■1)1 li ESTO o DEPARTAMENTO
EMMICO
SOB OS auspícios on ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO E 00 FEDERAÇÃO 00 COMERCIO 00 ESTADO DE SÃO PAULO
S D i\1 4 R I O Pág.
Evolução polílica e conslitucional do Brasil ~ Dario de Almeida Magalhães A Desvalorixação do Libra — Dorival Teixeira Vieira Causas o efeitos da desvalorização — Richard Lewinsohn
Os investimentos internacionais — Américo Barbosa de Oliveira
35
Sôbre a Bahia — L. A. Costa Pinto
41
Eqüidade nas trocas internacionais — Djacir Menezes
4^
Noções gerais sôbre o imposto — José Luiz de Almeida Nogueira Pôrto Rui Barbosa no Supremo Tribunal Federal — Dario de Almeida Magalhães As idéias financeiras de Rui Barbosa — Aliomar Baleeiro
53 63 77
Rui, o financista — Roberto Pinto de Sousa
gg
Rui Barbosa e a questão social — A. F. Cesarino Júnior
precioso de informações guardadas sob silf/-1
^ ^ confiadas exclusim e díretamenie aos inferes^ i,
'wa
Rui Barbosa, o economista — Dorival Teixeira Vieira Rui, vivo e morto — A. C. Salles Júnior Rui. o estudioso — Antonio Gontijo de Carvalho Augusto Comte e a questão social — Ivan Lins O Tratado de Methuen — Nelson Wemeck Sodré
Politica e economia — Cândido Mota Filho Previdência e assistência social — Emílio Lang Júnior
Aspectos do "Habitai" rural - Carlos Borges Schmidt
^ nrr^érr
BOA VISTA, 67- 95 andar-F0NE~3-nl^
9 22 29
39
[ |
^ 113 ' jji ] ' 138 j,-
155
» N.o 60 — NOVEMBRO DE 1949
ANO V
O DIGESTO ECONÔMICO ESTA À VENDA
nos principais pontos de jornais no Brasil, ao preço de Ci$ 5,00. Os nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer encomenda, bem como a receber pedidos de assinaturas, ao preço de Cr$ 50,00 anuais. O córfer c/o seu motor
Diesel parece "feito de enco-
mendà" para que nele se for mem depósitos e faôrro... O óleo, salpicado ao escopor
Agente Geral para o Brasil
dos mancais das bie/os, forma
FERNANDO CHINAGLIA
Arenida Presidente Vargas, 502, 19.o andar
Amazonaa: Agência Freitas. Rua Joa
quim Sarmento. 29,.Manaus. Bahia:
Pernambuco:
Fernando
Ceará: .1. Alaor de Albuquerque & Cia. Praça do Ferreira, 621. Fortaleza. Espírito Santo: Viuva Copolilo & Fi lhos. Rua Jerànlmo Monteiro, 361, Vitória. Goiás: João Manarino, Rua Setenta A. Goiânia.
Maranhão:
paro resistir à oxidoçôo, man
Recife.
tendo o cdrter /impo e os condutos de ó/eo desimpedidos. Na zona dos anéis, evitom o
Piauí: Cláudio M. Tcte. Tereslna.
Rio do Janeiro: Fernando ChlnagHã. Av. Presidente Vargas. 502, l»o andar.
João Lisboa. 114. São Luiz. Grosso: Carvalho, Pinheiro
gomosidades, ao posso que suas ricos propriedades lubri
Rio Grande do Sul: Sòmcnte para Por
ficantes, conservadas por lon
7 de Setembro. 789. Porto Alegre. Para locais fora de Porto Alegre.
Fernando Chlnaglla. R. de Janeiro
ãc
Cia., Fça. da República, 20, Cuiabá. Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso, Avenida dos Andradas, 330, Belo Horizonte.
Pará: Albano H. Martins & Cia., Tra
vessa Campos Sales, 85/89, Belém. Paraíba: Loja das Revistas, Rua Barío do Triunfo, 510-A, João Pessoa.
ocúmu/o de carvão duro e
Rio Grande do Norte: Luís Avenida Tavares Lira, 48. Nata»-
to Alegre; Octavio Sagebin.
Livraria Universal, Rua
Os Gargoyle D.T.E. Oíls Nos. 3, 4 e 5 foram feitos
Rua do Imperador. 221. 3.o andar.
Alfredo J. de Souza & Cia.,
R. Saldanha da Gama. 6, Salvador.
Mato
Paraná: J. Ghíoffnone. Rua 19 de No vembro, 423, Curitiba.
dro II. 49. Maceió.
umo névoo em íntimo contocfo
com o ar, vapordágua e gases quentes da combusISo-condlções ideoís para ser oxidado.
Rio de Janeiro
Alagoas: Manuel Espíndola. Praça Pe
msr
go tempo,proporcionam móxi• ma profeçSo contro o desgoste. Lubrificantes
Santa Catarina: Pedro Xavier & Cia.. Rua Felipe Schmldt. 8, Florianóp. São Paulo: A Intelectual. Ltda.. Via
duto Santa Eflgênla, 281, S. Paulo.
Sergipe: Livraria Regina Ltda.. Rus João Pessoa. 137. Aracaju.
•oncessionaria:
CIA. MATE LARANJEIRA S. A. I*aulo - Rua Brigadeiro Tobias, 356 • Santos - Rua Itororô, 71
Torrllórlo do Acre: Diógenes de OUveira. Rio Branco-
Curitiba - Rua Cruz Machado, 12• 1.** and.
O DIGESTO ECONÔMICO ESTA À VENDA
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Diesel parece "feito de enco-
mendà" para que nele se for mem depósitos e faôrro... O óleo, salpicado ao escopor
Agente Geral para o Brasil
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FERNANDO CHINAGLIA
Arenida Presidente Vargas, 502, 19.o andar
Amazonaa: Agência Freitas. Rua Joa
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Pernambuco:
Fernando
Ceará: .1. Alaor de Albuquerque & Cia. Praça do Ferreira, 621. Fortaleza. Espírito Santo: Viuva Copolilo & Fi lhos. Rua Jerànlmo Monteiro, 361, Vitória. Goiás: João Manarino, Rua Setenta A. Goiânia.
Maranhão:
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Recife.
tendo o cdrter /impo e os condutos de ó/eo desimpedidos. Na zona dos anéis, evitom o
Piauí: Cláudio M. Tcte. Tereslna.
Rio do Janeiro: Fernando ChlnagHã. Av. Presidente Vargas. 502, l»o andar.
João Lisboa. 114. São Luiz. Grosso: Carvalho, Pinheiro
gomosidades, ao posso que suas ricos propriedades lubri
Rio Grande do Sul: Sòmcnte para Por
ficantes, conservadas por lon
7 de Setembro. 789. Porto Alegre. Para locais fora de Porto Alegre.
Fernando Chlnaglla. R. de Janeiro
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Cia., Fça. da República, 20, Cuiabá. Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso, Avenida dos Andradas, 330, Belo Horizonte.
Pará: Albano H. Martins & Cia., Tra
vessa Campos Sales, 85/89, Belém. Paraíba: Loja das Revistas, Rua Barío do Triunfo, 510-A, João Pessoa.
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Rio Grande do Norte: Luís Avenida Tavares Lira, 48. Nata»-
to Alegre; Octavio Sagebin.
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Os Gargoyle D.T.E. Oíls Nos. 3, 4 e 5 foram feitos
Rua do Imperador. 221. 3.o andar.
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Rio de Janeiro
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Curitiba - Rua Cruz Machado, 12• 1.** and.
Entre os oleos nacionaes
está conquistando a prefe
ll}?2 ^
n-r
renda de todas as donas
de casa, o
Quando fizei seus planos, lembre-se: . utiliza as altas
'COM AÇOS U.S.S. SÃO OBTIDOS MELHORES RESULTADOS!
qualidades nutritivas
Pora quebra-maies e bonagens moiinlias,
econômico de materiol em virtude de sua
do óleo de amendoim
contraíorles, pilares de pontes em qualquer
alta capacidade em suportar ccaga.
e acrescenta-lhes, gra
espécie de dique ou cais, as estacas U. S. S.
Para pontes, os soalhos de viga de juncôo "I" (U.S.S. I - Beom-Lock Flooriag) são alta
(U.S.S. Steel SheetPilIng) oferecem inúmeras voniaqens sôbieoutiosmaleriais de construção.
das ó retinatão e desodorizatão cientifica, por um processo espe
cial, um sabor tradicio nal de asrado ao paladar brasileiro. "Yandi" é extrema
mente econômicos e evitam o emprègo inútil
Fabricados com abas-retas, abas em arco e
de milhões de quilos de péso morto, seja
seccõea "Z", as estacas U. S. S. (U.S. S. Steel Shoet Piling) podem ser batidas iàcUmente sob as condições mais diJiceis; além de que, podem ser som dificuldade retiradas e nova
Quaisquer que sejam os seus planos de cons trução, procure conhecer os inúmeros produ
para pontes velhas ou novas.
tos U. S. S. paro portos, pontes, estradas de
mente utilizadas.
rodagem e construções em geral. Todos são
Para embasamentos permanentes de cons truções. as estacas "H" (U.S.S. Steel H Beating Piles) permitem o emprego reduzido e
produtos da inigualável pericia e recursos do maior fabricante de acos do mundo — o United Slates Steel.
mente econopico e de
fácil disestão.
BRAZACO S. A. REPRESENTANTES NO BRASIL DA UNITED STATES STEEL EXPORT COMPANY Rio de Janeiro • São Paulo • Pôrlo Alegre
JÍl
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1
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Entre os oleos nacionaes
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BRAZACO S. A. REPRESENTANTES NO BRASIL DA UNITED STATES STEEL EXPORT COMPANY Rio de Janeiro • São Paulo • Pôrlo Alegre
JÍl
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1
i
DEPOSITÁRIO DE ARTIGOS PARA PINTURA fUMDfíOO
EMICêd MOtL£f9 IJ ffOff .JOSS BOmffíC/O-tfé
9 PdULO-BRftSIL
SECÇÃO artística e papelaria
PRODUTOS DE PETROLEO
SECÇÃO DE PINTURA
Cada móquina, em qualquer setor
SECÇÃO DE PINCÉIS
do indústria ou do ogricultüra, constitui sempre um problema dife rente de lubríficação. Shell tem o
TELEFONE: 2-1285 — CAIXA POSTAL: 2870
maior prazer em orientar seus clientes na es
colha do tipo de combustível ou lubrif,conte in
dicado para
IRMÃOS
cada
caso.
ABOUCHAR LIDA. Praça Júlio Mesquita, :84-g6-102 FONE: 4-0124
SHELL - EM PRODUTOS OE PETRÚIED, UMfl TRADIÇÃO
São Paulo
Pneus e Câmaras de Ar de todas as marcas. —
Rodas para Autos e Ca minhões. — Recaulchu-
tagem, Vulcanisação e Consertos:
Especialistas em
Pneus para: TRATORES —
AV
I
ÕES
ETC,
—
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—
\\"SvV.Tir
^ TODOS OS HECHMTOS
MoNSANTO CliEMlCAL CoMPANY
ONYX INTERNATIONAL
Si. lou-t • USA
J<K;»y Ci'y - USA
Produto» intermediário}. Produto» químicos
DO QIOBRAHC
poro todo» Oi industrio», inseticida», hcrbici-
Produto» poro omacíomento. desengordu.
dos. rodenlicido». Moterioi» plástico». Colo»
romento. tingimenlo. oeobamento, etc,, no
paro compensado», etc.
indústria têxtil.
DURAND & HUGUENIN S. A.
A MAPA
FABRIQUE ZURICOISE DÊ
Sulco
fi.lUl2
MANAUS
GAZES À BLUTER ZuriQue.Su.co
Corante» ao cromo cspectol» poro esiomporio de algodão, sedo, "rayon**, etc.
Ooie» de sedo poro quodro»
Corantes "Indigosof
de estornporio. Goze» de sedo poro peneiro», etc.
NATAL
TfRfllKA
J.MSSIM CU&PDRE
niciFf
VENANGO ENGINEERING
IRE HYDRflUUC PRESS MF6. CO.
PhlioJelDhio - USa ARACAJU
Mounl Glleod . USA
SALVADOR eUIABA
EPE1-D5 é um prodolo da maior íábrícui de en ceradeiras elétricas daí
capitais e principais cida des do território nacional.
Procure, hoje mesmo, o
tios em roca», etc.
plóstico»
•„ v-:;; [, DOLLFUS & NOACK S. A. 9.PAU1
R.Df JANEIRO &AMTOS
^
OUFFHO.ELECTRÒ-CHEMtCAL Cd Inc
Mulhouie • Fron<o
eutiolo - USa
URiriBA
Peróxído de hidrogênio poro Feltro» e pono» técnicos
olveíomentos nos indústrias de tecido» e de papel, processos
nORIANOML
poro todo» o» indústrios
bem. a enceradeira que mais SC vende no DrasU.
t
^'^VtTÓRIA
revendedor EPEL mais
próximo, e adquira, lam
poro injeção e moidogem de motérios
BlMORI/ONTC
América do Sul. Craças ao teu perieilo serviço de disIríbuicSo, EPEL-05 é encontrada em todas as
Prenjoí e máquinas hidráulico»
Máquino» pncumõticos poro lingimenio de meodo», meio»,
quimico», (Ins sonltórios, etc. P.ALCGRE
Representocòes poro o Brosil de
PRODUTO oas IROÚSTRIflS REUNIOUS IHDIBN EPEL ITDI. . c. PosiBL ttso - 8. Pioio
RIO DE JANEIRO
5ÂO PAULO
Ruo Conselheiro Soroivo, 16
Roo Mortim Burchord 608
C=i.a
23.
23 53,6 C.i.„
T.log,omos, COLOR"
,685 . T.,. 3 3154 Coi.o
T,leg,„„c„: "COLOR"
Agentes nos principols cídodes do pois
Jl
CURITIBA R Coi m n
T.l.g.o^a,, "COLOR''
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BlMORI/ONTC
América do Sul. Craças ao teu perieilo serviço de disIríbuicSo, EPEL-05 é encontrada em todas as
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Representocòes poro o Brosil de
PRODUTO oas IROÚSTRIflS REUNIOUS IHDIBN EPEL ITDI. . c. PosiBL ttso - 8. Pioio
RIO DE JANEIRO
5ÂO PAULO
Ruo Conselheiro Soroivo, 16
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23.
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Agentes nos principols cídodes do pois
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Evolugâo política e constitucional do Brasil
i\mm ECONÔMICO i
OCS MEfiOCIOS MUH PlMBIllllt
II
MOISU
Ancensão, queda e renascimento da ttepiíblica
Pub/icodo sob os auspícios da
CSSOCI&CiO COMERCIAIOE StO PAULD
Dario de Almeja Magalhães
FEDERACÍD DO CDMtRCIO 00 ESIADO DE SAO rAülO
O Digesto Econômico Diretor luperintendenle:
Martim Affoiuo Xavier da Silveira Diretor:
Antonio Gonlijo de Carvalho
publicará no próximo número: EVOLUÇÃO POLÍTICA E CONSTI
E.\tinguiu-se suavemente o Império, que durara 67 anos. Um pronunciamento
O nosso ilustre cohhoi'ador, sr. Dario
militar incruento removeu, sem dificulda
de Almeida Magalhães, realizou na Fa-
des, em poucas horas, o trono, reduzido,
citldade de Direito de Montevidéts um
então, apenas a um símbolo. Um novo
curso sühre a ecolução -política e cons
ciclo se abrira, em 1889, na evolução
titucional do Brasil.
TUCIONAL DO BRASIL - Dario dr
constitucional do Brasil.
Almeida Magalhães.
Terminaria nosso isolamento na Amé
Abandonaría
mos o eixo de gravitação da Europa.
rica: enbe as repúblicas americanas não
augusto comte e a questão SOCIAL - Ivan Lins.
FLORESTAS — Pimentel Gomes.
peloTdídos^^Slaf
devidamente citadas
conceitos emitidos eni artigos^LsÍ! Na transcrição de artigos pede-ae
RESERVA, PROVISÃO E FUNDO DB indenização das EMPRÊSAS — Djacir Menezes.
^tar o nome do Dlges/J ■
Econômico.
'"
Aceita-se Intercâmbio com pubUcaçOes congêneres nacionais e es trangeiras.
(registrado)
Atrasado:
ção única — posição singular que era apontada como um dos malefícios das instituições moníxrquicas. Pertencíamos à América, e deveríamos ser americanos,
não topando embaraços, deterá tôdas as alavancas de comando que encontre
pela integração no mesmo estilo comum
abandonadas.
de vida política, forjado na Convenção de Filadélfia — eis a razão de ordem su
perior que os pròpagandistas da Repú blica apresentavam como justificativa da urgente adoção do novo regime.
A PRIMEIRA CASA DA MOEDA DO BRASIL - 1645 — Afonso de Taunay
cias de um govêmo livre haviam sido lavras de publicista de autoridade indis
epeira doirada, tirou de si mesma, e sus pendeu entre a selva amazonense e os campos do Rio Grande". Desse clima tépido e repousante que
cutível) como foi a dignidade consular
se irradiara do 2.° reinado — equivalen
no Império Romano; mas o que tínhamos *'críi um governo dft utua simplicidade prírnilivíí, em que US jespQpsnhiliduües se dividiam ao infinito, e o poder esliiVÜ
te para nós à era \'itoriana ou ao tempo dos Antoninos — iríamos passar para os
Crj 8,00
longamente preservadas por orgulho na cional (pode dizer-se repetindo as pa
concciilrudo nas mãos de um só". E ésse Redação e Administração: Viaduto Boa Vista, 67 - 7.o andar lal. 9-7499 — Caixa Postai, 240-B São Paulo
mão de mestre — "a liberdade brasileira
era uma teia de tenuidade invisível, pos suindo apenas a resistência e a elasti cidade da seda, que a monarquia, como
CrS CrS 50.00 oil.oo Crí s.QQ
♦
No prolongado remanso em que nos abrigáramos, à sombra da coroa, durante cinqüenta anos — eis um retrato feito pòr
A monarquia cumprira, em verdade, o seu destino histórico. Tôdas as aparên
DIgesto Eeéàããiivo
Número do mês:
ressurgimento democrático".
RUI E SAO PAULO — Ernesto Lemci
útil DAliUOSA — Antao Jr Morais.
ASSINATURAS:
seríamos mais uma "exceção" — exce
Em nosso número
anterior, -publicamos a primeira preleção que versou sobre "A fase imperial". No próximo número completaremos a série com "O inferregno ce^arísfa e o
ir
üimultos e a trepidação nervosa descnca-
dpada pela RxpGiit-noia republicana — que se ínipUSeiil POmo uniu rnialicludei
govômo, nessas condições, era uma re sultante do meio em que fôra exercido,
einbom nm houvesse sido cünVtíllitnlO'
porquo no clima do poder não existem vácuos: há sempre uma autoridade, quo,
O movimento em prol da república, que aflorara em explosões revolucioná-
mente preparada.
Evolugâo política e constitucional do Brasil
i\mm ECONÔMICO i
OCS MEfiOCIOS MUH PlMBIllllt
II
MOISU
Ancensão, queda e renascimento da ttepiíblica
Pub/icodo sob os auspícios da
CSSOCI&CiO COMERCIAIOE StO PAULD
Dario de Almeja Magalhães
FEDERACÍD DO CDMtRCIO 00 ESIADO DE SAO rAülO
O Digesto Econômico Diretor luperintendenle:
Martim Affoiuo Xavier da Silveira Diretor:
Antonio Gonlijo de Carvalho
publicará no próximo número: EVOLUÇÃO POLÍTICA E CONSTI
E.\tinguiu-se suavemente o Império, que durara 67 anos. Um pronunciamento
O nosso ilustre cohhoi'ador, sr. Dario
militar incruento removeu, sem dificulda
de Almeida Magalhães, realizou na Fa-
des, em poucas horas, o trono, reduzido,
citldade de Direito de Montevidéts um
então, apenas a um símbolo. Um novo
curso sühre a ecolução -política e cons
ciclo se abrira, em 1889, na evolução
titucional do Brasil.
TUCIONAL DO BRASIL - Dario dr
constitucional do Brasil.
Almeida Magalhães.
Terminaria nosso isolamento na Amé
Abandonaría
mos o eixo de gravitação da Europa.
rica: enbe as repúblicas americanas não
augusto comte e a questão SOCIAL - Ivan Lins.
FLORESTAS — Pimentel Gomes.
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devidamente citadas
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RESERVA, PROVISÃO E FUNDO DB indenização das EMPRÊSAS — Djacir Menezes.
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Econômico.
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Aceita-se Intercâmbio com pubUcaçOes congêneres nacionais e es trangeiras.
(registrado)
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ção única — posição singular que era apontada como um dos malefícios das instituições moníxrquicas. Pertencíamos à América, e deveríamos ser americanos,
não topando embaraços, deterá tôdas as alavancas de comando que encontre
pela integração no mesmo estilo comum
abandonadas.
de vida política, forjado na Convenção de Filadélfia — eis a razão de ordem su
perior que os pròpagandistas da Repú blica apresentavam como justificativa da urgente adoção do novo regime.
A PRIMEIRA CASA DA MOEDA DO BRASIL - 1645 — Afonso de Taunay
cias de um govêmo livre haviam sido lavras de publicista de autoridade indis
epeira doirada, tirou de si mesma, e sus pendeu entre a selva amazonense e os campos do Rio Grande". Desse clima tépido e repousante que
cutível) como foi a dignidade consular
se irradiara do 2.° reinado — equivalen
no Império Romano; mas o que tínhamos *'críi um governo dft utua simplicidade prírnilivíí, em que US jespQpsnhiliduües se dividiam ao infinito, e o poder esliiVÜ
te para nós à era \'itoriana ou ao tempo dos Antoninos — iríamos passar para os
Crj 8,00
longamente preservadas por orgulho na cional (pode dizer-se repetindo as pa
concciilrudo nas mãos de um só". E ésse Redação e Administração: Viaduto Boa Vista, 67 - 7.o andar lal. 9-7499 — Caixa Postai, 240-B São Paulo
mão de mestre — "a liberdade brasileira
era uma teia de tenuidade invisível, pos suindo apenas a resistência e a elasti cidade da seda, que a monarquia, como
CrS CrS 50.00 oil.oo Crí s.QQ
♦
No prolongado remanso em que nos abrigáramos, à sombra da coroa, durante cinqüenta anos — eis um retrato feito pòr
A monarquia cumprira, em verdade, o seu destino histórico. Tôdas as aparên
DIgesto Eeéàããiivo
Número do mês:
ressurgimento democrático".
RUI E SAO PAULO — Ernesto Lemci
útil DAliUOSA — Antao Jr Morais.
ASSINATURAS:
seríamos mais uma "exceção" — exce
Em nosso número
anterior, -publicamos a primeira preleção que versou sobre "A fase imperial". No próximo número completaremos a série com "O inferregno ce^arísfa e o
ir
üimultos e a trepidação nervosa descnca-
dpada pela RxpGiit-noia republicana — que se ínipUSeiil POmo uniu rnialicludei
govômo, nessas condições, era uma re sultante do meio em que fôra exercido,
einbom nm houvesse sido cünVtíllitnlO'
porquo no clima do poder não existem vácuos: há sempre uma autoridade, quo,
O movimento em prol da república, que aflorara em explosões revolucioná-
mente preparada.
Dicesto Econômico
10
1
rias do passado (uma delas de longa du
publicano — Rui Barbosa. Eis o que êle
ração, estendendo-se de 1835 a 1845),
escreveu quase no têrmo de sua existên cia, coroada de glória:
porém de marteira muito difusa e impre cisa, tomara corpo desde 1870, em mo mento de crise grave da monarquia. Em 1873 se funda o Partido Republi
"Sinceramente inonarquista era eu, a esse tempo (1889). Não por admitir
cano, na província de São Paulo. Mas no país vastíssimo, de meios de propa
sistema de governo — visível preconceito, apenas digno de fanáticos, ignorantes ou
ganda reduzidos, de opinião desarticula
tolos ... mas porque a monarquia par
da e desatenta, esse movimento não lo
lamentar, lealmente observada, encerra em si todas as virtudes preconizadas, sem o grande mal da república, o seu
grou constituir, por si só, uma base polí tica capaz de conquistar o poder; nem tampouco um núcleo de idéias definidas
e um programa de linhas precisas. Era
um ideal que a princípio empolgara uma minoria de letrados, imprevistamente, engrossada, depois, por obra de cir
cunstâncias que se criaram indepen dentes do esfôrço de propaganda e aliciamento.
Dai a surpresa, a indiferença, com que o povo assistiu à mudança das institui
ções, operada, em verdade, de um dia para outro, a sua revelia, sem o seu
aplauso ou o seu protesto. E mesmo nas camadas mais escla
recidas entre os próprios elemen tos destacados do movimento, não era profunda a convicção da
necessidade de uma substituição de regime. Se a monarquia houvesse ce dido, em tempo, no ponto da descentrali
zação — da federação política — talvez houvesse afastado por alguns anos a for ça maior, de aglutinação dos que for
maram, afinal, a corrente contra a qual a coroa, em anemia de autoridade, nada
poderia opor, senão o prestígio moral do Imperador.
O estado de inconsistência ideológica dos condutores do movimento republi
pree.vcclências formais dêsse ao outro
11
Dicesto Econômico
A Assembléia foi oferecido como base
de seus trabalhos o projeto de Consti
da precisa mecânica do sistema.
D
em 23 de outubro do mesmo ano.
órgão máximo do poder judiciário — ® Supremo Tribunal Federal — era, por disposição expressa, investido da atri buição de zelar pelo respeito à carta
O projeto inicial resultou dos trabalhos de uma comissão nomeada pelo gover
dentro dos limites que esta lhes traçara-
tuição elaborado pelo Covêmo Provi sório, e publicado em forma definitiva
no; mus o seu texto definitivo é obra,
magna, contendo os demais podai^s Todos os mandatos eletivos emana
principalmente, do maior dos constitu-
vam do sufrágio direto da Nação. O
cionalislas brasileiros c do maior, sobre
Presidente da República, inelegível para
tudo, dos nossos políticos rcpubhcanos
o período presidencial imediato, exer
mal inevitável" (rcferia-sc á possibili dade da ascensão à presidência, como
— Rui Barbosa — então Ministro da Fa
cia o poder executivo por quatro anos.
zenda do governo revolucionário — fi
O Senado, com igualdade de represen
regra, da mediocridade).
gura de dimensões gigantescas, cujo cen
tação dos Estados, se compunha de
tenário se comemora este ano, sob re
membros eleitos por nove anos; e a Câ
verências cívicas excepcionais da pátria,
mara dos Deputados, com representa ção de cada Estado proporcional à sua população, se formava de deputados com mandato de três anos. O poder legis lativo seria exercido com igualdade de atribuição pelas duas casas em que se
E acrescentava: ..."e por isso queria eu repuhlicanizar a monarquia, para a
que dèle se orgulha, como a mais pode
conservar"...)
rosa expressão de sua inteligência e da
Instaurado, em tais condições, o novo regime, em 15 de novembro de 1889 —
sua fidelidade à causa liberal.
proclamada pelo dec. n. 1 do Governo
rio, pode dizer-se, coube formular, na sua essência, a Constituição republicana de 1891. Ela se apresenta, quase
Provisório (que se formara sob a presi dência do marechal que dirigira o movi mento militar), como forma de govêmo a
A êsse político e jurista extraordiná
dividia.
Aos Estados se permitiu organizarem-
inteira, como êle a concebeu, e u defen
se de acôrdo com a Constituição e as
República Federativa, com a
deu nos debates da própria Constituinte.
transformação das antigas pro
leis que adotassem, respeitados os prin
O modelo da Constituição america
cípios constitucionais da União. As liberdades e garantias foram ins critas na nossa primeira constituição re publicana em termos a assegurar-lhe uma
víncias em Estados Unidos do
tempo, algumas medidas subs
na foi confessadamente o seguido, não sem considerar as lições que a experiên cia e a evolução já podiam oferecer de
tanciais: o banimento da família
um regime que, nos Estados Unidos, se
Brasil, decretaram-se, em pouco imperial, a separação da Igreja do Esta do, a liberdade de culto, o casamento ci
vil, além de copíosa legislação sôbre ma térias mais variadas. Tudo .sem resistên
cias e abalos apreciáveis — demonstrando bem que o antigo regime fôra removido sem esforços, sem deixar raízes no solo,
sôbre que se mantinha em estado de sus pensão, por um artificialismo longamente entretido com solenidade.
praticava bá mais de um século. A nossa primeira carta republicana —
promulgada em 24 de feveieiro de 1891 — impressiona, desde logo, pela pureza de
suas linhas arquitetônicas e pehr simpli cidade clássica de seu sistema, de rigo rosa simetria. É o presidencialismo na
quintessência de sua expressão, enuncia
da dentro da separação nítida e rigorosa dos três poderes.
inconfundível marca liberal e individua lista — estilo século XIX. O seu con
teúdo, porém, não ultrapassava o cam po político. O problema melindroso não residia,
porém, na simples formulação esquemática dos órgãos do poder: estava ua definição do sistema federativo. Os im
pulsos descentralizadores que predomina vam, como notamos na fase final do
Império, sc ha\iam acentuado na Cons
do grande homem que iniciara a sua car reira na monarquia e iria, depois, ser
A Assembléia Constituinte, eleita por sufrágio direto e universal, foi convocada para reunir-se no primeiro aniversário da proclamação da República — em 15
nicos e independentes entre si", segun do prescrevia o texto constitucional —
tituinte republicana, em reivindicações perigosas, pela deslocação violenta que operaria do centro de gravidade: da centralização excessiva, sufocante, se pre
o criador, o formulador do sistema re-
de novembro de 1890.
deveriam mover-se, sem atritos, dentro
tendia passar à descentralização desme-
cano se traduz fielmente nesta confissão
No âmbito de suas competências es pecíficas, êsses três poderes — "harmô
Dicesto Econômico
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rias do passado (uma delas de longa du
publicano — Rui Barbosa. Eis o que êle
ração, estendendo-se de 1835 a 1845),
escreveu quase no têrmo de sua existên cia, coroada de glória:
porém de marteira muito difusa e impre cisa, tomara corpo desde 1870, em mo mento de crise grave da monarquia. Em 1873 se funda o Partido Republi
"Sinceramente inonarquista era eu, a esse tempo (1889). Não por admitir
cano, na província de São Paulo. Mas no país vastíssimo, de meios de propa
sistema de governo — visível preconceito, apenas digno de fanáticos, ignorantes ou
ganda reduzidos, de opinião desarticula
tolos ... mas porque a monarquia par
da e desatenta, esse movimento não lo
lamentar, lealmente observada, encerra em si todas as virtudes preconizadas, sem o grande mal da república, o seu
grou constituir, por si só, uma base polí tica capaz de conquistar o poder; nem tampouco um núcleo de idéias definidas
e um programa de linhas precisas. Era
um ideal que a princípio empolgara uma minoria de letrados, imprevistamente, engrossada, depois, por obra de cir
cunstâncias que se criaram indepen dentes do esfôrço de propaganda e aliciamento.
Dai a surpresa, a indiferença, com que o povo assistiu à mudança das institui
ções, operada, em verdade, de um dia para outro, a sua revelia, sem o seu
aplauso ou o seu protesto. E mesmo nas camadas mais escla
recidas entre os próprios elemen tos destacados do movimento, não era profunda a convicção da
necessidade de uma substituição de regime. Se a monarquia houvesse ce dido, em tempo, no ponto da descentrali
zação — da federação política — talvez houvesse afastado por alguns anos a for ça maior, de aglutinação dos que for
maram, afinal, a corrente contra a qual a coroa, em anemia de autoridade, nada
poderia opor, senão o prestígio moral do Imperador.
O estado de inconsistência ideológica dos condutores do movimento republi
pree.vcclências formais dêsse ao outro
11
Dicesto Econômico
A Assembléia foi oferecido como base
de seus trabalhos o projeto de Consti
da precisa mecânica do sistema.
D
em 23 de outubro do mesmo ano.
órgão máximo do poder judiciário — ® Supremo Tribunal Federal — era, por disposição expressa, investido da atri buição de zelar pelo respeito à carta
O projeto inicial resultou dos trabalhos de uma comissão nomeada pelo gover
dentro dos limites que esta lhes traçara-
tuição elaborado pelo Covêmo Provi sório, e publicado em forma definitiva
no; mus o seu texto definitivo é obra,
magna, contendo os demais podai^s Todos os mandatos eletivos emana
principalmente, do maior dos constitu-
vam do sufrágio direto da Nação. O
cionalislas brasileiros c do maior, sobre
Presidente da República, inelegível para
tudo, dos nossos políticos rcpubhcanos
o período presidencial imediato, exer
mal inevitável" (rcferia-sc á possibili dade da ascensão à presidência, como
— Rui Barbosa — então Ministro da Fa
cia o poder executivo por quatro anos.
zenda do governo revolucionário — fi
O Senado, com igualdade de represen
regra, da mediocridade).
gura de dimensões gigantescas, cujo cen
tação dos Estados, se compunha de
tenário se comemora este ano, sob re
membros eleitos por nove anos; e a Câ
verências cívicas excepcionais da pátria,
mara dos Deputados, com representa ção de cada Estado proporcional à sua população, se formava de deputados com mandato de três anos. O poder legis lativo seria exercido com igualdade de atribuição pelas duas casas em que se
E acrescentava: ..."e por isso queria eu repuhlicanizar a monarquia, para a
que dèle se orgulha, como a mais pode
conservar"...)
rosa expressão de sua inteligência e da
Instaurado, em tais condições, o novo regime, em 15 de novembro de 1889 —
sua fidelidade à causa liberal.
proclamada pelo dec. n. 1 do Governo
rio, pode dizer-se, coube formular, na sua essência, a Constituição republicana de 1891. Ela se apresenta, quase
Provisório (que se formara sob a presi dência do marechal que dirigira o movi mento militar), como forma de govêmo a
A êsse político e jurista extraordiná
dividia.
Aos Estados se permitiu organizarem-
inteira, como êle a concebeu, e u defen
se de acôrdo com a Constituição e as
República Federativa, com a
deu nos debates da própria Constituinte.
transformação das antigas pro
leis que adotassem, respeitados os prin
O modelo da Constituição america
cípios constitucionais da União. As liberdades e garantias foram ins critas na nossa primeira constituição re publicana em termos a assegurar-lhe uma
víncias em Estados Unidos do
tempo, algumas medidas subs
na foi confessadamente o seguido, não sem considerar as lições que a experiên cia e a evolução já podiam oferecer de
tanciais: o banimento da família
um regime que, nos Estados Unidos, se
Brasil, decretaram-se, em pouco imperial, a separação da Igreja do Esta do, a liberdade de culto, o casamento ci
vil, além de copíosa legislação sôbre ma térias mais variadas. Tudo .sem resistên
cias e abalos apreciáveis — demonstrando bem que o antigo regime fôra removido sem esforços, sem deixar raízes no solo,
sôbre que se mantinha em estado de sus pensão, por um artificialismo longamente entretido com solenidade.
praticava bá mais de um século. A nossa primeira carta republicana —
promulgada em 24 de feveieiro de 1891 — impressiona, desde logo, pela pureza de
suas linhas arquitetônicas e pehr simpli cidade clássica de seu sistema, de rigo rosa simetria. É o presidencialismo na
quintessência de sua expressão, enuncia
da dentro da separação nítida e rigorosa dos três poderes.
inconfundível marca liberal e individua lista — estilo século XIX. O seu con
teúdo, porém, não ultrapassava o cam po político. O problema melindroso não residia,
porém, na simples formulação esquemática dos órgãos do poder: estava ua definição do sistema federativo. Os im
pulsos descentralizadores que predomina vam, como notamos na fase final do
Império, sc ha\iam acentuado na Cons
do grande homem que iniciara a sua car reira na monarquia e iria, depois, ser
A Assembléia Constituinte, eleita por sufrágio direto e universal, foi convocada para reunir-se no primeiro aniversário da proclamação da República — em 15
nicos e independentes entre si", segun do prescrevia o texto constitucional —
tituinte republicana, em reivindicações perigosas, pela deslocação violenta que operaria do centro de gravidade: da centralização excessiva, sufocante, se pre
o criador, o formulador do sistema re-
de novembro de 1890.
deveriam mover-se, sem atritos, dentro
tendia passar à descentralização desme-
cano se traduz fielmente nesta confissão
No âmbito de suas competências es pecíficas, êsses três poderes — "harmô
jj JflIiipipX!
:rr
Digesto Econômico
12
siirada.
A marcha da nossa formação
fôra o inverso da dos Estados Unidos;
mas era difícil opor barreiras às tendên cias centrífugas.
Era o "ultra-federalismo" que se pre tendia estabelecer — advertia Rui Bar
bosa, cuja resistência tenaz, se impediu muitas demasias, não logrou, todavia, evitar que a autoridade política da União se enfraquecesse, sobretudo em
favor dos grandes Estados, como a prá
A obra de con.solidação o de restau
ração que a Rcpúbhca leve de enfrentar, nos primeiros go\ crnos, foi penosa e exi
pre reforços paru empreender a tarefa
^
bros é sempre um problema delicado, no Brasil — em que a federação c uma
unidades federativas.
Crises e revoluções envolveram os pri meiros anos que se seguiram à instaura ção tão tranqüilamente realizada da
República. O chefe militar do governo provisório (eleito, depois, pela Consti tuinte, primeiro Chefe da Nação) entrou em conflito com o congresso ordinário,
em que aquela se transformou, após concluir a sua tarefa principal. O cho
comando pertencia cfctbamente a um grupo reduzido, que dirigia o jògo sem
que lhe impunham as eircun.stáncia.s, im periosamente. O engenhoso sistema de freios e contra-pcsos dos pocleres, for mulado na Constituição, cedia, impoten
I
do Estado, como o fora no Império. Mas a realidade política revelava que o
poder executivo central reclamava sem
te, à pressão dos acontecinienlos. A au
sidade das condições c o grau de desen volvimento muito desigual das várias
tro de estudos e debates dos problema.;
giu duros sacrifícios. A autoridade do
Se a distribuição das competências entre o poder central e os Estados-mem-
fatalidade geográfica e social - o pro blema SC complicaria com a grande diver
retraiam, no aiheaineulo às questões de natureza política, que normalmente lhes escapavam à apreciação. revelavam vocação para a vida pública. ■ O nosso sistema presidencial, no cur O parlamento continuava a ser um cen so do sua evolução, não conheceu, como
b'óias participavam tcklas as figuras expres.sivas da inteligência do País, que
agravaram progressivamente.
tica do sistema iria revelar.
a participação real c influente do povo.
toridade política do Rrcsidcnte da Re pública a.s"ccnclia irremcdiàvelmente, em
nome das exigências da ordem. E as fran quias autonomistas dos Estados — de que só de.sfrutavam realmente os gran des Estados — se contrabalançavam,
num ajuste entre o Chefe da Nação e os governadores desses Estados podero sos, para que cooperassem no e.xercíeio do govôrno, somando-se e nmparando-se mutuamente. E, as.sim, à margem do sis tema constitucional, se criava uma ordem
política ditada pelas contingências. As convulsões e de.sordens foram sen
do dominadas. Abriu-se um período de administrações fecundas e eficientes, que enfrentaram e rc.soIvcram alguns pro
•í
não entrou, efetivamente, em funciona
lha. Os dissídios políticos se operavam no alto, no seio do grupo dominante. As
tuía um ato de heroisnío.
O poder legislativo, onde só de raro em raro surgia uma
corrente de oposição, podia falar
à compreensão do cliefe do executivo,
tôdas as garantias (como não as co
«clípsaram prolongadamente, através de «stados de sitio que se sucediam. As
malmente, mediante eleições, como esta-
Os órgãos políticos se renovavam nor
Conhecemos o mesmo fenôme
organo de pcrturbacion en el equilíbrio
influxos da opinião livre. A opo sição não era uma condição nor mal. de vida do regime: consti
revolução que o põe por terra, em 1930. O paternalismo aristocrático e sereno
cimentos.
balances"
lü,so dcl titular dei Poder Ejecutivo un
ma soberana. O Judiciário, cercado de
driênio. As garantias constitucionais se
and
tros logravam constituir-se de maneira
de que nunca mais se libertaria, até a
velmente oligárquico. A simetria do sis tema se rompia ao impacto dos aconte
mento.
dos "checks
duradoura, nessa atmosfera fechada aos
formação, resultante das circunstâncias, e
uma composição de forças de "contrô-
mais impressivo e permanente. O me
dominava indefinidamente. E nem ou
mesmas práticas se estendiam da União aos municípios. O partido do govôrno
Império. Vinte dias depois do golpe de Estado, renunciava, entretanto, o pre
le" e comando, de cunho indisfarçà-
mento mórbido, e marcando o seu traço
no comum ao presidencialismo sul-ame ricano, que o eminente professor Arechaga assim retrata: ..."processo crecientc de Ia autoridad presidencial que
gio de seus membros, individualmente. . Mas o presidente é que decidia, de for
Deposições de governadores, violências o uma prolongada revolta armada, se seguiram a esses episódios. E iriam essas agitações perdurar por mais de um qua-
vo, entre nós, foi constante e incontrastável, caracterizando-lhe o desenvolvi
ria a estas a faculdade efetiva da esco
o episódio da primeira constituinte do
do segundo reinado se substituiu por
três poderes. A ascendência do e.xecuti-
canismo
do poder legislativo. Repetia-se, assim,
sidente, premido pela reação, sucedendo-lhe o vice-presidente, outro marechal.
se verificou nos Estados Unidos, nas suas diversas fases históricas, revezamen tos ou oscilações sensíveis na incidência do acento tônico da autoridade, entre os
O voto era uni\-ersal; ma.s as operações eleitorai.s não .se resguaixlavam da frau de; e o reconhecimento de poderes, con ferido às câmaras legislativas, transfe
blemas essenciais, impulsionando nota velmente o progresso material do Pais. O sistema, porém, havia sofrido uma de
que terminou em dissolução das casas
IS
va previsto na Constituição, Das assein-
perturbações econômicas e financeiras se
^ I
D1CE.ST0 Econômico
valendo-se da autoridade e do prestí
de nuestras iostituciones"...
Contra essa deformação do sistema, ergueu-se — durante
toda a vida republicana, até que a morte, em 1923, a emu decesse — acima de tôdas, a
voz ciclópioa de Rui Barbosa, que, no seu idealismo de criador do re gime, não se conformava com essas práticas viciosas.
Para exprimir a sua repulsa veemente a tais corruptelas, levantou-se o estu pendo paladino na mais memorável cam
nhecera no Império), estimulado repe
panha política que agitou salutarmente
tidamente ao cumprimento do papel de guarda supremo da Constituição, algu
a Repiiblica, disputando-lhe a presidên cia, em 1910. Era a primeira vez que
mas vezes (quando as pôde apreciar) condenou decisões políticas, ofensivas
o povo era conclamado efetivamente
de direitos e garantias; mas os seus pro
da Nação.
nunciamentos corriam o risco de não se
para eleger, com o seu sufrágio, o Chefe A opinião despertada o ouviu, acom
rem acatados (como não o foram mais
panhou e o preferiu. Mas o denodado
da uma feita); e os órgãos judiciários se
lutador não alcançou o reconhecimento
jj JflIiipipX!
:rr
Digesto Econômico
12
siirada.
A marcha da nossa formação
fôra o inverso da dos Estados Unidos;
mas era difícil opor barreiras às tendên cias centrífugas.
Era o "ultra-federalismo" que se pre tendia estabelecer — advertia Rui Bar
bosa, cuja resistência tenaz, se impediu muitas demasias, não logrou, todavia, evitar que a autoridade política da União se enfraquecesse, sobretudo em
favor dos grandes Estados, como a prá
A obra de con.solidação o de restau
ração que a Rcpúbhca leve de enfrentar, nos primeiros go\ crnos, foi penosa e exi
pre reforços paru empreender a tarefa
^
bros é sempre um problema delicado, no Brasil — em que a federação c uma
unidades federativas.
Crises e revoluções envolveram os pri meiros anos que se seguiram à instaura ção tão tranqüilamente realizada da
República. O chefe militar do governo provisório (eleito, depois, pela Consti tuinte, primeiro Chefe da Nação) entrou em conflito com o congresso ordinário,
em que aquela se transformou, após concluir a sua tarefa principal. O cho
comando pertencia cfctbamente a um grupo reduzido, que dirigia o jògo sem
que lhe impunham as eircun.stáncia.s, im periosamente. O engenhoso sistema de freios e contra-pcsos dos pocleres, for mulado na Constituição, cedia, impoten
I
do Estado, como o fora no Império. Mas a realidade política revelava que o
poder executivo central reclamava sem
te, à pressão dos acontecinienlos. A au
sidade das condições c o grau de desen volvimento muito desigual das várias
tro de estudos e debates dos problema.;
giu duros sacrifícios. A autoridade do
Se a distribuição das competências entre o poder central e os Estados-mem-
fatalidade geográfica e social - o pro blema SC complicaria com a grande diver
retraiam, no aiheaineulo às questões de natureza política, que normalmente lhes escapavam à apreciação. revelavam vocação para a vida pública. ■ O nosso sistema presidencial, no cur O parlamento continuava a ser um cen so do sua evolução, não conheceu, como
b'óias participavam tcklas as figuras expres.sivas da inteligência do País, que
agravaram progressivamente.
tica do sistema iria revelar.
a participação real c influente do povo.
toridade política do Rrcsidcnte da Re pública a.s"ccnclia irremcdiàvelmente, em
nome das exigências da ordem. E as fran quias autonomistas dos Estados — de que só de.sfrutavam realmente os gran des Estados — se contrabalançavam,
num ajuste entre o Chefe da Nação e os governadores desses Estados podero sos, para que cooperassem no e.xercíeio do govôrno, somando-se e nmparando-se mutuamente. E, as.sim, à margem do sis tema constitucional, se criava uma ordem
política ditada pelas contingências. As convulsões e de.sordens foram sen
do dominadas. Abriu-se um período de administrações fecundas e eficientes, que enfrentaram e rc.soIvcram alguns pro
•í
não entrou, efetivamente, em funciona
lha. Os dissídios políticos se operavam no alto, no seio do grupo dominante. As
tuía um ato de heroisnío.
O poder legislativo, onde só de raro em raro surgia uma
corrente de oposição, podia falar
à compreensão do cliefe do executivo,
tôdas as garantias (como não as co
«clípsaram prolongadamente, através de «stados de sitio que se sucediam. As
malmente, mediante eleições, como esta-
Os órgãos políticos se renovavam nor
Conhecemos o mesmo fenôme
organo de pcrturbacion en el equilíbrio
influxos da opinião livre. A opo sição não era uma condição nor mal. de vida do regime: consti
revolução que o põe por terra, em 1930. O paternalismo aristocrático e sereno
cimentos.
balances"
lü,so dcl titular dei Poder Ejecutivo un
ma soberana. O Judiciário, cercado de
driênio. As garantias constitucionais se
and
tros logravam constituir-se de maneira
de que nunca mais se libertaria, até a
velmente oligárquico. A simetria do sis tema se rompia ao impacto dos aconte
mento.
dos "checks
duradoura, nessa atmosfera fechada aos
formação, resultante das circunstâncias, e
uma composição de forças de "contrô-
mais impressivo e permanente. O me
dominava indefinidamente. E nem ou
mesmas práticas se estendiam da União aos municípios. O partido do govôrno
Império. Vinte dias depois do golpe de Estado, renunciava, entretanto, o pre
le" e comando, de cunho indisfarçà-
mento mórbido, e marcando o seu traço
no comum ao presidencialismo sul-ame ricano, que o eminente professor Arechaga assim retrata: ..."processo crecientc de Ia autoridad presidencial que
gio de seus membros, individualmente. . Mas o presidente é que decidia, de for
Deposições de governadores, violências o uma prolongada revolta armada, se seguiram a esses episódios. E iriam essas agitações perdurar por mais de um qua-
vo, entre nós, foi constante e incontrastável, caracterizando-lhe o desenvolvi
ria a estas a faculdade efetiva da esco
o episódio da primeira constituinte do
do segundo reinado se substituiu por
três poderes. A ascendência do e.xecuti-
canismo
do poder legislativo. Repetia-se, assim,
sidente, premido pela reação, sucedendo-lhe o vice-presidente, outro marechal.
se verificou nos Estados Unidos, nas suas diversas fases históricas, revezamen tos ou oscilações sensíveis na incidência do acento tônico da autoridade, entre os
O voto era uni\-ersal; ma.s as operações eleitorai.s não .se resguaixlavam da frau de; e o reconhecimento de poderes, con ferido às câmaras legislativas, transfe
blemas essenciais, impulsionando nota velmente o progresso material do Pais. O sistema, porém, havia sofrido uma de
que terminou em dissolução das casas
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va previsto na Constituição, Das assein-
perturbações econômicas e financeiras se
^ I
D1CE.ST0 Econômico
valendo-se da autoridade e do prestí
de nuestras iostituciones"...
Contra essa deformação do sistema, ergueu-se — durante
toda a vida republicana, até que a morte, em 1923, a emu decesse — acima de tôdas, a
voz ciclópioa de Rui Barbosa, que, no seu idealismo de criador do re gime, não se conformava com essas práticas viciosas.
Para exprimir a sua repulsa veemente a tais corruptelas, levantou-se o estu pendo paladino na mais memorável cam
nhecera no Império), estimulado repe
panha política que agitou salutarmente
tidamente ao cumprimento do papel de guarda supremo da Constituição, algu
a Repiiblica, disputando-lhe a presidên cia, em 1910. Era a primeira vez que
mas vezes (quando as pôde apreciar) condenou decisões políticas, ofensivas
o povo era conclamado efetivamente
de direitos e garantias; mas os seus pro
da Nação.
nunciamentos corriam o risco de não se
para eleger, com o seu sufrágio, o Chefe A opinião despertada o ouviu, acom
rem acatados (como não o foram mais
panhou e o preferiu. Mas o denodado
da uma feita); e os órgãos judiciários se
lutador não alcançou o reconhecimento
da vitória eleitoral, que só poderia obter
tituíção: em 1926, por iniciativa do po
se o exame do pleito fosse escorreito de deturpações. Mas a sua pregação deixou sulcos profundos que iriam justificar,
der executivo, para corrigir alguns de omissões e sobretudo para reforçar a au
mais tarde, reações corregedoras.
toridade do governo, deixando, entrelan-
Hí
*
I
feitos de técnica da lei básica, esclarecer
to, intacto o arcabouço do sistema.
*
Essas agitações políticas e eleitorais Ao progresso material do País — am
sem
escoadouro
envolveram
nas suas
pliando sua base econômica da agricul tura para a indústria (cujo desenvolvi
ondas a mocidadc militar, movida do
mento a primeira guerra mundial acele
gumas das suas figuras mais c.vpressivas. Revoluções sucessivas, algumas dura douras, difundiram o fermento da in
rou) — dera a República inegavelmente uma contribuição valiosa.
Mas a mentalidade política reclamava
reforma nas práticas do regime. "Re presentação e justiça" constituiu a sú
mula de um programa que cada dia conquistava mais adeptos - infiltrando-
I se na própria consciência dos mais pres tigiosos servidores do regime a convicção de que a reforma se fazia necessária. Voto hvre, eleições honestas, e hones tamente apuradas - eis o alvo de uma campanha que ampHava constantemente o número de seus adeptos. O movi mento reivindicador se mantinha no campo meramente político.
Mas
ga-
nhava terreno.
Novas campanhas em disputa da pre sidência da República, em que se divi diram as forças dominantes, lograram apaixonar a opinião, mesmo sob a cer
puro idealismo que se comunicara a al
surreição.
A fallia do sistema era, porem, in trínseca. Um estado cie insatisfação mais
agudo, e uma ruptura ocasional no jôgo das fôrças que o sustentavam, lhe oca.sionariam a destruição. Foi o que ocor
reu, finalmente, em 1930, como desfê-
cho do apai.xonacla campanha presiden
cial, em que se dividiram as forças po líticas dos grandes Estados, contando com a receptividade da opinião políti ca, e as repercussões internas da crise que, com caráter de abalo sísmica, se irradiara, em 1929, da Bolsa de Nova York, anunciando a crise universal de um
sistema, e que se traduziu, imediata mente, numa epidemia de revoluções po líticas, a que poucos países escaparam.
teza desestimu'ante do resultado que as umas apresentariam, como fruto da pre cariedade do sufrágio.
A bandeira reformista, levantada pelo próprio autor da Constituição, logo após a sua promulgação, e ampliada na cam panha presidencial de 1910 e 1919, es tava suspensa no ,ar. Mas enfrentava nos círculos dominantes uma tenaz su
perstição, em tudo quanto dizia respei to à intangibilídade formal da carta magna.
Só uma vez se ousou tocar na Cons-
A primeira república não completou meio século de vida; mas morreu fiel
ao cxJmplexo político em que se apoiou; e caiu num país cujo progresso mate rial favoreceu de maneira considerável,
podendo oferecer à admiração dos con temporâneos e dos pôsteres uma coorte
de homens públicos de altos méritos. A nossa vida republicana não conhe cera a tranqüilidade do 2° reinado. A sua existência foi politicamente mais dinâmica e incomparàvelinente mais
15
Dicesto Econômico
Dicesto Econômico
14
V
turbulenta.
Da base agrária, em que
o único que podia viver e prosperar.
aquela se assentara, num esquema que
Ao invés de abrir caminho à ascensão e
num corte vertical assim se resumira:
à influência progressi\'a do povo na
"senhores e escravos" — evoluíra a Re
composição e no fimcionamento do go-
pública para o desenvolvimento indus
vêrao, o grupo dirigente dele se dis
trial o para a urbanização crescente, fa vorecida pela ampliação dos meios de
letividade em virtude de um mandato
tanciava, governando em nome da co
transporte. A população crescera de 14 milhões, em 1891, para cerca de 35 mi lhões; a imigração contribuíra, em cer tas zonas mais prósperas, para a hete-
em que os mandatários se investiam a si próprios, pelo emprêgo de fórmulas e
rogeneidade do meio social. O quadro se apresentava sensivelmente alterado;
neira cada vez mais nítida. .O govêmo continuava, ainda a compor-se e a exercer-se "pelo alto". O seu mecanis
o as fôrças novas não se continham na
rigidez de um sistema político, cujos condutores haviam sido surdos aos re
clamos de uma reforma, que lhe sal vasse a estrutura, adaptando-a às trans formações que a experiência indicava, imperiosamente.
cerimoniais, que mal disfarçavam a rea
lidade, como ela se apresentava, de ma
mo era acionado e equilibrado pela cul tura jurídica, pelos preconceitos legalis tas e pelas regras do jôgo que os par ceiros se impunham, e em geral obser vavam, no interesse comum.
O poder não se abrigava mais, como na monarquia, sob a fachada de institui ções de fôrça sugestiva incomparàvelmente superior, e nas quais o Império
Como o Imperador D. Pedro H caíra em 89, sob as invectívas dos abusos do
pudera defender-se, para só sucumbir depois de prolongado desgaste. A au
poder pessoal, é sob idêntica acusação que a onda revolucionária se ergue con tra o presidente da República em 1930.
toridade central da RepúbMca, encar nada no presidente, se expunha direta
de govêmo que se buscam os motivos
e abertamente aos choques e aos golpes das correntes renovadoras, que se for
Volvidos mais de 40 anos, é no excesso para levantar a reação da minoria incon
mavam no ambiente constantemente var
formada e do povo, que se aponta co mo usurpado nas suas prerrogativas de
rido pelas explosões de rebeldia; e que,
auto-direção.
num momento propício, haveriam de al cançar o triunfo, nesses embates de vi gor crescente, e aos quais não se dera
A revolução política vitoriosa em 1930, graças ao apoio dos governos de
um derivativo capaz de descarregar a
três Estados (dois dos quais dos maio res do País), que haviam quebrado o
insatisfação, que as movia e impulsio
paralelogramo de fôrças sôbre o qual
nava.
se apoiava o sistema, não trazia um
O grande pecado do regime, como se praticara, fôra o de não favorecer a re presentação legítima, através de eleições
finido.
verdadeiras. O voto era uma manifesta
ção quase ritual. A escolha realmente 10 fazia em círculos fechados, em que se acastelara o partido situacionista —
programa de reformas nitidamente de Traduzia, no caráter essencialmente
político de que se revestia, insatisfações e anseios generalizados de mudança, que as circunstâncias do momento permiti ram polarizar em movimento mais ou
da vitória eleitoral, que só poderia obter
tituíção: em 1926, por iniciativa do po
se o exame do pleito fosse escorreito de deturpações. Mas a sua pregação deixou sulcos profundos que iriam justificar,
der executivo, para corrigir alguns de omissões e sobretudo para reforçar a au
mais tarde, reações corregedoras.
toridade do governo, deixando, entrelan-
Hí
*
I
feitos de técnica da lei básica, esclarecer
to, intacto o arcabouço do sistema.
*
Essas agitações políticas e eleitorais Ao progresso material do País — am
sem
escoadouro
envolveram
nas suas
pliando sua base econômica da agricul tura para a indústria (cujo desenvolvi
ondas a mocidadc militar, movida do
mento a primeira guerra mundial acele
gumas das suas figuras mais c.vpressivas. Revoluções sucessivas, algumas dura douras, difundiram o fermento da in
rou) — dera a República inegavelmente uma contribuição valiosa.
Mas a mentalidade política reclamava
reforma nas práticas do regime. "Re presentação e justiça" constituiu a sú
mula de um programa que cada dia conquistava mais adeptos - infiltrando-
I se na própria consciência dos mais pres tigiosos servidores do regime a convicção de que a reforma se fazia necessária. Voto hvre, eleições honestas, e hones tamente apuradas - eis o alvo de uma campanha que ampHava constantemente o número de seus adeptos. O movi mento reivindicador se mantinha no campo meramente político.
Mas
ga-
nhava terreno.
Novas campanhas em disputa da pre sidência da República, em que se divi diram as forças dominantes, lograram apaixonar a opinião, mesmo sob a cer
puro idealismo que se comunicara a al
surreição.
A fallia do sistema era, porem, in trínseca. Um estado cie insatisfação mais
agudo, e uma ruptura ocasional no jôgo das fôrças que o sustentavam, lhe oca.sionariam a destruição. Foi o que ocor
reu, finalmente, em 1930, como desfê-
cho do apai.xonacla campanha presiden
cial, em que se dividiram as forças po líticas dos grandes Estados, contando com a receptividade da opinião políti ca, e as repercussões internas da crise que, com caráter de abalo sísmica, se irradiara, em 1929, da Bolsa de Nova York, anunciando a crise universal de um
sistema, e que se traduziu, imediata mente, numa epidemia de revoluções po líticas, a que poucos países escaparam.
teza desestimu'ante do resultado que as umas apresentariam, como fruto da pre cariedade do sufrágio.
A bandeira reformista, levantada pelo próprio autor da Constituição, logo após a sua promulgação, e ampliada na cam panha presidencial de 1910 e 1919, es tava suspensa no ,ar. Mas enfrentava nos círculos dominantes uma tenaz su
perstição, em tudo quanto dizia respei to à intangibilídade formal da carta magna.
Só uma vez se ousou tocar na Cons-
A primeira república não completou meio século de vida; mas morreu fiel
ao cxJmplexo político em que se apoiou; e caiu num país cujo progresso mate rial favoreceu de maneira considerável,
podendo oferecer à admiração dos con temporâneos e dos pôsteres uma coorte
de homens públicos de altos méritos. A nossa vida republicana não conhe cera a tranqüilidade do 2° reinado. A sua existência foi politicamente mais dinâmica e incomparàvelinente mais
15
Dicesto Econômico
Dicesto Econômico
14
V
turbulenta.
Da base agrária, em que
o único que podia viver e prosperar.
aquela se assentara, num esquema que
Ao invés de abrir caminho à ascensão e
num corte vertical assim se resumira:
à influência progressi\'a do povo na
"senhores e escravos" — evoluíra a Re
composição e no fimcionamento do go-
pública para o desenvolvimento indus
vêrao, o grupo dirigente dele se dis
trial o para a urbanização crescente, fa vorecida pela ampliação dos meios de
letividade em virtude de um mandato
tanciava, governando em nome da co
transporte. A população crescera de 14 milhões, em 1891, para cerca de 35 mi lhões; a imigração contribuíra, em cer tas zonas mais prósperas, para a hete-
em que os mandatários se investiam a si próprios, pelo emprêgo de fórmulas e
rogeneidade do meio social. O quadro se apresentava sensivelmente alterado;
neira cada vez mais nítida. .O govêmo continuava, ainda a compor-se e a exercer-se "pelo alto". O seu mecanis
o as fôrças novas não se continham na
rigidez de um sistema político, cujos condutores haviam sido surdos aos re
clamos de uma reforma, que lhe sal vasse a estrutura, adaptando-a às trans formações que a experiência indicava, imperiosamente.
cerimoniais, que mal disfarçavam a rea
lidade, como ela se apresentava, de ma
mo era acionado e equilibrado pela cul tura jurídica, pelos preconceitos legalis tas e pelas regras do jôgo que os par ceiros se impunham, e em geral obser vavam, no interesse comum.
O poder não se abrigava mais, como na monarquia, sob a fachada de institui ções de fôrça sugestiva incomparàvelmente superior, e nas quais o Império
Como o Imperador D. Pedro H caíra em 89, sob as invectívas dos abusos do
pudera defender-se, para só sucumbir depois de prolongado desgaste. A au
poder pessoal, é sob idêntica acusação que a onda revolucionária se ergue con tra o presidente da República em 1930.
toridade central da RepúbMca, encar nada no presidente, se expunha direta
de govêmo que se buscam os motivos
e abertamente aos choques e aos golpes das correntes renovadoras, que se for
Volvidos mais de 40 anos, é no excesso para levantar a reação da minoria incon
mavam no ambiente constantemente var
formada e do povo, que se aponta co mo usurpado nas suas prerrogativas de
rido pelas explosões de rebeldia; e que,
auto-direção.
num momento propício, haveriam de al cançar o triunfo, nesses embates de vi gor crescente, e aos quais não se dera
A revolução política vitoriosa em 1930, graças ao apoio dos governos de
um derivativo capaz de descarregar a
três Estados (dois dos quais dos maio res do País), que haviam quebrado o
insatisfação, que as movia e impulsio
paralelogramo de fôrças sôbre o qual
nava.
se apoiava o sistema, não trazia um
O grande pecado do regime, como se praticara, fôra o de não favorecer a re presentação legítima, através de eleições
finido.
verdadeiras. O voto era uma manifesta
ção quase ritual. A escolha realmente 10 fazia em círculos fechados, em que se acastelara o partido situacionista —
programa de reformas nitidamente de Traduzia, no caráter essencialmente
político de que se revestia, insatisfações e anseios generalizados de mudança, que as circunstâncias do momento permiti ram polarizar em movimento mais ou
Dicesto Económic#
DicESTO Eco NÓMICO Yí
menos caótico e desordenado, congre
gando grupos e correntes de inclinações incoerentes, que um denominador co mum reunia, transformando-se em lema
da campanha eleitoral, de que emergiu
o pronunciamento armado; a i'cgilimidade da ação do presidente da Repú blica, pretendendo impor o seu sucessor
e de rígida centralizíição, o poder di tatorial procurava dilatixr a sua duração, jiisliricandu-a pela ncce.ssidadc dc com pletar a execução do seu programa d« reformas. Êste era, entretanto, cada \cy. mais desarticulado e impreciso.
O ambiente de in.segurança e instabi
lidade que .so gencrall/.ou acab(JU por provocar vigorosa pressão cm prol do
no govèrno. Em derrcdor desse "slo gan" emocional se agregaram outras promessas dos reformadores: eleições
restabelecimento da ordojn constitucio
verdadeiras, voto livre, representação
controu réplica na explosão, em julho
legítima. À massa pro'c'tária, até então alheia, como c.tpressão so cial, aos embates políticos, se
acenou com uma legislação que lhe conferisse os direitos e garan tias que ela, em verdade, ainda
não reivindicava, na sua débil, senão inexistente, consciência de classe.
O governo ditatorial que se instalou em 1930, depois de menos de um mês
de luta militar, resguardou o predomí nio cio comando civil, embora o divi
nal.
A resistência govcruanienlal' en dc 1932, de uma revolução, no
mais importante Estado do Brasil — o Estado dc São Paulo. O mo
vimento rebelde, (pie envolveu
tôdu a i^opuíação daquele Estado, sob grande paixão política, e.t-
uma significativ;i
vitória
democrática
e.xprimiu essa lei, que conferia aos plei tos uma expressão de legitimidade, em verdade até então de.sconbecida no País.
O povo, ao acorrer daí por diante aos comícios eleitorais, já cll.sporia de instru mentos c meios dc traduzir sua escolha; e o aparcRiamenlo destinado a apurar essa manifestação eslava idoncamonte organizado. Não era tudo, mas era ine-
gàvelmento um grande passo, o que tar dara demasiado a ser dado. A legis lação que punha íim aos reconhecimen tos políticos pelo Congresso, desanimadores de qualquer luta eleitoral na Pri
meira Repúbbca, redimia grandes erros e perjúrio.s da revolução, que .se fizera sob o signo da "Aliança Liberal".
primiu no seu lema dc "Constituciona-
lista" o objetivo que o deflagrara. A guerra civil, bravamente sustentada, durou quase três meses.
O govêmo
central logrou dominar a rebeldia; mas a idéia que o inspirou se tornaria em
H-
Graças à nova legislação, a segunda constituinte republicana teve uma ori
ta pelo sufrágio popular direto, em pro porção à população de cada um,' ui* corpo estranho: a representação de c'a3-
sos e profissões liberais, escolhida por órgãos e sindicatos patronais e proletá rios, muitos dos quais, senão a maioria, improvisados e adredemente constituídos
sob a égide oficial. Na numerosa assembléia de 300 cons-
Htuintes, dos quais oO pertenciam a esses grupos sindicais e profissionais, se
defrontaram correntes movidas pelos in-
terêsses e tendências as mais contraditó rias, desde as representações das antigas agremiações partidiirias da Primeira Rese batizara de
velha') até os delegados do mais avan
çado espírito revolucionário, sempre di fuso e caótico na sua formulação. Nenhuma corrente de pensamento social,
nihdamente definido, ainda que mes mo dc maneira reduzida, nílo loiprru acejo: todas as aspirações se manünhaii
breve vitoriosa. Com efeito, em 15 de novembro de 1933, reuniu-se a se
gem mais pura do que a primeira, reu nida 43 anos antes, c cujos mombròs haviam sido eleitos sob processos notò-
gunda assembléia constituinte da Re
rido acentuadamente burguês, apenas
riamcnte viciosos. Não houve, sem dú
com
gastando-se em iniciativas desencontra
pública, para elaborar a lei fundamental, pondo fim ao regime de arbítrio, a que
vida, ainda agora, inteira liberdade no pleito; a fase histórica era anüma'a- as
tend(íncias para reformas mal assi
das, nos entrechoques das correntes que
o País não se acostumara.
eleições se processaram sob os gover nos dos Estados entregues aos delega dos da ditadura; descontados, porém,
A heterogeneidade da Constituinte, que se reunia em momento em que as
disse com as figuras mais influentes dos
grupos de oficiais que haviam sido pre cursores do movimento vitorioso.
Viveu o govêmo revolucionário des-
no seio dele se digladiavam, durante os
dois primeiros anos que se lhe segui ram à instauração. Duas iniciativas suas
nesta quadra refletem, porém, a mu dança do. clima político; a criação do Ministério do Trabalho e a promulgação
A revolução cumprira antes, porém,
um dos compromissos do seu programa: a verdade dos pleitos. Em 1932, foi promulgado um código eleitoral, em tôrmos que representavam extraordinário progresso na vida política. Instituiu-se,
das leis sociais. Entrava o governo num
nessa lei, o voto secreto; estendeu-se o
campo novo, em que a sua ação até
direito de sufrágio às mulheres; esta beleceu-se a representação proporcional; criou-se a Justiça Eleitoral, composta d» juizes funcionalmente garantidos, com atribuição de presidir tôdas as operações ligadas ao pleito, desde a qualificação do eleitor á apuração dos sufrágios e à proclamação dos eleitos. Sem dúvida,
então se limitara à lei de acidentes do
trabalho e à criação de algumas caixas
de pensões aos trabalhadores. Era uma mudança substancial: o Estado iria am
pliar o raio de sua influência, além do campo estritamente político. Governando sob regime discricionário
todos esses fatores de perturbação, man da a justiça reconhecer que, em cxjnseqüôncia, sobretudo, do progresso da le
gislação, as eleições foram as melhores, pelo menos do ponto de vista formal
de quantas até então houvera no País. E, em conseqüência, uma considerável
representação independente integrou os
quadros da numerosa assembléia que se instalava para dar uma nova constitui ção democrática ao Brasil.
No seu seio se introduziu, ao lado da representação política dos Estados, elei
amda a esta altura no terreno meramen te político, dando à assembléia um colo x-agas
manchas indicativas de
miladas.
instituições representativas enfrentavam uma grave e prolongada crise em todo
o mundo, iria refletir-se no estatuto político que Die incumbia elaborar
Tínhamos já urna experiência 'repu-
bhcana de mars de quarenta anos. As defrc.cnc.as do anHgo regime eram conlrecdas, Corngi-las e supri-las - pro grama da maroria que se cmbaUrra nas promessas da revolução. Nos remédios
a adotar nao era fácil, todavia, encon
trar convergência de opiniões tão iversamente mspiradas. As soluções de compronusso entre as orientações divergentes
Dicesto Económic#
DicESTO Eco NÓMICO Yí
menos caótico e desordenado, congre
gando grupos e correntes de inclinações incoerentes, que um denominador co mum reunia, transformando-se em lema
da campanha eleitoral, de que emergiu
o pronunciamento armado; a i'cgilimidade da ação do presidente da Repú blica, pretendendo impor o seu sucessor
e de rígida centralizíição, o poder di tatorial procurava dilatixr a sua duração, jiisliricandu-a pela ncce.ssidadc dc com pletar a execução do seu programa d« reformas. Êste era, entretanto, cada \cy. mais desarticulado e impreciso.
O ambiente de in.segurança e instabi
lidade que .so gencrall/.ou acab(JU por provocar vigorosa pressão cm prol do
no govèrno. Em derrcdor desse "slo gan" emocional se agregaram outras promessas dos reformadores: eleições
restabelecimento da ordojn constitucio
verdadeiras, voto livre, representação
controu réplica na explosão, em julho
legítima. À massa pro'c'tária, até então alheia, como c.tpressão so cial, aos embates políticos, se
acenou com uma legislação que lhe conferisse os direitos e garan tias que ela, em verdade, ainda
não reivindicava, na sua débil, senão inexistente, consciência de classe.
O governo ditatorial que se instalou em 1930, depois de menos de um mês
de luta militar, resguardou o predomí nio cio comando civil, embora o divi
nal.
A resistência govcruanienlal' en dc 1932, de uma revolução, no
mais importante Estado do Brasil — o Estado dc São Paulo. O mo
vimento rebelde, (pie envolveu
tôdu a i^opuíação daquele Estado, sob grande paixão política, e.t-
uma significativ;i
vitória
democrática
e.xprimiu essa lei, que conferia aos plei tos uma expressão de legitimidade, em verdade até então de.sconbecida no País.
O povo, ao acorrer daí por diante aos comícios eleitorais, já cll.sporia de instru mentos c meios dc traduzir sua escolha; e o aparcRiamenlo destinado a apurar essa manifestação eslava idoncamonte organizado. Não era tudo, mas era ine-
gàvelmento um grande passo, o que tar dara demasiado a ser dado. A legis lação que punha íim aos reconhecimen tos políticos pelo Congresso, desanimadores de qualquer luta eleitoral na Pri
meira Repúbbca, redimia grandes erros e perjúrio.s da revolução, que .se fizera sob o signo da "Aliança Liberal".
primiu no seu lema dc "Constituciona-
lista" o objetivo que o deflagrara. A guerra civil, bravamente sustentada, durou quase três meses.
O govêmo
central logrou dominar a rebeldia; mas a idéia que o inspirou se tornaria em
H-
Graças à nova legislação, a segunda constituinte republicana teve uma ori
ta pelo sufrágio popular direto, em pro porção à população de cada um,' ui* corpo estranho: a representação de c'a3-
sos e profissões liberais, escolhida por órgãos e sindicatos patronais e proletá rios, muitos dos quais, senão a maioria, improvisados e adredemente constituídos
sob a égide oficial. Na numerosa assembléia de 300 cons-
Htuintes, dos quais oO pertenciam a esses grupos sindicais e profissionais, se
defrontaram correntes movidas pelos in-
terêsses e tendências as mais contraditó rias, desde as representações das antigas agremiações partidiirias da Primeira Rese batizara de
velha') até os delegados do mais avan
çado espírito revolucionário, sempre di fuso e caótico na sua formulação. Nenhuma corrente de pensamento social,
nihdamente definido, ainda que mes mo dc maneira reduzida, nílo loiprru acejo: todas as aspirações se manünhaii
breve vitoriosa. Com efeito, em 15 de novembro de 1933, reuniu-se a se
gem mais pura do que a primeira, reu nida 43 anos antes, c cujos mombròs haviam sido eleitos sob processos notò-
gunda assembléia constituinte da Re
rido acentuadamente burguês, apenas
riamcnte viciosos. Não houve, sem dú
com
gastando-se em iniciativas desencontra
pública, para elaborar a lei fundamental, pondo fim ao regime de arbítrio, a que
vida, ainda agora, inteira liberdade no pleito; a fase histórica era anüma'a- as
tend(íncias para reformas mal assi
das, nos entrechoques das correntes que
o País não se acostumara.
eleições se processaram sob os gover nos dos Estados entregues aos delega dos da ditadura; descontados, porém,
A heterogeneidade da Constituinte, que se reunia em momento em que as
disse com as figuras mais influentes dos
grupos de oficiais que haviam sido pre cursores do movimento vitorioso.
Viveu o govêmo revolucionário des-
no seio dele se digladiavam, durante os
dois primeiros anos que se lhe segui ram à instauração. Duas iniciativas suas
nesta quadra refletem, porém, a mu dança do. clima político; a criação do Ministério do Trabalho e a promulgação
A revolução cumprira antes, porém,
um dos compromissos do seu programa: a verdade dos pleitos. Em 1932, foi promulgado um código eleitoral, em tôrmos que representavam extraordinário progresso na vida política. Instituiu-se,
das leis sociais. Entrava o governo num
nessa lei, o voto secreto; estendeu-se o
campo novo, em que a sua ação até
direito de sufrágio às mulheres; esta beleceu-se a representação proporcional; criou-se a Justiça Eleitoral, composta d» juizes funcionalmente garantidos, com atribuição de presidir tôdas as operações ligadas ao pleito, desde a qualificação do eleitor á apuração dos sufrágios e à proclamação dos eleitos. Sem dúvida,
então se limitara à lei de acidentes do
trabalho e à criação de algumas caixas
de pensões aos trabalhadores. Era uma mudança substancial: o Estado iria am
pliar o raio de sua influência, além do campo estritamente político. Governando sob regime discricionário
todos esses fatores de perturbação, man da a justiça reconhecer que, em cxjnseqüôncia, sobretudo, do progresso da le
gislação, as eleições foram as melhores, pelo menos do ponto de vista formal
de quantas até então houvera no País. E, em conseqüência, uma considerável
representação independente integrou os
quadros da numerosa assembléia que se instalava para dar uma nova constitui ção democrática ao Brasil.
No seu seio se introduziu, ao lado da representação política dos Estados, elei
amda a esta altura no terreno meramen te político, dando à assembléia um colo x-agas
manchas indicativas de
miladas.
instituições representativas enfrentavam uma grave e prolongada crise em todo
o mundo, iria refletir-se no estatuto político que Die incumbia elaborar
Tínhamos já urna experiência 'repu-
bhcana de mars de quarenta anos. As defrc.cnc.as do anHgo regime eram conlrecdas, Corngi-las e supri-las - pro grama da maroria que se cmbaUrra nas promessas da revolução. Nos remédios
a adotar nao era fácil, todavia, encon
trar convergência de opiniões tão iversamente mspiradas. As soluções de compronusso entre as orientações divergentes
Dicesto Econóníico 18
se impunham, com necessidade inelu* tável. E o resultado foi o caráter com
plexo e desordenado da 2.^ constituição republicana, promulgada a 16 de julho de 1934, entre grandes esperanças da
opinião pública e manifestações de ce ticismo de agudos críticos da obra produzida. :f:
^
Quem analise a constituição brasilei
Arechaga chamaria uma "constituição
T
Dicesto EcoNó^aco
1934 a medida necessária, descamban-
•do, em muitos pontos, para as demasias
aerodinâmica".
O seu conteúdo é liberal e individua-
li.sta, incorporando embora os direitos consagrados pela democracia social, e que se inscreviam nas cartas constitucio nais, a partir de 1919. Procurando con ciliar c abrigar as novas tendências sem
iregulamcntares.
Composta de políticos, que traziam lembrança recente e viva das lutas tra
vadas contra a ascendência do "poder ■executivo", no conjunto dos poderes tripartidos, a Assembléia cuidou de re-
abandonar as antigas vinculaçõcs, o novo
■duzir, quanto pôde, as armas dé que
estatuto constitucional se colocou em
aquele poder dispunha, tonificando e
ra de 1934, em confronto com a de
posição intermediária, no conflito de in
ampliando as prerrogativas do Legis
1891, percebe facilmente a presença de
fluências contraditórias, numa instabi
lativo, e reafirmando, em tôda a sua
influências novas. O estatuto, que se dilata por 187 disposições de caráter
lidade que tornava indefinido o sentido
largucza, a autoridade do judiciário,
de seu desenvolvimento.
como órgão de "conlTÔle" da constitu-
permanente, contrasta com a brevidade,
texto se refletia uma colisão permanen
cionalídade das leis e dos atos de quais
a simplicidade, a pureza das linhas clás
te de forças que se disputavam o pre
quer autoridades.
sicas do antigo. O modelo norte-ame
domínio, na fase de transição, em que via a luz. E o seu articulado, tradu
têrmos peremptórios.
ricano, na sua estrutura sistemática, não
No seu con
A delegação de poderes foi vedada em Manteve-se o sis
zindo a manifestação recíproca do ins
tema bicamcral; abandonou-se, porém,
tinto de defesa das correntes cm torneio,
a orientação de conferir às duas casas
guerra exerceram marcada influencia nos
punha a mira em neutralizar mutuamen
constituintes brasileiros de 1934. O mo
te as influências ou tendências coliden-
do congresso a mesma colaboração na obra legislativa. O poder legislativo foi
é mais seguido como no passado: as novas constituições européias do apósderno constitucionalismo adotado pelas
tes.
repúblicas que nasceram na Europa dos
adotado como método de contenção, le
escombros das monarquias, derrubadas
pelo conflito armado c pe'as convulsões sociais,
foi
rapidamente
assimilado.
Preuss e Kelsen são os doutrinadores se
O sistema de freios e contrapesos,
vado além da meta ju.sta, facilmente de generaria, na prática, no entorpecimento e na paralisia de todo o mecanismo. Ao contrário da sobriedade da Cons
tituição de 91, a de 1934, seguindo nesse
guidos. Foi sob o signo da tendência que se chamou de "racionalização do poder" que traballiaram os elaboradores
constituições mais recentes, ampliou ex
da carta fundamental. O paradigma dos
traordinariamente o âmbito da matéria
Estados Unidos (que continuava a con tar com entusiastas do fecundo progres
constitucional.
so da grande República do Norte) —
arcaicas as constituições sintéticas — e
não foi, contudo, abandonado inteira mente. E também não se desprezaram os elementos próprios que a evolução brasileira havia revelado.
Sob tantos polos de atração, o tra balho do constituinte brasileiro resultou
num estatuto político extremamente eclé tico, de embaraçoso manejo e dificul tosa aplicação. A nova constituição es
tava longe de ser aquilo que o Prof.
ponto uma tendência generalizada das Era, no momento, uma
atração incoercível — que relegava como
justificável, erti países em que se temem os abusos constantes do poder, pela ne cessidade de abroquelar na lei magna, de feição rígida, direitos e garantias,
que, consignados na lei ordinária, não encontrariam resguardo eficaz contra os
excessos dos órgãos políticos. Ainda aqui, porém, não obstante a procedên cia, em princípio, da justificação invo
cada, não guardou a Constituição de
áitribuído efetivamente à Câmara dos Deputados, apenas colaborando o Se nado na feitura de determinadas
leis, que, pela sua natureza, se ligassem diretamente aos inte resses federativos.
Na Câmara
dos Deputados, ao lado da re presentação política, dos manda
tários do povo, eleitos por sufrá gio universal e direto, se introduziram
os representantes das profissões, em total
equivalente a um quinto da representa ção popular.
Entre as atribuições novas do poder
19
tes dispositivos quebravam a rigidez da separação dos poderes, estabelecida na
Constituição de 91 (que proibia expres
samente o conipareclmento de ministros
às sessões do Congresso), e abria ca minho a uma colaboração mais efetiva entre o legislativo e os agentes do exe cutivo.
Da mesma natureza eram os "dispo sitivos novos que estabeleciam a res ponsabilidade dos ministros de Estado,
pelos atos que subscrevessem, ainda que juntamente com o Presidente da Re
pública, ou praticassem por ordem deste;
e que declaravam que os membros da Câmara dos Deputados, nonieado.s mi nistros de Estado, não perderiam o man dato, sendo substituídos no exercício
deste pelos suplentes respectivos. Suprimiu-se o cargo de \áce-presidente. O mandato do Chefe da Nação, eleito por sufrágio direto e por maioria
de votos, foi mantido com a duração de quatro anos, proibida a reeleição, para o penedo imediato, e ampliadas as inelegibilidades para o cargo, envolvendo os agentes mais graduados do poder, em exer cício até determinado prazo an terior às eleições.
A justiça eleitoral, cujos qua
dros se constituiriam com a participação de juizes cercados de todas as garantías,
e com atribuições para presidir tôdas as etapas do processo eleitoral, se incluiu
entre os órgãos permanentes do poder
legislativo se incluiu a 'de criar comissões
judiciário.
nos; e a de convocar os ministros de
O Senado, com igualdade de repre sentações dos Estados, composto de se nadores eleitos por sufrágio direto (o posto entre os órgãos de "coordenação
de inquérito, mediante requerimento da têrça parte de seus membros, pelo me Estado para prestar informações sobre questões prévia e expressamente deter minadas, incorrendo em crime de res ponsabilidade o ministro que não acudisse ao chamamento, sem justificação. Ês-
dos poderes"), exercia competência le
gislativa em relação a certas matérias de interêsse de tôda a federação. E entre as suas atribuições se incluiu a de
Dicesto Econóníico 18
se impunham, com necessidade inelu* tável. E o resultado foi o caráter com
plexo e desordenado da 2.^ constituição republicana, promulgada a 16 de julho de 1934, entre grandes esperanças da
opinião pública e manifestações de ce ticismo de agudos críticos da obra produzida. :f:
^
Quem analise a constituição brasilei
Arechaga chamaria uma "constituição
T
Dicesto EcoNó^aco
1934 a medida necessária, descamban-
•do, em muitos pontos, para as demasias
aerodinâmica".
O seu conteúdo é liberal e individua-
li.sta, incorporando embora os direitos consagrados pela democracia social, e que se inscreviam nas cartas constitucio nais, a partir de 1919. Procurando con ciliar c abrigar as novas tendências sem
iregulamcntares.
Composta de políticos, que traziam lembrança recente e viva das lutas tra
vadas contra a ascendência do "poder ■executivo", no conjunto dos poderes tripartidos, a Assembléia cuidou de re-
abandonar as antigas vinculaçõcs, o novo
■duzir, quanto pôde, as armas dé que
estatuto constitucional se colocou em
aquele poder dispunha, tonificando e
ra de 1934, em confronto com a de
posição intermediária, no conflito de in
ampliando as prerrogativas do Legis
1891, percebe facilmente a presença de
fluências contraditórias, numa instabi
lativo, e reafirmando, em tôda a sua
influências novas. O estatuto, que se dilata por 187 disposições de caráter
lidade que tornava indefinido o sentido
largucza, a autoridade do judiciário,
de seu desenvolvimento.
como órgão de "conlTÔle" da constitu-
permanente, contrasta com a brevidade,
texto se refletia uma colisão permanen
cionalídade das leis e dos atos de quais
a simplicidade, a pureza das linhas clás
te de forças que se disputavam o pre
quer autoridades.
sicas do antigo. O modelo norte-ame
domínio, na fase de transição, em que via a luz. E o seu articulado, tradu
têrmos peremptórios.
ricano, na sua estrutura sistemática, não
No seu con
A delegação de poderes foi vedada em Manteve-se o sis
zindo a manifestação recíproca do ins
tema bicamcral; abandonou-se, porém,
tinto de defesa das correntes cm torneio,
a orientação de conferir às duas casas
guerra exerceram marcada influencia nos
punha a mira em neutralizar mutuamen
constituintes brasileiros de 1934. O mo
te as influências ou tendências coliden-
do congresso a mesma colaboração na obra legislativa. O poder legislativo foi
é mais seguido como no passado: as novas constituições européias do apósderno constitucionalismo adotado pelas
tes.
repúblicas que nasceram na Europa dos
adotado como método de contenção, le
escombros das monarquias, derrubadas
pelo conflito armado c pe'as convulsões sociais,
foi
rapidamente
assimilado.
Preuss e Kelsen são os doutrinadores se
O sistema de freios e contrapesos,
vado além da meta ju.sta, facilmente de generaria, na prática, no entorpecimento e na paralisia de todo o mecanismo. Ao contrário da sobriedade da Cons
tituição de 91, a de 1934, seguindo nesse
guidos. Foi sob o signo da tendência que se chamou de "racionalização do poder" que traballiaram os elaboradores
constituições mais recentes, ampliou ex
da carta fundamental. O paradigma dos
traordinariamente o âmbito da matéria
Estados Unidos (que continuava a con tar com entusiastas do fecundo progres
constitucional.
so da grande República do Norte) —
arcaicas as constituições sintéticas — e
não foi, contudo, abandonado inteira mente. E também não se desprezaram os elementos próprios que a evolução brasileira havia revelado.
Sob tantos polos de atração, o tra balho do constituinte brasileiro resultou
num estatuto político extremamente eclé tico, de embaraçoso manejo e dificul tosa aplicação. A nova constituição es
tava longe de ser aquilo que o Prof.
ponto uma tendência generalizada das Era, no momento, uma
atração incoercível — que relegava como
justificável, erti países em que se temem os abusos constantes do poder, pela ne cessidade de abroquelar na lei magna, de feição rígida, direitos e garantias,
que, consignados na lei ordinária, não encontrariam resguardo eficaz contra os
excessos dos órgãos políticos. Ainda aqui, porém, não obstante a procedên cia, em princípio, da justificação invo
cada, não guardou a Constituição de
áitribuído efetivamente à Câmara dos Deputados, apenas colaborando o Se nado na feitura de determinadas
leis, que, pela sua natureza, se ligassem diretamente aos inte resses federativos.
Na Câmara
dos Deputados, ao lado da re presentação política, dos manda
tários do povo, eleitos por sufrá gio universal e direto, se introduziram
os representantes das profissões, em total
equivalente a um quinto da representa ção popular.
Entre as atribuições novas do poder
19
tes dispositivos quebravam a rigidez da separação dos poderes, estabelecida na
Constituição de 91 (que proibia expres
samente o conipareclmento de ministros
às sessões do Congresso), e abria ca minho a uma colaboração mais efetiva entre o legislativo e os agentes do exe cutivo.
Da mesma natureza eram os "dispo sitivos novos que estabeleciam a res ponsabilidade dos ministros de Estado,
pelos atos que subscrevessem, ainda que juntamente com o Presidente da Re
pública, ou praticassem por ordem deste;
e que declaravam que os membros da Câmara dos Deputados, nonieado.s mi nistros de Estado, não perderiam o man dato, sendo substituídos no exercício
deste pelos suplentes respectivos. Suprimiu-se o cargo de \áce-presidente. O mandato do Chefe da Nação, eleito por sufrágio direto e por maioria
de votos, foi mantido com a duração de quatro anos, proibida a reeleição, para o penedo imediato, e ampliadas as inelegibilidades para o cargo, envolvendo os agentes mais graduados do poder, em exer cício até determinado prazo an terior às eleições.
A justiça eleitoral, cujos qua
dros se constituiriam com a participação de juizes cercados de todas as garantías,
e com atribuições para presidir tôdas as etapas do processo eleitoral, se incluiu
entre os órgãos permanentes do poder
legislativo se incluiu a 'de criar comissões
judiciário.
nos; e a de convocar os ministros de
O Senado, com igualdade de repre sentações dos Estados, composto de se nadores eleitos por sufrágio direto (o posto entre os órgãos de "coordenação
de inquérito, mediante requerimento da têrça parte de seus membros, pelo me Estado para prestar informações sobre questões prévia e expressamente deter minadas, incorrendo em crime de res ponsabilidade o ministro que não acudisse ao chamamento, sem justificação. Ês-
dos poderes"), exercia competência le
gislativa em relação a certas matérias de interêsse de tôda a federação. E entre as suas atribuições se incluiu a de
^9^
nco Dicesto EcoNÓ>nco
r
20
Dicesto EcoNÓAnco 21
suspender a execução, no todo ou em parte, de qualquer lei ou ato declarado inconstitucional, em espécie, pelo poder judiciário.
O sufrágio direto e secreto foi estabe'ecido co"m caráter amplo, abrangen do os brasileiros maiores de 18 anos,
com obrigação de alistamento e de voto, conságrando-sc o sistema proporcional. A capacidade legislativa da União foi ampliada, extinguindo-se —' atendendo a a uma velha aspiração — a competência
dade econômica (asseguradas as inde-
intcrêsse social ou coletivo, na forma que
nissaç^ões devidas), até as ba.scs essen
a lei determinar". O domínio não era
ciais a (jue dcNcria obedecer a legisla
mais assegurado cm termos absolutos, como fora ikj estatuto de 1891, nestas
ção trabalhista: salário mínimo, jornada
de oito horas, proibição da diferença de .salários para o mesmo trabaliio, proibi
palavras: "O direito de propriedade mantém-se em lòdu a sua plenitude, sal
ção de traballiar a menores de 14 anos,
vo a desapropriação por neeessidude ou
repouso licbdomadário obrigatório, fé
utilidade pública', mediante indeniza ção prévia". Os compromissos de reforma social da nova república sc estenderam nos capítulos constitucionais "Da família, da
rias anuais remuneradas, indenização por
despedida sem causa justa, assistência médica e .sanitária ao trabalhador e à
gestante, regulamentação do exercício
educação c da cultura", colocando-se a
legislativa dos Estados em matéria de
das prc)fis.sões e reconhccimefito das
processo.
Em outras matérias, porém,
convenções coletivas. Prescrevia ainda
família, constituída pelo ca,samento in
não levou a Constituinte de 34 a cabo
o reforço da autoridade política da
o reconhecimento, de acordo com a lei, dos sindicatos c associações profissionais,
Estado, o asscgurando-.se a todos o di
União, reclamada como meio de contra
a p'uralidacle sindical e a completa au
balançar o poderio dos grandes Estados. Os direitos c garantias individuais foram
tonomia destas associações. Estabelecia, por fim, tribunais de trabalho, compos
consignados, no novo estatuto, com amplitude, marcando a sua linha liberal. Onde, porém, apresentou a Constitui
tos paritàriamente de representantes dos empregadores c empregados, escolhidos
ção de 1934 matéria inteiramente nova,
Com relação aos bancos, às emprêsas de seguros, à e.xploração das riquezas do subsolo e quedas dágua, à imprensa, às emprêsas conces.sionárias de serviços
foi no capítulo "Da Ordem Econômica e
Social", revelando, em relação à de 91, que os tempos eram outros, e o
fenômeno político já se apresentava aos
mediante eleição.
públicos, à imigração — uma acentuada
olhos do legislador intimamente ligado
preocupação nacionalista se refletiu na
ao fenômeno social e econômico.
Constituição.
"A ordem econômica — prescrevia o artigo de introdução dêsse capítulo — deve ser organizada conforme os prin cípios da justiça e as necessidades da vida nacional, de modo que possibilite
Era uma nova ordem econômica que
a todos existência digna. Dentro dêsses
.se projetava, restringindo a livre ini ciativa e o individualismo extremado, que já estavam perdendo terreno quando da proclamação da primeira República, e depois de 1930 pareciam como fan
limites, é garantida a liberdade econô
tasmas de uma época extinta.
mica."
A transformação da mentalidade — acompanhando já com atraso as muta
E esse capítulo da declaração dos direitos sociais se desdobrava na formu
ções sociais de todos os países — se
lação de princípios e prescrições até en
exprimiu nos termos em que o direito de propriedade (incluído no capítulo
tão absolutamente estranhos ao direito constitucional brasileiro, desde a permis
são à União de monopolizar, em nome
do interesse público, e mediante leis es peciais, determinada indústria ou ativi
dos "direitos e garantias individuais ) foi resguardado na Constituição de 34: "É garantido o direito de propriedade que não poderá ser exercido contra
lí.
dissolúvel, sob a proteção especial do
o domínio de mentalidade diferente da que predominara até então no meio
político brasileiro. Preocupações e pro blemas ainda não postos em face do Estado a êsle se impunham, já agora re clamando sua intervenção urgente. Ao "Estado negativo" sucedia, também en tre nós, o "Estado positivo" — embora em muitos dos enunciados da carta fun
damental se e.xpriniissem apenas tendên cias, promessas e desejos, cuja realiza ção dependia da conquista dos recursos necessários.
O uso das medidas excepcionais, de
que foram armados us poderes políticos
para a defesa da ordem, foi prudente mente regulado, sob o império da re seria gratuita c olirigalôria. cordação dos abusos e excessos cometi A formulação dêsses princípios sócio- dos no passado - através dos estados democráticos testemunhou que a cons -de sitio e das intervenções nos Estados tituição de 34 surgira em época e sob membros. reito à educação, que no grau primário
^9^
nco Dicesto EcoNÓ>nco
r
20
Dicesto EcoNÓAnco 21
suspender a execução, no todo ou em parte, de qualquer lei ou ato declarado inconstitucional, em espécie, pelo poder judiciário.
O sufrágio direto e secreto foi estabe'ecido co"m caráter amplo, abrangen do os brasileiros maiores de 18 anos,
com obrigação de alistamento e de voto, conságrando-sc o sistema proporcional. A capacidade legislativa da União foi ampliada, extinguindo-se —' atendendo a a uma velha aspiração — a competência
dade econômica (asseguradas as inde-
intcrêsse social ou coletivo, na forma que
nissaç^ões devidas), até as ba.scs essen
a lei determinar". O domínio não era
ciais a (jue dcNcria obedecer a legisla
mais assegurado cm termos absolutos, como fora ikj estatuto de 1891, nestas
ção trabalhista: salário mínimo, jornada
de oito horas, proibição da diferença de .salários para o mesmo trabaliio, proibi
palavras: "O direito de propriedade mantém-se em lòdu a sua plenitude, sal
ção de traballiar a menores de 14 anos,
vo a desapropriação por neeessidude ou
repouso licbdomadário obrigatório, fé
utilidade pública', mediante indeniza ção prévia". Os compromissos de reforma social da nova república sc estenderam nos capítulos constitucionais "Da família, da
rias anuais remuneradas, indenização por
despedida sem causa justa, assistência médica e .sanitária ao trabalhador e à
gestante, regulamentação do exercício
educação c da cultura", colocando-se a
legislativa dos Estados em matéria de
das prc)fis.sões e reconhccimefito das
processo.
Em outras matérias, porém,
convenções coletivas. Prescrevia ainda
família, constituída pelo ca,samento in
não levou a Constituinte de 34 a cabo
o reforço da autoridade política da
o reconhecimento, de acordo com a lei, dos sindicatos c associações profissionais,
Estado, o asscgurando-.se a todos o di
União, reclamada como meio de contra
a p'uralidacle sindical e a completa au
balançar o poderio dos grandes Estados. Os direitos c garantias individuais foram
tonomia destas associações. Estabelecia, por fim, tribunais de trabalho, compos
consignados, no novo estatuto, com amplitude, marcando a sua linha liberal. Onde, porém, apresentou a Constitui
tos paritàriamente de representantes dos empregadores c empregados, escolhidos
ção de 1934 matéria inteiramente nova,
Com relação aos bancos, às emprêsas de seguros, à e.xploração das riquezas do subsolo e quedas dágua, à imprensa, às emprêsas conces.sionárias de serviços
foi no capítulo "Da Ordem Econômica e
Social", revelando, em relação à de 91, que os tempos eram outros, e o
fenômeno político já se apresentava aos
mediante eleição.
públicos, à imigração — uma acentuada
olhos do legislador intimamente ligado
preocupação nacionalista se refletiu na
ao fenômeno social e econômico.
Constituição.
"A ordem econômica — prescrevia o artigo de introdução dêsse capítulo — deve ser organizada conforme os prin cípios da justiça e as necessidades da vida nacional, de modo que possibilite
Era uma nova ordem econômica que
a todos existência digna. Dentro dêsses
.se projetava, restringindo a livre ini ciativa e o individualismo extremado, que já estavam perdendo terreno quando da proclamação da primeira República, e depois de 1930 pareciam como fan
limites, é garantida a liberdade econô
tasmas de uma época extinta.
mica."
A transformação da mentalidade — acompanhando já com atraso as muta
E esse capítulo da declaração dos direitos sociais se desdobrava na formu
ções sociais de todos os países — se
lação de princípios e prescrições até en
exprimiu nos termos em que o direito de propriedade (incluído no capítulo
tão absolutamente estranhos ao direito constitucional brasileiro, desde a permis
são à União de monopolizar, em nome
do interesse público, e mediante leis es peciais, determinada indústria ou ativi
dos "direitos e garantias individuais ) foi resguardado na Constituição de 34: "É garantido o direito de propriedade que não poderá ser exercido contra
lí.
dissolúvel, sob a proteção especial do
o domínio de mentalidade diferente da que predominara até então no meio
político brasileiro. Preocupações e pro blemas ainda não postos em face do Estado a êsle se impunham, já agora re clamando sua intervenção urgente. Ao "Estado negativo" sucedia, também en tre nós, o "Estado positivo" — embora em muitos dos enunciados da carta fun
damental se e.xpriniissem apenas tendên cias, promessas e desejos, cuja realiza ção dependia da conquista dos recursos necessários.
O uso das medidas excepcionais, de
que foram armados us poderes políticos
para a defesa da ordem, foi prudente mente regulado, sob o império da re seria gratuita c olirigalôria. cordação dos abusos e excessos cometi A formulação dêsses princípios sócio- dos no passado - através dos estados democráticos testemunhou que a cons -de sitio e das intervenções nos Estados tituição de 34 surgira em época e sob membros. reito à educação, que no grau primário
Digesto Econômico 23
A desvalorização da libra Dorivai;, TEixEraA ViEmA
M PROBLEMA como O da desvaloriza
U
ção monetária internacional traz, em sua cauda, problema de curto e longo prazo; dos de curto prazo, os imediatos, é possível perceber-se o an damento e se apontarem soluções. Quan to aos de médio e longo prazo, pode mos nos aventurar apenas a algumas observações, a algumas previsões dé ca ráter precário, porque em todas as ciên
cias sociais, nunca há uma previsão ri gorosa, por mais rigorosos que sejam os métodos de que se lance mão.
No estudo desta provável ou possível
desvalorização do cruzeiro, precisamos indagar do porquê desta onda desvalo-
rizadora. De uma hora para outra, pelo menos os que não estão afeitos a estas
lides teóricas, de caráter ,puramente monetário, ficarão surpreendidos quan do, repentinamente quebrado o valor da
libra, atrás dela, mais de dezoito países acompanharam a desvalorização. As pri meiras indagações seriam: por que esta desvalorização da libra? Por que as
flexos sérios .sôbrc as várias moedas.
Na guerra passada, de 1914 a 1918, cada país víu-.sc a braços com o pro blema de uma inflação, mais aguda
para uns, menos para outros o cada um dêles procurou resolver seus problemas seja isoladamente, seja apelando para alianças, para auxílios mútuos, em todos os casos, porém, um pouco a esmo, um
pouco sem articulação. Daí, a idéia do Fundo Monetário Internacional, que,
congregando várias nações unidas, per mitiria uma solução conjunta, se o mesmo
funcionasse com inteira eficiência.
Na
ocasião, ao se discutir qual seria sua estrutura e funcionamento, ficou esta
belecido o ouro como padrao monetá rio internacional de trocas, muito em
bora com a imica função de servir de
padrão do valor; firmou-se, porém, o princípio do que 25% das cotas dos vá rios países seriam em ouro, ou em dóla
desvalorizações seqüentes à da libra?
res americanos. Isso já constituía um reconhecimento de que o dólar era, na ocasião, c continua a ser, moeda de curso internacional. Compreende-se per
Surge, lógo após, esía outra: será que
feitamente que o dólar tenha circulado
deveremos acompanhar esta onda desvalorizadora?
intensamente durante a guerra o que
seja realmente a moeda mais sólida das
Para que possamos compreender, as
que existem no mundo, mas esta vem
razões da desvalorização da libra, bem como das demais, necessitaríamos inda
sendo uma das causas da crise do dólar.
gar, ainda que ligeiramente, das causas
mercial e a de pagamentos norte-ame
A outra resulta do fato da balança co
da crise do dólar e das suas conseqüên
ricana ser, de há muito, ativa; por isso,
cias. Quando se criou o Fundo Mone
certa dificuldade na obtenção de dólares
tário Internacional, os países aliados
já haviam previsto que o desequilíbrio provocado pela guerra e os esforços ne cessários para reequilíbriar o mercado internacional, trariam, naturalmente, re
não é fenômeno atual; é de nossos dias
apenas o agravamento deste desequilí brio, em favor dos Estados Unidos.
Basta dizer que, em 1937, a América do Norte exportava 3.300.000.000 de dóla-
res
e
importava
saldo
país americano e re duzir radicalmente suas compras naquele mercado. É verdade
300.000.000.
que a própria crise de
do resto do mun do 3.000.000.000.
de modo que apre sentava
de
um
Após a guerra, devido ao desequilíbrio das economias européias, e graças à América do Norte transformar-se em
celeiro das tropas em operações, essa
j- • . provocou uma sensível1 dimmmção da exportação nor-
te-amencana. mas isso ainda não é su-
Unidos importem mais, que absorvam
exportação norte-americana avolumou-se tremendamente. Em 1944, os E.stados Unidos exportavam 14.200.000.000 e
mamr quantidade de mercadoria d^dT
importavam 3.900.000.000; o saldo, só dêste ano, passou a ser de 10.300.000.000 fora os saldos acumulados dos outros anos. Em 1947, terminada a guerra e já iniciado o esforço de reestruturação da economia, ainda a situação não era muito melhor, porque vimos os Estados Unidos e.xportarem 14.500.000.000 de dólares e importarem' 5.700.000.000 de dólares; daí um saldo, a seu favor de 8.000.000.000 de dólares, aproximada-
peus, esse problema era ainda muito mais grave do que o nosso. Não sofre
mènte. Em 1948, o saldo continuou a
ser de cêrca de 8.000.000.000 de dólares.
Diante dessa situaçfio, é natural que todos os países se ressintam da falta
mais países do globo.
No caso específico dos países euro
mos as destniiçoes provocadas pela guerra; saímos dela com nosso parque in dustrial necessitando reequipamento- as nosssa fontes produHvas, porém, estaUm intactas.
Nos países europeus, a devastação foi geral. A primeira tarefa que tiveram de enfrentar, foi a reconstrução de seu parque industrial e agrícola; tudo era necessário reconstruir. Para essa reconsmiçao, foi preciso importar, de modo brutal, produtos norte-americanos Pro curou-se uma solução para êsse "intrin-
de dólares; quase todos os países são assim, devedores dos Estados Unidos! O remédio provável para essa crise é fàcilmente perceptível; torna-se neces
^do problema, e, daí, surgiu o "Plano
sário a esses países expandir suas expor
de pagamentos dos países do Velho
tações e importar, dos Estados Unidos, o mínimo possível, isto é, forçar o au
mento das exportações para o grande
Marshall , cuja principal finalidade era a reconstrução da economia européia,
restabelecendo o equilíbrio da balança Mundo.
Os recursos do Plano Marshall, con
forme determinação norte-americana.
Digesto Econômico 23
A desvalorização da libra Dorivai;, TEixEraA ViEmA
M PROBLEMA como O da desvaloriza
U
ção monetária internacional traz, em sua cauda, problema de curto e longo prazo; dos de curto prazo, os imediatos, é possível perceber-se o an damento e se apontarem soluções. Quan to aos de médio e longo prazo, pode mos nos aventurar apenas a algumas observações, a algumas previsões dé ca ráter precário, porque em todas as ciên
cias sociais, nunca há uma previsão ri gorosa, por mais rigorosos que sejam os métodos de que se lance mão.
No estudo desta provável ou possível
desvalorização do cruzeiro, precisamos indagar do porquê desta onda desvalo-
rizadora. De uma hora para outra, pelo menos os que não estão afeitos a estas
lides teóricas, de caráter ,puramente monetário, ficarão surpreendidos quan do, repentinamente quebrado o valor da
libra, atrás dela, mais de dezoito países acompanharam a desvalorização. As pri meiras indagações seriam: por que esta desvalorização da libra? Por que as
flexos sérios .sôbrc as várias moedas.
Na guerra passada, de 1914 a 1918, cada país víu-.sc a braços com o pro blema de uma inflação, mais aguda
para uns, menos para outros o cada um dêles procurou resolver seus problemas seja isoladamente, seja apelando para alianças, para auxílios mútuos, em todos os casos, porém, um pouco a esmo, um
pouco sem articulação. Daí, a idéia do Fundo Monetário Internacional, que,
congregando várias nações unidas, per mitiria uma solução conjunta, se o mesmo
funcionasse com inteira eficiência.
Na
ocasião, ao se discutir qual seria sua estrutura e funcionamento, ficou esta
belecido o ouro como padrao monetá rio internacional de trocas, muito em
bora com a imica função de servir de
padrão do valor; firmou-se, porém, o princípio do que 25% das cotas dos vá rios países seriam em ouro, ou em dóla
desvalorizações seqüentes à da libra?
res americanos. Isso já constituía um reconhecimento de que o dólar era, na ocasião, c continua a ser, moeda de curso internacional. Compreende-se per
Surge, lógo após, esía outra: será que
feitamente que o dólar tenha circulado
deveremos acompanhar esta onda desvalorizadora?
intensamente durante a guerra o que
seja realmente a moeda mais sólida das
Para que possamos compreender, as
que existem no mundo, mas esta vem
razões da desvalorização da libra, bem como das demais, necessitaríamos inda
sendo uma das causas da crise do dólar.
gar, ainda que ligeiramente, das causas
mercial e a de pagamentos norte-ame
A outra resulta do fato da balança co
da crise do dólar e das suas conseqüên
ricana ser, de há muito, ativa; por isso,
cias. Quando se criou o Fundo Mone
certa dificuldade na obtenção de dólares
tário Internacional, os países aliados
já haviam previsto que o desequilíbrio provocado pela guerra e os esforços ne cessários para reequilíbriar o mercado internacional, trariam, naturalmente, re
não é fenômeno atual; é de nossos dias
apenas o agravamento deste desequilí brio, em favor dos Estados Unidos.
Basta dizer que, em 1937, a América do Norte exportava 3.300.000.000 de dóla-
res
e
importava
saldo
país americano e re duzir radicalmente suas compras naquele mercado. É verdade
300.000.000.
que a própria crise de
do resto do mun do 3.000.000.000.
de modo que apre sentava
de
um
Após a guerra, devido ao desequilíbrio das economias européias, e graças à América do Norte transformar-se em
celeiro das tropas em operações, essa
j- • . provocou uma sensível1 dimmmção da exportação nor-
te-amencana. mas isso ainda não é su-
Unidos importem mais, que absorvam
exportação norte-americana avolumou-se tremendamente. Em 1944, os E.stados Unidos exportavam 14.200.000.000 e
mamr quantidade de mercadoria d^dT
importavam 3.900.000.000; o saldo, só dêste ano, passou a ser de 10.300.000.000 fora os saldos acumulados dos outros anos. Em 1947, terminada a guerra e já iniciado o esforço de reestruturação da economia, ainda a situação não era muito melhor, porque vimos os Estados Unidos e.xportarem 14.500.000.000 de dólares e importarem' 5.700.000.000 de dólares; daí um saldo, a seu favor de 8.000.000.000 de dólares, aproximada-
peus, esse problema era ainda muito mais grave do que o nosso. Não sofre
mènte. Em 1948, o saldo continuou a
ser de cêrca de 8.000.000.000 de dólares.
Diante dessa situaçfio, é natural que todos os países se ressintam da falta
mais países do globo.
No caso específico dos países euro
mos as destniiçoes provocadas pela guerra; saímos dela com nosso parque in dustrial necessitando reequipamento- as nosssa fontes produHvas, porém, estaUm intactas.
Nos países europeus, a devastação foi geral. A primeira tarefa que tiveram de enfrentar, foi a reconstrução de seu parque industrial e agrícola; tudo era necessário reconstruir. Para essa reconsmiçao, foi preciso importar, de modo brutal, produtos norte-americanos Pro curou-se uma solução para êsse "intrin-
de dólares; quase todos os países são assim, devedores dos Estados Unidos! O remédio provável para essa crise é fàcilmente perceptível; torna-se neces
^do problema, e, daí, surgiu o "Plano
sário a esses países expandir suas expor
de pagamentos dos países do Velho
tações e importar, dos Estados Unidos, o mínimo possível, isto é, forçar o au
mento das exportações para o grande
Marshall , cuja principal finalidade era a reconstrução da economia européia,
restabelecendo o equilíbrio da balança Mundo.
Os recursos do Plano Marshall, con
forme determinação norte-americana.
Dicesto Econômico £4
Digesto EcoNÒNaco
eram para ser aplicados nas metrópoles. A Inglaterra e a França, entretanto, bem como a Holanda, em menor escala, per ceberam que sua dependência das co lônias era muito grande, e cjue seria
preferível dividir os recursos do Plano Marshall, parte para a metrópole, parte
para as colônias, desenvolvendo, ao má ximo possível, a produção colonial. O caso da aplicação de recursos do Piano Marshall nas colônias inglesas muito nos interessa.
No ano passado, a Inglaterra estabe leceu um plano decenal para 17 colônias,
portações invisíveis do capital se eleva vam a 628.000.000. Previu-se, por isso,
as
que o Plano Marshall não daria os re sultados desejados sc nao fosse pôsto
ocorrerão.
desfavoráveis, que
25
provávelmente
Eni primeiro lugar, o governo inglês
são do seu estoque-ouro; uma vez que a balança de pagamento passe a apre sentar menor déficit, a Inglaterra po
paradeiro a tal situação. O déficit mé
crê na possibilidade de reduzár-se o dé
derá dispensar o recurso ao Fundo Mo
dio da bahmça comercial inglesa, até 1948, que era do 30{).()ü0.000, começou
ficit dc sua ha'ança de pagamentos, pela
netário Internacional e tomar mínimo
expansão da exportação e redução de
ou anular os pagamentos em ouro. Além
a elcvar-se considcràvolmente.
disso, a desvalorização provocou aumen to do preço do curo; uma onça, que
portação inglesa era, cm média, de
sua importação. Com efeito, uma mer cadoria inglesa, vendida por 10.000 li bras esterlinas, custaria a um importador
134.000.000; a média mensal baixou a
da área do dólar, antes da desvaloriza
significando, assim, aumento do valor
No primeiro trimestre de lí)49, a ex
custava 8 libras, passou a custar 12,
119.000.000, no segundo trimestre, e a
ção da libra, 40.300 dólares; após a des
do ouro em estoque.
117.000.000 cm jul)io c agosto. Ora,
valorização, essa mesma mercadoria cus
se a Inglaterra continuava importando
tará apenas 28.000 dólares; é lógico, portanto, aguardar-se grande possibili
A Inglaterra esperava também que desaparecesse o mercado negro do dólar,
cujas despesas foram estimadas em
maciçamente da área do dólar e via suas
180.000.000 de libras esterlinas, sendo
dade de incremento nas exportações do
gundo a declaração do Sr. Slafford
59.000.000 retiradas dos meios prove nientes de tributos do próprio reino, 52.000.000 de recursos locais da própria colônia, e 69.000.000 mediante emprés
exportações se reduzirem, o déficit cm dólares aumentava e tendia a^ crescer
país cuja moeda tenha sido desvaloriza
Crips, correspondiam à diferença entre
cada vez mais.
da. Da mesma forma, percebe-se fàcil-
a cotação oficial do dólar e a do mer
nômeno agravou-se, devido ao fato de
merite o motivo da redução da importa ção, bastando recordar que certa mer
timos, inclusive parcelas retiradas do
haver ocorrido um desnível nos preços
cadoria norte-americana, vendida na In
Plano Marshall, desviadas para o de
de exportação entre os Estados Unidos e a Inglaterra. Os preços ingleses subi
glaterra, antes da desvalorização, ao preço de 11.284 dólares, custaria ao im portador ing'ês 2.800 libras; custará, após a efetivação daquela medida, 4.030 libras aproximadamente. Há, porém, uma condição essencial e
cado negro. Se a desvalorização da li bra permitir a redução do déficit de pagamentos e, ao mesmo tempo, a eli minação do mercado negro, talvez e Plano Marshall possa dar os resultados que dêle se esperam.
senvolvimento da economia colonial.
Em conseqüência, a escassez de dólares se acentuava. O fe
Desenvolvida a economia colonial, se
ram mais do que os norte-americanos
ria possível eliminar boa parte das im portações da área do dólar c, ao mes
em 1947. Tomando-se 1947 como base
mo tempo, aumentar as exportações
nos de exportação eram de 199, os in gleses de 111. Mas, em 1949, no mês
para a América do Norte, reso!vendo-se o problema da' escassez de dólares para os países colonizadores. No setor eco nômico, porém, apesar da existência de
100, em 1948, os preços norte-america-
planos maravilhosos, a realidade pôde
seus preços subiram para 113. ção da libra foi a das dividas inglêsas.
esforços e disciplina do povo inglês, à medida que se acentuava a escassez de dólares começou a surgir um mercado
quanto montam suas dívida.s, mas os
provocar fugas do capital inglês, pre judicando os planos de desenvolvimen to, tanto metropolitanos quanto colo niais. Basta dizer que no primeiro, tri mestre de 1949 a Inglaterra viu sair 328.000.000 de libras para aplicação no exterior; no segundo trimestre essas ex
nismo funcione: a de que os preços dos produtos ingleses e norte-americanos permaneçam estáveis, porque se a mer cadoria que custava 10.000 libras, antes
ricanos caía para 182, baixa que a In glaterra não acompanhou; ao contrário,
contrariar os objetivos da política eco nômica nacional. Apesar de todos os
negro, o qual, por sua vez, começou a
indispensável para que o citado meca
de julho, o índice dos preços norte-ame
Outra provável causa da desvaloriza
da desvalorização, passar a 13.000, de
A Inglaterra, com a guerra, passou a
saparecerá a vantagem em favor do país que tomou a iniciativa de reduzir o
dever enormemente.
valor da moeda.
Não sabemos a
o valor da mercadoria norte-americana,
atrasados comerciais sc elevavam, em
que custava IJ .284 dó'ares, e que exigia o esforço inglês de 2.800 libras, baixar de 30%, poderá continuar a ser com
junho de 1949, a 3.500.000.000. Uma
quebra da moeda inglesa, em 3^,
reduzír-lhe-ia automàticamente a di
prada pelos inglêses pela mesma quan tia, desaparecendo, da mesma forma, a
vida.
Passemos a apontar as conseqüências favoráveis que a Inglaterra espera com a
desvalorização de sua moeda, e quais
Do mesmo modo, se
vantagem da desvalorização.
t
Á
A segunda vantagem, estreitamente li gada à primeira, será a redução da eva
porque os 30% de des\'alorização, se
O problema consiste em saber se e câmbio negro desaparecerá. Se a causa de .escassez de dólares está num dese quilíbrio entre a balança comercial in glesa e a norte-americana, esta escassez continuará a existir e será talvez mais
atenuada, mas não desaparecerá. Tanto isto é verdade que o dólar já está sendo cotado, outra vez, acima do seu valor oficial, mesmo em Londres.
A Ing aterra espera também que o desenvolvimento da exportação esHmule a produção ínglêsa e devido a isto se consiga a melhoria do padrão de pro-
duçao. Como outra vantagem, por fim, devemos, apontar que as dividas inglê sas dimmuiram com a quebra do pa drão; os atrazados comerciais, que eram de 3.500.000 libras, eqüivalendo a 14.000.000 de dólares aproximadamente, passarão provàvelmente a 9.800.000
Dicesto Econômico £4
Digesto EcoNÒNaco
eram para ser aplicados nas metrópoles. A Inglaterra e a França, entretanto, bem como a Holanda, em menor escala, per ceberam que sua dependência das co lônias era muito grande, e cjue seria
preferível dividir os recursos do Plano Marshall, parte para a metrópole, parte
para as colônias, desenvolvendo, ao má ximo possível, a produção colonial. O caso da aplicação de recursos do Piano Marshall nas colônias inglesas muito nos interessa.
No ano passado, a Inglaterra estabe leceu um plano decenal para 17 colônias,
portações invisíveis do capital se eleva vam a 628.000.000. Previu-se, por isso,
as
que o Plano Marshall não daria os re sultados desejados sc nao fosse pôsto
ocorrerão.
desfavoráveis, que
25
provávelmente
Eni primeiro lugar, o governo inglês
são do seu estoque-ouro; uma vez que a balança de pagamento passe a apre sentar menor déficit, a Inglaterra po
paradeiro a tal situação. O déficit mé
crê na possibilidade de reduzár-se o dé
derá dispensar o recurso ao Fundo Mo
dio da bahmça comercial inglesa, até 1948, que era do 30{).()ü0.000, começou
ficit dc sua ha'ança de pagamentos, pela
netário Internacional e tomar mínimo
expansão da exportação e redução de
ou anular os pagamentos em ouro. Além
a elcvar-se considcràvolmente.
disso, a desvalorização provocou aumen to do preço do curo; uma onça, que
portação inglesa era, cm média, de
sua importação. Com efeito, uma mer cadoria inglesa, vendida por 10.000 li bras esterlinas, custaria a um importador
134.000.000; a média mensal baixou a
da área do dólar, antes da desvaloriza
significando, assim, aumento do valor
No primeiro trimestre de lí)49, a ex
custava 8 libras, passou a custar 12,
119.000.000, no segundo trimestre, e a
ção da libra, 40.300 dólares; após a des
do ouro em estoque.
117.000.000 cm jul)io c agosto. Ora,
valorização, essa mesma mercadoria cus
se a Inglaterra continuava importando
tará apenas 28.000 dólares; é lógico, portanto, aguardar-se grande possibili
A Inglaterra esperava também que desaparecesse o mercado negro do dólar,
cujas despesas foram estimadas em
maciçamente da área do dólar e via suas
180.000.000 de libras esterlinas, sendo
dade de incremento nas exportações do
gundo a declaração do Sr. Slafford
59.000.000 retiradas dos meios prove nientes de tributos do próprio reino, 52.000.000 de recursos locais da própria colônia, e 69.000.000 mediante emprés
exportações se reduzirem, o déficit cm dólares aumentava e tendia a^ crescer
país cuja moeda tenha sido desvaloriza
Crips, correspondiam à diferença entre
cada vez mais.
da. Da mesma forma, percebe-se fàcil-
a cotação oficial do dólar e a do mer
nômeno agravou-se, devido ao fato de
merite o motivo da redução da importa ção, bastando recordar que certa mer
timos, inclusive parcelas retiradas do
haver ocorrido um desnível nos preços
cadoria norte-americana, vendida na In
Plano Marshall, desviadas para o de
de exportação entre os Estados Unidos e a Inglaterra. Os preços ingleses subi
glaterra, antes da desvalorização, ao preço de 11.284 dólares, custaria ao im portador ing'ês 2.800 libras; custará, após a efetivação daquela medida, 4.030 libras aproximadamente. Há, porém, uma condição essencial e
cado negro. Se a desvalorização da li bra permitir a redução do déficit de pagamentos e, ao mesmo tempo, a eli minação do mercado negro, talvez e Plano Marshall possa dar os resultados que dêle se esperam.
senvolvimento da economia colonial.
Em conseqüência, a escassez de dólares se acentuava. O fe
Desenvolvida a economia colonial, se
ram mais do que os norte-americanos
ria possível eliminar boa parte das im portações da área do dólar c, ao mes
em 1947. Tomando-se 1947 como base
mo tempo, aumentar as exportações
nos de exportação eram de 199, os in gleses de 111. Mas, em 1949, no mês
para a América do Norte, reso!vendo-se o problema da' escassez de dólares para os países colonizadores. No setor eco nômico, porém, apesar da existência de
100, em 1948, os preços norte-america-
planos maravilhosos, a realidade pôde
seus preços subiram para 113. ção da libra foi a das dividas inglêsas.
esforços e disciplina do povo inglês, à medida que se acentuava a escassez de dólares começou a surgir um mercado
quanto montam suas dívida.s, mas os
provocar fugas do capital inglês, pre judicando os planos de desenvolvimen to, tanto metropolitanos quanto colo niais. Basta dizer que no primeiro, tri mestre de 1949 a Inglaterra viu sair 328.000.000 de libras para aplicação no exterior; no segundo trimestre essas ex
nismo funcione: a de que os preços dos produtos ingleses e norte-americanos permaneçam estáveis, porque se a mer cadoria que custava 10.000 libras, antes
ricanos caía para 182, baixa que a In glaterra não acompanhou; ao contrário,
contrariar os objetivos da política eco nômica nacional. Apesar de todos os
negro, o qual, por sua vez, começou a
indispensável para que o citado meca
de julho, o índice dos preços norte-ame
Outra provável causa da desvaloriza
da desvalorização, passar a 13.000, de
A Inglaterra, com a guerra, passou a
saparecerá a vantagem em favor do país que tomou a iniciativa de reduzir o
dever enormemente.
valor da moeda.
Não sabemos a
o valor da mercadoria norte-americana,
atrasados comerciais sc elevavam, em
que custava IJ .284 dó'ares, e que exigia o esforço inglês de 2.800 libras, baixar de 30%, poderá continuar a ser com
junho de 1949, a 3.500.000.000. Uma
quebra da moeda inglesa, em 3^,
reduzír-lhe-ia automàticamente a di
prada pelos inglêses pela mesma quan tia, desaparecendo, da mesma forma, a
vida.
Passemos a apontar as conseqüências favoráveis que a Inglaterra espera com a
desvalorização de sua moeda, e quais
Do mesmo modo, se
vantagem da desvalorização.
t
Á
A segunda vantagem, estreitamente li gada à primeira, será a redução da eva
porque os 30% de des\'alorização, se
O problema consiste em saber se e câmbio negro desaparecerá. Se a causa de .escassez de dólares está num dese quilíbrio entre a balança comercial in glesa e a norte-americana, esta escassez continuará a existir e será talvez mais
atenuada, mas não desaparecerá. Tanto isto é verdade que o dólar já está sendo cotado, outra vez, acima do seu valor oficial, mesmo em Londres.
A Ing aterra espera também que o desenvolvimento da exportação esHmule a produção ínglêsa e devido a isto se consiga a melhoria do padrão de pro-
duçao. Como outra vantagem, por fim, devemos, apontar que as dividas inglê sas dimmuiram com a quebra do pa drão; os atrazados comerciais, que eram de 3.500.000 libras, eqüivalendo a 14.000.000 de dólares aproximadamente, passarão provàvelmente a 9.800.000
T
Dicesto Econóndco
26
dólares.
Não sabemos a quanto monta
matérias-primas importadas, o.sscnciais à
a dívida de guerra, mas esta dívida se
sua indústria de transformação, como
guramente terá também uma quebra de
seja, cobre zinco, minério de ferro, e
30%. Com isto, as despesas do Estado,
outras substancias minerais.
oriundas dos pagamentos dos emprésti
grande quantidade de combustível, prin cipalmente petróleo e óleos minerais, e isso vai pesar sensivelmente no custo de produção dos produtos industriais. Dal,
mos externos, vão diminuir.
Devemos ressalvar que haverá casos
em que os contratos comerciais ou os
antigo padrão; por isso, a redução efe tiva das dívidas inglesas será inferior a 30%.
conseguí-lo, a Inglaterra deverá, obri-
especificas contra a desvalorização, de terminando os pagamentos cm moeda do
Convém agora indagar das conseqüên cias desfavoráveis da desvalorização da libra. Os preços internos ingleses au
mentarão fatalmente. Basta dizer-se que só a simples ameaça da desvalorizaçã elevou os preços de 12%. Julga..... importação inglêsa.
A Inglaterra depende de sua impor tação para a própria alimentação de seu
povo.
Ela importa, necessariamente,
trigo do Canadá, Estados Unidos, Ar
gentina e Austrália. Os próprios íneios econômicos ingleses prevêem o aumento de 20% nos preços do trigo, mesmo con siderando que a Austrália e o Canadá acompanharam a desvalorização da libra.
dólar, ainda que seja .a custa do sacri
fício de antigos fregueses.
A tendência para uma elevação de prcço.s que, como tivemos ocasião de
indicar, ó inevitável, já foi considerada
pelo governo inglês como um grande obstáculo à sua política, de onde já se preconizarem medidas tendentes a au
industriais a vender por um preço con gelado, quando seu custo ficou majo-
necessidade de congelamento de todos
o
salário
real forçosamente' baixará.
grama, prevê o governo trabalhista a os rendimentos; tal medida tem um
rado devido à desvalorização, só há um
modo: acelerar o programa das nacio
duplo objetivo: em primeiro lugar, pro-
nalizações da indústria inglêsa.
cura-sc evitar o aumento do custo de
Assim
produção, uma vez que se mantêm
sendo, já se prevê, por exemplo, a na
constantes as taxas de juro e as mar
cionalização da indústria do aço, como
gens de lucro; em segundo lugar, evi
conseqüência 'parcial da desvalorização
ta-se que um prpvável aumento dôs-
da libra.
Perceberemos melhor quanto há de
sado, manteiga, frutas e legumes, tudo
ciado pelo governo inglês, como indis pensável para que a política de desva lorização da libra esterlina possa pro
A biglaterra depende, além disso, de
dição necessária, a concessão de prio ridade de exportação para a área do
Para forçar as empresas comerciais e
razão nestas observações, quando anali samos a programa de 10 pontos, anun
mais pelos seus viveres
da medida, estabeleceu-se, como con
mentar o contrô'e de preços, generalizando-o. Como quarto ponto dêste pro
A carne de vaca, de carneiro, pre sunto, gorduras, leite fresco e conden é importado. Isso significa artigos de alimentação que fazem parte de itens essenciais do custo de vida e que vão ser majorados. De duas uma: ou o inglês comerá menos e, segundo sa bemos, já está, desde há muito, alimen tando-se muito pouco, ou terá de pagar
frustrando assim, cm parte, os objetivos
salários nominais.
do vestuário, e de tudo quanto é mais necessário á vida do trabalhador inglês,
ternos, indagando da composição da
manteiiliain o valor de suas moedas,
gido e rigoroso de joreços, e terá de re
amos
como certo esse aumento de preços in
valorização, rc.soKcr o problema da escassez d(j dólares, coi.siderando-sc que ela pode permitir o incremento de expor tações ing'ê.sas para outro.s países que
tornar ao sistema de congelamento de Sem diminuir o preço da alimentação,
c, por outro, pura corrigir eventuais
nacional pela popu'ação inglêsa. Sendo a finalidade primordial da des
gatòriamente, voltar a um controle rí
•ao
27
desigualdades na clistribuiçüo da renda
Importa
haver uma condição essencial para o êxito da medida tomada pelo govêmo inglês — o congelamento dos preços; mas, não acreditamos que os mesmos possam ser congelados porque, para
acordos de crédito conterão cláusulas
Dicesto Econômico
r'
gelamento de lucros e não se pode evi tar o aumento do custo de produção,
congelando-se, além disso, os preços de venda, será fácil prevêr que as ati\'idades econômicas da Inglaterra dei xarão margens de lucro cada vez menos
compensadoras. No entanto, o progra ma de reergiiimento da economia e das
finanças daquele país pressupõe um aumento da produção; urge, portanto, tomar medidas para evitar que a des
valorização provoque a sua estagnação ou mesmo seu decréscimo. Daí, o se.x-
to ponto do programa - prosseguir no subsídio à exportação e no amparo à produção, mediante prêmios e outros favores.
Congelam-se os salários enquanto é previsto um aumento do custo de vida
e a conseqüência será uma queda do nive. de vida; isto significará precariedaf j ^ condições de e.xistência, ção deficiente e maior morbidade.nutri Con
vém, no entanto, impedir, que o ope rário descontente diminua a produtivi dade de seu trabalho e ponha em risco o programa de saneamento econômico,
O governo da Inglaterra, prevendo êstes
óbices, indicou como sétimo ponto de seu programa a manutenção nas mes
mas bases, dos serviços de assistência
tes rendimentos, provocando desequilí brios na repartição da renda social,
e previdência social.
possa agravar problemas já existentes.
ção britânica vai passar, o encarecimento
Além disso, procura-se também impedir,
dos viveres e matérias-primas impor tados, a possibilidade da queda da pro dutividade do trabalho, poderão impe-
por esta medida, o aumento do consu
mo nacional, para conseguir que maiores
As dificuldades pelas quais a produ
Prevê-se,
estoques possam ser vendidos para o
dir a reconquista de mercados interna
para o próximo exercício financeiro, a necessidade do aumento do imposto sÔt
exterior.
gelamento dos rendimentos, o quinto
bre lucros de 20% para 30%, de modo a evitar, por um lado, que se realizem
ponto do programa prevê que somente
cionais onde, além dos preços, o que influi pcderosamenle é a melhor quali dade do produto. Aos exportadores
em casos excepcionais serão aumentados
ingê es é imperativo manter um eleva
duzir os desejados efeitos.
especulações danosas, baseadas na gran de probabilidade de aumento de preços,
Em conseqüência dêste con
os salários.
Claro está que se é previsto o con
do padrão de produção, sem o que os favores decorrentes da desvalorização da
T
Dicesto Econóndco
26
dólares.
Não sabemos a quanto monta
matérias-primas importadas, o.sscnciais à
a dívida de guerra, mas esta dívida se
sua indústria de transformação, como
guramente terá também uma quebra de
seja, cobre zinco, minério de ferro, e
30%. Com isto, as despesas do Estado,
outras substancias minerais.
oriundas dos pagamentos dos emprésti
grande quantidade de combustível, prin cipalmente petróleo e óleos minerais, e isso vai pesar sensivelmente no custo de produção dos produtos industriais. Dal,
mos externos, vão diminuir.
Devemos ressalvar que haverá casos
em que os contratos comerciais ou os
antigo padrão; por isso, a redução efe tiva das dívidas inglesas será inferior a 30%.
conseguí-lo, a Inglaterra deverá, obri-
especificas contra a desvalorização, de terminando os pagamentos cm moeda do
Convém agora indagar das conseqüên cias desfavoráveis da desvalorização da libra. Os preços internos ingleses au
mentarão fatalmente. Basta dizer-se que só a simples ameaça da desvalorizaçã elevou os preços de 12%. Julga..... importação inglêsa.
A Inglaterra depende de sua impor tação para a própria alimentação de seu
povo.
Ela importa, necessariamente,
trigo do Canadá, Estados Unidos, Ar
gentina e Austrália. Os próprios íneios econômicos ingleses prevêem o aumento de 20% nos preços do trigo, mesmo con siderando que a Austrália e o Canadá acompanharam a desvalorização da libra.
dólar, ainda que seja .a custa do sacri
fício de antigos fregueses.
A tendência para uma elevação de prcço.s que, como tivemos ocasião de
indicar, ó inevitável, já foi considerada
pelo governo inglês como um grande obstáculo à sua política, de onde já se preconizarem medidas tendentes a au
industriais a vender por um preço con gelado, quando seu custo ficou majo-
necessidade de congelamento de todos
o
salário
real forçosamente' baixará.
grama, prevê o governo trabalhista a os rendimentos; tal medida tem um
rado devido à desvalorização, só há um
modo: acelerar o programa das nacio
duplo objetivo: em primeiro lugar, pro-
nalizações da indústria inglêsa.
cura-sc evitar o aumento do custo de
Assim
produção, uma vez que se mantêm
sendo, já se prevê, por exemplo, a na
constantes as taxas de juro e as mar
cionalização da indústria do aço, como
gens de lucro; em segundo lugar, evi
conseqüência 'parcial da desvalorização
ta-se que um prpvável aumento dôs-
da libra.
Perceberemos melhor quanto há de
sado, manteiga, frutas e legumes, tudo
ciado pelo governo inglês, como indis pensável para que a política de desva lorização da libra esterlina possa pro
A biglaterra depende, além disso, de
dição necessária, a concessão de prio ridade de exportação para a área do
Para forçar as empresas comerciais e
razão nestas observações, quando anali samos a programa de 10 pontos, anun
mais pelos seus viveres
da medida, estabeleceu-se, como con
mentar o contrô'e de preços, generalizando-o. Como quarto ponto dêste pro
A carne de vaca, de carneiro, pre sunto, gorduras, leite fresco e conden é importado. Isso significa artigos de alimentação que fazem parte de itens essenciais do custo de vida e que vão ser majorados. De duas uma: ou o inglês comerá menos e, segundo sa bemos, já está, desde há muito, alimen tando-se muito pouco, ou terá de pagar
frustrando assim, cm parte, os objetivos
salários nominais.
do vestuário, e de tudo quanto é mais necessário á vida do trabalhador inglês,
ternos, indagando da composição da
manteiiliain o valor de suas moedas,
gido e rigoroso de joreços, e terá de re
amos
como certo esse aumento de preços in
valorização, rc.soKcr o problema da escassez d(j dólares, coi.siderando-sc que ela pode permitir o incremento de expor tações ing'ê.sas para outro.s países que
tornar ao sistema de congelamento de Sem diminuir o preço da alimentação,
c, por outro, pura corrigir eventuais
nacional pela popu'ação inglêsa. Sendo a finalidade primordial da des
gatòriamente, voltar a um controle rí
•ao
27
desigualdades na clistribuiçüo da renda
Importa
haver uma condição essencial para o êxito da medida tomada pelo govêmo inglês — o congelamento dos preços; mas, não acreditamos que os mesmos possam ser congelados porque, para
acordos de crédito conterão cláusulas
Dicesto Econômico
r'
gelamento de lucros e não se pode evi tar o aumento do custo de produção,
congelando-se, além disso, os preços de venda, será fácil prevêr que as ati\'idades econômicas da Inglaterra dei xarão margens de lucro cada vez menos
compensadoras. No entanto, o progra ma de reergiiimento da economia e das
finanças daquele país pressupõe um aumento da produção; urge, portanto, tomar medidas para evitar que a des
valorização provoque a sua estagnação ou mesmo seu decréscimo. Daí, o se.x-
to ponto do programa - prosseguir no subsídio à exportação e no amparo à produção, mediante prêmios e outros favores.
Congelam-se os salários enquanto é previsto um aumento do custo de vida
e a conseqüência será uma queda do nive. de vida; isto significará precariedaf j ^ condições de e.xistência, ção deficiente e maior morbidade.nutri Con
vém, no entanto, impedir, que o ope rário descontente diminua a produtivi dade de seu trabalho e ponha em risco o programa de saneamento econômico,
O governo da Inglaterra, prevendo êstes
óbices, indicou como sétimo ponto de seu programa a manutenção nas mes
mas bases, dos serviços de assistência
tes rendimentos, provocando desequilí brios na repartição da renda social,
e previdência social.
possa agravar problemas já existentes.
ção britânica vai passar, o encarecimento
Além disso, procura-se também impedir,
dos viveres e matérias-primas impor tados, a possibilidade da queda da pro dutividade do trabalho, poderão impe-
por esta medida, o aumento do consu
mo nacional, para conseguir que maiores
As dificuldades pelas quais a produ
Prevê-se,
estoques possam ser vendidos para o
dir a reconquista de mercados interna
para o próximo exercício financeiro, a necessidade do aumento do imposto sÔt
exterior.
gelamento dos rendimentos, o quinto
bre lucros de 20% para 30%, de modo a evitar, por um lado, que se realizem
ponto do programa prevê que somente
cionais onde, além dos preços, o que influi pcderosamenle é a melhor quali dade do produto. Aos exportadores
em casos excepcionais serão aumentados
ingê es é imperativo manter um eleva
duzir os desejados efeitos.
especulações danosas, baseadas na gran de probabilidade de aumento de preços,
Em conseqüência dêste con
os salários.
Claro está que se é previsto o con
do padrão de produção, sem o que os favores decorrentes da desvalorização da
Dicesto Econômico
23
libra não serão suficientes para que aumente a sua clientela. Daí então, pre-
que o programa de revisão .seja execu
ver-se e mesmo aconselhar-se uma dis tinção entre a produção para consumo interno e a destinada ao mercado inter
Em síntese, tôdas estas medidas re
nacional.
O Governo Trabalhista está
disposto, por isso, a reduzir as exigên cias para os padrões dos produtos a oferecer aos consumidores britânicos. Desse modo, a redução do custo, pro
veniente da queda da qualidade da pro dução para consumo interno, permitirá obter reservas compensatórias do au
mento de custo dos produtos de expor
C/VlSAS E EFEITOS D/l DESVALORIZ/lÇ/lO
tado com todo o critério.
Riciiard Lewinsohn
presentam aumento da intervenção do Estado na economia.
^Jesvalüuizaçoes podem ser motivadas
Ê bem verdade
por clifcTcntos vazões.
que a atual doutrina política na Ingla terra facilita o controle mais rigoroso da vida econômica.
Há, pelo
menos, sete argumentos que, nas refor
mas desse gênero, têm uma importância
É quase certo que
decisiva.
esta intervenção conduzirá a um mais
amplo programa de nacionaliziição de
1° — Exportação
empresas. Não sabemos, porém, se me didas de caráter legal ou político terão forças para coagir, por longo tempo, o
maneira alguma o mais certo, é que a
O argumento mais comum, mas de
desvalorização facilita a e.vportação e
ser humano a trabalhar em semelliantes
tação.
por isso, seria capaz de anular o déficit
condições. É bem provável que os con
CXs dois últimos pontos do programa visam combater a inflação, pelo sanea
flitos entre capital c trabalho se agra vem, que estalem greves e, mesmo que
mento orçamentário. Anuncia-se uma re
da balança comercial, com tôdas as suas conseqüências desastrosas: perdas de ouro c de divisas, dificuldades de rece
e.stas sejam proibidas, c impossível evi-
ber empréstimos externos etc. Para de
tar-sQ a resistência passiva, redundando
terminados produtos, esse argumento
em diminuição da produtividade do tra balho do operário britânico. Conhece
pode ser exato, mas, como demonstra
visão do programa das despesas públicas, no sentido de se promover a melhor ade quação no emprêgo de recursos. Por
outro lado, aconselha-se para o próxi mo orçamento parcimônia, conducente
â redução dessas mesmas despesas. Não vemos, porém, de que maneira será
possível reduzirem-se os gastos do Esta do, uma vez que é prevista como certa
rizam, mas forma freqüentemente lun papel importante nas deliberações inter nas. Ninguém pode contestar o funda mento dêsse raciocínio. Uma desvalo
rização da moeda nacional implica uma valorização das moedas estrangeiras e, conseqüentemente, um aumento no pre ço das mercadorias importadas. A des valorização é, prâticamente, uma ta.\a aduaneira ad valorem, e essa ta.\a cresce num ritmo muito mais forte que a taxa
da própria desvalorização. Se designar
mos a taxa da desvalorização por d, e a taxa de valorização das moedas estran geiras por V. relação entre essas duas
taxas pode ser expressa pela fómiula
remos mais adiante, é'quase sempre en ganoso para o conjunto da exportação
mos o espírito de renúncia do povo inglês; mas é preciso não esquecermos
de um país.
que seus sacrifícios já datam de alguns
A desvalorização é um instrumento
mentos, com o aumento certo do custo
~TT
A uma desvalorização de 25% correspon
2." — Importação
anos e que o congelamento dos rendi
_ d
dos mais eficazes para restringir a im
de uma valorização de 33,3«; a uma
desvalorização de 50%, uma valorização de 100«- Ou, para dar alguns e.xemplos
os serviços de assistência e previdên
de vida, significará maiores privações — bem verdade é nã<o haver pior con.selheíra que a fome. Tal é a situação inglêsa; talvez haja em nossas afirma
cia social.
ções algum pessimismo, mas não dos
Países que
(d)
parece que o quadro real possa afastarse extraordinàriamente do previsto.
desvalorizaram
Desxxdorização da
a necessidade de conceder subsídios e manter ou até desenvolver ainda mais Pensamos que, ao contrá-
jrio, do que o partido Trabalhista inglês
espera, tais despesas cresçerão, mesmo
portação. Êsse argumento é raramente
salientado pelos governos que desvalo
mais realistas que se referem às recentes desvalorizações:
moeda nacional Canadá
r
Bélgica Portugal Alemanha
França (®
-Inglaterra Grécia
Argentma (OO)
10,0% 12,3% 13,0% 21,1% 22,3% 30,5%
46,6% 47,0%
(v)
Valorização das
moedas estrangeira* 11,1%
14,1% 15,0% 27,3% 28,7% 43,9% 87.5% 88,7%
Em relação ao cruzeiro e a outras moedas não conversível»:-
dolax, a desvalorização do franco francês é de 6% apenas. '
i
relaçao ao
Taxa livre que figura na lista das cotações cambiais do Banco dn límril- a desvalorização da taxa básica do peso argentino é de 30,5% '
Dicesto Econômico
23
libra não serão suficientes para que aumente a sua clientela. Daí então, pre-
que o programa de revisão .seja execu
ver-se e mesmo aconselhar-se uma dis tinção entre a produção para consumo interno e a destinada ao mercado inter
Em síntese, tôdas estas medidas re
nacional.
O Governo Trabalhista está
disposto, por isso, a reduzir as exigên cias para os padrões dos produtos a oferecer aos consumidores britânicos. Desse modo, a redução do custo, pro
veniente da queda da qualidade da pro dução para consumo interno, permitirá obter reservas compensatórias do au
mento de custo dos produtos de expor
C/VlSAS E EFEITOS D/l DESVALORIZ/lÇ/lO
tado com todo o critério.
Riciiard Lewinsohn
presentam aumento da intervenção do Estado na economia.
^Jesvalüuizaçoes podem ser motivadas
Ê bem verdade
por clifcTcntos vazões.
que a atual doutrina política na Ingla terra facilita o controle mais rigoroso da vida econômica.
Há, pelo
menos, sete argumentos que, nas refor
mas desse gênero, têm uma importância
É quase certo que
decisiva.
esta intervenção conduzirá a um mais
amplo programa de nacionaliziição de
1° — Exportação
empresas. Não sabemos, porém, se me didas de caráter legal ou político terão forças para coagir, por longo tempo, o
maneira alguma o mais certo, é que a
O argumento mais comum, mas de
desvalorização facilita a e.vportação e
ser humano a trabalhar em semelliantes
tação.
por isso, seria capaz de anular o déficit
condições. É bem provável que os con
CXs dois últimos pontos do programa visam combater a inflação, pelo sanea
flitos entre capital c trabalho se agra vem, que estalem greves e, mesmo que
mento orçamentário. Anuncia-se uma re
da balança comercial, com tôdas as suas conseqüências desastrosas: perdas de ouro c de divisas, dificuldades de rece
e.stas sejam proibidas, c impossível evi-
ber empréstimos externos etc. Para de
tar-sQ a resistência passiva, redundando
terminados produtos, esse argumento
em diminuição da produtividade do tra balho do operário britânico. Conhece
pode ser exato, mas, como demonstra
visão do programa das despesas públicas, no sentido de se promover a melhor ade quação no emprêgo de recursos. Por
outro lado, aconselha-se para o próxi mo orçamento parcimônia, conducente
â redução dessas mesmas despesas. Não vemos, porém, de que maneira será
possível reduzirem-se os gastos do Esta do, uma vez que é prevista como certa
rizam, mas forma freqüentemente lun papel importante nas deliberações inter nas. Ninguém pode contestar o funda mento dêsse raciocínio. Uma desvalo
rização da moeda nacional implica uma valorização das moedas estrangeiras e, conseqüentemente, um aumento no pre ço das mercadorias importadas. A des valorização é, prâticamente, uma ta.\a aduaneira ad valorem, e essa ta.\a cresce num ritmo muito mais forte que a taxa
da própria desvalorização. Se designar
mos a taxa da desvalorização por d, e a taxa de valorização das moedas estran geiras por V. relação entre essas duas
taxas pode ser expressa pela fómiula
remos mais adiante, é'quase sempre en ganoso para o conjunto da exportação
mos o espírito de renúncia do povo inglês; mas é preciso não esquecermos
de um país.
que seus sacrifícios já datam de alguns
A desvalorização é um instrumento
mentos, com o aumento certo do custo
~TT
A uma desvalorização de 25% correspon
2." — Importação
anos e que o congelamento dos rendi
_ d
dos mais eficazes para restringir a im
de uma valorização de 33,3«; a uma
desvalorização de 50%, uma valorização de 100«- Ou, para dar alguns e.xemplos
os serviços de assistência e previdên
de vida, significará maiores privações — bem verdade é nã<o haver pior con.selheíra que a fome. Tal é a situação inglêsa; talvez haja em nossas afirma
cia social.
ções algum pessimismo, mas não dos
Países que
(d)
parece que o quadro real possa afastarse extraordinàriamente do previsto.
desvalorizaram
Desxxdorização da
a necessidade de conceder subsídios e manter ou até desenvolver ainda mais Pensamos que, ao contrá-
jrio, do que o partido Trabalhista inglês
espera, tais despesas cresçerão, mesmo
portação. Êsse argumento é raramente
salientado pelos governos que desvalo
mais realistas que se referem às recentes desvalorizações:
moeda nacional Canadá
r
Bélgica Portugal Alemanha
França (®
-Inglaterra Grécia
Argentma (OO)
10,0% 12,3% 13,0% 21,1% 22,3% 30,5%
46,6% 47,0%
(v)
Valorização das
moedas estrangeira* 11,1%
14,1% 15,0% 27,3% 28,7% 43,9% 87.5% 88,7%
Em relação ao cruzeiro e a outras moedas não conversível»:-
dolax, a desvalorização do franco francês é de 6% apenas. '
i
relaçao ao
Taxa livre que figura na lista das cotações cambiais do Banco dn límril- a desvalorização da taxa básica do peso argentino é de 30,5% '
h
Digesto Econômico
80
3° — Salários e lucros
Um argumento freqüentemente usado a favor da desvalorização refere-se aos salários . Sem dúvida, os salários re
presentam um dos fatores menos elás
ticos no custo da produção. Se, para o
equilíbrio da balança comercial, o custo da produção necessita uma redução, a rigidez dos salários constitui às vezes o maior obstáculo. A desvalorização re solve tais problemas de uma maneira suave.
Em moeda nacional os salários
ficam os mesmos ou, se a desvalorização fôr forte, podem mesmo sofrer um li geiro aumento, sem que a e.xportação se
ja prejudicada. Na realidade, a desva
lorização implica sempre modificações na
.cária que se estendeu nos Estados Uni
Digesto Econômico
dívida diminui, se os preços aumentam
dos cm março de 1933, precisamente
em conseqüência da desvalorização. Tais
quando o presidente Roosevolt tomou po.ssc do governo. Uma das principais
condições existem boje efetivamente entre
preocupações do novo presidente foi a de aliviar o terrível fardo que pc.sava .sobre
a Inglaterra c sons IDomínios, em par ticular a índia. Decerto, grande parte da dívida externa da Inglaterra é fixa
os agriciriorcs. Reduzir a dívida por um ato legislativo teria sido contrário às
da em dólares e sujeita, por conseguinte,
tradições e às instituições du economia
americana. O problema devia ser resol
lino. Mas outra parle, ainda maior, foi estipulada cm libras, e o capital, como
vido do outro lado, quer dizer, por um
o serviço corrente dessa dívida, reduz-se
.aumento dos preços. O professor Warren, conselheiro do presidente Roosevelt,
de fato se os preços de exportação em li bras forem ajustados à dcsvalorizirção, co mo já aconteceu para vários produtos.
cm matéria monetária, afirmava que por
31
rece preferível desvalorizar sem demora, para restabelecer a confiança, promover o repatriamento de capitais nacionais e
estimu'ar investimentos de capitais es trangeiros.
7." — Processo fácil
a um acré.scinio, com a queda do ester
uma redução do padrão ouro se poderia provocar qualquer aumento de preços. Evídenciou-se mais tarde que essa afir mação era ligeiramente e.xagcrada. Pois
Além das razões específicas de que
, Enfim, precisa-se mencionar um argu mento que se torna cada \'ez mais impor tante, embord se fale raramente nêle.
A desvalorização é, para os governos, um processo muito fácil. Pode ser apli
cado por simples decreto do Poder Exe cutivo e decisão do Banco Central.
6." — Confiança e investhnentos
Entra em vigor imediatamente.
Pre
cisa apenas — nem mesmojem todos os países — de uma confirmação ulterior pelo Parlamento, que, naturalmente, não
distribuição da renda nacional: em geral, os lucros nas indústrias de exportação
não é fáci' desvalorizar uma moeda boa
tratamos nos parágrafos anteriores, existe
como o dólar. Notadamcnte em tempos
aumentam mais do que os sa'ários. Ma
de crise, muita gente prefere entcsourar
nifesta-se, porém, agora, na Inglaterra e
um argumento de ordem geral, que ven ce às vezes todas as outras considerações.
dólares, em vez de comprar mercadorias. Mas, no princípio, Warren teve razão. Em todo caso, sua tese foi um dos argu mentos que mais impressionaram o pre sidente Roosevelt, determinando sua de
Êsse argumento resume-se na palaxTa
nor resistência" é parliculannentc atraen
confiança". Não é fácil definir clara mente em que consiste a confiança ou
te em países onde os processos legisla
desconfiança para com uma moeda. Está
cisão de suspender o padrão-ouro do dólar, medida que iniciou uma desvalo
ças lüstóricas do que em razões lógicas e
e numa época em que outro.s processos de ajustamento, por exemplo aumento de taxas aduaneiras, são dificultados por
em outros países europeus, a tendência
de gravar os lucros oriundos da desva lorização com impostos especiais.
4." — Dívida interna e preços Os diversos argumentos atrás mencio
nados têm uma característica comum:
visam um aumento dos preços no mer cado externo, na esperança de que os
preços no m-^rcado interno permaneçam
rização de A\%. B.° — Dívida externa
Também no domínio internacional a
estáveis. Há, porém, circunstâncias nas
desvolarização pode servir como meio de
quais uma desvalorização parece dese jável para estimular sobretudo uma alta
auxí iar os devedores.
no mercado interno. O exemplo mais famoso de ajustamentos cambiais dês e
é o contrário. Se um país desvaloriza sua moeda, sua dívida externa — publi ca ou particular, — contratada em moe das estrangeiras, aumenta. Foi essa a
tipo é a desvalorização do dó ar em X933/34- A grande crise tinha conduzi do a uma baixa,dos preços, em particular
dos produtos agrícolas, enquanto as dívidas dos agricultores ficaram no seu
- anHgo-nível. A divergência entre os
Evidentemente,
via de regra, o efeito da desvalorização
triste conseqüência que o Brasil devia experimentar, mais de uma vez, na de preciação do mr réis. Todavia, a situa ção será diferente se a dívida externa
de um país estiver estipulada em moeda preços e as dívidas dos "farmers" foi estrangeira. Nessa hipótese, o peso da /principal causa da gravíssima crise ban-
baseada mais em sentimentos e lembran
em prognósticos seguros para o futuro. Mas e um fato que a confiança é deci siva para a formação das taxas cambiais
no mercado livre (lícito, "negro" ou "cinzento"). Mais importante ainda é um outro reflexo de confiança ou descon
fiança: os investimentos estrangeiros de pendem em ampla medida da confiança na moeda do respectivo país. Ninguém quer dar capital a um país que amanhã talvez seja obrigado a desvalorizar sua moeda. Por conseguinte, a ameaça de
uma desvalorização conduz quase sem pre à caída de capitais estrangeiros e tam
bém à "fuga" de capitais nacionais.
pode ser recusada sem o risco das mais graves confusões. Êsse método da "me
tivos ordinários demoram meses e anos,
convênios internacionais. Para elevar o
imposto de importação de um por cento é preciso modificar uns quarenta acordos
internacionais. Para elevar o preço dos produtos importados de uns quaren ta por cento mediante desvalorização da moeda, precisa-se apenas de um enten dimento interno entre o. Ministério da Fazenda e o Banco Central. Pode-se
fazer — e faz-se mesmo de preferência
- a operação num domingo, quando as
bolsas estão fechadas e o comércio re pousa.
Esses movimentos podem tomar dimen sões tais que prejudicam sèriamente a
8." - Preços internos e" externos
balança de pagamentos. Nesse caso, pa
se baseiam os partidários da desvalo-
Como se vê, os argumentos nos quais
h
Digesto Econômico
80
3° — Salários e lucros
Um argumento freqüentemente usado a favor da desvalorização refere-se aos salários . Sem dúvida, os salários re
presentam um dos fatores menos elás
ticos no custo da produção. Se, para o
equilíbrio da balança comercial, o custo da produção necessita uma redução, a rigidez dos salários constitui às vezes o maior obstáculo. A desvalorização re solve tais problemas de uma maneira suave.
Em moeda nacional os salários
ficam os mesmos ou, se a desvalorização fôr forte, podem mesmo sofrer um li geiro aumento, sem que a e.xportação se
ja prejudicada. Na realidade, a desva
lorização implica sempre modificações na
.cária que se estendeu nos Estados Uni
Digesto Econômico
dívida diminui, se os preços aumentam
dos cm março de 1933, precisamente
em conseqüência da desvalorização. Tais
quando o presidente Roosevolt tomou po.ssc do governo. Uma das principais
condições existem boje efetivamente entre
preocupações do novo presidente foi a de aliviar o terrível fardo que pc.sava .sobre
a Inglaterra c sons IDomínios, em par ticular a índia. Decerto, grande parte da dívida externa da Inglaterra é fixa
os agriciriorcs. Reduzir a dívida por um ato legislativo teria sido contrário às
da em dólares e sujeita, por conseguinte,
tradições e às instituições du economia
americana. O problema devia ser resol
lino. Mas outra parle, ainda maior, foi estipulada cm libras, e o capital, como
vido do outro lado, quer dizer, por um
o serviço corrente dessa dívida, reduz-se
.aumento dos preços. O professor Warren, conselheiro do presidente Roosevelt,
de fato se os preços de exportação em li bras forem ajustados à dcsvalorizirção, co mo já aconteceu para vários produtos.
cm matéria monetária, afirmava que por
31
rece preferível desvalorizar sem demora, para restabelecer a confiança, promover o repatriamento de capitais nacionais e
estimu'ar investimentos de capitais es trangeiros.
7." — Processo fácil
a um acré.scinio, com a queda do ester
uma redução do padrão ouro se poderia provocar qualquer aumento de preços. Evídenciou-se mais tarde que essa afir mação era ligeiramente e.xagcrada. Pois
Além das razões específicas de que
, Enfim, precisa-se mencionar um argu mento que se torna cada \'ez mais impor tante, embord se fale raramente nêle.
A desvalorização é, para os governos, um processo muito fácil. Pode ser apli
cado por simples decreto do Poder Exe cutivo e decisão do Banco Central.
6." — Confiança e investhnentos
Entra em vigor imediatamente.
Pre
cisa apenas — nem mesmojem todos os países — de uma confirmação ulterior pelo Parlamento, que, naturalmente, não
distribuição da renda nacional: em geral, os lucros nas indústrias de exportação
não é fáci' desvalorizar uma moeda boa
tratamos nos parágrafos anteriores, existe
como o dólar. Notadamcnte em tempos
aumentam mais do que os sa'ários. Ma
de crise, muita gente prefere entcsourar
nifesta-se, porém, agora, na Inglaterra e
um argumento de ordem geral, que ven ce às vezes todas as outras considerações.
dólares, em vez de comprar mercadorias. Mas, no princípio, Warren teve razão. Em todo caso, sua tese foi um dos argu mentos que mais impressionaram o pre sidente Roosevelt, determinando sua de
Êsse argumento resume-se na palaxTa
nor resistência" é parliculannentc atraen
confiança". Não é fácil definir clara mente em que consiste a confiança ou
te em países onde os processos legisla
desconfiança para com uma moeda. Está
cisão de suspender o padrão-ouro do dólar, medida que iniciou uma desvalo
ças lüstóricas do que em razões lógicas e
e numa época em que outro.s processos de ajustamento, por exemplo aumento de taxas aduaneiras, são dificultados por
em outros países europeus, a tendência
de gravar os lucros oriundos da desva lorização com impostos especiais.
4." — Dívida interna e preços Os diversos argumentos atrás mencio
nados têm uma característica comum:
visam um aumento dos preços no mer cado externo, na esperança de que os
preços no m-^rcado interno permaneçam
rização de A\%. B.° — Dívida externa
Também no domínio internacional a
estáveis. Há, porém, circunstâncias nas
desvolarização pode servir como meio de
quais uma desvalorização parece dese jável para estimular sobretudo uma alta
auxí iar os devedores.
no mercado interno. O exemplo mais famoso de ajustamentos cambiais dês e
é o contrário. Se um país desvaloriza sua moeda, sua dívida externa — publi ca ou particular, — contratada em moe das estrangeiras, aumenta. Foi essa a
tipo é a desvalorização do dó ar em X933/34- A grande crise tinha conduzi do a uma baixa,dos preços, em particular
dos produtos agrícolas, enquanto as dívidas dos agricultores ficaram no seu
- anHgo-nível. A divergência entre os
Evidentemente,
via de regra, o efeito da desvalorização
triste conseqüência que o Brasil devia experimentar, mais de uma vez, na de preciação do mr réis. Todavia, a situa ção será diferente se a dívida externa
de um país estiver estipulada em moeda preços e as dívidas dos "farmers" foi estrangeira. Nessa hipótese, o peso da /principal causa da gravíssima crise ban-
baseada mais em sentimentos e lembran
em prognósticos seguros para o futuro. Mas e um fato que a confiança é deci siva para a formação das taxas cambiais
no mercado livre (lícito, "negro" ou "cinzento"). Mais importante ainda é um outro reflexo de confiança ou descon
fiança: os investimentos estrangeiros de pendem em ampla medida da confiança na moeda do respectivo país. Ninguém quer dar capital a um país que amanhã talvez seja obrigado a desvalorizar sua moeda. Por conseguinte, a ameaça de
uma desvalorização conduz quase sem pre à caída de capitais estrangeiros e tam
bém à "fuga" de capitais nacionais.
pode ser recusada sem o risco das mais graves confusões. Êsse método da "me
tivos ordinários demoram meses e anos,
convênios internacionais. Para elevar o
imposto de importação de um por cento é preciso modificar uns quarenta acordos
internacionais. Para elevar o preço dos produtos importados de uns quaren ta por cento mediante desvalorização da moeda, precisa-se apenas de um enten dimento interno entre o. Ministério da Fazenda e o Banco Central. Pode-se
fazer — e faz-se mesmo de preferência
- a operação num domingo, quando as
bolsas estão fechadas e o comércio re pousa.
Esses movimentos podem tomar dimen sões tais que prejudicam sèriamente a
8." - Preços internos e" externos
balança de pagamentos. Nesse caso, pa
se baseiam os partidários da desvalo-
Como se vê, os argumentos nos quais
Dicesto EcoNoxnco
Dicesto EcoNóivncc 33
32
rização .sao«rimeiro numerosos e varindos. Entreargumento da nossa
Sr o" afronsidera? a desvalorização ,
estimulo
exportação, f.ea predo-
Ê também o unico que se
tenha" cristaliaudo numa verdadeira doutrina, a famosa "teoria da paridade do
poder de compra".
O autor dessa teoria, o economista
sueco Gustav Cassei, toma por ponto de
da taxa cambial, e viee-vcrsa.
Cassei, que elaljorou essa teoria du rante a grande infação <[ue devastou * economia européia nos an:)s após a pri meira guerra mundial, tentou dar à sua idéia uma expressão aritmética. Se os
preços internos num país quadruplica
partida o conceito da e^cola clássica in-
rem, e num outro país apenas dobra rem, a moeda do primeiro país deverá
entre' o mercado externo e o interno.
ser desvalorizada dc 50%, para manter o
Sêsa, que não faz grande discriminação Considera o comércio como um fenôme
no mundial, coerente e, em princípio,
uniforme, pois as nações, como os indi víduos, querem comprar a mercadoria
desejada onde e'a se oferece por preço
comércio exterior entre ambos.
A comparação da evolução dos pre ços e das taxas cambiais mostra que a teoria casseliana não corresponde á
realidade. Em grandes linhas, manifes
mais vantajoso. O comércio exterior não
tou-se certa tendência de adaptar os
é senão uma extensão 'do comércio inte
rior, sujeito à mesma lei da procura e
preços externos aos preçxjs internos, mediante modificações das taxas cambiais,
oferta. Quem quer comprar uma merca
mas a diferença do nível de preços in
doria estrangeira, deverá renunciar a
ÍNDICE DE PREÇOS POR ATACADO
exportação e providenciar divisas para 35 indispensáveis importações. Em resu ma: alta dos preços internos — baix*
(1935/1939= 100) Período
Inziaterro
• Estados Unidos
1929 1932 1937 1946 1947 1948
115.0
118,2 80,4 107,1 150,0 188.5 204,7 191.6
86,2 109,5 176,4
193.1 220,9
1949 (junho)
233,4
À primeira vista, a confrontação dessas estatísticas é impressionante. Parece
evidenciar que, nos últimos dois anos, os preços na Inglaterra subiram muito mais que nos Estados Unidos. En quanto na América do Norte a alta
parou e foi seguida em 1948 por uma baixa, os preços na Inglaterra continua
guerxa, cerca de 20% acima dos preços
ternos nos diferentes países, medida era
americanos.
ouro ou em dólares, ainda ficou tão
cado interno, a favor do vendedor estran
amp'a que seria um absurdo falar era paridade do poder de compra. Tal pa
mais que duvidosa. Em primeiro lugar,
mercadoria na expectativa de receber pe
ridade não passa de um desejo, e nunca
lo produto de sua venda mercadorias estrangeiras cujo valor corresponde apro
se tornou um fato.
ximadamente ao valor da mercadoria
exportada no mercado interno. Segundo esse princípio é que a taxa
Não obstante, a tese de Cassei guar
dou grande reputação, menos nos meios acadêmicos,
onde
sempre
encontrou
políticos e financeiros que, por outras
países em questão tiverem um sistema
razões, desejavam desvalorizar. Mais uma vez, a recente desvalorização da li
não se deveria esqriecer que, entre 1937 e 1^0, a libra foi sucessivamente des valorizada de 4,94 para 4,02 dólares, ou seja, de 18%. Calculados em dólares, os preços na Inglaterra aumentaram, portanto, não muito mais que os preços nos Estados Unidos. Uma modificação
Período
norte-americano divulgou um estudo
1938
sôbre a evolução dos preços internos nos
cia de uma inflação ou por outras razões,
Estados Unidos e na Inglaterra, para
1940 1945 1946
• lorizada, para guardar o princípio da pa ridade do poder de compra e, praticamen te, a fim de permitir ao país continuar sua
terlino foi indispensável, em vista das alterações do poder aquisitivo da moeda nos dois países.
Além disso, o índice geral dos nrecos por atacado é uma bis« A
j ^^
i.r., o ' J pregos ® duvidosa julgar nívelT dos vigoranlespara comercio extenor. conparar a evolução dos preços de ex portação e de importação nos dois países^ O quadro seguinte é baseado nos nnn-íiaroirt
no
^
dados oficiais, reunidos e coordenados pelos serviços estatísticos do Fundo Monetário Internacional ("Intemational Financial Stahstics", agosto de 1949, págs. 124-127).
Inglaterra
Um grande banco
demonstrar que a desvalorização do es
305%"°™ ^®®^'«íorização da libra de
^
^
(Base: 1937=100)
bra deu ensejo a uma ressurreição da teoria casseliana.
teoria casseliana, não havia razões para
PREÇOS NO COMÉRCIO EXTERIOR
monetário semelhante, baseado em ouro, e de livre intercâmbio, a taxa cambial se formará e ficará estável sem maiores di ficuldades. Mas, se num país os preços internos subirem muito, em conseqüên
a moeda desse país deveria ser desva-
Porém, tal conclusão é
acerbas críticas, do que nos círculos
cambial deveria ser fixada. Se os dois
cambiais, o que implicaria ajustamentos em permanência. Mesmo no sentido da
vam a subir, elevando-se, em meados
dêsse ano, em relação ao nível de pré-
uma parte do poder aquisitivo no mer
geiro, o qual, por seu lado, venderá sua
de 2 ou 3% nos preços certamente não pode justificar uma mudança das taxas
Export.
Import.
102 122 189
94 131 187 200 243 277 285
Estado;s Unidos Import.
1947 1948
1949 (maio)
199 •
226 249 254
93 97
138
151 180 191 180
90 98
145 161 196 220
208
Dicesto EcoNoxnco
Dicesto EcoNóivncc 33
32
rização .sao«rimeiro numerosos e varindos. Entreargumento da nossa
Sr o" afronsidera? a desvalorização ,
estimulo
exportação, f.ea predo-
Ê também o unico que se
tenha" cristaliaudo numa verdadeira doutrina, a famosa "teoria da paridade do
poder de compra".
O autor dessa teoria, o economista
sueco Gustav Cassei, toma por ponto de
da taxa cambial, e viee-vcrsa.
Cassei, que elaljorou essa teoria du rante a grande infação <[ue devastou * economia européia nos an:)s após a pri meira guerra mundial, tentou dar à sua idéia uma expressão aritmética. Se os
preços internos num país quadruplica
partida o conceito da e^cola clássica in-
rem, e num outro país apenas dobra rem, a moeda do primeiro país deverá
entre' o mercado externo e o interno.
ser desvalorizada dc 50%, para manter o
Sêsa, que não faz grande discriminação Considera o comércio como um fenôme
no mundial, coerente e, em princípio,
uniforme, pois as nações, como os indi víduos, querem comprar a mercadoria
desejada onde e'a se oferece por preço
comércio exterior entre ambos.
A comparação da evolução dos pre ços e das taxas cambiais mostra que a teoria casseliana não corresponde á
realidade. Em grandes linhas, manifes
mais vantajoso. O comércio exterior não
tou-se certa tendência de adaptar os
é senão uma extensão 'do comércio inte
rior, sujeito à mesma lei da procura e
preços externos aos preçxjs internos, mediante modificações das taxas cambiais,
oferta. Quem quer comprar uma merca
mas a diferença do nível de preços in
doria estrangeira, deverá renunciar a
ÍNDICE DE PREÇOS POR ATACADO
exportação e providenciar divisas para 35 indispensáveis importações. Em resu ma: alta dos preços internos — baix*
(1935/1939= 100) Período
Inziaterro
• Estados Unidos
1929 1932 1937 1946 1947 1948
115.0
118,2 80,4 107,1 150,0 188.5 204,7 191.6
86,2 109,5 176,4
193.1 220,9
1949 (junho)
233,4
À primeira vista, a confrontação dessas estatísticas é impressionante. Parece
evidenciar que, nos últimos dois anos, os preços na Inglaterra subiram muito mais que nos Estados Unidos. En quanto na América do Norte a alta
parou e foi seguida em 1948 por uma baixa, os preços na Inglaterra continua
guerxa, cerca de 20% acima dos preços
ternos nos diferentes países, medida era
americanos.
ouro ou em dólares, ainda ficou tão
cado interno, a favor do vendedor estran
amp'a que seria um absurdo falar era paridade do poder de compra. Tal pa
mais que duvidosa. Em primeiro lugar,
mercadoria na expectativa de receber pe
ridade não passa de um desejo, e nunca
lo produto de sua venda mercadorias estrangeiras cujo valor corresponde apro
se tornou um fato.
ximadamente ao valor da mercadoria
exportada no mercado interno. Segundo esse princípio é que a taxa
Não obstante, a tese de Cassei guar
dou grande reputação, menos nos meios acadêmicos,
onde
sempre
encontrou
políticos e financeiros que, por outras
países em questão tiverem um sistema
razões, desejavam desvalorizar. Mais uma vez, a recente desvalorização da li
não se deveria esqriecer que, entre 1937 e 1^0, a libra foi sucessivamente des valorizada de 4,94 para 4,02 dólares, ou seja, de 18%. Calculados em dólares, os preços na Inglaterra aumentaram, portanto, não muito mais que os preços nos Estados Unidos. Uma modificação
Período
norte-americano divulgou um estudo
1938
sôbre a evolução dos preços internos nos
cia de uma inflação ou por outras razões,
Estados Unidos e na Inglaterra, para
1940 1945 1946
• lorizada, para guardar o princípio da pa ridade do poder de compra e, praticamen te, a fim de permitir ao país continuar sua
terlino foi indispensável, em vista das alterações do poder aquisitivo da moeda nos dois países.
Além disso, o índice geral dos nrecos por atacado é uma bis« A
j ^^
i.r., o ' J pregos ® duvidosa julgar nívelT dos vigoranlespara comercio extenor. conparar a evolução dos preços de ex portação e de importação nos dois países^ O quadro seguinte é baseado nos nnn-íiaroirt
no
^
dados oficiais, reunidos e coordenados pelos serviços estatísticos do Fundo Monetário Internacional ("Intemational Financial Stahstics", agosto de 1949, págs. 124-127).
Inglaterra
Um grande banco
demonstrar que a desvalorização do es
305%"°™ ^®®^'«íorização da libra de
^
^
(Base: 1937=100)
bra deu ensejo a uma ressurreição da teoria casseliana.
teoria casseliana, não havia razões para
PREÇOS NO COMÉRCIO EXTERIOR
monetário semelhante, baseado em ouro, e de livre intercâmbio, a taxa cambial se formará e ficará estável sem maiores di ficuldades. Mas, se num país os preços internos subirem muito, em conseqüên
a moeda desse país deveria ser desva-
Porém, tal conclusão é
acerbas críticas, do que nos círculos
cambial deveria ser fixada. Se os dois
cambiais, o que implicaria ajustamentos em permanência. Mesmo no sentido da
vam a subir, elevando-se, em meados
dêsse ano, em relação ao nível de pré-
uma parte do poder aquisitivo no mer
geiro, o qual, por seu lado, venderá sua
de 2 ou 3% nos preços certamente não pode justificar uma mudança das taxas
Export.
Import.
102 122 189
94 131 187 200 243 277 285
Estado;s Unidos Import.
1947 1948
1949 (maio)
199 •
226 249 254
93 97
138
151 180 191 180
90 98
145 161 196 220
208
' W V'
Digesto EcoNó^aco
35
DICESTO ECüNÓKflCO 94
a queda da libra não fez crescer a e.x-
O quadro mostra que os preços de exportação subiram, na Inglaterra, em moeda nacional, em relação ao nível de
pré-guerra, de cerca de 40% mais que
os dos Estados Unidos, mas a diferen
ça é a mesma para os preços de impor tação, que aumentaram nos dois países mais ainda que os preços de exportação.
portação.
clusivamente do nível dos preços inter
nos em relação ao nível internacional.
As primeiras condições da exportação de um país essencialmente industrial são a capacidade técnica e o numero df
do padrão-ouro (setembro de 1931),
Ainda cni libras desvaloriza
menor que anteriormente.
sante lembrar, hoje, os dados daquela
primeiros dois anos depois do abandono
época:
COMÉRCIO EXTERIOR DA INGLATERRA
(Em milhões de £)
mão-de-obra disponível. Certamente, o equipamento da indústria britânica e
Ano
Exportação
Essa constatação conduz à conclusão de
particularmente antiquado e deixa am pla margem para renovação. Mas re
que. já antes da recente desvalorização
novar significa importar ou reservar
1929
729
1111
da libra, a Inglaterra, como país expor tador, não era mais cara que o resto do inundo, que lhe fornecia suas volumosas
maior parte de sua produção ao pró prio país, quer dizer, reduzir para o próximo futuro a exportação. No que se
1930 1931 1932
571
957 651
importações (as importações inglesas dos
391 365 368
refere à mão-de-obra, a Inglaterra se
Estados Unidos são relativamente pe quenas; representavam em 1948 e 1949
apenas 9% do total). E, já que dois terços dos fregueses e dos fornecedores da Inglaterra desvalorizaram suas moe
das na mesma proporção que a própria Grã-Bretanha, esta não pode esperar que a relação entre ps preços de exportação e de importação sofra grandes alterações. Quanto ao custo da rida, não há dúvi da de que a Inglaterra foi, já an tes
da
desempregados, e a Inglaterra 1,5 mi lhões. Em meados de 1049, o número
de desempregados nos Estados Unidos ultrapassou 4 milhões, enquanto a Inglaterra tinha menos de 300.000 pes soas sem emprego. Sob êsse aspecto, a evolução foi, pois, na Inglaterra, muito favorável
que na América
última
do Norte.
Mas
um país sem re
libra, um
serva
país
de
mão-
de-obra não po
de custo de vida dos mais baratos
de aumentar
oa Europa. Em relação ao nível de pré-guerra, o
consideravelmen
índice do custo
em
da rida aumen
do próprio con
te suas exporta ções, a não ser detrimento
tou, na Inglaterra, de 12% mais que
sumo. E parece bem duvidoso que os
nos Estados Unidos; mas, considerada
ingleses estejam dispostos a aceitar tal
a desvalorização da libra efetuada entre 1937 e 1940, a vida na Inglaterra en
solução.
careceu menos que na América do Norte. Com a nova desvalorização, a Inglaterra
a exportação britânica aumente líiuito
«erá para os americanos um país bara-
Mesmo em 1931, quando a Inglaterra tinha dois milliões de desempregados e
Porém, a exportação não depende ex-
Em resumo, não se pode esperar que
em conseqüência da desvalorização. seu nível de preços estava elevadíssimo.
iL
Importação
797 626
zes, para a consolidação da economia
uma melhoria da balança de pagamentos, mas as repercussões sôbre a exportação ficaram em geral módicas. Não se pode
interna, a diminuição das importações, o alívio da dívida externa e, assim, para
libra faça uma exceção à regra.
Outras desvalorizações deram resul tados semelhantes. Contribuíam, às ve
Estados Unidos tinliam 7,7 milhões de
desvalorização da
tíssimo.
1933
encontrava já antes da desvalorização nu ma fase de pleno emprego. Em 1937, os
mais
É interes
das, a e.xportação da Inglaterra foi, nos
esperar que a nova desvalorização da
' W V'
Digesto EcoNó^aco
35
DICESTO ECüNÓKflCO 94
a queda da libra não fez crescer a e.x-
O quadro mostra que os preços de exportação subiram, na Inglaterra, em moeda nacional, em relação ao nível de
pré-guerra, de cerca de 40% mais que
os dos Estados Unidos, mas a diferen
ça é a mesma para os preços de impor tação, que aumentaram nos dois países mais ainda que os preços de exportação.
portação.
clusivamente do nível dos preços inter
nos em relação ao nível internacional.
As primeiras condições da exportação de um país essencialmente industrial são a capacidade técnica e o numero df
do padrão-ouro (setembro de 1931),
Ainda cni libras desvaloriza
menor que anteriormente.
sante lembrar, hoje, os dados daquela
primeiros dois anos depois do abandono
época:
COMÉRCIO EXTERIOR DA INGLATERRA
(Em milhões de £)
mão-de-obra disponível. Certamente, o equipamento da indústria britânica e
Ano
Exportação
Essa constatação conduz à conclusão de
particularmente antiquado e deixa am pla margem para renovação. Mas re
que. já antes da recente desvalorização
novar significa importar ou reservar
1929
729
1111
da libra, a Inglaterra, como país expor tador, não era mais cara que o resto do inundo, que lhe fornecia suas volumosas
maior parte de sua produção ao pró prio país, quer dizer, reduzir para o próximo futuro a exportação. No que se
1930 1931 1932
571
957 651
importações (as importações inglesas dos
391 365 368
refere à mão-de-obra, a Inglaterra se
Estados Unidos são relativamente pe quenas; representavam em 1948 e 1949
apenas 9% do total). E, já que dois terços dos fregueses e dos fornecedores da Inglaterra desvalorizaram suas moe
das na mesma proporção que a própria Grã-Bretanha, esta não pode esperar que a relação entre ps preços de exportação e de importação sofra grandes alterações. Quanto ao custo da rida, não há dúvi da de que a Inglaterra foi, já an tes
da
desempregados, e a Inglaterra 1,5 mi lhões. Em meados de 1049, o número
de desempregados nos Estados Unidos ultrapassou 4 milhões, enquanto a Inglaterra tinha menos de 300.000 pes soas sem emprego. Sob êsse aspecto, a evolução foi, pois, na Inglaterra, muito favorável
que na América
última
do Norte.
Mas
um país sem re
libra, um
serva
país
de
mão-
de-obra não po
de custo de vida dos mais baratos
de aumentar
oa Europa. Em relação ao nível de pré-guerra, o
consideravelmen
índice do custo
em
da rida aumen
do próprio con
te suas exporta ções, a não ser detrimento
tou, na Inglaterra, de 12% mais que
sumo. E parece bem duvidoso que os
nos Estados Unidos; mas, considerada
ingleses estejam dispostos a aceitar tal
a desvalorização da libra efetuada entre 1937 e 1940, a vida na Inglaterra en
solução.
careceu menos que na América do Norte. Com a nova desvalorização, a Inglaterra
a exportação britânica aumente líiuito
«erá para os americanos um país bara-
Mesmo em 1931, quando a Inglaterra tinha dois milliões de desempregados e
Porém, a exportação não depende ex-
Em resumo, não se pode esperar que
em conseqüência da desvalorização. seu nível de preços estava elevadíssimo.
iL
Importação
797 626
zes, para a consolidação da economia
uma melhoria da balança de pagamentos, mas as repercussões sôbre a exportação ficaram em geral módicas. Não se pode
interna, a diminuição das importações, o alívio da dívida externa e, assim, para
libra faça uma exceção à regra.
Outras desvalorizações deram resul tados semelhantes. Contribuíam, às ve
Estados Unidos tinliam 7,7 milhões de
desvalorização da
tíssimo.
1933
encontrava já antes da desvalorização nu ma fase de pleno emprego. Em 1937, os
mais
É interes
das, a e.xportação da Inglaterra foi, nos
esperar que a nova desvalorização da
Dicesto Econónuco 37
investimentos no exterior eram, via de
Os investimentos internacionais
regra, de interesse direto da economia
Comissão do comércio e estndes i(erais AMÉnico Barbosa de Oliveira
Subcomissão de inoestimento
O "Digesto Econômico" diotilga o pre
inglêsa: seu sucesso dependia em boa parte do sucesso mesmo de.ssa economia, e sua remuneração estava garantida pela dependência cm que so encontravam as nações .siib-descnvolvidas da Inglaterra.
lhão de dólares. Tal situação decorria da impossibilidade em que se encon
À proporção <pie os capitais ingleses se foram multiplicando e dando origem
para efetuar transferências dc capitais
fundamental da balança de pagiunentos
Santiago Dantas, bem como a política
proposta para "atrair" capitais, assenta
"Cotnissão Brasileiro-americana de Es
tomando deficitária sua balança comer
em uns tantos postulados cuja validade
tudos Econômicos" da Missão Abbink.
cial.
precisa ser examinada.
investimentos internacionais, hoje e an
Parece-nos da iníerôssc âsse estudo pelo fato de as previsões feitas se estarem verificando. Refcrimo-no.s ã tese da ne cessidade inelutâvcl que os Estados Uni
ceber os "juros c dividendos de .sevi ca pital, preservando assim o equilíbrio nas trocas.
De início, vamos mostrar as dife
renças profundas entre a situação dos tes do aparecimento dos Estados Unidos
dos têm de promover grandes inversões
no mercado mundial de capitais. A se guir precisamos separar dois aspectos que em tôda a exposição do Professor
no exterim, inclusive no Brasil, c d ve
rificação de que os primeiros passos vêm sendo dados nesse sentido: o famoso
Santiago Dantas estão tratados indiscri-
Ponto 4 do Presidente Truman c agora
núnadamente: o dos capitais europeus e o dos americanos.
vedores, recursos com os quais podia re
Os mvestimentos depois da 2." grande guerra Nenhum paralelo é possível entre êsse
quadro c o de nossos dias. O exemplo da Inglaterra não serve mais para ilus
a Missão do sr. Richard Demuth
Depois poderemos então fazer a crí tica da tese do investimento favorecido
trar a situação da economia mundial; nos últimos tempos leremos . de focali zar a posição dos Estados Unidos, que
e propor a solução que se nos afigura compatível com a atual situação da
Inglaterra, procuravam tomar-sc gran
desde a primeira grande guerra surgi
economia mundial e com os interêsses
des centros industriais, a sacrificar ou
ram no mercado internacional de capi
do Brasil.
tras atividades económica.s.
Os investimentos na época anterior à
primeira grande guerra
tais com o característico de que suas in
Desta for
versões no estrangeiro não cxjnstituem
ma, a nação econòmicamcnte preponde rante era também dependente. Nessa época, um decréscimo na produção de algodão nos Estados Unido.s ou na
um complemento natural da evolução pro gressista de sua economia, nem estão em harmonia com a marcha normal do in
O movimento de capitais registrado durante o meio século que precedeu 1914 tinha como centro de gravitação um vultoso comércio internacional. A forma e a intensidade desse comércio tendiam a criar uma divisão internacio
índia motivava uma cri.se na indústria
tercâmbio mundial. Daí a e.xperiencia
manufatureira inglesa. Era natural, por
negativa que a economia americana tem
nal do trabalho, ou seja, uma interde
algodão na índia ou na América. Dai a tendência para o financiamento da pro
pendência econômica entre as nações. O princípio dos custos comparados, que então presidia as trocas internacionais, obrigava aquelas nações, que, como a
tanto, que os capitalistas da City que
obtido em relação às exportações de
tinham interesse em manter um certo
capitais. É êiTO pensar que sua atitu
nível de produção na Metrópole, procurasseim controlar as plantações de
de com relação ao Brasil decorre de uma experiência isolada. O movimento
dução das matérias-primas, o interesse no desenvolvimento dos meios de trans
porte, como estradas de ferro etc. Os
travam freqüentemente os devedores da América de obter os meios necessiírios
americana fèz do dólar uma moeda
Deixava, assim, em mãos de seus de
no Brasil.
>
empréstimos ascendiam a mais de 1 bi
para aquele país — a balança comercial a outros capitais no exterior, a Ingla dos Estados Unidos não era deficitária terra foi aumentando suas importações,' como a da Inglaterra. O desequilíbrio
sente trabalho, até então inédito, e que
foi apresentado em fins de novembro do ano passado a unm das subcomissões da
O pensamento exposto pelo Professor
12,7 bilhões de dólares. Ora, já a essa época as perdas ocasionadas por esses
f
de empréstimos americanos ao exterior
manteve-se desde a primeira guerra até a grande crise, numa média anual de quase 500 milhões de dólares, e em 1937 alcançava a soma fantástica de
permanentemente rara.
Essa raridade
não se transformou em crise antes da gueixa porque restava ainda o recurso
da venda de ouro aos Estados Unidos. Do déficit acumulado de 14 e meio
bilhões de dólares da balança de pagamentos do mundo com a América, entre 1919 e 1939, quase 11 bilhões foram
cobertos com ouro. Êsse metal perdeu, nssim, totalmente, sua função clássica
no comercio internacional, para transforniar-se num meio de pagamento aos Es tados Unidos.
A economia amepcana é fundamen talmente continental.
Seu desenvolvi
mento não criou a interdependência ne cessária ao equilíbrio mundial. Seu co
mercio exterior é uma parcela pequena
da produção e do consumo nacionais. Enquanto as nações do século XLX en
gendravam, a proporção que se desenvolviam economicamente, uma certa di visão internacional do trabalho a Amé-
zando' zando, ^or tornava-se auto-suficiente
a
'Sr
menteansfemncias o de.,uUitao® as dc ouro aos Estados Unidos ultrapassaram 2,7 bilhões, e os deficits do murido na balança de paga mentos foram de 10 biUiões.
Dicesto Econónuco 37
investimentos no exterior eram, via de
Os investimentos internacionais
regra, de interesse direto da economia
Comissão do comércio e estndes i(erais AMÉnico Barbosa de Oliveira
Subcomissão de inoestimento
O "Digesto Econômico" diotilga o pre
inglêsa: seu sucesso dependia em boa parte do sucesso mesmo de.ssa economia, e sua remuneração estava garantida pela dependência cm que so encontravam as nações .siib-descnvolvidas da Inglaterra.
lhão de dólares. Tal situação decorria da impossibilidade em que se encon
À proporção <pie os capitais ingleses se foram multiplicando e dando origem
para efetuar transferências dc capitais
fundamental da balança de pagiunentos
Santiago Dantas, bem como a política
proposta para "atrair" capitais, assenta
"Cotnissão Brasileiro-americana de Es
tomando deficitária sua balança comer
em uns tantos postulados cuja validade
tudos Econômicos" da Missão Abbink.
cial.
precisa ser examinada.
investimentos internacionais, hoje e an
Parece-nos da iníerôssc âsse estudo pelo fato de as previsões feitas se estarem verificando. Refcrimo-no.s ã tese da ne cessidade inelutâvcl que os Estados Uni
ceber os "juros c dividendos de .sevi ca pital, preservando assim o equilíbrio nas trocas.
De início, vamos mostrar as dife
renças profundas entre a situação dos tes do aparecimento dos Estados Unidos
dos têm de promover grandes inversões
no mercado mundial de capitais. A se guir precisamos separar dois aspectos que em tôda a exposição do Professor
no exterim, inclusive no Brasil, c d ve
rificação de que os primeiros passos vêm sendo dados nesse sentido: o famoso
Santiago Dantas estão tratados indiscri-
Ponto 4 do Presidente Truman c agora
núnadamente: o dos capitais europeus e o dos americanos.
vedores, recursos com os quais podia re
Os mvestimentos depois da 2." grande guerra Nenhum paralelo é possível entre êsse
quadro c o de nossos dias. O exemplo da Inglaterra não serve mais para ilus
a Missão do sr. Richard Demuth
Depois poderemos então fazer a crí tica da tese do investimento favorecido
trar a situação da economia mundial; nos últimos tempos leremos . de focali zar a posição dos Estados Unidos, que
e propor a solução que se nos afigura compatível com a atual situação da
Inglaterra, procuravam tomar-sc gran
desde a primeira grande guerra surgi
economia mundial e com os interêsses
des centros industriais, a sacrificar ou
ram no mercado internacional de capi
do Brasil.
tras atividades económica.s.
Os investimentos na época anterior à
primeira grande guerra
tais com o característico de que suas in
Desta for
versões no estrangeiro não cxjnstituem
ma, a nação econòmicamcnte preponde rante era também dependente. Nessa época, um decréscimo na produção de algodão nos Estados Unido.s ou na
um complemento natural da evolução pro gressista de sua economia, nem estão em harmonia com a marcha normal do in
O movimento de capitais registrado durante o meio século que precedeu 1914 tinha como centro de gravitação um vultoso comércio internacional. A forma e a intensidade desse comércio tendiam a criar uma divisão internacio
índia motivava uma cri.se na indústria
tercâmbio mundial. Daí a e.xperiencia
manufatureira inglesa. Era natural, por
negativa que a economia americana tem
nal do trabalho, ou seja, uma interde
algodão na índia ou na América. Dai a tendência para o financiamento da pro
pendência econômica entre as nações. O princípio dos custos comparados, que então presidia as trocas internacionais, obrigava aquelas nações, que, como a
tanto, que os capitalistas da City que
obtido em relação às exportações de
tinham interesse em manter um certo
capitais. É êiTO pensar que sua atitu
nível de produção na Metrópole, procurasseim controlar as plantações de
de com relação ao Brasil decorre de uma experiência isolada. O movimento
dução das matérias-primas, o interesse no desenvolvimento dos meios de trans
porte, como estradas de ferro etc. Os
travam freqüentemente os devedores da América de obter os meios necessiírios
americana fèz do dólar uma moeda
Deixava, assim, em mãos de seus de
no Brasil.
>
empréstimos ascendiam a mais de 1 bi
para aquele país — a balança comercial a outros capitais no exterior, a Ingla dos Estados Unidos não era deficitária terra foi aumentando suas importações,' como a da Inglaterra. O desequilíbrio
sente trabalho, até então inédito, e que
foi apresentado em fins de novembro do ano passado a unm das subcomissões da
O pensamento exposto pelo Professor
12,7 bilhões de dólares. Ora, já a essa época as perdas ocasionadas por esses
f
de empréstimos americanos ao exterior
manteve-se desde a primeira guerra até a grande crise, numa média anual de quase 500 milhões de dólares, e em 1937 alcançava a soma fantástica de
permanentemente rara.
Essa raridade
não se transformou em crise antes da gueixa porque restava ainda o recurso
da venda de ouro aos Estados Unidos. Do déficit acumulado de 14 e meio
bilhões de dólares da balança de pagamentos do mundo com a América, entre 1919 e 1939, quase 11 bilhões foram
cobertos com ouro. Êsse metal perdeu, nssim, totalmente, sua função clássica
no comercio internacional, para transforniar-se num meio de pagamento aos Es tados Unidos.
A economia amepcana é fundamen talmente continental.
Seu desenvolvi
mento não criou a interdependência ne cessária ao equilíbrio mundial. Seu co
mercio exterior é uma parcela pequena
da produção e do consumo nacionais. Enquanto as nações do século XLX en
gendravam, a proporção que se desenvolviam economicamente, uma certa di visão internacional do trabalho a Amé-
zando' zando, ^or tornava-se auto-suficiente
a
'Sr
menteansfemncias o de.,uUitao® as dc ouro aos Estados Unidos ultrapassaram 2,7 bilhões, e os deficits do murido na balança de paga mentos foram de 10 biUiões.
Digeisto Econômico
38
Dicesto Econômico
Em 1948 mantém-se a mesma tendên
80
Uma aguda necessidade dc adquirir
cia. Com a aproximação do esgotamen
moedas fortes está à base das atuais ex
por si mesmo podia alterar em seu pro
to das reservas-ouro dc outros países e
veito as condições do mercado." Como
a fome crescente de dólares, verificou-se
portações européias do capitais. Por ou tro lado, o interesse dos detentores dês-
a ínadequabilídade das instituições cria
ses capitais cncaminlia-os no sentido da
de grandes concentrações?
das em "Brctton 'Woods", e um urgen
fuga. O desejo dc maior segurança, O temor das nacionalizações, o peso do fisco, o elevado conlròle público ou sin dical, as dificuldades de aquisição de
A experiência de nações cuja econo mia era altamente dependente do co
de processar-se de acôrdo com os interêsses da economia americana, que estão
mércio internacional estava na base des
em oposição aos dos países menos de
sa teoria.
ções diversas caracterizadas por um de-
senvolvidos — contràriamente ao que sucedia, no século XIX, nas relações
seqiiilil"^TÍo fundamental do comércio
internacionais.
te esforço da política de redistribuição de dólares foi iniciada através do "Plano
Marshall", destinado a princípio para a Europa, mas que depois terá de ser matérias-primas c mão-de-obra — tudo estendido a outras regiões do mundo, concorro para fomentar a fuga dos ca sob pena de paralisar-se o sistema, pitais nos paí.sos da Europa ocidental. econômico em que vivemos. Não se pode argumentar da mesma O próprio Professor Santiago reconhe forma com capitais europeus e ame
ce que "em vista da situação geral da economia americana, com um grande
ricanos.
Mas em ambo.s os casos pare
ce patentcar-sc que os movimentos de
saldo no seu balanço de pagamentos, é muito provável, porém, que, no caso
lados por motivos políticos do que pela
^^^®ysões espontâneas no estrangeiro, o
oferta de condições excepcionais de re muneração. A simples criação de con
de retração dos capitais privados para
capital, em nossos dias, são antes regu
Governo se veja forçado (além dos mo tivos políticos) a fomentar tais inversões ou fazê-las ele próprio".
à superfície do probVma. O funciona
Capitais europeus
tem que ser observado de uma dupla
Já em matéria de capitais europeus a situação é totalmente diversa. Êsses emigram por motiVos que de nenhuma
forma se confundem com as razões que determinam os movimentos de capitais americanos.
dições "mais atraentes" aflora apenas mento do mercado mundial de capitais
perspectiva: o plano das pequenas uni dades submetidas aos princípios gerais da concorrência, e o plano das grandes unidades econômicas e políticas (trastes
e cartéis) que vêem muito mais longe que a simples taxa de juros.
Em ambos os casos há
diferentes motivos econômicos e polí ticos. No caso dos países europeus, a pressão política é para que os capitais não se expatriem e a pressão dos inte resses econômicos é no sentido da emi
Doutrinas obsoletas
É hoje completamente insatisfatória a teoria de que os investimentos são feitas onde os capitais encontram uma
gração. Os governos euro
"remuneração
peus procuram por tôdas
pensadora".
as formas conservar os ca
A teoria clássica da di visão internacional de ca
pitais fixos de que dispõem, permitindo o expatriamento apenas mediante conces sões compensadoras da
mais com-
utilizar êsle esquema numa economia
Como aplicá-la em condi
interhacional?
Dentro do quadro estreito da econo mia hoje considerada "clássica", o mer
cado de capitais ora considerado como
deslocamentos de capitais neste ou na quele sentido não são necessàriamente
fruto de uma "política de atração". A
emigração dos capitais americanos terá
Se se estabelecesse, entretanto, uma
ampla corrente de capitais privados americanos para a e.xecuçâo de uma política brasileira de desenvolvimento,
um mecanismo em tudo asscmelhável ao
nada indica que nossas exportações para
dos outros mercados de "serviços". Um
os Estados Unidos se 'incrementariam.
certo número de princípios fundamen
Por outro lado, o item ser\'iços de nos
tais presidia a poupança, e ajustamento
desta aos investimentos, o volume global
sa balança de pagamentos se tomaria mais oneroso, agravando o desequilíbrio
e os volumes relativos destes num mes
atual.
mo país, bem como a repartição dos capitais entre os países.
Pensamento modenw
Era assim, até certo ponto, no século passado. E podia-se então dizer que os capitais procuravam, por toda parte,
Todos êsses fatos foram amplamente reconliecidos pelos financistas modernos
uma remuneração mais compensadora.
que considerarn a necessidade de buscar
/
Os movimentos internacionais de capi
uma nova teoria dos investimentos in
tal se processavam em função da taxa
ternacionais.
de juro: considerava-se "normal" uma
ternacional de Reconstrução e Fomento •
transferência -dc capitais sempre que êstes buscassem taxas de juros de nível
foi um passo dado nesse sentido. Fir maram-se assim dois pontos: a) necessi dade de planejar e controlar os investi
mais elevado.
Êsse esquema, sedutor pela simplici dade, de há muito vem sendo desmenti
do pelos fatos. Aliás, nem mesmo as correntes de capitais do século passado são satisfatòriamente explicadas dentre dos quadros dessa teoria.
A criação do Banco In
mentos; b) reconhecimento da insufi
ciência das iniciativas fragmentárias para a reconstrução e para o fomento das
economias .sub-desenvolvidas. Assim, a Diretoria do Banco, em seu último re latório, de 29-9-48, estatuía: "As na ções sub-desenvolvidas devem formular
Os confrontos históricos apresentados ajudam a compreender que a teoria
programas gerais para evitar fazer in
tiva atomizada, tinha em
vista uma estrutura econô
clássica dos investimentos internacionais
investimentos passam a ser preocupa
pitais, fundada na inicia
parte dos países para onde
mica de pequenas unida-^
se dirigem êsses capitais.
des.
"Nenhum indivíduo
— capitais privados deslocando-se atraí
dos pela taxa de juros — é em nossos
dias de quase nenhum valor. É que os
versões isoladas e pouco eficazes". Os
ção direta dos governos, que sobre os mesmos devem possuir uma ampla su pervisão.
Digeisto Econômico
38
Dicesto Econômico
Em 1948 mantém-se a mesma tendên
80
Uma aguda necessidade dc adquirir
cia. Com a aproximação do esgotamen
moedas fortes está à base das atuais ex
por si mesmo podia alterar em seu pro
to das reservas-ouro dc outros países e
veito as condições do mercado." Como
a fome crescente de dólares, verificou-se
portações européias do capitais. Por ou tro lado, o interesse dos detentores dês-
a ínadequabilídade das instituições cria
ses capitais cncaminlia-os no sentido da
de grandes concentrações?
das em "Brctton 'Woods", e um urgen
fuga. O desejo dc maior segurança, O temor das nacionalizações, o peso do fisco, o elevado conlròle público ou sin dical, as dificuldades de aquisição de
A experiência de nações cuja econo mia era altamente dependente do co
de processar-se de acôrdo com os interêsses da economia americana, que estão
mércio internacional estava na base des
em oposição aos dos países menos de
sa teoria.
ções diversas caracterizadas por um de-
senvolvidos — contràriamente ao que sucedia, no século XIX, nas relações
seqiiilil"^TÍo fundamental do comércio
internacionais.
te esforço da política de redistribuição de dólares foi iniciada através do "Plano
Marshall", destinado a princípio para a Europa, mas que depois terá de ser matérias-primas c mão-de-obra — tudo estendido a outras regiões do mundo, concorro para fomentar a fuga dos ca sob pena de paralisar-se o sistema, pitais nos paí.sos da Europa ocidental. econômico em que vivemos. Não se pode argumentar da mesma O próprio Professor Santiago reconhe forma com capitais europeus e ame
ce que "em vista da situação geral da economia americana, com um grande
ricanos.
Mas em ambo.s os casos pare
ce patentcar-sc que os movimentos de
saldo no seu balanço de pagamentos, é muito provável, porém, que, no caso
lados por motivos políticos do que pela
^^^®ysões espontâneas no estrangeiro, o
oferta de condições excepcionais de re muneração. A simples criação de con
de retração dos capitais privados para
capital, em nossos dias, são antes regu
Governo se veja forçado (além dos mo tivos políticos) a fomentar tais inversões ou fazê-las ele próprio".
à superfície do probVma. O funciona
Capitais europeus
tem que ser observado de uma dupla
Já em matéria de capitais europeus a situação é totalmente diversa. Êsses emigram por motiVos que de nenhuma
forma se confundem com as razões que determinam os movimentos de capitais americanos.
dições "mais atraentes" aflora apenas mento do mercado mundial de capitais
perspectiva: o plano das pequenas uni dades submetidas aos princípios gerais da concorrência, e o plano das grandes unidades econômicas e políticas (trastes
e cartéis) que vêem muito mais longe que a simples taxa de juros.
Em ambos os casos há
diferentes motivos econômicos e polí ticos. No caso dos países europeus, a pressão política é para que os capitais não se expatriem e a pressão dos inte resses econômicos é no sentido da emi
Doutrinas obsoletas
É hoje completamente insatisfatória a teoria de que os investimentos são feitas onde os capitais encontram uma
gração. Os governos euro
"remuneração
peus procuram por tôdas
pensadora".
as formas conservar os ca
A teoria clássica da di visão internacional de ca
pitais fixos de que dispõem, permitindo o expatriamento apenas mediante conces sões compensadoras da
mais com-
utilizar êsle esquema numa economia
Como aplicá-la em condi
interhacional?
Dentro do quadro estreito da econo mia hoje considerada "clássica", o mer
cado de capitais ora considerado como
deslocamentos de capitais neste ou na quele sentido não são necessàriamente
fruto de uma "política de atração". A
emigração dos capitais americanos terá
Se se estabelecesse, entretanto, uma
ampla corrente de capitais privados americanos para a e.xecuçâo de uma política brasileira de desenvolvimento,
um mecanismo em tudo asscmelhável ao
nada indica que nossas exportações para
dos outros mercados de "serviços". Um
os Estados Unidos se 'incrementariam.
certo número de princípios fundamen
Por outro lado, o item ser\'iços de nos
tais presidia a poupança, e ajustamento
desta aos investimentos, o volume global
sa balança de pagamentos se tomaria mais oneroso, agravando o desequilíbrio
e os volumes relativos destes num mes
atual.
mo país, bem como a repartição dos capitais entre os países.
Pensamento modenw
Era assim, até certo ponto, no século passado. E podia-se então dizer que os capitais procuravam, por toda parte,
Todos êsses fatos foram amplamente reconliecidos pelos financistas modernos
uma remuneração mais compensadora.
que considerarn a necessidade de buscar
/
Os movimentos internacionais de capi
uma nova teoria dos investimentos in
tal se processavam em função da taxa
ternacionais.
de juro: considerava-se "normal" uma
ternacional de Reconstrução e Fomento •
transferência -dc capitais sempre que êstes buscassem taxas de juros de nível
foi um passo dado nesse sentido. Fir maram-se assim dois pontos: a) necessi dade de planejar e controlar os investi
mais elevado.
Êsse esquema, sedutor pela simplici dade, de há muito vem sendo desmenti
do pelos fatos. Aliás, nem mesmo as correntes de capitais do século passado são satisfatòriamente explicadas dentre dos quadros dessa teoria.
A criação do Banco In
mentos; b) reconhecimento da insufi
ciência das iniciativas fragmentárias para a reconstrução e para o fomento das
economias .sub-desenvolvidas. Assim, a Diretoria do Banco, em seu último re latório, de 29-9-48, estatuía: "As na ções sub-desenvolvidas devem formular
Os confrontos históricos apresentados ajudam a compreender que a teoria
programas gerais para evitar fazer in
tiva atomizada, tinha em
vista uma estrutura econô
clássica dos investimentos internacionais
investimentos passam a ser preocupa
pitais, fundada na inicia
parte dos países para onde
mica de pequenas unida-^
se dirigem êsses capitais.
des.
"Nenhum indivíduo
— capitais privados deslocando-se atraí
dos pela taxa de juros — é em nossos
dias de quase nenhum valor. É que os
versões isoladas e pouco eficazes". Os
ção direta dos governos, que sobre os mesmos devem possuir uma ampla su pervisão.
Dicesto Econômico 40
Quanto à oferta de capitais, condições novas serão necessárias para ^ que as mesmas se incrementem. A êsle pro
pósito, o Professor François Perroux sus tenta que a distribuição de cródito de verá deixar de ser uma atividade lucra
a iniciativa privada nos países siib-dcsenvolvidos c tímida desde que as gran
des concentrações (truslcs e cartéis) se generalizaram, cabe ao Governo tomar
pecíficas e utilizando os recursos estran
geiros por meio de empréstimos, tal como foi feito no caso de Volta Re
tem mais ou menos constrangidos a as
donda.
sumir no mundo de após-guerra essa
A solução proposta pelo Professor Santiago Dantas de considerar os inves
Uma nova grande corrente de capitais
para os países sub-desenvolvidos terá de ser necessáriamentc dirigida e resul tará de um imperativo mesmo da eco
timentos nessas atividades como "favo
recidos", parccc-me inadequada. Pri meiro, porque não leva om conta a
necessidade cm que os Estados Unidos
nomia americana: a necessidade de su
estarão, dentro cm pouco, cie promover
perar seus limites atuais e integrar-se
gigantescas inversões no estrangeiro para manter um nível de emprego razoável. Segundo, porque os princípios em que
num conjunto maior.
De nosso lado, impõe-se o planeja
a
L. A. Costa Pinto
No ano cm que se comemora o Quar
se todo o longo percurso destes quatro
Salvador, \'oUam-sc para a velha provín
séculos.
cia — "Foral da América" — os melho
que tentar relacionar os traços princi-
res .sentimentos dc todos os brasileiros, movidos, de um lado, pela noção cari
l^ais da psicologia social e da vida cultu
nhosa e, de outro, pela certeza objetiva — de que quatro séculos de \ida baiana significam quatro séculos de vida brasi
leira. Por isto mesmo é que para lá se volta também, neste ensejo, a preo cupação 'mais fria e controlada — ainda que não menos sincera e profunda — dos estudÍDSo.s, que vão encontrar na
mento das atividades a serem desenvol
se baseia são insubsistentes, e se even
tualmente a solução fôr aplicável num caso particular ou _ noutro, nos casos
quele pedaço culturalmente mais antigo do Brasil uma síntese expressiva do que
mais freqüentes correremos o risco de o
nôle existe de mais autêntico.
patriado em prazo relativamente curto para possibilitar acumulação capitalista em nosso benefício.
Depois desse planejamento, saberemos os ramos de atividade nos quais necessi
tamos aplicação de capital estrangeiro.
sistí.do sua rotina cotidiana durante qua
to Centenário da Fundação da cidade do
vidas, sem perder de vista que o ca
pital estrangeiro só poderá ser empre gado de forma útil à economia nacio nal dentro de limites permitidos pela formação dos capitais nacionais, a fim de que êle possa ser amortizado e re
Baliia
(Universidade do Brasil)
a iniciativa, fundando organizações es
tiva para ser uma "função", acrescen tando que os Estados Unidos se sen "função",
Sôtore
Enumerá-los seria o mesmo
ral da Bahia, traços constantes pela cons tância da estrutura social que os tem ge rado. Pode-se verificar, porém, ao me nos na última década — à qual nossa
experiência pessoal mais se refere — que os problemas sociais da Bahia parecem já ter para os baianos aquela "fatal pro priedade das coisas óbrias que, por se rem óbvias, não despertam mais a curio sidade, nem já provocam reações". Essa
faniiliaridade com o cotidiano, para os que nêle vivem concretamente mergu lhados, mesmo os que têm espírito de
"favorecimento" ultrapassar o ponto em
Os problemas mais variados e profun
que as vantagens obtidas equilibrem os
dos, os setores mais gritantes dá reali
favores concedidos, resultando na des-
dade social e humana deste País
tudo objeti^'o e impede a sua crí
capitalização do país, ao invés de seu
ali Se encontram representados ~
enriquecimento.
nem sempre como miniatura, mui
tica, perturbando o conhecimen to do conjunto encarado como partes interdependentes de luna
europeus merece um tratamento prefe
tas vêzes como reprodução amgjiada — em camadas secularmen
rencial, dadas as condições em que se
te sedimentadas, formando uma
processa.
rêde complexa de causas e efeitos
O caso da transferência de capitais
Em muitos casos, medidas
análise, muitas vêzes dificulta o seu es
única estrutura inflacionada de
problemas. Entre os recursos que falta
mais liberais poderão ser adotadas nesse
mutuamente determinantes, sobre a qual
vam — e não entre os menores — es
des só excepcionalmente interessará a
particular sem desvantagem para a eco
se derramaram, por tanto tempo, as fa
tava a carência de informações básicas
grupos capitalistas alienígenas e como
nomia nacional.
lácias do ufanismo endeusador de nos
B objetivas sobre a rida baiana, que nos dissessem sôbre a terra e o homem a produção e o consumo, a instrução e a
Como o desenvolvimento dessas ativida
sas potencialidades frustradas, hoje já em franco processo de substituição por um estado de espírito algo melancólico, que prepara a formação de atitudes mais realistas.
Muitas fatores, de natureza a mais
diversa, agem no sentido de impedir os baianos de tomarem plena consciência da seqüela de problemas que caracterizam o "atraso progressivo" em que tem con-
cultura, os nascimentos e óbitos, as clas ses sociais e ps grupos profissionais, e tudo mais que constitui o fundamento de uma comunidade humana em estado de
ser submetida a uma análise preliminar de
diagnóstico e caracterização de seus pro blemas. Em boa parte esta lacuna começa a ser preenchida pela recente publicação
Dicesto Econômico 40
Quanto à oferta de capitais, condições novas serão necessárias para ^ que as mesmas se incrementem. A êsle pro
pósito, o Professor François Perroux sus tenta que a distribuição de cródito de verá deixar de ser uma atividade lucra
a iniciativa privada nos países siib-dcsenvolvidos c tímida desde que as gran
des concentrações (truslcs e cartéis) se generalizaram, cabe ao Governo tomar
pecíficas e utilizando os recursos estran
geiros por meio de empréstimos, tal como foi feito no caso de Volta Re
tem mais ou menos constrangidos a as
donda.
sumir no mundo de após-guerra essa
A solução proposta pelo Professor Santiago Dantas de considerar os inves
Uma nova grande corrente de capitais
para os países sub-desenvolvidos terá de ser necessáriamentc dirigida e resul tará de um imperativo mesmo da eco
timentos nessas atividades como "favo
recidos", parccc-me inadequada. Pri meiro, porque não leva om conta a
necessidade cm que os Estados Unidos
nomia americana: a necessidade de su
estarão, dentro cm pouco, cie promover
perar seus limites atuais e integrar-se
gigantescas inversões no estrangeiro para manter um nível de emprego razoável. Segundo, porque os princípios em que
num conjunto maior.
De nosso lado, impõe-se o planeja
a
L. A. Costa Pinto
No ano cm que se comemora o Quar
se todo o longo percurso destes quatro
Salvador, \'oUam-sc para a velha provín
séculos.
cia — "Foral da América" — os melho
que tentar relacionar os traços princi-
res .sentimentos dc todos os brasileiros, movidos, de um lado, pela noção cari
l^ais da psicologia social e da vida cultu
nhosa e, de outro, pela certeza objetiva — de que quatro séculos de \ida baiana significam quatro séculos de vida brasi
leira. Por isto mesmo é que para lá se volta também, neste ensejo, a preo cupação 'mais fria e controlada — ainda que não menos sincera e profunda — dos estudÍDSo.s, que vão encontrar na
mento das atividades a serem desenvol
se baseia são insubsistentes, e se even
tualmente a solução fôr aplicável num caso particular ou _ noutro, nos casos
quele pedaço culturalmente mais antigo do Brasil uma síntese expressiva do que
mais freqüentes correremos o risco de o
nôle existe de mais autêntico.
patriado em prazo relativamente curto para possibilitar acumulação capitalista em nosso benefício.
Depois desse planejamento, saberemos os ramos de atividade nos quais necessi
tamos aplicação de capital estrangeiro.
sistí.do sua rotina cotidiana durante qua
to Centenário da Fundação da cidade do
vidas, sem perder de vista que o ca
pital estrangeiro só poderá ser empre gado de forma útil à economia nacio nal dentro de limites permitidos pela formação dos capitais nacionais, a fim de que êle possa ser amortizado e re
Baliia
(Universidade do Brasil)
a iniciativa, fundando organizações es
tiva para ser uma "função", acrescen tando que os Estados Unidos se sen "função",
Sôtore
Enumerá-los seria o mesmo
ral da Bahia, traços constantes pela cons tância da estrutura social que os tem ge rado. Pode-se verificar, porém, ao me nos na última década — à qual nossa
experiência pessoal mais se refere — que os problemas sociais da Bahia parecem já ter para os baianos aquela "fatal pro priedade das coisas óbrias que, por se rem óbvias, não despertam mais a curio sidade, nem já provocam reações". Essa
faniiliaridade com o cotidiano, para os que nêle vivem concretamente mergu lhados, mesmo os que têm espírito de
"favorecimento" ultrapassar o ponto em
Os problemas mais variados e profun
que as vantagens obtidas equilibrem os
dos, os setores mais gritantes dá reali
favores concedidos, resultando na des-
dade social e humana deste País
tudo objeti^'o e impede a sua crí
capitalização do país, ao invés de seu
ali Se encontram representados ~
enriquecimento.
nem sempre como miniatura, mui
tica, perturbando o conhecimen to do conjunto encarado como partes interdependentes de luna
europeus merece um tratamento prefe
tas vêzes como reprodução amgjiada — em camadas secularmen
rencial, dadas as condições em que se
te sedimentadas, formando uma
processa.
rêde complexa de causas e efeitos
O caso da transferência de capitais
Em muitos casos, medidas
análise, muitas vêzes dificulta o seu es
única estrutura inflacionada de
problemas. Entre os recursos que falta
mais liberais poderão ser adotadas nesse
mutuamente determinantes, sobre a qual
vam — e não entre os menores — es
des só excepcionalmente interessará a
particular sem desvantagem para a eco
se derramaram, por tanto tempo, as fa
tava a carência de informações básicas
grupos capitalistas alienígenas e como
nomia nacional.
lácias do ufanismo endeusador de nos
B objetivas sobre a rida baiana, que nos dissessem sôbre a terra e o homem a produção e o consumo, a instrução e a
Como o desenvolvimento dessas ativida
sas potencialidades frustradas, hoje já em franco processo de substituição por um estado de espírito algo melancólico, que prepara a formação de atitudes mais realistas.
Muitas fatores, de natureza a mais
diversa, agem no sentido de impedir os baianos de tomarem plena consciência da seqüela de problemas que caracterizam o "atraso progressivo" em que tem con-
cultura, os nascimentos e óbitos, as clas ses sociais e ps grupos profissionais, e tudo mais que constitui o fundamento de uma comunidade humana em estado de
ser submetida a uma análise preliminar de
diagnóstico e caracterização de seus pro blemas. Em boa parte esta lacuna começa a ser preenchida pela recente publicação
Digesto Econômico
do Instituto Brasileiro de Geografia e
y
43
as pesquisas demográficas podem trazer,
Estatística, sob o título "Características
quando bem condu/.idas, ao estudo so
tado pode ser considerada urbana. Ex
Demográficas do Estado da Bahia", onde
ciológico de uma comunidade. O ple
cluída a capital do Estado, com 290.443 almas, observa-se que a população mé dia das 73 aglomerações urbanas de mais
encontramos uma série de monografias,
no valor dessa contribuição, porém, não
da melhor qualidade científica, conten
resulta apenas da pure/^i e fidcdígnida-
do análises de resultados do recensea-
de dos dados obtidos — mas, e princi
mento de 1940 referentes àquela uni dade da Federação. Tais estudos de há
palmente, da capacidade de sc alcançar a verdadeira significação dos fenômenos
muito vinham sendo restritamente divul
demográficos como partes da estrutura
gados, em edições mimeografadas, pelo
social, por ela engendrados e sôbre ela
concentração urbana. A contrapartida disso é que SC deva a 80,27% a quota de baianos que vivem em concentra
Gabinete Técnico do Serviço Nacional de
atuando, e não como realidade cm si,
ções demográficas dc número de habi
Recenseamento; agora, todos os referen
desligada do todo sociológico que inte
tantes não superior a 1.000. O mundo
tes à Bahia foram reunidos em volume de
gra e onde tem origem.
ótima apresentação e, em que pese se
Ij.
j
Digesto Econômico
42
de 2.000 habitantes é de 4.778 habitan tes, o que significa reduzido índice de
paroquial, vilarejo, indiferenciado, em que ainda vive a comunidade baiana en
A coletânea de levantamentos estatís
reportarem á situação de 1940, repre sentam, sem nenhiun exagero, um ele
ticos sôbre a população baiana, à qual
contra naqueles 80,27% o seu índice tal
mento de importância essencial para qual quer tentativa de analisar e compreen-
nos estamos reportando, vem mais uma
vez mais representativo.
vez documentar essa relação entre si
der a vida social baiana,
tivo a atingir é uma visão sociológica
víncia da Bahia, onde se podem obser var aspectos interessantíssimos do entre-
Nela encontramos ainda, como elemen
pecialmente o que se refere à idade,
declaranles e a de seu ascendente direto.
elemento básico de qualquer estudo de
Todo um largo capitulo de antropologia cultural e física se abre à pesquisa, par
mográfico.
cruzamento das linhas de classe e de
côr no sistema de estratificação social, além de dados abundantes sôbre outros
aspectos da situação demográfica da Bahia há 68 anos passados. Maior in teresse apresentam, porém, as análises
Estado exportador de mão-
de-obra, a Bahia reflete em sua estru
tindo dos dados apresentados; sua con
tura demográfica essa situação, apre sentando — com Alagoas, Sergipe e Per
sideração mais detida justifica que reser
nambuco — os mais baixos índices de masculinidade do País. Em 1920 a
pecial, em futuro artigo. diosos o material sôbre a
contribuição da Bahia para a população de ou tros Estados e, vice-versa, a contribuição das de
49,37%; em 1940 essa proporção caiu para
mente atingido e que, como fonte de
maior quantidade e a melhor qualidade
sugestões, hipóteses de trabalho e ba-
48,85% o que parece ser produto, principalmente,
das informações.
das fortes correntes mi-
como excelente.
Trata-se de um panorama, objetiva mente traçado, da situação social da
Bahia — especialmente no que ela tem
de mais acessível ao registro censitário, que são os fenômenos demográficos — repleto de dados, índices e tabelas es
Levando muitas das análises até ao
!
Merece atenção particular dos estu
população baiana era de
que se relerem a situações mais-recen tes, e sôbre elas é que se concentram a
terial ali reunido pode ser classificado
vemos para o assunto um tratamento es
proporção masculina na
quisas". Não resta a menor dúvida, porém, de que esse objetivo foi plena ses de partida para a pesquisa, o ma
Seguem-se condensadas páginas sôbre a composição étnica da Bahia; côr, gru
pos de nacionalidade, grupos de natura
recenseamento de 1872, relativos à pro
que ela pretende apenas apresentar aos
fatores responsáveis por essa situação.
lidade, considerando-se a situação dos
to de comparação, alguns resultados do
estudiosos dos problemas demográficos e sociológicos material útil para suas pes
se encontra mais de metade da popula ção. A superioridade feminina, já as sinalada para o conjunto, permanece em quase todos os grupos decenais de ida de, com a provável exceção de dois deles. A migração seletiva e a maior mortalidade masculina parecem ser os
composição por sexo e idade da popu
E\adentemente, nenhuma informação
ponsáveis pela publicação referida que, logo^^nas primeiras linhas, esclarecem
muitos, de modo que os que permane cem estão nas idades até 19 anos, onde
lação da Bahia, são fundamentais, es
estatística sôbre qualquer setor da rea lidade social pode substituir a análise total; nem foi essa a intenção dos res
Pais, de altas taxas de natalidade e de mortalidade. Nascem muitos e morrem
tuação demográfica e estrutura social, sôbre a qual repetidamente insistimos.
direta dessa mesma realidade, se o obje
Os tres estudos seguintes, sôbre a
ta e senil, que é o resultado da coe.vis-
tênoia, nas populações do Estado e do
mais unidades da Fede
ração para a população
gratórias que da Balna
baiana. A Bahia tem si
nível municipal, a publicação do Gabi
partem em demanda de
nete Técnico do Recenseamento começa
outros Estados, principal
por nos apresentar os quadros básicos da demografia baiana, estudando a po pulação de fato e de direito e, em
mente os do sul, correntes nas quais
ta maior índice de mortalidade demo
predominam os homens.
gráfica e sua contribuição para a popu lação de outros Estados tem sido gran de e crescente. Em algumas regiões do
do Daí resulta
que, entre os nascidos na Bahia e que
seguida, sua distribuição entre zona ru
lá vivem, resta uma população predo
ral 6 zona urbana. A maioria da popu
minantemente feminina. A composição
lação — representando 76% do total —
por icjade reproduz, em escala reduzida, o característico da população brasileira:
tatísticas donde ressalta, de modo cla
encontra-se no meio rural, enquanto
ro e nítido, o valor da contribuição que
sòmente um sexto da população do Es-
^
forte concentração nas baixas idades,
diniinuição nas quotas das idades adul-
um
dos
Estados
cuja população apresen
Sul do Pais o nome de "baiano" já é dado a todo nortista recém-chegado, pelo fato de os naturais da Bahia apresentarem alta quota no conjunto das migrações internas do Brasil.
Essa si-
Digesto Econômico
do Instituto Brasileiro de Geografia e
y
43
as pesquisas demográficas podem trazer,
Estatística, sob o título "Características
quando bem condu/.idas, ao estudo so
tado pode ser considerada urbana. Ex
Demográficas do Estado da Bahia", onde
ciológico de uma comunidade. O ple
cluída a capital do Estado, com 290.443 almas, observa-se que a população mé dia das 73 aglomerações urbanas de mais
encontramos uma série de monografias,
no valor dessa contribuição, porém, não
da melhor qualidade científica, conten
resulta apenas da pure/^i e fidcdígnida-
do análises de resultados do recensea-
de dos dados obtidos — mas, e princi
mento de 1940 referentes àquela uni dade da Federação. Tais estudos de há
palmente, da capacidade de sc alcançar a verdadeira significação dos fenômenos
muito vinham sendo restritamente divul
demográficos como partes da estrutura
gados, em edições mimeografadas, pelo
social, por ela engendrados e sôbre ela
concentração urbana. A contrapartida disso é que SC deva a 80,27% a quota de baianos que vivem em concentra
Gabinete Técnico do Serviço Nacional de
atuando, e não como realidade cm si,
ções demográficas dc número de habi
Recenseamento; agora, todos os referen
desligada do todo sociológico que inte
tantes não superior a 1.000. O mundo
tes à Bahia foram reunidos em volume de
gra e onde tem origem.
ótima apresentação e, em que pese se
Ij.
j
Digesto Econômico
42
de 2.000 habitantes é de 4.778 habitan tes, o que significa reduzido índice de
paroquial, vilarejo, indiferenciado, em que ainda vive a comunidade baiana en
A coletânea de levantamentos estatís
reportarem á situação de 1940, repre sentam, sem nenhiun exagero, um ele
ticos sôbre a população baiana, à qual
contra naqueles 80,27% o seu índice tal
mento de importância essencial para qual quer tentativa de analisar e compreen-
nos estamos reportando, vem mais uma
vez mais representativo.
vez documentar essa relação entre si
der a vida social baiana,
tivo a atingir é uma visão sociológica
víncia da Bahia, onde se podem obser var aspectos interessantíssimos do entre-
Nela encontramos ainda, como elemen
pecialmente o que se refere à idade,
declaranles e a de seu ascendente direto.
elemento básico de qualquer estudo de
Todo um largo capitulo de antropologia cultural e física se abre à pesquisa, par
mográfico.
cruzamento das linhas de classe e de
côr no sistema de estratificação social, além de dados abundantes sôbre outros
aspectos da situação demográfica da Bahia há 68 anos passados. Maior in teresse apresentam, porém, as análises
Estado exportador de mão-
de-obra, a Bahia reflete em sua estru
tindo dos dados apresentados; sua con
tura demográfica essa situação, apre sentando — com Alagoas, Sergipe e Per
sideração mais detida justifica que reser
nambuco — os mais baixos índices de masculinidade do País. Em 1920 a
pecial, em futuro artigo. diosos o material sôbre a
contribuição da Bahia para a população de ou tros Estados e, vice-versa, a contribuição das de
49,37%; em 1940 essa proporção caiu para
mente atingido e que, como fonte de
maior quantidade e a melhor qualidade
sugestões, hipóteses de trabalho e ba-
48,85% o que parece ser produto, principalmente,
das informações.
das fortes correntes mi-
como excelente.
Trata-se de um panorama, objetiva mente traçado, da situação social da
Bahia — especialmente no que ela tem
de mais acessível ao registro censitário, que são os fenômenos demográficos — repleto de dados, índices e tabelas es
Levando muitas das análises até ao
!
Merece atenção particular dos estu
população baiana era de
que se relerem a situações mais-recen tes, e sôbre elas é que se concentram a
terial ali reunido pode ser classificado
vemos para o assunto um tratamento es
proporção masculina na
quisas". Não resta a menor dúvida, porém, de que esse objetivo foi plena ses de partida para a pesquisa, o ma
Seguem-se condensadas páginas sôbre a composição étnica da Bahia; côr, gru
pos de nacionalidade, grupos de natura
recenseamento de 1872, relativos à pro
que ela pretende apenas apresentar aos
fatores responsáveis por essa situação.
lidade, considerando-se a situação dos
to de comparação, alguns resultados do
estudiosos dos problemas demográficos e sociológicos material útil para suas pes
se encontra mais de metade da popula ção. A superioridade feminina, já as sinalada para o conjunto, permanece em quase todos os grupos decenais de ida de, com a provável exceção de dois deles. A migração seletiva e a maior mortalidade masculina parecem ser os
composição por sexo e idade da popu
E\adentemente, nenhuma informação
ponsáveis pela publicação referida que, logo^^nas primeiras linhas, esclarecem
muitos, de modo que os que permane cem estão nas idades até 19 anos, onde
lação da Bahia, são fundamentais, es
estatística sôbre qualquer setor da rea lidade social pode substituir a análise total; nem foi essa a intenção dos res
Pais, de altas taxas de natalidade e de mortalidade. Nascem muitos e morrem
tuação demográfica e estrutura social, sôbre a qual repetidamente insistimos.
direta dessa mesma realidade, se o obje
Os tres estudos seguintes, sôbre a
ta e senil, que é o resultado da coe.vis-
tênoia, nas populações do Estado e do
mais unidades da Fede
ração para a população
gratórias que da Balna
baiana. A Bahia tem si
nível municipal, a publicação do Gabi
partem em demanda de
nete Técnico do Recenseamento começa
outros Estados, principal
por nos apresentar os quadros básicos da demografia baiana, estudando a po pulação de fato e de direito e, em
mente os do sul, correntes nas quais
ta maior índice de mortalidade demo
predominam os homens.
gráfica e sua contribuição para a popu lação de outros Estados tem sido gran de e crescente. Em algumas regiões do
do Daí resulta
que, entre os nascidos na Bahia e que
seguida, sua distribuição entre zona ru
lá vivem, resta uma população predo
ral 6 zona urbana. A maioria da popu
minantemente feminina. A composição
lação — representando 76% do total —
por icjade reproduz, em escala reduzida, o característico da população brasileira:
tatísticas donde ressalta, de modo cla
encontra-se no meio rural, enquanto
ro e nítido, o valor da contribuição que
sòmente um sexto da população do Es-
^
forte concentração nas baixas idades,
diniinuição nas quotas das idades adul-
um
dos
Estados
cuja população apresen
Sul do Pais o nome de "baiano" já é dado a todo nortista recém-chegado, pelo fato de os naturais da Bahia apresentarem alta quota no conjunto das migrações internas do Brasil.
Essa si-
Dicesto EcoNÓAaco
44
tuação demográfica, produto direto da ativa, pois nela se encontram ocupados estrutura agrária predominante, tem le-' 1.053.384 habitantes do total de 2.759.501 vado certas regiões do interior baiano de 10 anos e nrais. As atividades a um estado de verdadeiro despovoamento. Com referência a alguns muni
domésticas e escolares (donas-de-casa e
cípios do centro-sul baiano, já pode
lugar; a terceira categoria c a dos ina
mesmo ser constado estatisticamente o
tivos; as industrias de transformação, o
seguinte fato: o número de imigrantes
comércio de mercadorias c as indústrias
nacionais, entrados na Hospedaria de
extrativas ocupam os lugares seguintes. A estrutura profissional, porém, por sf
menores estudantes) vêm cm segundo
Imigrantes de São Paulo entre 19351940, e provindos daqueles municípios, representava mais de 90% da população
só, não nos permite uma visão comple
dos mesmos municípios recenseada em
baiana; ela só nos informa sobre os
1940. Urandi e Caculé são exemplos. Constatou-os o Professor Lynn Smitii em seu livro Brazil: People. and Institu-
^ tions (1946), pág. 335 e segs.).
Nessa coletânea estatística sobre a
Bahia, de que estamos tratando, encon
tram-se dados abundantes sôbre o pro blema das migrações baianas; a êle tam
ta da estratificação social da sociedade
totais de ocupados sem di.scrimínação da posição orgânica que têm no sistema
de produção os indivíduos a ela ligados. Esta informação, de natureza fundamen tal, vamos encontrar adiante noutro es
tudo que completa o primeiro. O número total dos ocupados em ati vidades extra-domésticas, em idade de
bém pretendemos voltar em outra oca sião, pois que se trata de,traço dos mais
10 anos e mais, na Bahia,, eleva-se a
característicos da estrutura demográfica
1.389.566, sendo 80,79% do sexo mas culino e 19,21% do sexo feminino. Dis
da Bahia.
Além de outros estudos sôbre estado conjugai, religião, previdência, sindícalízação — dois capítulos fundamentais da sociologia da população baiana são
enriquecidos com a presente divulgação dos resultados do censo demográfico: o . que se refere à estratifícação social e p que se refere à educação e instrução. O primeiro problema vem tratado em duas substanciosas monografias,' uma sôbre a distribuição da população ativa entre as diversas categorias de atividade econômica, outra sobre a posição na
criminados pela posição que ocupam
na pirâmide da organização social da produção, temos aquele total disposto da seguinte forma:
Posição
N' ."
%
censo, são os que exercem atividade econórnica por sua própria conta, ou isola damente ou com o auxilio, não direta
mente remunerado, de pessoas de sua
própria famíMa. Membros da família são esses que, sem remuneração direta,
Recenseamento. Os aspectos sociológi cos ali retratados são de tal significação
Bahia têm atividade econômica extra-
doméstica. E é neste ponto que a causa
da multiplicação do número de autô
trabalhadores por conta própria, de acordo com a nomenclatura adotada pelo
*
ção oportuna de levantamentos científi
merece sérias reservas, pois nos parece
cos a ela referentes, está longe de indi car todos os campos de análises e des
estar em flagrante contradição com os dados do censo agrícola e mesmo com
Esta visão panorâmica da realidade
dobramentos de pesquisas que êles per
outros aspectos da situação social baia na retratados pelos próprios resultados do censo demográfico. Êsse problema, cujo tratamento particular nos desviaria da mera apresentação que estamos fa zendo, será também objeto de próximo artigo a ele especialmente dedicado, e que terá por objetivo o estudo da estra
mitem; ela pretende, porém, no limitado espaço de um artigo, chamar a atenção
em cujo bojo se desenham, sob a forma
0,99
nificação desses dados. "Autonômos", ou
*
cionamento da propriedade imobiliária"
13.699
que se conheça sua conceituação preci
*
social baiana, permitida pela divulga
"Posição ignorada" ..
sa, a fim de melhor entendermos a sig
grafias.
nomos insinuada à pág. 155, m fine, do estudo que estamos analisando — "fra-
estamos passando em revista versam o
si mesmas; já os grupos dos "autônomos"
através de sua fecunda atuação no Ga
aquela "pirâmide social", em grande que, mais uma vez, ousamos anunciar parte, reflete a situação da agricultura, futuros artigos dedicados à sua especial poi.s a ela estão ligados 67,08% dos ho . consideração, tal a riqueza de materiais mens e 11,33% das mulheres que na objetivos que contêm as citadas mono
46,40 21,13
e dos "membros da família" demandam
nos habituou o Prof. Giorgio Mortara,
econômica baiana, fácil é concluir que
644.773 293.552
ocupação. Mais uma vez a Bahia apre-
cia, • reprodução. Êles apresentam, em conjunto, o alto nível científico ao qual
atividades agrícolas no conjunto da vida
"Autônomos" "Membros da família"
senta, na pequena escala de seu âmbito regional, uma reprodução da situação dominante no P^ís como um todo. Observa-se, em primeiro lugar, a su-
problema da alfabetização e problemas de demografla dinâmica — fecundidade, mortalidade, prolificidade, sobrerivôn-
binete Técnico do Seniço Nacional d.e
tificação social da Bahia.
As classes de empregados, empregado res e "posição ignorada" definem-se por
45
traballiam em empresa de tipo familiar. Sabendo-se o vulto esmagador das
27.441 1,97 410.101 29,51
j
tre os ramos de ocupação da população
Econónuco
Empregadores Empregados
} ' i '
i perioridade absoluta da agricultura en
Dicesto
Os estudos finais da publicação que
dos interessados — e, entre êles, especial mente os baianos — para o valioso repo sitório, onde se retratam, com a sobrie
dade que convém e que s6 Uie aumenta a autoridade, os prob'emas da Baliia,
de sua terra, de sua gente, — problemas
de roteiro árduo de tarefas urgentes, os caminhos de suas soluções.
Dicesto EcoNÓAaco
44
tuação demográfica, produto direto da ativa, pois nela se encontram ocupados estrutura agrária predominante, tem le-' 1.053.384 habitantes do total de 2.759.501 vado certas regiões do interior baiano de 10 anos e nrais. As atividades a um estado de verdadeiro despovoamento. Com referência a alguns muni
domésticas e escolares (donas-de-casa e
cípios do centro-sul baiano, já pode
lugar; a terceira categoria c a dos ina
mesmo ser constado estatisticamente o
tivos; as industrias de transformação, o
seguinte fato: o número de imigrantes
comércio de mercadorias c as indústrias
nacionais, entrados na Hospedaria de
extrativas ocupam os lugares seguintes. A estrutura profissional, porém, por sf
menores estudantes) vêm cm segundo
Imigrantes de São Paulo entre 19351940, e provindos daqueles municípios, representava mais de 90% da população
só, não nos permite uma visão comple
dos mesmos municípios recenseada em
baiana; ela só nos informa sobre os
1940. Urandi e Caculé são exemplos. Constatou-os o Professor Lynn Smitii em seu livro Brazil: People. and Institu-
^ tions (1946), pág. 335 e segs.).
Nessa coletânea estatística sobre a
Bahia, de que estamos tratando, encon
tram-se dados abundantes sôbre o pro blema das migrações baianas; a êle tam
ta da estratificação social da sociedade
totais de ocupados sem di.scrimínação da posição orgânica que têm no sistema
de produção os indivíduos a ela ligados. Esta informação, de natureza fundamen tal, vamos encontrar adiante noutro es
tudo que completa o primeiro. O número total dos ocupados em ati vidades extra-domésticas, em idade de
bém pretendemos voltar em outra oca sião, pois que se trata de,traço dos mais
10 anos e mais, na Bahia,, eleva-se a
característicos da estrutura demográfica
1.389.566, sendo 80,79% do sexo mas culino e 19,21% do sexo feminino. Dis
da Bahia.
Além de outros estudos sôbre estado conjugai, religião, previdência, sindícalízação — dois capítulos fundamentais da sociologia da população baiana são
enriquecidos com a presente divulgação dos resultados do censo demográfico: o . que se refere à estratifícação social e p que se refere à educação e instrução. O primeiro problema vem tratado em duas substanciosas monografias,' uma sôbre a distribuição da população ativa entre as diversas categorias de atividade econômica, outra sobre a posição na
criminados pela posição que ocupam
na pirâmide da organização social da produção, temos aquele total disposto da seguinte forma:
Posição
N' ."
%
censo, são os que exercem atividade econórnica por sua própria conta, ou isola damente ou com o auxilio, não direta
mente remunerado, de pessoas de sua
própria famíMa. Membros da família são esses que, sem remuneração direta,
Recenseamento. Os aspectos sociológi cos ali retratados são de tal significação
Bahia têm atividade econômica extra-
doméstica. E é neste ponto que a causa
da multiplicação do número de autô
trabalhadores por conta própria, de acordo com a nomenclatura adotada pelo
*
ção oportuna de levantamentos científi
merece sérias reservas, pois nos parece
cos a ela referentes, está longe de indi car todos os campos de análises e des
estar em flagrante contradição com os dados do censo agrícola e mesmo com
Esta visão panorâmica da realidade
dobramentos de pesquisas que êles per
outros aspectos da situação social baia na retratados pelos próprios resultados do censo demográfico. Êsse problema, cujo tratamento particular nos desviaria da mera apresentação que estamos fa zendo, será também objeto de próximo artigo a ele especialmente dedicado, e que terá por objetivo o estudo da estra
mitem; ela pretende, porém, no limitado espaço de um artigo, chamar a atenção
em cujo bojo se desenham, sob a forma
0,99
nificação desses dados. "Autonômos", ou
*
cionamento da propriedade imobiliária"
13.699
que se conheça sua conceituação preci
*
social baiana, permitida pela divulga
"Posição ignorada" ..
sa, a fim de melhor entendermos a sig
grafias.
nomos insinuada à pág. 155, m fine, do estudo que estamos analisando — "fra-
estamos passando em revista versam o
si mesmas; já os grupos dos "autônomos"
através de sua fecunda atuação no Ga
aquela "pirâmide social", em grande que, mais uma vez, ousamos anunciar parte, reflete a situação da agricultura, futuros artigos dedicados à sua especial poi.s a ela estão ligados 67,08% dos ho . consideração, tal a riqueza de materiais mens e 11,33% das mulheres que na objetivos que contêm as citadas mono
46,40 21,13
e dos "membros da família" demandam
nos habituou o Prof. Giorgio Mortara,
econômica baiana, fácil é concluir que
644.773 293.552
ocupação. Mais uma vez a Bahia apre-
cia, • reprodução. Êles apresentam, em conjunto, o alto nível científico ao qual
atividades agrícolas no conjunto da vida
"Autônomos" "Membros da família"
senta, na pequena escala de seu âmbito regional, uma reprodução da situação dominante no P^ís como um todo. Observa-se, em primeiro lugar, a su-
problema da alfabetização e problemas de demografla dinâmica — fecundidade, mortalidade, prolificidade, sobrerivôn-
binete Técnico do Seniço Nacional d.e
tificação social da Bahia.
As classes de empregados, empregado res e "posição ignorada" definem-se por
45
traballiam em empresa de tipo familiar. Sabendo-se o vulto esmagador das
27.441 1,97 410.101 29,51
j
tre os ramos de ocupação da população
Econónuco
Empregadores Empregados
} ' i '
i perioridade absoluta da agricultura en
Dicesto
Os estudos finais da publicação que
dos interessados — e, entre êles, especial mente os baianos — para o valioso repo sitório, onde se retratam, com a sobrie
dade que convém e que s6 Uie aumenta a autoridade, os prob'emas da Baliia,
de sua terra, de sua gente, — problemas
de roteiro árduo de tarefas urgentes, os caminhos de suas soluções.
Dicesto
Econômico
do Visconde dc Cairu, de Adam Sinith
Eqüidade nas trocas internacionais
4J
ou Ricardo, nas primeiras teorizações
de uma cooperação econômica baseada na igualdade de resultados econômicos,
sôbre os movimentos do capitalismo in
como firmou a Carta do Atlântico, em
dustrial em expan.são. . Agora temos os
14 de agòsto de 1943, item V, não se tomou realidade. E a causa é perceptí
(n)
trustes e cartéis internacionais em for
mas novas dc competição, com novas
vel: a distribuição comercial das maté
DjAcm Menezes
técnica.s, desmentindo tôda essa regula
rias-primas nas trocas internacionais, dei
(Da Universidade do Brasil)
ção dos automatismos, e a ciência nos
xando em inteira liberdade a utilização
dá poderes de previsão, de direção e
e contrôle, por parte dos países exporta
nomia internacional, não pode dei.xar
de contrôle, no jogo complexo dêsses
de ser considerada a distribuição
interêsses mundiais, em defesa de nosso
mo, no plano internacional, os acordos
mundial do.s recursos dc bens da pro
próprio bem-estar coletivo.
comerciais e financeiros conduzem a
dução e da tecnologia, os quais, per-
Dos 401 milhões de dólares anuais dn
dores de capitais, só teve uma conse qüência: o maior poderio econômico dos países credores sôbre os países vende dores de produtos primários, eternamen
mutando contra produtos primários, sem condições compensatórias apro priadas, tenderiam a tornar cada vez
exportação nacional para os 16 países
te credores. Êstes se viram obrigados,
do ocidente europeu, 277,6 milhões fo ram de gênerús alimentícios e 112 mi lhões dc matérias-primas e manufatu
abrir suas fronteiras aduaneiras e fran
As indicações sumariadas no número anterior desta revista mostram co
situações cada vez mais injustas, agra vando a discórdia ou o desentendimento entre os países industriais e os econòmi-
camente fracos. Nesses países de alta concentração capitalista, grande soma de
poupança do público é posta, graças ao investment trust" e outros institutos
bancários, sob o comando de poucos Operadores. Tais organizações absor vem influência política e ameaçam con
trolar a finança, o comércio, a agricul tura, a indústria, envolvendo, por vêzes, as altas esferas da própria administra ção. A necessidade de sua restrição se
impunha
dizia Roosevelt — porque
tais organizações tinham "capacidade potencial para realizar operações abusivas".
Deixar que os diversos organismos econômicos lutem em liberdade por suas concessões, privilégios e conquistas do mercado é assistir ao agravamento dessas
desigualdades, que um direito supra-estatal deveria corrigir em benefício da felicidade material dos povos. Foi êsse espetáculo que inspirou o pensamento de Roberto Simonsen. Êle desejou sugerir meios jurídicos que sanassem ou atenuassem êsses contrastes,
mais distantes os grandes países in dustriais dos dc economia incipiente."
ras.
de pensamento se deixaram
Os resultados dêsse esforço, num
país que desgastou seu equipamento du rante a guerra e apresenta índices de probreza alarmantes, com tôda uma po
No Brasil, via de regra, seus homens
cnibair
por teorias que exprimem interesses de países adiantados — e, ingenuamente, ou espertamente tornam-se aqui dentro os seus arautos solenes e prejudiciais. Não discutimos se o fazem de boa ou má fé;
pulação rural em abandono e miséria
— são qualquer coisa de impressionan te e inqualificável. Lembra então Si
por pressões variadas e multiformes, a quear seus recursos naturais.
Depois,
verificaram tristemente que não tinham alcançado os meios de incrementar snt
indústria de modo positivo e vigoroso. A concessão de créditos é feita por grupos financeiros que não agem por propósitos humanitárias, é lógico, mas por objetivos de negócios: não lhes con
monsen nosso direito de recebermos auxi
vém levantar as fôrças econômicas de
lio, ao lado de tôda a América Latina.
outros competidores. Exaustas pela guer
e primário é o malefício que causam à
Auxílio franco, livre, com liberdade de
economia nacional.
apMcação para ampliarmos nosso parque industrial, nossa capacidade de criar bens produtivos, que é ponto fundamen tal de qualquer programa econômico.
ra recente, as nações européias querem retomar às posições anteriores, assegu
isso é subjetivo e secundário. Objetivo
"É mesmo sintomático — diz Simon
sen — que o grosso das informações e comentários que temos no país, so
bre os grandes convênios econômi cos "em qup o Bra.sil toma parte, é de fonte internacional, refletindo pon tos de vista e interêsses que não são
de uni país novo, e, particularmente, os do Brasil."
Os focos das agitações
Daí uma apologia deslumbrada dos automatismos ajustadores das forças econômicas, que deve riam proporcionar máximos
que, dia a dia, mais se acen
de rendimento na livre-com-
tuam. Ouçamo-lo; "Mas, no exame da eco
petição. Como se ainda vi vêssemos os tempos remotos
f
existência que não seja subsidiária, como está acontecendo com a França, países
"Realmente — escreveu o saudoso se
escandinavos, e Inglaterra, na Europa. O balanço de pagamentos dêsses países
nador — a marcha normal do desenvol
acusa déficits que se elevam em virtude
vimento dos povos levaria a desníveis
h
rando sua existência econômica — mas
econômicos cada vez maiores na órbita
internacional, onde Os países ricos fica riam cada vez mais ricos e os países pouco desenvolvidos teriam apenas um progresso lento e ilusório, constituindo-se
em focos permanentes de agitações so ciais de tôda sorte".
De fato, a experiência foi mostrando que a concordância entre países indus triais e países de matéria-prima, dentro
de importações crescentes não compen sadas pelas exportações. Segundo o "Li vro Branco" britânico, a Grã-Bretanha tinha um déficit comercial com a área
do dólar de 449 milhões de libras ..
(1947). E êsse déficit sobe hoje ainda mais alto. Com a França, Bélgica e Suíça oconem as mesmas dificuldades.
A França, para acudir ao desequilíbrio, retirou em maio de 1948, de suas-reser
vas, encaixes-ouro do Banco, saldos U-
Dicesto
Econômico
do Visconde dc Cairu, de Adam Sinith
Eqüidade nas trocas internacionais
4J
ou Ricardo, nas primeiras teorizações
de uma cooperação econômica baseada na igualdade de resultados econômicos,
sôbre os movimentos do capitalismo in
como firmou a Carta do Atlântico, em
dustrial em expan.são. . Agora temos os
14 de agòsto de 1943, item V, não se tomou realidade. E a causa é perceptí
(n)
trustes e cartéis internacionais em for
mas novas dc competição, com novas
vel: a distribuição comercial das maté
DjAcm Menezes
técnica.s, desmentindo tôda essa regula
rias-primas nas trocas internacionais, dei
(Da Universidade do Brasil)
ção dos automatismos, e a ciência nos
xando em inteira liberdade a utilização
dá poderes de previsão, de direção e
e contrôle, por parte dos países exporta
nomia internacional, não pode dei.xar
de contrôle, no jogo complexo dêsses
de ser considerada a distribuição
interêsses mundiais, em defesa de nosso
mo, no plano internacional, os acordos
mundial do.s recursos dc bens da pro
próprio bem-estar coletivo.
comerciais e financeiros conduzem a
dução e da tecnologia, os quais, per-
Dos 401 milhões de dólares anuais dn
dores de capitais, só teve uma conse qüência: o maior poderio econômico dos países credores sôbre os países vende dores de produtos primários, eternamen
mutando contra produtos primários, sem condições compensatórias apro priadas, tenderiam a tornar cada vez
exportação nacional para os 16 países
te credores. Êstes se viram obrigados,
do ocidente europeu, 277,6 milhões fo ram de gênerús alimentícios e 112 mi lhões dc matérias-primas e manufatu
abrir suas fronteiras aduaneiras e fran
As indicações sumariadas no número anterior desta revista mostram co
situações cada vez mais injustas, agra vando a discórdia ou o desentendimento entre os países industriais e os econòmi-
camente fracos. Nesses países de alta concentração capitalista, grande soma de
poupança do público é posta, graças ao investment trust" e outros institutos
bancários, sob o comando de poucos Operadores. Tais organizações absor vem influência política e ameaçam con
trolar a finança, o comércio, a agricul tura, a indústria, envolvendo, por vêzes, as altas esferas da própria administra ção. A necessidade de sua restrição se
impunha
dizia Roosevelt — porque
tais organizações tinham "capacidade potencial para realizar operações abusivas".
Deixar que os diversos organismos econômicos lutem em liberdade por suas concessões, privilégios e conquistas do mercado é assistir ao agravamento dessas
desigualdades, que um direito supra-estatal deveria corrigir em benefício da felicidade material dos povos. Foi êsse espetáculo que inspirou o pensamento de Roberto Simonsen. Êle desejou sugerir meios jurídicos que sanassem ou atenuassem êsses contrastes,
mais distantes os grandes países in dustriais dos dc economia incipiente."
ras.
de pensamento se deixaram
Os resultados dêsse esforço, num
país que desgastou seu equipamento du rante a guerra e apresenta índices de probreza alarmantes, com tôda uma po
No Brasil, via de regra, seus homens
cnibair
por teorias que exprimem interesses de países adiantados — e, ingenuamente, ou espertamente tornam-se aqui dentro os seus arautos solenes e prejudiciais. Não discutimos se o fazem de boa ou má fé;
pulação rural em abandono e miséria
— são qualquer coisa de impressionan te e inqualificável. Lembra então Si
por pressões variadas e multiformes, a quear seus recursos naturais.
Depois,
verificaram tristemente que não tinham alcançado os meios de incrementar snt
indústria de modo positivo e vigoroso. A concessão de créditos é feita por grupos financeiros que não agem por propósitos humanitárias, é lógico, mas por objetivos de negócios: não lhes con
monsen nosso direito de recebermos auxi
vém levantar as fôrças econômicas de
lio, ao lado de tôda a América Latina.
outros competidores. Exaustas pela guer
e primário é o malefício que causam à
Auxílio franco, livre, com liberdade de
economia nacional.
apMcação para ampliarmos nosso parque industrial, nossa capacidade de criar bens produtivos, que é ponto fundamen tal de qualquer programa econômico.
ra recente, as nações européias querem retomar às posições anteriores, assegu
isso é subjetivo e secundário. Objetivo
"É mesmo sintomático — diz Simon
sen — que o grosso das informações e comentários que temos no país, so
bre os grandes convênios econômi cos "em qup o Bra.sil toma parte, é de fonte internacional, refletindo pon tos de vista e interêsses que não são
de uni país novo, e, particularmente, os do Brasil."
Os focos das agitações
Daí uma apologia deslumbrada dos automatismos ajustadores das forças econômicas, que deve riam proporcionar máximos
que, dia a dia, mais se acen
de rendimento na livre-com-
tuam. Ouçamo-lo; "Mas, no exame da eco
petição. Como se ainda vi vêssemos os tempos remotos
f
existência que não seja subsidiária, como está acontecendo com a França, países
"Realmente — escreveu o saudoso se
escandinavos, e Inglaterra, na Europa. O balanço de pagamentos dêsses países
nador — a marcha normal do desenvol
acusa déficits que se elevam em virtude
vimento dos povos levaria a desníveis
h
rando sua existência econômica — mas
econômicos cada vez maiores na órbita
internacional, onde Os países ricos fica riam cada vez mais ricos e os países pouco desenvolvidos teriam apenas um progresso lento e ilusório, constituindo-se
em focos permanentes de agitações so ciais de tôda sorte".
De fato, a experiência foi mostrando que a concordância entre países indus triais e países de matéria-prima, dentro
de importações crescentes não compen sadas pelas exportações. Segundo o "Li vro Branco" britânico, a Grã-Bretanha tinha um déficit comercial com a área
do dólar de 449 milhões de libras ..
(1947). E êsse déficit sobe hoje ainda mais alto. Com a França, Bélgica e Suíça oconem as mesmas dificuldades.
A França, para acudir ao desequilíbrio, retirou em maio de 1948, de suas-reser
vas, encaixes-ouro do Banco, saldos U-
Dicesto Econômico
48
Dicesto Econó>uco
49
quidos de cerca de 2.500 milhões de
que representam. É uma ihisão: a ver-'
governado pela justiça o pelo direi
dólares. O Federal Reaerve BtíUetin, de
dade dita serenamente constitui a sua
to e à medida em que a paz preva
nada tem a ver com a confusa "De
lecer."
claração dos Direitos Sociais", de Gur-
fevereiro, 1948, também publica a di
maior fôrça.
minuição das reservas-ouro dos países
grande exemplo. Em Hot-Spring-s se proclamaram ne
europeus, liquidação dos créditos conce didos.
É o que ensina a história recente, .sem quaisquer intuitos demagógicos, a que somos inteiramente estranhos, mas
Em Haia, Rui deu um
cessidades essenciai.s: a) a pobreza c a causa primeira da subalimentação:
com o mais vivo sentimento de defesa
h) incumbe a cada governo nacional a provisão de produto.s alimeníares para todo cidadão, por meio dc recursos na
das fontes de vida da naç-ão.
cionais; b) só o atimcnto da produção
A venda dessas matérias-primas cons titui o único meio de os países de "eco
nacional pode proporcionar- ..solução às populações miseráveis por carência de
nomia reflexa" adquirirem poder aquisi tivo no mercado internacional, supor tando os preços dirigidos pelos seus
poder aquisitivo. Ali se afirmou também,
compradore.s.
quinas e instrumentos; de ensino o pes soal técnico; dc capitais para empresas sociais e públicas etc.
Justiça nas trocas internacionais
Antes da Conferência das Nações Aliadas, em Hot-Springs, cm 1943, o
problema da industrialização dos países agrícolas não tinha sido incluído no te-
mário das discussões. Foi, inquestionàvelmente, um passo alentador; algumas de suas resoluções — que não se pude ram efetivar na prática, mas que, em pró.ximas conferências para futuros acordos, se poderão examinar, encami nhando, se possível, a solução. Para isso devem as nações economicamente
débeis, como queria Simonsen, congre
gar-se em tôrno de seus objetivos co muns, bem estudados, para declarar o
solenemente, o dever do auxiliar os
países devedores com impnrtaçã(j dc má
"É
verdade
—
escreve
Sumner
Wclles — que os Estados Unidos e outros países, algumas vezes, têm si do acusados de proibir a exportação de certas coisas necessárias ni produ ção em outras parles, ante o receio
de outros conseguirem os meios de ultrapassar os seus mercados. Mas tais casos são raros."
A Carta do Atlântico continha progra
ma de cooperação favorável aos países devedores, empobrecidos pela guerra. E Sumner Welles dizia estas palavras
já esquecidas:
"As aspirações dos seres humanos em toda parte não podem ser frus
que lhes é necessário, demonstrando porque não se realizaram as resoluções
tradas novamente. Os altos objetivos
tomadas anteriormente.
da Carta do Atlântico precisam ser
Devem exami
nar e expor as causas que determina ram o malogro. Trata-se de exame cien tífico em que a verdade não pode suscetibilizar ninguém. A timidez dos seus delegados, receosos de não conquista rem favores, tem prejudicado os povos
realizados. Precisam ser realizados, inteiramente fora de outra considera
ção, porque o interesse individual de
Por que cssi-s aUos e humanitários
O fundamento teórico dessa doutrina
vitch, onde a análise encontra tessidos
ideais não frutificaram ainda na práti ca? Dir-se-á qnc o tempo ó ainda es
absurdos de proposições mascarando crro.s que resultam de uma compreensão
casso; mas, contudo, já é suficiente para
inteiramente falsa da xida econômica
que se percebam t)s .sintomas de sua completa frustração. E a causa funda mental reside na desigiuddade entre as
o capitalismo atual como "feudalismo
trocas das "nações-fábricas" o das "na-
ções-ccleiros". Na execução do próprio Plano Marshall, em relação aos países •da Europa, os créditos facultam, preferenciahnente, a importação de produtos alimentícios e matérias-primas, tornan do-se difíceis os investimentos num pla no .racional para o de.senvob-imento in
dustrial e importação de equipamento produtivo, que
pudessem começar a
abastecer os mercados nacionais.
moderna. Gurvitch procura caracterizar econômico" inter\ãndo na democracia
política, o que é uma ba'búrdia lamen tável de conceitos.
Por tal caminho
não ó possível atinar sequer com as leis internas do próprio desenvolvimento da sociedade moderna.
Nessa altirra da nossa análise deixemos
um pouco o terreno da economia; é na
especulação jurídica que se deverão de
linear os novos institutos adequados à regulação das relações do comércio in ternacional.
Assentando acordos juridicamente equânimes, não ultrapassam uma igual dade formal: a desigualdade econômica, assentada na competição, permanece e
a configuração dos Estados que são os
se agrava.
Os processos cios mercados
que sucede às relações interfeudais ou
mundiais e seus preços são dirigidos por
ínterimpcriais, com a integração dos or ganismos coletivos que serão as nações.
um grupo em detrimento de outro. O
desequilíbrio tende a aprofundar. Que fazer?
Do ponto de vista jurídico e histórico, sujeitos do Direito das Gentes, é a fase
O proce.sso é muito comple.xo para que o minuclenciemos. Basta que assinalemos a formação de üma "ordem de convivên
A proposição de Simonsen
É nessa altura que se levanta a pro posição de Simonsen: Elaborar um Direito
Internacional
Social que corrija as desigualdades eco nômicas entre nações industriais e na•ções agrárias, as nações-fábricas e as na-
ções-celeiros — Direito que codificasse as normas ditadas pelo sentimento e •consciência de justiça entre os Estados,
todo homem e de tôda mulher, nos
fixando as regras, defensivas do suum
Estados Unidos, progredirá u medi da em que o mundo onde vivem fôr
cuique tribuere e do neminem laedere «ntro os sujeitos ao Direito das Gentes.
cia" que, através de vicissitudes e per turbações variadas, se estabelece entre as novas enHdades. Estas exprimem o novo período da civilização humana,
que o século XVI preludia. Bodin è Grocio representam, no terreno ideoló gico e jurídico, a ordem internacional que se prepara.
Os contactos interestatais delimitam as
entidades integradas na época em que os mercados regionais e locais são gra dualmente suplantados pelos mercados nacionais. Na ordem política, ocorre a concentração do poder centralizado das
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quidos de cerca de 2.500 milhões de
que representam. É uma ihisão: a ver-'
governado pela justiça o pelo direi
dólares. O Federal Reaerve BtíUetin, de
dade dita serenamente constitui a sua
to e à medida em que a paz preva
nada tem a ver com a confusa "De
lecer."
claração dos Direitos Sociais", de Gur-
fevereiro, 1948, também publica a di
maior fôrça.
minuição das reservas-ouro dos países
grande exemplo. Em Hot-Spring-s se proclamaram ne
europeus, liquidação dos créditos conce didos.
É o que ensina a história recente, .sem quaisquer intuitos demagógicos, a que somos inteiramente estranhos, mas
Em Haia, Rui deu um
cessidades essenciai.s: a) a pobreza c a causa primeira da subalimentação:
com o mais vivo sentimento de defesa
h) incumbe a cada governo nacional a provisão de produto.s alimeníares para todo cidadão, por meio dc recursos na
das fontes de vida da naç-ão.
cionais; b) só o atimcnto da produção
A venda dessas matérias-primas cons titui o único meio de os países de "eco
nacional pode proporcionar- ..solução às populações miseráveis por carência de
nomia reflexa" adquirirem poder aquisi tivo no mercado internacional, supor tando os preços dirigidos pelos seus
poder aquisitivo. Ali se afirmou também,
compradore.s.
quinas e instrumentos; de ensino o pes soal técnico; dc capitais para empresas sociais e públicas etc.
Justiça nas trocas internacionais
Antes da Conferência das Nações Aliadas, em Hot-Springs, cm 1943, o
problema da industrialização dos países agrícolas não tinha sido incluído no te-
mário das discussões. Foi, inquestionàvelmente, um passo alentador; algumas de suas resoluções — que não se pude ram efetivar na prática, mas que, em pró.ximas conferências para futuros acordos, se poderão examinar, encami nhando, se possível, a solução. Para isso devem as nações economicamente
débeis, como queria Simonsen, congre
gar-se em tôrno de seus objetivos co muns, bem estudados, para declarar o
solenemente, o dever do auxiliar os
países devedores com impnrtaçã(j dc má
"É
verdade
—
escreve
Sumner
Wclles — que os Estados Unidos e outros países, algumas vezes, têm si do acusados de proibir a exportação de certas coisas necessárias ni produ ção em outras parles, ante o receio
de outros conseguirem os meios de ultrapassar os seus mercados. Mas tais casos são raros."
A Carta do Atlântico continha progra
ma de cooperação favorável aos países devedores, empobrecidos pela guerra. E Sumner Welles dizia estas palavras
já esquecidas:
"As aspirações dos seres humanos em toda parte não podem ser frus
que lhes é necessário, demonstrando porque não se realizaram as resoluções
tradas novamente. Os altos objetivos
tomadas anteriormente.
da Carta do Atlântico precisam ser
Devem exami
nar e expor as causas que determina ram o malogro. Trata-se de exame cien tífico em que a verdade não pode suscetibilizar ninguém. A timidez dos seus delegados, receosos de não conquista rem favores, tem prejudicado os povos
realizados. Precisam ser realizados, inteiramente fora de outra considera
ção, porque o interesse individual de
Por que cssi-s aUos e humanitários
O fundamento teórico dessa doutrina
vitch, onde a análise encontra tessidos
ideais não frutificaram ainda na práti ca? Dir-se-á qnc o tempo ó ainda es
absurdos de proposições mascarando crro.s que resultam de uma compreensão
casso; mas, contudo, já é suficiente para
inteiramente falsa da xida econômica
que se percebam t)s .sintomas de sua completa frustração. E a causa funda mental reside na desigiuddade entre as
o capitalismo atual como "feudalismo
trocas das "nações-fábricas" o das "na-
ções-ccleiros". Na execução do próprio Plano Marshall, em relação aos países •da Europa, os créditos facultam, preferenciahnente, a importação de produtos alimentícios e matérias-primas, tornan do-se difíceis os investimentos num pla no .racional para o de.senvob-imento in
dustrial e importação de equipamento produtivo, que
pudessem começar a
abastecer os mercados nacionais.
moderna. Gurvitch procura caracterizar econômico" inter\ãndo na democracia
política, o que é uma ba'búrdia lamen tável de conceitos.
Por tal caminho
não ó possível atinar sequer com as leis internas do próprio desenvolvimento da sociedade moderna.
Nessa altirra da nossa análise deixemos
um pouco o terreno da economia; é na
especulação jurídica que se deverão de
linear os novos institutos adequados à regulação das relações do comércio in ternacional.
Assentando acordos juridicamente equânimes, não ultrapassam uma igual dade formal: a desigualdade econômica, assentada na competição, permanece e
a configuração dos Estados que são os
se agrava.
Os processos cios mercados
que sucede às relações interfeudais ou
mundiais e seus preços são dirigidos por
ínterimpcriais, com a integração dos or ganismos coletivos que serão as nações.
um grupo em detrimento de outro. O
desequilíbrio tende a aprofundar. Que fazer?
Do ponto de vista jurídico e histórico, sujeitos do Direito das Gentes, é a fase
O proce.sso é muito comple.xo para que o minuclenciemos. Basta que assinalemos a formação de üma "ordem de convivên
A proposição de Simonsen
É nessa altura que se levanta a pro posição de Simonsen: Elaborar um Direito
Internacional
Social que corrija as desigualdades eco nômicas entre nações industriais e na•ções agrárias, as nações-fábricas e as na-
ções-celeiros — Direito que codificasse as normas ditadas pelo sentimento e •consciência de justiça entre os Estados,
todo homem e de tôda mulher, nos
fixando as regras, defensivas do suum
Estados Unidos, progredirá u medi da em que o mundo onde vivem fôr
cuique tribuere e do neminem laedere «ntro os sujeitos ao Direito das Gentes.
cia" que, através de vicissitudes e per turbações variadas, se estabelece entre as novas enHdades. Estas exprimem o novo período da civilização humana,
que o século XVI preludia. Bodin è Grocio representam, no terreno ideoló gico e jurídico, a ordem internacional que se prepara.
Os contactos interestatais delimitam as
entidades integradas na época em que os mercados regionais e locais são gra dualmente suplantados pelos mercados nacionais. Na ordem política, ocorre a concentração do poder centralizado das
Digesto Econômico
90
Digesto EcoNÓ>nco
monarquias do absolutísmo, vencendo o partícularismo das aristocracias territo riais.
Foi a época da luta das sohercnias contra o poder feudal, o poder da Igreja o o poder do Império, como disse Jellinnek. A convivência das novas entidades sus
citou a aparição de normas jurídicas que possuíam outras características, dife-
91
Assim, há uma distribuição da compe
tências, que vem do Direito das Gentes e define, delineia os sujeitos chamados Estados, atribuindo-lhes o jjoder de se
Hegemonia econômica c justiça
do o momento e as circunstâncias mos trassem ser necessário".
A fonniilação de regras jurídicas in-
Tôda a beleza humanitária do pensa
organizarem, ou se reorganizarem; e há
temacionai.s, capazes dc remover a desi-
uma devolução de competências, que
mento de Roberto Simonsen nos deixa
gua'dado econômica (\uc toma ilusórias as declarações dc c(piidadc dos acordos — fato que impressionou Simonsen — se prende, conscqücnlciucnto, ao proble ma dc constituição dc uin poder supra-
descrentes e apreensivos quando nos vol
é interna c implica na estruturação dos órgãos governativos e na morfología do Estado, perceptível já por dentro do próprio Estado.
tamos para o espetáculo das competi
ções econômicas. Porque não é possí
vel esquecer as rivalidades dos grupos financeiros nas conquistas dos merca dos universais. A política que enche o
A interpretação desloca a base do pro blema: a legitimidade do poder estatal.
estatal, à integração dc uma ordem mun
Neste
dial que se nos afigura ainda indefiní-
mundo é desoladora e furiosamente am
se organizara o aparelho de coercítivi-
O "Direito das Gentes" é assim uma
dade, com a diferenciação dos órgãos
espécie de demiurgo platônico: êle é o
vel e tormentosa. A hegemonia que sc prenuncia é contristadora: porque se
biciosa, feita pelos trustes cientifica
incumbidos de editar e executar o Di
criador dos Estados, o sujeito que ordena
inspira nos propó.sitos dc dominação eco nômica, sem qualquer conteúdo humani
pre-nos lutar por essas medidas que nos facultariam mais justo quinhão na dis tribuição das riquezas — e melhor ren
rençando-se das normas de Direito ela boradas no interior do Estado.
reito. Essa ordem supra-estatal evolve
até nossos dias e sente-se hoje que o clima formado pela comunidade de Es tados penetra os Estados como se mar
chássemos realmente para o fortaleci mento de uma ordem coercitiva interna cional.
Há quem pense, como Verdross e
Pontes de Miranda, que essa ambiência supra-estatal é a em
--
que reside, primariamente, a distribuição
das competências
o fiat, passa a originar-se de fora, tem seu reconhecimento e critérios exteriores,
supranacionais. O prius é a comunida
tário de igualdade e eqüidade jurídicas. Está, portanto, muito longe daquele
de internacional, fenômeno que apenas
ideal de justiça social.
se esboça em meio de contradições ter
mente, não se editam ou aplicam leis contra a ordem estabelecida, que é a expressão dos interesses organizados.
frade), foram quase sempre desvanta-
Assim, o mesmo sucederá, também, no
josas aos seus produtos. O exame feito
ríveis e que ainda não podemos saber para onde conduzirá o mundo. E temos então a explicação que se
gue: qualquer regra jurídica in terna é editada por um órgão que recebeu competência para fazê-lo. E como a
recebeu?
para se auto-constituir a enti
Graças ao ato de devolução de
dade chamada "Estado". O Es
competência,
tado se caracteriza pelo poder
Constituição, na hierarquia das
de constituir e reformar a ordem
interna — poder que nas teocracias vi nha de Deus.
O autor brasileiro aceita a e.xistência
efetuado
estruturas criadas.
pela
Jus cogens,
jus dispositivum oxt jus interpretativum, isto é, direito que obriga, direito que dispõe facultativamente, ou direito que
de um foco que distribui aquêle poder
dá regras a órgãos para explicar e apli
ao Estado. Êsse fõco é situado no Di
car as normas existentes (as regras de
reito das Gentes: "O Direito que regula
superdireito, de Zittelman): todos êles supõem o poder, que os editou, e cujo
as relações entre êles (Estados) reco nhece-lhes competências legislativa, ju diciária e executiva.
central, que as recebe, ou as utiliza por si, ou as devolve a entidades interiores. É a devolução intra-estaial das compe tência^'.
cumprimento ou vigência as assegura.
É c distribuição
supra-estatal das competências. O foco
mente dirigidos. Em todo caso, cum
Ora, interna
plano internacional: não será possível aplicar um Direito cogente contra os interesses de nação hegemônica. Qual a força executiva? Não é possível de bater o problema em termos de uma concepção abstrata de igualdade jurídica quando ricocheteiam por toda parte as rivalidades dos grupos econômicos. Já Sumner Welles apontou as causas do
malogro da Liga das Nações, agora em repetição na ONU:
"Falhou (a
Liga) por causa de sua utilização, por certas potências, para pôr em prática suas ambições políticas e comerciais."
Mas fracassou, principalmente, porque foi forçada a operar, pelos que domi navam seus conselhos, como um meio
dimento nas trocas internacionais. Ne
nhuma nação se encontra mais impelida a bater-se por tais objetivos que o Brasil, cujas relações de trocas (terms of nas "Sugestões para uma ^política eco nômica panamericana", documento or
ganizado sob a direta inspiração de Ro berto Simonsen, é um passo preliminar a ser desenvolvido. Só analisando e ex
pondo essas injustiças econômicas pode remos descortinar qualquer solução d# eqüidade, formulando normas que corrijam as desigualdades. Para isso, é mis ter uma análise constante, insistente,
franca, com a firmeza de quem não pede esmolas mas se bate por um direito a ser reconhecido, que se destine a re
gular as relações entre as nações indus
triais e nações agrárias - uma espécie de direito social, que se projetasse entre os Estados, como sonhava Simonsen.
Na esfera internacional, essas condi ções mudam. É exato que se estruturam
de manter o statu quo. Nunca pôde
Vieira, não devemos "pedir pedindo,
organismos que assumem um poder cres
Operar, como seu principal porta-voz, como um organismo plástico e impar
quem pede verdade, senão justiça".
cial, paro realização de ajustamentos pa cíficos e eqüitativos entre nações, quan-
les, O mundo das 4 liberdades, trad.. Edi-
cente de comando — mas em plano com pletamente diverso.
Mas, segundo dizia o padre Antônio mas protestando e argumentando, como Bibliograiia consultada.
Sumner Wel
Digesto Econômico
90
Digesto EcoNÓ>nco
monarquias do absolutísmo, vencendo o partícularismo das aristocracias territo riais.
Foi a época da luta das sohercnias contra o poder feudal, o poder da Igreja o o poder do Império, como disse Jellinnek. A convivência das novas entidades sus
citou a aparição de normas jurídicas que possuíam outras características, dife-
91
Assim, há uma distribuição da compe
tências, que vem do Direito das Gentes e define, delineia os sujeitos chamados Estados, atribuindo-lhes o jjoder de se
Hegemonia econômica c justiça
do o momento e as circunstâncias mos trassem ser necessário".
A fonniilação de regras jurídicas in-
Tôda a beleza humanitária do pensa
organizarem, ou se reorganizarem; e há
temacionai.s, capazes dc remover a desi-
uma devolução de competências, que
mento de Roberto Simonsen nos deixa
gua'dado econômica (\uc toma ilusórias as declarações dc c(piidadc dos acordos — fato que impressionou Simonsen — se prende, conscqücnlciucnto, ao proble ma dc constituição dc uin poder supra-
descrentes e apreensivos quando nos vol
é interna c implica na estruturação dos órgãos governativos e na morfología do Estado, perceptível já por dentro do próprio Estado.
tamos para o espetáculo das competi
ções econômicas. Porque não é possí
vel esquecer as rivalidades dos grupos financeiros nas conquistas dos merca dos universais. A política que enche o
A interpretação desloca a base do pro blema: a legitimidade do poder estatal.
estatal, à integração dc uma ordem mun
Neste
dial que se nos afigura ainda indefiní-
mundo é desoladora e furiosamente am
se organizara o aparelho de coercítivi-
O "Direito das Gentes" é assim uma
dade, com a diferenciação dos órgãos
espécie de demiurgo platônico: êle é o
vel e tormentosa. A hegemonia que sc prenuncia é contristadora: porque se
biciosa, feita pelos trustes cientifica
incumbidos de editar e executar o Di
criador dos Estados, o sujeito que ordena
inspira nos propó.sitos dc dominação eco nômica, sem qualquer conteúdo humani
pre-nos lutar por essas medidas que nos facultariam mais justo quinhão na dis tribuição das riquezas — e melhor ren
rençando-se das normas de Direito ela boradas no interior do Estado.
reito. Essa ordem supra-estatal evolve
até nossos dias e sente-se hoje que o clima formado pela comunidade de Es tados penetra os Estados como se mar
chássemos realmente para o fortaleci mento de uma ordem coercitiva interna cional.
Há quem pense, como Verdross e
Pontes de Miranda, que essa ambiência supra-estatal é a em
--
que reside, primariamente, a distribuição
das competências
o fiat, passa a originar-se de fora, tem seu reconhecimento e critérios exteriores,
supranacionais. O prius é a comunida
tário de igualdade e eqüidade jurídicas. Está, portanto, muito longe daquele
de internacional, fenômeno que apenas
ideal de justiça social.
se esboça em meio de contradições ter
mente, não se editam ou aplicam leis contra a ordem estabelecida, que é a expressão dos interesses organizados.
frade), foram quase sempre desvanta-
Assim, o mesmo sucederá, também, no
josas aos seus produtos. O exame feito
ríveis e que ainda não podemos saber para onde conduzirá o mundo. E temos então a explicação que se
gue: qualquer regra jurídica in terna é editada por um órgão que recebeu competência para fazê-lo. E como a
recebeu?
para se auto-constituir a enti
Graças ao ato de devolução de
dade chamada "Estado". O Es
competência,
tado se caracteriza pelo poder
Constituição, na hierarquia das
de constituir e reformar a ordem
interna — poder que nas teocracias vi nha de Deus.
O autor brasileiro aceita a e.xistência
efetuado
estruturas criadas.
pela
Jus cogens,
jus dispositivum oxt jus interpretativum, isto é, direito que obriga, direito que dispõe facultativamente, ou direito que
de um foco que distribui aquêle poder
dá regras a órgãos para explicar e apli
ao Estado. Êsse fõco é situado no Di
car as normas existentes (as regras de
reito das Gentes: "O Direito que regula
superdireito, de Zittelman): todos êles supõem o poder, que os editou, e cujo
as relações entre êles (Estados) reco nhece-lhes competências legislativa, ju diciária e executiva.
central, que as recebe, ou as utiliza por si, ou as devolve a entidades interiores. É a devolução intra-estaial das compe tência^'.
cumprimento ou vigência as assegura.
É c distribuição
supra-estatal das competências. O foco
mente dirigidos. Em todo caso, cum
Ora, interna
plano internacional: não será possível aplicar um Direito cogente contra os interesses de nação hegemônica. Qual a força executiva? Não é possível de bater o problema em termos de uma concepção abstrata de igualdade jurídica quando ricocheteiam por toda parte as rivalidades dos grupos econômicos. Já Sumner Welles apontou as causas do
malogro da Liga das Nações, agora em repetição na ONU:
"Falhou (a
Liga) por causa de sua utilização, por certas potências, para pôr em prática suas ambições políticas e comerciais."
Mas fracassou, principalmente, porque foi forçada a operar, pelos que domi navam seus conselhos, como um meio
dimento nas trocas internacionais. Ne
nhuma nação se encontra mais impelida a bater-se por tais objetivos que o Brasil, cujas relações de trocas (terms of nas "Sugestões para uma ^política eco nômica panamericana", documento or
ganizado sob a direta inspiração de Ro berto Simonsen, é um passo preliminar a ser desenvolvido. Só analisando e ex
pondo essas injustiças econômicas pode remos descortinar qualquer solução d# eqüidade, formulando normas que corrijam as desigualdades. Para isso, é mis ter uma análise constante, insistente,
franca, com a firmeza de quem não pede esmolas mas se bate por um direito a ser reconhecido, que se destine a re
gular as relações entre as nações indus
triais e nações agrárias - uma espécie de direito social, que se projetasse entre os Estados, como sonhava Simonsen.
Na esfera internacional, essas condi ções mudam. É exato que se estruturam
de manter o statu quo. Nunca pôde
Vieira, não devemos "pedir pedindo,
organismos que assumem um poder cres
Operar, como seu principal porta-voz, como um organismo plástico e impar
quem pede verdade, senão justiça".
cial, paro realização de ajustamentos pa cíficos e eqüitativos entre nações, quan-
les, O mundo das 4 liberdades, trad.. Edi-
cente de comando — mas em plano com pletamente diverso.
Mas, segundo dizia o padre Antônio mas protestando e argumentando, como Bibliograiia consultada.
Sumner Wel
Diceííto Econômico 52
çôes "O Cruzeiro". Rio, 1944. — Matos Ibiapina. O Brasil do Onlem e o de Hoje, Dip, Rio, 1942. Roberto Simonsen, O Pla no Marshall e um novo crilério nas rela ções inlernacíonais. Rio. 1948; DtreRo In ternacional Social, momorando ao Conse lho Econômico da Confederação das In dústrias. Rio, 1949; O Planejamento da Economia Nacional, Rio. 1946. Pontes dtí
Miranda Os Fundamentos Atuais do DireUo Constitucional, Rio, 1932. Djacir Me
nezes, O Ouro e a Nova Concepção da
Moeda, Alba Editora, Rio. 1941. G. Gurvitch, La Déclaration des Droltes Sociaux. Editions da le Maison Française. Paris, 1944. Franklin D. Roo.scvelt, Nossa Demo
Noções gerais sobre o imposto
cracia em Ação, Liv. do Giobo, Porto Ale-
Inip6sto únieo e impostos múltiplos
-gre 1948. Prokopovicz. L'industrialÍsatIon
des' Pays agricoles et Ia Strucluro de
rEconomie mondiale après Ia ^o^e. La
VI
Presse française et ôtrangòro. Orcrte Zeluck. Paris, 1946. Henri Claude. De se écononiique à Ia Guorro mondiale,
José Luiz de Almeida NocuEntA Pôrto
Ocia, Paris. 1945
jj^Ão obstante a totalidade das nações
mente na Inglaterra, inúmeros projetos
butários na multiplicidade dos impos posto único. A generalidade dos estudiosos de fi
de impôsto único foram sugeridos. Se duzidos pela simplificação do sistema e acossados pela complexidade e primitivismo dos regimes tributários vigentes, os financistas da época buscavam ansio
nanças, ante essas manifestações isola
sos uma base única de tributação, bas
tos, vez por outra ainda se levantam vo zes proclamando as excelências do im
das, se limitam a afastar desdenhosa-
mento a idéia sem se darem sequer ao trabalho de debatê-la. Quando muito se dignam a afirmar que impôsto único é utopia e nunca pôde ser aplicado na prática. Hoje, é verdade, a idéia de um sis
tema tributário baseado em um impôs to único, está superada. Mas quanto fosfato dispenderam os financistas dos últimos séculos para engendrar miracu
V
losos processos de imposição baseados nessa idéia ! E que sistemas engenhosos
universais. I
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idéia de COLBERT, de certo modo vi sava corrigir as inqüidades tributárias
da época. Ao passo que hoje todos os financistas sSo acordes em reconhecer as injustiças que os impostos indiretos acarretam, por atingirem na mesma em que a nobreza e o clero se eximiam
do pagamento dos tributos diretos, gra ças a favores especiais, a justiça estava, justamente, nos impostos indiretos que a todos alcançavam igualmente. E conhecida aquela resposta de um bispo francês ao Govêrno que lhe exi gia impostos: "Para o Estado, os nobres
• .' ■ **'» -• -
bre lòdas as despesas, alcançasse pro porcionalmente a ricos e pobres. Essa
proporção os que podem e os que não
George vêem no impôsto iinico sôbre o solo uma panacéia para todos os males s :•
A primeira idéia foi a da aplicação de um iinpôsto indireto que, incidindo sô
podem paga-los, no tempo de Colbert,
Ainda hoj'e os partidários de Henry
I
tir uma distribuição equitativa dos ônus.
imaginavam!
De resto, não se pode dizer que a
.
tante sólida para supcrtar os encargos
do estado e bastante geral para permi
e de lógica aparentemente irrefutável
idéia esteja inteiramente abandonada.
»
Nos séculos XVII e XVIII, principal
do mundo basearem seus sistemas tri
"La Dime Roya-
lo , é tido como o precursor do impôs to uníco, mas em verdade êle preten dia, apenas, üma simplificação no regi me fiscal da França.
contribuem com seu sangue; os bur gueses com seu dinheiro e o clero com suas preces..."
Amte tal mentalidade, é claro que o proj*eto de Colbert gaiiliou logo o favor
Diceííto Econômico 52
çôes "O Cruzeiro". Rio, 1944. — Matos Ibiapina. O Brasil do Onlem e o de Hoje, Dip, Rio, 1942. Roberto Simonsen, O Pla no Marshall e um novo crilério nas rela ções inlernacíonais. Rio. 1948; DtreRo In ternacional Social, momorando ao Conse lho Econômico da Confederação das In dústrias. Rio, 1949; O Planejamento da Economia Nacional, Rio. 1946. Pontes dtí
Miranda Os Fundamentos Atuais do DireUo Constitucional, Rio, 1932. Djacir Me
nezes, O Ouro e a Nova Concepção da
Moeda, Alba Editora, Rio. 1941. G. Gurvitch, La Déclaration des Droltes Sociaux. Editions da le Maison Française. Paris, 1944. Franklin D. Roo.scvelt, Nossa Demo
Noções gerais sobre o imposto
cracia em Ação, Liv. do Giobo, Porto Ale-
Inip6sto únieo e impostos múltiplos
-gre 1948. Prokopovicz. L'industrialÍsatIon
des' Pays agricoles et Ia Strucluro de
rEconomie mondiale après Ia ^o^e. La
VI
Presse française et ôtrangòro. Orcrte Zeluck. Paris, 1946. Henri Claude. De se écononiique à Ia Guorro mondiale,
José Luiz de Almeida NocuEntA Pôrto
Ocia, Paris. 1945
jj^Ão obstante a totalidade das nações
mente na Inglaterra, inúmeros projetos
butários na multiplicidade dos impos posto único. A generalidade dos estudiosos de fi
de impôsto único foram sugeridos. Se duzidos pela simplificação do sistema e acossados pela complexidade e primitivismo dos regimes tributários vigentes, os financistas da época buscavam ansio
nanças, ante essas manifestações isola
sos uma base única de tributação, bas
tos, vez por outra ainda se levantam vo zes proclamando as excelências do im
das, se limitam a afastar desdenhosa-
mento a idéia sem se darem sequer ao trabalho de debatê-la. Quando muito se dignam a afirmar que impôsto único é utopia e nunca pôde ser aplicado na prática. Hoje, é verdade, a idéia de um sis
tema tributário baseado em um impôs to único, está superada. Mas quanto fosfato dispenderam os financistas dos últimos séculos para engendrar miracu
V
losos processos de imposição baseados nessa idéia ! E que sistemas engenhosos
universais. I
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idéia de COLBERT, de certo modo vi sava corrigir as inqüidades tributárias
da época. Ao passo que hoje todos os financistas sSo acordes em reconhecer as injustiças que os impostos indiretos acarretam, por atingirem na mesma em que a nobreza e o clero se eximiam
do pagamento dos tributos diretos, gra ças a favores especiais, a justiça estava, justamente, nos impostos indiretos que a todos alcançavam igualmente. E conhecida aquela resposta de um bispo francês ao Govêrno que lhe exi gia impostos: "Para o Estado, os nobres
• .' ■ **'» -• -
bre lòdas as despesas, alcançasse pro porcionalmente a ricos e pobres. Essa
proporção os que podem e os que não
George vêem no impôsto iinico sôbre o solo uma panacéia para todos os males s :•
A primeira idéia foi a da aplicação de um iinpôsto indireto que, incidindo sô
podem paga-los, no tempo de Colbert,
Ainda hoj'e os partidários de Henry
I
tir uma distribuição equitativa dos ônus.
imaginavam!
De resto, não se pode dizer que a
.
tante sólida para supcrtar os encargos
do estado e bastante geral para permi
e de lógica aparentemente irrefutável
idéia esteja inteiramente abandonada.
»
Nos séculos XVII e XVIII, principal
do mundo basearem seus sistemas tri
"La Dime Roya-
lo , é tido como o precursor do impôs to uníco, mas em verdade êle preten dia, apenas, üma simplificação no regi me fiscal da França.
contribuem com seu sangue; os bur gueses com seu dinheiro e o clero com suas preces..."
Amte tal mentalidade, é claro que o proj*eto de Colbert gaiiliou logo o favor
Dicesto Econômico
Dicesto Econômico
54
impostos sôbre os produtos siipérEuos
popular. Inju-stiça haveria ainda por pa garem todos igualmente, mas ao menos todos pagariam.
Cedo, porém, se deram conta os eco
Partindo dc.ssa premissa, o autor des
sobre artigos de luxo e chega à conclu são de que tais impostos teriam ainda o efeito altamente salutar de enfraquecer
indireto e geral sobre todas as despesas,
a procura desses artigos e, por conse qüência, de fazer baixar a remunera
e ao comércio que, nem sempre, conse
guiriam transferir para o consumidor
ção dos operários empregados em sua produção, o que permitiria à Inglaterra,
os ônus do tributo, como envolveria a
dada a redução no custo da produção,
injustiça já mencionada de se tributar
exportá-los para o estrangeiro.
a todos igualmente.
DOWNES, escritor também inglês e também do século XVIII,
* * *
Evoluiu então a ídeia e da imposição indireta de todas as despesas passou-se a preconizar a imposição sobre os arti
gos considerados de luxo. CHAMBERLAYNE, escritor do sécu
lo XVII, em sua obra que tem este ti
tulo rebarbativo, mas tão ao gosto da época: "Englands Wants or several Pro-
(sua obra
data de 1732), contesta que um impôsto
pesado sobre objetos de luxo traga a di minuição de sua procura. Com uma su
til observação da psicologia da socieda de de sua época, afirma que quanto mais caros forem os objetos de luxo, mais serão procurados por aquêles que pertencem à alta sociedade ou que nela pretendem penetrar. E* curioso lembrar que foi Downes
posals probably Beneficiai for Eng^and,
quem imaginou e iniciou o pagamento
hunbly offered to the Consideration of
do impôsto por meio de estampilhas aplicadas nos produtos, processo êsse que só um século mais tarde foi aplica do pela primeira vez, nos Estados Uni dos, e que inspirou o nosso sistema de
ali good Patriots in both houses of Parliament, by a true Lover of bis Countiy", preconizava um imposto
elevado sobre todos os artigos que se prestassem ao excesso, ao luxo, ao desregramento, à preguiça, ao orgulho ou à corrupção dos costumes. Outro escritor inglês do século XVIII,
de identidade desconhecida, aperfeiçoa êsse sistema e lhe dá um fundamento teórico. "Deve-se compreender — diz
gle — que a noção de igualdade geral mente admitida se relaciona apenas com
a riqueza ou fortuna de cada um; tam bém quando a parte pobre da população (sempre a mais trabalhadora e industriosa) esta onerada ao extremo e que se trata de arrecadar um impôsto para o
bem comum, os ricos e só eles deverão atender às necessidades do Estado".
pagamento do imposto de consumo ain da vigorante para muitos artigos.
Vários outros escritores, quase todos
ingleses, apoiam e desenvolvem a idéia de um impôsto único sobre o lu.xo. Suas divergências dizem respeito ao proces
so de imposição: enquanto uns preten dem um imposto direto sobre os consu midores de artigos de luxo, outros pre
ferem a imposição indireta sobro os pró
♦ * *
dários do impôsto único .sôbre o hixo faziam sua pregação, outros financistas, partindo dos mesmos raciocínios, che gavam à conclusão de que nada melhor para caracterizar a capacidade contribu-
te se dizia de Tyro: "that their Merchants are Princes and their Trafhckers, the Hcnourable of the Earth (q^® seus comerciantes são os príncipes e
seus traficantes os honoráveis da Terra). Decker fez escola e muitos financis
pôsto único sôbre as casas. O principal propugnador dêsse sis-
clusões, juntando novos argumentos em
téma foi sir MATTHEW DECKER que,
favor do sistema.
tas do século XVIII apoiaram su^as con
pela imposição iinica sôbre as casas, vi sava exclusivamente proteger o comér cio.
Abolindo-se todos os outros impostos,
contribuições e direitos — dizia êle — impedir-se-á tôda es pécie de fraude e "a ruína de vários milha
res de pobre."? e infeli zes criaturas que foram ou são ainda emprega das no comércio de contrabando". Por ou
tro lado, muito maiorseria o lucro do comér
cio se só as casas pa gassem impostos.
Fazia parte do plano de Decker
a
isenção
para as casas habitadas
pela parte pobre da população. Não por en tender que os pobres
não devessem
pagar
Êsse sistema de impôsto único, é cla ro, nunca vigorou. Exerceu, porém, ní
dos operários, determinando sua eleva ção com prejuízo para produtores e co
saram a compreender também pesados
comércio, para que algum dia se pudes se dizer da Inglaterra o que antigamen
tiva de cada cidadão do que sua casa de residência. Daí sugerirem um im
prios produtos.
tida influência em todos os regimes tri
raciocínios, tôdas as suas conclusões, vi
savam apenas uma coisa: amparar o No mesma oca.sião em que os parti
impostos, mas pelo temor de que êsses
butários que, a partir dessa época, pas
Decker, em \ erdade, merecia quí* os
comerciantes e fabricantes da época lhe
erigissem uma estátua. Todos os seus
conhecido recomenda pesados impostos
nomistas e financistas que um impôsto não só criaria dificuldades à produção
ou de luxo.
ônus viessem a repercutir nos salários merciantes...
* * 5)t
Um dos seguidores de Deker, porém, dentro da mesma ordem de idéias do mestre, apresenta um
plano interessante: a incidência do impôsto
único sôbre as janelas das casas. HORSELY
argumenta que, quanto mais rico for o cidadão, maior será sua casa e,
por conseqüência, maior número de janelas terá. Procura, assim, um cer
to critério de jusüíça fiscal — rudimentar, sem dúvida — ao tribu
tas mais pesadamente os mais ricos, pelos seus sinais exteriores de ri queza.
Diga-se, de passa gem, que êsse impôsto existiu na In glaterra e na França, não como impôsto
único, é claro, mas fazendo parte do sistema tributário geral e oferecendo apreciável arrecadação.
Dicesto Econômico
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impostos sôbre os produtos siipérEuos
popular. Inju-stiça haveria ainda por pa garem todos igualmente, mas ao menos todos pagariam.
Cedo, porém, se deram conta os eco
Partindo dc.ssa premissa, o autor des
sobre artigos de luxo e chega à conclu são de que tais impostos teriam ainda o efeito altamente salutar de enfraquecer
indireto e geral sobre todas as despesas,
a procura desses artigos e, por conse qüência, de fazer baixar a remunera
e ao comércio que, nem sempre, conse
guiriam transferir para o consumidor
ção dos operários empregados em sua produção, o que permitiria à Inglaterra,
os ônus do tributo, como envolveria a
dada a redução no custo da produção,
injustiça já mencionada de se tributar
exportá-los para o estrangeiro.
a todos igualmente.
DOWNES, escritor também inglês e também do século XVIII,
* * *
Evoluiu então a ídeia e da imposição indireta de todas as despesas passou-se a preconizar a imposição sobre os arti
gos considerados de luxo. CHAMBERLAYNE, escritor do sécu
lo XVII, em sua obra que tem este ti
tulo rebarbativo, mas tão ao gosto da época: "Englands Wants or several Pro-
(sua obra
data de 1732), contesta que um impôsto
pesado sobre objetos de luxo traga a di minuição de sua procura. Com uma su
til observação da psicologia da socieda de de sua época, afirma que quanto mais caros forem os objetos de luxo, mais serão procurados por aquêles que pertencem à alta sociedade ou que nela pretendem penetrar. E* curioso lembrar que foi Downes
posals probably Beneficiai for Eng^and,
quem imaginou e iniciou o pagamento
hunbly offered to the Consideration of
do impôsto por meio de estampilhas aplicadas nos produtos, processo êsse que só um século mais tarde foi aplica do pela primeira vez, nos Estados Uni dos, e que inspirou o nosso sistema de
ali good Patriots in both houses of Parliament, by a true Lover of bis Countiy", preconizava um imposto
elevado sobre todos os artigos que se prestassem ao excesso, ao luxo, ao desregramento, à preguiça, ao orgulho ou à corrupção dos costumes. Outro escritor inglês do século XVIII,
de identidade desconhecida, aperfeiçoa êsse sistema e lhe dá um fundamento teórico. "Deve-se compreender — diz
gle — que a noção de igualdade geral mente admitida se relaciona apenas com
a riqueza ou fortuna de cada um; tam bém quando a parte pobre da população (sempre a mais trabalhadora e industriosa) esta onerada ao extremo e que se trata de arrecadar um impôsto para o
bem comum, os ricos e só eles deverão atender às necessidades do Estado".
pagamento do imposto de consumo ain da vigorante para muitos artigos.
Vários outros escritores, quase todos
ingleses, apoiam e desenvolvem a idéia de um impôsto único sobre o lu.xo. Suas divergências dizem respeito ao proces
so de imposição: enquanto uns preten dem um imposto direto sobre os consu midores de artigos de luxo, outros pre
ferem a imposição indireta sobro os pró
♦ * *
dários do impôsto único .sôbre o hixo faziam sua pregação, outros financistas, partindo dos mesmos raciocínios, che gavam à conclusão de que nada melhor para caracterizar a capacidade contribu-
te se dizia de Tyro: "that their Merchants are Princes and their Trafhckers, the Hcnourable of the Earth (q^® seus comerciantes são os príncipes e
seus traficantes os honoráveis da Terra). Decker fez escola e muitos financis
pôsto único sôbre as casas. O principal propugnador dêsse sis-
clusões, juntando novos argumentos em
téma foi sir MATTHEW DECKER que,
favor do sistema.
tas do século XVIII apoiaram su^as con
pela imposição iinica sôbre as casas, vi sava exclusivamente proteger o comér cio.
Abolindo-se todos os outros impostos,
contribuições e direitos — dizia êle — impedir-se-á tôda es pécie de fraude e "a ruína de vários milha
res de pobre."? e infeli zes criaturas que foram ou são ainda emprega das no comércio de contrabando". Por ou
tro lado, muito maiorseria o lucro do comér
cio se só as casas pa gassem impostos.
Fazia parte do plano de Decker
a
isenção
para as casas habitadas
pela parte pobre da população. Não por en tender que os pobres
não devessem
pagar
Êsse sistema de impôsto único, é cla ro, nunca vigorou. Exerceu, porém, ní
dos operários, determinando sua eleva ção com prejuízo para produtores e co
saram a compreender também pesados
comércio, para que algum dia se pudes se dizer da Inglaterra o que antigamen
tiva de cada cidadão do que sua casa de residência. Daí sugerirem um im
prios produtos.
tida influência em todos os regimes tri
raciocínios, tôdas as suas conclusões, vi
savam apenas uma coisa: amparar o No mesma oca.sião em que os parti
impostos, mas pelo temor de que êsses
butários que, a partir dessa época, pas
Decker, em \ erdade, merecia quí* os
comerciantes e fabricantes da época lhe
erigissem uma estátua. Todos os seus
conhecido recomenda pesados impostos
nomistas e financistas que um impôsto não só criaria dificuldades à produção
ou de luxo.
ônus viessem a repercutir nos salários merciantes...
* * 5)t
Um dos seguidores de Deker, porém, dentro da mesma ordem de idéias do mestre, apresenta um
plano interessante: a incidência do impôsto
único sôbre as janelas das casas. HORSELY
argumenta que, quanto mais rico for o cidadão, maior será sua casa e,
por conseqüência, maior número de janelas terá. Procura, assim, um cer
to critério de jusüíça fiscal — rudimentar, sem dúvida — ao tribu
tas mais pesadamente os mais ricos, pelos seus sinais exteriores de ri queza.
Diga-se, de passa gem, que êsse impôsto existiu na In glaterra e na França, não como impôsto
único, é claro, mas fazendo parte do sistema tributário geral e oferecendo apreciável arrecadação.
Dicksto Econômico
56
MENIER c ÉMILE DE GIRARDIN
* * *
foram seus principais defensores. Èste
A experiôncía da "incoine tax' (impôsto de renda) na Ing'alerra, em prin cípios do século XIX, deu lugar a que
surgissem novos propugnadores de um imposto único, tendo por base, desta vez, o rendimento de cada cidadão. Em verdade, a idéia era já muito an
ú'timo, usando uma linguagem de ora
dor de praça pública, fazia trocadilhos com o "impòl unic[uc" c o "impôt inique" (èstc c<miprcencIcndo, c claro, o sistema tributário então vigente) e cla
mava aos povos: "Unité ! Unité! c est vers ce but que marciianl tons les peu-
ples!' L'unitc que mesure et marque les
tiga e HÚGON aponta mesmo como seu precursor, BODIN, escritor do
heurc.s au niemc cadran à Londres et ã
século XVI.
Gonslantinople, á Roínc et a Moscou, à
O plano de um imposto único sobre a renda era, realmente, sedutor. Nada
melhor do que a renda para se aferir a
Viennc ct à Ncw Yorh, à Paris et a Canton, nc s'arrclcra, dans sa course triom-,
pliantc, qu'aprcs avoir tout iissujetti à
capacidade tributária de cada um e, por
sa loi ct reformo !a barbaric des impôt.
conseqüência, para se fazer uma exáta
Depois dessa.s belas tiradas demagó
justiça fiscal.
Por outro lado, um impôsto dessa na• tureza repercute com mais dificuldade
do que os impostos indiretos de modo que o Estado sabe sempre quem está
tributando e que é precisamente aquele que quis tributar.
Com vantagem sobre a tributação do
capital, o impôsto de renda permite gra var o ganho resultante do trabalho. In
terpelando os partidários do primeiro, em sua "Théorie de Flmpôt", PROUDHON deixa nítida essa diferença: "Lc médícin, Tavocat, Ia chanteuse — escre
ve ele — quí gagnent 100.000 francs
par an, ne payeraient dono pas, puisque vous ne considérez pas le gosíer de Ia chanteuse, le cerveau du médícin, les
poumons de Tavocat comme un capi tal
O impôsto único sôbre a renda foi ardorosamente
defendido
por
GAR-
NIER e objeto de uma recomendação do congresso de Eirenach em 1869. Em rneiados do século pas.sado os
partidários do impôsto único voltaramse para o capital como base ideal de tributação.
gicas, Girardín entra na argumentação
c procura demonstrar que o impôsto sô bre o capital é, não so justo, como de salutares efeitos econômicos.
Em primeiro lugar — diz êlc — êsse
impôsto obriga os capitais a circular^ e a procurar aplicaçao reprodutiva. O impô.sto sôbre a renda age como freio; o impôsto sobre o capital age como espora". Gravado por um tributo espe
cial, o capital que não circula passa a circular; o capital que esta dormindo, desperta. O capital nao pode ficar im produtivo um só momento e o condena do a uma atividade forçada para poder suportar o ônus do impôsto.
Em segundo lugar — continua — tal impôsto iria alcançar a riqueza já for mada, já consolidada e não a riquem em formação. Admitiiido-sc que o capi
tal seja um fator de pr<Jdução e de pro gresso, o impôsto não deve constituir um obstáculo à sua formação.
O impôsto sôbre a renda — comenta Menier - "atinge o rendimento onde ê!e se forma; ele absorve então tôda a parcela que poderia ser aplicada reprodutivamente pela sua conversão em ca-
Dicesto Econômico
57
pilai fí.xo". Ao passo que o impôsto sô bre o capital alcança apenas o capital fLxo, já consolidado, que pode impune
XIX e seus discípulos que até hoje pro
mente suportar seu peso.
sôbre as terras. Os fundamentos, nem
E' um gravame, dizem, exclusivamen
pagam sua doutrina, sempre permane ceu viva a idéia de um impôsto único sempre foram os mesmos; as conseqüên
te sôbre os po.ssuidorcs: quem não tem
cias previstas ou desejadas, muitas vê-
nada, não paga nada; quem tom pouco, paga pouco; quem tem • muito, paga
zes eram opostas. Mas a terra, como base de tributação, foi a idéia mais du
muito.
radoura de quantas.até hoje foram aven
Finalmente, o impôsto sôbre o capi tal estaria apto a atingir certos valores que escapam injustamente ao impôsto
sôbre a renda, a saber, tôda a riqueza improdutiva, estática, como objetos de arte, grande.s parques, terras inaproveitadas, etc.
tadas.
Vejamos de mais perto cada uma das correntes em que se dividem os parti
dários de um impôsto único sôbre a terra.
HS
5(5
A teoria do imposto único sôbre o
capital, muito deu que falar na segun
LOCKE, que foi o precursor, desen
da metade do século passado. Seus ar
engenhosos,
volvia um longo raciocínio para provar que todo e qualquer impôsto, em últi
trouxeram-lhe inúmeros prosólitos e chegou-se mesmo a supor que a idéia
dutor agrícola. A repercução "para trás"
gumentos,
sem
dúvida
da tributação da renda estivesse supe rada.
Mais adiante, porém, vamos ver
como
são
inconsistentes 'seus prin
cípios.
ma análise iria se refletir .sôbre o pro era a única que admitia de modo que sempre ao proprietário da terra caberia suportar os ônus lançados sobre tôda a
coletividade. Assim sendo, concluía, é
preferível que a imposição tenha lugar ^ ^
>j{
onde fatalmente se irá verificar a últi
ma incidência, isto é, no proprietário Já vimos que os partidários de um impôsto único buscaram bases de inci
dência no total das despesas indivi
duais, nos artigos de luxo, nas casas, nos sinais exteriores de riqueza (impôs to sôbre portas e janelas), na renda e no capital. Propositalmente deixamos
para o fim c sistema que mais persis tência tem demonstrado e que ainda ho je conta com valorosos adeptos: o im pôsto único sôbre a terra. Desde fins do século XVII, com
agrícola. Ao passo que Locke encarava a re
percução final de todos os impostos sô bre o proprietário da terra como uma
fatalidade, motivo pe'o qual entendia ser preferível que èste os pagasse desde o inicio, VANDERLINT, que aprofun dou sua teoria chegou à conclusão de
que a substituição de todos os impostos por um único sôbre a terra iria benefi
ciar justamente o dono da terra. E ar
JOHN LOCKE, passando pelos "fisiocratas" que lhe deram especial relêvo,
gumentava: os preços dos artigos libe rados do imposto, permanecerão os mes mos ou baixarão. No primeiro caso, o
até STUART MILL, SHERMAN e, fi
custo da produção decresce como con
nalmente, HENRI GEORGE no século
seqüência da abolição dos impostos sô-
Dicksto Econômico
56
MENIER c ÉMILE DE GIRARDIN
* * *
foram seus principais defensores. Èste
A experiôncía da "incoine tax' (impôsto de renda) na Ing'alerra, em prin cípios do século XIX, deu lugar a que
surgissem novos propugnadores de um imposto único, tendo por base, desta vez, o rendimento de cada cidadão. Em verdade, a idéia era já muito an
ú'timo, usando uma linguagem de ora
dor de praça pública, fazia trocadilhos com o "impòl unic[uc" c o "impôt inique" (èstc c<miprcencIcndo, c claro, o sistema tributário então vigente) e cla
mava aos povos: "Unité ! Unité! c est vers ce but que marciianl tons les peu-
ples!' L'unitc que mesure et marque les
tiga e HÚGON aponta mesmo como seu precursor, BODIN, escritor do
heurc.s au niemc cadran à Londres et ã
século XVI.
Gonslantinople, á Roínc et a Moscou, à
O plano de um imposto único sobre a renda era, realmente, sedutor. Nada
melhor do que a renda para se aferir a
Viennc ct à Ncw Yorh, à Paris et a Canton, nc s'arrclcra, dans sa course triom-,
pliantc, qu'aprcs avoir tout iissujetti à
capacidade tributária de cada um e, por
sa loi ct reformo !a barbaric des impôt.
conseqüência, para se fazer uma exáta
Depois dessa.s belas tiradas demagó
justiça fiscal.
Por outro lado, um impôsto dessa na• tureza repercute com mais dificuldade
do que os impostos indiretos de modo que o Estado sabe sempre quem está
tributando e que é precisamente aquele que quis tributar.
Com vantagem sobre a tributação do
capital, o impôsto de renda permite gra var o ganho resultante do trabalho. In
terpelando os partidários do primeiro, em sua "Théorie de Flmpôt", PROUDHON deixa nítida essa diferença: "Lc médícin, Tavocat, Ia chanteuse — escre
ve ele — quí gagnent 100.000 francs
par an, ne payeraient dono pas, puisque vous ne considérez pas le gosíer de Ia chanteuse, le cerveau du médícin, les
poumons de Tavocat comme un capi tal
O impôsto único sôbre a renda foi ardorosamente
defendido
por
GAR-
NIER e objeto de uma recomendação do congresso de Eirenach em 1869. Em rneiados do século pas.sado os
partidários do impôsto único voltaramse para o capital como base ideal de tributação.
gicas, Girardín entra na argumentação
c procura demonstrar que o impôsto sô bre o capital é, não so justo, como de salutares efeitos econômicos.
Em primeiro lugar — diz êlc — êsse
impôsto obriga os capitais a circular^ e a procurar aplicaçao reprodutiva. O impô.sto sôbre a renda age como freio; o impôsto sobre o capital age como espora". Gravado por um tributo espe
cial, o capital que não circula passa a circular; o capital que esta dormindo, desperta. O capital nao pode ficar im produtivo um só momento e o condena do a uma atividade forçada para poder suportar o ônus do impôsto.
Em segundo lugar — continua — tal impôsto iria alcançar a riqueza já for mada, já consolidada e não a riquem em formação. Admitiiido-sc que o capi
tal seja um fator de pr<Jdução e de pro gresso, o impôsto não deve constituir um obstáculo à sua formação.
O impôsto sôbre a renda — comenta Menier - "atinge o rendimento onde ê!e se forma; ele absorve então tôda a parcela que poderia ser aplicada reprodutivamente pela sua conversão em ca-
Dicesto Econômico
57
pilai fí.xo". Ao passo que o impôsto sô bre o capital alcança apenas o capital fLxo, já consolidado, que pode impune
XIX e seus discípulos que até hoje pro
mente suportar seu peso.
sôbre as terras. Os fundamentos, nem
E' um gravame, dizem, exclusivamen
pagam sua doutrina, sempre permane ceu viva a idéia de um impôsto único sempre foram os mesmos; as conseqüên
te sôbre os po.ssuidorcs: quem não tem
cias previstas ou desejadas, muitas vê-
nada, não paga nada; quem tom pouco, paga pouco; quem tem • muito, paga
zes eram opostas. Mas a terra, como base de tributação, foi a idéia mais du
muito.
radoura de quantas.até hoje foram aven
Finalmente, o impôsto sôbre o capi tal estaria apto a atingir certos valores que escapam injustamente ao impôsto
sôbre a renda, a saber, tôda a riqueza improdutiva, estática, como objetos de arte, grande.s parques, terras inaproveitadas, etc.
tadas.
Vejamos de mais perto cada uma das correntes em que se dividem os parti
dários de um impôsto único sôbre a terra.
HS
5(5
A teoria do imposto único sôbre o
capital, muito deu que falar na segun
LOCKE, que foi o precursor, desen
da metade do século passado. Seus ar
engenhosos,
volvia um longo raciocínio para provar que todo e qualquer impôsto, em últi
trouxeram-lhe inúmeros prosólitos e chegou-se mesmo a supor que a idéia
dutor agrícola. A repercução "para trás"
gumentos,
sem
dúvida
da tributação da renda estivesse supe rada.
Mais adiante, porém, vamos ver
como
são
inconsistentes 'seus prin
cípios.
ma análise iria se refletir .sôbre o pro era a única que admitia de modo que sempre ao proprietário da terra caberia suportar os ônus lançados sobre tôda a
coletividade. Assim sendo, concluía, é
preferível que a imposição tenha lugar ^ ^
>j{
onde fatalmente se irá verificar a últi
ma incidência, isto é, no proprietário Já vimos que os partidários de um impôsto único buscaram bases de inci
dência no total das despesas indivi
duais, nos artigos de luxo, nas casas, nos sinais exteriores de riqueza (impôs to sôbre portas e janelas), na renda e no capital. Propositalmente deixamos
para o fim c sistema que mais persis tência tem demonstrado e que ainda ho je conta com valorosos adeptos: o im pôsto único sôbre a terra. Desde fins do século XVII, com
agrícola. Ao passo que Locke encarava a re
percução final de todos os impostos sô bre o proprietário da terra como uma
fatalidade, motivo pe'o qual entendia ser preferível que èste os pagasse desde o inicio, VANDERLINT, que aprofun dou sua teoria chegou à conclusão de
que a substituição de todos os impostos por um único sôbre a terra iria benefi
ciar justamente o dono da terra. E ar
JOHN LOCKE, passando pelos "fisiocratas" que lhe deram especial relêvo,
gumentava: os preços dos artigos libe rados do imposto, permanecerão os mes mos ou baixarão. No primeiro caso, o
até STUART MILL, SHERMAN e, fi
custo da produção decresce como con
nalmente, HENRI GEORGE no século
seqüência da abolição dos impostos sô-
Digesto Econònoco 59
Dicksto Econômico
58
bre os produtos. Mas a diferença entre o custo de produção e o preço de ven
Assim ao passo «tue a indústria e o
te estéreis, por não criarem riqueza al guma — o que não impede que sejam
tário agrícola. No segundo caso, a pro
atividades úteis c me.snio necessárias —
cura aumenta em seguida à baixa dos
a agricultura cria valor. Só ela tem essa virtude de dar um "produto líquido", diferença entre riquezii aplicada e ri
preços; mas, provindo da terra todos os artigos, aumento de procura significa renda mais elevada. Em qualquer dos casos, portanto, a eliminação dos im
queza colhida.
postos é vantajosa para o produtor agrí
do" é a única riqueza realmente nova,
cola. * * *
Os "fisiocratas",
hoje com justiça
considerados os fundadores da economia política e dentre os quais os mais ilus tres foram QUESNAY, MIRABEAU MERCIER DE LA RIVIÉRE e TURGOT, viam na produção agrícola a fon
ao fim de quatro anos foi preciso re nunciar a ela.
libras. Mas há 3.000 libras cie impostos;
comércio são atividades cconómicameD-
da, se chama renda e o resultado será então o aumento da renda do proprie
pela soma cie 10.000 libras e cujo va lor seria então a taxa de 5%, de 200.000 assim, em realidade ela só rende 7.000
libras e não xale mais do que 140.000
libras. O adcpiirentc que a tiver pago por esto preço, ainda que pague o im
Ora, uma vez que o "produto líqui
pôsto de 3.000 libras, disfrulará da in
pôsto único .sobre as terras permanece viva sob as cinzas. Durante todo êsse
to ao impôsto".
O raciocínio é claro e válido até hoje, mas os proprietários territoriais ao tem
po cm cjue fosse feita a reforma precsanizada pelos fisiocratas é que iriam so frer o prejuízo inicial, pois suas terras passariam desde logo a valer menos 30%.^
o único que realmente cria riqueza.
Assim, com tôdas as reverências fei tas à nobre classe dos proprietários ru
Por outro lado — continuavam os fi-*
rais com todos os privilégios que lhe reconheciam, acabavam os fisiocrátas por atribuir-lhe o encargo dc suportar os
siocratas, prcvcnclo talvez êsse argu mento — embora seja verdade que mnguóm paga o impôsto, pois o valor da
destituído de certa lógica é o se
ônus das despesas públicas, que avalia vam em 30% do produto líquido da ter ra. Nesse ponto deve ter morrido o sor riso com que os produtores agrícolas acompanliavam a leitura das .obras dos
guinte:
fisiocratas. . .
te única de toda a criação de riqueza. E, reverentes, prostemam-se ante o agri cultor, o único ente que produz em to
da a coletividade. Seu raciocínio, não A única atividade em que o produto criado é superior ao produto consumido
Mas, os grandes .senhores,, da época, os homens que ditavam as leis e gover
na sua criação, é a agrícola. Em todas
navam os destinos da nação, eram jus
as outras atividades não há criação al guma de riqueza nova, pois o produto re
tamente os proprietários agrícolas e os fisiocratas, procurando anular a má im pressão que suas idéias pudessem ter
sultante, mesmo na atividade industrial, representa apenas a soma das diversas
causado, se esforçavam por explicar:
parcelas aplicadas. "A indústria aplica,
primeiro, que nenhum prejuízo adviria para o proprietário da terra por dever
camada sobre camada, vários valores so
bre um só, mas ela não cria nenhum va
pagar o impôsto e segundo que, de qual
lor que antes dela não existisse", argu
quer modo, seria êle quem iria pagar
menta Mercier de Ia Ríviére. Também o
comércio não cria valor algum, pois é de se supor que as mercadorias permutadas sejam de valor igual, e mesmo que tal não suceda, ainda assim nada foi
criado, porque o que uma das partes ga nhou, a outra perdeu.
terra se reduz na proporção em que o
tributo incida sobre seu produto liqüi do, a verdade é que os impostos que re caíssem sobre a indústria, o comércio os
trabalhadores, esses snn é que iriam ser suportados efetivamente pelos proprietá rios rurais, pois os preços dos produtos consumidos por essa classe seriam ma-
jorados ou então o.s produtos agrícolas seriam menos produzidos. Em qualquer caso, o prejuízo para o produtor e para a coletividade, seria fatal.
A influência dos fisiocratas foi ampla e duradoura, bastando ver que metade da receita pública francesa, por ocasião da Revolução, era obtida através do Impôsto rural.
todos os impostos que pesassem sobre
Um dos seguidores da escola, o margrave de Bade, teve mesmo ocasião de
a coletividade.
Realmente — argumentavam os fisio cratas — o valor da terra baixa em fun ção do impôsto. "Eis uma terra — ex
plicam GIDE e RIST interpretando o pensamento dos fisiocratas — arrendada
experimentar em seus domínios a teoria
i
Passa-se quase um século durante o qual a idéia dos fisiocratas de um im
tegridade do rendimento a que tom di reito, poi.s ele só pode pretender o gozo daquilo que pagou — e, em realidade, não pagou a porçãcj de rendimento afe
ó claro que nele deve o Estado ir bus car o impòsto, tributando só e e.xclusivamente o proprietário da terra que é
♦ % ^
fisiocrata em toda a sua pureza. Como era de se esperar a experiência falhou e
período, RICARDO e STUART MILL criam e desenvolvem a teoria da renda
da terra em que mais tarde Henry Ceorge iria buscar o fundamento de seu sis
tema social e financeiro.
Antes, porém, de entrarmos no "Georgismo", é preciso falar no americano ISAAC SHERMAN.
Sua idéia era também a de um im
pôsto umco sobre a terra. Mas. contrànamente a HENRY GEORGE, seu pro«ih'° tôda °a coletividade recair o impôsto sobre através do fe nômeno da repercução. Tributando o so
lo, pensava ele, todos os seus produtos sermm onerados e o impôsto incorporarse-ia a seus preços. Assim, como tôda
a coletividade consome produtos da terra, o imposto se difundiria por todos Ao passo que para.Sherman o impôs
to imobiliário deveria ser adotado por
que nao seria mais do que um tributo
nommd que em realidade repercutiria
sobre todos os consumidores, para Hen-. ry George o impôsto sôbre as terras se
rra recomendável justamente porque êle nao repercute e é suportado e.xlsivamente pelo proprietário territorial SELIGMAN acentua bem e a dif=-
rença para rnostrar a confusão q„e reina sobre as duas teorias
kt.
j
muitos dos que se dtem^Tr !"
são partidários do impót sôtr^àtr-
ra por entenderem que êle se incorpo
ra preços dos produtos e se difunde poraos toda a coletividade.
Digesto Econònoco 59
Dicksto Econômico
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bre os produtos. Mas a diferença entre o custo de produção e o preço de ven
Assim ao passo «tue a indústria e o
te estéreis, por não criarem riqueza al guma — o que não impede que sejam
tário agrícola. No segundo caso, a pro
atividades úteis c me.snio necessárias —
cura aumenta em seguida à baixa dos
a agricultura cria valor. Só ela tem essa virtude de dar um "produto líquido", diferença entre riquezii aplicada e ri
preços; mas, provindo da terra todos os artigos, aumento de procura significa renda mais elevada. Em qualquer dos casos, portanto, a eliminação dos im
queza colhida.
postos é vantajosa para o produtor agrí
do" é a única riqueza realmente nova,
cola. * * *
Os "fisiocratas",
hoje com justiça
considerados os fundadores da economia política e dentre os quais os mais ilus tres foram QUESNAY, MIRABEAU MERCIER DE LA RIVIÉRE e TURGOT, viam na produção agrícola a fon
ao fim de quatro anos foi preciso re nunciar a ela.
libras. Mas há 3.000 libras cie impostos;
comércio são atividades cconómicameD-
da, se chama renda e o resultado será então o aumento da renda do proprie
pela soma cie 10.000 libras e cujo va lor seria então a taxa de 5%, de 200.000 assim, em realidade ela só rende 7.000
libras e não xale mais do que 140.000
libras. O adcpiirentc que a tiver pago por esto preço, ainda que pague o im
Ora, uma vez que o "produto líqui
pôsto de 3.000 libras, disfrulará da in
pôsto único .sobre as terras permanece viva sob as cinzas. Durante todo êsse
to ao impôsto".
O raciocínio é claro e válido até hoje, mas os proprietários territoriais ao tem
po cm cjue fosse feita a reforma precsanizada pelos fisiocratas é que iriam so frer o prejuízo inicial, pois suas terras passariam desde logo a valer menos 30%.^
o único que realmente cria riqueza.
Assim, com tôdas as reverências fei tas à nobre classe dos proprietários ru
Por outro lado — continuavam os fi-*
rais com todos os privilégios que lhe reconheciam, acabavam os fisiocrátas por atribuir-lhe o encargo dc suportar os
siocratas, prcvcnclo talvez êsse argu mento — embora seja verdade que mnguóm paga o impôsto, pois o valor da
destituído de certa lógica é o se
ônus das despesas públicas, que avalia vam em 30% do produto líquido da ter ra. Nesse ponto deve ter morrido o sor riso com que os produtores agrícolas acompanliavam a leitura das .obras dos
guinte:
fisiocratas. . .
te única de toda a criação de riqueza. E, reverentes, prostemam-se ante o agri cultor, o único ente que produz em to
da a coletividade. Seu raciocínio, não A única atividade em que o produto criado é superior ao produto consumido
Mas, os grandes .senhores,, da época, os homens que ditavam as leis e gover
na sua criação, é a agrícola. Em todas
navam os destinos da nação, eram jus
as outras atividades não há criação al guma de riqueza nova, pois o produto re
tamente os proprietários agrícolas e os fisiocratas, procurando anular a má im pressão que suas idéias pudessem ter
sultante, mesmo na atividade industrial, representa apenas a soma das diversas
causado, se esforçavam por explicar:
parcelas aplicadas. "A indústria aplica,
primeiro, que nenhum prejuízo adviria para o proprietário da terra por dever
camada sobre camada, vários valores so
bre um só, mas ela não cria nenhum va
pagar o impôsto e segundo que, de qual
lor que antes dela não existisse", argu
quer modo, seria êle quem iria pagar
menta Mercier de Ia Ríviére. Também o
comércio não cria valor algum, pois é de se supor que as mercadorias permutadas sejam de valor igual, e mesmo que tal não suceda, ainda assim nada foi
criado, porque o que uma das partes ga nhou, a outra perdeu.
terra se reduz na proporção em que o
tributo incida sobre seu produto liqüi do, a verdade é que os impostos que re caíssem sobre a indústria, o comércio os
trabalhadores, esses snn é que iriam ser suportados efetivamente pelos proprietá rios rurais, pois os preços dos produtos consumidos por essa classe seriam ma-
jorados ou então o.s produtos agrícolas seriam menos produzidos. Em qualquer caso, o prejuízo para o produtor e para a coletividade, seria fatal.
A influência dos fisiocratas foi ampla e duradoura, bastando ver que metade da receita pública francesa, por ocasião da Revolução, era obtida através do Impôsto rural.
todos os impostos que pesassem sobre
Um dos seguidores da escola, o margrave de Bade, teve mesmo ocasião de
a coletividade.
Realmente — argumentavam os fisio cratas — o valor da terra baixa em fun ção do impôsto. "Eis uma terra — ex
plicam GIDE e RIST interpretando o pensamento dos fisiocratas — arrendada
experimentar em seus domínios a teoria
i
Passa-se quase um século durante o qual a idéia dos fisiocratas de um im
tegridade do rendimento a que tom di reito, poi.s ele só pode pretender o gozo daquilo que pagou — e, em realidade, não pagou a porçãcj de rendimento afe
ó claro que nele deve o Estado ir bus car o impòsto, tributando só e e.xclusivamente o proprietário da terra que é
♦ % ^
fisiocrata em toda a sua pureza. Como era de se esperar a experiência falhou e
período, RICARDO e STUART MILL criam e desenvolvem a teoria da renda
da terra em que mais tarde Henry Ceorge iria buscar o fundamento de seu sis
tema social e financeiro.
Antes, porém, de entrarmos no "Georgismo", é preciso falar no americano ISAAC SHERMAN.
Sua idéia era também a de um im
pôsto umco sobre a terra. Mas. contrànamente a HENRY GEORGE, seu pro«ih'° tôda °a coletividade recair o impôsto sobre através do fe nômeno da repercução. Tributando o so
lo, pensava ele, todos os seus produtos sermm onerados e o impôsto incorporarse-ia a seus preços. Assim, como tôda
a coletividade consome produtos da terra, o imposto se difundiria por todos Ao passo que para.Sherman o impôs
to imobiliário deveria ser adotado por
que nao seria mais do que um tributo
nommd que em realidade repercutiria
sobre todos os consumidores, para Hen-. ry George o impôsto sôbre as terras se
rra recomendável justamente porque êle nao repercute e é suportado e.xlsivamente pelo proprietário territorial SELIGMAN acentua bem e a dif=-
rença para rnostrar a confusão q„e reina sobre as duas teorias
kt.
j
muitos dos que se dtem^Tr !"
são partidários do impót sôtr^àtr-
ra por entenderem que êle se incorpo
ra preços dos produtos e se difunde poraos toda a coletividade.
Dicesto Econômico
60
* * *
Hoje em dia, quando se fala em "impôsto único" quer-se significar o impôsto "Georgista" sobre a terra dado a abandono em que jazem todas as ou tras teorias unitárias em matéria de im-
. posição e a agitação que ainda perdura
não conhece pessoas cpie a custa de ter
renos abandonados c esquecidos em
6 o capital, mas o valor do solo nu a
bairros antigamente longínquos e hoje elegantes, enriqueceram prodigiosamente sem o menor esforço ou preocupação ?
"renda econômica" deve pertencer ao
Quem não sabe que grande áreas de
tre os grandes filósofos da Humani
Cada um, segundo George, pode con servar o resultado do .seu trabalho, que
Estado como representante que é de tô da a coletividade que a formou.
judicar de modo algum o incentivo às benfeitorias nem impedir em nada a produção. E c.ssii recuperação da rique
que a sociedade se desenvolve, que aumenta a população, que a nação pro gride vai-se formando e crescendo esse
valor o qual não é fruto do trabalho in dividual e sim do desen%'olvimento co letivo. Assim, o valor da terra e sua ele
vação constituem um enriquecimento injusto do proprietário obtido à custa
dos esforços de toda. a coletividade.
"Eis, — diz Henry George, — uma pequena aldeia: dentro de dez anos tornar-se-á uma grande cidade; dentro de dez anos o caminho de ferro terá subs tituído a diligência e a luz elétrica a
candeia; será abundantemente provida de todas as maquinas e de todos os pro
da renda econômica da terra sem pre
riam, com tanto proveito para o povo, aproveitadas na produção de verduras,
TE COSTA, bispo do Rio de Janeiro: "Depois do Evangelho é este o livro que
frutas, cereais etc. ?
Alem disso o ardor com que George
Finalmente, a opinião mais entusias
mais amo e mais admúro. Não me sur
preende saber que, depois da Biblia é
defende; seu ponto de vista e o estilo
a obra mais editada em todo o mundo.
territorial, deve ser conseguida por meio
de um imposto único que absorva a ren da da terra e que não reduzirá em nada
vivaeidade de um jornalista e com a elo
Penso que não ofendo a Deus quando digo que- "Progresso e Miséria" repre
qüência de um orador"; como dizem
senta no campo material o mesmo pa
o salário do trabalhador ou a recompen
Gide e Uist, contribuiram decisivamen te para que sua teoria fò.sse recebida
pel que o Evangelho desempenha no
sa do capital.
com um entusiasmo que poucas outras terão despertado.
Por outro lado, prossegue George, "o
imposto sôbre o valor cia terra não só não restringe a produção, como aconte ce com a maior parte dos outros impos tos, mas tende a aumentá-la pela des truição da renda especulativa". Se o imposto absorvesse o valor da terra até aproximar-se de seu valor em renda,
Em todos os países do mundo surgi ram núcleos ativos de "Georgislas" e os reflexos de sua teoria nas legislações fis cais do inundo, especialmente na Nova
Zelaiidia, na Austrália c no Canadá, fo ram profundos e duradouros.
Grandes
la e, por conseguinte, a que estivesse
homens dc todos os países têm manifes tado seu entusiasmo pela idéia, alguns
fora de uso abrir-se-ia de par em par
mesmo com um exagero inadmissível.
"ninguém possuiria terra sem empregá-
rá mais elevada, dentro de dez anos, a
balho e o capital achai--se-iam em con
OTAVIANO ALVES DE LIMA, em sua
para cjuem quisesse utilizá-la. A produ
taxa de juro ? — Não. — Terá aumenta dições de do o salário do trabalhador ordinário ^ forço".
sol como os "lazzaroní" de Nápoles ou
ta de tôdas, a de D. CARLOS DUAR
dade".
em que escreveu sua obra, "com tôda a
ção seria mais densa e, portanto, o tra
comprai um pedaço de terra e tomai posse dêle... Podeis sentar-vos e fu mar o cachimbo; podeis estender-vos ao
terra são conservadas inúteis nas proxi midades das grandes cidades, ã espera de uma valorização certa, quando se
za injustamente obtida pelo proprietário
gressos que tão prodigiosamente multi plicam o poder efetivo do trabalho. Se
— Não. ~ Então, o que terá aumenta do ? — A renda, o valor do solo. Ide,
JOHN DEWTSY, reitor da Universi
dade de Columbia, escreve: "Não pre cisamos de todos os dedos da mão para enumerar os homens que de Platão até hoje, se igualam a Henry George, en
Em suas linhas mestras a teoria de
valor da terra é nulo. À medida, porém,
61
ápice à riqueza comum, dentro de dez
O povo tem o direito dc se apropriar
No comêço de tôda a sociedade, o
Econômico
anos sereis rico".
em tomo das idéias de Henry George. HENRY GEORGE é a seguinte:
DiciiSTo
obra "Revolução Econóinico-Social", ci
ta algumas dessas opiniões: RUY BARBOSA, por e.xcmplo, escre
render mais com o mesino es
via em 1917 a José Custódio Alves de
Lima; "Bem liaja, pois, o movimento que se vai desenvolvendo entre nós pe la adoção do imposto territorial. Nêle
Além de entender que o imposto imi-
co c justo, por permitir à coletividade
recuperar aquilo que, à sua custa, lu
estaria a salvação. Seria a maior, a mais tranqüila e a mais benéfica de todas as revoluções". São de TOLSTOI estes conceitos; "O
crou o proprietário territorial e é eco nômico, por não ter repercuçoes e não perturbar a produção, afirma George que
os "leperos" de Messina; podeis viajar de balão ou refugiar-vos nas profunde
tal imposto é de arrecadação certa, fá
zas do solo, sem fazerdes o mais peque no trabalho e sem acrescentardes um
O raciocínio de George é sedutor pe
cil, barata e não se presta a fraude.
la sua grande lógica aparente. Quèm
i
povo não combate as doutrinas de Hen
ry George, simplesmente não as conhe ce. Conhecê-las é adotá-las".
mundo espiritual". Quando tais opiniões são manifesta
das sôbre uma obra, alguma verdade ela deve conter e certamente contém. * * *
Expostas, assim, as diversas correntes
de economistas e sociólogos partidários de um imposto único sôbre as terras, vemos que cada uma delas tem um fun
damento e um objetivo diferentes. Enquanto os "fisiocratas" viam na
agricultura a única fonte de criação da riqueza, atribuindo-lhe, portanto, a mis
são de pagar os impostos, George, vê no proprietário territorial a fonte de to
dos os males e impõe-lhe a obrigação de suportar o gravame como justa com pensação pelo qiie lucrou à custa de tô
da a coletividade. Vemos assim que não tem muita razao os que dizem que
"Henry George foi um "fisiocrata" que errou de século"... Enquanto Locke, cs "fisiocratas" e os "georgistas" enten dem que o impôsto não repercutirá, Sherman deseja e prevê exatamente es-
Dicesto Econômico
60
* * *
Hoje em dia, quando se fala em "impôsto único" quer-se significar o impôsto "Georgista" sobre a terra dado a abandono em que jazem todas as ou tras teorias unitárias em matéria de im-
. posição e a agitação que ainda perdura
não conhece pessoas cpie a custa de ter
renos abandonados c esquecidos em
6 o capital, mas o valor do solo nu a
bairros antigamente longínquos e hoje elegantes, enriqueceram prodigiosamente sem o menor esforço ou preocupação ?
"renda econômica" deve pertencer ao
Quem não sabe que grande áreas de
tre os grandes filósofos da Humani
Cada um, segundo George, pode con servar o resultado do .seu trabalho, que
Estado como representante que é de tô da a coletividade que a formou.
judicar de modo algum o incentivo às benfeitorias nem impedir em nada a produção. E c.ssii recuperação da rique
que a sociedade se desenvolve, que aumenta a população, que a nação pro gride vai-se formando e crescendo esse
valor o qual não é fruto do trabalho in dividual e sim do desen%'olvimento co letivo. Assim, o valor da terra e sua ele
vação constituem um enriquecimento injusto do proprietário obtido à custa
dos esforços de toda. a coletividade.
"Eis, — diz Henry George, — uma pequena aldeia: dentro de dez anos tornar-se-á uma grande cidade; dentro de dez anos o caminho de ferro terá subs tituído a diligência e a luz elétrica a
candeia; será abundantemente provida de todas as maquinas e de todos os pro
da renda econômica da terra sem pre
riam, com tanto proveito para o povo, aproveitadas na produção de verduras,
TE COSTA, bispo do Rio de Janeiro: "Depois do Evangelho é este o livro que
frutas, cereais etc. ?
Alem disso o ardor com que George
Finalmente, a opinião mais entusias
mais amo e mais admúro. Não me sur
preende saber que, depois da Biblia é
defende; seu ponto de vista e o estilo
a obra mais editada em todo o mundo.
territorial, deve ser conseguida por meio
de um imposto único que absorva a ren da da terra e que não reduzirá em nada
vivaeidade de um jornalista e com a elo
Penso que não ofendo a Deus quando digo que- "Progresso e Miséria" repre
qüência de um orador"; como dizem
senta no campo material o mesmo pa
o salário do trabalhador ou a recompen
Gide e Uist, contribuiram decisivamen te para que sua teoria fò.sse recebida
pel que o Evangelho desempenha no
sa do capital.
com um entusiasmo que poucas outras terão despertado.
Por outro lado, prossegue George, "o
imposto sôbre o valor cia terra não só não restringe a produção, como aconte ce com a maior parte dos outros impos tos, mas tende a aumentá-la pela des truição da renda especulativa". Se o imposto absorvesse o valor da terra até aproximar-se de seu valor em renda,
Em todos os países do mundo surgi ram núcleos ativos de "Georgislas" e os reflexos de sua teoria nas legislações fis cais do inundo, especialmente na Nova
Zelaiidia, na Austrália c no Canadá, fo ram profundos e duradouros.
Grandes
la e, por conseguinte, a que estivesse
homens dc todos os países têm manifes tado seu entusiasmo pela idéia, alguns
fora de uso abrir-se-ia de par em par
mesmo com um exagero inadmissível.
"ninguém possuiria terra sem empregá-
rá mais elevada, dentro de dez anos, a
balho e o capital achai--se-iam em con
OTAVIANO ALVES DE LIMA, em sua
para cjuem quisesse utilizá-la. A produ
taxa de juro ? — Não. — Terá aumenta dições de do o salário do trabalhador ordinário ^ forço".
sol como os "lazzaroní" de Nápoles ou
ta de tôdas, a de D. CARLOS DUAR
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em que escreveu sua obra, "com tôda a
ção seria mais densa e, portanto, o tra
comprai um pedaço de terra e tomai posse dêle... Podeis sentar-vos e fu mar o cachimbo; podeis estender-vos ao
terra são conservadas inúteis nas proxi midades das grandes cidades, ã espera de uma valorização certa, quando se
za injustamente obtida pelo proprietário
gressos que tão prodigiosamente multi plicam o poder efetivo do trabalho. Se
— Não. ~ Então, o que terá aumenta do ? — A renda, o valor do solo. Ide,
JOHN DEWTSY, reitor da Universi
dade de Columbia, escreve: "Não pre cisamos de todos os dedos da mão para enumerar os homens que de Platão até hoje, se igualam a Henry George, en
Em suas linhas mestras a teoria de
valor da terra é nulo. À medida, porém,
61
ápice à riqueza comum, dentro de dez
O povo tem o direito dc se apropriar
No comêço de tôda a sociedade, o
Econômico
anos sereis rico".
em tomo das idéias de Henry George. HENRY GEORGE é a seguinte:
DiciiSTo
obra "Revolução Econóinico-Social", ci
ta algumas dessas opiniões: RUY BARBOSA, por e.xcmplo, escre
render mais com o mesino es
via em 1917 a José Custódio Alves de
Lima; "Bem liaja, pois, o movimento que se vai desenvolvendo entre nós pe la adoção do imposto territorial. Nêle
Além de entender que o imposto imi-
co c justo, por permitir à coletividade
recuperar aquilo que, à sua custa, lu
estaria a salvação. Seria a maior, a mais tranqüila e a mais benéfica de todas as revoluções". São de TOLSTOI estes conceitos; "O
crou o proprietário territorial e é eco nômico, por não ter repercuçoes e não perturbar a produção, afirma George que
os "leperos" de Messina; podeis viajar de balão ou refugiar-vos nas profunde
tal imposto é de arrecadação certa, fá
zas do solo, sem fazerdes o mais peque no trabalho e sem acrescentardes um
O raciocínio de George é sedutor pe
cil, barata e não se presta a fraude.
la sua grande lógica aparente. Quèm
i
povo não combate as doutrinas de Hen
ry George, simplesmente não as conhe ce. Conhecê-las é adotá-las".
mundo espiritual". Quando tais opiniões são manifesta
das sôbre uma obra, alguma verdade ela deve conter e certamente contém. * * *
Expostas, assim, as diversas correntes
de economistas e sociólogos partidários de um imposto único sôbre as terras, vemos que cada uma delas tem um fun
damento e um objetivo diferentes. Enquanto os "fisiocratas" viam na
agricultura a única fonte de criação da riqueza, atribuindo-lhe, portanto, a mis
são de pagar os impostos, George, vê no proprietário territorial a fonte de to
dos os males e impõe-lhe a obrigação de suportar o gravame como justa com pensação pelo qiie lucrou à custa de tô
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"Henry George foi um "fisiocrata" que errou de século"... Enquanto Locke, cs "fisiocratas" e os "georgistas" enten dem que o impôsto não repercutirá, Sherman deseja e prevê exatamente es-
TW
vmw JDigesto Econômico
62
sa repercuçáo a difusão do iinpôsto por todos os consumidores. Enquanlo Locke
n
tividade contribuiu para criar: a renda econômica da terra.
Rui Barbosa no Supremo Tribunal Federal
e os "fisiocratas" consideram que todos •*
os impostos que pesam sobre a coletivi dade recaem em última análise sobre os
proprietários territoriais, George não pensa assim, mas considera absurdo que o trabalho e o capital sejam gravados, quando as despesas públicas podem ser cobertas por um valor que toda a cole
*
Dauio de Almeida Maoauiãm
No ailigo seguinte desta série anali
silêncio se deveria guardar
saremos todos o.s sistemas de impôsto
jl
único aqui expostos, e que são os prin cipais, e muito especialmente o de Hen-
/A
ly George.
O Brasil comemoroti, cm 5 de novem
hoje esta altíssima tribuna,
bro, com exíraordiruírto fervor cívico
porque só o silêncio, denso e
e iniguaJâvel júhüo, o certíenário d*
- grave, teria a necessária força emocional para c.xprimir, ainda
nascimemo do maior dc seus fiUioa: Rui Barbosa. O "Dígeslo Econômico",
uma
vez, a
intensidade
dos
que ê, sobretudo, uma revista de educa
sentimentos de veneração, hu-
ção cívica, vem, de longa data, inserindo
raildade e gratidão, que, nesta hora, e neste nobre recinto, experimen
em suas colunas uma série de estudos
tam os advogados brasileiros, convoca
dos para participar desta solenidade cí vica.
inéditos sôbre a vida e a obra do grande brasileiro. Como um preito ao após tolo do dircUo, da justiça e da liber dade, publicamos o notável discurso
Agradecendo-vos, eminentes senhores ministros, a distinção que fi2e.stes à nos
que o nosso prezado colaborador, sr.
sa Ordem, chamando-a para comungar
cor^ r^nesentante do Consellu, da
convosco ne.sta comemoração — o preito
mais valioso que o pretório brasileiro,
por todos os seus componentes, rende, nestes dias, a Rui Barbosa — quisestes,
Dario de Almeida Magalhães, proferiu,
Ordem ^s Advog<ulos, na sessão solene lizou em homenagem à gloriosa data. que o Supremo Tribunal Fedewl rea
ainda desta feita, demonstrar, com êste
gesto, para nós • dignificante, que sem pre nos considerais corporação integran te dos vossos próprios quadros e cuja companhia
não dispensais, assim no
exercício habitual dos vossos misteres funcionais, como nestas horas culminan
Em verdade, porém, a presença que reclamastes. se traduz a fidalguia da mais apurada fraternidade profissional, era, neste ensêjo, demasia de vossa com
preensão generosa. A palavra que aqui
tes, em que o foro, de que sois pontí .se reveste de significação e relevo é tao sòmente aquela que formula o jul fice, se transmuda, como nesta opor tunidade — rara no estilo adequado à gamento, que. do alto da vossa sabedo vossa existência severa e discreta — em
l
I íTi-1
if^rTi
.i.L-1 Lv:ii''-r, ■ i f-
sensorium da opinião pública permitindo que, no auditório das vossas sessões, neste "recanto de paz, abrigado contra
ria e serenidade, vos cabia pronunciar,
projetando, aos olhos dos contemporâ
neos e dos pósteros, a vossa .manifesta-
çao, ein face do homem, do cidadão, do
todos os vento.s, nesta enseada, a cuja
estadista, do advogado e do jurisconsul-
beira vêm morrer as marulhadas do
oceano, que brame lá fora" — agora
to cuja vida inunda de luz e cobre de glórias meio século da nossa evolução
repercutam e se alteiem as mesmas
política e jurídica.
vibrações emocionais e os mesmos .sen timentos de fé e de orgulho patriótico,
Não é um morto insigne, que se re corda neste momento, para se lhe re
que animam tôda a Nação brasileira.
compor a existência ascensicnal, desta
TW
vmw JDigesto Econômico
62
sa repercuçáo a difusão do iinpôsto por todos os consumidores. Enquanlo Locke
n
tividade contribuiu para criar: a renda econômica da terra.
Rui Barbosa no Supremo Tribunal Federal
e os "fisiocratas" consideram que todos •*
os impostos que pesam sobre a coletivi dade recaem em última análise sobre os
proprietários territoriais, George não pensa assim, mas considera absurdo que o trabalho e o capital sejam gravados, quando as despesas públicas podem ser cobertas por um valor que toda a cole
*
Dauio de Almeida Maoauiãm
No ailigo seguinte desta série anali
silêncio se deveria guardar
saremos todos o.s sistemas de impôsto
jl
único aqui expostos, e que são os prin cipais, e muito especialmente o de Hen-
/A
ly George.
O Brasil comemoroti, cm 5 de novem
hoje esta altíssima tribuna,
bro, com exíraordiruírto fervor cívico
porque só o silêncio, denso e
e iniguaJâvel júhüo, o certíenário d*
- grave, teria a necessária força emocional para c.xprimir, ainda
nascimemo do maior dc seus fiUioa: Rui Barbosa. O "Dígeslo Econômico",
uma
vez, a
intensidade
dos
que ê, sobretudo, uma revista de educa
sentimentos de veneração, hu-
ção cívica, vem, de longa data, inserindo
raildade e gratidão, que, nesta hora, e neste nobre recinto, experimen
em suas colunas uma série de estudos
tam os advogados brasileiros, convoca
dos para participar desta solenidade cí vica.
inéditos sôbre a vida e a obra do grande brasileiro. Como um preito ao após tolo do dircUo, da justiça e da liber dade, publicamos o notável discurso
Agradecendo-vos, eminentes senhores ministros, a distinção que fi2e.stes à nos
que o nosso prezado colaborador, sr.
sa Ordem, chamando-a para comungar
cor^ r^nesentante do Consellu, da
convosco ne.sta comemoração — o preito
mais valioso que o pretório brasileiro,
por todos os seus componentes, rende, nestes dias, a Rui Barbosa — quisestes,
Dario de Almeida Magalhães, proferiu,
Ordem ^s Advog<ulos, na sessão solene lizou em homenagem à gloriosa data. que o Supremo Tribunal Fedewl rea
ainda desta feita, demonstrar, com êste
gesto, para nós • dignificante, que sem pre nos considerais corporação integran te dos vossos próprios quadros e cuja companhia
não dispensais, assim no
exercício habitual dos vossos misteres funcionais, como nestas horas culminan
Em verdade, porém, a presença que reclamastes. se traduz a fidalguia da mais apurada fraternidade profissional, era, neste ensêjo, demasia de vossa com
preensão generosa. A palavra que aqui
tes, em que o foro, de que sois pontí .se reveste de significação e relevo é tao sòmente aquela que formula o jul fice, se transmuda, como nesta opor tunidade — rara no estilo adequado à gamento, que. do alto da vossa sabedo vossa existência severa e discreta — em
l
I íTi-1
if^rTi
.i.L-1 Lv:ii''-r, ■ i f-
sensorium da opinião pública permitindo que, no auditório das vossas sessões, neste "recanto de paz, abrigado contra
ria e serenidade, vos cabia pronunciar,
projetando, aos olhos dos contemporâ
neos e dos pósteros, a vossa .manifesta-
çao, ein face do homem, do cidadão, do
todos os vento.s, nesta enseada, a cuja
estadista, do advogado e do jurisconsul-
beira vêm morrer as marulhadas do
oceano, que brame lá fora" — agora
to cuja vida inunda de luz e cobre de glórias meio século da nossa evolução
repercutam e se alteiem as mesmas
política e jurídica.
vibrações emocionais e os mesmos .sen timentos de fé e de orgulho patriótico,
Não é um morto insigne, que se re corda neste momento, para se lhe re
que animam tôda a Nação brasileira.
compor a existência ascensicnal, desta
Dícesto Econômico
Dícesto EcoNÓsftco
05
64
cumisdQ de C£ue devassíinios os Viorizontes dos nossos destinos.
A nossa me
mória não se aprofunda nos longes do passado, no esforço de reconstruir, dos destroços que o curso do tempo deixou caídos às margens dos caminhos, a fi gura de um homem, os traços de uma individualidade, os feitos de um traba lhador, os triunfos e os troféus alcança
dos nas refregas de tôdas as horas e de todos os dias.
Não buscamos nas ga
lerias de um panteão a efígie consular de um dos grandes da Pátria, para, por um momento fugidio, torná-la alvo das
nossas reverências o dos nossos epinícios.
É, sim, uma presença — uma presen ça incotífundível, imponente e domina-
desnalurado
e, ao mesmo tempo, nos exalta na mais
legítima das nossas vaidades — a de pertencermos à mesma terra, ao mesmo meio 6 à mesma corporação, de onde
surdíu a figura incomparável, de que essa presença é a projeção palpitante e viva, majestosa e eterna.
Se hoje silenciasse esta tribuna, que ela ergueu, em lances dc projeção his tórica, nos fastos judiciários e cívicos da Nação, a píncaros jamais atingidos, envolvendo-a de um ha'o inapagável — por uma transfiguração, a que os nossos espíritos imperceptivelmente se subme teriam, essa presença silenciosa enche
ria esta casa do esplendor espiritual e das fulgurações que dela irradiavam, iiiexaurivelmente, avassalando-nos as in
teligências e os corações. Esta voz portentosa jamais se calou
neste recinto.
Seria possível que da
memória volúvel dos homens se hou-
devida
vp/HiM
_
sua admiração,
rA * "
1
■
a
LiJ
justiça e xcepcionais
do
terno, de alcançar liberação de compro
misso, no caso, irresgalável, a justíssima e altíssima homenagem sugerida ao tri
bunal. Rui era, porém, daqueles mar cados do destino, que a si próprio se glorificam, por seus feitos, obras e me
recimentos: "Bem-aventurados os que
a SI mesmo se estatuaram em atos me
moráveis e sem deixarem os seus re tratos a posteridade, esquecida ou des-
(lenhosa, vivem a sua vida póstuma, desmteressadamente, pelos beneticios que lhe herdaram". No cur» de sua e.vistência, muitas e
è dê . '"'ê' ™»"ando tribunal devidas» ele pleitearam. Os seus trabalho?"se
v lêê-
ao máximo dos advo2ado<5
consagraram como os roteiros mais se
guros da jurisprudência dêste sumoór-
pao da justiça. Para que êle transmi-
\ i\ência, que u recompensaria de tan
üsse, nas oraçoes proferidas desta tri buna - e acolhidas pelos mais doutos
tas lutas e sacrifícios, não era u que
toca à vaidade do comum dos homens, como êle o fé/, sentir nestas palavras tantas \'êzes relembradas, e que lhe tra \'erdacleira
índole criadora:
Barbosa, um dos eminentes juizes que o
Um homem eni metal ou pedra me Ijurece duas vezes morto. Muito pode valer a e.státua pelo merecimento da obra-prima. Mas, , então, o seu lugar
integravam propôs que, nesta .sala, se lhe colocasse o busto, para que ele pre
f
em favor dêle, o
advilgad^s o
.seus arrazoados.
^'^^nlaçâo dos
mental, pre.scr,to
"Essa petrificação ou mineralização de um vulto humano não me fá!a à alma.
ciou ao luto do País pela morte de Rui
senti
dívida extinta".
fecunda e duradoura. Porque a sobre-
duzem a
no
Não se inspirou dêsle propósito subal
grande
mais do que de qualquer outra institui ção — como sinal inde!é\'el cie que não havia sido improfícua a sua pregação denodada, seria de outra natureza, mais
Quando êste egrégio tribunal se asso
contempo
râneos descan mento de uma
premo órgão judiciário do seu País —
pirações, aos desvclos e à confiança do
os sam
AI j r >. A; r À A / À k n
nhecimento pela "origem do preito e pela doçura do pensamento que o ins pirou". Mas o testemunho que o estu pendo evangelizíxdor disputaria do su
paraninfo abnegado.
t i f, \.1lJb
12.
maior efusão, o seu emocionado reco
de reconhecimento, nesta homenagem
..f ■
-
tocar, e fundamente, o coração sensível,
excepcional, que só seria de tristeza, e não de júbilo e exaltação, se a institui ção não houvesse correspondido às ins
tabemáculo.
jywh
apesar de muito experimentado nas pe lejas do immdo, do insignc homenagea do, já confundido cm \'icla por lembrança semelhante, quando se lhe comemorou o jubileu cí\'íco. E èlc renovaria, com
defrontamos, ungidos de humildade e
antes indispensável, como é natural e indispensável a presença de Deus no
[; ã X/
t!m tais termos, ha\eria, sem dúvida, de
Não é, as.sim, um ausente querido, que se relembra nesta hora, senão uma presença — a mais merecida e indispen sável presença de todos os dias — que
presença de Rui Barbosa neste templo da Justiça se me afigura tão natural, e
\
Preito vindo de tão a'lo, e proposto
suas convicções.
sidisse espiritualmente as sessões e lhe inspirasse os julgamentos; e justificou^ a sua proposta com estas palavras: A
1 /■J"
-
póslero.s
aos méritos morto".
taria, por si mesma, e giuudaria como uma fonte perene dc vida, a presença do paladino, que a concebeu, que a ani mou, que lhe transfiindin o exalo destino, querendo-a como o mais nobre e pres tigioso dentre os poderes da Repúbli ca; do advogado que perante ela se bateu como ninguém, zclando-Ihe a dignidade, estimulando-lhc a influencia num esforço heróico c sem pausa, em
_
-
bemos fazer a
ponto de sc tornar irrcconhccíve', ates
que verteu o melhor do seu gênio, aca lentado pela maí.s arraigada e tenaz de
■
que nós sou
completamente, a
e neste recinto, de que ela nunca de
ça que nos esmaga na sua grandeza,
aos
vincular do seu máximo patrono e do seu mais fiel amigo; c a sua própria sobrevivência, a monos que cia se hou vesse
_
nagem atestará
ção, porém, esta nunca se poderia des
dora — o que sentimos neste instante, sertou, que ela elevou, engrandeceu e iluminou, e onde ela jamais esmaeceu, na sua força sugestiva. É essa presen
E esta hüinc-
ve.ssem apagado as pregações, de que ela foi o órgão magnífico. A institui
Imobilizado o porteni/^o
forja inesgotável na p^od
adequado será no museu. Perdida nos salões da biblioteca, ou isolada entre a
monumentos de eulhir.,
multidão no vazio das praças, a mim se
que dêle se projetava e m
me afigura uma espécie de consagração do esquecimento. Liquidada, assim, por uma \ez, com o estatuado, a conta da
. «■
lê-
j.
se extinguiu o foco de J
pósteros logrou cfi^ar
intensidade mais poderosa c" desta colenda côrte n"
" desses '
f arestos
^ nao cessam, atra-
. . .
. ..V»
Dícesto Econômico
Dícesto EcoNÓsftco
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cumisdQ de C£ue devassíinios os Viorizontes dos nossos destinos.
A nossa me
mória não se aprofunda nos longes do passado, no esforço de reconstruir, dos destroços que o curso do tempo deixou caídos às margens dos caminhos, a fi gura de um homem, os traços de uma individualidade, os feitos de um traba lhador, os triunfos e os troféus alcança
dos nas refregas de tôdas as horas e de todos os dias.
Não buscamos nas ga
lerias de um panteão a efígie consular de um dos grandes da Pátria, para, por um momento fugidio, torná-la alvo das
nossas reverências o dos nossos epinícios.
É, sim, uma presença — uma presen ça incotífundível, imponente e domina-
desnalurado
e, ao mesmo tempo, nos exalta na mais
legítima das nossas vaidades — a de pertencermos à mesma terra, ao mesmo meio 6 à mesma corporação, de onde
surdíu a figura incomparável, de que essa presença é a projeção palpitante e viva, majestosa e eterna.
Se hoje silenciasse esta tribuna, que ela ergueu, em lances dc projeção his tórica, nos fastos judiciários e cívicos da Nação, a píncaros jamais atingidos, envolvendo-a de um ha'o inapagável — por uma transfiguração, a que os nossos espíritos imperceptivelmente se subme teriam, essa presença silenciosa enche
ria esta casa do esplendor espiritual e das fulgurações que dela irradiavam, iiiexaurivelmente, avassalando-nos as in
teligências e os corações. Esta voz portentosa jamais se calou
neste recinto.
Seria possível que da
memória volúvel dos homens se hou-
devida
vp/HiM
_
sua admiração,
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1
■
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LiJ
justiça e xcepcionais
do
terno, de alcançar liberação de compro
misso, no caso, irresgalável, a justíssima e altíssima homenagem sugerida ao tri
bunal. Rui era, porém, daqueles mar cados do destino, que a si próprio se glorificam, por seus feitos, obras e me
recimentos: "Bem-aventurados os que
a SI mesmo se estatuaram em atos me
moráveis e sem deixarem os seus re tratos a posteridade, esquecida ou des-
(lenhosa, vivem a sua vida póstuma, desmteressadamente, pelos beneticios que lhe herdaram". No cur» de sua e.vistência, muitas e
è dê . '"'ê' ™»"ando tribunal devidas» ele pleitearam. Os seus trabalho?"se
v lêê-
ao máximo dos advo2ado<5
consagraram como os roteiros mais se
guros da jurisprudência dêste sumoór-
pao da justiça. Para que êle transmi-
\ i\ência, que u recompensaria de tan
üsse, nas oraçoes proferidas desta tri buna - e acolhidas pelos mais doutos
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toca à vaidade do comum dos homens, como êle o fé/, sentir nestas palavras tantas \'êzes relembradas, e que lhe tra \'erdacleira
índole criadora:
Barbosa, um dos eminentes juizes que o
Um homem eni metal ou pedra me Ijurece duas vezes morto. Muito pode valer a e.státua pelo merecimento da obra-prima. Mas, , então, o seu lugar
integravam propôs que, nesta .sala, se lhe colocasse o busto, para que ele pre
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em favor dêle, o
advilgad^s o
.seus arrazoados.
^'^^nlaçâo dos
mental, pre.scr,to
"Essa petrificação ou mineralização de um vulto humano não me fá!a à alma.
ciou ao luto do País pela morte de Rui
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dívida extinta".
fecunda e duradoura. Porque a sobre-
duzem a
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Não se inspirou dêsle propósito subal
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mais do que de qualquer outra institui ção — como sinal inde!é\'el cie que não havia sido improfícua a sua pregação denodada, seria de outra natureza, mais
Quando êste egrégio tribunal se asso
contempo
râneos descan mento de uma
premo órgão judiciário do seu País —
pirações, aos desvclos e à confiança do
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nhecimento pela "origem do preito e pela doçura do pensamento que o ins pirou". Mas o testemunho que o estu pendo evangelizíxdor disputaria do su
paraninfo abnegado.
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12.
maior efusão, o seu emocionado reco
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tocar, e fundamente, o coração sensível,
excepcional, que só seria de tristeza, e não de júbilo e exaltação, se a institui ção não houvesse correspondido às ins
tabemáculo.
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defrontamos, ungidos de humildade e
antes indispensável, como é natural e indispensável a presença de Deus no
[; ã X/
t!m tais termos, ha\eria, sem dúvida, de
Não é, as.sim, um ausente querido, que se relembra nesta hora, senão uma presença — a mais merecida e indispen sável presença de todos os dias — que
presença de Rui Barbosa neste templo da Justiça se me afigura tão natural, e
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Preito vindo de tão a'lo, e proposto
suas convicções.
sidisse espiritualmente as sessões e lhe inspirasse os julgamentos; e justificou^ a sua proposta com estas palavras: A
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póslero.s
aos méritos morto".
taria, por si mesma, e giuudaria como uma fonte perene dc vida, a presença do paladino, que a concebeu, que a ani mou, que lhe transfiindin o exalo destino, querendo-a como o mais nobre e pres tigioso dentre os poderes da Repúbli ca; do advogado que perante ela se bateu como ninguém, zclando-Ihe a dignidade, estimulando-lhc a influencia num esforço heróico c sem pausa, em
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-
bemos fazer a
ponto de sc tornar irrcconhccíve', ates
que verteu o melhor do seu gênio, aca lentado pela maí.s arraigada e tenaz de
■
que nós sou
completamente, a
e neste recinto, de que ela nunca de
ça que nos esmaga na sua grandeza,
aos
vincular do seu máximo patrono e do seu mais fiel amigo; c a sua própria sobrevivência, a monos que cia se hou vesse
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nagem atestará
ção, porém, esta nunca se poderia des
dora — o que sentimos neste instante, sertou, que ela elevou, engrandeceu e iluminou, e onde ela jamais esmaeceu, na sua força sugestiva. É essa presen
E esta hüinc-
ve.ssem apagado as pregações, de que ela foi o órgão magnífico. A institui
Imobilizado o porteni/^o
forja inesgotável na p^od
adequado será no museu. Perdida nos salões da biblioteca, ou isolada entre a
monumentos de eulhir.,
multidão no vazio das praças, a mim se
que dêle se projetava e m
me afigura uma espécie de consagração do esquecimento. Liquidada, assim, por uma \ez, com o estatuado, a conta da
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pósteros logrou cfi^ar
intensidade mais poderosa c" desta colenda côrte n"
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^ nao cessam, atra-
. . .
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]Ji<;i;.si<) KcoNMiiro
Dioiisxo Econômico 67
vés cIds Icnipos. de buscar apoio nas 'içóes do melhor timbre com ijne Rui opulentou as letras jurídicas. Grandes homenagens, valiosos prê
mios, excepcionais tributos — sem dú vida.
O que lhe importava, porém,
hermenêutica, pusemo-lo como um velo
permanente aos .sofisnías opressores da
contem o arbítrio administrativo pela renovação parlamentar dos gabinetes, e restringe a onipotência legislativa pelas
Eis o de que nos há de preservar a justiça, se a deixarem sobreviver, ainda
razão de Estado, rcsumimos-lhe a fun
consxdtas à Nação.
administração com a legislatura entre os
outros elementos constitutivos da Repú blica, 110 meio das rumas, cin que mal
extremos dc uma constituição escrita,
se conservam ligeiros traços da sua ver
e dá-lhe por guarda contra invasões ou evasões a supremacia da magistratura.
dade".
Cion.stituíçãu, demo.s-lhe -i guarda de .sua
ção específica nesta idéia. Se ela vos
penetrar e apotlerur-se dc- \ ós. se fòr
antes e acima*de tudo, era que a in.s-
como nós conecbíaino.s. como nos Ksla-
tituiçáo, como êle a imaginou, como ê'e a quis, vivendo e atuando, a instituição a que êle deu o sòpro de vida, serviu,
aniniante deste tribunal, a re\oluçao re
defendeu, estimulou e enalteceu, sem «esfalecimentos, se possuísse do espírito,
í) sangue de um cadáver, a Constituição
cjue ele lhe buscou transmitir, se con
de 1891 estará perdida".
do.s Unido.s con.seguiram, o principio trário, se coagular morta, no texto, como
da República, não era outra a sua con
Aqui se deveria encontrar sempre "o centro de gra\idade da República", o
a éstc venerando tribunal:
instrumento insubstituível, o único ele
coroas dos rci.s c tão pura <juanto as
mento capaz de promo\er a nossa edu
coroas dos santos, esta forma de govér-
cação nos hábitos da legalidade, e de
no (a república federativa) é a expres são mais anárquica da.s facções desen freadas. Se a política não recuar diante desta casa sagrada, em torno da qual
assegurar à vida coletiva o lastro cie
dignidade cívica, em que se apoiasse tôda a estrutura do regime. Rec-ordemos as palavras insubstituíveis do arquiteto, ao descrever o plano da con.struçãq:
Se assim falava nos dias inaugurais
vicção, em 1898, ao sc rlirigir de novo
pacto da reorganização nacional, sa bíamos que os povos não amam as suas
de Estado não se convencerem de que
constituições, senão pela segurança das liberdades que elas lhes prometem, mas que as constituições, entregues, como ficam, ao arbítrio dos parlamentos e às ambições dos governo.?, bem frágil anteparo oferecem a essas liberdades, e
nias". . .
ao re.ermos as páginas imorredouras em
.. . "A soberania, que é o poder, tem
que .se vazou — tôda a emoção cívica de
de ser limitada pelo direito, que é a lei. Dat a necessidade que se impõe à de mocracia, especialmente no regime pre.sídencial, do traçar divisas insuperáveis
Rui Barbosa, ao bater, em 1892, às por tas dêste tribunal, convocando-o para
prio constituinte, mediante restritas con dições postas à reforma constitucional.
E a justiça é a chave de lodo este pro blema, o problema da verdade republi cana".
Em "meio a todos os reveses, lulas e
decepções, jamais Rui se desviaria deste pcn.samcnlo capital de sua doutrinação.
se os governos não se compenetrarem de
Pondo tòda a sua confiança dc orga
cia, e nos tereis dado, como a democra cia pura, a mais formidável das tira
adnrini.strativo. ao legislativo, e ao pró
marulha furiosa desde o seu começo,
que agredida, oscilante e ma! segura, aos
nizador da República nesta instituição, bem se avalia - e ainda hoje se sente palpitar, no climax de sua intensidade,
aos três órgãos da vontade nacional: ao
"Sem uma justiça mais alta que aS
cjue na vossa independência consiste a .sua maior fôrça, a grande fõrça do prin cípio da autoridade civil; sc os homens
"Formulando para a nossa Pátria o
Abalei de sua inteireza esta suprema
publicana e.stará salva. Se, pelo con
servasse, intrépida e in\cncí\'e!, fiel à missão que lhe estava rescr\ada. nos quadros da organização nacional.
A outra encerra a
Lembremos a maravilhosa mensagem em que transmitiu aos moços os ensina
mentos da .sua exiJeriência: "Dessas de
mvestir-se na plenitude dc sua autorida
de constitucional, a fim de proteger a
.herdade de 47 c.dadãos, oprimidos po-
los abu.-^s do poder, no primeiro eclipse de legalidade, que ameaçava a própria .sobrevivência do rcoím» i., O habeas-coriZ nm e.xercício de um 0,^.. •uanoato em oue a si mesmo se mve.stia
n-w,
i .
dcstiuavu a proteger am.gos ou constituintes, que
-he liouvcsseu, solicitado o patrocí..io; ao reves, entre os beneficiários se i..-
elinam vários do.s sen,s desafeiçoado, ad versar,os e in.migos, P„neo importava: eram perseguidos da arbitrariedade go
mocracias, pois. o eixo é a justiça, ei.xo não abstrato, não supositício, não me
vernamental, em cujo socorro cumpria b.-
dos não cessarem de considerar inocen
ramente moral, mas de uma realidade
.mpor o respe.10 à Coustituióo violada.
artifícios políticos as suas conspiraçws
do no mecanismo do i'cgime, tão prati
o que se passa aqui dentro é inviolável como o.s mistérios do vulto; se os parti
profunda, c tão sensivelmente implanta
tes e impenetráveis sob o tênue véu do.s
camente embebidü através de lôdas a.s
contra a consciência judiciária, ai de
acabam quase sempre, e quase sempre
nós, porque, em verdade vos digo, não
se desmoralizam pelas invasões graduai.s ou violentas do poder que representa a legislação ou do poder que representa a torça. Nós, os fundadores da Consti tuição, não queríamos que a liberdade individual pudesse ser diminuída pela força, nem mesmo pela lei. E, por isso, fizemos deste tribunal o sacrárío da
Jiaverá quem nos salve.'
suas peças, que, falseando êle ao seu
mister, todo o sistema cairá em parali
sia, de.sordem e subv ersão. Os poderes
Não variou, através dos anos, Rm
desta confiança inabalável: "A liberda de, nos grandes Estados, não tem, ale
hoje, senão duas fórmulas conhecidas: a da solução parlamentar e a da solu
ção judiciária, a da monarquia britâ
nica e a da república americana. Uma
•f
constitucionais entrarão em conflitos in-
solúveis, as franquias constitucionais ruirão por terra, e da organização con.stitucional, do seu caráter, das suas fun
vocur o amparo ,n.pe,ss„a| da justiça para
pZa "ÍlTantr Z"jZ",
kaiisa do regime próprio Supremo Trikm-.l F
desta instituição, tn.c sè
" í
imíer^drse^^Zz;!^
ções e das suas garantias apenas resta rão destroços.
requerimento, na at.nosfmn dêste reá"
]Ji<;i;.si<) KcoNMiiro
Dioiisxo Econômico 67
vés cIds Icnipos. de buscar apoio nas 'içóes do melhor timbre com ijne Rui opulentou as letras jurídicas. Grandes homenagens, valiosos prê
mios, excepcionais tributos — sem dú vida.
O que lhe importava, porém,
hermenêutica, pusemo-lo como um velo
permanente aos .sofisnías opressores da
contem o arbítrio administrativo pela renovação parlamentar dos gabinetes, e restringe a onipotência legislativa pelas
Eis o de que nos há de preservar a justiça, se a deixarem sobreviver, ainda
razão de Estado, rcsumimos-lhe a fun
consxdtas à Nação.
administração com a legislatura entre os
outros elementos constitutivos da Repú blica, 110 meio das rumas, cin que mal
extremos dc uma constituição escrita,
se conservam ligeiros traços da sua ver
e dá-lhe por guarda contra invasões ou evasões a supremacia da magistratura.
dade".
Cion.stituíçãu, demo.s-lhe -i guarda de .sua
ção específica nesta idéia. Se ela vos
penetrar e apotlerur-se dc- \ ós. se fòr
antes e acima*de tudo, era que a in.s-
como nós conecbíaino.s. como nos Ksla-
tituiçáo, como êle a imaginou, como ê'e a quis, vivendo e atuando, a instituição a que êle deu o sòpro de vida, serviu,
aniniante deste tribunal, a re\oluçao re
defendeu, estimulou e enalteceu, sem «esfalecimentos, se possuísse do espírito,
í) sangue de um cadáver, a Constituição
cjue ele lhe buscou transmitir, se con
de 1891 estará perdida".
do.s Unido.s con.seguiram, o principio trário, se coagular morta, no texto, como
da República, não era outra a sua con
Aqui se deveria encontrar sempre "o centro de gra\idade da República", o
a éstc venerando tribunal:
instrumento insubstituível, o único ele
coroas dos rci.s c tão pura <juanto as
mento capaz de promo\er a nossa edu
coroas dos santos, esta forma de govér-
cação nos hábitos da legalidade, e de
no (a república federativa) é a expres são mais anárquica da.s facções desen freadas. Se a política não recuar diante desta casa sagrada, em torno da qual
assegurar à vida coletiva o lastro cie
dignidade cívica, em que se apoiasse tôda a estrutura do regime. Rec-ordemos as palavras insubstituíveis do arquiteto, ao descrever o plano da con.struçãq:
Se assim falava nos dias inaugurais
vicção, em 1898, ao sc rlirigir de novo
pacto da reorganização nacional, sa bíamos que os povos não amam as suas
de Estado não se convencerem de que
constituições, senão pela segurança das liberdades que elas lhes prometem, mas que as constituições, entregues, como ficam, ao arbítrio dos parlamentos e às ambições dos governo.?, bem frágil anteparo oferecem a essas liberdades, e
nias". . .
ao re.ermos as páginas imorredouras em
.. . "A soberania, que é o poder, tem
que .se vazou — tôda a emoção cívica de
de ser limitada pelo direito, que é a lei. Dat a necessidade que se impõe à de mocracia, especialmente no regime pre.sídencial, do traçar divisas insuperáveis
Rui Barbosa, ao bater, em 1892, às por tas dêste tribunal, convocando-o para
prio constituinte, mediante restritas con dições postas à reforma constitucional.
E a justiça é a chave de lodo este pro blema, o problema da verdade republi cana".
Em "meio a todos os reveses, lulas e
decepções, jamais Rui se desviaria deste pcn.samcnlo capital de sua doutrinação.
se os governos não se compenetrarem de
Pondo tòda a sua confiança dc orga
cia, e nos tereis dado, como a democra cia pura, a mais formidável das tira
adnrini.strativo. ao legislativo, e ao pró
marulha furiosa desde o seu começo,
que agredida, oscilante e ma! segura, aos
nizador da República nesta instituição, bem se avalia - e ainda hoje se sente palpitar, no climax de sua intensidade,
aos três órgãos da vontade nacional: ao
"Sem uma justiça mais alta que aS
cjue na vossa independência consiste a .sua maior fôrça, a grande fõrça do prin cípio da autoridade civil; sc os homens
"Formulando para a nossa Pátria o
Abalei de sua inteireza esta suprema
publicana e.stará salva. Se, pelo con
servasse, intrépida e in\cncí\'e!, fiel à missão que lhe estava rescr\ada. nos quadros da organização nacional.
A outra encerra a
Lembremos a maravilhosa mensagem em que transmitiu aos moços os ensina
mentos da .sua exiJeriência: "Dessas de
mvestir-se na plenitude dc sua autorida
de constitucional, a fim de proteger a
.herdade de 47 c.dadãos, oprimidos po-
los abu.-^s do poder, no primeiro eclipse de legalidade, que ameaçava a própria .sobrevivência do rcoím» i., O habeas-coriZ nm e.xercício de um 0,^.. •uanoato em oue a si mesmo se mve.stia
n-w,
i .
dcstiuavu a proteger am.gos ou constituintes, que
-he liouvcsseu, solicitado o patrocí..io; ao reves, entre os beneficiários se i..-
elinam vários do.s sen,s desafeiçoado, ad versar,os e in.migos, P„neo importava: eram perseguidos da arbitrariedade go
mocracias, pois. o eixo é a justiça, ei.xo não abstrato, não supositício, não me
vernamental, em cujo socorro cumpria b.-
dos não cessarem de considerar inocen
ramente moral, mas de uma realidade
.mpor o respe.10 à Coustituióo violada.
artifícios políticos as suas conspiraçws
do no mecanismo do i'cgime, tão prati
o que se passa aqui dentro é inviolável como o.s mistérios do vulto; se os parti
profunda, c tão sensivelmente implanta
tes e impenetráveis sob o tênue véu do.s
camente embebidü através de lôdas a.s
contra a consciência judiciária, ai de
acabam quase sempre, e quase sempre
nós, porque, em verdade vos digo, não
se desmoralizam pelas invasões graduai.s ou violentas do poder que representa a legislação ou do poder que representa a torça. Nós, os fundadores da Consti tuição, não queríamos que a liberdade individual pudesse ser diminuída pela força, nem mesmo pela lei. E, por isso, fizemos deste tribunal o sacrárío da
Jiaverá quem nos salve.'
suas peças, que, falseando êle ao seu
mister, todo o sistema cairá em parali
sia, de.sordem e subv ersão. Os poderes
Não variou, através dos anos, Rm
desta confiança inabalável: "A liberda de, nos grandes Estados, não tem, ale
hoje, senão duas fórmulas conhecidas: a da solução parlamentar e a da solu
ção judiciária, a da monarquia britâ
nica e a da república americana. Uma
•f
constitucionais entrarão em conflitos in-
solúveis, as franquias constitucionais ruirão por terra, e da organização con.stitucional, do seu caráter, das suas fun
vocur o amparo ,n.pe,ss„a| da justiça para
pZa "ÍlTantr Z"jZ",
kaiisa do regime próprio Supremo Trikm-.l F
desta instituição, tn.c sè
" í
imíer^drse^^Zz;!^
ções e das suas garantias apenas resta rão destroços.
requerimento, na at.nosfmn dêste reá"
:o Digesto Econômico
6H
to povoada clc "temores sagrados e es peranças sublimes" — proclanian<lo "o respeito rjiiase s'upersticioso cotn cjue se acercava desta côrtc — "o oráculo da nova Constituição".
Era a primeira vvz que este órgão teria de funcionar "na mais delicada e
séria das suas relações com a vida mo
ral do I'aís, entre os direitos incrmes do indivíduo e os golpes violentos do po der". O dilema posto aos julgadores llies definia a tremenda responsabilidade, na-
Iraspassado pela angústia, a luz da rsperança, como uni coiisólo aos seus so frimentos de patriota «• ãs suas decepçõcs dc forinuladoi d( regime, agora
largado aos azares do arbítrio c ao desgovèrno da prepotência.
Bastou a quebra da uiianimidadc dos sufrágio.s, que negaram a medida supli cada, para rcalizixr o sonho modesto dn advogado, que c-m si sentia cncamar-sc
o patrocínio da b<mra cívica da Patria.
(juele passo histórico: "Essa decisão, se
"Um voto me basta para a \ilória mo ral desta causa". E o óo'co testemunho
nhores juizes, valerá por si só uma Cons tituição mais eficaz do que a nossa
bastante eloqüente que encontrou, no seu alvoròço, para significar a sua gra
Constituição escrita, ou atirará a nossa
tidão, cm face do pronunciamento .soli
Constituição escrita para o arquivo das aspirações mortas, dos compromissos malogrados"... "Conforme a decisão que proferirdes, e'a (a nação) saberá se a República brasileira é o regime da liberdade legal, ou da liberda
de tolerada. E não esqueçais que a liberdade tolerada é a mais desbriadoura e, portanto, a mais duradoura das formas do cati
veiro; porque é o cativeiro sem os estímulos que revoltam contra ele os
povos oprimidos". O desfecho desse episódio forense
tário, que saU'ara do desníorouamcnto a sua confiança, foi o de "beijar a mão
de um justo". "O.s merecimentos de um homem resgatavam as cidpas de uma
Dicesto
ECONÓ^UCO
O crítico da imprensa não viola as normas de reverencia, cm face do xes-
pcitá\el tribunal julgador; mas a cen sura da sentença era, no caso, mais
do (pie nunca um de\er do advo gado que a suscitara, animado dos mais altos intuitos: "Ninguém descujjra nas
minhas pala\ras ofensa ou desrespeito ao Siiprcnii) 'rribuiuil Federal. Quisera eu aurenlá-io. Mas tóda a minha vene
ração pela sua autoridade não chega a me deslumbrar a razão, a me .secar a
nascente íntima das impressões do de-
\'er. Creio nu honra dessa magistratura, no desintcrèsse pessoal dos seus mem
bros. Mas não posso deixar dc reivindi car, para os meus clientes, o direito ordi
nário sob as piores tiranias, de qualifi car de injusta a sentença cjue os feriu,
desde que considero exidenlcincnte jus
so aresto perdurará, fonte de energia, ou de cativeiro para muitas gerações, e as suas queixas ou as suas bênçãos co roarão a vossa descendência".
Ainda desta feita llie fugiu o triunfo, sol) o império dc circunstâncias an(una-
las. Mas o seu dever era persevcrar; e a sua alma era daquelas nas quais "o de ver sobrevive à esperança, e a paixão-do bem substitui cora vantagem a confian ça na xntória. E' o triunfo um prêmio apos o qual, sedento do licor capitoso. SC arremessa a nossa natureza na preli-
bação da embriaguez. .Mas, o mais es
quisito dü.s prazeres é o que Deus pôs na s;itisfação de abraçar a justiça con denada, condenando-nos com ela ao re vés antecipado".
vitória, não se curva, nem .se
A primeira derrota não pochítia cpicbrar a tempera do lutador, cuja vida se
cala diante da derrota, a que
desdobrou num "campo do batalhas".
nionomamacos da idéia moral" cuja exis
O patrono, que não a'cançara não poderia submeter o País, em cujo nome pleiteara. E vai para a imprensa, a fim de analisar
Êste cruzado intemerato jamais sc sub meteria, desde que sc sentisse abraçado com a causa sustentada pela sua cons
rém candentes, o arcslo, cujos funda
ciência. E Rui retornaria breve a esta trincheira, sob uma atmosfera ainda
mentos não o conxoneeram.
mais carregada de apreensões e amea
numa série de aríigo.s respeitosos, po
ças, para implorar, de no\'0, do grande
haviam exaltado o Irabulho do profissio
sua alma, todos os dons dc seu saber c
nal, ainda que jamais se liouvesse "en
eloqüência, a intrepidez moral de um crente, votado ao sacrifício extremo, pela fc, que nunca repudiaria, lhe traria a
feitado de mais flores uma causa conde
soberania de seus pronuneiamentos, em
nada", não eram óbices a (pie se esípiivasse a(3 debate público, cpie as circuns
poder tran.s\'iado. Animava-o u certeza
Os louvore.s com que os julgadores
tribunal, que se inlegnisse, sem demora,
nu sua mis.são tutelar, a fim de opor a
sensação de um malogro sombrio —, "a
tancias justificavam, senão impunham.
impressão trágica de um naufrágio, conlemplaclo a algumas braças da praia, sem esperanças de saKainento", — se o
E ao cabo de exaustiva e ardoro.sa aná
lise do julgado que lhe fora adxerso. Rui poderia escrever, íranfiüilo: "Não perdi o meu tempo nesta campanha em
— cujo nome o incidente imortalizou ~ concedendo o amparo judicial, que to
favor do habeas-corpus. Esta causa,
dos os seus colegas recusaram — não
sil, para tristeza da República, está in-
houvesse reacendido,
dubitávelmente vitoriosa nos espíritos .
jiaquele coração
os seus espantalhos, dissipar-se-á como uma cerraç.ão dos maus dias. Mas o vos
ta a causa cjue elos representam'.
culminante, em cuja sorte empenhou o sublime patrono tóda a veemência de
\oto isolado do ministro Pisa c Almeida
ou como um agoiro de ruína. A política, com as suas transações, os seus sofismas,
traída agora pela primeira \ez no Bra
guarda da constituição, aos excessos do
de que o regime haveria de sair triunfantü da campanlia decisi\'a. E mais uma vez fala nesta linguagem de acen
tos bílílicos aos supremos juizes do país. "Neste momento, podeis crer, estamos todos numa eumiada eminente da his toria, e trabalhando para o porvir. Vos
sa palavra sera recolhida no regaço do tempo como um oráculo de liberdade.
i.
Rui era daqueles fortes, "daqueles tência impede que os destinos do gêne
ro humano pertençam "sem contraste ao egoísmo e à fortuna". O curso de
"rcsi.stência constitucional", que fundou em 1892, c manteve "contra o absohitismo republicano", só a morte encerra ria.
"As--ações civis dos reformados e deniitido.s pelos decretos de 7 e 12 de abril de 1892" iriam abrir caminho à
proclamaçSo definitiva da verdade des conhecida. E o triunfador poderia ini ciar a "Defesa do.s condenados pela am.stia de 1895", com estas palavras de jubilo, pela vitória dos princípios, em prol de cujo reconhecimento tudo dera
de si, arrostando a agressividade do pu der e as durezas do exílio; "Graças a Deus, que ja não invoco um princípio contestável neste País, afirmando a prer rogativa bendita da justiça na verifica-
:o Digesto Econômico
6H
to povoada clc "temores sagrados e es peranças sublimes" — proclanian<lo "o respeito rjiiase s'upersticioso cotn cjue se acercava desta côrtc — "o oráculo da nova Constituição".
Era a primeira vvz que este órgão teria de funcionar "na mais delicada e
séria das suas relações com a vida mo
ral do I'aís, entre os direitos incrmes do indivíduo e os golpes violentos do po der". O dilema posto aos julgadores llies definia a tremenda responsabilidade, na-
Iraspassado pela angústia, a luz da rsperança, como uni coiisólo aos seus so frimentos de patriota «• ãs suas decepçõcs dc forinuladoi d( regime, agora
largado aos azares do arbítrio c ao desgovèrno da prepotência.
Bastou a quebra da uiianimidadc dos sufrágio.s, que negaram a medida supli cada, para rcalizixr o sonho modesto dn advogado, que c-m si sentia cncamar-sc
o patrocínio da b<mra cívica da Patria.
(juele passo histórico: "Essa decisão, se
"Um voto me basta para a \ilória mo ral desta causa". E o óo'co testemunho
nhores juizes, valerá por si só uma Cons tituição mais eficaz do que a nossa
bastante eloqüente que encontrou, no seu alvoròço, para significar a sua gra
Constituição escrita, ou atirará a nossa
tidão, cm face do pronunciamento .soli
Constituição escrita para o arquivo das aspirações mortas, dos compromissos malogrados"... "Conforme a decisão que proferirdes, e'a (a nação) saberá se a República brasileira é o regime da liberdade legal, ou da liberda
de tolerada. E não esqueçais que a liberdade tolerada é a mais desbriadoura e, portanto, a mais duradoura das formas do cati
veiro; porque é o cativeiro sem os estímulos que revoltam contra ele os
povos oprimidos". O desfecho desse episódio forense
tário, que saU'ara do desníorouamcnto a sua confiança, foi o de "beijar a mão
de um justo". "O.s merecimentos de um homem resgatavam as cidpas de uma
Dicesto
ECONÓ^UCO
O crítico da imprensa não viola as normas de reverencia, cm face do xes-
pcitá\el tribunal julgador; mas a cen sura da sentença era, no caso, mais
do (pie nunca um de\er do advo gado que a suscitara, animado dos mais altos intuitos: "Ninguém descujjra nas
minhas pala\ras ofensa ou desrespeito ao Siiprcnii) 'rribuiuil Federal. Quisera eu aurenlá-io. Mas tóda a minha vene
ração pela sua autoridade não chega a me deslumbrar a razão, a me .secar a
nascente íntima das impressões do de-
\'er. Creio nu honra dessa magistratura, no desintcrèsse pessoal dos seus mem
bros. Mas não posso deixar dc reivindi car, para os meus clientes, o direito ordi
nário sob as piores tiranias, de qualifi car de injusta a sentença cjue os feriu,
desde que considero exidenlcincnte jus
so aresto perdurará, fonte de energia, ou de cativeiro para muitas gerações, e as suas queixas ou as suas bênçãos co roarão a vossa descendência".
Ainda desta feita llie fugiu o triunfo, sol) o império dc circunstâncias an(una-
las. Mas o seu dever era persevcrar; e a sua alma era daquelas nas quais "o de ver sobrevive à esperança, e a paixão-do bem substitui cora vantagem a confian ça na xntória. E' o triunfo um prêmio apos o qual, sedento do licor capitoso. SC arremessa a nossa natureza na preli-
bação da embriaguez. .Mas, o mais es
quisito dü.s prazeres é o que Deus pôs na s;itisfação de abraçar a justiça con denada, condenando-nos com ela ao re vés antecipado".
vitória, não se curva, nem .se
A primeira derrota não pochítia cpicbrar a tempera do lutador, cuja vida se
cala diante da derrota, a que
desdobrou num "campo do batalhas".
nionomamacos da idéia moral" cuja exis
O patrono, que não a'cançara não poderia submeter o País, em cujo nome pleiteara. E vai para a imprensa, a fim de analisar
Êste cruzado intemerato jamais sc sub meteria, desde que sc sentisse abraçado com a causa sustentada pela sua cons
rém candentes, o arcslo, cujos funda
ciência. E Rui retornaria breve a esta trincheira, sob uma atmosfera ainda
mentos não o conxoneeram.
mais carregada de apreensões e amea
numa série de aríigo.s respeitosos, po
ças, para implorar, de no\'0, do grande
haviam exaltado o Irabulho do profissio
sua alma, todos os dons dc seu saber c
nal, ainda que jamais se liouvesse "en
eloqüência, a intrepidez moral de um crente, votado ao sacrifício extremo, pela fc, que nunca repudiaria, lhe traria a
feitado de mais flores uma causa conde
soberania de seus pronuneiamentos, em
nada", não eram óbices a (pie se esípiivasse a(3 debate público, cpie as circuns
poder tran.s\'iado. Animava-o u certeza
Os louvore.s com que os julgadores
tribunal, que se inlegnisse, sem demora,
nu sua mis.são tutelar, a fim de opor a
sensação de um malogro sombrio —, "a
tancias justificavam, senão impunham.
impressão trágica de um naufrágio, conlemplaclo a algumas braças da praia, sem esperanças de saKainento", — se o
E ao cabo de exaustiva e ardoro.sa aná
lise do julgado que lhe fora adxerso. Rui poderia escrever, íranfiüilo: "Não perdi o meu tempo nesta campanha em
— cujo nome o incidente imortalizou ~ concedendo o amparo judicial, que to
favor do habeas-corpus. Esta causa,
dos os seus colegas recusaram — não
sil, para tristeza da República, está in-
houvesse reacendido,
dubitávelmente vitoriosa nos espíritos .
jiaquele coração
os seus espantalhos, dissipar-se-á como uma cerraç.ão dos maus dias. Mas o vos
ta a causa cjue elos representam'.
culminante, em cuja sorte empenhou o sublime patrono tóda a veemência de
\oto isolado do ministro Pisa c Almeida
ou como um agoiro de ruína. A política, com as suas transações, os seus sofismas,
traída agora pela primeira \ez no Bra
guarda da constituição, aos excessos do
de que o regime haveria de sair triunfantü da campanlia decisi\'a. E mais uma vez fala nesta linguagem de acen
tos bílílicos aos supremos juizes do país. "Neste momento, podeis crer, estamos todos numa eumiada eminente da his toria, e trabalhando para o porvir. Vos
sa palavra sera recolhida no regaço do tempo como um oráculo de liberdade.
i.
Rui era daqueles fortes, "daqueles tência impede que os destinos do gêne
ro humano pertençam "sem contraste ao egoísmo e à fortuna". O curso de
"rcsi.stência constitucional", que fundou em 1892, c manteve "contra o absohitismo republicano", só a morte encerra ria.
"As--ações civis dos reformados e deniitido.s pelos decretos de 7 e 12 de abril de 1892" iriam abrir caminho à
proclamaçSo definitiva da verdade des conhecida. E o triunfador poderia ini ciar a "Defesa do.s condenados pela am.stia de 1895", com estas palavras de jubilo, pela vitória dos princípios, em prol de cujo reconhecimento tudo dera
de si, arrostando a agressividade do pu der e as durezas do exílio; "Graças a Deus, que ja não invoco um princípio contestável neste País, afirmando a prer rogativa bendita da justiça na verifica-
-'.LI m >11
TDiciisro EconAmux)
Dit.K-sro Econômico 70
çáo da conslitucionalidade dos atos dos outros poderes, como me sucedia, quan do, há três anos, assumi a iniciativa de
poder sul)aitcrnizado, eiitrc os órgãos dd
fundamentos centrais tli' sua conclusão,
reportando-se, ainda, fxpre.s-samcnlc ao
Estado, na monarquia, o judiciário pu desse, imprevistamente, atingir àquela
voto dl! Pisa e Almeida. (|ue. ausente,
supremacia,
àquela autoridade sôbre-
sustentá-la ante êste mesmo tribunal.
cml)ora, da assciriuda, \ ia agora .apoiado
As decisões judiciárias na questão que levantei, da nulidade da reforma dos
mento anterior. E para sc a\aMar a mu
tuição, dc escudo iiKjueiiranlável das li
dança operada, basta reler as palavnis
berdades ci\'ís e j")o'íticas ?
militares espoliados pelos decretos dita-
emincntu a todas as outras, de árbitro
pe'a maioria o .seu solitário pronuncia
das competências, dc guarda da Consti
que SC o clcstiiuiru nu fonnuJução do sis tema. E só a autoridade, o ânimo pugnaz, a palavra fulgurante do paraninfo .teriam fôrça e criatividade para tornar rapidamente banais e corriqueiros, as idéias, os princípios, a técnica, desti nados a preservar u grande conquista: fazer dêste tribunal "o sal do re
tórios de abril de 1892, decisões a que
finais cia declaração dc voto do minis
dignamente se inclinou o chefe do Es
tro Macedo Soares: "E querem que o
— o próprio Rui o registou — \iveu \'idu
Supremo Tribunal .seja cúmplice com tão
apagada c anônima.
insana ditadura, apoiando a co.üinuação dos efeitos de um sítio inconstitucional.
opinião inscienle do seu papel, até 1803;
presteza os princípios refonnadores que
durante 3 anos pràlieainento nenhuma
vêm subverter o misoneismo da rotina.
([ucstão se suscitou diante dela, assinala
Os vícios de educação política não se extirpam de golpe. E' uma longa e pe nosa tarefa, quo reclama vigi'ància e
tado, põem têrmo à contro\érsía, hoje morta".
Estava assentada "a pedra angular da arca santa". Para vencer esta etapa, Rui escrevera,
com os "Atos inconstitucio
nais do Congresso e do Executivo", o
"trabalho mais largo e completo, em to da a literatura jurídica, acerca da limi
tação, traçada pela natureza política das questões, ao poder, conferido à justiça, de examinar a constitucionalidadc dos
atos dos outros dois ramos do govêrno" — conforme o próprio autor reputaria, numa legítima expansão de confiança, que nele se alternava freqüentemente com as mais fundas manifestações de modéstia e desvalia.
Pouco depois, seis anos após a pri meira derrota, assinalava-se o triunfo in
tegral. Em 1898, o Supremo Tribunal
libera, pela concessão de habeas-corpus, presos em virtude do estado de sítio, o ainda sob constrangimento, depois de cessada a vigência da medida excepcio nal. O pedido postulado por Rui é denegado, por 5 contra 4 votos, em con
seqüência da ausência ocasional de vá rios ministros.
Mas, no mês seguinte,
outra petição, formulada com o mesmo objetivo por outros advogados, sob a in vocação das razões oferecidas por Rui, alcança deferimento, pelos sufrágios fa voráveis de 7 juizes contra 5. E o acór dão, de que íoí relator Lúcio de Men donça, é nos trabalhos do patrono ma
logrado, em 1892, (pic vai buscar os
A Suprema Corte dos Estados Unidos
o já de há muito clcciaraclo extinto pelo púbMca odiosa ao povo, que tão galhar
de.spcrccbida da
Erankfiirter; e se chegou mesmo u igno rar a casa cm que fimeiona\;i na capi
Poder Execiili\o. E assim tomam a Rc-
gime".
Não se trocam ràpidamcnlc os velhos e maus hábitos; e nem se assimilam com
da c generosamente a ncollicu, mas (o
tal da Pt'nsil\'ània. Na sua história, nes
que é mais lamentável) já começa a descrer dela, e a sentir saudades da mo
tenacidade, e.sta dê vencer e substituir
ta quadra obscura, só se salienta a sua
o govêrno do arbítrio irresponsável pela legalidade ditada pela justiça. Rui, por
recusa em responder à consulta que lhe
formuhrra "Washington; até cpte, a ques tão suscitada por um simples juiz de
narquia".
Para um plantador de canallios, re signado a semear generosamente, não para a colheita do dia seguinte, porem
paz, dou ensejo a Marshall, "Tho creati-
para que as gerações futuras se abrigas
sem à sombra da árvore resistente aoí
estragos do tempo, a vitoria do imús ca ro dos seus ideais de conslrutor do regi me viera mais rápidamente do que po
bisse ao fastígio a que se elevou com o inolvidável Pedro Lessa - que falava "como Nestor" entre os seus pares — o
constitucionais e portanto, inoperantes,
excelsa corporação da justiça brasileira. Ao lado de vossa magistratura estéve sempre, como o mais certo dos amigos e o mais valoroso dos companheiros, nas horas de perigo, como se defendesse um
sível que, malgrado a figura oracular
brusca mudança do eixo de rotaçao [K)-
1
eminentíssimo patrono se constituiu em sentinela indormida da autoridade da
Não obstante a e.xplicitude* do texto constitucional brasileiro, era compreen
vas instituições, em meio aos choque da
grar os quadros desta corporação, até
macia -- a faculdade — de •declarar in
seguiu à guerra de secessão.
apreender, de relance c sobretudo nnpregnar-se, do e.spírito, da a'nia das no
para o constitucionalismo americano
laculdade, a que o pronunciamento his
cido, até 1900, 25 vezes, apesar do pe ríodo extremamente conturbado que se
País a compreensão da autêntica müureza do novo regime, engolfado no nas cedouro em crises convulsivas. Como
Como entender, bruscamente, que de
que o seu nível moral e intelectual su
as leis do Congresso Federal ~ o sumo tribunal americano só se tinha prevale
espaço, levar á.s esferas supenore.s do
lítica do parlamentarismo à europua
mais poderoso tribunal da terra. E da
tou a firmeiw de uma lei estrutural, e
mos criar, de súbito, o mesmo clima que
vestisse, sem repu'sar o atentado da ma
neira mais desleinerosa e viril. Ampara do pelos grandes juizes que vieram iiite-
através da qual se afirmava a sua supre
lhes propiciara a prosperidade na naçao de origem. Só o poder mágico de sim pregação obstinada alcançara, em breu-
nunca permitiu que contra ela se in
\e statcsman" de, definindo uma opção entre a hierarquia das leis, h'ansformar a còrte judiciária, sob sua presidência, no
tórico do famoso "chief-justice" empres
deria esperar quem, melhor do que nu trem, compreendia cpie, transp antanch' as instituições americanas, não lograría
isso-, jamais abandonou esta cidadela; e
sítio sagrado, vedado às incursões pro fanas.
A arma ad terrorcin — a arma das
"questões políticas" - com a qual se
que as patrocina\'a, a aclimatação das procurava, periodicamente, minguar a instituições, desconhecidas entre nós, de área de incidência da autoridade jurismandasse tempo, para florescer nos, dicional, ampliando, do mesmo passo, o grandes arestos que iriam levantar o po campo do discricionarismo aos demais der judiciário à dignidade funcional, a órgãos do Estado, enconlron, em Rui, o
-'.LI m >11
TDiciisro EconAmux)
Dit.K-sro Econômico 70
çáo da conslitucionalidade dos atos dos outros poderes, como me sucedia, quan do, há três anos, assumi a iniciativa de
poder sul)aitcrnizado, eiitrc os órgãos dd
fundamentos centrais tli' sua conclusão,
reportando-se, ainda, fxpre.s-samcnlc ao
Estado, na monarquia, o judiciário pu desse, imprevistamente, atingir àquela
voto dl! Pisa e Almeida. (|ue. ausente,
supremacia,
àquela autoridade sôbre-
sustentá-la ante êste mesmo tribunal.
cml)ora, da assciriuda, \ ia agora .apoiado
As decisões judiciárias na questão que levantei, da nulidade da reforma dos
mento anterior. E para sc a\aMar a mu
tuição, dc escudo iiKjueiiranlável das li
dança operada, basta reler as palavnis
berdades ci\'ís e j")o'íticas ?
militares espoliados pelos decretos dita-
emincntu a todas as outras, de árbitro
pe'a maioria o .seu solitário pronuncia
das competências, dc guarda da Consti
que SC o clcstiiuiru nu fonnuJução do sis tema. E só a autoridade, o ânimo pugnaz, a palavra fulgurante do paraninfo .teriam fôrça e criatividade para tornar rapidamente banais e corriqueiros, as idéias, os princípios, a técnica, desti nados a preservar u grande conquista: fazer dêste tribunal "o sal do re
tórios de abril de 1892, decisões a que
finais cia declaração dc voto do minis
dignamente se inclinou o chefe do Es
tro Macedo Soares: "E querem que o
— o próprio Rui o registou — \iveu \'idu
Supremo Tribunal .seja cúmplice com tão
apagada c anônima.
insana ditadura, apoiando a co.üinuação dos efeitos de um sítio inconstitucional.
opinião inscienle do seu papel, até 1803;
presteza os princípios refonnadores que
durante 3 anos pràlieainento nenhuma
vêm subverter o misoneismo da rotina.
([ucstão se suscitou diante dela, assinala
Os vícios de educação política não se extirpam de golpe. E' uma longa e pe nosa tarefa, quo reclama vigi'ància e
tado, põem têrmo à contro\érsía, hoje morta".
Estava assentada "a pedra angular da arca santa". Para vencer esta etapa, Rui escrevera,
com os "Atos inconstitucio
nais do Congresso e do Executivo", o
"trabalho mais largo e completo, em to da a literatura jurídica, acerca da limi
tação, traçada pela natureza política das questões, ao poder, conferido à justiça, de examinar a constitucionalidadc dos
atos dos outros dois ramos do govêrno" — conforme o próprio autor reputaria, numa legítima expansão de confiança, que nele se alternava freqüentemente com as mais fundas manifestações de modéstia e desvalia.
Pouco depois, seis anos após a pri meira derrota, assinalava-se o triunfo in
tegral. Em 1898, o Supremo Tribunal
libera, pela concessão de habeas-corpus, presos em virtude do estado de sítio, o ainda sob constrangimento, depois de cessada a vigência da medida excepcio nal. O pedido postulado por Rui é denegado, por 5 contra 4 votos, em con
seqüência da ausência ocasional de vá rios ministros.
Mas, no mês seguinte,
outra petição, formulada com o mesmo objetivo por outros advogados, sob a in vocação das razões oferecidas por Rui, alcança deferimento, pelos sufrágios fa voráveis de 7 juizes contra 5. E o acór dão, de que íoí relator Lúcio de Men donça, é nos trabalhos do patrono ma
logrado, em 1892, (pic vai buscar os
A Suprema Corte dos Estados Unidos
o já de há muito clcciaraclo extinto pelo púbMca odiosa ao povo, que tão galhar
de.spcrccbida da
Erankfiirter; e se chegou mesmo u igno rar a casa cm que fimeiona\;i na capi
Poder Execiili\o. E assim tomam a Rc-
gime".
Não se trocam ràpidamcnlc os velhos e maus hábitos; e nem se assimilam com
da c generosamente a ncollicu, mas (o
tal da Pt'nsil\'ània. Na sua história, nes
que é mais lamentável) já começa a descrer dela, e a sentir saudades da mo
tenacidade, e.sta dê vencer e substituir
ta quadra obscura, só se salienta a sua
o govêrno do arbítrio irresponsável pela legalidade ditada pela justiça. Rui, por
recusa em responder à consulta que lhe
formuhrra "Washington; até cpte, a ques tão suscitada por um simples juiz de
narquia".
Para um plantador de canallios, re signado a semear generosamente, não para a colheita do dia seguinte, porem
paz, dou ensejo a Marshall, "Tho creati-
para que as gerações futuras se abrigas
sem à sombra da árvore resistente aoí
estragos do tempo, a vitoria do imús ca ro dos seus ideais de conslrutor do regi me viera mais rápidamente do que po
bisse ao fastígio a que se elevou com o inolvidável Pedro Lessa - que falava "como Nestor" entre os seus pares — o
constitucionais e portanto, inoperantes,
excelsa corporação da justiça brasileira. Ao lado de vossa magistratura estéve sempre, como o mais certo dos amigos e o mais valoroso dos companheiros, nas horas de perigo, como se defendesse um
sível que, malgrado a figura oracular
brusca mudança do eixo de rotaçao [K)-
1
eminentíssimo patrono se constituiu em sentinela indormida da autoridade da
Não obstante a e.xplicitude* do texto constitucional brasileiro, era compreen
vas instituições, em meio aos choque da
grar os quadros desta corporação, até
macia -- a faculdade — de •declarar in
seguiu à guerra de secessão.
apreender, de relance c sobretudo nnpregnar-se, do e.spírito, da a'nia das no
para o constitucionalismo americano
laculdade, a que o pronunciamento his
cido, até 1900, 25 vezes, apesar do pe ríodo extremamente conturbado que se
País a compreensão da autêntica müureza do novo regime, engolfado no nas cedouro em crises convulsivas. Como
Como entender, bruscamente, que de
que o seu nível moral e intelectual su
as leis do Congresso Federal ~ o sumo tribunal americano só se tinha prevale
espaço, levar á.s esferas supenore.s do
lítica do parlamentarismo à europua
mais poderoso tribunal da terra. E da
tou a firmeiw de uma lei estrutural, e
mos criar, de súbito, o mesmo clima que
vestisse, sem repu'sar o atentado da ma
neira mais desleinerosa e viril. Ampara do pelos grandes juizes que vieram iiite-
através da qual se afirmava a sua supre
lhes propiciara a prosperidade na naçao de origem. Só o poder mágico de sim pregação obstinada alcançara, em breu-
nunca permitiu que contra ela se in
\e statcsman" de, definindo uma opção entre a hierarquia das leis, h'ansformar a còrte judiciária, sob sua presidência, no
tórico do famoso "chief-justice" empres
deria esperar quem, melhor do que nu trem, compreendia cpie, transp antanch' as instituições americanas, não lograría
isso-, jamais abandonou esta cidadela; e
sítio sagrado, vedado às incursões pro fanas.
A arma ad terrorcin — a arma das
"questões políticas" - com a qual se
que as patrocina\'a, a aclimatação das procurava, periodicamente, minguar a instituições, desconhecidas entre nós, de área de incidência da autoridade jurismandasse tempo, para florescer nos, dicional, ampliando, do mesmo passo, o grandes arestos que iriam levantar o po campo do discricionarismo aos demais der judiciário à dignidade funcional, a órgãos do Estado, enconlron, em Rui, o
^
Digesio
Dk.i-sto Ecoi^s
mais lúcido c innex)\'el dos defensores
da integridade da vossa competência —
aquele que nunca se temeu de procla mar, e de demonstrar, que exerceis, de
fato, um poder de nature7-a política, "sob formas judiciais"; e, em conserjüència, cada \'ez. que, no uso das faculda des deixadas a seu alvcdrio, .sob o crité
rio da oportunidade ou da conveniên cia. qualquer dos órgfios do governo ex
pcnsa.s c triunfos, iicin perante a justi ça, nem perante os homens. Muito ao
que deste modo prefiro não defender a
causa. Esta causa é de tal magnitude
contrário; cie, quase sempre, rompeu os
que o maior dos advogados lança todos o.s recursos de sua proficiência c todo o
calor de seu coração clc.^pcdaçado. para defender o seu lar e a sua gente dc gol pes repetidos da fôrça desatinada. Não c apenas cm nome da lei que
caminhos sangrando as mãos. dilaceran do o coração, provando a ahna nas as-
pc-rezas dos prélios que se sucediam, entre dore.s, brulalidaclcs e ingraticlôes. tam com vcrchuleirtj espírito de carida te con.struídas.
constitucional, transmuda-sc o "caso po lítico" em caso suscetí\'el de apreciação
Rui Barbosa campo de batalhas dramáti cas, e de algumas decepçoe.s cniéis. Não
mediante postulação perante
ver de acudir com o seu pronunciamen to em guarda da lei violada. E a defi
nição do que sejam "questões políticas", incumbe, em derradeira instância, ao
órgão que, na exegese dos textos, pro nuncia a palavra final.
Quando, em 1911, esta egrégia còiie concedeu o habeas-corpus aos membros
do Conselho Municipal desta cidade, e o Pre.sidcnte da República, brandindo o
Esta tribuna foi para
naquelas causas, em que patrocinava inmas, na.s causas cívicas, em que êle em
penhava tôda a sua energia, tôda a sua convicção, tôda a paixão de sua alma in corruptível; naquelas causas em que êle só se dirigia à barra desta côrte depois de "descer como juiz ao fundo da pró pria consciência" e "de ter firmado pa ra a advogar, certeza tao perfeita da
verdade, quanta liie seria mister se houvc.sse de julgá-lo".
voz torturada e bravia^de Rui Barbosa
extraordinários da sua consciência indo
zes se ergue, neste auditório, aquele ver bo, no paroxisino do seu fulgor e de sua
se constituir o Senado em instância cor-
regedora das decisões desta.corte. Êste zelo, esta confiança, este amor à
instituição não conheceram desfalecimentos, nem liiatos. Na vida do,intrépido pelejador, nem
I
incandescôncia, chamando junto aos jui
zes para que salvem a Baliia da acefalia governamental, da destruição, dos bom bardeios impiedosos; que defendam e amparem o seu berço sagrado, vítima de uma das sedições mais brutais do poder contra a ordem.
Não se encontra na história judiciária
i
I
prefiro, repito, deixar aos honrados
membros do tribunal a responsabilidade c o arbítrio da decisão que queiram to mar. Não posso defender o direito dos
impetrantes perante o Supremo Tribu nal, sem contar com a benevolência des ta casa, para que ouça os documentos,
na com . estas palavras, pejadas dc afli ção: "A liberdade brasileira se liá do salvar aqui pela justiça das vossas deci sões, ou será conquistada pelo povo nu
conheça, episódio por episódio, êste quadro fata', para que escute as minhas
ma dessas rei\'indicações n que so não
deduções, ou a atenção que ela (e náo o advogado) me parece que merecem
pode resistir".
do alto Tribunal de Justiça.
Pela maioria de um voto, são indefe ridos os habeúS'COrpns .sucessivamente
este pretóno tem comparecido
^ E' a maior das causas que perante Se, portanto, V. E.xcia. me reduz aos
15 minutos do regulamento"...
,E, neste ponto, atallia o respei^vel presidente, dirigindo-se a V. Excia. me desculpe. Eu
mência e combatividade, sob o
fiz apenas sentir a necessidade do nobre advogado ser bre\-e em
peso do sagrado dever, de tudo
suas considerações".
hizer cin socorro do berço ma terno. A tensão que o arrebata se es
da segurKÜa sustentação oral, que pro
I
ter txjinigo a magnanimidade que tem
tido nas outras sessões, pois que, apenas em momentos, não poderei usar da pa lavra para defender esta causa, que tem o direito de ser escutada com paciência,
o civismo dos honrados juizes". E termi
pelha neste incidente, ocorrido quando
estremecendo a casa da justiça. Sete vè-
que se o Tribunal está resolvido a não
Bahia clama pc/antc "as consciências o
Rui, porém, cresce na sua vee
dia naqueles dias funestos de 1912. A ruge e flamcja, em apóstrofcs plutônicns.
a êste tribunal "a maior de quantas cívusas até então julgara". Em nome da
Lessa e Amaro Cavalcanti.
De.s.sa.s causas públicas, a todas sobre-
atingiu aos cumes daquela indignação fulminante, que era um dos traços mais
dos princípios humanos", é "em noino dc Dcu.s". que fala aos juizes, ao trazer
suplicados. O patrono, dilacerado na sua dôr, só podia encontrar lenitivo nas opiniões vencidas, numerosas e eloqüentes, encabeçadas pelas prcclaras autoridades de Pedro
leva a da terra natal - teatro de tragé
tada), a veemência da reação de Rui
ção, enfrenta, e desmoraliza, a tentativa oficial, que se seguiu àquela afronta, de
i
dário; mas, sim. naquelas causas supre
medicina ca.seira" ~ despejadamenle descumpriii a ordem deferida (não sem que luminosos e altivos protestos se er
mável. Com a mesma inclemente vibra
iíl
terêsses ou defendia patrimônios alheios, que estas ele as punha em p'ano secun
mesmo argumento terrorista, — "a velha
guessem do seio da corporação desaca
pleiteia. E' em nome da "civilização c
O sen desliíio era, porém, dos que lu
reito ou desconhecendo uma garantia
os tribunais; e, então, a estes cabe o de
dêle SC tolerariam: "Observo a V. Excia.
ção e dramaticicladi' do que èslo, cm
competência específica, ferindo um di
jiidicial,
cio País episódio mais carregado de emo
tudo foram vitórias c pr«.'inios. rccoin-
de. para que outros colham os frutos c gozem os benefícios das (vbras duramen
cede as linhas demarcatórias de .sua
Econômico
fere.
Mal o ínclito advogado começa a fa
lar, o venerando presidente do tribunal o interrompe: "Peço ao ilustre advoga
do que seja o mais breve possível, por quanto o Regimento concede aos orado res apenas 15 minutos...
E a resposta de Rui e.xplode, tempes tuosa « contundente, em têrmos que .só
E Rui prossegue; "Peço licen
ça a V. Exoa. çira obsers-ar que se de outras vézes o Tribunal u,e oÍviu com benevolência oom que mu honrou, desta
vez a causa tem ainda mais direito de ser ouvida com esta atenção
Não há nada pior para Sm orador ndo
que falar com a nrest;.,
os passos"...
" <^^p™ar-lhe
E o prodigioso tribuno falou quanto
qms, vánas vêzes aclamado pelo públi
co que Vibrando, acompanhava a eni-
p.',lgante pugna j„diciári'a; o que Icsm.
^
Digesio
Dk.i-sto Ecoi^s
mais lúcido c innex)\'el dos defensores
da integridade da vossa competência —
aquele que nunca se temeu de procla mar, e de demonstrar, que exerceis, de
fato, um poder de nature7-a política, "sob formas judiciais"; e, em conserjüència, cada \'ez. que, no uso das faculda des deixadas a seu alvcdrio, .sob o crité
rio da oportunidade ou da conveniên cia. qualquer dos órgfios do governo ex
pcnsa.s c triunfos, iicin perante a justi ça, nem perante os homens. Muito ao
que deste modo prefiro não defender a
causa. Esta causa é de tal magnitude
contrário; cie, quase sempre, rompeu os
que o maior dos advogados lança todos o.s recursos de sua proficiência c todo o
calor de seu coração clc.^pcdaçado. para defender o seu lar e a sua gente dc gol pes repetidos da fôrça desatinada. Não c apenas cm nome da lei que
caminhos sangrando as mãos. dilaceran do o coração, provando a ahna nas as-
pc-rezas dos prélios que se sucediam, entre dore.s, brulalidaclcs e ingraticlôes. tam com vcrchuleirtj espírito de carida te con.struídas.
constitucional, transmuda-sc o "caso po lítico" em caso suscetí\'el de apreciação
Rui Barbosa campo de batalhas dramáti cas, e de algumas decepçoe.s cniéis. Não
mediante postulação perante
ver de acudir com o seu pronunciamen to em guarda da lei violada. E a defi
nição do que sejam "questões políticas", incumbe, em derradeira instância, ao
órgão que, na exegese dos textos, pro nuncia a palavra final.
Quando, em 1911, esta egrégia còiie concedeu o habeas-corpus aos membros
do Conselho Municipal desta cidade, e o Pre.sidcnte da República, brandindo o
Esta tribuna foi para
naquelas causas, em que patrocinava inmas, na.s causas cívicas, em que êle em
penhava tôda a sua energia, tôda a sua convicção, tôda a paixão de sua alma in corruptível; naquelas causas em que êle só se dirigia à barra desta côrte depois de "descer como juiz ao fundo da pró pria consciência" e "de ter firmado pa ra a advogar, certeza tao perfeita da
verdade, quanta liie seria mister se houvc.sse de julgá-lo".
voz torturada e bravia^de Rui Barbosa
extraordinários da sua consciência indo
zes se ergue, neste auditório, aquele ver bo, no paroxisino do seu fulgor e de sua
se constituir o Senado em instância cor-
regedora das decisões desta.corte. Êste zelo, esta confiança, este amor à
instituição não conheceram desfalecimentos, nem liiatos. Na vida do,intrépido pelejador, nem
I
incandescôncia, chamando junto aos jui
zes para que salvem a Baliia da acefalia governamental, da destruição, dos bom bardeios impiedosos; que defendam e amparem o seu berço sagrado, vítima de uma das sedições mais brutais do poder contra a ordem.
Não se encontra na história judiciária
i
I
prefiro, repito, deixar aos honrados
membros do tribunal a responsabilidade c o arbítrio da decisão que queiram to mar. Não posso defender o direito dos
impetrantes perante o Supremo Tribu nal, sem contar com a benevolência des ta casa, para que ouça os documentos,
na com . estas palavras, pejadas dc afli ção: "A liberdade brasileira se liá do salvar aqui pela justiça das vossas deci sões, ou será conquistada pelo povo nu
conheça, episódio por episódio, êste quadro fata', para que escute as minhas
ma dessas rei\'indicações n que so não
deduções, ou a atenção que ela (e náo o advogado) me parece que merecem
pode resistir".
do alto Tribunal de Justiça.
Pela maioria de um voto, são indefe ridos os habeúS'COrpns .sucessivamente
este pretóno tem comparecido
^ E' a maior das causas que perante Se, portanto, V. E.xcia. me reduz aos
15 minutos do regulamento"...
,E, neste ponto, atallia o respei^vel presidente, dirigindo-se a V. Excia. me desculpe. Eu
mência e combatividade, sob o
fiz apenas sentir a necessidade do nobre advogado ser bre\-e em
peso do sagrado dever, de tudo
suas considerações".
hizer cin socorro do berço ma terno. A tensão que o arrebata se es
da segurKÜa sustentação oral, que pro
I
ter txjinigo a magnanimidade que tem
tido nas outras sessões, pois que, apenas em momentos, não poderei usar da pa lavra para defender esta causa, que tem o direito de ser escutada com paciência,
o civismo dos honrados juizes". E termi
pelha neste incidente, ocorrido quando
estremecendo a casa da justiça. Sete vè-
que se o Tribunal está resolvido a não
Bahia clama pc/antc "as consciências o
Rui, porém, cresce na sua vee
dia naqueles dias funestos de 1912. A ruge e flamcja, em apóstrofcs plutônicns.
a êste tribunal "a maior de quantas cívusas até então julgara". Em nome da
Lessa e Amaro Cavalcanti.
De.s.sa.s causas públicas, a todas sobre-
atingiu aos cumes daquela indignação fulminante, que era um dos traços mais
dos princípios humanos", é "em noino dc Dcu.s". que fala aos juizes, ao trazer
suplicados. O patrono, dilacerado na sua dôr, só podia encontrar lenitivo nas opiniões vencidas, numerosas e eloqüentes, encabeçadas pelas prcclaras autoridades de Pedro
leva a da terra natal - teatro de tragé
tada), a veemência da reação de Rui
ção, enfrenta, e desmoraliza, a tentativa oficial, que se seguiu àquela afronta, de
i
dário; mas, sim. naquelas causas supre
medicina ca.seira" ~ despejadamenle descumpriii a ordem deferida (não sem que luminosos e altivos protestos se er
mável. Com a mesma inclemente vibra
iíl
terêsses ou defendia patrimônios alheios, que estas ele as punha em p'ano secun
mesmo argumento terrorista, — "a velha
guessem do seio da corporação desaca
pleiteia. E' em nome da "civilização c
O sen desliíio era, porém, dos que lu
reito ou desconhecendo uma garantia
os tribunais; e, então, a estes cabe o de
dêle SC tolerariam: "Observo a V. Excia.
ção e dramaticicladi' do que èslo, cm
competência específica, ferindo um di
jiidicial,
cio País episódio mais carregado de emo
tudo foram vitórias c pr«.'inios. rccoin-
de. para que outros colham os frutos c gozem os benefícios das (vbras duramen
cede as linhas demarcatórias de .sua
Econômico
fere.
Mal o ínclito advogado começa a fa
lar, o venerando presidente do tribunal o interrompe: "Peço ao ilustre advoga
do que seja o mais breve possível, por quanto o Regimento concede aos orado res apenas 15 minutos...
E a resposta de Rui e.xplode, tempes tuosa « contundente, em têrmos que .só
E Rui prossegue; "Peço licen
ça a V. Exoa. çira obsers-ar que se de outras vézes o Tribunal u,e oÍviu com benevolência oom que mu honrou, desta
vez a causa tem ainda mais direito de ser ouvida com esta atenção
Não há nada pior para Sm orador ndo
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os passos"...
" <^^p™ar-lhe
E o prodigioso tribuno falou quanto
qms, vánas vêzes aclamado pelo públi
co que Vibrando, acompanhava a eni-
p.',lgante pugna j„diciári'a; o que Icsm.
Dícesto
Econômico
75
DiCKsrt) Econômico
T
74
o presidente a reclamar respeito, por que, observava, f) recinto do Iribuna"não era praça pública". Não logrou Rui. ainda desta \e/.. de
ó meu cosliuno
d<-i\á-i.« rompi r sob a
mais ardente de .suas formas".
De no\o.
o argimiento inlimatÍ\o,
com que o arbitrio arrasta\a às portas da
adamantina a inflexibilidade deles pe
à sua contingência humana, não aba'a-
rante ela. De um lado, o presidente, com o exército; do outro, a magislralura com a constituição. Pois esta potência inerme pode mais cpic tõdas as arma.s
riam, porém, jamais a sua fé na justiça,
prestígio (xmfiava, para que pudésse mos viver livres e 'digno.s. E pouco de
e, sobretudo na autoridade deste tribu
nal "u voz viva da Constituição". Da vossa ditadura luio se temia; só no vosso
mover a maioria dií seu ponto de vi.sla.
justiça "a Mia causa roçagante". cni es
Nem mesmo quando* impetrou habca.S' corpua para o próprio íillio ameaçado em
te: .se a decisão fòssi* favorá\'el. não se
dacjuela. Quando a justiça
ria cumprida.
eleinciilos niatc-riais de obediência, pa
pois da mais dura de suas derrotas, em
sua vida, ameaça que èle apontava co
manobra insidiosa:
mo um "assedio ao coração do pai, pa ra o obrigar a rendcr-.sc, e a depor as
".Nunca \i. não me consta ijue haja, nem conccb.') <jjie possam c-.xistir. cm
armas da lei". Não era hahcas-corpm para o fillio (juerido, (jue suplicava; era o seu próprio hábeas-corpu-i. E desilu
parle ncnluiina, considerações legítimas, por onde se subordine a proiação das decisões judiciárias ao pré\'io conheci mento de <{ue serão X)l)cclccidas. Ao juiz não interessam as contingènciai. previstas, ou iniprc\ ista.s, pre\isí\'eis, ou impre%'is{\eis', na e.xccução do .seu jul gado. O íjiie llie cumpre é. só c unica
ra se impor, quando e.'a se vè, solitária entre a sociedade degradada e o gover no insurgido, prc-eisamente então é cpie mais sublime e necessário é o seu pa
os NOSSOS ser\ãços: "Grandes triunfos, neste quarto de século, registou a justiça brasileira. Os direitos supremos, algu-
mandato, cpie não se sentir mais forte,
tüs". Só sob a égide de vossa autorida
cpiando fòr mais fraco, e cpie nessa fru([ueza do direito desprezado não souber achar as vibrações da sua energia sa grada, fará política, inspirado talvez
de julgava possível instaurar-se entre n()s a "democracia jurídica" — expressão
mente, moldar as suas deliberações na
cm móveis do mais alto c desinteressado
dignidade.
patriotismo — fará política; ma,s não exerce justiça". Os malogros rjue se repelem nossa ba
tcgra o fortalecida a .sua confiança obs
dia os engenhadorcs da trama, destina
da a intimidá-lo, com estas pa'avra.s pa téticas: "Ainda que a fidelidade a èstc
dever custasse a vida, tão cara, do meu filho, a quem quero com o mais vivo amor paterno, mais do que a mim mes
mo, eu cumpriria este dever, esgotandoIhe o cálice. Para saKar o meu filho, c livrar da orfandade a meus netos, daria eu a minha existência, com prazer. Mas a minha consciência e a minha honra não as posso dar por ninguém. A niais triste das vidas e a mais triste das mor
tes são a vida e a jnorte do homem que Utão tem a coragem de inrjrrer pelo bem, quando por ê'e não possa vi\'cr". Tudo, pòrém, foi em vão. O melhor dos advogados haveria de sair da casa
da Justiça, depois de luna batalha pro longada e inclemente, sem obter a as sistência, que solicita\'a para a terra na tal e o próprio filho. Mas nada o abatia.
Desta tribuna,
partia para as colunas da imprensa, rea gindo por tôdas as formas ao seu alcance. A crítica aos julgados, rpie lhe eram hostis, êle nesta oportunidade a formu lou cm termos contundentes, agressivos, valendo-se da liberdade que o patrocí
nio da causa magna lhe concedia, e fiel
ao seu temperamento ardoroso: "Sempre que nue
uma opinião me escalda o espírito,
Rui enfrenta de face a
justiça, embora .suspeite, receie ou an-
teveja (jue não serão cumpridas. Se admitirmos cjue os tribunais se
possam abster de julgar,
cpiando não
acreditarem na força do go\crno para
dispõe de menos
1914, não se furtava Rui de proclamar
pel. O juiz tjue não compreender as
ma.s vêzcs imolados, acabaram por vin
sim, em crises tais,
gar cm boa parte, na corrente dos ares-
a vocação do seu
cios povos que vivem na liberdade e progridem cm ordem, protegidos na sua Passada a refrega, reacendia-se O'
ín-
talha gloriosa exacerbam o animo do
tinada na jiKStiça. Quase ao têmio de sua existência de lutador impenitente, à
patrono de uma paixão comburento; o
vossa corporação assim .se referiu, num
lhes fazcT re.spcitar as sentenças, tere
èle, nos jornais, anahsa, de maneira im
dos seus mais perfeitos trabalhos fo
mos e:-:tabe]ecido um regimi- inaudito, no qual Icklas as denegações da justiça
placável, os votos (pic lhe. foram contrá rios: "Por maior cpie seja u minha ve
renses: "No Supremo Tribunal, temos
adiarão meios de se kgiliniarem.
neração ao Supremo Tribunal, não de vo, nem sei faltar ao dever de exprimir
ar-
maiido-sc no pretexto da ineficácia pro vável dos julgados. O critério da mora lidade no sentenciar já não será o \-alor do direito pleilcuclo; e, cjuando a ordem social estiver abalada, o refúgio da jus tiça, em tais casos mais neces,sárío do
que nunca, se extinguira inteiramente". . . . "Mais do que todos os exércitos pede a Justiça cpiando os seus depositá
tido a mais bem sucedida instituição
dêste regime, embora diste ainda muito do original norte-americano. Os homens
em todo o seu amaigor, as minhas quei xas, contra alguns dos seus membros, que ali tanto magoaram a justiça. E'
dinário, os que vêm a excelir sôbre os
um dever de civismo e humanidade. E'
seus conjuizes pela energia mora! e pe
o dever do cidadão e do senador. E' o dever do baiano c do brasileiro. O cora
la distinção intelectual".
ção de minha terra está sangrando no
que no seio dela se têm exalçado a pri meiros entre os seus pares, são, de or
s5í
sji
meu"...
"Pcrdõe-me o Supremo Tribunal. Os
rios não esmorecem".
Egrégios senhores
mUmtros
Per
indivíduos são uma coisa, e a institui
doai-me êste desmarcado abuso da vos
de crise aguda, é outra constante da sua
ção outra. A censura dos indivíduos é
sa longanimidade. Acolho-me à sombra
pregação:
o meu direito. A defesa da instituição, o
do homenageado, que falou por si, pa
"A majestade dos tribunais assenta na estima pública; e esta é tanto maior
meu dever".
ra que, perante vós, me escuse da in fração do vosso regimento.
quanto mais atrevida for a insulência
tórios diante da magistratura, subjugada
Êste estímulo aos tribunais, nas hora,s
oficial, cjuc Ibcs cie.sobedccer, c mais
As nmargura.s e os desenganos transi
i
Recordando os momentos capitais da
Dícesto
Econômico
75
DiCKsrt) Econômico
T
74
o presidente a reclamar respeito, por que, observava, f) recinto do Iribuna"não era praça pública". Não logrou Rui. ainda desta \e/.. de
ó meu cosliuno
d<-i\á-i.« rompi r sob a
mais ardente de .suas formas".
De no\o.
o argimiento inlimatÍ\o,
com que o arbitrio arrasta\a às portas da
adamantina a inflexibilidade deles pe
à sua contingência humana, não aba'a-
rante ela. De um lado, o presidente, com o exército; do outro, a magislralura com a constituição. Pois esta potência inerme pode mais cpic tõdas as arma.s
riam, porém, jamais a sua fé na justiça,
prestígio (xmfiava, para que pudésse mos viver livres e 'digno.s. E pouco de
e, sobretudo na autoridade deste tribu
nal "u voz viva da Constituição". Da vossa ditadura luio se temia; só no vosso
mover a maioria dií seu ponto de vi.sla.
justiça "a Mia causa roçagante". cni es
Nem mesmo quando* impetrou habca.S' corpua para o próprio íillio ameaçado em
te: .se a decisão fòssi* favorá\'el. não se
dacjuela. Quando a justiça
ria cumprida.
eleinciilos niatc-riais de obediência, pa
pois da mais dura de suas derrotas, em
sua vida, ameaça que èle apontava co
manobra insidiosa:
mo um "assedio ao coração do pai, pa ra o obrigar a rendcr-.sc, e a depor as
".Nunca \i. não me consta ijue haja, nem conccb.') <jjie possam c-.xistir. cm
armas da lei". Não era hahcas-corpm para o fillio (juerido, (jue suplicava; era o seu próprio hábeas-corpu-i. E desilu
parle ncnluiina, considerações legítimas, por onde se subordine a proiação das decisões judiciárias ao pré\'io conheci mento de <{ue serão X)l)cclccidas. Ao juiz não interessam as contingènciai. previstas, ou iniprc\ ista.s, pre\isí\'eis, ou impre%'is{\eis', na e.xccução do .seu jul gado. O íjiie llie cumpre é. só c unica
ra se impor, quando e.'a se vè, solitária entre a sociedade degradada e o gover no insurgido, prc-eisamente então é cpie mais sublime e necessário é o seu pa
os NOSSOS ser\ãços: "Grandes triunfos, neste quarto de século, registou a justiça brasileira. Os direitos supremos, algu-
mandato, cpie não se sentir mais forte,
tüs". Só sob a égide de vossa autorida
cpiando fòr mais fraco, e cpie nessa fru([ueza do direito desprezado não souber achar as vibrações da sua energia sa grada, fará política, inspirado talvez
de julgava possível instaurar-se entre n()s a "democracia jurídica" — expressão
mente, moldar as suas deliberações na
cm móveis do mais alto c desinteressado
dignidade.
patriotismo — fará política; ma,s não exerce justiça". Os malogros rjue se repelem nossa ba
tcgra o fortalecida a .sua confiança obs
dia os engenhadorcs da trama, destina
da a intimidá-lo, com estas pa'avra.s pa téticas: "Ainda que a fidelidade a èstc
dever custasse a vida, tão cara, do meu filho, a quem quero com o mais vivo amor paterno, mais do que a mim mes
mo, eu cumpriria este dever, esgotandoIhe o cálice. Para saKar o meu filho, c livrar da orfandade a meus netos, daria eu a minha existência, com prazer. Mas a minha consciência e a minha honra não as posso dar por ninguém. A niais triste das vidas e a mais triste das mor
tes são a vida e a jnorte do homem que Utão tem a coragem de inrjrrer pelo bem, quando por ê'e não possa vi\'cr". Tudo, pòrém, foi em vão. O melhor dos advogados haveria de sair da casa
da Justiça, depois de luna batalha pro longada e inclemente, sem obter a as sistência, que solicita\'a para a terra na tal e o próprio filho. Mas nada o abatia.
Desta tribuna,
partia para as colunas da imprensa, rea gindo por tôdas as formas ao seu alcance. A crítica aos julgados, rpie lhe eram hostis, êle nesta oportunidade a formu lou cm termos contundentes, agressivos, valendo-se da liberdade que o patrocí
nio da causa magna lhe concedia, e fiel
ao seu temperamento ardoroso: "Sempre que nue
uma opinião me escalda o espírito,
Rui enfrenta de face a
justiça, embora .suspeite, receie ou an-
teveja (jue não serão cumpridas. Se admitirmos cjue os tribunais se
possam abster de julgar,
cpiando não
acreditarem na força do go\crno para
dispõe de menos
1914, não se furtava Rui de proclamar
pel. O juiz tjue não compreender as
ma.s vêzcs imolados, acabaram por vin
sim, em crises tais,
gar cm boa parte, na corrente dos ares-
a vocação do seu
cios povos que vivem na liberdade e progridem cm ordem, protegidos na sua Passada a refrega, reacendia-se O'
ín-
talha gloriosa exacerbam o animo do
tinada na jiKStiça. Quase ao têmio de sua existência de lutador impenitente, à
patrono de uma paixão comburento; o
vossa corporação assim .se referiu, num
lhes fazcT re.spcitar as sentenças, tere
èle, nos jornais, anahsa, de maneira im
dos seus mais perfeitos trabalhos fo
mos e:-:tabe]ecido um regimi- inaudito, no qual Icklas as denegações da justiça
placável, os votos (pic lhe. foram contrá rios: "Por maior cpie seja u minha ve
renses: "No Supremo Tribunal, temos
adiarão meios de se kgiliniarem.
neração ao Supremo Tribunal, não de vo, nem sei faltar ao dever de exprimir
ar-
maiido-sc no pretexto da ineficácia pro vável dos julgados. O critério da mora lidade no sentenciar já não será o \-alor do direito pleilcuclo; e, cjuando a ordem social estiver abalada, o refúgio da jus tiça, em tais casos mais neces,sárío do
que nunca, se extinguira inteiramente". . . . "Mais do que todos os exércitos pede a Justiça cpiando os seus depositá
tido a mais bem sucedida instituição
dêste regime, embora diste ainda muito do original norte-americano. Os homens
em todo o seu amaigor, as minhas quei xas, contra alguns dos seus membros, que ali tanto magoaram a justiça. E'
dinário, os que vêm a excelir sôbre os
um dever de civismo e humanidade. E'
seus conjuizes pela energia mora! e pe
o dever do cidadão e do senador. E' o dever do baiano c do brasileiro. O cora
la distinção intelectual".
ção de minha terra está sangrando no
que no seio dela se têm exalçado a pri meiros entre os seus pares, são, de or
s5í
sji
meu"...
"Pcrdõe-me o Supremo Tribunal. Os
rios não esmorecem".
Egrégios senhores
mUmtros
Per
indivíduos são uma coisa, e a institui
doai-me êste desmarcado abuso da vos
de crise aguda, é outra constante da sua
ção outra. A censura dos indivíduos é
sa longanimidade. Acolho-me à sombra
pregação:
o meu direito. A defesa da instituição, o
do homenageado, que falou por si, pa
"A majestade dos tribunais assenta na estima pública; e esta é tanto maior
meu dever".
ra que, perante vós, me escuse da in fração do vosso regimento.
quanto mais atrevida for a insulência
tórios diante da magistratura, subjugada
Êste estímulo aos tribunais, nas hora,s
oficial, cjuc Ibcs cie.sobedccer, c mais
As nmargura.s e os desenganos transi
i
Recordando os momentos capitais da
DiCKSTO' Económtco
vida de Rlii, vivida nesta casa, que era
mo, pela técnica ou pela eficiência, re
a sua casa, rememorei rapidamente as horas siderais da própria história desta
pudiamos as advertências de Rui Barlx)sa, e experimentamos novos caminhos, dos atalhos em que nos perdemos, só nos salvamos, quando repomos os pés nas largas avenidas que êle rasgou, e ilumi
instituição,
tão presentes na vossa me
mória, e tão caras à vossa ^sensibilidade. A existência do supremo patrono se con
funde, num largo trecho, com a exis
tência dêste venerando tribunal, de quê êle fôz a "ctistodUi societatis", para que protegesse a honra, a liberdade e a di gnidade dos seus concidadãos. Esta evocação comovida é, pois, uma homenagem à vossa nobre magistratura, e um voto de confiança tributado à au, toridade que encarnais.
A marca judiciarista do nosso regime
de valores, que êlc pregou, milhões de jovens das nações mais jrragmáticas, em defesa dela, oferecem o tributo extremo,
para convencer-nos de que é ainda pe la liberdade ffuí^ os homens morrem com maior galhardia, e os corações, que na, são mais valorosos e intrépidos do
e, com êle, a vossa responsabilidade, e a vossa influência sobre os nossos desti
que aqueles que a tirania resseca e o despotismo algema.
patrimônio cívico e moral, que Rui Bar
continua a pertencer a palavra derradei
bosa construiu com o seu saber, fecun
ra. Árbitros entre os poderes, sob a Constituição, continuais a ser os árbitros
dou com a melhor seiva do seu espíri
consciência, os advogados, que vos de vemos a colaboração da crítica leal, e a
opinião pública, que, nos regimes li vres, a todos vigia e a todos pede contas.
Sem a investidura de um mandato po pular direto, representais o órgão, por
para proteger os direitos da minoria,
não encontrou no seu verbo iluminado
as palavras que vos repetiu, com ênfase
ses que sofreu, vitoriosamente
apostolar;
mais
severo, incorruptível, guarda vigilante desta terra através do sono de todos, e
graves problemas da coletividade.
o anuncio aos cidadãos, para que assim
Cada vez que, seduzidos pelo realis
faltaram
nomes ilustres à
mar Baleeiro, escreveu.
Sentimo-nos
sileiro no A/»ni.ítério da Fazenda.
tranhos à competência específica do
inseparáveis de tôdas as revoluções.
nalista e orador, o intelectual das tran
qüilas meditações à margem dos fatos, transforma-se màgicamente no febril ho mem de ação, que não conhece inlermitcncias, nem vacilações, correndo de
encontro ao desafio dos convulsivos pro
''±
ativo e previdente, contra o caos e a
desordem, que a sua cultura histórica sabia serem as companheiras viciosas e
Percutido pelos acontecimentos, o jor
1
claridade solar do seu espírito velava,
ção por múltiplos setores públicos es
verno Provisório.
"Eu instituo êste tribunal venerando,
seja de hoje pelo futuro adiante".
da prodigiosa atuação do Grande Bra
não
des, convcrtendo-sc cm cabeça do Go
de buscar nos lances da tragédia grega
do que uma corte judiciária, um órgão do governo, para o qual refluem, sob forma de pleitos e controvérsias, os mais
cí)mo
cargo: — Ruy Barbosa, na alvorada da Repxiblíca, absorveu múltiplas ativida
expressões que a significassem, e houve
contra o arbítrio da maioria. Compon des como ainda hoje o vosso paradigma norte-americano — apesar das várias cri
batendo o "record" de duração, assim
honrados em <ífi?ii/gar, eni primeira mão, essa valiosa contribuição para a análise'
me.ses, durante os quais dividiu a aten
ao patrono intemerato e
jestade êle elevava a tal cxcelsitude que
exercesse o cargo durante onze anos,
tado que ali permaneceu, apenas, 14
Homenageando ao maior dos advoga dos brasileiros, respeitáveis senhores mi nistros, homenageaís, antes de tudo, ao advogado do Supremo Tribunal Fede ral, ao advogado da augusta instituição a que servis; ao reivíndicador da vossa intimorato da vossa judicatura, cuja ma
representante da Bahia, Deputado Alio
mais discutido dos Ministros da Fazen da foi e cxmlinua a ser o homem de Es
vida.
excelência, de defesa da democracia — sobranceiro às correntes e às facções ~
Ruy Barbosa, como financista, que o
laram muitas dezenas de titulares pelo Ministério da Fazenda. Houve quem
Mas — circunstancia paradoxal — o
to, e sustenta com o sôpro cálido de sua
supremacia;
tral ensaio sobre a ■individualidade de
dcsdo Martim Francisco até hoje, desfi
frente daquela pasta.
Usufruís em benefício da Nação, um
da Constituição". Acima de todos, a vós
O "Digesio Econômico" inicia, com o
presente ailigo, a publicação do magis Durante um século e um quarto,
de uma hora desvairada renega a tábua
Restaurou-se e ampliou-se o vosso poder
da vossa competência; os guardas que ninguém guarda, senão a vossa própria
I — Um ministro (íisctiliâo
nitente nos legou;, e quando a filosofia
ela aquece, o os braços, que impulsio
Aqui estamos, de novo, na "casa
Aliomar Bai^eiro
na com o cearão de suas prédicas. Vi vemos do capital que o romântico impe-
é, hoje, mais acentuada do que nunca.
nos.
As idéias financeiras de Ruy Barbosa
blemas da hora.
Vemo-lo a redigir do próprio punho os atos institucionais do regime, antes que voltasse ao solo a poeirada das marchas de 15 de novembro. Quase não há sohição de continuidade entre o
desabar da monarquia, arrastando con sigo a centralização, e o despontar da nova república federal. Dir-se-ia não ter havidr) noite política na sucessão dêsses dois dias extremos de completa in\'ersão jurídica das instituições, pois a
O espírito vigilante prevê e prove a üi"
do, aparando as asas à demagogia, que. em estado potencial e larvado, chocado
pelo próprio trono depois de 13 de maio, espreitava a oportunidade alvissa
reira. Em inaudita ubiqüidade, acom panha, tranqüiliza e anestesia a descon fiança internacional, alimentada pelos monarquistas na Europa, ao mesmo tem po em que separa, sem eslrépitos, antes
com aplausos do clero, a Igreja e o Es tado; freia os impulsivos repentes do velho Marechal; supervisiona os cole gas como um chefe de gabinete; aco lhe as reclamações da praça em pânico;
sustenta a cotação do câmbio em dclí-
quio; projeta a futura Constituição, de bate-se e a redige; luta contra as dissensões internas dos fundadores da Repú
blica; sonda e procura influir sobre a
opinião pública disputada pelos vencidos
da véspera e pelas facções que |ú se esboçam entre os vitoriosos.
DiCKSTO' Económtco
vida de Rlii, vivida nesta casa, que era
mo, pela técnica ou pela eficiência, re
a sua casa, rememorei rapidamente as horas siderais da própria história desta
pudiamos as advertências de Rui Barlx)sa, e experimentamos novos caminhos, dos atalhos em que nos perdemos, só nos salvamos, quando repomos os pés nas largas avenidas que êle rasgou, e ilumi
instituição,
tão presentes na vossa me
mória, e tão caras à vossa ^sensibilidade. A existência do supremo patrono se con
funde, num largo trecho, com a exis
tência dêste venerando tribunal, de quê êle fôz a "ctistodUi societatis", para que protegesse a honra, a liberdade e a di gnidade dos seus concidadãos. Esta evocação comovida é, pois, uma homenagem à vossa nobre magistratura, e um voto de confiança tributado à au, toridade que encarnais.
A marca judiciarista do nosso regime
de valores, que êlc pregou, milhões de jovens das nações mais jrragmáticas, em defesa dela, oferecem o tributo extremo,
para convencer-nos de que é ainda pe la liberdade ffuí^ os homens morrem com maior galhardia, e os corações, que na, são mais valorosos e intrépidos do
e, com êle, a vossa responsabilidade, e a vossa influência sobre os nossos desti
que aqueles que a tirania resseca e o despotismo algema.
patrimônio cívico e moral, que Rui Bar
continua a pertencer a palavra derradei
bosa construiu com o seu saber, fecun
ra. Árbitros entre os poderes, sob a Constituição, continuais a ser os árbitros
dou com a melhor seiva do seu espíri
consciência, os advogados, que vos de vemos a colaboração da crítica leal, e a
opinião pública, que, nos regimes li vres, a todos vigia e a todos pede contas.
Sem a investidura de um mandato po pular direto, representais o órgão, por
para proteger os direitos da minoria,
não encontrou no seu verbo iluminado
as palavras que vos repetiu, com ênfase
ses que sofreu, vitoriosamente
apostolar;
mais
severo, incorruptível, guarda vigilante desta terra através do sono de todos, e
graves problemas da coletividade.
o anuncio aos cidadãos, para que assim
Cada vez que, seduzidos pelo realis
faltaram
nomes ilustres à
mar Baleeiro, escreveu.
Sentimo-nos
sileiro no A/»ni.ítério da Fazenda.
tranhos à competência específica do
inseparáveis de tôdas as revoluções.
nalista e orador, o intelectual das tran
qüilas meditações à margem dos fatos, transforma-se màgicamente no febril ho mem de ação, que não conhece inlermitcncias, nem vacilações, correndo de
encontro ao desafio dos convulsivos pro
''±
ativo e previdente, contra o caos e a
desordem, que a sua cultura histórica sabia serem as companheiras viciosas e
Percutido pelos acontecimentos, o jor
1
claridade solar do seu espírito velava,
ção por múltiplos setores públicos es
verno Provisório.
"Eu instituo êste tribunal venerando,
seja de hoje pelo futuro adiante".
da prodigiosa atuação do Grande Bra
não
des, convcrtendo-sc cm cabeça do Go
de buscar nos lances da tragédia grega
do que uma corte judiciária, um órgão do governo, para o qual refluem, sob forma de pleitos e controvérsias, os mais
cí)mo
cargo: — Ruy Barbosa, na alvorada da Repxiblíca, absorveu múltiplas ativida
expressões que a significassem, e houve
contra o arbítrio da maioria. Compon des como ainda hoje o vosso paradigma norte-americano — apesar das várias cri
batendo o "record" de duração, assim
honrados em <ífi?ii/gar, eni primeira mão, essa valiosa contribuição para a análise'
me.ses, durante os quais dividiu a aten
ao patrono intemerato e
jestade êle elevava a tal cxcelsitude que
exercesse o cargo durante onze anos,
tado que ali permaneceu, apenas, 14
Homenageando ao maior dos advoga dos brasileiros, respeitáveis senhores mi nistros, homenageaís, antes de tudo, ao advogado do Supremo Tribunal Fede ral, ao advogado da augusta instituição a que servis; ao reivíndicador da vossa intimorato da vossa judicatura, cuja ma
representante da Bahia, Deputado Alio
mais discutido dos Ministros da Fazen da foi e cxmlinua a ser o homem de Es
vida.
excelência, de defesa da democracia — sobranceiro às correntes e às facções ~
Ruy Barbosa, como financista, que o
laram muitas dezenas de titulares pelo Ministério da Fazenda. Houve quem
Mas — circunstancia paradoxal — o
to, e sustenta com o sôpro cálido de sua
supremacia;
tral ensaio sobre a ■individualidade de
dcsdo Martim Francisco até hoje, desfi
frente daquela pasta.
Usufruís em benefício da Nação, um
da Constituição". Acima de todos, a vós
O "Digesio Econômico" inicia, com o
presente ailigo, a publicação do magis Durante um século e um quarto,
de uma hora desvairada renega a tábua
Restaurou-se e ampliou-se o vosso poder
da vossa competência; os guardas que ninguém guarda, senão a vossa própria
I — Um ministro (íisctiliâo
nitente nos legou;, e quando a filosofia
ela aquece, o os braços, que impulsio
Aqui estamos, de novo, na "casa
Aliomar Bai^eiro
na com o cearão de suas prédicas. Vi vemos do capital que o romântico impe-
é, hoje, mais acentuada do que nunca.
nos.
As idéias financeiras de Ruy Barbosa
blemas da hora.
Vemo-lo a redigir do próprio punho os atos institucionais do regime, antes que voltasse ao solo a poeirada das marchas de 15 de novembro. Quase não há sohição de continuidade entre o
desabar da monarquia, arrastando con sigo a centralização, e o despontar da nova república federal. Dir-se-ia não ter havidr) noite política na sucessão dêsses dois dias extremos de completa in\'ersão jurídica das instituições, pois a
O espírito vigilante prevê e prove a üi"
do, aparando as asas à demagogia, que. em estado potencial e larvado, chocado
pelo próprio trono depois de 13 de maio, espreitava a oportunidade alvissa
reira. Em inaudita ubiqüidade, acom panha, tranqüiliza e anestesia a descon fiança internacional, alimentada pelos monarquistas na Europa, ao mesmo tem po em que separa, sem eslrépitos, antes
com aplausos do clero, a Igreja e o Es tado; freia os impulsivos repentes do velho Marechal; supervisiona os cole gas como um chefe de gabinete; aco lhe as reclamações da praça em pânico;
sustenta a cotação do câmbio em dclí-
quio; projeta a futura Constituição, de bate-se e a redige; luta contra as dissensões internas dos fundadores da Repú
blica; sonda e procura influir sobre a
opinião pública disputada pelos vencidos
da véspera e pelas facções que |ú se esboçam entre os vitoriosos.
Digksto Econômico
78
Nesse torvelinho cie águas revôltas,
que restituiam à tona os sedimenlo.s dos fundos submersos, comandou Ruy o País até restituir-lhe a ordem jurídica no texto da Constituição de 1891. E, c]uando se afasta do goNcrno, a estréia de
Deodoro empalidecc na conste'ação re publicana, levando-o, às apulpade'as, dc claudicação em claudieação, até a cpieda final em poucos meses.
Se a breve gestão de Ruy fôsse, real mente, o "carnaval financeiro" do con
ceito iníquo e mal documentado de J. P. Normano, conceito cpe nem ao menos
da estrutura económic.i pela abolição, não há condutor (jm- jiossa asscgvirar a
eficiência e passi\iflade das ahuancas sob seu comando.
Por outro lado, durar, dispor do tempo indispensável à lenta e tranqüila matu ração dos próprios atos, há cie ser sem pre outra condição essencial a quem se peça a'go de ittil, na gestão das finanças de sua pátria. Vejamos, entretanto, como o mai.s con trovertido do.s Ministros da Fazenda,
exatamente dos que menos demoraram no cargo e menos ])asc política estável,
se salva pela originalida de, pois confcssadamentc o tomou por empréstimo
dentro o fora do país. dispuseram, houve-se em meio
aos críticos da adminis-
'' tração de Souza Franco,
da
misse a ação do Ministro
próprio
clima
dentro do qua! se mo
dum povo em que o Es tado sempre descansou à sombra da Igreja, mentor
veu. Nem há mister de ínvocar-se o cliaxão his
tórico do estadista que
dum chefe ae govêmo e
ij pediu boa política para
' rajosa de Ruy na decantada frase das « primeiras páginas de seu Relatório: "Os
li governos revolucionários não são, não * podem ser governos econômicos." Decreta a própria falência o crítico da
ação governamental de um ministro das finanças se não distingue os tempos or dinários, sobre os trilhos firmes da es tabilidade do regime, - dos períodos-de
anormalidade, quando aos choques ine vitáveis da transição de instituições po
líticas, após a reforma brusca e radical
pública, leve
cal separação entre a Igreja e o Estudo, no seio
político
1 porque, ao tom irônico do Normano, é <{ preciso opor a franqueza honesta e co-
sida
ciador amistoso da radi
o
] que pudesse dar boas finanças. Eis
das
quiteto do regime, nego
Provisório, estaria a ab-
redimi-lo
dentro
de transmudar-se em ar
da Fazenda do Governo
e
circunstâncias
(piai.s. como novo Proteu
se essa caricatura expri
solvé-lo
às
adversas.
de c>olegas cie gabinete
quase cj^ue inteiramente destituídos de qualquer experiência no trato dos negó cios públicos e até do conhecimento teórico cios respectivo.s problemas, su pervisor da política interna e externa sob os impactos dos inimigos do regi me em reação ostensiva e encorajada pela sua própria repugnância em tran sigir com os atos de força, que se re
Dir.ESTo
11 —
Econômico
"■siihconsrufíUc financeiro"
Quando um homem público assume a pasta cia Fazenda Ira/, consigo, além de certas noções teóricas ou práticas, tam bém
um
"subconsciente
financeiro",
isto é. um acer\o dc preconceitos, resí duos clc idéias cstralifícadas ao longo de sua N-icla conforme a profissão, o meio social, as suas tendências políticas, os
sivQ e racional do ministro Ruy Barbosa
sem o cxttejo dc suas idéias econômicas e financeiras com os seus atos de go\ernante.
Até que ponto foi fiel a essas idéias c
(piando as renegou? E quando delas se afastou, nos fatos cotidianos, houve retificações do homem
que sempre proclamou com ufania o seu ciesembaraço em corrigir-se e mudar,
artigos e críticas cpie ao longo do tempo •
.sem mêdo à pecha de \'ersati!idade, tan
leu ou ouviu sòbrc os negócios daquela
tas vézes atirada às suas atitudes, ou
secretaria de Estado.
A gestão de lun ministro, sobretudo na sua primeira fase, assemclba-se a dura balallni cnlrc a provisão dc pre
juízos do titular e a resistência passiva dos subordinados, dos fatos ocorrcnlcs e clo.s interésses econômicos que experi mentam a ação do homem clc Estado.
transigência do político ante as circuns tâncias mais fortes do que o seu poder ou sua vontade?
Que as trnnsigências foram muitas, é èle próprio o primeiro a confessar no Relatório de 1891:
"O ânimo dos cidadãos, (os dirigentes
do Governo Pro\'isório) a quem os acon
da, esses interésses, representados por
tecimentos incumbirem a responsabilida de temerosa desse depósito, naturalmente
elementos poderosos, como os banco.s,
se inclina então ao sentimento da ne
Em se tratando do Ministério da Fazen
as a,ssociações tradicionais dos mais opu
cessidade dc alianças, criando-lhe pon
lentos ou prestigiados comerciantes e industriais, são mais organizados e ati\os, na reação tenaz c insidiosa contra o Ministro, do que era qualquer outro
tos de apoio contra tentativas cie regres
setor cia administração.
Não é fácil balaircear-se èssc ".sub
so ao regime repudiado, nessas influên cias múltiplas e podero.sas, de tôda a ordem mescla de elementos heterogê
neos, que a previsão política não pode absolutamente desprezar, em quadras
consciente financeiro" de ministros, que,
críticas, .sem travar com a realidade
pela palavra ou pela pena, não anteci param as suas convieçõe.s ou pendores. •Nesse ponto, Ruy Barbosa foi dos mai.s
a solicitação das conveniências locais, as
Nulneráveis titulares da pasta à indiscreção dos observadores, pois tendo es
crito, antes, páginas que orçam por de
luta insensata e desastrosa. .
". . . a pressão das correntes políticas,
cohgações dos interesses capazes de agi tar a sociedade assumem energia desco nhecida em tempos ordinários." (1).
zenas de volumes,, deixou, aqui e acolá,
Não tendo sido um especialista em
rastros dispersos de seu pensamento fi nanceiro 6 econômico, pelas quais pode
assuntos econômicos e financeiros, Ruy, se, por um lado, estava imune ao es
duziram ao mínimo incontrolável nas
mos reconstituir, até certo ponto, que
épocas de discricíonarismo implantado por quarteladas num continente asso lado pelos pronunciamentos militares e
tendências seduziam seu espírito quando aceitou o espinhoso posto a 15 de no-
pírito de rotina dos funcionários técni cos, ou ao espírito de classe dos ban
caudilbescos.
•vembro.
Nenhum juízo, pois, parece comprcen-
queiros improvisados em homens públi cos. por outro lado suportava a desvan tagem do não poder ropou.sar a sua ação
Digksto Econômico
78
Nesse torvelinho cie águas revôltas,
que restituiam à tona os sedimenlo.s dos fundos submersos, comandou Ruy o País até restituir-lhe a ordem jurídica no texto da Constituição de 1891. E, c]uando se afasta do goNcrno, a estréia de
Deodoro empalidecc na conste'ação re publicana, levando-o, às apulpade'as, dc claudicação em claudieação, até a cpieda final em poucos meses.
Se a breve gestão de Ruy fôsse, real mente, o "carnaval financeiro" do con
ceito iníquo e mal documentado de J. P. Normano, conceito cpe nem ao menos
da estrutura económic.i pela abolição, não há condutor (jm- jiossa asscgvirar a
eficiência e passi\iflade das ahuancas sob seu comando.
Por outro lado, durar, dispor do tempo indispensável à lenta e tranqüila matu ração dos próprios atos, há cie ser sem pre outra condição essencial a quem se peça a'go de ittil, na gestão das finanças de sua pátria. Vejamos, entretanto, como o mai.s con trovertido do.s Ministros da Fazenda,
exatamente dos que menos demoraram no cargo e menos ])asc política estável,
se salva pela originalida de, pois confcssadamentc o tomou por empréstimo
dentro o fora do país. dispuseram, houve-se em meio
aos críticos da adminis-
'' tração de Souza Franco,
da
misse a ação do Ministro
próprio
clima
dentro do qua! se mo
dum povo em que o Es tado sempre descansou à sombra da Igreja, mentor
veu. Nem há mister de ínvocar-se o cliaxão his
tórico do estadista que
dum chefe ae govêmo e
ij pediu boa política para
' rajosa de Ruy na decantada frase das « primeiras páginas de seu Relatório: "Os
li governos revolucionários não são, não * podem ser governos econômicos." Decreta a própria falência o crítico da
ação governamental de um ministro das finanças se não distingue os tempos or dinários, sobre os trilhos firmes da es tabilidade do regime, - dos períodos-de
anormalidade, quando aos choques ine vitáveis da transição de instituições po
líticas, após a reforma brusca e radical
pública, leve
cal separação entre a Igreja e o Estudo, no seio
político
1 porque, ao tom irônico do Normano, é <{ preciso opor a franqueza honesta e co-
sida
ciador amistoso da radi
o
] que pudesse dar boas finanças. Eis
das
quiteto do regime, nego
Provisório, estaria a ab-
redimi-lo
dentro
de transmudar-se em ar
da Fazenda do Governo
e
circunstâncias
(piai.s. como novo Proteu
se essa caricatura expri
solvé-lo
às
adversas.
de c>olegas cie gabinete
quase cj^ue inteiramente destituídos de qualquer experiência no trato dos negó cios públicos e até do conhecimento teórico cios respectivo.s problemas, su pervisor da política interna e externa sob os impactos dos inimigos do regi me em reação ostensiva e encorajada pela sua própria repugnância em tran sigir com os atos de força, que se re
Dir.ESTo
11 —
Econômico
"■siihconsrufíUc financeiro"
Quando um homem público assume a pasta cia Fazenda Ira/, consigo, além de certas noções teóricas ou práticas, tam bém
um
"subconsciente
financeiro",
isto é. um acer\o dc preconceitos, resí duos clc idéias cstralifícadas ao longo de sua N-icla conforme a profissão, o meio social, as suas tendências políticas, os
sivQ e racional do ministro Ruy Barbosa
sem o cxttejo dc suas idéias econômicas e financeiras com os seus atos de go\ernante.
Até que ponto foi fiel a essas idéias c
(piando as renegou? E quando delas se afastou, nos fatos cotidianos, houve retificações do homem
que sempre proclamou com ufania o seu ciesembaraço em corrigir-se e mudar,
artigos e críticas cpie ao longo do tempo •
.sem mêdo à pecha de \'ersati!idade, tan
leu ou ouviu sòbrc os negócios daquela
tas vézes atirada às suas atitudes, ou
secretaria de Estado.
A gestão de lun ministro, sobretudo na sua primeira fase, assemclba-se a dura balallni cnlrc a provisão dc pre
juízos do titular e a resistência passiva dos subordinados, dos fatos ocorrcnlcs e clo.s interésses econômicos que experi mentam a ação do homem clc Estado.
transigência do político ante as circuns tâncias mais fortes do que o seu poder ou sua vontade?
Que as trnnsigências foram muitas, é èle próprio o primeiro a confessar no Relatório de 1891:
"O ânimo dos cidadãos, (os dirigentes
do Governo Pro\'isório) a quem os acon
da, esses interésses, representados por
tecimentos incumbirem a responsabilida de temerosa desse depósito, naturalmente
elementos poderosos, como os banco.s,
se inclina então ao sentimento da ne
Em se tratando do Ministério da Fazen
as a,ssociações tradicionais dos mais opu
cessidade dc alianças, criando-lhe pon
lentos ou prestigiados comerciantes e industriais, são mais organizados e ati\os, na reação tenaz c insidiosa contra o Ministro, do que era qualquer outro
tos de apoio contra tentativas cie regres
setor cia administração.
Não é fácil balaircear-se èssc ".sub
so ao regime repudiado, nessas influên cias múltiplas e podero.sas, de tôda a ordem mescla de elementos heterogê
neos, que a previsão política não pode absolutamente desprezar, em quadras
consciente financeiro" de ministros, que,
críticas, .sem travar com a realidade
pela palavra ou pela pena, não anteci param as suas convieçõe.s ou pendores. •Nesse ponto, Ruy Barbosa foi dos mai.s
a solicitação das conveniências locais, as
Nulneráveis titulares da pasta à indiscreção dos observadores, pois tendo es
crito, antes, páginas que orçam por de
luta insensata e desastrosa. .
". . . a pressão das correntes políticas,
cohgações dos interesses capazes de agi tar a sociedade assumem energia desco nhecida em tempos ordinários." (1).
zenas de volumes,, deixou, aqui e acolá,
Não tendo sido um especialista em
rastros dispersos de seu pensamento fi nanceiro 6 econômico, pelas quais pode
assuntos econômicos e financeiros, Ruy, se, por um lado, estava imune ao es
duziram ao mínimo incontrolável nas
mos reconstituir, até certo ponto, que
épocas de discricíonarismo implantado por quarteladas num continente asso lado pelos pronunciamentos militares e
tendências seduziam seu espírito quando aceitou o espinhoso posto a 15 de no-
pírito de rotina dos funcionários técni cos, ou ao espírito de classe dos ban
caudilbescos.
•vembro.
Nenhum juízo, pois, parece comprcen-
queiros improvisados em homens públi cos. por outro lado suportava a desvan tagem do não poder ropou.sar a sua ação
Dicksio
80
Et:oNÓNnco
JDkikstcí
EccinOxíioo
Sl
sóbrc um programa ilf partido ou dc govêrno sazonado ao calor dos deba
fcgo e infortunado orador .-ií-rgipaim.
confirma igualmente no (pic sc relaciona
A .superfície glauca das aguas ê imensa,
com a .MUI faceta dc financista o mais
tes anteriores à ação.
a exigir bússolas o compassos que .sc não encontram, por enquanto, nos ensaios
rlocunientado do seu Icinpo ao exercer o Ministério tia Fazcmla com a prochi-
biográficos* c críticos a respeito dêsse político Ruy Barbo.sa, complicado do orador, lingüista, financista, jurista, di
mação da República.
plomata, estudioso da educação, boinein d'Eslado e, ao incsino tempo, o escri tor mais fecundo da língua portuguesa,
nanceiros e econômicos se registra no seu famoso parecer sóbrc o ensino su
por^le opulentada nos duzentos \'olunu'S
A sua inteligência privilegiada e a sua vocação política, entretanto, llie liaviam famibari/^ado com problemas fi nanceiros, dc modo que, movido pela atitude invariável de conhecer a expe
riência universal sôbrc cada assunto que lhe interessava, em poucos meses dc Mi nistério, era provavelmente o mais infor
Parece que o primeiro \estigio do inloròssc de Ruy pelos problemas fi perior. em 1882.
Nessa época, o ensino
mado brasileiro cm finanças públicas, utilizando-as como ferramenta da ação
em ([uc SC calculam as suas obras com
da Ciência das Finanças sc fazia em conjunto com a Econtunia Política e
pletas*, em curso dc primorosa piiblica-
escas.sí.ssínia ora a bibliografia nacional
do estadista.
ção, graças ao dcvotamcnlo c à compe
É a impressão que se colhe da pes quisa de suas idéias financeiras ou eco
tência dc Américo Jacobina Lacombe, oni tôrno da personalidade do cidadão
no Ministério da Fazenda.
e.vcel.so.
testamento político e financeiro contido no seu Relatório, voltará muitas %ézes a
debater as suas idéias e os seus atos de Ministro, pela necessidade de de fender-se contra a incompreensão, a le^■iandade ou a má fé dos detratores. Os seus discursos de 1891 a 1892, os arti gos da "A Imprensa" em 1900 e a conferência de Campina.s, dedicados a essa retificação, ante a reiteração dos mesmos libelos, formariam dois grossos volumes.
incnte se iniciaram com o.s "Princípios
lúcido e tenaz animador das pesquisas
nômicas antes e durante a ínvçstidura
E, quando abandona o cargo, além do
sóbrc ainba.s as disciplinas. Em maté ria financeira, os brasileiros províuel-
Ne.ssc oceano de idéias, onde fixar-se
o inomenlo a partir do qual, nu sua
ministro
Muito .se enganava, em sua irreverên
cia, Fausto Cardoso quando, numa "boutade" parlamentar, comparou Ruy Barbosa a um oceano, que ê!e poderia atravessar com agua pelas canelas. . .
Êsse oceano esconde profundidades e fossas onde se afogariam mergulhadores, como já têm perdido a rota navegantes mais audazes e vigorosos do que o Irc-
cessidade" c o desdobramento do ensino da Economia Política ein duas cadeira.s.
lima das quais reservada exclusi\'umente ao estudo do' crédito, moeda e ban cos. (2).
Ne.sse mesmo parecer, proclama a ur gência do Brasil enveredar por lurm política de industriali*zaçâo ali\ a de seus produtos agrícolas ou naturais. Concita o País a um grande esfôri.-o financeiro
cm prol do seu plano de educação in
tensiva, como o caminho mais seguro . para fortalecer-se como potência econô mica c militar.
Em setembro do 1880, emendara o
dc Sintctologia", de Ferreira Borges, e habituaram-.se atis li\*vos* que mais so fi.vavam na legislação positiva sôbre a
clc um subsídio especial, e.xclusivamente
administração financeira, como as obras
para a reorganização da instrução públi
orçamento, para conduzir o govêrno à criaçao de quatro loterias, como fonte
ânsia dc unhcrsalidade, Ruy começa a
* dc Cândido Oliveira, Silva Maia e J. M.
ínteressar-.s*e pela economia política c pelas* finanças pública.s? Êle próprio confe.ssa que mmca fez ciência pelo culto desinteressado da
massudo.s dc Paul Lcroy Beaulieu sôbrc
serviços do Estado, a tributária do fisco".
Economia e sobre Finanças eram a bí
Em 1879, n<ão ,se preocupava ain da com assuntos econômicos, pois acü,s-
Pereira I-^ernandes Barros.
ciência, como acredita ter sido a sua vocação e o seu anelo. A cultura cien tífica, literária e artística, enu Ruy,
livro do Dl*. Príce e o.s problema.s de
moeda e bancos monopolizavam a aten ção dos poucos cstudio.sos. Sc alguém perpassar a \'i.sta sôbre al guma Brasiliana reputada, como, por
embora atingisse a píncaros inexccdidos cm nosso País, .serviu sempre do mera
uten.silhagem do político, talvez o mais
exemplo,
a Coleção
Benedito Otloni,
formada por José Carlos Rodrigues c
mos noticia na história dos homens pú-
olícos de todos os países.
Os tratados
blia dos homens públicos no Brasil. Traduzia-sc, sóbrc o crédito público, o
formidàvelmentc dotado de quanto.s te
III — Os antecedentes teóricos do
ç«is Publicas, por "incontrovertível ne
hoje pretencentc à Biblioteca Nacional, observará que as publicações econômicas e financeiras, na sua quase totalidade, .são restritas aos problemas monetários c bancários da época.
Como cada
um de nós é o menos conhecedor dc si
próprio, Nabuco e Ruy. não se resigna
vam a reconhecer que a política era a própria medula do pensamento c da
Ruy Barbosa, no relatório da educa
obra que realizaram. Diversamente frus trados na carreira política, porque ti
ção, em 1882, traçando arrojado plano para a educação deixa transparecer, des
veram a suprema e gloriosa desdita de
de então, o apreço que lhe merecem os
nascer um século antes do tempo justo,
estudos econômicos e financeiros.
repelem o primado da política em todas
Pro
põe, a separação duns r doutros, com a eriação da caledra aulonoma de Finan-
as suas variadas* atividades intelectuais.
De referência a Ruy, essa verdade so ■
.jj,,
ca.-que proclama "o primeiro, o mais pratico e o mais produtivo de todos os
tumado a comprar sempre livros sobre o que lhe caía no raio da curiosi
dade, conhecemos bilhete em que Ro dolfo Dantas Ute empresta o Macleod e
desculpa-se por não cnNÍar o LeroyBeaulieu, que se achava confiado a Joa
quim Nabuco. (3) Desejava esses livros para o discurso que prõfêfiu contra Silveira Martins, ex-Ministro da Fazenda no gabinete.
A idéia fixa da educação ainda o le-
\ará depois do 13 de maio a propor
que o impôsto destinado legalmente à emancipação gradual seja aplicado na instrução elementar dos ex-escravos. (4). Ainda o ano de 1882 serve de ponto de referência acêrca de "outra posição doutrinária de Ruy no campo econômi co- financeiro, pois em clua.s oportunida des diversas faz a sua profissão dc fc na
Dicksio
80
Et:oNÓNnco
JDkikstcí
EccinOxíioo
Sl
sóbrc um programa ilf partido ou dc govêrno sazonado ao calor dos deba
fcgo e infortunado orador .-ií-rgipaim.
confirma igualmente no (pic sc relaciona
A .superfície glauca das aguas ê imensa,
com a .MUI faceta dc financista o mais
tes anteriores à ação.
a exigir bússolas o compassos que .sc não encontram, por enquanto, nos ensaios
rlocunientado do seu Icinpo ao exercer o Ministério tia Fazcmla com a prochi-
biográficos* c críticos a respeito dêsse político Ruy Barbo.sa, complicado do orador, lingüista, financista, jurista, di
mação da República.
plomata, estudioso da educação, boinein d'Eslado e, ao incsino tempo, o escri tor mais fecundo da língua portuguesa,
nanceiros e econômicos se registra no seu famoso parecer sóbrc o ensino su
por^le opulentada nos duzentos \'olunu'S
A sua inteligência privilegiada e a sua vocação política, entretanto, llie liaviam famibari/^ado com problemas fi nanceiros, dc modo que, movido pela atitude invariável de conhecer a expe
riência universal sôbrc cada assunto que lhe interessava, em poucos meses dc Mi nistério, era provavelmente o mais infor
Parece que o primeiro \estigio do inloròssc de Ruy pelos problemas fi perior. em 1882.
Nessa época, o ensino
mado brasileiro cm finanças públicas, utilizando-as como ferramenta da ação
em ([uc SC calculam as suas obras com
da Ciência das Finanças sc fazia em conjunto com a Econtunia Política e
pletas*, em curso dc primorosa piiblica-
escas.sí.ssínia ora a bibliografia nacional
do estadista.
ção, graças ao dcvotamcnlo c à compe
É a impressão que se colhe da pes quisa de suas idéias financeiras ou eco
tência dc Américo Jacobina Lacombe, oni tôrno da personalidade do cidadão
no Ministério da Fazenda.
e.vcel.so.
testamento político e financeiro contido no seu Relatório, voltará muitas %ézes a
debater as suas idéias e os seus atos de Ministro, pela necessidade de de fender-se contra a incompreensão, a le^■iandade ou a má fé dos detratores. Os seus discursos de 1891 a 1892, os arti gos da "A Imprensa" em 1900 e a conferência de Campina.s, dedicados a essa retificação, ante a reiteração dos mesmos libelos, formariam dois grossos volumes.
incnte se iniciaram com o.s "Princípios
lúcido e tenaz animador das pesquisas
nômicas antes e durante a ínvçstidura
E, quando abandona o cargo, além do
sóbrc ainba.s as disciplinas. Em maté ria financeira, os brasileiros províuel-
Ne.ssc oceano de idéias, onde fixar-se
o inomenlo a partir do qual, nu sua
ministro
Muito .se enganava, em sua irreverên
cia, Fausto Cardoso quando, numa "boutade" parlamentar, comparou Ruy Barbosa a um oceano, que ê!e poderia atravessar com agua pelas canelas. . .
Êsse oceano esconde profundidades e fossas onde se afogariam mergulhadores, como já têm perdido a rota navegantes mais audazes e vigorosos do que o Irc-
cessidade" c o desdobramento do ensino da Economia Política ein duas cadeira.s.
lima das quais reservada exclusi\'umente ao estudo do' crédito, moeda e ban cos. (2).
Ne.sse mesmo parecer, proclama a ur gência do Brasil enveredar por lurm política de industriali*zaçâo ali\ a de seus produtos agrícolas ou naturais. Concita o País a um grande esfôri.-o financeiro
cm prol do seu plano de educação in
tensiva, como o caminho mais seguro . para fortalecer-se como potência econô mica c militar.
Em setembro do 1880, emendara o
dc Sintctologia", de Ferreira Borges, e habituaram-.se atis li\*vos* que mais so fi.vavam na legislação positiva sôbre a
clc um subsídio especial, e.xclusivamente
administração financeira, como as obras
para a reorganização da instrução públi
orçamento, para conduzir o govêrno à criaçao de quatro loterias, como fonte
ânsia dc unhcrsalidade, Ruy começa a
* dc Cândido Oliveira, Silva Maia e J. M.
ínteressar-.s*e pela economia política c pelas* finanças pública.s? Êle próprio confe.ssa que mmca fez ciência pelo culto desinteressado da
massudo.s dc Paul Lcroy Beaulieu sôbrc
serviços do Estado, a tributária do fisco".
Economia e sobre Finanças eram a bí
Em 1879, n<ão ,se preocupava ain da com assuntos econômicos, pois acü,s-
Pereira I-^ernandes Barros.
ciência, como acredita ter sido a sua vocação e o seu anelo. A cultura cien tífica, literária e artística, enu Ruy,
livro do Dl*. Príce e o.s problema.s de
moeda e bancos monopolizavam a aten ção dos poucos cstudio.sos. Sc alguém perpassar a \'i.sta sôbre al guma Brasiliana reputada, como, por
embora atingisse a píncaros inexccdidos cm nosso País, .serviu sempre do mera
uten.silhagem do político, talvez o mais
exemplo,
a Coleção
Benedito Otloni,
formada por José Carlos Rodrigues c
mos noticia na história dos homens pú-
olícos de todos os países.
Os tratados
blia dos homens públicos no Brasil. Traduzia-sc, sóbrc o crédito público, o
formidàvelmentc dotado de quanto.s te
III — Os antecedentes teóricos do
ç«is Publicas, por "incontrovertível ne
hoje pretencentc à Biblioteca Nacional, observará que as publicações econômicas e financeiras, na sua quase totalidade, .são restritas aos problemas monetários c bancários da época.
Como cada
um de nós é o menos conhecedor dc si
próprio, Nabuco e Ruy. não se resigna
vam a reconhecer que a política era a própria medula do pensamento c da
Ruy Barbosa, no relatório da educa
obra que realizaram. Diversamente frus trados na carreira política, porque ti
ção, em 1882, traçando arrojado plano para a educação deixa transparecer, des
veram a suprema e gloriosa desdita de
de então, o apreço que lhe merecem os
nascer um século antes do tempo justo,
estudos econômicos e financeiros.
repelem o primado da política em todas
Pro
põe, a separação duns r doutros, com a eriação da caledra aulonoma de Finan-
as suas variadas* atividades intelectuais.
De referência a Ruy, essa verdade so ■
.jj,,
ca.-que proclama "o primeiro, o mais pratico e o mais produtivo de todos os
tumado a comprar sempre livros sobre o que lhe caía no raio da curiosi
dade, conhecemos bilhete em que Ro dolfo Dantas Ute empresta o Macleod e
desculpa-se por não cnNÍar o LeroyBeaulieu, que se achava confiado a Joa
quim Nabuco. (3) Desejava esses livros para o discurso que prõfêfiu contra Silveira Martins, ex-Ministro da Fazenda no gabinete.
A idéia fixa da educação ainda o le-
\ará depois do 13 de maio a propor
que o impôsto destinado legalmente à emancipação gradual seja aplicado na instrução elementar dos ex-escravos. (4). Ainda o ano de 1882 serve de ponto de referência acêrca de "outra posição doutrinária de Ruy no campo econômi co- financeiro, pois em clua.s oportunida des diversas faz a sua profissão dc fc na
WSP
mm
Dccestíí
DíCEsro EcoN<í)^nCõ
Ec:onómico 83
82
industrialização do Brasil, sem prejuízo, antes com base na agricultura, com a mais formal e desenganacla condenação
do protecionismo, cpie sc esboçara em 1844 com a tarifa Al\cs Branco. Conio inúmeras vezes ocorre em seus
Não deixa dc aludir aos processos
mento material e moral do País.
Até
nisso, era fundamentalmente poHlico.
setenta anos pas.sados, cuja atualidade palpitante, ainda agora, em toda a sua
vios contra a.s leis naturais sfu) ema nações. mais distanciadas, mas nao me
sobre o Liceu de Artes e Ofícios, o ora dor inimitável se utilizava da tribuna
Ê recordar as
frases candentes dessa oração de quase
iávcl? Mas, senhores, todos éssc.s des nos genuínas, da crronia ([uc inspirou ao grande chanceler de Dessas
para exposição e debate das idéias, que acreditava essenciais ao aperfeiçoa
ma ou fatórcs outros.
um expediente temporàriamcnte justífi-
lando sobre o Marques de Pombal e
discursos nas mais diversas ocasiões, fa
riqueza de qualquer pai.x, sem <iuuisqufr antccedências ao solo, fauna, flora, cli
tetore.';, como instrumento auxiliar a nova.s indústrias num-país novo, constitui
frescura c vigor de xerdadc. dcseiilpu a longa transcrição:
"O Estado ainda não aprendeu outro
providências cocrciti\'as' .
meio de acndir às cri.ses,
icmo\er os
deficits, senão endividar-se. e tributar.
de economia na arrecadação fiscal .do
Solicitai dinheiro para o ensino, e \vrei.s apurarem-vos migalhas. Em pala vras, todas as homcnagtMis à iu.stnição popular; nos fatos, uma a\'areza crimi
celebre Marípiès. nem aos seus esferas em prol da regularização da contabili dade pública lusitana.
combinação de impostos; porque, se nhores, sem querer discuti-lo aqui, o caráter predominante da teoria protecio nista é, e há-de ser sempre, aquele com que o senso comum e a evidencia o de
finem; o protecionismo não passa de uma finta imposta ao consumidor em
benefício de uma classe de produtores indígenas. Mas, como quer que seja, nem o protecionismo nem a permutação
li\re são capazes de criar valores, de melhorar a qualidade dos produtos. Um e outro nao são mais que agentes de
distribuição, para proporcionar aos va lores existentes condições de mercado
Em maio de 82, exalta Pombal, mas
Sei.s meses depois, no Liceu, Rny volta
reprova-lhe "a confiança no protecionis mo", que qualifica de "preconceito" do
a Níbrar a mesma tecla de sua repulsa às tarifas aduaneiras como .supersticioso
ü <|ue constitui u ricpieza das nações,
a incógnita desta dificuldade?"
mas a inteligência do hoinein; eis a lei
rec. XVIII a estender-se pelo sec. XIX. Confronta as datas das principais obras
processo de industrializar, objetivo que,
fundamental da \'crdadcira ciência das
entretanto, propaga calorosamente pe
dos fisiocratas e dos liberais ingleses,
los meios racionais.
para buscar atenuantes ao poderoso Mi nistro, que considera contagiado dos efeitos retardados do mercantilismo pro tecionista do século anterior àquele em que vivera. "Os monopólios e as proi bições de Pombal, pois, longe de se filia
finanças. Aqui, porém, se a teoria a admite, a prática a rejeita. O orçamento do ensino cresce gota a gota: tom direito
"Ora, como nós não produ zimos senão matéria bruta, o prêço da
industria! para o nosso País, criando as sim opulenta riqueza tributável c erigindo-o em potência militar, liga-se iimbi-
centenas de mil réis. Para tudo se con
licalmentc. no seu espírito, à de um im-
de crédito; para a educação do povo,
pul.so enérgico, intensivo e excepcional pe'a difusão do ensino, como eficiente meio para atingir-se aquêle fini- rara
nunca! Não se con\encem de que a instrução não tem prêço. Os proces.sü.s
rem a ilusões já anacrônicas nessa qua dra, eram apenas a germinação natural
das sementes que a política européia esparzia quase por toda a parte". A sua condenação se estende à polí
A idéia fixa de acelerar uma idade
despesa pública como não a medina o País se empenhasse a -sua independên
cionismo:
cia e a sua honra numa guerra, lodo
"Pois não estamos presenciando o es
petáculo do protecionismo enlronizado nos Estados Unidos, a despeito da sua
ação retardatária no progresso econômi co do País, exemplificada ali melhor do
que em parte nenhuma? Pois não será fato corrente em nossos próprios dias a
o dinheiro, por maior que fosse, aplicado pelo Tesouro ao ensino, seria o que liojo cliamaríamos de investimento, - c éle
considerava o mais rendoso dos investi mentos.
Essa é a base do pensamento ecti-
Não é a terra, nem o numerário
a mi hares du contos, e recusam-llie
traem empréstimos, se abrem operações
científicos de Pasteur descobrem a ori
industrialização, rlqucz.a e poderio in ternacional, educar o povo, ^como pri meira etapa. Para educar, nao nicdir a
das conces.sõcs de Stuarl" Mill ao prote
tica americana e não poupa as limita
nosa.
gem da enfermidade que arruinava a ■serículturu, instituem os meios de preve ni-la; e essa conquista imaterial sobre a ignorância é apontada por lluxley como um dos recursos mais consideráveis de
reparação para as bveclias financeiras
1
abertas à França pela guerra de 1870. Nem vai nisso hípérbole; porque a mo léstia do bicho de sôda, em dezessete
unos, infligiu ao País uma perda dc qui nhentos mil contos.
Quanto valerá uma semente capaz
nómico e político de Buy,
de tais frutos?
Fiancesco Nitti e tantos economistas que
Jjmédio lhe aconselham? A instmção?
contradição com que tem cooperado
coincidiriam depois AM-red MarshaU.
para o protecionismo, nas colônias ing'êsas, o juízo, emitido por homens de Mill, de que a imposição de direitos pro-
assentam no homem física, moral e mtelectiialinente capaz, a plataforma cia
A indústria queixa-se, e definlia. Que
Não!
O regime protetor, isto é, uma
muí.s ou menos vantajosas. Qual é, pois,
nossa e.xportaçao ficará sempre imensa mente aquém da importação de arte, a que nos obrigam as necessidades da vida
civilizada.
Nenhum país, a meu ver,
reúne em si qualidades tão decisivas pa ra ser fecundumente industrial, quan
to aqueles, cx)mo o nosso, onde uma na tureza as.sombrosa prodigalizii às obras do trabalho mecânico e do trabalho ar
tístico um material superior, -na abun dância e na qualidade. Na adiantada ci\ iliz;ição dos nossos tempos, a indús tria é inseparável da agricultura. Tão íntima é a sua afinidade, tão indissolúxel o seu cxDnsórcio. que escolas indus
triais liá (na Baviera, por exemplo)
onde o ensino agrícola, com o cunho
peculiar de arte que llie cabe, forma uma secçãü de estudos, entre os cursos professados no estabelecimento."
"Enunciado assim, o problema não tem solução possível, a não ser a que lhe dá o Liceu de Artes e Ofícios. Criar
a indústria é organizar a sua educação. Favorecer a indústria é preparar a infe-
WSP
mm
Dccestíí
DíCEsro EcoN<í)^nCõ
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industrialização do Brasil, sem prejuízo, antes com base na agricultura, com a mais formal e desenganacla condenação
do protecionismo, cpie sc esboçara em 1844 com a tarifa Al\cs Branco. Conio inúmeras vezes ocorre em seus
Não deixa dc aludir aos processos
mento material e moral do País.
Até
nisso, era fundamentalmente poHlico.
setenta anos pas.sados, cuja atualidade palpitante, ainda agora, em toda a sua
vios contra a.s leis naturais sfu) ema nações. mais distanciadas, mas nao me
sobre o Liceu de Artes e Ofícios, o ora dor inimitável se utilizava da tribuna
Ê recordar as
frases candentes dessa oração de quase
iávcl? Mas, senhores, todos éssc.s des nos genuínas, da crronia ([uc inspirou ao grande chanceler de Dessas
para exposição e debate das idéias, que acreditava essenciais ao aperfeiçoa
ma ou fatórcs outros.
um expediente temporàriamcnte justífi-
lando sobre o Marques de Pombal e
discursos nas mais diversas ocasiões, fa
riqueza de qualquer pai.x, sem <iuuisqufr antccedências ao solo, fauna, flora, cli
tetore.';, como instrumento auxiliar a nova.s indústrias num-país novo, constitui
frescura c vigor de xerdadc. dcseiilpu a longa transcrição:
"O Estado ainda não aprendeu outro
providências cocrciti\'as' .
meio de acndir às cri.ses,
icmo\er os
deficits, senão endividar-se. e tributar.
de economia na arrecadação fiscal .do
Solicitai dinheiro para o ensino, e \vrei.s apurarem-vos migalhas. Em pala vras, todas as homcnagtMis à iu.stnição popular; nos fatos, uma a\'areza crimi
celebre Marípiès. nem aos seus esferas em prol da regularização da contabili dade pública lusitana.
combinação de impostos; porque, se nhores, sem querer discuti-lo aqui, o caráter predominante da teoria protecio nista é, e há-de ser sempre, aquele com que o senso comum e a evidencia o de
finem; o protecionismo não passa de uma finta imposta ao consumidor em
benefício de uma classe de produtores indígenas. Mas, como quer que seja, nem o protecionismo nem a permutação
li\re são capazes de criar valores, de melhorar a qualidade dos produtos. Um e outro nao são mais que agentes de
distribuição, para proporcionar aos va lores existentes condições de mercado
Em maio de 82, exalta Pombal, mas
Sei.s meses depois, no Liceu, Rny volta
reprova-lhe "a confiança no protecionis mo", que qualifica de "preconceito" do
a Níbrar a mesma tecla de sua repulsa às tarifas aduaneiras como .supersticioso
ü <|ue constitui u ricpieza das nações,
a incógnita desta dificuldade?"
mas a inteligência do hoinein; eis a lei
rec. XVIII a estender-se pelo sec. XIX. Confronta as datas das principais obras
processo de industrializar, objetivo que,
fundamental da \'crdadcira ciência das
entretanto, propaga calorosamente pe
dos fisiocratas e dos liberais ingleses,
los meios racionais.
para buscar atenuantes ao poderoso Mi nistro, que considera contagiado dos efeitos retardados do mercantilismo pro tecionista do século anterior àquele em que vivera. "Os monopólios e as proi bições de Pombal, pois, longe de se filia
finanças. Aqui, porém, se a teoria a admite, a prática a rejeita. O orçamento do ensino cresce gota a gota: tom direito
"Ora, como nós não produ zimos senão matéria bruta, o prêço da
industria! para o nosso País, criando as sim opulenta riqueza tributável c erigindo-o em potência militar, liga-se iimbi-
centenas de mil réis. Para tudo se con
licalmentc. no seu espírito, à de um im-
de crédito; para a educação do povo,
pul.so enérgico, intensivo e excepcional pe'a difusão do ensino, como eficiente meio para atingir-se aquêle fini- rara
nunca! Não se con\encem de que a instrução não tem prêço. Os proces.sü.s
rem a ilusões já anacrônicas nessa qua dra, eram apenas a germinação natural
das sementes que a política européia esparzia quase por toda a parte". A sua condenação se estende à polí
A idéia fixa de acelerar uma idade
despesa pública como não a medina o País se empenhasse a -sua independên
cionismo:
cia e a sua honra numa guerra, lodo
"Pois não estamos presenciando o es
petáculo do protecionismo enlronizado nos Estados Unidos, a despeito da sua
ação retardatária no progresso econômi co do País, exemplificada ali melhor do
que em parte nenhuma? Pois não será fato corrente em nossos próprios dias a
o dinheiro, por maior que fosse, aplicado pelo Tesouro ao ensino, seria o que liojo cliamaríamos de investimento, - c éle
considerava o mais rendoso dos investi mentos.
Essa é a base do pensamento ecti-
Não é a terra, nem o numerário
a mi hares du contos, e recusam-llie
traem empréstimos, se abrem operações
científicos de Pasteur descobrem a ori
industrialização, rlqucz.a e poderio in ternacional, educar o povo, ^como pri meira etapa. Para educar, nao nicdir a
das conces.sõcs de Stuarl" Mill ao prote
tica americana e não poupa as limita
nosa.
gem da enfermidade que arruinava a ■serículturu, instituem os meios de preve ni-la; e essa conquista imaterial sobre a ignorância é apontada por lluxley como um dos recursos mais consideráveis de
reparação para as bveclias financeiras
1
abertas à França pela guerra de 1870. Nem vai nisso hípérbole; porque a mo léstia do bicho de sôda, em dezessete
unos, infligiu ao País uma perda dc qui nhentos mil contos.
Quanto valerá uma semente capaz
nómico e político de Buy,
de tais frutos?
Fiancesco Nitti e tantos economistas que
Jjmédio lhe aconselham? A instmção?
contradição com que tem cooperado
coincidiriam depois AM-red MarshaU.
para o protecionismo, nas colônias ing'êsas, o juízo, emitido por homens de Mill, de que a imposição de direitos pro-
assentam no homem física, moral e mtelectiialinente capaz, a plataforma cia
A indústria queixa-se, e definlia. Que
Não!
O regime protetor, isto é, uma
muí.s ou menos vantajosas. Qual é, pois,
nossa e.xportaçao ficará sempre imensa mente aquém da importação de arte, a que nos obrigam as necessidades da vida
civilizada.
Nenhum país, a meu ver,
reúne em si qualidades tão decisivas pa ra ser fecundumente industrial, quan
to aqueles, cx)mo o nosso, onde uma na tureza as.sombrosa prodigalizii às obras do trabalho mecânico e do trabalho ar
tístico um material superior, -na abun dância e na qualidade. Na adiantada ci\ iliz;ição dos nossos tempos, a indús tria é inseparável da agricultura. Tão íntima é a sua afinidade, tão indissolúxel o seu cxDnsórcio. que escolas indus
triais liá (na Baviera, por exemplo)
onde o ensino agrícola, com o cunho
peculiar de arte que llie cabe, forma uma secçãü de estudos, entre os cursos professados no estabelecimento."
"Enunciado assim, o problema não tem solução possível, a não ser a que lhe dá o Liceu de Artes e Ofícios. Criar
a indústria é organizar a sua educação. Favorecer a indústria é preparar a infe-
- • --T* *
Dioerto F.roNÓMii
ligêncía, o sentimento e a mão do in dustrial para emular, na superioridade do trabalho, com a produção similar dos outros Estados.
Cultivada assim, ela
encontra em si própria o segredo do vender; dispensa os obséquios do siste ma protetor; descultivada como se acha. os privilégios dêsse regime, impondo ao consumo nacional uma indústria sem
arte, requintam o odioso da tirania fis cal com a influência desastrosa dos hábi
tos suspeitados cU; exclusão do c-omércio europeu (7). E o .sentido profético de sua lucidez pode ser aíeritlo das seguin tes palavra.s, cuja segurança a nossa geração hoje observa: "Evidentíssiino é que as relações di retas entre as duas Américas tendem a se estreitar; o que poderá .ser nocivo à
tos de grosseria que inoculam no es
Europa. Dia virá. pro% àvclmcnte den
pírito popular." (5). Vinte c cinco anos depois, na Plata
tro cm dez anos, ou, quando muito, em
forma da campanha cívilista, o pensa
tarão, em qiiantidades notáveis, artigos fabris, capitais, talvez mesmo homens, engenheiros, comerciantes etc. Bem
mento de Ruy, inteiramente infenso às t!'
ríalísta e prolecioni.sta norte-americano do Blaine que con\()c:irii o Congresso das Naç-ões do continente com propósi
vinte cm que os Estados Unidos expor
tarifas protetoras, não mudaria de tom, nem, às vésperas do pleito renhido, faria
avisada será a descuidosa Europa, nao se
concessões aos interesses dos industriais
deixando embalar unicamente em riso-
que o Marechal Hermes pro curava cortejar. (8).
De referência aos pendo res do grande' abolicionista em matéria tributária, ha traços significativos no cha
mado
"projeto
Dantas"
(1884), que redigiu de seu punho, para emancipação dos sexagenários e foi o es
topim da queda do gabinete em 1885. Para acelerar a emancipação gradual, através de um fundo, além de adicionais
sobre todos os tributos do Estado, Ruy preferiu agravar drasticamente a esca la progressiva do imposto de herança
que incidisse na transmissão de escravos e submeter a 20% os juros das apólices
em que fossem convertidos os bens das ordens religiosas, evitando os gravames indiretos, repugnância que se observa rá mais tarde, quando já ministro da Fazenda.
No aceso da campanha jornalística en
dereçada a Ouro Preto, Ruy não perde cie vista, entretanto, o mo\imento impe-
nhos
e
brilhantes espetá
culos, como o da nossa e.xpo-
sição, nem absorver pelos armamentos,
ou
devorar
pelo desenvolvimento das dívidas públicas e dos im postos, se não quiser ver, talvez no começo do século vindouro, mudar-se o ei.\o da civilização material".(8). As idéias clc Ruy .sôbre assuntos eco nômicos e financeiros provàvelmente se
cristalizaram com as leituras no dewrrer do ano de 1889, quando, entrinchei rado no "Diário de Noticias", nao per dia de vista os movimentos de João Al fredo e Afonso Celso e os alvejava na
política do Ministério da Fazenda, diri gido pessoalmente pelos próprios cliete.s
do Gabinete.
Dioesto EcoNÓMiro
tra o que chania de superstição do pro tecionismo, "regime de crescimento ju venil entre os povos, como o americano que precisam de criar uma indústria
forte, ante.s de abrir o acesso dos seus
mercados à concorrência ad\ersa". A Mia tese é dcmonstrad:i com diversas pu blicações oficiais do império colonial britamco, notadamcnte no que se refere a Austrália. (9) Sustenta, nessa ocaMao, a possibilidade jurídica da circula-
çao da moeda metálica estrangeira, com fórça hberatóiia no país. (10) A imigravr,„ na Argentina o leva, dias no
Por essa mesma ocasião, tombou na.
leno'ávaneV"'" leno Ovallc Corrêa, que se acabara de
meiro pensador brasileiro a focalizar o
grande problema político que a Cons tituição de 1946 buscou resolver ou
minorar,, naquilo que o prof. Orlando Carvalho chamou de "revolução munici-
palista", correspondendo a uma convic ção forUilecida nos últimos 15 anos: — o da desproporção entre as receitas re servadas aos municípios em confronto com as arrecadações dos cofres públicos
nacionais e provinciais. Referindo-se à ocorrência do mesmo desequilíbrio no
Chile, onde as municipalidades, então,
percebiam apenas 8% do total das recei tas pública.s, comenta que "esta solução é indubitàvelmente insustentável" e es-
posa, tnmscreve.ido-as, palavras de
publicar cm Paris. Era um exame das "Os mimicípios chilenos são desditofmança,s públicas do Chile em cornar" sos párias, condenados a rilhar os ossos VUO com vários outros países c n oulista fôgo,,„ do "Diário de' Notidí" do pingue orçamento naciona ; e, se al o der.orou com tanta atenção, Z c gum deles, descartando-se de recejos, Ovalle Corrêa:
ousa gritar, estimulado pela necessida re.summ em cmco longos artigo^ nos de, .ítírain-llie miserável subvenção, tluars, atravás do orçamento, dos iinpos-
para lhe aplacar a fome, sem dar-lhe .
^ma'o rt"
quanto baste, para ll.e fortificar ij •'"'^Sneja o par,- jamais OS pulmões." t
ZZ Justificando Resume, pacientemente, os dados commcça pelas suas finanças e anteeipando- paraHvos dos impostos e das receitas i iLe P" Gaston Jèze, r do rr referência ao Orçamento, es- industriais do Chile, não se «q^ecendo ( ■ de referir a cifra percentual do custo ] 'l""- """" ussencial- de operação das estradas_ de feiro ou ZZ há curiosos rota maiso apropnad^a para mostrar nos nua- das de.spesas de arrecadaçao fiscal, nem
tZÍZTlfr Observa que, à luz do crescimento das leceitas pub ícas, em menos de 90 anos
De abril a novembro de 1889, suce
a partir de 1810, o Chile, guardadas as
dem-se os artigos sobre bancos, emissões, empréstimos públicos, impostos alíandegários e outras matérias correlaciona
proporçoes, superava de seis vezes a im-
das. Nessa fase, observa-se mais uma vez a sua tendência livxe-cambi.sta con-
lia e outros Estados e talvez fosse o pri
poitancia do Brasil em algarismos "per capita
Detém-se na comparação da
parte da renda nacional reservada à des
pesa ptiblica na Inglaterra, França, Itá
de caustícar a preponderância dos tri butos indiretos sôbre os diretos, não
sem de passagem recordar que a alcavala — algo semelhante ao nosso imposto de vendas e consignações — foi responsãbilizadíi com "a origem principal da
mina da Espanha ao conservá-la depois da dominação mourisca". (12).
Contrastando n dívida pública do Chile com a de 40 outros países, con corda em que suportaria um acrescen-
- • --T* *
Dioerto F.roNÓMii
ligêncía, o sentimento e a mão do in dustrial para emular, na superioridade do trabalho, com a produção similar dos outros Estados.
Cultivada assim, ela
encontra em si própria o segredo do vender; dispensa os obséquios do siste ma protetor; descultivada como se acha. os privilégios dêsse regime, impondo ao consumo nacional uma indústria sem
arte, requintam o odioso da tirania fis cal com a influência desastrosa dos hábi
tos suspeitados cU; exclusão do c-omércio europeu (7). E o .sentido profético de sua lucidez pode ser aíeritlo das seguin tes palavra.s, cuja segurança a nossa geração hoje observa: "Evidentíssiino é que as relações di retas entre as duas Américas tendem a se estreitar; o que poderá .ser nocivo à
tos de grosseria que inoculam no es
Europa. Dia virá. pro% àvclmcnte den
pírito popular." (5). Vinte c cinco anos depois, na Plata
tro cm dez anos, ou, quando muito, em
forma da campanha cívilista, o pensa
tarão, em qiiantidades notáveis, artigos fabris, capitais, talvez mesmo homens, engenheiros, comerciantes etc. Bem
mento de Ruy, inteiramente infenso às t!'
ríalísta e prolecioni.sta norte-americano do Blaine que con\()c:irii o Congresso das Naç-ões do continente com propósi
vinte cm que os Estados Unidos expor
tarifas protetoras, não mudaria de tom, nem, às vésperas do pleito renhido, faria
avisada será a descuidosa Europa, nao se
concessões aos interesses dos industriais
deixando embalar unicamente em riso-
que o Marechal Hermes pro curava cortejar. (8).
De referência aos pendo res do grande' abolicionista em matéria tributária, ha traços significativos no cha
mado
"projeto
Dantas"
(1884), que redigiu de seu punho, para emancipação dos sexagenários e foi o es
topim da queda do gabinete em 1885. Para acelerar a emancipação gradual, através de um fundo, além de adicionais
sobre todos os tributos do Estado, Ruy preferiu agravar drasticamente a esca la progressiva do imposto de herança
que incidisse na transmissão de escravos e submeter a 20% os juros das apólices
em que fossem convertidos os bens das ordens religiosas, evitando os gravames indiretos, repugnância que se observa rá mais tarde, quando já ministro da Fazenda.
No aceso da campanha jornalística en
dereçada a Ouro Preto, Ruy não perde cie vista, entretanto, o mo\imento impe-
nhos
e
brilhantes espetá
culos, como o da nossa e.xpo-
sição, nem absorver pelos armamentos,
ou
devorar
pelo desenvolvimento das dívidas públicas e dos im postos, se não quiser ver, talvez no começo do século vindouro, mudar-se o ei.\o da civilização material".(8). As idéias clc Ruy .sôbre assuntos eco nômicos e financeiros provàvelmente se
cristalizaram com as leituras no dewrrer do ano de 1889, quando, entrinchei rado no "Diário de Noticias", nao per dia de vista os movimentos de João Al fredo e Afonso Celso e os alvejava na
política do Ministério da Fazenda, diri gido pessoalmente pelos próprios cliete.s
do Gabinete.
Dioesto EcoNÓMiro
tra o que chania de superstição do pro tecionismo, "regime de crescimento ju venil entre os povos, como o americano que precisam de criar uma indústria
forte, ante.s de abrir o acesso dos seus
mercados à concorrência ad\ersa". A Mia tese é dcmonstrad:i com diversas pu blicações oficiais do império colonial britamco, notadamcnte no que se refere a Austrália. (9) Sustenta, nessa ocaMao, a possibilidade jurídica da circula-
çao da moeda metálica estrangeira, com fórça hberatóiia no país. (10) A imigravr,„ na Argentina o leva, dias no
Por essa mesma ocasião, tombou na.
leno'ávaneV"'" leno Ovallc Corrêa, que se acabara de
meiro pensador brasileiro a focalizar o
grande problema político que a Cons tituição de 1946 buscou resolver ou
minorar,, naquilo que o prof. Orlando Carvalho chamou de "revolução munici-
palista", correspondendo a uma convic ção forUilecida nos últimos 15 anos: — o da desproporção entre as receitas re servadas aos municípios em confronto com as arrecadações dos cofres públicos
nacionais e provinciais. Referindo-se à ocorrência do mesmo desequilíbrio no
Chile, onde as municipalidades, então,
percebiam apenas 8% do total das recei tas pública.s, comenta que "esta solução é indubitàvelmente insustentável" e es-
posa, tnmscreve.ido-as, palavras de
publicar cm Paris. Era um exame das "Os mimicípios chilenos são desditofmança,s públicas do Chile em cornar" sos párias, condenados a rilhar os ossos VUO com vários outros países c n oulista fôgo,,„ do "Diário de' Notidí" do pingue orçamento naciona ; e, se al o der.orou com tanta atenção, Z c gum deles, descartando-se de recejos, Ovalle Corrêa:
ousa gritar, estimulado pela necessida re.summ em cmco longos artigo^ nos de, .ítírain-llie miserável subvenção, tluars, atravás do orçamento, dos iinpos-
para lhe aplacar a fome, sem dar-lhe .
^ma'o rt"
quanto baste, para ll.e fortificar ij •'"'^Sneja o par,- jamais OS pulmões." t
ZZ Justificando Resume, pacientemente, os dados commcça pelas suas finanças e anteeipando- paraHvos dos impostos e das receitas i iLe P" Gaston Jèze, r do rr referência ao Orçamento, es- industriais do Chile, não se «q^ecendo ( ■ de referir a cifra percentual do custo ] 'l""- """" ussencial- de operação das estradas_ de feiro ou ZZ há curiosos rota maiso apropnad^a para mostrar nos nua- das de.spesas de arrecadaçao fiscal, nem
tZÍZTlfr Observa que, à luz do crescimento das leceitas pub ícas, em menos de 90 anos
De abril a novembro de 1889, suce
a partir de 1810, o Chile, guardadas as
dem-se os artigos sobre bancos, emissões, empréstimos públicos, impostos alíandegários e outras matérias correlaciona
proporçoes, superava de seis vezes a im-
das. Nessa fase, observa-se mais uma vez a sua tendência livxe-cambi.sta con-
lia e outros Estados e talvez fosse o pri
poitancia do Brasil em algarismos "per capita
Detém-se na comparação da
parte da renda nacional reservada à des
pesa ptiblica na Inglaterra, França, Itá
de caustícar a preponderância dos tri butos indiretos sôbre os diretos, não
sem de passagem recordar que a alcavala — algo semelhante ao nosso imposto de vendas e consignações — foi responsãbilizadíi com "a origem principal da
mina da Espanha ao conservá-la depois da dominação mourisca". (12).
Contrastando n dívida pública do Chile com a de 40 outros países, con corda em que suportaria um acrescen-
pinKSTíj Econômico
Dioksto
86
Econômico 87
tamento de 50^ para ferrovias, navega
ção. expansão do ensino e saneamento
das principais cidades, pois "com êsse aumento de gravamos, justificados e produtivos, a dívida chilena manteria intacta a sua elasticidade para as even
tualidades imprevistas e improváveis de uma luta internacional".
No último artigo, Ruy adere'a uma noção que, naquela época, se reputava
temerária, mas <iac, hoje, sorve de base à aplicação da despesa pública como
ria dci.xar de ser íorlissiiua c destinada a reflelír-se nos atos do" futuro ministro.
Ruy tem sido, por vèzcs, descrito como um prisioneiro cie sua biblioU'ca porque - di/.cm - recorria excessiva
mo cslaxii ligada a figura do Con.s. Dantas, seu antigo clicfe e amigo, no Partido Liberal, a despeito de justos rcs cnliiiientos, e. a principio, eoiitcslando í-inhora (|ue o pudessem ineliúr entre
mente aos livros.
os defensores do monopiVio, es(]ui\a-se
Fazia-o para . reco
lher a experiência dos povos mais ama durecidos, ao invés de propor etnpirica-
do "Diário de Notícias" levam a su.spei-
servação de altos índices de emprego:
lar-sc de que sua abundante hvrana, que, poucos anos d('p')is, como alegaria
cundidade dos sacrifícios corresponden tes a essas despesas, que um publicista chileno escreve estas palavras, ní7o me nos cheias de eminamento para ôste do
no discurso contra Zama. seria um dos
que para o seu país: "Não queremos, para a nossa Pátria, aventuras financei
finanças péiblicas.
ec-onomia e prudência política".
E continua a transcrição da opinião
acrimoniosa de Ovalle a apreensões que lhe causava "a emprego-niania civil e militar" a desviar as receitas das obras
e serviços produtivos para os grossos ordenados e pensões. N<ão é de desprezar-se a influência da leitura e minucioso comentário dôsse livro chileno um mês antes de a.ssumir o
Ministério da Fazenda, pois antes não se
encontra nas obras de Ruy vestígio de
que se preocupasse por uma visão dc^ conjunto das finanças públicas de um
país, mormente em confronto com as cifras financeiras de outras nações.
A
impressão causada por um livro que o levou à publicação de longo estudo em momento tão próximo daquele em que
passaria à ação administrativa não pode-
sora at,s demais bancos, tiue preenches sem os rctiuisilos datpielc diploma de
que os nossos publicistas ingênuainen-
le da conjuntura econômica e na pre
a vé-la condenada à imobilidade asiáti ca, dissimulada sob o nome sedutor de
não se poderia recusar a ali\idacle emis
nosso País em relação a cada problema
te supõem específicos do Brasil. Os artigos dos primeiros meses da taso
ras; mas ainda menos nos conformamos
loca-o para o jurídico, dentro do qual
mente a experiência por conta e risco do
instrumento de política fiscal no contrô"É referindo-se à necessidade e fe-
tio debate no lerrono econômico e des
novembro de 1888. (13). Nesse artigo de 11 dé outubro de 1889. nada auto riza a supor <pie o articulista do "Diário
de Notícias" so incMnax a pura a pluralida de dos bancos emissores, mas, pelo con trário, a colocação do problema do mo mento, no terreno da legalidade apenas, pode c deve ser interpretada como adeíão ao monopólio "de jure constituendo". Confessa e procura justificar a sua
motivos em que .se apa.scentou a ma edicência acerca de suas posses, não abri
gava muitos volumes sõbrc economia e
Mas, em ouU.bm,
um semestre decorrido, a tendência in veterada às citações denuncia' que o leitor insaciávc!, estimulado pe a po lítica econômica do Ouro Preto, ). se
atitude dc espectador da polêmica jor nalística entre pluralistas e monopolis tas, sobretudo Ferreira de AniújOi que pontificava na "Gazeta de Notícias", Kem tomar partido entro uns e outros!
sortira de obras sôbre bancos c moeda,
provàvelmente importando-as du buropa. Amiúdam-se os artigos sobre o empréstimo de agôsto e sÔbre os bancos
manifestando, entretanto, a sua fé na moeda conver.sí\'el e encaste!ando-se na
ilegalidade do privilégio do Banco Na cional em detrimento do Banco do Brasil c* dos demais estabelecimentos. Ouro Preto é eritieado q^ela renúncia à
emissores.
Como, em geral, todos os homens públicos do Império, sofre a tirania
faculdade de emitir moeda por parte
dêsse assunto intricadíssimo, que desa fiara o tino e a experiência dos finan
dí; governo, ainda que repute essu a "especic mais anôma'a e perigosa". Por inai.s nocivo que soja o papel-
ceiros" do tempo. Unidade ou plurali dade de bancos emissores? O tema atravessara o Atlântico e erigia-se em
mocda no sen emprego ordinário, nas
centro dos debates dos entendidos, face a concessão dada por Afonso Celso uni camente ao Banco Nacional e n m.us 2 estabelecimentos, sob a égide da ei de 24 de novembro de 1888, concebida,
fórmula explícita ou implicitamente
aliás, no espírito da pluralidade de órgãos emissores. Ruy sai em defesa o
vedassem necessidades de natureza cons
Banco do Brasil, talvez porque ao me.s-
suas conseqüências habituais, não há governo que possa repudiá-lo sob uma
absoluta. Motivos de necessidade fi nanceira o vedariam, quando o não
titucional, inerentes a \ida orgânica do ^1'
F.stado, à sua autoridade indesfalcávol,"
E coiitiiiua, preparando sem o saber, a sua própria defesa para os dias do Go\'cmo ProNisório:
"Por mais triste que seja a história
do curso forçado, em todos os paí.scs. ainda naqueles que lhe tragavam até às fezes a taça dc calamidades — acumula
das pelo seu abuso, impossível seria desconhccer-llie, não diremos só a utili
dade. mas a imprescindibilidade fatal em emergências das mais melindrosas na existência dos povos modernos. "Ca-
.sos há, como os de uma grande guerra", diz BeauMeu, no seu Tratado das Fi
nanças, "em que o curso forçado pode ter grandes vantagens pondo à disposi ção do país recursos imediatos, que o impôsto certamente não lhe poderia an gariar, ou, ao menos, não liie angaria ria senão eom excessi\a delonga, e que taívez o empréstimo mesmo não lhe seria capaz de obter. Hoje a experiência do curso forçado é infinitamente mais extensa o mais precisa: niodificaram-se
as idéias, que êsse regime sugere. De monstra a história recente que o curso forçado é quase ineritAveí em tempo de guerra". (14).
No mais aceso da oposição, Ruy con cedia a força ine.xorável das circunstân
cias como justificativa do papel-moeda de curso forçado, à falta de outro meio
de financiamento da despesa nas horas extremas. Apoiando-se cm lições dou
trinárias de Leroy-Bcaulieu e Ferrari
e na ação de Pitt e dc Cavour, o jorna lista mal sabia que, proclamando uma verdade, preparava a jusHficativa ou defesa préria, da qual, aliás, não se quis servir nas \-árias oportunidades em que, no período republicano, repeliu as crítica.s às finanças do Govêrno Provi sório.
E como Ouro Preto, no contrato com
o Banco Nacional, para substituição do
pinKSTíj Econômico
Dioksto
86
Econômico 87
tamento de 50^ para ferrovias, navega
ção. expansão do ensino e saneamento
das principais cidades, pois "com êsse aumento de gravamos, justificados e produtivos, a dívida chilena manteria intacta a sua elasticidade para as even
tualidades imprevistas e improváveis de uma luta internacional".
No último artigo, Ruy adere'a uma noção que, naquela época, se reputava
temerária, mas <iac, hoje, sorve de base à aplicação da despesa pública como
ria dci.xar de ser íorlissiiua c destinada a reflelír-se nos atos do" futuro ministro.
Ruy tem sido, por vèzcs, descrito como um prisioneiro cie sua biblioU'ca porque - di/.cm - recorria excessiva
mo cslaxii ligada a figura do Con.s. Dantas, seu antigo clicfe e amigo, no Partido Liberal, a despeito de justos rcs cnliiiientos, e. a principio, eoiitcslando í-inhora (|ue o pudessem ineliúr entre
mente aos livros.
os defensores do monopiVio, es(]ui\a-se
Fazia-o para . reco
lher a experiência dos povos mais ama durecidos, ao invés de propor etnpirica-
do "Diário de Notícias" levam a su.spei-
servação de altos índices de emprego:
lar-sc de que sua abundante hvrana, que, poucos anos d('p')is, como alegaria
cundidade dos sacrifícios corresponden tes a essas despesas, que um publicista chileno escreve estas palavras, ní7o me nos cheias de eminamento para ôste do
no discurso contra Zama. seria um dos
que para o seu país: "Não queremos, para a nossa Pátria, aventuras financei
finanças péiblicas.
ec-onomia e prudência política".
E continua a transcrição da opinião
acrimoniosa de Ovalle a apreensões que lhe causava "a emprego-niania civil e militar" a desviar as receitas das obras
e serviços produtivos para os grossos ordenados e pensões. N<ão é de desprezar-se a influência da leitura e minucioso comentário dôsse livro chileno um mês antes de a.ssumir o
Ministério da Fazenda, pois antes não se
encontra nas obras de Ruy vestígio de
que se preocupasse por uma visão dc^ conjunto das finanças públicas de um
país, mormente em confronto com as cifras financeiras de outras nações.
A
impressão causada por um livro que o levou à publicação de longo estudo em momento tão próximo daquele em que
passaria à ação administrativa não pode-
sora at,s demais bancos, tiue preenches sem os rctiuisilos datpielc diploma de
que os nossos publicistas ingênuainen-
le da conjuntura econômica e na pre
a vé-la condenada à imobilidade asiáti ca, dissimulada sob o nome sedutor de
não se poderia recusar a ali\idacle emis
nosso País em relação a cada problema
te supõem específicos do Brasil. Os artigos dos primeiros meses da taso
ras; mas ainda menos nos conformamos
loca-o para o jurídico, dentro do qual
mente a experiência por conta e risco do
instrumento de política fiscal no contrô"É referindo-se à necessidade e fe-
tio debate no lerrono econômico e des
novembro de 1888. (13). Nesse artigo de 11 dé outubro de 1889. nada auto riza a supor <pie o articulista do "Diário
de Notícias" so incMnax a pura a pluralida de dos bancos emissores, mas, pelo con trário, a colocação do problema do mo mento, no terreno da legalidade apenas, pode c deve ser interpretada como adeíão ao monopólio "de jure constituendo". Confessa e procura justificar a sua
motivos em que .se apa.scentou a ma edicência acerca de suas posses, não abri
gava muitos volumes sõbrc economia e
Mas, em ouU.bm,
um semestre decorrido, a tendência in veterada às citações denuncia' que o leitor insaciávc!, estimulado pe a po lítica econômica do Ouro Preto, ). se
atitude dc espectador da polêmica jor nalística entre pluralistas e monopolis tas, sobretudo Ferreira de AniújOi que pontificava na "Gazeta de Notícias", Kem tomar partido entro uns e outros!
sortira de obras sôbre bancos c moeda,
provàvelmente importando-as du buropa. Amiúdam-se os artigos sobre o empréstimo de agôsto e sÔbre os bancos
manifestando, entretanto, a sua fé na moeda conver.sí\'el e encaste!ando-se na
ilegalidade do privilégio do Banco Na cional em detrimento do Banco do Brasil c* dos demais estabelecimentos. Ouro Preto é eritieado q^ela renúncia à
emissores.
Como, em geral, todos os homens públicos do Império, sofre a tirania
faculdade de emitir moeda por parte
dêsse assunto intricadíssimo, que desa fiara o tino e a experiência dos finan
dí; governo, ainda que repute essu a "especic mais anôma'a e perigosa". Por inai.s nocivo que soja o papel-
ceiros" do tempo. Unidade ou plurali dade de bancos emissores? O tema atravessara o Atlântico e erigia-se em
mocda no sen emprego ordinário, nas
centro dos debates dos entendidos, face a concessão dada por Afonso Celso uni camente ao Banco Nacional e n m.us 2 estabelecimentos, sob a égide da ei de 24 de novembro de 1888, concebida,
fórmula explícita ou implicitamente
aliás, no espírito da pluralidade de órgãos emissores. Ruy sai em defesa o
vedassem necessidades de natureza cons
Banco do Brasil, talvez porque ao me.s-
suas conseqüências habituais, não há governo que possa repudiá-lo sob uma
absoluta. Motivos de necessidade fi nanceira o vedariam, quando o não
titucional, inerentes a \ida orgânica do ^1'
F.stado, à sua autoridade indesfalcávol,"
E coiitiiiua, preparando sem o saber, a sua própria defesa para os dias do Go\'cmo ProNisório:
"Por mais triste que seja a história
do curso forçado, em todos os paí.scs. ainda naqueles que lhe tragavam até às fezes a taça dc calamidades — acumula
das pelo seu abuso, impossível seria desconhccer-llie, não diremos só a utili
dade. mas a imprescindibilidade fatal em emergências das mais melindrosas na existência dos povos modernos. "Ca-
.sos há, como os de uma grande guerra", diz BeauMeu, no seu Tratado das Fi
nanças, "em que o curso forçado pode ter grandes vantagens pondo à disposi ção do país recursos imediatos, que o impôsto certamente não lhe poderia an gariar, ou, ao menos, não liie angaria ria senão eom excessi\a delonga, e que taívez o empréstimo mesmo não lhe seria capaz de obter. Hoje a experiência do curso forçado é infinitamente mais extensa o mais precisa: niodificaram-se
as idéias, que êsse regime sugere. De monstra a história recente que o curso forçado é quase ineritAveí em tempo de guerra". (14).
No mais aceso da oposição, Ruy con cedia a força ine.xorável das circunstân
cias como justificativa do papel-moeda de curso forçado, à falta de outro meio
de financiamento da despesa nas horas extremas. Apoiando-se cm lições dou
trinárias de Leroy-Bcaulieu e Ferrari
e na ação de Pitt e dc Cavour, o jorna lista mal sabia que, proclamando uma verdade, preparava a jusHficativa ou defesa préria, da qual, aliás, não se quis servir nas \-árias oportunidades em que, no período republicano, repeliu as crítica.s às finanças do Govêrno Provi sório.
E como Ouro Preto, no contrato com
o Banco Nacional, para substituição do
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j f
!
[
I'
DiOKSTO E<;ONÓMri3Ô''
papel-mocda do Tesouro por bilhetes conversíveis, prometera curso forçado em caso de "guerra, re\Qlução, crise política ou financeira", — Ruy procura ressaltar a desproporção entre as van
tagens obtidas pelo Visconde de Figuei redo c os sacrifícios da Nação, achando
tério da Fazenda, o seu cspíritcj hospe dava umas tantas idéias econômicas e
financeiras. qn<' se podem resumir no seguinte:
.
íi) convicção tle «pie s«') a industriali
zação do Pais, aumcnlaiulo o nÍNcl de
cnsanchas para discorrer longamente so
bre as flutu.xç-ões cíclicas. Nessa altura, já se achava en\olvido
altura de uma grande potência c ã
Ferreira de Araújo, que defende o con trato com o Banco Nacional da pecha dc "montanha de escândalo",
atirada
pela facúndia de Ruy, a sustentar, até, a
inconstitucionalidadc da clausuhi pela
qual o Tesouro se comprometia a não
lí^ emitir papel inconversível enquanto durassc o monopólio.
Ruy salta com os
riqueza tributá%cl capaz de cleva-lo a
soVição dos seus \ariados e complexos problemas;
b) categórica repulsa ao protecionis
mo como meio idôneo para a in^ us trialização, que dcwria as.sentar na ime diata intensificação dos serviços educa cionais, considerando-se investimentos dos mais reinuneradorcs os sacnticios
tributárias «pie o país fizesse para tal
exemplos europeus e através das cita
fim;
que estudava atentamente o funciona
butação direta o convicção dc que nao deveriam ser poupadas as despesas pu blicas pura fins concretos do acelera ção do progresso do país;
ções ao pé dos seus artigos, percebe-se mento dos bancos emissores.
Para èle.
o Visconde do Figueiredo não obtivera, apenas, o monopólio de emitir bilhetes bancários conversíveis, mas também o
estatal e recurso supremo pafa necessi dades eventuais e urgentes, ^ "as qua
tancias, elas representariam uma con
blico.
E nas duas semanas anteriores
à República, os ataques a Ouro Preto recrudesceram no debate "porfiado com Ferreira de Araújo.
Livro que leu e não cita, ao que
\'evcinos como essas idéias anterior mente a.ssenladas \icram a influir dc
o vimos por gentileza de seu diretor, Dr.
do na biblioteca da "Casa de Ruy", onde A. Lacombe.
(12) A observação, aliás, fôra colhida por
modo expressivo nos ato.s do Ministro do
Ovalle em Leroy BeauUeu.
Doodoro.
a repugnância de Ruy em relação à tri butação indireta.
pg. 12 o seguintes (Imp. Nac.). (2) Parecer do Ensino Superior (avulso da
Assembléia
Geral).
(3) Luiz Viana — "Vida do Ruy", 3.a ed., 1940,
(4)
pag.
Ruy
nota.
—
Queda
do Império, Obras
Completas, v. XVII, t. III, pg. 121. (5) Ruy — Obras Completas, v. IX, to mo II, pg. 254 a 257 (Disc. do Liceu). (6) Vide a Plataforma.
(7)
Queda, XVI, t. VII, p. 187 e outros
artigos.
(8) Queda, XVI, t. VIU, pg. 279. (9) Idem, II. p. 79. (10) Idem, II, p. 143. (11) Os cinco artigos, sob o título de-
"Estudos
Chilenos",
estSo
na
"Queda"
o outras.
(14) Queda, Vil, pg. 297. (15) Não conhecemos qualquer trecho de Ruy em que cite "Lombard Street". muito embora, por vêzes, invoque Bage hot acerca da Constituição britânica. Ti vemos cm mão, entretanto, dois exempla res de "Lombard Street", conservados na "Casa de Ruy": — a tradução francesa de
1874 assinalada pelo lápis colorido de Ruy
em várias passagens, prova irrefragável
de que o leu atentamente; e a 2.a edição
inglêsa, adquirida em Buenos Aires, em 1893, quando ali estève exilado. Não há
dúvida, portanto, do interêsse de Ruy,
por essa obra, que ainda hoje é invocada
pelos modernos especialistas em banco central, como. por exemplo, Kisch e Elkin.
Estado se pode e.ximir;
e) adesão à tese do monopólio ou de
bancos emissores, ainda que, do ponto
de vista da lègalidade, naquele mo mento (Lei de 1888), entendesse que
constituía a pluralidade dos bancos fór
fase da sua política bancária, quando
condições da lei de 24 de novem jro c e
tenta a criação de um grande banco
1888 e seus regulamentos;
f) convicção da necessidade de ele
var-se o crédito público e fortalecê-lo, a fim dc bu.scar néle os recursos para
Mas reflete
(13) Queda, tomo VII, pg. 71. 85 , 95, 129 (1) Relatório do Min. da Fazenda, 189t,
tingência ínelutável, de que nenhum
mula juridicamente assegurada, como • direito, aos estabelecimentos provadaBagehot, inspirador, talvez, da última mente idôneos, que preenchessem as
Dest'artP, quando Ruy conspira e, anle.s da hora decisiva, aceita o Minis
XVI. t. VII. pg. 165. 181. 201, 210 e 237. O livro de Ovalle Corrêa se acha conserva
compreensão dc que, em certas circuns
.saibamos, foi o "Lombard Street" de
central. (15).
coineliincnlos audazc.s cm prol da ace leração do progresso nacional.
d) condenação das emissões de papel-
moeda dc curso forçado, mas niti a
da lentidão do tributo e do crédito pú
80
c) tendência à preponderância da tri-
direito regaliano de emitir moeda de curso forçado, inseparável da soberania dras de agonia" do Tesouro, em face
Econômico
produção c remunerando mais generosa
mente o csf<^rço do seu povo, cnana a
na polemica, travando o debate com
Diomsto
r T T-TTl
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papel-mocda do Tesouro por bilhetes conversíveis, prometera curso forçado em caso de "guerra, re\Qlução, crise política ou financeira", — Ruy procura ressaltar a desproporção entre as van
tagens obtidas pelo Visconde de Figuei redo c os sacrifícios da Nação, achando
tério da Fazenda, o seu cspíritcj hospe dava umas tantas idéias econômicas e
financeiras. qn<' se podem resumir no seguinte:
.
íi) convicção tle «pie s«') a industriali
zação do Pais, aumcnlaiulo o nÍNcl de
cnsanchas para discorrer longamente so
bre as flutu.xç-ões cíclicas. Nessa altura, já se achava en\olvido
altura de uma grande potência c ã
Ferreira de Araújo, que defende o con trato com o Banco Nacional da pecha dc "montanha de escândalo",
atirada
pela facúndia de Ruy, a sustentar, até, a
inconstitucionalidadc da clausuhi pela
qual o Tesouro se comprometia a não
lí^ emitir papel inconversível enquanto durassc o monopólio.
Ruy salta com os
riqueza tributá%cl capaz de cleva-lo a
soVição dos seus \ariados e complexos problemas;
b) categórica repulsa ao protecionis
mo como meio idôneo para a in^ us trialização, que dcwria as.sentar na ime diata intensificação dos serviços educa cionais, considerando-se investimentos dos mais reinuneradorcs os sacnticios
tributárias «pie o país fizesse para tal
exemplos europeus e através das cita
fim;
que estudava atentamente o funciona
butação direta o convicção dc que nao deveriam ser poupadas as despesas pu blicas pura fins concretos do acelera ção do progresso do país;
ções ao pé dos seus artigos, percebe-se mento dos bancos emissores.
Para èle.
o Visconde do Figueiredo não obtivera, apenas, o monopólio de emitir bilhetes bancários conversíveis, mas também o
estatal e recurso supremo pafa necessi dades eventuais e urgentes, ^ "as qua
tancias, elas representariam uma con
blico.
E nas duas semanas anteriores
à República, os ataques a Ouro Preto recrudesceram no debate "porfiado com Ferreira de Araújo.
Livro que leu e não cita, ao que
\'evcinos como essas idéias anterior mente a.ssenladas \icram a influir dc
o vimos por gentileza de seu diretor, Dr.
do na biblioteca da "Casa de Ruy", onde A. Lacombe.
(12) A observação, aliás, fôra colhida por
modo expressivo nos ato.s do Ministro do
Ovalle em Leroy BeauUeu.
Doodoro.
a repugnância de Ruy em relação à tri butação indireta.
pg. 12 o seguintes (Imp. Nac.). (2) Parecer do Ensino Superior (avulso da
Assembléia
Geral).
(3) Luiz Viana — "Vida do Ruy", 3.a ed., 1940,
(4)
pag.
Ruy
nota.
—
Queda
do Império, Obras
Completas, v. XVII, t. III, pg. 121. (5) Ruy — Obras Completas, v. IX, to mo II, pg. 254 a 257 (Disc. do Liceu). (6) Vide a Plataforma.
(7)
Queda, XVI, t. VII, p. 187 e outros
artigos.
(8) Queda, XVI, t. VIU, pg. 279. (9) Idem, II. p. 79. (10) Idem, II, p. 143. (11) Os cinco artigos, sob o título de-
"Estudos
Chilenos",
estSo
na
"Queda"
o outras.
(14) Queda, Vil, pg. 297. (15) Não conhecemos qualquer trecho de Ruy em que cite "Lombard Street". muito embora, por vêzes, invoque Bage hot acerca da Constituição britânica. Ti vemos cm mão, entretanto, dois exempla res de "Lombard Street", conservados na "Casa de Ruy": — a tradução francesa de
1874 assinalada pelo lápis colorido de Ruy
em várias passagens, prova irrefragável
de que o leu atentamente; e a 2.a edição
inglêsa, adquirida em Buenos Aires, em 1893, quando ali estève exilado. Não há
dúvida, portanto, do interêsse de Ruy,
por essa obra, que ainda hoje é invocada
pelos modernos especialistas em banco central, como. por exemplo, Kisch e Elkin.
Estado se pode e.ximir;
e) adesão à tese do monopólio ou de
bancos emissores, ainda que, do ponto
de vista da lègalidade, naquele mo mento (Lei de 1888), entendesse que
constituía a pluralidade dos bancos fór
fase da sua política bancária, quando
condições da lei de 24 de novem jro c e
tenta a criação de um grande banco
1888 e seus regulamentos;
f) convicção da necessidade de ele
var-se o crédito público e fortalecê-lo, a fim dc bu.scar néle os recursos para
Mas reflete
(13) Queda, tomo VII, pg. 71. 85 , 95, 129 (1) Relatório do Min. da Fazenda, 189t,
tingência ínelutável, de que nenhum
mula juridicamente assegurada, como • direito, aos estabelecimentos provadaBagehot, inspirador, talvez, da última mente idôneos, que preenchessem as
Dest'artP, quando Ruy conspira e, anle.s da hora decisiva, aceita o Minis
XVI. t. VII. pg. 165. 181. 201, 210 e 237. O livro de Ovalle Corrêa se acha conserva
compreensão dc que, em certas circuns
.saibamos, foi o "Lombard Street" de
central. (15).
coineliincnlos audazc.s cm prol da ace leração do progresso nacional.
d) condenação das emissões de papel-
moeda dc curso forçado, mas niti a
da lentidão do tributo e do crédito pú
80
c) tendência à preponderância da tri-
direito regaliano de emitir moeda de curso forçado, inseparável da soberania dras de agonia" do Tesouro, em face
Econômico
produção c remunerando mais generosa
mente o csf<^rço do seu povo, cnana a
na polemica, travando o debate com
Diomsto
r T T-TTl
DiGEsTo
elas aumentam dc comple.xidade e se axohimam gigantescas, tudo arrastando
Rui, o financista tPrele|;ã<» realizada na Fnculdatie de
Econômico
na sua voragem.
l'aulo p«r
oeaNião do encerrainonlo ila ^*AN.seiiaÍ»l«'ia IKiil Harliowa ) Hoberto Pinto dk Souza
Foi num desses períodos dc transição,
discursar sôbre Rui Barbosa, a maior cercbração brasileira; honra, ao ascen
sciiK-adorcs de ódios, (pu- procuraram,
no aceso cia lula. destruir a figura eiclópica do imortal brasileiro.
Nem pncleriain os liist«<riadoie.s articu
der à cátedra, que já ocupei, lecionando
lar o contrário, pois à inteligência im
Economia Política.
par de Rui não faltavam os couliecímen-
Mas, honra e praiOír sc desvanecem
tos noce.s.sários a um administrador, nem
em face da responsabilidade do lema —
a è.s.se político por cxcelioicia. a expe
Rui, o financista.
riência da coisa pública.
Haverá enj lòda a
obra desse Homem de
13empnslroii
essas
tos semeados pelos últimos governantes na monarquia, não pôde, através de me
didas úteis, obstar a tempestade colhida pelos seus sucessores. A avalanche do.s
te interrompido pela quelira das amar
distúrbios já líhvia se avolumado demais
ras,
para ser detida. Era preciso que as nu vens descarregassem as chu\-as que tra ziam, para, na bonança, poder se re construir a ordem perdida. Foi o que Rui não pôde fazer integralmente. Po rém, aos adversários da nova organiza
<^uc Rui assumiu a pasta das fi
As conseqüências dosorientadorus da abolição da oscravatma ainda aturdiam
a Nação conturbada pelos efeitos eco nômicos da transformação da sua estru
tura política jiela queda da monarquia. Dessa forma, somava-se ao desequilíbrio econômico proveniente do ato da Prin
cesa Isabel a perplexidade da proclamação da República. O mundo, que se abria aos olhos atô
mais
ípialídacles e, .sobeja
nitos dos, republicanos, era novo e se
controvertido, mais ata cado, mai.s caluniado e
mente, na crítica cons
achava desgovernado. Impunha-se, de
trutiva que fêz ao pro
nm lado, dominar a torrente desenfreada
Estado capítulo
setor, por trazer no seu bojo maus ven
em cpie o o(piilíbrio social é bruscamen
nanças.
HONRA {,• uni pra/er a.ssiiiiiir esta Ê, UMA tribuna, neste momento: prazer, por
Ül
ção estatal pouco se lhes dava tomar os
efeitos pela causa,- desde que, em assim fazendo, tivessem em mãos poderosa arma de combate. E foram tão longe nos seus ataques, que malevolamente circunscreveram os distúrbios econômi cos, conhecidos sob o nome de encilha-
menlo, aos anos de 1889 e 1891, justa mente aqueles em que Rui atuou nas
que, mesmo entre seus
jeto clu criação de ban-
dos falòrc.s .sociais, econômicos c políti
admiradores, tenha le
eo.s emissores, elabora
cos; c, dc outro, a necessidade de subs
tura se iniciou em 1888 e se estendeu
vantado tantas restri
do pelo Visconde de
tituir, transformar o criar.
ções?
Ouro Prêlo. pelo Con selheiro Lafaiete e pelo
A tarefa do novel governo, às pressas
até o final do século. O Ministério Rui foi apenas um ciclo dessa década con
constituído, era imensa. A sua frente se
turbada, e e.xatamente o de mais c.sta-
res, o tema que no.s foi
Viscond'- do Cruzeiry,
encontrava um homem de grandes dotes
bilidade.
dado versar. Cabe-nos acrescentar
estadistas de nomeada. Atribuir a marcha
pessoais, por certo, mas não afeito aos
Debalde clamou o ministro dc 1890.
mais- unia voz, àquelas
dos aconleeimentos que
os criadores da crise, a que tivemos dc
que já se levantaram
\'ão culminar no EnciIhamento. tão só a
negócios públicos. Ladeavam-no: de pouca idade, um; inexperientes, alguns; do portentosa inteligência e cultura, um
É esse, meus senho
contra a campanha destruidora movida pe los inimigos impeniten-
atuação de Rui no Mi nistério da Fazenda, é querer exagerar o po
tes, pelos invejosos, pelos destruidores con-
der der
da ca
interferência
tumazes, pela ralé, enfim, da politicalha-» dos homens no desenrolar dos fatos tiisa serviço dos infernados de Rui. Será verdade que a atuação de Rui no
Ministério da Fazenda tenha sido pre
judicial, como a crítica maldizente de seus adversários pretende fazer crer ? Serenadas as paixões políticas, a aná lise fria dos fatos daquela fase de tran-
.sição veio demonstrar a inanidade dos
lòricos; a tese de Carlyle há muito foi refutada.
Inúmeras as forças que determinam os movimentos das civilizações, e de tal sorte complexas, que escapam ao con trole dos homens, ainda que geniais. No momento, então, de bruscas mutações como sóem ser as fases revolucionárias.
finanças; quando, na \'erdade, a conjun
i
da tribuna do Senado: "Não fomos nós
acudir nos primeiros meses da revo
xô — RUI BARBOSA. Daí ter se torna do, por decoiTencia natural, o centro de onde emanavam todas as reformas cons
lução".
trutivas e para onde convergia a crí
Dai ter se tomado com injustiça aos olhos dos seus contemporâneos e aos da praçao posterior paradigma da
tica dos despeitados e dos derrotados. Dessa forma,
não se limitou a ser o
administrador do tesouro público: foi o verdadeiro construtor da Repiiblica. Mas os inimigos da República, para dcstruí-la, tinham que inutilizar o ho mem que a fizera. Porém, esse, em to
dos os campos em que atuara, deixou á marca indelével do seü talento, com a perfeição da obra executada. Só num
A \'eemência da crítica malévola aba
fou essa voz e ensurdeceu os curidos.
mrlaçao.
^
®
tórk^ f^los, porém, contam outra bisAo deixar a pasta, a circulação de papel-moeda atingia a soma de 171.000 cantos, ao passo que a existente em igu^' data de 1889 se elevava a 195.000 con
tos. Havia, portanto, uma diferença pi'*
DiGEsTo
elas aumentam dc comple.xidade e se axohimam gigantescas, tudo arrastando
Rui, o financista tPrele|;ã<» realizada na Fnculdatie de
Econômico
na sua voragem.
l'aulo p«r
oeaNião do encerrainonlo ila ^*AN.seiiaÍ»l«'ia IKiil Harliowa ) Hoberto Pinto dk Souza
Foi num desses períodos dc transição,
discursar sôbre Rui Barbosa, a maior cercbração brasileira; honra, ao ascen
sciiK-adorcs de ódios, (pu- procuraram,
no aceso cia lula. destruir a figura eiclópica do imortal brasileiro.
Nem pncleriain os liist«<riadoie.s articu
der à cátedra, que já ocupei, lecionando
lar o contrário, pois à inteligência im
Economia Política.
par de Rui não faltavam os couliecímen-
Mas, honra e praiOír sc desvanecem
tos noce.s.sários a um administrador, nem
em face da responsabilidade do lema —
a è.s.se político por cxcelioicia. a expe
Rui, o financista.
riência da coisa pública.
Haverá enj lòda a
obra desse Homem de
13empnslroii
essas
tos semeados pelos últimos governantes na monarquia, não pôde, através de me
didas úteis, obstar a tempestade colhida pelos seus sucessores. A avalanche do.s
te interrompido pela quelira das amar
distúrbios já líhvia se avolumado demais
ras,
para ser detida. Era preciso que as nu vens descarregassem as chu\-as que tra ziam, para, na bonança, poder se re construir a ordem perdida. Foi o que Rui não pôde fazer integralmente. Po rém, aos adversários da nova organiza
<^uc Rui assumiu a pasta das fi
As conseqüências dosorientadorus da abolição da oscravatma ainda aturdiam
a Nação conturbada pelos efeitos eco nômicos da transformação da sua estru
tura política jiela queda da monarquia. Dessa forma, somava-se ao desequilíbrio econômico proveniente do ato da Prin
cesa Isabel a perplexidade da proclamação da República. O mundo, que se abria aos olhos atô
mais
ípialídacles e, .sobeja
nitos dos, republicanos, era novo e se
controvertido, mais ata cado, mai.s caluniado e
mente, na crítica cons
achava desgovernado. Impunha-se, de
trutiva que fêz ao pro
nm lado, dominar a torrente desenfreada
Estado capítulo
setor, por trazer no seu bojo maus ven
em cpie o o(piilíbrio social é bruscamen
nanças.
HONRA {,• uni pra/er a.ssiiiiiir esta Ê, UMA tribuna, neste momento: prazer, por
Ül
ção estatal pouco se lhes dava tomar os
efeitos pela causa,- desde que, em assim fazendo, tivessem em mãos poderosa arma de combate. E foram tão longe nos seus ataques, que malevolamente circunscreveram os distúrbios econômi cos, conhecidos sob o nome de encilha-
menlo, aos anos de 1889 e 1891, justa mente aqueles em que Rui atuou nas
que, mesmo entre seus
jeto clu criação de ban-
dos falòrc.s .sociais, econômicos c políti
admiradores, tenha le
eo.s emissores, elabora
cos; c, dc outro, a necessidade de subs
tura se iniciou em 1888 e se estendeu
vantado tantas restri
do pelo Visconde de
tituir, transformar o criar.
ções?
Ouro Prêlo. pelo Con selheiro Lafaiete e pelo
A tarefa do novel governo, às pressas
até o final do século. O Ministério Rui foi apenas um ciclo dessa década con
constituído, era imensa. A sua frente se
turbada, e e.xatamente o de mais c.sta-
res, o tema que no.s foi
Viscond'- do Cruzeiry,
encontrava um homem de grandes dotes
bilidade.
dado versar. Cabe-nos acrescentar
estadistas de nomeada. Atribuir a marcha
pessoais, por certo, mas não afeito aos
Debalde clamou o ministro dc 1890.
mais- unia voz, àquelas
dos aconleeimentos que
os criadores da crise, a que tivemos dc
que já se levantaram
\'ão culminar no EnciIhamento. tão só a
negócios públicos. Ladeavam-no: de pouca idade, um; inexperientes, alguns; do portentosa inteligência e cultura, um
É esse, meus senho
contra a campanha destruidora movida pe los inimigos impeniten-
atuação de Rui no Mi nistério da Fazenda, é querer exagerar o po
tes, pelos invejosos, pelos destruidores con-
der der
da ca
interferência
tumazes, pela ralé, enfim, da politicalha-» dos homens no desenrolar dos fatos tiisa serviço dos infernados de Rui. Será verdade que a atuação de Rui no
Ministério da Fazenda tenha sido pre
judicial, como a crítica maldizente de seus adversários pretende fazer crer ? Serenadas as paixões políticas, a aná lise fria dos fatos daquela fase de tran-
.sição veio demonstrar a inanidade dos
lòricos; a tese de Carlyle há muito foi refutada.
Inúmeras as forças que determinam os movimentos das civilizações, e de tal sorte complexas, que escapam ao con trole dos homens, ainda que geniais. No momento, então, de bruscas mutações como sóem ser as fases revolucionárias.
finanças; quando, na \'erdade, a conjun
i
da tribuna do Senado: "Não fomos nós
acudir nos primeiros meses da revo
xô — RUI BARBOSA. Daí ter se torna do, por decoiTencia natural, o centro de onde emanavam todas as reformas cons
lução".
trutivas e para onde convergia a crí
Dai ter se tomado com injustiça aos olhos dos seus contemporâneos e aos da praçao posterior paradigma da
tica dos despeitados e dos derrotados. Dessa forma,
não se limitou a ser o
administrador do tesouro público: foi o verdadeiro construtor da Repiiblica. Mas os inimigos da República, para dcstruí-la, tinham que inutilizar o ho mem que a fizera. Porém, esse, em to
dos os campos em que atuara, deixou á marca indelével do seü talento, com a perfeição da obra executada. Só num
A \'eemência da crítica malévola aba
fou essa voz e ensurdeceu os curidos.
mrlaçao.
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tórk^ f^los, porém, contam outra bisAo deixar a pasta, a circulação de papel-moeda atingia a soma de 171.000 cantos, ao passo que a existente em igu^' data de 1889 se elevava a 195.000 con
tos. Havia, portanto, uma diferença pi'*
0ICESTO ECONÓNOCO
92
ra mpiios de 24.000 contos.
Não era
èsse o montante que liavía encontrado
do às realizadas pe'os ch niais estabeleci mentos emissores, ch) território nacional,
ao ingressar no governo, e nem perma
que soma\'am •3-1.763 contos, oblentos
neceu invaríá\"el. Rui emitiu a fim de
um total cie 199.-530 cohIos.
atender a situação periclitante dos ban cos. Usou, para isso, das atriliuições que lhe conferia a !eí de ISS.?. Na primeira «'pcrtunidade cjuc lhe ofereceu, reti rou imediatamente as cédulas que fôra obrigado a introduzir no mercado. O ciclo das emissões de Rui se desen
Acompanbemos a marcha dos derra
mes liionetáríos, após Rui ha\'cr deixa do o govérno proxisório: Nao ha\ía ain da decorrido um scmesln; e já a.s notas
postas em circulação, pelos iusliluto.s dc credito da Capital Federal, atingiam a cifra de 235.738 contos. Quatro meses
Rui, ao elaborar a reforma bancária
do janeiro dc 1890, não foi original, .se
guiu as pegadas da lei do 1888, que, aliás, conhecia, pois a bavia criticado^ apontando os seus defeitos o o c.xemplo dos bancos nacionais uortc-anioricanos.
Ao ingressar no Ministério, coibido pelas injunçõcs do momento, foi obrigado a recompor a organização bancária. Pre
mido pela urgência
c incerteza
dos
acontecimentos, optou por uma organi
volveu da seguinte forma: a circulação de papel-moeda, a -30 do novembro de
depois, os bilhetes bancários emitidos,
zação provisória, a fim dc, posteriormen
em todo territórit) brasileiro, alcançavam
1889, era de 179.36-1 contos. Um mès
a avultada importância de 347.416 con-
depois, subia a 19.5.485 contos. Diferen
lü.s (2).
delineasse mais segura c se conslituís.se o arcabouço pt)Hlico-jurídico do no\o Estado, cogitar da elalx)ração do sis
ça líquida, para mais, de 16.121 contos, decorrente da emissão de 19.400 contos
e do resgate de 3.279 contos. Já em 1890, a 31 de dezembro, Rui havia emi
tido 500 contos e resgatado 25.420 con tos, passando consecjüenlemcnte o total circulante a 170.565 contos (1). Consoante os números apontados fi
As conswpièncias do aumento do \olume da moeda cm circulação não se 1894, SC elevaram de 118%.
trou ser bem arquitetado.
lançou mão dessa faculdade para cobrir déficits orçamentários. Essa espécie de
nomeada mas financistas inexperientes,
faz as inflações. Amparar bancos, atra vés de emissão, desde que êles não te
nham invertido as suas caixas em espêculações indevidas ou ein negócios es cusos, não gera inflação, pois o novo di nheiro que entra no movimento comer
cial toriia-se econômico por incentivar
a produção. Vejamos o que se passou no setor dos
bilhetes bancários. Quando Rui saiu do Ministério,
o total desses billietes em
circulação,
emitidos pelos três bancos
emissores da Capital da República, se elevava a 164.766 contos. Acrescentan-
seus succ-ssores. É que êsles, juristas de
abalaram, por medidas cnóneiis. o edilícío -das finançu.s públicas, erguido por Rui, Culpa também nao lhes cabe. A época era di' transiormaçoes bruscas, e
é o que explica as reformas bancárias sucessivas e a inipo.ssíbilidadc de conter a maré monlanto das notas dc banco. Não contentes os seus inimigos de o
acusarem, prosseguiram na obra ingló ria do solapar a atuação <le Rui na pas ta que lhe fôra conferida. Satrapi a cam po, empunhando o gláclio dos argumen tos capciosos, para, desta vez, ferir eni clieio a lei bancária de 17 de janeiro de 1890, considerada, no entender déles, a
responsável pelos desatinos da inflação e-da especulação.
(1) — Borman, Oscar, Prefácio ao Rela' tório de Rui Barbosa. Digesto Econômico, n.o 39, pg. 87.
tema bancário definitivo. Agora, tralava-sc de medidas de urgência, se bem
(pic relacionadas com um plano geral
cessárias ao amparo dos bancos. Nunca
emissão, a mais daninha dc tôdas, é que
te, quando a marcha dos negócios se
fizeram esperar. Dc 1888 a 1890 os pre ços .subiram 62 mas, entre- 1891 a • A frieza dêsscs algarismos é o des mentido mais eloqüente das faladas grandes emissões atribuídas a Rui. Estas só haviam de se verificar na gestão dc
ca patente que Rui emitiu as somas ne
■
Dicesto Econômico
(2) — Idem, pag. 89.
perfeitamente articulado, e que demons Da lei anterior foi Rui tirando os principio.s que melhor se acomodavam, às circunstâncias presentes. Primeiro princípio — Rui adotou o dí)s bancos emissores. Escolha acertada.
são, Rui o aceitou com relutância c só
o fèz depois de bem ponderadas as si tuações do momento, os argumenUis e, principalmente, os temores dos federalislas. De fato, dadas as circunstâncias anormais da época, a inexistência de um banco central, capaz de controlar os
desmandos dos inúmeros bancos parti culares, a vastidão do território nacio
nal, a sua diversidade o falta de meios de tX)inunicaçao nao aconscllia\am a adoção de sistema emissor tão dcsconfornie com a realidade.
Rui não era um teórico, como diziam
os seus adversários. Muito ao contrário, cru homem de ação. A sua cultura foi e aborada nas lutas que sustentou. Dai
nao se prender, intransigente, a princí pios, quando percebia que os dex-ia ce der para acomodar imposições necessá
rias de momento. Aferrado, porém, êlc o era aos princípios que reputava basi lares, para o progresso do País. Nesse.s.
nao cediaj batalhava infatigável, até vencer os opositores. Por isso, não opôs resistência tenaz à poliemissão, que re
Nas revoluções, a tendência c para gas-
conhecia ser um êrro, mas transigiu, pa
to.s excessivos.
ra mais tarde corrigi-lo, como o fêz.
Se permanecessem nas
mãos do governo as funções de emissão de moeda, quem poderia conter as soli citações vindas de todos os setores da
administração, acrescidas ainda dos pe didos extra-governamentais que se en caminham pelas mãos do.s influentes servindo a interesses privativo.s e elei torais ?
Atribuída essa prerrogativa dc einis•são aos bancos, estes serviriam tão so mente aos inteiêsse.s econômicos da Na
ção, pois, sendo sociedades comerciais, visariam lucro e, dessa forma,
teriam
Terceiro principio - as emissões ga rantidas por apólices, talvez o que mais controvérsias haja levantado - se bem esüvesse con.signado na lei de 18S8 era
idéia sua também. A ela se ateve inámo-
vtvel. Mais tarde, „„s dicursos que nrofenu no Senado em defesa de sti admi-
m,straçao, discorreu longa e eruditamen te sob.e o mestr», mostrando a convic-
çao das suas idéias.
não exerceu a influénctaEste quepáncipio Ibe qu.seram empresta À, prescrições severas da 1,.; L
suas vistas dirigidas para o desenvolvi mento das atividades produtoras, única
sua ação.
fonte segura de rendimentos.
elaborou a orgamzafífA K.,
Segundo princípio — o da polieini.s-
atenuaram a
Firmados èstes três nw., - •
1 1
.
u •
pnneipios, Rui •.
1- ^ de 1 . a dispôs tal forma <iii^bancaria; - deu i mas t "ao mar-
0ICESTO ECONÓNOCO
92
ra mpiios de 24.000 contos.
Não era
èsse o montante que liavía encontrado
do às realizadas pe'os ch niais estabeleci mentos emissores, ch) território nacional,
ao ingressar no governo, e nem perma
que soma\'am •3-1.763 contos, oblentos
neceu invaríá\"el. Rui emitiu a fim de
um total cie 199.-530 cohIos.
atender a situação periclitante dos ban cos. Usou, para isso, das atriliuições que lhe conferia a !eí de ISS.?. Na primeira «'pcrtunidade cjuc lhe ofereceu, reti rou imediatamente as cédulas que fôra obrigado a introduzir no mercado. O ciclo das emissões de Rui se desen
Acompanbemos a marcha dos derra
mes liionetáríos, após Rui ha\'cr deixa do o govérno proxisório: Nao ha\ía ain da decorrido um scmesln; e já a.s notas
postas em circulação, pelos iusliluto.s dc credito da Capital Federal, atingiam a cifra de 235.738 contos. Quatro meses
Rui, ao elaborar a reforma bancária
do janeiro dc 1890, não foi original, .se
guiu as pegadas da lei do 1888, que, aliás, conhecia, pois a bavia criticado^ apontando os seus defeitos o o c.xemplo dos bancos nacionais uortc-anioricanos.
Ao ingressar no Ministério, coibido pelas injunçõcs do momento, foi obrigado a recompor a organização bancária. Pre
mido pela urgência
c incerteza
dos
acontecimentos, optou por uma organi
volveu da seguinte forma: a circulação de papel-moeda, a -30 do novembro de
depois, os bilhetes bancários emitidos,
zação provisória, a fim dc, posteriormen
em todo territórit) brasileiro, alcançavam
1889, era de 179.36-1 contos. Um mès
a avultada importância de 347.416 con-
depois, subia a 19.5.485 contos. Diferen
lü.s (2).
delineasse mais segura c se conslituís.se o arcabouço pt)Hlico-jurídico do no\o Estado, cogitar da elalx)ração do sis
ça líquida, para mais, de 16.121 contos, decorrente da emissão de 19.400 contos
e do resgate de 3.279 contos. Já em 1890, a 31 de dezembro, Rui havia emi
tido 500 contos e resgatado 25.420 con tos, passando consecjüenlemcnte o total circulante a 170.565 contos (1). Consoante os números apontados fi
As conswpièncias do aumento do \olume da moeda cm circulação não se 1894, SC elevaram de 118%.
trou ser bem arquitetado.
lançou mão dessa faculdade para cobrir déficits orçamentários. Essa espécie de
nomeada mas financistas inexperientes,
faz as inflações. Amparar bancos, atra vés de emissão, desde que êles não te
nham invertido as suas caixas em espêculações indevidas ou ein negócios es cusos, não gera inflação, pois o novo di nheiro que entra no movimento comer
cial toriia-se econômico por incentivar
a produção. Vejamos o que se passou no setor dos
bilhetes bancários. Quando Rui saiu do Ministério,
o total desses billietes em
circulação,
emitidos pelos três bancos
emissores da Capital da República, se elevava a 164.766 contos. Acrescentan-
seus succ-ssores. É que êsles, juristas de
abalaram, por medidas cnóneiis. o edilícío -das finançu.s públicas, erguido por Rui, Culpa também nao lhes cabe. A época era di' transiormaçoes bruscas, e
é o que explica as reformas bancárias sucessivas e a inipo.ssíbilidadc de conter a maré monlanto das notas dc banco. Não contentes os seus inimigos de o
acusarem, prosseguiram na obra ingló ria do solapar a atuação <le Rui na pas ta que lhe fôra conferida. Satrapi a cam po, empunhando o gláclio dos argumen tos capciosos, para, desta vez, ferir eni clieio a lei bancária de 17 de janeiro de 1890, considerada, no entender déles, a
responsável pelos desatinos da inflação e-da especulação.
(1) — Borman, Oscar, Prefácio ao Rela' tório de Rui Barbosa. Digesto Econômico, n.o 39, pg. 87.
tema bancário definitivo. Agora, tralava-sc de medidas de urgência, se bem
(pic relacionadas com um plano geral
cessárias ao amparo dos bancos. Nunca
emissão, a mais daninha dc tôdas, é que
te, quando a marcha dos negócios se
fizeram esperar. Dc 1888 a 1890 os pre ços .subiram 62 mas, entre- 1891 a • A frieza dêsscs algarismos é o des mentido mais eloqüente das faladas grandes emissões atribuídas a Rui. Estas só haviam de se verificar na gestão dc
ca patente que Rui emitiu as somas ne
■
Dicesto Econômico
(2) — Idem, pag. 89.
perfeitamente articulado, e que demons Da lei anterior foi Rui tirando os principio.s que melhor se acomodavam, às circunstâncias presentes. Primeiro princípio — Rui adotou o dí)s bancos emissores. Escolha acertada.
são, Rui o aceitou com relutância c só
o fèz depois de bem ponderadas as si tuações do momento, os argumenUis e, principalmente, os temores dos federalislas. De fato, dadas as circunstâncias anormais da época, a inexistência de um banco central, capaz de controlar os
desmandos dos inúmeros bancos parti culares, a vastidão do território nacio
nal, a sua diversidade o falta de meios de tX)inunicaçao nao aconscllia\am a adoção de sistema emissor tão dcsconfornie com a realidade.
Rui não era um teórico, como diziam
os seus adversários. Muito ao contrário, cru homem de ação. A sua cultura foi e aborada nas lutas que sustentou. Dai
nao se prender, intransigente, a princí pios, quando percebia que os dex-ia ce der para acomodar imposições necessá
rias de momento. Aferrado, porém, êlc o era aos princípios que reputava basi lares, para o progresso do País. Nesse.s.
nao cediaj batalhava infatigável, até vencer os opositores. Por isso, não opôs resistência tenaz à poliemissão, que re
Nas revoluções, a tendência c para gas-
conhecia ser um êrro, mas transigiu, pa
to.s excessivos.
ra mais tarde corrigi-lo, como o fêz.
Se permanecessem nas
mãos do governo as funções de emissão de moeda, quem poderia conter as soli citações vindas de todos os setores da
administração, acrescidas ainda dos pe didos extra-governamentais que se en caminham pelas mãos do.s influentes servindo a interesses privativo.s e elei torais ?
Atribuída essa prerrogativa dc einis•são aos bancos, estes serviriam tão so mente aos inteiêsse.s econômicos da Na
ção, pois, sendo sociedades comerciais, visariam lucro e, dessa forma,
teriam
Terceiro principio - as emissões ga rantidas por apólices, talvez o que mais controvérsias haja levantado - se bem esüvesse con.signado na lei de 18S8 era
idéia sua também. A ela se ateve inámo-
vtvel. Mais tarde, „„s dicursos que nrofenu no Senado em defesa de sti admi-
m,straçao, discorreu longa e eruditamen te sob.e o mestr», mostrando a convic-
çao das suas idéias.
não exerceu a influénctaEste quepáncipio Ibe qu.seram empresta À, prescrições severas da 1,.; L
suas vistas dirigidas para o desenvolvi mento das atividades produtoras, única
sua ação.
fonte segura de rendimentos.
elaborou a orgamzafífA K.,
Segundo princípio — o da polieini.s-
atenuaram a
Firmados èstes três nw., - •
1 1
.
u •
pnneipios, Rui •.
1- ^ de 1 . a dispôs tal forma <iii^bancaria; - deu i mas t "ao mar-
Dicestü Econômico
gem a abusos quanto às finissói-s. Niu» c absolutamente exata a assertiva de seus
inimigos de que a reforma de 1800 foi a causadora da inflação, já mostramos
por algarismos que as emissões desco-
falta de moeda, c os bancos, no afã de atender às continuas .solicitaç-oes. con
cederam empréstimos num lolume tão elevado que ullrapa.ssoii. em muito, o
capital nominal dos institutos de credi
Araripe e Lucena.
to. O capital rea'i7.;id(>, porém, não cor respondia iio noiiiiiia'. dai ter-se cria do para a organi/.açao bancaria uma si
Vamos agora apontar os dispositivos legais que impediram a sua cfetK-açúo.
elevaram a 80% do capital nominal o
medidas se verificaram depois de 1802
e das providências postas em prática por
Comecemos pelas emissões laslreadas
por títulos da dívida nacional. As exi
tuação difícil, pois os empréstimos so
15inK.sTo
a ciência econômica da época llic for
anônimas senão depois de subscrito por
necia, procurou atalhar o mal.
inteiro o capital social e efetivamente
•
O Jornal do Comércio, de 18 de de zembro de 1889, insere um estudo inti
tulado "Questões Econômicas", cm que narra a expansão dos negócios c o jògo desenfreado di' bòlsa. Responsabiliza o autor do ensaio, por essas ocorrências, a lei dc 2-1 v.le nox cmbru de 1888.
"Não há (lucm ignore, diz o ar
237% dt) realizado.
ticulista, o clcsconumal desenvolvi
Rui, porém, foi comedido. Clcdeu ape nas aos reclamos gerais, c emitiu na fir
Econômico
mento que li\oram as transações da
gências prescritas, quanto a essa forma de emissão, eram tão rigorosas que não despertavam interêsse nos' institutos
me convicção dcC cm assim fazendo, atender às justas reclamações das clas
sem
emissores, pois a garantia era dc 100%,
ses econômicas de um lado, e aju
tomando por base o valor nominal do
plausíveis,
dar o desen\'ol\'imenlo da produção,
dia e 150 % cm um mês. A cada pas
títu'o. A cotação pouco abaixo do par. as reduções sofridas nos juros c a obri gatoriedade de constituir, com 10% dos
lucros brutos, um fundo em apólices pa ra garantir o capital, tornavam anti-cconómica a emissão.
Passemos as emissões sobre base me
tálica. Esta era ainda mais impraticá vel, dada a impossibilidade da sua rea
lização, visto requeria para o câmbio a ta.va de 27d., ou acima, durante o es paço de uni ano. Coisa dificílima no Brasil.
Enfim, a última exigência: a emissão
lastreada em ouro. Esta, apesar do rigor do estatuto legal, tornava-se pos.sívol dada a queda do câmbio, conseqüência da desconfiança das praças estrangeiras no golpe de estado republicano. Ao tempo de Rui, o atrativo representado
_
Bolsa no triuíeslre de agê)slo a outu
bro — (1889). Títulos houve que, fundamento
ou
explicações
subiram a 30 % em um
de outro.
so se anuncia\'am fortunas feitas em
Kui f<n sempre otimista, sem ser ufaiiista, quanto ao futuro econômico de
poucas semanas, às vêzes em pou cos dias. Pessoas, que jámais se ti nham cn\c)lvido na compra e venda d(! títulos, apressaram-se em apurar
seu País. Além disso, como Mauá, era
um convicto da necessidade da indu.s-
Irialização dc nossa economia. O mo
suas economias,
mento era propício a essas idéias. A
ocasião, cedendo ao contagioso entu siasmo, despertado pelos contos fan
abolição da c.scravatura eliminara o ran ço econômico colonial e a imigração .se iniciava. A Iransforniação determinada
pelo amor ao trabalho e pelas novu.s técnicas da produção, trazidas pc^os re-
para aproveitar a
observações que o.s seus olhos rcvela^'am. Para apressar a eclosão das novas
forças econômicas que antevia, admitiu
tanto, em 1891, o seu sucessor, Alencar
Araripe,
allerou-o
substancialmente.
Mais uma vez as medidas financeiras do
ministro do govèmo provisório eram modificadas, mas a culpa das conse qüências era inculcada a Rui Barbo.sa.
Prosseguindo na sua obra financeira, o grande brasileiro fixou a obrigatorieda de, pelo decreto de 4 de outubro de
1890, do pagamento do imposto aTandesário em ouro. A finalidade "dessa
prescrição era dupla. Primeira, segun do a explicação fornecida pelo seu au tor: "O Tesouro carece de base estável
para calcular o que recebe e o que pa ga, e êsse critério não se pode achar
da renda. A conx^ersão do papel-moeda
"Não contestaremos que a espe culação ou antes a agiotagem come çou a desenvolver-se na praça do Rio de Janeiro, ainda sob o impé
O otimismo de
diuncntais, pelo decreto a. 997. No en
O mais insuspeito testemunho é o
de produção brasileira se enquadraria Rui não era infundado: estribava-sc nus
execução desse diploma legal. Rui o al terou, sem modificar as exigências fun-
senão no uso exclusivo do ouro como
que nos dá o Visconde de Ouro Preto:
nos moldes das modernas organizações
(5). Em face de certas dificuldades na
tásticos que à surdina se propalavam na rua da Alfândega" (3).
cém-vindos, fazia prc\'er cjuc o sistema
econômicas européias.
depositados em ura banco, à escolha da maioria dos subscritores, 30% em dinhei ro, se maior proporção não estipulassem os prospeclos do valor de cada ação"
rio" (4).
Rui, ciente do mal de tais especula
medida comum do imposto e dos juros em ouro na renda das apólices é portan
to conseqüência necessária do embôlso das taxas aduaneiras em metal". Segun da, li\'rava o mercado cambial das pro curas maciças de libras-ouro, a fim de
satisfazer ao pagamento dos juros e amortizações das dívidas públicas. Rui tinha essa providência, aliás com
razão, como a viga mestra do seu plano
a emissão, meio seguro cie incentivar a.s atividades econômicas, e o fêz na quan
ções, procurou cortá-lo. Publicou, nesse .sentido, o decreto de 13 de outubro de
financeiro. O câmbio no Brasil oscila in
tidade que o meif' suportava. Não exor
1890, em que "não se haveriam por de
sa nas variações constantes é a remessa
finitivamente constituídas as sociedades
em virtude das queixas do comércio quanto às aperturas de numerário. Essas
bitou, como já o demonstramos. A especulação bolsista, que os seus
inimigos lhe quiseram atribuir, já e.xi.s-
(3) — Barbosa, Rui. Finanças e Política,
eram bem antigas. Já os estadistas e fi
tia, e não aumentou na administração de
pélo declínio da taxa cambial não era suficiente
para justificar emissões a
grane!. Houve emissões e Rui as incentivou,
nancistas do império bradaram contra a
Bui, pois esta, usando dos remédios (p»;
Pg. 23, rodapé.
(4) — Década Republicana, vol. I, pg. 87.
cessantemente, e um dos fatores que pe
de divisas para fazer face aos compromi.ssos dos empréstimos externos. (5) — Apud, Borman. Oscar. idem. pg 93.
Dicestü Econômico
gem a abusos quanto às finissói-s. Niu» c absolutamente exata a assertiva de seus
inimigos de que a reforma de 1800 foi a causadora da inflação, já mostramos
por algarismos que as emissões desco-
falta de moeda, c os bancos, no afã de atender às continuas .solicitaç-oes. con
cederam empréstimos num lolume tão elevado que ullrapa.ssoii. em muito, o
capital nominal dos institutos de credi
Araripe e Lucena.
to. O capital rea'i7.;id(>, porém, não cor respondia iio noiiiiiia'. dai ter-se cria do para a organi/.açao bancaria uma si
Vamos agora apontar os dispositivos legais que impediram a sua cfetK-açúo.
elevaram a 80% do capital nominal o
medidas se verificaram depois de 1802
e das providências postas em prática por
Comecemos pelas emissões laslreadas
por títulos da dívida nacional. As exi
tuação difícil, pois os empréstimos so
15inK.sTo
a ciência econômica da época llic for
anônimas senão depois de subscrito por
necia, procurou atalhar o mal.
inteiro o capital social e efetivamente
•
O Jornal do Comércio, de 18 de de zembro de 1889, insere um estudo inti
tulado "Questões Econômicas", cm que narra a expansão dos negócios c o jògo desenfreado di' bòlsa. Responsabiliza o autor do ensaio, por essas ocorrências, a lei dc 2-1 v.le nox cmbru de 1888.
"Não há (lucm ignore, diz o ar
237% dt) realizado.
ticulista, o clcsconumal desenvolvi
Rui, porém, foi comedido. Clcdeu ape nas aos reclamos gerais, c emitiu na fir
Econômico
mento que li\oram as transações da
gências prescritas, quanto a essa forma de emissão, eram tão rigorosas que não despertavam interêsse nos' institutos
me convicção dcC cm assim fazendo, atender às justas reclamações das clas
sem
emissores, pois a garantia era dc 100%,
ses econômicas de um lado, e aju
tomando por base o valor nominal do
plausíveis,
dar o desen\'ol\'imenlo da produção,
dia e 150 % cm um mês. A cada pas
títu'o. A cotação pouco abaixo do par. as reduções sofridas nos juros c a obri gatoriedade de constituir, com 10% dos
lucros brutos, um fundo em apólices pa ra garantir o capital, tornavam anti-cconómica a emissão.
Passemos as emissões sobre base me
tálica. Esta era ainda mais impraticá vel, dada a impossibilidade da sua rea
lização, visto requeria para o câmbio a ta.va de 27d., ou acima, durante o es paço de uni ano. Coisa dificílima no Brasil.
Enfim, a última exigência: a emissão
lastreada em ouro. Esta, apesar do rigor do estatuto legal, tornava-se pos.sívol dada a queda do câmbio, conseqüência da desconfiança das praças estrangeiras no golpe de estado republicano. Ao tempo de Rui, o atrativo representado
_
Bolsa no triuíeslre de agê)slo a outu
bro — (1889). Títulos houve que, fundamento
ou
explicações
subiram a 30 % em um
de outro.
so se anuncia\'am fortunas feitas em
Kui f<n sempre otimista, sem ser ufaiiista, quanto ao futuro econômico de
poucas semanas, às vêzes em pou cos dias. Pessoas, que jámais se ti nham cn\c)lvido na compra e venda d(! títulos, apressaram-se em apurar
seu País. Além disso, como Mauá, era
um convicto da necessidade da indu.s-
Irialização dc nossa economia. O mo
suas economias,
mento era propício a essas idéias. A
ocasião, cedendo ao contagioso entu siasmo, despertado pelos contos fan
abolição da c.scravatura eliminara o ran ço econômico colonial e a imigração .se iniciava. A Iransforniação determinada
pelo amor ao trabalho e pelas novu.s técnicas da produção, trazidas pc^os re-
para aproveitar a
observações que o.s seus olhos rcvela^'am. Para apressar a eclosão das novas
forças econômicas que antevia, admitiu
tanto, em 1891, o seu sucessor, Alencar
Araripe,
allerou-o
substancialmente.
Mais uma vez as medidas financeiras do
ministro do govèmo provisório eram modificadas, mas a culpa das conse qüências era inculcada a Rui Barbo.sa.
Prosseguindo na sua obra financeira, o grande brasileiro fixou a obrigatorieda de, pelo decreto de 4 de outubro de
1890, do pagamento do imposto aTandesário em ouro. A finalidade "dessa
prescrição era dupla. Primeira, segun do a explicação fornecida pelo seu au tor: "O Tesouro carece de base estável
para calcular o que recebe e o que pa ga, e êsse critério não se pode achar
da renda. A conx^ersão do papel-moeda
"Não contestaremos que a espe culação ou antes a agiotagem come çou a desenvolver-se na praça do Rio de Janeiro, ainda sob o impé
O otimismo de
diuncntais, pelo decreto a. 997. No en
O mais insuspeito testemunho é o
de produção brasileira se enquadraria Rui não era infundado: estribava-sc nus
execução desse diploma legal. Rui o al terou, sem modificar as exigências fun-
senão no uso exclusivo do ouro como
que nos dá o Visconde de Ouro Preto:
nos moldes das modernas organizações
(5). Em face de certas dificuldades na
tásticos que à surdina se propalavam na rua da Alfândega" (3).
cém-vindos, fazia prc\'er cjuc o sistema
econômicas européias.
depositados em ura banco, à escolha da maioria dos subscritores, 30% em dinhei ro, se maior proporção não estipulassem os prospeclos do valor de cada ação"
rio" (4).
Rui, ciente do mal de tais especula
medida comum do imposto e dos juros em ouro na renda das apólices é portan
to conseqüência necessária do embôlso das taxas aduaneiras em metal". Segun da, li\'rava o mercado cambial das pro curas maciças de libras-ouro, a fim de
satisfazer ao pagamento dos juros e amortizações das dívidas públicas. Rui tinha essa providência, aliás com
razão, como a viga mestra do seu plano
a emissão, meio seguro cie incentivar a.s atividades econômicas, e o fêz na quan
ções, procurou cortá-lo. Publicou, nesse .sentido, o decreto de 13 de outubro de
financeiro. O câmbio no Brasil oscila in
tidade que o meif' suportava. Não exor
1890, em que "não se haveriam por de
sa nas variações constantes é a remessa
finitivamente constituídas as sociedades
em virtude das queixas do comércio quanto às aperturas de numerário. Essas
bitou, como já o demonstramos. A especulação bolsista, que os seus
inimigos lhe quiseram atribuir, já e.xi.s-
(3) — Barbosa, Rui. Finanças e Política,
eram bem antigas. Já os estadistas e fi
tia, e não aumentou na administração de
pélo declínio da taxa cambial não era suficiente
para justificar emissões a
grane!. Houve emissões e Rui as incentivou,
nancistas do império bradaram contra a
Bui, pois esta, usando dos remédios (p»;
Pg. 23, rodapé.
(4) — Década Republicana, vol. I, pg. 87.
cessantemente, e um dos fatores que pe
de divisas para fazer face aos compromi.ssos dos empréstimos externos. (5) — Apud, Borman. Oscar. idem. pg 93.
Dícn-isTO Eccjnómjòo Dicesto Econômico
97
90
E' que ü Brasil, país novo, não pos sui recursos próprios para movimentar a sua economia, precisando recorrer constantemente aos centros financeiros,
no Brasil, ter sido de (^uecla. continua e
progressi\'a, como ixxlc ser perfeitamen te tc verificada pelos mimero.s seguin.te.s
(7).
em demanda de capitais. Mas .se estes, montmen ío do câmbio
ao entrar no País, ativam a economia,
drenam, por outro lado, grandes .somas em forma de lucros, que pesam no pas
sivo do Balanço de Contas. Basta dizer
Câmbio-ourtf sobre
Alio.s
Jjmdrcs
que em 19-30, segundo estimatisa ^do
como agi-iu-aclor dé.sle défieit. o que se traduz, na \ida econômica da Nação, por uma perda de substância, principal mente no ca.so do Brasil, cujas relações do comércio internacional devem ser en caradas cm seu aspecto real de troca de mercadorias
por
outras
mercadorias.
Portanto, a maior ou menor vantagem que o nos.sd Paí.s tira do comércio in-
tcmaciona' depende da quantidade de
mercadorias rpie i-nlrega pela exporta
turbando-o profundamente, c òste, por sua vez, através de um fenômeno curio-
so de reperciussão, agra\a pela des\alorização da moeda, causada pelas emis•sões sucessivas e pela contínua elewiçãn de preços, o próprio do.sequiíibrlo econômico que o feriu. Ao tempo de Rui o câmbio, elemento
scnsí\cl como é, sofreu logo as repercus.sões internacionais da má aceitação
Ministério da Fazenda (6), o total dos
1820
lucros enviados para o exterior atingiu
18-10
30,31
a. 13.020.000 libras esterlinas. Contudo,
1860
25,56
pela relação de trocas, que é o (juocien-
da revolução republicana, que o leva ram de 27d. para 23d. Esta queda c as oscilações constantes provenientes de es
não é o de maior amp'itude. O elemento central do movimento cie capitais são
1880
21,91
te do Índico do preços em ouro das mer
cipalmente pe'os bancos estranseiros,
as remessas feitas pelo Tesouro, em pa gamento das dívidas e.xternas do Paí.s. De fato, as dívidas externas são um
ônus fabuloscj, que ultrapassa, no pre sente, a nossa capacidade de pagamento, constituindo ao mesmo tempo o maior entrave ao desenvolvimento econômico
brasileiro, uma vez que drena totalmen te ou em parte, o saldo de nossa Balan
ça Comercial, deixando ainda um saldo devedor enorme, cpe fortemente con tribui para a progre.ssiH) contínua das
nossas dívidas externas que, corn os no vos empréstimos, elevaram a souia.s fan tásticas o débito brasileiro no exterior. Deste ligeiro exame podemos concluir
(|ue o Balanço de Contas Brasileiro é deficitário, e esse déficit tende a au
57,0 (ai
1900
9,45
1920
30,36
19-10
0,96
1943
Mas o pi"r é que, além de e c cair constantemente, flutua dentro do pe ríodo de um ano, favorecendo a espe
culação cambial e prejudicando, sensi
vem caindo conlimiamente, olxigando o Paí.s a vender cada \ez mais, ganhando cada vez menos. Essa perda continua se nota claramente no quadro seguinte so
bre o valor-ouiü <la tonelada exporlada
portada E IMPORTADA
gundo membro da equação dc equilí brio. Êssp segundo Icnno de igualdade é expresso em moeda estrangeira, con
como um elemento conseqüente ao esta
do deficitário do Balanço de Conta.s r (a) — Taxas de câmbio convertidas em decimais: ueuiniais. pences-ouro por tav, taxa
--—
Londres. A
Manhã". São Paulo. 2 de dezembro de
1943.
(7)
Expoiiação
JmpoiUição
1928 1932 1936 1940
100
100
47
42
26 20
42
1042
23
38
45
Pois bem essas flutuações constante.s da vida econômica brasileira, motivadas
pela sua própria fraqueza, atingem agudamente o sistema monetário, per-
,
de 1943 pelo valor libra-ouro . Folha aa Idem.
compra, em datas conhecidas de volu
me considerável de cambiai.s-ouro, força\a a baixa do câmbio, insuflando a e.speculação.
foram c.sses efeitos maléficos dos pa gamentos dos juros ao estrangeiro quo Rui qui.s evitar, instituindo a ohrigitloviedadc do imposto-ouro alfandegário. Que fizeram os seus suce.ssores de
ram í\s reservas em ouro que Rui aouAuo.ç
lodn foi fni calculada rnleulada oelos dados ao ao de 1940 pelos dados
Statesman's Year-Book.
dos compromissos externos. - Êstes, por
medida tão sábia ? Revogaram-na. sim plesmente. E, não contentes, delapida
(Números índices)
bríos do mesmo, uma \ez que é o se
tá diretamente relacionado com o Ba
leiro".
sua vez, agravavam a situação, jxãs a
Ora, no Brasil, esse indico de preços
vALoa-ouRo OI-: tonelada ex
lanço de Contas, e o desequilíbrio cons tante dêste não pode deixar de o afe tar, como é natural; daí sua tendência,
"Evolução do Sistema Monetário Brasi
portam" (8).
Porém, .se o cambio é afetado pelos déficits do Balanço de Conta.s, cMe, por
mentar sensivelmente^, por ocasião das crises inte;;nacionais. Ora, o câmbio, eoino nós sabemos, es
(g) — Osvaldo Aranha — Relatório do
causavam sérios embaraços à satisfação
velmente, a economia interna.
outro lado, agrava essa situação deficitá ria, influindo nos posteriores de.seqiiilí-
peculação cambial, levada a efeito prin
cadorias quo SC importam pelo índice de preços das mercadorias tjue se ex
e importada.
vertida em moeda nacional pela taxa de cambio e, como esta baixa continua mente, a desigualdade se acentua; c câmbio entra, pois, ao mesmo teniiM),
Ministério Ja Fazenda — Rio de Janeiro 2933. Apud, Dorival Teixeira Vieira,
ção, cm troca das qtic recebe por iinpjírtação. "Essa \antagem é expressa
mu'ara. Araripo vendeu-as; Lucena empicstou-as. Êstc arrependeu-se e se rclraloii. E' o que nos. conta Rui, nesse ttecbo:
"O impòsto em ouro foi condenado pelo mesmo govèrno que mais tarde
teria de vir pugnar, arrependido, pe la .sua con.servação, condenado an
tes que o critério de uma experi mentação regular lhe pudesse pôr a descoberto a influência real .sòbre a vida econômica do Pais" (9).
Gudin. E. ''Princípios de Econorma Monetana". Civilização Brasileira,
(9) — Barbosa, Rui, idem dg. 253.
Dícn-isTO Eccjnómjòo Dicesto Econômico
97
90
E' que ü Brasil, país novo, não pos sui recursos próprios para movimentar a sua economia, precisando recorrer constantemente aos centros financeiros,
no Brasil, ter sido de (^uecla. continua e
progressi\'a, como ixxlc ser perfeitamen te tc verificada pelos mimero.s seguin.te.s
(7).
em demanda de capitais. Mas .se estes, montmen ío do câmbio
ao entrar no País, ativam a economia,
drenam, por outro lado, grandes .somas em forma de lucros, que pesam no pas
sivo do Balanço de Contas. Basta dizer
Câmbio-ourtf sobre
Alio.s
Jjmdrcs
que em 19-30, segundo estimatisa ^do
como agi-iu-aclor dé.sle défieit. o que se traduz, na \ida econômica da Nação, por uma perda de substância, principal mente no ca.so do Brasil, cujas relações do comércio internacional devem ser en caradas cm seu aspecto real de troca de mercadorias
por
outras
mercadorias.
Portanto, a maior ou menor vantagem que o nos.sd Paí.s tira do comércio in-
tcmaciona' depende da quantidade de
mercadorias rpie i-nlrega pela exporta
turbando-o profundamente, c òste, por sua vez, através de um fenômeno curio-
so de reperciussão, agra\a pela des\alorização da moeda, causada pelas emis•sões sucessivas e pela contínua elewiçãn de preços, o próprio do.sequiíibrlo econômico que o feriu. Ao tempo de Rui o câmbio, elemento
scnsí\cl como é, sofreu logo as repercus.sões internacionais da má aceitação
Ministério da Fazenda (6), o total dos
1820
lucros enviados para o exterior atingiu
18-10
30,31
a. 13.020.000 libras esterlinas. Contudo,
1860
25,56
pela relação de trocas, que é o (juocien-
da revolução republicana, que o leva ram de 27d. para 23d. Esta queda c as oscilações constantes provenientes de es
não é o de maior amp'itude. O elemento central do movimento cie capitais são
1880
21,91
te do Índico do preços em ouro das mer
cipalmente pe'os bancos estranseiros,
as remessas feitas pelo Tesouro, em pa gamento das dívidas e.xternas do Paí.s. De fato, as dívidas externas são um
ônus fabuloscj, que ultrapassa, no pre sente, a nossa capacidade de pagamento, constituindo ao mesmo tempo o maior entrave ao desenvolvimento econômico
brasileiro, uma vez que drena totalmen te ou em parte, o saldo de nossa Balan
ça Comercial, deixando ainda um saldo devedor enorme, cpe fortemente con tribui para a progre.ssiH) contínua das
nossas dívidas externas que, corn os no vos empréstimos, elevaram a souia.s fan tásticas o débito brasileiro no exterior. Deste ligeiro exame podemos concluir
(|ue o Balanço de Contas Brasileiro é deficitário, e esse déficit tende a au
57,0 (ai
1900
9,45
1920
30,36
19-10
0,96
1943
Mas o pi"r é que, além de e c cair constantemente, flutua dentro do pe ríodo de um ano, favorecendo a espe
culação cambial e prejudicando, sensi
vem caindo conlimiamente, olxigando o Paí.s a vender cada \ez mais, ganhando cada vez menos. Essa perda continua se nota claramente no quadro seguinte so
bre o valor-ouiü <la tonelada exporlada
portada E IMPORTADA
gundo membro da equação dc equilí brio. Êssp segundo Icnno de igualdade é expresso em moeda estrangeira, con
como um elemento conseqüente ao esta
do deficitário do Balanço de Conta.s r (a) — Taxas de câmbio convertidas em decimais: ueuiniais. pences-ouro por tav, taxa
--—
Londres. A
Manhã". São Paulo. 2 de dezembro de
1943.
(7)
Expoiiação
JmpoiUição
1928 1932 1936 1940
100
100
47
42
26 20
42
1042
23
38
45
Pois bem essas flutuações constante.s da vida econômica brasileira, motivadas
pela sua própria fraqueza, atingem agudamente o sistema monetário, per-
,
de 1943 pelo valor libra-ouro . Folha aa Idem.
compra, em datas conhecidas de volu
me considerável de cambiai.s-ouro, força\a a baixa do câmbio, insuflando a e.speculação.
foram c.sses efeitos maléficos dos pa gamentos dos juros ao estrangeiro quo Rui qui.s evitar, instituindo a ohrigitloviedadc do imposto-ouro alfandegário. Que fizeram os seus suce.ssores de
ram í\s reservas em ouro que Rui aouAuo.ç
lodn foi fni calculada rnleulada oelos dados ao ao de 1940 pelos dados
Statesman's Year-Book.
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medida tão sábia ? Revogaram-na. sim plesmente. E, não contentes, delapida
(Números índices)
bríos do mesmo, uma \ez que é o se
tá diretamente relacionado com o Ba
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sua vez, agravavam a situação, jxãs a
Ora, no Brasil, esse indico de preços
vALoa-ouRo OI-: tonelada ex
lanço de Contas, e o desequilíbrio cons tante dêste não pode deixar de o afe tar, como é natural; daí sua tendência,
"Evolução do Sistema Monetário Brasi
portam" (8).
Porém, .se o cambio é afetado pelos déficits do Balanço de Conta.s, cMe, por
mentar sensivelmente^, por ocasião das crises inte;;nacionais. Ora, o câmbio, eoino nós sabemos, es
(g) — Osvaldo Aranha — Relatório do
causavam sérios embaraços à satisfação
velmente, a economia interna.
outro lado, agrava essa situação deficitá ria, influindo nos posteriores de.seqiiilí-
peculação cambial, levada a efeito prin
cadorias quo SC importam pelo índice de preços das mercadorias tjue se ex
e importada.
vertida em moeda nacional pela taxa de cambio e, como esta baixa continua mente, a desigualdade se acentua; c câmbio entra, pois, ao mesmo teniiM),
Ministério Ja Fazenda — Rio de Janeiro 2933. Apud, Dorival Teixeira Vieira,
ção, cm troca das qtic recebe por iinpjírtação. "Essa \antagem é expressa
mu'ara. Araripo vendeu-as; Lucena empicstou-as. Êstc arrependeu-se e se rclraloii. E' o que nos. conta Rui, nesse ttecbo:
"O impòsto em ouro foi condenado pelo mesmo govèrno que mais tarde
teria de vir pugnar, arrependido, pe la .sua con.servação, condenado an
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Gudin. E. ''Princípios de Econorma Monetana". Civilização Brasileira,
(9) — Barbosa, Rui, idem dg. 253.
98
Não c possível analisar ninna nnica palestra o p^ano financeiro de Uiií. Apontamos os aspectos principais, (pic,
por sua vez, foram os mais criticados <* caluniados. Acreditamos tc-r mostrado a inverdade das acusações. Não cpieremos terminar, contudo, sem enumerar o
extenso rol de criações c reformas efe tuadas, tão só no intuito de apresentar aos senhores a excelência da obra admi
nistrativa que Rui empreendeu no cairto espaço de 14 meses.
1) — Executou • com muito engenho o orçamento de 1890, conseguindo, num ambiente propício a gastos e.xorbitantes, manter as contas em equilíbrio. 2) — Não emitiu um só real a fim
de propiciar o aumento dás despesas pú blicas.
3) — Instituiu o Tribunal de Contas, o que na época foi considerado uma rc-
\olução.
em dia os
Tcsoiiro-
7) — Reduziu» caso rarissinio entre
nós, as despesas do ministério de 1-086 conto.s. Quantia avultada jxrra a épof^8) — Reformou o ser\iço da esta" tistica comercial e finauceira. e o fez em
bases tão aperfeiçoadas ciue, mesmo bo je, apesar da cxcelcnc.a do nosso seny ço estatístico, não alingm o desenvolvi
profissional. VII - Ruy e os operários. VIU - Rui, r n S,v,í
10) — Se não tocou na questão tn-
ferro.
5) — Modificou a tarifa aduaneira,
corrigíndo-a de falhas, exageros e de sigualdades existentes no sistema pro 6) — Não suspendeu o pagamento
da dívida flutuante e manteve sempre
V — Ruy c o nosso descncolcMuento industrial. VI — Ruu r r,
ciai. IX - Ruy C « dc/mcracia ^social. X - Lu
XI — Conclusão: atualidade social de Ruy Barbosa
ração da carta constitucional, „.ão dei-
xott de indicar, em estudos substancio
sos, a pos.sibilidade de modificá-la, o riue ali.ás, foi aproveitado por seus su
largos, a atuação de Rui nas finanças do País.
Agora que se está celebrando o ceutenáVio de Rui, o historiador, que, das eminências gigantescas da sua obra,
compassar os olhos pelo longo e tumul tuoso período da história do Brasil que ela domina, verá, como no famoso es pectro de Brocken que a sua pena imor
talizou, projetar-se nos horizontes futu
tecionista do Império.
dadc III - Ruy aboUcomsia. IV - Ruy e o trabalho dos Sos
hutárin por não cstar nitimnda a elabo
os seus magistrais trabalhos sébre o imposto de Renda. E ei.s aqui, meus senhores, em traços
se destinou à compra de estrada de
de Ciências Econômicas da Uni\crsiclade de São Paulo).
do seu Ministério concedendo aumcnlo de \cncimcntos, reduzindo o número de funcionários c instituindo concursos ngorosos para o ingresso na carreira.
tentaram, sem sucesso, a sua criação. Rui não só concretizou a idéia como a
4) — Não contraiu outro emprésti mo, a não ser o de 10 mil contos que
A. E. CiiSAiUNo Ju.Nion
(Professor de Direito Social das Faculdades de Direito e
I — Ruy, vuíto uocional, vulto paulista, vulto campineiro O ienw da palestra II - O meio em que cresceu Ruy: inàicidualista e escra vocrata \ ahr de sua reação ao meio, característica de sxia seniali-
cessores. São ainda dignos de regisUo
Constituição de 1891.
Ruy Barbosa e a questão social
mento que Hui Ibe ^ O) — Reformou todas as repartições
Vários ministros do Império
introduziu no Projeto da Constituição, que se consubstanciou no artigo 89 da
T
ros da Pátria o perfil do imortal esta dista.
Os baiano.s, que viram a Ruy nascer, crescer e engrandecer-se, com justíssi ma razão dele sc orgulham profunda mente. E o fazem, não apenas por sua grandeza incompará\cl, mas tam
bém porque Ruy sempre amou a Bahia, dela se mostrando, em todas as fases de
sua vida magnífica, filho inteiramente devotado à "heroína dos seios titãnicos", ao "coração da nossa nacionalida de", como ele exatamente a chamou na
crescmeulo intelectual, renándicaç-ão
auto ma,s compreensível quando dêlc
nt, A r do Largo de S-ão Fran nova Academia cisco que acolheu. „„s ólu„„3 anos de
sua formação universitária, a águia ain
da iniplume, que tanto iria brilhar mais tarde nas magnificèndas de Haia.
E se de regionalismo se tratasse, prin
"Amada terra do sou berço". E ^ prova
cipalmente na sua forma mais acentuada que é o bairrismo entonderiels então de
dcs.sa afeição dcvi-a êle, entre outras, quando, antepondo os interesses da
vem falar-vos de Rnv nn,
conferência da Feira do Sant'Ana, á
Bahia "a qualquer outra missão, por mais egrégia que fôsse", recusou o con
vite do Presidente Epilácio Pessoa para ser o chefe de nossa lepresentação di plomática junto à Liga das Nações, a fim de ir percorrer o teirltório baiano numa campanha política estadual.
Mas, o Ruy baiano é também o nosso Ruy, é ü expressão máxima da nacio nalidade brasileira c assim sendo todo brasileiro tem o direito do eoniun^Tar no seu culto cívico.
K nós paulistas, ainda mais, porque ■ irrth'liTT"r^fliiir I i -í itiiiii
podemos reivindicar também para São .abngado Ruy, ainda „o período de seu Pau o un, poueo da glória de haver
maneira ainda melhor com que unção • ■
um filho da cidade m e ra, como a tudo IZh ^ ™P""<'eçe-
ria, em lhe descrevendo einnV-^ L
an-
E vü.s fala )ustanientf> vos sòbre Ruy e n
^
lão social pelo Mestre iV'" de maneira integra'
celebre Conferência 'do
"bord:
que êle abre citando
lista, a tratar da míscp, ?"^ caipira paulista.
" ' •'"'hiaçao
98
Não c possível analisar ninna nnica palestra o p^ano financeiro de Uiií. Apontamos os aspectos principais, (pic,
por sua vez, foram os mais criticados <* caluniados. Acreditamos tc-r mostrado a inverdade das acusações. Não cpieremos terminar, contudo, sem enumerar o
extenso rol de criações c reformas efe tuadas, tão só no intuito de apresentar aos senhores a excelência da obra admi
nistrativa que Rui empreendeu no cairto espaço de 14 meses.
1) — Executou • com muito engenho o orçamento de 1890, conseguindo, num ambiente propício a gastos e.xorbitantes, manter as contas em equilíbrio. 2) — Não emitiu um só real a fim
de propiciar o aumento dás despesas pú blicas.
3) — Instituiu o Tribunal de Contas, o que na época foi considerado uma rc-
\olução.
em dia os
Tcsoiiro-
7) — Reduziu» caso rarissinio entre
nós, as despesas do ministério de 1-086 conto.s. Quantia avultada jxrra a épof^8) — Reformou o ser\iço da esta" tistica comercial e finauceira. e o fez em
bases tão aperfeiçoadas ciue, mesmo bo je, apesar da cxcelcnc.a do nosso seny ço estatístico, não alingm o desenvolvi
profissional. VII - Ruy e os operários. VIU - Rui, r n S,v,í
10) — Se não tocou na questão tn-
ferro.
5) — Modificou a tarifa aduaneira,
corrigíndo-a de falhas, exageros e de sigualdades existentes no sistema pro 6) — Não suspendeu o pagamento
da dívida flutuante e manteve sempre
V — Ruy c o nosso descncolcMuento industrial. VI — Ruu r r,
ciai. IX - Ruy C « dc/mcracia ^social. X - Lu
XI — Conclusão: atualidade social de Ruy Barbosa
ração da carta constitucional, „.ão dei-
xott de indicar, em estudos substancio
sos, a pos.sibilidade de modificá-la, o riue ali.ás, foi aproveitado por seus su
largos, a atuação de Rui nas finanças do País.
Agora que se está celebrando o ceutenáVio de Rui, o historiador, que, das eminências gigantescas da sua obra,
compassar os olhos pelo longo e tumul tuoso período da história do Brasil que ela domina, verá, como no famoso es pectro de Brocken que a sua pena imor
talizou, projetar-se nos horizontes futu
tecionista do Império.
dadc III - Ruy aboUcomsia. IV - Ruy e o trabalho dos Sos
hutárin por não cstar nitimnda a elabo
os seus magistrais trabalhos sébre o imposto de Renda. E ei.s aqui, meus senhores, em traços
se destinou à compra de estrada de
de Ciências Econômicas da Uni\crsiclade de São Paulo).
do seu Ministério concedendo aumcnlo de \cncimcntos, reduzindo o número de funcionários c instituindo concursos ngorosos para o ingresso na carreira.
tentaram, sem sucesso, a sua criação. Rui não só concretizou a idéia como a
4) — Não contraiu outro emprésti mo, a não ser o de 10 mil contos que
A. E. CiiSAiUNo Ju.Nion
(Professor de Direito Social das Faculdades de Direito e
I — Ruy, vuíto uocional, vulto paulista, vulto campineiro O ienw da palestra II - O meio em que cresceu Ruy: inàicidualista e escra vocrata \ ahr de sua reação ao meio, característica de sxia seniali-
cessores. São ainda dignos de regisUo
Constituição de 1891.
Ruy Barbosa e a questão social
mento que Hui Ibe ^ O) — Reformou todas as repartições
Vários ministros do Império
introduziu no Projeto da Constituição, que se consubstanciou no artigo 89 da
T
ros da Pátria o perfil do imortal esta dista.
Os baiano.s, que viram a Ruy nascer, crescer e engrandecer-se, com justíssi ma razão dele sc orgulham profunda mente. E o fazem, não apenas por sua grandeza incompará\cl, mas tam
bém porque Ruy sempre amou a Bahia, dela se mostrando, em todas as fases de
sua vida magnífica, filho inteiramente devotado à "heroína dos seios titãnicos", ao "coração da nossa nacionalida de", como ele exatamente a chamou na
crescmeulo intelectual, renándicaç-ão
auto ma,s compreensível quando dêlc
nt, A r do Largo de S-ão Fran nova Academia cisco que acolheu. „„s ólu„„3 anos de
sua formação universitária, a águia ain
da iniplume, que tanto iria brilhar mais tarde nas magnificèndas de Haia.
E se de regionalismo se tratasse, prin
"Amada terra do sou berço". E ^ prova
cipalmente na sua forma mais acentuada que é o bairrismo entonderiels então de
dcs.sa afeição dcvi-a êle, entre outras, quando, antepondo os interesses da
vem falar-vos de Rnv nn,
conferência da Feira do Sant'Ana, á
Bahia "a qualquer outra missão, por mais egrégia que fôsse", recusou o con
vite do Presidente Epilácio Pessoa para ser o chefe de nossa lepresentação di plomática junto à Liga das Nações, a fim de ir percorrer o teirltório baiano numa campanha política estadual.
Mas, o Ruy baiano é também o nosso Ruy, é ü expressão máxima da nacio nalidade brasileira c assim sendo todo brasileiro tem o direito do eoniun^Tar no seu culto cívico.
K nós paulistas, ainda mais, porque ■ irrth'liTT"r^fliiir I i -í itiiiii
podemos reivindicar também para São .abngado Ruy, ainda „o período de seu Pau o un, poueo da glória de haver
maneira ainda melhor com que unção • ■
um filho da cidade m e ra, como a tudo IZh ^ ™P""<'eçe-
ria, em lhe descrevendo einnV-^ L
an-
E vü.s fala )ustanientf> vos sòbre Ruy e n
^
lão social pelo Mestre iV'" de maneira integra'
celebre Conferência 'do
"bord:
que êle abre citando
lista, a tratar da míscp, ?"^ caipira paulista.
" ' •'"'hiaçao
Sr'-ir-'
DicEsro Econômico
100
íli* outra, scnclo hoinoin th* forinaçao
II
As cininências atraem .sempre a aten
ção e por isso mesmo provocam constan
tes disputas a seu respeito.
Isto rjue
ocorre ecm as coisas, sói acontecer mais
monárcpiica c homem clc ideologia !ibcral - Ruy foi um "marginal" típico,
Dicesto Ec;onómico
mesmo para os que nasceram sob a
proteção dos mais autênticos brasões de
fídalguia e dotes de inteligência. For mara o seu espírito c a sua personali
no sentido cultíirológíco da cxprcs.são". (2). E ainda: "Exprcs-são demonstra
dade sob a inspiração uni tanto utópica
tiva df) "margínalismo" intelectual c
e iclcalística dos publicistas liberais
jurídico dc Hu\- é, na sua enorme bi-
norte-americanos c ingleses do seu tem
po, que de\'ora\a àvidamentc, nu ex-
cívica de um Ruy. Não faltou quem o atacasse, principalmente quanto ao as
blioteca - de um lado, a copiosa ainmdáncia dc li\ ros estrangeiros, franceses,
ljeclati\'a do alguma missão pública que
inglè.ses, norle-amcrieanos c italianos (os
pecto em <juc nos incumbe focalizá-lo.
alemães são pouco abundantes embom
desprezava o material". (.5). E o pró
A críticíi, porem, como julgamento que é, pressupõe, da parte do crítico, ele vação cultural pelo meno.s igual à da X>essoa criticada. Onde, entretanto, en contrar tal igualdade, em se tratando de Ruy, que é único?
elo dominasse o alemão e mesmo o fa
frec_iüentemente ainda com os liomens, maximc quando da estatura cultural e
Isto não obstante, lemos reccntcmtai-
te uma apreciação sobre Ruy que, par
I tindo dc escritor dc real prestígio in
telectual, qual seja Oliveira Viana, nos parece interessante examinar nesta pa lestra, mesmo porque representa uma
crítica equilibrada e justa, resr)citosa è compreensiva. Examinando com muita
finura a personalidade de Ruy, Oliveira
Viana o considera um homem marginal, neste sentido incluídos aqueles que "vi vem todos êles entre duas "cultiuas": uma - a do seu povo, que lhes forma o subconsciente coletivo; outra — « euro
lasse); de outro, a relativa insignificáncia da sua "brasiliana';. Tora da literatura pròpriamente jurídica o par
nunca veio e assim encarecia o moral e
prio Ruy o confirma nestas pahwTas: "o que sou, meno.s o coração cm que minha mãe entrou grandemente, dêle nasce quase e.velusivamente, como a
reconhece que ele acompanhou, acliantando-se quanto x'Ossí\cl à rida cul tural de .sua época: "Com os seus há
bitos de leitura atualizada e o seu çòstu do fato ccneroto, próprio à sua índole de ad\'Ogado — Ruy já teria, sc x>or\ cntura csti\'esse \ivo, tomado conheci
mento de tudo isto, destas profundas transformações do espírito moderno c ~ o que é mais, operadas justamente no
.seio destes povos, que foram sempre o objeto da sua admiração ilimitada: e estaria, hoje, muito mudado. Certa mente, não seria mais o mesmo doutri-
nador c excgeta que fora na época he
lamentar, o Brasil lhe interes.sava pouco
água que corre da água que já correu.
como povo — isto é, como cwutzaião, como psicologia coletivo, conu) estrutura.
da, era dêlc, o maior orador que jamais
E.sta pa'a\'ra que uso, cm mim diminuí
fundação e consolidação da República.
conliecí. Esta cabeça que eu tenho, não c mai.s que uma apagada soiubní da .sua. Esta paixão da liberdade, do direito e da justiça, herdou-ma êle, a
mações da sociedade moderna, do pen
Em boa verdade,, nunca o estudou." E in.siste: "Culturalmente - Ruy era um
X)uro inglês, nutrido do espírito dc Oxford, de Cambrídge ou de Elou" (3). Silo Gonçalves, por sua vez diz de Ruy: "Era o mesmo homom que detestaria
nuiis justa das almas, o mais irredutível
liberal que eu nunca vi, liberal à inglesa
os bondes-l)iigagcirüs e os iiadeiro.s sem gravata. Liberalismo não c desordem.
e à americana" (6).
Democracia não é anarquia.
monstra à primeira vista a genialidade
A Re
pública é a liberdade c a democracia
E c justamente isto o que nos de
de Ruy; "o vigor com que soube reagir
na lei", segundo suas expressões, nao é a plebe". (4).
contra a sua própria formação espiri
Disto tudo o mais imiDortante, a nosso
meio em que sc desenvolveu a sua bri
tual, contra as XDrópinas influências do
róica dos seus hercúleos trabaliios da
Infelizmente para nós, estas transfor
samento moderno, do direito modenio, u política modcnia, da ciência social moderna — tudo isto ocorreu, ou só .se acentuou e tornou-se \isí\'cl, depois da grande guetra.
Ou mais exatamente:
depois de 1920. Equivale dizer: prati camente, depois da morte de Ruy. Os que cultuam Ruy e invocam a
sua doutrina nestes dias agitados de agora esquecem justamente este ponto.
Esquecem que Ruy era uma inteligên cia eixtremani/imte compreensi\'a; que
péia ou norte-ainericana, que lhes dá as idéias, as diretrizes do pensamento, os
xér, é ressaltar o ambiente em que se formou o espírito de Ruy, um meio
lhante carreira política, contra as pró
paradigma.s constitucionais, os critérios do julgamento, político" (1). Oliveira
tão profundamente individualista que
imperavam em seu derredor, contra u indiferença de uns, a inconsciência de
fletmdo-lhe as crenças, aspirações v
Viana diz mais expressivamente ainda:
tegro Dr. João Barbosa, diz Silo Gon çalves: "Era um teórico a sonhar com novas formas de governo, embebiclo das idéias novas da Europa e da América do
outros, a má vontade destes, a malícia
Gomes, em c-onferència do mérito sobre este mesmo assunto afirma judiciosamente: Desde a primeira atitude, como es
"pela sua mentalidade anglo-saxônia e pela condição especial da sua posíçrio jio plano do tempo — isto é, pela sua condição de homem que pertencia a
duas épocas, colocado entre o Império
ainda escravocrata.
Norte.
Dc seu pai, o ín
Pouco \'ercladeiramentc conhe
cia da vida material, tão dura e ingrata,
o a República, participando de uma e
prias tradições ou pseudo-tradições que
daqueles, para contra tudo e contra
Iodos tentar a reforma da própria men talidade nacional, depois de haver re formado a sua x^rópria". Aliás, Oliveira Viana, mesmo quanto íio seu alegado "marginalísmo" de Ruy,
(3) Ibidem. pg. 40. (4) A Águia Ágv'- de Haia. 1947, pg. 24. 0,l
Rio de Janeiro.
viveu sempre dentro da sua época, re-
M-ntimentos". E o Professor Orlando
tudante, no Recife, não licsitou entre o X?iogresso e a rotina, abraçando daí por
diante, todas as cansas que têm sido r.s rei\-indicações fundamentais da ca
mada progressista". (7}.
(2) Ibidem, pgs. 37 e 38. (1) Instituições Políticas Brasileiras, 2.o Voi., pg. 10. S. Paulo, 19411.
a.ssimilou lôda a cultura do seu tempo e
(5) Ob. cit. pgs. 18 e 19. (6) Ibidem, pg. 21.
(7) Revista da Faculdade de Direito da Bahia, vol. XIX, 1944. pg. 77.
Sr'-ir-'
DicEsro Econômico
100
íli* outra, scnclo hoinoin th* forinaçao
II
As cininências atraem .sempre a aten
ção e por isso mesmo provocam constan
tes disputas a seu respeito.
Isto rjue
ocorre ecm as coisas, sói acontecer mais
monárcpiica c homem clc ideologia !ibcral - Ruy foi um "marginal" típico,
Dicesto Ec;onómico
mesmo para os que nasceram sob a
proteção dos mais autênticos brasões de
fídalguia e dotes de inteligência. For mara o seu espírito c a sua personali
no sentido cultíirológíco da cxprcs.são". (2). E ainda: "Exprcs-são demonstra
dade sob a inspiração uni tanto utópica
tiva df) "margínalismo" intelectual c
e iclcalística dos publicistas liberais
jurídico dc Hu\- é, na sua enorme bi-
norte-americanos c ingleses do seu tem
po, que de\'ora\a àvidamentc, nu ex-
cívica de um Ruy. Não faltou quem o atacasse, principalmente quanto ao as
blioteca - de um lado, a copiosa ainmdáncia dc li\ ros estrangeiros, franceses,
ljeclati\'a do alguma missão pública que
inglè.ses, norle-amcrieanos c italianos (os
pecto em <juc nos incumbe focalizá-lo.
alemães são pouco abundantes embom
desprezava o material". (.5). E o pró
A críticíi, porem, como julgamento que é, pressupõe, da parte do crítico, ele vação cultural pelo meno.s igual à da X>essoa criticada. Onde, entretanto, en contrar tal igualdade, em se tratando de Ruy, que é único?
elo dominasse o alemão e mesmo o fa
frec_iüentemente ainda com os liomens, maximc quando da estatura cultural e
Isto não obstante, lemos reccntcmtai-
te uma apreciação sobre Ruy que, par
I tindo dc escritor dc real prestígio in
telectual, qual seja Oliveira Viana, nos parece interessante examinar nesta pa lestra, mesmo porque representa uma
crítica equilibrada e justa, resr)citosa è compreensiva. Examinando com muita
finura a personalidade de Ruy, Oliveira
Viana o considera um homem marginal, neste sentido incluídos aqueles que "vi vem todos êles entre duas "cultiuas": uma - a do seu povo, que lhes forma o subconsciente coletivo; outra — « euro
lasse); de outro, a relativa insignificáncia da sua "brasiliana';. Tora da literatura pròpriamente jurídica o par
nunca veio e assim encarecia o moral e
prio Ruy o confirma nestas pahwTas: "o que sou, meno.s o coração cm que minha mãe entrou grandemente, dêle nasce quase e.velusivamente, como a
reconhece que ele acompanhou, acliantando-se quanto x'Ossí\cl à rida cul tural de .sua época: "Com os seus há
bitos de leitura atualizada e o seu çòstu do fato ccneroto, próprio à sua índole de ad\'Ogado — Ruy já teria, sc x>or\ cntura csti\'esse \ivo, tomado conheci
mento de tudo isto, destas profundas transformações do espírito moderno c ~ o que é mais, operadas justamente no
.seio destes povos, que foram sempre o objeto da sua admiração ilimitada: e estaria, hoje, muito mudado. Certa mente, não seria mais o mesmo doutri-
nador c excgeta que fora na época he
lamentar, o Brasil lhe interes.sava pouco
água que corre da água que já correu.
como povo — isto é, como cwutzaião, como psicologia coletivo, conu) estrutura.
da, era dêlc, o maior orador que jamais
E.sta pa'a\'ra que uso, cm mim diminuí
fundação e consolidação da República.
conliecí. Esta cabeça que eu tenho, não c mai.s que uma apagada soiubní da .sua. Esta paixão da liberdade, do direito e da justiça, herdou-ma êle, a
mações da sociedade moderna, do pen
Em boa verdade,, nunca o estudou." E in.siste: "Culturalmente - Ruy era um
X)uro inglês, nutrido do espírito dc Oxford, de Cambrídge ou de Elou" (3). Silo Gonçalves, por sua vez diz de Ruy: "Era o mesmo homom que detestaria
nuiis justa das almas, o mais irredutível
liberal que eu nunca vi, liberal à inglesa
os bondes-l)iigagcirüs e os iiadeiro.s sem gravata. Liberalismo não c desordem.
e à americana" (6).
Democracia não é anarquia.
monstra à primeira vista a genialidade
A Re
pública é a liberdade c a democracia
E c justamente isto o que nos de
de Ruy; "o vigor com que soube reagir
na lei", segundo suas expressões, nao é a plebe". (4).
contra a sua própria formação espiri
Disto tudo o mais imiDortante, a nosso
meio em que sc desenvolveu a sua bri
tual, contra as XDrópinas influências do
róica dos seus hercúleos trabaliios da
Infelizmente para nós, estas transfor
samento moderno, do direito modenio, u política modcnia, da ciência social moderna — tudo isto ocorreu, ou só .se acentuou e tornou-se \isí\'cl, depois da grande guetra.
Ou mais exatamente:
depois de 1920. Equivale dizer: prati camente, depois da morte de Ruy. Os que cultuam Ruy e invocam a
sua doutrina nestes dias agitados de agora esquecem justamente este ponto.
Esquecem que Ruy era uma inteligên cia eixtremani/imte compreensi\'a; que
péia ou norte-ainericana, que lhes dá as idéias, as diretrizes do pensamento, os
xér, é ressaltar o ambiente em que se formou o espírito de Ruy, um meio
lhante carreira política, contra as pró
paradigma.s constitucionais, os critérios do julgamento, político" (1). Oliveira
tão profundamente individualista que
imperavam em seu derredor, contra u indiferença de uns, a inconsciência de
fletmdo-lhe as crenças, aspirações v
Viana diz mais expressivamente ainda:
tegro Dr. João Barbosa, diz Silo Gon çalves: "Era um teórico a sonhar com novas formas de governo, embebiclo das idéias novas da Europa e da América do
outros, a má vontade destes, a malícia
Gomes, em c-onferència do mérito sobre este mesmo assunto afirma judiciosamente: Desde a primeira atitude, como es
"pela sua mentalidade anglo-saxônia e pela condição especial da sua posíçrio jio plano do tempo — isto é, pela sua condição de homem que pertencia a
duas épocas, colocado entre o Império
ainda escravocrata.
Norte.
Dc seu pai, o ín
Pouco \'ercladeiramentc conhe
cia da vida material, tão dura e ingrata,
o a República, participando de uma e
prias tradições ou pseudo-tradições que
daqueles, para contra tudo e contra
Iodos tentar a reforma da própria men talidade nacional, depois de haver re formado a sua x^rópria". Aliás, Oliveira Viana, mesmo quanto íio seu alegado "marginalísmo" de Ruy,
(3) Ibidem. pg. 40. (4) A Águia Ágv'- de Haia. 1947, pg. 24. 0,l
Rio de Janeiro.
viveu sempre dentro da sua época, re-
M-ntimentos". E o Professor Orlando
tudante, no Recife, não licsitou entre o X?iogresso e a rotina, abraçando daí por
diante, todas as cansas que têm sido r.s rei\-indicações fundamentais da ca
mada progressista". (7}.
(2) Ibidem, pgs. 37 e 38. (1) Instituições Políticas Brasileiras, 2.o Voi., pg. 10. S. Paulo, 19411.
a.ssimilou lôda a cultura do seu tempo e
(5) Ob. cit. pgs. 18 e 19. (6) Ibidem, pg. 21.
(7) Revista da Faculdade de Direito da Bahia, vol. XIX, 1944. pg. 77.
Dicksto Econónhco im
''xl' '"Õ. ''' cóbre o.s c£''mh, caicanhaies,
Aliás não era de admirar que se
cômodos" se atestam crcaluras huma
preocupasse desde cedo com as agru ras do operário quem, embora bem nas cido, também passou por dificuldades financeiras como Ruy, cuja respeitável l)rogenitoru mantinha a família com uma pequena indústria de doces, auxilia
nas como .sacos cm tuÜias, numa pro
coalhados dc homens, mulheres e crian
ças*, como dc fardos mortos, numa tor tura dc mil torturas, que gela a imagi
E
nação transida c liorripilada. Os covis dc: sarrafos c fc^lhas do Flnndres se aga-
cham e penduram vacilando, à encosta do.s morros su.spcitos, como canis de
na mão, e lutando com as maiores difi
rafeiros maltratados, onde entes huma
culdades para ocorrer às necessidades cotidianas da minha sub.sistência". (8).
nos se dão a si mesmos a ilusão de
estarem ao abrigo das intempéries, das
sevandijas, dos bichos daninhos, que por tôda a parte os varejam e infestam . (9). Ruy que tudo lé, tudo sabe, como
III
Entre as características do "marginalismo de Ruy inclui Oliveira Viana o .sc-u desconhecimento de nossa realida
de social. Não vamos discutir aqui se Ruy era ou nao culturalmente um
marginal quanto à nossa estrutura po lítica, ou seja em relação ao nos.so Di
reito Público e Constitucional, Queren do re.stringir-nos exclusivamente ao as
^ j>
miscuidade inconcebível, que lembra os
quadros do tráfico nogrciro; os porões
Luiz Viana depõe citando este trecho de uma carta de Ruy: "A verdade, meu caro amigo, é que veio aqui de prumo
da por algumas.escravas herdadas.
lingua, "nen, hA
so tudo vi.sse.
Eí-lo agora a falar das
agruras do trabalho rural: "Consideraeno de.sbravamcnto das florestas,* nessas
derrubadas, em que o dcrrubador ma
neja muita vez no seu machado a pró pria morte, em quo a arvore tantas ve
zes esmaga o matcLro. Lemhrac-vos da mortandade polo veneno das cobras, a .siirprê.ça do réptil ao calcanhar nu, as mãos indefesas, ao cólo de.sc.:iberto. Pen-
pecto da questão .social, julgamos, c-ontudo, que quanto a este ponto de \ista,
.siie na malária, reinante nessas paragens
a crítica não procede.
desbravador, o roçador, o lavrador .sc
inculta.s*, alagada.s, paludosas onde o
A cr. 1 -1
vale o do casebre". Não tem o senti
,i
j
mento da pátria, nem, sequer, a noção
cousa com
ac pavor do recmtamento. Mas. para
cspisadu". Mantnncntos, os / 1- 7
\ *
junta aos cantos
tZ Ir""- °
„ho pendente de un,
'1" '""ri-
"■ tfiro
" P°lvarinho
„ resto da vida
'abe^rta"; pa":; ^
palmas benU.T'" Se T' T'""
teto, alu.do pelo tempo, escorre para
centro a chuva, nao se seda o romho;
basta aparar-lhe a agua num gamelo. Dcsaprn-
ção do seu gênio desce
embora,
quando
à repetição de por-
menores, que ignora\'a a
ronca
existência de nossa que.s-
a trovoada, não deixe o
tão social.
dono de se julgar mais emi seguro no ôco de O mato vem beirar com o terreirinho nu da
pequena clareira de luz no seu desconhecimento
palhoça. Nem flores, nem frutas, nem legu
do Brasil." (12) g
razao afirma Luiz Dei-
mes. Da terra, só a man
g»do: "Para aquêle ve
lho romântico, a questão
dioca, o milho e a cana.
tatísticos, citando notícias de jornais,
halhadora.
analisando relatórios de tccnicos e até
mesmo respigando na própria literatura de ficção aquilo que ela tira à observa ção do real, como no exórdio de sua
premido a pulso, a cuia do café.
zene e caixas dè salmão.
Na "casa de
(0) A Vida de Ruy Barbosa, S. Paulo,
1921, pgs. 129 e 130. (10) Ob. clt. pg. 139.
»c.al não se limitava,
A man
cana dá a rapadura, dá a garapa, e assucara, de um rolête es
Para Jeca Tatu "o ato mais impor tante da sua vida é votar no govêrvota".
quem.
Sm?
O mobiliário cerebral
«^ban-
industrializados - simf.,.
c
hria quem olhasse de f ^
desço-
às vezes: tinha aspe^tn"^'^
çáo a famosa realiJade^gg",^.^?'
Mas
"Jeca por dentro rivalisa com
Jeca por fora. (9) Campanha Presidencial (1919), Bahia,
PS- 139,
Porque não exige cultu ra, nem colheita.
Reconhece-o
o próprio Oliveira Viana: y ^0 o Jeca, de Monteiro l Lobato, lhe abriu uma ^
uma árvore visinha.
dioca "sem vergonha", não teme formiga. A •
sobre a que.st<ão social, nesta síntese do Jeca Tatu, de Monteiro Lobato: "Dè
mouro, e "vista no avesso a camisa do
marido". (11).
cate, grudado à parede, lhe vale de contraforte,
Véino-los logo mais repelindo dados es
ca de retalhos de zinco, latas de kero-
gula a cachopa três caroços de feijão
que mau grado a eleva
no.s.sa realidade social no que tange aos problemas aflitivos da nossa classe tia-
'•'casa de comodos", ou u triste arapu
min dc cachorro". Parto difieiP En
mando-se os barrotes da
a.'; lamas da terra decomposta". (10).
Teatro Líricí),
pote. Dôr de peito? "O porrete é ias-
casa, um santo de mas
de uma feita, pleno conhecimento de
célebre conferência do
Para brotoeja, cozimento de beiço de
Ora, não se poderá di
vão arrostar com os pântanos, os hrejaes,
balhos expressivas referências a quadros realíssinios da vida operária. Se não credes, ouvi: "Até agora o abrigo das classes proletárias é, habitualmente, a
iodas as doenças, dispõe de meisinhas prodigiosas como as idéias dos nossos estadista. Não liá bronchite, que resis ta ao cuspir do doente na bôca de um peixe, solto, em seguida, água abaixo
zer de um homem assim,
Ruy demonstrou perfeitamente, mais
Não faltam nos seus tra
do país. "Dc "guerni, defesa nacional ou govèrno", tudo quanto sabe, se reduz
ílz!
(13) Hui Barbo.., s, Pa„,„,
Dicksto Econónhco im
''xl' '"Õ. ''' cóbre o.s c£''mh, caicanhaies,
Aliás não era de admirar que se
cômodos" se atestam crcaluras huma
preocupasse desde cedo com as agru ras do operário quem, embora bem nas cido, também passou por dificuldades financeiras como Ruy, cuja respeitável l)rogenitoru mantinha a família com uma pequena indústria de doces, auxilia
nas como .sacos cm tuÜias, numa pro
coalhados dc homens, mulheres e crian
ças*, como dc fardos mortos, numa tor tura dc mil torturas, que gela a imagi
E
nação transida c liorripilada. Os covis dc: sarrafos c fc^lhas do Flnndres se aga-
cham e penduram vacilando, à encosta do.s morros su.spcitos, como canis de
na mão, e lutando com as maiores difi
rafeiros maltratados, onde entes huma
culdades para ocorrer às necessidades cotidianas da minha sub.sistência". (8).
nos se dão a si mesmos a ilusão de
estarem ao abrigo das intempéries, das
sevandijas, dos bichos daninhos, que por tôda a parte os varejam e infestam . (9). Ruy que tudo lé, tudo sabe, como
III
Entre as características do "marginalismo de Ruy inclui Oliveira Viana o .sc-u desconhecimento de nossa realida
de social. Não vamos discutir aqui se Ruy era ou nao culturalmente um
marginal quanto à nossa estrutura po lítica, ou seja em relação ao nos.so Di
reito Público e Constitucional, Queren do re.stringir-nos exclusivamente ao as
^ j>
miscuidade inconcebível, que lembra os
quadros do tráfico nogrciro; os porões
Luiz Viana depõe citando este trecho de uma carta de Ruy: "A verdade, meu caro amigo, é que veio aqui de prumo
da por algumas.escravas herdadas.
lingua, "nen, hA
so tudo vi.sse.
Eí-lo agora a falar das
agruras do trabalho rural: "Consideraeno de.sbravamcnto das florestas,* nessas
derrubadas, em que o dcrrubador ma
neja muita vez no seu machado a pró pria morte, em quo a arvore tantas ve
zes esmaga o matcLro. Lemhrac-vos da mortandade polo veneno das cobras, a .siirprê.ça do réptil ao calcanhar nu, as mãos indefesas, ao cólo de.sc.:iberto. Pen-
pecto da questão .social, julgamos, c-ontudo, que quanto a este ponto de \ista,
.siie na malária, reinante nessas paragens
a crítica não procede.
desbravador, o roçador, o lavrador .sc
inculta.s*, alagada.s, paludosas onde o
A cr. 1 -1
vale o do casebre". Não tem o senti
,i
j
mento da pátria, nem, sequer, a noção
cousa com
ac pavor do recmtamento. Mas. para
cspisadu". Mantnncntos, os / 1- 7
\ *
junta aos cantos
tZ Ir""- °
„ho pendente de un,
'1" '""ri-
"■ tfiro
" P°lvarinho
„ resto da vida
'abe^rta"; pa":; ^
palmas benU.T'" Se T' T'""
teto, alu.do pelo tempo, escorre para
centro a chuva, nao se seda o romho;
basta aparar-lhe a agua num gamelo. Dcsaprn-
ção do seu gênio desce
embora,
quando
à repetição de por-
menores, que ignora\'a a
ronca
existência de nossa que.s-
a trovoada, não deixe o
tão social.
dono de se julgar mais emi seguro no ôco de O mato vem beirar com o terreirinho nu da
pequena clareira de luz no seu desconhecimento
palhoça. Nem flores, nem frutas, nem legu
do Brasil." (12) g
razao afirma Luiz Dei-
mes. Da terra, só a man
g»do: "Para aquêle ve
lho romântico, a questão
dioca, o milho e a cana.
tatísticos, citando notícias de jornais,
halhadora.
analisando relatórios de tccnicos e até
mesmo respigando na própria literatura de ficção aquilo que ela tira à observa ção do real, como no exórdio de sua
premido a pulso, a cuia do café.
zene e caixas dè salmão.
Na "casa de
(0) A Vida de Ruy Barbosa, S. Paulo,
1921, pgs. 129 e 130. (10) Ob. clt. pg. 139.
»c.al não se limitava,
A man
cana dá a rapadura, dá a garapa, e assucara, de um rolête es
Para Jeca Tatu "o ato mais impor tante da sua vida é votar no govêrvota".
quem.
Sm?
O mobiliário cerebral
«^ban-
industrializados - simf.,.
c
hria quem olhasse de f ^
desço-
às vezes: tinha aspe^tn"^'^
çáo a famosa realiJade^gg",^.^?'
Mas
"Jeca por dentro rivalisa com
Jeca por fora. (9) Campanha Presidencial (1919), Bahia,
PS- 139,
Porque não exige cultu ra, nem colheita.
Reconhece-o
o próprio Oliveira Viana: y ^0 o Jeca, de Monteiro l Lobato, lhe abriu uma ^
uma árvore visinha.
dioca "sem vergonha", não teme formiga. A •
sobre a que.st<ão social, nesta síntese do Jeca Tatu, de Monteiro Lobato: "Dè
mouro, e "vista no avesso a camisa do
marido". (11).
cate, grudado à parede, lhe vale de contraforte,
Véino-los logo mais repelindo dados es
ca de retalhos de zinco, latas de kero-
gula a cachopa três caroços de feijão
que mau grado a eleva
no.s.sa realidade social no que tange aos problemas aflitivos da nossa classe tia-
'•'casa de comodos", ou u triste arapu
min dc cachorro". Parto difieiP En
mando-se os barrotes da
a.'; lamas da terra decomposta". (10).
Teatro Líricí),
pote. Dôr de peito? "O porrete é ias-
casa, um santo de mas
de uma feita, pleno conhecimento de
célebre conferência do
Para brotoeja, cozimento de beiço de
Ora, não se poderá di
vão arrostar com os pântanos, os hrejaes,
balhos expressivas referências a quadros realíssinios da vida operária. Se não credes, ouvi: "Até agora o abrigo das classes proletárias é, habitualmente, a
iodas as doenças, dispõe de meisinhas prodigiosas como as idéias dos nossos estadista. Não liá bronchite, que resis ta ao cuspir do doente na bôca de um peixe, solto, em seguida, água abaixo
zer de um homem assim,
Ruy demonstrou perfeitamente, mais
Não faltam nos seus tra
do país. "Dc "guerni, defesa nacional ou govèrno", tudo quanto sabe, se reduz
ílz!
(13) Hui Barbo.., s, Pa„,„,
Aliás, nem era precis(} outra demons tração do espírito realista de Ruy quan to à questão social, que não a sua impertérrita campanha abolicionista. Sin tetizemo-la c-om as suas próprias pala
•. nrri<tnílos. c-oin uma devo-
nicntos mais arnsc.u" .
çr.o, que não qof-
Dic;i::si<> Ec:c>N'Ómk;<>
"
imco do todos os scviXis. outro m-
tcrêsse ou paga, senão perigos, od.os e vinganças". (M). .í';" P"'''""
C.oni a sua larga \ ísão. Huy não se
rário culminam trfe proldemas capo
limitou a cuidar do abolicionismo prò-
em 1884, no projeto da lei de emanci
priaineiite dito. Como êle me.smo afir
mou mais tarde ein relação aos negros alforriados: "Era uma raça que n lega'idade nacional estragara. Cumpria às leis nucionacs acudír-lhe na degrada
pação dos sexagenários, regulava èle mimiciosainente. não apenas a assistèn-
vidência, adeantando-lhe a data, que de
taes: a justiça, a instrucçao, anuobilitação do traballi". Eu 'úc „ baptismo da niinlia carreira profissional, pleitean do gnituitamcntc, na trilmna cniniiial, a justiça para timu innocenle till.a do povo, dcshtinrada pm' argeiitanu, cujo dinlieiro -.rombasa dos tribuuaes; e Deus permitiu que, com ser ainda lao
sóbre o granito, onde se acabavam de
rlcsautorizada a mniba voz no seu pn-
vras: "Quando o coração me começou
a vibrar dos sentimentos, que me têm enchido a vida, o trabalho arfava acor rentado à rocha da escravidão, onde lhe dilacerava
as entranhas o abutre
da cobiça deshumana. No dia em que o raio de Deus fundiu aquellas cadeias, bem sentimos nós outros, os que havía mos buscado collaborar na obra da Pro
partir os grilhões da raça captlva, se erguia um poder novo, um poder entre nós desconhecido, o poder, ainda in consciente, do trabalho regenerado". Dentre os que tínhamos levantad{) o
picão ou o camartello contra penedo, a que se cl-umbava a instituição mal
dita, cada qual estreitava ao peito as lembranças do seu contingente para a campanha em que entrara. O meu fôra
modesto. Mas abrangera tudo o que eu podia. Com eüa me e.streei na tribuna popular, acadêmico ainda, encetando-a com a primeira conferência abolicionista, que .se ousou em São Paulo. Depois, a minha pena, a minha palavra deram a essa causa o melhor do meu ser, c dessa cau.sa receberam o melhor das ins
Kuy perguntamos:
d" "P*;-
nieiro ensaio, i.áo bastasse a upulcnc.,.
do ricaço, para subtrair ao castigo legal
o poderoso libertino. A minha obra de cmpcniio nas cainaras imperiae.s foi a reforma do ensino publico, trabullio que
mereceu ser proclamado na biiropa co mo o mais considerável do todo.s iis ate ali existentes nu história dn parlamento
negra, dé não faltar nunca, nos mu-
eia uma ironia atroz. Dar liberdade ao
negro, desintcressando-.se, como se de sinteressaram ab.soiutainente da sua
sorte, não vinha a ser mais do que al forriar O.S senhores. O escravo continua
los e infracções peculiares ás relações
entre o patrão e operário, podendo im por multas até 200$000 e prisão até 60
cilas. No mesmo regulamento se esta belecerá a competência e o pro<.«sso, cjue será summarissimo." Daí mais uma
demonstração da improcedêncía da fra
desenvolvimento, com que o meu pro-
liberto o guarda-costas político, o ca
>to a organizava? A maldiçao das elas-
Aguçaram-se-lhe os
Sempre sustentei que as medidas de
niao.s instinctos do atavismo servil com a
Direito Social e as de Direito Econômi
educação da taberna, do bacamarte e da navalha. Nenhuma pro\'Ídência admi
co devenr correr paralelamente, dada a sua íntima interdependência, visto como
nistrativa, econômica, ou moral, se es-
o Direito Social, em ultima análise, nada
tifdou, ou tentou, para salvar do total
mais é que a transposição da Economia Social no plano jurídico. É claro, portanto, que as leis sociais
ses ]aborio.sas, onlTc nos, era a pro
priedade sorvil; e eu desde 1869 me
.servi, no.s mais avunçado.s poslo.s ale a
para a consciência da nação brasileira o mérito do acto de redempção, de in correr nas ameaças da celebre guarda
mercadoria, pelo seu gado humano de cutr ora. Executada assim, a abolição
vtrno, no regulamento que expedir para e.Necução desta ,lei, classificará os delic-
houvesse dad.i d instriicção popular n
dos
eleições subseqüentes, de reivindicar
interesse dos senhorí-s pela sua antiga
tenuação pelo serviço na extenuação pela
Deputados, o seu orgam e bandeira, de me vêr derrotado por amor delle na.s
Câmara
Deixarain-na estiolar
gados e empregadores no serviço agricola, (17) chegando até mesmo a dispor o seguinte, no § 12 do art. 2.": "O go-
riuiisi quarenta anos de então a boje, eni I-CZ de me pilhar al! a toa as ideias,
meiro que ninguém, em São Paulo, o brado publico do abolicionismo, a que
na
Não.
oa.s senzalas, de onde se ausentara o
cia aos ex-escravüs, como o próprio tra
balho dos libertos o respectivo contrato, a solução das questões entre empre
cachaça, o veneno, por cxcellencia, eth-
da sua extinção radical, erguendo pri
.ser,
rani-lhe?
E, enquanto isto dizia em 1919, já
lliadüias no Brasil, se a política, nus
do que eu, em serviços iis ela.sses tlaba-
in.screvi entre os primeiros precursores
de
ção, em que tendia a ser consumida, e se e.xtinguir, se lhe não valessem. Vule-
a monarchia". (16).
va a sel-o dos vícios, em que o mergu lhavam. Substituiu-se o chicote pela
pirações. Ti\e a honra de ser o autor reunidas,
tenta anos do nosso desenvolvimento sob
brasileiro. E quem teria id.i mais luiige
do projecto Dantas, de escrever, em sua .sustentação, o parecer das commi.s.sõcs
IV
.sua vitória final dezenove anos depois.
Quem, portanto, no Brasil, lidou mais pela regeneração do trabalho?' (15). (14) Ob. cit. pg. 116-
(15) Ob. ci». pgs. 88 e 89.
J
nicida, e.xterminador.
Trocou-sb a ex-
se irônica de Gilberto Freyre, segundo o qual "os problemas sociais quase juio
existiram para o campeão brasileiro <lu hobcas-corpus". (18).
ociosidade e suas objeções. Fez-se do panga eleitoral,
perdimento csse.s valores humanos que sossobravam.
Nem a instrução, nem a
Y
caridade, nem a hygiene intervieram de qualquer modo, O escTavo emancipado,
c.e um país estão condicionadas ao seu
í>ua família, sua descendência encharca
mente, como sempre fazia timbre de
ram putrescentes no desamparo em que fie achavam atascados. E eis aqui está como a política republicana liquidou o nosso antigo operariado, a plebe do tra
desen\'olvimento econômico c, notuda(16) Ob. cit. p^. 117 e 118.
(17) Projecto n.o 48. Sessão de 4 de agôsto de 1884.
Parecer n.o 48 A formulado
em nome das comissões reunidas de orça
balho brasileiro durante os séculos da
mento e justiça civil acêrca do projecto de emancipação dos escravos pelo Sr. Ruy
nossa elaboração colonial c os quase se
Barbosa.
(10) Ob. cit. pC. 109.
' '
Aliás, nem era precis(} outra demons tração do espírito realista de Ruy quan to à questão social, que não a sua impertérrita campanha abolicionista. Sin tetizemo-la c-om as suas próprias pala
•. nrri<tnílos. c-oin uma devo-
nicntos mais arnsc.u" .
çr.o, que não qof-
Dic;i::si<> Ec:c>N'Ómk;<>
"
imco do todos os scviXis. outro m-
tcrêsse ou paga, senão perigos, od.os e vinganças". (M). .í';" P"'''""
C.oni a sua larga \ ísão. Huy não se
rário culminam trfe proldemas capo
limitou a cuidar do abolicionismo prò-
em 1884, no projeto da lei de emanci
priaineiite dito. Como êle me.smo afir
mou mais tarde ein relação aos negros alforriados: "Era uma raça que n lega'idade nacional estragara. Cumpria às leis nucionacs acudír-lhe na degrada
pação dos sexagenários, regulava èle mimiciosainente. não apenas a assistèn-
vidência, adeantando-lhe a data, que de
taes: a justiça, a instrucçao, anuobilitação do traballi". Eu 'úc „ baptismo da niinlia carreira profissional, pleitean do gnituitamcntc, na trilmna cniniiial, a justiça para timu innocenle till.a do povo, dcshtinrada pm' argeiitanu, cujo dinlieiro -.rombasa dos tribuuaes; e Deus permitiu que, com ser ainda lao
sóbre o granito, onde se acabavam de
rlcsautorizada a mniba voz no seu pn-
vras: "Quando o coração me começou
a vibrar dos sentimentos, que me têm enchido a vida, o trabalho arfava acor rentado à rocha da escravidão, onde lhe dilacerava
as entranhas o abutre
da cobiça deshumana. No dia em que o raio de Deus fundiu aquellas cadeias, bem sentimos nós outros, os que havía mos buscado collaborar na obra da Pro
partir os grilhões da raça captlva, se erguia um poder novo, um poder entre nós desconhecido, o poder, ainda in consciente, do trabalho regenerado". Dentre os que tínhamos levantad{) o
picão ou o camartello contra penedo, a que se cl-umbava a instituição mal
dita, cada qual estreitava ao peito as lembranças do seu contingente para a campanha em que entrara. O meu fôra
modesto. Mas abrangera tudo o que eu podia. Com eüa me e.streei na tribuna popular, acadêmico ainda, encetando-a com a primeira conferência abolicionista, que .se ousou em São Paulo. Depois, a minha pena, a minha palavra deram a essa causa o melhor do meu ser, c dessa cau.sa receberam o melhor das ins
Kuy perguntamos:
d" "P*;-
nieiro ensaio, i.áo bastasse a upulcnc.,.
do ricaço, para subtrair ao castigo legal
o poderoso libertino. A minha obra de cmpcniio nas cainaras imperiae.s foi a reforma do ensino publico, trabullio que
mereceu ser proclamado na biiropa co mo o mais considerável do todo.s iis ate ali existentes nu história dn parlamento
negra, dé não faltar nunca, nos mu-
eia uma ironia atroz. Dar liberdade ao
negro, desintcressando-.se, como se de sinteressaram ab.soiutainente da sua
sorte, não vinha a ser mais do que al forriar O.S senhores. O escravo continua
los e infracções peculiares ás relações
entre o patrão e operário, podendo im por multas até 200$000 e prisão até 60
cilas. No mesmo regulamento se esta belecerá a competência e o pro<.«sso, cjue será summarissimo." Daí mais uma
demonstração da improcedêncía da fra
desenvolvimento, com que o meu pro-
liberto o guarda-costas político, o ca
>to a organizava? A maldiçao das elas-
Aguçaram-se-lhe os
Sempre sustentei que as medidas de
niao.s instinctos do atavismo servil com a
Direito Social e as de Direito Econômi
educação da taberna, do bacamarte e da navalha. Nenhuma pro\'Ídência admi
co devenr correr paralelamente, dada a sua íntima interdependência, visto como
nistrativa, econômica, ou moral, se es-
o Direito Social, em ultima análise, nada
tifdou, ou tentou, para salvar do total
mais é que a transposição da Economia Social no plano jurídico. É claro, portanto, que as leis sociais
ses ]aborio.sas, onlTc nos, era a pro
priedade sorvil; e eu desde 1869 me
.servi, no.s mais avunçado.s poslo.s ale a
para a consciência da nação brasileira o mérito do acto de redempção, de in correr nas ameaças da celebre guarda
mercadoria, pelo seu gado humano de cutr ora. Executada assim, a abolição
vtrno, no regulamento que expedir para e.Necução desta ,lei, classificará os delic-
houvesse dad.i d instriicção popular n
dos
eleições subseqüentes, de reivindicar
interesse dos senhorí-s pela sua antiga
tenuação pelo serviço na extenuação pela
Deputados, o seu orgam e bandeira, de me vêr derrotado por amor delle na.s
Câmara
Deixarain-na estiolar
gados e empregadores no serviço agricola, (17) chegando até mesmo a dispor o seguinte, no § 12 do art. 2.": "O go-
riuiisi quarenta anos de então a boje, eni I-CZ de me pilhar al! a toa as ideias,
meiro que ninguém, em São Paulo, o brado publico do abolicionismo, a que
na
Não.
oa.s senzalas, de onde se ausentara o
cia aos ex-escravüs, como o próprio tra
balho dos libertos o respectivo contrato, a solução das questões entre empre
cachaça, o veneno, por cxcellencia, eth-
da sua extinção radical, erguendo pri
.ser,
rani-lhe?
E, enquanto isto dizia em 1919, já
lliadüias no Brasil, se a política, nus
do que eu, em serviços iis ela.sses tlaba-
in.screvi entre os primeiros precursores
de
ção, em que tendia a ser consumida, e se e.xtinguir, se lhe não valessem. Vule-
a monarchia". (16).
va a sel-o dos vícios, em que o mergu lhavam. Substituiu-se o chicote pela
pirações. Ti\e a honra de ser o autor reunidas,
tenta anos do nosso desenvolvimento sob
brasileiro. E quem teria id.i mais luiige
do projecto Dantas, de escrever, em sua .sustentação, o parecer das commi.s.sõcs
IV
.sua vitória final dezenove anos depois.
Quem, portanto, no Brasil, lidou mais pela regeneração do trabalho?' (15). (14) Ob. cit. pg. 116-
(15) Ob. ci». pgs. 88 e 89.
J
nicida, e.xterminador.
Trocou-sb a ex-
se irônica de Gilberto Freyre, segundo o qual "os problemas sociais quase juio
existiram para o campeão brasileiro <lu hobcas-corpus". (18).
ociosidade e suas objeções. Fez-se do panga eleitoral,
perdimento csse.s valores humanos que sossobravam.
Nem a instrução, nem a
Y
caridade, nem a hygiene intervieram de qualquer modo, O escTavo emancipado,
c.e um país estão condicionadas ao seu
í>ua família, sua descendência encharca
mente, como sempre fazia timbre de
ram putrescentes no desamparo em que fie achavam atascados. E eis aqui está como a política republicana liquidou o nosso antigo operariado, a plebe do tra
desen\'olvimento econômico c, notuda(16) Ob. cit. p^. 117 e 118.
(17) Projecto n.o 48. Sessão de 4 de agôsto de 1884.
Parecer n.o 48 A formulado
em nome das comissões reunidas de orça
balho brasileiro durante os séculos da
mento e justiça civil acêrca do projecto de emancipação dos escravos pelo Sr. Ruy
nossa elaboração colonial c os quase se
Barbosa.
(10) Ob. cit. pC. 109.
' '
DicfcisTo KcoNÓMirn Dir.F.STíJ
Econômico
106
in;
a importância social desse ensino: "De
pois, a educação industrial representa
iT.sinar o grande e saudoso Koberto Simonsen, rjue os problemas dc distribui rão devem ser resolvidos pori passu com os da produção.
Genial como sempre Uuy antevia em líi82 a necessidade de nossa industria lização, nestes termos: "Mus somos uma
nação agrícola. E porque nao também uma nação industrial':' Eallece-nos o (j;ro, a prata, o ferro, o cstanho, o bron ze, o mármore, a argilla, a madeira, a borracha, as fibras têxteis'? Seguramen te, não. Que é, pois, o que nus mingua?
estava condicionado ao do nosso ensino
x:m dos auxiliares mais efficazes no ni
profissional.
velamento crescente das distinções^ de
São palavras suas, no
bírmoso discurso do Liceu de Artes r Ofícios: "Criar a industria ó organizar
a sua educação. Ea\'oreccr a industria ó preparar a intelligcneia. o sentimento e a mão do industrial para emular, na su
perioridade do trabalho, com a produ ção similar dos outros Estados. Cultixiida assim, ella encontra em si própria
o segredo de \'cncer: dispensa os obséouios do .systeina prot<'ctor; descultívada c< nio se acha. o.s privilegio.s desse regi
Unicamente a educação especial, que
me.» impondo ao con.sinno nacional uma
nos habilite a não pagarmos ao estran geiro o tributo enorme da mão d'obra,
industria sem arte, requintam o odioso
e sobretudo da mão d'obra artística,
baro é o produto utilizável, seja de mero luxo, seja de uso commum, em que o gosto, a arte, a belleza não cons
titua o elemento incomparavelmente pre ponderante do valor.
Ora, como nós
i So produzimos senão matéria bruta, o preço da nos.sa exportação ficará sempie immensamente aquém da importa ção de arte, a que nos obrigam as ne cessidades da vida civilizada. Nenhum país, a meu ver, reuné em si qualida des tão decisivas para ser fecundamente
industrial, quanto aquelles, como o nos
dí: tyrannia fiscal com a influencia de sastrosa dos hábitos de grosseria que
iiioculam no espirito popular.
O dia cm que o desenho e a modelu-
ria do plano dc estudo na vida do en sino nacional, datará o começo da liistória da industria e da arte no Brasil.
Se a regra da política entre nós não fosse cuidar, por uma preferencia imme-
moríal, do que menos importa ao país,
essa data não estaria longe.
Semear
o desenho imperativamente nas escolas primarias, abrir-lhe escolas especiaes",
so, onde uma natureza assombrosa pro digaliza ás obras do trabalho mechanico e do trabalho artístico um material su
conhecer ao seu professorado a dignida
perior, na abundância e na qualidade. dos nossos
tempos, a industria é inseparável da agricultura." (19). VI
E, para êle, grande apaixonado dos problemas da instrução., como já vimos, o desenvolvimento de nossa indústria (13) RUY BARBOSA. OraçSM do Após tolo, Rio, 1923, pgs. 97 e 98.
alongam dessa emíncncia as camadas la
boriosas do povo, isto é, elevando a um pjano cada \'ez mais alto a ação e o
pensamento do operário", e o seu al cance político: "A democracia quasi não existe entre nós, senão nominalmen
te; porque as forças populares, pela in capacidade relativa em que as colloca
de, que lhe pertence, no mais alto grau de escala docente, par a par com o
ois os meus serviços á reclempção do
excluídas do governo. O ensino indus trial, porém, infallivelmente inaugurará
acima dc todas as duvidas, a minha nalura inclinação pela sorte do segun
a iniciação clellas na oljra política do
do?" (23).
Estado." (21).
E como nao seria assim quem sempre glonfioou o trabalho como a sua pró-
V 11
Tudo isto mostra que, como disse acertadamente João Mangabeira: "na questão social, ninguém, no Brasil, viu
láo cedo, tão largo e tão longe, quanto Ruy em sua época. Até mesmo porque "a questão social" corresponde ao sis tema de produção que a cria. Ruy tinha
mais poderá ter, com academias de Eellas-Artes, - eis o roteiro dessa con
quista, a que estão ligados os destinos da patria". (20). E nem lhe c.scapou
eloqüente hino ao trabalho?: "Ha na
vossir grandeza um condão para attraliir ã os que se não rendem a outras: é que é a grandeza do traballio. O trabalho não
é o castigo: é a santificaçáo das crea^ras. Tudo o que nasce do trabalho,
o bom. Tudo o que se amontoa pelo tiabalho, é justo. Tudo o que se as
de sua conferência de 1919: "as nossas
senta no trabalho, é útil. Por isso a
constituições têm ainda por normlis as
nqueza, por isso o capital, que emanam
declarações de direito consagradas no século dezoito. Suas fónnulas já não correspondem exatamente à consciência
jurídica do universo.
A inflexibilidade
ta o mundo". (22).
h.oje teve em parte nenhuma, nem ja
pna vida? Quem jamais escreveu tão
Císsa previsão quando afirmava ao final
coheso, fecundo, harmônico, mediante a
arte applicada, que nada tem, nem até
não aborreço, hoje. o trabalhador livre? primeiro não estarão abi evidenciando,
nir toda essa organização num corpo
insrituição de uma escola superior dc
desinteresseiro dos escravos? Eu é que me de\'o le%'anlar, cabeça baixa, á barra do tribunal, para demonstrar que, amigo, honlem, do trabalhador captivo,
nacional, estão de fado mais ou menos
individualista dessas cartas imortais, mas não imutáveis, alguma coisa tem que
magistério da sciencia e das letras, reu
senhores, sou então eu o que me hei lie considerar obrigado a exculpar-me da increpaçâo, que os meus calumniaílores não documentaram? que, o velho abolicionista? cu, o advogado gratuito e
u ausência de um systema de educação,
ção começarem a fazer parte obrigató
fundar para os,operários aulas nocturnus desse genero, assegurar-llie vasto espaço no programma das escolas normaes, re
Na adeantada civilização
classes entre os homens, não deprimin do as superioridades reaes, mas des truindo as inferioridades arlificiaes, que
Debalde se procurou iniinizur Ruy « os operários. É èle mesmo quem de nuncia a manobra, conforme já de monstramos e êle afirmou repetidas vè7.es, justamente indignado; "Com que,
ceder ao sôpro de sociúlização que agi (20) Ob. cit. pgs. 99 e 100. (21) Ob. cit. pg. 104. (22) Rui o Estadista da Rapúblioa. Rio, 1943, pg. 292.
do trabafto, são, como elle, providen-
T;
X
berfazejos
riqueza" m^LT0'°,?^'^ cabe a p,;!!,:.* sobre a riqueza e o capital
Lmcoln nao era um dema-ovo náo • tador fpopular. Er^'" o presidente «Ç' da era um revolucionário
hif
B»-
DicfcisTo KcoNÓMirn Dir.F.STíJ
Econômico
106
in;
a importância social desse ensino: "De
pois, a educação industrial representa
iT.sinar o grande e saudoso Koberto Simonsen, rjue os problemas dc distribui rão devem ser resolvidos pori passu com os da produção.
Genial como sempre Uuy antevia em líi82 a necessidade de nossa industria lização, nestes termos: "Mus somos uma
nação agrícola. E porque nao também uma nação industrial':' Eallece-nos o (j;ro, a prata, o ferro, o cstanho, o bron ze, o mármore, a argilla, a madeira, a borracha, as fibras têxteis'? Seguramen te, não. Que é, pois, o que nus mingua?
estava condicionado ao do nosso ensino
x:m dos auxiliares mais efficazes no ni
profissional.
velamento crescente das distinções^ de
São palavras suas, no
bírmoso discurso do Liceu de Artes r Ofícios: "Criar a industria ó organizar
a sua educação. Ea\'oreccr a industria ó preparar a intelligcneia. o sentimento e a mão do industrial para emular, na su
perioridade do trabalho, com a produ ção similar dos outros Estados. Cultixiida assim, ella encontra em si própria
o segredo de \'cncer: dispensa os obséouios do .systeina prot<'ctor; descultívada c< nio se acha. o.s privilegio.s desse regi
Unicamente a educação especial, que
me.» impondo ao con.sinno nacional uma
nos habilite a não pagarmos ao estran geiro o tributo enorme da mão d'obra,
industria sem arte, requintam o odioso
e sobretudo da mão d'obra artística,
baro é o produto utilizável, seja de mero luxo, seja de uso commum, em que o gosto, a arte, a belleza não cons
titua o elemento incomparavelmente pre ponderante do valor.
Ora, como nós
i So produzimos senão matéria bruta, o preço da nos.sa exportação ficará sempie immensamente aquém da importa ção de arte, a que nos obrigam as ne cessidades da vida civilizada. Nenhum país, a meu ver, reuné em si qualida des tão decisivas para ser fecundamente
industrial, quanto aquelles, como o nos
dí: tyrannia fiscal com a influencia de sastrosa dos hábitos de grosseria que
iiioculam no espirito popular.
O dia cm que o desenho e a modelu-
ria do plano dc estudo na vida do en sino nacional, datará o começo da liistória da industria e da arte no Brasil.
Se a regra da política entre nós não fosse cuidar, por uma preferencia imme-
moríal, do que menos importa ao país,
essa data não estaria longe.
Semear
o desenho imperativamente nas escolas primarias, abrir-lhe escolas especiaes",
so, onde uma natureza assombrosa pro digaliza ás obras do trabalho mechanico e do trabalho artístico um material su
conhecer ao seu professorado a dignida
perior, na abundância e na qualidade. dos nossos
tempos, a industria é inseparável da agricultura." (19). VI
E, para êle, grande apaixonado dos problemas da instrução., como já vimos, o desenvolvimento de nossa indústria (13) RUY BARBOSA. OraçSM do Após tolo, Rio, 1923, pgs. 97 e 98.
alongam dessa emíncncia as camadas la
boriosas do povo, isto é, elevando a um pjano cada \'ez mais alto a ação e o
pensamento do operário", e o seu al cance político: "A democracia quasi não existe entre nós, senão nominalmen
te; porque as forças populares, pela in capacidade relativa em que as colloca
de, que lhe pertence, no mais alto grau de escala docente, par a par com o
ois os meus serviços á reclempção do
excluídas do governo. O ensino indus trial, porém, infallivelmente inaugurará
acima dc todas as duvidas, a minha nalura inclinação pela sorte do segun
a iniciação clellas na oljra política do
do?" (23).
Estado." (21).
E como nao seria assim quem sempre glonfioou o trabalho como a sua pró-
V 11
Tudo isto mostra que, como disse acertadamente João Mangabeira: "na questão social, ninguém, no Brasil, viu
láo cedo, tão largo e tão longe, quanto Ruy em sua época. Até mesmo porque "a questão social" corresponde ao sis tema de produção que a cria. Ruy tinha
mais poderá ter, com academias de Eellas-Artes, - eis o roteiro dessa con
quista, a que estão ligados os destinos da patria". (20). E nem lhe c.scapou
eloqüente hino ao trabalho?: "Ha na
vossir grandeza um condão para attraliir ã os que se não rendem a outras: é que é a grandeza do traballio. O trabalho não
é o castigo: é a santificaçáo das crea^ras. Tudo o que nasce do trabalho,
o bom. Tudo o que se amontoa pelo tiabalho, é justo. Tudo o que se as
de sua conferência de 1919: "as nossas
senta no trabalho, é útil. Por isso a
constituições têm ainda por normlis as
nqueza, por isso o capital, que emanam
declarações de direito consagradas no século dezoito. Suas fónnulas já não correspondem exatamente à consciência
jurídica do universo.
A inflexibilidade
ta o mundo". (22).
h.oje teve em parte nenhuma, nem ja
pna vida? Quem jamais escreveu tão
Císsa previsão quando afirmava ao final
coheso, fecundo, harmônico, mediante a
arte applicada, que nada tem, nem até
não aborreço, hoje. o trabalhador livre? primeiro não estarão abi evidenciando,
nir toda essa organização num corpo
insrituição de uma escola superior dc
desinteresseiro dos escravos? Eu é que me de\'o le%'anlar, cabeça baixa, á barra do tribunal, para demonstrar que, amigo, honlem, do trabalhador captivo,
nacional, estão de fado mais ou menos
individualista dessas cartas imortais, mas não imutáveis, alguma coisa tem que
magistério da sciencia e das letras, reu
senhores, sou então eu o que me hei lie considerar obrigado a exculpar-me da increpaçâo, que os meus calumniaílores não documentaram? que, o velho abolicionista? cu, o advogado gratuito e
u ausência de um systema de educação,
ção começarem a fazer parte obrigató
fundar para os,operários aulas nocturnus desse genero, assegurar-llie vasto espaço no programma das escolas normaes, re
Na adeantada civilização
classes entre os homens, não deprimin do as superioridades reaes, mas des truindo as inferioridades arlificiaes, que
Debalde se procurou iniinizur Ruy « os operários. É èle mesmo quem de nuncia a manobra, conforme já de monstramos e êle afirmou repetidas vè7.es, justamente indignado; "Com que,
ceder ao sôpro de sociúlização que agi (20) Ob. cit. pgs. 99 e 100. (21) Ob. cit. pg. 104. (22) Rui o Estadista da Rapúblioa. Rio, 1943, pg. 292.
do trabafto, são, como elle, providen-
T;
X
berfazejos
riqueza" m^LT0'°,?^'^ cabe a p,;!!,:.* sobre a riqueza e o capital
Lmcoln nao era um dema-ovo náo • tador fpopular. Er^'" o presidente «Ç' da era um revolucionário
hif
B»-
DfCiESTO ECOXÓMlCO * 109
grande Republica norleamericana duran te a jrmís tremenda crise da sua história;
e o consensf> geral da postcridad(f o
sagra, hoje, como o maior gcnio de es tadista que a tem governado. Pois Lincoln, senhores, não duvidava rei\'indicar, numa das suas mensagens ao Congresso Nacional, em dezembro de 1861, a preeminencia do trabalho aos outros factores socíaes.
"O trabalho — dizia elle — precede ao
capital, e deste não depende. O capital r.ão é senão um fruto do trabalho, e
i:ão chegaria nunca a existir, .se primeiro não existisse o trabalho. O trabalho é,
pois, superior ao capital, e merece con
sideração muito mais elevada". (24). VIII
Havendo sido Ruy o grande juriscon-
sulto que, brasileiros e estrangeiros pro fundamente respeitam, por certo as suas elocubraçõe.s acerca da questão social
não poderiam ficar expressas apenas em L-radas sentimentais sôbre a necessidade do melhoramento das condições, do nosso proletariado.
Completo nisto como em tudo, Ruy enfocou o problema e llie delineou as .«soluções de maneira integral. Efetiva mente, o estudo das relações entre o Ca
pital 6 o Traba'ho é levado a efeito pelo Mestre excelso como um todo orgânico, que compreende desde os funcJnincuio.s filosóficos e utjnstitucionais iité fli;
iiia.s niíniidii/') lõgMíifivas.
•iduali.sta dos direitos hum*'»"®-''
^
lor im da sorte, eiieunstãncias cegas,
luido rapidamente, c-oin oS tremendos |providenciaes .s;icce.sso.s deste século, para rima mas. formação ineomnieu.surawl
jurídicas do indixidualismo restringidas agóra por uma extensão, cada '^^aior, cios direitos sociaes. Já se riao \e u-j sociedade uni mero aggregado, unia juxlaposição de unidades incli\'iduaes, acas. telladas cada qual no .seu direito lu rala. vel, mas uma entidade naluralmento orgânica, cm que a csphera c-o ivicliiQ tem por limites iju!vitaveis, e o os e.s lados, a collcctiviclade. 'reito
ou caprichosas, que aba
tem os mais nobres, ou clo\-ani os mais luimilcles?
O vocábulo .soa mal; porque fa\orecc uquiv<<cos, in\'ejas, n\'alidadcs, e melhor
seria clcst'aite remove!-o de uma applicpie supponluimos reformar a política do Universo, desbatiziindo a Liga das Na ções. Vanuis, pois, com a co.stuincira, c não privemos da sua designação habi tual a classes conservadoras.
O cpithclo inclica-llie.s um papel ta
.sociação, o egoísmo á solidarieclac e hu
manho, cpic dirieis abranger e suppvir todo.s os outros. No qualificati\'o de
'i
Enveredara assim Ruy decididamente pelo caminho da democracia social. Aclolphe Thievs disse em 1871; "La
III Republique Française será cünser\u-
Ince ou ne será pas". Parodiando essa
ordem organica, a de estabilidade c regeneração.
varemos mais adiante essa afirmação; é
.se inclinou de modo decidido para a doutrina social que é, a nosso ver,
bém a de e\'olução c progresso. Toda
a própria democracia, (pie será social
Portanto, senhores, tam
verdadeira, o soliclarismo, prorli^gando cnèrgicamente tôdas as que se funda
a organização vivente que se conserva,
<-u não existirá.
e regenera, necessariamente evolve, me
mentam na luta de classes:
Náo nie
lhora, e aperfeiçoa-se. Todos os princí
Por certo, não ignoramos se apode de mal cunhada a frase democrflcifl sodal^ que ^ seria uma expressão sem sentido. (28) Nada nicno.s exalo, porém. E ai
agrada, senhores, aqui, ê.ste nome de
pios de harmonia, actividade e desen
"classes". Quizera vel-o banir da liaguagem política, numa democracia onde
Sc renovam as sociedades, emanam des
me não parece terem legar essas e.v-
sas a que, por excellencia, de classes con
mexatidáo desta crítica, tão eloqüente
pressões de graduação e antagonismo.
servadoras ciamos o nome,
mente, que nem será preciso recorrer á
Como "classes", nuõia sociedade nive
volvimento, mediante os quaes duram e
Não é só o proprietário, o industrial,
lada, onde os proprios vestígios da es
o commercianto. Não é somente o ban-
cravidão se vão diluindo na fusão de todas as raças? como "classes , num ri-glmoii tio cosliiiiics, que lecluz todus as
cpiciro, o armador, o fabricante, o se nhor de latifixndios, q dono de minas e
i-
estradas. Não. Todos os que entram luu-.» .) cí.rpo KOpial, cnnm um gloluilo
(iguala lodiiH a.'j condições? Como clllli' ses", num estado legal, onde os tlírei-
íiangue, uma célula nervosíl, OU mu «■IcMiietilo cliitulco nu curpo lanuano
tníilunoias, apaga Iodas as
cem a todos os indivíduos, sem accep^o de nascimento, côr ou herança? Como
conservadores da communidade.
"classes", num genero de coilectividado. cujos membros se não extremam uns dos
operário, a oulra as classo.s consurvadonis. Nas c'asses conservadoras, ao la
outros senão pelas circunstâncias do vu-
todos esses participam cios elemeniux
(25) Ibidsm, pg. 123.
está a própria Histciria a demonstrar a
S(.miàntica para explicar o sentido espe
cífico (e não genérico), relativo às rei vindicações populares de melhoramento
de situação econômica, que em expres sões tais como questão .socífll; legislação social democracia wdal, tem o adjetivo social".
'
ííHuuV Ruy assim define a \or-
dadeini igUrtidiuLi "a regra da igual-
Grave
erro sm-iu <» de poinius a uma parte O do do patião, está, com o mesmo direi to, o übreíro.
(24) Ibldem, pg. HS.
IX
frase repetiu o eminente Gurviteh: "La IV Republique Fnmçaise será sociale ou ue sera pas". (27) de nossa parte, le
entretanto o individualismo, percebendo
obtida a verdadeira igualdade, Ouvi, são palavras suas; "A concepção indi-
eonser\'adoras". (26).
conservadoras se juntam, com a idéia de
to.s, jerarchias e dignidades .se offere-
a neces.sidade da socialização para .ser
justiça e pela força. Isto ó: a huoura. a industria, o commercio, a instrução, a magistratura e as forças armadas. Eis, senhores, verdadeiraincnte, as classes'
Notai ainda que, liavcndo colocado bem o iKobiema filosòficamente, Ruy
Vede, por exemplo, que êle, liberal
cuiiiü os que raai.s o foram, repudia,
capihil. a seieneia e a lei, nuuitid.i pc-ia
cação íncon\'cnicnte. Mas não se faça tanto caso dos nomes já ciados ás coisas,
v;;e cedendo á moral, o indivíduo " asmana". (25).
primeiro que todos, o trabalho, digo. o
Os elementos conservado-
les da soeiedade são o trabalho, e,ste
(26) Ibldem, ubs. m n .-,q
(27) GEORGES Guuvitch m néclaSAMPAIO DÓRIA. A» T,«.
dições dB Facuidnde de São Paulo. "Re vista da Faculdade de Direito", São Pau lo, 1945, pg. 266.
DfCiESTO ECOXÓMlCO * 109
grande Republica norleamericana duran te a jrmís tremenda crise da sua história;
e o consensf> geral da postcridad(f o
sagra, hoje, como o maior gcnio de es tadista que a tem governado. Pois Lincoln, senhores, não duvidava rei\'indicar, numa das suas mensagens ao Congresso Nacional, em dezembro de 1861, a preeminencia do trabalho aos outros factores socíaes.
"O trabalho — dizia elle — precede ao
capital, e deste não depende. O capital r.ão é senão um fruto do trabalho, e
i:ão chegaria nunca a existir, .se primeiro não existisse o trabalho. O trabalho é,
pois, superior ao capital, e merece con
sideração muito mais elevada". (24). VIII
Havendo sido Ruy o grande juriscon-
sulto que, brasileiros e estrangeiros pro fundamente respeitam, por certo as suas elocubraçõe.s acerca da questão social
não poderiam ficar expressas apenas em L-radas sentimentais sôbre a necessidade do melhoramento das condições, do nosso proletariado.
Completo nisto como em tudo, Ruy enfocou o problema e llie delineou as .«soluções de maneira integral. Efetiva mente, o estudo das relações entre o Ca
pital 6 o Traba'ho é levado a efeito pelo Mestre excelso como um todo orgânico, que compreende desde os funcJnincuio.s filosóficos e utjnstitucionais iité fli;
iiia.s niíniidii/') lõgMíifivas.
•iduali.sta dos direitos hum*'»"®-''
^
lor im da sorte, eiieunstãncias cegas,
luido rapidamente, c-oin oS tremendos |providenciaes .s;icce.sso.s deste século, para rima mas. formação ineomnieu.surawl
jurídicas do indixidualismo restringidas agóra por uma extensão, cada '^^aior, cios direitos sociaes. Já se riao \e u-j sociedade uni mero aggregado, unia juxlaposição de unidades incli\'iduaes, acas. telladas cada qual no .seu direito lu rala. vel, mas uma entidade naluralmento orgânica, cm que a csphera c-o ivicliiQ tem por limites iju!vitaveis, e o os e.s lados, a collcctiviclade. 'reito
ou caprichosas, que aba
tem os mais nobres, ou clo\-ani os mais luimilcles?
O vocábulo .soa mal; porque fa\orecc uquiv<<cos, in\'ejas, n\'alidadcs, e melhor
seria clcst'aite remove!-o de uma applicpie supponluimos reformar a política do Universo, desbatiziindo a Liga das Na ções. Vanuis, pois, com a co.stuincira, c não privemos da sua designação habi tual a classes conservadoras.
O cpithclo inclica-llie.s um papel ta
.sociação, o egoísmo á solidarieclac e hu
manho, cpic dirieis abranger e suppvir todo.s os outros. No qualificati\'o de
'i
Enveredara assim Ruy decididamente pelo caminho da democracia social. Aclolphe Thievs disse em 1871; "La
III Republique Française será cünser\u-
Ince ou ne será pas". Parodiando essa
ordem organica, a de estabilidade c regeneração.
varemos mais adiante essa afirmação; é
.se inclinou de modo decidido para a doutrina social que é, a nosso ver,
bém a de e\'olução c progresso. Toda
a própria democracia, (pie será social
Portanto, senhores, tam
verdadeira, o soliclarismo, prorli^gando cnèrgicamente tôdas as que se funda
a organização vivente que se conserva,
<-u não existirá.
e regenera, necessariamente evolve, me
mentam na luta de classes:
Náo nie
lhora, e aperfeiçoa-se. Todos os princí
Por certo, não ignoramos se apode de mal cunhada a frase democrflcifl sodal^ que ^ seria uma expressão sem sentido. (28) Nada nicno.s exalo, porém. E ai
agrada, senhores, aqui, ê.ste nome de
pios de harmonia, actividade e desen
"classes". Quizera vel-o banir da liaguagem política, numa democracia onde
Sc renovam as sociedades, emanam des
me não parece terem legar essas e.v-
sas a que, por excellencia, de classes con
mexatidáo desta crítica, tão eloqüente
pressões de graduação e antagonismo.
servadoras ciamos o nome,
mente, que nem será preciso recorrer á
Como "classes", nuõia sociedade nive
volvimento, mediante os quaes duram e
Não é só o proprietário, o industrial,
lada, onde os proprios vestígios da es
o commercianto. Não é somente o ban-
cravidão se vão diluindo na fusão de todas as raças? como "classes , num ri-glmoii tio cosliiiiics, que lecluz todus as
cpiciro, o armador, o fabricante, o se nhor de latifixndios, q dono de minas e
i-
estradas. Não. Todos os que entram luu-.» .) cí.rpo KOpial, cnnm um gloluilo
(iguala lodiiH a.'j condições? Como clllli' ses", num estado legal, onde os tlírei-
íiangue, uma célula nervosíl, OU mu «■IcMiietilo cliitulco nu curpo lanuano
tníilunoias, apaga Iodas as
cem a todos os indivíduos, sem accep^o de nascimento, côr ou herança? Como
conservadores da communidade.
"classes", num genero de coilectividado. cujos membros se não extremam uns dos
operário, a oulra as classo.s consurvadonis. Nas c'asses conservadoras, ao la
outros senão pelas circunstâncias do vu-
todos esses participam cios elemeniux
(25) Ibidsm, pg. 123.
está a própria Histciria a demonstrar a
S(.miàntica para explicar o sentido espe
cífico (e não genérico), relativo às rei vindicações populares de melhoramento
de situação econômica, que em expres sões tais como questão .socífll; legislação social democracia wdal, tem o adjetivo social".
'
ííHuuV Ruy assim define a \or-
dadeini igUrtidiuLi "a regra da igual-
Grave
erro sm-iu <» de poinius a uma parte O do do patião, está, com o mesmo direi to, o übreíro.
(24) Ibldem, pg. HS.
IX
frase repetiu o eminente Gurviteh: "La IV Republique Fnmçaise será sociale ou ue sera pas". (27) de nossa parte, le
entretanto o individualismo, percebendo
obtida a verdadeira igualdade, Ouvi, são palavras suas; "A concepção indi-
eonser\'adoras". (26).
conservadoras se juntam, com a idéia de
to.s, jerarchias e dignidades .se offere-
a neces.sidade da socialização para .ser
justiça e pela força. Isto ó: a huoura. a industria, o commercio, a instrução, a magistratura e as forças armadas. Eis, senhores, verdadeiraincnte, as classes'
Notai ainda que, liavcndo colocado bem o iKobiema filosòficamente, Ruy
Vede, por exemplo, que êle, liberal
cuiiiü os que raai.s o foram, repudia,
capihil. a seieneia e a lei, nuuitid.i pc-ia
cação íncon\'cnicnte. Mas não se faça tanto caso dos nomes já ciados ás coisas,
v;;e cedendo á moral, o indivíduo " asmana". (25).
primeiro que todos, o trabalho, digo. o
Os elementos conservado-
les da soeiedade são o trabalho, e,ste
(26) Ibldem, ubs. m n .-,q
(27) GEORGES Guuvitch m néclaSAMPAIO DÓRIA. A» T,«.
dições dB Facuidnde de São Paulo. "Re vista da Faculdade de Direito", São Pau lo, 1945, pg. 266.
DiCBSTÒ 'ÈÓ0NÓM3C0
110
DicESTo
dade não consiste senão em quinhoar
mesmo do prujclu da Constituição de 91,
desigualdades aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigual
fulmina-a como obstáculo á reforma só
dade social, proporcionada à desigual dade natura', é que se acha a verda deira lei da igualdade. O mais são de.svarios da inveja, do orgulho, ou da loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, se
deira re\'isionista: "será mister rever a
doxos riograndenses. Assim se pronun
ria desigualdade flagrante, e não igual
ciaram elles, rejeitando o projecto Fi
dade real. Os apetites humanos conce
gueiredo Rocha, projecto que limitava as
beram inverter a norma universal da
horas do Iraba ho.
criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do que vale, mas atribuir o mesmo a todos, como se todos se eqüivalessem.
missão, sendo parles nelia os srs. Carlos
Esta blasfêmia contra a razão e a
fé, contra a civilização e a humanidade, é a ffosofia da miséria,
cia', empunhando com denodo a ban nossa Constituição para habilitar o poder legislativo a tomar as medidas que a questão social lhe reclama. Nem de outro modo pensaram jamais os ortho-
A maioria da com-
Maximilíano o Cnmcrcindo Ribas, con-
dcmnou o projecto como contrario á Constituição, já por violar a liberdade industrial, que ella consagra no art. 72, n. 24, já por invadir o poder de polícia, reservado, segundo a ju
proclamada em nome dos
risprudência americana, co
direitos do trabalho; e,
mo pela nossa, aos gover
executada, não faria, senão inaugurar, em vez da su
nos dos Estados. Em am
premacia do trabalho, a organização da miséria.
accordo com a arthodoxia
ríograndcnse. Não alterada
Mas, se a sociedade não
a Constituição, não poderia
bos estes pontos, estou de
pode igualar os que a na tureza criou desiguais, ca
ü Congresso Nacional le gislar as mais importantes
Econômico
111
E delineou a seguir todo um progra
u destino de todos os que a comprehendc. bem cedo me convenceram de que
tação do tiaba'ho dc mcnorés, a limita
as theorias do nosso sexo acerca do
ção da jornada do trabalho, a melhoria da lei de acidentes do trabalho, cuja extensão aos trabalhadores rurais pre
outro eslao no mesmo caso da história,
coniza, investindo
assim contra essa
mancha que c ainda atual no direito social brasileiro, representada pelo seu
urbanismo quase exclusivo, com a reIcgação do proletariado agrícola á mais miserável cias situações, sob o pretexto quaso scmpro infundado, de que as leis sociais elaboradas para os ti-abalhadores
das cidades são inaplicáveis aos do campo. Em realidade, quanto ao tra balho rural, estamos ainda quase no mesmo estado de 1884, quando Ruy
pregava a "descnfeudação da proprie dade". Nem esqueceu Ruy o seguro social, por ê'e chamado "seguro ope rário", nem o salário mínimo para os menores, sem a proteção do trabalho
noturno, nem o combate ao sweating sijstem, ou seja a exploração do traba
energia moral, pode reagir
ha ixjuco discuti". (30).
lho a domicílio, e aos economatos, isto c, aos armazéns de fornecimento aos
sôbre as desigualdades na
E isto fez após um sé rio estudo da impossibi
cessidade, que os espoliavam através do
da um, nos limites da sua
das medidas sociaes, que
tivas, pela educação, ati vidade e perseverança. Tal a missão
lidade
do trabalho." (29). E proclama de
a nossa legislação social face á Cons
pois solenemente: "Estou com a demo
tituição de 91, analisando detidamen te a luta travada a respeito nos
cracia social".
de
e.slrulurar
Estados Unidos.
verdadeiramente
E tanto nisto estava
certo que a Reforma Constitucional de
X
7 de setembro de 1926, acrescentou no
Mas vai mais longe: assenta as bases
11.° 28, do art. 34, à matéria da compe
constitucionais daquilo que êle já cha
tência do Congresso Nacional, a de le
mava o direito operário.
gislar sôbre o trabalho.
Autor ôle
(29) RUY BARBOSA, Oração aoi Moços, Rio. 1949, pgS. 36 a 38.
(30) Cf. Campanha Presidencial, (1919), Bahia, 1921, pgs. 151-2.
ração da mulher na sua influencia sobre
as habitações populares, a regulamen
ma legis'alivü-social cm que se alinham
operários dos gêneros de primeira ne tnick sys^tem. E é tão completo o seu programa que Ruy, mesmo naquele tempo, (1919), em que às mulheres se negava o direito de voto, não esquece as regalias às mães operárias, garantindo-lhes o salário durante certo prazo da gravidez e após o parto e proclama constantemente a igualdade dos sexos ante
o trabalho, nestes termos canden-
tes:
"Nem supponhaes que seja de
agora esta minha maneira de ver. Não bato, senhores, moeda falsa; não tenho
narrada pelo fabulista. do leão pintado pelo homem. A mulher pintada pelo homem é a mulher desfigurada pela nossa ingratidão. Quando cabeças como a de Stuarl Mi'l assim pensam, não se ha de en-
N-ergonhar um cerebro ordinário como o meu de pensar talqualmente; e, se estas não fossem, ha muito, as minhas idéias, não teria sido eu quem assumiu, no silencia das nossas leis, a iniciativa de aconselhar ao illuslre sr. Nilo Peçanha, quando ministro das Relações Ex teriores, a innovaçâo de admitir uma
senhora brasileira a concurso para um dos cargos da sua secretaria. ( No tocante, porém, ao elemento fe
minino do operariado, a desegualdade e de uma insubsistencia ainda mais pal mar. A guerra actual evidenciou que a operaria rivalisa o operário nas indus trias, como as de productos bellicos, c nos ser\ãços, como os de condução dc
veicu'os, em que os privilégios da masculinidade se haviam por mais inques tionáveis.
Mas, como quer que seja, toda vez que a industria emprega, indistintamen te, parelhamente, identicamcntc, nos mesmos trabalhos o homem e a mulher,
sujeitando os dois á mesma tarefa, «o
mesmo homrio, ao mesmo regimen, não dcza de, no tocante ao salario, se collo-
ha por onde oohonestar a crassa absur-
car a mulher abaixo do bomem. Nada tem que ver o sexo. A egual trabalho salano egual . (31).
opiniões de occasião, As tendências da minha natureza, o amor cie minha mãe.
a companhia dc rainha esposa, a admi-
«'uV 1921, pgs. 145-146. PreBidenclol (I9l9h Bahia,
DiCBSTÒ 'ÈÓ0NÓM3C0
110
DicESTo
dade não consiste senão em quinhoar
mesmo do prujclu da Constituição de 91,
desigualdades aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigual
fulmina-a como obstáculo á reforma só
dade social, proporcionada à desigual dade natura', é que se acha a verda deira lei da igualdade. O mais são de.svarios da inveja, do orgulho, ou da loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, se
deira re\'isionista: "será mister rever a
doxos riograndenses. Assim se pronun
ria desigualdade flagrante, e não igual
ciaram elles, rejeitando o projecto Fi
dade real. Os apetites humanos conce
gueiredo Rocha, projecto que limitava as
beram inverter a norma universal da
horas do Iraba ho.
criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do que vale, mas atribuir o mesmo a todos, como se todos se eqüivalessem.
missão, sendo parles nelia os srs. Carlos
Esta blasfêmia contra a razão e a
fé, contra a civilização e a humanidade, é a ffosofia da miséria,
cia', empunhando com denodo a ban nossa Constituição para habilitar o poder legislativo a tomar as medidas que a questão social lhe reclama. Nem de outro modo pensaram jamais os ortho-
A maioria da com-
Maximilíano o Cnmcrcindo Ribas, con-
dcmnou o projecto como contrario á Constituição, já por violar a liberdade industrial, que ella consagra no art. 72, n. 24, já por invadir o poder de polícia, reservado, segundo a ju
proclamada em nome dos
risprudência americana, co
direitos do trabalho; e,
mo pela nossa, aos gover
executada, não faria, senão inaugurar, em vez da su
nos dos Estados. Em am
premacia do trabalho, a organização da miséria.
accordo com a arthodoxia
ríograndcnse. Não alterada
Mas, se a sociedade não
a Constituição, não poderia
bos estes pontos, estou de
pode igualar os que a na tureza criou desiguais, ca
ü Congresso Nacional le gislar as mais importantes
Econômico
111
E delineou a seguir todo um progra
u destino de todos os que a comprehendc. bem cedo me convenceram de que
tação do tiaba'ho dc mcnorés, a limita
as theorias do nosso sexo acerca do
ção da jornada do trabalho, a melhoria da lei de acidentes do trabalho, cuja extensão aos trabalhadores rurais pre
outro eslao no mesmo caso da história,
coniza, investindo
assim contra essa
mancha que c ainda atual no direito social brasileiro, representada pelo seu
urbanismo quase exclusivo, com a reIcgação do proletariado agrícola á mais miserável cias situações, sob o pretexto quaso scmpro infundado, de que as leis sociais elaboradas para os ti-abalhadores
das cidades são inaplicáveis aos do campo. Em realidade, quanto ao tra balho rural, estamos ainda quase no mesmo estado de 1884, quando Ruy
pregava a "descnfeudação da proprie dade". Nem esqueceu Ruy o seguro social, por ê'e chamado "seguro ope rário", nem o salário mínimo para os menores, sem a proteção do trabalho
noturno, nem o combate ao sweating sijstem, ou seja a exploração do traba
energia moral, pode reagir
ha ixjuco discuti". (30).
lho a domicílio, e aos economatos, isto c, aos armazéns de fornecimento aos
sôbre as desigualdades na
E isto fez após um sé rio estudo da impossibi
cessidade, que os espoliavam através do
da um, nos limites da sua
das medidas sociaes, que
tivas, pela educação, ati vidade e perseverança. Tal a missão
lidade
do trabalho." (29). E proclama de
a nossa legislação social face á Cons
pois solenemente: "Estou com a demo
tituição de 91, analisando detidamen te a luta travada a respeito nos
cracia social".
de
e.slrulurar
Estados Unidos.
verdadeiramente
E tanto nisto estava
certo que a Reforma Constitucional de
X
7 de setembro de 1926, acrescentou no
Mas vai mais longe: assenta as bases
11.° 28, do art. 34, à matéria da compe
constitucionais daquilo que êle já cha
tência do Congresso Nacional, a de le
mava o direito operário.
gislar sôbre o trabalho.
Autor ôle
(29) RUY BARBOSA, Oração aoi Moços, Rio. 1949, pgS. 36 a 38.
(30) Cf. Campanha Presidencial, (1919), Bahia, 1921, pgs. 151-2.
ração da mulher na sua influencia sobre
as habitações populares, a regulamen
ma legis'alivü-social cm que se alinham
operários dos gêneros de primeira ne tnick sys^tem. E é tão completo o seu programa que Ruy, mesmo naquele tempo, (1919), em que às mulheres se negava o direito de voto, não esquece as regalias às mães operárias, garantindo-lhes o salário durante certo prazo da gravidez e após o parto e proclama constantemente a igualdade dos sexos ante
o trabalho, nestes termos canden-
tes:
"Nem supponhaes que seja de
agora esta minha maneira de ver. Não bato, senhores, moeda falsa; não tenho
narrada pelo fabulista. do leão pintado pelo homem. A mulher pintada pelo homem é a mulher desfigurada pela nossa ingratidão. Quando cabeças como a de Stuarl Mi'l assim pensam, não se ha de en-
N-ergonhar um cerebro ordinário como o meu de pensar talqualmente; e, se estas não fossem, ha muito, as minhas idéias, não teria sido eu quem assumiu, no silencia das nossas leis, a iniciativa de aconselhar ao illuslre sr. Nilo Peçanha, quando ministro das Relações Ex teriores, a innovaçâo de admitir uma
senhora brasileira a concurso para um dos cargos da sua secretaria. ( No tocante, porém, ao elemento fe
minino do operariado, a desegualdade e de uma insubsistencia ainda mais pal mar. A guerra actual evidenciou que a operaria rivalisa o operário nas indus trias, como as de productos bellicos, c nos ser\ãços, como os de condução dc
veicu'os, em que os privilégios da masculinidade se haviam por mais inques tionáveis.
Mas, como quer que seja, toda vez que a industria emprega, indistintamen te, parelhamente, identicamcntc, nos mesmos trabalhos o homem e a mulher,
sujeitando os dois á mesma tarefa, «o
mesmo homrio, ao mesmo regimen, não dcza de, no tocante ao salario, se collo-
ha por onde oohonestar a crassa absur-
car a mulher abaixo do bomem. Nada tem que ver o sexo. A egual trabalho salano egual . (31).
opiniões de occasião, As tendências da minha natureza, o amor cie minha mãe.
a companhia dc rainha esposa, a admi-
«'uV 1921, pgs. 145-146. PreBidenclol (I9l9h Bahia,
Dicesto Econóáuc
XI
O que tudo isto eslá denionslranclo é que cem anos apó> o seu nascimento,
mais de um quarto de século após a sua morte, os ensinamentos de Riiy sôbre a questão social estão picjiamenle atuais, mostrando quanto era imperecíve! sua doutrina.
0)m razão disse Oliveira
Viana que na obra de Ruy existe tam bém o eterno.
Mas, a atualidade de Riiy BarlKJsa no que concerne à questão social, mais do
<iue nas suas palavra.s, está no grande exemplo que êle nos legou com a .sua vida. toniando-se assim o verdadeiro
Ruy Barbosa, p economista
.símbolo da nacionalidade. E como sím bolo. ct)ino nuxlèlo. como ideal de nossa
gente, êle é comp'etamentc e.xlreme de defeitos.
Doiuval Teixeira Vieira
E o .seu gênio, capaz, por isso mesmo que gênio, de visão à dislàticia, cpnw que havia previsto a glíuificaváo que ora lhe é feita, sintetizando a sua própria existência, na inai.s lapidar de todas as suas frases: "Estremeceu a pátria, vi
lURANTE as comemolações do Centenário de Nascimento de Ruy Barbosa muito se tem dito e ainda muito .se dirá sôbre a sua genialidade, o seu imenso
ta'ento oratório, o inexcedível .saber jurídico, a va.stidão de
veu no trabalho, e não perdeu tT ideal". (32).
seus conliecimcnlos. Ninguém •Ih' regateia louvores ao apontav-lhe as magníficas qualidades de grande escri
(32) RUY BARBOSA — Coll©clan«a LIloraria, 5.a edição, S. Paulo, pg. 193.
tor; mas, grande parte de^eus biógra fas e. principalmente, seus contemponineo.s, lhe apontaram um traç-o marcan
te - o da imensa distancia entre as sua.s concep\>ões doutrinárias e a apli cação prática de seus conhecimentos E para e.xemplificar o divórcio entre a
ideia o a ação apontam, mais que isso tazem. sobressair os erros cometidos por
Ruy como Ministro da Fazenda, falhas
que ôle próprio reconheceu, em parte
ao afirmar, por exemplo: "Cometi um orro, considerando parcelas da soberania
nacional a emissão de papel bancário
t^este ponto errei, naquele tempo, e
acertei mai.s tarde; aprendi. Não tenlio acanhamento em confessar meus erros"
/
Mas, acrescentava esta profunda verda de: "Tenho-me por fehz de não ser um
desses homens, a quem o tempo e a experiência nada ensinam".
,t '"
J^osa, as suas idéias a respeito dos pro
■ ■' - >• .
\
Em verdade seria muito estranho que
durante tão merecidos festejos analisa.sscinos a obra econômica de Ruy Bar-
blemas da economia brasileira, através
V--'
de normas de arte econômica, as quais,
'.a.'
por multo bem moldadas que sejam, e
ainda que apoiadas nos mais sãos pre
ceitos dc ciências econômica c finali-
ceini, estão na dependência dos homens e das coisas, dos fatos enfim.
Acusa-se Ruy de ter .sido o grande obreiro do Encilhamento, graças ao seu malsinado decreto n.° 165, de 17 de janeiro de 1890. É muito de nosso fei-
tio ignorar os fato.s e atribuir responsa
bilidades única e e.xclusivamente aos Iiomèns. Já tivemos ocasião de dizor. certa feita, que é nece.ssário tomar o estudo da história econômica do Brasil depurado, objetivo, despersonaliziido; e
por despersonalização de estudo enten
demos a eliminação, sempre que possí vel, de tôda referência à responsabilida de pessoal dos indivíduos, signatários das várias reformas monetárias havidas, ou das várias medidas oficiais tomadas^ relacionadas com a vida econômica e financeira do País e, portanto, com o sistema monetário uma vez que a
moeda, como intermediária das trocas o instrumento de conserv^ição de valores reflete tôdas as transformaç-ões da v ida econômica e com esta se altera.
Quem estudar a História Econômica
do País, verificará a e.xisténeia de um afastamento entre as convacções doutri nárias dos responsáveis pelos desHnos da
Naçao e as suas realizações práticas, Ha, neste senhdo. um divórcio peculiar
a vicia econômica brasileira, entre a humana à procura de uma li bertação e o jugo cruel da realidade anu ando seus esforço.s, divórcio gerador do hiato entre as idéias renovadoras de nos.so.s maiore.s e os seus atos, cuja ex plicação resulta, em última análise, de nossa evolução histórica e econômica.
Hcspunsabilizar um homem pr ocorrcn-
Dicesto Econóáuc
XI
O que tudo isto eslá denionslranclo é que cem anos apó> o seu nascimento,
mais de um quarto de século após a sua morte, os ensinamentos de Riiy sôbre a questão social estão picjiamenle atuais, mostrando quanto era imperecíve! sua doutrina.
0)m razão disse Oliveira
Viana que na obra de Ruy existe tam bém o eterno.
Mas, a atualidade de Riiy BarlKJsa no que concerne à questão social, mais do
<iue nas suas palavra.s, está no grande exemplo que êle nos legou com a .sua vida. toniando-se assim o verdadeiro
Ruy Barbosa, p economista
.símbolo da nacionalidade. E como sím bolo. ct)ino nuxlèlo. como ideal de nossa
gente, êle é comp'etamentc e.xlreme de defeitos.
Doiuval Teixeira Vieira
E o .seu gênio, capaz, por isso mesmo que gênio, de visão à dislàticia, cpnw que havia previsto a glíuificaváo que ora lhe é feita, sintetizando a sua própria existência, na inai.s lapidar de todas as suas frases: "Estremeceu a pátria, vi
lURANTE as comemolações do Centenário de Nascimento de Ruy Barbosa muito se tem dito e ainda muito .se dirá sôbre a sua genialidade, o seu imenso
ta'ento oratório, o inexcedível .saber jurídico, a va.stidão de
veu no trabalho, e não perdeu tT ideal". (32).
seus conliecimcnlos. Ninguém •Ih' regateia louvores ao apontav-lhe as magníficas qualidades de grande escri
(32) RUY BARBOSA — Coll©clan«a LIloraria, 5.a edição, S. Paulo, pg. 193.
tor; mas, grande parte de^eus biógra fas e. principalmente, seus contemponineo.s, lhe apontaram um traç-o marcan
te - o da imensa distancia entre as sua.s concep\>ões doutrinárias e a apli cação prática de seus conhecimentos E para e.xemplificar o divórcio entre a
ideia o a ação apontam, mais que isso tazem. sobressair os erros cometidos por
Ruy como Ministro da Fazenda, falhas
que ôle próprio reconheceu, em parte
ao afirmar, por exemplo: "Cometi um orro, considerando parcelas da soberania
nacional a emissão de papel bancário
t^este ponto errei, naquele tempo, e
acertei mai.s tarde; aprendi. Não tenlio acanhamento em confessar meus erros"
/
Mas, acrescentava esta profunda verda de: "Tenho-me por fehz de não ser um
desses homens, a quem o tempo e a experiência nada ensinam".
,t '"
J^osa, as suas idéias a respeito dos pro
■ ■' - >• .
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Em verdade seria muito estranho que
durante tão merecidos festejos analisa.sscinos a obra econômica de Ruy Bar-
blemas da economia brasileira, através
V--'
de normas de arte econômica, as quais,
'.a.'
por multo bem moldadas que sejam, e
ainda que apoiadas nos mais sãos pre
ceitos dc ciências econômica c finali-
ceini, estão na dependência dos homens e das coisas, dos fatos enfim.
Acusa-se Ruy de ter .sido o grande obreiro do Encilhamento, graças ao seu malsinado decreto n.° 165, de 17 de janeiro de 1890. É muito de nosso fei-
tio ignorar os fato.s e atribuir responsa
bilidades única e e.xclusivamente aos Iiomèns. Já tivemos ocasião de dizor. certa feita, que é nece.ssário tomar o estudo da história econômica do Brasil depurado, objetivo, despersonaliziido; e
por despersonalização de estudo enten
demos a eliminação, sempre que possí vel, de tôda referência à responsabilida de pessoal dos indivíduos, signatários das várias reformas monetárias havidas, ou das várias medidas oficiais tomadas^ relacionadas com a vida econômica e financeira do País e, portanto, com o sistema monetário uma vez que a
moeda, como intermediária das trocas o instrumento de conserv^ição de valores reflete tôdas as transformaç-ões da v ida econômica e com esta se altera.
Quem estudar a História Econômica
do País, verificará a e.xisténeia de um afastamento entre as convacções doutri nárias dos responsáveis pelos desHnos da
Naçao e as suas realizações práticas, Ha, neste senhdo. um divórcio peculiar
a vicia econômica brasileira, entre a humana à procura de uma li bertação e o jugo cruel da realidade anu ando seus esforço.s, divórcio gerador do hiato entre as idéias renovadoras de nos.so.s maiore.s e os seus atos, cuja ex plicação resulta, em última análise, de nossa evolução histórica e econômica.
Hcspunsabilizar um homem pr ocorrcn-
Dtíu-sTO Econômico DiGEsio Econômico 114
qiicncias, cias quais a Proclamação da
cias pelas quais não é êle inteiiamente
responsável, ignorar os antecedentes his
tóricos que geraram o fenômeno do Encílhamento, para alribuí-lo a um úni co indivíduo, constitui uma fa.ha dc
perspectiva histórica, perfeitamente justíHcável para os contemporâneos de Ruy, envoltos, êles próprios, no turbilhão dos acontecimentos, procurando cada qual
justificar sua própria posição e atitudes, diante do seus adversários polilicos ou
amigos dissidentes. Tal erro de pers pectiva, no entanto, não se justifica de pois dc quase 60 anos de afastamento. Â nossa geração cabe ajuizar dos acon tecimentos, com maior rigor é verdade,
mas, também, com maior imparcia lidade.
I
A origem do Encilhamento foi indis cutivelmente a libertação da escravatu
ra que, desorganizando a agricultura, base de nossa economia, provocou de sordem em tôda a vida econômica do
Brasil; a agitação republicana, pondo em perigo o regime imperial, colocava os monarquistas num dilema (e não nos
esqueçamos que Ruy Barbosa até quase a proclamação da Re pública era fiel à Famíba Impe rial): ou atender os agricultores
simples que escamotear a responsabili- > dado do Tesouro e, ató certo ponto, do poder público, passando-a para os par ticulares. E, note-se, que a iniciativa
e trvanno-no.s acima do.s fatos, que aci
não coube ao governo provisório da Repúbbca e sim ao Ministério Ouro Preto.
ção doutrinária. E não deve causar surprô.sa o nosso esforço em situar o
O que Ruv Barbosa fez foi alterar a lei
bancária de 1888, que já criara bancos emissores provinciais e municipais, com !i duração de 20 anos, funcionando co mo órgãos mistos, a um só tempo eniis.sores c comerciais.
Daí, a afirmaçao
dc Ruy, ao justificar sua reforma: "De-
dentalmente marcaram a obra de um
homem, para consultar-lhe a contribui pensamento de Ruy no quadro da his
tória das doutrinas econômicas. Negar semelhante obra seria não admitir a existência de um pensamento econômico
no Brasil. É preciso convir que bem ou
mal ôslc País tem tido uma política e uma administração; c sabido ser im
cidimo-nos pela pluralidade por que nao
possível elaborar leis, adaptá-las ás trans
tínhamos o arbítrio da seleção. A tor rente dos sentimentos federalistas impu-
formações sociais, criticá-las durante a
nba-nos a necessidade dc transigir com
gir o Estado, enfim, sem conhecimentos
sua elaboração ou transfonnação, diri
as exigências dos Estados. A monocmis-
de Economia e de Finanças. A elabo
são bancária, ao amanhecer da Revolu
ração de uma lei exige exposição de
ção Federativa, seria uma provocação as
forças, contra as quais não havia poder que lutasse".
motivos; a sua execução só se faz ade
quadamente cpiando se lhe analisam as repercussões e se as mesmas tiverem um
Os acontecimentos ditaram o Encilha
c>onteúdo econômico ou financeiro, e.xi-
mento. Talvez a solução ideal que o Primeiro Ministro da Fazenda da Re
dos que as executam, conhecimentos da
girão, tanto de quem as elaborou quanto
pública pretendeu imprimir aos fatos nao
quelas ciências; para sua transformação,
tenha sido a mais feliz; é certo,
no sentido de lhes dar maior alcance
porém, que qualquer outro nao
o efícicncia, é ainda necessário que
teria conseguido deter a ava
sejam obedecidos os princípios da cièn-
lanche que já se desencadeara
esbulhados, mediante emprésti
com a libertação da escravatu
mos e adiantamentos, aumen tando assim cada vez mais o
êle quando, no discur.so de Cam
ra. Porisso, sobejas razões leve
então, resistir ao aumento da circula
pinas, clamou: "Não é assim, porém, que se hão de apreciar os atos de quem
ção, negando créditos, desamparando a
teve de se medir com um oatachsma
volume da circulação do Tesouro ou,
República não foi talvez a maior. Por estas razões, nece.ssário se torna
oia econômica e financeira.
Por tudo
isto é que encontramos, esparsos na grande obra jurídica e parlamentar de
Ruy Barbosa, elementos seguros para o
seu enquadramento doutrinário na his
tória do pensamento econômico.
Nem .seria possível negar-se a Ruy
lavoura e agravando, assim, desconten
político e social. Nas catástrofes dos
os conhecimentos básicos de Economia
tamentos os quais maiores motivos da
Estados, nada pode a vontade dos go
Política, visto como a sua formação de bacharel lhe facultava entrar em con tato com êste ramo da ciência social, áquêle tempo sòmente ensinado nas Faculdades de Direito. A sua formação intelectual indica não só qual o conteú
riam para acelerar o esboroamento do vernos contia a suprema lei das neces sidades. As revoluções teni de ser senImpério. O passado vinha indicar a so ■ lução do impasse; já em 1858 procurou- tenciadas segundo o padrão excepcio se resolver a crise do ano anterior, pela nal das revoluções". E imensos moüvos facilitação do crédito e aumento da lhe assistiam; no sentido rigoroso do circulação, autorizando-se a criação de lônno, revolução fòra a libertação da < vários bancos emissores; nada mais cravatura com o seu cortejo de conse-
do de seus conhecimentos, como, ainda,
qual a orientação doutrinária seguida.' Tendo feito o curso na Faculdade de Direito de São Paulo, entrou em con tato estreito com os clássicos, princi palmente os franceses. Pôde analisar a obra de Jean Baptiste Say aceitando, assim, os princípios gerais da Escola Otimista Francesa; conheceu c admirou
a obra de Frederic Bastiat, priucipalniente "Les harmonies econoniiques"; conhecedor da obra de Lavelaye, sabia perfeitamente distinguir entre a função da moeda no mercado interno e o seu papel no mercado internacional. Entre
os pensadores patrícios forte influencia
sofreu das idéias de Souza Franco, prin cipalmente ao defender a pluralidade bancária. Mas, quem mais poderosa mente inflmu em suas idéias foi, sem
dúvida, Irineu Evangelista de Souza, Visconde de Mauá. A análise da obra
deste, o papel central desempenhado pelo crédito, em seu pensamento e rea lizações, teriam sido os elementos ins
piradores do conteúdo do artigo segundo do Decreto 165. Foi porisso, tolvez, que Ruy alinhou entre as operações dus
bancos emissores', além dos empréstimos, descontos e operações de c.òmbio, c das lüpotecas a curto e longo prazo median
te letras hipotecárias, mais as seguintes funções: 1) penhor agrícola sòbre fru
tos pendentes colhidos e armazenados; 2) adiantamentos sobre instrumentos de trabalho, máquinas, aparelhos e todos os
meios de produção das propriedades agrícolas, engenhos centrais, fábricas e oficinas; 3) empréstimos de caráter e natureza industrial, para construção de edifícios públicos e particulares, estra das de ferro e outras, cais, doca.";, me lhoramentos de portos, telégrafos, tele fones e quaisquer empreendimentos in dustriais; 4) compra ou venda de terras
Dtíu-sTO Econômico DiGEsio Econômico 114
qiicncias, cias quais a Proclamação da
cias pelas quais não é êle inteiiamente
responsável, ignorar os antecedentes his
tóricos que geraram o fenômeno do Encílhamento, para alribuí-lo a um úni co indivíduo, constitui uma fa.ha dc
perspectiva histórica, perfeitamente justíHcável para os contemporâneos de Ruy, envoltos, êles próprios, no turbilhão dos acontecimentos, procurando cada qual
justificar sua própria posição e atitudes, diante do seus adversários polilicos ou
amigos dissidentes. Tal erro de pers pectiva, no entanto, não se justifica de pois dc quase 60 anos de afastamento. Â nossa geração cabe ajuizar dos acon tecimentos, com maior rigor é verdade,
mas, também, com maior imparcia lidade.
I
A origem do Encilhamento foi indis cutivelmente a libertação da escravatu
ra que, desorganizando a agricultura, base de nossa economia, provocou de sordem em tôda a vida econômica do
Brasil; a agitação republicana, pondo em perigo o regime imperial, colocava os monarquistas num dilema (e não nos
esqueçamos que Ruy Barbosa até quase a proclamação da Re pública era fiel à Famíba Impe rial): ou atender os agricultores
simples que escamotear a responsabili- > dado do Tesouro e, ató certo ponto, do poder público, passando-a para os par ticulares. E, note-se, que a iniciativa
e trvanno-no.s acima do.s fatos, que aci
não coube ao governo provisório da Repúbbca e sim ao Ministério Ouro Preto.
ção doutrinária. E não deve causar surprô.sa o nosso esforço em situar o
O que Ruv Barbosa fez foi alterar a lei
bancária de 1888, que já criara bancos emissores provinciais e municipais, com !i duração de 20 anos, funcionando co mo órgãos mistos, a um só tempo eniis.sores c comerciais.
Daí, a afirmaçao
dc Ruy, ao justificar sua reforma: "De-
dentalmente marcaram a obra de um
homem, para consultar-lhe a contribui pensamento de Ruy no quadro da his
tória das doutrinas econômicas. Negar semelhante obra seria não admitir a existência de um pensamento econômico
no Brasil. É preciso convir que bem ou
mal ôslc País tem tido uma política e uma administração; c sabido ser im
cidimo-nos pela pluralidade por que nao
possível elaborar leis, adaptá-las ás trans
tínhamos o arbítrio da seleção. A tor rente dos sentimentos federalistas impu-
formações sociais, criticá-las durante a
nba-nos a necessidade dc transigir com
gir o Estado, enfim, sem conhecimentos
sua elaboração ou transfonnação, diri
as exigências dos Estados. A monocmis-
de Economia e de Finanças. A elabo
são bancária, ao amanhecer da Revolu
ração de uma lei exige exposição de
ção Federativa, seria uma provocação as
forças, contra as quais não havia poder que lutasse".
motivos; a sua execução só se faz ade
quadamente cpiando se lhe analisam as repercussões e se as mesmas tiverem um
Os acontecimentos ditaram o Encilha
c>onteúdo econômico ou financeiro, e.xi-
mento. Talvez a solução ideal que o Primeiro Ministro da Fazenda da Re
dos que as executam, conhecimentos da
girão, tanto de quem as elaborou quanto
pública pretendeu imprimir aos fatos nao
quelas ciências; para sua transformação,
tenha sido a mais feliz; é certo,
no sentido de lhes dar maior alcance
porém, que qualquer outro nao
o efícicncia, é ainda necessário que
teria conseguido deter a ava
sejam obedecidos os princípios da cièn-
lanche que já se desencadeara
esbulhados, mediante emprésti
com a libertação da escravatu
mos e adiantamentos, aumen tando assim cada vez mais o
êle quando, no discur.so de Cam
ra. Porisso, sobejas razões leve
então, resistir ao aumento da circula
pinas, clamou: "Não é assim, porém, que se hão de apreciar os atos de quem
ção, negando créditos, desamparando a
teve de se medir com um oatachsma
volume da circulação do Tesouro ou,
República não foi talvez a maior. Por estas razões, nece.ssário se torna
oia econômica e financeira.
Por tudo
isto é que encontramos, esparsos na grande obra jurídica e parlamentar de
Ruy Barbosa, elementos seguros para o
seu enquadramento doutrinário na his
tória do pensamento econômico.
Nem .seria possível negar-se a Ruy
lavoura e agravando, assim, desconten
político e social. Nas catástrofes dos
os conhecimentos básicos de Economia
tamentos os quais maiores motivos da
Estados, nada pode a vontade dos go
Política, visto como a sua formação de bacharel lhe facultava entrar em con tato com êste ramo da ciência social, áquêle tempo sòmente ensinado nas Faculdades de Direito. A sua formação intelectual indica não só qual o conteú
riam para acelerar o esboroamento do vernos contia a suprema lei das neces sidades. As revoluções teni de ser senImpério. O passado vinha indicar a so ■ lução do impasse; já em 1858 procurou- tenciadas segundo o padrão excepcio se resolver a crise do ano anterior, pela nal das revoluções". E imensos moüvos facilitação do crédito e aumento da lhe assistiam; no sentido rigoroso do circulação, autorizando-se a criação de lônno, revolução fòra a libertação da < vários bancos emissores; nada mais cravatura com o seu cortejo de conse-
do de seus conhecimentos, como, ainda,
qual a orientação doutrinária seguida.' Tendo feito o curso na Faculdade de Direito de São Paulo, entrou em con tato estreito com os clássicos, princi palmente os franceses. Pôde analisar a obra de Jean Baptiste Say aceitando, assim, os princípios gerais da Escola Otimista Francesa; conheceu c admirou
a obra de Frederic Bastiat, priucipalniente "Les harmonies econoniiques"; conhecedor da obra de Lavelaye, sabia perfeitamente distinguir entre a função da moeda no mercado interno e o seu papel no mercado internacional. Entre
os pensadores patrícios forte influencia
sofreu das idéias de Souza Franco, prin cipalmente ao defender a pluralidade bancária. Mas, quem mais poderosa mente inflmu em suas idéias foi, sem
dúvida, Irineu Evangelista de Souza, Visconde de Mauá. A análise da obra
deste, o papel central desempenhado pelo crédito, em seu pensamento e rea lizações, teriam sido os elementos ins
piradores do conteúdo do artigo segundo do Decreto 165. Foi porisso, tolvez, que Ruy alinhou entre as operações dus
bancos emissores', além dos empréstimos, descontos e operações de c.òmbio, c das lüpotecas a curto e longo prazo median
te letras hipotecárias, mais as seguintes funções: 1) penhor agrícola sòbre fru
tos pendentes colhidos e armazenados; 2) adiantamentos sobre instrumentos de trabalho, máquinas, aparelhos e todos os
meios de produção das propriedades agrícolas, engenhos centrais, fábricas e oficinas; 3) empréstimos de caráter e natureza industrial, para construção de edifícios públicos e particulares, estra das de ferro e outras, cais, doca.";, me lhoramentos de portos, telégrafos, tele fones e quaisquer empreendimentos in dustriais; 4) compra ou venda de terras
UtcF^STo Econômico
Dicestó k<
incultas ou não, seu parcelamento e clernarcayáo por conta própria ou alheia; 5) encanegar-se de assuntos tendentes
vocar alargamento, submersão de unia' economia.
Estas influências doutrinárias conduzi
à colonização, fazendo os adiantamentos necessários, mediante ajuste e contrato
ram, como era de se esperar, o pensa
com
mente liberal.
os
colonos
ou
terceiros
inte
ressados.
Poder-se-á afirmar que tais atribui ções constituíram um perigoso alarga mento do crédito, principalmente em se tratando de bancos emissores.
Re
mento de Ruy a um sentido profunda Não se encontram, em
sua obra, elementos para que se possa e.stabeleccr um sistema completo de ex
será possível mostrar a sua filiação á
Vao: "Quanto a nós, a .solução está em achar até que ponto vai a verdadeira procura, a legítima procura dos indiis-
Escola Clássica Otimista Francesa, ou
seja, alinhá-lo entre os economistas li
centrais apenas emergia, onde a especia
sente o caráter nitidamente agrícola da
até hoje incipiente, é agora apontado como o problema número um entre os que dizem respeito à política monetá
ria e creditjcia do País, notando-se; ainda mais, que mesmo hoje muitos apontam
a inviabilidade de demasiada especia lização bancária.
Considerando-se as idéias monetárias
de Ruy Barbosa, poderemos apontá-lo como um pioneiro da tese da estagnação secular.
berais.
Em seus trabalhos sempre te\e pre economia brasileira e salientou a neces
sidade de arhparo à agricultura, fonte
primária de tóda a riqueza nacional. Foi justamente esta ânsia de proteção ao mais importante setor da economia brasileira, que o levou â aventura da Lei de 17 de janeiro de 1890. Se tives se a mesma sido bem executada, hoje,
provavelmente, lecer-lhc-iam louvores. Já no discurso de posse à Assembléia
Provincial da Bahia pelo Partido Liberal, em 1878, fizera o elogio do comércio, indicando-lhe a função precípua de fa cilitar a circulação dos bens.
Soube
distinguir entre a pessoa do comercian te e o próprio ato do comércio. Apon
Momentos liá em que um
tou o fato de ser êle tão útil para o
jato de emissão, bem aplicado em ativi dades reprodutivas, pode impulsionar
consumidor quanto para os produtores e atender a necessidades sociais indis cutíveis. Como instituição, sua finalida de consiste em facilitar os intercâmbios.
uma economia que se apresente estacio
naria, em vias de paralisação. O gran de problema consiste não em emitir e sim em saber aplicar as emissões efetua
das, questão esta ligada, é claro, ao de moderar o volume deste jato, de inodo a impedir que o mesmo, em lugar de contribuir com sua fôrça propulsora, qual uma torrente que se despenha, estravasando de um dique, venha a pro-
Seu objerivo primordial reside em re
presentar o traço de união, não só entre o produtor da mercadoria acabada e o
consumidor, como, também, entre os vá
rios estágios da i^rodução. É, porisso,
que afirmou êle a necessidade do co
mércio livre, que permitiria a expansão
da agricultura, o barateamento da vida
vercladeinis causas, as causas prcdomlinmtcs da cxageraç.io doa preços no mer cado dos produtos, absorxidos pelas camadas menos altas da população. As
dade comercial, que afirmou ser possi\'el medir-se a prosperidade de um país, plantações do interior deixam de en\iarpelo resultado favorá\'cl de.sua balança nos próprias colheitas, de distribuide pagamento. Foi capaz, porém, de las suas até a periferia do pais, porque a distinguir entre o são comércio e a f.speculação inalsã, cujos efeitos danosos
país onde a organização bancária era ainda incipiente, num momento histó rico em f^ue a idéia da criação de bancos
impulso nas atividades econômicas do País. Basta dizer que o crédito rural
comercio não só interno como inlcrna-
cional; tal importância atribui à ativi
plicação da vida econômica; coibidos, porém, uns elementos aqui, outros a'i,
conhecemo-lo sem dúvida; mas, num
lização bancária não poderia surgir pelo acanhamento do meio, este alargamento de crédito constituía uma inovação, a qual bem aplicada, permitiria um grande
e mesmo o desen\ o]\-iniento da indústria,
117
comprometeram a sua obra de reforma
do meio circulante. Daí. a sim afirma-
tnais. do comércio e da agricultura do ^ o não a insaciável voragem dos especuladores, que nunca poderá ser
satisfeita. . E continua: "A especula ção entrou cinicamente neste campo (o do aprovisíonamento das cidades) e
^ropriou-o às suas sinistras manobras. Nos grandes supridores do consumo,
nossa viaçáü ferrea, nas suas principais artérias, sofre de uma obstmção crônica,
recrudescenle, desesperadora. O centro não expede os mantimentos que produz, nem produz os que poderia; porque as nossas estradas ou pela insuficiência de seu material ou pela incompetência de .sua direção, já não transportam regu larmente nem o café."
Os meios de transporte influem não .só nas trocas, como também no pró prio instrumento de trocas, como se pode deduzir dêstc trecho altamente significa
tivo: "Releva, porém, reconhecer que a transformação do trabalho agrícola e o
conluios denunciados até no
desenvolvimento das indústrias, di.sse-
tórios abarrotados, para impor depois
minadas por uma enorme extensão do
Diário Oficial, fecham os seus reserva
aos consumidores taxas desusadas e in-
ju.stificáveis; nos monopólios de fato, ex
plorados por associações anônimas que
dominam, mais ou menos soberanamente, o mercado; na ganância do egoísmo
País, obrigando ao pagamento de salá
rio a todos os habailiadores rurais e a
operários de toda a espécie, empregados na construção de estradas de ferro, me
lhoramento de portos, exploração de mi nas, fábricas e usinas, exige hoje muito
ntercantil que, à sombra do cambio e
maior soma de melo circulante, da qual grande parte pennanece [Xtr muito tem
tes, não conhecem limites à cobiça — temos em plena atividade a hipérbole da
po inativa no interior do País, retida
■sob o pretexto do imposto em ouro, em butido à paciência indefesa dos clien especulação".
Para facilitar esse comércio, garantidor do escoamento de produtos, fator de desen\*olvímento econômico e social, necessário se tornava cuidar do desen
volvimento dos transportes. Sua influên-
cia e tal que vai influir no próprio me canismo do mercado. "A carestia mons
truosa dos transportes no interior e a morosidade intolerável clêles, essas as
não só pelos próprios operários como principabnente pelos industriais e la vradores que são forçados a ter somas
avulladas em depósitos para cobrir as suas necessidades, em virtude do difí cil e moroso transporte do dinheiro a tão longínquas paragens". Reconhecendo a produtividade da agricultura, não deseja menos o desen
volvimento industrial; reconhece que o Brasil, como tantos outros países agrí colas, encontra-se numa ixisição de .s:\-
UtcF^STo Econômico
Dicestó k<
incultas ou não, seu parcelamento e clernarcayáo por conta própria ou alheia; 5) encanegar-se de assuntos tendentes
vocar alargamento, submersão de unia' economia.
Estas influências doutrinárias conduzi
à colonização, fazendo os adiantamentos necessários, mediante ajuste e contrato
ram, como era de se esperar, o pensa
com
mente liberal.
os
colonos
ou
terceiros
inte
ressados.
Poder-se-á afirmar que tais atribui ções constituíram um perigoso alarga mento do crédito, principalmente em se tratando de bancos emissores.
Re
mento de Ruy a um sentido profunda Não se encontram, em
sua obra, elementos para que se possa e.stabeleccr um sistema completo de ex
será possível mostrar a sua filiação á
Vao: "Quanto a nós, a .solução está em achar até que ponto vai a verdadeira procura, a legítima procura dos indiis-
Escola Clássica Otimista Francesa, ou
seja, alinhá-lo entre os economistas li
centrais apenas emergia, onde a especia
sente o caráter nitidamente agrícola da
até hoje incipiente, é agora apontado como o problema número um entre os que dizem respeito à política monetá
ria e creditjcia do País, notando-se; ainda mais, que mesmo hoje muitos apontam
a inviabilidade de demasiada especia lização bancária.
Considerando-se as idéias monetárias
de Ruy Barbosa, poderemos apontá-lo como um pioneiro da tese da estagnação secular.
berais.
Em seus trabalhos sempre te\e pre economia brasileira e salientou a neces
sidade de arhparo à agricultura, fonte
primária de tóda a riqueza nacional. Foi justamente esta ânsia de proteção ao mais importante setor da economia brasileira, que o levou â aventura da Lei de 17 de janeiro de 1890. Se tives se a mesma sido bem executada, hoje,
provavelmente, lecer-lhc-iam louvores. Já no discurso de posse à Assembléia
Provincial da Bahia pelo Partido Liberal, em 1878, fizera o elogio do comércio, indicando-lhe a função precípua de fa cilitar a circulação dos bens.
Soube
distinguir entre a pessoa do comercian te e o próprio ato do comércio. Apon
Momentos liá em que um
tou o fato de ser êle tão útil para o
jato de emissão, bem aplicado em ativi dades reprodutivas, pode impulsionar
consumidor quanto para os produtores e atender a necessidades sociais indis cutíveis. Como instituição, sua finalida de consiste em facilitar os intercâmbios.
uma economia que se apresente estacio
naria, em vias de paralisação. O gran de problema consiste não em emitir e sim em saber aplicar as emissões efetua
das, questão esta ligada, é claro, ao de moderar o volume deste jato, de inodo a impedir que o mesmo, em lugar de contribuir com sua fôrça propulsora, qual uma torrente que se despenha, estravasando de um dique, venha a pro-
Seu objerivo primordial reside em re
presentar o traço de união, não só entre o produtor da mercadoria acabada e o
consumidor, como, também, entre os vá
rios estágios da i^rodução. É, porisso,
que afirmou êle a necessidade do co
mércio livre, que permitiria a expansão
da agricultura, o barateamento da vida
vercladeinis causas, as causas prcdomlinmtcs da cxageraç.io doa preços no mer cado dos produtos, absorxidos pelas camadas menos altas da população. As
dade comercial, que afirmou ser possi\'el medir-se a prosperidade de um país, plantações do interior deixam de en\iarpelo resultado favorá\'cl de.sua balança nos próprias colheitas, de distribuide pagamento. Foi capaz, porém, de las suas até a periferia do pais, porque a distinguir entre o são comércio e a f.speculação inalsã, cujos efeitos danosos
país onde a organização bancária era ainda incipiente, num momento histó rico em f^ue a idéia da criação de bancos
impulso nas atividades econômicas do País. Basta dizer que o crédito rural
comercio não só interno como inlcrna-
cional; tal importância atribui à ativi
plicação da vida econômica; coibidos, porém, uns elementos aqui, outros a'i,
conhecemo-lo sem dúvida; mas, num
lização bancária não poderia surgir pelo acanhamento do meio, este alargamento de crédito constituía uma inovação, a qual bem aplicada, permitiria um grande
e mesmo o desen\ o]\-iniento da indústria,
117
comprometeram a sua obra de reforma
do meio circulante. Daí. a sim afirma-
tnais. do comércio e da agricultura do ^ o não a insaciável voragem dos especuladores, que nunca poderá ser
satisfeita. . E continua: "A especula ção entrou cinicamente neste campo (o do aprovisíonamento das cidades) e
^ropriou-o às suas sinistras manobras. Nos grandes supridores do consumo,
nossa viaçáü ferrea, nas suas principais artérias, sofre de uma obstmção crônica,
recrudescenle, desesperadora. O centro não expede os mantimentos que produz, nem produz os que poderia; porque as nossas estradas ou pela insuficiência de seu material ou pela incompetência de .sua direção, já não transportam regu larmente nem o café."
Os meios de transporte influem não .só nas trocas, como também no pró prio instrumento de trocas, como se pode deduzir dêstc trecho altamente significa
tivo: "Releva, porém, reconhecer que a transformação do trabalho agrícola e o
conluios denunciados até no
desenvolvimento das indústrias, di.sse-
tórios abarrotados, para impor depois
minadas por uma enorme extensão do
Diário Oficial, fecham os seus reserva
aos consumidores taxas desusadas e in-
ju.stificáveis; nos monopólios de fato, ex
plorados por associações anônimas que
dominam, mais ou menos soberanamente, o mercado; na ganância do egoísmo
País, obrigando ao pagamento de salá
rio a todos os habailiadores rurais e a
operários de toda a espécie, empregados na construção de estradas de ferro, me
lhoramento de portos, exploração de mi nas, fábricas e usinas, exige hoje muito
ntercantil que, à sombra do cambio e
maior soma de melo circulante, da qual grande parte pennanece [Xtr muito tem
tes, não conhecem limites à cobiça — temos em plena atividade a hipérbole da
po inativa no interior do País, retida
■sob o pretexto do imposto em ouro, em butido à paciência indefesa dos clien especulação".
Para facilitar esse comércio, garantidor do escoamento de produtos, fator de desen\*olvímento econômico e social, necessário se tornava cuidar do desen
volvimento dos transportes. Sua influên-
cia e tal que vai influir no próprio me canismo do mercado. "A carestia mons
truosa dos transportes no interior e a morosidade intolerável clêles, essas as
não só pelos próprios operários como principabnente pelos industriais e la vradores que são forçados a ter somas
avulladas em depósitos para cobrir as suas necessidades, em virtude do difí cil e moroso transporte do dinheiro a tão longínquas paragens". Reconhecendo a produtividade da agricultura, não deseja menos o desen
volvimento industrial; reconhece que o Brasil, como tantos outros países agrí colas, encontra-se numa ixisição de .s:\-
Digestü EfoNóstico^ ÍIS
t r
Dioes'i"o EconAmico
télile das economias industrializadas.
Isto se verifica, principalmente, diz ele,
quando se analisa a posição da balanç-a comercial brasileira. Dia a dia o País tem exportado cada vez mais, mas t) rendimento desta exportação vem sen do cada vez menor.
Para amenizar a
situação desfavorável de nossa balança de pagamentos, temos recorrido a em préstimos periòdicamente renovados, mas estes não podem ser aplicados em ope
tado pcia desvalorização do poder aqui
suas próprias pala\Tas, um moderador da importação, nunca um instrumento de entrave ao comércio internacional. Profundamente nacionalista, defensor
acérrimo da prosperidade brasileira, não
chegou ao ponto, porém, do defender um Brasil separado do resto do mundo,
desenvolvimento industrial se retarda.
parte integrante do desenvolvimento
Dai, a sua advertência: "Ao passo que
econômico internacional; vivendo numa
a República não recebe do estrangeiro os suprimentos de ouro com que os ein-
época on que os nacionalismos se exal tavam e a Doutrina do Sistema de Economia Nacional servia em quase todo o mundo de estandarte à guerra, à
agressão, aos conflitos entre nações, foi
necessária extrema coragem para que
pudesse afirmar, em 1916, "A vocação,
pois, que para este Continente se está delineando não é nem a de se retrair
lizíido em grande parte, pela obstrução das vias de transporte — a importação
na pendência travada além, entre a ci
apresenta uma entumescência desmelu-
nem grandes armamentos nas ruínas
vilização e a militarízação do mundo,
rada, inaudita, fabulosa."
de uma guerra por èles im
É preciso desenvolver a produção industrial, mas ao seu espírito liberal rejpugna
está é em procurar assumir a
uma
temente para etmstituição de
de
acentuado
posta. Onde essa vocação iniciativa e contribuir influen
protecionismo, mediante tari
um novo sistema de vida in
fas elevadas e proibições que
ternacional, pela
impeçam o livre trânsito das
ou aproximação das nações,
mercadorias.
Por isso, tam
bém, não defendeu a idéia de prêmios
à exportação ou de favores excepcionais e indústrias novas. Preferiu um meio in direto — o do imposto ouro — sobre os direitos de importação, e, mesmo assim, não o fez com caráter de estabelecer uma
proibição à entrada de mercadorias e sim apenas como uma forma de defesa con tra o desarmamento tarifário, represen
Estado e na afirmação da vantagem d? admitir-se apenas b papel fiscalizador do emissão, não adquire o Estado o di
contraposição a
mia nacional, cncarava-a, porém, como
atitude
sa à constituição de bancos emissores do
nem se limitou apenas a afirmar a uni
unidade européia. Defensor da econo
aumento da produção agrícola é neutra-
volvimento conseqüente da produção. Manifesta-se. ainda, liberal, na repul
dade americana, cm
pidamente. Os capitais escasseiam e o
de empresas nossas, e o capital brasi leiro se transfere, na compra dqlas, para algibeira européia; ao passo que o
de cmprègo da mão de obra e o desen
Oovêrno. "Pelo fato de conferir um privilégio, na faciddade exclusiva da
rações reprodutivas porque retomam ra
próstimos do Império periòdicamente nos renovavam o cabedal esgotado; ao passo que o capital peregrino se retira
119
sitivo da moeda. O imposto seria, nas
associação
mediante um regime que su
bstitua a lei da guerra pela justiça.-
O imperativo de se apressar o de
reito de administrá-lo. Fiscalizá-lo, sim, êssc é o seu direito c o seu mterêsse.
pondo a descoberto muitos males, que de muito longe nos vergavam e agregando-nos de novo àquêlos, que são delas inseparáveis, produziu fatal esmorecimenlo em tôdas as fontes de indús
trias e da riqueza. O crédito estreme ceu; o comércio, que dèle se nutre, en-
liblou; a agricultura, que só floresce com a tranqüilidade interna, desfnieceii. Daí veio a alteração considerável dos
Se a fiscalização dc hoje não satisfaz ao.s .seus fins, reconstituí-a, forlaiecei-a,
valores, a quebra das transações, e a míngua das rendas públicas."
dai-lhe autoridade, a ação, a energia
vicção doutrinária tão arraigada que,
eficaz. A idéia dc propor ao Banco um presidente nomeado pelo Poder não se IcgiHma senão pela vantagem de subor dinar a instituição ã vigilância direta do Estado. Mas essa vigilância se en fraquece, em vez de robu.stecer-se; de genera. em vez de moralizar-se, com a
partilha da influência na administração do estabelecimento". Tal raciocínio, le vado a suas últimas conseqüências e
Êste liberalismo constitui uma con embora reconhecendo as dificuldades
trazidas pela libertação da escravatu ra, nem um momento siquer arrependeu-
sc da posição assumida em favor do negro liberto. É por isso que, em 1885, ao cuidar da critica do projeto Saraiva,
afirmara com ironia: "Bem sei que o cativeiro nunca outra coisa féz, senão •
beneficiar o escravo. Isso aqui e em
tôda a parte, hojo e em todos os tem- ^
estendido a outios campos da vida eco
pos." E mais ferino se toma ao narrar
fundamente liberal e contrário às inter-
uma anedota em que um chefe dc fa mília, na Jamaica, ao procurar conven
v'enções diretas do Estado na economia.
cer Wilberforce da doçura com que
nômica, mostrar-nos-á Ruy Barbosa pro Jurista antes de tudo, percebe e defende
a delimitação de campos; ao político a administração pública, a ação política; ao empreendedor, qualquer que seja a natureza do empreendimento, a admi nistração econômica e financeira da emprêsa. Os planos político e econômico
se lhe afiguram nitidamente distintos,
eram tratados os escravos, invoca o tes
temunho da mulher. "Ora, dize-nos, não são felizes os escravos na Jamaica?"
— "Decerto — respondeu ela ingenua mente — apenas me pareceu ali esquisi to' o costume de encadearem ao fogão os cozinheiros." E a sua conclusão é
inevitável.
A viver encadeado, ainda
senvolvimento industrial do Brasil jus tificaria a necessidade de aumentar o volume >da moeda em circulação, visto
embora estreitamente interdependentes. que num paraíso, preferíveis serão as Não se diga que esta separação, defen agruras de uma vida de trabalho e dida pelo insigne mestre e grande bra insegurança; em liberdade, porém.
o trabalho livre, assalariado, ser medido sôbre os Capitais disponíveis e, assim sendo, os juros do dinheiro determina rão, até certo ponto, as oportunidades
sileiro, se fazia com absoluto desconhe cimento das estreitas relações entre a vida econômica e a realidade social e
IJolltica. Para negá-lo bastaria repetir as suas observações a respeito da Proclaniaçõü da República: "A Resolução,
Se dúvida ainda houvesse quanto ao espírito liberal de Ruy Barbosa, bastaria citarmos, por fim, o mais significativo dos trechos do seu Credo Político, pro nunciado em 1897, onde as idéias do
homem púb'ico c a sua cultura econónii-
Digestü EfoNóstico^ ÍIS
t r
Dioes'i"o EconAmico
télile das economias industrializadas.
Isto se verifica, principalmente, diz ele,
quando se analisa a posição da balanç-a comercial brasileira. Dia a dia o País tem exportado cada vez mais, mas t) rendimento desta exportação vem sen do cada vez menor.
Para amenizar a
situação desfavorável de nossa balança de pagamentos, temos recorrido a em préstimos periòdicamente renovados, mas estes não podem ser aplicados em ope
tado pcia desvalorização do poder aqui
suas próprias pala\Tas, um moderador da importação, nunca um instrumento de entrave ao comércio internacional. Profundamente nacionalista, defensor
acérrimo da prosperidade brasileira, não
chegou ao ponto, porém, do defender um Brasil separado do resto do mundo,
desenvolvimento industrial se retarda.
parte integrante do desenvolvimento
Dai, a sua advertência: "Ao passo que
econômico internacional; vivendo numa
a República não recebe do estrangeiro os suprimentos de ouro com que os ein-
época on que os nacionalismos se exal tavam e a Doutrina do Sistema de Economia Nacional servia em quase todo o mundo de estandarte à guerra, à
agressão, aos conflitos entre nações, foi
necessária extrema coragem para que
pudesse afirmar, em 1916, "A vocação,
pois, que para este Continente se está delineando não é nem a de se retrair
lizíido em grande parte, pela obstrução das vias de transporte — a importação
na pendência travada além, entre a ci
apresenta uma entumescência desmelu-
nem grandes armamentos nas ruínas
vilização e a militarízação do mundo,
rada, inaudita, fabulosa."
de uma guerra por èles im
É preciso desenvolver a produção industrial, mas ao seu espírito liberal rejpugna
está é em procurar assumir a
uma
temente para etmstituição de
de
acentuado
posta. Onde essa vocação iniciativa e contribuir influen
protecionismo, mediante tari
um novo sistema de vida in
fas elevadas e proibições que
ternacional, pela
impeçam o livre trânsito das
ou aproximação das nações,
mercadorias.
Por isso, tam
bém, não defendeu a idéia de prêmios
à exportação ou de favores excepcionais e indústrias novas. Preferiu um meio in direto — o do imposto ouro — sobre os direitos de importação, e, mesmo assim, não o fez com caráter de estabelecer uma
proibição à entrada de mercadorias e sim apenas como uma forma de defesa con tra o desarmamento tarifário, represen
Estado e na afirmação da vantagem d? admitir-se apenas b papel fiscalizador do emissão, não adquire o Estado o di
contraposição a
mia nacional, cncarava-a, porém, como
atitude
sa à constituição de bancos emissores do
nem se limitou apenas a afirmar a uni
unidade européia. Defensor da econo
aumento da produção agrícola é neutra-
volvimento conseqüente da produção. Manifesta-se. ainda, liberal, na repul
dade americana, cm
pidamente. Os capitais escasseiam e o
de empresas nossas, e o capital brasi leiro se transfere, na compra dqlas, para algibeira européia; ao passo que o
de cmprègo da mão de obra e o desen
Oovêrno. "Pelo fato de conferir um privilégio, na faciddade exclusiva da
rações reprodutivas porque retomam ra
próstimos do Império periòdicamente nos renovavam o cabedal esgotado; ao passo que o capital peregrino se retira
119
sitivo da moeda. O imposto seria, nas
associação
mediante um regime que su
bstitua a lei da guerra pela justiça.-
O imperativo de se apressar o de
reito de administrá-lo. Fiscalizá-lo, sim, êssc é o seu direito c o seu mterêsse.
pondo a descoberto muitos males, que de muito longe nos vergavam e agregando-nos de novo àquêlos, que são delas inseparáveis, produziu fatal esmorecimenlo em tôdas as fontes de indús
trias e da riqueza. O crédito estreme ceu; o comércio, que dèle se nutre, en-
liblou; a agricultura, que só floresce com a tranqüilidade interna, desfnieceii. Daí veio a alteração considerável dos
Se a fiscalização dc hoje não satisfaz ao.s .seus fins, reconstituí-a, forlaiecei-a,
valores, a quebra das transações, e a míngua das rendas públicas."
dai-lhe autoridade, a ação, a energia
vicção doutrinária tão arraigada que,
eficaz. A idéia dc propor ao Banco um presidente nomeado pelo Poder não se IcgiHma senão pela vantagem de subor dinar a instituição ã vigilância direta do Estado. Mas essa vigilância se en fraquece, em vez de robu.stecer-se; de genera. em vez de moralizar-se, com a
partilha da influência na administração do estabelecimento". Tal raciocínio, le vado a suas últimas conseqüências e
Êste liberalismo constitui uma con embora reconhecendo as dificuldades
trazidas pela libertação da escravatu ra, nem um momento siquer arrependeu-
sc da posição assumida em favor do negro liberto. É por isso que, em 1885, ao cuidar da critica do projeto Saraiva,
afirmara com ironia: "Bem sei que o cativeiro nunca outra coisa féz, senão •
beneficiar o escravo. Isso aqui e em
tôda a parte, hojo e em todos os tem- ^
estendido a outios campos da vida eco
pos." E mais ferino se toma ao narrar
fundamente liberal e contrário às inter-
uma anedota em que um chefe dc fa mília, na Jamaica, ao procurar conven
v'enções diretas do Estado na economia.
cer Wilberforce da doçura com que
nômica, mostrar-nos-á Ruy Barbosa pro Jurista antes de tudo, percebe e defende
a delimitação de campos; ao político a administração pública, a ação política; ao empreendedor, qualquer que seja a natureza do empreendimento, a admi nistração econômica e financeira da emprêsa. Os planos político e econômico
se lhe afiguram nitidamente distintos,
eram tratados os escravos, invoca o tes
temunho da mulher. "Ora, dize-nos, não são felizes os escravos na Jamaica?"
— "Decerto — respondeu ela ingenua mente — apenas me pareceu ali esquisi to' o costume de encadearem ao fogão os cozinheiros." E a sua conclusão é
inevitável.
A viver encadeado, ainda
senvolvimento industrial do Brasil jus tificaria a necessidade de aumentar o volume >da moeda em circulação, visto
embora estreitamente interdependentes. que num paraíso, preferíveis serão as Não se diga que esta separação, defen agruras de uma vida de trabalho e dida pelo insigne mestre e grande bra insegurança; em liberdade, porém.
o trabalho livre, assalariado, ser medido sôbre os Capitais disponíveis e, assim sendo, os juros do dinheiro determina rão, até certo ponto, as oportunidades
sileiro, se fazia com absoluto desconhe cimento das estreitas relações entre a vida econômica e a realidade social e
IJolltica. Para negá-lo bastaria repetir as suas observações a respeito da Proclaniaçõü da República: "A Resolução,
Se dúvida ainda houvesse quanto ao espírito liberal de Ruy Barbosa, bastaria citarmos, por fim, o mais significativo dos trechos do seu Credo Político, pro nunciado em 1897, onde as idéias do
homem púb'ico c a sua cultura econónii-
ir.
Diciísto Econômico
120
ca aparecem fortemente lastreadas i>or iim conteúdo jurídico, porque verdade é
a tranqüilidade, da tranqüilidade o Irn-
que nêle o economista aparece apenas
produção o crédito, do crédito a opulência, da üpu'éncía a respeitabilidade,
corno a sombra do imenso jurista que
foi. "Creio que a República decai, por que se deixou estragar, confiando-sc no regime da fôrça; creio que a federa ção perecerá se continuar a não saber
RUY, VIVO E MORTO 4l*ái(ian impresslonlsio)
IwIJio, do trabalho a produção, da
a duração e o vigor."
Nenhum outro poderia, em tão ma
gistral síntese, exprimir o que de hu
acatar e elevar a justiça; porque da
mano pode e deve conter lodo c qual
justiça nasce a confiança, da confiança
quer sistema econômico.
A. C. DE Salles Júnior
(Autiir de 'O idealismo republicano de Campos Salles)
J^AQUKi.c 1." de março de 1923, e.xtinguia-.sc, em Petrópolis, uma grande vida. Tudo era pranto. A tarde se''entristeceu cinzenta; e a noite, entrando, cobriu de crcpe a Pátria dolorosa. Afi gurava-se extraordinário, ninguém queria admitir, o que não passava de fato natu-
ral, ligado à fatalidade das leis biológi
cas, renovadoras da e.xisténcia, já que, na concepção do remoto Heráclito, "uns
presenta a verdadeira encarnação do ser;
a matéria, que o encerra, não passa de
simples aparência transitória, poenta ar gila imponderável...
Êsse animísnío
é eterno, u'trapassa o tempo. Assim também desta \'ez se devera
crer. Não se apagaria a luz de inteli
gência tão refulgente. No meio, que a refrangira, não se adensaria a tre\a
vivem da morte dos outros, enquanto
obsecante. Não se dissipariam as ener
outros morrem da vida daqueles outros".
A-idente, que em trajetória sideral deli
Lá os acompanhou cortejo imenso, ao toque da sinêta da capela de S, João
no verso luigoano, até o sol morre, mus
gias cívicas polarizadas no esforço do
A realidade ali estava, numa campa a a rota ideológica da deniociacia abrir-se para receber, após longo ritual, neara brasileira. Ruy não desaparecia. Cbnw frágeis despejos, envoltos num" sudário. Baptista E ao relírarem-se os grupos, finda a cerimonia, por entre mármores e
'! -
ciprestes, pensa\'a cada qual, de si para consigo, na separação abismai criada
pola fronteira que dei.vava atrás: o pas-
para renascer... As legiões, que ha
viam seguido êsse cünqui.stador, deli rantes de entusiasmo, manteriam certa
mente o império de ideiais e aspirações, que ôle fundara. Último romântico da
geração de Castro Alves, herdeira sen
timental de Rousseau, possuia-o, como a toda essa gloriosa estirpe, a paixão violenta da liberdade, que antes se di ria ânsia de libertação individual, fuga chance to dream..." o silêncio de.s- desesperada para o irreal, o indefiuido, cia. Calara-.se uma voz de inspiração o absoluto, a chamar-se "mal du siècle" alada, como a dos velhos profetas, voz- nos poetas elegíacos, vítimas de fraqueque nunca mais seria ouvida. Nunca mais! Feliz a Cidade Antiga, de Fustel /.as e dehquios, e a exprimir ímpeto re-
r:ado, N-ale profundo do esquecimeiiV, • • • • filosófica: Era a repetição da duvida To die,inc-onsciente to nleep- per-
de Coulanges, onde os mortos não pe reciam, mas divinizavam-se, transubs-
tanciadüs em Gênios ou Heróis, que do fundo de seus tiimulos continuavam guias e senhores dos destinos terrenos.
■
. vííí.;: ^
Dogma de tôdas as religiões ocidentais, o invisível, o imanente, o espírito re
•ia'.
"
temperamentos herói
cos, forjados para a luta. Deixando-se arrebatar pela iu.ti,a das cansas suscitadas pela liberdade e a dit-nidadc do
homem, como a questão Dmyfus, cir na ao encontro dos fracos e irimidos, com a generosidade e o destemer da
idade da cavalaria. Nunca vacilou.
i.
ir.
Diciísto Econômico
120
ca aparecem fortemente lastreadas i>or iim conteúdo jurídico, porque verdade é
a tranqüilidade, da tranqüilidade o Irn-
que nêle o economista aparece apenas
produção o crédito, do crédito a opulência, da üpu'éncía a respeitabilidade,
corno a sombra do imenso jurista que
foi. "Creio que a República decai, por que se deixou estragar, confiando-sc no regime da fôrça; creio que a federa ção perecerá se continuar a não saber
RUY, VIVO E MORTO 4l*ái(ian impresslonlsio)
IwIJio, do trabalho a produção, da
a duração e o vigor."
Nenhum outro poderia, em tão ma
gistral síntese, exprimir o que de hu
acatar e elevar a justiça; porque da
mano pode e deve conter lodo c qual
justiça nasce a confiança, da confiança
quer sistema econômico.
A. C. DE Salles Júnior
(Autiir de 'O idealismo republicano de Campos Salles)
J^AQUKi.c 1." de março de 1923, e.xtinguia-.sc, em Petrópolis, uma grande vida. Tudo era pranto. A tarde se''entristeceu cinzenta; e a noite, entrando, cobriu de crcpe a Pátria dolorosa. Afi gurava-se extraordinário, ninguém queria admitir, o que não passava de fato natu-
ral, ligado à fatalidade das leis biológi
cas, renovadoras da e.xisténcia, já que, na concepção do remoto Heráclito, "uns
presenta a verdadeira encarnação do ser;
a matéria, que o encerra, não passa de
simples aparência transitória, poenta ar gila imponderável...
Êsse animísnío
é eterno, u'trapassa o tempo. Assim também desta \'ez se devera
crer. Não se apagaria a luz de inteli
gência tão refulgente. No meio, que a refrangira, não se adensaria a tre\a
vivem da morte dos outros, enquanto
obsecante. Não se dissipariam as ener
outros morrem da vida daqueles outros".
A-idente, que em trajetória sideral deli
Lá os acompanhou cortejo imenso, ao toque da sinêta da capela de S, João
no verso luigoano, até o sol morre, mus
gias cívicas polarizadas no esforço do
A realidade ali estava, numa campa a a rota ideológica da deniociacia abrir-se para receber, após longo ritual, neara brasileira. Ruy não desaparecia. Cbnw frágeis despejos, envoltos num" sudário. Baptista E ao relírarem-se os grupos, finda a cerimonia, por entre mármores e
'! -
ciprestes, pensa\'a cada qual, de si para consigo, na separação abismai criada
pola fronteira que dei.vava atrás: o pas-
para renascer... As legiões, que ha
viam seguido êsse cünqui.stador, deli rantes de entusiasmo, manteriam certa
mente o império de ideiais e aspirações, que ôle fundara. Último romântico da
geração de Castro Alves, herdeira sen
timental de Rousseau, possuia-o, como a toda essa gloriosa estirpe, a paixão violenta da liberdade, que antes se di ria ânsia de libertação individual, fuga chance to dream..." o silêncio de.s- desesperada para o irreal, o indefiuido, cia. Calara-.se uma voz de inspiração o absoluto, a chamar-se "mal du siècle" alada, como a dos velhos profetas, voz- nos poetas elegíacos, vítimas de fraqueque nunca mais seria ouvida. Nunca mais! Feliz a Cidade Antiga, de Fustel /.as e dehquios, e a exprimir ímpeto re-
r:ado, N-ale profundo do esquecimeiiV, • • • • filosófica: Era a repetição da duvida To die,inc-onsciente to nleep- per-
de Coulanges, onde os mortos não pe reciam, mas divinizavam-se, transubs-
tanciadüs em Gênios ou Heróis, que do fundo de seus tiimulos continuavam guias e senhores dos destinos terrenos.
■
. vííí.;: ^
Dogma de tôdas as religiões ocidentais, o invisível, o imanente, o espírito re
•ia'.
"
temperamentos herói
cos, forjados para a luta. Deixando-se arrebatar pela iu.ti,a das cansas suscitadas pela liberdade e a dit-nidadc do
homem, como a questão Dmyfus, cir na ao encontro dos fracos e irimidos, com a generosidade e o destemer da
idade da cavalaria. Nunca vacilou.
i.
' IJICLSIO Iv.t.NÒMK'*'
122
Dic;fc:sro Econômico
clfsfaleceii, menos ainda capdnloii.
N<i
fragor das campanhas, e próprios delas,
(juf -SC cosliuua exrmplifi(.;',-l;i ccuu nicnarquia iuglúsa. Mas o moslmeuli*
teria cometido erros, praticado excessos,
perpétuo de resislénciu ao poder d"
produzido dores.
Estado, em defesa dos direito.s indi^»"
Nada, porém, fruto
vocados.
bunos do povo, fautores diretos da marcba ascendente do princípio igualitário,
Graças à tenacidade desse esforço, adquiriu extensão, antes desconhecida, o instituto de "habeas-corpus", revigo rado, na jurisprudência, como criação original do nosso direito público. Co
duas antíteses perniauentes — a auto ridade de um lado, e de outro a liber
dade. Porque, como diz Maus Kelscu.
"o que jaz na raiz cia idéia deniocrál--
(^ue despontou como aurora da demo cracia, a romper entro vagas, indecisas côres psicológicas; sentimentalismo, fi lantropia, imaginação, devaneio, \olta à
ca é o instinto de reação indi\'iclual con
natureza ... Era preciso olhar para os
precí.so dobrar, numa palavra - o ^or-
pobres, os humildes, os de serdados, tóda a sorte de so
fredores e marginados.
O
que houvesse uma verdade a dizer, um direito a postular, uma garantia a pre-
necessidade que criou em Roma os tri
cípios contrários, a síntese instá\'el de
Dentro dessa annaclura, era invencível,
Foi bem o emblema do século XIX,
É o caso do
a \ontade estranha diante da qual c
preensível e impenetrável a heresíacas. homéricos, na frente do tllios...
Não raro, um só
estado dc sociedade, <> protesto contra
fundo do direito, culto místico, incom
c parecia um titã, como nos combates
pela insiiiceridadc.
tem razão contra muitos.
Dr. Stockmann, como todos os protago . munir, lá estava ele, de lança em risle, nistas do teatro de Ibsen — corajosa afir a brandi-la contra os inimigos do po\ o! mação da personalidade, a tresmalhar que são todos os violadores da ordem do espírito social de rebanho, que ca jurídica. Sobranceiro a ameaças e pe racteriza as maiorias facciosixs, abroque- rigos, vinganças e calúnias, nunca deu ladas em falso liberalismo: — "Os mais ninguém tantas provas de destemor, e pérfidos inimigos dos homens livres sãb sobretudo de tamanho espírito de sacri os liberais". fício, na imolação de justas ambições. O contraste com o poder, condição de (Xintra as quais a inveja conspirou, mais cc|uilíbrio do regime republicano, foi a ainda que os ressentimentos, acaso pro
duai.s, o j)roceíiSu.t drssc perene anlagO" ni.snio, a conciliação hegelíauu dos prin
de ódio, senão de amor, o amor pro
125
tra o constrangimeulo (pie resulta do
mento da heteronomia •
Democracia configura-sÇ-
pois, como govérno à di
que acabou por nivelar uma sociedade
originàriamente constituída de patrícios
e plebeiis. Cumpre atender à importân
poder púbhco, mal inevitá vel, limita o indivíduo, domina-o, escraviza-o, apertan do cada vez mais o cerco,
Supõe necessàriamente par lamento, imprensa, direito
que lhe tolhe o livre desen
fôr o caso, direito de revo
nosso grande tribuno do povo. Do povo,
volvimento.
lução.
cntenda-so bem; e não das massas.
cumbida do interpretá-la. À margem do texto lapidar, mas rígido, principiou a elaborar-se a Constituição não escrita,
Mil \èzes a
reita, e à esquerda oposiçãode reunião e, até, em se
O essencial, contra
cia dessa função, para bem avaliar o papel de Ruy, no evolucionismo do pensamento político brasileiro. Êle, o
.«selva escura e densa, onde
vezeiras mistificações e em
Dístínga-se: democracia é governo do
nasceu, mas de que era se nhor. O governo é um
bustes, é que se reaHze a
povo, e não de massas.
monstro, um Leviatlian que
definição de Péricles, na fa mosa oração aos mortos do
pretextos calvos e sofismas cavilosos —-
Peloponeso, transmitida à posteridade por Thucydides: "Chama-se democracia
razões de Estado, salvação pública, di-
ao nosso governo, porque a adminis
rigismo econômico, capitalismo, socialis
tração da República não pertence ape
mo, comunismo, simples disfarces de ti rania, outros tantos feudalismos, iguais aos que em vão pretendeu a Revolução
nas a alguns, senão à maioria, podendo
o esmaga, sob especiosos argumentos,
Francesa destruir com o antigo regime. Liberdade, Igualdade, Fraternidade —
ativa, vigilante, funcional, dotada de
organização das diferentes classes, num regime de coexistência de direitos, v
plasticidade e transparência para adu-
harmonia de todos os interesses, sob o domínio de uma consciência jurídica
coletiva. Outra coisa é a demagogia, o incitamento à guerra social, a excitação de instintos egoísticos, o ódio ao bem
alheio, o desenfreio de recalques freu dianos do sub-consciente. Ruy não fa lou a essas baixas paixões; falou, sim, à
se tolera, menos o despotismo, seja de
inteligência, à massa cinzenta da Nação. Sempre na estacada, verberou abuso.s,
pura ilusão, pronto desfeita. Tudo que caiu, ficou de pé. ó paradoxol Daí o anseio, a inquietação, a angústia que
um indivíduo, de um grupo, de uma
faz da democracia lábaro universal de
se público bem entendido não se ex primem substancialmente por números,
redenção humana. Não é uma categoria lógica, de teor 6sco'ástico, uma forma de governo especial, diferenciada, tanto
Uma coisa é u
cada um de nós exercô-la, independente do nascimento e haveres, sem outro tí
tulo que as próprias xirtudes". Tudo minoria, ou da maioria mesma.
For
que não? O direito, a moral, o interes meros símbolos gráficos de significação
emprestada, e vezes sem çpnta falseada
meçou. assim, a Constituição de 91 a
viver do seu próprio conteúdo, revelado pelos arestos da altíssima instância, in
nar-se às constantes mutações dos tem-
po.s, e deixar-se penetrar pela luz das novas idéias sempre vindiças. mantida
intacta, na estmtura, a obra grandiosa dos fundadores da República. Regem-sc ainda os Estados Unidos pela Constitui
ção de Filadélfia, acrescida de pou cas emendas. Não é ali, porém, que elu se encontra, mas nos julgados da Supre ma Côrte. São os juizes que. na reali dade, vão escrevendo-a dia a dia
desmandos, atentados, montando guar
Por isso, lá não se cogita de mudanç^is
da à observância da lei e da moral.
cie Constituição.
Ê'e, em verdade, "a eterna vigilância". De terror de sua palavra punitiva, quan
compadeceria com as conveniências estri
tas usurpações deixaram de peqoetrar-se, quantas violências de <x>meter-se, quan-
Claro que esse espírito jurídico mal se
tamente partidárias, de que, sem absuv-
to.s crimes de consumar-sel Nas oâmaias,
do, não podia ser escra\'o o mestre, o evangelista da liberdade. Mas, no sistema
na imprensa, no.s tribunais, onde quer
representativo, o.s partidos existem, ou,
' IJICLSIO Iv.t.NÒMK'*'
122
Dic;fc:sro Econômico
clfsfaleceii, menos ainda capdnloii.
N<i
fragor das campanhas, e próprios delas,
(juf -SC cosliuua exrmplifi(.;',-l;i ccuu nicnarquia iuglúsa. Mas o moslmeuli*
teria cometido erros, praticado excessos,
perpétuo de resislénciu ao poder d"
produzido dores.
Estado, em defesa dos direito.s indi^»"
Nada, porém, fruto
vocados.
bunos do povo, fautores diretos da marcba ascendente do princípio igualitário,
Graças à tenacidade desse esforço, adquiriu extensão, antes desconhecida, o instituto de "habeas-corpus", revigo rado, na jurisprudência, como criação original do nosso direito público. Co
duas antíteses perniauentes — a auto ridade de um lado, e de outro a liber
dade. Porque, como diz Maus Kelscu.
"o que jaz na raiz cia idéia deniocrál--
(^ue despontou como aurora da demo cracia, a romper entro vagas, indecisas côres psicológicas; sentimentalismo, fi lantropia, imaginação, devaneio, \olta à
ca é o instinto de reação indi\'iclual con
natureza ... Era preciso olhar para os
precí.so dobrar, numa palavra - o ^or-
pobres, os humildes, os de serdados, tóda a sorte de so
fredores e marginados.
O
que houvesse uma verdade a dizer, um direito a postular, uma garantia a pre-
necessidade que criou em Roma os tri
cípios contrários, a síntese instá\'el de
Dentro dessa annaclura, era invencível,
Foi bem o emblema do século XIX,
É o caso do
a \ontade estranha diante da qual c
preensível e impenetrável a heresíacas. homéricos, na frente do tllios...
Não raro, um só
estado dc sociedade, <> protesto contra
fundo do direito, culto místico, incom
c parecia um titã, como nos combates
pela insiiiceridadc.
tem razão contra muitos.
Dr. Stockmann, como todos os protago . munir, lá estava ele, de lança em risle, nistas do teatro de Ibsen — corajosa afir a brandi-la contra os inimigos do po\ o! mação da personalidade, a tresmalhar que são todos os violadores da ordem do espírito social de rebanho, que ca jurídica. Sobranceiro a ameaças e pe racteriza as maiorias facciosixs, abroque- rigos, vinganças e calúnias, nunca deu ladas em falso liberalismo: — "Os mais ninguém tantas provas de destemor, e pérfidos inimigos dos homens livres sãb sobretudo de tamanho espírito de sacri os liberais". fício, na imolação de justas ambições. O contraste com o poder, condição de (Xintra as quais a inveja conspirou, mais cc|uilíbrio do regime republicano, foi a ainda que os ressentimentos, acaso pro
duai.s, o j)roceíiSu.t drssc perene anlagO" ni.snio, a conciliação hegelíauu dos prin
de ódio, senão de amor, o amor pro
125
tra o constrangimeulo (pie resulta do
mento da heteronomia •
Democracia configura-sÇ-
pois, como govérno à di
que acabou por nivelar uma sociedade
originàriamente constituída de patrícios
e plebeiis. Cumpre atender à importân
poder púbhco, mal inevitá vel, limita o indivíduo, domina-o, escraviza-o, apertan do cada vez mais o cerco,
Supõe necessàriamente par lamento, imprensa, direito
que lhe tolhe o livre desen
fôr o caso, direito de revo
nosso grande tribuno do povo. Do povo,
volvimento.
lução.
cntenda-so bem; e não das massas.
cumbida do interpretá-la. À margem do texto lapidar, mas rígido, principiou a elaborar-se a Constituição não escrita,
Mil \èzes a
reita, e à esquerda oposiçãode reunião e, até, em se
O essencial, contra
cia dessa função, para bem avaliar o papel de Ruy, no evolucionismo do pensamento político brasileiro. Êle, o
.«selva escura e densa, onde
vezeiras mistificações e em
Dístínga-se: democracia é governo do
nasceu, mas de que era se nhor. O governo é um
bustes, é que se reaHze a
povo, e não de massas.
monstro, um Leviatlian que
definição de Péricles, na fa mosa oração aos mortos do
pretextos calvos e sofismas cavilosos —-
Peloponeso, transmitida à posteridade por Thucydides: "Chama-se democracia
razões de Estado, salvação pública, di-
ao nosso governo, porque a adminis
rigismo econômico, capitalismo, socialis
tração da República não pertence ape
mo, comunismo, simples disfarces de ti rania, outros tantos feudalismos, iguais aos que em vão pretendeu a Revolução
nas a alguns, senão à maioria, podendo
o esmaga, sob especiosos argumentos,
Francesa destruir com o antigo regime. Liberdade, Igualdade, Fraternidade —
ativa, vigilante, funcional, dotada de
organização das diferentes classes, num regime de coexistência de direitos, v
plasticidade e transparência para adu-
harmonia de todos os interesses, sob o domínio de uma consciência jurídica
coletiva. Outra coisa é a demagogia, o incitamento à guerra social, a excitação de instintos egoísticos, o ódio ao bem
alheio, o desenfreio de recalques freu dianos do sub-consciente. Ruy não fa lou a essas baixas paixões; falou, sim, à
se tolera, menos o despotismo, seja de
inteligência, à massa cinzenta da Nação. Sempre na estacada, verberou abuso.s,
pura ilusão, pronto desfeita. Tudo que caiu, ficou de pé. ó paradoxol Daí o anseio, a inquietação, a angústia que
um indivíduo, de um grupo, de uma
faz da democracia lábaro universal de
se público bem entendido não se ex primem substancialmente por números,
redenção humana. Não é uma categoria lógica, de teor 6sco'ástico, uma forma de governo especial, diferenciada, tanto
Uma coisa é u
cada um de nós exercô-la, independente do nascimento e haveres, sem outro tí
tulo que as próprias xirtudes". Tudo minoria, ou da maioria mesma.
For
que não? O direito, a moral, o interes meros símbolos gráficos de significação
emprestada, e vezes sem çpnta falseada
meçou. assim, a Constituição de 91 a
viver do seu próprio conteúdo, revelado pelos arestos da altíssima instância, in
nar-se às constantes mutações dos tem-
po.s, e deixar-se penetrar pela luz das novas idéias sempre vindiças. mantida
intacta, na estmtura, a obra grandiosa dos fundadores da República. Regem-sc ainda os Estados Unidos pela Constitui
ção de Filadélfia, acrescida de pou cas emendas. Não é ali, porém, que elu se encontra, mas nos julgados da Supre ma Côrte. São os juizes que. na reali dade, vão escrevendo-a dia a dia
desmandos, atentados, montando guar
Por isso, lá não se cogita de mudanç^is
da à observância da lei e da moral.
cie Constituição.
Ê'e, em verdade, "a eterna vigilância". De terror de sua palavra punitiva, quan
compadeceria com as conveniências estri
tas usurpações deixaram de peqoetrar-se, quantas violências de <x>meter-se, quan-
Claro que esse espírito jurídico mal se
tamente partidárias, de que, sem absuv-
to.s crimes de consumar-sel Nas oâmaias,
do, não podia ser escra\'o o mestre, o evangelista da liberdade. Mas, no sistema
na imprensa, no.s tribunais, onde quer
representativo, o.s partidos existem, ou,
Digestü Eoonómic«
124
mais freqüentemente, as agremiações com esse rótulo, c fora da órbita, que os
circunscreve, não é possível militar na política. Coliga-os, em teoria, um acôrdo de idéias, um paralelismo de tendências; o que de fato os une, en
figuras mais rc'prc.st iilali\as, em um ve lho casarão da rua D. José de Barros,
por ironia das coisas chamado teatro, mas onde, com efeito, se assistiu a uin
íDicKsit) Econômico 125
Charles Cliaplin, que não ri. O riso aK ar c cios parvos; só cascalham bufões de côrlc, ou palhaços de circo, em es
onde reina uma atmosfera dc indife rença, ou de revolta sopitada. Não o
gares horríveis.
querem, preferindo enganar-se a si mes
O sorriso é superior,
c.spirilnal, sutil, enigmático; ó Mona
dos mais empolgantes espetáculos cívi cos de que há lembrança nos nossos
Lisa, a Gioconda clc da Vinci. Soiriem
regra personalistas, que também, por
fasto.s. A alma coletiva viveu, ali, mo mentos indízíveis de emoção e entusias
como ninguém, austeramente.
sua vez, os desunem, com a mesma fa
mo, qu^ só inteq)rctes perfeitos do
cilidade. A desmoralização é geral. Um notável publicista moderno, M. Ostrogorky, após pacientes e argutas obser
drama dos nos.sos próprios sentimentos e •
tretanto, 6 a comunhão de interesses, em
vações feitas em democracias reputadas modelares, como a Inglaterra e os Esta
dos Unidos, conclui amargamente: "O governo torna-se monopólio nas mãos de
uma classe, que, sem constituir uma casta, forma grupo à parte na socieda
de, e quase sempre é exercido por um só homem, com o apoio de.ssH classe o os poderes de um autocrata". Para Triepel, famoso jurista alemão, o regi me vigente dos partidos é "o sintoma de uma moléstia, ou uma degenerescência". Outróra, um estadista como Sir Robert
Peel sacrificava-se, pessoalmente, por liaver sacrificado o seu partido, que era uma religião. Hoje não há mais me mória disso. É que os homens são outro.s, e parecem pertencer a uma raça diferente.
Como estranhar houvesse
paixões logram despertar. Não o sus peitaria, talvez, quem, desconhecendo o orador, visse subir à tribuna aquela criatura franzina, cuja presença poderia pouco antes passar despercebida entre os vultos que a rodcavánr no proscênio. Bastou falar, para que .se trocasse a im pressão, e as estaturas sc invertessem. Sentiram todos, imediatamente, (lue es tavam em face de um tita. Horas a fio discorreu como torrente, que ora se
c.spraia tranqüila na planície, ora salteia violenta os penhascos, borbotoando
cm precipitações caudais. Essa a elo qüência pura, que jorra espontânea do talento do orador di.serto, sem os artifí
cios grote.scos da declaniação vazia e da ênfase teatral, segundo as regras dos antigos retores e sofistas. Essa a arte de Cícero, a arte romana, revestida de nobreza, dignidade e decôro, em que as
os
sabem desdenhar. Soube-o Ruy, E com
razão. Alçando o vôo paru os píncaros, contemplaN'a cm baixo os politicos, a ciscar no terreiro, como galináeeos... Sofreram principalmente a atração magnética dessa inteligência as verdes
gerações, que sc abeiravam da vida pú blica, radiosa de esperanças e com o ânimo dc contribuir para a concrctizurção de generosos ideais, que lhes descorti
nassem o futuro. Do novo espírito, que agitava a opinião, abeberou-sc a juven tude, que passara, ao longo dos aconte cimentos, do entusiasmo lírico à impa ciência re\'olucionária, ante a inércia das
tacando as fontes piu-ificacloras do regimo
democrático, o sentimento ullra-
conscrvador, cultivado pelos detentores das posições de mando. O lema de tôda situação política é durar, a qual quer preço.
Para tanto, estreita-se o
círculo de rotação nos postos oficiais,
tral, ora lavrado e taciturno? Foi o desta
palavras vão ao encontro das idéias, porque, antes de exprimi-las, já as pos
ultima espécie que Ruy teve de enfren
sui o orador, e antes de falar, já sabe o
tar e desmascarar, no assomo de uma
que vai dizer. Portanto, a palavra o perfeita, e a voz, que a articula, impri
ciu.me do poder, que os alia contra a
consciência revoltada contra o abastai-
damento dos costumes políticos.
Dis
tanciava-se já então, cada vez mais,
me-lhe todos os acentos, timbrando em sons e tons nítidos, rítmicos, harmonio-
como num deserto Interminável, a mira
.sos. A cada instante, surgem as apóslrn-
gem da democracia.
fes, a crítica é acerba, dardeja a satira.
Foi a campanha civilista o ponto de partida de uma jornada sem descanso, prosseguida no mesmo sentido, até ao
fine-se de ordinário o homem como o
fim da vida.
mar-lhe Vo animal que faz rir", observa
Encetou-a noite memo
rável, que reuniu o povo paulista, pelas
Ruy não ri; ri-se, ou melhor, sorri. De animal que ri"; fora mais correto cha Bergson, lembrado talvez do genial
dirigontes, porque não
mos; o instinto de conservação engen
dra obsessões. Enquanto isso, os tempos
axançími, embora a impressão seja de
imobilidade aparente, como a dos corpos no espaço, gravitando no sistema plane tário. Não escapam os métodos e pro cessos políHcos à lei da transfonnação permanente.
Ao cabo, tudo caduca;
a vida é um /.-cri perpétuo. A evolução e imaginosa, sugere .i cada passo cria
ções originais. rejeita o que já passou. As ideias de Ruy, que o vento esnaduiva, nao caiam om campos sáfaros; cm
toda a parte cresciam searas. Apre sentava-se outro, inteiramente mudado,
o clima em que se desen\'ol\'iam agora
ns instituições republicanas, sob a in:
fluencia dc um le<ulcr que falava uma chamadas forças políticas, paralisadas n<} hnguagem clara, límpidl, crislalma... f>tatu quo. Tendia a petrificar-se, es
cjue apenas se comutam, entre uns pou cos dominadores, suspeitosos uns dos
surgido o fascismo, ora ostensivo e tea
percebem
outros, mas igualmente devorados pelo ex'entualidade de o perderem, em bene
fício de competidores mais capazes. Ê a confissão tácita de um complexo de iríferiorldade, que os aflige constante
u-
a lutar com a
V da democracia o movimento generador brasileira! reE
líptío" O culto do direito, em Huy, não o confinava o deus Términus ao campo da polaca interna, \s estacas fronteiri ças. Era ecumênico, universal, e teve essa amplitude na Conferência de Hava, onde. lógico consigo mesmo, sustentou,
perante o mundo, os princípios jurídicos
II. h™
do dever uc\er 1 moral que° T'"'' pata empregat n frase célebre) Ihl brilbav» de Ruy. Fecham-se tôdas as janelas da na consciência como as eonsfelaçôcs no política. Não entra, o ar de fora, e o fmnarnento, So nesse akip!a„„ se pode
mente, e sempre os atormentou diante
que dentro se respira é o viciado das
recâmaias. Entre o governo e o povo medeia uma separação cada \-ez maior,
Iprimento
ria colocar o programa da Conferência -
o desarmamento geral, para celelnacão da paa na terra. Sem a igualdade dos
Digestü Eoonómic«
124
mais freqüentemente, as agremiações com esse rótulo, c fora da órbita, que os
circunscreve, não é possível militar na política. Coliga-os, em teoria, um acôrdo de idéias, um paralelismo de tendências; o que de fato os une, en
figuras mais rc'prc.st iilali\as, em um ve lho casarão da rua D. José de Barros,
por ironia das coisas chamado teatro, mas onde, com efeito, se assistiu a uin
íDicKsit) Econômico 125
Charles Cliaplin, que não ri. O riso aK ar c cios parvos; só cascalham bufões de côrlc, ou palhaços de circo, em es
onde reina uma atmosfera dc indife rença, ou de revolta sopitada. Não o
gares horríveis.
querem, preferindo enganar-se a si mes
O sorriso é superior,
c.spirilnal, sutil, enigmático; ó Mona
dos mais empolgantes espetáculos cívi cos de que há lembrança nos nossos
Lisa, a Gioconda clc da Vinci. Soiriem
regra personalistas, que também, por
fasto.s. A alma coletiva viveu, ali, mo mentos indízíveis de emoção e entusias
como ninguém, austeramente.
sua vez, os desunem, com a mesma fa
mo, qu^ só inteq)rctes perfeitos do
cilidade. A desmoralização é geral. Um notável publicista moderno, M. Ostrogorky, após pacientes e argutas obser
drama dos nos.sos próprios sentimentos e •
tretanto, 6 a comunhão de interesses, em
vações feitas em democracias reputadas modelares, como a Inglaterra e os Esta
dos Unidos, conclui amargamente: "O governo torna-se monopólio nas mãos de
uma classe, que, sem constituir uma casta, forma grupo à parte na socieda
de, e quase sempre é exercido por um só homem, com o apoio de.ssH classe o os poderes de um autocrata". Para Triepel, famoso jurista alemão, o regi me vigente dos partidos é "o sintoma de uma moléstia, ou uma degenerescência". Outróra, um estadista como Sir Robert
Peel sacrificava-se, pessoalmente, por liaver sacrificado o seu partido, que era uma religião. Hoje não há mais me mória disso. É que os homens são outro.s, e parecem pertencer a uma raça diferente.
Como estranhar houvesse
paixões logram despertar. Não o sus peitaria, talvez, quem, desconhecendo o orador, visse subir à tribuna aquela criatura franzina, cuja presença poderia pouco antes passar despercebida entre os vultos que a rodcavánr no proscênio. Bastou falar, para que .se trocasse a im pressão, e as estaturas sc invertessem. Sentiram todos, imediatamente, (lue es tavam em face de um tita. Horas a fio discorreu como torrente, que ora se
c.spraia tranqüila na planície, ora salteia violenta os penhascos, borbotoando
cm precipitações caudais. Essa a elo qüência pura, que jorra espontânea do talento do orador di.serto, sem os artifí
cios grote.scos da declaniação vazia e da ênfase teatral, segundo as regras dos antigos retores e sofistas. Essa a arte de Cícero, a arte romana, revestida de nobreza, dignidade e decôro, em que as
os
sabem desdenhar. Soube-o Ruy, E com
razão. Alçando o vôo paru os píncaros, contemplaN'a cm baixo os politicos, a ciscar no terreiro, como galináeeos... Sofreram principalmente a atração magnética dessa inteligência as verdes
gerações, que sc abeiravam da vida pú blica, radiosa de esperanças e com o ânimo dc contribuir para a concrctizurção de generosos ideais, que lhes descorti
nassem o futuro. Do novo espírito, que agitava a opinião, abeberou-sc a juven tude, que passara, ao longo dos aconte cimentos, do entusiasmo lírico à impa ciência re\'olucionária, ante a inércia das
tacando as fontes piu-ificacloras do regimo
democrático, o sentimento ullra-
conscrvador, cultivado pelos detentores das posições de mando. O lema de tôda situação política é durar, a qual quer preço.
Para tanto, estreita-se o
círculo de rotação nos postos oficiais,
tral, ora lavrado e taciturno? Foi o desta
palavras vão ao encontro das idéias, porque, antes de exprimi-las, já as pos
ultima espécie que Ruy teve de enfren
sui o orador, e antes de falar, já sabe o
tar e desmascarar, no assomo de uma
que vai dizer. Portanto, a palavra o perfeita, e a voz, que a articula, impri
ciu.me do poder, que os alia contra a
consciência revoltada contra o abastai-
damento dos costumes políticos.
Dis
tanciava-se já então, cada vez mais,
me-lhe todos os acentos, timbrando em sons e tons nítidos, rítmicos, harmonio-
como num deserto Interminável, a mira
.sos. A cada instante, surgem as apóslrn-
gem da democracia.
fes, a crítica é acerba, dardeja a satira.
Foi a campanha civilista o ponto de partida de uma jornada sem descanso, prosseguida no mesmo sentido, até ao
fine-se de ordinário o homem como o
fim da vida.
mar-lhe Vo animal que faz rir", observa
Encetou-a noite memo
rável, que reuniu o povo paulista, pelas
Ruy não ri; ri-se, ou melhor, sorri. De animal que ri"; fora mais correto cha Bergson, lembrado talvez do genial
dirigontes, porque não
mos; o instinto de conservação engen
dra obsessões. Enquanto isso, os tempos
axançími, embora a impressão seja de
imobilidade aparente, como a dos corpos no espaço, gravitando no sistema plane tário. Não escapam os métodos e pro cessos políHcos à lei da transfonnação permanente.
Ao cabo, tudo caduca;
a vida é um /.-cri perpétuo. A evolução e imaginosa, sugere .i cada passo cria
ções originais. rejeita o que já passou. As ideias de Ruy, que o vento esnaduiva, nao caiam om campos sáfaros; cm
toda a parte cresciam searas. Apre sentava-se outro, inteiramente mudado,
o clima em que se desen\'ol\'iam agora
ns instituições republicanas, sob a in:
fluencia dc um le<ulcr que falava uma chamadas forças políticas, paralisadas n<} hnguagem clara, límpidl, crislalma... f>tatu quo. Tendia a petrificar-se, es
cjue apenas se comutam, entre uns pou cos dominadores, suspeitosos uns dos
surgido o fascismo, ora ostensivo e tea
percebem
outros, mas igualmente devorados pelo ex'entualidade de o perderem, em bene
fício de competidores mais capazes. Ê a confissão tácita de um complexo de iríferiorldade, que os aflige constante
u-
a lutar com a
V da democracia o movimento generador brasileira! reE
líptío" O culto do direito, em Huy, não o confinava o deus Términus ao campo da polaca interna, \s estacas fronteiri ças. Era ecumênico, universal, e teve essa amplitude na Conferência de Hava, onde. lógico consigo mesmo, sustentou,
perante o mundo, os princípios jurídicos
II. h™
do dever uc\er 1 moral que° T'"'' pata empregat n frase célebre) Ihl brilbav» de Ruy. Fecham-se tôdas as janelas da na consciência como as eonsfelaçôcs no política. Não entra, o ar de fora, e o fmnarnento, So nesse akip!a„„ se pode
mente, e sempre os atormentou diante
que dentro se respira é o viciado das
recâmaias. Entre o governo e o povo medeia uma separação cada \-ez maior,
Iprimento
ria colocar o programa da Conferência -
o desarmamento geral, para celelnacão da paa na terra. Sem a igualdade dos
127
J^iccsio EcoNÓ^uco 126
'listas ch) regime.
Movia-os menos a
oposição ao plano revisionista, que o le-
direitos de todos os Estados, sem distin
incubam. Pelos tratados de paz, que os
guir entre grandes e pequenos, não se ria possível admitir à discussão as ques
pojando-os de tudo, <• dcsafiando-os à
nossas liberdades. Aberto o precedente,
tões tocantes à ordem internacional, do
desforra. Dizem que esse é direito in
^luebrado o respeito religioso à Ma^a
mesmo modo que sem a igualdade dos
ternacional...
direitos do homem, cance'adas as dife
vencedores impõem ao.s vencidí)s, dcs-
Já lá vai ultrapassado um quarto de
renças entre fortes e fracos, pobres e '.século, do dc.saparccimento do grande brasileiro. Que rc.sta do espólio, que ricos, inútil será pensar em constituição êle dei.xou e os posteros recolheram? democrática dos povos... O princípio Lembremo.s, ainda uma \iz, cpie foi é o mesmo, não o alteram as variantes de tempo ou de espaço, porque os di das luta.s em c^ue se envoKeu, das jor reitos humanos se conservam tais, por
nadas levadas a cabo por estradas pe
sua própria natureza, onde quer que se
dregosas, cjuc nasceu c se generalizou
apresentem, trate-se de grandes, ou de
uma ardente aspiraçao de aperfeiçoa
pequenas potências. Pugnando por êsse democratismo nas relações de direito das
gentes, mostrou-se Ruy avançado pre cursor da teoria moderna que, repudian do a doutrina clássica da personalidade das diversas soberanias, não mais con.sidera a sociedade inlemacional como
mera coexistência ou justaposição de Estado, e sim como fenômeno de soli
dariedade e interpenetração dos povos, regidos por uma ordeni jurídica comum.
mento cias no.ssas instituições democrá ticas. A reforma, que se prcconizax-a, não era das leis, mas das práticas re
publicanas. Cumpria prcsersar nícíos, corrigir erros e educar os homens, elegendo-ov entre os mais dignos. Os \exilários dessa entreprèsa não aludiam, se
quer, à mudança do regime político. Ninguém tentava demolir a Constituição
de tocar, embora de leve, num sim
ples capitei da grandiosa colunata das Cnrta, v-islumbravam o perigo de insidio-
sas sortidas dos adver.sários da Repúb isolenemente à espreita de momento
propício para arrasar a fortaleza dos direitos c garantias essenciais à ordem pública.
Morto, viu-se Ruy atraiçoado de todos lados. Não ficou pedra sobre pedra
cedida quase sempre de caso a caso.
Da revogação dos direitos políticos pas-
sou-se à revogação dos direitos cms. A.s
leis lomaram-se retroativas, em prejuízo de direitos adquiridos, de atos jurídicos
perfeitos e até da coisa julgada. A moral poUüca caiu a grau ínfimo, li durante essa penosa descida, não co nheceram os jovens, que cresciam, um so ra.o de sol. Completa era a escuri
destinos do Brasil, se se sárem assedia dos pelos munigos da liberdade, e não bre de assolação. Órfãs do gênio que pudereaii poderão certamen velava, morreram também as liber te contar rechaçâ-los, ainda com a bramra de Ruy dades. que consütuiam apanágio do nosso povo: liberdade de locomoção, li a reproduzir o ^nlieeido episódio do ro' berdade de pensamento, liberdade de manee.ro espanhol, em que „ Cid de reunião, liberdade de associação, liber
pois de morto, montado «mo esp'e<i„
de 91; cuidava-se apenas de reslituir-
dade de imprensa, liberdade de falar, no seu cavalo desbaratou os .sarracem"
Ihe o espírito, que se viniiu dela deser
liberdade de ouvir, liberdade de traba-
numa ultima batalha...
tes, preparavajii a guerra, deflagrando-a pouco depois. Através da transparente cortina de renda diplomática que deco
o trabalho de inteq^retação, tudo dentro
rava o cenário da Conferência, via-se
das linhas estruturais cio sistema. Nem
textos contro\'erticlos, incorporação de
preceitos já consagrados pelo costuino e poderia ser de outro modo. Porlencia-
navais. A viga mestra do direito inter
Ihe a redação concisa c^ elegante do nosso estatuto básico, e valiosa fòra a
nacional, arquitetado nas nuvens, para
sua contribuição ao as.scntamento de
edificação dos basbaques daqui de baixo,
princípios doutrinários da maior impor tância, como a íonna republicana fede rativa e n governo presidencial. É certo que ainda assim condiciona da, encontrava a revisão forte resistên cia, sobretudo dos* chamados republica
rigorosa, é o respeito dos tratados — pacfa sunt 'ierconda. Pudera! É por aí que terminam as guerras, c outras se
dadiva generosa, ou mercê especial, con
que assumiu desde logo o aspecto lúgu-
tando. Era mister acordar o sentimento doutores de Byzancio, que discutiam, cívico da Nação, que jazia adormecido. 'ogomaquias e pronunciavam votos pla A revisão da lei fundamental, cjiie Huy tônicos em fa\'or da paz, enquanto os propugnava, não impheu\'a scmto reto ques exteriores, precisão e inteligência de imperialismos, de que eram representan
a caminhar de olhos para o ar, ainda é a lei do mais forte: — "La force pHme le droit". A única regra, cie observância
derativa, liberdade municipa!... Tudo foi confiscado, para ser exercido como
dão. Nao podiam as novas gerações da obra a que dedicara a vida, e da merguhadas nessa noite, compreender qual se serviram oportunistas da ultima e senhr o ideal de Rui, porque o não hora, para desencadear um movimento viveram. Mas, respondendo agora pelos
Mas estava só. A assembléia era de
funcionar a máquina infernal, que tanto estava em Krupp, como nos estaleiros
Confirmaram-se, infelizmen
te'- esse.s maus presságio.s.
lho, liberdade econômica, liberdade fe
nos iiistóricos, a legião dos propagun-
»»
'«"acenos,
127
J^iccsio EcoNÓ^uco 126
'listas ch) regime.
Movia-os menos a
oposição ao plano revisionista, que o le-
direitos de todos os Estados, sem distin
incubam. Pelos tratados de paz, que os
guir entre grandes e pequenos, não se ria possível admitir à discussão as ques
pojando-os de tudo, <• dcsafiando-os à
nossas liberdades. Aberto o precedente,
tões tocantes à ordem internacional, do
desforra. Dizem que esse é direito in
^luebrado o respeito religioso à Ma^a
mesmo modo que sem a igualdade dos
ternacional...
direitos do homem, cance'adas as dife
vencedores impõem ao.s vencidí)s, dcs-
Já lá vai ultrapassado um quarto de
renças entre fortes e fracos, pobres e '.século, do dc.saparccimento do grande brasileiro. Que rc.sta do espólio, que ricos, inútil será pensar em constituição êle dei.xou e os posteros recolheram? democrática dos povos... O princípio Lembremo.s, ainda uma \iz, cpie foi é o mesmo, não o alteram as variantes de tempo ou de espaço, porque os di das luta.s em c^ue se envoKeu, das jor reitos humanos se conservam tais, por
nadas levadas a cabo por estradas pe
sua própria natureza, onde quer que se
dregosas, cjuc nasceu c se generalizou
apresentem, trate-se de grandes, ou de
uma ardente aspiraçao de aperfeiçoa
pequenas potências. Pugnando por êsse democratismo nas relações de direito das
gentes, mostrou-se Ruy avançado pre cursor da teoria moderna que, repudian do a doutrina clássica da personalidade das diversas soberanias, não mais con.sidera a sociedade inlemacional como
mera coexistência ou justaposição de Estado, e sim como fenômeno de soli
dariedade e interpenetração dos povos, regidos por uma ordeni jurídica comum.
mento cias no.ssas instituições democrá ticas. A reforma, que se prcconizax-a, não era das leis, mas das práticas re
publicanas. Cumpria prcsersar nícíos, corrigir erros e educar os homens, elegendo-ov entre os mais dignos. Os \exilários dessa entreprèsa não aludiam, se
quer, à mudança do regime político. Ninguém tentava demolir a Constituição
de tocar, embora de leve, num sim
ples capitei da grandiosa colunata das Cnrta, v-islumbravam o perigo de insidio-
sas sortidas dos adver.sários da Repúb isolenemente à espreita de momento
propício para arrasar a fortaleza dos direitos c garantias essenciais à ordem pública.
Morto, viu-se Ruy atraiçoado de todos lados. Não ficou pedra sobre pedra
cedida quase sempre de caso a caso.
Da revogação dos direitos políticos pas-
sou-se à revogação dos direitos cms. A.s
leis lomaram-se retroativas, em prejuízo de direitos adquiridos, de atos jurídicos
perfeitos e até da coisa julgada. A moral poUüca caiu a grau ínfimo, li durante essa penosa descida, não co nheceram os jovens, que cresciam, um so ra.o de sol. Completa era a escuri
destinos do Brasil, se se sárem assedia dos pelos munigos da liberdade, e não bre de assolação. Órfãs do gênio que pudereaii poderão certamen velava, morreram também as liber te contar rechaçâ-los, ainda com a bramra de Ruy dades. que consütuiam apanágio do nosso povo: liberdade de locomoção, li a reproduzir o ^nlieeido episódio do ro' berdade de pensamento, liberdade de manee.ro espanhol, em que „ Cid de reunião, liberdade de associação, liber
pois de morto, montado «mo esp'e<i„
de 91; cuidava-se apenas de reslituir-
dade de imprensa, liberdade de falar, no seu cavalo desbaratou os .sarracem"
Ihe o espírito, que se viniiu dela deser
liberdade de ouvir, liberdade de traba-
numa ultima batalha...
tes, preparavajii a guerra, deflagrando-a pouco depois. Através da transparente cortina de renda diplomática que deco
o trabalho de inteq^retação, tudo dentro
rava o cenário da Conferência, via-se
das linhas estruturais cio sistema. Nem
textos contro\'erticlos, incorporação de
preceitos já consagrados pelo costuino e poderia ser de outro modo. Porlencia-
navais. A viga mestra do direito inter
Ihe a redação concisa c^ elegante do nosso estatuto básico, e valiosa fòra a
nacional, arquitetado nas nuvens, para
sua contribuição ao as.scntamento de
edificação dos basbaques daqui de baixo,
princípios doutrinários da maior impor tância, como a íonna republicana fede rativa e n governo presidencial. É certo que ainda assim condiciona da, encontrava a revisão forte resistên cia, sobretudo dos* chamados republica
rigorosa, é o respeito dos tratados — pacfa sunt 'ierconda. Pudera! É por aí que terminam as guerras, c outras se
dadiva generosa, ou mercê especial, con
que assumiu desde logo o aspecto lúgu-
tando. Era mister acordar o sentimento doutores de Byzancio, que discutiam, cívico da Nação, que jazia adormecido. 'ogomaquias e pronunciavam votos pla A revisão da lei fundamental, cjiie Huy tônicos em fa\'or da paz, enquanto os propugnava, não impheu\'a scmto reto ques exteriores, precisão e inteligência de imperialismos, de que eram representan
a caminhar de olhos para o ar, ainda é a lei do mais forte: — "La force pHme le droit". A única regra, cie observância
derativa, liberdade municipa!... Tudo foi confiscado, para ser exercido como
dão. Nao podiam as novas gerações da obra a que dedicara a vida, e da merguhadas nessa noite, compreender qual se serviram oportunistas da ultima e senhr o ideal de Rui, porque o não hora, para desencadear um movimento viveram. Mas, respondendo agora pelos
Mas estava só. A assembléia era de
funcionar a máquina infernal, que tanto estava em Krupp, como nos estaleiros
Confirmaram-se, infelizmen
te'- esse.s maus presságio.s.
lho, liberdade econômica, liberdade fe
nos iiistóricos, a legião dos propagun-
»»
'«"acenos,
^ Digesto Econóaocò 129
agitadas no foro brasileiro, em seu tem
RUI, O ESTU
po, dc que não tenha sido patrono ou
Discurso proferido, eunio patrono, no Af iCnl irarboHO, organizado peloM NCgundo-aniHtOM da Faeiildode IlIreKo de Soo Paulo, na •'Sala João .^SendeM'" tia aludida K^eola. Antônio Gontijo de Cauvamio
Tiveu do livro, com o livro e para o livro", eis a síntese de Rui
frase — pode -^er maior ijue a do mes tre: a biblioteca dêie nunca o será. Com
do País e conhecedor profundo da obra íncomensurável do excelso brasileiro, na
o seu espirite» .sutil c pronto, acrc.sccntou Batista, o ouri\'cs cios "Eniau.'< et Camces" discriminou, embora clc ma neira um tanto jiaradoxal, a nuança ijue
primorosa conferência "Rui e os livros",
.separa a biblioteca de um c.scritor da
vasada em linguagem castiça e de su gestivas minúcias.
de um argcntário.
Barbosa feita pelo insigne escritor Ho
mero Pires, o possuidor da maior niiana
"Viveu com o livro" é o cjue, em rigor, se de\eria apenas dizer do ledor
incorrigível, do madrugador impeuitcnte, do formador paulatino de uma bi
blioteca de trinta e cinco mil volumes, do antípoda daquele celebrado Car deal da Cunha, com as suas "onze mil
Com capacidade de leitura igual a de Rui, .scí conheci Capistrano.
^
èsse erudito, que pas.sou toda a exi.stcneia nas bibliotecas públicas, mio pos
suía biblioteca pui ticular. Dos livros que
lhe oram oferecidos, guardava as pági nas que lhe interessavam e as demais iuutiliz.a\a.
Era o tipo do diligente e
virgens", um dito do Conde da Ponte bem aplicável às coleções de livros de tantos argentários fantasiados de inte
íntima de %'er confiruiadu uma data ou
lectuais.
uma "simples hipótese; aventada.
Lembro-me, a propósito, da seguinte
do probo na pescjiiisa: clerriba\'a. muitas vezes, uma biblioteca, para satisfação "Do livro", in slriclo sensu, não viveu
passagem, descrita num
o prodigioso escritor cpie
dos livros de Antônio Ba
era Rui Barbosa. Em vi
tista Pereira:
da, não recebeu direitos
Um dia,
num saliáo, disseram a Vic-
autorais dos seus princi
tor Hugo que um ricaço
pais livros. Ainda há pou
adquirira uma grande bi-
co, Luís Viana Filho, em
blioteca, movido pelo de
encantadora monografia, narrou a "odisséia", as de
sejo de tê-la maior que a
cepções com que o intinio-
do autor de "Os miserá
veis", que, aliás, não a tinha muito grande. A biblioteca que êle comprou - disse Teófilo Gautier, que estava no salão, sublinhando, com o seu fino .sorriso, a
rato lutador teve de arcar
com a publicação de "O Papa o o Concilio". "Do livra", in lato sensu, tirou a sua subsistência.
Raras as causas de vulto,
.ÍS
para as quais não haja colaborado com
parcceres, apurados na fonna e copiosos na doutrina.
delirante, arrastado pela magia de uma palaxTa fremente de ideal, arrebatada pela paixão da verdade.
A be'e2a do estilo e a abundância de
citações de jurisprudência ensejaram ao ingrato José do Patrocínio, no triste papel de aretino, escrever, contra o seu defensor de outrora, no famoso pedido de "habcas corpus" que provocou as iras de Floriano, essa atrocidade inaudita: "A sua inteligência não passa de uma cor-
tesã que se arrebica e engalana para atrair freguesia.
em puro vemáculo, que o povo enten dia, acompanhando-o, num entusiasmo
S. Exa. dá renda às
livrarias, como as sacerdotisas do pecado às modistas e aos jcalheiros. Aquelas querem ser vistosas e chibantes para agu çar a luxuria; S. Exa. quer ser correto
no estilo e pródigo nas citações para mercadejar causas e posições". A conseqüência dessa miséria foi ler
sido o herói da Abolição ferreteado pelo agredido numa página de aversão e desprezo, que as antologias recolheram.
'*Viveu para o livro" não me parece
Ocasionais.eram quase todos os seus
discursos, artigos de imprensa e parcce res jurídicos. Não révia a sua produção, que orça em cerca de duzentos volumes'
Nunca teve a calma necessária para es crever obra sistematizada ou tratado de Direito. As me'hores orações que lesou a nossa literatura, êle as pronunciou
quando fendo no seu orgulho, negado
na sua glona. com as respostas esma gadoras a Cesaf Zama e a Ramiro Bar celos.
Possuidor de um brio indomável não cedendo a quem quer que fôsse o cetro
do saber, absorvia-se na tarefa enipreendida, esgotava a matéria em debate de-
vassando todos os horizontes, grajas a maravJhoso poder de assimilação e des Nao estudava por desfasUo 4 esoi-
comunal capacidade de trabalho
nto, ou por diletantismo: estudava
conceito muito adequado. O livro não era para Rui Barbosa
cm regra. Eis uma verdade, cuja enun-
determmados objetivos e fins imediatos
um fim, e sim um meio, um instrumento
ciaçao vai ser o tema nuclear desta ne-
de trabalho, a sua "ferramenta". Rui nunca foi um contemplativo. Mas um
quena palestra.
homem de ação, um político, na verda deira acepção do termo. Tanto isso era
relance, na sua obra:
verdade que não gostava de ser cha mado de bibliófilo, e dc todos é co nhecida a sua amargura com a deno
cílio". Rui não divulgou " ^ n
minação de "jubileu literário" dada pelos seus pseudo-admíradores aos cinqüen ta anos de vida púb'ica. em prol do direito, da justiça e da liberdade. "Ju bileu cívico" foi o que reclamou dos contemporâneos e foi O' que Die deu
Vejamos então o que se observa, de
Comecemos pelo "O Paivi
n
T
livro de ardente juvent^d! mflamado ro inserir uma grande notas ao pé de
pnmeide
extraídas dos inumeráveis questão religiosa, adauirin
de agôsto a setemb^ da
Rui fêz essas aquisiç^
sacrifícios pecuniários com a w
a posteridade.
tar o problema num pais °
Rui era um apóstolo que se dirigia aos seus concidadãos, na praça pública,
para as especulações religiosas
Retardou a PüDucaçao publinaXr^ do Parecer ■ so-
^ Digesto Econóaocò 129
agitadas no foro brasileiro, em seu tem
RUI, O ESTU
po, dc que não tenha sido patrono ou
Discurso proferido, eunio patrono, no Af iCnl irarboHO, organizado peloM NCgundo-aniHtOM da Faeiildode IlIreKo de Soo Paulo, na •'Sala João .^SendeM'" tia aludida K^eola. Antônio Gontijo de Cauvamio
Tiveu do livro, com o livro e para o livro", eis a síntese de Rui
frase — pode -^er maior ijue a do mes tre: a biblioteca dêie nunca o será. Com
do País e conhecedor profundo da obra íncomensurável do excelso brasileiro, na
o seu espirite» .sutil c pronto, acrc.sccntou Batista, o ouri\'cs cios "Eniau.'< et Camces" discriminou, embora clc ma neira um tanto jiaradoxal, a nuança ijue
primorosa conferência "Rui e os livros",
.separa a biblioteca de um c.scritor da
vasada em linguagem castiça e de su gestivas minúcias.
de um argcntário.
Barbosa feita pelo insigne escritor Ho
mero Pires, o possuidor da maior niiana
"Viveu com o livro" é o cjue, em rigor, se de\eria apenas dizer do ledor
incorrigível, do madrugador impeuitcnte, do formador paulatino de uma bi
blioteca de trinta e cinco mil volumes, do antípoda daquele celebrado Car deal da Cunha, com as suas "onze mil
Com capacidade de leitura igual a de Rui, .scí conheci Capistrano.
^
èsse erudito, que pas.sou toda a exi.stcneia nas bibliotecas públicas, mio pos
suía biblioteca pui ticular. Dos livros que
lhe oram oferecidos, guardava as pági nas que lhe interessavam e as demais iuutiliz.a\a.
Era o tipo do diligente e
virgens", um dito do Conde da Ponte bem aplicável às coleções de livros de tantos argentários fantasiados de inte
íntima de %'er confiruiadu uma data ou
lectuais.
uma "simples hipótese; aventada.
Lembro-me, a propósito, da seguinte
do probo na pescjiiisa: clerriba\'a. muitas vezes, uma biblioteca, para satisfação "Do livro", in slriclo sensu, não viveu
passagem, descrita num
o prodigioso escritor cpie
dos livros de Antônio Ba
era Rui Barbosa. Em vi
tista Pereira:
da, não recebeu direitos
Um dia,
num saliáo, disseram a Vic-
autorais dos seus princi
tor Hugo que um ricaço
pais livros. Ainda há pou
adquirira uma grande bi-
co, Luís Viana Filho, em
blioteca, movido pelo de
encantadora monografia, narrou a "odisséia", as de
sejo de tê-la maior que a
cepções com que o intinio-
do autor de "Os miserá
veis", que, aliás, não a tinha muito grande. A biblioteca que êle comprou - disse Teófilo Gautier, que estava no salão, sublinhando, com o seu fino .sorriso, a
rato lutador teve de arcar
com a publicação de "O Papa o o Concilio". "Do livra", in lato sensu, tirou a sua subsistência.
Raras as causas de vulto,
.ÍS
para as quais não haja colaborado com
parcceres, apurados na fonna e copiosos na doutrina.
delirante, arrastado pela magia de uma palaxTa fremente de ideal, arrebatada pela paixão da verdade.
A be'e2a do estilo e a abundância de
citações de jurisprudência ensejaram ao ingrato José do Patrocínio, no triste papel de aretino, escrever, contra o seu defensor de outrora, no famoso pedido de "habcas corpus" que provocou as iras de Floriano, essa atrocidade inaudita: "A sua inteligência não passa de uma cor-
tesã que se arrebica e engalana para atrair freguesia.
em puro vemáculo, que o povo enten dia, acompanhando-o, num entusiasmo
S. Exa. dá renda às
livrarias, como as sacerdotisas do pecado às modistas e aos jcalheiros. Aquelas querem ser vistosas e chibantes para agu çar a luxuria; S. Exa. quer ser correto
no estilo e pródigo nas citações para mercadejar causas e posições". A conseqüência dessa miséria foi ler
sido o herói da Abolição ferreteado pelo agredido numa página de aversão e desprezo, que as antologias recolheram.
'*Viveu para o livro" não me parece
Ocasionais.eram quase todos os seus
discursos, artigos de imprensa e parcce res jurídicos. Não révia a sua produção, que orça em cerca de duzentos volumes'
Nunca teve a calma necessária para es crever obra sistematizada ou tratado de Direito. As me'hores orações que lesou a nossa literatura, êle as pronunciou
quando fendo no seu orgulho, negado
na sua glona. com as respostas esma gadoras a Cesaf Zama e a Ramiro Bar celos.
Possuidor de um brio indomável não cedendo a quem quer que fôsse o cetro
do saber, absorvia-se na tarefa enipreendida, esgotava a matéria em debate de-
vassando todos os horizontes, grajas a maravJhoso poder de assimilação e des Nao estudava por desfasUo 4 esoi-
comunal capacidade de trabalho
nto, ou por diletantismo: estudava
conceito muito adequado. O livro não era para Rui Barbosa
cm regra. Eis uma verdade, cuja enun-
determmados objetivos e fins imediatos
um fim, e sim um meio, um instrumento
ciaçao vai ser o tema nuclear desta ne-
de trabalho, a sua "ferramenta". Rui nunca foi um contemplativo. Mas um
quena palestra.
homem de ação, um político, na verda deira acepção do termo. Tanto isso era
relance, na sua obra:
verdade que não gostava de ser cha mado de bibliófilo, e dc todos é co nhecida a sua amargura com a deno
cílio". Rui não divulgou " ^ n
minação de "jubileu literário" dada pelos seus pseudo-admíradores aos cinqüen ta anos de vida púb'ica. em prol do direito, da justiça e da liberdade. "Ju bileu cívico" foi o que reclamou dos contemporâneos e foi O' que Die deu
Vejamos então o que se observa, de
Comecemos pelo "O Paivi
n
T
livro de ardente juvent^d! mflamado ro inserir uma grande notas ao pé de
pnmeide
extraídas dos inumeráveis questão religiosa, adauirin
de agôsto a setemb^ da
Rui fêz essas aquisiç^
sacrifícios pecuniários com a w
a posteridade.
tar o problema num pais °
Rui era um apóstolo que se dirigia aos seus concidadãos, na praça pública,
para as especulações religiosas
Retardou a PüDucaçao publinaXr^ do Parecer ■ so-
Digksto EcoNÓiaco
131
Dicbsto Económioo
bre o Ensino Primário para consultar tôda a literatura que veiu a lume no ano de 1882, documentando-se com o que de melhor e de mais moderno existia
na Europa e nos Estados Unidos em assuntos educacionais. Lourenço Filho, na conferência "À margem dos Parcceres
Quando veio a debate no Senado l'e-
sem telegrafar ao seu velho colega e ami go Joaquim Nabuco, que engrandecia o Brasi! como embaixador cm Washington, solicitando as coleções completas dos
dcra! a redação do projeto do Código Cm!, Rui ainda não anotava os clás
principais Códigos dos diversos Estados americanos, assim como os respectivos
recedoras e eruditas sentenças. De índi
sicos portuguêses. É a razão pela qual
comentários e as publicações oficiais re
ces e fichas prescindia sua portentosa
os teve de reler, o que lhe e.xigiu su
ferentes à matéria. Ê a ânsia de tudo esmerilhar e a demonstração cabal de não
terário, são do político que não esquecia o ditador.
premo esfôrçíj. Sempre dizia que nun
O milagre de Rui, na elaboração dos seus monumentais traballios, é o de não
ter tido ajuda de católogos, índices Ou fichas, segredo de um Filadelfo Azeve
do ou de um Sílvio Portugal, para escla memória. As suas notas se cifravam em
de Rui sòbre o Ensino", declara que, no referente ao Primário, são citados 42 tra
ca tivera a mais leve idcía de ser gramá
ter sido um obstrucionista do Código,
aspas ou na marca de um lápis ou tinta vermelha nos trechos que traziam sub
balhos do próprio ano de 1882, 33 do
tico: cultivava a língua para manoja-Ia
como assoalhavam desafetos. Acusação
sídio para os seus estudos.
ano de 1881, 67 do ano de 1880, sendo
com acerto nos .seu.s discursos e artigos.
que 66 estão sem data mencionada no
Rui não jogava papel fora, de qualquer
pueril, incompatível com o alto espírito público de Rui Barbosa, e que San Tiago
ao de leve, dada a carência de tempo, se
texto. Outra prova da seriedade dos seus
natureza fôsse. Encontrei na "Casa Rui recibos mensais de um mil róis cias .so
estudos, nesse relatório sem rival do Parlamento Brasileiro, c a ci
tação de textos de livros de
ciedades
beneficentes
Bacon e Luthero em latim,
idioma que constitui uma das
sa Rui", até então, só havia
tura humanística e explicação
:
da sua poderosa dialética. Ao assumir o Ministério da Fazenda, Rui não era um
especialista em finanças. Co rio de Notícias", ao encetar
to de lingüística e de dialé
a análise do plano de govêr-
tica, arrazoado de advogado disseram alguns, de filóiogo
de Ouro Preto. Não é de desinterêsse o
registro de' que, em 1879, Rui ainda não
possuía um exemplar do 1í\to clássico de
hão
de
reconhecer
na matéria. Entretanto, já o disseca no célebre Relatório do Ministério da Fa zenda, de extensa bibliografia, tôda de
anotações para a resposta à tréplica do
rigoroso das missões que lhe eram con feridas, e poder ainda transmitir aos seus compatrícios as idéias que, desde o alvo recer da inteligência, constituíam a tra ma da sua vida, o substrato do seu cora ção de patriota.
%
Nos arquivos da "Casa Rui" existem .
|j
Professor Carneiro Ribeiro, e que estão
sendo examinadas, para possível divul gação, pelo Padre Augusto Magne, da Companhia de Jesus,
Que pena não o tenha êle feito! Que
Brasil se escreveu sobre finanças.
monumento não ergueria o genial escri tor às letras portuguêsasl
As "Cartas de Inglaterra", que críticos entendem ser a obra de maior apuro li
projeto do Código Civil, Rui não o fêz
ta vez me declarou, a melhor que no
e gaUiardia os Martens, os Broxvn Scott, •s Bourgeois e os Marshall.
mas um formidável intelectua', que usou o livro como "utensílio", para desempenho
todos.
gênio de Rui Barbosa.
Francisco Sá Filho, considera, como cer
nacional que, assimilados e depurados pela sua incomparável inteligência, lhe permitiram enfrentar com superioridade
não mostrar, nos traços predominantes, que Riü não foi um estudioso diletante,
Obra que José Maria Bolo, em recente conferência pronunciada em Montevidéu, apontou como a maior manifestação do
Leroy Beaulieu, o economista que na época detinha o primado da autoridade
atualidade, obra que o ilustrado e ina cessível ao "magister dixit", Ministro
to arsenal de tratados de Direito Inter
Em pouco tempo, premido pela necessidade, reúne um material imcn.so e improvisa a "Rcp'ica", ê.sse monumen
lho de Ministros, o Visconde
Conferência da Haya: adquiriu um vas
laudas para apontamentos, relativos aos empregos dos artigos definidos, do infinito pessoal e dos pronomes.
meçou a ventilar esses assun tos, na fase final do "Diá
no do Presidente do Conse
O mesmo fato se reproduziu, ao acei tar o convite para delegado do Brasil à
da
Paulicéia do ano longínquo de 1868. Pois bem, na "Ca
bases da sua formidável cul
Dantas, em ensaio magistral, destruiu.
Não objetivei, neste resumo, versado
Ao reexaminar, em 1908, no Senado, o «»y>T jc*.^ e i4 J
■' V ,
u'iAtiA
Digksto EcoNÓiaco
131
Dicbsto Económioo
bre o Ensino Primário para consultar tôda a literatura que veiu a lume no ano de 1882, documentando-se com o que de melhor e de mais moderno existia
na Europa e nos Estados Unidos em assuntos educacionais. Lourenço Filho, na conferência "À margem dos Parcceres
Quando veio a debate no Senado l'e-
sem telegrafar ao seu velho colega e ami go Joaquim Nabuco, que engrandecia o Brasi! como embaixador cm Washington, solicitando as coleções completas dos
dcra! a redação do projeto do Código Cm!, Rui ainda não anotava os clás
principais Códigos dos diversos Estados americanos, assim como os respectivos
recedoras e eruditas sentenças. De índi
sicos portuguêses. É a razão pela qual
comentários e as publicações oficiais re
ces e fichas prescindia sua portentosa
os teve de reler, o que lhe e.xigiu su
ferentes à matéria. Ê a ânsia de tudo esmerilhar e a demonstração cabal de não
terário, são do político que não esquecia o ditador.
premo esfôrçíj. Sempre dizia que nun
O milagre de Rui, na elaboração dos seus monumentais traballios, é o de não
ter tido ajuda de católogos, índices Ou fichas, segredo de um Filadelfo Azeve
do ou de um Sílvio Portugal, para escla memória. As suas notas se cifravam em
de Rui sòbre o Ensino", declara que, no referente ao Primário, são citados 42 tra
ca tivera a mais leve idcía de ser gramá
ter sido um obstrucionista do Código,
aspas ou na marca de um lápis ou tinta vermelha nos trechos que traziam sub
balhos do próprio ano de 1882, 33 do
tico: cultivava a língua para manoja-Ia
como assoalhavam desafetos. Acusação
sídio para os seus estudos.
ano de 1881, 67 do ano de 1880, sendo
com acerto nos .seu.s discursos e artigos.
que 66 estão sem data mencionada no
Rui não jogava papel fora, de qualquer
pueril, incompatível com o alto espírito público de Rui Barbosa, e que San Tiago
ao de leve, dada a carência de tempo, se
texto. Outra prova da seriedade dos seus
natureza fôsse. Encontrei na "Casa Rui recibos mensais de um mil róis cias .so
estudos, nesse relatório sem rival do Parlamento Brasileiro, c a ci
tação de textos de livros de
ciedades
beneficentes
Bacon e Luthero em latim,
idioma que constitui uma das
sa Rui", até então, só havia
tura humanística e explicação
:
da sua poderosa dialética. Ao assumir o Ministério da Fazenda, Rui não era um
especialista em finanças. Co rio de Notícias", ao encetar
to de lingüística e de dialé
a análise do plano de govêr-
tica, arrazoado de advogado disseram alguns, de filóiogo
de Ouro Preto. Não é de desinterêsse o
registro de' que, em 1879, Rui ainda não
possuía um exemplar do 1í\to clássico de
hão
de
reconhecer
na matéria. Entretanto, já o disseca no célebre Relatório do Ministério da Fa zenda, de extensa bibliografia, tôda de
anotações para a resposta à tréplica do
rigoroso das missões que lhe eram con feridas, e poder ainda transmitir aos seus compatrícios as idéias que, desde o alvo recer da inteligência, constituíam a tra ma da sua vida, o substrato do seu cora ção de patriota.
%
Nos arquivos da "Casa Rui" existem .
|j
Professor Carneiro Ribeiro, e que estão
sendo examinadas, para possível divul gação, pelo Padre Augusto Magne, da Companhia de Jesus,
Que pena não o tenha êle feito! Que
Brasil se escreveu sobre finanças.
monumento não ergueria o genial escri tor às letras portuguêsasl
As "Cartas de Inglaterra", que críticos entendem ser a obra de maior apuro li
projeto do Código Civil, Rui não o fêz
ta vez me declarou, a melhor que no
e gaUiardia os Martens, os Broxvn Scott, •s Bourgeois e os Marshall.
mas um formidável intelectua', que usou o livro como "utensílio", para desempenho
todos.
gênio de Rui Barbosa.
Francisco Sá Filho, considera, como cer
nacional que, assimilados e depurados pela sua incomparável inteligência, lhe permitiram enfrentar com superioridade
não mostrar, nos traços predominantes, que Riü não foi um estudioso diletante,
Obra que José Maria Bolo, em recente conferência pronunciada em Montevidéu, apontou como a maior manifestação do
Leroy Beaulieu, o economista que na época detinha o primado da autoridade
atualidade, obra que o ilustrado e ina cessível ao "magister dixit", Ministro
to arsenal de tratados de Direito Inter
Em pouco tempo, premido pela necessidade, reúne um material imcn.so e improvisa a "Rcp'ica", ê.sse monumen
lho de Ministros, o Visconde
Conferência da Haya: adquiriu um vas
laudas para apontamentos, relativos aos empregos dos artigos definidos, do infinito pessoal e dos pronomes.
meçou a ventilar esses assun tos, na fase final do "Diá
no do Presidente do Conse
O mesmo fato se reproduziu, ao acei tar o convite para delegado do Brasil à
da
Paulicéia do ano longínquo de 1868. Pois bem, na "Ca
bases da sua formidável cul
Dantas, em ensaio magistral, destruiu.
Não objetivei, neste resumo, versado
Ao reexaminar, em 1908, no Senado, o «»y>T jc*.^ e i4 J
■' V ,
u'iAtiA
rt^
Dicesto Econômico 133
limites além dos que resultam de uma gestão reaJ e de uma responsabilidade
Augusto Comte e a questão social
direta.
A lei que liga a eficácia das riquezas
III
à sua concentração — escreve êle — Ivan Lins
"exige quo cada gestor estenda a sua
A desapropriação e o confisco provam também que, em certos casos extremos, o Estado se crê mesmo legitimamente autorizado a apoderar-se da propriedade inteira.
Esta deve ser tida, pois, como indis pensável função social, destinada a for
mo um vil instrumento, sem considera
atividade até os limites de responsabilídado que comporta o conjunto de suas
ção alguma para com a sua dignidade de
posses. Além de se diminuir, assim, o
cientificamente, em sua totalidade, sem
homem, a sua m(>ralidade e o seu lar
custo da gestão, aumentam-se sobretudo
através dos quais cada geração prepa
preferências de qualquer natureza, tal qual o fez relativamente às questões matemáticas ou astronômicas de que se ocupou, sòmente pode consistir em se imprimir à propriedade o caráter rela
doméstico".
as garantias exigidas pelo bom emprego da riqueza, tanto para reparti-la quanto
SOLUÇÃO da questão social, se
gundo Augusto Comte, que a encarou
tivo e social que lhe impõe a sua origem, Se, na verdade, só alguns podem ser os gestores ou responsáveis individuais
. do capital, a fün de que este seja social) mente util, todos os que contribuem para a sua formação devem poder fruir, no que oferecem de mais essencial, os benefícios materiais, intelectuais e mo rais da civilização a que pertencem. Restaurou, portanto, Augusto Comte
o conceito medievo de propriedade dever social, tal como existia no feudalismo antes de esgotar a sua função histórica e corromper-se.
O homem rico — já frisava, no século
XVIII, Condorcel; — deve prestar contas à nação do emprego de seu tempo o de suas forças.
Jus atendi, fruendi et ahuteudi
pata produzi-la". Este ponto de vista, manifestado em
Segundo a concepção vidgur, indivi
mar e administrar os acervos materiais, ra e minora os trabalhos da seguinte. Aristóteles e a propriedade
A teoria do fundador da sociologia
1854 e então tido como utópico, já vem reestrutura e enobrece a noção de pro sendo emplricamente posto em prática. priedade, -sem restringir-lhe a justa inNos Estados Unidos e na Inglaterra, ,dependência, havendo Aristóteles, em onde a riqueza e a expansão econômi sua "Política", antevisto o mesmo prin ca já atingiram a um alto grau de de cípio. senvolvimento, o imposto de renda é "O melhor e preferível — diz êle — hoje fixado dc modo a limitar pratica é que os bens pertençam aos particula mente o nível máximo de riqueza de res, mas que se tornem, por assim dizer, cada indivíduo. O imposto de renda propriedade comum pelo uso que dêles tem, pois, grande importância social, e, se faça." como salienta Eugênio Gudin, "sua in. cidência, mesmo sobre as camadas me O comunismo de Platão e a indústria nos favorecidas, com taxas moderadas, moderna é uma nece.ssidade para que cada um tenha a noção de que forçado, a con O absurdo do" comunismo clássico ou tribuir diretamente para as despesas do utópico tal qual o concebeu Platão e Estado, e, como tal, interessado no equi o retocaram Morus e Campanella, é evi líbrio financeiro da nação". dente na organização da indústria mo Em toda administração bem dirigida, derna, que não pode subsistir sem che.
dualista, a propriedade é tida como um direito absoluto do proprietário, que
sòbro ela tem o "jus uteruJi, fruendi ei ahutendi" — o direito de usar, fruir e abusar a seu talante.
Esta concepção é, no entanto, despro
vida, a um tempo, de justiça c de reali dade.
Nenhuma propriedade podendo ser criada, nem mesmo transmitida apenas
por seu possuidor, e carecendo, sempre, de imprescindível cooperação pública, seu exercício não deve, nem pode ser nunca individual.
E, de fato, por tôda parte a coletivi dade sempre interferiu na propriedade para subordiná-la às exigências sociais. Os impostos
entretanto — como já pleiteava Condor-
Que vêm a ser os impostos senão uma
fes.
O pauperismo
parle da renda de cada cidadão, desti
cet — o necessário físico de cada indi-
Se, portanto, nem todos podem tor nar-se gestores do capital, por outro lado não é admissível o pauperismo, ou seja, "a miséria elevada à categoria de ins tituição social regular e permanente, pe sando sobre classes inteiras, que não conseguem viver, mesmo trabalJiando",
nada à utilidade pública? O imposto, sobretudo o de renda, torna-se a participação da sociedade em cada fortuna particular e a marcha ge ral da civilização, longe de diminuir es
víduo deve ficar isento de qualquer impôsto. E, por outro lado, tôda par
consütuído de oficiais ou de soldados
cela deste que rião é empregada tendo em vista o bem público, deve ser tida
moderna subsistir apenas com patrões,
de modo muitas vezes exaustivo, ou, co
a ligação de cada um para com todos.
mo dizia Leão XIII a Guilherme II da
Alemanha: o trabalhador explorado co
como um roubo.
Mas, não são apenas os impostos que evidenciam que por tôda parte a coleti vidade sempre interferiu na propriedadè a fim de subordiná-la às exigências so
sa tendência, a tem continuamente au mentado, desenvolvendo dia a dia mais Segundo Augusto Comte, a concen-
ciais.
Iraçâo do capital não deve ter outros li -
Assim como não há exército apenas não pode, também, a grande indústria ou empregados.
Nenhuma grande'operação industrial seria possível, hoje. se cada executante devesse ser simultâneaménte administra
dor, ou Se a direção fosse vagamente confiada a uma comunidade inerte e
irresponsável. Ê o que prova a expe-
rt^
Dicesto Econômico 133
limites além dos que resultam de uma gestão reaJ e de uma responsabilidade
Augusto Comte e a questão social
direta.
A lei que liga a eficácia das riquezas
III
à sua concentração — escreve êle — Ivan Lins
"exige quo cada gestor estenda a sua
A desapropriação e o confisco provam também que, em certos casos extremos, o Estado se crê mesmo legitimamente autorizado a apoderar-se da propriedade inteira.
Esta deve ser tida, pois, como indis pensável função social, destinada a for
mo um vil instrumento, sem considera
atividade até os limites de responsabilídado que comporta o conjunto de suas
ção alguma para com a sua dignidade de
posses. Além de se diminuir, assim, o
cientificamente, em sua totalidade, sem
homem, a sua m(>ralidade e o seu lar
custo da gestão, aumentam-se sobretudo
através dos quais cada geração prepa
preferências de qualquer natureza, tal qual o fez relativamente às questões matemáticas ou astronômicas de que se ocupou, sòmente pode consistir em se imprimir à propriedade o caráter rela
doméstico".
as garantias exigidas pelo bom emprego da riqueza, tanto para reparti-la quanto
SOLUÇÃO da questão social, se
gundo Augusto Comte, que a encarou
tivo e social que lhe impõe a sua origem, Se, na verdade, só alguns podem ser os gestores ou responsáveis individuais
. do capital, a fün de que este seja social) mente util, todos os que contribuem para a sua formação devem poder fruir, no que oferecem de mais essencial, os benefícios materiais, intelectuais e mo rais da civilização a que pertencem. Restaurou, portanto, Augusto Comte
o conceito medievo de propriedade dever social, tal como existia no feudalismo antes de esgotar a sua função histórica e corromper-se.
O homem rico — já frisava, no século
XVIII, Condorcel; — deve prestar contas à nação do emprego de seu tempo o de suas forças.
Jus atendi, fruendi et ahuteudi
pata produzi-la". Este ponto de vista, manifestado em
Segundo a concepção vidgur, indivi
mar e administrar os acervos materiais, ra e minora os trabalhos da seguinte. Aristóteles e a propriedade
A teoria do fundador da sociologia
1854 e então tido como utópico, já vem reestrutura e enobrece a noção de pro sendo emplricamente posto em prática. priedade, -sem restringir-lhe a justa inNos Estados Unidos e na Inglaterra, ,dependência, havendo Aristóteles, em onde a riqueza e a expansão econômi sua "Política", antevisto o mesmo prin ca já atingiram a um alto grau de de cípio. senvolvimento, o imposto de renda é "O melhor e preferível — diz êle — hoje fixado dc modo a limitar pratica é que os bens pertençam aos particula mente o nível máximo de riqueza de res, mas que se tornem, por assim dizer, cada indivíduo. O imposto de renda propriedade comum pelo uso que dêles tem, pois, grande importância social, e, se faça." como salienta Eugênio Gudin, "sua in. cidência, mesmo sobre as camadas me O comunismo de Platão e a indústria nos favorecidas, com taxas moderadas, moderna é uma nece.ssidade para que cada um tenha a noção de que forçado, a con O absurdo do" comunismo clássico ou tribuir diretamente para as despesas do utópico tal qual o concebeu Platão e Estado, e, como tal, interessado no equi o retocaram Morus e Campanella, é evi líbrio financeiro da nação". dente na organização da indústria mo Em toda administração bem dirigida, derna, que não pode subsistir sem che.
dualista, a propriedade é tida como um direito absoluto do proprietário, que
sòbro ela tem o "jus uteruJi, fruendi ei ahutendi" — o direito de usar, fruir e abusar a seu talante.
Esta concepção é, no entanto, despro
vida, a um tempo, de justiça c de reali dade.
Nenhuma propriedade podendo ser criada, nem mesmo transmitida apenas
por seu possuidor, e carecendo, sempre, de imprescindível cooperação pública, seu exercício não deve, nem pode ser nunca individual.
E, de fato, por tôda parte a coletivi dade sempre interferiu na propriedade para subordiná-la às exigências sociais. Os impostos
entretanto — como já pleiteava Condor-
Que vêm a ser os impostos senão uma
fes.
O pauperismo
parle da renda de cada cidadão, desti
cet — o necessário físico de cada indi-
Se, portanto, nem todos podem tor nar-se gestores do capital, por outro lado não é admissível o pauperismo, ou seja, "a miséria elevada à categoria de ins tituição social regular e permanente, pe sando sobre classes inteiras, que não conseguem viver, mesmo trabalJiando",
nada à utilidade pública? O imposto, sobretudo o de renda, torna-se a participação da sociedade em cada fortuna particular e a marcha ge ral da civilização, longe de diminuir es
víduo deve ficar isento de qualquer impôsto. E, por outro lado, tôda par
consütuído de oficiais ou de soldados
cela deste que rião é empregada tendo em vista o bem público, deve ser tida
moderna subsistir apenas com patrões,
de modo muitas vezes exaustivo, ou, co
a ligação de cada um para com todos.
mo dizia Leão XIII a Guilherme II da
Alemanha: o trabalhador explorado co
como um roubo.
Mas, não são apenas os impostos que evidenciam que por tôda parte a coleti vidade sempre interferiu na propriedadè a fim de subordiná-la às exigências so
sa tendência, a tem continuamente au mentado, desenvolvendo dia a dia mais Segundo Augusto Comte, a concen-
ciais.
Iraçâo do capital não deve ter outros li -
Assim como não há exército apenas não pode, também, a grande indústria ou empregados.
Nenhuma grande'operação industrial seria possível, hoje. se cada executante devesse ser simultâneaménte administra
dor, ou Se a direção fosse vagamente confiada a uma comunidade inerte e
irresponsável. Ê o que prova a expe-
, I , ! . y..i
Digesto Econômico
i34
riência empreendida, de 1921 a 1922, na fábrica italiana Fiat. A solução
No regime industrial, porém, em que os acúmulos são laboriosamente forma
dos, os motivos egoístícos não destroem D mérito, moral o social, dos hábitos do economia c previdência.
A solução da. questão social não con siste, conseqüentemente, nem em se ex
avareza, basta imprimir melhor direção;
tinguir o capital e sua apropriação in
o desregramcnto peculiar à prodigalida-
dividual, nem, tampouco, em se trans formarem os proletários em outros tan
dc não comporta nenhuma transforma
tos patrões ou gestores do capital. A solução, segundo Augusto Comte,
sòmente pode consistir num forte movi mento da opinião pública mundial, mos trando, por um lado, aos detentores do capital a origem social dêste, de ma neira a não consumirem o supérfluo em
prejuízo do necessário aos proletários, ^
Quanto à disciplina, inspirada pela
enquanto estes, por outro lado, se con vencerão de que devem limitar as suas
pretensões ao necessário, sem cobiça rem nunca as superf.uidades do luxo.
Pródigos e avaros
Não foi sem razão que Dante esten deu, aos pródigos, as mesmas penas e
ção verdadeiramente iitil. Sendo incontestável estar no meio a
Dicksto Econômico
135
Em sociologia, como em aritmética, só se podem comparar, e, com maioria
de razão identificar, grandezas da mes ma espécie, ou homogêneas.
Salário, dado cm moeda, é coisa
material, é a porção do capital que o operário recebo para substituir o que êle e os seus consomem, já como provisões,
já como instrumentos. É claro, pois, que a única equivalência a estabelecer, como quantidades homogêneas, e, con
\árludo, segundo o ideal aristotélico, o critério que deve presidir aos gastos con
seqüentemente comparáveis, é entre o
sisto em sábia e esclarecida economia,
o que lhe eleve ser dado para dignamen
estando a igual distancia da avareza o da prodigalidade.
consumido c o recebido, isto ,é, entre as reais necessidades do lar proletário e te, com os seus, manter-se.
Pretender
pagar com sahirio o trabalho operário é
Como, porém,admitindo-so a apropria ção ou gestão individual do capital, com a independência que lhe atribui Comte,
o mesmo que intentar retribuir, com
coibirem-se os abusos?
salário ser fixado, não de acordo cxim os princípios comuns de troca, mas do con formidade com as necessidades vitais do traballiador, sendo tão elevado, em cada
Pe'a moralização dos ricos, respon
dem alguns. Sendo esta, entretanto, extremamente
lenta, podem e devem os Governos,
em seu caráter de órgãos de reação da sociedade sobre os indivíduos, instítuír,
enquanto perdurar a falta de uma au
moeda, os dcsvelos de uma ama.'
Segundo o positivismo, deve, pois, o
época, quanto o permita o conjunto dos bens disponíveis. Tal qual os honorá rios do médico ou do artista, o salário ó concedido ao proletário unicamente
castigos, impostos aos avaros, únicos' toridade espiritual unânimemente aceita, visados na condenação do catolicismo, um salário mínimo, considerado não mais A moral positiva é ainda mais rigoro^ sob o prisma individual com que tem sa' do que a do vate florensido até hoje encarado, mas
futuro, à identidade universal de salá
tino e coloca os pródigos
rio.
abaixo dos avaros, visto ser
sob o prisma social, único realmente compatível com a
o egoísmo daqueles maior do que o dêstes últimos, salvo
dignidade humana.
reduz a simples questão de palavras.
aos olhos dos seus parasitas.
O salário
A ém de mais nocivos, são
os pródigos menos estimáveis, já pela carência de
qualidades práticas, já por falta de do-
O salário não é, na reali
dade, uma paga do trabalho, porquanto éste não comporta equivalen
Na existência militar - diz Augusto Comte - a facilidade de adquirir con duz a confundir a profusão com a li-
te em dinheiro. É, sim, o subsidio dado pela sociedade a cada um de seus membros, a fim de manter-se, a si e à sua família, base de todo o organismo
beralidade.
sociah
mínio sobre si mesmos.
como condição de existência e meio de ação. A conseqüência desta teoria é
que se deverá chegar, em longínquo Achar-se-á, talvez, que esta teoria se
Quando um empregador recebe de uni operário determinados serviços, dando-
Ibe, em troca, certa soma, pouco impor ta saber se esta se chama ou não. paga. Implica, entretanto, esta questão de palavras, como tantas outras, uma atitu de psicológica. A idéia de Comte, ao enunciar uma tal teoria, foi, mui pro positadamente, a de fundar as relações entre patrões e operários em bases an
tes morais do que econômicas. A ati tude de um patrão, ao remunerar um
operário, seria, assim, semelhante à que Ordinariamente se tem ao pagar uma dívida para com um médico ou um
advogado. A troca de pagamentos e de ser\iços Se efetuaria, pois, gerarmente, sôbre uma base de estima rbciproca, e, por vêzes, até mesmo de reconhe cimento.
Esta teoria não é, aliás, senão um
corolário do princípio positivista que considera os direitos de cada qual como resultantes dos deveres dos outros pa ra com èle. "Simples mudança de atitude - ad\'erte Comte - que subsUlui a uma moral passiva, onde domina o egoísmo, uma moral ativa, dirigida pelo altruismo."
Visa o salário atender à manutenção do trabalhador em companhia dos seus. Quem toma um auto ou um avião
para um passeio, ou para trazer um
medico que salva a vida de um ente
querido, paga a mesma quantia, e, no quase nulo enquanto, no segundm é
entanto, no pnmeiro caso. o seni^ é imenso.
&
Sejam, demais, quais forem as condi ções em que o sera.igo é prestado, oom
bom ou mau tempo, cxm, perigo, o, não. para a v,da daquele que o presta, a
quantia paga é, via de regra LnrL a mesma.
=» '
"
Destina-se pois, o salário eselusivamente a atender ao exclusiva nunca a pagar, de fato "Material, e zado.
® serviço reali-
asr&d:refr'-<>-:"P-' correspondente às no mínima, a tôdas as famílias
comuns
çiue cumprir mdisiarçivS'? quanto, pertencendo, realmeí""' tal por êles gerido à soe
^
b
'° "P'"
a sociedade, cumpre
, I , ! . y..i
Digesto Econômico
i34
riência empreendida, de 1921 a 1922, na fábrica italiana Fiat. A solução
No regime industrial, porém, em que os acúmulos são laboriosamente forma
dos, os motivos egoístícos não destroem D mérito, moral o social, dos hábitos do economia c previdência.
A solução da. questão social não con siste, conseqüentemente, nem em se ex
avareza, basta imprimir melhor direção;
tinguir o capital e sua apropriação in
o desregramcnto peculiar à prodigalida-
dividual, nem, tampouco, em se trans formarem os proletários em outros tan
dc não comporta nenhuma transforma
tos patrões ou gestores do capital. A solução, segundo Augusto Comte,
sòmente pode consistir num forte movi mento da opinião pública mundial, mos trando, por um lado, aos detentores do capital a origem social dêste, de ma neira a não consumirem o supérfluo em
prejuízo do necessário aos proletários, ^
Quanto à disciplina, inspirada pela
enquanto estes, por outro lado, se con vencerão de que devem limitar as suas
pretensões ao necessário, sem cobiça rem nunca as superf.uidades do luxo.
Pródigos e avaros
Não foi sem razão que Dante esten deu, aos pródigos, as mesmas penas e
ção verdadeiramente iitil. Sendo incontestável estar no meio a
Dicksto Econômico
135
Em sociologia, como em aritmética, só se podem comparar, e, com maioria
de razão identificar, grandezas da mes ma espécie, ou homogêneas.
Salário, dado cm moeda, é coisa
material, é a porção do capital que o operário recebo para substituir o que êle e os seus consomem, já como provisões,
já como instrumentos. É claro, pois, que a única equivalência a estabelecer, como quantidades homogêneas, e, con
\árludo, segundo o ideal aristotélico, o critério que deve presidir aos gastos con
seqüentemente comparáveis, é entre o
sisto em sábia e esclarecida economia,
o que lhe eleve ser dado para dignamen
estando a igual distancia da avareza o da prodigalidade.
consumido c o recebido, isto ,é, entre as reais necessidades do lar proletário e te, com os seus, manter-se.
Pretender
pagar com sahirio o trabalho operário é
Como, porém,admitindo-so a apropria ção ou gestão individual do capital, com a independência que lhe atribui Comte,
o mesmo que intentar retribuir, com
coibirem-se os abusos?
salário ser fixado, não de acordo cxim os princípios comuns de troca, mas do con formidade com as necessidades vitais do traballiador, sendo tão elevado, em cada
Pe'a moralização dos ricos, respon
dem alguns. Sendo esta, entretanto, extremamente
lenta, podem e devem os Governos,
em seu caráter de órgãos de reação da sociedade sobre os indivíduos, instítuír,
enquanto perdurar a falta de uma au
moeda, os dcsvelos de uma ama.'
Segundo o positivismo, deve, pois, o
época, quanto o permita o conjunto dos bens disponíveis. Tal qual os honorá rios do médico ou do artista, o salário ó concedido ao proletário unicamente
castigos, impostos aos avaros, únicos' toridade espiritual unânimemente aceita, visados na condenação do catolicismo, um salário mínimo, considerado não mais A moral positiva é ainda mais rigoro^ sob o prisma individual com que tem sa' do que a do vate florensido até hoje encarado, mas
futuro, à identidade universal de salá
tino e coloca os pródigos
rio.
abaixo dos avaros, visto ser
sob o prisma social, único realmente compatível com a
o egoísmo daqueles maior do que o dêstes últimos, salvo
dignidade humana.
reduz a simples questão de palavras.
aos olhos dos seus parasitas.
O salário
A ém de mais nocivos, são
os pródigos menos estimáveis, já pela carência de
qualidades práticas, já por falta de do-
O salário não é, na reali
dade, uma paga do trabalho, porquanto éste não comporta equivalen
Na existência militar - diz Augusto Comte - a facilidade de adquirir con duz a confundir a profusão com a li-
te em dinheiro. É, sim, o subsidio dado pela sociedade a cada um de seus membros, a fim de manter-se, a si e à sua família, base de todo o organismo
beralidade.
sociah
mínio sobre si mesmos.
como condição de existência e meio de ação. A conseqüência desta teoria é
que se deverá chegar, em longínquo Achar-se-á, talvez, que esta teoria se
Quando um empregador recebe de uni operário determinados serviços, dando-
Ibe, em troca, certa soma, pouco impor ta saber se esta se chama ou não. paga. Implica, entretanto, esta questão de palavras, como tantas outras, uma atitu de psicológica. A idéia de Comte, ao enunciar uma tal teoria, foi, mui pro positadamente, a de fundar as relações entre patrões e operários em bases an
tes morais do que econômicas. A ati tude de um patrão, ao remunerar um
operário, seria, assim, semelhante à que Ordinariamente se tem ao pagar uma dívida para com um médico ou um
advogado. A troca de pagamentos e de ser\iços Se efetuaria, pois, gerarmente, sôbre uma base de estima rbciproca, e, por vêzes, até mesmo de reconhe cimento.
Esta teoria não é, aliás, senão um
corolário do princípio positivista que considera os direitos de cada qual como resultantes dos deveres dos outros pa ra com èle. "Simples mudança de atitude - ad\'erte Comte - que subsUlui a uma moral passiva, onde domina o egoísmo, uma moral ativa, dirigida pelo altruismo."
Visa o salário atender à manutenção do trabalhador em companhia dos seus. Quem toma um auto ou um avião
para um passeio, ou para trazer um
medico que salva a vida de um ente
querido, paga a mesma quantia, e, no quase nulo enquanto, no segundm é
entanto, no pnmeiro caso. o seni^ é imenso.
&
Sejam, demais, quais forem as condi ções em que o sera.igo é prestado, oom
bom ou mau tempo, cxm, perigo, o, não. para a v,da daquele que o presta, a
quantia paga é, via de regra LnrL a mesma.
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Destina-se pois, o salário eselusivamente a atender ao exclusiva nunca a pagar, de fato "Material, e zado.
® serviço reali-
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comuns
çiue cumprir mdisiarçivS'? quanto, pertencendo, realmeí""' tal por êles gerido à soe
^
b
'° "P'"
a sociedade, cumpre
F^'
Dicesto Econômico
136
seja sempre aplicado de acôrdo com os
nenhum trabalho alheio aos afazeres do
interesses gerais dela.
lar.
Ao proletário cabe, diante destas pre missas, respeitar a propriedade de <iue, por utilidade social, e não em virtude de qualquer direito, divino ou natural,
O tratado de Methuen
Trabalho da mulher Vl-Conelnsões
Cabendo à muMicr o cuidado dos fi Nelson Werneck Sooré
lhos, velhos c enfermos, o preparo dos
se acha investido o patrão. A fim de aumentar a responsabilidade
do mobiliário e do domicílio, encontra,
de todos, assim como o seu interesse no
trabalho, pensa Comte deva todo salá rio compreender duas partes: uma fixa,
no lar, trabalho suficiente em que se ocupar, sem desviar-se das funções mo
estudos de história econômica, — mesmo
rais que lhe cabem como centro insubs
naqueles publicados fora do Brasil e de
comum a todos os empregados, e outra
tituível dos afetos humanos.
Portugal — fundou-se em três pontos
variável, proporcional ao rendimento de
alimentos, a conservação do vcstuano,
em três acusações, levantadas contra os seus autores, e firmadas como motivo
no: seriam tais fatos incontestáveis de-
morais, que, como mãe, esposa, filha
posse de todos os objetos essenciais à
faina industrial própria do homem, é
desde que a responsabilidade deste não
lhe possa ser imputada.
Incorporação social do proletariado A incorporação do proletariado na so.
ciedade moderna — o maior problema de nossos tempos, que preocupa, dia a dia mais, todos os sociólogos, desde Tomás Morus — consiste, segundo Au gusto Comte, no reconhecimento, por
parte dos patrões, de seus deveres para com os proletários, garantindo-lhes e às suas famfias a soma de bem-estar ma
terial e moral indispensável ao pleno desempenho das funções que lhes com
tão absurdo quanto converter este último em motor para substituir o cavalo ou
do declínio luso, ou da condição de subaltemidade portuguesa no desenvolvi mento comercial do mundo moderno:
o boi.
— asfixiou as indústrias lusas;
Quem não ve que se comprometem assim as futuras gerações? Devendo, na opinião dc Comte, um
— converteu em vinhas as terras de
dia por semana poder ser consagrado as relações privadas e outro à vida cívica, os dias de trabalho hebdomadário não
ultrapassariam a cinco. Demais, cada dia de traba ho jamais e.xcederia a seis horas, sendo suficiente para atender à existência material de uma sociedade,
pão;
— levou para a Inglaterra o ouro do Brasil.
Há que distinguir, no problema, dois planos; o primeiro é o que representa de verdade a tríplice acusação. Por que, realmente, as indústrias lusas decli
naram, de um modo geral, depois da assinatura do referido tratado; as terras
gações que tinham, efetivamente, com
o acordo firmado por Methuen, levaram quase todos os autores — de vez que a exi.stência do tratado era um fato, e a
existência daque'es desequilíbrios era também um fato - a admitir como
\'erdade que o simples ato comercial firmado em 1703 transformara, de ma
neira fundamental e perdurável, a fisionomia portuguesa. Mas — é o caso de
anteriormente destinadas ao trigo foram
indagar — teria sido possível a Portugal,
entregues, com ânsia febril, ao cultivo da vinha, muito mais remuneradora a
firmado o tratado tão discutido, adquirir
ponto de se tomar necessária uma legis lação restrita, para que não ficasse o
do domicílio e a instituição de um sa
lário que permita a manutenção da mu lher, dos velhos e filhos menores, sem
essa idade, a nenhuma atividade remu nerada, Como se vê, as atuais reivindi
que aquela e êstes sejam obrigados a
cações operárias não vão tão longe.
vida de família, completada pela posse
causados pelo tratado em questão, de
rivaram direta e unicamente do apa. recimento daquele tratado? A simultaneidade com que se operaram, as li
desperdícios provenientes das guerras e das ameaças de guerra. Os lazeres de demente aumentados, por isto que, rece bendo todos, proletários ou não, uma ins trução que os ocupará até os vinte e um anos, não deveriam entregar-se, até
Resume-se o bem-estar em apreço na
xidos ao tratado de Methuen, foram eles
como ele a concebe, isto é, livre dos
cada vida humana seriam, enfim, gran
petem.
Mas mesmo as verdades mais eviden
tes podem constituir-se em meias-verda-
des, em aparentes verdades. É o que mostra o problema, rislo de outro pla
e irmã, exerce no lar para atirá-la na
ser-lhe garantida no caso de desemprego,
ouro fugiu para à Inglaterra.
singvilarcs, que se conslituíram como que
Representa a primeira, por
sua vida e à de sua família, devendo
as terras deixaram de produzir trigo, o
Subtraí-!a, pois, às supremas funções
assim dizer, o direito do traballiador à
cada um-
A uestacada importância atribuída ao Tratado de Methuen em todos os
país na dependência, mais do que já estava, de produtos estrangeiros para assegurar a simples subsistência de seu
povo; e o ouro do Brasil transitou para a Inglaterra, em moeda — as velhas
moedas portuguesas que tanto circula ram nos mercados inglêses — e mesmo em espécie, em barra. Vistos desse pri meiro plano, os três processos adquirem realce singular, porque constituem ver dades iniludíveisi a indústria declinou,
se não tivessem os seus homens públicos uma importância econômica destacada? seria outra a sua história econômica o
Seu enriquecimento se teria operado pela não-existêricia daquele tratado? que resta demonstrar.
É o
Tomemos, em primeiro lugar, a acusa ção menos iniportante, pelo menos em seus efeitos remotos e históricos, embo ra de importância imediata, quanto aos seus efeitos: a de que o tratado de 1703 motivou o abandono das terras anterior,
mente dedicadas à cultura do trigo, le vando os seus proprietários ou arren-
F^'
Dicesto Econômico
136
seja sempre aplicado de acôrdo com os
nenhum trabalho alheio aos afazeres do
interesses gerais dela.
lar.
Ao proletário cabe, diante destas pre missas, respeitar a propriedade de <iue, por utilidade social, e não em virtude de qualquer direito, divino ou natural,
O tratado de Methuen
Trabalho da mulher Vl-Conelnsões
Cabendo à muMicr o cuidado dos fi Nelson Werneck Sooré
lhos, velhos c enfermos, o preparo dos
se acha investido o patrão. A fim de aumentar a responsabilidade
do mobiliário e do domicílio, encontra,
de todos, assim como o seu interesse no
trabalho, pensa Comte deva todo salá rio compreender duas partes: uma fixa,
no lar, trabalho suficiente em que se ocupar, sem desviar-se das funções mo
estudos de história econômica, — mesmo
rais que lhe cabem como centro insubs
naqueles publicados fora do Brasil e de
comum a todos os empregados, e outra
tituível dos afetos humanos.
Portugal — fundou-se em três pontos
variável, proporcional ao rendimento de
alimentos, a conservação do vcstuano,
em três acusações, levantadas contra os seus autores, e firmadas como motivo
no: seriam tais fatos incontestáveis de-
morais, que, como mãe, esposa, filha
posse de todos os objetos essenciais à
faina industrial própria do homem, é
desde que a responsabilidade deste não
lhe possa ser imputada.
Incorporação social do proletariado A incorporação do proletariado na so.
ciedade moderna — o maior problema de nossos tempos, que preocupa, dia a dia mais, todos os sociólogos, desde Tomás Morus — consiste, segundo Au gusto Comte, no reconhecimento, por
parte dos patrões, de seus deveres para com os proletários, garantindo-lhes e às suas famfias a soma de bem-estar ma
terial e moral indispensável ao pleno desempenho das funções que lhes com
tão absurdo quanto converter este último em motor para substituir o cavalo ou
do declínio luso, ou da condição de subaltemidade portuguesa no desenvolvi mento comercial do mundo moderno:
o boi.
— asfixiou as indústrias lusas;
Quem não ve que se comprometem assim as futuras gerações? Devendo, na opinião dc Comte, um
— converteu em vinhas as terras de
dia por semana poder ser consagrado as relações privadas e outro à vida cívica, os dias de trabalho hebdomadário não
ultrapassariam a cinco. Demais, cada dia de traba ho jamais e.xcederia a seis horas, sendo suficiente para atender à existência material de uma sociedade,
pão;
— levou para a Inglaterra o ouro do Brasil.
Há que distinguir, no problema, dois planos; o primeiro é o que representa de verdade a tríplice acusação. Por que, realmente, as indústrias lusas decli
naram, de um modo geral, depois da assinatura do referido tratado; as terras
gações que tinham, efetivamente, com
o acordo firmado por Methuen, levaram quase todos os autores — de vez que a exi.stência do tratado era um fato, e a
existência daque'es desequilíbrios era também um fato - a admitir como
\'erdade que o simples ato comercial firmado em 1703 transformara, de ma
neira fundamental e perdurável, a fisionomia portuguesa. Mas — é o caso de
anteriormente destinadas ao trigo foram
indagar — teria sido possível a Portugal,
entregues, com ânsia febril, ao cultivo da vinha, muito mais remuneradora a
firmado o tratado tão discutido, adquirir
ponto de se tomar necessária uma legis lação restrita, para que não ficasse o
do domicílio e a instituição de um sa
lário que permita a manutenção da mu lher, dos velhos e filhos menores, sem
essa idade, a nenhuma atividade remu nerada, Como se vê, as atuais reivindi
que aquela e êstes sejam obrigados a
cações operárias não vão tão longe.
vida de família, completada pela posse
causados pelo tratado em questão, de
rivaram direta e unicamente do apa. recimento daquele tratado? A simultaneidade com que se operaram, as li
desperdícios provenientes das guerras e das ameaças de guerra. Os lazeres de demente aumentados, por isto que, rece bendo todos, proletários ou não, uma ins trução que os ocupará até os vinte e um anos, não deveriam entregar-se, até
Resume-se o bem-estar em apreço na
xidos ao tratado de Methuen, foram eles
como ele a concebe, isto é, livre dos
cada vida humana seriam, enfim, gran
petem.
Mas mesmo as verdades mais eviden
tes podem constituir-se em meias-verda-
des, em aparentes verdades. É o que mostra o problema, rislo de outro pla
e irmã, exerce no lar para atirá-la na
ser-lhe garantida no caso de desemprego,
ouro fugiu para à Inglaterra.
singvilarcs, que se conslituíram como que
Representa a primeira, por
sua vida e à de sua família, devendo
as terras deixaram de produzir trigo, o
Subtraí-!a, pois, às supremas funções
assim dizer, o direito do traballiador à
cada um-
A uestacada importância atribuída ao Tratado de Methuen em todos os
país na dependência, mais do que já estava, de produtos estrangeiros para assegurar a simples subsistência de seu
povo; e o ouro do Brasil transitou para a Inglaterra, em moeda — as velhas
moedas portuguesas que tanto circula ram nos mercados inglêses — e mesmo em espécie, em barra. Vistos desse pri meiro plano, os três processos adquirem realce singular, porque constituem ver dades iniludíveisi a indústria declinou,
se não tivessem os seus homens públicos uma importância econômica destacada? seria outra a sua história econômica o
Seu enriquecimento se teria operado pela não-existêricia daquele tratado? que resta demonstrar.
É o
Tomemos, em primeiro lugar, a acusa ção menos iniportante, pelo menos em seus efeitos remotos e históricos, embo ra de importância imediata, quanto aos seus efeitos: a de que o tratado de 1703 motivou o abandono das terras anterior,
mente dedicadas à cultura do trigo, le vando os seus proprietários ou arren-
consolidando a entrada dos vinhos lusos
do vinho e, em con.scqíiência, tenham provocado a corrida para a plantação da vinha, com o con.scqiicnlc abandono do trigo. A corrida para a vinha foi con
na Inglaterra, provocou um interesse
seqüência de urna .situação de fato, que
mais intenso do que aquele que já exis
nenhum tratado teria, por .si .só, fórça
datários a preferir entregar-se à cultu ra da vinha. É verdadeiro, sem sombra
de dúvida, que © advento do tratado,
tia em torno do cultivo da vinha.
É,
remuneração, da atividade vinícola sô-
ber se as cousas se passariam de manei ra diversa no caso de o tratado não
bre a atividade tritícola. (43). A preponderância do produto de ex
ter existido.
portação sobre o produto de consumo
Os vinhos portugueses já
haviam firmado a sua posição no mer
interno, num desequilíbrio que acaba
cado inglês. Vimos que a aquisição do
ria por perturbar o rle.senvolvimento português, com a necessidade cm qi'®
hábito de usá-los — com o abandono do
produto c-oncorrente, o francês em parti cular, em conseqüência não só de faltar
êste com freqüência, em conseqüência das
lutas militares, como também por força de uma luta comercial entre a Inglaterra e a França — foi demorada e difícil. Quando foi firmado o tratado de Me-
thuen, entretanto, êsse hábito estava já
estabelecido. D. Luís da Cunha, re
presentante de Portugal na corte ingle sa, a quem os vitieultores lusos haviam
solicitado esforços no sentido de não
ser ameaçada a posição do produto luso, declarou que não seria necessária con
cessão alguma, em troca, para que aque la posição se mantivesse, uma vez que
como aqueles ligados ao advento de
sem roupa? Parece que se trata de ilusão corriqueira a que empresta às
pragmáticas, ou os que se prenderam aos esforços para desenvolver uma indús
tarifas o condão de provocar o apareci
tria própria de panos — não consegui ram destruir a realidade daquela pre
Está fora de dúrida, e os exemplos são
mercado luso. Os fatôres interferentes,
tituir em exclusividade.
A incapacidade lusa para a constitui ção de uma indústria que pennitisse,
técnica seja inferior e cuja capacidade de compra seja precária. A tarifa de
quando menos, © suprimento do merca
privilégio, entretanto, é apenas um dos fatôres; sem que os outros tenham exis
do interno, foi fato que antecedeu o tratado de 1703, e que permaneceu, depois que êle perdeu a sua vigência. Derivou, na verdade, de fatôres diversos
SC acharia o país de importar produtos
— e não foi causada apenas pela e.xis-
alimentícios, revelava apenas' as deficiên
tência de um acordo preferencial de ta rifas; êsse acordo preferencial traduziu,
cias de uma estrutura econômica nacio
nal, em face de um e.vpansionismo que não encontrava peias. Na análise do
ao contnírio, uma situação de fato, san cionou-a, e importou, realmente,'em dar
problema, entretanto, é necessário não
ao erário régio uma
relegar a segundo plano os investimentos britânicos na fabricação portuguesa de vinhos, e nem mesmo as vantagens mer cantes da marinha inglesa no transporte desse produto para © seu país. (44). A acusação de que o tratado de 1703 foi a causa do declínio da indústria por
parte
Tncnor
lucros
de
nos
entrada
do produto que o seu povo necessitava. (48).
Baixou-se a
tarifa, sem dúvida, e deu-se aos panos
tuguesa já foi examinada, quando tra
ingleses uma posi ção de privilégio;
tamos da questão dos panos. (45). Na época em que foi firmado aquele acor do de comércio, o tráfico internacional praticamente se reduzia quase aos panos. A Inglaterra não só os produzia, com
mento e o desenvolvimento industrial.
freqüentes, que uma tarifa protecionis ta estabelece condições para o desenvolrimento industrial de um país cuja
ponderância, que não chegou a se cons
para estabelecer; a superioridade, em
entretanto, uma questão controversa sa
139
Dicesto Econômico
DiCESTO ECONÓVflCO
138
tência sensí\'el não há indústria que
se possa estabelecer ou desenvolver. Tôdas as equipagens nacionais de in dústria, inclusive a inglesa — e posterior mente a norte-americana — levantaram-
se de uma tarifa de proteção, e até de proibição. (50). Tais países tinharr», entretanto, os outros fatôres indispensá veis para o estabe lecimento e para o ' desenvolvimento in
dustrial.
Portugíil
não tinha esses fa
tôres, essas condi ções mdispensá\'eis — não os teve antes,
durante, e depois da assinatura ou da
panos, e panos de outras procedências,
rigência do tratado firmado por Metliuen; não os teve en
quanto indústria significou apenas te celagem e fiação, e não os teve quando
português eram já avultados. (42). Sob
condições técnicas mais avançadas do que no resto dos países, como cs trans
com o tratado ou sem êle. Panos fran ceses, italianos e holandeses entraram
em Portugal, em plena vigência do tra
certos sentidos, parece que a cláusula
portava. 46). Tinha, pois, necessidade
relativa ao consumo dos vinhos lusos na
de mercados, e foi por isso que sc es forçou, naquela etapa de sua história, pa ra criá-los e para desenvolvê-los. (47). Com o tratado, conseguiu de Portugal
fabricou panos, antes e depois da vi
por indústria se entendeu^ muito mais do que isso; e o Tratado de Methuen só se referia aos panos. (51). Êsse
gência daquele tratado.
tratado, pois, ainda quanto aos panos,
Uma tarifa protecionista, em lugar da tarifa preferencial que Metlmen conse guiu, teria tido o condão de provocar
não fêz mais do que sancionar uma si
o desenvolvimento da indústria lusa de
indispensável à vida de seu povo. As razões dessa incapacidade estavam na estrutura econômica do pais, na sua si tuação de simplfs entreposto de maté-
o consumo tenderia a aumentar, progres sivamente, não só pela difusão do há bito de seu uso, como porque os inte resses britânicos na fabricação do vinho
Inglaterra não fêz mais do que sancio nar uma situação de fato. Do ponto de
vista comercial, é lícito admitir que ela tenha trazido para a atividade portu guesa do ramo a tranqüilidade que to da atividade comercial requer; mas é discutível que, firmando o tratado, os portugueses tenham garantido a posição
mas
entrariam
tais
tado firmado em 1703. (49). Portugal
uma situação de favor que não era nova; acordo anterior, firmado na fase atribu
panos?
lada da restauração, conforme tivemos oportunidade de apreciar, firmara a pre ponderância dos panos britânicos no
Teria Portugal condições para
levantar uma tarifa protecionista, ou se ria isso o mesmo que deixar a sua gente
jy
tuação de fato: a incapacidade portuguêsa para a produção dêsse elemento
consolidando a entrada dos vinhos lusos
do vinho e, em con.scqíiência, tenham provocado a corrida para a plantação da vinha, com o con.scqiicnlc abandono do trigo. A corrida para a vinha foi con
na Inglaterra, provocou um interesse
seqüência de urna .situação de fato, que
mais intenso do que aquele que já exis
nenhum tratado teria, por .si .só, fórça
datários a preferir entregar-se à cultu ra da vinha. É verdadeiro, sem sombra
de dúvida, que © advento do tratado,
tia em torno do cultivo da vinha.
É,
remuneração, da atividade vinícola sô-
ber se as cousas se passariam de manei ra diversa no caso de o tratado não
bre a atividade tritícola. (43). A preponderância do produto de ex
ter existido.
portação sobre o produto de consumo
Os vinhos portugueses já
haviam firmado a sua posição no mer
interno, num desequilíbrio que acaba
cado inglês. Vimos que a aquisição do
ria por perturbar o rle.senvolvimento português, com a necessidade cm qi'®
hábito de usá-los — com o abandono do
produto c-oncorrente, o francês em parti cular, em conseqüência não só de faltar
êste com freqüência, em conseqüência das
lutas militares, como também por força de uma luta comercial entre a Inglaterra e a França — foi demorada e difícil. Quando foi firmado o tratado de Me-
thuen, entretanto, êsse hábito estava já
estabelecido. D. Luís da Cunha, re
presentante de Portugal na corte ingle sa, a quem os vitieultores lusos haviam
solicitado esforços no sentido de não
ser ameaçada a posição do produto luso, declarou que não seria necessária con
cessão alguma, em troca, para que aque la posição se mantivesse, uma vez que
como aqueles ligados ao advento de
sem roupa? Parece que se trata de ilusão corriqueira a que empresta às
pragmáticas, ou os que se prenderam aos esforços para desenvolver uma indús
tarifas o condão de provocar o apareci
tria própria de panos — não consegui ram destruir a realidade daquela pre
Está fora de dúrida, e os exemplos são
mercado luso. Os fatôres interferentes,
tituir em exclusividade.
A incapacidade lusa para a constitui ção de uma indústria que pennitisse,
técnica seja inferior e cuja capacidade de compra seja precária. A tarifa de
quando menos, © suprimento do merca
privilégio, entretanto, é apenas um dos fatôres; sem que os outros tenham exis
do interno, foi fato que antecedeu o tratado de 1703, e que permaneceu, depois que êle perdeu a sua vigência. Derivou, na verdade, de fatôres diversos
SC acharia o país de importar produtos
— e não foi causada apenas pela e.xis-
alimentícios, revelava apenas' as deficiên
tência de um acordo preferencial de ta rifas; êsse acordo preferencial traduziu,
cias de uma estrutura econômica nacio
nal, em face de um e.vpansionismo que não encontrava peias. Na análise do
ao contnírio, uma situação de fato, san cionou-a, e importou, realmente,'em dar
problema, entretanto, é necessário não
ao erário régio uma
relegar a segundo plano os investimentos britânicos na fabricação portuguesa de vinhos, e nem mesmo as vantagens mer cantes da marinha inglesa no transporte desse produto para © seu país. (44). A acusação de que o tratado de 1703 foi a causa do declínio da indústria por
parte
Tncnor
lucros
de
nos
entrada
do produto que o seu povo necessitava. (48).
Baixou-se a
tarifa, sem dúvida, e deu-se aos panos
tuguesa já foi examinada, quando tra
ingleses uma posi ção de privilégio;
tamos da questão dos panos. (45). Na época em que foi firmado aquele acor do de comércio, o tráfico internacional praticamente se reduzia quase aos panos. A Inglaterra não só os produzia, com
mento e o desenvolvimento industrial.
freqüentes, que uma tarifa protecionis ta estabelece condições para o desenvolrimento industrial de um país cuja
ponderância, que não chegou a se cons
para estabelecer; a superioridade, em
entretanto, uma questão controversa sa
139
Dicesto Econômico
DiCESTO ECONÓVflCO
138
tência sensí\'el não há indústria que
se possa estabelecer ou desenvolver. Tôdas as equipagens nacionais de in dústria, inclusive a inglesa — e posterior mente a norte-americana — levantaram-
se de uma tarifa de proteção, e até de proibição. (50). Tais países tinharr», entretanto, os outros fatôres indispensá veis para o estabe lecimento e para o ' desenvolvimento in
dustrial.
Portugíil
não tinha esses fa
tôres, essas condi ções mdispensá\'eis — não os teve antes,
durante, e depois da assinatura ou da
panos, e panos de outras procedências,
rigência do tratado firmado por Metliuen; não os teve en
quanto indústria significou apenas te celagem e fiação, e não os teve quando
português eram já avultados. (42). Sob
condições técnicas mais avançadas do que no resto dos países, como cs trans
com o tratado ou sem êle. Panos fran ceses, italianos e holandeses entraram
em Portugal, em plena vigência do tra
certos sentidos, parece que a cláusula
portava. 46). Tinha, pois, necessidade
relativa ao consumo dos vinhos lusos na
de mercados, e foi por isso que sc es forçou, naquela etapa de sua história, pa ra criá-los e para desenvolvê-los. (47). Com o tratado, conseguiu de Portugal
fabricou panos, antes e depois da vi
por indústria se entendeu^ muito mais do que isso; e o Tratado de Methuen só se referia aos panos. (51). Êsse
gência daquele tratado.
tratado, pois, ainda quanto aos panos,
Uma tarifa protecionista, em lugar da tarifa preferencial que Metlmen conse guiu, teria tido o condão de provocar
não fêz mais do que sancionar uma si
o desenvolvimento da indústria lusa de
indispensável à vida de seu povo. As razões dessa incapacidade estavam na estrutura econômica do pais, na sua si tuação de simplfs entreposto de maté-
o consumo tenderia a aumentar, progres sivamente, não só pela difusão do há bito de seu uso, como porque os inte resses britânicos na fabricação do vinho
Inglaterra não fêz mais do que sancio nar uma situação de fato. Do ponto de
vista comercial, é lícito admitir que ela tenha trazido para a atividade portu guesa do ramo a tranqüilidade que to da atividade comercial requer; mas é discutível que, firmando o tratado, os portugueses tenham garantido a posição
mas
entrariam
tais
tado firmado em 1703. (49). Portugal
uma situação de favor que não era nova; acordo anterior, firmado na fase atribu
panos?
lada da restauração, conforme tivemos oportunidade de apreciar, firmara a pre ponderância dos panos britânicos no
Teria Portugal condições para
levantar uma tarifa protecionista, ou se ria isso o mesmo que deixar a sua gente
jy
tuação de fato: a incapacidade portuguêsa para a produção dêsse elemento
Dicesto Econômico
140
rias-primas ou fornecedor de produ
tos alimentícios, seus ou de suas co
141
travam-se também no mercado: tafe-
pois, com tanto luxo de detalhes, in
criar e desenvolver uma Indústria, de
tás, gorgorõe.s, próprios para mantos
fluências que o historiógrafo português definiu em linhas sugestivas: "Um papel anônimo e sem data, ao que parece in formação do consulado, no tempo da administração pombalina, faculta-nos a
eritar a corrida para a vinicultura, de
lista nominal dos súditos britânicos re sidentes em Lisboa: cento e dois à testa
nia, muito mais sensíveis do que a sim
de escritórios, de comércio, tendo na maior parte associados e caixeiros igual
o africano e os poucos trabalhadores
Êsses reflexos, traduzidos principalmen
volvimento — é desconhecer os rudimen-
usados pelas mulheres, que eram fabri cados em Bragança. Tudo o mais vinha do estrangeiro, quase cxclusivTimente da Inglaterra." (53). Um documento da coleção pombalina esclarece: "Não con tentes do monopólio das importações, que naturalmente possuíam, invadiam o que os portugueses julgavam próprio, o
tos do comercialismo moderno. Estarão,
do comércio do Brasil. E era is.so man
mente inglôses; quatro médicos e cirur-
hoje, os Estados Unidos com quase
giõcs e um boticário; quantidade de outros, pequenos lojistas, alfaiates, sa pateiros, cabeleireiros; colônia numerosa,
do tipo que Methuen arrancou aos ho
darem nas frotas agentes seus, para ven derem lá, por menor preço, aquelas mes mas fazendas que os mercadores do Reino lhes tinham comprado para fim
mens públicos portuguê.ses do século
igual. Outras vezes, ao fazerem os for
se dos naturais para as quotidianas ne
XVIIl?
necimentos, recusavam ceder os artefa
cessidades."
Para acrescentar um de
que o de Methuen, firmados por Strangford, quando não éramos ainda uma na ção constituída, e por Stuart, quando precisamos que a metropóle reconheces-
lônias.
Resta encarar o fenômeno da evasao
do ouro. Afirmar que essa evasão^ de rivou tão simplesmente da existência do tratado de 1703 - que coincidiu, realmente, com a época em que a pro
dução brasileira do ouro tomou desen
todo o ouro do mundo porque tenham firmado com os demais países tratados Há diferenças substanciais en
tre uma situação e outra, sem dúvida
— mas a razão fundamental do primado norte-americano de hoje é, na essência,
J a mesma que firmou a posição inglôsa
bastante a si própria, independente qua
tos de novidade sem lhes comprarem os
talhe curioso: "Não era só no comér
antigos que tinham de refuga; c, como
cio que a preponderância doa inglôses
os compradores se supriam a crédito,
se fazia sentir: eles abundavam tam
deter a evasão do ouro.
A e.\-pansão comercial britânica, que subordinaria Portugal aos seus nunos e necessidades, teria reflexos, na colô
ples atração exérdda sobre o ouro que livTes aiTanca\'am das temis do interior.
te no domínio dos suprimentos, com aquela parcela deixada ao erário real, na base de 64%, tiveram função eminente no processo da independência — e nos tratados, muito menos discutidos do
bém nas profissões mecânicas: tanoeiros,
, se a nossa situação autônoma. Foram
perioridade de uma estrutura econô
pois disso, iam os emissários ii colônia, oferecer as fazendas novas, necessària-
sapateiros, a'faiates, cabeleireiros e até engomadeiras." (56).
^tados singulares, entretanto. Mas isso
mica.
mcnte preferidas, E, contra as tricas de
A subordinação portuguesa ao desen volvimento comercial inglês, aliás, não foi mais do que um simples episódio da elaboração capitalista. Culpa do trata do firmado por Methuen? Diremos, como João Lúcio: Não, apesar dêle. Criou aquê'e tratado as condições de
face a Portugal do século XVIII: a su;
Dicesto Econômico
I
Com tratado ou sem tratado, a ver-
I
dade é que, no século XVIII, Portugal
I
era já uma dependência econômica^ inglêsa. A esse respeito, Shillington e
í
Chapman informam: "Em 1717, con tavam-se cerca de noventa casas inglêsas somente em Lisboa". (52). "Tanto a importação como a exportação — in
forçoso lhes era o submctereni-se.
De
que enriqueciam os hóspedes, não tinham os donos da casa defe.sa alguma." (54). João Lúcio de Azevedo assim apreciou a situação: "Nas mãos dos comerciantes
da capital inglesa, que supriam de fa zendas a crédito as praças do Brasil, já diretamente, já por intermédio dos cor
uma situação existente, frisou-a, deu-lhe realce transferindo-a à letra de um
parte do comércio de retalho.
Entre uma remessa de fazendas de In
acordo comercial que existia na rotina
comércio com os portos do Brasil era
glaterra para o Brasil e a chegada de
das trocas e que a segurança do tfiiflco
exclusivo dos nacionais.
retomo do dinheiro, decorriam ordina
exigia. Dependência econômica britâni
riamente dois anos; e de cada 100 libras
ca, desde fase mais recuada, antes do nascimento daquele parlamentar e ho mem de negócios que firmaria um do
Braga e da terra da Feira, ferragens or dinárias de Braga e Guimarães, panos
grossos de lã e saragoças. As sedas eram fornecidas em pequena quantidade pela fábrica moderna de Lisboa e encon
Daí derivaram as influências inglesas
sobre os costumes portugueses e brasi leiros, que os sociólogos estudaram de
(44) — Moses B. Amzalak: Mercadet co merciais.
(45) — Fortunato de Almeida: HislórU
(47) — Marco Fanno: L'e8pansÍona commerciale e coloniale degli Slaíi m®'
Mas sucedia que a parte mínima era dêles, e do Estado português a maior.
aplicadas ao negócio tinha o fisco absor vido 64 em impostos diversos, 68 depois do terremoto." (55).
nònucB.
cias naturais? Não, Sancionou, apenas,
termédio das casas estrangeiras estabe lecidas em Portugal e bem assim uma
ras do Reino limitavam-se a panos de linho, linhas de Guimarães, cliapéus de
H econômica Porlugal. Adriano Antero: Ad©bistória eco-
de Portugal.
respondentes, em Lisboa e Porto, se concentrava o tráfico para a América.
As manufatu
Almeida: Subtídlei
(4J)
subordinação que se traduziram em tan tos fatos, em processos e em decorrên-
forma outro autor — fazia-se por in
Só o
é também outra lústória.
cumento sensacional, discutido até hoje, e ainda controverso, apesar da clareza do processo histórico a que esteve ligado — Portugal não estava em condições de
(46) — William Ashley: L'óvolution oconomique de l'Angletepte. dernL
(48) — Sousa Viterbo: Indústrias têx teis e congeneres
.y oi das Neves: Varlod"' Telativos às artes- co mércio e manufaturas. e W. Chapmanj The coi^erclalShillington relations of England Uià Potlugal.
Ratton: Recordaçõe»-^. (54). (55) e (5G) — j. Lúcio de Azevedo-
Épocas do Portugal Econômico.
Dicesto Econômico
140
rias-primas ou fornecedor de produ
tos alimentícios, seus ou de suas co
141
travam-se também no mercado: tafe-
pois, com tanto luxo de detalhes, in
criar e desenvolver uma Indústria, de
tás, gorgorõe.s, próprios para mantos
fluências que o historiógrafo português definiu em linhas sugestivas: "Um papel anônimo e sem data, ao que parece in formação do consulado, no tempo da administração pombalina, faculta-nos a
eritar a corrida para a vinicultura, de
lista nominal dos súditos britânicos re sidentes em Lisboa: cento e dois à testa
nia, muito mais sensíveis do que a sim
de escritórios, de comércio, tendo na maior parte associados e caixeiros igual
o africano e os poucos trabalhadores
Êsses reflexos, traduzidos principalmen
volvimento — é desconhecer os rudimen-
usados pelas mulheres, que eram fabri cados em Bragança. Tudo o mais vinha do estrangeiro, quase cxclusivTimente da Inglaterra." (53). Um documento da coleção pombalina esclarece: "Não con tentes do monopólio das importações, que naturalmente possuíam, invadiam o que os portugueses julgavam próprio, o
tos do comercialismo moderno. Estarão,
do comércio do Brasil. E era is.so man
mente inglôses; quatro médicos e cirur-
hoje, os Estados Unidos com quase
giõcs e um boticário; quantidade de outros, pequenos lojistas, alfaiates, sa pateiros, cabeleireiros; colônia numerosa,
do tipo que Methuen arrancou aos ho
darem nas frotas agentes seus, para ven derem lá, por menor preço, aquelas mes mas fazendas que os mercadores do Reino lhes tinham comprado para fim
mens públicos portuguê.ses do século
igual. Outras vezes, ao fazerem os for
se dos naturais para as quotidianas ne
XVIIl?
necimentos, recusavam ceder os artefa
cessidades."
Para acrescentar um de
que o de Methuen, firmados por Strangford, quando não éramos ainda uma na ção constituída, e por Stuart, quando precisamos que a metropóle reconheces-
lônias.
Resta encarar o fenômeno da evasao
do ouro. Afirmar que essa evasão^ de rivou tão simplesmente da existência do tratado de 1703 - que coincidiu, realmente, com a época em que a pro
dução brasileira do ouro tomou desen
todo o ouro do mundo porque tenham firmado com os demais países tratados Há diferenças substanciais en
tre uma situação e outra, sem dúvida
— mas a razão fundamental do primado norte-americano de hoje é, na essência,
J a mesma que firmou a posição inglôsa
bastante a si própria, independente qua
tos de novidade sem lhes comprarem os
talhe curioso: "Não era só no comér
antigos que tinham de refuga; c, como
cio que a preponderância doa inglôses
os compradores se supriam a crédito,
se fazia sentir: eles abundavam tam
deter a evasão do ouro.
A e.\-pansão comercial britânica, que subordinaria Portugal aos seus nunos e necessidades, teria reflexos, na colô
ples atração exérdda sobre o ouro que livTes aiTanca\'am das temis do interior.
te no domínio dos suprimentos, com aquela parcela deixada ao erário real, na base de 64%, tiveram função eminente no processo da independência — e nos tratados, muito menos discutidos do
bém nas profissões mecânicas: tanoeiros,
, se a nossa situação autônoma. Foram
perioridade de uma estrutura econô
pois disso, iam os emissários ii colônia, oferecer as fazendas novas, necessària-
sapateiros, a'faiates, cabeleireiros e até engomadeiras." (56).
^tados singulares, entretanto. Mas isso
mica.
mcnte preferidas, E, contra as tricas de
A subordinação portuguesa ao desen volvimento comercial inglês, aliás, não foi mais do que um simples episódio da elaboração capitalista. Culpa do trata do firmado por Methuen? Diremos, como João Lúcio: Não, apesar dêle. Criou aquê'e tratado as condições de
face a Portugal do século XVIII: a su;
Dicesto Econômico
I
Com tratado ou sem tratado, a ver-
I
dade é que, no século XVIII, Portugal
I
era já uma dependência econômica^ inglêsa. A esse respeito, Shillington e
í
Chapman informam: "Em 1717, con tavam-se cerca de noventa casas inglêsas somente em Lisboa". (52). "Tanto a importação como a exportação — in
forçoso lhes era o submctereni-se.
De
que enriqueciam os hóspedes, não tinham os donos da casa defe.sa alguma." (54). João Lúcio de Azevedo assim apreciou a situação: "Nas mãos dos comerciantes
da capital inglesa, que supriam de fa zendas a crédito as praças do Brasil, já diretamente, já por intermédio dos cor
uma situação existente, frisou-a, deu-lhe realce transferindo-a à letra de um
parte do comércio de retalho.
Entre uma remessa de fazendas de In
acordo comercial que existia na rotina
comércio com os portos do Brasil era
glaterra para o Brasil e a chegada de
das trocas e que a segurança do tfiiflco
exclusivo dos nacionais.
retomo do dinheiro, decorriam ordina
exigia. Dependência econômica britâni
riamente dois anos; e de cada 100 libras
ca, desde fase mais recuada, antes do nascimento daquele parlamentar e ho mem de negócios que firmaria um do
Braga e da terra da Feira, ferragens or dinárias de Braga e Guimarães, panos
grossos de lã e saragoças. As sedas eram fornecidas em pequena quantidade pela fábrica moderna de Lisboa e encon
Daí derivaram as influências inglesas
sobre os costumes portugueses e brasi leiros, que os sociólogos estudaram de
(44) — Moses B. Amzalak: Mercadet co merciais.
(45) — Fortunato de Almeida: HislórU
(47) — Marco Fanno: L'e8pansÍona commerciale e coloniale degli Slaíi m®'
Mas sucedia que a parte mínima era dêles, e do Estado português a maior.
aplicadas ao negócio tinha o fisco absor vido 64 em impostos diversos, 68 depois do terremoto." (55).
nònucB.
cias naturais? Não, Sancionou, apenas,
termédio das casas estrangeiras estabe lecidas em Portugal e bem assim uma
ras do Reino limitavam-se a panos de linho, linhas de Guimarães, cliapéus de
H econômica Porlugal. Adriano Antero: Ad©bistória eco-
de Portugal.
respondentes, em Lisboa e Porto, se concentrava o tráfico para a América.
As manufatu
Almeida: Subtídlei
(4J)
subordinação que se traduziram em tan tos fatos, em processos e em decorrên-
forma outro autor — fazia-se por in
Só o
é também outra lústória.
cumento sensacional, discutido até hoje, e ainda controverso, apesar da clareza do processo histórico a que esteve ligado — Portugal não estava em condições de
(46) — William Ashley: L'óvolution oconomique de l'Angletepte. dernL
(48) — Sousa Viterbo: Indústrias têx teis e congeneres
.y oi das Neves: Varlod"' Telativos às artes- co mércio e manufaturas. e W. Chapmanj The coi^erclalShillington relations of England Uià Potlugal.
Ratton: Recordaçõe»-^. (54). (55) e (5G) — j. Lúcio de Azevedo-
Épocas do Portugal Econômico.
• I
Dicesto
domínio da economia como realidade
Em todas as épocas de crise revolacionária, porém, êsse fenômeno se deu, não sendo assim, portanto, um privilégio do nosso tempo. .-V revolução individua
do sua consciência, certos de que os co munistas tinham razão quando falavam em cstnilura e supcrcstmtura, em pre
omia
C-.'i
143
Econômico
por sôhrc a política como processo dessa
lista do século dezoito é um incêndio
realidade. A divergência operava-se tão
que se propaga sobre um campo do
enquanto a.s lei.s s» afastavam dos proble
só cm tômo dos resultados. Enquanto os marxistas sustentavam que a revolu
ção proletária conduziria a uma socieda
começada no início do
mas sociais, os ricos s« tomavam cada voz mais
produção que secara. O que se nota na guerra da independência americana ó uma insubordinação contra o poder
de sem classes, onde o reino da neces
espoliativo do Reino e a consagração das
século e que prossegue,
ricos e os pobres cada
vantagens da economia individual. O
cada vez mais intensa,
vez mais pobres.
sidade seria substituído pelo reino da liberdade, os outros sustentavam que a revolução proletária de.stmiria as possi bilidades da liberdade, que residem na
CAndido Mota Filho
Ce observamos a pro-
^ longada crise por que passa o Ocide"nte,
em nossos dias, — ve
As liberdades consa
rificamos que ela se
gradas e, principalmen-
mostra, na vida das na
te, as liberdades de ini
que justifica a Revolução Francesa é a
deslocação do problema econômico, a incapacidade de .ser sustentada a ri
queza feudal e, conseqüentemente, a
ções cultas, como uma
ciativa e de comércio,
realização do trabalho humano e no esfôrço da livre empresa.
decorrência
eram vistas então como
Assim a consciência predominante era
daí o plano constitucional de Rousseau.
de que a democracia, até então Niva, não possuia condições próprias para viver.
no "Contrato Social": — "Achar uma
de
duas
desordens profundas: —
imensas
I uma política e outra
lacunas onda
mergulhavam, sem ro-
teja a pessoa e os bens de cada socie
as mais nobres aspira ções humanas.
guerras e revoluções atuais. Não surgia
a todos, não obedeça senão a si mes
No quadro das gran des potências nacionais,
apenas o argumento, que impressionava,
mo e. continue li^Te como antes."
das grandes forças ca
dor, que, pe'a sua condição econômica,
pitalistas, foi aumen
estava com o seu destino subordinado. Os
mesmo plano a liberdade e a proprieda de. Só é livre, isto é, só pode o homem
correntes sociais e políticas existentes.
próprios detentores do poder econômico participar da rida pública, só se sentiam ameaçados pelas contradições manter intactos todos os valores da pes soa humana, aquele que vive numa so de seus rumos c apelavam para o Es tado, para que êle se transformasse num ciedade que reconhece, como um dog Estado intervencionista. As próprias ma, a propriedade privada. Quando constituições, que surgiiam depois da Seiyés deu a famosa e.xplicação sobre » guerra de 1914, como a de Weimar, nova ordèm "Qui est-ce que tiers
O marxismo não só foi uma doutrino
voltavam-se para o problema econômico
êle dizia que a nova organização repr®
apenas.
e, notadamente, para o problema da
sentava os produtores laboriosos em opo-
mcdio, as melhores a
^1* A interpretação que predominou foi a de
, que a desordem ecoi nómica seria a respon-
) sável por tudo o que i tem acontecido. O eco-
; nomismo crescente foi
vicção de que, real mente, o segredo da fe
I ciã civilizada. E a práI tica, a realidade visível se aliaram à
licidade humana estava no reino das
! teoria. ] í O mal do regime político, que entra
utilidades. Assim, pelo campo econô
formal do que real. O liberalismo polí tico, que imperava no século dezenove, se baseara numa liberdade fictícia, que é aquela definida por lei e a lei seria
apenas uma expressão da burguesia vi toriosa.
Todas as declarações de di
reito, a partir da Magna Carta e da Constituição de Virgínia, não correspon diam aos fatos e ficavam como simples
promessas. E enquanto o Estado se arredava das competições econômicas,
sobre a inutilidade do voto do trabalha
tando, dia a dia, a con
I envolvendo a consciên-
va na febre dos desentendimentos, era
forma de associação que defenda e pr®"
Na sua concepção formal ela acabara no caos contemporâneo, fomentador das
econômica.
de que ele era, muito mais, um regime
justificação da propriedade privada. E
mico marcharam, para conquistá-lo, as Foi um testemunho.
Na sua
Ji
dade e pe'a qual cada um, se unindo A declaração de direitos coloca n®
sição às classes parasitárias.
cepção materialista da História, èle con
propriedade e seu uso e para o proble ma do trabalhador e seu emprêgo.
duzia um espírito comum, — a ima
Tôdas essas declarações de direito so
gem de um mundo'conduzido pela pro
cial que surgiram, aparentemente revo lucionárias quando reconheciam e pro clamavam a necessidade da justiça so cial, não passavam, no entanto, de um reconhecimento do primado econômico,
dei Garrai, oo estudar o terceiro estado, diz que era preciso efetuar uma seleçaOr
de forma a impedir um processo radical da socialização dos meios de produção.
alcançar um elevado desenvolvimento
articulação dogmática,' dentro da con
dução dos valores materiais.
Todos aquêles que o combatiam coni veemência, principalmente pelo seu teor revolucionário, pela sua ameaça de jogar, pelo conflito de classes, o proletariado á conquista do poder, estavam, no funde
Num interessante estudo denominado —
El liberalismo doctrinario",
separando os melhores e mais infln®''.
tes valores. Para isso era indispensá^e a propriedade. Sem ela não é possív® piritual, nem influência material. Ess*
• I
Dicesto
domínio da economia como realidade
Em todas as épocas de crise revolacionária, porém, êsse fenômeno se deu, não sendo assim, portanto, um privilégio do nosso tempo. .-V revolução individua
do sua consciência, certos de que os co munistas tinham razão quando falavam em cstnilura e supcrcstmtura, em pre
omia
C-.'i
143
Econômico
por sôhrc a política como processo dessa
lista do século dezoito é um incêndio
realidade. A divergência operava-se tão
que se propaga sobre um campo do
enquanto a.s lei.s s» afastavam dos proble
só cm tômo dos resultados. Enquanto os marxistas sustentavam que a revolu
ção proletária conduziria a uma socieda
começada no início do
mas sociais, os ricos s« tomavam cada voz mais
produção que secara. O que se nota na guerra da independência americana ó uma insubordinação contra o poder
de sem classes, onde o reino da neces
espoliativo do Reino e a consagração das
século e que prossegue,
ricos e os pobres cada
vantagens da economia individual. O
cada vez mais intensa,
vez mais pobres.
sidade seria substituído pelo reino da liberdade, os outros sustentavam que a revolução proletária de.stmiria as possi bilidades da liberdade, que residem na
CAndido Mota Filho
Ce observamos a pro-
^ longada crise por que passa o Ocide"nte,
em nossos dias, — ve
As liberdades consa
rificamos que ela se
gradas e, principalmen-
mostra, na vida das na
te, as liberdades de ini
que justifica a Revolução Francesa é a
deslocação do problema econômico, a incapacidade de .ser sustentada a ri
queza feudal e, conseqüentemente, a
ções cultas, como uma
ciativa e de comércio,
realização do trabalho humano e no esfôrço da livre empresa.
decorrência
eram vistas então como
Assim a consciência predominante era
daí o plano constitucional de Rousseau.
de que a democracia, até então Niva, não possuia condições próprias para viver.
no "Contrato Social": — "Achar uma
de
duas
desordens profundas: —
imensas
I uma política e outra
lacunas onda
mergulhavam, sem ro-
teja a pessoa e os bens de cada socie
as mais nobres aspira ções humanas.
guerras e revoluções atuais. Não surgia
a todos, não obedeça senão a si mes
No quadro das gran des potências nacionais,
apenas o argumento, que impressionava,
mo e. continue li^Te como antes."
das grandes forças ca
dor, que, pe'a sua condição econômica,
pitalistas, foi aumen
estava com o seu destino subordinado. Os
mesmo plano a liberdade e a proprieda de. Só é livre, isto é, só pode o homem
correntes sociais e políticas existentes.
próprios detentores do poder econômico participar da rida pública, só se sentiam ameaçados pelas contradições manter intactos todos os valores da pes soa humana, aquele que vive numa so de seus rumos c apelavam para o Es tado, para que êle se transformasse num ciedade que reconhece, como um dog Estado intervencionista. As próprias ma, a propriedade privada. Quando constituições, que surgiiam depois da Seiyés deu a famosa e.xplicação sobre » guerra de 1914, como a de Weimar, nova ordèm "Qui est-ce que tiers
O marxismo não só foi uma doutrino
voltavam-se para o problema econômico
êle dizia que a nova organização repr®
apenas.
e, notadamente, para o problema da
sentava os produtores laboriosos em opo-
mcdio, as melhores a
^1* A interpretação que predominou foi a de
, que a desordem ecoi nómica seria a respon-
) sável por tudo o que i tem acontecido. O eco-
; nomismo crescente foi
vicção de que, real mente, o segredo da fe
I ciã civilizada. E a práI tica, a realidade visível se aliaram à
licidade humana estava no reino das
! teoria. ] í O mal do regime político, que entra
utilidades. Assim, pelo campo econô
formal do que real. O liberalismo polí tico, que imperava no século dezenove, se baseara numa liberdade fictícia, que é aquela definida por lei e a lei seria
apenas uma expressão da burguesia vi toriosa.
Todas as declarações de di
reito, a partir da Magna Carta e da Constituição de Virgínia, não correspon diam aos fatos e ficavam como simples
promessas. E enquanto o Estado se arredava das competições econômicas,
sobre a inutilidade do voto do trabalha
tando, dia a dia, a con
I envolvendo a consciên-
va na febre dos desentendimentos, era
forma de associação que defenda e pr®"
Na sua concepção formal ela acabara no caos contemporâneo, fomentador das
econômica.
de que ele era, muito mais, um regime
justificação da propriedade privada. E
mico marcharam, para conquistá-lo, as Foi um testemunho.
Na sua
Ji
dade e pe'a qual cada um, se unindo A declaração de direitos coloca n®
sição às classes parasitárias.
cepção materialista da História, èle con
propriedade e seu uso e para o proble ma do trabalhador e seu emprêgo.
duzia um espírito comum, — a ima
Tôdas essas declarações de direito so
gem de um mundo'conduzido pela pro
cial que surgiram, aparentemente revo lucionárias quando reconheciam e pro clamavam a necessidade da justiça so cial, não passavam, no entanto, de um reconhecimento do primado econômico,
dei Garrai, oo estudar o terceiro estado, diz que era preciso efetuar uma seleçaOr
de forma a impedir um processo radical da socialização dos meios de produção.
alcançar um elevado desenvolvimento
articulação dogmática,' dentro da con
dução dos valores materiais.
Todos aquêles que o combatiam coni veemência, principalmente pelo seu teor revolucionário, pela sua ameaça de jogar, pelo conflito de classes, o proletariado á conquista do poder, estavam, no funde
Num interessante estudo denominado —
El liberalismo doctrinario",
separando os melhores e mais infln®''.
tes valores. Para isso era indispensá^e a propriedade. Sem ela não é possív® piritual, nem influência material. Ess*
DiCESTo Econômico
144
Digesto EcoNòxnco 145
seleção se faz pela propriedade indivi dual que se apresenta sem características
de privilégio, como uma possibilidade para todos, dentro da capacidade de cada um. "La propríedad, — diz ê'e, — tiene ahora un sentido activo, cons
trutivo, ya no es secuela sino fundamen to dei poder político". Portanto não havia um sistema formal, mas um sistema real, que decorre das próprias condições da vida, que se mos tra como um estilo existencial. O libe ralismo não é uma simples ideologia romântica, mas um processo de reno
!
vação da sociedade que se anarquiza dentro do sistema feudal. Mas, por sua vez, o bberalismo não é só a burguesia realizadora e opinativa, a propriedade privada e a livre empresa, a. liberdade definida pela lei. O liberalismo é uma
J concepção do mundo, um estágio da
' cultura, uma posição do espiritual. Ao ! aprecíá-lo, como um produto da classe média, Benedetto Croce (História de
1
Europa no século XIX) diz que essa
! classe "não é uma ceasse econômica, pois I se ergue e se distingue sobre todas as I classes econômicas como principal repreI
sentante dos valores espirituais, media-
' dora entre êJes, harmonizadora e íntegradora". O Estado se toma, ao mesmo tempo,
que mais apaixona os revolucionários,de
a cultura a serviço da vida, porque só
1789. O homem, antes de tudo, depois
ela ó a energia produtiva da ordem.
Mira-
E se a política tem pelo seu poder de
beau e seus companheiros defendem, com energia, o caráter representativo do rei. Só a representação j'ustifíca a au toridade, porque assim o exigem os di reitos do homem. Duvcrgicr de Hau-
atuação um campo muito mais vasto e mais complexo, a economia é uma con
ticular da sociabilidade. Como adver te Luigi Sturzo, no seu "Ensaio de so
ranne traduz essa atmosfera, escreven
ciologia" a economia não chega a ser
o resto, diz um convencional.
do: — *'le poínt d'honneur de Ia natíon toute entière".
O ideal c dar a todos
o que é de todos. Na plenitude do li
beralismo, quando gravitam as idéias de Bcnj'amim Constant e de Guizot, o pen sador Rnyer-Coüard escreve, a propó sito da Universidade: — "um centro de
ensino é o governo aplicado á direção universal da instrução pública. O en-
.sino, com todas as doutrinas religiosas, filosóficas e políticas não fazem parte do comércio privado senão dos interesses gerais da sociedade.
A Universidade
tem o monopólio da educação,da mesma maneira com que os triburíais têm o monopólio da justiça e o Exército o da
força púb'jca". (Barante — Vie dc Royer Collard, pg. 620). Kant é o filósofo que basifica o Estado liberal, como Estado de direito.
E a
sua preocupação é o mundo moral, a
distinção entre a moral e o direito, a vida conduzida pelo imperativo categó
uma estrutura política e moral, dentro
rico e pela regra coercitiva do direito.
de um sistema de garantias jurídicas.
E Cousin, que respira a atmosfera do
O Estado é uma obra histórica da cul tura humana.
A lei assume as proporções das coi sas eternas. Ela se destina a bene
dição da vida social ou uma forma par
4",
;;
liberalismo, pode dizer que "ao separar
o dever do interêsse que o arruina e do sentimento que o enerva, Kant restituíu à moral o seu verdadeiro caráter
ficiar o gênero humano. As Cartas, (Du vrai, du beau et du bien:) ' que se seguem, adotadas pela monar A mesma coisa acontece em nossos quia constitucional, servem "Tant pour dias. O economismo crescente é ape nous que pour nos successeurs, et à tou- nas uma arma utilizada pela política. fours".
É o princípio da dignidade individual
Só ela pode manejar, com vantagens, os dados sociais e individuais e colocar
ãÍM'ií•#
uma forma fundamental e autônoma da sociabilidade.
Ela depende da condição humana, da condição histórica e é a política, como atividade propulsíonadora dos valores
sociais, que coloca os problemas econô micos em seus devidos termos.
O mimdo padece, neste instante, uma profunda incapacidade política...
DiCESTo Econômico
144
Digesto EcoNòxnco 145
seleção se faz pela propriedade indivi dual que se apresenta sem características
de privilégio, como uma possibilidade para todos, dentro da capacidade de cada um. "La propríedad, — diz ê'e, — tiene ahora un sentido activo, cons
trutivo, ya no es secuela sino fundamen to dei poder político". Portanto não havia um sistema formal, mas um sistema real, que decorre das próprias condições da vida, que se mos tra como um estilo existencial. O libe ralismo não é uma simples ideologia romântica, mas um processo de reno
!
vação da sociedade que se anarquiza dentro do sistema feudal. Mas, por sua vez, o bberalismo não é só a burguesia realizadora e opinativa, a propriedade privada e a livre empresa, a. liberdade definida pela lei. O liberalismo é uma
J concepção do mundo, um estágio da
' cultura, uma posição do espiritual. Ao ! aprecíá-lo, como um produto da classe média, Benedetto Croce (História de
1
Europa no século XIX) diz que essa
! classe "não é uma ceasse econômica, pois I se ergue e se distingue sobre todas as I classes econômicas como principal repreI
sentante dos valores espirituais, media-
' dora entre êJes, harmonizadora e íntegradora". O Estado se toma, ao mesmo tempo,
que mais apaixona os revolucionários,de
a cultura a serviço da vida, porque só
1789. O homem, antes de tudo, depois
ela ó a energia produtiva da ordem.
Mira-
E se a política tem pelo seu poder de
beau e seus companheiros defendem, com energia, o caráter representativo do rei. Só a representação j'ustifíca a au toridade, porque assim o exigem os di reitos do homem. Duvcrgicr de Hau-
atuação um campo muito mais vasto e mais complexo, a economia é uma con
ticular da sociabilidade. Como adver te Luigi Sturzo, no seu "Ensaio de so
ranne traduz essa atmosfera, escreven
ciologia" a economia não chega a ser
o resto, diz um convencional.
do: — *'le poínt d'honneur de Ia natíon toute entière".
O ideal c dar a todos
o que é de todos. Na plenitude do li
beralismo, quando gravitam as idéias de Bcnj'amim Constant e de Guizot, o pen sador Rnyer-Coüard escreve, a propó sito da Universidade: — "um centro de
ensino é o governo aplicado á direção universal da instrução pública. O en-
.sino, com todas as doutrinas religiosas, filosóficas e políticas não fazem parte do comércio privado senão dos interesses gerais da sociedade.
A Universidade
tem o monopólio da educação,da mesma maneira com que os triburíais têm o monopólio da justiça e o Exército o da
força púb'jca". (Barante — Vie dc Royer Collard, pg. 620). Kant é o filósofo que basifica o Estado liberal, como Estado de direito.
E a
sua preocupação é o mundo moral, a
distinção entre a moral e o direito, a vida conduzida pelo imperativo categó
uma estrutura política e moral, dentro
rico e pela regra coercitiva do direito.
de um sistema de garantias jurídicas.
E Cousin, que respira a atmosfera do
O Estado é uma obra histórica da cul tura humana.
A lei assume as proporções das coi sas eternas. Ela se destina a bene
dição da vida social ou uma forma par
4",
;;
liberalismo, pode dizer que "ao separar
o dever do interêsse que o arruina e do sentimento que o enerva, Kant restituíu à moral o seu verdadeiro caráter
ficiar o gênero humano. As Cartas, (Du vrai, du beau et du bien:) ' que se seguem, adotadas pela monar A mesma coisa acontece em nossos quia constitucional, servem "Tant pour dias. O economismo crescente é ape nous que pour nos successeurs, et à tou- nas uma arma utilizada pela política. fours".
É o princípio da dignidade individual
Só ela pode manejar, com vantagens, os dados sociais e individuais e colocar
ãÍM'ií•#
uma forma fundamental e autônoma da sociabilidade.
Ela depende da condição humana, da condição histórica e é a política, como atividade propulsíonadora dos valores
sociais, que coloca os problemas econô micos em seus devidos termos.
O mimdo padece, neste instante, uma profunda incapacidade política...
Dicesto Econômico
possibilidade dc reduzir os seus encargos
jia sociai Emílio Lanc JUNion
O CAMPO da legislação social brasileiia availta, pela sua im
portância e pelo reflexo que
deveria produzir na elevação do nível moral e material da coletividade obrei-
ra, a instituição dos Serviços de Pre vidência e Assistência Social. Com o elevado objetivo de propiciar
-recursos que pudessem atender às ne cessidades fundamentais da classe traba lhadora, no que diz respeito às condi
ções de saúde, habitação e bem-estar social, fundaram-se as instituições vi
gentes, visando assegurar ainda a seus
dependentes os benefícios da aposenta doria, seja através de pensão auxiüodoença, ou em caráter definitivo no caso
dos e a desconfiança geral da.s classes no futuro dessas instituições.
A centralização administrativa, a in
fluência governamental c política na di reção dos Instituto.s, o alhcaménto das classes contribuintes, têm constituído fa tores preponderantes do desprestígio com
que se defrontam. Carcceclorcs da con fiança que deveriam inspirar, não en contram no assalariado o vigilante natu ral que deveriam ter.
Mercê dc dificuldades criadas e de
senvolvidas pela orientação burocrática inerente ao seu funcionalismo, estabeleceu-so um sistema processual que nao se coaduna com os princípios práticos adotados na vida normal dos seus pró
de ínvalidez permanente.
prios contribuintes. Como decorrência, O tempo decorrido da sua instituição -os auxílios, na sua quase generalidade proporcionou aos estudiosos do assunto a exíguos e não condizentes com as neces oportunidade de firmar um conceito de sidades, são pagos com excessiva moro finitivo a respeito da ação exercida por
sidade, não beneficiando o interessado no
essas instituições, permitindo, através de uma análise serena e objetiva, opinar em torno de tão palpitante problema.
Em ambiente sombrio e com as reservas
Ao entrar no mérito, aceitando-se em
princípio, como boa e sincera, a intenção que orientou o legislador ao traçar as linhas fundamentais das instituições de
momento crucial de sua necessidade.
aqui apontadas, encontram as entidades de previdência, nos próprios contribuin tes, uma resistência natural que favore ce enorme evasão de renda em prejuí zo do seu desenvolvimento.
previdência, quer-nos parecer entretan to que a experiência proporcionada au
temente preocupado com a elevação de
toriza, nos dias atuais, condenar a orien tação seguida, flagrantes como são os inconvenientes de sua manutenção.
taxas (já ocorridas algumas vezes), sen te-se constrangido a reduzir ao mínimo a parte fixa de salários sobre a.qual inci
Já decorridos alguns lustros de ativi dade constante, suficientes para qual
quer iniciativa firmar conceito no espí rito público, é com pesar que registra mos a indiferença dos maiores interessa
De um lado, o empregador, constan
de a tributação; do outro, o próprio
pregado, não convencido do valor do®
na parte que lhe cabe.
147
sidade de sua independência, a fira de
.que possam agir cora autonomia suficien No que concerne ao aspecto económi- te em face das e.xigências decorrentes da
co-financeiro, a orientação centralizadora apresenta-se como passível de severos
reparos, de vez que revela uma ten dência extremada para o desperdício no que respeita à arrecadação e administra
ção, c um desequilíbrio injustificável e prejudicial quanto à aplicação das reser vas patrimoniais das entidades.
Limltando-nos unicamente a examinar
realização de seus programas no terreno prático-administrativo. Evidentemente, a boa execução de um plano de assistência social serxãrá para
lelamente para atenuar as responsabili dades de um Serviço de Previdência,
dado que o reflexo de sua atuação farse-á sentir na elevação do nível de saúde
dos assistidos, permitindo um desafogo
o problema no seu aspecto regional, ve rificamos que enquanto o maior Estado da Federação concorre com cêrca de
nos compromissos de ordem financeira
24% da arrecadação total de um Insti
mônio, através da elevação do nível mé
tuto de Previdência, recebe em benefí
cios o equivalente a apenas 5% dessa
arrecadação, permitindo que o exceden te, representado por centenas de milhões
de cruzeiros, seja drenado para a admi nistração central e por esta encaminha-
•do a aplicações em obras süntuárias, dis tantes das regiões de origem, sem ne
nhum benefício para aqueles que coo peraram para a sua realização. As des
quanto ao auxílio-doença e concorrendo
ainda para o acréscimo de seu patri
dio da rida dos próprios contribuintes. No que se refere, porém, ao planeja mento e execução, impõe-se como pre
liminar a completa independência de cada instituição, situadas como estão cm
posição
técnica
completamente
oposta.
Mister se' toma estabelecer princí pios que permitam uma perfeita articula
pesas de arrecadação e administração,
ção do Serviço Social, discriminando as
por sua vez, realizadas dentro de com
ciais, de fçrma a definir a responsabili
plexo sistema burocrático, determinam
uma sangria injustificável no patrimô
nio das instituições, considerando-se que,, no caso a que nos referimos, ascendeu a
14% da própria arrecadação o valor apli cado para êsse fim.
Um estudo comparativo de programas levados a efeito em países diferentes, aliado à experiência já realizada no cam
atribuições dos vários órgãos assisten-
dade do Estado, das instituições de pre vidência e ainda das entidades de di
reito privado, no sentido de evitar a du plicidade de serviços e a intromissão de
fatôres imprevisíveis que pela sua natu reza colidem com os planos de caráter técnico, prejudicando a sua execução, que é fundamentada em cálculos atua
riais cujos níveis devem ser mantidos e
po da previdência social brasileira, per
respeitados.
mite-nos inicialmente contrariar um prin cípio aqui estabelecido: a instituição dos
situar o problema no terreno técnico-
Serviços de Previdência e Assistência
administrativo, determinando-so prèvia-
No que toca à previdência, é possível
benefícios que poderá eventualmente
através' de um mesmo organismo. Em bora em seus objetivos encontrem esses
auferir, anuí comodamente com a classe patronal, vendo nessa concorrência a
mente, em função da arrecadação, um limite para despesas administrativas e
serviços uma certa similaridade, aceita-
uma aplicação de patrimônio com ren tabilidade que assegure a execução do
ae hoje, c?6mo de boa técnica, a neces
Dicesto Econômico
possibilidade dc reduzir os seus encargos
jia sociai Emílio Lanc JUNion
O CAMPO da legislação social brasileiia availta, pela sua im
portância e pelo reflexo que
deveria produzir na elevação do nível moral e material da coletividade obrei-
ra, a instituição dos Serviços de Pre vidência e Assistência Social. Com o elevado objetivo de propiciar
-recursos que pudessem atender às ne cessidades fundamentais da classe traba lhadora, no que diz respeito às condi
ções de saúde, habitação e bem-estar social, fundaram-se as instituições vi
gentes, visando assegurar ainda a seus
dependentes os benefícios da aposenta doria, seja através de pensão auxiüodoença, ou em caráter definitivo no caso
dos e a desconfiança geral da.s classes no futuro dessas instituições.
A centralização administrativa, a in
fluência governamental c política na di reção dos Instituto.s, o alhcaménto das classes contribuintes, têm constituído fa tores preponderantes do desprestígio com
que se defrontam. Carcceclorcs da con fiança que deveriam inspirar, não en contram no assalariado o vigilante natu ral que deveriam ter.
Mercê dc dificuldades criadas e de
senvolvidas pela orientação burocrática inerente ao seu funcionalismo, estabeleceu-so um sistema processual que nao se coaduna com os princípios práticos adotados na vida normal dos seus pró
de ínvalidez permanente.
prios contribuintes. Como decorrência, O tempo decorrido da sua instituição -os auxílios, na sua quase generalidade proporcionou aos estudiosos do assunto a exíguos e não condizentes com as neces oportunidade de firmar um conceito de sidades, são pagos com excessiva moro finitivo a respeito da ação exercida por
sidade, não beneficiando o interessado no
essas instituições, permitindo, através de uma análise serena e objetiva, opinar em torno de tão palpitante problema.
Em ambiente sombrio e com as reservas
Ao entrar no mérito, aceitando-se em
princípio, como boa e sincera, a intenção que orientou o legislador ao traçar as linhas fundamentais das instituições de
momento crucial de sua necessidade.
aqui apontadas, encontram as entidades de previdência, nos próprios contribuin tes, uma resistência natural que favore ce enorme evasão de renda em prejuí zo do seu desenvolvimento.
previdência, quer-nos parecer entretan to que a experiência proporcionada au
temente preocupado com a elevação de
toriza, nos dias atuais, condenar a orien tação seguida, flagrantes como são os inconvenientes de sua manutenção.
taxas (já ocorridas algumas vezes), sen te-se constrangido a reduzir ao mínimo a parte fixa de salários sobre a.qual inci
Já decorridos alguns lustros de ativi dade constante, suficientes para qual
quer iniciativa firmar conceito no espí rito público, é com pesar que registra mos a indiferença dos maiores interessa
De um lado, o empregador, constan
de a tributação; do outro, o próprio
pregado, não convencido do valor do®
na parte que lhe cabe.
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sidade de sua independência, a fira de
.que possam agir cora autonomia suficien No que concerne ao aspecto económi- te em face das e.xigências decorrentes da
co-financeiro, a orientação centralizadora apresenta-se como passível de severos
reparos, de vez que revela uma ten dência extremada para o desperdício no que respeita à arrecadação e administra
ção, c um desequilíbrio injustificável e prejudicial quanto à aplicação das reser vas patrimoniais das entidades.
Limltando-nos unicamente a examinar
realização de seus programas no terreno prático-administrativo. Evidentemente, a boa execução de um plano de assistência social serxãrá para
lelamente para atenuar as responsabili dades de um Serviço de Previdência,
dado que o reflexo de sua atuação farse-á sentir na elevação do nível de saúde
dos assistidos, permitindo um desafogo
o problema no seu aspecto regional, ve rificamos que enquanto o maior Estado da Federação concorre com cêrca de
nos compromissos de ordem financeira
24% da arrecadação total de um Insti
mônio, através da elevação do nível mé
tuto de Previdência, recebe em benefí
cios o equivalente a apenas 5% dessa
arrecadação, permitindo que o exceden te, representado por centenas de milhões
de cruzeiros, seja drenado para a admi nistração central e por esta encaminha-
•do a aplicações em obras süntuárias, dis tantes das regiões de origem, sem ne
nhum benefício para aqueles que coo peraram para a sua realização. As des
quanto ao auxílio-doença e concorrendo
ainda para o acréscimo de seu patri
dio da rida dos próprios contribuintes. No que se refere, porém, ao planeja mento e execução, impõe-se como pre
liminar a completa independência de cada instituição, situadas como estão cm
posição
técnica
completamente
oposta.
Mister se' toma estabelecer princí pios que permitam uma perfeita articula
pesas de arrecadação e administração,
ção do Serviço Social, discriminando as
por sua vez, realizadas dentro de com
ciais, de fçrma a definir a responsabili
plexo sistema burocrático, determinam
uma sangria injustificável no patrimô
nio das instituições, considerando-se que,, no caso a que nos referimos, ascendeu a
14% da própria arrecadação o valor apli cado para êsse fim.
Um estudo comparativo de programas levados a efeito em países diferentes, aliado à experiência já realizada no cam
atribuições dos vários órgãos assisten-
dade do Estado, das instituições de pre vidência e ainda das entidades de di
reito privado, no sentido de evitar a du plicidade de serviços e a intromissão de
fatôres imprevisíveis que pela sua natu reza colidem com os planos de caráter técnico, prejudicando a sua execução, que é fundamentada em cálculos atua
riais cujos níveis devem ser mantidos e
po da previdência social brasileira, per
respeitados.
mite-nos inicialmente contrariar um prin cípio aqui estabelecido: a instituição dos
situar o problema no terreno técnico-
Serviços de Previdência e Assistência
administrativo, determinando-so prèvia-
No que toca à previdência, é possível
benefícios que poderá eventualmente
através' de um mesmo organismo. Em bora em seus objetivos encontrem esses
auferir, anuí comodamente com a classe patronal, vendo nessa concorrência a
mente, em função da arrecadação, um limite para despesas administrativas e
serviços uma certa similaridade, aceita-
uma aplicação de patrimônio com ren tabilidade que assegure a execução do
ae hoje, c?6mo de boa técnica, a neces
Digksto Econômico
Dicesto EcoKÓKnco
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149
plano no quadro de obrigações que assu me perante o associado. Assistência So cial, por sua vez, dadas as peculiarida des'das condições em que deve atuar, é
problema de vastidão incalculável, preju
dicado de antemão pela impossibilidade
de previsão quanto às inversões necessá
dispo.siçao moral, e não unicamente por
ples modalidade dc seguro, no qual o
incapacidade física, o que o faz sentir-
beneficiado aufere tao somente as van
tagens decorrentes do prêmio pago. As
se diminuído e oneroso à classe a que
sim conceituado, não liá encarar-.se o
pertence.
fixando-.se
critérios
que permitam uma aluarização de be
de direito que cabe àqueles' que contri buem, estimulando a sua ação dedicada om favor da produção e da coletividade com a recompensa de dias tranquilo.<;
o novo caminho a tomar. A experiên-
rias à sua realização. A sua execução dentro da mesma entidade viria fatal mente prejudicar a previdência, sem en tretanto atingir o seu objetivo.
nefícios concernente ao va'ür da taxa
do seguros de caráter privado no desen
cumprida.
Oívididos em capítulos distintos, pro
volvimento das várias modalidades de
derar as necessidades daque'es a quem
curaremos estudá-los separadamente.
de previdência instituída.
uma vez terminada a sua tarefa bem
A atividade e o interesse das empresas
Na segunda sugestão, é óbvio consi
seguro de vida, vem evidenciar a justi
o infortúnio privou das possibilidades do trabalho quotidiano; evidentemente, es sas nece.ssidadcs devem apresentar-se
ça desta tese, convencendo-nos de que previdência
Previdência Social, no sentido prático de sua conceituação, resulta tão somen
te de conjugação das reservas constituí
a independência do Serviço dc Previ dência Social poderia permitir um rea
integral, absolutamente ne
trabalho, para a formação de fundo de previdência
objetivos que visam atingir alto nível social e civili zação avanç-ada.
de benefícios quando im
Dois pontos fundamen tais se nos deparam a exi' gir um acurado estudo ©
si.ste, qual seja a de asse
idade-limite de 60 anos, e
gurar condições liberais à
a instituição do benefício-
execução de um plano que visa, na sua essência, garantir um nível
doença
obreira da Nação.
No sentido puro de sua concepção, só
pode ser benefício de previdência o con
contribuinte, assegurando-lhe auxílios para matrimônio, natalidade, funeral e
outros, prejudicados na prática pela falta de cálculos atuariais que impedem uma
doria integral, atingida a condicionado
ao
salário normal do trabalhador.
Justifica-se a primeira sugestão pela necessidade de plasmar uma nova men talidade na massa obreira do País, pr®' miando-..se o cidadão na ocasião em que
siderado como recompensa merecida, a
tiver completado o seu ciclo de esforços
em benefício da produção, dando-se-lhe a oportunidade de gozar de merecido descanso em pleno gozo do saúde e
Pode bem equiparar-se à sim
nos e projetos que pretendem tutelar os acontecimentos marcantes da vida do
manidade e direito social:
que faz jus todo contribuinte na pro porção do recolhimento do tributo de vido.
teoricamente oferecidos através' de pla
uma solução consentânea
a instituição de aposenta
mínimp de vida digna à coletividade
Relegando-se para o campo da assis tência social todos os demais benefícios
com os princípios dc hu
mação da reserva patrimo nial, na proporção da res
ponsabilidade que lhe as-
tará uma existência digna aos seus de pendentes, e ainda a faculdade de aten der aos gastos extraórdinários conse qüentes do infortúnio que os vitimou.
uma legislação em país de
que assegure aos assalaria
Justifica-se ainda a par ticipação do Estado na for
e.spírito, percebendo, enquanto incapaci tados, o salário integral que possibili
cessária à consecução dos
dos uma garantia mínima
seu mister.
é dc estrita justiça que, assim conside rando, sejam ôles atendidos dentro desse
mente em vigor, proporcionando ainda a instituição da aposentadoria ordinária
das pelas classes, partículas que são do capital e do
possibilitados de e.xercer o
em maior grau nesta oportunidade. E
juste das tabelas de benefício atual
J
O estabelecimento de novas normas e '
diretrizes no campo de preridência so- ^ ciai é providência de ordem imediata,
Mister se toma despertar o sentimento
problema senão como puramente têcnico-administrativo,
monstração através dos cálculos técni cos atuariais existentes.
previsão aproximada das necessidades monetiii-ias, pode-se prever a boa exe cução de um plano de previdência. Mister se torna enquadrá-lo em sis tema simples e exeqüível, atinente às necessidades vitais do segurado: auxí-
lío-doença, aposentadoria e pensão-família. Dentro dêsse espírito e da rea lidade objetiva, encontrar-se-à a fórmu
la adequada e honesta dé alcançar o de sejado, problema, aliás, de fácil de
que se impõe à consideração das classes. !
A verdadeira questão está em saber qual . cia nos tem demonstrado, em inúmeros
casos, que o poder público nem sempre ] tem resolrido de forma satisfatória os ' problemas fundamentais de caráter so- ' ciai; as medidas govemamcntai.s não , curam os males que pretendem curar e.
freqüentemente, a pretêxto de curá-los,' criam males maiores, agravando situa- ,
0es que lançam seus reflexos no campo da produção, com conseqüências danosas à própria economia do País. É princí- i pio universal comprovadamente aceito ; que a interferência governamental deve :
yuar como fator supletivo no campo ' dos empreendimentos gerais, cabendo, entretanto, à iniciativa privada, a pri mada de sua realização, através da exe cução dos planos. E se partinio.s do , pressuposto de que a fôrça criadora de
qualquer realização é sempre uma soma de_ desejos indiriduais, que não existe : ação sem um objetix'o concreto, chega mos a concluir que não pode haver ação social sem um concurso de vonta
des das próprias classes interessadas. | Nessa ordem de idéias, aceilando-se co- '
mo essencial a interferência dos pró- i
prios contribuintes na gestão de um pa trimônio que legitimamente lhes perten
ce, imprescindível se toma a instituição do Serviço de Previdência através dc or ganismos específicos, conceituados den
tro de um critério técnico-administrati-
vo, descentralizados e dirigidos dentro de normas praticas para que se toniem unicamente defensores de um patrimô nio e de um direito, e nunca instniincnto
J
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Dicesto EcoKÓKnco
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plano no quadro de obrigações que assu me perante o associado. Assistência So cial, por sua vez, dadas as peculiarida des'das condições em que deve atuar, é
problema de vastidão incalculável, preju
dicado de antemão pela impossibilidade
de previsão quanto às inversões necessá
dispo.siçao moral, e não unicamente por
ples modalidade dc seguro, no qual o
incapacidade física, o que o faz sentir-
beneficiado aufere tao somente as van
tagens decorrentes do prêmio pago. As
se diminuído e oneroso à classe a que
sim conceituado, não liá encarar-.se o
pertence.
fixando-.se
critérios
que permitam uma aluarização de be
de direito que cabe àqueles' que contri buem, estimulando a sua ação dedicada om favor da produção e da coletividade com a recompensa de dias tranquilo.<;
o novo caminho a tomar. A experiên-
rias à sua realização. A sua execução dentro da mesma entidade viria fatal mente prejudicar a previdência, sem en tretanto atingir o seu objetivo.
nefícios concernente ao va'ür da taxa
do seguros de caráter privado no desen
cumprida.
Oívididos em capítulos distintos, pro
volvimento das várias modalidades de
derar as necessidades daque'es a quem
curaremos estudá-los separadamente.
de previdência instituída.
uma vez terminada a sua tarefa bem
A atividade e o interesse das empresas
Na segunda sugestão, é óbvio consi
seguro de vida, vem evidenciar a justi
o infortúnio privou das possibilidades do trabalho quotidiano; evidentemente, es sas nece.ssidadcs devem apresentar-se
ça desta tese, convencendo-nos de que previdência
Previdência Social, no sentido prático de sua conceituação, resulta tão somen
te de conjugação das reservas constituí
a independência do Serviço dc Previ dência Social poderia permitir um rea
integral, absolutamente ne
trabalho, para a formação de fundo de previdência
objetivos que visam atingir alto nível social e civili zação avanç-ada.
de benefícios quando im
Dois pontos fundamen tais se nos deparam a exi' gir um acurado estudo ©
si.ste, qual seja a de asse
idade-limite de 60 anos, e
gurar condições liberais à
a instituição do benefício-
execução de um plano que visa, na sua essência, garantir um nível
doença
obreira da Nação.
No sentido puro de sua concepção, só
pode ser benefício de previdência o con
contribuinte, assegurando-lhe auxílios para matrimônio, natalidade, funeral e
outros, prejudicados na prática pela falta de cálculos atuariais que impedem uma
doria integral, atingida a condicionado
ao
salário normal do trabalhador.
Justifica-se a primeira sugestão pela necessidade de plasmar uma nova men talidade na massa obreira do País, pr®' miando-..se o cidadão na ocasião em que
siderado como recompensa merecida, a
tiver completado o seu ciclo de esforços
em benefício da produção, dando-se-lhe a oportunidade de gozar de merecido descanso em pleno gozo do saúde e
Pode bem equiparar-se à sim
nos e projetos que pretendem tutelar os acontecimentos marcantes da vida do
manidade e direito social:
que faz jus todo contribuinte na pro porção do recolhimento do tributo de vido.
teoricamente oferecidos através' de pla
uma solução consentânea
a instituição de aposenta
mínimp de vida digna à coletividade
Relegando-se para o campo da assis tência social todos os demais benefícios
com os princípios dc hu
mação da reserva patrimo nial, na proporção da res
ponsabilidade que lhe as-
tará uma existência digna aos seus de pendentes, e ainda a faculdade de aten der aos gastos extraórdinários conse qüentes do infortúnio que os vitimou.
uma legislação em país de
que assegure aos assalaria
Justifica-se ainda a par ticipação do Estado na for
e.spírito, percebendo, enquanto incapaci tados, o salário integral que possibili
cessária à consecução dos
dos uma garantia mínima
seu mister.
é dc estrita justiça que, assim conside rando, sejam ôles atendidos dentro desse
mente em vigor, proporcionando ainda a instituição da aposentadoria ordinária
das pelas classes, partículas que são do capital e do
possibilitados de e.xercer o
em maior grau nesta oportunidade. E
juste das tabelas de benefício atual
J
O estabelecimento de novas normas e '
diretrizes no campo de preridência so- ^ ciai é providência de ordem imediata,
Mister se toma despertar o sentimento
problema senão como puramente têcnico-administrativo,
monstração através dos cálculos técni cos atuariais existentes.
previsão aproximada das necessidades monetiii-ias, pode-se prever a boa exe cução de um plano de previdência. Mister se torna enquadrá-lo em sis tema simples e exeqüível, atinente às necessidades vitais do segurado: auxí-
lío-doença, aposentadoria e pensão-família. Dentro dêsse espírito e da rea lidade objetiva, encontrar-se-à a fórmu
la adequada e honesta dé alcançar o de sejado, problema, aliás, de fácil de
que se impõe à consideração das classes. !
A verdadeira questão está em saber qual . cia nos tem demonstrado, em inúmeros
casos, que o poder público nem sempre ] tem resolrido de forma satisfatória os ' problemas fundamentais de caráter so- ' ciai; as medidas govemamcntai.s não , curam os males que pretendem curar e.
freqüentemente, a pretêxto de curá-los,' criam males maiores, agravando situa- ,
0es que lançam seus reflexos no campo da produção, com conseqüências danosas à própria economia do País. É princí- i pio universal comprovadamente aceito ; que a interferência governamental deve :
yuar como fator supletivo no campo ' dos empreendimentos gerais, cabendo, entretanto, à iniciativa privada, a pri mada de sua realização, através da exe cução dos planos. E se partinio.s do , pressuposto de que a fôrça criadora de
qualquer realização é sempre uma soma de_ desejos indiriduais, que não existe : ação sem um objetix'o concreto, chega mos a concluir que não pode haver ação social sem um concurso de vonta
des das próprias classes interessadas. | Nessa ordem de idéias, aceilando-se co- '
mo essencial a interferência dos pró- i
prios contribuintes na gestão de um pa trimônio que legitimamente lhes perten
ce, imprescindível se toma a instituição do Serviço de Previdência através dc or ganismos específicos, conceituados den
tro de um critério técnico-administrati-
vo, descentralizados e dirigidos dentro de normas praticas para que se toniem unicamente defensores de um patrimô nio e de um direito, e nunca instniincnto
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Dicesto Econômico 150
Dicesto EcoNó^aco 151
poderoso de njovímentação das massas a serviço de interêsses alheios às próprias classes.
rece-se a administração pela multiplici dade de direção, diluem-se os recursos
que se apresentam sumamente escassos em face da vastidão do programa a rea
Assistência social
lizar. De outra parte, a falta de planifícação adequada estabelece uma con
monil c .social do indivíduo, capacitando-o, por iniciativa própria, a resolver os demais, ju.slifica-.se o estabelecimento de nornras gerais para que a execução do programa ahie, simu'tàneamenlc, so bre a totalidade do.s assistidos, evitando
corrência de serviços por parte das en
desequilíbrios prejudiciais entre as pró
privado levadas a efeito nos diversos se
tidades existentes, .sem visão de conjun
prias cla.s.ses.
tores das atividades produtoras, para criar e desenvolver um serviço de assis tência social às classes necessitadas, não
to, tomando-se iniciativas em setores iso lados da assistência ^x3cial, sem entre
lograram atingir, todavia, um resultado geral que nos autorize a vislumbrar a possibilidade da solução do problema.
tais da classe interessada.
As tentativas de caráter público ou
tanto atender às necessidades fundamen
nossos olhos, em face das necessidades
atuando no quadro das necessidades ge-
vitais no campo da assistência social, justifica a revisão dos sistemas atualmen
^ recursos materiais atualmente esparsos
te em vigor c a conseqüente adoção de novos métodos compatíveis com a téc nica universal contemporânea. A par da unificação de serviços era
cada um dos setores de atividade produ
dentre grande número de entidades;
tora, necessário se toma difundir um
2.° — a necessidade de se prestigiar a ação das instituições de direito privado,
novo conceito de "assistência", interes sando na sua execução as fõrças vivas
evidenciada que está o superioridade de
sua atuação em confronto com aquelas
da Nação, responsáveis todos que somoa pelo reerguimento social, moral e ma
de direção governamental.
terial da nacionalidade. A entidade exe
Ao analisar a primeira, forçoso é re
conhecer que a precariedade de recursos e sua diluição através de entidades as
mais várias pouco têm favorecido a exe cução do plano assistencial, obrigando-as a restringir a sua ação aos setores de
regionai.s, dc forma tal que possa ser adaptado às peculiaridades de cada zona
pontos, entretanto, podem desde já ser proclamados como fundamentais impourdo-se a sua adoção no prosseguimento 1.° — a conjugação de esforços e de
condicionada à necessária autonomia de ação no que concerne às administrações
O panorama que se descortina aos
Dos ensaios e pesquisas realizados, dois
da obra assistencial brasileira:
A sua c.xccução, todavia, deve estai
cutiva deve caber tão somente exercer,
uma "ação social", orientando a apli cação dos recursos através de um plano
básico que permita solucionar os pro blemas fundamentais da obra encetada.
rai.s planejadas. Visa, na sua essência, tão somente
criar condições adequadas para evitar a in.slituição de serviços destoantes das fi nalidades precípuas da assistência so
cial, as quais, além dc prejudiciais à boa ap'icação dos recursos existentes, sus citam ainda a possibilidade de expor à crítica determinadas iniciativas, justifi interferem na atividade normal das clas
ses, ou no campo de ação da iniciativa
privada, cujos direitos devem ser manti dos e respeitados.
juízo de elevada porcentagem de neces
ação em que o serviço social deve atuar,
sitados disseminados pelo interior do País. Contribuições com a mesma fi nalidade são arrecadadas por entidades de Previdência Social, Serviços Sociais e
parece-nos acertado o princípio de atri buir-se às classes responsáveis o serviço
cipais, o programa básico da assistência
de assistência, através de seus princi pais gmpos — comércio — indústria e
e fundamental;
lavoura.
Admitíndo-se, entretanto, como preli
de destaque no emaranhado das necessi dades da coletividade obreira.
Classificados dentro destes itens prin social deverá estabelecer como essencial
A — Construção de hospitais e ma ternidade
por determinação legal, são destinadas minar, que ás necessidades vitais dos três grupos não têm características dis ao mesmo fim. Como conseqüência, im pressiona-se o contribuinte pelo número tintas e que, resolvidos os pontos funda
B — Construção de casas residen
de entidades a que deve atender; enca-
C — Colônia de Férias
mentais, haverá certamente a elevação
lizadas
F — Criação de Serxdços Odontológicos G — Instalação de Serriços de Ali
mentação (restaurantes popu lares e ser\'iço direto em re
feitórios nas empresas). Um programa de tal magnitude não poderá evidentemente ser c.xccutado
através de simples contribuições, impondo-sc por esta razao a prática de normas capazes dc atrair os elementos financei
ros à realização da obra, em caráter ge ral, sem prejuízo para a sua continui dade. Para garantir a sua execução, im põe-se a dirisão dos problemas em dois grupos: realizações em cooperação e prestação de seniços em regime de auto-suficiência.
No primeiro gnqx), considem-se a
peito à construção de hospitais, casa
própria e colônia de férias, problemas que, pela inversão do capital que exi gem, não podem prescindir da colabo
Assim, em face da realidade presente, ração das próprias classes e do apoio do e ainda em razão das pesquisas realiza Estado para a sua solução. das, é possível situar-se os problemas Rc'ativamente à ação da entidade so atinente.s à saúde e habitação, em lugar cial, deverá limitar-se à função técnica
Dadas as peculiaridades de cada setor da atividade humana e do campo de
Legião Brasileira de Assistência, sem
com Ser\-iço Médico Geral
E — Criação de Clínicas Especia
cando mesmo legítímo.s protestos quando inclusão dos problemas que dizem res
maior densidade demográfica, em pre
considerar as contribuições sindicais que,
B — Criação de Centros Sociais
ciais
e coordenadora, plantficando e reunin
do os elementos necessários à concreti zação da obra; interessando os sindica
tos e associações de classe na participa ção dessas realizações de caráter coleti
vo; colaborando para a aplicação de ver bas sindicai.s atualmente inaprovcitadas; estudando técnicamenle o aproveitamen to de área para habitação e aplicando planos de utilização; procurando a cola boração de entidades públicas e privadas no sentido de conseguir financiamentos em condições satisfatórias; tomando inl-
Dicesto Econômico 150
Dicesto EcoNó^aco 151
poderoso de njovímentação das massas a serviço de interêsses alheios às próprias classes.
rece-se a administração pela multiplici dade de direção, diluem-se os recursos
que se apresentam sumamente escassos em face da vastidão do programa a rea
Assistência social
lizar. De outra parte, a falta de planifícação adequada estabelece uma con
monil c .social do indivíduo, capacitando-o, por iniciativa própria, a resolver os demais, ju.slifica-.se o estabelecimento de nornras gerais para que a execução do programa ahie, simu'tàneamenlc, so bre a totalidade do.s assistidos, evitando
corrência de serviços por parte das en
desequilíbrios prejudiciais entre as pró
privado levadas a efeito nos diversos se
tidades existentes, .sem visão de conjun
prias cla.s.ses.
tores das atividades produtoras, para criar e desenvolver um serviço de assis tência social às classes necessitadas, não
to, tomando-se iniciativas em setores iso lados da assistência ^x3cial, sem entre
lograram atingir, todavia, um resultado geral que nos autorize a vislumbrar a possibilidade da solução do problema.
tais da classe interessada.
As tentativas de caráter público ou
tanto atender às necessidades fundamen
nossos olhos, em face das necessidades
atuando no quadro das necessidades ge-
vitais no campo da assistência social, justifica a revisão dos sistemas atualmen
^ recursos materiais atualmente esparsos
te em vigor c a conseqüente adoção de novos métodos compatíveis com a téc nica universal contemporânea. A par da unificação de serviços era
cada um dos setores de atividade produ
dentre grande número de entidades;
tora, necessário se toma difundir um
2.° — a necessidade de se prestigiar a ação das instituições de direito privado,
novo conceito de "assistência", interes sando na sua execução as fõrças vivas
evidenciada que está o superioridade de
sua atuação em confronto com aquelas
da Nação, responsáveis todos que somoa pelo reerguimento social, moral e ma
de direção governamental.
terial da nacionalidade. A entidade exe
Ao analisar a primeira, forçoso é re
conhecer que a precariedade de recursos e sua diluição através de entidades as
mais várias pouco têm favorecido a exe cução do plano assistencial, obrigando-as a restringir a sua ação aos setores de
regionai.s, dc forma tal que possa ser adaptado às peculiaridades de cada zona
pontos, entretanto, podem desde já ser proclamados como fundamentais impourdo-se a sua adoção no prosseguimento 1.° — a conjugação de esforços e de
condicionada à necessária autonomia de ação no que concerne às administrações
O panorama que se descortina aos
Dos ensaios e pesquisas realizados, dois
da obra assistencial brasileira:
A sua c.xccução, todavia, deve estai
cutiva deve caber tão somente exercer,
uma "ação social", orientando a apli cação dos recursos através de um plano
básico que permita solucionar os pro blemas fundamentais da obra encetada.
rai.s planejadas. Visa, na sua essência, tão somente
criar condições adequadas para evitar a in.slituição de serviços destoantes das fi nalidades precípuas da assistência so
cial, as quais, além dc prejudiciais à boa ap'icação dos recursos existentes, sus citam ainda a possibilidade de expor à crítica determinadas iniciativas, justifi interferem na atividade normal das clas
ses, ou no campo de ação da iniciativa
privada, cujos direitos devem ser manti dos e respeitados.
juízo de elevada porcentagem de neces
ação em que o serviço social deve atuar,
sitados disseminados pelo interior do País. Contribuições com a mesma fi nalidade são arrecadadas por entidades de Previdência Social, Serviços Sociais e
parece-nos acertado o princípio de atri buir-se às classes responsáveis o serviço
cipais, o programa básico da assistência
de assistência, através de seus princi pais gmpos — comércio — indústria e
e fundamental;
lavoura.
Admitíndo-se, entretanto, como preli
de destaque no emaranhado das necessi dades da coletividade obreira.
Classificados dentro destes itens prin social deverá estabelecer como essencial
A — Construção de hospitais e ma ternidade
por determinação legal, são destinadas minar, que ás necessidades vitais dos três grupos não têm características dis ao mesmo fim. Como conseqüência, im pressiona-se o contribuinte pelo número tintas e que, resolvidos os pontos funda
B — Construção de casas residen
de entidades a que deve atender; enca-
C — Colônia de Férias
mentais, haverá certamente a elevação
lizadas
F — Criação de Serxdços Odontológicos G — Instalação de Serriços de Ali
mentação (restaurantes popu lares e ser\'iço direto em re
feitórios nas empresas). Um programa de tal magnitude não poderá evidentemente ser c.xccutado
através de simples contribuições, impondo-sc por esta razao a prática de normas capazes dc atrair os elementos financei
ros à realização da obra, em caráter ge ral, sem prejuízo para a sua continui dade. Para garantir a sua execução, im põe-se a dirisão dos problemas em dois grupos: realizações em cooperação e prestação de seniços em regime de auto-suficiência.
No primeiro gnqx), considem-se a
peito à construção de hospitais, casa
própria e colônia de férias, problemas que, pela inversão do capital que exi gem, não podem prescindir da colabo
Assim, em face da realidade presente, ração das próprias classes e do apoio do e ainda em razão das pesquisas realiza Estado para a sua solução. das, é possível situar-se os problemas Rc'ativamente à ação da entidade so atinente.s à saúde e habitação, em lugar cial, deverá limitar-se à função técnica
Dadas as peculiaridades de cada setor da atividade humana e do campo de
Legião Brasileira de Assistência, sem
com Ser\-iço Médico Geral
E — Criação de Clínicas Especia
cando mesmo legítímo.s protestos quando inclusão dos problemas que dizem res
maior densidade demográfica, em pre
considerar as contribuições sindicais que,
B — Criação de Centros Sociais
ciais
e coordenadora, plantficando e reunin
do os elementos necessários à concreti zação da obra; interessando os sindica
tos e associações de classe na participa ção dessas realizações de caráter coleti
vo; colaborando para a aplicação de ver bas sindicai.s atualmente inaprovcitadas; estudando técnicamenle o aproveitamen to de área para habitação e aplicando planos de utilização; procurando a cola boração de entidades públicas e privadas no sentido de conseguir financiamentos em condições satisfatórias; tomando inl-
yirvs'
Digksto EcoNÒhnco
DrcESTO Econômico
X32
ciatívas na criação de colônias de férias
a ação da entidade restrita ú instalação
e interessando as próprias empresas no
e administração dentro dc moldes eco
seu desenvolvimento, através de planos de administração vantajosos e econômi cos; incentivando doações e reivindican
nômicos e pratico.s se desenvolva expandindo-so, gradativamcnto, a todos os centro.s de atividade, cm favor dc tôda
do apoio do Estado nas iniciativas de
a coletividade obreira.
maior vulto.
Serviços de assistêncUi
: È
do férias destinada a atender aos comer-
custo" encontra ainda a sua justificativa
ciário.s de todo o Estado.
no exame c nas recomendações aqui
Os Centros Sociais, unidades padrões, instalados no.s diversos bairros da Capi
mental a instituição de reciiríos financei
generalizada preconizados no programa
ros ao assalariado, cm geral, problema já analisado no capítulo anterior referen
recomendado.
te à "Previdência".
um critério de equilíbrio e justiça, urge ) imprimir novos rumos à função do Ser^ viço Social. Na sua missão de caráter supletivo, cabe-lhe assegurar condições normais para que o assalariado encontre,
no padrão de vida em que estiver situa do, a assistência médica, dentária e so
cial, adequada e completa, mediante retribuição à altura de suas possibilida des, sem provocar os desajustamentos na turais comumenta observados quando despesas desta natureza incidem em seus orçamentos mensais. A instituição dos serviços médicos,
odontológícos e outros, mediante justa retribuição, sem fins lucrativos, vem
concorrer para a elevação moral do pró
prio assistido, reforçando a sua perso nalidade e incutindo no seu íntimo a convicção de que não está recebendo uma "caridade" pública mas tão sò-
mente gozando de determinados direitos
assegurados pela organização de serviços em benefício de sua classe. De outra
parte, combatendo o princípio da gra tuidade, estabelece-se a possibilidade da "auto-sufíciêncía" nos diversos setores
da "assistência social", permitindo que
tal e cidades do Interior, são dotados de
scrviç^os médicos, odontológícos e de en fermagem. Destinados a prestar assis tência integral, o comerciário encontrará
í*
A fim de possibilitar a execução de um todos os setores de atividades, dentro de
Araraquara, Araçatuba, Santos, Campi nas, Ribeirão Preto, São José do Rio truiu na praia da Bertioga uma colônia
O critério de "assistência a preço de
os demais serviços atinentes à assistência
plano de larga repercussão, extensivo a
funcionamento serviços nas cidades de
Preto, Taubaté, Franca, Botucatu e Bau ru, Cruzeiro c Lins. Além disso, cons
t
contida.s, de vez que sc considera funda
Neste grupo estão considerados todos
interior do Estado já inaugurou e pôs em
nele.s, graças ao concurso de funciondrio.s, técnicos especializados — educado
AssistêncUi social no "Sesc'
ras sanitárias e sociais — a orientação que nece.ssitar para a solução de qual quer problema seu ou de sua família.
Orientando a sua atuação no sentido louvável de prestar .serviços ã classe comerciária, vem o Serviço Social do Co mércio do São Paulo traçando as linlias
Dessa maneira, a 31 de maio, encon
fundamentais desse programa. Enquadrando as iniciativas do Servi ço Social nas necessidades prementes do
travam-se
comerciário, e detcmiinando uma exten
307.142 pessoas atendidas, somente nesse campo. Até essa data foram feitas 67,361 consultas médicas; foram atendi
são de atividade que vai parceladamente atingindo as zonas mais desprovidas de assistência, foi possível, graças ao princí
matriculadas em seus -ser
mais promissores resultados na experiên cia até aqui realizada.
Assim é que, depois de dois anos de
que o número de comcrciários que nêle fazem as suas refeições cresce diaria mente.
O grande movimento do Restaurante
— 595.470 refeições foram serridas até 31 de maio — veio demonstrar que a sua instalação correspondeu realmente ao
desejo da classe, que nêle vè uma coo peração eficiente para a solução do pr®' blema da alimentação do comerciário. Construiu ainda a Colônia de Férias
Ruy Fonseca" que lhes possibilita apro veitar, realmente, para o descanso e recuperação das energias gastas durante o ano, o seu período de férias anuais.
A Colônia de Férias — instalada á
beira-mar, na praia da Bertioga, tendo
viços do setor Saúde 48.081 pessoas,
em vista que a "grande maioria dos em
pregados no comércio reside no planalto — foi dotada de todos os requisitos téc nicos necessários para proporcionar aO
fias e 19.329 exames de laboratório.
O Restaurante do Comerciário foi ins
a grandiosidade da obra, pode aquela
motivo de orgulho para tôda a classe.
talado cm cooperação com a Associação dos Empregados no Comércio de São Paulo em prédio de propriedade desta última entidade, demonstrando, assim, a
Demonstração do programa já realizada
e empregados.
Instalaram-se na Capital quatro Cen tros Sociais, uma Clínica Central de
todos os requisitei: técnicos necessários para que as suas instalações atendessem
entidade de direito privado apresentar um patrimônio e uma folha de serviços
que dignificam os seus dirigentes e são
Clínica Dentária e um Restaurante. No
o restaurante servindo aproximadameotc 2.000 refeições por dia, sendo de notar
coinerciário todo o conforto durante o período de veraneio.
Já estão construídos e serrinclo os co-
merciaríos, como parte inicial do plano
44.724 pessoas; foram feitas 10.000 apli projetado, a^em das primeiras 27 casas, cações de fisioterapia, 15.565 radiogra-, o pavilhão de administração, o restaU'
existência, com orçamentos parcos para
Serviços Especializados, uma Clínica Ríidiológíca e Roentgenfotográfica, uma
Com capacidade para ser\'ir duas md e quinhentas refeições diárias, já
acusando os seus registros um total de
das 67.715 pessoas pelo serviço odontológico, que executou 169.905 "trabalhos; o serviço de enfermagem atendeu
pio de "auto-suficiência", alcançar os
153
harmonia reinante entre empregadores O SESC teve o cuidado de dotá-lo de \
com eficiência e esmero aos comerciá-
J
rios que dele se servissem.
rante, o paNnlhão de reunião e festas, 3
capela, as praças de esporte e o arma zém.
Cada uma das casas contém dois bons
dormitorios, sala, cozinha, banheiro, ter
raço e outras pequenas dependènciaS' bao entregues ao comerciário inteiramen
te mobihadas e com todos os apctreclioS necessários para a sua estada na Colòniar
de modo que este não precisará levai
para a Bertioga nada além de sua roup^ de uso pessoal.
Tendo a Colônia capacidade
yirvs'
Digksto EcoNÒhnco
DrcESTO Econômico
X32
ciatívas na criação de colônias de férias
a ação da entidade restrita ú instalação
e interessando as próprias empresas no
e administração dentro dc moldes eco
seu desenvolvimento, através de planos de administração vantajosos e econômi cos; incentivando doações e reivindican
nômicos e pratico.s se desenvolva expandindo-so, gradativamcnto, a todos os centro.s de atividade, cm favor dc tôda
do apoio do Estado nas iniciativas de
a coletividade obreira.
maior vulto.
Serviços de assistêncUi
: È
do férias destinada a atender aos comer-
custo" encontra ainda a sua justificativa
ciário.s de todo o Estado.
no exame c nas recomendações aqui
Os Centros Sociais, unidades padrões, instalados no.s diversos bairros da Capi
mental a instituição de reciiríos financei
generalizada preconizados no programa
ros ao assalariado, cm geral, problema já analisado no capítulo anterior referen
recomendado.
te à "Previdência".
um critério de equilíbrio e justiça, urge ) imprimir novos rumos à função do Ser^ viço Social. Na sua missão de caráter supletivo, cabe-lhe assegurar condições normais para que o assalariado encontre,
no padrão de vida em que estiver situa do, a assistência médica, dentária e so
cial, adequada e completa, mediante retribuição à altura de suas possibilida des, sem provocar os desajustamentos na turais comumenta observados quando despesas desta natureza incidem em seus orçamentos mensais. A instituição dos serviços médicos,
odontológícos e outros, mediante justa retribuição, sem fins lucrativos, vem
concorrer para a elevação moral do pró
prio assistido, reforçando a sua perso nalidade e incutindo no seu íntimo a convicção de que não está recebendo uma "caridade" pública mas tão sò-
mente gozando de determinados direitos
assegurados pela organização de serviços em benefício de sua classe. De outra
parte, combatendo o princípio da gra tuidade, estabelece-se a possibilidade da "auto-sufíciêncía" nos diversos setores
da "assistência social", permitindo que
tal e cidades do Interior, são dotados de
scrviç^os médicos, odontológícos e de en fermagem. Destinados a prestar assis tência integral, o comerciário encontrará
í*
A fim de possibilitar a execução de um todos os setores de atividades, dentro de
Araraquara, Araçatuba, Santos, Campi nas, Ribeirão Preto, São José do Rio truiu na praia da Bertioga uma colônia
O critério de "assistência a preço de
os demais serviços atinentes à assistência
plano de larga repercussão, extensivo a
funcionamento serviços nas cidades de
Preto, Taubaté, Franca, Botucatu e Bau ru, Cruzeiro c Lins. Além disso, cons
t
contida.s, de vez que sc considera funda
Neste grupo estão considerados todos
interior do Estado já inaugurou e pôs em
nele.s, graças ao concurso de funciondrio.s, técnicos especializados — educado
AssistêncUi social no "Sesc'
ras sanitárias e sociais — a orientação que nece.ssitar para a solução de qual quer problema seu ou de sua família.
Orientando a sua atuação no sentido louvável de prestar .serviços ã classe comerciária, vem o Serviço Social do Co mércio do São Paulo traçando as linlias
Dessa maneira, a 31 de maio, encon
fundamentais desse programa. Enquadrando as iniciativas do Servi ço Social nas necessidades prementes do
travam-se
comerciário, e detcmiinando uma exten
307.142 pessoas atendidas, somente nesse campo. Até essa data foram feitas 67,361 consultas médicas; foram atendi
são de atividade que vai parceladamente atingindo as zonas mais desprovidas de assistência, foi possível, graças ao princí
matriculadas em seus -ser
mais promissores resultados na experiên cia até aqui realizada.
Assim é que, depois de dois anos de
que o número de comcrciários que nêle fazem as suas refeições cresce diaria mente.
O grande movimento do Restaurante
— 595.470 refeições foram serridas até 31 de maio — veio demonstrar que a sua instalação correspondeu realmente ao
desejo da classe, que nêle vè uma coo peração eficiente para a solução do pr®' blema da alimentação do comerciário. Construiu ainda a Colônia de Férias
Ruy Fonseca" que lhes possibilita apro veitar, realmente, para o descanso e recuperação das energias gastas durante o ano, o seu período de férias anuais.
A Colônia de Férias — instalada á
beira-mar, na praia da Bertioga, tendo
viços do setor Saúde 48.081 pessoas,
em vista que a "grande maioria dos em
pregados no comércio reside no planalto — foi dotada de todos os requisitos téc nicos necessários para proporcionar aO
fias e 19.329 exames de laboratório.
O Restaurante do Comerciário foi ins
a grandiosidade da obra, pode aquela
motivo de orgulho para tôda a classe.
talado cm cooperação com a Associação dos Empregados no Comércio de São Paulo em prédio de propriedade desta última entidade, demonstrando, assim, a
Demonstração do programa já realizada
e empregados.
Instalaram-se na Capital quatro Cen tros Sociais, uma Clínica Central de
todos os requisitei: técnicos necessários para que as suas instalações atendessem
entidade de direito privado apresentar um patrimônio e uma folha de serviços
que dignificam os seus dirigentes e são
Clínica Dentária e um Restaurante. No
o restaurante servindo aproximadameotc 2.000 refeições por dia, sendo de notar
coinerciário todo o conforto durante o período de veraneio.
Já estão construídos e serrinclo os co-
merciaríos, como parte inicial do plano
44.724 pessoas; foram feitas 10.000 apli projetado, a^em das primeiras 27 casas, cações de fisioterapia, 15.565 radiogra-, o pavilhão de administração, o restaU'
existência, com orçamentos parcos para
Serviços Especializados, uma Clínica Ríidiológíca e Roentgenfotográfica, uma
Com capacidade para ser\'ir duas md e quinhentas refeições diárias, já
acusando os seus registros um total de
das 67.715 pessoas pelo serviço odontológico, que executou 169.905 "trabalhos; o serviço de enfermagem atendeu
pio de "auto-suficiência", alcançar os
153
harmonia reinante entre empregadores O SESC teve o cuidado de dotá-lo de \
com eficiência e esmero aos comerciá-
J
rios que dele se servissem.
rante, o paNnlhão de reunião e festas, 3
capela, as praças de esporte e o arma zém.
Cada uma das casas contém dois bons
dormitorios, sala, cozinha, banheiro, ter
raço e outras pequenas dependènciaS' bao entregues ao comerciário inteiramen
te mobihadas e com todos os apctreclioS necessários para a sua estada na Colòniar
de modo que este não precisará levai
para a Bertioga nada além de sua roup^ de uso pessoal.
Tendo a Colônia capacidade
Dicesto Econónoco
154
abrigar 416 comcrciários por mós, e ha vendo sido estabelecidas taxas muito
módicas - Cr$ 100,00 por pessoa, pelo alojamento de 14 dias — está o "SESC" contribuindo decisivamente para a solu
ção do problema do descanso anual do empregado no ccjmércio.
Do grande acerto dessa iniciativa fa lam as inúmeras cartas recebidas o o
.fato de que em meados de abril já se encontravam encerradas, por falta de
lugares*, as inscrições para as férias do mês de julho.
Todas essas realizações foram plane jadas e executadas dentro do novo con ceito de Assistência social remunerada, proporcionando os elementos financeiros necessários à expansão da obra. Dessa forma, não sofrendo solução de continuidade, permitiu-se o seu desen
volvimento que, paulatinamente, vai atingindo todos os municípios do Esta do, beneficiando a coletividade comer-
cíária paulista. Conclusões
As considerações feitas demonstram,
pois, que é de fundamental interesse para as classes produtoras a reestrutura
Impõe-se, portanto, como medida pre liminar, que se distiiiga nitidamente, através de legislação adequada, ".seguro
■fi. rn
Bases do «eu estabelocinrento no Vale do Paralfinga c no
social" e "as.sistência .social", em face
de suas peculiaridades, confiando a or ganizações distintas a execução dos pla nos respectivos, com a participação dire ta
das* cla.sscs
contribuintes
Litoral-Norfo Paaiista. C.\nLOs Borges Schmidt
Poüoatnento disperso
nas suas
administrações c se estabeleçam princí pios que determinem descentralização
Não é tarefa das mais fáceis recons tituir, através dos anos, a evolução com
perfeita, permitindo que, embora subor dinados a um programa de ordem na cional, possam os Conselhos Regionais usufruir de autonomia suficiente para impedir que a burocratização de serviços
pleta do povoamento de uma determi
nada região, desde a sua fase inicial até a época presente. Em certas áreas,
como é o caso da região banliada pelas
águas do Rio Paraitinga e seus forma dores. os grupos de vizinhança em ou tros tempos cobriam, por certo, áreas
encareça o seu custo e contribua para a morosidade da sua execução. Mister
ainda se torna a fixação de normas ge rais que estabeleçam obrigações míni
geográficas muito mais amplas que no
maior.
tribuintes, limitação de despesas admi
lugares, mesmo hoje em dia, muitos
no de benefícios de acordo com as
sitiantes e fazendeiros se considerarem vizinhos de outros residentes a distâncias
que chegam a alcançar várias léguas. O relativo isolamento geográfico pode
sentadoria ordinária subordinada aos
cálculos atuariais existentes.
No que concerne às obrigações fi nanceiras do Estado, 6 de capital impor
ção dos sistemas de Previdência e Assis tência Social, era moldes que permitam uma melhor aplicação dos recursos exis tentes, um melhor entendimento entre
se atender ao disposto na Lei Magna,
empregados e empregadores e um me
adicionando-se normalmente no Orça
tância que se considere a necessidade de
ser considerado como a razão fundamen tal
da
fonnação
dos
grupos de vizinhança,
'
■ i;
cujos limites, até um
certo ponto, se confun 'í ;lxS
dem
com
os
limites
principalmente contribuir para o estabe
mento de Despesas da União a contri buição que é devida aos Institutos, a fim de tornar efetiva essa colaboração e evi
lecimento de um clima de confiança e
tar que o aumento desta dívida, que
harmonia entre as classes, para a efetiva
progressivamente se verifica, concorra,
aplicação dos princípios estabelecidos na Constituição pátria, para a elevação do
líbrio dos cálculos previamente estabele
subdivisão administrati
va dos municípios que,
própria produção do País e do seu cons
cidos, gerando desconfiança, prejudican do iniciativas e propiciando alternativos de "acordos" quase sempre desfavoráveis
muito
tante desenvolvimento.
aos interesses da classe assistida.
áreas distritais ou dis
lhor desenvolvimento dos Serviços As-
sístcnciais.
Razões desta ordem visam
nível moral e material da coletividade
obreiia, redundando afinal em favor da
como está acontecendo, para o desequi
geográficos do bairro, denominação esta atri buída V
C
a
determinada
área geográfica ou sim ples lugar, sem qual quer
limites mais ou menos imprecisos, a área abrangida pelo mesmo. Confun
diferente. É também comum, e mesmo
cional em vigor e aplicação de um pla necessidades normais, inclusive a apo
que for pode ser considerado como um
bairro. E o ser realmente. É o que lhe dá o nome e determina, com
Talvez pudéssemos encontrar
um indício disso no fato de em certos
nistrativas consoante o índice interna
córrego qualquer, uma praia, seja lá o
dem-se, às vêzes, os limites. Interpenetram-se. Para uns, o lugar pertence a
povoamento diperso seria em grau muito
trimoniais em favor dos próprios con
ceira Ou nascente de um ribeirão ou
Quer dizer, a atual forma de
presente.
mas quanto à aplicação das reservas pa
tritos de paz. O bairro é um lugar, uma área qualquer, com características mais ou menos próprias. Muitas vêzes, uma micro-região. Um \'ale, uma cabe
redação
com
a
por lei, estão quando divididos
em
tal bairro.
Para outros, a um bairro
freqüente, a área de um certo bairro pertencer a um, dois ou mais distritos de paz, de um único ou de dois mu nicípios.
Bairro dos Carros: um exemplo A implantação de um povoamento em torno de capelas, arma zéns Ou escola não W
sempre condição ini
cial obrigatória e gene
ralizada, mesmo nos ca
sos de povoamento con
centrado. Muito menos
quando se trata de tipo oposto
de
"habitat"
rural, isto é, do povoa mento disperso.
Moi
tas vêzes antigas pro
priedades
territoriais,
abrangendo grandes ex
tensões territoriais, sub-
dividirtm-se pela sn-
Dicesto Econónoco
154
abrigar 416 comcrciários por mós, e ha vendo sido estabelecidas taxas muito
módicas - Cr$ 100,00 por pessoa, pelo alojamento de 14 dias — está o "SESC" contribuindo decisivamente para a solu
ção do problema do descanso anual do empregado no ccjmércio.
Do grande acerto dessa iniciativa fa lam as inúmeras cartas recebidas o o
.fato de que em meados de abril já se encontravam encerradas, por falta de
lugares*, as inscrições para as férias do mês de julho.
Todas essas realizações foram plane jadas e executadas dentro do novo con ceito de Assistência social remunerada, proporcionando os elementos financeiros necessários à expansão da obra. Dessa forma, não sofrendo solução de continuidade, permitiu-se o seu desen
volvimento que, paulatinamente, vai atingindo todos os municípios do Esta do, beneficiando a coletividade comer-
cíária paulista. Conclusões
As considerações feitas demonstram,
pois, que é de fundamental interesse para as classes produtoras a reestrutura
Impõe-se, portanto, como medida pre liminar, que se distiiiga nitidamente, através de legislação adequada, ".seguro
■fi. rn
Bases do «eu estabelocinrento no Vale do Paralfinga c no
social" e "as.sistência .social", em face
de suas peculiaridades, confiando a or ganizações distintas a execução dos pla nos respectivos, com a participação dire ta
das* cla.sscs
contribuintes
Litoral-Norfo Paaiista. C.\nLOs Borges Schmidt
Poüoatnento disperso
nas suas
administrações c se estabeleçam princí pios que determinem descentralização
Não é tarefa das mais fáceis recons tituir, através dos anos, a evolução com
perfeita, permitindo que, embora subor dinados a um programa de ordem na cional, possam os Conselhos Regionais usufruir de autonomia suficiente para impedir que a burocratização de serviços
pleta do povoamento de uma determi
nada região, desde a sua fase inicial até a época presente. Em certas áreas,
como é o caso da região banliada pelas
águas do Rio Paraitinga e seus forma dores. os grupos de vizinhança em ou tros tempos cobriam, por certo, áreas
encareça o seu custo e contribua para a morosidade da sua execução. Mister
ainda se torna a fixação de normas ge rais que estabeleçam obrigações míni
geográficas muito mais amplas que no
maior.
tribuintes, limitação de despesas admi
lugares, mesmo hoje em dia, muitos
no de benefícios de acordo com as
sitiantes e fazendeiros se considerarem vizinhos de outros residentes a distâncias
que chegam a alcançar várias léguas. O relativo isolamento geográfico pode
sentadoria ordinária subordinada aos
cálculos atuariais existentes.
No que concerne às obrigações fi nanceiras do Estado, 6 de capital impor
ção dos sistemas de Previdência e Assis tência Social, era moldes que permitam uma melhor aplicação dos recursos exis tentes, um melhor entendimento entre
se atender ao disposto na Lei Magna,
empregados e empregadores e um me
adicionando-se normalmente no Orça
tância que se considere a necessidade de
ser considerado como a razão fundamen tal
da
fonnação
dos
grupos de vizinhança,
'
■ i;
cujos limites, até um
certo ponto, se confun 'í ;lxS
dem
com
os
limites
principalmente contribuir para o estabe
mento de Despesas da União a contri buição que é devida aos Institutos, a fim de tornar efetiva essa colaboração e evi
lecimento de um clima de confiança e
tar que o aumento desta dívida, que
harmonia entre as classes, para a efetiva
progressivamente se verifica, concorra,
aplicação dos princípios estabelecidos na Constituição pátria, para a elevação do
líbrio dos cálculos previamente estabele
subdivisão administrati
va dos municípios que,
própria produção do País e do seu cons
cidos, gerando desconfiança, prejudican do iniciativas e propiciando alternativos de "acordos" quase sempre desfavoráveis
muito
tante desenvolvimento.
aos interesses da classe assistida.
áreas distritais ou dis
lhor desenvolvimento dos Serviços As-
sístcnciais.
Razões desta ordem visam
nível moral e material da coletividade
obreiia, redundando afinal em favor da
como está acontecendo, para o desequi
geográficos do bairro, denominação esta atri buída V
C
a
determinada
área geográfica ou sim ples lugar, sem qual quer
limites mais ou menos imprecisos, a área abrangida pelo mesmo. Confun
diferente. É também comum, e mesmo
cional em vigor e aplicação de um pla necessidades normais, inclusive a apo
que for pode ser considerado como um
bairro. E o ser realmente. É o que lhe dá o nome e determina, com
Talvez pudéssemos encontrar
um indício disso no fato de em certos
nistrativas consoante o índice interna
córrego qualquer, uma praia, seja lá o
dem-se, às vêzes, os limites. Interpenetram-se. Para uns, o lugar pertence a
povoamento diperso seria em grau muito
trimoniais em favor dos próprios con
ceira Ou nascente de um ribeirão ou
Quer dizer, a atual forma de
presente.
mas quanto à aplicação das reservas pa
tritos de paz. O bairro é um lugar, uma área qualquer, com características mais ou menos próprias. Muitas vêzes, uma micro-região. Um \'ale, uma cabe
redação
com
a
por lei, estão quando divididos
em
tal bairro.
Para outros, a um bairro
freqüente, a área de um certo bairro pertencer a um, dois ou mais distritos de paz, de um único ou de dois mu nicípios.
Bairro dos Carros: um exemplo A implantação de um povoamento em torno de capelas, arma zéns Ou escola não W
sempre condição ini
cial obrigatória e gene
ralizada, mesmo nos ca
sos de povoamento con
centrado. Muito menos
quando se trata de tipo oposto
de
"habitat"
rural, isto é, do povoa mento disperso.
Moi
tas vêzes antigas pro
priedades
territoriais,
abrangendo grandes ex
tensões territoriais, sub-
dividirtm-se pela sn-
-rw
Dicbsto Econômico
156
cessão hereditária. Os herdeiros passa ram a residir em seus quinhões e ali
sítio dos Corrêas. É um terreno cmpi-
Digesto Econômico 157
cultura, .sendo a pesc;i umu ocupação complementar.
sive transmissões de propriedades. . Afi
nado, pouco batido pelo sol, frio, em boa parte coberto ainda de mato, cheio de hervas tóxicas para a gado e impró prio para a agricultura. Ali mora uma
nha, a mais importante de tôdas, tempo que coincide com o período em que na
nal, criou-se a situação que hoje em dia apresenta: um bairro, com muitos mora
gente pouco amiga da enxada, tôda ela
agricultura quase nada há que fazer,
aparentada entre si, vivendo de e.xpe-
tôda a população do "sertão" vive
dientes, alguns tirando esmolas, outros fazendo imagens de santos esculpidas em
alerta, à c.spera da notícia de que algum
constítuiram família.-
Novas sucessões
e novas subdivisões scbrevieram, inclu
dores, ocupando pequenas propriedades
e dando origem a um típico grupo de
cidade de São Luiz do Paraítinga e suas casas distribuídas em ambos os
Nas épocas propícias à pesca da "tai
lados da estrada que vai desta cidade para Ubatuba, no litoral.
Os terrenos
onde estão construídas as habitações possuem poucos metros de largura. Os fundos, por sua vez, são de e.xtensão
bastante limitada. De um lado, logo
cardume de tainhas tenha sido observa
á margem da estrada, altos morros se
do pelas imediações da costa.
Acorre
levantam, de forma que os quintais
então para as praias e vai em auxílio
dos pescadores donos de redes, com êles
quase não possuem espaço, ou, mesmo, são inexistentes. Do lado oposto, as
colabora nos trabalhos do côrco e deles
casas fazem fundo para o Rio Paraítinga,
a célula inicial, construíram a capela. Algum tempo passou até que um Zé
madeira, pilões c cochos de pequenas dimen.sões, pitos de barro, colhercs de pau, gamelas e uma porção de outras bugigangas, pouco afeitos aos trabalhos da roça. Morara lá nas alturas, meio
recebe, em pagamento, a quantidade de
a poucos metros da estrada.
isolados, descendo o morro apenas de
Caixeiro abrisse um armazém à beira da
vez em quando, para tomar parte em
peixe que lhe couber pela cooperação prestada, porque o peixe obtido 6 repar
balham de parceria nas fazendas pró
algum divertimento — jongo, cana-vcrde, moçambique ou dança-de-baíle.
tido proporcionalmente entre todos os que auxiliaram, depois de retirada a
lham na cidade, nas lavouras dos arre
vizinhança disperso. Foi o que aconte ceu com o Bairro dos Carros, no muni
cípio de Redenção da Serra. Primeiro ali se estabeleceram os moradores. De
pois, para confirmar que não é regra ser
estrada principal mais próxima.
A
escola ainda a esperam.
O bairro ocupa a área abrangida pe'Ias vertentes do Ribeirão dos Carros. Seus pontos extremos encontrara-se dis
tanciados pouco mais de dois e três qui lômetros. Os moradores estão distribuí
dos por umas três dezenas de habitações, cada qual com a sua própria área de ter ras, e pertencentes a diferentes proprietá rios. Esta forma de ocupação da terra data de mais de setenta anos.
Afir
mam os antigos que desde aquela época se encontra a propriedade assim subdi vidida. Seu antigo proprietário foi um
tal Carlos, cujo nome, alterado para Car ro, deu origem à denominação atual do bairro.
As nascentes do. Ribeirão dos Carros
estão a noroeste, delimitadas pela linha de elèvações dos" morros dos Carros,
Aos pés da Pedra Grande, também
lugar ainda alto, porém mais bem si
têrça parte que pertence ao dono da
dores e no serviço de conservação da estrada de rodagem.
tuado, mais batido de .sol, mora uma fa
O tipo de povoamento estabelecido
no Bairro dos Carros teve, como vimos, origem na subdivisão da propriedade. responsáveis pelo seu estabelecimento.
sempre fechado, pois a cidade é tião próxima que nela os moradores cum prem seus devercs religiosos e de instru ção, e adquirem suas utilidades, não podemos deixar de encontrar as razões
Foooamento do "sertão" litorâneo.
O bairro dos Carros representa um tipo
do estabelecimento daquele gnipo de
No litoral de Ubatuba, adjacente aos Vales do Paraítinga e Paraibuna, além
de povoamento disperso. O Bairro dos
vizinhança senão no fato de, sendo os
Passarinhos e o Arraial de Santa Cruz
terrenos de propriedade municipal, ter
terra. Abaixo dos 900 metros de altitude
vive o restante da população.
Outras causas, entretanto, podem ser
do estabelecimento mais concentrado de
do Rio Abaixo (ambos no município de
habitações ao longo das praia.s, como
São Luiz do Paraítinga, Estado de São
veremos adiante, o povoamento sc espar rama, em continuação, pela planície
interior e desdobra-se era pequenos sí tios que vão, muitas vezes, atingir o sopé da cordilheira marítima, apresen tando-se de forma poüco densa e asseme
truir a sua residência. E assim o fizeram.
as terras onde estão construídas as habi
O Arraial de Santa Cruz do Rio Abai xo assemelha-se ao Bairro dos Passari
tações não pertencem aos donos das
casas.
No Bairro dos Passarinhos são
onde ò Ribeirão dos Carros vai desaguar no dos Venânciòs.
priedade.
Aqui no "sertão" — còihó
é chamado o interior da planície costei
ra — a atividade principal é a agri-
prefeitura cedido o espaço indispen sável a cada um que desejasse ali coav
Paulo) são grupos de vizinhança condi cionados a uma forma de povoamento mais compacto. Nestes, em um e outro,
pertencem ao patrimônio da capela.
ro do Ermo, está o lugar denominado
o nem escola, e o armazém está quase
o ano todo ao trabalho de cultivar a
ma. Suas origens podem ser encon tradas, tal como tio planalto; também e principalmente, na subdivisão da pro
Na parte altà, para ós lados do mor
Uma vez que ali não e.xisle nerh capela
Píwoainento concentrado
mília de gente habituada ao trabalho: marido, mulher e sete fillios, entregues
de propriedade. ,do município,
desce até pouco menos de 800 metros,
ximas; camaradas salariados, que traba
rêde.
lhado ao de certos bairros de serra-aci-
Ermo e Pedra Grande, todos êles com mais dé 1.100 metros de altitude. O vale
No bairro residem lavradores, que tra
Nb
Arraial de Santa Cruz do Rio Abaixo Bairro dos Passarinhos
Arraial de Santa Cruz do Rio Almno
nhos. Está localizado em um terreno outrora doado por um particular para a erecção de uma capela, a qual foi cx^nstruída. Próximo a ela, dividido em
lotes o restante da área, vieram se jun tar vários moradores, que ali construi-
O Bairro dos Passarinhos está situado
a pouco mais de um quilômetro da
ram suas casas. São donos das habita ções, não da terra. Vendem as casas e
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sítio dos Corrêas. É um terreno cmpi-
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sive transmissões de propriedades. . Afi
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nha, a mais importante de tôdas, tempo que coincide com o período em que na
nal, criou-se a situação que hoje em dia apresenta: um bairro, com muitos mora
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aparentada entre si, vivendo de e.xpe-
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e dando origem a um típico grupo de
cidade de São Luiz do Paraítinga e suas casas distribuídas em ambos os
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lados da estrada que vai desta cidade para Ubatuba, no litoral.
Os terrenos
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á margem da estrada, altos morros se
do pelas imediações da costa.
Acorre
levantam, de forma que os quintais
então para as praias e vai em auxílio
dos pescadores donos de redes, com êles
quase não possuem espaço, ou, mesmo, são inexistentes. Do lado oposto, as
colabora nos trabalhos do côrco e deles
casas fazem fundo para o Rio Paraítinga,
a célula inicial, construíram a capela. Algum tempo passou até que um Zé
madeira, pilões c cochos de pequenas dimen.sões, pitos de barro, colhercs de pau, gamelas e uma porção de outras bugigangas, pouco afeitos aos trabalhos da roça. Morara lá nas alturas, meio
recebe, em pagamento, a quantidade de
a poucos metros da estrada.
isolados, descendo o morro apenas de
Caixeiro abrisse um armazém à beira da
vez em quando, para tomar parte em
peixe que lhe couber pela cooperação prestada, porque o peixe obtido 6 repar
balham de parceria nas fazendas pró
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tido proporcionalmente entre todos os que auxiliaram, depois de retirada a
lham na cidade, nas lavouras dos arre
vizinhança disperso. Foi o que aconte ceu com o Bairro dos Carros, no muni
cípio de Redenção da Serra. Primeiro ali se estabeleceram os moradores. De
pois, para confirmar que não é regra ser
estrada principal mais próxima.
A
escola ainda a esperam.
O bairro ocupa a área abrangida pe'Ias vertentes do Ribeirão dos Carros. Seus pontos extremos encontrara-se dis
tanciados pouco mais de dois e três qui lômetros. Os moradores estão distribuí
dos por umas três dezenas de habitações, cada qual com a sua própria área de ter ras, e pertencentes a diferentes proprietá rios. Esta forma de ocupação da terra data de mais de setenta anos.
Afir
mam os antigos que desde aquela época se encontra a propriedade assim subdi vidida. Seu antigo proprietário foi um
tal Carlos, cujo nome, alterado para Car ro, deu origem à denominação atual do bairro.
As nascentes do. Ribeirão dos Carros
estão a noroeste, delimitadas pela linha de elèvações dos" morros dos Carros,
Aos pés da Pedra Grande, também
lugar ainda alto, porém mais bem si
têrça parte que pertence ao dono da
dores e no serviço de conservação da estrada de rodagem.
tuado, mais batido de .sol, mora uma fa
O tipo de povoamento estabelecido
no Bairro dos Carros teve, como vimos, origem na subdivisão da propriedade. responsáveis pelo seu estabelecimento.
sempre fechado, pois a cidade é tião próxima que nela os moradores cum prem seus devercs religiosos e de instru ção, e adquirem suas utilidades, não podemos deixar de encontrar as razões
Foooamento do "sertão" litorâneo.
O bairro dos Carros representa um tipo
do estabelecimento daquele gnipo de
No litoral de Ubatuba, adjacente aos Vales do Paraítinga e Paraibuna, além
de povoamento disperso. O Bairro dos
vizinhança senão no fato de, sendo os
Passarinhos e o Arraial de Santa Cruz
terrenos de propriedade municipal, ter
terra. Abaixo dos 900 metros de altitude
vive o restante da população.
Outras causas, entretanto, podem ser
do estabelecimento mais concentrado de
do Rio Abaixo (ambos no município de
habitações ao longo das praia.s, como
São Luiz do Paraítinga, Estado de São
veremos adiante, o povoamento sc espar rama, em continuação, pela planície
interior e desdobra-se era pequenos sí tios que vão, muitas vezes, atingir o sopé da cordilheira marítima, apresen tando-se de forma poüco densa e asseme
truir a sua residência. E assim o fizeram.
as terras onde estão construídas as habi
O Arraial de Santa Cruz do Rio Abai xo assemelha-se ao Bairro dos Passari
tações não pertencem aos donos das
casas.
No Bairro dos Passarinhos são
onde ò Ribeirão dos Carros vai desaguar no dos Venânciòs.
priedade.
Aqui no "sertão" — còihó
é chamado o interior da planície costei
ra — a atividade principal é a agri-
prefeitura cedido o espaço indispen sável a cada um que desejasse ali coav
Paulo) são grupos de vizinhança condi cionados a uma forma de povoamento mais compacto. Nestes, em um e outro,
pertencem ao patrimônio da capela.
ro do Ermo, está o lugar denominado
o nem escola, e o armazém está quase
o ano todo ao trabalho de cultivar a
ma. Suas origens podem ser encon tradas, tal como tio planalto; também e principalmente, na subdivisão da pro
Na parte altà, para ós lados do mor
Uma vez que ali não e.xisle nerh capela
Píwoainento concentrado
mília de gente habituada ao trabalho: marido, mulher e sete fillios, entregues
de propriedade. ,do município,
desce até pouco menos de 800 metros,
ximas; camaradas salariados, que traba
rêde.
lhado ao de certos bairros de serra-aci-
Ermo e Pedra Grande, todos êles com mais dé 1.100 metros de altitude. O vale
No bairro residem lavradores, que tra
Nb
Arraial de Santa Cruz do Rio Abaixo Bairro dos Passarinhos
Arraial de Santa Cruz do Rio Almno
nhos. Está localizado em um terreno outrora doado por um particular para a erecção de uma capela, a qual foi cx^nstruída. Próximo a ela, dividido em
lotes o restante da área, vieram se jun tar vários moradores, que ali construi-
O Bairro dos Passarinhos está situado
a pouco mais de um quilômetro da
ram suas casas. São donos das habita ções, não da terra. Vendem as casas e
D1CE.ST0 Econômico
158
cedem o direito sobre os terrenos. Di
reito sem ti^lo algum, tudo feito ver balmente. Também não pagam foro do terreno a ninguém. Não existe quem administre aquela terra. Tudo é feito segundo a tradição e o costume. E não ha quem se intrometa oú desrespeite as velhas praxes.
A população do arraial é composta de camaradas salariados e de lavradores
que arrendem terras nas proximidades. A capela pnmcuro, e agora o armazém, sao as forças centrípetas responsáveis pelo povoamento compacto
Passarinhos e Santa Cruz são, na apa
rência, tipos de povoados em linha. Na
aparência apenas, porque na realidade
yo, cada um deles, duas linhas simples
de casas com terrenos de frente muito estreita e quase sem fundo nenhum.
Povoamento praiano Certas praias do litoral do Estado de
Sao Paulo, onde o mar é menos agita
do e permite a livre entrada e saída
das pequenas canoas de pesca, são pre
Ê d sua empresa uma
feridas pelos habitantes do beira-mar para ali construirem .suas moradas. Pode-so então, procurando atra\cs do jundu — a vegetação balófita dc porte alto, que segura a areia das pequenas
das 475 que mantêm seguro
dunas e restingas e que forma uma bar reira aos rijos ventos do oceano — di
em grupo na Sul Âmerlca ?
visar uma linha de babilações, ora mais
distanciadas, ora mais próximas umas das outras, as moradas dos que se dedi cam, principalmente, ao incerto trabalho
da pesca.
Em quase todas as praias mansas es tão situados grupos de vizinhança, maio res ou menores.
Entrega-se aquela
população à pescaria, seja de linha, diàriamentc, seja com rêdes, nas épocas próprias. Subsidiàriamente, dedica-se à agricultura, uma rudimentar lavoura, na qual o cultivo da mandioca representa a
base principal. Da mandioca preparam
EM 1929, HÂ 20 ANOS, dizia o Dr. Faria Albernaz, então atuário-chefe da Inspctor.a de Seguros: "O lançamento do seguro de grupos no Brasil e « sua difusão sao de tao grande importância social, que o dia da emissão da primeira apólice de seguro de grupos, pela Sul América, deve ser sau dado com as honras de um dia de festa nacional..."
HOJE, NA SUL AMÉRICA, maís de 475 empresas amparam as famílias de
seus 125.000 auxihares. num total de CrS 2.600.000.000,00. E esta mo dalidade de seguro, construtiva e fecunda, custeada por um Daeamenro
mínimo do eniprcpdo e outro do empregador, muito tem contribuído para a felicidade de milhares de famílias, bem como para uma comore-
ensao e uma colaboração melhores entre empregados e patrões. O SEGURO DE VIDA EM GRUPO custa raramente mais de 1% da fòlh
àe pagamento. Não exige exame medico Não
a farinha, e esta é consumida com o
peixe, juntamente com banana verde cozida.
tem limite de idade em grupos de 50 ou mais se gurados. Ê pago por morte, seja qual fôr a causa' Se tiver 28 ou mais empregados, remeta o cou'
Ê a conhecida "caldeirada",
prato preferido dos caiçaras.
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Carjo...
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D1CE.ST0 Econômico
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cedem o direito sobre os terrenos. Di
reito sem ti^lo algum, tudo feito ver balmente. Também não pagam foro do terreno a ninguém. Não existe quem administre aquela terra. Tudo é feito segundo a tradição e o costume. E não ha quem se intrometa oú desrespeite as velhas praxes.
A população do arraial é composta de camaradas salariados e de lavradores
que arrendem terras nas proximidades. A capela pnmcuro, e agora o armazém, sao as forças centrípetas responsáveis pelo povoamento compacto
Passarinhos e Santa Cruz são, na apa
rência, tipos de povoados em linha. Na
aparência apenas, porque na realidade
yo, cada um deles, duas linhas simples
de casas com terrenos de frente muito estreita e quase sem fundo nenhum.
Povoamento praiano Certas praias do litoral do Estado de
Sao Paulo, onde o mar é menos agita
do e permite a livre entrada e saída
das pequenas canoas de pesca, são pre
Ê d sua empresa uma
feridas pelos habitantes do beira-mar para ali construirem .suas moradas. Pode-so então, procurando atra\cs do jundu — a vegetação balófita dc porte alto, que segura a areia das pequenas
das 475 que mantêm seguro
dunas e restingas e que forma uma bar reira aos rijos ventos do oceano — di
em grupo na Sul Âmerlca ?
visar uma linha de babilações, ora mais
distanciadas, ora mais próximas umas das outras, as moradas dos que se dedi cam, principalmente, ao incerto trabalho
da pesca.
Em quase todas as praias mansas es tão situados grupos de vizinhança, maio res ou menores.
Entrega-se aquela
população à pescaria, seja de linha, diàriamentc, seja com rêdes, nas épocas próprias. Subsidiàriamente, dedica-se à agricultura, uma rudimentar lavoura, na qual o cultivo da mandioca representa a
base principal. Da mandioca preparam
EM 1929, HÂ 20 ANOS, dizia o Dr. Faria Albernaz, então atuário-chefe da Inspctor.a de Seguros: "O lançamento do seguro de grupos no Brasil e « sua difusão sao de tao grande importância social, que o dia da emissão da primeira apólice de seguro de grupos, pela Sul América, deve ser sau dado com as honras de um dia de festa nacional..."
HOJE, NA SUL AMÉRICA, maís de 475 empresas amparam as famílias de
seus 125.000 auxihares. num total de CrS 2.600.000.000,00. E esta mo dalidade de seguro, construtiva e fecunda, custeada por um Daeamenro
mínimo do eniprcpdo e outro do empregador, muito tem contribuído para a felicidade de milhares de famílias, bem como para uma comore-
ensao e uma colaboração melhores entre empregados e patrões. O SEGURO DE VIDA EM GRUPO custa raramente mais de 1% da fòlh
àe pagamento. Não exige exame medico Não
a farinha, e esta é consumida com o
peixe, juntamente com banana verde cozida.
tem limite de idade em grupos de 50 ou mais se gurados. Ê pago por morte, seja qual fôr a causa' Se tiver 28 ou mais empregados, remeta o cou'
Ê a conhecida "caldeirada",
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Piratininga
Companhiíi Nacional dc Segtiro» Gerais e Acidenles do Trabalho.
SEGUROS: Incêndio —
Transporles Terrestres e
Marítimos — Acidenles do Trabalho —
Acidentes Pessoais — Responsabilidade Civil e Fidelidade.
CAPITAL
E
f
RESERVAS:
TELEFONES:
Cr§ 16.922.006,70 Diretoria - Gerência - Contabilidade
4-7857
Seguros de Incêndio
4-7S5S
Seguros de Ac. do Trabalho — Pes
soais — Responsabilidade Civil e Fidelidade
4-7856
Sede:
Seguro de Transportes e Caixa
4-2542
R. Xavier de Toledo, 14
Ambulatório e Serviço Módico
4-7856
Departamento Legal
4-1546
SÃO PAULO
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CECTiriCA
MCCCLO
RUA COMANDANTE SALGADO, 56
^BhúM&eVuSí (SOCIEDADE ANÔNIMA)
SÃO PAULO
End. Telegr.: "SEGMENTO" ALL CODS USED - Cx. Postal, 3799
Retificação a espelho de BLOCOS CILINDROS de Automóveis, Cami
Um Motor Regenerado na
nhões, Tratores, Com
pressores, Motocicletas, A RECTIFiCA MÕDELO DiezeL Oleo crú, de Po
Vale
como
um
Novo
pa, Bombas, Locomoti vas, Rolos de Laminado-
'V-
res e Peças de uso In-
■: >1 f
— dustrial em geral. —
Retiifcação de Virabrequins. Enchimento e Mandrinagem de Bielas e Mancaes. Encamisamentos de Cilindros.
AV, ÁGUA branca, 2000 CAIXA POSTAL 61B SAC PAULO (BRASIL)
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SÃO PAULO
CAMPINAS
RUA FLOHÊNCIO DE ABRÉU, 470/2
SÃO PAULO
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Serrarias Almeida Porto S/A MADEIRAS TELHADOS ESQUADRIAS
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Serraria Jaguaré - Pr. Allino - Eslado do Paraná — Serraria Pa-
raguaçu - Bragança Paulista - Estado de São Paulo — Serraria Floresta - Rolândia - Estado do Paraná — Serraria Sta. Guilhermina - Arapongas - Estado do Paraná. Escritório Central: Hua Mons. Andrade, 918 Caixa Pòslal. 792
SERRARIA ALIANÇA" SÃO PAULO
'ííitUlT' "MADEIBAL"
HOHST
Comercial Importadora DIA
NOITE
Manfredo
ífi^iene Confòtio
AQUECEDOR DE AGUA
Alegria Bem-estar
Costa S. A.
LOBOR Fornece ãgu^ quente corrente
"O comunismo não é a fraternidade: é a Inüoíõo do ódio, entre as classes. Não é a reconciliação dos homens' é a stia exterminação mútua. Não arvora a bandeiro do
qua quer
hora. * üanheifo
♦
ir Casinha
★ Copa
Evangelho: hauc a Deus das almas e das reivindicações populares. Não dá tréguas à ordem. Não conhece a li berdade cristã. Dissolveria a sociedade. Ex/inguiria o re ligião. Desumanaria a humanidade. Everteria, subverteria
ir '-avandaria
ECONÔMICO pratico SEGURO
i S Ü"
Máquinas e Materiais Elétricos
a obra do criador." RUY BARBOSA
Bombas e Motores
Rua Florêncio de Abreu, 167
RUA DA CONSOLAÇÃO, 2.761 - FONE 1-6862 END. TELEG.: "INOüTÉRMíCA" - SÃO PAULO
— Fones: 2-4305 e 2-5210 São Paulo
Brevemenie em novas e ampliadas ins
talações à RUA
CONEGO
EUGENJO
LEITE, 990
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ConstiUnje el "Digesto Econômico" una de lüs me-
jores fuentes informativas de que dispongo paru Ia obtenciún de jwticias concernientes a Ia economia brasilcna, su
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falta actual me píantea verdaderas dificuldades, ío que
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me mueue a dirigirme a Vd. para solicitarle que, de no
mediar impedimentos, tenga a hien disponer que me sea enviada de nuevo tj regularmente esa interessante y pres tigiosa puhlicación.
Aprovecho Ia oportunidad para teslhnoniar a Vd.
mi .sincera admiración por el verdadero acierto periodísiico
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que constituye el "Digesto Econômico", donde han .sabido
conciliarse Ias finalidades informativas con Ia mayor amenidad de Ia lectura, aplicando los mâs modernos y adeciiadoa sistcínas de seleciôn y distribuición de los nuiteriales.
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a) J. Micukl Delcaix) Rkyes (Redator de Ia Revista de Ia Câmara
de Comercio Uruguayo-Brasilena).
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Gráfica SSo Joaé — Rua Galvão Bueno, 230 — Telefone: 6-4812 — Sáo Paulo
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