa

trais são igualmente depositadas nos bancos americanos.

A/iüo (hs

{•sfrcnigeiros

Porém 1.900 mi

lhões desse saldo p'orlencem a organi zações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, o Banco In ternacional, a UNRRA, e uma parcela de 16 milhões não é identificada.

Os

saldos dos países estrangeiros redu zem-se, assim, a 4.900 milhões, dc dólares, que se discriminam da se

guinte dólares):

maneira, (em

milhões

de

"y

Brasil Chile Colômbia Costa Rica

Cuba Colônias franc. ... Colônias holand. .. México Panamá Peru Venezuela

Outros países Total

224

58

15

2

13

126 62 39 11 229

175

-49

15

47

3

32

7

A

1

24 138 77

166

3

8

79

150 1 23 63

_

1

75 4

50 135 195

25 30

1.326

505

73 44

6 •

110 165

821,

.

V


DiCKSTO EcONÓMIfíO

26

13ioivst<» Econômico

Como o quacÍTo acima demonstra, a Argentina foi, em abril deste ano, o país eom o jnaior saldo em dólares entre os países da América, mas, pro

\adc)s cm dólares, mas suas coutas na estatística norte-americana acusam sal

dos positivos.

126 milhões de dólares o um passivo

posição tenha sofrido mudanças não

de 175 milhões — está também em con

Os liaveres importantes

tradição com os dados publicados no

de Cuba são menos surpreendentes,

último Relatório do Banco do Brasil,

tendo êsse país uma moeda efeti\'aincnte equivalente ao dólar dos Estados

que mo.stra, cm -31 de dezembro de

Unidos. A Venezuela continua um pais

de dólares norte-americano.s, oriundo de

pobre, com grandes reservas cm ouro e divisas. O Uruguai figura na estatísti

suas disponibilidades e obrigações nessa

ca americana entre os "outros países",

alterações durante os primeiros quatro

mas sabe-se que esse país, mau grado

meses deste ano, pois já em dezembro de 1948 o Brasil tinha, .segundo a esta

certas dificuldades, ainda possui reser

vas cambiais apreciáveis.

vantamento dos do Tesouro americano, o ponto mais desfavorável para o Brasil

A posição do Brasil — um ativo de

vavelmente, nos últimos meses, a sua em seu favor.

Segundo os dados do "Federal Re serve Bulietin", oriundos do mesmo le

tística do Tesouro americano, um saldo

negativo de 42 milhões, quase idêntico A posição do Brasil

ao verificado em fins dc abril de 1949

(—49 milhões de dólaie.s). O fenômeno jnais estranho da estatís

No "Federal Rc.serve Bulietin" — pu-

tica norte-americana é a posição do

blicaçãt) dos bancos centrais dos Esta

Brasil.

dos Unidos — de julho xiltimo, encontra

É o único país, não sòmente

da América Latina mas do mundo'in

mos dados sôbre o Brasil que, sem ex

teiro, cujas contas acusam um saldo negativo. Poder-se-iti supor que êsse déficit correspondesse aos "atrasados" comerciais. Mas a ordem de grandeza é

plicar as divergências em foco, e\'idenciarn pelo menos a evolução histórica,

muito diferente.

como se reflete na estatística norte-ame

ricana. Nos últimos sete anos, as contas

Além disso, outros

brasileiras nos Estados Unidos evoluíram

países da América Latina, em particular a Argentina, tém também atrasados e'e-

da maneira seguinte (em miliiões de

Fim do mês

Dezembro 1942 M 1943 >>

9f

Janeiro

1944 1945 1946 1947

1948 1949-

Atiuo do Brasil

67,7 98,7

dólares): Passivo do Brasil

16,7

+

18,9

-h 79,8 -f 115,5 -f 170,4 -1- 124,2

140,8

25,3

195,1

24,7

174,0

49,8

104,7 123,7

165,8 165,4

120,1

171,4

118,9

178,7

Fevereiro

íf

Março

ft

99,0

160,9

n

126,2

175,3

Abril

Saldo do Brasil

51,0

- 61,1

- 41,7 - 51,3 - 59,8

- 67,9 ~ 49,1

deixando saldo negativo dc 84,6 mi lhões de dólares.

tivo.

o pa.'-.si\-o 209,7 milhões de dólares,

moeda. A diferença não se e.xplica por

V

ria de 35,5 milhões de dólares, e parece possível que, com as restrições impostas à importação de bens americanos, a posição do Brasil nos bancos estaduni denses acuse em breve ura saldo posi

verificou-se em 31 de maio dc 1948.

quando o ativo atingiu 125,1-milhões e

1948, um saldo p;)siti\ü de 69 milhões

O déficit cm abril do ano corrente acusa, em relação a êsse máximo, uma mellio-


DiCKSTO EcONÓMIfíO

26

13ioivst<» Econômico

Como o quacÍTo acima demonstra, a Argentina foi, em abril deste ano, o país eom o jnaior saldo em dólares entre os países da América, mas, pro

\adc)s cm dólares, mas suas coutas na estatística norte-americana acusam sal

dos positivos.

126 milhões de dólares o um passivo

posição tenha sofrido mudanças não

de 175 milhões — está também em con

Os liaveres importantes

tradição com os dados publicados no

de Cuba são menos surpreendentes,

último Relatório do Banco do Brasil,

tendo êsse país uma moeda efeti\'aincnte equivalente ao dólar dos Estados

que mo.stra, cm -31 de dezembro de

Unidos. A Venezuela continua um pais

de dólares norte-americano.s, oriundo de

pobre, com grandes reservas cm ouro e divisas. O Uruguai figura na estatísti

suas disponibilidades e obrigações nessa

ca americana entre os "outros países",

alterações durante os primeiros quatro

mas sabe-se que esse país, mau grado

meses deste ano, pois já em dezembro de 1948 o Brasil tinha, .segundo a esta

certas dificuldades, ainda possui reser

vas cambiais apreciáveis.

vantamento dos do Tesouro americano, o ponto mais desfavorável para o Brasil

A posição do Brasil — um ativo de

vavelmente, nos últimos meses, a sua em seu favor.

Segundo os dados do "Federal Re serve Bulietin", oriundos do mesmo le

tística do Tesouro americano, um saldo

negativo de 42 milhões, quase idêntico A posição do Brasil

ao verificado em fins dc abril de 1949

(—49 milhões de dólaie.s). O fenômeno jnais estranho da estatís

No "Federal Rc.serve Bulietin" — pu-

tica norte-americana é a posição do

blicaçãt) dos bancos centrais dos Esta

Brasil.

dos Unidos — de julho xiltimo, encontra

É o único país, não sòmente

da América Latina mas do mundo'in

mos dados sôbre o Brasil que, sem ex

teiro, cujas contas acusam um saldo negativo. Poder-se-iti supor que êsse déficit correspondesse aos "atrasados" comerciais. Mas a ordem de grandeza é

plicar as divergências em foco, e\'idenciarn pelo menos a evolução histórica,

muito diferente.

como se reflete na estatística norte-ame

ricana. Nos últimos sete anos, as contas

Além disso, outros

brasileiras nos Estados Unidos evoluíram

países da América Latina, em particular a Argentina, tém também atrasados e'e-

da maneira seguinte (em miliiões de

Fim do mês

Dezembro 1942 M 1943 >>

9f

Janeiro

1944 1945 1946 1947

1948 1949-

Atiuo do Brasil

67,7 98,7

dólares): Passivo do Brasil

16,7

+

18,9

-h 79,8 -f 115,5 -f 170,4 -1- 124,2

140,8

25,3

195,1

24,7

174,0

49,8

104,7 123,7

165,8 165,4

120,1

171,4

118,9

178,7

Fevereiro

íf

Março

ft

99,0

160,9

n

126,2

175,3

Abril

Saldo do Brasil

51,0

- 61,1

- 41,7 - 51,3 - 59,8

- 67,9 ~ 49,1

deixando saldo negativo dc 84,6 mi lhões de dólares.

tivo.

o pa.'-.si\-o 209,7 milhões de dólares,

moeda. A diferença não se e.xplica por

V

ria de 35,5 milhões de dólares, e parece possível que, com as restrições impostas à importação de bens americanos, a posição do Brasil nos bancos estaduni denses acuse em breve ura saldo posi

verificou-se em 31 de maio dc 1948.

quando o ativo atingiu 125,1-milhões e

1948, um saldo p;)siti\ü de 69 milhões

O déficit cm abril do ano corrente acusa, em relação a êsse máximo, uma mellio-


üiçiiSTo Econômico

O x isilante acudiu dc pronto: "Quan do ^'ocês forem homens, ouvirão falar muito deste louco".

era o presidente Saenz Pena, a presidir

^^u.mpre o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil um dos seus deveres primordiais — o de reverenciar a

memória dos que enalteceram o nome do País e serviram indefectivelmentc à

Conferência proferida, por ocaxiâo do centenário de sen nascimento, pelo einineníe Ministro do Síipremo Tribunal

j.'

consagrada ao estudo e representa um

labor contínuo, jamais interrompido pe lo ócio ou quebrantado pela fadiga. A escolha de meu nome prende-se de certo à minha situação de membro do

riiais alto órgão judiciário do Brasil e à

circunstância de ser naquele Tribunal um dos que conviveram com o grande

L

dos Advogados do Brasil.

,

pios. Relevar-me-ão, entretanto', os pro motores desta homenagem as deficiên cias desta minha contribuição, que tem a escusií-la o desvanecimento em procluzi-la.

A índole desta conferência me levará

Mas o rio-gran-

dcnse do norte, tenaz e paciente, vin

vidji profii^iona,! exemplar e cmu a floração dc uma obra intelectual pro

À semelhança de Surmiento, começo"

pelo professorado, e nesse mister njílicou

funda e duradoura.

A República encontrou-o nas lidos do ensino c no cxercíeio da advo

apuraria em tôda a força, dos hoiuená e das cousas. Desde então não foi o

cacia. Proclamado o novo regi me, a sua terra natal não o es

favoritismo que lhe assegurou o é.xito.

queceu, elcgenclo-o senador, em

Conquistada a cadeira de Latim de Ba-

companhia de Josév Bernardo de

turitc, por meio de concurso, os ecos

Medeiros e Oliveira Galvão.

da dignidade nesse sacerdócio determi

A sua vida ativa pode assim desdo

naram a sua ick\ aos Estados Unidos,

da instrução pública. Ainda como Sarmiento, iria demonstrar em país estran geiro a sua devoção ao ensino. Os tem peramentos de um e de outro eram

opostos e as origens da expatríação di versa.

te o halo, que os havia de circundar na

Mas em ambos os inícios subsis

trajetória da vida.

Decerto, a Amaro

w

chefia de nossa legação no Paraguai, em

ção a Sarmiento narra Otávio Amadeo

1894; na consultoria do Ministério do

Uma escola de

meninos recebeu a visita de ufn supe

de do Norte, que não teve a ajudá-lo nem rintendente oficial. Um dos alunos per a projeção da família poderosa nem a" guntou a outro: — "Quem é ele?" — "E segurança da prosperidade econômica. o louco Sarmiento, foi a resposta", iMiiSbíLuÀté,

judiciiíria. A

Assembléia Constituinte de 1894

foi o cemirio em que Amaro Cavalcan ti se projetou para a futuro e nela ci mentou OS" laços que o ligaram para

sempre às figuras preeminentcs naquela reunião, que os acontecimentos posterio- • res colocaram na mesma linha de com

bate c dignidade política — os

Prudente de Morais, os Rodri- ||

gue.s Alves, os Rosa e Silva, 7 homens da mesma têmpera e de uma só palavra. Não" trazia

Amaro Caxalcanti

para o Congresso tradição política, que

lhe desse o apoio antecipado de grupos Três anos de mandato senatorial, até partidários. Não teria o prurido da po 1893; dois unos de função executiva, fictícia e vã, porquanto o seu na qualidade de Ministro da Justiça, no pularidade espírito se afizera à meditação serena. governo Prudente de Morais; nove anos Impôs-se desde logo pela sua competên dc judicatura, no cargo de Ministro cia desopriinida de sectarismo e liberta do Supremo Tribunal Federal, de maio das influências de dogmas. Não era o de 1906 a dezembro de 1914. apedeuta a ronronar de lotrudo, era No.s intervalos entre e.ssas funções, o letrado a defrontar face a face os proo Governo aproveitou seus serviços na

Cavalcanti não ocorreu o que em rela em Vidas Argentinas.

Piá assim a atentar na sua ação'le gislativa, na ação executiva e na ação

brar-se:

em missão oficial de estudos de reforma

canti sob o ângulo de sua atuação nos

esfôrço, é o do filho ilustre do Rio Cran-

1919.

públicos alimentava.

viduais.

a considerar a figura de Amaro Caval

destinos políticos e jurídicos do Brasil. ' ■ Se há alguém que possa ser apresen■ . tado à posteridade como um exemplo dos mais sugestivos de valia do próprio

meses, em fins de 1918 e começos de

ferido pela Corte Suprema, cm conse

gou-se apenas com o atestado dc uma

ciou o conhecimento, que mais tarde sc

postos nos três poderes da República e através de obra copiosa, poliforme e segura. Qualquer dos aspectos de sua ação daria margem para estudos am-

e com o título dc consellor at Jato, con

nidade habitual em torno dos homens

O modesto menino de Scridó chegaria às mais altas posições no seu país, con duzido apenas pelos seus méritos indi

sinamentos.

conferência toda a ati\'idade de Amaro Cavalcanti, desenvolvida no exercício de

Prefeito do Distrito Federal de 1917 a 1918; membro da Còrte Permanente de

qüência do diploma. Isto lhe acarretou

as suas qualidades de observação e ini

Não^ é fácil tarefa desdobrar numa

cia Americana de Washington em 1915;

em nome da gloriosa nação argentina.

referências depreciativas, que a malig-

brasileiro e lhe hauriram estímulo e en

autoridade e experiência.

Ei-lo delegado do Brasil na Conferên

as festas do centenário dc Sarmiento. Dos Estados Unidos voltou Amaro

Tôda a vida de Amaro Cavalcanti foi

;

para a sua

Casalcanti diplomado pe'a Escola de Arbitragem em Haia, de maio de 1917 Direito da Union Uni\ersity de Albany. a 1922; Ministro da Fazenda por trê.s

Federal, Dr. Aníbal Freire, na Ordem

causa do direito.

A apo.sentadoria não o levou à inação. A têmpera do Itdador não esmorecia c os go\'emos suce.í.si\^amente apcla\'am

Cinqüenta unos mais tarde, o menino

AMÍDAL PnEIRE

,

(

29

-If

Exterior, de setembro de 1905 a junho de 1906; na delegação brasileira ao 3." Congresso Internacional Americano, cm 1906.

b.emas. Não impressionaria pelos arrou bos oratorios, que lhe eram escassos. En

frentaria o debate com a dialética, qüe se tornou uma de suas armas pode rosas, e com a segurança do raciocí

nio, que o estudo de humanidades aper feiçoara.


üiçiiSTo Econômico

O x isilante acudiu dc pronto: "Quan do ^'ocês forem homens, ouvirão falar muito deste louco".

era o presidente Saenz Pena, a presidir

^^u.mpre o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil um dos seus deveres primordiais — o de reverenciar a

memória dos que enalteceram o nome do País e serviram indefectivelmentc à

Conferência proferida, por ocaxiâo do centenário de sen nascimento, pelo einineníe Ministro do Síipremo Tribunal

j.'

consagrada ao estudo e representa um

labor contínuo, jamais interrompido pe lo ócio ou quebrantado pela fadiga. A escolha de meu nome prende-se de certo à minha situação de membro do

riiais alto órgão judiciário do Brasil e à

circunstância de ser naquele Tribunal um dos que conviveram com o grande

L

dos Advogados do Brasil.

,

pios. Relevar-me-ão, entretanto', os pro motores desta homenagem as deficiên cias desta minha contribuição, que tem a escusií-la o desvanecimento em procluzi-la.

A índole desta conferência me levará

Mas o rio-gran-

dcnse do norte, tenaz e paciente, vin

vidji profii^iona,! exemplar e cmu a floração dc uma obra intelectual pro

À semelhança de Surmiento, começo"

pelo professorado, e nesse mister njílicou

funda e duradoura.

A República encontrou-o nas lidos do ensino c no cxercíeio da advo

apuraria em tôda a força, dos hoiuená e das cousas. Desde então não foi o

cacia. Proclamado o novo regi me, a sua terra natal não o es

favoritismo que lhe assegurou o é.xito.

queceu, elcgenclo-o senador, em

Conquistada a cadeira de Latim de Ba-

companhia de Josév Bernardo de

turitc, por meio de concurso, os ecos

Medeiros e Oliveira Galvão.

da dignidade nesse sacerdócio determi

A sua vida ativa pode assim desdo

naram a sua ick\ aos Estados Unidos,

da instrução pública. Ainda como Sarmiento, iria demonstrar em país estran geiro a sua devoção ao ensino. Os tem peramentos de um e de outro eram

opostos e as origens da expatríação di versa.

te o halo, que os havia de circundar na

Mas em ambos os inícios subsis

trajetória da vida.

Decerto, a Amaro

w

chefia de nossa legação no Paraguai, em

ção a Sarmiento narra Otávio Amadeo

1894; na consultoria do Ministério do

Uma escola de

meninos recebeu a visita de ufn supe

de do Norte, que não teve a ajudá-lo nem rintendente oficial. Um dos alunos per a projeção da família poderosa nem a" guntou a outro: — "Quem é ele?" — "E segurança da prosperidade econômica. o louco Sarmiento, foi a resposta", iMiiSbíLuÀté,

judiciiíria. A

Assembléia Constituinte de 1894

foi o cemirio em que Amaro Cavalcan ti se projetou para a futuro e nela ci mentou OS" laços que o ligaram para

sempre às figuras preeminentcs naquela reunião, que os acontecimentos posterio- • res colocaram na mesma linha de com

bate c dignidade política — os

Prudente de Morais, os Rodri- ||

gue.s Alves, os Rosa e Silva, 7 homens da mesma têmpera e de uma só palavra. Não" trazia

Amaro Caxalcanti

para o Congresso tradição política, que

lhe desse o apoio antecipado de grupos Três anos de mandato senatorial, até partidários. Não teria o prurido da po 1893; dois unos de função executiva, fictícia e vã, porquanto o seu na qualidade de Ministro da Justiça, no pularidade espírito se afizera à meditação serena. governo Prudente de Morais; nove anos Impôs-se desde logo pela sua competên dc judicatura, no cargo de Ministro cia desopriinida de sectarismo e liberta do Supremo Tribunal Federal, de maio das influências de dogmas. Não era o de 1906 a dezembro de 1914. apedeuta a ronronar de lotrudo, era No.s intervalos entre e.ssas funções, o letrado a defrontar face a face os proo Governo aproveitou seus serviços na

Cavalcanti não ocorreu o que em rela em Vidas Argentinas.

Piá assim a atentar na sua ação'le gislativa, na ação executiva e na ação

brar-se:

em missão oficial de estudos de reforma

canti sob o ângulo de sua atuação nos

esfôrço, é o do filho ilustre do Rio Cran-

1919.

públicos alimentava.

viduais.

a considerar a figura de Amaro Caval

destinos políticos e jurídicos do Brasil. ' ■ Se há alguém que possa ser apresen■ . tado à posteridade como um exemplo dos mais sugestivos de valia do próprio

meses, em fins de 1918 e começos de

ferido pela Corte Suprema, cm conse

gou-se apenas com o atestado dc uma

ciou o conhecimento, que mais tarde sc

postos nos três poderes da República e através de obra copiosa, poliforme e segura. Qualquer dos aspectos de sua ação daria margem para estudos am-

e com o título dc consellor at Jato, con

nidade habitual em torno dos homens

O modesto menino de Scridó chegaria às mais altas posições no seu país, con duzido apenas pelos seus méritos indi

sinamentos.

conferência toda a ati\'idade de Amaro Cavalcanti, desenvolvida no exercício de

Prefeito do Distrito Federal de 1917 a 1918; membro da Còrte Permanente de

qüência do diploma. Isto lhe acarretou

as suas qualidades de observação e ini

Não^ é fácil tarefa desdobrar numa

cia Americana de Washington em 1915;

em nome da gloriosa nação argentina.

referências depreciativas, que a malig-

brasileiro e lhe hauriram estímulo e en

autoridade e experiência.

Ei-lo delegado do Brasil na Conferên

as festas do centenário dc Sarmiento. Dos Estados Unidos voltou Amaro

Tôda a vida de Amaro Cavalcanti foi

;

para a sua

Casalcanti diplomado pe'a Escola de Arbitragem em Haia, de maio de 1917 Direito da Union Uni\ersity de Albany. a 1922; Ministro da Fazenda por trê.s

Federal, Dr. Aníbal Freire, na Ordem

causa do direito.

A apo.sentadoria não o levou à inação. A têmpera do Itdador não esmorecia c os go\'emos suce.í.si\^amente apcla\'am

Cinqüenta unos mais tarde, o menino

AMÍDAL PnEIRE

,

(

29

-If

Exterior, de setembro de 1905 a junho de 1906; na delegação brasileira ao 3." Congresso Internacional Americano, cm 1906.

b.emas. Não impressionaria pelos arrou bos oratorios, que lhe eram escassos. En

frentaria o debate com a dialética, qüe se tornou uma de suas armas pode rosas, e com a segurança do raciocí

nio, que o estudo de humanidades aper feiçoara.


JJn;i„si(, i«/JON0MlCO 3i

DicicsTf) Econômico

A sua sagacidade induziu-o a enca rar, com espírito que os acontecimentos

futuros permitiriam qualificar de pro fético, dois assuntos fundamentais —

o da posição dos Estados no regime fe derativo e o das discriminações das ren

das das entidades de direito público, na

deres que lhes são reservados nos limi tes da Constituição; o soberano i'inico

oração de solidariedade do Congresso

é a Nação".

Os "apoiados", que os anais registram

demonstram que desde logo o homem de saber enunciava conceito hoje irrefragá\cl na doutrina e na lei.

De outra feita, em respo.sta a aparte órbita da respectiva competência. À sua contribuição enr defesa tUi de Seubra, declara: — "V. Excia. fa^^ União contra os exageros do federalismo, (juestãü de palavras e eu faço questão refere-se Agenor de Ronse, incluindo-o de idéias". — Uma \-oz — "Na cicncii' no seu valioso estudo entre os que for mavam o núcleo dessa orientação.

O regime tributário foi o seu tema predileto.

Os anais registram a sua

gílio Dainásio, Beniardino de Campos, Rui Barbosa, mais tatde, ass[na*a na Ubaldino do Amaral, Lauro Müller, Jú Imprensa que "a mera aparição pessoal c lio de Castilhos e João Pinheiro, e a sua inerme de um ministro de coragem a

no dia da promulgação do es

bastou para fazer refluir na Rua do Ou\'idor a onda sanguinária".

tatuto constitucional.

Mais tarde, os acontecimentos o le

Até ao atentado de 5 de no\embro a situação continuou tormentosa e a ener

varam a militar na oposição a Floriano,

gia e capacidade do Ministro se retem

guardando sempre a mesma imperturba-

peraram na luta.

bilidade de ânimo e firmeza nas deci sões.

Nesse período, a figura de Amaro Ca-

\alcanti apresenta na sua rijeza traços a Feijó o entre os seus contempora-

O Sr. Amaro: — "Se

Campo.s Sales, no seu livro de defe sa Da propaganda d presiclôncia, refe

neo.s-, no estrangeiro, a "Waldeck Rous-

dizem alguma cousa, do contrário não

re-se a uma declaração do Amaro, no Se

valem nada".

nado, em junho de 1893, a qual quali fica de "importante", encarecendo de "insuspeito" o testemunho.

seau, na campanha das congregações re

\'alem muito".

Narra Giolittí na.s suas Memórias que.

atuação, sobranceira aos interesses ri

Ministro do Tesouro num do.s ministé

vais e com a visão do homem de Esta

rios Cri.spi, teve de rcsjxmder a uma

do, acautelando as instituições nascen

Ei-lo Ministro de Estado, em janeiro

ligiosas.

Do primeiro, a coragem sem

ostentação; do segundo, de quem Char-

les Peguy insuspeitamente traçou o tes tamento político, segundo as próprias notas do estadista, a justa medida das

interpelação do Conde Alfiéri.

Ao ter minar, Farini, presidente do Senado, dis

de 1897.

tes de males que se poderiam tornar inelutáveis.

se-lhe: — "O .sr. na mocidade deve ter

ca, aumentada pelas divergências indis-

isentaria de fundados deproches. No regime parlamentar, a sorte dos ministros esta em regra ligada à do

O País atravessava grave crise políti

resoluções, com o cunho jurídico que a

estudado o praticado muito bem a

farçáveis entre o Presidente e o Vice-

grima; apercebi-me disto pela sua res

Presidente da República, Manoel Vi-

homenagens devidas ao seu esfôrço. Au-

posta".

lorino..

relino Leal, na Teoria e Prática da

Constituição, alude às grandes responsa

O pí)lítico italiano confes.sa que na reaUdade chegou a bater em assaltos

Amaro Cavalcanti na Constituinte, indi

bilidades do representante norte-riograndcnse no projeto da Constituinte, e re

públicos mestres na profissão. A mocidade de Amaro, pa.ssnda em

cou-o para Miiiistro da Justiça nessa quadra cruciante, em substituição a Al

lembra que, mais tarde, em 1896, "dois

São Luís do Maranhão e Balurité, não

berto Torres.

autores da Constituição, os srs, Amaro Cavalcanti e Rui Barbosa, eminentes

lhe deu ensanchas a praticar a esgrima;

go os incidentes que cuhninaram com o

três facile de devenir ministre, moins faci'e d être un bon ministre, moins fa

mas o seu intelecto, animado pelo cul

assassínio de Gentil de Castro.

cile encore de rester ministre".

ambos, se mediram num formidável due

tivo das boas letras, lhe proporcionava recursos adequados e seguros.

O autores que versaram depois o as sunto rendem a

Amaro Cavalcanti as

lo intelectual em torno dos dispositivos

que regulam a tributação".

O meneio do Latim e por êle o con-

E' de ver-se a agilidade de Amaro nos debates parlamentares. Um dos

Gabinete, de que êle faz parte.

Prudente de Morais, que conhecera

Defrontou êle desde lo

A sua atitude nessa ocasião revelou

energia indomável e sobranceira a quais quer perigos.

Década Republicana, Carlos de Laet,

atribuídas aos Estados, quando um

Da ,sua posição de relevo na Consti tuinte são fatos expressivos a sua elei

embora atribua ao governo ã responsabi lidade pelos crimes anteriores, acentua

ção para a comissão especial de vmte e um membros pala dar parecer sobre o projeto da Constituição, em companhia,

que o "sr. Amaro Cavalcanti desceu à

entre outros, de Lauro Sodré, João Pe

des".

Federação não há Estados soberanos; ê.stes têm e exercem a autonomia de po-

tava da realidade, ao afirmar: " II est

iNo regime presidencial, embora a im portância do seu papel na vida adminis trativa do país, a situação é ainda mais chefe do Executivo.

mo diz Cícero.

obtemperou de pronto; — "Não. Numa

.1.^.

dominar os ânimos.

me.smo tempo êsse tom de polidez e dis

Amar.o

.X

precária, pela dependência em que fica das flutuações da vontade e ânimo do

Chegou sozinho à Rua do Ouvidor, e,

tinção, "mollitudinem huinanitatis", oo*

nia dos Estados da União".

1

enfrentando os arruaceiros, conseguiu

sinais desse atributo mental é a força

comete o erro de desconhecer a sobera

hdade dos ininistériòs e Jules Claretie, a despeito do tom de ironia, não se afas

tacto com os autores latinos lhe aguça ra o entendimento e lhe reafirmara ao

da réplica. Dois exemplos, entre outros. Examinava ele o problema das rendas deputado o interrompeu: — "V. Excia.

E'

verdade que o regime facilita a instabi- À

dro, fosc Higino, João Barbalho, Vir

Comentando

os

acontecimentos

na

Rua do Ouvidor e enérgico se pronun ciou pela cessação de tais enormida

Amaro Cavalcanti foi, porém, minis tro, integralmente ministro, sem dobrez e sem louvaminhas. Para eficiência da açao bastaria a sua autoridade. Mas a

turbaçao dos ânimos da época não impe-

clm que êle se assenhoreasse dos proble mas da pasta e lhes desse atenção con

veniente. Num dêles, o de calamidade


JJn;i„si(, i«/JON0MlCO 3i

DicicsTf) Econômico

A sua sagacidade induziu-o a enca rar, com espírito que os acontecimentos

futuros permitiriam qualificar de pro fético, dois assuntos fundamentais —

o da posição dos Estados no regime fe derativo e o das discriminações das ren

das das entidades de direito público, na

deres que lhes são reservados nos limi tes da Constituição; o soberano i'inico

oração de solidariedade do Congresso

é a Nação".

Os "apoiados", que os anais registram

demonstram que desde logo o homem de saber enunciava conceito hoje irrefragá\cl na doutrina e na lei.

De outra feita, em respo.sta a aparte órbita da respectiva competência. À sua contribuição enr defesa tUi de Seubra, declara: — "V. Excia. fa^^ União contra os exageros do federalismo, (juestãü de palavras e eu faço questão refere-se Agenor de Ronse, incluindo-o de idéias". — Uma \-oz — "Na cicncii' no seu valioso estudo entre os que for mavam o núcleo dessa orientação.

O regime tributário foi o seu tema predileto.

Os anais registram a sua

gílio Dainásio, Beniardino de Campos, Rui Barbosa, mais tatde, ass[na*a na Ubaldino do Amaral, Lauro Müller, Jú Imprensa que "a mera aparição pessoal c lio de Castilhos e João Pinheiro, e a sua inerme de um ministro de coragem a

no dia da promulgação do es

bastou para fazer refluir na Rua do Ou\'idor a onda sanguinária".

tatuto constitucional.

Mais tarde, os acontecimentos o le

Até ao atentado de 5 de no\embro a situação continuou tormentosa e a ener

varam a militar na oposição a Floriano,

gia e capacidade do Ministro se retem

guardando sempre a mesma imperturba-

peraram na luta.

bilidade de ânimo e firmeza nas deci sões.

Nesse período, a figura de Amaro Ca-

\alcanti apresenta na sua rijeza traços a Feijó o entre os seus contempora-

O Sr. Amaro: — "Se

Campo.s Sales, no seu livro de defe sa Da propaganda d presiclôncia, refe

neo.s-, no estrangeiro, a "Waldeck Rous-

dizem alguma cousa, do contrário não

re-se a uma declaração do Amaro, no Se

valem nada".

nado, em junho de 1893, a qual quali fica de "importante", encarecendo de "insuspeito" o testemunho.

seau, na campanha das congregações re

\'alem muito".

Narra Giolittí na.s suas Memórias que.

atuação, sobranceira aos interesses ri

Ministro do Tesouro num do.s ministé

vais e com a visão do homem de Esta

rios Cri.spi, teve de rcsjxmder a uma

do, acautelando as instituições nascen

Ei-lo Ministro de Estado, em janeiro

ligiosas.

Do primeiro, a coragem sem

ostentação; do segundo, de quem Char-

les Peguy insuspeitamente traçou o tes tamento político, segundo as próprias notas do estadista, a justa medida das

interpelação do Conde Alfiéri.

Ao ter minar, Farini, presidente do Senado, dis

de 1897.

tes de males que se poderiam tornar inelutáveis.

se-lhe: — "O .sr. na mocidade deve ter

ca, aumentada pelas divergências indis-

isentaria de fundados deproches. No regime parlamentar, a sorte dos ministros esta em regra ligada à do

O País atravessava grave crise políti

resoluções, com o cunho jurídico que a

estudado o praticado muito bem a

farçáveis entre o Presidente e o Vice-

grima; apercebi-me disto pela sua res

Presidente da República, Manoel Vi-

homenagens devidas ao seu esfôrço. Au-

posta".

lorino..

relino Leal, na Teoria e Prática da

Constituição, alude às grandes responsa

O pí)lítico italiano confes.sa que na reaUdade chegou a bater em assaltos

Amaro Cavalcanti na Constituinte, indi

bilidades do representante norte-riograndcnse no projeto da Constituinte, e re

públicos mestres na profissão. A mocidade de Amaro, pa.ssnda em

cou-o para Miiiistro da Justiça nessa quadra cruciante, em substituição a Al

lembra que, mais tarde, em 1896, "dois

São Luís do Maranhão e Balurité, não

berto Torres.

autores da Constituição, os srs, Amaro Cavalcanti e Rui Barbosa, eminentes

lhe deu ensanchas a praticar a esgrima;

go os incidentes que cuhninaram com o

três facile de devenir ministre, moins faci'e d être un bon ministre, moins fa

mas o seu intelecto, animado pelo cul

assassínio de Gentil de Castro.

cile encore de rester ministre".

ambos, se mediram num formidável due

tivo das boas letras, lhe proporcionava recursos adequados e seguros.

O autores que versaram depois o as sunto rendem a

Amaro Cavalcanti as

lo intelectual em torno dos dispositivos

que regulam a tributação".

O meneio do Latim e por êle o con-

E' de ver-se a agilidade de Amaro nos debates parlamentares. Um dos

Gabinete, de que êle faz parte.

Prudente de Morais, que conhecera

Defrontou êle desde lo

A sua atitude nessa ocasião revelou

energia indomável e sobranceira a quais quer perigos.

Década Republicana, Carlos de Laet,

atribuídas aos Estados, quando um

Da ,sua posição de relevo na Consti tuinte são fatos expressivos a sua elei

embora atribua ao governo ã responsabi lidade pelos crimes anteriores, acentua

ção para a comissão especial de vmte e um membros pala dar parecer sobre o projeto da Constituição, em companhia,

que o "sr. Amaro Cavalcanti desceu à

entre outros, de Lauro Sodré, João Pe

des".

Federação não há Estados soberanos; ê.stes têm e exercem a autonomia de po-

tava da realidade, ao afirmar: " II est

iNo regime presidencial, embora a im portância do seu papel na vida adminis trativa do país, a situação é ainda mais chefe do Executivo.

mo diz Cícero.

obtemperou de pronto; — "Não. Numa

.1.^.

dominar os ânimos.

me.smo tempo êsse tom de polidez e dis

Amar.o

.X

precária, pela dependência em que fica das flutuações da vontade e ânimo do

Chegou sozinho à Rua do Ouvidor, e,

tinção, "mollitudinem huinanitatis", oo*

nia dos Estados da União".

1

enfrentando os arruaceiros, conseguiu

sinais desse atributo mental é a força

comete o erro de desconhecer a sobera

hdade dos ininistériòs e Jules Claretie, a despeito do tom de ironia, não se afas

tacto com os autores latinos lhe aguça ra o entendimento e lhe reafirmara ao

da réplica. Dois exemplos, entre outros. Examinava ele o problema das rendas deputado o interrompeu: — "V. Excia.

E'

verdade que o regime facilita a instabi- À

dro, fosc Higino, João Barbalho, Vir

Comentando

os

acontecimentos

na

Rua do Ouvidor e enérgico se pronun ciou pela cessação de tais enormida

Amaro Cavalcanti foi, porém, minis tro, integralmente ministro, sem dobrez e sem louvaminhas. Para eficiência da açao bastaria a sua autoridade. Mas a

turbaçao dos ânimos da época não impe-

clm que êle se assenhoreasse dos proble mas da pasta e lhes desse atenção con

veniente. Num dêles, o de calamidade


V

I>iGEsTo Econômico 1 •

rlf seu espírito, a obser-

pública, prevista no íft. S.** díi Consti tuição de 1891, a sua intuição jurídica levou-o a expedir circular, que ainda e relembrada pelos estudiosos do assunto. Em artigo recentemente publicado- no

ainpla tolerância ot > i _ . vavao r Hictelieu, noocupe seu cet Tcs,a.„c.„ ^^^'7 aiic emploi pahtuiuc: /,„nt dans les dois sasou que ccnx 1

Jornal c/o Comércio, o ilustre dr. João

t . X , ,c de no iai.sscnt pas uc Ic.s ic. cchuKT ct dc suí

de Oliveira Filho declarou:

"Cabe à União prestar aos Estados Sí>corro, em caso de calamidade públi ca.

Prestar socorro é auxiliar.

Como

intervenção, foi caracterizado por uni

Ministro da Justiça, o dr. Amaro Ca, valcanti. Prestar socorro, porém, é me nos que intervenção. E' .simples inter ferência colaboracionista."

Na sua gestão foi regulamentado o decreto n. 1.030, de 14 de novembro de

1890, que estabeleceu o regime judiciá-

i rio, em face das novas instituições. Para êsse fim teve a iniciatiia dc su

gerir os decretos ns. 2.464 de 1897, e 2.579, do mesmo ano, concernentes a:)

pessoal e competência da justiça local. No capítulo A Jusiiça, da Década Re publicana, Cândido de Oliveira, embo

ra reconhecesse que algumas das disposiçõe.s melhoraram o serviço forense,

cen.sura o regulamento, e a propósito re corda que o substituto de Amaro Ca

valcanti na pasta da Justiça, Epitácio Pessoa, propôs o restabelecimento do

decreto n. 1.030, que "a regulamenta, ção alterou, e.xorbitando da faculdade

conferida ao Executivo de regulamentar as leis".

Não poupando os ministros do regime

mini.stéres sont , chiens, trcs, ciiu• nonoosc.uu Ic.s,abois , . cias , ,

vre Icur cours". X f-ivor popular resgatou, A me-sse do ra\oi ^ i s

,K,rín-,, as injurias sofmlas

Nunlnun

g<oírno deixou o "nd.isas demonslraçfles de estuua publ.ea como o de Prudente. A.nda depo.s, a

aura do poso cercava o seu chefe de respeito e Ncueracãc. matiug.dos ate

então.

Mei dc ter sempre na relenlir^a

a .Vtinia nianife.stacão do puro desta

.cidade ao presidente que estaireleeeu u poder civil no País. T.nha viudo o grande brasileiro assistir, cm 1900, a«

Esse mesmo alento cercou a sua ges tão na Prefeitura do Distrito Federal, durante quase dois anos, a que ascen dera a contra-gôsto. Achava-se no gôzo da aposentadoria de Ministro do SupreTribunal Federal, quando o Govêr-

"e reclamou seus serviços. Dos romanos

dizia o abade Dedouvres que não procu ravam o ócio, antes sofriam com êle.

Para Amaro, a aposentadoria seria o en sejo, como o foi, para as lucubrações de

gabinete. O País, porém, exigiu os seus Serviços e êle não duvidou em prestá mos, com os resultados queji história da

eidade do Rio de Janeiro registra. Na função judiciária não foi menor o relêvo de Amaro Cavalcanti. Coube-

a serenidade peculiar ao juiz, mas com a

enidição e sobranceria que lhe eram ha

bituais. Começou então põr declarar que

se o Ministro da Justiça se tivesse limi tado a comunicar ao Tribunal a reso

lução do Presidente da República de desacatar o acórdão, seria de parecer que se fizesse constar da ata semelhan te comunicação, sem nenhuma observa-

gio a respeito, "desde que o ato do Executivo em nada invalidava a deci são do Tribunal".

Ein outras hipóteses resistiu, porém, à tendência de poder a medida liberató-

na alcançar situações em que interferia a competência privativa do.s outros po deres.

^

No habeas corpus" requerido por Irineu Machado em favor do Coronel Fran co Rabelo e dos membros da Assembléia

advogado. No clia do regresso a São Pault>. a mociclade das escolas c do co-

A formação humanística, a compe tência jurídica e a experiência das cou-

por ter havido decreto de intervenção

méreio movimentou-se para prestar a.s

sas públicas lhe asseguravam pleno êxi

lho, que tanto cligniiieoii a profissão de suas liomenagens ao imaculado varuo. Não foi po.ssí\'el obter músicas militares para o brilhantismo das manifestações o o gosto das fanfarras não é privilégio de qualquer classe ou regime. Por es tranha coincidência, apagou-se a ilumi nação em parte do trecho a percorrer. As famílias queiina\'am, das sacadas do.s prédio.s, fogos de Bengala. Nós, os rapazes de então, conduzimos a car ruagem da Rua da Estrela a Central do

Brasil. De pé no veículo, o Marechal"

centa em nota: "No entanto êsse mes

Cantuária, escullural nas atitudes, impre-

mo ministro, ríspido cen.sor do dr. Ama digo Disciplinar de Ensino Superior e a

cava ao povo que não a.sfixías.se Pruden te, já combalido pela moléstia, que, me ses depois, o havia de vitimar. Espe

lei. n. 221, de 1894".

táculo indelével a relembrar as pugnas

agruras e inju.stiças da carreira políti

cívicas da antigüidade! Ter servido a um Governo sagrado de

ca. Tinha ele, entretanto, em mente, na

tal forma pela gratidão popular foi, para

Não foi Amaro Cavalcanti poupado às

^aro CavalcanH, lenitivo e estímulo.

me substituir a João Barballio, que, cooro êle, se tomara um dos guias do constitucionalismo pátrio.

casamento de Prucleiitc de Morais Fi-

republicano, Cândido de Oliveira acres

ro Cavalcanti, acaba de violar o Có

33

Legislativa do Ceará, denegou a ordem, no Estado e não poder o Judiciiirio des-

íazer tal ato. O Tribunal assim decidiu, to no exercício do cargo. A par disto, a por seis votos contra dois.

sua capacidade de trabalho inesgotável G o seu meticuloso cuidado nos detalhes

No outro pedido, impetrado enf fa vor de José Eduardo de Macedo Soa

de qualquer profissão que exercesse. Prestigiou com a sua autoridade a am

res, para que se declarasse inconstitu

em que se não tratava sòmente da li

Tribunal para decidir sobre a matéria. O seu voto foi sufragado por todos os

cional o estado de sítio, sustentou êle plitude do "habeas corpus" a lúpóteses conria Pedro Lessa, a incompetência do

berdade de locomoção. Tomou-se notável a sua réplica à

outros ministros.

No caso de Leônidas Rezende, defron Fonseca, no caso do "habeas corpus" ao tou-se ainda com Pedro Lessa e teve a Conselho Municipal do Distrito Federal. O chefe do Executivo, em defesa de sua bunal ^ unanimidade do Trimensagem do

Presidente

Hermes

da

atitude do desobediência ao aresta do Su

premo Tribunal Federal, invocou opi

niões de Amaro, no seu livro Regime Fe

Ainda no "habeas corpus" requerido

pe.o insigne Rui em favor de diretores e

pessoal de jornais desta capital sendo derativo, acêrca da independência dos relator Pedro Lessa, reafirmo^u sia poderes e do escrúpulo que deve ter o Judiciário em invadi-la. To''mLÍ ménto T"" das razoes queJudiciário levaram oentrar Exe Amaro, na sessão seguinte àquela na no cutivo a decretar o estado de síHo. Tra qual foi lida a mensagem, retrucou com vou então com o eminente relator me-


V

I>iGEsTo Econômico 1 •

rlf seu espírito, a obser-

pública, prevista no íft. S.** díi Consti tuição de 1891, a sua intuição jurídica levou-o a expedir circular, que ainda e relembrada pelos estudiosos do assunto. Em artigo recentemente publicado- no

ainpla tolerância ot > i _ . vavao r Hictelieu, noocupe seu cet Tcs,a.„c.„ ^^^'7 aiic emploi pahtuiuc: /,„nt dans les dois sasou que ccnx 1

Jornal c/o Comércio, o ilustre dr. João

t . X , ,c de no iai.sscnt pas uc Ic.s ic. cchuKT ct dc suí

de Oliveira Filho declarou:

"Cabe à União prestar aos Estados Sí>corro, em caso de calamidade públi ca.

Prestar socorro é auxiliar.

Como

intervenção, foi caracterizado por uni

Ministro da Justiça, o dr. Amaro Ca, valcanti. Prestar socorro, porém, é me nos que intervenção. E' .simples inter ferência colaboracionista."

Na sua gestão foi regulamentado o decreto n. 1.030, de 14 de novembro de

1890, que estabeleceu o regime judiciá-

i rio, em face das novas instituições. Para êsse fim teve a iniciatiia dc su

gerir os decretos ns. 2.464 de 1897, e 2.579, do mesmo ano, concernentes a:)

pessoal e competência da justiça local. No capítulo A Jusiiça, da Década Re publicana, Cândido de Oliveira, embo

ra reconhecesse que algumas das disposiçõe.s melhoraram o serviço forense,

cen.sura o regulamento, e a propósito re corda que o substituto de Amaro Ca

valcanti na pasta da Justiça, Epitácio Pessoa, propôs o restabelecimento do

decreto n. 1.030, que "a regulamenta, ção alterou, e.xorbitando da faculdade

conferida ao Executivo de regulamentar as leis".

Não poupando os ministros do regime

mini.stéres sont , chiens, trcs, ciiu• nonoosc.uu Ic.s,abois , . cias , ,

vre Icur cours". X f-ivor popular resgatou, A me-sse do ra\oi ^ i s

,K,rín-,, as injurias sofmlas

Nunlnun

g<oírno deixou o "nd.isas demonslraçfles de estuua publ.ea como o de Prudente. A.nda depo.s, a

aura do poso cercava o seu chefe de respeito e Ncueracãc. matiug.dos ate

então.

Mei dc ter sempre na relenlir^a

a .Vtinia nianife.stacão do puro desta

.cidade ao presidente que estaireleeeu u poder civil no País. T.nha viudo o grande brasileiro assistir, cm 1900, a«

Esse mesmo alento cercou a sua ges tão na Prefeitura do Distrito Federal, durante quase dois anos, a que ascen dera a contra-gôsto. Achava-se no gôzo da aposentadoria de Ministro do SupreTribunal Federal, quando o Govêr-

"e reclamou seus serviços. Dos romanos

dizia o abade Dedouvres que não procu ravam o ócio, antes sofriam com êle.

Para Amaro, a aposentadoria seria o en sejo, como o foi, para as lucubrações de

gabinete. O País, porém, exigiu os seus Serviços e êle não duvidou em prestá mos, com os resultados queji história da

eidade do Rio de Janeiro registra. Na função judiciária não foi menor o relêvo de Amaro Cavalcanti. Coube-

a serenidade peculiar ao juiz, mas com a

enidição e sobranceria que lhe eram ha

bituais. Começou então põr declarar que

se o Ministro da Justiça se tivesse limi tado a comunicar ao Tribunal a reso

lução do Presidente da República de desacatar o acórdão, seria de parecer que se fizesse constar da ata semelhan te comunicação, sem nenhuma observa-

gio a respeito, "desde que o ato do Executivo em nada invalidava a deci são do Tribunal".

Ein outras hipóteses resistiu, porém, à tendência de poder a medida liberató-

na alcançar situações em que interferia a competência privativa do.s outros po deres.

^

No habeas corpus" requerido por Irineu Machado em favor do Coronel Fran co Rabelo e dos membros da Assembléia

advogado. No clia do regresso a São Pault>. a mociclade das escolas c do co-

A formação humanística, a compe tência jurídica e a experiência das cou-

por ter havido decreto de intervenção

méreio movimentou-se para prestar a.s

sas públicas lhe asseguravam pleno êxi

lho, que tanto cligniiieoii a profissão de suas liomenagens ao imaculado varuo. Não foi po.ssí\'el obter músicas militares para o brilhantismo das manifestações o o gosto das fanfarras não é privilégio de qualquer classe ou regime. Por es tranha coincidência, apagou-se a ilumi nação em parte do trecho a percorrer. As famílias queiina\'am, das sacadas do.s prédio.s, fogos de Bengala. Nós, os rapazes de então, conduzimos a car ruagem da Rua da Estrela a Central do

Brasil. De pé no veículo, o Marechal"

centa em nota: "No entanto êsse mes

Cantuária, escullural nas atitudes, impre-

mo ministro, ríspido cen.sor do dr. Ama digo Disciplinar de Ensino Superior e a

cava ao povo que não a.sfixías.se Pruden te, já combalido pela moléstia, que, me ses depois, o havia de vitimar. Espe

lei. n. 221, de 1894".

táculo indelével a relembrar as pugnas

agruras e inju.stiças da carreira políti

cívicas da antigüidade! Ter servido a um Governo sagrado de

ca. Tinha ele, entretanto, em mente, na

tal forma pela gratidão popular foi, para

Não foi Amaro Cavalcanti poupado às

^aro CavalcanH, lenitivo e estímulo.

me substituir a João Barballio, que, cooro êle, se tomara um dos guias do constitucionalismo pátrio.

casamento de Prucleiitc de Morais Fi-

republicano, Cândido de Oliveira acres

ro Cavalcanti, acaba de violar o Có

33

Legislativa do Ceará, denegou a ordem, no Estado e não poder o Judiciiirio des-

íazer tal ato. O Tribunal assim decidiu, to no exercício do cargo. A par disto, a por seis votos contra dois.

sua capacidade de trabalho inesgotável G o seu meticuloso cuidado nos detalhes

No outro pedido, impetrado enf fa vor de José Eduardo de Macedo Soa

de qualquer profissão que exercesse. Prestigiou com a sua autoridade a am

res, para que se declarasse inconstitu

em que se não tratava sòmente da li

Tribunal para decidir sobre a matéria. O seu voto foi sufragado por todos os

cional o estado de sítio, sustentou êle plitude do "habeas corpus" a lúpóteses conria Pedro Lessa, a incompetência do

berdade de locomoção. Tomou-se notável a sua réplica à

outros ministros.

No caso de Leônidas Rezende, defron Fonseca, no caso do "habeas corpus" ao tou-se ainda com Pedro Lessa e teve a Conselho Municipal do Distrito Federal. O chefe do Executivo, em defesa de sua bunal ^ unanimidade do Trimensagem do

Presidente

Hermes

da

atitude do desobediência ao aresta do Su

premo Tribunal Federal, invocou opi

niões de Amaro, no seu livro Regime Fe

Ainda no "habeas corpus" requerido

pe.o insigne Rui em favor de diretores e

pessoal de jornais desta capital sendo derativo, acêrca da independência dos relator Pedro Lessa, reafirmo^u sia poderes e do escrúpulo que deve ter o Judiciário em invadi-la. To''mLÍ ménto T"" das razoes queJudiciário levaram oentrar Exe Amaro, na sessão seguinte àquela na no cutivo a decretar o estado de síHo. Tra qual foi lida a mensagem, retrucou com vou então com o eminente relator me-


DicESTo EcoNÓ.síieo

DiGESTü Econômico

34

inorável debate.

Amaro começa por

o regime norlc-americano de •'democra

temperada", expressão que mereceu dizer que praza a Deus seja esta a u h- ocia(lualificativo dc "feliz" por parto de ma vez em que se veja na necessidade Jacques Lamberl. Embora tivesse enun de sustentar o seu voto no Tribunal, de- ciado na Suprema Côrlc a proposição de nêgando unia ordem de *'babea.s cor- que não se poderá exigir dp juiz o f pus" durante o estado de sítio. Acha re.yírain/:, porquanto a "moderação e que a norma traçada pelo Tribunal não uma virtude du vontade c não do julg^ é somente sábia, mas necessária para a sua própria reputação de Poder Judiciá mento", muito contribuiu para que ^ rio independente e afastado das lutas declaração da invalidade das leis, cous tituindo elemento precio.so de moderação políticas. O Tribunal, apenas contra dois votos, entre os poderes, só pudc.sse ser efeü apoiou o seu entendimento. Quinze dias

vada em casos inequívocos. As suas í6

antes de se aposenlar^ teve de votar no julgamento do "habeas corpiis" re querido por Astolfo Rezende em favor

ther, na solução dos conflitos cconoiui COS", não o impediam do respeito

sístcncias, ao lado de Reynalds e

de Nilo Peçanha, para a posse deste

postulados assecuratórios das liberdades

no cargo de presidente do Estado do Rio. Não hesitou em procUunar; "E' a primeira vez que o Tribunal re conhece e manda empossar governador

individuais, tal como no ca.so notave

em um dos Estados da Federação. Mais

que isto, manda empossá-lo por meio da força federal e garanti-lo durante to-

' do p tempo do seu quatriênio. O pre

Grof,jean versas American Press Co. fueAs idéia.s dtr urn c oiiti-o dos grandes valores do judiciarismo americano

piravam-se na visão que a experiência no trato da cousa pública lhes facilita va.

Noutros lanços da vida judiciária,

cedente é da máxima importância, é

.sou esípirito não ficava con.strito a fC

su.scetível de conseqüências,as mais pe-

mulas rígidas.

Tig()sa.s." Desta vez Amaro teve a magna com

panhia de Pedro Lessa, relator do feito. Em alguns aspectos, as idéias de

Na admissão do recurso extraordina rio, colaborou, com Pedro Lessa e

Mendes, na jurisprudência ampliatha do apêlo.

Mesmo na inexistência ^

Amaro em ma

unidade do di

téria

reito

constitu

proces

cional, expos tas no Supre

sual, proclamou

mo Tribunal, encontram si-

caberia

mile nas de Sutherlancl. No

nário se da ne

em

so

1910 que

extraordi

gação de vali dade ou de aplicação de uma lei prÇ

Senado e na doutrinação, foi sempre defensor da independência e harmonia

cessual resultasse violação de um '

judiciária do País reafirmar o.s seus prin-

çao

dos poderes. Coube-lhe na alta côrte . reito federal garantido pela Constitui Sutherland, então senador, quaiiticou

Ainda na mesma matéria, considerou suscetível de recurso • extraordinário a

decisão tomada cm agravo, se tiver ha

vido questão sobre aplicação de "lei

lederal e a decisão fôr contra ela.

método de exposição, pela clareza dos conceitos, pelo \'igor dos argumentos, ri

com o traballio de NitÜ, igual Eram-lhe características a pontualida- valiza mente despretensioso no titulo, embora social c mundano, mas uma obrigação sern o brilho do estílo do autor italiano. moral, e a atenção à e.xposição e debates Releva obsen-ar que o trabalho cie dos casos submetidos à decisão do Tri- Ainaro é datado de 1896 e a primeira ao, que não constitui somente um dever

bunal.

edição do de Nitti é de 1903.

mostrar a -influência do traba Jamais se aplicaria a seu respeito a lhoPara de Amaro sobre os que \crsaram a frase célebre do Presidente Acliilles III do Harlay, numa audiência em que ma especialidade no Brasil, basta atentar

que na segunda edição do Manual gistrados dormiam, ao passo que outros em de Veiga Filho, com a autoridade do faziam ruído: no exercício da cátedra na Facul "Si Mcssieurs qui causent, faisaint autor dade de Direito de São Paulo, o seu comme Mcssieurs qui dorment, Messieurs lUTo e citado acima dos de Leroy-

qui écoutent pourraient entendre". A atividade intelectual de Amaro Ca

valcanti é verdadeiramente surpreen

Beauheu e Paul Cauwés, autores presHgiosos na época.

Os afazeres da alta judicatura não o denioviani de debater os assuntos de sua Faculdades dc Direito do País, de modo a encontrar na competição de compa predileção. Aparece assim em 1914, dente. Não passou ele pelas tradicionais

proferindo na Biblioteca Nacional patrió tudos. A sua ei-udição formou-se à e /iwirwcira do Brasil e pena é que a farevelia de préüos doutorais e de pugnas íandade tivesse impossibilitado o autor forenses. Amnwu-o sòmente a de de e.xecutar, na Pasta da Fazenda, para voção ao trabalho mental. Foi multifornheiros alento e estímulo para os es

tica conferência sôbre a Vida econótnica

me a sua atuação. O historiador terá, porém, de considerá-lo sobretudo sob os

que Rodrigues Alves o escolhera, em iJl8, o programa ideado de exação fi

a^ectos de financista, constitucíonalista, civilista e internacionalista.

Na ordem cronológioá, aparece em prirneiro lugar o cultor de assuntos eco nômicos e da ciência das finanças. No gênero, p primeiro trabalho é o Meio

nanceira.

O direito constitucional foi o campo em que as faculdades primaciais de

^naro Cavalcanti mais se afirmaram.

Nascido para governar, embora sem o gôsto de mandar, que a tolerância do seu espírito reprimia, os desígnios fize Circulante Nacional, em que ôle repro ram-no aparecer no tempo em que deduziu matéria versada em 1888 e 1890. encontrar seu natural emprêgo. L Mas essa obra, que o próprio autor de mstituiçoes nascentes sofriam o choq^

nomina de "resenha e compilação cro

nológica de legislação e de fatos", não tem realce doutrinário. A produção ca

das cohsoes entre as impaciências dos movadores. nem sempre inspirados em

pital na especialidade são os Elementos

de fianças. A modésHa do título não ■ tlexao e do senso político. Fazla-se misOÁ idéia do que a obra contém em subs tância. Pela seriação das matérias, pelo Rui se sublimou, encontrasse a opiiüão pensante em hvros. penetrados de ex-


DicESTo EcoNÓ.síieo

DiGESTü Econômico

34

inorável debate.

Amaro começa por

o regime norlc-americano de •'democra

temperada", expressão que mereceu dizer que praza a Deus seja esta a u h- ocia(lualificativo dc "feliz" por parto de ma vez em que se veja na necessidade Jacques Lamberl. Embora tivesse enun de sustentar o seu voto no Tribunal, de- ciado na Suprema Côrlc a proposição de nêgando unia ordem de *'babea.s cor- que não se poderá exigir dp juiz o f pus" durante o estado de sítio. Acha re.yírain/:, porquanto a "moderação e que a norma traçada pelo Tribunal não uma virtude du vontade c não do julg^ é somente sábia, mas necessária para a sua própria reputação de Poder Judiciá mento", muito contribuiu para que ^ rio independente e afastado das lutas declaração da invalidade das leis, cous tituindo elemento precio.so de moderação políticas. O Tribunal, apenas contra dois votos, entre os poderes, só pudc.sse ser efeü apoiou o seu entendimento. Quinze dias

vada em casos inequívocos. As suas í6

antes de se aposenlar^ teve de votar no julgamento do "habeas corpiis" re querido por Astolfo Rezende em favor

ther, na solução dos conflitos cconoiui COS", não o impediam do respeito

sístcncias, ao lado de Reynalds e

de Nilo Peçanha, para a posse deste

postulados assecuratórios das liberdades

no cargo de presidente do Estado do Rio. Não hesitou em procUunar; "E' a primeira vez que o Tribunal re conhece e manda empossar governador

individuais, tal como no ca.so notave

em um dos Estados da Federação. Mais

que isto, manda empossá-lo por meio da força federal e garanti-lo durante to-

' do p tempo do seu quatriênio. O pre

Grof,jean versas American Press Co. fueAs idéia.s dtr urn c oiiti-o dos grandes valores do judiciarismo americano

piravam-se na visão que a experiência no trato da cousa pública lhes facilita va.

Noutros lanços da vida judiciária,

cedente é da máxima importância, é

.sou esípirito não ficava con.strito a fC

su.scetível de conseqüências,as mais pe-

mulas rígidas.

Tig()sa.s." Desta vez Amaro teve a magna com

panhia de Pedro Lessa, relator do feito. Em alguns aspectos, as idéias de

Na admissão do recurso extraordina rio, colaborou, com Pedro Lessa e

Mendes, na jurisprudência ampliatha do apêlo.

Mesmo na inexistência ^

Amaro em ma

unidade do di

téria

reito

constitu

proces

cional, expos tas no Supre

sual, proclamou

mo Tribunal, encontram si-

caberia

mile nas de Sutherlancl. No

nário se da ne

em

so

1910 que

extraordi

gação de vali dade ou de aplicação de uma lei prÇ

Senado e na doutrinação, foi sempre defensor da independência e harmonia

cessual resultasse violação de um '

judiciária do País reafirmar o.s seus prin-

çao

dos poderes. Coube-lhe na alta côrte . reito federal garantido pela Constitui Sutherland, então senador, quaiiticou

Ainda na mesma matéria, considerou suscetível de recurso • extraordinário a

decisão tomada cm agravo, se tiver ha

vido questão sobre aplicação de "lei

lederal e a decisão fôr contra ela.

método de exposição, pela clareza dos conceitos, pelo \'igor dos argumentos, ri

com o traballio de NitÜ, igual Eram-lhe características a pontualida- valiza mente despretensioso no titulo, embora social c mundano, mas uma obrigação sern o brilho do estílo do autor italiano. moral, e a atenção à e.xposição e debates Releva obsen-ar que o trabalho cie dos casos submetidos à decisão do Tri- Ainaro é datado de 1896 e a primeira ao, que não constitui somente um dever

bunal.

edição do de Nitti é de 1903.

mostrar a -influência do traba Jamais se aplicaria a seu respeito a lhoPara de Amaro sobre os que \crsaram a frase célebre do Presidente Acliilles III do Harlay, numa audiência em que ma especialidade no Brasil, basta atentar

que na segunda edição do Manual gistrados dormiam, ao passo que outros em de Veiga Filho, com a autoridade do faziam ruído: no exercício da cátedra na Facul "Si Mcssieurs qui causent, faisaint autor dade de Direito de São Paulo, o seu comme Mcssieurs qui dorment, Messieurs lUTo e citado acima dos de Leroy-

qui écoutent pourraient entendre". A atividade intelectual de Amaro Ca

valcanti é verdadeiramente surpreen

Beauheu e Paul Cauwés, autores presHgiosos na época.

Os afazeres da alta judicatura não o denioviani de debater os assuntos de sua Faculdades dc Direito do País, de modo a encontrar na competição de compa predileção. Aparece assim em 1914, dente. Não passou ele pelas tradicionais

proferindo na Biblioteca Nacional patrió tudos. A sua ei-udição formou-se à e /iwirwcira do Brasil e pena é que a farevelia de préüos doutorais e de pugnas íandade tivesse impossibilitado o autor forenses. Amnwu-o sòmente a de de e.xecutar, na Pasta da Fazenda, para voção ao trabalho mental. Foi multifornheiros alento e estímulo para os es

tica conferência sôbre a Vida econótnica

me a sua atuação. O historiador terá, porém, de considerá-lo sobretudo sob os

que Rodrigues Alves o escolhera, em iJl8, o programa ideado de exação fi

a^ectos de financista, constitucíonalista, civilista e internacionalista.

Na ordem cronológioá, aparece em prirneiro lugar o cultor de assuntos eco nômicos e da ciência das finanças. No gênero, p primeiro trabalho é o Meio

nanceira.

O direito constitucional foi o campo em que as faculdades primaciais de

^naro Cavalcanti mais se afirmaram.

Nascido para governar, embora sem o gôsto de mandar, que a tolerância do seu espírito reprimia, os desígnios fize Circulante Nacional, em que ôle repro ram-no aparecer no tempo em que deduziu matéria versada em 1888 e 1890. encontrar seu natural emprêgo. L Mas essa obra, que o próprio autor de mstituiçoes nascentes sofriam o choq^

nomina de "resenha e compilação cro

nológica de legislação e de fatos", não tem realce doutrinário. A produção ca

das cohsoes entre as impaciências dos movadores. nem sempre inspirados em

pital na especialidade são os Elementos

de fianças. A modésHa do título não ■ tlexao e do senso político. Fazla-se misOÁ idéia do que a obra contém em subs tância. Pela seriação das matérias, pelo Rui se sublimou, encontrasse a opiiüão pensante em hvros. penetrados de ex-


37

ICO W DlGESTO ECONÓAOCO

cimento de tais atos quando êstes envol

36

rl«ir

nância do poder uacional para icgslar periência e saber, os clarões das veredas sôbre proces.so, estabelecendo a umdado a percorrer até à consolidação do regime, deste, em benefício da ';vida do direito nas suas bases fundamentais. O Regime Federativo apareceu em ocasião própria, Os as.suntos constitucionais iam sen

e dos inlcrêsse.s da Pátria'.

A conclusão do parecer tinlia a mar

ca jurídica de todo.s os seus trabalhos:

'

vam a lesão de direitos individuais pela não aplicação ou indevida aplicação do

, direito vigente. Os atos puramente poHtic-os ou discricionários do Governo de

vem ser excluídos da competência do Judiciário."

canti com uma obra de vulto, tais os que o aureolaram noutros ramos da

ciência jurídica. Mas publicações es parsas revelam tal agudeza, que a sua contribuição há de ser sempre relembra da.

Féz parte da delegação do Brasil à

O voto tem a característica da atuali

Terceira Conferência Internacional Ame

"Admitido o princípio da unidade ao do versados incidentemente, provocados direito privado, não c justificável o «scm regra pelas querelas dos partidos.

dade, pois consubstancia princípios as didos pela doutrina.

Gomes Ferreira, Pandiá Calógeras, Xa vier da Silveira, Graça Aranha e Fon

que Araripe Júnior tanto enalteceu. Era, porém, um trabalho de lústória político-

No Congresso não escaparam à argúcia de Amaro Cavalcanti os perigos dos empréstimos externos celebrados pelos Estados, que deram origem mais tarde

lhos sôbre o arbitramento internacional e a codificação do direito internacional.

a escândalos inomináveis. Entrou na liça, obviando os inconvenientes da me

O primeiro foi um retrospecto da maté ria, em que não aparecem digressões

dida com os temperamentos seguintes:

doutrinárias. O segundo deu-lhe ensanchas para uma explanação, em que se revela a erudição do preopinante, em matéria até então estranha às cogita ções. E' que o poder de assimilação de Amaro e a sua faculdade de adapta ção ao estudo dos problemas jurídicos

da diversidade do processo. Ele Felisbelo Freire havia já publicado a tema não tem assento cm boa teoria e é venHiiítórUi Cniistitucional da República, ficadamente prejudicial na práHca do social e não um repositório de idéias definitivas sobre a matéria. Havia sur

direito."

A visão do

jurista antecipava-se ao

que o Brasil iria realizar trinta anOS

gido o trabalho de Aristides Milton, es

mais tarde.

casso na conceituação dos prpblemas, o só mais tarde %iriam à publicidade os comentários de João Barbalho.

consegue ainda ver aprovada outra eon

Amaro Cavalcanti

traçou

então os

rumos do federalismo, corrigindo-lhe os

excessos e encaminhando-o para so'uções

i

n

Tenaz e decidido, Amaro Cavalcant c'usão,-assim redigida;

"A' competência implícita, que do artigo 4 número 8 da Constituição de corre para os Estados de legislarem sõ-

convenientes aos interêsses .superiores da

bre o direito processual de sua justiça,

Nação.

é de caráter limitado."

Os autores norte-americanos apresenta

ram-se como excelentes expositores, mas

na trama das idéias não são fios condu tores de luz intensa. Nas letras jurídi cas sobressaía a obra de Louis Le Fur,

completada tempos depois pela de Durand.

O livro de Amaro, porém, não

perde no confronto. Falta ao autor a fle xibilidade do estilo, firme e rígido como

o seu espírito. A largueza de vistas e a erudição com que a matéria é versada asseguram, entretanto, ao livro, situa ção excepcional na teoria e prática do direito constitucional brasfeiro.

No Congresso Jurídico Americano,

realizado no Rio de Janeiro em 1900,

para comemorar o quarto centenário do descobrimento do Brasil, Amaro Caval canti teve situação de relevo.

Desta vez a oposição cresceu. Amaro defrontava antagonistas do vulto de João Monteiro e Gabriel Ferreira.

Somente

por maioria de quatro votos — trinto e seis contra trinta e dois — foi a

clusão aprovada. , Vêde ainda a clarividência do iw-

mem da lei, que era também homem e Estado.

Constava do questionário a questão .seguinte:

"Há atos de administração ou de

vêmo que escapem à apreciação do ro

dei Judiciário? No caso afirmatn^, qual o princípio que deve servir e critério?' .1

*'0«!

Amaro respondeu nitidamente: ^ atos da administração ou do Governo

não estão sujeitos à apreciação de ou

Coerente com as idéias sustentadas tro poder no regime de divisão e mdopendência dos Poderes Públicos. 3o na Constituinte e desenvolvidas no fie- cabe ao Poder Judiciário tomar conhe

• gime Federativo, pugnava pela predomi

sentes hoje na Constituição e defen

"Não ser lícito aos Estados dar ao ato -o valor ou o caráter de internacionali-

dade nem tampouco incluir nas garantia.s oferecidas as terras públicas do Estado". A emenda conseguiu quarenta e oito votos contra doze.

ricana, juntamente com Joaquim Nabuco. Assis Brasil, Gastão da Cunha, Alfredo toura Xavier.

Apresentou então traba

Era dêsse feitio a têmpera do lidador.

o situariam em primeiro plano em qual- ||

As árduas funções de Ministro do Su

quer conclave.

Um dos sinais da sua ^

premo Tribunal Federal não o dificulta

produção intelectual consiste em ser

vam de acompanhar o movimento das idéias e a necessidade de propagá-las. No

sempre atual. A acuidade do homem de

Instituto dos Advogados pronuncia, em

fórmulas, que a evolução das idéias en

maio de 1910, notável conferência sô bre a revisão das sentenças estaduais

sías.

pela Suprema Corte dos Estados Unidos. Nela o constitucionalista ampliava

meu ver^, em toda a intensidade, na Re

pensamento permitia-lhe a precisão das contraria para a solução das contro\'ér-

Êsses dotes singulares realçam, a

conceitos, formulados em obras anterio

novação do Direito Internacional, com

res e ainda agora os autores especiali

que em 1921 inaugurou os trabalhos da

zados no assunto. Castro Nunes e Ma

Sociedade Brasileira de Direito Interna

tos Peixoto, entre outros, robustecem

cional, criação de sua iniciativa presti

suas opiniões com a autoridade de Ama

giosa.

ro Cavalcanti.

O primeiro asserta que

ninguém melhor do que ele focalizou o sentido da palavra suit para o efeito do Writ of error. Na história do Direito Internacional

americano não figiu-ará Amaro Caval

Essa conferência é uma síntese admi

rável das transformações por que ia passando o Direito Internacional. Não errará o analista aproximando as idéias gerais nela expendidas - das de Kelsen,

enunciadas mais tarde, e que merecerapi


37

ICO W DlGESTO ECONÓAOCO

cimento de tais atos quando êstes envol

36

rl«ir

nância do poder uacional para icgslar periência e saber, os clarões das veredas sôbre proces.so, estabelecendo a umdado a percorrer até à consolidação do regime, deste, em benefício da ';vida do direito nas suas bases fundamentais. O Regime Federativo apareceu em ocasião própria, Os as.suntos constitucionais iam sen

e dos inlcrêsse.s da Pátria'.

A conclusão do parecer tinlia a mar

ca jurídica de todo.s os seus trabalhos:

'

vam a lesão de direitos individuais pela não aplicação ou indevida aplicação do

, direito vigente. Os atos puramente poHtic-os ou discricionários do Governo de

vem ser excluídos da competência do Judiciário."

canti com uma obra de vulto, tais os que o aureolaram noutros ramos da

ciência jurídica. Mas publicações es parsas revelam tal agudeza, que a sua contribuição há de ser sempre relembra da.

Féz parte da delegação do Brasil à

O voto tem a característica da atuali

Terceira Conferência Internacional Ame

"Admitido o princípio da unidade ao do versados incidentemente, provocados direito privado, não c justificável o «scm regra pelas querelas dos partidos.

dade, pois consubstancia princípios as didos pela doutrina.

Gomes Ferreira, Pandiá Calógeras, Xa vier da Silveira, Graça Aranha e Fon

que Araripe Júnior tanto enalteceu. Era, porém, um trabalho de lústória político-

No Congresso não escaparam à argúcia de Amaro Cavalcanti os perigos dos empréstimos externos celebrados pelos Estados, que deram origem mais tarde

lhos sôbre o arbitramento internacional e a codificação do direito internacional.

a escândalos inomináveis. Entrou na liça, obviando os inconvenientes da me

O primeiro foi um retrospecto da maté ria, em que não aparecem digressões

dida com os temperamentos seguintes:

doutrinárias. O segundo deu-lhe ensanchas para uma explanação, em que se revela a erudição do preopinante, em matéria até então estranha às cogita ções. E' que o poder de assimilação de Amaro e a sua faculdade de adapta ção ao estudo dos problemas jurídicos

da diversidade do processo. Ele Felisbelo Freire havia já publicado a tema não tem assento cm boa teoria e é venHiiítórUi Cniistitucional da República, ficadamente prejudicial na práHca do social e não um repositório de idéias definitivas sobre a matéria. Havia sur

direito."

A visão do

jurista antecipava-se ao

que o Brasil iria realizar trinta anOS

gido o trabalho de Aristides Milton, es

mais tarde.

casso na conceituação dos prpblemas, o só mais tarde %iriam à publicidade os comentários de João Barbalho.

consegue ainda ver aprovada outra eon

Amaro Cavalcanti

traçou

então os

rumos do federalismo, corrigindo-lhe os

excessos e encaminhando-o para so'uções

i

n

Tenaz e decidido, Amaro Cavalcant c'usão,-assim redigida;

"A' competência implícita, que do artigo 4 número 8 da Constituição de corre para os Estados de legislarem sõ-

convenientes aos interêsses .superiores da

bre o direito processual de sua justiça,

Nação.

é de caráter limitado."

Os autores norte-americanos apresenta

ram-se como excelentes expositores, mas

na trama das idéias não são fios condu tores de luz intensa. Nas letras jurídi cas sobressaía a obra de Louis Le Fur,

completada tempos depois pela de Durand.

O livro de Amaro, porém, não

perde no confronto. Falta ao autor a fle xibilidade do estilo, firme e rígido como

o seu espírito. A largueza de vistas e a erudição com que a matéria é versada asseguram, entretanto, ao livro, situa ção excepcional na teoria e prática do direito constitucional brasfeiro.

No Congresso Jurídico Americano,

realizado no Rio de Janeiro em 1900,

para comemorar o quarto centenário do descobrimento do Brasil, Amaro Caval canti teve situação de relevo.

Desta vez a oposição cresceu. Amaro defrontava antagonistas do vulto de João Monteiro e Gabriel Ferreira.

Somente

por maioria de quatro votos — trinto e seis contra trinta e dois — foi a

clusão aprovada. , Vêde ainda a clarividência do iw-

mem da lei, que era também homem e Estado.

Constava do questionário a questão .seguinte:

"Há atos de administração ou de

vêmo que escapem à apreciação do ro

dei Judiciário? No caso afirmatn^, qual o princípio que deve servir e critério?' .1

*'0«!

Amaro respondeu nitidamente: ^ atos da administração ou do Governo

não estão sujeitos à apreciação de ou

Coerente com as idéias sustentadas tro poder no regime de divisão e mdopendência dos Poderes Públicos. 3o na Constituinte e desenvolvidas no fie- cabe ao Poder Judiciário tomar conhe

• gime Federativo, pugnava pela predomi

sentes hoje na Constituição e defen

"Não ser lícito aos Estados dar ao ato -o valor ou o caráter de internacionali-

dade nem tampouco incluir nas garantia.s oferecidas as terras públicas do Estado". A emenda conseguiu quarenta e oito votos contra doze.

ricana, juntamente com Joaquim Nabuco. Assis Brasil, Gastão da Cunha, Alfredo toura Xavier.

Apresentou então traba

Era dêsse feitio a têmpera do lidador.

o situariam em primeiro plano em qual- ||

As árduas funções de Ministro do Su

quer conclave.

Um dos sinais da sua ^

premo Tribunal Federal não o dificulta

produção intelectual consiste em ser

vam de acompanhar o movimento das idéias e a necessidade de propagá-las. No

sempre atual. A acuidade do homem de

Instituto dos Advogados pronuncia, em

fórmulas, que a evolução das idéias en

maio de 1910, notável conferência sô bre a revisão das sentenças estaduais

sías.

pela Suprema Corte dos Estados Unidos. Nela o constitucionalista ampliava

meu ver^, em toda a intensidade, na Re

pensamento permitia-lhe a precisão das contraria para a solução das contro\'ér-

Êsses dotes singulares realçam, a

conceitos, formulados em obras anterio

novação do Direito Internacional, com

res e ainda agora os autores especiali

que em 1921 inaugurou os trabalhos da

zados no assunto. Castro Nunes e Ma

Sociedade Brasileira de Direito Interna

tos Peixoto, entre outros, robustecem

cional, criação de sua iniciativa presti

suas opiniões com a autoridade de Ama

giosa.

ro Cavalcanti.

O primeiro asserta que

ninguém melhor do que ele focalizou o sentido da palavra suit para o efeito do Writ of error. Na história do Direito Internacional

americano não figiu-ará Amaro Caval

Essa conferência é uma síntese admi

rável das transformações por que ia passando o Direito Internacional. Não errará o analista aproximando as idéias gerais nela expendidas - das de Kelsen,

enunciadas mais tarde, e que merecerapi


píGIíSTO Ef:ON-ÓMK'<"'

38

Digicsto Econò^uco

do professor Jascenlco o qualificativo de

aos trabalhos de direito administratí-

justas.

^'0: Giliberti-Mcssina em 1909, Gían-

No particular do direito ameri

quinto em 1912, Paul Duez cm 1938,

cano os seus conceitos se distanciavam

dos de Alcorta, mas Cruchaga Tocornal, a quem devemos reverências pelo seu amor ao Brasil, apoiou no seu livro

as idéias de Amaro, já expostas na Jun ta de Jurisconsultos:

De acuerdo com o eminente juríscon-

1^ ,cn lU""* humana e o cntcno pao direito e cousa ^ r

T ' na há de aplica-lo w ser também hu-

ra

mano.

As suas idéias, pot exemplo, sobre as

obrigações com cblusula penal, tem o

Benato Alcs.sl em 1939.

Referindo-se ao livro de Amaro, Viveiro.s de Castro, no seu Tratado de Di

reito Administrativo, recomenda a. sua'

leitura como "indispensável aos que qui

lifica de "excessivo rigor que o direito

contemporâneo fulmina", invocando en tão o Código Alemão, o Codigo Suíço ^nte de proveitosa consulta. Além de das Obrigações e o Código Cival da Rús- '

Cmchaga Tocomal, entre outros Ope-

nheim, em International Lato,e Bustaman-

sia Soviética.

Para honra de Amaro, a Exposição de

te, em sua obra clássica, recomendam A

Motivos do Anteprojeto do Código de codificação do direito internacional, de Obrigações, elaborado por esta trindade

1914, A neuiraltdade e as restrições do comercio internacional na presente guer ra européia, de 1916, e Restritiue clau-

ses in International Arhitration Teatries,

publicada em The American Journal of International Lato, de 1914. Fundou Amaro, em 1914, com a co

laboração de altos representantes do pensamento jurídico pátrio, a Sociedade Brasileira de Direito Internacional, que

fulgurante de juristas — Orozimbo No nato, Faladelfo Azevedo e Halmenumn Guimarães — consigna êste trecho:

"Gomo ponto essencial da regulamen tação do instituto, foi atribuída ao juiz a faculdade de reduzir com equidade,

em qualquer caso, a cláusula penui ex cessiva, preceito que Saleilles conusiderou marcante do Código Alemão e tom» di.spensável a fixação de limite para a

foi o encanto de sua vida, nos últimos

pena, como faz o Código Civil no art.

períodos. • Essa instituição subsiste pres

920."

tando serviços assinalados com a realiza

ção de conferências e a publicação do Boletim dirigido pelo eminente jurista e acadêmico sr. Levi Carneiro.

Resta aludir à produção de Amaro Cavalcanti no campo do direito civil.

Coube-lhe relatar, pelo Instituto dos Advogados, a parte especial do projeto

A responsabilidade civil do Estado consagrou Amaro Cavalcanti um livro,

que é, sem exagêro, o mais completo da literatura jurídica americana e um dos melhores entre os produzidos por auto res de outros países.

O livro foi publicado em 1905. Não há prurido de nacionalismo con

do Código Civil, relativa ao direito das

siderar o seu valor, em confronto com

obrigações. O trabalho é de 1901. Ne le sobressaem tendências que poderiam

trabalhos especializados, editados anos depois, e somente a êstes, sem aludir

no solar da Rua D. Carlota ou nas vile-

giaturas do Teresópolis, quando os corFigura inconfundível de firmeza sem arrogância, energia e robustez mental que a longevidade não alterou; amigo insuperável nas dádivas do coração ge

acentua c»mr justeza:

que ela está dispuesta a proceder con Ia mas gran prudência." Vários internacionalistas referem-se a trabalhos de Amaro Cavalcanti como

Do . homem, a minha Sí\udade de

discípulo o revê, nas nossas conversas

portante assT.into".

tante obra

mo, posteriormente desenvolvida, e.n

Cavalcanti.

tesãos da fortuna se retraíam.

adotado para realizarlos.

que o preclaro professor argentino qua

Procurei traçar-vos, nos limites de uma conferência, a vida e a obra de Amaro

serem aprofundar o estudo de tão im

de equilíbrio entre os interesse» sulto brasileno, consideramos que Ia or- sabor em eonflito O que ôle enuncm na ma ganisacion que se ha dado a los trabajos de La Junta y ei método que ha téria identifica-se com a opmiao de Col Hacen creer

39

Aguiar Dias, nu sua recente c impor Da resfjonsabilidade civil,

"A atualidade do trabalho de Amaro

neroso e

nas envolturas de

um

aco

nada .sofreu nos quarenta anos que de-

lhimento sem artifícios!

correraiií de sua publicação. Continua a informar os nossos jiuistas e a ser de

dos tipos representativos da nossa raça,

Honremos em Amaro Cavalcanti um

miíxima jitilidade no estudo do pro

tenaz e confiante, e um dos símbolos

blema."

da nossa elevação jurídica.


píGIíSTO Ef:ON-ÓMK'<"'

38

Digicsto Econò^uco

do professor Jascenlco o qualificativo de

aos trabalhos de direito administratí-

justas.

^'0: Giliberti-Mcssina em 1909, Gían-

No particular do direito ameri

quinto em 1912, Paul Duez cm 1938,

cano os seus conceitos se distanciavam

dos de Alcorta, mas Cruchaga Tocornal, a quem devemos reverências pelo seu amor ao Brasil, apoiou no seu livro

as idéias de Amaro, já expostas na Jun ta de Jurisconsultos:

De acuerdo com o eminente juríscon-

1^ ,cn lU""* humana e o cntcno pao direito e cousa ^ r

T ' na há de aplica-lo w ser também hu-

ra

mano.

As suas idéias, pot exemplo, sobre as

obrigações com cblusula penal, tem o

Benato Alcs.sl em 1939.

Referindo-se ao livro de Amaro, Viveiro.s de Castro, no seu Tratado de Di

reito Administrativo, recomenda a. sua'

leitura como "indispensável aos que qui

lifica de "excessivo rigor que o direito

contemporâneo fulmina", invocando en tão o Código Alemão, o Codigo Suíço ^nte de proveitosa consulta. Além de das Obrigações e o Código Cival da Rús- '

Cmchaga Tocomal, entre outros Ope-

nheim, em International Lato,e Bustaman-

sia Soviética.

Para honra de Amaro, a Exposição de

te, em sua obra clássica, recomendam A

Motivos do Anteprojeto do Código de codificação do direito internacional, de Obrigações, elaborado por esta trindade

1914, A neuiraltdade e as restrições do comercio internacional na presente guer ra européia, de 1916, e Restritiue clau-

ses in International Arhitration Teatries,

publicada em The American Journal of International Lato, de 1914. Fundou Amaro, em 1914, com a co

laboração de altos representantes do pensamento jurídico pátrio, a Sociedade Brasileira de Direito Internacional, que

fulgurante de juristas — Orozimbo No nato, Faladelfo Azevedo e Halmenumn Guimarães — consigna êste trecho:

"Gomo ponto essencial da regulamen tação do instituto, foi atribuída ao juiz a faculdade de reduzir com equidade,

em qualquer caso, a cláusula penui ex cessiva, preceito que Saleilles conusiderou marcante do Código Alemão e tom» di.spensável a fixação de limite para a

foi o encanto de sua vida, nos últimos

pena, como faz o Código Civil no art.

períodos. • Essa instituição subsiste pres

920."

tando serviços assinalados com a realiza

ção de conferências e a publicação do Boletim dirigido pelo eminente jurista e acadêmico sr. Levi Carneiro.

Resta aludir à produção de Amaro Cavalcanti no campo do direito civil.

Coube-lhe relatar, pelo Instituto dos Advogados, a parte especial do projeto

A responsabilidade civil do Estado consagrou Amaro Cavalcanti um livro,

que é, sem exagêro, o mais completo da literatura jurídica americana e um dos melhores entre os produzidos por auto res de outros países.

O livro foi publicado em 1905. Não há prurido de nacionalismo con

do Código Civil, relativa ao direito das

siderar o seu valor, em confronto com

obrigações. O trabalho é de 1901. Ne le sobressaem tendências que poderiam

trabalhos especializados, editados anos depois, e somente a êstes, sem aludir

no solar da Rua D. Carlota ou nas vile-

giaturas do Teresópolis, quando os corFigura inconfundível de firmeza sem arrogância, energia e robustez mental que a longevidade não alterou; amigo insuperável nas dádivas do coração ge

acentua c»mr justeza:

que ela está dispuesta a proceder con Ia mas gran prudência." Vários internacionalistas referem-se a trabalhos de Amaro Cavalcanti como

Do . homem, a minha Sí\udade de

discípulo o revê, nas nossas conversas

portante assT.into".

tante obra

mo, posteriormente desenvolvida, e.n

Cavalcanti.

tesãos da fortuna se retraíam.

adotado para realizarlos.

que o preclaro professor argentino qua

Procurei traçar-vos, nos limites de uma conferência, a vida e a obra de Amaro

serem aprofundar o estudo de tão im

de equilíbrio entre os interesse» sulto brasileno, consideramos que Ia or- sabor em eonflito O que ôle enuncm na ma ganisacion que se ha dado a los trabajos de La Junta y ei método que ha téria identifica-se com a opmiao de Col Hacen creer

39

Aguiar Dias, nu sua recente c impor Da resfjonsabilidade civil,

"A atualidade do trabalho de Amaro

neroso e

nas envolturas de

um

aco

nada .sofreu nos quarenta anos que de-

lhimento sem artifícios!

correraiií de sua publicação. Continua a informar os nossos jiuistas e a ser de

dos tipos representativos da nossa raça,

Honremos em Amaro Cavalcanti um

miíxima jitilidade no estudo do pro

tenaz e confiante, e um dos símbolos

blema."

da nossa elevação jurídica.


Dfc:Kí>T<j Econômico

pela independência política. Surge as

Uma política econômica

sim a escola romântica o nacionalista, que teve os seus fundamentos, como co

Discurso proferido na Câmara dos Depnfados e «|ac reeebea calorosos aplausos

nhecido economista o acentua, "não em

idéias e literatura importadas, não em simpatia política, não em idéias filosó

Horacio Lafer

O estudarmos a receita pública brasileira, a sensação da sua

ficas apriorísticas, mas nas condições do

Recorramo.s um pouco á história, eirr

dois exemplos dos mais altos, o inglês

iüeio e no anseio de expandir e desenvol ver o país". Há um grande território a trabalhar, e assim a política deve ser na

e o norte-americano. A Inglaterra se firmou como país de órbita internacio nal, pois é através o oceano que a ilha transfunde a.s suas energias. Com um mercado interno limitado, a sua expan são exige um inqjório, c para tal o gênio

cional e não internacional; há riquezas a explorar que não podem ficar sujeitas

ção certamente seria um caminho acon

inglês desenvolve a navegação, o seguro,

selhável, embora parcial. Todos sentem

o aceite bancário com o "clearing" em Londres, o empréstimo público ao ex

orientação econômica, que são o roman tismo, o nacionalismo, o otimismo, o

exigüidade ante as exigências das despesas sempre nos do mina e entristece e surge a

pergunta fjue todos se fazem de como será possível aumen tá-la. A melhor fiscalização e arrecada

que algo de mais profundo e generali zado se impõe para que os governos possam contar com mais recursos na sua

terior.

Tudo visa o domínio através de

a teorias alienígenas restritivas, e agsim

a poMtica tem que ser de e.xpansão. A fôrça vital imanente no organismo ame ricano fixa as características da sua

protecionismo e o anticlassismo, ou, sin

tetizando, a ausência de teorias apriorís

um sistema internacional que lhe pos

ticas que restrinjam o espírito de progres-so e de realizações, que é o único

vênia para abordar. A teoria do neovitalismo que Driesch desenvolveu, vós a

sibilite fugir da pequenez interna, e chegar a uma hegemonia que obteve. Então a Inglaterra passa a difundir teo rias econômicas cujos característicos são

conheceis.

Essa "vis vitalis", a força

as linhas restritivas dc expansão que

vital que deve ser encaminhada com um objetivo, se críticos não a aceitam como

deve ser contida dentro da evolução na tural dos fatos, e o pessimismo como

base da filosofia, ninguém a contesta como um fato que atinge o organismo

advertência aos perigos de inovações ou modificações no campo económico-finan-

social, que precisa ser compreendido

ceiro. Essa escola clássica inglesa en contra explicação na geografia que enca minha a "vis vitalis" para assenhorear-se

luta contra as imensas necessidades bra

sileiras. Êste é o aspecto que pedimos

para bem orientá-la.

E quem não a

sente no Brasil, na própria geração es

traço dominante da esconomia america na. A sua primeira graude voz foi Ha

milton, que em 1796 declarava; "nós traballiamos rudemente para estabelecer no país princípios cada vez mais nacio

nais c livres de ingredientes estrangei ros, para que não sejamos nem gregos nem troianos, mas verdadeiros america

nos". "Onde há um interesse de um pro duto — dizia êle — lá está o interesse

do país."

pontânea da natureza, na conquista dos sertões, primeiro pelas bandeiras, depois pela cana, pelo café, pela pecuária? Ul trapassado o ciclo de outros valores como o religioso e o das conquistas territoriais,

começaram a sua vida de nação livre.

cionisnío não

ó fato econômico que prepondera e essa

Imigrantes conhecedores das coisas, vêem

restrição

fôrça vital age hoje sobretudo na luta

as suas imensas possibilidades e no Sul

emancipação;

econômica dos indivíduos e das socie

a influência francesa

teoria inglôsa da

dades. Assim, cumpre examinar o espí

exemplo do nacionalismo econômico de Napoleão. Todos sentem que um país noTo tem que progredir e lutar no cam po econômico como lutou pelas armas

rito e os fatôres que movem essa fôrça,

as razões profundas que impelem êsse dinamismo vital.

dos mares e construir uma economia de órbita internacional.

Outro capítulo, entretanto, surge na história do mundo.

O grande teórico do americanismo na

ec-onomia foi Henry Carey, cujos livros Os Estados Unidos

está

cheia

do

tiveram a maior influência, mesmo na

Eiuopa. "Protee

é

sim

a

moeda e crédito

país novo que se precisa desenvolver", foi um dos temas da doutrina eco

nômica que Carey defendeu.

A luta

pela emancipação política e a guerra civil pela unidade pátria deram aos Es

tados Unidos o sentido de uma política econômica nacionalista, de caráter interfronteiríço, de estímulo ao indiriduo para que empreendesse, de mística da e.xpansão.

Ao intemacionalismo e con

servadorismo inglêses, opunha-se assim o transformismo nacionalista, inovador

otimista, americano. Duas concepções diferentes devido a geografia e fatôres históricos.

E qual o sentido da evolução econô

mica brasileira? Cont um país enorme e cheio de possibilidades, o quadro se as semelha ao americano.

Mas, infeliz

mente, os fatôres iniciais da nossa evo-

ução econômica foram desviados e per turbados. No período colonial tivemos os portos fechados e a proibição do co

mércio interprovincial. No Império es tivemos dominados pelas idéias políticas,

literárias e econômicas da Europa. A Re publica não soube ainda criar a mística

da expansão brasileira em um aparelha-

mento necessílrío para sua aceleração.

Ora, nenlmma idéia geral, seja política,

social ou econômica, se impõe a nãò ser

pela mística de que se revista e pela organização que se lhe empresta para sua efetivação. Asseguramos o sentido da nossa vida política da unidade na cional, na democracia dentro da Fe deração.

Fixa-

W)s

nossa

a

orientação social na igualdade de todos contra

é para o Banco

quaisquer

da Inglaterra e

conceitos, e na

não

integração cres

para

\un

pre

cente dos indiví-


Dfc:Kí>T<j Econômico

pela independência política. Surge as

Uma política econômica

sim a escola romântica o nacionalista, que teve os seus fundamentos, como co

Discurso proferido na Câmara dos Depnfados e «|ac reeebea calorosos aplausos

nhecido economista o acentua, "não em

idéias e literatura importadas, não em simpatia política, não em idéias filosó

Horacio Lafer

O estudarmos a receita pública brasileira, a sensação da sua

ficas apriorísticas, mas nas condições do

Recorramo.s um pouco á história, eirr

dois exemplos dos mais altos, o inglês

iüeio e no anseio de expandir e desenvol ver o país". Há um grande território a trabalhar, e assim a política deve ser na

e o norte-americano. A Inglaterra se firmou como país de órbita internacio nal, pois é através o oceano que a ilha transfunde a.s suas energias. Com um mercado interno limitado, a sua expan são exige um inqjório, c para tal o gênio

cional e não internacional; há riquezas a explorar que não podem ficar sujeitas

ção certamente seria um caminho acon

inglês desenvolve a navegação, o seguro,

selhável, embora parcial. Todos sentem

o aceite bancário com o "clearing" em Londres, o empréstimo público ao ex

orientação econômica, que são o roman tismo, o nacionalismo, o otimismo, o

exigüidade ante as exigências das despesas sempre nos do mina e entristece e surge a

pergunta fjue todos se fazem de como será possível aumen tá-la. A melhor fiscalização e arrecada

que algo de mais profundo e generali zado se impõe para que os governos possam contar com mais recursos na sua

terior.

Tudo visa o domínio através de

a teorias alienígenas restritivas, e agsim

a poMtica tem que ser de e.xpansão. A fôrça vital imanente no organismo ame ricano fixa as características da sua

protecionismo e o anticlassismo, ou, sin

tetizando, a ausência de teorias apriorís

um sistema internacional que lhe pos

ticas que restrinjam o espírito de progres-so e de realizações, que é o único

vênia para abordar. A teoria do neovitalismo que Driesch desenvolveu, vós a

sibilite fugir da pequenez interna, e chegar a uma hegemonia que obteve. Então a Inglaterra passa a difundir teo rias econômicas cujos característicos são

conheceis.

Essa "vis vitalis", a força

as linhas restritivas dc expansão que

vital que deve ser encaminhada com um objetivo, se críticos não a aceitam como

deve ser contida dentro da evolução na tural dos fatos, e o pessimismo como

base da filosofia, ninguém a contesta como um fato que atinge o organismo

advertência aos perigos de inovações ou modificações no campo económico-finan-

social, que precisa ser compreendido

ceiro. Essa escola clássica inglesa en contra explicação na geografia que enca minha a "vis vitalis" para assenhorear-se

luta contra as imensas necessidades bra

sileiras. Êste é o aspecto que pedimos

para bem orientá-la.

E quem não a

sente no Brasil, na própria geração es

traço dominante da esconomia america na. A sua primeira graude voz foi Ha

milton, que em 1796 declarava; "nós traballiamos rudemente para estabelecer no país princípios cada vez mais nacio

nais c livres de ingredientes estrangei ros, para que não sejamos nem gregos nem troianos, mas verdadeiros america

nos". "Onde há um interesse de um pro duto — dizia êle — lá está o interesse

do país."

pontânea da natureza, na conquista dos sertões, primeiro pelas bandeiras, depois pela cana, pelo café, pela pecuária? Ul trapassado o ciclo de outros valores como o religioso e o das conquistas territoriais,

começaram a sua vida de nação livre.

cionisnío não

ó fato econômico que prepondera e essa

Imigrantes conhecedores das coisas, vêem

restrição

fôrça vital age hoje sobretudo na luta

as suas imensas possibilidades e no Sul

emancipação;

econômica dos indivíduos e das socie

a influência francesa

teoria inglôsa da

dades. Assim, cumpre examinar o espí

exemplo do nacionalismo econômico de Napoleão. Todos sentem que um país noTo tem que progredir e lutar no cam po econômico como lutou pelas armas

rito e os fatôres que movem essa fôrça,

as razões profundas que impelem êsse dinamismo vital.

dos mares e construir uma economia de órbita internacional.

Outro capítulo, entretanto, surge na história do mundo.

O grande teórico do americanismo na

ec-onomia foi Henry Carey, cujos livros Os Estados Unidos

está

cheia

do

tiveram a maior influência, mesmo na

Eiuopa. "Protee

é

sim

a

moeda e crédito

país novo que se precisa desenvolver", foi um dos temas da doutrina eco

nômica que Carey defendeu.

A luta

pela emancipação política e a guerra civil pela unidade pátria deram aos Es

tados Unidos o sentido de uma política econômica nacionalista, de caráter interfronteiríço, de estímulo ao indiriduo para que empreendesse, de mística da e.xpansão.

Ao intemacionalismo e con

servadorismo inglêses, opunha-se assim o transformismo nacionalista, inovador

otimista, americano. Duas concepções diferentes devido a geografia e fatôres históricos.

E qual o sentido da evolução econô

mica brasileira? Cont um país enorme e cheio de possibilidades, o quadro se as semelha ao americano.

Mas, infeliz

mente, os fatôres iniciais da nossa evo-

ução econômica foram desviados e per turbados. No período colonial tivemos os portos fechados e a proibição do co

mércio interprovincial. No Império es tivemos dominados pelas idéias políticas,

literárias e econômicas da Europa. A Re publica não soube ainda criar a mística

da expansão brasileira em um aparelha-

mento necessílrío para sua aceleração.

Ora, nenlmma idéia geral, seja política,

social ou econômica, se impõe a nãò ser

pela mística de que se revista e pela organização que se lhe empresta para sua efetivação. Asseguramos o sentido da nossa vida política da unidade na cional, na democracia dentro da Fe deração.

Fixa-

W)s

nossa

a

orientação social na igualdade de todos contra

é para o Banco

quaisquer

da Inglaterra e

conceitos, e na

não

integração cres

para

\un

pre

cente dos indiví-


. • if -X- ^ í'

Dígesto Econômico 42

Dígesto Econômico :43

duos nas possibilidades coletivas. Mas ainda não objetivamos o sentido dos nos sos rumos econômicos.

A mística do

progresso econômico em seu aspecto ro

mântico que forma os heróis e grandes homens, no seu aspecto prático que esti

mula esforços e apóia as realizações, no seu sentido nacional que prepara os

elementos para as condições específicas do povo e da terra, ainda continua uma idéia ausente.

Precisamos ser, em eco

6 reduzida, e nad;i significa ante o au

portar.

mento do patrimônio das enticlaclcs govemamenlais. Conseguimos um lugar honro.so entro os países no intercâmbio mundial, já que estamos cm 7." lugar entre os países exportadores e 10.° lugar

oxigênio e não produzimos azôto, que

Temos potencial elétrico e

as nossas terras reclamam.

As terras

pletando as ligações rodo-fcrroviárias de

férteis aí estão, mas os cereais muitas vezes rareiam e o produtor polico re cebe, ao passo que o consumidor cada vez mais alto paga. Os nossos pastos são extcnsíssimos, mas os rebanhos não

Norte a Sul e somos o 2." país do mundo

crescem na proporção das nossas ne

em movimento aéreo. País na latitude 39 graus, nenhum outro de igual loca

cessidades, corri perigosas perspectivas

entre o.s importadores.

Estamos com

para o futuro.

Importamos centenas

nomia, o que os americanos foram —

lização tanto se desenvoK-eu no seu as

de milhões de cruzeiros de frutas e

nacionalistas, otimistas, transformistas,

pecto panorâmico. O pedestal do q»® temos e possuímos está preparado para que mais e mais venhamos a possuir. Com aplausos gerais, o atual govémo do Presidente Eurico Dutra mais apri

temos das melhores do mundo. Aban

inovadores, e repetir com Hamilton, até que penetre no subconsciente de todos,

que onde há o interesse justo de um produtor, lá está o interôsse nacional. A nossa fòrça vital ainda não se enca minhou para rumos econômicos defini dos, e uns a copiar idéias inglesas, e

Outros sem coragem de seguir o espirito realizador americano, permanecemos po bres sendo ricos.

morou e estendeu a legislação socialConseguimos, assim, firmar no BraSil con-r ccpções políticas, sociológicas, de justiça e fraternidade humana, que honrariam qualquer país do mundo. Vós o sabeís, que todos nós o senti

donamos a pirita que temos e com pramos enxofre. Somos um país que, preparado convenientemente, poderia atrair centenas de milhares de turistas, c são os brasileiros que, aos milhares, são os turistas em outros países. Fábri cas nacionais de vagões estão quase pa ralisadas, e as estradas lutam com falta de vagões para transportes. Não disI>omos de divisas para comprar locomo-

que constitua o subconsciente do homem

e dos governos. Infelizmente, longe es tamos desse quadro. O homem, entre

nós, ainda, com e.xceções crescentes, é um inconformado com o seu fracasso e

muitas vezes um maldizente dos êxitos

alheios. Aquele que empreende passa a ser um aproveitador, o que vence um desonesto, e quanto maíor o êxito maio res serão as prevenções.

Ao invés do

enaltecimento, pelo menos, como esti

mulo para que outros sigam o exemplo, uma rede de suspeições, ataques, injus tiças procura abafar quem age e triunfa, fim de que haja menos e desfaça o que conseguiu. Ao invés de castigar os

que abusam e prevaricam, generalizamse conceitos deprimentes e depressivos para a formação de imi ambiente dinâ mico de estímulo e progresso. Assim, os homens cuja experiência deveria ser aproveitada para os negócios coletivos

mos. Dez por cento das terras de qu© dispomos, sabidamente apropriadas, pro duziriam todo o trigo de que precisamos,

ti\as, c estas poderiam .sc-r fabricadas

cometem o impatriótico êrro de cada vez

aqui. Mandamos bicscar leite cm pó, fruta.s^ o legumes em latas, peixes resse

da política, e todos esperam tudo do

e apenas se começa a ter tiúgo. Louva-

cados c em conserva, e tão fácil seria

horrores da anarquia americana, dando na América do Centro c do Sul "pela

mo-no.s nas infonnações da Standard

tempera doce c cordata, e espírito con servador o prudente, inalo desamor às

do petróleo mundial e anualmente nos

obte-los no Brasil! Realmente, é um consolo e um incentivo tanto termos, mas não será clecepcionante para a nossa

desfalcamos em biliões de cruzeiro.s na

geração, do que temos, relativamente tão

- brutalidades da luta armada, o exemplo

sua importação. T.cmos o melhor miné

pouco possuirmo.s?

radioso e solidário da ordem, da estabi

rio dc feno do mundo c despendemos

lidade e da paz". No ciclo rural, a con

fortunas em compras dc ferro e aço eiTí forma de máquinas. No Nordeslcí, Norte

Nesta vibração dc nm pnvo que forja o seu futuro, tòcla a nossa história revela,

Muitos fatores positivos podem orgu

lhar a todos os brasileiros. No campo político solidificamos a unidade fugin do ao que Oliveira Viana chamou o.s

quista dos sertões pelo café é uma epo péia de coragem e realização no "hinter-

Oil para dizer que dispomos de 6^

e Centro, as melhores fibras abundam,

entretanto, a desoladora falta de uma

política econômica. Esta se compõe de

algumas nativas e, ao invés dc exportar mos para o mundo, somos grandes im

trés fatores essenciais — mentalidade,

cessário desenvolvimento das cidades,

portadores da índia. . . Temos a mellior banxita mas importamos o alumínio. As

que são os grandes consumidores de um

florestas aí estão, ma.s importamos ce

c uma decorrência daquele romantismo econômico que iluminou os homens ame ricanos. Mistura de fé e consciência de dever, entusiasmo e otimismo, altruísmo para com êxitos alheios, determinação

Jand". que criou c civilizou.

O inci

piente ciclo industrial Já é mais do que lima e.sperança que se efetiva com o ne

país.- Sente-se uma nação que cresce,

que se civiliza, que procura valorizar o homem na luta contra o meio hostil. A nossa dívida pública, interna e externa

lulose.

Temos sal e força c importa

mos soda cáustica e cloro. Quem terá melhores plantas oleaginosas? — c ims faltam gorduras que poderíamos cx-

organizaç.ão e técnica.

A mentalidade '

persistente, ela é como a energia elétri ca, que não se vê e tudo move, desde

mais se afastarem dos cargos públicos e

Governo, cuja função é somente orien tadora e .supletiva e nunca a de subs tituir ao indivíduo. Por outro lado, os governo.s sem mentalidade do "fato eco

nômico" ainda vêem no produtor um pedinte, e, qualquer auxílio que conce

dam, um fai or que, diante de solicitações prementes, se dignam conceder "a posteiiori". Essa mentalidade dos homens

e dos governos, que há um século"^ vem sendo deformada, precisa ser .substituí da por aquela de feição mística da qual faJamos. Logo após a mentalidade, o segundo fator de uma política econômi ca e a organização.

Não somos daquele.s que por tudo culpam os governos. Mas é forçoso rewnhecer que a organização do Poder

Executivo para a execução de uma poütica econômica permaneceu antiqua-


. • if -X- ^ í'

Dígesto Econômico 42

Dígesto Econômico :43

duos nas possibilidades coletivas. Mas ainda não objetivamos o sentido dos nos sos rumos econômicos.

A mística do

progresso econômico em seu aspecto ro

mântico que forma os heróis e grandes homens, no seu aspecto prático que esti

mula esforços e apóia as realizações, no seu sentido nacional que prepara os

elementos para as condições específicas do povo e da terra, ainda continua uma idéia ausente.

Precisamos ser, em eco

6 reduzida, e nad;i significa ante o au

portar.

mento do patrimônio das enticlaclcs govemamenlais. Conseguimos um lugar honro.so entro os países no intercâmbio mundial, já que estamos cm 7." lugar entre os países exportadores e 10.° lugar

oxigênio e não produzimos azôto, que

Temos potencial elétrico e

as nossas terras reclamam.

As terras

pletando as ligações rodo-fcrroviárias de

férteis aí estão, mas os cereais muitas vezes rareiam e o produtor polico re cebe, ao passo que o consumidor cada vez mais alto paga. Os nossos pastos são extcnsíssimos, mas os rebanhos não

Norte a Sul e somos o 2." país do mundo

crescem na proporção das nossas ne

em movimento aéreo. País na latitude 39 graus, nenhum outro de igual loca

cessidades, corri perigosas perspectivas

entre o.s importadores.

Estamos com

para o futuro.

Importamos centenas

nomia, o que os americanos foram —

lização tanto se desenvoK-eu no seu as

de milhões de cruzeiros de frutas e

nacionalistas, otimistas, transformistas,

pecto panorâmico. O pedestal do q»® temos e possuímos está preparado para que mais e mais venhamos a possuir. Com aplausos gerais, o atual govémo do Presidente Eurico Dutra mais apri

temos das melhores do mundo. Aban

inovadores, e repetir com Hamilton, até que penetre no subconsciente de todos,

que onde há o interesse justo de um produtor, lá está o interôsse nacional. A nossa fòrça vital ainda não se enca minhou para rumos econômicos defini dos, e uns a copiar idéias inglesas, e

Outros sem coragem de seguir o espirito realizador americano, permanecemos po bres sendo ricos.

morou e estendeu a legislação socialConseguimos, assim, firmar no BraSil con-r ccpções políticas, sociológicas, de justiça e fraternidade humana, que honrariam qualquer país do mundo. Vós o sabeís, que todos nós o senti

donamos a pirita que temos e com pramos enxofre. Somos um país que, preparado convenientemente, poderia atrair centenas de milhares de turistas, c são os brasileiros que, aos milhares, são os turistas em outros países. Fábri cas nacionais de vagões estão quase pa ralisadas, e as estradas lutam com falta de vagões para transportes. Não disI>omos de divisas para comprar locomo-

que constitua o subconsciente do homem

e dos governos. Infelizmente, longe es tamos desse quadro. O homem, entre

nós, ainda, com e.xceções crescentes, é um inconformado com o seu fracasso e

muitas vezes um maldizente dos êxitos

alheios. Aquele que empreende passa a ser um aproveitador, o que vence um desonesto, e quanto maíor o êxito maio res serão as prevenções.

Ao invés do

enaltecimento, pelo menos, como esti

mulo para que outros sigam o exemplo, uma rede de suspeições, ataques, injus tiças procura abafar quem age e triunfa, fim de que haja menos e desfaça o que conseguiu. Ao invés de castigar os

que abusam e prevaricam, generalizamse conceitos deprimentes e depressivos para a formação de imi ambiente dinâ mico de estímulo e progresso. Assim, os homens cuja experiência deveria ser aproveitada para os negócios coletivos

mos. Dez por cento das terras de qu© dispomos, sabidamente apropriadas, pro duziriam todo o trigo de que precisamos,

ti\as, c estas poderiam .sc-r fabricadas

cometem o impatriótico êrro de cada vez

aqui. Mandamos bicscar leite cm pó, fruta.s^ o legumes em latas, peixes resse

da política, e todos esperam tudo do

e apenas se começa a ter tiúgo. Louva-

cados c em conserva, e tão fácil seria

horrores da anarquia americana, dando na América do Centro c do Sul "pela

mo-no.s nas infonnações da Standard

tempera doce c cordata, e espírito con servador o prudente, inalo desamor às

do petróleo mundial e anualmente nos

obte-los no Brasil! Realmente, é um consolo e um incentivo tanto termos, mas não será clecepcionante para a nossa

desfalcamos em biliões de cruzeiro.s na

geração, do que temos, relativamente tão

- brutalidades da luta armada, o exemplo

sua importação. T.cmos o melhor miné

pouco possuirmo.s?

radioso e solidário da ordem, da estabi

rio dc feno do mundo c despendemos

lidade e da paz". No ciclo rural, a con

fortunas em compras dc ferro e aço eiTí forma de máquinas. No Nordeslcí, Norte

Nesta vibração dc nm pnvo que forja o seu futuro, tòcla a nossa história revela,

Muitos fatores positivos podem orgu

lhar a todos os brasileiros. No campo político solidificamos a unidade fugin do ao que Oliveira Viana chamou o.s

quista dos sertões pelo café é uma epo péia de coragem e realização no "hinter-

Oil para dizer que dispomos de 6^

e Centro, as melhores fibras abundam,

entretanto, a desoladora falta de uma

política econômica. Esta se compõe de

algumas nativas e, ao invés dc exportar mos para o mundo, somos grandes im

trés fatores essenciais — mentalidade,

cessário desenvolvimento das cidades,

portadores da índia. . . Temos a mellior banxita mas importamos o alumínio. As

que são os grandes consumidores de um

florestas aí estão, ma.s importamos ce

c uma decorrência daquele romantismo econômico que iluminou os homens ame ricanos. Mistura de fé e consciência de dever, entusiasmo e otimismo, altruísmo para com êxitos alheios, determinação

Jand". que criou c civilizou.

O inci

piente ciclo industrial Já é mais do que lima e.sperança que se efetiva com o ne

país.- Sente-se uma nação que cresce,

que se civiliza, que procura valorizar o homem na luta contra o meio hostil. A nossa dívida pública, interna e externa

lulose.

Temos sal e força c importa

mos soda cáustica e cloro. Quem terá melhores plantas oleaginosas? — c ims faltam gorduras que poderíamos cx-

organizaç.ão e técnica.

A mentalidade '

persistente, ela é como a energia elétri ca, que não se vê e tudo move, desde

mais se afastarem dos cargos públicos e

Governo, cuja função é somente orien tadora e .supletiva e nunca a de subs tituir ao indivíduo. Por outro lado, os governo.s sem mentalidade do "fato eco

nômico" ainda vêem no produtor um pedinte, e, qualquer auxílio que conce

dam, um fai or que, diante de solicitações prementes, se dignam conceder "a posteiiori". Essa mentalidade dos homens

e dos governos, que há um século"^ vem sendo deformada, precisa ser .substituí da por aquela de feição mística da qual faJamos. Logo após a mentalidade, o segundo fator de uma política econômi ca e a organização.

Não somos daquele.s que por tudo culpam os governos. Mas é forçoso rewnhecer que a organização do Poder

Executivo para a execução de uma poütica econômica permaneceu antiqua-


45

Dioksto Econômico

DiCBSTO ECONÓMTCr» 44

da c inadequada.' Os problemas da produção são hoje tratados pelos Minis térios do Trabalho, Agricultura, Fazen

da e Exterior. O primeiro,* que também é de Indústria e Comércio, — tão vastos

problemas tem nos domínios da política e legislação do trabalho que não dispõe nem de aparelhaniento e menos de tempo para cuidar da indústria e do comércio.

Perderá o esforço qualquer

seja exclusivamente do Tesouro, isto e. trate de arrecadar melhor e pagar bem;

que o Ministério do Exterior faça a po lítica internacional.

Como órgão espe

a adoção de uma racional organi

zação do crédito em que encaminhe as

.sileiro.

de; os pântanos italianos convertidos em trigueirais; o ar, a água, os desperdícios

nossas disponibilidades para fins mais produtivos. Deflacionista é todo aque le que se opõe ao progresso do País, que acredita, como único fator, na falha teoria quantitativa clássica da moeda, que não dá ao organismo social o sangue para que viva; que, cerceando os meios

Assim, o Ministério do Tesouro

tege o' "detentor do dinheiro" contra o

dutor nacional.

nômica brasileira, que séculos de des

consumo.

Organização da política de crédito, da política de distribuição, da política do

aparelhamento que possa estudar os pro

ganização. O gover

blemas e auxiliá-los

no do preclaro Ge

O

neral Enrico Gaspar

Dutra, que brilliante-

que cuida da produ

mente

delineou

tringem operações e recolhem pape!-moe-

que tem estado nas cogitações de S. Exa.,

ca. Na Comissão Parlamentar que estu

Vejamos o outro fator, que é a técni da a situação econômica norte-ameri

cana, Mac Cabe, presidente do Federal

atribui aos que defendem a produção nacional a quimera de auto-suficiência,

produzem e mesmo combatem inflações;

em um isolamento nacionalista. O desen

outras vêzes, este fenomeno se piocessa sem aumento de meio cireulante. Porque

duzidos, determinando aumento de preços,

volvimento econômico de um país não é inimigo das importações. Estas cres cem à medida que um povo se civiliza e dependem das disponibilidades de di visas. Produzir o que fòr possível e in

a inflação se verifica quando há excesso de meios de pagamento sobre bens pro

adiado até hoje por várias dificuldades

Assim, parece indubitável que o Mi nistério do Trabalho deva cuidar exclu

vras nada significam. Há emissões que não

da. Assim colocado o problema, as pala

às exigências do momento, problema este

que lhe têm sido opostas.

muitas vêzes o encarece, pela deficiência de artigos disponíveis, em benefício de quem mais pode pagar. O problema, pois, é de dosagem e boa aplicação, 0 nunca de princípios rígidos. É errônea a confusão de idéias que

que pleiteiam maiores créditos à produ

reforma da organização administrativa que o passado nos legou, adaptando-a

tros lhe forneçam informações.

uma continuidade indispensável.

ção, ou de deflacionistas àqueles que res

bases da reforma da organizíição do cre dito, também poderia ainda promover a

i

Ao invés de baratear o custo

da vida pela quantidade de bens à venda,

emissionistas, ora de inflacionistas, aos

a.s

produtor que alimenta o emprego e o

preocupação não permitiram firmar em São freqüentes as acusações ora dé

é organização e só or

Ministério do Exterior,-

nacional; que o Ministério da Fazenda

de pagamento necessários, evita que

defensor vigilante e contínuo do pro

setor executivo," tudo

sivamente das relações com o traballio

não são empíricos, mas científicos, no mundo econômico moderno. Com men

tes lá encontrarão um

realidade brasileira, é um eterno pedín-

confiemos o estudo dos problemas que

talidade apropriada, organização e técni ca, poderemos construir a política eco

paro u produção nO

te que pacientemente aguarda que ou

cos, va'orizemo-Ios e sobretudo a eles

agente impulsíonador do progresso, uni

to, da política de am

do a solicitar informações de "outros ministérios, sem contato direto com a

Assim,

haja produção indispensável e assim pro

vo casos maiores, os

cional, continua com uma arcaica orga

Tudo é tecnologia.

eduquemos técnicos, importemos técni

cer uma política econômica, ser um

produtores e nem és-

nização que tudo lhe dificulta. Obriga

dustriais.

Ma.s haveria um

estudo e planejamcn-

ção nos seus aspectos

transformados em valiosos produtos in

nanceiras, o Ministério do Exterior a sua

ria para atender, sal

de comércio interna

Também inflacionista é quem combate

exigidos para sustentar um só na cida

Ministério especializado, com aparelha mento para estudos técnicos, cuja fun ção fosse amparar a produção, estabele

na sua resolução.

nheiro" e contra a classe média, os que vivem de rendas e salários, a massa.

dutores, que examine os problemas econômicos e promova o progresso bra-

do Ministério do Trabalho, que não possui, justiça se lhe faça, elementos

Nem o ministro tem a folga necessá

sável ao po\'0, porque, diminuindo-a, a encarece em proveito dos que "têm di

produtividade, vários no campo eram

aplicação no exterior.

seus misteres de arrecadar e pagar.

do? Terras de areias de desertos trans

campo produzindo para sustentar vários nas cidades, quando antes, pela pouca

tica da produção, que ampare os pro

de caráter das relações com o trabalho

Fazenda, que resolve quase sempre os problemas da produção, relacionados que são com financiamento, mais tempo ainda necessitaria, exclusivamente para os

pagamento a necessária elasticidade, a fim de possibilitar a produção indispen

lestina; nos E. U. A., um homem no

nistério da Produção, que estude a polí

somente examinaria as possibilidades fi

O Ministério da

cionista aquêle que nega aos meios de

formadas em jardins de cultura na Pa

cializado, então, é indispensável »im Mi

produtor que espere o estudo, o apoio, a um problema industrial que nSo seja

para ação diferente.

Reserve Board, declarou que os E. U. A.

resolveriam qualquer crise com uma ar ma, a tecnologia. Que vemos no mun

Assim, é inflacionista quem deseja

crementar as exportações é o melo de

emissões para fins especulativos, para cobrir déficits, para custear empreendi mentos cuja produtividade será muito

assegurar reservas de divisas para im portar uma série de bens para os quais

futura, determinando, durante essa de-

portações pode

calagem de tempo, excesso de meios de pagamento e alterações violentas de custo de vida. Igualmente, é também infla-

quantidade que tem a tendência ascen dente em países novos. Hoje devería mos desenvolver com prioridade produ-

hoje não há recursos. O gênero das im modificar-se, não

a


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Dioksto Econômico

DiCBSTO ECONÓMTCr» 44

da c inadequada.' Os problemas da produção são hoje tratados pelos Minis térios do Trabalho, Agricultura, Fazen

da e Exterior. O primeiro,* que também é de Indústria e Comércio, — tão vastos

problemas tem nos domínios da política e legislação do trabalho que não dispõe nem de aparelhaniento e menos de tempo para cuidar da indústria e do comércio.

Perderá o esforço qualquer

seja exclusivamente do Tesouro, isto e. trate de arrecadar melhor e pagar bem;

que o Ministério do Exterior faça a po lítica internacional.

Como órgão espe

a adoção de uma racional organi

zação do crédito em que encaminhe as

.sileiro.

de; os pântanos italianos convertidos em trigueirais; o ar, a água, os desperdícios

nossas disponibilidades para fins mais produtivos. Deflacionista é todo aque le que se opõe ao progresso do País, que acredita, como único fator, na falha teoria quantitativa clássica da moeda, que não dá ao organismo social o sangue para que viva; que, cerceando os meios

Assim, o Ministério do Tesouro

tege o' "detentor do dinheiro" contra o

dutor nacional.

nômica brasileira, que séculos de des

consumo.

Organização da política de crédito, da política de distribuição, da política do

aparelhamento que possa estudar os pro

ganização. O gover

blemas e auxiliá-los

no do preclaro Ge

O

neral Enrico Gaspar

Dutra, que brilliante-

que cuida da produ

mente

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tringem operações e recolhem pape!-moe-

que tem estado nas cogitações de S. Exa.,

ca. Na Comissão Parlamentar que estu

Vejamos o outro fator, que é a técni da a situação econômica norte-ameri

cana, Mac Cabe, presidente do Federal

atribui aos que defendem a produção nacional a quimera de auto-suficiência,

produzem e mesmo combatem inflações;

em um isolamento nacionalista. O desen

outras vêzes, este fenomeno se piocessa sem aumento de meio cireulante. Porque

duzidos, determinando aumento de preços,

volvimento econômico de um país não é inimigo das importações. Estas cres cem à medida que um povo se civiliza e dependem das disponibilidades de di visas. Produzir o que fòr possível e in

a inflação se verifica quando há excesso de meios de pagamento sobre bens pro

adiado até hoje por várias dificuldades

Assim, parece indubitável que o Mi nistério do Trabalho deva cuidar exclu

vras nada significam. Há emissões que não

da. Assim colocado o problema, as pala

às exigências do momento, problema este

que lhe têm sido opostas.

muitas vêzes o encarece, pela deficiência de artigos disponíveis, em benefício de quem mais pode pagar. O problema, pois, é de dosagem e boa aplicação, 0 nunca de princípios rígidos. É errônea a confusão de idéias que

que pleiteiam maiores créditos à produ

reforma da organização administrativa que o passado nos legou, adaptando-a

tros lhe forneçam informações.

uma continuidade indispensável.

ção, ou de deflacionistas àqueles que res

bases da reforma da organizíição do cre dito, também poderia ainda promover a

i

Ao invés de baratear o custo

da vida pela quantidade de bens à venda,

emissionistas, ora de inflacionistas, aos

a.s

produtor que alimenta o emprego e o

preocupação não permitiram firmar em São freqüentes as acusações ora dé

é organização e só or

Ministério do Exterior,-

nacional; que o Ministério da Fazenda

de pagamento necessários, evita que

defensor vigilante e contínuo do pro

setor executivo," tudo

sivamente das relações com o traballio

não são empíricos, mas científicos, no mundo econômico moderno. Com men

tes lá encontrarão um

realidade brasileira, é um eterno pedín-

confiemos o estudo dos problemas que

talidade apropriada, organização e técni ca, poderemos construir a política eco

paro u produção nO

te que pacientemente aguarda que ou

cos, va'orizemo-Ios e sobretudo a eles

agente impulsíonador do progresso, uni

to, da política de am

do a solicitar informações de "outros ministérios, sem contato direto com a

Assim,

haja produção indispensável e assim pro

vo casos maiores, os

cional, continua com uma arcaica orga

Tudo é tecnologia.

eduquemos técnicos, importemos técni

cer uma política econômica, ser um

produtores e nem és-

nização que tudo lhe dificulta. Obriga

dustriais.

Ma.s haveria um

estudo e planejamcn-

ção nos seus aspectos

transformados em valiosos produtos in

nanceiras, o Ministério do Exterior a sua

ria para atender, sal

de comércio interna

Também inflacionista é quem combate

exigidos para sustentar um só na cida

Ministério especializado, com aparelha mento para estudos técnicos, cuja fun ção fosse amparar a produção, estabele

na sua resolução.

nheiro" e contra a classe média, os que vivem de rendas e salários, a massa.

dutores, que examine os problemas econômicos e promova o progresso bra-

do Ministério do Trabalho, que não possui, justiça se lhe faça, elementos

Nem o ministro tem a folga necessá

sável ao po\'0, porque, diminuindo-a, a encarece em proveito dos que "têm di

produtividade, vários no campo eram

aplicação no exterior.

seus misteres de arrecadar e pagar.

do? Terras de areias de desertos trans

campo produzindo para sustentar vários nas cidades, quando antes, pela pouca

tica da produção, que ampare os pro

de caráter das relações com o trabalho

Fazenda, que resolve quase sempre os problemas da produção, relacionados que são com financiamento, mais tempo ainda necessitaria, exclusivamente para os

pagamento a necessária elasticidade, a fim de possibilitar a produção indispen

lestina; nos E. U. A., um homem no

nistério da Produção, que estude a polí

somente examinaria as possibilidades fi

O Ministério da

cionista aquêle que nega aos meios de

formadas em jardins de cultura na Pa

cializado, então, é indispensável »im Mi

produtor que espere o estudo, o apoio, a um problema industrial que nSo seja

para ação diferente.

Reserve Board, declarou que os E. U. A.

resolveriam qualquer crise com uma ar ma, a tecnologia. Que vemos no mun

Assim, é inflacionista quem deseja

crementar as exportações é o melo de

emissões para fins especulativos, para cobrir déficits, para custear empreendi mentos cuja produtividade será muito

assegurar reservas de divisas para im portar uma série de bens para os quais

futura, determinando, durante essa de-

portações pode

calagem de tempo, excesso de meios de pagamento e alterações violentas de custo de vida. Igualmente, é também infla-

quantidade que tem a tendência ascen dente em países novos. Hoje devería mos desenvolver com prioridade produ-

hoje não há recursos. O gênero das im modificar-se, não

a


46

^•õcs nacionais que poupassem remessas

de divisas e que pudessem ser exporta das, além das necessárias ao consumo

nacional. As sobras obtidas teriam apli'cação na importação de outros artigo.s que precisamos. Assim, o antagonismo

entre produção e importação não c.xiste, e uma possibilita a outra.

» Donde melhorar a sorte do homem do

campo de uma lavoura que definha?

povo se nao houver aumento de riqueO destino de milhões de hxaàeiTGs depende das iniciativas da produção e do seu amparo, como a única .solução

para elevar o "standard" de vida do

povo e diminuir progressivamente o pau perísmo que nos aflige. O próprio des

Homem

por subscrições públicas, nada .se fez; combatida com planos técnicos e de

conjunto, o êxito econômico 6 inegável. A industrialização do Norte do País. com- o aproveitamento das suas maté-

ria.s-primas, deve ser apressada porque a técnica moderna e a organização po dem operar transformações iraprevisí. veis na luta contra o desnível e o paupe' risníü. Assim, a cogitação dos homens

■ público.s precisa fixar-se em um plane jamento que anime a iniciativa que per mita desenvolver zonas hoje sem vida

vivido até o

tos com que poderia multiplicar infínv-

mentes e, assim mesmo, era muito pe-

se poderia assenhorcar das energias da natureza, e, com o auxílio delas, con

lidade eram a medida da força produ tora. Os instrumentos' mecânicos' por

quistar, domar, dominar a própria na

ê!e utilizados não passavam de utensí

Era a humanidade industrializada de Descartes com esta a abundância, a

ante.s, um grande sábio havia sonhado mecanismos que nao só produziriam em muito maior quantidade, como .substitui

indispensável nos desenvolvermos para que o brasileiro .seja menos pobre. Ho

riam a mão humauii.

Mas, nao passa

ra de um devaneio de filósofo.

mem em contacto com a lavoura, não

No entanto, nos meados do século

XVIII, aquilo que parecia ter sido uto pia de um cérebro por demais imagino so, so tomava uma realidade. É que os

dir se a base da riqueza nacional, lavou

lamente o trabalho do homem; com que

tpiena, porque o homem c a sua habi

com uma humanidade possuidora de

ao trabalho, vcmo.s, dia a dia, como c

agora a sua plena realiziição, isto c, a humanidade possuía aqueles instrumen

século XVIII pobvemenle. A produção .SC restringia às necessidades mais pre

lios ainda rudimentares. Alguns séculos

de iimà ação econômica, sobretudo para corrigir aquelas regiões lirasileíras que a geografia tanto castigou. Homem ligado

ra e pecuária modorram asfixiadas pela , ausência de crédito, de técnica, de trans

quanto a agonia da.s secas foi atendida

í

lizar com decisão e otimismo.

X.

do Sul, sentimos a proniência c a neces sidade da utilização do.s fatores positivos

do Paús exige uma política econômica

to menos a .solução poderá advir de filantropias transitórias c insuficientes. En-

1

cial, uma bênção do destino que muito no.s deu e que aos homens cumpre uti

O sonho daquele sábio encontrava

Hcv-oluçãn imhislrial A humanidade havia

nômico das nossas riquezas, mas as

nível hoje e.\istentc entre as várias regiões não existem mais regiões pobres obri gadas a permanecerem pobres. E mui-

.i

progresso, mas reconhecemos que ôle

compreendemos como possamos progre

adequada. Em rigor, dentro da técnica, ;

trói. Desejamos a aceleração do nosso

apontamos como um patrimônio poten

Que poderá • esperar o traballiador do

(1'rofo.ssor da Uni\'ersidade de São Paulo)

perísmo, ao apontar nossas falhas, se entrega ao pessimi.snío, que nada cons

.se enriquecer, mas pela única forma

nal. Porque da miséria nada promana

Roüeuto Pinto de Souz.a.

dificuldades, ao lamentar o nosso pau

existe. Queremos o aproveitamento eco

senão a miséria; di\idi-]a é aumentá-la.

Leão XIII e a questão social

econômica, mas com elementos quo se podem tomar positivos para o bem geral. Engana-se quem, ao \'crificar noasas

Quem batalha por uma política eco nômica de enriquecimento não luta para' viável de enfrentar o pauperísmo nacio

...

Dicesto ECONÓMÍCí)

tureza.

riqueza. Isso porque, enquanto o ho mem corporal fòsse a medida de tòdas as coisas, enquanto tudo de que preci sasse tivesse de ser produzido por suas débeis mãos, apenas podia haver aquè» les bens que eram capazes cie produzir os músculos que tão rapidamente s^ cansavam e o mundo material se conscr-

varia pobre e miserável e a liumanidade continuamente padeceria dc indigência.

cer" de Joim Kay, que já não necessi

No momento em que conseguis.se arqui tetar os instumicntos capazes de não só substituir como imiltiplicar a força do homem, haveria a fartura sobre a

como serem atendidas, 6 que clamamos

tavam .ser lançadas com a mão através

terra. Êssc momento se apresenta agora.

pela única solução eficiente do proble

da urdidura; a automática "mule-ienny"

Os maquinismos que aqueles fiandei

de jerediah Street. que precisava ape-

ros, ferreiros, barbeiros, mecânicos, pes

mecanismos inventados por Havgreaves,

porte, de distribuição, de amparo. E

Wyalt. Paul c Arkwriglit para "fiar sem

como relator da receita da União, obri-

dedos"; "as iiavetas voadoras para te

gado.s a comprimir despesas, contristados ante necessidades que não têm ma, que é uma política econômica de expansão, feita de estímulo aos que pro

na.s de crianças para alar os fios — vieram produzir, sem que seus inven

duzem, de programa, dc vigilância, de organização e técnica, de compreen.são e fé nas nossas possibilidades, que seja uma fonte dadivosa dc recursos .para o orçamento e dc bem-estar paru o povo.

Nesta convicção, fujamos daqueles que .só lamentam e comprimem; dos homens sem entusiasmo nem visão que falara

a voz dos mortos para um país que ape nas começa a viver.

tores tivessem a menor idéia, uma re

s-

volução profunda na Historia.

Uma

quisadores, engenheiros e sábios aven■ taram, libertaram para .sempre a huma nidade da miséria e determinaram o apa

recimento do industinalismo, que é o

nova era .se abre e um novo destino se oferece à humanidade. Esta, que vive

sinal típico do mundo contemporâneo.

ra parcamente até esse momento, transforma-sc em senhora e possuidora de

Çuestõo social

tôdas as forças que a natureza, duran te milhões de anos, acumulou nas suas entranhas.

Jí..f

Contudo, um grande desajustamento

havia de causar a nascente "grande in dústria". É que esta ia trazer ao mun-

íl


46

^•õcs nacionais que poupassem remessas

de divisas e que pudessem ser exporta das, além das necessárias ao consumo

nacional. As sobras obtidas teriam apli'cação na importação de outros artigo.s que precisamos. Assim, o antagonismo

entre produção e importação não c.xiste, e uma possibilita a outra.

» Donde melhorar a sorte do homem do

campo de uma lavoura que definha?

povo se nao houver aumento de riqueO destino de milhões de hxaàeiTGs depende das iniciativas da produção e do seu amparo, como a única .solução

para elevar o "standard" de vida do

povo e diminuir progressivamente o pau perísmo que nos aflige. O próprio des

Homem

por subscrições públicas, nada .se fez; combatida com planos técnicos e de

conjunto, o êxito econômico 6 inegável. A industrialização do Norte do País. com- o aproveitamento das suas maté-

ria.s-primas, deve ser apressada porque a técnica moderna e a organização po dem operar transformações iraprevisí. veis na luta contra o desnível e o paupe' risníü. Assim, a cogitação dos homens

■ público.s precisa fixar-se em um plane jamento que anime a iniciativa que per mita desenvolver zonas hoje sem vida

vivido até o

tos com que poderia multiplicar infínv-

mentes e, assim mesmo, era muito pe-

se poderia assenhorcar das energias da natureza, e, com o auxílio delas, con

lidade eram a medida da força produ tora. Os instrumentos' mecânicos' por

quistar, domar, dominar a própria na

ê!e utilizados não passavam de utensí

Era a humanidade industrializada de Descartes com esta a abundância, a

ante.s, um grande sábio havia sonhado mecanismos que nao só produziriam em muito maior quantidade, como .substitui

indispensável nos desenvolvermos para que o brasileiro .seja menos pobre. Ho

riam a mão humauii.

Mas, nao passa

ra de um devaneio de filósofo.

mem em contacto com a lavoura, não

No entanto, nos meados do século

XVIII, aquilo que parecia ter sido uto pia de um cérebro por demais imagino so, so tomava uma realidade. É que os

dir se a base da riqueza nacional, lavou

lamente o trabalho do homem; com que

tpiena, porque o homem c a sua habi

com uma humanidade possuidora de

ao trabalho, vcmo.s, dia a dia, como c

agora a sua plena realiziição, isto c, a humanidade possuía aqueles instrumen

século XVIII pobvemenle. A produção .SC restringia às necessidades mais pre

lios ainda rudimentares. Alguns séculos

de iimà ação econômica, sobretudo para corrigir aquelas regiões lirasileíras que a geografia tanto castigou. Homem ligado

ra e pecuária modorram asfixiadas pela , ausência de crédito, de técnica, de trans

quanto a agonia da.s secas foi atendida

í

lizar com decisão e otimismo.

X.

do Sul, sentimos a proniência c a neces sidade da utilização do.s fatores positivos

do Paús exige uma política econômica

to menos a .solução poderá advir de filantropias transitórias c insuficientes. En-

1

cial, uma bênção do destino que muito no.s deu e que aos homens cumpre uti

O sonho daquele sábio encontrava

Hcv-oluçãn imhislrial A humanidade havia

nômico das nossas riquezas, mas as

nível hoje e.\istentc entre as várias regiões não existem mais regiões pobres obri gadas a permanecerem pobres. E mui-

.i

progresso, mas reconhecemos que ôle

compreendemos como possamos progre

adequada. Em rigor, dentro da técnica, ;

trói. Desejamos a aceleração do nosso

apontamos como um patrimônio poten

Que poderá • esperar o traballiador do

(1'rofo.ssor da Uni\'ersidade de São Paulo)

perísmo, ao apontar nossas falhas, se entrega ao pessimi.snío, que nada cons

.se enriquecer, mas pela única forma

nal. Porque da miséria nada promana

Roüeuto Pinto de Souz.a.

dificuldades, ao lamentar o nosso pau

existe. Queremos o aproveitamento eco

senão a miséria; di\idi-]a é aumentá-la.

Leão XIII e a questão social

econômica, mas com elementos quo se podem tomar positivos para o bem geral. Engana-se quem, ao \'crificar noasas

Quem batalha por uma política eco nômica de enriquecimento não luta para' viável de enfrentar o pauperísmo nacio

...

Dicesto ECONÓMÍCí)

tureza.

riqueza. Isso porque, enquanto o ho mem corporal fòsse a medida de tòdas as coisas, enquanto tudo de que preci sasse tivesse de ser produzido por suas débeis mãos, apenas podia haver aquè» les bens que eram capazes cie produzir os músculos que tão rapidamente s^ cansavam e o mundo material se conscr-

varia pobre e miserável e a liumanidade continuamente padeceria dc indigência.

cer" de Joim Kay, que já não necessi

No momento em que conseguis.se arqui tetar os instumicntos capazes de não só substituir como imiltiplicar a força do homem, haveria a fartura sobre a

como serem atendidas, 6 que clamamos

tavam .ser lançadas com a mão através

terra. Êssc momento se apresenta agora.

pela única solução eficiente do proble

da urdidura; a automática "mule-ienny"

Os maquinismos que aqueles fiandei

de jerediah Street. que precisava ape-

ros, ferreiros, barbeiros, mecânicos, pes

mecanismos inventados por Havgreaves,

porte, de distribuição, de amparo. E

Wyalt. Paul c Arkwriglit para "fiar sem

como relator da receita da União, obri-

dedos"; "as iiavetas voadoras para te

gado.s a comprimir despesas, contristados ante necessidades que não têm ma, que é uma política econômica de expansão, feita de estímulo aos que pro

na.s de crianças para alar os fios — vieram produzir, sem que seus inven

duzem, de programa, dc vigilância, de organização e técnica, de compreen.são e fé nas nossas possibilidades, que seja uma fonte dadivosa dc recursos .para o orçamento e dc bem-estar paru o povo.

Nesta convicção, fujamos daqueles que .só lamentam e comprimem; dos homens sem entusiasmo nem visão que falara

a voz dos mortos para um país que ape nas começa a viver.

tores tivessem a menor idéia, uma re

s-

volução profunda na Historia.

Uma

quisadores, engenheiros e sábios aven■ taram, libertaram para .sempre a huma nidade da miséria e determinaram o apa

recimento do industinalismo, que é o

nova era .se abre e um novo destino se oferece à humanidade. Esta, que vive

sinal típico do mundo contemporâneo.

ra parcamente até esse momento, transforma-sc em senhora e possuidora de

Çuestõo social

tôdas as forças que a natureza, duran te milhões de anos, acumulou nas suas entranhas.

Jí..f

Contudo, um grande desajustamento

havia de causar a nascente "grande in dústria". É que esta ia trazer ao mun-

íl


Dicrsto Econômico

Dic;estci Econômico 49

do um dos maiores problemas que os

rio, mas, infelizmente, para a mercado

mais que reclame justiç-a dos podei cs

pensadores defrontaram — "a questão

ria "trabalho", submetida, como as de

públicos.

social" — que encheu todo o século

mais, às oscilações da oferta e da pro

XIX de lutas tremendas e que fez

cura.

milhões de criaturas padecerem os mais Ê que um abismo se abriu na huma

cro em grande escala, não se indaga se

nidade, dividíndo-a em dois campos

quem o executa é um adulto ou uma

opostos.

Déste momento em diante,

criança, um doente ou um homem são.

duas facções sociais, separadas por uma

O homem, a mulher c a criança eram para essa economia máquinas a tra

hostilidade inreconciliável, erguem-se uma em frente à outra; — patrões e openírios, ou melhor, homens que dispõem

do capital e de máquinas e homens que não possuem outra coisa senão seus braçt).s e suas próprias forças. Os ínterêsses

desses dois partidos antagônicos são pro

econômico.

fracos, encontrem uma defe

em

todos

os

campos, contudo, pertence

.Cl

à sotoplanura, é esquecido. Perde, assim, u sua dignida de de homem, de pessoa hu mana. É uma peça da gran

aos magnatas da indústria, isto porque o regime é o do

liberalismo.

Neste, o jogo

dos interesses individuais fi

de organização mecanista de

ca a mercê da força com

produção. Quando êsse ser humano não pode mais pro duzir, quando se toma uma máquina gasta, de molas

que êsses próprios interêsse.s

se revestem. Como o pode

leXo

rio está todo ao lado dos in

teresses do.s possuidores dos

meios de produção, é a favor dêsses que pesa a balança do grande jogo de ín terêsses que os economistas clássicos acreditavam

harmônicos.

tinuamente se avoluma e que parece

E na livre

imprestáveis, abandona-se à

caridade pública como um miserável in digente. O trabalhador, diante do sistema eco

nômico liberal do "laíssez faire, laissez

concorrência o abuso, a exploração iní

passar", não possui nenhuma garantia.

qua dos fracos impera.

Ê um abandonado à triste .sorte do si mesmp, por mais que proteste^ por

Não se olha

mais para o trabalhador, para o opera-

querer levar tudo à ruína.

■b

sear-se no antagonismo das profissões,

das condições e das classes, afinal na

oposição entre trabalho acumulado e

A grande

A

"sociedade burgue.sa

moderna,

de feudal" não suprimiu os antagonis

mos de classe. Qngiu-se a "substituir por riovas as antigas classes, os antigo.s

métodos de opressão, as antigas formas

• Enfim, em nossa época a sociedade mteira se biparte, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, "em duas grande.s classes em antagonismo: bur-

questão social tem nesse momento a sua

gue.sia e proletariado".

massa do operariado. Dessa fusão vai nascer todo o movimento de reforma

o viver e o "devenir" são encarados

cabeça - Marx - e o seu corpo - a

serviço aviltante, é relegado

classes. No momento em que principia

a civilização, a produção começa a ba

movimento nacional e universal de agre^ção. Faltava ainda um chefe e uma idéia orientadora. É quando surge no

te, o movimento de massa que con

frendo os mil horrores de um

nossos dias nada mais é do que a histó

ria ininterrupta de encarniçadas lutas de

oriunda do desmoronamento da socieda

para conter, dêsse momento em dian

noite, consumindo-se, enfraquecendo-se, adoecendo, so

sa contra os grandes, os do

De melhoria.

A história de cada sociedade até

imediato."

ceniirio histórico a figura de Karl Marx e lança a palavra de ordem - "traba lhadores, uni-vos". Já nada mais há

O homem que, na grande medo nha usina, moureja dia e

ção sócia!.

ainda penetrado profundamente para se tomar capaz de produzir por si só uni

Só se vê o trabalho na

de trabalho, numa palavra - na melhor organização da sociedade, no sentido de que os desprotegidos, os

fazer. Contudo, essa tomada de cons ciência do poderio da ação em con junto ficou por muitos ano.s difusa, es palhada pela superfície. Não liavía

mal, se possuem algum bem-estar, nada disso é da cogitação desse sistema

se atiram com tôdas as forças de seus cérebros poderosos.

I rola na fixação dos salários, das horas

oomeçam a compreender que isolados

nada va'em e que unidos muito podem

balhar dia e noite. Se se enfraquecem,

outro se opõe. Êsse conflito se desen

Um deseja justamente aquilo a que o

rindo noção de consciência de classe e

.se adoecem, .se se alimentam bem ou

sua objetividade, isto é, os produtos, ou melhor, a produção. Esba, sim, que interessa. O seu custo e o seu preço de venda são o grande problema a que

fundamente diferentes e irreconciliáveí.s.

minadores. A vitória

Diante dessa situação desesperadora, os operários vão pouco a pouco adqui

curava o rendimento do trabalho, o lu

miseráveis horrores.

sua concepção da história vem justa mente satísfazer a esta sêde de reforma, a^ esta sêde de mudança da organiza

Karl Maivc

Em face dessa economia que .só pro

a inevitabilidade da vitória socialista. A

social que enche a segunda metade do século XIX. O operariado encontrou o perfeito realizador de suas reivindica

ções, e êste o perfeito agente para agi

tação de suas idéias. Daí poder dizerse que de 1848 em diante todo o movi

mento .socialista é marxista e operário.

Marx é a aspiração dos próprios ope rários. Daí a razão de ser da justíssima frase de Laski: "foi o homem que en controu o comunismo um caos e dei-

.\ou-o um movimento". Isto porque o que o preocupa é o mesmo que preo cupa os próprios operários, isto é, a

possibilidade da revolução proletária e

No grande jôgo da sua dialética, todo

como um processo de tese e antítese e

a humanidade realiza na sua evolução

essa díaléHca. Entre os dois grupos humanos - a classe operária, "cuia

fonte de vida principal é o salário", e a classe capitalista, "cuja fonte de vida e o lucro, os juros e a renda imobiliána - nunca haverá um acordo pacífico.

A divergência aqui é insuperável e só aüngu-a a sua liquidação pelo combate, a tese e a des^a. ^ antítese Luta, eisdomine a única relaç-ão histórica po^ivel entre exploradores e

explorados, luta por tôda a parte na

terra, e sempre, até a vitória completa

duma classe e a destruição total da outra.


Dicrsto Econômico

Dic;estci Econômico 49

do um dos maiores problemas que os

rio, mas, infelizmente, para a mercado

mais que reclame justiç-a dos podei cs

pensadores defrontaram — "a questão

ria "trabalho", submetida, como as de

públicos.

social" — que encheu todo o século

mais, às oscilações da oferta e da pro

XIX de lutas tremendas e que fez

cura.

milhões de criaturas padecerem os mais Ê que um abismo se abriu na huma

cro em grande escala, não se indaga se

nidade, dividíndo-a em dois campos

quem o executa é um adulto ou uma

opostos.

Déste momento em diante,

criança, um doente ou um homem são.

duas facções sociais, separadas por uma

O homem, a mulher c a criança eram para essa economia máquinas a tra

hostilidade inreconciliável, erguem-se uma em frente à outra; — patrões e openírios, ou melhor, homens que dispõem

do capital e de máquinas e homens que não possuem outra coisa senão seus braçt).s e suas próprias forças. Os ínterêsses

desses dois partidos antagônicos são pro

econômico.

fracos, encontrem uma defe

em

todos

os

campos, contudo, pertence

.Cl

à sotoplanura, é esquecido. Perde, assim, u sua dignida de de homem, de pessoa hu mana. É uma peça da gran

aos magnatas da indústria, isto porque o regime é o do

liberalismo.

Neste, o jogo

dos interesses individuais fi

de organização mecanista de

ca a mercê da força com

produção. Quando êsse ser humano não pode mais pro duzir, quando se toma uma máquina gasta, de molas

que êsses próprios interêsse.s

se revestem. Como o pode

leXo

rio está todo ao lado dos in

teresses do.s possuidores dos

meios de produção, é a favor dêsses que pesa a balança do grande jogo de ín terêsses que os economistas clássicos acreditavam

harmônicos.

tinuamente se avoluma e que parece

E na livre

imprestáveis, abandona-se à

caridade pública como um miserável in digente. O trabalhador, diante do sistema eco

nômico liberal do "laíssez faire, laissez

concorrência o abuso, a exploração iní

passar", não possui nenhuma garantia.

qua dos fracos impera.

Ê um abandonado à triste .sorte do si mesmp, por mais que proteste^ por

Não se olha

mais para o trabalhador, para o opera-

querer levar tudo à ruína.

■b

sear-se no antagonismo das profissões,

das condições e das classes, afinal na

oposição entre trabalho acumulado e

A grande

A

"sociedade burgue.sa

moderna,

de feudal" não suprimiu os antagonis

mos de classe. Qngiu-se a "substituir por riovas as antigas classes, os antigo.s

métodos de opressão, as antigas formas

• Enfim, em nossa época a sociedade mteira se biparte, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, "em duas grande.s classes em antagonismo: bur-

questão social tem nesse momento a sua

gue.sia e proletariado".

massa do operariado. Dessa fusão vai nascer todo o movimento de reforma

o viver e o "devenir" são encarados

cabeça - Marx - e o seu corpo - a

serviço aviltante, é relegado

classes. No momento em que principia

a civilização, a produção começa a ba

movimento nacional e universal de agre^ção. Faltava ainda um chefe e uma idéia orientadora. É quando surge no

te, o movimento de massa que con

frendo os mil horrores de um

nossos dias nada mais é do que a histó

ria ininterrupta de encarniçadas lutas de

oriunda do desmoronamento da socieda

para conter, dêsse momento em dian

noite, consumindo-se, enfraquecendo-se, adoecendo, so

sa contra os grandes, os do

De melhoria.

A história de cada sociedade até

imediato."

ceniirio histórico a figura de Karl Marx e lança a palavra de ordem - "traba lhadores, uni-vos". Já nada mais há

O homem que, na grande medo nha usina, moureja dia e

ção sócia!.

ainda penetrado profundamente para se tomar capaz de produzir por si só uni

Só se vê o trabalho na

de trabalho, numa palavra - na melhor organização da sociedade, no sentido de que os desprotegidos, os

fazer. Contudo, essa tomada de cons ciência do poderio da ação em con junto ficou por muitos ano.s difusa, es palhada pela superfície. Não liavía

mal, se possuem algum bem-estar, nada disso é da cogitação desse sistema

se atiram com tôdas as forças de seus cérebros poderosos.

I rola na fixação dos salários, das horas

oomeçam a compreender que isolados

nada va'em e que unidos muito podem

balhar dia e noite. Se se enfraquecem,

outro se opõe. Êsse conflito se desen

Um deseja justamente aquilo a que o

rindo noção de consciência de classe e

.se adoecem, .se se alimentam bem ou

sua objetividade, isto é, os produtos, ou melhor, a produção. Esba, sim, que interessa. O seu custo e o seu preço de venda são o grande problema a que

fundamente diferentes e irreconciliáveí.s.

minadores. A vitória

Diante dessa situação desesperadora, os operários vão pouco a pouco adqui

curava o rendimento do trabalho, o lu

miseráveis horrores.

sua concepção da história vem justa mente satísfazer a esta sêde de reforma, a^ esta sêde de mudança da organiza

Karl Maivc

Em face dessa economia que .só pro

a inevitabilidade da vitória socialista. A

social que enche a segunda metade do século XIX. O operariado encontrou o perfeito realizador de suas reivindica

ções, e êste o perfeito agente para agi

tação de suas idéias. Daí poder dizerse que de 1848 em diante todo o movi

mento .socialista é marxista e operário.

Marx é a aspiração dos próprios ope rários. Daí a razão de ser da justíssima frase de Laski: "foi o homem que en controu o comunismo um caos e dei-

.\ou-o um movimento". Isto porque o que o preocupa é o mesmo que preo cupa os próprios operários, isto é, a

possibilidade da revolução proletária e

No grande jôgo da sua dialética, todo

como um processo de tese e antítese e

a humanidade realiza na sua evolução

essa díaléHca. Entre os dois grupos humanos - a classe operária, "cuia

fonte de vida principal é o salário", e a classe capitalista, "cuja fonte de vida e o lucro, os juros e a renda imobiliána - nunca haverá um acordo pacífico.

A divergência aqui é insuperável e só aüngu-a a sua liquidação pelo combate, a tese e a des^a. ^ antítese Luta, eisdomine a única relaç-ão histórica po^ivel entre exploradores e

explorados, luta por tôda a parte na

terra, e sempre, até a vitória completa

duma classe e a destruição total da outra.


Digesto Económiqò

Dioésto Econóxíico

50

Mus a vitória está prestes, porque

"enquanto o número dos magnatas do capital diminui constantemente, cresce o

qiuintum da miséria, da opressão, do

"Enfim, ó a destruição de todo ê.ste mundo feito só para o gòzi) <los ipie

possuem, sustentado pelo sofrimento dos que se matam num trabalho aviltante. "Que esse profeta tenha siilo ouvido

da evolução. O segundo ponto destà passagem reside no fato de que o sociaiismo procurava realizar-se através duma

elite stiob. Agora c a massa, a que ver

— escreve Otávio de liaria — que êsse

dadeiramente precisa e quer que a re forma se verifique. Aqui não cabe

ria, que Sc avoluma dia a dia, discipli nada, unida e organizada, mercê do pró

revolucionário tenha encontrado adep

mais o sonho, a utopia.

tos, não há quem possa estranhar.

prio mecanismo do processo capitalista

revolucionário prometer á niullidao os

A classe operária não pede, ordena; não obedece, impõe. Impõe o seu di reito e nessa imposição é a revolução que se prepara. Ü proletariado quer o poder, os meios de produção, a riqueza

desprezo, da humilhação, da exploração e, com ela, a revolta da classe operá

de produção".

"A concentração dos meio.s de produ ção e a socialização do trabalho alcan çam um ponto cm que se tomam in

Nunca se viu na história o ca.so de nm

bens da terra o ela sc recusar a ouvi-lo,

a segui-lo. Não seria o. proletariado do século XIX, mai.s tr.abalhado pelo so

"A produção capitalista engendra por si mesma a sua própria negação, como

frimento e pela miséria do (juc (jualqucr outra multidão, que iria fechar os ou vidos às promessas que Marx lhe faz — promessa.s de conquista dc lodo

a fatalidade que preside às evoluções

mundo .sem o menor perigo de insuces

compatíveis com seu invólucro capita lista.

Ê.ste então arrebenta"...

da naturezíi. Esta particular produção tende a restabelecer, não a propriedade do traballiador, mas a propriedade do mesmo fundada nos progressos realiza-

so, porque se trata do desenvolvimento inevàtável da história. Nada de espantar

que a êsse proletariado Marx tenha aparecido quase urr. deus, c certamente

do.s pelo período capitalista, na.coope

como um profeta salvador."

ração c posse comum de todos os meios

Daí o grande poderio dc Marx c o imenso movimento dc massa que desen cadeou e o perigo que representava para a humanidade o progresso contínuo

de produção, incluída a própria terra. O que a burguesia capitalista produz, antes de tudo, à medida que se desen

volve a grande indústria, são os seus próprios coveiros; a eliminação dela c b triunfo do proletariado são igualmen te inevitáveis."

É a ruína de todo o mundo biuguês,

daquela organização social baseada na exploração do operário para enrique cer cada vez mais as classes privilegia das. É a derrocada de toda a cultura burguesa e com ela o direito com a sua

dessa avalanche destruidora.

Quando o marxismo e a classe. opo'

rária se irmanaram, o problema social perdeu "o cunho moral que possuía ate então. Isso porque essa fosão se venfica em dois sentido.s diversos. No pf

meiro c a própria modificação doutri nária que entra em jôgò. O socialismo era dantes utópico e procurava realiza^ se atravé.s duma burguesia que vivia sob

hipocrisia sistemática e o seu partidaris

o signo do progresso. Agora, o sociali^s-

mo. É o desabar do Estado, meio do

há lugar para a moral. É o abandono do idealismo pelo rea

qual as classes possuidoras se serviram

para assegurar o respeito aos bens do que se apossaram. É o desaparecimen to da propriedade e com cia a explora

mo .se torna cientifica o na ciência não lismo, no sentido marxista. Sob o signo

de cientista perde o seu caráter mora-

e assume o dc fatalista.. Há dc se ção vergonhosa dos traballiadoies pelos > lista verificar-porque as.sim prescreve as leis po.ssuidores que wvem nababescamente.

das nações.

Leão XIII

Leão XIII sentiu.o perigo que ameaçava a tôda a humanidade: o sentido

marjdsta que assiunira as reiWndicações operájias. Estas vinham imbuídas de princípios profundamente anti-humanos" e principalmente anti-cristãos.

A maré montante do socialismo mar xista trazia no seu bojo a ruína de tpdos

os valores humanos. Era necessário pòr iima barreira a- essa onda avassaladora de ruína e destruição.

Seja por reforma.s sucessivas, - saja pela violência das revoluções, quer o • O Papa, do alto do seu pòsto, viu poder. Daí assumir um caráter inteira- claramente que era preciso organizar niente revolucionário; e na revolução nao lia moral, mas vingança. Há sêde de .sangue. Quer-so o extermínio. É o que Se acha escrito no preâmbulo da Constituição russa: "O Estado atual é o da vingança da classe operária..." Assim, o caráter novo que nasceu sob o influ.xo das idéias marxistas e da fusão desta com a classe operária, deixou de •ser moral para ser revolucionário.

M.arx vai mais além, e com isso é

coerente com os seus princípios. Se o

homem não é mais do que "uma con densação de forças econômicas" não há

uma força contrária, e tão forte como a

que orientava todo o movimento cató.

para resolver a situação de

miséria em que se encontrava o ope

rariado, em lartude do regime liberal c duma economia injusUx què favore cia extraordinàriamente a indústria e o

abu.so da exploração do trabalJio, pro

punha restaurar, dentro dos princípios do cristianismo, a justiça para proteger os fracos, e possuía como plano de re forma criar o direito social segundo o espirito do EvangeIJio,

Êsse movimento já pos.suía um corpo admirável de trabalhadores. "Era a razao para as díversidades. ação de um Ketteler, na Alemanha è Portanto, as desigualdades humanas, a não menos poderosa influência 'de que eram baseadas na diferença dos va Hitze; na França, de Mun, ao lado de lores Immanos - que cm última análise La Tour du Pin c Camby, Dos esfor são valüre.s morais - não há razão para ços desses notáveis pensadores católi que e.xistam. Todos são iguais .econò- cos surgiu a legislação openária sôbre a micamente.

É o "homo economicus".

É o homem geral. O homem sem indi vidualidade. O homem igual a outro homem. Quer a Iiorizontalização huma na. É a ruína de todos os valores hu manos. É a subordinação do homemehte ao homem-massa. Ê a estandardização dos indivíduos.

.nbitiagem, sÔbre o descanso dominical sôbre o trabalho das mulheres e £s crianças, sôbre os seguros dos operái-ios "Não menos valiosos foram os esfor-

Mn' Maxen Keufstem. Belcredi eVogelssang. LiechtenS tem. Na Suíça destaca-se Decurtin, que


Digesto Económiqò

Dioésto Econóxíico

50

Mus a vitória está prestes, porque

"enquanto o número dos magnatas do capital diminui constantemente, cresce o

qiuintum da miséria, da opressão, do

"Enfim, ó a destruição de todo ê.ste mundo feito só para o gòzi) <los ipie

possuem, sustentado pelo sofrimento dos que se matam num trabalho aviltante. "Que esse profeta tenha siilo ouvido

da evolução. O segundo ponto destà passagem reside no fato de que o sociaiismo procurava realizar-se através duma

elite stiob. Agora c a massa, a que ver

— escreve Otávio de liaria — que êsse

dadeiramente precisa e quer que a re forma se verifique. Aqui não cabe

ria, que Sc avoluma dia a dia, discipli nada, unida e organizada, mercê do pró

revolucionário tenha encontrado adep

mais o sonho, a utopia.

tos, não há quem possa estranhar.

prio mecanismo do processo capitalista

revolucionário prometer á niullidao os

A classe operária não pede, ordena; não obedece, impõe. Impõe o seu di reito e nessa imposição é a revolução que se prepara. Ü proletariado quer o poder, os meios de produção, a riqueza

desprezo, da humilhação, da exploração e, com ela, a revolta da classe operá

de produção".

"A concentração dos meio.s de produ ção e a socialização do trabalho alcan çam um ponto cm que se tomam in

Nunca se viu na história o ca.so de nm

bens da terra o ela sc recusar a ouvi-lo,

a segui-lo. Não seria o. proletariado do século XIX, mai.s tr.abalhado pelo so

"A produção capitalista engendra por si mesma a sua própria negação, como

frimento e pela miséria do (juc (jualqucr outra multidão, que iria fechar os ou vidos às promessas que Marx lhe faz — promessa.s de conquista dc lodo

a fatalidade que preside às evoluções

mundo .sem o menor perigo de insuces

compatíveis com seu invólucro capita lista.

Ê.ste então arrebenta"...

da naturezíi. Esta particular produção tende a restabelecer, não a propriedade do traballiador, mas a propriedade do mesmo fundada nos progressos realiza-

so, porque se trata do desenvolvimento inevàtável da história. Nada de espantar

que a êsse proletariado Marx tenha aparecido quase urr. deus, c certamente

do.s pelo período capitalista, na.coope

como um profeta salvador."

ração c posse comum de todos os meios

Daí o grande poderio dc Marx c o imenso movimento dc massa que desen cadeou e o perigo que representava para a humanidade o progresso contínuo

de produção, incluída a própria terra. O que a burguesia capitalista produz, antes de tudo, à medida que se desen

volve a grande indústria, são os seus próprios coveiros; a eliminação dela c b triunfo do proletariado são igualmen te inevitáveis."

É a ruína de todo o mundo biuguês,

daquela organização social baseada na exploração do operário para enrique cer cada vez mais as classes privilegia das. É a derrocada de toda a cultura burguesa e com ela o direito com a sua

dessa avalanche destruidora.

Quando o marxismo e a classe. opo'

rária se irmanaram, o problema social perdeu "o cunho moral que possuía ate então. Isso porque essa fosão se venfica em dois sentido.s diversos. No pf

meiro c a própria modificação doutri nária que entra em jôgò. O socialismo era dantes utópico e procurava realiza^ se atravé.s duma burguesia que vivia sob

hipocrisia sistemática e o seu partidaris

o signo do progresso. Agora, o sociali^s-

mo. É o desabar do Estado, meio do

há lugar para a moral. É o abandono do idealismo pelo rea

qual as classes possuidoras se serviram

para assegurar o respeito aos bens do que se apossaram. É o desaparecimen to da propriedade e com cia a explora

mo .se torna cientifica o na ciência não lismo, no sentido marxista. Sob o signo

de cientista perde o seu caráter mora-

e assume o dc fatalista.. Há dc se ção vergonhosa dos traballiadoies pelos > lista verificar-porque as.sim prescreve as leis po.ssuidores que wvem nababescamente.

das nações.

Leão XIII

Leão XIII sentiu.o perigo que ameaçava a tôda a humanidade: o sentido

marjdsta que assiunira as reiWndicações operájias. Estas vinham imbuídas de princípios profundamente anti-humanos" e principalmente anti-cristãos.

A maré montante do socialismo mar xista trazia no seu bojo a ruína de tpdos

os valores humanos. Era necessário pòr iima barreira a- essa onda avassaladora de ruína e destruição.

Seja por reforma.s sucessivas, - saja pela violência das revoluções, quer o • O Papa, do alto do seu pòsto, viu poder. Daí assumir um caráter inteira- claramente que era preciso organizar niente revolucionário; e na revolução nao lia moral, mas vingança. Há sêde de .sangue. Quer-so o extermínio. É o que Se acha escrito no preâmbulo da Constituição russa: "O Estado atual é o da vingança da classe operária..." Assim, o caráter novo que nasceu sob o influ.xo das idéias marxistas e da fusão desta com a classe operária, deixou de •ser moral para ser revolucionário.

M.arx vai mais além, e com isso é

coerente com os seus princípios. Se o

homem não é mais do que "uma con densação de forças econômicas" não há

uma força contrária, e tão forte como a

que orientava todo o movimento cató.

para resolver a situação de

miséria em que se encontrava o ope

rariado, em lartude do regime liberal c duma economia injusUx què favore cia extraordinàriamente a indústria e o

abu.so da exploração do trabalJio, pro

punha restaurar, dentro dos princípios do cristianismo, a justiça para proteger os fracos, e possuía como plano de re forma criar o direito social segundo o espirito do EvangeIJio,

Êsse movimento já pos.suía um corpo admirável de trabalhadores. "Era a razao para as díversidades. ação de um Ketteler, na Alemanha è Portanto, as desigualdades humanas, a não menos poderosa influência 'de que eram baseadas na diferença dos va Hitze; na França, de Mun, ao lado de lores Immanos - que cm última análise La Tour du Pin c Camby, Dos esfor são valüre.s morais - não há razão para ços desses notáveis pensadores católi que e.xistam. Todos são iguais .econò- cos surgiu a legislação openária sôbre a micamente.

É o "homo economicus".

É o homem geral. O homem sem indi vidualidade. O homem igual a outro homem. Quer a Iiorizontalização huma na. É a ruína de todos os valores hu manos. É a subordinação do homemehte ao homem-massa. Ê a estandardização dos indivíduos.

.nbitiagem, sÔbre o descanso dominical sôbre o trabalho das mulheres e £s crianças, sôbre os seguros dos operái-ios "Não menos valiosos foram os esfor-

Mn' Maxen Keufstem. Belcredi eVogelssang. LiechtenS tem. Na Suíça destaca-se Decurtin, que


DíOKSTO EC()NÓM'f^<^ 52

Digesto Econômico

se alia aos católicos em prol das econômicas e sociais. É um bata a or incansável.

^

te dos problemas sociais e da maneira como os mesmos se de\aam impor a" espírito católico c mundo leigo. Foi com esse propósito que, cm

"Na Bélgica, vemos lutando i'ottin octogenário, 1309*00 o Sumo ^ Hellepute e outros. Na Holanda, res- já a sua enciclica "Rerum Novaruiu p'andece a figura do Cardeal^ Sano a, que trazia com subtítulo "Sôbre a « incansável nos estudos da que^stão socia , assim como toma grande relevo a açao dição dos operários". Esta desempenhou social católica de Schapman. Na Ing aterra, é notável o esfôrço_ do Cardeal Manning, cujo nome se tomou univer sal, pelo grande bem que fêz à humani

no mundo catóMco a mesma ação reali

zada pelo "Manifesto Comuni.sta" "'J 1848. Um uniu o operariado, a

a outra congregou as fòrças católica^»*

para que a ação social católica se de- '

De 1891 em diante teve o comuni.*iOi pela frente uma fôrça que agia

senvolvesse de tal modo que influísse de

sentido contrário à -sua c talvez com ®

uma maneira absoluta sôbre o espirito das leis hodiemas. Nos Estados Unidos,

mesma potência.

dade, contribuindo, extraordinariamente,

não devemos esquecer os grandes servi ços emprestados à causa pelo Cardeal Gibbons, cuja contribuição ao direito novo foi brilhante." (1).

Contudo, êsse movimento não possuía

ainda a força que se desejava. Era ne

cessário arregimentar-se toda essa agita

ção, que não só se achava difusa como não possuía uma orientação precisa, uma

Rerum Nomrum

"É com tôda a confiança que

abordamos êste assunto, e em tôda a plenitude do nosso direito; porque «

1878, Leão XIII saíra a campo contra

olhos de todos trair o nosso dever.

lógica — opor uma concepção igualmen

te compacta, significativa e convinceníl) Fernando Callage — Ação Social de Leão XIII — São Paulo. 1941.

valores metafísicos — assim se expres-

domínio da Igreja, calanno-nos seria^ aos

É com estas palavras que Leão Xllf' depois de uma exposição das circun-stan

tra a metafísica ambiente, isto porque o problema daquele tempo era o de se construir ã ciência e com esta realizar

doutrina dum Adão Smith, dum Ricardo

xe, na sua realização, uma modificação completa da sociedade, necessário se faz

e doutros teóricos da economia propria mente dita.

Mas nunra época em que êsse equipa

Como

organizar a rhesma

outrora S. Tomás, Leão XIII tomava a

estimar o procedi

segundo outros va lores. No problema da reorganização da

mento dos homens,

sociedade

na

novo.s valores é que

sua

existência

econômica, segundo ral,

segundo

surge em primeira

os princípios da mo

plana a questão so

transformando

cial. Como êsses no

vos valores, dentro

dos quais deve ser

direito, sinceramen

construída a socie

dade moderna, são

a obediência às leis

valores

morais bastaria para

moral, tôda a ques

marcar

tão social, parte da

exatamente

de

ordem

direitos e deveres e

grande questão filo

unir o rico e o po

sófica, deve

bre, o proprietário e

mir

diz respeito à causa operária, com a sua

que há multo havia sido relegada, cornn vimos, ao campo exclusivamente econo mico. É o que afirma quando diz ser impossível a organização da vida terres

restabelecer a questão no sentido em que realmente devia ser tratada, isto é,

Com isto se distancia da mentalida e

ção de defesa da ciência nascente con

mento já é uma realidade, e que trou

construtiva. E, ao iniciá-la, coloca n questão social dentro do terreno nxora

da época, que, absorvida intelrain^te com os problemas de partilha dos bens

fico. É que a filosofia assumira a posi

e econômicas a ética, banida desde a

o trabalhador."

'

filosóficas dos séculos XVII e XVIII, que eram problemas de caráter cienti

o equipamento material da humanidade.

cias do tempo e de uma crítica ao .socia lismo, inicia a parle verdadeiramente

tro sem ter em %ásta a vida

distanciam inteiramente das cogitações

.sa Fulop Miller — Leão XIII reintroduziu no julgamento das questões sociais

te convicto de que

sos. Enfim, dar c-orpo e idéia unifor mes ao movimento católico. Já em

bate ao programa marxista — logicamen te construído e executado, e vencedor em todos os pontos pela sua própria

essa converSião dos problemas sociais em

contrar-lhe uma solução eficaz."

religião e a dispensação do que e

sidade de ir além de uma crítica unica mente negativa. Era preciso, no com

a fôrça e a perfeição morais. "Com

problemas de fôrça em problemas de

"Ora, como é principalmente a "US que estão confiadas a salvaguarda da

duma liga criminosa" e "ínsania de réprcbos". Logo notou, porém, a neces

cura mostrar e chamar a atenção da existência, em todas as manifestações sociais, dos valores imateriais da vida,

questão de que se trata é duma tal natxueza que, a não se apelar para a re ligião c para a Igreja, é impossível

doutrina forte, coesa, perfeitamente es tabelecida dentro de princípios rigoro

n socialismo, publicando a enciclica "Quod apostolici muneris", na qual de.signa o novo movimento como heresia

materiais e vendo nesta o único meio

de felicidade e salvação humana, pro

33

Enquanto Marx ç. os demais socialis

tas só se preocupam, no problema que natureza econômica, Leão XIII vinha

preocupa-se com a causa da natureza

moral, que é, sem dúvida nenhuma, o ponto principal dos problemas que agi tam a humanidade na hora presente. Os problemas filosóficos da atuali

dade são problemas morais, e nisso se

assu

necessàriamen-

te uma feição, in teiramente moral.

O valor de Leão XIII re.side justa mente em ter chamado a atenção para isso e mostrar que essa questão não

poderia ser resolvida no campo exclusi

vo da economia, mas que fazia parte

dum problema consideravelmente mais vasto, que era o da organização de tôda a sociedade hodiema, profundamente abalada em seus alicerces morais. É, em suma, o grande problema moral que Descartes não procurou re.solver, por


DíOKSTO EC()NÓM'f^<^ 52

Digesto Econômico

se alia aos católicos em prol das econômicas e sociais. É um bata a or incansável.

^

te dos problemas sociais e da maneira como os mesmos se de\aam impor a" espírito católico c mundo leigo. Foi com esse propósito que, cm

"Na Bélgica, vemos lutando i'ottin octogenário, 1309*00 o Sumo ^ Hellepute e outros. Na Holanda, res- já a sua enciclica "Rerum Novaruiu p'andece a figura do Cardeal^ Sano a, que trazia com subtítulo "Sôbre a « incansável nos estudos da que^stão socia , assim como toma grande relevo a açao dição dos operários". Esta desempenhou social católica de Schapman. Na Ing aterra, é notável o esfôrço_ do Cardeal Manning, cujo nome se tomou univer sal, pelo grande bem que fêz à humani

no mundo catóMco a mesma ação reali

zada pelo "Manifesto Comuni.sta" "'J 1848. Um uniu o operariado, a

a outra congregou as fòrças católica^»*

para que a ação social católica se de- '

De 1891 em diante teve o comuni.*iOi pela frente uma fôrça que agia

senvolvesse de tal modo que influísse de

sentido contrário à -sua c talvez com ®

uma maneira absoluta sôbre o espirito das leis hodiemas. Nos Estados Unidos,

mesma potência.

dade, contribuindo, extraordinariamente,

não devemos esquecer os grandes servi ços emprestados à causa pelo Cardeal Gibbons, cuja contribuição ao direito novo foi brilhante." (1).

Contudo, êsse movimento não possuía

ainda a força que se desejava. Era ne

cessário arregimentar-se toda essa agita

ção, que não só se achava difusa como não possuía uma orientação precisa, uma

Rerum Nomrum

"É com tôda a confiança que

abordamos êste assunto, e em tôda a plenitude do nosso direito; porque «

1878, Leão XIII saíra a campo contra

olhos de todos trair o nosso dever.

lógica — opor uma concepção igualmen

te compacta, significativa e convinceníl) Fernando Callage — Ação Social de Leão XIII — São Paulo. 1941.

valores metafísicos — assim se expres-

domínio da Igreja, calanno-nos seria^ aos

É com estas palavras que Leão Xllf' depois de uma exposição das circun-stan

tra a metafísica ambiente, isto porque o problema daquele tempo era o de se construir ã ciência e com esta realizar

doutrina dum Adão Smith, dum Ricardo

xe, na sua realização, uma modificação completa da sociedade, necessário se faz

e doutros teóricos da economia propria mente dita.

Mas nunra época em que êsse equipa

Como

organizar a rhesma

outrora S. Tomás, Leão XIII tomava a

estimar o procedi

segundo outros va lores. No problema da reorganização da

mento dos homens,

sociedade

na

novo.s valores é que

sua

existência

econômica, segundo ral,

segundo

surge em primeira

os princípios da mo

plana a questão so

transformando

cial. Como êsses no

vos valores, dentro

dos quais deve ser

direito, sinceramen

construída a socie

dade moderna, são

a obediência às leis

valores

morais bastaria para

moral, tôda a ques

marcar

tão social, parte da

exatamente

de

ordem

direitos e deveres e

grande questão filo

unir o rico e o po

sófica, deve

bre, o proprietário e

mir

diz respeito à causa operária, com a sua

que há multo havia sido relegada, cornn vimos, ao campo exclusivamente econo mico. É o que afirma quando diz ser impossível a organização da vida terres

restabelecer a questão no sentido em que realmente devia ser tratada, isto é,

Com isto se distancia da mentalida e

ção de defesa da ciência nascente con

mento já é uma realidade, e que trou

construtiva. E, ao iniciá-la, coloca n questão social dentro do terreno nxora

da época, que, absorvida intelrain^te com os problemas de partilha dos bens

fico. É que a filosofia assumira a posi

e econômicas a ética, banida desde a

o trabalhador."

'

filosóficas dos séculos XVII e XVIII, que eram problemas de caráter cienti

o equipamento material da humanidade.

cias do tempo e de uma crítica ao .socia lismo, inicia a parle verdadeiramente

tro sem ter em %ásta a vida

distanciam inteiramente das cogitações

.sa Fulop Miller — Leão XIII reintroduziu no julgamento das questões sociais

te convicto de que

sos. Enfim, dar c-orpo e idéia unifor mes ao movimento católico. Já em

bate ao programa marxista — logicamen te construído e executado, e vencedor em todos os pontos pela sua própria

essa converSião dos problemas sociais em

contrar-lhe uma solução eficaz."

religião e a dispensação do que e

sidade de ir além de uma crítica unica mente negativa. Era preciso, no com

a fôrça e a perfeição morais. "Com

problemas de fôrça em problemas de

"Ora, como é principalmente a "US que estão confiadas a salvaguarda da

duma liga criminosa" e "ínsania de réprcbos". Logo notou, porém, a neces

cura mostrar e chamar a atenção da existência, em todas as manifestações sociais, dos valores imateriais da vida,

questão de que se trata é duma tal natxueza que, a não se apelar para a re ligião c para a Igreja, é impossível

doutrina forte, coesa, perfeitamente es tabelecida dentro de princípios rigoro

n socialismo, publicando a enciclica "Quod apostolici muneris", na qual de.signa o novo movimento como heresia

materiais e vendo nesta o único meio

de felicidade e salvação humana, pro

33

Enquanto Marx ç. os demais socialis

tas só se preocupam, no problema que natureza econômica, Leão XIII vinha

preocupa-se com a causa da natureza

moral, que é, sem dúvida nenhuma, o ponto principal dos problemas que agi tam a humanidade na hora presente. Os problemas filosóficos da atuali

dade são problemas morais, e nisso se

assu

necessàriamen-

te uma feição, in teiramente moral.

O valor de Leão XIII re.side justa mente em ter chamado a atenção para isso e mostrar que essa questão não

poderia ser resolvida no campo exclusi

vo da economia, mas que fazia parte

dum problema consideravelmente mais vasto, que era o da organização de tôda a sociedade hodiema, profundamente abalada em seus alicerces morais. É, em suma, o grande problema moral que Descartes não procurou re.solver, por


•v.r; ■ Digesto Econômico

Dígesto Ec:oríóiNfico"

54

considerar ser prematuro demais fazè-lo

quilar os valores mais altos que, no

no seu tempo, daí ter adotado uma mo

entanto, são aqueles que realmente cons

ral a que denominou de provisória. dos valores morais, o homem — que na concepção do materialismo marxista ha

tituem as elites o .sob cujos' influ.xos marcha a humanidade para u senda do progresso, na ordem material, c a eleva ção moral na ordem e.spiritual. "Esta

via sido reduzido a. uma "condensação

desigualdade, pôr outro lado, reverte eni

de condições econômicas" c, portanto, a

proveito de tod(3s, tanto da sociedade como dos indivíduos; porque a vida so cial requer um organismo muito variado

Colocando a questão social em face

um simples jogo de forças econômicas — adquire o seu verdadeiro pôsto dentro

da criação, qual seja o de um membro Já não

o funções mui diversas, o o f|iie leva pre cisamente os homens a partilharem essas

se considera mais o homem como valor

funções é principalmente a diferença de

econômico, mas como valor moral.

suas respectivas condições."

dotado de dignidade pessoal.

Re-

•cupera, assim, a sua individualidade, a

sua dignidade de ente humano. Passa

novamente à categoria de ser racional e que age não movido por interesses

econômicos, mas por razões de ordem

reza; era selvagem, ci-lo anoteado: de

^

infecunda tornou-sç fértil; o que o tor nou melhor está inerente ao solo e con-

reabilitam o trabalho.

inerente ao que a exerce c a cujo servi ço ela se desenvolve."

Igreja não somente exige que os ricos e os pobres se entendam, mas que se

viesse então atribuir-se esta ten'a ba

unam por reciprocas relações de amiza

Portanto, "é erro capital, na questão

causa, assim é justo que o fruto do

presente, crer que as duas classes são

tralv.iUio pertença ao trabalhador." Porém, se as desigualdades das apti dões parecem justificar a diferença de

inimigas natas uma da outra, como se a

haveres, de maneira nenhuma não é

mente, num duelo obstinado".

lívromente c a próprio talante. "Dc resto, eis cm algumas palavras o resumo desta doutrina: quem quer que

Portanto, oão

xista. "O primeiro princípio a pôr cm

constituí imia mercadoria passível cie

evidencia é que o homem deve aceitar

ser negociável no mercado da oferta e

dância, quer de bens externos e do

coro paciência a sua condição: é impos sível que na sociedade civil todos se

da procura.

corpo, quer de bens dalma, recebeu-os

Ainda é cm nome da mesma dignida de humana que Leão XIII se levanta contra o marxismo, que pretende a eli minação da proprieclacle privada. "Ora,

com o fim de os fazer servir ao seu •

jam elevados ao mesmo nível. ^ sem

dúvida isso o que desejam os "socialis tas"; mas contra a natureza todos os es

forços são vãos. Foi ela, realmente, que estabeleceu entre os homens dife renças tão mullíplices canio profundas, diferenças de inteligência, de talento, de habilidade, de saúde, de fôrça; dife

renças necessárias donde nascé esponta neamente a desigualdade das condições."

consumindo os recursos do seu espírito

e as fôrças do seu corpo em procurar esses bens da natureza? Aplica, para assim dizer, a si mesmo a porção <^1'^ natureza corpôrea que cultiva, e deixa nela como que um certo cunho de sua

Os homens, como indivíduos humanos

pessoa, a ponto que, toda justiça, esse

o racionais, não podem ser reduzidos a uma uniformidade. Não se plasmam as criaturas humanas segundo um único molde. A pessoa racional assume, em

bem será possuído de futuro seu, e não será lícito a ninguém violar o seu di reito, de qualquer forma que seja." E mais adiante: "Não vêem, pois, que

face dos valores humanos, uma diversi

despojam assim êsse homem do fruto do

dade que obedece aos próprios valores individuais. Querer liorizontalizar os sêj-es liumanos é pretender reduzir, ani-

seu trabalho; porcpie afinal êsse campo

tj>-. -i

-

rccebint da divina Bondade maior abun

próprio aperfeiçoamento, e ao mesmo tempo, como ministro da Providência, ao alí\io dos outros."

diz o- Sumo Pontífice, que fez o liomem,

amanhado com arte pela mão do culti vador mudou completamente de natu-

>

de."

mesma forma c^ue o efeito segue a

maiores riquo'zas por exclusivo amor delas mesmas. Pelo contrário, não cabe nem aos possuidores o direito do ireá-las

balhador. "O trabalho 6 pessoa; a for ça realizíidora está ligada ã pessoa, é

tir a igualdade humana no sentido mar

grande parte scriu impo.ssível separá-lo. Ora, a justiça sofreria que um estranho

■ tiçu de Deus a ambição da posse de

ser, como queriam o liberalismo c o marxismo, separados da pessoa do tra

espiritual. Isso pôsto, nao pode Leão XIII admi

consagrar às tarefas que lhe cabem o melhor das suas fôrças. "A doutrina da

conforme a justiça dos homens e, a jus-

Esto não pode

favorecido pela sorte é também obriga do à solidariedade, o deve, no seu pôsto,

fimde-se cie tal forma com èle, que em

nhada pelo suor de quem a cultivou?

A dignidade e a liberdade humaua

55

Não se deve confundir a posse e o justo uso. São princípios inteiramente

diferentes. A posse de riquezas é, para o homem, "um direito que deriva da própria natureza humana". Ao passo que o justo uso da riqueza consiste em "repartir o supérfluo com os necessita

natureza tivesse armado os ricos e os

pobres para que se combatessem mutua Nao se deve pretender a eliminação

duma eni favor de outra, porque Icriamos, neste caso, a mesma situação an

terior. Uma classe, operáriaj dominan

do as demais. É uma dominação injus ta porque seria a dos inferiores sobre os superiores.

Isso levaria a humanidade

a descer a níveis muito mais baixos, extinguindo, assim, tòda a possibilidade

de progresso. Nesse sentido pensa muito claro Berdiaeff: "A verdade não pode

pertencer a uma classe, mas a interpre tação errônea por uma classe pode exis tir e se manifestou repetidas vezes, como atestam os anais da História". O que se

deve pregar e o que é preciso fazer, é a harmonia das classes. É a coUiboração dos vários elementos díspares num movimento solidário de melhoria das con

dições de vida social, permitindo uma reforma na organização total da socie dade, no sentido de se elevar as classes

Em face dos necessitados, o rico se

mais baixas ao nível quanto possível mais próximo das que ocupam posições

acha numa condição de obrigação e,

mais altas. O problema não reside na ni-

dos".

portanto, deve art pobre auxílio e, ao

velação dc tôdas as classes à catcgoriá

dispensar este, não pratica um ato de caridade como o de dar ou negar uma esmola. Pelo contrário, é dever de jus tiça o partilhar, com o que não possui,

junto para a elevação desta ao nível

o que lhe sobra. Por seu lado, o menos

rios, se nos depara, diz Leão XIII, o

do operariado. Mas um esfôrço de con das elites»

Nas corporações ou sindicatos operá


•v.r; ■ Digesto Econômico

Dígesto Ec:oríóiNfico"

54

considerar ser prematuro demais fazè-lo

quilar os valores mais altos que, no

no seu tempo, daí ter adotado uma mo

entanto, são aqueles que realmente cons

ral a que denominou de provisória. dos valores morais, o homem — que na concepção do materialismo marxista ha

tituem as elites o .sob cujos' influ.xos marcha a humanidade para u senda do progresso, na ordem material, c a eleva ção moral na ordem e.spiritual. "Esta

via sido reduzido a. uma "condensação

desigualdade, pôr outro lado, reverte eni

de condições econômicas" c, portanto, a

proveito de tod(3s, tanto da sociedade como dos indivíduos; porque a vida so cial requer um organismo muito variado

Colocando a questão social em face

um simples jogo de forças econômicas — adquire o seu verdadeiro pôsto dentro

da criação, qual seja o de um membro Já não

o funções mui diversas, o o f|iie leva pre cisamente os homens a partilharem essas

se considera mais o homem como valor

funções é principalmente a diferença de

econômico, mas como valor moral.

suas respectivas condições."

dotado de dignidade pessoal.

Re-

•cupera, assim, a sua individualidade, a

sua dignidade de ente humano. Passa

novamente à categoria de ser racional e que age não movido por interesses

econômicos, mas por razões de ordem

reza; era selvagem, ci-lo anoteado: de

^

infecunda tornou-sç fértil; o que o tor nou melhor está inerente ao solo e con-

reabilitam o trabalho.

inerente ao que a exerce c a cujo servi ço ela se desenvolve."

Igreja não somente exige que os ricos e os pobres se entendam, mas que se

viesse então atribuir-se esta ten'a ba

unam por reciprocas relações de amiza

Portanto, "é erro capital, na questão

causa, assim é justo que o fruto do

presente, crer que as duas classes são

tralv.iUio pertença ao trabalhador." Porém, se as desigualdades das apti dões parecem justificar a diferença de

inimigas natas uma da outra, como se a

haveres, de maneira nenhuma não é

mente, num duelo obstinado".

lívromente c a próprio talante. "Dc resto, eis cm algumas palavras o resumo desta doutrina: quem quer que

Portanto, oão

xista. "O primeiro princípio a pôr cm

constituí imia mercadoria passível cie

evidencia é que o homem deve aceitar

ser negociável no mercado da oferta e

dância, quer de bens externos e do

coro paciência a sua condição: é impos sível que na sociedade civil todos se

da procura.

corpo, quer de bens dalma, recebeu-os

Ainda é cm nome da mesma dignida de humana que Leão XIII se levanta contra o marxismo, que pretende a eli minação da proprieclacle privada. "Ora,

com o fim de os fazer servir ao seu •

jam elevados ao mesmo nível. ^ sem

dúvida isso o que desejam os "socialis tas"; mas contra a natureza todos os es

forços são vãos. Foi ela, realmente, que estabeleceu entre os homens dife renças tão mullíplices canio profundas, diferenças de inteligência, de talento, de habilidade, de saúde, de fôrça; dife

renças necessárias donde nascé esponta neamente a desigualdade das condições."

consumindo os recursos do seu espírito

e as fôrças do seu corpo em procurar esses bens da natureza? Aplica, para assim dizer, a si mesmo a porção <^1'^ natureza corpôrea que cultiva, e deixa nela como que um certo cunho de sua

Os homens, como indivíduos humanos

pessoa, a ponto que, toda justiça, esse

o racionais, não podem ser reduzidos a uma uniformidade. Não se plasmam as criaturas humanas segundo um único molde. A pessoa racional assume, em

bem será possuído de futuro seu, e não será lícito a ninguém violar o seu di reito, de qualquer forma que seja." E mais adiante: "Não vêem, pois, que

face dos valores humanos, uma diversi

despojam assim êsse homem do fruto do

dade que obedece aos próprios valores individuais. Querer liorizontalizar os sêj-es liumanos é pretender reduzir, ani-

seu trabalho; porcpie afinal êsse campo

tj>-. -i

-

rccebint da divina Bondade maior abun

próprio aperfeiçoamento, e ao mesmo tempo, como ministro da Providência, ao alí\io dos outros."

diz o- Sumo Pontífice, que fez o liomem,

amanhado com arte pela mão do culti vador mudou completamente de natu-

>

de."

mesma forma c^ue o efeito segue a

maiores riquo'zas por exclusivo amor delas mesmas. Pelo contrário, não cabe nem aos possuidores o direito do ireá-las

balhador. "O trabalho 6 pessoa; a for ça realizíidora está ligada ã pessoa, é

tir a igualdade humana no sentido mar

grande parte scriu impo.ssível separá-lo. Ora, a justiça sofreria que um estranho

■ tiçu de Deus a ambição da posse de

ser, como queriam o liberalismo c o marxismo, separados da pessoa do tra

espiritual. Isso pôsto, nao pode Leão XIII admi

consagrar às tarefas que lhe cabem o melhor das suas fôrças. "A doutrina da

conforme a justiça dos homens e, a jus-

Esto não pode

favorecido pela sorte é também obriga do à solidariedade, o deve, no seu pôsto,

fimde-se cie tal forma com èle, que em

nhada pelo suor de quem a cultivou?

A dignidade e a liberdade humaua

55

Não se deve confundir a posse e o justo uso. São princípios inteiramente

diferentes. A posse de riquezas é, para o homem, "um direito que deriva da própria natureza humana". Ao passo que o justo uso da riqueza consiste em "repartir o supérfluo com os necessita

natureza tivesse armado os ricos e os

pobres para que se combatessem mutua Nao se deve pretender a eliminação

duma eni favor de outra, porque Icriamos, neste caso, a mesma situação an

terior. Uma classe, operáriaj dominan

do as demais. É uma dominação injus ta porque seria a dos inferiores sobre os superiores.

Isso levaria a humanidade

a descer a níveis muito mais baixos, extinguindo, assim, tòda a possibilidade

de progresso. Nesse sentido pensa muito claro Berdiaeff: "A verdade não pode

pertencer a uma classe, mas a interpre tação errônea por uma classe pode exis tir e se manifestou repetidas vezes, como atestam os anais da História". O que se

deve pregar e o que é preciso fazer, é a harmonia das classes. É a coUiboração dos vários elementos díspares num movimento solidário de melhoria das con

dições de vida social, permitindo uma reforma na organização total da socie dade, no sentido de se elevar as classes

Em face dos necessitados, o rico se

mais baixas ao nível quanto possível mais próximo das que ocupam posições

acha numa condição de obrigação e,

mais altas. O problema não reside na ni-

dos".

portanto, deve art pobre auxílio e, ao

velação dc tôdas as classes à catcgoriá

dispensar este, não pratica um ato de caridade como o de dar ou negar uma esmola. Pelo contrário, é dever de jus tiça o partilhar, com o que não possui,

junto para a elevação desta ao nível

o que lhe sobra. Por seu lado, o menos

rios, se nos depara, diz Leão XIII, o

do operariado. Mas um esfôrço de con das elites»

Nas corporações ou sindicatos operá


DrcESTO Econômico

56

Dioestc» Econômico OI

mfclhor remédio para o social. A nistrada com inteireza; que se dctcrnuexperiência que o homem adquire todos ne, prèviamente, o .socorro pelo grau da os dias da exiguidade das suas forças, j.ndigôncia; que os direitos e deveres obriga-o e impele-o a agregar-se a uma cooperação estranha.

São das Sagradas Letras estas máxi mas: "Mais valem dois juntos que um

só, pois tiram vantagem de sua assoc^ção.

Se um cai, o outro sustenta-o.

Desgraçado do homem só, pois quando cair não terá ninguém que o levante". E estoutra; "O irmão que é ajudado

por seu irmão, é como uma cidade forte".

"As corporações operárias serão a

fòrça dos pobres. Terão fim de aper feiçoamento físico, intelectual e morai,

além do amparo econômico.

Terão a

rariado católico — sabedor de que um

dos patrões sejam conciliados com os

grande Papa havia pronunciado um dis curso em que não só testemunhava pleoa compreensão da angustiante situação

direitos e deveres do.s operários. Para

em que se encontravam, mas reconhe

atender a reclamações eventuais, seria

cia os direitos do proletariado e criti cava veementemente a.s graves injusti

de desejar que os próprios estatutos no meassem árbitros do seu seio, para re gularem os litígios. Convém prover as coisas, de modo que em nenhum tempo

ças do sistema cconómico-capitalista. como prescrevia os meios a seguir para

uma solução satisfatória — fez corpo

dentemente dirigidas." (2).

Daí escrever o Conde de Mun, um dos líderes do movimento social-cató-

da e, assim fazendo, trouxe esta grande

que íntima ação de graças despertou a

que em última análise se reduz ao da

Leão XIII sentiu duramente que a

questão proletária se havia tomado o problema da época e que da sua per feita .solução dependia o bem da so

penhavam em promover um movimen

lico: ^ "Que surpresa, que emoção gerai, enciclica em todos os corações. Idéias que, ainda ontem, eram estigmatizadas

Mas êsse problema estava mal

como subversivas e corruptas, são hoje

o seu fundo de reserva, para fazer face aos acidentes, às doenças, à velhice, ao.s reveses. Essas associações podem

colocado. Havia uma confusão de pl""

sancionadas pela mais alta autoridade

ser só de operários, ou podem ser mis tas, isto é, de operários e patrões. Elas

nita no terreno puramente econômico, o

produ2Úráo os mais benéficos frutos se a prudência presidir à sua organização.

lução só podia ser encontrada no plano

aos seus membro.s os meios mais aptos

modo e mais rápido, o fim a que se

nos.

A corrente dominadora — o mar

xismo — procurava resolver essa incóg que era um erro. A sua verdadeira so

da terra. Que intensa emoção nos am

bientes doutrinários, que agitação ainda mais profunda entre os trabalhadores

aoí; quais profetizou, sem cessar, que «ada tinham a esperar de Roma, exceto

moral. "A grande ousadia premeditada dêsse Papa — escreve Fulop Miller, que em plena época materialista-cienlífica analisava questões sociais do ponto de vista metafísico, e apontava nesse cami nho novas possibilidades de se resolver — devia causar funda impressão na hu manidade dêsse fim de século c agir anip'amentc como uma surpresa." A "Rerum

Novarum" passou, nus

propõem, e que consiste ua maior soma

olhares indiferentes e zombadores dos

possível de bens do corpo, do espírito

socialistas-marxistas,

e da fortuna, sem se esquecer que o seu

muitas publicações inteiramente inócuas

como

uma

das

objeto principal é o aperfeiçoamento

para orientar e determinar, por si sós,

moral e religioso, sob pena de degenera rem depressa." "Nas corporações, importa que os

um movimento que lhes opusesse al

operários sejam distribuídos com inteli gência; que a massa comum seja admi-

de combate aos erros marxistas. E o efeito salutar, se não causou diretamen

to proletário católico.

dade.

a que atinjam, pelo caminho mais cô

representativas e poderosas da época. Daí se erguer com um força poderosa

razão, se se reunir em corporações pni-

prejudique a concórdia; convirá terem

critério para determinar os e.statutos dessa disciplina é o proporcionarem elas

também possui o seu chefe e êste é a autoridade mais alta e uma das mais

com aqueles que, havia muito, se em

ciedade inteira e o futuro da humani

que nes.sas coq^orações haja unidade, precisam de uma sábia disciplina. O

para os abençoar." Agora o movimento social católico

falte o trabalho ao operário. O. prole tariado resolverá a questão social pela

sua hierarquia, onde a desigualdade não

Ao Estado, cumpre protegê-las, sem se intrometer no seu governo interior. Para

que o Chefe da Igreja erguesse o braço, Jium gesto de excomunhão. E eis que o vêem estender paternalmente a mão,

guma resistência.

No entanto, o ope-

(2) Resumo feito por Sampaio Dória — QuMtSo Social.

>M;iiÍllilÍÍiMi1l*íllll'-•

te uma legislação protetora operária, veio restabelecer a questão no terreno em que ela realmente devia ser encara

questão para o campo da filosofia moral,

filosofia social, em virtude de ser o pro blema filosófico atual o. de acomodar a estrutura jurídica e social ao novo

equipamento industrial, junto do de senvolvimento científico e técnico.

São estas as grandes modificações trazidas pelo "Grande Papa" na maneira como encarar a questão social e do modo como resolvê-la.


DrcESTO Econômico

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Dioestc» Econômico OI

mfclhor remédio para o social. A nistrada com inteireza; que se dctcrnuexperiência que o homem adquire todos ne, prèviamente, o .socorro pelo grau da os dias da exiguidade das suas forças, j.ndigôncia; que os direitos e deveres obriga-o e impele-o a agregar-se a uma cooperação estranha.

São das Sagradas Letras estas máxi mas: "Mais valem dois juntos que um

só, pois tiram vantagem de sua assoc^ção.

Se um cai, o outro sustenta-o.

Desgraçado do homem só, pois quando cair não terá ninguém que o levante". E estoutra; "O irmão que é ajudado

por seu irmão, é como uma cidade forte".

"As corporações operárias serão a

fòrça dos pobres. Terão fim de aper feiçoamento físico, intelectual e morai,

além do amparo econômico.

Terão a

rariado católico — sabedor de que um

dos patrões sejam conciliados com os

grande Papa havia pronunciado um dis curso em que não só testemunhava pleoa compreensão da angustiante situação

direitos e deveres do.s operários. Para

em que se encontravam, mas reconhe

atender a reclamações eventuais, seria

cia os direitos do proletariado e criti cava veementemente a.s graves injusti

de desejar que os próprios estatutos no meassem árbitros do seu seio, para re gularem os litígios. Convém prover as coisas, de modo que em nenhum tempo

ças do sistema cconómico-capitalista. como prescrevia os meios a seguir para

uma solução satisfatória — fez corpo

dentemente dirigidas." (2).

Daí escrever o Conde de Mun, um dos líderes do movimento social-cató-

da e, assim fazendo, trouxe esta grande

que íntima ação de graças despertou a

que em última análise se reduz ao da

Leão XIII sentiu duramente que a

questão proletária se havia tomado o problema da época e que da sua per feita .solução dependia o bem da so

penhavam em promover um movimen

lico: ^ "Que surpresa, que emoção gerai, enciclica em todos os corações. Idéias que, ainda ontem, eram estigmatizadas

Mas êsse problema estava mal

como subversivas e corruptas, são hoje

o seu fundo de reserva, para fazer face aos acidentes, às doenças, à velhice, ao.s reveses. Essas associações podem

colocado. Havia uma confusão de pl""

sancionadas pela mais alta autoridade

ser só de operários, ou podem ser mis tas, isto é, de operários e patrões. Elas

nita no terreno puramente econômico, o

produ2Úráo os mais benéficos frutos se a prudência presidir à sua organização.

lução só podia ser encontrada no plano

aos seus membro.s os meios mais aptos

modo e mais rápido, o fim a que se

nos.

A corrente dominadora — o mar

xismo — procurava resolver essa incóg que era um erro. A sua verdadeira so

da terra. Que intensa emoção nos am

bientes doutrinários, que agitação ainda mais profunda entre os trabalhadores

aoí; quais profetizou, sem cessar, que «ada tinham a esperar de Roma, exceto

moral. "A grande ousadia premeditada dêsse Papa — escreve Fulop Miller, que em plena época materialista-cienlífica analisava questões sociais do ponto de vista metafísico, e apontava nesse cami nho novas possibilidades de se resolver — devia causar funda impressão na hu manidade dêsse fim de século c agir anip'amentc como uma surpresa." A "Rerum

Novarum" passou, nus

propõem, e que consiste ua maior soma

olhares indiferentes e zombadores dos

possível de bens do corpo, do espírito

socialistas-marxistas,

e da fortuna, sem se esquecer que o seu

muitas publicações inteiramente inócuas

como

uma

das

objeto principal é o aperfeiçoamento

para orientar e determinar, por si sós,

moral e religioso, sob pena de degenera rem depressa." "Nas corporações, importa que os

um movimento que lhes opusesse al

operários sejam distribuídos com inteli gência; que a massa comum seja admi-

de combate aos erros marxistas. E o efeito salutar, se não causou diretamen

to proletário católico.

dade.

a que atinjam, pelo caminho mais cô

representativas e poderosas da época. Daí se erguer com um força poderosa

razão, se se reunir em corporações pni-

prejudique a concórdia; convirá terem

critério para determinar os e.statutos dessa disciplina é o proporcionarem elas

também possui o seu chefe e êste é a autoridade mais alta e uma das mais

com aqueles que, havia muito, se em

ciedade inteira e o futuro da humani

que nes.sas coq^orações haja unidade, precisam de uma sábia disciplina. O

para os abençoar." Agora o movimento social católico

falte o trabalho ao operário. O. prole tariado resolverá a questão social pela

sua hierarquia, onde a desigualdade não

Ao Estado, cumpre protegê-las, sem se intrometer no seu governo interior. Para

que o Chefe da Igreja erguesse o braço, Jium gesto de excomunhão. E eis que o vêem estender paternalmente a mão,

guma resistência.

No entanto, o ope-

(2) Resumo feito por Sampaio Dória — QuMtSo Social.

>M;iiÍllilÍÍiMi1l*íllll'-•

te uma legislação protetora operária, veio restabelecer a questão no terreno em que ela realmente devia ser encara

questão para o campo da filosofia moral,

filosofia social, em virtude de ser o pro blema filosófico atual o. de acomodar a estrutura jurídica e social ao novo

equipamento industrial, junto do de senvolvimento científico e técnico.

São estas as grandes modificações trazidas pelo "Grande Papa" na maneira como encarar a questão social e do modo como resolvê-la.


Dicesto Econômico 59'

Esta - diz Augusto Comte - cons titui sempre a condição daquela, sobre

Augusto Comte e a questão soda

tudo reiatii-umcnte a um te.somo pere cível, cuja conservação exige atentos ór

gãos especiais, plenamente responsáveis, que somente podem preencher o seu

oficio com inteira segurança, única fon te de tôda atiridade verdadeiramente O capital' e a dioisão dos oficios

trabalho, de sorte que o sapateiro, ao fazer sapatos para o lavrador, se apro

digna.

A lei que rege a concentração do ca pital e sua apropriação ou direção in

pria de uma parte da colheita dêste

a instítuição da propriedade é a base inevitável c indispensável de tôda so

último.

dividual, pode também, segundo Augus

"E, assim, trabalha cada operíirio par^^

to Comte, ser deduzida de outros prin

atender às necessidades dos operários de todos os outros gêneros, os quais, por

cípios .sociológicos de generalidade mais ampla do que os que já foram aqui assinalados em nosso artigo anterior. Assim, por exemplo, o caráter essen

cial de toda organização coletiva con

siste na divisão dos ofícios e convergên cia dos esforços, de acordo com o prin cípio pressentido, na. antigüidade, por Platão e Ari.stóteles, e claramente de

monstrado na modernidade, por Adam Smith e Turgot.

Ora,, só a instituição do capital per mite a divisão dos ofícios.

Para que cada qual se limite a produ zir um só dos diversos materiais indis

pensáveis à existência, é imprescindível que os demais produtos necessários se achem prèviamente acumulados alhures, de modo a permitirem, por troca, a sa

tisfação simultânea de todas as exigên cias pessoais. Todos lucram, aliás, com êsse estado

de coisas, porquanto, entregando-se cada

qual a um imíco gênero de atividade, pode exercê-lo com mais perícia do que o faria se se consagrasse a vários.

"O lavrador — exemplifica Turgot —

tira, do seu campo, a maior quantidade

possível de produtos e satisfaz mais fa

cilmente às outras exigências da vida

pela troca do supérfluo de sua lavoura do que o conseguiria pelo seu próprio

Pensa, portanto, Augusto Comte que ciedade civilizada.

Confusa e pouco distinta entre os sel vagens e os povos de civilização rudi mentar, toma-se cada vez mais nítida

sua vez, traballiam para ele."

com o decorrer da evolução, sendo in-

"Viver para outrem" não c, destarte, apenas uma fórmula moral, que resuine as leis do dever e da felicidade, segundo Aristóteles, Descartes, Condorcet e Au

destmtível não só porque o.s'mais enér-

T de produzir, conservar

vidade, não trabalha só para si. mas

do capital produzido pelos que traba 1_

1

iToVin-

lham sob a sua direção.

Não .se pode, portanto, separar a concentração dos materiais de sua apro priação individual.

regulá-lo de modo a ter, dia a dia

mais, a aplicação social que lhe impõe a sua origem.

Na' fortuna^ mais honestamente rídT honestamente adquiadqui-

tos e processos de tôda

goza: a ciência, os inven

ordem de que se serve, sem falar na parcela de

regem a natureza huma

capital ja formada e de

na, não deixam os socia

positada em suas mãos.

ção social.

Os proprietários são meros gestores do capital e devem possuí-lo — na ex pressão do grande São Paulo — como I

®

P—' A estas det a ci«rde que

listas e os comunistas de ter tôda razao quando lhe reclamam a regulariza

A convergência dos esforços em qual

t

ríM u vista das leis naturais a que estão sujeitos o homem e a sociedade, mas em

e

. vel, à vista das leis que

capital.

J,.

entre o capital e o trabalho, não em se

destruir o primeiro, o que seria quimé-

distribuir a riqueza. Se, porém, a apropriação in dividual desta é inevitá-

convergência dos esforços decorre ainda, como corolário, a gestão individual do

passam a ser os depositários ou gestores

sê-lo em seu destino, consistindo, segun do Augusto Comte, a grande questão

demonstra ser ela, não obstantes vícios das Ses oue'"'

para a coletividade inteira, e daí con siderar Augusto Comte todo cooperador, por mais humilde, do organismo social, verdadeiro servidor público. Do princípio da divisão dos ofícios e

Êsses indispensáveis coordenadores

Sendo, conseqüentemente, o çaj)ital social em sua origem, também deve

gicos insHntos do honl, o conduzem a indtíLo Tu-mT® 'J"

os que vivem em sociedade, porquanto, cada qual, cm seu campo próprio de ati

a.s atividades dos demais.

Origem social do capital e do trabalho-

eb, mas também porque a experiência SSenteT^ comparada com o

gusto Comte. É, antes de tudo, uma fa talidade a que não se podon eximir

quer atividade coletiva exige indivíduos que, de modo exclusivo, se apliquem à função de coordenar, dirigir e orientar

obrigações, podia o vassalo ser despo jado do que detinha.

se não o possuíssem — "tanquam non". Era, aliás, o que acontecia com os feudos na Idade Média, onde o vassalo

"detinha" mas não "possuía" a proprie

dade. Estendendo-se por tôda a socie dade, existia então complicado sistema de subfeudos, em virtude do qual tôda posse (tenure) era condicionada ao cum-

pnmento de determinadas obrigações so ciais. Ao fajtar ao cumprimeiíto dessas

Aos contemporâneos de

ve, afinal, a assistência e o concurso, sem os quais, por maior que sejà a sua

capacidade, nada conseguiria. O capi

tal é, portanto, indiscutivelmente, de

formação coletiva ou social, nela preponderando, ainda mais do que a solida riedade, a continuidade histórica. Mas, não e só a riqueza.

Também o trabalho é social em sua origem (^nstituindo a capacidade pro fissional de cada um lenta e difícil cria

ção da Humanidade, havendo exigido es

forços que muitas vezes remontam às primeu-as etapas da História.

Assim sendo, não deve o trabalho ter

um destíno exclusivamente pessoal, re-


Dicesto Econômico 59'

Esta - diz Augusto Comte - cons titui sempre a condição daquela, sobre

Augusto Comte e a questão soda

tudo reiatii-umcnte a um te.somo pere cível, cuja conservação exige atentos ór

gãos especiais, plenamente responsáveis, que somente podem preencher o seu

oficio com inteira segurança, única fon te de tôda atiridade verdadeiramente O capital' e a dioisão dos oficios

trabalho, de sorte que o sapateiro, ao fazer sapatos para o lavrador, se apro

digna.

A lei que rege a concentração do ca pital e sua apropriação ou direção in

pria de uma parte da colheita dêste

a instítuição da propriedade é a base inevitável c indispensável de tôda so

último.

dividual, pode também, segundo Augus

"E, assim, trabalha cada operíirio par^^

to Comte, ser deduzida de outros prin

atender às necessidades dos operários de todos os outros gêneros, os quais, por

cípios .sociológicos de generalidade mais ampla do que os que já foram aqui assinalados em nosso artigo anterior. Assim, por exemplo, o caráter essen

cial de toda organização coletiva con

siste na divisão dos ofícios e convergên cia dos esforços, de acordo com o prin cípio pressentido, na. antigüidade, por Platão e Ari.stóteles, e claramente de

monstrado na modernidade, por Adam Smith e Turgot.

Ora,, só a instituição do capital per mite a divisão dos ofícios.

Para que cada qual se limite a produ zir um só dos diversos materiais indis

pensáveis à existência, é imprescindível que os demais produtos necessários se achem prèviamente acumulados alhures, de modo a permitirem, por troca, a sa

tisfação simultânea de todas as exigên cias pessoais. Todos lucram, aliás, com êsse estado

de coisas, porquanto, entregando-se cada

qual a um imíco gênero de atividade, pode exercê-lo com mais perícia do que o faria se se consagrasse a vários.

"O lavrador — exemplifica Turgot —

tira, do seu campo, a maior quantidade

possível de produtos e satisfaz mais fa

cilmente às outras exigências da vida

pela troca do supérfluo de sua lavoura do que o conseguiria pelo seu próprio

Pensa, portanto, Augusto Comte que ciedade civilizada.

Confusa e pouco distinta entre os sel vagens e os povos de civilização rudi mentar, toma-se cada vez mais nítida

sua vez, traballiam para ele."

com o decorrer da evolução, sendo in-

"Viver para outrem" não c, destarte, apenas uma fórmula moral, que resuine as leis do dever e da felicidade, segundo Aristóteles, Descartes, Condorcet e Au

destmtível não só porque o.s'mais enér-

T de produzir, conservar

vidade, não trabalha só para si. mas

do capital produzido pelos que traba 1_

1

iToVin-

lham sob a sua direção.

Não .se pode, portanto, separar a concentração dos materiais de sua apro priação individual.

regulá-lo de modo a ter, dia a dia

mais, a aplicação social que lhe impõe a sua origem.

Na' fortuna^ mais honestamente rídT honestamente adquiadqui-

tos e processos de tôda

goza: a ciência, os inven

ordem de que se serve, sem falar na parcela de

regem a natureza huma

capital ja formada e de

na, não deixam os socia

positada em suas mãos.

ção social.

Os proprietários são meros gestores do capital e devem possuí-lo — na ex pressão do grande São Paulo — como I

®

P—' A estas det a ci«rde que

listas e os comunistas de ter tôda razao quando lhe reclamam a regulariza

A convergência dos esforços em qual

t

ríM u vista das leis naturais a que estão sujeitos o homem e a sociedade, mas em

e

. vel, à vista das leis que

capital.

J,.

entre o capital e o trabalho, não em se

destruir o primeiro, o que seria quimé-

distribuir a riqueza. Se, porém, a apropriação in dividual desta é inevitá-

convergência dos esforços decorre ainda, como corolário, a gestão individual do

passam a ser os depositários ou gestores

sê-lo em seu destino, consistindo, segun do Augusto Comte, a grande questão

demonstra ser ela, não obstantes vícios das Ses oue'"'

para a coletividade inteira, e daí con siderar Augusto Comte todo cooperador, por mais humilde, do organismo social, verdadeiro servidor público. Do princípio da divisão dos ofícios e

Êsses indispensáveis coordenadores

Sendo, conseqüentemente, o çaj)ital social em sua origem, também deve

gicos insHntos do honl, o conduzem a indtíLo Tu-mT® 'J"

os que vivem em sociedade, porquanto, cada qual, cm seu campo próprio de ati

a.s atividades dos demais.

Origem social do capital e do trabalho-

eb, mas também porque a experiência SSenteT^ comparada com o

gusto Comte. É, antes de tudo, uma fa talidade a que não se podon eximir

quer atividade coletiva exige indivíduos que, de modo exclusivo, se apliquem à função de coordenar, dirigir e orientar

obrigações, podia o vassalo ser despo jado do que detinha.

se não o possuíssem — "tanquam non". Era, aliás, o que acontecia com os feudos na Idade Média, onde o vassalo

"detinha" mas não "possuía" a proprie

dade. Estendendo-se por tôda a socie dade, existia então complicado sistema de subfeudos, em virtude do qual tôda posse (tenure) era condicionada ao cum-

pnmento de determinadas obrigações so ciais. Ao fajtar ao cumprimeiíto dessas

Aos contemporâneos de

ve, afinal, a assistência e o concurso, sem os quais, por maior que sejà a sua

capacidade, nada conseguiria. O capi

tal é, portanto, indiscutivelmente, de

formação coletiva ou social, nela preponderando, ainda mais do que a solida riedade, a continuidade histórica. Mas, não e só a riqueza.

Também o trabalho é social em sua origem (^nstituindo a capacidade pro fissional de cada um lenta e difícil cria

ção da Humanidade, havendo exigido es

forços que muitas vezes remontam às primeu-as etapas da História.

Assim sendo, não deve o trabalho ter

um destíno exclusivamente pessoal, re-


60

Duíesto

presentando, ao contrário, o contingente com que cada qual contribui para o bem-estar geral da coletividade de quem

fazer com que a gestão dêl^

tudo recebe.

testar a fim de que cada gest''*" J seu

Não admite, pois, dúvida, serem a

riqueza e o trabMho sociais em sua ori gem, donde decorre a exigência de tam bém o serem em seu destino:

Econômico

cada vez mais, aos competente®

ze.s, funestos à existência do homem, sem

Positiva", a mais completa Uherà^

lhes a utilidade.

tniístas, e, daí. pleitear, na '/jg de livre e conscientemente escolh^t'

sucessor, podendo deserdar os cendcntes legítimos no caso àe

indignos de administrar a

que ninguém pretenda, por isto, negarO objeto próprio da política ou arte

.61

vações, que tão terrivelmente assolam, em caráter permanente, os povos selva gens ou em estado de civilização rudi mentar, nos quais não se encontra ainda

social é exatarnente o de minorar e evi

a instituição do capital convenientemen

tar, o mais que fôr possível, os abusos das diversas instituições correspondentes.

te desenvolvida e sistematizada.

j^das

Capitalismo do Estado

rista do bem coletivo, salvag"^^ pre-

A diferença que há entre êsses povos,

onde é diminuto o capittd, e os povos

industriais do Ocidente moderno, é que,

"So che tutto è di tutíi; e che ne p^re Di nascer meritó chi d'esseT nato

apenas as precauções destinadas

Crede solo per se

venir o injusto esquecimento doS ^

deduz, segundo Augusto Comte, a apro

lizada a miséria do que nestes, onde.

"Sei que tudo é de todos; e nem se

ros diretos.

priação ou direção individual do capi

além de mais branda e menos extensa,

quer foi digno de nascer quem crê só para si haver nascido", já o sustentava,

Outro a.xioma sociológico, de que se

Ahwsos

tal, é o que consiga: "toda e qualquer

ela procede, unicamente, da má regula

função social só se pode exercer através,

mentação até hoje dada ao capital. Assim, por e.xemplo, a ruidosa super

de órgãos individuais".

O fato de ser a instituição ào

no século XVIII, um poeta que, segundo observa Augusto Comte, nunca foi acura

.sujeita a abusos não é motivo

do de tendência subversiva: Metastásio.

abolida, como pretendem alguns- ^

Longe, pois, de estarem condenados a um antagonismo fatal e permanente, o capital !•) o trabalho constituem, ao con

nossa espécie, e, conseqüentemente' ^

to se desvia assim o Governo de .sua

organismo social por e^.a formado» mos também levados a extingo»^

função própria de coordenador geral da

o capital é o fruto do trabalho acumu

as demais instituições sociais: pátria, governo, sacerdócio etc-.

nem a que realmente lhe compete, nem a que indèbitamente assim se lhe con

lado, sendo a sua formação inevitável

rem tôdas passíveis de abusos.

fere.

trário, v;lementos que podem e devem convergir harmônicamente, uma vez que

em virtude das duas leis a que nos re ferimos, formuladas por Augusto Comte.

Antecipadamente

respondeu

Adam

Smith aos socialistas Rodbertus, Lassal-

lo e outros, que pretendiam ver, no tra balho, independentemente do acúmulo

Atribuir a apropriação do capital, co

mo querem alguns, ao Govêrno ou Esioilo, será complicar a questão, porquan

Dada a imperfeição fundamei»^''^

sociedade, de maneira a não exercer bem

Essa solução só ilude, aliás, o proble ma, de vez que o Govêrno é uma abs tração, que não existe por si mesma. Confiar-lhe, portanto, a gestão do ca

É mui característica, a esse P*"°P

a anedota contada pelo fundador Sociologia a um de seus díscípo*® Quando, 'em 1825, publicou ^

pital é outorgá-la, de fato, aos. indiví duos que o compõem ou são por ele de

teoria dos dois poderes, espiritual e poral, famoso economista. Charles noyer, autor de célebre tratado so

naqueles, é muito mais dura e genera

produção do trigo, café, borracha, ove lhas, vinhos etc., verificada há alguns anos, não foi real. Proveio, apenas, da imensa interdependência de interêsses no mundo moderno, a qual faz com que perturbações verificadas na América e

na Ásia repercutam na Europa e na África, e vice-versa.

Foi o que ocorreu na guerra russonipônica.

Figuravam

os russos, antes

dessa

guerra, entre os maiores compradores

de chá da índia. Deixando, porém, de adquirl-lo, em conseqüência da guerra, a índia, grande consmnidora de tecidos britânicos, não vendendo mais o seu

guinte objeção: "Mas, não rec^i^ ^

signados. Multíplicar-se-iam, assim, as funções do Estado, ao mesmo tempo que se eli

salientava o filósofo escocês — a causa

que o seu poder espiritual

minaria o estímulo pessoal, decorrente do

do crescimento do capital. O trabalho

"Aníes, muito ao inverso — respon

máximo de liberdade e de responsabili

desfalque em sua balança e.xtema, pas

sem dúvida fornece o objeto que a economia acumula. Mas, faça o que

lhe Augusto Comte — espero que o

dade imprescindível, aos olhos de Comte, ao desempenho de qualquer função so

sou a não comprar algodão americano,

porquanto, do contrário, não ex*stt

dos seus excedentes, a fonte exclusiva do

capital. "Ê a economia e não o trabalho —

a "Liberdade do Trabalho", fêz-lhe a se

fizer o trabalho, sem a economia para

Se, porém, os abusos são mais ou

poupar e pôr de lado, o capital não

menos inevitáveis, não significa isto qne

aumentaria nunca." Liberdade de testar

A regulamentação social do capital, segundo Augusto Comte, consiste em

não devam ser confinados em estre

ssivel. limites e reduzidos ao mínimo po

É, aliás, o que se dá com os próprios agentes naturais: a chuva, o solo, o fogo, a eletricidade etc., são, muitas v

cial.

Sofrendo a Inglaterra, então, grande

de sorte que, em conseqüência de uma guerra longínqua, ficou a população

O capital e a miséria

agrícola dos Estados Unidos sem recur sos para adquirir, como normalmente o

Longe de ser a miséria uma conse qüência da formação do capital, é, ao contrário, exatamente essa formação que

fazia, os produtos industriais do pais,

permite imaginar-se uma sociedade on

ção que, na realidade, não e.xístia.

de ninguém padeça a fome e as pri

chá, não teve recursos para continuar a importar os mencionados tecidos.

e, daí, em 1905, a forte crise econômi

ca norte-americana de uma superprodu

Multiplique-se isto por cem — co-


60

Duíesto

presentando, ao contrário, o contingente com que cada qual contribui para o bem-estar geral da coletividade de quem

fazer com que a gestão dêl^

tudo recebe.

testar a fim de que cada gest''*" J seu

Não admite, pois, dúvida, serem a

riqueza e o trabMho sociais em sua ori gem, donde decorre a exigência de tam bém o serem em seu destino:

Econômico

cada vez mais, aos competente®

ze.s, funestos à existência do homem, sem

Positiva", a mais completa Uherà^

lhes a utilidade.

tniístas, e, daí. pleitear, na '/jg de livre e conscientemente escolh^t'

sucessor, podendo deserdar os cendcntes legítimos no caso àe

indignos de administrar a

que ninguém pretenda, por isto, negarO objeto próprio da política ou arte

.61

vações, que tão terrivelmente assolam, em caráter permanente, os povos selva gens ou em estado de civilização rudi mentar, nos quais não se encontra ainda

social é exatarnente o de minorar e evi

a instituição do capital convenientemen

tar, o mais que fôr possível, os abusos das diversas instituições correspondentes.

te desenvolvida e sistematizada.

j^das

Capitalismo do Estado

rista do bem coletivo, salvag"^^ pre-

A diferença que há entre êsses povos,

onde é diminuto o capittd, e os povos

industriais do Ocidente moderno, é que,

"So che tutto è di tutíi; e che ne p^re Di nascer meritó chi d'esseT nato

apenas as precauções destinadas

Crede solo per se

venir o injusto esquecimento doS ^

deduz, segundo Augusto Comte, a apro

lizada a miséria do que nestes, onde.

"Sei que tudo é de todos; e nem se

ros diretos.

priação ou direção individual do capi

além de mais branda e menos extensa,

quer foi digno de nascer quem crê só para si haver nascido", já o sustentava,

Outro a.xioma sociológico, de que se

Ahwsos

tal, é o que consiga: "toda e qualquer

ela procede, unicamente, da má regula

função social só se pode exercer através,

mentação até hoje dada ao capital. Assim, por e.xemplo, a ruidosa super

de órgãos individuais".

O fato de ser a instituição ào

no século XVIII, um poeta que, segundo observa Augusto Comte, nunca foi acura

.sujeita a abusos não é motivo

do de tendência subversiva: Metastásio.

abolida, como pretendem alguns- ^

Longe, pois, de estarem condenados a um antagonismo fatal e permanente, o capital !•) o trabalho constituem, ao con

nossa espécie, e, conseqüentemente' ^

to se desvia assim o Governo de .sua

organismo social por e^.a formado» mos também levados a extingo»^

função própria de coordenador geral da

o capital é o fruto do trabalho acumu

as demais instituições sociais: pátria, governo, sacerdócio etc-.

nem a que realmente lhe compete, nem a que indèbitamente assim se lhe con

lado, sendo a sua formação inevitável

rem tôdas passíveis de abusos.

fere.

trário, v;lementos que podem e devem convergir harmônicamente, uma vez que

em virtude das duas leis a que nos re ferimos, formuladas por Augusto Comte.

Antecipadamente

respondeu

Adam

Smith aos socialistas Rodbertus, Lassal-

lo e outros, que pretendiam ver, no tra balho, independentemente do acúmulo

Atribuir a apropriação do capital, co

mo querem alguns, ao Govêrno ou Esioilo, será complicar a questão, porquan

Dada a imperfeição fundamei»^''^

sociedade, de maneira a não exercer bem

Essa solução só ilude, aliás, o proble ma, de vez que o Govêrno é uma abs tração, que não existe por si mesma. Confiar-lhe, portanto, a gestão do ca

É mui característica, a esse P*"°P

a anedota contada pelo fundador Sociologia a um de seus díscípo*® Quando, 'em 1825, publicou ^

pital é outorgá-la, de fato, aos. indiví duos que o compõem ou são por ele de

teoria dos dois poderes, espiritual e poral, famoso economista. Charles noyer, autor de célebre tratado so

naqueles, é muito mais dura e genera

produção do trigo, café, borracha, ove lhas, vinhos etc., verificada há alguns anos, não foi real. Proveio, apenas, da imensa interdependência de interêsses no mundo moderno, a qual faz com que perturbações verificadas na América e

na Ásia repercutam na Europa e na África, e vice-versa.

Foi o que ocorreu na guerra russonipônica.

Figuravam

os russos, antes

dessa

guerra, entre os maiores compradores

de chá da índia. Deixando, porém, de adquirl-lo, em conseqüência da guerra, a índia, grande consmnidora de tecidos britânicos, não vendendo mais o seu

guinte objeção: "Mas, não rec^i^ ^

signados. Multíplicar-se-iam, assim, as funções do Estado, ao mesmo tempo que se eli

salientava o filósofo escocês — a causa

que o seu poder espiritual

minaria o estímulo pessoal, decorrente do

do crescimento do capital. O trabalho

"Aníes, muito ao inverso — respon

máximo de liberdade e de responsabili

desfalque em sua balança e.xtema, pas

sem dúvida fornece o objeto que a economia acumula. Mas, faça o que

lhe Augusto Comte — espero que o

dade imprescindível, aos olhos de Comte, ao desempenho de qualquer função so

sou a não comprar algodão americano,

porquanto, do contrário, não ex*stt

dos seus excedentes, a fonte exclusiva do

capital. "Ê a economia e não o trabalho —

a "Liberdade do Trabalho", fêz-lhe a se

fizer o trabalho, sem a economia para

Se, porém, os abusos são mais ou

poupar e pôr de lado, o capital não

menos inevitáveis, não significa isto qne

aumentaria nunca." Liberdade de testar

A regulamentação social do capital, segundo Augusto Comte, consiste em

não devam ser confinados em estre

ssivel. limites e reduzidos ao mínimo po

É, aliás, o que se dá com os próprios agentes naturais: a chuva, o solo, o fogo, a eletricidade etc., são, muitas v

cial.

Sofrendo a Inglaterra, então, grande

de sorte que, em conseqüência de uma guerra longínqua, ficou a população

O capital e a miséria

agrícola dos Estados Unidos sem recur sos para adquirir, como normalmente o

Longe de ser a miséria uma conse qüência da formação do capital, é, ao contrário, exatamente essa formação que

fazia, os produtos industriais do pais,

permite imaginar-se uma sociedade on

ção que, na realidade, não e.xístia.

de ninguém padeça a fome e as pri

chá, não teve recursos para continuar a importar os mencionados tecidos.

e, daí, em 1905, a forte crise econômi

ca norte-americana de uma superprodu

Multiplique-se isto por cem — co-


Digesto EcoNÓAaco

02

menta, a este propósito, um autor — e

já existe, ou, segundo a fórmula do

ter-se-á uma noção do grau de desequi líbrio econômico mundial, causado pela

Filósofo: "conservar, melhorando".

O problema do açúcar

O mal decorre, na verdade, apenas

Grande Guerra.

da má regulamentação até hoje impres

^•iscurso do Sr. UliniHtro Dnnicl ilo Carvalho no onecrramciito

A miséria dos povos ocidentais tem, portanto, outra origem, e sua solução

sa ao capital por falta de uma opinião pública mundial, convenientemente es clarecida e fortemente concentrada, de

do l.o C«>ngroü>KO ili^mcaroiro IVacional

é menos difícil do que a dos povos onde

ECEBi prazeirosamente a

modo a atuar, rápida e eficazmente, •■i sobre os detentores ou gestores da ri

não existe ainda, suficientemente desen

volvido, o capital ou acôrvo de mate riais imprescindíveis à satisfação das ne cessidades humanas. Longe de destruir,

honrosa incumbência, que

queza, sendo, por outro lado, capaz de impor, aos Governos, a manutenção da paz.

o que há a fazer é aperfeiçoar o que

formadores da inatória-prima como os operários agrictrlas c industriais, o ([ue

o Senhor Presidente da República me atribuiu,

vale dizer todos os elementos vinculados

de falar, em nome de Sua Excelência, na sole-

Vem a piopòsito reproduzir aqui uni trecho da Mensagem do Chefe do Poder Executivo ao Congresso Nacional, em

iiidade de encerramento dêste Congres so.

à economia canavieira do Brasil.

15 de maiço de 1947:

Foi êste, de fato, pela amplitude de

sua organização e pela multiplicidade de sons objetivos, o Primeiro Congresso Açucaroiro Nacional, pois excede às reuniões cx)ngêncrcs anteriormente rea lizadas no País, por iniciativa das clas

ses interessadas ou do poder público. Pof isso mesmo, foi com elevada con

fiança que o Governo acompanhou os vossos

trabalhos,

o

estudo

das

teses

apresentadas e o debate dos problemas

.

.

careira.

Em complemento ao qxie já foi realizado, grande esfôrço terá ainda de ser feito no sentido de racionaMzar a lavoura de cana e as indús

riam na proteção da rotina e da ine

mais larga compreensão, entendimento e

ficiência à custa do consumidor e do

solidariedade das fôrças propulsoras da

nivel de vida do trabalhador rural. A situação dêste último deverá ser

doravante um dos pontos , de peiTnji-

drou-se na orientação do Presidente Eu-

nente atenção da política açucareira

rico Dutra, expressix em vários atos e

governamental.

reira o alcooleira do País, u base dos

V...

lavrador

ceiros, econômicos e sociais, à luz da

documenlo.s públicos, no tocante a êste grande setor da riqueza nacional. Co mo se vê do respectivo temário e, já agora, das conclusões adotadas, houve o intuito de promover o desenvolvimen to e o progresso das indústrias açuca -

ao

trias de açúcar e :l1coo1, pois transigências neste particular redunda

A realização deste Congresso enqua

/■

social

constituem as preocupações funda mentais do Governo na política açu

.agrícolas, industriais, comerciais, finan

economia açucareira.

--

"A assistência técnica ao produtor c a assistência

proce.ssos mais adiantados da sua pro dução c de normas eqüitàtivas na distri

Pelo ato legal, que

autorizou a

ampliação das quotas de produção de açúcar, ficaram os produtores obrigados a aplicar em seus serviços de assistência mcclico-farmacêutica a

importância mínima dc Cr$ 2,00 por saco de açúcar, o que fonieee uma disponibilidade anual da ordem de

buição de seus resultados, procurando

CiJl 36.000.000,00 para os fins de assistência. Os estudos iniciados pre

beneficiar tanto os fornecedores e trans

vêem um ambulatório em cada usí-


Digesto EcoNÓAaco

02

menta, a este propósito, um autor — e

já existe, ou, segundo a fórmula do

ter-se-á uma noção do grau de desequi líbrio econômico mundial, causado pela

Filósofo: "conservar, melhorando".

O problema do açúcar

O mal decorre, na verdade, apenas

Grande Guerra.

da má regulamentação até hoje impres

^•iscurso do Sr. UliniHtro Dnnicl ilo Carvalho no onecrramciito

A miséria dos povos ocidentais tem, portanto, outra origem, e sua solução

sa ao capital por falta de uma opinião pública mundial, convenientemente es clarecida e fortemente concentrada, de

do l.o C«>ngroü>KO ili^mcaroiro IVacional

é menos difícil do que a dos povos onde

ECEBi prazeirosamente a

modo a atuar, rápida e eficazmente, •■i sobre os detentores ou gestores da ri

não existe ainda, suficientemente desen

volvido, o capital ou acôrvo de mate riais imprescindíveis à satisfação das ne cessidades humanas. Longe de destruir,

honrosa incumbência, que

queza, sendo, por outro lado, capaz de impor, aos Governos, a manutenção da paz.

o que há a fazer é aperfeiçoar o que

formadores da inatória-prima como os operários agrictrlas c industriais, o ([ue

o Senhor Presidente da República me atribuiu,

vale dizer todos os elementos vinculados

de falar, em nome de Sua Excelência, na sole-

Vem a piopòsito reproduzir aqui uni trecho da Mensagem do Chefe do Poder Executivo ao Congresso Nacional, em

iiidade de encerramento dêste Congres so.

à economia canavieira do Brasil.

15 de maiço de 1947:

Foi êste, de fato, pela amplitude de

sua organização e pela multiplicidade de sons objetivos, o Primeiro Congresso Açucaroiro Nacional, pois excede às reuniões cx)ngêncrcs anteriormente rea lizadas no País, por iniciativa das clas

ses interessadas ou do poder público. Pof isso mesmo, foi com elevada con

fiança que o Governo acompanhou os vossos

trabalhos,

o

estudo

das

teses

apresentadas e o debate dos problemas

.

.

careira.

Em complemento ao qxie já foi realizado, grande esfôrço terá ainda de ser feito no sentido de racionaMzar a lavoura de cana e as indús

riam na proteção da rotina e da ine

mais larga compreensão, entendimento e

ficiência à custa do consumidor e do

solidariedade das fôrças propulsoras da

nivel de vida do trabalhador rural. A situação dêste último deverá ser

doravante um dos pontos , de peiTnji-

drou-se na orientação do Presidente Eu-

nente atenção da política açucareira

rico Dutra, expressix em vários atos e

governamental.

reira o alcooleira do País, u base dos

V...

lavrador

ceiros, econômicos e sociais, à luz da

documenlo.s públicos, no tocante a êste grande setor da riqueza nacional. Co mo se vê do respectivo temário e, já agora, das conclusões adotadas, houve o intuito de promover o desenvolvimen to e o progresso das indústrias açuca -

ao

trias de açúcar e :l1coo1, pois transigências neste particular redunda

A realização deste Congresso enqua

/■

social

constituem as preocupações funda mentais do Governo na política açu

.agrícolas, industriais, comerciais, finan

economia açucareira.

--

"A assistência técnica ao produtor c a assistência

proce.ssos mais adiantados da sua pro dução c de normas eqüitàtivas na distri

Pelo ato legal, que

autorizou a

ampliação das quotas de produção de açúcar, ficaram os produtores obrigados a aplicar em seus serviços de assistência mcclico-farmacêutica a

importância mínima dc Cr$ 2,00 por saco de açúcar, o que fonieee uma disponibilidade anual da ordem de

buição de seus resultados, procurando

CiJl 36.000.000,00 para os fins de assistência. Os estudos iniciados pre

beneficiar tanto os fornecedores e trans

vêem um ambulatório em cada usí-


CS Dioe-sto EcoNÓ^^lCo

64

na, hospitais regionais, maternidade 6 um hospital central nas capitais dos Estados açucareiros, para casos gra

fim de atender à.s a.spiraçõc.s da comuni dade açucareira, sem maiores sacrifícios para a população do País. É grato ao Governo reconhecer que o temárío elaborado para este Congre.<i.so

no bagaço ou em sua cinza e na lama dos filtros-prensa, todos os elementos mi nerais que haviam sido dali retirados Quando o mel residual, rico em sais

tí também industrializado, passa a pro

tado sempre no sentido de concretizar as

ação do Estado a iniciativa dos produ

priedade agrícola a e.xportar, também álcool, outro composto, orgânico cons tituído e.xclusivamente pelos elementos redrados da água e do gás carbônico do

suas diretrizes em face da agro-indústría do açúcar. Afora o já referido De

tores, no sentido de abrir à mais anti

ar. Os sais ficaram nas caldas residuais

ves e de alta cirurgia."

A ação do Governo tem-se manifes

reflete o pensamento de conjugar com a

creto-lei n.° 9.827, de 10 de setembro de

ga indústria agrária do Brasil novas pos sibilidades de e.xploração da terra, de

1946, que autoriza a revisão geral das

reaparelhamento das fábricas, de distri

quotas de produção das usinas, foi ex

buição das safras, de financiamento dos lavradores e usineiros, de assistência e

pedido o Decreto n.° 25.174-A, de 3

que, se ainda hoje não são integralmente aproveitadas, poderão sê-lo. em breve graças às constantes conquistas da téc nica.

Por outro lado, a cana, com seu cres

toneladas que o Havaí obtém, no Bra sil o tênno médio ainda c de 38 tone

ladas por hectare, sem que a extensão total da cultura — 818 mil hectares — possa ser apontada como determinante fatal desse fenômeno.

Nas modernas práticas de defesa e enriquecimento do solo e de p'antio,

bem como na seleção de variedades, mais adequadas, estão as possibilidades de transformar a economia açucareira me

diante o único recurso eficaz, que é o de barateamento do custo para permi tir o aumento do consumo interno e

de julho de 1948, que adota medidas

valorização do homem do campo, de

cimento entouceirado, cobre quase por

fazer face à competição internacional.

de estímulo á produção de álcool para

acordo com os preceitos e os ensinamen

fins carburantes. Harmonizam-se intei

tos da ciência e da técnica modernas.

nor produção de cana por hectare é o

Em particular, a atuação do Minis

completo o solo, protegendo-o eficaz mente contra os agentes da erosão, en quanto seu abundante .sistema radicular

legais, porque se destinam a incentivar a

tério da Agricultura se tem feito sentir

fabricação do açúcar mais procurado e do álcool-motor. Além disso, para me

contribui para reduzir as perdas por lixiNiação.

lhor estímu'ò à produção e atender à

na busca de elementos que pennítam à tradicional cultura da cana aproximar-se das conquistas assinaladas por outros paí

A agro-indústria canavieira, pois, es tá incorporada às melhores conquistas

expansão do consumo nacional de car-

ses no rendimento, tanto da produção

da civilização brasileira.

biu-ante, foi estabelecida a paridade de preços do açúcar com o álcool produ zido diretamente da cana ou do mel rico, visando garantir justa remuneração daS atividades agrícolas e industriais. Esta preocupação de justiça económico-social in.spirou outras providências go vernamentais, pleiteadas pelas classes produtoras do País, encaminhadas pelas

daquela matéria-prima, em relação à área, quanto da produção do açúcar em

Mas, segundo um conceito" funda mental, embora elementar, de econo mia, a sobrevivência o o lucro de uma indústria se apoiam nas condiç-ões do

ramente as finalidades desses diplomas

suas entidades representativas nos Es tados e estudada.s pelo órgão do seu

contrôle, de conformidade com a orga

nização que coordena, disciplina e im pulsiona a economia canavieira. Assim

relação à cana.

A exploração da cana-de-açúcar, quan do racionalmente praticada, é uma das práticas agrícolas que menos contribuem

equilíbrio entre as despesas que exige c a receita que proporciona.

Enquanto os níveis atingidos pela re

para o esgotamento do solo.

Realmente, o açúcar que sai das usi

ceita bruta são geralmente estabelecidos

nas é um hidrato de carbono quase

por fatôres externos, alheios às pos

quimicamente puro, contendo apenas

sibilidades de contrôle do produtor, as despesas são condicionadas pela nature za e eficiência dos métodos de pro

traços mínimos de resíduo miiferal.

O

açúcar retém, portanto, cLa proprieda de agrícola, apenas os elementos da

dução.

ó que o reajustamento dos preços do

água e do anidrido carbônico do ar, que a energia dos raios de sol reuniu no

Há, evidentemente, um extenso ca minho a percorrer no sentido da reforma

açúcar às condições do mercado interno,

laboratório maraviUioso das folhas ver

desde a extinção do seu racionamento no Distrito Federal e em São Paulo,

des da cana. Para qu.e esse laboratório

dos métodos da nossa mais antiga in dústria agrária, diante dêste fenômeno;

tem obedecido a inquéritos sôbre os

custos da produção agrícola e indus trial, inquéritos esses realizados pelo Instituto do Açúcar e do Álcool e re

examinados por comissões especiais, a

funcione eficientemente, necessita de

elementos minerais que são tirados do solo. Mas, quando a fotossíntese acu mula, na cana, suficiente quantidade de sacarose, e o homem a extrai e purifica; voltam novamente ao solo, incorporados

enquanto a média de rendimento, por hectare, em vários países, já excede de 50 toneladas, alcançando mesmo a 120 toneladas no Peru, sem falar nas 160

A primeira das causas diretas da me

baixo nível de fertilidade das terras, a ser corrigido pela adubação e a cala-

gein-drenagem, em alguns casos, e ir rigação em outros — ou seja, pela racio nalização das práticas agrícolas, quanto ao preparo do solo e às operações co muns a qualquer cultura.

As Estações Experimentais de Cura

do, Campos e Quissamã e a Subestação de Barbalha, com a cooperação do Ins tituto do Açúcar e do Álcool, procedem, nos seus próprios campos e nas planta ções particulares, a' e.x-perimentos c es

tudos com resultados que muito se re comendam para a consecução do obje tivo comum: bai.xar o custo da pro dução.

As experiências de adubação ofere cem dados os mais convincentes.

Em cultuias cujo rendimento médio

era de 35,3 toneladas por hectare, a introdução de dose simples de azòto ele vou êsse rendimento a 46,8 toneladas e de dose dupla a 63,3 toneladas. Nou

tras onde já se colhiam 82,1 toneladas, a colheita aumentou para 99,5 e 106,4 toneladas.

Terras desprovidas de fósforo, que


CS Dioe-sto EcoNÓ^^lCo

64

na, hospitais regionais, maternidade 6 um hospital central nas capitais dos Estados açucareiros, para casos gra

fim de atender à.s a.spiraçõc.s da comuni dade açucareira, sem maiores sacrifícios para a população do País. É grato ao Governo reconhecer que o temárío elaborado para este Congre.<i.so

no bagaço ou em sua cinza e na lama dos filtros-prensa, todos os elementos mi nerais que haviam sido dali retirados Quando o mel residual, rico em sais

tí também industrializado, passa a pro

tado sempre no sentido de concretizar as

ação do Estado a iniciativa dos produ

priedade agrícola a e.xportar, também álcool, outro composto, orgânico cons tituído e.xclusivamente pelos elementos redrados da água e do gás carbônico do

suas diretrizes em face da agro-indústría do açúcar. Afora o já referido De

tores, no sentido de abrir à mais anti

ar. Os sais ficaram nas caldas residuais

ves e de alta cirurgia."

A ação do Governo tem-se manifes

reflete o pensamento de conjugar com a

creto-lei n.° 9.827, de 10 de setembro de

ga indústria agrária do Brasil novas pos sibilidades de e.xploração da terra, de

1946, que autoriza a revisão geral das

reaparelhamento das fábricas, de distri

quotas de produção das usinas, foi ex

buição das safras, de financiamento dos lavradores e usineiros, de assistência e

pedido o Decreto n.° 25.174-A, de 3

que, se ainda hoje não são integralmente aproveitadas, poderão sê-lo. em breve graças às constantes conquistas da téc nica.

Por outro lado, a cana, com seu cres

toneladas que o Havaí obtém, no Bra sil o tênno médio ainda c de 38 tone

ladas por hectare, sem que a extensão total da cultura — 818 mil hectares — possa ser apontada como determinante fatal desse fenômeno.

Nas modernas práticas de defesa e enriquecimento do solo e de p'antio,

bem como na seleção de variedades, mais adequadas, estão as possibilidades de transformar a economia açucareira me

diante o único recurso eficaz, que é o de barateamento do custo para permi tir o aumento do consumo interno e

de julho de 1948, que adota medidas

valorização do homem do campo, de

cimento entouceirado, cobre quase por

fazer face à competição internacional.

de estímulo á produção de álcool para

acordo com os preceitos e os ensinamen

fins carburantes. Harmonizam-se intei

tos da ciência e da técnica modernas.

nor produção de cana por hectare é o

Em particular, a atuação do Minis

completo o solo, protegendo-o eficaz mente contra os agentes da erosão, en quanto seu abundante .sistema radicular

legais, porque se destinam a incentivar a

tério da Agricultura se tem feito sentir

fabricação do açúcar mais procurado e do álcool-motor. Além disso, para me

contribui para reduzir as perdas por lixiNiação.

lhor estímu'ò à produção e atender à

na busca de elementos que pennítam à tradicional cultura da cana aproximar-se das conquistas assinaladas por outros paí

A agro-indústria canavieira, pois, es tá incorporada às melhores conquistas

expansão do consumo nacional de car-

ses no rendimento, tanto da produção

da civilização brasileira.

biu-ante, foi estabelecida a paridade de preços do açúcar com o álcool produ zido diretamente da cana ou do mel rico, visando garantir justa remuneração daS atividades agrícolas e industriais. Esta preocupação de justiça económico-social in.spirou outras providências go vernamentais, pleiteadas pelas classes produtoras do País, encaminhadas pelas

daquela matéria-prima, em relação à área, quanto da produção do açúcar em

Mas, segundo um conceito" funda mental, embora elementar, de econo mia, a sobrevivência o o lucro de uma indústria se apoiam nas condiç-ões do

ramente as finalidades desses diplomas

suas entidades representativas nos Es tados e estudada.s pelo órgão do seu

contrôle, de conformidade com a orga

nização que coordena, disciplina e im pulsiona a economia canavieira. Assim

relação à cana.

A exploração da cana-de-açúcar, quan do racionalmente praticada, é uma das práticas agrícolas que menos contribuem

equilíbrio entre as despesas que exige c a receita que proporciona.

Enquanto os níveis atingidos pela re

para o esgotamento do solo.

Realmente, o açúcar que sai das usi

ceita bruta são geralmente estabelecidos

nas é um hidrato de carbono quase

por fatôres externos, alheios às pos

quimicamente puro, contendo apenas

sibilidades de contrôle do produtor, as despesas são condicionadas pela nature za e eficiência dos métodos de pro

traços mínimos de resíduo miiferal.

O

açúcar retém, portanto, cLa proprieda de agrícola, apenas os elementos da

dução.

ó que o reajustamento dos preços do

água e do anidrido carbônico do ar, que a energia dos raios de sol reuniu no

Há, evidentemente, um extenso ca minho a percorrer no sentido da reforma

açúcar às condições do mercado interno,

laboratório maraviUioso das folhas ver

desde a extinção do seu racionamento no Distrito Federal e em São Paulo,

des da cana. Para qu.e esse laboratório

dos métodos da nossa mais antiga in dústria agrária, diante dêste fenômeno;

tem obedecido a inquéritos sôbre os

custos da produção agrícola e indus trial, inquéritos esses realizados pelo Instituto do Açúcar e do Álcool e re

examinados por comissões especiais, a

funcione eficientemente, necessita de

elementos minerais que são tirados do solo. Mas, quando a fotossíntese acu mula, na cana, suficiente quantidade de sacarose, e o homem a extrai e purifica; voltam novamente ao solo, incorporados

enquanto a média de rendimento, por hectare, em vários países, já excede de 50 toneladas, alcançando mesmo a 120 toneladas no Peru, sem falar nas 160

A primeira das causas diretas da me

baixo nível de fertilidade das terras, a ser corrigido pela adubação e a cala-

gein-drenagem, em alguns casos, e ir rigação em outros — ou seja, pela racio nalização das práticas agrícolas, quanto ao preparo do solo e às operações co muns a qualquer cultura.

As Estações Experimentais de Cura

do, Campos e Quissamã e a Subestação de Barbalha, com a cooperação do Ins tituto do Açúcar e do Álcool, procedem, nos seus próprios campos e nas planta ções particulares, a' e.x-perimentos c es

tudos com resultados que muito se re comendam para a consecução do obje tivo comum: bai.xar o custo da pro dução.

As experiências de adubação ofere cem dados os mais convincentes.

Em cultuias cujo rendimento médio

era de 35,3 toneladas por hectare, a introdução de dose simples de azòto ele vou êsse rendimento a 46,8 toneladas e de dose dupla a 63,3 toneladas. Nou

tras onde já se colhiam 82,1 toneladas, a colheita aumentou para 99,5 e 106,4 toneladas.

Terras desprovidas de fósforo, que


DítiKsid Econômico

TTTTT

Gíí

produziam 28,2 toneladas por hectare, passaram a produzir 58.1 mediante ») emprego de dose simples daquele fcrtiÜzimle e 61,2 toneladas com aplicação de dose dupla. Onde o elemento deficiente era o

potássio, registrando-se uma produção de 54,6 toneladas por hectare, doses simples dè.sse mineral fizeram crescer o rendimento médio para 62.5 toneladas v doses duplas e'evaram-no a 72.5 tone

•j-odu variedade housc. a Co 421 ziu. respectivanu-ntc 98 7, '"'"a, ' ' 6-1,3, donde a média," bastante "

de 80,1 toneiaflas pm- bcc tarePor iVtinio. indicam os

falhas no camuial como um ponsa%eis diretos pela queda cie ção ' ix.r iKctare. e os mcio.s de . , •• ^ os nicios

;

„,,vi,„nln

ias pelo plantio racional e o tratm''*-"'. das estacas com o au.xílio cie

das. Cumpre salientar o <-spi'it<> P gressislu de alguns ciiltivad.)ic'S 0^'^" '

ladas.

Numa cultura experimental, com o

mtrcxlnziram o plantio niccànicm/"'

rendimento, por hectare, de 64 tonela

ziindo, aliás, eciuipamonto constri''d"

das de cana, a aplicação de 300 quilos de salitre fêz subir aquela media para 7.5,3 toneladas e uma quantidade dupla

próprias oficina.s.

cota - junta-se. para majoração

do mesmo mineral a elevon a 85,8 to

ço do custo, outro fator - baiN<'

neladas.

mcnto industrial.

São dados, êsses, colhidos ao acaso na

Ao fator — baixo rendimento agri......AW

cultura, a qual, aliás, serviu também de base a estudos e teses trazidos a debate neste

Congre.sso.

1^.

Em Cuba, onde a colheita p'"'

farta documentação técnica das

• e.stações e subestações experi mentais do Ministério da Agri

lenoiiN».'--

é semelhante á do I extraem, em média,

fO kg de açúcar de cada to[lada de cana. Porto obtém uma produção

.evada cie cana por hcctaie, mio também iim rcnf^hncno

E' o que igualmente acontece em re lação às variedades de cana colocadas

industrial mais forte.

cm competição há muitos anos'.

75 kg. dc açúcar por tonelada cie cana,

Brasil, a média clésse lendimtmto,

Observam-.sc. neste trabaliio, com re

é resultante de extremos muito afasta-

ferencia a cada uma delas, o rendimen

dos, dada a existência cie grande nume

- - --

W

V.WVJ ^ » J J%/.>

ill*»»**'

to agrícola, não só da cana planta, co

ro de láljricas com aparelhameiito p"-'*

mo da.s socas, e o rendimento indus trial prováve'.

cario ou niesnío obsoleto.

A.s.sim c que se viu, em canaviais plan tados cm dezembro de 1944, na Ea-

zenda Angra, de Campos, o comporta mento de uma dezena de variedades nas

diferentes colheitas.

Enquanto a POJ

2878, cuja introdução no Brasil revolu cionou a nossa cultura canavieira, apre

sentou um rendimento médio de 52,4

tonelada.s por hectare, sendo 51,6 na

planta, 57,7 na soca e 48,1 na re.s.soca.

Inclusive nos grandes estabelceimen*

tos*in^u.striais, onde o rendimento é dc cerca de 100 kg de açúcar por lonclucla' de cana, ésse resultado poderia .ser au

mentado pela adoção de. xarieclaclcs mais ricas e pela mais segura ordena ção do período cie mnagcm.

Enquanto nas usinas ciibana.s a safm tem a duração de 150 ,a 160 dias, den

tro de um período ótimo de desenvoMmento e maturação da planta, entre nós

Íií

a inoagein não raro se prolonga por 240 a 260 dias, portanto, uma extensão

cursos a mais pro\-eitosu aplicação na

de tempo em que não podem ser manti das aquelas condições.

ra, em auxílios aos institutos de pesqui

Outra forma do reduzir o custo cia

assistência às diferentes áreas de cultu

sas e no esforço tecnológico necessário

a

assegurar

as bases sólidas

para

produção será o abandono cias práticas obsoletas de colheita c amarração dos

o reaparecimento da nossa produção

feixes, o transporte pelos cambitciros e

nal.

as sucessi\'a.s baldeaçoes desde os cana-

\'{ais até a plataforma da usina, median te o emprego dos equipamentos mo

açucareira

no

mercado

internacio

Rara èsse fim, resultaram, do conclave que ora se encerra, suge.stões fun

dadas em depoimentos e documentários

dernos, geralmente utilizixdos em outros

\aliosos e apreciadas num ambiente de

países produtores.

mútua compreensão. Senhor Presidente Edgar de Goes

Relativamente à organização da eco nomia do açúcar e cio álcool, ^•emos

nela uma das mais dilatadas experiências brasileiras cie interxenção do Estado nas

atividades produtoras e comerciais. Já agora, parece aconselhável que o órgão autárquico executor dessa intervenção só c.xcepcionalmente possa ter encargos de industrial, transportador e \endecÍor.

Monteiro, Senhores Congressistas: re

cebei do Senhor Presidente da República e cie mim próprio as melhores congratuhiçoes pela fecundidade de vossos tra balhos e o preito de confiança do GoNÒrno de que continuareis a servir, co mo o fizeram vossos antecessores e an

tepassados, senhores de engenho das vá rias regiões do País, à segurança e in

São oportunas, igualmente, reformas na política e na estrutura da entidade, me

tegridade da Pátria, à estabilidade e ao

lhor definindo e circunscrevendo os ob

flore.scimenlo da.s instituições democrá-

jetivos essenciais e ciando aos seus re

tica.s.


DítiKsid Econômico

TTTTT

Gíí

produziam 28,2 toneladas por hectare, passaram a produzir 58.1 mediante ») emprego de dose simples daquele fcrtiÜzimle e 61,2 toneladas com aplicação de dose dupla. Onde o elemento deficiente era o

potássio, registrando-se uma produção de 54,6 toneladas por hectare, doses simples dè.sse mineral fizeram crescer o rendimento médio para 62.5 toneladas v doses duplas e'evaram-no a 72.5 tone

•j-odu variedade housc. a Co 421 ziu. respectivanu-ntc 98 7, '"'"a, ' ' 6-1,3, donde a média," bastante "

de 80,1 toneiaflas pm- bcc tarePor iVtinio. indicam os

falhas no camuial como um ponsa%eis diretos pela queda cie ção ' ix.r iKctare. e os mcio.s de . , •• ^ os nicios

;

„,,vi,„nln

ias pelo plantio racional e o tratm''*-"'. das estacas com o au.xílio cie

das. Cumpre salientar o <-spi'it<> P gressislu de alguns ciiltivad.)ic'S 0^'^" '

ladas.

Numa cultura experimental, com o

mtrcxlnziram o plantio niccànicm/"'

rendimento, por hectare, de 64 tonela

ziindo, aliás, eciuipamonto constri''d"

das de cana, a aplicação de 300 quilos de salitre fêz subir aquela media para 7.5,3 toneladas e uma quantidade dupla

próprias oficina.s.

cota - junta-se. para majoração

do mesmo mineral a elevon a 85,8 to

ço do custo, outro fator - baiN<'

neladas.

mcnto industrial.

São dados, êsses, colhidos ao acaso na

Ao fator — baixo rendimento agri......AW

cultura, a qual, aliás, serviu também de base a estudos e teses trazidos a debate neste

Congre.sso.

1^.

Em Cuba, onde a colheita p'"'

farta documentação técnica das

• e.stações e subestações experi mentais do Ministério da Agri

lenoiiN».'--

é semelhante á do I extraem, em média,

fO kg de açúcar de cada to[lada de cana. Porto obtém uma produção

.evada cie cana por hcctaie, mio também iim rcnf^hncno

E' o que igualmente acontece em re lação às variedades de cana colocadas

industrial mais forte.

cm competição há muitos anos'.

75 kg. dc açúcar por tonelada cie cana,

Brasil, a média clésse lendimtmto,

Observam-.sc. neste trabaliio, com re

é resultante de extremos muito afasta-

ferencia a cada uma delas, o rendimen

dos, dada a existência cie grande nume

- - --

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to agrícola, não só da cana planta, co

ro de láljricas com aparelhameiito p"-'*

mo da.s socas, e o rendimento indus trial prováve'.

cario ou niesnío obsoleto.

A.s.sim c que se viu, em canaviais plan tados cm dezembro de 1944, na Ea-

zenda Angra, de Campos, o comporta mento de uma dezena de variedades nas

diferentes colheitas.

Enquanto a POJ

2878, cuja introdução no Brasil revolu cionou a nossa cultura canavieira, apre

sentou um rendimento médio de 52,4

tonelada.s por hectare, sendo 51,6 na

planta, 57,7 na soca e 48,1 na re.s.soca.

Inclusive nos grandes estabelceimen*

tos*in^u.striais, onde o rendimento é dc cerca de 100 kg de açúcar por lonclucla' de cana, ésse resultado poderia .ser au

mentado pela adoção de. xarieclaclcs mais ricas e pela mais segura ordena ção do período cie mnagcm.

Enquanto nas usinas ciibana.s a safm tem a duração de 150 ,a 160 dias, den

tro de um período ótimo de desenvoMmento e maturação da planta, entre nós

Íií

a inoagein não raro se prolonga por 240 a 260 dias, portanto, uma extensão

cursos a mais pro\-eitosu aplicação na

de tempo em que não podem ser manti das aquelas condições.

ra, em auxílios aos institutos de pesqui

Outra forma do reduzir o custo cia

assistência às diferentes áreas de cultu

sas e no esforço tecnológico necessário

a

assegurar

as bases sólidas

para

produção será o abandono cias práticas obsoletas de colheita c amarração dos

o reaparecimento da nossa produção

feixes, o transporte pelos cambitciros e

nal.

as sucessi\'a.s baldeaçoes desde os cana-

\'{ais até a plataforma da usina, median te o emprego dos equipamentos mo

açucareira

no

mercado

internacio

Rara èsse fim, resultaram, do conclave que ora se encerra, suge.stões fun

dadas em depoimentos e documentários

dernos, geralmente utilizixdos em outros

\aliosos e apreciadas num ambiente de

países produtores.

mútua compreensão. Senhor Presidente Edgar de Goes

Relativamente à organização da eco nomia do açúcar e cio álcool, ^•emos

nela uma das mais dilatadas experiências brasileiras cie interxenção do Estado nas

atividades produtoras e comerciais. Já agora, parece aconselhável que o órgão autárquico executor dessa intervenção só c.xcepcionalmente possa ter encargos de industrial, transportador e \endecÍor.

Monteiro, Senhores Congressistas: re

cebei do Senhor Presidente da República e cie mim próprio as melhores congratuhiçoes pela fecundidade de vossos tra balhos e o preito de confiança do GoNÒrno de que continuareis a servir, co mo o fizeram vossos antecessores e an

tepassados, senhores de engenho das vá rias regiões do País, à segurança e in

São oportunas, igualmente, reformas na política e na estrutura da entidade, me

tegridade da Pátria, à estabilidade e ao

lhor definindo e circunscrevendo os ob

flore.scimenlo da.s instituições democrá-

jetivos essenciais e ciando aos seus re

tica.s.


Digesto Econômico 69

sempre a braços com terrí\cis dificul

RUI E NA Luís

dades financeiras. Também a saúde não lhe fôra propícia na mocidade. E

tudo isso contribuíra para se lhe grava

Viana Filho

rem na alma, indelèvelmente, marcas e reações inteiramente desconhecidas de

Ao ser honrado pelo convite do De partamento de Cultura, pareceu-me que ao fa'ar em São Paulo, na hora em que a Nação já inicia as comemorações dos centenários de Nabuco e Rui, não

seria sem propósito escolhesse como tema as duas grandes figuras da nacionalidade. É que, embora nascidos em outras re giões do País, aqui terçaram êles as primeiras armas, iniciando carreiras des

volucionário da Sabinada.

alheias à vontade do autor, não o foi. O "Digesto Econômico" setUe-se, po rém, honrado em divulgar o importante

gativas da Coroa.

trabalho elaborado pelo autor de "A vida de Rui Barbosa" e que atualmen te está escrevendo a biografia de Joaquim Nabuco

tinadas à imortalidade. O que eqüivale dizer que à glória de ambos estão indiscultura da terra bandeirante. São títu

colocou a mocidade paulista, sob as arcadas da velha Faculdade de Direito, as placas que ali deviam lembrar pelo tempo afora os nomes de três dos seus

mais diletos filhos; Rui Barbosa — Joa quim Nabuco — Rio Branco.

recíproca a admiração do um pelo outro. Nenhuma nuvem de ciúme, e muito me

nos de despeito ou do rivalidade, tolda as relações entre os dois. Durante mais

de quarenta anos, quer militassem na mesma arena, quer em campos opostos — ocasião em que preferiram o si'êncio

— nada, nenhuma palavra ou atitude, revela qualquer sentimento que não seja o da mais franca e leal admiração. Isso,

tão da intimidade dos vossos estudos,

apesar de serem personalidades profun damente diversas, como não poderia deixar de .ser, atentas as origens e a formação espiritvial de onda qual. De fato, enquanto Nabuco, embebido desde a adolescência nos princípio.s do sistema parlamentar inglês, era, pelo

sei se sou injusto ao imaginar que diante de muitos já se começa a levantar a mesma interrogação tantas vezes repe

tida — qual dos dois foi maior? Rui ou Nabuco? Ê que, freqüentemente, tem a fantasia de alguns criado entre os dois

uma espécie de emulação, de rivalidade,

ante a qual teria de decidir o juízo dá posteridade. A verdade, porém, no caso particular

de Rui e Nabuco, é que os fatos, longe de nos levíuem àquela fictícia emulaçilo. nos nio.sfrain quanto foi perfeita o

o iniciador da idéia federativa",

acrescentava Nabuco: "A bandeira fe

deral passou das minhas mãos para as do sr. Rui Barbosa. Pela atitude que julguei dever tomar depois de 13 de maio, perdi a confiança de elementos de

herdeiro dum velho defensor das prerro

felizmente, Rui Barbosa, que está re presentando o papel de Evaristo, é no

Nessa diversidade de origens e de for mação deve estar, em grande parte, a base das sensíveis diferenças entre as

fundo republicano e eu sou monarquista.

personalidades de Rui e Nabuco, e das

dando pela federação com ou sem a

quais a principal, acredito, é que en quanto este último é um refonnador, o

Isto me impede de acompanhar o meu ilustre amigo na campanha que êle está monarquia". Queria, assim, a federação com a monarquia. Ou melhor, só a de

primeiro possui a alma do revolucíoná- . sejava com a monarquia.

Por certo, ao tratar de dois vultos

nada poderei dizer que já não seja do vosso conhecimento. Entretanto, pela simples associação dos dois nomes, não

rar

O outro o 'opinião que sempre me escutaram. In

rio. Ou melhor: Nabuco reforma, para

solüvelmente vinculados o civismo e a

los que se não esquecem. E tanto sabe disso o vosso orgulho, que há anos

Nabuco. Um é o filho do antigo re

Esta conferência deveria ter sido pro ferida em Srto Paulo. Por circunstâncias

o ministério Ouro Preto, após sc decla

berço, um filbo mimado da fortuna, belo, abastado, cheio de talento, e a

ostentar no nome uma estiqje da quí^l

conservar — Rui destrói para inovar. Realmente, embora tenha tido como

diz Graça Aranha, o heroísmo de se parar-se da aristocracia e fazer a Abo

lição, Nabuco manteve grande nprêço pela salvaguarda do regime monárqui co.

Do mesmo modo que, fervoroso

pregoeiro da federação, não vacilou em

deixar passar a bandeira federalista das suas mãos para as de Rui, no momen

como ocorre por ocasião do ministério

tá-la sem o sacrifício da Coroa.

conser\'ador de João Alfredo, que apóia

Es.sa

limitação só é concebível em Nabuco

pe'a fôrça do passado, que o chumbava à sua c'asse, pois, embora reconhecesse a "incomunicabilidado entre èle e as

classes privilegiadas pela organização social existente", não se esquecia de verberar o erro dos^ que "o supõem

vitalícia do Império, Rui, de formação norte-americana, provinha de um lar modesto, abatido por duras e longas provações.

do segundo senador Nabuco.

Nascera na pobreza e pre

senciara a luta dese-sperada do pfii'

J.

formistas bem acima dos partidos, que considerava "igualmente plutocráticas",

to em que percebeu não poder susten

inimigo da sua classe quando se é tão somente inimigo da opressão, que ela exerce sobre outras". Por mais que subisse, não se podia libertar das suas raízes, não fugiria à condição de neto do primeiro senador Nabuco, e filho

cru o Conselhoiro Nabuco, em linha reta, o segundo a sentar-se na câmara

No terreno das idéias políticas, êsse apego ao "vieux regime" constitui jus tamente o divisor de águas entre Na buco e Rui, e assinala com nitidez a distímcia entre o revolucionário, que era Rui. e o reformador, que era Nabuco. Embora fôsse êste um dos espíritos mais avançados de seu tempo, e não poucas vezes colocam-se as suas convicções re

Por isso, no discurso com que recebeu

para se manter fiel ao ideal abolicionista.

Êle próprio escreveria estas pala\Tas, que bem lhe definem a posição no lus-

co-fusco do Império: "Eu hoje luto por idéias e não por partidos. Nas idéias sou intransigente, quanto aos partidos não me presto mais a galvanizá-los. Estão mortos e bem mortos." Contudo mau grado ser uma inteligência' aberta

as reformas sociais, até as mais profimdas, como é o caso da Abolição, Na

buco manter-se-ia atado diante do prin cipio monárquico.

É mesmo curioso

que, havendo participado com tanto vigor na campanha da Abolição, reforma


Digesto Econômico 69

sempre a braços com terrí\cis dificul

RUI E NA Luís

dades financeiras. Também a saúde não lhe fôra propícia na mocidade. E

tudo isso contribuíra para se lhe grava

Viana Filho

rem na alma, indelèvelmente, marcas e reações inteiramente desconhecidas de

Ao ser honrado pelo convite do De partamento de Cultura, pareceu-me que ao fa'ar em São Paulo, na hora em que a Nação já inicia as comemorações dos centenários de Nabuco e Rui, não

seria sem propósito escolhesse como tema as duas grandes figuras da nacionalidade. É que, embora nascidos em outras re giões do País, aqui terçaram êles as primeiras armas, iniciando carreiras des

volucionário da Sabinada.

alheias à vontade do autor, não o foi. O "Digesto Econômico" setUe-se, po rém, honrado em divulgar o importante

gativas da Coroa.

trabalho elaborado pelo autor de "A vida de Rui Barbosa" e que atualmen te está escrevendo a biografia de Joaquim Nabuco

tinadas à imortalidade. O que eqüivale dizer que à glória de ambos estão indiscultura da terra bandeirante. São títu

colocou a mocidade paulista, sob as arcadas da velha Faculdade de Direito, as placas que ali deviam lembrar pelo tempo afora os nomes de três dos seus

mais diletos filhos; Rui Barbosa — Joa quim Nabuco — Rio Branco.

recíproca a admiração do um pelo outro. Nenhuma nuvem de ciúme, e muito me

nos de despeito ou do rivalidade, tolda as relações entre os dois. Durante mais

de quarenta anos, quer militassem na mesma arena, quer em campos opostos — ocasião em que preferiram o si'êncio

— nada, nenhuma palavra ou atitude, revela qualquer sentimento que não seja o da mais franca e leal admiração. Isso,

tão da intimidade dos vossos estudos,

apesar de serem personalidades profun damente diversas, como não poderia deixar de .ser, atentas as origens e a formação espiritvial de onda qual. De fato, enquanto Nabuco, embebido desde a adolescência nos princípio.s do sistema parlamentar inglês, era, pelo

sei se sou injusto ao imaginar que diante de muitos já se começa a levantar a mesma interrogação tantas vezes repe

tida — qual dos dois foi maior? Rui ou Nabuco? Ê que, freqüentemente, tem a fantasia de alguns criado entre os dois

uma espécie de emulação, de rivalidade,

ante a qual teria de decidir o juízo dá posteridade. A verdade, porém, no caso particular

de Rui e Nabuco, é que os fatos, longe de nos levíuem àquela fictícia emulaçilo. nos nio.sfrain quanto foi perfeita o

o iniciador da idéia federativa",

acrescentava Nabuco: "A bandeira fe

deral passou das minhas mãos para as do sr. Rui Barbosa. Pela atitude que julguei dever tomar depois de 13 de maio, perdi a confiança de elementos de

herdeiro dum velho defensor das prerro

felizmente, Rui Barbosa, que está re presentando o papel de Evaristo, é no

Nessa diversidade de origens e de for mação deve estar, em grande parte, a base das sensíveis diferenças entre as

fundo republicano e eu sou monarquista.

personalidades de Rui e Nabuco, e das

dando pela federação com ou sem a

quais a principal, acredito, é que en quanto este último é um refonnador, o

Isto me impede de acompanhar o meu ilustre amigo na campanha que êle está monarquia". Queria, assim, a federação com a monarquia. Ou melhor, só a de

primeiro possui a alma do revolucíoná- . sejava com a monarquia.

Por certo, ao tratar de dois vultos

nada poderei dizer que já não seja do vosso conhecimento. Entretanto, pela simples associação dos dois nomes, não

rar

O outro o 'opinião que sempre me escutaram. In

rio. Ou melhor: Nabuco reforma, para

solüvelmente vinculados o civismo e a

los que se não esquecem. E tanto sabe disso o vosso orgulho, que há anos

Nabuco. Um é o filho do antigo re

Esta conferência deveria ter sido pro ferida em Srto Paulo. Por circunstâncias

o ministério Ouro Preto, após sc decla

berço, um filbo mimado da fortuna, belo, abastado, cheio de talento, e a

ostentar no nome uma estiqje da quí^l

conservar — Rui destrói para inovar. Realmente, embora tenha tido como

diz Graça Aranha, o heroísmo de se parar-se da aristocracia e fazer a Abo

lição, Nabuco manteve grande nprêço pela salvaguarda do regime monárqui co.

Do mesmo modo que, fervoroso

pregoeiro da federação, não vacilou em

deixar passar a bandeira federalista das suas mãos para as de Rui, no momen

como ocorre por ocasião do ministério

tá-la sem o sacrifício da Coroa.

conser\'ador de João Alfredo, que apóia

Es.sa

limitação só é concebível em Nabuco

pe'a fôrça do passado, que o chumbava à sua c'asse, pois, embora reconhecesse a "incomunicabilidado entre èle e as

classes privilegiadas pela organização social existente", não se esquecia de verberar o erro dos^ que "o supõem

vitalícia do Império, Rui, de formação norte-americana, provinha de um lar modesto, abatido por duras e longas provações.

do segundo senador Nabuco.

Nascera na pobreza e pre

senciara a luta dese-sperada do pfii'

J.

formistas bem acima dos partidos, que considerava "igualmente plutocráticas",

to em que percebeu não poder susten

inimigo da sua classe quando se é tão somente inimigo da opressão, que ela exerce sobre outras". Por mais que subisse, não se podia libertar das suas raízes, não fugiria à condição de neto do primeiro senador Nabuco, e filho

cru o Conselhoiro Nabuco, em linha reta, o segundo a sentar-se na câmara

No terreno das idéias políticas, êsse apego ao "vieux regime" constitui jus tamente o divisor de águas entre Na buco e Rui, e assinala com nitidez a distímcia entre o revolucionário, que era Rui. e o reformador, que era Nabuco. Embora fôsse êste um dos espíritos mais avançados de seu tempo, e não poucas vezes colocam-se as suas convicções re

Por isso, no discurso com que recebeu

para se manter fiel ao ideal abolicionista.

Êle próprio escreveria estas pala\Tas, que bem lhe definem a posição no lus-

co-fusco do Império: "Eu hoje luto por idéias e não por partidos. Nas idéias sou intransigente, quanto aos partidos não me presto mais a galvanizá-los. Estão mortos e bem mortos." Contudo mau grado ser uma inteligência' aberta

as reformas sociais, até as mais profimdas, como é o caso da Abolição, Na

buco manter-se-ia atado diante do prin cipio monárquico.

É mesmo curioso

que, havendo participado com tanto vigor na campanha da Abolição, reforma


''ti*

EcaiNOMinO

DlGliSTO Ecünô

cia iraiKjüila. sem remorsos, para os tocracia meio burguesa, cia tpial provi

Nabuco, os seus sentimentos, iio fund são os cie um puro re\<)'ucionário. Oi

'^cça, como diria. .\tituclc impossível

nha, do que a mudança da forma de governe, hc-uvesse permanecido, até ao

scn."^ ideais de reforma iiao conhecem oS

t m Nabuco, para quem a monarciuia,

entraves impost<'S pela preser\ação da

bio intimamente vinculada no sen c.spírito à idéia clc ordem, dcsia apresenUu-

de repercussão niuilo maior, pura a aris N' A.'

'sacrifício, preso ao sistema monaiípiico. O fato, e% ide ntcmcnte, embora possa ser

formalmente explicado pelo "fundo he reditário" a que se refere na "Minha Formação", e pelas con\icções monar-

I

quistas auridas da leitura da Cmu/i/ii/ção inglesa, de Bagehot, deve ter raí'zcs mais fundas.

Realmente, sob o monarquismo de

ordem constituída.

A sua ação náo co-

niifce os limites naluralnicnte imp^^stos

a c^iiem não se desejasse afaslár cio ca minho da c\r)lução (íentro da orclern le gai. Os M-us limites são outros, muito mais amplos. - mais largos, e também;.' muito mais flexíveis. São os limites d próprias idéias, ({ue deíende. e q\i

não são (.ulras senão as da pura dei

Arriscando a ca-

SC não como um fim em si mesma,

pelo menos como iiistiliiição cujo dcsa-

expressão. Dai ha\-er lutado pe'a Abo

são mais do que um natural desdobra-

lição dentro da monarquia, isto é, uma reforma realizada com a prcser\açáü da

niento dac|uc!as idéias. E, para as atin

entanto, ao acreditar ser lc\acln pela lazao, quando, na \crdade. esta apenas

gir, a manutenção da ordem, ou a pre-

SC acomodava a razoes do seu subcons

.servação da forma clc govérno consti

ciente.

tuem ob.stácu]os dc pequena significação. Se necessário, élc os destruirá iinplacà-

Na realidade, o reformador não pu dera acompanhar os passos do re\'oíu-

um cortesão, e muito menos um áulico.

\'elmcnte.

Mas, para Nabuco — e disso é bem p)s-

corrente cpie aiTasta\'a a no\a geração para a República," Engiuiava-se, no

cada pas.so emerge natura'nientc cio mais

cionário. Assim, se Rui se integra no movimento re

s)\'el não tives.se noção exata — o trono

íntimo da sua alma c; refonna ou re-

belde da República, paru

de\ia representar a ordem, cuja ruptura não se coadunava com a sua pev.soiiali-

reira de homem público, Na

dade. Só isso e.xplica uma inteligência

\'olução! A mesma (|uc os liberai.s ha\iam lançado depois cia queda dc Zacúrias, em 68, mas da qual, geralmen

buco, certamente dominado

tão ace.ssí\'el às idéias no\'as encaliiar

te, estavam considerà\clmenle distantes.

pelo sentimento de fidelida

Por isso, a fórmula cjue a

Ao lemporainento de Rui, entretanto, e'a

de à ordem constituída, as-

AncK)rar em S. Cristóvão, e imaginar po

jamais assustaria, uma vez c|ue a con

der levar a bom termo as reformas ar

siderasse útil para a \'itória dos .seus s "princípios". Aí a razão fundamental do [Xiuco apreço em que sempre teve todas as forma.s de governo, inclusive a republicana. E o apreço ainda nicnor com que sempre encarou a Coioa,

.siste, conscientemente, à imolação de todas as suas ambi-

idealismo, graças tão somente a uma

evolução processada so]> a égide da

Coroa.

Numa palavra, a ânsia de re-

fonna, tão viva e ardente em Nabuco,

çcSes políticas. Nem se diga

clc

Por ÍS.SO, embora declarando-se

monarquista, pôde passar dc eonscien-

ao

prodamar-se

ro. e eslava bem certo de

13 de maio ligara Nabncn,

lar.

de maneira indissolúvel, à sorte da mo

narquia. Is.so é inexato. Até porque a

vras tal\'ez injustas, por excessivas, mas

cio pensamento e da ação de Hui Bar bosa, logo i'ercmos cjtie, ao contrário cie

st ria sempre fiel a si próprio, às suas

lie a sua "fixação monárnica inalterável" provinha leitura de Bagehot, NaJico era absolutamente sin-

meios para alcançar objeti\os cleterini.

nados, e qne deveriam sei' substituídos se incapazes de realizar aqueci finalida-

de Nabuco, revela constante desapego dos pio\'entos de ordem pessoal. Êle

que a gratidão nascida em

Imperador em face do cativeiro.

Longe

_mavquista, ou ao afirmar

siva, e que não abrisse oportunidade e Ora, se acompanliarnios a trajetória

nobre, ditado pelo interesse.

disso, tòda a ação voluntária, consciente,

sen espírito.

subversões de conseqüências mais ou menos imprevistas.

lentas, cvJin os ideais de progresso que sinceramente acalentou. .Miás. ésse pro-. cesso de acomodação não representa ati tude deliberada, e na qual pudéssemos vislumbrar qualquer pensamento menos

lAssim,

ele devemos algumas das páginas mais candentes contra a omissão do próprio

mento duma evolução natural, progres

mon:'irqnismo, no fiind'0. representava um processo de acomodação do seu tem peramento, avesso às IransFormações vio

idéias e convicções. Mas, o que não podia — c ninguém bde — era fugir íis forças jai.s profundas c remotas

a dinastia, e o próprio Imperador. Paru éle, a monarquia e as demais formas de govérno não represenlaxain mais do que

era refreada pela idéia ou pelo senti

causa.s remotas, consecjüéncia dc velhas

pro.sseguii' uma glorio.sa car

definitivamente no principio monárcjuico. dentemente a'mejadas, pelo mais puro

destino que não consemvimos \'encer. Também à persomrlidade. resultado de

tável. Bc-m alto seria o de Nabuco, cujo

o federalismo, e até a KepnbMca. não

Não cjue fosse

plena florescência. Mas, -não é apenas o

us seus sentimentos descia\ am piolongar.

Diante da República, intenso conflito travar-se-ia no espírito de Nabuco. Dèle c éste testemunho: "Nada podia ser mai,s doloroso para mim do que a resis tência cpie a minha razão opunha à

está um arraigado amor à ordem cons tituída. da qual era a Coroa a mais alta

tocar na monarcpiia.

aspirações duma carreira política em

i.stralificaçõcs. e qne oin regra ignoran:.),s, deve cada um pagar friÍ>ntc) inevi

crucia libcjul.

direta, a separação da Igreja do Estado,

ate ao ponto dc o(erccer-!he, no apo geu da vida. o sacrifício dc todas as

parecinunto a sua r:i/..ão aceiUna. mas

Nabuco, sustcntundo-o c a)imenlando-o,

estrutura do goxèrno, do mesmo modo que imaginou alcançar a federação sem

A Abolição, a cleiçâ'

urraiais republicanos.

Pala

suficientes para mostiar que não po, deria sobreestimar o papel da Coroa, no desfecho da campanha abolicionista,

exclusivanienle,

em

suas convicções políticas,

pois não tomos espelhos para ver a nossa

próprUi alma. Não lhe seria

dado perceber que aqnela.s conviccões eram, em boa parte, o reflexo das suas

01 igen.': e da sua formação espiritual orientada pelo pai. Nabuco orguhraMrse de ser um reformador. Mas, certa mente, teria pudor de se ver inscrito


''ti*

EcaiNOMinO

DlGliSTO Ecünô

cia iraiKjüila. sem remorsos, para os tocracia meio burguesa, cia tpial provi

Nabuco, os seus sentimentos, iio fund são os cie um puro re\<)'ucionário. Oi

'^cça, como diria. .\tituclc impossível

nha, do que a mudança da forma de governe, hc-uvesse permanecido, até ao

scn."^ ideais de reforma iiao conhecem oS

t m Nabuco, para quem a monarciuia,

entraves impost<'S pela preser\ação da

bio intimamente vinculada no sen c.spírito à idéia clc ordem, dcsia apresenUu-

de repercussão niuilo maior, pura a aris N' A.'

'sacrifício, preso ao sistema monaiípiico. O fato, e% ide ntcmcnte, embora possa ser

formalmente explicado pelo "fundo he reditário" a que se refere na "Minha Formação", e pelas con\icções monar-

I

quistas auridas da leitura da Cmu/i/ii/ção inglesa, de Bagehot, deve ter raí'zcs mais fundas.

Realmente, sob o monarquismo de

ordem constituída.

A sua ação náo co-

niifce os limites naluralnicnte imp^^stos

a c^iiem não se desejasse afaslár cio ca minho da c\r)lução (íentro da orclern le gai. Os M-us limites são outros, muito mais amplos. - mais largos, e também;.' muito mais flexíveis. São os limites d próprias idéias, ({ue deíende. e q\i

não são (.ulras senão as da pura dei

Arriscando a ca-

SC não como um fim em si mesma,

pelo menos como iiistiliiição cujo dcsa-

expressão. Dai ha\-er lutado pe'a Abo

são mais do que um natural desdobra-

lição dentro da monarquia, isto é, uma reforma realizada com a prcser\açáü da

niento dac|uc!as idéias. E, para as atin

entanto, ao acreditar ser lc\acln pela lazao, quando, na \crdade. esta apenas

gir, a manutenção da ordem, ou a pre-

SC acomodava a razoes do seu subcons

.servação da forma clc govérno consti

ciente.

tuem ob.stácu]os dc pequena significação. Se necessário, élc os destruirá iinplacà-

Na realidade, o reformador não pu dera acompanhar os passos do re\'oíu-

um cortesão, e muito menos um áulico.

\'elmcnte.

Mas, para Nabuco — e disso é bem p)s-

corrente cpie aiTasta\'a a no\a geração para a República," Engiuiava-se, no

cada pas.so emerge natura'nientc cio mais

cionário. Assim, se Rui se integra no movimento re

s)\'el não tives.se noção exata — o trono

íntimo da sua alma c; refonna ou re-

belde da República, paru

de\ia representar a ordem, cuja ruptura não se coadunava com a sua pev.soiiali-

reira de homem público, Na

dade. Só isso e.xplica uma inteligência

\'olução! A mesma (|uc os liberai.s ha\iam lançado depois cia queda dc Zacúrias, em 68, mas da qual, geralmen

buco, certamente dominado

tão ace.ssí\'el às idéias no\'as encaliiar

te, estavam considerà\clmenle distantes.

pelo sentimento de fidelida

Por isso, a fórmula cjue a

Ao lemporainento de Rui, entretanto, e'a

de à ordem constituída, as-

AncK)rar em S. Cristóvão, e imaginar po

jamais assustaria, uma vez c|ue a con

der levar a bom termo as reformas ar

siderasse útil para a \'itória dos .seus s "princípios". Aí a razão fundamental do [Xiuco apreço em que sempre teve todas as forma.s de governo, inclusive a republicana. E o apreço ainda nicnor com que sempre encarou a Coioa,

.siste, conscientemente, à imolação de todas as suas ambi-

idealismo, graças tão somente a uma

evolução processada so]> a égide da

Coroa.

Numa palavra, a ânsia de re-

fonna, tão viva e ardente em Nabuco,

çcSes políticas. Nem se diga

clc

Por ÍS.SO, embora declarando-se

monarquista, pôde passar dc eonscien-

ao

prodamar-se

ro. e eslava bem certo de

13 de maio ligara Nabncn,

lar.

de maneira indissolúvel, à sorte da mo

narquia. Is.so é inexato. Até porque a

vras tal\'ez injustas, por excessivas, mas

cio pensamento e da ação de Hui Bar bosa, logo i'ercmos cjtie, ao contrário cie

st ria sempre fiel a si próprio, às suas

lie a sua "fixação monárnica inalterável" provinha leitura de Bagehot, NaJico era absolutamente sin-

meios para alcançar objeti\os cleterini.

nados, e qne deveriam sei' substituídos se incapazes de realizar aqueci finalida-

de Nabuco, revela constante desapego dos pio\'entos de ordem pessoal. Êle

que a gratidão nascida em

Imperador em face do cativeiro.

Longe

_mavquista, ou ao afirmar

siva, e que não abrisse oportunidade e Ora, se acompanliarnios a trajetória

nobre, ditado pelo interesse.

disso, tòda a ação voluntária, consciente,

sen espírito.

subversões de conseqüências mais ou menos imprevistas.

lentas, cvJin os ideais de progresso que sinceramente acalentou. .Miás. ésse pro-. cesso de acomodação não representa ati tude deliberada, e na qual pudéssemos vislumbrar qualquer pensamento menos

lAssim,

ele devemos algumas das páginas mais candentes contra a omissão do próprio

mento duma evolução natural, progres

mon:'irqnismo, no fiind'0. representava um processo de acomodação do seu tem peramento, avesso às IransFormações vio

idéias e convicções. Mas, o que não podia — c ninguém bde — era fugir íis forças jai.s profundas c remotas

a dinastia, e o próprio Imperador. Paru éle, a monarquia e as demais formas de govérno não represenlaxain mais do que

era refreada pela idéia ou pelo senti

causa.s remotas, consecjüéncia dc velhas

pro.sseguii' uma glorio.sa car

definitivamente no principio monárcjuico. dentemente a'mejadas, pelo mais puro

destino que não consemvimos \'encer. Também à persomrlidade. resultado de

tável. Bc-m alto seria o de Nabuco, cujo

o federalismo, e até a KepnbMca. não

Não cjue fosse

plena florescência. Mas, -não é apenas o

us seus sentimentos descia\ am piolongar.

Diante da República, intenso conflito travar-se-ia no espírito de Nabuco. Dèle c éste testemunho: "Nada podia ser mai,s doloroso para mim do que a resis tência cpie a minha razão opunha à

está um arraigado amor à ordem cons tituída. da qual era a Coroa a mais alta

tocar na monarcpiia.

aspirações duma carreira política em

i.stralificaçõcs. e qne oin regra ignoran:.),s, deve cada um pagar friÍ>ntc) inevi

crucia libcjul.

direta, a separação da Igreja do Estado,

ate ao ponto dc o(erccer-!he, no apo geu da vida. o sacrifício dc todas as

parecinunto a sua r:i/..ão aceiUna. mas

Nabuco, sustcntundo-o c a)imenlando-o,

estrutura do goxèrno, do mesmo modo que imaginou alcançar a federação sem

A Abolição, a cleiçâ'

urraiais republicanos.

Pala

suficientes para mostiar que não po, deria sobreestimar o papel da Coroa, no desfecho da campanha abolicionista,

exclusivanienle,

em

suas convicções políticas,

pois não tomos espelhos para ver a nossa

próprUi alma. Não lhe seria

dado perceber que aqnela.s conviccões eram, em boa parte, o reflexo das suas

01 igen.': e da sua formação espiritual orientada pelo pai. Nabuco orguhraMrse de ser um reformador. Mas, certa mente, teria pudor de se ver inscrito


DiCu,ro 1^-*

72

Dicesto Eco^•ó^^co

num rol de revolucionário. O oposto cIp «"i. que se sentiria diminuído se lhe a coragem de ir com as suas

73

; Donifáçj

movido por Nabuco a

polítip_'

recebe o batismo da

iraus?"

E; por último, em virtude *

idéias até ao incêndio das revoluções. Se temos acentuado essas diferenças

rência de Nabuco para o

^tre as personalidades de Rui e Nabuoo, é justamente para ressaltar quanto

Ateneu.

^

c e.xpressivo.

Deviam sabê-lo inclinado

a esposar as idéias novas, pois só isso

justifica essa solicitação de Pamplona, o

em carta de 5 de dezembro de 70, e,

ha de extraordinário no fato de jamais ter sido interrompida entre ê!es a com

simples coincidência essa succ ^ fatos em em que que os os dois estudantes apa^

preensão, se oão a admiração, que e a

cem

célebre documento: "Aqui te envio o 1.° número do nosso jornal; nêle encontrarás o nosso manifesto. Peço-te que faças o possível para que èle seja trans

eleito para o substituir na

portanto, dois dias após a publicação do

,3

Naturalmente, não

se

nota marcante das relações nascidas na

Seria algu"» associados, tensa atinu mais, possivelmente uma in

Academia. Pode dizer-se que, na ati-

dade

^de mantida por um em face do outro, na muita elevação, póis as divergências, por vêzes profundas, que os separaram,

nunca bastaram para que qualquer dêles se «quecesse dos anos em que haviam

utado jtmtos, pelos ideais comuns. T p no — Nabuco ehistórico na vida do Rui se conheceram, transferido da Faculdade do Recife, viera êste cursar em São Paulo o ter-ceiro ano do curso jurídico, e, entre os

seus colegas de série, contava-se Joaquim Nabuco, já um nome feito nos círculos acadêmicos. Para Rúl, antes mesmo de O conhecer, Nabuco já seria o filho do

Conselheiro Nabuco de Araújo, de cuja cabeça lhe dizia o pai ter "alguma coisa de divina". A boa camaradagem viria da identificação em tôrno das idéias

liberais, e das aspirações literárias pelas

espiritual. ecnírihi?)! Tanto niais

Nabuco )não

era dos íntimos de «'

mo Bemardino Pamplona, 0^^ nartírí*^ de Barros Pimentel. Contudo, & r

a

de Nabuco para o R«cife abnn

liiato nas relações entre os dois J

ns

liberais, e isso no momento 5' mo conseqüência da ascensão

Tiramos 3.000 números da República, que logo se esgotaram, e vamos mandar tirar 5.000 do manifesto, em folheto, pa ra distribuir pelas províncias. A causa vai bem por cá, e o clube a respeito da Bahia espera tudo de tua pessoa."

A linguagem é de quem se dirigia a um companheiro de ideal: "A cousa vai

servadores e como reconhece o P P o

Nabuco, se processava entre as , ^ dos liberais a evolução de unia a pa

ra o campo das idéias republicai^ •

Nessa cisão, sobretudo acentua a en. tre a mocidade liberal, e qu®

crito em a^gum jomaí dessa província.

«

luz, em 1870, com o famoso niaoiíesto de dezembro dêsse ano, as ^siçu© Rui e Nabuco, se bem examinadas, nao são idênticas. Enquanto o primeir<^ que tornara à Bahia depois de receber o grau em outubro de 1870, é o escoUudo pelos republicanos para dri^uJgar na

bem por cá, e o c^.ube a respeito da Balüa espera tudo de tua pessoa." Contudo, distanciado do ambiente dos

colegas, e, certamente, mais do que isso, premido pela solidariedade devida ao

pai, um dos líderes do partido liberal, na Bahia, Rui se manteve alheio ao

movimento. Não ajudou a República, nem defendeu a Monarquia. Perma neceu liberal.

O fato não é de im

portância secundária, pois essa diversi dade de tendências estaria destinada a ter os maiores reflexos na vida de ambos.

quais estavam ambos dominados. E, por todo o ano, o último da permanên

a entreter nas colunas da RefortM uma

o

cia de Nabuco em São Paulo, viveriam

polêmica com "A República", defenden

êsse tempo éles o gastaram de modo

entrelaçadas as atividades políticas e

do as excelências do sistema parlamentar

literárias de ambos. Sob a presidência

de Nabuco, ingressa Rui no Ateneu Paulistano, sociedade estudantil, da qual

é eleito segundo orador. A hviependência, jornal fundado por Nabuco, terça as primeiras armas do jornalismo, em São Paulo.

Ainda com Nabuco — e

Castro Alves - integra a comissão de literatura do Ateneu. No banquete pro-

Durante dez anos, entre 68 e 78, Rui

Bahia o seu manifesto, o segundo c ega

inglês. É verdade que Rui, possivejnei^e

levado menos pelas suas convicções do que pelas circunstâncias, não chegaria a tomar qualquer iniciativa — pelo me

Nabuco

não

bastante diverso.

se

encontraram.

E

Quanto a Rui, cuja

dres.

Em resumo, dez anos vividos

venturosamente. •

Muitos caminhos levam a Roma. Em

bora houvessem palmilhado estradas di ferentes, ao verificar-se, em 78, a ascen são dos liberais, Rui e Nabuco, com ou tros jovens Uberais, como Pena, Rodol

fo Dantas e Buarque de, Macedo, ga nharam as suas cadeiras no Parlamento. Aliás, o fato de ascenderem à câma

ra por estradas diversas não significava que se tivessem distanciado no campo das idéias. Longe disso, excetuada a maneira pela qual encaravam a monar

quia, permaneciam fiéis aos ideais que os unira na Academia. Tanto assim que os debates suscitados no Parlamento em tômo da eleição direta, da liberdade re

ligiosa e da Abolição constituiriam os motivos prediletos da atuação de ambos.

E entie 79 e 81, único período em que estiveram juntos no Parlamento, uma

perfeita identidade ideológica assinalou a convivência de Nabuco e Rui.

breza e lutas de família — salvo uma

O extraordinário, porém, nas relações entre os dois jovens líderes Uberais, é que nenhuma sombra de rivalidade, ou de simples ciúme, houvesse interferido na antiga camaradagem, iniciada sob

viagem à Europa em busca de maio

res recursos médicos e uma curta per

por intermédio de Bemardino Pa-mplo-

te, no jornalismo da Província, na advo

na, um dos signatáiios do Manifesto

cacia e nos estudos. E, não fôra o ca

1

na literatura e, com o dinheiro recebi

do duma herança, fizera uma "tQumée" pela Europa, onde conhecera escritores famosos, como Renan e George Sand. Seguira-se o ingresso na dip'omacia, que o levara a servir em Washington e Lon

por terríveis provações — doença, po

a advocacia, consumira-o, principalmen

^

sofrimento. Bem outra fora a trajetória de Nabuco. Vivera a grande \'ida da Corte, colaborara na imprensa como »Tn diletante, ensaiara os primeiros passos

existência, nesse período, fora varrida

nos que se conheça — em favor do novo credo. Silenciou. Mas, o próprio fato de a éle se dirigirem os republicanos,

I'

sensação de felicidade, e- poder-se-ia dizer haver atravessado dez anos de

manência na Côrte, onde viera tentar

samento, que lhe proporcionara plena

as arcadas da velha Faculdade de São Paulo. Nenhum dêles se sentia diminuí

do pelas glórias do outro, nas quais


DiCu,ro 1^-*

72

Dicesto Eco^•ó^^co

num rol de revolucionário. O oposto cIp «"i. que se sentiria diminuído se lhe a coragem de ir com as suas

73

; Donifáçj

movido por Nabuco a

polítip_'

recebe o batismo da

iraus?"

E; por último, em virtude *

idéias até ao incêndio das revoluções. Se temos acentuado essas diferenças

rência de Nabuco para o

^tre as personalidades de Rui e Nabuoo, é justamente para ressaltar quanto

Ateneu.

^

c e.xpressivo.

Deviam sabê-lo inclinado

a esposar as idéias novas, pois só isso

justifica essa solicitação de Pamplona, o

em carta de 5 de dezembro de 70, e,

ha de extraordinário no fato de jamais ter sido interrompida entre ê!es a com

simples coincidência essa succ ^ fatos em em que que os os dois estudantes apa^

preensão, se oão a admiração, que e a

cem

célebre documento: "Aqui te envio o 1.° número do nosso jornal; nêle encontrarás o nosso manifesto. Peço-te que faças o possível para que èle seja trans

eleito para o substituir na

portanto, dois dias após a publicação do

,3

Naturalmente, não

se

nota marcante das relações nascidas na

Seria algu"» associados, tensa atinu mais, possivelmente uma in

Academia. Pode dizer-se que, na ati-

dade

^de mantida por um em face do outro, na muita elevação, póis as divergências, por vêzes profundas, que os separaram,

nunca bastaram para que qualquer dêles se «quecesse dos anos em que haviam

utado jtmtos, pelos ideais comuns. T p no — Nabuco ehistórico na vida do Rui se conheceram, transferido da Faculdade do Recife, viera êste cursar em São Paulo o ter-ceiro ano do curso jurídico, e, entre os

seus colegas de série, contava-se Joaquim Nabuco, já um nome feito nos círculos acadêmicos. Para Rúl, antes mesmo de O conhecer, Nabuco já seria o filho do

Conselheiro Nabuco de Araújo, de cuja cabeça lhe dizia o pai ter "alguma coisa de divina". A boa camaradagem viria da identificação em tôrno das idéias

liberais, e das aspirações literárias pelas

espiritual. ecnírihi?)! Tanto niais

Nabuco )não

era dos íntimos de «'

mo Bemardino Pamplona, 0^^ nartírí*^ de Barros Pimentel. Contudo, & r

a

de Nabuco para o R«cife abnn

liiato nas relações entre os dois J

ns

liberais, e isso no momento 5' mo conseqüência da ascensão

Tiramos 3.000 números da República, que logo se esgotaram, e vamos mandar tirar 5.000 do manifesto, em folheto, pa ra distribuir pelas províncias. A causa vai bem por cá, e o clube a respeito da Bahia espera tudo de tua pessoa."

A linguagem é de quem se dirigia a um companheiro de ideal: "A cousa vai

servadores e como reconhece o P P o

Nabuco, se processava entre as , ^ dos liberais a evolução de unia a pa

ra o campo das idéias republicai^ •

Nessa cisão, sobretudo acentua a en. tre a mocidade liberal, e qu®

crito em a^gum jomaí dessa província.

«

luz, em 1870, com o famoso niaoiíesto de dezembro dêsse ano, as ^siçu© Rui e Nabuco, se bem examinadas, nao são idênticas. Enquanto o primeir<^ que tornara à Bahia depois de receber o grau em outubro de 1870, é o escoUudo pelos republicanos para dri^uJgar na

bem por cá, e o c^.ube a respeito da Balüa espera tudo de tua pessoa." Contudo, distanciado do ambiente dos

colegas, e, certamente, mais do que isso, premido pela solidariedade devida ao

pai, um dos líderes do partido liberal, na Bahia, Rui se manteve alheio ao

movimento. Não ajudou a República, nem defendeu a Monarquia. Perma neceu liberal.

O fato não é de im

portância secundária, pois essa diversi dade de tendências estaria destinada a ter os maiores reflexos na vida de ambos.

quais estavam ambos dominados. E, por todo o ano, o último da permanên

a entreter nas colunas da RefortM uma

o

cia de Nabuco em São Paulo, viveriam

polêmica com "A República", defenden

êsse tempo éles o gastaram de modo

entrelaçadas as atividades políticas e

do as excelências do sistema parlamentar

literárias de ambos. Sob a presidência

de Nabuco, ingressa Rui no Ateneu Paulistano, sociedade estudantil, da qual

é eleito segundo orador. A hviependência, jornal fundado por Nabuco, terça as primeiras armas do jornalismo, em São Paulo.

Ainda com Nabuco — e

Castro Alves - integra a comissão de literatura do Ateneu. No banquete pro-

Durante dez anos, entre 68 e 78, Rui

Bahia o seu manifesto, o segundo c ega

inglês. É verdade que Rui, possivejnei^e

levado menos pelas suas convicções do que pelas circunstâncias, não chegaria a tomar qualquer iniciativa — pelo me

Nabuco

não

bastante diverso.

se

encontraram.

E

Quanto a Rui, cuja

dres.

Em resumo, dez anos vividos

venturosamente. •

Muitos caminhos levam a Roma. Em

bora houvessem palmilhado estradas di ferentes, ao verificar-se, em 78, a ascen são dos liberais, Rui e Nabuco, com ou tros jovens Uberais, como Pena, Rodol

fo Dantas e Buarque de, Macedo, ga nharam as suas cadeiras no Parlamento. Aliás, o fato de ascenderem à câma

ra por estradas diversas não significava que se tivessem distanciado no campo das idéias. Longe disso, excetuada a maneira pela qual encaravam a monar

quia, permaneciam fiéis aos ideais que os unira na Academia. Tanto assim que os debates suscitados no Parlamento em tômo da eleição direta, da liberdade re

ligiosa e da Abolição constituiriam os motivos prediletos da atuação de ambos.

E entie 79 e 81, único período em que estiveram juntos no Parlamento, uma

perfeita identidade ideológica assinalou a convivência de Nabuco e Rui.

breza e lutas de família — salvo uma

O extraordinário, porém, nas relações entre os dois jovens líderes Uberais, é que nenhuma sombra de rivalidade, ou de simples ciúme, houvesse interferido na antiga camaradagem, iniciada sob

viagem à Europa em busca de maio

res recursos médicos e uma curta per

por intermédio de Bemardino Pa-mplo-

te, no jornalismo da Província, na advo

na, um dos signatáiios do Manifesto

cacia e nos estudos. E, não fôra o ca

1

na literatura e, com o dinheiro recebi

do duma herança, fizera uma "tQumée" pela Europa, onde conhecera escritores famosos, como Renan e George Sand. Seguira-se o ingresso na dip'omacia, que o levara a servir em Washington e Lon

por terríveis provações — doença, po

a advocacia, consumira-o, principalmen

^

sofrimento. Bem outra fora a trajetória de Nabuco. Vivera a grande \'ida da Corte, colaborara na imprensa como »Tn diletante, ensaiara os primeiros passos

existência, nesse período, fora varrida

nos que se conheça — em favor do novo credo. Silenciou. Mas, o próprio fato de a éle se dirigirem os republicanos,

I'

sensação de felicidade, e- poder-se-ia dizer haver atravessado dez anos de

manência na Côrte, onde viera tentar

samento, que lhe proporcionara plena

as arcadas da velha Faculdade de São Paulo. Nenhum dêles se sentia diminuí

do pelas glórias do outro, nas quais


*1

Di(a;s'j'(i Ec:oNÓNnr() 75

ICOl DiGEsro Econômico

cada qual parecia ver apenas o presti

gio, o }u'gur, (pie traziam para os idéias cciniins. O qii? raro entre conibaIcntc;. cujas aptidões os r^Vmc no inesni;)

campo, < m que, sem um deles, seria

ração recíproca.

Daí a delicadcz;i, a

confiança de que .se re\csllram as suas

n lações. São fatos de (pie a correspon dência entre óles Irocacla eoiistiluí tw-

o outro. incontcstà%'elmente. o maior.

tcmunho irrel'ulá\ ei.

Ambos, no entanto, possuíam a nobre

para a Europa, cm fe\creiro de b7. co mo corrcspoiulente do O Pois, era abrin

.virtude de admirar os justos Iriunfos

A.ssim. ao jiarlir

profunda separação. Ê que, após o 13 de Maio, um no\o problema {("mr lan

çado decisivamente no tablado político: o federalismo. Embora partidários am bos do sistema federativo, num ponto divergiam profunda e radicalmente: en quanto Nabuco sobrepunha a monar

quia a federação, Rui a cpieria de qual quer modo, com a Coroa ou som ela.

regatear aplausos às vitórias merecidas.

Rui. e.screveiKlo-llie estas palavras rc-

Era o pensamento que concretizara nes ta formula simples e de.cisiva: "A mo

Nabuco, por exemplo, na ocasião mes ma em que era urn dos "ingleses do Senlior Dantas", e rpiando, portanto,

passadas de confiança: "Ninguém nic-

narquia e a república são meios: a li

iiior do que V. pode compreender, se

berdade é o fim."

me 'cn lioje. a dor com rpie eii os

para a campanha iniciada no Diário de

podia ser mais vivo o confronto dele

deixo.

Notícias, repetira o refrão dos liberais de 69: "reforma ou revolução". Nabu co era diferente. A conservação da mo narquia, que se ajustava como uma luva ao seu sentimento de ordem, e

a']leio.^ c, certanumte, lhes repugnaria

f.v.

reflexo dunm franca e jirofunda adnii»

do o coração {pie Nabuco se despedia dc

Mas quem \i\(.' da imprensa

'cc'm Rui e Gusmão Lóbo, assim esertnia

por c.xclusão dc lócias as outras pro-

a R'jdü'fo Dantas: "Que esplêndido que

li.ssôcs, tem uma vida c[ue não llie per tence e tpie SC inoNC .segundo a corrente

esteve o Grey hoje.

O Rui e o Lóbo

são incomparávels." Escrito' desprcocuprtdamente. cheio de sinceridade, sem qualquer eiva de falsa modéstia, o elo

gio tem qualquer cou.sa de inviilgar. Traduz imi entusiasmo impossível da encontrar-se numa alma estiolada pe'a ir\-eja ou pelo despeito. Naljiico, entre

tanto, tal\'ez pela consciência que de via ler da própria grandeza, estava mui

to acima desses sentimentos mesquinhas. Não lhe fazia mal admirar e proclamar a grandeza dos companheiros.

mai.s lorte da necessidade".

L, com

sijTipiicldade amiga, sul)scre\ ia: "Todo .seu Joaciiiini Nahucü." Nesse tom são as cartas; de Nabuco a Rui.

Exprimuun

E, como fiànuila

tinha fundas raízes em sua personali

o faria romper com os l ínculos herdados

através de várias gcraçõc.s.

Èlc qne "

escreveria mais tarde; "republicano —

o único título em nos.sa política que eu • a^gum dia invejei". Sem dúvida, o coração tem razões que a razão des-.'"

conhece... Por isso, embora se orgu lhasse de haver sido o "iniciador da ' idéia federativa", Nabuco, certo de que sem o partido liberal, era "impos

sível fazer a monarquia federativa", pre feria ver a bandeira passar para as mãos de Rui a associar-se às fcirças que se preparavam para realizar a federação

de qualquer maneira. Atitude tanto mais nobre quanto, não menos do quç

Rui, tinha éle lúcida percepção dos peri gos rc.suUanles do abandono da federa

suas convicções políticas.

ção pelo govérno de Ouro Prèto. A hera

De tal modo

([ue, dominando as demais tendências

momento, já fora da Câmara, Nabuco

do seu espírito lilieral e roforinisla, o levaria a não acreditar na federação se

do um político a.s.suine — cscreseii ee nessa ocasião — as atitudes ([ue eu te nho assumido na Câmara, nos "mec-

tes que, embora haja quem afirme "ser a República o ideal de Nabuco", nada

dade, incorporara-se poderosamente às

afeto perfeitamente c.xplicável, pois, no

sentia-se isolado e perseguido. "Quan

sua origem. Estas tinham sido tão for

não cffiu a monarquia. É o pensamento

dizer, antevia a República. Entre tanto,

uma

hora

extraordinàriamente

dramática para a sua carreira, pois via "como a monarquia poderia re.ristir à

(pio, mais tarde, anunciara; "Que a Re

agitação repub'icana. se esta dobrasse a

pública há de ser unitária ou há de Iiaver

sua força com a fòrça quase e.\plosÍ\ a da ansiedade das províncias por .sua autonomia", limitava-sc a apelar para Ouro Prèto a fim de que não fôsse o sen ministério, "em caso algum, o últi

muitas repúblicas não há para mim dú

tings" e no jornalismo, não Icni conta o número dos seus inimigos; todo o

vida alguma". Do mesmo modo éle se

abroquclarla na "absoluta certeza de que

Eo mesmo medo cjue Rui, ao se re

mundo oficial, com as suas vastas ra-

ferir a Nalmco, não .se i'urta\ii a acen

mifíciiçõe,s e sem distinção dc paiiido.s,

era preciso um largo período dc govéi-

tuar "a íascinação do sen talenUj. da

o liostiliza."

E Rui, também batido

no para q povo e com o povo, antes de

sua grande ejriinència individual, feita para as maiore.s cousa.s".

e apedrejado, era, no mundo político,

ser possível o puro govérqo do po\'o".

dos' poiicoa cj^ue o oompreendiam e

mo da monarquia". A.ssim, ao passo que Nabuco, sem

Assim, por uma série de raeiocínios,

fonnara-se no espírito de Nalmco a idéia de que a federação devia preceder á

pre pronto para reformar, mas sem o

apoiavam,

Ê-Sses exempio.s, colliidos em ra.se,s a.s mais diversas das \idas dc Nabuco e

Rui, bom mostram a sensibilidade de ambos, altu teor das .sua.s t|uah'dades morais, e nos fazem compreender os

Vencida, porém, a batalha da Aboli ção, chegara a liora de Rui e Nabuco ;e distanciarem, no campo das idéias.

das a.5 oportunidades, por um em face do outro. Na realidade, apesar de nun ca terem .sido íntimos, no sentido que cr.stnmanio.s dar à palavra, o fato é que

A.S convicções e sentimtiintos di\'ir.sos com que encanixam a monartpiia. e (juo até então apareciam apenas como lenue traço, um nonada, (pie a lula cuimini por outros ideai.s fizera durante anos quase imporceptívei, iria acentuar-.se ca

íii. '(VOU liiiia leal <• dilradoura amizade;

da \('z iiiais. até Iraiisloriiiar-se mima

fundainento.s da atilúcle maulida ern to

república. Raciocínios sinceros, iioncstos, mas que, justamente por nem sempre íelem sólida iiasc doutrinária ou liistó-

rica, como é o caso — ante o e.xcmplo norte-americano — da incompatibilidade

enti'e a federação e uma grande repúbli ca, bem mostram quanto Nabuco, invo luntariamente, fóra traído pelas raízes da

fcitio c a alma dum revolucionário, se dispunlia a cair com o trono. Rui, le-•

vado pelo exaltado liberalismo, que tor nava secundárias as formas de govérno, e sempre predisposto a ver nas\evoluções remédio extiemo, mas necessário

para abrir caminbo ao triunfo da li

berdade, preparava-se para vencer com a federação e à república. Ao chegar-se à solução do 15 dc No-


*1

Di(a;s'j'(i Ec:oNÓNnr() 75

ICOl DiGEsro Econômico

cada qual parecia ver apenas o presti

gio, o }u'gur, (pie traziam para os idéias cciniins. O qii? raro entre conibaIcntc;. cujas aptidões os r^Vmc no inesni;)

campo, < m que, sem um deles, seria

ração recíproca.

Daí a delicadcz;i, a

confiança de que .se re\csllram as suas

n lações. São fatos de (pie a correspon dência entre óles Irocacla eoiistiluí tw-

o outro. incontcstà%'elmente. o maior.

tcmunho irrel'ulá\ ei.

Ambos, no entanto, possuíam a nobre

para a Europa, cm fe\creiro de b7. co mo corrcspoiulente do O Pois, era abrin

.virtude de admirar os justos Iriunfos

A.ssim. ao jiarlir

profunda separação. Ê que, após o 13 de Maio, um no\o problema {("mr lan

çado decisivamente no tablado político: o federalismo. Embora partidários am bos do sistema federativo, num ponto divergiam profunda e radicalmente: en quanto Nabuco sobrepunha a monar

quia a federação, Rui a cpieria de qual quer modo, com a Coroa ou som ela.

regatear aplausos às vitórias merecidas.

Rui. e.screveiKlo-llie estas palavras rc-

Era o pensamento que concretizara nes ta formula simples e de.cisiva: "A mo

Nabuco, por exemplo, na ocasião mes ma em que era urn dos "ingleses do Senlior Dantas", e rpiando, portanto,

passadas de confiança: "Ninguém nic-

narquia e a república são meios: a li

iiior do que V. pode compreender, se

berdade é o fim."

me 'cn lioje. a dor com rpie eii os

para a campanha iniciada no Diário de

podia ser mais vivo o confronto dele

deixo.

Notícias, repetira o refrão dos liberais de 69: "reforma ou revolução". Nabu co era diferente. A conservação da mo narquia, que se ajustava como uma luva ao seu sentimento de ordem, e

a']leio.^ c, certanumte, lhes repugnaria

f.v.

reflexo dunm franca e jirofunda adnii»

do o coração {pie Nabuco se despedia dc

Mas quem \i\(.' da imprensa

'cc'm Rui e Gusmão Lóbo, assim esertnia

por c.xclusão dc lócias as outras pro-

a R'jdü'fo Dantas: "Que esplêndido que

li.ssôcs, tem uma vida c[ue não llie per tence e tpie SC inoNC .segundo a corrente

esteve o Grey hoje.

O Rui e o Lóbo

são incomparávels." Escrito' desprcocuprtdamente. cheio de sinceridade, sem qualquer eiva de falsa modéstia, o elo

gio tem qualquer cou.sa de inviilgar. Traduz imi entusiasmo impossível da encontrar-se numa alma estiolada pe'a ir\-eja ou pelo despeito. Naljiico, entre

tanto, tal\'ez pela consciência que de via ler da própria grandeza, estava mui

to acima desses sentimentos mesquinhas. Não lhe fazia mal admirar e proclamar a grandeza dos companheiros.

mai.s lorte da necessidade".

L, com

sijTipiicldade amiga, sul)scre\ ia: "Todo .seu Joaciiiini Nahucü." Nesse tom são as cartas; de Nabuco a Rui.

Exprimuun

E, como fiànuila

tinha fundas raízes em sua personali

o faria romper com os l ínculos herdados

através de várias gcraçõc.s.

Èlc qne "

escreveria mais tarde; "republicano —

o único título em nos.sa política que eu • a^gum dia invejei". Sem dúvida, o coração tem razões que a razão des-.'"

conhece... Por isso, embora se orgu lhasse de haver sido o "iniciador da ' idéia federativa", Nabuco, certo de que sem o partido liberal, era "impos

sível fazer a monarquia federativa", pre feria ver a bandeira passar para as mãos de Rui a associar-se às fcirças que se preparavam para realizar a federação

de qualquer maneira. Atitude tanto mais nobre quanto, não menos do quç

Rui, tinha éle lúcida percepção dos peri gos rc.suUanles do abandono da federa

suas convicções políticas.

ção pelo govérno de Ouro Prèto. A hera

De tal modo

([ue, dominando as demais tendências

momento, já fora da Câmara, Nabuco

do seu espírito lilieral e roforinisla, o levaria a não acreditar na federação se

do um político a.s.suine — cscreseii ee nessa ocasião — as atitudes ([ue eu te nho assumido na Câmara, nos "mec-

tes que, embora haja quem afirme "ser a República o ideal de Nabuco", nada

dade, incorporara-se poderosamente às

afeto perfeitamente c.xplicável, pois, no

sentia-se isolado e perseguido. "Quan

sua origem. Estas tinham sido tão for

não cffiu a monarquia. É o pensamento

dizer, antevia a República. Entre tanto,

uma

hora

extraordinàriamente

dramática para a sua carreira, pois via "como a monarquia poderia re.ristir à

(pio, mais tarde, anunciara; "Que a Re

agitação repub'icana. se esta dobrasse a

pública há de ser unitária ou há de Iiaver

sua força com a fòrça quase e.\plosÍ\ a da ansiedade das províncias por .sua autonomia", limitava-sc a apelar para Ouro Prèto a fim de que não fôsse o sen ministério, "em caso algum, o últi

muitas repúblicas não há para mim dú

tings" e no jornalismo, não Icni conta o número dos seus inimigos; todo o

vida alguma". Do mesmo modo éle se

abroquclarla na "absoluta certeza de que

Eo mesmo medo cjue Rui, ao se re

mundo oficial, com as suas vastas ra-

ferir a Nalmco, não .se i'urta\ii a acen

mifíciiçõe,s e sem distinção dc paiiido.s,

era preciso um largo período dc govéi-

tuar "a íascinação do sen talenUj. da

o liostiliza."

E Rui, também batido

no para q povo e com o povo, antes de

sua grande ejriinència individual, feita para as maiore.s cousa.s".

e apedrejado, era, no mundo político,

ser possível o puro govérqo do po\'o".

dos' poiicoa cj^ue o oompreendiam e

mo da monarquia". A.ssim, ao passo que Nabuco, sem

Assim, por uma série de raeiocínios,

fonnara-se no espírito de Nalmco a idéia de que a federação devia preceder á

pre pronto para reformar, mas sem o

apoiavam,

Ê-Sses exempio.s, colliidos em ra.se,s a.s mais diversas das \idas dc Nabuco e

Rui, bom mostram a sensibilidade de ambos, altu teor das .sua.s t|uah'dades morais, e nos fazem compreender os

Vencida, porém, a batalha da Aboli ção, chegara a liora de Rui e Nabuco ;e distanciarem, no campo das idéias.

das a.5 oportunidades, por um em face do outro. Na realidade, apesar de nun ca terem .sido íntimos, no sentido que cr.stnmanio.s dar à palavra, o fato é que

A.S convicções e sentimtiintos di\'ir.sos com que encanixam a monartpiia. e (juo até então apareciam apenas como lenue traço, um nonada, (pie a lula cuimini por outros ideai.s fizera durante anos quase imporceptívei, iria acentuar-.se ca

íii. '(VOU liiiia leal <• dilradoura amizade;

da \('z iiiais. até Iraiisloriiiar-se mima

fundainento.s da atilúcle maulida ern to

república. Raciocínios sinceros, iioncstos, mas que, justamente por nem sempre íelem sólida iiasc doutrinária ou liistó-

rica, como é o caso — ante o e.xcmplo norte-americano — da incompatibilidade

enti'e a federação e uma grande repúbli ca, bem mostram quanto Nabuco, invo luntariamente, fóra traído pelas raízes da

fcitio c a alma dum revolucionário, se dispunlia a cair com o trono. Rui, le-•

vado pelo exaltado liberalismo, que tor nava secundárias as formas de govérno, e sempre predisposto a ver nas\evoluções remédio extiemo, mas necessário

para abrir caminbo ao triunfo da li

berdade, preparava-se para vencer com a federação e à república. Ao chegar-se à solução do 15 dc No-


r'!-'

■ Dir.FÁTn Económicò •

0ICJB6TO liCONÓMlC» •

vembro. Rui a Nabuco estavam em

campos opostos. Para este era, pratica mente, o fim de uma brilhante passa

gem pela vida pública. Para o primei ro, o início duma nova etapa cheia de promissoras perspectivas de \dtórias. Que atitude assume Nabuco nessa

escnivizaclos, na qual o.s aspectos sentiinentalistas, humanos, superavam de mui to tôdas as razões de ordem política, eco nômica ou social, ninguém poderá exce

da biblioteca, enlre os seus livros, e na

posição de simples espectador dos acon tecimentos, pudesse entregar-se inteira mente à vocação literária, indiscutivel mente a viga-mestra do seu espirito. Uma vocação que a política o as próprias con

der Nabuco. Nôle, antes de ser o inte

lectual, o orador, que se colocava a ser viço duma grande causa, esta é que

tingências da vida haviam atrofiado du

contingência? Talvez com surpresa pa

rante muito tempo, mas que, agora,

inspirava o sentimento de artista.

ra os que não o conhecessem bem, a mudança, longe de o encher de amar

podia afirmar-se livremente.

em nada dimimü o papel de Nabuco na

gura ou irritação, parece mais o pre-

creverá os trabalhos destinados a imor

têxto para uma retirada tranqüila, des pida de azedume.

homem de letras. Um estodisto do />"-

pério, Minha jo-maçõo e Penses dcta^

abandonou, e também pelo desejo de

chées et souvenirs, embora pertencendo a gêneros diferentes, são livros que reve

exprimir as razões da sua fidelidade ao

lam não apenas as altas qualidades li

pensador político. Mantinha o fogo sa grado. Mas, tão fiel à monarquia quan

justamente o oposto daquilo preconizado

zera a República, e evidentemente o úni

por Nabuco, quando escreveu que os livros devem ser todos êles campanhas .

co capaz de restabelecer o antigo regi

Pensamento que mellior caberia em Rui,

me.

cujas obras, ou pelo menos as de mais vi

com simples miragem, mostrava-se favo rável a uma evolução capaz de recons tituir, "no país, não a fé, mas a razão monárquica". Portanto, assim como acreditara na federação como resultado

cisão dos conceitos.

buco — salvo no que diz respeito ao militarismo nascente — assiste aos primei

ros anos da República, possivelmente não decorreriam apenas dum temperamento

equilibrado e suave. O ostracismo servira para que, aos poucos, no recesso

a sua vocação. De algum modo, se não

Acima de tudo, Nabuco era um litera to, um sentimental, um emotivo. D®'

a beleza, a altitude que a sua palaNTa atinge no curso da campanha abolicio nista, evidentemente um campo de elei

ção para se conjugarem a emoção do homem-de-letras e a razão do reforma

dor. Na campanlia pela libertação dos cA...

De

um egresso do seu destino, se não da.

sua natural vocação. Nisso, aliás, enganava-se redondamente.

Ao contrário

cie Nabuco, a vocação de Rui não era

a cias letras, mas a da política. Pos suía, sim, altas qualidades literárias, por certo em nada menores do que as de

Nabuco, mas o que lhe faltava era jus tamente a vocação, essa capacidade de alhear-se inteiramente do debate das

em si mesma a sua finalidade.

que se afirmasse inteiramente a litera

concepção de Rui sôbre o valor das

tura pura, o trabalho das letras pelas letras, sem outro desiderato senão o

de atingir um ideal de beleza e perfei ção. E o próprio' Nabuco, já no fim

da vida, redigiria êsse depoimento, que só não é melancólico por -exprimir a eterna insatisfação, a angústia de todos os artistas: "não devo ser tido senão

como um literato que não teve tempo f-

e se constrói o futuro, para entregar-se, por inteiro, ao labor duma obra que tem

fôsse a lembrança dos dia.s do abolicio nismo, lamentava o tempo perdido nas ingratas lides partidárias, nos meandros

da política, clima pouco propicio para

beleza dum pensamento sereno, no qual

volta da monarquia.

de, e mesmo a tolerância com que Na

decepções do político fôssem consoladas

uma grande e pura obra literária.

certo modo, considerava-o, pois. como

pelas alegrias do artista, que encontrava ^ idéias com que se modifica o presente

gor, são tôdas elas campanhas, no

o poder da imaginação se associa à pre

Contudo, a tranqüilidade, a serenida

Não custa, pois, imaginar-se que as

lamento, na imprensa, nos tribunais, na política. A luta, a contradita, a polêmi ca, é que lhes dão o nervo, a fôrça. Enquanto em Nabuco o que domina é a

düma evolução pacífica, continuava a sonhar com o mesmo caminho para a

Afonso

mesmo".

rio encontrara o seu curso natural- •.

restauração se processasse através dum

Ainda aí, como se se contentasse

nos dias do abolicionismo.

Celso, por exemplo, ouvindo-o em ou tras ocasiões, diria que "não parecia o

terárias do autor, mas, principalmente,

nários,jamais pregou ou desejou que a

movimento subversivo, igual ao que fi

porque jamais a palavra de Nabuco

atingiria paramos iguais aos alcançados

sua vocação para as belas letras. O Pois só a vocação é capaz de produzir obras.assim, escritas no isolamento du ma hora de desgraça. Obras que são

to aos seus sentimentos anti-revolucio

homem-cle-letras e a ação do liomem pú blico. E talvez nbs faça compreender

Êles

Durante alguns anos, possivelmente

teve alguma atividade como escritor e

perfeita associação entre a vocação do

é que darão a medida do escritor, do

movido pela solidariedade devida aos companheiros, sentimento que nunca o

regime desaparecido, Nabuco ainda man

redenção dos escravos. Mas explica a

Nesse período de infortúnio político es talizá-lo na literatura brasileira.

Isso

ria estava à altura dos grandes espíritos, levando-os à imortalidade, que, com os olhos postos nêle próprio, escreveria es tas palavras sôbre o colega da Aca demia: "Penso por isso no Rui, o qual nada fêz pelas ocupações da vida". Lamentava houvessem as contingências negado à \'igoro.sa inteligência de Rui o vagar, a tranqüilidade, para realizar

para o ser". A República fora, assim, caminho para recolher-se à tôrre de

Aliás, diversa da de Nabuco era a

obras piuramente literárias, em confronto

com as grandes ações políticas. Prova disso são as referências que fêz a Voltaire e Vitor Hugo, em cujas obras nada viu de maior do que a parte que ne

las teve a luta em favor dos ideais po

líticos a que se dedicaram. Por isso, ao proclamar que para êle os anos não ha viam corrido "na contemplação do belo, nos laboratórios de arte, no culto das

letras pelas letras", ou que a sua e.xis-

marfim. E a história a maneira de se tência representava "uma xõda inteira libertar do presente, realizando uma de ação, peleja ou apostolado". Rui não sòmente enunciava uma verdade, obra-de-arte que o é, sem dúvida, "Um ■ mas o fa:da sinceramente convicto de e.stadista do Império". haver realizado obra muito maior do Tão forte ero em Nabuco essa concep que a que teria feito se porventura ção de que sòmente a atividade literá perseguisse apenas um puro ideal lite-


r'!-'

■ Dir.FÁTn Económicò •

0ICJB6TO liCONÓMlC» •

vembro. Rui a Nabuco estavam em

campos opostos. Para este era, pratica mente, o fim de uma brilhante passa

gem pela vida pública. Para o primei ro, o início duma nova etapa cheia de promissoras perspectivas de \dtórias. Que atitude assume Nabuco nessa

escnivizaclos, na qual o.s aspectos sentiinentalistas, humanos, superavam de mui to tôdas as razões de ordem política, eco nômica ou social, ninguém poderá exce

da biblioteca, enlre os seus livros, e na

posição de simples espectador dos acon tecimentos, pudesse entregar-se inteira mente à vocação literária, indiscutivel mente a viga-mestra do seu espirito. Uma vocação que a política o as próprias con

der Nabuco. Nôle, antes de ser o inte

lectual, o orador, que se colocava a ser viço duma grande causa, esta é que

tingências da vida haviam atrofiado du

contingência? Talvez com surpresa pa

rante muito tempo, mas que, agora,

inspirava o sentimento de artista.

ra os que não o conhecessem bem, a mudança, longe de o encher de amar

podia afirmar-se livremente.

em nada dimimü o papel de Nabuco na

gura ou irritação, parece mais o pre-

creverá os trabalhos destinados a imor

têxto para uma retirada tranqüila, des pida de azedume.

homem de letras. Um estodisto do />"-

pério, Minha jo-maçõo e Penses dcta^

abandonou, e também pelo desejo de

chées et souvenirs, embora pertencendo a gêneros diferentes, são livros que reve

exprimir as razões da sua fidelidade ao

lam não apenas as altas qualidades li

pensador político. Mantinha o fogo sa grado. Mas, tão fiel à monarquia quan

justamente o oposto daquilo preconizado

zera a República, e evidentemente o úni

por Nabuco, quando escreveu que os livros devem ser todos êles campanhas .

co capaz de restabelecer o antigo regi

Pensamento que mellior caberia em Rui,

me.

cujas obras, ou pelo menos as de mais vi

com simples miragem, mostrava-se favo rável a uma evolução capaz de recons tituir, "no país, não a fé, mas a razão monárquica". Portanto, assim como acreditara na federação como resultado

cisão dos conceitos.

buco — salvo no que diz respeito ao militarismo nascente — assiste aos primei

ros anos da República, possivelmente não decorreriam apenas dum temperamento

equilibrado e suave. O ostracismo servira para que, aos poucos, no recesso

a sua vocação. De algum modo, se não

Acima de tudo, Nabuco era um litera to, um sentimental, um emotivo. D®'

a beleza, a altitude que a sua palaNTa atinge no curso da campanha abolicio nista, evidentemente um campo de elei

ção para se conjugarem a emoção do homem-de-letras e a razão do reforma

dor. Na campanlia pela libertação dos cA...

De

um egresso do seu destino, se não da.

sua natural vocação. Nisso, aliás, enganava-se redondamente.

Ao contrário

cie Nabuco, a vocação de Rui não era

a cias letras, mas a da política. Pos suía, sim, altas qualidades literárias, por certo em nada menores do que as de

Nabuco, mas o que lhe faltava era jus tamente a vocação, essa capacidade de alhear-se inteiramente do debate das

em si mesma a sua finalidade.

que se afirmasse inteiramente a litera

concepção de Rui sôbre o valor das

tura pura, o trabalho das letras pelas letras, sem outro desiderato senão o

de atingir um ideal de beleza e perfei ção. E o próprio' Nabuco, já no fim

da vida, redigiria êsse depoimento, que só não é melancólico por -exprimir a eterna insatisfação, a angústia de todos os artistas: "não devo ser tido senão

como um literato que não teve tempo f-

e se constrói o futuro, para entregar-se, por inteiro, ao labor duma obra que tem

fôsse a lembrança dos dia.s do abolicio nismo, lamentava o tempo perdido nas ingratas lides partidárias, nos meandros

da política, clima pouco propicio para

beleza dum pensamento sereno, no qual

volta da monarquia.

de, e mesmo a tolerância com que Na

decepções do político fôssem consoladas

uma grande e pura obra literária.

certo modo, considerava-o, pois. como

pelas alegrias do artista, que encontrava ^ idéias com que se modifica o presente

gor, são tôdas elas campanhas, no

o poder da imaginação se associa à pre

Contudo, a tranqüilidade, a serenida

Não custa, pois, imaginar-se que as

lamento, na imprensa, nos tribunais, na política. A luta, a contradita, a polêmi ca, é que lhes dão o nervo, a fôrça. Enquanto em Nabuco o que domina é a

düma evolução pacífica, continuava a sonhar com o mesmo caminho para a

Afonso

mesmo".

rio encontrara o seu curso natural- •.

restauração se processasse através dum

Ainda aí, como se se contentasse

nos dias do abolicionismo.

Celso, por exemplo, ouvindo-o em ou tras ocasiões, diria que "não parecia o

terárias do autor, mas, principalmente,

nários,jamais pregou ou desejou que a

movimento subversivo, igual ao que fi

porque jamais a palavra de Nabuco

atingiria paramos iguais aos alcançados

sua vocação para as belas letras. O Pois só a vocação é capaz de produzir obras.assim, escritas no isolamento du ma hora de desgraça. Obras que são

to aos seus sentimentos anti-revolucio

homem-cle-letras e a ação do liomem pú blico. E talvez nbs faça compreender

Êles

Durante alguns anos, possivelmente

teve alguma atividade como escritor e

perfeita associação entre a vocação do

é que darão a medida do escritor, do

movido pela solidariedade devida aos companheiros, sentimento que nunca o

regime desaparecido, Nabuco ainda man

redenção dos escravos. Mas explica a

Nesse período de infortúnio político es talizá-lo na literatura brasileira.

Isso

ria estava à altura dos grandes espíritos, levando-os à imortalidade, que, com os olhos postos nêle próprio, escreveria es tas palavras sôbre o colega da Aca demia: "Penso por isso no Rui, o qual nada fêz pelas ocupações da vida". Lamentava houvessem as contingências negado à \'igoro.sa inteligência de Rui o vagar, a tranqüilidade, para realizar

para o ser". A República fora, assim, caminho para recolher-se à tôrre de

Aliás, diversa da de Nabuco era a

obras piuramente literárias, em confronto

com as grandes ações políticas. Prova disso são as referências que fêz a Voltaire e Vitor Hugo, em cujas obras nada viu de maior do que a parte que ne

las teve a luta em favor dos ideais po

líticos a que se dedicaram. Por isso, ao proclamar que para êle os anos não ha viam corrido "na contemplação do belo, nos laboratórios de arte, no culto das

letras pelas letras", ou que a sua e.xis-

marfim. E a história a maneira de se tência representava "uma xõda inteira libertar do presente, realizando uma de ação, peleja ou apostolado". Rui não sòmente enunciava uma verdade, obra-de-arte que o é, sem dúvida, "Um ■ mas o fa:da sinceramente convicto de e.stadista do Império". haver realizado obra muito maior do Tão forte ero em Nabuco essa concep que a que teria feito se porventura ção de que sòmente a atividade literá perseguisse apenas um puro ideal lite-


Djrnlvi í j Ki";onó.mic« ^

.9 '78

h'i rário.

■ . ' ■

Daí a iiríslèiHÍa cuin (jiif rc-|X'-

■ liu a ce!cbra(,ãu cia "jubi-.eu iúeiáric» '. * . e que externaria nestas palaxras defini tivas:

''Uma' existência

I,

vivida

assim

nos

campos de batalha, tecida, assim, tòda

DiGii.su» Economico

ditaçóus do místico, ou os IrabttlhnS

Desde (jue reoiusara o oferecimento dc

pacieiite.s do artista. Para Rui. si-r afas

Pernambuco para participar da Consti-

tado da vida pública, por mais ipie a

mo tempo que descoroçoava ou alxirrecia muitos monarquistas, enchia dc jú-

luiiilc dc 1890, Nabuco resistiria a to

bilo os arraiais republicanos.

razão o aconselhe a integrar-se ein ou

dos os convites para .servir ao Pais sob

tras

amargura,

o novo regime. "O dever dos monar-

iiupiiotação. desajiislumcnto, c as forças

quistas .sinceros, (piando mesmo a mu-

atividades, reprc.senla

[( ' ela, dos fio.s da a(,'ão combatente, não

interiores da sua vocação acabam sem

I

se desnatara da .sua sub.stància, não se

pre, e irresistivclmente, faz.cndo-o vol

lilicamenlo com ela", e.scievcii em 1895.

desintegra dos seus clemcnto.s orgâni cos, para se apresentar des\eslida e

tar !i cena política, long<> da (pial as .suaf. energias como ([iic se estiolam e

na famosa carta ao Almirante lacoguai.

Iransníudada naquilo de que ela tem

fenecem.

menos, na mera existência de um homem-de-letras. Como cpier rpie se a

movimento a cercbração privilegiada é o debate das grandes idéias eontcmporãncas. a discussão dos pr<íb'enia.s jurídi cos (• administrativos, ou a réplica cios adversários, contra os r|uais se lança, por vézos. com impiedade, mas sem pre com mestria e grandc^Tíi. O ab.s-

encare, boa ou má, ê a de um missio

nário, é a de um soldado, é a de um

construtor.

As letras nela entram ujíc-

nas como a forma

^ du • palavra, que reveste

o

pen.sa-

^PF mento, conio a

eloqüência, cjue dobra o poder das

nar(|uia estivesse morta, seria morrer po-

O que o inflama c põe em

trato mão o sechiz. E mesmo a histú-

idéias, como a be-

^ria não o entu-

A.ssini, surdo a todos os apelos, nioslru-

mc.slras da sinceridade desse desejo, que em 189-3 reiteraria no "Apelo aos conser

vadores". no qual dizia; "É para reabi litar a lepúbMea. não para aluí-la, ou siibvertô-la, que devem tender, pois. os esforços de todos os patriotas, qualquer que seja o seu culto politieo. quaisquer

suii obra será for-

(pie forem as suas preferências consti

jacia no calor das poflémicas ou das

tucionais.

•.j -' interior".. . Realmente,

ao

pas.so que em Na-

ixóes.

isi-j buco domina o li-

Imtos

y j tcrato, tantas vcI zes a serviço das

A

;];] grandes causas cia j.i nacionalidade, em :Vj Rui a preeminên-

dum

Nossos destinos não vogam

entre a monarquia e a república, mas

E os as-

entre a república e a anarquia. É pre

aparente

ciso escolher." E acrescentava: "O Bra

mente mai.s frios, como a elaboniçao

código

ou

duma lei (le ensi no. êle logo os

rito do nomeado, cuja carreira ascen

júbilo do condiscípulo, o artigo de Rui

1'

bcle/a

cia de Nabuco, e confessar-se "um dos .

(pie mais admiração professam pelo mé

jaeobino, há muito almejava aliciar para

íjiliisnía e atrai.

a

va-se assim o antigo desejo de Rui, que,

gerahncnte discreto ne.-sas expansões, foi dos primeiros a aparecer em público, para louvar sem restrições a aepiicscên-

dente aeompanha desde os primeiros

a Rcpúblicix o serviço dc lòdas as ca pacidades, sem distinção dc- credos. Desde o Ministério da (''a/taida dera êle

sil reclama a cooperação desinteressada e ativa de todos os (pie representam a capacidade, a abnegação e o vigor." E sonhava com os monarquistas imitando Toc(|ueville. No entanto, razões diversas, inclusive

*

Rcaliz;i-

va-sc disposto a não abandonar a sua roeha Tarpéia. Rui, que estava bem longe de ser um

. ^ Ic7.a aparente, que reflete

79

anos". Escrito cm linguagem calorosa, e na qual despontava a cada passo o • — A Missão 'Nabuco — constituía um

hino à atitude e à personalidade do co lega que, dizia, cedera "a uma necessi dade da sua tempera, a uma força in terior da sua vocação e expansão inevitáve' da sua individualidade, a um im

pulso do seu destino, (pie o não eriou só para escrever com a sua pena a his- • tória, senão também para a elaborar com os seus atos".

Quebrava-se a muralha interposta pela República entre os dois colegas da.s lides do abolicionismo.

De fato. Na

buco não podia ser in.seusivel ao gesto largo e nobre de Rui. E, logo no dia seguinte, na mesma iiora em (pie muito.s.. companheiros se julgavam com direito

de tomar-lhe contas, escrevia-lhe agra-^

decendo as palavras amigas o sinceras. ,

"É-mc grato, dizia Nabuco, depois ,de ''I tanto tempo de .separação, ter que lhe agradecer o seu artigo de ontem, repus- • sado da velha camaradagem que nos

i<'i' cia é do político, que faz das boas lefí;l tra.s, da eloqüência, da beleza da forma, simples instrumentos destinados a mul-

transforma em teses, que reclamajn a dia lética do advogado e a clava do lutador.

tiplicar as forças do mis.sionáTío ou dar

admirável serenidade, Nabuco durante

ál maior vigor à ação do estadista. Daí a diferença de comportamento de cada

dez anos permaneceu afastado de Rni.

pausa para levar a cabo as suas as pirações no campo da literatura, in

lip desde a adolescêneia, (piando fa-.'

Talvez houvessem compreendido que para a sensibilidade dc ambos, depois

duziam Nabuco a responder a t(^das as

da Academia. Os seus elogios não .são outra cousa senão a munificência do seu

evidente nos dez primeiros anos da Re

duma longa convivência interrompida •süb o fragor duma revolução, não e.xis-

solicitações com o mm pos\vuí)Uí.9, que sòn-.ente abandonaria em 1899, para aceitar a defesa do Brasil, no litígio

pública, parece oferecer até certo en

tia solução melhor.

da Guiana Inglê.sa.

canto. É a oportunidade para a.s me-

reatariam relações.

qual ante o ostracismo. Para Nabuco. o recolhimento à \ida pn\ada, como c

Apesar de receber a Repúl)'ica com

o amor-próprio, o desencanto, as convic ções, e também a ânsia de encontrar a

Somente em 1899

A reconsideração de Nalmcn. ao mc.s--

I

..•Vu.i

zíamos parte do mesmo bando liberai

espírito, que pode fazer presentes destes sem despojar-se." Rui ainda tornou ao assunto num arti

go inlitulado F.uirc Vclho.s Amigos, pura

1


Djrnlvi í j Ki";onó.mic« ^

.9 '78

h'i rário.

■ . ' ■

Daí a iiríslèiHÍa cuin (jiif rc-|X'-

■ liu a ce!cbra(,ãu cia "jubi-.eu iúeiáric» '. * . e que externaria nestas palaxras defini tivas:

''Uma' existência

I,

vivida

assim

nos

campos de batalha, tecida, assim, tòda

DiGii.su» Economico

ditaçóus do místico, ou os IrabttlhnS

Desde (jue reoiusara o oferecimento dc

pacieiite.s do artista. Para Rui. si-r afas

Pernambuco para participar da Consti-

tado da vida pública, por mais ipie a

mo tempo que descoroçoava ou alxirrecia muitos monarquistas, enchia dc jú-

luiiilc dc 1890, Nabuco resistiria a to

bilo os arraiais republicanos.

razão o aconselhe a integrar-se ein ou

dos os convites para .servir ao Pais sob

tras

amargura,

o novo regime. "O dever dos monar-

iiupiiotação. desajiislumcnto, c as forças

quistas .sinceros, (piando mesmo a mu-

atividades, reprc.senla

[( ' ela, dos fio.s da a(,'ão combatente, não

interiores da sua vocação acabam sem

I

se desnatara da .sua sub.stància, não se

pre, e irresistivclmente, faz.cndo-o vol

lilicamenlo com ela", e.scievcii em 1895.

desintegra dos seus clemcnto.s orgâni cos, para se apresentar des\eslida e

tar !i cena política, long<> da (pial as .suaf. energias como ([iic se estiolam e

na famosa carta ao Almirante lacoguai.

Iransníudada naquilo de que ela tem

fenecem.

menos, na mera existência de um homem-de-letras. Como cpier rpie se a

movimento a cercbração privilegiada é o debate das grandes idéias eontcmporãncas. a discussão dos pr<íb'enia.s jurídi cos (• administrativos, ou a réplica cios adversários, contra os r|uais se lança, por vézos. com impiedade, mas sem pre com mestria e grandc^Tíi. O ab.s-

encare, boa ou má, ê a de um missio

nário, é a de um soldado, é a de um

construtor.

As letras nela entram ujíc-

nas como a forma

^ du • palavra, que reveste

o

pen.sa-

^PF mento, conio a

eloqüência, cjue dobra o poder das

nar(|uia estivesse morta, seria morrer po-

O que o inflama c põe em

trato mão o sechiz. E mesmo a histú-

idéias, como a be-

^ria não o entu-

A.ssini, surdo a todos os apelos, nioslru-

mc.slras da sinceridade desse desejo, que em 189-3 reiteraria no "Apelo aos conser

vadores". no qual dizia; "É para reabi litar a lepúbMea. não para aluí-la, ou siibvertô-la, que devem tender, pois. os esforços de todos os patriotas, qualquer que seja o seu culto politieo. quaisquer

suii obra será for-

(pie forem as suas preferências consti

jacia no calor das poflémicas ou das

tucionais.

•.j -' interior".. . Realmente,

ao

pas.so que em Na-

ixóes.

isi-j buco domina o li-

Imtos

y j tcrato, tantas vcI zes a serviço das

A

;];] grandes causas cia j.i nacionalidade, em :Vj Rui a preeminên-

dum

Nossos destinos não vogam

entre a monarquia e a república, mas

E os as-

entre a república e a anarquia. É pre

aparente

ciso escolher." E acrescentava: "O Bra

mente mai.s frios, como a elaboniçao

código

ou

duma lei (le ensi no. êle logo os

rito do nomeado, cuja carreira ascen

júbilo do condiscípulo, o artigo de Rui

1'

bcle/a

cia de Nabuco, e confessar-se "um dos .

(pie mais admiração professam pelo mé

jaeobino, há muito almejava aliciar para

íjiliisnía e atrai.

a

va-se assim o antigo desejo de Rui, que,

gerahncnte discreto ne.-sas expansões, foi dos primeiros a aparecer em público, para louvar sem restrições a aepiicscên-

dente aeompanha desde os primeiros

a Rcpúblicix o serviço dc lòdas as ca pacidades, sem distinção dc- credos. Desde o Ministério da (''a/taida dera êle

sil reclama a cooperação desinteressada e ativa de todos os (pie representam a capacidade, a abnegação e o vigor." E sonhava com os monarquistas imitando Toc(|ueville. No entanto, razões diversas, inclusive

*

Rcaliz;i-

va-sc disposto a não abandonar a sua roeha Tarpéia. Rui, que estava bem longe de ser um

. ^ Ic7.a aparente, que reflete

79

anos". Escrito cm linguagem calorosa, e na qual despontava a cada passo o • — A Missão 'Nabuco — constituía um

hino à atitude e à personalidade do co lega que, dizia, cedera "a uma necessi dade da sua tempera, a uma força in terior da sua vocação e expansão inevitáve' da sua individualidade, a um im

pulso do seu destino, (pie o não eriou só para escrever com a sua pena a his- • tória, senão também para a elaborar com os seus atos".

Quebrava-se a muralha interposta pela República entre os dois colegas da.s lides do abolicionismo.

De fato. Na

buco não podia ser in.seusivel ao gesto largo e nobre de Rui. E, logo no dia seguinte, na mesma iiora em (pie muito.s.. companheiros se julgavam com direito

de tomar-lhe contas, escrevia-lhe agra-^

decendo as palavras amigas o sinceras. ,

"É-mc grato, dizia Nabuco, depois ,de ''I tanto tempo de .separação, ter que lhe agradecer o seu artigo de ontem, repus- • sado da velha camaradagem que nos

i<'i' cia é do político, que faz das boas lefí;l tra.s, da eloqüência, da beleza da forma, simples instrumentos destinados a mul-

transforma em teses, que reclamajn a dia lética do advogado e a clava do lutador.

tiplicar as forças do mis.sionáTío ou dar

admirável serenidade, Nabuco durante

ál maior vigor à ação do estadista. Daí a diferença de comportamento de cada

dez anos permaneceu afastado de Rni.

pausa para levar a cabo as suas as pirações no campo da literatura, in

lip desde a adolescêneia, (piando fa-.'

Talvez houvessem compreendido que para a sensibilidade dc ambos, depois

duziam Nabuco a responder a t(^das as

da Academia. Os seus elogios não .são outra cousa senão a munificência do seu

evidente nos dez primeiros anos da Re

duma longa convivência interrompida •süb o fragor duma revolução, não e.xis-

solicitações com o mm pos\vuí)Uí.9, que sòn-.ente abandonaria em 1899, para aceitar a defesa do Brasil, no litígio

pública, parece oferecer até certo en

tia solução melhor.

da Guiana Inglê.sa.

canto. É a oportunidade para a.s me-

reatariam relações.

qual ante o ostracismo. Para Nabuco. o recolhimento à \ida pn\ada, como c

Apesar de receber a Repúl)'ica com

o amor-próprio, o desencanto, as convic ções, e também a ânsia de encontrar a

Somente em 1899

A reconsideração de Nalmcn. ao mc.s--

I

..•Vu.i

zíamos parte do mesmo bando liberai

espírito, que pode fazer presentes destes sem despojar-se." Rui ainda tornou ao assunto num arti

go inlitulado F.uirc Vclho.s Amigos, pura

1


00

afirmar não o ter inspirado, no episódio, "senão o-^lo por uma reputação que c

hoje uma das poucas fortunas de nossa vida política". Prova de que a longa separação provocada pela queda da monarquia não deixara cicatrizes. E, com o pensamento voltado para os dias

Dicesto EcoNÓ>ncfj

81

caberia a Nabuco externar os seus sciili-

mentos diante da República. E, cheio do emoção, bem compreendendo a signi ficação daquele instante, Nabuco escre veria estas palavras do referência a

Quintino: "Havia alguma coiisa de dra mático em no.s enconlrannos frente a

distantes da "velha camaradagem", po

frente neste recinto c Ticstc dia: êle e

diam reatar, satisfeitos, a mesma ami

eu!" E assim, "depoi.s de haver rendi do ã desgraça um preito de dez anos"

zade da adolescência c que uma forte c recíproca admiração presenara em meio a lôdas as vicissítudes "dos interês-

ses contingentes".

— dizia Nabuco — cedera "ã in\encível prescrição da história".

Jubiloso, Rui logo escreveu ao antigo co'ega: "Ainda bem que, afinal, o

De fato, daí por diante não mais se riam perturbadas as relações entre llui

temos declaradamente, entre nós, onde

e Nabuco. E, ao viajar, para assumir

a sua ausência era uma sensível lacuna'.

o posto no qual produziria trabalho no

De braços abertos, o demolidor da mo narquia recebia o novo servidor da re

gênero incomparável, Nabuco, com deli cadeza e afeto, que eram muito do seu feitio, assim se despedia de Rui:

"Meu caro Rui. Desejo-lhe ao par

tir tôdas as felicidades e peço-lhe que disponlui sempre de mim com a amiza de que nos ligava nos tempos da nossa mocídade, certo de que V. não tem

quem, mais do que eu, deseje a per feição do seu talento, a universalidade

pública. Sem dúvida, a velha camara

dagem reflorira vigorosa c perfeita. Entretanto, por oca.sião da 2.^ Confe rência dc Haia é que a amizade e a admiração de Nabuco pelo colega de Academia seria posta a prova. Como e sabido, o primeiro nome lembrado para

chefiar a delegação do Brasil fôra o de

ra e superior esfera, e é com sincera satisfação que acompanha a plenitude

Nabuco. Rio Branco chegara até a convídá-lo. Depois, cedendo a um movi mento de opinião, é que se voltaria para Rui. E a um amigo íntimo, Graça Aranha, escreveria, justificando-se: "Por mais que eu deseje dar ao Rui essa

que caminha do seu disco intelectual,

prova de amizade e confiança, por mais

Seu sempre, Joaqtiim Nabuco."

que me custe não estar com êle na Europa... não posso ir a Haia como se gundo, o êle só poderá ir como primei

do seu nome- e a imortalidade da sua

obra. Tenho mais ambição do que V. mesmo de o ver entrar na sua verdadei

Sete anos se passaram antes que Na

buco tomasse ao Brasil. E, apesar do

tempo decorrido, um véu de mistério ainda envolvia a atitude de Nabuco diante do novo regime. Continuaria mo-

narquista? Estaria convertido aos ideais republicanos? No célebre banquete que ]he ofereceram então no Cassino Flumi nense, e no qual deveria ter sido sau

dado por Quintino Bocaiúva, de quem também se separara após a Abolição,

Dicesto EcoNÓAnco

nienlc, nenhuma mágoa toldara o es

pírito de Nabuco em face da preterição. Prova disso é que, solicitado pelo Barão do Rio Branco para ir até à Europa, a fim dc au.xiliar Rui com os seus co nhecimentos e as suas relações no mun

do da diplomacia, Nabuco, poucos dias depois do Rui, também chegava a Paris. ^'iaja^•a como um diplomata em férias. E a êle, que sem Rui teria sido o em

atencioso c agradável. Êle tem grande

admiração por V. O México é o rivaí da Argentina na América Espanhola e

politicamente mais importante pela pro ximidade do.s Estados Unidos, o que o toma um agente dêste para as nações

da mesma língua. O México procurou

muito tempo fugir a essa aproximação, baixador, cabia agora um papel anô mas compreende melhor o seu innimo, ignorado. Quantos o desempenha- terêssehoje e os Estados Unidos lhe estão in nam de coração aberto? O certo é que suflando o seu espírito pouco a pouco. imodiatainente Nabuco sc pôs em cam

po, e.xplicando aos amigos da carriére

quem era Rui, o seu valor, o seu nome, a sua preeminência intelectual no Brasil

E também a Rui, informando-o de cer tos meandros em que não podia ser ^'er-

sado, fornecia preciosos informes, dentro os quais se destacam as conhecidas

"Notas Confidenciais", em que, com ver\'o, finura e perspicácia, retratava algujis dos delegados à Conferência de Haia. Assim e que escrevia Nabuco a Rui:

"Notas Confidenciais: ~ O Quesada é o melhor informante que V. possa ter do que se passar na esfera hispano-ame ricana. Ainda que êle seja muito amigo do Saenz Pena, de quem foi Secretário,

V. pode fiar-se nêle, certo de que, se o chamar a si — os cubanos, neste mo mento, sobretudo, são muito sensíveis a simpatia e medem cada pequena di ferença no acolhimento que recebem

ro..." E a Rui, delicadamente, en\aou

ê'© sera um bom abado do Brasil entre

Nabuco êste telegrama: "Saúde obriga-

a Híspano-América.

Êle é muito en

me declinar, mas estarei em pensamento

tusiasta, mas \'e claro e com muita pe

ao seu lado, orgulhoso de ver o Brasil

netração.

assim representado entre as nações. Muitos, muitos parabéns".

amizade com ela."

Mme. Quesada é muito sim

pática e merece que sua senhora faça

Não se pense, no entanto, que eram

"O Esteva, Primeiro Delegado do

.simples palavras de cortesia. Os fatos -SP incumbiriam de mostrar que, real-

México, é muito pobdo, mas frio e

:lÉ.

de forma. Êle foi meu colega em Roma e c meu amigo. O de La Barra é muito

muito suscetível e exigente em questões

Entro o Mé.\ico e a Argentina não tenho

dm-ida de que eles prefeririam elevar o México tímto na Haia como cm qualquer Outra ocasião."

"Dom Domingo é um velho amigo nosso, mas os argentinos o lêm muito

festejado ultimamente e, se é certo que êle era o candidato h Embaixada que o Chile quis criar em Wasliington, talvez ôlo nos suspeite de frieza a respeito dessa idéia. A mim ninguém nunca disse uma palavra por parte do Clüle, nem tampouco por parte doa Estados

Unidos.

Traballiei quanto pude por

apro.ximar os dois países, falando ao Pre

sidente e a Mr. Root sempre do Chile, de modo a elevá-lo no espírito de am bos, e convencendo o Walter Martinez

de que não pode haver política mais errada para o Chile do que inspirar desconfiança aos Estados Unidos, sobre

tudo quando o Peru procura por todos os modos captar-Uies a simpatia. A mim não cabia dizer uma palavra sôbre um plano de que apenas Üve conhecimen

to pelos jornais e em questão tão melin drosa. Admira-me que o Chile tenha querido realizar tal pensamento encar-

regando-o ao Yocham ou tratando por intermédio do Ministro americaho em

Santiago, não sei qual foi o negociador." O Quesada lhe explicará o valor dc


00

afirmar não o ter inspirado, no episódio, "senão o-^lo por uma reputação que c

hoje uma das poucas fortunas de nossa vida política". Prova de que a longa separação provocada pela queda da monarquia não deixara cicatrizes. E, com o pensamento voltado para os dias

Dicesto EcoNÓ>ncfj

81

caberia a Nabuco externar os seus sciili-

mentos diante da República. E, cheio do emoção, bem compreendendo a signi ficação daquele instante, Nabuco escre veria estas palavras do referência a

Quintino: "Havia alguma coiisa de dra mático em no.s enconlrannos frente a

distantes da "velha camaradagem", po

frente neste recinto c Ticstc dia: êle e

diam reatar, satisfeitos, a mesma ami

eu!" E assim, "depoi.s de haver rendi do ã desgraça um preito de dez anos"

zade da adolescência c que uma forte c recíproca admiração presenara em meio a lôdas as vicissítudes "dos interês-

ses contingentes".

— dizia Nabuco — cedera "ã in\encível prescrição da história".

Jubiloso, Rui logo escreveu ao antigo co'ega: "Ainda bem que, afinal, o

De fato, daí por diante não mais se riam perturbadas as relações entre llui

temos declaradamente, entre nós, onde

e Nabuco. E, ao viajar, para assumir

a sua ausência era uma sensível lacuna'.

o posto no qual produziria trabalho no

De braços abertos, o demolidor da mo narquia recebia o novo servidor da re

gênero incomparável, Nabuco, com deli cadeza e afeto, que eram muito do seu feitio, assim se despedia de Rui:

"Meu caro Rui. Desejo-lhe ao par

tir tôdas as felicidades e peço-lhe que disponlui sempre de mim com a amiza de que nos ligava nos tempos da nossa mocídade, certo de que V. não tem

quem, mais do que eu, deseje a per feição do seu talento, a universalidade

pública. Sem dúvida, a velha camara

dagem reflorira vigorosa c perfeita. Entretanto, por oca.sião da 2.^ Confe rência dc Haia é que a amizade e a admiração de Nabuco pelo colega de Academia seria posta a prova. Como e sabido, o primeiro nome lembrado para

chefiar a delegação do Brasil fôra o de

ra e superior esfera, e é com sincera satisfação que acompanha a plenitude

Nabuco. Rio Branco chegara até a convídá-lo. Depois, cedendo a um movi mento de opinião, é que se voltaria para Rui. E a um amigo íntimo, Graça Aranha, escreveria, justificando-se: "Por mais que eu deseje dar ao Rui essa

que caminha do seu disco intelectual,

prova de amizade e confiança, por mais

Seu sempre, Joaqtiim Nabuco."

que me custe não estar com êle na Europa... não posso ir a Haia como se gundo, o êle só poderá ir como primei

do seu nome- e a imortalidade da sua

obra. Tenho mais ambição do que V. mesmo de o ver entrar na sua verdadei

Sete anos se passaram antes que Na

buco tomasse ao Brasil. E, apesar do

tempo decorrido, um véu de mistério ainda envolvia a atitude de Nabuco diante do novo regime. Continuaria mo-

narquista? Estaria convertido aos ideais republicanos? No célebre banquete que ]he ofereceram então no Cassino Flumi nense, e no qual deveria ter sido sau

dado por Quintino Bocaiúva, de quem também se separara após a Abolição,

Dicesto EcoNÓAnco

nienlc, nenhuma mágoa toldara o es

pírito de Nabuco em face da preterição. Prova disso é que, solicitado pelo Barão do Rio Branco para ir até à Europa, a fim dc au.xiliar Rui com os seus co nhecimentos e as suas relações no mun

do da diplomacia, Nabuco, poucos dias depois do Rui, também chegava a Paris. ^'iaja^•a como um diplomata em férias. E a êle, que sem Rui teria sido o em

atencioso c agradável. Êle tem grande

admiração por V. O México é o rivaí da Argentina na América Espanhola e

politicamente mais importante pela pro ximidade do.s Estados Unidos, o que o toma um agente dêste para as nações

da mesma língua. O México procurou

muito tempo fugir a essa aproximação, baixador, cabia agora um papel anô mas compreende melhor o seu innimo, ignorado. Quantos o desempenha- terêssehoje e os Estados Unidos lhe estão in nam de coração aberto? O certo é que suflando o seu espírito pouco a pouco. imodiatainente Nabuco sc pôs em cam

po, e.xplicando aos amigos da carriére

quem era Rui, o seu valor, o seu nome, a sua preeminência intelectual no Brasil

E também a Rui, informando-o de cer tos meandros em que não podia ser ^'er-

sado, fornecia preciosos informes, dentro os quais se destacam as conhecidas

"Notas Confidenciais", em que, com ver\'o, finura e perspicácia, retratava algujis dos delegados à Conferência de Haia. Assim e que escrevia Nabuco a Rui:

"Notas Confidenciais: ~ O Quesada é o melhor informante que V. possa ter do que se passar na esfera hispano-ame ricana. Ainda que êle seja muito amigo do Saenz Pena, de quem foi Secretário,

V. pode fiar-se nêle, certo de que, se o chamar a si — os cubanos, neste mo mento, sobretudo, são muito sensíveis a simpatia e medem cada pequena di ferença no acolhimento que recebem

ro..." E a Rui, delicadamente, en\aou

ê'© sera um bom abado do Brasil entre

Nabuco êste telegrama: "Saúde obriga-

a Híspano-América.

Êle é muito en

me declinar, mas estarei em pensamento

tusiasta, mas \'e claro e com muita pe

ao seu lado, orgulhoso de ver o Brasil

netração.

assim representado entre as nações. Muitos, muitos parabéns".

amizade com ela."

Mme. Quesada é muito sim

pática e merece que sua senhora faça

Não se pense, no entanto, que eram

"O Esteva, Primeiro Delegado do

.simples palavras de cortesia. Os fatos -SP incumbiriam de mostrar que, real-

México, é muito pobdo, mas frio e

:lÉ.

de forma. Êle foi meu colega em Roma e c meu amigo. O de La Barra é muito

muito suscetível e exigente em questões

Entro o Mé.\ico e a Argentina não tenho

dm-ida de que eles prefeririam elevar o México tímto na Haia como cm qualquer Outra ocasião."

"Dom Domingo é um velho amigo nosso, mas os argentinos o lêm muito

festejado ultimamente e, se é certo que êle era o candidato h Embaixada que o Chile quis criar em Wasliington, talvez ôlo nos suspeite de frieza a respeito dessa idéia. A mim ninguém nunca disse uma palavra por parte do Clüle, nem tampouco por parte doa Estados

Unidos.

Traballiei quanto pude por

apro.ximar os dois países, falando ao Pre

sidente e a Mr. Root sempre do Chile, de modo a elevá-lo no espírito de am bos, e convencendo o Walter Martinez

de que não pode haver política mais errada para o Chile do que inspirar desconfiança aos Estados Unidos, sobre

tudo quando o Peru procura por todos os modos captar-Uies a simpatia. A mim não cabia dizer uma palavra sôbre um plano de que apenas Üve conhecimen

to pelos jornais e em questão tão melin drosa. Admira-me que o Chile tenha querido realizar tal pensamento encar-

regando-o ao Yocham ou tratando por intermédio do Ministro americaho em

Santiago, não sei qual foi o negociador." O Quesada lhe explicará o valor dc


W""

'

DiüF.sfo Económi

D{(.i'.si(j Econúxíico

a(jni mesmo, respirando no ambiente

cada delegado híspano-americnuo. nio.slre desejar ouvi-lo sôbre èlcs.

V.

Rui, coiisliluía prova ine([uí\ oca de con

livre, progrcssi.sla c arn-jado de São

fiança c amizade. Ê datada de .Miami, cin -l de feve

Paulo, iniciara ao lado de Rui.

E no

a Rui (pie se c.onbece. Carta inehmcóli-

curso da qual, apesar das profundas di ferenças de temperamento, que marcam as duas eminentes personalidades du

é meu, falando-lhe de V. como dcxo.

ca, labrz já ditada pelo pres.senliuionl" de (piem .sentia (pie a vida não lhe iriu

colegas de Academia nos proporcionam

Êlc estè\e ultimamente bem doente de

Ic/iige. "Compietain-.se dez anos — PS-

altos e.xemplos dc belcz.;i moral, dç

uma dispcpsia nervosa.

V. cultive a

crevia Nabuco — de ausência do Pais e

ainÍ7Aide dèlc, que será o seu melhor guia entre a diplomacia européia. Êlc

da \ida mais artificial (]ne eu podia ler

é muito amável e rpiererú agradar-lhe

bar assim." Desde ({ue o invadira n convicção da niórte pr(>.\ima, era èsse o

"O Fusinato é muito meu amigo. Dou

ao Artur uma carta para èle, em que

lhe manifesto a esperança de vè-!o dei xar a Conferência táo seu amigo como

por èsse instinto político que fa/. da italiana a raça mais civilizada do mun do."

"O Barão de Seiir (sòbie (jiic se fèz "à tort" o epigrama il ne sail lire n/ écnre) é muito relacionado entre a \e-

Iha aristocracia holandesa, esteve no Rio. imião do meu amigo (> Visconde

d Alte, meu colega em Washington, co leciona porcelanas brancas e é um gran de "sportman", no sentido de aposlaclor em corridas. O Artur há de conhecc-Io bem. Talvez èle fòs.se melhor

au.KiIiar seu no que respeita à própria Holanda e ao corpo diplomático de Haia."

reiro de 1909, a última carta cie Nahuo>

Nabuco era admiráve'.

Assim, até an fim, uni belo c peifeitr, espírito de admiração, o mesmo qnc nascera aqui em São Paiiio, sob as ar

ril(,i: "Estou agora absorvido em Platão, pelo qual comecei em 1871 e 18/-. É curiosa essa rotação da Inteligência

que volta ao ponto de partida. Vivo iie.sla pequena biblioteca; a Bíblia, os

Diálogos de Platão, a Moral de AristóleIc.'!. as (.bras filo.sófica.s de Cícero, as

e.bras de PhUarco, Marco Aurélio e algiiiií; mais. É um retiro espiritual... Realimnte, Nabuco abeira\a-se do

vera êle a Rui: "Quisera que

tives

se \'isto a minha correspondência com

o Rio Branco desde ({ue atpii cheguei, eoiuo eu quisera \er a sua de Haia. Um dia (al\'ez as po-ssamos comparar." Infelizmente, a morte não lhe deixa

ria (empo para realizar êsse desejo, — o ci\ãlismo —, cujos ecos ainda reIroam aqui no planalto paulista, Nabuco,

o País com a maior das suas campanlía.s

'ongc da pátria, feclnixa os olhos paru sempre.

E o

Encerrava-se assim uma das mais bri

pedida, para quem conliecc a timidez,

lhantes carreiias a que o País tem u.s-

o.s escrúpulos, as reser\'as de que era forrado o comple.xo Icmperaniento de

gia. força para atravcs.sarem incormptas esta hora angiistiosa • e conturbada da humanidade.

_x'

mava. como se relesse pela última vez

nal. Tanto assim que ao se reiniciar a

americanos de que nect.ssitava.

çòe.s. que nêles, cm vez de mesquinha i"i\"ali(lade, en(rontiarão c.stiniulo. ener

alguns livros fundamentais ao sen espi-

justamente na hora em (pie Rui agitava

a Nabuco tpie Rui se dirigia para soli citar o obséquio de reineter-üie os livras

brados para edificação das novas gera-

tom da correspondência de Nabuco- A Marlim Francisco, por exemplo, infor

cadas da velha e gloriosa Faculdade de Direito, marcaria as relações entre os deis \ ulto.s eminentes da liistória nacio discussão do Código Ci\il, em 1908, era

xiços à nacionalidade, devem ser lem

tidí.». Estou cansado e não. quisera aca

fim. .Certa vez. dc Wa.shington. escre

Tudo franco, exato, precioso. Nenliitin traço de ambição c!)nlrariada.

nossa história, as relações entre os dois

de.«arnbiçã() e de pureza de sentimentos, que, tanto quanto ós inestimáveis ser-

sistido, nas letras e na política. A glo riosa trajetória cpie, (piarenta anos antes, ^

■ /q


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DiüF.sfo Económi

D{(.i'.si(j Econúxíico

a(jni mesmo, respirando no ambiente

cada delegado híspano-americnuo. nio.slre desejar ouvi-lo sôbre èlcs.

V.

Rui, coiisliluía prova ine([uí\ oca de con

livre, progrcssi.sla c arn-jado de São

fiança c amizade. Ê datada de .Miami, cin -l de feve

Paulo, iniciara ao lado de Rui.

E no

a Rui (pie se c.onbece. Carta inehmcóli-

curso da qual, apesar das profundas di ferenças de temperamento, que marcam as duas eminentes personalidades du

é meu, falando-lhe de V. como dcxo.

ca, labrz já ditada pelo pres.senliuionl" de (piem .sentia (pie a vida não lhe iriu

colegas de Academia nos proporcionam

Êlc estè\e ultimamente bem doente de

Ic/iige. "Compietain-.se dez anos — PS-

altos e.xemplos dc belcz.;i moral, dç

uma dispcpsia nervosa.

V. cultive a

crevia Nabuco — de ausência do Pais e

ainÍ7Aide dèlc, que será o seu melhor guia entre a diplomacia européia. Êlc

da \ida mais artificial (]ne eu podia ler

é muito amável e rpiererú agradar-lhe

bar assim." Desde ({ue o invadira n convicção da niórte pr(>.\ima, era èsse o

"O Fusinato é muito meu amigo. Dou

ao Artur uma carta para èle, em que

lhe manifesto a esperança de vè-!o dei xar a Conferência táo seu amigo como

por èsse instinto político que fa/. da italiana a raça mais civilizada do mun do."

"O Barão de Seiir (sòbie (jiic se fèz "à tort" o epigrama il ne sail lire n/ écnre) é muito relacionado entre a \e-

Iha aristocracia holandesa, esteve no Rio. imião do meu amigo (> Visconde

d Alte, meu colega em Washington, co leciona porcelanas brancas e é um gran de "sportman", no sentido de aposlaclor em corridas. O Artur há de conhecc-Io bem. Talvez èle fòs.se melhor

au.KiIiar seu no que respeita à própria Holanda e ao corpo diplomático de Haia."

reiro de 1909, a última carta cie Nahuo>

Nabuco era admiráve'.

Assim, até an fim, uni belo c peifeitr, espírito de admiração, o mesmo qnc nascera aqui em São Paiiio, sob as ar

ril(,i: "Estou agora absorvido em Platão, pelo qual comecei em 1871 e 18/-. É curiosa essa rotação da Inteligência

que volta ao ponto de partida. Vivo iie.sla pequena biblioteca; a Bíblia, os

Diálogos de Platão, a Moral de AristóleIc.'!. as (.bras filo.sófica.s de Cícero, as

e.bras de PhUarco, Marco Aurélio e algiiiií; mais. É um retiro espiritual... Realimnte, Nabuco abeira\a-se do

vera êle a Rui: "Quisera que

tives

se \'isto a minha correspondência com

o Rio Branco desde ({ue atpii cheguei, eoiuo eu quisera \er a sua de Haia. Um dia (al\'ez as po-ssamos comparar." Infelizmente, a morte não lhe deixa

ria (empo para realizar êsse desejo, — o ci\ãlismo —, cujos ecos ainda reIroam aqui no planalto paulista, Nabuco,

o País com a maior das suas campanlía.s

'ongc da pátria, feclnixa os olhos paru sempre.

E o

Encerrava-se assim uma das mais bri

pedida, para quem conliecc a timidez,

lhantes carreiias a que o País tem u.s-

o.s escrúpulos, as reser\'as de que era forrado o comple.xo Icmperaniento de

gia. força para atravcs.sarem incormptas esta hora angiistiosa • e conturbada da humanidade.

_x'

mava. como se relesse pela última vez

nal. Tanto assim que ao se reiniciar a

americanos de que nect.ssitava.

çòe.s. que nêles, cm vez de mesquinha i"i\"ali(lade, en(rontiarão c.stiniulo. ener

alguns livros fundamentais ao sen espi-

justamente na hora em (pie Rui agitava

a Nabuco tpie Rui se dirigia para soli citar o obséquio de reineter-üie os livras

brados para edificação das novas gera-

tom da correspondência de Nabuco- A Marlim Francisco, por exemplo, infor

cadas da velha e gloriosa Faculdade de Direito, marcaria as relações entre os deis \ ulto.s eminentes da liistória nacio discussão do Código Ci\il, em 1908, era

xiços à nacionalidade, devem ser lem

tidí.». Estou cansado e não. quisera aca

fim. .Certa vez. dc Wa.shington. escre

Tudo franco, exato, precioso. Nenliitin traço de ambição c!)nlrariada.

nossa história, as relações entre os dois

de.«arnbiçã() e de pureza de sentimentos, que, tanto quanto ós inestimáveis ser-

sistido, nas letras e na política. A glo riosa trajetória cpie, (piarenta anos antes, ^

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W*W=7>''!PI

JDxcesto Econômico

tos de 1 diii de Iraballu) industrial. É

Equidade nas Imcas inlernacionai

um sistema esgotador, que beneficia as nações fortes e aparelhadas. No fundo de tudo isso está batendo

(D

vivamente uma questão vital, que afeta

DjACU\ Menezes

particularmente o Brasil e toda a Amé

(Prof. cat. da Universidade do Brasil) lançar, no Conselho Econômico da Confederação das Indústrias, a idéia que constitui objeto deste exame, o ilus tre economista senador Roberto Simonsen

rica Latina, como não escapou à per

Segundo o fio dÔMo raciocínio, atinou com o núcleo do problema: corrigir, por meios jurídicos intcrnacionaliiiente constituídos (ou melhor, a serem cons

explanou-a em "memorandum" que,

tituídos), as injustiças ocorrentes nas

lúcidamente, esboçava linhas teóricas niais gerais do seu pensamento. Dias de

trocas entre países industrializados e países agrícolas. O fim será e\ itar que

pois. em palestra, esclarecia qual deveria ser a meta e a amplitude da doutrina que sua intuição pioneira lhe sugeria. Lemrava então ser. um programa para o

se "promova, de fato, a troca de pro-

lr''rT

a aparência ilusória da troca monetária, o que na realidade interessa às popula

nr,rr.f

1

^

Internacional SoprocurassG

duto.s

fracamente

remunerados,

p"r

outros altamente recompensados".

A análise econômica mostrou que, sob

nn« possíveis das premissas® queconseqüências sua inteligên-

ções do mundo, através de suas frontei

cia superiormente descortinava.

mados pela vicTa humana. .\s superes-

A idéia não podia deixar de seduzir, ü estudo incessante dos problemas especialmdos que interessam o nosso de.sen-

volvimento industrial leva-nos, vez por outra, a contactos com teorias e pano ramas mais gerais. E o tema que Si monsen corajosamente procurou desta

ras, são as utilidades e serviços recla tnituras monetárias e financeiras pertur

bam ou impedem muitas vêzes a apre ciação objetiva dos valores que .se per-

mutam; e é aí que se oculta a parte mais viva da injustiça do comércio in ternacional.

Os teóricos de nações mais avançadas

car, destinando-o a largo e democrático debate, envolve-se, inevitàvelmente, nas

ehiboram teorias artificiosas que servem

mais altas aspirações humanitárias de

(e a história das doutrinas econômicas

justiça internacional. O autor abalizado da "História Eco

nômica do Brasil" escrevera, em 1937, ao considerar os acordos comerciais entre

as nações, que a reciprocidade estipula da entre partes contratantes econòmicamente desiguais, contendo condições

jurídicas de igualdade, acabava deter minando, "do ponto de vísta econômi co, uma progressiva vassalagem da íiúçâo menos aparelhada à nação mais po derosa".

aos interêsses dos seus respectivos países

cepção •excepcionalmente patriótica de Roberto Simonsen.

Sob a égide da igualdade jurídica, por conseqüência, e.xiste, na realidade, uma

tremenda desigualdade econômica. Essa

jjecialização do trabalho entre as na

ções, a base para explicar as trocas in

ternacionais.

A rede de transportes,

progressivamente aperfeiçoada, facilitou

o escoamento das matérias-primas proce dentes de regiões apartadas do globo, que foram ligadas ao proee.sso de cresci mento capitalista. A conseqüência foi a modificação rápida das regiões atrasa das. Introduziu-se o regime do salariado, que alterou a própria estrutura da

quelas populações. Estas nem sempre

desigualdade tem proporcionado vanta gens extraordinárias aos países que cedo

se beneficiaram com a mudança.

•se lançaram no caminho da industrializa

cada vez mais necessários aos países industrialmente avançados do Ocidente,'

ção intensiva, contando com circunstân cias históricas favoráveis.

Teremos que iniciar a análise do plano eco

Os países atmsados tomaram-se assüu

quer como fomeccdore.s

rr."

de ínatérias-prüuas o gê neros alinienticios, quer

nômico e financeiro.

como mercados consumi

ProkopoWcz assinalou

dores dos produtos ma

três fases na industi-ia-

lização das países agrí-

nufaturados. Foi o que

• '

colas:

a) fase em que se or ganiza a, transformação

rudimentar de suas próprias matériasprimas (refinarias de açúcar, moinho.s

etc.), preparando-as para uma expor tação mais fácil;

b) fase em que se constróem usinas e

fábricas têxteis, de calçados etc., suprin

alguns obser\ndores de

nominaram de "proces so de europeização da agricultura dos países coloniais". Era uma ex-pressão bem .soante para designar a realidade misér-

rima das populações que vegetavam em muitas áreas do globo: - China, índia

e alhures.

A redução das despesas

oriundas da navegação a vapor estendeu

do de artigos de consumo as populações

o comércio de cereais, de queijo algo

aí está para provar isso). Os países

nacionais;

econòmicamente atrasados são freqüen

pesada, a indústria criadora dos bens produtivos.

dão, lã. por paragens até então ion da circulação econômica; o mesmo se deu com os produtos extrativos Von Thünen percebeu os smtomas da transfomiação que se iniciava na economia mundial, como o atesta sua obra Der

temente iludidos — ou porque seus de legados sejam ludibriados pelas leorizações, ou porque se deixam arrastar por motivos menos lisonjeiros. O certo e que cedo acordam dessangrados nas suas

mais profundas fontes de vida coletiva. Porque, com a desigualdade das taxas de trocas, estão entregando, sob a capu

das transações monetárias, produtos de 15 dias de trabalho agrícola por produ

c) fase em que se funda a indústria

Com o desenvolvimento dos meios de

transporte, acelerados a partir dos mea dos do século XIX, começou a constitulr-se um sistema mundial de comér

T /.I T und Nationaloktrmnic, atd La^wrHsohaft

cio operando-se xuna maior divisão in

ternacional do trabalho, fenômenos já

suficientemente estudados pelos econo mistas.

Sraith buscara mesmo, na es-

Os centros mundiais dêsse movimen

to mercantil foram acumulando capitais


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JDxcesto Econômico

tos de 1 diii de Iraballu) industrial. É

Equidade nas Imcas inlernacionai

um sistema esgotador, que beneficia as nações fortes e aparelhadas. No fundo de tudo isso está batendo

(D

vivamente uma questão vital, que afeta

DjACU\ Menezes

particularmente o Brasil e toda a Amé

(Prof. cat. da Universidade do Brasil) lançar, no Conselho Econômico da Confederação das Indústrias, a idéia que constitui objeto deste exame, o ilus tre economista senador Roberto Simonsen

rica Latina, como não escapou à per

Segundo o fio dÔMo raciocínio, atinou com o núcleo do problema: corrigir, por meios jurídicos intcrnacionaliiiente constituídos (ou melhor, a serem cons

explanou-a em "memorandum" que,

tituídos), as injustiças ocorrentes nas

lúcidamente, esboçava linhas teóricas niais gerais do seu pensamento. Dias de

trocas entre países industrializados e países agrícolas. O fim será e\ itar que

pois. em palestra, esclarecia qual deveria ser a meta e a amplitude da doutrina que sua intuição pioneira lhe sugeria. Lemrava então ser. um programa para o

se "promova, de fato, a troca de pro-

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a aparência ilusória da troca monetária, o que na realidade interessa às popula

nr,rr.f

1

^

Internacional SoprocurassG

duto.s

fracamente

remunerados,

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outros altamente recompensados".

A análise econômica mostrou que, sob

nn« possíveis das premissas® queconseqüências sua inteligên-

ções do mundo, através de suas frontei

cia superiormente descortinava.

mados pela vicTa humana. .\s superes-

A idéia não podia deixar de seduzir, ü estudo incessante dos problemas especialmdos que interessam o nosso de.sen-

volvimento industrial leva-nos, vez por outra, a contactos com teorias e pano ramas mais gerais. E o tema que Si monsen corajosamente procurou desta

ras, são as utilidades e serviços recla tnituras monetárias e financeiras pertur

bam ou impedem muitas vêzes a apre ciação objetiva dos valores que .se per-

mutam; e é aí que se oculta a parte mais viva da injustiça do comércio in ternacional.

Os teóricos de nações mais avançadas

car, destinando-o a largo e democrático debate, envolve-se, inevitàvelmente, nas

ehiboram teorias artificiosas que servem

mais altas aspirações humanitárias de

(e a história das doutrinas econômicas

justiça internacional. O autor abalizado da "História Eco

nômica do Brasil" escrevera, em 1937, ao considerar os acordos comerciais entre

as nações, que a reciprocidade estipula da entre partes contratantes econòmicamente desiguais, contendo condições

jurídicas de igualdade, acabava deter minando, "do ponto de vísta econômi co, uma progressiva vassalagem da íiúçâo menos aparelhada à nação mais po derosa".

aos interêsses dos seus respectivos países

cepção •excepcionalmente patriótica de Roberto Simonsen.

Sob a égide da igualdade jurídica, por conseqüência, e.xiste, na realidade, uma

tremenda desigualdade econômica. Essa

jjecialização do trabalho entre as na

ções, a base para explicar as trocas in

ternacionais.

A rede de transportes,

progressivamente aperfeiçoada, facilitou

o escoamento das matérias-primas proce dentes de regiões apartadas do globo, que foram ligadas ao proee.sso de cresci mento capitalista. A conseqüência foi a modificação rápida das regiões atrasa das. Introduziu-se o regime do salariado, que alterou a própria estrutura da

quelas populações. Estas nem sempre

desigualdade tem proporcionado vanta gens extraordinárias aos países que cedo

se beneficiaram com a mudança.

•se lançaram no caminho da industrializa

cada vez mais necessários aos países industrialmente avançados do Ocidente,'

ção intensiva, contando com circunstân cias históricas favoráveis.

Teremos que iniciar a análise do plano eco

Os países atmsados tomaram-se assüu

quer como fomeccdore.s

rr."

de ínatérias-prüuas o gê neros alinienticios, quer

nômico e financeiro.

como mercados consumi

ProkopoWcz assinalou

dores dos produtos ma

três fases na industi-ia-

lização das países agrí-

nufaturados. Foi o que

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colas:

a) fase em que se or ganiza a, transformação

rudimentar de suas próprias matériasprimas (refinarias de açúcar, moinho.s

etc.), preparando-as para uma expor tação mais fácil;

b) fase em que se constróem usinas e

fábricas têxteis, de calçados etc., suprin

alguns obser\ndores de

nominaram de "proces so de europeização da agricultura dos países coloniais". Era uma ex-pressão bem .soante para designar a realidade misér-

rima das populações que vegetavam em muitas áreas do globo: - China, índia

e alhures.

A redução das despesas

oriundas da navegação a vapor estendeu

do de artigos de consumo as populações

o comércio de cereais, de queijo algo

aí está para provar isso). Os países

nacionais;

econòmicamente atrasados são freqüen

pesada, a indústria criadora dos bens produtivos.

dão, lã. por paragens até então ion da circulação econômica; o mesmo se deu com os produtos extrativos Von Thünen percebeu os smtomas da transfomiação que se iniciava na economia mundial, como o atesta sua obra Der

temente iludidos — ou porque seus de legados sejam ludibriados pelas leorizações, ou porque se deixam arrastar por motivos menos lisonjeiros. O certo e que cedo acordam dessangrados nas suas

mais profundas fontes de vida coletiva. Porque, com a desigualdade das taxas de trocas, estão entregando, sob a capu

das transações monetárias, produtos de 15 dias de trabalho agrícola por produ

c) fase em que se funda a indústria

Com o desenvolvimento dos meios de

transporte, acelerados a partir dos mea dos do século XIX, começou a constitulr-se um sistema mundial de comér

T /.I T und Nationaloktrmnic, atd La^wrHsohaft

cio operando-se xuna maior divisão in

ternacional do trabalho, fenômenos já

suficientemente estudados pelos econo mistas.

Sraith buscara mesmo, na es-

Os centros mundiais dêsse movimen

to mercantil foram acumulando capitais


WrT' 8G

Di<;i:sn) Kcosósiit •• Digesto Econômico

à custa do trabalho dos países retarda dos, que, graduahuente, tiveram de se submeter à liderunça c-conómica dos países industriais carecidos de L('hcufirnimi, — de "espaços %itais". Entre

sa do mercado interno, determina a e.x-

portaçTio do ouro em pagamento dos produtos importacÍ!)s — e os "stoclcs" ntciálicr-.s afiuem para os Estado.< Uni dos. Esg('lam-se as rc.^crvas da .Alc-

tanto, os países atrasados representavam

muiilia, da Itália, do Japão, <iue. são

0/10 da humanidade.

conduzidos ao comércio dc acordos bi

Os seus "espa

ços" já estavam superlotados... Não devemos considerar somente o

aspecto negativo dessa influência do de senvolvimento dos transportes' sobre a repartição internacional do trabalho. Êle influiu poderosamente na expansão da agricultura, que, por sua vez, re

laterais, às autarquias, ao controle dos preço.s, da moeda c do crédito para salvar o regime econômico. Entram numa economia dirigida, de "Ersatz" e de annamenlo.s.

As reservas cie divisas

para importar matérias-primas (carvao, petrólefj', ferro etc.) destinam-se a man

diai.s.

Ides laz.ein acordos, marcam

preços, dirigem os mercados, repartem lúcios labuloso.s.

As rehiçõe.s (inanceiras, (juf SC estabelecem entre esses gru pos de nações, passam a ser dc credores e dcccdorc.s. E, em inalcria de dividas

iiiteniacionais, nossa liistória financeira

c unia ladainha dolorosa de paciente e.xpoliação dc um povo. (1). Onde buscar os capitai.s? Êles não se podem gerar no seu atraso industrial.

Então as nações prejudicadas recorrem aos cenlro.s financeiros. Êstcs assumiram

ao coniércio internacional, dcLeiminOu

tivo cia corrida armamcntista, ipie ga

de há muito a hegemonia do eomcreio internacional. Mas para que os capi tais se desloquem dos centros industriais em que se ciicoiUram, ó preciso que se lhes ofereçam taxas de juros e de divi dendos bem compensadores. Está na lógica do próprio sistema. Com os capitais emprestados surge

os movimentos da e.xpnitação dc ca

rante lucros

uma

pitais, que vem desempenliar uma ação poderosa no deslocamento das merca

Vem o "slogan" — canhão, em vez de

dorias.

cada vez jnais forte. No ponto da sa

clamou sua indu.striah2ação progressi va, a fim de poder aumentar a produti vidade do trabalho.

Onde encontrar cí/pf7m's? A ctjnccnlraçáo d(js capitais, graças

ter o volume de trabalho; se as divisas

forem empregadas para importar man

teiga, então laltarãcj us matérias-primas ((ue alimentam a atividade chis fábricas, aumentará o desemprego e a agitação crescerá.

Nessa situação cheia de in-

certcZiis, a Alemanha lança-se ao palia interno.s iia

mesma

taxa.

porção de outras necessidades;

melhoramento da navegação, dos siste

turação, quando não é possível adiar a crise pela jnanobra armamenlista, des

mas internos de transportes, da organi zação das sucursais bancárias, das agência.s comerciais, de todos os organismos necessários à regulação das relações que

o deslocamento do dinheiro, isto é,

fecha-se na solução final: a dos ca

se formam.

do ouro, é completamente insigni ficante. São O.S produtos que se

quilaniento dos competidores.

"Na realidade — ensina Taussig —

deslocam, e não ocorre imediatamen

te depois dum de.slocamento de ca

pital, como se existisse uma relação

manteiga.

A tensão interna torna-se

capitais dc' que carecem para a explo ração de .suas próprias riquezas natu

se aparelharem para promover o abusIccimenlo de seus próprios mercados

rais. Seu balanço de pagamentos acusa débitos dificilmente rcmcdiáveis. Co

de consumo interno. Aspiram a certa independência econômica — e plane

mo- formar seus próprios capitais?

jam

Depois da crise de 1929-1933, a polí tica protecionista, necessária para defe

comerciais e industriais, cpie, evidente mente, passam a liderar as trocas mun-

pitalista nacional aventurou-se em irticiativas capazes de abrir caminhos in

dustriais para nossa independência eco

nômica, encontrou freqüentemente pe

traordinário de Delmiro de Gouveia. E lógico que não devemos entregar-

os recursos emprestados no desenvol

Os créditos acumulam-se nos países

sulas contratuais. E quando a^gum ca

Ninguém esqueceu o sibilar da bala

tapitais aplicam (ou deveriam aplicar)

véu monetário de que falou Robertsnn.

de antemão com remuneração e segulança absolutas, através de boas cláu

que prostrou para sempre'o vulto e.\-

troca de valores cpie lhes é dosvantajosa, nãn poderão jamais acumular os

clíniieiro se revela o meio aparente — o

nharam-se sempre para serviços públi cos, serviços de transportes, de sanea mento, de luz, de gás, onde contavam

Os países agropastoris importadores dc

ses atra.saclo/j, depauperados por uni;i

que é objeto real desse movimento. O

mico, estimulando o crescimento indus

trial. Os capitais estrangeiros encami

bolia o interêsse da finança estrangeira.

autoinática entre as operações, fi

Assim, no fundo, é a massa geral de mercadorias, que constitui a riqueza,

préstimo cujo capital se investisse eni ol)ras pioneiras do nosso avanço econô

internacionais

nanceiras de crédito e o rcfiuxo ou

o afiu.xü das mercadorias."

dentissimo cm nossa história financei ra: jamais nos foi concedido um em

Lição de íz/girns- hiccif/nieii/os

knick de. 1929 até 1939.

Acontece, agora, porém, rpie os paí

a exportação de capitais que liies farão perder, no futuro, os mercados dos paí ses dependentes. É a luta que se de- , scnrolu alualni|ente na França e na Itália, cujas indústrias reclamam au xilio americano para se reerguerem. O jornalista Matos Ibiapina já de nunciara freqüentes vêzes um fato evi-

la frente, obtusa e múltipla, a resistência e o desprestígio de alguns testas-defeno nacionais. No fundo da manobra,

nhões. A saída guerreira para o ani-

Foi êsse o caminho que veio do

lulos, que vêm muitas vêzes dos países exportadores de capital, seria prejudica da. Nao interessa aos países industriais

vimento da indústria nacional, a fim de

criaç-rio de fábricas, de indústrias

básicas, de caminhos féneos etc.

Os

investimentos de cajJitais nesses países são compensaclnre.s. Acontece, iiorém, <)iie a importação íIos produtos eOrre-

nos, ingéniiamente, ao capital estranho.

Ha uma contradição dura. Por parte dos países industrializados, sob camuflagem do vurios pretextos, há certa relutância em incentivar a industrialização que lhe

retira mercados. Não querem organi zar seus propvios concorrentes. E é ló

gico que assim o façam. O ilógico é qnp não os comprerndamo.s. Exemplos i;ic«'is:


WrT' 8G

Di<;i:sn) Kcosósiit •• Digesto Econômico

à custa do trabalho dos países retarda dos, que, graduahuente, tiveram de se submeter à liderunça c-conómica dos países industriais carecidos de L('hcufirnimi, — de "espaços %itais". Entre

sa do mercado interno, determina a e.x-

portaçTio do ouro em pagamento dos produtos importacÍ!)s — e os "stoclcs" ntciálicr-.s afiuem para os Estado.< Uni dos. Esg('lam-se as rc.^crvas da .Alc-

tanto, os países atrasados representavam

muiilia, da Itália, do Japão, <iue. são

0/10 da humanidade.

conduzidos ao comércio dc acordos bi

Os seus "espa

ços" já estavam superlotados... Não devemos considerar somente o

aspecto negativo dessa influência do de senvolvimento dos transportes' sobre a repartição internacional do trabalho. Êle influiu poderosamente na expansão da agricultura, que, por sua vez, re

laterais, às autarquias, ao controle dos preço.s, da moeda c do crédito para salvar o regime econômico. Entram numa economia dirigida, de "Ersatz" e de annamenlo.s.

As reservas cie divisas

para importar matérias-primas (carvao, petrólefj', ferro etc.) destinam-se a man

diai.s.

Ides laz.ein acordos, marcam

preços, dirigem os mercados, repartem lúcios labuloso.s.

As rehiçõe.s (inanceiras, (juf SC estabelecem entre esses gru pos de nações, passam a ser dc credores e dcccdorc.s. E, em inalcria de dividas

iiiteniacionais, nossa liistória financeira

c unia ladainha dolorosa de paciente e.xpoliação dc um povo. (1). Onde buscar os capitai.s? Êles não se podem gerar no seu atraso industrial.

Então as nações prejudicadas recorrem aos cenlro.s financeiros. Êstcs assumiram

ao coniércio internacional, dcLeiminOu

tivo cia corrida armamcntista, ipie ga

de há muito a hegemonia do eomcreio internacional. Mas para que os capi tais se desloquem dos centros industriais em que se ciicoiUram, ó preciso que se lhes ofereçam taxas de juros e de divi dendos bem compensadores. Está na lógica do próprio sistema. Com os capitais emprestados surge

os movimentos da e.xpnitação dc ca

rante lucros

uma

pitais, que vem desempenliar uma ação poderosa no deslocamento das merca

Vem o "slogan" — canhão, em vez de

dorias.

cada vez jnais forte. No ponto da sa

clamou sua indu.striah2ação progressi va, a fim de poder aumentar a produti vidade do trabalho.

Onde encontrar cí/pf7m's? A ctjnccnlraçáo d(js capitais, graças

ter o volume de trabalho; se as divisas

forem empregadas para importar man

teiga, então laltarãcj us matérias-primas ((ue alimentam a atividade chis fábricas, aumentará o desemprego e a agitação crescerá.

Nessa situação cheia de in-

certcZiis, a Alemanha lança-se ao palia interno.s iia

mesma

taxa.

porção de outras necessidades;

melhoramento da navegação, dos siste

turação, quando não é possível adiar a crise pela jnanobra armamenlista, des

mas internos de transportes, da organi zação das sucursais bancárias, das agência.s comerciais, de todos os organismos necessários à regulação das relações que

o deslocamento do dinheiro, isto é,

fecha-se na solução final: a dos ca

se formam.

do ouro, é completamente insigni ficante. São O.S produtos que se

quilaniento dos competidores.

"Na realidade — ensina Taussig —

deslocam, e não ocorre imediatamen

te depois dum de.slocamento de ca

pital, como se existisse uma relação

manteiga.

A tensão interna torna-se

capitais dc' que carecem para a explo ração de .suas próprias riquezas natu

se aparelharem para promover o abusIccimenlo de seus próprios mercados

rais. Seu balanço de pagamentos acusa débitos dificilmente rcmcdiáveis. Co

de consumo interno. Aspiram a certa independência econômica — e plane

mo- formar seus próprios capitais?

jam

Depois da crise de 1929-1933, a polí tica protecionista, necessária para defe

comerciais e industriais, cpie, evidente mente, passam a liderar as trocas mun-

pitalista nacional aventurou-se em irticiativas capazes de abrir caminhos in

dustriais para nossa independência eco

nômica, encontrou freqüentemente pe

traordinário de Delmiro de Gouveia. E lógico que não devemos entregar-

os recursos emprestados no desenvol

Os créditos acumulam-se nos países

sulas contratuais. E quando a^gum ca

Ninguém esqueceu o sibilar da bala

tapitais aplicam (ou deveriam aplicar)

véu monetário de que falou Robertsnn.

de antemão com remuneração e segulança absolutas, através de boas cláu

que prostrou para sempre'o vulto e.\-

troca de valores cpie lhes é dosvantajosa, nãn poderão jamais acumular os

clíniieiro se revela o meio aparente — o

nharam-se sempre para serviços públi cos, serviços de transportes, de sanea mento, de luz, de gás, onde contavam

Os países agropastoris importadores dc

ses atra.saclo/j, depauperados por uni;i

que é objeto real desse movimento. O

mico, estimulando o crescimento indus

trial. Os capitais estrangeiros encami

bolia o interêsse da finança estrangeira.

autoinática entre as operações, fi

Assim, no fundo, é a massa geral de mercadorias, que constitui a riqueza,

préstimo cujo capital se investisse eni ol)ras pioneiras do nosso avanço econô

internacionais

nanceiras de crédito e o rcfiuxo ou

o afiu.xü das mercadorias."

dentissimo cm nossa história financei ra: jamais nos foi concedido um em

Lição de íz/girns- hiccif/nieii/os

knick de. 1929 até 1939.

Acontece, agora, porém, rpie os paí

a exportação de capitais que liies farão perder, no futuro, os mercados dos paí ses dependentes. É a luta que se de- , scnrolu alualni|ente na França e na Itália, cujas indústrias reclamam au xilio americano para se reerguerem. O jornalista Matos Ibiapina já de nunciara freqüentes vêzes um fato evi-

la frente, obtusa e múltipla, a resistência e o desprestígio de alguns testas-defeno nacionais. No fundo da manobra,

nhões. A saída guerreira para o ani-

Foi êsse o caminho que veio do

lulos, que vêm muitas vêzes dos países exportadores de capital, seria prejudica da. Nao interessa aos países industriais

vimento da indústria nacional, a fim de

criaç-rio de fábricas, de indústrias

básicas, de caminhos féneos etc.

Os

investimentos de cajJitais nesses países são compensaclnre.s. Acontece, iiorém, <)iie a importação íIos produtos eOrre-

nos, ingéniiamente, ao capital estranho.

Ha uma contradição dura. Por parte dos países industrializados, sob camuflagem do vurios pretextos, há certa relutância em incentivar a industrialização que lhe

retira mercados. Não querem organi zar seus propvios concorrentes. E é ló

gico que assim o façam. O ilógico é qnp não os comprerndamo.s. Exemplos i;ic«'is:


Dioksto Econômico

italiana, em detrimento das indústrias similares alemãs. Seria fácil multi

"O capital britânico é responsável pelo desenvolvimento da tecelagem indústria têxtil de exportação britâni ca. O capital americano contribuiu largamente para o desenvolvimento

O mesmo autor publicou o seguinte quadro dos volumes dos pagamentoi

1913

41,2

quais se voltam todos os olhos es-

1923

21,0

perançados.

sôbre

1930

45,5

cêrca de 736 milhões de dólares, sendo

investimento.s

internacionais de

capitais, em milhões de dó'orcs, de 1923 a

O capital alemão facilitou o

desenvolvimento da indústria química Poises credores

Pagamentos .

Balanço

1937,

entre

Grã-Bretanha,

Estados

Unidos, França, Irlanda, Holanda, Bél gica, Suíça e Suécia, como países cre

dores, e 28 países devedores:

1923

1929

1930

1.934

1936

1.896,4

2.786,1

1.120,7

1.350,1

- 220,3

2.989,4 - 582,6

- 463,7

-176,3

- 255,2

1.424,7 - 290,4

1.670,1

2.406,8

2.322,4

944,4

1.094,0

1.134,3

Entradas

1 I

1

1923

Países devedores

1 1929

19'30

1937

1

I 1934

1936

387,1 312,8 154,1 308,9 124,9 -1.443,8 -1.923,5 -1.750,3 - 917,5 - 928,4 -1.134,9 -1.536,4 -1.437,5 - 792,6 - 773,8

Entradas

Pagamentos Balanço

2.205,3 1.676,1

Líquido

3.376,5 2.406,8

Analisando o volume dos pagamentos internacionais,

êsse autor

determinou,

conhecidas as taxas médias de juros c Anos

Total dos pagamentos internacionais

3.098,9

2.322.4

1.245,6 944,4

1.504,7 1.094,9

1937

'

Taxa média de

Total dos capitais

juros

investUlos

21,0

1.040

1.200

4,89

24,5

1.567 2.550

1930

os dividendos, o volume dos investi

8,00 5,61 4,29

1923 1930 1934

mentos internacionais como em capi tais, obtendo o quadro seguinte:

-

45,5 24.2

1934

24,2

capitais é os Estados Unidos, para os

No ano de 1947, exporta

661 sob forma direta.

Grande parte

Na véspera da primeira guerra mundial, o volume atingia a 41,2. Da hecatomije saíam as nações européias encllvidadas e desorganizadas pela oxtraordinária dilapidação de capitais. Decaem os investimentos europeus a qua.se a têrça parte, por volta de 1922. Fala um observador insu.speito. o sr.

importância, porém, é para apliindustria petrolífera à volta Caribe e no Ocidente Próximo. As correntes de capitais empreitados, e ^orte de relações econômicas decorrentes entre países credores e deveexigem organização de um Banf." Internacional que regule o.s negócios

"Depois da última guerra, num nromento em que outros países nos estavam procurando para auxiliá-los

facilitar e ajustar as contas oriundas da guerra. Uma série de incidentes históretardou a sua execução; o as-

construção econômica e social, os

Depois da 2." gueira mundial

Summer M^elles-

nas suas pesadíssimas tarefas de re-

Total das entradas Bruto

A grande nação exportadora de

12,3

da indústria hidrelétrica do Canadá, tação do carvão americano nesse

diais.

1880

que determinou o declínio da expor ■país.

anterior à primeira guerra. A segunda guerra vem suprimir os imperialismos japonês e alemão dos mercados mun-

Aíio^

plicar exemplos dêsse gênero." (2).

c fiação nas índias, que causa, em

conseqüência, um sério prejuizo à

A soma dos capitais coiocadiis nos países de\-edore.s, em milbões de dólare.s-

ligados a economia mundial, a fim de

escapa aqui ao nosso objetivo,

Estados Unidos, que, repentinamente, se tomaram a maior nação credora do mundo e incomparàvelmente forte do ponto de vista econômico,

Enquanto no período anterior à segunda guerra mundial a Europa Hnha uma exportação três vêzes maior que

desfeoharam pesados golpes contra suas estruturas econômicas combalidas pela guena, sobrecarregadas de dívidas; o choque foi tremendo, tan-

ricana, sòzinha, exporta duas vêzes mais que a Europa. Assim mesmo, os défi-

to

moral

como

econòmicamen-

te. . ." (pág. 47). Mas, apesar disso, a recuperação .se processa, atormentadamente. Em 1930, está novamente no nível

os Estados Unidos para o mercado mundial, agora a grande nação norte-ame-

cits do balanço de pagamentos das na ções européias aumentam sempre, por causa cados cantil Eis

dos empréstimos financeiros verifiem relação com o balanço merdaqueles povos. um quadro elucidativo:

Balanço comei-cial dos Estados Unidos com o mundo1938

1947

América Latina

+ 377

+39

+ 2.454 +

937

+ 1 951

América do Norte . . . .

+ 104

+

542

.

•^rica Doeania

~

+ +

269 37

+

Europa

+ 32 . . . + 39 Li.-... '.J. bA'

.

.p +

379 399

026 128


Dioksto Econômico

italiana, em detrimento das indústrias similares alemãs. Seria fácil multi

"O capital britânico é responsável pelo desenvolvimento da tecelagem indústria têxtil de exportação britâni ca. O capital americano contribuiu largamente para o desenvolvimento

O mesmo autor publicou o seguinte quadro dos volumes dos pagamentoi

1913

41,2

quais se voltam todos os olhos es-

1923

21,0

perançados.

sôbre

1930

45,5

cêrca de 736 milhões de dólares, sendo

investimento.s

internacionais de

capitais, em milhões de dó'orcs, de 1923 a

O capital alemão facilitou o

desenvolvimento da indústria química Poises credores

Pagamentos .

Balanço

1937,

entre

Grã-Bretanha,

Estados

Unidos, França, Irlanda, Holanda, Bél gica, Suíça e Suécia, como países cre

dores, e 28 países devedores:

1923

1929

1930

1.934

1936

1.896,4

2.786,1

1.120,7

1.350,1

- 220,3

2.989,4 - 582,6

- 463,7

-176,3

- 255,2

1.424,7 - 290,4

1.670,1

2.406,8

2.322,4

944,4

1.094,0

1.134,3

Entradas

1 I

1

1923

Países devedores

1 1929

19'30

1937

1

I 1934

1936

387,1 312,8 154,1 308,9 124,9 -1.443,8 -1.923,5 -1.750,3 - 917,5 - 928,4 -1.134,9 -1.536,4 -1.437,5 - 792,6 - 773,8

Entradas

Pagamentos Balanço

2.205,3 1.676,1

Líquido

3.376,5 2.406,8

Analisando o volume dos pagamentos internacionais,

êsse autor

determinou,

conhecidas as taxas médias de juros c Anos

Total dos pagamentos internacionais

3.098,9

2.322.4

1.245,6 944,4

1.504,7 1.094,9

1937

'

Taxa média de

Total dos capitais

juros

investUlos

21,0

1.040

1.200

4,89

24,5

1.567 2.550

1930

os dividendos, o volume dos investi

8,00 5,61 4,29

1923 1930 1934

mentos internacionais como em capi tais, obtendo o quadro seguinte:

-

45,5 24.2

1934

24,2

capitais é os Estados Unidos, para os

No ano de 1947, exporta

661 sob forma direta.

Grande parte

Na véspera da primeira guerra mundial, o volume atingia a 41,2. Da hecatomije saíam as nações européias encllvidadas e desorganizadas pela oxtraordinária dilapidação de capitais. Decaem os investimentos europeus a qua.se a têrça parte, por volta de 1922. Fala um observador insu.speito. o sr.

importância, porém, é para apliindustria petrolífera à volta Caribe e no Ocidente Próximo. As correntes de capitais empreitados, e ^orte de relações econômicas decorrentes entre países credores e deveexigem organização de um Banf." Internacional que regule o.s negócios

"Depois da última guerra, num nromento em que outros países nos estavam procurando para auxiliá-los

facilitar e ajustar as contas oriundas da guerra. Uma série de incidentes históretardou a sua execução; o as-

construção econômica e social, os

Depois da 2." gueira mundial

Summer M^elles-

nas suas pesadíssimas tarefas de re-

Total das entradas Bruto

A grande nação exportadora de

12,3

da indústria hidrelétrica do Canadá, tação do carvão americano nesse

diais.

1880

que determinou o declínio da expor ■país.

anterior à primeira guerra. A segunda guerra vem suprimir os imperialismos japonês e alemão dos mercados mun-

Aíio^

plicar exemplos dêsse gênero." (2).

c fiação nas índias, que causa, em

conseqüência, um sério prejuizo à

A soma dos capitais coiocadiis nos países de\-edore.s, em milbões de dólare.s-

ligados a economia mundial, a fim de

escapa aqui ao nosso objetivo,

Estados Unidos, que, repentinamente, se tomaram a maior nação credora do mundo e incomparàvelmente forte do ponto de vista econômico,

Enquanto no período anterior à segunda guerra mundial a Europa Hnha uma exportação três vêzes maior que

desfeoharam pesados golpes contra suas estruturas econômicas combalidas pela guena, sobrecarregadas de dívidas; o choque foi tremendo, tan-

ricana, sòzinha, exporta duas vêzes mais que a Europa. Assim mesmo, os défi-

to

moral

como

econòmicamen-

te. . ." (pág. 47). Mas, apesar disso, a recuperação .se processa, atormentadamente. Em 1930, está novamente no nível

os Estados Unidos para o mercado mundial, agora a grande nação norte-ame-

cits do balanço de pagamentos das na ções européias aumentam sempre, por causa cados cantil Eis

dos empréstimos financeiros verifiem relação com o balanço merdaqueles povos. um quadro elucidativo:

Balanço comei-cial dos Estados Unidos com o mundo1938

1947

América Latina

+ 377

+39

+ 2.454 +

937

+ 1 951

América do Norte . . . .

+ 104

+

542

.

•^rica Doeania

~

+ +

269 37

+

Europa

+ 32 . . . + 39 Li.-... '.J. bA'

.

.p +

379 399

026 128


00

7^

wmmmmmm

Do ano df 1938, temos a média se

mestral; de 1947, as médias do 1." e 2."

semestre, respecli\anicnte. O exceden te de exportação estii assinalado por -f-, e o das importações [íor —. cm milhões de dólares.

Para o conjunto da Europa, comenta um autor, o déficit do balanço dc pa

gamentos, em relação aos Estados Uni

1)1.

taram síia.s reservas i iiuinciira.s com >--••.1,^

E não há possibilidades momentâneas dc alterar a situação: porque os países

devedores europeus cada vez mais esgo

A MARGEM DA COMPENSAÇÃO OE CHEQUES

apelar para- créditos americanos.

significa não ser possível a:)s países \'cdores europeus constituir um pob-"'^' cial produtivo em base indepeiulen'^''

KSTAií.sTmA dos chcques

para tompeliçãn, nos mercados inn*'''

estatística.

compcn.sado.s é uma bús

niiaclo do número de clieques compen

Aux> M. Azuvki

Assim, o crescimento conti-

cliais, coin as demais poténeia.s do iiinb'

sola preciosa para os que

sados eleve ser atribuido a duas causas

do.

vivem navegando no mun

ílixcrsas: — a crescente difusão do seu

(Conclui lio próximo juíiiiC''''^

dos, que era em 1938 de 0,4- milhões de dólares, em 1947 toca a 5,4 milhões.

ct>ll»

importações americanas e .são forçado^

do dos negócios. Suas indicaçõc.s

(1) Djacir Meiiozes. O ouro e a nova co** itlO.

Ontem e o de Hoje. Dip. Rio,

lèm

talor

restrito aos meios banca

cepçao da moeda, Alba Editora. 19''

(2) J. de iMalos Ibiapina. O Brasil

não

rio.s, porciuc resultam de muito.s fatores

ba.stanlc diversificados que, se tornam

u.so e o aumento vegetali\() das transa ções, função do crescimento do númeni

de finnas na praça.

Por outro lado.

cumpre não esquecer outras circunstân

cias que modificam ou podem modificar

sua leitura e exala inleq^relaçno pouco

a situação. Por exemplo, a compensação

acc.ssíveis, não ob.slante contem \-aliosas informações. Uma revista trouxe curio

de ehetjues .só se faz com cheques que

sas obser\ ações a respeito da Càmâra cie Compensação dc São Pau^o, incliisi\e a

pois os pagos diretamente pe'os banco.'? sacados não são computados na esta tística. O simples aumento do número de bancos por si só é suficiente para fa

estatística cios cheques compensados des

transitam por dois bancos pelo menos,

de o seu início, em 1932. Dessa estatís tica de dezesseis anos de atividades cia

zer crescer as compensações de cheques.

Câmara de Campcnsação, é po.s.si\-el re tirar algumas conclusões, que geralmen

gem bancos sem motivo, e o crescimento

te escapam ao leitor superfieial, habitu-ido a percorrer os algarismos ràoidamen-

crescimento \cgetativo global das tran

Enlrclanto, devemos convir que não sur de seu numero pode ser considerado no

te, pura fixar na memória os primeiros ejç^ sações. os últimos, quando chegam a tanto, ÊsteBÉ artigo é uma tentali\'a de interpretação clo.s

números cia estatística

cio nos.so

"clearing", com o fim de analisai o de

Com ésscs pontos esclarecidos, \amo.s acompanhar na Tabela I o desen\ob-imento da estatística do número de che-

r|ucs compensados na nossa Câmara de

senvolvimento dessa importante parcela Compensação. À primeira vista, xerifide nossa economia, isolando os Índices^ ca-se logo que o crescimento de ano para mais significativos. íV

ano é contínuo, Mas, uma atenta obser-

Preliminarmente, eon\'ém salientar o falo bastante conhecido, nui.s não sufi-

cientcniente combatido, do pouco e res trito uso do cheque entre nós.

Ainda

estamos, infelizmente, naquele estágio dos pagamentos à vista e com dinheiro de contado, que caracteriza a economia primitiva, cie crédito ausente e de esper talhões sem escrúpulos. Essa obser\-aç'ão tem sua razão de ser para nos per mitir uma visão mais e.xata da referida

\ação clo.s números de cheques de cada semestre desvenda um fato interessante: — os segundos semestres mostram cresci

mentos muito mais acentuados do que os primeiros. Essa particularidade se

reflete também no montante dos cheques compensados, cujos totais em geral so

bem fortemente em cada segundo se

mestre, em re'ação ao primeiro. Considerando que a difusão do uso d() cheque deve forçosamente reduzir-lhe


00

7^

wmmmmmm

Do ano df 1938, temos a média se

mestral; de 1947, as médias do 1." e 2."

semestre, respecli\anicnte. O exceden te de exportação estii assinalado por -f-, e o das importações [íor —. cm milhões de dólares.

Para o conjunto da Europa, comenta um autor, o déficit do balanço dc pa

gamentos, em relação aos Estados Uni

1)1.

taram síia.s reservas i iiuinciira.s com >--••.1,^

E não há possibilidades momentâneas dc alterar a situação: porque os países

devedores europeus cada vez mais esgo

A MARGEM DA COMPENSAÇÃO OE CHEQUES

apelar para- créditos americanos.

significa não ser possível a:)s países \'cdores europeus constituir um pob-"'^' cial produtivo em base indepeiulen'^''

KSTAií.sTmA dos chcques

para tompeliçãn, nos mercados inn*'''

estatística.

compcn.sado.s é uma bús

niiaclo do número de clieques compen

Aux> M. Azuvki

Assim, o crescimento conti-

cliais, coin as demais poténeia.s do iiinb'

sola preciosa para os que

sados eleve ser atribuido a duas causas

do.

vivem navegando no mun

ílixcrsas: — a crescente difusão do seu

(Conclui lio próximo juíiiiC''''^

dos, que era em 1938 de 0,4- milhões de dólares, em 1947 toca a 5,4 milhões.

ct>ll»

importações americanas e .são forçado^

do dos negócios. Suas indicaçõc.s

(1) Djacir Meiiozes. O ouro e a nova co** itlO.

Ontem e o de Hoje. Dip. Rio,

lèm

talor

restrito aos meios banca

cepçao da moeda, Alba Editora. 19''

(2) J. de iMalos Ibiapina. O Brasil

não

rio.s, porciuc resultam de muito.s fatores

ba.stanlc diversificados que, se tornam

u.so e o aumento vegetali\() das transa ções, função do crescimento do númeni

de finnas na praça.

Por outro lado.

cumpre não esquecer outras circunstân

cias que modificam ou podem modificar

sua leitura e exala inleq^relaçno pouco

a situação. Por exemplo, a compensação

acc.ssíveis, não ob.slante contem \-aliosas informações. Uma revista trouxe curio

de ehetjues .só se faz com cheques que

sas obser\ ações a respeito da Càmâra cie Compensação dc São Pau^o, incliisi\e a

pois os pagos diretamente pe'os banco.'? sacados não são computados na esta tística. O simples aumento do número de bancos por si só é suficiente para fa

estatística cios cheques compensados des

transitam por dois bancos pelo menos,

de o seu início, em 1932. Dessa estatís tica de dezesseis anos de atividades cia

zer crescer as compensações de cheques.

Câmara de Campcnsação, é po.s.si\-el re tirar algumas conclusões, que geralmen

gem bancos sem motivo, e o crescimento

te escapam ao leitor superfieial, habitu-ido a percorrer os algarismos ràoidamen-

crescimento \cgetativo global das tran

Enlrclanto, devemos convir que não sur de seu numero pode ser considerado no

te, pura fixar na memória os primeiros ejç^ sações. os últimos, quando chegam a tanto, ÊsteBÉ artigo é uma tentali\'a de interpretação clo.s

números cia estatística

cio nos.so

"clearing", com o fim de analisai o de

Com ésscs pontos esclarecidos, \amo.s acompanhar na Tabela I o desen\ob-imento da estatística do número de che-

r|ucs compensados na nossa Câmara de

senvolvimento dessa importante parcela Compensação. À primeira vista, xerifide nossa economia, isolando os Índices^ ca-se logo que o crescimento de ano para mais significativos. íV

ano é contínuo, Mas, uma atenta obser-

Preliminarmente, eon\'ém salientar o falo bastante conhecido, nui.s não sufi-

cientcniente combatido, do pouco e res trito uso do cheque entre nós.

Ainda

estamos, infelizmente, naquele estágio dos pagamentos à vista e com dinheiro de contado, que caracteriza a economia primitiva, cie crédito ausente e de esper talhões sem escrúpulos. Essa obser\-aç'ão tem sua razão de ser para nos per mitir uma visão mais e.xata da referida

\ação clo.s números de cheques de cada semestre desvenda um fato interessante: — os segundos semestres mostram cresci

mentos muito mais acentuados do que os primeiros. Essa particularidade se

reflete também no montante dos cheques compensados, cujos totais em geral so

bem fortemente em cada segundo se

mestre, em re'ação ao primeiro. Considerando que a difusão do uso d() cheque deve forçosamente reduzir-lhe


ww

Digesto EcoNÓKaco

Dicesto Econômico ;•

93

92

o valor, teremos um meio de averigu^ a evolução dêssc fator, mediante o cál culo do valor médio dos cheques com

pensados. Evidentemente, se esse valor está em declínio, poderemos afirmar que há maior difusão" no uso de cheques,

desde que, como é o caso em vista, seu número seja crescente. Mas, aqui inter vém outro fator: — a inflação. Em economia inflacionada, há uma tendên

cia forçosa no aumento do valor médio doa cheques, que deverão corresponder aos preços mais elevados das coisas e ser viços. Digamos desde logo que também êsso fator pode ser, apro.ximadamente, medido, como veremos mais adiante. Nos dezesseis anos registrados pela es tatística em estudo, ohserva-se um con-

) tínuo crescer do valor médio dos che

ques compensados.

Não considerando

o caso do primeiro semestre de 1932, início do serviço de compensação de che

ques entre nós, e deixando de lado o se gundo semestre daquele ano da Revolu ção Çonstitucionalista, vejamos rápidamento como evoluiu o valor médio dos

grau de inflação. Para eliminar essa de formação estatística há o recurso de reduzir os valores na inversa razão do

aumento dos preços das coisas e servi ços. Com o intuito de retificar os va lores totais das transações com cheques

compensados, foi aqui adotado o pro cesso de dividi-los pelo índice do "custo da vida", que é um dos mais represen tativos.

Por serem os mais conhecidos

c do maior crédito, utilizei-mo dos ín dices da Divisão de Estatística c Do

cumentação Social do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal da Ca

pital, calculados para a classe operária e tendo por base a média dos preços de 1939. (Em artigo escrito para "ECO NOMIA" - sob o título "A Espiral da Inflação" — procurei demonstrar que o ano de 1939 é bem indicado como base). Reduzindo os valores' totais, a partir

de 1939, pela retificação referida, encon tramos os indicados na última coluna da

cheques compensados. Podemos dizer que, até fins de 1941, o aumento paula tino do valor médio dos cheques sc pro

afinal um coeficiente do dois c meio, nos

cessou lentamente e a taxa mais ou me

dez anos decorridos desde 1939. Ê in

nos reduzida e constante. De 1942 em

teressante observar as flutuações do va

diante, porém, o valor médio subiu acen-

lor real (isento de inflação) dos cheques

tuadamente, de semestre para semestre,

compensados, pois ali pode ser aprecia

até atingir mais de 2.5 mil cruzeiros em

da mais exatamente a evolução de nossa economia, obediente a um crescimento

Vejamos agora çomo se proces.sou o

crescimento do valor total das transações

com íJieques compensados.

Como já

ficou assinalado, os segundos semestres concentram em geral um montante su

perior aos primeiros do mesmo ano, e algumas vezes mesmo em relação ao semestre seguinte, como do 2.° de 1941

para o 1." de 1942 e do de 1946 para o 1" de 194'7- Naturalmente o valor

conducente a conclusões mais seguras,

dos sofre diretamente a influência do

Tabela I. Assim, ao invés de ser mul tiplicado por nove, o montante das Iran.sações com cheques compensados tem

1948.

Para obter uma Wsão mais exata e

da soma de todos os cheques compensa

moderado, constante e mais .sadio. Por esses dados retificados, ve-se também

que, desde fins de 1943, há prãticaniento um estacionamento no volume total, que

sugere uma estagnação do.s negócios. Não obstante, devemos ser cautelosos e

não tirar conclusões apressadas, pois há necessariamente numerosos outros fatô-

res influentes, cujo destaque não pode mos realizar.

V

foi organizada a Tabela II, com núme

ros índices, cuja leitura é mais fácil. O exame desse quadro nos permito outrusaprcciações não menos objetivas cnitcis. Considerando como base o ano de 1939, cuja módia foi tomada como 100,0, organizou-se a serie de índices referentes

ao número de cheques compensados em cada semestre. Verificamos então, mais

fàcilmcnte, que o número de cheque.s foi multíplicado por sete, do 1933 a 1948, enquanto que o seu valor médio

teve um coeficiente do quatro no mesmo tenqjo. Ora, esse valor sofro fatalmen

te a influência da inflação monetária. Daí a razão de retificar êssc valor mé

dio, em função inversa do índice de custo da vida.

Reduzindo o índice do valor médio do cheque, na razão inversa do índice do custo da vida em São Paulo, obtêm-se os índices retificados da última coluna da Tabela II. Sua leitura nos mostra um ciclo

completo, crescente a partir de fins do 1940 e com ápice no 2.° .semestre de 1943, decrescendo

daí até o 1.° semestre de 1948.

Que significa essa onda? Parece-

me que podemos interpretá-la assim: —

com o advento do surto inflaciomírio, houve um crescimento rájpido e inusitado do montante dos negócios, não só pelo aumento dos preços anulado nesses índi ces, mas principalmente pela eclosão dc "grandes transações" individuais. Na

turalmente, essa.s grandes transações, co mo soe acontecer, foram liquidadas em cheques, muitos dos quais envolviam mais de um banco, aparecendo então na Câmara de Compensação. Por outro

lado, a própria inflação, como é sabido, criou numerosos novos clientes dos ban

cos, aumentando, por conseguinte, o nú mero de cheques lançados em circulação. A relação representada pelo valor médio do cheque compensado não mais man teve a precedência na alta, em confronto

com o custo da rida (o que ocorreu ate o 2.0 semestre de 1943), perdendo as sim o ímpeto que lhe dava a dianteira. Disso resulta, como estamos vendo na Tabela 11, o decréscimo sucessivo dos

índices do valor médio retificado, até que de 1946 para diante êles conser vam um nível inferior ao de 1939.

Êste estudo analítico seria mais com pleto se fossem consideradas as estatís ticas do número de bancos inscritos na Gamara de Compensação e o número dc

cheques (não compensados) pagos pelos bancos de São Paulo, Com esses ele mentos complementares, seria possível

destacar duas relações de suma impor tância: — o número de cheques compen

sados por banco, em média; e o montante das transações por cheques não compensados, cujo exa me, realizado com o mesmo cri

tério adotado para os cheques compensados, poderia levar a con clusões mais acertadas. Entietanto, não possuo atualmente ê.sses dados.

Penso que a estatística da c>ompensação de cheques em São Paulo, que acabamos de ver, permite concluir obje tivamente:

1." — O segundo semestre de cada ano mostra maior intensidade nas tran

sações com cheques compensados, não so no número como no valor;

2." - O valor real (não inflacionado) do montante de cheques compensado.s mostra um estacionamento desde o 2.° semestre de 1943, que marca o fim cie um crescimento acentuado;

* -4


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Digesto EcoNÓKaco

Dicesto Econômico ;•

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o valor, teremos um meio de averigu^ a evolução dêssc fator, mediante o cál culo do valor médio dos cheques com

pensados. Evidentemente, se esse valor está em declínio, poderemos afirmar que há maior difusão" no uso de cheques,

desde que, como é o caso em vista, seu número seja crescente. Mas, aqui inter vém outro fator: — a inflação. Em economia inflacionada, há uma tendên

cia forçosa no aumento do valor médio doa cheques, que deverão corresponder aos preços mais elevados das coisas e ser viços. Digamos desde logo que também êsso fator pode ser, apro.ximadamente, medido, como veremos mais adiante. Nos dezesseis anos registrados pela es tatística em estudo, ohserva-se um con-

) tínuo crescer do valor médio dos che

ques compensados.

Não considerando

o caso do primeiro semestre de 1932, início do serviço de compensação de che

ques entre nós, e deixando de lado o se gundo semestre daquele ano da Revolu ção Çonstitucionalista, vejamos rápidamento como evoluiu o valor médio dos

grau de inflação. Para eliminar essa de formação estatística há o recurso de reduzir os valores na inversa razão do

aumento dos preços das coisas e servi ços. Com o intuito de retificar os va lores totais das transações com cheques

compensados, foi aqui adotado o pro cesso de dividi-los pelo índice do "custo da vida", que é um dos mais represen tativos.

Por serem os mais conhecidos

c do maior crédito, utilizei-mo dos ín dices da Divisão de Estatística c Do

cumentação Social do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal da Ca

pital, calculados para a classe operária e tendo por base a média dos preços de 1939. (Em artigo escrito para "ECO NOMIA" - sob o título "A Espiral da Inflação" — procurei demonstrar que o ano de 1939 é bem indicado como base). Reduzindo os valores' totais, a partir

de 1939, pela retificação referida, encon tramos os indicados na última coluna da

cheques compensados. Podemos dizer que, até fins de 1941, o aumento paula tino do valor médio dos cheques sc pro

afinal um coeficiente do dois c meio, nos

cessou lentamente e a taxa mais ou me

dez anos decorridos desde 1939. Ê in

nos reduzida e constante. De 1942 em

teressante observar as flutuações do va

diante, porém, o valor médio subiu acen-

lor real (isento de inflação) dos cheques

tuadamente, de semestre para semestre,

compensados, pois ali pode ser aprecia

até atingir mais de 2.5 mil cruzeiros em

da mais exatamente a evolução de nossa economia, obediente a um crescimento

Vejamos agora çomo se proces.sou o

crescimento do valor total das transações

com íJieques compensados.

Como já

ficou assinalado, os segundos semestres concentram em geral um montante su

perior aos primeiros do mesmo ano, e algumas vezes mesmo em relação ao semestre seguinte, como do 2.° de 1941

para o 1." de 1942 e do de 1946 para o 1" de 194'7- Naturalmente o valor

conducente a conclusões mais seguras,

dos sofre diretamente a influência do

Tabela I. Assim, ao invés de ser mul tiplicado por nove, o montante das Iran.sações com cheques compensados tem

1948.

Para obter uma Wsão mais exata e

da soma de todos os cheques compensa

moderado, constante e mais .sadio. Por esses dados retificados, ve-se também

que, desde fins de 1943, há prãticaniento um estacionamento no volume total, que

sugere uma estagnação do.s negócios. Não obstante, devemos ser cautelosos e

não tirar conclusões apressadas, pois há necessariamente numerosos outros fatô-

res influentes, cujo destaque não pode mos realizar.

V

foi organizada a Tabela II, com núme

ros índices, cuja leitura é mais fácil. O exame desse quadro nos permito outrusaprcciações não menos objetivas cnitcis. Considerando como base o ano de 1939, cuja módia foi tomada como 100,0, organizou-se a serie de índices referentes

ao número de cheques compensados em cada semestre. Verificamos então, mais

fàcilmcnte, que o número de cheque.s foi multíplicado por sete, do 1933 a 1948, enquanto que o seu valor médio

teve um coeficiente do quatro no mesmo tenqjo. Ora, esse valor sofro fatalmen

te a influência da inflação monetária. Daí a razão de retificar êssc valor mé

dio, em função inversa do índice de custo da vida.

Reduzindo o índice do valor médio do cheque, na razão inversa do índice do custo da vida em São Paulo, obtêm-se os índices retificados da última coluna da Tabela II. Sua leitura nos mostra um ciclo

completo, crescente a partir de fins do 1940 e com ápice no 2.° .semestre de 1943, decrescendo

daí até o 1.° semestre de 1948.

Que significa essa onda? Parece-

me que podemos interpretá-la assim: —

com o advento do surto inflaciomírio, houve um crescimento rájpido e inusitado do montante dos negócios, não só pelo aumento dos preços anulado nesses índi ces, mas principalmente pela eclosão dc "grandes transações" individuais. Na

turalmente, essa.s grandes transações, co mo soe acontecer, foram liquidadas em cheques, muitos dos quais envolviam mais de um banco, aparecendo então na Câmara de Compensação. Por outro

lado, a própria inflação, como é sabido, criou numerosos novos clientes dos ban

cos, aumentando, por conseguinte, o nú mero de cheques lançados em circulação. A relação representada pelo valor médio do cheque compensado não mais man teve a precedência na alta, em confronto

com o custo da rida (o que ocorreu ate o 2.0 semestre de 1943), perdendo as sim o ímpeto que lhe dava a dianteira. Disso resulta, como estamos vendo na Tabela 11, o decréscimo sucessivo dos

índices do valor médio retificado, até que de 1946 para diante êles conser vam um nível inferior ao de 1939.

Êste estudo analítico seria mais com pleto se fossem consideradas as estatís ticas do número de bancos inscritos na Gamara de Compensação e o número dc

cheques (não compensados) pagos pelos bancos de São Paulo, Com esses ele mentos complementares, seria possível

destacar duas relações de suma impor tância: — o número de cheques compen

sados por banco, em média; e o montante das transações por cheques não compensados, cujo exa me, realizado com o mesmo cri

tério adotado para os cheques compensados, poderia levar a con clusões mais acertadas. Entietanto, não possuo atualmente ê.sses dados.

Penso que a estatística da c>ompensação de cheques em São Paulo, que acabamos de ver, permite concluir obje tivamente:

1." — O segundo semestre de cada ano mostra maior intensidade nas tran

sações com cheques compensados, não so no número como no valor;

2." - O valor real (não inflacionado) do montante de cheques compensado.s mostra um estacionamento desde o 2.° semestre de 1943, que marca o fim cie um crescimento acentuado;

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Tõ—JTCTiKÒMlCO

Uk;i:si<) EoOn

tivo real, o valor médio dos elieqiws

95

Número

de

Valor Diédio

Valor total

Valor total

cheques:

do cheque:

dos cheques:

retificado:

1." de 1944 2." dc 1944

813.495 922.415

18.264,00

19.230,00

14.857.707.877 17.738.404.281

cípit da (jiieda do \ alor médio dos checjucs (isento tU) efeito inflacionário);

1." de 1945 2." de 1945

- 936.719

19.646.00 20.356.00

18.403.219.971

8.193.7

1.068.114

21.742.971.521

9.059,5

21.169.00

evidente por seus efeitos primários e secundário,s. Alargou-se desmcsurada-

do 1946 2." dc 1946

1.081,950

pansáo do seu uso.

1.269.000

24.152,00

22.903'.738.584 30.649.201.681

10.450,0

menle o âmbito dos negócios de toda ordem. Em unidades de poder aquisl-

deriam ser alinhadas.

1." de 1947 2." dc 1947

1.169.534 1.276.787

24.685,00

1." de 1948 2." dc 1948

1.278.764

3." - A difusão do uso do clieque sc

processa lenta mas positivamente, como demonstra o seu nvimero crescente e a

te.

cionudo);

ciação monetária, ja se manifesta o prin-

queda do valor médio real (nao inrla-

4P ^ O uno de 1943 parece ser o

ponto crítico da nossa economia de guer ra.

Nesse ano. a iníla(,ão se tornou

Sef)jc,vf»c.9 do ano:

compensados atingiu o ponto culminan

Embora o ano seguinte, de 1941,

tenha sido o de mais acelerada dept^

fato cpie só pode ser atribuído à

Outras conclu.sõcs. menos certas, po^ Mas receio entrar

no terreiu) perigoso dos palpites. . .

TABELA

de

Valor inédio-

cheques:

df) cheque:

I." de

1932 2." de 1932

76.166 102.073

11.413,00

1." de 1933 2." de 1933

208.898 226.524

6.213,00 6.394,00 6.292,00

1." de 1934 2.'-' de 1934

230.797 257.1.58

1.'^ de 1935 2." de 1935

1.405.4.57

Valor total' .

?■

(Paru eliniinat

869.311.708 634.222.779

ü

fator

1.670.008.210

cesso de divi' dir os totnl

261.259 302.462

7..554.00

1.973.722.995 2.373.784.098

1." de 1936 2." de 1936

306.187 352.917

2.587.508.291 2.859.897.238

para a clas^ operária d^

1.'^ de 1937' 2.0 de 1937

363.091

3.306.941.513

Capital.

424.329

8.450,00 8.103,00 9.108,00 8.051,00

3.41,6.576.264

sultado em mi

1." de 1938 2° de 1938

416.054

8.434,00

3.508.9.56.7,53

lhões de cni-

469.507 469,716 512.012

8.251,00 8.519,00

3.874.003.176

1." dc 1939 2.0 de 1939

8.215,00

4.206.258.702

4.189,5

1.'^ de 1940 2.*' de 1940

508.347 ,551.715

9.017,00

4..583.967.176 4.162.997..575

4.416,1

1." de 1941 2/> de 1941

588,583 645.749

4.991.949.034 6.349.164.801

l.« de 1942 2.0 de 1942

568.054 622.789

I." de 1943

656.697' 784.696

2." de 1943

36.305.175.868

9.574,2

1.950.649.617

4.001..544.6.38

SÃO PAULO

Número índice com ba.sc em 1939

pelo índice dt custo da vid»

Setnestrès

Número dc

Valor médio

índice do

Valor reti

do ano:

cheques:

do cheque:

custo (Jg vidn

ficado

15,5

136,4 74,2

1." de 1933

20,8 42,5

2.0 de 1933

46,1

7.5,2

1." de 1934 2." de 1934

47,0

86,5 90,6

1." de 1932 2.^ de 1932

Po*

7.eiros). .

II

CHEQUES COxMPENSADOS PELA CÂMARA DE CO.MPENSAÇÀO DE

"in*

7.235,00 7..585,00

9.832,00 10.980,00 12.632,00 15.271,00 18.071,00

9.010,1 10.093,0

base eni 1939. cuja média foi con.siderada 100,0, confor-mc Tabela II.

retificado:

fiação" — (d adotado o pro

8.481,00

32.589.613.085

do .Município de São Pa\iio, Divisão de Estatística e Dncumentaç<ão Social com

Valor fo/fll

dos cheques:

1.335.703.274 1.425.290.827

7.54.5,00

8.749,7

gina 27. Valor do cheque, calculado pelo autor. índices de custo da vida para a (la.ssc operária da Capital, ca'culado.s pelo Departamento de Cultura da Prefeitura

TABELA

7.848,00

28.515.319.957 31.518.318.291

Dados e.xlraídüs de "Técnica e Economia BANCÁRIA" de março de 1949, pá

SÃO PAULO

Número

25.485,00 25.831,00

8.843,1

I

CHEQUES COMPENSADOS PELA CÂMARA DE COMPENS.\Ç.\0 DE

Sem<?5fre.y do ano:

24.381.00

8.465,9

8.590,0

I.° de 1935

4.017,6

2." dc

1935

76,4

.52.4 53.2 61.6

90,3

62,4

93,8 101,0

1937

71,9 73,9

4.390,4

108,8

2." cie 1937

86,4

1." de 1938 2." de 1938

84,7

100,8

6.237 .()98..585

5.322,0 5.079,0

7.867.303.399

5.700,9

1." do 1939

10.033.666.844 14.180.4-38.446

7.001,9

2." de 1939

9.055,2

95,6 95,7 104,3

101,8 98,2

1.» dc 1936 2.0 de 1936

3.912.6

1." de

96,8

'96,2

98,6

99,6 100,4

102,2

97,8 -,uT

iMi.


Tõ—JTCTiKÒMlCO

Uk;i:si<) EoOn

tivo real, o valor médio dos elieqiws

95

Número

de

Valor Diédio

Valor total

Valor total

cheques:

do cheque:

dos cheques:

retificado:

1." de 1944 2." dc 1944

813.495 922.415

18.264,00

19.230,00

14.857.707.877 17.738.404.281

cípit da (jiieda do \ alor médio dos checjucs (isento tU) efeito inflacionário);

1." de 1945 2." de 1945

- 936.719

19.646.00 20.356.00

18.403.219.971

8.193.7

1.068.114

21.742.971.521

9.059,5

21.169.00

evidente por seus efeitos primários e secundário,s. Alargou-se desmcsurada-

do 1946 2." dc 1946

1.081,950

pansáo do seu uso.

1.269.000

24.152,00

22.903'.738.584 30.649.201.681

10.450,0

menle o âmbito dos negócios de toda ordem. Em unidades de poder aquisl-

deriam ser alinhadas.

1." de 1947 2." dc 1947

1.169.534 1.276.787

24.685,00

1." de 1948 2." dc 1948

1.278.764

3." - A difusão do uso do clieque sc

processa lenta mas positivamente, como demonstra o seu nvimero crescente e a

te.

cionudo);

ciação monetária, ja se manifesta o prin-

queda do valor médio real (nao inrla-

4P ^ O uno de 1943 parece ser o

ponto crítico da nossa economia de guer ra.

Nesse ano. a iníla(,ão se tornou

Sef)jc,vf»c.9 do ano:

compensados atingiu o ponto culminan

Embora o ano seguinte, de 1941,

tenha sido o de mais acelerada dept^

fato cpie só pode ser atribuído à

Outras conclu.sõcs. menos certas, po^ Mas receio entrar

no terreiu) perigoso dos palpites. . .

TABELA

de

Valor inédio-

cheques:

df) cheque:

I." de

1932 2." de 1932

76.166 102.073

11.413,00

1." de 1933 2." de 1933

208.898 226.524

6.213,00 6.394,00 6.292,00

1." de 1934 2.'-' de 1934

230.797 257.1.58

1.'^ de 1935 2." de 1935

1.405.4.57

Valor total' .

?■

(Paru eliniinat

869.311.708 634.222.779

ü

fator

1.670.008.210

cesso de divi' dir os totnl

261.259 302.462

7..554.00

1.973.722.995 2.373.784.098

1." de 1936 2." de 1936

306.187 352.917

2.587.508.291 2.859.897.238

para a clas^ operária d^

1.'^ de 1937' 2.0 de 1937

363.091

3.306.941.513

Capital.

424.329

8.450,00 8.103,00 9.108,00 8.051,00

3.41,6.576.264

sultado em mi

1." de 1938 2° de 1938

416.054

8.434,00

3.508.9.56.7,53

lhões de cni-

469.507 469,716 512.012

8.251,00 8.519,00

3.874.003.176

1." dc 1939 2.0 de 1939

8.215,00

4.206.258.702

4.189,5

1.'^ de 1940 2.*' de 1940

508.347 ,551.715

9.017,00

4..583.967.176 4.162.997..575

4.416,1

1." de 1941 2/> de 1941

588,583 645.749

4.991.949.034 6.349.164.801

l.« de 1942 2.0 de 1942

568.054 622.789

I." de 1943

656.697' 784.696

2." de 1943

36.305.175.868

9.574,2

1.950.649.617

4.001..544.6.38

SÃO PAULO

Número índice com ba.sc em 1939

pelo índice dt custo da vid»

Setnestrès

Número dc

Valor médio

índice do

Valor reti

do ano:

cheques:

do cheque:

custo (Jg vidn

ficado

15,5

136,4 74,2

1." de 1933

20,8 42,5

2.0 de 1933

46,1

7.5,2

1." de 1934 2." de 1934

47,0

86,5 90,6

1." de 1932 2.^ de 1932

Po*

7.eiros). .

II

CHEQUES COxMPENSADOS PELA CÂMARA DE CO.MPENSAÇÀO DE

"in*

7.235,00 7..585,00

9.832,00 10.980,00 12.632,00 15.271,00 18.071,00

9.010,1 10.093,0

base eni 1939. cuja média foi con.siderada 100,0, confor-mc Tabela II.

retificado:

fiação" — (d adotado o pro

8.481,00

32.589.613.085

do .Município de São Pa\iio, Divisão de Estatística e Dncumentaç<ão Social com

Valor fo/fll

dos cheques:

1.335.703.274 1.425.290.827

7.54.5,00

8.749,7

gina 27. Valor do cheque, calculado pelo autor. índices de custo da vida para a (la.ssc operária da Capital, ca'culado.s pelo Departamento de Cultura da Prefeitura

TABELA

7.848,00

28.515.319.957 31.518.318.291

Dados e.xlraídüs de "Técnica e Economia BANCÁRIA" de março de 1949, pá

SÃO PAULO

Número

25.485,00 25.831,00

8.843,1

I

CHEQUES COMPENSADOS PELA CÂMARA DE COMPENS.\Ç.\0 DE

Sem<?5fre.y do ano:

24.381.00

8.465,9

8.590,0

I.° de 1935

4.017,6

2." dc

1935

76,4

.52.4 53.2 61.6

90,3

62,4

93,8 101,0

1937

71,9 73,9

4.390,4

108,8

2." cie 1937

86,4

1." de 1938 2." de 1938

84,7

100,8

6.237 .()98..585

5.322,0 5.079,0

7.867.303.399

5.700,9

1." do 1939

10.033.666.844 14.180.4-38.446

7.001,9

2." de 1939

9.055,2

95,6 95,7 104,3

101,8 98,2

1.» dc 1936 2.0 de 1936

3.912.6

1." de

96,8

'96,2

98,6

99,6 100,4

102,2

97,8 -,uT

iMi.


DfJ

>

l .l-

Senieò-<rí?.s'

Ntwtero de

Valor médio

do ano;

cheques:

do cheque:

J.® de 1940

103,5

2.° de 1940

112,4 119,9 131,5 115,7

1.° de 1941 2.° de 1941 1

^

■ 1*..

■■

ig

p

' 1.9 de 1942 2.° de 1942 1." de 1943 2.° de 1943 1.^ de 1944

126,9 133,8 159,8

índice do custo dc vida

Valor reti-i

ficado

107,8 90,2 101,4 - 117,.5 131,2

103,8 106,4

103,8

113,7 119,3

89,2

122,8

150,9

138,0

106,8 409.3

98.5

143,3 156,6

127,3 137,8

175,5

124,4 111,3

biente tranqüilo das administrações nor

187,9

229,8

1." 2." 1.° 2.°

190,8

234,8

206,5 224,6

217,6 220,4 258,5

243.3

240,0

104,5 101,4

233,0

259,0

97,7

'288,0

293,3

98.4

238.2

291.4

325,9

260,1 260,5 286,3

295,0

329,2

304.6 308,7

361,7

89,4 89,6 84,2

359,7

85,8

1." de 1948 2.° de 1948

PUovÁviiL (pie a fase mais crítica, .É mais discutida de tôda a \ida pú blica dc Rui seja a sua passagem pela

182.5

165,7

1." de 1947 2.° de 1947

Deolindo Amoulm

pasta da Fazenda. De fato, tendo sido Ministro da Fazenda no início do re gime republicano, quando a administra ção pública ainda eslava na experiên cia da nova forma dc govèrno, Rui di

2.« de 1944

1945 1945 1946 1946

questão financeira

84,7

215,9 218.3

de de de de

ui e a

índices calculados pelo autor (exceto os de custo de vida, que são do Departa mento de Cultura da Prefeitura da Capital) com os elementos constantes da Tabela I.

mecanismo da administração, entretan

to, não houve adestramento para as no vas instituições.

A ^'elha administra

ção adaptou-se ao novo regime por for

rigiu as finanças do Brasil sem o am

o seu período tumuUuário, entre a or

mais, circunstância que muito influi na apreciação de sua política financeira,

espcciabnente porque já se sabe que não é fácil a adaptação do sistema ad

ministrativo de um país a quaisquer transformações momentâneas.

A mu- •

dança do regime, tal a tendência dos

acontecimentos que se verificaram ap()s a guena do Paraguai, já era esperada cedo ou tarde, nas camadas

clarecidas.

mais es

Mas a engrenagem admi

nistrativa não se preparou cün\'eniente-

ça da situação, mas não estava organiza da para a transição de 89. Não poden

do escapar à regra dos movimentos recolucionários, a República teve, de fato,

dem c a desordem, até que se firmas sem as bases legais do Estado e se de

finissem as atribuições dos órgãos mais complexo. Foi êsse o ambiente em que Rui conduziu as finanças do País.

E natural que a administração do Rui, por mais prudente que tenha sido a sua orientação, tendo-se em \'ista as

c(.ndições em que participou do Gover no Provisório, não esteja imune de cri ticas, especialmente porque nenhuma ad ministração, até hoje, pode fugir às cxjnlingências Immanas do êrro. Mas o fa

mente para a nova ordem de coisas. As

tor tempo, passado o período de con-

sim, pois, com a proclamação da Re

xu'são, desfeita a incompreensão pró pria das transformações políticas, pode' modificar, e tem modificado, muitos juí zos críticos a respeito de homens e fa

pública, a velha máquina do Estado so freu alteração rápida e de efeitos vio-

lento.s, sem que tivesse havido prepa ração geral, condição, aliás, indispen sável às grandes reformas. O terreno ideol<Sgico, mais sensível às manifes

tações da opinião pública, recebeu o adubo dá "preparação psicológica" de corrente dos fenômenos políticos ocor

ridos no 2." Reinado e cia propagan da republicana, feita abertamente, a partir de 1870, à .sombra do trono de

Pedro 11, em cujo espírito liberal se enraizavam, por índole, mais propensões democráticas do que em muitos re publicanos de haircte revoíucionário, No

M

tos passados. Ministro de um Go\ êino revolucionário, de duração transitória

servindo a um regime nascente, ainda sem Constituição nem Congresso, Rui

não se iludiu com a realidade, so bremodo angustiosa, da ^situação fi nanceira do Brasil, embora os idealis tas romànticKis supusessem que a "febre

de negócios", a aparente prosperidade forçada pelo alargamento do crédito

bancário nos primeiros anos cia Repú blica. assim ccuno as facilidades tempo rárias no campo das explorações, po-


DfJ

>

l .l-

Senieò-<rí?.s'

Ntwtero de

Valor médio

do ano;

cheques:

do cheque:

J.® de 1940

103,5

2.° de 1940

112,4 119,9 131,5 115,7

1.° de 1941 2.° de 1941 1

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■■

ig

p

' 1.9 de 1942 2.° de 1942 1." de 1943 2.° de 1943 1.^ de 1944

126,9 133,8 159,8

índice do custo dc vida

Valor reti-i

ficado

107,8 90,2 101,4 - 117,.5 131,2

103,8 106,4

103,8

113,7 119,3

89,2

122,8

150,9

138,0

106,8 409.3

98.5

143,3 156,6

127,3 137,8

175,5

124,4 111,3

biente tranqüilo das administrações nor

187,9

229,8

1." 2." 1.° 2.°

190,8

234,8

206,5 224,6

217,6 220,4 258,5

243.3

240,0

104,5 101,4

233,0

259,0

97,7

'288,0

293,3

98.4

238.2

291.4

325,9

260,1 260,5 286,3

295,0

329,2

304.6 308,7

361,7

89,4 89,6 84,2

359,7

85,8

1." de 1948 2.° de 1948

PUovÁviiL (pie a fase mais crítica, .É mais discutida de tôda a \ida pú blica dc Rui seja a sua passagem pela

182.5

165,7

1." de 1947 2.° de 1947

Deolindo Amoulm

pasta da Fazenda. De fato, tendo sido Ministro da Fazenda no início do re gime republicano, quando a administra ção pública ainda eslava na experiên cia da nova forma dc govèrno, Rui di

2.« de 1944

1945 1945 1946 1946

questão financeira

84,7

215,9 218.3

de de de de

ui e a

índices calculados pelo autor (exceto os de custo de vida, que são do Departa mento de Cultura da Prefeitura da Capital) com os elementos constantes da Tabela I.

mecanismo da administração, entretan

to, não houve adestramento para as no vas instituições.

A ^'elha administra

ção adaptou-se ao novo regime por for

rigiu as finanças do Brasil sem o am

o seu período tumuUuário, entre a or

mais, circunstância que muito influi na apreciação de sua política financeira,

espcciabnente porque já se sabe que não é fácil a adaptação do sistema ad

ministrativo de um país a quaisquer transformações momentâneas.

A mu- •

dança do regime, tal a tendência dos

acontecimentos que se verificaram ap()s a guena do Paraguai, já era esperada cedo ou tarde, nas camadas

clarecidas.

mais es

Mas a engrenagem admi

nistrativa não se preparou cün\'eniente-

ça da situação, mas não estava organiza da para a transição de 89. Não poden

do escapar à regra dos movimentos recolucionários, a República teve, de fato,

dem c a desordem, até que se firmas sem as bases legais do Estado e se de

finissem as atribuições dos órgãos mais complexo. Foi êsse o ambiente em que Rui conduziu as finanças do País.

E natural que a administração do Rui, por mais prudente que tenha sido a sua orientação, tendo-se em \'ista as

c(.ndições em que participou do Gover no Provisório, não esteja imune de cri ticas, especialmente porque nenhuma ad ministração, até hoje, pode fugir às cxjnlingências Immanas do êrro. Mas o fa

mente para a nova ordem de coisas. As

tor tempo, passado o período de con-

sim, pois, com a proclamação da Re

xu'são, desfeita a incompreensão pró pria das transformações políticas, pode' modificar, e tem modificado, muitos juí zos críticos a respeito de homens e fa

pública, a velha máquina do Estado so freu alteração rápida e de efeitos vio-

lento.s, sem que tivesse havido prepa ração geral, condição, aliás, indispen sável às grandes reformas. O terreno ideol<Sgico, mais sensível às manifes

tações da opinião pública, recebeu o adubo dá "preparação psicológica" de corrente dos fenômenos políticos ocor

ridos no 2." Reinado e cia propagan da republicana, feita abertamente, a partir de 1870, à .sombra do trono de

Pedro 11, em cujo espírito liberal se enraizavam, por índole, mais propensões democráticas do que em muitos re publicanos de haircte revoíucionário, No

M

tos passados. Ministro de um Go\ êino revolucionário, de duração transitória

servindo a um regime nascente, ainda sem Constituição nem Congresso, Rui

não se iludiu com a realidade, so bremodo angustiosa, da ^situação fi nanceira do Brasil, embora os idealis tas romànticKis supusessem que a "febre

de negócios", a aparente prosperidade forçada pelo alargamento do crédito

bancário nos primeiros anos cia Repú blica. assim ccuno as facilidades tempo rárias no campo das explorações, po-


I5lGt-ST(í. Econ'ómic<>

pode deixar de ser fei|„. Não 1'»

deriam fazer do Brasil utna potência

provisono

ra outro. Rui não padeceu dessa pe

rigosa ilusão. Federalista de velhos tempos, não tendo a ufania de osten

que não tenha

brio entre a receita e a desj^esa é a en

julgamento da Histónu". ^'«'2

fermidade crônica dc nossa existência

bica no auge da exaltação P"'Sio.

da, antes da República, já haviam de

nacional".

base durável dos Governos irais, todos êlos, naturalmente, «P^f

co'', temperamento infenso à mística dos rótulos, para êle a.salvação nacional es

divergências ideológicas, erani una» cm reconhecer a grande responsab"™'

tava menos na fachada de um regime

do que nã prática do princípios insubsti

que assumiriam perante a Hislóna se 'l ■

tuíveis. Rui, sobretudo, era homem de

Outros Ministros da Fazen

nunciado tal situação. Os anteceden tes de nossa \ ída financeira demonstiam que as emissões não nasceram com a

gestão de Rui na pasta da Fazenda, embora sôbre ele recaiam as mais for

princípios, o que está bem nítido em to

sessem lançar empreendimentos sojnosos.

da a sua campanha pela descentraliza ção administrativa, pela moralidade po lítica, pelo aprovcilamcnlo dus capaci

mente quando tóii, origem

tòrmo empregado na época para signifi car o montante de negócios na praça. O

ria. não podem ser, cm lôcla P ^

déficit fazia parte do acôrvo da mo

Governos realizadores. Mas a

narquia, Provam-no, por exemplo, os

Fazenda, que é o centro de

últimos Relatórios da Fazenda. Belisá-

dades.

Ninguém melhor do que ôle.

dade governamental, compreendeu, na-

quele momento histórico, as limitações

naturais a que estão sujeitos os Gover nos transitórios.

tes criticas à política de encilhamento,

Os Governos transitórios.

portanto, sempre devoto da legitimi

São de seu Relatório,

apresentado ao Marechal Deodoro da

Fonseca em janeiro de 1891, as seguin

da alta administração do País, "^^1' sob os Governos de posição pr^cana.

lio de Sousa, no Relatório de 1887, em

impõe resoluções ou providências ÜUf

ultrapassam o âmbito roH«eiro.^ Estava^

tuação financeira do Im

portanto, sôbre os ombros de

já e.xistcnte, chegando a di

bora otimista quanto à si pério, refere-se ao déficit

.

do campo rigorosamente político, a parte da responsabilidade administrahva do Govêrno Provisório cia Republi

tes palavras: "Os Governos revolucio nários não são, não podem ser Gover

nos econômicos. Entre as in.<ititmções que desabam e as instituições que se planejam, semeado de ruínas e esperan ças, de ameaças e relvUidicações, fran

ca. O Ministro da Fazenda, nesse pe

queia campo vasto e indefinido à hi-

coisa pública. Tenha-se em conta que .se tratava de um Govêmo tipicmueiile revolucionário, mas revolucionário na forma e na essência do regime, as^im como na filosofia política em que sc inspirou a ideologia republicana, simples deposição de um Gabinete ou a súbita queda de um Govêrno, sem mu dar o regime, sem modificar a organiza ção político-econômica do pais, ua''

(

ta de forças contraditórias, contra as

i

poderia, ainda que com qualidades he

.

reta, segura e persistente."

!

de caráter definitivo, não saiu dessa

Não tendo

levado para o Govêmo um programa

compreensão da verdadeira natureza dos Governos prosasórlos, apesar da ve-

cm

alarmante

desacôrdü

com as previsões orçamen

tárias. Por outras palavras: gastava-se mais do que

ser um titular inativo, retraído e sc

aquilo que se fixava nos orçamentos.

adstrito ao papel de mero guardiuo

róicas, traçar aos seus atos orientação

zer que os gastos estavam

ríodo agitado e caótico, jamais poderia '

quais uma ccmissão revoluciotuÍTia não

rio, Rui fazia sentir que "o desequilí

pois, aos primeiros dirigentes d-'

tar o brasão de "republicano históri

Hr

Logo na introdução de seu Relató

no bem intencionado, ainda

econômica ou industrial de um ano pa

99

aa

Vivia-se, portanto, no regime de acen tuado desequilíbrio.

Rui, corho se vè,

uão exagerou o quadro das condições

financeiras do País. Em maio de 89, pouco antes de assumir o Govêrno o

Ministério chefiado pelo Visconde de

Ouro Preto, a bem dizer já nas proxi

pedia o titular das Finanças de, como

gime novo, idéias novas, programas no

"outros ministros, chamar a atenção do

vos. Pelo menos era assim que se pen

Govêmo para o déficit, cuja diminuição

se lhe afigurava , possível, pelo que se deduz destas palavras:,"apesar das gran-

J

exercício

se

encerrou

u

monarquia.

Quando apresentou üO Parlamento, CO" mo era de praxe, o novo Ministério, Ou

ro Prêto incluiu entre as

providências mais objetivas de seu programa precisa mente o "equilíbrio da re

ceita com a despesa, pelo menos a ordinária", o que vem confirmar, segundo a frase de Rui, a existência

da

"enfermidade

nacional": o déficit.

crônica

Uma das cogita

ções de Ouro Prêto era, indiscutivel

mente, equilibrar a vida financeira do País. Não faltavam, por todos os títu

los, ao grande ministro da monarquia, as qualidades primadais do homem pú blico de visão e energia, tanto que, no ciclo final do Império, foi o primeiro a naturalmente com o fito de sustentar o

sível, em face da pressão dos aconteci

favorável", o que, entretanto, não im

Lj..'

Em junho de 89 tomou a direção do poder o Gabinete Ouro Prêto, em cujo

Trono, o que, no entanto, já era Impos

re

.

monarquia.

das finanças era "de dia para dia mais

se compara com a transformação gera!,

wOr

líbrio financeiro constituía preocupação inadiável dos últimos Gabinetes da

compreender e tentar executar reformas

como no caso do Brasil em 89:

.

Não cabendo aqui discutir o que pro

punha João Alfredo pára reduzir o- dé ficit, o que se verifica é que o desequi

impostas pela evoHição social e política,

^ '• - emente campanha que se levantou no

cana.

consideravelmente reduzido aom as so

bras, que se realizarem, e com o saldo que deve passar do exercício anterior*.

midades do desmoronamento das ins

nistio da Fazenda, dizia que o estado

sava com o advento da forma repub i-

tros serviços, terá, como se calcula, um "déficit^', que poderá desaparecer ou ser

tituições monárquicas, João Alfredo, Mi-

'

País em conseqüência do chamado encilhamento, cujas causas vamos estudar. De um Govêrno pro\'isório, é claro, não se podé esperar senão aquilo que exige solução imediata, aquilo, enfim, que nSo

des despesas autorizadas em benefício da colonização, estradas de ferro e ou

mentos. Mas Ouro Prêto, sem a menor

dúvida, tinha pulso de estadista. Provara-o suficientemente através de sua

brilhante carreira política e, em circuns

tâncias gravíssimas, na direção da pasta


I5lGt-ST(í. Econ'ómic<>

pode deixar de ser fei|„. Não 1'»

deriam fazer do Brasil utna potência

provisono

ra outro. Rui não padeceu dessa pe

rigosa ilusão. Federalista de velhos tempos, não tendo a ufania de osten

que não tenha

brio entre a receita e a desj^esa é a en

julgamento da Histónu". ^'«'2

fermidade crônica dc nossa existência

bica no auge da exaltação P"'Sio.

da, antes da República, já haviam de

nacional".

base durável dos Governos irais, todos êlos, naturalmente, «P^f

co'', temperamento infenso à mística dos rótulos, para êle a.salvação nacional es

divergências ideológicas, erani una» cm reconhecer a grande responsab"™'

tava menos na fachada de um regime

do que nã prática do princípios insubsti

que assumiriam perante a Hislóna se 'l ■

tuíveis. Rui, sobretudo, era homem de

Outros Ministros da Fazen

nunciado tal situação. Os anteceden tes de nossa \ ída financeira demonstiam que as emissões não nasceram com a

gestão de Rui na pasta da Fazenda, embora sôbre ele recaiam as mais for

princípios, o que está bem nítido em to

sessem lançar empreendimentos sojnosos.

da a sua campanha pela descentraliza ção administrativa, pela moralidade po lítica, pelo aprovcilamcnlo dus capaci

mente quando tóii, origem

tòrmo empregado na época para signifi car o montante de negócios na praça. O

ria. não podem ser, cm lôcla P ^

déficit fazia parte do acôrvo da mo

Governos realizadores. Mas a

narquia, Provam-no, por exemplo, os

Fazenda, que é o centro de

últimos Relatórios da Fazenda. Belisá-

dades.

Ninguém melhor do que ôle.

dade governamental, compreendeu, na-

quele momento histórico, as limitações

naturais a que estão sujeitos os Gover nos transitórios.

tes criticas à política de encilhamento,

Os Governos transitórios.

portanto, sempre devoto da legitimi

São de seu Relatório,

apresentado ao Marechal Deodoro da

Fonseca em janeiro de 1891, as seguin

da alta administração do País, "^^1' sob os Governos de posição pr^cana.

lio de Sousa, no Relatório de 1887, em

impõe resoluções ou providências ÜUf

ultrapassam o âmbito roH«eiro.^ Estava^

tuação financeira do Im

portanto, sôbre os ombros de

já e.xistcnte, chegando a di

bora otimista quanto à si pério, refere-se ao déficit

.

do campo rigorosamente político, a parte da responsabilidade administrahva do Govêrno Provisório cia Republi

tes palavras: "Os Governos revolucio nários não são, não podem ser Gover

nos econômicos. Entre as in.<ititmções que desabam e as instituições que se planejam, semeado de ruínas e esperan ças, de ameaças e relvUidicações, fran

ca. O Ministro da Fazenda, nesse pe

queia campo vasto e indefinido à hi-

coisa pública. Tenha-se em conta que .se tratava de um Govêmo tipicmueiile revolucionário, mas revolucionário na forma e na essência do regime, as^im como na filosofia política em que sc inspirou a ideologia republicana, simples deposição de um Gabinete ou a súbita queda de um Govêrno, sem mu dar o regime, sem modificar a organiza ção político-econômica do pais, ua''

(

ta de forças contraditórias, contra as

i

poderia, ainda que com qualidades he

.

reta, segura e persistente."

!

de caráter definitivo, não saiu dessa

Não tendo

levado para o Govêmo um programa

compreensão da verdadeira natureza dos Governos prosasórlos, apesar da ve-

cm

alarmante

desacôrdü

com as previsões orçamen

tárias. Por outras palavras: gastava-se mais do que

ser um titular inativo, retraído e sc

aquilo que se fixava nos orçamentos.

adstrito ao papel de mero guardiuo

róicas, traçar aos seus atos orientação

zer que os gastos estavam

ríodo agitado e caótico, jamais poderia '

quais uma ccmissão revoluciotuÍTia não

rio, Rui fazia sentir que "o desequilí

pois, aos primeiros dirigentes d-'

tar o brasão de "republicano históri

Hr

Logo na introdução de seu Relató

no bem intencionado, ainda

econômica ou industrial de um ano pa

99

aa

Vivia-se, portanto, no regime de acen tuado desequilíbrio.

Rui, corho se vè,

uão exagerou o quadro das condições

financeiras do País. Em maio de 89, pouco antes de assumir o Govêrno o

Ministério chefiado pelo Visconde de

Ouro Preto, a bem dizer já nas proxi

pedia o titular das Finanças de, como

gime novo, idéias novas, programas no

"outros ministros, chamar a atenção do

vos. Pelo menos era assim que se pen

Govêmo para o déficit, cuja diminuição

se lhe afigurava , possível, pelo que se deduz destas palavras:,"apesar das gran-

J

exercício

se

encerrou

u

monarquia.

Quando apresentou üO Parlamento, CO" mo era de praxe, o novo Ministério, Ou

ro Prêto incluiu entre as

providências mais objetivas de seu programa precisa mente o "equilíbrio da re

ceita com a despesa, pelo menos a ordinária", o que vem confirmar, segundo a frase de Rui, a existência

da

"enfermidade

nacional": o déficit.

crônica

Uma das cogita

ções de Ouro Prêto era, indiscutivel

mente, equilibrar a vida financeira do País. Não faltavam, por todos os títu

los, ao grande ministro da monarquia, as qualidades primadais do homem pú blico de visão e energia, tanto que, no ciclo final do Império, foi o primeiro a naturalmente com o fito de sustentar o

sível, em face da pressão dos aconteci

favorável", o que, entretanto, não im

Lj..'

Em junho de 89 tomou a direção do poder o Gabinete Ouro Prêto, em cujo

Trono, o que, no entanto, já era Impos

re

.

monarquia.

das finanças era "de dia para dia mais

se compara com a transformação gera!,

wOr

líbrio financeiro constituía preocupação inadiável dos últimos Gabinetes da

compreender e tentar executar reformas

como no caso do Brasil em 89:

.

Não cabendo aqui discutir o que pro

punha João Alfredo pára reduzir o- dé ficit, o que se verifica é que o desequi

impostas pela evoHição social e política,

^ '• - emente campanha que se levantou no

cana.

consideravelmente reduzido aom as so

bras, que se realizarem, e com o saldo que deve passar do exercício anterior*.

midades do desmoronamento das ins

nistio da Fazenda, dizia que o estado

sava com o advento da forma repub i-

tros serviços, terá, como se calcula, um "déficit^', que poderá desaparecer ou ser

tituições monárquicas, João Alfredo, Mi-

'

País em conseqüência do chamado encilhamento, cujas causas vamos estudar. De um Govêrno pro\'isório, é claro, não se podé esperar senão aquilo que exige solução imediata, aquilo, enfim, que nSo

des despesas autorizadas em benefício da colonização, estradas de ferro e ou

mentos. Mas Ouro Prêto, sem a menor

dúvida, tinha pulso de estadista. Provara-o suficientemente através de sua

brilhante carreira política e, em circuns

tâncias gravíssimas, na direção da pasta


ÜICIiSTO EC ONOMKj,

100

Digesto Econômico 101

da Marinha, enfrentado uma das fases

Pereira tiuc a adnnnistração de Rni fj.

agudas da guerra do Paraguai.^ Mas

.xou a emissão cm 4.50 mil contos, quan

do Calógeras: "uma enchente de socicdades mais ou menos insubsistentes havia

Constant, que era engenheiro; Iodos es

a política financeira de Ouro Preto en

do a lei imperial de 24 de janeiro de

invadido p mercado".

1888 a\'aliara a emis.são cm 600 mi)

tremo recurso da emissão, tais eram,

cíUitos. Evidentemente, o fenômeno eco-

nòmico-social produzido pela extinção

monarquia, impostas, não há dúvida, pe las condições cm que ficam a \ida eco nômica nacional após a extinção da es

a forma de govêrno. ver o Brasil entrar

veredou, muito antes de Rui, para o ex

da e.scra\atiira justifica, à luz de lodo o

cravatura, transmitiram ao primeiro Go

já no Império, as difíceis condições eco nômicas do País, em conseqüência da Abolição. A extinção da escravatura,

sem preparo interno da vida nacional, desorganizara o nosso velho sistema eco

bom-scnso, a.s providcncia.s tomadas pe lo Visconde de Ouro Prêto, todas elas

nômico, todo êle fundado sôbre a eco

bem intencionadas c dc larga visão politica. Mas o que fica provado c que a

nomia rural.

omissão, a tendência inflacionista, ^■inha

A administração Ouro

da monarquia, tanto mais que muitos

tência não solicitada, que êle sc viu for

fazendeiros, desiludidos com a perda

çado a tolerar."

norte-americana, da liberdade religiosa

E.studando. muitos anos depois, as cau.sas da inflação, Pandiá Calógeias, un»

Mus as conseqüências econô

micas da abolição do cativeiro levaram o Govôrno Imperial a abrir facilidades

de crédito para reparar os prejuízos da lavoura, desfalcada do braço cativo. A

política do encHhaimnto, cuja responsa bilidade exclusiva sc atribui a Rui Bar

bosa, nascera no Império, determinada

pela desorientação da lavoura, logo após a Abolição.

A Exposição Financeira de.Rui é de

1890. Nesse documento, que é um dos primeiros da República, dizia êle: "A praça atravessa, neste momento, uma

crise". Antes do encühamento^ que foi o ponto de convergência de todos os

ataques à gestão financeira de Rui, a praça já se achava nesta situação: "Aiações de bancos e companhias de todo gênero — dizia o primeiro Ministro da Fazenda na República — ascendiam ao

triplo, ao quádruplo e ao quíntupJo de sua importância real."

Logo, não foi

do braço calí\'o, já estavam aderindo à cau.sa republicana, forçara o Govêmo Imperial a fazer concessões em grande escala. Qual o fim de tais concessões financeiras? Respondo Calógeras, que foi também

Minísrio da Fazenda: 'Pa

ra auxiliar os antigos donos de escravos,

arruinados pela libertação, e para evitar queixas, concederam facilidades hancácúrias."

Pretendia o Governo Imperial,

por esse meio, além de cuidar do lado propriamente econômico, atender ao la do político da questão, evitando o au mento da.s fileiras republicanas, \'isto a Abolição haver causado muito descon tentamento na classe do.s agricultores, que constituía, como se sabe, a nossa aristocracia econômica. A política eniis-

Rui quem inaugurou as -facilidades de crédito, quem facilitou o desenvolvi

sionista do Império te\'e conseqüências

mento da inflação republicana.

não podia deixar de acontecer, deu gens a verdadeira onda de negócios, permitindo a formação de muitas so ciedades, entre as quais algumas não passavam de aventuras. A oh.servaçáo e

A si

tuação tinha origens remotas. Não sen

do possível a emissão sôbre lastro ouro, não houve outro meío senão o de apó

lices do Tesouro,

Argumenta Batista

Unidos na sxta riqueza e prestigio in

dustrial." Engenheiro não era, no Go vêmo Pro\isório de 1889, apenas Ben jamim Constant, mas também Demétrio Ribeiro, titular da Agricultura. Rui não

dos homens mais competentes do Bra sil, mostrou que o auxílio á lavoura, não podendo ser prolc'ado nos últimos anos

do Império, não c fruto da República.

teórico.

portanto, um efeito ine\itável de cau.sii.s

em ffimí»/io novo de progresso, que

breve o levaria ao nível dos Estados

era um fanáHco das formas do govêrno porquanto lhe era pecuMar a preocupa ção da e.s.scneia. Siía inclinação para os Estados Unidos, dc onde tirou o modèlo de nossa organização constitucional nao decorreu do entusiasmo que dè

damente na gestão de Rui, na pasta Ouro Prêto não era um

verno republicano uma herança finan ceira bem grave. O encilhamcnto foi.

peraram, pelo simples fato de se mudar

acumuladas. Fazendo ponderada críti ca do plano financeiro dc Rui, é ainda Calógeras quem diz: "Rui Barbosa não pode justamente ser acusado dos resul tados obtidos, pois tudo era anormal cm tonio de si, e êle não possuúi os meios de agir segutulo as inspirações de suas própruis idéias, nessa preamar de assis

Preto refletiu muito na República, notada Fazenda.

As emissões da

desfavoráveis, sobretudo porque, como

Todos os males de nossa desorganiza

ção financeira no primeiro período re

publicano têm sido aferidos pela plura lidade bancária, visto se terem mul tiplicado os bancos no País. Mas a ad ministração de Rui foi, sobretudo, "de-

sajudada pela balança comercial", como diz Pires do Rio, de quem o primeiro titular da Fazenda na República rece be acusações muito francas. Em livro relativamente recente, Pires do Rio ex pande os seguintes conceitos: "São desctãpáveLs as ilusões dos homens do Go verno ProvLsório, alvoroçados com « pui-

aU; arrebatou figuras de res^xn^sab.hdade no movimento republicano

mas do grande exemplo da Federação

da autonomia estadual, do processo pol^ tico vigente naquele país. Uma das nm vas mais evidentes de que Rui não^al"

mentou o fet,dus.no das aparèncias é

a sua própria descrença na ' i de transitória das inflações Fl ^ insistiu e,n mostrar, na

nancetra, que o no.sso mal, em m,.'

de abnso de crédito, vem de muit,', k™

ge, na.-) podendo, portanto, um nrnUl

de tal ordem, que se víÍk-X^

à educação do povo, ser rcrobül rvso\ir

diealmente, no decurso de dc um P A reforma da política

dança do regime político num país du Novo Mundo, onde o nuiravilhoso pro

com a intenção de ajustar o no--

gresso industrial dos Estados Unido.s atribuía-se à forma republicana." Con

do País, foi iniciada n,) i'

tinua o ilustre autor de "A Moeda Bra sileira", ex-Ministro da Viação o da Fa

nisino enii.ssor à realidade

1888, ainda na gestão Joào^^vu"'

a lei que autoriza a emis.sã

zenda: "Essa ilusão animava quase io dos os discursos e manifesto.s' político^ dos primeiros dias da República, Não

o introdutor da novidad(,

souberam evitá-la homens como Rui Rai-

ias ao portador c à

ho.vi, Bocanwa e o próprio Benjamim

,

tcs ao portador. Não foi p" ..

ê

'

económico-financeiro do P,-"", art. 1." dessa lei: "Podenão nweda- corrente do Im'>u;

"

" em

procedcn-


ÜICIiSTO EC ONOMKj,

100

Digesto Econômico 101

da Marinha, enfrentado uma das fases

Pereira tiuc a adnnnistração de Rni fj.

agudas da guerra do Paraguai.^ Mas

.xou a emissão cm 4.50 mil contos, quan

do Calógeras: "uma enchente de socicdades mais ou menos insubsistentes havia

Constant, que era engenheiro; Iodos es

a política financeira de Ouro Preto en

do a lei imperial de 24 de janeiro de

invadido p mercado".

1888 a\'aliara a emis.são cm 600 mi)

tremo recurso da emissão, tais eram,

cíUitos. Evidentemente, o fenômeno eco-

nòmico-social produzido pela extinção

monarquia, impostas, não há dúvida, pe las condições cm que ficam a \ida eco nômica nacional após a extinção da es

a forma de govêrno. ver o Brasil entrar

veredou, muito antes de Rui, para o ex

da e.scra\atiira justifica, à luz de lodo o

cravatura, transmitiram ao primeiro Go

já no Império, as difíceis condições eco nômicas do País, em conseqüência da Abolição. A extinção da escravatura,

sem preparo interno da vida nacional, desorganizara o nosso velho sistema eco

bom-scnso, a.s providcncia.s tomadas pe lo Visconde de Ouro Prêto, todas elas

nômico, todo êle fundado sôbre a eco

bem intencionadas c dc larga visão politica. Mas o que fica provado c que a

nomia rural.

omissão, a tendência inflacionista, ^■inha

A administração Ouro

da monarquia, tanto mais que muitos

tência não solicitada, que êle sc viu for

fazendeiros, desiludidos com a perda

çado a tolerar."

norte-americana, da liberdade religiosa

E.studando. muitos anos depois, as cau.sas da inflação, Pandiá Calógeias, un»

Mus as conseqüências econô

micas da abolição do cativeiro levaram o Govôrno Imperial a abrir facilidades

de crédito para reparar os prejuízos da lavoura, desfalcada do braço cativo. A

política do encHhaimnto, cuja responsa bilidade exclusiva sc atribui a Rui Bar

bosa, nascera no Império, determinada

pela desorientação da lavoura, logo após a Abolição.

A Exposição Financeira de.Rui é de

1890. Nesse documento, que é um dos primeiros da República, dizia êle: "A praça atravessa, neste momento, uma

crise". Antes do encühamento^ que foi o ponto de convergência de todos os

ataques à gestão financeira de Rui, a praça já se achava nesta situação: "Aiações de bancos e companhias de todo gênero — dizia o primeiro Ministro da Fazenda na República — ascendiam ao

triplo, ao quádruplo e ao quíntupJo de sua importância real."

Logo, não foi

do braço calí\'o, já estavam aderindo à cau.sa republicana, forçara o Govêmo Imperial a fazer concessões em grande escala. Qual o fim de tais concessões financeiras? Respondo Calógeras, que foi também

Minísrio da Fazenda: 'Pa

ra auxiliar os antigos donos de escravos,

arruinados pela libertação, e para evitar queixas, concederam facilidades hancácúrias."

Pretendia o Governo Imperial,

por esse meio, além de cuidar do lado propriamente econômico, atender ao la do político da questão, evitando o au mento da.s fileiras republicanas, \'isto a Abolição haver causado muito descon tentamento na classe do.s agricultores, que constituía, como se sabe, a nossa aristocracia econômica. A política eniis-

Rui quem inaugurou as -facilidades de crédito, quem facilitou o desenvolvi

sionista do Império te\'e conseqüências

mento da inflação republicana.

não podia deixar de acontecer, deu gens a verdadeira onda de negócios, permitindo a formação de muitas so ciedades, entre as quais algumas não passavam de aventuras. A oh.servaçáo e

A si

tuação tinha origens remotas. Não sen

do possível a emissão sôbre lastro ouro, não houve outro meío senão o de apó

lices do Tesouro,

Argumenta Batista

Unidos na sxta riqueza e prestigio in

dustrial." Engenheiro não era, no Go vêmo Pro\isório de 1889, apenas Ben jamim Constant, mas também Demétrio Ribeiro, titular da Agricultura. Rui não

dos homens mais competentes do Bra sil, mostrou que o auxílio á lavoura, não podendo ser prolc'ado nos últimos anos

do Império, não c fruto da República.

teórico.

portanto, um efeito ine\itável de cau.sii.s

em ffimí»/io novo de progresso, que

breve o levaria ao nível dos Estados

era um fanáHco das formas do govêrno porquanto lhe era pecuMar a preocupa ção da e.s.scneia. Siía inclinação para os Estados Unidos, dc onde tirou o modèlo de nossa organização constitucional nao decorreu do entusiasmo que dè

damente na gestão de Rui, na pasta Ouro Prêto não era um

verno republicano uma herança finan ceira bem grave. O encilhamcnto foi.

peraram, pelo simples fato de se mudar

acumuladas. Fazendo ponderada críti ca do plano financeiro dc Rui, é ainda Calógeras quem diz: "Rui Barbosa não pode justamente ser acusado dos resul tados obtidos, pois tudo era anormal cm tonio de si, e êle não possuúi os meios de agir segutulo as inspirações de suas própruis idéias, nessa preamar de assis

Preto refletiu muito na República, notada Fazenda.

As emissões da

desfavoráveis, sobretudo porque, como

Todos os males de nossa desorganiza

ção financeira no primeiro período re

publicano têm sido aferidos pela plura lidade bancária, visto se terem mul tiplicado os bancos no País. Mas a ad ministração de Rui foi, sobretudo, "de-

sajudada pela balança comercial", como diz Pires do Rio, de quem o primeiro titular da Fazenda na República rece be acusações muito francas. Em livro relativamente recente, Pires do Rio ex pande os seguintes conceitos: "São desctãpáveLs as ilusões dos homens do Go verno ProvLsório, alvoroçados com « pui-

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a sua própria descrença na ' i de transitória das inflações Fl ^ insistiu e,n mostrar, na

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de tal ordem, que se víÍk-X^

à educação do povo, ser rcrobül rvso\ir

diealmente, no decurso de dc um P A reforma da política

dança do regime político num país du Novo Mundo, onde o nuiravilhoso pro

com a intenção de ajustar o no--

gresso industrial dos Estados Unido.s atribuía-se à forma republicana." Con

do País, foi iniciada n,) i'

tinua o ilustre autor de "A Moeda Bra sileira", ex-Ministro da Viação o da Fa

nisino enii.ssor à realidade

1888, ainda na gestão Joào^^vu"'

a lei que autoriza a emis.sã

zenda: "Essa ilusão animava quase io dos os discursos e manifesto.s' político^ dos primeiros dias da República, Não

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ias ao portador c à

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tcs ao portador. Não foi p" ..

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económico-financeiro do P,-"", art. 1." dessa lei: "Podenão nweda- corrente do Im'>u;

"

" em

procedcn-


t)icr-sj(j Eo

dose (lutoriziição do Poder Execulico, í/.v

companhiüs (inõnimos que sc propuse rem a fazer operações bancárias e que,

em garantia de pagamento dos inesnws bilhetes, depositarem mi Caixa da Amor tização o suficiente em apólices da dívida pública. . Começou daí, é claro que contra a intenção e a expecta tiva do Governo Imperial, a prolifera

ção de companhias e Bancos, por mais cauteloso que fôsse, como foi, -o espírito da lei de emissões, em cujo corpo (§ 1."

do art. 1°) se lê o seguinte: "a emis

são dos bilhetes só será permitida por soma igual à do valor nomirud das apóUces depositadas". Nem por isso deixou de haver negócios comprometedores na

em 5 de janeiro de 1889, veio o Decre to 10.144, regulando o Decreto de 24

de novembro de 88 (já citado) com dis posições especiais sôbre a lavoura. O

artigo 1.° (Dec. de 1889) e.stá redigi do da seguinte maneira: "O Govêrno

poderá autorizar a emissão de bilhetes ao portador e a vista, conversíveis em moeda corrente do Império, a compa nhias anônhnas bancárias que, garantindo-os com depósito de apólices da dí vida interna fundada, se constituam ou

dito agrícola. O Govêrno, nos últimos meses da mo

\êrno anterior, eonio decorrência lógi ca cios empréstimos e das transações que

narquia, procurou, por todos os meios possíveis, restabelecer a confiança uo seio dos lavradores, o que seria de boa política se já não estivesse n Trono com os seus dias contados. Pode-sc calcular

a preocupação de Ouro Preto c^m a agricultura pelas instruções por è c ci.\co depois de haver assumido a chefia do Gabinete Ministeri;il. baixava instruções

especiais no sentido de serem fiscali zados rigorosamente os contratos firma dos entre os Bancos c os agricultores.

Em seguida (11 de julho) Ouro Preto dirigia-se ao fiscal do Governo itinto ao Banco de Credito Real do Brasil, deter

minando: a) — para garantia de emprés timo aos agricultores, pode ser admitida a hipoléca, não só de propriedades nirais mas iambein de imóveis: b) —

quando o agricxdtor solicitar auxílio pe

cuniário, pode ser concedida a faculda

de de os garantir com bens de teiceiros. que se prestem a coadjuvá-Jo. Tudo in dica, à luz de tais ordens, que a política

pública se tem feito descer toda a resnovo regime não pode deixar de ter li

se desenvolveram no comércio.

Se, de lato, Rui advogou a plurali dade emissora, bateu-se contra a.s- emis sões sem lastro. Rui defendeu o siste

ma de emissões sòbrc apólices cio Tc•souro. Partidários dessa política foram

também, no Império, os cpie não con fiaram no lastro metálico, já então con•siclcrado um meio impraticável pelo Con selheiro. Lafayete e pelo próprio Ouro Preto. Logo, nao foi Rui, nesse parti

cular, um inovador irrequieto, impeli do pela agitação revolucionária da épo

ca.

Rui deixou a" pasta da Fazenda

em 20 de janôiro de 1891. Não tardaria julgamento de sua gestão financeira.

Felisbelo Freire (citado por João Man-

gabeíru em Rui o estadista da Repúbli

ca), adversário de Rui, chegou a dizer, cia tribuna da Gamara, que "o maior cri me da história republicana, maior mes mo do que o da e.squadra que se levan ta contra o supremo depositário da au

toridade; o maior crime foi o ato revo gando o impôsto de importação cm ouro.

reorganizem nos termos da lei 3.150

bancária do Gabinete Ouro Prêto, por

decretado pelo sr. Rui Barbosa". A opi

de 4 de novembro de 1882..."

meio de crédito agrícola, pretendia re erguer a las-oiira c reconciliar os agri cultores com a monarquia. IndisciiH-

tro da Fazenda no Govêrno Floriano Pei

No

mesmo artigo são fixadas as importâncias das enijssões, de acordo com a situação

panhias que se estabelecessem nas Pro

velniente, Ouro Prêto era homem de \i.são política. Mas o que está paten te é que as emissões serviram de base.

víncias de Pernambuco, Bahia, Bio de

])ür falta de outro recurso, ao programa

janeiro, Minas, São Paulo, Hio Chande

do último Gabinete imperial. Não f"-

das Províncias: até 8.000;000$000 (Cr$

8.000.000,00 nioeda atual) para as com

K.-'

gação com a política emissionista do Go-

das aos "fiscais de auxílios a lavoura .

teresse da reforma, rpie logo depois,

o primeiro Ministro da Fazi-nda na Re

motivo especial: a necessidade do cre

Em 6 de julho de 89, por exemplo, pou

ção da lavoura. Tanto era èste o in

rani, eoiiiq se vê. inaiigurada.s pela ad ministração de Rui na direção dos ne gócios da Fazenda. Entretanto, sobre

ponsabibdade pelas conseqüências da inllaçao, cpiando o fenômeno financeiro do

ríodos de grandes emissões.

E.stá fora

'm

víncias do Amazonas, Piauí. Rio Gran de do Norte. Paraíba, A'agoa.s, Sergipe. Goiás e Mato Grosso. E\-idcntenicnle. as emissões bancárias nasceram de

praça, o que, aliás, é inevítá\'el nos pe de dúvida que o objetivo do Governo, aò lançar mão das emissões, era a prote

1:>

do Sul; 6.UUÜ:ÜÜÜ$UU0 paru o Maranháu. Pará Ceará, Espírito Santo, Paraná, Sla. Catarina; 2.000:000$00{> para as Pro

DíoisSif) Er:(>.\'(').Nnf:o

1..'..A

nião de Fc;'i.sbelo Freire, que foi Minis xoto, é absolutamente insuspeita, Não foram as emissões do Govêrno Provisó

rio de 89 a causa de nossa desorgani zação econômica. O Govêrno Floriano, premido pelas imposições da vida inter

V í ^1/,.

na do PaÍB, gravemcMile perturbada, fêz enüsscjes muito mais elásticas do eme a.s

do Governo inicial da República. As sim. pois. o que se poderia chamar o cic.o emi.ssionista do Brasil republicano tem causas muito comiilexas, vinculadas

ao próprio sistema econômico do Impé rio. Quando Ouro Prêto assumiu a cliefia

do Governo e, ao mesmo tempo, a dire ção da pasta da Fazenda, compreendeu bem u necessidade, aliás urgente, de mudar o rumo de nossa vida econômica,

dando-lhe orientação nova para cjue, re

parados os prejuízos causados pela extin ção do^ regime servi], o País ficasse em condições de sair da rotina poiítico-admini.stratíva em que se achava. Havia

necessidade, porém, dc ba.so econômica, uma vez que, em conseqüência da Lei

Áurea, toda a velha organização rural,

baseada no trabalho do escravo, ficara desajustada. A Nação es-perava. sem dúMcla alguma, grandes reformas com o ad vento do Mini.stério de 89. Três dias

depois da posse do Ministério de 7 de

junho de 1889, o Jornal do Comércio, traduzindo a expectativa nacional, dizia o seguinte: "Cí>7?i a organização do Qahinete de 7 de junho, operon-.se notável mudança na direção política do País.

Considerando atentamente a situação d< nosso país, ouvindo vozes autorizadas e interêsses legíHmo.s, não vemos, ao lado

da descentralização administrativa, ques

tão mais grave, tanto pw sva im!)orfâncUi conu> por sua urgência, do que o problema econômico, que apresenta di versas faces pelas quais deve ser enca

rado. A grande indústria nacional a agnciãtum ressente-se profundamente do violento abalo que sofreu a 1.3 de maio, data certamente gloriosa, mas que marca, também, o comêço de uma re

volução econômica." Não tínhamos, na realidade, que pudesse, no século pa.ssu-


t)icr-sj(j Eo

dose (lutoriziição do Poder Execulico, í/.v

companhiüs (inõnimos que sc propuse rem a fazer operações bancárias e que,

em garantia de pagamento dos inesnws bilhetes, depositarem mi Caixa da Amor tização o suficiente em apólices da dívida pública. . Começou daí, é claro que contra a intenção e a expecta tiva do Governo Imperial, a prolifera

ção de companhias e Bancos, por mais cauteloso que fôsse, como foi, -o espírito da lei de emissões, em cujo corpo (§ 1."

do art. 1°) se lê o seguinte: "a emis

são dos bilhetes só será permitida por soma igual à do valor nomirud das apóUces depositadas". Nem por isso deixou de haver negócios comprometedores na

em 5 de janeiro de 1889, veio o Decre to 10.144, regulando o Decreto de 24

de novembro de 88 (já citado) com dis posições especiais sôbre a lavoura. O

artigo 1.° (Dec. de 1889) e.stá redigi do da seguinte maneira: "O Govêrno

poderá autorizar a emissão de bilhetes ao portador e a vista, conversíveis em moeda corrente do Império, a compa nhias anônhnas bancárias que, garantindo-os com depósito de apólices da dí vida interna fundada, se constituam ou

dito agrícola. O Govêrno, nos últimos meses da mo

\êrno anterior, eonio decorrência lógi ca cios empréstimos e das transações que

narquia, procurou, por todos os meios possíveis, restabelecer a confiança uo seio dos lavradores, o que seria de boa política se já não estivesse n Trono com os seus dias contados. Pode-sc calcular

a preocupação de Ouro Preto c^m a agricultura pelas instruções por è c ci.\co depois de haver assumido a chefia do Gabinete Ministeri;il. baixava instruções

especiais no sentido de serem fiscali zados rigorosamente os contratos firma dos entre os Bancos c os agricultores.

Em seguida (11 de julho) Ouro Preto dirigia-se ao fiscal do Governo itinto ao Banco de Credito Real do Brasil, deter

minando: a) — para garantia de emprés timo aos agricultores, pode ser admitida a hipoléca, não só de propriedades nirais mas iambein de imóveis: b) —

quando o agricxdtor solicitar auxílio pe

cuniário, pode ser concedida a faculda

de de os garantir com bens de teiceiros. que se prestem a coadjuvá-Jo. Tudo in dica, à luz de tais ordens, que a política

pública se tem feito descer toda a resnovo regime não pode deixar de ter li

se desenvolveram no comércio.

Se, de lato, Rui advogou a plurali dade emissora, bateu-se contra a.s- emis sões sem lastro. Rui defendeu o siste

ma de emissões sòbrc apólices cio Tc•souro. Partidários dessa política foram

também, no Império, os cpie não con fiaram no lastro metálico, já então con•siclcrado um meio impraticável pelo Con selheiro. Lafayete e pelo próprio Ouro Preto. Logo, nao foi Rui, nesse parti

cular, um inovador irrequieto, impeli do pela agitação revolucionária da épo

ca.

Rui deixou a" pasta da Fazenda

em 20 de janôiro de 1891. Não tardaria julgamento de sua gestão financeira.

Felisbelo Freire (citado por João Man-

gabeíru em Rui o estadista da Repúbli

ca), adversário de Rui, chegou a dizer, cia tribuna da Gamara, que "o maior cri me da história republicana, maior mes mo do que o da e.squadra que se levan ta contra o supremo depositário da au

toridade; o maior crime foi o ato revo gando o impôsto de importação cm ouro.

reorganizem nos termos da lei 3.150

bancária do Gabinete Ouro Prêto, por

decretado pelo sr. Rui Barbosa". A opi

de 4 de novembro de 1882..."

meio de crédito agrícola, pretendia re erguer a las-oiira c reconciliar os agri cultores com a monarquia. IndisciiH-

tro da Fazenda no Govêrno Floriano Pei

No

mesmo artigo são fixadas as importâncias das enijssões, de acordo com a situação

panhias que se estabelecessem nas Pro

velniente, Ouro Prêto era homem de \i.são política. Mas o que está paten te é que as emissões serviram de base.

víncias de Pernambuco, Bahia, Bio de

])ür falta de outro recurso, ao programa

janeiro, Minas, São Paulo, Hio Chande

do último Gabinete imperial. Não f"-

das Províncias: até 8.000;000$000 (Cr$

8.000.000,00 nioeda atual) para as com

K.-'

gação com a política emissionista do Go-

das aos "fiscais de auxílios a lavoura .

teresse da reforma, rpie logo depois,

o primeiro Ministro da Fazi-nda na Re

motivo especial: a necessidade do cre

Em 6 de julho de 89, por exemplo, pou

ção da lavoura. Tanto era èste o in

rani, eoiiiq se vê. inaiigurada.s pela ad ministração de Rui na direção dos ne gócios da Fazenda. Entretanto, sobre

ponsabibdade pelas conseqüências da inllaçao, cpiando o fenômeno financeiro do

ríodos de grandes emissões.

E.stá fora

'm

víncias do Amazonas, Piauí. Rio Gran de do Norte. Paraíba, A'agoa.s, Sergipe. Goiás e Mato Grosso. E\-idcntenicnle. as emissões bancárias nasceram de

praça, o que, aliás, é inevítá\'el nos pe de dúvida que o objetivo do Governo, aò lançar mão das emissões, era a prote

1:>

do Sul; 6.UUÜ:ÜÜÜ$UU0 paru o Maranháu. Pará Ceará, Espírito Santo, Paraná, Sla. Catarina; 2.000:000$00{> para as Pro

DíoisSif) Er:(>.\'(').Nnf:o

1..'..A

nião de Fc;'i.sbelo Freire, que foi Minis xoto, é absolutamente insuspeita, Não foram as emissões do Govêrno Provisó

rio de 89 a causa de nossa desorgani zação econômica. O Govêrno Floriano, premido pelas imposições da vida inter

V í ^1/,.

na do PaÍB, gravemcMile perturbada, fêz enüsscjes muito mais elásticas do eme a.s

do Governo inicial da República. As sim. pois. o que se poderia chamar o cic.o emi.ssionista do Brasil republicano tem causas muito comiilexas, vinculadas

ao próprio sistema econômico do Impé rio. Quando Ouro Prêto assumiu a cliefia

do Governo e, ao mesmo tempo, a dire ção da pasta da Fazenda, compreendeu bem u necessidade, aliás urgente, de mudar o rumo de nossa vida econômica,

dando-lhe orientação nova para cjue, re

parados os prejuízos causados pela extin ção do^ regime servi], o País ficasse em condições de sair da rotina poiítico-admini.stratíva em que se achava. Havia

necessidade, porém, dc ba.so econômica, uma vez que, em conseqüência da Lei

Áurea, toda a velha organização rural,

baseada no trabalho do escravo, ficara desajustada. A Nação es-perava. sem dúMcla alguma, grandes reformas com o ad vento do Mini.stério de 89. Três dias

depois da posse do Ministério de 7 de

junho de 1889, o Jornal do Comércio, traduzindo a expectativa nacional, dizia o seguinte: "Cí>7?i a organização do Qahinete de 7 de junho, operon-.se notável mudança na direção política do País.

Considerando atentamente a situação d< nosso país, ouvindo vozes autorizadas e interêsses legíHmo.s, não vemos, ao lado

da descentralização administrativa, ques

tão mais grave, tanto pw sva im!)orfâncUi conu> por sua urgência, do que o problema econômico, que apresenta di versas faces pelas quais deve ser enca

rado. A grande indústria nacional a agnciãtum ressente-se profundamente do violento abalo que sofreu a 1.3 de maio, data certamente gloriosa, mas que marca, também, o comêço de uma re

volução econômica." Não tínhamos, na realidade, que pudesse, no século pa.ssu-


Diciísto Er.oi4 Dic;icsT(> Eco Nói> iico

104

cli\cr.st).s Governos, desde o Império,

do, merecer a designação de grande dústria nacional. Mas o que é verdade é que já se pensava na formação da

emergência, em momentos difíceis, uma

mentalidade industrial. Rui, no Rela tório de 91, não se descuidou do pro

e,slabilidado econômica para ri'SolvernOT- |

lhas instituições, aumentara a gravidade

malmente certas crises.

futulnmentos, procurava ponto de apoio

blema industrial.

De tudo quanto sc

tem colhido como elemento de crítica da

administração de Rui na gestão das fi nanças, o que fica evidente ante.s de quaisquer outros aspectos de sua administraçãp, assaz trabalJiosa, é que não foi êle o criador da política inflacio-

nista, visto que a situação geral do País já vinha, muito antes da República, caminhando para a solução emissionis-

ta por falta de meios adequados a solu ções normais. O regime deficitário, tal rios

da

vez que o Paí.s se ressente da falta df [ Foi o que se ,

deu na monarquia, mais de uma veA > como também se cícu na República, p

dei>ois do Govêrno Provisório. Veja SC, por exemplo, o Relatório de Joaqui'" Murtinbo, que foi Ministro da 1'azena

na fase da restauração fiiuuiceira. da Ro* pública, isto é, no quatriênio CampO' Sales,, de 1898-902.

Antes, porem,

cabe lembrar que Bernardiuo de Cnm pos, titular da Fazenda na administração anterior, embora sustentando franco ^ sacôrdo com a oriea-

oomo o apresentam

sucessivos

têm feito emissões como recurso de

tação de Rui, depois

relató

Fazenda.

Z'

longe de ser atri buído aos erros de

de dizer que a "do lorosa lição dos fa

que se revesaram no

tos" de 1864 não havia sido aprendi da na República, re conheceu o acerto de Rui quando ê.ste último tomou a ini ciativa de rescindir

Império, constituía

alguns contratos

problema permanen

oriundos da monar

um dos partidos en tão dominantes ou à

imprevidência

<^e

unr Gabinete Minis

terial, dos

r

muitos

te, cujas causas nasceram a bem dizer

quia. A lição de 64, a rpie se re ere

com a própria vida nacional. Um país

Bernardino de Campos, foi a chama febre de ações bancárias, íato

habituado ao desequilíbrio orçamentário, de economia unilateral como era a do

mais uma vez, prova a anteriorida i

século passado, está sujeito, periòdicamente, a descambar para o perigoso re curso das emissões, sempre que há cri-

das emissões na vida financeira do

se.s interna.s ou externas.

A emissão

ficits sucessivos de um exercício para

coincidirulo com a decadência das ve

outro. Nossa emancipação política tc-

da situação. O Trono, abalado cm setis MO sistema falaz de auxilio d lavoura,

que teriam gravado o Tesouro, impro dutivamente, com a enonne desjjesa de 86 mil contos de réis, se o Covérno Pro.

visórw da República, rescindindo algum contratos, não a Iwuvesse reduzido a

\e início em condições financeiras bem

desfa\orávei,s, porque não encontrou las tro. Tenha-se em \ista um fato de real

significação antes de ser assinada, em

25 de março de 1824, a primeira Cons tituição do Brasil, o Govêrno de Pedro

I, no começo daquele ano, já contraía um empréstimo, na praça dc Londres, do i 3.000.000, forçado, naturalmente,

47.250:000.$000". Foi, portanto, na ges-' feia falta de dinheiro no País. A Inde tão de Rui que se reduziu tal despesa. pendência consolidou-se com aperturas Em suma: Bernardino de Campos cen financeiras. Vem daí, na história de surou o plano dc auxílio à lavoura, or nossas finanças, a gênese do desequilí ganizado pelo Visconde de Ouro Prêto; brio com que lutaram notáveis homens ■ c-ombateu as emissões do primeiro Go públicos do 1.° Reinado, como Cairu, verno republicano; aprovou, finalmente,

a ação do Governo Provisório por ter evitado maior desastre econômico em

con.seqüêncía dos empréstimos destinados à lavoura.

As emissões que ocorreram na ad ministração de Rui são inferiores às de

Vasconcelos,

Martim Francisco.

N5o

foi menor a dificuldade dos que, através das alternativas de prosperidade e deca dência econômica, no 2.° Reinado, diri giram a coisa pública. O regime re publicano encontrou os remanescentes

da inflação. Mas não foi Rui o respon

é Joaquim Murtinho, no Relatório de

sável pelas maiores emissões vcrihcadas nos primeiros lustres da administra ção republicana. Desde que se compa

1901.

outras administrações republicanas. Quem o demonstra, c com tôda precisão, Começa o laborioso ministio da

re o meio circulante em 1889 com o

presidência Campos Sales dizendo que "a política financeira no Império, segui da infelizmente pelo República, foi a dos

de outros anos, reconhecendo-se os mo-

"déficUs" orçamentários, cobertos ora por empréstimos, ora por emissões de

compreender o papel de Rui na direção

ti\-os que determinaram o aumento da circulação monetária, não será difícil

das finanças. No Relatório já citado, Joaquim Murtinho apresenta o seguinte

papel-moeda". Procurando a origem das

E' interessante notar que apesar de manter opinião contrária á política '

emissões brasileiras, vai encontrá-la em

quadro das emissões em circulação no -

1809, quando o Banco do Brasil fêz a

Brasil:

Bernardino de Campos, um dos gran

prosperidade, a riqueza transitória, se não aparente e, sobretudo, porque, de pois da ilusão de grandeza, deixa con

des políticos da República, mostra qne Rui, quando Ministro da Fazenda, con seguiu diminuir despesas provenientes do último plano económico-financeiro

sa.strosas. Mas o que é verdade é que

ta de tranqüilidade interna, acu.sam dc-

Campos: "A tramjonmição do trabalho,

si], em relação i\ República.

(quem o negaria sensatamente?) é xim mal, especialmente porque traz a falsa

seqüências morais profundamente de-

palavras do Relatório de Bernardino de

105

nanceira do Govêrno PrON'isório de o •

da monarquia. E' o que se lê nestas

sua primeira emissão. Tendo sido inau

gurado com D. João VI, a nossa emis

são, em 1827, cinco anos após a Inde pendência, já era de jwuco mais de 21 mil contos de réis, ou, em moeda

atual, 21 milhões de cruzeiros. Os orça mentos nacionais, notadamente depois do 18.35 a 40, período dc con.stantc fal

1889 1890 1891 1892

192,800;000$000 207.800:000$000 513.000:000$000 561.000;000$000

1893

631.7O0:00OS000

1894 1895

712.000:000éo0(> 678.000:000$000

^


Diciísto Er.oi4 Dic;icsT(> Eco Nói> iico

104

cli\cr.st).s Governos, desde o Império,

do, merecer a designação de grande dústria nacional. Mas o que é verdade é que já se pensava na formação da

emergência, em momentos difíceis, uma

mentalidade industrial. Rui, no Rela tório de 91, não se descuidou do pro

e,slabilidado econômica para ri'SolvernOT- |

lhas instituições, aumentara a gravidade

malmente certas crises.

futulnmentos, procurava ponto de apoio

blema industrial.

De tudo quanto sc

tem colhido como elemento de crítica da

administração de Rui na gestão das fi nanças, o que fica evidente ante.s de quaisquer outros aspectos de sua administraçãp, assaz trabalJiosa, é que não foi êle o criador da política inflacio-

nista, visto que a situação geral do País já vinha, muito antes da República, caminhando para a solução emissionis-

ta por falta de meios adequados a solu ções normais. O regime deficitário, tal rios

da

vez que o Paí.s se ressente da falta df [ Foi o que se ,

deu na monarquia, mais de uma veA > como também se cícu na República, p

dei>ois do Govêrno Provisório. Veja SC, por exemplo, o Relatório de Joaqui'" Murtinbo, que foi Ministro da 1'azena

na fase da restauração fiiuuiceira. da Ro* pública, isto é, no quatriênio CampO' Sales,, de 1898-902.

Antes, porem,

cabe lembrar que Bernardiuo de Cnm pos, titular da Fazenda na administração anterior, embora sustentando franco ^ sacôrdo com a oriea-

oomo o apresentam

sucessivos

têm feito emissões como recurso de

tação de Rui, depois

relató

Fazenda.

Z'

longe de ser atri buído aos erros de

de dizer que a "do lorosa lição dos fa

que se revesaram no

tos" de 1864 não havia sido aprendi da na República, re conheceu o acerto de Rui quando ê.ste último tomou a ini ciativa de rescindir

Império, constituía

alguns contratos

problema permanen

oriundos da monar

um dos partidos en tão dominantes ou à

imprevidência

<^e

unr Gabinete Minis

terial, dos

r

muitos

te, cujas causas nasceram a bem dizer

quia. A lição de 64, a rpie se re ere

com a própria vida nacional. Um país

Bernardino de Campos, foi a chama febre de ações bancárias, íato

habituado ao desequilíbrio orçamentário, de economia unilateral como era a do

mais uma vez, prova a anteriorida i

século passado, está sujeito, periòdicamente, a descambar para o perigoso re curso das emissões, sempre que há cri-

das emissões na vida financeira do

se.s interna.s ou externas.

A emissão

ficits sucessivos de um exercício para

coincidirulo com a decadência das ve

outro. Nossa emancipação política tc-

da situação. O Trono, abalado cm setis MO sistema falaz de auxilio d lavoura,

que teriam gravado o Tesouro, impro dutivamente, com a enonne desjjesa de 86 mil contos de réis, se o Covérno Pro.

visórw da República, rescindindo algum contratos, não a Iwuvesse reduzido a

\e início em condições financeiras bem

desfa\orávei,s, porque não encontrou las tro. Tenha-se em \ista um fato de real

significação antes de ser assinada, em

25 de março de 1824, a primeira Cons tituição do Brasil, o Govêrno de Pedro

I, no começo daquele ano, já contraía um empréstimo, na praça dc Londres, do i 3.000.000, forçado, naturalmente,

47.250:000.$000". Foi, portanto, na ges-' feia falta de dinheiro no País. A Inde tão de Rui que se reduziu tal despesa. pendência consolidou-se com aperturas Em suma: Bernardino de Campos cen financeiras. Vem daí, na história de surou o plano dc auxílio à lavoura, or nossas finanças, a gênese do desequilí ganizado pelo Visconde de Ouro Prêto; brio com que lutaram notáveis homens ■ c-ombateu as emissões do primeiro Go públicos do 1.° Reinado, como Cairu, verno republicano; aprovou, finalmente,

a ação do Governo Provisório por ter evitado maior desastre econômico em

con.seqüêncía dos empréstimos destinados à lavoura.

As emissões que ocorreram na ad ministração de Rui são inferiores às de

Vasconcelos,

Martim Francisco.

N5o

foi menor a dificuldade dos que, através das alternativas de prosperidade e deca dência econômica, no 2.° Reinado, diri giram a coisa pública. O regime re publicano encontrou os remanescentes

da inflação. Mas não foi Rui o respon

é Joaquim Murtinho, no Relatório de

sável pelas maiores emissões vcrihcadas nos primeiros lustres da administra ção republicana. Desde que se compa

1901.

outras administrações republicanas. Quem o demonstra, c com tôda precisão, Começa o laborioso ministio da

re o meio circulante em 1889 com o

presidência Campos Sales dizendo que "a política financeira no Império, segui da infelizmente pelo República, foi a dos

de outros anos, reconhecendo-se os mo-

"déficUs" orçamentários, cobertos ora por empréstimos, ora por emissões de

compreender o papel de Rui na direção

ti\-os que determinaram o aumento da circulação monetária, não será difícil

das finanças. No Relatório já citado, Joaquim Murtinho apresenta o seguinte

papel-moeda". Procurando a origem das

E' interessante notar que apesar de manter opinião contrária á política '

emissões brasileiras, vai encontrá-la em

quadro das emissões em circulação no -

1809, quando o Banco do Brasil fêz a

Brasil:

Bernardino de Campos, um dos gran

prosperidade, a riqueza transitória, se não aparente e, sobretudo, porque, de pois da ilusão de grandeza, deixa con

des políticos da República, mostra qne Rui, quando Ministro da Fazenda, con seguiu diminuir despesas provenientes do último plano económico-financeiro

sa.strosas. Mas o que é verdade é que

ta de tranqüilidade interna, acu.sam dc-

Campos: "A tramjonmição do trabalho,

si], em relação i\ República.

(quem o negaria sensatamente?) é xim mal, especialmente porque traz a falsa

seqüências morais profundamente de-

palavras do Relatório de Bernardino de

105

nanceira do Govêrno PrON'isório de o •

da monarquia. E' o que se lê nestas

sua primeira emissão. Tendo sido inau

gurado com D. João VI, a nossa emis

são, em 1827, cinco anos após a Inde pendência, já era de jwuco mais de 21 mil contos de réis, ou, em moeda

atual, 21 milhões de cruzeiros. Os orça mentos nacionais, notadamente depois do 18.35 a 40, período dc con.stantc fal

1889 1890 1891 1892

192,800;000$000 207.800:000$000 513.000:000$000 561.000;000$000

1893

631.7O0:00OS000

1894 1895

712.000:000éo0(> 678.000:000$000

^


Dí(u;st< t KcoKóxnco IDu.r.sfo

liclo por ter di-fondido e praticado a po7U.O00:00O$O(X) 720.962:158S0CK) 785.911:758$000

1896

1897 1898

As emissões de 89-90, período em ciur Hiii foi Ministro, eonipixradus com as de 93 em diante, não representam volu

me tão grande ixo quadro da circulação monetária da República. O período dc 93-94 não foi normal, cm conseqüência da revolta da Armada e de outras alte rações internas, o que explica o fato de haver o Govômo Floriano Peixoto au

mentado as emissões. De 96 a 97, embo

tf República Brasileira não sc circiinÇ-. j 1 .«ii

creveram às soluções imediatas, deter

minadas pelas circunstancias do inomen-. Iti. Não! Seu Relatório cogita de pro blemas que, na época, estavam muito

. litica da e.xpansão bancária, tomou a iniciatixa do corrigir o.s abusos do crédi to com o decreto de 13 de outubro de

1890, rolatixo à formação de .sociedades

anônimas. O juri.sta, portanto, não sc

Jonge da compreensão geral. Antes dc

colocou à margem da realidade quando

tudo, a moralidade administratixa. Bas

inx-estido dc responsabilidade adininis-

ta lembrar que, sendo ministro de um Govêrno dc transição, c não tendo, ain

da, a quem prestar conta de seu.s atos. a não ser à opinião pública, Rui pediu, cm caráter de urgência, a criação do Tribunal de Contas, assunto que vinha sendo objeto de cogítaçõe.s de muitos

tratixu.

i^da-.se, hoje, em "política de preços," como .se essa política fàsse noxidade. Rui

fulminou o plano dc empréstimo à la-

i-continiica. tal como se compreende hoje, não pode ser unilateral. O em

préstimo agrícola sem boa aplicação do crédito, sem noção certa do que seja auxílio à produção, pode vir a ser a cau•sa dc xerdadeiro transtorno social. Rui

ciicgou a prever um sistema de crédito

popular, a instituição de cooperativas, ante\'cnclo, assim, a solução do problema .social por meio de prox-idências lógicas e objetivas.

x-oura pur lhe parecer platônico, justa mente porque, já no começo da Repú blica, via a impraticabilidacle, a inconsis tência de certos planos econômicos sem

A questão financeira não é um capí tulo exclusivo da história republicana. Suas raízes — di-lo a seqüência das ad

boa política de pieços. Eis aqui as pala-

cia monarquia. Rui suportou o pêso de

cional, o Governo Prudente de Morais

homens públicos, desde o 1.^ Reinado, mas que somente com a República ^•cio a

\iu-se forçado a alargar as emissões,

ser definitivamente resolvido, com o

x ras de Rui "Os auxílios à lavoura desa

uma das maiores tarefas atribuídas aos

especialmente para enfrentar as despesas

Decreto 966-A, 7 de no\embro de

da guerra de Canudos, no sertão da

1890. Que não foi Rui um xisionário. apesar de não ter entrado para a alta

parecerão, ou nulificar-sc-ão sempre, en-

homens públicos do regime implanta do cm 89; a direção das finanças com

ra já estivéssemos em regime constitu

Bahia.

As- campanhas contra Rui como que SC polarizaram na pluralidade dos Ban cos, nas emissões. Entretanto, a sua administração desdobrou-se em diversos

sentidos.

E' de Amaro Cavalcanti —

administração do País com a experiên

cia de um homem afeito a operações fi nanceiras, está a indicar o próprio bomsenso em fase de providências e pre visões de evidente sentido prático. Co

uma das mais reputadas competências

mo titular da Fazenda e Senador pela *

do Brasil em matéria financeira, repre

Bahia, compareceu perante a A.ç.senibléia Constituinte para di.scutir o projeto de Constituição de 1891 sem perder de

sentante de nosso País na Primeira Con ferência

Financeira

Pan-Americana

(li(a}ito os poderes públicos não liberta-

ivm a produção das baixas aiUficiais e condenáveis, que são tão freqüentes e gerais". Vê-se por aí que, embora educa nn.s moldes do liberalismo econômico do

que dirigia.

tipo indlx-idualista, Rui compreendeu o fenômeno moderno da intervenção do

.\*ara a despesa do Ministério da Fazen

Estado na vida econômica, não para diri gir mas para estimular a produção. Dis

vista, assuntos atinentes às finanças do País. Na sessão de 23 de dezembro de

Rxú pensou com a mentalidade dos dias

1890, com José Mariano, Bevilacqurt,

<pie passam, como se estivesse vivendo

Meira de VasconceIo.s, .sustentou longo debate sôbre o sistema de tributação

após a última guerra. Não acreditou no

tante, pois, dos acontecimentos atuais.

auxílio teórico à produção agrícola, c

da, êíe revelou, desde logo, a m/ixima

estadual, o que prova que, tanto o®

por isso procurou estancar os efeitos

atividade em hein de seus interêsses,

campo administrativo como no legisla

dos empréstimos, uma x ez que a solução

não só no que dizia respeito à adminis

tivo, o Primeiro Ministro da Fazenda na

impressões prejudiciais que a notícia de tão esperada revolução tivesse porventu ra ocasionado". De fato, as prencupa-

çõe.s de Rui com u futuro da nasccii-

pério. Ainda assim, no fastígio dos gran des negócios, qxianclo se afigurava implo de economia no próprio Ministério

a presidência de uma das Comissões — esta opinião sôbre a.s atividades de Rui na pasta da Fazenda: de justiça confessar que, nos negócios da Fazen

principalmente a respeito do nosso crédi to público no estrangeiro, fazendo constar as garantias do Govêrno e desfazendo as

o (mus da política inflacionista do Im

do politicamente sob influência inglesa, oriundo dc nina geração que .se fonnará

(1915), onde ocupou, com todo brilho,

tração interna propriamente dita, rnasmui

ministrações anteriores — estão no curso

pi.s.sívcl reduzir despe.sa.s, deu o exem

. O último orçamento da monarquia fida, para o e.xercicio de 1890, em .... 62.102:1638190. Rui con.seguÍu dimi nuir es.sa despesa para ei.0I6:034$655. e o fez no período das emissões. Caben do, finalmente, a Rui, uma das maiorc.s

parte.s na construção jurídica e políHca da República, também lhe cabe, à luz de tôda.s á.s críticas, grande parte na ordem financeira do País,

República não se desviou dos proble mas práticos. O impôsto de renda, prevista há tanto tempo, no Império, en controu em Rui, através de suas obser-

vaçõtes parlamentares, a compreensão inai.s clara, mai.s po.sitiva, quando .se organizax'a. para o futuro, n lastvf) finan

ceiro do País. file próprio, tão coniba-.^

A.

no. Departamento de Agrícultura a produç>io de banha 1 no.ç E. U. A. ahngmi entre do 2.m c 2.900 milhões de toneladas.


Dí(u;st< t KcoKóxnco IDu.r.sfo

liclo por ter di-fondido e praticado a po7U.O00:00O$O(X) 720.962:158S0CK) 785.911:758$000

1896

1897 1898

As emissões de 89-90, período em ciur Hiii foi Ministro, eonipixradus com as de 93 em diante, não representam volu

me tão grande ixo quadro da circulação monetária da República. O período dc 93-94 não foi normal, cm conseqüência da revolta da Armada e de outras alte rações internas, o que explica o fato de haver o Govômo Floriano Peixoto au

mentado as emissões. De 96 a 97, embo

tf República Brasileira não sc circiinÇ-. j 1 .«ii

creveram às soluções imediatas, deter

minadas pelas circunstancias do inomen-. Iti. Não! Seu Relatório cogita de pro blemas que, na época, estavam muito

. litica da e.xpansão bancária, tomou a iniciatixa do corrigir o.s abusos do crédi to com o decreto de 13 de outubro de

1890, rolatixo à formação de .sociedades

anônimas. O juri.sta, portanto, não sc

Jonge da compreensão geral. Antes dc

colocou à margem da realidade quando

tudo, a moralidade administratixa. Bas

inx-estido dc responsabilidade adininis-

ta lembrar que, sendo ministro de um Govêrno dc transição, c não tendo, ain

da, a quem prestar conta de seu.s atos. a não ser à opinião pública, Rui pediu, cm caráter de urgência, a criação do Tribunal de Contas, assunto que vinha sendo objeto de cogítaçõe.s de muitos

tratixu.

i^da-.se, hoje, em "política de preços," como .se essa política fàsse noxidade. Rui

fulminou o plano dc empréstimo à la-

i-continiica. tal como se compreende hoje, não pode ser unilateral. O em

préstimo agrícola sem boa aplicação do crédito, sem noção certa do que seja auxílio à produção, pode vir a ser a cau•sa dc xerdadeiro transtorno social. Rui

ciicgou a prever um sistema de crédito

popular, a instituição de cooperativas, ante\'cnclo, assim, a solução do problema .social por meio de prox-idências lógicas e objetivas.

x-oura pur lhe parecer platônico, justa mente porque, já no começo da Repú blica, via a impraticabilidacle, a inconsis tência de certos planos econômicos sem

A questão financeira não é um capí tulo exclusivo da história republicana. Suas raízes — di-lo a seqüência das ad

boa política de pieços. Eis aqui as pala-

cia monarquia. Rui suportou o pêso de

cional, o Governo Prudente de Morais

homens públicos, desde o 1.^ Reinado, mas que somente com a República ^•cio a

\iu-se forçado a alargar as emissões,

ser definitivamente resolvido, com o

x ras de Rui "Os auxílios à lavoura desa

uma das maiores tarefas atribuídas aos

especialmente para enfrentar as despesas

Decreto 966-A, 7 de no\embro de

da guerra de Canudos, no sertão da

1890. Que não foi Rui um xisionário. apesar de não ter entrado para a alta

parecerão, ou nulificar-sc-ão sempre, en-

homens públicos do regime implanta do cm 89; a direção das finanças com

ra já estivéssemos em regime constitu

Bahia.

As- campanhas contra Rui como que SC polarizaram na pluralidade dos Ban cos, nas emissões. Entretanto, a sua administração desdobrou-se em diversos

sentidos.

E' de Amaro Cavalcanti —

administração do País com a experiên

cia de um homem afeito a operações fi nanceiras, está a indicar o próprio bomsenso em fase de providências e pre visões de evidente sentido prático. Co

uma das mais reputadas competências

mo titular da Fazenda e Senador pela *

do Brasil em matéria financeira, repre

Bahia, compareceu perante a A.ç.senibléia Constituinte para di.scutir o projeto de Constituição de 1891 sem perder de

sentante de nosso País na Primeira Con ferência

Financeira

Pan-Americana

(li(a}ito os poderes públicos não liberta-

ivm a produção das baixas aiUficiais e condenáveis, que são tão freqüentes e gerais". Vê-se por aí que, embora educa nn.s moldes do liberalismo econômico do

que dirigia.

tipo indlx-idualista, Rui compreendeu o fenômeno moderno da intervenção do

.\*ara a despesa do Ministério da Fazen

Estado na vida econômica, não para diri gir mas para estimular a produção. Dis

vista, assuntos atinentes às finanças do País. Na sessão de 23 de dezembro de

Rxú pensou com a mentalidade dos dias

1890, com José Mariano, Bevilacqurt,

<pie passam, como se estivesse vivendo

Meira de VasconceIo.s, .sustentou longo debate sôbre o sistema de tributação

após a última guerra. Não acreditou no

tante, pois, dos acontecimentos atuais.

auxílio teórico à produção agrícola, c

da, êíe revelou, desde logo, a m/ixima

estadual, o que prova que, tanto o®

por isso procurou estancar os efeitos

atividade em hein de seus interêsses,

campo administrativo como no legisla

dos empréstimos, uma x ez que a solução

não só no que dizia respeito à adminis

tivo, o Primeiro Ministro da Fazenda na

impressões prejudiciais que a notícia de tão esperada revolução tivesse porventu ra ocasionado". De fato, as prencupa-

çõe.s de Rui com u futuro da nasccii-

pério. Ainda assim, no fastígio dos gran des negócios, qxianclo se afigurava implo de economia no próprio Ministério

a presidência de uma das Comissões — esta opinião sôbre a.s atividades de Rui na pasta da Fazenda: de justiça confessar que, nos negócios da Fazen

principalmente a respeito do nosso crédi to público no estrangeiro, fazendo constar as garantias do Govêrno e desfazendo as

o (mus da política inflacionista do Im

do politicamente sob influência inglesa, oriundo dc nina geração que .se fonnará

(1915), onde ocupou, com todo brilho,

tração interna propriamente dita, rnasmui

ministrações anteriores — estão no curso

pi.s.sívcl reduzir despe.sa.s, deu o exem

. O último orçamento da monarquia fida, para o e.xercicio de 1890, em .... 62.102:1638190. Rui con.seguÍu dimi nuir es.sa despesa para ei.0I6:034$655. e o fez no período das emissões. Caben do, finalmente, a Rui, uma das maiorc.s

parte.s na construção jurídica e políHca da República, também lhe cabe, à luz de tôda.s á.s críticas, grande parte na ordem financeira do País,

República não se desviou dos proble mas práticos. O impôsto de renda, prevista há tanto tempo, no Império, en controu em Rui, através de suas obser-

vaçõtes parlamentares, a compreensão inai.s clara, mai.s po.sitiva, quando .se organizax'a. para o futuro, n lastvf) finan

ceiro do País. file próprio, tão coniba-.^

A.

no. Departamento de Agrícultura a produç>io de banha 1 no.ç E. U. A. ahngmi entre do 2.m c 2.900 milhões de toneladas.


OicrsTo KooNÓMiof)

impoitadorc.s tradicionais da Eu-' tânico. As diretrizes indicadas têm sido

i austeridade

A polític

ropa ocidcntalj

d) em qualquer caso, a Inglaterra não poderá pagar a importação

Bezkbua de Freitas

política

econômica

da

traço muito humano a draiiuiiização W-

formulada

cessiva das circunstâncias da época, e,

por sir Stafford Cripps, cm defesa do po\'0 inglês,

desse modo, chega-se à conclusão de que estas serão permanentes polo simples

teve a virtude de revelar

motivo de já estarem durando seis me-

I

tanto as imensas reservas

ses. Por essa razão, é natural que a deficiência temporária de gêneros ali mentícios, que geralmente sc manifesta

austeridade,

de energia como o extra

ordinário senso pedagógico dos britânicos.

Porque essa austeridade não tem a sig

depois das guerras, origine a crença ge

nificação puramente literária que lhe

ral de que a raça luimana perdeu as forças para evitar a fome. Nestes dois xiltimos anos tem-se publicado uma in finidade de livros e panfletos profetizan do que a espécie humana se está re

deram os criadores românticos da c.Stir-

pe de Cervantes ou Nathaniel Hawtorne.

109

seguidas com a fé, a perseverança e a mística dos povos superiores. A Amé

rica do Norte constitui, nesse sentido,

dos alimentos, em \irtude das

outro exemplo digno de meditação. Em

suas dificuldades na balança de

1948, os Estados Unidos conheceram

pagamentos.

uma situação de prosperidade sem pre cedentes. Em dez meses, o N'olume da

Confirma-se, assim, o famoso princí pio sustentado por Thomas Robert Mal-

thus {Essay on the principie of population) segundo o qual a população do mundo cresce numa progressão geomé trica, enquanto os meios de subsistência crescem ein progressão aritmética.

produção nacional havia quase duplica do, o número de seus empregados civis havia ultrapassado a casa dos sessenta milhões e o seu comércio exterior se

tomara a roda mestra dos negócios num-

diais, tudo isso como conseqüência do papel descmpenliado pelos norte-ameri canos nas duas guerras mundiais e nos

Mas, os ingleses, na sua quase totali dade, repudiam os prognósticos som brios; mostram-se, ao revés, cada vez

períodos de reconstrução que a elas se seguiram. Todavia, desde o principio

produzindo com demasiada rapidez, em

mais otimistas e confiantes.

ções determinantes do ciescimento de

que sempre se verificou a falta de ali

selliaJa — e não imposta — por sir Stafford Cripps constitui uma grande

comparação com a capacidade da pro dução de alimentos que o glôbo terrestre pode suportar. A estrutura capital do argumento so bre o qual se apóiam as profecias é simples, e este pode ser reduzido a

lição.

quatro itens:

Austeridade é disciplina rígida, é severi dade, é ascetismo. Pode mesmo ser tomada no sentido de domínio dos sen timentos e paixões, rigor ascético no tra tamento do corpo.

Aludimos ao senso pedagógico dos britânicos porque a austeridade acon-

As fórmulas engenhosas, os sis

mentos. De um modo geral, a Ingla terra se encontra melhor do que nunca; portanto, não há razão para pessimismo,

Os profetas do desastre são, em regra, desarrazoados nas premissas e nas con clusões. Assim, Lord Boyd Orr afirma: "This rísing tide of population and fal-

temas caprichosamente urdidos, as com binações sutis dos técnicos e dos ho

Admitem

a) a fertilidade do solo mundial está

ling reservoir of land fertility is the greatest tlireat to our civilisation" (A

mens públicos, tudo aquilo que poderá

decrescendo, da

concoiTer para a recuperação econômi

que o potencial cm toda a sua

maré crescente da população e a queda

ca da Inglateira reduz-se ao binômio —

extensão e o fornecimento do.s

dos reservatórios da fertilidade do solo são a maior ameaça à nossa civiliza ção). E Walter Lowdennilk acrescen

trabalho e economia. E o plano traça

do'por sir Stafford Cripps — consumo, apenas, do indispensável à sobrevivên cia nacional e aplicaçcão do excedente

mesma forma

produtos alimentíciosj

b) os países que têm uma produção gradntivamente

ta: "Civilisation is running a race \vith

tendendo a consumir a própria

famíne and the issue is still in doubt"

excessiva

estão

sobre esse consumo em investimento.s

produção, e, por isso, os supri

do programa de capital — tem sido exe

mentos para o mercado mundial

cutado com uma firme2:a e uma tenaci

dade sobrenaturais.

Pretendem os bri

tânicos atingir, em 1952, o nível de

tendem a diminuirj

c) a rápida ascensão numérica das populações dos países asiáticos

(A civilização. está apostando corrida com a fome e o resultado ainda é in certo ).

Se é verdade que a política da aus teridade, formulada por sir Stafford

bem-estar coletivo de antes da guerra.

aumentará cada vez mais a pro

Cripps, tem a sua gênese nas condições

Numa recente condensação do Econo-

cura de alimentos nos mercados

econômicas e financeiras do mundo oci

inist, de Londres, o periódico The En-

mundiais, e, como conseqüência,

glish

ces.sarão os fornecimentos para os

sahenta que constitui um

dental, não é menos certo que ela en cerra aspectos peculiares do povo bri

deste ano eWdenciou-se que as condi suas produções industrial e agrícola não eram mais as mesmas.

O publicista Eric Sachs, examinando esse problema central do relatório Tm-

nxan, procura, em tênnos equilibrados,

fixar as origens da crise: "A lüstória de um século mostra que as épocas de prosperidade são sempre seguidas de outras de depressão. É o que se chama

do ciclo econômico, em tomo do qual teorias e sistemas os mais variados sem

pre surgiram e freqüentemente desmoro naram.

As discussões em tômo do fe

nômeno continuam, e até hoje não re presentam o ponto mais claro da ciência

econômica contemporânea. Só uma coisa

continua evidente: — é que as decoiTências do ciclo voltam a ameaçar a esta bilidade da economia mundial".

Mas a depressão norte-americana será vencida com a mesma tenacidade com

que os britânicos têm correspondido ao apêlo de sir Stafford Cripps. Os Esdos Unidos, pela voz dos seus homens representativos, como David E. Lijicn-


OicrsTo KooNÓMiof)

impoitadorc.s tradicionais da Eu-' tânico. As diretrizes indicadas têm sido

i austeridade

A polític

ropa ocidcntalj

d) em qualquer caso, a Inglaterra não poderá pagar a importação

Bezkbua de Freitas

política

econômica

da

traço muito humano a draiiuiiização W-

formulada

cessiva das circunstâncias da época, e,

por sir Stafford Cripps, cm defesa do po\'0 inglês,

desse modo, chega-se à conclusão de que estas serão permanentes polo simples

teve a virtude de revelar

motivo de já estarem durando seis me-

I

tanto as imensas reservas

ses. Por essa razão, é natural que a deficiência temporária de gêneros ali mentícios, que geralmente sc manifesta

austeridade,

de energia como o extra

ordinário senso pedagógico dos britânicos.

Porque essa austeridade não tem a sig

depois das guerras, origine a crença ge

nificação puramente literária que lhe

ral de que a raça luimana perdeu as forças para evitar a fome. Nestes dois xiltimos anos tem-se publicado uma in finidade de livros e panfletos profetizan do que a espécie humana se está re

deram os criadores românticos da c.Stir-

pe de Cervantes ou Nathaniel Hawtorne.

109

seguidas com a fé, a perseverança e a mística dos povos superiores. A Amé

rica do Norte constitui, nesse sentido,

dos alimentos, em \irtude das

outro exemplo digno de meditação. Em

suas dificuldades na balança de

1948, os Estados Unidos conheceram

pagamentos.

uma situação de prosperidade sem pre cedentes. Em dez meses, o N'olume da

Confirma-se, assim, o famoso princí pio sustentado por Thomas Robert Mal-

thus {Essay on the principie of population) segundo o qual a população do mundo cresce numa progressão geomé trica, enquanto os meios de subsistência crescem ein progressão aritmética.

produção nacional havia quase duplica do, o número de seus empregados civis havia ultrapassado a casa dos sessenta milhões e o seu comércio exterior se

tomara a roda mestra dos negócios num-

diais, tudo isso como conseqüência do papel descmpenliado pelos norte-ameri canos nas duas guerras mundiais e nos

Mas, os ingleses, na sua quase totali dade, repudiam os prognósticos som brios; mostram-se, ao revés, cada vez

períodos de reconstrução que a elas se seguiram. Todavia, desde o principio

produzindo com demasiada rapidez, em

mais otimistas e confiantes.

ções determinantes do ciescimento de

que sempre se verificou a falta de ali

selliaJa — e não imposta — por sir Stafford Cripps constitui uma grande

comparação com a capacidade da pro dução de alimentos que o glôbo terrestre pode suportar. A estrutura capital do argumento so bre o qual se apóiam as profecias é simples, e este pode ser reduzido a

lição.

quatro itens:

Austeridade é disciplina rígida, é severi dade, é ascetismo. Pode mesmo ser tomada no sentido de domínio dos sen timentos e paixões, rigor ascético no tra tamento do corpo.

Aludimos ao senso pedagógico dos britânicos porque a austeridade acon-

As fórmulas engenhosas, os sis

mentos. De um modo geral, a Ingla terra se encontra melhor do que nunca; portanto, não há razão para pessimismo,

Os profetas do desastre são, em regra, desarrazoados nas premissas e nas con clusões. Assim, Lord Boyd Orr afirma: "This rísing tide of population and fal-

temas caprichosamente urdidos, as com binações sutis dos técnicos e dos ho

Admitem

a) a fertilidade do solo mundial está

ling reservoir of land fertility is the greatest tlireat to our civilisation" (A

mens públicos, tudo aquilo que poderá

decrescendo, da

concoiTer para a recuperação econômi

que o potencial cm toda a sua

maré crescente da população e a queda

ca da Inglateira reduz-se ao binômio —

extensão e o fornecimento do.s

dos reservatórios da fertilidade do solo são a maior ameaça à nossa civiliza ção). E Walter Lowdennilk acrescen

trabalho e economia. E o plano traça

do'por sir Stafford Cripps — consumo, apenas, do indispensável à sobrevivên cia nacional e aplicaçcão do excedente

mesma forma

produtos alimentíciosj

b) os países que têm uma produção gradntivamente

ta: "Civilisation is running a race \vith

tendendo a consumir a própria

famíne and the issue is still in doubt"

excessiva

estão

sobre esse consumo em investimento.s

produção, e, por isso, os supri

do programa de capital — tem sido exe

mentos para o mercado mundial

cutado com uma firme2:a e uma tenaci

dade sobrenaturais.

Pretendem os bri

tânicos atingir, em 1952, o nível de

tendem a diminuirj

c) a rápida ascensão numérica das populações dos países asiáticos

(A civilização. está apostando corrida com a fome e o resultado ainda é in certo ).

Se é verdade que a política da aus teridade, formulada por sir Stafford

bem-estar coletivo de antes da guerra.

aumentará cada vez mais a pro

Cripps, tem a sua gênese nas condições

Numa recente condensação do Econo-

cura de alimentos nos mercados

econômicas e financeiras do mundo oci

inist, de Londres, o periódico The En-

mundiais, e, como conseqüência,

glish

ces.sarão os fornecimentos para os

sahenta que constitui um

dental, não é menos certo que ela en cerra aspectos peculiares do povo bri

deste ano eWdenciou-se que as condi suas produções industrial e agrícola não eram mais as mesmas.

O publicista Eric Sachs, examinando esse problema central do relatório Tm-

nxan, procura, em tênnos equilibrados,

fixar as origens da crise: "A lüstória de um século mostra que as épocas de prosperidade são sempre seguidas de outras de depressão. É o que se chama

do ciclo econômico, em tomo do qual teorias e sistemas os mais variados sem

pre surgiram e freqüentemente desmoro naram.

As discussões em tômo do fe

nômeno continuam, e até hoje não re presentam o ponto mais claro da ciência

econômica contemporânea. Só uma coisa

continua evidente: — é que as decoiTências do ciclo voltam a ameaçar a esta bilidade da economia mundial".

Mas a depressão norte-americana será vencida com a mesma tenacidade com

que os britânicos têm correspondido ao apêlo de sir Stafford Cripps. Os Esdos Unidos, pela voz dos seus homens representativos, como David E. Lijicn-


110

thal, presidente da Comissão de Ener gia Atômica, e James W. Hart, com

bateram o nervosismo, o temor ao fu turo, qualquer modalidade de apreensão nacional. A fé constitui o principal ins trumento da democracia norte-america

na. Ela está sempre presente como base das suas organizações comerciais, indus

Dicesto EcoSi

condições que promosam um cre.<?cimen- ''{J to mais estável e firme na produção, no

emprego e no poder aquisitivo", èle sabe que a grande fôrça dos Estados Unidos é, principalmente, do ordem es piritual. Sua potência não resulta ape

Evasão e sonegação de impostos JosK Lluz de Almeida Nogueira Porto

nas de um sistema econômico bem con

a ecunoniia sobrecarregada de tributos tende, naturalmente, a eva-

cebido e melhor e.xecutado, mas da har

dir-se de seu pagamento, numa ação,

monia dos princípio.s de solidariedade humana, e, dispondo de tão .«^ólidos ele

fesa. Tal seja o montante do impôsto,

sentimentos norte-americanos: "Nós cre

mentos morais, todas as suas crises fo

é vantajoso para o contribuinte correr o

mos no homem não apenas como unida

ram fàcilmente dominadas.

risco da sonegação ou deixar de aufe

triais, financeiras e políticas. David Lilienthal manifesta-se como porta-voz dos

por assim dizer, instintiva de auto de

de luxo, por exemplo, está o poder pú blico pretendendo evitar sua importa ção e, conseqüentemente, o pagamento do impôsto. Na Rússia, durante a última guerra,

os impostos indireto» sôbre mercadorias f bens de consumo em geral e sôbre

de de produção, mas como fillio de

O Brasil tem assim à sua frente duas

Deus. Cremos que o objetivo principal de nossa sociedade não seja garantir

lições — a lição brjtânica de austeridade, reserva, moderação, de sir Slafford Cripps, e a norte-americana, apoiada nas fôrças espirituais do homem. Como todos cs países que participa ram da última guerra, não podemos

Diz-se que há evasão do impôsto quando èle, por meios legais ou fraudu lentos, deixa de ser pago. Assim, tan

fiscal, como para forçar a redução de

to se evade do tributo o contribuinte

evasão do tributo pe^a falta da base

evitar o binômio fatal — trabalho e

que pura e simplesmente sonega rendi

de

mentos tributáveis em sua declaração

quão injusta foi essa medida que só

de impôsto de renda como aquêle que deixa de importar certa mercadoria por que os direitos aduaneiros sôbre a mes ma foram de tal forma majorados que

alcançava as classes mais desfavoreci

e'a não encontrará mais mercado.

A evasão não é desejada pelo poder público quando êste ou não previu o

a "segurança do Estado", mas salva

guardar a dignidade humana e as liber

dades individuais. Somos um povo que tem fé no homem espiritual e que vê em seu aperfeiçoamento e em sua felicida de a meta final de nosso trabalho co tidiano".

Assim, quando o Presidente Truman, apreciando a fase de depressão norteamericana, sustenta que o decréscimo

da produção e dos negócios é caracterís tico de um período de transição, no qual se toma necessário "trabalhar por

economia — ou seja, a batalha sem tréguas da produção. E batalha da pro dução significa atitudes de renúncia, sa crifícios individuais, ação incessante, o

devemo.s ter sempre prqsente que o nosso êxito econômico dependo do vigor das nossas instituições e da firmeza e sinceridade do nosso sistema de vida..

rir os lucros pela atividade, para não efetuar seu pagamento.

velmentej majorados, não tanto para

Ge

ralmente se considera a sonegação (não pagamento fraudulento do impôsto) co mo espécie do gênero evasão. Parecemo, porém, preferível aceitar a termino logia popular reservando o termo emsão apenas para q não pagamento le gítimo do tributo, como no caso de renúncia à importação para evitar o

pagamento de direitos aduaneiros, e o termo sonegação para a fraude fiscal.

A evasão pode ser desejada ou não pelo poder tributahte.

operações de venda, foram considerà-

Parece absurdo

que o poder público crie um impôsto para que ele não seja pago pelo de saparecimento da base de incidência,

mas isso sucede freqüentemente quando o impôsto não seja de finalidades fis cais, mas sim exclusivamente económico-

sociais. Impondo uma tributação pe sadíssima sôbre a importação de objetos

proporcionar

abundante

arrecadação

seu consumo, provocando, assim, uma incidência.

Desnecessário

dizer

das, mas esse é um exemplo típico de evasão do impôsto desejada pelo poder público.

abandono ou. a redução de certas ati

vidades em conseqüência do impôsto, o que, de resto, não estava em seus pla nos, ou deixou na lei brechas por onde possa escapar legalmente o contribuin te.

Exemplo do primeiro caso seria o

de um impôsto de renda tão fortemente

progressi\'o, embora de fins puramen te fiscais, que desestimulasse o contri buinte de continuar auferindo lucros

ou produzindo acima de certo limite.

Os impostos indiretos, quando muito elevados, têm, muitas vêzes, essa conse

qüência, com surpresa para os governan tes que não a desejavam: o consumo de certas mercadorias ou a realização de

determinadas operações se restringe pa ra não haver a obrigação do pagamento do impôsto.


110

thal, presidente da Comissão de Ener gia Atômica, e James W. Hart, com

bateram o nervosismo, o temor ao fu turo, qualquer modalidade de apreensão nacional. A fé constitui o principal ins trumento da democracia norte-america

na. Ela está sempre presente como base das suas organizações comerciais, indus

Dicesto EcoSi

condições que promosam um cre.<?cimen- ''{J to mais estável e firme na produção, no

emprego e no poder aquisitivo", èle sabe que a grande fôrça dos Estados Unidos é, principalmente, do ordem es piritual. Sua potência não resulta ape

Evasão e sonegação de impostos JosK Lluz de Almeida Nogueira Porto

nas de um sistema econômico bem con

a ecunoniia sobrecarregada de tributos tende, naturalmente, a eva-

cebido e melhor e.xecutado, mas da har

dir-se de seu pagamento, numa ação,

monia dos princípio.s de solidariedade humana, e, dispondo de tão .«^ólidos ele

fesa. Tal seja o montante do impôsto,

sentimentos norte-americanos: "Nós cre

mentos morais, todas as suas crises fo

é vantajoso para o contribuinte correr o

mos no homem não apenas como unida

ram fàcilmente dominadas.

risco da sonegação ou deixar de aufe

triais, financeiras e políticas. David Lilienthal manifesta-se como porta-voz dos

por assim dizer, instintiva de auto de

de luxo, por exemplo, está o poder pú blico pretendendo evitar sua importa ção e, conseqüentemente, o pagamento do impôsto. Na Rússia, durante a última guerra,

os impostos indireto» sôbre mercadorias f bens de consumo em geral e sôbre

de de produção, mas como fillio de

O Brasil tem assim à sua frente duas

Deus. Cremos que o objetivo principal de nossa sociedade não seja garantir

lições — a lição brjtânica de austeridade, reserva, moderação, de sir Slafford Cripps, e a norte-americana, apoiada nas fôrças espirituais do homem. Como todos cs países que participa ram da última guerra, não podemos

Diz-se que há evasão do impôsto quando èle, por meios legais ou fraudu lentos, deixa de ser pago. Assim, tan

fiscal, como para forçar a redução de

to se evade do tributo o contribuinte

evasão do tributo pe^a falta da base

evitar o binômio fatal — trabalho e

que pura e simplesmente sonega rendi

de

mentos tributáveis em sua declaração

quão injusta foi essa medida que só

de impôsto de renda como aquêle que deixa de importar certa mercadoria por que os direitos aduaneiros sôbre a mes ma foram de tal forma majorados que

alcançava as classes mais desfavoreci

e'a não encontrará mais mercado.

A evasão não é desejada pelo poder público quando êste ou não previu o

a "segurança do Estado", mas salva

guardar a dignidade humana e as liber

dades individuais. Somos um povo que tem fé no homem espiritual e que vê em seu aperfeiçoamento e em sua felicida de a meta final de nosso trabalho co tidiano".

Assim, quando o Presidente Truman, apreciando a fase de depressão norteamericana, sustenta que o decréscimo

da produção e dos negócios é caracterís tico de um período de transição, no qual se toma necessário "trabalhar por

economia — ou seja, a batalha sem tréguas da produção. E batalha da pro dução significa atitudes de renúncia, sa crifícios individuais, ação incessante, o

devemo.s ter sempre prqsente que o nosso êxito econômico dependo do vigor das nossas instituições e da firmeza e sinceridade do nosso sistema de vida..

rir os lucros pela atividade, para não efetuar seu pagamento.

velmentej majorados, não tanto para

Ge

ralmente se considera a sonegação (não pagamento fraudulento do impôsto) co mo espécie do gênero evasão. Parecemo, porém, preferível aceitar a termino logia popular reservando o termo emsão apenas para q não pagamento le gítimo do tributo, como no caso de renúncia à importação para evitar o

pagamento de direitos aduaneiros, e o termo sonegação para a fraude fiscal.

A evasão pode ser desejada ou não pelo poder tributahte.

operações de venda, foram considerà-

Parece absurdo

que o poder público crie um impôsto para que ele não seja pago pelo de saparecimento da base de incidência,

mas isso sucede freqüentemente quando o impôsto não seja de finalidades fis cais, mas sim exclusivamente económico-

sociais. Impondo uma tributação pe sadíssima sôbre a importação de objetos

proporcionar

abundante

arrecadação

seu consumo, provocando, assim, uma incidência.

Desnecessário

dizer

das, mas esse é um exemplo típico de evasão do impôsto desejada pelo poder público.

abandono ou. a redução de certas ati

vidades em conseqüência do impôsto, o que, de resto, não estava em seus pla nos, ou deixou na lei brechas por onde possa escapar legalmente o contribuin te.

Exemplo do primeiro caso seria o

de um impôsto de renda tão fortemente

progressi\'o, embora de fins puramen te fiscais, que desestimulasse o contri buinte de continuar auferindo lucros

ou produzindo acima de certo limite.

Os impostos indiretos, quando muito elevados, têm, muitas vêzes, essa conse

qüência, com surpresa para os governan tes que não a desejavam: o consumo de certas mercadorias ou a realização de

determinadas operações se restringe pa ra não haver a obrigação do pagamento do impôsto.


•lií

»

Digesto Económic

112

Daí a necessidade de serem estudadas a fundo a"» condições econômicas dos ramos dc atividade sobre os quais se

pretende lançar ou niajorar impostos, para que estes não tenham por virItide eliminá-las, sem que ao menos

o Estado tenha a compensação do im-

pôslo arrecadado.

Suponliamos que

um Estado quaVpier lance um imposto sobre a fabricação de determinado pro

duto, superior à margem de lucro por ele proporcionado: Evidentemente, ces sa sua produção e o Estado não arre cada o imposto.

A economia nacional

é prejudicada, pois o produto pa.ssará a ser importado, e os cofres públicos

não arrecadam um real, por ter desapa recido a base da incidência.

Outra modalidade de evasão do im

posto não desejada pelo poder tributante é a que resulta de

defeitos na técnica fiscal, per mitindo aos contribuintes mais

argutos evitarem legalmente o

pagamento do impôsto, embora Nossa legislação do

imposto de renda, anterior à atiüil, oferecia um exemplo bem típico dessa modalidade de evasão, graças ao cha

mado "regime de base". O contribuin te do impôsto de renda pagava o im posto com hase nos rendimentos aufe ridos no ano anterior, mas tal paga

mento correspondia ao exercício em que fôsse efetuado. Desse si.stema rcsultava que as pessoas jurídicas deixavam de pagar o imposto pelos lucros que au

113

"Impôsto sobre Lucros Extraordinários",

declara sc-u.s rendimentos ou (jue uciiUa

que obedecia ao mesmo regime, acfo-

uma parle dêlo.s, pratica sonegação.

taram essa prática dc encerramento da atividade, deixando legalmente dc pa gar o impôsto sòbre os lucros auferidos no ano de encerramento, para dcjwis

^

Outro exemplo, ainda tirado do nossa.

legislação do impò.sto dc renda: dois

Um outro que declara corretamente sua

renda mas deixa do pagar o inípôsto, "ão o fstá sonegando.

Torna-se sim-

plc.snícnle devedor do Estado, que p:)-

reiniciarem a atividade st)b outra de nominação.

(

o nem prevista cm nossa Icgi.slação.

Cada uma dessas hipóteses, porém, tom

posto dc renda sòbrc o respectivo ren

do impôsto, com o reconhecimento ex

dimento proveniente dc aluguéis. Co mo, porém, o imposto de renda não in

presso dc ser ele devido, não revela por

cide .sòbre o rendimento auferido em

parte do contribuinte a maMcia, o dôlo, que devem ser punidos mais severa

utjlidadcs, isto 6, sobre o valor locati-

mente.

vo do prédio próprio de residência.

nestos, c se não pagou o imposto foi, possivelmente, por não ter tido meios

Seus propósitos não são deso

A f/onegação é o nsV) puganiento

fraiidíilento do impôsto. O contribuin te está compreendido no campo de in cidência do tributo.

Não encontra

maior e ■uma mentalidade desonesta

ção da base da incidência, resulta de \'árías circunstâncias e são muitas as

suas origens. Elas variam de época para época e de país para país. Vejamos

mente furtar-se ao seu pagamento c

é o do Brasih

Para que

baja sonegação — de acordo com a

terminologia usual que estou aqui ado tando — é preciso que o contribuinte

ferissem no exercício do encerramento,

tenha ocultado total ou parcialmente a

pois I o impôsto i^ago nesse exercício, e que lhe dava direito a se considerar quites com o impôsto de ronda, na ver dade correspondia aos lucros do ano an terior. Inúniera.s empresas, principalmentí! durante a vigência do chamado

existência da base de incidência. Aque

le que não paga o impôsto, embora de clare lealmente ser êlc devido, não

pratica sonegação. Simplesmente deixa do pagá-lo. Por exemplo: um contri buinte do impôsto dc renda ipie nao

mada "Ministério de Perguntas Creti nas", de certa revista, esta pergunta não muito cretina "Quem rouba do fis co tem cem anos de perdão?" E' essa .

u dénida em.que se debatem milhares

dc brasileiros. Descrentes da boa apli cação dos dinheiros públicos, não sentin

do os benefícios de uma administração

lo, o contribuinte brasileiro sonega o impôsto o se concede logo os cem anos

o caso que nos intere,s.sa de perto, que

mesmo assim não o paga por ter ocul

aperfeiçoar a fraude fiscal no Brasil. Ainda há dias li, numa sc,ssão cha- .

dor revela uma periculosidade muito

breclias na lei por onde possa legal tado a base da incidência.

de sanção moral para o sonegador, lêni conlribiiído para dcsen\"olvcr c

eficiente, contemplando obras suntuosas

A sonegação, no sentido de oculta-

sH

lapidação dos dinheims públicos, as

•dc fazê-lo,-ou, nu pior das hipóteses, por simples relaxamento. Já o sonega que merece castigo mais severo.

-l-'

Impostos mal dosados e mal arrecada deficiências de controle e a ausência

tivo pelo qual parcceu-inc útil distinguilas. A.ssim, o simples não puganiento

tere sua situação financeira.

.si eiro;j, e. 6 de se reconhecer que mui tos fatores têm contribuído para isso.

sonegação o não pagamento não é usual

cau.sas c conseqüências diversas, mo

dc .sua propriedade, deixando ambos de pagar legalmente o impôsto, embora cm nada se al

parcela apreciável dos contribuintes bra-

dos, a ignorância do contribuinte, a di

do outro, pagando o re.spcctivo a'ugucl, do que resulta que ambos pagam o im

cada um passa a morar na casa

A sonegação, porém, tornou-se há

bito, c dos mais perniciosos, para uma

derá executá-lo pura a cobrança. Essa distinção que aqiii faço entre

contribuintes .são, respectivamente, in quilino e senhorio. Um mora na ca.^a

sem eliminar a base da in

cidência.

Dioksto econômico

A sonegação de impostos no Brasil

tcih origens históricas. O não paga mento dc impostos à Coroa Portuguêsa, no período colonial, era, sem dúvida, ato meritório, pois cada patacão sone

gado ao erário de El-Rei era patacão poupado à economia brasileira que então ■SC c.sboçava. Pena 6 que a fraude fiscal nessa época não tivesse sido muito maior, para que nos pudesse restar uma parto

<lo nüs.so ouro que' hoje dorme nos siihlciTiuicos dos bancos iuglêscs.

e inúteis construídas com o seu dinheide perdão.

Outro fator que contribui para incen tivar a fraude é, embora pareça um contrassenso, o excesso de fiscalização,

de normas regulamentares e de fonnalidades burocráticas. O contribuinte ou

desanima ante a complexidade dessa coisa tianscendental que é pagar um im

pò.sto, ou então mergulha de rijo no cipoal de nossa legislação tributária e

trata de se desvencilhar da melhor

maneira possível, procurando na própria lei os meios de se furtar ao pagamento do.^ tributos. Ante tantas formalida des c exigências, seu raciocínio é êste: Bom. O fisco já nie considera mes

mo um ladrão. Então vamos ver quem é o mais esperto". E, esporHvamente, como quem joga a dinheiro, e a dinhei ro grossti, uma partida dc .xadrez, trata


•lií

»

Digesto Económic

112

Daí a necessidade de serem estudadas a fundo a"» condições econômicas dos ramos dc atividade sobre os quais se

pretende lançar ou niajorar impostos, para que estes não tenham por virItide eliminá-las, sem que ao menos

o Estado tenha a compensação do im-

pôslo arrecadado.

Suponliamos que

um Estado quaVpier lance um imposto sobre a fabricação de determinado pro

duto, superior à margem de lucro por ele proporcionado: Evidentemente, ces sa sua produção e o Estado não arre cada o imposto.

A economia nacional

é prejudicada, pois o produto pa.ssará a ser importado, e os cofres públicos

não arrecadam um real, por ter desapa recido a base da incidência.

Outra modalidade de evasão do im

posto não desejada pelo poder tributante é a que resulta de

defeitos na técnica fiscal, per mitindo aos contribuintes mais

argutos evitarem legalmente o

pagamento do impôsto, embora Nossa legislação do

imposto de renda, anterior à atiüil, oferecia um exemplo bem típico dessa modalidade de evasão, graças ao cha

mado "regime de base". O contribuin te do impôsto de renda pagava o im posto com hase nos rendimentos aufe ridos no ano anterior, mas tal paga

mento correspondia ao exercício em que fôsse efetuado. Desse si.stema rcsultava que as pessoas jurídicas deixavam de pagar o imposto pelos lucros que au

113

"Impôsto sobre Lucros Extraordinários",

declara sc-u.s rendimentos ou (jue uciiUa

que obedecia ao mesmo regime, acfo-

uma parle dêlo.s, pratica sonegação.

taram essa prática dc encerramento da atividade, deixando legalmente dc pa gar o impôsto sòbre os lucros auferidos no ano de encerramento, para dcjwis

^

Outro exemplo, ainda tirado do nossa.

legislação do impò.sto dc renda: dois

Um outro que declara corretamente sua

renda mas deixa do pagar o inípôsto, "ão o fstá sonegando.

Torna-se sim-

plc.snícnle devedor do Estado, que p:)-

reiniciarem a atividade st)b outra de nominação.

(

o nem prevista cm nossa Icgi.slação.

Cada uma dessas hipóteses, porém, tom

posto dc renda sòbrc o respectivo ren

do impôsto, com o reconhecimento ex

dimento proveniente dc aluguéis. Co mo, porém, o imposto de renda não in

presso dc ser ele devido, não revela por

cide .sòbre o rendimento auferido em

parte do contribuinte a maMcia, o dôlo, que devem ser punidos mais severa

utjlidadcs, isto 6, sobre o valor locati-

mente.

vo do prédio próprio de residência.

nestos, c se não pagou o imposto foi, possivelmente, por não ter tido meios

Seus propósitos não são deso

A f/onegação é o nsV) puganiento

fraiidíilento do impôsto. O contribuin te está compreendido no campo de in cidência do tributo.

Não encontra

maior e ■uma mentalidade desonesta

ção da base da incidência, resulta de \'árías circunstâncias e são muitas as

suas origens. Elas variam de época para época e de país para país. Vejamos

mente furtar-se ao seu pagamento c

é o do Brasih

Para que

baja sonegação — de acordo com a

terminologia usual que estou aqui ado tando — é preciso que o contribuinte

ferissem no exercício do encerramento,

tenha ocultado total ou parcialmente a

pois I o impôsto i^ago nesse exercício, e que lhe dava direito a se considerar quites com o impôsto de ronda, na ver dade correspondia aos lucros do ano an terior. Inúniera.s empresas, principalmentí! durante a vigência do chamado

existência da base de incidência. Aque

le que não paga o impôsto, embora de clare lealmente ser êlc devido, não

pratica sonegação. Simplesmente deixa do pagá-lo. Por exemplo: um contri buinte do impôsto dc renda ipie nao

mada "Ministério de Perguntas Creti nas", de certa revista, esta pergunta não muito cretina "Quem rouba do fis co tem cem anos de perdão?" E' essa .

u dénida em.que se debatem milhares

dc brasileiros. Descrentes da boa apli cação dos dinheiros públicos, não sentin

do os benefícios de uma administração

lo, o contribuinte brasileiro sonega o impôsto o se concede logo os cem anos

o caso que nos intere,s.sa de perto, que

mesmo assim não o paga por ter ocul

aperfeiçoar a fraude fiscal no Brasil. Ainda há dias li, numa sc,ssão cha- .

dor revela uma periculosidade muito

breclias na lei por onde possa legal tado a base da incidência.

de sanção moral para o sonegador, lêni conlribiiído para dcsen\"olvcr c

eficiente, contemplando obras suntuosas

A sonegação, no sentido de oculta-

sH

lapidação dos dinheims públicos, as

•dc fazê-lo,-ou, nu pior das hipóteses, por simples relaxamento. Já o sonega que merece castigo mais severo.

-l-'

Impostos mal dosados e mal arrecada deficiências de controle e a ausência

tivo pelo qual parcceu-inc útil distinguilas. A.ssim, o simples não puganiento

tere sua situação financeira.

.si eiro;j, e. 6 de se reconhecer que mui tos fatores têm contribuído para isso.

sonegação o não pagamento não é usual

cau.sas c conseqüências diversas, mo

dc .sua propriedade, deixando ambos de pagar legalmente o impôsto, embora cm nada se al

parcela apreciável dos contribuintes bra-

dos, a ignorância do contribuinte, a di

do outro, pagando o re.spcctivo a'ugucl, do que resulta que ambos pagam o im

cada um passa a morar na casa

A sonegação, porém, tornou-se há

bito, c dos mais perniciosos, para uma

derá executá-lo pura a cobrança. Essa distinção que aqiii faço entre

contribuintes .são, respectivamente, in quilino e senhorio. Um mora na ca.^a

sem eliminar a base da in

cidência.

Dioksto econômico

A sonegação de impostos no Brasil

tcih origens históricas. O não paga mento dc impostos à Coroa Portuguêsa, no período colonial, era, sem dúvida, ato meritório, pois cada patacão sone

gado ao erário de El-Rei era patacão poupado à economia brasileira que então ■SC c.sboçava. Pena 6 que a fraude fiscal nessa época não tivesse sido muito maior, para que nos pudesse restar uma parto

<lo nüs.so ouro que' hoje dorme nos siihlciTiuicos dos bancos iuglêscs.

e inúteis construídas com o seu dinheide perdão.

Outro fator que contribui para incen tivar a fraude é, embora pareça um contrassenso, o excesso de fiscalização,

de normas regulamentares e de fonnalidades burocráticas. O contribuinte ou

desanima ante a complexidade dessa coisa tianscendental que é pagar um im

pò.sto, ou então mergulha de rijo no cipoal de nossa legislação tributária e

trata de se desvencilhar da melhor

maneira possível, procurando na própria lei os meios de se furtar ao pagamento do.^ tributos. Ante tantas formalida des c exigências, seu raciocínio é êste: Bom. O fisco já nie considera mes

mo um ladrão. Então vamos ver quem é o mais esperto". E, esporHvamente, como quem joga a dinheiro, e a dinhei ro grossti, uma partida dc .xadrez, trata


DIGESTÍ) Ef'OSÓNÍT'

114

de descobrir nas malhas da lei proces

sos os mais engenhosos de fugir à obri gação do imposto. A esse fator de sonegação se junta

a completa ausência de sanções de or dem moral contra o sonegador. O co

merciante que deixa de pagar um títu lo 6 um desonesto, e está falido. Mas,

também me considero honesto, mas eu

não pagaria, porque não sou trou xa." .

Essa mesma alta personalidade certa vez me contou, para ilustrar esse aspecto

amável de que se reveste no Brasil a fraude fiscal, que no Rio Grande do Sul é comum Icrem-sc, cm fichas dc infor

se em lugar de deixar de pagar um titulo

mações confidenciais dos Bancos, coi

de dez mil cruzeiros, sonega um mi

sas como esta: "Firma conceituada, con-

lhão em impostos, então êle é um ho

trabandista.s há longos anos, dignos de

mem inteligente c hábil, merecedor da admiração e da inveja de seus concida dãos, pois que, só com as armas dc

crédito etc."

sua argúcia, derrotou tôda a experièivcia, técnica e aparelhamento desse Moloch que é q fisco.

Há ulgun.s anos fiz parte de uma co missão incumbida da elaboraçãn de

certa lei fiscal, comissão essa presidida por uma alta personalidade do Gover

no da época, e que represen tava a Fazenda Nacional. Dis

cutia-se um

dispositivo que

obrigava o contribuinte a exibir seus livros e arquivos à fis

calização, quando um dos pre.sentes, diretor de importante as

íESTO

..: a; ,• •• ;«r. EcoxóxrirG"

do vendas e consignações" c por certo foi depois procurar outro advogado mais

hábil, que lhe afirmasse que tal impòsto não existia mesmo e que tudo não pas sava de horrível pesadelo.

Por certo êsse comerciante c.xagerou em sua ignorância. Mas o fato é que não se pode exigir de pequenos co merciantes, artesãos, laxTadores, que compreendam e apliquem as normas tra

çadas em nossa legislação fiscal e que tantas e tantas vezes confundem os

lógica da sonegação. A par de^as exis

próprios funcionários fiscais e advogados especializados na matéria. Na impos sibilidade de cumprir estritamente o.s

tem as razões de ordem cultural, de or dem técnica c de ordem econômica.

muitas vezes cortam o mal pela raiz: não

Essas são as razões de ordem psico

Os motivos de ordem cultural, ou me

lhor dizendo, de ordem ní7o cultural re.sidem na ignorância da grande massa de contribuintes brasileiros, ignorância

geral ou especializada", pois contribuintes há que, com certa razão, têm sagrado horror por essa litera tura enfadonha que é a nossa legislação fiscal.

mandamentos fiscais, os contribuintes

pagam mais o impôsto. As razões de ordem técnica da so

negação resultam dc deficiências das

leis, que as tornam inexeqüíveis.

A

culpa, nesse caso, não é do contribuin

disposições confusas ou inaplicávcis, co mo esta última lei que regula as isen ções constitucionais do impòsto de con

butação que não pode suportar. A ten tação de coner o risco da sonegação tagem no caso de a fraude não ser des coberta.

posto de \'endas e consignações. Ejc-

jionestos."

dução da multa. "Mas dv. — retrucou-

guntou-lhe: "Mas, Seu Fulano, se o

me o homem alarmadíssimo — eu paguei

Sr. fizesse um contratinho que devesse

o impôsto. Tenho um papelziuho ama relo que diz que eu paguei o impos to." Fui ver o tal "papclzinho amare lo"; era um recibo de taxa d'água de

ojl^, _ retiLicou-lhe o Presidente — eu

te conhecido. À medida que sobe um

determinações.

sem fiscalização, porque somos homens

sèlo?" — "Pagaria, Sr. Presidente, por-

impôsto fòsse maior, menor seria a ar

recadação, pelo aumento da fraude. Êsse fenômeno, aliás, é universalmen^

fringi-las, muito embora conheçam suas

solutamente indefensável e que poderíoinos conseguir, quando muito, uma re

(jue sou um homem honesto." — "Pois

tribuintes na comissão aceitariam uma

tributação mais elevada para jóias, perfumarias, bebidas etc. O próprio fisco, porém, se insurgiu contra êsse aumen to, alegando que, com êle, embora o

sumo, obrigam os contribuintes a in

de medidores automáticos.

o fisco o descobrisse, o Sr. pagaria o

Quando se discutia a lei do impòstíi de consumo, os representantes dos con

Comercial de São Paulo, apare

phquei-lhe então que o auto era ab

pagar vinte contos de sêlo e pudesse guardá-lo numa gaveta, sem medo que

ou mal dosados.

Quando eu era chefe do De partamento Legal da Associação

sonegação do impôsto de consumo sô-

O Presidente, então, per

tam de impostos e.xcessivamente altos

huposto sobe também o índice de sua

um auto de infração para ser feita a defesa. O homem, estabelecido já há alguns anos, nunca havia pago o im

mente todos os nossos impostos, com ou

Finalmente, as razões dc ordem eco

nômica que favorecem a fraude resul

sonegação. Isso representa uma reação do organismo econômico repelindo uma tri

testou contra a medida. "Isso, Sr. Pre sidente, é uma afronta a todos"os con

Nós pagamos religiosa

te, sem pagar impôsto algum.

leigos na matéria, sem técnica, contendo

ceu-me certa vez um comerciante com

não o somos.

continuaram a produzir ^clandestinamen

te. E' da legislação. Leis elaboradas por

sociação de classe, se levantou e pro tribuintes — dizia êle — que são equi parados a ladrões pelo fisco. E nós

poder proxar a quem havia xendido a

parte dos seus produtos que, realmente, não existia. Resultado: as pequenas fá bricas de álcool e aguardente simples mente deram bai.va cm suas patentes e

uma ca.sa no Belenzinho.

Êsse contribuinte nunca havia ouvido falar em uma coisa chamada "impósto

Houve uma lei que, para evitar a

bre álcool e aguardente, tornou obriga tório, nas fábricas respectivas, o uso Acontece

que tais medidores, segundo se afirma va, mediam não só o líquido como tam• bém os vapores que passavam pelos oncanamentoj|, acusando uma produção multo superior à real. Caso o contribuin

te adquirisse os selos do imposto de con sumo para a sua produção real, seria

autuado porque o medidor marcava mais.

Caso fizesse a aquisição peía produção marcada, seria também autuado por não . ♦ SW'..-.

será tanto maior quanto maior fôr a van

No Brasil, embora os impostos, consi derados isoladamente, não sejam muito ele\'ados, em seu conjunto o são, e as bases de incidência são sempre as mes mas para dix'ersos impostos.

. Suponhamos que uma sociedade anô

nima, fabricante de chapéus, por exem

plo, sonegue ao pagamento de impostos um contrato de compra e x-enda de

Cr$ 1.000.000,00 e que lhe proporcio naria,iiin lucro de Ci$ 200.000,00. Em

primeiro lugar, deixaria de pagar o selo sôbre o conti-alo, no \'alor de Cr$

5.000,00. A seguir, .sonegaria o impô.sto cio consumo sôbrc os chapéus, ou soja


DIGESTÍ) Ef'OSÓNÍT'

114

de descobrir nas malhas da lei proces

sos os mais engenhosos de fugir à obri gação do imposto. A esse fator de sonegação se junta

a completa ausência de sanções de or dem moral contra o sonegador. O co

merciante que deixa de pagar um títu lo 6 um desonesto, e está falido. Mas,

também me considero honesto, mas eu

não pagaria, porque não sou trou xa." .

Essa mesma alta personalidade certa vez me contou, para ilustrar esse aspecto

amável de que se reveste no Brasil a fraude fiscal, que no Rio Grande do Sul é comum Icrem-sc, cm fichas dc infor

se em lugar de deixar de pagar um titulo

mações confidenciais dos Bancos, coi

de dez mil cruzeiros, sonega um mi

sas como esta: "Firma conceituada, con-

lhão em impostos, então êle é um ho

trabandista.s há longos anos, dignos de

mem inteligente c hábil, merecedor da admiração e da inveja de seus concida dãos, pois que, só com as armas dc

crédito etc."

sua argúcia, derrotou tôda a experièivcia, técnica e aparelhamento desse Moloch que é q fisco.

Há ulgun.s anos fiz parte de uma co missão incumbida da elaboraçãn de

certa lei fiscal, comissão essa presidida por uma alta personalidade do Gover

no da época, e que represen tava a Fazenda Nacional. Dis

cutia-se um

dispositivo que

obrigava o contribuinte a exibir seus livros e arquivos à fis

calização, quando um dos pre.sentes, diretor de importante as

íESTO

..: a; ,• •• ;«r. EcoxóxrirG"

do vendas e consignações" c por certo foi depois procurar outro advogado mais

hábil, que lhe afirmasse que tal impòsto não existia mesmo e que tudo não pas sava de horrível pesadelo.

Por certo êsse comerciante c.xagerou em sua ignorância. Mas o fato é que não se pode exigir de pequenos co merciantes, artesãos, laxTadores, que compreendam e apliquem as normas tra

çadas em nossa legislação fiscal e que tantas e tantas vezes confundem os

lógica da sonegação. A par de^as exis

próprios funcionários fiscais e advogados especializados na matéria. Na impos sibilidade de cumprir estritamente o.s

tem as razões de ordem cultural, de or dem técnica c de ordem econômica.

muitas vezes cortam o mal pela raiz: não

Essas são as razões de ordem psico

Os motivos de ordem cultural, ou me

lhor dizendo, de ordem ní7o cultural re.sidem na ignorância da grande massa de contribuintes brasileiros, ignorância

geral ou especializada", pois contribuintes há que, com certa razão, têm sagrado horror por essa litera tura enfadonha que é a nossa legislação fiscal.

mandamentos fiscais, os contribuintes

pagam mais o impôsto. As razões de ordem técnica da so

negação resultam dc deficiências das

leis, que as tornam inexeqüíveis.

A

culpa, nesse caso, não é do contribuin

disposições confusas ou inaplicávcis, co mo esta última lei que regula as isen ções constitucionais do impòsto de con

butação que não pode suportar. A ten tação de coner o risco da sonegação tagem no caso de a fraude não ser des coberta.

posto de \'endas e consignações. Ejc-

jionestos."

dução da multa. "Mas dv. — retrucou-

guntou-lhe: "Mas, Seu Fulano, se o

me o homem alarmadíssimo — eu paguei

Sr. fizesse um contratinho que devesse

o impôsto. Tenho um papelziuho ama relo que diz que eu paguei o impos to." Fui ver o tal "papclzinho amare lo"; era um recibo de taxa d'água de

ojl^, _ retiLicou-lhe o Presidente — eu

te conhecido. À medida que sobe um

determinações.

sem fiscalização, porque somos homens

sèlo?" — "Pagaria, Sr. Presidente, por-

impôsto fòsse maior, menor seria a ar

recadação, pelo aumento da fraude. Êsse fenômeno, aliás, é universalmen^

fringi-las, muito embora conheçam suas

solutamente indefensável e que poderíoinos conseguir, quando muito, uma re

(jue sou um homem honesto." — "Pois

tribuintes na comissão aceitariam uma

tributação mais elevada para jóias, perfumarias, bebidas etc. O próprio fisco, porém, se insurgiu contra êsse aumen to, alegando que, com êle, embora o

sumo, obrigam os contribuintes a in

de medidores automáticos.

o fisco o descobrisse, o Sr. pagaria o

Quando se discutia a lei do impòstíi de consumo, os representantes dos con

Comercial de São Paulo, apare

phquei-lhe então que o auto era ab

pagar vinte contos de sêlo e pudesse guardá-lo numa gaveta, sem medo que

ou mal dosados.

Quando eu era chefe do De partamento Legal da Associação

sonegação do impôsto de consumo sô-

O Presidente, então, per

tam de impostos e.xcessivamente altos

huposto sobe também o índice de sua

um auto de infração para ser feita a defesa. O homem, estabelecido já há alguns anos, nunca havia pago o im

mente todos os nossos impostos, com ou

Finalmente, as razões dc ordem eco

nômica que favorecem a fraude resul

sonegação. Isso representa uma reação do organismo econômico repelindo uma tri

testou contra a medida. "Isso, Sr. Pre sidente, é uma afronta a todos"os con

Nós pagamos religiosa

te, sem pagar impôsto algum.

leigos na matéria, sem técnica, contendo

ceu-me certa vez um comerciante com

não o somos.

continuaram a produzir ^clandestinamen

te. E' da legislação. Leis elaboradas por

sociação de classe, se levantou e pro tribuintes — dizia êle — que são equi parados a ladrões pelo fisco. E nós

poder proxar a quem havia xendido a

parte dos seus produtos que, realmente, não existia. Resultado: as pequenas fá bricas de álcool e aguardente simples mente deram bai.va cm suas patentes e

uma ca.sa no Belenzinho.

Êsse contribuinte nunca havia ouvido falar em uma coisa chamada "impósto

Houve uma lei que, para evitar a

bre álcool e aguardente, tornou obriga tório, nas fábricas respectivas, o uso Acontece

que tais medidores, segundo se afirma va, mediam não só o líquido como tam• bém os vapores que passavam pelos oncanamentoj|, acusando uma produção multo superior à real. Caso o contribuin

te adquirisse os selos do imposto de con sumo para a sua produção real, seria

autuado porque o medidor marcava mais.

Caso fizesse a aquisição peía produção marcada, seria também autuado por não . ♦ SW'..-.

será tanto maior quanto maior fôr a van

No Brasil, embora os impostos, consi derados isoladamente, não sejam muito ele\'ados, em seu conjunto o são, e as bases de incidência são sempre as mes mas para dix'ersos impostos.

. Suponhamos que uma sociedade anô

nima, fabricante de chapéus, por exem

plo, sonegue ao pagamento de impostos um contrato de compra e x-enda de

Cr$ 1.000.000,00 e que lhe proporcio naria,iiin lucro de Ci$ 200.000,00. Em

primeiro lugar, deixaria de pagar o selo sôbre o conti-alo, no \'alor de Cr$

5.000,00. A seguir, .sonegaria o impô.sto cio consumo sôbrc os chapéus, ou soja


DinnsTO 116

posto de vendas e consignações, e isso

apenas cerca de 1,3% da população .se ja conlribuiiilc do impôsto sôbre a ren

25.000,00. Finalmente, iria sonegar o

Ora, a fraude, fazendo cair a arreca

niais Cr$ 50.000,00.'Não pagaria o im

representaria em Sáo Paulo mais Cr$

impôsto de renda da própria empresa e dos acionistas, na base total de 30% so bre o lucro, isto é, mais Cr$ 60.000,00.

Tirando, assim, das vistas e do controle

da-.

sidade da majoração de impostos, em detrimento, justamente, daqueles que já os pagam por não quererem ou, nas

do fisco uma só operação, essa empre

sa, em lugar de auferir um lucro líqui do de apenas Cr$ 140.000,00 (deduzido o impôsto de renda) iria em verdade

estava normalizada a arrecadação do

Simplesmente o dòbro.

Positivamente

Em 1929, por exemplo, ano em que já impôsto dc ronda, 267.233 contribuin

tes pagaram de impôsto de renda Cr$ 63.100.000,00, ao pas.so que em 1946,

valeria a pena correr o risco da frau

513.425 contribuintes recolheram

de.

2.612.000.000,00. '■i-

-ii

Todos êsses fatores, psicológicos, his tóricos, culturais, técnicos e econômicos, têm contribuído para elevar o índice de

sonegação, no Brasil, a proporções con sideráveis.

E* de espantar, por exemplo, por mais pobre que seja a população, que

IV -Cnrnes

dação, traz como conseqüência a neces

mais das vezes, não poderem sonegar.

auferir um lucro de Cr$ 280.000,00.

l

Produtos brasileiros no (nercaiÍB internacional

Cr$

Em 1929, cada con

Dohival Teixeiha Vieira

coMÉiiCío de cunies em conserva

e frigorificadás constitui, hoje, o quarto item da balança comercial bra.si-

leira. Em 1914, a sua importância, co mo produto de e.xportação, era insigni ficante, pois representava apenas 0,05% do valor total da nossa exportação. Na quele ano, exportáramos apenas 425 to neladas, correspondendo a Cr.$ 387.000,00, sendo que a quase totali

impôsto de renda, Cr$ 170,00; e em

dade era representada por carnes frigorifícadas. A.s exigências da guerra de

1946, Cr$ 5.300,00. Ao passo que o nú mero de contribuintes não chegou a do brar, a arrecadação do impôsto foi mul

valor total da exportação eram represen

tiplicada mais de 40 vezes. Daí se con

tados por carnes.

tribuinte pagou, cm média, a título de

1914 a 1918 permitiram a expansão da venda do produto e, em 1918, 8,3% do Predomina\'a ainda a

de nota o fato de, em 1926, chegarmos a vender tão sòmente 8.101 toneladas,

no valor de Cr$ 12.206.000,00, voltan

do esse ramo de comércio a representar 0,38% do valor total e.xportado. Não obstante esse acentuado declínio, a nos sa industria de carnes e derivados con

tinuou a progredir, graças aos esforços

dos criadores brasileiros para inelhora1-em os rebanhos e intensificarem a ex

ploração da pecuária, selecionando os

tipos de açougue capazes de permitir maior rendimento industrial; gado pre

coce, bem conformado e de fácil en<»or-

da. A parHr de 1927, forte reação se verificou e a exportação de carnes tor

clui que a Fazenda não cuida de au

venda do produto frigorificado, i>orquan-

nou a crescer;

mentar o seu rebanho, mas sim de tos-

to em todo o País ha\da, ao se iniciar

quiá-lo ao máximo.

a guerra, apenas um matadoiu-o frigo rífico, fundado em 1913 em BaiTCtos, no Estado de São Paulo, pelo Conse lheiro Antônio Prado. A expansão do

que em 1930, justamente no ano mar-

comércio de carnes do Brasil atraiu

para cá o capital estrangeiro, e a Con tinental Products Co,, em 1915, insta lou em Osasco um grande frigorífico. A partir de 1916-17 outros estabeleci mentos se instalaram e imediatamente entraram a e.xportar. Na primeira fase

do desenvolvimento da produção e in dústria de carnes para exportação, o

é interessante verificar

cado pela formidável depressão inter

nacional, que aHngiu todos os mercados,

vendêramos 113.127 toneladas, corres pondentes a Cr$ 173.957.000 00 eqüi

valendo a 6% do %'alor total da ex-portação.

O período de depressão que, começa

do naquele ano, se esfendeu até 1934 atingiu com maior riolência o comércio

do cafe do que o de carnes brasileiras; podemos afirmar que a queda do mer

cado cafeeiro, ao mesmo tempo que

ponto máximo foi alcançado em 1919

quando se venderam 83.427 toneladas, correspondendo 68% à carne frigorificada e 32% à em conserva. A partir desse ano, a concorrência internacional, bem como a redução das solicitações do con

sumo. fizeram com que nossas vendas para o exterior declinassem, sendo digno

nViíulítti'

cuario, no e.xtenor; mesmn

1934,. em que o vaC7.

co p

de carnes baixou para 1

mos 44.213 tonelad^ „ 60.831.000,00. O comér comércio

^ .í

exterior de

carnes conünuou a se desenvolver a

parfr de então e, como no anterior cnn-


DinnsTO 116

posto de vendas e consignações, e isso

apenas cerca de 1,3% da população .se ja conlribuiiilc do impôsto sôbre a ren

25.000,00. Finalmente, iria sonegar o

Ora, a fraude, fazendo cair a arreca

niais Cr$ 50.000,00.'Não pagaria o im

representaria em Sáo Paulo mais Cr$

impôsto de renda da própria empresa e dos acionistas, na base total de 30% so bre o lucro, isto é, mais Cr$ 60.000,00.

Tirando, assim, das vistas e do controle

da-.

sidade da majoração de impostos, em detrimento, justamente, daqueles que já os pagam por não quererem ou, nas

do fisco uma só operação, essa empre

sa, em lugar de auferir um lucro líqui do de apenas Cr$ 140.000,00 (deduzido o impôsto de renda) iria em verdade

estava normalizada a arrecadação do

Simplesmente o dòbro.

Positivamente

Em 1929, por exemplo, ano em que já impôsto dc ronda, 267.233 contribuin

tes pagaram de impôsto de renda Cr$ 63.100.000,00, ao pas.so que em 1946,

valeria a pena correr o risco da frau

513.425 contribuintes recolheram

de.

2.612.000.000,00. '■i-

-ii

Todos êsses fatores, psicológicos, his tóricos, culturais, técnicos e econômicos, têm contribuído para elevar o índice de

sonegação, no Brasil, a proporções con sideráveis.

E* de espantar, por exemplo, por mais pobre que seja a população, que

IV -Cnrnes

dação, traz como conseqüência a neces

mais das vezes, não poderem sonegar.

auferir um lucro de Cr$ 280.000,00.

l

Produtos brasileiros no (nercaiÍB internacional

Cr$

Em 1929, cada con

Dohival Teixeiha Vieira

coMÉiiCío de cunies em conserva

e frigorificadás constitui, hoje, o quarto item da balança comercial bra.si-

leira. Em 1914, a sua importância, co mo produto de e.xportação, era insigni ficante, pois representava apenas 0,05% do valor total da nossa exportação. Na quele ano, exportáramos apenas 425 to neladas, correspondendo a Cr.$ 387.000,00, sendo que a quase totali

impôsto de renda, Cr$ 170,00; e em

dade era representada por carnes frigorifícadas. A.s exigências da guerra de

1946, Cr$ 5.300,00. Ao passo que o nú mero de contribuintes não chegou a do brar, a arrecadação do impôsto foi mul

valor total da exportação eram represen

tiplicada mais de 40 vezes. Daí se con

tados por carnes.

tribuinte pagou, cm média, a título de

1914 a 1918 permitiram a expansão da venda do produto e, em 1918, 8,3% do Predomina\'a ainda a

de nota o fato de, em 1926, chegarmos a vender tão sòmente 8.101 toneladas,

no valor de Cr$ 12.206.000,00, voltan

do esse ramo de comércio a representar 0,38% do valor total e.xportado. Não obstante esse acentuado declínio, a nos sa industria de carnes e derivados con

tinuou a progredir, graças aos esforços

dos criadores brasileiros para inelhora1-em os rebanhos e intensificarem a ex

ploração da pecuária, selecionando os

tipos de açougue capazes de permitir maior rendimento industrial; gado pre

coce, bem conformado e de fácil en<»or-

da. A parHr de 1927, forte reação se verificou e a exportação de carnes tor

clui que a Fazenda não cuida de au

venda do produto frigorificado, i>orquan-

nou a crescer;

mentar o seu rebanho, mas sim de tos-

to em todo o País ha\da, ao se iniciar

quiá-lo ao máximo.

a guerra, apenas um matadoiu-o frigo rífico, fundado em 1913 em BaiTCtos, no Estado de São Paulo, pelo Conse lheiro Antônio Prado. A expansão do

que em 1930, justamente no ano mar-

comércio de carnes do Brasil atraiu

para cá o capital estrangeiro, e a Con tinental Products Co,, em 1915, insta lou em Osasco um grande frigorífico. A partir de 1916-17 outros estabeleci mentos se instalaram e imediatamente entraram a e.xportar. Na primeira fase

do desenvolvimento da produção e in dústria de carnes para exportação, o

é interessante verificar

cado pela formidável depressão inter

nacional, que aHngiu todos os mercados,

vendêramos 113.127 toneladas, corres pondentes a Cr$ 173.957.000 00 eqüi

valendo a 6% do %'alor total da ex-portação.

O período de depressão que, começa

do naquele ano, se esfendeu até 1934 atingiu com maior riolência o comércio

do cafe do que o de carnes brasileiras; podemos afirmar que a queda do mer

cado cafeeiro, ao mesmo tempo que

ponto máximo foi alcançado em 1919

quando se venderam 83.427 toneladas, correspondendo 68% à carne frigorificada e 32% à em conserva. A partir desse ano, a concorrência internacional, bem como a redução das solicitações do con

sumo. fizeram com que nossas vendas para o exterior declinassem, sendo digno

nViíulítti'

cuario, no e.xtenor; mesmn

1934,. em que o vaC7.

co p

de carnes baixou para 1

mos 44.213 tonelad^ „ 60.831.000,00. O comér comércio

^ .í

exterior de

carnes conünuou a se desenvolver a

parfr de então e, como no anterior cnn-


•-1 fc".

Drcr-STO

flito mundial, no de 1939-45. experi mentou acentuado desenvolvimento,

principalmente até o ano da entrada do , nosso país na guerra. Em 1940, a e.xportaçao de carnes chegou a atingir

volume de 128.118 toneladas, no valor de Cr$ 636.714.000,00.

alemã, menos da metade da Argentina

Os perigos da guerra submarina, a

o ainda mcnfjs que a da França e Crá-

partir daquele ano, dificultando o trans

Bretanha.

porte marítimo, responderam cm parte carnes do Brasil; mesmo assim, ao termi

Notc-sc, porém, que a Alemanha pràticamentc desapareceu do cenário co mo produtor, e embora o sul da França

nar a guerra, ainda conseguíramos ven-

não tenha sentido com tanta intensidade

dia do decênio 1936-45, 4,39% das divi-

s.as brasileiras foram conseguidas pela venda do produto. Sua importância, hoje, diminuiu, o que se deve atribuir

os efeitos da guerra, é razoável supor que haja perdido parle da sua posição; o mesmo se pode afirmar da Grã-Bre tanha, que, como é sabido, não chega a' produzir nem o suficiente para o .seu

à normalização gradati\a das economias

consumo, sendo um dos maiores eompradore.s no mercado internacional, tanto

. dos países consumidores, por um lado,

assim que, ainda eni 1948. importou do

(' à desaparição das necessidades de

Brasil 1.530 toneladas de carnes, no

abastecimento de guerra, por outro. Mes

valor de Ci$ 16.858.833.00; note-se,

mo assim, no ano de 1948, vendemos

entretanto, que a restauração de sim

44.070 toneladas, no valor dc Cr$

economia lhe permitiu diminuir scnsl-

439.726.000,00, ou sejam, 2,03% do

vclnienle as compra.s do Brasil, o que

valor de nossa exportação.

fãcilmente se verifica ao recordarmo.s

Durante essa evolução, as carnes em conserva foram graçlativamente contri

o fato de, em 1946, a Inglaterra haver

buindo com maior percentagem do vo-

lume exportado e hoje em dia apenas 53% das carnes vendidas são frigorifica-

das, cabendo 47% ao foniecimento de

comprado 44.776 toneladas. Verdade é que o congelamento do cnxlito bra sileiro naquele país representou tam

bém importante fator para essa redução. Con.siderando-sc o mercado exporta

came.s em conserva. Além disso, expor

dor, até 1939, a Argentina, a Austrália

tamos cpiasc exclusivamente carne de

e o Uruguai vendiam, respectivamente,

vaca, .sendo insignificantes as nos.sas

aos países consumidores, dez, duas e

vendas d(i carne dc porco ou de car neiro. E',preci.so ainda dízer-se que, atualmente, o Brasil não atende a tôdas as solicitações dos mercados exte-

meia c duas vôzes mais que o nos-so

riore.9, porque a exportação forçada do

pcríncío df" gneiTa impediu uma reno\'a-

C^r$ 161.374.167,00.

país, o que vem mosb'ar não sermos dos maiores fornecedores e precisarmos lu tar com forte concorrência.

Atualmente, o nosso principal freguês são os Estados Unidos, visto em 1948

Em ordem de

crescente de importância, vem a se guir a Holanda, com uma importação de 8.261 toneladas, no \alor dc Cr$

Considerando-se o mercado produtor internacional, o Brasil colüea\a-se, ante.s

198.630.000,00. Considerando-se a mé

13.288 toneladas, correspondentes a

mente nas grandc.s cidades brasileiras. da última gm-rra, em sexto lugar, pro duzindo quase a sétima parte da pro dução norte-americana, um tèrço da

Ife der 81.478 toneladas, no valor de Cr$

liaNcrinos exportado paro. aquele país

produto no mercado interno, principal

leiros comerciados, e, cm 1942 ainda re

pela diminuirão do comércio exterior de

r

çãü iíiiediatu das rcsor\'as de gado pi ra corte c pro\'ocou uma escassez do

9,38% do valor total de produtos brasi

presentava 8,5%, contribuindo com um

Dicr.sni Econômico

58.268.997,00, acompanhada de perto pela União Belgo-Luxcmburguesa, que

í

de nós adquiriu 6.545 toneladas; a esta seguiu a Suíça, para onde e.xporlumos 5.408 toneladas. Bcin menos importantes foram as importações da Gré

cia. (3.019 toneladas). Finlândia (2.128) c Ale manha (1.412). A Áfri

ca, os demais países da América do Snl e a Asia constituem mercados con

campos de engorda estão na dependên cia da existência de boas pastagens, além do que exigem grandes áreas dc terreno. Neste particular, convém notar u grande diferença existente entre as

zonas de criação da Argentina e Uru guai e as do Brasil. Naqueles países, a topografia favorece particularmente a criação de gado; as cochilhas e planuras não fatigam o animal e não só permi tem

mais fácil contrôh-

dos rebanhos como tomam menos oneroso o trabalho

de reunir o gado e condu zi-lo para os matadouros,

frigoríficos ou pontos de embarque. A acidentação do nosso terreno dificul

ta o trabalho do peão, en

sumidores dc pequena im portância para o Brasil.

Convém notar, porém, que tanto a Alemanha como a

carece

a mão-de-obra e

contribuí, em parte, para desmerecer

o

rebanho,

Holanda, ou até mesmo em

principalmente quando o

parte a Suíça, desde que

faz a pé, por falta de

suas economias se norma

^as de comunicação. Além disso, como não há uma boa rêde de matadou

lizem,

diminuirão

sensi

velmente seus pedidos; a tendência para uma redu ção já é notada no movi

ros e frigoríficos, os quais se concentram apena.s em

mento comercial dos últi mos

alguns pontos, particular mente São Paulo, o ga do para engorda é c>o-

mese.s.

Con\'ém, por i.sso, inda garmos do provável com portamento da oferta e da procura, np exterior, das

carnes em conserva e frigorificadas, cm

função do movimento dos preços. A oferta de carnes é elástica, ten dendo à inclasticidade.

deslocamento do mesmo se

locado em invernadas e

só depois industrializado e vendido, seja no merca do interno, seja no mercado interaaciunal. E', pois, natural que o custo da

carne brasileira seja mais elevado que

O fenômeno é

a dos seus concorrentes sul-americanos.

fácil de explicar-se porque a pecuária tem o seu desenvolvimento ligado, por um lado, às pastagen.s, e, por outro,

A extensão da propriedade, por um lado, e o ciclo de reprodução e criação,

as difieiihlade.s de armazenamento do

carne ofertado po.ssa expandir-se rapida

piodiilo. U

A fazciicUi dc criação ou os

,0 A.í - , ..

por outro, impedem que o volume de mente, quando a conjuntura do iiicrea:.-Ç. N .


•-1 fc".

Drcr-STO

flito mundial, no de 1939-45. experi mentou acentuado desenvolvimento,

principalmente até o ano da entrada do , nosso país na guerra. Em 1940, a e.xportaçao de carnes chegou a atingir

volume de 128.118 toneladas, no valor de Cr$ 636.714.000,00.

alemã, menos da metade da Argentina

Os perigos da guerra submarina, a

o ainda mcnfjs que a da França e Crá-

partir daquele ano, dificultando o trans

Bretanha.

porte marítimo, responderam cm parte carnes do Brasil; mesmo assim, ao termi

Notc-sc, porém, que a Alemanha pràticamentc desapareceu do cenário co mo produtor, e embora o sul da França

nar a guerra, ainda conseguíramos ven-

não tenha sentido com tanta intensidade

dia do decênio 1936-45, 4,39% das divi-

s.as brasileiras foram conseguidas pela venda do produto. Sua importância, hoje, diminuiu, o que se deve atribuir

os efeitos da guerra, é razoável supor que haja perdido parle da sua posição; o mesmo se pode afirmar da Grã-Bre tanha, que, como é sabido, não chega a' produzir nem o suficiente para o .seu

à normalização gradati\a das economias

consumo, sendo um dos maiores eompradore.s no mercado internacional, tanto

. dos países consumidores, por um lado,

assim que, ainda eni 1948. importou do

(' à desaparição das necessidades de

Brasil 1.530 toneladas de carnes, no

abastecimento de guerra, por outro. Mes

valor de Ci$ 16.858.833.00; note-se,

mo assim, no ano de 1948, vendemos

entretanto, que a restauração de sim

44.070 toneladas, no valor dc Cr$

economia lhe permitiu diminuir scnsl-

439.726.000,00, ou sejam, 2,03% do

vclnienle as compra.s do Brasil, o que

valor de nossa exportação.

fãcilmente se verifica ao recordarmo.s

Durante essa evolução, as carnes em conserva foram graçlativamente contri

o fato de, em 1946, a Inglaterra haver

buindo com maior percentagem do vo-

lume exportado e hoje em dia apenas 53% das carnes vendidas são frigorifica-

das, cabendo 47% ao foniecimento de

comprado 44.776 toneladas. Verdade é que o congelamento do cnxlito bra sileiro naquele país representou tam

bém importante fator para essa redução. Con.siderando-sc o mercado exporta

came.s em conserva. Além disso, expor

dor, até 1939, a Argentina, a Austrália

tamos cpiasc exclusivamente carne de

e o Uruguai vendiam, respectivamente,

vaca, .sendo insignificantes as nos.sas

aos países consumidores, dez, duas e

vendas d(i carne dc porco ou de car neiro. E',preci.so ainda dízer-se que, atualmente, o Brasil não atende a tôdas as solicitações dos mercados exte-

meia c duas vôzes mais que o nos-so

riore.9, porque a exportação forçada do

pcríncío df" gneiTa impediu uma reno\'a-

C^r$ 161.374.167,00.

país, o que vem mosb'ar não sermos dos maiores fornecedores e precisarmos lu tar com forte concorrência.

Atualmente, o nosso principal freguês são os Estados Unidos, visto em 1948

Em ordem de

crescente de importância, vem a se guir a Holanda, com uma importação de 8.261 toneladas, no \alor dc Cr$

Considerando-se o mercado produtor internacional, o Brasil colüea\a-se, ante.s

198.630.000,00. Considerando-se a mé

13.288 toneladas, correspondentes a

mente nas grandc.s cidades brasileiras. da última gm-rra, em sexto lugar, pro duzindo quase a sétima parte da pro dução norte-americana, um tèrço da

Ife der 81.478 toneladas, no valor de Cr$

liaNcrinos exportado paro. aquele país

produto no mercado interno, principal

leiros comerciados, e, cm 1942 ainda re

pela diminuirão do comércio exterior de

r

çãü iíiiediatu das rcsor\'as de gado pi ra corte c pro\'ocou uma escassez do

9,38% do valor total de produtos brasi

presentava 8,5%, contribuindo com um

Dicr.sni Econômico

58.268.997,00, acompanhada de perto pela União Belgo-Luxcmburguesa, que

í

de nós adquiriu 6.545 toneladas; a esta seguiu a Suíça, para onde e.xporlumos 5.408 toneladas. Bcin menos importantes foram as importações da Gré

cia. (3.019 toneladas). Finlândia (2.128) c Ale manha (1.412). A Áfri

ca, os demais países da América do Snl e a Asia constituem mercados con

campos de engorda estão na dependên cia da existência de boas pastagens, além do que exigem grandes áreas dc terreno. Neste particular, convém notar u grande diferença existente entre as

zonas de criação da Argentina e Uru guai e as do Brasil. Naqueles países, a topografia favorece particularmente a criação de gado; as cochilhas e planuras não fatigam o animal e não só permi tem

mais fácil contrôh-

dos rebanhos como tomam menos oneroso o trabalho

de reunir o gado e condu zi-lo para os matadouros,

frigoríficos ou pontos de embarque. A acidentação do nosso terreno dificul

ta o trabalho do peão, en

sumidores dc pequena im portância para o Brasil.

Convém notar, porém, que tanto a Alemanha como a

carece

a mão-de-obra e

contribuí, em parte, para desmerecer

o

rebanho,

Holanda, ou até mesmo em

principalmente quando o

parte a Suíça, desde que

faz a pé, por falta de

suas economias se norma

^as de comunicação. Além disso, como não há uma boa rêde de matadou

lizem,

diminuirão

sensi

velmente seus pedidos; a tendência para uma redu ção já é notada no movi

ros e frigoríficos, os quais se concentram apena.s em

mento comercial dos últi mos

alguns pontos, particular mente São Paulo, o ga do para engorda é c>o-

mese.s.

Con\'ém, por i.sso, inda garmos do provável com portamento da oferta e da procura, np exterior, das

carnes em conserva e frigorificadas, cm

função do movimento dos preços. A oferta de carnes é elástica, ten dendo à inclasticidade.

deslocamento do mesmo se

locado em invernadas e

só depois industrializado e vendido, seja no merca do interno, seja no mercado interaaciunal. E', pois, natural que o custo da

carne brasileira seja mais elevado que

O fenômeno é

a dos seus concorrentes sul-americanos.

fácil de explicar-se porque a pecuária tem o seu desenvolvimento ligado, por um lado, às pastagen.s, e, por outro,

A extensão da propriedade, por um lado, e o ciclo de reprodução e criação,

as difieiihlade.s de armazenamento do

carne ofertado po.ssa expandir-se rapida

piodiilo. U

A fazciicUi dc criação ou os

,0 A.í - , ..

por outro, impedem que o volume de mente, quando a conjuntura do iiicrea:.-Ç. N .


DfOK-STo Econômico

121

Dunisio Económic 120

initindo melhorar as pastagens, u cria

do, seja interna, seja internacional,

fòr por

favorável; a retiação da'produção, outro lado, embora possa fazer-se com maior facilidade, encontra seus limi

da procura que tem ponnitido maior es tabilidade dos preços médios do produto

ção de uma rôde de frigoríficos e a

no mercado internacional. A sua .sensi

o comércio pecuário, ao lado da zo

bilidade às crises c pequena, se compa

otecnia, permitindo o melhoramento e

tes nas próprias proporções da empre

rada com as osci'ações de preços ^•erifi-

sa pecuária. Tanto isto é verdade que, quando as solicitações internacionais au

cadas noutros produtos. Dc um modo geral, os preços médios alcançados tem

mentaram muito, o único recurso encon

tendido a crescer.

trado foi o de roduzir-se a cota do con

entre 1930 e 1933 não foi além de 16?

sumo interno, cbegando-se até mesmo ao sacrifício de rebanhos sem se aten

lor médio da tonelada tom crescido con

der à necessidade de sua renovação;

tinuamente; mesmo computando-se a desvalorização monetária, verlfica-sc a

mataram-se novilhos e até mesmo va

cas em grande quantidade e, se por um lado aproveitou-se a situaçrio favorável

do mercado, criou-se, por outro, um seríssimo problema, o do futuro desen-

\'o'vimento da produção pecuária. Hou ve desfalque de nossos rebanhos, cujas conseqüências ainda se farão sentir. A falta de frigoríficos, disseminados pelas zonas de criação, diminuí as possibili dades de industrialização e não se pode negar que as carnes em conserva, do

ponto de vista mercantil, representam uma oferta mais conveniente, visto per mitirem

maior

a

estocagem

resistência

do

e

com

ela

produto

no

mercado.

nhos, poderão colaborar paru que o Bra sil não perca a posição conseguida no

adaptação dos .transportes para facilitar

mercado internacional de carnes ou vcv nha, até mesmo, a melliorá-la.

A baixa verificada

c, a partir daquele ano cm diante, o va

ocorrência dc uma aprcciáscl estabili dade nos preços do produto. Não é de .se e.sperar que nossa ex portação de carne para a África cresça muito ou que aumente, também, para a América do Norte e Central, ou para

os outros países da América do Sul. Quanto à Ásia, dada a situação políti ca contemporânea, prcvemos que os

mercados daquele continente estarão fe chados para nós, ou, pelo menos, sen

sivelmente reduzidos. A e.xpansão do mercado consumidor do procluto brasi leiro só poderá fazer-se entre os paí.ses

da Europa. "Na medida em que a Ale manha normalize sua economia, expan-

Se a.s nossas condições de produção

dir-sè-á também a venda de carnes pa

e oferta fôssem mais satisfatórias, por certo poderíamos augurar uma expansão maior para o comércio de carnes do Brasil, visto como a procura desse pro duto é inelástica, por atender a uma necessidade vital, de alimentação. Cum

ra aquele país. Prevemos, por outro la do, que a Itália voltará a ser um dos nossos grandes compradores. Convém

pre ainda notar que a carne não sofre

tarmos com uma limitação sensível da

concorrência apreciável de outros su cedâneos e, na medida em que o pa

drão alimentar do mundo vai melhoran

do' o consumo de carne também cresce.

Ela constitui lun dos mais importantes

itens da dieta alimentar de todos os naíse.s.

a mais rápida multiplicação dos reba

,

,

Apesar disso, é esta siliiaçao particular

não esquecer que a concorrência interna cional dificulta o desenvolvimento dc nosso mercado de carnes, além dc con

oferta, proveniente do desfalque sofri do pelos nossos rebanhos e da impossi" bilidade de multiplicá-los ràpidamentc. O futuro do mercado ex[X)rtador dc carnes encontra-se, pois, não tanto na

dependência da procura, ma.s sim na

da oferta, o que eqüivale a dizer qne o desenvolvimento da agrostologia, pori. .

4'

.'zi.


DfOK-STo Econômico

121

Dunisio Económic 120

initindo melhorar as pastagens, u cria

do, seja interna, seja internacional,

fòr por

favorável; a retiação da'produção, outro lado, embora possa fazer-se com maior facilidade, encontra seus limi

da procura que tem ponnitido maior es tabilidade dos preços médios do produto

ção de uma rôde de frigoríficos e a

no mercado internacional. A sua .sensi

o comércio pecuário, ao lado da zo

bilidade às crises c pequena, se compa

otecnia, permitindo o melhoramento e

tes nas próprias proporções da empre

rada com as osci'ações de preços ^•erifi-

sa pecuária. Tanto isto é verdade que, quando as solicitações internacionais au

cadas noutros produtos. Dc um modo geral, os preços médios alcançados tem

mentaram muito, o único recurso encon

tendido a crescer.

trado foi o de roduzir-se a cota do con

entre 1930 e 1933 não foi além de 16?

sumo interno, cbegando-se até mesmo ao sacrifício de rebanhos sem se aten

lor médio da tonelada tom crescido con

der à necessidade de sua renovação;

tinuamente; mesmo computando-se a desvalorização monetária, verlfica-sc a

mataram-se novilhos e até mesmo va

cas em grande quantidade e, se por um lado aproveitou-se a situaçrio favorável

do mercado, criou-se, por outro, um seríssimo problema, o do futuro desen-

\'o'vimento da produção pecuária. Hou ve desfalque de nossos rebanhos, cujas conseqüências ainda se farão sentir. A falta de frigoríficos, disseminados pelas zonas de criação, diminuí as possibili dades de industrialização e não se pode negar que as carnes em conserva, do

ponto de vista mercantil, representam uma oferta mais conveniente, visto per mitirem

maior

a

estocagem

resistência

do

e

com

ela

produto

no

mercado.

nhos, poderão colaborar paru que o Bra sil não perca a posição conseguida no

adaptação dos .transportes para facilitar

mercado internacional de carnes ou vcv nha, até mesmo, a melliorá-la.

A baixa verificada

c, a partir daquele ano cm diante, o va

ocorrência dc uma aprcciáscl estabili dade nos preços do produto. Não é de .se e.sperar que nossa ex portação de carne para a África cresça muito ou que aumente, também, para a América do Norte e Central, ou para

os outros países da América do Sul. Quanto à Ásia, dada a situação políti ca contemporânea, prcvemos que os

mercados daquele continente estarão fe chados para nós, ou, pelo menos, sen

sivelmente reduzidos. A e.xpansão do mercado consumidor do procluto brasi leiro só poderá fazer-se entre os paí.ses

da Europa. "Na medida em que a Ale manha normalize sua economia, expan-

Se a.s nossas condições de produção

dir-sè-á também a venda de carnes pa

e oferta fôssem mais satisfatórias, por certo poderíamos augurar uma expansão maior para o comércio de carnes do Brasil, visto como a procura desse pro duto é inelástica, por atender a uma necessidade vital, de alimentação. Cum

ra aquele país. Prevemos, por outro la do, que a Itália voltará a ser um dos nossos grandes compradores. Convém

pre ainda notar que a carne não sofre

tarmos com uma limitação sensível da

concorrência apreciável de outros su cedâneos e, na medida em que o pa

drão alimentar do mundo vai melhoran

do' o consumo de carne também cresce.

Ela constitui lun dos mais importantes

itens da dieta alimentar de todos os naíse.s.

a mais rápida multiplicação dos reba

,

,

Apesar disso, é esta siliiaçao particular

não esquecer que a concorrência interna cional dificulta o desenvolvimento dc nosso mercado de carnes, além dc con

oferta, proveniente do desfalque sofri do pelos nossos rebanhos e da impossi" bilidade de multiplicá-los ràpidamentc. O futuro do mercado ex[X)rtador dc carnes encontra-se, pois, não tanto na

dependência da procura, ma.s sim na

da oferta, o que eqüivale a dizer qne o desenvolvimento da agrostologia, pori. .

4'

.'zi.


:,«,-V5X^

- "íl»

DtCii:US"io Econômico 12-3

cm

BACBCXA

C'onf4írência roailaíoda no lnMU<n<o Uru|ínaío-nr«NÍIolro. de Moulevidéu, ein HO de

de IO IO

Josií Mmua Bkllo

PsTOu certo de que não vos são estranhas a vida"e a obra de Rui Bar

convosco, a fazer-lhe irrestrito elogio.

Desejava antes traçar-lhe rápido e.sbò-

bosa, projetadas desde cedo além das

ço, procurando os seus traços mais ca

fronteiras de sua pátria. Vida de insa

racterísticos. Mais os seus aspectos sub jetivos, SC assim posso dizer, do que a análise objetiva da sua vida e da sua

no trabalho, e de ardentes lutas, con

quistada desde a adolescência até a ve lhice, dia a dia, hora a hora, e ilumina

obra, desdobradas nas mais várias ati-

mais intensamente o por mais longo tempo se assinalou na vida da sua pá tria, dela muitas vezes transbordando pa

res páginas faladas ou escritas, ou pelo

ra os vastos cenários internacionais. Po

mais palpitante, são as de polêmica. Na sua prosa, tão pródiga de tons, parece

lítico, jornalista, escritor, parlamentar, orador, advogado, jurista e diplomata, jtunais conheceu uma fase de penum bra ou, mesmo, de ti'anqiülo repouso de espírito, em que esto pudesse bastavsc a .si mesmo, alimentando-se da pró pria sci\a, fechado às tentações da vida exterior.

Dc.sdc os muis \crdcs anos.

mal jogado às correntes do mundo, até

a morte, já septuagenário, esteve sempre cm plciu) foco dc luz a sua figura de

da, através das mil vicissitudes que a

\'idades.

atribularam, pelos mais elevados ideais

(pie representou o artista" o que repre

negado, nus ásperas refregas políticas

sentou o homem interior, o homem

em que se envolveu, ardente na agres-

( de liberdade, de igualdade, de justiça e

Que representou o estadista,

de paz; obra imensa, què parece muitas \ èzes a quem mais de perto a perhis-

mano, feito da argila comum de to dos os homens? Quais os seus comple

tra exceder aos limites da mais laborio

xos ou as suas grandes determinantes

sa das inteligôncia.s, a que se estendeu

psicológicas? Quais as influências múlti

com maior ou menor intensidade por quase todas as províncias do conheci

plas quo condicionaram o seu e.spírito, o que haveria neste de profundamente

mento humano. Comemorando comoviclaraento este ano o centenário do nasci

brasileiro, e que haveria de univcnstrl, acima, portanto, das contingências yul-

mento de Rui Barl>osa, nós, brasileiros, fazemos mais do que lembrar um grande

uares do dn mpín gares meio

vulto do nosso passado, recolhido à

glória dos Panteons: evocamos uma fi

dn énoca acíu.^ da época em fiue que agiut

e Pcrdoai-nie que vos fale como .se dirigisse a um auditório exclusivo de .brasileiros, isto é, num tom de intimi

gura em permanente atualidade, nas li

dade, de confidente sinceridade, num

ções que nos deixou, lições do homem

esfòrç-o de ver justo e nítido o meu gran

público, do publicista, do jurista, do in-

de palTÍcio.

temacíonalista; e lições do extraordiná rio escritor a do extraordinário oradpr,

quando uma figura humana atinge à al

que soube manejar com raro gosto e incomparáyel opulência a língua que os portugueses nos'transmitiram e que tão pró.xima é do vosso .formoso e sonoro idioma.

Entretanto, apesar do culto em que

tenho, como todos os meus patrícios, a memória de Rui Barbosa, não me pro

ponho, nesta oportunidade, tão honrosa e tão «^rata para mim, de direto contacto

Pareceu-me sempre que

titude intelectual dc Rui Barbosa e al cança a sua projeção, como que se co

tão frágil aparência física.

Discutido,

.são e implacável no revide, todavia, mal ousaram alguns adversários seus ou alguns jovens iconoclastas duvidar de sua .superioridade intelectual. Havia mesmo entro o.s brasileiros, nos últimos

anos da cxi.stência de Rui Barbosa, uma

espécie de orgulho nacional pelo altíssi mo teor do seu espírito. Por isto mesmo,

quando êlc vivo, foi quase impossível di.scuti-lo com imparcialidade.

Entre

ditirambos líricos ao intelectual, e críticas Injustas e cruéis ao político, não encontrou a anáJise equilibrada que e.xigiam a sua rica personalidade, a sua

grande obra. Mas justamente nc.sta capacidade de despertar julgamentos extremos estaria

loca acima dos fáceis louvores e das apo

uma das grandes seduções psicológicas

logias mais ou menos declamatórias.

de Rui Barbosa. Quando ministro da primeira ditadura republicana, um dos

A maior homenagem que lhe podo ser

prestada, a mais digna do seu gênio, é , a de analisá-la como se ela pertencesse

a outro planêta, ou, pelo menos, se dis tanciasse de séculos na pcrspéctiva liistórica.

Foi Rui Barbosa o- brasileiro que

menos aquelas em que o sentimos mais integrado no seu destino, mais vivo e terem sempre alguma cousa de excên

trico, no sentido geométrico do termo, a suave tolerância, o doce desencanto do ■

mundo, a ironia alada, a graça sorriden te, a melancolia outonàl, a música em surdina.

Perdeu ou lucrou o gênio de Rui Bar

bosa na fatalidade do signo de combate' sob que nasceu? Comprazemo-nos não rarameutc cm refazer para o nosso pró prio gôslo os homens, ns cousas, os aconIccimento.s', de.s\'iaudo-os do curso a

que os lc\'aram cem contingências miste riosas ou escapadas à nossa ar^nicia para atribuir-lhes outra direção. ^Sonhamos sobre as páginas da História ou das bio

grafia.^ dos grandes homens. Que des tino diverso, por exemplo, não teria a civdizaçao do Ocidente, .se a conquisth

romana nao se houvesse detido às mar gens do Reno e do Danúbio. Como

não se perpetuaria a estréia de Napoleão se não fosse a desastrada campanha da Rússia... Aos primeiros contatos com a vida e a obra de Rui Barbosa ficamos a imaginar que mais perfeitos hutos nos

dariam se Certas das paixCes que as agitara,n. Com o rarissimo cabedal da sua inteligeucia, o amor loluptuoso dos hvi-os e o mais completo domínio do nistrumento da oxpressr,o oral e escrita com que trabalhou, poderia elevar-se aos ma.s altos p.ncaros da literatura uni-

seus colegas o qualificou de "pára-raios" do Go\'em() Provisório...

Diria certo

também, se o qualificasse de "distribui

dor de raios", Júpiter tonitroante, pron-to a siderar os que duvidassem da sua

divina grandeza... e porque foi assim, apaixonado e impetuoso, as suas melho

í

.

Chegaríamos, assim, « r siar um Rui Barbosa ou»'-

que não poderia existir

e.xistiu,

tnttor 1de -sistemas I6g os "iabsorvido ''r"" j na especulação das idéias gerais, ou nm Rm, puro artista, puro intelectual, xa-


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DtCii:US"io Econômico 12-3

cm

BACBCXA

C'onf4írência roailaíoda no lnMU<n<o Uru|ínaío-nr«NÍIolro. de Moulevidéu, ein HO de

de IO IO

Josií Mmua Bkllo

PsTOu certo de que não vos são estranhas a vida"e a obra de Rui Bar

convosco, a fazer-lhe irrestrito elogio.

Desejava antes traçar-lhe rápido e.sbò-

bosa, projetadas desde cedo além das

ço, procurando os seus traços mais ca

fronteiras de sua pátria. Vida de insa

racterísticos. Mais os seus aspectos sub jetivos, SC assim posso dizer, do que a análise objetiva da sua vida e da sua

no trabalho, e de ardentes lutas, con

quistada desde a adolescência até a ve lhice, dia a dia, hora a hora, e ilumina

obra, desdobradas nas mais várias ati-

mais intensamente o por mais longo tempo se assinalou na vida da sua pá tria, dela muitas vezes transbordando pa

res páginas faladas ou escritas, ou pelo

ra os vastos cenários internacionais. Po

mais palpitante, são as de polêmica. Na sua prosa, tão pródiga de tons, parece

lítico, jornalista, escritor, parlamentar, orador, advogado, jurista e diplomata, jtunais conheceu uma fase de penum bra ou, mesmo, de ti'anqiülo repouso de espírito, em que esto pudesse bastavsc a .si mesmo, alimentando-se da pró pria sci\a, fechado às tentações da vida exterior.

Dc.sdc os muis \crdcs anos.

mal jogado às correntes do mundo, até

a morte, já septuagenário, esteve sempre cm plciu) foco dc luz a sua figura de

da, através das mil vicissitudes que a

\'idades.

atribularam, pelos mais elevados ideais

(pie representou o artista" o que repre

negado, nus ásperas refregas políticas

sentou o homem interior, o homem

em que se envolveu, ardente na agres-

( de liberdade, de igualdade, de justiça e

Que representou o estadista,

de paz; obra imensa, què parece muitas \ èzes a quem mais de perto a perhis-

mano, feito da argila comum de to dos os homens? Quais os seus comple

tra exceder aos limites da mais laborio

xos ou as suas grandes determinantes

sa das inteligôncia.s, a que se estendeu

psicológicas? Quais as influências múlti

com maior ou menor intensidade por quase todas as províncias do conheci

plas quo condicionaram o seu e.spírito, o que haveria neste de profundamente

mento humano. Comemorando comoviclaraento este ano o centenário do nasci

brasileiro, e que haveria de univcnstrl, acima, portanto, das contingências yul-

mento de Rui Barl>osa, nós, brasileiros, fazemos mais do que lembrar um grande

uares do dn mpín gares meio

vulto do nosso passado, recolhido à

glória dos Panteons: evocamos uma fi

dn énoca acíu.^ da época em fiue que agiut

e Pcrdoai-nie que vos fale como .se dirigisse a um auditório exclusivo de .brasileiros, isto é, num tom de intimi

gura em permanente atualidade, nas li

dade, de confidente sinceridade, num

ções que nos deixou, lições do homem

esfòrç-o de ver justo e nítido o meu gran

público, do publicista, do jurista, do in-

de palTÍcio.

temacíonalista; e lições do extraordiná rio escritor a do extraordinário oradpr,

quando uma figura humana atinge à al

que soube manejar com raro gosto e incomparáyel opulência a língua que os portugueses nos'transmitiram e que tão pró.xima é do vosso .formoso e sonoro idioma.

Entretanto, apesar do culto em que

tenho, como todos os meus patrícios, a memória de Rui Barbosa, não me pro

ponho, nesta oportunidade, tão honrosa e tão «^rata para mim, de direto contacto

Pareceu-me sempre que

titude intelectual dc Rui Barbosa e al cança a sua projeção, como que se co

tão frágil aparência física.

Discutido,

.são e implacável no revide, todavia, mal ousaram alguns adversários seus ou alguns jovens iconoclastas duvidar de sua .superioridade intelectual. Havia mesmo entro o.s brasileiros, nos últimos

anos da cxi.stência de Rui Barbosa, uma

espécie de orgulho nacional pelo altíssi mo teor do seu espírito. Por isto mesmo,

quando êlc vivo, foi quase impossível di.scuti-lo com imparcialidade.

Entre

ditirambos líricos ao intelectual, e críticas Injustas e cruéis ao político, não encontrou a anáJise equilibrada que e.xigiam a sua rica personalidade, a sua

grande obra. Mas justamente nc.sta capacidade de despertar julgamentos extremos estaria

loca acima dos fáceis louvores e das apo

uma das grandes seduções psicológicas

logias mais ou menos declamatórias.

de Rui Barbosa. Quando ministro da primeira ditadura republicana, um dos

A maior homenagem que lhe podo ser

prestada, a mais digna do seu gênio, é , a de analisá-la como se ela pertencesse

a outro planêta, ou, pelo menos, se dis tanciasse de séculos na pcrspéctiva liistórica.

Foi Rui Barbosa o- brasileiro que

menos aquelas em que o sentimos mais integrado no seu destino, mais vivo e terem sempre alguma cousa de excên

trico, no sentido geométrico do termo, a suave tolerância, o doce desencanto do ■

mundo, a ironia alada, a graça sorriden te, a melancolia outonàl, a música em surdina.

Perdeu ou lucrou o gênio de Rui Bar

bosa na fatalidade do signo de combate' sob que nasceu? Comprazemo-nos não rarameutc cm refazer para o nosso pró prio gôslo os homens, ns cousas, os aconIccimento.s', de.s\'iaudo-os do curso a

que os lc\'aram cem contingências miste riosas ou escapadas à nossa ar^nicia para atribuir-lhes outra direção. ^Sonhamos sobre as páginas da História ou das bio

grafia.^ dos grandes homens. Que des tino diverso, por exemplo, não teria a civdizaçao do Ocidente, .se a conquisth

romana nao se houvesse detido às mar gens do Reno e do Danúbio. Como

não se perpetuaria a estréia de Napoleão se não fosse a desastrada campanha da Rússia... Aos primeiros contatos com a vida e a obra de Rui Barbosa ficamos a imaginar que mais perfeitos hutos nos

dariam se Certas das paixCes que as agitara,n. Com o rarissimo cabedal da sua inteligeucia, o amor loluptuoso dos hvi-os e o mais completo domínio do nistrumento da oxpressr,o oral e escrita com que trabalhou, poderia elevar-se aos ma.s altos p.ncaros da literatura uni-

seus colegas o qualificou de "pára-raios" do Go\'em() Provisório...

Diria certo

também, se o qualificasse de "distribui

dor de raios", Júpiter tonitroante, pron-to a siderar os que duvidassem da sua

divina grandeza... e porque foi assim, apaixonado e impetuoso, as suas melho

í

.

Chegaríamos, assim, « r siar um Rui Barbosa ou»'-

que não poderia existir

e.xistiu,

tnttor 1de -sistemas I6g os "iabsorvido ''r"" j na especulação das idéias gerais, ou nm Rm, puro artista, puro intelectual, xa-


iiipi^j.p^ii!Jii ) juiJMppiu

vendo da cultura para a cultura, do es tilo para o estilo — e mais um passo — instalado na sua tôrre de marfim, e q^uc,

125

lica.

irO que importaria aos (pie. ix»r-

doxo, não fosse nem "vermelho", nem

sccioná-la — a do estadista e a cio artista.

que só soubesse das revoluções do seu tempo, quando as balas lhe arrebentas

Mas, antc.s dc^ tudo, ter-.se-ia dc indagar o (pio pode ser um estadista o o que pode ser um artista, ou, cm outros ter mos, se uma e outra vocações impMcam certos complexos de recpiisilos c.speciais que faltariam ou existiriam cin Rui Bar

aqui um velho debate entre alguns íntéqjretes brasileiros de Rui Barbosa. Te ria sido ele sôbre todas as cousas mn

político, um estadista, para o qual a

bosa. Acredito cpic se barateia um pou

cultura do pensamento e o extremo cui

co por tôda parte a classificação dc esta dista, exemplar raro e precio.so, me.smo

dado da fonna significassem apenas ele mentos preparatórios ou subsidiários pa ra uma finalidade que dos mesmos trans

cendesse, porque posta em plano diver so, ou, em verdade, um grande erudito e

nos puísc.s dc antiga c apiirada civiliZiição política. Claro que a alta inteli gência c a sólida cultura .são virtudes básicas para um verdadeiro homem dc

um grande artista, transviado para as Estacloj no entanto, não o compactam atividades j^wliticas, para a plenitude da por si sós. Há alguma cousa mais que vida pública? Aceitando o seu depoi • lhe faz o apanágio: o instintivo conheci mento, na galeria dos homens públicos mento dos homens, o senso da oportuni é que teria de ser estudado. Repetida dade, a coragem de ousar e realizar, a nimente e, por vezes, irritadamente, repe são geral dos probleims, a capacidade liu de si a moldura de puro intelectual, de comando, muitas vêzes inata, quase de literato, em que os seus patrícios

pretenderam enquadrá-lo. Em 1918, por exemplo, terminantemente opôs-se à iniciativa da Academia Brasileira de Le-

certa faculdade divinatória.

Pura ficar

em nossa atualidade, Winston Churclúll e Franklin Roosevelt seriam dois modelos menos imperfeitos.

ti-as de comemorar o seu "jubileu literá rio", transformado afinal em "jubileu

le dos requisitos ideais de um grande

cívico".

e.sladista?

Toda a vida medíocre conhecedor dos

homens, como quase todos os grandes le

trados, pouco introvertido, não se inchiindo a acuidade psicológica, cnhe os mai.s assinalados dons da sua inteligên

cia, bem precária teria sido a aptidão de Rui Barbosa para o ^'ellio nosce ie

ipsum, aliás, tão relati\o sempre, ainda nos que, à maneira de João Jacques

Preencheu Rui Barbosa a melhor par

Sobraram-lho a inteligência,

a cultura, o fespíríto público e a cora gem cívica. Mas, como frisei anterior mente, falha era a .sua aptidão para co

nhecer o.s homens com os quais convi via, e falho o seu senso das oportunidadc.s. A sua visão geral dos problemas teria de colorir-se fatalmente das suas altas tendências dc doutrinário.

Na sua

única experiência dc governo, como m'"

nislro todo-poderoso do primeiro govêmo

Rou.sseau e de Amiel, amam demasiado debruçar-se sôbre si mesmo.s. . . De sen-

republicano do Brasil, planejou e come

lido .secundário, pois, é a sua auto-crí-

çou a executar uma grande reforim fi-

nanceira. Incompará\cI foi a sua pro jeção no cenário cia sua pátria c extraoi-

dlnária a .sua faculdade de apaixonar as multidões nas suas grandes campanha.s políticas. Mas .sempre desconfiei que

talvez um tanto sutil c acadêmica, se

"branco" e nem mesmo "tricolor", e sem os vidros das janelas... Afloro

»

ventura, desejassem decidir da contenda,

ria acompanhar a obra do Rui Barbosa no duplo aspecto em que fosse permitido

como Teófilo Gautier, parnasiano orto

Dicic,sti) EconVjmico

DICESTO EcONÓNUCO'.-!;

124

nêlc não era intenso o gôsto ou a incli ;

í

nação de comando. No fundo, através do seu incansado ânimo combativo e

da.s transigências que a política, a po lítica de todos os dias, lhe impunha, era Rui Barbosa um di.stantc, um insulado, muito mais do mundo som limites das

leituras do que do mundo menor, incerto e palpitante com que sc acotoxclavu.

Ninguém ingressou na vida pública do seu país melhor armado para as mtilantc.s vitórias, A .sua campanha jorna lística nos últimos anos de nossa monar

quia precipitou a queda final do ho nesto e pacífico trono dc Pedro II. O

quo hou\'e dc mais alto e de mais .sólido na estrutura do no.sso regime republica no trouxe o .seu cunho pessoal. E' certo que O.S .seus coevo,s não lhe perdoaram a

sua corajosa reforma bancária na época dc Deodoro da Fonseca; dela teriam ad

vindo todos os males das primeiras fi nanças republicanas, cumulados no boom que, na época, tomou no Brasil o nonto de Encilhomcnto^ sinônimo dc de senfreada especulação de Bôlsa, à seme

lhança da que conheceram outTo.s paíse.s, os E.stados Unidos por exemplo, ou a República Aigentínu, .sob o govêrno dc

Juarez Celman. Os estudio,sos da histó ria financeira do Bra.síl são hoje muito mais justos com Rui Barbosa.

Teriti

fracassado a sua política bancária pela falta

de espírito de continuidade dos

seus sucessores, adversários implacá\eis. Conviria talvez indagar rápidamente aqui o que é um artista ou que cxinjun-

to de qualidades o distinguem, empres tando ao termo significação que extra vase muito à que é atribuída pclo.s di

cionários. Rui Barbosa, homem de açao, não foi o nem pretendeu ser jamais o que chamamos de pensiidor. Nada de original ou, mesmo, de profunda, seria a sua intuição filosófica do mundo e da

vida. Na jinentude, passou quase sem curiosidade pelo movimento de reiiowa-

çâo filosófica, oxallaclo no Recife, quan do um grupo de moços, chefiado por Tobias Barreto, descobria assombrado o materialismo, o agnosticismo,.o évolucionisnío... Católico mais ou menos mihtante tôda a vida, conheceu, entretanto,

curta fase, não de dm-ida religiosa, mas do maçonismo, de antipapismo ou, mais precisamente, de reação ao dogmatismo de Pio IX, Publicou então o U\to O Vapa c o Concilio, tradução do libelo atribuído a Deollinger. Muitos críticos brasileiros e muitos dos seus sinceros admiradores recusaram-lhe

sempre a classificação de artista. Para

Joaquim Nabuco, Rui seria um ciclope intelectual pelas. exageradas proporções

da sua obra. Nabuco limitava um tanto arbitrariamente o conceito de artista ao sentimento da medida do equilíbrio e d\ euritnúa grega. Miguel Ângelo estaria fora da categoria; talvez também Shakcspeare, Beethoven, Wagner, enfim os moftó-íros... Na literatura brasileira o rino, o medido e amargurado Machado

de Assis seria o e.xemplo supremo Rui Barbosa, que. como já lembrei re

peliu sempre as láureas de literato, uma o pendor artístico" do seu espírho, em bora proclamanc o cm seguida, como a

vez, entretanto, reconheceu de público

do molde conservador, amigoum do"liberal pro gresso pela evolução, incrédulo na efi-

cacia das revoluções"

Muito sempre poder-se-i di^sertnr sô

bre a etermi y,estão do "fundo" e da foi ni.i . O aliso uto primado do "fim-


iiipi^j.p^ii!Jii ) juiJMppiu

vendo da cultura para a cultura, do es tilo para o estilo — e mais um passo — instalado na sua tôrre de marfim, e q^uc,

125

lica.

irO que importaria aos (pie. ix»r-

doxo, não fosse nem "vermelho", nem

sccioná-la — a do estadista e a cio artista.

que só soubesse das revoluções do seu tempo, quando as balas lhe arrebentas

Mas, antc.s dc^ tudo, ter-.se-ia dc indagar o (pio pode ser um estadista o o que pode ser um artista, ou, cm outros ter mos, se uma e outra vocações impMcam certos complexos de recpiisilos c.speciais que faltariam ou existiriam cin Rui Bar

aqui um velho debate entre alguns íntéqjretes brasileiros de Rui Barbosa. Te ria sido ele sôbre todas as cousas mn

político, um estadista, para o qual a

bosa. Acredito cpic se barateia um pou

cultura do pensamento e o extremo cui

co por tôda parte a classificação dc esta dista, exemplar raro e precio.so, me.smo

dado da fonna significassem apenas ele mentos preparatórios ou subsidiários pa ra uma finalidade que dos mesmos trans

cendesse, porque posta em plano diver so, ou, em verdade, um grande erudito e

nos puísc.s dc antiga c apiirada civiliZiição política. Claro que a alta inteli gência c a sólida cultura .são virtudes básicas para um verdadeiro homem dc

um grande artista, transviado para as Estacloj no entanto, não o compactam atividades j^wliticas, para a plenitude da por si sós. Há alguma cousa mais que vida pública? Aceitando o seu depoi • lhe faz o apanágio: o instintivo conheci mento, na galeria dos homens públicos mento dos homens, o senso da oportuni é que teria de ser estudado. Repetida dade, a coragem de ousar e realizar, a nimente e, por vezes, irritadamente, repe são geral dos probleims, a capacidade liu de si a moldura de puro intelectual, de comando, muitas vêzes inata, quase de literato, em que os seus patrícios

pretenderam enquadrá-lo. Em 1918, por exemplo, terminantemente opôs-se à iniciativa da Academia Brasileira de Le-

certa faculdade divinatória.

Pura ficar

em nossa atualidade, Winston Churclúll e Franklin Roosevelt seriam dois modelos menos imperfeitos.

ti-as de comemorar o seu "jubileu literá rio", transformado afinal em "jubileu

le dos requisitos ideais de um grande

cívico".

e.sladista?

Toda a vida medíocre conhecedor dos

homens, como quase todos os grandes le

trados, pouco introvertido, não se inchiindo a acuidade psicológica, cnhe os mai.s assinalados dons da sua inteligên

cia, bem precária teria sido a aptidão de Rui Barbosa para o ^'ellio nosce ie

ipsum, aliás, tão relati\o sempre, ainda nos que, à maneira de João Jacques

Preencheu Rui Barbosa a melhor par

Sobraram-lho a inteligência,

a cultura, o fespíríto público e a cora gem cívica. Mas, como frisei anterior mente, falha era a .sua aptidão para co

nhecer o.s homens com os quais convi via, e falho o seu senso das oportunidadc.s. A sua visão geral dos problemas teria de colorir-se fatalmente das suas altas tendências dc doutrinário.

Na sua

única experiência dc governo, como m'"

nislro todo-poderoso do primeiro govêmo

Rou.sseau e de Amiel, amam demasiado debruçar-se sôbre si mesmo.s. . . De sen-

republicano do Brasil, planejou e come

lido .secundário, pois, é a sua auto-crí-

çou a executar uma grande reforim fi-

nanceira. Incompará\cI foi a sua pro jeção no cenário cia sua pátria c extraoi-

dlnária a .sua faculdade de apaixonar as multidões nas suas grandes campanha.s políticas. Mas .sempre desconfiei que

talvez um tanto sutil c acadêmica, se

"branco" e nem mesmo "tricolor", e sem os vidros das janelas... Afloro

»

ventura, desejassem decidir da contenda,

ria acompanhar a obra do Rui Barbosa no duplo aspecto em que fosse permitido

como Teófilo Gautier, parnasiano orto

Dicic,sti) EconVjmico

DICESTO EcONÓNUCO'.-!;

124

nêlc não era intenso o gôsto ou a incli ;

í

nação de comando. No fundo, através do seu incansado ânimo combativo e

da.s transigências que a política, a po lítica de todos os dias, lhe impunha, era Rui Barbosa um di.stantc, um insulado, muito mais do mundo som limites das

leituras do que do mundo menor, incerto e palpitante com que sc acotoxclavu.

Ninguém ingressou na vida pública do seu país melhor armado para as mtilantc.s vitórias, A .sua campanha jorna lística nos últimos anos de nossa monar

quia precipitou a queda final do ho nesto e pacífico trono dc Pedro II. O

quo hou\'e dc mais alto e de mais .sólido na estrutura do no.sso regime republica no trouxe o .seu cunho pessoal. E' certo que O.S .seus coevo,s não lhe perdoaram a

sua corajosa reforma bancária na época dc Deodoro da Fonseca; dela teriam ad

vindo todos os males das primeiras fi nanças republicanas, cumulados no boom que, na época, tomou no Brasil o nonto de Encilhomcnto^ sinônimo dc de senfreada especulação de Bôlsa, à seme

lhança da que conheceram outTo.s paíse.s, os E.stados Unidos por exemplo, ou a República Aigentínu, .sob o govêrno dc

Juarez Celman. Os estudio,sos da histó ria financeira do Bra.síl são hoje muito mais justos com Rui Barbosa.

Teriti

fracassado a sua política bancária pela falta

de espírito de continuidade dos

seus sucessores, adversários implacá\eis. Conviria talvez indagar rápidamente aqui o que é um artista ou que cxinjun-

to de qualidades o distinguem, empres tando ao termo significação que extra vase muito à que é atribuída pclo.s di

cionários. Rui Barbosa, homem de açao, não foi o nem pretendeu ser jamais o que chamamos de pensiidor. Nada de original ou, mesmo, de profunda, seria a sua intuição filosófica do mundo e da

vida. Na jinentude, passou quase sem curiosidade pelo movimento de reiiowa-

çâo filosófica, oxallaclo no Recife, quan do um grupo de moços, chefiado por Tobias Barreto, descobria assombrado o materialismo, o agnosticismo,.o évolucionisnío... Católico mais ou menos mihtante tôda a vida, conheceu, entretanto,

curta fase, não de dm-ida religiosa, mas do maçonismo, de antipapismo ou, mais precisamente, de reação ao dogmatismo de Pio IX, Publicou então o U\to O Vapa c o Concilio, tradução do libelo atribuído a Deollinger. Muitos críticos brasileiros e muitos dos seus sinceros admiradores recusaram-lhe

sempre a classificação de artista. Para

Joaquim Nabuco, Rui seria um ciclope intelectual pelas. exageradas proporções

da sua obra. Nabuco limitava um tanto arbitrariamente o conceito de artista ao sentimento da medida do equilíbrio e d\ euritnúa grega. Miguel Ângelo estaria fora da categoria; talvez também Shakcspeare, Beethoven, Wagner, enfim os moftó-íros... Na literatura brasileira o rino, o medido e amargurado Machado

de Assis seria o e.xemplo supremo Rui Barbosa, que. como já lembrei re

peliu sempre as láureas de literato, uma o pendor artístico" do seu espírho, em bora proclamanc o cm seguida, como a

vez, entretanto, reconheceu de público

do molde conservador, amigoum do"liberal pro gresso pela evolução, incrédulo na efi-

cacia das revoluções"

Muito sempre poder-se-i di^sertnr sô

bre a etermi y,estão do "fundo" e da foi ni.i . O aliso uto primado do "fim-


DlG!«Tt) EtONÓ.V

DiGj£sri"i Ec(»nòmjcc»

126

sar-llic da epidernic, guardando mais ou

clu" iiiüiTtjriii no silêncio tunii^ai o

tautü bárbaro, à scnielliança do nosso

grande EucHdes da Cunha, dos Sertões

terárias.

tido ou que lhe empresta vida propna.

— uma força bruta da Natureza, contida nas normas da gramática. •

para è'es mais do que uma curiosidade,

pensamento; a forma é que \he da sen

A arte literária consiste justamente cm

fazer da linguagem humana muito mais do que rude instrumento de expressão; visa despertar impressões de verdade e sensações de beleza, convencendo e co movendo. Por isto mesmo, o lavar do estilo dobra muitas vêzes o valor da idéia.

Seria

monstiuoso encerrar um

límpido pensamento em grossa moldura de carpinteiro. O "fundo" implicará possivelmente certa ordenação prelimi nar das idéias, mas que só .se materializa na disciplina final do verbo falado ou escrito.

Será a forma neste sentido a

Seria sempre aventuroso pretender anatomizar um grande c.spírito para ana-

!i.sá-lo friamente, à maneira csquemá-

tica de Taine, faculdade por faculdade,

meno.s intactas as .suas personalidades li

A polític.a não rcpre.sentará

uma forma de turismo, uma experiência, das quais voltam, cm regra, desencan tados. A segunda, a do.s grandes retó ricos, no melhor sentido da palavra, tipo ainda uma vez de Cícero. A política .se

e reconstihrir-lhe o misterioso funciona mento. Onde começaria c terminaria em Rui Barbosa o estadista, c onde come

lhes afigura a exclusiva finalidade da

çaria c terminaria o intelectual? Ou, de

ra política, e o intelectual aparecerá com

outra maneira, como sc confunclcin ou se

a sua boa fé inata e os seus instintos de não conformi.smo e de revolta. Exata

cntrechocam o político e o letrado, por definições respectivas, o "combativo e

o "nieditati\'o"? Interrogações de difí cil resposta. Nenlium intelectual, e não

própria beleza, símbolo da clareza, da força expressi

apenas Rui Barbosa, passa

va, do ritmo, da harmo

pe^as atividades partidíuias. que se tecem por toda par

nia, que não se confundem

te de todos os fios bons.

com os atavio.s retóricos.

medíocres

c

tristes, sem

vida, a ela entregando-se sem reservas.

Abalem, no entanto, a sua suporestrutu-

mente o caso de Rui Barbo.sa no Brasil.

Transigiu, condescendeu com o que cha mamos um

tanto pejorativamente de

"ínjunções partidárias". Um dia, por qualquer motivo, que q comum dos políticos julgaria mínimo, explodia-lhe a indignada revolta. Desconfiasse que periclitavani a.s liberdades públicas ou cjue lhe feriam o amor-próprio, ninguém

c, êxitos c.spetaculaics, muito mais de

desencantos do que a!egria.s ela se urdiu. Mesmo nas fases mais ardentes da sua

longa carreira, quando vibram as pági nas mais apaixonadas e mais formosas

da sua obra, é fácil perceber-se qual quer cousa da sua íntima amargura. Amargura, afinal, de todos o.s bovaristos.

isto é, dos que insistem em viver num ambiente fictício e que, antes de ser da pobre Ema, foi de Fiaubert, seu próprio criador...

Tcr-se-iam desfolhado aos quatro v en tos da terra as mais radiantes promes sa.? da juventude ambiciosa e trabalhada

de Rui. .. Escapava das suas mãos fatigadas a dourada messe que compensa ria o suor de tantos anos de tenaz c co rajoso trabalho... Lutar sem remis-

•são, pen.sar, falar, escrever, distribuir

raios, atrair tempestades.. , a qitoi hon?

A ronda da fc«tuna, quando bate á porta <ltí alguém, não escolhe, de certo, a dos

Absurdo era o desejo de

deixar um pouco da pró

Fiaubert de escrever um

pria "grandeza". De bom

livro sôbre nada e que xã-

ou mau grado, o homem

vesse apenas pelo brilho do

de pensamento ou de alta

pulso o paciente trabalho de muitos anos, para dar de .si, na rebelião, a formidá

estilo; mais absurdo ainda

sensibilidade cria para .si

.sa deixou extravasar a própria amargu

vel medida...

um grande 1í\to de idéias

mesmo uma espécie de

ra. Há nõs seus últimos retratos e bus

sem estilo.

insularismo que o protege

Entretanto, um pensador, um divulga dor de idéias, sem preocupações literá rias, contentar-se-ia em escrever com

simplicidade e mediana correção. Pre ciosa foi sempre a família dos Bergsons,

em cujos livros a riqueza das idéias e a beleza da forma se disputam a prima

zia.. . São exigentes os temperamentos

artísticos: mais do que "comunicar",

aspiram a "comungar" com o mundo ex terior, entregando-Uie o fruto sazonado

do seu pensamento e da sua sensibilida de l^oi esse o caso de Rui Barbosa. Não se distingue talvez a sua prosa pelas virtudes que constituem a essência do aticisiuo; nesta relação, será antes um

um pouco do contacto cotidiano do mun do real. E essa evasão psicológica não .se faz sem sacrifício das faculdades co-

inezinhas que o êxito na concorrência política exige. Daí, certo resíduo de boa fé, de candidez, que sc encontra

rá sempre na atuação prática dos que, mesmo sem saber ou sem confe.ssar, mais

nasceram para a "silenciosa orgia dos livro,s" do que para os ruidosos combates dos partidos. Na linhagem espiritual de Rui Barbosa, Cícero será o exemplo clássico.

mai.s o conteria. Jogava fora num im

Naturalmente, nenhum crítico pensa ria em procurar apenas através do letra

do o do homem público a explicação das reações tão diversas de Rui Bar

to.?, quando a velhice lhe acentua os tra ços assimétricos do rosto, compensados,

aliás, pela. irradiação . da inteligência, uma expressão de melancolia que chega

bosa. Ao lado do intelectual e do polí tico, há o "homem humano", do qual já vos falei, determinado pelas "constan

a tornar-se penosa aos que a contem plem.

tes" do seu temperamento e pelas con

do meio em que viveu haviam de fazer

dições do seu tempo c do .seu meio.

de Rui Barbosa O que supomps um ho

Teria encontrado êle o sentido da pró pria existência, ou este se lhe frustrou, como acontece com a grande maioria do.s

homens de invulgar talento, que o pro curaram nas agitações exteriores? A pri meira impressão que, para um pálido

Haverá, imagino, duas espécies de

e.sbôço do retrato, nos deixa a vida de

intelectuais seduzidos pela política. A

Rui Barbosa, é que, sôbre tantps triunfo.?

primeira, a dos que não conseguem pas-

mais inteligentes ou dos mai.s sensi\'eis.. . Vinte vêzes, nos discursos e na correspondência particular. Rui Barbo

Nem o temperamento nem os choque.? mem feliz. Os traços dominantes do seu

caráter foram sempre a coragem, a al tivez e a obsünaçâo, de confe.?sa'da he rança paterna, e todos eles maus viáticos na concorrência da vida. Do or gulho, derivar-se-iam naturalmente o extremo amor-próprio e a fácil irascibili-

dade, e da obstinação, muitas vêzes, a


DlG!«Tt) EtONÓ.V

DiGj£sri"i Ec(»nòmjcc»

126

sar-llic da epidernic, guardando mais ou

clu" iiiüiTtjriii no silêncio tunii^ai o

tautü bárbaro, à scnielliança do nosso

grande EucHdes da Cunha, dos Sertões

terárias.

tido ou que lhe empresta vida propna.

— uma força bruta da Natureza, contida nas normas da gramática. •

para è'es mais do que uma curiosidade,

pensamento; a forma é que \he da sen

A arte literária consiste justamente cm

fazer da linguagem humana muito mais do que rude instrumento de expressão; visa despertar impressões de verdade e sensações de beleza, convencendo e co movendo. Por isto mesmo, o lavar do estilo dobra muitas vêzes o valor da idéia.

Seria

monstiuoso encerrar um

límpido pensamento em grossa moldura de carpinteiro. O "fundo" implicará possivelmente certa ordenação prelimi nar das idéias, mas que só .se materializa na disciplina final do verbo falado ou escrito.

Será a forma neste sentido a

Seria sempre aventuroso pretender anatomizar um grande c.spírito para ana-

!i.sá-lo friamente, à maneira csquemá-

tica de Taine, faculdade por faculdade,

meno.s intactas as .suas personalidades li

A polític.a não rcpre.sentará

uma forma de turismo, uma experiência, das quais voltam, cm regra, desencan tados. A segunda, a do.s grandes retó ricos, no melhor sentido da palavra, tipo ainda uma vez de Cícero. A política .se

e reconstihrir-lhe o misterioso funciona mento. Onde começaria c terminaria em Rui Barbosa o estadista, c onde come

lhes afigura a exclusiva finalidade da

çaria c terminaria o intelectual? Ou, de

ra política, e o intelectual aparecerá com

outra maneira, como sc confunclcin ou se

a sua boa fé inata e os seus instintos de não conformi.smo e de revolta. Exata

cntrechocam o político e o letrado, por definições respectivas, o "combativo e

o "nieditati\'o"? Interrogações de difí cil resposta. Nenlium intelectual, e não

própria beleza, símbolo da clareza, da força expressi

apenas Rui Barbosa, passa

va, do ritmo, da harmo

pe^as atividades partidíuias. que se tecem por toda par

nia, que não se confundem

te de todos os fios bons.

com os atavio.s retóricos.

medíocres

c

tristes, sem

vida, a ela entregando-se sem reservas.

Abalem, no entanto, a sua suporestrutu-

mente o caso de Rui Barbo.sa no Brasil.

Transigiu, condescendeu com o que cha mamos um

tanto pejorativamente de

"ínjunções partidárias". Um dia, por qualquer motivo, que q comum dos políticos julgaria mínimo, explodia-lhe a indignada revolta. Desconfiasse que periclitavani a.s liberdades públicas ou cjue lhe feriam o amor-próprio, ninguém

c, êxitos c.spetaculaics, muito mais de

desencantos do que a!egria.s ela se urdiu. Mesmo nas fases mais ardentes da sua

longa carreira, quando vibram as pági nas mais apaixonadas e mais formosas

da sua obra, é fácil perceber-se qual quer cousa da sua íntima amargura. Amargura, afinal, de todos o.s bovaristos.

isto é, dos que insistem em viver num ambiente fictício e que, antes de ser da pobre Ema, foi de Fiaubert, seu próprio criador...

Tcr-se-iam desfolhado aos quatro v en tos da terra as mais radiantes promes sa.? da juventude ambiciosa e trabalhada

de Rui. .. Escapava das suas mãos fatigadas a dourada messe que compensa ria o suor de tantos anos de tenaz c co rajoso trabalho... Lutar sem remis-

•são, pen.sar, falar, escrever, distribuir

raios, atrair tempestades.. , a qitoi hon?

A ronda da fc«tuna, quando bate á porta <ltí alguém, não escolhe, de certo, a dos

Absurdo era o desejo de

deixar um pouco da pró

Fiaubert de escrever um

pria "grandeza". De bom

livro sôbre nada e que xã-

ou mau grado, o homem

vesse apenas pelo brilho do

de pensamento ou de alta

pulso o paciente trabalho de muitos anos, para dar de .si, na rebelião, a formidá

estilo; mais absurdo ainda

sensibilidade cria para .si

.sa deixou extravasar a própria amargu

vel medida...

um grande 1í\to de idéias

mesmo uma espécie de

ra. Há nõs seus últimos retratos e bus

sem estilo.

insularismo que o protege

Entretanto, um pensador, um divulga dor de idéias, sem preocupações literá rias, contentar-se-ia em escrever com

simplicidade e mediana correção. Pre ciosa foi sempre a família dos Bergsons,

em cujos livros a riqueza das idéias e a beleza da forma se disputam a prima

zia.. . São exigentes os temperamentos

artísticos: mais do que "comunicar",

aspiram a "comungar" com o mundo ex terior, entregando-Uie o fruto sazonado

do seu pensamento e da sua sensibilida de l^oi esse o caso de Rui Barbosa. Não se distingue talvez a sua prosa pelas virtudes que constituem a essência do aticisiuo; nesta relação, será antes um

um pouco do contacto cotidiano do mun do real. E essa evasão psicológica não .se faz sem sacrifício das faculdades co-

inezinhas que o êxito na concorrência política exige. Daí, certo resíduo de boa fé, de candidez, que sc encontra

rá sempre na atuação prática dos que, mesmo sem saber ou sem confe.ssar, mais

nasceram para a "silenciosa orgia dos livro,s" do que para os ruidosos combates dos partidos. Na linhagem espiritual de Rui Barbosa, Cícero será o exemplo clássico.

mai.s o conteria. Jogava fora num im

Naturalmente, nenhum crítico pensa ria em procurar apenas através do letra

do o do homem público a explicação das reações tão diversas de Rui Bar

to.?, quando a velhice lhe acentua os tra ços assimétricos do rosto, compensados,

aliás, pela. irradiação . da inteligência, uma expressão de melancolia que chega

bosa. Ao lado do intelectual e do polí tico, há o "homem humano", do qual já vos falei, determinado pelas "constan

a tornar-se penosa aos que a contem plem.

tes" do seu temperamento e pelas con

do meio em que viveu haviam de fazer

dições do seu tempo c do .seu meio.

de Rui Barbosa O que supomps um ho

Teria encontrado êle o sentido da pró pria existência, ou este se lhe frustrou, como acontece com a grande maioria do.s

homens de invulgar talento, que o pro curaram nas agitações exteriores? A pri meira impressão que, para um pálido

Haverá, imagino, duas espécies de

e.sbôço do retrato, nos deixa a vida de

intelectuais seduzidos pela política. A

Rui Barbosa, é que, sôbre tantps triunfo.?

primeira, a dos que não conseguem pas-

mais inteligentes ou dos mai.s sensi\'eis.. . Vinte vêzes, nos discursos e na correspondência particular. Rui Barbo

Nem o temperamento nem os choque.? mem feliz. Os traços dominantes do seu

caráter foram sempre a coragem, a al tivez e a obsünaçâo, de confe.?sa'da he rança paterna, e todos eles maus viáticos na concorrência da vida. Do or gulho, derivar-se-iam naturalmente o extremo amor-próprio e a fácil irascibili-

dade, e da obstinação, muitas vêzes, a


Dlf^ESTO

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A

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teimosia. Ainda niuilo jovem, a funiilia

e os íntimos o qualificavam de cabeçudo"... Opínatício, ele corrigiria... Quando convencido de uma atitude, ninguém o demo\ia, e como llie sobra vam sempre intrepidez moral e física, dela afrontava todas as conseqüências. De incansável curiosidade mental, leu

tudo, inquiriu de tudo, a começar pelo.s quarenta mil volumes da sua biblio teca, hoje precioso patrimônio nacional da "Casa

Janeiro.

Rui Barbosa", no

Rio

de

Extraordinária capacidade de

N-cz êsíc nome - 'P"' «"'"cnlc ciicoi^

trava em Napoleáo uni cnuilo digno da sua fôrça.

Todavia, muito nienos

homem dc letras c muito menos

màntico e imaginativo do que

teorizador do tédio. Rui Barbosa sotre^

porventura, mais do que clc pelas « cepções da vida piibiica.

Acentuei cm outro trecho desta P'*'

Icstra que. pela carência dc \ocap'io ou pelos imperativos de sua carrciia ^

advogado c dc político. Rui BarbO-a

de Sou/.;i, o l':iclr«.' Vi,.;,-.,

perfeito -Machado de A.sis'"

a.s suas idéias e a sua couiprcciis.ão pes;oal dos problemas nacionais. Indaga-

erudição c a .sua poderosa dialética

\'um miiita.s vèzes os mais maliciosos nu

Desde que Il.e dessem <, U ma, à sua

(, esgotariam. E isto idnda, no mais opulento dos estilos, onde a revoada das imagens e metáforas parece muitas %-êzo.s uma icsla para os omidos. Di fícil lhe foi sempre a sobriedade. Êle mesmo esermeu

u,na

íntima ao tempo do seu exílio político na Inglaterra:

permita-me ficar aqui

por hoje, meu primo.

Não tenho âni

os miu.s céticos se este Brasil seria um

Brasil positivo, realista, ou uma constru

ção um tanto artificial do que se chamou

pejorativamente de romantismo jurídia). Pe'o menos, a equipe dirigente da Re pública pôs em dúvida, toda a vida, a aptidão construtiva cie Rui Barbosa, co

mo, aliás, já linha feito na monarquia um chefe político, seu caro amigo, ao riscar-lhe á última hora o nome dentre os componentes do seu Gabinete. No

jamais so e\'adiu paru o plano

mo de parar quando começo a o.scre-

idéias desinteressadas. Em tudo q"»' falou e escre\'cu, ainda sôbrc

ver..." Universal pela amplitude da cultura c pela sonsibiMdade aos grandes

fundo, é sempre mais cômodo, cm polí

aparentemente mais distantes da "realidade pessoal", bá sempre a ^ ção, no mais largo .sentido, do

dramas do Um\erso, ninguém, locla\ia. foi mais do .seu paí.s. As cousas c os iíomens do Bra.sil («iam c) ^seu eterno

Mas falou e escreveu, não pela volúpia

diatísmo".

cuidado e o seu eterno tormento. Es

mens médios fáceis em adaplar-sç a to dos os acontecimentos supervindos, do que com os demasiado inteligentes, sem

das especulações literárias, sem alcan

criadora, isto é, a faculdade dc c-nar

gistrais ensaios sôljie os mais estranhos

de "dentro para fora", desassociando

assuntos, como a questão Drevfus, Bal-

os elementos do conhecimenlo intelec tual, emocional c intuitivo, para

four, Carlyle, estavam-lho presentes sem

assimilação; maravillKisa retenção... E

com abundância análoga à das suas lei turas, falou e escreveu.

Daí, a vasti

dão de sua obra, comparada a um oceano, de águas freqüentemente re voltas, ainda quando não profundas... ce definido, e, sim, para os efeitos ime diatos do homem de ação. Nesse aspecto Rui Barbosa teria ra

Não teria tido o que

psicólogos denominam de ÍmaginnÇ»Q

zão quando julgava a mensagem da sua vida muito mais política do que artística. Expansão má.xima da peque na elite de humanistas e de juristas que

ciá-los depois por própria conta, dandü-lhes uma síntese nova. pecer o,

.se formou no Império de Pedro II e .se

quena sonoridade intelectual do seu meio e do seu tempo, e, po.ssisehncnte, um pouco de falso pudor. Prczanca

prolongou em nosso regime republica no, êle imaginou possível . reestruturar a nossa antiga monarquia parlamentar, tão insólita na América, e de seiva já esgotada, sôbre novas base.s. E quan do desesperou de semelhante ideal, um tanto absurdo, propôs-se adaptar o

teria concorrido também para êsse ca ráter da obra de Rui Barbosa a pe

de estudo ou análise objetiva, e, sim,

propeusiui

sário, o Marecluil Florlano Peixoto, que

ções montais. Somente sabia produzir .sob provocação dos fatos positisos.

o condenara ao exílio...

nele

mesmo

a

teve longos anos o iirojeto do Códig» Civil brasileiro som

para ir além das correções da forma. No dia, entretanto, em que se julgou

encontrar tempo

o mais idôneo dos brasileiro.s, pela su

provocado sôbre esta, escreveu talvez

perioridade da inteligência e da cul

o maior do.s seus livros, a intacto à usura do tempo ou, nos, enquanto hou\'er quem fôrça e a belezíi do idioma

obra? Ilusõe.s idênticas teriam embalado Chateaubriand — lembro mais uma

Imaginou uma vez escrever um livro

.sôbre o P^ís insular das suas confessa das predileções; mas esse livro não seria como tantos outros sôbre a velha Albion,

política, desprezaria as puras abstra-

sobretudo

Não seria ele, então, primeiro reali

tura e pelo acervo dos serviços pres tados, para a execução da vastíssima

pre os fatos e as figuras da sua pátria.

"nm foco de luz, uma antítese ofuscaclora .spbre a decadência do Brasil..." Do Brasil sob o governo do seu ad\er-

Brasil ao modélo dos Estados Unidos.

zador prático do regime republicano,

crevendo da Inglaterra pequeno.s e ma

Ré/jhcfl, pelo me preze a em que

poetou Camões e prosaram Frei Lins

Combatendo, destruindo o que jul gava errado, Rui Barbosa correspondia às determinantes do seu temperamento. Mas nenhuma inteligência equilibrada e nenhum carater honesto destroem pelo

prazer mórbido de destruir. Propõem-se naturalmente construir sôbre as ruínas

das cousas destruídas.

Teria sido este

o grande sonlio patriótico de Rui Bar bosa: reconstruir o Brasil dc acordo com

..

. • ':. 4

tica como em tudo, tratar com os ho

pre ansiosos em projetar-se e afirmar-.

so... Depois do fracasso da República

romântica dc 184S cm França, o impe tuoso ullramontano Luiz Veuillot dizia

dc Lamartine que nenhum povo sen sato substitui o coronel comandante pelo primeiro músico do Regimento... Rui

Barbosa guardou sempre a mágoa, que não lie.sitou cm extravasar em docunien-

los públicos, pela permanente quarente na política em que lhe punham o gran de nome nas oportunidades da sua can-

{hdatura à presidência da República. Não foi, pois, propicia a Rui Bar

bosa a vida pública, ou, ao menos, co mo ele a pretraçara e como lhe enche ria a alta e nobre ambição. Vedaram por três ou quatro vêzes o seu caminho

á magistratura suprema da República.

Mas, afinal, não somente das glórias .po

líticas ou literárias se entretece a exis tência, mesmo dos mais lúcidos e mais

ambiciosos. Na .sua tela. a fazer-se' e a desfazer-se a tòdas as horas, como a de Penclope, há muitos outros fios. mais íntimos e mais delicados: família, am-

.--A

- W-í"....


Dlf^ESTO

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teimosia. Ainda niuilo jovem, a funiilia

e os íntimos o qualificavam de cabeçudo"... Opínatício, ele corrigiria... Quando convencido de uma atitude, ninguém o demo\ia, e como llie sobra vam sempre intrepidez moral e física, dela afrontava todas as conseqüências. De incansável curiosidade mental, leu

tudo, inquiriu de tudo, a começar pelo.s quarenta mil volumes da sua biblio teca, hoje precioso patrimônio nacional da "Casa

Janeiro.

Rui Barbosa", no

Rio

de

Extraordinária capacidade de

N-cz êsíc nome - 'P"' «"'"cnlc ciicoi^

trava em Napoleáo uni cnuilo digno da sua fôrça.

Todavia, muito nienos

homem dc letras c muito menos

màntico e imaginativo do que

teorizador do tédio. Rui Barbosa sotre^

porventura, mais do que clc pelas « cepções da vida piibiica.

Acentuei cm outro trecho desta P'*'

Icstra que. pela carência dc \ocap'io ou pelos imperativos de sua carrciia ^

advogado c dc político. Rui BarbO-a

de Sou/.;i, o l':iclr«.' Vi,.;,-.,

perfeito -Machado de A.sis'"

a.s suas idéias e a sua couiprcciis.ão pes;oal dos problemas nacionais. Indaga-

erudição c a .sua poderosa dialética

\'um miiita.s vèzes os mais maliciosos nu

Desde que Il.e dessem <, U ma, à sua

(, esgotariam. E isto idnda, no mais opulento dos estilos, onde a revoada das imagens e metáforas parece muitas %-êzo.s uma icsla para os omidos. Di fícil lhe foi sempre a sobriedade. Êle mesmo esermeu

u,na

íntima ao tempo do seu exílio político na Inglaterra:

permita-me ficar aqui

por hoje, meu primo.

Não tenho âni

os miu.s céticos se este Brasil seria um

Brasil positivo, realista, ou uma constru

ção um tanto artificial do que se chamou

pejorativamente de romantismo jurídia). Pe'o menos, a equipe dirigente da Re pública pôs em dúvida, toda a vida, a aptidão construtiva cie Rui Barbosa, co

mo, aliás, já linha feito na monarquia um chefe político, seu caro amigo, ao riscar-lhe á última hora o nome dentre os componentes do seu Gabinete. No

jamais so e\'adiu paru o plano

mo de parar quando começo a o.scre-

idéias desinteressadas. Em tudo q"»' falou e escre\'cu, ainda sôbrc

ver..." Universal pela amplitude da cultura c pela sonsibiMdade aos grandes

fundo, é sempre mais cômodo, cm polí

aparentemente mais distantes da "realidade pessoal", bá sempre a ^ ção, no mais largo .sentido, do

dramas do Um\erso, ninguém, locla\ia. foi mais do .seu paí.s. As cousas c os iíomens do Bra.sil («iam c) ^seu eterno

Mas falou e escreveu, não pela volúpia

diatísmo".

cuidado e o seu eterno tormento. Es

mens médios fáceis em adaplar-sç a to dos os acontecimentos supervindos, do que com os demasiado inteligentes, sem

das especulações literárias, sem alcan

criadora, isto é, a faculdade dc c-nar

gistrais ensaios sôljie os mais estranhos

de "dentro para fora", desassociando

assuntos, como a questão Drevfus, Bal-

os elementos do conhecimenlo intelec tual, emocional c intuitivo, para

four, Carlyle, estavam-lho presentes sem

assimilação; maravillKisa retenção... E

com abundância análoga à das suas lei turas, falou e escreveu.

Daí, a vasti

dão de sua obra, comparada a um oceano, de águas freqüentemente re voltas, ainda quando não profundas... ce definido, e, sim, para os efeitos ime diatos do homem de ação. Nesse aspecto Rui Barbosa teria ra

Não teria tido o que

psicólogos denominam de ÍmaginnÇ»Q

zão quando julgava a mensagem da sua vida muito mais política do que artística. Expansão má.xima da peque na elite de humanistas e de juristas que

ciá-los depois por própria conta, dandü-lhes uma síntese nova. pecer o,

.se formou no Império de Pedro II e .se

quena sonoridade intelectual do seu meio e do seu tempo, e, po.ssisehncnte, um pouco de falso pudor. Prczanca

prolongou em nosso regime republica no, êle imaginou possível . reestruturar a nossa antiga monarquia parlamentar, tão insólita na América, e de seiva já esgotada, sôbre novas base.s. E quan do desesperou de semelhante ideal, um tanto absurdo, propôs-se adaptar o

teria concorrido também para êsse ca ráter da obra de Rui Barbosa a pe

de estudo ou análise objetiva, e, sim,

propeusiui

sário, o Marecluil Florlano Peixoto, que

ções montais. Somente sabia produzir .sob provocação dos fatos positisos.

o condenara ao exílio...

nele

mesmo

a

teve longos anos o iirojeto do Códig» Civil brasileiro som

para ir além das correções da forma. No dia, entretanto, em que se julgou

encontrar tempo

o mais idôneo dos brasileiro.s, pela su

provocado sôbre esta, escreveu talvez

perioridade da inteligência e da cul

o maior do.s seus livros, a intacto à usura do tempo ou, nos, enquanto hou\'er quem fôrça e a belezíi do idioma

obra? Ilusõe.s idênticas teriam embalado Chateaubriand — lembro mais uma

Imaginou uma vez escrever um livro

.sôbre o P^ís insular das suas confessa das predileções; mas esse livro não seria como tantos outros sôbre a velha Albion,

política, desprezaria as puras abstra-

sobretudo

Não seria ele, então, primeiro reali

tura e pelo acervo dos serviços pres tados, para a execução da vastíssima

pre os fatos e as figuras da sua pátria.

"nm foco de luz, uma antítese ofuscaclora .spbre a decadência do Brasil..." Do Brasil sob o governo do seu ad\er-

Brasil ao modélo dos Estados Unidos.

zador prático do regime republicano,

crevendo da Inglaterra pequeno.s e ma

Ré/jhcfl, pelo me preze a em que

poetou Camões e prosaram Frei Lins

Combatendo, destruindo o que jul gava errado, Rui Barbosa correspondia às determinantes do seu temperamento. Mas nenhuma inteligência equilibrada e nenhum carater honesto destroem pelo

prazer mórbido de destruir. Propõem-se naturalmente construir sôbre as ruínas

das cousas destruídas.

Teria sido este

o grande sonlio patriótico de Rui Bar bosa: reconstruir o Brasil dc acordo com

..

. • ':. 4

tica como em tudo, tratar com os ho

pre ansiosos em projetar-se e afirmar-.

so... Depois do fracasso da República

romântica dc 184S cm França, o impe tuoso ullramontano Luiz Veuillot dizia

dc Lamartine que nenhum povo sen sato substitui o coronel comandante pelo primeiro músico do Regimento... Rui

Barbosa guardou sempre a mágoa, que não lie.sitou cm extravasar em docunien-

los públicos, pela permanente quarente na política em que lhe punham o gran de nome nas oportunidades da sua can-

{hdatura à presidência da República. Não foi, pois, propicia a Rui Bar

bosa a vida pública, ou, ao menos, co mo ele a pretraçara e como lhe enche ria a alta e nobre ambição. Vedaram por três ou quatro vêzes o seu caminho

á magistratura suprema da República.

Mas, afinal, não somente das glórias .po

líticas ou literárias se entretece a exis tência, mesmo dos mais lúcidos e mais

ambiciosos. Na .sua tela. a fazer-se' e a desfazer-se a tòdas as horas, como a de Penclope, há muitos outros fios. mais íntimos e mais delicados: família, am-

.--A

- W-í"....


DtfíKSTíj Econômico

JSÚ

biente doméstico, amigos, amores, os

múltiplos espetáculos da natureza, as vi brações artísticas, a tranqüilidade da consciência, a fé religiosa, a resigna ção filosófica. Rui Barbosa poderia encontrar neles as fontes de felicidade

interior, que, na vida pública, se lhe ti nham secado.

O primeiro meio familiar de Rui Bar bosa não poderia dar-lhe do mundo visões amáveis,

O seu pai, cuja me

mória evocou com tão emocionada ter

I -5 cio. rios ccu na manha

do dl

^

anjo

des no Brasil — começou a projetar-se o

céu no horizonte eu» i de esperança, que me

é, como êle diria, "política, religiosa e

nome do jo\-em estudante em várias ati\'idades literárias e, sobretudo, cívicas.

mercantil".. . No Brasil distante, esta riam sempre o seu pensamento e a sua

Datam dessa época as suas primeiras

ambição. . .

sorris no sorriso u _

sideral de

botoa .alguma

^^

^

's„pcrficic agreste'

-

de nrmha alma a meador que " gia me crio

cia, cuja hênç.o dorr

de sobre as urzes ^

^

^ e a consciêr.a fecundida-

Adelaide,

virtudes, "emanação da honra, da vera

cas das velhas mairui

cidade e da justiça", que teria transmi tido ao filho a "paixão do direito", "a coragem na hora do perigo" e o "mere

bondade, tolerância,

. ,.

,

enfrentar o fardo da vida - bem mereccu os louvores do HHiO ilustre. Muito

mais próximo embora do João Barbosa,

era de gênio orgulhoso, apaixonado c irritadiço, mais fácil em despertar ini

como êle mesmo reconheceu, do D Maria Adelaide a sua herança psicológica

migos do que amigos. Médico sem in-

teria sido especialmente a coragem na

terêsse pela profissão, político sem êxito, mordido de angVfilia e de filologia por-

luta e a paciente labonosidade de ter-

tuguêsa, o Dr. João Barbosa encarnou na

Ainda estudante na Faculdade de Di reito do Hecife. perdia Rui Barbosa a mãe, e mal entrado no inundo, o pai, Cèdo, assim, conheceu as agruras do insulamento afetivo; teria de abrir sozinho

merecido sucesso.

Daí, o que havia

nele de amargura, de revolta contra as injustiças do destino, a explodir a qual quer pretexto e a agravar as verdadeiras ou falsas hostilidades alheias. Através de

tudo, a mais viva estima pelo filho, e, sobretudo, o mais vivo orgulho e o mai.s largo crédito na sua precocidade. Se o espírito paterno, na piedade filial

mita,

as portas da vida, as portas que de tao duros gonzos haviam sido para o ve lo

João Barbosa. A lembrança do ambien te doméstico, pobre e difícil.^ marcou a sua alma, já pouco inclinada as alegrias. Outros complexos, como baixa es tatura e do prognatismo inferior, prova

de Rui Barbosa, simbolizava as mais no

velmente, a trabalhariam. Não poderia,

bres qualidades viris, o materno se irlsa-

pois, perdoar a falta de tato com que um ^ chefe político o percebera, muito moço

ria de todas as doçuras femininas. Não resisto à tentação de citar-vos um trecho

do formoso canto elegíaco em que êle o evocou: "imagem da bondade e da pu reza, que vertestes em minha alma a faculdade de sofrer e perdoar, que me

educastes no espetáculo divino do sacri fício coroado pelo sacrifício, carícia do

ainda, na capital do Império: "O senhor

é mais baixo do que seu pai. . . Nos dois primeiros anos em que cursou a Faculdade de Direito de Pernambuco,

passou quase desapercebido. Transfe rido para a Faculdade de São Paulo naquele tempo não tínhamos universida

Regressou à pátria para a dura luta

ticos, nos quais, como aconteceria com

pela existência, agravada pela morte do pai e pela responsabilidade das dividas

Joaquim Nabuco, seu contemporâneo,

que o mesmo lhe deixara. Nada, pois,

tevo O' bom gosto de não reincidir. En

a mitigar o panorama cinzento do mun do. Curto romance sentimental, encer rado pelo falecimento da sweet-heart,

tretanto, nem no Recife, nem em São

1 ^^"^^"clhores modòdo das melhore virtudes doméstí_

Bahia do meado do século XIX o tipo clássico do letrado de província sem o

manifestações liberais c aboMcionistas.

E também os seus primeiros pecados poé

nura elevando-o a padrão das mais altas

cimento da coerência e da sinceridade",

131

Paulo, não se citam de Rui aventiuras, amores, boêmias de ruas e de cafés, em

.'■uma, qualquer fuga dc estüu\'amento

ju\'enil, e isto num ambiente todo im

pregnado do romantismo, de b)'Tonismo, e onde florescia a adolescência de Castro

Alves, seu colega e amigo, adolescência

que os gregos chamariam de divina. . . Recém-formado em Direito e de re-

redobrou o seu pessimismo, a supersti ção da sua má estrela.

Breve, no en

tanto, encontrava-se com quem seria sua

fiel e dedicada companheira de meio século, D. Maria Augusta, que Uie sobre-^^veu por vinte e cinco anos.

Rui Bar

bosa amava e era amado; à sua alma

solitária deparava-se o mais suave dos

tômo à sua Bahia, onde espera iniciar a

abrigos. O grande afeto pela esposa no

triunfal

homem de hábitos castos não alteraria a

carreira, grave moléstia obri

gou-o a longa convalescença.

A ina-

ti\ddado pesa-lhe como injusta penitên cia.

Mas, em suma, mesmo as cousas

más passam mais depressa do que pen samos.

Rui Barbosa, restabelecido, ins

talava-se na capital baliiana para estrear-se na advocacia e no jornalismo. A generosa amizade de poderoso amigo proporcionou-lhe uma viagem à Europa, especia'mente a Paris, sonho mais do que dourado de todos os jovens — e, creio, por mim, igualmente dos velhos — latino-americanos. . .

Curioso, entre

tanto, é que não se conhece uma im

pressão de Rui sobre Paris ressurreto da "guerra infeliz" e da Comuna, Paris gra ve da margem esquerda. Paris alegre dos houlevards, onde ainda não se te

riam extinguido os ecos da festa do Se

gundo Império. Nem de longe o choque emocional,

que alvoroçou na mesma

época a sensibilidade de Joaquim Na buco, e que o próprio Rui receberia na Ing)aten-a vitoriana e gladstoniana, isto

substância do seu temperamento; mas adoçaria os contornos e emprestaria mais consolado sentido à sua juventude retraí da e melancólica.

Homem combativo

e combatido, guardaria as suas reservas

de afeto para o círculo da família, alar

gado até 05 próximos parentes. Foi qua se unm angústia "de náufrago o seu pri meiro exílio em Buenos Aires, longe da espôsa e dos filhos. O exílio da capital argentina prolongou-se em condições muito menos hmarg.is, porque ao lado da sua gente, que, na Inglaterra, país e'eito do seu espírito. Logo que encerrado o govêrno de Floriano Peixoto, voltava Rui Barbosa à arena da política, da tri

buna parlamentar, do jomahsmo, da advocacia e da diplomacia, para dela não mais sair e, como sempre, impetuoso e ardente, negado até a calúnia, um dia, endeusado em apoteoses como nenhum outro brasileiro conheceu, no outro dia. . .

Sempre me pareceu que a projeção


DtfíKSTíj Econômico

JSÚ

biente doméstico, amigos, amores, os

múltiplos espetáculos da natureza, as vi brações artísticas, a tranqüilidade da consciência, a fé religiosa, a resigna ção filosófica. Rui Barbosa poderia encontrar neles as fontes de felicidade

interior, que, na vida pública, se lhe ti nham secado.

O primeiro meio familiar de Rui Bar bosa não poderia dar-lhe do mundo visões amáveis,

O seu pai, cuja me

mória evocou com tão emocionada ter

I -5 cio. rios ccu na manha

do dl

^

anjo

des no Brasil — começou a projetar-se o

céu no horizonte eu» i de esperança, que me

é, como êle diria, "política, religiosa e

nome do jo\-em estudante em várias ati\'idades literárias e, sobretudo, cívicas.

mercantil".. . No Brasil distante, esta riam sempre o seu pensamento e a sua

Datam dessa época as suas primeiras

ambição. . .

sorris no sorriso u _

sideral de

botoa .alguma

^^

^

's„pcrficic agreste'

-

de nrmha alma a meador que " gia me crio

cia, cuja hênç.o dorr

de sobre as urzes ^

^

^ e a consciêr.a fecundida-

Adelaide,

virtudes, "emanação da honra, da vera

cas das velhas mairui

cidade e da justiça", que teria transmi tido ao filho a "paixão do direito", "a coragem na hora do perigo" e o "mere

bondade, tolerância,

. ,.

,

enfrentar o fardo da vida - bem mereccu os louvores do HHiO ilustre. Muito

mais próximo embora do João Barbosa,

era de gênio orgulhoso, apaixonado c irritadiço, mais fácil em despertar ini

como êle mesmo reconheceu, do D Maria Adelaide a sua herança psicológica

migos do que amigos. Médico sem in-

teria sido especialmente a coragem na

terêsse pela profissão, político sem êxito, mordido de angVfilia e de filologia por-

luta e a paciente labonosidade de ter-

tuguêsa, o Dr. João Barbosa encarnou na

Ainda estudante na Faculdade de Di reito do Hecife. perdia Rui Barbosa a mãe, e mal entrado no inundo, o pai, Cèdo, assim, conheceu as agruras do insulamento afetivo; teria de abrir sozinho

merecido sucesso.

Daí, o que havia

nele de amargura, de revolta contra as injustiças do destino, a explodir a qual quer pretexto e a agravar as verdadeiras ou falsas hostilidades alheias. Através de

tudo, a mais viva estima pelo filho, e, sobretudo, o mais vivo orgulho e o mai.s largo crédito na sua precocidade. Se o espírito paterno, na piedade filial

mita,

as portas da vida, as portas que de tao duros gonzos haviam sido para o ve lo

João Barbosa. A lembrança do ambien te doméstico, pobre e difícil.^ marcou a sua alma, já pouco inclinada as alegrias. Outros complexos, como baixa es tatura e do prognatismo inferior, prova

de Rui Barbosa, simbolizava as mais no

velmente, a trabalhariam. Não poderia,

bres qualidades viris, o materno se irlsa-

pois, perdoar a falta de tato com que um ^ chefe político o percebera, muito moço

ria de todas as doçuras femininas. Não resisto à tentação de citar-vos um trecho

do formoso canto elegíaco em que êle o evocou: "imagem da bondade e da pu reza, que vertestes em minha alma a faculdade de sofrer e perdoar, que me

educastes no espetáculo divino do sacri fício coroado pelo sacrifício, carícia do

ainda, na capital do Império: "O senhor

é mais baixo do que seu pai. . . Nos dois primeiros anos em que cursou a Faculdade de Direito de Pernambuco,

passou quase desapercebido. Transfe rido para a Faculdade de São Paulo naquele tempo não tínhamos universida

Regressou à pátria para a dura luta

ticos, nos quais, como aconteceria com

pela existência, agravada pela morte do pai e pela responsabilidade das dividas

Joaquim Nabuco, seu contemporâneo,

que o mesmo lhe deixara. Nada, pois,

tevo O' bom gosto de não reincidir. En

a mitigar o panorama cinzento do mun do. Curto romance sentimental, encer rado pelo falecimento da sweet-heart,

tretanto, nem no Recife, nem em São

1 ^^"^^"clhores modòdo das melhore virtudes doméstí_

Bahia do meado do século XIX o tipo clássico do letrado de província sem o

manifestações liberais c aboMcionistas.

E também os seus primeiros pecados poé

nura elevando-o a padrão das mais altas

cimento da coerência e da sinceridade",

131

Paulo, não se citam de Rui aventiuras, amores, boêmias de ruas e de cafés, em

.'■uma, qualquer fuga dc estüu\'amento

ju\'enil, e isto num ambiente todo im

pregnado do romantismo, de b)'Tonismo, e onde florescia a adolescência de Castro

Alves, seu colega e amigo, adolescência

que os gregos chamariam de divina. . . Recém-formado em Direito e de re-

redobrou o seu pessimismo, a supersti ção da sua má estrela.

Breve, no en

tanto, encontrava-se com quem seria sua

fiel e dedicada companheira de meio século, D. Maria Augusta, que Uie sobre-^^veu por vinte e cinco anos.

Rui Bar

bosa amava e era amado; à sua alma

solitária deparava-se o mais suave dos

tômo à sua Bahia, onde espera iniciar a

abrigos. O grande afeto pela esposa no

triunfal

homem de hábitos castos não alteraria a

carreira, grave moléstia obri

gou-o a longa convalescença.

A ina-

ti\ddado pesa-lhe como injusta penitên cia.

Mas, em suma, mesmo as cousas

más passam mais depressa do que pen samos.

Rui Barbosa, restabelecido, ins

talava-se na capital baliiana para estrear-se na advocacia e no jornalismo. A generosa amizade de poderoso amigo proporcionou-lhe uma viagem à Europa, especia'mente a Paris, sonho mais do que dourado de todos os jovens — e, creio, por mim, igualmente dos velhos — latino-americanos. . .

Curioso, entre

tanto, é que não se conhece uma im

pressão de Rui sobre Paris ressurreto da "guerra infeliz" e da Comuna, Paris gra ve da margem esquerda. Paris alegre dos houlevards, onde ainda não se te

riam extinguido os ecos da festa do Se

gundo Império. Nem de longe o choque emocional,

que alvoroçou na mesma

época a sensibilidade de Joaquim Na buco, e que o próprio Rui receberia na Ing)aten-a vitoriana e gladstoniana, isto

substância do seu temperamento; mas adoçaria os contornos e emprestaria mais consolado sentido à sua juventude retraí da e melancólica.

Homem combativo

e combatido, guardaria as suas reservas

de afeto para o círculo da família, alar

gado até 05 próximos parentes. Foi qua se unm angústia "de náufrago o seu pri meiro exílio em Buenos Aires, longe da espôsa e dos filhos. O exílio da capital argentina prolongou-se em condições muito menos hmarg.is, porque ao lado da sua gente, que, na Inglaterra, país e'eito do seu espírito. Logo que encerrado o govêrno de Floriano Peixoto, voltava Rui Barbosa à arena da política, da tri

buna parlamentar, do jomahsmo, da advocacia e da diplomacia, para dela não mais sair e, como sempre, impetuoso e ardente, negado até a calúnia, um dia, endeusado em apoteoses como nenhum outro brasileiro conheceu, no outro dia. . .

Sempre me pareceu que a projeção


Dioiísto Ef:<)N(')Micc)

literária de Rui Barbosa sc revelou me

canos do Brasil, c estimulou pela simples

Foi o escritor brasileiro que, na .sua

cializada dü.s juizes e tribunais com que

nos profunda do que seria de esperar. época, mais concorreu para a reaçao contra os desleixes da linguagem e do

estilo, correntes entre os boniens cie p/uinc da Monarquia e da primeira fase da República. Muito mais, sob esse aspecto, do que Machado de As.sis, mestre per feito da forma mas um tanto hermético

ação catulítica o ní\'C'l de cultura espe teve de lidar.

Os êxitos de dinheiro dc Rui Barlx)Sít

foram mais fáceis ou mais posÍti\os do que cs da política. Nenhum jurista cnt

mais solicitado c mcDior pag<} no Brasil do que ele. O seu train de vivrc, desde que SC fi.xou ;io Rio de Janeiro e que

curta e reticente num meio tão sensível

se assinalaram os seus primeiros grandes triunfos profissionais, foi sempre o do burguês de boa mediania. Sóbrio consi

quanto o nosso, tal todos os meios lati

go mesmo, não poupou, no entanto, ne-

nos, à pompa e à sonoridade da frase. Especialmente depois da • sua famosa

niuin\ conforto á .sua família. O "eterno

pelo estranho sabor do seu humorismo e pela extrema descrição da sua "maneira"

Réplica à Redação do Código Civil, se erigiu, embora sem o desejar, em infalí vel professor das boas regras de falar e escrever.. .

E' certo — e eu lembrei

feminino" não parece o tenha torturado cm qualquer tempo. Na Inglaterra, su ponho, estaria muito mais pró.xínio da gravidade "moralista" dc Gladstone do que da inquietação mundana dc Dis-

em outro passo — que muita.s inteligên

raelli... Ao seu temperamento austero

cias jovens, embora reconhecessem a f6r-

e trabalhado por certos c-omplcxos dc

culpa e penitência, não atraíam jamais iibertar-se da sua órbita de influência, os aspectos ligeiros c \oliip(uosos d" mundo. A sua sensação pernumentc do evitando incidir num ruisino de segunda mão. Tab ez porque o julgassem alheio "dever e a profunda consciência da sua aos altos pensamentos filosóficos e pouco missão apostolar, missão tantas \'ê7.es ça cerebral de Rui Barbosa, procuraram

sensível à graça irônica, da qual a cul

com ele sábia — de repetir Santo Antonio

tura francesa, na linha de Montaigne, de Renan e de Anatole Francc, em apo

e o Padre Vieira, isto c, de falar aos pei xes — converteram-lhe a vida num labor sem descanso. Destino, segundo, ima-

geu no começo do século, tinha impreg nado as no\'as gerações literárias do genr sua, de cjuem planta carvalho para Brasil. .. Onde ninguém ousou dispu-' as gerações vindouras, em vez. de coutar-lhe a primazia, foi no campo jurídico ves para o prato do amanhã... Ou, mais precisamente, no direito pú Deu o carvalho a sombra com que blico. Conhecendo como nenhum outro a lústória e a técnica do direito constitu

sonhoti o seu semeador? Ei.s aí o pro blema final de Rui Barbosa. 1'risci ba

conscientemente contrariar as lições do "bem falar" c do "bem escrever" do ve

lancòlicaincnlc a falta imensa que lhes

lho mestre. O pânico dc perder-se na magia das palavras, que é o pecado dos

t(klas as liberdades...

mento de Rui Barbosa começava a alar

1918 a extremos opostos. Em literatura,

como em música, como nas artes plás

gar-se do exclusivo conceito da democra cia individualista para sentir as transfor

ticas, era necessário repudiar o confor

mações sociais, que fermentavam por tò-

mismo do passado e abrir c<irajosamentc caminhos novos.

Mais \ivas ainda do

de latinismo o de classici.smo português,

e econômico. Não repetiria mais o que escrevera uma x ez numa das suas Cartas,

brasileira

da Inglaterra, que a p0bre7.ii ou a mi séria das massas eram "males necessá rios, derivativos incuráveis da enfermi dade humana, da nossa eterna insuficiên

as restrições uu doutrinário

político, imagem dc um século perempto, dc um pas.sado para sempre morto... Morrera com Rui Barbosa a \'clha men

sagem do liberalismo e do romantismo

jurídico... Mais do que dos antigos postulados da democracia formal, pre cisava o Brasil imenso, c ainda tão longe cconòmicamente da sua mise en valeiir, dc guias atentos às realidades concretas. O novo fenômeno social era o "econô

mico", e não o "iX)lítico", a "estrutura", e não a "supercstrutura".

Rui Barbosa não chegou a conliecer o desenvolvimento trágico que a reação anti-intelectual, anti-liberal, anti-deiuo-

crática, tomaria em alguns países do oci dente europeu. A ascensão do fascismo

italiano em 1923, no ano de sua morte, não fazia ainda prever o monstruoso

êxito do nazismo alemão. Evitou-llie, a.ssiin, o destino a angústia suprema da segunda guerra mundial. Redimiu-sc a humanidade civilizada pelos inenarrá

veis .sacrifícios do "suor sangue e lágri

Pontífice. E mais do que isto: criou en

coiTeção da linguagem e pela liarmonia da frase. Mas para diluír-se depressa. As gerações brasileiras cVaprés gnerre, como as de todos os países, na ânsia de

.

mas", das ameaças da escraxádão dos

totalitarismos da direita, para afligir-se hoje sob outras não menos bárbaras. O.s

brasileiros vellios ou no\os que, um

destruir os valores dc um passado tão

instante, duvidaram do alcance de sua

cheio de l)riitais desenganos, proeurarain

pregação doutrinária, puderam medir me-

ií-Xi' V

./L ... .

muito sensível para continuar cristaliza

foram em certas camadas da jtiventudc

pouco que a sua influência literária se

J.-.-ÍU..,- A-'-..,-

da parle. Êle era muito inteligente e

do no seu antigo mancheterismo político

fez sentir especialmente no culto pol"

sidcndalísnío c do federalismo republi

■4

que o repúdio ao escritor, tão marcado

cional norte-americano, doutrinou nesse

às lições da França e da Inglaterra, a curiosidade pelas instituiçõ,es políti cas dos Estados Unidos, modelos do pre-

Nos últimos quartéis da \ ida, o pensa

grandes retóricos, lo\aria os moços de

campo com a infalibilidade de Supremo tre os brasileiros, mais atentos até então

fazJa o velho e apaixonado defensor de

cia ou, de acordo com a fórmula religio

sa, do nosso pecado original", pormie

se derivam essencialmente dos erros da orgamzaçao social, baseada sobre o egoís mo e a ganancia do grande parto dos

grupos dominantes, corrigíveis todana

dentro do primado das libordàdes pela transformação paulatina c -nu-ic ^1

■nossos e,stados de conscièneta coTetiva' Chego ao lenno desta palestra, en,

que tanto abuse, da vossa generosa pa-

cenca. sen, tentar sequer ligeira per- ' quinçao sobre a obra de U„i Ba,li,a Permito-me. no entanto reneti,- ' tal tarefa desafia a ma s

1^

dade de síntese. Imaginai'

sua publicação oficial nd,,' silciro abrangerá mais de

^

de formato médio, ob.-, e de jurista, ak-ançando ramos do direito público

^'"'umes '1

Obra de jornalista, na nuJ ,

"

as ruidosas campanluis

escravatura negra ç 1 1'

Obra de homem do govirno dc oposii-ão e de

da


Dioiísto Ef:<)N(')Micc)

literária de Rui Barbosa sc revelou me

canos do Brasil, c estimulou pela simples

Foi o escritor brasileiro que, na .sua

cializada dü.s juizes e tribunais com que

nos profunda do que seria de esperar. época, mais concorreu para a reaçao contra os desleixes da linguagem e do

estilo, correntes entre os boniens cie p/uinc da Monarquia e da primeira fase da República. Muito mais, sob esse aspecto, do que Machado de As.sis, mestre per feito da forma mas um tanto hermético

ação catulítica o ní\'C'l de cultura espe teve de lidar.

Os êxitos de dinheiro dc Rui Barlx)Sít

foram mais fáceis ou mais posÍti\os do que cs da política. Nenhum jurista cnt

mais solicitado c mcDior pag<} no Brasil do que ele. O seu train de vivrc, desde que SC fi.xou ;io Rio de Janeiro e que

curta e reticente num meio tão sensível

se assinalaram os seus primeiros grandes triunfos profissionais, foi sempre o do burguês de boa mediania. Sóbrio consi

quanto o nosso, tal todos os meios lati

go mesmo, não poupou, no entanto, ne-

nos, à pompa e à sonoridade da frase. Especialmente depois da • sua famosa

niuin\ conforto á .sua família. O "eterno

pelo estranho sabor do seu humorismo e pela extrema descrição da sua "maneira"

Réplica à Redação do Código Civil, se erigiu, embora sem o desejar, em infalí vel professor das boas regras de falar e escrever.. .

E' certo — e eu lembrei

feminino" não parece o tenha torturado cm qualquer tempo. Na Inglaterra, su ponho, estaria muito mais pró.xínio da gravidade "moralista" dc Gladstone do que da inquietação mundana dc Dis-

em outro passo — que muita.s inteligên

raelli... Ao seu temperamento austero

cias jovens, embora reconhecessem a f6r-

e trabalhado por certos c-omplcxos dc

culpa e penitência, não atraíam jamais iibertar-se da sua órbita de influência, os aspectos ligeiros c \oliip(uosos d" mundo. A sua sensação pernumentc do evitando incidir num ruisino de segunda mão. Tab ez porque o julgassem alheio "dever e a profunda consciência da sua aos altos pensamentos filosóficos e pouco missão apostolar, missão tantas \'ê7.es ça cerebral de Rui Barbosa, procuraram

sensível à graça irônica, da qual a cul

com ele sábia — de repetir Santo Antonio

tura francesa, na linha de Montaigne, de Renan e de Anatole Francc, em apo

e o Padre Vieira, isto c, de falar aos pei xes — converteram-lhe a vida num labor sem descanso. Destino, segundo, ima-

geu no começo do século, tinha impreg nado as no\'as gerações literárias do genr sua, de cjuem planta carvalho para Brasil. .. Onde ninguém ousou dispu-' as gerações vindouras, em vez. de coutar-lhe a primazia, foi no campo jurídico ves para o prato do amanhã... Ou, mais precisamente, no direito pú Deu o carvalho a sombra com que blico. Conhecendo como nenhum outro a lústória e a técnica do direito constitu

sonhoti o seu semeador? Ei.s aí o pro blema final de Rui Barbosa. 1'risci ba

conscientemente contrariar as lições do "bem falar" c do "bem escrever" do ve

lancòlicaincnlc a falta imensa que lhes

lho mestre. O pânico dc perder-se na magia das palavras, que é o pecado dos

t(klas as liberdades...

mento de Rui Barbosa começava a alar

1918 a extremos opostos. Em literatura,

como em música, como nas artes plás

gar-se do exclusivo conceito da democra cia individualista para sentir as transfor

ticas, era necessário repudiar o confor

mações sociais, que fermentavam por tò-

mismo do passado e abrir c<irajosamentc caminhos novos.

Mais \ivas ainda do

de latinismo o de classici.smo português,

e econômico. Não repetiria mais o que escrevera uma x ez numa das suas Cartas,

brasileira

da Inglaterra, que a p0bre7.ii ou a mi séria das massas eram "males necessá rios, derivativos incuráveis da enfermi dade humana, da nossa eterna insuficiên

as restrições uu doutrinário

político, imagem dc um século perempto, dc um pas.sado para sempre morto... Morrera com Rui Barbosa a \'clha men

sagem do liberalismo e do romantismo

jurídico... Mais do que dos antigos postulados da democracia formal, pre cisava o Brasil imenso, c ainda tão longe cconòmicamente da sua mise en valeiir, dc guias atentos às realidades concretas. O novo fenômeno social era o "econô

mico", e não o "iX)lítico", a "estrutura", e não a "supercstrutura".

Rui Barbosa não chegou a conliecer o desenvolvimento trágico que a reação anti-intelectual, anti-liberal, anti-deiuo-

crática, tomaria em alguns países do oci dente europeu. A ascensão do fascismo

italiano em 1923, no ano de sua morte, não fazia ainda prever o monstruoso

êxito do nazismo alemão. Evitou-llie, a.ssiin, o destino a angústia suprema da segunda guerra mundial. Redimiu-sc a humanidade civilizada pelos inenarrá

veis .sacrifícios do "suor sangue e lágri

Pontífice. E mais do que isto: criou en

coiTeção da linguagem e pela liarmonia da frase. Mas para diluír-se depressa. As gerações brasileiras cVaprés gnerre, como as de todos os países, na ânsia de

.

mas", das ameaças da escraxádão dos

totalitarismos da direita, para afligir-se hoje sob outras não menos bárbaras. O.s

brasileiros vellios ou no\os que, um

destruir os valores dc um passado tão

instante, duvidaram do alcance de sua

cheio de l)riitais desenganos, proeurarain

pregação doutrinária, puderam medir me-

ií-Xi' V

./L ... .

muito sensível para continuar cristaliza

foram em certas camadas da jtiventudc

pouco que a sua influência literária se

J.-.-ÍU..,- A-'-..,-

da parle. Êle era muito inteligente e

do no seu antigo mancheterismo político

fez sentir especialmente no culto pol"

sidcndalísnío c do federalismo republi

■4

que o repúdio ao escritor, tão marcado

cional norte-americano, doutrinou nesse

às lições da França e da Inglaterra, a curiosidade pelas instituiçõ,es políti cas dos Estados Unidos, modelos do pre-

Nos últimos quartéis da \ ida, o pensa

grandes retóricos, lo\aria os moços de

campo com a infalibilidade de Supremo tre os brasileiros, mais atentos até então

fazJa o velho e apaixonado defensor de

cia ou, de acordo com a fórmula religio

sa, do nosso pecado original", pormie

se derivam essencialmente dos erros da orgamzaçao social, baseada sobre o egoís mo e a ganancia do grande parto dos

grupos dominantes, corrigíveis todana

dentro do primado das libordàdes pela transformação paulatina c -nu-ic ^1

■nossos e,stados de conscièneta coTetiva' Chego ao lenno desta palestra, en,

que tanto abuse, da vossa generosa pa-

cenca. sen, tentar sequer ligeira per- ' quinçao sobre a obra de U„i Ba,li,a Permito-me. no entanto reneti,- ' tal tarefa desafia a ma s

1^

dade de síntese. Imaginai'

sua publicação oficial nd,,' silciro abrangerá mais de

^

de formato médio, ob.-, e de jurista, ak-ançando ramos do direito público

^'"'umes '1

Obra de jornalista, na nuJ ,

"

as ruidosas campanluis

escravatura negra ç 1 1'

Obra de homem do govirno dc oposii-ão e de

da


DlCliSTO EcONÓMKii ^ 134

na sua reforma financeira, nas extraordi nárias orações das suas campanhas pre sidenciais e no manancial ininterrupto dos seus discursos no Congresso Legis

lativo. Obra de ensaísta ou dc crítico,

abrangendo magistral parecer sôijre o ensino público, sucinta análise do gênio de Swift, e as Cartas da Inglaterra, afora trabalhos avulsos,

plomata, cumulada

na

Obra de di

repercussão

No plano da íntcligcncia abstrata, ninguém procuraria em Rui Barbosa o criador de sistemas filosóficos; no selor

da.s letras, em que ele fazia questão de não ser o seu, ninguém, no en

tanto, .se elevou no Brasil, pela opulência e beleza de expressão, a maior

altura; no campo da política, não lhe permitiram dar da sua cupacidado construtiva toda medida.

Não chogon

mundial da sua . atuação na Segunda

sequer a conhecer as glórias do con

Conferência da Paz, reunida em 1908 cm Haia, defendendo a doutrina da

sulado de Cícero, a cujo gênio tanto SC assemelhou o seu... Foi, sob vá

igualdade entre os Estados, e na Con

rios aspectos, um de.senraíziido no am biente político da .sua pátria, como

ferência de Buenos Aires, em 1918,

quando intrèpidamenfe condenava o

aconteceu na sua época a tantas per

\-elho conceito das neutralidades passi\as e acomodatícias, que se julgavam equidistantes entre o agressor e o agre

sonalidades eminentes dos nossos paí

dido, o criminoso e a vítima.

ses novos, ti-an.spluntuclos do solo in telectual da Europa. Encontraria tal

Obra

vez o seu climax ideal na Inglaterra

dó filólogo e de estilista, que deixou na "Réplica à Redação do Código Ci

vitoriana, provavelmente muito mais mhig

vil" o mais rico e formoso monumen

to ja elevado ao idioma português. Desejei simplesmente — volto ao

que, de começo, vos disse — focalizar a figura de Rui Barbosa como ela me impressionou desde a minha juventude. De certo, incompleta tentativa de um

retrato p.sicológico.

Não seria sincero

comigo e nem, sobretudo, convosco, se

pretende.sse colocá-la num nicho^ sa

do que tory. . .

Na monarquia parlamentar c de par tidos rotativos do Brasil, a carreira po

lítica possivelmente ser-llie-ia mais pro

pícia do que foi na Rci^ública. que êle tanto ajudou a fundar e a construir. Barraram-lhe no Império, uma vez, uma

pasta ministerial; recusou-a êle próprio outra vez, por intransigência doutrinária. Mas, pela sua ação no Parlamento, noutras oportunidades, conquistaria, mais

crossanto, como intangível divindade.

que uma simples pasta de ministro, a

O que mais importa nos grandes no mes — insisto sempre — é a sua "es

própria presidência do Conselho. Na República presidencialista mais difíceis

sência humana", o jogo entre as suas virtudes e as sua.s falhas, entre as suas

seriam sempre — o que êle não quis ou não pôde compreender — as sua.s oportu

zonas de luz e de sombra. É quando descem entre os mortais e se confun

nidades cie galgar o suprcnío pôsto do governo. Não eram as qualidades de

dem com as suas paixõe.s, como na epo

Rui Barbosa as que as elites dirigentes das democracias contemporâneas mais

péia homérica, que os deuses e heróis gregos se tornam literàriamente mais interessantes. O divino Ulisses morria

de tédio entre as perfeiçõcs da illia de Calípsfi- . .

prezam ou nas quais melhor confíao^Não inqwrtam, todavia, os possíveis si nais negativos, na relatmdade do espa

ço e do tempo, dos homens da raça dc

Âl

n-lra um Íulganíem"o"rin^°^^^-'" riíos do esm^st" d

igualdade entre os iiidiWduos e as naBarbosa o

ap:nxo„..clo clefenxo, da'"ibert^ t Sulo""'""


DlCliSTO EcONÓMKii ^ 134

na sua reforma financeira, nas extraordi nárias orações das suas campanhas pre sidenciais e no manancial ininterrupto dos seus discursos no Congresso Legis

lativo. Obra de ensaísta ou dc crítico,

abrangendo magistral parecer sôijre o ensino público, sucinta análise do gênio de Swift, e as Cartas da Inglaterra, afora trabalhos avulsos,

plomata, cumulada

na

Obra de di

repercussão

No plano da íntcligcncia abstrata, ninguém procuraria em Rui Barbosa o criador de sistemas filosóficos; no selor

da.s letras, em que ele fazia questão de não ser o seu, ninguém, no en

tanto, .se elevou no Brasil, pela opulência e beleza de expressão, a maior

altura; no campo da política, não lhe permitiram dar da sua cupacidado construtiva toda medida.

Não chogon

mundial da sua . atuação na Segunda

sequer a conhecer as glórias do con

Conferência da Paz, reunida em 1908 cm Haia, defendendo a doutrina da

sulado de Cícero, a cujo gênio tanto SC assemelhou o seu... Foi, sob vá

igualdade entre os Estados, e na Con

rios aspectos, um de.senraíziido no am biente político da .sua pátria, como

ferência de Buenos Aires, em 1918,

quando intrèpidamenfe condenava o

aconteceu na sua época a tantas per

\-elho conceito das neutralidades passi\as e acomodatícias, que se julgavam equidistantes entre o agressor e o agre

sonalidades eminentes dos nossos paí

dido, o criminoso e a vítima.

ses novos, ti-an.spluntuclos do solo in telectual da Europa. Encontraria tal

Obra

vez o seu climax ideal na Inglaterra

dó filólogo e de estilista, que deixou na "Réplica à Redação do Código Ci

vitoriana, provavelmente muito mais mhig

vil" o mais rico e formoso monumen

to ja elevado ao idioma português. Desejei simplesmente — volto ao

que, de começo, vos disse — focalizar a figura de Rui Barbosa como ela me impressionou desde a minha juventude. De certo, incompleta tentativa de um

retrato p.sicológico.

Não seria sincero

comigo e nem, sobretudo, convosco, se

pretende.sse colocá-la num nicho^ sa

do que tory. . .

Na monarquia parlamentar c de par tidos rotativos do Brasil, a carreira po

lítica possivelmente ser-llie-ia mais pro

pícia do que foi na Rci^ública. que êle tanto ajudou a fundar e a construir. Barraram-lhe no Império, uma vez, uma

pasta ministerial; recusou-a êle próprio outra vez, por intransigência doutrinária. Mas, pela sua ação no Parlamento, noutras oportunidades, conquistaria, mais

crossanto, como intangível divindade.

que uma simples pasta de ministro, a

O que mais importa nos grandes no mes — insisto sempre — é a sua "es

própria presidência do Conselho. Na República presidencialista mais difíceis

sência humana", o jogo entre as suas virtudes e as sua.s falhas, entre as suas

seriam sempre — o que êle não quis ou não pôde compreender — as sua.s oportu

zonas de luz e de sombra. É quando descem entre os mortais e se confun

nidades cie galgar o suprcnío pôsto do governo. Não eram as qualidades de

dem com as suas paixõe.s, como na epo

Rui Barbosa as que as elites dirigentes das democracias contemporâneas mais

péia homérica, que os deuses e heróis gregos se tornam literàriamente mais interessantes. O divino Ulisses morria

de tédio entre as perfeiçõcs da illia de Calípsfi- . .

prezam ou nas quais melhor confíao^Não inqwrtam, todavia, os possíveis si nais negativos, na relatmdade do espa

ço e do tempo, dos homens da raça dc

Âl

n-lra um Íulganíem"o"rin^°^^^-'" riíos do esm^st" d

igualdade entre os iiidiWduos e as naBarbosa o

ap:nxo„..clo clefenxo, da'"ibert^ t Sulo""'""


Dioitsio Econômico

.137

rosa promessa dc uma das grandes capi

ifc •• I.." I ;<> f í

tais da América. 13auiu>s r EHaniHA

tem a seu cargo estudos de

bem pensado e começado a cweciitar com os olhos postos no futuro. A expansão era íne\'itá\e!, efetuou-se

Crescera como abençoada por seu pa droeiro que. das alturas, velava pela sua metrópole e a fazia prosperar. Era, afi nal, uma cidade que estava cm rela ção à grandezii espiritual do apóstolo

documentação

como se übedectí.sse às linhas de um

dc (pie tomara o nome. Cidade masculi

destino.

na, .severa, rígida, como sc apresentava

ECENTEMENTE, um dcpartamenlo da Prefeitura, que social,

cal

culou a população de São Paulo

em

2.002.000

habi

Quando Manuel da Nóbrcga subiu de

centro onde a vida já c:omoçaia a tor

nar-se difícil, onde não houvera propor cional expansão de serviços públictis, dos meios de tvansportc coletivo, e do próprio abastecimento. Assim começou a grande miséria sob o racionamento c surgiram as filas. A hahilação

para quenr a primeiro visitava e conhe

E esse número redondo veií)

Santos e indicou o lugar onde devia ser

cia na sua intensa atividade de colmeia

afinal dar expressão, cm algarismos, do

erguido o primeiro colégio, devia ler

fabril.

tormento em que se transformou e.sta

sido inspirado. IIouvc uma espécie de predestinação ao ordenar: — Será aqui! A cidade que cro.sceu em volta da igrcjinha jesuítíca estava providencial-

■ Mas essa grandeza tão celebrada ti

mente localizada em lugar que se tor

nha também o outro lado mau das coisas

nou passagem obrigatória para todos os

terial c eram ainda relativamente novas

Devido ao sistema de serranias

humanas, ressentia-se do mal das improvisaçõe.s que acabam cm solução per pétua.

contaram-se 1.033.202 almas o 125.534

dos procedidos por competentes urba

exi.stente, a produção linha que con vergir para São Patilo. Primeiranienfo, foram as Irillias do mato, cpic demanda

as nossas velhas ferro^àas. Em 1934, quando se efetuou o reccnseamento, prédios.

nistas universais que, depois de muita

sem método e .sem previsão por parte dos meios oficiais, criara problemas que

vam o sertão remoto e auríforo. Tòclas

se agravavam de ano para ano. Forma ram-se nefastas aglomerações no Bexiga e no Brás. Em 1940 faltavam já casas. Ao ser tratada a questão da habi tação verificara-se que eram precisas mais 20 mil residências para resolver a questão dos cortiços e dos poiões insalubre.s. Faltavam escolas, um aparelhainento .social capaz de recuperar os marginai.s que levavam uma \ida parasitá ria e se rejJvoduziam por tugúrios in

para 151.621 e a população estava cal

tantes.

metrópole para quem nela vive. Muitos terão encontrado no fato de ter sido ul

trapassada a casa dos dois milliões moti

vo para enaltecimento regional. É comum citar, com satisfação, a den.sidade demo

gráfica de uma capital que não cessa de crescer.

.São esquecidos, nesses casos, os estu

pesquisa e confrontos, acharam que o ideal para a cidade modelo, que tudo tem e nada fica a de\-er, onde todos

rumos.

para São Paulo convergiam e aciui se eruzavain. Depois, o.s caminhos que

levajn uma \ida fácil, com o abasteci

procediam do mar vieram juntar-se aos do sertão e deram um \'erda<leii"o nó no

mento regular e abundância de re.ser-

sistema de tran.sporte.

\as, é a cidade que não tem menos de

de estranhar que os trilhos da primeira

•400 mil ahna.s e não c.xcede 600 mil.

estrada de ferro realmente econômica subisse de Santos até São Paulo. Havia

Daí para cima, começa a aflição urba na, em conseqüência das dificuldades de liarmonizar o trabalho disciplinado

Não é por is.so

motivos geográficos para tal prelerència.

Grandczo c uüséria

anterior com o número de casas, numa

A expansão tumultuária, feita

e inten.so com a dispersão inevitável dos

E quando o café modificou o aspecto da paisagem, estava dcfinilivãmente

fectos, transmitindo às crianças sua ina-

bairros.

traçado o destino de São Paulo.

daptabilidade, suas doenças e seus ví

Ora, São Paulo há muito foi conside

1890; o Estado exportava dois milhões

cios.

rada, por um prefeito inteligente, me

de sacas e a Capital estava com 63 mil

trópole sem sistema.

almas.

Cresceu sem um

programa, sem um planejamento. As primeiras normas de urbanismo em maior escala foram aplicadas pelo -sr. Prestes Maia. O plano das avenidas,

E nos dez anos seguintes cres

Era uma questão muito séria.

E de

ceu acima de tôdas as previsões. Em 1900, a população do Estado somava

súbito, com o decorrer da guerra e a montagem de novas fábricas que bus cavam a garantia da Light para o for

2.282.893 almas e a Paiilicéia estava com

necimento de fôrça, uma multidão de

que é apenas um tema, ainda consti

293 mil habitantes. Alastrara-se por várzeas antes abandonadas, investira poi

tui tildo quanto existe como projeto

morros acima, alirinava-sc como vigo-

'iLi»- -

época perfeitamente normah quando havia abundância de braços e de ma

Em 1938, o número de casas subira

culada em 1.236.894 almas. Em 1940. quando do reccnseamento geral, encon trou-se uma população de I.S42.068 ha

bitantes, mas de\'idü à anexação do mu nicípio de Santo Amaro, o número de

prcílios era de 179.687. Em 1947, a po pulação já estava em mais de 1.800.000 almas e o número de prédios era de 240 mil, contando fábricas, escolas, arma-

zén.s, garagens, tudo quanto paga im posto predial...

Em 1940 havia 179 mil casas para um milhão e trezentas e tantas mil almas e já se verificava acentuado déficit dê

habitações. A partir dêsse ano pa.ssou n predominar a construção de an-anha-

céus, prédios para escritórios e múltiplos fins, menos de moradia. Ê o período quinhentas mil almas despenhou-se, a das obras suntuárins. Diminuiu o tipo bem dizer, s()bre São Paulo, num dilú sobrado, que era o da casa de aluguel. vio de gente e dc infelicidade. Meio iiiillião dc novos moradores a mais, num

, UL.

Os inconvenientes dêsse aglomerado tornam-se fàcilmenlc compreensíveis pelo confronto do crescimento demográfico

A. lei do imiuilinato afugentava o emprcgo dc capitais nessa categoria de re-


Dioitsio Econômico

.137

rosa promessa dc uma das grandes capi

ifc •• I.." I ;<> f í

tais da América. 13auiu>s r EHaniHA

tem a seu cargo estudos de

bem pensado e começado a cweciitar com os olhos postos no futuro. A expansão era íne\'itá\e!, efetuou-se

Crescera como abençoada por seu pa droeiro que. das alturas, velava pela sua metrópole e a fazia prosperar. Era, afi nal, uma cidade que estava cm rela ção à grandezii espiritual do apóstolo

documentação

como se übedectí.sse às linhas de um

dc (pie tomara o nome. Cidade masculi

destino.

na, .severa, rígida, como sc apresentava

ECENTEMENTE, um dcpartamenlo da Prefeitura, que social,

cal

culou a população de São Paulo

em

2.002.000

habi

Quando Manuel da Nóbrcga subiu de

centro onde a vida já c:omoçaia a tor

nar-se difícil, onde não houvera propor cional expansão de serviços públictis, dos meios de tvansportc coletivo, e do próprio abastecimento. Assim começou a grande miséria sob o racionamento c surgiram as filas. A hahilação

para quenr a primeiro visitava e conhe

E esse número redondo veií)

Santos e indicou o lugar onde devia ser

cia na sua intensa atividade de colmeia

afinal dar expressão, cm algarismos, do

erguido o primeiro colégio, devia ler

fabril.

tormento em que se transformou e.sta

sido inspirado. IIouvc uma espécie de predestinação ao ordenar: — Será aqui! A cidade que cro.sceu em volta da igrcjinha jesuítíca estava providencial-

■ Mas essa grandeza tão celebrada ti

mente localizada em lugar que se tor

nha também o outro lado mau das coisas

nou passagem obrigatória para todos os

terial c eram ainda relativamente novas

Devido ao sistema de serranias

humanas, ressentia-se do mal das improvisaçõe.s que acabam cm solução per pétua.

contaram-se 1.033.202 almas o 125.534

dos procedidos por competentes urba

exi.stente, a produção linha que con vergir para São Patilo. Primeiranienfo, foram as Irillias do mato, cpic demanda

as nossas velhas ferro^àas. Em 1934, quando se efetuou o reccnseamento, prédios.

nistas universais que, depois de muita

sem método e .sem previsão por parte dos meios oficiais, criara problemas que

vam o sertão remoto e auríforo. Tòclas

se agravavam de ano para ano. Forma ram-se nefastas aglomerações no Bexiga e no Brás. Em 1940 faltavam já casas. Ao ser tratada a questão da habi tação verificara-se que eram precisas mais 20 mil residências para resolver a questão dos cortiços e dos poiões insalubre.s. Faltavam escolas, um aparelhainento .social capaz de recuperar os marginai.s que levavam uma \ida parasitá ria e se rejJvoduziam por tugúrios in

para 151.621 e a população estava cal

tantes.

metrópole para quem nela vive. Muitos terão encontrado no fato de ter sido ul

trapassada a casa dos dois milliões moti

vo para enaltecimento regional. É comum citar, com satisfação, a den.sidade demo

gráfica de uma capital que não cessa de crescer.

.São esquecidos, nesses casos, os estu

pesquisa e confrontos, acharam que o ideal para a cidade modelo, que tudo tem e nada fica a de\-er, onde todos

rumos.

para São Paulo convergiam e aciui se eruzavain. Depois, o.s caminhos que

levajn uma \ida fácil, com o abasteci

procediam do mar vieram juntar-se aos do sertão e deram um \'erda<leii"o nó no

mento regular e abundância de re.ser-

sistema de tran.sporte.

\as, é a cidade que não tem menos de

de estranhar que os trilhos da primeira

•400 mil ahna.s e não c.xcede 600 mil.

estrada de ferro realmente econômica subisse de Santos até São Paulo. Havia

Daí para cima, começa a aflição urba na, em conseqüência das dificuldades de liarmonizar o trabalho disciplinado

Não é por is.so

motivos geográficos para tal prelerència.

Grandczo c uüséria

anterior com o número de casas, numa

A expansão tumultuária, feita

e inten.so com a dispersão inevitável dos

E quando o café modificou o aspecto da paisagem, estava dcfinilivãmente

fectos, transmitindo às crianças sua ina-

bairros.

traçado o destino de São Paulo.

daptabilidade, suas doenças e seus ví

Ora, São Paulo há muito foi conside

1890; o Estado exportava dois milhões

cios.

rada, por um prefeito inteligente, me

de sacas e a Capital estava com 63 mil

trópole sem sistema.

almas.

Cresceu sem um

programa, sem um planejamento. As primeiras normas de urbanismo em maior escala foram aplicadas pelo -sr. Prestes Maia. O plano das avenidas,

E nos dez anos seguintes cres

Era uma questão muito séria.

E de

ceu acima de tôdas as previsões. Em 1900, a população do Estado somava

súbito, com o decorrer da guerra e a montagem de novas fábricas que bus cavam a garantia da Light para o for

2.282.893 almas e a Paiilicéia estava com

necimento de fôrça, uma multidão de

que é apenas um tema, ainda consti

293 mil habitantes. Alastrara-se por várzeas antes abandonadas, investira poi

tui tildo quanto existe como projeto

morros acima, alirinava-sc como vigo-

'iLi»- -

época perfeitamente normah quando havia abundância de braços e de ma

Em 1938, o número de casas subira

culada em 1.236.894 almas. Em 1940. quando do reccnseamento geral, encon trou-se uma população de I.S42.068 ha

bitantes, mas de\'idü à anexação do mu nicípio de Santo Amaro, o número de

prcílios era de 179.687. Em 1947, a po pulação já estava em mais de 1.800.000 almas e o número de prédios era de 240 mil, contando fábricas, escolas, arma-

zén.s, garagens, tudo quanto paga im posto predial...

Em 1940 havia 179 mil casas para um milhão e trezentas e tantas mil almas e já se verificava acentuado déficit dê

habitações. A partir dêsse ano pa.ssou n predominar a construção de an-anha-

céus, prédios para escritórios e múltiplos fins, menos de moradia. Ê o período quinhentas mil almas despenhou-se, a das obras suntuárins. Diminuiu o tipo bem dizer, s()bre São Paulo, num dilú sobrado, que era o da casa de aluguel. vio de gente e dc infelicidade. Meio iiiillião dc novos moradores a mais, num

, UL.

Os inconvenientes dêsse aglomerado tornam-se fàcilmenlc compreensíveis pelo confronto do crescimento demográfico

A. lei do imiuilinato afugentava o emprcgo dc capitais nessa categoria de re-


DfoE.sTo Eci»Nóxuro

1

m

Digestü Econômico 138

sidèndas, que eram mais resultado da aplicação da ,pequena econoniia pri vada. Quem tinlia grandes quantias

mil para seiscentos, c os antigos quinlientos e Ninte bondes, devido aos es

tragos c falta de peças, resumiram-se a

disponíveis, ao procurar a sua aplicação, quatrocentos e trinta, cm condições de sempre preierira os edifícios dc con trafegar. creto, localizados em artérias centrais, ou a inversão em amplas áreas para lo tear, em face da valorização certa, com

grande margem de lucro. Conseqüentemente, quando se chegou ao fim da guerra, estava São Paulo com mais meio milhão de habitantes do que em 1940 e o déficit de moradias ainda

agravado.

Moradias de tipo popular,

eNúdentemente, que eram as da pequena economia privada, destroçada também

pela inflação.

Assim SC agravava a vida na capi tal. Já com o problema dos porões e dos cortiços sem resolver, com falta dc vinte mil casas quando a população era de 1.300.000 almas, a concentração pro

gressiva dc gente ia tornar a vida citadina uma maldição. Não se òuidara

do aproveitamento dos terrenos largados que circundam a capital e formam um anel de solidão. A retenção da terni para fins de loteamento, por vezes absurdos

O trans^iorte

e

excessivamente

O transporte tinha atingido uma fase

transportado 44 milhões de passagei ros e os bondes 177 milhões. Em 1940,

de abastecimento. Sempre houvera mui os tirava desses sarcófagos da burocra cia. E para se compreender a que ponto

chegara a indiferença pela produtivida de do solo, basta citar-se a venda dc uma cliácara de trinta alqueires, para

ta\'a interessada na renovação do seu

rida, em 1942, e até então pagava a^-

material.

nas mil cruzeiros de impôsto territorial, por ano. E tratava-se de um bairro que está mais pró.xímo do

pedido anterior de

Brás do que a Pe

aumento das tarifas

nha.

e monopólio total,

distantes, que de

Terras

mais

pretendia apenas de

viam ter sido trans

dicar-se ao forneci

formadas em gran

mento

jas, não

energia

elétrica. Conseqüen

passavam

de ermos. Continua

temente, São Paulo

va sendo necessário

crescia e a condu

ir buscar alimentos

piorava. Em 1940 os bondes transportaram

frescos em lugares remotos, o que eqüi valia ao abastecimento de Paris por

S28 milhões de passageiros e os ônibus 23-3 milliões. Sobreveio ,a falta de ga-

criadores da Suíça e chacareiros da Ho landa. O leite continuou chegando do

.solina, o número de ônibus baixou dc

\'a]e do Paraíba, c até de Araraquara,

ção

sôbre

trilhos

dos, com mais de cinqüenta por cento de ruas senr calçar, e sem transporte rápido, por falta de meios de condução

lotear, em plena Vila Maria. Foi adqui

de

A cidade disper

sara-se por 1.4.55 quilômetros quadra

e de artéria.s racionalmente abertas, que

o número de bondes que trafegava ha

E recusado o seu

de ferro com material antiquado e con sumindo combustível que não existia. Para as estradas de rodagem não ha via caminhões nem gasolina, Não .se cuidara a tempo da eletrificação da.s ferrovia.s, pura .substituição progressiva do vapor, que exige carvão caro ou desbastc de florestas que já estavam no fim. E a multidão recém-chegada instalava-.s'e 2e qualquer jeito, penava e fa zia penar os outros,

constavam apenas de projetos aprovados,

Bastaria alinhá-los, proceder

à snma, e tirar as conclusões. Nada se

Assim, tudo se agravou. Faltou

açúcar, primeiro. Em seguida, a carne.

Em 1940, São Paulo era perfeitamente

abastecido com 140 mil quilos por dia. Depois, duzentos mil já não bastavam. Com o transporte desorganiziido, como abastecer um grande centro? Haria gado gordo em Goiás, mas como trazè-lo até São Paulo, com ferrovias de

bitola estreita e traçado defeituoso? O sistema adotado, de carne em dias

alteniados, forçou a população à fila da madmgada e ã compra "para ama nhã", o que deixou pungente memó ria. No inverno, as donas-de-casa, cujas empregadas tinham procurado ocupação

nas fábricas, eram obrigadas a aguardar a vez nos passeios, à espera que o açou gueiro abrisse. Tinham que voltar, cor rendo, para casa, a fim de prepararem o

As filas

pequeno ahnôço dos filhos que iam para

Teria .sido possível prever tais incon venientes ou evitar o seu agravamento.

a escola. Êsse lormento, essa aflição, durou anos. No verão, a carne, com prada para o dia seguinte, deterioravase e não raramente provocava graves

\

Churciiill conta, em suas memórias, que c^uando os inglêses da província preten deram embarcar aos milhares para Lon dres, a fim de testemunharem aos lon

drinos a sua solidariedade e participa rem dos mesmos perigos, deu ordens terminanles para proibir tais viagens. Era, som dúvida, coisa enaltecedora que rer sofrer do grande risco de \iver na capital bombardeada, revelava um acendraclo grau de heroísmo e de so

lidariedade. Mas o bom-senso do pri meiro-ministro viu logo as conseqüên cias: dificuldades maiores na condução,

já difícil, de abastecimento, e possibili

intoxicações.

A condução cada vez pior. Não en trava um veiculo novo. Pelo contrário, ônibus ainda em condições de prestarem

bons seiviços, porque não liavia gãsolina, eram vendidos para outros Estados, mais bem providos de quotas de com bustível. Cometera-se o erro de incre mentar o uso do gasogênio em vez de se terem montado cinco grandes distilarias regionais para a produção de ál cool com raspa de mandioca.

Erros administrativos agravavam a si

Os números estavam à disposição de

tuação. Em 1940, o sistema de trans porte urbano acusou 561 milhões de passageiros. Com o número de veículos

quem quisesse consultá-los, e nêles se

reduzido em relação a êsse ano, pelo

dade de mais vítimas sem necessidade.

encontrava sério aviso à gente de boa

JL

vontade.

fez.

O transporte repousava nas estradas

distantes,

via diminuído, porque a Light não es-

Estava prestes o término do contrato.

raná, de Goiás e do sul de Minas.

tomara difícil a localização de granjas

tos projetos nas gavetas, mas ninguém calamitosa. Em 1934, os ônibus tinham

a carne de Maio Grosso, e os cereais

do.s confins do Estado, do norle do Pa

de.sga.ste sem substituição, em 1947 bon-


DfoE.sTo Eci»Nóxuro

1

m

Digestü Econômico 138

sidèndas, que eram mais resultado da aplicação da ,pequena econoniia pri vada. Quem tinlia grandes quantias

mil para seiscentos, c os antigos quinlientos e Ninte bondes, devido aos es

tragos c falta de peças, resumiram-se a

disponíveis, ao procurar a sua aplicação, quatrocentos e trinta, cm condições de sempre preierira os edifícios dc con trafegar. creto, localizados em artérias centrais, ou a inversão em amplas áreas para lo tear, em face da valorização certa, com

grande margem de lucro. Conseqüentemente, quando se chegou ao fim da guerra, estava São Paulo com mais meio milhão de habitantes do que em 1940 e o déficit de moradias ainda

agravado.

Moradias de tipo popular,

eNúdentemente, que eram as da pequena economia privada, destroçada também

pela inflação.

Assim SC agravava a vida na capi tal. Já com o problema dos porões e dos cortiços sem resolver, com falta dc vinte mil casas quando a população era de 1.300.000 almas, a concentração pro

gressiva dc gente ia tornar a vida citadina uma maldição. Não se òuidara

do aproveitamento dos terrenos largados que circundam a capital e formam um anel de solidão. A retenção da terni para fins de loteamento, por vezes absurdos

O trans^iorte

e

excessivamente

O transporte tinha atingido uma fase

transportado 44 milhões de passagei ros e os bondes 177 milhões. Em 1940,

de abastecimento. Sempre houvera mui os tirava desses sarcófagos da burocra cia. E para se compreender a que ponto

chegara a indiferença pela produtivida de do solo, basta citar-se a venda dc uma cliácara de trinta alqueires, para

ta\'a interessada na renovação do seu

rida, em 1942, e até então pagava a^-

material.

nas mil cruzeiros de impôsto territorial, por ano. E tratava-se de um bairro que está mais pró.xímo do

pedido anterior de

Brás do que a Pe

aumento das tarifas

nha.

e monopólio total,

distantes, que de

Terras

mais

pretendia apenas de

viam ter sido trans

dicar-se ao forneci

formadas em gran

mento

jas, não

energia

elétrica. Conseqüen

passavam

de ermos. Continua

temente, São Paulo

va sendo necessário

crescia e a condu

ir buscar alimentos

piorava. Em 1940 os bondes transportaram

frescos em lugares remotos, o que eqüi valia ao abastecimento de Paris por

S28 milhões de passageiros e os ônibus 23-3 milliões. Sobreveio ,a falta de ga-

criadores da Suíça e chacareiros da Ho landa. O leite continuou chegando do

.solina, o número de ônibus baixou dc

\'a]e do Paraíba, c até de Araraquara,

ção

sôbre

trilhos

dos, com mais de cinqüenta por cento de ruas senr calçar, e sem transporte rápido, por falta de meios de condução

lotear, em plena Vila Maria. Foi adqui

de

A cidade disper

sara-se por 1.4.55 quilômetros quadra

e de artéria.s racionalmente abertas, que

o número de bondes que trafegava ha

E recusado o seu

de ferro com material antiquado e con sumindo combustível que não existia. Para as estradas de rodagem não ha via caminhões nem gasolina, Não .se cuidara a tempo da eletrificação da.s ferrovia.s, pura .substituição progressiva do vapor, que exige carvão caro ou desbastc de florestas que já estavam no fim. E a multidão recém-chegada instalava-.s'e 2e qualquer jeito, penava e fa zia penar os outros,

constavam apenas de projetos aprovados,

Bastaria alinhá-los, proceder

à snma, e tirar as conclusões. Nada se

Assim, tudo se agravou. Faltou

açúcar, primeiro. Em seguida, a carne.

Em 1940, São Paulo era perfeitamente

abastecido com 140 mil quilos por dia. Depois, duzentos mil já não bastavam. Com o transporte desorganiziido, como abastecer um grande centro? Haria gado gordo em Goiás, mas como trazè-lo até São Paulo, com ferrovias de

bitola estreita e traçado defeituoso? O sistema adotado, de carne em dias

alteniados, forçou a população à fila da madmgada e ã compra "para ama nhã", o que deixou pungente memó ria. No inverno, as donas-de-casa, cujas empregadas tinham procurado ocupação

nas fábricas, eram obrigadas a aguardar a vez nos passeios, à espera que o açou gueiro abrisse. Tinham que voltar, cor rendo, para casa, a fim de prepararem o

As filas

pequeno ahnôço dos filhos que iam para

Teria .sido possível prever tais incon venientes ou evitar o seu agravamento.

a escola. Êsse lormento, essa aflição, durou anos. No verão, a carne, com prada para o dia seguinte, deterioravase e não raramente provocava graves

\

Churciiill conta, em suas memórias, que c^uando os inglêses da província preten deram embarcar aos milhares para Lon dres, a fim de testemunharem aos lon

drinos a sua solidariedade e participa rem dos mesmos perigos, deu ordens terminanles para proibir tais viagens. Era, som dúvida, coisa enaltecedora que rer sofrer do grande risco de \iver na capital bombardeada, revelava um acendraclo grau de heroísmo e de so

lidariedade. Mas o bom-senso do pri meiro-ministro viu logo as conseqüên cias: dificuldades maiores na condução,

já difícil, de abastecimento, e possibili

intoxicações.

A condução cada vez pior. Não en trava um veiculo novo. Pelo contrário, ônibus ainda em condições de prestarem

bons seiviços, porque não liavia gãsolina, eram vendidos para outros Estados, mais bem providos de quotas de com bustível. Cometera-se o erro de incre mentar o uso do gasogênio em vez de se terem montado cinco grandes distilarias regionais para a produção de ál cool com raspa de mandioca.

Erros administrativos agravavam a si

Os números estavam à disposição de

tuação. Em 1940, o sistema de trans porte urbano acusou 561 milhões de passageiros. Com o número de veículos

quem quisesse consultá-los, e nêles se

reduzido em relação a êsse ano, pelo

dade de mais vítimas sem necessidade.

encontrava sério aviso à gente de boa

JL

vontade.

fez.

O transporte repousava nas estradas

distantes,

via diminuído, porque a Light não es-

Estava prestes o término do contrato.

raná, de Goiás e do sul de Minas.

tomara difícil a localização de granjas

tos projetos nas gavetas, mas ninguém calamitosa. Em 1934, os ônibus tinham

a carne de Maio Grosso, e os cereais

do.s confins do Estado, do norle do Pa

de.sga.ste sem substituição, em 1947 bon-


Dkirsro EroNy>N

Mf)

eles e ônibus transjxjrtavam 720 milbões de passageiros. 150 milbões mais cm sete anos e com menos número de ôni bus e bondes em tráfego. Não era mais progresso o C{ue se

verifica\a.

Era a condenação dc tôda

EroNó>nc{)

tido de impedir o agravamento da si tuação. Não raro, o CIn\êrno dificulta\'a a produção-c o abastecimento. Vol

mais, o que c<juivalc a duas cidades

do tamanlu) dc Santos despejadas de repente c de uma vez só.

ta Redonda desfalcou de trabalhado

Há necessidade, agora, de digerir ês-

res rurais o Vale do Paraíba, que abas

se e.\ce.sso, de acomodar com decência

tece dc leite o Rio c São Paulo.

os elementos produtivos e dc dar so

O

uma população laboriosa a uma pena

campo de Cumbica fez com que mui

lução ao caso dos desajustados, o que

progressiva, a um castigo que se agra-» vava de semana para semana. No en tanto, continuava chegando mais gente do interior, atraída, pelos salário.s altos de que ouvia falar e sem saber das di

tas granjas ficassem sem os braços p;u^

não c tarefa de fácil execução; dc ter

trens carreavam êxodos rurais.

ta a necessidade de vinte mil casas, o

Quanto à concentração industrial na

dc dois milhões de metros quadrados de ruas sem calçamento, o que está difícultaiiflo as soluções para o preblema do congestionamento do tráfego; c de extinguir os porões lotados, onde pro liferam as moléstias contagiosas, pon

traziam estampados nos rostos os estig

eficaz dos fcrmentos subversivos.

mas das endemias de sertões remotos.

Era preciso trata-los, já com os ho.spi-

aconscMiável seria a distribuição das in

tais repletos.

No olhar de todos palpita\'am des

já vinha sendo feito, com sucesso, nos Estados Unidos. Mas o grande empe

medidas e.sperançus. Nos primeiros dias o C'.splendor da ci

cilho era a falta de energia elétricji barata e a bai.xo preço.

bitação, os gêneros caros e escassos. O açúcar, que sobrava na torra de ori gem de muitos, andava aqui racionado para todos. Carne, que encontravam

mento da cidade, efetuam-se vinte mil casamentos por ano, o que represen

que absolutamente não e.xistc, porque

habitação e alimento constituíam o mais

defrontavam-.se logo com a falta de ha

E agravando todos esses males, c como conseqüência natural do cresci

minar um programa dc abastecimento

Os

ziam projetos. Arranjavam emprego. Mas

para a casa própria estão praticamente suspensos.

de água ainda no início; de atacar mais

São ape

Muitos

dade grande linha suavidades desco nhecidas. Saboreavam São Paulo e far

do em risco a saúde dos elementos não contaminados. Mas os financiamentos

nas dois casos citados entre múltiplos.

os trabalhos mais rotineiros.

Paulicéia, foí condenada por vários mo tivos. As dificuldades encontradas de

ficuldades que teria de enfrentar.

141

Mais

não se constrocm. E assim, o orgulho da soberba metrópole dc mais do dois milhões

se

transforma

num

sorriso

amargo, porque tal cifra apenas exprime o verdadeiro motivo de tanta afação e de tamanhas dificuldades.

dústrias pelas cidades do interior, o que

W'-

A Light, com seu programa em an

damento para a produção de milhão o meio de cavalos de força e a garantia

de quase meio milhão de cavalo.s, de

LÀn. y . 1

f '

terminava essa infiorescência de novas

indústrias.

't.T

As possibilidades do inte

rior não tinham sido convenientemente

aproveitadas, nem i^lonejadas tampouco.

com abundância na cidadezinlia natal,

E São Paulo, que em 1940, segundo n

tinha preço altíssimo e não era encon trada. Mesmo a.ssim, a maior parte ficou. Arrumou-se de qualquer jeito. E as mulheres caboclas, que não traziam

recenseamenlo efetuado, tinha 190.219

já estava com 326.486 indiistriários, sen do que, em fins dc 1948, esse número

os hábitos domésticos da dona-de-casa

era já calculado cm 4.50 mil.

da cidade, concorriam para agravar a falta de tran.sportc, pois saíam cstonléada.s, a passear, para conliecer a cidade maravilhosa, em conseqüência de nela

indústria do fiação e tecelagem — que

jamento a tempo — ocupava, em 1946,

se terem concentrado dezenas de milha-

nada menos de 156.754 pe.ssoas.

re.s de antigos produtores de abundân

Dessa maneira, durante o período de 1940 a 1946, sem que hou\'esse mais carros rodando e sofrendo os veículos exi.stentes progressivo de.sgaste, aciunuloii-se uma jjopulação dc meio milhão a

"TI,'.- .

'í

■ T '•

pessoas ocupadas na indústria, em 1946 Só a

podia estar melhor distribuída pelo in terior, se tivesse sido feito um plane

' 1 ■!"' "V

.

I

SVj! • • ■ a ■

cia que se transformaram enl con.sumidore.s de um dia para o outro.

A expansão metropolitana era caó tica.

Não .SC fizera inn estudo no .sen

•••


Dkirsro EroNy>N

Mf)

eles e ônibus transjxjrtavam 720 milbões de passageiros. 150 milbões mais cm sete anos e com menos número de ôni bus e bondes em tráfego. Não era mais progresso o C{ue se

verifica\a.

Era a condenação dc tôda

EroNó>nc{)

tido de impedir o agravamento da si tuação. Não raro, o CIn\êrno dificulta\'a a produção-c o abastecimento. Vol

mais, o que c<juivalc a duas cidades

do tamanlu) dc Santos despejadas de repente c de uma vez só.

ta Redonda desfalcou de trabalhado

Há necessidade, agora, de digerir ês-

res rurais o Vale do Paraíba, que abas

se e.\ce.sso, de acomodar com decência

tece dc leite o Rio c São Paulo.

os elementos produtivos e dc dar so

O

uma população laboriosa a uma pena

campo de Cumbica fez com que mui

lução ao caso dos desajustados, o que

progressiva, a um castigo que se agra-» vava de semana para semana. No en tanto, continuava chegando mais gente do interior, atraída, pelos salário.s altos de que ouvia falar e sem saber das di

tas granjas ficassem sem os braços p;u^

não c tarefa de fácil execução; dc ter

trens carreavam êxodos rurais.

ta a necessidade de vinte mil casas, o

Quanto à concentração industrial na

dc dois milhões de metros quadrados de ruas sem calçamento, o que está difícultaiiflo as soluções para o preblema do congestionamento do tráfego; c de extinguir os porões lotados, onde pro liferam as moléstias contagiosas, pon

traziam estampados nos rostos os estig

eficaz dos fcrmentos subversivos.

mas das endemias de sertões remotos.

Era preciso trata-los, já com os ho.spi-

aconscMiável seria a distribuição das in

tais repletos.

No olhar de todos palpita\'am des

já vinha sendo feito, com sucesso, nos Estados Unidos. Mas o grande empe

medidas e.sperançus. Nos primeiros dias o C'.splendor da ci

cilho era a falta de energia elétricji barata e a bai.xo preço.

bitação, os gêneros caros e escassos. O açúcar, que sobrava na torra de ori gem de muitos, andava aqui racionado para todos. Carne, que encontravam

mento da cidade, efetuam-se vinte mil casamentos por ano, o que represen

que absolutamente não e.xistc, porque

habitação e alimento constituíam o mais

defrontavam-.se logo com a falta de ha

E agravando todos esses males, c como conseqüência natural do cresci

minar um programa dc abastecimento

Os

ziam projetos. Arranjavam emprego. Mas

para a casa própria estão praticamente suspensos.

de água ainda no início; de atacar mais

São ape

Muitos

dade grande linha suavidades desco nhecidas. Saboreavam São Paulo e far

do em risco a saúde dos elementos não contaminados. Mas os financiamentos

nas dois casos citados entre múltiplos.

os trabalhos mais rotineiros.

Paulicéia, foí condenada por vários mo tivos. As dificuldades encontradas de

ficuldades que teria de enfrentar.

141

Mais

não se constrocm. E assim, o orgulho da soberba metrópole dc mais do dois milhões

se

transforma

num

sorriso

amargo, porque tal cifra apenas exprime o verdadeiro motivo de tanta afação e de tamanhas dificuldades.

dústrias pelas cidades do interior, o que

W'-

A Light, com seu programa em an

damento para a produção de milhão o meio de cavalos de força e a garantia

de quase meio milhão de cavalo.s, de

LÀn. y . 1

f '

terminava essa infiorescência de novas

indústrias.

't.T

As possibilidades do inte

rior não tinham sido convenientemente

aproveitadas, nem i^lonejadas tampouco.

com abundância na cidadezinlia natal,

E São Paulo, que em 1940, segundo n

tinha preço altíssimo e não era encon trada. Mesmo a.ssim, a maior parte ficou. Arrumou-se de qualquer jeito. E as mulheres caboclas, que não traziam

recenseamenlo efetuado, tinha 190.219

já estava com 326.486 indiistriários, sen do que, em fins dc 1948, esse número

os hábitos domésticos da dona-de-casa

era já calculado cm 4.50 mil.

da cidade, concorriam para agravar a falta de tran.sportc, pois saíam cstonléada.s, a passear, para conliecer a cidade maravilhosa, em conseqüência de nela

indústria do fiação e tecelagem — que

jamento a tempo — ocupava, em 1946,

se terem concentrado dezenas de milha-

nada menos de 156.754 pe.ssoas.

re.s de antigos produtores de abundân

Dessa maneira, durante o período de 1940 a 1946, sem que hou\'esse mais carros rodando e sofrendo os veículos exi.stentes progressivo de.sgaste, aciunuloii-se uma jjopulação dc meio milhão a

"TI,'.- .

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pessoas ocupadas na indústria, em 1946 Só a

podia estar melhor distribuída pelo in terior, se tivesse sido feito um plane

' 1 ■!"' "V

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A expansão metropolitana era caó tica.

Não .SC fizera inn estudo no .sen

•••


'i'r

1

Digesto EcoNó>nco

vãdo às suas rendas, são

Estrutura do mercado rural Moacyr Paixão

análise

^Vo ESTUDO dos problemas

tacar especial atenção ao

consumidores

campesinato, sobretudo à

milhões de pessoas, representando 68% da população do País.

Em certas re

giões, no caso ao norte, nordeste e cen-

tro-ceste, ligam-se diretamente às ativi

dades agropecuárias mais de 40% dos moradores adultos, contra 6% na indús tria de transformação. E mesmo em

São Paulo, região tida como predomi nantemente industrial, 32% da população ativo-prcdutiva (10 anos e mais de

idade) trabalham no campo, presos à lavoura e à criação, contra apenas 22% na indústria,

Nominalmente, o mercado rural é mais

estrutura do

perficial essa concepção. Composição social dos

para criar condições ao seu desenvoVimento, cabe des

situação das suas camadas mais pobres. Isso porque moram e tra balham no campo aproximadamente 30

da

mercado rural, como é su

do mercado nacional,

A população camponesa

êles os maio

res consumidores do campo. E em ca sos de mercadorias mais caras e não essenciais, são os consumidores exclusi-

O fenômeno da concentração da pro priedade em poucas mãos se faz sentir mesmo próximo aos grandes centros ur

banos. O caso de São Paulo é expres

\os. Contudo, constituem uma parcela mínima da população camponesa, não dando para absorver grandes volumes da produção industrial, de gêneros em geral

sivo: uma pesquisa do engenheiro Mario

ou de servâços. O levantamento das suas

esclarece que 59 proprietários detêm

rendas — admitindo-se, para formula ção do problema, que elas sejam baixas

13% do total da área das 45.119 pro

— não irá melhorar extraordinariamen

cados", Boletim da Secretaria da Agri

Zaroni, acerca da composição da pro priedade territorial em 44 municípios do do Paraíba e vizinhos da capital, priedades observadas ("Colheitas e Mer

do País só pode ser observada, nos

te a procura de mercadorias e animar a

cultura- de São Paulo, outubro

elementos de sua economia c compo

produção.

sição social, através dos resultados do censo agrícola dc 1940. Embora 9 anos

1947). Essa absorção da maioria das terras

disso, é que êsses mfhares de proprie

por uma pequena camada social de

tários territoriais, particularmente os donos de maiores e.xtensões, sustentam

proprietários prende a economia agrá ria nacional a condições tipicamente seml-feuclais de produção, impedindo a penetração do capitalismo no campo, e,

hajam decorrido e os quadros da pro priedade rura'- nunca sejam estáveis, as alterações operadas, no período, uao podem ser sub-tanciais, de maneira a modificar a posição do problema.

O censo encontrou o campesinato adul to assim constituído:

a) 7 milhões de camponeses sem terra;

b) 970 mil pequenos proprietários, possuindo até 20 ha.;

o) 780 mil médios proprietários, pos

amplo que o das cidades, oferecendo

suindo os mais pobres de 20 a 100 ha.,

maiores perspectivas à absorção de mer cadorias e gastos de serviço. Mas isso

os mais ricos de 100 a 200 ha. (ele

nominalmente. Falta assegurar, na rea lidade, um maior poder de compra aos milhões de consumidores potenciais do campo. E mais, falta colocá-los dentro dos mercados, como produtores e con

143

mentos teóricos para análise); d) 148 mil grandes proprietários.

E o fundamental a considerar, além

nas suas mãos, direta ou indiretamente, as condições sociais e o funcionamen to do sistema econômico de todo o cam

pesinato. Ê fato a assinalar — utilizando

dados do censo — que 148.622 proprie dades com mais de 200 ha. (7% das

recenseadas) ocupam 144,5 milhões de

de

pois, o desenvolvimento das inversões

capitahstas, da técnica agrícola, da ele vação dos níveis de produtividade. As grandes propriedades são fortemente absenteístas, oferecem um baixo limite

hectares de terra, correspondendo a 73%

de utilização e cultivo do solo. E mais,

da terra possuída no País. E reduzindo mais o limite da ob.servação: 27.000

o censo constatou que diminui o valor

grandes propriedades (de mais de 1.000 ha.) ocupam 95,4 milhões de hectares,

porção que aumenta a área das proprie

ou sejam 45% da área global das pro

dro a seguir, trabalhado sôbre dados do censo agrícola de 1940.

priedades agrárias.

médio da produção por hectare à pro dades. Isso vem demonstrado no qua

Ê encarando a situação específica

dessas camadas que se chega à cons

tatação da estrutura do mercado rural, à verificação da capacidade aquisitiva

Tipo de propriedade

dos mfhões de consumidores do campo

Êsses problemas não costumam ser debatidos com lógica e coragem. Na

— aos vazios do mercado interno, tantas

— até 20 ha.

vezes assinalados pelos sociólogos e

Médias

caracterização da precariedade do mer

economistas.

Evidentemente os grandes proprie

aparelho circulatório disponível, espec^icamente a deficiência dos transpor tes c a alta taxa de lucros absorvida pe los intermediários. Mas vejamos, da

tários territoriais e a camada mais abas

tada dos médios, incluindo suas famílias,

Área cultivada

(ha.)

s/ área total (%)

Valor da produção icrs./ha.)

44

226

22 13

94 53

Pequenas

sumidores livres.

cado interno, é hábito responsabilizar o

Área média

- de

20 a 100 ha.

43 139

— de 100 a 200 ha, Giuvndes

representam, tomados em caráter pessool»

— mais de 200 ha

788

um elemento positivo no mercado. De-

Média nacional

108 'i

18 40 >


'i'r

1

Digesto EcoNó>nco

vãdo às suas rendas, são

Estrutura do mercado rural Moacyr Paixão

análise

^Vo ESTUDO dos problemas

tacar especial atenção ao

consumidores

campesinato, sobretudo à

milhões de pessoas, representando 68% da população do País.

Em certas re

giões, no caso ao norte, nordeste e cen-

tro-ceste, ligam-se diretamente às ativi

dades agropecuárias mais de 40% dos moradores adultos, contra 6% na indús tria de transformação. E mesmo em

São Paulo, região tida como predomi nantemente industrial, 32% da população ativo-prcdutiva (10 anos e mais de

idade) trabalham no campo, presos à lavoura e à criação, contra apenas 22% na indústria,

Nominalmente, o mercado rural é mais

estrutura do

perficial essa concepção. Composição social dos

para criar condições ao seu desenvoVimento, cabe des

situação das suas camadas mais pobres. Isso porque moram e tra balham no campo aproximadamente 30

da

mercado rural, como é su

do mercado nacional,

A população camponesa

êles os maio

res consumidores do campo. E em ca sos de mercadorias mais caras e não essenciais, são os consumidores exclusi-

O fenômeno da concentração da pro priedade em poucas mãos se faz sentir mesmo próximo aos grandes centros ur

banos. O caso de São Paulo é expres

\os. Contudo, constituem uma parcela mínima da população camponesa, não dando para absorver grandes volumes da produção industrial, de gêneros em geral

sivo: uma pesquisa do engenheiro Mario

ou de servâços. O levantamento das suas

esclarece que 59 proprietários detêm

rendas — admitindo-se, para formula ção do problema, que elas sejam baixas

13% do total da área das 45.119 pro

— não irá melhorar extraordinariamen

cados", Boletim da Secretaria da Agri

Zaroni, acerca da composição da pro priedade territorial em 44 municípios do do Paraíba e vizinhos da capital, priedades observadas ("Colheitas e Mer

do País só pode ser observada, nos

te a procura de mercadorias e animar a

cultura- de São Paulo, outubro

elementos de sua economia c compo

produção.

sição social, através dos resultados do censo agrícola dc 1940. Embora 9 anos

1947). Essa absorção da maioria das terras

disso, é que êsses mfhares de proprie

por uma pequena camada social de

tários territoriais, particularmente os donos de maiores e.xtensões, sustentam

proprietários prende a economia agrá ria nacional a condições tipicamente seml-feuclais de produção, impedindo a penetração do capitalismo no campo, e,

hajam decorrido e os quadros da pro priedade rura'- nunca sejam estáveis, as alterações operadas, no período, uao podem ser sub-tanciais, de maneira a modificar a posição do problema.

O censo encontrou o campesinato adul to assim constituído:

a) 7 milhões de camponeses sem terra;

b) 970 mil pequenos proprietários, possuindo até 20 ha.;

o) 780 mil médios proprietários, pos

amplo que o das cidades, oferecendo

suindo os mais pobres de 20 a 100 ha.,

maiores perspectivas à absorção de mer cadorias e gastos de serviço. Mas isso

os mais ricos de 100 a 200 ha. (ele

nominalmente. Falta assegurar, na rea lidade, um maior poder de compra aos milhões de consumidores potenciais do campo. E mais, falta colocá-los dentro dos mercados, como produtores e con

143

mentos teóricos para análise); d) 148 mil grandes proprietários.

E o fundamental a considerar, além

nas suas mãos, direta ou indiretamente, as condições sociais e o funcionamen to do sistema econômico de todo o cam

pesinato. Ê fato a assinalar — utilizando

dados do censo — que 148.622 proprie dades com mais de 200 ha. (7% das

recenseadas) ocupam 144,5 milhões de

de

pois, o desenvolvimento das inversões

capitahstas, da técnica agrícola, da ele vação dos níveis de produtividade. As grandes propriedades são fortemente absenteístas, oferecem um baixo limite

hectares de terra, correspondendo a 73%

de utilização e cultivo do solo. E mais,

da terra possuída no País. E reduzindo mais o limite da ob.servação: 27.000

o censo constatou que diminui o valor

grandes propriedades (de mais de 1.000 ha.) ocupam 95,4 milhões de hectares,

porção que aumenta a área das proprie

ou sejam 45% da área global das pro

dro a seguir, trabalhado sôbre dados do censo agrícola de 1940.

priedades agrárias.

médio da produção por hectare à pro dades. Isso vem demonstrado no qua

Ê encarando a situação específica

dessas camadas que se chega à cons

tatação da estrutura do mercado rural, à verificação da capacidade aquisitiva

Tipo de propriedade

dos mfhões de consumidores do campo

Êsses problemas não costumam ser debatidos com lógica e coragem. Na

— aos vazios do mercado interno, tantas

— até 20 ha.

vezes assinalados pelos sociólogos e

Médias

caracterização da precariedade do mer

economistas.

Evidentemente os grandes proprie

aparelho circulatório disponível, espec^icamente a deficiência dos transpor tes c a alta taxa de lucros absorvida pe los intermediários. Mas vejamos, da

tários territoriais e a camada mais abas

tada dos médios, incluindo suas famílias,

Área cultivada

(ha.)

s/ área total (%)

Valor da produção icrs./ha.)

44

226

22 13

94 53

Pequenas

sumidores livres.

cado interno, é hábito responsabilizar o

Área média

- de

20 a 100 ha.

43 139

— de 100 a 200 ha, Giuvndes

representam, tomados em caráter pessool»

— mais de 200 ha

788

um elemento positivo no mercado. De-

Média nacional

108 'i

18 40 >


Da:i-;sr(» E<;nNÓAjico

OiCRsro EcoNÓMitX)

I br<* u Helórma Agrária, mamliuiii ao

iiomisla baiano a.s.sinalou a dureza du fe

médias de cultivo do solo cin reluçao a

Congresso em maio dc 1948.

nômeno na área cacaiiicullora: "... upós

área global das propriedades, assim conjo do valor da produção por hectare,

Dispondo dí- pouca terra para cultivar — e, mais que is.sf), fechada nas áreas

o estrondo e o tmbilhonav de cada um desses v-endavais (refere-se às crises cí

que SC mostram cxtrenianicnte baixas no

do dominação dos laliíúndios e prc.sa

País, em virtude das próprias condições

à economia do.s borracôes, e.ssa parcela

da propriedade da terra em que se monta a lavoura. A propriedade lati fundiária, ocupando a imensa maioria das áreas do campo, barra o de.senvolvimento das cu'turas e mantém a produ

do campesinato se vè obrigada a traba lhar principalmente para o con.sumo do

clicas nos preços do cacau), centenas dc pequeno.s lavradores desaparecem do rol de produtores independentes, absorvi

Vemos assim

dois fenômenos — us

ção agrícola em crise crônica.

A eco

nomia agrária nacional, predominante

mente de grandes propriedades absen-

teistas. se caracteriza pela pobreza da

técnica, pelo escasso emprego de capital <-m máquinas, benfeitorias e animais

do resistência ou algum grande lavrador clieio de avidez pela terra alheia, dos

pequenos agricultores .são obrigados a

(piais, nao raro, as vitimas são triljutá-

manter um bai.xo nível dc subsistência,

pouco produzindo para a venda e em troca pouco possuindo com que comprar mercadorias, serviços ou mesmo alimen tos adicionais ncce.s.sários" ~ opina o

etc. A técnica agrícola, para maior

Relatório da Missão Abbink (pág. 94).

economia e aproveitamento do trabalho humano, se vê dispensada, devido exa tamente à abundância da mão-de-obra barata disponível, explicando-se assim O.S baixos níveis de produtividade e de renda da terra constatados pelo censo.

A e.scassez dc terra não estimula o

O poder de compra dos pequenos produtores

São 970 mil os pequeno.s proprietá rios (até 20 ha.) recenseado.s. Embora

representem 51% dos proprietários do campo, .sua área de terra possuída não passa de 7.451.215 ha., ou sejam meno.s de 4% do global no País. Acresce que aproximadamente 400

comercio de gêneros agrícolas, nem o emprego da técnica. Antes, a extre ma pobreza do pequeno proprietário — à exceção de determinadas zona.s onde a influência

ção de tratores, mais difíceis ainda pelo seu alto preç'o, assim como dos demais equipamento.s mccánico.s de cultivo e benefíciamento da produção. Geralmente esses milhares dc campo

neses transformam em mercadoria ape

nas determinada monocuU"ura, seja o

café, cacau, algodão, cana-de-açúcar ou arroz. As demais parcelas de sua pro dução, êles não a.s

de 5 ha., uma pro

priedade ptdverizada, eonhece.M a Mensn.^reni ào Coveino so-

í X

/ • .

rias cconòmicamente" (Tosta Filho.

dc produção sempre mais elevado, o

cau, ou da monocultura a (juc estão li gados, sua situação igualmente é precá ria. Sem recursos para atender aos ser

viços e gastos de entre-safra, apelam para os armazéns do barracão ou para crédito manejado pelos intermediários, já que os financiamentos oficiais, Banco do Brasil ou dos organismos es taduais de crédito rural especializado,

na realidade só funcionam para os gran des proprietários e excepcionalmente pa ra os mcdios-ricos. Pagam juros que U-S vêze.s atingem, em zonas isoladas, a 60% ao ano.

No Nordeste, ps pequenos lavradores, espremidos pela nii.séria, costumam ven

der suas culturas ainda na fôlha, a pre ços mais depreciados que à ocaklo das colheita.s.

E mesmo ao sul, onde a

lavoura dos pequenos proprietiu^íos apre cial é extremamente difícil.

Uma pesquisa das cíondições ccxinómi-

mente sua capacidade, aquisitiva — é direta c profundamente en volvida pelas crises de preços de sua única

cas das xíiopriedades agrícolas na Baixa Mojiana (São Paulo), constatou como é

mercadoria.

Um oco-

camada de proprietários. Suas colI)eita.s

Nas época.s normais de preços do ca

sim, sua renda agrí cola — e especifica

relação

do Econômico da Agricultura do Dis trito de Ibiti", pág. 25, 1945). A cada ano mais se pauperiza essa " arrancadas de solos em processo de rá

senta maior ligação independente com o mercado, a situação de.s.sa camada so

em

ria - "... a renda líquida não foi .suficiente para cobrir os salários dc 200 cinzeiros por mês para o sitiante e dc 5 cruzeiros por dia, a .séco. a cada membro da família considérado como uma enxada" (Rui Miller Paiva, "Estu

"Plano de Ação Econômica para o Estado da Bahia", pág. B-4(), 1948).

As

colocam

com o mercado.

tém cada um menos

exploração anti

foi reduzida

-sibilidade do uso de adubos, da introdu

'são minifundiários, de

econômica, como re-

do latifúndio

(colonato gaúcho etc.) — elimina u pos-

mil dos proprietários dessa camada social

(3e

dos por uin vizinho de maior capacidade

méstico, sendo rala a parle de sua prt)dução <pie vai ao mercado. "Muitos

eionalmenlr boa. parlo apro.scnla lucro.s hui.vos e outra parle se mostra deficitá

pobre a renda agrícola na região, par ticularmente a renda das pecjuenas propricdadc.s. D.,s sílio.s (até 50 ha,) exu-

minudos, eni um ano dc coMieila cxcep-

pido esgotamento, apresentam um custo

que leva á redução progressiva da ren

da agrícola da terra. Às vêzcs a queda dc sua capacidade aquisitiva .se dá dras ticamente, como no caso da cri.sc do

cacau e algodão (queda dos preços, rcIrainiento da procura etc.). E 6 assim que essa grande parcela do campesinato mantém, flutuando, a sua precária posi

ção no mercado nacional. As massas scm-terra fora do mercado

7 milhões de pessoas adultas, residen

tes no campo, não sendo proprietárias, procuram anendar pequenos tratos de terra, ou passam a concorrer no mer

cado de mão-de-obra e a vender a outrem o seu trabalho.

Não conseguiu o censo fixar precisa

mente a etapa histórica das relações econômicas entre as massas sem-terra e

os proprietários arrendantes, embora cer

tos questionários, não apurados, procurassem observar o fenômeno. Sabe-se

contudi?, de anáhses regionais esparsas' que as relações capitalistas de alugvrei da terra e remuneração do trabalho não .se tornaram ainda freqüentes. Predomi na no campo a parceria agríciiVi, o re

gime de meação nas colheitas, u /cqi, ..-!T


Da:i-;sr(» E<;nNÓAjico

OiCRsro EcoNÓMitX)

I br<* u Helórma Agrária, mamliuiii ao

iiomisla baiano a.s.sinalou a dureza du fe

médias de cultivo do solo cin reluçao a

Congresso em maio dc 1948.

nômeno na área cacaiiicullora: "... upós

área global das propriedades, assim conjo do valor da produção por hectare,

Dispondo dí- pouca terra para cultivar — e, mais que is.sf), fechada nas áreas

o estrondo e o tmbilhonav de cada um desses v-endavais (refere-se às crises cí

que SC mostram cxtrenianicnte baixas no

do dominação dos laliíúndios e prc.sa

País, em virtude das próprias condições

à economia do.s borracôes, e.ssa parcela

da propriedade da terra em que se monta a lavoura. A propriedade lati fundiária, ocupando a imensa maioria das áreas do campo, barra o de.senvolvimento das cu'turas e mantém a produ

do campesinato se vè obrigada a traba lhar principalmente para o con.sumo do

clicas nos preços do cacau), centenas dc pequeno.s lavradores desaparecem do rol de produtores independentes, absorvi

Vemos assim

dois fenômenos — us

ção agrícola em crise crônica.

A eco

nomia agrária nacional, predominante

mente de grandes propriedades absen-

teistas. se caracteriza pela pobreza da

técnica, pelo escasso emprego de capital <-m máquinas, benfeitorias e animais

do resistência ou algum grande lavrador clieio de avidez pela terra alheia, dos

pequenos agricultores .são obrigados a

(piais, nao raro, as vitimas são triljutá-

manter um bai.xo nível dc subsistência,

pouco produzindo para a venda e em troca pouco possuindo com que comprar mercadorias, serviços ou mesmo alimen tos adicionais ncce.s.sários" ~ opina o

etc. A técnica agrícola, para maior

Relatório da Missão Abbink (pág. 94).

economia e aproveitamento do trabalho humano, se vê dispensada, devido exa tamente à abundância da mão-de-obra barata disponível, explicando-se assim O.S baixos níveis de produtividade e de renda da terra constatados pelo censo.

A e.scassez dc terra não estimula o

O poder de compra dos pequenos produtores

São 970 mil os pequeno.s proprietá rios (até 20 ha.) recenseado.s. Embora

representem 51% dos proprietários do campo, .sua área de terra possuída não passa de 7.451.215 ha., ou sejam meno.s de 4% do global no País. Acresce que aproximadamente 400

comercio de gêneros agrícolas, nem o emprego da técnica. Antes, a extre ma pobreza do pequeno proprietário — à exceção de determinadas zona.s onde a influência

ção de tratores, mais difíceis ainda pelo seu alto preç'o, assim como dos demais equipamento.s mccánico.s de cultivo e benefíciamento da produção. Geralmente esses milhares dc campo

neses transformam em mercadoria ape

nas determinada monocuU"ura, seja o

café, cacau, algodão, cana-de-açúcar ou arroz. As demais parcelas de sua pro dução, êles não a.s

de 5 ha., uma pro

priedade ptdverizada, eonhece.M a Mensn.^reni ào Coveino so-

í X

/ • .

rias cconòmicamente" (Tosta Filho.

dc produção sempre mais elevado, o

cau, ou da monocultura a (juc estão li gados, sua situação igualmente é precá ria. Sem recursos para atender aos ser

viços e gastos de entre-safra, apelam para os armazéns do barracão ou para crédito manejado pelos intermediários, já que os financiamentos oficiais, Banco do Brasil ou dos organismos es taduais de crédito rural especializado,

na realidade só funcionam para os gran des proprietários e excepcionalmente pa ra os mcdios-ricos. Pagam juros que U-S vêze.s atingem, em zonas isoladas, a 60% ao ano.

No Nordeste, ps pequenos lavradores, espremidos pela nii.séria, costumam ven

der suas culturas ainda na fôlha, a pre ços mais depreciados que à ocaklo das colheita.s.

E mesmo ao sul, onde a

lavoura dos pequenos proprietiu^íos apre cial é extremamente difícil.

Uma pesquisa das cíondições ccxinómi-

mente sua capacidade, aquisitiva — é direta c profundamente en volvida pelas crises de preços de sua única

cas das xíiopriedades agrícolas na Baixa Mojiana (São Paulo), constatou como é

mercadoria.

Um oco-

camada de proprietários. Suas colI)eita.s

Nas época.s normais de preços do ca

sim, sua renda agrí cola — e especifica

relação

do Econômico da Agricultura do Dis trito de Ibiti", pág. 25, 1945). A cada ano mais se pauperiza essa " arrancadas de solos em processo de rá

senta maior ligação independente com o mercado, a situação de.s.sa camada so

em

ria - "... a renda líquida não foi .suficiente para cobrir os salários dc 200 cinzeiros por mês para o sitiante e dc 5 cruzeiros por dia, a .séco. a cada membro da família considérado como uma enxada" (Rui Miller Paiva, "Estu

"Plano de Ação Econômica para o Estado da Bahia", pág. B-4(), 1948).

As

colocam

com o mercado.

tém cada um menos

exploração anti

foi reduzida

-sibilidade do uso de adubos, da introdu

'são minifundiários, de

econômica, como re-

do latifúndio

(colonato gaúcho etc.) — elimina u pos-

mil dos proprietários dessa camada social

(3e

dos por uin vizinho de maior capacidade

méstico, sendo rala a parle de sua prt)dução <pie vai ao mercado. "Muitos

eionalmenlr boa. parlo apro.scnla lucro.s hui.vos e outra parle se mostra deficitá

pobre a renda agrícola na região, par ticularmente a renda das pecjuenas propricdadc.s. D.,s sílio.s (até 50 ha,) exu-

minudos, eni um ano dc coMieila cxcep-

pido esgotamento, apresentam um custo

que leva á redução progressiva da ren

da agrícola da terra. Às vêzcs a queda dc sua capacidade aquisitiva .se dá dras ticamente, como no caso da cri.sc do

cacau e algodão (queda dos preços, rcIrainiento da procura etc.). E 6 assim que essa grande parcela do campesinato mantém, flutuando, a sua precária posi

ção no mercado nacional. As massas scm-terra fora do mercado

7 milhões de pessoas adultas, residen

tes no campo, não sendo proprietárias, procuram anendar pequenos tratos de terra, ou passam a concorrer no mer

cado de mão-de-obra e a vender a outrem o seu trabalho.

Não conseguiu o censo fixar precisa

mente a etapa histórica das relações econômicas entre as massas sem-terra e

os proprietários arrendantes, embora cer

tos questionários, não apurados, procurassem observar o fenômeno. Sabe-se

contudi?, de anáhses regionais esparsas' que as relações capitalistas de alugvrei da terra e remuneração do trabalho não .se tornaram ainda freqüentes. Predomi na no campo a parceria agríciiVi, o re

gime de meação nas colheitas, u /cqi, ..-!T


Dioksto EroNÓ>ni

UioESTO Econômico

147

146

outras formas de cessão da terra contra

pagamento em espécie. A regra geral é esta: se possuem dinheiro, os campo

neses podem arrendar a terra pagando em moeda; caso negativo, sujeitam-se

fazendo outras culturas nas ruas do ca-

fèzal, pode tocar até 3.000 pés^ Siw renda anual, em conseqüência, não será

superior a 2,5 ou 3 mil cruzeiros — padrão de vida normal. Em relação aos trabaUiadores assala

as massas sem-terra são mais pobres, o

riados é idêntica a situação.

arrendamento em espécie é predomi nante. ]á no Rio Grande do Sul, São

que 23% das crianças não freqüentavam as aulas municipais por falta de roupas para vestir.

Na zona

do cacau, na Bahia, onde existem talvez 100 mil assalariados agrícolas (130 mil

mento do mercado interno, conseqüentemente à ampiação dos quadros da economia nacional (maiores níveis de

Paraná está bastante di

da safra), as diárias va

fundido o regime dos ar

riam de 8 a 12 cruzeiros,

rendamentos a dinheiro.

a sêco. No fim do mês,

mida, de recursos financeiros para o Estado etc.), criar condições para ani quilar os fatôres do pauperismo, do

300

estão amarrados milhões de camponeses

produção conseguiram pe netrar em

maior

escala

na agricultura, sem o

cruzeiros,

por se

contarem muitos cs dias-

'1^

santo-de-guarda. Presentemente, aliás, os sa

abandono, é certo, das

lários vêm sendo reduzi

%'elhas características se-

dos, diante da profunda

mi-feudais. Em São Paulo, uma pes quisa da Diretoria de Estatística, Indús

tria e Comércio ("Estatística Agrícola e Zootécnica", 1939/40) encontrou os ar rendatários, num total de 64.889 no

Estado (abrangidos pela pesquisa), as

crise de preços caída sôbre a economia do cacau. E o pior é que cm qualquer das regiões rurais onde o trabalho é pago a dinheiro — e elas são raras — o assala riado não compra livremente no merca do, não se libertou do regime do barra

sim divididos:

cão, da subordinação pessoal ao círculo

Pagam arrendamento a

econômico do dono da terra.

dinheiro

^ 33.628 (52%)

Pagam em espécie .... 31.261" (48%) Geralmente as taxas de arrendamento nês, reduzindo ao mínimo sua capaci

lonos. A campanha do Rio Grande do

ras, de gêneros em geral e serviços. Co

Sul (cerca de 33% da superfície do Es tado), zona de grandes latifündios e

mo a dos pequenos arrendatários, é

onde se localiza a maior parte dos cam

difícil a situação dos colonos, camara

poneses sem-terra gaúchos, nos dá a respeito um quadro e.xpressivo. Um 1p*

pagam ao colono 800 e até 900 cru zeiros pelo trato de 1.000 pés de café, ao ano. E é necessário considerar que

um camponê.s, tocando .só o café e não

no País.

Os interêsses dessa imensa

camada social se confundem, assim, com os interêsses da Nação.

Positivamente, sem a solução do pro blema da terra, sem o rompimento com as relações de produção tipicamente semi-feudais, ainda predominantes nas áreas do campo, nada de prático se con-

traballiadores sem-terra, sejam eles ar

dade como consumidor de manufatu

São Paulo, os casos de fazendas que

atraso, do regime de subconsumo a que

O fenômeno do mercado vazio encon

rendatários, parceiros, camaradas ou co

das ou agregados. São freqüentes, em

produção, de renda produzida e consu

tra elementos para existir sobretudo nas condições de pobreza desses milhões de

são pesadíssimas, empobrecem o campo

vantamento censitário analisado por J. Santos ("Levantamento Censitário e

Análise Sociográfica de uni Município San Pedro Pastoril", em "Província íIa de São Pedro',1 n.° 5). ao tratar dos fatõres da evasão

recer a industrialização do País. Nossa

que chegou - expressa na queda do rendimento-área das culturas e dos

Torna-se fundamental ao desenvolvi-

nas épocas mais intensas

perfazem apenas 200 a

estado da economia agráiia ou de favo produção para sair da crise crônica a

^ :ic

Paulo, Santa Catarina e

Trata-se de regiões onde as formas capitalistas de

seguirá fazer no sentido de melliorar o

agricultura exige formas capitalistas de

renda insuficiente para assegurar um

e nas demais áreas do campesinato onde

aos contratos de servidão. No Nordeste

escolar em Pinheiro Machado, revela

i ,

volumes físicos das colheitas na maioria

dos produtos; formas capitalistas somen te possíveis, afinal, depois de modifica

das as condições atuais de propriedade

da terra. Mas é importante não esque cer a impossibilidade de superar os res

tos semi-feudais e criar as inversões ca pitalistas no campo fora de um desen\-olvimento industrial do País. Não te

mos indústrias pesadas, não produzimos máquinas agrícolas senão em escala in

significante - e isso igualmente atua

de maneira considerável na presen-açâo das ataduras semi-feudais, na manuten

ção do estagio primitívo da agricultura, na barva renda individual do campesi nato e, lògicamente, na pobreza do mer cado interno.


Dioksto EroNÓ>ni

UioESTO Econômico

147

146

outras formas de cessão da terra contra

pagamento em espécie. A regra geral é esta: se possuem dinheiro, os campo

neses podem arrendar a terra pagando em moeda; caso negativo, sujeitam-se

fazendo outras culturas nas ruas do ca-

fèzal, pode tocar até 3.000 pés^ Siw renda anual, em conseqüência, não será

superior a 2,5 ou 3 mil cruzeiros — padrão de vida normal. Em relação aos trabaUiadores assala

as massas sem-terra são mais pobres, o

riados é idêntica a situação.

arrendamento em espécie é predomi nante. ]á no Rio Grande do Sul, São

que 23% das crianças não freqüentavam as aulas municipais por falta de roupas para vestir.

Na zona

do cacau, na Bahia, onde existem talvez 100 mil assalariados agrícolas (130 mil

mento do mercado interno, conseqüentemente à ampiação dos quadros da economia nacional (maiores níveis de

Paraná está bastante di

da safra), as diárias va

fundido o regime dos ar

riam de 8 a 12 cruzeiros,

rendamentos a dinheiro.

a sêco. No fim do mês,

mida, de recursos financeiros para o Estado etc.), criar condições para ani quilar os fatôres do pauperismo, do

300

estão amarrados milhões de camponeses

produção conseguiram pe netrar em

maior

escala

na agricultura, sem o

cruzeiros,

por se

contarem muitos cs dias-

'1^

santo-de-guarda. Presentemente, aliás, os sa

abandono, é certo, das

lários vêm sendo reduzi

%'elhas características se-

dos, diante da profunda

mi-feudais. Em São Paulo, uma pes quisa da Diretoria de Estatística, Indús

tria e Comércio ("Estatística Agrícola e Zootécnica", 1939/40) encontrou os ar rendatários, num total de 64.889 no

Estado (abrangidos pela pesquisa), as

crise de preços caída sôbre a economia do cacau. E o pior é que cm qualquer das regiões rurais onde o trabalho é pago a dinheiro — e elas são raras — o assala riado não compra livremente no merca do, não se libertou do regime do barra

sim divididos:

cão, da subordinação pessoal ao círculo

Pagam arrendamento a

econômico do dono da terra.

dinheiro

^ 33.628 (52%)

Pagam em espécie .... 31.261" (48%) Geralmente as taxas de arrendamento nês, reduzindo ao mínimo sua capaci

lonos. A campanha do Rio Grande do

ras, de gêneros em geral e serviços. Co

Sul (cerca de 33% da superfície do Es tado), zona de grandes latifündios e

mo a dos pequenos arrendatários, é

onde se localiza a maior parte dos cam

difícil a situação dos colonos, camara

poneses sem-terra gaúchos, nos dá a respeito um quadro e.xpressivo. Um 1p*

pagam ao colono 800 e até 900 cru zeiros pelo trato de 1.000 pés de café, ao ano. E é necessário considerar que

um camponê.s, tocando .só o café e não

no País.

Os interêsses dessa imensa

camada social se confundem, assim, com os interêsses da Nação.

Positivamente, sem a solução do pro blema da terra, sem o rompimento com as relações de produção tipicamente semi-feudais, ainda predominantes nas áreas do campo, nada de prático se con-

traballiadores sem-terra, sejam eles ar

dade como consumidor de manufatu

São Paulo, os casos de fazendas que

atraso, do regime de subconsumo a que

O fenômeno do mercado vazio encon

rendatários, parceiros, camaradas ou co

das ou agregados. São freqüentes, em

produção, de renda produzida e consu

tra elementos para existir sobretudo nas condições de pobreza desses milhões de

são pesadíssimas, empobrecem o campo

vantamento censitário analisado por J. Santos ("Levantamento Censitário e

Análise Sociográfica de uni Município San Pedro Pastoril", em "Província íIa de São Pedro',1 n.° 5). ao tratar dos fatõres da evasão

recer a industrialização do País. Nossa

que chegou - expressa na queda do rendimento-área das culturas e dos

Torna-se fundamental ao desenvolvi-

nas épocas mais intensas

perfazem apenas 200 a

estado da economia agráiia ou de favo produção para sair da crise crônica a

^ :ic

Paulo, Santa Catarina e

Trata-se de regiões onde as formas capitalistas de

seguirá fazer no sentido de melliorar o

agricultura exige formas capitalistas de

renda insuficiente para assegurar um

e nas demais áreas do campesinato onde

aos contratos de servidão. No Nordeste

escolar em Pinheiro Machado, revela

i ,

volumes físicos das colheitas na maioria

dos produtos; formas capitalistas somen te possíveis, afinal, depois de modifica

das as condições atuais de propriedade

da terra. Mas é importante não esque cer a impossibilidade de superar os res

tos semi-feudais e criar as inversões ca pitalistas no campo fora de um desen\-olvimento industrial do País. Não te

mos indústrias pesadas, não produzimos máquinas agrícolas senão em escala in

significante - e isso igualmente atua

de maneira considerável na presen-açâo das ataduras semi-feudais, na manuten

ção do estagio primitívo da agricultura, na barva renda individual do campesi nato e, lògicamente, na pobreza do mer cado interno.


1^-

Dicrsto Econômico

" M9

influência, ne gorado surto rexolucioná-

rio l)aíano, cios "abt)miná\ei.s princípios franceses", como os tachou D. Rodrigo cie Sousa Coutinho.

Otávio Tahquínto dk Sousa ÂO. será

tres

da

difícil descobrir in

cidade com Tiradentes, dele ou\iu que

fluências de filósofos e pensa

Minas Gerais "podia bem ficar indepen

dores polític-os franceses ein al gumas das figuras mais ilus

dente assim comi) féz a América Ingle

Inconfidência

Mineira,

bas

tando uma vista dolhos no catálogo dos livros seqüestrados ao cônego Luís Viei ra da Silva, onde figuram C^ondiliac e Montesquiexi, a Enciclopédia, o inde fectível Mably e numerosas obras de ciências naturais, história, geografia,

viagens etc., todas em língua france.sa. Mas o que acendeu mais diretamente nesses homens das Minas Gerais o de

sejo o o plano dé uma conspiração paru estabelecer um govêrno republicano foi

sai"; dias depois o mesmo alferes Joa

O govêrno da metrópole vigiava a fim de impedir a cli.sscminaçãn, no Brasil, das idéia.s que tanto o alarmavam. Em 1792, uma carta régia recomendava muito cuidado com o navio "Le Dili-

leção das leis coiislítutí% as dos Estados

gcnt", mandado para cá .sob a alegação de procurar nos mares cio, sul o explo rador La Perousc. Isso era "um prc-

Unidos da América" — pedindo-lhe que

léxto pura introduzir nas colônia.s estran

quim José da Silva Xa\íer o procurou com um li\To escrito cm francês — "Co

traduzisse um capítulo. Também ao sargenlo-mor Simão Pires Sardinha recor reu Tiradentes para que lhe tradir/jsse certas passagens de lí\ros ingleses qiie diziam respeito a coisas da América .

geiras o mesmo e.spírito de liberdade que reina neste pais" (França), dizia

a ordem régia, acrescentando que a Ccn.stituição France.sa já estava tradu zida cm português e espanhol. Não

lugares do Brasil. Papéis públicos e li vros atravessavam o mar e com cies

Sem perderem mmca prestigio no Brasil, os acontecíinento.s* da América do

dos filosóficos e científicos, conhecedor

o mesmo se verificando com os que lo-

lãii larvado ou frustro como o das Minas

no do ano de 1798. A cs.se movimento,

queria "uma república livre e florente".

Gorai.s, já se pretendeu chamar com evidente cxugéro de "priimara revolução social brasileira", "revolução proletária",

como a que tinham feito os "americanos

feita ou tentada por "massas doutrinadas

ingleses".

e conscientes". Bem mais modestas pro-

Francisco Xavier Macliado, porta-e.standarte do regimento de cavalaria da

liorções teve ê!e, muito embora não deva

giiarnição de Vila Rica, que seT\'íra ein [acobina, na Bahia, e voltara i^or mar,

a pailícipação de tantos traballuulores

via Kío

pode, porém, ser pôslo em chriacla é a

Janeiro, cnconfrando-so nessa

política européia, gente que lia gazetas

Condo de Rezende, esta\'am voltados de preferencia para os sucessos da frança,

vocá-Io.

nas Gerais era o melhor do mundo",

te interessada no desenvolvimento da

novidades.

inarain parte no inalogr;id<) le\'anle baia

.sllciro, asseverando que "o País de Mi

idéias e cloulvinus. Havia na Bahia gen

Norte foram relegado.s a segundo plano depois da Revolução Francesa. Todos os implicados na devassa mandada pro ceder no Rio de Janeiro, cm 1794, pelo

em tabernas, quartéis e casas particula res*, Tiradentes não perdia ensejo de inPreciir.soi* do "ufanismo" bra-

como mentor do lev ante dc 1798, o que . não parece ter. qualquer fundamento, pois, ainda cpie fosse certa a sua estada na Bahia no ano da tentativa frustra —

o que deve ser averiguado — não ani

maria jamais tal movimento, julgando, como julgava, os revolucionários

ser esquecido o seu caráter popular, ciada manuais e simples .soldados. O tpie

.^' ■-.A':

inglesas, correios da Europa, curiosa cie

Lembre-se, por exemplo, o

padre Francí.sco Agostinho Gomes, le trado no melhor sentido, forte em estu

de várias línguas o tão modesto e. tímido que, dofendendo-o da acusação de- ter dado um banquete de çavnc em sexta-feira clu Paixão e de ser

sectário dos princípios jacobino.s, D. Fernando ]o.sé de Por

tugal mandava dizer para Li.sboa

cpie

era

"excessivamente

atado, incapaz de qualquer empre.sa que requercsse resolução e de

sembaraço", ou então Cipriano Barata, o "Baratinha", médico generoso, revo lucionário por temperamento e vocação, futuro jornalista das sucessivas "Sentí-

de

França "novos canibais" e "parricidas". e horrorizado sempre com "a desenfrea

da libertinagem e sanguinária carreir.i

vam ao Rio, a Pernambuco e a outros

lução chegavam à Bahia, como chega

pítão Vicente Vieira da Mota e o men

vento, segundo a imagem do Tenente-

clc^x)is Visconde de Caini, homem dc estudos sérios, apontado recentemente

generalizado entre mineiros, conforme acentuaram cm seus depoimentos o Ca-. cionado Brito Malheiro.

Coronel Basílio de Brito Malheiro de Lago, nas suas viagens ,e nas conversas

tinuaria a freqüentá-las por longas tem poradas até os dias da Regência. Baia no também era Jo.sé da Silva Lisboa.

obstante, as notícias cia Grande Revo- ' da nação francesa".

o c.vemplo então "fresco" da América

lima ob.sessão. Transformado em corta-

começaria a conhecer as prisõc.s do Brasil nos fins do século XVIII e con

E isso constituía um estado de espírito

Inglesa, como disse Tiradentes ao te-"

nente José Antônio de Melo. Freqüen tes são as referências á emancipação dos Estados Unidos nos depoimentos da devas.sa mineira e para o alferes Joaquim José esse sucesso passou a ser quase

tielas", que por amor de .suas coiiv icçõcs

Como quer que seja, os aspectos mai.s curio.sos da conjuração baiana são real

mente a participação de um giandc númercx lio"iens do povo, inclusive es cravos, e a inegável influência dos acon-

tecimento.s da Rovoluç.ão Francesa.

Os

boletins e cartazes espalhados pela cida

de do Salvador não permitem dúvidas:

"Animai-vos povo baianense (sic) que

está para ehegíu* o tempo feliz de nos.sa liberdade, o tempo em que todos sere mos iguais". Ou cnlão: "A Lilierdade consiste no estado feliz, no estado livre (Ic abatimento. . Os adeptos da conjura queriam ser "francese.s".

Conversando com Joaquim José

da Veiga, denunciante do mo vimento, João de Deus do Nas cimento, pardo livre, alfaiate

cabo do regimento de milícia! di-sse que "convinha que todos sé fizessem franceses para viverem om iirual-

dade e abundância", e até parece''que procurava vestir-se segundo a moda do

França. É o que se conclui do depoimen

to de Francisc-o Xavier dc Almeida, nos


1^-

Dicrsto Econômico

" M9

influência, ne gorado surto rexolucioná-

rio l)aíano, cios "abt)miná\ei.s princípios franceses", como os tachou D. Rodrigo cie Sousa Coutinho.

Otávio Tahquínto dk Sousa ÂO. será

tres

da

difícil descobrir in

cidade com Tiradentes, dele ou\iu que

fluências de filósofos e pensa

Minas Gerais "podia bem ficar indepen

dores polític-os franceses ein al gumas das figuras mais ilus

dente assim comi) féz a América Ingle

Inconfidência

Mineira,

bas

tando uma vista dolhos no catálogo dos livros seqüestrados ao cônego Luís Viei ra da Silva, onde figuram C^ondiliac e Montesquiexi, a Enciclopédia, o inde fectível Mably e numerosas obras de ciências naturais, história, geografia,

viagens etc., todas em língua france.sa. Mas o que acendeu mais diretamente nesses homens das Minas Gerais o de

sejo o o plano dé uma conspiração paru estabelecer um govêrno republicano foi

sai"; dias depois o mesmo alferes Joa

O govêrno da metrópole vigiava a fim de impedir a cli.sscminaçãn, no Brasil, das idéia.s que tanto o alarmavam. Em 1792, uma carta régia recomendava muito cuidado com o navio "Le Dili-

leção das leis coiislítutí% as dos Estados

gcnt", mandado para cá .sob a alegação de procurar nos mares cio, sul o explo rador La Perousc. Isso era "um prc-

Unidos da América" — pedindo-lhe que

léxto pura introduzir nas colônia.s estran

quim José da Silva Xa\íer o procurou com um li\To escrito cm francês — "Co

traduzisse um capítulo. Também ao sargenlo-mor Simão Pires Sardinha recor reu Tiradentes para que lhe tradir/jsse certas passagens de lí\ros ingleses qiie diziam respeito a coisas da América .

geiras o mesmo e.spírito de liberdade que reina neste pais" (França), dizia

a ordem régia, acrescentando que a Ccn.stituição France.sa já estava tradu zida cm português e espanhol. Não

lugares do Brasil. Papéis públicos e li vros atravessavam o mar e com cies

Sem perderem mmca prestigio no Brasil, os acontecíinento.s* da América do

dos filosóficos e científicos, conhecedor

o mesmo se verificando com os que lo-

lãii larvado ou frustro como o das Minas

no do ano de 1798. A cs.se movimento,

queria "uma república livre e florente".

Gorai.s, já se pretendeu chamar com evidente cxugéro de "priimara revolução social brasileira", "revolução proletária",

como a que tinham feito os "americanos

feita ou tentada por "massas doutrinadas

ingleses".

e conscientes". Bem mais modestas pro-

Francisco Xavier Macliado, porta-e.standarte do regimento de cavalaria da

liorções teve ê!e, muito embora não deva

giiarnição de Vila Rica, que seT\'íra ein [acobina, na Bahia, e voltara i^or mar,

a pailícipação de tantos traballuulores

via Kío

pode, porém, ser pôslo em chriacla é a

Janeiro, cnconfrando-so nessa

política européia, gente que lia gazetas

Condo de Rezende, esta\'am voltados de preferencia para os sucessos da frança,

vocá-Io.

nas Gerais era o melhor do mundo",

te interessada no desenvolvimento da

novidades.

inarain parte no inalogr;id<) le\'anle baia

.sllciro, asseverando que "o País de Mi

idéias e cloulvinus. Havia na Bahia gen

Norte foram relegado.s a segundo plano depois da Revolução Francesa. Todos os implicados na devassa mandada pro ceder no Rio de Janeiro, cm 1794, pelo

em tabernas, quartéis e casas particula res*, Tiradentes não perdia ensejo de inPreciir.soi* do "ufanismo" bra-

como mentor do lev ante dc 1798, o que . não parece ter. qualquer fundamento, pois, ainda cpie fosse certa a sua estada na Bahia no ano da tentativa frustra —

o que deve ser averiguado — não ani

maria jamais tal movimento, julgando, como julgava, os revolucionários

ser esquecido o seu caráter popular, ciada manuais e simples .soldados. O tpie

.^' ■-.A':

inglesas, correios da Europa, curiosa cie

Lembre-se, por exemplo, o

padre Francí.sco Agostinho Gomes, le trado no melhor sentido, forte em estu

de várias línguas o tão modesto e. tímido que, dofendendo-o da acusação de- ter dado um banquete de çavnc em sexta-feira clu Paixão e de ser

sectário dos princípios jacobino.s, D. Fernando ]o.sé de Por

tugal mandava dizer para Li.sboa

cpie

era

"excessivamente

atado, incapaz de qualquer empre.sa que requercsse resolução e de

sembaraço", ou então Cipriano Barata, o "Baratinha", médico generoso, revo lucionário por temperamento e vocação, futuro jornalista das sucessivas "Sentí-

de

França "novos canibais" e "parricidas". e horrorizado sempre com "a desenfrea

da libertinagem e sanguinária carreir.i

vam ao Rio, a Pernambuco e a outros

lução chegavam à Bahia, como chega

pítão Vicente Vieira da Mota e o men

vento, segundo a imagem do Tenente-

clc^x)is Visconde de Caini, homem dc estudos sérios, apontado recentemente

generalizado entre mineiros, conforme acentuaram cm seus depoimentos o Ca-. cionado Brito Malheiro.

Coronel Basílio de Brito Malheiro de Lago, nas suas viagens ,e nas conversas

tinuaria a freqüentá-las por longas tem poradas até os dias da Regência. Baia no também era Jo.sé da Silva Lisboa.

obstante, as notícias cia Grande Revo- ' da nação francesa".

o c.vemplo então "fresco" da América

lima ob.sessão. Transformado em corta-

começaria a conhecer as prisõc.s do Brasil nos fins do século XVIII e con

E isso constituía um estado de espírito

Inglesa, como disse Tiradentes ao te-"

nente José Antônio de Melo. Freqüen tes são as referências á emancipação dos Estados Unidos nos depoimentos da devas.sa mineira e para o alferes Joaquim José esse sucesso passou a ser quase

tielas", que por amor de .suas coiiv icçõcs

Como quer que seja, os aspectos mai.s curio.sos da conjuração baiana são real

mente a participação de um giandc númercx lio"iens do povo, inclusive es cravos, e a inegável influência dos acon-

tecimento.s da Rovoluç.ão Francesa.

Os

boletins e cartazes espalhados pela cida

de do Salvador não permitem dúvidas:

"Animai-vos povo baianense (sic) que

está para ehegíu* o tempo feliz de nos.sa liberdade, o tempo em que todos sere mos iguais". Ou cnlão: "A Lilierdade consiste no estado feliz, no estado livre (Ic abatimento. . Os adeptos da conjura queriam ser "francese.s".

Conversando com Joaquim José

da Veiga, denunciante do mo vimento, João de Deus do Nas cimento, pardo livre, alfaiate

cabo do regimento de milícia! di-sse que "convinha que todos sé fizessem franceses para viverem om iirual-

dade e abundância", e até parece''que procurava vestir-se segundo a moda do

França. É o que se conclui do depoimen

to de Francisc-o Xavier dc Almeida, nos


Dir.Esro Écfí? Digksto Er()Nó>riCü

uutos da devassa: "porque o dito João de Deus trazia calçados uns chinelins com bico muito comprido e a entrada muito

baixa, e calções tão apertados que vinha muito descomposto, lho estranhou a testemunha, ao que respondeu; — "cale a bôca, êste trajar é francês; muito bre vemente verá vossa mercê tudo frances

O mesmo pardo João de Deus

amava Ana Romana Lopes do Nasci_ os autos falam de "amizade ilícita" — mulatinha de dezessete anos,

"Vossa mercê líão Ivm medo ao tempo

c porque 6 rico não quer molhar os pés ... tempo \'irá em que possa ser

eu que ande de cadeira e vo.ssa mercê cie pé".

Êsse tempo seria depois que se redu zisse "o continente Brasil a um govêmo

de igualdade, entrando nêle brancos, pardos e pretos, sem distinção de côres, sòmente de capacidade para mandar e governar"; governo de igualdade à se

que fôra escrava do padre João Lopes

melhança do que se inslalara na França. A França e o que lá ocvirria eram a

da Silva, em cuja casa assistia. Quando o namorado foi preso, Ana Romana quis

imediato desses esquecidos precursores

saber o motivo e apenas lhe disseram

que "por estar metido em histórias de

Francesia". "Francês" o pobre João de Deus, condenado à fôrca, posta a sua "cabeça defronte da casa" que lhe ser via de morada e os quartos nos cais de maior freqüência e comércio desta ci

dade até que uma e outros sejam con sumidos pelo tempo para ser assim pa tente a todos a enormidade de seu de lito..

— sentenciou na sua crueldade a

Justiça Real. Delito de "francesia", de querer ser um liomem livre. E de ser - "petulante, altivo, soberbo e orgulho so" — como se disse na devassa, acumu

lando os qualificativos. Mulato que fi cava sentado diante de brancos pode

do liberalismo brasileiro.

tônio Inácio Ramos, homem branco. Mu

iniciados.

Gerais. Talvez Barata tenha podido es

conder ou queimar alguma coisa, como

fêz o cirurgião José de Freitas Sacoto, mas ainda assim o meirinho apreendeu

setenta e quatro livros, entre os quais obras de medicina, matemática, filoso fia e história, na maioria em francês, Condillac e uma "Arte de tratar a si nas

enfermidades

venéreas -

de revelar a relativa opulência de alguns revolucionários mineiros, como Liácio José de Alvarenga Pei.xoto, com os seus cinqüenta e sete escravos e os seus ser

viços de prata, ou o citado conego Lu s Vieira, possuidor de cadeiras o poltronas

de jacarandá, de tamboretes torneados, de lijelas de louça fina, de bules da

cadeira de arruar por causa da chuva

índia; o revolucionário baiano possu a

dü dito João de Deus", disse êste:

como

Bahia.

muitos

outros

baianos

brancos.

O seqüestro dos bens de

Cípriano Barata esteve longe de lar uma biblioteca comparável à do cônego Luís Vieira da Silva lá nas Minas

quim de Oliveira que, "vindo em uma

e parando os pretos na porta da loja

pela Europa, cá chegariam"; pretendia,

"um aéreo govênio de igualdade", segundo a definição entre displicente c inquieta do,s desembargadores da

bléías revolucionárias — de Boissy d Anglas sobretudo — circulavam entre os

mesmo

lato que desafiava outros mulatos pre sumidos, da espécie de Antônio Joa

Mas confiava na vitória das no\-as

Líntos

Longe estava também a casa dc Barata

trabalhando falava assim às pessoas",

tos.

idéias, certo dc que "os franceses, os quais andavam nessa mesma diligência

pardos e negros, o estabelecimento de

"uma república democrática", de "uma democracia rasa e independente", ou de

ceses, no original ou traduzidos em co pias manuscritas, discursos da.s assem*

nente-Coronel Caetano Maurício Macha do: "não se levantava do assento em

testemunhou © seu colega alfaiate An

estante para livros c trés camas de pre

preocupação absorvente, o estimulo

rosos, conforme aconteceu com o Te-

que estava o muitas vezes sem estar

lima lina, um leito velho, dois baús, uma

apenas cinco escravos e, como mobi rio, uma banca, meia dúzia de cadeiras,

CTT-T ri

i


Dir.Esro Écfí? Digksto Er()Nó>riCü

uutos da devassa: "porque o dito João de Deus trazia calçados uns chinelins com bico muito comprido e a entrada muito

baixa, e calções tão apertados que vinha muito descomposto, lho estranhou a testemunha, ao que respondeu; — "cale a bôca, êste trajar é francês; muito bre vemente verá vossa mercê tudo frances

O mesmo pardo João de Deus

amava Ana Romana Lopes do Nasci_ os autos falam de "amizade ilícita" — mulatinha de dezessete anos,

"Vossa mercê líão Ivm medo ao tempo

c porque 6 rico não quer molhar os pés ... tempo \'irá em que possa ser

eu que ande de cadeira e vo.ssa mercê cie pé".

Êsse tempo seria depois que se redu zisse "o continente Brasil a um govêmo

de igualdade, entrando nêle brancos, pardos e pretos, sem distinção de côres, sòmente de capacidade para mandar e governar"; governo de igualdade à se

que fôra escrava do padre João Lopes

melhança do que se inslalara na França. A França e o que lá ocvirria eram a

da Silva, em cuja casa assistia. Quando o namorado foi preso, Ana Romana quis

imediato desses esquecidos precursores

saber o motivo e apenas lhe disseram

que "por estar metido em histórias de

Francesia". "Francês" o pobre João de Deus, condenado à fôrca, posta a sua "cabeça defronte da casa" que lhe ser via de morada e os quartos nos cais de maior freqüência e comércio desta ci

dade até que uma e outros sejam con sumidos pelo tempo para ser assim pa tente a todos a enormidade de seu de lito..

— sentenciou na sua crueldade a

Justiça Real. Delito de "francesia", de querer ser um liomem livre. E de ser - "petulante, altivo, soberbo e orgulho so" — como se disse na devassa, acumu

lando os qualificativos. Mulato que fi cava sentado diante de brancos pode

do liberalismo brasileiro.

tônio Inácio Ramos, homem branco. Mu

iniciados.

Gerais. Talvez Barata tenha podido es

conder ou queimar alguma coisa, como

fêz o cirurgião José de Freitas Sacoto, mas ainda assim o meirinho apreendeu

setenta e quatro livros, entre os quais obras de medicina, matemática, filoso fia e história, na maioria em francês, Condillac e uma "Arte de tratar a si nas

enfermidades

venéreas -

de revelar a relativa opulência de alguns revolucionários mineiros, como Liácio José de Alvarenga Pei.xoto, com os seus cinqüenta e sete escravos e os seus ser

viços de prata, ou o citado conego Lu s Vieira, possuidor de cadeiras o poltronas

de jacarandá, de tamboretes torneados, de lijelas de louça fina, de bules da

cadeira de arruar por causa da chuva

índia; o revolucionário baiano possu a

dü dito João de Deus", disse êste:

como

Bahia.

muitos

outros

baianos

brancos.

O seqüestro dos bens de

Cípriano Barata esteve longe de lar uma biblioteca comparável à do cônego Luís Vieira da Silva lá nas Minas

quim de Oliveira que, "vindo em uma

e parando os pretos na porta da loja

pela Europa, cá chegariam"; pretendia,

"um aéreo govênio de igualdade", segundo a definição entre displicente c inquieta do,s desembargadores da

bléías revolucionárias — de Boissy d Anglas sobretudo — circulavam entre os

mesmo

lato que desafiava outros mulatos pre sumidos, da espécie de Antônio Joa

Mas confiava na vitória das no\-as

Líntos

Longe estava também a casa dc Barata

trabalhando falava assim às pessoas",

tos.

idéias, certo dc que "os franceses, os quais andavam nessa mesma diligência

pardos e negros, o estabelecimento de

"uma república democrática", de "uma democracia rasa e independente", ou de

ceses, no original ou traduzidos em co pias manuscritas, discursos da.s assem*

nente-Coronel Caetano Maurício Macha do: "não se levantava do assento em

testemunhou © seu colega alfaiate An

estante para livros c trés camas de pre

preocupação absorvente, o estimulo

rosos, conforme aconteceu com o Te-

que estava o muitas vezes sem estar

lima lina, um leito velho, dois baús, uma

apenas cinco escravos e, como mobi rio, uma banca, meia dúzia de cadeiras,

CTT-T ri

i


V. ,

ir^

ineno da imigração toni n- •. L i os po\os ambiciosos para a lula .nanl.. cio direilo dac ,;', "'i'"- lando va,.i,s minorias naciopelo predoiiúnio nmiulial.

ümiigirantc CÂNT)ii)o Mota Filho

Tanto uma, conio outni, eram doutri

nas. estímulos preparados no campo da

?lta. e o pretd.t<, ouista. quista.

I-toje, co.n casa amarya c trágica c-

abanflonado pela civilè

T^a litcrulum brasileira, quem mais se

iiiem

vo'tou para o problema do imigran te, como problema fiindamcnlal do País,

Ziição.

foi, indiscnti\'elmente, Graça Aranlia.

blema. como niai.s tarde o colocou Al-

"Cbanaã", que c fruto de uma sensibi

bcrlí) Torres, isto é, dentro da afirmati

lidade estética, é uma preocupação ro manceada. Do começo ao fim da obra,

va de que o principal prt)blema do Bra

e.stá o seu autor voltado para o proble ma da terra sem defesas, entregue à audacia ou à ambição do estrangeiro co lonizador.

Mi'kau não c só o germano hegcliano e bismarquiano ao mesmo tempo, com ostentação de orgulho e de domí nio. E' êle o imigrante, o homem es-

tianho à terra, aquele que não se con

funde com a paisagem e que a vé ape nas como campo po.ssível para suas am bições.

Se bem que o pensamento de Graça Aranha tenha calor com

nacional

Ambos os éscrilorcs colocaram o pro

sil é o da \aIorizíição do Iiomem hni-

graçao, mmto embora de todb „ã„ ti

ganda por sobre a verdade.

cm debates intensos, formou uma política, deu vitalidade a um regime e chegou a ser a força primordial da última guerra, não porque "u raça" raça" fosse um fenômeno bioUndco

mo conseqüência do reconlic-

por isso mesmo, de.spreza o homem da terra que vai explorar, que c um ho mem inteiramente sucumbido diunlc-da natureza.

Eliminando a figura do imigrante,

olhando apenas o lioniem naci<mal no seu desamparo, Euclide.s da Cunha com pleta o quadrr) de Graça Araniia. E am nacional brasileiro

mem deve ser olliudo prin

às coisas e aos aconteci mentos — éie, entretanto,

ficou nas páginas de nossa

trangeiro

em

terras na

cionais e o problema d»

'

homem nacional dentro da civilização nacional.

foi repetido, de outra for ma e em butro estilo, por

A colonização germâni

ca, no Estado do Espírito

Euclide.s da Cunha.

Santo, como em Santa Catarina e como

no

Rio

Grande do Sul, não deu

os resultados previsto.s, Mas nao deu, em grande parto, devido à situação in

olhava as ameaças por sobre o Paí.s

ternacional que desviou as ani])içôcs do

peío lado de dentro, apontando na in compreendida sociologia sertaneja o ho-

conquistas para outros caminhos. \iniüs, na Europa, cnlrclanlo, o fcnô-

,

te melafisico, a preponderância racial,

cresceu, tomou corpo,

cipalmente nesses dois as pectos, isto é. como mu problema do homem es

do e dojiiinador, Euclides da Cunha

do armas cm punho, na iUúna confia:

do sangue, como uma verdade física em contraposição a um princípio meramen

multissecular, com uma consciência su blimada de seu próprio valor e que,

blema

ameaças por sobre o País pelo lado do fora, apontando o imigrante inadapta-

afirmava, como um dogma, o imperatiio

o perigo racista,

o resultante efetivo de \n\r\ realidade racial. Êle nasceu

do aproveitamento do ho

Enquanto Graça Aranlia olhava as

quer na realidade presente.

A Alemanha nacional-socialista, que

®

Milkaii, nas páginas de "Chaiuui , é o imigrante, filho de uma cí\Ílizi»ç5o

bos nos afirmam que o pro

de alerta, grito esse que

seus fundamentos.

sileíro.

. dar com frieza aos fatos,

grito

ccvaao cb problema do imigrante, em' passada,

vesse desaparec.do, „r,„ ce aos estudiosos do assunto

bativo e predisposição es tética — pensamento leva do, portanto, a se acomo-

literatura como um

pcnenca poclc-ae, cone rfcilo, faLr u,nu

cultura, e.vpressoes do inconformismohumano, mas que, na verdade, não ti nham base segura, quer na realidade

o que. fez, entretanto, foi uma demons

tração do poder psicológico, acima do' lógico, da propa O desprezo pelas raças in feriores se ohjeti\ou como um processo emocional e não co clmento de um fato, dc uma

lei biológica.efetivamente com provada. Foi mais uma afir

capaz de criar forças e pd\i-

mação do poder da arma psi

légios, de dividir os "homens

em de raça superior e inferior, de estabelecer no de.stino do mundo, como di-

zia Goebbels o "primado do sangue".

cológica, preparando os espí ritos para um determinado fim, que era o fim da Alemanha nazista.

O que fêz avançar os e.sércitos de Ê e fo. o efeito de um programa cul- llitler foi, indiscuthdmcnte, o fanatis lural, capnchosamtínle arquitetado um mo nacional. A raça superior é uma .sistema de sugestões pôsto cm prática idéia, como é uma uma pohtica de preconceitü.s hàbilmen- do mundo moderno.idéia a proletarização te delineada, que chegou a alcançar, não Terminada a guerra, com a derrota dos

raro, a espíritos livre.s e generosos. As idéias de Niotszche, de Stewart, Cham-

berlain, de Gobineau e de outros, pon do em realce a aristocracia biológica portadora de uma incomparável energia

países do "eixo" e com uma Europa devastada, caiu por terra a pretensão

racista, mas ficou bem saliente o poder psicológico.

E ó esse poder p.sicológico que Graça vital, constituiram .uma interpretação da Aranha assinala no imigrante Milkau, ente historia. Assim como surgia uma inter penetra no desertão brasileiro imbuído pretação econômica da história, que re de um preconceito cultural. comendava a utilização do proletário verdade, o indivíduo assim deixa para a luta política, assim surgiu uma de Na ser um imigrante para ser um con

interpretação racial da história, (Estimu

..•♦«•J J'

quistador.

A terra, para óle, não é


V. ,

ir^

ineno da imigração toni n- •. L i os po\os ambiciosos para a lula .nanl.. cio direilo dac ,;', "'i'"- lando va,.i,s minorias naciopelo predoiiúnio nmiulial.

ümiigirantc CÂNT)ii)o Mota Filho

Tanto uma, conio outni, eram doutri

nas. estímulos preparados no campo da

?lta. e o pretd.t<, ouista. quista.

I-toje, co.n casa amarya c trágica c-

abanflonado pela civilè

T^a litcrulum brasileira, quem mais se

iiiem

vo'tou para o problema do imigran te, como problema fiindamcnlal do País,

Ziição.

foi, indiscnti\'elmente, Graça Aranlia.

blema. como niai.s tarde o colocou Al-

"Cbanaã", que c fruto de uma sensibi

bcrlí) Torres, isto é, dentro da afirmati

lidade estética, é uma preocupação ro manceada. Do começo ao fim da obra,

va de que o principal prt)blema do Bra

e.stá o seu autor voltado para o proble ma da terra sem defesas, entregue à audacia ou à ambição do estrangeiro co lonizador.

Mi'kau não c só o germano hegcliano e bismarquiano ao mesmo tempo, com ostentação de orgulho e de domí nio. E' êle o imigrante, o homem es-

tianho à terra, aquele que não se con

funde com a paisagem e que a vé ape nas como campo po.ssível para suas am bições.

Se bem que o pensamento de Graça Aranha tenha calor com

nacional

Ambos os éscrilorcs colocaram o pro

sil é o da \aIorizíição do Iiomem hni-

graçao, mmto embora de todb „ã„ ti

ganda por sobre a verdade.

cm debates intensos, formou uma política, deu vitalidade a um regime e chegou a ser a força primordial da última guerra, não porque "u raça" raça" fosse um fenômeno bioUndco

mo conseqüência do reconlic-

por isso mesmo, de.spreza o homem da terra que vai explorar, que c um ho mem inteiramente sucumbido diunlc-da natureza.

Eliminando a figura do imigrante,

olhando apenas o lioniem naci<mal no seu desamparo, Euclide.s da Cunha com pleta o quadrr) de Graça Araniia. E am nacional brasileiro

mem deve ser olliudo prin

às coisas e aos aconteci mentos — éie, entretanto,

ficou nas páginas de nossa

trangeiro

em

terras na

cionais e o problema d»

'

homem nacional dentro da civilização nacional.

foi repetido, de outra for ma e em butro estilo, por

A colonização germâni

ca, no Estado do Espírito

Euclide.s da Cunha.

Santo, como em Santa Catarina e como

no

Rio

Grande do Sul, não deu

os resultados previsto.s, Mas nao deu, em grande parto, devido à situação in

olhava as ameaças por sobre o Paí.s

ternacional que desviou as ani])içôcs do

peío lado de dentro, apontando na in compreendida sociologia sertaneja o ho-

conquistas para outros caminhos. \iniüs, na Europa, cnlrclanlo, o fcnô-

,

te melafisico, a preponderância racial,

cresceu, tomou corpo,

cipalmente nesses dois as pectos, isto é. como mu problema do homem es

do e dojiiinador, Euclides da Cunha

do armas cm punho, na iUúna confia:

do sangue, como uma verdade física em contraposição a um princípio meramen

multissecular, com uma consciência su blimada de seu próprio valor e que,

blema

ameaças por sobre o País pelo lado do fora, apontando o imigrante inadapta-

afirmava, como um dogma, o imperatiio

o perigo racista,

o resultante efetivo de \n\r\ realidade racial. Êle nasceu

do aproveitamento do ho

Enquanto Graça Aranlia olhava as

quer na realidade presente.

A Alemanha nacional-socialista, que

®

Milkaii, nas páginas de "Chaiuui , é o imigrante, filho de uma cí\Ílizi»ç5o

bos nos afirmam que o pro

de alerta, grito esse que

seus fundamentos.

sileíro.

. dar com frieza aos fatos,

grito

ccvaao cb problema do imigrante, em' passada,

vesse desaparec.do, „r,„ ce aos estudiosos do assunto

bativo e predisposição es tética — pensamento leva do, portanto, a se acomo-

literatura como um

pcnenca poclc-ae, cone rfcilo, faLr u,nu

cultura, e.vpressoes do inconformismohumano, mas que, na verdade, não ti nham base segura, quer na realidade

o que. fez, entretanto, foi uma demons

tração do poder psicológico, acima do' lógico, da propa O desprezo pelas raças in feriores se ohjeti\ou como um processo emocional e não co clmento de um fato, dc uma

lei biológica.efetivamente com provada. Foi mais uma afir

capaz de criar forças e pd\i-

mação do poder da arma psi

légios, de dividir os "homens

em de raça superior e inferior, de estabelecer no de.stino do mundo, como di-

zia Goebbels o "primado do sangue".

cológica, preparando os espí ritos para um determinado fim, que era o fim da Alemanha nazista.

O que fêz avançar os e.sércitos de Ê e fo. o efeito de um programa cul- llitler foi, indiscuthdmcnte, o fanatis lural, capnchosamtínle arquitetado um mo nacional. A raça superior é uma .sistema de sugestões pôsto cm prática idéia, como é uma uma pohtica de preconceitü.s hàbilmen- do mundo moderno.idéia a proletarização te delineada, que chegou a alcançar, não Terminada a guerra, com a derrota dos

raro, a espíritos livre.s e generosos. As idéias de Niotszche, de Stewart, Cham-

berlain, de Gobineau e de outros, pon do em realce a aristocracia biológica portadora de uma incomparável energia

países do "eixo" e com uma Europa devastada, caiu por terra a pretensão

racista, mas ficou bem saliente o poder psicológico.

E ó esse poder p.sicológico que Graça vital, constituiram .uma interpretação da Aranha assinala no imigrante Milkau, ente historia. Assim como surgia uma inter penetra no desertão brasileiro imbuído pretação econômica da história, que re de um preconceito cultural. comendava a utilização do proletário verdade, o indivíduo assim deixa para a luta política, assim surgiu uma de Na ser um imigrante para ser um con

interpretação racial da história, (Estimu

..•♦«•J J'

quistador.

A terra, para óle, não é


W^'

154

Digesto Econômico

mna nova pátria ou uma terra para o

seu trabalho, mas um prolongamento da sua, mais uma incorporação imperial. No fundo de sua alma está a diretriz

"1 forumâ. Em fins do • • CP instalavam de imicrantcs sc ui

railhão nesse pais. .

do Estado a que pertence e o comando

A não ser os cuidados cugeoKOs, outros

de seu Governo.

nau existiram, poi-s s

No entanto, na psicologia do imigran te autêntico, daquele que e convenien

tun.es e 1,óbitos, suus relig.oes e eren-

te para um país que precisa de braço — só se encontra o seu pendor humano, a

sua ambição própria, o seu desejo de compor a sua vida, de fazer a sua eco nomia e de assim enfrentar as dificulda

des na luta pela e.xistência. Num inquérito que procedi, em 1928,

sòbre a mentalidade do imigrante de após-guerra, pude verificar, com rela

tiva facilidade, que a mesma estava com pletamente modificada pelas condições políticas e ela já não se aproximava do imigrante chegado ao País log(j depois da proclamação da República. Por outro lado, de uma feita, como

-

, ,,„is ê es conservaram „a

terra u.nericana soas Imgu^ »<=us etts-

ças.

V» p.undo ipermaneceram coMas, contuciu, i

mo huigrantcs, pongie eram destituídos de Ideologias politioas e de pretensões

nacionais.

.

.

i

Um pais que recebe tm.g.antes, hoje ern dia. está em situação de alerta, por que vivemos nmna hora mteusa de ut,lização psicológica do .migrante par., fios políticos. Na triste época dos campc,s de concentração e dos desloca dos de guerra, num momento cn.^ue as ideologias penetram pelas faetitdades criadas pela crise da própria cv.hzavao, o homem que emigra ó get-almeute um contaminado, um fruto das derrotas polí

jornalista, tive ocasião de estudar os si

ticas ou uma vítima das mesmas.

nais da passagem dos colonos america

A escolha de tipo humano nao deve ■ser feita tão só às mentalidades propi

nos por São Paulo, em virtude do pla no elaborado na monarquia para a fun dação de colônias no interior do País, com elementos do sul dos Estados Uni

dos, que deixavam seu país em virtude da Guerra de Secessão. Quando fiz o meu trabalho, em Americana e adjacên cias, encontrei apenas algumas famílias

radicadas, porém tôdas elas ainda im pregnadas do mesmo espírito que do minava o sul dos E.stados Unidos, nos

tempos de Lincoln. Na realidade, trouxeiam consigo máquinas e processos agrí colas racionais, mas com eles a psicolo

gia do exilado e não a psicologia do imi grante.

No entanto, o imigrante que emigra

cias paru nós à vida rural, porque os imigrantes europeus, qwe sofreram no campo as desditas da gueira, estão com

os seus reflexos predispostos e trazem a alma desconfiada.

Segundo Rafael Benchimal, duas sua

a.'i ordens de fatores que formam o emi

grante: 1." - fatores de expulsão; 2." fatôres de atração.

Não há dúvida que êsses fatôres iw-

dem aparecer unidos e separados. Mas muitas vôzes uns preponderam sôbrc

os outros. Para que os fatôres de atra

ção sejam reais e fecundo.s, precisamos, porém, na atualidade, não desmerecer a gravidade dos fatôres de expulsão,

por necessidade econômica e não por

que constituem a motivação inicial da

motivo político, que é aquêle que des ceu para nós no fim do século dezeno-

busca de melhor vida, porque a dêle é

partida do emigrante. Hoje êle parte em

1.55

insuportável, 6 a pior possí\cl. na miséria ou na ameaça

Vi\e

da miséria,

numa atmosfera de guerra ou de revo

luções, vendo e sofrendo as perseguiç-õcs religiosas c políticas.

Assim, dèxemos distinguii-, num apa nhado geral, trcs tipos dc emigrantes: 1) o emigrante que não quer perder o (pie tem;

2)

o emigrante que nada tem a per der;

3)

o emigrante que perdeu o que tinha.

Nesses três tipos os fatôres de expul são atuam diferentemente, provocando desde a esperança até a revolta. Em to dos eles, porém, deve atuar ainda o sinal

dos conflitos políticos, que só uma po lítica de libertação dos mesmos, nas

terras que os recebem, é que pode colocá-^os na plenitude dc seu significado.


W^'

154

Digesto Econômico

mna nova pátria ou uma terra para o

seu trabalho, mas um prolongamento da sua, mais uma incorporação imperial. No fundo de sua alma está a diretriz

"1 forumâ. Em fins do • • CP instalavam de imicrantcs sc ui

railhão nesse pais. .

do Estado a que pertence e o comando

A não ser os cuidados cugeoKOs, outros

de seu Governo.

nau existiram, poi-s s

No entanto, na psicologia do imigran te autêntico, daquele que e convenien

tun.es e 1,óbitos, suus relig.oes e eren-

te para um país que precisa de braço — só se encontra o seu pendor humano, a

sua ambição própria, o seu desejo de compor a sua vida, de fazer a sua eco nomia e de assim enfrentar as dificulda

des na luta pela e.xistência. Num inquérito que procedi, em 1928,

sòbre a mentalidade do imigrante de após-guerra, pude verificar, com rela

tiva facilidade, que a mesma estava com pletamente modificada pelas condições políticas e ela já não se aproximava do imigrante chegado ao País log(j depois da proclamação da República. Por outro lado, de uma feita, como

-

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ças.

V» p.undo ipermaneceram coMas, contuciu, i

mo huigrantcs, pongie eram destituídos de Ideologias politioas e de pretensões

nacionais.

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T

' IV í

PORQUE O SR. DEVE ANUNCIAR NO

D I G EST o

ECONÔMICO Coiiíit/cjo o "Digesto Econômico", sob a exímia di

Precíw nns iiifornwi-õcfi, MÓhno e ohjclicn m»s comentários, cômodo c clc^anic nii apresenlttção, o Dicksto Econômico, í/«íií/(> ""s scits

.leitnrcfi vm panorama nuoi.ial do mmulo dos negócios, circula numa classe de alio poder acitiisUivo a elevado pafirão de vida. Par razões, os anúncios inseridos no Dioksio Eco nômico são lidos^ fjírí/MVÍoí.'//íj.";i/í', por wn pro.

reção de Gontijo de CaroaUio, repositório precioso de ensinamentos culturais e íécmcos, suhminisirados, acêrca

dos mais variadçs temas, por autoridades de alto renome. A sua leitura, sôhre aprazível aos espíritos curiosos,

6, do mesmo passo, de evidente proveito e utilidade. Theodomiro Dias

(Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo)

vável comj)rador.

Pista revista é jnddícada mensalmente pela Kdi'

V

tõra Comercial Lida., .soh os auspícios da Asso

ciação Camwrcial de São Paulo e da Federação do Comércio do Esado dc São Paulo.

EDITÔRA

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o DEPARTAMENTO

ECONOMII

SOB OS AUSPÍCIOS oa ASSOCIAÇÃO COMERCIAL 01

t Bq FEDERAÇÃO DO COMERCIO DO ESTADO Dl

sumario

gijjíi

Evolução política e constitucional do Brasil — Dario de Almei A Desvaloriaação da Libra — Dorival Teixeira Vieira

Causas e efeitos da desvalorização — Richard Lewinsohn

Os investimentos internacionais — Américo Barbosa de Oilveii Sôbre a Bahia — L. A. Costa Pinto

Eqüidade nas trocas internacionais — Djacir Menezes

Noções gerais sôbre o impòsto — José Luiz de Almeida Negue

Rui Barbosa no Supremo Tribunal Federal — Dario de Almeic As Idéias financeiras de Rui Barbosa — Aliomar Baleeiro Rui, o financista — Roberto Pinto de Sousa

Rui Barbosa e a questão social — A. F. Cesarino Júnior Rui Barbosa, o economista — Dorival Teixeira Vieira

e um repositório /precioso de informoções guardadas sob sigilo^ absoluto e cos/iadas exclusiva e diretamente aosinleressaA

Rui, vivo e morto — A. C. Salles Júnior

Rui, o estudioso — Antonio Gontijo de Carvalho Augusto Comte e a questão social — Ivan Lins .. O Tratado de Methuen — Nelson Wemeck Sodré Política e economia — Cândido Mota Filho

Previdência e assistência social — Emílio Lang Júnior

-Se

uoSSrr

Aspectos do "Habitai" rural — Carlos Borges Schmidt .

VIADUTO BOA VISTA, 67-95 ANDAR-FONE-3-1II2 N.o 60 — NOVEMBRO DE 1949 — ANO V


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