DIGESTO ECONÔMICO, número 60, novembro 1949

Page 1

■1)1 li ESTO o DEPARTAMENTO

EMMICO

SOB OS auspícios on ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO E 00 FEDERAÇÃO 00 COMERCIO 00 ESTADO DE SÃO PAULO

S D i\1 4 R I O Pág.

Evolução polílica e conslitucional do Brasil ~ Dario de Almeida Magalhães A Desvalorixação do Libra — Dorival Teixeira Vieira Causas o efeitos da desvalorização — Richard Lewinsohn

Os investimentos internacionais — Américo Barbosa de Oliveira

35

Sôbre a Bahia — L. A. Costa Pinto

41

Eqüidade nas trocas internacionais — Djacir Menezes

4^

Noções gerais sôbre o imposto — José Luiz de Almeida Nogueira Pôrto Rui Barbosa no Supremo Tribunal Federal — Dario de Almeida Magalhães As idéias financeiras de Rui Barbosa — Aliomar Baleeiro

53 63 77

Rui, o financista — Roberto Pinto de Sousa

gg

Rui Barbosa e a questão social — A. F. Cesarino Júnior

precioso de informações guardadas sob silf/-1

^ ^ confiadas exclusim e díretamenie aos inferes^ i,

'wa

Rui Barbosa, o economista — Dorival Teixeira Vieira Rui, vivo e morto — A. C. Salles Júnior Rui. o estudioso — Antonio Gontijo de Carvalho Augusto Comte e a questão social — Ivan Lins O Tratado de Methuen — Nelson Wemeck Sodré

Politica e economia — Cândido Mota Filho Previdência e assistência social — Emílio Lang Júnior

Aspectos do "Habitai" rural - Carlos Borges Schmidt

^ nrr^érr

BOA VISTA, 67- 95 andar-F0NE~3-nl^

9 22 29

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155

» N.o 60 — NOVEMBRO DE 1949

ANO V


O DIGESTO ECONÔMICO ESTA À VENDA

nos principais pontos de jornais no Brasil, ao preço de Ci$ 5,00. Os nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer encomenda, bem como a receber pedidos de assinaturas, ao preço de Cr$ 50,00 anuais. O córfer c/o seu motor

Diesel parece "feito de enco-

mendà" para que nele se for mem depósitos e faôrro... O óleo, salpicado ao escopor

Agente Geral para o Brasil

dos mancais das bie/os, forma

FERNANDO CHINAGLIA

Arenida Presidente Vargas, 502, 19.o andar

Amazonaa: Agência Freitas. Rua Joa

quim Sarmento. 29,.Manaus. Bahia:

Pernambuco:

Fernando

Ceará: .1. Alaor de Albuquerque & Cia. Praça do Ferreira, 621. Fortaleza. Espírito Santo: Viuva Copolilo & Fi lhos. Rua Jerànlmo Monteiro, 361, Vitória. Goiás: João Manarino, Rua Setenta A. Goiânia.

Maranhão:

paro resistir à oxidoçôo, man

Recife.

tendo o cdrter /impo e os condutos de ó/eo desimpedidos. Na zona dos anéis, evitom o

Piauí: Cláudio M. Tcte. Tereslna.

Rio do Janeiro: Fernando ChlnagHã. Av. Presidente Vargas. 502, l»o andar.

João Lisboa. 114. São Luiz. Grosso: Carvalho, Pinheiro

gomosidades, ao posso que suas ricos propriedades lubri

Rio Grande do Sul: Sòmcnte para Por

ficantes, conservadas por lon

7 de Setembro. 789. Porto Alegre. Para locais fora de Porto Alegre.

Fernando Chlnaglla. R. de Janeiro

ãc

Cia., Fça. da República, 20, Cuiabá. Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso, Avenida dos Andradas, 330, Belo Horizonte.

Pará: Albano H. Martins & Cia., Tra

vessa Campos Sales, 85/89, Belém. Paraíba: Loja das Revistas, Rua Barío do Triunfo, 510-A, João Pessoa.

ocúmu/o de carvão duro e

Rio Grande do Norte: Luís Avenida Tavares Lira, 48. Nata»-

to Alegre; Octavio Sagebin.

Livraria Universal, Rua

Os Gargoyle D.T.E. Oíls Nos. 3, 4 e 5 foram feitos

Rua do Imperador. 221. 3.o andar.

Alfredo J. de Souza & Cia.,

R. Saldanha da Gama. 6, Salvador.

Mato

Paraná: J. Ghíoffnone. Rua 19 de No vembro, 423, Curitiba.

dro II. 49. Maceió.

umo névoo em íntimo contocfo

com o ar, vapordágua e gases quentes da combusISo-condlções ideoís para ser oxidado.

Rio de Janeiro

Alagoas: Manuel Espíndola. Praça Pe

msr

go tempo,proporcionam móxi• ma profeçSo contro o desgoste. Lubrificantes

Santa Catarina: Pedro Xavier & Cia.. Rua Felipe Schmldt. 8, Florianóp. São Paulo: A Intelectual. Ltda.. Via

duto Santa Eflgênla, 281, S. Paulo.

Sergipe: Livraria Regina Ltda.. Rus João Pessoa. 137. Aracaju.

•oncessionaria:

CIA. MATE LARANJEIRA S. A. I*aulo - Rua Brigadeiro Tobias, 356 • Santos - Rua Itororô, 71

Torrllórlo do Acre: Diógenes de OUveira. Rio Branco-

Curitiba - Rua Cruz Machado, 12• 1.** and.


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Entre os oleos nacionaes

está conquistando a prefe

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n-r

renda de todas as donas

de casa, o

Quando fizei seus planos, lembre-se: . utiliza as altas

'COM AÇOS U.S.S. SÃO OBTIDOS MELHORES RESULTADOS!

qualidades nutritivas

Pora quebra-maies e bonagens moiinlias,

econômico de materiol em virtude de sua

do óleo de amendoim

contraíorles, pilares de pontes em qualquer

alta capacidade em suportar ccaga.

e acrescenta-lhes, gra

espécie de dique ou cais, as estacas U. S. S.

Para pontes, os soalhos de viga de juncôo "I" (U.S.S. I - Beom-Lock Flooriag) são alta

(U.S.S. Steel SheetPilIng) oferecem inúmeras voniaqens sôbieoutiosmaleriais de construção.

das ó retinatão e desodorizatão cientifica, por um processo espe

cial, um sabor tradicio nal de asrado ao paladar brasileiro. "Yandi" é extrema

mente econômicos e evitam o emprègo inútil

Fabricados com abas-retas, abas em arco e

de milhões de quilos de péso morto, seja

seccõea "Z", as estacas U. S. S. (U.S. S. Steel Shoet Piling) podem ser batidas iàcUmente sob as condições mais diJiceis; além de que, podem ser som dificuldade retiradas e nova

Quaisquer que sejam os seus planos de cons trução, procure conhecer os inúmeros produ

para pontes velhas ou novas.

tos U. S. S. paro portos, pontes, estradas de

mente utilizadas.

rodagem e construções em geral. Todos são

Para embasamentos permanentes de cons truções. as estacas "H" (U.S.S. Steel H Beating Piles) permitem o emprego reduzido e

produtos da inigualável pericia e recursos do maior fabricante de acos do mundo — o United Slates Steel.

mente econopico e de

fácil disestão.

BRAZACO S. A. REPRESENTANTES NO BRASIL DA UNITED STATES STEEL EXPORT COMPANY Rio de Janeiro • São Paulo • Pôrlo Alegre

JÍl

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DEPOSITÁRIO DE ARTIGOS PARA PINTURA fUMDfíOO

EMICêd MOtL£f9 IJ ffOff .JOSS BOmffíC/O-tfé

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Cada móquina, em qualquer setor

SECÇÃO DE PINCÉIS

do indústria ou do ogricultüra, constitui sempre um problema dife rente de lubríficação. Shell tem o

TELEFONE: 2-1285 — CAIXA POSTAL: 2870

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colha do tipo de combustível ou lubrif,conte in

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dos. rodenlicido». Moterioi» plástico». Colo»

romento. tingimenlo. oeobamento, etc,, no

paro compensado», etc.

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DURAND & HUGUENIN S. A.

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Corantes "Indigosof

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SALVADOR eUIABA

EPE1-D5 é um prodolo da maior íábrícui de en ceradeiras elétricas daí

capitais e principais cida des do território nacional.

Procure, hoje mesmo, o

tios em roca», etc.

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olveíomentos nos indústrias de tecido» e de papel, processos

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poro todo» o» indústrios

bem. a enceradeira que mais SC vende no DrasU.

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próximo, e adquira, lam

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BlMORI/ONTC

América do Sul. Craças ao teu perieilo serviço de disIríbuicSo, EPEL-05 é encontrada em todas as

Prenjoí e máquinas hidráulico»

Máquino» pncumõticos poro lingimenio de meodo», meio»,

quimico», (Ins sonltórios, etc. P.ALCGRE

Representocòes poro o Brosil de

PRODUTO oas IROÚSTRIflS REUNIOUS IHDIBN EPEL ITDI. . c. PosiBL ttso - 8. Pioio

RIO DE JANEIRO

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Ruo Conselheiro Soroivo, 16

Roo Mortim Burchord 608

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Agentes nos principols cídodes do pois

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RIO DE JANEIRO

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Evolugâo política e constitucional do Brasil

i\mm ECONÔMICO i

OCS MEfiOCIOS MUH PlMBIllllt

II

MOISU

Ancensão, queda e renascimento da ttepiíblica

Pub/icodo sob os auspícios da

CSSOCI&CiO COMERCIAIOE StO PAULD

Dario de Almeja Magalhães

FEDERACÍD DO CDMtRCIO 00 ESIADO DE SAO rAülO

O Digesto Econômico Diretor luperintendenle:

Martim Affoiuo Xavier da Silveira Diretor:

Antonio Gonlijo de Carvalho

publicará no próximo número: EVOLUÇÃO POLÍTICA E CONSTI

E.\tinguiu-se suavemente o Império, que durara 67 anos. Um pronunciamento

O nosso ilustre cohhoi'ador, sr. Dario

militar incruento removeu, sem dificulda

de Almeida Magalhães, realizou na Fa-

des, em poucas horas, o trono, reduzido,

citldade de Direito de Montevidéts um

então, apenas a um símbolo. Um novo

curso sühre a ecolução -política e cons

ciclo se abrira, em 1889, na evolução

titucional do Brasil.

TUCIONAL DO BRASIL - Dario dr

constitucional do Brasil.

Almeida Magalhães.

Terminaria nosso isolamento na Amé

Abandonaría

mos o eixo de gravitação da Europa.

rica: enbe as repúblicas americanas não

augusto comte e a questão SOCIAL - Ivan Lins.

FLORESTAS — Pimentel Gomes.

peloTdídos^^Slaf

devidamente citadas

conceitos emitidos eni artigos^LsÍ! Na transcrição de artigos pede-ae

RESERVA, PROVISÃO E FUNDO DB indenização das EMPRÊSAS — Djacir Menezes.

^tar o nome do Dlges/J ■

Econômico.

'"

Aceita-se Intercâmbio com pubUcaçOes congêneres nacionais e es trangeiras.

(registrado)

Atrasado:

ção única — posição singular que era apontada como um dos malefícios das instituições moníxrquicas. Pertencíamos à América, e deveríamos ser americanos,

não topando embaraços, deterá tôdas as alavancas de comando que encontre

pela integração no mesmo estilo comum

abandonadas.

de vida política, forjado na Convenção de Filadélfia — eis a razão de ordem su

perior que os pròpagandistas da Repú blica apresentavam como justificativa da urgente adoção do novo regime.

A PRIMEIRA CASA DA MOEDA DO BRASIL - 1645 — Afonso de Taunay

cias de um govêmo livre haviam sido lavras de publicista de autoridade indis

epeira doirada, tirou de si mesma, e sus pendeu entre a selva amazonense e os campos do Rio Grande". Desse clima tépido e repousante que

cutível) como foi a dignidade consular

se irradiara do 2.° reinado — equivalen

no Império Romano; mas o que tínhamos *'críi um governo dft utua simplicidade prírnilivíí, em que US jespQpsnhiliduües se dividiam ao infinito, e o poder esliiVÜ

te para nós à era \'itoriana ou ao tempo dos Antoninos — iríamos passar para os

Crj 8,00

longamente preservadas por orgulho na cional (pode dizer-se repetindo as pa

concciilrudo nas mãos de um só". E ésse Redação e Administração: Viaduto Boa Vista, 67 - 7.o andar lal. 9-7499 — Caixa Postai, 240-B São Paulo

mão de mestre — "a liberdade brasileira

era uma teia de tenuidade invisível, pos suindo apenas a resistência e a elasti cidade da seda, que a monarquia, como

CrS CrS 50.00 oil.oo Crí s.QQ

No prolongado remanso em que nos abrigáramos, à sombra da coroa, durante cinqüenta anos — eis um retrato feito pòr

A monarquia cumprira, em verdade, o seu destino histórico. Tôdas as aparên

DIgesto Eeéàããiivo

Número do mês:

ressurgimento democrático".

RUI E SAO PAULO — Ernesto Lemci

útil DAliUOSA — Antao Jr Morais.

ASSINATURAS:

seríamos mais uma "exceção" — exce

Em nosso número

anterior, -publicamos a primeira preleção que versou sobre "A fase imperial". No próximo número completaremos a série com "O inferregno ce^arísfa e o

ir

üimultos e a trepidação nervosa descnca-

dpada pela RxpGiit-noia republicana — que se ínipUSeiil POmo uniu rnialicludei

govômo, nessas condições, era uma re sultante do meio em que fôra exercido,

einbom nm houvesse sido cünVtíllitnlO'

porquo no clima do poder não existem vácuos: há sempre uma autoridade, quo,

O movimento em prol da república, que aflorara em explosões revolucioná-

mente preparada.


Evolugâo política e constitucional do Brasil

i\mm ECONÔMICO i

OCS MEfiOCIOS MUH PlMBIllllt

II

MOISU

Ancensão, queda e renascimento da ttepiíblica

Pub/icodo sob os auspícios da

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Dario de Almeja Magalhães

FEDERACÍD DO CDMtRCIO 00 ESIADO DE SAO rAülO

O Digesto Econômico Diretor luperintendenle:

Martim Affoiuo Xavier da Silveira Diretor:

Antonio Gonlijo de Carvalho

publicará no próximo número: EVOLUÇÃO POLÍTICA E CONSTI

E.\tinguiu-se suavemente o Império, que durara 67 anos. Um pronunciamento

O nosso ilustre cohhoi'ador, sr. Dario

militar incruento removeu, sem dificulda

de Almeida Magalhães, realizou na Fa-

des, em poucas horas, o trono, reduzido,

citldade de Direito de Montevidéts um

então, apenas a um símbolo. Um novo

curso sühre a ecolução -política e cons

ciclo se abrira, em 1889, na evolução

titucional do Brasil.

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Almeida Magalhães.

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Abandonaría

mos o eixo de gravitação da Europa.

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não topando embaraços, deterá tôdas as alavancas de comando que encontre

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perior que os pròpagandistas da Repú blica apresentavam como justificativa da urgente adoção do novo regime.

A PRIMEIRA CASA DA MOEDA DO BRASIL - 1645 — Afonso de Taunay

cias de um govêmo livre haviam sido lavras de publicista de autoridade indis

epeira doirada, tirou de si mesma, e sus pendeu entre a selva amazonense e os campos do Rio Grande". Desse clima tépido e repousante que

cutível) como foi a dignidade consular

se irradiara do 2.° reinado — equivalen

no Império Romano; mas o que tínhamos *'críi um governo dft utua simplicidade prírnilivíí, em que US jespQpsnhiliduües se dividiam ao infinito, e o poder esliiVÜ

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Crj 8,00

longamente preservadas por orgulho na cional (pode dizer-se repetindo as pa

concciilrudo nas mãos de um só". E ésse Redação e Administração: Viaduto Boa Vista, 67 - 7.o andar lal. 9-7499 — Caixa Postai, 240-B São Paulo

mão de mestre — "a liberdade brasileira

era uma teia de tenuidade invisível, pos suindo apenas a resistência e a elasti cidade da seda, que a monarquia, como

CrS CrS 50.00 oil.oo Crí s.QQ

No prolongado remanso em que nos abrigáramos, à sombra da coroa, durante cinqüenta anos — eis um retrato feito pòr

A monarquia cumprira, em verdade, o seu destino histórico. Tôdas as aparên

DIgesto Eeéàããiivo

Número do mês:

ressurgimento democrático".

RUI E SAO PAULO — Ernesto Lemci

útil DAliUOSA — Antao Jr Morais.

ASSINATURAS:

seríamos mais uma "exceção" — exce

Em nosso número

anterior, -publicamos a primeira preleção que versou sobre "A fase imperial". No próximo número completaremos a série com "O inferregno ce^arísfa e o

ir

üimultos e a trepidação nervosa descnca-

dpada pela RxpGiit-noia republicana — que se ínipUSeiil POmo uniu rnialicludei

govômo, nessas condições, era uma re sultante do meio em que fôra exercido,

einbom nm houvesse sido cünVtíllitnlO'

porquo no clima do poder não existem vácuos: há sempre uma autoridade, quo,

O movimento em prol da república, que aflorara em explosões revolucioná-

mente preparada.


Dicesto Econômico

10

1

rias do passado (uma delas de longa du

publicano — Rui Barbosa. Eis o que êle

ração, estendendo-se de 1835 a 1845),

escreveu quase no têrmo de sua existên cia, coroada de glória:

porém de marteira muito difusa e impre cisa, tomara corpo desde 1870, em mo mento de crise grave da monarquia. Em 1873 se funda o Partido Republi

"Sinceramente inonarquista era eu, a esse tempo (1889). Não por admitir

cano, na província de São Paulo. Mas no país vastíssimo, de meios de propa

sistema de governo — visível preconceito, apenas digno de fanáticos, ignorantes ou

ganda reduzidos, de opinião desarticula

tolos ... mas porque a monarquia par

da e desatenta, esse movimento não lo

lamentar, lealmente observada, encerra em si todas as virtudes preconizadas, sem o grande mal da república, o seu

grou constituir, por si só, uma base polí tica capaz de conquistar o poder; nem tampouco um núcleo de idéias definidas

e um programa de linhas precisas. Era

um ideal que a princípio empolgara uma minoria de letrados, imprevistamente, engrossada, depois, por obra de cir

cunstâncias que se criaram indepen dentes do esfôrço de propaganda e aliciamento.

Dai a surpresa, a indiferença, com que o povo assistiu à mudança das institui

ções, operada, em verdade, de um dia para outro, a sua revelia, sem o seu

aplauso ou o seu protesto. E mesmo nas camadas mais escla

recidas entre os próprios elemen tos destacados do movimento, não era profunda a convicção da

necessidade de uma substituição de regime. Se a monarquia houvesse ce dido, em tempo, no ponto da descentrali

zação — da federação política — talvez houvesse afastado por alguns anos a for ça maior, de aglutinação dos que for

maram, afinal, a corrente contra a qual a coroa, em anemia de autoridade, nada

poderia opor, senão o prestígio moral do Imperador.

O estado de inconsistência ideológica dos condutores do movimento republi

pree.vcclências formais dêsse ao outro

11

Dicesto Econômico

A Assembléia foi oferecido como base

de seus trabalhos o projeto de Consti

da precisa mecânica do sistema.

D

em 23 de outubro do mesmo ano.

órgão máximo do poder judiciário — ® Supremo Tribunal Federal — era, por disposição expressa, investido da atri buição de zelar pelo respeito à carta

O projeto inicial resultou dos trabalhos de uma comissão nomeada pelo gover

dentro dos limites que esta lhes traçara-

tuição elaborado pelo Covêmo Provi sório, e publicado em forma definitiva

no; mus o seu texto definitivo é obra,

magna, contendo os demais podai^s Todos os mandatos eletivos emana

principalmente, do maior dos constitu-

vam do sufrágio direto da Nação. O

cionalislas brasileiros c do maior, sobre

Presidente da República, inelegível para

tudo, dos nossos políticos rcpubhcanos

o período presidencial imediato, exer

mal inevitável" (rcferia-sc á possibili dade da ascensão à presidência, como

— Rui Barbosa — então Ministro da Fa

cia o poder executivo por quatro anos.

zenda do governo revolucionário — fi

O Senado, com igualdade de represen

regra, da mediocridade).

gura de dimensões gigantescas, cujo cen

tação dos Estados, se compunha de

tenário se comemora este ano, sob re

membros eleitos por nove anos; e a Câ

verências cívicas excepcionais da pátria,

mara dos Deputados, com representa ção de cada Estado proporcional à sua população, se formava de deputados com mandato de três anos. O poder legis lativo seria exercido com igualdade de atribuição pelas duas casas em que se

E acrescentava: ..."e por isso queria eu repuhlicanizar a monarquia, para a

que dèle se orgulha, como a mais pode

conservar"...)

rosa expressão de sua inteligência e da

Instaurado, em tais condições, o novo regime, em 15 de novembro de 1889 —

sua fidelidade à causa liberal.

proclamada pelo dec. n. 1 do Governo

rio, pode dizer-se, coube formular, na sua essência, a Constituição republicana de 1891. Ela se apresenta, quase

Provisório (que se formara sob a presi dência do marechal que dirigira o movi mento militar), como forma de govêmo a

A êsse político e jurista extraordiná

dividia.

Aos Estados se permitiu organizarem-

inteira, como êle a concebeu, e u defen

se de acôrdo com a Constituição e as

República Federativa, com a

deu nos debates da própria Constituinte.

transformação das antigas pro

leis que adotassem, respeitados os prin

O modelo da Constituição america

cípios constitucionais da União. As liberdades e garantias foram ins critas na nossa primeira constituição re publicana em termos a assegurar-lhe uma

víncias em Estados Unidos do

tempo, algumas medidas subs

na foi confessadamente o seguido, não sem considerar as lições que a experiên cia e a evolução já podiam oferecer de

tanciais: o banimento da família

um regime que, nos Estados Unidos, se

Brasil, decretaram-se, em pouco imperial, a separação da Igreja do Esta do, a liberdade de culto, o casamento ci

vil, além de copíosa legislação sôbre ma térias mais variadas. Tudo .sem resistên

cias e abalos apreciáveis — demonstrando bem que o antigo regime fôra removido sem esforços, sem deixar raízes no solo,

sôbre que se mantinha em estado de sus pensão, por um artificialismo longamente entretido com solenidade.

praticava bá mais de um século. A nossa primeira carta republicana —

promulgada em 24 de feveieiro de 1891 — impressiona, desde logo, pela pureza de

suas linhas arquitetônicas e pehr simpli cidade clássica de seu sistema, de rigo rosa simetria. É o presidencialismo na

quintessência de sua expressão, enuncia

da dentro da separação nítida e rigorosa dos três poderes.

inconfundível marca liberal e individua lista — estilo século XIX. O seu con

teúdo, porém, não ultrapassava o cam po político. O problema melindroso não residia,

porém, na simples formulação esquemática dos órgãos do poder: estava ua definição do sistema federativo. Os im

pulsos descentralizadores que predomina vam, como notamos na fase final do

Império, sc ha\iam acentuado na Cons

do grande homem que iniciara a sua car reira na monarquia e iria, depois, ser

A Assembléia Constituinte, eleita por sufrágio direto e universal, foi convocada para reunir-se no primeiro aniversário da proclamação da República — em 15

nicos e independentes entre si", segun do prescrevia o texto constitucional —

tituinte republicana, em reivindicações perigosas, pela deslocação violenta que operaria do centro de gravidade: da centralização excessiva, sufocante, se pre

o criador, o formulador do sistema re-

de novembro de 1890.

deveriam mover-se, sem atritos, dentro

tendia passar à descentralização desme-

cano se traduz fielmente nesta confissão

No âmbito de suas competências es pecíficas, êsses três poderes — "harmô


Dicesto Econômico

10

1

rias do passado (uma delas de longa du

publicano — Rui Barbosa. Eis o que êle

ração, estendendo-se de 1835 a 1845),

escreveu quase no têrmo de sua existên cia, coroada de glória:

porém de marteira muito difusa e impre cisa, tomara corpo desde 1870, em mo mento de crise grave da monarquia. Em 1873 se funda o Partido Republi

"Sinceramente inonarquista era eu, a esse tempo (1889). Não por admitir

cano, na província de São Paulo. Mas no país vastíssimo, de meios de propa

sistema de governo — visível preconceito, apenas digno de fanáticos, ignorantes ou

ganda reduzidos, de opinião desarticula

tolos ... mas porque a monarquia par

da e desatenta, esse movimento não lo

lamentar, lealmente observada, encerra em si todas as virtudes preconizadas, sem o grande mal da república, o seu

grou constituir, por si só, uma base polí tica capaz de conquistar o poder; nem tampouco um núcleo de idéias definidas

e um programa de linhas precisas. Era

um ideal que a princípio empolgara uma minoria de letrados, imprevistamente, engrossada, depois, por obra de cir

cunstâncias que se criaram indepen dentes do esfôrço de propaganda e aliciamento.

Dai a surpresa, a indiferença, com que o povo assistiu à mudança das institui

ções, operada, em verdade, de um dia para outro, a sua revelia, sem o seu

aplauso ou o seu protesto. E mesmo nas camadas mais escla

recidas entre os próprios elemen tos destacados do movimento, não era profunda a convicção da

necessidade de uma substituição de regime. Se a monarquia houvesse ce dido, em tempo, no ponto da descentrali

zação — da federação política — talvez houvesse afastado por alguns anos a for ça maior, de aglutinação dos que for

maram, afinal, a corrente contra a qual a coroa, em anemia de autoridade, nada

poderia opor, senão o prestígio moral do Imperador.

O estado de inconsistência ideológica dos condutores do movimento republi

pree.vcclências formais dêsse ao outro

11

Dicesto Econômico

A Assembléia foi oferecido como base

de seus trabalhos o projeto de Consti

da precisa mecânica do sistema.

D

em 23 de outubro do mesmo ano.

órgão máximo do poder judiciário — ® Supremo Tribunal Federal — era, por disposição expressa, investido da atri buição de zelar pelo respeito à carta

O projeto inicial resultou dos trabalhos de uma comissão nomeada pelo gover

dentro dos limites que esta lhes traçara-

tuição elaborado pelo Covêmo Provi sório, e publicado em forma definitiva

no; mus o seu texto definitivo é obra,

magna, contendo os demais podai^s Todos os mandatos eletivos emana

principalmente, do maior dos constitu-

vam do sufrágio direto da Nação. O

cionalislas brasileiros c do maior, sobre

Presidente da República, inelegível para

tudo, dos nossos políticos rcpubhcanos

o período presidencial imediato, exer

mal inevitável" (rcferia-sc á possibili dade da ascensão à presidência, como

— Rui Barbosa — então Ministro da Fa

cia o poder executivo por quatro anos.

zenda do governo revolucionário — fi

O Senado, com igualdade de represen

regra, da mediocridade).

gura de dimensões gigantescas, cujo cen

tação dos Estados, se compunha de

tenário se comemora este ano, sob re

membros eleitos por nove anos; e a Câ

verências cívicas excepcionais da pátria,

mara dos Deputados, com representa ção de cada Estado proporcional à sua população, se formava de deputados com mandato de três anos. O poder legis lativo seria exercido com igualdade de atribuição pelas duas casas em que se

E acrescentava: ..."e por isso queria eu repuhlicanizar a monarquia, para a

que dèle se orgulha, como a mais pode

conservar"...)

rosa expressão de sua inteligência e da

Instaurado, em tais condições, o novo regime, em 15 de novembro de 1889 —

sua fidelidade à causa liberal.

proclamada pelo dec. n. 1 do Governo

rio, pode dizer-se, coube formular, na sua essência, a Constituição republicana de 1891. Ela se apresenta, quase

Provisório (que se formara sob a presi dência do marechal que dirigira o movi mento militar), como forma de govêmo a

A êsse político e jurista extraordiná

dividia.

Aos Estados se permitiu organizarem-

inteira, como êle a concebeu, e u defen

se de acôrdo com a Constituição e as

República Federativa, com a

deu nos debates da própria Constituinte.

transformação das antigas pro

leis que adotassem, respeitados os prin

O modelo da Constituição america

cípios constitucionais da União. As liberdades e garantias foram ins critas na nossa primeira constituição re publicana em termos a assegurar-lhe uma

víncias em Estados Unidos do

tempo, algumas medidas subs

na foi confessadamente o seguido, não sem considerar as lições que a experiên cia e a evolução já podiam oferecer de

tanciais: o banimento da família

um regime que, nos Estados Unidos, se

Brasil, decretaram-se, em pouco imperial, a separação da Igreja do Esta do, a liberdade de culto, o casamento ci

vil, além de copíosa legislação sôbre ma térias mais variadas. Tudo .sem resistên

cias e abalos apreciáveis — demonstrando bem que o antigo regime fôra removido sem esforços, sem deixar raízes no solo,

sôbre que se mantinha em estado de sus pensão, por um artificialismo longamente entretido com solenidade.

praticava bá mais de um século. A nossa primeira carta republicana —

promulgada em 24 de feveieiro de 1891 — impressiona, desde logo, pela pureza de

suas linhas arquitetônicas e pehr simpli cidade clássica de seu sistema, de rigo rosa simetria. É o presidencialismo na

quintessência de sua expressão, enuncia

da dentro da separação nítida e rigorosa dos três poderes.

inconfundível marca liberal e individua lista — estilo século XIX. O seu con

teúdo, porém, não ultrapassava o cam po político. O problema melindroso não residia,

porém, na simples formulação esquemática dos órgãos do poder: estava ua definição do sistema federativo. Os im

pulsos descentralizadores que predomina vam, como notamos na fase final do

Império, sc ha\iam acentuado na Cons

do grande homem que iniciara a sua car reira na monarquia e iria, depois, ser

A Assembléia Constituinte, eleita por sufrágio direto e universal, foi convocada para reunir-se no primeiro aniversário da proclamação da República — em 15

nicos e independentes entre si", segun do prescrevia o texto constitucional —

tituinte republicana, em reivindicações perigosas, pela deslocação violenta que operaria do centro de gravidade: da centralização excessiva, sufocante, se pre

o criador, o formulador do sistema re-

de novembro de 1890.

deveriam mover-se, sem atritos, dentro

tendia passar à descentralização desme-

cano se traduz fielmente nesta confissão

No âmbito de suas competências es pecíficas, êsses três poderes — "harmô


jj JflIiipipX!

:rr

Digesto Econômico

12

siirada.

A marcha da nossa formação

fôra o inverso da dos Estados Unidos;

mas era difícil opor barreiras às tendên cias centrífugas.

Era o "ultra-federalismo" que se pre tendia estabelecer — advertia Rui Bar

bosa, cuja resistência tenaz, se impediu muitas demasias, não logrou, todavia, evitar que a autoridade política da União se enfraquecesse, sobretudo em

favor dos grandes Estados, como a prá

A obra de con.solidação o de restau

ração que a Rcpúbhca leve de enfrentar, nos primeiros go\ crnos, foi penosa e exi

pre reforços paru empreender a tarefa

^

bros é sempre um problema delicado, no Brasil — em que a federação c uma

unidades federativas.

Crises e revoluções envolveram os pri meiros anos que se seguiram à instaura ção tão tranqüilamente realizada da

República. O chefe militar do governo provisório (eleito, depois, pela Consti tuinte, primeiro Chefe da Nação) entrou em conflito com o congresso ordinário,

em que aquela se transformou, após concluir a sua tarefa principal. O cho

comando pertencia cfctbamente a um grupo reduzido, que dirigia o jògo sem

que lhe impunham as eircun.stáncia.s, im periosamente. O engenhoso sistema de freios e contra-pcsos dos pocleres, for mulado na Constituição, cedia, impoten

I

do Estado, como o fora no Império. Mas a realidade política revelava que o

poder executivo central reclamava sem

te, à pressão dos acontecinienlos. A au

sidade das condições c o grau de desen volvimento muito desigual das várias

tro de estudos e debates dos problema.;

giu duros sacrifícios. A autoridade do

Se a distribuição das competências entre o poder central e os Estados-mem-

fatalidade geográfica e social - o pro blema SC complicaria com a grande diver

retraiam, no aiheaineulo às questões de natureza política, que normalmente lhes escapavam à apreciação. revelavam vocação para a vida pública. ■ O nosso sistema presidencial, no cur O parlamento continuava a ser um cen so do sua evolução, não conheceu, como

b'óias participavam tcklas as figuras expres.sivas da inteligência do País, que

agravaram progressivamente.

tica do sistema iria revelar.

a participação real c influente do povo.

toridade política do Rrcsidcnte da Re pública a.s"ccnclia irremcdiàvelmente, em

nome das exigências da ordem. E as fran quias autonomistas dos Estados — de que só de.sfrutavam realmente os gran des Estados — se contrabalançavam,

num ajuste entre o Chefe da Nação e os governadores desses Estados podero sos, para que cooperassem no e.xercíeio do govôrno, somando-se e nmparando-se mutuamente. E, as.sim, à margem do sis tema constitucional, se criava uma ordem

política ditada pelas contingências. As convulsões e de.sordens foram sen

do dominadas. Abriu-se um período de administrações fecundas e eficientes, que enfrentaram e rc.soIvcram alguns pro

•í

não entrou, efetivamente, em funciona

lha. Os dissídios políticos se operavam no alto, no seio do grupo dominante. As

tuía um ato de heroisnío.

O poder legislativo, onde só de raro em raro surgia uma

corrente de oposição, podia falar

à compreensão do cliefe do executivo,

tôdas as garantias (como não as co

«clípsaram prolongadamente, através de «stados de sitio que se sucediam. As

malmente, mediante eleições, como esta-

Os órgãos políticos se renovavam nor

Conhecemos o mesmo fenôme

organo de pcrturbacion en el equilíbrio

influxos da opinião livre. A opo sição não era uma condição nor mal. de vida do regime: consti

revolução que o põe por terra, em 1930. O paternalismo aristocrático e sereno

cimentos.

balances"

lü,so dcl titular dei Poder Ejecutivo un

ma soberana. O Judiciário, cercado de

driênio. As garantias constitucionais se

and

tros logravam constituir-se de maneira

de que nunca mais se libertaria, até a

velmente oligárquico. A simetria do sis tema se rompia ao impacto dos aconte

mento.

dos "checks

duradoura, nessa atmosfera fechada aos

formação, resultante das circunstâncias, e

uma composição de forças de "contrô-

mais impressivo e permanente. O me

dominava indefinidamente. E nem ou

mesmas práticas se estendiam da União aos municípios. O partido do govôrno

Império. Vinte dias depois do golpe de Estado, renunciava, entretanto, o pre

le" e comando, de cunho indisfarçà-

mento mórbido, e marcando o seu traço

no comum ao presidencialismo sul-ame ricano, que o eminente professor Arechaga assim retrata: ..."processo crecientc de Ia autoridad presidencial que

gio de seus membros, individualmente. . Mas o presidente é que decidia, de for

Deposições de governadores, violências o uma prolongada revolta armada, se seguiram a esses episódios. E iriam essas agitações perdurar por mais de um qua-

vo, entre nós, foi constante e incontrastável, caracterizando-lhe o desenvolvi

ria a estas a faculdade efetiva da esco

o episódio da primeira constituinte do

do segundo reinado se substituiu por

três poderes. A ascendência do e.xecuti-

canismo

do poder legislativo. Repetia-se, assim,

sidente, premido pela reação, sucedendo-lhe o vice-presidente, outro marechal.

se verificou nos Estados Unidos, nas suas diversas fases históricas, revezamen tos ou oscilações sensíveis na incidência do acento tônico da autoridade, entre os

O voto era uni\-ersal; ma.s as operações eleitorai.s não .se resguaixlavam da frau de; e o reconhecimento de poderes, con ferido às câmaras legislativas, transfe

blemas essenciais, impulsionando nota velmente o progresso material do Pais. O sistema, porém, havia sofrido uma de

que terminou em dissolução das casas

IS

va previsto na Constituição, Das assein-

perturbações econômicas e financeiras se

^ I

D1CE.ST0 Econômico

valendo-se da autoridade e do prestí

de nuestras iostituciones"...

Contra essa deformação do sistema, ergueu-se — durante

toda a vida republicana, até que a morte, em 1923, a emu decesse — acima de tôdas, a

voz ciclópioa de Rui Barbosa, que, no seu idealismo de criador do re gime, não se conformava com essas práticas viciosas.

Para exprimir a sua repulsa veemente a tais corruptelas, levantou-se o estu pendo paladino na mais memorável cam

nhecera no Império), estimulado repe

panha política que agitou salutarmente

tidamente ao cumprimento do papel de guarda supremo da Constituição, algu

a Repiiblica, disputando-lhe a presidên cia, em 1910. Era a primeira vez que

mas vezes (quando as pôde apreciar) condenou decisões políticas, ofensivas

o povo era conclamado efetivamente

de direitos e garantias; mas os seus pro

da Nação.

nunciamentos corriam o risco de não se

para eleger, com o seu sufrágio, o Chefe A opinião despertada o ouviu, acom

rem acatados (como não o foram mais

panhou e o preferiu. Mas o denodado

da uma feita); e os órgãos judiciários se

lutador não alcançou o reconhecimento


jj JflIiipipX!

:rr

Digesto Econômico

12

siirada.

A marcha da nossa formação

fôra o inverso da dos Estados Unidos;

mas era difícil opor barreiras às tendên cias centrífugas.

Era o "ultra-federalismo" que se pre tendia estabelecer — advertia Rui Bar

bosa, cuja resistência tenaz, se impediu muitas demasias, não logrou, todavia, evitar que a autoridade política da União se enfraquecesse, sobretudo em

favor dos grandes Estados, como a prá

A obra de con.solidação o de restau

ração que a Rcpúbhca leve de enfrentar, nos primeiros go\ crnos, foi penosa e exi

pre reforços paru empreender a tarefa

^

bros é sempre um problema delicado, no Brasil — em que a federação c uma

unidades federativas.

Crises e revoluções envolveram os pri meiros anos que se seguiram à instaura ção tão tranqüilamente realizada da

República. O chefe militar do governo provisório (eleito, depois, pela Consti tuinte, primeiro Chefe da Nação) entrou em conflito com o congresso ordinário,

em que aquela se transformou, após concluir a sua tarefa principal. O cho

comando pertencia cfctbamente a um grupo reduzido, que dirigia o jògo sem

que lhe impunham as eircun.stáncia.s, im periosamente. O engenhoso sistema de freios e contra-pcsos dos pocleres, for mulado na Constituição, cedia, impoten

I

do Estado, como o fora no Império. Mas a realidade política revelava que o

poder executivo central reclamava sem

te, à pressão dos acontecinienlos. A au

sidade das condições c o grau de desen volvimento muito desigual das várias

tro de estudos e debates dos problema.;

giu duros sacrifícios. A autoridade do

Se a distribuição das competências entre o poder central e os Estados-mem-

fatalidade geográfica e social - o pro blema SC complicaria com a grande diver

retraiam, no aiheaineulo às questões de natureza política, que normalmente lhes escapavam à apreciação. revelavam vocação para a vida pública. ■ O nosso sistema presidencial, no cur O parlamento continuava a ser um cen so do sua evolução, não conheceu, como

b'óias participavam tcklas as figuras expres.sivas da inteligência do País, que

agravaram progressivamente.

tica do sistema iria revelar.

a participação real c influente do povo.

toridade política do Rrcsidcnte da Re pública a.s"ccnclia irremcdiàvelmente, em

nome das exigências da ordem. E as fran quias autonomistas dos Estados — de que só de.sfrutavam realmente os gran des Estados — se contrabalançavam,

num ajuste entre o Chefe da Nação e os governadores desses Estados podero sos, para que cooperassem no e.xercíeio do govôrno, somando-se e nmparando-se mutuamente. E, as.sim, à margem do sis tema constitucional, se criava uma ordem

política ditada pelas contingências. As convulsões e de.sordens foram sen

do dominadas. Abriu-se um período de administrações fecundas e eficientes, que enfrentaram e rc.soIvcram alguns pro

•í

não entrou, efetivamente, em funciona

lha. Os dissídios políticos se operavam no alto, no seio do grupo dominante. As

tuía um ato de heroisnío.

O poder legislativo, onde só de raro em raro surgia uma

corrente de oposição, podia falar

à compreensão do cliefe do executivo,

tôdas as garantias (como não as co

«clípsaram prolongadamente, através de «stados de sitio que se sucediam. As

malmente, mediante eleições, como esta-

Os órgãos políticos se renovavam nor

Conhecemos o mesmo fenôme

organo de pcrturbacion en el equilíbrio

influxos da opinião livre. A opo sição não era uma condição nor mal. de vida do regime: consti

revolução que o põe por terra, em 1930. O paternalismo aristocrático e sereno

cimentos.

balances"

lü,so dcl titular dei Poder Ejecutivo un

ma soberana. O Judiciário, cercado de

driênio. As garantias constitucionais se

and

tros logravam constituir-se de maneira

de que nunca mais se libertaria, até a

velmente oligárquico. A simetria do sis tema se rompia ao impacto dos aconte

mento.

dos "checks

duradoura, nessa atmosfera fechada aos

formação, resultante das circunstâncias, e

uma composição de forças de "contrô-

mais impressivo e permanente. O me

dominava indefinidamente. E nem ou

mesmas práticas se estendiam da União aos municípios. O partido do govôrno

Império. Vinte dias depois do golpe de Estado, renunciava, entretanto, o pre

le" e comando, de cunho indisfarçà-

mento mórbido, e marcando o seu traço

no comum ao presidencialismo sul-ame ricano, que o eminente professor Arechaga assim retrata: ..."processo crecientc de Ia autoridad presidencial que

gio de seus membros, individualmente. . Mas o presidente é que decidia, de for

Deposições de governadores, violências o uma prolongada revolta armada, se seguiram a esses episódios. E iriam essas agitações perdurar por mais de um qua-

vo, entre nós, foi constante e incontrastável, caracterizando-lhe o desenvolvi

ria a estas a faculdade efetiva da esco

o episódio da primeira constituinte do

do segundo reinado se substituiu por

três poderes. A ascendência do e.xecuti-

canismo

do poder legislativo. Repetia-se, assim,

sidente, premido pela reação, sucedendo-lhe o vice-presidente, outro marechal.

se verificou nos Estados Unidos, nas suas diversas fases históricas, revezamen tos ou oscilações sensíveis na incidência do acento tônico da autoridade, entre os

O voto era uni\-ersal; ma.s as operações eleitorai.s não .se resguaixlavam da frau de; e o reconhecimento de poderes, con ferido às câmaras legislativas, transfe

blemas essenciais, impulsionando nota velmente o progresso material do Pais. O sistema, porém, havia sofrido uma de

que terminou em dissolução das casas

IS

va previsto na Constituição, Das assein-

perturbações econômicas e financeiras se

^ I

D1CE.ST0 Econômico

valendo-se da autoridade e do prestí

de nuestras iostituciones"...

Contra essa deformação do sistema, ergueu-se — durante

toda a vida republicana, até que a morte, em 1923, a emu decesse — acima de tôdas, a

voz ciclópioa de Rui Barbosa, que, no seu idealismo de criador do re gime, não se conformava com essas práticas viciosas.

Para exprimir a sua repulsa veemente a tais corruptelas, levantou-se o estu pendo paladino na mais memorável cam

nhecera no Império), estimulado repe

panha política que agitou salutarmente

tidamente ao cumprimento do papel de guarda supremo da Constituição, algu

a Repiiblica, disputando-lhe a presidên cia, em 1910. Era a primeira vez que

mas vezes (quando as pôde apreciar) condenou decisões políticas, ofensivas

o povo era conclamado efetivamente

de direitos e garantias; mas os seus pro

da Nação.

nunciamentos corriam o risco de não se

para eleger, com o seu sufrágio, o Chefe A opinião despertada o ouviu, acom

rem acatados (como não o foram mais

panhou e o preferiu. Mas o denodado

da uma feita); e os órgãos judiciários se

lutador não alcançou o reconhecimento


da vitória eleitoral, que só poderia obter

tituíção: em 1926, por iniciativa do po

se o exame do pleito fosse escorreito de deturpações. Mas a sua pregação deixou sulcos profundos que iriam justificar,

der executivo, para corrigir alguns de omissões e sobretudo para reforçar a au

mais tarde, reações corregedoras.

toridade do governo, deixando, entrelan-

*

I

feitos de técnica da lei básica, esclarecer

to, intacto o arcabouço do sistema.

*

Essas agitações políticas e eleitorais Ao progresso material do País — am

sem

escoadouro

envolveram

nas suas

pliando sua base econômica da agricul tura para a indústria (cujo desenvolvi

ondas a mocidadc militar, movida do

mento a primeira guerra mundial acele

gumas das suas figuras mais c.vpressivas. Revoluções sucessivas, algumas dura douras, difundiram o fermento da in

rou) — dera a República inegavelmente uma contribuição valiosa.

Mas a mentalidade política reclamava

reforma nas práticas do regime. "Re presentação e justiça" constituiu a sú

mula de um programa que cada dia conquistava mais adeptos - infiltrando-

I se na própria consciência dos mais pres tigiosos servidores do regime a convicção de que a reforma se fazia necessária. Voto hvre, eleições honestas, e hones tamente apuradas - eis o alvo de uma campanha que ampHava constantemente o número de seus adeptos. O movi mento reivindicador se mantinha no campo meramente político.

Mas

ga-

nhava terreno.

Novas campanhas em disputa da pre sidência da República, em que se divi diram as forças dominantes, lograram apaixonar a opinião, mesmo sob a cer

puro idealismo que se comunicara a al

surreição.

A fallia do sistema era, porem, in trínseca. Um estado cie insatisfação mais

agudo, e uma ruptura ocasional no jôgo das fôrças que o sustentavam, lhe oca.sionariam a destruição. Foi o que ocor

reu, finalmente, em 1930, como desfê-

cho do apai.xonacla campanha presiden

cial, em que se dividiram as forças po líticas dos grandes Estados, contando com a receptividade da opinião políti ca, e as repercussões internas da crise que, com caráter de abalo sísmica, se irradiara, em 1929, da Bolsa de Nova York, anunciando a crise universal de um

sistema, e que se traduziu, imediata mente, numa epidemia de revoluções po líticas, a que poucos países escaparam.

teza desestimu'ante do resultado que as umas apresentariam, como fruto da pre cariedade do sufrágio.

A bandeira reformista, levantada pelo próprio autor da Constituição, logo após a sua promulgação, e ampliada na cam panha presidencial de 1910 e 1919, es tava suspensa no ,ar. Mas enfrentava nos círculos dominantes uma tenaz su

perstição, em tudo quanto dizia respei to à intangibilídade formal da carta magna.

Só uma vez se ousou tocar na Cons-

A primeira república não completou meio século de vida; mas morreu fiel

ao cxJmplexo político em que se apoiou; e caiu num país cujo progresso mate rial favoreceu de maneira considerável,

podendo oferecer à admiração dos con temporâneos e dos pôsteres uma coorte

de homens públicos de altos méritos. A nossa vida republicana não conhe cera a tranqüilidade do 2° reinado. A sua existência foi politicamente mais dinâmica e incomparàvelinente mais

15

Dicesto Econômico

Dicesto Econômico

14

V

turbulenta.

Da base agrária, em que

o único que podia viver e prosperar.

aquela se assentara, num esquema que

Ao invés de abrir caminho à ascensão e

num corte vertical assim se resumira:

à influência progressi\'a do povo na

"senhores e escravos" — evoluíra a Re

composição e no fimcionamento do go-

pública para o desenvolvimento indus

vêrao, o grupo dirigente dele se dis

trial o para a urbanização crescente, fa vorecida pela ampliação dos meios de

letividade em virtude de um mandato

tanciava, governando em nome da co

transporte. A população crescera de 14 milhões, em 1891, para cerca de 35 mi lhões; a imigração contribuíra, em cer tas zonas mais prósperas, para a hete-

em que os mandatários se investiam a si próprios, pelo emprêgo de fórmulas e

rogeneidade do meio social. O quadro se apresentava sensivelmente alterado;

neira cada vez mais nítida. .O govêmo continuava, ainda a compor-se e a exercer-se "pelo alto". O seu mecanis

o as fôrças novas não se continham na

rigidez de um sistema político, cujos condutores haviam sido surdos aos re

clamos de uma reforma, que lhe sal vasse a estrutura, adaptando-a às trans formações que a experiência indicava, imperiosamente.

cerimoniais, que mal disfarçavam a rea

lidade, como ela se apresentava, de ma

mo era acionado e equilibrado pela cul tura jurídica, pelos preconceitos legalis tas e pelas regras do jôgo que os par ceiros se impunham, e em geral obser vavam, no interesse comum.

O poder não se abrigava mais, como na monarquia, sob a fachada de institui ções de fôrça sugestiva incomparàvelmente superior, e nas quais o Império

Como o Imperador D. Pedro H caíra em 89, sob as invectívas dos abusos do

pudera defender-se, para só sucumbir depois de prolongado desgaste. A au

poder pessoal, é sob idêntica acusação que a onda revolucionária se ergue con tra o presidente da República em 1930.

toridade central da RepúbMca, encar nada no presidente, se expunha direta

de govêmo que se buscam os motivos

e abertamente aos choques e aos golpes das correntes renovadoras, que se for

Volvidos mais de 40 anos, é no excesso para levantar a reação da minoria incon

mavam no ambiente constantemente var

formada e do povo, que se aponta co mo usurpado nas suas prerrogativas de

rido pelas explosões de rebeldia; e que,

auto-direção.

num momento propício, haveriam de al cançar o triunfo, nesses embates de vi gor crescente, e aos quais não se dera

A revolução política vitoriosa em 1930, graças ao apoio dos governos de

um derivativo capaz de descarregar a

três Estados (dois dos quais dos maio res do País), que haviam quebrado o

insatisfação, que as movia e impulsio

paralelogramo de fôrças sôbre o qual

nava.

se apoiava o sistema, não trazia um

O grande pecado do regime, como se praticara, fôra o de não favorecer a re presentação legítima, através de eleições

finido.

verdadeiras. O voto era uma manifesta

ção quase ritual. A escolha realmente 10 fazia em círculos fechados, em que se acastelara o partido situacionista —

programa de reformas nitidamente de Traduzia, no caráter essencialmente

político de que se revestia, insatisfações e anseios generalizados de mudança, que as circunstâncias do momento permiti ram polarizar em movimento mais ou


da vitória eleitoral, que só poderia obter

tituíção: em 1926, por iniciativa do po

se o exame do pleito fosse escorreito de deturpações. Mas a sua pregação deixou sulcos profundos que iriam justificar,

der executivo, para corrigir alguns de omissões e sobretudo para reforçar a au

mais tarde, reações corregedoras.

toridade do governo, deixando, entrelan-

*

I

feitos de técnica da lei básica, esclarecer

to, intacto o arcabouço do sistema.

*

Essas agitações políticas e eleitorais Ao progresso material do País — am

sem

escoadouro

envolveram

nas suas

pliando sua base econômica da agricul tura para a indústria (cujo desenvolvi

ondas a mocidadc militar, movida do

mento a primeira guerra mundial acele

gumas das suas figuras mais c.vpressivas. Revoluções sucessivas, algumas dura douras, difundiram o fermento da in

rou) — dera a República inegavelmente uma contribuição valiosa.

Mas a mentalidade política reclamava

reforma nas práticas do regime. "Re presentação e justiça" constituiu a sú

mula de um programa que cada dia conquistava mais adeptos - infiltrando-

I se na própria consciência dos mais pres tigiosos servidores do regime a convicção de que a reforma se fazia necessária. Voto hvre, eleições honestas, e hones tamente apuradas - eis o alvo de uma campanha que ampHava constantemente o número de seus adeptos. O movi mento reivindicador se mantinha no campo meramente político.

Mas

ga-

nhava terreno.

Novas campanhas em disputa da pre sidência da República, em que se divi diram as forças dominantes, lograram apaixonar a opinião, mesmo sob a cer

puro idealismo que se comunicara a al

surreição.

A fallia do sistema era, porem, in trínseca. Um estado cie insatisfação mais

agudo, e uma ruptura ocasional no jôgo das fôrças que o sustentavam, lhe oca.sionariam a destruição. Foi o que ocor

reu, finalmente, em 1930, como desfê-

cho do apai.xonacla campanha presiden

cial, em que se dividiram as forças po líticas dos grandes Estados, contando com a receptividade da opinião políti ca, e as repercussões internas da crise que, com caráter de abalo sísmica, se irradiara, em 1929, da Bolsa de Nova York, anunciando a crise universal de um

sistema, e que se traduziu, imediata mente, numa epidemia de revoluções po líticas, a que poucos países escaparam.

teza desestimu'ante do resultado que as umas apresentariam, como fruto da pre cariedade do sufrágio.

A bandeira reformista, levantada pelo próprio autor da Constituição, logo após a sua promulgação, e ampliada na cam panha presidencial de 1910 e 1919, es tava suspensa no ,ar. Mas enfrentava nos círculos dominantes uma tenaz su

perstição, em tudo quanto dizia respei to à intangibilídade formal da carta magna.

Só uma vez se ousou tocar na Cons-

A primeira república não completou meio século de vida; mas morreu fiel

ao cxJmplexo político em que se apoiou; e caiu num país cujo progresso mate rial favoreceu de maneira considerável,

podendo oferecer à admiração dos con temporâneos e dos pôsteres uma coorte

de homens públicos de altos méritos. A nossa vida republicana não conhe cera a tranqüilidade do 2° reinado. A sua existência foi politicamente mais dinâmica e incomparàvelinente mais

15

Dicesto Econômico

Dicesto Econômico

14

V

turbulenta.

Da base agrária, em que

o único que podia viver e prosperar.

aquela se assentara, num esquema que

Ao invés de abrir caminho à ascensão e

num corte vertical assim se resumira:

à influência progressi\'a do povo na

"senhores e escravos" — evoluíra a Re

composição e no fimcionamento do go-

pública para o desenvolvimento indus

vêrao, o grupo dirigente dele se dis

trial o para a urbanização crescente, fa vorecida pela ampliação dos meios de

letividade em virtude de um mandato

tanciava, governando em nome da co

transporte. A população crescera de 14 milhões, em 1891, para cerca de 35 mi lhões; a imigração contribuíra, em cer tas zonas mais prósperas, para a hete-

em que os mandatários se investiam a si próprios, pelo emprêgo de fórmulas e

rogeneidade do meio social. O quadro se apresentava sensivelmente alterado;

neira cada vez mais nítida. .O govêmo continuava, ainda a compor-se e a exercer-se "pelo alto". O seu mecanis

o as fôrças novas não se continham na

rigidez de um sistema político, cujos condutores haviam sido surdos aos re

clamos de uma reforma, que lhe sal vasse a estrutura, adaptando-a às trans formações que a experiência indicava, imperiosamente.

cerimoniais, que mal disfarçavam a rea

lidade, como ela se apresentava, de ma

mo era acionado e equilibrado pela cul tura jurídica, pelos preconceitos legalis tas e pelas regras do jôgo que os par ceiros se impunham, e em geral obser vavam, no interesse comum.

O poder não se abrigava mais, como na monarquia, sob a fachada de institui ções de fôrça sugestiva incomparàvelmente superior, e nas quais o Império

Como o Imperador D. Pedro H caíra em 89, sob as invectívas dos abusos do

pudera defender-se, para só sucumbir depois de prolongado desgaste. A au

poder pessoal, é sob idêntica acusação que a onda revolucionária se ergue con tra o presidente da República em 1930.

toridade central da RepúbMca, encar nada no presidente, se expunha direta

de govêmo que se buscam os motivos

e abertamente aos choques e aos golpes das correntes renovadoras, que se for

Volvidos mais de 40 anos, é no excesso para levantar a reação da minoria incon

mavam no ambiente constantemente var

formada e do povo, que se aponta co mo usurpado nas suas prerrogativas de

rido pelas explosões de rebeldia; e que,

auto-direção.

num momento propício, haveriam de al cançar o triunfo, nesses embates de vi gor crescente, e aos quais não se dera

A revolução política vitoriosa em 1930, graças ao apoio dos governos de

um derivativo capaz de descarregar a

três Estados (dois dos quais dos maio res do País), que haviam quebrado o

insatisfação, que as movia e impulsio

paralelogramo de fôrças sôbre o qual

nava.

se apoiava o sistema, não trazia um

O grande pecado do regime, como se praticara, fôra o de não favorecer a re presentação legítima, através de eleições

finido.

verdadeiras. O voto era uma manifesta

ção quase ritual. A escolha realmente 10 fazia em círculos fechados, em que se acastelara o partido situacionista —

programa de reformas nitidamente de Traduzia, no caráter essencialmente

político de que se revestia, insatisfações e anseios generalizados de mudança, que as circunstâncias do momento permiti ram polarizar em movimento mais ou


Dicesto Económic#

DicESTO Eco NÓMICO Yí

menos caótico e desordenado, congre

gando grupos e correntes de inclinações incoerentes, que um denominador co mum reunia, transformando-se em lema

da campanha eleitoral, de que emergiu

o pronunciamento armado; a i'cgilimidade da ação do presidente da Repú blica, pretendendo impor o seu sucessor

e de rígida centralizíição, o poder di tatorial procurava dilatixr a sua duração, jiisliricandu-a pela ncce.ssidadc dc com pletar a execução do seu programa d« reformas. Êste era, entretanto, cada \cy. mais desarticulado e impreciso.

O ambiente de in.segurança e instabi

lidade que .so gencrall/.ou acab(JU por provocar vigorosa pressão cm prol do

no govèrno. Em derrcdor desse "slo gan" emocional se agregaram outras promessas dos reformadores: eleições

restabelecimento da ordojn constitucio

verdadeiras, voto livre, representação

controu réplica na explosão, em julho

legítima. À massa pro'c'tária, até então alheia, como c.tpressão so cial, aos embates políticos, se

acenou com uma legislação que lhe conferisse os direitos e garan tias que ela, em verdade, ainda

não reivindicava, na sua débil, senão inexistente, consciência de classe.

O governo ditatorial que se instalou em 1930, depois de menos de um mês

de luta militar, resguardou o predomí nio cio comando civil, embora o divi

nal.

A resistência govcruanienlal' en dc 1932, de uma revolução, no

mais importante Estado do Brasil — o Estado dc São Paulo. O mo

vimento rebelde, (pie envolveu

tôdu a i^opuíação daquele Estado, sob grande paixão política, e.t-

uma significativ;i

vitória

democrática

e.xprimiu essa lei, que conferia aos plei tos uma expressão de legitimidade, em verdade até então de.sconbecida no País.

O povo, ao acorrer daí por diante aos comícios eleitorais, já cll.sporia de instru mentos c meios dc traduzir sua escolha; e o aparcRiamenlo destinado a apurar essa manifestação eslava idoncamonte organizado. Não era tudo, mas era ine-

gàvelmento um grande passo, o que tar dara demasiado a ser dado. A legis lação que punha íim aos reconhecimen tos políticos pelo Congresso, desanimadores de qualquer luta eleitoral na Pri

meira Repúbbca, redimia grandes erros e perjúrio.s da revolução, que .se fizera sob o signo da "Aliança Liberal".

primiu no seu lema dc "Constituciona-

lista" o objetivo que o deflagrara. A guerra civil, bravamente sustentada, durou quase três meses.

O govêmo

central logrou dominar a rebeldia; mas a idéia que o inspirou se tornaria em

H-

Graças à nova legislação, a segunda constituinte republicana teve uma ori

ta pelo sufrágio popular direto, em pro porção à população de cada um,' ui* corpo estranho: a representação de c'a3-

sos e profissões liberais, escolhida por órgãos e sindicatos patronais e proletá rios, muitos dos quais, senão a maioria, improvisados e adredemente constituídos

sob a égide oficial. Na numerosa assembléia de 300 cons-

Htuintes, dos quais oO pertenciam a esses grupos sindicais e profissionais, se

defrontaram correntes movidas pelos in-

terêsses e tendências as mais contraditó rias, desde as representações das antigas agremiações partidiirias da Primeira Rese batizara de

velha') até os delegados do mais avan

çado espírito revolucionário, sempre di fuso e caótico na sua formulação. Nenhuma corrente de pensamento social,

nihdamente definido, ainda que mes mo dc maneira reduzida, nílo loiprru acejo: todas as aspirações se manünhaii

breve vitoriosa. Com efeito, em 15 de novembro de 1933, reuniu-se a se

gem mais pura do que a primeira, reu nida 43 anos antes, c cujos mombròs haviam sido eleitos sob processos notò-

gunda assembléia constituinte da Re

rido acentuadamente burguês, apenas

riamcnte viciosos. Não houve, sem dú

com

gastando-se em iniciativas desencontra

pública, para elaborar a lei fundamental, pondo fim ao regime de arbítrio, a que

vida, ainda agora, inteira liberdade no pleito; a fase histórica era anüma'a- as

tend(íncias para reformas mal assi

das, nos entrechoques das correntes que

o País não se acostumara.

eleições se processaram sob os gover nos dos Estados entregues aos delega dos da ditadura; descontados, porém,

A heterogeneidade da Constituinte, que se reunia em momento em que as

disse com as figuras mais influentes dos

grupos de oficiais que haviam sido pre cursores do movimento vitorioso.

Viveu o govêmo revolucionário des-

no seio dele se digladiavam, durante os

dois primeiros anos que se lhe segui ram à instauração. Duas iniciativas suas

nesta quadra refletem, porém, a mu dança do. clima político; a criação do Ministério do Trabalho e a promulgação

A revolução cumprira antes, porém,

um dos compromissos do seu programa: a verdade dos pleitos. Em 1932, foi promulgado um código eleitoral, em tôrmos que representavam extraordinário progresso na vida política. Instituiu-se,

das leis sociais. Entrava o governo num

nessa lei, o voto secreto; estendeu-se o

campo novo, em que a sua ação até

direito de sufrágio às mulheres; esta beleceu-se a representação proporcional; criou-se a Justiça Eleitoral, composta d» juizes funcionalmente garantidos, com atribuição de presidir tôdas as operações ligadas ao pleito, desde a qualificação do eleitor á apuração dos sufrágios e à proclamação dos eleitos. Sem dúvida,

então se limitara à lei de acidentes do

trabalho e à criação de algumas caixas

de pensões aos trabalhadores. Era uma mudança substancial: o Estado iria am

pliar o raio de sua influência, além do campo estritamente político. Governando sob regime discricionário

todos esses fatores de perturbação, man da a justiça reconhecer que, em cxjnseqüôncia, sobretudo, do progresso da le

gislação, as eleições foram as melhores, pelo menos do ponto de vista formal

de quantas até então houvera no País. E, em conseqüência, uma considerável

representação independente integrou os

quadros da numerosa assembléia que se instalava para dar uma nova constitui ção democrática ao Brasil.

No seu seio se introduziu, ao lado da representação política dos Estados, elei

amda a esta altura no terreno meramen te político, dando à assembléia um colo x-agas

manchas indicativas de

miladas.

instituições representativas enfrentavam uma grave e prolongada crise em todo

o mundo, iria refletir-se no estatuto político que Die incumbia elaborar

Tínhamos já urna experiência 'repu-

bhcana de mars de quarenta anos. As defrc.cnc.as do anHgo regime eram conlrecdas, Corngi-las e supri-las - pro grama da maroria que se cmbaUrra nas promessas da revolução. Nos remédios

a adotar nao era fácil, todavia, encon

trar convergência de opiniões tão iversamente mspiradas. As soluções de compronusso entre as orientações divergentes


Dicesto Económic#

DicESTO Eco NÓMICO Yí

menos caótico e desordenado, congre

gando grupos e correntes de inclinações incoerentes, que um denominador co mum reunia, transformando-se em lema

da campanha eleitoral, de que emergiu

o pronunciamento armado; a i'cgilimidade da ação do presidente da Repú blica, pretendendo impor o seu sucessor

e de rígida centralizíição, o poder di tatorial procurava dilatixr a sua duração, jiisliricandu-a pela ncce.ssidadc dc com pletar a execução do seu programa d« reformas. Êste era, entretanto, cada \cy. mais desarticulado e impreciso.

O ambiente de in.segurança e instabi

lidade que .so gencrall/.ou acab(JU por provocar vigorosa pressão cm prol do

no govèrno. Em derrcdor desse "slo gan" emocional se agregaram outras promessas dos reformadores: eleições

restabelecimento da ordojn constitucio

verdadeiras, voto livre, representação

controu réplica na explosão, em julho

legítima. À massa pro'c'tária, até então alheia, como c.tpressão so cial, aos embates políticos, se

acenou com uma legislação que lhe conferisse os direitos e garan tias que ela, em verdade, ainda

não reivindicava, na sua débil, senão inexistente, consciência de classe.

O governo ditatorial que se instalou em 1930, depois de menos de um mês

de luta militar, resguardou o predomí nio cio comando civil, embora o divi

nal.

A resistência govcruanienlal' en dc 1932, de uma revolução, no

mais importante Estado do Brasil — o Estado dc São Paulo. O mo

vimento rebelde, (pie envolveu

tôdu a i^opuíação daquele Estado, sob grande paixão política, e.t-

uma significativ;i

vitória

democrática

e.xprimiu essa lei, que conferia aos plei tos uma expressão de legitimidade, em verdade até então de.sconbecida no País.

O povo, ao acorrer daí por diante aos comícios eleitorais, já cll.sporia de instru mentos c meios dc traduzir sua escolha; e o aparcRiamenlo destinado a apurar essa manifestação eslava idoncamonte organizado. Não era tudo, mas era ine-

gàvelmento um grande passo, o que tar dara demasiado a ser dado. A legis lação que punha íim aos reconhecimen tos políticos pelo Congresso, desanimadores de qualquer luta eleitoral na Pri

meira Repúbbca, redimia grandes erros e perjúrio.s da revolução, que .se fizera sob o signo da "Aliança Liberal".

primiu no seu lema dc "Constituciona-

lista" o objetivo que o deflagrara. A guerra civil, bravamente sustentada, durou quase três meses.

O govêmo

central logrou dominar a rebeldia; mas a idéia que o inspirou se tornaria em

H-

Graças à nova legislação, a segunda constituinte republicana teve uma ori

ta pelo sufrágio popular direto, em pro porção à população de cada um,' ui* corpo estranho: a representação de c'a3-

sos e profissões liberais, escolhida por órgãos e sindicatos patronais e proletá rios, muitos dos quais, senão a maioria, improvisados e adredemente constituídos

sob a égide oficial. Na numerosa assembléia de 300 cons-

Htuintes, dos quais oO pertenciam a esses grupos sindicais e profissionais, se

defrontaram correntes movidas pelos in-

terêsses e tendências as mais contraditó rias, desde as representações das antigas agremiações partidiirias da Primeira Rese batizara de

velha') até os delegados do mais avan

çado espírito revolucionário, sempre di fuso e caótico na sua formulação. Nenhuma corrente de pensamento social,

nihdamente definido, ainda que mes mo dc maneira reduzida, nílo loiprru acejo: todas as aspirações se manünhaii

breve vitoriosa. Com efeito, em 15 de novembro de 1933, reuniu-se a se

gem mais pura do que a primeira, reu nida 43 anos antes, c cujos mombròs haviam sido eleitos sob processos notò-

gunda assembléia constituinte da Re

rido acentuadamente burguês, apenas

riamcnte viciosos. Não houve, sem dú

com

gastando-se em iniciativas desencontra

pública, para elaborar a lei fundamental, pondo fim ao regime de arbítrio, a que

vida, ainda agora, inteira liberdade no pleito; a fase histórica era anüma'a- as

tend(íncias para reformas mal assi

das, nos entrechoques das correntes que

o País não se acostumara.

eleições se processaram sob os gover nos dos Estados entregues aos delega dos da ditadura; descontados, porém,

A heterogeneidade da Constituinte, que se reunia em momento em que as

disse com as figuras mais influentes dos

grupos de oficiais que haviam sido pre cursores do movimento vitorioso.

Viveu o govêmo revolucionário des-

no seio dele se digladiavam, durante os

dois primeiros anos que se lhe segui ram à instauração. Duas iniciativas suas

nesta quadra refletem, porém, a mu dança do. clima político; a criação do Ministério do Trabalho e a promulgação

A revolução cumprira antes, porém,

um dos compromissos do seu programa: a verdade dos pleitos. Em 1932, foi promulgado um código eleitoral, em tôrmos que representavam extraordinário progresso na vida política. Instituiu-se,

das leis sociais. Entrava o governo num

nessa lei, o voto secreto; estendeu-se o

campo novo, em que a sua ação até

direito de sufrágio às mulheres; esta beleceu-se a representação proporcional; criou-se a Justiça Eleitoral, composta d» juizes funcionalmente garantidos, com atribuição de presidir tôdas as operações ligadas ao pleito, desde a qualificação do eleitor á apuração dos sufrágios e à proclamação dos eleitos. Sem dúvida,

então se limitara à lei de acidentes do

trabalho e à criação de algumas caixas

de pensões aos trabalhadores. Era uma mudança substancial: o Estado iria am

pliar o raio de sua influência, além do campo estritamente político. Governando sob regime discricionário

todos esses fatores de perturbação, man da a justiça reconhecer que, em cxjnseqüôncia, sobretudo, do progresso da le

gislação, as eleições foram as melhores, pelo menos do ponto de vista formal

de quantas até então houvera no País. E, em conseqüência, uma considerável

representação independente integrou os

quadros da numerosa assembléia que se instalava para dar uma nova constitui ção democrática ao Brasil.

No seu seio se introduziu, ao lado da representação política dos Estados, elei

amda a esta altura no terreno meramen te político, dando à assembléia um colo x-agas

manchas indicativas de

miladas.

instituições representativas enfrentavam uma grave e prolongada crise em todo

o mundo, iria refletir-se no estatuto político que Die incumbia elaborar

Tínhamos já urna experiência 'repu-

bhcana de mars de quarenta anos. As defrc.cnc.as do anHgo regime eram conlrecdas, Corngi-las e supri-las - pro grama da maroria que se cmbaUrra nas promessas da revolução. Nos remédios

a adotar nao era fácil, todavia, encon

trar convergência de opiniões tão iversamente mspiradas. As soluções de compronusso entre as orientações divergentes


Dicesto Econóníico 18

se impunham, com necessidade inelu* tável. E o resultado foi o caráter com

plexo e desordenado da 2.^ constituição republicana, promulgada a 16 de julho de 1934, entre grandes esperanças da

opinião pública e manifestações de ce ticismo de agudos críticos da obra produzida. :f:

^

Quem analise a constituição brasilei

Arechaga chamaria uma "constituição

T

Dicesto EcoNó^aco

1934 a medida necessária, descamban-

•do, em muitos pontos, para as demasias

aerodinâmica".

O seu conteúdo é liberal e individua-

li.sta, incorporando embora os direitos consagrados pela democracia social, e que se inscreviam nas cartas constitucio nais, a partir de 1919. Procurando con ciliar c abrigar as novas tendências sem

iregulamcntares.

Composta de políticos, que traziam lembrança recente e viva das lutas tra

vadas contra a ascendência do "poder ■executivo", no conjunto dos poderes tripartidos, a Assembléia cuidou de re-

abandonar as antigas vinculaçõcs, o novo

■duzir, quanto pôde, as armas dé que

estatuto constitucional se colocou em

aquele poder dispunha, tonificando e

ra de 1934, em confronto com a de

posição intermediária, no conflito de in

ampliando as prerrogativas do Legis

1891, percebe facilmente a presença de

fluências contraditórias, numa instabi

lativo, e reafirmando, em tôda a sua

influências novas. O estatuto, que se dilata por 187 disposições de caráter

lidade que tornava indefinido o sentido

largucza, a autoridade do judiciário,

de seu desenvolvimento.

como órgão de "conlTÔle" da constitu-

permanente, contrasta com a brevidade,

texto se refletia uma colisão permanen

cionalídade das leis e dos atos de quais

a simplicidade, a pureza das linhas clás

te de forças que se disputavam o pre

quer autoridades.

sicas do antigo. O modelo norte-ame

domínio, na fase de transição, em que via a luz. E o seu articulado, tradu

têrmos peremptórios.

ricano, na sua estrutura sistemática, não

No seu con

A delegação de poderes foi vedada em Manteve-se o sis

zindo a manifestação recíproca do ins

tema bicamcral; abandonou-se, porém,

tinto de defesa das correntes cm torneio,

a orientação de conferir às duas casas

guerra exerceram marcada influencia nos

punha a mira em neutralizar mutuamen

constituintes brasileiros de 1934. O mo

te as influências ou tendências coliden-

do congresso a mesma colaboração na obra legislativa. O poder legislativo foi

é mais seguido como no passado: as novas constituições européias do apósderno constitucionalismo adotado pelas

tes.

repúblicas que nasceram na Europa dos

adotado como método de contenção, le

escombros das monarquias, derrubadas

pelo conflito armado c pe'as convulsões sociais,

foi

rapidamente

assimilado.

Preuss e Kelsen são os doutrinadores se

O sistema de freios e contrapesos,

vado além da meta ju.sta, facilmente de generaria, na prática, no entorpecimento e na paralisia de todo o mecanismo. Ao contrário da sobriedade da Cons

tituição de 91, a de 1934, seguindo nesse

guidos. Foi sob o signo da tendência que se chamou de "racionalização do poder" que traballiaram os elaboradores

constituições mais recentes, ampliou ex

da carta fundamental. O paradigma dos

traordinariamente o âmbito da matéria

Estados Unidos (que continuava a con tar com entusiastas do fecundo progres

constitucional.

so da grande República do Norte) —

arcaicas as constituições sintéticas — e

não foi, contudo, abandonado inteira mente. E também não se desprezaram os elementos próprios que a evolução brasileira havia revelado.

Sob tantos polos de atração, o tra balho do constituinte brasileiro resultou

num estatuto político extremamente eclé tico, de embaraçoso manejo e dificul tosa aplicação. A nova constituição es

tava longe de ser aquilo que o Prof.

ponto uma tendência generalizada das Era, no momento, uma

atração incoercível — que relegava como

justificável, erti países em que se temem os abusos constantes do poder, pela ne cessidade de abroquelar na lei magna, de feição rígida, direitos e garantias,

que, consignados na lei ordinária, não encontrariam resguardo eficaz contra os

excessos dos órgãos políticos. Ainda aqui, porém, não obstante a procedên cia, em princípio, da justificação invo

cada, não guardou a Constituição de

áitribuído efetivamente à Câmara dos Deputados, apenas colaborando o Se nado na feitura de determinadas

leis, que, pela sua natureza, se ligassem diretamente aos inte resses federativos.

Na Câmara

dos Deputados, ao lado da re presentação política, dos manda

tários do povo, eleitos por sufrá gio universal e direto, se introduziram

os representantes das profissões, em total

equivalente a um quinto da representa ção popular.

Entre as atribuições novas do poder

19

tes dispositivos quebravam a rigidez da separação dos poderes, estabelecida na

Constituição de 91 (que proibia expres

samente o conipareclmento de ministros

às sessões do Congresso), e abria ca minho a uma colaboração mais efetiva entre o legislativo e os agentes do exe cutivo.

Da mesma natureza eram os "dispo sitivos novos que estabeleciam a res ponsabilidade dos ministros de Estado,

pelos atos que subscrevessem, ainda que juntamente com o Presidente da Re

pública, ou praticassem por ordem deste;

e que declaravam que os membros da Câmara dos Deputados, nonieado.s mi nistros de Estado, não perderiam o man dato, sendo substituídos no exercício

deste pelos suplentes respectivos. Suprimiu-se o cargo de \áce-presidente. O mandato do Chefe da Nação, eleito por sufrágio direto e por maioria

de votos, foi mantido com a duração de quatro anos, proibida a reeleição, para o penedo imediato, e ampliadas as inelegibilidades para o cargo, envolvendo os agentes mais graduados do poder, em exer cício até determinado prazo an terior às eleições.

A justiça eleitoral, cujos qua

dros se constituiriam com a participação de juizes cercados de todas as garantías,

e com atribuições para presidir tôdas as etapas do processo eleitoral, se incluiu

entre os órgãos permanentes do poder

legislativo se incluiu a 'de criar comissões

judiciário.

nos; e a de convocar os ministros de

O Senado, com igualdade de repre sentações dos Estados, composto de se nadores eleitos por sufrágio direto (o posto entre os órgãos de "coordenação

de inquérito, mediante requerimento da têrça parte de seus membros, pelo me Estado para prestar informações sobre questões prévia e expressamente deter minadas, incorrendo em crime de res ponsabilidade o ministro que não acudisse ao chamamento, sem justificação. Ês-

dos poderes"), exercia competência le

gislativa em relação a certas matérias de interêsse de tôda a federação. E entre as suas atribuições se incluiu a de


Dicesto Econóníico 18

se impunham, com necessidade inelu* tável. E o resultado foi o caráter com

plexo e desordenado da 2.^ constituição republicana, promulgada a 16 de julho de 1934, entre grandes esperanças da

opinião pública e manifestações de ce ticismo de agudos críticos da obra produzida. :f:

^

Quem analise a constituição brasilei

Arechaga chamaria uma "constituição

T

Dicesto EcoNó^aco

1934 a medida necessária, descamban-

•do, em muitos pontos, para as demasias

aerodinâmica".

O seu conteúdo é liberal e individua-

li.sta, incorporando embora os direitos consagrados pela democracia social, e que se inscreviam nas cartas constitucio nais, a partir de 1919. Procurando con ciliar c abrigar as novas tendências sem

iregulamcntares.

Composta de políticos, que traziam lembrança recente e viva das lutas tra

vadas contra a ascendência do "poder ■executivo", no conjunto dos poderes tripartidos, a Assembléia cuidou de re-

abandonar as antigas vinculaçõcs, o novo

■duzir, quanto pôde, as armas dé que

estatuto constitucional se colocou em

aquele poder dispunha, tonificando e

ra de 1934, em confronto com a de

posição intermediária, no conflito de in

ampliando as prerrogativas do Legis

1891, percebe facilmente a presença de

fluências contraditórias, numa instabi

lativo, e reafirmando, em tôda a sua

influências novas. O estatuto, que se dilata por 187 disposições de caráter

lidade que tornava indefinido o sentido

largucza, a autoridade do judiciário,

de seu desenvolvimento.

como órgão de "conlTÔle" da constitu-

permanente, contrasta com a brevidade,

texto se refletia uma colisão permanen

cionalídade das leis e dos atos de quais

a simplicidade, a pureza das linhas clás

te de forças que se disputavam o pre

quer autoridades.

sicas do antigo. O modelo norte-ame

domínio, na fase de transição, em que via a luz. E o seu articulado, tradu

têrmos peremptórios.

ricano, na sua estrutura sistemática, não

No seu con

A delegação de poderes foi vedada em Manteve-se o sis

zindo a manifestação recíproca do ins

tema bicamcral; abandonou-se, porém,

tinto de defesa das correntes cm torneio,

a orientação de conferir às duas casas

guerra exerceram marcada influencia nos

punha a mira em neutralizar mutuamen

constituintes brasileiros de 1934. O mo

te as influências ou tendências coliden-

do congresso a mesma colaboração na obra legislativa. O poder legislativo foi

é mais seguido como no passado: as novas constituições européias do apósderno constitucionalismo adotado pelas

tes.

repúblicas que nasceram na Europa dos

adotado como método de contenção, le

escombros das monarquias, derrubadas

pelo conflito armado c pe'as convulsões sociais,

foi

rapidamente

assimilado.

Preuss e Kelsen são os doutrinadores se

O sistema de freios e contrapesos,

vado além da meta ju.sta, facilmente de generaria, na prática, no entorpecimento e na paralisia de todo o mecanismo. Ao contrário da sobriedade da Cons

tituição de 91, a de 1934, seguindo nesse

guidos. Foi sob o signo da tendência que se chamou de "racionalização do poder" que traballiaram os elaboradores

constituições mais recentes, ampliou ex

da carta fundamental. O paradigma dos

traordinariamente o âmbito da matéria

Estados Unidos (que continuava a con tar com entusiastas do fecundo progres

constitucional.

so da grande República do Norte) —

arcaicas as constituições sintéticas — e

não foi, contudo, abandonado inteira mente. E também não se desprezaram os elementos próprios que a evolução brasileira havia revelado.

Sob tantos polos de atração, o tra balho do constituinte brasileiro resultou

num estatuto político extremamente eclé tico, de embaraçoso manejo e dificul tosa aplicação. A nova constituição es

tava longe de ser aquilo que o Prof.

ponto uma tendência generalizada das Era, no momento, uma

atração incoercível — que relegava como

justificável, erti países em que se temem os abusos constantes do poder, pela ne cessidade de abroquelar na lei magna, de feição rígida, direitos e garantias,

que, consignados na lei ordinária, não encontrariam resguardo eficaz contra os

excessos dos órgãos políticos. Ainda aqui, porém, não obstante a procedên cia, em princípio, da justificação invo

cada, não guardou a Constituição de

áitribuído efetivamente à Câmara dos Deputados, apenas colaborando o Se nado na feitura de determinadas

leis, que, pela sua natureza, se ligassem diretamente aos inte resses federativos.

Na Câmara

dos Deputados, ao lado da re presentação política, dos manda

tários do povo, eleitos por sufrá gio universal e direto, se introduziram

os representantes das profissões, em total

equivalente a um quinto da representa ção popular.

Entre as atribuições novas do poder

19

tes dispositivos quebravam a rigidez da separação dos poderes, estabelecida na

Constituição de 91 (que proibia expres

samente o conipareclmento de ministros

às sessões do Congresso), e abria ca minho a uma colaboração mais efetiva entre o legislativo e os agentes do exe cutivo.

Da mesma natureza eram os "dispo sitivos novos que estabeleciam a res ponsabilidade dos ministros de Estado,

pelos atos que subscrevessem, ainda que juntamente com o Presidente da Re

pública, ou praticassem por ordem deste;

e que declaravam que os membros da Câmara dos Deputados, nonieado.s mi nistros de Estado, não perderiam o man dato, sendo substituídos no exercício

deste pelos suplentes respectivos. Suprimiu-se o cargo de \áce-presidente. O mandato do Chefe da Nação, eleito por sufrágio direto e por maioria

de votos, foi mantido com a duração de quatro anos, proibida a reeleição, para o penedo imediato, e ampliadas as inelegibilidades para o cargo, envolvendo os agentes mais graduados do poder, em exer cício até determinado prazo an terior às eleições.

A justiça eleitoral, cujos qua

dros se constituiriam com a participação de juizes cercados de todas as garantías,

e com atribuições para presidir tôdas as etapas do processo eleitoral, se incluiu

entre os órgãos permanentes do poder

legislativo se incluiu a 'de criar comissões

judiciário.

nos; e a de convocar os ministros de

O Senado, com igualdade de repre sentações dos Estados, composto de se nadores eleitos por sufrágio direto (o posto entre os órgãos de "coordenação

de inquérito, mediante requerimento da têrça parte de seus membros, pelo me Estado para prestar informações sobre questões prévia e expressamente deter minadas, incorrendo em crime de res ponsabilidade o ministro que não acudisse ao chamamento, sem justificação. Ês-

dos poderes"), exercia competência le

gislativa em relação a certas matérias de interêsse de tôda a federação. E entre as suas atribuições se incluiu a de


^9^

nco Dicesto EcoNÓ>nco

r

20

Dicesto EcoNÓAnco 21

suspender a execução, no todo ou em parte, de qualquer lei ou ato declarado inconstitucional, em espécie, pelo poder judiciário.

O sufrágio direto e secreto foi estabe'ecido co"m caráter amplo, abrangen do os brasileiros maiores de 18 anos,

com obrigação de alistamento e de voto, conságrando-sc o sistema proporcional. A capacidade legislativa da União foi ampliada, extinguindo-se —' atendendo a a uma velha aspiração — a competência

dade econômica (asseguradas as inde-

intcrêsse social ou coletivo, na forma que

nissaç^ões devidas), até as ba.scs essen

a lei determinar". O domínio não era

ciais a (jue dcNcria obedecer a legisla

mais assegurado cm termos absolutos, como fora ikj estatuto de 1891, nestas

ção trabalhista: salário mínimo, jornada

de oito horas, proibição da diferença de .salários para o mesmo trabaliio, proibi

palavras: "O direito de propriedade mantém-se em lòdu a sua plenitude, sal

ção de traballiar a menores de 14 anos,

vo a desapropriação por neeessidude ou

repouso licbdomadário obrigatório, fé

utilidade pública', mediante indeniza ção prévia". Os compromissos de reforma social da nova república sc estenderam nos capítulos constitucionais "Da família, da

rias anuais remuneradas, indenização por

despedida sem causa justa, assistência médica e .sanitária ao trabalhador e à

gestante, regulamentação do exercício

educação c da cultura", colocando-se a

legislativa dos Estados em matéria de

das prc)fis.sões e reconhccimefito das

processo.

Em outras matérias, porém,

convenções coletivas. Prescrevia ainda

família, constituída pelo ca,samento in

não levou a Constituinte de 34 a cabo

o reforço da autoridade política da

o reconhecimento, de acordo com a lei, dos sindicatos c associações profissionais,

Estado, o asscgurando-.se a todos o di

União, reclamada como meio de contra

a p'uralidacle sindical e a completa au

balançar o poderio dos grandes Estados. Os direitos c garantias individuais foram

tonomia destas associações. Estabelecia, por fim, tribunais de trabalho, compos

consignados, no novo estatuto, com amplitude, marcando a sua linha liberal. Onde, porém, apresentou a Constitui

tos paritàriamente de representantes dos empregadores c empregados, escolhidos

ção de 1934 matéria inteiramente nova,

Com relação aos bancos, às emprêsas de seguros, à e.xploração das riquezas do subsolo e quedas dágua, à imprensa, às emprêsas conces.sionárias de serviços

foi no capítulo "Da Ordem Econômica e

Social", revelando, em relação à de 91, que os tempos eram outros, e o

fenômeno político já se apresentava aos

mediante eleição.

públicos, à imigração — uma acentuada

olhos do legislador intimamente ligado

preocupação nacionalista se refletiu na

ao fenômeno social e econômico.

Constituição.

"A ordem econômica — prescrevia o artigo de introdução dêsse capítulo — deve ser organizada conforme os prin cípios da justiça e as necessidades da vida nacional, de modo que possibilite

Era uma nova ordem econômica que

a todos existência digna. Dentro dêsses

.se projetava, restringindo a livre ini ciativa e o individualismo extremado, que já estavam perdendo terreno quando da proclamação da primeira República, e depois de 1930 pareciam como fan

limites, é garantida a liberdade econô

tasmas de uma época extinta.

mica."

A transformação da mentalidade — acompanhando já com atraso as muta

E esse capítulo da declaração dos direitos sociais se desdobrava na formu

ções sociais de todos os países — se

lação de princípios e prescrições até en

exprimiu nos termos em que o direito de propriedade (incluído no capítulo

tão absolutamente estranhos ao direito constitucional brasileiro, desde a permis

são à União de monopolizar, em nome

do interesse público, e mediante leis es peciais, determinada indústria ou ativi

dos "direitos e garantias individuais ) foi resguardado na Constituição de 34: "É garantido o direito de propriedade que não poderá ser exercido contra

lí.

dissolúvel, sob a proteção especial do

o domínio de mentalidade diferente da que predominara até então no meio

político brasileiro. Preocupações e pro blemas ainda não postos em face do Estado a êsle se impunham, já agora re clamando sua intervenção urgente. Ao "Estado negativo" sucedia, também en tre nós, o "Estado positivo" — embora em muitos dos enunciados da carta fun

damental se e.xpriniissem apenas tendên cias, promessas e desejos, cuja realiza ção dependia da conquista dos recursos necessários.

O uso das medidas excepcionais, de

que foram armados us poderes políticos

para a defesa da ordem, foi prudente mente regulado, sob o império da re seria gratuita c olirigalôria. cordação dos abusos e excessos cometi A formulação dêsses princípios sócio- dos no passado - através dos estados democráticos testemunhou que a cons -de sitio e das intervenções nos Estados tituição de 34 surgira em época e sob membros. reito à educação, que no grau primário


^9^

nco Dicesto EcoNÓ>nco

r

20

Dicesto EcoNÓAnco 21

suspender a execução, no todo ou em parte, de qualquer lei ou ato declarado inconstitucional, em espécie, pelo poder judiciário.

O sufrágio direto e secreto foi estabe'ecido co"m caráter amplo, abrangen do os brasileiros maiores de 18 anos,

com obrigação de alistamento e de voto, conságrando-sc o sistema proporcional. A capacidade legislativa da União foi ampliada, extinguindo-se —' atendendo a a uma velha aspiração — a competência

dade econômica (asseguradas as inde-

intcrêsse social ou coletivo, na forma que

nissaç^ões devidas), até as ba.scs essen

a lei determinar". O domínio não era

ciais a (jue dcNcria obedecer a legisla

mais assegurado cm termos absolutos, como fora ikj estatuto de 1891, nestas

ção trabalhista: salário mínimo, jornada

de oito horas, proibição da diferença de .salários para o mesmo trabaliio, proibi

palavras: "O direito de propriedade mantém-se em lòdu a sua plenitude, sal

ção de traballiar a menores de 14 anos,

vo a desapropriação por neeessidude ou

repouso licbdomadário obrigatório, fé

utilidade pública', mediante indeniza ção prévia". Os compromissos de reforma social da nova república sc estenderam nos capítulos constitucionais "Da família, da

rias anuais remuneradas, indenização por

despedida sem causa justa, assistência médica e .sanitária ao trabalhador e à

gestante, regulamentação do exercício

educação c da cultura", colocando-se a

legislativa dos Estados em matéria de

das prc)fis.sões e reconhccimefito das

processo.

Em outras matérias, porém,

convenções coletivas. Prescrevia ainda

família, constituída pelo ca,samento in

não levou a Constituinte de 34 a cabo

o reforço da autoridade política da

o reconhecimento, de acordo com a lei, dos sindicatos c associações profissionais,

Estado, o asscgurando-.se a todos o di

União, reclamada como meio de contra

a p'uralidacle sindical e a completa au

balançar o poderio dos grandes Estados. Os direitos c garantias individuais foram

tonomia destas associações. Estabelecia, por fim, tribunais de trabalho, compos

consignados, no novo estatuto, com amplitude, marcando a sua linha liberal. Onde, porém, apresentou a Constitui

tos paritàriamente de representantes dos empregadores c empregados, escolhidos

ção de 1934 matéria inteiramente nova,

Com relação aos bancos, às emprêsas de seguros, à e.xploração das riquezas do subsolo e quedas dágua, à imprensa, às emprêsas conces.sionárias de serviços

foi no capítulo "Da Ordem Econômica e

Social", revelando, em relação à de 91, que os tempos eram outros, e o

fenômeno político já se apresentava aos

mediante eleição.

públicos, à imigração — uma acentuada

olhos do legislador intimamente ligado

preocupação nacionalista se refletiu na

ao fenômeno social e econômico.

Constituição.

"A ordem econômica — prescrevia o artigo de introdução dêsse capítulo — deve ser organizada conforme os prin cípios da justiça e as necessidades da vida nacional, de modo que possibilite

Era uma nova ordem econômica que

a todos existência digna. Dentro dêsses

.se projetava, restringindo a livre ini ciativa e o individualismo extremado, que já estavam perdendo terreno quando da proclamação da primeira República, e depois de 1930 pareciam como fan

limites, é garantida a liberdade econô

tasmas de uma época extinta.

mica."

A transformação da mentalidade — acompanhando já com atraso as muta

E esse capítulo da declaração dos direitos sociais se desdobrava na formu

ções sociais de todos os países — se

lação de princípios e prescrições até en

exprimiu nos termos em que o direito de propriedade (incluído no capítulo

tão absolutamente estranhos ao direito constitucional brasileiro, desde a permis

são à União de monopolizar, em nome

do interesse público, e mediante leis es peciais, determinada indústria ou ativi

dos "direitos e garantias individuais ) foi resguardado na Constituição de 34: "É garantido o direito de propriedade que não poderá ser exercido contra

lí.

dissolúvel, sob a proteção especial do

o domínio de mentalidade diferente da que predominara até então no meio

político brasileiro. Preocupações e pro blemas ainda não postos em face do Estado a êsle se impunham, já agora re clamando sua intervenção urgente. Ao "Estado negativo" sucedia, também en tre nós, o "Estado positivo" — embora em muitos dos enunciados da carta fun

damental se e.xpriniissem apenas tendên cias, promessas e desejos, cuja realiza ção dependia da conquista dos recursos necessários.

O uso das medidas excepcionais, de

que foram armados us poderes políticos

para a defesa da ordem, foi prudente mente regulado, sob o império da re seria gratuita c olirigalôria. cordação dos abusos e excessos cometi A formulação dêsses princípios sócio- dos no passado - através dos estados democráticos testemunhou que a cons -de sitio e das intervenções nos Estados tituição de 34 surgira em época e sob membros. reito à educação, que no grau primário


Digesto Econômico 23

A desvalorização da libra Dorivai;, TEixEraA ViEmA

M PROBLEMA como O da desvaloriza

U

ção monetária internacional traz, em sua cauda, problema de curto e longo prazo; dos de curto prazo, os imediatos, é possível perceber-se o an damento e se apontarem soluções. Quan to aos de médio e longo prazo, pode mos nos aventurar apenas a algumas observações, a algumas previsões dé ca ráter precário, porque em todas as ciên

cias sociais, nunca há uma previsão ri gorosa, por mais rigorosos que sejam os métodos de que se lance mão.

No estudo desta provável ou possível

desvalorização do cruzeiro, precisamos indagar do porquê desta onda desvalo-

rizadora. De uma hora para outra, pelo menos os que não estão afeitos a estas

lides teóricas, de caráter ,puramente monetário, ficarão surpreendidos quan do, repentinamente quebrado o valor da

libra, atrás dela, mais de dezoito países acompanharam a desvalorização. As pri meiras indagações seriam: por que esta desvalorização da libra? Por que as

flexos sérios .sôbrc as várias moedas.

Na guerra passada, de 1914 a 1918, cada país víu-.sc a braços com o pro blema de uma inflação, mais aguda

para uns, menos para outros o cada um dêles procurou resolver seus problemas seja isoladamente, seja apelando para alianças, para auxílios mútuos, em todos os casos, porém, um pouco a esmo, um

pouco sem articulação. Daí, a idéia do Fundo Monetário Internacional, que,

congregando várias nações unidas, per mitiria uma solução conjunta, se o mesmo

funcionasse com inteira eficiência.

Na

ocasião, ao se discutir qual seria sua estrutura e funcionamento, ficou esta

belecido o ouro como padrao monetá rio internacional de trocas, muito em

bora com a imica função de servir de

padrão do valor; firmou-se, porém, o princípio do que 25% das cotas dos vá rios países seriam em ouro, ou em dóla

desvalorizações seqüentes à da libra?

res americanos. Isso já constituía um reconhecimento de que o dólar era, na ocasião, c continua a ser, moeda de curso internacional. Compreende-se per

Surge, lógo após, esía outra: será que

feitamente que o dólar tenha circulado

deveremos acompanhar esta onda desvalorizadora?

intensamente durante a guerra o que

seja realmente a moeda mais sólida das

Para que possamos compreender, as

que existem no mundo, mas esta vem

razões da desvalorização da libra, bem como das demais, necessitaríamos inda

sendo uma das causas da crise do dólar.

gar, ainda que ligeiramente, das causas

mercial e a de pagamentos norte-ame

A outra resulta do fato da balança co

da crise do dólar e das suas conseqüên

ricana ser, de há muito, ativa; por isso,

cias. Quando se criou o Fundo Mone

certa dificuldade na obtenção de dólares

tário Internacional, os países aliados

já haviam previsto que o desequilíbrio provocado pela guerra e os esforços ne cessários para reequilíbriar o mercado internacional, trariam, naturalmente, re

não é fenômeno atual; é de nossos dias

apenas o agravamento deste desequilí brio, em favor dos Estados Unidos.

Basta dizer que, em 1937, a América do Norte exportava 3.300.000.000 de dóla-

res

e

importava

saldo

país americano e re duzir radicalmente suas compras naquele mercado. É verdade

300.000.000.

que a própria crise de

do resto do mun do 3.000.000.000.

de modo que apre sentava

de

um

Após a guerra, devido ao desequilíbrio das economias européias, e graças à América do Norte transformar-se em

celeiro das tropas em operações, essa

j- • . provocou uma sensível1 dimmmção da exportação nor-

te-amencana. mas isso ainda não é su-

Unidos importem mais, que absorvam

exportação norte-americana avolumou-se tremendamente. Em 1944, os E.stados Unidos exportavam 14.200.000.000 e

mamr quantidade de mercadoria d^dT

importavam 3.900.000.000; o saldo, só dêste ano, passou a ser de 10.300.000.000 fora os saldos acumulados dos outros anos. Em 1947, terminada a guerra e já iniciado o esforço de reestruturação da economia, ainda a situação não era muito melhor, porque vimos os Estados Unidos e.xportarem 14.500.000.000 de dólares e importarem' 5.700.000.000 de dólares; daí um saldo, a seu favor de 8.000.000.000 de dólares, aproximada-

peus, esse problema era ainda muito mais grave do que o nosso. Não sofre

mènte. Em 1948, o saldo continuou a

ser de cêrca de 8.000.000.000 de dólares.

Diante dessa situaçfio, é natural que todos os países se ressintam da falta

mais países do globo.

No caso específico dos países euro

mos as destniiçoes provocadas pela guerra; saímos dela com nosso parque in dustrial necessitando reequipamento- as nosssa fontes produHvas, porém, estaUm intactas.

Nos países europeus, a devastação foi geral. A primeira tarefa que tiveram de enfrentar, foi a reconstrução de seu parque industrial e agrícola; tudo era necessário reconstruir. Para essa reconsmiçao, foi preciso importar, de modo brutal, produtos norte-americanos Pro curou-se uma solução para êsse "intrin-

de dólares; quase todos os países são assim, devedores dos Estados Unidos! O remédio provável para essa crise é fàcilmente perceptível; torna-se neces

^do problema, e, daí, surgiu o "Plano

sário a esses países expandir suas expor

de pagamentos dos países do Velho

tações e importar, dos Estados Unidos, o mínimo possível, isto é, forçar o au

mento das exportações para o grande

Marshall , cuja principal finalidade era a reconstrução da economia européia,

restabelecendo o equilíbrio da balança Mundo.

Os recursos do Plano Marshall, con

forme determinação norte-americana.


Digesto Econômico 23

A desvalorização da libra Dorivai;, TEixEraA ViEmA

M PROBLEMA como O da desvaloriza

U

ção monetária internacional traz, em sua cauda, problema de curto e longo prazo; dos de curto prazo, os imediatos, é possível perceber-se o an damento e se apontarem soluções. Quan to aos de médio e longo prazo, pode mos nos aventurar apenas a algumas observações, a algumas previsões dé ca ráter precário, porque em todas as ciên

cias sociais, nunca há uma previsão ri gorosa, por mais rigorosos que sejam os métodos de que se lance mão.

No estudo desta provável ou possível

desvalorização do cruzeiro, precisamos indagar do porquê desta onda desvalo-

rizadora. De uma hora para outra, pelo menos os que não estão afeitos a estas

lides teóricas, de caráter ,puramente monetário, ficarão surpreendidos quan do, repentinamente quebrado o valor da

libra, atrás dela, mais de dezoito países acompanharam a desvalorização. As pri meiras indagações seriam: por que esta desvalorização da libra? Por que as

flexos sérios .sôbrc as várias moedas.

Na guerra passada, de 1914 a 1918, cada país víu-.sc a braços com o pro blema de uma inflação, mais aguda

para uns, menos para outros o cada um dêles procurou resolver seus problemas seja isoladamente, seja apelando para alianças, para auxílios mútuos, em todos os casos, porém, um pouco a esmo, um

pouco sem articulação. Daí, a idéia do Fundo Monetário Internacional, que,

congregando várias nações unidas, per mitiria uma solução conjunta, se o mesmo

funcionasse com inteira eficiência.

Na

ocasião, ao se discutir qual seria sua estrutura e funcionamento, ficou esta

belecido o ouro como padrao monetá rio internacional de trocas, muito em

bora com a imica função de servir de

padrão do valor; firmou-se, porém, o princípio do que 25% das cotas dos vá rios países seriam em ouro, ou em dóla

desvalorizações seqüentes à da libra?

res americanos. Isso já constituía um reconhecimento de que o dólar era, na ocasião, c continua a ser, moeda de curso internacional. Compreende-se per

Surge, lógo após, esía outra: será que

feitamente que o dólar tenha circulado

deveremos acompanhar esta onda desvalorizadora?

intensamente durante a guerra o que

seja realmente a moeda mais sólida das

Para que possamos compreender, as

que existem no mundo, mas esta vem

razões da desvalorização da libra, bem como das demais, necessitaríamos inda

sendo uma das causas da crise do dólar.

gar, ainda que ligeiramente, das causas

mercial e a de pagamentos norte-ame

A outra resulta do fato da balança co

da crise do dólar e das suas conseqüên

ricana ser, de há muito, ativa; por isso,

cias. Quando se criou o Fundo Mone

certa dificuldade na obtenção de dólares

tário Internacional, os países aliados

já haviam previsto que o desequilíbrio provocado pela guerra e os esforços ne cessários para reequilíbriar o mercado internacional, trariam, naturalmente, re

não é fenômeno atual; é de nossos dias

apenas o agravamento deste desequilí brio, em favor dos Estados Unidos.

Basta dizer que, em 1937, a América do Norte exportava 3.300.000.000 de dóla-

res

e

importava

saldo

país americano e re duzir radicalmente suas compras naquele mercado. É verdade

300.000.000.

que a própria crise de

do resto do mun do 3.000.000.000.

de modo que apre sentava

de

um

Após a guerra, devido ao desequilíbrio das economias européias, e graças à América do Norte transformar-se em

celeiro das tropas em operações, essa

j- • . provocou uma sensível1 dimmmção da exportação nor-

te-amencana. mas isso ainda não é su-

Unidos importem mais, que absorvam

exportação norte-americana avolumou-se tremendamente. Em 1944, os E.stados Unidos exportavam 14.200.000.000 e

mamr quantidade de mercadoria d^dT

importavam 3.900.000.000; o saldo, só dêste ano, passou a ser de 10.300.000.000 fora os saldos acumulados dos outros anos. Em 1947, terminada a guerra e já iniciado o esforço de reestruturação da economia, ainda a situação não era muito melhor, porque vimos os Estados Unidos e.xportarem 14.500.000.000 de dólares e importarem' 5.700.000.000 de dólares; daí um saldo, a seu favor de 8.000.000.000 de dólares, aproximada-

peus, esse problema era ainda muito mais grave do que o nosso. Não sofre

mènte. Em 1948, o saldo continuou a

ser de cêrca de 8.000.000.000 de dólares.

Diante dessa situaçfio, é natural que todos os países se ressintam da falta

mais países do globo.

No caso específico dos países euro

mos as destniiçoes provocadas pela guerra; saímos dela com nosso parque in dustrial necessitando reequipamento- as nosssa fontes produHvas, porém, estaUm intactas.

Nos países europeus, a devastação foi geral. A primeira tarefa que tiveram de enfrentar, foi a reconstrução de seu parque industrial e agrícola; tudo era necessário reconstruir. Para essa reconsmiçao, foi preciso importar, de modo brutal, produtos norte-americanos Pro curou-se uma solução para êsse "intrin-

de dólares; quase todos os países são assim, devedores dos Estados Unidos! O remédio provável para essa crise é fàcilmente perceptível; torna-se neces

^do problema, e, daí, surgiu o "Plano

sário a esses países expandir suas expor

de pagamentos dos países do Velho

tações e importar, dos Estados Unidos, o mínimo possível, isto é, forçar o au

mento das exportações para o grande

Marshall , cuja principal finalidade era a reconstrução da economia européia,

restabelecendo o equilíbrio da balança Mundo.

Os recursos do Plano Marshall, con

forme determinação norte-americana.


Dicesto Econômico £4

Digesto EcoNÒNaco

eram para ser aplicados nas metrópoles. A Inglaterra e a França, entretanto, bem como a Holanda, em menor escala, per ceberam que sua dependência das co lônias era muito grande, e cjue seria

preferível dividir os recursos do Plano Marshall, parte para a metrópole, parte

para as colônias, desenvolvendo, ao má ximo possível, a produção colonial. O caso da aplicação de recursos do Piano Marshall nas colônias inglesas muito nos interessa.

No ano passado, a Inglaterra estabe leceu um plano decenal para 17 colônias,

portações invisíveis do capital se eleva vam a 628.000.000. Previu-se, por isso,

as

que o Plano Marshall não daria os re sultados desejados sc nao fosse pôsto

ocorrerão.

desfavoráveis, que

25

provávelmente

Eni primeiro lugar, o governo inglês

são do seu estoque-ouro; uma vez que a balança de pagamento passe a apre sentar menor déficit, a Inglaterra po

paradeiro a tal situação. O déficit mé

crê na possibilidade de reduzár-se o dé

derá dispensar o recurso ao Fundo Mo

dio da bahmça comercial inglesa, até 1948, que era do 30{).()ü0.000, começou

ficit dc sua ha'ança de pagamentos, pela

netário Internacional e tomar mínimo

expansão da exportação e redução de

ou anular os pagamentos em ouro. Além

a elcvar-se considcràvolmente.

disso, a desvalorização provocou aumen to do preço do curo; uma onça, que

portação inglesa era, cm média, de

sua importação. Com efeito, uma mer cadoria inglesa, vendida por 10.000 li bras esterlinas, custaria a um importador

134.000.000; a média mensal baixou a

da área do dólar, antes da desvaloriza

significando, assim, aumento do valor

No primeiro trimestre de lí)49, a ex

custava 8 libras, passou a custar 12,

119.000.000, no segundo trimestre, e a

ção da libra, 40.300 dólares; após a des

do ouro em estoque.

117.000.000 cm jul)io c agosto. Ora,

valorização, essa mesma mercadoria cus

se a Inglaterra continuava importando

tará apenas 28.000 dólares; é lógico, portanto, aguardar-se grande possibili

A Inglaterra esperava também que desaparecesse o mercado negro do dólar,

cujas despesas foram estimadas em

maciçamente da área do dólar e via suas

180.000.000 de libras esterlinas, sendo

dade de incremento nas exportações do

gundo a declaração do Sr. Slafford

59.000.000 retiradas dos meios prove nientes de tributos do próprio reino, 52.000.000 de recursos locais da própria colônia, e 69.000.000 mediante emprés

exportações se reduzirem, o déficit cm dólares aumentava e tendia a^ crescer

país cuja moeda tenha sido desvaloriza

Crips, correspondiam à diferença entre

cada vez mais.

da. Da mesma forma, percebe-se fàcil-

a cotação oficial do dólar e a do mer

nômeno agravou-se, devido ao fato de

merite o motivo da redução da importa ção, bastando recordar que certa mer

timos, inclusive parcelas retiradas do

haver ocorrido um desnível nos preços

cadoria norte-americana, vendida na In

Plano Marshall, desviadas para o de

de exportação entre os Estados Unidos e a Inglaterra. Os preços ingleses subi

glaterra, antes da desvalorização, ao preço de 11.284 dólares, custaria ao im portador ing'ês 2.800 libras; custará, após a efetivação daquela medida, 4.030 libras aproximadamente. Há, porém, uma condição essencial e

cado negro. Se a desvalorização da li bra permitir a redução do déficit de pagamentos e, ao mesmo tempo, a eli minação do mercado negro, talvez e Plano Marshall possa dar os resultados que dêle se esperam.

senvolvimento da economia colonial.

Em conseqüência, a escassez de dólares se acentuava. O fe

Desenvolvida a economia colonial, se

ram mais do que os norte-americanos

ria possível eliminar boa parte das im portações da área do dólar c, ao mes

em 1947. Tomando-se 1947 como base

mo tempo, aumentar as exportações

nos de exportação eram de 199, os in gleses de 111. Mas, em 1949, no mês

para a América do Norte, reso!vendo-se o problema da' escassez de dólares para os países colonizadores. No setor eco nômico, porém, apesar da existência de

100, em 1948, os preços norte-america-

planos maravilhosos, a realidade pôde

seus preços subiram para 113. ção da libra foi a das dividas inglêsas.

esforços e disciplina do povo inglês, à medida que se acentuava a escassez de dólares começou a surgir um mercado

quanto montam suas dívida.s, mas os

provocar fugas do capital inglês, pre judicando os planos de desenvolvimen to, tanto metropolitanos quanto colo niais. Basta dizer que no primeiro, tri mestre de 1949 a Inglaterra viu sair 328.000.000 de libras para aplicação no exterior; no segundo trimestre essas ex

nismo funcione: a de que os preços dos produtos ingleses e norte-americanos permaneçam estáveis, porque se a mer cadoria que custava 10.000 libras, antes

ricanos caía para 182, baixa que a In glaterra não acompanhou; ao contrário,

contrariar os objetivos da política eco nômica nacional. Apesar de todos os

negro, o qual, por sua vez, começou a

indispensável para que o citado meca

de julho, o índice dos preços norte-ame

Outra provável causa da desvaloriza

da desvalorização, passar a 13.000, de

A Inglaterra, com a guerra, passou a

saparecerá a vantagem em favor do país que tomou a iniciativa de reduzir o

dever enormemente.

valor da moeda.

Não sabemos a

o valor da mercadoria norte-americana,

atrasados comerciais sc elevavam, em

que custava IJ .284 dó'ares, e que exigia o esforço inglês de 2.800 libras, baixar de 30%, poderá continuar a ser com

junho de 1949, a 3.500.000.000. Uma

quebra da moeda inglesa, em 3^,

reduzír-lhe-ia automàticamente a di

prada pelos inglêses pela mesma quan tia, desaparecendo, da mesma forma, a

vida.

Passemos a apontar as conseqüências favoráveis que a Inglaterra espera com a

desvalorização de sua moeda, e quais

Do mesmo modo, se

vantagem da desvalorização.

t

Á

A segunda vantagem, estreitamente li gada à primeira, será a redução da eva

porque os 30% de des\'alorização, se

O problema consiste em saber se e câmbio negro desaparecerá. Se a causa de .escassez de dólares está num dese quilíbrio entre a balança comercial in glesa e a norte-americana, esta escassez continuará a existir e será talvez mais

atenuada, mas não desaparecerá. Tanto isto é verdade que o dólar já está sendo cotado, outra vez, acima do seu valor oficial, mesmo em Londres.

A Ing aterra espera também que o desenvolvimento da exportação esHmule a produção ínglêsa e devido a isto se consiga a melhoria do padrão de pro-

duçao. Como outra vantagem, por fim, devemos, apontar que as dividas inglê sas dimmuiram com a quebra do pa drão; os atrazados comerciais, que eram de 3.500.000 libras, eqüivalendo a 14.000.000 de dólares aproximadamente, passarão provàvelmente a 9.800.000


Dicesto Econômico £4

Digesto EcoNÒNaco

eram para ser aplicados nas metrópoles. A Inglaterra e a França, entretanto, bem como a Holanda, em menor escala, per ceberam que sua dependência das co lônias era muito grande, e cjue seria

preferível dividir os recursos do Plano Marshall, parte para a metrópole, parte

para as colônias, desenvolvendo, ao má ximo possível, a produção colonial. O caso da aplicação de recursos do Piano Marshall nas colônias inglesas muito nos interessa.

No ano passado, a Inglaterra estabe leceu um plano decenal para 17 colônias,

portações invisíveis do capital se eleva vam a 628.000.000. Previu-se, por isso,

as

que o Plano Marshall não daria os re sultados desejados sc nao fosse pôsto

ocorrerão.

desfavoráveis, que

25

provávelmente

Eni primeiro lugar, o governo inglês

são do seu estoque-ouro; uma vez que a balança de pagamento passe a apre sentar menor déficit, a Inglaterra po

paradeiro a tal situação. O déficit mé

crê na possibilidade de reduzár-se o dé

derá dispensar o recurso ao Fundo Mo

dio da bahmça comercial inglesa, até 1948, que era do 30{).()ü0.000, começou

ficit dc sua ha'ança de pagamentos, pela

netário Internacional e tomar mínimo

expansão da exportação e redução de

ou anular os pagamentos em ouro. Além

a elcvar-se considcràvolmente.

disso, a desvalorização provocou aumen to do preço do curo; uma onça, que

portação inglesa era, cm média, de

sua importação. Com efeito, uma mer cadoria inglesa, vendida por 10.000 li bras esterlinas, custaria a um importador

134.000.000; a média mensal baixou a

da área do dólar, antes da desvaloriza

significando, assim, aumento do valor

No primeiro trimestre de lí)49, a ex

custava 8 libras, passou a custar 12,

119.000.000, no segundo trimestre, e a

ção da libra, 40.300 dólares; após a des

do ouro em estoque.

117.000.000 cm jul)io c agosto. Ora,

valorização, essa mesma mercadoria cus

se a Inglaterra continuava importando

tará apenas 28.000 dólares; é lógico, portanto, aguardar-se grande possibili

A Inglaterra esperava também que desaparecesse o mercado negro do dólar,

cujas despesas foram estimadas em

maciçamente da área do dólar e via suas

180.000.000 de libras esterlinas, sendo

dade de incremento nas exportações do

gundo a declaração do Sr. Slafford

59.000.000 retiradas dos meios prove nientes de tributos do próprio reino, 52.000.000 de recursos locais da própria colônia, e 69.000.000 mediante emprés

exportações se reduzirem, o déficit cm dólares aumentava e tendia a^ crescer

país cuja moeda tenha sido desvaloriza

Crips, correspondiam à diferença entre

cada vez mais.

da. Da mesma forma, percebe-se fàcil-

a cotação oficial do dólar e a do mer

nômeno agravou-se, devido ao fato de

merite o motivo da redução da importa ção, bastando recordar que certa mer

timos, inclusive parcelas retiradas do

haver ocorrido um desnível nos preços

cadoria norte-americana, vendida na In

Plano Marshall, desviadas para o de

de exportação entre os Estados Unidos e a Inglaterra. Os preços ingleses subi

glaterra, antes da desvalorização, ao preço de 11.284 dólares, custaria ao im portador ing'ês 2.800 libras; custará, após a efetivação daquela medida, 4.030 libras aproximadamente. Há, porém, uma condição essencial e

cado negro. Se a desvalorização da li bra permitir a redução do déficit de pagamentos e, ao mesmo tempo, a eli minação do mercado negro, talvez e Plano Marshall possa dar os resultados que dêle se esperam.

senvolvimento da economia colonial.

Em conseqüência, a escassez de dólares se acentuava. O fe

Desenvolvida a economia colonial, se

ram mais do que os norte-americanos

ria possível eliminar boa parte das im portações da área do dólar c, ao mes

em 1947. Tomando-se 1947 como base

mo tempo, aumentar as exportações

nos de exportação eram de 199, os in gleses de 111. Mas, em 1949, no mês

para a América do Norte, reso!vendo-se o problema da' escassez de dólares para os países colonizadores. No setor eco nômico, porém, apesar da existência de

100, em 1948, os preços norte-america-

planos maravilhosos, a realidade pôde

seus preços subiram para 113. ção da libra foi a das dividas inglêsas.

esforços e disciplina do povo inglês, à medida que se acentuava a escassez de dólares começou a surgir um mercado

quanto montam suas dívida.s, mas os

provocar fugas do capital inglês, pre judicando os planos de desenvolvimen to, tanto metropolitanos quanto colo niais. Basta dizer que no primeiro, tri mestre de 1949 a Inglaterra viu sair 328.000.000 de libras para aplicação no exterior; no segundo trimestre essas ex

nismo funcione: a de que os preços dos produtos ingleses e norte-americanos permaneçam estáveis, porque se a mer cadoria que custava 10.000 libras, antes

ricanos caía para 182, baixa que a In glaterra não acompanhou; ao contrário,

contrariar os objetivos da política eco nômica nacional. Apesar de todos os

negro, o qual, por sua vez, começou a

indispensável para que o citado meca

de julho, o índice dos preços norte-ame

Outra provável causa da desvaloriza

da desvalorização, passar a 13.000, de

A Inglaterra, com a guerra, passou a

saparecerá a vantagem em favor do país que tomou a iniciativa de reduzir o

dever enormemente.

valor da moeda.

Não sabemos a

o valor da mercadoria norte-americana,

atrasados comerciais sc elevavam, em

que custava IJ .284 dó'ares, e que exigia o esforço inglês de 2.800 libras, baixar de 30%, poderá continuar a ser com

junho de 1949, a 3.500.000.000. Uma

quebra da moeda inglesa, em 3^,

reduzír-lhe-ia automàticamente a di

prada pelos inglêses pela mesma quan tia, desaparecendo, da mesma forma, a

vida.

Passemos a apontar as conseqüências favoráveis que a Inglaterra espera com a

desvalorização de sua moeda, e quais

Do mesmo modo, se

vantagem da desvalorização.

t

Á

A segunda vantagem, estreitamente li gada à primeira, será a redução da eva

porque os 30% de des\'alorização, se

O problema consiste em saber se e câmbio negro desaparecerá. Se a causa de .escassez de dólares está num dese quilíbrio entre a balança comercial in glesa e a norte-americana, esta escassez continuará a existir e será talvez mais

atenuada, mas não desaparecerá. Tanto isto é verdade que o dólar já está sendo cotado, outra vez, acima do seu valor oficial, mesmo em Londres.

A Ing aterra espera também que o desenvolvimento da exportação esHmule a produção ínglêsa e devido a isto se consiga a melhoria do padrão de pro-

duçao. Como outra vantagem, por fim, devemos, apontar que as dividas inglê sas dimmuiram com a quebra do pa drão; os atrazados comerciais, que eram de 3.500.000 libras, eqüivalendo a 14.000.000 de dólares aproximadamente, passarão provàvelmente a 9.800.000


T

Dicesto Econóndco

26

dólares.

Não sabemos a quanto monta

matérias-primas importadas, o.sscnciais à

a dívida de guerra, mas esta dívida se

sua indústria de transformação, como

guramente terá também uma quebra de

seja, cobre zinco, minério de ferro, e

30%. Com isto, as despesas do Estado,

outras substancias minerais.

oriundas dos pagamentos dos emprésti

grande quantidade de combustível, prin cipalmente petróleo e óleos minerais, e isso vai pesar sensivelmente no custo de produção dos produtos industriais. Dal,

mos externos, vão diminuir.

Devemos ressalvar que haverá casos

em que os contratos comerciais ou os

antigo padrão; por isso, a redução efe tiva das dívidas inglesas será inferior a 30%.

conseguí-lo, a Inglaterra deverá, obri-

especificas contra a desvalorização, de terminando os pagamentos cm moeda do

Convém agora indagar das conseqüên cias desfavoráveis da desvalorização da libra. Os preços internos ingleses au

mentarão fatalmente. Basta dizer-se que só a simples ameaça da desvalorizaçã elevou os preços de 12%. Julga..... importação inglêsa.

A Inglaterra depende de sua impor tação para a própria alimentação de seu

povo.

Ela importa, necessariamente,

trigo do Canadá, Estados Unidos, Ar

gentina e Austrália. Os próprios íneios econômicos ingleses prevêem o aumento de 20% nos preços do trigo, mesmo con siderando que a Austrália e o Canadá acompanharam a desvalorização da libra.

dólar, ainda que seja .a custa do sacri

fício de antigos fregueses.

A tendência para uma elevação de prcço.s que, como tivemos ocasião de

indicar, ó inevitável, já foi considerada

pelo governo inglês como um grande obstáculo à sua política, de onde já se preconizarem medidas tendentes a au

industriais a vender por um preço con gelado, quando seu custo ficou majo-

necessidade de congelamento de todos

o

salário

real forçosamente' baixará.

grama, prevê o governo trabalhista a os rendimentos; tal medida tem um

rado devido à desvalorização, só há um

modo: acelerar o programa das nacio

duplo objetivo: em primeiro lugar, pro-

nalizações da indústria inglêsa.

cura-sc evitar o aumento do custo de

Assim

produção, uma vez que se mantêm

sendo, já se prevê, por exemplo, a na

constantes as taxas de juro e as mar

cionalização da indústria do aço, como

gens de lucro; em segundo lugar, evi

conseqüência 'parcial da desvalorização

ta-se que um prpvável aumento dôs-

da libra.

Perceberemos melhor quanto há de

sado, manteiga, frutas e legumes, tudo

ciado pelo governo inglês, como indis pensável para que a política de desva lorização da libra esterlina possa pro

A biglaterra depende, além disso, de

dição necessária, a concessão de prio ridade de exportação para a área do

Para forçar as empresas comerciais e

razão nestas observações, quando anali samos a programa de 10 pontos, anun

mais pelos seus viveres

da medida, estabeleceu-se, como con

mentar o contrô'e de preços, generalizando-o. Como quarto ponto dêste pro

A carne de vaca, de carneiro, pre sunto, gorduras, leite fresco e conden é importado. Isso significa artigos de alimentação que fazem parte de itens essenciais do custo de vida e que vão ser majorados. De duas uma: ou o inglês comerá menos e, segundo sa bemos, já está, desde há muito, alimen tando-se muito pouco, ou terá de pagar

frustrando assim, cm parte, os objetivos

salários nominais.

do vestuário, e de tudo quanto é mais necessário á vida do trabalhador inglês,

ternos, indagando da composição da

manteiiliain o valor de suas moedas,

gido e rigoroso de joreços, e terá de re

amos

como certo esse aumento de preços in

valorização, rc.soKcr o problema da escassez d(j dólares, coi.siderando-sc que ela pode permitir o incremento de expor tações ing'ê.sas para outro.s países que

tornar ao sistema de congelamento de Sem diminuir o preço da alimentação,

c, por outro, pura corrigir eventuais

nacional pela popu'ação inglêsa. Sendo a finalidade primordial da des

gatòriamente, voltar a um controle rí

•ao

27

desigualdades na clistribuiçüo da renda

Importa

haver uma condição essencial para o êxito da medida tomada pelo govêmo inglês — o congelamento dos preços; mas, não acreditamos que os mesmos possam ser congelados porque, para

acordos de crédito conterão cláusulas

Dicesto Econômico

r'

gelamento de lucros e não se pode evi tar o aumento do custo de produção,

congelando-se, além disso, os preços de venda, será fácil prevêr que as ati\'idades econômicas da Inglaterra dei xarão margens de lucro cada vez menos

compensadoras. No entanto, o progra ma de reergiiimento da economia e das

finanças daquele país pressupõe um aumento da produção; urge, portanto, tomar medidas para evitar que a des

valorização provoque a sua estagnação ou mesmo seu decréscimo. Daí, o se.x-

to ponto do programa - prosseguir no subsídio à exportação e no amparo à produção, mediante prêmios e outros favores.

Congelam-se os salários enquanto é previsto um aumento do custo de vida

e a conseqüência será uma queda do nive. de vida; isto significará precariedaf j ^ condições de e.xistência, ção deficiente e maior morbidade.nutri Con

vém, no entanto, impedir, que o ope rário descontente diminua a produtivi dade de seu trabalho e ponha em risco o programa de saneamento econômico,

O governo da Inglaterra, prevendo êstes

óbices, indicou como sétimo ponto de seu programa a manutenção nas mes

mas bases, dos serviços de assistência

tes rendimentos, provocando desequilí brios na repartição da renda social,

e previdência social.

possa agravar problemas já existentes.

ção britânica vai passar, o encarecimento

Além disso, procura-se também impedir,

dos viveres e matérias-primas impor tados, a possibilidade da queda da pro dutividade do trabalho, poderão impe-

por esta medida, o aumento do consu

mo nacional, para conseguir que maiores

As dificuldades pelas quais a produ

Prevê-se,

estoques possam ser vendidos para o

dir a reconquista de mercados interna

para o próximo exercício financeiro, a necessidade do aumento do imposto sÔt

exterior.

gelamento dos rendimentos, o quinto

bre lucros de 20% para 30%, de modo a evitar, por um lado, que se realizem

ponto do programa prevê que somente

cionais onde, além dos preços, o que influi pcderosamenle é a melhor quali dade do produto. Aos exportadores

em casos excepcionais serão aumentados

ingê es é imperativo manter um eleva

duzir os desejados efeitos.

especulações danosas, baseadas na gran de probabilidade de aumento de preços,

Em conseqüência dêste con

os salários.

Claro está que se é previsto o con

do padrão de produção, sem o que os favores decorrentes da desvalorização da


T

Dicesto Econóndco

26

dólares.

Não sabemos a quanto monta

matérias-primas importadas, o.sscnciais à

a dívida de guerra, mas esta dívida se

sua indústria de transformação, como

guramente terá também uma quebra de

seja, cobre zinco, minério de ferro, e

30%. Com isto, as despesas do Estado,

outras substancias minerais.

oriundas dos pagamentos dos emprésti

grande quantidade de combustível, prin cipalmente petróleo e óleos minerais, e isso vai pesar sensivelmente no custo de produção dos produtos industriais. Dal,

mos externos, vão diminuir.

Devemos ressalvar que haverá casos

em que os contratos comerciais ou os

antigo padrão; por isso, a redução efe tiva das dívidas inglesas será inferior a 30%.

conseguí-lo, a Inglaterra deverá, obri-

especificas contra a desvalorização, de terminando os pagamentos cm moeda do

Convém agora indagar das conseqüên cias desfavoráveis da desvalorização da libra. Os preços internos ingleses au

mentarão fatalmente. Basta dizer-se que só a simples ameaça da desvalorizaçã elevou os preços de 12%. Julga..... importação inglêsa.

A Inglaterra depende de sua impor tação para a própria alimentação de seu

povo.

Ela importa, necessariamente,

trigo do Canadá, Estados Unidos, Ar

gentina e Austrália. Os próprios íneios econômicos ingleses prevêem o aumento de 20% nos preços do trigo, mesmo con siderando que a Austrália e o Canadá acompanharam a desvalorização da libra.

dólar, ainda que seja .a custa do sacri

fício de antigos fregueses.

A tendência para uma elevação de prcço.s que, como tivemos ocasião de

indicar, ó inevitável, já foi considerada

pelo governo inglês como um grande obstáculo à sua política, de onde já se preconizarem medidas tendentes a au

industriais a vender por um preço con gelado, quando seu custo ficou majo-

necessidade de congelamento de todos

o

salário

real forçosamente' baixará.

grama, prevê o governo trabalhista a os rendimentos; tal medida tem um

rado devido à desvalorização, só há um

modo: acelerar o programa das nacio

duplo objetivo: em primeiro lugar, pro-

nalizações da indústria inglêsa.

cura-sc evitar o aumento do custo de

Assim

produção, uma vez que se mantêm

sendo, já se prevê, por exemplo, a na

constantes as taxas de juro e as mar

cionalização da indústria do aço, como

gens de lucro; em segundo lugar, evi

conseqüência 'parcial da desvalorização

ta-se que um prpvável aumento dôs-

da libra.

Perceberemos melhor quanto há de

sado, manteiga, frutas e legumes, tudo

ciado pelo governo inglês, como indis pensável para que a política de desva lorização da libra esterlina possa pro

A biglaterra depende, além disso, de

dição necessária, a concessão de prio ridade de exportação para a área do

Para forçar as empresas comerciais e

razão nestas observações, quando anali samos a programa de 10 pontos, anun

mais pelos seus viveres

da medida, estabeleceu-se, como con

mentar o contrô'e de preços, generalizando-o. Como quarto ponto dêste pro

A carne de vaca, de carneiro, pre sunto, gorduras, leite fresco e conden é importado. Isso significa artigos de alimentação que fazem parte de itens essenciais do custo de vida e que vão ser majorados. De duas uma: ou o inglês comerá menos e, segundo sa bemos, já está, desde há muito, alimen tando-se muito pouco, ou terá de pagar

frustrando assim, cm parte, os objetivos

salários nominais.

do vestuário, e de tudo quanto é mais necessário á vida do trabalhador inglês,

ternos, indagando da composição da

manteiiliain o valor de suas moedas,

gido e rigoroso de joreços, e terá de re

amos

como certo esse aumento de preços in

valorização, rc.soKcr o problema da escassez d(j dólares, coi.siderando-sc que ela pode permitir o incremento de expor tações ing'ê.sas para outro.s países que

tornar ao sistema de congelamento de Sem diminuir o preço da alimentação,

c, por outro, pura corrigir eventuais

nacional pela popu'ação inglêsa. Sendo a finalidade primordial da des

gatòriamente, voltar a um controle rí

•ao

27

desigualdades na clistribuiçüo da renda

Importa

haver uma condição essencial para o êxito da medida tomada pelo govêmo inglês — o congelamento dos preços; mas, não acreditamos que os mesmos possam ser congelados porque, para

acordos de crédito conterão cláusulas

Dicesto Econômico

r'

gelamento de lucros e não se pode evi tar o aumento do custo de produção,

congelando-se, além disso, os preços de venda, será fácil prevêr que as ati\'idades econômicas da Inglaterra dei xarão margens de lucro cada vez menos

compensadoras. No entanto, o progra ma de reergiiimento da economia e das

finanças daquele país pressupõe um aumento da produção; urge, portanto, tomar medidas para evitar que a des

valorização provoque a sua estagnação ou mesmo seu decréscimo. Daí, o se.x-

to ponto do programa - prosseguir no subsídio à exportação e no amparo à produção, mediante prêmios e outros favores.

Congelam-se os salários enquanto é previsto um aumento do custo de vida

e a conseqüência será uma queda do nive. de vida; isto significará precariedaf j ^ condições de e.xistência, ção deficiente e maior morbidade.nutri Con

vém, no entanto, impedir, que o ope rário descontente diminua a produtivi dade de seu trabalho e ponha em risco o programa de saneamento econômico,

O governo da Inglaterra, prevendo êstes

óbices, indicou como sétimo ponto de seu programa a manutenção nas mes

mas bases, dos serviços de assistência

tes rendimentos, provocando desequilí brios na repartição da renda social,

e previdência social.

possa agravar problemas já existentes.

ção britânica vai passar, o encarecimento

Além disso, procura-se também impedir,

dos viveres e matérias-primas impor tados, a possibilidade da queda da pro dutividade do trabalho, poderão impe-

por esta medida, o aumento do consu

mo nacional, para conseguir que maiores

As dificuldades pelas quais a produ

Prevê-se,

estoques possam ser vendidos para o

dir a reconquista de mercados interna

para o próximo exercício financeiro, a necessidade do aumento do imposto sÔt

exterior.

gelamento dos rendimentos, o quinto

bre lucros de 20% para 30%, de modo a evitar, por um lado, que se realizem

ponto do programa prevê que somente

cionais onde, além dos preços, o que influi pcderosamenle é a melhor quali dade do produto. Aos exportadores

em casos excepcionais serão aumentados

ingê es é imperativo manter um eleva

duzir os desejados efeitos.

especulações danosas, baseadas na gran de probabilidade de aumento de preços,

Em conseqüência dêste con

os salários.

Claro está que se é previsto o con

do padrão de produção, sem o que os favores decorrentes da desvalorização da


Dicesto Econômico

23

libra não serão suficientes para que aumente a sua clientela. Daí então, pre-

que o programa de revisão .seja execu

ver-se e mesmo aconselhar-se uma dis tinção entre a produção para consumo interno e a destinada ao mercado inter

Em síntese, tôdas estas medidas re

nacional.

O Governo Trabalhista está

disposto, por isso, a reduzir as exigên cias para os padrões dos produtos a oferecer aos consumidores britânicos. Desse modo, a redução do custo, pro

veniente da queda da qualidade da pro dução para consumo interno, permitirá obter reservas compensatórias do au

mento de custo dos produtos de expor

C/VlSAS E EFEITOS D/l DESVALORIZ/lÇ/lO

tado com todo o critério.

Riciiard Lewinsohn

presentam aumento da intervenção do Estado na economia.

^Jesvalüuizaçoes podem ser motivadas

Ê bem verdade

por clifcTcntos vazões.

que a atual doutrina política na Ingla terra facilita o controle mais rigoroso da vida econômica.

Há, pelo

menos, sete argumentos que, nas refor

mas desse gênero, têm uma importância

É quase certo que

decisiva.

esta intervenção conduzirá a um mais

amplo programa de nacionaliziição de

1° — Exportação

empresas. Não sabemos, porém, se me didas de caráter legal ou político terão forças para coagir, por longo tempo, o

maneira alguma o mais certo, é que a

O argumento mais comum, mas de

desvalorização facilita a e.vportação e

ser humano a trabalhar em semelliantes

tação.

por isso, seria capaz de anular o déficit

condições. É bem provável que os con

CXs dois últimos pontos do programa visam combater a inflação, pelo sanea

flitos entre capital c trabalho se agra vem, que estalem greves e, mesmo que

mento orçamentário. Anuncia-se uma re

da balança comercial, com tôdas as suas conseqüências desastrosas: perdas de ouro c de divisas, dificuldades de rece

e.stas sejam proibidas, c impossível evi-

ber empréstimos externos etc. Para de

tar-sQ a resistência passiva, redundando

terminados produtos, esse argumento

em diminuição da produtividade do tra balho do operário britânico. Conhece

pode ser exato, mas, como demonstra

visão do programa das despesas públicas, no sentido de se promover a melhor ade quação no emprêgo de recursos. Por

outro lado, aconselha-se para o próxi mo orçamento parcimônia, conducente

â redução dessas mesmas despesas. Não vemos, porém, de que maneira será

possível reduzirem-se os gastos do Esta do, uma vez que é prevista como certa

rizam, mas forma freqüentemente lun papel importante nas deliberações inter nas. Ninguém pode contestar o funda mento dêsse raciocínio. Uma desvalo

rização da moeda nacional implica uma valorização das moedas estrangeiras e, conseqüentemente, um aumento no pre ço das mercadorias importadas. A des valorização é, prâticamente, uma ta.\a aduaneira ad valorem, e essa ta.\a cresce num ritmo muito mais forte que a taxa

da própria desvalorização. Se designar

mos a taxa da desvalorização por d, e a taxa de valorização das moedas estran geiras por V. relação entre essas duas

taxas pode ser expressa pela fómiula

remos mais adiante, é'quase sempre en ganoso para o conjunto da exportação

mos o espírito de renúncia do povo inglês; mas é preciso não esquecermos

de um país.

que seus sacrifícios já datam de alguns

A desvalorização é um instrumento

mentos, com o aumento certo do custo

~TT

A uma desvalorização de 25% correspon

2." — Importação

anos e que o congelamento dos rendi

_ d

dos mais eficazes para restringir a im

de uma valorização de 33,3«; a uma

desvalorização de 50%, uma valorização de 100«- Ou, para dar alguns e.xemplos

os serviços de assistência e previdên

de vida, significará maiores privações — bem verdade é nã<o haver pior con.selheíra que a fome. Tal é a situação inglêsa; talvez haja em nossas afirma

cia social.

ções algum pessimismo, mas não dos

Países que

(d)

parece que o quadro real possa afastarse extraordinàriamente do previsto.

desvalorizaram

Desxxdorização da

a necessidade de conceder subsídios e manter ou até desenvolver ainda mais Pensamos que, ao contrá-

jrio, do que o partido Trabalhista inglês

espera, tais despesas cresçerão, mesmo

portação. Êsse argumento é raramente

salientado pelos governos que desvalo

mais realistas que se referem às recentes desvalorizações:

moeda nacional Canadá

r

Bélgica Portugal Alemanha

França (®

-Inglaterra Grécia

Argentma (OO)

10,0% 12,3% 13,0% 21,1% 22,3% 30,5%

46,6% 47,0%

(v)

Valorização das

moedas estrangeira* 11,1%

14,1% 15,0% 27,3% 28,7% 43,9% 87.5% 88,7%

Em relação ao cruzeiro e a outras moedas não conversível»:-

dolax, a desvalorização do franco francês é de 6% apenas. '

i

relaçao ao

Taxa livre que figura na lista das cotações cambiais do Banco dn límril- a desvalorização da taxa básica do peso argentino é de 30,5% '


Dicesto Econômico

23

libra não serão suficientes para que aumente a sua clientela. Daí então, pre-

que o programa de revisão .seja execu

ver-se e mesmo aconselhar-se uma dis tinção entre a produção para consumo interno e a destinada ao mercado inter

Em síntese, tôdas estas medidas re

nacional.

O Governo Trabalhista está

disposto, por isso, a reduzir as exigên cias para os padrões dos produtos a oferecer aos consumidores britânicos. Desse modo, a redução do custo, pro

veniente da queda da qualidade da pro dução para consumo interno, permitirá obter reservas compensatórias do au

mento de custo dos produtos de expor

C/VlSAS E EFEITOS D/l DESVALORIZ/lÇ/lO

tado com todo o critério.

Riciiard Lewinsohn

presentam aumento da intervenção do Estado na economia.

^Jesvalüuizaçoes podem ser motivadas

Ê bem verdade

por clifcTcntos vazões.

que a atual doutrina política na Ingla terra facilita o controle mais rigoroso da vida econômica.

Há, pelo

menos, sete argumentos que, nas refor

mas desse gênero, têm uma importância

É quase certo que

decisiva.

esta intervenção conduzirá a um mais

amplo programa de nacionaliziição de

1° — Exportação

empresas. Não sabemos, porém, se me didas de caráter legal ou político terão forças para coagir, por longo tempo, o

maneira alguma o mais certo, é que a

O argumento mais comum, mas de

desvalorização facilita a e.vportação e

ser humano a trabalhar em semelliantes

tação.

por isso, seria capaz de anular o déficit

condições. É bem provável que os con

CXs dois últimos pontos do programa visam combater a inflação, pelo sanea

flitos entre capital c trabalho se agra vem, que estalem greves e, mesmo que

mento orçamentário. Anuncia-se uma re

da balança comercial, com tôdas as suas conseqüências desastrosas: perdas de ouro c de divisas, dificuldades de rece

e.stas sejam proibidas, c impossível evi-

ber empréstimos externos etc. Para de

tar-sQ a resistência passiva, redundando

terminados produtos, esse argumento

em diminuição da produtividade do tra balho do operário britânico. Conhece

pode ser exato, mas, como demonstra

visão do programa das despesas públicas, no sentido de se promover a melhor ade quação no emprêgo de recursos. Por

outro lado, aconselha-se para o próxi mo orçamento parcimônia, conducente

â redução dessas mesmas despesas. Não vemos, porém, de que maneira será

possível reduzirem-se os gastos do Esta do, uma vez que é prevista como certa

rizam, mas forma freqüentemente lun papel importante nas deliberações inter nas. Ninguém pode contestar o funda mento dêsse raciocínio. Uma desvalo

rização da moeda nacional implica uma valorização das moedas estrangeiras e, conseqüentemente, um aumento no pre ço das mercadorias importadas. A des valorização é, prâticamente, uma ta.\a aduaneira ad valorem, e essa ta.\a cresce num ritmo muito mais forte que a taxa

da própria desvalorização. Se designar

mos a taxa da desvalorização por d, e a taxa de valorização das moedas estran geiras por V. relação entre essas duas

taxas pode ser expressa pela fómiula

remos mais adiante, é'quase sempre en ganoso para o conjunto da exportação

mos o espírito de renúncia do povo inglês; mas é preciso não esquecermos

de um país.

que seus sacrifícios já datam de alguns

A desvalorização é um instrumento

mentos, com o aumento certo do custo

~TT

A uma desvalorização de 25% correspon

2." — Importação

anos e que o congelamento dos rendi

_ d

dos mais eficazes para restringir a im

de uma valorização de 33,3«; a uma

desvalorização de 50%, uma valorização de 100«- Ou, para dar alguns e.xemplos

os serviços de assistência e previdên

de vida, significará maiores privações — bem verdade é nã<o haver pior con.selheíra que a fome. Tal é a situação inglêsa; talvez haja em nossas afirma

cia social.

ções algum pessimismo, mas não dos

Países que

(d)

parece que o quadro real possa afastarse extraordinàriamente do previsto.

desvalorizaram

Desxxdorização da

a necessidade de conceder subsídios e manter ou até desenvolver ainda mais Pensamos que, ao contrá-

jrio, do que o partido Trabalhista inglês

espera, tais despesas cresçerão, mesmo

portação. Êsse argumento é raramente

salientado pelos governos que desvalo

mais realistas que se referem às recentes desvalorizações:

moeda nacional Canadá

r

Bélgica Portugal Alemanha

França (®

-Inglaterra Grécia

Argentma (OO)

10,0% 12,3% 13,0% 21,1% 22,3% 30,5%

46,6% 47,0%

(v)

Valorização das

moedas estrangeira* 11,1%

14,1% 15,0% 27,3% 28,7% 43,9% 87.5% 88,7%

Em relação ao cruzeiro e a outras moedas não conversível»:-

dolax, a desvalorização do franco francês é de 6% apenas. '

i

relaçao ao

Taxa livre que figura na lista das cotações cambiais do Banco dn límril- a desvalorização da taxa básica do peso argentino é de 30,5% '


h

Digesto Econômico

80

3° — Salários e lucros

Um argumento freqüentemente usado a favor da desvalorização refere-se aos salários . Sem dúvida, os salários re

presentam um dos fatores menos elás

ticos no custo da produção. Se, para o

equilíbrio da balança comercial, o custo da produção necessita uma redução, a rigidez dos salários constitui às vezes o maior obstáculo. A desvalorização re solve tais problemas de uma maneira suave.

Em moeda nacional os salários

ficam os mesmos ou, se a desvalorização fôr forte, podem mesmo sofrer um li geiro aumento, sem que a e.xportação se

ja prejudicada. Na realidade, a desva

lorização implica sempre modificações na

.cária que se estendeu nos Estados Uni

Digesto Econômico

dívida diminui, se os preços aumentam

dos cm março de 1933, precisamente

em conseqüência da desvalorização. Tais

quando o presidente Roosevolt tomou po.ssc do governo. Uma das principais

condições existem boje efetivamente entre

preocupações do novo presidente foi a de aliviar o terrível fardo que pc.sava .sobre

a Inglaterra c sons IDomínios, em par ticular a índia. Decerto, grande parte da dívida externa da Inglaterra é fixa

os agriciriorcs. Reduzir a dívida por um ato legislativo teria sido contrário às

da em dólares e sujeita, por conseguinte,

tradições e às instituições du economia

americana. O problema devia ser resol

lino. Mas outra parle, ainda maior, foi estipulada cm libras, e o capital, como

vido do outro lado, quer dizer, por um

o serviço corrente dessa dívida, reduz-se

.aumento dos preços. O professor Warren, conselheiro do presidente Roosevelt,

de fato se os preços de exportação em li bras forem ajustados à dcsvalorizirção, co mo já aconteceu para vários produtos.

cm matéria monetária, afirmava que por

31

rece preferível desvalorizar sem demora, para restabelecer a confiança, promover o repatriamento de capitais nacionais e

estimu'ar investimentos de capitais es trangeiros.

7." — Processo fácil

a um acré.scinio, com a queda do ester

uma redução do padrão ouro se poderia provocar qualquer aumento de preços. Evídenciou-se mais tarde que essa afir mação era ligeiramente e.xagcrada. Pois

Além das razões específicas de que

, Enfim, precisa-se mencionar um argu mento que se torna cada \'ez mais impor tante, embord se fale raramente nêle.

A desvalorização é, para os governos, um processo muito fácil. Pode ser apli

cado por simples decreto do Poder Exe cutivo e decisão do Banco Central.

6." — Confiança e investhnentos

Entra em vigor imediatamente.

Pre

cisa apenas — nem mesmojem todos os países — de uma confirmação ulterior pelo Parlamento, que, naturalmente, não

distribuição da renda nacional: em geral, os lucros nas indústrias de exportação

não é fáci' desvalorizar uma moeda boa

tratamos nos parágrafos anteriores, existe

como o dólar. Notadamcnte em tempos

aumentam mais do que os sa'ários. Ma

de crise, muita gente prefere entcsourar

nifesta-se, porém, agora, na Inglaterra e

um argumento de ordem geral, que ven ce às vezes todas as outras considerações.

dólares, em vez de comprar mercadorias. Mas, no princípio, Warren teve razão. Em todo caso, sua tese foi um dos argu mentos que mais impressionaram o pre sidente Roosevelt, determinando sua de

Êsse argumento resume-se na palaxTa

nor resistência" é parliculannentc atraen

confiança". Não é fácil definir clara mente em que consiste a confiança ou

te em países onde os processos legisla

desconfiança para com uma moeda. Está

cisão de suspender o padrão-ouro do dólar, medida que iniciou uma desvalo

ças lüstóricas do que em razões lógicas e

e numa época em que outro.s processos de ajustamento, por exemplo aumento de taxas aduaneiras, são dificultados por

em outros países europeus, a tendência

de gravar os lucros oriundos da desva lorização com impostos especiais.

4." — Dívida interna e preços Os diversos argumentos atrás mencio

nados têm uma característica comum:

visam um aumento dos preços no mer cado externo, na esperança de que os

preços no m-^rcado interno permaneçam

rização de A\%. B.° — Dívida externa

Também no domínio internacional a

estáveis. Há, porém, circunstâncias nas

desvolarização pode servir como meio de

quais uma desvalorização parece dese jável para estimular sobretudo uma alta

auxí iar os devedores.

no mercado interno. O exemplo mais famoso de ajustamentos cambiais dês e

é o contrário. Se um país desvaloriza sua moeda, sua dívida externa — publi ca ou particular, — contratada em moe das estrangeiras, aumenta. Foi essa a

tipo é a desvalorização do dó ar em X933/34- A grande crise tinha conduzi do a uma baixa,dos preços, em particular

dos produtos agrícolas, enquanto as dívidas dos agricultores ficaram no seu

- anHgo-nível. A divergência entre os

Evidentemente,

via de regra, o efeito da desvalorização

triste conseqüência que o Brasil devia experimentar, mais de uma vez, na de preciação do mr réis. Todavia, a situa ção será diferente se a dívida externa

de um país estiver estipulada em moeda preços e as dívidas dos "farmers" foi estrangeira. Nessa hipótese, o peso da /principal causa da gravíssima crise ban-

baseada mais em sentimentos e lembran

em prognósticos seguros para o futuro. Mas e um fato que a confiança é deci siva para a formação das taxas cambiais

no mercado livre (lícito, "negro" ou "cinzento"). Mais importante ainda é um outro reflexo de confiança ou descon

fiança: os investimentos estrangeiros de pendem em ampla medida da confiança na moeda do respectivo país. Ninguém quer dar capital a um país que amanhã talvez seja obrigado a desvalorizar sua moeda. Por conseguinte, a ameaça de

uma desvalorização conduz quase sem pre à caída de capitais estrangeiros e tam

bém à "fuga" de capitais nacionais.

pode ser recusada sem o risco das mais graves confusões. Êsse método da "me

tivos ordinários demoram meses e anos,

convênios internacionais. Para elevar o

imposto de importação de um por cento é preciso modificar uns quarenta acordos

internacionais. Para elevar o preço dos produtos importados de uns quaren ta por cento mediante desvalorização da moeda, precisa-se apenas de um enten dimento interno entre o. Ministério da Fazenda e o Banco Central. Pode-se

fazer — e faz-se mesmo de preferência

- a operação num domingo, quando as

bolsas estão fechadas e o comércio re pousa.

Esses movimentos podem tomar dimen sões tais que prejudicam sèriamente a

8." - Preços internos e" externos

balança de pagamentos. Nesse caso, pa

se baseiam os partidários da desvalo-

Como se vê, os argumentos nos quais


h

Digesto Econômico

80

3° — Salários e lucros

Um argumento freqüentemente usado a favor da desvalorização refere-se aos salários . Sem dúvida, os salários re

presentam um dos fatores menos elás

ticos no custo da produção. Se, para o

equilíbrio da balança comercial, o custo da produção necessita uma redução, a rigidez dos salários constitui às vezes o maior obstáculo. A desvalorização re solve tais problemas de uma maneira suave.

Em moeda nacional os salários

ficam os mesmos ou, se a desvalorização fôr forte, podem mesmo sofrer um li geiro aumento, sem que a e.xportação se

ja prejudicada. Na realidade, a desva

lorização implica sempre modificações na

.cária que se estendeu nos Estados Uni

Digesto Econômico

dívida diminui, se os preços aumentam

dos cm março de 1933, precisamente

em conseqüência da desvalorização. Tais

quando o presidente Roosevolt tomou po.ssc do governo. Uma das principais

condições existem boje efetivamente entre

preocupações do novo presidente foi a de aliviar o terrível fardo que pc.sava .sobre

a Inglaterra c sons IDomínios, em par ticular a índia. Decerto, grande parte da dívida externa da Inglaterra é fixa

os agriciriorcs. Reduzir a dívida por um ato legislativo teria sido contrário às

da em dólares e sujeita, por conseguinte,

tradições e às instituições du economia

americana. O problema devia ser resol

lino. Mas outra parle, ainda maior, foi estipulada cm libras, e o capital, como

vido do outro lado, quer dizer, por um

o serviço corrente dessa dívida, reduz-se

.aumento dos preços. O professor Warren, conselheiro do presidente Roosevelt,

de fato se os preços de exportação em li bras forem ajustados à dcsvalorizirção, co mo já aconteceu para vários produtos.

cm matéria monetária, afirmava que por

31

rece preferível desvalorizar sem demora, para restabelecer a confiança, promover o repatriamento de capitais nacionais e

estimu'ar investimentos de capitais es trangeiros.

7." — Processo fácil

a um acré.scinio, com a queda do ester

uma redução do padrão ouro se poderia provocar qualquer aumento de preços. Evídenciou-se mais tarde que essa afir mação era ligeiramente e.xagcrada. Pois

Além das razões específicas de que

, Enfim, precisa-se mencionar um argu mento que se torna cada \'ez mais impor tante, embord se fale raramente nêle.

A desvalorização é, para os governos, um processo muito fácil. Pode ser apli

cado por simples decreto do Poder Exe cutivo e decisão do Banco Central.

6." — Confiança e investhnentos

Entra em vigor imediatamente.

Pre

cisa apenas — nem mesmojem todos os países — de uma confirmação ulterior pelo Parlamento, que, naturalmente, não

distribuição da renda nacional: em geral, os lucros nas indústrias de exportação

não é fáci' desvalorizar uma moeda boa

tratamos nos parágrafos anteriores, existe

como o dólar. Notadamcnte em tempos

aumentam mais do que os sa'ários. Ma

de crise, muita gente prefere entcsourar

nifesta-se, porém, agora, na Inglaterra e

um argumento de ordem geral, que ven ce às vezes todas as outras considerações.

dólares, em vez de comprar mercadorias. Mas, no princípio, Warren teve razão. Em todo caso, sua tese foi um dos argu mentos que mais impressionaram o pre sidente Roosevelt, determinando sua de

Êsse argumento resume-se na palaxTa

nor resistência" é parliculannentc atraen

confiança". Não é fácil definir clara mente em que consiste a confiança ou

te em países onde os processos legisla

desconfiança para com uma moeda. Está

cisão de suspender o padrão-ouro do dólar, medida que iniciou uma desvalo

ças lüstóricas do que em razões lógicas e

e numa época em que outro.s processos de ajustamento, por exemplo aumento de taxas aduaneiras, são dificultados por

em outros países europeus, a tendência

de gravar os lucros oriundos da desva lorização com impostos especiais.

4." — Dívida interna e preços Os diversos argumentos atrás mencio

nados têm uma característica comum:

visam um aumento dos preços no mer cado externo, na esperança de que os

preços no m-^rcado interno permaneçam

rização de A\%. B.° — Dívida externa

Também no domínio internacional a

estáveis. Há, porém, circunstâncias nas

desvolarização pode servir como meio de

quais uma desvalorização parece dese jável para estimular sobretudo uma alta

auxí iar os devedores.

no mercado interno. O exemplo mais famoso de ajustamentos cambiais dês e

é o contrário. Se um país desvaloriza sua moeda, sua dívida externa — publi ca ou particular, — contratada em moe das estrangeiras, aumenta. Foi essa a

tipo é a desvalorização do dó ar em X933/34- A grande crise tinha conduzi do a uma baixa,dos preços, em particular

dos produtos agrícolas, enquanto as dívidas dos agricultores ficaram no seu

- anHgo-nível. A divergência entre os

Evidentemente,

via de regra, o efeito da desvalorização

triste conseqüência que o Brasil devia experimentar, mais de uma vez, na de preciação do mr réis. Todavia, a situa ção será diferente se a dívida externa

de um país estiver estipulada em moeda preços e as dívidas dos "farmers" foi estrangeira. Nessa hipótese, o peso da /principal causa da gravíssima crise ban-

baseada mais em sentimentos e lembran

em prognósticos seguros para o futuro. Mas e um fato que a confiança é deci siva para a formação das taxas cambiais

no mercado livre (lícito, "negro" ou "cinzento"). Mais importante ainda é um outro reflexo de confiança ou descon

fiança: os investimentos estrangeiros de pendem em ampla medida da confiança na moeda do respectivo país. Ninguém quer dar capital a um país que amanhã talvez seja obrigado a desvalorizar sua moeda. Por conseguinte, a ameaça de

uma desvalorização conduz quase sem pre à caída de capitais estrangeiros e tam

bém à "fuga" de capitais nacionais.

pode ser recusada sem o risco das mais graves confusões. Êsse método da "me

tivos ordinários demoram meses e anos,

convênios internacionais. Para elevar o

imposto de importação de um por cento é preciso modificar uns quarenta acordos

internacionais. Para elevar o preço dos produtos importados de uns quaren ta por cento mediante desvalorização da moeda, precisa-se apenas de um enten dimento interno entre o. Ministério da Fazenda e o Banco Central. Pode-se

fazer — e faz-se mesmo de preferência

- a operação num domingo, quando as

bolsas estão fechadas e o comércio re pousa.

Esses movimentos podem tomar dimen sões tais que prejudicam sèriamente a

8." - Preços internos e" externos

balança de pagamentos. Nesse caso, pa

se baseiam os partidários da desvalo-

Como se vê, os argumentos nos quais


Dicesto EcoNoxnco

Dicesto EcoNóivncc 33

32

rização .sao«rimeiro numerosos e varindos. Entreargumento da nossa

Sr o" afronsidera? a desvalorização ,

estimulo

exportação, f.ea predo-

Ê também o unico que se

tenha" cristaliaudo numa verdadeira doutrina, a famosa "teoria da paridade do

poder de compra".

O autor dessa teoria, o economista

sueco Gustav Cassei, toma por ponto de

da taxa cambial, e viee-vcrsa.

Cassei, que elaljorou essa teoria du rante a grande infação <[ue devastou * economia européia nos an:)s após a pri meira guerra mundial, tentou dar à sua idéia uma expressão aritmética. Se os

preços internos num país quadruplica

partida o conceito da e^cola clássica in-

rem, e num outro país apenas dobra rem, a moeda do primeiro país deverá

entre' o mercado externo e o interno.

ser desvalorizada dc 50%, para manter o

Sêsa, que não faz grande discriminação Considera o comércio como um fenôme

no mundial, coerente e, em princípio,

uniforme, pois as nações, como os indi víduos, querem comprar a mercadoria

desejada onde e'a se oferece por preço

comércio exterior entre ambos.

A comparação da evolução dos pre ços e das taxas cambiais mostra que a teoria casseliana não corresponde á

realidade. Em grandes linhas, manifes

mais vantajoso. O comércio exterior não

tou-se certa tendência de adaptar os

é senão uma extensão 'do comércio inte

rior, sujeito à mesma lei da procura e

preços externos aos preçxjs internos, mediante modificações das taxas cambiais,

oferta. Quem quer comprar uma merca

mas a diferença do nível de preços in

doria estrangeira, deverá renunciar a

ÍNDICE DE PREÇOS POR ATACADO

exportação e providenciar divisas para 35 indispensáveis importações. Em resu ma: alta dos preços internos — baix*

(1935/1939= 100) Período

Inziaterro

• Estados Unidos

1929 1932 1937 1946 1947 1948

115.0

118,2 80,4 107,1 150,0 188.5 204,7 191.6

86,2 109,5 176,4

193.1 220,9

1949 (junho)

233,4

À primeira vista, a confrontação dessas estatísticas é impressionante. Parece

evidenciar que, nos últimos dois anos, os preços na Inglaterra subiram muito mais que nos Estados Unidos. En quanto na América do Norte a alta

parou e foi seguida em 1948 por uma baixa, os preços na Inglaterra continua

guerxa, cerca de 20% acima dos preços

ternos nos diferentes países, medida era

americanos.

ouro ou em dólares, ainda ficou tão

cado interno, a favor do vendedor estran

amp'a que seria um absurdo falar era paridade do poder de compra. Tal pa

mais que duvidosa. Em primeiro lugar,

mercadoria na expectativa de receber pe

ridade não passa de um desejo, e nunca

lo produto de sua venda mercadorias estrangeiras cujo valor corresponde apro

se tornou um fato.

ximadamente ao valor da mercadoria

exportada no mercado interno. Segundo esse princípio é que a taxa

Não obstante, a tese de Cassei guar

dou grande reputação, menos nos meios acadêmicos,

onde

sempre

encontrou

políticos e financeiros que, por outras

países em questão tiverem um sistema

razões, desejavam desvalorizar. Mais uma vez, a recente desvalorização da li

não se deveria esqriecer que, entre 1937 e 1^0, a libra foi sucessivamente des valorizada de 4,94 para 4,02 dólares, ou seja, de 18%. Calculados em dólares, os preços na Inglaterra aumentaram, portanto, não muito mais que os preços nos Estados Unidos. Uma modificação

Período

norte-americano divulgou um estudo

1938

sôbre a evolução dos preços internos nos

cia de uma inflação ou por outras razões,

Estados Unidos e na Inglaterra, para

1940 1945 1946

• lorizada, para guardar o princípio da pa ridade do poder de compra e, praticamen te, a fim de permitir ao país continuar sua

terlino foi indispensável, em vista das alterações do poder aquisitivo da moeda nos dois países.

Além disso, o índice geral dos nrecos por atacado é uma bis« A

j ^^

i.r., o ' J pregos ® duvidosa julgar nívelT dos vigoranlespara comercio extenor. conparar a evolução dos preços de ex portação e de importação nos dois países^ O quadro seguinte é baseado nos nnn-íiaroirt

no

^

dados oficiais, reunidos e coordenados pelos serviços estatísticos do Fundo Monetário Internacional ("Intemational Financial Stahstics", agosto de 1949, págs. 124-127).

Inglaterra

Um grande banco

demonstrar que a desvalorização do es

305%"°™ ^®®^'«íorização da libra de

^

^

(Base: 1937=100)

bra deu ensejo a uma ressurreição da teoria casseliana.

teoria casseliana, não havia razões para

PREÇOS NO COMÉRCIO EXTERIOR

monetário semelhante, baseado em ouro, e de livre intercâmbio, a taxa cambial se formará e ficará estável sem maiores di ficuldades. Mas, se num país os preços internos subirem muito, em conseqüên

a moeda desse país deveria ser desva-

Porém, tal conclusão é

acerbas críticas, do que nos círculos

cambial deveria ser fixada. Se os dois

cambiais, o que implicaria ajustamentos em permanência. Mesmo no sentido da

vam a subir, elevando-se, em meados

dêsse ano, em relação ao nível de pré-

uma parte do poder aquisitivo no mer

geiro, o qual, por seu lado, venderá sua

de 2 ou 3% nos preços certamente não pode justificar uma mudança das taxas

Export.

Import.

102 122 189

94 131 187 200 243 277 285

Estado;s Unidos Import.

1947 1948

1949 (maio)

199 •

226 249 254

93 97

138

151 180 191 180

90 98

145 161 196 220

208


Dicesto EcoNoxnco

Dicesto EcoNóivncc 33

32

rização .sao«rimeiro numerosos e varindos. Entreargumento da nossa

Sr o" afronsidera? a desvalorização ,

estimulo

exportação, f.ea predo-

Ê também o unico que se

tenha" cristaliaudo numa verdadeira doutrina, a famosa "teoria da paridade do

poder de compra".

O autor dessa teoria, o economista

sueco Gustav Cassei, toma por ponto de

da taxa cambial, e viee-vcrsa.

Cassei, que elaljorou essa teoria du rante a grande infação <[ue devastou * economia européia nos an:)s após a pri meira guerra mundial, tentou dar à sua idéia uma expressão aritmética. Se os

preços internos num país quadruplica

partida o conceito da e^cola clássica in-

rem, e num outro país apenas dobra rem, a moeda do primeiro país deverá

entre' o mercado externo e o interno.

ser desvalorizada dc 50%, para manter o

Sêsa, que não faz grande discriminação Considera o comércio como um fenôme

no mundial, coerente e, em princípio,

uniforme, pois as nações, como os indi víduos, querem comprar a mercadoria

desejada onde e'a se oferece por preço

comércio exterior entre ambos.

A comparação da evolução dos pre ços e das taxas cambiais mostra que a teoria casseliana não corresponde á

realidade. Em grandes linhas, manifes

mais vantajoso. O comércio exterior não

tou-se certa tendência de adaptar os

é senão uma extensão 'do comércio inte

rior, sujeito à mesma lei da procura e

preços externos aos preçxjs internos, mediante modificações das taxas cambiais,

oferta. Quem quer comprar uma merca

mas a diferença do nível de preços in

doria estrangeira, deverá renunciar a

ÍNDICE DE PREÇOS POR ATACADO

exportação e providenciar divisas para 35 indispensáveis importações. Em resu ma: alta dos preços internos — baix*

(1935/1939= 100) Período

Inziaterro

• Estados Unidos

1929 1932 1937 1946 1947 1948

115.0

118,2 80,4 107,1 150,0 188.5 204,7 191.6

86,2 109,5 176,4

193.1 220,9

1949 (junho)

233,4

À primeira vista, a confrontação dessas estatísticas é impressionante. Parece

evidenciar que, nos últimos dois anos, os preços na Inglaterra subiram muito mais que nos Estados Unidos. En quanto na América do Norte a alta

parou e foi seguida em 1948 por uma baixa, os preços na Inglaterra continua

guerxa, cerca de 20% acima dos preços

ternos nos diferentes países, medida era

americanos.

ouro ou em dólares, ainda ficou tão

cado interno, a favor do vendedor estran

amp'a que seria um absurdo falar era paridade do poder de compra. Tal pa

mais que duvidosa. Em primeiro lugar,

mercadoria na expectativa de receber pe

ridade não passa de um desejo, e nunca

lo produto de sua venda mercadorias estrangeiras cujo valor corresponde apro

se tornou um fato.

ximadamente ao valor da mercadoria

exportada no mercado interno. Segundo esse princípio é que a taxa

Não obstante, a tese de Cassei guar

dou grande reputação, menos nos meios acadêmicos,

onde

sempre

encontrou

políticos e financeiros que, por outras

países em questão tiverem um sistema

razões, desejavam desvalorizar. Mais uma vez, a recente desvalorização da li

não se deveria esqriecer que, entre 1937 e 1^0, a libra foi sucessivamente des valorizada de 4,94 para 4,02 dólares, ou seja, de 18%. Calculados em dólares, os preços na Inglaterra aumentaram, portanto, não muito mais que os preços nos Estados Unidos. Uma modificação

Período

norte-americano divulgou um estudo

1938

sôbre a evolução dos preços internos nos

cia de uma inflação ou por outras razões,

Estados Unidos e na Inglaterra, para

1940 1945 1946

• lorizada, para guardar o princípio da pa ridade do poder de compra e, praticamen te, a fim de permitir ao país continuar sua

terlino foi indispensável, em vista das alterações do poder aquisitivo da moeda nos dois países.

Além disso, o índice geral dos nrecos por atacado é uma bis« A

j ^^

i.r., o ' J pregos ® duvidosa julgar nívelT dos vigoranlespara comercio extenor. conparar a evolução dos preços de ex portação e de importação nos dois países^ O quadro seguinte é baseado nos nnn-íiaroirt

no

^

dados oficiais, reunidos e coordenados pelos serviços estatísticos do Fundo Monetário Internacional ("Intemational Financial Stahstics", agosto de 1949, págs. 124-127).

Inglaterra

Um grande banco

demonstrar que a desvalorização do es

305%"°™ ^®®^'«íorização da libra de

^

^

(Base: 1937=100)

bra deu ensejo a uma ressurreição da teoria casseliana.

teoria casseliana, não havia razões para

PREÇOS NO COMÉRCIO EXTERIOR

monetário semelhante, baseado em ouro, e de livre intercâmbio, a taxa cambial se formará e ficará estável sem maiores di ficuldades. Mas, se num país os preços internos subirem muito, em conseqüên

a moeda desse país deveria ser desva-

Porém, tal conclusão é

acerbas críticas, do que nos círculos

cambial deveria ser fixada. Se os dois

cambiais, o que implicaria ajustamentos em permanência. Mesmo no sentido da

vam a subir, elevando-se, em meados

dêsse ano, em relação ao nível de pré-

uma parte do poder aquisitivo no mer

geiro, o qual, por seu lado, venderá sua

de 2 ou 3% nos preços certamente não pode justificar uma mudança das taxas

Export.

Import.

102 122 189

94 131 187 200 243 277 285

Estado;s Unidos Import.

1947 1948

1949 (maio)

199 •

226 249 254

93 97

138

151 180 191 180

90 98

145 161 196 220

208


' W V'

Digesto EcoNó^aco

35

DICESTO ECüNÓKflCO 94

a queda da libra não fez crescer a e.x-

O quadro mostra que os preços de exportação subiram, na Inglaterra, em moeda nacional, em relação ao nível de

pré-guerra, de cerca de 40% mais que

os dos Estados Unidos, mas a diferen

ça é a mesma para os preços de impor tação, que aumentaram nos dois países mais ainda que os preços de exportação.

portação.

clusivamente do nível dos preços inter

nos em relação ao nível internacional.

As primeiras condições da exportação de um país essencialmente industrial são a capacidade técnica e o numero df

do padrão-ouro (setembro de 1931),

Ainda cni libras desvaloriza

menor que anteriormente.

sante lembrar, hoje, os dados daquela

primeiros dois anos depois do abandono

época:

COMÉRCIO EXTERIOR DA INGLATERRA

(Em milhões de £)

mão-de-obra disponível. Certamente, o equipamento da indústria britânica e

Ano

Exportação

Essa constatação conduz à conclusão de

particularmente antiquado e deixa am pla margem para renovação. Mas re

que. já antes da recente desvalorização

novar significa importar ou reservar

1929

729

1111

da libra, a Inglaterra, como país expor tador, não era mais cara que o resto do inundo, que lhe fornecia suas volumosas

maior parte de sua produção ao pró prio país, quer dizer, reduzir para o próximo futuro a exportação. No que se

1930 1931 1932

571

957 651

importações (as importações inglesas dos

391 365 368

refere à mão-de-obra, a Inglaterra se

Estados Unidos são relativamente pe quenas; representavam em 1948 e 1949

apenas 9% do total). E, já que dois terços dos fregueses e dos fornecedores da Inglaterra desvalorizaram suas moe

das na mesma proporção que a própria Grã-Bretanha, esta não pode esperar que a relação entre ps preços de exportação e de importação sofra grandes alterações. Quanto ao custo da rida, não há dúvi da de que a Inglaterra foi, já an tes

da

desempregados, e a Inglaterra 1,5 mi lhões. Em meados de 1049, o número

de desempregados nos Estados Unidos ultrapassou 4 milhões, enquanto a Inglaterra tinha menos de 300.000 pes soas sem emprego. Sob êsse aspecto, a evolução foi, pois, na Inglaterra, muito favorável

que na América

última

do Norte.

Mas

um país sem re

libra, um

serva

país

de

mão-

de-obra não po

de custo de vida dos mais baratos

de aumentar

oa Europa. Em relação ao nível de pré-guerra, o

consideravelmen

índice do custo

em

da rida aumen

do próprio con

te suas exporta ções, a não ser detrimento

tou, na Inglaterra, de 12% mais que

sumo. E parece bem duvidoso que os

nos Estados Unidos; mas, considerada

ingleses estejam dispostos a aceitar tal

a desvalorização da libra efetuada entre 1937 e 1940, a vida na Inglaterra en

solução.

careceu menos que na América do Norte. Com a nova desvalorização, a Inglaterra

a exportação britânica aumente líiuito

«erá para os americanos um país bara-

Mesmo em 1931, quando a Inglaterra tinha dois milliões de desempregados e

Porém, a exportação não depende ex-

Em resumo, não se pode esperar que

em conseqüência da desvalorização. seu nível de preços estava elevadíssimo.

iL

Importação

797 626

zes, para a consolidação da economia

uma melhoria da balança de pagamentos, mas as repercussões sôbre a exportação ficaram em geral módicas. Não se pode

interna, a diminuição das importações, o alívio da dívida externa e, assim, para

libra faça uma exceção à regra.

Outras desvalorizações deram resul tados semelhantes. Contribuíam, às ve

Estados Unidos tinliam 7,7 milhões de

desvalorização da

tíssimo.

1933

encontrava já antes da desvalorização nu ma fase de pleno emprego. Em 1937, os

mais

É interes

das, a e.xportação da Inglaterra foi, nos

esperar que a nova desvalorização da


' W V'

Digesto EcoNó^aco

35

DICESTO ECüNÓKflCO 94

a queda da libra não fez crescer a e.x-

O quadro mostra que os preços de exportação subiram, na Inglaterra, em moeda nacional, em relação ao nível de

pré-guerra, de cerca de 40% mais que

os dos Estados Unidos, mas a diferen

ça é a mesma para os preços de impor tação, que aumentaram nos dois países mais ainda que os preços de exportação.

portação.

clusivamente do nível dos preços inter

nos em relação ao nível internacional.

As primeiras condições da exportação de um país essencialmente industrial são a capacidade técnica e o numero df

do padrão-ouro (setembro de 1931),

Ainda cni libras desvaloriza

menor que anteriormente.

sante lembrar, hoje, os dados daquela

primeiros dois anos depois do abandono

época:

COMÉRCIO EXTERIOR DA INGLATERRA

(Em milhões de £)

mão-de-obra disponível. Certamente, o equipamento da indústria britânica e

Ano

Exportação

Essa constatação conduz à conclusão de

particularmente antiquado e deixa am pla margem para renovação. Mas re

que. já antes da recente desvalorização

novar significa importar ou reservar

1929

729

1111

da libra, a Inglaterra, como país expor tador, não era mais cara que o resto do inundo, que lhe fornecia suas volumosas

maior parte de sua produção ao pró prio país, quer dizer, reduzir para o próximo futuro a exportação. No que se

1930 1931 1932

571

957 651

importações (as importações inglesas dos

391 365 368

refere à mão-de-obra, a Inglaterra se

Estados Unidos são relativamente pe quenas; representavam em 1948 e 1949

apenas 9% do total). E, já que dois terços dos fregueses e dos fornecedores da Inglaterra desvalorizaram suas moe

das na mesma proporção que a própria Grã-Bretanha, esta não pode esperar que a relação entre ps preços de exportação e de importação sofra grandes alterações. Quanto ao custo da rida, não há dúvi da de que a Inglaterra foi, já an tes

da

desempregados, e a Inglaterra 1,5 mi lhões. Em meados de 1049, o número

de desempregados nos Estados Unidos ultrapassou 4 milhões, enquanto a Inglaterra tinha menos de 300.000 pes soas sem emprego. Sob êsse aspecto, a evolução foi, pois, na Inglaterra, muito favorável

que na América

última

do Norte.

Mas

um país sem re

libra, um

serva

país

de

mão-

de-obra não po

de custo de vida dos mais baratos

de aumentar

oa Europa. Em relação ao nível de pré-guerra, o

consideravelmen

índice do custo

em

da rida aumen

do próprio con

te suas exporta ções, a não ser detrimento

tou, na Inglaterra, de 12% mais que

sumo. E parece bem duvidoso que os

nos Estados Unidos; mas, considerada

ingleses estejam dispostos a aceitar tal

a desvalorização da libra efetuada entre 1937 e 1940, a vida na Inglaterra en

solução.

careceu menos que na América do Norte. Com a nova desvalorização, a Inglaterra

a exportação britânica aumente líiuito

«erá para os americanos um país bara-

Mesmo em 1931, quando a Inglaterra tinha dois milliões de desempregados e

Porém, a exportação não depende ex-

Em resumo, não se pode esperar que

em conseqüência da desvalorização. seu nível de preços estava elevadíssimo.

iL

Importação

797 626

zes, para a consolidação da economia

uma melhoria da balança de pagamentos, mas as repercussões sôbre a exportação ficaram em geral módicas. Não se pode

interna, a diminuição das importações, o alívio da dívida externa e, assim, para

libra faça uma exceção à regra.

Outras desvalorizações deram resul tados semelhantes. Contribuíam, às ve

Estados Unidos tinliam 7,7 milhões de

desvalorização da

tíssimo.

1933

encontrava já antes da desvalorização nu ma fase de pleno emprego. Em 1937, os

mais

É interes

das, a e.xportação da Inglaterra foi, nos

esperar que a nova desvalorização da


Dicesto Econónuco 37

investimentos no exterior eram, via de

Os investimentos internacionais

regra, de interesse direto da economia

Comissão do comércio e estndes i(erais AMÉnico Barbosa de Oliveira

Subcomissão de inoestimento

O "Digesto Econômico" diotilga o pre

inglêsa: seu sucesso dependia em boa parte do sucesso mesmo de.ssa economia, e sua remuneração estava garantida pela dependência cm que so encontravam as nações .siib-descnvolvidas da Inglaterra.

lhão de dólares. Tal situação decorria da impossibilidade em que se encon

À proporção <pie os capitais ingleses se foram multiplicando e dando origem

para efetuar transferências dc capitais

fundamental da balança de pagiunentos

Santiago Dantas, bem como a política

proposta para "atrair" capitais, assenta

"Cotnissão Brasileiro-americana de Es

tomando deficitária sua balança comer

em uns tantos postulados cuja validade

tudos Econômicos" da Missão Abbink.

cial.

precisa ser examinada.

investimentos internacionais, hoje e an

Parece-nos da iníerôssc âsse estudo pelo fato de as previsões feitas se estarem verificando. Refcrimo-no.s ã tese da ne cessidade inelutâvcl que os Estados Uni

ceber os "juros c dividendos de .sevi ca pital, preservando assim o equilíbrio nas trocas.

De início, vamos mostrar as dife

renças profundas entre a situação dos tes do aparecimento dos Estados Unidos

dos têm de promover grandes inversões

no mercado mundial de capitais. A se guir precisamos separar dois aspectos que em tôda a exposição do Professor

no exterim, inclusive no Brasil, c d ve

rificação de que os primeiros passos vêm sendo dados nesse sentido: o famoso

Santiago Dantas estão tratados indiscri-

Ponto 4 do Presidente Truman c agora

núnadamente: o dos capitais europeus e o dos americanos.

vedores, recursos com os quais podia re

Os mvestimentos depois da 2." grande guerra Nenhum paralelo é possível entre êsse

quadro c o de nossos dias. O exemplo da Inglaterra não serve mais para ilus

a Missão do sr. Richard Demuth

Depois poderemos então fazer a crí tica da tese do investimento favorecido

trar a situação da economia mundial; nos últimos tempos leremos . de focali zar a posição dos Estados Unidos, que

e propor a solução que se nos afigura compatível com a atual situação da

Inglaterra, procuravam tomar-sc gran

desde a primeira grande guerra surgi

economia mundial e com os interêsses

des centros industriais, a sacrificar ou

ram no mercado internacional de capi

do Brasil.

tras atividades económica.s.

Os investimentos na época anterior à

primeira grande guerra

tais com o característico de que suas in

Desta for

versões no estrangeiro não cxjnstituem

ma, a nação econòmicamcnte preponde rante era também dependente. Nessa época, um decréscimo na produção de algodão nos Estados Unido.s ou na

um complemento natural da evolução pro gressista de sua economia, nem estão em harmonia com a marcha normal do in

O movimento de capitais registrado durante o meio século que precedeu 1914 tinha como centro de gravitação um vultoso comércio internacional. A forma e a intensidade desse comércio tendiam a criar uma divisão internacio

índia motivava uma cri.se na indústria

tercâmbio mundial. Daí a e.xperiencia

manufatureira inglesa. Era natural, por

negativa que a economia americana tem

nal do trabalho, ou seja, uma interde

algodão na índia ou na América. Dai a tendência para o financiamento da pro

pendência econômica entre as nações. O princípio dos custos comparados, que então presidia as trocas internacionais, obrigava aquelas nações, que, como a

tanto, que os capitalistas da City que

obtido em relação às exportações de

tinham interesse em manter um certo

capitais. É êiTO pensar que sua atitu

nível de produção na Metrópole, procurasseim controlar as plantações de

de com relação ao Brasil decorre de uma experiência isolada. O movimento

dução das matérias-primas, o interesse no desenvolvimento dos meios de trans

porte, como estradas de ferro etc. Os

travam freqüentemente os devedores da América de obter os meios necessiírios

americana fèz do dólar uma moeda

Deixava, assim, em mãos de seus de

no Brasil.

>

empréstimos ascendiam a mais de 1 bi

para aquele país — a balança comercial a outros capitais no exterior, a Ingla dos Estados Unidos não era deficitária terra foi aumentando suas importações,' como a da Inglaterra. O desequilíbrio

sente trabalho, até então inédito, e que

foi apresentado em fins de novembro do ano passado a unm das subcomissões da

O pensamento exposto pelo Professor

12,7 bilhões de dólares. Ora, já a essa época as perdas ocasionadas por esses

f

de empréstimos americanos ao exterior

manteve-se desde a primeira guerra até a grande crise, numa média anual de quase 500 milhões de dólares, e em 1937 alcançava a soma fantástica de

permanentemente rara.

Essa raridade

não se transformou em crise antes da gueixa porque restava ainda o recurso

da venda de ouro aos Estados Unidos. Do déficit acumulado de 14 e meio

bilhões de dólares da balança de pagamentos do mundo com a América, entre 1919 e 1939, quase 11 bilhões foram

cobertos com ouro. Êsse metal perdeu, nssim, totalmente, sua função clássica

no comercio internacional, para transforniar-se num meio de pagamento aos Es tados Unidos.

A economia amepcana é fundamen talmente continental.

Seu desenvolvi

mento não criou a interdependência ne cessária ao equilíbrio mundial. Seu co

mercio exterior é uma parcela pequena

da produção e do consumo nacionais. Enquanto as nações do século XLX en

gendravam, a proporção que se desenvolviam economicamente, uma certa di visão internacional do trabalho a Amé-

zando' zando, ^or tornava-se auto-suficiente

a

'Sr

menteansfemncias o de.,uUitao® as dc ouro aos Estados Unidos ultrapassaram 2,7 bilhões, e os deficits do murido na balança de paga mentos foram de 10 biUiões.


Dicesto Econónuco 37

investimentos no exterior eram, via de

Os investimentos internacionais

regra, de interesse direto da economia

Comissão do comércio e estndes i(erais AMÉnico Barbosa de Oliveira

Subcomissão de inoestimento

O "Digesto Econômico" diotilga o pre

inglêsa: seu sucesso dependia em boa parte do sucesso mesmo de.ssa economia, e sua remuneração estava garantida pela dependência cm que so encontravam as nações .siib-descnvolvidas da Inglaterra.

lhão de dólares. Tal situação decorria da impossibilidade em que se encon

À proporção <pie os capitais ingleses se foram multiplicando e dando origem

para efetuar transferências dc capitais

fundamental da balança de pagiunentos

Santiago Dantas, bem como a política

proposta para "atrair" capitais, assenta

"Cotnissão Brasileiro-americana de Es

tomando deficitária sua balança comer

em uns tantos postulados cuja validade

tudos Econômicos" da Missão Abbink.

cial.

precisa ser examinada.

investimentos internacionais, hoje e an

Parece-nos da iníerôssc âsse estudo pelo fato de as previsões feitas se estarem verificando. Refcrimo-no.s ã tese da ne cessidade inelutâvcl que os Estados Uni

ceber os "juros c dividendos de .sevi ca pital, preservando assim o equilíbrio nas trocas.

De início, vamos mostrar as dife

renças profundas entre a situação dos tes do aparecimento dos Estados Unidos

dos têm de promover grandes inversões

no mercado mundial de capitais. A se guir precisamos separar dois aspectos que em tôda a exposição do Professor

no exterim, inclusive no Brasil, c d ve

rificação de que os primeiros passos vêm sendo dados nesse sentido: o famoso

Santiago Dantas estão tratados indiscri-

Ponto 4 do Presidente Truman c agora

núnadamente: o dos capitais europeus e o dos americanos.

vedores, recursos com os quais podia re

Os mvestimentos depois da 2." grande guerra Nenhum paralelo é possível entre êsse

quadro c o de nossos dias. O exemplo da Inglaterra não serve mais para ilus

a Missão do sr. Richard Demuth

Depois poderemos então fazer a crí tica da tese do investimento favorecido

trar a situação da economia mundial; nos últimos tempos leremos . de focali zar a posição dos Estados Unidos, que

e propor a solução que se nos afigura compatível com a atual situação da

Inglaterra, procuravam tomar-sc gran

desde a primeira grande guerra surgi

economia mundial e com os interêsses

des centros industriais, a sacrificar ou

ram no mercado internacional de capi

do Brasil.

tras atividades económica.s.

Os investimentos na época anterior à

primeira grande guerra

tais com o característico de que suas in

Desta for

versões no estrangeiro não cxjnstituem

ma, a nação econòmicamcnte preponde rante era também dependente. Nessa época, um decréscimo na produção de algodão nos Estados Unido.s ou na

um complemento natural da evolução pro gressista de sua economia, nem estão em harmonia com a marcha normal do in

O movimento de capitais registrado durante o meio século que precedeu 1914 tinha como centro de gravitação um vultoso comércio internacional. A forma e a intensidade desse comércio tendiam a criar uma divisão internacio

índia motivava uma cri.se na indústria

tercâmbio mundial. Daí a e.xperiencia

manufatureira inglesa. Era natural, por

negativa que a economia americana tem

nal do trabalho, ou seja, uma interde

algodão na índia ou na América. Dai a tendência para o financiamento da pro

pendência econômica entre as nações. O princípio dos custos comparados, que então presidia as trocas internacionais, obrigava aquelas nações, que, como a

tanto, que os capitalistas da City que

obtido em relação às exportações de

tinham interesse em manter um certo

capitais. É êiTO pensar que sua atitu

nível de produção na Metrópole, procurasseim controlar as plantações de

de com relação ao Brasil decorre de uma experiência isolada. O movimento

dução das matérias-primas, o interesse no desenvolvimento dos meios de trans

porte, como estradas de ferro etc. Os

travam freqüentemente os devedores da América de obter os meios necessiírios

americana fèz do dólar uma moeda

Deixava, assim, em mãos de seus de

no Brasil.

>

empréstimos ascendiam a mais de 1 bi

para aquele país — a balança comercial a outros capitais no exterior, a Ingla dos Estados Unidos não era deficitária terra foi aumentando suas importações,' como a da Inglaterra. O desequilíbrio

sente trabalho, até então inédito, e que

foi apresentado em fins de novembro do ano passado a unm das subcomissões da

O pensamento exposto pelo Professor

12,7 bilhões de dólares. Ora, já a essa época as perdas ocasionadas por esses

f

de empréstimos americanos ao exterior

manteve-se desde a primeira guerra até a grande crise, numa média anual de quase 500 milhões de dólares, e em 1937 alcançava a soma fantástica de

permanentemente rara.

Essa raridade

não se transformou em crise antes da gueixa porque restava ainda o recurso

da venda de ouro aos Estados Unidos. Do déficit acumulado de 14 e meio

bilhões de dólares da balança de pagamentos do mundo com a América, entre 1919 e 1939, quase 11 bilhões foram

cobertos com ouro. Êsse metal perdeu, nssim, totalmente, sua função clássica

no comercio internacional, para transforniar-se num meio de pagamento aos Es tados Unidos.

A economia amepcana é fundamen talmente continental.

Seu desenvolvi

mento não criou a interdependência ne cessária ao equilíbrio mundial. Seu co

mercio exterior é uma parcela pequena

da produção e do consumo nacionais. Enquanto as nações do século XLX en

gendravam, a proporção que se desenvolviam economicamente, uma certa di visão internacional do trabalho a Amé-

zando' zando, ^or tornava-se auto-suficiente

a

'Sr

menteansfemncias o de.,uUitao® as dc ouro aos Estados Unidos ultrapassaram 2,7 bilhões, e os deficits do murido na balança de paga mentos foram de 10 biUiões.


Digeisto Econômico

38

Dicesto Econômico

Em 1948 mantém-se a mesma tendên

80

Uma aguda necessidade dc adquirir

cia. Com a aproximação do esgotamen

moedas fortes está à base das atuais ex

por si mesmo podia alterar em seu pro

to das reservas-ouro dc outros países e

veito as condições do mercado." Como

a fome crescente de dólares, verificou-se

portações européias do capitais. Por ou tro lado, o interesse dos detentores dês-

a ínadequabilídade das instituições cria

ses capitais cncaminlia-os no sentido da

de grandes concentrações?

das em "Brctton 'Woods", e um urgen

fuga. O desejo dc maior segurança, O temor das nacionalizações, o peso do fisco, o elevado conlròle público ou sin dical, as dificuldades de aquisição de

A experiência de nações cuja econo mia era altamente dependente do co

de processar-se de acôrdo com os interêsses da economia americana, que estão

mércio internacional estava na base des

em oposição aos dos países menos de

sa teoria.

ções diversas caracterizadas por um de-

senvolvidos — contràriamente ao que sucedia, no século XIX, nas relações

seqiiilil"^TÍo fundamental do comércio

internacionais.

te esforço da política de redistribuição de dólares foi iniciada através do "Plano

Marshall", destinado a princípio para a Europa, mas que depois terá de ser matérias-primas c mão-de-obra — tudo estendido a outras regiões do mundo, concorro para fomentar a fuga dos ca sob pena de paralisar-se o sistema, pitais nos paí.sos da Europa ocidental. econômico em que vivemos. Não se pode argumentar da mesma O próprio Professor Santiago reconhe forma com capitais europeus e ame

ce que "em vista da situação geral da economia americana, com um grande

ricanos.

Mas em ambo.s os casos pare

ce patentcar-sc que os movimentos de

saldo no seu balanço de pagamentos, é muito provável, porém, que, no caso

lados por motivos políticos do que pela

^^^®ysões espontâneas no estrangeiro, o

oferta de condições excepcionais de re muneração. A simples criação de con

de retração dos capitais privados para

capital, em nossos dias, são antes regu

Governo se veja forçado (além dos mo tivos políticos) a fomentar tais inversões ou fazê-las ele próprio".

à superfície do probVma. O funciona

Capitais europeus

tem que ser observado de uma dupla

Já em matéria de capitais europeus a situação é totalmente diversa. Êsses emigram por motiVos que de nenhuma

forma se confundem com as razões que determinam os movimentos de capitais americanos.

dições "mais atraentes" aflora apenas mento do mercado mundial de capitais

perspectiva: o plano das pequenas uni dades submetidas aos princípios gerais da concorrência, e o plano das grandes unidades econômicas e políticas (trastes

e cartéis) que vêem muito mais longe que a simples taxa de juros.

Em ambos os casos há

diferentes motivos econômicos e polí ticos. No caso dos países europeus, a pressão política é para que os capitais não se expatriem e a pressão dos inte resses econômicos é no sentido da emi

Doutrinas obsoletas

É hoje completamente insatisfatória a teoria de que os investimentos são feitas onde os capitais encontram uma

gração. Os governos euro

"remuneração

peus procuram por tôdas

pensadora".

as formas conservar os ca

A teoria clássica da di visão internacional de ca

pitais fixos de que dispõem, permitindo o expatriamento apenas mediante conces sões compensadoras da

mais com-

utilizar êsle esquema numa economia

Como aplicá-la em condi

interhacional?

Dentro do quadro estreito da econo mia hoje considerada "clássica", o mer

cado de capitais ora considerado como

deslocamentos de capitais neste ou na quele sentido não são necessàriamente

fruto de uma "política de atração". A

emigração dos capitais americanos terá

Se se estabelecesse, entretanto, uma

ampla corrente de capitais privados americanos para a e.xecuçâo de uma política brasileira de desenvolvimento,

um mecanismo em tudo asscmelhável ao

nada indica que nossas exportações para

dos outros mercados de "serviços". Um

os Estados Unidos se 'incrementariam.

certo número de princípios fundamen

Por outro lado, o item ser\'iços de nos

tais presidia a poupança, e ajustamento

desta aos investimentos, o volume global

sa balança de pagamentos se tomaria mais oneroso, agravando o desequilíbrio

e os volumes relativos destes num mes

atual.

mo país, bem como a repartição dos capitais entre os países.

Pensamento modenw

Era assim, até certo ponto, no século passado. E podia-se então dizer que os capitais procuravam, por toda parte,

Todos êsses fatos foram amplamente reconliecidos pelos financistas modernos

uma remuneração mais compensadora.

que considerarn a necessidade de buscar

/

Os movimentos internacionais de capi

uma nova teoria dos investimentos in

tal se processavam em função da taxa

ternacionais.

de juro: considerava-se "normal" uma

ternacional de Reconstrução e Fomento •

transferência -dc capitais sempre que êstes buscassem taxas de juros de nível

foi um passo dado nesse sentido. Fir maram-se assim dois pontos: a) necessi dade de planejar e controlar os investi

mais elevado.

Êsse esquema, sedutor pela simplici dade, de há muito vem sendo desmenti

do pelos fatos. Aliás, nem mesmo as correntes de capitais do século passado são satisfatòriamente explicadas dentre dos quadros dessa teoria.

A criação do Banco In

mentos; b) reconhecimento da insufi

ciência das iniciativas fragmentárias para a reconstrução e para o fomento das

economias .sub-desenvolvidas. Assim, a Diretoria do Banco, em seu último re latório, de 29-9-48, estatuía: "As na ções sub-desenvolvidas devem formular

Os confrontos históricos apresentados ajudam a compreender que a teoria

programas gerais para evitar fazer in

tiva atomizada, tinha em

vista uma estrutura econô

clássica dos investimentos internacionais

investimentos passam a ser preocupa

pitais, fundada na inicia

parte dos países para onde

mica de pequenas unida-^

se dirigem êsses capitais.

des.

"Nenhum indivíduo

— capitais privados deslocando-se atraí

dos pela taxa de juros — é em nossos

dias de quase nenhum valor. É que os

versões isoladas e pouco eficazes". Os

ção direta dos governos, que sobre os mesmos devem possuir uma ampla su pervisão.


Digeisto Econômico

38

Dicesto Econômico

Em 1948 mantém-se a mesma tendên

80

Uma aguda necessidade dc adquirir

cia. Com a aproximação do esgotamen

moedas fortes está à base das atuais ex

por si mesmo podia alterar em seu pro

to das reservas-ouro dc outros países e

veito as condições do mercado." Como

a fome crescente de dólares, verificou-se

portações européias do capitais. Por ou tro lado, o interesse dos detentores dês-

a ínadequabilídade das instituições cria

ses capitais cncaminlia-os no sentido da

de grandes concentrações?

das em "Brctton 'Woods", e um urgen

fuga. O desejo dc maior segurança, O temor das nacionalizações, o peso do fisco, o elevado conlròle público ou sin dical, as dificuldades de aquisição de

A experiência de nações cuja econo mia era altamente dependente do co

de processar-se de acôrdo com os interêsses da economia americana, que estão

mércio internacional estava na base des

em oposição aos dos países menos de

sa teoria.

ções diversas caracterizadas por um de-

senvolvidos — contràriamente ao que sucedia, no século XIX, nas relações

seqiiilil"^TÍo fundamental do comércio

internacionais.

te esforço da política de redistribuição de dólares foi iniciada através do "Plano

Marshall", destinado a princípio para a Europa, mas que depois terá de ser matérias-primas c mão-de-obra — tudo estendido a outras regiões do mundo, concorro para fomentar a fuga dos ca sob pena de paralisar-se o sistema, pitais nos paí.sos da Europa ocidental. econômico em que vivemos. Não se pode argumentar da mesma O próprio Professor Santiago reconhe forma com capitais europeus e ame

ce que "em vista da situação geral da economia americana, com um grande

ricanos.

Mas em ambo.s os casos pare

ce patentcar-sc que os movimentos de

saldo no seu balanço de pagamentos, é muito provável, porém, que, no caso

lados por motivos políticos do que pela

^^^®ysões espontâneas no estrangeiro, o

oferta de condições excepcionais de re muneração. A simples criação de con

de retração dos capitais privados para

capital, em nossos dias, são antes regu

Governo se veja forçado (além dos mo tivos políticos) a fomentar tais inversões ou fazê-las ele próprio".

à superfície do probVma. O funciona

Capitais europeus

tem que ser observado de uma dupla

Já em matéria de capitais europeus a situação é totalmente diversa. Êsses emigram por motiVos que de nenhuma

forma se confundem com as razões que determinam os movimentos de capitais americanos.

dições "mais atraentes" aflora apenas mento do mercado mundial de capitais

perspectiva: o plano das pequenas uni dades submetidas aos princípios gerais da concorrência, e o plano das grandes unidades econômicas e políticas (trastes

e cartéis) que vêem muito mais longe que a simples taxa de juros.

Em ambos os casos há

diferentes motivos econômicos e polí ticos. No caso dos países europeus, a pressão política é para que os capitais não se expatriem e a pressão dos inte resses econômicos é no sentido da emi

Doutrinas obsoletas

É hoje completamente insatisfatória a teoria de que os investimentos são feitas onde os capitais encontram uma

gração. Os governos euro

"remuneração

peus procuram por tôdas

pensadora".

as formas conservar os ca

A teoria clássica da di visão internacional de ca

pitais fixos de que dispõem, permitindo o expatriamento apenas mediante conces sões compensadoras da

mais com-

utilizar êsle esquema numa economia

Como aplicá-la em condi

interhacional?

Dentro do quadro estreito da econo mia hoje considerada "clássica", o mer

cado de capitais ora considerado como

deslocamentos de capitais neste ou na quele sentido não são necessàriamente

fruto de uma "política de atração". A

emigração dos capitais americanos terá

Se se estabelecesse, entretanto, uma

ampla corrente de capitais privados americanos para a e.xecuçâo de uma política brasileira de desenvolvimento,

um mecanismo em tudo asscmelhável ao

nada indica que nossas exportações para

dos outros mercados de "serviços". Um

os Estados Unidos se 'incrementariam.

certo número de princípios fundamen

Por outro lado, o item ser\'iços de nos

tais presidia a poupança, e ajustamento

desta aos investimentos, o volume global

sa balança de pagamentos se tomaria mais oneroso, agravando o desequilíbrio

e os volumes relativos destes num mes

atual.

mo país, bem como a repartição dos capitais entre os países.

Pensamento modenw

Era assim, até certo ponto, no século passado. E podia-se então dizer que os capitais procuravam, por toda parte,

Todos êsses fatos foram amplamente reconliecidos pelos financistas modernos

uma remuneração mais compensadora.

que considerarn a necessidade de buscar

/

Os movimentos internacionais de capi

uma nova teoria dos investimentos in

tal se processavam em função da taxa

ternacionais.

de juro: considerava-se "normal" uma

ternacional de Reconstrução e Fomento •

transferência -dc capitais sempre que êstes buscassem taxas de juros de nível

foi um passo dado nesse sentido. Fir maram-se assim dois pontos: a) necessi dade de planejar e controlar os investi

mais elevado.

Êsse esquema, sedutor pela simplici dade, de há muito vem sendo desmenti

do pelos fatos. Aliás, nem mesmo as correntes de capitais do século passado são satisfatòriamente explicadas dentre dos quadros dessa teoria.

A criação do Banco In

mentos; b) reconhecimento da insufi

ciência das iniciativas fragmentárias para a reconstrução e para o fomento das

economias .sub-desenvolvidas. Assim, a Diretoria do Banco, em seu último re latório, de 29-9-48, estatuía: "As na ções sub-desenvolvidas devem formular

Os confrontos históricos apresentados ajudam a compreender que a teoria

programas gerais para evitar fazer in

tiva atomizada, tinha em

vista uma estrutura econô

clássica dos investimentos internacionais

investimentos passam a ser preocupa

pitais, fundada na inicia

parte dos países para onde

mica de pequenas unida-^

se dirigem êsses capitais.

des.

"Nenhum indivíduo

— capitais privados deslocando-se atraí

dos pela taxa de juros — é em nossos

dias de quase nenhum valor. É que os

versões isoladas e pouco eficazes". Os

ção direta dos governos, que sobre os mesmos devem possuir uma ampla su pervisão.


Dicesto Econômico 40

Quanto à oferta de capitais, condições novas serão necessárias para ^ que as mesmas se incrementem. A êsle pro

pósito, o Professor François Perroux sus tenta que a distribuição de cródito de verá deixar de ser uma atividade lucra

a iniciativa privada nos países siib-dcsenvolvidos c tímida desde que as gran

des concentrações (truslcs e cartéis) se generalizaram, cabe ao Governo tomar

pecíficas e utilizando os recursos estran

geiros por meio de empréstimos, tal como foi feito no caso de Volta Re

tem mais ou menos constrangidos a as

donda.

sumir no mundo de após-guerra essa

A solução proposta pelo Professor Santiago Dantas de considerar os inves

Uma nova grande corrente de capitais

para os países sub-desenvolvidos terá de ser necessáriamentc dirigida e resul tará de um imperativo mesmo da eco

timentos nessas atividades como "favo

recidos", parccc-me inadequada. Pri meiro, porque não leva om conta a

necessidade cm que os Estados Unidos

nomia americana: a necessidade de su

estarão, dentro cm pouco, cie promover

perar seus limites atuais e integrar-se

gigantescas inversões no estrangeiro para manter um nível de emprego razoável. Segundo, porque os princípios em que

num conjunto maior.

De nosso lado, impõe-se o planeja

a

L. A. Costa Pinto

No ano cm que se comemora o Quar

se todo o longo percurso destes quatro

Salvador, \'oUam-sc para a velha provín

séculos.

cia — "Foral da América" — os melho

que tentar relacionar os traços princi-

res .sentimentos dc todos os brasileiros, movidos, de um lado, pela noção cari

l^ais da psicologia social e da vida cultu

nhosa e, de outro, pela certeza objetiva — de que quatro séculos de \ida baiana significam quatro séculos de vida brasi

leira. Por isto mesmo é que para lá se volta também, neste ensejo, a preo cupação 'mais fria e controlada — ainda que não menos sincera e profunda — dos estudÍDSo.s, que vão encontrar na

mento das atividades a serem desenvol

se baseia são insubsistentes, e se even

tualmente a solução fôr aplicável num caso particular ou _ noutro, nos casos

quele pedaço culturalmente mais antigo do Brasil uma síntese expressiva do que

mais freqüentes correremos o risco de o

nôle existe de mais autêntico.

patriado em prazo relativamente curto para possibilitar acumulação capitalista em nosso benefício.

Depois desse planejamento, saberemos os ramos de atividade nos quais necessi

tamos aplicação de capital estrangeiro.

sistí.do sua rotina cotidiana durante qua

to Centenário da Fundação da cidade do

vidas, sem perder de vista que o ca

pital estrangeiro só poderá ser empre gado de forma útil à economia nacio nal dentro de limites permitidos pela formação dos capitais nacionais, a fim de que êle possa ser amortizado e re

Baliia

(Universidade do Brasil)

a iniciativa, fundando organizações es

tiva para ser uma "função", acrescen tando que os Estados Unidos se sen "função",

Sôtore

Enumerá-los seria o mesmo

ral da Bahia, traços constantes pela cons tância da estrutura social que os tem ge rado. Pode-se verificar, porém, ao me nos na última década — à qual nossa

experiência pessoal mais se refere — que os problemas sociais da Bahia parecem já ter para os baianos aquela "fatal pro priedade das coisas óbrias que, por se rem óbvias, não despertam mais a curio sidade, nem já provocam reações". Essa

faniiliaridade com o cotidiano, para os que nêle vivem concretamente mergu lhados, mesmo os que têm espírito de

"favorecimento" ultrapassar o ponto em

Os problemas mais variados e profun

que as vantagens obtidas equilibrem os

dos, os setores mais gritantes dá reali

favores concedidos, resultando na des-

dade social e humana deste País

tudo objeti^'o e impede a sua crí

capitalização do país, ao invés de seu

ali Se encontram representados ~

enriquecimento.

nem sempre como miniatura, mui

tica, perturbando o conhecimen to do conjunto encarado como partes interdependentes de luna

europeus merece um tratamento prefe

tas vêzes como reprodução amgjiada — em camadas secularmen

rencial, dadas as condições em que se

te sedimentadas, formando uma

processa.

rêde complexa de causas e efeitos

O caso da transferência de capitais

Em muitos casos, medidas

análise, muitas vêzes dificulta o seu es

única estrutura inflacionada de

problemas. Entre os recursos que falta

mais liberais poderão ser adotadas nesse

mutuamente determinantes, sobre a qual

vam — e não entre os menores — es

des só excepcionalmente interessará a

particular sem desvantagem para a eco

se derramaram, por tanto tempo, as fa

tava a carência de informações básicas

grupos capitalistas alienígenas e como

nomia nacional.

lácias do ufanismo endeusador de nos

B objetivas sobre a rida baiana, que nos dissessem sôbre a terra e o homem a produção e o consumo, a instrução e a

Como o desenvolvimento dessas ativida

sas potencialidades frustradas, hoje já em franco processo de substituição por um estado de espírito algo melancólico, que prepara a formação de atitudes mais realistas.

Muitas fatores, de natureza a mais

diversa, agem no sentido de impedir os baianos de tomarem plena consciência da seqüela de problemas que caracterizam o "atraso progressivo" em que tem con-

cultura, os nascimentos e óbitos, as clas ses sociais e ps grupos profissionais, e tudo mais que constitui o fundamento de uma comunidade humana em estado de

ser submetida a uma análise preliminar de

diagnóstico e caracterização de seus pro blemas. Em boa parte esta lacuna começa a ser preenchida pela recente publicação


Dicesto Econômico 40

Quanto à oferta de capitais, condições novas serão necessárias para ^ que as mesmas se incrementem. A êsle pro

pósito, o Professor François Perroux sus tenta que a distribuição de cródito de verá deixar de ser uma atividade lucra

a iniciativa privada nos países siib-dcsenvolvidos c tímida desde que as gran

des concentrações (truslcs e cartéis) se generalizaram, cabe ao Governo tomar

pecíficas e utilizando os recursos estran

geiros por meio de empréstimos, tal como foi feito no caso de Volta Re

tem mais ou menos constrangidos a as

donda.

sumir no mundo de após-guerra essa

A solução proposta pelo Professor Santiago Dantas de considerar os inves

Uma nova grande corrente de capitais

para os países sub-desenvolvidos terá de ser necessáriamentc dirigida e resul tará de um imperativo mesmo da eco

timentos nessas atividades como "favo

recidos", parccc-me inadequada. Pri meiro, porque não leva om conta a

necessidade cm que os Estados Unidos

nomia americana: a necessidade de su

estarão, dentro cm pouco, cie promover

perar seus limites atuais e integrar-se

gigantescas inversões no estrangeiro para manter um nível de emprego razoável. Segundo, porque os princípios em que

num conjunto maior.

De nosso lado, impõe-se o planeja

a

L. A. Costa Pinto

No ano cm que se comemora o Quar

se todo o longo percurso destes quatro

Salvador, \'oUam-sc para a velha provín

séculos.

cia — "Foral da América" — os melho

que tentar relacionar os traços princi-

res .sentimentos dc todos os brasileiros, movidos, de um lado, pela noção cari

l^ais da psicologia social e da vida cultu

nhosa e, de outro, pela certeza objetiva — de que quatro séculos de \ida baiana significam quatro séculos de vida brasi

leira. Por isto mesmo é que para lá se volta também, neste ensejo, a preo cupação 'mais fria e controlada — ainda que não menos sincera e profunda — dos estudÍDSo.s, que vão encontrar na

mento das atividades a serem desenvol

se baseia são insubsistentes, e se even

tualmente a solução fôr aplicável num caso particular ou _ noutro, nos casos

quele pedaço culturalmente mais antigo do Brasil uma síntese expressiva do que

mais freqüentes correremos o risco de o

nôle existe de mais autêntico.

patriado em prazo relativamente curto para possibilitar acumulação capitalista em nosso benefício.

Depois desse planejamento, saberemos os ramos de atividade nos quais necessi

tamos aplicação de capital estrangeiro.

sistí.do sua rotina cotidiana durante qua

to Centenário da Fundação da cidade do

vidas, sem perder de vista que o ca

pital estrangeiro só poderá ser empre gado de forma útil à economia nacio nal dentro de limites permitidos pela formação dos capitais nacionais, a fim de que êle possa ser amortizado e re

Baliia

(Universidade do Brasil)

a iniciativa, fundando organizações es

tiva para ser uma "função", acrescen tando que os Estados Unidos se sen "função",

Sôtore

Enumerá-los seria o mesmo

ral da Bahia, traços constantes pela cons tância da estrutura social que os tem ge rado. Pode-se verificar, porém, ao me nos na última década — à qual nossa

experiência pessoal mais se refere — que os problemas sociais da Bahia parecem já ter para os baianos aquela "fatal pro priedade das coisas óbrias que, por se rem óbvias, não despertam mais a curio sidade, nem já provocam reações". Essa

faniiliaridade com o cotidiano, para os que nêle vivem concretamente mergu lhados, mesmo os que têm espírito de

"favorecimento" ultrapassar o ponto em

Os problemas mais variados e profun

que as vantagens obtidas equilibrem os

dos, os setores mais gritantes dá reali

favores concedidos, resultando na des-

dade social e humana deste País

tudo objeti^'o e impede a sua crí

capitalização do país, ao invés de seu

ali Se encontram representados ~

enriquecimento.

nem sempre como miniatura, mui

tica, perturbando o conhecimen to do conjunto encarado como partes interdependentes de luna

europeus merece um tratamento prefe

tas vêzes como reprodução amgjiada — em camadas secularmen

rencial, dadas as condições em que se

te sedimentadas, formando uma

processa.

rêde complexa de causas e efeitos

O caso da transferência de capitais

Em muitos casos, medidas

análise, muitas vêzes dificulta o seu es

única estrutura inflacionada de

problemas. Entre os recursos que falta

mais liberais poderão ser adotadas nesse

mutuamente determinantes, sobre a qual

vam — e não entre os menores — es

des só excepcionalmente interessará a

particular sem desvantagem para a eco

se derramaram, por tanto tempo, as fa

tava a carência de informações básicas

grupos capitalistas alienígenas e como

nomia nacional.

lácias do ufanismo endeusador de nos

B objetivas sobre a rida baiana, que nos dissessem sôbre a terra e o homem a produção e o consumo, a instrução e a

Como o desenvolvimento dessas ativida

sas potencialidades frustradas, hoje já em franco processo de substituição por um estado de espírito algo melancólico, que prepara a formação de atitudes mais realistas.

Muitas fatores, de natureza a mais

diversa, agem no sentido de impedir os baianos de tomarem plena consciência da seqüela de problemas que caracterizam o "atraso progressivo" em que tem con-

cultura, os nascimentos e óbitos, as clas ses sociais e ps grupos profissionais, e tudo mais que constitui o fundamento de uma comunidade humana em estado de

ser submetida a uma análise preliminar de

diagnóstico e caracterização de seus pro blemas. Em boa parte esta lacuna começa a ser preenchida pela recente publicação


Digesto Econômico

do Instituto Brasileiro de Geografia e

y

43

as pesquisas demográficas podem trazer,

Estatística, sob o título "Características

quando bem condu/.idas, ao estudo so

tado pode ser considerada urbana. Ex

Demográficas do Estado da Bahia", onde

ciológico de uma comunidade. O ple

cluída a capital do Estado, com 290.443 almas, observa-se que a população mé dia das 73 aglomerações urbanas de mais

encontramos uma série de monografias,

no valor dessa contribuição, porém, não

da melhor qualidade científica, conten

resulta apenas da pure/^i e fidcdígnida-

do análises de resultados do recensea-

de dos dados obtidos — mas, e princi

mento de 1940 referentes àquela uni dade da Federação. Tais estudos de há

palmente, da capacidade de sc alcançar a verdadeira significação dos fenômenos

muito vinham sendo restritamente divul

demográficos como partes da estrutura

gados, em edições mimeografadas, pelo

social, por ela engendrados e sôbre ela

concentração urbana. A contrapartida disso é que SC deva a 80,27% a quota de baianos que vivem em concentra

Gabinete Técnico do Serviço Nacional de

atuando, e não como realidade cm si,

ções demográficas dc número de habi

Recenseamento; agora, todos os referen

desligada do todo sociológico que inte

tantes não superior a 1.000. O mundo

tes à Bahia foram reunidos em volume de

gra e onde tem origem.

ótima apresentação e, em que pese se

Ij.

j

Digesto Econômico

42

de 2.000 habitantes é de 4.778 habitan tes, o que significa reduzido índice de

paroquial, vilarejo, indiferenciado, em que ainda vive a comunidade baiana en

A coletânea de levantamentos estatís

reportarem á situação de 1940, repre sentam, sem nenhiun exagero, um ele

ticos sôbre a população baiana, à qual

contra naqueles 80,27% o seu índice tal

mento de importância essencial para qual quer tentativa de analisar e compreen-

nos estamos reportando, vem mais uma

vez mais representativo.

vez documentar essa relação entre si

der a vida social baiana,

tivo a atingir é uma visão sociológica

víncia da Bahia, onde se podem obser var aspectos interessantíssimos do entre-

Nela encontramos ainda, como elemen

pecialmente o que se refere à idade,

declaranles e a de seu ascendente direto.

elemento básico de qualquer estudo de

Todo um largo capitulo de antropologia cultural e física se abre à pesquisa, par

mográfico.

cruzamento das linhas de classe e de

côr no sistema de estratificação social, além de dados abundantes sôbre outros

aspectos da situação demográfica da Bahia há 68 anos passados. Maior in teresse apresentam, porém, as análises

Estado exportador de mão-

de-obra, a Bahia reflete em sua estru

tindo dos dados apresentados; sua con

tura demográfica essa situação, apre sentando — com Alagoas, Sergipe e Per

sideração mais detida justifica que reser

nambuco — os mais baixos índices de masculinidade do País. Em 1920 a

pecial, em futuro artigo. diosos o material sôbre a

contribuição da Bahia para a população de ou tros Estados e, vice-versa, a contribuição das de

49,37%; em 1940 essa proporção caiu para

mente atingido e que, como fonte de

maior quantidade e a melhor qualidade

sugestões, hipóteses de trabalho e ba-

48,85% o que parece ser produto, principalmente,

das informações.

das fortes correntes mi-

como excelente.

Trata-se de um panorama, objetiva mente traçado, da situação social da

Bahia — especialmente no que ela tem

de mais acessível ao registro censitário, que são os fenômenos demográficos — repleto de dados, índices e tabelas es

Levando muitas das análises até ao

!

Merece atenção particular dos estu

população baiana era de

que se relerem a situações mais-recen tes, e sôbre elas é que se concentram a

terial ali reunido pode ser classificado

vemos para o assunto um tratamento es

proporção masculina na

quisas". Não resta a menor dúvida, porém, de que esse objetivo foi plena ses de partida para a pesquisa, o ma

Seguem-se condensadas páginas sôbre a composição étnica da Bahia; côr, gru

pos de nacionalidade, grupos de natura

recenseamento de 1872, relativos à pro

que ela pretende apenas apresentar aos

fatores responsáveis por essa situação.

lidade, considerando-se a situação dos

to de comparação, alguns resultados do

estudiosos dos problemas demográficos e sociológicos material útil para suas pes

se encontra mais de metade da popula ção. A superioridade feminina, já as sinalada para o conjunto, permanece em quase todos os grupos decenais de ida de, com a provável exceção de dois deles. A migração seletiva e a maior mortalidade masculina parecem ser os

composição por sexo e idade da popu

E\adentemente, nenhuma informação

ponsáveis pela publicação referida que, logo^^nas primeiras linhas, esclarecem

muitos, de modo que os que permane cem estão nas idades até 19 anos, onde

lação da Bahia, são fundamentais, es

estatística sôbre qualquer setor da rea lidade social pode substituir a análise total; nem foi essa a intenção dos res

Pais, de altas taxas de natalidade e de mortalidade. Nascem muitos e morrem

tuação demográfica e estrutura social, sôbre a qual repetidamente insistimos.

direta dessa mesma realidade, se o obje

Os tres estudos seguintes, sôbre a

ta e senil, que é o resultado da coe.vis-

tênoia, nas populações do Estado e do

mais unidades da Fede

ração para a população

gratórias que da Balna

baiana. A Bahia tem si

nível municipal, a publicação do Gabi

partem em demanda de

nete Técnico do Recenseamento começa

outros Estados, principal

por nos apresentar os quadros básicos da demografia baiana, estudando a po pulação de fato e de direito e, em

mente os do sul, correntes nas quais

ta maior índice de mortalidade demo

predominam os homens.

gráfica e sua contribuição para a popu lação de outros Estados tem sido gran de e crescente. Em algumas regiões do

do Daí resulta

que, entre os nascidos na Bahia e que

seguida, sua distribuição entre zona ru

lá vivem, resta uma população predo

ral 6 zona urbana. A maioria da popu

minantemente feminina. A composição

lação — representando 76% do total —

por icjade reproduz, em escala reduzida, o característico da população brasileira:

tatísticas donde ressalta, de modo cla

encontra-se no meio rural, enquanto

ro e nítido, o valor da contribuição que

sòmente um sexto da população do Es-

^

forte concentração nas baixas idades,

diniinuição nas quotas das idades adul-

um

dos

Estados

cuja população apresen

Sul do Pais o nome de "baiano" já é dado a todo nortista recém-chegado, pelo fato de os naturais da Bahia apresentarem alta quota no conjunto das migrações internas do Brasil.

Essa si-


Digesto Econômico

do Instituto Brasileiro de Geografia e

y

43

as pesquisas demográficas podem trazer,

Estatística, sob o título "Características

quando bem condu/.idas, ao estudo so

tado pode ser considerada urbana. Ex

Demográficas do Estado da Bahia", onde

ciológico de uma comunidade. O ple

cluída a capital do Estado, com 290.443 almas, observa-se que a população mé dia das 73 aglomerações urbanas de mais

encontramos uma série de monografias,

no valor dessa contribuição, porém, não

da melhor qualidade científica, conten

resulta apenas da pure/^i e fidcdígnida-

do análises de resultados do recensea-

de dos dados obtidos — mas, e princi

mento de 1940 referentes àquela uni dade da Federação. Tais estudos de há

palmente, da capacidade de sc alcançar a verdadeira significação dos fenômenos

muito vinham sendo restritamente divul

demográficos como partes da estrutura

gados, em edições mimeografadas, pelo

social, por ela engendrados e sôbre ela

concentração urbana. A contrapartida disso é que SC deva a 80,27% a quota de baianos que vivem em concentra

Gabinete Técnico do Serviço Nacional de

atuando, e não como realidade cm si,

ções demográficas dc número de habi

Recenseamento; agora, todos os referen

desligada do todo sociológico que inte

tantes não superior a 1.000. O mundo

tes à Bahia foram reunidos em volume de

gra e onde tem origem.

ótima apresentação e, em que pese se

Ij.

j

Digesto Econômico

42

de 2.000 habitantes é de 4.778 habitan tes, o que significa reduzido índice de

paroquial, vilarejo, indiferenciado, em que ainda vive a comunidade baiana en

A coletânea de levantamentos estatís

reportarem á situação de 1940, repre sentam, sem nenhiun exagero, um ele

ticos sôbre a população baiana, à qual

contra naqueles 80,27% o seu índice tal

mento de importância essencial para qual quer tentativa de analisar e compreen-

nos estamos reportando, vem mais uma

vez mais representativo.

vez documentar essa relação entre si

der a vida social baiana,

tivo a atingir é uma visão sociológica

víncia da Bahia, onde se podem obser var aspectos interessantíssimos do entre-

Nela encontramos ainda, como elemen

pecialmente o que se refere à idade,

declaranles e a de seu ascendente direto.

elemento básico de qualquer estudo de

Todo um largo capitulo de antropologia cultural e física se abre à pesquisa, par

mográfico.

cruzamento das linhas de classe e de

côr no sistema de estratificação social, além de dados abundantes sôbre outros

aspectos da situação demográfica da Bahia há 68 anos passados. Maior in teresse apresentam, porém, as análises

Estado exportador de mão-

de-obra, a Bahia reflete em sua estru

tindo dos dados apresentados; sua con

tura demográfica essa situação, apre sentando — com Alagoas, Sergipe e Per

sideração mais detida justifica que reser

nambuco — os mais baixos índices de masculinidade do País. Em 1920 a

pecial, em futuro artigo. diosos o material sôbre a

contribuição da Bahia para a população de ou tros Estados e, vice-versa, a contribuição das de

49,37%; em 1940 essa proporção caiu para

mente atingido e que, como fonte de

maior quantidade e a melhor qualidade

sugestões, hipóteses de trabalho e ba-

48,85% o que parece ser produto, principalmente,

das informações.

das fortes correntes mi-

como excelente.

Trata-se de um panorama, objetiva mente traçado, da situação social da

Bahia — especialmente no que ela tem

de mais acessível ao registro censitário, que são os fenômenos demográficos — repleto de dados, índices e tabelas es

Levando muitas das análises até ao

!

Merece atenção particular dos estu

população baiana era de

que se relerem a situações mais-recen tes, e sôbre elas é que se concentram a

terial ali reunido pode ser classificado

vemos para o assunto um tratamento es

proporção masculina na

quisas". Não resta a menor dúvida, porém, de que esse objetivo foi plena ses de partida para a pesquisa, o ma

Seguem-se condensadas páginas sôbre a composição étnica da Bahia; côr, gru

pos de nacionalidade, grupos de natura

recenseamento de 1872, relativos à pro

que ela pretende apenas apresentar aos

fatores responsáveis por essa situação.

lidade, considerando-se a situação dos

to de comparação, alguns resultados do

estudiosos dos problemas demográficos e sociológicos material útil para suas pes

se encontra mais de metade da popula ção. A superioridade feminina, já as sinalada para o conjunto, permanece em quase todos os grupos decenais de ida de, com a provável exceção de dois deles. A migração seletiva e a maior mortalidade masculina parecem ser os

composição por sexo e idade da popu

E\adentemente, nenhuma informação

ponsáveis pela publicação referida que, logo^^nas primeiras linhas, esclarecem

muitos, de modo que os que permane cem estão nas idades até 19 anos, onde

lação da Bahia, são fundamentais, es

estatística sôbre qualquer setor da rea lidade social pode substituir a análise total; nem foi essa a intenção dos res

Pais, de altas taxas de natalidade e de mortalidade. Nascem muitos e morrem

tuação demográfica e estrutura social, sôbre a qual repetidamente insistimos.

direta dessa mesma realidade, se o obje

Os tres estudos seguintes, sôbre a

ta e senil, que é o resultado da coe.vis-

tênoia, nas populações do Estado e do

mais unidades da Fede

ração para a população

gratórias que da Balna

baiana. A Bahia tem si

nível municipal, a publicação do Gabi

partem em demanda de

nete Técnico do Recenseamento começa

outros Estados, principal

por nos apresentar os quadros básicos da demografia baiana, estudando a po pulação de fato e de direito e, em

mente os do sul, correntes nas quais

ta maior índice de mortalidade demo

predominam os homens.

gráfica e sua contribuição para a popu lação de outros Estados tem sido gran de e crescente. Em algumas regiões do

do Daí resulta

que, entre os nascidos na Bahia e que

seguida, sua distribuição entre zona ru

lá vivem, resta uma população predo

ral 6 zona urbana. A maioria da popu

minantemente feminina. A composição

lação — representando 76% do total —

por icjade reproduz, em escala reduzida, o característico da população brasileira:

tatísticas donde ressalta, de modo cla

encontra-se no meio rural, enquanto

ro e nítido, o valor da contribuição que

sòmente um sexto da população do Es-

^

forte concentração nas baixas idades,

diniinuição nas quotas das idades adul-

um

dos

Estados

cuja população apresen

Sul do Pais o nome de "baiano" já é dado a todo nortista recém-chegado, pelo fato de os naturais da Bahia apresentarem alta quota no conjunto das migrações internas do Brasil.

Essa si-


Dicesto EcoNÓAaco

44

tuação demográfica, produto direto da ativa, pois nela se encontram ocupados estrutura agrária predominante, tem le-' 1.053.384 habitantes do total de 2.759.501 vado certas regiões do interior baiano de 10 anos e nrais. As atividades a um estado de verdadeiro despovoamento. Com referência a alguns muni

domésticas e escolares (donas-de-casa e

cípios do centro-sul baiano, já pode

lugar; a terceira categoria c a dos ina

mesmo ser constado estatisticamente o

tivos; as industrias de transformação, o

seguinte fato: o número de imigrantes

comércio de mercadorias c as indústrias

nacionais, entrados na Hospedaria de

extrativas ocupam os lugares seguintes. A estrutura profissional, porém, por sf

menores estudantes) vêm cm segundo

Imigrantes de São Paulo entre 19351940, e provindos daqueles municípios, representava mais de 90% da população

só, não nos permite uma visão comple

dos mesmos municípios recenseada em

baiana; ela só nos informa sobre os

1940. Urandi e Caculé são exemplos. Constatou-os o Professor Lynn Smitii em seu livro Brazil: People. and Institu-

^ tions (1946), pág. 335 e segs.).

Nessa coletânea estatística sobre a

Bahia, de que estamos tratando, encon

tram-se dados abundantes sôbre o pro blema das migrações baianas; a êle tam

ta da estratificação social da sociedade

totais de ocupados sem di.scrimínação da posição orgânica que têm no sistema

de produção os indivíduos a ela ligados. Esta informação, de natureza fundamen tal, vamos encontrar adiante noutro es

tudo que completa o primeiro. O número total dos ocupados em ati vidades extra-domésticas, em idade de

bém pretendemos voltar em outra oca sião, pois que se trata de,traço dos mais

10 anos e mais, na Bahia,, eleva-se a

característicos da estrutura demográfica

1.389.566, sendo 80,79% do sexo mas culino e 19,21% do sexo feminino. Dis

da Bahia.

Além de outros estudos sôbre estado conjugai, religião, previdência, sindícalízação — dois capítulos fundamentais da sociologia da população baiana são

enriquecidos com a presente divulgação dos resultados do censo demográfico: o . que se refere à estratifícação social e p que se refere à educação e instrução. O primeiro problema vem tratado em duas substanciosas monografias,' uma sôbre a distribuição da população ativa entre as diversas categorias de atividade econômica, outra sobre a posição na

criminados pela posição que ocupam

na pirâmide da organização social da produção, temos aquele total disposto da seguinte forma:

Posição

N' ."

%

censo, são os que exercem atividade econórnica por sua própria conta, ou isola damente ou com o auxilio, não direta

mente remunerado, de pessoas de sua

própria famíMa. Membros da família são esses que, sem remuneração direta,

Recenseamento. Os aspectos sociológi cos ali retratados são de tal significação

Bahia têm atividade econômica extra-

doméstica. E é neste ponto que a causa

da multiplicação do número de autô

trabalhadores por conta própria, de acordo com a nomenclatura adotada pelo

*

ção oportuna de levantamentos científi

merece sérias reservas, pois nos parece

cos a ela referentes, está longe de indi car todos os campos de análises e des

estar em flagrante contradição com os dados do censo agrícola e mesmo com

Esta visão panorâmica da realidade

dobramentos de pesquisas que êles per

outros aspectos da situação social baia na retratados pelos próprios resultados do censo demográfico. Êsse problema, cujo tratamento particular nos desviaria da mera apresentação que estamos fa zendo, será também objeto de próximo artigo a ele especialmente dedicado, e que terá por objetivo o estudo da estra

mitem; ela pretende, porém, no limitado espaço de um artigo, chamar a atenção

em cujo bojo se desenham, sob a forma

0,99

nificação desses dados. "Autonômos", ou

*

cionamento da propriedade imobiliária"

13.699

que se conheça sua conceituação preci

*

social baiana, permitida pela divulga

"Posição ignorada" ..

sa, a fim de melhor entendermos a sig

grafias.

nomos insinuada à pág. 155, m fine, do estudo que estamos analisando — "fra-

estamos passando em revista versam o

si mesmas; já os grupos dos "autônomos"

através de sua fecunda atuação no Ga

aquela "pirâmide social", em grande que, mais uma vez, ousamos anunciar parte, reflete a situação da agricultura, futuros artigos dedicados à sua especial poi.s a ela estão ligados 67,08% dos ho . consideração, tal a riqueza de materiais mens e 11,33% das mulheres que na objetivos que contêm as citadas mono

46,40 21,13

e dos "membros da família" demandam

nos habituou o Prof. Giorgio Mortara,

econômica baiana, fácil é concluir que

644.773 293.552

ocupação. Mais uma vez a Bahia apre-

cia, • reprodução. Êles apresentam, em conjunto, o alto nível científico ao qual

atividades agrícolas no conjunto da vida

"Autônomos" "Membros da família"

senta, na pequena escala de seu âmbito regional, uma reprodução da situação dominante no P^ís como um todo. Observa-se, em primeiro lugar, a su-

problema da alfabetização e problemas de demografla dinâmica — fecundidade, mortalidade, prolificidade, sobrerivôn-

binete Técnico do Seniço Nacional d.e

tificação social da Bahia.

As classes de empregados, empregado res e "posição ignorada" definem-se por

45

traballiam em empresa de tipo familiar. Sabendo-se o vulto esmagador das

27.441 1,97 410.101 29,51

j

tre os ramos de ocupação da população

Econónuco

Empregadores Empregados

} ' i '

i perioridade absoluta da agricultura en

Dicesto

Os estudos finais da publicação que

dos interessados — e, entre êles, especial mente os baianos — para o valioso repo sitório, onde se retratam, com a sobrie

dade que convém e que s6 Uie aumenta a autoridade, os prob'emas da Baliia,

de sua terra, de sua gente, — problemas

de roteiro árduo de tarefas urgentes, os caminhos de suas soluções.


Dicesto EcoNÓAaco

44

tuação demográfica, produto direto da ativa, pois nela se encontram ocupados estrutura agrária predominante, tem le-' 1.053.384 habitantes do total de 2.759.501 vado certas regiões do interior baiano de 10 anos e nrais. As atividades a um estado de verdadeiro despovoamento. Com referência a alguns muni

domésticas e escolares (donas-de-casa e

cípios do centro-sul baiano, já pode

lugar; a terceira categoria c a dos ina

mesmo ser constado estatisticamente o

tivos; as industrias de transformação, o

seguinte fato: o número de imigrantes

comércio de mercadorias c as indústrias

nacionais, entrados na Hospedaria de

extrativas ocupam os lugares seguintes. A estrutura profissional, porém, por sf

menores estudantes) vêm cm segundo

Imigrantes de São Paulo entre 19351940, e provindos daqueles municípios, representava mais de 90% da população

só, não nos permite uma visão comple

dos mesmos municípios recenseada em

baiana; ela só nos informa sobre os

1940. Urandi e Caculé são exemplos. Constatou-os o Professor Lynn Smitii em seu livro Brazil: People. and Institu-

^ tions (1946), pág. 335 e segs.).

Nessa coletânea estatística sobre a

Bahia, de que estamos tratando, encon

tram-se dados abundantes sôbre o pro blema das migrações baianas; a êle tam

ta da estratificação social da sociedade

totais de ocupados sem di.scrimínação da posição orgânica que têm no sistema

de produção os indivíduos a ela ligados. Esta informação, de natureza fundamen tal, vamos encontrar adiante noutro es

tudo que completa o primeiro. O número total dos ocupados em ati vidades extra-domésticas, em idade de

bém pretendemos voltar em outra oca sião, pois que se trata de,traço dos mais

10 anos e mais, na Bahia,, eleva-se a

característicos da estrutura demográfica

1.389.566, sendo 80,79% do sexo mas culino e 19,21% do sexo feminino. Dis

da Bahia.

Além de outros estudos sôbre estado conjugai, religião, previdência, sindícalízação — dois capítulos fundamentais da sociologia da população baiana são

enriquecidos com a presente divulgação dos resultados do censo demográfico: o . que se refere à estratifícação social e p que se refere à educação e instrução. O primeiro problema vem tratado em duas substanciosas monografias,' uma sôbre a distribuição da população ativa entre as diversas categorias de atividade econômica, outra sobre a posição na

criminados pela posição que ocupam

na pirâmide da organização social da produção, temos aquele total disposto da seguinte forma:

Posição

N' ."

%

censo, são os que exercem atividade econórnica por sua própria conta, ou isola damente ou com o auxilio, não direta

mente remunerado, de pessoas de sua

própria famíMa. Membros da família são esses que, sem remuneração direta,

Recenseamento. Os aspectos sociológi cos ali retratados são de tal significação

Bahia têm atividade econômica extra-

doméstica. E é neste ponto que a causa

da multiplicação do número de autô

trabalhadores por conta própria, de acordo com a nomenclatura adotada pelo

*

ção oportuna de levantamentos científi

merece sérias reservas, pois nos parece

cos a ela referentes, está longe de indi car todos os campos de análises e des

estar em flagrante contradição com os dados do censo agrícola e mesmo com

Esta visão panorâmica da realidade

dobramentos de pesquisas que êles per

outros aspectos da situação social baia na retratados pelos próprios resultados do censo demográfico. Êsse problema, cujo tratamento particular nos desviaria da mera apresentação que estamos fa zendo, será também objeto de próximo artigo a ele especialmente dedicado, e que terá por objetivo o estudo da estra

mitem; ela pretende, porém, no limitado espaço de um artigo, chamar a atenção

em cujo bojo se desenham, sob a forma

0,99

nificação desses dados. "Autonômos", ou

*

cionamento da propriedade imobiliária"

13.699

que se conheça sua conceituação preci

*

social baiana, permitida pela divulga

"Posição ignorada" ..

sa, a fim de melhor entendermos a sig

grafias.

nomos insinuada à pág. 155, m fine, do estudo que estamos analisando — "fra-

estamos passando em revista versam o

si mesmas; já os grupos dos "autônomos"

através de sua fecunda atuação no Ga

aquela "pirâmide social", em grande que, mais uma vez, ousamos anunciar parte, reflete a situação da agricultura, futuros artigos dedicados à sua especial poi.s a ela estão ligados 67,08% dos ho . consideração, tal a riqueza de materiais mens e 11,33% das mulheres que na objetivos que contêm as citadas mono

46,40 21,13

e dos "membros da família" demandam

nos habituou o Prof. Giorgio Mortara,

econômica baiana, fácil é concluir que

644.773 293.552

ocupação. Mais uma vez a Bahia apre-

cia, • reprodução. Êles apresentam, em conjunto, o alto nível científico ao qual

atividades agrícolas no conjunto da vida

"Autônomos" "Membros da família"

senta, na pequena escala de seu âmbito regional, uma reprodução da situação dominante no P^ís como um todo. Observa-se, em primeiro lugar, a su-

problema da alfabetização e problemas de demografla dinâmica — fecundidade, mortalidade, prolificidade, sobrerivôn-

binete Técnico do Seniço Nacional d.e

tificação social da Bahia.

As classes de empregados, empregado res e "posição ignorada" definem-se por

45

traballiam em empresa de tipo familiar. Sabendo-se o vulto esmagador das

27.441 1,97 410.101 29,51

j

tre os ramos de ocupação da população

Econónuco

Empregadores Empregados

} ' i '

i perioridade absoluta da agricultura en

Dicesto

Os estudos finais da publicação que

dos interessados — e, entre êles, especial mente os baianos — para o valioso repo sitório, onde se retratam, com a sobrie

dade que convém e que s6 Uie aumenta a autoridade, os prob'emas da Baliia,

de sua terra, de sua gente, — problemas

de roteiro árduo de tarefas urgentes, os caminhos de suas soluções.


Dicesto

Econômico

do Visconde dc Cairu, de Adam Sinith

Eqüidade nas trocas internacionais

4J

ou Ricardo, nas primeiras teorizações

de uma cooperação econômica baseada na igualdade de resultados econômicos,

sôbre os movimentos do capitalismo in

como firmou a Carta do Atlântico, em

dustrial em expan.são. . Agora temos os

14 de agòsto de 1943, item V, não se tomou realidade. E a causa é perceptí

(n)

trustes e cartéis internacionais em for

mas novas dc competição, com novas

vel: a distribuição comercial das maté

DjAcm Menezes

técnica.s, desmentindo tôda essa regula

rias-primas nas trocas internacionais, dei

(Da Universidade do Brasil)

ção dos automatismos, e a ciência nos

xando em inteira liberdade a utilização

dá poderes de previsão, de direção e

e contrôle, por parte dos países exporta

nomia internacional, não pode dei.xar

de contrôle, no jogo complexo dêsses

de ser considerada a distribuição

interêsses mundiais, em defesa de nosso

mo, no plano internacional, os acordos

mundial do.s recursos dc bens da pro

próprio bem-estar coletivo.

comerciais e financeiros conduzem a

dução e da tecnologia, os quais, per-

Dos 401 milhões de dólares anuais dn

dores de capitais, só teve uma conse qüência: o maior poderio econômico dos países credores sôbre os países vende dores de produtos primários, eternamen

mutando contra produtos primários, sem condições compensatórias apro priadas, tenderiam a tornar cada vez

exportação nacional para os 16 países

te credores. Êstes se viram obrigados,

do ocidente europeu, 277,6 milhões fo ram de gênerús alimentícios e 112 mi lhões dc matérias-primas e manufatu

abrir suas fronteiras aduaneiras e fran

As indicações sumariadas no número anterior desta revista mostram co

situações cada vez mais injustas, agra vando a discórdia ou o desentendimento entre os países industriais e os econòmi-

camente fracos. Nesses países de alta concentração capitalista, grande soma de

poupança do público é posta, graças ao investment trust" e outros institutos

bancários, sob o comando de poucos Operadores. Tais organizações absor vem influência política e ameaçam con

trolar a finança, o comércio, a agricul tura, a indústria, envolvendo, por vêzes, as altas esferas da própria administra ção. A necessidade de sua restrição se

impunha

dizia Roosevelt — porque

tais organizações tinham "capacidade potencial para realizar operações abusivas".

Deixar que os diversos organismos econômicos lutem em liberdade por suas concessões, privilégios e conquistas do mercado é assistir ao agravamento dessas

desigualdades, que um direito supra-estatal deveria corrigir em benefício da felicidade material dos povos. Foi êsse espetáculo que inspirou o pensamento de Roberto Simonsen. Êle desejou sugerir meios jurídicos que sanassem ou atenuassem êsses contrastes,

mais distantes os grandes países in dustriais dos dc economia incipiente."

ras.

de pensamento se deixaram

Os resultados dêsse esforço, num

país que desgastou seu equipamento du rante a guerra e apresenta índices de probreza alarmantes, com tôda uma po

No Brasil, via de regra, seus homens

cnibair

por teorias que exprimem interesses de países adiantados — e, ingenuamente, ou espertamente tornam-se aqui dentro os seus arautos solenes e prejudiciais. Não discutimos se o fazem de boa ou má fé;

pulação rural em abandono e miséria

— são qualquer coisa de impressionan te e inqualificável. Lembra então Si

por pressões variadas e multiformes, a quear seus recursos naturais.

Depois,

verificaram tristemente que não tinham alcançado os meios de incrementar snt

indústria de modo positivo e vigoroso. A concessão de créditos é feita por grupos financeiros que não agem por propósitos humanitárias, é lógico, mas por objetivos de negócios: não lhes con

monsen nosso direito de recebermos auxi

vém levantar as fôrças econômicas de

lio, ao lado de tôda a América Latina.

outros competidores. Exaustas pela guer

e primário é o malefício que causam à

Auxílio franco, livre, com liberdade de

economia nacional.

apMcação para ampliarmos nosso parque industrial, nossa capacidade de criar bens produtivos, que é ponto fundamen tal de qualquer programa econômico.

ra recente, as nações européias querem retomar às posições anteriores, assegu

isso é subjetivo e secundário. Objetivo

"É mesmo sintomático — diz Simon

sen — que o grosso das informações e comentários que temos no país, so

bre os grandes convênios econômi cos "em qup o Bra.sil toma parte, é de fonte internacional, refletindo pon tos de vista e interêsses que não são

de uni país novo, e, particularmente, os do Brasil."

Os focos das agitações

Daí uma apologia deslumbrada dos automatismos ajustadores das forças econômicas, que deve riam proporcionar máximos

que, dia a dia, mais se acen

de rendimento na livre-com-

tuam. Ouçamo-lo; "Mas, no exame da eco

petição. Como se ainda vi vêssemos os tempos remotos

f

existência que não seja subsidiária, como está acontecendo com a França, países

"Realmente — escreveu o saudoso se

escandinavos, e Inglaterra, na Europa. O balanço de pagamentos dêsses países

nador — a marcha normal do desenvol

acusa déficits que se elevam em virtude

vimento dos povos levaria a desníveis

h

rando sua existência econômica — mas

econômicos cada vez maiores na órbita

internacional, onde Os países ricos fica riam cada vez mais ricos e os países pouco desenvolvidos teriam apenas um progresso lento e ilusório, constituindo-se

em focos permanentes de agitações so ciais de tôda sorte".

De fato, a experiência foi mostrando que a concordância entre países indus triais e países de matéria-prima, dentro

de importações crescentes não compen sadas pelas exportações. Segundo o "Li vro Branco" britânico, a Grã-Bretanha tinha um déficit comercial com a área

do dólar de 449 milhões de libras ..

(1947). E êsse déficit sobe hoje ainda mais alto. Com a França, Bélgica e Suíça oconem as mesmas dificuldades.

A França, para acudir ao desequilíbrio, retirou em maio de 1948, de suas-reser

vas, encaixes-ouro do Banco, saldos U-


Dicesto

Econômico

do Visconde dc Cairu, de Adam Sinith

Eqüidade nas trocas internacionais

4J

ou Ricardo, nas primeiras teorizações

de uma cooperação econômica baseada na igualdade de resultados econômicos,

sôbre os movimentos do capitalismo in

como firmou a Carta do Atlântico, em

dustrial em expan.são. . Agora temos os

14 de agòsto de 1943, item V, não se tomou realidade. E a causa é perceptí

(n)

trustes e cartéis internacionais em for

mas novas dc competição, com novas

vel: a distribuição comercial das maté

DjAcm Menezes

técnica.s, desmentindo tôda essa regula

rias-primas nas trocas internacionais, dei

(Da Universidade do Brasil)

ção dos automatismos, e a ciência nos

xando em inteira liberdade a utilização

dá poderes de previsão, de direção e

e contrôle, por parte dos países exporta

nomia internacional, não pode dei.xar

de contrôle, no jogo complexo dêsses

de ser considerada a distribuição

interêsses mundiais, em defesa de nosso

mo, no plano internacional, os acordos

mundial do.s recursos dc bens da pro

próprio bem-estar coletivo.

comerciais e financeiros conduzem a

dução e da tecnologia, os quais, per-

Dos 401 milhões de dólares anuais dn

dores de capitais, só teve uma conse qüência: o maior poderio econômico dos países credores sôbre os países vende dores de produtos primários, eternamen

mutando contra produtos primários, sem condições compensatórias apro priadas, tenderiam a tornar cada vez

exportação nacional para os 16 países

te credores. Êstes se viram obrigados,

do ocidente europeu, 277,6 milhões fo ram de gênerús alimentícios e 112 mi lhões dc matérias-primas e manufatu

abrir suas fronteiras aduaneiras e fran

As indicações sumariadas no número anterior desta revista mostram co

situações cada vez mais injustas, agra vando a discórdia ou o desentendimento entre os países industriais e os econòmi-

camente fracos. Nesses países de alta concentração capitalista, grande soma de

poupança do público é posta, graças ao investment trust" e outros institutos

bancários, sob o comando de poucos Operadores. Tais organizações absor vem influência política e ameaçam con

trolar a finança, o comércio, a agricul tura, a indústria, envolvendo, por vêzes, as altas esferas da própria administra ção. A necessidade de sua restrição se

impunha

dizia Roosevelt — porque

tais organizações tinham "capacidade potencial para realizar operações abusivas".

Deixar que os diversos organismos econômicos lutem em liberdade por suas concessões, privilégios e conquistas do mercado é assistir ao agravamento dessas

desigualdades, que um direito supra-estatal deveria corrigir em benefício da felicidade material dos povos. Foi êsse espetáculo que inspirou o pensamento de Roberto Simonsen. Êle desejou sugerir meios jurídicos que sanassem ou atenuassem êsses contrastes,

mais distantes os grandes países in dustriais dos dc economia incipiente."

ras.

de pensamento se deixaram

Os resultados dêsse esforço, num

país que desgastou seu equipamento du rante a guerra e apresenta índices de probreza alarmantes, com tôda uma po

No Brasil, via de regra, seus homens

cnibair

por teorias que exprimem interesses de países adiantados — e, ingenuamente, ou espertamente tornam-se aqui dentro os seus arautos solenes e prejudiciais. Não discutimos se o fazem de boa ou má fé;

pulação rural em abandono e miséria

— são qualquer coisa de impressionan te e inqualificável. Lembra então Si

por pressões variadas e multiformes, a quear seus recursos naturais.

Depois,

verificaram tristemente que não tinham alcançado os meios de incrementar snt

indústria de modo positivo e vigoroso. A concessão de créditos é feita por grupos financeiros que não agem por propósitos humanitárias, é lógico, mas por objetivos de negócios: não lhes con

monsen nosso direito de recebermos auxi

vém levantar as fôrças econômicas de

lio, ao lado de tôda a América Latina.

outros competidores. Exaustas pela guer

e primário é o malefício que causam à

Auxílio franco, livre, com liberdade de

economia nacional.

apMcação para ampliarmos nosso parque industrial, nossa capacidade de criar bens produtivos, que é ponto fundamen tal de qualquer programa econômico.

ra recente, as nações européias querem retomar às posições anteriores, assegu

isso é subjetivo e secundário. Objetivo

"É mesmo sintomático — diz Simon

sen — que o grosso das informações e comentários que temos no país, so

bre os grandes convênios econômi cos "em qup o Bra.sil toma parte, é de fonte internacional, refletindo pon tos de vista e interêsses que não são

de uni país novo, e, particularmente, os do Brasil."

Os focos das agitações

Daí uma apologia deslumbrada dos automatismos ajustadores das forças econômicas, que deve riam proporcionar máximos

que, dia a dia, mais se acen

de rendimento na livre-com-

tuam. Ouçamo-lo; "Mas, no exame da eco

petição. Como se ainda vi vêssemos os tempos remotos

f

existência que não seja subsidiária, como está acontecendo com a França, países

"Realmente — escreveu o saudoso se

escandinavos, e Inglaterra, na Europa. O balanço de pagamentos dêsses países

nador — a marcha normal do desenvol

acusa déficits que se elevam em virtude

vimento dos povos levaria a desníveis

h

rando sua existência econômica — mas

econômicos cada vez maiores na órbita

internacional, onde Os países ricos fica riam cada vez mais ricos e os países pouco desenvolvidos teriam apenas um progresso lento e ilusório, constituindo-se

em focos permanentes de agitações so ciais de tôda sorte".

De fato, a experiência foi mostrando que a concordância entre países indus triais e países de matéria-prima, dentro

de importações crescentes não compen sadas pelas exportações. Segundo o "Li vro Branco" britânico, a Grã-Bretanha tinha um déficit comercial com a área

do dólar de 449 milhões de libras ..

(1947). E êsse déficit sobe hoje ainda mais alto. Com a França, Bélgica e Suíça oconem as mesmas dificuldades.

A França, para acudir ao desequilíbrio, retirou em maio de 1948, de suas-reser

vas, encaixes-ouro do Banco, saldos U-


Dicesto Econômico

48

Dicesto Econó>uco

49

quidos de cerca de 2.500 milhões de

que representam. É uma ihisão: a ver-'

governado pela justiça o pelo direi

dólares. O Federal Reaerve BtíUetin, de

dade dita serenamente constitui a sua

to e à medida em que a paz preva

nada tem a ver com a confusa "De

lecer."

claração dos Direitos Sociais", de Gur-

fevereiro, 1948, também publica a di

maior fôrça.

minuição das reservas-ouro dos países

grande exemplo. Em Hot-Spring-s se proclamaram ne

europeus, liquidação dos créditos conce didos.

É o que ensina a história recente, .sem quaisquer intuitos demagógicos, a que somos inteiramente estranhos, mas

Em Haia, Rui deu um

cessidades essenciai.s: a) a pobreza c a causa primeira da subalimentação:

com o mais vivo sentimento de defesa

h) incumbe a cada governo nacional a provisão de produto.s alimeníares para todo cidadão, por meio dc recursos na

das fontes de vida da naç-ão.

cionais; b) só o atimcnto da produção

A venda dessas matérias-primas cons titui o único meio de os países de "eco

nacional pode proporcionar- ..solução às populações miseráveis por carência de

nomia reflexa" adquirirem poder aquisi tivo no mercado internacional, supor tando os preços dirigidos pelos seus

poder aquisitivo. Ali se afirmou também,

compradore.s.

quinas e instrumentos; de ensino o pes soal técnico; dc capitais para empresas sociais e públicas etc.

Justiça nas trocas internacionais

Antes da Conferência das Nações Aliadas, em Hot-Springs, cm 1943, o

problema da industrialização dos países agrícolas não tinha sido incluído no te-

mário das discussões. Foi, inquestionàvelmente, um passo alentador; algumas de suas resoluções — que não se pude ram efetivar na prática, mas que, em pró.ximas conferências para futuros acordos, se poderão examinar, encami nhando, se possível, a solução. Para isso devem as nações economicamente

débeis, como queria Simonsen, congre

gar-se em tôrno de seus objetivos co muns, bem estudados, para declarar o

solenemente, o dever do auxiliar os

países devedores com impnrtaçã(j dc má

"É

verdade

escreve

Sumner

Wclles — que os Estados Unidos e outros países, algumas vezes, têm si do acusados de proibir a exportação de certas coisas necessárias ni produ ção em outras parles, ante o receio

de outros conseguirem os meios de ultrapassar os seus mercados. Mas tais casos são raros."

A Carta do Atlântico continha progra

ma de cooperação favorável aos países devedores, empobrecidos pela guerra. E Sumner Welles dizia estas palavras

já esquecidas:

"As aspirações dos seres humanos em toda parte não podem ser frus

que lhes é necessário, demonstrando porque não se realizaram as resoluções

tradas novamente. Os altos objetivos

tomadas anteriormente.

da Carta do Atlântico precisam ser

Devem exami

nar e expor as causas que determina ram o malogro. Trata-se de exame cien tífico em que a verdade não pode suscetibilizar ninguém. A timidez dos seus delegados, receosos de não conquista rem favores, tem prejudicado os povos

realizados. Precisam ser realizados, inteiramente fora de outra considera

ção, porque o interesse individual de

Por que cssi-s aUos e humanitários

O fundamento teórico dessa doutrina

vitch, onde a análise encontra tessidos

ideais não frutificaram ainda na práti ca? Dir-se-á qnc o tempo ó ainda es

absurdos de proposições mascarando crro.s que resultam de uma compreensão

casso; mas, contudo, já é suficiente para

inteiramente falsa da xida econômica

que se percebam t)s .sintomas de sua completa frustração. E a causa funda mental reside na desigiuddade entre as

o capitalismo atual como "feudalismo

trocas das "nações-fábricas" o das "na-

ções-ccleiros". Na execução do próprio Plano Marshall, em relação aos países •da Europa, os créditos facultam, preferenciahnente, a importação de produtos alimentícios e matérias-primas, tornan do-se difíceis os investimentos num pla no .racional para o de.senvob-imento in

dustrial e importação de equipamento produtivo, que

pudessem começar a

abastecer os mercados nacionais.

moderna. Gurvitch procura caracterizar econômico" inter\ãndo na democracia

política, o que é uma ba'búrdia lamen tável de conceitos.

Por tal caminho

não ó possível atinar sequer com as leis internas do próprio desenvolvimento da sociedade moderna.

Nessa altirra da nossa análise deixemos

um pouco o terreno da economia; é na

especulação jurídica que se deverão de

linear os novos institutos adequados à regulação das relações do comércio in ternacional.

Assentando acordos juridicamente equânimes, não ultrapassam uma igual dade formal: a desigualdade econômica, assentada na competição, permanece e

a configuração dos Estados que são os

se agrava.

Os processos cios mercados

que sucede às relações interfeudais ou

mundiais e seus preços são dirigidos por

ínterimpcriais, com a integração dos or ganismos coletivos que serão as nações.

um grupo em detrimento de outro. O

desequilíbrio tende a aprofundar. Que fazer?

Do ponto de vista jurídico e histórico, sujeitos do Direito das Gentes, é a fase

O proce.sso é muito comple.xo para que o minuclenciemos. Basta que assinalemos a formação de üma "ordem de convivên

A proposição de Simonsen

É nessa altura que se levanta a pro posição de Simonsen: Elaborar um Direito

Internacional

Social que corrija as desigualdades eco nômicas entre nações industriais e na•ções agrárias, as nações-fábricas e as na-

ções-celeiros — Direito que codificasse as normas ditadas pelo sentimento e •consciência de justiça entre os Estados,

todo homem e de tôda mulher, nos

fixando as regras, defensivas do suum

Estados Unidos, progredirá u medi da em que o mundo onde vivem fôr

cuique tribuere e do neminem laedere «ntro os sujeitos ao Direito das Gentes.

cia" que, através de vicissitudes e per turbações variadas, se estabelece entre as novas enHdades. Estas exprimem o novo período da civilização humana,

que o século XVI preludia. Bodin è Grocio representam, no terreno ideoló gico e jurídico, a ordem internacional que se prepara.

Os contactos interestatais delimitam as

entidades integradas na época em que os mercados regionais e locais são gra dualmente suplantados pelos mercados nacionais. Na ordem política, ocorre a concentração do poder centralizado das


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quidos de cerca de 2.500 milhões de

que representam. É uma ihisão: a ver-'

governado pela justiça o pelo direi

dólares. O Federal Reaerve BtíUetin, de

dade dita serenamente constitui a sua

to e à medida em que a paz preva

nada tem a ver com a confusa "De

lecer."

claração dos Direitos Sociais", de Gur-

fevereiro, 1948, também publica a di

maior fôrça.

minuição das reservas-ouro dos países

grande exemplo. Em Hot-Spring-s se proclamaram ne

europeus, liquidação dos créditos conce didos.

É o que ensina a história recente, .sem quaisquer intuitos demagógicos, a que somos inteiramente estranhos, mas

Em Haia, Rui deu um

cessidades essenciai.s: a) a pobreza c a causa primeira da subalimentação:

com o mais vivo sentimento de defesa

h) incumbe a cada governo nacional a provisão de produto.s alimeníares para todo cidadão, por meio dc recursos na

das fontes de vida da naç-ão.

cionais; b) só o atimcnto da produção

A venda dessas matérias-primas cons titui o único meio de os países de "eco

nacional pode proporcionar- ..solução às populações miseráveis por carência de

nomia reflexa" adquirirem poder aquisi tivo no mercado internacional, supor tando os preços dirigidos pelos seus

poder aquisitivo. Ali se afirmou também,

compradore.s.

quinas e instrumentos; de ensino o pes soal técnico; dc capitais para empresas sociais e públicas etc.

Justiça nas trocas internacionais

Antes da Conferência das Nações Aliadas, em Hot-Springs, cm 1943, o

problema da industrialização dos países agrícolas não tinha sido incluído no te-

mário das discussões. Foi, inquestionàvelmente, um passo alentador; algumas de suas resoluções — que não se pude ram efetivar na prática, mas que, em pró.ximas conferências para futuros acordos, se poderão examinar, encami nhando, se possível, a solução. Para isso devem as nações economicamente

débeis, como queria Simonsen, congre

gar-se em tôrno de seus objetivos co muns, bem estudados, para declarar o

solenemente, o dever do auxiliar os

países devedores com impnrtaçã(j dc má

"É

verdade

escreve

Sumner

Wclles — que os Estados Unidos e outros países, algumas vezes, têm si do acusados de proibir a exportação de certas coisas necessárias ni produ ção em outras parles, ante o receio

de outros conseguirem os meios de ultrapassar os seus mercados. Mas tais casos são raros."

A Carta do Atlântico continha progra

ma de cooperação favorável aos países devedores, empobrecidos pela guerra. E Sumner Welles dizia estas palavras

já esquecidas:

"As aspirações dos seres humanos em toda parte não podem ser frus

que lhes é necessário, demonstrando porque não se realizaram as resoluções

tradas novamente. Os altos objetivos

tomadas anteriormente.

da Carta do Atlântico precisam ser

Devem exami

nar e expor as causas que determina ram o malogro. Trata-se de exame cien tífico em que a verdade não pode suscetibilizar ninguém. A timidez dos seus delegados, receosos de não conquista rem favores, tem prejudicado os povos

realizados. Precisam ser realizados, inteiramente fora de outra considera

ção, porque o interesse individual de

Por que cssi-s aUos e humanitários

O fundamento teórico dessa doutrina

vitch, onde a análise encontra tessidos

ideais não frutificaram ainda na práti ca? Dir-se-á qnc o tempo ó ainda es

absurdos de proposições mascarando crro.s que resultam de uma compreensão

casso; mas, contudo, já é suficiente para

inteiramente falsa da xida econômica

que se percebam t)s .sintomas de sua completa frustração. E a causa funda mental reside na desigiuddade entre as

o capitalismo atual como "feudalismo

trocas das "nações-fábricas" o das "na-

ções-ccleiros". Na execução do próprio Plano Marshall, em relação aos países •da Europa, os créditos facultam, preferenciahnente, a importação de produtos alimentícios e matérias-primas, tornan do-se difíceis os investimentos num pla no .racional para o de.senvob-imento in

dustrial e importação de equipamento produtivo, que

pudessem começar a

abastecer os mercados nacionais.

moderna. Gurvitch procura caracterizar econômico" inter\ãndo na democracia

política, o que é uma ba'búrdia lamen tável de conceitos.

Por tal caminho

não ó possível atinar sequer com as leis internas do próprio desenvolvimento da sociedade moderna.

Nessa altirra da nossa análise deixemos

um pouco o terreno da economia; é na

especulação jurídica que se deverão de

linear os novos institutos adequados à regulação das relações do comércio in ternacional.

Assentando acordos juridicamente equânimes, não ultrapassam uma igual dade formal: a desigualdade econômica, assentada na competição, permanece e

a configuração dos Estados que são os

se agrava.

Os processos cios mercados

que sucede às relações interfeudais ou

mundiais e seus preços são dirigidos por

ínterimpcriais, com a integração dos or ganismos coletivos que serão as nações.

um grupo em detrimento de outro. O

desequilíbrio tende a aprofundar. Que fazer?

Do ponto de vista jurídico e histórico, sujeitos do Direito das Gentes, é a fase

O proce.sso é muito comple.xo para que o minuclenciemos. Basta que assinalemos a formação de üma "ordem de convivên

A proposição de Simonsen

É nessa altura que se levanta a pro posição de Simonsen: Elaborar um Direito

Internacional

Social que corrija as desigualdades eco nômicas entre nações industriais e na•ções agrárias, as nações-fábricas e as na-

ções-celeiros — Direito que codificasse as normas ditadas pelo sentimento e •consciência de justiça entre os Estados,

todo homem e de tôda mulher, nos

fixando as regras, defensivas do suum

Estados Unidos, progredirá u medi da em que o mundo onde vivem fôr

cuique tribuere e do neminem laedere «ntro os sujeitos ao Direito das Gentes.

cia" que, através de vicissitudes e per turbações variadas, se estabelece entre as novas enHdades. Estas exprimem o novo período da civilização humana,

que o século XVI preludia. Bodin è Grocio representam, no terreno ideoló gico e jurídico, a ordem internacional que se prepara.

Os contactos interestatais delimitam as

entidades integradas na época em que os mercados regionais e locais são gra dualmente suplantados pelos mercados nacionais. Na ordem política, ocorre a concentração do poder centralizado das


Digesto Econômico

90

Digesto EcoNÓ>nco

monarquias do absolutísmo, vencendo o partícularismo das aristocracias territo riais.

Foi a época da luta das sohercnias contra o poder feudal, o poder da Igreja o o poder do Império, como disse Jellinnek. A convivência das novas entidades sus

citou a aparição de normas jurídicas que possuíam outras características, dife-

91

Assim, há uma distribuição da compe

tências, que vem do Direito das Gentes e define, delineia os sujeitos chamados Estados, atribuindo-lhes o jjoder de se

Hegemonia econômica c justiça

do o momento e as circunstâncias mos trassem ser necessário".

A fonniilação de regras jurídicas in-

Tôda a beleza humanitária do pensa

organizarem, ou se reorganizarem; e há

temacionai.s, capazes dc remover a desi-

uma devolução de competências, que

mento de Roberto Simonsen nos deixa

gua'dado econômica (\uc toma ilusórias as declarações dc c(piidadc dos acordos — fato que impressionou Simonsen — se prende, conscqücnlciucnto, ao proble ma dc constituição dc uin poder supra-

descrentes e apreensivos quando nos vol

é interna c implica na estruturação dos órgãos governativos e na morfología do Estado, perceptível já por dentro do próprio Estado.

tamos para o espetáculo das competi

ções econômicas. Porque não é possí

vel esquecer as rivalidades dos grupos financeiros nas conquistas dos merca dos universais. A política que enche o

A interpretação desloca a base do pro blema: a legitimidade do poder estatal.

estatal, à integração dc uma ordem mun

Neste

dial que se nos afigura ainda indefiní-

mundo é desoladora e furiosamente am

se organizara o aparelho de coercítivi-

O "Direito das Gentes" é assim uma

dade, com a diferenciação dos órgãos

espécie de demiurgo platônico: êle é o

vel e tormentosa. A hegemonia que sc prenuncia é contristadora: porque se

biciosa, feita pelos trustes cientifica

incumbidos de editar e executar o Di

criador dos Estados, o sujeito que ordena

inspira nos propó.sitos dc dominação eco nômica, sem qualquer conteúdo humani

pre-nos lutar por essas medidas que nos facultariam mais justo quinhão na dis tribuição das riquezas — e melhor ren

rençando-se das normas de Direito ela boradas no interior do Estado.

reito. Essa ordem supra-estatal evolve

até nossos dias e sente-se hoje que o clima formado pela comunidade de Es tados penetra os Estados como se mar

chássemos realmente para o fortaleci mento de uma ordem coercitiva interna cional.

Há quem pense, como Verdross e

Pontes de Miranda, que essa ambiência supra-estatal é a em

--

que reside, primariamente, a distribuição

das competências

o fiat, passa a originar-se de fora, tem seu reconhecimento e critérios exteriores,

supranacionais. O prius é a comunida

tário de igualdade e eqüidade jurídicas. Está, portanto, muito longe daquele

de internacional, fenômeno que apenas

ideal de justiça social.

se esboça em meio de contradições ter

mente, não se editam ou aplicam leis contra a ordem estabelecida, que é a expressão dos interesses organizados.

frade), foram quase sempre desvanta-

Assim, o mesmo sucederá, também, no

josas aos seus produtos. O exame feito

ríveis e que ainda não podemos saber para onde conduzirá o mundo. E temos então a explicação que se

gue: qualquer regra jurídica in terna é editada por um órgão que recebeu competência para fazê-lo. E como a

recebeu?

para se auto-constituir a enti

Graças ao ato de devolução de

dade chamada "Estado". O Es

competência,

tado se caracteriza pelo poder

Constituição, na hierarquia das

de constituir e reformar a ordem

interna — poder que nas teocracias vi nha de Deus.

O autor brasileiro aceita a e.xistência

efetuado

estruturas criadas.

pela

Jus cogens,

jus dispositivum oxt jus interpretativum, isto é, direito que obriga, direito que dispõe facultativamente, ou direito que

de um foco que distribui aquêle poder

dá regras a órgãos para explicar e apli

ao Estado. Êsse fõco é situado no Di

car as normas existentes (as regras de

reito das Gentes: "O Direito que regula

superdireito, de Zittelman): todos êles supõem o poder, que os editou, e cujo

as relações entre êles (Estados) reco nhece-lhes competências legislativa, ju diciária e executiva.

central, que as recebe, ou as utiliza por si, ou as devolve a entidades interiores. É a devolução intra-estaial das compe tência^'.

cumprimento ou vigência as assegura.

É c distribuição

supra-estatal das competências. O foco

mente dirigidos. Em todo caso, cum

Ora, interna

plano internacional: não será possível aplicar um Direito cogente contra os interesses de nação hegemônica. Qual a força executiva? Não é possível de bater o problema em termos de uma concepção abstrata de igualdade jurídica quando ricocheteiam por toda parte as rivalidades dos grupos econômicos. Já Sumner Welles apontou as causas do

malogro da Liga das Nações, agora em repetição na ONU:

"Falhou (a

Liga) por causa de sua utilização, por certas potências, para pôr em prática suas ambições políticas e comerciais."

Mas fracassou, principalmente, porque foi forçada a operar, pelos que domi navam seus conselhos, como um meio

dimento nas trocas internacionais. Ne

nhuma nação se encontra mais impelida a bater-se por tais objetivos que o Brasil, cujas relações de trocas (terms of nas "Sugestões para uma ^política eco nômica panamericana", documento or

ganizado sob a direta inspiração de Ro berto Simonsen, é um passo preliminar a ser desenvolvido. Só analisando e ex

pondo essas injustiças econômicas pode remos descortinar qualquer solução d# eqüidade, formulando normas que corrijam as desigualdades. Para isso, é mis ter uma análise constante, insistente,

franca, com a firmeza de quem não pede esmolas mas se bate por um direito a ser reconhecido, que se destine a re

gular as relações entre as nações indus

triais e nações agrárias - uma espécie de direito social, que se projetasse entre os Estados, como sonhava Simonsen.

Na esfera internacional, essas condi ções mudam. É exato que se estruturam

de manter o statu quo. Nunca pôde

Vieira, não devemos "pedir pedindo,

organismos que assumem um poder cres

Operar, como seu principal porta-voz, como um organismo plástico e impar

quem pede verdade, senão justiça".

cial, paro realização de ajustamentos pa cíficos e eqüitativos entre nações, quan-

les, O mundo das 4 liberdades, trad.. Edi-

cente de comando — mas em plano com pletamente diverso.

Mas, segundo dizia o padre Antônio mas protestando e argumentando, como Bibliograiia consultada.

Sumner Wel


Digesto Econômico

90

Digesto EcoNÓ>nco

monarquias do absolutísmo, vencendo o partícularismo das aristocracias territo riais.

Foi a época da luta das sohercnias contra o poder feudal, o poder da Igreja o o poder do Império, como disse Jellinnek. A convivência das novas entidades sus

citou a aparição de normas jurídicas que possuíam outras características, dife-

91

Assim, há uma distribuição da compe

tências, que vem do Direito das Gentes e define, delineia os sujeitos chamados Estados, atribuindo-lhes o jjoder de se

Hegemonia econômica c justiça

do o momento e as circunstâncias mos trassem ser necessário".

A fonniilação de regras jurídicas in-

Tôda a beleza humanitária do pensa

organizarem, ou se reorganizarem; e há

temacionai.s, capazes dc remover a desi-

uma devolução de competências, que

mento de Roberto Simonsen nos deixa

gua'dado econômica (\uc toma ilusórias as declarações dc c(piidadc dos acordos — fato que impressionou Simonsen — se prende, conscqücnlciucnto, ao proble ma dc constituição dc uin poder supra-

descrentes e apreensivos quando nos vol

é interna c implica na estruturação dos órgãos governativos e na morfología do Estado, perceptível já por dentro do próprio Estado.

tamos para o espetáculo das competi

ções econômicas. Porque não é possí

vel esquecer as rivalidades dos grupos financeiros nas conquistas dos merca dos universais. A política que enche o

A interpretação desloca a base do pro blema: a legitimidade do poder estatal.

estatal, à integração dc uma ordem mun

Neste

dial que se nos afigura ainda indefiní-

mundo é desoladora e furiosamente am

se organizara o aparelho de coercítivi-

O "Direito das Gentes" é assim uma

dade, com a diferenciação dos órgãos

espécie de demiurgo platônico: êle é o

vel e tormentosa. A hegemonia que sc prenuncia é contristadora: porque se

biciosa, feita pelos trustes cientifica

incumbidos de editar e executar o Di

criador dos Estados, o sujeito que ordena

inspira nos propó.sitos dc dominação eco nômica, sem qualquer conteúdo humani

pre-nos lutar por essas medidas que nos facultariam mais justo quinhão na dis tribuição das riquezas — e melhor ren

rençando-se das normas de Direito ela boradas no interior do Estado.

reito. Essa ordem supra-estatal evolve

até nossos dias e sente-se hoje que o clima formado pela comunidade de Es tados penetra os Estados como se mar

chássemos realmente para o fortaleci mento de uma ordem coercitiva interna cional.

Há quem pense, como Verdross e

Pontes de Miranda, que essa ambiência supra-estatal é a em

--

que reside, primariamente, a distribuição

das competências

o fiat, passa a originar-se de fora, tem seu reconhecimento e critérios exteriores,

supranacionais. O prius é a comunida

tário de igualdade e eqüidade jurídicas. Está, portanto, muito longe daquele

de internacional, fenômeno que apenas

ideal de justiça social.

se esboça em meio de contradições ter

mente, não se editam ou aplicam leis contra a ordem estabelecida, que é a expressão dos interesses organizados.

frade), foram quase sempre desvanta-

Assim, o mesmo sucederá, também, no

josas aos seus produtos. O exame feito

ríveis e que ainda não podemos saber para onde conduzirá o mundo. E temos então a explicação que se

gue: qualquer regra jurídica in terna é editada por um órgão que recebeu competência para fazê-lo. E como a

recebeu?

para se auto-constituir a enti

Graças ao ato de devolução de

dade chamada "Estado". O Es

competência,

tado se caracteriza pelo poder

Constituição, na hierarquia das

de constituir e reformar a ordem

interna — poder que nas teocracias vi nha de Deus.

O autor brasileiro aceita a e.xistência

efetuado

estruturas criadas.

pela

Jus cogens,

jus dispositivum oxt jus interpretativum, isto é, direito que obriga, direito que dispõe facultativamente, ou direito que

de um foco que distribui aquêle poder

dá regras a órgãos para explicar e apli

ao Estado. Êsse fõco é situado no Di

car as normas existentes (as regras de

reito das Gentes: "O Direito que regula

superdireito, de Zittelman): todos êles supõem o poder, que os editou, e cujo

as relações entre êles (Estados) reco nhece-lhes competências legislativa, ju diciária e executiva.

central, que as recebe, ou as utiliza por si, ou as devolve a entidades interiores. É a devolução intra-estaial das compe tência^'.

cumprimento ou vigência as assegura.

É c distribuição

supra-estatal das competências. O foco

mente dirigidos. Em todo caso, cum

Ora, interna

plano internacional: não será possível aplicar um Direito cogente contra os interesses de nação hegemônica. Qual a força executiva? Não é possível de bater o problema em termos de uma concepção abstrata de igualdade jurídica quando ricocheteiam por toda parte as rivalidades dos grupos econômicos. Já Sumner Welles apontou as causas do

malogro da Liga das Nações, agora em repetição na ONU:

"Falhou (a

Liga) por causa de sua utilização, por certas potências, para pôr em prática suas ambições políticas e comerciais."

Mas fracassou, principalmente, porque foi forçada a operar, pelos que domi navam seus conselhos, como um meio

dimento nas trocas internacionais. Ne

nhuma nação se encontra mais impelida a bater-se por tais objetivos que o Brasil, cujas relações de trocas (terms of nas "Sugestões para uma ^política eco nômica panamericana", documento or

ganizado sob a direta inspiração de Ro berto Simonsen, é um passo preliminar a ser desenvolvido. Só analisando e ex

pondo essas injustiças econômicas pode remos descortinar qualquer solução d# eqüidade, formulando normas que corrijam as desigualdades. Para isso, é mis ter uma análise constante, insistente,

franca, com a firmeza de quem não pede esmolas mas se bate por um direito a ser reconhecido, que se destine a re

gular as relações entre as nações indus

triais e nações agrárias - uma espécie de direito social, que se projetasse entre os Estados, como sonhava Simonsen.

Na esfera internacional, essas condi ções mudam. É exato que se estruturam

de manter o statu quo. Nunca pôde

Vieira, não devemos "pedir pedindo,

organismos que assumem um poder cres

Operar, como seu principal porta-voz, como um organismo plástico e impar

quem pede verdade, senão justiça".

cial, paro realização de ajustamentos pa cíficos e eqüitativos entre nações, quan-

les, O mundo das 4 liberdades, trad.. Edi-

cente de comando — mas em plano com pletamente diverso.

Mas, segundo dizia o padre Antônio mas protestando e argumentando, como Bibliograiia consultada.

Sumner Wel


Diceííto Econômico 52

çôes "O Cruzeiro". Rio, 1944. — Matos Ibiapina. O Brasil do Onlem e o de Hoje, Dip, Rio, 1942. Roberto Simonsen, O Pla no Marshall e um novo crilério nas rela ções inlernacíonais. Rio. 1948; DtreRo In ternacional Social, momorando ao Conse lho Econômico da Confederação das In dústrias. Rio, 1949; O Planejamento da Economia Nacional, Rio. 1946. Pontes dtí

Miranda Os Fundamentos Atuais do DireUo Constitucional, Rio, 1932. Djacir Me

nezes, O Ouro e a Nova Concepção da

Moeda, Alba Editora, Rio. 1941. G. Gurvitch, La Déclaration des Droltes Sociaux. Editions da le Maison Française. Paris, 1944. Franklin D. Roo.scvelt, Nossa Demo

Noções gerais sobre o imposto

cracia em Ação, Liv. do Giobo, Porto Ale-

Inip6sto únieo e impostos múltiplos

-gre 1948. Prokopovicz. L'industrialÍsatIon

des' Pays agricoles et Ia Strucluro de

rEconomie mondiale après Ia ^o^e. La

VI

Presse française et ôtrangòro. Orcrte Zeluck. Paris, 1946. Henri Claude. De se écononiique à Ia Guorro mondiale,

José Luiz de Almeida NocuEntA Pôrto

Ocia, Paris. 1945

jj^Ão obstante a totalidade das nações

mente na Inglaterra, inúmeros projetos

butários na multiplicidade dos impos posto único. A generalidade dos estudiosos de fi

de impôsto único foram sugeridos. Se duzidos pela simplificação do sistema e acossados pela complexidade e primitivismo dos regimes tributários vigentes, os financistas da época buscavam ansio

nanças, ante essas manifestações isola

sos uma base única de tributação, bas

tos, vez por outra ainda se levantam vo zes proclamando as excelências do im

das, se limitam a afastar desdenhosa-

mento a idéia sem se darem sequer ao trabalho de debatê-la. Quando muito se dignam a afirmar que impôsto único é utopia e nunca pôde ser aplicado na prática. Hoje, é verdade, a idéia de um sis

tema tributário baseado em um impôs to único, está superada. Mas quanto fosfato dispenderam os financistas dos últimos séculos para engendrar miracu

V

losos processos de imposição baseados nessa idéia ! E que sistemas engenhosos

universais. I

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idéia de COLBERT, de certo modo vi sava corrigir as inqüidades tributárias

da época. Ao passo que hoje todos os financistas sSo acordes em reconhecer as injustiças que os impostos indiretos acarretam, por atingirem na mesma em que a nobreza e o clero se eximiam

do pagamento dos tributos diretos, gra ças a favores especiais, a justiça estava, justamente, nos impostos indiretos que a todos alcançavam igualmente. E conhecida aquela resposta de um bispo francês ao Govêrno que lhe exi gia impostos: "Para o Estado, os nobres

• .' ■ **'» -• -

bre lòdas as despesas, alcançasse pro porcionalmente a ricos e pobres. Essa

proporção os que podem e os que não

George vêem no impôsto iinico sôbre o solo uma panacéia para todos os males s :•

A primeira idéia foi a da aplicação de um iinpôsto indireto que, incidindo sô

podem paga-los, no tempo de Colbert,

Ainda hoj'e os partidários de Henry

I

tir uma distribuição equitativa dos ônus.

imaginavam!

De resto, não se pode dizer que a

.

tante sólida para supcrtar os encargos

do estado e bastante geral para permi

e de lógica aparentemente irrefutável

idéia esteja inteiramente abandonada.

»

Nos séculos XVII e XVIII, principal

do mundo basearem seus sistemas tri

"La Dime Roya-

lo , é tido como o precursor do impôs to uníco, mas em verdade êle preten dia, apenas, üma simplificação no regi me fiscal da França.

contribuem com seu sangue; os bur gueses com seu dinheiro e o clero com suas preces..."

Amte tal mentalidade, é claro que o proj*eto de Colbert gaiiliou logo o favor


Diceííto Econômico 52

çôes "O Cruzeiro". Rio, 1944. — Matos Ibiapina. O Brasil do Onlem e o de Hoje, Dip, Rio, 1942. Roberto Simonsen, O Pla no Marshall e um novo crilério nas rela ções inlernacíonais. Rio. 1948; DtreRo In ternacional Social, momorando ao Conse lho Econômico da Confederação das In dústrias. Rio, 1949; O Planejamento da Economia Nacional, Rio. 1946. Pontes dtí

Miranda Os Fundamentos Atuais do DireUo Constitucional, Rio, 1932. Djacir Me

nezes, O Ouro e a Nova Concepção da

Moeda, Alba Editora, Rio. 1941. G. Gurvitch, La Déclaration des Droltes Sociaux. Editions da le Maison Française. Paris, 1944. Franklin D. Roo.scvelt, Nossa Demo

Noções gerais sobre o imposto

cracia em Ação, Liv. do Giobo, Porto Ale-

Inip6sto únieo e impostos múltiplos

-gre 1948. Prokopovicz. L'industrialÍsatIon

des' Pays agricoles et Ia Strucluro de

rEconomie mondiale après Ia ^o^e. La

VI

Presse française et ôtrangòro. Orcrte Zeluck. Paris, 1946. Henri Claude. De se écononiique à Ia Guorro mondiale,

José Luiz de Almeida NocuEntA Pôrto

Ocia, Paris. 1945

jj^Ão obstante a totalidade das nações

mente na Inglaterra, inúmeros projetos

butários na multiplicidade dos impos posto único. A generalidade dos estudiosos de fi

de impôsto único foram sugeridos. Se duzidos pela simplificação do sistema e acossados pela complexidade e primitivismo dos regimes tributários vigentes, os financistas da época buscavam ansio

nanças, ante essas manifestações isola

sos uma base única de tributação, bas

tos, vez por outra ainda se levantam vo zes proclamando as excelências do im

das, se limitam a afastar desdenhosa-

mento a idéia sem se darem sequer ao trabalho de debatê-la. Quando muito se dignam a afirmar que impôsto único é utopia e nunca pôde ser aplicado na prática. Hoje, é verdade, a idéia de um sis

tema tributário baseado em um impôs to único, está superada. Mas quanto fosfato dispenderam os financistas dos últimos séculos para engendrar miracu

V

losos processos de imposição baseados nessa idéia ! E que sistemas engenhosos

universais. I

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* * *

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idéia de COLBERT, de certo modo vi sava corrigir as inqüidades tributárias

da época. Ao passo que hoje todos os financistas sSo acordes em reconhecer as injustiças que os impostos indiretos acarretam, por atingirem na mesma em que a nobreza e o clero se eximiam

do pagamento dos tributos diretos, gra ças a favores especiais, a justiça estava, justamente, nos impostos indiretos que a todos alcançavam igualmente. E conhecida aquela resposta de um bispo francês ao Govêrno que lhe exi gia impostos: "Para o Estado, os nobres

• .' ■ **'» -• -

bre lòdas as despesas, alcançasse pro porcionalmente a ricos e pobres. Essa

proporção os que podem e os que não

George vêem no impôsto iinico sôbre o solo uma panacéia para todos os males s :•

A primeira idéia foi a da aplicação de um iinpôsto indireto que, incidindo sô

podem paga-los, no tempo de Colbert,

Ainda hoj'e os partidários de Henry

I

tir uma distribuição equitativa dos ônus.

imaginavam!

De resto, não se pode dizer que a

.

tante sólida para supcrtar os encargos

do estado e bastante geral para permi

e de lógica aparentemente irrefutável

idéia esteja inteiramente abandonada.

»

Nos séculos XVII e XVIII, principal

do mundo basearem seus sistemas tri

"La Dime Roya-

lo , é tido como o precursor do impôs to uníco, mas em verdade êle preten dia, apenas, üma simplificação no regi me fiscal da França.

contribuem com seu sangue; os bur gueses com seu dinheiro e o clero com suas preces..."

Amte tal mentalidade, é claro que o proj*eto de Colbert gaiiliou logo o favor


Dicesto Econômico

Dicesto Econômico

54

impostos sôbre os produtos siipérEuos

popular. Inju-stiça haveria ainda por pa garem todos igualmente, mas ao menos todos pagariam.

Cedo, porém, se deram conta os eco

Partindo dc.ssa premissa, o autor des

sobre artigos de luxo e chega à conclu são de que tais impostos teriam ainda o efeito altamente salutar de enfraquecer

indireto e geral sobre todas as despesas,

a procura desses artigos e, por conse qüência, de fazer baixar a remunera

e ao comércio que, nem sempre, conse

guiriam transferir para o consumidor

ção dos operários empregados em sua produção, o que permitiria à Inglaterra,

os ônus do tributo, como envolveria a

dada a redução no custo da produção,

injustiça já mencionada de se tributar

exportá-los para o estrangeiro.

a todos igualmente.

DOWNES, escritor também inglês e também do século XVIII,

* * *

Evoluiu então a ídeia e da imposição indireta de todas as despesas passou-se a preconizar a imposição sobre os arti

gos considerados de luxo. CHAMBERLAYNE, escritor do sécu

lo XVII, em sua obra que tem este ti

tulo rebarbativo, mas tão ao gosto da época: "Englands Wants or several Pro-

(sua obra

data de 1732), contesta que um impôsto

pesado sobre objetos de luxo traga a di minuição de sua procura. Com uma su

til observação da psicologia da socieda de de sua época, afirma que quanto mais caros forem os objetos de luxo, mais serão procurados por aquêles que pertencem à alta sociedade ou que nela pretendem penetrar. E* curioso lembrar que foi Downes

posals probably Beneficiai for Eng^and,

quem imaginou e iniciou o pagamento

hunbly offered to the Consideration of

do impôsto por meio de estampilhas aplicadas nos produtos, processo êsse que só um século mais tarde foi aplica do pela primeira vez, nos Estados Uni dos, e que inspirou o nosso sistema de

ali good Patriots in both houses of Parliament, by a true Lover of bis Countiy", preconizava um imposto

elevado sobre todos os artigos que se prestassem ao excesso, ao luxo, ao desregramento, à preguiça, ao orgulho ou à corrupção dos costumes. Outro escritor inglês do século XVIII,

de identidade desconhecida, aperfeiçoa êsse sistema e lhe dá um fundamento teórico. "Deve-se compreender — diz

gle — que a noção de igualdade geral mente admitida se relaciona apenas com

a riqueza ou fortuna de cada um; tam bém quando a parte pobre da população (sempre a mais trabalhadora e industriosa) esta onerada ao extremo e que se trata de arrecadar um impôsto para o

bem comum, os ricos e só eles deverão atender às necessidades do Estado".

pagamento do imposto de consumo ain da vigorante para muitos artigos.

Vários outros escritores, quase todos

ingleses, apoiam e desenvolvem a idéia de um impôsto único sobre o lu.xo. Suas divergências dizem respeito ao proces

so de imposição: enquanto uns preten dem um imposto direto sobre os consu midores de artigos de luxo, outros pre

ferem a imposição indireta sobro os pró

♦ * *

dários do impôsto único .sôbre o hixo faziam sua pregação, outros financistas, partindo dos mesmos raciocínios, che gavam à conclusão de que nada melhor para caracterizar a capacidade contribu-

te se dizia de Tyro: "that their Merchants are Princes and their Trafhckers, the Hcnourable of the Earth (q^® seus comerciantes são os príncipes e

seus traficantes os honoráveis da Terra). Decker fez escola e muitos financis

pôsto único sôbre as casas. O principal propugnador dêsse sis-

clusões, juntando novos argumentos em

téma foi sir MATTHEW DECKER que,

favor do sistema.

tas do século XVIII apoiaram su^as con

pela imposição iinica sôbre as casas, vi sava exclusivamente proteger o comér cio.

Abolindo-se todos os outros impostos,

contribuições e direitos — dizia êle — impedir-se-á tôda es pécie de fraude e "a ruína de vários milha

res de pobre."? e infeli zes criaturas que foram ou são ainda emprega das no comércio de contrabando". Por ou

tro lado, muito maiorseria o lucro do comér

cio se só as casas pa gassem impostos.

Fazia parte do plano de Decker

a

isenção

para as casas habitadas

pela parte pobre da população. Não por en tender que os pobres

não devessem

pagar

Êsse sistema de impôsto único, é cla ro, nunca vigorou. Exerceu, porém, ní

dos operários, determinando sua eleva ção com prejuízo para produtores e co

saram a compreender também pesados

comércio, para que algum dia se pudes se dizer da Inglaterra o que antigamen

tiva de cada cidadão do que sua casa de residência. Daí sugerirem um im

prios produtos.

tida influência em todos os regimes tri

raciocínios, tôdas as suas conclusões, vi

savam apenas uma coisa: amparar o No mesma oca.sião em que os parti

impostos, mas pelo temor de que êsses

butários que, a partir dessa época, pas

Decker, em \ erdade, merecia quí* os

comerciantes e fabricantes da época lhe

erigissem uma estátua. Todos os seus

conhecido recomenda pesados impostos

nomistas e financistas que um impôsto não só criaria dificuldades à produção

ou de luxo.

ônus viessem a repercutir nos salários merciantes...

* * 5)t

Um dos seguidores de Deker, porém, dentro da mesma ordem de idéias do mestre, apresenta um

plano interessante: a incidência do impôsto

único sôbre as janelas das casas. HORSELY

argumenta que, quanto mais rico for o cidadão, maior será sua casa e,

por conseqüência, maior número de janelas terá. Procura, assim, um cer

to critério de jusüíça fiscal — rudimentar, sem dúvida — ao tribu

tas mais pesadamente os mais ricos, pelos seus sinais exteriores de ri queza.

Diga-se, de passa gem, que êsse impôsto existiu na In glaterra e na França, não como impôsto

único, é claro, mas fazendo parte do sistema tributário geral e oferecendo apreciável arrecadação.


Dicesto Econômico

Dicesto Econômico

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impostos sôbre os produtos siipérEuos

popular. Inju-stiça haveria ainda por pa garem todos igualmente, mas ao menos todos pagariam.

Cedo, porém, se deram conta os eco

Partindo dc.ssa premissa, o autor des

sobre artigos de luxo e chega à conclu são de que tais impostos teriam ainda o efeito altamente salutar de enfraquecer

indireto e geral sobre todas as despesas,

a procura desses artigos e, por conse qüência, de fazer baixar a remunera

e ao comércio que, nem sempre, conse

guiriam transferir para o consumidor

ção dos operários empregados em sua produção, o que permitiria à Inglaterra,

os ônus do tributo, como envolveria a

dada a redução no custo da produção,

injustiça já mencionada de se tributar

exportá-los para o estrangeiro.

a todos igualmente.

DOWNES, escritor também inglês e também do século XVIII,

* * *

Evoluiu então a ídeia e da imposição indireta de todas as despesas passou-se a preconizar a imposição sobre os arti

gos considerados de luxo. CHAMBERLAYNE, escritor do sécu

lo XVII, em sua obra que tem este ti

tulo rebarbativo, mas tão ao gosto da época: "Englands Wants or several Pro-

(sua obra

data de 1732), contesta que um impôsto

pesado sobre objetos de luxo traga a di minuição de sua procura. Com uma su

til observação da psicologia da socieda de de sua época, afirma que quanto mais caros forem os objetos de luxo, mais serão procurados por aquêles que pertencem à alta sociedade ou que nela pretendem penetrar. E* curioso lembrar que foi Downes

posals probably Beneficiai for Eng^and,

quem imaginou e iniciou o pagamento

hunbly offered to the Consideration of

do impôsto por meio de estampilhas aplicadas nos produtos, processo êsse que só um século mais tarde foi aplica do pela primeira vez, nos Estados Uni dos, e que inspirou o nosso sistema de

ali good Patriots in both houses of Parliament, by a true Lover of bis Countiy", preconizava um imposto

elevado sobre todos os artigos que se prestassem ao excesso, ao luxo, ao desregramento, à preguiça, ao orgulho ou à corrupção dos costumes. Outro escritor inglês do século XVIII,

de identidade desconhecida, aperfeiçoa êsse sistema e lhe dá um fundamento teórico. "Deve-se compreender — diz

gle — que a noção de igualdade geral mente admitida se relaciona apenas com

a riqueza ou fortuna de cada um; tam bém quando a parte pobre da população (sempre a mais trabalhadora e industriosa) esta onerada ao extremo e que se trata de arrecadar um impôsto para o

bem comum, os ricos e só eles deverão atender às necessidades do Estado".

pagamento do imposto de consumo ain da vigorante para muitos artigos.

Vários outros escritores, quase todos

ingleses, apoiam e desenvolvem a idéia de um impôsto único sobre o lu.xo. Suas divergências dizem respeito ao proces

so de imposição: enquanto uns preten dem um imposto direto sobre os consu midores de artigos de luxo, outros pre

ferem a imposição indireta sobro os pró

♦ * *

dários do impôsto único .sôbre o hixo faziam sua pregação, outros financistas, partindo dos mesmos raciocínios, che gavam à conclusão de que nada melhor para caracterizar a capacidade contribu-

te se dizia de Tyro: "that their Merchants are Princes and their Trafhckers, the Hcnourable of the Earth (q^® seus comerciantes são os príncipes e

seus traficantes os honoráveis da Terra). Decker fez escola e muitos financis

pôsto único sôbre as casas. O principal propugnador dêsse sis-

clusões, juntando novos argumentos em

téma foi sir MATTHEW DECKER que,

favor do sistema.

tas do século XVIII apoiaram su^as con

pela imposição iinica sôbre as casas, vi sava exclusivamente proteger o comér cio.

Abolindo-se todos os outros impostos,

contribuições e direitos — dizia êle — impedir-se-á tôda es pécie de fraude e "a ruína de vários milha

res de pobre."? e infeli zes criaturas que foram ou são ainda emprega das no comércio de contrabando". Por ou

tro lado, muito maiorseria o lucro do comér

cio se só as casas pa gassem impostos.

Fazia parte do plano de Decker

a

isenção

para as casas habitadas

pela parte pobre da população. Não por en tender que os pobres

não devessem

pagar

Êsse sistema de impôsto único, é cla ro, nunca vigorou. Exerceu, porém, ní

dos operários, determinando sua eleva ção com prejuízo para produtores e co

saram a compreender também pesados

comércio, para que algum dia se pudes se dizer da Inglaterra o que antigamen

tiva de cada cidadão do que sua casa de residência. Daí sugerirem um im

prios produtos.

tida influência em todos os regimes tri

raciocínios, tôdas as suas conclusões, vi

savam apenas uma coisa: amparar o No mesma oca.sião em que os parti

impostos, mas pelo temor de que êsses

butários que, a partir dessa época, pas

Decker, em \ erdade, merecia quí* os

comerciantes e fabricantes da época lhe

erigissem uma estátua. Todos os seus

conhecido recomenda pesados impostos

nomistas e financistas que um impôsto não só criaria dificuldades à produção

ou de luxo.

ônus viessem a repercutir nos salários merciantes...

* * 5)t

Um dos seguidores de Deker, porém, dentro da mesma ordem de idéias do mestre, apresenta um

plano interessante: a incidência do impôsto

único sôbre as janelas das casas. HORSELY

argumenta que, quanto mais rico for o cidadão, maior será sua casa e,

por conseqüência, maior número de janelas terá. Procura, assim, um cer

to critério de jusüíça fiscal — rudimentar, sem dúvida — ao tribu

tas mais pesadamente os mais ricos, pelos seus sinais exteriores de ri queza.

Diga-se, de passa gem, que êsse impôsto existiu na In glaterra e na França, não como impôsto

único, é claro, mas fazendo parte do sistema tributário geral e oferecendo apreciável arrecadação.


Dicksto Econômico

56

MENIER c ÉMILE DE GIRARDIN

* * *

foram seus principais defensores. Èste

A experiôncía da "incoine tax' (impôsto de renda) na Ing'alerra, em prin cípios do século XIX, deu lugar a que

surgissem novos propugnadores de um imposto único, tendo por base, desta vez, o rendimento de cada cidadão. Em verdade, a idéia era já muito an

ú'timo, usando uma linguagem de ora

dor de praça pública, fazia trocadilhos com o "impòl unic[uc" c o "impôt inique" (èstc c<miprcencIcndo, c claro, o sistema tributário então vigente) e cla

mava aos povos: "Unité ! Unité! c est vers ce but que marciianl tons les peu-

ples!' L'unitc que mesure et marque les

tiga e HÚGON aponta mesmo como seu precursor, BODIN, escritor do

heurc.s au niemc cadran à Londres et ã

século XVI.

Gonslantinople, á Roínc et a Moscou, à

O plano de um imposto único sobre a renda era, realmente, sedutor. Nada

melhor do que a renda para se aferir a

Viennc ct à Ncw Yorh, à Paris et a Canton, nc s'arrclcra, dans sa course triom-,

pliantc, qu'aprcs avoir tout iissujetti à

capacidade tributária de cada um e, por

sa loi ct reformo !a barbaric des impôt.

conseqüência, para se fazer uma exáta

Depois dessa.s belas tiradas demagó

justiça fiscal.

Por outro lado, um impôsto dessa na• tureza repercute com mais dificuldade

do que os impostos indiretos de modo que o Estado sabe sempre quem está

tributando e que é precisamente aquele que quis tributar.

Com vantagem sobre a tributação do

capital, o impôsto de renda permite gra var o ganho resultante do trabalho. In

terpelando os partidários do primeiro, em sua "Théorie de Flmpôt", PROUDHON deixa nítida essa diferença: "Lc médícin, Tavocat, Ia chanteuse — escre

ve ele — quí gagnent 100.000 francs

par an, ne payeraient dono pas, puisque vous ne considérez pas le gosíer de Ia chanteuse, le cerveau du médícin, les

poumons de Tavocat comme un capi tal

O impôsto único sôbre a renda foi ardorosamente

defendido

por

GAR-

NIER e objeto de uma recomendação do congresso de Eirenach em 1869. Em rneiados do século pas.sado os

partidários do impôsto único voltaramse para o capital como base ideal de tributação.

gicas, Girardín entra na argumentação

c procura demonstrar que o impôsto sô bre o capital é, não so justo, como de salutares efeitos econômicos.

Em primeiro lugar — diz êlc — êsse

impôsto obriga os capitais a circular^ e a procurar aplicaçao reprodutiva. O impô.sto sôbre a renda age como freio; o impôsto sobre o capital age como espora". Gravado por um tributo espe

cial, o capital que não circula passa a circular; o capital que esta dormindo, desperta. O capital nao pode ficar im produtivo um só momento e o condena do a uma atividade forçada para poder suportar o ônus do impôsto.

Em segundo lugar — continua — tal impôsto iria alcançar a riqueza já for mada, já consolidada e não a riquem em formação. Admitiiido-sc que o capi

tal seja um fator de pr<Jdução e de pro gresso, o impôsto não deve constituir um obstáculo à sua formação.

O impôsto sôbre a renda — comenta Menier - "atinge o rendimento onde ê!e se forma; ele absorve então tôda a parcela que poderia ser aplicada reprodutivamente pela sua conversão em ca-

Dicesto Econômico

57

pilai fí.xo". Ao passo que o impôsto sô bre o capital alcança apenas o capital fLxo, já consolidado, que pode impune

XIX e seus discípulos que até hoje pro

mente suportar seu peso.

sôbre as terras. Os fundamentos, nem

E' um gravame, dizem, exclusivamen

pagam sua doutrina, sempre permane ceu viva a idéia de um impôsto único sempre foram os mesmos; as conseqüên

te sôbre os po.ssuidorcs: quem não tem

cias previstas ou desejadas, muitas vê-

nada, não paga nada; quem tom pouco, paga pouco; quem tem • muito, paga

zes eram opostas. Mas a terra, como base de tributação, foi a idéia mais du

muito.

radoura de quantas.até hoje foram aven

Finalmente, o impôsto sôbre o capi tal estaria apto a atingir certos valores que escapam injustamente ao impôsto

sôbre a renda, a saber, tôda a riqueza improdutiva, estática, como objetos de arte, grande.s parques, terras inaproveitadas, etc.

tadas.

Vejamos de mais perto cada uma das correntes em que se dividem os parti

dários de um impôsto único sôbre a terra.

HS

5(5

A teoria do imposto único sôbre o

capital, muito deu que falar na segun

LOCKE, que foi o precursor, desen

da metade do século passado. Seus ar

engenhosos,

volvia um longo raciocínio para provar que todo e qualquer impôsto, em últi

trouxeram-lhe inúmeros prosólitos e chegou-se mesmo a supor que a idéia

dutor agrícola. A repercução "para trás"

gumentos,

sem

dúvida

da tributação da renda estivesse supe rada.

Mais adiante, porém, vamos ver

como

são

inconsistentes 'seus prin

cípios.

ma análise iria se refletir .sôbre o pro era a única que admitia de modo que sempre ao proprietário da terra caberia suportar os ônus lançados sobre tôda a

coletividade. Assim sendo, concluía, é

preferível que a imposição tenha lugar ^ ^

>j{

onde fatalmente se irá verificar a últi

ma incidência, isto é, no proprietário Já vimos que os partidários de um impôsto único buscaram bases de inci

dência no total das despesas indivi

duais, nos artigos de luxo, nas casas, nos sinais exteriores de riqueza (impôs to sôbre portas e janelas), na renda e no capital. Propositalmente deixamos

para o fim c sistema que mais persis tência tem demonstrado e que ainda ho je conta com valorosos adeptos: o im pôsto único sôbre a terra. Desde fins do século XVII, com

agrícola. Ao passo que Locke encarava a re

percução final de todos os impostos sô bre o proprietário da terra como uma

fatalidade, motivo pe'o qual entendia ser preferível que èste os pagasse desde o inicio, VANDERLINT, que aprofun dou sua teoria chegou à conclusão de

que a substituição de todos os impostos por um único sôbre a terra iria benefi

ciar justamente o dono da terra. E ar

JOHN LOCKE, passando pelos "fisiocratas" que lhe deram especial relêvo,

gumentava: os preços dos artigos libe rados do imposto, permanecerão os mes mos ou baixarão. No primeiro caso, o

até STUART MILL, SHERMAN e, fi

custo da produção decresce como con

nalmente, HENRI GEORGE no século

seqüência da abolição dos impostos sô-


Dicksto Econômico

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MENIER c ÉMILE DE GIRARDIN

* * *

foram seus principais defensores. Èste

A experiôncía da "incoine tax' (impôsto de renda) na Ing'alerra, em prin cípios do século XIX, deu lugar a que

surgissem novos propugnadores de um imposto único, tendo por base, desta vez, o rendimento de cada cidadão. Em verdade, a idéia era já muito an

ú'timo, usando uma linguagem de ora

dor de praça pública, fazia trocadilhos com o "impòl unic[uc" c o "impôt inique" (èstc c<miprcencIcndo, c claro, o sistema tributário então vigente) e cla

mava aos povos: "Unité ! Unité! c est vers ce but que marciianl tons les peu-

ples!' L'unitc que mesure et marque les

tiga e HÚGON aponta mesmo como seu precursor, BODIN, escritor do

heurc.s au niemc cadran à Londres et ã

século XVI.

Gonslantinople, á Roínc et a Moscou, à

O plano de um imposto único sobre a renda era, realmente, sedutor. Nada

melhor do que a renda para se aferir a

Viennc ct à Ncw Yorh, à Paris et a Canton, nc s'arrclcra, dans sa course triom-,

pliantc, qu'aprcs avoir tout iissujetti à

capacidade tributária de cada um e, por

sa loi ct reformo !a barbaric des impôt.

conseqüência, para se fazer uma exáta

Depois dessa.s belas tiradas demagó

justiça fiscal.

Por outro lado, um impôsto dessa na• tureza repercute com mais dificuldade

do que os impostos indiretos de modo que o Estado sabe sempre quem está

tributando e que é precisamente aquele que quis tributar.

Com vantagem sobre a tributação do

capital, o impôsto de renda permite gra var o ganho resultante do trabalho. In

terpelando os partidários do primeiro, em sua "Théorie de Flmpôt", PROUDHON deixa nítida essa diferença: "Lc médícin, Tavocat, Ia chanteuse — escre

ve ele — quí gagnent 100.000 francs

par an, ne payeraient dono pas, puisque vous ne considérez pas le gosíer de Ia chanteuse, le cerveau du médícin, les

poumons de Tavocat comme un capi tal

O impôsto único sôbre a renda foi ardorosamente

defendido

por

GAR-

NIER e objeto de uma recomendação do congresso de Eirenach em 1869. Em rneiados do século pas.sado os

partidários do impôsto único voltaramse para o capital como base ideal de tributação.

gicas, Girardín entra na argumentação

c procura demonstrar que o impôsto sô bre o capital é, não so justo, como de salutares efeitos econômicos.

Em primeiro lugar — diz êlc — êsse

impôsto obriga os capitais a circular^ e a procurar aplicaçao reprodutiva. O impô.sto sôbre a renda age como freio; o impôsto sobre o capital age como espora". Gravado por um tributo espe

cial, o capital que não circula passa a circular; o capital que esta dormindo, desperta. O capital nao pode ficar im produtivo um só momento e o condena do a uma atividade forçada para poder suportar o ônus do impôsto.

Em segundo lugar — continua — tal impôsto iria alcançar a riqueza já for mada, já consolidada e não a riquem em formação. Admitiiido-sc que o capi

tal seja um fator de pr<Jdução e de pro gresso, o impôsto não deve constituir um obstáculo à sua formação.

O impôsto sôbre a renda — comenta Menier - "atinge o rendimento onde ê!e se forma; ele absorve então tôda a parcela que poderia ser aplicada reprodutivamente pela sua conversão em ca-

Dicesto Econômico

57

pilai fí.xo". Ao passo que o impôsto sô bre o capital alcança apenas o capital fLxo, já consolidado, que pode impune

XIX e seus discípulos que até hoje pro

mente suportar seu peso.

sôbre as terras. Os fundamentos, nem

E' um gravame, dizem, exclusivamen

pagam sua doutrina, sempre permane ceu viva a idéia de um impôsto único sempre foram os mesmos; as conseqüên

te sôbre os po.ssuidorcs: quem não tem

cias previstas ou desejadas, muitas vê-

nada, não paga nada; quem tom pouco, paga pouco; quem tem • muito, paga

zes eram opostas. Mas a terra, como base de tributação, foi a idéia mais du

muito.

radoura de quantas.até hoje foram aven

Finalmente, o impôsto sôbre o capi tal estaria apto a atingir certos valores que escapam injustamente ao impôsto

sôbre a renda, a saber, tôda a riqueza improdutiva, estática, como objetos de arte, grande.s parques, terras inaproveitadas, etc.

tadas.

Vejamos de mais perto cada uma das correntes em que se dividem os parti

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A teoria do imposto único sôbre o

capital, muito deu que falar na segun

LOCKE, que foi o precursor, desen

da metade do século passado. Seus ar

engenhosos,

volvia um longo raciocínio para provar que todo e qualquer impôsto, em últi

trouxeram-lhe inúmeros prosólitos e chegou-se mesmo a supor que a idéia

dutor agrícola. A repercução "para trás"

gumentos,

sem

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da tributação da renda estivesse supe rada.

Mais adiante, porém, vamos ver

como

são

inconsistentes 'seus prin

cípios.

ma análise iria se refletir .sôbre o pro era a única que admitia de modo que sempre ao proprietário da terra caberia suportar os ônus lançados sobre tôda a

coletividade. Assim sendo, concluía, é

preferível que a imposição tenha lugar ^ ^

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onde fatalmente se irá verificar a últi

ma incidência, isto é, no proprietário Já vimos que os partidários de um impôsto único buscaram bases de inci

dência no total das despesas indivi

duais, nos artigos de luxo, nas casas, nos sinais exteriores de riqueza (impôs to sôbre portas e janelas), na renda e no capital. Propositalmente deixamos

para o fim c sistema que mais persis tência tem demonstrado e que ainda ho je conta com valorosos adeptos: o im pôsto único sôbre a terra. Desde fins do século XVII, com

agrícola. Ao passo que Locke encarava a re

percução final de todos os impostos sô bre o proprietário da terra como uma

fatalidade, motivo pe'o qual entendia ser preferível que èste os pagasse desde o inicio, VANDERLINT, que aprofun dou sua teoria chegou à conclusão de

que a substituição de todos os impostos por um único sôbre a terra iria benefi

ciar justamente o dono da terra. E ar

JOHN LOCKE, passando pelos "fisiocratas" que lhe deram especial relêvo,

gumentava: os preços dos artigos libe rados do imposto, permanecerão os mes mos ou baixarão. No primeiro caso, o

até STUART MILL, SHERMAN e, fi

custo da produção decresce como con

nalmente, HENRI GEORGE no século

seqüência da abolição dos impostos sô-


Digesto Econònoco 59

Dicksto Econômico

58

bre os produtos. Mas a diferença entre o custo de produção e o preço de ven

Assim ao passo «tue a indústria e o

te estéreis, por não criarem riqueza al guma — o que não impede que sejam

tário agrícola. No segundo caso, a pro

atividades úteis c me.snio necessárias —

cura aumenta em seguida à baixa dos

a agricultura cria valor. Só ela tem essa virtude de dar um "produto líquido", diferença entre riquezii aplicada e ri

preços; mas, provindo da terra todos os artigos, aumento de procura significa renda mais elevada. Em qualquer dos casos, portanto, a eliminação dos im

queza colhida.

postos é vantajosa para o produtor agrí

do" é a única riqueza realmente nova,

cola. * * *

Os "fisiocratas",

hoje com justiça

considerados os fundadores da economia política e dentre os quais os mais ilus tres foram QUESNAY, MIRABEAU MERCIER DE LA RIVIÉRE e TURGOT, viam na produção agrícola a fon

ao fim de quatro anos foi preciso re nunciar a ela.

libras. Mas há 3.000 libras cie impostos;

comércio são atividades cconómicameD-

da, se chama renda e o resultado será então o aumento da renda do proprie

pela soma cie 10.000 libras e cujo va lor seria então a taxa de 5%, de 200.000 assim, em realidade ela só rende 7.000

libras e não xale mais do que 140.000

libras. O adcpiirentc que a tiver pago por esto preço, ainda que pague o im

Ora, uma vez que o "produto líqui

pôsto de 3.000 libras, disfrulará da in

pôsto único .sobre as terras permanece viva sob as cinzas. Durante todo êsse

to ao impôsto".

O raciocínio é claro e válido até hoje, mas os proprietários territoriais ao tem

po cm cjue fosse feita a reforma precsanizada pelos fisiocratas é que iriam so frer o prejuízo inicial, pois suas terras passariam desde logo a valer menos 30%.^

o único que realmente cria riqueza.

Assim, com tôdas as reverências fei tas à nobre classe dos proprietários ru

Por outro lado — continuavam os fi-*

rais com todos os privilégios que lhe reconheciam, acabavam os fisiocrátas por atribuir-lhe o encargo dc suportar os

siocratas, prcvcnclo talvez êsse argu mento — embora seja verdade que mnguóm paga o impôsto, pois o valor da

destituído de certa lógica é o se

ônus das despesas públicas, que avalia vam em 30% do produto líquido da ter ra. Nesse ponto deve ter morrido o sor riso com que os produtores agrícolas acompanliavam a leitura das .obras dos

guinte:

fisiocratas. . .

te única de toda a criação de riqueza. E, reverentes, prostemam-se ante o agri cultor, o único ente que produz em to

da a coletividade. Seu raciocínio, não A única atividade em que o produto criado é superior ao produto consumido

Mas, os grandes .senhores,, da época, os homens que ditavam as leis e gover

na sua criação, é a agrícola. Em todas

navam os destinos da nação, eram jus

as outras atividades não há criação al guma de riqueza nova, pois o produto re

tamente os proprietários agrícolas e os fisiocratas, procurando anular a má im pressão que suas idéias pudessem ter

sultante, mesmo na atividade industrial, representa apenas a soma das diversas

causado, se esforçavam por explicar:

parcelas aplicadas. "A indústria aplica,

primeiro, que nenhum prejuízo adviria para o proprietário da terra por dever

camada sobre camada, vários valores so

bre um só, mas ela não cria nenhum va

pagar o impôsto e segundo que, de qual

lor que antes dela não existisse", argu

quer modo, seria êle quem iria pagar

menta Mercier de Ia Ríviére. Também o

comércio não cria valor algum, pois é de se supor que as mercadorias permutadas sejam de valor igual, e mesmo que tal não suceda, ainda assim nada foi

criado, porque o que uma das partes ga nhou, a outra perdeu.

terra se reduz na proporção em que o

tributo incida sobre seu produto liqüi do, a verdade é que os impostos que re caíssem sobre a indústria, o comércio os

trabalhadores, esses snn é que iriam ser suportados efetivamente pelos proprietá rios rurais, pois os preços dos produtos consumidos por essa classe seriam ma-

jorados ou então o.s produtos agrícolas seriam menos produzidos. Em qualquer caso, o prejuízo para o produtor e para a coletividade, seria fatal.

A influência dos fisiocratas foi ampla e duradoura, bastando ver que metade da receita pública francesa, por ocasião da Revolução, era obtida através do Impôsto rural.

todos os impostos que pesassem sobre

Um dos seguidores da escola, o margrave de Bade, teve mesmo ocasião de

a coletividade.

Realmente — argumentavam os fisio cratas — o valor da terra baixa em fun ção do impôsto. "Eis uma terra — ex

plicam GIDE e RIST interpretando o pensamento dos fisiocratas — arrendada

experimentar em seus domínios a teoria

i

Passa-se quase um século durante o qual a idéia dos fisiocratas de um im

tegridade do rendimento a que tom di reito, poi.s ele só pode pretender o gozo daquilo que pagou — e, em realidade, não pagou a porçãcj de rendimento afe

ó claro que nele deve o Estado ir bus car o impòsto, tributando só e e.xclusivamente o proprietário da terra que é

♦ % ^

fisiocrata em toda a sua pureza. Como era de se esperar a experiência falhou e

período, RICARDO e STUART MILL criam e desenvolvem a teoria da renda

da terra em que mais tarde Henry Ceorge iria buscar o fundamento de seu sis

tema social e financeiro.

Antes, porém, de entrarmos no "Georgismo", é preciso falar no americano ISAAC SHERMAN.

Sua idéia era também a de um im

pôsto umco sobre a terra. Mas. contrànamente a HENRY GEORGE, seu pro«ih'° tôda °a coletividade recair o impôsto sobre através do fe nômeno da repercução. Tributando o so

lo, pensava ele, todos os seus produtos sermm onerados e o impôsto incorporarse-ia a seus preços. Assim, como tôda

a coletividade consome produtos da terra, o imposto se difundiria por todos Ao passo que para.Sherman o impôs

to imobiliário deveria ser adotado por

que nao seria mais do que um tributo

nommd que em realidade repercutiria

sobre todos os consumidores, para Hen-. ry George o impôsto sôbre as terras se

rra recomendável justamente porque êle nao repercute e é suportado e.xlsivamente pelo proprietário territorial SELIGMAN acentua bem e a dif=-

rença para rnostrar a confusão q„e reina sobre as duas teorias

kt.

j

muitos dos que se dtem^Tr !"

são partidários do impót sôtr^àtr-

ra por entenderem que êle se incorpo

ra preços dos produtos e se difunde poraos toda a coletividade.


Digesto Econònoco 59

Dicksto Econômico

58

bre os produtos. Mas a diferença entre o custo de produção e o preço de ven

Assim ao passo «tue a indústria e o

te estéreis, por não criarem riqueza al guma — o que não impede que sejam

tário agrícola. No segundo caso, a pro

atividades úteis c me.snio necessárias —

cura aumenta em seguida à baixa dos

a agricultura cria valor. Só ela tem essa virtude de dar um "produto líquido", diferença entre riquezii aplicada e ri

preços; mas, provindo da terra todos os artigos, aumento de procura significa renda mais elevada. Em qualquer dos casos, portanto, a eliminação dos im

queza colhida.

postos é vantajosa para o produtor agrí

do" é a única riqueza realmente nova,

cola. * * *

Os "fisiocratas",

hoje com justiça

considerados os fundadores da economia política e dentre os quais os mais ilus tres foram QUESNAY, MIRABEAU MERCIER DE LA RIVIÉRE e TURGOT, viam na produção agrícola a fon

ao fim de quatro anos foi preciso re nunciar a ela.

libras. Mas há 3.000 libras cie impostos;

comércio são atividades cconómicameD-

da, se chama renda e o resultado será então o aumento da renda do proprie

pela soma cie 10.000 libras e cujo va lor seria então a taxa de 5%, de 200.000 assim, em realidade ela só rende 7.000

libras e não xale mais do que 140.000

libras. O adcpiirentc que a tiver pago por esto preço, ainda que pague o im

Ora, uma vez que o "produto líqui

pôsto de 3.000 libras, disfrulará da in

pôsto único .sobre as terras permanece viva sob as cinzas. Durante todo êsse

to ao impôsto".

O raciocínio é claro e válido até hoje, mas os proprietários territoriais ao tem

po cm cjue fosse feita a reforma precsanizada pelos fisiocratas é que iriam so frer o prejuízo inicial, pois suas terras passariam desde logo a valer menos 30%.^

o único que realmente cria riqueza.

Assim, com tôdas as reverências fei tas à nobre classe dos proprietários ru

Por outro lado — continuavam os fi-*

rais com todos os privilégios que lhe reconheciam, acabavam os fisiocrátas por atribuir-lhe o encargo dc suportar os

siocratas, prcvcnclo talvez êsse argu mento — embora seja verdade que mnguóm paga o impôsto, pois o valor da

destituído de certa lógica é o se

ônus das despesas públicas, que avalia vam em 30% do produto líquido da ter ra. Nesse ponto deve ter morrido o sor riso com que os produtores agrícolas acompanliavam a leitura das .obras dos

guinte:

fisiocratas. . .

te única de toda a criação de riqueza. E, reverentes, prostemam-se ante o agri cultor, o único ente que produz em to

da a coletividade. Seu raciocínio, não A única atividade em que o produto criado é superior ao produto consumido

Mas, os grandes .senhores,, da época, os homens que ditavam as leis e gover

na sua criação, é a agrícola. Em todas

navam os destinos da nação, eram jus

as outras atividades não há criação al guma de riqueza nova, pois o produto re

tamente os proprietários agrícolas e os fisiocratas, procurando anular a má im pressão que suas idéias pudessem ter

sultante, mesmo na atividade industrial, representa apenas a soma das diversas

causado, se esforçavam por explicar:

parcelas aplicadas. "A indústria aplica,

primeiro, que nenhum prejuízo adviria para o proprietário da terra por dever

camada sobre camada, vários valores so

bre um só, mas ela não cria nenhum va

pagar o impôsto e segundo que, de qual

lor que antes dela não existisse", argu

quer modo, seria êle quem iria pagar

menta Mercier de Ia Ríviére. Também o

comércio não cria valor algum, pois é de se supor que as mercadorias permutadas sejam de valor igual, e mesmo que tal não suceda, ainda assim nada foi

criado, porque o que uma das partes ga nhou, a outra perdeu.

terra se reduz na proporção em que o

tributo incida sobre seu produto liqüi do, a verdade é que os impostos que re caíssem sobre a indústria, o comércio os

trabalhadores, esses snn é que iriam ser suportados efetivamente pelos proprietá rios rurais, pois os preços dos produtos consumidos por essa classe seriam ma-

jorados ou então o.s produtos agrícolas seriam menos produzidos. Em qualquer caso, o prejuízo para o produtor e para a coletividade, seria fatal.

A influência dos fisiocratas foi ampla e duradoura, bastando ver que metade da receita pública francesa, por ocasião da Revolução, era obtida através do Impôsto rural.

todos os impostos que pesassem sobre

Um dos seguidores da escola, o margrave de Bade, teve mesmo ocasião de

a coletividade.

Realmente — argumentavam os fisio cratas — o valor da terra baixa em fun ção do impôsto. "Eis uma terra — ex

plicam GIDE e RIST interpretando o pensamento dos fisiocratas — arrendada

experimentar em seus domínios a teoria

i

Passa-se quase um século durante o qual a idéia dos fisiocratas de um im

tegridade do rendimento a que tom di reito, poi.s ele só pode pretender o gozo daquilo que pagou — e, em realidade, não pagou a porçãcj de rendimento afe

ó claro que nele deve o Estado ir bus car o impòsto, tributando só e e.xclusivamente o proprietário da terra que é

♦ % ^

fisiocrata em toda a sua pureza. Como era de se esperar a experiência falhou e

período, RICARDO e STUART MILL criam e desenvolvem a teoria da renda

da terra em que mais tarde Henry Ceorge iria buscar o fundamento de seu sis

tema social e financeiro.

Antes, porém, de entrarmos no "Georgismo", é preciso falar no americano ISAAC SHERMAN.

Sua idéia era também a de um im

pôsto umco sobre a terra. Mas. contrànamente a HENRY GEORGE, seu pro«ih'° tôda °a coletividade recair o impôsto sobre através do fe nômeno da repercução. Tributando o so

lo, pensava ele, todos os seus produtos sermm onerados e o impôsto incorporarse-ia a seus preços. Assim, como tôda

a coletividade consome produtos da terra, o imposto se difundiria por todos Ao passo que para.Sherman o impôs

to imobiliário deveria ser adotado por

que nao seria mais do que um tributo

nommd que em realidade repercutiria

sobre todos os consumidores, para Hen-. ry George o impôsto sôbre as terras se

rra recomendável justamente porque êle nao repercute e é suportado e.xlsivamente pelo proprietário territorial SELIGMAN acentua bem e a dif=-

rença para rnostrar a confusão q„e reina sobre as duas teorias

kt.

j

muitos dos que se dtem^Tr !"

são partidários do impót sôtr^àtr-

ra por entenderem que êle se incorpo

ra preços dos produtos e se difunde poraos toda a coletividade.


Dicesto Econômico

60

* * *

Hoje em dia, quando se fala em "impôsto único" quer-se significar o impôsto "Georgista" sobre a terra dado a abandono em que jazem todas as ou tras teorias unitárias em matéria de im-

. posição e a agitação que ainda perdura

não conhece pessoas cpie a custa de ter

renos abandonados c esquecidos em

6 o capital, mas o valor do solo nu a

bairros antigamente longínquos e hoje elegantes, enriqueceram prodigiosamente sem o menor esforço ou preocupação ?

"renda econômica" deve pertencer ao

Quem não sabe que grande áreas de

tre os grandes filósofos da Humani

Cada um, segundo George, pode con servar o resultado do .seu trabalho, que

Estado como representante que é de tô da a coletividade que a formou.

judicar de modo algum o incentivo às benfeitorias nem impedir em nada a produção. E c.ssii recuperação da rique

que a sociedade se desenvolve, que aumenta a população, que a nação pro gride vai-se formando e crescendo esse

valor o qual não é fruto do trabalho in dividual e sim do desen%'olvimento co letivo. Assim, o valor da terra e sua ele

vação constituem um enriquecimento injusto do proprietário obtido à custa

dos esforços de toda. a coletividade.

"Eis, — diz Henry George, — uma pequena aldeia: dentro de dez anos tornar-se-á uma grande cidade; dentro de dez anos o caminho de ferro terá subs tituído a diligência e a luz elétrica a

candeia; será abundantemente provida de todas as maquinas e de todos os pro

da renda econômica da terra sem pre

riam, com tanto proveito para o povo, aproveitadas na produção de verduras,

TE COSTA, bispo do Rio de Janeiro: "Depois do Evangelho é este o livro que

frutas, cereais etc. ?

Alem disso o ardor com que George

Finalmente, a opinião mais entusias

mais amo e mais admúro. Não me sur

preende saber que, depois da Biblia é

defende; seu ponto de vista e o estilo

a obra mais editada em todo o mundo.

territorial, deve ser conseguida por meio

de um imposto único que absorva a ren da da terra e que não reduzirá em nada

vivaeidade de um jornalista e com a elo

Penso que não ofendo a Deus quando digo que- "Progresso e Miséria" repre

qüência de um orador"; como dizem

senta no campo material o mesmo pa

o salário do trabalhador ou a recompen

Gide e Uist, contribuiram decisivamen te para que sua teoria fò.sse recebida

pel que o Evangelho desempenha no

sa do capital.

com um entusiasmo que poucas outras terão despertado.

Por outro lado, prossegue George, "o

imposto sôbre o valor cia terra não só não restringe a produção, como aconte ce com a maior parte dos outros impos tos, mas tende a aumentá-la pela des truição da renda especulativa". Se o imposto absorvesse o valor da terra até aproximar-se de seu valor em renda,

Em todos os países do mundo surgi ram núcleos ativos de "Georgislas" e os reflexos de sua teoria nas legislações fis cais do inundo, especialmente na Nova

Zelaiidia, na Austrália c no Canadá, fo ram profundos e duradouros.

Grandes

la e, por conseguinte, a que estivesse

homens dc todos os países têm manifes tado seu entusiasmo pela idéia, alguns

fora de uso abrir-se-ia de par em par

mesmo com um exagero inadmissível.

"ninguém possuiria terra sem empregá-

rá mais elevada, dentro de dez anos, a

balho e o capital achai--se-iam em con

OTAVIANO ALVES DE LIMA, em sua

para cjuem quisesse utilizá-la. A produ

taxa de juro ? — Não. — Terá aumenta dições de do o salário do trabalhador ordinário ^ forço".

sol como os "lazzaroní" de Nápoles ou

ta de tôdas, a de D. CARLOS DUAR

dade".

em que escreveu sua obra, "com tôda a

ção seria mais densa e, portanto, o tra

comprai um pedaço de terra e tomai posse dêle... Podeis sentar-vos e fu mar o cachimbo; podeis estender-vos ao

terra são conservadas inúteis nas proxi midades das grandes cidades, ã espera de uma valorização certa, quando se

za injustamente obtida pelo proprietário

gressos que tão prodigiosamente multi plicam o poder efetivo do trabalho. Se

— Não. ~ Então, o que terá aumenta do ? — A renda, o valor do solo. Ide,

JOHN DEWTSY, reitor da Universi

dade de Columbia, escreve: "Não pre cisamos de todos os dedos da mão para enumerar os homens que de Platão até hoje, se igualam a Henry George, en

Em suas linhas mestras a teoria de

valor da terra é nulo. À medida, porém,

61

ápice à riqueza comum, dentro de dez

O povo tem o direito dc se apropriar

No comêço de tôda a sociedade, o

Econômico

anos sereis rico".

em tomo das idéias de Henry George. HENRY GEORGE é a seguinte:

DiciiSTo

obra "Revolução Econóinico-Social", ci

ta algumas dessas opiniões: RUY BARBOSA, por e.xcmplo, escre

render mais com o mesino es

via em 1917 a José Custódio Alves de

Lima; "Bem liaja, pois, o movimento que se vai desenvolvendo entre nós pe la adoção do imposto territorial. Nêle

Além de entender que o imposto imi-

co c justo, por permitir à coletividade

recuperar aquilo que, à sua custa, lu

estaria a salvação. Seria a maior, a mais tranqüila e a mais benéfica de todas as revoluções". São de TOLSTOI estes conceitos; "O

crou o proprietário territorial e é eco nômico, por não ter repercuçoes e não perturbar a produção, afirma George que

os "leperos" de Messina; podeis viajar de balão ou refugiar-vos nas profunde

tal imposto é de arrecadação certa, fá

zas do solo, sem fazerdes o mais peque no trabalho e sem acrescentardes um

O raciocínio de George é sedutor pe

cil, barata e não se presta a fraude.

la sua grande lógica aparente. Quèm

i

povo não combate as doutrinas de Hen

ry George, simplesmente não as conhe ce. Conhecê-las é adotá-las".

mundo espiritual". Quando tais opiniões são manifesta

das sôbre uma obra, alguma verdade ela deve conter e certamente contém. * * *

Expostas, assim, as diversas correntes

de economistas e sociólogos partidários de um imposto único sôbre as terras, vemos que cada uma delas tem um fun

damento e um objetivo diferentes. Enquanto os "fisiocratas" viam na

agricultura a única fonte de criação da riqueza, atribuindo-lhe, portanto, a mis

são de pagar os impostos, George, vê no proprietário territorial a fonte de to

dos os males e impõe-lhe a obrigação de suportar o gravame como justa com pensação pelo qiie lucrou à custa de tô

da a coletividade. Vemos assim que não tem muita razao os que dizem que

"Henry George foi um "fisiocrata" que errou de século"... Enquanto Locke, cs "fisiocratas" e os "georgistas" enten dem que o impôsto não repercutirá, Sherman deseja e prevê exatamente es-


Dicesto Econômico

60

* * *

Hoje em dia, quando se fala em "impôsto único" quer-se significar o impôsto "Georgista" sobre a terra dado a abandono em que jazem todas as ou tras teorias unitárias em matéria de im-

. posição e a agitação que ainda perdura

não conhece pessoas cpie a custa de ter

renos abandonados c esquecidos em

6 o capital, mas o valor do solo nu a

bairros antigamente longínquos e hoje elegantes, enriqueceram prodigiosamente sem o menor esforço ou preocupação ?

"renda econômica" deve pertencer ao

Quem não sabe que grande áreas de

tre os grandes filósofos da Humani

Cada um, segundo George, pode con servar o resultado do .seu trabalho, que

Estado como representante que é de tô da a coletividade que a formou.

judicar de modo algum o incentivo às benfeitorias nem impedir em nada a produção. E c.ssii recuperação da rique

que a sociedade se desenvolve, que aumenta a população, que a nação pro gride vai-se formando e crescendo esse

valor o qual não é fruto do trabalho in dividual e sim do desen%'olvimento co letivo. Assim, o valor da terra e sua ele

vação constituem um enriquecimento injusto do proprietário obtido à custa

dos esforços de toda. a coletividade.

"Eis, — diz Henry George, — uma pequena aldeia: dentro de dez anos tornar-se-á uma grande cidade; dentro de dez anos o caminho de ferro terá subs tituído a diligência e a luz elétrica a

candeia; será abundantemente provida de todas as maquinas e de todos os pro

da renda econômica da terra sem pre

riam, com tanto proveito para o povo, aproveitadas na produção de verduras,

TE COSTA, bispo do Rio de Janeiro: "Depois do Evangelho é este o livro que

frutas, cereais etc. ?

Alem disso o ardor com que George

Finalmente, a opinião mais entusias

mais amo e mais admúro. Não me sur

preende saber que, depois da Biblia é

defende; seu ponto de vista e o estilo

a obra mais editada em todo o mundo.

territorial, deve ser conseguida por meio

de um imposto único que absorva a ren da da terra e que não reduzirá em nada

vivaeidade de um jornalista e com a elo

Penso que não ofendo a Deus quando digo que- "Progresso e Miséria" repre

qüência de um orador"; como dizem

senta no campo material o mesmo pa

o salário do trabalhador ou a recompen

Gide e Uist, contribuiram decisivamen te para que sua teoria fò.sse recebida

pel que o Evangelho desempenha no

sa do capital.

com um entusiasmo que poucas outras terão despertado.

Por outro lado, prossegue George, "o

imposto sôbre o valor cia terra não só não restringe a produção, como aconte ce com a maior parte dos outros impos tos, mas tende a aumentá-la pela des truição da renda especulativa". Se o imposto absorvesse o valor da terra até aproximar-se de seu valor em renda,

Em todos os países do mundo surgi ram núcleos ativos de "Georgislas" e os reflexos de sua teoria nas legislações fis cais do inundo, especialmente na Nova

Zelaiidia, na Austrália c no Canadá, fo ram profundos e duradouros.

Grandes

la e, por conseguinte, a que estivesse

homens dc todos os países têm manifes tado seu entusiasmo pela idéia, alguns

fora de uso abrir-se-ia de par em par

mesmo com um exagero inadmissível.

"ninguém possuiria terra sem empregá-

rá mais elevada, dentro de dez anos, a

balho e o capital achai--se-iam em con

OTAVIANO ALVES DE LIMA, em sua

para cjuem quisesse utilizá-la. A produ

taxa de juro ? — Não. — Terá aumenta dições de do o salário do trabalhador ordinário ^ forço".

sol como os "lazzaroní" de Nápoles ou

ta de tôdas, a de D. CARLOS DUAR

dade".

em que escreveu sua obra, "com tôda a

ção seria mais densa e, portanto, o tra

comprai um pedaço de terra e tomai posse dêle... Podeis sentar-vos e fu mar o cachimbo; podeis estender-vos ao

terra são conservadas inúteis nas proxi midades das grandes cidades, ã espera de uma valorização certa, quando se

za injustamente obtida pelo proprietário

gressos que tão prodigiosamente multi plicam o poder efetivo do trabalho. Se

— Não. ~ Então, o que terá aumenta do ? — A renda, o valor do solo. Ide,

JOHN DEWTSY, reitor da Universi

dade de Columbia, escreve: "Não pre cisamos de todos os dedos da mão para enumerar os homens que de Platão até hoje, se igualam a Henry George, en

Em suas linhas mestras a teoria de

valor da terra é nulo. À medida, porém,

61

ápice à riqueza comum, dentro de dez

O povo tem o direito dc se apropriar

No comêço de tôda a sociedade, o

Econômico

anos sereis rico".

em tomo das idéias de Henry George. HENRY GEORGE é a seguinte:

DiciiSTo

obra "Revolução Econóinico-Social", ci

ta algumas dessas opiniões: RUY BARBOSA, por e.xcmplo, escre

render mais com o mesino es

via em 1917 a José Custódio Alves de

Lima; "Bem liaja, pois, o movimento que se vai desenvolvendo entre nós pe la adoção do imposto territorial. Nêle

Além de entender que o imposto imi-

co c justo, por permitir à coletividade

recuperar aquilo que, à sua custa, lu

estaria a salvação. Seria a maior, a mais tranqüila e a mais benéfica de todas as revoluções". São de TOLSTOI estes conceitos; "O

crou o proprietário territorial e é eco nômico, por não ter repercuçoes e não perturbar a produção, afirma George que

os "leperos" de Messina; podeis viajar de balão ou refugiar-vos nas profunde

tal imposto é de arrecadação certa, fá

zas do solo, sem fazerdes o mais peque no trabalho e sem acrescentardes um

O raciocínio de George é sedutor pe

cil, barata e não se presta a fraude.

la sua grande lógica aparente. Quèm

i

povo não combate as doutrinas de Hen

ry George, simplesmente não as conhe ce. Conhecê-las é adotá-las".

mundo espiritual". Quando tais opiniões são manifesta

das sôbre uma obra, alguma verdade ela deve conter e certamente contém. * * *

Expostas, assim, as diversas correntes

de economistas e sociólogos partidários de um imposto único sôbre as terras, vemos que cada uma delas tem um fun

damento e um objetivo diferentes. Enquanto os "fisiocratas" viam na

agricultura a única fonte de criação da riqueza, atribuindo-lhe, portanto, a mis

são de pagar os impostos, George, vê no proprietário territorial a fonte de to

dos os males e impõe-lhe a obrigação de suportar o gravame como justa com pensação pelo qiie lucrou à custa de tô

da a coletividade. Vemos assim que não tem muita razao os que dizem que

"Henry George foi um "fisiocrata" que errou de século"... Enquanto Locke, cs "fisiocratas" e os "georgistas" enten dem que o impôsto não repercutirá, Sherman deseja e prevê exatamente es-


TW

vmw JDigesto Econômico

62

sa repercuçáo a difusão do iinpôsto por todos os consumidores. Enquanlo Locke

n

tividade contribuiu para criar: a renda econômica da terra.

Rui Barbosa no Supremo Tribunal Federal

e os "fisiocratas" consideram que todos •*

os impostos que pesam sobre a coletivi dade recaem em última análise sobre os

proprietários territoriais, George não pensa assim, mas considera absurdo que o trabalho e o capital sejam gravados, quando as despesas públicas podem ser cobertas por um valor que toda a cole

*

Dauio de Almeida Maoauiãm

No ailigo seguinte desta série anali

silêncio se deveria guardar

saremos todos o.s sistemas de impôsto

jl

único aqui expostos, e que são os prin cipais, e muito especialmente o de Hen-

/A

ly George.

O Brasil comemoroti, cm 5 de novem

hoje esta altíssima tribuna,

bro, com exíraordiruírto fervor cívico

porque só o silêncio, denso e

e iniguaJâvel júhüo, o certíenário d*

- grave, teria a necessária força emocional para c.xprimir, ainda

nascimemo do maior dc seus fiUioa: Rui Barbosa. O "Dígeslo Econômico",

uma

vez, a

intensidade

dos

que ê, sobretudo, uma revista de educa

sentimentos de veneração, hu-

ção cívica, vem, de longa data, inserindo

raildade e gratidão, que, nesta hora, e neste nobre recinto, experimen

em suas colunas uma série de estudos

tam os advogados brasileiros, convoca

dos para participar desta solenidade cí vica.

inéditos sôbre a vida e a obra do grande brasileiro. Como um preito ao após tolo do dircUo, da justiça e da liber dade, publicamos o notável discurso

Agradecendo-vos, eminentes senhores ministros, a distinção que fi2e.stes à nos

que o nosso prezado colaborador, sr.

sa Ordem, chamando-a para comungar

cor^ r^nesentante do Consellu, da

convosco ne.sta comemoração — o preito

mais valioso que o pretório brasileiro,

por todos os seus componentes, rende, nestes dias, a Rui Barbosa — quisestes,

Dario de Almeida Magalhães, proferiu,

Ordem ^s Advog<ulos, na sessão solene lizou em homenagem à gloriosa data. que o Supremo Tribunal Fedewl rea

ainda desta feita, demonstrar, com êste

gesto, para nós • dignificante, que sem pre nos considerais corporação integran te dos vossos próprios quadros e cuja companhia

não dispensais, assim no

exercício habitual dos vossos misteres funcionais, como nestas horas culminan

Em verdade, porém, a presença que reclamastes. se traduz a fidalguia da mais apurada fraternidade profissional, era, neste ensêjo, demasia de vossa com

preensão generosa. A palavra que aqui

tes, em que o foro, de que sois pontí .se reveste de significação e relevo é tao sòmente aquela que formula o jul fice, se transmuda, como nesta opor tunidade — rara no estilo adequado à gamento, que. do alto da vossa sabedo vossa existência severa e discreta — em

l

I íTi-1

if^rTi

.i.L-1 Lv:ii''-r, ■ i f-

sensorium da opinião pública permitindo que, no auditório das vossas sessões, neste "recanto de paz, abrigado contra

ria e serenidade, vos cabia pronunciar,

projetando, aos olhos dos contemporâ

neos e dos pósteros, a vossa .manifesta-

çao, ein face do homem, do cidadão, do

todos os vento.s, nesta enseada, a cuja

estadista, do advogado e do jurisconsul-

beira vêm morrer as marulhadas do

oceano, que brame lá fora" — agora

to cuja vida inunda de luz e cobre de glórias meio século da nossa evolução

repercutam e se alteiem as mesmas

política e jurídica.

vibrações emocionais e os mesmos .sen timentos de fé e de orgulho patriótico,

Não é um morto insigne, que se re corda neste momento, para se lhe re

que animam tôda a Nação brasileira.

compor a existência ascensicnal, desta


TW

vmw JDigesto Econômico

62

sa repercuçáo a difusão do iinpôsto por todos os consumidores. Enquanlo Locke

n

tividade contribuiu para criar: a renda econômica da terra.

Rui Barbosa no Supremo Tribunal Federal

e os "fisiocratas" consideram que todos •*

os impostos que pesam sobre a coletivi dade recaem em última análise sobre os

proprietários territoriais, George não pensa assim, mas considera absurdo que o trabalho e o capital sejam gravados, quando as despesas públicas podem ser cobertas por um valor que toda a cole

*

Dauio de Almeida Maoauiãm

No ailigo seguinte desta série anali

silêncio se deveria guardar

saremos todos o.s sistemas de impôsto

jl

único aqui expostos, e que são os prin cipais, e muito especialmente o de Hen-

/A

ly George.

O Brasil comemoroti, cm 5 de novem

hoje esta altíssima tribuna,

bro, com exíraordiruírto fervor cívico

porque só o silêncio, denso e

e iniguaJâvel júhüo, o certíenário d*

- grave, teria a necessária força emocional para c.xprimir, ainda

nascimemo do maior dc seus fiUioa: Rui Barbosa. O "Dígeslo Econômico",

uma

vez, a

intensidade

dos

que ê, sobretudo, uma revista de educa

sentimentos de veneração, hu-

ção cívica, vem, de longa data, inserindo

raildade e gratidão, que, nesta hora, e neste nobre recinto, experimen

em suas colunas uma série de estudos

tam os advogados brasileiros, convoca

dos para participar desta solenidade cí vica.

inéditos sôbre a vida e a obra do grande brasileiro. Como um preito ao após tolo do dircUo, da justiça e da liber dade, publicamos o notável discurso

Agradecendo-vos, eminentes senhores ministros, a distinção que fi2e.stes à nos

que o nosso prezado colaborador, sr.

sa Ordem, chamando-a para comungar

cor^ r^nesentante do Consellu, da

convosco ne.sta comemoração — o preito

mais valioso que o pretório brasileiro,

por todos os seus componentes, rende, nestes dias, a Rui Barbosa — quisestes,

Dario de Almeida Magalhães, proferiu,

Ordem ^s Advog<ulos, na sessão solene lizou em homenagem à gloriosa data. que o Supremo Tribunal Fedewl rea

ainda desta feita, demonstrar, com êste

gesto, para nós • dignificante, que sem pre nos considerais corporação integran te dos vossos próprios quadros e cuja companhia

não dispensais, assim no

exercício habitual dos vossos misteres funcionais, como nestas horas culminan

Em verdade, porém, a presença que reclamastes. se traduz a fidalguia da mais apurada fraternidade profissional, era, neste ensêjo, demasia de vossa com

preensão generosa. A palavra que aqui

tes, em que o foro, de que sois pontí .se reveste de significação e relevo é tao sòmente aquela que formula o jul fice, se transmuda, como nesta opor tunidade — rara no estilo adequado à gamento, que. do alto da vossa sabedo vossa existência severa e discreta — em

l

I íTi-1

if^rTi

.i.L-1 Lv:ii''-r, ■ i f-

sensorium da opinião pública permitindo que, no auditório das vossas sessões, neste "recanto de paz, abrigado contra

ria e serenidade, vos cabia pronunciar,

projetando, aos olhos dos contemporâ

neos e dos pósteros, a vossa .manifesta-

çao, ein face do homem, do cidadão, do

todos os vento.s, nesta enseada, a cuja

estadista, do advogado e do jurisconsul-

beira vêm morrer as marulhadas do

oceano, que brame lá fora" — agora

to cuja vida inunda de luz e cobre de glórias meio século da nossa evolução

repercutam e se alteiem as mesmas

política e jurídica.

vibrações emocionais e os mesmos .sen timentos de fé e de orgulho patriótico,

Não é um morto insigne, que se re corda neste momento, para se lhe re

que animam tôda a Nação brasileira.

compor a existência ascensicnal, desta


Dícesto Econômico

Dícesto EcoNÓsftco

05

64

cumisdQ de C£ue devassíinios os Viorizontes dos nossos destinos.

A nossa me

mória não se aprofunda nos longes do passado, no esforço de reconstruir, dos destroços que o curso do tempo deixou caídos às margens dos caminhos, a fi gura de um homem, os traços de uma individualidade, os feitos de um traba lhador, os triunfos e os troféus alcança

dos nas refregas de tôdas as horas e de todos os dias.

Não buscamos nas ga

lerias de um panteão a efígie consular de um dos grandes da Pátria, para, por um momento fugidio, torná-la alvo das

nossas reverências o dos nossos epinícios.

É, sim, uma presença — uma presen ça incotífundível, imponente e domina-

desnalurado

e, ao mesmo tempo, nos exalta na mais

legítima das nossas vaidades — a de pertencermos à mesma terra, ao mesmo meio 6 à mesma corporação, de onde

surdíu a figura incomparável, de que essa presença é a projeção palpitante e viva, majestosa e eterna.

Se hoje silenciasse esta tribuna, que ela ergueu, em lances dc projeção his tórica, nos fastos judiciários e cívicos da Nação, a píncaros jamais atingidos, envolvendo-a de um ha'o inapagável — por uma transfiguração, a que os nossos espíritos imperceptivelmente se subme teriam, essa presença silenciosa enche

ria esta casa do esplendor espiritual e das fulgurações que dela irradiavam, iiiexaurivelmente, avassalando-nos as in

teligências e os corações. Esta voz portentosa jamais se calou

neste recinto.

Seria possível que da

memória volúvel dos homens se hou-

devida

vp/HiM

_

sua admiração,

rA * "

1

a

LiJ

justiça e xcepcionais

do

terno, de alcançar liberação de compro

misso, no caso, irresgalável, a justíssima e altíssima homenagem sugerida ao tri

bunal. Rui era, porém, daqueles mar cados do destino, que a si próprio se glorificam, por seus feitos, obras e me

recimentos: "Bem-aventurados os que

a SI mesmo se estatuaram em atos me

moráveis e sem deixarem os seus re tratos a posteridade, esquecida ou des-

(lenhosa, vivem a sua vida póstuma, desmteressadamente, pelos beneticios que lhe herdaram". No cur» de sua e.vistência, muitas e

è dê . '"'ê' ™»"ando tribunal devidas» ele pleitearam. Os seus trabalho?"se

v lêê-

ao máximo dos advo2ado<5

consagraram como os roteiros mais se

guros da jurisprudência dêste sumoór-

pao da justiça. Para que êle transmi-

\ i\ência, que u recompensaria de tan

üsse, nas oraçoes proferidas desta tri buna - e acolhidas pelos mais doutos

tas lutas e sacrifícios, não era u que

toca à vaidade do comum dos homens, como êle o fé/, sentir nestas palavras tantas \'êzes relembradas, e que lhe tra \'erdacleira

índole criadora:

Barbosa, um dos eminentes juizes que o

Um homem eni metal ou pedra me Ijurece duas vezes morto. Muito pode valer a e.státua pelo merecimento da obra-prima. Mas, , então, o seu lugar

integravam propôs que, nesta .sala, se lhe colocasse o busto, para que ele pre

f

em favor dêle, o

advilgad^s o

.seus arrazoados.

^'^^nlaçâo dos

mental, pre.scr,to

"Essa petrificação ou mineralização de um vulto humano não me fá!a à alma.

ciou ao luto do País pela morte de Rui

senti

dívida extinta".

fecunda e duradoura. Porque a sobre-

duzem a

no

Não se inspirou dêsle propósito subal

grande

mais do que de qualquer outra institui ção — como sinal inde!é\'el cie que não havia sido improfícua a sua pregação denodada, seria de outra natureza, mais

Quando êste egrégio tribunal se asso

contempo

râneos descan mento de uma

premo órgão judiciário do seu País —

pirações, aos desvclos e à confiança do

os sam

AI j r >. A; r À A / À k n

nhecimento pela "origem do preito e pela doçura do pensamento que o ins pirou". Mas o testemunho que o estu pendo evangelizíxdor disputaria do su

paraninfo abnegado.

t i f, \.1lJb

12.

maior efusão, o seu emocionado reco

de reconhecimento, nesta homenagem

..f ■

-

tocar, e fundamente, o coração sensível,

excepcional, que só seria de tristeza, e não de júbilo e exaltação, se a institui ção não houvesse correspondido às ins

tabemáculo.

jywh

apesar de muito experimentado nas pe lejas do immdo, do insignc homenagea do, já confundido cm \'icla por lembrança semelhante, quando se lhe comemorou o jubileu cí\'íco. E èlc renovaria, com

defrontamos, ungidos de humildade e

antes indispensável, como é natural e indispensável a presença de Deus no

[; ã X/

t!m tais termos, ha\eria, sem dúvida, de

Não é, as.sim, um ausente querido, que se relembra nesta hora, senão uma presença — a mais merecida e indispen sável presença de todos os dias — que

presença de Rui Barbosa neste templo da Justiça se me afigura tão natural, e

\

Preito vindo de tão a'lo, e proposto

suas convicções.

sidisse espiritualmente as sessões e lhe inspirasse os julgamentos; e justificou^ a sua proposta com estas palavras: A

1 /■J"

-

póslero.s

aos méritos morto".

taria, por si mesma, e giuudaria como uma fonte perene dc vida, a presença do paladino, que a concebeu, que a ani mou, que lhe transfiindin o exalo destino, querendo-a como o mais nobre e pres tigioso dentre os poderes da Repúbli ca; do advogado que perante ela se bateu como ninguém, zclando-Ihe a dignidade, estimulando-lhc a influencia num esforço heróico c sem pausa, em

_

-

bemos fazer a

ponto de sc tornar irrcconhccíve', ates

que verteu o melhor do seu gênio, aca lentado pela maí.s arraigada e tenaz de

que nós sou

completamente, a

e neste recinto, de que ela nunca de

ça que nos esmaga na sua grandeza,

aos

vincular do seu máximo patrono e do seu mais fiel amigo; c a sua própria sobrevivência, a monos que cia se hou vesse

_

nagem atestará

ção, porém, esta nunca se poderia des

dora — o que sentimos neste instante, sertou, que ela elevou, engrandeceu e iluminou, e onde ela jamais esmaeceu, na sua força sugestiva. É essa presen

E esta hüinc-

ve.ssem apagado as pregações, de que ela foi o órgão magnífico. A institui

Imobilizado o porteni/^o

forja inesgotável na p^od

adequado será no museu. Perdida nos salões da biblioteca, ou isolada entre a

monumentos de eulhir.,

multidão no vazio das praças, a mim se

que dêle se projetava e m

me afigura uma espécie de consagração do esquecimento. Liquidada, assim, por uma \ez, com o estatuado, a conta da

. «■

lê-

j.

se extinguiu o foco de J

pósteros logrou cfi^ar

intensidade mais poderosa c" desta colenda côrte n"

" desses '

f arestos

^ nao cessam, atra-

. . .

. ..V»


Dícesto Econômico

Dícesto EcoNÓsftco

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cumisdQ de C£ue devassíinios os Viorizontes dos nossos destinos.

A nossa me

mória não se aprofunda nos longes do passado, no esforço de reconstruir, dos destroços que o curso do tempo deixou caídos às margens dos caminhos, a fi gura de um homem, os traços de uma individualidade, os feitos de um traba lhador, os triunfos e os troféus alcança

dos nas refregas de tôdas as horas e de todos os dias.

Não buscamos nas ga

lerias de um panteão a efígie consular de um dos grandes da Pátria, para, por um momento fugidio, torná-la alvo das

nossas reverências o dos nossos epinícios.

É, sim, uma presença — uma presen ça incotífundível, imponente e domina-

desnalurado

e, ao mesmo tempo, nos exalta na mais

legítima das nossas vaidades — a de pertencermos à mesma terra, ao mesmo meio 6 à mesma corporação, de onde

surdíu a figura incomparável, de que essa presença é a projeção palpitante e viva, majestosa e eterna.

Se hoje silenciasse esta tribuna, que ela ergueu, em lances dc projeção his tórica, nos fastos judiciários e cívicos da Nação, a píncaros jamais atingidos, envolvendo-a de um ha'o inapagável — por uma transfiguração, a que os nossos espíritos imperceptivelmente se subme teriam, essa presença silenciosa enche

ria esta casa do esplendor espiritual e das fulgurações que dela irradiavam, iiiexaurivelmente, avassalando-nos as in

teligências e os corações. Esta voz portentosa jamais se calou

neste recinto.

Seria possível que da

memória volúvel dos homens se hou-

devida

vp/HiM

_

sua admiração,

rA * "

1

a

LiJ

justiça e xcepcionais

do

terno, de alcançar liberação de compro

misso, no caso, irresgalável, a justíssima e altíssima homenagem sugerida ao tri

bunal. Rui era, porém, daqueles mar cados do destino, que a si próprio se glorificam, por seus feitos, obras e me

recimentos: "Bem-aventurados os que

a SI mesmo se estatuaram em atos me

moráveis e sem deixarem os seus re tratos a posteridade, esquecida ou des-

(lenhosa, vivem a sua vida póstuma, desmteressadamente, pelos beneticios que lhe herdaram". No cur» de sua e.vistência, muitas e

è dê . '"'ê' ™»"ando tribunal devidas» ele pleitearam. Os seus trabalho?"se

v lêê-

ao máximo dos advo2ado<5

consagraram como os roteiros mais se

guros da jurisprudência dêste sumoór-

pao da justiça. Para que êle transmi-

\ i\ência, que u recompensaria de tan

üsse, nas oraçoes proferidas desta tri buna - e acolhidas pelos mais doutos

tas lutas e sacrifícios, não era u que

toca à vaidade do comum dos homens, como êle o fé/, sentir nestas palavras tantas \'êzes relembradas, e que lhe tra \'erdacleira

índole criadora:

Barbosa, um dos eminentes juizes que o

Um homem eni metal ou pedra me Ijurece duas vezes morto. Muito pode valer a e.státua pelo merecimento da obra-prima. Mas, , então, o seu lugar

integravam propôs que, nesta .sala, se lhe colocasse o busto, para que ele pre

f

em favor dêle, o

advilgad^s o

.seus arrazoados.

^'^^nlaçâo dos

mental, pre.scr,to

"Essa petrificação ou mineralização de um vulto humano não me fá!a à alma.

ciou ao luto do País pela morte de Rui

senti

dívida extinta".

fecunda e duradoura. Porque a sobre-

duzem a

no

Não se inspirou dêsle propósito subal

grande

mais do que de qualquer outra institui ção — como sinal inde!é\'el cie que não havia sido improfícua a sua pregação denodada, seria de outra natureza, mais

Quando êste egrégio tribunal se asso

contempo

râneos descan mento de uma

premo órgão judiciário do seu País —

pirações, aos desvclos e à confiança do

os sam

AI j r >. A; r À A / À k n

nhecimento pela "origem do preito e pela doçura do pensamento que o ins pirou". Mas o testemunho que o estu pendo evangelizíxdor disputaria do su

paraninfo abnegado.

t i f, \.1lJb

12.

maior efusão, o seu emocionado reco

de reconhecimento, nesta homenagem

..f ■

-

tocar, e fundamente, o coração sensível,

excepcional, que só seria de tristeza, e não de júbilo e exaltação, se a institui ção não houvesse correspondido às ins

tabemáculo.

jywh

apesar de muito experimentado nas pe lejas do immdo, do insignc homenagea do, já confundido cm \'icla por lembrança semelhante, quando se lhe comemorou o jubileu cí\'íco. E èlc renovaria, com

defrontamos, ungidos de humildade e

antes indispensável, como é natural e indispensável a presença de Deus no

[; ã X/

t!m tais termos, ha\eria, sem dúvida, de

Não é, as.sim, um ausente querido, que se relembra nesta hora, senão uma presença — a mais merecida e indispen sável presença de todos os dias — que

presença de Rui Barbosa neste templo da Justiça se me afigura tão natural, e

\

Preito vindo de tão a'lo, e proposto

suas convicções.

sidisse espiritualmente as sessões e lhe inspirasse os julgamentos; e justificou^ a sua proposta com estas palavras: A

1 /■J"

-

póslero.s

aos méritos morto".

taria, por si mesma, e giuudaria como uma fonte perene dc vida, a presença do paladino, que a concebeu, que a ani mou, que lhe transfiindin o exalo destino, querendo-a como o mais nobre e pres tigioso dentre os poderes da Repúbli ca; do advogado que perante ela se bateu como ninguém, zclando-Ihe a dignidade, estimulando-lhc a influencia num esforço heróico c sem pausa, em

_

-

bemos fazer a

ponto de sc tornar irrcconhccíve', ates

que verteu o melhor do seu gênio, aca lentado pela maí.s arraigada e tenaz de

que nós sou

completamente, a

e neste recinto, de que ela nunca de

ça que nos esmaga na sua grandeza,

aos

vincular do seu máximo patrono e do seu mais fiel amigo; c a sua própria sobrevivência, a monos que cia se hou vesse

_

nagem atestará

ção, porém, esta nunca se poderia des

dora — o que sentimos neste instante, sertou, que ela elevou, engrandeceu e iluminou, e onde ela jamais esmaeceu, na sua força sugestiva. É essa presen

E esta hüinc-

ve.ssem apagado as pregações, de que ela foi o órgão magnífico. A institui

Imobilizado o porteni/^o

forja inesgotável na p^od

adequado será no museu. Perdida nos salões da biblioteca, ou isolada entre a

monumentos de eulhir.,

multidão no vazio das praças, a mim se

que dêle se projetava e m

me afigura uma espécie de consagração do esquecimento. Liquidada, assim, por uma \ez, com o estatuado, a conta da

. «■

lê-

j.

se extinguiu o foco de J

pósteros logrou cfi^ar

intensidade mais poderosa c" desta colenda côrte n"

" desses '

f arestos

^ nao cessam, atra-

. . .

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]Ji<;i;.si<) KcoNMiiro

Dioiisxo Econômico 67

vés cIds Icnipos. de buscar apoio nas 'içóes do melhor timbre com ijne Rui opulentou as letras jurídicas. Grandes homenagens, valiosos prê

mios, excepcionais tributos — sem dú vida.

O que lhe importava, porém,

hermenêutica, pusemo-lo como um velo

permanente aos .sofisnías opressores da

contem o arbítrio administrativo pela renovação parlamentar dos gabinetes, e restringe a onipotência legislativa pelas

Eis o de que nos há de preservar a justiça, se a deixarem sobreviver, ainda

razão de Estado, rcsumimos-lhe a fun

consxdtas à Nação.

administração com a legislatura entre os

outros elementos constitutivos da Repú blica, 110 meio das rumas, cin que mal

extremos dc uma constituição escrita,

se conservam ligeiros traços da sua ver

e dá-lhe por guarda contra invasões ou evasões a supremacia da magistratura.

dade".

Cion.stituíçãu, demo.s-lhe -i guarda de .sua

ção específica nesta idéia. Se ela vos

penetrar e apotlerur-se dc- \ ós. se fòr

antes e acima*de tudo, era que a in.s-

como nós conecbíaino.s. como nos Ksla-

tituiçáo, como êle a imaginou, como ê'e a quis, vivendo e atuando, a instituição a que êle deu o sòpro de vida, serviu,

aniniante deste tribunal, a re\oluçao re

defendeu, estimulou e enalteceu, sem «esfalecimentos, se possuísse do espírito,

í) sangue de um cadáver, a Constituição

cjue ele lhe buscou transmitir, se con

de 1891 estará perdida".

do.s Unido.s con.seguiram, o principio trário, se coagular morta, no texto, como

da República, não era outra a sua con

Aqui se deveria encontrar sempre "o centro de gra\idade da República", o

a éstc venerando tribunal:

instrumento insubstituível, o único ele

coroas dos rci.s c tão pura <juanto as

mento capaz de promo\er a nossa edu

coroas dos santos, esta forma de govér-

cação nos hábitos da legalidade, e de

no (a república federativa) é a expres são mais anárquica da.s facções desen freadas. Se a política não recuar diante desta casa sagrada, em torno da qual

assegurar à vida coletiva o lastro cie

dignidade cívica, em que se apoiasse tôda a estrutura do regime. Rec-ordemos as palavras insubstituíveis do arquiteto, ao descrever o plano da con.struçãq:

Se assim falava nos dias inaugurais

vicção, em 1898, ao sc rlirigir de novo

pacto da reorganização nacional, sa bíamos que os povos não amam as suas

de Estado não se convencerem de que

constituições, senão pela segurança das liberdades que elas lhes prometem, mas que as constituições, entregues, como ficam, ao arbítrio dos parlamentos e às ambições dos governo.?, bem frágil anteparo oferecem a essas liberdades, e

nias". . .

ao re.ermos as páginas imorredouras em

.. . "A soberania, que é o poder, tem

que .se vazou — tôda a emoção cívica de

de ser limitada pelo direito, que é a lei. Dat a necessidade que se impõe à de mocracia, especialmente no regime pre.sídencial, do traçar divisas insuperáveis

Rui Barbosa, ao bater, em 1892, às por tas dêste tribunal, convocando-o para

prio constituinte, mediante restritas con dições postas à reforma constitucional.

E a justiça é a chave de lodo este pro blema, o problema da verdade republi cana".

Em "meio a todos os reveses, lulas e

decepções, jamais Rui se desviaria deste pcn.samcnlo capital de sua doutrinação.

se os governos não se compenetrarem de

Pondo tòda a sua confiança dc orga

cia, e nos tereis dado, como a democra cia pura, a mais formidável das tira

adnrini.strativo. ao legislativo, e ao pró

marulha furiosa desde o seu começo,

que agredida, oscilante e ma! segura, aos

nizador da República nesta instituição, bem se avalia - e ainda hoje se sente palpitar, no climax de sua intensidade,

aos três órgãos da vontade nacional: ao

"Sem uma justiça mais alta que aS

cjue na vossa independência consiste a .sua maior fôrça, a grande fõrça do prin cípio da autoridade civil; sc os homens

"Formulando para a nossa Pátria o

Abalei de sua inteireza esta suprema

publicana e.stará salva. Se, pelo con

servasse, intrépida e in\cncí\'e!, fiel à missão que lhe estava rescr\ada. nos quadros da organização nacional.

A outra encerra a

Lembremos a maravilhosa mensagem em que transmitiu aos moços os ensina

mentos da .sua exiJeriência: "Dessas de

mvestir-se na plenitude dc sua autorida

de constitucional, a fim de proteger a

.herdade de 47 c.dadãos, oprimidos po-

los abu.-^s do poder, no primeiro eclipse de legalidade, que ameaçava a própria .sobrevivência do rcoím» i., O habeas-coriZ nm e.xercício de um 0,^.. •uanoato em oue a si mesmo se mve.stia

n-w,

i .

dcstiuavu a proteger am.gos ou constituintes, que

-he liouvcsseu, solicitado o patrocí..io; ao reves, entre os beneficiários se i..-

elinam vários do.s sen,s desafeiçoado, ad versar,os e in.migos, P„neo importava: eram perseguidos da arbitrariedade go

mocracias, pois. o eixo é a justiça, ei.xo não abstrato, não supositício, não me

vernamental, em cujo socorro cumpria b.-

dos não cessarem de considerar inocen

ramente moral, mas de uma realidade

.mpor o respe.10 à Coustituióo violada.

artifícios políticos as suas conspiraçws

do no mecanismo do i'cgime, tão prati

o que se passa aqui dentro é inviolável como o.s mistérios do vulto; se os parti

profunda, c tão sensivelmente implanta

tes e impenetráveis sob o tênue véu do.s

camente embebidü através de lôdas a.s

contra a consciência judiciária, ai de

acabam quase sempre, e quase sempre

nós, porque, em verdade vos digo, não

se desmoralizam pelas invasões graduai.s ou violentas do poder que representa a legislação ou do poder que representa a torça. Nós, os fundadores da Consti tuição, não queríamos que a liberdade individual pudesse ser diminuída pela força, nem mesmo pela lei. E, por isso, fizemos deste tribunal o sacrárío da

Jiaverá quem nos salve.'

suas peças, que, falseando êle ao seu

mister, todo o sistema cairá em parali

sia, de.sordem e subv ersão. Os poderes

Não variou, através dos anos, Rm

desta confiança inabalável: "A liberda de, nos grandes Estados, não tem, ale

hoje, senão duas fórmulas conhecidas: a da solução parlamentar e a da solu

ção judiciária, a da monarquia britâ

nica e a da república americana. Uma

•f

constitucionais entrarão em conflitos in-

solúveis, as franquias constitucionais ruirão por terra, e da organização con.stitucional, do seu caráter, das suas fun

vocur o amparo ,n.pe,ss„a| da justiça para

pZa "ÍlTantr Z"jZ",

kaiisa do regime próprio Supremo Trikm-.l F

desta instituição, tn.c sè

" í

imíer^drse^^Zz;!^

ções e das suas garantias apenas resta rão destroços.

requerimento, na at.nosfmn dêste reá"


]Ji<;i;.si<) KcoNMiiro

Dioiisxo Econômico 67

vés cIds Icnipos. de buscar apoio nas 'içóes do melhor timbre com ijne Rui opulentou as letras jurídicas. Grandes homenagens, valiosos prê

mios, excepcionais tributos — sem dú vida.

O que lhe importava, porém,

hermenêutica, pusemo-lo como um velo

permanente aos .sofisnías opressores da

contem o arbítrio administrativo pela renovação parlamentar dos gabinetes, e restringe a onipotência legislativa pelas

Eis o de que nos há de preservar a justiça, se a deixarem sobreviver, ainda

razão de Estado, rcsumimos-lhe a fun

consxdtas à Nação.

administração com a legislatura entre os

outros elementos constitutivos da Repú blica, 110 meio das rumas, cin que mal

extremos dc uma constituição escrita,

se conservam ligeiros traços da sua ver

e dá-lhe por guarda contra invasões ou evasões a supremacia da magistratura.

dade".

Cion.stituíçãu, demo.s-lhe -i guarda de .sua

ção específica nesta idéia. Se ela vos

penetrar e apotlerur-se dc- \ ós. se fòr

antes e acima*de tudo, era que a in.s-

como nós conecbíaino.s. como nos Ksla-

tituiçáo, como êle a imaginou, como ê'e a quis, vivendo e atuando, a instituição a que êle deu o sòpro de vida, serviu,

aniniante deste tribunal, a re\oluçao re

defendeu, estimulou e enalteceu, sem «esfalecimentos, se possuísse do espírito,

í) sangue de um cadáver, a Constituição

cjue ele lhe buscou transmitir, se con

de 1891 estará perdida".

do.s Unido.s con.seguiram, o principio trário, se coagular morta, no texto, como

da República, não era outra a sua con

Aqui se deveria encontrar sempre "o centro de gra\idade da República", o

a éstc venerando tribunal:

instrumento insubstituível, o único ele

coroas dos rci.s c tão pura <juanto as

mento capaz de promo\er a nossa edu

coroas dos santos, esta forma de govér-

cação nos hábitos da legalidade, e de

no (a república federativa) é a expres são mais anárquica da.s facções desen freadas. Se a política não recuar diante desta casa sagrada, em torno da qual

assegurar à vida coletiva o lastro cie

dignidade cívica, em que se apoiasse tôda a estrutura do regime. Rec-ordemos as palavras insubstituíveis do arquiteto, ao descrever o plano da con.struçãq:

Se assim falava nos dias inaugurais

vicção, em 1898, ao sc rlirigir de novo

pacto da reorganização nacional, sa bíamos que os povos não amam as suas

de Estado não se convencerem de que

constituições, senão pela segurança das liberdades que elas lhes prometem, mas que as constituições, entregues, como ficam, ao arbítrio dos parlamentos e às ambições dos governo.?, bem frágil anteparo oferecem a essas liberdades, e

nias". . .

ao re.ermos as páginas imorredouras em

.. . "A soberania, que é o poder, tem

que .se vazou — tôda a emoção cívica de

de ser limitada pelo direito, que é a lei. Dat a necessidade que se impõe à de mocracia, especialmente no regime pre.sídencial, do traçar divisas insuperáveis

Rui Barbosa, ao bater, em 1892, às por tas dêste tribunal, convocando-o para

prio constituinte, mediante restritas con dições postas à reforma constitucional.

E a justiça é a chave de lodo este pro blema, o problema da verdade republi cana".

Em "meio a todos os reveses, lulas e

decepções, jamais Rui se desviaria deste pcn.samcnlo capital de sua doutrinação.

se os governos não se compenetrarem de

Pondo tòda a sua confiança dc orga

cia, e nos tereis dado, como a democra cia pura, a mais formidável das tira

adnrini.strativo. ao legislativo, e ao pró

marulha furiosa desde o seu começo,

que agredida, oscilante e ma! segura, aos

nizador da República nesta instituição, bem se avalia - e ainda hoje se sente palpitar, no climax de sua intensidade,

aos três órgãos da vontade nacional: ao

"Sem uma justiça mais alta que aS

cjue na vossa independência consiste a .sua maior fôrça, a grande fõrça do prin cípio da autoridade civil; sc os homens

"Formulando para a nossa Pátria o

Abalei de sua inteireza esta suprema

publicana e.stará salva. Se, pelo con

servasse, intrépida e in\cncí\'e!, fiel à missão que lhe estava rescr\ada. nos quadros da organização nacional.

A outra encerra a

Lembremos a maravilhosa mensagem em que transmitiu aos moços os ensina

mentos da .sua exiJeriência: "Dessas de

mvestir-se na plenitude dc sua autorida

de constitucional, a fim de proteger a

.herdade de 47 c.dadãos, oprimidos po-

los abu.-^s do poder, no primeiro eclipse de legalidade, que ameaçava a própria .sobrevivência do rcoím» i., O habeas-coriZ nm e.xercício de um 0,^.. •uanoato em oue a si mesmo se mve.stia

n-w,

i .

dcstiuavu a proteger am.gos ou constituintes, que

-he liouvcsseu, solicitado o patrocí..io; ao reves, entre os beneficiários se i..-

elinam vários do.s sen,s desafeiçoado, ad versar,os e in.migos, P„neo importava: eram perseguidos da arbitrariedade go

mocracias, pois. o eixo é a justiça, ei.xo não abstrato, não supositício, não me

vernamental, em cujo socorro cumpria b.-

dos não cessarem de considerar inocen

ramente moral, mas de uma realidade

.mpor o respe.10 à Coustituióo violada.

artifícios políticos as suas conspiraçws

do no mecanismo do i'cgime, tão prati

o que se passa aqui dentro é inviolável como o.s mistérios do vulto; se os parti

profunda, c tão sensivelmente implanta

tes e impenetráveis sob o tênue véu do.s

camente embebidü através de lôdas a.s

contra a consciência judiciária, ai de

acabam quase sempre, e quase sempre

nós, porque, em verdade vos digo, não

se desmoralizam pelas invasões graduai.s ou violentas do poder que representa a legislação ou do poder que representa a torça. Nós, os fundadores da Consti tuição, não queríamos que a liberdade individual pudesse ser diminuída pela força, nem mesmo pela lei. E, por isso, fizemos deste tribunal o sacrárío da

Jiaverá quem nos salve.'

suas peças, que, falseando êle ao seu

mister, todo o sistema cairá em parali

sia, de.sordem e subv ersão. Os poderes

Não variou, através dos anos, Rm

desta confiança inabalável: "A liberda de, nos grandes Estados, não tem, ale

hoje, senão duas fórmulas conhecidas: a da solução parlamentar e a da solu

ção judiciária, a da monarquia britâ

nica e a da república americana. Uma

•f

constitucionais entrarão em conflitos in-

solúveis, as franquias constitucionais ruirão por terra, e da organização con.stitucional, do seu caráter, das suas fun

vocur o amparo ,n.pe,ss„a| da justiça para

pZa "ÍlTantr Z"jZ",

kaiisa do regime próprio Supremo Trikm-.l F

desta instituição, tn.c sè

" í

imíer^drse^^Zz;!^

ções e das suas garantias apenas resta rão destroços.

requerimento, na at.nosfmn dêste reá"


:o Digesto Econômico

6H

to povoada clc "temores sagrados e es peranças sublimes" — proclanian<lo "o respeito rjiiase s'upersticioso cotn cjue se acercava desta côrtc — "o oráculo da nova Constituição".

Era a primeira vvz que este órgão teria de funcionar "na mais delicada e

séria das suas relações com a vida mo

ral do I'aís, entre os direitos incrmes do indivíduo e os golpes violentos do po der". O dilema posto aos julgadores llies definia a tremenda responsabilidade, na-

Iraspassado pela angústia, a luz da rsperança, como uni coiisólo aos seus so frimentos de patriota «• ãs suas decepçõcs dc forinuladoi d( regime, agora

largado aos azares do arbítrio c ao desgovèrno da prepotência.

Bastou a quebra da uiianimidadc dos sufrágio.s, que negaram a medida supli cada, para rcalizixr o sonho modesto dn advogado, que c-m si sentia cncamar-sc

o patrocínio da b<mra cívica da Patria.

(juele passo histórico: "Essa decisão, se

"Um voto me basta para a \ilória mo ral desta causa". E o óo'co testemunho

nhores juizes, valerá por si só uma Cons tituição mais eficaz do que a nossa

bastante eloqüente que encontrou, no seu alvoròço, para significar a sua gra

Constituição escrita, ou atirará a nossa

tidão, cm face do pronunciamento .soli

Constituição escrita para o arquivo das aspirações mortas, dos compromissos malogrados"... "Conforme a decisão que proferirdes, e'a (a nação) saberá se a República brasileira é o regime da liberdade legal, ou da liberda

de tolerada. E não esqueçais que a liberdade tolerada é a mais desbriadoura e, portanto, a mais duradoura das formas do cati

veiro; porque é o cativeiro sem os estímulos que revoltam contra ele os

povos oprimidos". O desfecho desse episódio forense

tário, que saU'ara do desníorouamcnto a sua confiança, foi o de "beijar a mão

de um justo". "O.s merecimentos de um homem resgatavam as cidpas de uma

Dicesto

ECONÓ^UCO

O crítico da imprensa não viola as normas de reverencia, cm face do xes-

pcitá\el tribunal julgador; mas a cen sura da sentença era, no caso, mais

do (pie nunca um de\er do advo gado que a suscitara, animado dos mais altos intuitos: "Ninguém descujjra nas

minhas pala\ras ofensa ou desrespeito ao Siiprcnii) 'rribuiuil Federal. Quisera eu aurenlá-io. Mas tóda a minha vene

ração pela sua autoridade não chega a me deslumbrar a razão, a me .secar a

nascente íntima das impressões do de-

\'er. Creio nu honra dessa magistratura, no desintcrèsse pessoal dos seus mem

bros. Mas não posso deixar dc reivindi car, para os meus clientes, o direito ordi

nário sob as piores tiranias, de qualifi car de injusta a sentença cjue os feriu,

desde que considero exidenlcincnte jus

so aresto perdurará, fonte de energia, ou de cativeiro para muitas gerações, e as suas queixas ou as suas bênçãos co roarão a vossa descendência".

Ainda desta feita llie fugiu o triunfo, sol) o império dc circunstâncias an(una-

las. Mas o seu dever era persevcrar; e a sua alma era daquelas nas quais "o de ver sobrevive à esperança, e a paixão-do bem substitui cora vantagem a confian ça na xntória. E' o triunfo um prêmio apos o qual, sedento do licor capitoso. SC arremessa a nossa natureza na preli-

bação da embriaguez. .Mas, o mais es

quisito dü.s prazeres é o que Deus pôs na s;itisfação de abraçar a justiça con denada, condenando-nos com ela ao re vés antecipado".

vitória, não se curva, nem .se

A primeira derrota não pochítia cpicbrar a tempera do lutador, cuja vida se

cala diante da derrota, a que

desdobrou num "campo do batalhas".

nionomamacos da idéia moral" cuja exis

O patrono, que não a'cançara não poderia submeter o País, em cujo nome pleiteara. E vai para a imprensa, a fim de analisar

Êste cruzado intemerato jamais sc sub meteria, desde que sc sentisse abraçado com a causa sustentada pela sua cons

rém candentes, o arcslo, cujos funda

ciência. E Rui retornaria breve a esta trincheira, sob uma atmosfera ainda

mentos não o conxoneeram.

mais carregada de apreensões e amea

numa série de aríigo.s respeitosos, po

ças, para implorar, de no\'0, do grande

haviam exaltado o Irabulho do profissio

sua alma, todos os dons dc seu saber c

nal, ainda que jamais se liouvesse "en

eloqüência, a intrepidez moral de um crente, votado ao sacrifício extremo, pela fc, que nunca repudiaria, lhe traria a

feitado de mais flores uma causa conde

soberania de seus pronuneiamentos, em

nada", não eram óbices a (pie se esípiivasse a(3 debate público, cpie as circuns

poder tran.s\'iado. Animava-o u certeza

Os louvore.s com que os julgadores

tribunal, que se inlegnisse, sem demora,

nu sua mis.são tutelar, a fim de opor a

sensação de um malogro sombrio —, "a

tancias justificavam, senão impunham.

impressão trágica de um naufrágio, conlemplaclo a algumas braças da praia, sem esperanças de saKainento", — se o

E ao cabo de exaustiva e ardoro.sa aná

lise do julgado que lhe fora adxerso. Rui poderia escrever, íranfiüilo: "Não perdi o meu tempo nesta campanha em

— cujo nome o incidente imortalizou ~ concedendo o amparo judicial, que to

favor do habeas-corpus. Esta causa,

dos os seus colegas recusaram — não

sil, para tristeza da República, está in-

houvesse reacendido,

dubitávelmente vitoriosa nos espíritos .

jiaquele coração

os seus espantalhos, dissipar-se-á como uma cerraç.ão dos maus dias. Mas o vos

ta a causa cjue elos representam'.

culminante, em cuja sorte empenhou o sublime patrono tóda a veemência de

\oto isolado do ministro Pisa c Almeida

ou como um agoiro de ruína. A política, com as suas transações, os seus sofismas,

traída agora pela primeira \ez no Bra

guarda da constituição, aos excessos do

de que o regime haveria de sair triunfantü da campanlia decisi\'a. E mais uma vez fala nesta linguagem de acen

tos bílílicos aos supremos juizes do país. "Neste momento, podeis crer, estamos todos numa eumiada eminente da his toria, e trabalhando para o porvir. Vos

sa palavra sera recolhida no regaço do tempo como um oráculo de liberdade.

i.

Rui era daqueles fortes, "daqueles tência impede que os destinos do gêne

ro humano pertençam "sem contraste ao egoísmo e à fortuna". O curso de

"rcsi.stência constitucional", que fundou em 1892, c manteve "contra o absohitismo republicano", só a morte encerra ria.

"As--ações civis dos reformados e deniitido.s pelos decretos de 7 e 12 de abril de 1892" iriam abrir caminho à

proclamaçSo definitiva da verdade des conhecida. E o triunfador poderia ini ciar a "Defesa do.s condenados pela am.stia de 1895", com estas palavras de jubilo, pela vitória dos princípios, em prol de cujo reconhecimento tudo dera

de si, arrostando a agressividade do pu der e as durezas do exílio; "Graças a Deus, que ja não invoco um princípio contestável neste País, afirmando a prer rogativa bendita da justiça na verifica-


:o Digesto Econômico

6H

to povoada clc "temores sagrados e es peranças sublimes" — proclanian<lo "o respeito rjiiase s'upersticioso cotn cjue se acercava desta côrtc — "o oráculo da nova Constituição".

Era a primeira vvz que este órgão teria de funcionar "na mais delicada e

séria das suas relações com a vida mo

ral do I'aís, entre os direitos incrmes do indivíduo e os golpes violentos do po der". O dilema posto aos julgadores llies definia a tremenda responsabilidade, na-

Iraspassado pela angústia, a luz da rsperança, como uni coiisólo aos seus so frimentos de patriota «• ãs suas decepçõcs dc forinuladoi d( regime, agora

largado aos azares do arbítrio c ao desgovèrno da prepotência.

Bastou a quebra da uiianimidadc dos sufrágio.s, que negaram a medida supli cada, para rcalizixr o sonho modesto dn advogado, que c-m si sentia cncamar-sc

o patrocínio da b<mra cívica da Patria.

(juele passo histórico: "Essa decisão, se

"Um voto me basta para a \ilória mo ral desta causa". E o óo'co testemunho

nhores juizes, valerá por si só uma Cons tituição mais eficaz do que a nossa

bastante eloqüente que encontrou, no seu alvoròço, para significar a sua gra

Constituição escrita, ou atirará a nossa

tidão, cm face do pronunciamento .soli

Constituição escrita para o arquivo das aspirações mortas, dos compromissos malogrados"... "Conforme a decisão que proferirdes, e'a (a nação) saberá se a República brasileira é o regime da liberdade legal, ou da liberda

de tolerada. E não esqueçais que a liberdade tolerada é a mais desbriadoura e, portanto, a mais duradoura das formas do cati

veiro; porque é o cativeiro sem os estímulos que revoltam contra ele os

povos oprimidos". O desfecho desse episódio forense

tário, que saU'ara do desníorouamcnto a sua confiança, foi o de "beijar a mão

de um justo". "O.s merecimentos de um homem resgatavam as cidpas de uma

Dicesto

ECONÓ^UCO

O crítico da imprensa não viola as normas de reverencia, cm face do xes-

pcitá\el tribunal julgador; mas a cen sura da sentença era, no caso, mais

do (pie nunca um de\er do advo gado que a suscitara, animado dos mais altos intuitos: "Ninguém descujjra nas

minhas pala\ras ofensa ou desrespeito ao Siiprcnii) 'rribuiuil Federal. Quisera eu aurenlá-io. Mas tóda a minha vene

ração pela sua autoridade não chega a me deslumbrar a razão, a me .secar a

nascente íntima das impressões do de-

\'er. Creio nu honra dessa magistratura, no desintcrèsse pessoal dos seus mem

bros. Mas não posso deixar dc reivindi car, para os meus clientes, o direito ordi

nário sob as piores tiranias, de qualifi car de injusta a sentença cjue os feriu,

desde que considero exidenlcincnte jus

so aresto perdurará, fonte de energia, ou de cativeiro para muitas gerações, e as suas queixas ou as suas bênçãos co roarão a vossa descendência".

Ainda desta feita llie fugiu o triunfo, sol) o império dc circunstâncias an(una-

las. Mas o seu dever era persevcrar; e a sua alma era daquelas nas quais "o de ver sobrevive à esperança, e a paixão-do bem substitui cora vantagem a confian ça na xntória. E' o triunfo um prêmio apos o qual, sedento do licor capitoso. SC arremessa a nossa natureza na preli-

bação da embriaguez. .Mas, o mais es

quisito dü.s prazeres é o que Deus pôs na s;itisfação de abraçar a justiça con denada, condenando-nos com ela ao re vés antecipado".

vitória, não se curva, nem .se

A primeira derrota não pochítia cpicbrar a tempera do lutador, cuja vida se

cala diante da derrota, a que

desdobrou num "campo do batalhas".

nionomamacos da idéia moral" cuja exis

O patrono, que não a'cançara não poderia submeter o País, em cujo nome pleiteara. E vai para a imprensa, a fim de analisar

Êste cruzado intemerato jamais sc sub meteria, desde que sc sentisse abraçado com a causa sustentada pela sua cons

rém candentes, o arcslo, cujos funda

ciência. E Rui retornaria breve a esta trincheira, sob uma atmosfera ainda

mentos não o conxoneeram.

mais carregada de apreensões e amea

numa série de aríigo.s respeitosos, po

ças, para implorar, de no\'0, do grande

haviam exaltado o Irabulho do profissio

sua alma, todos os dons dc seu saber c

nal, ainda que jamais se liouvesse "en

eloqüência, a intrepidez moral de um crente, votado ao sacrifício extremo, pela fc, que nunca repudiaria, lhe traria a

feitado de mais flores uma causa conde

soberania de seus pronuneiamentos, em

nada", não eram óbices a (pie se esípiivasse a(3 debate público, cpie as circuns

poder tran.s\'iado. Animava-o u certeza

Os louvore.s com que os julgadores

tribunal, que se inlegnisse, sem demora,

nu sua mis.são tutelar, a fim de opor a

sensação de um malogro sombrio —, "a

tancias justificavam, senão impunham.

impressão trágica de um naufrágio, conlemplaclo a algumas braças da praia, sem esperanças de saKainento", — se o

E ao cabo de exaustiva e ardoro.sa aná

lise do julgado que lhe fora adxerso. Rui poderia escrever, íranfiüilo: "Não perdi o meu tempo nesta campanha em

— cujo nome o incidente imortalizou ~ concedendo o amparo judicial, que to

favor do habeas-corpus. Esta causa,

dos os seus colegas recusaram — não

sil, para tristeza da República, está in-

houvesse reacendido,

dubitávelmente vitoriosa nos espíritos .

jiaquele coração

os seus espantalhos, dissipar-se-á como uma cerraç.ão dos maus dias. Mas o vos

ta a causa cjue elos representam'.

culminante, em cuja sorte empenhou o sublime patrono tóda a veemência de

\oto isolado do ministro Pisa c Almeida

ou como um agoiro de ruína. A política, com as suas transações, os seus sofismas,

traída agora pela primeira \ez no Bra

guarda da constituição, aos excessos do

de que o regime haveria de sair triunfantü da campanlia decisi\'a. E mais uma vez fala nesta linguagem de acen

tos bílílicos aos supremos juizes do país. "Neste momento, podeis crer, estamos todos numa eumiada eminente da his toria, e trabalhando para o porvir. Vos

sa palavra sera recolhida no regaço do tempo como um oráculo de liberdade.

i.

Rui era daqueles fortes, "daqueles tência impede que os destinos do gêne

ro humano pertençam "sem contraste ao egoísmo e à fortuna". O curso de

"rcsi.stência constitucional", que fundou em 1892, c manteve "contra o absohitismo republicano", só a morte encerra ria.

"As--ações civis dos reformados e deniitido.s pelos decretos de 7 e 12 de abril de 1892" iriam abrir caminho à

proclamaçSo definitiva da verdade des conhecida. E o triunfador poderia ini ciar a "Defesa do.s condenados pela am.stia de 1895", com estas palavras de jubilo, pela vitória dos princípios, em prol de cujo reconhecimento tudo dera

de si, arrostando a agressividade do pu der e as durezas do exílio; "Graças a Deus, que ja não invoco um princípio contestável neste País, afirmando a prer rogativa bendita da justiça na verifica-


-'.LI m >11

TDiciisro EconAmux)

Dit.K-sro Econômico 70

çáo da conslitucionalidade dos atos dos outros poderes, como me sucedia, quan do, há três anos, assumi a iniciativa de

poder sul)aitcrnizado, eiitrc os órgãos dd

fundamentos centrais tli' sua conclusão,

reportando-se, ainda, fxpre.s-samcnlc ao

Estado, na monarquia, o judiciário pu desse, imprevistamente, atingir àquela

voto dl! Pisa e Almeida. (|ue. ausente,

supremacia,

àquela autoridade sôbre-

sustentá-la ante êste mesmo tribunal.

cml)ora, da assciriuda, \ ia agora .apoiado

As decisões judiciárias na questão que levantei, da nulidade da reforma dos

mento anterior. E para sc a\aMar a mu

tuição, dc escudo iiKjueiiranlável das li

dança operada, basta reler as palavnis

berdades ci\'ís e j")o'íticas ?

militares espoliados pelos decretos dita-

emincntu a todas as outras, de árbitro

pe'a maioria o .seu solitário pronuncia

das competências, dc guarda da Consti

que SC o clcstiiuiru nu fonnuJução do sis tema. E só a autoridade, o ânimo pugnaz, a palavra fulgurante do paraninfo .teriam fôrça e criatividade para tornar rapidamente banais e corriqueiros, as idéias, os princípios, a técnica, desti nados a preservar u grande conquista: fazer dêste tribunal "o sal do re

tórios de abril de 1892, decisões a que

finais cia declaração dc voto do minis

dignamente se inclinou o chefe do Es

tro Macedo Soares: "E querem que o

— o próprio Rui o registou — \iveu \'idu

Supremo Tribunal .seja cúmplice com tão

apagada c anônima.

insana ditadura, apoiando a co.üinuação dos efeitos de um sítio inconstitucional.

opinião inscienle do seu papel, até 1803;

presteza os princípios refonnadores que

durante 3 anos pràlieainento nenhuma

vêm subverter o misoneismo da rotina.

([ucstão se suscitou diante dela, assinala

Os vícios de educação política não se extirpam de golpe. E' uma longa e pe nosa tarefa, quo reclama vigi'ància e

tado, põem têrmo à contro\érsía, hoje morta".

Estava assentada "a pedra angular da arca santa". Para vencer esta etapa, Rui escrevera,

com os "Atos inconstitucio

nais do Congresso e do Executivo", o

"trabalho mais largo e completo, em to da a literatura jurídica, acerca da limi

tação, traçada pela natureza política das questões, ao poder, conferido à justiça, de examinar a constitucionalidadc dos

atos dos outros dois ramos do govêrno" — conforme o próprio autor reputaria, numa legítima expansão de confiança, que nele se alternava freqüentemente com as mais fundas manifestações de modéstia e desvalia.

Pouco depois, seis anos após a pri meira derrota, assinalava-se o triunfo in

tegral. Em 1898, o Supremo Tribunal

libera, pela concessão de habeas-corpus, presos em virtude do estado de sítio, o ainda sob constrangimento, depois de cessada a vigência da medida excepcio nal. O pedido postulado por Rui é denegado, por 5 contra 4 votos, em con

seqüência da ausência ocasional de vá rios ministros.

Mas, no mês seguinte,

outra petição, formulada com o mesmo objetivo por outros advogados, sob a in vocação das razões oferecidas por Rui, alcança deferimento, pelos sufrágios fa voráveis de 7 juizes contra 5. E o acór dão, de que íoí relator Lúcio de Men donça, é nos trabalhos do patrono ma

logrado, em 1892, (pic vai buscar os

A Suprema Corte dos Estados Unidos

o já de há muito clcciaraclo extinto pelo púbMca odiosa ao povo, que tão galhar

de.spcrccbida da

Erankfiirter; e se chegou mesmo u igno rar a casa cm que fimeiona\;i na capi

Poder Execiili\o. E assim tomam a Rc-

gime".

Não se trocam ràpidamcnlc os velhos e maus hábitos; e nem se assimilam com

da c generosamente a ncollicu, mas (o

tal da Pt'nsil\'ània. Na sua história, nes

que é mais lamentável) já começa a descrer dela, e a sentir saudades da mo

tenacidade, e.sta dê vencer e substituir

ta quadra obscura, só se salienta a sua

o govêrno do arbítrio irresponsável pela legalidade ditada pela justiça. Rui, por

recusa em responder à consulta que lhe

formuhrra "Washington; até cpte, a ques tão suscitada por um simples juiz de

narquia".

Para um plantador de canallios, re signado a semear generosamente, não para a colheita do dia seguinte, porem

paz, dou ensejo a Marshall, "Tho creati-

para que as gerações futuras se abrigas

sem à sombra da árvore resistente aoí

estragos do tempo, a vitoria do imús ca ro dos seus ideais de conslrutor do regi me viera mais rápidamente do que po

bisse ao fastígio a que se elevou com o inolvidável Pedro Lessa - que falava "como Nestor" entre os seus pares — o

constitucionais e portanto, inoperantes,

excelsa corporação da justiça brasileira. Ao lado de vossa magistratura estéve sempre, como o mais certo dos amigos e o mais valoroso dos companheiros, nas horas de perigo, como se defendesse um

sível que, malgrado a figura oracular

brusca mudança do eixo de rotaçao [K)-

1

eminentíssimo patrono se constituiu em sentinela indormida da autoridade da

Não obstante a e.xplicitude* do texto constitucional brasileiro, era compreen

vas instituições, em meio aos choque da

grar os quadros desta corporação, até

macia -- a faculdade — de •declarar in

seguiu à guerra de secessão.

apreender, de relance c sobretudo nnpregnar-se, do e.spírito, da a'nia das no

para o constitucionalismo americano

laculdade, a que o pronunciamento his

cido, até 1900, 25 vezes, apesar do pe ríodo extremamente conturbado que se

País a compreensão da autêntica müureza do novo regime, engolfado no nas cedouro em crises convulsivas. Como

Como entender, bruscamente, que de

que o seu nível moral e intelectual su

as leis do Congresso Federal ~ o sumo tribunal americano só se tinha prevale

espaço, levar á.s esferas supenore.s do

lítica do parlamentarismo à europua

mais poderoso tribunal da terra. E da

tou a firmeiw de uma lei estrutural, e

mos criar, de súbito, o mesmo clima que

vestisse, sem repu'sar o atentado da ma

neira mais desleinerosa e viril. Ampara do pelos grandes juizes que vieram iiite-

através da qual se afirmava a sua supre

lhes propiciara a prosperidade na naçao de origem. Só o poder mágico de sim pregação obstinada alcançara, em breu-

nunca permitiu que contra ela se in

\e statcsman" de, definindo uma opção entre a hierarquia das leis, h'ansformar a còrte judiciária, sob sua presidência, no

tórico do famoso "chief-justice" empres

deria esperar quem, melhor do que nu trem, compreendia cpie, transp antanch' as instituições americanas, não lograría

isso-, jamais abandonou esta cidadela; e

sítio sagrado, vedado às incursões pro fanas.

A arma ad terrorcin — a arma das

"questões políticas" - com a qual se

que as patrocina\'a, a aclimatação das procurava, periodicamente, minguar a instituições, desconhecidas entre nós, de área de incidência da autoridade jurismandasse tempo, para florescer nos, dicional, ampliando, do mesmo passo, o grandes arestos que iriam levantar o po campo do discricionarismo aos demais der judiciário à dignidade funcional, a órgãos do Estado, enconlron, em Rui, o


-'.LI m >11

TDiciisro EconAmux)

Dit.K-sro Econômico 70

çáo da conslitucionalidade dos atos dos outros poderes, como me sucedia, quan do, há três anos, assumi a iniciativa de

poder sul)aitcrnizado, eiitrc os órgãos dd

fundamentos centrais tli' sua conclusão,

reportando-se, ainda, fxpre.s-samcnlc ao

Estado, na monarquia, o judiciário pu desse, imprevistamente, atingir àquela

voto dl! Pisa e Almeida. (|ue. ausente,

supremacia,

àquela autoridade sôbre-

sustentá-la ante êste mesmo tribunal.

cml)ora, da assciriuda, \ ia agora .apoiado

As decisões judiciárias na questão que levantei, da nulidade da reforma dos

mento anterior. E para sc a\aMar a mu

tuição, dc escudo iiKjueiiranlável das li

dança operada, basta reler as palavnis

berdades ci\'ís e j")o'íticas ?

militares espoliados pelos decretos dita-

emincntu a todas as outras, de árbitro

pe'a maioria o .seu solitário pronuncia

das competências, dc guarda da Consti

que SC o clcstiiuiru nu fonnuJução do sis tema. E só a autoridade, o ânimo pugnaz, a palavra fulgurante do paraninfo .teriam fôrça e criatividade para tornar rapidamente banais e corriqueiros, as idéias, os princípios, a técnica, desti nados a preservar u grande conquista: fazer dêste tribunal "o sal do re

tórios de abril de 1892, decisões a que

finais cia declaração dc voto do minis

dignamente se inclinou o chefe do Es

tro Macedo Soares: "E querem que o

— o próprio Rui o registou — \iveu \'idu

Supremo Tribunal .seja cúmplice com tão

apagada c anônima.

insana ditadura, apoiando a co.üinuação dos efeitos de um sítio inconstitucional.

opinião inscienle do seu papel, até 1803;

presteza os princípios refonnadores que

durante 3 anos pràlieainento nenhuma

vêm subverter o misoneismo da rotina.

([ucstão se suscitou diante dela, assinala

Os vícios de educação política não se extirpam de golpe. E' uma longa e pe nosa tarefa, quo reclama vigi'ància e

tado, põem têrmo à contro\érsía, hoje morta".

Estava assentada "a pedra angular da arca santa". Para vencer esta etapa, Rui escrevera,

com os "Atos inconstitucio

nais do Congresso e do Executivo", o

"trabalho mais largo e completo, em to da a literatura jurídica, acerca da limi

tação, traçada pela natureza política das questões, ao poder, conferido à justiça, de examinar a constitucionalidadc dos

atos dos outros dois ramos do govêrno" — conforme o próprio autor reputaria, numa legítima expansão de confiança, que nele se alternava freqüentemente com as mais fundas manifestações de modéstia e desvalia.

Pouco depois, seis anos após a pri meira derrota, assinalava-se o triunfo in

tegral. Em 1898, o Supremo Tribunal

libera, pela concessão de habeas-corpus, presos em virtude do estado de sítio, o ainda sob constrangimento, depois de cessada a vigência da medida excepcio nal. O pedido postulado por Rui é denegado, por 5 contra 4 votos, em con

seqüência da ausência ocasional de vá rios ministros.

Mas, no mês seguinte,

outra petição, formulada com o mesmo objetivo por outros advogados, sob a in vocação das razões oferecidas por Rui, alcança deferimento, pelos sufrágios fa voráveis de 7 juizes contra 5. E o acór dão, de que íoí relator Lúcio de Men donça, é nos trabalhos do patrono ma

logrado, em 1892, (pic vai buscar os

A Suprema Corte dos Estados Unidos

o já de há muito clcciaraclo extinto pelo púbMca odiosa ao povo, que tão galhar

de.spcrccbida da

Erankfiirter; e se chegou mesmo u igno rar a casa cm que fimeiona\;i na capi

Poder Execiili\o. E assim tomam a Rc-

gime".

Não se trocam ràpidamcnlc os velhos e maus hábitos; e nem se assimilam com

da c generosamente a ncollicu, mas (o

tal da Pt'nsil\'ània. Na sua história, nes

que é mais lamentável) já começa a descrer dela, e a sentir saudades da mo

tenacidade, e.sta dê vencer e substituir

ta quadra obscura, só se salienta a sua

o govêrno do arbítrio irresponsável pela legalidade ditada pela justiça. Rui, por

recusa em responder à consulta que lhe

formuhrra "Washington; até cpte, a ques tão suscitada por um simples juiz de

narquia".

Para um plantador de canallios, re signado a semear generosamente, não para a colheita do dia seguinte, porem

paz, dou ensejo a Marshall, "Tho creati-

para que as gerações futuras se abrigas

sem à sombra da árvore resistente aoí

estragos do tempo, a vitoria do imús ca ro dos seus ideais de conslrutor do regi me viera mais rápidamente do que po

bisse ao fastígio a que se elevou com o inolvidável Pedro Lessa - que falava "como Nestor" entre os seus pares — o

constitucionais e portanto, inoperantes,

excelsa corporação da justiça brasileira. Ao lado de vossa magistratura estéve sempre, como o mais certo dos amigos e o mais valoroso dos companheiros, nas horas de perigo, como se defendesse um

sível que, malgrado a figura oracular

brusca mudança do eixo de rotaçao [K)-

1

eminentíssimo patrono se constituiu em sentinela indormida da autoridade da

Não obstante a e.xplicitude* do texto constitucional brasileiro, era compreen

vas instituições, em meio aos choque da

grar os quadros desta corporação, até

macia -- a faculdade — de •declarar in

seguiu à guerra de secessão.

apreender, de relance c sobretudo nnpregnar-se, do e.spírito, da a'nia das no

para o constitucionalismo americano

laculdade, a que o pronunciamento his

cido, até 1900, 25 vezes, apesar do pe ríodo extremamente conturbado que se

País a compreensão da autêntica müureza do novo regime, engolfado no nas cedouro em crises convulsivas. Como

Como entender, bruscamente, que de

que o seu nível moral e intelectual su

as leis do Congresso Federal ~ o sumo tribunal americano só se tinha prevale

espaço, levar á.s esferas supenore.s do

lítica do parlamentarismo à europua

mais poderoso tribunal da terra. E da

tou a firmeiw de uma lei estrutural, e

mos criar, de súbito, o mesmo clima que

vestisse, sem repu'sar o atentado da ma

neira mais desleinerosa e viril. Ampara do pelos grandes juizes que vieram iiite-

através da qual se afirmava a sua supre

lhes propiciara a prosperidade na naçao de origem. Só o poder mágico de sim pregação obstinada alcançara, em breu-

nunca permitiu que contra ela se in

\e statcsman" de, definindo uma opção entre a hierarquia das leis, h'ansformar a còrte judiciária, sob sua presidência, no

tórico do famoso "chief-justice" empres

deria esperar quem, melhor do que nu trem, compreendia cpie, transp antanch' as instituições americanas, não lograría

isso-, jamais abandonou esta cidadela; e

sítio sagrado, vedado às incursões pro fanas.

A arma ad terrorcin — a arma das

"questões políticas" - com a qual se

que as patrocina\'a, a aclimatação das procurava, periodicamente, minguar a instituições, desconhecidas entre nós, de área de incidência da autoridade jurismandasse tempo, para florescer nos, dicional, ampliando, do mesmo passo, o grandes arestos que iriam levantar o po campo do discricionarismo aos demais der judiciário à dignidade funcional, a órgãos do Estado, enconlron, em Rui, o


^

Digesio

Dk.i-sto Ecoi^s

mais lúcido c innex)\'el dos defensores

da integridade da vossa competência —

aquele que nunca se temeu de procla mar, e de demonstrar, que exerceis, de

fato, um poder de nature7-a política, "sob formas judiciais"; e, em conserjüència, cada \'ez. que, no uso das faculda des deixadas a seu alvcdrio, .sob o crité

rio da oportunidade ou da conveniên cia. qualquer dos órgfios do governo ex

pcnsa.s c triunfos, iicin perante a justi ça, nem perante os homens. Muito ao

que deste modo prefiro não defender a

causa. Esta causa é de tal magnitude

contrário; cie, quase sempre, rompeu os

que o maior dos advogados lança todos o.s recursos de sua proficiência c todo o

calor de seu coração clc.^pcdaçado. para defender o seu lar e a sua gente dc gol pes repetidos da fôrça desatinada. Não c apenas cm nome da lei que

caminhos sangrando as mãos. dilaceran do o coração, provando a ahna nas as-

pc-rezas dos prélios que se sucediam, entre dore.s, brulalidaclcs e ingraticlôes. tam com vcrchuleirtj espírito de carida te con.struídas.

constitucional, transmuda-sc o "caso po lítico" em caso suscetí\'el de apreciação

Rui Barbosa campo de batalhas dramáti cas, e de algumas decepçoe.s cniéis. Não

mediante postulação perante

ver de acudir com o seu pronunciamen to em guarda da lei violada. E a defi

nição do que sejam "questões políticas", incumbe, em derradeira instância, ao

órgão que, na exegese dos textos, pro nuncia a palavra final.

Quando, em 1911, esta egrégia còiie concedeu o habeas-corpus aos membros

do Conselho Municipal desta cidade, e o Pre.sidcnte da República, brandindo o

Esta tribuna foi para

naquelas causas, em que patrocinava inmas, na.s causas cívicas, em que êle em

penhava tôda a sua energia, tôda a sua convicção, tôda a paixão de sua alma in corruptível; naquelas causas em que êle só se dirigia à barra desta côrte depois de "descer como juiz ao fundo da pró pria consciência" e "de ter firmado pa ra a advogar, certeza tao perfeita da

verdade, quanta liie seria mister se houvc.sse de julgá-lo".

voz torturada e bravia^de Rui Barbosa

extraordinários da sua consciência indo

zes se ergue, neste auditório, aquele ver bo, no paroxisino do seu fulgor e de sua

se constituir o Senado em instância cor-

regedora das decisões desta.corte. Êste zelo, esta confiança, este amor à

instituição não conheceram desfalecimentos, nem liiatos. Na vida do,intrépido pelejador, nem

I

incandescôncia, chamando junto aos jui

zes para que salvem a Baliia da acefalia governamental, da destruição, dos bom bardeios impiedosos; que defendam e amparem o seu berço sagrado, vítima de uma das sedições mais brutais do poder contra a ordem.

Não se encontra na história judiciária

i

I

prefiro, repito, deixar aos honrados

membros do tribunal a responsabilidade c o arbítrio da decisão que queiram to mar. Não posso defender o direito dos

impetrantes perante o Supremo Tribu nal, sem contar com a benevolência des ta casa, para que ouça os documentos,

na com . estas palavras, pejadas dc afli ção: "A liberdade brasileira se liá do salvar aqui pela justiça das vossas deci sões, ou será conquistada pelo povo nu

conheça, episódio por episódio, êste quadro fata', para que escute as minhas

ma dessas rei\'indicações n que so não

deduções, ou a atenção que ela (e náo o advogado) me parece que merecem

pode resistir".

do alto Tribunal de Justiça.

Pela maioria de um voto, são indefe ridos os habeúS'COrpns .sucessivamente

este pretóno tem comparecido

^ E' a maior das causas que perante Se, portanto, V. E.xcia. me reduz aos

15 minutos do regulamento"...

,E, neste ponto, atallia o respei^vel presidente, dirigindo-se a V. Excia. me desculpe. Eu

mência e combatividade, sob o

fiz apenas sentir a necessidade do nobre advogado ser bre\-e em

peso do sagrado dever, de tudo

suas considerações".

hizer cin socorro do berço ma terno. A tensão que o arrebata se es

da segurKÜa sustentação oral, que pro

I

ter txjinigo a magnanimidade que tem

tido nas outras sessões, pois que, apenas em momentos, não poderei usar da pa lavra para defender esta causa, que tem o direito de ser escutada com paciência,

o civismo dos honrados juizes". E termi

pelha neste incidente, ocorrido quando

estremecendo a casa da justiça. Sete vè-

que se o Tribunal está resolvido a não

Bahia clama pc/antc "as consciências o

Rui, porém, cresce na sua vee

dia naqueles dias funestos de 1912. A ruge e flamcja, em apóstrofcs plutônicns.

a êste tribunal "a maior de quantas cívusas até então julgara". Em nome da

Lessa e Amaro Cavalcanti.

De.s.sa.s causas públicas, a todas sobre-

atingiu aos cumes daquela indignação fulminante, que era um dos traços mais

dos princípios humanos", é "em noino dc Dcu.s". que fala aos juizes, ao trazer

suplicados. O patrono, dilacerado na sua dôr, só podia encontrar lenitivo nas opiniões vencidas, numerosas e eloqüentes, encabeçadas pelas prcclaras autoridades de Pedro

leva a da terra natal - teatro de tragé

tada), a veemência da reação de Rui

ção, enfrenta, e desmoraliza, a tentativa oficial, que se seguiu àquela afronta, de

i

dário; mas, sim. naquelas causas supre

medicina ca.seira" ~ despejadamenle descumpriii a ordem deferida (não sem que luminosos e altivos protestos se er

mável. Com a mesma inclemente vibra

iíl

terêsses ou defendia patrimônios alheios, que estas ele as punha em p'ano secun

mesmo argumento terrorista, — "a velha

guessem do seio da corporação desaca

pleiteia. E' em nome da "civilização c

O sen desliíio era, porém, dos que lu

reito ou desconhecendo uma garantia

os tribunais; e, então, a estes cabe o de

dêle SC tolerariam: "Observo a V. Excia.

ção e dramaticicladi' do que èslo, cm

competência específica, ferindo um di

jiidicial,

cio País episódio mais carregado de emo

tudo foram vitórias c pr«.'inios. rccoin-

de. para que outros colham os frutos c gozem os benefícios das (vbras duramen

cede as linhas demarcatórias de .sua

Econômico

fere.

Mal o ínclito advogado começa a fa

lar, o venerando presidente do tribunal o interrompe: "Peço ao ilustre advoga

do que seja o mais breve possível, por quanto o Regimento concede aos orado res apenas 15 minutos...

E a resposta de Rui e.xplode, tempes tuosa « contundente, em têrmos que .só

E Rui prossegue; "Peço licen

ça a V. Exoa. çira obsers-ar que se de outras vézes o Tribunal u,e oÍviu com benevolência oom que mu honrou, desta

vez a causa tem ainda mais direito de ser ouvida com esta atenção

Não há nada pior para Sm orador ndo

que falar com a nrest;.,

os passos"...

" <^^p™ar-lhe

E o prodigioso tribuno falou quanto

qms, vánas vêzes aclamado pelo públi

co que Vibrando, acompanhava a eni-

p.',lgante pugna j„diciári'a; o que Icsm.


^

Digesio

Dk.i-sto Ecoi^s

mais lúcido c innex)\'el dos defensores

da integridade da vossa competência —

aquele que nunca se temeu de procla mar, e de demonstrar, que exerceis, de

fato, um poder de nature7-a política, "sob formas judiciais"; e, em conserjüència, cada \'ez. que, no uso das faculda des deixadas a seu alvcdrio, .sob o crité

rio da oportunidade ou da conveniên cia. qualquer dos órgfios do governo ex

pcnsa.s c triunfos, iicin perante a justi ça, nem perante os homens. Muito ao

que deste modo prefiro não defender a

causa. Esta causa é de tal magnitude

contrário; cie, quase sempre, rompeu os

que o maior dos advogados lança todos o.s recursos de sua proficiência c todo o

calor de seu coração clc.^pcdaçado. para defender o seu lar e a sua gente dc gol pes repetidos da fôrça desatinada. Não c apenas cm nome da lei que

caminhos sangrando as mãos. dilaceran do o coração, provando a ahna nas as-

pc-rezas dos prélios que se sucediam, entre dore.s, brulalidaclcs e ingraticlôes. tam com vcrchuleirtj espírito de carida te con.struídas.

constitucional, transmuda-sc o "caso po lítico" em caso suscetí\'el de apreciação

Rui Barbosa campo de batalhas dramáti cas, e de algumas decepçoe.s cniéis. Não

mediante postulação perante

ver de acudir com o seu pronunciamen to em guarda da lei violada. E a defi

nição do que sejam "questões políticas", incumbe, em derradeira instância, ao

órgão que, na exegese dos textos, pro nuncia a palavra final.

Quando, em 1911, esta egrégia còiie concedeu o habeas-corpus aos membros

do Conselho Municipal desta cidade, e o Pre.sidcnte da República, brandindo o

Esta tribuna foi para

naquelas causas, em que patrocinava inmas, na.s causas cívicas, em que êle em

penhava tôda a sua energia, tôda a sua convicção, tôda a paixão de sua alma in corruptível; naquelas causas em que êle só se dirigia à barra desta côrte depois de "descer como juiz ao fundo da pró pria consciência" e "de ter firmado pa ra a advogar, certeza tao perfeita da

verdade, quanta liie seria mister se houvc.sse de julgá-lo".

voz torturada e bravia^de Rui Barbosa

extraordinários da sua consciência indo

zes se ergue, neste auditório, aquele ver bo, no paroxisino do seu fulgor e de sua

se constituir o Senado em instância cor-

regedora das decisões desta.corte. Êste zelo, esta confiança, este amor à

instituição não conheceram desfalecimentos, nem liiatos. Na vida do,intrépido pelejador, nem

I

incandescôncia, chamando junto aos jui

zes para que salvem a Baliia da acefalia governamental, da destruição, dos bom bardeios impiedosos; que defendam e amparem o seu berço sagrado, vítima de uma das sedições mais brutais do poder contra a ordem.

Não se encontra na história judiciária

i

I

prefiro, repito, deixar aos honrados

membros do tribunal a responsabilidade c o arbítrio da decisão que queiram to mar. Não posso defender o direito dos

impetrantes perante o Supremo Tribu nal, sem contar com a benevolência des ta casa, para que ouça os documentos,

na com . estas palavras, pejadas dc afli ção: "A liberdade brasileira se liá do salvar aqui pela justiça das vossas deci sões, ou será conquistada pelo povo nu

conheça, episódio por episódio, êste quadro fata', para que escute as minhas

ma dessas rei\'indicações n que so não

deduções, ou a atenção que ela (e náo o advogado) me parece que merecem

pode resistir".

do alto Tribunal de Justiça.

Pela maioria de um voto, são indefe ridos os habeúS'COrpns .sucessivamente

este pretóno tem comparecido

^ E' a maior das causas que perante Se, portanto, V. E.xcia. me reduz aos

15 minutos do regulamento"...

,E, neste ponto, atallia o respei^vel presidente, dirigindo-se a V. Excia. me desculpe. Eu

mência e combatividade, sob o

fiz apenas sentir a necessidade do nobre advogado ser bre\-e em

peso do sagrado dever, de tudo

suas considerações".

hizer cin socorro do berço ma terno. A tensão que o arrebata se es

da segurKÜa sustentação oral, que pro

I

ter txjinigo a magnanimidade que tem

tido nas outras sessões, pois que, apenas em momentos, não poderei usar da pa lavra para defender esta causa, que tem o direito de ser escutada com paciência,

o civismo dos honrados juizes". E termi

pelha neste incidente, ocorrido quando

estremecendo a casa da justiça. Sete vè-

que se o Tribunal está resolvido a não

Bahia clama pc/antc "as consciências o

Rui, porém, cresce na sua vee

dia naqueles dias funestos de 1912. A ruge e flamcja, em apóstrofcs plutônicns.

a êste tribunal "a maior de quantas cívusas até então julgara". Em nome da

Lessa e Amaro Cavalcanti.

De.s.sa.s causas públicas, a todas sobre-

atingiu aos cumes daquela indignação fulminante, que era um dos traços mais

dos princípios humanos", é "em noino dc Dcu.s". que fala aos juizes, ao trazer

suplicados. O patrono, dilacerado na sua dôr, só podia encontrar lenitivo nas opiniões vencidas, numerosas e eloqüentes, encabeçadas pelas prcclaras autoridades de Pedro

leva a da terra natal - teatro de tragé

tada), a veemência da reação de Rui

ção, enfrenta, e desmoraliza, a tentativa oficial, que se seguiu àquela afronta, de

i

dário; mas, sim. naquelas causas supre

medicina ca.seira" ~ despejadamenle descumpriii a ordem deferida (não sem que luminosos e altivos protestos se er

mável. Com a mesma inclemente vibra

iíl

terêsses ou defendia patrimônios alheios, que estas ele as punha em p'ano secun

mesmo argumento terrorista, — "a velha

guessem do seio da corporação desaca

pleiteia. E' em nome da "civilização c

O sen desliíio era, porém, dos que lu

reito ou desconhecendo uma garantia

os tribunais; e, então, a estes cabe o de

dêle SC tolerariam: "Observo a V. Excia.

ção e dramaticicladi' do que èslo, cm

competência específica, ferindo um di

jiidicial,

cio País episódio mais carregado de emo

tudo foram vitórias c pr«.'inios. rccoin-

de. para que outros colham os frutos c gozem os benefícios das (vbras duramen

cede as linhas demarcatórias de .sua

Econômico

fere.

Mal o ínclito advogado começa a fa

lar, o venerando presidente do tribunal o interrompe: "Peço ao ilustre advoga

do que seja o mais breve possível, por quanto o Regimento concede aos orado res apenas 15 minutos...

E a resposta de Rui e.xplode, tempes tuosa « contundente, em têrmos que .só

E Rui prossegue; "Peço licen

ça a V. Exoa. çira obsers-ar que se de outras vézes o Tribunal u,e oÍviu com benevolência oom que mu honrou, desta

vez a causa tem ainda mais direito de ser ouvida com esta atenção

Não há nada pior para Sm orador ndo

que falar com a nrest;.,

os passos"...

" <^^p™ar-lhe

E o prodigioso tribuno falou quanto

qms, vánas vêzes aclamado pelo públi

co que Vibrando, acompanhava a eni-

p.',lgante pugna j„diciári'a; o que Icsm.


Dícesto

Econômico

75

DiCKsrt) Econômico

T

74

o presidente a reclamar respeito, por que, observava, f) recinto do Iribuna"não era praça pública". Não logrou Rui. ainda desta \e/.. de

ó meu cosliuno

d<-i\á-i.« rompi r sob a

mais ardente de .suas formas".

De no\o.

o argimiento inlimatÍ\o,

com que o arbitrio arrasta\a às portas da

adamantina a inflexibilidade deles pe

à sua contingência humana, não aba'a-

rante ela. De um lado, o presidente, com o exército; do outro, a magislralura com a constituição. Pois esta potência inerme pode mais cpic tõdas as arma.s

riam, porém, jamais a sua fé na justiça,

prestígio (xmfiava, para que pudésse mos viver livres e 'digno.s. E pouco de

e, sobretudo na autoridade deste tribu

nal "u voz viva da Constituição". Da vossa ditadura luio se temia; só no vosso

mover a maioria dií seu ponto de vi.sla.

justiça "a Mia causa roçagante". cni es

Nem mesmo quando* impetrou habca.S' corpua para o próprio íillio ameaçado em

te: .se a decisão fòssi* favorá\'el. não se

dacjuela. Quando a justiça

ria cumprida.

eleinciilos niatc-riais de obediência, pa

pois da mais dura de suas derrotas, em

sua vida, ameaça que èle apontava co

manobra insidiosa:

mo um "assedio ao coração do pai, pa ra o obrigar a rendcr-.sc, e a depor as

".Nunca \i. não me consta ijue haja, nem conccb.') <jjie possam c-.xistir. cm

armas da lei". Não era hahcas-corpm para o fillio (juerido, (jue suplicava; era o seu próprio hábeas-corpu-i. E desilu

parle ncnluiina, considerações legítimas, por onde se subordine a proiação das decisões judiciárias ao pré\'io conheci mento de <{ue serão X)l)cclccidas. Ao juiz não interessam as contingènciai. previstas, ou iniprc\ ista.s, pre\isí\'eis, ou impre%'is{\eis', na e.xccução do .seu jul gado. O íjiie llie cumpre é. só c unica

ra se impor, quando e.'a se vè, solitária entre a sociedade degradada e o gover no insurgido, prc-eisamente então é cpie mais sublime e necessário é o seu pa

os NOSSOS ser\ãços: "Grandes triunfos, neste quarto de século, registou a justiça brasileira. Os direitos supremos, algu-

mandato, cpie não se sentir mais forte,

tüs". Só sob a égide de vossa autorida

cpiando fòr mais fraco, e cpie nessa fru([ueza do direito desprezado não souber achar as vibrações da sua energia sa grada, fará política, inspirado talvez

de julgava possível instaurar-se entre n()s a "democracia jurídica" — expressão

mente, moldar as suas deliberações na

cm móveis do mais alto c desinteressado

dignidade.

patriotismo — fará política; ma,s não exerce justiça". Os malogros rjue se repelem nossa ba

tcgra o fortalecida a .sua confiança obs

dia os engenhadorcs da trama, destina

da a intimidá-lo, com estas pa'avra.s pa téticas: "Ainda que a fidelidade a èstc

dever custasse a vida, tão cara, do meu filho, a quem quero com o mais vivo amor paterno, mais do que a mim mes

mo, eu cumpriria este dever, esgotandoIhe o cálice. Para saKar o meu filho, c livrar da orfandade a meus netos, daria eu a minha existência, com prazer. Mas a minha consciência e a minha honra não as posso dar por ninguém. A niais triste das vidas e a mais triste das mor

tes são a vida e a jnorte do homem que Utão tem a coragem de inrjrrer pelo bem, quando por ê'e não possa vi\'cr". Tudo, pòrém, foi em vão. O melhor dos advogados haveria de sair da casa

da Justiça, depois de luna batalha pro longada e inclemente, sem obter a as sistência, que solicita\'a para a terra na tal e o próprio filho. Mas nada o abatia.

Desta tribuna,

partia para as colunas da imprensa, rea gindo por tôdas as formas ao seu alcance. A crítica aos julgados, rpie lhe eram hostis, êle nesta oportunidade a formu lou cm termos contundentes, agressivos, valendo-se da liberdade que o patrocí

nio da causa magna lhe concedia, e fiel

ao seu temperamento ardoroso: "Sempre que nue

uma opinião me escalda o espírito,

Rui enfrenta de face a

justiça, embora .suspeite, receie ou an-

teveja (jue não serão cumpridas. Se admitirmos cjue os tribunais se

possam abster de julgar,

cpiando não

acreditarem na força do go\crno para

dispõe de menos

1914, não se furtava Rui de proclamar

pel. O juiz tjue não compreender as

ma.s vêzcs imolados, acabaram por vin

sim, em crises tais,

gar cm boa parte, na corrente dos ares-

a vocação do seu

cios povos que vivem na liberdade e progridem cm ordem, protegidos na sua Passada a refrega, reacendia-se O'

ín-

talha gloriosa exacerbam o animo do

tinada na jiKStiça. Quase ao têmio de sua existência de lutador impenitente, à

patrono de uma paixão comburento; o

vossa corporação assim .se referiu, num

lhes fazcT re.spcitar as sentenças, tere

èle, nos jornais, anahsa, de maneira im

dos seus mais perfeitos trabalhos fo

mos e:-:tabe]ecido um regimi- inaudito, no qual Icklas as denegações da justiça

placável, os votos (pic lhe. foram contrá rios: "Por maior cpie seja u minha ve

renses: "No Supremo Tribunal, temos

adiarão meios de se kgiliniarem.

neração ao Supremo Tribunal, não de vo, nem sei faltar ao dever de exprimir

ar-

maiido-sc no pretexto da ineficácia pro vável dos julgados. O critério da mora lidade no sentenciar já não será o \-alor do direito pleilcuclo; e, cjuando a ordem social estiver abalada, o refúgio da jus tiça, em tais casos mais neces,sárío do

que nunca, se extinguira inteiramente". . . . "Mais do que todos os exércitos pede a Justiça cpiando os seus depositá

tido a mais bem sucedida instituição

dêste regime, embora diste ainda muito do original norte-americano. Os homens

em todo o seu amaigor, as minhas quei xas, contra alguns dos seus membros, que ali tanto magoaram a justiça. E'

dinário, os que vêm a excelir sôbre os

um dever de civismo e humanidade. E'

seus conjuizes pela energia mora! e pe

o dever do cidadão e do senador. E' o dever do baiano c do brasileiro. O cora

la distinção intelectual".

ção de minha terra está sangrando no

que no seio dela se têm exalçado a pri meiros entre os seus pares, são, de or

s5í

sji

meu"...

"Pcrdõe-me o Supremo Tribunal. Os

rios não esmorecem".

Egrégios senhores

mUmtros

Per

indivíduos são uma coisa, e a institui

doai-me êste desmarcado abuso da vos

de crise aguda, é outra constante da sua

ção outra. A censura dos indivíduos é

sa longanimidade. Acolho-me à sombra

pregação:

o meu direito. A defesa da instituição, o

do homenageado, que falou por si, pa

"A majestade dos tribunais assenta na estima pública; e esta é tanto maior

meu dever".

ra que, perante vós, me escuse da in fração do vosso regimento.

quanto mais atrevida for a insulência

tórios diante da magistratura, subjugada

Êste estímulo aos tribunais, nas hora,s

oficial, cjuc Ibcs cie.sobedccer, c mais

As nmargura.s e os desenganos transi

i

Recordando os momentos capitais da


Dícesto

Econômico

75

DiCKsrt) Econômico

T

74

o presidente a reclamar respeito, por que, observava, f) recinto do Iribuna"não era praça pública". Não logrou Rui. ainda desta \e/.. de

ó meu cosliuno

d<-i\á-i.« rompi r sob a

mais ardente de .suas formas".

De no\o.

o argimiento inlimatÍ\o,

com que o arbitrio arrasta\a às portas da

adamantina a inflexibilidade deles pe

à sua contingência humana, não aba'a-

rante ela. De um lado, o presidente, com o exército; do outro, a magislralura com a constituição. Pois esta potência inerme pode mais cpic tõdas as arma.s

riam, porém, jamais a sua fé na justiça,

prestígio (xmfiava, para que pudésse mos viver livres e 'digno.s. E pouco de

e, sobretudo na autoridade deste tribu

nal "u voz viva da Constituição". Da vossa ditadura luio se temia; só no vosso

mover a maioria dií seu ponto de vi.sla.

justiça "a Mia causa roçagante". cni es

Nem mesmo quando* impetrou habca.S' corpua para o próprio íillio ameaçado em

te: .se a decisão fòssi* favorá\'el. não se

dacjuela. Quando a justiça

ria cumprida.

eleinciilos niatc-riais de obediência, pa

pois da mais dura de suas derrotas, em

sua vida, ameaça que èle apontava co

manobra insidiosa:

mo um "assedio ao coração do pai, pa ra o obrigar a rendcr-.sc, e a depor as

".Nunca \i. não me consta ijue haja, nem conccb.') <jjie possam c-.xistir. cm

armas da lei". Não era hahcas-corpm para o fillio (juerido, (jue suplicava; era o seu próprio hábeas-corpu-i. E desilu

parle ncnluiina, considerações legítimas, por onde se subordine a proiação das decisões judiciárias ao pré\'io conheci mento de <{ue serão X)l)cclccidas. Ao juiz não interessam as contingènciai. previstas, ou iniprc\ ista.s, pre\isí\'eis, ou impre%'is{\eis', na e.xccução do .seu jul gado. O íjiie llie cumpre é. só c unica

ra se impor, quando e.'a se vè, solitária entre a sociedade degradada e o gover no insurgido, prc-eisamente então é cpie mais sublime e necessário é o seu pa

os NOSSOS ser\ãços: "Grandes triunfos, neste quarto de século, registou a justiça brasileira. Os direitos supremos, algu-

mandato, cpie não se sentir mais forte,

tüs". Só sob a égide de vossa autorida

cpiando fòr mais fraco, e cpie nessa fru([ueza do direito desprezado não souber achar as vibrações da sua energia sa grada, fará política, inspirado talvez

de julgava possível instaurar-se entre n()s a "democracia jurídica" — expressão

mente, moldar as suas deliberações na

cm móveis do mais alto c desinteressado

dignidade.

patriotismo — fará política; ma,s não exerce justiça". Os malogros rjue se repelem nossa ba

tcgra o fortalecida a .sua confiança obs

dia os engenhadorcs da trama, destina

da a intimidá-lo, com estas pa'avra.s pa téticas: "Ainda que a fidelidade a èstc

dever custasse a vida, tão cara, do meu filho, a quem quero com o mais vivo amor paterno, mais do que a mim mes

mo, eu cumpriria este dever, esgotandoIhe o cálice. Para saKar o meu filho, c livrar da orfandade a meus netos, daria eu a minha existência, com prazer. Mas a minha consciência e a minha honra não as posso dar por ninguém. A niais triste das vidas e a mais triste das mor

tes são a vida e a jnorte do homem que Utão tem a coragem de inrjrrer pelo bem, quando por ê'e não possa vi\'cr". Tudo, pòrém, foi em vão. O melhor dos advogados haveria de sair da casa

da Justiça, depois de luna batalha pro longada e inclemente, sem obter a as sistência, que solicita\'a para a terra na tal e o próprio filho. Mas nada o abatia.

Desta tribuna,

partia para as colunas da imprensa, rea gindo por tôdas as formas ao seu alcance. A crítica aos julgados, rpie lhe eram hostis, êle nesta oportunidade a formu lou cm termos contundentes, agressivos, valendo-se da liberdade que o patrocí

nio da causa magna lhe concedia, e fiel

ao seu temperamento ardoroso: "Sempre que nue

uma opinião me escalda o espírito,

Rui enfrenta de face a

justiça, embora .suspeite, receie ou an-

teveja (jue não serão cumpridas. Se admitirmos cjue os tribunais se

possam abster de julgar,

cpiando não

acreditarem na força do go\crno para

dispõe de menos

1914, não se furtava Rui de proclamar

pel. O juiz tjue não compreender as

ma.s vêzcs imolados, acabaram por vin

sim, em crises tais,

gar cm boa parte, na corrente dos ares-

a vocação do seu

cios povos que vivem na liberdade e progridem cm ordem, protegidos na sua Passada a refrega, reacendia-se O'

ín-

talha gloriosa exacerbam o animo do

tinada na jiKStiça. Quase ao têmio de sua existência de lutador impenitente, à

patrono de uma paixão comburento; o

vossa corporação assim .se referiu, num

lhes fazcT re.spcitar as sentenças, tere

èle, nos jornais, anahsa, de maneira im

dos seus mais perfeitos trabalhos fo

mos e:-:tabe]ecido um regimi- inaudito, no qual Icklas as denegações da justiça

placável, os votos (pic lhe. foram contrá rios: "Por maior cpie seja u minha ve

renses: "No Supremo Tribunal, temos

adiarão meios de se kgiliniarem.

neração ao Supremo Tribunal, não de vo, nem sei faltar ao dever de exprimir

ar-

maiido-sc no pretexto da ineficácia pro vável dos julgados. O critério da mora lidade no sentenciar já não será o \-alor do direito pleilcuclo; e, cjuando a ordem social estiver abalada, o refúgio da jus tiça, em tais casos mais neces,sárío do

que nunca, se extinguira inteiramente". . . . "Mais do que todos os exércitos pede a Justiça cpiando os seus depositá

tido a mais bem sucedida instituição

dêste regime, embora diste ainda muito do original norte-americano. Os homens

em todo o seu amaigor, as minhas quei xas, contra alguns dos seus membros, que ali tanto magoaram a justiça. E'

dinário, os que vêm a excelir sôbre os

um dever de civismo e humanidade. E'

seus conjuizes pela energia mora! e pe

o dever do cidadão e do senador. E' o dever do baiano c do brasileiro. O cora

la distinção intelectual".

ção de minha terra está sangrando no

que no seio dela se têm exalçado a pri meiros entre os seus pares, são, de or

s5í

sji

meu"...

"Pcrdõe-me o Supremo Tribunal. Os

rios não esmorecem".

Egrégios senhores

mUmtros

Per

indivíduos são uma coisa, e a institui

doai-me êste desmarcado abuso da vos

de crise aguda, é outra constante da sua

ção outra. A censura dos indivíduos é

sa longanimidade. Acolho-me à sombra

pregação:

o meu direito. A defesa da instituição, o

do homenageado, que falou por si, pa

"A majestade dos tribunais assenta na estima pública; e esta é tanto maior

meu dever".

ra que, perante vós, me escuse da in fração do vosso regimento.

quanto mais atrevida for a insulência

tórios diante da magistratura, subjugada

Êste estímulo aos tribunais, nas hora,s

oficial, cjuc Ibcs cie.sobedccer, c mais

As nmargura.s e os desenganos transi

i

Recordando os momentos capitais da


DiCKSTO' Económtco

vida de Rlii, vivida nesta casa, que era

mo, pela técnica ou pela eficiência, re

a sua casa, rememorei rapidamente as horas siderais da própria história desta

pudiamos as advertências de Rui Barlx)sa, e experimentamos novos caminhos, dos atalhos em que nos perdemos, só nos salvamos, quando repomos os pés nas largas avenidas que êle rasgou, e ilumi

instituição,

tão presentes na vossa me

mória, e tão caras à vossa ^sensibilidade. A existência do supremo patrono se con

funde, num largo trecho, com a exis

tência dêste venerando tribunal, de quê êle fôz a "ctistodUi societatis", para que protegesse a honra, a liberdade e a di gnidade dos seus concidadãos. Esta evocação comovida é, pois, uma homenagem à vossa nobre magistratura, e um voto de confiança tributado à au, toridade que encarnais.

A marca judiciarista do nosso regime

de valores, que êlc pregou, milhões de jovens das nações mais jrragmáticas, em defesa dela, oferecem o tributo extremo,

para convencer-nos de que é ainda pe la liberdade ffuí^ os homens morrem com maior galhardia, e os corações, que na, são mais valorosos e intrépidos do

e, com êle, a vossa responsabilidade, e a vossa influência sobre os nossos desti

que aqueles que a tirania resseca e o despotismo algema.

patrimônio cívico e moral, que Rui Bar

continua a pertencer a palavra derradei

bosa construiu com o seu saber, fecun

ra. Árbitros entre os poderes, sob a Constituição, continuais a ser os árbitros

dou com a melhor seiva do seu espíri

consciência, os advogados, que vos de vemos a colaboração da crítica leal, e a

opinião pública, que, nos regimes li vres, a todos vigia e a todos pede contas.

Sem a investidura de um mandato po pular direto, representais o órgão, por

para proteger os direitos da minoria,

não encontrou no seu verbo iluminado

as palavras que vos repetiu, com ênfase

ses que sofreu, vitoriosamente

apostolar;

mais

severo, incorruptível, guarda vigilante desta terra através do sono de todos, e

graves problemas da coletividade.

o anuncio aos cidadãos, para que assim

Cada vez que, seduzidos pelo realis

faltaram

nomes ilustres à

mar Baleeiro, escreveu.

Sentimo-nos

sileiro no A/»ni.ítério da Fazenda.

tranhos à competência específica do

inseparáveis de tôdas as revoluções.

nalista e orador, o intelectual das tran

qüilas meditações à margem dos fatos, transforma-se màgicamente no febril ho mem de ação, que não conhece inlermitcncias, nem vacilações, correndo de

encontro ao desafio dos convulsivos pro

''±

ativo e previdente, contra o caos e a

desordem, que a sua cultura histórica sabia serem as companheiras viciosas e

Percutido pelos acontecimentos, o jor

1

claridade solar do seu espírito velava,

ção por múltiplos setores públicos es

verno Provisório.

"Eu instituo êste tribunal venerando,

seja de hoje pelo futuro adiante".

da prodigiosa atuação do Grande Bra

não

des, convcrtendo-sc cm cabeça do Go

de buscar nos lances da tragédia grega

do que uma corte judiciária, um órgão do governo, para o qual refluem, sob forma de pleitos e controvérsias, os mais

cí)mo

cargo: — Ruy Barbosa, na alvorada da Repxiblíca, absorveu múltiplas ativida

expressões que a significassem, e houve

contra o arbítrio da maioria. Compon des como ainda hoje o vosso paradigma norte-americano — apesar das várias cri

batendo o "record" de duração, assim

honrados em <ífi?ii/gar, eni primeira mão, essa valiosa contribuição para a análise'

me.ses, durante os quais dividiu a aten

ao patrono intemerato e

jestade êle elevava a tal cxcelsitude que

exercesse o cargo durante onze anos,

tado que ali permaneceu, apenas, 14

Homenageando ao maior dos advoga dos brasileiros, respeitáveis senhores mi nistros, homenageaís, antes de tudo, ao advogado do Supremo Tribunal Fede ral, ao advogado da augusta instituição a que servis; ao reivíndicador da vossa intimorato da vossa judicatura, cuja ma

representante da Bahia, Deputado Alio

mais discutido dos Ministros da Fazen da foi e cxmlinua a ser o homem de Es

vida.

excelência, de defesa da democracia — sobranceiro às correntes e às facções ~

Ruy Barbosa, como financista, que o

laram muitas dezenas de titulares pelo Ministério da Fazenda. Houve quem

Mas — circunstancia paradoxal — o

to, e sustenta com o sôpro cálido de sua

supremacia;

tral ensaio sobre a ■individualidade de

dcsdo Martim Francisco até hoje, desfi

frente daquela pasta.

Usufruís em benefício da Nação, um

da Constituição". Acima de todos, a vós

O "Digesio Econômico" inicia, com o

presente ailigo, a publicação do magis Durante um século e um quarto,

de uma hora desvairada renega a tábua

Restaurou-se e ampliou-se o vosso poder

da vossa competência; os guardas que ninguém guarda, senão a vossa própria

I — Um ministro (íisctiliâo

nitente nos legou;, e quando a filosofia

ela aquece, o os braços, que impulsio

Aqui estamos, de novo, na "casa

Aliomar Bai^eiro

na com o cearão de suas prédicas. Vi vemos do capital que o romântico impe-

é, hoje, mais acentuada do que nunca.

nos.

As idéias financeiras de Ruy Barbosa

blemas da hora.

Vemo-lo a redigir do próprio punho os atos institucionais do regime, antes que voltasse ao solo a poeirada das marchas de 15 de novembro. Quase não há sohição de continuidade entre o

desabar da monarquia, arrastando con sigo a centralização, e o despontar da nova república federal. Dir-se-ia não ter havidr) noite política na sucessão dêsses dois dias extremos de completa in\'ersão jurídica das instituições, pois a

O espírito vigilante prevê e prove a üi"

do, aparando as asas à demagogia, que. em estado potencial e larvado, chocado

pelo próprio trono depois de 13 de maio, espreitava a oportunidade alvissa

reira. Em inaudita ubiqüidade, acom panha, tranqüiliza e anestesia a descon fiança internacional, alimentada pelos monarquistas na Europa, ao mesmo tem po em que separa, sem eslrépitos, antes

com aplausos do clero, a Igreja e o Es tado; freia os impulsivos repentes do velho Marechal; supervisiona os cole gas como um chefe de gabinete; aco lhe as reclamações da praça em pânico;

sustenta a cotação do câmbio em dclí-

quio; projeta a futura Constituição, de bate-se e a redige; luta contra as dissensões internas dos fundadores da Repú

blica; sonda e procura influir sobre a

opinião pública disputada pelos vencidos

da véspera e pelas facções que |ú se esboçam entre os vitoriosos.


DiCKSTO' Económtco

vida de Rlii, vivida nesta casa, que era

mo, pela técnica ou pela eficiência, re

a sua casa, rememorei rapidamente as horas siderais da própria história desta

pudiamos as advertências de Rui Barlx)sa, e experimentamos novos caminhos, dos atalhos em que nos perdemos, só nos salvamos, quando repomos os pés nas largas avenidas que êle rasgou, e ilumi

instituição,

tão presentes na vossa me

mória, e tão caras à vossa ^sensibilidade. A existência do supremo patrono se con

funde, num largo trecho, com a exis

tência dêste venerando tribunal, de quê êle fôz a "ctistodUi societatis", para que protegesse a honra, a liberdade e a di gnidade dos seus concidadãos. Esta evocação comovida é, pois, uma homenagem à vossa nobre magistratura, e um voto de confiança tributado à au, toridade que encarnais.

A marca judiciarista do nosso regime

de valores, que êlc pregou, milhões de jovens das nações mais jrragmáticas, em defesa dela, oferecem o tributo extremo,

para convencer-nos de que é ainda pe la liberdade ffuí^ os homens morrem com maior galhardia, e os corações, que na, são mais valorosos e intrépidos do

e, com êle, a vossa responsabilidade, e a vossa influência sobre os nossos desti

que aqueles que a tirania resseca e o despotismo algema.

patrimônio cívico e moral, que Rui Bar

continua a pertencer a palavra derradei

bosa construiu com o seu saber, fecun

ra. Árbitros entre os poderes, sob a Constituição, continuais a ser os árbitros

dou com a melhor seiva do seu espíri

consciência, os advogados, que vos de vemos a colaboração da crítica leal, e a

opinião pública, que, nos regimes li vres, a todos vigia e a todos pede contas.

Sem a investidura de um mandato po pular direto, representais o órgão, por

para proteger os direitos da minoria,

não encontrou no seu verbo iluminado

as palavras que vos repetiu, com ênfase

ses que sofreu, vitoriosamente

apostolar;

mais

severo, incorruptível, guarda vigilante desta terra através do sono de todos, e

graves problemas da coletividade.

o anuncio aos cidadãos, para que assim

Cada vez que, seduzidos pelo realis

faltaram

nomes ilustres à

mar Baleeiro, escreveu.

Sentimo-nos

sileiro no A/»ni.ítério da Fazenda.

tranhos à competência específica do

inseparáveis de tôdas as revoluções.

nalista e orador, o intelectual das tran

qüilas meditações à margem dos fatos, transforma-se màgicamente no febril ho mem de ação, que não conhece inlermitcncias, nem vacilações, correndo de

encontro ao desafio dos convulsivos pro

''±

ativo e previdente, contra o caos e a

desordem, que a sua cultura histórica sabia serem as companheiras viciosas e

Percutido pelos acontecimentos, o jor

1

claridade solar do seu espírito velava,

ção por múltiplos setores públicos es

verno Provisório.

"Eu instituo êste tribunal venerando,

seja de hoje pelo futuro adiante".

da prodigiosa atuação do Grande Bra

não

des, convcrtendo-sc cm cabeça do Go

de buscar nos lances da tragédia grega

do que uma corte judiciária, um órgão do governo, para o qual refluem, sob forma de pleitos e controvérsias, os mais

cí)mo

cargo: — Ruy Barbosa, na alvorada da Repxiblíca, absorveu múltiplas ativida

expressões que a significassem, e houve

contra o arbítrio da maioria. Compon des como ainda hoje o vosso paradigma norte-americano — apesar das várias cri

batendo o "record" de duração, assim

honrados em <ífi?ii/gar, eni primeira mão, essa valiosa contribuição para a análise'

me.ses, durante os quais dividiu a aten

ao patrono intemerato e

jestade êle elevava a tal cxcelsitude que

exercesse o cargo durante onze anos,

tado que ali permaneceu, apenas, 14

Homenageando ao maior dos advoga dos brasileiros, respeitáveis senhores mi nistros, homenageaís, antes de tudo, ao advogado do Supremo Tribunal Fede ral, ao advogado da augusta instituição a que servis; ao reivíndicador da vossa intimorato da vossa judicatura, cuja ma

representante da Bahia, Deputado Alio

mais discutido dos Ministros da Fazen da foi e cxmlinua a ser o homem de Es

vida.

excelência, de defesa da democracia — sobranceiro às correntes e às facções ~

Ruy Barbosa, como financista, que o

laram muitas dezenas de titulares pelo Ministério da Fazenda. Houve quem

Mas — circunstancia paradoxal — o

to, e sustenta com o sôpro cálido de sua

supremacia;

tral ensaio sobre a ■individualidade de

dcsdo Martim Francisco até hoje, desfi

frente daquela pasta.

Usufruís em benefício da Nação, um

da Constituição". Acima de todos, a vós

O "Digesio Econômico" inicia, com o

presente ailigo, a publicação do magis Durante um século e um quarto,

de uma hora desvairada renega a tábua

Restaurou-se e ampliou-se o vosso poder

da vossa competência; os guardas que ninguém guarda, senão a vossa própria

I — Um ministro (íisctiliâo

nitente nos legou;, e quando a filosofia

ela aquece, o os braços, que impulsio

Aqui estamos, de novo, na "casa

Aliomar Bai^eiro

na com o cearão de suas prédicas. Vi vemos do capital que o romântico impe-

é, hoje, mais acentuada do que nunca.

nos.

As idéias financeiras de Ruy Barbosa

blemas da hora.

Vemo-lo a redigir do próprio punho os atos institucionais do regime, antes que voltasse ao solo a poeirada das marchas de 15 de novembro. Quase não há sohição de continuidade entre o

desabar da monarquia, arrastando con sigo a centralização, e o despontar da nova república federal. Dir-se-ia não ter havidr) noite política na sucessão dêsses dois dias extremos de completa in\'ersão jurídica das instituições, pois a

O espírito vigilante prevê e prove a üi"

do, aparando as asas à demagogia, que. em estado potencial e larvado, chocado

pelo próprio trono depois de 13 de maio, espreitava a oportunidade alvissa

reira. Em inaudita ubiqüidade, acom panha, tranqüiliza e anestesia a descon fiança internacional, alimentada pelos monarquistas na Europa, ao mesmo tem po em que separa, sem eslrépitos, antes

com aplausos do clero, a Igreja e o Es tado; freia os impulsivos repentes do velho Marechal; supervisiona os cole gas como um chefe de gabinete; aco lhe as reclamações da praça em pânico;

sustenta a cotação do câmbio em dclí-

quio; projeta a futura Constituição, de bate-se e a redige; luta contra as dissensões internas dos fundadores da Repú

blica; sonda e procura influir sobre a

opinião pública disputada pelos vencidos

da véspera e pelas facções que |ú se esboçam entre os vitoriosos.


Digksto Econômico

78

Nesse torvelinho cie águas revôltas,

que restituiam à tona os sedimenlo.s dos fundos submersos, comandou Ruy o País até restituir-lhe a ordem jurídica no texto da Constituição de 1891. E, c]uando se afasta do goNcrno, a estréia de

Deodoro empalidecc na conste'ação re publicana, levando-o, às apulpade'as, dc claudicação em claudieação, até a cpieda final em poucos meses.

Se a breve gestão de Ruy fôsse, real mente, o "carnaval financeiro" do con

ceito iníquo e mal documentado de J. P. Normano, conceito cpe nem ao menos

da estrutura económic.i pela abolição, não há condutor (jm- jiossa asscgvirar a

eficiência e passi\iflade das ahuancas sob seu comando.

Por outro lado, durar, dispor do tempo indispensável à lenta e tranqüila matu ração dos próprios atos, há cie ser sem pre outra condição essencial a quem se peça a'go de ittil, na gestão das finanças de sua pátria. Vejamos, entretanto, como o mai.s con trovertido do.s Ministros da Fazenda,

exatamente dos que menos demoraram no cargo e menos ])asc política estável,

se salva pela originalida de, pois confcssadamentc o tomou por empréstimo

dentro o fora do país. dispuseram, houve-se em meio

aos críticos da adminis-

'' tração de Souza Franco,

da

misse a ação do Ministro

próprio

clima

dentro do qua! se mo

dum povo em que o Es tado sempre descansou à sombra da Igreja, mentor

veu. Nem há mister de ínvocar-se o cliaxão his

tórico do estadista que

dum chefe ae govêmo e

ij pediu boa política para

' rajosa de Ruy na decantada frase das « primeiras páginas de seu Relatório: "Os

li governos revolucionários não são, não * podem ser governos econômicos." Decreta a própria falência o crítico da

ação governamental de um ministro das finanças se não distingue os tempos or dinários, sobre os trilhos firmes da es tabilidade do regime, - dos períodos-de

anormalidade, quando aos choques ine vitáveis da transição de instituições po

líticas, após a reforma brusca e radical

pública, leve

cal separação entre a Igreja e o Estudo, no seio

político

1 porque, ao tom irônico do Normano, é <{ preciso opor a franqueza honesta e co-

sida

ciador amistoso da radi

o

] que pudesse dar boas finanças. Eis

das

quiteto do regime, nego

Provisório, estaria a ab-

redimi-lo

dentro

de transmudar-se em ar

da Fazenda do Governo

e

circunstâncias

(piai.s. como novo Proteu

se essa caricatura expri

solvé-lo

às

adversas.

de c>olegas cie gabinete

quase cj^ue inteiramente destituídos de qualquer experiência no trato dos negó cios públicos e até do conhecimento teórico cios respectivo.s problemas, su pervisor da política interna e externa sob os impactos dos inimigos do regi me em reação ostensiva e encorajada pela sua própria repugnância em tran sigir com os atos de força, que se re

Dir.ESTo

11 —

Econômico

"■siihconsrufíUc financeiro"

Quando um homem público assume a pasta cia Fazenda Ira/, consigo, além de certas noções teóricas ou práticas, tam bém

um

"subconsciente

financeiro",

isto é. um acer\o dc preconceitos, resí duos clc idéias cstralifícadas ao longo de sua N-icla conforme a profissão, o meio social, as suas tendências políticas, os

sivQ e racional do ministro Ruy Barbosa

sem o cxttejo dc suas idéias econômicas e financeiras com os seus atos de go\ernante.

Até que ponto foi fiel a essas idéias c

(piando as renegou? E quando delas se afastou, nos fatos cotidianos, houve retificações do homem

que sempre proclamou com ufania o seu ciesembaraço em corrigir-se e mudar,

artigos e críticas cpie ao longo do tempo •

.sem mêdo à pecha de \'ersati!idade, tan

leu ou ouviu sòbrc os negócios daquela

tas vézes atirada às suas atitudes, ou

secretaria de Estado.

A gestão de lun ministro, sobretudo na sua primeira fase, assemclba-se a dura balallni cnlrc a provisão dc pre

juízos do titular e a resistência passiva dos subordinados, dos fatos ocorrcnlcs e clo.s interésses econômicos que experi mentam a ação do homem clc Estado.

transigência do político ante as circuns tâncias mais fortes do que o seu poder ou sua vontade?

Que as trnnsigências foram muitas, é èle próprio o primeiro a confessar no Relatório de 1891:

"O ânimo dos cidadãos, (os dirigentes

do Governo Pro\'isório) a quem os acon

da, esses interésses, representados por

tecimentos incumbirem a responsabilida de temerosa desse depósito, naturalmente

elementos poderosos, como os banco.s,

se inclina então ao sentimento da ne

Em se tratando do Ministério da Fazen

as a,ssociações tradicionais dos mais opu

cessidade dc alianças, criando-lhe pon

lentos ou prestigiados comerciantes e industriais, são mais organizados e ati\os, na reação tenaz c insidiosa contra o Ministro, do que era qualquer outro

tos de apoio contra tentativas cie regres

setor cia administração.

Não é fácil balaircear-se èssc ".sub

so ao regime repudiado, nessas influên cias múltiplas e podero.sas, de tôda a ordem mescla de elementos heterogê

neos, que a previsão política não pode absolutamente desprezar, em quadras

consciente financeiro" de ministros, que,

críticas, .sem travar com a realidade

pela palavra ou pela pena, não anteci param as suas convieçõe.s ou pendores. •Nesse ponto, Ruy Barbosa foi dos mai.s

a solicitação das conveniências locais, as

Nulneráveis titulares da pasta à indiscreção dos observadores, pois tendo es

crito, antes, páginas que orçam por de

luta insensata e desastrosa. .

". . . a pressão das correntes políticas,

cohgações dos interesses capazes de agi tar a sociedade assumem energia desco nhecida em tempos ordinários." (1).

zenas de volumes,, deixou, aqui e acolá,

Não tendo sido um especialista em

rastros dispersos de seu pensamento fi nanceiro 6 econômico, pelas quais pode

assuntos econômicos e financeiros, Ruy, se, por um lado, estava imune ao es

duziram ao mínimo incontrolável nas

mos reconstituir, até certo ponto, que

épocas de discricíonarismo implantado por quarteladas num continente asso lado pelos pronunciamentos militares e

tendências seduziam seu espírito quando aceitou o espinhoso posto a 15 de no-

pírito de rotina dos funcionários técni cos, ou ao espírito de classe dos ban

caudilbescos.

•vembro.

Nenhum juízo, pois, parece comprcen-

queiros improvisados em homens públi cos. por outro lado suportava a desvan tagem do não poder ropou.sar a sua ação


Digksto Econômico

78

Nesse torvelinho cie águas revôltas,

que restituiam à tona os sedimenlo.s dos fundos submersos, comandou Ruy o País até restituir-lhe a ordem jurídica no texto da Constituição de 1891. E, c]uando se afasta do goNcrno, a estréia de

Deodoro empalidecc na conste'ação re publicana, levando-o, às apulpade'as, dc claudicação em claudieação, até a cpieda final em poucos meses.

Se a breve gestão de Ruy fôsse, real mente, o "carnaval financeiro" do con

ceito iníquo e mal documentado de J. P. Normano, conceito cpe nem ao menos

da estrutura económic.i pela abolição, não há condutor (jm- jiossa asscgvirar a

eficiência e passi\iflade das ahuancas sob seu comando.

Por outro lado, durar, dispor do tempo indispensável à lenta e tranqüila matu ração dos próprios atos, há cie ser sem pre outra condição essencial a quem se peça a'go de ittil, na gestão das finanças de sua pátria. Vejamos, entretanto, como o mai.s con trovertido do.s Ministros da Fazenda,

exatamente dos que menos demoraram no cargo e menos ])asc política estável,

se salva pela originalida de, pois confcssadamentc o tomou por empréstimo

dentro o fora do país. dispuseram, houve-se em meio

aos críticos da adminis-

'' tração de Souza Franco,

da

misse a ação do Ministro

próprio

clima

dentro do qua! se mo

dum povo em que o Es tado sempre descansou à sombra da Igreja, mentor

veu. Nem há mister de ínvocar-se o cliaxão his

tórico do estadista que

dum chefe ae govêmo e

ij pediu boa política para

' rajosa de Ruy na decantada frase das « primeiras páginas de seu Relatório: "Os

li governos revolucionários não são, não * podem ser governos econômicos." Decreta a própria falência o crítico da

ação governamental de um ministro das finanças se não distingue os tempos or dinários, sobre os trilhos firmes da es tabilidade do regime, - dos períodos-de

anormalidade, quando aos choques ine vitáveis da transição de instituições po

líticas, após a reforma brusca e radical

pública, leve

cal separação entre a Igreja e o Estudo, no seio

político

1 porque, ao tom irônico do Normano, é <{ preciso opor a franqueza honesta e co-

sida

ciador amistoso da radi

o

] que pudesse dar boas finanças. Eis

das

quiteto do regime, nego

Provisório, estaria a ab-

redimi-lo

dentro

de transmudar-se em ar

da Fazenda do Governo

e

circunstâncias

(piai.s. como novo Proteu

se essa caricatura expri

solvé-lo

às

adversas.

de c>olegas cie gabinete

quase cj^ue inteiramente destituídos de qualquer experiência no trato dos negó cios públicos e até do conhecimento teórico cios respectivo.s problemas, su pervisor da política interna e externa sob os impactos dos inimigos do regi me em reação ostensiva e encorajada pela sua própria repugnância em tran sigir com os atos de força, que se re

Dir.ESTo

11 —

Econômico

"■siihconsrufíUc financeiro"

Quando um homem público assume a pasta cia Fazenda Ira/, consigo, além de certas noções teóricas ou práticas, tam bém

um

"subconsciente

financeiro",

isto é. um acer\o dc preconceitos, resí duos clc idéias cstralifícadas ao longo de sua N-icla conforme a profissão, o meio social, as suas tendências políticas, os

sivQ e racional do ministro Ruy Barbosa

sem o cxttejo dc suas idéias econômicas e financeiras com os seus atos de go\ernante.

Até que ponto foi fiel a essas idéias c

(piando as renegou? E quando delas se afastou, nos fatos cotidianos, houve retificações do homem

que sempre proclamou com ufania o seu ciesembaraço em corrigir-se e mudar,

artigos e críticas cpie ao longo do tempo •

.sem mêdo à pecha de \'ersati!idade, tan

leu ou ouviu sòbrc os negócios daquela

tas vézes atirada às suas atitudes, ou

secretaria de Estado.

A gestão de lun ministro, sobretudo na sua primeira fase, assemclba-se a dura balallni cnlrc a provisão dc pre

juízos do titular e a resistência passiva dos subordinados, dos fatos ocorrcnlcs e clo.s interésses econômicos que experi mentam a ação do homem clc Estado.

transigência do político ante as circuns tâncias mais fortes do que o seu poder ou sua vontade?

Que as trnnsigências foram muitas, é èle próprio o primeiro a confessar no Relatório de 1891:

"O ânimo dos cidadãos, (os dirigentes

do Governo Pro\'isório) a quem os acon

da, esses interésses, representados por

tecimentos incumbirem a responsabilida de temerosa desse depósito, naturalmente

elementos poderosos, como os banco.s,

se inclina então ao sentimento da ne

Em se tratando do Ministério da Fazen

as a,ssociações tradicionais dos mais opu

cessidade dc alianças, criando-lhe pon

lentos ou prestigiados comerciantes e industriais, são mais organizados e ati\os, na reação tenaz c insidiosa contra o Ministro, do que era qualquer outro

tos de apoio contra tentativas cie regres

setor cia administração.

Não é fácil balaircear-se èssc ".sub

so ao regime repudiado, nessas influên cias múltiplas e podero.sas, de tôda a ordem mescla de elementos heterogê

neos, que a previsão política não pode absolutamente desprezar, em quadras

consciente financeiro" de ministros, que,

críticas, .sem travar com a realidade

pela palavra ou pela pena, não anteci param as suas convieçõe.s ou pendores. •Nesse ponto, Ruy Barbosa foi dos mai.s

a solicitação das conveniências locais, as

Nulneráveis titulares da pasta à indiscreção dos observadores, pois tendo es

crito, antes, páginas que orçam por de

luta insensata e desastrosa. .

". . . a pressão das correntes políticas,

cohgações dos interesses capazes de agi tar a sociedade assumem energia desco nhecida em tempos ordinários." (1).

zenas de volumes,, deixou, aqui e acolá,

Não tendo sido um especialista em

rastros dispersos de seu pensamento fi nanceiro 6 econômico, pelas quais pode

assuntos econômicos e financeiros, Ruy, se, por um lado, estava imune ao es

duziram ao mínimo incontrolável nas

mos reconstituir, até certo ponto, que

épocas de discricíonarismo implantado por quarteladas num continente asso lado pelos pronunciamentos militares e

tendências seduziam seu espírito quando aceitou o espinhoso posto a 15 de no-

pírito de rotina dos funcionários técni cos, ou ao espírito de classe dos ban

caudilbescos.

•vembro.

Nenhum juízo, pois, parece comprcen-

queiros improvisados em homens públi cos. por outro lado suportava a desvan tagem do não poder ropou.sar a sua ação


Dicksio

80

Et:oNÓNnco

JDkikstcí

EccinOxíioo

Sl

sóbrc um programa ilf partido ou dc govêrno sazonado ao calor dos deba

fcgo e infortunado orador .-ií-rgipaim.

confirma igualmente no (pic sc relaciona

A .superfície glauca das aguas ê imensa,

com a .MUI faceta dc financista o mais

tes anteriores à ação.

a exigir bússolas o compassos que .sc não encontram, por enquanto, nos ensaios

rlocunientado do seu Icinpo ao exercer o Ministério tia Fazcmla com a prochi-

biográficos* c críticos a respeito dêsse político Ruy Barbo.sa, complicado do orador, lingüista, financista, jurista, di

mação da República.

plomata, estudioso da educação, boinein d'Eslado e, ao incsino tempo, o escri tor mais fecundo da língua portuguesa,

nanceiros e econômicos se registra no seu famoso parecer sóbrc o ensino su

por^le opulentada nos duzentos \'olunu'S

A sua inteligência privilegiada e a sua vocação política, entretanto, llie liaviam famibari/^ado com problemas fi nanceiros, dc modo que, movido pela atitude invariável de conhecer a expe

riência universal sôbrc cada assunto que lhe interessava, em poucos meses dc Mi nistério, era provavelmente o mais infor

Parece que o primeiro \estigio do inloròssc de Ruy pelos problemas fi perior. em 1882.

Nessa época, o ensino

mado brasileiro cm finanças públicas, utilizando-as como ferramenta da ação

em ([uc SC calculam as suas obras com

da Ciência das Finanças sc fazia em conjunto com a Econtunia Política e

pletas*, em curso dc primorosa piiblica-

escas.sí.ssínia ora a bibliografia nacional

do estadista.

ção, graças ao dcvotamcnlo c à compe

É a impressão que se colhe da pes quisa de suas idéias financeiras ou eco

tência dc Américo Jacobina Lacombe, oni tôrno da personalidade do cidadão

no Ministério da Fazenda.

e.vcel.so.

testamento político e financeiro contido no seu Relatório, voltará muitas %ézes a

debater as suas idéias e os seus atos de Ministro, pela necessidade de de fender-se contra a incompreensão, a le^■iandade ou a má fé dos detratores. Os seus discursos de 1891 a 1892, os arti gos da "A Imprensa" em 1900 e a conferência de Campina.s, dedicados a essa retificação, ante a reiteração dos mesmos libelos, formariam dois grossos volumes.

incnte se iniciaram com o.s "Princípios

lúcido e tenaz animador das pesquisas

nômicas antes e durante a ínvçstidura

E, quando abandona o cargo, além do

sóbrc ainba.s as disciplinas. Em maté ria financeira, os brasileiros províuel-

Ne.ssc oceano de idéias, onde fixar-se

o inomenlo a partir do qual, nu sua

ministro

Muito .se enganava, em sua irreverên

cia, Fausto Cardoso quando, numa "boutade" parlamentar, comparou Ruy Barbosa a um oceano, que ê!e poderia atravessar com agua pelas canelas. . .

Êsse oceano esconde profundidades e fossas onde se afogariam mergulhadores, como já têm perdido a rota navegantes mais audazes e vigorosos do que o Irc-

cessidade" c o desdobramento do ensino da Economia Política ein duas cadeira.s.

lima das quais reservada exclusi\'umente ao estudo do' crédito, moeda e ban cos. (2).

Ne.sse mesmo parecer, proclama a ur gência do Brasil enveredar por lurm política de industriali*zaçâo ali\ a de seus produtos agrícolas ou naturais. Concita o País a um grande esfôri.-o financeiro

cm prol do seu plano de educação in

tensiva, como o caminho mais seguro . para fortalecer-se como potência econô mica c militar.

Em setembro do 1880, emendara o

dc Sintctologia", de Ferreira Borges, e habituaram-.se atis li\*vos* que mais so fi.vavam na legislação positiva sôbre a

clc um subsídio especial, e.xclusivamente

administração financeira, como as obras

para a reorganização da instrução públi

orçamento, para conduzir o govêrno à criaçao de quatro loterias, como fonte

ânsia dc unhcrsalidade, Ruy começa a

* dc Cândido Oliveira, Silva Maia e J. M.

ínteressar-.s*e pela economia política c pelas* finanças pública.s? Êle próprio confe.ssa que mmca fez ciência pelo culto desinteressado da

massudo.s dc Paul Lcroy Beaulieu sôbrc

serviços do Estado, a tributária do fisco".

Economia e sobre Finanças eram a bí

Em 1879, n<ão ,se preocupava ain da com assuntos econômicos, pois acü,s-

Pereira I-^ernandes Barros.

ciência, como acredita ter sido a sua vocação e o seu anelo. A cultura cien tífica, literária e artística, enu Ruy,

livro do Dl*. Príce e o.s problema.s de

moeda e bancos monopolizavam a aten ção dos poucos cstudio.sos. Sc alguém perpassar a \'i.sta sôbre al guma Brasiliana reputada, como, por

embora atingisse a píncaros inexccdidos cm nosso País, .serviu sempre do mera

uten.silhagem do político, talvez o mais

exemplo,

a Coleção

Benedito Otloni,

formada por José Carlos Rodrigues c

mos noticia na história dos homens pú-

olícos de todos os países.

Os tratados

blia dos homens públicos no Brasil. Traduzia-sc, sóbrc o crédito público, o

formidàvelmentc dotado de quanto.s te

III — Os antecedentes teóricos do

ç«is Publicas, por "incontrovertível ne

hoje pretencentc à Biblioteca Nacional, observará que as publicações econômicas e financeiras, na sua quase totalidade, .são restritas aos problemas monetários c bancários da época.

Como cada

um de nós é o menos conhecedor dc si

próprio, Nabuco e Ruy. não se resigna

vam a reconhecer que a política era a própria medula do pensamento c da

Ruy Barbosa, no relatório da educa

obra que realizaram. Diversamente frus trados na carreira política, porque ti

ção, em 1882, traçando arrojado plano para a educação deixa transparecer, des

veram a suprema e gloriosa desdita de

de então, o apreço que lhe merecem os

nascer um século antes do tempo justo,

estudos econômicos e financeiros.

repelem o primado da política em todas

Pro

põe, a separação duns r doutros, com a eriação da caledra aulonoma de Finan-

as suas variadas* atividades intelectuais.

De referência a Ruy, essa verdade so ■

.jj,,

ca.-que proclama "o primeiro, o mais pratico e o mais produtivo de todos os

tumado a comprar sempre livros sobre o que lhe caía no raio da curiosi

dade, conhecemos bilhete em que Ro dolfo Dantas Ute empresta o Macleod e

desculpa-se por não cnNÍar o LeroyBeaulieu, que se achava confiado a Joa

quim Nabuco. (3) Desejava esses livros para o discurso que prõfêfiu contra Silveira Martins, ex-Ministro da Fazenda no gabinete.

A idéia fixa da educação ainda o le-

\ará depois do 13 de maio a propor

que o impôsto destinado legalmente à emancipação gradual seja aplicado na instrução elementar dos ex-escravos. (4). Ainda o ano de 1882 serve de ponto de referência acêrca de "outra posição doutrinária de Ruy no campo econômi co- financeiro, pois em clua.s oportunida des diversas faz a sua profissão dc fc na


Dicksio

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Et:oNÓNnco

JDkikstcí

EccinOxíioo

Sl

sóbrc um programa ilf partido ou dc govêrno sazonado ao calor dos deba

fcgo e infortunado orador .-ií-rgipaim.

confirma igualmente no (pic sc relaciona

A .superfície glauca das aguas ê imensa,

com a .MUI faceta dc financista o mais

tes anteriores à ação.

a exigir bússolas o compassos que .sc não encontram, por enquanto, nos ensaios

rlocunientado do seu Icinpo ao exercer o Ministério tia Fazcmla com a prochi-

biográficos* c críticos a respeito dêsse político Ruy Barbo.sa, complicado do orador, lingüista, financista, jurista, di

mação da República.

plomata, estudioso da educação, boinein d'Eslado e, ao incsino tempo, o escri tor mais fecundo da língua portuguesa,

nanceiros e econômicos se registra no seu famoso parecer sóbrc o ensino su

por^le opulentada nos duzentos \'olunu'S

A sua inteligência privilegiada e a sua vocação política, entretanto, llie liaviam famibari/^ado com problemas fi nanceiros, dc modo que, movido pela atitude invariável de conhecer a expe

riência universal sôbrc cada assunto que lhe interessava, em poucos meses dc Mi nistério, era provavelmente o mais infor

Parece que o primeiro \estigio do inloròssc de Ruy pelos problemas fi perior. em 1882.

Nessa época, o ensino

mado brasileiro cm finanças públicas, utilizando-as como ferramenta da ação

em ([uc SC calculam as suas obras com

da Ciência das Finanças sc fazia em conjunto com a Econtunia Política e

pletas*, em curso dc primorosa piiblica-

escas.sí.ssínia ora a bibliografia nacional

do estadista.

ção, graças ao dcvotamcnlo c à compe

É a impressão que se colhe da pes quisa de suas idéias financeiras ou eco

tência dc Américo Jacobina Lacombe, oni tôrno da personalidade do cidadão

no Ministério da Fazenda.

e.vcel.so.

testamento político e financeiro contido no seu Relatório, voltará muitas %ézes a

debater as suas idéias e os seus atos de Ministro, pela necessidade de de fender-se contra a incompreensão, a le^■iandade ou a má fé dos detratores. Os seus discursos de 1891 a 1892, os arti gos da "A Imprensa" em 1900 e a conferência de Campina.s, dedicados a essa retificação, ante a reiteração dos mesmos libelos, formariam dois grossos volumes.

incnte se iniciaram com o.s "Princípios

lúcido e tenaz animador das pesquisas

nômicas antes e durante a ínvçstidura

E, quando abandona o cargo, além do

sóbrc ainba.s as disciplinas. Em maté ria financeira, os brasileiros províuel-

Ne.ssc oceano de idéias, onde fixar-se

o inomenlo a partir do qual, nu sua

ministro

Muito .se enganava, em sua irreverên

cia, Fausto Cardoso quando, numa "boutade" parlamentar, comparou Ruy Barbosa a um oceano, que ê!e poderia atravessar com agua pelas canelas. . .

Êsse oceano esconde profundidades e fossas onde se afogariam mergulhadores, como já têm perdido a rota navegantes mais audazes e vigorosos do que o Irc-

cessidade" c o desdobramento do ensino da Economia Política ein duas cadeira.s.

lima das quais reservada exclusi\'umente ao estudo do' crédito, moeda e ban cos. (2).

Ne.sse mesmo parecer, proclama a ur gência do Brasil enveredar por lurm política de industriali*zaçâo ali\ a de seus produtos agrícolas ou naturais. Concita o País a um grande esfôri.-o financeiro

cm prol do seu plano de educação in

tensiva, como o caminho mais seguro . para fortalecer-se como potência econô mica c militar.

Em setembro do 1880, emendara o

dc Sintctologia", de Ferreira Borges, e habituaram-.se atis li\*vos* que mais so fi.vavam na legislação positiva sôbre a

clc um subsídio especial, e.xclusivamente

administração financeira, como as obras

para a reorganização da instrução públi

orçamento, para conduzir o govêrno à criaçao de quatro loterias, como fonte

ânsia dc unhcrsalidade, Ruy começa a

* dc Cândido Oliveira, Silva Maia e J. M.

ínteressar-.s*e pela economia política c pelas* finanças pública.s? Êle próprio confe.ssa que mmca fez ciência pelo culto desinteressado da

massudo.s dc Paul Lcroy Beaulieu sôbrc

serviços do Estado, a tributária do fisco".

Economia e sobre Finanças eram a bí

Em 1879, n<ão ,se preocupava ain da com assuntos econômicos, pois acü,s-

Pereira I-^ernandes Barros.

ciência, como acredita ter sido a sua vocação e o seu anelo. A cultura cien tífica, literária e artística, enu Ruy,

livro do Dl*. Príce e o.s problema.s de

moeda e bancos monopolizavam a aten ção dos poucos cstudio.sos. Sc alguém perpassar a \'i.sta sôbre al guma Brasiliana reputada, como, por

embora atingisse a píncaros inexccdidos cm nosso País, .serviu sempre do mera

uten.silhagem do político, talvez o mais

exemplo,

a Coleção

Benedito Otloni,

formada por José Carlos Rodrigues c

mos noticia na história dos homens pú-

olícos de todos os países.

Os tratados

blia dos homens públicos no Brasil. Traduzia-sc, sóbrc o crédito público, o

formidàvelmentc dotado de quanto.s te

III — Os antecedentes teóricos do

ç«is Publicas, por "incontrovertível ne

hoje pretencentc à Biblioteca Nacional, observará que as publicações econômicas e financeiras, na sua quase totalidade, .são restritas aos problemas monetários c bancários da época.

Como cada

um de nós é o menos conhecedor dc si

próprio, Nabuco e Ruy. não se resigna

vam a reconhecer que a política era a própria medula do pensamento c da

Ruy Barbosa, no relatório da educa

obra que realizaram. Diversamente frus trados na carreira política, porque ti

ção, em 1882, traçando arrojado plano para a educação deixa transparecer, des

veram a suprema e gloriosa desdita de

de então, o apreço que lhe merecem os

nascer um século antes do tempo justo,

estudos econômicos e financeiros.

repelem o primado da política em todas

Pro

põe, a separação duns r doutros, com a eriação da caledra aulonoma de Finan-

as suas variadas* atividades intelectuais.

De referência a Ruy, essa verdade so ■

.jj,,

ca.-que proclama "o primeiro, o mais pratico e o mais produtivo de todos os

tumado a comprar sempre livros sobre o que lhe caía no raio da curiosi

dade, conhecemos bilhete em que Ro dolfo Dantas Ute empresta o Macleod e

desculpa-se por não cnNÍar o LeroyBeaulieu, que se achava confiado a Joa

quim Nabuco. (3) Desejava esses livros para o discurso que prõfêfiu contra Silveira Martins, ex-Ministro da Fazenda no gabinete.

A idéia fixa da educação ainda o le-

\ará depois do 13 de maio a propor

que o impôsto destinado legalmente à emancipação gradual seja aplicado na instrução elementar dos ex-escravos. (4). Ainda o ano de 1882 serve de ponto de referência acêrca de "outra posição doutrinária de Ruy no campo econômi co- financeiro, pois em clua.s oportunida des diversas faz a sua profissão dc fc na


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DíCEsro EcoN<í)^nCõ

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industrialização do Brasil, sem prejuízo, antes com base na agricultura, com a mais formal e desenganacla condenação

do protecionismo, cpie sc esboçara em 1844 com a tarifa Al\cs Branco. Conio inúmeras vezes ocorre em seus

Não deixa dc aludir aos processos

mento material e moral do País.

Até

nisso, era fundamentalmente poHlico.

setenta anos pas.sados, cuja atualidade palpitante, ainda agora, em toda a sua

vios contra a.s leis naturais sfu) ema nações. mais distanciadas, mas nao me

sobre o Liceu de Artes e Ofícios, o ora dor inimitável se utilizava da tribuna

Ê recordar as

frases candentes dessa oração de quase

iávcl? Mas, senhores, todos éssc.s des nos genuínas, da crronia ([uc inspirou ao grande chanceler de Dessas

para exposição e debate das idéias, que acreditava essenciais ao aperfeiçoa

ma ou fatórcs outros.

um expediente temporàriamcnte justífi-

lando sobre o Marques de Pombal e

discursos nas mais diversas ocasiões, fa

riqueza de qualquer pai.x, sem <iuuisqufr antccedências ao solo, fauna, flora, cli

tetore.';, como instrumento auxiliar a nova.s indústrias num-país novo, constitui

frescura c vigor de xerdadc. dcseiilpu a longa transcrição:

"O Estado ainda não aprendeu outro

providências cocrciti\'as' .

meio de acndir às cri.ses,

icmo\er os

deficits, senão endividar-se. e tributar.

de economia na arrecadação fiscal .do

Solicitai dinheiro para o ensino, e \vrei.s apurarem-vos migalhas. Em pala vras, todas as homcnagtMis à iu.stnição popular; nos fatos, uma a\'areza crimi

celebre Marípiès. nem aos seus esferas em prol da regularização da contabili dade pública lusitana.

combinação de impostos; porque, se nhores, sem querer discuti-lo aqui, o caráter predominante da teoria protecio nista é, e há-de ser sempre, aquele com que o senso comum e a evidencia o de

finem; o protecionismo não passa de uma finta imposta ao consumidor em

benefício de uma classe de produtores indígenas. Mas, como quer que seja, nem o protecionismo nem a permutação

li\re são capazes de criar valores, de melhorar a qualidade dos produtos. Um e outro nao são mais que agentes de

distribuição, para proporcionar aos va lores existentes condições de mercado

Em maio de 82, exalta Pombal, mas

Sei.s meses depois, no Liceu, Rny volta

reprova-lhe "a confiança no protecionis mo", que qualifica de "preconceito" do

a Níbrar a mesma tecla de sua repulsa às tarifas aduaneiras como .supersticioso

ü <|ue constitui u ricpieza das nações,

a incógnita desta dificuldade?"

mas a inteligência do hoinein; eis a lei

rec. XVIII a estender-se pelo sec. XIX. Confronta as datas das principais obras

processo de industrializar, objetivo que,

fundamental da \'crdadcira ciência das

entretanto, propaga calorosamente pe

dos fisiocratas e dos liberais ingleses,

los meios racionais.

para buscar atenuantes ao poderoso Mi nistro, que considera contagiado dos efeitos retardados do mercantilismo pro tecionista do século anterior àquele em que vivera. "Os monopólios e as proi bições de Pombal, pois, longe de se filia

finanças. Aqui, porém, se a teoria a admite, a prática a rejeita. O orçamento do ensino cresce gota a gota: tom direito

"Ora, como nós não produ zimos senão matéria bruta, o prêço da

industria! para o nosso País, criando as sim opulenta riqueza tributável c erigindo-o em potência militar, liga-se iimbi-

centenas de mil réis. Para tudo se con

licalmentc. no seu espírito, à de um im-

de crédito; para a educação do povo,

pul.so enérgico, intensivo e excepcional pe'a difusão do ensino, como eficiente meio para atingir-se aquêle fini- rara

nunca! Não se con\encem de que a instrução não tem prêço. Os proces.sü.s

rem a ilusões já anacrônicas nessa qua dra, eram apenas a germinação natural

das sementes que a política européia esparzia quase por toda a parte". A sua condenação se estende à polí

A idéia fixa de acelerar uma idade

despesa pública como não a medina o País se empenhasse a -sua independên

cionismo:

cia e a sua honra numa guerra, lodo

"Pois não estamos presenciando o es

petáculo do protecionismo enlronizado nos Estados Unidos, a despeito da sua

ação retardatária no progresso econômi co do País, exemplificada ali melhor do

que em parte nenhuma? Pois não será fato corrente em nossos próprios dias a

o dinheiro, por maior que fosse, aplicado pelo Tesouro ao ensino, seria o que liojo cliamaríamos de investimento, - c éle

considerava o mais rendoso dos investi mentos.

Essa é a base do pensamento ecti-

Não é a terra, nem o numerário

a mi hares du contos, e recusam-llie

traem empréstimos, se abrem operações

científicos de Pasteur descobrem a ori

industrialização, rlqucz.a e poderio in ternacional, educar o povo, ^como pri meira etapa. Para educar, nao nicdir a

das conces.sõcs de Stuarl" Mill ao prote

tica americana e não poupa as limita

nosa.

gem da enfermidade que arruinava a ■serículturu, instituem os meios de preve ni-la; e essa conquista imaterial sobre a ignorância é apontada por lluxley como um dos recursos mais consideráveis de

reparação para as bveclias financeiras

1

abertas à França pela guerra de 1870. Nem vai nisso hípérbole; porque a mo léstia do bicho de sôda, em dezessete

unos, infligiu ao País uma perda dc qui nhentos mil contos.

Quanto valerá uma semente capaz

nómico e político de Buy,

de tais frutos?

Fiancesco Nitti e tantos economistas que

Jjmédio lhe aconselham? A instmção?

contradição com que tem cooperado

coincidiriam depois AM-red MarshaU.

para o protecionismo, nas colônias ing'êsas, o juízo, emitido por homens de Mill, de que a imposição de direitos pro-

assentam no homem física, moral e mtelectiialinente capaz, a plataforma cia

A indústria queixa-se, e definlia. Que

Não!

O regime protetor, isto é, uma

muí.s ou menos vantajosas. Qual é, pois,

nossa e.xportaçao ficará sempre imensa mente aquém da importação de arte, a que nos obrigam as necessidades da vida

civilizada.

Nenhum país, a meu ver,

reúne em si qualidades tão decisivas pa ra ser fecundumente industrial, quan

to aqueles, cx)mo o nosso, onde uma na tureza as.sombrosa prodigalizii às obras do trabalho mecânico e do trabalho ar

tístico um material superior, -na abun dância e na qualidade. Na adiantada ci\ iliz;ição dos nossos tempos, a indús tria é inseparável da agricultura. Tão íntima é a sua afinidade, tão indissolúxel o seu cxDnsórcio. que escolas indus

triais liá (na Baviera, por exemplo)

onde o ensino agrícola, com o cunho

peculiar de arte que llie cabe, forma uma secçãü de estudos, entre os cursos professados no estabelecimento."

"Enunciado assim, o problema não tem solução possível, a não ser a que lhe dá o Liceu de Artes e Ofícios. Criar

a indústria é organizar a sua educação. Favorecer a indústria é preparar a infe-


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industrialização do Brasil, sem prejuízo, antes com base na agricultura, com a mais formal e desenganacla condenação

do protecionismo, cpie sc esboçara em 1844 com a tarifa Al\cs Branco. Conio inúmeras vezes ocorre em seus

Não deixa dc aludir aos processos

mento material e moral do País.

Até

nisso, era fundamentalmente poHlico.

setenta anos pas.sados, cuja atualidade palpitante, ainda agora, em toda a sua

vios contra a.s leis naturais sfu) ema nações. mais distanciadas, mas nao me

sobre o Liceu de Artes e Ofícios, o ora dor inimitável se utilizava da tribuna

Ê recordar as

frases candentes dessa oração de quase

iávcl? Mas, senhores, todos éssc.s des nos genuínas, da crronia ([uc inspirou ao grande chanceler de Dessas

para exposição e debate das idéias, que acreditava essenciais ao aperfeiçoa

ma ou fatórcs outros.

um expediente temporàriamcnte justífi-

lando sobre o Marques de Pombal e

discursos nas mais diversas ocasiões, fa

riqueza de qualquer pai.x, sem <iuuisqufr antccedências ao solo, fauna, flora, cli

tetore.';, como instrumento auxiliar a nova.s indústrias num-país novo, constitui

frescura c vigor de xerdadc. dcseiilpu a longa transcrição:

"O Estado ainda não aprendeu outro

providências cocrciti\'as' .

meio de acndir às cri.ses,

icmo\er os

deficits, senão endividar-se. e tributar.

de economia na arrecadação fiscal .do

Solicitai dinheiro para o ensino, e \vrei.s apurarem-vos migalhas. Em pala vras, todas as homcnagtMis à iu.stnição popular; nos fatos, uma a\'areza crimi

celebre Marípiès. nem aos seus esferas em prol da regularização da contabili dade pública lusitana.

combinação de impostos; porque, se nhores, sem querer discuti-lo aqui, o caráter predominante da teoria protecio nista é, e há-de ser sempre, aquele com que o senso comum e a evidencia o de

finem; o protecionismo não passa de uma finta imposta ao consumidor em

benefício de uma classe de produtores indígenas. Mas, como quer que seja, nem o protecionismo nem a permutação

li\re são capazes de criar valores, de melhorar a qualidade dos produtos. Um e outro nao são mais que agentes de

distribuição, para proporcionar aos va lores existentes condições de mercado

Em maio de 82, exalta Pombal, mas

Sei.s meses depois, no Liceu, Rny volta

reprova-lhe "a confiança no protecionis mo", que qualifica de "preconceito" do

a Níbrar a mesma tecla de sua repulsa às tarifas aduaneiras como .supersticioso

ü <|ue constitui u ricpieza das nações,

a incógnita desta dificuldade?"

mas a inteligência do hoinein; eis a lei

rec. XVIII a estender-se pelo sec. XIX. Confronta as datas das principais obras

processo de industrializar, objetivo que,

fundamental da \'crdadcira ciência das

entretanto, propaga calorosamente pe

dos fisiocratas e dos liberais ingleses,

los meios racionais.

para buscar atenuantes ao poderoso Mi nistro, que considera contagiado dos efeitos retardados do mercantilismo pro tecionista do século anterior àquele em que vivera. "Os monopólios e as proi bições de Pombal, pois, longe de se filia

finanças. Aqui, porém, se a teoria a admite, a prática a rejeita. O orçamento do ensino cresce gota a gota: tom direito

"Ora, como nós não produ zimos senão matéria bruta, o prêço da

industria! para o nosso País, criando as sim opulenta riqueza tributável c erigindo-o em potência militar, liga-se iimbi-

centenas de mil réis. Para tudo se con

licalmentc. no seu espírito, à de um im-

de crédito; para a educação do povo,

pul.so enérgico, intensivo e excepcional pe'a difusão do ensino, como eficiente meio para atingir-se aquêle fini- rara

nunca! Não se con\encem de que a instrução não tem prêço. Os proces.sü.s

rem a ilusões já anacrônicas nessa qua dra, eram apenas a germinação natural

das sementes que a política européia esparzia quase por toda a parte". A sua condenação se estende à polí

A idéia fixa de acelerar uma idade

despesa pública como não a medina o País se empenhasse a -sua independên

cionismo:

cia e a sua honra numa guerra, lodo

"Pois não estamos presenciando o es

petáculo do protecionismo enlronizado nos Estados Unidos, a despeito da sua

ação retardatária no progresso econômi co do País, exemplificada ali melhor do

que em parte nenhuma? Pois não será fato corrente em nossos próprios dias a

o dinheiro, por maior que fosse, aplicado pelo Tesouro ao ensino, seria o que liojo cliamaríamos de investimento, - c éle

considerava o mais rendoso dos investi mentos.

Essa é a base do pensamento ecti-

Não é a terra, nem o numerário

a mi hares du contos, e recusam-llie

traem empréstimos, se abrem operações

científicos de Pasteur descobrem a ori

industrialização, rlqucz.a e poderio in ternacional, educar o povo, ^como pri meira etapa. Para educar, nao nicdir a

das conces.sõcs de Stuarl" Mill ao prote

tica americana e não poupa as limita

nosa.

gem da enfermidade que arruinava a ■serículturu, instituem os meios de preve ni-la; e essa conquista imaterial sobre a ignorância é apontada por lluxley como um dos recursos mais consideráveis de

reparação para as bveclias financeiras

1

abertas à França pela guerra de 1870. Nem vai nisso hípérbole; porque a mo léstia do bicho de sôda, em dezessete

unos, infligiu ao País uma perda dc qui nhentos mil contos.

Quanto valerá uma semente capaz

nómico e político de Buy,

de tais frutos?

Fiancesco Nitti e tantos economistas que

Jjmédio lhe aconselham? A instmção?

contradição com que tem cooperado

coincidiriam depois AM-red MarshaU.

para o protecionismo, nas colônias ing'êsas, o juízo, emitido por homens de Mill, de que a imposição de direitos pro-

assentam no homem física, moral e mtelectiialinente capaz, a plataforma cia

A indústria queixa-se, e definlia. Que

Não!

O regime protetor, isto é, uma

muí.s ou menos vantajosas. Qual é, pois,

nossa e.xportaçao ficará sempre imensa mente aquém da importação de arte, a que nos obrigam as necessidades da vida

civilizada.

Nenhum país, a meu ver,

reúne em si qualidades tão decisivas pa ra ser fecundumente industrial, quan

to aqueles, cx)mo o nosso, onde uma na tureza as.sombrosa prodigalizii às obras do trabalho mecânico e do trabalho ar

tístico um material superior, -na abun dância e na qualidade. Na adiantada ci\ iliz;ição dos nossos tempos, a indús tria é inseparável da agricultura. Tão íntima é a sua afinidade, tão indissolúxel o seu cxDnsórcio. que escolas indus

triais liá (na Baviera, por exemplo)

onde o ensino agrícola, com o cunho

peculiar de arte que llie cabe, forma uma secçãü de estudos, entre os cursos professados no estabelecimento."

"Enunciado assim, o problema não tem solução possível, a não ser a que lhe dá o Liceu de Artes e Ofícios. Criar

a indústria é organizar a sua educação. Favorecer a indústria é preparar a infe-


- • --T* *

Dioerto F.roNÓMii

ligêncía, o sentimento e a mão do in dustrial para emular, na superioridade do trabalho, com a produção similar dos outros Estados.

Cultivada assim, ela

encontra em si própria o segredo do vender; dispensa os obséquios do siste ma protetor; descultivada como se acha. os privilégios dêsse regime, impondo ao consumo nacional uma indústria sem

arte, requintam o odioso da tirania fis cal com a influência desastrosa dos hábi

tos suspeitados cU; exclusão do c-omércio europeu (7). E o .sentido profético de sua lucidez pode ser aíeritlo das seguin tes palavra.s, cuja segurança a nossa geração hoje observa: "Evidentíssiino é que as relações di retas entre as duas Américas tendem a se estreitar; o que poderá .ser nocivo à

tos de grosseria que inoculam no es

Europa. Dia virá. pro% àvclmcnte den

pírito popular." (5). Vinte c cinco anos depois, na Plata

tro cm dez anos, ou, quando muito, em

forma da campanha cívilista, o pensa

tarão, em qiiantidades notáveis, artigos fabris, capitais, talvez mesmo homens, engenheiros, comerciantes etc. Bem

mento de Ruy, inteiramente infenso às t!'

ríalísta e prolecioni.sta norte-americano do Blaine que con\()c:irii o Congresso das Naç-ões do continente com propósi

vinte cm que os Estados Unidos expor

tarifas protetoras, não mudaria de tom, nem, às vésperas do pleito renhido, faria

avisada será a descuidosa Europa, nao se

concessões aos interesses dos industriais

deixando embalar unicamente em riso-

que o Marechal Hermes pro curava cortejar. (8).

De referência aos pendo res do grande' abolicionista em matéria tributária, ha traços significativos no cha

mado

"projeto

Dantas"

(1884), que redigiu de seu punho, para emancipação dos sexagenários e foi o es

topim da queda do gabinete em 1885. Para acelerar a emancipação gradual, através de um fundo, além de adicionais

sobre todos os tributos do Estado, Ruy preferiu agravar drasticamente a esca la progressiva do imposto de herança

que incidisse na transmissão de escravos e submeter a 20% os juros das apólices

em que fossem convertidos os bens das ordens religiosas, evitando os gravames indiretos, repugnância que se observa rá mais tarde, quando já ministro da Fazenda.

No aceso da campanha jornalística en

dereçada a Ouro Preto, Ruy não perde cie vista, entretanto, o mo\imento impe-

nhos

e

brilhantes espetá

culos, como o da nossa e.xpo-

sição, nem absorver pelos armamentos,

ou

devorar

pelo desenvolvimento das dívidas públicas e dos im postos, se não quiser ver, talvez no começo do século vindouro, mudar-se o ei.\o da civilização material".(8). As idéias clc Ruy .sôbre assuntos eco nômicos e financeiros provàvelmente se

cristalizaram com as leituras no dewrrer do ano de 1889, quando, entrinchei rado no "Diário de Noticias", nao per dia de vista os movimentos de João Al fredo e Afonso Celso e os alvejava na

política do Ministério da Fazenda, diri gido pessoalmente pelos próprios cliete.s

do Gabinete.

Dioesto EcoNÓMiro

tra o que chania de superstição do pro tecionismo, "regime de crescimento ju venil entre os povos, como o americano que precisam de criar uma indústria

forte, ante.s de abrir o acesso dos seus

mercados à concorrência ad\ersa". A Mia tese é dcmonstrad:i com diversas pu blicações oficiais do império colonial britamco, notadamcnte no que se refere a Austrália. (9) Sustenta, nessa ocaMao, a possibilidade jurídica da circula-

çao da moeda metálica estrangeira, com fórça hberatóiia no país. (10) A imigravr,„ na Argentina o leva, dias no

Por essa mesma ocasião, tombou na.

leno'ávaneV"'" leno Ovallc Corrêa, que se acabara de

meiro pensador brasileiro a focalizar o

grande problema político que a Cons tituição de 1946 buscou resolver ou

minorar,, naquilo que o prof. Orlando Carvalho chamou de "revolução munici-

palista", correspondendo a uma convic ção forUilecida nos últimos 15 anos: — o da desproporção entre as receitas re servadas aos municípios em confronto com as arrecadações dos cofres públicos

nacionais e provinciais. Referindo-se à ocorrência do mesmo desequilíbrio no

Chile, onde as municipalidades, então,

percebiam apenas 8% do total das recei tas pública.s, comenta que "esta solução é indubitàvelmente insustentável" e es-

posa, tnmscreve.ido-as, palavras de

publicar cm Paris. Era um exame das "Os mimicípios chilenos são desditofmança,s públicas do Chile em cornar" sos párias, condenados a rilhar os ossos VUO com vários outros países c n oulista fôgo,,„ do "Diário de' Notidí" do pingue orçamento naciona ; e, se al o der.orou com tanta atenção, Z c gum deles, descartando-se de recejos, Ovalle Corrêa:

ousa gritar, estimulado pela necessida re.summ em cmco longos artigo^ nos de, .ítírain-llie miserável subvenção, tluars, atravás do orçamento, dos iinpos-

para lhe aplacar a fome, sem dar-lhe .

^ma'o rt"

quanto baste, para ll.e fortificar ij •'"'^Sneja o par,- jamais OS pulmões." t

ZZ Justificando Resume, pacientemente, os dados commcça pelas suas finanças e anteeipando- paraHvos dos impostos e das receitas i iLe P" Gaston Jèze, r do rr referência ao Orçamento, es- industriais do Chile, não se «q^ecendo ( ■ de referir a cifra percentual do custo ] 'l""- """" ussencial- de operação das estradas_ de feiro ou ZZ há curiosos rota maiso apropnad^a para mostrar nos nua- das de.spesas de arrecadaçao fiscal, nem

tZÍZTlfr Observa que, à luz do crescimento das leceitas pub ícas, em menos de 90 anos

De abril a novembro de 1889, suce

a partir de 1810, o Chile, guardadas as

dem-se os artigos sobre bancos, emissões, empréstimos públicos, impostos alíandegários e outras matérias correlaciona

proporçoes, superava de seis vezes a im-

das. Nessa fase, observa-se mais uma vez a sua tendência livxe-cambi.sta con-

lia e outros Estados e talvez fosse o pri

poitancia do Brasil em algarismos "per capita

Detém-se na comparação da

parte da renda nacional reservada à des

pesa ptiblica na Inglaterra, França, Itá

de caustícar a preponderância dos tri butos indiretos sôbre os diretos, não

sem de passagem recordar que a alcavala — algo semelhante ao nosso imposto de vendas e consignações — foi responsãbilizadíi com "a origem principal da

mina da Espanha ao conservá-la depois da dominação mourisca". (12).

Contrastando n dívida pública do Chile com a de 40 outros países, con corda em que suportaria um acrescen-


- • --T* *

Dioerto F.roNÓMii

ligêncía, o sentimento e a mão do in dustrial para emular, na superioridade do trabalho, com a produção similar dos outros Estados.

Cultivada assim, ela

encontra em si própria o segredo do vender; dispensa os obséquios do siste ma protetor; descultivada como se acha. os privilégios dêsse regime, impondo ao consumo nacional uma indústria sem

arte, requintam o odioso da tirania fis cal com a influência desastrosa dos hábi

tos suspeitados cU; exclusão do c-omércio europeu (7). E o .sentido profético de sua lucidez pode ser aíeritlo das seguin tes palavra.s, cuja segurança a nossa geração hoje observa: "Evidentíssiino é que as relações di retas entre as duas Américas tendem a se estreitar; o que poderá .ser nocivo à

tos de grosseria que inoculam no es

Europa. Dia virá. pro% àvclmcnte den

pírito popular." (5). Vinte c cinco anos depois, na Plata

tro cm dez anos, ou, quando muito, em

forma da campanha cívilista, o pensa

tarão, em qiiantidades notáveis, artigos fabris, capitais, talvez mesmo homens, engenheiros, comerciantes etc. Bem

mento de Ruy, inteiramente infenso às t!'

ríalísta e prolecioni.sta norte-americano do Blaine que con\()c:irii o Congresso das Naç-ões do continente com propósi

vinte cm que os Estados Unidos expor

tarifas protetoras, não mudaria de tom, nem, às vésperas do pleito renhido, faria

avisada será a descuidosa Europa, nao se

concessões aos interesses dos industriais

deixando embalar unicamente em riso-

que o Marechal Hermes pro curava cortejar. (8).

De referência aos pendo res do grande' abolicionista em matéria tributária, ha traços significativos no cha

mado

"projeto

Dantas"

(1884), que redigiu de seu punho, para emancipação dos sexagenários e foi o es

topim da queda do gabinete em 1885. Para acelerar a emancipação gradual, através de um fundo, além de adicionais

sobre todos os tributos do Estado, Ruy preferiu agravar drasticamente a esca la progressiva do imposto de herança

que incidisse na transmissão de escravos e submeter a 20% os juros das apólices

em que fossem convertidos os bens das ordens religiosas, evitando os gravames indiretos, repugnância que se observa rá mais tarde, quando já ministro da Fazenda.

No aceso da campanha jornalística en

dereçada a Ouro Preto, Ruy não perde cie vista, entretanto, o mo\imento impe-

nhos

e

brilhantes espetá

culos, como o da nossa e.xpo-

sição, nem absorver pelos armamentos,

ou

devorar

pelo desenvolvimento das dívidas públicas e dos im postos, se não quiser ver, talvez no começo do século vindouro, mudar-se o ei.\o da civilização material".(8). As idéias clc Ruy .sôbre assuntos eco nômicos e financeiros provàvelmente se

cristalizaram com as leituras no dewrrer do ano de 1889, quando, entrinchei rado no "Diário de Noticias", nao per dia de vista os movimentos de João Al fredo e Afonso Celso e os alvejava na

política do Ministério da Fazenda, diri gido pessoalmente pelos próprios cliete.s

do Gabinete.

Dioesto EcoNÓMiro

tra o que chania de superstição do pro tecionismo, "regime de crescimento ju venil entre os povos, como o americano que precisam de criar uma indústria

forte, ante.s de abrir o acesso dos seus

mercados à concorrência ad\ersa". A Mia tese é dcmonstrad:i com diversas pu blicações oficiais do império colonial britamco, notadamcnte no que se refere a Austrália. (9) Sustenta, nessa ocaMao, a possibilidade jurídica da circula-

çao da moeda metálica estrangeira, com fórça hberatóiia no país. (10) A imigravr,„ na Argentina o leva, dias no

Por essa mesma ocasião, tombou na.

leno'ávaneV"'" leno Ovallc Corrêa, que se acabara de

meiro pensador brasileiro a focalizar o

grande problema político que a Cons tituição de 1946 buscou resolver ou

minorar,, naquilo que o prof. Orlando Carvalho chamou de "revolução munici-

palista", correspondendo a uma convic ção forUilecida nos últimos 15 anos: — o da desproporção entre as receitas re servadas aos municípios em confronto com as arrecadações dos cofres públicos

nacionais e provinciais. Referindo-se à ocorrência do mesmo desequilíbrio no

Chile, onde as municipalidades, então,

percebiam apenas 8% do total das recei tas pública.s, comenta que "esta solução é indubitàvelmente insustentável" e es-

posa, tnmscreve.ido-as, palavras de

publicar cm Paris. Era um exame das "Os mimicípios chilenos são desditofmança,s públicas do Chile em cornar" sos párias, condenados a rilhar os ossos VUO com vários outros países c n oulista fôgo,,„ do "Diário de' Notidí" do pingue orçamento naciona ; e, se al o der.orou com tanta atenção, Z c gum deles, descartando-se de recejos, Ovalle Corrêa:

ousa gritar, estimulado pela necessida re.summ em cmco longos artigo^ nos de, .ítírain-llie miserável subvenção, tluars, atravás do orçamento, dos iinpos-

para lhe aplacar a fome, sem dar-lhe .

^ma'o rt"

quanto baste, para ll.e fortificar ij •'"'^Sneja o par,- jamais OS pulmões." t

ZZ Justificando Resume, pacientemente, os dados commcça pelas suas finanças e anteeipando- paraHvos dos impostos e das receitas i iLe P" Gaston Jèze, r do rr referência ao Orçamento, es- industriais do Chile, não se «q^ecendo ( ■ de referir a cifra percentual do custo ] 'l""- """" ussencial- de operação das estradas_ de feiro ou ZZ há curiosos rota maiso apropnad^a para mostrar nos nua- das de.spesas de arrecadaçao fiscal, nem

tZÍZTlfr Observa que, à luz do crescimento das leceitas pub ícas, em menos de 90 anos

De abril a novembro de 1889, suce

a partir de 1810, o Chile, guardadas as

dem-se os artigos sobre bancos, emissões, empréstimos públicos, impostos alíandegários e outras matérias correlaciona

proporçoes, superava de seis vezes a im-

das. Nessa fase, observa-se mais uma vez a sua tendência livxe-cambi.sta con-

lia e outros Estados e talvez fosse o pri

poitancia do Brasil em algarismos "per capita

Detém-se na comparação da

parte da renda nacional reservada à des

pesa ptiblica na Inglaterra, França, Itá

de caustícar a preponderância dos tri butos indiretos sôbre os diretos, não

sem de passagem recordar que a alcavala — algo semelhante ao nosso imposto de vendas e consignações — foi responsãbilizadíi com "a origem principal da

mina da Espanha ao conservá-la depois da dominação mourisca". (12).

Contrastando n dívida pública do Chile com a de 40 outros países, con corda em que suportaria um acrescen-


pinKSTíj Econômico

Dioksto

86

Econômico 87

tamento de 50^ para ferrovias, navega

ção. expansão do ensino e saneamento

das principais cidades, pois "com êsse aumento de gravamos, justificados e produtivos, a dívida chilena manteria intacta a sua elasticidade para as even

tualidades imprevistas e improváveis de uma luta internacional".

No último artigo, Ruy adere'a uma noção que, naquela época, se reputava

temerária, mas <iac, hoje, sorve de base à aplicação da despesa pública como

ria dci.xar de ser íorlissiiua c destinada a reflelír-se nos atos do" futuro ministro.

Ruy tem sido, por vèzcs, descrito como um prisioneiro cie sua biblioU'ca porque - di/.cm - recorria excessiva

mo cslaxii ligada a figura do Con.s. Dantas, seu antigo clicfe e amigo, no Partido Liberal, a despeito de justos rcs cnliiiientos, e. a principio, eoiitcslando í-inhora (|ue o pudessem ineliúr entre

mente aos livros.

os defensores do monopiVio, es(]ui\a-se

Fazia-o para . reco

lher a experiência dos povos mais ama durecidos, ao invés de propor etnpirica-

do "Diário de Notícias" levam a su.spei-

servação de altos índices de emprego:

lar-sc de que sua abundante hvrana, que, poucos anos d('p')is, como alegaria

cundidade dos sacrifícios corresponden tes a essas despesas, que um publicista chileno escreve estas palavras, ní7o me nos cheias de eminamento para ôste do

no discurso contra Zama. seria um dos

que para o seu país: "Não queremos, para a nossa Pátria, aventuras financei

finanças péiblicas.

ec-onomia e prudência política".

E continua a transcrição da opinião

acrimoniosa de Ovalle a apreensões que lhe causava "a emprego-niania civil e militar" a desviar as receitas das obras

e serviços produtivos para os grossos ordenados e pensões. N<ão é de desprezar-se a influência da leitura e minucioso comentário dôsse livro chileno um mês antes de a.ssumir o

Ministério da Fazenda, pois antes não se

encontra nas obras de Ruy vestígio de

que se preocupasse por uma visão dc^ conjunto das finanças públicas de um

país, mormente em confronto com as cifras financeiras de outras nações.

A

impressão causada por um livro que o levou à publicação de longo estudo em momento tão próximo daquele em que

passaria à ação administrativa não pode-

sora at,s demais bancos, tiue preenches sem os rctiuisilos datpielc diploma de

que os nossos publicistas ingênuainen-

le da conjuntura econômica e na pre

a vé-la condenada à imobilidade asiáti ca, dissimulada sob o nome sedutor de

não se poderia recusar a ali\idacle emis

nosso País em relação a cada problema

te supõem específicos do Brasil. Os artigos dos primeiros meses da taso

ras; mas ainda menos nos conformamos

loca-o para o jurídico, dentro do qual

mente a experiência por conta e risco do

instrumento de política fiscal no contrô"É referindo-se à necessidade e fe-

tio debate no lerrono econômico e des

novembro de 1888. (13). Nesse artigo de 11 dé outubro de 1889. nada auto riza a supor <pie o articulista do "Diário

de Notícias" so incMnax a pura a pluralida de dos bancos emissores, mas, pelo con trário, a colocação do problema do mo mento, no terreno da legalidade apenas, pode c deve ser interpretada como adeíão ao monopólio "de jure constituendo". Confessa e procura justificar a sua

motivos em que .se apa.scentou a ma edicência acerca de suas posses, não abri

gava muitos volumes sõbrc economia e

Mas, em ouU.bm,

um semestre decorrido, a tendência in veterada às citações denuncia' que o leitor insaciávc!, estimulado pe a po lítica econômica do Ouro Preto, ). se

atitude dc espectador da polêmica jor nalística entre pluralistas e monopolis tas, sobretudo Ferreira de AniújOi que pontificava na "Gazeta de Notícias", Kem tomar partido entro uns e outros!

sortira de obras sôbre bancos c moeda,

provàvelmente importando-as du buropa. Amiúdam-se os artigos sobre o empréstimo de agôsto e sÔbre os bancos

manifestando, entretanto, a sua fé na moeda conver.sí\'el e encaste!ando-se na

ilegalidade do privilégio do Banco Na cional em detrimento do Banco do Brasil c* dos demais estabelecimentos. Ouro Preto é eritieado q^ela renúncia à

emissores.

Como, em geral, todos os homens públicos do Império, sofre a tirania

faculdade de emitir moeda por parte

dêsse assunto intricadíssimo, que desa fiara o tino e a experiência dos finan

dí; governo, ainda que repute essu a "especic mais anôma'a e perigosa". Por inai.s nocivo que soja o papel-

ceiros" do tempo. Unidade ou plurali dade de bancos emissores? O tema atravessara o Atlântico e erigia-se em

mocda no sen emprego ordinário, nas

centro dos debates dos entendidos, face a concessão dada por Afonso Celso uni camente ao Banco Nacional e n m.us 2 estabelecimentos, sob a égide da ei de 24 de novembro de 1888, concebida,

fórmula explícita ou implicitamente

aliás, no espírito da pluralidade de órgãos emissores. Ruy sai em defesa o

vedassem necessidades de natureza cons

Banco do Brasil, talvez porque ao me.s-

suas conseqüências habituais, não há governo que possa repudiá-lo sob uma

absoluta. Motivos de necessidade fi nanceira o vedariam, quando o não

titucional, inerentes a \ida orgânica do ^1'

F.stado, à sua autoridade indesfalcávol,"

E coiitiiiua, preparando sem o saber, a sua própria defesa para os dias do Go\'cmo ProNisório:

"Por mais triste que seja a história

do curso forçado, em todos os paí.scs. ainda naqueles que lhe tragavam até às fezes a taça dc calamidades — acumula

das pelo seu abuso, impossível seria desconhccer-llie, não diremos só a utili

dade. mas a imprescindibilidade fatal em emergências das mais melindrosas na existência dos povos modernos. "Ca-

.sos há, como os de uma grande guerra", diz BeauMeu, no seu Tratado das Fi

nanças, "em que o curso forçado pode ter grandes vantagens pondo à disposi ção do país recursos imediatos, que o impôsto certamente não lhe poderia an gariar, ou, ao menos, não liie angaria ria senão eom excessi\a delonga, e que taívez o empréstimo mesmo não lhe seria capaz de obter. Hoje a experiência do curso forçado é infinitamente mais extensa o mais precisa: niodificaram-se

as idéias, que êsse regime sugere. De monstra a história recente que o curso forçado é quase ineritAveí em tempo de guerra". (14).

No mais aceso da oposição, Ruy con cedia a força ine.xorável das circunstân

cias como justificativa do papel-moeda de curso forçado, à falta de outro meio

de financiamento da despesa nas horas extremas. Apoiando-se cm lições dou

trinárias de Leroy-Bcaulieu e Ferrari

e na ação de Pitt e dc Cavour, o jorna lista mal sabia que, proclamando uma verdade, preparava a jusHficativa ou defesa préria, da qual, aliás, não se quis servir nas \-árias oportunidades em que, no período republicano, repeliu as crítica.s às finanças do Govêrno Provi sório.

E como Ouro Preto, no contrato com

o Banco Nacional, para substituição do


pinKSTíj Econômico

Dioksto

86

Econômico 87

tamento de 50^ para ferrovias, navega

ção. expansão do ensino e saneamento

das principais cidades, pois "com êsse aumento de gravamos, justificados e produtivos, a dívida chilena manteria intacta a sua elasticidade para as even

tualidades imprevistas e improváveis de uma luta internacional".

No último artigo, Ruy adere'a uma noção que, naquela época, se reputava

temerária, mas <iac, hoje, sorve de base à aplicação da despesa pública como

ria dci.xar de ser íorlissiiua c destinada a reflelír-se nos atos do" futuro ministro.

Ruy tem sido, por vèzcs, descrito como um prisioneiro cie sua biblioU'ca porque - di/.cm - recorria excessiva

mo cslaxii ligada a figura do Con.s. Dantas, seu antigo clicfe e amigo, no Partido Liberal, a despeito de justos rcs cnliiiientos, e. a principio, eoiitcslando í-inhora (|ue o pudessem ineliúr entre

mente aos livros.

os defensores do monopiVio, es(]ui\a-se

Fazia-o para . reco

lher a experiência dos povos mais ama durecidos, ao invés de propor etnpirica-

do "Diário de Notícias" levam a su.spei-

servação de altos índices de emprego:

lar-sc de que sua abundante hvrana, que, poucos anos d('p')is, como alegaria

cundidade dos sacrifícios corresponden tes a essas despesas, que um publicista chileno escreve estas palavras, ní7o me nos cheias de eminamento para ôste do

no discurso contra Zama. seria um dos

que para o seu país: "Não queremos, para a nossa Pátria, aventuras financei

finanças péiblicas.

ec-onomia e prudência política".

E continua a transcrição da opinião

acrimoniosa de Ovalle a apreensões que lhe causava "a emprego-niania civil e militar" a desviar as receitas das obras

e serviços produtivos para os grossos ordenados e pensões. N<ão é de desprezar-se a influência da leitura e minucioso comentário dôsse livro chileno um mês antes de a.ssumir o

Ministério da Fazenda, pois antes não se

encontra nas obras de Ruy vestígio de

que se preocupasse por uma visão dc^ conjunto das finanças públicas de um

país, mormente em confronto com as cifras financeiras de outras nações.

A

impressão causada por um livro que o levou à publicação de longo estudo em momento tão próximo daquele em que

passaria à ação administrativa não pode-

sora at,s demais bancos, tiue preenches sem os rctiuisilos datpielc diploma de

que os nossos publicistas ingênuainen-

le da conjuntura econômica e na pre

a vé-la condenada à imobilidade asiáti ca, dissimulada sob o nome sedutor de

não se poderia recusar a ali\idacle emis

nosso País em relação a cada problema

te supõem específicos do Brasil. Os artigos dos primeiros meses da taso

ras; mas ainda menos nos conformamos

loca-o para o jurídico, dentro do qual

mente a experiência por conta e risco do

instrumento de política fiscal no contrô"É referindo-se à necessidade e fe-

tio debate no lerrono econômico e des

novembro de 1888. (13). Nesse artigo de 11 dé outubro de 1889. nada auto riza a supor <pie o articulista do "Diário

de Notícias" so incMnax a pura a pluralida de dos bancos emissores, mas, pelo con trário, a colocação do problema do mo mento, no terreno da legalidade apenas, pode c deve ser interpretada como adeíão ao monopólio "de jure constituendo". Confessa e procura justificar a sua

motivos em que .se apa.scentou a ma edicência acerca de suas posses, não abri

gava muitos volumes sõbrc economia e

Mas, em ouU.bm,

um semestre decorrido, a tendência in veterada às citações denuncia' que o leitor insaciávc!, estimulado pe a po lítica econômica do Ouro Preto, ). se

atitude dc espectador da polêmica jor nalística entre pluralistas e monopolis tas, sobretudo Ferreira de AniújOi que pontificava na "Gazeta de Notícias", Kem tomar partido entro uns e outros!

sortira de obras sôbre bancos c moeda,

provàvelmente importando-as du buropa. Amiúdam-se os artigos sobre o empréstimo de agôsto e sÔbre os bancos

manifestando, entretanto, a sua fé na moeda conver.sí\'el e encaste!ando-se na

ilegalidade do privilégio do Banco Na cional em detrimento do Banco do Brasil c* dos demais estabelecimentos. Ouro Preto é eritieado q^ela renúncia à

emissores.

Como, em geral, todos os homens públicos do Império, sofre a tirania

faculdade de emitir moeda por parte

dêsse assunto intricadíssimo, que desa fiara o tino e a experiência dos finan

dí; governo, ainda que repute essu a "especic mais anôma'a e perigosa". Por inai.s nocivo que soja o papel-

ceiros" do tempo. Unidade ou plurali dade de bancos emissores? O tema atravessara o Atlântico e erigia-se em

mocda no sen emprego ordinário, nas

centro dos debates dos entendidos, face a concessão dada por Afonso Celso uni camente ao Banco Nacional e n m.us 2 estabelecimentos, sob a égide da ei de 24 de novembro de 1888, concebida,

fórmula explícita ou implicitamente

aliás, no espírito da pluralidade de órgãos emissores. Ruy sai em defesa o

vedassem necessidades de natureza cons

Banco do Brasil, talvez porque ao me.s-

suas conseqüências habituais, não há governo que possa repudiá-lo sob uma

absoluta. Motivos de necessidade fi nanceira o vedariam, quando o não

titucional, inerentes a \ida orgânica do ^1'

F.stado, à sua autoridade indesfalcávol,"

E coiitiiiua, preparando sem o saber, a sua própria defesa para os dias do Go\'cmo ProNisório:

"Por mais triste que seja a história

do curso forçado, em todos os paí.scs. ainda naqueles que lhe tragavam até às fezes a taça dc calamidades — acumula

das pelo seu abuso, impossível seria desconhccer-llie, não diremos só a utili

dade. mas a imprescindibilidade fatal em emergências das mais melindrosas na existência dos povos modernos. "Ca-

.sos há, como os de uma grande guerra", diz BeauMeu, no seu Tratado das Fi

nanças, "em que o curso forçado pode ter grandes vantagens pondo à disposi ção do país recursos imediatos, que o impôsto certamente não lhe poderia an gariar, ou, ao menos, não liie angaria ria senão eom excessi\a delonga, e que taívez o empréstimo mesmo não lhe seria capaz de obter. Hoje a experiência do curso forçado é infinitamente mais extensa o mais precisa: niodificaram-se

as idéias, que êsse regime sugere. De monstra a história recente que o curso forçado é quase ineritAveí em tempo de guerra". (14).

No mais aceso da oposição, Ruy con cedia a força ine.xorável das circunstân

cias como justificativa do papel-moeda de curso forçado, à falta de outro meio

de financiamento da despesa nas horas extremas. Apoiando-se cm lições dou

trinárias de Leroy-Bcaulieu e Ferrari

e na ação de Pitt e dc Cavour, o jorna lista mal sabia que, proclamando uma verdade, preparava a jusHficativa ou defesa préria, da qual, aliás, não se quis servir nas \-árias oportunidades em que, no período republicano, repeliu as crítica.s às finanças do Govêrno Provi sório.

E como Ouro Preto, no contrato com

o Banco Nacional, para substituição do


'■

j f

!

[

I'

DiOKSTO E<;ONÓMri3Ô''

papel-mocda do Tesouro por bilhetes conversíveis, prometera curso forçado em caso de "guerra, re\Qlução, crise política ou financeira", — Ruy procura ressaltar a desproporção entre as van

tagens obtidas pelo Visconde de Figuei redo c os sacrifícios da Nação, achando

tério da Fazenda, o seu cspíritcj hospe dava umas tantas idéias econômicas e

financeiras. qn<' se podem resumir no seguinte:

.

íi) convicção tle «pie s«') a industriali

zação do Pais, aumcnlaiulo o nÍNcl de

cnsanchas para discorrer longamente so

bre as flutu.xç-ões cíclicas. Nessa altura, já se achava en\olvido

altura de uma grande potência c ã

Ferreira de Araújo, que defende o con trato com o Banco Nacional da pecha dc "montanha de escândalo",

atirada

pela facúndia de Ruy, a sustentar, até, a

inconstitucionalidadc da clausuhi pela

qual o Tesouro se comprometia a não

lí^ emitir papel inconversível enquanto durassc o monopólio.

Ruy salta com os

riqueza tributá%cl capaz de cleva-lo a

soVição dos seus \ariados e complexos problemas;

b) categórica repulsa ao protecionis

mo como meio idôneo para a in^ us trialização, que dcwria as.sentar na ime diata intensificação dos serviços educa cionais, considerando-se investimentos dos mais reinuneradorcs os sacnticios

tributárias «pie o país fizesse para tal

exemplos europeus e através das cita

fim;

que estudava atentamente o funciona

butação direta o convicção dc que nao deveriam ser poupadas as despesas pu blicas pura fins concretos do acelera ção do progresso do país;

ções ao pé dos seus artigos, percebe-se mento dos bancos emissores.

Para èle.

o Visconde do Figueiredo não obtivera, apenas, o monopólio de emitir bilhetes bancários conversíveis, mas também o

estatal e recurso supremo pafa necessi dades eventuais e urgentes, ^ "as qua

tancias, elas representariam uma con

blico.

E nas duas semanas anteriores

à República, os ataques a Ouro Preto recrudesceram no debate "porfiado com Ferreira de Araújo.

Livro que leu e não cita, ao que

\'evcinos como essas idéias anterior mente a.ssenladas \icram a influir dc

o vimos por gentileza de seu diretor, Dr.

do na biblioteca da "Casa de Ruy", onde A. Lacombe.

(12) A observação, aliás, fôra colhida por

modo expressivo nos ato.s do Ministro do

Ovalle em Leroy BeauUeu.

Doodoro.

a repugnância de Ruy em relação à tri butação indireta.

pg. 12 o seguintes (Imp. Nac.). (2) Parecer do Ensino Superior (avulso da

Assembléia

Geral).

(3) Luiz Viana — "Vida do Ruy", 3.a ed., 1940,

(4)

pag.

Ruy

nota.

Queda

do Império, Obras

Completas, v. XVII, t. III, pg. 121. (5) Ruy — Obras Completas, v. IX, to mo II, pg. 254 a 257 (Disc. do Liceu). (6) Vide a Plataforma.

(7)

Queda, XVI, t. VII, p. 187 e outros

artigos.

(8) Queda, XVI, t. VIU, pg. 279. (9) Idem, II. p. 79. (10) Idem, II, p. 143. (11) Os cinco artigos, sob o título de-

"Estudos

Chilenos",

estSo

na

"Queda"

o outras.

(14) Queda, Vil, pg. 297. (15) Não conhecemos qualquer trecho de Ruy em que cite "Lombard Street". muito embora, por vêzes, invoque Bage hot acerca da Constituição britânica. Ti vemos cm mão, entretanto, dois exempla res de "Lombard Street", conservados na "Casa de Ruy": — a tradução francesa de

1874 assinalada pelo lápis colorido de Ruy

em várias passagens, prova irrefragável

de que o leu atentamente; e a 2.a edição

inglêsa, adquirida em Buenos Aires, em 1893, quando ali estève exilado. Não há

dúvida, portanto, do interêsse de Ruy,

por essa obra, que ainda hoje é invocada

pelos modernos especialistas em banco central, como. por exemplo, Kisch e Elkin.

Estado se pode e.ximir;

e) adesão à tese do monopólio ou de

bancos emissores, ainda que, do ponto

de vista da lègalidade, naquele mo mento (Lei de 1888), entendesse que

constituía a pluralidade dos bancos fór

fase da sua política bancária, quando

condições da lei de 24 de novem jro c e

tenta a criação de um grande banco

1888 e seus regulamentos;

f) convicção da necessidade de ele

var-se o crédito público e fortalecê-lo, a fim dc bu.scar néle os recursos para

Mas reflete

(13) Queda, tomo VII, pg. 71. 85 , 95, 129 (1) Relatório do Min. da Fazenda, 189t,

tingência ínelutável, de que nenhum

mula juridicamente assegurada, como • direito, aos estabelecimentos provadaBagehot, inspirador, talvez, da última mente idôneos, que preenchessem as

Dest'artP, quando Ruy conspira e, anle.s da hora decisiva, aceita o Minis

XVI. t. VII. pg. 165. 181. 201, 210 e 237. O livro de Ovalle Corrêa se acha conserva

compreensão dc que, em certas circuns

.saibamos, foi o "Lombard Street" de

central. (15).

coineliincnlos audazc.s cm prol da ace leração do progresso nacional.

d) condenação das emissões de papel-

moeda dc curso forçado, mas niti a

da lentidão do tributo e do crédito pú

80

c) tendência à preponderância da tri-

direito regaliano de emitir moeda de curso forçado, inseparável da soberania dras de agonia" do Tesouro, em face

Econômico

produção c remunerando mais generosa

mente o csf<^rço do seu povo, cnana a

na polemica, travando o debate com

Diomsto

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papel-mocda do Tesouro por bilhetes conversíveis, prometera curso forçado em caso de "guerra, re\Qlução, crise política ou financeira", — Ruy procura ressaltar a desproporção entre as van

tagens obtidas pelo Visconde de Figuei redo c os sacrifícios da Nação, achando

tério da Fazenda, o seu cspíritcj hospe dava umas tantas idéias econômicas e

financeiras. qn<' se podem resumir no seguinte:

.

íi) convicção tle «pie s«') a industriali

zação do Pais, aumcnlaiulo o nÍNcl de

cnsanchas para discorrer longamente so

bre as flutu.xç-ões cíclicas. Nessa altura, já se achava en\olvido

altura de uma grande potência c ã

Ferreira de Araújo, que defende o con trato com o Banco Nacional da pecha dc "montanha de escândalo",

atirada

pela facúndia de Ruy, a sustentar, até, a

inconstitucionalidadc da clausuhi pela

qual o Tesouro se comprometia a não

lí^ emitir papel inconversível enquanto durassc o monopólio.

Ruy salta com os

riqueza tributá%cl capaz de cleva-lo a

soVição dos seus \ariados e complexos problemas;

b) categórica repulsa ao protecionis

mo como meio idôneo para a in^ us trialização, que dcwria as.sentar na ime diata intensificação dos serviços educa cionais, considerando-se investimentos dos mais reinuneradorcs os sacnticios

tributárias «pie o país fizesse para tal

exemplos europeus e através das cita

fim;

que estudava atentamente o funciona

butação direta o convicção dc que nao deveriam ser poupadas as despesas pu blicas pura fins concretos do acelera ção do progresso do país;

ções ao pé dos seus artigos, percebe-se mento dos bancos emissores.

Para èle.

o Visconde do Figueiredo não obtivera, apenas, o monopólio de emitir bilhetes bancários conversíveis, mas também o

estatal e recurso supremo pafa necessi dades eventuais e urgentes, ^ "as qua

tancias, elas representariam uma con

blico.

E nas duas semanas anteriores

à República, os ataques a Ouro Preto recrudesceram no debate "porfiado com Ferreira de Araújo.

Livro que leu e não cita, ao que

\'evcinos como essas idéias anterior mente a.ssenladas \icram a influir dc

o vimos por gentileza de seu diretor, Dr.

do na biblioteca da "Casa de Ruy", onde A. Lacombe.

(12) A observação, aliás, fôra colhida por

modo expressivo nos ato.s do Ministro do

Ovalle em Leroy BeauUeu.

Doodoro.

a repugnância de Ruy em relação à tri butação indireta.

pg. 12 o seguintes (Imp. Nac.). (2) Parecer do Ensino Superior (avulso da

Assembléia

Geral).

(3) Luiz Viana — "Vida do Ruy", 3.a ed., 1940,

(4)

pag.

Ruy

nota.

Queda

do Império, Obras

Completas, v. XVII, t. III, pg. 121. (5) Ruy — Obras Completas, v. IX, to mo II, pg. 254 a 257 (Disc. do Liceu). (6) Vide a Plataforma.

(7)

Queda, XVI, t. VII, p. 187 e outros

artigos.

(8) Queda, XVI, t. VIU, pg. 279. (9) Idem, II. p. 79. (10) Idem, II, p. 143. (11) Os cinco artigos, sob o título de-

"Estudos

Chilenos",

estSo

na

"Queda"

o outras.

(14) Queda, Vil, pg. 297. (15) Não conhecemos qualquer trecho de Ruy em que cite "Lombard Street". muito embora, por vêzes, invoque Bage hot acerca da Constituição britânica. Ti vemos cm mão, entretanto, dois exempla res de "Lombard Street", conservados na "Casa de Ruy": — a tradução francesa de

1874 assinalada pelo lápis colorido de Ruy

em várias passagens, prova irrefragável

de que o leu atentamente; e a 2.a edição

inglêsa, adquirida em Buenos Aires, em 1893, quando ali estève exilado. Não há

dúvida, portanto, do interêsse de Ruy,

por essa obra, que ainda hoje é invocada

pelos modernos especialistas em banco central, como. por exemplo, Kisch e Elkin.

Estado se pode e.ximir;

e) adesão à tese do monopólio ou de

bancos emissores, ainda que, do ponto

de vista da lègalidade, naquele mo mento (Lei de 1888), entendesse que

constituía a pluralidade dos bancos fór

fase da sua política bancária, quando

condições da lei de 24 de novem jro c e

tenta a criação de um grande banco

1888 e seus regulamentos;

f) convicção da necessidade de ele

var-se o crédito público e fortalecê-lo, a fim dc bu.scar néle os recursos para

Mas reflete

(13) Queda, tomo VII, pg. 71. 85 , 95, 129 (1) Relatório do Min. da Fazenda, 189t,

tingência ínelutável, de que nenhum

mula juridicamente assegurada, como • direito, aos estabelecimentos provadaBagehot, inspirador, talvez, da última mente idôneos, que preenchessem as

Dest'artP, quando Ruy conspira e, anle.s da hora decisiva, aceita o Minis

XVI. t. VII. pg. 165. 181. 201, 210 e 237. O livro de Ovalle Corrêa se acha conserva

compreensão dc que, em certas circuns

.saibamos, foi o "Lombard Street" de

central. (15).

coineliincnlos audazc.s cm prol da ace leração do progresso nacional.

d) condenação das emissões de papel-

moeda dc curso forçado, mas niti a

da lentidão do tributo e do crédito pú

80

c) tendência à preponderância da tri-

direito regaliano de emitir moeda de curso forçado, inseparável da soberania dras de agonia" do Tesouro, em face

Econômico

produção c remunerando mais generosa

mente o csf<^rço do seu povo, cnana a

na polemica, travando o debate com

Diomsto

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DiGEsTo

elas aumentam dc comple.xidade e se axohimam gigantescas, tudo arrastando

Rui, o financista tPrele|;ã<» realizada na Fnculdatie de

Econômico

na sua voragem.

l'aulo p«r

oeaNião do encerrainonlo ila ^*AN.seiiaÍ»l«'ia IKiil Harliowa ) Hoberto Pinto dk Souza

Foi num desses períodos dc transição,

discursar sôbre Rui Barbosa, a maior cercbração brasileira; honra, ao ascen

sciiK-adorcs de ódios, (pu- procuraram,

no aceso cia lula. destruir a figura eiclópica do imortal brasileiro.

Nem pncleriain os liist«<riadoie.s articu

der à cátedra, que já ocupei, lecionando

lar o contrário, pois à inteligência im

Economia Política.

par de Rui não faltavam os couliecímen-

Mas, honra e praiOír sc desvanecem

tos noce.s.sários a um administrador, nem

em face da responsabilidade do lema —

a è.s.se político por cxcelioicia. a expe

Rui, o financista.

riência da coisa pública.

Haverá enj lòda a

obra desse Homem de

13empnslroii

essas

tos semeados pelos últimos governantes na monarquia, não pôde, através de me

didas úteis, obstar a tempestade colhida pelos seus sucessores. A avalanche do.s

te interrompido pela quelira das amar

distúrbios já líhvia se avolumado demais

ras,

para ser detida. Era preciso que as nu vens descarregassem as chu\-as que tra ziam, para, na bonança, poder se re construir a ordem perdida. Foi o que Rui não pôde fazer integralmente. Po rém, aos adversários da nova organiza

<^uc Rui assumiu a pasta das fi

As conseqüências dosorientadorus da abolição da oscravatma ainda aturdiam

a Nação conturbada pelos efeitos eco nômicos da transformação da sua estru

tura política jiela queda da monarquia. Dessa forma, somava-se ao desequilíbrio econômico proveniente do ato da Prin

cesa Isabel a perplexidade da proclamação da República. O mundo, que se abria aos olhos atô

mais

ípialídacles e, .sobeja

nitos dos, republicanos, era novo e se

controvertido, mais ata cado, mai.s caluniado e

mente, na crítica cons

achava desgovernado. Impunha-se, de

trutiva que fêz ao pro

nm lado, dominar a torrente desenfreada

Estado capítulo

setor, por trazer no seu bojo maus ven

em cpie o o(piilíbrio social é bruscamen

nanças.

HONRA {,• uni pra/er a.ssiiiiiir esta Ê, UMA tribuna, neste momento: prazer, por

Ül

ção estatal pouco se lhes dava tomar os

efeitos pela causa,- desde que, em assim fazendo, tivessem em mãos poderosa arma de combate. E foram tão longe nos seus ataques, que malevolamente circunscreveram os distúrbios econômi cos, conhecidos sob o nome de encilha-

menlo, aos anos de 1889 e 1891, justa mente aqueles em que Rui atuou nas

que, mesmo entre seus

jeto clu criação de ban-

dos falòrc.s .sociais, econômicos c políti

admiradores, tenha le

eo.s emissores, elabora

cos; c, dc outro, a necessidade de subs

tura se iniciou em 1888 e se estendeu

vantado tantas restri

do pelo Visconde de

tituir, transformar o criar.

ções?

Ouro Prêlo. pelo Con selheiro Lafaiete e pelo

A tarefa do novel governo, às pressas

até o final do século. O Ministério Rui foi apenas um ciclo dessa década con

constituído, era imensa. A sua frente se

turbada, e e.xatamente o de mais c.sta-

res, o tema que no.s foi

Viscond'- do Cruzeiry,

encontrava um homem de grandes dotes

bilidade.

dado versar. Cabe-nos acrescentar

estadistas de nomeada. Atribuir a marcha

pessoais, por certo, mas não afeito aos

Debalde clamou o ministro dc 1890.

mais- unia voz, àquelas

dos aconleeimentos que

os criadores da crise, a que tivemos dc

que já se levantaram

\'ão culminar no EnciIhamento. tão só a

negócios públicos. Ladeavam-no: de pouca idade, um; inexperientes, alguns; do portentosa inteligência e cultura, um

É esse, meus senho

contra a campanha destruidora movida pe los inimigos impeniten-

atuação de Rui no Mi nistério da Fazenda, é querer exagerar o po

tes, pelos invejosos, pelos destruidores con-

der der

da ca

interferência

tumazes, pela ralé, enfim, da politicalha-» dos homens no desenrolar dos fatos tiisa serviço dos infernados de Rui. Será verdade que a atuação de Rui no

Ministério da Fazenda tenha sido pre

judicial, como a crítica maldizente de seus adversários pretende fazer crer ? Serenadas as paixões políticas, a aná lise fria dos fatos daquela fase de tran-

.sição veio demonstrar a inanidade dos

lòricos; a tese de Carlyle há muito foi refutada.

Inúmeras as forças que determinam os movimentos das civilizações, e de tal sorte complexas, que escapam ao con trole dos homens, ainda que geniais. No momento, então, de bruscas mutações como sóem ser as fases revolucionárias.

finanças; quando, na \'erdade, a conjun

i

da tribuna do Senado: "Não fomos nós

acudir nos primeiros meses da revo

xô — RUI BARBOSA. Daí ter se torna do, por decoiTencia natural, o centro de onde emanavam todas as reformas cons

lução".

trutivas e para onde convergia a crí

Dai ter se tomado com injustiça aos olhos dos seus contemporâneos e aos da praçao posterior paradigma da

tica dos despeitados e dos derrotados. Dessa forma,

não se limitou a ser o

administrador do tesouro público: foi o verdadeiro construtor da Repiiblica. Mas os inimigos da República, para dcstruí-la, tinham que inutilizar o ho mem que a fizera. Porém, esse, em to

dos os campos em que atuara, deixou á marca indelével do seü talento, com a perfeição da obra executada. Só num

A \'eemência da crítica malévola aba

fou essa voz e ensurdeceu os curidos.

mrlaçao.

^

®

tórk^ f^los, porém, contam outra bisAo deixar a pasta, a circulação de papel-moeda atingia a soma de 171.000 cantos, ao passo que a existente em igu^' data de 1889 se elevava a 195.000 con

tos. Havia, portanto, uma diferença pi'*


DiGEsTo

elas aumentam dc comple.xidade e se axohimam gigantescas, tudo arrastando

Rui, o financista tPrele|;ã<» realizada na Fnculdatie de

Econômico

na sua voragem.

l'aulo p«r

oeaNião do encerrainonlo ila ^*AN.seiiaÍ»l«'ia IKiil Harliowa ) Hoberto Pinto dk Souza

Foi num desses períodos dc transição,

discursar sôbre Rui Barbosa, a maior cercbração brasileira; honra, ao ascen

sciiK-adorcs de ódios, (pu- procuraram,

no aceso cia lula. destruir a figura eiclópica do imortal brasileiro.

Nem pncleriain os liist«<riadoie.s articu

der à cátedra, que já ocupei, lecionando

lar o contrário, pois à inteligência im

Economia Política.

par de Rui não faltavam os couliecímen-

Mas, honra e praiOír sc desvanecem

tos noce.s.sários a um administrador, nem

em face da responsabilidade do lema —

a è.s.se político por cxcelioicia. a expe

Rui, o financista.

riência da coisa pública.

Haverá enj lòda a

obra desse Homem de

13empnslroii

essas

tos semeados pelos últimos governantes na monarquia, não pôde, através de me

didas úteis, obstar a tempestade colhida pelos seus sucessores. A avalanche do.s

te interrompido pela quelira das amar

distúrbios já líhvia se avolumado demais

ras,

para ser detida. Era preciso que as nu vens descarregassem as chu\-as que tra ziam, para, na bonança, poder se re construir a ordem perdida. Foi o que Rui não pôde fazer integralmente. Po rém, aos adversários da nova organiza

<^uc Rui assumiu a pasta das fi

As conseqüências dosorientadorus da abolição da oscravatma ainda aturdiam

a Nação conturbada pelos efeitos eco nômicos da transformação da sua estru

tura política jiela queda da monarquia. Dessa forma, somava-se ao desequilíbrio econômico proveniente do ato da Prin

cesa Isabel a perplexidade da proclamação da República. O mundo, que se abria aos olhos atô

mais

ípialídacles e, .sobeja

nitos dos, republicanos, era novo e se

controvertido, mais ata cado, mai.s caluniado e

mente, na crítica cons

achava desgovernado. Impunha-se, de

trutiva que fêz ao pro

nm lado, dominar a torrente desenfreada

Estado capítulo

setor, por trazer no seu bojo maus ven

em cpie o o(piilíbrio social é bruscamen

nanças.

HONRA {,• uni pra/er a.ssiiiiiir esta Ê, UMA tribuna, neste momento: prazer, por

Ül

ção estatal pouco se lhes dava tomar os

efeitos pela causa,- desde que, em assim fazendo, tivessem em mãos poderosa arma de combate. E foram tão longe nos seus ataques, que malevolamente circunscreveram os distúrbios econômi cos, conhecidos sob o nome de encilha-

menlo, aos anos de 1889 e 1891, justa mente aqueles em que Rui atuou nas

que, mesmo entre seus

jeto clu criação de ban-

dos falòrc.s .sociais, econômicos c políti

admiradores, tenha le

eo.s emissores, elabora

cos; c, dc outro, a necessidade de subs

tura se iniciou em 1888 e se estendeu

vantado tantas restri

do pelo Visconde de

tituir, transformar o criar.

ções?

Ouro Prêlo. pelo Con selheiro Lafaiete e pelo

A tarefa do novel governo, às pressas

até o final do século. O Ministério Rui foi apenas um ciclo dessa década con

constituído, era imensa. A sua frente se

turbada, e e.xatamente o de mais c.sta-

res, o tema que no.s foi

Viscond'- do Cruzeiry,

encontrava um homem de grandes dotes

bilidade.

dado versar. Cabe-nos acrescentar

estadistas de nomeada. Atribuir a marcha

pessoais, por certo, mas não afeito aos

Debalde clamou o ministro dc 1890.

mais- unia voz, àquelas

dos aconleeimentos que

os criadores da crise, a que tivemos dc

que já se levantaram

\'ão culminar no EnciIhamento. tão só a

negócios públicos. Ladeavam-no: de pouca idade, um; inexperientes, alguns; do portentosa inteligência e cultura, um

É esse, meus senho

contra a campanha destruidora movida pe los inimigos impeniten-

atuação de Rui no Mi nistério da Fazenda, é querer exagerar o po

tes, pelos invejosos, pelos destruidores con-

der der

da ca

interferência

tumazes, pela ralé, enfim, da politicalha-» dos homens no desenrolar dos fatos tiisa serviço dos infernados de Rui. Será verdade que a atuação de Rui no

Ministério da Fazenda tenha sido pre

judicial, como a crítica maldizente de seus adversários pretende fazer crer ? Serenadas as paixões políticas, a aná lise fria dos fatos daquela fase de tran-

.sição veio demonstrar a inanidade dos

lòricos; a tese de Carlyle há muito foi refutada.

Inúmeras as forças que determinam os movimentos das civilizações, e de tal sorte complexas, que escapam ao con trole dos homens, ainda que geniais. No momento, então, de bruscas mutações como sóem ser as fases revolucionárias.

finanças; quando, na \'erdade, a conjun

i

da tribuna do Senado: "Não fomos nós

acudir nos primeiros meses da revo

xô — RUI BARBOSA. Daí ter se torna do, por decoiTencia natural, o centro de onde emanavam todas as reformas cons

lução".

trutivas e para onde convergia a crí

Dai ter se tomado com injustiça aos olhos dos seus contemporâneos e aos da praçao posterior paradigma da

tica dos despeitados e dos derrotados. Dessa forma,

não se limitou a ser o

administrador do tesouro público: foi o verdadeiro construtor da Repiiblica. Mas os inimigos da República, para dcstruí-la, tinham que inutilizar o ho mem que a fizera. Porém, esse, em to

dos os campos em que atuara, deixou á marca indelével do seü talento, com a perfeição da obra executada. Só num

A \'eemência da crítica malévola aba

fou essa voz e ensurdeceu os curidos.

mrlaçao.

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tórk^ f^los, porém, contam outra bisAo deixar a pasta, a circulação de papel-moeda atingia a soma de 171.000 cantos, ao passo que a existente em igu^' data de 1889 se elevava a 195.000 con

tos. Havia, portanto, uma diferença pi'*


0ICESTO ECONÓNOCO

92

ra mpiios de 24.000 contos.

Não era

èsse o montante que liavía encontrado

do às realizadas pe'os ch niais estabeleci mentos emissores, ch) território nacional,

ao ingressar no governo, e nem perma

que soma\'am •3-1.763 contos, oblentos

neceu invaríá\"el. Rui emitiu a fim de

um total cie 199.-530 cohIos.

atender a situação periclitante dos ban cos. Usou, para isso, das atriliuições que lhe conferia a !eí de ISS.?. Na primeira «'pcrtunidade cjuc lhe ofereceu, reti rou imediatamente as cédulas que fôra obrigado a introduzir no mercado. O ciclo das emissões de Rui se desen

Acompanbemos a marcha dos derra

mes liionetáríos, após Rui ha\'cr deixa do o govérno proxisório: Nao ha\ía ain da decorrido um scmesln; e já a.s notas

postas em circulação, pelos iusliluto.s dc credito da Capital Federal, atingiam a cifra de 235.738 contos. Quatro meses

Rui, ao elaborar a reforma bancária

do janeiro dc 1890, não foi original, .se

guiu as pegadas da lei do 1888, que, aliás, conhecia, pois a bavia criticado^ apontando os seus defeitos o o c.xemplo dos bancos nacionais uortc-anioricanos.

Ao ingressar no Ministério, coibido pelas injunçõcs do momento, foi obrigado a recompor a organização bancária. Pre

mido pela urgência

c incerteza

dos

acontecimentos, optou por uma organi

volveu da seguinte forma: a circulação de papel-moeda, a -30 do novembro de

depois, os bilhetes bancários emitidos,

zação provisória, a fim dc, posteriormen

em todo territórit) brasileiro, alcançavam

1889, era de 179.36-1 contos. Um mès

a avultada importância de 347.416 con-

depois, subia a 19.5.485 contos. Diferen

lü.s (2).

delineasse mais segura c se conslituís.se o arcabouço pt)Hlico-jurídico do no\o Estado, cogitar da elalx)ração do sis

ça líquida, para mais, de 16.121 contos, decorrente da emissão de 19.400 contos

e do resgate de 3.279 contos. Já em 1890, a 31 de dezembro, Rui havia emi

tido 500 contos e resgatado 25.420 con tos, passando consecjüenlemcnte o total circulante a 170.565 contos (1). Consoante os números apontados fi

As conswpièncias do aumento do \olume da moeda cm circulação não se 1894, SC elevaram de 118%.

trou ser bem arquitetado.

lançou mão dessa faculdade para cobrir déficits orçamentários. Essa espécie de

nomeada mas financistas inexperientes,

faz as inflações. Amparar bancos, atra vés de emissão, desde que êles não te

nham invertido as suas caixas em espêculações indevidas ou ein negócios es cusos, não gera inflação, pois o novo di nheiro que entra no movimento comer

cial toriia-se econômico por incentivar

a produção. Vejamos o que se passou no setor dos

bilhetes bancários. Quando Rui saiu do Ministério,

o total desses billietes em

circulação,

emitidos pelos três bancos

emissores da Capital da República, se elevava a 164.766 contos. Acrescentan-

seus succ-ssores. É que êsles, juristas de

abalaram, por medidas cnóneiis. o edilícío -das finançu.s públicas, erguido por Rui, Culpa também nao lhes cabe. A época era di' transiormaçoes bruscas, e

é o que explica as reformas bancárias sucessivas e a inipo.ssíbilidadc de conter a maré monlanto das notas dc banco. Não contentes os seus inimigos de o

acusarem, prosseguiram na obra ingló ria do solapar a atuação <le Rui na pas ta que lhe fôra conferida. Satrapi a cam po, empunhando o gláclio dos argumen tos capciosos, para, desta vez, ferir eni clieio a lei bancária de 17 de janeiro de 1890, considerada, no entender déles, a

responsável pelos desatinos da inflação e-da especulação.

(1) — Borman, Oscar, Prefácio ao Rela' tório de Rui Barbosa. Digesto Econômico, n.o 39, pg. 87.

tema bancário definitivo. Agora, tralava-sc de medidas de urgência, se bem

(pic relacionadas com um plano geral

cessárias ao amparo dos bancos. Nunca

emissão, a mais daninha dc tôdas, é que

te, quando a marcha dos negócios se

fizeram esperar. Dc 1888 a 1890 os pre ços .subiram 62 mas, entre- 1891 a • A frieza dêsscs algarismos é o des mentido mais eloqüente das faladas grandes emissões atribuídas a Rui. Estas só haviam de se verificar na gestão dc

ca patente que Rui emitiu as somas ne

Dicesto Econômico

(2) — Idem, pag. 89.

perfeitamente articulado, e que demons Da lei anterior foi Rui tirando os principio.s que melhor se acomodavam, às circunstâncias presentes. Primeiro princípio — Rui adotou o dí)s bancos emissores. Escolha acertada.

são, Rui o aceitou com relutância c só

o fèz depois de bem ponderadas as si tuações do momento, os argumenUis e, principalmente, os temores dos federalislas. De fato, dadas as circunstâncias anormais da época, a inexistência de um banco central, capaz de controlar os

desmandos dos inúmeros bancos parti culares, a vastidão do território nacio

nal, a sua diversidade o falta de meios de tX)inunicaçao nao aconscllia\am a adoção de sistema emissor tão dcsconfornie com a realidade.

Rui não era um teórico, como diziam

os seus adversários. Muito ao contrário, cru homem de ação. A sua cultura foi e aborada nas lutas que sustentou. Dai

nao se prender, intransigente, a princí pios, quando percebia que os dex-ia ce der para acomodar imposições necessá

rias de momento. Aferrado, porém, êlc o era aos princípios que reputava basi lares, para o progresso do País. Nesse.s.

nao cediaj batalhava infatigável, até vencer os opositores. Por isso, não opôs resistência tenaz à poliemissão, que re

Nas revoluções, a tendência c para gas-

conhecia ser um êrro, mas transigiu, pa

to.s excessivos.

ra mais tarde corrigi-lo, como o fêz.

Se permanecessem nas

mãos do governo as funções de emissão de moeda, quem poderia conter as soli citações vindas de todos os setores da

administração, acrescidas ainda dos pe didos extra-governamentais que se en caminham pelas mãos do.s influentes servindo a interesses privativo.s e elei torais ?

Atribuída essa prerrogativa dc einis•são aos bancos, estes serviriam tão so mente aos inteiêsse.s econômicos da Na

ção, pois, sendo sociedades comerciais, visariam lucro e, dessa forma,

teriam

Terceiro principio - as emissões ga rantidas por apólices, talvez o que mais controvérsias haja levantado - se bem esüvesse con.signado na lei de 18S8 era

idéia sua também. A ela se ateve inámo-

vtvel. Mais tarde, „„s dicursos que nrofenu no Senado em defesa de sti admi-

m,straçao, discorreu longa e eruditamen te sob.e o mestr», mostrando a convic-

çao das suas idéias.

não exerceu a influénctaEste quepáncipio Ibe qu.seram empresta À, prescrições severas da 1,.; L

suas vistas dirigidas para o desenvolvi mento das atividades produtoras, única

sua ação.

fonte segura de rendimentos.

elaborou a orgamzafífA K.,

Segundo princípio — o da polieini.s-

atenuaram a

Firmados èstes três nw., - •

1 1

.

u •

pnneipios, Rui •.

1- ^ de 1 . a dispôs tal forma <iii^bancaria; - deu i mas t "ao mar-


0ICESTO ECONÓNOCO

92

ra mpiios de 24.000 contos.

Não era

èsse o montante que liavía encontrado

do às realizadas pe'os ch niais estabeleci mentos emissores, ch) território nacional,

ao ingressar no governo, e nem perma

que soma\'am •3-1.763 contos, oblentos

neceu invaríá\"el. Rui emitiu a fim de

um total cie 199.-530 cohIos.

atender a situação periclitante dos ban cos. Usou, para isso, das atriliuições que lhe conferia a !eí de ISS.?. Na primeira «'pcrtunidade cjuc lhe ofereceu, reti rou imediatamente as cédulas que fôra obrigado a introduzir no mercado. O ciclo das emissões de Rui se desen

Acompanbemos a marcha dos derra

mes liionetáríos, após Rui ha\'cr deixa do o govérno proxisório: Nao ha\ía ain da decorrido um scmesln; e já a.s notas

postas em circulação, pelos iusliluto.s dc credito da Capital Federal, atingiam a cifra de 235.738 contos. Quatro meses

Rui, ao elaborar a reforma bancária

do janeiro dc 1890, não foi original, .se

guiu as pegadas da lei do 1888, que, aliás, conhecia, pois a bavia criticado^ apontando os seus defeitos o o c.xemplo dos bancos nacionais uortc-anioricanos.

Ao ingressar no Ministério, coibido pelas injunçõcs do momento, foi obrigado a recompor a organização bancária. Pre

mido pela urgência

c incerteza

dos

acontecimentos, optou por uma organi

volveu da seguinte forma: a circulação de papel-moeda, a -30 do novembro de

depois, os bilhetes bancários emitidos,

zação provisória, a fim dc, posteriormen

em todo territórit) brasileiro, alcançavam

1889, era de 179.36-1 contos. Um mès

a avultada importância de 347.416 con-

depois, subia a 19.5.485 contos. Diferen

lü.s (2).

delineasse mais segura c se conslituís.se o arcabouço pt)Hlico-jurídico do no\o Estado, cogitar da elalx)ração do sis

ça líquida, para mais, de 16.121 contos, decorrente da emissão de 19.400 contos

e do resgate de 3.279 contos. Já em 1890, a 31 de dezembro, Rui havia emi

tido 500 contos e resgatado 25.420 con tos, passando consecjüenlemcnte o total circulante a 170.565 contos (1). Consoante os números apontados fi

As conswpièncias do aumento do \olume da moeda cm circulação não se 1894, SC elevaram de 118%.

trou ser bem arquitetado.

lançou mão dessa faculdade para cobrir déficits orçamentários. Essa espécie de

nomeada mas financistas inexperientes,

faz as inflações. Amparar bancos, atra vés de emissão, desde que êles não te

nham invertido as suas caixas em espêculações indevidas ou ein negócios es cusos, não gera inflação, pois o novo di nheiro que entra no movimento comer

cial toriia-se econômico por incentivar

a produção. Vejamos o que se passou no setor dos

bilhetes bancários. Quando Rui saiu do Ministério,

o total desses billietes em

circulação,

emitidos pelos três bancos

emissores da Capital da República, se elevava a 164.766 contos. Acrescentan-

seus succ-ssores. É que êsles, juristas de

abalaram, por medidas cnóneiis. o edilícío -das finançu.s públicas, erguido por Rui, Culpa também nao lhes cabe. A época era di' transiormaçoes bruscas, e

é o que explica as reformas bancárias sucessivas e a inipo.ssíbilidadc de conter a maré monlanto das notas dc banco. Não contentes os seus inimigos de o

acusarem, prosseguiram na obra ingló ria do solapar a atuação <le Rui na pas ta que lhe fôra conferida. Satrapi a cam po, empunhando o gláclio dos argumen tos capciosos, para, desta vez, ferir eni clieio a lei bancária de 17 de janeiro de 1890, considerada, no entender déles, a

responsável pelos desatinos da inflação e-da especulação.

(1) — Borman, Oscar, Prefácio ao Rela' tório de Rui Barbosa. Digesto Econômico, n.o 39, pg. 87.

tema bancário definitivo. Agora, tralava-sc de medidas de urgência, se bem

(pic relacionadas com um plano geral

cessárias ao amparo dos bancos. Nunca

emissão, a mais daninha dc tôdas, é que

te, quando a marcha dos negócios se

fizeram esperar. Dc 1888 a 1890 os pre ços .subiram 62 mas, entre- 1891 a • A frieza dêsscs algarismos é o des mentido mais eloqüente das faladas grandes emissões atribuídas a Rui. Estas só haviam de se verificar na gestão dc

ca patente que Rui emitiu as somas ne

Dicesto Econômico

(2) — Idem, pag. 89.

perfeitamente articulado, e que demons Da lei anterior foi Rui tirando os principio.s que melhor se acomodavam, às circunstâncias presentes. Primeiro princípio — Rui adotou o dí)s bancos emissores. Escolha acertada.

são, Rui o aceitou com relutância c só

o fèz depois de bem ponderadas as si tuações do momento, os argumenUis e, principalmente, os temores dos federalislas. De fato, dadas as circunstâncias anormais da época, a inexistência de um banco central, capaz de controlar os

desmandos dos inúmeros bancos parti culares, a vastidão do território nacio

nal, a sua diversidade o falta de meios de tX)inunicaçao nao aconscllia\am a adoção de sistema emissor tão dcsconfornie com a realidade.

Rui não era um teórico, como diziam

os seus adversários. Muito ao contrário, cru homem de ação. A sua cultura foi e aborada nas lutas que sustentou. Dai

nao se prender, intransigente, a princí pios, quando percebia que os dex-ia ce der para acomodar imposições necessá

rias de momento. Aferrado, porém, êlc o era aos princípios que reputava basi lares, para o progresso do País. Nesse.s.

nao cediaj batalhava infatigável, até vencer os opositores. Por isso, não opôs resistência tenaz à poliemissão, que re

Nas revoluções, a tendência c para gas-

conhecia ser um êrro, mas transigiu, pa

to.s excessivos.

ra mais tarde corrigi-lo, como o fêz.

Se permanecessem nas

mãos do governo as funções de emissão de moeda, quem poderia conter as soli citações vindas de todos os setores da

administração, acrescidas ainda dos pe didos extra-governamentais que se en caminham pelas mãos do.s influentes servindo a interesses privativo.s e elei torais ?

Atribuída essa prerrogativa dc einis•são aos bancos, estes serviriam tão so mente aos inteiêsse.s econômicos da Na

ção, pois, sendo sociedades comerciais, visariam lucro e, dessa forma,

teriam

Terceiro principio - as emissões ga rantidas por apólices, talvez o que mais controvérsias haja levantado - se bem esüvesse con.signado na lei de 18S8 era

idéia sua também. A ela se ateve inámo-

vtvel. Mais tarde, „„s dicursos que nrofenu no Senado em defesa de sti admi-

m,straçao, discorreu longa e eruditamen te sob.e o mestr», mostrando a convic-

çao das suas idéias.

não exerceu a influénctaEste quepáncipio Ibe qu.seram empresta À, prescrições severas da 1,.; L

suas vistas dirigidas para o desenvolvi mento das atividades produtoras, única

sua ação.

fonte segura de rendimentos.

elaborou a orgamzafífA K.,

Segundo princípio — o da polieini.s-

atenuaram a

Firmados èstes três nw., - •

1 1

.

u •

pnneipios, Rui •.

1- ^ de 1 . a dispôs tal forma <iii^bancaria; - deu i mas t "ao mar-


Dicestü Econômico

gem a abusos quanto às finissói-s. Niu» c absolutamente exata a assertiva de seus

inimigos de que a reforma de 1800 foi a causadora da inflação, já mostramos

por algarismos que as emissões desco-

falta de moeda, c os bancos, no afã de atender às continuas .solicitaç-oes. con

cederam empréstimos num lolume tão elevado que ullrapa.ssoii. em muito, o

capital nominal dos institutos de credi

Araripe e Lucena.

to. O capital rea'i7.;id(>, porém, não cor respondia iio noiiiiiia'. dai ter-se cria do para a organi/.açao bancaria uma si

Vamos agora apontar os dispositivos legais que impediram a sua cfetK-açúo.

elevaram a 80% do capital nominal o

medidas se verificaram depois de 1802

e das providências postas em prática por

Comecemos pelas emissões laslreadas

por títulos da dívida nacional. As exi

tuação difícil, pois os empréstimos so

15inK.sTo

a ciência econômica da época llic for

anônimas senão depois de subscrito por

necia, procurou atalhar o mal.

inteiro o capital social e efetivamente

O Jornal do Comércio, de 18 de de zembro de 1889, insere um estudo inti

tulado "Questões Econômicas", cm que narra a expansão dos negócios c o jògo desenfreado di' bòlsa. Responsabiliza o autor do ensaio, por essas ocorrências, a lei dc 2-1 v.le nox cmbru de 1888.

"Não há (lucm ignore, diz o ar

237% dt) realizado.

ticulista, o clcsconumal desenvolvi

Rui, porém, foi comedido. Clcdeu ape nas aos reclamos gerais, c emitiu na fir

Econômico

mento que li\oram as transações da

gências prescritas, quanto a essa forma de emissão, eram tão rigorosas que não despertavam interêsse nos' institutos

me convicção dcC cm assim fazendo, atender às justas reclamações das clas

sem

emissores, pois a garantia era dc 100%,

ses econômicas de um lado, e aju

tomando por base o valor nominal do

plausíveis,

dar o desen\'ol\'imenlo da produção,

dia e 150 % cm um mês. A cada pas

títu'o. A cotação pouco abaixo do par. as reduções sofridas nos juros c a obri gatoriedade de constituir, com 10% dos

lucros brutos, um fundo em apólices pa ra garantir o capital, tornavam anti-cconómica a emissão.

Passemos as emissões sobre base me

tálica. Esta era ainda mais impraticá vel, dada a impossibilidade da sua rea

lização, visto requeria para o câmbio a ta.va de 27d., ou acima, durante o es paço de uni ano. Coisa dificílima no Brasil.

Enfim, a última exigência: a emissão

lastreada em ouro. Esta, apesar do rigor do estatuto legal, tornava-se pos.sívol dada a queda do câmbio, conseqüência da desconfiança das praças estrangeiras no golpe de estado republicano. Ao tempo de Rui, o atrativo representado

_

Bolsa no triuíeslre de agê)slo a outu

bro — (1889). Títulos houve que, fundamento

ou

explicações

subiram a 30 % em um

de outro.

so se anuncia\'am fortunas feitas em

Kui f<n sempre otimista, sem ser ufaiiista, quanto ao futuro econômico de

poucas semanas, às vêzes em pou cos dias. Pessoas, que jámais se ti nham cn\c)lvido na compra e venda d(! títulos, apressaram-se em apurar

seu País. Além disso, como Mauá, era

um convicto da necessidade da indu.s-

Irialização dc nossa economia. O mo

suas economias,

mento era propício a essas idéias. A

ocasião, cedendo ao contagioso entu siasmo, despertado pelos contos fan

abolição da c.scravatura eliminara o ran ço econômico colonial e a imigração .se iniciava. A Iransforniação determinada

pelo amor ao trabalho e pelas novu.s técnicas da produção, trazidas pc^os re-

para aproveitar a

observações que o.s seus olhos rcvela^'am. Para apressar a eclosão das novas

forças econômicas que antevia, admitiu

tanto, em 1891, o seu sucessor, Alencar

Araripe,

allerou-o

substancialmente.

Mais uma vez as medidas financeiras do

ministro do govèmo provisório eram modificadas, mas a culpa das conse qüências era inculcada a Rui Barbo.sa.

Prosseguindo na sua obra financeira, o grande brasileiro fixou a obrigatorieda de, pelo decreto de 4 de outubro de

1890, do pagamento do imposto aTandesário em ouro. A finalidade "dessa

prescrição era dupla. Primeira, segun do a explicação fornecida pelo seu au tor: "O Tesouro carece de base estável

para calcular o que recebe e o que pa ga, e êsse critério não se pode achar

da renda. A conx^ersão do papel-moeda

"Não contestaremos que a espe culação ou antes a agiotagem come çou a desenvolver-se na praça do Rio de Janeiro, ainda sob o impé

O otimismo de

diuncntais, pelo decreto a. 997. No en

O mais insuspeito testemunho é o

de produção brasileira se enquadraria Rui não era infundado: estribava-sc nus

execução desse diploma legal. Rui o al terou, sem modificar as exigências fun-

senão no uso exclusivo do ouro como

que nos dá o Visconde de Ouro Preto:

nos moldes das modernas organizações

(5). Em face de certas dificuldades na

tásticos que à surdina se propalavam na rua da Alfândega" (3).

cém-vindos, fazia prc\'er cjuc o sistema

econômicas européias.

depositados em ura banco, à escolha da maioria dos subscritores, 30% em dinhei ro, se maior proporção não estipulassem os prospeclos do valor de cada ação"

rio" (4).

Rui, ciente do mal de tais especula

medida comum do imposto e dos juros em ouro na renda das apólices é portan

to conseqüência necessária do embôlso das taxas aduaneiras em metal". Segun da, li\'rava o mercado cambial das pro curas maciças de libras-ouro, a fim de

satisfazer ao pagamento dos juros e amortizações das dívidas públicas. Rui tinha essa providência, aliás com

razão, como a viga mestra do seu plano

a emissão, meio seguro cie incentivar a.s atividades econômicas, e o fêz na quan

ções, procurou cortá-lo. Publicou, nesse .sentido, o decreto de 13 de outubro de

financeiro. O câmbio no Brasil oscila in

tidade que o meif' suportava. Não exor

1890, em que "não se haveriam por de

sa nas variações constantes é a remessa

finitivamente constituídas as sociedades

em virtude das queixas do comércio quanto às aperturas de numerário. Essas

bitou, como já o demonstramos. A especulação bolsista, que os seus

inimigos lhe quiseram atribuir, já e.xi.s-

(3) — Barbosa, Rui. Finanças e Política,

eram bem antigas. Já os estadistas e fi

tia, e não aumentou na administração de

pélo declínio da taxa cambial não era suficiente

para justificar emissões a

grane!. Houve emissões e Rui as incentivou,

nancistas do império bradaram contra a

Bui, pois esta, usando dos remédios (p»;

Pg. 23, rodapé.

(4) — Década Republicana, vol. I, pg. 87.

cessantemente, e um dos fatores que pe

de divisas para fazer face aos compromi.ssos dos empréstimos externos. (5) — Apud, Borman. Oscar. idem. pg 93.


Dicestü Econômico

gem a abusos quanto às finissói-s. Niu» c absolutamente exata a assertiva de seus

inimigos de que a reforma de 1800 foi a causadora da inflação, já mostramos

por algarismos que as emissões desco-

falta de moeda, c os bancos, no afã de atender às continuas .solicitaç-oes. con

cederam empréstimos num lolume tão elevado que ullrapa.ssoii. em muito, o

capital nominal dos institutos de credi

Araripe e Lucena.

to. O capital rea'i7.;id(>, porém, não cor respondia iio noiiiiiia'. dai ter-se cria do para a organi/.açao bancaria uma si

Vamos agora apontar os dispositivos legais que impediram a sua cfetK-açúo.

elevaram a 80% do capital nominal o

medidas se verificaram depois de 1802

e das providências postas em prática por

Comecemos pelas emissões laslreadas

por títulos da dívida nacional. As exi

tuação difícil, pois os empréstimos so

15inK.sTo

a ciência econômica da época llic for

anônimas senão depois de subscrito por

necia, procurou atalhar o mal.

inteiro o capital social e efetivamente

O Jornal do Comércio, de 18 de de zembro de 1889, insere um estudo inti

tulado "Questões Econômicas", cm que narra a expansão dos negócios c o jògo desenfreado di' bòlsa. Responsabiliza o autor do ensaio, por essas ocorrências, a lei dc 2-1 v.le nox cmbru de 1888.

"Não há (lucm ignore, diz o ar

237% dt) realizado.

ticulista, o clcsconumal desenvolvi

Rui, porém, foi comedido. Clcdeu ape nas aos reclamos gerais, c emitiu na fir

Econômico

mento que li\oram as transações da

gências prescritas, quanto a essa forma de emissão, eram tão rigorosas que não despertavam interêsse nos' institutos

me convicção dcC cm assim fazendo, atender às justas reclamações das clas

sem

emissores, pois a garantia era dc 100%,

ses econômicas de um lado, e aju

tomando por base o valor nominal do

plausíveis,

dar o desen\'ol\'imenlo da produção,

dia e 150 % cm um mês. A cada pas

títu'o. A cotação pouco abaixo do par. as reduções sofridas nos juros c a obri gatoriedade de constituir, com 10% dos

lucros brutos, um fundo em apólices pa ra garantir o capital, tornavam anti-cconómica a emissão.

Passemos as emissões sobre base me

tálica. Esta era ainda mais impraticá vel, dada a impossibilidade da sua rea

lização, visto requeria para o câmbio a ta.va de 27d., ou acima, durante o es paço de uni ano. Coisa dificílima no Brasil.

Enfim, a última exigência: a emissão

lastreada em ouro. Esta, apesar do rigor do estatuto legal, tornava-se pos.sívol dada a queda do câmbio, conseqüência da desconfiança das praças estrangeiras no golpe de estado republicano. Ao tempo de Rui, o atrativo representado

_

Bolsa no triuíeslre de agê)slo a outu

bro — (1889). Títulos houve que, fundamento

ou

explicações

subiram a 30 % em um

de outro.

so se anuncia\'am fortunas feitas em

Kui f<n sempre otimista, sem ser ufaiiista, quanto ao futuro econômico de

poucas semanas, às vêzes em pou cos dias. Pessoas, que jámais se ti nham cn\c)lvido na compra e venda d(! títulos, apressaram-se em apurar

seu País. Além disso, como Mauá, era

um convicto da necessidade da indu.s-

Irialização dc nossa economia. O mo

suas economias,

mento era propício a essas idéias. A

ocasião, cedendo ao contagioso entu siasmo, despertado pelos contos fan

abolição da c.scravatura eliminara o ran ço econômico colonial e a imigração .se iniciava. A Iransforniação determinada

pelo amor ao trabalho e pelas novu.s técnicas da produção, trazidas pc^os re-

para aproveitar a

observações que o.s seus olhos rcvela^'am. Para apressar a eclosão das novas

forças econômicas que antevia, admitiu

tanto, em 1891, o seu sucessor, Alencar

Araripe,

allerou-o

substancialmente.

Mais uma vez as medidas financeiras do

ministro do govèmo provisório eram modificadas, mas a culpa das conse qüências era inculcada a Rui Barbo.sa.

Prosseguindo na sua obra financeira, o grande brasileiro fixou a obrigatorieda de, pelo decreto de 4 de outubro de

1890, do pagamento do imposto aTandesário em ouro. A finalidade "dessa

prescrição era dupla. Primeira, segun do a explicação fornecida pelo seu au tor: "O Tesouro carece de base estável

para calcular o que recebe e o que pa ga, e êsse critério não se pode achar

da renda. A conx^ersão do papel-moeda

"Não contestaremos que a espe culação ou antes a agiotagem come çou a desenvolver-se na praça do Rio de Janeiro, ainda sob o impé

O otimismo de

diuncntais, pelo decreto a. 997. No en

O mais insuspeito testemunho é o

de produção brasileira se enquadraria Rui não era infundado: estribava-sc nus

execução desse diploma legal. Rui o al terou, sem modificar as exigências fun-

senão no uso exclusivo do ouro como

que nos dá o Visconde de Ouro Preto:

nos moldes das modernas organizações

(5). Em face de certas dificuldades na

tásticos que à surdina se propalavam na rua da Alfândega" (3).

cém-vindos, fazia prc\'er cjuc o sistema

econômicas européias.

depositados em ura banco, à escolha da maioria dos subscritores, 30% em dinhei ro, se maior proporção não estipulassem os prospeclos do valor de cada ação"

rio" (4).

Rui, ciente do mal de tais especula

medida comum do imposto e dos juros em ouro na renda das apólices é portan

to conseqüência necessária do embôlso das taxas aduaneiras em metal". Segun da, li\'rava o mercado cambial das pro curas maciças de libras-ouro, a fim de

satisfazer ao pagamento dos juros e amortizações das dívidas públicas. Rui tinha essa providência, aliás com

razão, como a viga mestra do seu plano

a emissão, meio seguro cie incentivar a.s atividades econômicas, e o fêz na quan

ções, procurou cortá-lo. Publicou, nesse .sentido, o decreto de 13 de outubro de

financeiro. O câmbio no Brasil oscila in

tidade que o meif' suportava. Não exor

1890, em que "não se haveriam por de

sa nas variações constantes é a remessa

finitivamente constituídas as sociedades

em virtude das queixas do comércio quanto às aperturas de numerário. Essas

bitou, como já o demonstramos. A especulação bolsista, que os seus

inimigos lhe quiseram atribuir, já e.xi.s-

(3) — Barbosa, Rui. Finanças e Política,

eram bem antigas. Já os estadistas e fi

tia, e não aumentou na administração de

pélo declínio da taxa cambial não era suficiente

para justificar emissões a

grane!. Houve emissões e Rui as incentivou,

nancistas do império bradaram contra a

Bui, pois esta, usando dos remédios (p»;

Pg. 23, rodapé.

(4) — Década Republicana, vol. I, pg. 87.

cessantemente, e um dos fatores que pe

de divisas para fazer face aos compromi.ssos dos empréstimos externos. (5) — Apud, Borman. Oscar. idem. pg 93.


Dícn-isTO Eccjnómjòo Dicesto Econômico

97

90

E' que ü Brasil, país novo, não pos sui recursos próprios para movimentar a sua economia, precisando recorrer constantemente aos centros financeiros,

no Brasil, ter sido de (^uecla. continua e

progressi\'a, como ixxlc ser perfeitamen te tc verificada pelos mimero.s seguin.te.s

(7).

em demanda de capitais. Mas .se estes, montmen ío do câmbio

ao entrar no País, ativam a economia,

drenam, por outro lado, grandes .somas em forma de lucros, que pesam no pas

sivo do Balanço de Contas. Basta dizer

Câmbio-ourtf sobre

Alio.s

Jjmdrcs

que em 19-30, segundo estimatisa ^do

como agi-iu-aclor dé.sle défieit. o que se traduz, na \ida econômica da Nação, por uma perda de substância, principal mente no ca.so do Brasil, cujas relações do comércio internacional devem ser en caradas cm seu aspecto real de troca de mercadorias

por

outras

mercadorias.

Portanto, a maior ou menor vantagem que o nos.sd Paí.s tira do comércio in-

tcmaciona' depende da quantidade de

mercadorias rpie i-nlrega pela exporta

turbando-o profundamente, c òste, por sua vez, através de um fenômeno curio-

so de reperciussão, agra\a pela des\alorização da moeda, causada pelas emis•sões sucessivas e pela contínua elewiçãn de preços, o próprio do.sequiíibrlo econômico que o feriu. Ao tempo de Rui o câmbio, elemento

scnsí\cl como é, sofreu logo as repercus.sões internacionais da má aceitação

Ministério da Fazenda (6), o total dos

1820

lucros enviados para o exterior atingiu

18-10

30,31

a. 13.020.000 libras esterlinas. Contudo,

1860

25,56

pela relação de trocas, que é o (juocien-

da revolução republicana, que o leva ram de 27d. para 23d. Esta queda c as oscilações constantes provenientes de es

não é o de maior amp'itude. O elemento central do movimento cie capitais são

1880

21,91

te do Índico do preços em ouro das mer

cipalmente pe'os bancos estranseiros,

as remessas feitas pelo Tesouro, em pa gamento das dívidas e.xternas do Paí.s. De fato, as dívidas externas são um

ônus fabuloscj, que ultrapassa, no pre sente, a nossa capacidade de pagamento, constituindo ao mesmo tempo o maior entrave ao desenvolvimento econômico

brasileiro, uma vez que drena totalmen te ou em parte, o saldo de nossa Balan

ça Comercial, deixando ainda um saldo devedor enorme, cpe fortemente con tribui para a progre.ssiH) contínua das

nossas dívidas externas que, corn os no vos empréstimos, elevaram a souia.s fan tásticas o débito brasileiro no exterior. Deste ligeiro exame podemos concluir

(|ue o Balanço de Contas Brasileiro é deficitário, e esse déficit tende a au

57,0 (ai

1900

9,45

1920

30,36

19-10

0,96

1943

Mas o pi"r é que, além de e c cair constantemente, flutua dentro do pe ríodo de um ano, favorecendo a espe

culação cambial e prejudicando, sensi

vem caindo conlimiamente, olxigando o Paí.s a vender cada \ez mais, ganhando cada vez menos. Essa perda continua se nota claramente no quadro seguinte so

bre o valor-ouiü <la tonelada exporlada

portada E IMPORTADA

gundo membro da equação dc equilí brio. Êssp segundo Icnno de igualdade é expresso em moeda estrangeira, con

como um elemento conseqüente ao esta

do deficitário do Balanço de Conta.s r (a) — Taxas de câmbio convertidas em decimais: ueuiniais. pences-ouro por tav, taxa

--—

Londres. A

Manhã". São Paulo. 2 de dezembro de

1943.

(7)

Expoiiação

JmpoiUição

1928 1932 1936 1940

100

100

47

42

26 20

42

1042

23

38

45

Pois bem essas flutuações constante.s da vida econômica brasileira, motivadas

pela sua própria fraqueza, atingem agudamente o sistema monetário, per-

,

de 1943 pelo valor libra-ouro . Folha aa Idem.

compra, em datas conhecidas de volu

me considerável de cambiai.s-ouro, força\a a baixa do câmbio, insuflando a e.speculação.

foram c.sses efeitos maléficos dos pa gamentos dos juros ao estrangeiro quo Rui qui.s evitar, instituindo a ohrigitloviedadc do imposto-ouro alfandegário. Que fizeram os seus suce.ssores de

ram í\s reservas em ouro que Rui aouAuo.ç

lodn foi fni calculada rnleulada oelos dados ao ao de 1940 pelos dados

Statesman's Year-Book.

dos compromissos externos. - Êstes, por

medida tão sábia ? Revogaram-na. sim plesmente. E, não contentes, delapida

(Números índices)

bríos do mesmo, uma \ez que é o se

tá diretamente relacionado com o Ba

leiro".

sua vez, agravavam a situação, jxãs a

Ora, no Brasil, esse indico de preços

vALoa-ouRo OI-: tonelada ex

lanço de Contas, e o desequilíbrio cons tante dêste não pode deixar de o afe tar, como é natural; daí sua tendência,

"Evolução do Sistema Monetário Brasi

portam" (8).

Porém, .se o cambio é afetado pelos déficits do Balanço de Conta.s, cMe, por

mentar sensivelmente^, por ocasião das crises inte;;nacionais. Ora, o câmbio, eoino nós sabemos, es

(g) — Osvaldo Aranha — Relatório do

causavam sérios embaraços à satisfação

velmente, a economia interna.

outro lado, agrava essa situação deficitá ria, influindo nos posteriores de.seqiiilí-

peculação cambial, levada a efeito prin

cadorias quo SC importam pelo índice de preços das mercadorias tjue se ex

e importada.

vertida em moeda nacional pela taxa de cambio e, como esta baixa continua mente, a desigualdade se acentua; c câmbio entra, pois, ao mesmo teniiM),

Ministério Ja Fazenda — Rio de Janeiro 2933. Apud, Dorival Teixeira Vieira,

ção, cm troca das qtic recebe por iinpjírtação. "Essa \antagem é expressa

mu'ara. Araripo vendeu-as; Lucena empicstou-as. Êstc arrependeu-se e se rclraloii. E' o que nos. conta Rui, nesse ttecbo:

"O impòsto em ouro foi condenado pelo mesmo govèrno que mais tarde

teria de vir pugnar, arrependido, pe la .sua con.servação, condenado an

tes que o critério de uma experi mentação regular lhe pudesse pôr a descoberto a influência real .sòbre a vida econômica do Pais" (9).

Gudin. E. ''Princípios de Econorma Monetana". Civilização Brasileira,

(9) — Barbosa, Rui, idem dg. 253.


Dícn-isTO Eccjnómjòo Dicesto Econômico

97

90

E' que ü Brasil, país novo, não pos sui recursos próprios para movimentar a sua economia, precisando recorrer constantemente aos centros financeiros,

no Brasil, ter sido de (^uecla. continua e

progressi\'a, como ixxlc ser perfeitamen te tc verificada pelos mimero.s seguin.te.s

(7).

em demanda de capitais. Mas .se estes, montmen ío do câmbio

ao entrar no País, ativam a economia,

drenam, por outro lado, grandes .somas em forma de lucros, que pesam no pas

sivo do Balanço de Contas. Basta dizer

Câmbio-ourtf sobre

Alio.s

Jjmdrcs

que em 19-30, segundo estimatisa ^do

como agi-iu-aclor dé.sle défieit. o que se traduz, na \ida econômica da Nação, por uma perda de substância, principal mente no ca.so do Brasil, cujas relações do comércio internacional devem ser en caradas cm seu aspecto real de troca de mercadorias

por

outras

mercadorias.

Portanto, a maior ou menor vantagem que o nos.sd Paí.s tira do comércio in-

tcmaciona' depende da quantidade de

mercadorias rpie i-nlrega pela exporta

turbando-o profundamente, c òste, por sua vez, através de um fenômeno curio-

so de reperciussão, agra\a pela des\alorização da moeda, causada pelas emis•sões sucessivas e pela contínua elewiçãn de preços, o próprio do.sequiíibrlo econômico que o feriu. Ao tempo de Rui o câmbio, elemento

scnsí\cl como é, sofreu logo as repercus.sões internacionais da má aceitação

Ministério da Fazenda (6), o total dos

1820

lucros enviados para o exterior atingiu

18-10

30,31

a. 13.020.000 libras esterlinas. Contudo,

1860

25,56

pela relação de trocas, que é o (juocien-

da revolução republicana, que o leva ram de 27d. para 23d. Esta queda c as oscilações constantes provenientes de es

não é o de maior amp'itude. O elemento central do movimento cie capitais são

1880

21,91

te do Índico do preços em ouro das mer

cipalmente pe'os bancos estranseiros,

as remessas feitas pelo Tesouro, em pa gamento das dívidas e.xternas do Paí.s. De fato, as dívidas externas são um

ônus fabuloscj, que ultrapassa, no pre sente, a nossa capacidade de pagamento, constituindo ao mesmo tempo o maior entrave ao desenvolvimento econômico

brasileiro, uma vez que drena totalmen te ou em parte, o saldo de nossa Balan

ça Comercial, deixando ainda um saldo devedor enorme, cpe fortemente con tribui para a progre.ssiH) contínua das

nossas dívidas externas que, corn os no vos empréstimos, elevaram a souia.s fan tásticas o débito brasileiro no exterior. Deste ligeiro exame podemos concluir

(|ue o Balanço de Contas Brasileiro é deficitário, e esse déficit tende a au

57,0 (ai

1900

9,45

1920

30,36

19-10

0,96

1943

Mas o pi"r é que, além de e c cair constantemente, flutua dentro do pe ríodo de um ano, favorecendo a espe

culação cambial e prejudicando, sensi

vem caindo conlimiamente, olxigando o Paí.s a vender cada \ez mais, ganhando cada vez menos. Essa perda continua se nota claramente no quadro seguinte so

bre o valor-ouiü <la tonelada exporlada

portada E IMPORTADA

gundo membro da equação dc equilí brio. Êssp segundo Icnno de igualdade é expresso em moeda estrangeira, con

como um elemento conseqüente ao esta

do deficitário do Balanço de Conta.s r (a) — Taxas de câmbio convertidas em decimais: ueuiniais. pences-ouro por tav, taxa

--—

Londres. A

Manhã". São Paulo. 2 de dezembro de

1943.

(7)

Expoiiação

JmpoiUição

1928 1932 1936 1940

100

100

47

42

26 20

42

1042

23

38

45

Pois bem essas flutuações constante.s da vida econômica brasileira, motivadas

pela sua própria fraqueza, atingem agudamente o sistema monetário, per-

,

de 1943 pelo valor libra-ouro . Folha aa Idem.

compra, em datas conhecidas de volu

me considerável de cambiai.s-ouro, força\a a baixa do câmbio, insuflando a e.speculação.

foram c.sses efeitos maléficos dos pa gamentos dos juros ao estrangeiro quo Rui qui.s evitar, instituindo a ohrigitloviedadc do imposto-ouro alfandegário. Que fizeram os seus suce.ssores de

ram í\s reservas em ouro que Rui aouAuo.ç

lodn foi fni calculada rnleulada oelos dados ao ao de 1940 pelos dados

Statesman's Year-Book.

dos compromissos externos. - Êstes, por

medida tão sábia ? Revogaram-na. sim plesmente. E, não contentes, delapida

(Números índices)

bríos do mesmo, uma \ez que é o se

tá diretamente relacionado com o Ba

leiro".

sua vez, agravavam a situação, jxãs a

Ora, no Brasil, esse indico de preços

vALoa-ouRo OI-: tonelada ex

lanço de Contas, e o desequilíbrio cons tante dêste não pode deixar de o afe tar, como é natural; daí sua tendência,

"Evolução do Sistema Monetário Brasi

portam" (8).

Porém, .se o cambio é afetado pelos déficits do Balanço de Conta.s, cMe, por

mentar sensivelmente^, por ocasião das crises inte;;nacionais. Ora, o câmbio, eoino nós sabemos, es

(g) — Osvaldo Aranha — Relatório do

causavam sérios embaraços à satisfação

velmente, a economia interna.

outro lado, agrava essa situação deficitá ria, influindo nos posteriores de.seqiiilí-

peculação cambial, levada a efeito prin

cadorias quo SC importam pelo índice de preços das mercadorias tjue se ex

e importada.

vertida em moeda nacional pela taxa de cambio e, como esta baixa continua mente, a desigualdade se acentua; c câmbio entra, pois, ao mesmo teniiM),

Ministério Ja Fazenda — Rio de Janeiro 2933. Apud, Dorival Teixeira Vieira,

ção, cm troca das qtic recebe por iinpjírtação. "Essa \antagem é expressa

mu'ara. Araripo vendeu-as; Lucena empicstou-as. Êstc arrependeu-se e se rclraloii. E' o que nos. conta Rui, nesse ttecbo:

"O impòsto em ouro foi condenado pelo mesmo govèrno que mais tarde

teria de vir pugnar, arrependido, pe la .sua con.servação, condenado an

tes que o critério de uma experi mentação regular lhe pudesse pôr a descoberto a influência real .sòbre a vida econômica do Pais" (9).

Gudin. E. ''Princípios de Econorma Monetana". Civilização Brasileira,

(9) — Barbosa, Rui, idem dg. 253.


98

Não c possível analisar ninna nnica palestra o p^ano financeiro de Uiií. Apontamos os aspectos principais, (pic,

por sua vez, foram os mais criticados <* caluniados. Acreditamos tc-r mostrado a inverdade das acusações. Não cpieremos terminar, contudo, sem enumerar o

extenso rol de criações c reformas efe tuadas, tão só no intuito de apresentar aos senhores a excelência da obra admi

nistrativa que Rui empreendeu no cairto espaço de 14 meses.

1) — Executou • com muito engenho o orçamento de 1890, conseguindo, num ambiente propício a gastos e.xorbitantes, manter as contas em equilíbrio. 2) — Não emitiu um só real a fim

de propiciar o aumento dás despesas pú blicas.

3) — Instituiu o Tribunal de Contas, o que na época foi considerado uma rc-

\olução.

em dia os

Tcsoiiro-

7) — Reduziu» caso rarissinio entre

nós, as despesas do ministério de 1-086 conto.s. Quantia avultada jxrra a épof^8) — Reformou o ser\iço da esta" tistica comercial e finauceira. e o fez em

bases tão aperfeiçoadas ciue, mesmo bo je, apesar da cxcelcnc.a do nosso seny ço estatístico, não alingm o desenvolvi

profissional. VII - Ruy e os operários. VIU - Rui, r n S,v,í

10) — Se não tocou na questão tn-

ferro.

5) — Modificou a tarifa aduaneira,

corrigíndo-a de falhas, exageros e de sigualdades existentes no sistema pro 6) — Não suspendeu o pagamento

da dívida flutuante e manteve sempre

V — Ruy c o nosso descncolcMuento industrial. VI — Ruu r r,

ciai. IX - Ruy C « dc/mcracia ^social. X - Lu

XI — Conclusão: atualidade social de Ruy Barbosa

ração da carta constitucional, „.ão dei-

xott de indicar, em estudos substancio

sos, a pos.sibilidade de modificá-la, o riue ali.ás, foi aproveitado por seus su

largos, a atuação de Rui nas finanças do País.

Agora que se está celebrando o ceutenáVio de Rui, o historiador, que, das eminências gigantescas da sua obra,

compassar os olhos pelo longo e tumul tuoso período da história do Brasil que ela domina, verá, como no famoso es pectro de Brocken que a sua pena imor

talizou, projetar-se nos horizontes futu

tecionista do Império.

dadc III - Ruy aboUcomsia. IV - Ruy e o trabalho dos Sos

hutárin por não cstar nitimnda a elabo

os seus magistrais trabalhos sébre o imposto de Renda. E ei.s aqui, meus senhores, em traços

se destinou à compra de estrada de

de Ciências Econômicas da Uni\crsiclade de São Paulo).

do seu Ministério concedendo aumcnlo de \cncimcntos, reduzindo o número de funcionários c instituindo concursos ngorosos para o ingresso na carreira.

tentaram, sem sucesso, a sua criação. Rui não só concretizou a idéia como a

4) — Não contraiu outro emprésti mo, a não ser o de 10 mil contos que

A. E. CiiSAiUNo Ju.Nion

(Professor de Direito Social das Faculdades de Direito e

I — Ruy, vuíto uocional, vulto paulista, vulto campineiro O ienw da palestra II - O meio em que cresceu Ruy: inàicidualista e escra vocrata \ ahr de sua reação ao meio, característica de sxia seniali-

cessores. São ainda dignos de regisUo

Constituição de 1891.

Ruy Barbosa e a questão social

mento que Hui Ibe ^ O) — Reformou todas as repartições

Vários ministros do Império

introduziu no Projeto da Constituição, que se consubstanciou no artigo 89 da

T

ros da Pátria o perfil do imortal esta dista.

Os baiano.s, que viram a Ruy nascer, crescer e engrandecer-se, com justíssi ma razão dele sc orgulham profunda mente. E o fazem, não apenas por sua grandeza incompará\cl, mas tam

bém porque Ruy sempre amou a Bahia, dela se mostrando, em todas as fases de

sua vida magnífica, filho inteiramente devotado à "heroína dos seios titãnicos", ao "coração da nossa nacionalida de", como ele exatamente a chamou na

crescmeulo intelectual, renándicaç-ão

auto ma,s compreensível quando dêlc

nt, A r do Largo de S-ão Fran nova Academia cisco que acolheu. „„s ólu„„3 anos de

sua formação universitária, a águia ain

da iniplume, que tanto iria brilhar mais tarde nas magnificèndas de Haia.

E se de regionalismo se tratasse, prin

"Amada terra do sou berço". E ^ prova

cipalmente na sua forma mais acentuada que é o bairrismo entonderiels então de

dcs.sa afeição dcvi-a êle, entre outras, quando, antepondo os interesses da

vem falar-vos de Rnv nn,

conferência da Feira do Sant'Ana, á

Bahia "a qualquer outra missão, por mais egrégia que fôsse", recusou o con

vite do Presidente Epilácio Pessoa para ser o chefe de nossa lepresentação di plomática junto à Liga das Nações, a fim de ir percorrer o teirltório baiano numa campanha política estadual.

Mas, o Ruy baiano é também o nosso Ruy, é ü expressão máxima da nacio nalidade brasileira c assim sendo todo brasileiro tem o direito do eoniun^Tar no seu culto cívico.

K nós paulistas, ainda mais, porque ■ irrth'liTT"r^fliiir I i -í itiiiii

podemos reivindicar também para São .abngado Ruy, ainda „o período de seu Pau o un, poueo da glória de haver

maneira ainda melhor com que unção • ■

um filho da cidade m e ra, como a tudo IZh ^ ™P""<'eçe-

ria, em lhe descrevendo einnV-^ L

an-

E vü.s fala )ustanientf> vos sòbre Ruy e n

^

lão social pelo Mestre iV'" de maneira integra'

celebre Conferência 'do

"bord:

que êle abre citando

lista, a tratar da míscp, ?"^ caipira paulista.

" ' •'"'hiaçao


98

Não c possível analisar ninna nnica palestra o p^ano financeiro de Uiií. Apontamos os aspectos principais, (pic,

por sua vez, foram os mais criticados <* caluniados. Acreditamos tc-r mostrado a inverdade das acusações. Não cpieremos terminar, contudo, sem enumerar o

extenso rol de criações c reformas efe tuadas, tão só no intuito de apresentar aos senhores a excelência da obra admi

nistrativa que Rui empreendeu no cairto espaço de 14 meses.

1) — Executou • com muito engenho o orçamento de 1890, conseguindo, num ambiente propício a gastos e.xorbitantes, manter as contas em equilíbrio. 2) — Não emitiu um só real a fim

de propiciar o aumento dás despesas pú blicas.

3) — Instituiu o Tribunal de Contas, o que na época foi considerado uma rc-

\olução.

em dia os

Tcsoiiro-

7) — Reduziu» caso rarissinio entre

nós, as despesas do ministério de 1-086 conto.s. Quantia avultada jxrra a épof^8) — Reformou o ser\iço da esta" tistica comercial e finauceira. e o fez em

bases tão aperfeiçoadas ciue, mesmo bo je, apesar da cxcelcnc.a do nosso seny ço estatístico, não alingm o desenvolvi

profissional. VII - Ruy e os operários. VIU - Rui, r n S,v,í

10) — Se não tocou na questão tn-

ferro.

5) — Modificou a tarifa aduaneira,

corrigíndo-a de falhas, exageros e de sigualdades existentes no sistema pro 6) — Não suspendeu o pagamento

da dívida flutuante e manteve sempre

V — Ruy c o nosso descncolcMuento industrial. VI — Ruu r r,

ciai. IX - Ruy C « dc/mcracia ^social. X - Lu

XI — Conclusão: atualidade social de Ruy Barbosa

ração da carta constitucional, „.ão dei-

xott de indicar, em estudos substancio

sos, a pos.sibilidade de modificá-la, o riue ali.ás, foi aproveitado por seus su

largos, a atuação de Rui nas finanças do País.

Agora que se está celebrando o ceutenáVio de Rui, o historiador, que, das eminências gigantescas da sua obra,

compassar os olhos pelo longo e tumul tuoso período da história do Brasil que ela domina, verá, como no famoso es pectro de Brocken que a sua pena imor

talizou, projetar-se nos horizontes futu

tecionista do Império.

dadc III - Ruy aboUcomsia. IV - Ruy e o trabalho dos Sos

hutárin por não cstar nitimnda a elabo

os seus magistrais trabalhos sébre o imposto de Renda. E ei.s aqui, meus senhores, em traços

se destinou à compra de estrada de

de Ciências Econômicas da Uni\crsiclade de São Paulo).

do seu Ministério concedendo aumcnlo de \cncimcntos, reduzindo o número de funcionários c instituindo concursos ngorosos para o ingresso na carreira.

tentaram, sem sucesso, a sua criação. Rui não só concretizou a idéia como a

4) — Não contraiu outro emprésti mo, a não ser o de 10 mil contos que

A. E. CiiSAiUNo Ju.Nion

(Professor de Direito Social das Faculdades de Direito e

I — Ruy, vuíto uocional, vulto paulista, vulto campineiro O ienw da palestra II - O meio em que cresceu Ruy: inàicidualista e escra vocrata \ ahr de sua reação ao meio, característica de sxia seniali-

cessores. São ainda dignos de regisUo

Constituição de 1891.

Ruy Barbosa e a questão social

mento que Hui Ibe ^ O) — Reformou todas as repartições

Vários ministros do Império

introduziu no Projeto da Constituição, que se consubstanciou no artigo 89 da

T

ros da Pátria o perfil do imortal esta dista.

Os baiano.s, que viram a Ruy nascer, crescer e engrandecer-se, com justíssi ma razão dele sc orgulham profunda mente. E o fazem, não apenas por sua grandeza incompará\cl, mas tam

bém porque Ruy sempre amou a Bahia, dela se mostrando, em todas as fases de

sua vida magnífica, filho inteiramente devotado à "heroína dos seios titãnicos", ao "coração da nossa nacionalida de", como ele exatamente a chamou na

crescmeulo intelectual, renándicaç-ão

auto ma,s compreensível quando dêlc

nt, A r do Largo de S-ão Fran nova Academia cisco que acolheu. „„s ólu„„3 anos de

sua formação universitária, a águia ain

da iniplume, que tanto iria brilhar mais tarde nas magnificèndas de Haia.

E se de regionalismo se tratasse, prin

"Amada terra do sou berço". E ^ prova

cipalmente na sua forma mais acentuada que é o bairrismo entonderiels então de

dcs.sa afeição dcvi-a êle, entre outras, quando, antepondo os interesses da

vem falar-vos de Rnv nn,

conferência da Feira do Sant'Ana, á

Bahia "a qualquer outra missão, por mais egrégia que fôsse", recusou o con

vite do Presidente Epilácio Pessoa para ser o chefe de nossa lepresentação di plomática junto à Liga das Nações, a fim de ir percorrer o teirltório baiano numa campanha política estadual.

Mas, o Ruy baiano é também o nosso Ruy, é ü expressão máxima da nacio nalidade brasileira c assim sendo todo brasileiro tem o direito do eoniun^Tar no seu culto cívico.

K nós paulistas, ainda mais, porque ■ irrth'liTT"r^fliiir I i -í itiiiii

podemos reivindicar também para São .abngado Ruy, ainda „o período de seu Pau o un, poueo da glória de haver

maneira ainda melhor com que unção • ■

um filho da cidade m e ra, como a tudo IZh ^ ™P""<'eçe-

ria, em lhe descrevendo einnV-^ L

an-

E vü.s fala )ustanientf> vos sòbre Ruy e n

^

lão social pelo Mestre iV'" de maneira integra'

celebre Conferência 'do

"bord:

que êle abre citando

lista, a tratar da míscp, ?"^ caipira paulista.

" ' •'"'hiaçao


Sr'-ir-'

DicEsro Econômico

100

íli* outra, scnclo hoinoin th* forinaçao

II

As cininências atraem .sempre a aten

ção e por isso mesmo provocam constan

tes disputas a seu respeito.

Isto rjue

ocorre ecm as coisas, sói acontecer mais

monárcpiica c homem clc ideologia !ibcral - Ruy foi um "marginal" típico,

Dicesto Ec;onómico

mesmo para os que nasceram sob a

proteção dos mais autênticos brasões de

fídalguia e dotes de inteligência. For mara o seu espírito c a sua personali

no sentido cultíirológíco da cxprcs.são". (2). E ainda: "Exprcs-são demonstra

dade sob a inspiração uni tanto utópica

tiva df) "margínalismo" intelectual c

e iclcalística dos publicistas liberais

jurídico dc Hu\- é, na sua enorme bi-

norte-americanos c ingleses do seu tem

po, que de\'ora\a àvidamentc, nu ex-

cívica de um Ruy. Não faltou quem o atacasse, principalmente quanto ao as

blioteca - de um lado, a copiosa ainmdáncia dc li\ ros estrangeiros, franceses,

ljeclati\'a do alguma missão pública que

inglè.ses, norle-amcrieanos c italianos (os

pecto em <juc nos incumbe focalizá-lo.

alemães são pouco abundantes embom

desprezava o material". (.5). E o pró

A críticíi, porem, como julgamento que é, pressupõe, da parte do crítico, ele vação cultural pelo meno.s igual à da X>essoa criticada. Onde, entretanto, en contrar tal igualdade, em se tratando de Ruy, que é único?

elo dominasse o alemão e mesmo o fa

frec_iüentemente ainda com os liomens, maximc quando da estatura cultural e

Isto não obstante, lemos reccntcmtai-

te uma apreciação sobre Ruy que, par

I tindo dc escritor dc real prestígio in

telectual, qual seja Oliveira Viana, nos parece interessante examinar nesta pa lestra, mesmo porque representa uma

crítica equilibrada e justa, resr)citosa è compreensiva. Examinando com muita

finura a personalidade de Ruy, Oliveira

Viana o considera um homem marginal, neste sentido incluídos aqueles que "vi vem todos êles entre duas "cultiuas": uma - a do seu povo, que lhes forma o subconsciente coletivo; outra — « euro

lasse); de outro, a relativa insignificáncia da sua "brasiliana';. Tora da literatura pròpriamente jurídica o par

nunca veio e assim encarecia o moral e

prio Ruy o confirma nestas pahwTas: "o que sou, meno.s o coração cm que minha mãe entrou grandemente, dêle nasce quase e.velusivamente, como a

reconhece que ele acompanhou, acliantando-se quanto x'Ossí\cl à rida cul tural de .sua época: "Com os seus há

bitos de leitura atualizada e o seu çòstu do fato ccneroto, próprio à sua índole de ad\'Ogado — Ruy já teria, sc x>or\ cntura csti\'esse \ivo, tomado conheci

mento de tudo isto, destas profundas transformações do espírito moderno c ~ o que é mais, operadas justamente no

.seio destes povos, que foram sempre o objeto da sua admiração ilimitada: e estaria, hoje, muito mudado. Certa mente, não seria mais o mesmo doutri-

nador c excgeta que fora na época he

lamentar, o Brasil lhe interes.sava pouco

água que corre da água que já correu.

como povo — isto é, como cwutzaião, como psicologia coletivo, conu) estrutura.

da, era dêlc, o maior orador que jamais

E.sta pa'a\'ra que uso, cm mim diminuí

fundação e consolidação da República.

conliecí. Esta cabeça que eu tenho, não c mai.s que uma apagada soiubní da .sua. Esta paixão da liberdade, do direito e da justiça, herdou-ma êle, a

mações da sociedade moderna, do pen

Em boa verdade,, nunca o estudou." E in.siste: "Culturalmente - Ruy era um

X)uro inglês, nutrido do espírito dc Oxford, de Cambrídge ou de Elou" (3). Silo Gonçalves, por sua vez diz de Ruy: "Era o mesmo homom que detestaria

nuiis justa das almas, o mais irredutível

liberal que eu nunca vi, liberal à inglesa

os bondes-l)iigagcirüs e os iiadeiro.s sem gravata. Liberalismo não c desordem.

e à americana" (6).

Democracia não é anarquia.

monstra à primeira vista a genialidade

A Re

pública é a liberdade c a democracia

E c justamente isto o que nos de

de Ruy; "o vigor com que soube reagir

na lei", segundo suas expressões, nao é a plebe". (4).

contra a sua própria formação espiri

Disto tudo o mais imiDortante, a nosso

meio em que sc desenvolveu a sua bri

tual, contra as XDrópinas influências do

róica dos seus hercúleos trabaliios da

Infelizmente para nós, estas transfor

samento moderno, do direito modenio, u política modcnia, da ciência social moderna — tudo isto ocorreu, ou só .se acentuou e tornou-se \isí\'cl, depois da grande guetra.

Ou mais exatamente:

depois de 1920. Equivale dizer: prati camente, depois da morte de Ruy. Os que cultuam Ruy e invocam a

sua doutrina nestes dias agitados de agora esquecem justamente este ponto.

Esquecem que Ruy era uma inteligên cia eixtremani/imte compreensi\'a; que

péia ou norte-ainericana, que lhes dá as idéias, as diretrizes do pensamento, os

xér, é ressaltar o ambiente em que se formou o espírito de Ruy, um meio

lhante carreira política, contra as pró

paradigma.s constitucionais, os critérios do julgamento, político" (1). Oliveira

tão profundamente individualista que

imperavam em seu derredor, contra u indiferença de uns, a inconsciência de

fletmdo-lhe as crenças, aspirações v

Viana diz mais expressivamente ainda:

tegro Dr. João Barbosa, diz Silo Gon çalves: "Era um teórico a sonhar com novas formas de governo, embebiclo das idéias novas da Europa e da América do

outros, a má vontade destes, a malícia

Gomes, em c-onferència do mérito sobre este mesmo assunto afirma judiciosamente: Desde a primeira atitude, como es

"pela sua mentalidade anglo-saxônia e pela condição especial da sua posíçrio jio plano do tempo — isto é, pela sua condição de homem que pertencia a

duas épocas, colocado entre o Império

ainda escravocrata.

Norte.

Dc seu pai, o ín

Pouco \'ercladeiramentc conhe

cia da vida material, tão dura e ingrata,

o a República, participando de uma e

prias tradições ou pseudo-tradições que

daqueles, para contra tudo e contra

Iodos tentar a reforma da própria men talidade nacional, depois de haver re formado a sua x^rópria". Aliás, Oliveira Viana, mesmo quanto íio seu alegado "marginalísmo" de Ruy,

(3) Ibidem. pg. 40. (4) A Águia Ágv'- de Haia. 1947, pg. 24. 0,l

Rio de Janeiro.

viveu sempre dentro da sua época, re-

M-ntimentos". E o Professor Orlando

tudante, no Recife, não licsitou entre o X?iogresso e a rotina, abraçando daí por

diante, todas as cansas que têm sido r.s rei\-indicações fundamentais da ca

mada progressista". (7}.

(2) Ibidem, pgs. 37 e 38. (1) Instituições Políticas Brasileiras, 2.o Voi., pg. 10. S. Paulo, 19411.

a.ssimilou lôda a cultura do seu tempo e

(5) Ob. cit. pgs. 18 e 19. (6) Ibidem, pg. 21.

(7) Revista da Faculdade de Direito da Bahia, vol. XIX, 1944. pg. 77.


Sr'-ir-'

DicEsro Econômico

100

íli* outra, scnclo hoinoin th* forinaçao

II

As cininências atraem .sempre a aten

ção e por isso mesmo provocam constan

tes disputas a seu respeito.

Isto rjue

ocorre ecm as coisas, sói acontecer mais

monárcpiica c homem clc ideologia !ibcral - Ruy foi um "marginal" típico,

Dicesto Ec;onómico

mesmo para os que nasceram sob a

proteção dos mais autênticos brasões de

fídalguia e dotes de inteligência. For mara o seu espírito c a sua personali

no sentido cultíirológíco da cxprcs.são". (2). E ainda: "Exprcs-são demonstra

dade sob a inspiração uni tanto utópica

tiva df) "margínalismo" intelectual c

e iclcalística dos publicistas liberais

jurídico dc Hu\- é, na sua enorme bi-

norte-americanos c ingleses do seu tem

po, que de\'ora\a àvidamentc, nu ex-

cívica de um Ruy. Não faltou quem o atacasse, principalmente quanto ao as

blioteca - de um lado, a copiosa ainmdáncia dc li\ ros estrangeiros, franceses,

ljeclati\'a do alguma missão pública que

inglè.ses, norle-amcrieanos c italianos (os

pecto em <juc nos incumbe focalizá-lo.

alemães são pouco abundantes embom

desprezava o material". (.5). E o pró

A críticíi, porem, como julgamento que é, pressupõe, da parte do crítico, ele vação cultural pelo meno.s igual à da X>essoa criticada. Onde, entretanto, en contrar tal igualdade, em se tratando de Ruy, que é único?

elo dominasse o alemão e mesmo o fa

frec_iüentemente ainda com os liomens, maximc quando da estatura cultural e

Isto não obstante, lemos reccntcmtai-

te uma apreciação sobre Ruy que, par

I tindo dc escritor dc real prestígio in

telectual, qual seja Oliveira Viana, nos parece interessante examinar nesta pa lestra, mesmo porque representa uma

crítica equilibrada e justa, resr)citosa è compreensiva. Examinando com muita

finura a personalidade de Ruy, Oliveira

Viana o considera um homem marginal, neste sentido incluídos aqueles que "vi vem todos êles entre duas "cultiuas": uma - a do seu povo, que lhes forma o subconsciente coletivo; outra — « euro

lasse); de outro, a relativa insignificáncia da sua "brasiliana';. Tora da literatura pròpriamente jurídica o par

nunca veio e assim encarecia o moral e

prio Ruy o confirma nestas pahwTas: "o que sou, meno.s o coração cm que minha mãe entrou grandemente, dêle nasce quase e.velusivamente, como a

reconhece que ele acompanhou, acliantando-se quanto x'Ossí\cl à rida cul tural de .sua época: "Com os seus há

bitos de leitura atualizada e o seu çòstu do fato ccneroto, próprio à sua índole de ad\'Ogado — Ruy já teria, sc x>or\ cntura csti\'esse \ivo, tomado conheci

mento de tudo isto, destas profundas transformações do espírito moderno c ~ o que é mais, operadas justamente no

.seio destes povos, que foram sempre o objeto da sua admiração ilimitada: e estaria, hoje, muito mudado. Certa mente, não seria mais o mesmo doutri-

nador c excgeta que fora na época he

lamentar, o Brasil lhe interes.sava pouco

água que corre da água que já correu.

como povo — isto é, como cwutzaião, como psicologia coletivo, conu) estrutura.

da, era dêlc, o maior orador que jamais

E.sta pa'a\'ra que uso, cm mim diminuí

fundação e consolidação da República.

conliecí. Esta cabeça que eu tenho, não c mai.s que uma apagada soiubní da .sua. Esta paixão da liberdade, do direito e da justiça, herdou-ma êle, a

mações da sociedade moderna, do pen

Em boa verdade,, nunca o estudou." E in.siste: "Culturalmente - Ruy era um

X)uro inglês, nutrido do espírito dc Oxford, de Cambrídge ou de Elou" (3). Silo Gonçalves, por sua vez diz de Ruy: "Era o mesmo homom que detestaria

nuiis justa das almas, o mais irredutível

liberal que eu nunca vi, liberal à inglesa

os bondes-l)iigagcirüs e os iiadeiro.s sem gravata. Liberalismo não c desordem.

e à americana" (6).

Democracia não é anarquia.

monstra à primeira vista a genialidade

A Re

pública é a liberdade c a democracia

E c justamente isto o que nos de

de Ruy; "o vigor com que soube reagir

na lei", segundo suas expressões, nao é a plebe". (4).

contra a sua própria formação espiri

Disto tudo o mais imiDortante, a nosso

meio em que sc desenvolveu a sua bri

tual, contra as XDrópinas influências do

róica dos seus hercúleos trabaliios da

Infelizmente para nós, estas transfor

samento moderno, do direito modenio, u política modcnia, da ciência social moderna — tudo isto ocorreu, ou só .se acentuou e tornou-se \isí\'cl, depois da grande guetra.

Ou mais exatamente:

depois de 1920. Equivale dizer: prati camente, depois da morte de Ruy. Os que cultuam Ruy e invocam a

sua doutrina nestes dias agitados de agora esquecem justamente este ponto.

Esquecem que Ruy era uma inteligên cia eixtremani/imte compreensi\'a; que

péia ou norte-ainericana, que lhes dá as idéias, as diretrizes do pensamento, os

xér, é ressaltar o ambiente em que se formou o espírito de Ruy, um meio

lhante carreira política, contra as pró

paradigma.s constitucionais, os critérios do julgamento, político" (1). Oliveira

tão profundamente individualista que

imperavam em seu derredor, contra u indiferença de uns, a inconsciência de

fletmdo-lhe as crenças, aspirações v

Viana diz mais expressivamente ainda:

tegro Dr. João Barbosa, diz Silo Gon çalves: "Era um teórico a sonhar com novas formas de governo, embebiclo das idéias novas da Europa e da América do

outros, a má vontade destes, a malícia

Gomes, em c-onferència do mérito sobre este mesmo assunto afirma judiciosamente: Desde a primeira atitude, como es

"pela sua mentalidade anglo-saxônia e pela condição especial da sua posíçrio jio plano do tempo — isto é, pela sua condição de homem que pertencia a

duas épocas, colocado entre o Império

ainda escravocrata.

Norte.

Dc seu pai, o ín

Pouco \'ercladeiramentc conhe

cia da vida material, tão dura e ingrata,

o a República, participando de uma e

prias tradições ou pseudo-tradições que

daqueles, para contra tudo e contra

Iodos tentar a reforma da própria men talidade nacional, depois de haver re formado a sua x^rópria". Aliás, Oliveira Viana, mesmo quanto íio seu alegado "marginalísmo" de Ruy,

(3) Ibidem. pg. 40. (4) A Águia Ágv'- de Haia. 1947, pg. 24. 0,l

Rio de Janeiro.

viveu sempre dentro da sua época, re-

M-ntimentos". E o Professor Orlando

tudante, no Recife, não licsitou entre o X?iogresso e a rotina, abraçando daí por

diante, todas as cansas que têm sido r.s rei\-indicações fundamentais da ca

mada progressista". (7}.

(2) Ibidem, pgs. 37 e 38. (1) Instituições Políticas Brasileiras, 2.o Voi., pg. 10. S. Paulo, 19411.

a.ssimilou lôda a cultura do seu tempo e

(5) Ob. cit. pgs. 18 e 19. (6) Ibidem, pg. 21.

(7) Revista da Faculdade de Direito da Bahia, vol. XIX, 1944. pg. 77.


Dicksto Econónhco im

''xl' '"Õ. ''' cóbre o.s c£''mh, caicanhaies,

Aliás não era de admirar que se

cômodos" se atestam crcaluras huma

preocupasse desde cedo com as agru ras do operário quem, embora bem nas cido, também passou por dificuldades financeiras como Ruy, cuja respeitável l)rogenitoru mantinha a família com uma pequena indústria de doces, auxilia

nas como .sacos cm tuÜias, numa pro

coalhados dc homens, mulheres e crian

ças*, como dc fardos mortos, numa tor tura dc mil torturas, que gela a imagi

E

nação transida c liorripilada. Os covis dc: sarrafos c fc^lhas do Flnndres se aga-

cham e penduram vacilando, à encosta do.s morros su.spcitos, como canis de

na mão, e lutando com as maiores difi

rafeiros maltratados, onde entes huma

culdades para ocorrer às necessidades cotidianas da minha sub.sistência". (8).

nos se dão a si mesmos a ilusão de

estarem ao abrigo das intempéries, das

sevandijas, dos bichos daninhos, que por tôda a parte os varejam e infestam . (9). Ruy que tudo lé, tudo sabe, como

III

Entre as características do "marginalismo de Ruy inclui Oliveira Viana o .sc-u desconhecimento de nossa realida

de social. Não vamos discutir aqui se Ruy era ou nao culturalmente um

marginal quanto à nossa estrutura po lítica, ou seja em relação ao nos.so Di

reito Público e Constitucional, Queren do re.stringir-nos exclusivamente ao as

^ j>

miscuidade inconcebível, que lembra os

quadros do tráfico nogrciro; os porões

Luiz Viana depõe citando este trecho de uma carta de Ruy: "A verdade, meu caro amigo, é que veio aqui de prumo

da por algumas.escravas herdadas.

lingua, "nen, hA

so tudo vi.sse.

Eí-lo agora a falar das

agruras do trabalho rural: "Consideraeno de.sbravamcnto das florestas,* nessas

derrubadas, em que o dcrrubador ma

neja muita vez no seu machado a pró pria morte, em quo a arvore tantas ve

zes esmaga o matcLro. Lemhrac-vos da mortandade polo veneno das cobras, a .siirprê.ça do réptil ao calcanhar nu, as mãos indefesas, ao cólo de.sc.:iberto. Pen-

pecto da questão .social, julgamos, c-ontudo, que quanto a este ponto de \ista,

.siie na malária, reinante nessas paragens

a crítica não procede.

desbravador, o roçador, o lavrador .sc

inculta.s*, alagada.s, paludosas onde o

A cr. 1 -1

vale o do casebre". Não tem o senti

,i

j

mento da pátria, nem, sequer, a noção

cousa com

ac pavor do recmtamento. Mas. para

cspisadu". Mantnncntos, os / 1- 7

\ *

junta aos cantos

tZ Ir""- °

„ho pendente de un,

'1" '""ri-

"■ tfiro

" P°lvarinho

„ resto da vida

'abe^rta"; pa":; ^

palmas benU.T'" Se T' T'""

teto, alu.do pelo tempo, escorre para

centro a chuva, nao se seda o romho;

basta aparar-lhe a agua num gamelo. Dcsaprn-

ção do seu gênio desce

embora,

quando

à repetição de por-

menores, que ignora\'a a

ronca

existência de nossa que.s-

a trovoada, não deixe o

tão social.

dono de se julgar mais emi seguro no ôco de O mato vem beirar com o terreirinho nu da

pequena clareira de luz no seu desconhecimento

palhoça. Nem flores, nem frutas, nem legu

do Brasil." (12) g

razao afirma Luiz Dei-

mes. Da terra, só a man

g»do: "Para aquêle ve

lho romântico, a questão

dioca, o milho e a cana.

tatísticos, citando notícias de jornais,

halhadora.

analisando relatórios de tccnicos e até

mesmo respigando na própria literatura de ficção aquilo que ela tira à observa ção do real, como no exórdio de sua

premido a pulso, a cuia do café.

zene e caixas dè salmão.

Na "casa de

(0) A Vida de Ruy Barbosa, S. Paulo,

1921, pgs. 129 e 130. (10) Ob. clt. pg. 139.

»c.al não se limitava,

A man

cana dá a rapadura, dá a garapa, e assucara, de um rolête es

Para Jeca Tatu "o ato mais impor tante da sua vida é votar no govêrvota".

quem.

Sm?

O mobiliário cerebral

«^ban-

industrializados - simf.,.

c

hria quem olhasse de f ^

desço-

às vezes: tinha aspe^tn"^'^

çáo a famosa realiJade^gg",^.^?'

Mas

"Jeca por dentro rivalisa com

Jeca por fora. (9) Campanha Presidencial (1919), Bahia,

PS- 139,

Porque não exige cultu ra, nem colheita.

Reconhece-o

o próprio Oliveira Viana: y ^0 o Jeca, de Monteiro l Lobato, lhe abriu uma ^

uma árvore visinha.

dioca "sem vergonha", não teme formiga. A •

sobre a que.st<ão social, nesta síntese do Jeca Tatu, de Monteiro Lobato: "Dè

mouro, e "vista no avesso a camisa do

marido". (11).

cate, grudado à parede, lhe vale de contraforte,

Véino-los logo mais repelindo dados es

ca de retalhos de zinco, latas de kero-

gula a cachopa três caroços de feijão

que mau grado a eleva

no.s.sa realidade social no que tange aos problemas aflitivos da nossa classe tia-

'•'casa de comodos", ou u triste arapu

min dc cachorro". Parto difieiP En

mando-se os barrotes da

a.'; lamas da terra decomposta". (10).

Teatro Líricí),

pote. Dôr de peito? "O porrete é ias-

casa, um santo de mas

de uma feita, pleno conhecimento de

célebre conferência do

Para brotoeja, cozimento de beiço de

Ora, não se poderá di

vão arrostar com os pântanos, os hrejaes,

balhos expressivas referências a quadros realíssinios da vida operária. Se não credes, ouvi: "Até agora o abrigo das classes proletárias é, habitualmente, a

iodas as doenças, dispõe de meisinhas prodigiosas como as idéias dos nossos estadista. Não liá bronchite, que resis ta ao cuspir do doente na bôca de um peixe, solto, em seguida, água abaixo

zer de um homem assim,

Ruy demonstrou perfeitamente, mais

Não faltam nos seus tra

do país. "Dc "guerni, defesa nacional ou govèrno", tudo quanto sabe, se reduz

ílz!

(13) Hui Barbo.., s, Pa„,„,


Dicksto Econónhco im

''xl' '"Õ. ''' cóbre o.s c£''mh, caicanhaies,

Aliás não era de admirar que se

cômodos" se atestam crcaluras huma

preocupasse desde cedo com as agru ras do operário quem, embora bem nas cido, também passou por dificuldades financeiras como Ruy, cuja respeitável l)rogenitoru mantinha a família com uma pequena indústria de doces, auxilia

nas como .sacos cm tuÜias, numa pro

coalhados dc homens, mulheres e crian

ças*, como dc fardos mortos, numa tor tura dc mil torturas, que gela a imagi

E

nação transida c liorripilada. Os covis dc: sarrafos c fc^lhas do Flnndres se aga-

cham e penduram vacilando, à encosta do.s morros su.spcitos, como canis de

na mão, e lutando com as maiores difi

rafeiros maltratados, onde entes huma

culdades para ocorrer às necessidades cotidianas da minha sub.sistência". (8).

nos se dão a si mesmos a ilusão de

estarem ao abrigo das intempéries, das

sevandijas, dos bichos daninhos, que por tôda a parte os varejam e infestam . (9). Ruy que tudo lé, tudo sabe, como

III

Entre as características do "marginalismo de Ruy inclui Oliveira Viana o .sc-u desconhecimento de nossa realida

de social. Não vamos discutir aqui se Ruy era ou nao culturalmente um

marginal quanto à nossa estrutura po lítica, ou seja em relação ao nos.so Di

reito Público e Constitucional, Queren do re.stringir-nos exclusivamente ao as

^ j>

miscuidade inconcebível, que lembra os

quadros do tráfico nogrciro; os porões

Luiz Viana depõe citando este trecho de uma carta de Ruy: "A verdade, meu caro amigo, é que veio aqui de prumo

da por algumas.escravas herdadas.

lingua, "nen, hA

so tudo vi.sse.

Eí-lo agora a falar das

agruras do trabalho rural: "Consideraeno de.sbravamcnto das florestas,* nessas

derrubadas, em que o dcrrubador ma

neja muita vez no seu machado a pró pria morte, em quo a arvore tantas ve

zes esmaga o matcLro. Lemhrac-vos da mortandade polo veneno das cobras, a .siirprê.ça do réptil ao calcanhar nu, as mãos indefesas, ao cólo de.sc.:iberto. Pen-

pecto da questão .social, julgamos, c-ontudo, que quanto a este ponto de \ista,

.siie na malária, reinante nessas paragens

a crítica não procede.

desbravador, o roçador, o lavrador .sc

inculta.s*, alagada.s, paludosas onde o

A cr. 1 -1

vale o do casebre". Não tem o senti

,i

j

mento da pátria, nem, sequer, a noção

cousa com

ac pavor do recmtamento. Mas. para

cspisadu". Mantnncntos, os / 1- 7

\ *

junta aos cantos

tZ Ir""- °

„ho pendente de un,

'1" '""ri-

"■ tfiro

" P°lvarinho

„ resto da vida

'abe^rta"; pa":; ^

palmas benU.T'" Se T' T'""

teto, alu.do pelo tempo, escorre para

centro a chuva, nao se seda o romho;

basta aparar-lhe a agua num gamelo. Dcsaprn-

ção do seu gênio desce

embora,

quando

à repetição de por-

menores, que ignora\'a a

ronca

existência de nossa que.s-

a trovoada, não deixe o

tão social.

dono de se julgar mais emi seguro no ôco de O mato vem beirar com o terreirinho nu da

pequena clareira de luz no seu desconhecimento

palhoça. Nem flores, nem frutas, nem legu

do Brasil." (12) g

razao afirma Luiz Dei-

mes. Da terra, só a man

g»do: "Para aquêle ve

lho romântico, a questão

dioca, o milho e a cana.

tatísticos, citando notícias de jornais,

halhadora.

analisando relatórios de tccnicos e até

mesmo respigando na própria literatura de ficção aquilo que ela tira à observa ção do real, como no exórdio de sua

premido a pulso, a cuia do café.

zene e caixas dè salmão.

Na "casa de

(0) A Vida de Ruy Barbosa, S. Paulo,

1921, pgs. 129 e 130. (10) Ob. clt. pg. 139.

»c.al não se limitava,

A man

cana dá a rapadura, dá a garapa, e assucara, de um rolête es

Para Jeca Tatu "o ato mais impor tante da sua vida é votar no govêrvota".

quem.

Sm?

O mobiliário cerebral

«^ban-

industrializados - simf.,.

c

hria quem olhasse de f ^

desço-

às vezes: tinha aspe^tn"^'^

çáo a famosa realiJade^gg",^.^?'

Mas

"Jeca por dentro rivalisa com

Jeca por fora. (9) Campanha Presidencial (1919), Bahia,

PS- 139,

Porque não exige cultu ra, nem colheita.

Reconhece-o

o próprio Oliveira Viana: y ^0 o Jeca, de Monteiro l Lobato, lhe abriu uma ^

uma árvore visinha.

dioca "sem vergonha", não teme formiga. A •

sobre a que.st<ão social, nesta síntese do Jeca Tatu, de Monteiro Lobato: "Dè

mouro, e "vista no avesso a camisa do

marido". (11).

cate, grudado à parede, lhe vale de contraforte,

Véino-los logo mais repelindo dados es

ca de retalhos de zinco, latas de kero-

gula a cachopa três caroços de feijão

que mau grado a eleva

no.s.sa realidade social no que tange aos problemas aflitivos da nossa classe tia-

'•'casa de comodos", ou u triste arapu

min dc cachorro". Parto difieiP En

mando-se os barrotes da

a.'; lamas da terra decomposta". (10).

Teatro Líricí),

pote. Dôr de peito? "O porrete é ias-

casa, um santo de mas

de uma feita, pleno conhecimento de

célebre conferência do

Para brotoeja, cozimento de beiço de

Ora, não se poderá di

vão arrostar com os pântanos, os hrejaes,

balhos expressivas referências a quadros realíssinios da vida operária. Se não credes, ouvi: "Até agora o abrigo das classes proletárias é, habitualmente, a

iodas as doenças, dispõe de meisinhas prodigiosas como as idéias dos nossos estadista. Não liá bronchite, que resis ta ao cuspir do doente na bôca de um peixe, solto, em seguida, água abaixo

zer de um homem assim,

Ruy demonstrou perfeitamente, mais

Não faltam nos seus tra

do país. "Dc "guerni, defesa nacional ou govèrno", tudo quanto sabe, se reduz

ílz!

(13) Hui Barbo.., s, Pa„,„,


Aliás, nem era precis(} outra demons tração do espírito realista de Ruy quan to à questão social, que não a sua impertérrita campanha abolicionista. Sin tetizemo-la c-om as suas próprias pala

•. nrri<tnílos. c-oin uma devo-

nicntos mais arnsc.u" .

çr.o, que não qof-

Dic;i::si<> Ec:c>N'Ómk;<>

"

imco do todos os scviXis. outro m-

tcrêsse ou paga, senão perigos, od.os e vinganças". (M). .í';" P"'''""

C.oni a sua larga \ ísão. Huy não se

rário culminam trfe proldemas capo

limitou a cuidar do abolicionismo prò-

em 1884, no projeto da lei de emanci

priaineiite dito. Como êle me.smo afir

mou mais tarde ein relação aos negros alforriados: "Era uma raça que n lega'idade nacional estragara. Cumpria às leis nucionacs acudír-lhe na degrada

pação dos sexagenários, regulava èle mimiciosainente. não apenas a assistèn-

vidência, adeantando-lhe a data, que de

taes: a justiça, a instrucçao, anuobilitação do traballi". Eu 'úc „ baptismo da niinlia carreira profissional, pleitean do gnituitamcntc, na trilmna cniniiial, a justiça para timu innocenle till.a do povo, dcshtinrada pm' argeiitanu, cujo dinlieiro -.rombasa dos tribuuaes; e Deus permitiu que, com ser ainda lao

sóbre o granito, onde se acabavam de

rlcsautorizada a mniba voz no seu pn-

vras: "Quando o coração me começou

a vibrar dos sentimentos, que me têm enchido a vida, o trabalho arfava acor rentado à rocha da escravidão, onde lhe dilacerava

as entranhas o abutre

da cobiça deshumana. No dia em que o raio de Deus fundiu aquellas cadeias, bem sentimos nós outros, os que havía mos buscado collaborar na obra da Pro

partir os grilhões da raça captlva, se erguia um poder novo, um poder entre nós desconhecido, o poder, ainda in consciente, do trabalho regenerado". Dentre os que tínhamos levantad{) o

picão ou o camartello contra penedo, a que se cl-umbava a instituição mal

dita, cada qual estreitava ao peito as lembranças do seu contingente para a campanha em que entrara. O meu fôra

modesto. Mas abrangera tudo o que eu podia. Com eüa me e.streei na tribuna popular, acadêmico ainda, encetando-a com a primeira conferência abolicionista, que .se ousou em São Paulo. Depois, a minha pena, a minha palavra deram a essa causa o melhor do meu ser, c dessa cau.sa receberam o melhor das ins

Kuy perguntamos:

d" "P*;-

nieiro ensaio, i.áo bastasse a upulcnc.,.

do ricaço, para subtrair ao castigo legal

o poderoso libertino. A minha obra de cmpcniio nas cainaras imperiae.s foi a reforma do ensino publico, trabullio que

mereceu ser proclamado na biiropa co mo o mais considerável do todo.s iis ate ali existentes nu história dn parlamento

negra, dé não faltar nunca, nos mu-

eia uma ironia atroz. Dar liberdade ao

negro, desintcressando-.se, como se de sinteressaram ab.soiutainente da sua

sorte, não vinha a ser mais do que al forriar O.S senhores. O escravo continua

los e infracções peculiares ás relações

entre o patrão e operário, podendo im por multas até 200$000 e prisão até 60

cilas. No mesmo regulamento se esta belecerá a competência e o pro<.«sso, cjue será summarissimo." Daí mais uma

demonstração da improcedêncía da fra

desenvolvimento, com que o meu pro-

liberto o guarda-costas político, o ca

>to a organizava? A maldiçao das elas-

Aguçaram-se-lhe os

Sempre sustentei que as medidas de

niao.s instinctos do atavismo servil com a

Direito Social e as de Direito Econômi

educação da taberna, do bacamarte e da navalha. Nenhuma pro\'Ídência admi

co devenr correr paralelamente, dada a sua íntima interdependência, visto como

nistrativa, econômica, ou moral, se es-

o Direito Social, em ultima análise, nada

tifdou, ou tentou, para salvar do total

mais é que a transposição da Economia Social no plano jurídico. É claro, portanto, que as leis sociais

ses ]aborio.sas, onlTc nos, era a pro

priedade sorvil; e eu desde 1869 me

.servi, no.s mais avunçado.s poslo.s ale a

para a consciência da nação brasileira o mérito do acto de redempção, de in correr nas ameaças da celebre guarda

mercadoria, pelo seu gado humano de cutr ora. Executada assim, a abolição

vtrno, no regulamento que expedir para e.Necução desta ,lei, classificará os delic-

houvesse dad.i d instriicção popular n

dos

eleições subseqüentes, de reivindicar

interesse dos senhorí-s pela sua antiga

tenuação pelo serviço na extenuação pela

Deputados, o seu orgam e bandeira, de me vêr derrotado por amor delle na.s

Câmara

Deixarain-na estiolar

gados e empregadores no serviço agricola, (17) chegando até mesmo a dispor o seguinte, no § 12 do art. 2.": "O go-

riuiisi quarenta anos de então a boje, eni I-CZ de me pilhar al! a toa as ideias,

meiro que ninguém, em São Paulo, o brado publico do abolicionismo, a que

na

Não.

oa.s senzalas, de onde se ausentara o

cia aos ex-escravüs, como o próprio tra

balho dos libertos o respectivo contrato, a solução das questões entre empre

cachaça, o veneno, por cxcellencia, eth-

da sua extinção radical, erguendo pri

.ser,

rani-lhe?

E, enquanto isto dizia em 1919, já

lliadüias no Brasil, se a política, nus

do que eu, em serviços iis ela.sses tlaba-

in.screvi entre os primeiros precursores

de

ção, em que tendia a ser consumida, e se e.xtinguir, se lhe não valessem. Vule-

a monarchia". (16).

va a sel-o dos vícios, em que o mergu lhavam. Substituiu-se o chicote pela

pirações. Ti\e a honra de ser o autor reunidas,

tenta anos do nosso desenvolvimento sob

brasileiro. E quem teria id.i mais luiige

do projecto Dantas, de escrever, em sua .sustentação, o parecer das commi.s.sõcs

IV

.sua vitória final dezenove anos depois.

Quem, portanto, no Brasil, lidou mais pela regeneração do trabalho?' (15). (14) Ob. cit. pg. 116-

(15) Ob. ci». pgs. 88 e 89.

J

nicida, e.xterminador.

Trocou-sb a ex-

se irônica de Gilberto Freyre, segundo o qual "os problemas sociais quase juio

existiram para o campeão brasileiro <lu hobcas-corpus". (18).

ociosidade e suas objeções. Fez-se do panga eleitoral,

perdimento csse.s valores humanos que sossobravam.

Nem a instrução, nem a

Y

caridade, nem a hygiene intervieram de qualquer modo, O escTavo emancipado,

c.e um país estão condicionadas ao seu

í>ua família, sua descendência encharca

mente, como sempre fazia timbre de

ram putrescentes no desamparo em que fie achavam atascados. E eis aqui está como a política republicana liquidou o nosso antigo operariado, a plebe do tra

desen\'olvimento econômico c, notuda(16) Ob. cit. p^. 117 e 118.

(17) Projecto n.o 48. Sessão de 4 de agôsto de 1884.

Parecer n.o 48 A formulado

em nome das comissões reunidas de orça

balho brasileiro durante os séculos da

mento e justiça civil acêrca do projecto de emancipação dos escravos pelo Sr. Ruy

nossa elaboração colonial c os quase se

Barbosa.

(10) Ob. cit. pC. 109.

' '


Aliás, nem era precis(} outra demons tração do espírito realista de Ruy quan to à questão social, que não a sua impertérrita campanha abolicionista. Sin tetizemo-la c-om as suas próprias pala

•. nrri<tnílos. c-oin uma devo-

nicntos mais arnsc.u" .

çr.o, que não qof-

Dic;i::si<> Ec:c>N'Ómk;<>

"

imco do todos os scviXis. outro m-

tcrêsse ou paga, senão perigos, od.os e vinganças". (M). .í';" P"'''""

C.oni a sua larga \ ísão. Huy não se

rário culminam trfe proldemas capo

limitou a cuidar do abolicionismo prò-

em 1884, no projeto da lei de emanci

priaineiite dito. Como êle me.smo afir

mou mais tarde ein relação aos negros alforriados: "Era uma raça que n lega'idade nacional estragara. Cumpria às leis nucionacs acudír-lhe na degrada

pação dos sexagenários, regulava èle mimiciosainente. não apenas a assistèn-

vidência, adeantando-lhe a data, que de

taes: a justiça, a instrucçao, anuobilitação do traballi". Eu 'úc „ baptismo da niinlia carreira profissional, pleitean do gnituitamcntc, na trilmna cniniiial, a justiça para timu innocenle till.a do povo, dcshtinrada pm' argeiitanu, cujo dinlieiro -.rombasa dos tribuuaes; e Deus permitiu que, com ser ainda lao

sóbre o granito, onde se acabavam de

rlcsautorizada a mniba voz no seu pn-

vras: "Quando o coração me começou

a vibrar dos sentimentos, que me têm enchido a vida, o trabalho arfava acor rentado à rocha da escravidão, onde lhe dilacerava

as entranhas o abutre

da cobiça deshumana. No dia em que o raio de Deus fundiu aquellas cadeias, bem sentimos nós outros, os que havía mos buscado collaborar na obra da Pro

partir os grilhões da raça captlva, se erguia um poder novo, um poder entre nós desconhecido, o poder, ainda in consciente, do trabalho regenerado". Dentre os que tínhamos levantad{) o

picão ou o camartello contra penedo, a que se cl-umbava a instituição mal

dita, cada qual estreitava ao peito as lembranças do seu contingente para a campanha em que entrara. O meu fôra

modesto. Mas abrangera tudo o que eu podia. Com eüa me e.streei na tribuna popular, acadêmico ainda, encetando-a com a primeira conferência abolicionista, que .se ousou em São Paulo. Depois, a minha pena, a minha palavra deram a essa causa o melhor do meu ser, c dessa cau.sa receberam o melhor das ins

Kuy perguntamos:

d" "P*;-

nieiro ensaio, i.áo bastasse a upulcnc.,.

do ricaço, para subtrair ao castigo legal

o poderoso libertino. A minha obra de cmpcniio nas cainaras imperiae.s foi a reforma do ensino publico, trabullio que

mereceu ser proclamado na biiropa co mo o mais considerável do todo.s iis ate ali existentes nu história dn parlamento

negra, dé não faltar nunca, nos mu-

eia uma ironia atroz. Dar liberdade ao

negro, desintcressando-.se, como se de sinteressaram ab.soiutainente da sua

sorte, não vinha a ser mais do que al forriar O.S senhores. O escravo continua

los e infracções peculiares ás relações

entre o patrão e operário, podendo im por multas até 200$000 e prisão até 60

cilas. No mesmo regulamento se esta belecerá a competência e o pro<.«sso, cjue será summarissimo." Daí mais uma

demonstração da improcedêncía da fra

desenvolvimento, com que o meu pro-

liberto o guarda-costas político, o ca

>to a organizava? A maldiçao das elas-

Aguçaram-se-lhe os

Sempre sustentei que as medidas de

niao.s instinctos do atavismo servil com a

Direito Social e as de Direito Econômi

educação da taberna, do bacamarte e da navalha. Nenhuma pro\'Ídência admi

co devenr correr paralelamente, dada a sua íntima interdependência, visto como

nistrativa, econômica, ou moral, se es-

o Direito Social, em ultima análise, nada

tifdou, ou tentou, para salvar do total

mais é que a transposição da Economia Social no plano jurídico. É claro, portanto, que as leis sociais

ses ]aborio.sas, onlTc nos, era a pro

priedade sorvil; e eu desde 1869 me

.servi, no.s mais avunçado.s poslo.s ale a

para a consciência da nação brasileira o mérito do acto de redempção, de in correr nas ameaças da celebre guarda

mercadoria, pelo seu gado humano de cutr ora. Executada assim, a abolição

vtrno, no regulamento que expedir para e.Necução desta ,lei, classificará os delic-

houvesse dad.i d instriicção popular n

dos

eleições subseqüentes, de reivindicar

interesse dos senhorí-s pela sua antiga

tenuação pelo serviço na extenuação pela

Deputados, o seu orgam e bandeira, de me vêr derrotado por amor delle na.s

Câmara

Deixarain-na estiolar

gados e empregadores no serviço agricola, (17) chegando até mesmo a dispor o seguinte, no § 12 do art. 2.": "O go-

riuiisi quarenta anos de então a boje, eni I-CZ de me pilhar al! a toa as ideias,

meiro que ninguém, em São Paulo, o brado publico do abolicionismo, a que

na

Não.

oa.s senzalas, de onde se ausentara o

cia aos ex-escravüs, como o próprio tra

balho dos libertos o respectivo contrato, a solução das questões entre empre

cachaça, o veneno, por cxcellencia, eth-

da sua extinção radical, erguendo pri

.ser,

rani-lhe?

E, enquanto isto dizia em 1919, já

lliadüias no Brasil, se a política, nus

do que eu, em serviços iis ela.sses tlaba-

in.screvi entre os primeiros precursores

de

ção, em que tendia a ser consumida, e se e.xtinguir, se lhe não valessem. Vule-

a monarchia". (16).

va a sel-o dos vícios, em que o mergu lhavam. Substituiu-se o chicote pela

pirações. Ti\e a honra de ser o autor reunidas,

tenta anos do nosso desenvolvimento sob

brasileiro. E quem teria id.i mais luiige

do projecto Dantas, de escrever, em sua .sustentação, o parecer das commi.s.sõcs

IV

.sua vitória final dezenove anos depois.

Quem, portanto, no Brasil, lidou mais pela regeneração do trabalho?' (15). (14) Ob. cit. pg. 116-

(15) Ob. ci». pgs. 88 e 89.

J

nicida, e.xterminador.

Trocou-sb a ex-

se irônica de Gilberto Freyre, segundo o qual "os problemas sociais quase juio

existiram para o campeão brasileiro <lu hobcas-corpus". (18).

ociosidade e suas objeções. Fez-se do panga eleitoral,

perdimento csse.s valores humanos que sossobravam.

Nem a instrução, nem a

Y

caridade, nem a hygiene intervieram de qualquer modo, O escTavo emancipado,

c.e um país estão condicionadas ao seu

í>ua família, sua descendência encharca

mente, como sempre fazia timbre de

ram putrescentes no desamparo em que fie achavam atascados. E eis aqui está como a política republicana liquidou o nosso antigo operariado, a plebe do tra

desen\'olvimento econômico c, notuda(16) Ob. cit. p^. 117 e 118.

(17) Projecto n.o 48. Sessão de 4 de agôsto de 1884.

Parecer n.o 48 A formulado

em nome das comissões reunidas de orça

balho brasileiro durante os séculos da

mento e justiça civil acêrca do projecto de emancipação dos escravos pelo Sr. Ruy

nossa elaboração colonial c os quase se

Barbosa.

(10) Ob. cit. pC. 109.

' '


DicfcisTo KcoNÓMirn Dir.F.STíJ

Econômico

106

in;

a importância social desse ensino: "De

pois, a educação industrial representa

iT.sinar o grande e saudoso Koberto Simonsen, rjue os problemas dc distribui rão devem ser resolvidos pori passu com os da produção.

Genial como sempre Uuy antevia em líi82 a necessidade de nossa industria lização, nestes termos: "Mus somos uma

nação agrícola. E porque nao também uma nação industrial':' Eallece-nos o (j;ro, a prata, o ferro, o cstanho, o bron ze, o mármore, a argilla, a madeira, a borracha, as fibras têxteis'? Seguramen te, não. Que é, pois, o que nus mingua?

estava condicionado ao do nosso ensino

x:m dos auxiliares mais efficazes no ni

profissional.

velamento crescente das distinções^ de

São palavras suas, no

bírmoso discurso do Liceu de Artes r Ofícios: "Criar a industria ó organizar

a sua educação. Ea\'oreccr a industria ó preparar a intelligcneia. o sentimento e a mão do industrial para emular, na su

perioridade do trabalho, com a produ ção similar dos outros Estados. Cultixiida assim, ella encontra em si própria

o segredo de \'cncer: dispensa os obséouios do .systeina prot<'ctor; descultívada c< nio se acha. o.s privilegio.s desse regi

Unicamente a educação especial, que

me.» impondo ao con.sinno nacional uma

nos habilite a não pagarmos ao estran geiro o tributo enorme da mão d'obra,

industria sem arte, requintam o odioso

e sobretudo da mão d'obra artística,

baro é o produto utilizável, seja de mero luxo, seja de uso commum, em que o gosto, a arte, a belleza não cons

titua o elemento incomparavelmente pre ponderante do valor.

Ora, como nós

i So produzimos senão matéria bruta, o preço da nos.sa exportação ficará sempie immensamente aquém da importa ção de arte, a que nos obrigam as ne cessidades da vida civilizada. Nenhum país, a meu ver, reuné em si qualida des tão decisivas para ser fecundamente

industrial, quanto aquelles, como o nos

dí: tyrannia fiscal com a influencia de sastrosa dos hábitos de grosseria que

iiioculam no espirito popular.

O dia cm que o desenho e a modelu-

ria do plano dc estudo na vida do en sino nacional, datará o começo da liistória da industria e da arte no Brasil.

Se a regra da política entre nós não fosse cuidar, por uma preferencia imme-

moríal, do que menos importa ao país,

essa data não estaria longe.

Semear

o desenho imperativamente nas escolas primarias, abrir-lhe escolas especiaes",

so, onde uma natureza assombrosa pro digaliza ás obras do trabalho mechanico e do trabalho artístico um material su

conhecer ao seu professorado a dignida

perior, na abundância e na qualidade. dos nossos

tempos, a industria é inseparável da agricultura." (19). VI

E, para êle, grande apaixonado dos problemas da instrução., como já vimos, o desenvolvimento de nossa indústria (13) RUY BARBOSA. OraçSM do Após tolo, Rio, 1923, pgs. 97 e 98.

alongam dessa emíncncia as camadas la

boriosas do povo, isto é, elevando a um pjano cada \'ez mais alto a ação e o

pensamento do operário", e o seu al cance político: "A democracia quasi não existe entre nós, senão nominalmen

te; porque as forças populares, pela in capacidade relativa em que as colloca

de, que lhe pertence, no mais alto grau de escala docente, par a par com o

ois os meus serviços á reclempção do

excluídas do governo. O ensino indus trial, porém, infallivelmente inaugurará

acima dc todas as duvidas, a minha nalura inclinação pela sorte do segun

a iniciação clellas na oljra política do

do?" (23).

Estado." (21).

E como nao seria assim quem sempre glonfioou o trabalho como a sua pró-

V 11

Tudo isto mostra que, como disse acertadamente João Mangabeira: "na questão social, ninguém, no Brasil, viu

láo cedo, tão largo e tão longe, quanto Ruy em sua época. Até mesmo porque "a questão social" corresponde ao sis tema de produção que a cria. Ruy tinha

mais poderá ter, com academias de Eellas-Artes, - eis o roteiro dessa con

quista, a que estão ligados os destinos da patria". (20). E nem lhe c.scapou

eloqüente hino ao trabalho?: "Ha na

vossir grandeza um condão para attraliir ã os que se não rendem a outras: é que é a grandeza do traballio. O trabalho não

é o castigo: é a santificaçáo das crea^ras. Tudo o que nasce do trabalho,

o bom. Tudo o que se amontoa pelo tiabalho, é justo. Tudo o que se as

de sua conferência de 1919: "as nossas

senta no trabalho, é útil. Por isso a

constituições têm ainda por normlis as

nqueza, por isso o capital, que emanam

declarações de direito consagradas no século dezoito. Suas fónnulas já não correspondem exatamente à consciência

jurídica do universo.

A inflexibilidade

ta o mundo". (22).

h.oje teve em parte nenhuma, nem ja

pna vida? Quem jamais escreveu tão

Císsa previsão quando afirmava ao final

coheso, fecundo, harmônico, mediante a

arte applicada, que nada tem, nem até

não aborreço, hoje. o trabalhador livre? primeiro não estarão abi evidenciando,

nir toda essa organização num corpo

insrituição de uma escola superior dc

desinteresseiro dos escravos? Eu é que me de\'o le%'anlar, cabeça baixa, á barra do tribunal, para demonstrar que, amigo, honlem, do trabalhador captivo,

nacional, estão de fado mais ou menos

individualista dessas cartas imortais, mas não imutáveis, alguma coisa tem que

magistério da sciencia e das letras, reu

senhores, sou então eu o que me hei lie considerar obrigado a exculpar-me da increpaçâo, que os meus calumniaílores não documentaram? que, o velho abolicionista? cu, o advogado gratuito e

u ausência de um systema de educação,

ção começarem a fazer parte obrigató

fundar para os,operários aulas nocturnus desse genero, assegurar-llie vasto espaço no programma das escolas normaes, re

Na adeantada civilização

classes entre os homens, não deprimin do as superioridades reaes, mas des truindo as inferioridades arlificiaes, que

Debalde se procurou iniinizur Ruy « os operários. É èle mesmo quem de nuncia a manobra, conforme já de monstramos e êle afirmou repetidas vè7.es, justamente indignado; "Com que,

ceder ao sôpro de sociúlização que agi (20) Ob. cit. pgs. 99 e 100. (21) Ob. cit. pg. 104. (22) Rui o Estadista da Rapúblioa. Rio, 1943, pg. 292.

do trabafto, são, como elle, providen-

T;

X

berfazejos

riqueza" m^LT0'°,?^'^ cabe a p,;!!,:.* sobre a riqueza e o capital

Lmcoln nao era um dema-ovo náo • tador fpopular. Er^'" o presidente «Ç' da era um revolucionário

hif

B»-


DicfcisTo KcoNÓMirn Dir.F.STíJ

Econômico

106

in;

a importância social desse ensino: "De

pois, a educação industrial representa

iT.sinar o grande e saudoso Koberto Simonsen, rjue os problemas dc distribui rão devem ser resolvidos pori passu com os da produção.

Genial como sempre Uuy antevia em líi82 a necessidade de nossa industria lização, nestes termos: "Mus somos uma

nação agrícola. E porque nao também uma nação industrial':' Eallece-nos o (j;ro, a prata, o ferro, o cstanho, o bron ze, o mármore, a argilla, a madeira, a borracha, as fibras têxteis'? Seguramen te, não. Que é, pois, o que nus mingua?

estava condicionado ao do nosso ensino

x:m dos auxiliares mais efficazes no ni

profissional.

velamento crescente das distinções^ de

São palavras suas, no

bírmoso discurso do Liceu de Artes r Ofícios: "Criar a industria ó organizar

a sua educação. Ea\'oreccr a industria ó preparar a intelligcneia. o sentimento e a mão do industrial para emular, na su

perioridade do trabalho, com a produ ção similar dos outros Estados. Cultixiida assim, ella encontra em si própria

o segredo de \'cncer: dispensa os obséouios do .systeina prot<'ctor; descultívada c< nio se acha. o.s privilegio.s desse regi

Unicamente a educação especial, que

me.» impondo ao con.sinno nacional uma

nos habilite a não pagarmos ao estran geiro o tributo enorme da mão d'obra,

industria sem arte, requintam o odioso

e sobretudo da mão d'obra artística,

baro é o produto utilizável, seja de mero luxo, seja de uso commum, em que o gosto, a arte, a belleza não cons

titua o elemento incomparavelmente pre ponderante do valor.

Ora, como nós

i So produzimos senão matéria bruta, o preço da nos.sa exportação ficará sempie immensamente aquém da importa ção de arte, a que nos obrigam as ne cessidades da vida civilizada. Nenhum país, a meu ver, reuné em si qualida des tão decisivas para ser fecundamente

industrial, quanto aquelles, como o nos

dí: tyrannia fiscal com a influencia de sastrosa dos hábitos de grosseria que

iiioculam no espirito popular.

O dia cm que o desenho e a modelu-

ria do plano dc estudo na vida do en sino nacional, datará o começo da liistória da industria e da arte no Brasil.

Se a regra da política entre nós não fosse cuidar, por uma preferencia imme-

moríal, do que menos importa ao país,

essa data não estaria longe.

Semear

o desenho imperativamente nas escolas primarias, abrir-lhe escolas especiaes",

so, onde uma natureza assombrosa pro digaliza ás obras do trabalho mechanico e do trabalho artístico um material su

conhecer ao seu professorado a dignida

perior, na abundância e na qualidade. dos nossos

tempos, a industria é inseparável da agricultura." (19). VI

E, para êle, grande apaixonado dos problemas da instrução., como já vimos, o desenvolvimento de nossa indústria (13) RUY BARBOSA. OraçSM do Após tolo, Rio, 1923, pgs. 97 e 98.

alongam dessa emíncncia as camadas la

boriosas do povo, isto é, elevando a um pjano cada \'ez mais alto a ação e o

pensamento do operário", e o seu al cance político: "A democracia quasi não existe entre nós, senão nominalmen

te; porque as forças populares, pela in capacidade relativa em que as colloca

de, que lhe pertence, no mais alto grau de escala docente, par a par com o

ois os meus serviços á reclempção do

excluídas do governo. O ensino indus trial, porém, infallivelmente inaugurará

acima dc todas as duvidas, a minha nalura inclinação pela sorte do segun

a iniciação clellas na oljra política do

do?" (23).

Estado." (21).

E como nao seria assim quem sempre glonfioou o trabalho como a sua pró-

V 11

Tudo isto mostra que, como disse acertadamente João Mangabeira: "na questão social, ninguém, no Brasil, viu

láo cedo, tão largo e tão longe, quanto Ruy em sua época. Até mesmo porque "a questão social" corresponde ao sis tema de produção que a cria. Ruy tinha

mais poderá ter, com academias de Eellas-Artes, - eis o roteiro dessa con

quista, a que estão ligados os destinos da patria". (20). E nem lhe c.scapou

eloqüente hino ao trabalho?: "Ha na

vossir grandeza um condão para attraliir ã os que se não rendem a outras: é que é a grandeza do traballio. O trabalho não

é o castigo: é a santificaçáo das crea^ras. Tudo o que nasce do trabalho,

o bom. Tudo o que se amontoa pelo tiabalho, é justo. Tudo o que se as

de sua conferência de 1919: "as nossas

senta no trabalho, é útil. Por isso a

constituições têm ainda por normlis as

nqueza, por isso o capital, que emanam

declarações de direito consagradas no século dezoito. Suas fónnulas já não correspondem exatamente à consciência

jurídica do universo.

A inflexibilidade

ta o mundo". (22).

h.oje teve em parte nenhuma, nem ja

pna vida? Quem jamais escreveu tão

Císsa previsão quando afirmava ao final

coheso, fecundo, harmônico, mediante a

arte applicada, que nada tem, nem até

não aborreço, hoje. o trabalhador livre? primeiro não estarão abi evidenciando,

nir toda essa organização num corpo

insrituição de uma escola superior dc

desinteresseiro dos escravos? Eu é que me de\'o le%'anlar, cabeça baixa, á barra do tribunal, para demonstrar que, amigo, honlem, do trabalhador captivo,

nacional, estão de fado mais ou menos

individualista dessas cartas imortais, mas não imutáveis, alguma coisa tem que

magistério da sciencia e das letras, reu

senhores, sou então eu o que me hei lie considerar obrigado a exculpar-me da increpaçâo, que os meus calumniaílores não documentaram? que, o velho abolicionista? cu, o advogado gratuito e

u ausência de um systema de educação,

ção começarem a fazer parte obrigató

fundar para os,operários aulas nocturnus desse genero, assegurar-llie vasto espaço no programma das escolas normaes, re

Na adeantada civilização

classes entre os homens, não deprimin do as superioridades reaes, mas des truindo as inferioridades arlificiaes, que

Debalde se procurou iniinizur Ruy « os operários. É èle mesmo quem de nuncia a manobra, conforme já de monstramos e êle afirmou repetidas vè7.es, justamente indignado; "Com que,

ceder ao sôpro de sociúlização que agi (20) Ob. cit. pgs. 99 e 100. (21) Ob. cit. pg. 104. (22) Rui o Estadista da Rapúblioa. Rio, 1943, pg. 292.

do trabafto, são, como elle, providen-

T;

X

berfazejos

riqueza" m^LT0'°,?^'^ cabe a p,;!!,:.* sobre a riqueza e o capital

Lmcoln nao era um dema-ovo náo • tador fpopular. Er^'" o presidente «Ç' da era um revolucionário

hif

B»-


DfCiESTO ECOXÓMlCO * 109

grande Republica norleamericana duran te a jrmís tremenda crise da sua história;

e o consensf> geral da postcridad(f o

sagra, hoje, como o maior gcnio de es tadista que a tem governado. Pois Lincoln, senhores, não duvidava rei\'indicar, numa das suas mensagens ao Congresso Nacional, em dezembro de 1861, a preeminencia do trabalho aos outros factores socíaes.

"O trabalho — dizia elle — precede ao

capital, e deste não depende. O capital r.ão é senão um fruto do trabalho, e

i:ão chegaria nunca a existir, .se primeiro não existisse o trabalho. O trabalho é,

pois, superior ao capital, e merece con

sideração muito mais elevada". (24). VIII

Havendo sido Ruy o grande juriscon-

sulto que, brasileiros e estrangeiros pro fundamente respeitam, por certo as suas elocubraçõe.s acerca da questão social

não poderiam ficar expressas apenas em L-radas sentimentais sôbre a necessidade do melhoramento das condições, do nosso proletariado.

Completo nisto como em tudo, Ruy enfocou o problema e llie delineou as .«soluções de maneira integral. Efetiva mente, o estudo das relações entre o Ca

pital 6 o Traba'ho é levado a efeito pelo Mestre excelso como um todo orgânico, que compreende desde os funcJnincuio.s filosóficos e utjnstitucionais iité fli;

iiia.s niíniidii/') lõgMíifivas.

•iduali.sta dos direitos hum*'»"®-''

^

lor im da sorte, eiieunstãncias cegas,

luido rapidamente, c-oin oS tremendos |providenciaes .s;icce.sso.s deste século, para rima mas. formação ineomnieu.surawl

jurídicas do indixidualismo restringidas agóra por uma extensão, cada '^^aior, cios direitos sociaes. Já se riao \e u-j sociedade uni mero aggregado, unia juxlaposição de unidades incli\'iduaes, acas. telladas cada qual no .seu direito lu rala. vel, mas uma entidade naluralmento orgânica, cm que a csphera c-o ivicliiQ tem por limites iju!vitaveis, e o os e.s lados, a collcctiviclade. 'reito

ou caprichosas, que aba

tem os mais nobres, ou clo\-ani os mais luimilcles?

O vocábulo .soa mal; porque fa\orecc uquiv<<cos, in\'ejas, n\'alidadcs, e melhor

seria clcst'aite remove!-o de uma applicpie supponluimos reformar a política do Universo, desbatiziindo a Liga das Na ções. Vanuis, pois, com a co.stuincira, c não privemos da sua designação habi tual a classes conservadoras.

O cpithclo inclica-llie.s um papel ta

.sociação, o egoísmo á solidarieclac e hu

manho, cpic dirieis abranger e suppvir todo.s os outros. No qualificati\'o de

'i

Enveredara assim Ruy decididamente pelo caminho da democracia social. Aclolphe Thievs disse em 1871; "La

III Republique Française será cünser\u-

Ince ou ne será pas". Parodiando essa

ordem organica, a de estabilidade c regeneração.

varemos mais adiante essa afirmação; é

.se inclinou de modo decidido para a doutrina social que é, a nosso ver,

bém a de e\'olução c progresso. Toda

a própria democracia, (pie será social

Portanto, senhores, tam

verdadeira, o soliclarismo, prorli^gando cnèrgicamente tôdas as que se funda

a organização vivente que se conserva,

<-u não existirá.

e regenera, necessariamente evolve, me

mentam na luta de classes:

Náo nie

lhora, e aperfeiçoa-se. Todos os princí

Por certo, não ignoramos se apode de mal cunhada a frase democrflcifl sodal^ que ^ seria uma expressão sem sentido. (28) Nada nicno.s exalo, porém. E ai

agrada, senhores, aqui, ê.ste nome de

pios de harmonia, actividade e desen

"classes". Quizera vel-o banir da liaguagem política, numa democracia onde

Sc renovam as sociedades, emanam des

me não parece terem legar essas e.v-

sas a que, por excellencia, de classes con

mexatidáo desta crítica, tão eloqüente

pressões de graduação e antagonismo.

servadoras ciamos o nome,

mente, que nem será preciso recorrer á

Como "classes", nuõia sociedade nive

volvimento, mediante os quaes duram e

Não é só o proprietário, o industrial,

lada, onde os proprios vestígios da es

o commercianto. Não é somente o ban-

cravidão se vão diluindo na fusão de todas as raças? como "classes , num ri-glmoii tio cosliiiiics, que lecluz todus as

cpiciro, o armador, o fabricante, o se nhor de latifixndios, q dono de minas e

i-

estradas. Não. Todos os que entram luu-.» .) cí.rpo KOpial, cnnm um gloluilo

(iguala lodiiH a.'j condições? Como clllli' ses", num estado legal, onde os tlírei-

íiangue, uma célula nervosíl, OU mu «■IcMiietilo cliitulco nu curpo lanuano

tníilunoias, apaga Iodas as

cem a todos os indivíduos, sem accep^o de nascimento, côr ou herança? Como

conservadores da communidade.

"classes", num genero de coilectividado. cujos membros se não extremam uns dos

operário, a oulra as classo.s consurvadonis. Nas c'asses conservadoras, ao la

outros senão pelas circunstâncias do vu-

todos esses participam cios elemeniux

(25) Ibidsm, pg. 123.

está a própria Histciria a demonstrar a

S(.miàntica para explicar o sentido espe

cífico (e não genérico), relativo às rei vindicações populares de melhoramento

de situação econômica, que em expres sões tais como questão .socífll; legislação social democracia wdal, tem o adjetivo social".

'

ííHuuV Ruy assim define a \or-

dadeini igUrtidiuLi "a regra da igual-

Grave

erro sm-iu <» de poinius a uma parte O do do patião, está, com o mesmo direi to, o übreíro.

(24) Ibldem, pg. HS.

IX

frase repetiu o eminente Gurviteh: "La IV Republique Fnmçaise será sociale ou ue sera pas". (27) de nossa parte, le

entretanto o individualismo, percebendo

obtida a verdadeira igualdade, Ouvi, são palavras suas; "A concepção indi-

eonser\'adoras". (26).

conservadoras se juntam, com a idéia de

to.s, jerarchias e dignidades .se offere-

a neces.sidade da socialização para .ser

justiça e pela força. Isto ó: a huoura. a industria, o commercio, a instrução, a magistratura e as forças armadas. Eis, senhores, verdadeiraincnte, as classes'

Notai ainda que, liavcndo colocado bem o iKobiema filosòficamente, Ruy

Vede, por exemplo, que êle, liberal

cuiiiü os que raai.s o foram, repudia,

capihil. a seieneia e a lei, nuuitid.i pc-ia

cação íncon\'cnicnte. Mas não se faça tanto caso dos nomes já ciados ás coisas,

v;;e cedendo á moral, o indivíduo " asmana". (25).

primeiro que todos, o trabalho, digo. o

Os elementos conservado-

les da soeiedade são o trabalho, e,ste

(26) Ibldem, ubs. m n .-,q

(27) GEORGES Guuvitch m néclaSAMPAIO DÓRIA. A» T,«.

dições dB Facuidnde de São Paulo. "Re vista da Faculdade de Direito", São Pau lo, 1945, pg. 266.


DfCiESTO ECOXÓMlCO * 109

grande Republica norleamericana duran te a jrmís tremenda crise da sua história;

e o consensf> geral da postcridad(f o

sagra, hoje, como o maior gcnio de es tadista que a tem governado. Pois Lincoln, senhores, não duvidava rei\'indicar, numa das suas mensagens ao Congresso Nacional, em dezembro de 1861, a preeminencia do trabalho aos outros factores socíaes.

"O trabalho — dizia elle — precede ao

capital, e deste não depende. O capital r.ão é senão um fruto do trabalho, e

i:ão chegaria nunca a existir, .se primeiro não existisse o trabalho. O trabalho é,

pois, superior ao capital, e merece con

sideração muito mais elevada". (24). VIII

Havendo sido Ruy o grande juriscon-

sulto que, brasileiros e estrangeiros pro fundamente respeitam, por certo as suas elocubraçõe.s acerca da questão social

não poderiam ficar expressas apenas em L-radas sentimentais sôbre a necessidade do melhoramento das condições, do nosso proletariado.

Completo nisto como em tudo, Ruy enfocou o problema e llie delineou as .«soluções de maneira integral. Efetiva mente, o estudo das relações entre o Ca

pital 6 o Traba'ho é levado a efeito pelo Mestre excelso como um todo orgânico, que compreende desde os funcJnincuio.s filosóficos e utjnstitucionais iité fli;

iiia.s niíniidii/') lõgMíifivas.

•iduali.sta dos direitos hum*'»"®-''

^

lor im da sorte, eiieunstãncias cegas,

luido rapidamente, c-oin oS tremendos |providenciaes .s;icce.sso.s deste século, para rima mas. formação ineomnieu.surawl

jurídicas do indixidualismo restringidas agóra por uma extensão, cada '^^aior, cios direitos sociaes. Já se riao \e u-j sociedade uni mero aggregado, unia juxlaposição de unidades incli\'iduaes, acas. telladas cada qual no .seu direito lu rala. vel, mas uma entidade naluralmento orgânica, cm que a csphera c-o ivicliiQ tem por limites iju!vitaveis, e o os e.s lados, a collcctiviclade. 'reito

ou caprichosas, que aba

tem os mais nobres, ou clo\-ani os mais luimilcles?

O vocábulo .soa mal; porque fa\orecc uquiv<<cos, in\'ejas, n\'alidadcs, e melhor

seria clcst'aite remove!-o de uma applicpie supponluimos reformar a política do Universo, desbatiziindo a Liga das Na ções. Vanuis, pois, com a co.stuincira, c não privemos da sua designação habi tual a classes conservadoras.

O cpithclo inclica-llie.s um papel ta

.sociação, o egoísmo á solidarieclac e hu

manho, cpic dirieis abranger e suppvir todo.s os outros. No qualificati\'o de

'i

Enveredara assim Ruy decididamente pelo caminho da democracia social. Aclolphe Thievs disse em 1871; "La

III Republique Française será cünser\u-

Ince ou ne será pas". Parodiando essa

ordem organica, a de estabilidade c regeneração.

varemos mais adiante essa afirmação; é

.se inclinou de modo decidido para a doutrina social que é, a nosso ver,

bém a de e\'olução c progresso. Toda

a própria democracia, (pie será social

Portanto, senhores, tam

verdadeira, o soliclarismo, prorli^gando cnèrgicamente tôdas as que se funda

a organização vivente que se conserva,

<-u não existirá.

e regenera, necessariamente evolve, me

mentam na luta de classes:

Náo nie

lhora, e aperfeiçoa-se. Todos os princí

Por certo, não ignoramos se apode de mal cunhada a frase democrflcifl sodal^ que ^ seria uma expressão sem sentido. (28) Nada nicno.s exalo, porém. E ai

agrada, senhores, aqui, ê.ste nome de

pios de harmonia, actividade e desen

"classes". Quizera vel-o banir da liaguagem política, numa democracia onde

Sc renovam as sociedades, emanam des

me não parece terem legar essas e.v-

sas a que, por excellencia, de classes con

mexatidáo desta crítica, tão eloqüente

pressões de graduação e antagonismo.

servadoras ciamos o nome,

mente, que nem será preciso recorrer á

Como "classes", nuõia sociedade nive

volvimento, mediante os quaes duram e

Não é só o proprietário, o industrial,

lada, onde os proprios vestígios da es

o commercianto. Não é somente o ban-

cravidão se vão diluindo na fusão de todas as raças? como "classes , num ri-glmoii tio cosliiiiics, que lecluz todus as

cpiciro, o armador, o fabricante, o se nhor de latifixndios, q dono de minas e

i-

estradas. Não. Todos os que entram luu-.» .) cí.rpo KOpial, cnnm um gloluilo

(iguala lodiiH a.'j condições? Como clllli' ses", num estado legal, onde os tlírei-

íiangue, uma célula nervosíl, OU mu «■IcMiietilo cliitulco nu curpo lanuano

tníilunoias, apaga Iodas as

cem a todos os indivíduos, sem accep^o de nascimento, côr ou herança? Como

conservadores da communidade.

"classes", num genero de coilectividado. cujos membros se não extremam uns dos

operário, a oulra as classo.s consurvadonis. Nas c'asses conservadoras, ao la

outros senão pelas circunstâncias do vu-

todos esses participam cios elemeniux

(25) Ibidsm, pg. 123.

está a própria Histciria a demonstrar a

S(.miàntica para explicar o sentido espe

cífico (e não genérico), relativo às rei vindicações populares de melhoramento

de situação econômica, que em expres sões tais como questão .socífll; legislação social democracia wdal, tem o adjetivo social".

'

ííHuuV Ruy assim define a \or-

dadeini igUrtidiuLi "a regra da igual-

Grave

erro sm-iu <» de poinius a uma parte O do do patião, está, com o mesmo direi to, o übreíro.

(24) Ibldem, pg. HS.

IX

frase repetiu o eminente Gurviteh: "La IV Republique Fnmçaise será sociale ou ue sera pas". (27) de nossa parte, le

entretanto o individualismo, percebendo

obtida a verdadeira igualdade, Ouvi, são palavras suas; "A concepção indi-

eonser\'adoras". (26).

conservadoras se juntam, com a idéia de

to.s, jerarchias e dignidades .se offere-

a neces.sidade da socialização para .ser

justiça e pela força. Isto ó: a huoura. a industria, o commercio, a instrução, a magistratura e as forças armadas. Eis, senhores, verdadeiraincnte, as classes'

Notai ainda que, liavcndo colocado bem o iKobiema filosòficamente, Ruy

Vede, por exemplo, que êle, liberal

cuiiiü os que raai.s o foram, repudia,

capihil. a seieneia e a lei, nuuitid.i pc-ia

cação íncon\'cnicnte. Mas não se faça tanto caso dos nomes já ciados ás coisas,

v;;e cedendo á moral, o indivíduo " asmana". (25).

primeiro que todos, o trabalho, digo. o

Os elementos conservado-

les da soeiedade são o trabalho, e,ste

(26) Ibldem, ubs. m n .-,q

(27) GEORGES Guuvitch m néclaSAMPAIO DÓRIA. A» T,«.

dições dB Facuidnde de São Paulo. "Re vista da Faculdade de Direito", São Pau lo, 1945, pg. 266.


DiCBSTÒ 'ÈÓ0NÓM3C0

110

DicESTo

dade não consiste senão em quinhoar

mesmo do prujclu da Constituição de 91,

desigualdades aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigual

fulmina-a como obstáculo á reforma só

dade social, proporcionada à desigual dade natura', é que se acha a verda deira lei da igualdade. O mais são de.svarios da inveja, do orgulho, ou da loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, se

deira re\'isionista: "será mister rever a

doxos riograndenses. Assim se pronun

ria desigualdade flagrante, e não igual

ciaram elles, rejeitando o projecto Fi

dade real. Os apetites humanos conce

gueiredo Rocha, projecto que limitava as

beram inverter a norma universal da

horas do Iraba ho.

criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do que vale, mas atribuir o mesmo a todos, como se todos se eqüivalessem.

missão, sendo parles nelia os srs. Carlos

Esta blasfêmia contra a razão e a

fé, contra a civilização e a humanidade, é a ffosofia da miséria,

cia', empunhando com denodo a ban nossa Constituição para habilitar o poder legislativo a tomar as medidas que a questão social lhe reclama. Nem de outro modo pensaram jamais os ortho-

A maioria da com-

Maximilíano o Cnmcrcindo Ribas, con-

dcmnou o projecto como contrario á Constituição, já por violar a liberdade industrial, que ella consagra no art. 72, n. 24, já por invadir o poder de polícia, reservado, segundo a ju

proclamada em nome dos

risprudência americana, co

direitos do trabalho; e,

mo pela nossa, aos gover

executada, não faria, senão inaugurar, em vez da su

nos dos Estados. Em am

premacia do trabalho, a organização da miséria.

accordo com a arthodoxia

ríograndcnse. Não alterada

Mas, se a sociedade não

a Constituição, não poderia

bos estes pontos, estou de

pode igualar os que a na tureza criou desiguais, ca

ü Congresso Nacional le gislar as mais importantes

Econômico

111

E delineou a seguir todo um progra

u destino de todos os que a comprehendc. bem cedo me convenceram de que

tação do tiaba'ho dc mcnorés, a limita

as theorias do nosso sexo acerca do

ção da jornada do trabalho, a melhoria da lei de acidentes do trabalho, cuja extensão aos trabalhadores rurais pre

outro eslao no mesmo caso da história,

coniza, investindo

assim contra essa

mancha que c ainda atual no direito social brasileiro, representada pelo seu

urbanismo quase exclusivo, com a reIcgação do proletariado agrícola á mais miserável cias situações, sob o pretexto quaso scmpro infundado, de que as leis sociais elaboradas para os ti-abalhadores

das cidades são inaplicáveis aos do campo. Em realidade, quanto ao tra balho rural, estamos ainda quase no mesmo estado de 1884, quando Ruy

pregava a "descnfeudação da proprie dade". Nem esqueceu Ruy o seguro social, por ê'e chamado "seguro ope rário", nem o salário mínimo para os menores, sem a proteção do trabalho

noturno, nem o combate ao sweating sijstem, ou seja a exploração do traba

energia moral, pode reagir

ha ixjuco discuti". (30).

lho a domicílio, e aos economatos, isto c, aos armazéns de fornecimento aos

sôbre as desigualdades na

E isto fez após um sé rio estudo da impossibi

cessidade, que os espoliavam através do

da um, nos limites da sua

das medidas sociaes, que

tivas, pela educação, ati vidade e perseverança. Tal a missão

lidade

do trabalho." (29). E proclama de

a nossa legislação social face á Cons

pois solenemente: "Estou com a demo

tituição de 91, analisando detidamen te a luta travada a respeito nos

cracia social".

de

e.slrulurar

Estados Unidos.

verdadeiramente

E tanto nisto estava

certo que a Reforma Constitucional de

X

7 de setembro de 1926, acrescentou no

Mas vai mais longe: assenta as bases

11.° 28, do art. 34, à matéria da compe

constitucionais daquilo que êle já cha

tência do Congresso Nacional, a de le

mava o direito operário.

gislar sôbre o trabalho.

Autor ôle

(29) RUY BARBOSA, Oração aoi Moços, Rio. 1949, pgS. 36 a 38.

(30) Cf. Campanha Presidencial, (1919), Bahia, 1921, pgs. 151-2.

ração da mulher na sua influencia sobre

as habitações populares, a regulamen

ma legis'alivü-social cm que se alinham

operários dos gêneros de primeira ne tnick sys^tem. E é tão completo o seu programa que Ruy, mesmo naquele tempo, (1919), em que às mulheres se negava o direito de voto, não esquece as regalias às mães operárias, garantindo-lhes o salário durante certo prazo da gravidez e após o parto e proclama constantemente a igualdade dos sexos ante

o trabalho, nestes termos canden-

tes:

"Nem supponhaes que seja de

agora esta minha maneira de ver. Não bato, senhores, moeda falsa; não tenho

narrada pelo fabulista. do leão pintado pelo homem. A mulher pintada pelo homem é a mulher desfigurada pela nossa ingratidão. Quando cabeças como a de Stuarl Mi'l assim pensam, não se ha de en-

N-ergonhar um cerebro ordinário como o meu de pensar talqualmente; e, se estas não fossem, ha muito, as minhas idéias, não teria sido eu quem assumiu, no silencia das nossas leis, a iniciativa de aconselhar ao illuslre sr. Nilo Peçanha, quando ministro das Relações Ex teriores, a innovaçâo de admitir uma

senhora brasileira a concurso para um dos cargos da sua secretaria. ( No tocante, porém, ao elemento fe

minino do operariado, a desegualdade e de uma insubsistencia ainda mais pal mar. A guerra actual evidenciou que a operaria rivalisa o operário nas indus trias, como as de productos bellicos, c nos ser\ãços, como os de condução dc

veicu'os, em que os privilégios da masculinidade se haviam por mais inques tionáveis.

Mas, como quer que seja, toda vez que a industria emprega, indistintamen te, parelhamente, identicamcntc, nos mesmos trabalhos o homem e a mulher,

sujeitando os dois á mesma tarefa, «o

mesmo homrio, ao mesmo regimen, não dcza de, no tocante ao salario, se collo-

ha por onde oohonestar a crassa absur-

car a mulher abaixo do bomem. Nada tem que ver o sexo. A egual trabalho salano egual . (31).

opiniões de occasião, As tendências da minha natureza, o amor cie minha mãe.

a companhia dc rainha esposa, a admi-

«'uV 1921, pgs. 145-146. PreBidenclol (I9l9h Bahia,


DiCBSTÒ 'ÈÓ0NÓM3C0

110

DicESTo

dade não consiste senão em quinhoar

mesmo do prujclu da Constituição de 91,

desigualdades aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigual

fulmina-a como obstáculo á reforma só

dade social, proporcionada à desigual dade natura', é que se acha a verda deira lei da igualdade. O mais são de.svarios da inveja, do orgulho, ou da loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, se

deira re\'isionista: "será mister rever a

doxos riograndenses. Assim se pronun

ria desigualdade flagrante, e não igual

ciaram elles, rejeitando o projecto Fi

dade real. Os apetites humanos conce

gueiredo Rocha, projecto que limitava as

beram inverter a norma universal da

horas do Iraba ho.

criação, pretendendo, não dar a cada um, na razão do que vale, mas atribuir o mesmo a todos, como se todos se eqüivalessem.

missão, sendo parles nelia os srs. Carlos

Esta blasfêmia contra a razão e a

fé, contra a civilização e a humanidade, é a ffosofia da miséria,

cia', empunhando com denodo a ban nossa Constituição para habilitar o poder legislativo a tomar as medidas que a questão social lhe reclama. Nem de outro modo pensaram jamais os ortho-

A maioria da com-

Maximilíano o Cnmcrcindo Ribas, con-

dcmnou o projecto como contrario á Constituição, já por violar a liberdade industrial, que ella consagra no art. 72, n. 24, já por invadir o poder de polícia, reservado, segundo a ju

proclamada em nome dos

risprudência americana, co

direitos do trabalho; e,

mo pela nossa, aos gover

executada, não faria, senão inaugurar, em vez da su

nos dos Estados. Em am

premacia do trabalho, a organização da miséria.

accordo com a arthodoxia

ríograndcnse. Não alterada

Mas, se a sociedade não

a Constituição, não poderia

bos estes pontos, estou de

pode igualar os que a na tureza criou desiguais, ca

ü Congresso Nacional le gislar as mais importantes

Econômico

111

E delineou a seguir todo um progra

u destino de todos os que a comprehendc. bem cedo me convenceram de que

tação do tiaba'ho dc mcnorés, a limita

as theorias do nosso sexo acerca do

ção da jornada do trabalho, a melhoria da lei de acidentes do trabalho, cuja extensão aos trabalhadores rurais pre

outro eslao no mesmo caso da história,

coniza, investindo

assim contra essa

mancha que c ainda atual no direito social brasileiro, representada pelo seu

urbanismo quase exclusivo, com a reIcgação do proletariado agrícola á mais miserável cias situações, sob o pretexto quaso scmpro infundado, de que as leis sociais elaboradas para os ti-abalhadores

das cidades são inaplicáveis aos do campo. Em realidade, quanto ao tra balho rural, estamos ainda quase no mesmo estado de 1884, quando Ruy

pregava a "descnfeudação da proprie dade". Nem esqueceu Ruy o seguro social, por ê'e chamado "seguro ope rário", nem o salário mínimo para os menores, sem a proteção do trabalho

noturno, nem o combate ao sweating sijstem, ou seja a exploração do traba

energia moral, pode reagir

ha ixjuco discuti". (30).

lho a domicílio, e aos economatos, isto c, aos armazéns de fornecimento aos

sôbre as desigualdades na

E isto fez após um sé rio estudo da impossibi

cessidade, que os espoliavam através do

da um, nos limites da sua

das medidas sociaes, que

tivas, pela educação, ati vidade e perseverança. Tal a missão

lidade

do trabalho." (29). E proclama de

a nossa legislação social face á Cons

pois solenemente: "Estou com a demo

tituição de 91, analisando detidamen te a luta travada a respeito nos

cracia social".

de

e.slrulurar

Estados Unidos.

verdadeiramente

E tanto nisto estava

certo que a Reforma Constitucional de

X

7 de setembro de 1926, acrescentou no

Mas vai mais longe: assenta as bases

11.° 28, do art. 34, à matéria da compe

constitucionais daquilo que êle já cha

tência do Congresso Nacional, a de le

mava o direito operário.

gislar sôbre o trabalho.

Autor ôle

(29) RUY BARBOSA, Oração aoi Moços, Rio. 1949, pgS. 36 a 38.

(30) Cf. Campanha Presidencial, (1919), Bahia, 1921, pgs. 151-2.

ração da mulher na sua influencia sobre

as habitações populares, a regulamen

ma legis'alivü-social cm que se alinham

operários dos gêneros de primeira ne tnick sys^tem. E é tão completo o seu programa que Ruy, mesmo naquele tempo, (1919), em que às mulheres se negava o direito de voto, não esquece as regalias às mães operárias, garantindo-lhes o salário durante certo prazo da gravidez e após o parto e proclama constantemente a igualdade dos sexos ante

o trabalho, nestes termos canden-

tes:

"Nem supponhaes que seja de

agora esta minha maneira de ver. Não bato, senhores, moeda falsa; não tenho

narrada pelo fabulista. do leão pintado pelo homem. A mulher pintada pelo homem é a mulher desfigurada pela nossa ingratidão. Quando cabeças como a de Stuarl Mi'l assim pensam, não se ha de en-

N-ergonhar um cerebro ordinário como o meu de pensar talqualmente; e, se estas não fossem, ha muito, as minhas idéias, não teria sido eu quem assumiu, no silencia das nossas leis, a iniciativa de aconselhar ao illuslre sr. Nilo Peçanha, quando ministro das Relações Ex teriores, a innovaçâo de admitir uma

senhora brasileira a concurso para um dos cargos da sua secretaria. ( No tocante, porém, ao elemento fe

minino do operariado, a desegualdade e de uma insubsistencia ainda mais pal mar. A guerra actual evidenciou que a operaria rivalisa o operário nas indus trias, como as de productos bellicos, c nos ser\ãços, como os de condução dc

veicu'os, em que os privilégios da masculinidade se haviam por mais inques tionáveis.

Mas, como quer que seja, toda vez que a industria emprega, indistintamen te, parelhamente, identicamcntc, nos mesmos trabalhos o homem e a mulher,

sujeitando os dois á mesma tarefa, «o

mesmo homrio, ao mesmo regimen, não dcza de, no tocante ao salario, se collo-

ha por onde oohonestar a crassa absur-

car a mulher abaixo do bomem. Nada tem que ver o sexo. A egual trabalho salano egual . (31).

opiniões de occasião, As tendências da minha natureza, o amor cie minha mãe.

a companhia dc rainha esposa, a admi-

«'uV 1921, pgs. 145-146. PreBidenclol (I9l9h Bahia,


Dicesto Econóáuc

XI

O que tudo isto eslá denionslranclo é que cem anos apó> o seu nascimento,

mais de um quarto de século após a sua morte, os ensinamentos de Riiy sôbre a questão social estão picjiamenle atuais, mostrando quanto era imperecíve! sua doutrina.

0)m razão disse Oliveira

Viana que na obra de Ruy existe tam bém o eterno.

Mas, a atualidade de Riiy BarlKJsa no que concerne à questão social, mais do

<iue nas suas palavra.s, está no grande exemplo que êle nos legou com a .sua vida. toniando-se assim o verdadeiro

Ruy Barbosa, p economista

.símbolo da nacionalidade. E como sím bolo. ct)ino nuxlèlo. como ideal de nossa

gente, êle é comp'etamentc e.xlreme de defeitos.

Doiuval Teixeira Vieira

E o .seu gênio, capaz, por isso mesmo que gênio, de visão à dislàticia, cpnw que havia previsto a glíuificaváo que ora lhe é feita, sintetizando a sua própria existência, na inai.s lapidar de todas as suas frases: "Estremeceu a pátria, vi

lURANTE as comemolações do Centenário de Nascimento de Ruy Barbosa muito se tem dito e ainda muito .se dirá sôbre a sua genialidade, o seu imenso

ta'ento oratório, o inexcedível .saber jurídico, a va.stidão de

veu no trabalho, e não perdeu tT ideal". (32).

seus conliecimcnlos. Ninguém •Ih' regateia louvores ao apontav-lhe as magníficas qualidades de grande escri

(32) RUY BARBOSA — Coll©clan«a LIloraria, 5.a edição, S. Paulo, pg. 193.

tor; mas, grande parte de^eus biógra fas e. principalmente, seus contemponineo.s, lhe apontaram um traç-o marcan

te - o da imensa distancia entre as sua.s concep\>ões doutrinárias e a apli cação prática de seus conhecimentos E para e.xemplificar o divórcio entre a

ideia o a ação apontam, mais que isso tazem. sobressair os erros cometidos por

Ruy como Ministro da Fazenda, falhas

que ôle próprio reconheceu, em parte

ao afirmar, por exemplo: "Cometi um orro, considerando parcelas da soberania

nacional a emissão de papel bancário

t^este ponto errei, naquele tempo, e

acertei mai.s tarde; aprendi. Não tenlio acanhamento em confessar meus erros"

/

Mas, acrescentava esta profunda verda de: "Tenho-me por fehz de não ser um

desses homens, a quem o tempo e a experiência nada ensinam".

,t '"

J^osa, as suas idéias a respeito dos pro

■ ■' - >• .

\

Em verdade seria muito estranho que

durante tão merecidos festejos analisa.sscinos a obra econômica de Ruy Bar-

blemas da economia brasileira, através

V--'

de normas de arte econômica, as quais,

'.a.'

por multo bem moldadas que sejam, e

ainda que apoiadas nos mais sãos pre

ceitos dc ciências econômica c finali-

ceini, estão na dependência dos homens e das coisas, dos fatos enfim.

Acusa-se Ruy de ter .sido o grande obreiro do Encilhamento, graças ao seu malsinado decreto n.° 165, de 17 de janeiro de 1890. É muito de nosso fei-

tio ignorar os fato.s e atribuir responsa

bilidades única e e.xclusivamente aos Iiomèns. Já tivemos ocasião de dizor. certa feita, que é nece.ssário tomar o estudo da história econômica do Brasil depurado, objetivo, despersonaliziido; e

por despersonalização de estudo enten

demos a eliminação, sempre que possí vel, de tôda referência à responsabilida de pessoal dos indivíduos, signatários das várias reformas monetárias havidas, ou das várias medidas oficiais tomadas^ relacionadas com a vida econômica e financeira do País e, portanto, com o sistema monetário uma vez que a

moeda, como intermediária das trocas o instrumento de conserv^ição de valores reflete tôdas as transformaç-ões da v ida econômica e com esta se altera.

Quem estudar a História Econômica

do País, verificará a e.xisténeia de um afastamento entre as convacções doutri nárias dos responsáveis pelos desHnos da

Naçao e as suas realizações práticas, Ha, neste senhdo. um divórcio peculiar

a vicia econômica brasileira, entre a humana à procura de uma li bertação e o jugo cruel da realidade anu ando seus esforço.s, divórcio gerador do hiato entre as idéias renovadoras de nos.so.s maiore.s e os seus atos, cuja ex plicação resulta, em última análise, de nossa evolução histórica e econômica.

Hcspunsabilizar um homem pr ocorrcn-


Dicesto Econóáuc

XI

O que tudo isto eslá denionslranclo é que cem anos apó> o seu nascimento,

mais de um quarto de século após a sua morte, os ensinamentos de Riiy sôbre a questão social estão picjiamenle atuais, mostrando quanto era imperecíve! sua doutrina.

0)m razão disse Oliveira

Viana que na obra de Ruy existe tam bém o eterno.

Mas, a atualidade de Riiy BarlKJsa no que concerne à questão social, mais do

<iue nas suas palavra.s, está no grande exemplo que êle nos legou com a .sua vida. toniando-se assim o verdadeiro

Ruy Barbosa, p economista

.símbolo da nacionalidade. E como sím bolo. ct)ino nuxlèlo. como ideal de nossa

gente, êle é comp'etamentc e.xlreme de defeitos.

Doiuval Teixeira Vieira

E o .seu gênio, capaz, por isso mesmo que gênio, de visão à dislàticia, cpnw que havia previsto a glíuificaváo que ora lhe é feita, sintetizando a sua própria existência, na inai.s lapidar de todas as suas frases: "Estremeceu a pátria, vi

lURANTE as comemolações do Centenário de Nascimento de Ruy Barbosa muito se tem dito e ainda muito .se dirá sôbre a sua genialidade, o seu imenso

ta'ento oratório, o inexcedível .saber jurídico, a va.stidão de

veu no trabalho, e não perdeu tT ideal". (32).

seus conliecimcnlos. Ninguém •Ih' regateia louvores ao apontav-lhe as magníficas qualidades de grande escri

(32) RUY BARBOSA — Coll©clan«a LIloraria, 5.a edição, S. Paulo, pg. 193.

tor; mas, grande parte de^eus biógra fas e. principalmente, seus contemponineo.s, lhe apontaram um traç-o marcan

te - o da imensa distancia entre as sua.s concep\>ões doutrinárias e a apli cação prática de seus conhecimentos E para e.xemplificar o divórcio entre a

ideia o a ação apontam, mais que isso tazem. sobressair os erros cometidos por

Ruy como Ministro da Fazenda, falhas

que ôle próprio reconheceu, em parte

ao afirmar, por exemplo: "Cometi um orro, considerando parcelas da soberania

nacional a emissão de papel bancário

t^este ponto errei, naquele tempo, e

acertei mai.s tarde; aprendi. Não tenlio acanhamento em confessar meus erros"

/

Mas, acrescentava esta profunda verda de: "Tenho-me por fehz de não ser um

desses homens, a quem o tempo e a experiência nada ensinam".

,t '"

J^osa, as suas idéias a respeito dos pro

■ ■' - >• .

\

Em verdade seria muito estranho que

durante tão merecidos festejos analisa.sscinos a obra econômica de Ruy Bar-

blemas da economia brasileira, através

V--'

de normas de arte econômica, as quais,

'.a.'

por multo bem moldadas que sejam, e

ainda que apoiadas nos mais sãos pre

ceitos dc ciências econômica c finali-

ceini, estão na dependência dos homens e das coisas, dos fatos enfim.

Acusa-se Ruy de ter .sido o grande obreiro do Encilhamento, graças ao seu malsinado decreto n.° 165, de 17 de janeiro de 1890. É muito de nosso fei-

tio ignorar os fato.s e atribuir responsa

bilidades única e e.xclusivamente aos Iiomèns. Já tivemos ocasião de dizor. certa feita, que é nece.ssário tomar o estudo da história econômica do Brasil depurado, objetivo, despersonaliziido; e

por despersonalização de estudo enten

demos a eliminação, sempre que possí vel, de tôda referência à responsabilida de pessoal dos indivíduos, signatários das várias reformas monetárias havidas, ou das várias medidas oficiais tomadas^ relacionadas com a vida econômica e financeira do País e, portanto, com o sistema monetário uma vez que a

moeda, como intermediária das trocas o instrumento de conserv^ição de valores reflete tôdas as transformaç-ões da v ida econômica e com esta se altera.

Quem estudar a História Econômica

do País, verificará a e.xisténeia de um afastamento entre as convacções doutri nárias dos responsáveis pelos desHnos da

Naçao e as suas realizações práticas, Ha, neste senhdo. um divórcio peculiar

a vicia econômica brasileira, entre a humana à procura de uma li bertação e o jugo cruel da realidade anu ando seus esforço.s, divórcio gerador do hiato entre as idéias renovadoras de nos.so.s maiore.s e os seus atos, cuja ex plicação resulta, em última análise, de nossa evolução histórica e econômica.

Hcspunsabilizar um homem pr ocorrcn-


Dtíu-sTO Econômico DiGEsio Econômico 114

qiicncias, cias quais a Proclamação da

cias pelas quais não é êle inteiiamente

responsável, ignorar os antecedentes his

tóricos que geraram o fenômeno do Encílhamento, para alribuí-lo a um úni co indivíduo, constitui uma fa.ha dc

perspectiva histórica, perfeitamente justíHcável para os contemporâneos de Ruy, envoltos, êles próprios, no turbilhão dos acontecimentos, procurando cada qual

justificar sua própria posição e atitudes, diante do seus adversários polilicos ou

amigos dissidentes. Tal erro de pers pectiva, no entanto, não se justifica de pois dc quase 60 anos de afastamento. Â nossa geração cabe ajuizar dos acon tecimentos, com maior rigor é verdade,

mas, também, com maior imparcia lidade.

I

A origem do Encilhamento foi indis cutivelmente a libertação da escravatu

ra que, desorganizando a agricultura, base de nossa economia, provocou de sordem em tôda a vida econômica do

Brasil; a agitação republicana, pondo em perigo o regime imperial, colocava os monarquistas num dilema (e não nos

esqueçamos que Ruy Barbosa até quase a proclamação da Re pública era fiel à Famíba Impe rial): ou atender os agricultores

simples que escamotear a responsabili- > dado do Tesouro e, ató certo ponto, do poder público, passando-a para os par ticulares. E, note-se, que a iniciativa

e trvanno-no.s acima do.s fatos, que aci

não coube ao governo provisório da Repúbbca e sim ao Ministério Ouro Preto.

ção doutrinária. E não deve causar surprô.sa o nosso esforço em situar o

O que Ruv Barbosa fez foi alterar a lei

bancária de 1888, que já criara bancos emissores provinciais e municipais, com !i duração de 20 anos, funcionando co mo órgãos mistos, a um só tempo eniis.sores c comerciais.

Daí, a afirmaçao

dc Ruy, ao justificar sua reforma: "De-

dentalmente marcaram a obra de um

homem, para consultar-lhe a contribui pensamento de Ruy no quadro da his

tória das doutrinas econômicas. Negar semelhante obra seria não admitir a existência de um pensamento econômico

no Brasil. É preciso convir que bem ou

mal ôslc País tem tido uma política e uma administração; c sabido ser im

cidimo-nos pela pluralidade por que nao

possível elaborar leis, adaptá-las ás trans

tínhamos o arbítrio da seleção. A tor rente dos sentimentos federalistas impu-

formações sociais, criticá-las durante a

nba-nos a necessidade dc transigir com

gir o Estado, enfim, sem conhecimentos

sua elaboração ou transfonnação, diri

as exigências dos Estados. A monocmis-

de Economia e de Finanças. A elabo

são bancária, ao amanhecer da Revolu

ração de uma lei exige exposição de

ção Federativa, seria uma provocação as

forças, contra as quais não havia poder que lutasse".

motivos; a sua execução só se faz ade

quadamente cpiando se lhe analisam as repercussões e se as mesmas tiverem um

Os acontecimentos ditaram o Encilha

c>onteúdo econômico ou financeiro, e.xi-

mento. Talvez a solução ideal que o Primeiro Ministro da Fazenda da Re

dos que as executam, conhecimentos da

girão, tanto de quem as elaborou quanto

pública pretendeu imprimir aos fatos nao

quelas ciências; para sua transformação,

tenha sido a mais feliz; é certo,

no sentido de lhes dar maior alcance

porém, que qualquer outro nao

o efícicncia, é ainda necessário que

teria conseguido deter a ava

sejam obedecidos os princípios da cièn-

lanche que já se desencadeara

esbulhados, mediante emprésti

com a libertação da escravatu

mos e adiantamentos, aumen tando assim cada vez mais o

êle quando, no discur.so de Cam

ra. Porisso, sobejas razões leve

então, resistir ao aumento da circula

pinas, clamou: "Não é assim, porém, que se hão de apreciar os atos de quem

ção, negando créditos, desamparando a

teve de se medir com um oatachsma

volume da circulação do Tesouro ou,

República não foi talvez a maior. Por estas razões, nece.ssário se torna

oia econômica e financeira.

Por tudo

isto é que encontramos, esparsos na grande obra jurídica e parlamentar de

Ruy Barbosa, elementos seguros para o

seu enquadramento doutrinário na his

tória do pensamento econômico.

Nem .seria possível negar-se a Ruy

lavoura e agravando, assim, desconten

político e social. Nas catástrofes dos

os conhecimentos básicos de Economia

tamentos os quais maiores motivos da

Estados, nada pode a vontade dos go

Política, visto como a sua formação de bacharel lhe facultava entrar em con tato com êste ramo da ciência social, áquêle tempo sòmente ensinado nas Faculdades de Direito. A sua formação intelectual indica não só qual o conteú

riam para acelerar o esboroamento do vernos contia a suprema lei das neces sidades. As revoluções teni de ser senImpério. O passado vinha indicar a so ■ lução do impasse; já em 1858 procurou- tenciadas segundo o padrão excepcio se resolver a crise do ano anterior, pela nal das revoluções". E imensos moüvos facilitação do crédito e aumento da lhe assistiam; no sentido rigoroso do circulação, autorizando-se a criação de lônno, revolução fòra a libertação da < vários bancos emissores; nada mais cravatura com o seu cortejo de conse-

do de seus conhecimentos, como, ainda,

qual a orientação doutrinária seguida.' Tendo feito o curso na Faculdade de Direito de São Paulo, entrou em con tato estreito com os clássicos, princi palmente os franceses. Pôde analisar a obra de Jean Baptiste Say aceitando, assim, os princípios gerais da Escola Otimista Francesa; conheceu c admirou

a obra de Frederic Bastiat, priucipalniente "Les harmonies econoniiques"; conhecedor da obra de Lavelaye, sabia perfeitamente distinguir entre a função da moeda no mercado interno e o seu papel no mercado internacional. Entre

os pensadores patrícios forte influencia

sofreu das idéias de Souza Franco, prin cipalmente ao defender a pluralidade bancária. Mas, quem mais poderosa mente inflmu em suas idéias foi, sem

dúvida, Irineu Evangelista de Souza, Visconde de Mauá. A análise da obra

deste, o papel central desempenhado pelo crédito, em seu pensamento e rea lizações, teriam sido os elementos ins

piradores do conteúdo do artigo segundo do Decreto 165. Foi porisso, tolvez, que Ruy alinhou entre as operações dus

bancos emissores', além dos empréstimos, descontos e operações de c.òmbio, c das lüpotecas a curto e longo prazo median

te letras hipotecárias, mais as seguintes funções: 1) penhor agrícola sòbre fru

tos pendentes colhidos e armazenados; 2) adiantamentos sobre instrumentos de trabalho, máquinas, aparelhos e todos os

meios de produção das propriedades agrícolas, engenhos centrais, fábricas e oficinas; 3) empréstimos de caráter e natureza industrial, para construção de edifícios públicos e particulares, estra das de ferro e outras, cais, doca.";, me lhoramentos de portos, telégrafos, tele fones e quaisquer empreendimentos in dustriais; 4) compra ou venda de terras


Dtíu-sTO Econômico DiGEsio Econômico 114

qiicncias, cias quais a Proclamação da

cias pelas quais não é êle inteiiamente

responsável, ignorar os antecedentes his

tóricos que geraram o fenômeno do Encílhamento, para alribuí-lo a um úni co indivíduo, constitui uma fa.ha dc

perspectiva histórica, perfeitamente justíHcável para os contemporâneos de Ruy, envoltos, êles próprios, no turbilhão dos acontecimentos, procurando cada qual

justificar sua própria posição e atitudes, diante do seus adversários polilicos ou

amigos dissidentes. Tal erro de pers pectiva, no entanto, não se justifica de pois dc quase 60 anos de afastamento. Â nossa geração cabe ajuizar dos acon tecimentos, com maior rigor é verdade,

mas, também, com maior imparcia lidade.

I

A origem do Encilhamento foi indis cutivelmente a libertação da escravatu

ra que, desorganizando a agricultura, base de nossa economia, provocou de sordem em tôda a vida econômica do

Brasil; a agitação republicana, pondo em perigo o regime imperial, colocava os monarquistas num dilema (e não nos

esqueçamos que Ruy Barbosa até quase a proclamação da Re pública era fiel à Famíba Impe rial): ou atender os agricultores

simples que escamotear a responsabili- > dado do Tesouro e, ató certo ponto, do poder público, passando-a para os par ticulares. E, note-se, que a iniciativa

e trvanno-no.s acima do.s fatos, que aci

não coube ao governo provisório da Repúbbca e sim ao Ministério Ouro Preto.

ção doutrinária. E não deve causar surprô.sa o nosso esforço em situar o

O que Ruv Barbosa fez foi alterar a lei

bancária de 1888, que já criara bancos emissores provinciais e municipais, com !i duração de 20 anos, funcionando co mo órgãos mistos, a um só tempo eniis.sores c comerciais.

Daí, a afirmaçao

dc Ruy, ao justificar sua reforma: "De-

dentalmente marcaram a obra de um

homem, para consultar-lhe a contribui pensamento de Ruy no quadro da his

tória das doutrinas econômicas. Negar semelhante obra seria não admitir a existência de um pensamento econômico

no Brasil. É preciso convir que bem ou

mal ôslc País tem tido uma política e uma administração; c sabido ser im

cidimo-nos pela pluralidade por que nao

possível elaborar leis, adaptá-las ás trans

tínhamos o arbítrio da seleção. A tor rente dos sentimentos federalistas impu-

formações sociais, criticá-las durante a

nba-nos a necessidade dc transigir com

gir o Estado, enfim, sem conhecimentos

sua elaboração ou transfonnação, diri

as exigências dos Estados. A monocmis-

de Economia e de Finanças. A elabo

são bancária, ao amanhecer da Revolu

ração de uma lei exige exposição de

ção Federativa, seria uma provocação as

forças, contra as quais não havia poder que lutasse".

motivos; a sua execução só se faz ade

quadamente cpiando se lhe analisam as repercussões e se as mesmas tiverem um

Os acontecimentos ditaram o Encilha

c>onteúdo econômico ou financeiro, e.xi-

mento. Talvez a solução ideal que o Primeiro Ministro da Fazenda da Re

dos que as executam, conhecimentos da

girão, tanto de quem as elaborou quanto

pública pretendeu imprimir aos fatos nao

quelas ciências; para sua transformação,

tenha sido a mais feliz; é certo,

no sentido de lhes dar maior alcance

porém, que qualquer outro nao

o efícicncia, é ainda necessário que

teria conseguido deter a ava

sejam obedecidos os princípios da cièn-

lanche que já se desencadeara

esbulhados, mediante emprésti

com a libertação da escravatu

mos e adiantamentos, aumen tando assim cada vez mais o

êle quando, no discur.so de Cam

ra. Porisso, sobejas razões leve

então, resistir ao aumento da circula

pinas, clamou: "Não é assim, porém, que se hão de apreciar os atos de quem

ção, negando créditos, desamparando a

teve de se medir com um oatachsma

volume da circulação do Tesouro ou,

República não foi talvez a maior. Por estas razões, nece.ssário se torna

oia econômica e financeira.

Por tudo

isto é que encontramos, esparsos na grande obra jurídica e parlamentar de

Ruy Barbosa, elementos seguros para o

seu enquadramento doutrinário na his

tória do pensamento econômico.

Nem .seria possível negar-se a Ruy

lavoura e agravando, assim, desconten

político e social. Nas catástrofes dos

os conhecimentos básicos de Economia

tamentos os quais maiores motivos da

Estados, nada pode a vontade dos go

Política, visto como a sua formação de bacharel lhe facultava entrar em con tato com êste ramo da ciência social, áquêle tempo sòmente ensinado nas Faculdades de Direito. A sua formação intelectual indica não só qual o conteú

riam para acelerar o esboroamento do vernos contia a suprema lei das neces sidades. As revoluções teni de ser senImpério. O passado vinha indicar a so ■ lução do impasse; já em 1858 procurou- tenciadas segundo o padrão excepcio se resolver a crise do ano anterior, pela nal das revoluções". E imensos moüvos facilitação do crédito e aumento da lhe assistiam; no sentido rigoroso do circulação, autorizando-se a criação de lônno, revolução fòra a libertação da < vários bancos emissores; nada mais cravatura com o seu cortejo de conse-

do de seus conhecimentos, como, ainda,

qual a orientação doutrinária seguida.' Tendo feito o curso na Faculdade de Direito de São Paulo, entrou em con tato estreito com os clássicos, princi palmente os franceses. Pôde analisar a obra de Jean Baptiste Say aceitando, assim, os princípios gerais da Escola Otimista Francesa; conheceu c admirou

a obra de Frederic Bastiat, priucipalniente "Les harmonies econoniiques"; conhecedor da obra de Lavelaye, sabia perfeitamente distinguir entre a função da moeda no mercado interno e o seu papel no mercado internacional. Entre

os pensadores patrícios forte influencia

sofreu das idéias de Souza Franco, prin cipalmente ao defender a pluralidade bancária. Mas, quem mais poderosa mente inflmu em suas idéias foi, sem

dúvida, Irineu Evangelista de Souza, Visconde de Mauá. A análise da obra

deste, o papel central desempenhado pelo crédito, em seu pensamento e rea lizações, teriam sido os elementos ins

piradores do conteúdo do artigo segundo do Decreto 165. Foi porisso, tolvez, que Ruy alinhou entre as operações dus

bancos emissores', além dos empréstimos, descontos e operações de c.òmbio, c das lüpotecas a curto e longo prazo median

te letras hipotecárias, mais as seguintes funções: 1) penhor agrícola sòbre fru

tos pendentes colhidos e armazenados; 2) adiantamentos sobre instrumentos de trabalho, máquinas, aparelhos e todos os

meios de produção das propriedades agrícolas, engenhos centrais, fábricas e oficinas; 3) empréstimos de caráter e natureza industrial, para construção de edifícios públicos e particulares, estra das de ferro e outras, cais, doca.";, me lhoramentos de portos, telégrafos, tele fones e quaisquer empreendimentos in dustriais; 4) compra ou venda de terras


UtcF^STo Econômico

Dicestó k<

incultas ou não, seu parcelamento e clernarcayáo por conta própria ou alheia; 5) encanegar-se de assuntos tendentes

vocar alargamento, submersão de unia' economia.

Estas influências doutrinárias conduzi

à colonização, fazendo os adiantamentos necessários, mediante ajuste e contrato

ram, como era de se esperar, o pensa

com

mente liberal.

os

colonos

ou

terceiros

inte

ressados.

Poder-se-á afirmar que tais atribui ções constituíram um perigoso alarga mento do crédito, principalmente em se tratando de bancos emissores.

Re

mento de Ruy a um sentido profunda Não se encontram, em

sua obra, elementos para que se possa e.stabeleccr um sistema completo de ex

será possível mostrar a sua filiação á

Vao: "Quanto a nós, a .solução está em achar até que ponto vai a verdadeira procura, a legítima procura dos indiis-

Escola Clássica Otimista Francesa, ou

seja, alinhá-lo entre os economistas li

centrais apenas emergia, onde a especia

sente o caráter nitidamente agrícola da

até hoje incipiente, é agora apontado como o problema número um entre os que dizem respeito à política monetá

ria e creditjcia do País, notando-se; ainda mais, que mesmo hoje muitos apontam

a inviabilidade de demasiada especia lização bancária.

Considerando-se as idéias monetárias

de Ruy Barbosa, poderemos apontá-lo como um pioneiro da tese da estagnação secular.

berais.

Em seus trabalhos sempre te\e pre economia brasileira e salientou a neces

sidade de arhparo à agricultura, fonte

primária de tóda a riqueza nacional. Foi justamente esta ânsia de proteção ao mais importante setor da economia brasileira, que o levou â aventura da Lei de 17 de janeiro de 1890. Se tives se a mesma sido bem executada, hoje,

provavelmente, lecer-lhc-iam louvores. Já no discurso de posse à Assembléia

Provincial da Bahia pelo Partido Liberal, em 1878, fizera o elogio do comércio, indicando-lhe a função precípua de fa cilitar a circulação dos bens.

Soube

distinguir entre a pessoa do comercian te e o próprio ato do comércio. Apon

Momentos liá em que um

tou o fato de ser êle tão útil para o

jato de emissão, bem aplicado em ativi dades reprodutivas, pode impulsionar

consumidor quanto para os produtores e atender a necessidades sociais indis cutíveis. Como instituição, sua finalida de consiste em facilitar os intercâmbios.

uma economia que se apresente estacio

naria, em vias de paralisação. O gran de problema consiste não em emitir e sim em saber aplicar as emissões efetua

das, questão esta ligada, é claro, ao de moderar o volume deste jato, de inodo a impedir que o mesmo, em lugar de contribuir com sua fôrça propulsora, qual uma torrente que se despenha, estravasando de um dique, venha a pro-

Seu objerivo primordial reside em re

presentar o traço de união, não só entre o produtor da mercadoria acabada e o

consumidor, como, também, entre os vá

rios estágios da i^rodução. É, porisso,

que afirmou êle a necessidade do co

mércio livre, que permitiria a expansão

da agricultura, o barateamento da vida

vercladeinis causas, as causas prcdomlinmtcs da cxageraç.io doa preços no mer cado dos produtos, absorxidos pelas camadas menos altas da população. As

dade comercial, que afirmou ser possi\'el medir-se a prosperidade de um país, plantações do interior deixam de en\iarpelo resultado favorá\'cl de.sua balança nos próprias colheitas, de distribuide pagamento. Foi capaz, porém, de las suas até a periferia do pais, porque a distinguir entre o são comércio e a f.speculação inalsã, cujos efeitos danosos

país onde a organização bancária era ainda incipiente, num momento histó rico em f^ue a idéia da criação de bancos

impulso nas atividades econômicas do País. Basta dizer que o crédito rural

comercio não só interno como inlcrna-

cional; tal importância atribui à ativi

plicação da vida econômica; coibidos, porém, uns elementos aqui, outros a'i,

conhecemo-lo sem dúvida; mas, num

lização bancária não poderia surgir pelo acanhamento do meio, este alargamento de crédito constituía uma inovação, a qual bem aplicada, permitiria um grande

e mesmo o desen\ o]\-iniento da indústria,

117

comprometeram a sua obra de reforma

do meio circulante. Daí. a sim afirma-

tnais. do comércio e da agricultura do ^ o não a insaciável voragem dos especuladores, que nunca poderá ser

satisfeita. . E continua: "A especula ção entrou cinicamente neste campo (o do aprovisíonamento das cidades) e

^ropriou-o às suas sinistras manobras. Nos grandes supridores do consumo,

nossa viaçáü ferrea, nas suas principais artérias, sofre de uma obstmção crônica,

recrudescenle, desesperadora. O centro não expede os mantimentos que produz, nem produz os que poderia; porque as nossas estradas ou pela insuficiência de seu material ou pela incompetência de .sua direção, já não transportam regu larmente nem o café."

Os meios de transporte influem não .só nas trocas, como também no pró prio instrumento de trocas, como se pode deduzir dêstc trecho altamente significa

tivo: "Releva, porém, reconhecer que a transformação do trabalho agrícola e o

conluios denunciados até no

desenvolvimento das indústrias, di.sse-

tórios abarrotados, para impor depois

minadas por uma enorme extensão do

Diário Oficial, fecham os seus reserva

aos consumidores taxas desusadas e in-

ju.stificáveis; nos monopólios de fato, ex

plorados por associações anônimas que

dominam, mais ou menos soberanamente, o mercado; na ganância do egoísmo

País, obrigando ao pagamento de salá

rio a todos os habailiadores rurais e a

operários de toda a espécie, empregados na construção de estradas de ferro, me

lhoramento de portos, exploração de mi nas, fábricas e usinas, exige hoje muito

ntercantil que, à sombra do cambio e

maior soma de melo circulante, da qual grande parte pennanece [Xtr muito tem

tes, não conhecem limites à cobiça — temos em plena atividade a hipérbole da

po inativa no interior do País, retida

■sob o pretexto do imposto em ouro, em butido à paciência indefesa dos clien especulação".

Para facilitar esse comércio, garantidor do escoamento de produtos, fator de desen\*olvímento econômico e social, necessário se tornava cuidar do desen

volvimento dos transportes. Sua influên-

cia e tal que vai influir no próprio me canismo do mercado. "A carestia mons

truosa dos transportes no interior e a morosidade intolerável clêles, essas as

não só pelos próprios operários como principabnente pelos industriais e la vradores que são forçados a ter somas

avulladas em depósitos para cobrir as suas necessidades, em virtude do difí cil e moroso transporte do dinheiro a tão longínquas paragens". Reconhecendo a produtividade da agricultura, não deseja menos o desen

volvimento industrial; reconhece que o Brasil, como tantos outros países agrí colas, encontra-se numa ixisição de .s:\-


UtcF^STo Econômico

Dicestó k<

incultas ou não, seu parcelamento e clernarcayáo por conta própria ou alheia; 5) encanegar-se de assuntos tendentes

vocar alargamento, submersão de unia' economia.

Estas influências doutrinárias conduzi

à colonização, fazendo os adiantamentos necessários, mediante ajuste e contrato

ram, como era de se esperar, o pensa

com

mente liberal.

os

colonos

ou

terceiros

inte

ressados.

Poder-se-á afirmar que tais atribui ções constituíram um perigoso alarga mento do crédito, principalmente em se tratando de bancos emissores.

Re

mento de Ruy a um sentido profunda Não se encontram, em

sua obra, elementos para que se possa e.stabeleccr um sistema completo de ex

será possível mostrar a sua filiação á

Vao: "Quanto a nós, a .solução está em achar até que ponto vai a verdadeira procura, a legítima procura dos indiis-

Escola Clássica Otimista Francesa, ou

seja, alinhá-lo entre os economistas li

centrais apenas emergia, onde a especia

sente o caráter nitidamente agrícola da

até hoje incipiente, é agora apontado como o problema número um entre os que dizem respeito à política monetá

ria e creditjcia do País, notando-se; ainda mais, que mesmo hoje muitos apontam

a inviabilidade de demasiada especia lização bancária.

Considerando-se as idéias monetárias

de Ruy Barbosa, poderemos apontá-lo como um pioneiro da tese da estagnação secular.

berais.

Em seus trabalhos sempre te\e pre economia brasileira e salientou a neces

sidade de arhparo à agricultura, fonte

primária de tóda a riqueza nacional. Foi justamente esta ânsia de proteção ao mais importante setor da economia brasileira, que o levou â aventura da Lei de 17 de janeiro de 1890. Se tives se a mesma sido bem executada, hoje,

provavelmente, lecer-lhc-iam louvores. Já no discurso de posse à Assembléia

Provincial da Bahia pelo Partido Liberal, em 1878, fizera o elogio do comércio, indicando-lhe a função precípua de fa cilitar a circulação dos bens.

Soube

distinguir entre a pessoa do comercian te e o próprio ato do comércio. Apon

Momentos liá em que um

tou o fato de ser êle tão útil para o

jato de emissão, bem aplicado em ativi dades reprodutivas, pode impulsionar

consumidor quanto para os produtores e atender a necessidades sociais indis cutíveis. Como instituição, sua finalida de consiste em facilitar os intercâmbios.

uma economia que se apresente estacio

naria, em vias de paralisação. O gran de problema consiste não em emitir e sim em saber aplicar as emissões efetua

das, questão esta ligada, é claro, ao de moderar o volume deste jato, de inodo a impedir que o mesmo, em lugar de contribuir com sua fôrça propulsora, qual uma torrente que se despenha, estravasando de um dique, venha a pro-

Seu objerivo primordial reside em re

presentar o traço de união, não só entre o produtor da mercadoria acabada e o

consumidor, como, também, entre os vá

rios estágios da i^rodução. É, porisso,

que afirmou êle a necessidade do co

mércio livre, que permitiria a expansão

da agricultura, o barateamento da vida

vercladeinis causas, as causas prcdomlinmtcs da cxageraç.io doa preços no mer cado dos produtos, absorxidos pelas camadas menos altas da população. As

dade comercial, que afirmou ser possi\'el medir-se a prosperidade de um país, plantações do interior deixam de en\iarpelo resultado favorá\'cl de.sua balança nos próprias colheitas, de distribuide pagamento. Foi capaz, porém, de las suas até a periferia do pais, porque a distinguir entre o são comércio e a f.speculação inalsã, cujos efeitos danosos

país onde a organização bancária era ainda incipiente, num momento histó rico em f^ue a idéia da criação de bancos

impulso nas atividades econômicas do País. Basta dizer que o crédito rural

comercio não só interno como inlcrna-

cional; tal importância atribui à ativi

plicação da vida econômica; coibidos, porém, uns elementos aqui, outros a'i,

conhecemo-lo sem dúvida; mas, num

lização bancária não poderia surgir pelo acanhamento do meio, este alargamento de crédito constituía uma inovação, a qual bem aplicada, permitiria um grande

e mesmo o desen\ o]\-iniento da indústria,

117

comprometeram a sua obra de reforma

do meio circulante. Daí. a sim afirma-

tnais. do comércio e da agricultura do ^ o não a insaciável voragem dos especuladores, que nunca poderá ser

satisfeita. . E continua: "A especula ção entrou cinicamente neste campo (o do aprovisíonamento das cidades) e

^ropriou-o às suas sinistras manobras. Nos grandes supridores do consumo,

nossa viaçáü ferrea, nas suas principais artérias, sofre de uma obstmção crônica,

recrudescenle, desesperadora. O centro não expede os mantimentos que produz, nem produz os que poderia; porque as nossas estradas ou pela insuficiência de seu material ou pela incompetência de .sua direção, já não transportam regu larmente nem o café."

Os meios de transporte influem não .só nas trocas, como também no pró prio instrumento de trocas, como se pode deduzir dêstc trecho altamente significa

tivo: "Releva, porém, reconhecer que a transformação do trabalho agrícola e o

conluios denunciados até no

desenvolvimento das indústrias, di.sse-

tórios abarrotados, para impor depois

minadas por uma enorme extensão do

Diário Oficial, fecham os seus reserva

aos consumidores taxas desusadas e in-

ju.stificáveis; nos monopólios de fato, ex

plorados por associações anônimas que

dominam, mais ou menos soberanamente, o mercado; na ganância do egoísmo

País, obrigando ao pagamento de salá

rio a todos os habailiadores rurais e a

operários de toda a espécie, empregados na construção de estradas de ferro, me

lhoramento de portos, exploração de mi nas, fábricas e usinas, exige hoje muito

ntercantil que, à sombra do cambio e

maior soma de melo circulante, da qual grande parte pennanece [Xtr muito tem

tes, não conhecem limites à cobiça — temos em plena atividade a hipérbole da

po inativa no interior do País, retida

■sob o pretexto do imposto em ouro, em butido à paciência indefesa dos clien especulação".

Para facilitar esse comércio, garantidor do escoamento de produtos, fator de desen\*olvímento econômico e social, necessário se tornava cuidar do desen

volvimento dos transportes. Sua influên-

cia e tal que vai influir no próprio me canismo do mercado. "A carestia mons

truosa dos transportes no interior e a morosidade intolerável clêles, essas as

não só pelos próprios operários como principabnente pelos industriais e la vradores que são forçados a ter somas

avulladas em depósitos para cobrir as suas necessidades, em virtude do difí cil e moroso transporte do dinheiro a tão longínquas paragens". Reconhecendo a produtividade da agricultura, não deseja menos o desen

volvimento industrial; reconhece que o Brasil, como tantos outros países agrí colas, encontra-se numa ixisição de .s:\-


Digestü EfoNóstico^ ÍIS

t r

Dioes'i"o EconAmico

télile das economias industrializadas.

Isto se verifica, principalmente, diz ele,

quando se analisa a posição da balanç-a comercial brasileira. Dia a dia o País tem exportado cada vez mais, mas t) rendimento desta exportação vem sen do cada vez menor.

Para amenizar a

situação desfavorável de nossa balança de pagamentos, temos recorrido a em préstimos periòdicamente renovados, mas estes não podem ser aplicados em ope

tado pcia desvalorização do poder aqui

suas próprias pala\Tas, um moderador da importação, nunca um instrumento de entrave ao comércio internacional. Profundamente nacionalista, defensor

acérrimo da prosperidade brasileira, não

chegou ao ponto, porém, do defender um Brasil separado do resto do mundo,

desenvolvimento industrial se retarda.

parte integrante do desenvolvimento

Dai, a sua advertência: "Ao passo que

econômico internacional; vivendo numa

a República não recebe do estrangeiro os suprimentos de ouro com que os ein-

época on que os nacionalismos se exal tavam e a Doutrina do Sistema de Economia Nacional servia em quase todo o mundo de estandarte à guerra, à

agressão, aos conflitos entre nações, foi

necessária extrema coragem para que

pudesse afirmar, em 1916, "A vocação,

pois, que para este Continente se está delineando não é nem a de se retrair

lizíido em grande parte, pela obstrução das vias de transporte — a importação

na pendência travada além, entre a ci

apresenta uma entumescência desmelu-

nem grandes armamentos nas ruínas

vilização e a militarízação do mundo,

rada, inaudita, fabulosa."

de uma guerra por èles im

É preciso desenvolver a produção industrial, mas ao seu espírito liberal rejpugna

está é em procurar assumir a

uma

temente para etmstituição de

de

acentuado

posta. Onde essa vocação iniciativa e contribuir influen

protecionismo, mediante tari

um novo sistema de vida in

fas elevadas e proibições que

ternacional, pela

impeçam o livre trânsito das

ou aproximação das nações,

mercadorias.

Por isso, tam

bém, não defendeu a idéia de prêmios

à exportação ou de favores excepcionais e indústrias novas. Preferiu um meio in direto — o do imposto ouro — sobre os direitos de importação, e, mesmo assim, não o fez com caráter de estabelecer uma

proibição à entrada de mercadorias e sim apenas como uma forma de defesa con tra o desarmamento tarifário, represen

Estado e na afirmação da vantagem d? admitir-se apenas b papel fiscalizador do emissão, não adquire o Estado o di

contraposição a

mia nacional, cncarava-a, porém, como

atitude

sa à constituição de bancos emissores do

nem se limitou apenas a afirmar a uni

unidade européia. Defensor da econo

aumento da produção agrícola é neutra-

volvimento conseqüente da produção. Manifesta-se. ainda, liberal, na repul

dade americana, cm

pidamente. Os capitais escasseiam e o

de empresas nossas, e o capital brasi leiro se transfere, na compra dqlas, para algibeira européia; ao passo que o

de cmprègo da mão de obra e o desen

Oovêrno. "Pelo fato de conferir um privilégio, na faciddade exclusiva da

rações reprodutivas porque retomam ra

próstimos do Império periòdicamente nos renovavam o cabedal esgotado; ao passo que o capital peregrino se retira

119

sitivo da moeda. O imposto seria, nas

associação

mediante um regime que su

bstitua a lei da guerra pela justiça.-

O imperativo de se apressar o de

reito de administrá-lo. Fiscalizá-lo, sim, êssc é o seu direito c o seu mterêsse.

pondo a descoberto muitos males, que de muito longe nos vergavam e agregando-nos de novo àquêlos, que são delas inseparáveis, produziu fatal esmorecimenlo em tôdas as fontes de indús

trias e da riqueza. O crédito estreme ceu; o comércio, que dèle se nutre, en-

liblou; a agricultura, que só floresce com a tranqüilidade interna, desfnieceii. Daí veio a alteração considerável dos

Se a fiscalização dc hoje não satisfaz ao.s .seus fins, reconstituí-a, forlaiecei-a,

valores, a quebra das transações, e a míngua das rendas públicas."

dai-lhe autoridade, a ação, a energia

vicção doutrinária tão arraigada que,

eficaz. A idéia dc propor ao Banco um presidente nomeado pelo Poder não se IcgiHma senão pela vantagem de subor dinar a instituição ã vigilância direta do Estado. Mas essa vigilância se en fraquece, em vez de robu.stecer-se; de genera. em vez de moralizar-se, com a

partilha da influência na administração do estabelecimento". Tal raciocínio, le vado a suas últimas conseqüências e

Êste liberalismo constitui uma con embora reconhecendo as dificuldades

trazidas pela libertação da escravatu ra, nem um momento siquer arrependeu-

sc da posição assumida em favor do negro liberto. É por isso que, em 1885, ao cuidar da critica do projeto Saraiva,

afirmara com ironia: "Bem sei que o cativeiro nunca outra coisa féz, senão •

beneficiar o escravo. Isso aqui e em

tôda a parte, hojo e em todos os tem- ^

estendido a outios campos da vida eco

pos." E mais ferino se toma ao narrar

fundamente liberal e contrário às inter-

uma anedota em que um chefe dc fa mília, na Jamaica, ao procurar conven

v'enções diretas do Estado na economia.

cer Wilberforce da doçura com que

nômica, mostrar-nos-á Ruy Barbosa pro Jurista antes de tudo, percebe e defende

a delimitação de campos; ao político a administração pública, a ação política; ao empreendedor, qualquer que seja a natureza do empreendimento, a admi nistração econômica e financeira da emprêsa. Os planos político e econômico

se lhe afiguram nitidamente distintos,

eram tratados os escravos, invoca o tes

temunho da mulher. "Ora, dize-nos, não são felizes os escravos na Jamaica?"

— "Decerto — respondeu ela ingenua mente — apenas me pareceu ali esquisi to' o costume de encadearem ao fogão os cozinheiros." E a sua conclusão é

inevitável.

A viver encadeado, ainda

senvolvimento industrial do Brasil jus tificaria a necessidade de aumentar o volume >da moeda em circulação, visto

embora estreitamente interdependentes. que num paraíso, preferíveis serão as Não se diga que esta separação, defen agruras de uma vida de trabalho e dida pelo insigne mestre e grande bra insegurança; em liberdade, porém.

o trabalho livre, assalariado, ser medido sôbre os Capitais disponíveis e, assim sendo, os juros do dinheiro determina rão, até certo ponto, as oportunidades

sileiro, se fazia com absoluto desconhe cimento das estreitas relações entre a vida econômica e a realidade social e

IJolltica. Para negá-lo bastaria repetir as suas observações a respeito da Proclaniaçõü da República: "A Resolução,

Se dúvida ainda houvesse quanto ao espírito liberal de Ruy Barbosa, bastaria citarmos, por fim, o mais significativo dos trechos do seu Credo Político, pro nunciado em 1897, onde as idéias do

homem púb'ico c a sua cultura econónii-


Digestü EfoNóstico^ ÍIS

t r

Dioes'i"o EconAmico

télile das economias industrializadas.

Isto se verifica, principalmente, diz ele,

quando se analisa a posição da balanç-a comercial brasileira. Dia a dia o País tem exportado cada vez mais, mas t) rendimento desta exportação vem sen do cada vez menor.

Para amenizar a

situação desfavorável de nossa balança de pagamentos, temos recorrido a em préstimos periòdicamente renovados, mas estes não podem ser aplicados em ope

tado pcia desvalorização do poder aqui

suas próprias pala\Tas, um moderador da importação, nunca um instrumento de entrave ao comércio internacional. Profundamente nacionalista, defensor

acérrimo da prosperidade brasileira, não

chegou ao ponto, porém, do defender um Brasil separado do resto do mundo,

desenvolvimento industrial se retarda.

parte integrante do desenvolvimento

Dai, a sua advertência: "Ao passo que

econômico internacional; vivendo numa

a República não recebe do estrangeiro os suprimentos de ouro com que os ein-

época on que os nacionalismos se exal tavam e a Doutrina do Sistema de Economia Nacional servia em quase todo o mundo de estandarte à guerra, à

agressão, aos conflitos entre nações, foi

necessária extrema coragem para que

pudesse afirmar, em 1916, "A vocação,

pois, que para este Continente se está delineando não é nem a de se retrair

lizíido em grande parte, pela obstrução das vias de transporte — a importação

na pendência travada além, entre a ci

apresenta uma entumescência desmelu-

nem grandes armamentos nas ruínas

vilização e a militarízação do mundo,

rada, inaudita, fabulosa."

de uma guerra por èles im

É preciso desenvolver a produção industrial, mas ao seu espírito liberal rejpugna

está é em procurar assumir a

uma

temente para etmstituição de

de

acentuado

posta. Onde essa vocação iniciativa e contribuir influen

protecionismo, mediante tari

um novo sistema de vida in

fas elevadas e proibições que

ternacional, pela

impeçam o livre trânsito das

ou aproximação das nações,

mercadorias.

Por isso, tam

bém, não defendeu a idéia de prêmios

à exportação ou de favores excepcionais e indústrias novas. Preferiu um meio in direto — o do imposto ouro — sobre os direitos de importação, e, mesmo assim, não o fez com caráter de estabelecer uma

proibição à entrada de mercadorias e sim apenas como uma forma de defesa con tra o desarmamento tarifário, represen

Estado e na afirmação da vantagem d? admitir-se apenas b papel fiscalizador do emissão, não adquire o Estado o di

contraposição a

mia nacional, cncarava-a, porém, como

atitude

sa à constituição de bancos emissores do

nem se limitou apenas a afirmar a uni

unidade européia. Defensor da econo

aumento da produção agrícola é neutra-

volvimento conseqüente da produção. Manifesta-se. ainda, liberal, na repul

dade americana, cm

pidamente. Os capitais escasseiam e o

de empresas nossas, e o capital brasi leiro se transfere, na compra dqlas, para algibeira européia; ao passo que o

de cmprègo da mão de obra e o desen

Oovêrno. "Pelo fato de conferir um privilégio, na faciddade exclusiva da

rações reprodutivas porque retomam ra

próstimos do Império periòdicamente nos renovavam o cabedal esgotado; ao passo que o capital peregrino se retira

119

sitivo da moeda. O imposto seria, nas

associação

mediante um regime que su

bstitua a lei da guerra pela justiça.-

O imperativo de se apressar o de

reito de administrá-lo. Fiscalizá-lo, sim, êssc é o seu direito c o seu mterêsse.

pondo a descoberto muitos males, que de muito longe nos vergavam e agregando-nos de novo àquêlos, que são delas inseparáveis, produziu fatal esmorecimenlo em tôdas as fontes de indús

trias e da riqueza. O crédito estreme ceu; o comércio, que dèle se nutre, en-

liblou; a agricultura, que só floresce com a tranqüilidade interna, desfnieceii. Daí veio a alteração considerável dos

Se a fiscalização dc hoje não satisfaz ao.s .seus fins, reconstituí-a, forlaiecei-a,

valores, a quebra das transações, e a míngua das rendas públicas."

dai-lhe autoridade, a ação, a energia

vicção doutrinária tão arraigada que,

eficaz. A idéia dc propor ao Banco um presidente nomeado pelo Poder não se IcgiHma senão pela vantagem de subor dinar a instituição ã vigilância direta do Estado. Mas essa vigilância se en fraquece, em vez de robu.stecer-se; de genera. em vez de moralizar-se, com a

partilha da influência na administração do estabelecimento". Tal raciocínio, le vado a suas últimas conseqüências e

Êste liberalismo constitui uma con embora reconhecendo as dificuldades

trazidas pela libertação da escravatu ra, nem um momento siquer arrependeu-

sc da posição assumida em favor do negro liberto. É por isso que, em 1885, ao cuidar da critica do projeto Saraiva,

afirmara com ironia: "Bem sei que o cativeiro nunca outra coisa féz, senão •

beneficiar o escravo. Isso aqui e em

tôda a parte, hojo e em todos os tem- ^

estendido a outios campos da vida eco

pos." E mais ferino se toma ao narrar

fundamente liberal e contrário às inter-

uma anedota em que um chefe dc fa mília, na Jamaica, ao procurar conven

v'enções diretas do Estado na economia.

cer Wilberforce da doçura com que

nômica, mostrar-nos-á Ruy Barbosa pro Jurista antes de tudo, percebe e defende

a delimitação de campos; ao político a administração pública, a ação política; ao empreendedor, qualquer que seja a natureza do empreendimento, a admi nistração econômica e financeira da emprêsa. Os planos político e econômico

se lhe afiguram nitidamente distintos,

eram tratados os escravos, invoca o tes

temunho da mulher. "Ora, dize-nos, não são felizes os escravos na Jamaica?"

— "Decerto — respondeu ela ingenua mente — apenas me pareceu ali esquisi to' o costume de encadearem ao fogão os cozinheiros." E a sua conclusão é

inevitável.

A viver encadeado, ainda

senvolvimento industrial do Brasil jus tificaria a necessidade de aumentar o volume >da moeda em circulação, visto

embora estreitamente interdependentes. que num paraíso, preferíveis serão as Não se diga que esta separação, defen agruras de uma vida de trabalho e dida pelo insigne mestre e grande bra insegurança; em liberdade, porém.

o trabalho livre, assalariado, ser medido sôbre os Capitais disponíveis e, assim sendo, os juros do dinheiro determina rão, até certo ponto, as oportunidades

sileiro, se fazia com absoluto desconhe cimento das estreitas relações entre a vida econômica e a realidade social e

IJolltica. Para negá-lo bastaria repetir as suas observações a respeito da Proclaniaçõü da República: "A Resolução,

Se dúvida ainda houvesse quanto ao espírito liberal de Ruy Barbosa, bastaria citarmos, por fim, o mais significativo dos trechos do seu Credo Político, pro nunciado em 1897, onde as idéias do

homem púb'ico c a sua cultura econónii-


ir.

Diciísto Econômico

120

ca aparecem fortemente lastreadas i>or iim conteúdo jurídico, porque verdade é

a tranqüilidade, da tranqüilidade o Irn-

que nêle o economista aparece apenas

produção o crédito, do crédito a opulência, da üpu'éncía a respeitabilidade,

corno a sombra do imenso jurista que

foi. "Creio que a República decai, por que se deixou estragar, confiando-sc no regime da fôrça; creio que a federa ção perecerá se continuar a não saber

RUY, VIVO E MORTO 4l*ái(ian impresslonlsio)

IwIJio, do trabalho a produção, da

a duração e o vigor."

Nenhum outro poderia, em tão ma

gistral síntese, exprimir o que de hu

acatar e elevar a justiça; porque da

mano pode e deve conter lodo c qual

justiça nasce a confiança, da confiança

quer sistema econômico.

A. C. DE Salles Júnior

(Autiir de 'O idealismo republicano de Campos Salles)

J^AQUKi.c 1." de março de 1923, e.xtinguia-.sc, em Petrópolis, uma grande vida. Tudo era pranto. A tarde se''entristeceu cinzenta; e a noite, entrando, cobriu de crcpe a Pátria dolorosa. Afi gurava-se extraordinário, ninguém queria admitir, o que não passava de fato natu-

ral, ligado à fatalidade das leis biológi

cas, renovadoras da e.xisténcia, já que, na concepção do remoto Heráclito, "uns

presenta a verdadeira encarnação do ser;

a matéria, que o encerra, não passa de

simples aparência transitória, poenta ar gila imponderável...

Êsse animísnío

é eterno, u'trapassa o tempo. Assim também desta \'ez se devera

crer. Não se apagaria a luz de inteli

gência tão refulgente. No meio, que a refrangira, não se adensaria a tre\a

vivem da morte dos outros, enquanto

obsecante. Não se dissipariam as ener

outros morrem da vida daqueles outros".

A-idente, que em trajetória sideral deli

Lá os acompanhou cortejo imenso, ao toque da sinêta da capela de S, João

no verso luigoano, até o sol morre, mus

gias cívicas polarizadas no esforço do

A realidade ali estava, numa campa a a rota ideológica da deniociacia abrir-se para receber, após longo ritual, neara brasileira. Ruy não desaparecia. Cbnw frágeis despejos, envoltos num" sudário. Baptista E ao relírarem-se os grupos, finda a cerimonia, por entre mármores e

'! -

ciprestes, pensa\'a cada qual, de si para consigo, na separação abismai criada

pola fronteira que dei.vava atrás: o pas-

para renascer... As legiões, que ha

viam seguido êsse cünqui.stador, deli rantes de entusiasmo, manteriam certa

mente o império de ideiais e aspirações, que ôle fundara. Último romântico da

geração de Castro Alves, herdeira sen

timental de Rousseau, possuia-o, como a toda essa gloriosa estirpe, a paixão violenta da liberdade, que antes se di ria ânsia de libertação individual, fuga chance to dream..." o silêncio de.s- desesperada para o irreal, o indefiuido, cia. Calara-.se uma voz de inspiração o absoluto, a chamar-se "mal du siècle" alada, como a dos velhos profetas, voz- nos poetas elegíacos, vítimas de fraqueque nunca mais seria ouvida. Nunca mais! Feliz a Cidade Antiga, de Fustel /.as e dehquios, e a exprimir ímpeto re-

r:ado, N-ale profundo do esquecimeiiV, • • • • filosófica: Era a repetição da duvida To die,inc-onsciente to nleep- per-

de Coulanges, onde os mortos não pe reciam, mas divinizavam-se, transubs-

tanciadüs em Gênios ou Heróis, que do fundo de seus tiimulos continuavam guias e senhores dos destinos terrenos.

. vííí.;: ^

Dogma de tôdas as religiões ocidentais, o invisível, o imanente, o espírito re

•ia'.

"

temperamentos herói

cos, forjados para a luta. Deixando-se arrebatar pela iu.ti,a das cansas suscitadas pela liberdade e a dit-nidadc do

homem, como a questão Dmyfus, cir na ao encontro dos fracos e irimidos, com a generosidade e o destemer da

idade da cavalaria. Nunca vacilou.

i.


ir.

Diciísto Econômico

120

ca aparecem fortemente lastreadas i>or iim conteúdo jurídico, porque verdade é

a tranqüilidade, da tranqüilidade o Irn-

que nêle o economista aparece apenas

produção o crédito, do crédito a opulência, da üpu'éncía a respeitabilidade,

corno a sombra do imenso jurista que

foi. "Creio que a República decai, por que se deixou estragar, confiando-sc no regime da fôrça; creio que a federa ção perecerá se continuar a não saber

RUY, VIVO E MORTO 4l*ái(ian impresslonlsio)

IwIJio, do trabalho a produção, da

a duração e o vigor."

Nenhum outro poderia, em tão ma

gistral síntese, exprimir o que de hu

acatar e elevar a justiça; porque da

mano pode e deve conter lodo c qual

justiça nasce a confiança, da confiança

quer sistema econômico.

A. C. DE Salles Júnior

(Autiir de 'O idealismo republicano de Campos Salles)

J^AQUKi.c 1." de março de 1923, e.xtinguia-.sc, em Petrópolis, uma grande vida. Tudo era pranto. A tarde se''entristeceu cinzenta; e a noite, entrando, cobriu de crcpe a Pátria dolorosa. Afi gurava-se extraordinário, ninguém queria admitir, o que não passava de fato natu-

ral, ligado à fatalidade das leis biológi

cas, renovadoras da e.xisténcia, já que, na concepção do remoto Heráclito, "uns

presenta a verdadeira encarnação do ser;

a matéria, que o encerra, não passa de

simples aparência transitória, poenta ar gila imponderável...

Êsse animísnío

é eterno, u'trapassa o tempo. Assim também desta \'ez se devera

crer. Não se apagaria a luz de inteli

gência tão refulgente. No meio, que a refrangira, não se adensaria a tre\a

vivem da morte dos outros, enquanto

obsecante. Não se dissipariam as ener

outros morrem da vida daqueles outros".

A-idente, que em trajetória sideral deli

Lá os acompanhou cortejo imenso, ao toque da sinêta da capela de S, João

no verso luigoano, até o sol morre, mus

gias cívicas polarizadas no esforço do

A realidade ali estava, numa campa a a rota ideológica da deniociacia abrir-se para receber, após longo ritual, neara brasileira. Ruy não desaparecia. Cbnw frágeis despejos, envoltos num" sudário. Baptista E ao relírarem-se os grupos, finda a cerimonia, por entre mármores e

'! -

ciprestes, pensa\'a cada qual, de si para consigo, na separação abismai criada

pola fronteira que dei.vava atrás: o pas-

para renascer... As legiões, que ha

viam seguido êsse cünqui.stador, deli rantes de entusiasmo, manteriam certa

mente o império de ideiais e aspirações, que ôle fundara. Último romântico da

geração de Castro Alves, herdeira sen

timental de Rousseau, possuia-o, como a toda essa gloriosa estirpe, a paixão violenta da liberdade, que antes se di ria ânsia de libertação individual, fuga chance to dream..." o silêncio de.s- desesperada para o irreal, o indefiuido, cia. Calara-.se uma voz de inspiração o absoluto, a chamar-se "mal du siècle" alada, como a dos velhos profetas, voz- nos poetas elegíacos, vítimas de fraqueque nunca mais seria ouvida. Nunca mais! Feliz a Cidade Antiga, de Fustel /.as e dehquios, e a exprimir ímpeto re-

r:ado, N-ale profundo do esquecimeiiV, • • • • filosófica: Era a repetição da duvida To die,inc-onsciente to nleep- per-

de Coulanges, onde os mortos não pe reciam, mas divinizavam-se, transubs-

tanciadüs em Gênios ou Heróis, que do fundo de seus tiimulos continuavam guias e senhores dos destinos terrenos.

. vííí.;: ^

Dogma de tôdas as religiões ocidentais, o invisível, o imanente, o espírito re

•ia'.

"

temperamentos herói

cos, forjados para a luta. Deixando-se arrebatar pela iu.ti,a das cansas suscitadas pela liberdade e a dit-nidadc do

homem, como a questão Dmyfus, cir na ao encontro dos fracos e irimidos, com a generosidade e o destemer da

idade da cavalaria. Nunca vacilou.

i.


' IJICLSIO Iv.t.NÒMK'*'

122

Dic;fc:sro Econômico

clfsfaleceii, menos ainda capdnloii.

N<i

fragor das campanhas, e próprios delas,

(juf -SC cosliuua exrmplifi(.;',-l;i ccuu nicnarquia iuglúsa. Mas o moslmeuli*

teria cometido erros, praticado excessos,

perpétuo de resislénciu ao poder d"

produzido dores.

Estado, em defesa dos direito.s indi^»"

Nada, porém, fruto

vocados.

bunos do povo, fautores diretos da marcba ascendente do princípio igualitário,

Graças à tenacidade desse esforço, adquiriu extensão, antes desconhecida, o instituto de "habeas-corpus", revigo rado, na jurisprudência, como criação original do nosso direito público. Co

duas antíteses perniauentes — a auto ridade de um lado, e de outro a liber

dade. Porque, como diz Maus Kelscu.

"o que jaz na raiz cia idéia deniocrál--

(^ue despontou como aurora da demo cracia, a romper entro vagas, indecisas côres psicológicas; sentimentalismo, fi lantropia, imaginação, devaneio, \olta à

ca é o instinto de reação indi\'iclual con

natureza ... Era preciso olhar para os

precí.so dobrar, numa palavra - o ^or-

pobres, os humildes, os de serdados, tóda a sorte de so

fredores e marginados.

O

que houvesse uma verdade a dizer, um direito a postular, uma garantia a pre-

necessidade que criou em Roma os tri

cípios contrários, a síntese instá\'el de

Dentro dessa annaclura, era invencível,

Foi bem o emblema do século XIX,

É o caso do

a \ontade estranha diante da qual c

preensível e impenetrável a heresíacas. homéricos, na frente do tllios...

Não raro, um só

estado dc sociedade, <> protesto contra

fundo do direito, culto místico, incom

c parecia um titã, como nos combates

pela insiiiceridadc.

tem razão contra muitos.

Dr. Stockmann, como todos os protago . munir, lá estava ele, de lança em risle, nistas do teatro de Ibsen — corajosa afir a brandi-la contra os inimigos do po\ o! mação da personalidade, a tresmalhar que são todos os violadores da ordem do espírito social de rebanho, que ca jurídica. Sobranceiro a ameaças e pe racteriza as maiorias facciosixs, abroque- rigos, vinganças e calúnias, nunca deu ladas em falso liberalismo: — "Os mais ninguém tantas provas de destemor, e pérfidos inimigos dos homens livres sãb sobretudo de tamanho espírito de sacri os liberais". fício, na imolação de justas ambições. O contraste com o poder, condição de (Xintra as quais a inveja conspirou, mais cc|uilíbrio do regime republicano, foi a ainda que os ressentimentos, acaso pro

duai.s, o j)roceíiSu.t drssc perene anlagO" ni.snio, a conciliação hegelíauu dos prin

de ódio, senão de amor, o amor pro

125

tra o constrangimeulo (pie resulta do

mento da heteronomia •

Democracia configura-sÇ-

pois, como govérno à di

que acabou por nivelar uma sociedade

originàriamente constituída de patrícios

e plebeiis. Cumpre atender à importân

poder púbhco, mal inevitá vel, limita o indivíduo, domina-o, escraviza-o, apertan do cada vez mais o cerco,

Supõe necessàriamente par lamento, imprensa, direito

que lhe tolhe o livre desen

fôr o caso, direito de revo

nosso grande tribuno do povo. Do povo,

volvimento.

lução.

cntenda-so bem; e não das massas.

cumbida do interpretá-la. À margem do texto lapidar, mas rígido, principiou a elaborar-se a Constituição não escrita,

Mil \èzes a

reita, e à esquerda oposiçãode reunião e, até, em se

O essencial, contra

cia dessa função, para bem avaliar o papel de Ruy, no evolucionismo do pensamento político brasileiro. Êle, o

.«selva escura e densa, onde

vezeiras mistificações e em

Dístínga-se: democracia é governo do

nasceu, mas de que era se nhor. O governo é um

bustes, é que se reaHze a

povo, e não de massas.

monstro, um Leviatlian que

definição de Péricles, na fa mosa oração aos mortos do

pretextos calvos e sofismas cavilosos —-

Peloponeso, transmitida à posteridade por Thucydides: "Chama-se democracia

razões de Estado, salvação pública, di-

ao nosso governo, porque a adminis

rigismo econômico, capitalismo, socialis

tração da República não pertence ape

mo, comunismo, simples disfarces de ti rania, outros tantos feudalismos, iguais aos que em vão pretendeu a Revolução

nas a alguns, senão à maioria, podendo

o esmaga, sob especiosos argumentos,

Francesa destruir com o antigo regime. Liberdade, Igualdade, Fraternidade —

ativa, vigilante, funcional, dotada de

organização das diferentes classes, num regime de coexistência de direitos, v

plasticidade e transparência para adu-

harmonia de todos os interesses, sob o domínio de uma consciência jurídica

coletiva. Outra coisa é a demagogia, o incitamento à guerra social, a excitação de instintos egoísticos, o ódio ao bem

alheio, o desenfreio de recalques freu dianos do sub-consciente. Ruy não fa lou a essas baixas paixões; falou, sim, à

se tolera, menos o despotismo, seja de

inteligência, à massa cinzenta da Nação. Sempre na estacada, verberou abuso.s,

pura ilusão, pronto desfeita. Tudo que caiu, ficou de pé. ó paradoxol Daí o anseio, a inquietação, a angústia que

um indivíduo, de um grupo, de uma

faz da democracia lábaro universal de

se público bem entendido não se ex primem substancialmente por números,

redenção humana. Não é uma categoria lógica, de teor 6sco'ástico, uma forma de governo especial, diferenciada, tanto

Uma coisa é u

cada um de nós exercô-la, independente do nascimento e haveres, sem outro tí

tulo que as próprias xirtudes". Tudo minoria, ou da maioria mesma.

For

que não? O direito, a moral, o interes meros símbolos gráficos de significação

emprestada, e vezes sem çpnta falseada

meçou. assim, a Constituição de 91 a

viver do seu próprio conteúdo, revelado pelos arestos da altíssima instância, in

nar-se às constantes mutações dos tem-

po.s, e deixar-se penetrar pela luz das novas idéias sempre vindiças. mantida

intacta, na estmtura, a obra grandiosa dos fundadores da República. Regem-sc ainda os Estados Unidos pela Constitui

ção de Filadélfia, acrescida de pou cas emendas. Não é ali, porém, que elu se encontra, mas nos julgados da Supre ma Côrte. São os juizes que. na reali dade, vão escrevendo-a dia a dia

desmandos, atentados, montando guar

Por isso, lá não se cogita de mudanç^is

da à observância da lei e da moral.

cie Constituição.

Ê'e, em verdade, "a eterna vigilância". De terror de sua palavra punitiva, quan

compadeceria com as conveniências estri

tas usurpações deixaram de peqoetrar-se, quantas violências de <x>meter-se, quan-

Claro que esse espírito jurídico mal se

tamente partidárias, de que, sem absuv-

to.s crimes de consumar-sel Nas oâmaias,

do, não podia ser escra\'o o mestre, o evangelista da liberdade. Mas, no sistema

na imprensa, no.s tribunais, onde quer

representativo, o.s partidos existem, ou,


' IJICLSIO Iv.t.NÒMK'*'

122

Dic;fc:sro Econômico

clfsfaleceii, menos ainda capdnloii.

N<i

fragor das campanhas, e próprios delas,

(juf -SC cosliuua exrmplifi(.;',-l;i ccuu nicnarquia iuglúsa. Mas o moslmeuli*

teria cometido erros, praticado excessos,

perpétuo de resislénciu ao poder d"

produzido dores.

Estado, em defesa dos direito.s indi^»"

Nada, porém, fruto

vocados.

bunos do povo, fautores diretos da marcba ascendente do princípio igualitário,

Graças à tenacidade desse esforço, adquiriu extensão, antes desconhecida, o instituto de "habeas-corpus", revigo rado, na jurisprudência, como criação original do nosso direito público. Co

duas antíteses perniauentes — a auto ridade de um lado, e de outro a liber

dade. Porque, como diz Maus Kelscu.

"o que jaz na raiz cia idéia deniocrál--

(^ue despontou como aurora da demo cracia, a romper entro vagas, indecisas côres psicológicas; sentimentalismo, fi lantropia, imaginação, devaneio, \olta à

ca é o instinto de reação indi\'iclual con

natureza ... Era preciso olhar para os

precí.so dobrar, numa palavra - o ^or-

pobres, os humildes, os de serdados, tóda a sorte de so

fredores e marginados.

O

que houvesse uma verdade a dizer, um direito a postular, uma garantia a pre-

necessidade que criou em Roma os tri

cípios contrários, a síntese instá\'el de

Dentro dessa annaclura, era invencível,

Foi bem o emblema do século XIX,

É o caso do

a \ontade estranha diante da qual c

preensível e impenetrável a heresíacas. homéricos, na frente do tllios...

Não raro, um só

estado dc sociedade, <> protesto contra

fundo do direito, culto místico, incom

c parecia um titã, como nos combates

pela insiiiceridadc.

tem razão contra muitos.

Dr. Stockmann, como todos os protago . munir, lá estava ele, de lança em risle, nistas do teatro de Ibsen — corajosa afir a brandi-la contra os inimigos do po\ o! mação da personalidade, a tresmalhar que são todos os violadores da ordem do espírito social de rebanho, que ca jurídica. Sobranceiro a ameaças e pe racteriza as maiorias facciosixs, abroque- rigos, vinganças e calúnias, nunca deu ladas em falso liberalismo: — "Os mais ninguém tantas provas de destemor, e pérfidos inimigos dos homens livres sãb sobretudo de tamanho espírito de sacri os liberais". fício, na imolação de justas ambições. O contraste com o poder, condição de (Xintra as quais a inveja conspirou, mais cc|uilíbrio do regime republicano, foi a ainda que os ressentimentos, acaso pro

duai.s, o j)roceíiSu.t drssc perene anlagO" ni.snio, a conciliação hegelíauu dos prin

de ódio, senão de amor, o amor pro

125

tra o constrangimeulo (pie resulta do

mento da heteronomia •

Democracia configura-sÇ-

pois, como govérno à di

que acabou por nivelar uma sociedade

originàriamente constituída de patrícios

e plebeiis. Cumpre atender à importân

poder púbhco, mal inevitá vel, limita o indivíduo, domina-o, escraviza-o, apertan do cada vez mais o cerco,

Supõe necessàriamente par lamento, imprensa, direito

que lhe tolhe o livre desen

fôr o caso, direito de revo

nosso grande tribuno do povo. Do povo,

volvimento.

lução.

cntenda-so bem; e não das massas.

cumbida do interpretá-la. À margem do texto lapidar, mas rígido, principiou a elaborar-se a Constituição não escrita,

Mil \èzes a

reita, e à esquerda oposiçãode reunião e, até, em se

O essencial, contra

cia dessa função, para bem avaliar o papel de Ruy, no evolucionismo do pensamento político brasileiro. Êle, o

.«selva escura e densa, onde

vezeiras mistificações e em

Dístínga-se: democracia é governo do

nasceu, mas de que era se nhor. O governo é um

bustes, é que se reaHze a

povo, e não de massas.

monstro, um Leviatlian que

definição de Péricles, na fa mosa oração aos mortos do

pretextos calvos e sofismas cavilosos —-

Peloponeso, transmitida à posteridade por Thucydides: "Chama-se democracia

razões de Estado, salvação pública, di-

ao nosso governo, porque a adminis

rigismo econômico, capitalismo, socialis

tração da República não pertence ape

mo, comunismo, simples disfarces de ti rania, outros tantos feudalismos, iguais aos que em vão pretendeu a Revolução

nas a alguns, senão à maioria, podendo

o esmaga, sob especiosos argumentos,

Francesa destruir com o antigo regime. Liberdade, Igualdade, Fraternidade —

ativa, vigilante, funcional, dotada de

organização das diferentes classes, num regime de coexistência de direitos, v

plasticidade e transparência para adu-

harmonia de todos os interesses, sob o domínio de uma consciência jurídica

coletiva. Outra coisa é a demagogia, o incitamento à guerra social, a excitação de instintos egoísticos, o ódio ao bem

alheio, o desenfreio de recalques freu dianos do sub-consciente. Ruy não fa lou a essas baixas paixões; falou, sim, à

se tolera, menos o despotismo, seja de

inteligência, à massa cinzenta da Nação. Sempre na estacada, verberou abuso.s,

pura ilusão, pronto desfeita. Tudo que caiu, ficou de pé. ó paradoxol Daí o anseio, a inquietação, a angústia que

um indivíduo, de um grupo, de uma

faz da democracia lábaro universal de

se público bem entendido não se ex primem substancialmente por números,

redenção humana. Não é uma categoria lógica, de teor 6sco'ástico, uma forma de governo especial, diferenciada, tanto

Uma coisa é u

cada um de nós exercô-la, independente do nascimento e haveres, sem outro tí

tulo que as próprias xirtudes". Tudo minoria, ou da maioria mesma.

For

que não? O direito, a moral, o interes meros símbolos gráficos de significação

emprestada, e vezes sem çpnta falseada

meçou. assim, a Constituição de 91 a

viver do seu próprio conteúdo, revelado pelos arestos da altíssima instância, in

nar-se às constantes mutações dos tem-

po.s, e deixar-se penetrar pela luz das novas idéias sempre vindiças. mantida

intacta, na estmtura, a obra grandiosa dos fundadores da República. Regem-sc ainda os Estados Unidos pela Constitui

ção de Filadélfia, acrescida de pou cas emendas. Não é ali, porém, que elu se encontra, mas nos julgados da Supre ma Côrte. São os juizes que. na reali dade, vão escrevendo-a dia a dia

desmandos, atentados, montando guar

Por isso, lá não se cogita de mudanç^is

da à observância da lei e da moral.

cie Constituição.

Ê'e, em verdade, "a eterna vigilância". De terror de sua palavra punitiva, quan

compadeceria com as conveniências estri

tas usurpações deixaram de peqoetrar-se, quantas violências de <x>meter-se, quan-

Claro que esse espírito jurídico mal se

tamente partidárias, de que, sem absuv-

to.s crimes de consumar-sel Nas oâmaias,

do, não podia ser escra\'o o mestre, o evangelista da liberdade. Mas, no sistema

na imprensa, no.s tribunais, onde quer

representativo, o.s partidos existem, ou,


Digestü Eoonómic«

124

mais freqüentemente, as agremiações com esse rótulo, c fora da órbita, que os

circunscreve, não é possível militar na política. Coliga-os, em teoria, um acôrdo de idéias, um paralelismo de tendências; o que de fato os une, en

figuras mais rc'prc.st iilali\as, em um ve lho casarão da rua D. José de Barros,

por ironia das coisas chamado teatro, mas onde, com efeito, se assistiu a uin

íDicKsit) Econômico 125

Charles Cliaplin, que não ri. O riso aK ar c cios parvos; só cascalham bufões de côrlc, ou palhaços de circo, em es

onde reina uma atmosfera dc indife rença, ou de revolta sopitada. Não o

gares horríveis.

querem, preferindo enganar-se a si mes

O sorriso é superior,

c.spirilnal, sutil, enigmático; ó Mona

dos mais empolgantes espetáculos cívi cos de que há lembrança nos nossos

Lisa, a Gioconda clc da Vinci. Soiriem

regra personalistas, que também, por

fasto.s. A alma coletiva viveu, ali, mo mentos indízíveis de emoção e entusias

como ninguém, austeramente.

sua vez, os desunem, com a mesma fa

mo, qu^ só inteq)rctes perfeitos do

cilidade. A desmoralização é geral. Um notável publicista moderno, M. Ostrogorky, após pacientes e argutas obser

drama dos nos.sos próprios sentimentos e •

tretanto, 6 a comunhão de interesses, em

vações feitas em democracias reputadas modelares, como a Inglaterra e os Esta

dos Unidos, conclui amargamente: "O governo torna-se monopólio nas mãos de

uma classe, que, sem constituir uma casta, forma grupo à parte na socieda

de, e quase sempre é exercido por um só homem, com o apoio de.ssH classe o os poderes de um autocrata". Para Triepel, famoso jurista alemão, o regi me vigente dos partidos é "o sintoma de uma moléstia, ou uma degenerescência". Outróra, um estadista como Sir Robert

Peel sacrificava-se, pessoalmente, por liaver sacrificado o seu partido, que era uma religião. Hoje não há mais me mória disso. É que os homens são outro.s, e parecem pertencer a uma raça diferente.

Como estranhar houvesse

paixões logram despertar. Não o sus peitaria, talvez, quem, desconhecendo o orador, visse subir à tribuna aquela criatura franzina, cuja presença poderia pouco antes passar despercebida entre os vultos que a rodcavánr no proscênio. Bastou falar, para que .se trocasse a im pressão, e as estaturas sc invertessem. Sentiram todos, imediatamente, (lue es tavam em face de um tita. Horas a fio discorreu como torrente, que ora se

c.spraia tranqüila na planície, ora salteia violenta os penhascos, borbotoando

cm precipitações caudais. Essa a elo qüência pura, que jorra espontânea do talento do orador di.serto, sem os artifí

cios grote.scos da declaniação vazia e da ênfase teatral, segundo as regras dos antigos retores e sofistas. Essa a arte de Cícero, a arte romana, revestida de nobreza, dignidade e decôro, em que as

os

sabem desdenhar. Soube-o Ruy, E com

razão. Alçando o vôo paru os píncaros, contemplaN'a cm baixo os politicos, a ciscar no terreiro, como galináeeos... Sofreram principalmente a atração magnética dessa inteligência as verdes

gerações, que sc abeiravam da vida pú blica, radiosa de esperanças e com o ânimo dc contribuir para a concrctizurção de generosos ideais, que lhes descorti

nassem o futuro. Do novo espírito, que agitava a opinião, abeberou-sc a juven tude, que passara, ao longo dos aconte cimentos, do entusiasmo lírico à impa ciência re\'olucionária, ante a inércia das

tacando as fontes piu-ificacloras do regimo

democrático, o sentimento ullra-

conscrvador, cultivado pelos detentores das posições de mando. O lema de tôda situação política é durar, a qual quer preço.

Para tanto, estreita-se o

círculo de rotação nos postos oficiais,

tral, ora lavrado e taciturno? Foi o desta

palavras vão ao encontro das idéias, porque, antes de exprimi-las, já as pos

ultima espécie que Ruy teve de enfren

sui o orador, e antes de falar, já sabe o

tar e desmascarar, no assomo de uma

que vai dizer. Portanto, a palavra o perfeita, e a voz, que a articula, impri

ciu.me do poder, que os alia contra a

consciência revoltada contra o abastai-

damento dos costumes políticos.

Dis

tanciava-se já então, cada vez mais,

me-lhe todos os acentos, timbrando em sons e tons nítidos, rítmicos, harmonio-

como num deserto Interminável, a mira

.sos. A cada instante, surgem as apóslrn-

gem da democracia.

fes, a crítica é acerba, dardeja a satira.

Foi a campanha civilista o ponto de partida de uma jornada sem descanso, prosseguida no mesmo sentido, até ao

fine-se de ordinário o homem como o

fim da vida.

mar-lhe Vo animal que faz rir", observa

Encetou-a noite memo

rável, que reuniu o povo paulista, pelas

Ruy não ri; ri-se, ou melhor, sorri. De animal que ri"; fora mais correto cha Bergson, lembrado talvez do genial

dirigontes, porque não

mos; o instinto de conservação engen

dra obsessões. Enquanto isso, os tempos

axançími, embora a impressão seja de

imobilidade aparente, como a dos corpos no espaço, gravitando no sistema plane tário. Não escapam os métodos e pro cessos políHcos à lei da transfonnação permanente.

Ao cabo, tudo caduca;

a vida é um /.-cri perpétuo. A evolução e imaginosa, sugere .i cada passo cria

ções originais. rejeita o que já passou. As ideias de Ruy, que o vento esnaduiva, nao caiam om campos sáfaros; cm

toda a parte cresciam searas. Apre sentava-se outro, inteiramente mudado,

o clima em que se desen\'ol\'iam agora

ns instituições republicanas, sob a in:

fluencia dc um le<ulcr que falava uma chamadas forças políticas, paralisadas n<} hnguagem clara, límpidl, crislalma... f>tatu quo. Tendia a petrificar-se, es

cjue apenas se comutam, entre uns pou cos dominadores, suspeitosos uns dos

surgido o fascismo, ora ostensivo e tea

percebem

outros, mas igualmente devorados pelo ex'entualidade de o perderem, em bene

fício de competidores mais capazes. Ê a confissão tácita de um complexo de iríferiorldade, que os aflige constante

u-

a lutar com a

V da democracia o movimento generador brasileira! reE

líptío" O culto do direito, em Huy, não o confinava o deus Términus ao campo da polaca interna, \s estacas fronteiri ças. Era ecumênico, universal, e teve essa amplitude na Conferência de Hava, onde. lógico consigo mesmo, sustentou,

perante o mundo, os princípios jurídicos

II. h™

do dever uc\er 1 moral que° T'"'' pata empregat n frase célebre) Ihl brilbav» de Ruy. Fecham-se tôdas as janelas da na consciência como as eonsfelaçôcs no política. Não entra, o ar de fora, e o fmnarnento, So nesse akip!a„„ se pode

mente, e sempre os atormentou diante

que dentro se respira é o viciado das

recâmaias. Entre o governo e o povo medeia uma separação cada \-ez maior,

Iprimento

ria colocar o programa da Conferência -

o desarmamento geral, para celelnacão da paa na terra. Sem a igualdade dos


Digestü Eoonómic«

124

mais freqüentemente, as agremiações com esse rótulo, c fora da órbita, que os

circunscreve, não é possível militar na política. Coliga-os, em teoria, um acôrdo de idéias, um paralelismo de tendências; o que de fato os une, en

figuras mais rc'prc.st iilali\as, em um ve lho casarão da rua D. José de Barros,

por ironia das coisas chamado teatro, mas onde, com efeito, se assistiu a uin

íDicKsit) Econômico 125

Charles Cliaplin, que não ri. O riso aK ar c cios parvos; só cascalham bufões de côrlc, ou palhaços de circo, em es

onde reina uma atmosfera dc indife rença, ou de revolta sopitada. Não o

gares horríveis.

querem, preferindo enganar-se a si mes

O sorriso é superior,

c.spirilnal, sutil, enigmático; ó Mona

dos mais empolgantes espetáculos cívi cos de que há lembrança nos nossos

Lisa, a Gioconda clc da Vinci. Soiriem

regra personalistas, que também, por

fasto.s. A alma coletiva viveu, ali, mo mentos indízíveis de emoção e entusias

como ninguém, austeramente.

sua vez, os desunem, com a mesma fa

mo, qu^ só inteq)rctes perfeitos do

cilidade. A desmoralização é geral. Um notável publicista moderno, M. Ostrogorky, após pacientes e argutas obser

drama dos nos.sos próprios sentimentos e •

tretanto, 6 a comunhão de interesses, em

vações feitas em democracias reputadas modelares, como a Inglaterra e os Esta

dos Unidos, conclui amargamente: "O governo torna-se monopólio nas mãos de

uma classe, que, sem constituir uma casta, forma grupo à parte na socieda

de, e quase sempre é exercido por um só homem, com o apoio de.ssH classe o os poderes de um autocrata". Para Triepel, famoso jurista alemão, o regi me vigente dos partidos é "o sintoma de uma moléstia, ou uma degenerescência". Outróra, um estadista como Sir Robert

Peel sacrificava-se, pessoalmente, por liaver sacrificado o seu partido, que era uma religião. Hoje não há mais me mória disso. É que os homens são outro.s, e parecem pertencer a uma raça diferente.

Como estranhar houvesse

paixões logram despertar. Não o sus peitaria, talvez, quem, desconhecendo o orador, visse subir à tribuna aquela criatura franzina, cuja presença poderia pouco antes passar despercebida entre os vultos que a rodcavánr no proscênio. Bastou falar, para que .se trocasse a im pressão, e as estaturas sc invertessem. Sentiram todos, imediatamente, (lue es tavam em face de um tita. Horas a fio discorreu como torrente, que ora se

c.spraia tranqüila na planície, ora salteia violenta os penhascos, borbotoando

cm precipitações caudais. Essa a elo qüência pura, que jorra espontânea do talento do orador di.serto, sem os artifí

cios grote.scos da declaniação vazia e da ênfase teatral, segundo as regras dos antigos retores e sofistas. Essa a arte de Cícero, a arte romana, revestida de nobreza, dignidade e decôro, em que as

os

sabem desdenhar. Soube-o Ruy, E com

razão. Alçando o vôo paru os píncaros, contemplaN'a cm baixo os politicos, a ciscar no terreiro, como galináeeos... Sofreram principalmente a atração magnética dessa inteligência as verdes

gerações, que sc abeiravam da vida pú blica, radiosa de esperanças e com o ânimo dc contribuir para a concrctizurção de generosos ideais, que lhes descorti

nassem o futuro. Do novo espírito, que agitava a opinião, abeberou-sc a juven tude, que passara, ao longo dos aconte cimentos, do entusiasmo lírico à impa ciência re\'olucionária, ante a inércia das

tacando as fontes piu-ificacloras do regimo

democrático, o sentimento ullra-

conscrvador, cultivado pelos detentores das posições de mando. O lema de tôda situação política é durar, a qual quer preço.

Para tanto, estreita-se o

círculo de rotação nos postos oficiais,

tral, ora lavrado e taciturno? Foi o desta

palavras vão ao encontro das idéias, porque, antes de exprimi-las, já as pos

ultima espécie que Ruy teve de enfren

sui o orador, e antes de falar, já sabe o

tar e desmascarar, no assomo de uma

que vai dizer. Portanto, a palavra o perfeita, e a voz, que a articula, impri

ciu.me do poder, que os alia contra a

consciência revoltada contra o abastai-

damento dos costumes políticos.

Dis

tanciava-se já então, cada vez mais,

me-lhe todos os acentos, timbrando em sons e tons nítidos, rítmicos, harmonio-

como num deserto Interminável, a mira

.sos. A cada instante, surgem as apóslrn-

gem da democracia.

fes, a crítica é acerba, dardeja a satira.

Foi a campanha civilista o ponto de partida de uma jornada sem descanso, prosseguida no mesmo sentido, até ao

fine-se de ordinário o homem como o

fim da vida.

mar-lhe Vo animal que faz rir", observa

Encetou-a noite memo

rável, que reuniu o povo paulista, pelas

Ruy não ri; ri-se, ou melhor, sorri. De animal que ri"; fora mais correto cha Bergson, lembrado talvez do genial

dirigontes, porque não

mos; o instinto de conservação engen

dra obsessões. Enquanto isso, os tempos

axançími, embora a impressão seja de

imobilidade aparente, como a dos corpos no espaço, gravitando no sistema plane tário. Não escapam os métodos e pro cessos políHcos à lei da transfonnação permanente.

Ao cabo, tudo caduca;

a vida é um /.-cri perpétuo. A evolução e imaginosa, sugere .i cada passo cria

ções originais. rejeita o que já passou. As ideias de Ruy, que o vento esnaduiva, nao caiam om campos sáfaros; cm

toda a parte cresciam searas. Apre sentava-se outro, inteiramente mudado,

o clima em que se desen\'ol\'iam agora

ns instituições republicanas, sob a in:

fluencia dc um le<ulcr que falava uma chamadas forças políticas, paralisadas n<} hnguagem clara, límpidl, crislalma... f>tatu quo. Tendia a petrificar-se, es

cjue apenas se comutam, entre uns pou cos dominadores, suspeitosos uns dos

surgido o fascismo, ora ostensivo e tea

percebem

outros, mas igualmente devorados pelo ex'entualidade de o perderem, em bene

fício de competidores mais capazes. Ê a confissão tácita de um complexo de iríferiorldade, que os aflige constante

u-

a lutar com a

V da democracia o movimento generador brasileira! reE

líptío" O culto do direito, em Huy, não o confinava o deus Términus ao campo da polaca interna, \s estacas fronteiri ças. Era ecumênico, universal, e teve essa amplitude na Conferência de Hava, onde. lógico consigo mesmo, sustentou,

perante o mundo, os princípios jurídicos

II. h™

do dever uc\er 1 moral que° T'"'' pata empregat n frase célebre) Ihl brilbav» de Ruy. Fecham-se tôdas as janelas da na consciência como as eonsfelaçôcs no política. Não entra, o ar de fora, e o fmnarnento, So nesse akip!a„„ se pode

mente, e sempre os atormentou diante

que dentro se respira é o viciado das

recâmaias. Entre o governo e o povo medeia uma separação cada \-ez maior,

Iprimento

ria colocar o programa da Conferência -

o desarmamento geral, para celelnacão da paa na terra. Sem a igualdade dos


127

J^iccsio EcoNÓ^uco 126

'listas ch) regime.

Movia-os menos a

oposição ao plano revisionista, que o le-

direitos de todos os Estados, sem distin

incubam. Pelos tratados de paz, que os

guir entre grandes e pequenos, não se ria possível admitir à discussão as ques

pojando-os de tudo, <• dcsafiando-os à

nossas liberdades. Aberto o precedente,

tões tocantes à ordem internacional, do

desforra. Dizem que esse é direito in

^luebrado o respeito religioso à Ma^a

mesmo modo que sem a igualdade dos

ternacional...

direitos do homem, cance'adas as dife

vencedores impõem ao.s vencidí)s, dcs-

Já lá vai ultrapassado um quarto de

renças entre fortes e fracos, pobres e '.século, do dc.saparccimento do grande brasileiro. Que rc.sta do espólio, que ricos, inútil será pensar em constituição êle dei.xou e os posteros recolheram? democrática dos povos... O princípio Lembremo.s, ainda uma \iz, cpie foi é o mesmo, não o alteram as variantes de tempo ou de espaço, porque os di das luta.s em c^ue se envoKeu, das jor reitos humanos se conservam tais, por

nadas levadas a cabo por estradas pe

sua própria natureza, onde quer que se

dregosas, cjuc nasceu c se generalizou

apresentem, trate-se de grandes, ou de

uma ardente aspiraçao de aperfeiçoa

pequenas potências. Pugnando por êsse democratismo nas relações de direito das

gentes, mostrou-se Ruy avançado pre cursor da teoria moderna que, repudian do a doutrina clássica da personalidade das diversas soberanias, não mais con.sidera a sociedade inlemacional como

mera coexistência ou justaposição de Estado, e sim como fenômeno de soli

dariedade e interpenetração dos povos, regidos por uma ordeni jurídica comum.

mento cias no.ssas instituições democrá ticas. A reforma, que se prcconizax-a, não era das leis, mas das práticas re

publicanas. Cumpria prcsersar nícíos, corrigir erros e educar os homens, elegendo-ov entre os mais dignos. Os \exilários dessa entreprèsa não aludiam, se

quer, à mudança do regime político. Ninguém tentava demolir a Constituição

de tocar, embora de leve, num sim

ples capitei da grandiosa colunata das Cnrta, v-islumbravam o perigo de insidio-

sas sortidas dos adver.sários da Repúb isolenemente à espreita de momento

propício para arrasar a fortaleza dos direitos c garantias essenciais à ordem pública.

Morto, viu-se Ruy atraiçoado de todos lados. Não ficou pedra sobre pedra

cedida quase sempre de caso a caso.

Da revogação dos direitos políticos pas-

sou-se à revogação dos direitos cms. A.s

leis lomaram-se retroativas, em prejuízo de direitos adquiridos, de atos jurídicos

perfeitos e até da coisa julgada. A moral poUüca caiu a grau ínfimo, li durante essa penosa descida, não co nheceram os jovens, que cresciam, um so ra.o de sol. Completa era a escuri

destinos do Brasil, se se sárem assedia dos pelos munigos da liberdade, e não bre de assolação. Órfãs do gênio que pudereaii poderão certamen velava, morreram também as liber te contar rechaçâ-los, ainda com a bramra de Ruy dades. que consütuiam apanágio do nosso povo: liberdade de locomoção, li a reproduzir o ^nlieeido episódio do ro' berdade de pensamento, liberdade de manee.ro espanhol, em que „ Cid de reunião, liberdade de associação, liber

pois de morto, montado «mo esp'e<i„

de 91; cuidava-se apenas de reslituir-

dade de imprensa, liberdade de falar, no seu cavalo desbaratou os .sarracem"

Ihe o espírito, que se viniiu dela deser

liberdade de ouvir, liberdade de traba-

numa ultima batalha...

tes, preparavajii a guerra, deflagrando-a pouco depois. Através da transparente cortina de renda diplomática que deco

o trabalho de inteq^retação, tudo dentro

rava o cenário da Conferência, via-se

das linhas estruturais cio sistema. Nem

textos contro\'erticlos, incorporação de

preceitos já consagrados pelo costuino e poderia ser de outro modo. Porlencia-

navais. A viga mestra do direito inter

Ihe a redação concisa c^ elegante do nosso estatuto básico, e valiosa fòra a

nacional, arquitetado nas nuvens, para

sua contribuição ao as.scntamento de

edificação dos basbaques daqui de baixo,

princípios doutrinários da maior impor tância, como a íonna republicana fede rativa e n governo presidencial. É certo que ainda assim condiciona da, encontrava a revisão forte resistên cia, sobretudo dos* chamados republica

rigorosa, é o respeito dos tratados — pacfa sunt 'ierconda. Pudera! É por aí que terminam as guerras, c outras se

dadiva generosa, ou mercê especial, con

que assumiu desde logo o aspecto lúgu-

tando. Era mister acordar o sentimento doutores de Byzancio, que discutiam, cívico da Nação, que jazia adormecido. 'ogomaquias e pronunciavam votos pla A revisão da lei fundamental, cjiie Huy tônicos em fa\'or da paz, enquanto os propugnava, não impheu\'a scmto reto ques exteriores, precisão e inteligência de imperialismos, de que eram representan

a caminhar de olhos para o ar, ainda é a lei do mais forte: — "La force pHme le droit". A única regra, cie observância

derativa, liberdade municipa!... Tudo foi confiscado, para ser exercido como

dão. Nao podiam as novas gerações da obra a que dedicara a vida, e da merguhadas nessa noite, compreender qual se serviram oportunistas da ultima e senhr o ideal de Rui, porque o não hora, para desencadear um movimento viveram. Mas, respondendo agora pelos

Mas estava só. A assembléia era de

funcionar a máquina infernal, que tanto estava em Krupp, como nos estaleiros

Confirmaram-se, infelizmen

te'- esse.s maus presságio.s.

lho, liberdade econômica, liberdade fe

nos iiistóricos, a legião dos propagun-

»»

'«"acenos,


127

J^iccsio EcoNÓ^uco 126

'listas ch) regime.

Movia-os menos a

oposição ao plano revisionista, que o le-

direitos de todos os Estados, sem distin

incubam. Pelos tratados de paz, que os

guir entre grandes e pequenos, não se ria possível admitir à discussão as ques

pojando-os de tudo, <• dcsafiando-os à

nossas liberdades. Aberto o precedente,

tões tocantes à ordem internacional, do

desforra. Dizem que esse é direito in

^luebrado o respeito religioso à Ma^a

mesmo modo que sem a igualdade dos

ternacional...

direitos do homem, cance'adas as dife

vencedores impõem ao.s vencidí)s, dcs-

Já lá vai ultrapassado um quarto de

renças entre fortes e fracos, pobres e '.século, do dc.saparccimento do grande brasileiro. Que rc.sta do espólio, que ricos, inútil será pensar em constituição êle dei.xou e os posteros recolheram? democrática dos povos... O princípio Lembremo.s, ainda uma \iz, cpie foi é o mesmo, não o alteram as variantes de tempo ou de espaço, porque os di das luta.s em c^ue se envoKeu, das jor reitos humanos se conservam tais, por

nadas levadas a cabo por estradas pe

sua própria natureza, onde quer que se

dregosas, cjuc nasceu c se generalizou

apresentem, trate-se de grandes, ou de

uma ardente aspiraçao de aperfeiçoa

pequenas potências. Pugnando por êsse democratismo nas relações de direito das

gentes, mostrou-se Ruy avançado pre cursor da teoria moderna que, repudian do a doutrina clássica da personalidade das diversas soberanias, não mais con.sidera a sociedade inlemacional como

mera coexistência ou justaposição de Estado, e sim como fenômeno de soli

dariedade e interpenetração dos povos, regidos por uma ordeni jurídica comum.

mento cias no.ssas instituições democrá ticas. A reforma, que se prcconizax-a, não era das leis, mas das práticas re

publicanas. Cumpria prcsersar nícíos, corrigir erros e educar os homens, elegendo-ov entre os mais dignos. Os \exilários dessa entreprèsa não aludiam, se

quer, à mudança do regime político. Ninguém tentava demolir a Constituição

de tocar, embora de leve, num sim

ples capitei da grandiosa colunata das Cnrta, v-islumbravam o perigo de insidio-

sas sortidas dos adver.sários da Repúb isolenemente à espreita de momento

propício para arrasar a fortaleza dos direitos c garantias essenciais à ordem pública.

Morto, viu-se Ruy atraiçoado de todos lados. Não ficou pedra sobre pedra

cedida quase sempre de caso a caso.

Da revogação dos direitos políticos pas-

sou-se à revogação dos direitos cms. A.s

leis lomaram-se retroativas, em prejuízo de direitos adquiridos, de atos jurídicos

perfeitos e até da coisa julgada. A moral poUüca caiu a grau ínfimo, li durante essa penosa descida, não co nheceram os jovens, que cresciam, um so ra.o de sol. Completa era a escuri

destinos do Brasil, se se sárem assedia dos pelos munigos da liberdade, e não bre de assolação. Órfãs do gênio que pudereaii poderão certamen velava, morreram também as liber te contar rechaçâ-los, ainda com a bramra de Ruy dades. que consütuiam apanágio do nosso povo: liberdade de locomoção, li a reproduzir o ^nlieeido episódio do ro' berdade de pensamento, liberdade de manee.ro espanhol, em que „ Cid de reunião, liberdade de associação, liber

pois de morto, montado «mo esp'e<i„

de 91; cuidava-se apenas de reslituir-

dade de imprensa, liberdade de falar, no seu cavalo desbaratou os .sarracem"

Ihe o espírito, que se viniiu dela deser

liberdade de ouvir, liberdade de traba-

numa ultima batalha...

tes, preparavajii a guerra, deflagrando-a pouco depois. Através da transparente cortina de renda diplomática que deco

o trabalho de inteq^retação, tudo dentro

rava o cenário da Conferência, via-se

das linhas estruturais cio sistema. Nem

textos contro\'erticlos, incorporação de

preceitos já consagrados pelo costuino e poderia ser de outro modo. Porlencia-

navais. A viga mestra do direito inter

Ihe a redação concisa c^ elegante do nosso estatuto básico, e valiosa fòra a

nacional, arquitetado nas nuvens, para

sua contribuição ao as.scntamento de

edificação dos basbaques daqui de baixo,

princípios doutrinários da maior impor tância, como a íonna republicana fede rativa e n governo presidencial. É certo que ainda assim condiciona da, encontrava a revisão forte resistên cia, sobretudo dos* chamados republica

rigorosa, é o respeito dos tratados — pacfa sunt 'ierconda. Pudera! É por aí que terminam as guerras, c outras se

dadiva generosa, ou mercê especial, con

que assumiu desde logo o aspecto lúgu-

tando. Era mister acordar o sentimento doutores de Byzancio, que discutiam, cívico da Nação, que jazia adormecido. 'ogomaquias e pronunciavam votos pla A revisão da lei fundamental, cjiie Huy tônicos em fa\'or da paz, enquanto os propugnava, não impheu\'a scmto reto ques exteriores, precisão e inteligência de imperialismos, de que eram representan

a caminhar de olhos para o ar, ainda é a lei do mais forte: — "La force pHme le droit". A única regra, cie observância

derativa, liberdade municipa!... Tudo foi confiscado, para ser exercido como

dão. Nao podiam as novas gerações da obra a que dedicara a vida, e da merguhadas nessa noite, compreender qual se serviram oportunistas da ultima e senhr o ideal de Rui, porque o não hora, para desencadear um movimento viveram. Mas, respondendo agora pelos

Mas estava só. A assembléia era de

funcionar a máquina infernal, que tanto estava em Krupp, como nos estaleiros

Confirmaram-se, infelizmen

te'- esse.s maus presságio.s.

lho, liberdade econômica, liberdade fe

nos iiistóricos, a legião dos propagun-

»»

'«"acenos,


^ Digesto Econóaocò 129

agitadas no foro brasileiro, em seu tem

RUI, O ESTU

po, dc que não tenha sido patrono ou

Discurso proferido, eunio patrono, no Af iCnl irarboHO, organizado peloM NCgundo-aniHtOM da Faeiildode IlIreKo de Soo Paulo, na •'Sala João .^SendeM'" tia aludida K^eola. Antônio Gontijo de Cauvamio

Tiveu do livro, com o livro e para o livro", eis a síntese de Rui

frase — pode -^er maior ijue a do mes tre: a biblioteca dêie nunca o será. Com

do País e conhecedor profundo da obra íncomensurável do excelso brasileiro, na

o seu espirite» .sutil c pronto, acrc.sccntou Batista, o ouri\'cs cios "Eniau.'< et Camces" discriminou, embora clc ma neira um tanto jiaradoxal, a nuança ijue

primorosa conferência "Rui e os livros",

.separa a biblioteca de um c.scritor da

vasada em linguagem castiça e de su gestivas minúcias.

de um argcntário.

Barbosa feita pelo insigne escritor Ho

mero Pires, o possuidor da maior niiana

"Viveu com o livro" é o cjue, em rigor, se de\eria apenas dizer do ledor

incorrigível, do madrugador impeuitcnte, do formador paulatino de uma bi

blioteca de trinta e cinco mil volumes, do antípoda daquele celebrado Car deal da Cunha, com as suas "onze mil

Com capacidade de leitura igual a de Rui, .scí conheci Capistrano.

^

èsse erudito, que pas.sou toda a exi.stcneia nas bibliotecas públicas, mio pos

suía biblioteca pui ticular. Dos livros que

lhe oram oferecidos, guardava as pági nas que lhe interessavam e as demais iuutiliz.a\a.

Era o tipo do diligente e

virgens", um dito do Conde da Ponte bem aplicável às coleções de livros de tantos argentários fantasiados de inte

íntima de %'er confiruiadu uma data ou

lectuais.

uma "simples hipótese; aventada.

Lembro-me, a propósito, da seguinte

do probo na pescjiiisa: clerriba\'a. muitas vezes, uma biblioteca, para satisfação "Do livro", in slriclo sensu, não viveu

passagem, descrita num

o prodigioso escritor cpie

dos livros de Antônio Ba

era Rui Barbosa. Em vi

tista Pereira:

da, não recebeu direitos

Um dia,

num saliáo, disseram a Vic-

autorais dos seus princi

tor Hugo que um ricaço

pais livros. Ainda há pou

adquirira uma grande bi-

co, Luís Viana Filho, em

blioteca, movido pelo de

encantadora monografia, narrou a "odisséia", as de

sejo de tê-la maior que a

cepções com que o intinio-

do autor de "Os miserá

veis", que, aliás, não a tinha muito grande. A biblioteca que êle comprou - disse Teófilo Gautier, que estava no salão, sublinhando, com o seu fino .sorriso, a

rato lutador teve de arcar

com a publicação de "O Papa o o Concilio". "Do livra", in lato sensu, tirou a sua subsistência.

Raras as causas de vulto,

.ÍS

para as quais não haja colaborado com

parcceres, apurados na fonna e copiosos na doutrina.

delirante, arrastado pela magia de uma palaxTa fremente de ideal, arrebatada pela paixão da verdade.

A be'e2a do estilo e a abundância de

citações de jurisprudência ensejaram ao ingrato José do Patrocínio, no triste papel de aretino, escrever, contra o seu defensor de outrora, no famoso pedido de "habcas corpus" que provocou as iras de Floriano, essa atrocidade inaudita: "A sua inteligência não passa de uma cor-

tesã que se arrebica e engalana para atrair freguesia.

em puro vemáculo, que o povo enten dia, acompanhando-o, num entusiasmo

S. Exa. dá renda às

livrarias, como as sacerdotisas do pecado às modistas e aos jcalheiros. Aquelas querem ser vistosas e chibantes para agu çar a luxuria; S. Exa. quer ser correto

no estilo e pródigo nas citações para mercadejar causas e posições". A conseqüência dessa miséria foi ler

sido o herói da Abolição ferreteado pelo agredido numa página de aversão e desprezo, que as antologias recolheram.

'*Viveu para o livro" não me parece

Ocasionais.eram quase todos os seus

discursos, artigos de imprensa e parcce res jurídicos. Não révia a sua produção, que orça em cerca de duzentos volumes'

Nunca teve a calma necessária para es crever obra sistematizada ou tratado de Direito. As me'hores orações que lesou a nossa literatura, êle as pronunciou

quando fendo no seu orgulho, negado

na sua glona. com as respostas esma gadoras a Cesaf Zama e a Ramiro Bar celos.

Possuidor de um brio indomável não cedendo a quem quer que fôsse o cetro

do saber, absorvia-se na tarefa enipreendida, esgotava a matéria em debate de-

vassando todos os horizontes, grajas a maravJhoso poder de assimilação e des Nao estudava por desfasUo 4 esoi-

comunal capacidade de trabalho

nto, ou por diletantismo: estudava

conceito muito adequado. O livro não era para Rui Barbosa

cm regra. Eis uma verdade, cuja enun-

determmados objetivos e fins imediatos

um fim, e sim um meio, um instrumento

ciaçao vai ser o tema nuclear desta ne-

de trabalho, a sua "ferramenta". Rui nunca foi um contemplativo. Mas um

quena palestra.

homem de ação, um político, na verda deira acepção do termo. Tanto isso era

relance, na sua obra:

verdade que não gostava de ser cha mado de bibliófilo, e dc todos é co nhecida a sua amargura com a deno

cílio". Rui não divulgou " ^ n

minação de "jubileu literário" dada pelos seus pseudo-admíradores aos cinqüen ta anos de vida púb'ica. em prol do direito, da justiça e da liberdade. "Ju bileu cívico" foi o que reclamou dos contemporâneos e foi O' que Die deu

Vejamos então o que se observa, de

Comecemos pelo "O Paivi

n

T

livro de ardente juvent^d! mflamado ro inserir uma grande notas ao pé de

pnmeide

extraídas dos inumeráveis questão religiosa, adauirin

de agôsto a setemb^ da

Rui fêz essas aquisiç^

sacrifícios pecuniários com a w

a posteridade.

tar o problema num pais °

Rui era um apóstolo que se dirigia aos seus concidadãos, na praça pública,

para as especulações religiosas

Retardou a PüDucaçao publinaXr^ do Parecer ■ so-


^ Digesto Econóaocò 129

agitadas no foro brasileiro, em seu tem

RUI, O ESTU

po, dc que não tenha sido patrono ou

Discurso proferido, eunio patrono, no Af iCnl irarboHO, organizado peloM NCgundo-aniHtOM da Faeiildode IlIreKo de Soo Paulo, na •'Sala João .^SendeM'" tia aludida K^eola. Antônio Gontijo de Cauvamio

Tiveu do livro, com o livro e para o livro", eis a síntese de Rui

frase — pode -^er maior ijue a do mes tre: a biblioteca dêie nunca o será. Com

do País e conhecedor profundo da obra íncomensurável do excelso brasileiro, na

o seu espirite» .sutil c pronto, acrc.sccntou Batista, o ouri\'cs cios "Eniau.'< et Camces" discriminou, embora clc ma neira um tanto jiaradoxal, a nuança ijue

primorosa conferência "Rui e os livros",

.separa a biblioteca de um c.scritor da

vasada em linguagem castiça e de su gestivas minúcias.

de um argcntário.

Barbosa feita pelo insigne escritor Ho

mero Pires, o possuidor da maior niiana

"Viveu com o livro" é o cjue, em rigor, se de\eria apenas dizer do ledor

incorrigível, do madrugador impeuitcnte, do formador paulatino de uma bi

blioteca de trinta e cinco mil volumes, do antípoda daquele celebrado Car deal da Cunha, com as suas "onze mil

Com capacidade de leitura igual a de Rui, .scí conheci Capistrano.

^

èsse erudito, que pas.sou toda a exi.stcneia nas bibliotecas públicas, mio pos

suía biblioteca pui ticular. Dos livros que

lhe oram oferecidos, guardava as pági nas que lhe interessavam e as demais iuutiliz.a\a.

Era o tipo do diligente e

virgens", um dito do Conde da Ponte bem aplicável às coleções de livros de tantos argentários fantasiados de inte

íntima de %'er confiruiadu uma data ou

lectuais.

uma "simples hipótese; aventada.

Lembro-me, a propósito, da seguinte

do probo na pescjiiisa: clerriba\'a. muitas vezes, uma biblioteca, para satisfação "Do livro", in slriclo sensu, não viveu

passagem, descrita num

o prodigioso escritor cpie

dos livros de Antônio Ba

era Rui Barbosa. Em vi

tista Pereira:

da, não recebeu direitos

Um dia,

num saliáo, disseram a Vic-

autorais dos seus princi

tor Hugo que um ricaço

pais livros. Ainda há pou

adquirira uma grande bi-

co, Luís Viana Filho, em

blioteca, movido pelo de

encantadora monografia, narrou a "odisséia", as de

sejo de tê-la maior que a

cepções com que o intinio-

do autor de "Os miserá

veis", que, aliás, não a tinha muito grande. A biblioteca que êle comprou - disse Teófilo Gautier, que estava no salão, sublinhando, com o seu fino .sorriso, a

rato lutador teve de arcar

com a publicação de "O Papa o o Concilio". "Do livra", in lato sensu, tirou a sua subsistência.

Raras as causas de vulto,

.ÍS

para as quais não haja colaborado com

parcceres, apurados na fonna e copiosos na doutrina.

delirante, arrastado pela magia de uma palaxTa fremente de ideal, arrebatada pela paixão da verdade.

A be'e2a do estilo e a abundância de

citações de jurisprudência ensejaram ao ingrato José do Patrocínio, no triste papel de aretino, escrever, contra o seu defensor de outrora, no famoso pedido de "habcas corpus" que provocou as iras de Floriano, essa atrocidade inaudita: "A sua inteligência não passa de uma cor-

tesã que se arrebica e engalana para atrair freguesia.

em puro vemáculo, que o povo enten dia, acompanhando-o, num entusiasmo

S. Exa. dá renda às

livrarias, como as sacerdotisas do pecado às modistas e aos jcalheiros. Aquelas querem ser vistosas e chibantes para agu çar a luxuria; S. Exa. quer ser correto

no estilo e pródigo nas citações para mercadejar causas e posições". A conseqüência dessa miséria foi ler

sido o herói da Abolição ferreteado pelo agredido numa página de aversão e desprezo, que as antologias recolheram.

'*Viveu para o livro" não me parece

Ocasionais.eram quase todos os seus

discursos, artigos de imprensa e parcce res jurídicos. Não révia a sua produção, que orça em cerca de duzentos volumes'

Nunca teve a calma necessária para es crever obra sistematizada ou tratado de Direito. As me'hores orações que lesou a nossa literatura, êle as pronunciou

quando fendo no seu orgulho, negado

na sua glona. com as respostas esma gadoras a Cesaf Zama e a Ramiro Bar celos.

Possuidor de um brio indomável não cedendo a quem quer que fôsse o cetro

do saber, absorvia-se na tarefa enipreendida, esgotava a matéria em debate de-

vassando todos os horizontes, grajas a maravJhoso poder de assimilação e des Nao estudava por desfasUo 4 esoi-

comunal capacidade de trabalho

nto, ou por diletantismo: estudava

conceito muito adequado. O livro não era para Rui Barbosa

cm regra. Eis uma verdade, cuja enun-

determmados objetivos e fins imediatos

um fim, e sim um meio, um instrumento

ciaçao vai ser o tema nuclear desta ne-

de trabalho, a sua "ferramenta". Rui nunca foi um contemplativo. Mas um

quena palestra.

homem de ação, um político, na verda deira acepção do termo. Tanto isso era

relance, na sua obra:

verdade que não gostava de ser cha mado de bibliófilo, e dc todos é co nhecida a sua amargura com a deno

cílio". Rui não divulgou " ^ n

minação de "jubileu literário" dada pelos seus pseudo-admíradores aos cinqüen ta anos de vida púb'ica. em prol do direito, da justiça e da liberdade. "Ju bileu cívico" foi o que reclamou dos contemporâneos e foi O' que Die deu

Vejamos então o que se observa, de

Comecemos pelo "O Paivi

n

T

livro de ardente juvent^d! mflamado ro inserir uma grande notas ao pé de

pnmeide

extraídas dos inumeráveis questão religiosa, adauirin

de agôsto a setemb^ da

Rui fêz essas aquisiç^

sacrifícios pecuniários com a w

a posteridade.

tar o problema num pais °

Rui era um apóstolo que se dirigia aos seus concidadãos, na praça pública,

para as especulações religiosas

Retardou a PüDucaçao publinaXr^ do Parecer ■ so-


Digksto EcoNÓiaco

131

Dicbsto Económioo

bre o Ensino Primário para consultar tôda a literatura que veiu a lume no ano de 1882, documentando-se com o que de melhor e de mais moderno existia

na Europa e nos Estados Unidos em assuntos educacionais. Lourenço Filho, na conferência "À margem dos Parcceres

Quando veio a debate no Senado l'e-

sem telegrafar ao seu velho colega e ami go Joaquim Nabuco, que engrandecia o Brasi! como embaixador cm Washington, solicitando as coleções completas dos

dcra! a redação do projeto do Código Cm!, Rui ainda não anotava os clás

principais Códigos dos diversos Estados americanos, assim como os respectivos

recedoras e eruditas sentenças. De índi

sicos portuguêses. É a razão pela qual

comentários e as publicações oficiais re

ces e fichas prescindia sua portentosa

os teve de reler, o que lhe e.xigiu su

ferentes à matéria. Ê a ânsia de tudo esmerilhar e a demonstração cabal de não

terário, são do político que não esquecia o ditador.

premo esfôrçíj. Sempre dizia que nun

O milagre de Rui, na elaboração dos seus monumentais traballios, é o de não

ter tido ajuda de católogos, índices Ou fichas, segredo de um Filadelfo Azeve

do ou de um Sílvio Portugal, para escla memória. As suas notas se cifravam em

de Rui sòbre o Ensino", declara que, no referente ao Primário, são citados 42 tra

ca tivera a mais leve idcía de ser gramá

ter sido um obstrucionista do Código,

aspas ou na marca de um lápis ou tinta vermelha nos trechos que traziam sub

balhos do próprio ano de 1882, 33 do

tico: cultivava a língua para manoja-Ia

como assoalhavam desafetos. Acusação

sídio para os seus estudos.

ano de 1881, 67 do ano de 1880, sendo

com acerto nos .seu.s discursos e artigos.

que 66 estão sem data mencionada no

Rui não jogava papel fora, de qualquer

pueril, incompatível com o alto espírito público de Rui Barbosa, e que San Tiago

ao de leve, dada a carência de tempo, se

texto. Outra prova da seriedade dos seus

natureza fôsse. Encontrei na "Casa Rui recibos mensais de um mil róis cias .so

estudos, nesse relatório sem rival do Parlamento Brasileiro, c a ci

tação de textos de livros de

ciedades

beneficentes

Bacon e Luthero em latim,

idioma que constitui uma das

sa Rui", até então, só havia

tura humanística e explicação

:

da sua poderosa dialética. Ao assumir o Ministério da Fazenda, Rui não era um

especialista em finanças. Co rio de Notícias", ao encetar

to de lingüística e de dialé

a análise do plano de govêr-

tica, arrazoado de advogado disseram alguns, de filóiogo

de Ouro Preto. Não é de desinterêsse o

registro de' que, em 1879, Rui ainda não

possuía um exemplar do 1í\to clássico de

hão

de

reconhecer

na matéria. Entretanto, já o disseca no célebre Relatório do Ministério da Fa zenda, de extensa bibliografia, tôda de

anotações para a resposta à tréplica do

rigoroso das missões que lhe eram con feridas, e poder ainda transmitir aos seus compatrícios as idéias que, desde o alvo recer da inteligência, constituíam a tra ma da sua vida, o substrato do seu cora ção de patriota.

%

Nos arquivos da "Casa Rui" existem .

|j

Professor Carneiro Ribeiro, e que estão

sendo examinadas, para possível divul gação, pelo Padre Augusto Magne, da Companhia de Jesus,

Que pena não o tenha êle feito! Que

Brasil se escreveu sobre finanças.

monumento não ergueria o genial escri tor às letras portuguêsasl

As "Cartas de Inglaterra", que críticos entendem ser a obra de maior apuro li

projeto do Código Civil, Rui não o fêz

ta vez me declarou, a melhor que no

e gaUiardia os Martens, os Broxvn Scott, •s Bourgeois e os Marshall.

mas um formidável intelectua', que usou o livro como "utensílio", para desempenho

todos.

gênio de Rui Barbosa.

Francisco Sá Filho, considera, como cer

nacional que, assimilados e depurados pela sua incomparável inteligência, lhe permitiram enfrentar com superioridade

não mostrar, nos traços predominantes, que Riü não foi um estudioso diletante,

Obra que José Maria Bolo, em recente conferência pronunciada em Montevidéu, apontou como a maior manifestação do

Leroy Beaulieu, o economista que na época detinha o primado da autoridade

atualidade, obra que o ilustrado e ina cessível ao "magister dixit", Ministro

to arsenal de tratados de Direito Inter

Em pouco tempo, premido pela necessidade, reúne um material imcn.so e improvisa a "Rcp'ica", ê.sse monumen

lho de Ministros, o Visconde

Conferência da Haya: adquiriu um vas

laudas para apontamentos, relativos aos empregos dos artigos definidos, do infinito pessoal e dos pronomes.

meçou a ventilar esses assun tos, na fase final do "Diá

no do Presidente do Conse

O mesmo fato se reproduziu, ao acei tar o convite para delegado do Brasil à

da

Paulicéia do ano longínquo de 1868. Pois bem, na "Ca

bases da sua formidável cul

Dantas, em ensaio magistral, destruiu.

Não objetivei, neste resumo, versado

Ao reexaminar, em 1908, no Senado, o «»y>T jc*.^ e i4 J

■' V ,

u'iAtiA


Digksto EcoNÓiaco

131

Dicbsto Económioo

bre o Ensino Primário para consultar tôda a literatura que veiu a lume no ano de 1882, documentando-se com o que de melhor e de mais moderno existia

na Europa e nos Estados Unidos em assuntos educacionais. Lourenço Filho, na conferência "À margem dos Parcceres

Quando veio a debate no Senado l'e-

sem telegrafar ao seu velho colega e ami go Joaquim Nabuco, que engrandecia o Brasi! como embaixador cm Washington, solicitando as coleções completas dos

dcra! a redação do projeto do Código Cm!, Rui ainda não anotava os clás

principais Códigos dos diversos Estados americanos, assim como os respectivos

recedoras e eruditas sentenças. De índi

sicos portuguêses. É a razão pela qual

comentários e as publicações oficiais re

ces e fichas prescindia sua portentosa

os teve de reler, o que lhe e.xigiu su

ferentes à matéria. Ê a ânsia de tudo esmerilhar e a demonstração cabal de não

terário, são do político que não esquecia o ditador.

premo esfôrçíj. Sempre dizia que nun

O milagre de Rui, na elaboração dos seus monumentais traballios, é o de não

ter tido ajuda de católogos, índices Ou fichas, segredo de um Filadelfo Azeve

do ou de um Sílvio Portugal, para escla memória. As suas notas se cifravam em

de Rui sòbre o Ensino", declara que, no referente ao Primário, são citados 42 tra

ca tivera a mais leve idcía de ser gramá

ter sido um obstrucionista do Código,

aspas ou na marca de um lápis ou tinta vermelha nos trechos que traziam sub

balhos do próprio ano de 1882, 33 do

tico: cultivava a língua para manoja-Ia

como assoalhavam desafetos. Acusação

sídio para os seus estudos.

ano de 1881, 67 do ano de 1880, sendo

com acerto nos .seu.s discursos e artigos.

que 66 estão sem data mencionada no

Rui não jogava papel fora, de qualquer

pueril, incompatível com o alto espírito público de Rui Barbosa, e que San Tiago

ao de leve, dada a carência de tempo, se

texto. Outra prova da seriedade dos seus

natureza fôsse. Encontrei na "Casa Rui recibos mensais de um mil róis cias .so

estudos, nesse relatório sem rival do Parlamento Brasileiro, c a ci

tação de textos de livros de

ciedades

beneficentes

Bacon e Luthero em latim,

idioma que constitui uma das

sa Rui", até então, só havia

tura humanística e explicação

:

da sua poderosa dialética. Ao assumir o Ministério da Fazenda, Rui não era um

especialista em finanças. Co rio de Notícias", ao encetar

to de lingüística e de dialé

a análise do plano de govêr-

tica, arrazoado de advogado disseram alguns, de filóiogo

de Ouro Preto. Não é de desinterêsse o

registro de' que, em 1879, Rui ainda não

possuía um exemplar do 1í\to clássico de

hão

de

reconhecer

na matéria. Entretanto, já o disseca no célebre Relatório do Ministério da Fa zenda, de extensa bibliografia, tôda de

anotações para a resposta à tréplica do

rigoroso das missões que lhe eram con feridas, e poder ainda transmitir aos seus compatrícios as idéias que, desde o alvo recer da inteligência, constituíam a tra ma da sua vida, o substrato do seu cora ção de patriota.

%

Nos arquivos da "Casa Rui" existem .

|j

Professor Carneiro Ribeiro, e que estão

sendo examinadas, para possível divul gação, pelo Padre Augusto Magne, da Companhia de Jesus,

Que pena não o tenha êle feito! Que

Brasil se escreveu sobre finanças.

monumento não ergueria o genial escri tor às letras portuguêsasl

As "Cartas de Inglaterra", que críticos entendem ser a obra de maior apuro li

projeto do Código Civil, Rui não o fêz

ta vez me declarou, a melhor que no

e gaUiardia os Martens, os Broxvn Scott, •s Bourgeois e os Marshall.

mas um formidável intelectua', que usou o livro como "utensílio", para desempenho

todos.

gênio de Rui Barbosa.

Francisco Sá Filho, considera, como cer

nacional que, assimilados e depurados pela sua incomparável inteligência, lhe permitiram enfrentar com superioridade

não mostrar, nos traços predominantes, que Riü não foi um estudioso diletante,

Obra que José Maria Bolo, em recente conferência pronunciada em Montevidéu, apontou como a maior manifestação do

Leroy Beaulieu, o economista que na época detinha o primado da autoridade

atualidade, obra que o ilustrado e ina cessível ao "magister dixit", Ministro

to arsenal de tratados de Direito Inter

Em pouco tempo, premido pela necessidade, reúne um material imcn.so e improvisa a "Rcp'ica", ê.sse monumen

lho de Ministros, o Visconde

Conferência da Haya: adquiriu um vas

laudas para apontamentos, relativos aos empregos dos artigos definidos, do infinito pessoal e dos pronomes.

meçou a ventilar esses assun tos, na fase final do "Diá

no do Presidente do Conse

O mesmo fato se reproduziu, ao acei tar o convite para delegado do Brasil à

da

Paulicéia do ano longínquo de 1868. Pois bem, na "Ca

bases da sua formidável cul

Dantas, em ensaio magistral, destruiu.

Não objetivei, neste resumo, versado

Ao reexaminar, em 1908, no Senado, o «»y>T jc*.^ e i4 J

■' V ,

u'iAtiA


rt^

Dicesto Econômico 133

limites além dos que resultam de uma gestão reaJ e de uma responsabilidade

Augusto Comte e a questão social

direta.

A lei que liga a eficácia das riquezas

III

à sua concentração — escreve êle — Ivan Lins

"exige quo cada gestor estenda a sua

A desapropriação e o confisco provam também que, em certos casos extremos, o Estado se crê mesmo legitimamente autorizado a apoderar-se da propriedade inteira.

Esta deve ser tida, pois, como indis pensável função social, destinada a for

mo um vil instrumento, sem considera

atividade até os limites de responsabilídado que comporta o conjunto de suas

ção alguma para com a sua dignidade de

posses. Além de se diminuir, assim, o

cientificamente, em sua totalidade, sem

homem, a sua m(>ralidade e o seu lar

custo da gestão, aumentam-se sobretudo

através dos quais cada geração prepa

preferências de qualquer natureza, tal qual o fez relativamente às questões matemáticas ou astronômicas de que se ocupou, sòmente pode consistir em se imprimir à propriedade o caráter rela

doméstico".

as garantias exigidas pelo bom emprego da riqueza, tanto para reparti-la quanto

SOLUÇÃO da questão social, se

gundo Augusto Comte, que a encarou

tivo e social que lhe impõe a sua origem, Se, na verdade, só alguns podem ser os gestores ou responsáveis individuais

. do capital, a fün de que este seja social) mente util, todos os que contribuem para a sua formação devem poder fruir, no que oferecem de mais essencial, os benefícios materiais, intelectuais e mo rais da civilização a que pertencem. Restaurou, portanto, Augusto Comte

o conceito medievo de propriedade dever social, tal como existia no feudalismo antes de esgotar a sua função histórica e corromper-se.

O homem rico — já frisava, no século

XVIII, Condorcel; — deve prestar contas à nação do emprego de seu tempo o de suas forças.

Jus atendi, fruendi et ahuteudi

pata produzi-la". Este ponto de vista, manifestado em

Segundo a concepção vidgur, indivi

mar e administrar os acervos materiais, ra e minora os trabalhos da seguinte. Aristóteles e a propriedade

A teoria do fundador da sociologia

1854 e então tido como utópico, já vem reestrutura e enobrece a noção de pro sendo emplricamente posto em prática. priedade, -sem restringir-lhe a justa inNos Estados Unidos e na Inglaterra, ,dependência, havendo Aristóteles, em onde a riqueza e a expansão econômi sua "Política", antevisto o mesmo prin ca já atingiram a um alto grau de de cípio. senvolvimento, o imposto de renda é "O melhor e preferível — diz êle — hoje fixado dc modo a limitar pratica é que os bens pertençam aos particula mente o nível máximo de riqueza de res, mas que se tornem, por assim dizer, cada indivíduo. O imposto de renda propriedade comum pelo uso que dêles tem, pois, grande importância social, e, se faça." como salienta Eugênio Gudin, "sua in. cidência, mesmo sobre as camadas me O comunismo de Platão e a indústria nos favorecidas, com taxas moderadas, moderna é uma nece.ssidade para que cada um tenha a noção de que forçado, a con O absurdo do" comunismo clássico ou tribuir diretamente para as despesas do utópico tal qual o concebeu Platão e Estado, e, como tal, interessado no equi o retocaram Morus e Campanella, é evi líbrio financeiro da nação". dente na organização da indústria mo Em toda administração bem dirigida, derna, que não pode subsistir sem che.

dualista, a propriedade é tida como um direito absoluto do proprietário, que

sòbro ela tem o "jus uteruJi, fruendi ei ahutendi" — o direito de usar, fruir e abusar a seu talante.

Esta concepção é, no entanto, despro

vida, a um tempo, de justiça c de reali dade.

Nenhuma propriedade podendo ser criada, nem mesmo transmitida apenas

por seu possuidor, e carecendo, sempre, de imprescindível cooperação pública, seu exercício não deve, nem pode ser nunca individual.

E, de fato, por tôda parte a coletivi dade sempre interferiu na propriedade para subordiná-la às exigências sociais. Os impostos

entretanto — como já pleiteava Condor-

Que vêm a ser os impostos senão uma

fes.

O pauperismo

parle da renda de cada cidadão, desti

cet — o necessário físico de cada indi-

Se, portanto, nem todos podem tor nar-se gestores do capital, por outro lado não é admissível o pauperismo, ou seja, "a miséria elevada à categoria de ins tituição social regular e permanente, pe sando sobre classes inteiras, que não conseguem viver, mesmo trabalJiando",

nada à utilidade pública? O imposto, sobretudo o de renda, torna-se a participação da sociedade em cada fortuna particular e a marcha ge ral da civilização, longe de diminuir es

víduo deve ficar isento de qualquer impôsto. E, por outro lado, tôda par

consütuído de oficiais ou de soldados

cela deste que rião é empregada tendo em vista o bem público, deve ser tida

moderna subsistir apenas com patrões,

de modo muitas vezes exaustivo, ou, co

a ligação de cada um para com todos.

mo dizia Leão XIII a Guilherme II da

Alemanha: o trabalhador explorado co

como um roubo.

Mas, não são apenas os impostos que evidenciam que por tôda parte a coleti vidade sempre interferiu na propriedadè a fim de subordiná-la às exigências so

sa tendência, a tem continuamente au mentado, desenvolvendo dia a dia mais Segundo Augusto Comte, a concen-

ciais.

Iraçâo do capital não deve ter outros li -

Assim como não há exército apenas não pode, também, a grande indústria ou empregados.

Nenhuma grande'operação industrial seria possível, hoje. se cada executante devesse ser simultâneaménte administra

dor, ou Se a direção fosse vagamente confiada a uma comunidade inerte e

irresponsável. Ê o que prova a expe-


rt^

Dicesto Econômico 133

limites além dos que resultam de uma gestão reaJ e de uma responsabilidade

Augusto Comte e a questão social

direta.

A lei que liga a eficácia das riquezas

III

à sua concentração — escreve êle — Ivan Lins

"exige quo cada gestor estenda a sua

A desapropriação e o confisco provam também que, em certos casos extremos, o Estado se crê mesmo legitimamente autorizado a apoderar-se da propriedade inteira.

Esta deve ser tida, pois, como indis pensável função social, destinada a for

mo um vil instrumento, sem considera

atividade até os limites de responsabilídado que comporta o conjunto de suas

ção alguma para com a sua dignidade de

posses. Além de se diminuir, assim, o

cientificamente, em sua totalidade, sem

homem, a sua m(>ralidade e o seu lar

custo da gestão, aumentam-se sobretudo

através dos quais cada geração prepa

preferências de qualquer natureza, tal qual o fez relativamente às questões matemáticas ou astronômicas de que se ocupou, sòmente pode consistir em se imprimir à propriedade o caráter rela

doméstico".

as garantias exigidas pelo bom emprego da riqueza, tanto para reparti-la quanto

SOLUÇÃO da questão social, se

gundo Augusto Comte, que a encarou

tivo e social que lhe impõe a sua origem, Se, na verdade, só alguns podem ser os gestores ou responsáveis individuais

. do capital, a fün de que este seja social) mente util, todos os que contribuem para a sua formação devem poder fruir, no que oferecem de mais essencial, os benefícios materiais, intelectuais e mo rais da civilização a que pertencem. Restaurou, portanto, Augusto Comte

o conceito medievo de propriedade dever social, tal como existia no feudalismo antes de esgotar a sua função histórica e corromper-se.

O homem rico — já frisava, no século

XVIII, Condorcel; — deve prestar contas à nação do emprego de seu tempo o de suas forças.

Jus atendi, fruendi et ahuteudi

pata produzi-la". Este ponto de vista, manifestado em

Segundo a concepção vidgur, indivi

mar e administrar os acervos materiais, ra e minora os trabalhos da seguinte. Aristóteles e a propriedade

A teoria do fundador da sociologia

1854 e então tido como utópico, já vem reestrutura e enobrece a noção de pro sendo emplricamente posto em prática. priedade, -sem restringir-lhe a justa inNos Estados Unidos e na Inglaterra, ,dependência, havendo Aristóteles, em onde a riqueza e a expansão econômi sua "Política", antevisto o mesmo prin ca já atingiram a um alto grau de de cípio. senvolvimento, o imposto de renda é "O melhor e preferível — diz êle — hoje fixado dc modo a limitar pratica é que os bens pertençam aos particula mente o nível máximo de riqueza de res, mas que se tornem, por assim dizer, cada indivíduo. O imposto de renda propriedade comum pelo uso que dêles tem, pois, grande importância social, e, se faça." como salienta Eugênio Gudin, "sua in. cidência, mesmo sobre as camadas me O comunismo de Platão e a indústria nos favorecidas, com taxas moderadas, moderna é uma nece.ssidade para que cada um tenha a noção de que forçado, a con O absurdo do" comunismo clássico ou tribuir diretamente para as despesas do utópico tal qual o concebeu Platão e Estado, e, como tal, interessado no equi o retocaram Morus e Campanella, é evi líbrio financeiro da nação". dente na organização da indústria mo Em toda administração bem dirigida, derna, que não pode subsistir sem che.

dualista, a propriedade é tida como um direito absoluto do proprietário, que

sòbro ela tem o "jus uteruJi, fruendi ei ahutendi" — o direito de usar, fruir e abusar a seu talante.

Esta concepção é, no entanto, despro

vida, a um tempo, de justiça c de reali dade.

Nenhuma propriedade podendo ser criada, nem mesmo transmitida apenas

por seu possuidor, e carecendo, sempre, de imprescindível cooperação pública, seu exercício não deve, nem pode ser nunca individual.

E, de fato, por tôda parte a coletivi dade sempre interferiu na propriedade para subordiná-la às exigências sociais. Os impostos

entretanto — como já pleiteava Condor-

Que vêm a ser os impostos senão uma

fes.

O pauperismo

parle da renda de cada cidadão, desti

cet — o necessário físico de cada indi-

Se, portanto, nem todos podem tor nar-se gestores do capital, por outro lado não é admissível o pauperismo, ou seja, "a miséria elevada à categoria de ins tituição social regular e permanente, pe sando sobre classes inteiras, que não conseguem viver, mesmo trabalJiando",

nada à utilidade pública? O imposto, sobretudo o de renda, torna-se a participação da sociedade em cada fortuna particular e a marcha ge ral da civilização, longe de diminuir es

víduo deve ficar isento de qualquer impôsto. E, por outro lado, tôda par

consütuído de oficiais ou de soldados

cela deste que rião é empregada tendo em vista o bem público, deve ser tida

moderna subsistir apenas com patrões,

de modo muitas vezes exaustivo, ou, co

a ligação de cada um para com todos.

mo dizia Leão XIII a Guilherme II da

Alemanha: o trabalhador explorado co

como um roubo.

Mas, não são apenas os impostos que evidenciam que por tôda parte a coleti vidade sempre interferiu na propriedadè a fim de subordiná-la às exigências so

sa tendência, a tem continuamente au mentado, desenvolvendo dia a dia mais Segundo Augusto Comte, a concen-

ciais.

Iraçâo do capital não deve ter outros li -

Assim como não há exército apenas não pode, também, a grande indústria ou empregados.

Nenhuma grande'operação industrial seria possível, hoje. se cada executante devesse ser simultâneaménte administra

dor, ou Se a direção fosse vagamente confiada a uma comunidade inerte e

irresponsável. Ê o que prova a expe-


, I , ! . y..i

Digesto Econômico

i34

riência empreendida, de 1921 a 1922, na fábrica italiana Fiat. A solução

No regime industrial, porém, em que os acúmulos são laboriosamente forma

dos, os motivos egoístícos não destroem D mérito, moral o social, dos hábitos do economia c previdência.

A solução da. questão social não con siste, conseqüentemente, nem em se ex

avareza, basta imprimir melhor direção;

tinguir o capital e sua apropriação in

o desregramcnto peculiar à prodigalida-

dividual, nem, tampouco, em se trans formarem os proletários em outros tan

dc não comporta nenhuma transforma

tos patrões ou gestores do capital. A solução, segundo Augusto Comte,

sòmente pode consistir num forte movi mento da opinião pública mundial, mos trando, por um lado, aos detentores do capital a origem social dêste, de ma neira a não consumirem o supérfluo em

prejuízo do necessário aos proletários, ^

Quanto à disciplina, inspirada pela

enquanto estes, por outro lado, se con vencerão de que devem limitar as suas

pretensões ao necessário, sem cobiça rem nunca as superf.uidades do luxo.

Pródigos e avaros

Não foi sem razão que Dante esten deu, aos pródigos, as mesmas penas e

ção verdadeiramente iitil. Sendo incontestável estar no meio a

Dicksto Econômico

135

Em sociologia, como em aritmética, só se podem comparar, e, com maioria

de razão identificar, grandezas da mes ma espécie, ou homogêneas.

Salário, dado cm moeda, é coisa

material, é a porção do capital que o operário recebo para substituir o que êle e os seus consomem, já como provisões,

já como instrumentos. É claro, pois, que a única equivalência a estabelecer, como quantidades homogêneas, e, con

\árludo, segundo o ideal aristotélico, o critério que deve presidir aos gastos con

seqüentemente comparáveis, é entre o

sisto em sábia e esclarecida economia,

o que lhe eleve ser dado para dignamen

estando a igual distancia da avareza o da prodigalidade.

consumido c o recebido, isto ,é, entre as reais necessidades do lar proletário e te, com os seus, manter-se.

Pretender

pagar com sahirio o trabalho operário é

Como, porém,admitindo-so a apropria ção ou gestão individual do capital, com a independência que lhe atribui Comte,

o mesmo que intentar retribuir, com

coibirem-se os abusos?

salário ser fixado, não de acordo cxim os princípios comuns de troca, mas do con formidade com as necessidades vitais do traballiador, sendo tão elevado, em cada

Pe'a moralização dos ricos, respon

dem alguns. Sendo esta, entretanto, extremamente

lenta, podem e devem os Governos,

em seu caráter de órgãos de reação da sociedade sobre os indivíduos, instítuír,

enquanto perdurar a falta de uma au

moeda, os dcsvelos de uma ama.'

Segundo o positivismo, deve, pois, o

época, quanto o permita o conjunto dos bens disponíveis. Tal qual os honorá rios do médico ou do artista, o salário ó concedido ao proletário unicamente

castigos, impostos aos avaros, únicos' toridade espiritual unânimemente aceita, visados na condenação do catolicismo, um salário mínimo, considerado não mais A moral positiva é ainda mais rigoro^ sob o prisma individual com que tem sa' do que a do vate florensido até hoje encarado, mas

futuro, à identidade universal de salá

tino e coloca os pródigos

rio.

abaixo dos avaros, visto ser

sob o prisma social, único realmente compatível com a

o egoísmo daqueles maior do que o dêstes últimos, salvo

dignidade humana.

reduz a simples questão de palavras.

aos olhos dos seus parasitas.

O salário

A ém de mais nocivos, são

os pródigos menos estimáveis, já pela carência de

qualidades práticas, já por falta de do-

O salário não é, na reali

dade, uma paga do trabalho, porquanto éste não comporta equivalen

Na existência militar - diz Augusto Comte - a facilidade de adquirir con duz a confundir a profusão com a li-

te em dinheiro. É, sim, o subsidio dado pela sociedade a cada um de seus membros, a fim de manter-se, a si e à sua família, base de todo o organismo

beralidade.

sociah

mínio sobre si mesmos.

como condição de existência e meio de ação. A conseqüência desta teoria é

que se deverá chegar, em longínquo Achar-se-á, talvez, que esta teoria se

Quando um empregador recebe de uni operário determinados serviços, dando-

Ibe, em troca, certa soma, pouco impor ta saber se esta se chama ou não. paga. Implica, entretanto, esta questão de palavras, como tantas outras, uma atitu de psicológica. A idéia de Comte, ao enunciar uma tal teoria, foi, mui pro positadamente, a de fundar as relações entre patrões e operários em bases an

tes morais do que econômicas. A ati tude de um patrão, ao remunerar um

operário, seria, assim, semelhante à que Ordinariamente se tem ao pagar uma dívida para com um médico ou um

advogado. A troca de pagamentos e de ser\iços Se efetuaria, pois, gerarmente, sôbre uma base de estima rbciproca, e, por vêzes, até mesmo de reconhe cimento.

Esta teoria não é, aliás, senão um

corolário do princípio positivista que considera os direitos de cada qual como resultantes dos deveres dos outros pa ra com èle. "Simples mudança de atitude - ad\'erte Comte - que subsUlui a uma moral passiva, onde domina o egoísmo, uma moral ativa, dirigida pelo altruismo."

Visa o salário atender à manutenção do trabalhador em companhia dos seus. Quem toma um auto ou um avião

para um passeio, ou para trazer um

medico que salva a vida de um ente

querido, paga a mesma quantia, e, no quase nulo enquanto, no segundm é

entanto, no pnmeiro caso. o seni^ é imenso.

&

Sejam, demais, quais forem as condi ções em que o sera.igo é prestado, oom

bom ou mau tempo, cxm, perigo, o, não. para a v,da daquele que o presta, a

quantia paga é, via de regra LnrL a mesma.

=» '

"

Destina-se pois, o salário eselusivamente a atender ao exclusiva nunca a pagar, de fato "Material, e zado.

® serviço reali-

asr&d:refr'-<>-:"P-' correspondente às no mínima, a tôdas as famílias

comuns

çiue cumprir mdisiarçivS'? quanto, pertencendo, realmeí""' tal por êles gerido à soe

^

b

'° "P'"

a sociedade, cumpre


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Digesto Econômico

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riência empreendida, de 1921 a 1922, na fábrica italiana Fiat. A solução

No regime industrial, porém, em que os acúmulos são laboriosamente forma

dos, os motivos egoístícos não destroem D mérito, moral o social, dos hábitos do economia c previdência.

A solução da. questão social não con siste, conseqüentemente, nem em se ex

avareza, basta imprimir melhor direção;

tinguir o capital e sua apropriação in

o desregramcnto peculiar à prodigalida-

dividual, nem, tampouco, em se trans formarem os proletários em outros tan

dc não comporta nenhuma transforma

tos patrões ou gestores do capital. A solução, segundo Augusto Comte,

sòmente pode consistir num forte movi mento da opinião pública mundial, mos trando, por um lado, aos detentores do capital a origem social dêste, de ma neira a não consumirem o supérfluo em

prejuízo do necessário aos proletários, ^

Quanto à disciplina, inspirada pela

enquanto estes, por outro lado, se con vencerão de que devem limitar as suas

pretensões ao necessário, sem cobiça rem nunca as superf.uidades do luxo.

Pródigos e avaros

Não foi sem razão que Dante esten deu, aos pródigos, as mesmas penas e

ção verdadeiramente iitil. Sendo incontestável estar no meio a

Dicksto Econômico

135

Em sociologia, como em aritmética, só se podem comparar, e, com maioria

de razão identificar, grandezas da mes ma espécie, ou homogêneas.

Salário, dado cm moeda, é coisa

material, é a porção do capital que o operário recebo para substituir o que êle e os seus consomem, já como provisões,

já como instrumentos. É claro, pois, que a única equivalência a estabelecer, como quantidades homogêneas, e, con

\árludo, segundo o ideal aristotélico, o critério que deve presidir aos gastos con

seqüentemente comparáveis, é entre o

sisto em sábia e esclarecida economia,

o que lhe eleve ser dado para dignamen

estando a igual distancia da avareza o da prodigalidade.

consumido c o recebido, isto ,é, entre as reais necessidades do lar proletário e te, com os seus, manter-se.

Pretender

pagar com sahirio o trabalho operário é

Como, porém,admitindo-so a apropria ção ou gestão individual do capital, com a independência que lhe atribui Comte,

o mesmo que intentar retribuir, com

coibirem-se os abusos?

salário ser fixado, não de acordo cxim os princípios comuns de troca, mas do con formidade com as necessidades vitais do traballiador, sendo tão elevado, em cada

Pe'a moralização dos ricos, respon

dem alguns. Sendo esta, entretanto, extremamente

lenta, podem e devem os Governos,

em seu caráter de órgãos de reação da sociedade sobre os indivíduos, instítuír,

enquanto perdurar a falta de uma au

moeda, os dcsvelos de uma ama.'

Segundo o positivismo, deve, pois, o

época, quanto o permita o conjunto dos bens disponíveis. Tal qual os honorá rios do médico ou do artista, o salário ó concedido ao proletário unicamente

castigos, impostos aos avaros, únicos' toridade espiritual unânimemente aceita, visados na condenação do catolicismo, um salário mínimo, considerado não mais A moral positiva é ainda mais rigoro^ sob o prisma individual com que tem sa' do que a do vate florensido até hoje encarado, mas

futuro, à identidade universal de salá

tino e coloca os pródigos

rio.

abaixo dos avaros, visto ser

sob o prisma social, único realmente compatível com a

o egoísmo daqueles maior do que o dêstes últimos, salvo

dignidade humana.

reduz a simples questão de palavras.

aos olhos dos seus parasitas.

O salário

A ém de mais nocivos, são

os pródigos menos estimáveis, já pela carência de

qualidades práticas, já por falta de do-

O salário não é, na reali

dade, uma paga do trabalho, porquanto éste não comporta equivalen

Na existência militar - diz Augusto Comte - a facilidade de adquirir con duz a confundir a profusão com a li-

te em dinheiro. É, sim, o subsidio dado pela sociedade a cada um de seus membros, a fim de manter-se, a si e à sua família, base de todo o organismo

beralidade.

sociah

mínio sobre si mesmos.

como condição de existência e meio de ação. A conseqüência desta teoria é

que se deverá chegar, em longínquo Achar-se-á, talvez, que esta teoria se

Quando um empregador recebe de uni operário determinados serviços, dando-

Ibe, em troca, certa soma, pouco impor ta saber se esta se chama ou não. paga. Implica, entretanto, esta questão de palavras, como tantas outras, uma atitu de psicológica. A idéia de Comte, ao enunciar uma tal teoria, foi, mui pro positadamente, a de fundar as relações entre patrões e operários em bases an

tes morais do que econômicas. A ati tude de um patrão, ao remunerar um

operário, seria, assim, semelhante à que Ordinariamente se tem ao pagar uma dívida para com um médico ou um

advogado. A troca de pagamentos e de ser\iços Se efetuaria, pois, gerarmente, sôbre uma base de estima rbciproca, e, por vêzes, até mesmo de reconhe cimento.

Esta teoria não é, aliás, senão um

corolário do princípio positivista que considera os direitos de cada qual como resultantes dos deveres dos outros pa ra com èle. "Simples mudança de atitude - ad\'erte Comte - que subsUlui a uma moral passiva, onde domina o egoísmo, uma moral ativa, dirigida pelo altruismo."

Visa o salário atender à manutenção do trabalhador em companhia dos seus. Quem toma um auto ou um avião

para um passeio, ou para trazer um

medico que salva a vida de um ente

querido, paga a mesma quantia, e, no quase nulo enquanto, no segundm é

entanto, no pnmeiro caso. o seni^ é imenso.

&

Sejam, demais, quais forem as condi ções em que o sera.igo é prestado, oom

bom ou mau tempo, cxm, perigo, o, não. para a v,da daquele que o presta, a

quantia paga é, via de regra LnrL a mesma.

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Destina-se pois, o salário eselusivamente a atender ao exclusiva nunca a pagar, de fato "Material, e zado.

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a sociedade, cumpre


F^'

Dicesto Econômico

136

seja sempre aplicado de acôrdo com os

nenhum trabalho alheio aos afazeres do

interesses gerais dela.

lar.

Ao proletário cabe, diante destas pre missas, respeitar a propriedade de <iue, por utilidade social, e não em virtude de qualquer direito, divino ou natural,

O tratado de Methuen

Trabalho da mulher Vl-Conelnsões

Cabendo à muMicr o cuidado dos fi Nelson Werneck Sooré

lhos, velhos c enfermos, o preparo dos

se acha investido o patrão. A fim de aumentar a responsabilidade

do mobiliário e do domicílio, encontra,

de todos, assim como o seu interesse no

trabalho, pensa Comte deva todo salá rio compreender duas partes: uma fixa,

no lar, trabalho suficiente em que se ocupar, sem desviar-se das funções mo

estudos de história econômica, — mesmo

rais que lhe cabem como centro insubs

naqueles publicados fora do Brasil e de

comum a todos os empregados, e outra

tituível dos afetos humanos.

Portugal — fundou-se em três pontos

variável, proporcional ao rendimento de

alimentos, a conservação do vcstuano,

em três acusações, levantadas contra os seus autores, e firmadas como motivo

no: seriam tais fatos incontestáveis de-

morais, que, como mãe, esposa, filha

posse de todos os objetos essenciais à

faina industrial própria do homem, é

desde que a responsabilidade deste não

lhe possa ser imputada.

Incorporação social do proletariado A incorporação do proletariado na so.

ciedade moderna — o maior problema de nossos tempos, que preocupa, dia a dia mais, todos os sociólogos, desde Tomás Morus — consiste, segundo Au gusto Comte, no reconhecimento, por

parte dos patrões, de seus deveres para com os proletários, garantindo-lhes e às suas famfias a soma de bem-estar ma

terial e moral indispensável ao pleno desempenho das funções que lhes com

tão absurdo quanto converter este último em motor para substituir o cavalo ou

do declínio luso, ou da condição de subaltemidade portuguesa no desenvolvi mento comercial do mundo moderno:

o boi.

— asfixiou as indústrias lusas;

Quem não ve que se comprometem assim as futuras gerações? Devendo, na opinião dc Comte, um

— converteu em vinhas as terras de

dia por semana poder ser consagrado as relações privadas e outro à vida cívica, os dias de trabalho hebdomadário não

ultrapassariam a cinco. Demais, cada dia de traba ho jamais e.xcederia a seis horas, sendo suficiente para atender à existência material de uma sociedade,

pão;

— levou para a Inglaterra o ouro do Brasil.

Há que distinguir, no problema, dois planos; o primeiro é o que representa de verdade a tríplice acusação. Por que, realmente, as indústrias lusas decli

naram, de um modo geral, depois da assinatura do referido tratado; as terras

gações que tinham, efetivamente, com

o acordo firmado por Methuen, levaram quase todos os autores — de vez que a exi.stência do tratado era um fato, e a

existência daque'es desequilíbrios era também um fato - a admitir como

\'erdade que o simples ato comercial firmado em 1703 transformara, de ma

neira fundamental e perdurável, a fisionomia portuguesa. Mas — é o caso de

anteriormente destinadas ao trigo foram

indagar — teria sido possível a Portugal,

entregues, com ânsia febril, ao cultivo da vinha, muito mais remuneradora a

firmado o tratado tão discutido, adquirir

ponto de se tomar necessária uma legis lação restrita, para que não ficasse o

do domicílio e a instituição de um sa

lário que permita a manutenção da mu lher, dos velhos e filhos menores, sem

essa idade, a nenhuma atividade remu nerada, Como se vê, as atuais reivindi

que aquela e êstes sejam obrigados a

cações operárias não vão tão longe.

vida de família, completada pela posse

causados pelo tratado em questão, de

rivaram direta e unicamente do apa. recimento daquele tratado? A simultaneidade com que se operaram, as li

desperdícios provenientes das guerras e das ameaças de guerra. Os lazeres de demente aumentados, por isto que, rece bendo todos, proletários ou não, uma ins trução que os ocupará até os vinte e um anos, não deveriam entregar-se, até

Resume-se o bem-estar em apreço na

xidos ao tratado de Methuen, foram eles

como ele a concebe, isto é, livre dos

cada vida humana seriam, enfim, gran

petem.

Mas mesmo as verdades mais eviden

tes podem constituir-se em meias-verda-

des, em aparentes verdades. É o que mostra o problema, rislo de outro pla

e irmã, exerce no lar para atirá-la na

ser-lhe garantida no caso de desemprego,

ouro fugiu para à Inglaterra.

singvilarcs, que se conslituíram como que

Representa a primeira, por

sua vida e à de sua família, devendo

as terras deixaram de produzir trigo, o

Subtraí-!a, pois, às supremas funções

assim dizer, o direito do traballiador à

cada um-

A uestacada importância atribuída ao Tratado de Methuen em todos os

país na dependência, mais do que já estava, de produtos estrangeiros para assegurar a simples subsistência de seu

povo; e o ouro do Brasil transitou para a Inglaterra, em moeda — as velhas

moedas portuguesas que tanto circula ram nos mercados inglêses — e mesmo em espécie, em barra. Vistos desse pri meiro plano, os três processos adquirem realce singular, porque constituem ver dades iniludíveisi a indústria declinou,

se não tivessem os seus homens públicos uma importância econômica destacada? seria outra a sua história econômica o

Seu enriquecimento se teria operado pela não-existêricia daquele tratado? que resta demonstrar.

É o

Tomemos, em primeiro lugar, a acusa ção menos iniportante, pelo menos em seus efeitos remotos e históricos, embo ra de importância imediata, quanto aos seus efeitos: a de que o tratado de 1703 motivou o abandono das terras anterior,

mente dedicadas à cultura do trigo, le vando os seus proprietários ou arren-


F^'

Dicesto Econômico

136

seja sempre aplicado de acôrdo com os

nenhum trabalho alheio aos afazeres do

interesses gerais dela.

lar.

Ao proletário cabe, diante destas pre missas, respeitar a propriedade de <iue, por utilidade social, e não em virtude de qualquer direito, divino ou natural,

O tratado de Methuen

Trabalho da mulher Vl-Conelnsões

Cabendo à muMicr o cuidado dos fi Nelson Werneck Sooré

lhos, velhos c enfermos, o preparo dos

se acha investido o patrão. A fim de aumentar a responsabilidade

do mobiliário e do domicílio, encontra,

de todos, assim como o seu interesse no

trabalho, pensa Comte deva todo salá rio compreender duas partes: uma fixa,

no lar, trabalho suficiente em que se ocupar, sem desviar-se das funções mo

estudos de história econômica, — mesmo

rais que lhe cabem como centro insubs

naqueles publicados fora do Brasil e de

comum a todos os empregados, e outra

tituível dos afetos humanos.

Portugal — fundou-se em três pontos

variável, proporcional ao rendimento de

alimentos, a conservação do vcstuano,

em três acusações, levantadas contra os seus autores, e firmadas como motivo

no: seriam tais fatos incontestáveis de-

morais, que, como mãe, esposa, filha

posse de todos os objetos essenciais à

faina industrial própria do homem, é

desde que a responsabilidade deste não

lhe possa ser imputada.

Incorporação social do proletariado A incorporação do proletariado na so.

ciedade moderna — o maior problema de nossos tempos, que preocupa, dia a dia mais, todos os sociólogos, desde Tomás Morus — consiste, segundo Au gusto Comte, no reconhecimento, por

parte dos patrões, de seus deveres para com os proletários, garantindo-lhes e às suas famfias a soma de bem-estar ma

terial e moral indispensável ao pleno desempenho das funções que lhes com

tão absurdo quanto converter este último em motor para substituir o cavalo ou

do declínio luso, ou da condição de subaltemidade portuguesa no desenvolvi mento comercial do mundo moderno:

o boi.

— asfixiou as indústrias lusas;

Quem não ve que se comprometem assim as futuras gerações? Devendo, na opinião dc Comte, um

— converteu em vinhas as terras de

dia por semana poder ser consagrado as relações privadas e outro à vida cívica, os dias de trabalho hebdomadário não

ultrapassariam a cinco. Demais, cada dia de traba ho jamais e.xcederia a seis horas, sendo suficiente para atender à existência material de uma sociedade,

pão;

— levou para a Inglaterra o ouro do Brasil.

Há que distinguir, no problema, dois planos; o primeiro é o que representa de verdade a tríplice acusação. Por que, realmente, as indústrias lusas decli

naram, de um modo geral, depois da assinatura do referido tratado; as terras

gações que tinham, efetivamente, com

o acordo firmado por Methuen, levaram quase todos os autores — de vez que a exi.stência do tratado era um fato, e a

existência daque'es desequilíbrios era também um fato - a admitir como

\'erdade que o simples ato comercial firmado em 1703 transformara, de ma

neira fundamental e perdurável, a fisionomia portuguesa. Mas — é o caso de

anteriormente destinadas ao trigo foram

indagar — teria sido possível a Portugal,

entregues, com ânsia febril, ao cultivo da vinha, muito mais remuneradora a

firmado o tratado tão discutido, adquirir

ponto de se tomar necessária uma legis lação restrita, para que não ficasse o

do domicílio e a instituição de um sa

lário que permita a manutenção da mu lher, dos velhos e filhos menores, sem

essa idade, a nenhuma atividade remu nerada, Como se vê, as atuais reivindi

que aquela e êstes sejam obrigados a

cações operárias não vão tão longe.

vida de família, completada pela posse

causados pelo tratado em questão, de

rivaram direta e unicamente do apa. recimento daquele tratado? A simultaneidade com que se operaram, as li

desperdícios provenientes das guerras e das ameaças de guerra. Os lazeres de demente aumentados, por isto que, rece bendo todos, proletários ou não, uma ins trução que os ocupará até os vinte e um anos, não deveriam entregar-se, até

Resume-se o bem-estar em apreço na

xidos ao tratado de Methuen, foram eles

como ele a concebe, isto é, livre dos

cada vida humana seriam, enfim, gran

petem.

Mas mesmo as verdades mais eviden

tes podem constituir-se em meias-verda-

des, em aparentes verdades. É o que mostra o problema, rislo de outro pla

e irmã, exerce no lar para atirá-la na

ser-lhe garantida no caso de desemprego,

ouro fugiu para à Inglaterra.

singvilarcs, que se conslituíram como que

Representa a primeira, por

sua vida e à de sua família, devendo

as terras deixaram de produzir trigo, o

Subtraí-!a, pois, às supremas funções

assim dizer, o direito do traballiador à

cada um-

A uestacada importância atribuída ao Tratado de Methuen em todos os

país na dependência, mais do que já estava, de produtos estrangeiros para assegurar a simples subsistência de seu

povo; e o ouro do Brasil transitou para a Inglaterra, em moeda — as velhas

moedas portuguesas que tanto circula ram nos mercados inglêses — e mesmo em espécie, em barra. Vistos desse pri meiro plano, os três processos adquirem realce singular, porque constituem ver dades iniludíveisi a indústria declinou,

se não tivessem os seus homens públicos uma importância econômica destacada? seria outra a sua história econômica o

Seu enriquecimento se teria operado pela não-existêricia daquele tratado? que resta demonstrar.

É o

Tomemos, em primeiro lugar, a acusa ção menos iniportante, pelo menos em seus efeitos remotos e históricos, embo ra de importância imediata, quanto aos seus efeitos: a de que o tratado de 1703 motivou o abandono das terras anterior,

mente dedicadas à cultura do trigo, le vando os seus proprietários ou arren-


consolidando a entrada dos vinhos lusos

do vinho e, em con.scqíiência, tenham provocado a corrida para a plantação da vinha, com o con.scqiicnlc abandono do trigo. A corrida para a vinha foi con

na Inglaterra, provocou um interesse

seqüência de urna .situação de fato, que

mais intenso do que aquele que já exis

nenhum tratado teria, por .si .só, fórça

datários a preferir entregar-se à cultu ra da vinha. É verdadeiro, sem sombra

de dúvida, que © advento do tratado,

tia em torno do cultivo da vinha.

É,

remuneração, da atividade vinícola sô-

ber se as cousas se passariam de manei ra diversa no caso de o tratado não

bre a atividade tritícola. (43). A preponderância do produto de ex

ter existido.

portação sobre o produto de consumo

Os vinhos portugueses já

haviam firmado a sua posição no mer

interno, num desequilíbrio que acaba

cado inglês. Vimos que a aquisição do

ria por perturbar o rle.senvolvimento português, com a necessidade cm qi'®

hábito de usá-los — com o abandono do

produto c-oncorrente, o francês em parti cular, em conseqüência não só de faltar

êste com freqüência, em conseqüência das

lutas militares, como também por força de uma luta comercial entre a Inglaterra e a França — foi demorada e difícil. Quando foi firmado o tratado de Me-

thuen, entretanto, êsse hábito estava já

estabelecido. D. Luís da Cunha, re

presentante de Portugal na corte ingle sa, a quem os vitieultores lusos haviam

solicitado esforços no sentido de não

ser ameaçada a posição do produto luso, declarou que não seria necessária con

cessão alguma, em troca, para que aque la posição se mantivesse, uma vez que

como aqueles ligados ao advento de

sem roupa? Parece que se trata de ilusão corriqueira a que empresta às

pragmáticas, ou os que se prenderam aos esforços para desenvolver uma indús

tarifas o condão de provocar o apareci

tria própria de panos — não consegui ram destruir a realidade daquela pre

Está fora de dúrida, e os exemplos são

mercado luso. Os fatôres interferentes,

tituir em exclusividade.

A incapacidade lusa para a constitui ção de uma indústria que pennitisse,

técnica seja inferior e cuja capacidade de compra seja precária. A tarifa de

quando menos, © suprimento do merca

privilégio, entretanto, é apenas um dos fatôres; sem que os outros tenham exis

do interno, foi fato que antecedeu o tratado de 1703, e que permaneceu, depois que êle perdeu a sua vigência. Derivou, na verdade, de fatôres diversos

SC acharia o país de importar produtos

— e não foi causada apenas pela e.xis-

alimentícios, revelava apenas' as deficiên

tência de um acordo preferencial de ta rifas; êsse acordo preferencial traduziu,

cias de uma estrutura econômica nacio

nal, em face de um e.vpansionismo que não encontrava peias. Na análise do

ao contnírio, uma situação de fato, san cionou-a, e importou, realmente,'em dar

problema, entretanto, é necessário não

ao erário régio uma

relegar a segundo plano os investimentos britânicos na fabricação portuguesa de vinhos, e nem mesmo as vantagens mer cantes da marinha inglesa no transporte desse produto para © seu país. (44). A acusação de que o tratado de 1703 foi a causa do declínio da indústria por

parte

Tncnor

lucros

de

nos

entrada

do produto que o seu povo necessitava. (48).

Baixou-se a

tarifa, sem dúvida, e deu-se aos panos

tuguesa já foi examinada, quando tra

ingleses uma posi ção de privilégio;

tamos da questão dos panos. (45). Na época em que foi firmado aquele acor do de comércio, o tráfico internacional praticamente se reduzia quase aos panos. A Inglaterra não só os produzia, com

mento e o desenvolvimento industrial.

freqüentes, que uma tarifa protecionis ta estabelece condições para o desenvolrimento industrial de um país cuja

ponderância, que não chegou a se cons

para estabelecer; a superioridade, em

entretanto, uma questão controversa sa

139

Dicesto Econômico

DiCESTO ECONÓVflCO

138

tência sensí\'el não há indústria que

se possa estabelecer ou desenvolver. Tôdas as equipagens nacionais de in dústria, inclusive a inglesa — e posterior mente a norte-americana — levantaram-

se de uma tarifa de proteção, e até de proibição. (50). Tais países tinharr», entretanto, os outros fatôres indispensá veis para o estabe lecimento e para o ' desenvolvimento in

dustrial.

Portugíil

não tinha esses fa

tôres, essas condi ções mdispensá\'eis — não os teve antes,

durante, e depois da assinatura ou da

panos, e panos de outras procedências,

rigência do tratado firmado por Metliuen; não os teve en

quanto indústria significou apenas te celagem e fiação, e não os teve quando

português eram já avultados. (42). Sob

condições técnicas mais avançadas do que no resto dos países, como cs trans

com o tratado ou sem êle. Panos fran ceses, italianos e holandeses entraram

em Portugal, em plena vigência do tra

certos sentidos, parece que a cláusula

portava. 46). Tinha, pois, necessidade

relativa ao consumo dos vinhos lusos na

de mercados, e foi por isso que sc es forçou, naquela etapa de sua história, pa ra criá-los e para desenvolvê-los. (47). Com o tratado, conseguiu de Portugal

fabricou panos, antes e depois da vi

por indústria se entendeu^ muito mais do que isso; e o Tratado de Methuen só se referia aos panos. (51). Êsse

gência daquele tratado.

tratado, pois, ainda quanto aos panos,

Uma tarifa protecionista, em lugar da tarifa preferencial que Metlmen conse guiu, teria tido o condão de provocar

não fêz mais do que sancionar uma si

o desenvolvimento da indústria lusa de

indispensável à vida de seu povo. As razões dessa incapacidade estavam na estrutura econômica do pais, na sua si tuação de simplfs entreposto de maté-

o consumo tenderia a aumentar, progres sivamente, não só pela difusão do há bito de seu uso, como porque os inte resses britânicos na fabricação do vinho

Inglaterra não fêz mais do que sancio nar uma situação de fato. Do ponto de

vista comercial, é lícito admitir que ela tenha trazido para a atividade portu guesa do ramo a tranqüilidade que to da atividade comercial requer; mas é discutível que, firmando o tratado, os portugueses tenham garantido a posição

mas

entrariam

tais

tado firmado em 1703. (49). Portugal

uma situação de favor que não era nova; acordo anterior, firmado na fase atribu

panos?

lada da restauração, conforme tivemos oportunidade de apreciar, firmara a pre ponderância dos panos britânicos no

Teria Portugal condições para

levantar uma tarifa protecionista, ou se ria isso o mesmo que deixar a sua gente

jy

tuação de fato: a incapacidade portuguêsa para a produção dêsse elemento


consolidando a entrada dos vinhos lusos

do vinho e, em con.scqíiência, tenham provocado a corrida para a plantação da vinha, com o con.scqiicnlc abandono do trigo. A corrida para a vinha foi con

na Inglaterra, provocou um interesse

seqüência de urna .situação de fato, que

mais intenso do que aquele que já exis

nenhum tratado teria, por .si .só, fórça

datários a preferir entregar-se à cultu ra da vinha. É verdadeiro, sem sombra

de dúvida, que © advento do tratado,

tia em torno do cultivo da vinha.

É,

remuneração, da atividade vinícola sô-

ber se as cousas se passariam de manei ra diversa no caso de o tratado não

bre a atividade tritícola. (43). A preponderância do produto de ex

ter existido.

portação sobre o produto de consumo

Os vinhos portugueses já

haviam firmado a sua posição no mer

interno, num desequilíbrio que acaba

cado inglês. Vimos que a aquisição do

ria por perturbar o rle.senvolvimento português, com a necessidade cm qi'®

hábito de usá-los — com o abandono do

produto c-oncorrente, o francês em parti cular, em conseqüência não só de faltar

êste com freqüência, em conseqüência das

lutas militares, como também por força de uma luta comercial entre a Inglaterra e a França — foi demorada e difícil. Quando foi firmado o tratado de Me-

thuen, entretanto, êsse hábito estava já

estabelecido. D. Luís da Cunha, re

presentante de Portugal na corte ingle sa, a quem os vitieultores lusos haviam

solicitado esforços no sentido de não

ser ameaçada a posição do produto luso, declarou que não seria necessária con

cessão alguma, em troca, para que aque la posição se mantivesse, uma vez que

como aqueles ligados ao advento de

sem roupa? Parece que se trata de ilusão corriqueira a que empresta às

pragmáticas, ou os que se prenderam aos esforços para desenvolver uma indús

tarifas o condão de provocar o apareci

tria própria de panos — não consegui ram destruir a realidade daquela pre

Está fora de dúrida, e os exemplos são

mercado luso. Os fatôres interferentes,

tituir em exclusividade.

A incapacidade lusa para a constitui ção de uma indústria que pennitisse,

técnica seja inferior e cuja capacidade de compra seja precária. A tarifa de

quando menos, © suprimento do merca

privilégio, entretanto, é apenas um dos fatôres; sem que os outros tenham exis

do interno, foi fato que antecedeu o tratado de 1703, e que permaneceu, depois que êle perdeu a sua vigência. Derivou, na verdade, de fatôres diversos

SC acharia o país de importar produtos

— e não foi causada apenas pela e.xis-

alimentícios, revelava apenas' as deficiên

tência de um acordo preferencial de ta rifas; êsse acordo preferencial traduziu,

cias de uma estrutura econômica nacio

nal, em face de um e.vpansionismo que não encontrava peias. Na análise do

ao contnírio, uma situação de fato, san cionou-a, e importou, realmente,'em dar

problema, entretanto, é necessário não

ao erário régio uma

relegar a segundo plano os investimentos britânicos na fabricação portuguesa de vinhos, e nem mesmo as vantagens mer cantes da marinha inglesa no transporte desse produto para © seu país. (44). A acusação de que o tratado de 1703 foi a causa do declínio da indústria por

parte

Tncnor

lucros

de

nos

entrada

do produto que o seu povo necessitava. (48).

Baixou-se a

tarifa, sem dúvida, e deu-se aos panos

tuguesa já foi examinada, quando tra

ingleses uma posi ção de privilégio;

tamos da questão dos panos. (45). Na época em que foi firmado aquele acor do de comércio, o tráfico internacional praticamente se reduzia quase aos panos. A Inglaterra não só os produzia, com

mento e o desenvolvimento industrial.

freqüentes, que uma tarifa protecionis ta estabelece condições para o desenvolrimento industrial de um país cuja

ponderância, que não chegou a se cons

para estabelecer; a superioridade, em

entretanto, uma questão controversa sa

139

Dicesto Econômico

DiCESTO ECONÓVflCO

138

tência sensí\'el não há indústria que

se possa estabelecer ou desenvolver. Tôdas as equipagens nacionais de in dústria, inclusive a inglesa — e posterior mente a norte-americana — levantaram-

se de uma tarifa de proteção, e até de proibição. (50). Tais países tinharr», entretanto, os outros fatôres indispensá veis para o estabe lecimento e para o ' desenvolvimento in

dustrial.

Portugíil

não tinha esses fa

tôres, essas condi ções mdispensá\'eis — não os teve antes,

durante, e depois da assinatura ou da

panos, e panos de outras procedências,

rigência do tratado firmado por Metliuen; não os teve en

quanto indústria significou apenas te celagem e fiação, e não os teve quando

português eram já avultados. (42). Sob

condições técnicas mais avançadas do que no resto dos países, como cs trans

com o tratado ou sem êle. Panos fran ceses, italianos e holandeses entraram

em Portugal, em plena vigência do tra

certos sentidos, parece que a cláusula

portava. 46). Tinha, pois, necessidade

relativa ao consumo dos vinhos lusos na

de mercados, e foi por isso que sc es forçou, naquela etapa de sua história, pa ra criá-los e para desenvolvê-los. (47). Com o tratado, conseguiu de Portugal

fabricou panos, antes e depois da vi

por indústria se entendeu^ muito mais do que isso; e o Tratado de Methuen só se referia aos panos. (51). Êsse

gência daquele tratado.

tratado, pois, ainda quanto aos panos,

Uma tarifa protecionista, em lugar da tarifa preferencial que Metlmen conse guiu, teria tido o condão de provocar

não fêz mais do que sancionar uma si

o desenvolvimento da indústria lusa de

indispensável à vida de seu povo. As razões dessa incapacidade estavam na estrutura econômica do pais, na sua si tuação de simplfs entreposto de maté-

o consumo tenderia a aumentar, progres sivamente, não só pela difusão do há bito de seu uso, como porque os inte resses britânicos na fabricação do vinho

Inglaterra não fêz mais do que sancio nar uma situação de fato. Do ponto de

vista comercial, é lícito admitir que ela tenha trazido para a atividade portu guesa do ramo a tranqüilidade que to da atividade comercial requer; mas é discutível que, firmando o tratado, os portugueses tenham garantido a posição

mas

entrariam

tais

tado firmado em 1703. (49). Portugal

uma situação de favor que não era nova; acordo anterior, firmado na fase atribu

panos?

lada da restauração, conforme tivemos oportunidade de apreciar, firmara a pre ponderância dos panos britânicos no

Teria Portugal condições para

levantar uma tarifa protecionista, ou se ria isso o mesmo que deixar a sua gente

jy

tuação de fato: a incapacidade portuguêsa para a produção dêsse elemento


Dicesto Econômico

140

rias-primas ou fornecedor de produ

tos alimentícios, seus ou de suas co

141

travam-se também no mercado: tafe-

pois, com tanto luxo de detalhes, in

criar e desenvolver uma Indústria, de

tás, gorgorõe.s, próprios para mantos

fluências que o historiógrafo português definiu em linhas sugestivas: "Um papel anônimo e sem data, ao que parece in formação do consulado, no tempo da administração pombalina, faculta-nos a

eritar a corrida para a vinicultura, de

lista nominal dos súditos britânicos re sidentes em Lisboa: cento e dois à testa

nia, muito mais sensíveis do que a sim

de escritórios, de comércio, tendo na maior parte associados e caixeiros igual

o africano e os poucos trabalhadores

Êsses reflexos, traduzidos principalmen

volvimento — é desconhecer os rudimen-

usados pelas mulheres, que eram fabri cados em Bragança. Tudo o mais vinha do estrangeiro, quase cxclusivTimente da Inglaterra." (53). Um documento da coleção pombalina esclarece: "Não con tentes do monopólio das importações, que naturalmente possuíam, invadiam o que os portugueses julgavam próprio, o

tos do comercialismo moderno. Estarão,

do comércio do Brasil. E era is.so man

mente inglôses; quatro médicos e cirur-

hoje, os Estados Unidos com quase

giõcs e um boticário; quantidade de outros, pequenos lojistas, alfaiates, sa pateiros, cabeleireiros; colônia numerosa,

do tipo que Methuen arrancou aos ho

darem nas frotas agentes seus, para ven derem lá, por menor preço, aquelas mes mas fazendas que os mercadores do Reino lhes tinham comprado para fim

mens públicos portuguê.ses do século

igual. Outras vezes, ao fazerem os for

se dos naturais para as quotidianas ne

XVIIl?

necimentos, recusavam ceder os artefa

cessidades."

Para acrescentar um de

que o de Methuen, firmados por Strangford, quando não éramos ainda uma na ção constituída, e por Stuart, quando precisamos que a metropóle reconheces-

lônias.

Resta encarar o fenômeno da evasao

do ouro. Afirmar que essa evasão^ de rivou tão simplesmente da existência do tratado de 1703 - que coincidiu, realmente, com a época em que a pro

dução brasileira do ouro tomou desen

todo o ouro do mundo porque tenham firmado com os demais países tratados Há diferenças substanciais en

tre uma situação e outra, sem dúvida

— mas a razão fundamental do primado norte-americano de hoje é, na essência,

J a mesma que firmou a posição inglôsa

bastante a si própria, independente qua

tos de novidade sem lhes comprarem os

talhe curioso: "Não era só no comér

antigos que tinham de refuga; c, como

cio que a preponderância doa inglôses

os compradores se supriam a crédito,

se fazia sentir: eles abundavam tam

deter a evasão do ouro.

A e.\-pansão comercial britânica, que subordinaria Portugal aos seus nunos e necessidades, teria reflexos, na colô

ples atração exérdda sobre o ouro que livTes aiTanca\'am das temis do interior.

te no domínio dos suprimentos, com aquela parcela deixada ao erário real, na base de 64%, tiveram função eminente no processo da independência — e nos tratados, muito menos discutidos do

bém nas profissões mecânicas: tanoeiros,

, se a nossa situação autônoma. Foram

perioridade de uma estrutura econô

pois disso, iam os emissários ii colônia, oferecer as fazendas novas, necessària-

sapateiros, a'faiates, cabeleireiros e até engomadeiras." (56).

^tados singulares, entretanto. Mas isso

mica.

mcnte preferidas, E, contra as tricas de

A subordinação portuguesa ao desen volvimento comercial inglês, aliás, não foi mais do que um simples episódio da elaboração capitalista. Culpa do trata do firmado por Methuen? Diremos, como João Lúcio: Não, apesar dêle. Criou aquê'e tratado as condições de

face a Portugal do século XVIII: a su;

Dicesto Econômico

I

Com tratado ou sem tratado, a ver-

I

dade é que, no século XVIII, Portugal

I

era já uma dependência econômica^ inglêsa. A esse respeito, Shillington e

í

Chapman informam: "Em 1717, con tavam-se cerca de noventa casas inglêsas somente em Lisboa". (52). "Tanto a importação como a exportação — in

forçoso lhes era o submctereni-se.

De

que enriqueciam os hóspedes, não tinham os donos da casa defe.sa alguma." (54). João Lúcio de Azevedo assim apreciou a situação: "Nas mãos dos comerciantes

da capital inglesa, que supriam de fa zendas a crédito as praças do Brasil, já diretamente, já por intermédio dos cor

uma situação existente, frisou-a, deu-lhe realce transferindo-a à letra de um

parte do comércio de retalho.

Entre uma remessa de fazendas de In

acordo comercial que existia na rotina

comércio com os portos do Brasil era

glaterra para o Brasil e a chegada de

das trocas e que a segurança do tfiiflco

exclusivo dos nacionais.

retomo do dinheiro, decorriam ordina

exigia. Dependência econômica britâni

riamente dois anos; e de cada 100 libras

ca, desde fase mais recuada, antes do nascimento daquele parlamentar e ho mem de negócios que firmaria um do

Braga e da terra da Feira, ferragens or dinárias de Braga e Guimarães, panos

grossos de lã e saragoças. As sedas eram fornecidas em pequena quantidade pela fábrica moderna de Lisboa e encon

Daí derivaram as influências inglesas

sobre os costumes portugueses e brasi leiros, que os sociólogos estudaram de

(44) — Moses B. Amzalak: Mercadet co merciais.

(45) — Fortunato de Almeida: HislórU

(47) — Marco Fanno: L'e8pansÍona commerciale e coloniale degli Slaíi m®'

Mas sucedia que a parte mínima era dêles, e do Estado português a maior.

aplicadas ao negócio tinha o fisco absor vido 64 em impostos diversos, 68 depois do terremoto." (55).

nònucB.

cias naturais? Não, Sancionou, apenas,

termédio das casas estrangeiras estabe lecidas em Portugal e bem assim uma

ras do Reino limitavam-se a panos de linho, linhas de Guimarães, cliapéus de

H econômica Porlugal. Adriano Antero: Ad©bistória eco-

de Portugal.

respondentes, em Lisboa e Porto, se concentrava o tráfico para a América.

As manufatu

Almeida: Subtídlei

(4J)

subordinação que se traduziram em tan tos fatos, em processos e em decorrên-

forma outro autor — fazia-se por in

Só o

é também outra lústória.

cumento sensacional, discutido até hoje, e ainda controverso, apesar da clareza do processo histórico a que esteve ligado — Portugal não estava em condições de

(46) — William Ashley: L'óvolution oconomique de l'Angletepte. dernL

(48) — Sousa Viterbo: Indústrias têx teis e congeneres

.y oi das Neves: Varlod"' Telativos às artes- co mércio e manufaturas. e W. Chapmanj The coi^erclalShillington relations of England Uià Potlugal.

Ratton: Recordaçõe»-^. (54). (55) e (5G) — j. Lúcio de Azevedo-

Épocas do Portugal Econômico.


Dicesto Econômico

140

rias-primas ou fornecedor de produ

tos alimentícios, seus ou de suas co

141

travam-se também no mercado: tafe-

pois, com tanto luxo de detalhes, in

criar e desenvolver uma Indústria, de

tás, gorgorõe.s, próprios para mantos

fluências que o historiógrafo português definiu em linhas sugestivas: "Um papel anônimo e sem data, ao que parece in formação do consulado, no tempo da administração pombalina, faculta-nos a

eritar a corrida para a vinicultura, de

lista nominal dos súditos britânicos re sidentes em Lisboa: cento e dois à testa

nia, muito mais sensíveis do que a sim

de escritórios, de comércio, tendo na maior parte associados e caixeiros igual

o africano e os poucos trabalhadores

Êsses reflexos, traduzidos principalmen

volvimento — é desconhecer os rudimen-

usados pelas mulheres, que eram fabri cados em Bragança. Tudo o mais vinha do estrangeiro, quase cxclusivTimente da Inglaterra." (53). Um documento da coleção pombalina esclarece: "Não con tentes do monopólio das importações, que naturalmente possuíam, invadiam o que os portugueses julgavam próprio, o

tos do comercialismo moderno. Estarão,

do comércio do Brasil. E era is.so man

mente inglôses; quatro médicos e cirur-

hoje, os Estados Unidos com quase

giõcs e um boticário; quantidade de outros, pequenos lojistas, alfaiates, sa pateiros, cabeleireiros; colônia numerosa,

do tipo que Methuen arrancou aos ho

darem nas frotas agentes seus, para ven derem lá, por menor preço, aquelas mes mas fazendas que os mercadores do Reino lhes tinham comprado para fim

mens públicos portuguê.ses do século

igual. Outras vezes, ao fazerem os for

se dos naturais para as quotidianas ne

XVIIl?

necimentos, recusavam ceder os artefa

cessidades."

Para acrescentar um de

que o de Methuen, firmados por Strangford, quando não éramos ainda uma na ção constituída, e por Stuart, quando precisamos que a metropóle reconheces-

lônias.

Resta encarar o fenômeno da evasao

do ouro. Afirmar que essa evasão^ de rivou tão simplesmente da existência do tratado de 1703 - que coincidiu, realmente, com a época em que a pro

dução brasileira do ouro tomou desen

todo o ouro do mundo porque tenham firmado com os demais países tratados Há diferenças substanciais en

tre uma situação e outra, sem dúvida

— mas a razão fundamental do primado norte-americano de hoje é, na essência,

J a mesma que firmou a posição inglôsa

bastante a si própria, independente qua

tos de novidade sem lhes comprarem os

talhe curioso: "Não era só no comér

antigos que tinham de refuga; c, como

cio que a preponderância doa inglôses

os compradores se supriam a crédito,

se fazia sentir: eles abundavam tam

deter a evasão do ouro.

A e.\-pansão comercial britânica, que subordinaria Portugal aos seus nunos e necessidades, teria reflexos, na colô

ples atração exérdda sobre o ouro que livTes aiTanca\'am das temis do interior.

te no domínio dos suprimentos, com aquela parcela deixada ao erário real, na base de 64%, tiveram função eminente no processo da independência — e nos tratados, muito menos discutidos do

bém nas profissões mecânicas: tanoeiros,

, se a nossa situação autônoma. Foram

perioridade de uma estrutura econô

pois disso, iam os emissários ii colônia, oferecer as fazendas novas, necessària-

sapateiros, a'faiates, cabeleireiros e até engomadeiras." (56).

^tados singulares, entretanto. Mas isso

mica.

mcnte preferidas, E, contra as tricas de

A subordinação portuguesa ao desen volvimento comercial inglês, aliás, não foi mais do que um simples episódio da elaboração capitalista. Culpa do trata do firmado por Methuen? Diremos, como João Lúcio: Não, apesar dêle. Criou aquê'e tratado as condições de

face a Portugal do século XVIII: a su;

Dicesto Econômico

I

Com tratado ou sem tratado, a ver-

I

dade é que, no século XVIII, Portugal

I

era já uma dependência econômica^ inglêsa. A esse respeito, Shillington e

í

Chapman informam: "Em 1717, con tavam-se cerca de noventa casas inglêsas somente em Lisboa". (52). "Tanto a importação como a exportação — in

forçoso lhes era o submctereni-se.

De

que enriqueciam os hóspedes, não tinham os donos da casa defe.sa alguma." (54). João Lúcio de Azevedo assim apreciou a situação: "Nas mãos dos comerciantes

da capital inglesa, que supriam de fa zendas a crédito as praças do Brasil, já diretamente, já por intermédio dos cor

uma situação existente, frisou-a, deu-lhe realce transferindo-a à letra de um

parte do comércio de retalho.

Entre uma remessa de fazendas de In

acordo comercial que existia na rotina

comércio com os portos do Brasil era

glaterra para o Brasil e a chegada de

das trocas e que a segurança do tfiiflco

exclusivo dos nacionais.

retomo do dinheiro, decorriam ordina

exigia. Dependência econômica britâni

riamente dois anos; e de cada 100 libras

ca, desde fase mais recuada, antes do nascimento daquele parlamentar e ho mem de negócios que firmaria um do

Braga e da terra da Feira, ferragens or dinárias de Braga e Guimarães, panos

grossos de lã e saragoças. As sedas eram fornecidas em pequena quantidade pela fábrica moderna de Lisboa e encon

Daí derivaram as influências inglesas

sobre os costumes portugueses e brasi leiros, que os sociólogos estudaram de

(44) — Moses B. Amzalak: Mercadet co merciais.

(45) — Fortunato de Almeida: HislórU

(47) — Marco Fanno: L'e8pansÍona commerciale e coloniale degli Slaíi m®'

Mas sucedia que a parte mínima era dêles, e do Estado português a maior.

aplicadas ao negócio tinha o fisco absor vido 64 em impostos diversos, 68 depois do terremoto." (55).

nònucB.

cias naturais? Não, Sancionou, apenas,

termédio das casas estrangeiras estabe lecidas em Portugal e bem assim uma

ras do Reino limitavam-se a panos de linho, linhas de Guimarães, cliapéus de

H econômica Porlugal. Adriano Antero: Ad©bistória eco-

de Portugal.

respondentes, em Lisboa e Porto, se concentrava o tráfico para a América.

As manufatu

Almeida: Subtídlei

(4J)

subordinação que se traduziram em tan tos fatos, em processos e em decorrên-

forma outro autor — fazia-se por in

Só o

é também outra lústória.

cumento sensacional, discutido até hoje, e ainda controverso, apesar da clareza do processo histórico a que esteve ligado — Portugal não estava em condições de

(46) — William Ashley: L'óvolution oconomique de l'Angletepte. dernL

(48) — Sousa Viterbo: Indústrias têx teis e congeneres

.y oi das Neves: Varlod"' Telativos às artes- co mércio e manufaturas. e W. Chapmanj The coi^erclalShillington relations of England Uià Potlugal.

Ratton: Recordaçõe»-^. (54). (55) e (5G) — j. Lúcio de Azevedo-

Épocas do Portugal Econômico.


• I

Dicesto

domínio da economia como realidade

Em todas as épocas de crise revolacionária, porém, êsse fenômeno se deu, não sendo assim, portanto, um privilégio do nosso tempo. .-V revolução individua

do sua consciência, certos de que os co munistas tinham razão quando falavam em cstnilura e supcrcstmtura, em pre

omia

C-.'i

143

Econômico

por sôhrc a política como processo dessa

lista do século dezoito é um incêndio

realidade. A divergência operava-se tão

que se propaga sobre um campo do

enquanto a.s lei.s s» afastavam dos proble

só cm tômo dos resultados. Enquanto os marxistas sustentavam que a revolu

ção proletária conduziria a uma socieda

começada no início do

mas sociais, os ricos s« tomavam cada voz mais

produção que secara. O que se nota na guerra da independência americana ó uma insubordinação contra o poder

de sem classes, onde o reino da neces

espoliativo do Reino e a consagração das

século e que prossegue,

ricos e os pobres cada

vantagens da economia individual. O

cada vez mais intensa,

vez mais pobres.

sidade seria substituído pelo reino da liberdade, os outros sustentavam que a revolução proletária de.stmiria as possi bilidades da liberdade, que residem na

CAndido Mota Filho

Ce observamos a pro-

^ longada crise por que passa o Ocide"nte,

em nossos dias, — ve

As liberdades consa

rificamos que ela se

gradas e, principalmen-

mostra, na vida das na

te, as liberdades de ini

que justifica a Revolução Francesa é a

deslocação do problema econômico, a incapacidade de .ser sustentada a ri

queza feudal e, conseqüentemente, a

ções cultas, como uma

ciativa e de comércio,

realização do trabalho humano e no esfôrço da livre empresa.

decorrência

eram vistas então como

Assim a consciência predominante era

daí o plano constitucional de Rousseau.

de que a democracia, até então Niva, não possuia condições próprias para viver.

no "Contrato Social": — "Achar uma

de

duas

desordens profundas: —

imensas

I uma política e outra

lacunas onda

mergulhavam, sem ro-

teja a pessoa e os bens de cada socie

as mais nobres aspira ções humanas.

guerras e revoluções atuais. Não surgia

a todos, não obedeça senão a si mes

No quadro das gran des potências nacionais,

apenas o argumento, que impressionava,

mo e. continue li^Te como antes."

das grandes forças ca

dor, que, pe'a sua condição econômica,

pitalistas, foi aumen

estava com o seu destino subordinado. Os

mesmo plano a liberdade e a proprieda de. Só é livre, isto é, só pode o homem

correntes sociais e políticas existentes.

próprios detentores do poder econômico participar da rida pública, só se sentiam ameaçados pelas contradições manter intactos todos os valores da pes soa humana, aquele que vive numa so de seus rumos c apelavam para o Es tado, para que êle se transformasse num ciedade que reconhece, como um dog Estado intervencionista. As próprias ma, a propriedade privada. Quando constituições, que surgiiam depois da Seiyés deu a famosa e.xplicação sobre » guerra de 1914, como a de Weimar, nova ordèm "Qui est-ce que tiers

O marxismo não só foi uma doutrino

voltavam-se para o problema econômico

êle dizia que a nova organização repr®

apenas.

e, notadamente, para o problema da

sentava os produtores laboriosos em opo-

mcdio, as melhores a

^1* A interpretação que predominou foi a de

, que a desordem ecoi nómica seria a respon-

) sável por tudo o que i tem acontecido. O eco-

; nomismo crescente foi

vicção de que, real mente, o segredo da fe

I ciã civilizada. E a práI tica, a realidade visível se aliaram à

licidade humana estava no reino das

! teoria. ] í O mal do regime político, que entra

utilidades. Assim, pelo campo econô

formal do que real. O liberalismo polí tico, que imperava no século dezenove, se baseara numa liberdade fictícia, que é aquela definida por lei e a lei seria

apenas uma expressão da burguesia vi toriosa.

Todas as declarações de di

reito, a partir da Magna Carta e da Constituição de Virgínia, não correspon diam aos fatos e ficavam como simples

promessas. E enquanto o Estado se arredava das competições econômicas,

sobre a inutilidade do voto do trabalha

tando, dia a dia, a con

I envolvendo a consciên-

va na febre dos desentendimentos, era

forma de associação que defenda e pr®"

Na sua concepção formal ela acabara no caos contemporâneo, fomentador das

econômica.

de que ele era, muito mais, um regime

justificação da propriedade privada. E

mico marcharam, para conquistá-lo, as Foi um testemunho.

Na sua

Ji

dade e pe'a qual cada um, se unindo A declaração de direitos coloca n®

sição às classes parasitárias.

cepção materialista da História, èle con

propriedade e seu uso e para o proble ma do trabalhador e seu emprêgo.

duzia um espírito comum, — a ima

Tôdas essas declarações de direito so

gem de um mundo'conduzido pela pro

cial que surgiram, aparentemente revo lucionárias quando reconheciam e pro clamavam a necessidade da justiça so cial, não passavam, no entanto, de um reconhecimento do primado econômico,

dei Garrai, oo estudar o terceiro estado, diz que era preciso efetuar uma seleçaOr

de forma a impedir um processo radical da socialização dos meios de produção.

alcançar um elevado desenvolvimento

articulação dogmática,' dentro da con

dução dos valores materiais.

Todos aquêles que o combatiam coni veemência, principalmente pelo seu teor revolucionário, pela sua ameaça de jogar, pelo conflito de classes, o proletariado á conquista do poder, estavam, no funde

Num interessante estudo denominado —

El liberalismo doctrinario",

separando os melhores e mais infln®''.

tes valores. Para isso era indispensá^e a propriedade. Sem ela não é possív® piritual, nem influência material. Ess*


• I

Dicesto

domínio da economia como realidade

Em todas as épocas de crise revolacionária, porém, êsse fenômeno se deu, não sendo assim, portanto, um privilégio do nosso tempo. .-V revolução individua

do sua consciência, certos de que os co munistas tinham razão quando falavam em cstnilura e supcrcstmtura, em pre

omia

C-.'i

143

Econômico

por sôhrc a política como processo dessa

lista do século dezoito é um incêndio

realidade. A divergência operava-se tão

que se propaga sobre um campo do

enquanto a.s lei.s s» afastavam dos proble

só cm tômo dos resultados. Enquanto os marxistas sustentavam que a revolu

ção proletária conduziria a uma socieda

começada no início do

mas sociais, os ricos s« tomavam cada voz mais

produção que secara. O que se nota na guerra da independência americana ó uma insubordinação contra o poder

de sem classes, onde o reino da neces

espoliativo do Reino e a consagração das

século e que prossegue,

ricos e os pobres cada

vantagens da economia individual. O

cada vez mais intensa,

vez mais pobres.

sidade seria substituído pelo reino da liberdade, os outros sustentavam que a revolução proletária de.stmiria as possi bilidades da liberdade, que residem na

CAndido Mota Filho

Ce observamos a pro-

^ longada crise por que passa o Ocide"nte,

em nossos dias, — ve

As liberdades consa

rificamos que ela se

gradas e, principalmen-

mostra, na vida das na

te, as liberdades de ini

que justifica a Revolução Francesa é a

deslocação do problema econômico, a incapacidade de .ser sustentada a ri

queza feudal e, conseqüentemente, a

ções cultas, como uma

ciativa e de comércio,

realização do trabalho humano e no esfôrço da livre empresa.

decorrência

eram vistas então como

Assim a consciência predominante era

daí o plano constitucional de Rousseau.

de que a democracia, até então Niva, não possuia condições próprias para viver.

no "Contrato Social": — "Achar uma

de

duas

desordens profundas: —

imensas

I uma política e outra

lacunas onda

mergulhavam, sem ro-

teja a pessoa e os bens de cada socie

as mais nobres aspira ções humanas.

guerras e revoluções atuais. Não surgia

a todos, não obedeça senão a si mes

No quadro das gran des potências nacionais,

apenas o argumento, que impressionava,

mo e. continue li^Te como antes."

das grandes forças ca

dor, que, pe'a sua condição econômica,

pitalistas, foi aumen

estava com o seu destino subordinado. Os

mesmo plano a liberdade e a proprieda de. Só é livre, isto é, só pode o homem

correntes sociais e políticas existentes.

próprios detentores do poder econômico participar da rida pública, só se sentiam ameaçados pelas contradições manter intactos todos os valores da pes soa humana, aquele que vive numa so de seus rumos c apelavam para o Es tado, para que êle se transformasse num ciedade que reconhece, como um dog Estado intervencionista. As próprias ma, a propriedade privada. Quando constituições, que surgiiam depois da Seiyés deu a famosa e.xplicação sobre » guerra de 1914, como a de Weimar, nova ordèm "Qui est-ce que tiers

O marxismo não só foi uma doutrino

voltavam-se para o problema econômico

êle dizia que a nova organização repr®

apenas.

e, notadamente, para o problema da

sentava os produtores laboriosos em opo-

mcdio, as melhores a

^1* A interpretação que predominou foi a de

, que a desordem ecoi nómica seria a respon-

) sável por tudo o que i tem acontecido. O eco-

; nomismo crescente foi

vicção de que, real mente, o segredo da fe

I ciã civilizada. E a práI tica, a realidade visível se aliaram à

licidade humana estava no reino das

! teoria. ] í O mal do regime político, que entra

utilidades. Assim, pelo campo econô

formal do que real. O liberalismo polí tico, que imperava no século dezenove, se baseara numa liberdade fictícia, que é aquela definida por lei e a lei seria

apenas uma expressão da burguesia vi toriosa.

Todas as declarações de di

reito, a partir da Magna Carta e da Constituição de Virgínia, não correspon diam aos fatos e ficavam como simples

promessas. E enquanto o Estado se arredava das competições econômicas,

sobre a inutilidade do voto do trabalha

tando, dia a dia, a con

I envolvendo a consciên-

va na febre dos desentendimentos, era

forma de associação que defenda e pr®"

Na sua concepção formal ela acabara no caos contemporâneo, fomentador das

econômica.

de que ele era, muito mais, um regime

justificação da propriedade privada. E

mico marcharam, para conquistá-lo, as Foi um testemunho.

Na sua

Ji

dade e pe'a qual cada um, se unindo A declaração de direitos coloca n®

sição às classes parasitárias.

cepção materialista da História, èle con

propriedade e seu uso e para o proble ma do trabalhador e seu emprêgo.

duzia um espírito comum, — a ima

Tôdas essas declarações de direito so

gem de um mundo'conduzido pela pro

cial que surgiram, aparentemente revo lucionárias quando reconheciam e pro clamavam a necessidade da justiça so cial, não passavam, no entanto, de um reconhecimento do primado econômico,

dei Garrai, oo estudar o terceiro estado, diz que era preciso efetuar uma seleçaOr

de forma a impedir um processo radical da socialização dos meios de produção.

alcançar um elevado desenvolvimento

articulação dogmática,' dentro da con

dução dos valores materiais.

Todos aquêles que o combatiam coni veemência, principalmente pelo seu teor revolucionário, pela sua ameaça de jogar, pelo conflito de classes, o proletariado á conquista do poder, estavam, no funde

Num interessante estudo denominado —

El liberalismo doctrinario",

separando os melhores e mais infln®''.

tes valores. Para isso era indispensá^e a propriedade. Sem ela não é possív® piritual, nem influência material. Ess*


DiCESTo Econômico

144

Digesto EcoNòxnco 145

seleção se faz pela propriedade indivi dual que se apresenta sem características

de privilégio, como uma possibilidade para todos, dentro da capacidade de cada um. "La propríedad, — diz ê'e, — tiene ahora un sentido activo, cons

trutivo, ya no es secuela sino fundamen to dei poder político". Portanto não havia um sistema formal, mas um sistema real, que decorre das próprias condições da vida, que se mos tra como um estilo existencial. O libe ralismo não é uma simples ideologia romântica, mas um processo de reno

!

vação da sociedade que se anarquiza dentro do sistema feudal. Mas, por sua vez, o bberalismo não é só a burguesia realizadora e opinativa, a propriedade privada e a livre empresa, a. liberdade definida pela lei. O liberalismo é uma

J concepção do mundo, um estágio da

' cultura, uma posição do espiritual. Ao ! aprecíá-lo, como um produto da classe média, Benedetto Croce (História de

1

Europa no século XIX) diz que essa

! classe "não é uma ceasse econômica, pois I se ergue e se distingue sobre todas as I classes econômicas como principal repreI

sentante dos valores espirituais, media-

' dora entre êJes, harmonizadora e íntegradora". O Estado se toma, ao mesmo tempo,

que mais apaixona os revolucionários,de

a cultura a serviço da vida, porque só

1789. O homem, antes de tudo, depois

ela ó a energia produtiva da ordem.

Mira-

E se a política tem pelo seu poder de

beau e seus companheiros defendem, com energia, o caráter representativo do rei. Só a representação j'ustifíca a au toridade, porque assim o exigem os di reitos do homem. Duvcrgicr de Hau-

atuação um campo muito mais vasto e mais complexo, a economia é uma con

ticular da sociabilidade. Como adver te Luigi Sturzo, no seu "Ensaio de so

ranne traduz essa atmosfera, escreven

ciologia" a economia não chega a ser

o resto, diz um convencional.

do: — *'le poínt d'honneur de Ia natíon toute entière".

O ideal c dar a todos

o que é de todos. Na plenitude do li

beralismo, quando gravitam as idéias de Bcnj'amim Constant e de Guizot, o pen sador Rnyer-Coüard escreve, a propó sito da Universidade: — "um centro de

ensino é o governo aplicado á direção universal da instrução pública. O en-

.sino, com todas as doutrinas religiosas, filosóficas e políticas não fazem parte do comércio privado senão dos interesses gerais da sociedade.

A Universidade

tem o monopólio da educação,da mesma maneira com que os triburíais têm o monopólio da justiça e o Exército o da

força púb'jca". (Barante — Vie dc Royer Collard, pg. 620). Kant é o filósofo que basifica o Estado liberal, como Estado de direito.

E a

sua preocupação é o mundo moral, a

distinção entre a moral e o direito, a vida conduzida pelo imperativo categó

uma estrutura política e moral, dentro

rico e pela regra coercitiva do direito.

de um sistema de garantias jurídicas.

E Cousin, que respira a atmosfera do

O Estado é uma obra histórica da cul tura humana.

A lei assume as proporções das coi sas eternas. Ela se destina a bene

dição da vida social ou uma forma par

4",

;;

liberalismo, pode dizer que "ao separar

o dever do interêsse que o arruina e do sentimento que o enerva, Kant restituíu à moral o seu verdadeiro caráter

ficiar o gênero humano. As Cartas, (Du vrai, du beau et du bien:) ' que se seguem, adotadas pela monar A mesma coisa acontece em nossos quia constitucional, servem "Tant pour dias. O economismo crescente é ape nous que pour nos successeurs, et à tou- nas uma arma utilizada pela política. fours".

É o princípio da dignidade individual

Só ela pode manejar, com vantagens, os dados sociais e individuais e colocar

ãÍM'ií•#

uma forma fundamental e autônoma da sociabilidade.

Ela depende da condição humana, da condição histórica e é a política, como atividade propulsíonadora dos valores

sociais, que coloca os problemas econô micos em seus devidos termos.

O mimdo padece, neste instante, uma profunda incapacidade política...


DiCESTo Econômico

144

Digesto EcoNòxnco 145

seleção se faz pela propriedade indivi dual que se apresenta sem características

de privilégio, como uma possibilidade para todos, dentro da capacidade de cada um. "La propríedad, — diz ê'e, — tiene ahora un sentido activo, cons

trutivo, ya no es secuela sino fundamen to dei poder político". Portanto não havia um sistema formal, mas um sistema real, que decorre das próprias condições da vida, que se mos tra como um estilo existencial. O libe ralismo não é uma simples ideologia romântica, mas um processo de reno

!

vação da sociedade que se anarquiza dentro do sistema feudal. Mas, por sua vez, o bberalismo não é só a burguesia realizadora e opinativa, a propriedade privada e a livre empresa, a. liberdade definida pela lei. O liberalismo é uma

J concepção do mundo, um estágio da

' cultura, uma posição do espiritual. Ao ! aprecíá-lo, como um produto da classe média, Benedetto Croce (História de

1

Europa no século XIX) diz que essa

! classe "não é uma ceasse econômica, pois I se ergue e se distingue sobre todas as I classes econômicas como principal repreI

sentante dos valores espirituais, media-

' dora entre êJes, harmonizadora e íntegradora". O Estado se toma, ao mesmo tempo,

que mais apaixona os revolucionários,de

a cultura a serviço da vida, porque só

1789. O homem, antes de tudo, depois

ela ó a energia produtiva da ordem.

Mira-

E se a política tem pelo seu poder de

beau e seus companheiros defendem, com energia, o caráter representativo do rei. Só a representação j'ustifíca a au toridade, porque assim o exigem os di reitos do homem. Duvcrgicr de Hau-

atuação um campo muito mais vasto e mais complexo, a economia é uma con

ticular da sociabilidade. Como adver te Luigi Sturzo, no seu "Ensaio de so

ranne traduz essa atmosfera, escreven

ciologia" a economia não chega a ser

o resto, diz um convencional.

do: — *'le poínt d'honneur de Ia natíon toute entière".

O ideal c dar a todos

o que é de todos. Na plenitude do li

beralismo, quando gravitam as idéias de Bcnj'amim Constant e de Guizot, o pen sador Rnyer-Coüard escreve, a propó sito da Universidade: — "um centro de

ensino é o governo aplicado á direção universal da instrução pública. O en-

.sino, com todas as doutrinas religiosas, filosóficas e políticas não fazem parte do comércio privado senão dos interesses gerais da sociedade.

A Universidade

tem o monopólio da educação,da mesma maneira com que os triburíais têm o monopólio da justiça e o Exército o da

força púb'jca". (Barante — Vie dc Royer Collard, pg. 620). Kant é o filósofo que basifica o Estado liberal, como Estado de direito.

E a

sua preocupação é o mundo moral, a

distinção entre a moral e o direito, a vida conduzida pelo imperativo categó

uma estrutura política e moral, dentro

rico e pela regra coercitiva do direito.

de um sistema de garantias jurídicas.

E Cousin, que respira a atmosfera do

O Estado é uma obra histórica da cul tura humana.

A lei assume as proporções das coi sas eternas. Ela se destina a bene

dição da vida social ou uma forma par

4",

;;

liberalismo, pode dizer que "ao separar

o dever do interêsse que o arruina e do sentimento que o enerva, Kant restituíu à moral o seu verdadeiro caráter

ficiar o gênero humano. As Cartas, (Du vrai, du beau et du bien:) ' que se seguem, adotadas pela monar A mesma coisa acontece em nossos quia constitucional, servem "Tant pour dias. O economismo crescente é ape nous que pour nos successeurs, et à tou- nas uma arma utilizada pela política. fours".

É o princípio da dignidade individual

Só ela pode manejar, com vantagens, os dados sociais e individuais e colocar

ãÍM'ií•#

uma forma fundamental e autônoma da sociabilidade.

Ela depende da condição humana, da condição histórica e é a política, como atividade propulsíonadora dos valores

sociais, que coloca os problemas econô micos em seus devidos termos.

O mimdo padece, neste instante, uma profunda incapacidade política...


Dicesto Econômico

possibilidade dc reduzir os seus encargos

jia sociai Emílio Lanc JUNion

O CAMPO da legislação social brasileiia availta, pela sua im

portância e pelo reflexo que

deveria produzir na elevação do nível moral e material da coletividade obrei-

ra, a instituição dos Serviços de Pre vidência e Assistência Social. Com o elevado objetivo de propiciar

-recursos que pudessem atender às ne cessidades fundamentais da classe traba lhadora, no que diz respeito às condi

ções de saúde, habitação e bem-estar social, fundaram-se as instituições vi

gentes, visando assegurar ainda a seus

dependentes os benefícios da aposenta doria, seja através de pensão auxiüodoença, ou em caráter definitivo no caso

dos e a desconfiança geral da.s classes no futuro dessas instituições.

A centralização administrativa, a in

fluência governamental c política na di reção dos Instituto.s, o alhcaménto das classes contribuintes, têm constituído fa tores preponderantes do desprestígio com

que se defrontam. Carcceclorcs da con fiança que deveriam inspirar, não en contram no assalariado o vigilante natu ral que deveriam ter.

Mercê dc dificuldades criadas e de

senvolvidas pela orientação burocrática inerente ao seu funcionalismo, estabeleceu-so um sistema processual que nao se coaduna com os princípios práticos adotados na vida normal dos seus pró

de ínvalidez permanente.

prios contribuintes. Como decorrência, O tempo decorrido da sua instituição -os auxílios, na sua quase generalidade proporcionou aos estudiosos do assunto a exíguos e não condizentes com as neces oportunidade de firmar um conceito de sidades, são pagos com excessiva moro finitivo a respeito da ação exercida por

sidade, não beneficiando o interessado no

essas instituições, permitindo, através de uma análise serena e objetiva, opinar em torno de tão palpitante problema.

Em ambiente sombrio e com as reservas

Ao entrar no mérito, aceitando-se em

princípio, como boa e sincera, a intenção que orientou o legislador ao traçar as linhas fundamentais das instituições de

momento crucial de sua necessidade.

aqui apontadas, encontram as entidades de previdência, nos próprios contribuin tes, uma resistência natural que favore ce enorme evasão de renda em prejuí zo do seu desenvolvimento.

previdência, quer-nos parecer entretan to que a experiência proporcionada au

temente preocupado com a elevação de

toriza, nos dias atuais, condenar a orien tação seguida, flagrantes como são os inconvenientes de sua manutenção.

taxas (já ocorridas algumas vezes), sen te-se constrangido a reduzir ao mínimo a parte fixa de salários sobre a.qual inci

Já decorridos alguns lustros de ativi dade constante, suficientes para qual

quer iniciativa firmar conceito no espí rito público, é com pesar que registra mos a indiferença dos maiores interessa

De um lado, o empregador, constan

de a tributação; do outro, o próprio

pregado, não convencido do valor do®

na parte que lhe cabe.

147

sidade de sua independência, a fira de

.que possam agir cora autonomia suficien No que concerne ao aspecto económi- te em face das e.xigências decorrentes da

co-financeiro, a orientação centralizadora apresenta-se como passível de severos

reparos, de vez que revela uma ten dência extremada para o desperdício no que respeita à arrecadação e administra

ção, c um desequilíbrio injustificável e prejudicial quanto à aplicação das reser vas patrimoniais das entidades.

Limltando-nos unicamente a examinar

realização de seus programas no terreno prático-administrativo. Evidentemente, a boa execução de um plano de assistência social serxãrá para

lelamente para atenuar as responsabili dades de um Serviço de Previdência,

dado que o reflexo de sua atuação farse-á sentir na elevação do nível de saúde

dos assistidos, permitindo um desafogo

o problema no seu aspecto regional, ve rificamos que enquanto o maior Estado da Federação concorre com cêrca de

nos compromissos de ordem financeira

24% da arrecadação total de um Insti

mônio, através da elevação do nível mé

tuto de Previdência, recebe em benefí

cios o equivalente a apenas 5% dessa

arrecadação, permitindo que o exceden te, representado por centenas de milhões

de cruzeiros, seja drenado para a admi nistração central e por esta encaminha-

•do a aplicações em obras süntuárias, dis tantes das regiões de origem, sem ne

nhum benefício para aqueles que coo peraram para a sua realização. As des

quanto ao auxílio-doença e concorrendo

ainda para o acréscimo de seu patri

dio da rida dos próprios contribuintes. No que se refere, porém, ao planeja mento e execução, impõe-se como pre

liminar a completa independência de cada instituição, situadas como estão cm

posição

técnica

completamente

oposta.

Mister se' toma estabelecer princí pios que permitam uma perfeita articula

pesas de arrecadação e administração,

ção do Serviço Social, discriminando as

por sua vez, realizadas dentro de com

ciais, de fçrma a definir a responsabili

plexo sistema burocrático, determinam

uma sangria injustificável no patrimô

nio das instituições, considerando-se que,, no caso a que nos referimos, ascendeu a

14% da própria arrecadação o valor apli cado para êsse fim.

Um estudo comparativo de programas levados a efeito em países diferentes, aliado à experiência já realizada no cam

atribuições dos vários órgãos assisten-

dade do Estado, das instituições de pre vidência e ainda das entidades de di

reito privado, no sentido de evitar a du plicidade de serviços e a intromissão de

fatôres imprevisíveis que pela sua natu reza colidem com os planos de caráter técnico, prejudicando a sua execução, que é fundamentada em cálculos atua

riais cujos níveis devem ser mantidos e

po da previdência social brasileira, per

respeitados.

mite-nos inicialmente contrariar um prin cípio aqui estabelecido: a instituição dos

situar o problema no terreno técnico-

Serviços de Previdência e Assistência

administrativo, determinando-so prèvia-

No que toca à previdência, é possível

benefícios que poderá eventualmente

através' de um mesmo organismo. Em bora em seus objetivos encontrem esses

auferir, anuí comodamente com a classe patronal, vendo nessa concorrência a

mente, em função da arrecadação, um limite para despesas administrativas e

serviços uma certa similaridade, aceita-

uma aplicação de patrimônio com ren tabilidade que assegure a execução do

ae hoje, c?6mo de boa técnica, a neces


Dicesto Econômico

possibilidade dc reduzir os seus encargos

jia sociai Emílio Lanc JUNion

O CAMPO da legislação social brasileiia availta, pela sua im

portância e pelo reflexo que

deveria produzir na elevação do nível moral e material da coletividade obrei-

ra, a instituição dos Serviços de Pre vidência e Assistência Social. Com o elevado objetivo de propiciar

-recursos que pudessem atender às ne cessidades fundamentais da classe traba lhadora, no que diz respeito às condi

ções de saúde, habitação e bem-estar social, fundaram-se as instituições vi

gentes, visando assegurar ainda a seus

dependentes os benefícios da aposenta doria, seja através de pensão auxiüodoença, ou em caráter definitivo no caso

dos e a desconfiança geral da.s classes no futuro dessas instituições.

A centralização administrativa, a in

fluência governamental c política na di reção dos Instituto.s, o alhcaménto das classes contribuintes, têm constituído fa tores preponderantes do desprestígio com

que se defrontam. Carcceclorcs da con fiança que deveriam inspirar, não en contram no assalariado o vigilante natu ral que deveriam ter.

Mercê dc dificuldades criadas e de

senvolvidas pela orientação burocrática inerente ao seu funcionalismo, estabeleceu-so um sistema processual que nao se coaduna com os princípios práticos adotados na vida normal dos seus pró

de ínvalidez permanente.

prios contribuintes. Como decorrência, O tempo decorrido da sua instituição -os auxílios, na sua quase generalidade proporcionou aos estudiosos do assunto a exíguos e não condizentes com as neces oportunidade de firmar um conceito de sidades, são pagos com excessiva moro finitivo a respeito da ação exercida por

sidade, não beneficiando o interessado no

essas instituições, permitindo, através de uma análise serena e objetiva, opinar em torno de tão palpitante problema.

Em ambiente sombrio e com as reservas

Ao entrar no mérito, aceitando-se em

princípio, como boa e sincera, a intenção que orientou o legislador ao traçar as linhas fundamentais das instituições de

momento crucial de sua necessidade.

aqui apontadas, encontram as entidades de previdência, nos próprios contribuin tes, uma resistência natural que favore ce enorme evasão de renda em prejuí zo do seu desenvolvimento.

previdência, quer-nos parecer entretan to que a experiência proporcionada au

temente preocupado com a elevação de

toriza, nos dias atuais, condenar a orien tação seguida, flagrantes como são os inconvenientes de sua manutenção.

taxas (já ocorridas algumas vezes), sen te-se constrangido a reduzir ao mínimo a parte fixa de salários sobre a.qual inci

Já decorridos alguns lustros de ativi dade constante, suficientes para qual

quer iniciativa firmar conceito no espí rito público, é com pesar que registra mos a indiferença dos maiores interessa

De um lado, o empregador, constan

de a tributação; do outro, o próprio

pregado, não convencido do valor do®

na parte que lhe cabe.

147

sidade de sua independência, a fira de

.que possam agir cora autonomia suficien No que concerne ao aspecto económi- te em face das e.xigências decorrentes da

co-financeiro, a orientação centralizadora apresenta-se como passível de severos

reparos, de vez que revela uma ten dência extremada para o desperdício no que respeita à arrecadação e administra

ção, c um desequilíbrio injustificável e prejudicial quanto à aplicação das reser vas patrimoniais das entidades.

Limltando-nos unicamente a examinar

realização de seus programas no terreno prático-administrativo. Evidentemente, a boa execução de um plano de assistência social serxãrá para

lelamente para atenuar as responsabili dades de um Serviço de Previdência,

dado que o reflexo de sua atuação farse-á sentir na elevação do nível de saúde

dos assistidos, permitindo um desafogo

o problema no seu aspecto regional, ve rificamos que enquanto o maior Estado da Federação concorre com cêrca de

nos compromissos de ordem financeira

24% da arrecadação total de um Insti

mônio, através da elevação do nível mé

tuto de Previdência, recebe em benefí

cios o equivalente a apenas 5% dessa

arrecadação, permitindo que o exceden te, representado por centenas de milhões

de cruzeiros, seja drenado para a admi nistração central e por esta encaminha-

•do a aplicações em obras süntuárias, dis tantes das regiões de origem, sem ne

nhum benefício para aqueles que coo peraram para a sua realização. As des

quanto ao auxílio-doença e concorrendo

ainda para o acréscimo de seu patri

dio da rida dos próprios contribuintes. No que se refere, porém, ao planeja mento e execução, impõe-se como pre

liminar a completa independência de cada instituição, situadas como estão cm

posição

técnica

completamente

oposta.

Mister se' toma estabelecer princí pios que permitam uma perfeita articula

pesas de arrecadação e administração,

ção do Serviço Social, discriminando as

por sua vez, realizadas dentro de com

ciais, de fçrma a definir a responsabili

plexo sistema burocrático, determinam

uma sangria injustificável no patrimô

nio das instituições, considerando-se que,, no caso a que nos referimos, ascendeu a

14% da própria arrecadação o valor apli cado para êsse fim.

Um estudo comparativo de programas levados a efeito em países diferentes, aliado à experiência já realizada no cam

atribuições dos vários órgãos assisten-

dade do Estado, das instituições de pre vidência e ainda das entidades de di

reito privado, no sentido de evitar a du plicidade de serviços e a intromissão de

fatôres imprevisíveis que pela sua natu reza colidem com os planos de caráter técnico, prejudicando a sua execução, que é fundamentada em cálculos atua

riais cujos níveis devem ser mantidos e

po da previdência social brasileira, per

respeitados.

mite-nos inicialmente contrariar um prin cípio aqui estabelecido: a instituição dos

situar o problema no terreno técnico-

Serviços de Previdência e Assistência

administrativo, determinando-so prèvia-

No que toca à previdência, é possível

benefícios que poderá eventualmente

através' de um mesmo organismo. Em bora em seus objetivos encontrem esses

auferir, anuí comodamente com a classe patronal, vendo nessa concorrência a

mente, em função da arrecadação, um limite para despesas administrativas e

serviços uma certa similaridade, aceita-

uma aplicação de patrimônio com ren tabilidade que assegure a execução do

ae hoje, c?6mo de boa técnica, a neces


Digksto Econômico

Dicesto EcoKÓKnco

148

149

plano no quadro de obrigações que assu me perante o associado. Assistência So cial, por sua vez, dadas as peculiarida des'das condições em que deve atuar, é

problema de vastidão incalculável, preju

dicado de antemão pela impossibilidade

de previsão quanto às inversões necessá

dispo.siçao moral, e não unicamente por

ples modalidade dc seguro, no qual o

incapacidade física, o que o faz sentir-

beneficiado aufere tao somente as van

tagens decorrentes do prêmio pago. As

se diminuído e oneroso à classe a que

sim conceituado, não liá encarar-.se o

pertence.

fixando-.se

critérios

que permitam uma aluarização de be

de direito que cabe àqueles' que contri buem, estimulando a sua ação dedicada om favor da produção e da coletividade com a recompensa de dias tranquilo.<;

o novo caminho a tomar. A experiên-

rias à sua realização. A sua execução dentro da mesma entidade viria fatal mente prejudicar a previdência, sem en tretanto atingir o seu objetivo.

nefícios concernente ao va'ür da taxa

do seguros de caráter privado no desen

cumprida.

Oívididos em capítulos distintos, pro

volvimento das várias modalidades de

derar as necessidades daque'es a quem

curaremos estudá-los separadamente.

de previdência instituída.

uma vez terminada a sua tarefa bem

A atividade e o interesse das empresas

Na segunda sugestão, é óbvio consi

seguro de vida, vem evidenciar a justi

o infortúnio privou das possibilidades do trabalho quotidiano; evidentemente, es sas nece.ssidadcs devem apresentar-se

ça desta tese, convencendo-nos de que previdência

Previdência Social, no sentido prático de sua conceituação, resulta tão somen

te de conjugação das reservas constituí

a independência do Serviço dc Previ dência Social poderia permitir um rea

integral, absolutamente ne

trabalho, para a formação de fundo de previdência

objetivos que visam atingir alto nível social e civili zação avanç-ada.

de benefícios quando im

Dois pontos fundamen tais se nos deparam a exi' gir um acurado estudo ©

si.ste, qual seja a de asse

idade-limite de 60 anos, e

gurar condições liberais à

a instituição do benefício-

execução de um plano que visa, na sua essência, garantir um nível

doença

obreira da Nação.

No sentido puro de sua concepção, só

pode ser benefício de previdência o con

contribuinte, assegurando-lhe auxílios para matrimônio, natalidade, funeral e

outros, prejudicados na prática pela falta de cálculos atuariais que impedem uma

doria integral, atingida a condicionado

ao

salário normal do trabalhador.

Justifica-se a primeira sugestão pela necessidade de plasmar uma nova men talidade na massa obreira do País, pr®' miando-..se o cidadão na ocasião em que

siderado como recompensa merecida, a

tiver completado o seu ciclo de esforços

em benefício da produção, dando-se-lhe a oportunidade de gozar de merecido descanso em pleno gozo do saúde e

Pode bem equiparar-se à sim

nos e projetos que pretendem tutelar os acontecimentos marcantes da vida do

manidade e direito social:

que faz jus todo contribuinte na pro porção do recolhimento do tributo de vido.

teoricamente oferecidos através' de pla

uma solução consentânea

a instituição de aposenta

mínimp de vida digna à coletividade

Relegando-se para o campo da assis tência social todos os demais benefícios

com os princípios dc hu

mação da reserva patrimo nial, na proporção da res

ponsabilidade que lhe as-

tará uma existência digna aos seus de pendentes, e ainda a faculdade de aten der aos gastos extraórdinários conse qüentes do infortúnio que os vitimou.

uma legislação em país de

que assegure aos assalaria

Justifica-se ainda a par ticipação do Estado na for

e.spírito, percebendo, enquanto incapaci tados, o salário integral que possibili

cessária à consecução dos

dos uma garantia mínima

seu mister.

é dc estrita justiça que, assim conside rando, sejam ôles atendidos dentro desse

mente em vigor, proporcionando ainda a instituição da aposentadoria ordinária

das pelas classes, partículas que são do capital e do

possibilitados de e.xercer o

em maior grau nesta oportunidade. E

juste das tabelas de benefício atual

J

O estabelecimento de novas normas e '

diretrizes no campo de preridência so- ^ ciai é providência de ordem imediata,

Mister se toma despertar o sentimento

problema senão como puramente têcnico-administrativo,

monstração através dos cálculos técni cos atuariais existentes.

previsão aproximada das necessidades monetiii-ias, pode-se prever a boa exe cução de um plano de previdência. Mister se torna enquadrá-lo em sis tema simples e exeqüível, atinente às necessidades vitais do segurado: auxí-

lío-doença, aposentadoria e pensão-família. Dentro dêsse espírito e da rea lidade objetiva, encontrar-se-à a fórmu

la adequada e honesta dé alcançar o de sejado, problema, aliás, de fácil de

que se impõe à consideração das classes. !

A verdadeira questão está em saber qual . cia nos tem demonstrado, em inúmeros

casos, que o poder público nem sempre ] tem resolrido de forma satisfatória os ' problemas fundamentais de caráter so- ' ciai; as medidas govemamcntai.s não , curam os males que pretendem curar e.

freqüentemente, a pretêxto de curá-los,' criam males maiores, agravando situa- ,

0es que lançam seus reflexos no campo da produção, com conseqüências danosas à própria economia do País. É princí- i pio universal comprovadamente aceito ; que a interferência governamental deve :

yuar como fator supletivo no campo ' dos empreendimentos gerais, cabendo, entretanto, à iniciativa privada, a pri mada de sua realização, através da exe cução dos planos. E se partinio.s do , pressuposto de que a fôrça criadora de

qualquer realização é sempre uma soma de_ desejos indiriduais, que não existe : ação sem um objetix'o concreto, chega mos a concluir que não pode haver ação social sem um concurso de vonta

des das próprias classes interessadas. | Nessa ordem de idéias, aceilando-se co- '

mo essencial a interferência dos pró- i

prios contribuintes na gestão de um pa trimônio que legitimamente lhes perten

ce, imprescindível se toma a instituição do Serviço de Previdência através dc or ganismos específicos, conceituados den

tro de um critério técnico-administrati-

vo, descentralizados e dirigidos dentro de normas praticas para que se toniem unicamente defensores de um patrimô nio e de um direito, e nunca instniincnto

J


Digksto Econômico

Dicesto EcoKÓKnco

148

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plano no quadro de obrigações que assu me perante o associado. Assistência So cial, por sua vez, dadas as peculiarida des'das condições em que deve atuar, é

problema de vastidão incalculável, preju

dicado de antemão pela impossibilidade

de previsão quanto às inversões necessá

dispo.siçao moral, e não unicamente por

ples modalidade dc seguro, no qual o

incapacidade física, o que o faz sentir-

beneficiado aufere tao somente as van

tagens decorrentes do prêmio pago. As

se diminuído e oneroso à classe a que

sim conceituado, não liá encarar-.se o

pertence.

fixando-.se

critérios

que permitam uma aluarização de be

de direito que cabe àqueles' que contri buem, estimulando a sua ação dedicada om favor da produção e da coletividade com a recompensa de dias tranquilo.<;

o novo caminho a tomar. A experiên-

rias à sua realização. A sua execução dentro da mesma entidade viria fatal mente prejudicar a previdência, sem en tretanto atingir o seu objetivo.

nefícios concernente ao va'ür da taxa

do seguros de caráter privado no desen

cumprida.

Oívididos em capítulos distintos, pro

volvimento das várias modalidades de

derar as necessidades daque'es a quem

curaremos estudá-los separadamente.

de previdência instituída.

uma vez terminada a sua tarefa bem

A atividade e o interesse das empresas

Na segunda sugestão, é óbvio consi

seguro de vida, vem evidenciar a justi

o infortúnio privou das possibilidades do trabalho quotidiano; evidentemente, es sas nece.ssidadcs devem apresentar-se

ça desta tese, convencendo-nos de que previdência

Previdência Social, no sentido prático de sua conceituação, resulta tão somen

te de conjugação das reservas constituí

a independência do Serviço dc Previ dência Social poderia permitir um rea

integral, absolutamente ne

trabalho, para a formação de fundo de previdência

objetivos que visam atingir alto nível social e civili zação avanç-ada.

de benefícios quando im

Dois pontos fundamen tais se nos deparam a exi' gir um acurado estudo ©

si.ste, qual seja a de asse

idade-limite de 60 anos, e

gurar condições liberais à

a instituição do benefício-

execução de um plano que visa, na sua essência, garantir um nível

doença

obreira da Nação.

No sentido puro de sua concepção, só

pode ser benefício de previdência o con

contribuinte, assegurando-lhe auxílios para matrimônio, natalidade, funeral e

outros, prejudicados na prática pela falta de cálculos atuariais que impedem uma

doria integral, atingida a condicionado

ao

salário normal do trabalhador.

Justifica-se a primeira sugestão pela necessidade de plasmar uma nova men talidade na massa obreira do País, pr®' miando-..se o cidadão na ocasião em que

siderado como recompensa merecida, a

tiver completado o seu ciclo de esforços

em benefício da produção, dando-se-lhe a oportunidade de gozar de merecido descanso em pleno gozo do saúde e

Pode bem equiparar-se à sim

nos e projetos que pretendem tutelar os acontecimentos marcantes da vida do

manidade e direito social:

que faz jus todo contribuinte na pro porção do recolhimento do tributo de vido.

teoricamente oferecidos através' de pla

uma solução consentânea

a instituição de aposenta

mínimp de vida digna à coletividade

Relegando-se para o campo da assis tência social todos os demais benefícios

com os princípios dc hu

mação da reserva patrimo nial, na proporção da res

ponsabilidade que lhe as-

tará uma existência digna aos seus de pendentes, e ainda a faculdade de aten der aos gastos extraórdinários conse qüentes do infortúnio que os vitimou.

uma legislação em país de

que assegure aos assalaria

Justifica-se ainda a par ticipação do Estado na for

e.spírito, percebendo, enquanto incapaci tados, o salário integral que possibili

cessária à consecução dos

dos uma garantia mínima

seu mister.

é dc estrita justiça que, assim conside rando, sejam ôles atendidos dentro desse

mente em vigor, proporcionando ainda a instituição da aposentadoria ordinária

das pelas classes, partículas que são do capital e do

possibilitados de e.xercer o

em maior grau nesta oportunidade. E

juste das tabelas de benefício atual

J

O estabelecimento de novas normas e '

diretrizes no campo de preridência so- ^ ciai é providência de ordem imediata,

Mister se toma despertar o sentimento

problema senão como puramente têcnico-administrativo,

monstração através dos cálculos técni cos atuariais existentes.

previsão aproximada das necessidades monetiii-ias, pode-se prever a boa exe cução de um plano de previdência. Mister se torna enquadrá-lo em sis tema simples e exeqüível, atinente às necessidades vitais do segurado: auxí-

lío-doença, aposentadoria e pensão-família. Dentro dêsse espírito e da rea lidade objetiva, encontrar-se-à a fórmu

la adequada e honesta dé alcançar o de sejado, problema, aliás, de fácil de

que se impõe à consideração das classes. !

A verdadeira questão está em saber qual . cia nos tem demonstrado, em inúmeros

casos, que o poder público nem sempre ] tem resolrido de forma satisfatória os ' problemas fundamentais de caráter so- ' ciai; as medidas govemamcntai.s não , curam os males que pretendem curar e.

freqüentemente, a pretêxto de curá-los,' criam males maiores, agravando situa- ,

0es que lançam seus reflexos no campo da produção, com conseqüências danosas à própria economia do País. É princí- i pio universal comprovadamente aceito ; que a interferência governamental deve :

yuar como fator supletivo no campo ' dos empreendimentos gerais, cabendo, entretanto, à iniciativa privada, a pri mada de sua realização, através da exe cução dos planos. E se partinio.s do , pressuposto de que a fôrça criadora de

qualquer realização é sempre uma soma de_ desejos indiriduais, que não existe : ação sem um objetix'o concreto, chega mos a concluir que não pode haver ação social sem um concurso de vonta

des das próprias classes interessadas. | Nessa ordem de idéias, aceilando-se co- '

mo essencial a interferência dos pró- i

prios contribuintes na gestão de um pa trimônio que legitimamente lhes perten

ce, imprescindível se toma a instituição do Serviço de Previdência através dc or ganismos específicos, conceituados den

tro de um critério técnico-administrati-

vo, descentralizados e dirigidos dentro de normas praticas para que se toniem unicamente defensores de um patrimô nio e de um direito, e nunca instniincnto

J


Dicesto Econômico 150

Dicesto EcoNó^aco 151

poderoso de njovímentação das massas a serviço de interêsses alheios às próprias classes.

rece-se a administração pela multiplici dade de direção, diluem-se os recursos

que se apresentam sumamente escassos em face da vastidão do programa a rea

Assistência social

lizar. De outra parte, a falta de planifícação adequada estabelece uma con

monil c .social do indivíduo, capacitando-o, por iniciativa própria, a resolver os demais, ju.slifica-.se o estabelecimento de nornras gerais para que a execução do programa ahie, simu'tàneamenlc, so bre a totalidade do.s assistidos, evitando

corrência de serviços por parte das en

desequilíbrios prejudiciais entre as pró

privado levadas a efeito nos diversos se

tidades existentes, .sem visão de conjun

prias cla.s.ses.

tores das atividades produtoras, para criar e desenvolver um serviço de assis tência social às classes necessitadas, não

to, tomando-se iniciativas em setores iso lados da assistência ^x3cial, sem entre

lograram atingir, todavia, um resultado geral que nos autorize a vislumbrar a possibilidade da solução do problema.

tais da classe interessada.

As tentativas de caráter público ou

tanto atender às necessidades fundamen

nossos olhos, em face das necessidades

atuando no quadro das necessidades ge-

vitais no campo da assistência social, justifica a revisão dos sistemas atualmen

^ recursos materiais atualmente esparsos

te em vigor c a conseqüente adoção de novos métodos compatíveis com a téc nica universal contemporânea. A par da unificação de serviços era

cada um dos setores de atividade produ

dentre grande número de entidades;

tora, necessário se toma difundir um

2.° — a necessidade de se prestigiar a ação das instituições de direito privado,

novo conceito de "assistência", interes sando na sua execução as fõrças vivas

evidenciada que está o superioridade de

sua atuação em confronto com aquelas

da Nação, responsáveis todos que somoa pelo reerguimento social, moral e ma

de direção governamental.

terial da nacionalidade. A entidade exe

Ao analisar a primeira, forçoso é re

conhecer que a precariedade de recursos e sua diluição através de entidades as

mais várias pouco têm favorecido a exe cução do plano assistencial, obrigando-as a restringir a sua ação aos setores de

regionai.s, dc forma tal que possa ser adaptado às peculiaridades de cada zona

pontos, entretanto, podem desde já ser proclamados como fundamentais impourdo-se a sua adoção no prosseguimento 1.° — a conjugação de esforços e de

condicionada à necessária autonomia de ação no que concerne às administrações

O panorama que se descortina aos

Dos ensaios e pesquisas realizados, dois

da obra assistencial brasileira:

A sua c.xccução, todavia, deve estai

cutiva deve caber tão somente exercer,

uma "ação social", orientando a apli cação dos recursos através de um plano

básico que permita solucionar os pro blemas fundamentais da obra encetada.

rai.s planejadas. Visa, na sua essência, tão somente

criar condições adequadas para evitar a in.slituição de serviços destoantes das fi nalidades precípuas da assistência so

cial, as quais, além dc prejudiciais à boa ap'icação dos recursos existentes, sus citam ainda a possibilidade de expor à crítica determinadas iniciativas, justifi interferem na atividade normal das clas

ses, ou no campo de ação da iniciativa

privada, cujos direitos devem ser manti dos e respeitados.

juízo de elevada porcentagem de neces

ação em que o serviço social deve atuar,

sitados disseminados pelo interior do País. Contribuições com a mesma fi nalidade são arrecadadas por entidades de Previdência Social, Serviços Sociais e

parece-nos acertado o princípio de atri buir-se às classes responsáveis o serviço

cipais, o programa básico da assistência

de assistência, através de seus princi pais gmpos — comércio — indústria e

e fundamental;

lavoura.

Admitíndo-se, entretanto, como preli

de destaque no emaranhado das necessi dades da coletividade obreira.

Classificados dentro destes itens prin social deverá estabelecer como essencial

A — Construção de hospitais e ma ternidade

por determinação legal, são destinadas minar, que ás necessidades vitais dos três grupos não têm características dis ao mesmo fim. Como conseqüência, im pressiona-se o contribuinte pelo número tintas e que, resolvidos os pontos funda

B — Construção de casas residen

de entidades a que deve atender; enca-

C — Colônia de Férias

mentais, haverá certamente a elevação

lizadas

F — Criação de Serxdços Odontológicos G — Instalação de Serriços de Ali

mentação (restaurantes popu lares e ser\'iço direto em re

feitórios nas empresas). Um programa de tal magnitude não poderá evidentemente ser c.xccutado

através de simples contribuições, impondo-sc por esta razao a prática de normas capazes dc atrair os elementos financei

ros à realização da obra, em caráter ge ral, sem prejuízo para a sua continui dade. Para garantir a sua execução, im põe-se a dirisão dos problemas em dois grupos: realizações em cooperação e prestação de seniços em regime de auto-suficiência.

No primeiro gnqx), considem-se a

peito à construção de hospitais, casa

própria e colônia de férias, problemas que, pela inversão do capital que exi gem, não podem prescindir da colabo

Assim, em face da realidade presente, ração das próprias classes e do apoio do e ainda em razão das pesquisas realiza Estado para a sua solução. das, é possível situar-se os problemas Rc'ativamente à ação da entidade so atinente.s à saúde e habitação, em lugar cial, deverá limitar-se à função técnica

Dadas as peculiaridades de cada setor da atividade humana e do campo de

Legião Brasileira de Assistência, sem

com Ser\-iço Médico Geral

E — Criação de Clínicas Especia

cando mesmo legítímo.s protestos quando inclusão dos problemas que dizem res

maior densidade demográfica, em pre

considerar as contribuições sindicais que,

B — Criação de Centros Sociais

ciais

e coordenadora, plantficando e reunin

do os elementos necessários à concreti zação da obra; interessando os sindica

tos e associações de classe na participa ção dessas realizações de caráter coleti

vo; colaborando para a aplicação de ver bas sindicai.s atualmente inaprovcitadas; estudando técnicamenle o aproveitamen to de área para habitação e aplicando planos de utilização; procurando a cola boração de entidades públicas e privadas no sentido de conseguir financiamentos em condições satisfatórias; tomando inl-


Dicesto Econômico 150

Dicesto EcoNó^aco 151

poderoso de njovímentação das massas a serviço de interêsses alheios às próprias classes.

rece-se a administração pela multiplici dade de direção, diluem-se os recursos

que se apresentam sumamente escassos em face da vastidão do programa a rea

Assistência social

lizar. De outra parte, a falta de planifícação adequada estabelece uma con

monil c .social do indivíduo, capacitando-o, por iniciativa própria, a resolver os demais, ju.slifica-.se o estabelecimento de nornras gerais para que a execução do programa ahie, simu'tàneamenlc, so bre a totalidade do.s assistidos, evitando

corrência de serviços por parte das en

desequilíbrios prejudiciais entre as pró

privado levadas a efeito nos diversos se

tidades existentes, .sem visão de conjun

prias cla.s.ses.

tores das atividades produtoras, para criar e desenvolver um serviço de assis tência social às classes necessitadas, não

to, tomando-se iniciativas em setores iso lados da assistência ^x3cial, sem entre

lograram atingir, todavia, um resultado geral que nos autorize a vislumbrar a possibilidade da solução do problema.

tais da classe interessada.

As tentativas de caráter público ou

tanto atender às necessidades fundamen

nossos olhos, em face das necessidades

atuando no quadro das necessidades ge-

vitais no campo da assistência social, justifica a revisão dos sistemas atualmen

^ recursos materiais atualmente esparsos

te em vigor c a conseqüente adoção de novos métodos compatíveis com a téc nica universal contemporânea. A par da unificação de serviços era

cada um dos setores de atividade produ

dentre grande número de entidades;

tora, necessário se toma difundir um

2.° — a necessidade de se prestigiar a ação das instituições de direito privado,

novo conceito de "assistência", interes sando na sua execução as fõrças vivas

evidenciada que está o superioridade de

sua atuação em confronto com aquelas

da Nação, responsáveis todos que somoa pelo reerguimento social, moral e ma

de direção governamental.

terial da nacionalidade. A entidade exe

Ao analisar a primeira, forçoso é re

conhecer que a precariedade de recursos e sua diluição através de entidades as

mais várias pouco têm favorecido a exe cução do plano assistencial, obrigando-as a restringir a sua ação aos setores de

regionai.s, dc forma tal que possa ser adaptado às peculiaridades de cada zona

pontos, entretanto, podem desde já ser proclamados como fundamentais impourdo-se a sua adoção no prosseguimento 1.° — a conjugação de esforços e de

condicionada à necessária autonomia de ação no que concerne às administrações

O panorama que se descortina aos

Dos ensaios e pesquisas realizados, dois

da obra assistencial brasileira:

A sua c.xccução, todavia, deve estai

cutiva deve caber tão somente exercer,

uma "ação social", orientando a apli cação dos recursos através de um plano

básico que permita solucionar os pro blemas fundamentais da obra encetada.

rai.s planejadas. Visa, na sua essência, tão somente

criar condições adequadas para evitar a in.slituição de serviços destoantes das fi nalidades precípuas da assistência so

cial, as quais, além dc prejudiciais à boa ap'icação dos recursos existentes, sus citam ainda a possibilidade de expor à crítica determinadas iniciativas, justifi interferem na atividade normal das clas

ses, ou no campo de ação da iniciativa

privada, cujos direitos devem ser manti dos e respeitados.

juízo de elevada porcentagem de neces

ação em que o serviço social deve atuar,

sitados disseminados pelo interior do País. Contribuições com a mesma fi nalidade são arrecadadas por entidades de Previdência Social, Serviços Sociais e

parece-nos acertado o princípio de atri buir-se às classes responsáveis o serviço

cipais, o programa básico da assistência

de assistência, através de seus princi pais gmpos — comércio — indústria e

e fundamental;

lavoura.

Admitíndo-se, entretanto, como preli

de destaque no emaranhado das necessi dades da coletividade obreira.

Classificados dentro destes itens prin social deverá estabelecer como essencial

A — Construção de hospitais e ma ternidade

por determinação legal, são destinadas minar, que ás necessidades vitais dos três grupos não têm características dis ao mesmo fim. Como conseqüência, im pressiona-se o contribuinte pelo número tintas e que, resolvidos os pontos funda

B — Construção de casas residen

de entidades a que deve atender; enca-

C — Colônia de Férias

mentais, haverá certamente a elevação

lizadas

F — Criação de Serxdços Odontológicos G — Instalação de Serriços de Ali

mentação (restaurantes popu lares e ser\'iço direto em re

feitórios nas empresas). Um programa de tal magnitude não poderá evidentemente ser c.xccutado

através de simples contribuições, impondo-sc por esta razao a prática de normas capazes dc atrair os elementos financei

ros à realização da obra, em caráter ge ral, sem prejuízo para a sua continui dade. Para garantir a sua execução, im põe-se a dirisão dos problemas em dois grupos: realizações em cooperação e prestação de seniços em regime de auto-suficiência.

No primeiro gnqx), considem-se a

peito à construção de hospitais, casa

própria e colônia de férias, problemas que, pela inversão do capital que exi gem, não podem prescindir da colabo

Assim, em face da realidade presente, ração das próprias classes e do apoio do e ainda em razão das pesquisas realiza Estado para a sua solução. das, é possível situar-se os problemas Rc'ativamente à ação da entidade so atinente.s à saúde e habitação, em lugar cial, deverá limitar-se à função técnica

Dadas as peculiaridades de cada setor da atividade humana e do campo de

Legião Brasileira de Assistência, sem

com Ser\-iço Médico Geral

E — Criação de Clínicas Especia

cando mesmo legítímo.s protestos quando inclusão dos problemas que dizem res

maior densidade demográfica, em pre

considerar as contribuições sindicais que,

B — Criação de Centros Sociais

ciais

e coordenadora, plantficando e reunin

do os elementos necessários à concreti zação da obra; interessando os sindica

tos e associações de classe na participa ção dessas realizações de caráter coleti

vo; colaborando para a aplicação de ver bas sindicai.s atualmente inaprovcitadas; estudando técnicamenle o aproveitamen to de área para habitação e aplicando planos de utilização; procurando a cola boração de entidades públicas e privadas no sentido de conseguir financiamentos em condições satisfatórias; tomando inl-


yirvs'

Digksto EcoNÒhnco

DrcESTO Econômico

X32

ciatívas na criação de colônias de férias

a ação da entidade restrita ú instalação

e interessando as próprias empresas no

e administração dentro dc moldes eco

seu desenvolvimento, através de planos de administração vantajosos e econômi cos; incentivando doações e reivindican

nômicos e pratico.s se desenvolva expandindo-so, gradativamcnto, a todos os centro.s de atividade, cm favor dc tôda

do apoio do Estado nas iniciativas de

a coletividade obreira.

maior vulto.

Serviços de assistêncUi

: È

do férias destinada a atender aos comer-

custo" encontra ainda a sua justificativa

ciário.s de todo o Estado.

no exame c nas recomendações aqui

Os Centros Sociais, unidades padrões, instalados no.s diversos bairros da Capi

mental a instituição de reciiríos financei

generalizada preconizados no programa

ros ao assalariado, cm geral, problema já analisado no capítulo anterior referen

recomendado.

te à "Previdência".

um critério de equilíbrio e justiça, urge ) imprimir novos rumos à função do Ser^ viço Social. Na sua missão de caráter supletivo, cabe-lhe assegurar condições normais para que o assalariado encontre,

no padrão de vida em que estiver situa do, a assistência médica, dentária e so

cial, adequada e completa, mediante retribuição à altura de suas possibilida des, sem provocar os desajustamentos na turais comumenta observados quando despesas desta natureza incidem em seus orçamentos mensais. A instituição dos serviços médicos,

odontológícos e outros, mediante justa retribuição, sem fins lucrativos, vem

concorrer para a elevação moral do pró

prio assistido, reforçando a sua perso nalidade e incutindo no seu íntimo a convicção de que não está recebendo uma "caridade" pública mas tão sò-

mente gozando de determinados direitos

assegurados pela organização de serviços em benefício de sua classe. De outra

parte, combatendo o princípio da gra tuidade, estabelece-se a possibilidade da "auto-sufíciêncía" nos diversos setores

da "assistência social", permitindo que

tal e cidades do Interior, são dotados de

scrviç^os médicos, odontológícos e de en fermagem. Destinados a prestar assis tência integral, o comerciário encontrará

í*

A fim de possibilitar a execução de um todos os setores de atividades, dentro de

Araraquara, Araçatuba, Santos, Campi nas, Ribeirão Preto, São José do Rio truiu na praia da Bertioga uma colônia

O critério de "assistência a preço de

os demais serviços atinentes à assistência

plano de larga repercussão, extensivo a

funcionamento serviços nas cidades de

Preto, Taubaté, Franca, Botucatu e Bau ru, Cruzeiro c Lins. Além disso, cons

t

contida.s, de vez que sc considera funda

Neste grupo estão considerados todos

interior do Estado já inaugurou e pôs em

nele.s, graças ao concurso de funciondrio.s, técnicos especializados — educado

AssistêncUi social no "Sesc'

ras sanitárias e sociais — a orientação que nece.ssitar para a solução de qual quer problema seu ou de sua família.

Orientando a sua atuação no sentido louvável de prestar .serviços ã classe comerciária, vem o Serviço Social do Co mércio do São Paulo traçando as linlias

Dessa maneira, a 31 de maio, encon

fundamentais desse programa. Enquadrando as iniciativas do Servi ço Social nas necessidades prementes do

travam-se

comerciário, e detcmiinando uma exten

307.142 pessoas atendidas, somente nesse campo. Até essa data foram feitas 67,361 consultas médicas; foram atendi

são de atividade que vai parceladamente atingindo as zonas mais desprovidas de assistência, foi possível, graças ao princí

matriculadas em seus -ser

mais promissores resultados na experiên cia até aqui realizada.

Assim é que, depois de dois anos de

que o número de comcrciários que nêle fazem as suas refeições cresce diaria mente.

O grande movimento do Restaurante

— 595.470 refeições foram serridas até 31 de maio — veio demonstrar que a sua instalação correspondeu realmente ao

desejo da classe, que nêle vè uma coo peração eficiente para a solução do pr®' blema da alimentação do comerciário. Construiu ainda a Colônia de Férias

Ruy Fonseca" que lhes possibilita apro veitar, realmente, para o descanso e recuperação das energias gastas durante o ano, o seu período de férias anuais.

A Colônia de Férias — instalada á

beira-mar, na praia da Bertioga, tendo

viços do setor Saúde 48.081 pessoas,

em vista que a "grande maioria dos em

pregados no comércio reside no planalto — foi dotada de todos os requisitos téc nicos necessários para proporcionar aO

fias e 19.329 exames de laboratório.

O Restaurante do Comerciário foi ins

a grandiosidade da obra, pode aquela

motivo de orgulho para tôda a classe.

talado cm cooperação com a Associação dos Empregados no Comércio de São Paulo em prédio de propriedade desta última entidade, demonstrando, assim, a

Demonstração do programa já realizada

e empregados.

Instalaram-se na Capital quatro Cen tros Sociais, uma Clínica Central de

todos os requisitei: técnicos necessários para que as suas instalações atendessem

entidade de direito privado apresentar um patrimônio e uma folha de serviços

que dignificam os seus dirigentes e são

Clínica Dentária e um Restaurante. No

o restaurante servindo aproximadameotc 2.000 refeições por dia, sendo de notar

coinerciário todo o conforto durante o período de veraneio.

Já estão construídos e serrinclo os co-

merciaríos, como parte inicial do plano

44.724 pessoas; foram feitas 10.000 apli projetado, a^em das primeiras 27 casas, cações de fisioterapia, 15.565 radiogra-, o pavilhão de administração, o restaU'

existência, com orçamentos parcos para

Serviços Especializados, uma Clínica Ríidiológíca e Roentgenfotográfica, uma

Com capacidade para ser\'ir duas md e quinhentas refeições diárias, já

acusando os seus registros um total de

das 67.715 pessoas pelo serviço odontológico, que executou 169.905 "trabalhos; o serviço de enfermagem atendeu

pio de "auto-suficiência", alcançar os

153

harmonia reinante entre empregadores O SESC teve o cuidado de dotá-lo de \

com eficiência e esmero aos comerciá-

J

rios que dele se servissem.

rante, o paNnlhão de reunião e festas, 3

capela, as praças de esporte e o arma zém.

Cada uma das casas contém dois bons

dormitorios, sala, cozinha, banheiro, ter

raço e outras pequenas dependènciaS' bao entregues ao comerciário inteiramen

te mobihadas e com todos os apctreclioS necessários para a sua estada na Colòniar

de modo que este não precisará levai

para a Bertioga nada além de sua roup^ de uso pessoal.

Tendo a Colônia capacidade


yirvs'

Digksto EcoNÒhnco

DrcESTO Econômico

X32

ciatívas na criação de colônias de férias

a ação da entidade restrita ú instalação

e interessando as próprias empresas no

e administração dentro dc moldes eco

seu desenvolvimento, através de planos de administração vantajosos e econômi cos; incentivando doações e reivindican

nômicos e pratico.s se desenvolva expandindo-so, gradativamcnto, a todos os centro.s de atividade, cm favor dc tôda

do apoio do Estado nas iniciativas de

a coletividade obreira.

maior vulto.

Serviços de assistêncUi

: È

do férias destinada a atender aos comer-

custo" encontra ainda a sua justificativa

ciário.s de todo o Estado.

no exame c nas recomendações aqui

Os Centros Sociais, unidades padrões, instalados no.s diversos bairros da Capi

mental a instituição de reciiríos financei

generalizada preconizados no programa

ros ao assalariado, cm geral, problema já analisado no capítulo anterior referen

recomendado.

te à "Previdência".

um critério de equilíbrio e justiça, urge ) imprimir novos rumos à função do Ser^ viço Social. Na sua missão de caráter supletivo, cabe-lhe assegurar condições normais para que o assalariado encontre,

no padrão de vida em que estiver situa do, a assistência médica, dentária e so

cial, adequada e completa, mediante retribuição à altura de suas possibilida des, sem provocar os desajustamentos na turais comumenta observados quando despesas desta natureza incidem em seus orçamentos mensais. A instituição dos serviços médicos,

odontológícos e outros, mediante justa retribuição, sem fins lucrativos, vem

concorrer para a elevação moral do pró

prio assistido, reforçando a sua perso nalidade e incutindo no seu íntimo a convicção de que não está recebendo uma "caridade" pública mas tão sò-

mente gozando de determinados direitos

assegurados pela organização de serviços em benefício de sua classe. De outra

parte, combatendo o princípio da gra tuidade, estabelece-se a possibilidade da "auto-sufíciêncía" nos diversos setores

da "assistência social", permitindo que

tal e cidades do Interior, são dotados de

scrviç^os médicos, odontológícos e de en fermagem. Destinados a prestar assis tência integral, o comerciário encontrará

í*

A fim de possibilitar a execução de um todos os setores de atividades, dentro de

Araraquara, Araçatuba, Santos, Campi nas, Ribeirão Preto, São José do Rio truiu na praia da Bertioga uma colônia

O critério de "assistência a preço de

os demais serviços atinentes à assistência

plano de larga repercussão, extensivo a

funcionamento serviços nas cidades de

Preto, Taubaté, Franca, Botucatu e Bau ru, Cruzeiro c Lins. Além disso, cons

t

contida.s, de vez que sc considera funda

Neste grupo estão considerados todos

interior do Estado já inaugurou e pôs em

nele.s, graças ao concurso de funciondrio.s, técnicos especializados — educado

AssistêncUi social no "Sesc'

ras sanitárias e sociais — a orientação que nece.ssitar para a solução de qual quer problema seu ou de sua família.

Orientando a sua atuação no sentido louvável de prestar .serviços ã classe comerciária, vem o Serviço Social do Co mércio do São Paulo traçando as linlias

Dessa maneira, a 31 de maio, encon

fundamentais desse programa. Enquadrando as iniciativas do Servi ço Social nas necessidades prementes do

travam-se

comerciário, e detcmiinando uma exten

307.142 pessoas atendidas, somente nesse campo. Até essa data foram feitas 67,361 consultas médicas; foram atendi

são de atividade que vai parceladamente atingindo as zonas mais desprovidas de assistência, foi possível, graças ao princí

matriculadas em seus -ser

mais promissores resultados na experiên cia até aqui realizada.

Assim é que, depois de dois anos de

que o número de comcrciários que nêle fazem as suas refeições cresce diaria mente.

O grande movimento do Restaurante

— 595.470 refeições foram serridas até 31 de maio — veio demonstrar que a sua instalação correspondeu realmente ao

desejo da classe, que nêle vè uma coo peração eficiente para a solução do pr®' blema da alimentação do comerciário. Construiu ainda a Colônia de Férias

Ruy Fonseca" que lhes possibilita apro veitar, realmente, para o descanso e recuperação das energias gastas durante o ano, o seu período de férias anuais.

A Colônia de Férias — instalada á

beira-mar, na praia da Bertioga, tendo

viços do setor Saúde 48.081 pessoas,

em vista que a "grande maioria dos em

pregados no comércio reside no planalto — foi dotada de todos os requisitos téc nicos necessários para proporcionar aO

fias e 19.329 exames de laboratório.

O Restaurante do Comerciário foi ins

a grandiosidade da obra, pode aquela

motivo de orgulho para tôda a classe.

talado cm cooperação com a Associação dos Empregados no Comércio de São Paulo em prédio de propriedade desta última entidade, demonstrando, assim, a

Demonstração do programa já realizada

e empregados.

Instalaram-se na Capital quatro Cen tros Sociais, uma Clínica Central de

todos os requisitei: técnicos necessários para que as suas instalações atendessem

entidade de direito privado apresentar um patrimônio e uma folha de serviços

que dignificam os seus dirigentes e são

Clínica Dentária e um Restaurante. No

o restaurante servindo aproximadameotc 2.000 refeições por dia, sendo de notar

coinerciário todo o conforto durante o período de veraneio.

Já estão construídos e serrinclo os co-

merciaríos, como parte inicial do plano

44.724 pessoas; foram feitas 10.000 apli projetado, a^em das primeiras 27 casas, cações de fisioterapia, 15.565 radiogra-, o pavilhão de administração, o restaU'

existência, com orçamentos parcos para

Serviços Especializados, uma Clínica Ríidiológíca e Roentgenfotográfica, uma

Com capacidade para ser\'ir duas md e quinhentas refeições diárias, já

acusando os seus registros um total de

das 67.715 pessoas pelo serviço odontológico, que executou 169.905 "trabalhos; o serviço de enfermagem atendeu

pio de "auto-suficiência", alcançar os

153

harmonia reinante entre empregadores O SESC teve o cuidado de dotá-lo de \

com eficiência e esmero aos comerciá-

J

rios que dele se servissem.

rante, o paNnlhão de reunião e festas, 3

capela, as praças de esporte e o arma zém.

Cada uma das casas contém dois bons

dormitorios, sala, cozinha, banheiro, ter

raço e outras pequenas dependènciaS' bao entregues ao comerciário inteiramen

te mobihadas e com todos os apctreclioS necessários para a sua estada na Colòniar

de modo que este não precisará levai

para a Bertioga nada além de sua roup^ de uso pessoal.

Tendo a Colônia capacidade


Dicesto Econónoco

154

abrigar 416 comcrciários por mós, e ha vendo sido estabelecidas taxas muito

módicas - Cr$ 100,00 por pessoa, pelo alojamento de 14 dias — está o "SESC" contribuindo decisivamente para a solu

ção do problema do descanso anual do empregado no ccjmércio.

Do grande acerto dessa iniciativa fa lam as inúmeras cartas recebidas o o

.fato de que em meados de abril já se encontravam encerradas, por falta de

lugares*, as inscrições para as férias do mês de julho.

Todas essas realizações foram plane jadas e executadas dentro do novo con ceito de Assistência social remunerada, proporcionando os elementos financeiros necessários à expansão da obra. Dessa forma, não sofrendo solução de continuidade, permitiu-se o seu desen

volvimento que, paulatinamente, vai atingindo todos os municípios do Esta do, beneficiando a coletividade comer-

cíária paulista. Conclusões

As considerações feitas demonstram,

pois, que é de fundamental interesse para as classes produtoras a reestrutura

Impõe-se, portanto, como medida pre liminar, que se distiiiga nitidamente, através de legislação adequada, ".seguro

■fi. rn

Bases do «eu estabelocinrento no Vale do Paralfinga c no

social" e "as.sistência .social", em face

de suas peculiaridades, confiando a or ganizações distintas a execução dos pla nos respectivos, com a participação dire ta

das* cla.sscs

contribuintes

Litoral-Norfo Paaiista. C.\nLOs Borges Schmidt

Poüoatnento disperso

nas suas

administrações c se estabeleçam princí pios que determinem descentralização

Não é tarefa das mais fáceis recons tituir, através dos anos, a evolução com

perfeita, permitindo que, embora subor dinados a um programa de ordem na cional, possam os Conselhos Regionais usufruir de autonomia suficiente para impedir que a burocratização de serviços

pleta do povoamento de uma determi

nada região, desde a sua fase inicial até a época presente. Em certas áreas,

como é o caso da região banliada pelas

águas do Rio Paraitinga e seus forma dores. os grupos de vizinhança em ou tros tempos cobriam, por certo, áreas

encareça o seu custo e contribua para a morosidade da sua execução. Mister

ainda se torna a fixação de normas ge rais que estabeleçam obrigações míni

geográficas muito mais amplas que no

maior.

tribuintes, limitação de despesas admi

lugares, mesmo hoje em dia, muitos

no de benefícios de acordo com as

sitiantes e fazendeiros se considerarem vizinhos de outros residentes a distâncias

que chegam a alcançar várias léguas. O relativo isolamento geográfico pode

sentadoria ordinária subordinada aos

cálculos atuariais existentes.

No que concerne às obrigações fi nanceiras do Estado, 6 de capital impor

ção dos sistemas de Previdência e Assis tência Social, era moldes que permitam uma melhor aplicação dos recursos exis tentes, um melhor entendimento entre

se atender ao disposto na Lei Magna,

empregados e empregadores e um me

adicionando-se normalmente no Orça

tância que se considere a necessidade de

ser considerado como a razão fundamen tal

da

fonnação

dos

grupos de vizinhança,

'

■ i;

cujos limites, até um

certo ponto, se confun 'í ;lxS

dem

com

os

limites

principalmente contribuir para o estabe

mento de Despesas da União a contri buição que é devida aos Institutos, a fim de tornar efetiva essa colaboração e evi

lecimento de um clima de confiança e

tar que o aumento desta dívida, que

harmonia entre as classes, para a efetiva

progressivamente se verifica, concorra,

aplicação dos princípios estabelecidos na Constituição pátria, para a elevação do

líbrio dos cálculos previamente estabele

subdivisão administrati

va dos municípios que,

própria produção do País e do seu cons

cidos, gerando desconfiança, prejudican do iniciativas e propiciando alternativos de "acordos" quase sempre desfavoráveis

muito

tante desenvolvimento.

aos interesses da classe assistida.

áreas distritais ou dis

lhor desenvolvimento dos Serviços As-

sístcnciais.

Razões desta ordem visam

nível moral e material da coletividade

obreiia, redundando afinal em favor da

como está acontecendo, para o desequi

geográficos do bairro, denominação esta atri buída V

C

a

determinada

área geográfica ou sim ples lugar, sem qual quer

limites mais ou menos imprecisos, a área abrangida pelo mesmo. Confun

diferente. É também comum, e mesmo

cional em vigor e aplicação de um pla necessidades normais, inclusive a apo

que for pode ser considerado como um

bairro. E o ser realmente. É o que lhe dá o nome e determina, com

Talvez pudéssemos encontrar

um indício disso no fato de em certos

nistrativas consoante o índice interna

córrego qualquer, uma praia, seja lá o

dem-se, às vêzes, os limites. Interpenetram-se. Para uns, o lugar pertence a

povoamento diperso seria em grau muito

trimoniais em favor dos próprios con

ceira Ou nascente de um ribeirão ou

Quer dizer, a atual forma de

presente.

mas quanto à aplicação das reservas pa

tritos de paz. O bairro é um lugar, uma área qualquer, com características mais ou menos próprias. Muitas vêzes, uma micro-região. Um \'ale, uma cabe

redação

com

a

por lei, estão quando divididos

em

tal bairro.

Para outros, a um bairro

freqüente, a área de um certo bairro pertencer a um, dois ou mais distritos de paz, de um único ou de dois mu nicípios.

Bairro dos Carros: um exemplo A implantação de um povoamento em torno de capelas, arma zéns Ou escola não W

sempre condição ini

cial obrigatória e gene

ralizada, mesmo nos ca

sos de povoamento con

centrado. Muito menos

quando se trata de tipo oposto

de

"habitat"

rural, isto é, do povoa mento disperso.

Moi

tas vêzes antigas pro

priedades

territoriais,

abrangendo grandes ex

tensões territoriais, sub-

dividirtm-se pela sn-


Dicesto Econónoco

154

abrigar 416 comcrciários por mós, e ha vendo sido estabelecidas taxas muito

módicas - Cr$ 100,00 por pessoa, pelo alojamento de 14 dias — está o "SESC" contribuindo decisivamente para a solu

ção do problema do descanso anual do empregado no ccjmércio.

Do grande acerto dessa iniciativa fa lam as inúmeras cartas recebidas o o

.fato de que em meados de abril já se encontravam encerradas, por falta de

lugares*, as inscrições para as férias do mês de julho.

Todas essas realizações foram plane jadas e executadas dentro do novo con ceito de Assistência social remunerada, proporcionando os elementos financeiros necessários à expansão da obra. Dessa forma, não sofrendo solução de continuidade, permitiu-se o seu desen

volvimento que, paulatinamente, vai atingindo todos os municípios do Esta do, beneficiando a coletividade comer-

cíária paulista. Conclusões

As considerações feitas demonstram,

pois, que é de fundamental interesse para as classes produtoras a reestrutura

Impõe-se, portanto, como medida pre liminar, que se distiiiga nitidamente, através de legislação adequada, ".seguro

■fi. rn

Bases do «eu estabelocinrento no Vale do Paralfinga c no

social" e "as.sistência .social", em face

de suas peculiaridades, confiando a or ganizações distintas a execução dos pla nos respectivos, com a participação dire ta

das* cla.sscs

contribuintes

Litoral-Norfo Paaiista. C.\nLOs Borges Schmidt

Poüoatnento disperso

nas suas

administrações c se estabeleçam princí pios que determinem descentralização

Não é tarefa das mais fáceis recons tituir, através dos anos, a evolução com

perfeita, permitindo que, embora subor dinados a um programa de ordem na cional, possam os Conselhos Regionais usufruir de autonomia suficiente para impedir que a burocratização de serviços

pleta do povoamento de uma determi

nada região, desde a sua fase inicial até a época presente. Em certas áreas,

como é o caso da região banliada pelas

águas do Rio Paraitinga e seus forma dores. os grupos de vizinhança em ou tros tempos cobriam, por certo, áreas

encareça o seu custo e contribua para a morosidade da sua execução. Mister

ainda se torna a fixação de normas ge rais que estabeleçam obrigações míni

geográficas muito mais amplas que no

maior.

tribuintes, limitação de despesas admi

lugares, mesmo hoje em dia, muitos

no de benefícios de acordo com as

sitiantes e fazendeiros se considerarem vizinhos de outros residentes a distâncias

que chegam a alcançar várias léguas. O relativo isolamento geográfico pode

sentadoria ordinária subordinada aos

cálculos atuariais existentes.

No que concerne às obrigações fi nanceiras do Estado, 6 de capital impor

ção dos sistemas de Previdência e Assis tência Social, era moldes que permitam uma melhor aplicação dos recursos exis tentes, um melhor entendimento entre

se atender ao disposto na Lei Magna,

empregados e empregadores e um me

adicionando-se normalmente no Orça

tância que se considere a necessidade de

ser considerado como a razão fundamen tal

da

fonnação

dos

grupos de vizinhança,

'

■ i;

cujos limites, até um

certo ponto, se confun 'í ;lxS

dem

com

os

limites

principalmente contribuir para o estabe

mento de Despesas da União a contri buição que é devida aos Institutos, a fim de tornar efetiva essa colaboração e evi

lecimento de um clima de confiança e

tar que o aumento desta dívida, que

harmonia entre as classes, para a efetiva

progressivamente se verifica, concorra,

aplicação dos princípios estabelecidos na Constituição pátria, para a elevação do

líbrio dos cálculos previamente estabele

subdivisão administrati

va dos municípios que,

própria produção do País e do seu cons

cidos, gerando desconfiança, prejudican do iniciativas e propiciando alternativos de "acordos" quase sempre desfavoráveis

muito

tante desenvolvimento.

aos interesses da classe assistida.

áreas distritais ou dis

lhor desenvolvimento dos Serviços As-

sístcnciais.

Razões desta ordem visam

nível moral e material da coletividade

obreiia, redundando afinal em favor da

como está acontecendo, para o desequi

geográficos do bairro, denominação esta atri buída V

C

a

determinada

área geográfica ou sim ples lugar, sem qual quer

limites mais ou menos imprecisos, a área abrangida pelo mesmo. Confun

diferente. É também comum, e mesmo

cional em vigor e aplicação de um pla necessidades normais, inclusive a apo

que for pode ser considerado como um

bairro. E o ser realmente. É o que lhe dá o nome e determina, com

Talvez pudéssemos encontrar

um indício disso no fato de em certos

nistrativas consoante o índice interna

córrego qualquer, uma praia, seja lá o

dem-se, às vêzes, os limites. Interpenetram-se. Para uns, o lugar pertence a

povoamento diperso seria em grau muito

trimoniais em favor dos próprios con

ceira Ou nascente de um ribeirão ou

Quer dizer, a atual forma de

presente.

mas quanto à aplicação das reservas pa

tritos de paz. O bairro é um lugar, uma área qualquer, com características mais ou menos próprias. Muitas vêzes, uma micro-região. Um \'ale, uma cabe

redação

com

a

por lei, estão quando divididos

em

tal bairro.

Para outros, a um bairro

freqüente, a área de um certo bairro pertencer a um, dois ou mais distritos de paz, de um único ou de dois mu nicípios.

Bairro dos Carros: um exemplo A implantação de um povoamento em torno de capelas, arma zéns Ou escola não W

sempre condição ini

cial obrigatória e gene

ralizada, mesmo nos ca

sos de povoamento con

centrado. Muito menos

quando se trata de tipo oposto

de

"habitat"

rural, isto é, do povoa mento disperso.

Moi

tas vêzes antigas pro

priedades

territoriais,

abrangendo grandes ex

tensões territoriais, sub-

dividirtm-se pela sn-


-rw

Dicbsto Econômico

156

cessão hereditária. Os herdeiros passa ram a residir em seus quinhões e ali

sítio dos Corrêas. É um terreno cmpi-

Digesto Econômico 157

cultura, .sendo a pesc;i umu ocupação complementar.

sive transmissões de propriedades. . Afi

nado, pouco batido pelo sol, frio, em boa parte coberto ainda de mato, cheio de hervas tóxicas para a gado e impró prio para a agricultura. Ali mora uma

nha, a mais importante de tôdas, tempo que coincide com o período em que na

nal, criou-se a situação que hoje em dia apresenta: um bairro, com muitos mora

gente pouco amiga da enxada, tôda ela

agricultura quase nada há que fazer,

aparentada entre si, vivendo de e.xpe-

tôda a população do "sertão" vive

dientes, alguns tirando esmolas, outros fazendo imagens de santos esculpidas em

alerta, à c.spera da notícia de que algum

constítuiram família.-

Novas sucessões

e novas subdivisões scbrevieram, inclu

dores, ocupando pequenas propriedades

e dando origem a um típico grupo de

cidade de São Luiz do Paraítinga e suas casas distribuídas em ambos os

Nas épocas propícias à pesca da "tai

lados da estrada que vai desta cidade para Ubatuba, no litoral.

Os terrenos

onde estão construídas as habitações possuem poucos metros de largura. Os fundos, por sua vez, são de e.xtensão

bastante limitada. De um lado, logo

cardume de tainhas tenha sido observa

á margem da estrada, altos morros se

do pelas imediações da costa.

Acorre

levantam, de forma que os quintais

então para as praias e vai em auxílio

dos pescadores donos de redes, com êles

quase não possuem espaço, ou, mesmo, são inexistentes. Do lado oposto, as

colabora nos trabalhos do côrco e deles

casas fazem fundo para o Rio Paraítinga,

a célula inicial, construíram a capela. Algum tempo passou até que um Zé

madeira, pilões c cochos de pequenas dimen.sões, pitos de barro, colhercs de pau, gamelas e uma porção de outras bugigangas, pouco afeitos aos trabalhos da roça. Morara lá nas alturas, meio

recebe, em pagamento, a quantidade de

a poucos metros da estrada.

isolados, descendo o morro apenas de

Caixeiro abrisse um armazém à beira da

vez em quando, para tomar parte em

peixe que lhe couber pela cooperação prestada, porque o peixe obtido 6 repar

balham de parceria nas fazendas pró

algum divertimento — jongo, cana-vcrde, moçambique ou dança-de-baíle.

tido proporcionalmente entre todos os que auxiliaram, depois de retirada a

lham na cidade, nas lavouras dos arre

vizinhança disperso. Foi o que aconte ceu com o Bairro dos Carros, no muni

cípio de Redenção da Serra. Primeiro ali se estabeleceram os moradores. De

pois, para confirmar que não é regra ser

estrada principal mais próxima.

A

escola ainda a esperam.

O bairro ocupa a área abrangida pe'Ias vertentes do Ribeirão dos Carros. Seus pontos extremos encontrara-se dis

tanciados pouco mais de dois e três qui lômetros. Os moradores estão distribuí

dos por umas três dezenas de habitações, cada qual com a sua própria área de ter ras, e pertencentes a diferentes proprietá rios. Esta forma de ocupação da terra data de mais de setenta anos.

Afir

mam os antigos que desde aquela época se encontra a propriedade assim subdi vidida. Seu antigo proprietário foi um

tal Carlos, cujo nome, alterado para Car ro, deu origem à denominação atual do bairro.

As nascentes do. Ribeirão dos Carros

estão a noroeste, delimitadas pela linha de elèvações dos" morros dos Carros,

Aos pés da Pedra Grande, também

lugar ainda alto, porém mais bem si

têrça parte que pertence ao dono da

dores e no serviço de conservação da estrada de rodagem.

tuado, mais batido de .sol, mora uma fa

O tipo de povoamento estabelecido

no Bairro dos Carros teve, como vimos, origem na subdivisão da propriedade. responsáveis pelo seu estabelecimento.

sempre fechado, pois a cidade é tião próxima que nela os moradores cum prem seus devercs religiosos e de instru ção, e adquirem suas utilidades, não podemos deixar de encontrar as razões

Foooamento do "sertão" litorâneo.

O bairro dos Carros representa um tipo

do estabelecimento daquele gnipo de

No litoral de Ubatuba, adjacente aos Vales do Paraítinga e Paraibuna, além

de povoamento disperso. O Bairro dos

vizinhança senão no fato de, sendo os

Passarinhos e o Arraial de Santa Cruz

terrenos de propriedade municipal, ter

terra. Abaixo dos 900 metros de altitude

vive o restante da população.

Outras causas, entretanto, podem ser

do estabelecimento mais concentrado de

do Rio Abaixo (ambos no município de

habitações ao longo das praia.s, como

São Luiz do Paraítinga, Estado de São

veremos adiante, o povoamento sc espar rama, em continuação, pela planície

interior e desdobra-se era pequenos sí tios que vão, muitas vezes, atingir o sopé da cordilheira marítima, apresen tando-se de forma poüco densa e asseme

truir a sua residência. E assim o fizeram.

as terras onde estão construídas as habi

O Arraial de Santa Cruz do Rio Abai xo assemelha-se ao Bairro dos Passari

tações não pertencem aos donos das

casas.

No Bairro dos Passarinhos são

onde ò Ribeirão dos Carros vai desaguar no dos Venânciòs.

priedade.

Aqui no "sertão" — còihó

é chamado o interior da planície costei

ra — a atividade principal é a agri-

prefeitura cedido o espaço indispen sável a cada um que desejasse ali coav

Paulo) são grupos de vizinhança condi cionados a uma forma de povoamento mais compacto. Nestes, em um e outro,

pertencem ao patrimônio da capela.

ro do Ermo, está o lugar denominado

o nem escola, e o armazém está quase

o ano todo ao trabalho de cultivar a

ma. Suas origens podem ser encon tradas, tal como tio planalto; também e principalmente, na subdivisão da pro

Na parte altà, para ós lados do mor

Uma vez que ali não e.xisle nerh capela

Píwoainento concentrado

mília de gente habituada ao trabalho: marido, mulher e sete fillios, entregues

de propriedade. ,do município,

desce até pouco menos de 800 metros,

ximas; camaradas salariados, que traba

rêde.

lhado ao de certos bairros de serra-aci-

Ermo e Pedra Grande, todos êles com mais dé 1.100 metros de altitude. O vale

No bairro residem lavradores, que tra

Nb

Arraial de Santa Cruz do Rio Abaixo Bairro dos Passarinhos

Arraial de Santa Cruz do Rio Almno

nhos. Está localizado em um terreno outrora doado por um particular para a erecção de uma capela, a qual foi cx^nstruída. Próximo a ela, dividido em

lotes o restante da área, vieram se jun tar vários moradores, que ali construi-

O Bairro dos Passarinhos está situado

a pouco mais de um quilômetro da

ram suas casas. São donos das habita ções, não da terra. Vendem as casas e


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á margem da estrada, altos morros se

do pelas imediações da costa.

Acorre

levantam, de forma que os quintais

então para as praias e vai em auxílio

dos pescadores donos de redes, com êles

quase não possuem espaço, ou, mesmo, são inexistentes. Do lado oposto, as

colabora nos trabalhos do côrco e deles

casas fazem fundo para o Rio Paraítinga,

a célula inicial, construíram a capela. Algum tempo passou até que um Zé

madeira, pilões c cochos de pequenas dimen.sões, pitos de barro, colhercs de pau, gamelas e uma porção de outras bugigangas, pouco afeitos aos trabalhos da roça. Morara lá nas alturas, meio

recebe, em pagamento, a quantidade de

a poucos metros da estrada.

isolados, descendo o morro apenas de

Caixeiro abrisse um armazém à beira da

vez em quando, para tomar parte em

peixe que lhe couber pela cooperação prestada, porque o peixe obtido 6 repar

balham de parceria nas fazendas pró

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lham na cidade, nas lavouras dos arre

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pois, para confirmar que não é regra ser

estrada principal mais próxima.

A

escola ainda a esperam.

O bairro ocupa a área abrangida pe'Ias vertentes do Ribeirão dos Carros. Seus pontos extremos encontrara-se dis

tanciados pouco mais de dois e três qui lômetros. Os moradores estão distribuí

dos por umas três dezenas de habitações, cada qual com a sua própria área de ter ras, e pertencentes a diferentes proprietá rios. Esta forma de ocupação da terra data de mais de setenta anos.

Afir

mam os antigos que desde aquela época se encontra a propriedade assim subdi vidida. Seu antigo proprietário foi um

tal Carlos, cujo nome, alterado para Car ro, deu origem à denominação atual do bairro.

As nascentes do. Ribeirão dos Carros

estão a noroeste, delimitadas pela linha de elèvações dos" morros dos Carros,

Aos pés da Pedra Grande, também

lugar ainda alto, porém mais bem si

têrça parte que pertence ao dono da

dores e no serviço de conservação da estrada de rodagem.

tuado, mais batido de .sol, mora uma fa

O tipo de povoamento estabelecido

no Bairro dos Carros teve, como vimos, origem na subdivisão da propriedade. responsáveis pelo seu estabelecimento.

sempre fechado, pois a cidade é tião próxima que nela os moradores cum prem seus devercs religiosos e de instru ção, e adquirem suas utilidades, não podemos deixar de encontrar as razões

Foooamento do "sertão" litorâneo.

O bairro dos Carros representa um tipo

do estabelecimento daquele gnipo de

No litoral de Ubatuba, adjacente aos Vales do Paraítinga e Paraibuna, além

de povoamento disperso. O Bairro dos

vizinhança senão no fato de, sendo os

Passarinhos e o Arraial de Santa Cruz

terrenos de propriedade municipal, ter

terra. Abaixo dos 900 metros de altitude

vive o restante da população.

Outras causas, entretanto, podem ser

do estabelecimento mais concentrado de

do Rio Abaixo (ambos no município de

habitações ao longo das praia.s, como

São Luiz do Paraítinga, Estado de São

veremos adiante, o povoamento sc espar rama, em continuação, pela planície

interior e desdobra-se era pequenos sí tios que vão, muitas vezes, atingir o sopé da cordilheira marítima, apresen tando-se de forma poüco densa e asseme

truir a sua residência. E assim o fizeram.

as terras onde estão construídas as habi

O Arraial de Santa Cruz do Rio Abai xo assemelha-se ao Bairro dos Passari

tações não pertencem aos donos das

casas.

No Bairro dos Passarinhos são

onde ò Ribeirão dos Carros vai desaguar no dos Venânciòs.

priedade.

Aqui no "sertão" — còihó

é chamado o interior da planície costei

ra — a atividade principal é a agri-

prefeitura cedido o espaço indispen sável a cada um que desejasse ali coav

Paulo) são grupos de vizinhança condi cionados a uma forma de povoamento mais compacto. Nestes, em um e outro,

pertencem ao patrimônio da capela.

ro do Ermo, está o lugar denominado

o nem escola, e o armazém está quase

o ano todo ao trabalho de cultivar a

ma. Suas origens podem ser encon tradas, tal como tio planalto; também e principalmente, na subdivisão da pro

Na parte altà, para ós lados do mor

Uma vez que ali não e.xisle nerh capela

Píwoainento concentrado

mília de gente habituada ao trabalho: marido, mulher e sete fillios, entregues

de propriedade. ,do município,

desce até pouco menos de 800 metros,

ximas; camaradas salariados, que traba

rêde.

lhado ao de certos bairros de serra-aci-

Ermo e Pedra Grande, todos êles com mais dé 1.100 metros de altitude. O vale

No bairro residem lavradores, que tra

Nb

Arraial de Santa Cruz do Rio Abaixo Bairro dos Passarinhos

Arraial de Santa Cruz do Rio Almno

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lotes o restante da área, vieram se jun tar vários moradores, que ali construi-

O Bairro dos Passarinhos está situado

a pouco mais de um quilômetro da

ram suas casas. São donos das habita ções, não da terra. Vendem as casas e


D1CE.ST0 Econômico

158

cedem o direito sobre os terrenos. Di

reito sem ti^lo algum, tudo feito ver balmente. Também não pagam foro do terreno a ninguém. Não existe quem administre aquela terra. Tudo é feito segundo a tradição e o costume. E não ha quem se intrometa oú desrespeite as velhas praxes.

A população do arraial é composta de camaradas salariados e de lavradores

que arrendem terras nas proximidades. A capela pnmcuro, e agora o armazém, sao as forças centrípetas responsáveis pelo povoamento compacto

Passarinhos e Santa Cruz são, na apa

rência, tipos de povoados em linha. Na

aparência apenas, porque na realidade

yo, cada um deles, duas linhas simples

de casas com terrenos de frente muito estreita e quase sem fundo nenhum.

Povoamento praiano Certas praias do litoral do Estado de

Sao Paulo, onde o mar é menos agita

do e permite a livre entrada e saída

das pequenas canoas de pesca, são pre

Ê d sua empresa uma

feridas pelos habitantes do beira-mar para ali construirem .suas moradas. Pode-so então, procurando atra\cs do jundu — a vegetação balófita dc porte alto, que segura a areia das pequenas

das 475 que mantêm seguro

dunas e restingas e que forma uma bar reira aos rijos ventos do oceano — di

em grupo na Sul Âmerlca ?

visar uma linha de babilações, ora mais

distanciadas, ora mais próximas umas das outras, as moradas dos que se dedi cam, principalmente, ao incerto trabalho

da pesca.

Em quase todas as praias mansas es tão situados grupos de vizinhança, maio res ou menores.

Entrega-se aquela

população à pescaria, seja de linha, diàriamentc, seja com rêdes, nas épocas próprias. Subsidiàriamente, dedica-se à agricultura, uma rudimentar lavoura, na qual o cultivo da mandioca representa a

base principal. Da mandioca preparam

EM 1929, HÂ 20 ANOS, dizia o Dr. Faria Albernaz, então atuário-chefe da Inspctor.a de Seguros: "O lançamento do seguro de grupos no Brasil e « sua difusão sao de tao grande importância social, que o dia da emissão da primeira apólice de seguro de grupos, pela Sul América, deve ser sau dado com as honras de um dia de festa nacional..."

HOJE, NA SUL AMÉRICA, maís de 475 empresas amparam as famílias de

seus 125.000 auxihares. num total de CrS 2.600.000.000,00. E esta mo dalidade de seguro, construtiva e fecunda, custeada por um Daeamenro

mínimo do eniprcpdo e outro do empregador, muito tem contribuído para a felicidade de milhares de famílias, bem como para uma comore-

ensao e uma colaboração melhores entre empregados e patrões. O SEGURO DE VIDA EM GRUPO custa raramente mais de 1% da fòlh

àe pagamento. Não exige exame medico Não

a farinha, e esta é consumida com o

peixe, juntamente com banana verde cozida.

tem limite de idade em grupos de 50 ou mais se gurados. Ê pago por morte, seja qual fôr a causa' Se tiver 28 ou mais empregados, remeta o cou'

Ê a conhecida "caldeirada",

prato preferido dos caiçaras.

pon para receber grátis estas valiosas publicações'

Sul América COMPANHIA NACIONAL DE SEGUROS DE V Fundada «m 1895

A

SUL

A MERIr A CAIXA POSTAL 971 - RIQ dk JanEIRo Queiram enviar-me. grátis e sem com Departamento

folhetos "Solução de um problema

guro de Vida em Giupo''

os

® "O Se-

âe Segruros de Vida em Grupo

Wome

Carjo...

4

Cia Rua ....

•W.«. -

Cid-de.

■ftíado.

s


D1CE.ST0 Econômico

158

cedem o direito sobre os terrenos. Di

reito sem ti^lo algum, tudo feito ver balmente. Também não pagam foro do terreno a ninguém. Não existe quem administre aquela terra. Tudo é feito segundo a tradição e o costume. E não ha quem se intrometa oú desrespeite as velhas praxes.

A população do arraial é composta de camaradas salariados e de lavradores

que arrendem terras nas proximidades. A capela pnmcuro, e agora o armazém, sao as forças centrípetas responsáveis pelo povoamento compacto

Passarinhos e Santa Cruz são, na apa

rência, tipos de povoados em linha. Na

aparência apenas, porque na realidade

yo, cada um deles, duas linhas simples

de casas com terrenos de frente muito estreita e quase sem fundo nenhum.

Povoamento praiano Certas praias do litoral do Estado de

Sao Paulo, onde o mar é menos agita

do e permite a livre entrada e saída

das pequenas canoas de pesca, são pre

Ê d sua empresa uma

feridas pelos habitantes do beira-mar para ali construirem .suas moradas. Pode-so então, procurando atra\cs do jundu — a vegetação balófita dc porte alto, que segura a areia das pequenas

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dunas e restingas e que forma uma bar reira aos rijos ventos do oceano — di

em grupo na Sul Âmerlca ?

visar uma linha de babilações, ora mais

distanciadas, ora mais próximas umas das outras, as moradas dos que se dedi cam, principalmente, ao incerto trabalho

da pesca.

Em quase todas as praias mansas es tão situados grupos de vizinhança, maio res ou menores.

Entrega-se aquela

população à pescaria, seja de linha, diàriamentc, seja com rêdes, nas épocas próprias. Subsidiàriamente, dedica-se à agricultura, uma rudimentar lavoura, na qual o cultivo da mandioca representa a

base principal. Da mandioca preparam

EM 1929, HÂ 20 ANOS, dizia o Dr. Faria Albernaz, então atuário-chefe da Inspctor.a de Seguros: "O lançamento do seguro de grupos no Brasil e « sua difusão sao de tao grande importância social, que o dia da emissão da primeira apólice de seguro de grupos, pela Sul América, deve ser sau dado com as honras de um dia de festa nacional..."

HOJE, NA SUL AMÉRICA, maís de 475 empresas amparam as famílias de

seus 125.000 auxihares. num total de CrS 2.600.000.000,00. E esta mo dalidade de seguro, construtiva e fecunda, custeada por um Daeamenro

mínimo do eniprcpdo e outro do empregador, muito tem contribuído para a felicidade de milhares de famílias, bem como para uma comore-

ensao e uma colaboração melhores entre empregados e patrões. O SEGURO DE VIDA EM GRUPO custa raramente mais de 1% da fòlh

àe pagamento. Não exige exame medico Não

a farinha, e esta é consumida com o

peixe, juntamente com banana verde cozida.

tem limite de idade em grupos de 50 ou mais se gurados. Ê pago por morte, seja qual fôr a causa' Se tiver 28 ou mais empregados, remeta o cou'

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T A

Piratininga

Companhiíi Nacional dc Segtiro» Gerais e Acidenles do Trabalho.

SEGUROS: Incêndio —

Transporles Terrestres e

Marítimos — Acidenles do Trabalho —

Acidentes Pessoais — Responsabilidade Civil e Fidelidade.

CAPITAL

E

f

RESERVAS:

TELEFONES:

Cr§ 16.922.006,70 Diretoria - Gerência - Contabilidade

4-7857

Seguros de Incêndio

4-7S5S

Seguros de Ac. do Trabalho — Pes

soais — Responsabilidade Civil e Fidelidade

4-7856

Sede:

Seguro de Transportes e Caixa

4-2542

R. Xavier de Toledo, 14

Ambulatório e Serviço Módico

4-7856

Departamento Legal

4-1546

SÃO PAULO

A

CECTiriCA

MCCCLO

RUA COMANDANTE SALGADO, 56

^BhúM&eVuSí (SOCIEDADE ANÔNIMA)

SÃO PAULO

End. Telegr.: "SEGMENTO" ALL CODS USED - Cx. Postal, 3799

Retificação a espelho de BLOCOS CILINDROS de Automóveis, Cami

Um Motor Regenerado na

nhões, Tratores, Com

pressores, Motocicletas, A RECTIFiCA MÕDELO DiezeL Oleo crú, de Po

Vale

como

um

Novo

pa, Bombas, Locomoti vas, Rolos de Laminado-

'V-

res e Peças de uso In-

■: >1 f

— dustrial em geral. —

Retiifcação de Virabrequins. Enchimento e Mandrinagem de Bielas e Mancaes. Encamisamentos de Cilindros.

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Evangelho: hauc a Deus das almas e das reivindicações populares. Não dá tréguas à ordem. Não conhece a li berdade cristã. Dissolveria a sociedade. Ex/inguiria o re ligião. Desumanaria a humanidade. Everteria, subverteria

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ConstiUnje el "Digesto Econômico" una de lüs me-

jores fuentes informativas de que dispongo paru Ia obtenciún de jwticias concernientes a Ia economia brasilcna, su

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falta actual me píantea verdaderas dificuldades, ío que

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me mueue a dirigirme a Vd. para solicitarle que, de no

mediar impedimentos, tenga a hien disponer que me sea enviada de nuevo tj regularmente esa interessante y pres tigiosa puhlicación.

Aprovecho Ia oportunidad para teslhnoniar a Vd.

mi .sincera admiración por el verdadero acierto periodísiico

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que constituye el "Digesto Econômico", donde han .sabido

conciliarse Ias finalidades informativas con Ia mayor amenidad de Ia lectura, aplicando los mâs modernos y adeciiadoa sistcínas de seleciôn y distribuición de los nuiteriales.

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a) J. Micukl Delcaix) Rkyes (Redator de Ia Revista de Ia Câmara

de Comercio Uruguayo-Brasilena).

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