DIGESTO ECONÔMICO, número 62, janeiro 1950

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DIGESTO nvri-áW''-'-

ECONOMICO

w/

SOB OS auspícios DB ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO E DB FEDERAÇÃO 00 COMERCIO 00 ESTADO DE SÃO PAULO m SUMARIO Invoslimentofl cslrnngeiros no Brasil — San Tiago Dantas A valorização do ouro — nicliard Lowinsohn

As tondôncias modernas na produção do lilãnlo — S. Fróes Abreu Reserva, provisão o fundo de indenização das emprêsas — Djaeir Menezes ■ ■ Polillca econômico açucareira — Roberto Pinto do Sousa

Noções gorais sòbto o imposto — José Luiz de Almeida Nogueira Pôrto Produtos brasileiros no mercado internacional — Dorival Teixeira Vieira A rendição da Guarda — EugCmío Gudin ■i

Flagrantes o símbolos da América — Dni io cie Almeida Magalhães Coopcralivismo o Reforma Social — Ainúbio Graça Noções sóbro o funcionamento dos Bancos Indusírlais — Hatwig Lôtl de Kolenfòld Mercado Interno — Nelson Wcrneek Sodró

Augusto Comto e o questão social — Ivan Lins Viticultura

Piinontel

Gomes

Dicionário e revolução — Otávio Tnrquinio de Sousa A remuneração dos prefeitos municipais — Dosiré Guarani e Silva . . .

A primeira Casa da Moeda do Brasil (1645) — Afonso clc Taunay Rui. um estadista no Ministério da Fazenda — Aliomar Baleeiro

N.O G2 — JANEIRO DE 1950 -r ANO VI


m.

>•

O digesto económ'^^ ESTA A VENDA

nos principais pontos do jornais n..

no prc"/^

Maior Precisão

Cr$ r..0().

Os nossos age-mos da rolaçao abaixo c-atao aptos a encomenda, bem encomenda, bem como corno

a n-c&xr

aí sT.Htur:^;. ao pre.;o

Em Corte de Metais

üe be Cr$ 50.00 anuais.

nP

* T ^

í;V'v

Agente Geral pura o Bra-ll

FERNANDO CHINAGLIA Aronida Presidente Vargas, 502, 19-o onda*

II,

Mac.-i/j.

Amazonas: Acência Freitas. Pua JoaQuím Sarmento. 29. Manaus. Bahia: Aliredo J. de Souza & Cia., ít. Saldanha da Gama, C. Salvador.

Ceará: J. Alaor de Albuquerque & Cia. Praça do Ferreira. 621. Fortaleza.

Espírito Santo: Viuva Copolilo St Fi lhos. Rua Jerônlmo Monteiro, 3G1, Vitória.

Goiás: João Manarino. Rua Setenta A, Goiânia.

Maranhão:

Livraria Universal, Rua

João Lisboa. 114, Sâo Luiz. Mato

•sistir ns ^f.sistJ

iR'

vil"- i! noraná: J. Chlafínoiic.

^5 d« No

-Jr cU'

I rnnSDtll cii* Aloos ironsiiari:»-

vembro. 423. Curitlon-

ins sen mist-nru

P«>rnambuco: Fornando Chlwllo. Hua do Imperador. 221. 3.0 andar.

c'" vcl"'-''''"'''

Heclfe.

o desgaste

PiQui: Cláudio M- Totc. Tcrcsln:

l'-' 'lrra..'e"las e d3o

Rio do Janeiro: ^ Av. Presidente VarCf»^. *>02, 1.) o

■ ,n prcciswo as

andar.

Rio Grande do Norte: Luís Romfio, Avenida Tavares Lira. 48, Natal.

PCÍ"' .^p.urc-so a&sses soliciiaruíoas ^^iiriinruio as

Rio Grande do Sul: Sòmeinc para Por to Aloiírc* Octavio Sacebin, Rua

'^^"^tendãçSes cspecíti-

7 d? Setembro. 709. Porto Ale/ire. Para locais fora do ^oijo Ale/^rc.

i^para cas paf"

Fernando CliinagUa. R. de Janeiro

Grosso: Carvalho. Pinheiro &

Cia., Pça. da República, 20, Cuiabá.

*n

IH»

Rio de Janeiro

Alagoas: Manu»-] Espíndola. Praça Pe-

roiisíu;»"r . f

<> sea caso.

Santa Catarina: Pedro Xavier & Cia..

f

Consulte o

,Dcparlamenlo Tí-cnico da Secçâo dos Produhs da

Lubrificantes

Socony-Vacuum OU Conipany, /nc. Concessionária

Rua Folipo Schmldt. 8. Florlanop. Minas Gerais: Joaquim Mors VelloKo. Avenida dos Antíradas. 3S0. Belo Horizonte.

Pará: Albano H. Martins Sc Cln.. Tra vessa Campos Sales. 85/89, Belém.

Paraíba: Loja das Revistas,_ Rua Ba rão do Triunfo, 510-A, João Pessoa.

J

Sâo Paulo: A Intelectual. Ltda.. Via duto Santa Efigònia, 201, S. Paulo.

Sergipe: Livraria Regina Ltda.. Rua

n.t-í Rri"atlciro Tobiiis. 356 • Santos - Rua lloToró, 71

•jf^oão Pessoa, 137. Aracaju,

S

São Paulo - Itua u»»©

Curitiba - Rua Cruz Machado. 12- l.® and.

Território do Acro: Diógene» de Oli veira. Rio Branco.

y

■ ii' iViÍÉMflíiiiéiifiiiiiiiír "

%


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TELEFONES: 2-1421 E 2-7380

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CURSOS DE COSTURA

SERVIÇO MECÂNICO ACESSÓRIOS DE COSTURA

Há sempre uma loja Singer próxima a sua casa para aiende-la.

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Singer Sewíng Machine Company Lojas em todo o Brasil.


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M B I IV A

Bil\CO DE CREDITO BEUL DE NIDI/IS GERUiS $.

fAfíftir A of Annas "oonurns ouíMinoti < 'ARMi^r^uTtcns

FUNDADO EM 1889

FABRICA EM SÃO CAETANO DO SUL — EFSJ PRODUTOS QUÍMICOS, FARMACÊUTICOS E INDUSTRIAIS — ÁCIDOS COMERCIAIS E PARA ANALISE — SAIS PUROS

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IMPORTAÇÃO E FABRICAÇÃO

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Lança Perfume Golombína CAMBIO

A MARCA PREDILETA

DEPÓSITOS

Rua Silveira Marlins N.o 53 - l.o And. - Tels.: 2-1524 - 3-6934

EMPRÉSTIMOS

Caixa Posíal, 1469 — São Paulo

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Agências no Estado de São Paulo: SAO PAULO

Rua Boa Vista, 88 — Tel. 2-4152 — 2-4153 — 2-4154 - Ramais bom RETIRO — Capital

Automóveis e Caminhões

Rua Silva Pinto, 209 — TeL 52-7803 SANTO ANDRÉ Rua Senador Flaquer, 59

Rua Frei Gaspar, 26 — Tel. 2-7211 BARRETOS

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Praça da Bandeira, 368 — TeL 586 FRANCA

Concessionários

cia. de Automóveis Alexandre liornstein SAO PAULO Eecrilório, vendas • secçio de peças

RUA CAP. FAUSTINO LIMA, lOi Telefones:

Escritório e vendas ... 2--8738 Secção de peças ..... 2-4664

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Rua do Comércio, 513 — TeL 419

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

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,

Rua Voluntários de São Paulo, 40 — TeL 764

RUA CLAUDINO PINTO, SS

AGENCIAS NAS PRINCIPAIS CIDADES DE MINAS GERAIS — RIO DE JANEIRO S. PAULO — BAHIA — GOIAS

Telefone: 2-8740

ESPIRITO SANTO

CAIXA POSTAL, 2840

PARANÁ

OFICINAS:

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Monsanto Chemical Company

ONYX INTERNATIONAt

6t. low't - US*

Trodulot íntermedianos. Produiot

COMPANHIA

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Giy - U&*

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paro todo» 01 indútirioi. <ntel!cidos. htrbic!do», rodcnlicido», Moierioit piótiicou Colo»

Produto» paro omociamento. de»engordu>

ramenl^ fingimento, ocabomenio. etc., no industrio têxtil.

poro compensado», etc.

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DURAND i HUGUENIN S. A. »

CAPITAL REALIZADO CRS 5 OCO 000,00

FABRIQUE ZURICOISE DE

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GAZES À BLUT6R tu'-aue - Sui<o

Coror»io» 00 cromo especioi» poro

84do Própria: Edifício "Lldor" Rua Woncesiau Caixa

Brás. 175

Po«laI, 938

enomporio de olgodòo. »edo. "royon". etc.

Cose» de ledo poro quadro»

Coronie» "Indigosol"

de estòmporío. Goze» de »edo

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poro peneira», eic.

Telofonos: 3-3255 o 3-2627 São Paulo

End. Tolc9ráílco: "LÍDER"

Irmãos

DEPARTAMENTOS:

Imobiliário

Urbanismo

VENANGO ENGINEERING.

IHE HVnRflUUC PRESS MFC. CO.

fhiioeaiphio • UB*

Mount Cfeod • USA

Casas e Terrenos — Constru ções em acral. edifício

-lider-

Falcri

Móquino» pncurnólico» poro

Premas e máquina» hidráulico»

lingimentode mcodot,meio», fio» em roco». etc.

poro iniecõo e moldogem de motério» plã»ttcas

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BUrrALQ.ELECTRQ-CHEMICAL Co Ihc

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Peróxido do hidrogênio poro feiifo» • ponos técnicos

olvejcmento» no» IndúsirTo» de

poro lodo» o» indústria»

tecido» e de popel, proce»to»

^ qurmico», fins sanítórío», etc>

Rcpresenioçõe» poro o Brosíl de

Sucursal no Distrito Federal: Séde própria:

Rua Itobí, 179

Avenida Presidente Vargas. 509. 5,0 andar do Edifício "Montreal" Fone 43-3950

RIO DE JANEIRO

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Da economia de hoje depende a prospei-idade de amanhã. Procu

re conhecer os planos econômicos desta organização, para realizar suas aspirações.

SÀO PAULO

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São Paulo

CURITIBA

Ruo Morlim Burchord, ôOB R. Cel. M. Borreto Moncloro, 405 Caixa Posiol. 1685 • Tel.: 3-3154 Coixo Postal, 660 • Tel.: 3-492

Telogromas: "COLOR"

Agentes nos principal» cidade» do pois

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DOILFUS & NOACK S. A.

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olvejcmento» no» IndúsirTo» de

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RIO DE JANEIRO

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DIGESTO ECOikfÍMICO I MM MJ luòcias m njHtuu

wLtau

V

Investimentos estrangeiros no Brasil

Pvbfieado sob ei euipfeíot dm

San Tiaco Dantas

ISSOCIAClO COMERCIAIDE SlO PflUlO

FEDERAClO DO COMÉRCIO DO ESTADO OE SÍO PAULO

«« ■up»rlniend»nf«: Martim Aliotuo Xavier da Silveira Diretor:

Aalonlo Coniljo de Carvalho

O Dlgesio Econômico, órgão de In-

(Professor da Universidade do Brasil)

« l>ig«>N<o EeonAmlco

N^^tra^cnçao de artigo, peda-.e EconônSco.

®

D i fl e s 1 o

kni:kc;ia

Ki.rrnucA - auio A/^t-vctio.

Número do mês:

Atrasado:

dutos primários obtidos no País. 2. Êssc programa de desemoU imento intensivo, que se tem de repartir entre n iniciativa privada o a iniciativa do Es tado, exige a conlribuição de capitais consideráveis, formados no próprio país ou vindos do estrangeiro. Os primeiros

Eí.OHKS']'AS - Pimcnlfl Comes.

representam uma contribuição importan te, indispensável, mas deficiente em face

XÜÇr>ES CEPAIS SOHHI'' O IMPOS

tos de que necessitamos. A fraca acu mulação de capitais é um dos males crônicos da economia brasileira, agrava

tem operado no valor das economias co

S

letivas e populares e pela tendência às

Viaduto Boa Vleta, 67 - 7.o andar Tal. 3-7489 — Caixa Poetai, 249-B

ção econômica entre os norte-amet^icanos c o Brasil.

as moratórias, o nacionalismo econômi

co, a escassez de divisas para atender aos serviços do capital. 3. O primeiro objetivo prático a que corresponde uma política de investimen

inversões não produtivas, especialmente

tos visando o desenvolvimento intensivo

Ção.

aplicado em aHvidades fundamentais pa

tiva de capitais domésticos, e à entrada de capitais estrangeiros por iniciativa privada ou governamental. A consecução desse objetivo depende

ra o desenvolvimento gemi, desde qiie se acentuaram as caracterísücas desfa voráveis da situação internacional cria

seus aspectos — e de medidas especiais,

.

.

. 1

Os segundos, isto é, os capitais vindos

^'nn

Redação e Administração:

São Paulo

do pelo rápido desgaste que a inflação

COMÉRCIO INTERNACIONAL - Ro

ligadas ao processo de super-urbaniza-

;; §í| |;J0

missão c Estudos Cerais da Missão Ah-

bink pelo relator dr. San Tiago Dantas. Divulgamos, agtyra, cm primeira mão, para o grande público, o têxto dessa me mória. que compendia os pontos de vista vencedores no seio da Comissão, a cujos trabalhos sc incorporou, e que mereceu especial referência dos técnicos ameri canos e brasileiros que infegrurími a Missão Abbink, como possível ponto de partida para urna. política de coopera

da ordem de grandeza dos investimen

TO - José Lniz cJe Almeida Nogueira

Crs -.n nr. crS

timentos estrangeiros, apresentada à Co

tura intensiva o industriaU/.ação de pro

A HKSPONSAIilIJnAOK IMUÍSIOKNTK DA HEPÜJíDICA - Otto

DIgesto Econômico

CrI

bosa dc Oliveira ã memória sôbrc inves

um país subcapitalivndo, cujo desenvol

oproveitamenlo dc potencial hidráulico, exploração dc recursos minerais, agricul

ASSINATURAS;

(registrado)

econômica, o Brasil se apresenta como

ixDrsTHiAM/AÇÃo

berto Pinto cie Sousa.

Ano (simples)

servações inéditas do dr. Américo Bar

vimento depende de investimentos em serviços públicos, meios de transporte,

Porlo.

SS1I™»™'ÍSS.~ÍS;

1. Na etapa atual de sua evoluvão

publicará no próximo número:

Pra/^TOS.

devidamente cfci estejam conceitos emltííí^t peloa nados ®"otldo8 em artigos assl-

Em seu número dc novembro p. findo,

o "Digcsto Econômico" publicou as ob

formações econômicas e financelEdltôra*'!^ peJa «litôra Comercialínensalmente Ltda.

NeccssUloile dc invcstiniciitos

do estrangeiro, não tem afluído ao pais em suficiente quantidade, nem se tem

da pela grande depressão econômica imediatamente anterior aos anos trinta :

do país, é, portanto, criar condições fa voráveis à formação e aplicação produ

de medidas de ordem geral - relativas

à economia do país na generalidade de

que se increvem no quadro mais restri to da política de investimentos.


DIGESTO ECOikfÍMICO I MM MJ luòcias m njHtuu

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V

Investimentos estrangeiros no Brasil

Pvbfieado sob ei euipfeíot dm

San Tiaco Dantas

ISSOCIAClO COMERCIAIDE SlO PflUlO

FEDERAClO DO COMÉRCIO DO ESTADO OE SÍO PAULO

«« ■up»rlniend»nf«: Martim Aliotuo Xavier da Silveira Diretor:

Aalonlo Coniljo de Carvalho

O Dlgesio Econômico, órgão de In-

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da ordem de grandeza dos investimen

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DIgesto Econômico

CrI

bosa dc Oliveira ã memória sôbrc inves

um país subcapitalivndo, cujo desenvol

oproveitamenlo dc potencial hidráulico, exploração dc recursos minerais, agricul

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(registrado)

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berto Pinto cie Sousa.

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vimento depende de investimentos em serviços públicos, meios de transporte,

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1. Na etapa atual de sua evoluvão

publicará no próximo número:

Pra/^TOS.

devidamente cfci estejam conceitos emltííí^t peloa nados ®"otldo8 em artigos assl-

Em seu número dc novembro p. findo,

o "Digcsto Econômico" publicou as ob

formações econômicas e financelEdltôra*'!^ peJa «litôra Comercialínensalmente Ltda.

NeccssUloile dc invcstiniciitos

do estrangeiro, não tem afluído ao pais em suficiente quantidade, nem se tem

da pela grande depressão econômica imediatamente anterior aos anos trinta :

do país, é, portanto, criar condições fa voráveis à formação e aplicação produ

de medidas de ordem geral - relativas

à economia do país na generalidade de

que se increvem no quadro mais restri to da política de investimentos.


n

Dicf.stu Econômico 10

DitJFsro Kía)SÔMK:<>

E' possível prceenticr que as medi

das gerais teriam suficiente cficacia pa ra encaminhar à «jlnção o nosso pro blema de falta de investimentos. De fato, e.st;incíida a inflação, saneada a si tuação monetária, organizado o crédito, o processo de capitaliz^ição se faria nor

malmente c os capitais estrangeírtjs sof riam gradualmente atraídos pela regene ração da nossa economia. |£' certo, po rém, que algumas normas especiais re lativas aos investimentos pí>dem ter uma

influencia favorá\-el séhre ésse processo geral, c rjue, sem o ernprêgo de medi

das e.specíficas, não conseguiremos o de senvolvimento intensivo de um país sub desenvolvido.

MedUlíLy gerais

4. As medidas de ordem «oral, de cuia adcçao depende mais diretamente qual quer polítiea de investimentos, são as que dizem re.si)eilf) ao eombale a inflaçao, ao saneamento do mercado de títulos e à melhor orientação governamental no

aplicar as chamadas economias coletivas, isto é, os fundos dos institutos autárquicos e caixas econômicas e as reservas das

companhias de seguros, e no conceder creditas para empreendimentos novos Ou aplicação dos existentes.

A inflação tem sobre um processo normal de formação e aplicação de ca pitais o efeito catastrófico conliecido de todos. Ao mesmo tempo que cria dis

ponibilidades exces^sivas e encoraja a iniciativa, ela prejudica o mercado de

títulos, desestimulando a tomada de pa péis com rendimento fixo, e convida às inversões improdutivas, tomadas muito

lucrativas pela especulação.

O mercado dc títulos é o instrumento

indispensável ao mo\imenlo (h- ( apitais, que p(jr élc .se (iríentam c mobiliz^im.

Entre nós, o lançamento desordenado dc títulos públicos no iner<.ad<j de v.ilorcs íf a compulsoriedade de sna subseriç.áo tem eoncorridcí para a esfagn.jção e mes mo o regresso ii('lc obsenado. Airresco

de um simples aumento nominal de sa lário, mas lie um aumento real, leremos,

em lugar de amplo sistema de garantias

mia dos paistís de saliirio baixo e foi um

c assistência próprio do pais pobre, o

método de ação .social intimamente liga

sistema do trabalhador bem remunerado,

de (pie foram um dos grandes propul-

sistèneia, que. como ficou dito acima,

a.s.sist(uieia nada (jue se compare ao (juc fizeram a Alemanha e a Itália, e cm pe

jamais se verá decròscer.

apenas se inicia, também é certo que tnrzcmos para o .seio désse capitalismo um senlid(} de justiça social que só se re\elou muito tarde aos povos cuja (ix-

dentro de um cpiadro onde estejam pre vistas a.s iniciativas indispensás'cis ao dcscn\'olvinicnlo ecomunico, so bretudo para atender a serviços

periéncia capitalista transcorreu um sé culo atrás. Conciliar o capitalismo com

c empreendimentos qne reper-, X':

volvimento gera! e qne, por mo tivo» vários, nem sempre podem atrair a iniciativa privada.

5. Duas condiçíãe.s gerais que influenciam a política dc investimentos, IV

As leis trahalhisUis

As leis trabalhistas brasileiras, ora são

I

Imposto dc renda 6. No tocante ao impcisto de renda, cabo salientar que a evolução intensiva da economia brasileira tem na baixa ta

xa de tributação um dos seus indispensá\'eis pressupostos. Um país de econo mia plenamente dc.scnvolvida deve utili zar o imposto de renda como um instru mento de redistribuição da riqueza e de esterilização do poder de iniciativa. Um

país como o nosso, pelo contrário, de\e manter bai.xo o nível de suas taxas, com

os imperativos da justiça social transmi

o duplo objetivo de estimular a reinver-

tidos à nossa civilização pela experiên cia dc outros povos é um traço que marca o eapilalismo latino-americano. Nada é mais ilusório, portanto, do que pensar que poderemos recuar, no cam

fogem à tributação confiscatória dos países supercapitalizados. E' verdade que os rendimentos aufe ridos no pais do investimento sofrem, ao reingressar no país do investidor, uma

po das relações trabalhistas, a uma fase puramente contratualista. Nada é,

e que merecem ser préviamenle exami

cuja proteção decorre cio seu poder de auto-manutenção, sem prejuízo daquela parte legítima de garantias, seguro e as-

proletariado, não fizeram no campo da

e o integra! aproveitamento dos nossos recursos exigem (lue percorramos ainda nina etapa nitidamente capitalista, que

sor(;s, f obvio cpic ela s<r (lesar orientar

mia, c em que melhorar, de fato, o ni-

cutível como SC tem apregoado; é mui tas N-èze.s nma característica da econo

economia, o aumento da renda nacional

njuio recente, às Ínvcr.síãe.s imobiliárias,

regime de livre empreendimento, ora são criticadas como um fator de dimi nuição da nossa produtividade técnica e

0 nm índice de progre.vk) social tão dis

brasileiro e português. Por outro lado, .se c \'erdade (pie a expansão da nossa

letivas, consagradas, no período inflacio-

louvadas como representativas de um íilto padrão de justiça social, dentro do

\'el de vida do trabalivador, não através

quena escala os regimes autoritários

tiva (; educativa qne as b()lsas d(?vem preenc her, e cjne de fato prc-encbem cin outras partes do mundo. Quanto á a[)lica(;ão cie eeotioniias co

nadas, suo as escalas do imposto s(')!3re a renda e a legislação íraballiista.

nos dois pontos de vista. O excesso de garantias e proteções ao trabalhador não

celência, t; do melhor nível de \ida do

fjner títulos, tem lollúdo a função sele

cutem na.s c()ndiçõ(\s (U; desen

ractcrísticas estruturais da nossa econo

do aos regimes aulUrilários. Os Estados Unido.s, pais dos salários altos por ex

a isso a pe( liliaridade da nossa legi.slaÇao dc Imlsa, voltada p.ira a criação dc pri\il«'giris etti favor d(; corretores, que, tornando obrigatí^jria a cotação de quais-

Na nKxlida cm que mudarem as e.i-

du alimento dos custos. Há, talvez, uma cen.sura de unilateralismo a fazer

igualmente, mais errado do que pensar

que toda concessão ao trabalhador e um progresso social, e que não se pode, sem readonarismo, vir atrás de a gumas fór mulas excessivas — õu subordina-las,^ co mo é justo e indispensável, a cntenos

objetivos de apuração da assiduidade e

da produtividade.

são e atrair os capitais estrangeiros, que

nova taxação que, algumas vezes, cons titui bitributação, agravando a situação do contribuinte em relação a do que

capta seus rendimentos no próprio pais — e outras vezes constitui mera tiàbuta-

ção complementar, que o equipara aos contribuintes desta última classe.

Não

se pode, porém, esquecer que o investi dor, sobretudo o grande investidor, dei-


n

Dicf.stu Econômico 10

DitJFsro Kía)SÔMK:<>

E' possível prceenticr que as medi

das gerais teriam suficiente cficacia pa ra encaminhar à «jlnção o nosso pro blema de falta de investimentos. De fato, e.st;incíida a inflação, saneada a si tuação monetária, organizado o crédito, o processo de capitaliz^ição se faria nor

malmente c os capitais estrangeírtjs sof riam gradualmente atraídos pela regene ração da nossa economia. |£' certo, po rém, que algumas normas especiais re lativas aos investimentos pí>dem ter uma

influencia favorá\-el séhre ésse processo geral, c rjue, sem o ernprêgo de medi

das e.specíficas, não conseguiremos o de senvolvimento intensivo de um país sub desenvolvido.

MedUlíLy gerais

4. As medidas de ordem «oral, de cuia adcçao depende mais diretamente qual quer polítiea de investimentos, são as que dizem re.si)eilf) ao eombale a inflaçao, ao saneamento do mercado de títulos e à melhor orientação governamental no

aplicar as chamadas economias coletivas, isto é, os fundos dos institutos autárquicos e caixas econômicas e as reservas das

companhias de seguros, e no conceder creditas para empreendimentos novos Ou aplicação dos existentes.

A inflação tem sobre um processo normal de formação e aplicação de ca pitais o efeito catastrófico conliecido de todos. Ao mesmo tempo que cria dis

ponibilidades exces^sivas e encoraja a iniciativa, ela prejudica o mercado de

títulos, desestimulando a tomada de pa péis com rendimento fixo, e convida às inversões improdutivas, tomadas muito

lucrativas pela especulação.

O mercado dc títulos é o instrumento

indispensável ao mo\imenlo (h- ( apitais, que p(jr élc .se (iríentam c mobiliz^im.

Entre nós, o lançamento desordenado dc títulos públicos no iner<.ad<j de v.ilorcs íf a compulsoriedade de sna subseriç.áo tem eoncorridcí para a esfagn.jção e mes mo o regresso ii('lc obsenado. Airresco

de um simples aumento nominal de sa lário, mas lie um aumento real, leremos,

em lugar de amplo sistema de garantias

mia dos paistís de saliirio baixo e foi um

c assistência próprio do pais pobre, o

método de ação .social intimamente liga

sistema do trabalhador bem remunerado,

de (pie foram um dos grandes propul-

sistèneia, que. como ficou dito acima,

a.s.sist(uieia nada (jue se compare ao (juc fizeram a Alemanha e a Itália, e cm pe

jamais se verá decròscer.

apenas se inicia, também é certo que tnrzcmos para o .seio désse capitalismo um senlid(} de justiça social que só se re\elou muito tarde aos povos cuja (ix-

dentro de um cpiadro onde estejam pre vistas a.s iniciativas indispensás'cis ao dcscn\'olvinicnlo ecomunico, so bretudo para atender a serviços

periéncia capitalista transcorreu um sé culo atrás. Conciliar o capitalismo com

c empreendimentos qne reper-, X':

volvimento gera! e qne, por mo tivo» vários, nem sempre podem atrair a iniciativa privada.

5. Duas condiçíãe.s gerais que influenciam a política dc investimentos, IV

As leis trahalhisUis

As leis trabalhistas brasileiras, ora são

I

Imposto dc renda 6. No tocante ao impcisto de renda, cabo salientar que a evolução intensiva da economia brasileira tem na baixa ta

xa de tributação um dos seus indispensá\'eis pressupostos. Um país de econo mia plenamente dc.scnvolvida deve utili zar o imposto de renda como um instru mento de redistribuição da riqueza e de esterilização do poder de iniciativa. Um

país como o nosso, pelo contrário, de\e manter bai.xo o nível de suas taxas, com

os imperativos da justiça social transmi

o duplo objetivo de estimular a reinver-

tidos à nossa civilização pela experiên cia dc outros povos é um traço que marca o eapilalismo latino-americano. Nada é mais ilusório, portanto, do que pensar que poderemos recuar, no cam

fogem à tributação confiscatória dos países supercapitalizados. E' verdade que os rendimentos aufe ridos no pais do investimento sofrem, ao reingressar no país do investidor, uma

po das relações trabalhistas, a uma fase puramente contratualista. Nada é,

e que merecem ser préviamenle exami

cuja proteção decorre cio seu poder de auto-manutenção, sem prejuízo daquela parte legítima de garantias, seguro e as-

proletariado, não fizeram no campo da

e o integra! aproveitamento dos nossos recursos exigem (lue percorramos ainda nina etapa nitidamente capitalista, que

sor(;s, f obvio cpic ela s<r (lesar orientar

mia, c em que melhorar, de fato, o ni-

cutível como SC tem apregoado; é mui tas N-èze.s nma característica da econo

economia, o aumento da renda nacional

njuio recente, às Ínvcr.síãe.s imobiliárias,

regime de livre empreendimento, ora são criticadas como um fator de dimi nuição da nossa produtividade técnica e

0 nm índice de progre.vk) social tão dis

brasileiro e português. Por outro lado, .se c \'erdade (pie a expansão da nossa

letivas, consagradas, no período inflacio-

louvadas como representativas de um íilto padrão de justiça social, dentro do

\'el de vida do trabalivador, não através

quena escala os regimes autoritários

tiva (; educativa qne as b()lsas d(?vem preenc her, e cjne de fato prc-encbem cin outras partes do mundo. Quanto á a[)lica(;ão cie eeotioniias co

nadas, suo as escalas do imposto s(')!3re a renda e a legislação íraballiista.

nos dois pontos de vista. O excesso de garantias e proteções ao trabalhador não

celência, t; do melhor nível de \ida do

fjner títulos, tem lollúdo a função sele

cutem na.s c()ndiçõ(\s (U; desen

ractcrísticas estruturais da nossa econo

do aos regimes aulUrilários. Os Estados Unido.s, pais dos salários altos por ex

a isso a pe( liliaridade da nossa legi.slaÇao dc Imlsa, voltada p.ira a criação dc pri\il«'giris etti favor d(; corretores, que, tornando obrigatí^jria a cotação de quais-

Na nKxlida cm que mudarem as e.i-

du alimento dos custos. Há, talvez, uma cen.sura de unilateralismo a fazer

igualmente, mais errado do que pensar

que toda concessão ao trabalhador e um progresso social, e que não se pode, sem readonarismo, vir atrás de a gumas fór mulas excessivas — õu subordina-las,^ co mo é justo e indispensável, a cntenos

objetivos de apuração da assiduidade e

da produtividade.

são e atrair os capitais estrangeiros, que

nova taxação que, algumas vezes, cons titui bitributação, agravando a situação do contribuinte em relação a do que

capta seus rendimentos no próprio pais — e outras vezes constitui mera tiàbuta-

ção complementar, que o equipara aos contribuintes desta última classe.

Não

se pode, porém, esquecer que o investi dor, sobretudo o grande investidor, dei-


12

Digesto Econômico

13

Digesto Econômico

iniciativas novas, ao mesmo tempo que

didos em ambas as classes, embora seja

sobem, nas bôlsas de valores, as taxas

dc prever que dependerão de negocia

das obrigações c outros títulos privados.

ções como as descritas na classe primeira

Isso não pode obstar, entretanto, a que a massa gigantesca dc capitais acu

os que porventura venham atender às nossas necessidades de maior vulto. Nem

mulados incessantemente pela economia

por isso merecem menos con.sídcração as possibilidades de im^estimentos espontâ

xa no país do investimento, para reapli-

Medidas específicas — circulação de

cação, boa parte dos rendimentos ali percebidos/ e é neste ponto que a taxa

capitais

diferencial do imposto de renda faz sen Brasil, a baixa tributação de rendimen

8. Nenliuma política dc investimentos pode prescindir do estudo preliminar das condições cm qiic hoje se opera a

tos ainda tem o efeito de equilibrar o ônus das obrigações trabalhistas aos olhos do inversionista, embora as con

cável em bens da produção. A concepção clássica de que os capi

ricanos para o exterior torna-se um im

pelos seus representantes em conferên

seqüências nocivas destas últimas se fa

tais emigravam em iiu.sca de melhor ta

perativo da defesa da estrutura interna

cias internacionais.

çam sentir nos custos da produção e,

xa 'dc benefícios, tomado em conta um

cional cm que os E. U. A. se acham in

por um mecanismo patológico bem co

coeficiente negativo do risco, não expri me totalmente a verdade sôbrc o que se

tegrados, o será feita compulsòriamente

Os capitais europeus, pelo contrário, apresentam predominantemente possibi

passa nos no.sso.s dias. Foi esta, talvez, a fórmula geral da circulação de capi

nômica americana, mesmo contrariando a tendência espontânea dos ca

tais no período do liberalismo econômi

pitais particulares. Nesse sentido

co que SC encerrou com a l.*"* grande guerra, e ainda assim é preciso levar cm conta que os maiores investidores dessa

o Plano Marshall é um super-

tir o seu poder atrativo.

No caso do

nhecido, na queda da produtividade.

7. Ainda no terreno das medidas ge rais que se refletem sôbrc os investi mentos, porém mais particularmente so

bro os investimentos estrangeiros, cum pre mencionar a necessidade de uma po lítica de estabilidade cambial, e dc in tervenção do Estado na produção e no

comércio segundo normas tanto quanto possível lógicas, isto é, inteligíveis, está veis e gerais. As bruscas mudanças de rumo da intervenção estatal, o trata mento excepcional dispensado a certos casos concretos e a adoção de orienta

circulação internacional do capital apli

sob a forma de medidas de exceção. Feitas essas considerações sobre as

medidas gerais que condicionam a polí tica de investimentos estrangeiros, me

didas que, pelo seu maior alcance e re percussão em outros campos da vida

pelos órgãos dirigentes da política eco

pontânea dos países latino-ame

primas das suas indústrias domé.stícas (plantations), em serviços públicos rela cionados com ©.transporte ou desenvol

vidas.

— procura que as circunstâncias têm frustrado na maioria dos casos — reflete

um paradoxal deslocamento do coefi Investimentos csjyontâneos e investimentos dirioklos

9. Daí podermos encarar os futuros in vestimentos estrangeiros no Brasil como

ciente dc risco, que passou a ser menor na América Latina que nos países euro peus. Nestes, o risco mais distante da

guerra e da revolução social soma-se ao

repartidos em duas classes, ou espé

risco bastante próximo das nacionaliza ções, das greves e outras crises do tra

pel dc fator permanente de equilíbrio de

cies :

balho, criando uma espécie de recuo es

suas contas.

1) investimentos

Grã Bretanha, os scrviço.s dc remessa de

No mundo atual, ôsse fenômeno per

dirigidos

(obtidos

dos, onde os europeus podem aplicar sua

a govêrno, ou de bancos e grupos

tecnologia.

deu, pelo menos temporariamente e na área em que se refletem as condições

financeiros sensíveis à política ofi

da economia norte-americana, muito da

cial);

.sua generalidade. Os Estados Unidos se tornaram ao mesmo tempo os credores

E' de lamentar que essa emigração

espontânea da iniciativa européia encon

2) investimentos espontâneos (feitos

tre limitadas possibilidades práticas de

por livre iniciativa dos investidores;

realização, pois suas condições de entro-

em face das condições econômicas favoráveis encontradas no nosso

samento na estrutura de um país subde

o os fornecedores do mundo, o.s manu-

faturadores e os produtores

tratégico para os países subdesenvolvi

através de negociações de governo

das maté

rias-primas manufaturadas, e a observa

país).

ção das tendências do capital privado

do âmbito do problema submetido ao

americano revela a preferência pelos in

10.

èstudo da Comissão,

vestimentos domésticos, tendo os últimos anos assinalado recordes no volume das

que poderemos contar estão compreen

cabe considerar

as dificuldades criadas à emi

ricanos pelos capitais europeus

econômica, devem ser examinadas fora

mais de perto as medidas especiais.

lidades de SC investirem cspontêmeamentc, na medida em que puderem vencer

cas internas. Essa procura es

exemplo do movimento que os E. U. A. terão de repetir, em menor escala, em direção de ou

vimento daquelas malcrias-primas, e que, afinal, pelo predomínio das im portações na balança de comércio da

neos vindos dos E. U. A., sobretudo diante das reiteradas afirmações feitas

gração pelos respectivos gover nos e pelas condições econômi

tras regiões devastadas ou subdesenvol

confiança,

res de favores de subvenções indiretas

do país. A drenagem de capitais ame

época, os inglc.ses, geralmente investiam

capitais passaram a desempenhar o pa

autorizam as suspeitas de

vez mais considerável, ser aplicada fora

cm íitividades fornecedoras dc matérias-

ção pouco acessível em seus motivos ã compreensão de todos, favorecem a des corrupção e encorajam os invçstidores mais indesejáveis, que são os solicitado-

americana precise, numa parcela cada

Os investimentos americanos com

senvolvido são muitas vezes superiores às da iniciativa americana, e séria inte

ressante que se estimulasse a sua imigra ção, ou oferecendo-lhe o auxílio dos ca-


12

Digesto Econômico

13

Digesto Econômico

iniciativas novas, ao mesmo tempo que

didos em ambas as classes, embora seja

sobem, nas bôlsas de valores, as taxas

dc prever que dependerão de negocia

das obrigações c outros títulos privados.

ções como as descritas na classe primeira

Isso não pode obstar, entretanto, a que a massa gigantesca dc capitais acu

os que porventura venham atender às nossas necessidades de maior vulto. Nem

mulados incessantemente pela economia

por isso merecem menos con.sídcração as possibilidades de im^estimentos espontâ

xa no país do investimento, para reapli-

Medidas específicas — circulação de

cação, boa parte dos rendimentos ali percebidos/ e é neste ponto que a taxa

capitais

diferencial do imposto de renda faz sen Brasil, a baixa tributação de rendimen

8. Nenliuma política dc investimentos pode prescindir do estudo preliminar das condições cm qiic hoje se opera a

tos ainda tem o efeito de equilibrar o ônus das obrigações trabalhistas aos olhos do inversionista, embora as con

cável em bens da produção. A concepção clássica de que os capi

ricanos para o exterior torna-se um im

pelos seus representantes em conferên

seqüências nocivas destas últimas se fa

tais emigravam em iiu.sca de melhor ta

perativo da defesa da estrutura interna

cias internacionais.

çam sentir nos custos da produção e,

xa 'dc benefícios, tomado em conta um

cional cm que os E. U. A. se acham in

por um mecanismo patológico bem co

coeficiente negativo do risco, não expri me totalmente a verdade sôbrc o que se

tegrados, o será feita compulsòriamente

Os capitais europeus, pelo contrário, apresentam predominantemente possibi

passa nos no.sso.s dias. Foi esta, talvez, a fórmula geral da circulação de capi

nômica americana, mesmo contrariando a tendência espontânea dos ca

tais no período do liberalismo econômi

pitais particulares. Nesse sentido

co que SC encerrou com a l.*"* grande guerra, e ainda assim é preciso levar cm conta que os maiores investidores dessa

o Plano Marshall é um super-

tir o seu poder atrativo.

No caso do

nhecido, na queda da produtividade.

7. Ainda no terreno das medidas ge rais que se refletem sôbrc os investi mentos, porém mais particularmente so

bro os investimentos estrangeiros, cum pre mencionar a necessidade de uma po lítica de estabilidade cambial, e dc in tervenção do Estado na produção e no

comércio segundo normas tanto quanto possível lógicas, isto é, inteligíveis, está veis e gerais. As bruscas mudanças de rumo da intervenção estatal, o trata mento excepcional dispensado a certos casos concretos e a adoção de orienta

circulação internacional do capital apli

sob a forma de medidas de exceção. Feitas essas considerações sobre as

medidas gerais que condicionam a polí tica de investimentos estrangeiros, me

didas que, pelo seu maior alcance e re percussão em outros campos da vida

pelos órgãos dirigentes da política eco

pontânea dos países latino-ame

primas das suas indústrias domé.stícas (plantations), em serviços públicos rela cionados com ©.transporte ou desenvol

vidas.

— procura que as circunstâncias têm frustrado na maioria dos casos — reflete

um paradoxal deslocamento do coefi Investimentos csjyontâneos e investimentos dirioklos

9. Daí podermos encarar os futuros in vestimentos estrangeiros no Brasil como

ciente dc risco, que passou a ser menor na América Latina que nos países euro peus. Nestes, o risco mais distante da

guerra e da revolução social soma-se ao

repartidos em duas classes, ou espé

risco bastante próximo das nacionaliza ções, das greves e outras crises do tra

pel dc fator permanente de equilíbrio de

cies :

balho, criando uma espécie de recuo es

suas contas.

1) investimentos

Grã Bretanha, os scrviço.s dc remessa de

No mundo atual, ôsse fenômeno per

dirigidos

(obtidos

dos, onde os europeus podem aplicar sua

a govêrno, ou de bancos e grupos

tecnologia.

deu, pelo menos temporariamente e na área em que se refletem as condições

financeiros sensíveis à política ofi

da economia norte-americana, muito da

cial);

.sua generalidade. Os Estados Unidos se tornaram ao mesmo tempo os credores

E' de lamentar que essa emigração

espontânea da iniciativa européia encon

2) investimentos espontâneos (feitos

tre limitadas possibilidades práticas de

por livre iniciativa dos investidores;

realização, pois suas condições de entro-

em face das condições econômicas favoráveis encontradas no nosso

samento na estrutura de um país subde

o os fornecedores do mundo, o.s manu-

faturadores e os produtores

tratégico para os países subdesenvolvi

através de negociações de governo

das maté

rias-primas manufaturadas, e a observa

país).

ção das tendências do capital privado

do âmbito do problema submetido ao

americano revela a preferência pelos in

10.

èstudo da Comissão,

vestimentos domésticos, tendo os últimos anos assinalado recordes no volume das

que poderemos contar estão compreen

cabe considerar

as dificuldades criadas à emi

ricanos pelos capitais europeus

econômica, devem ser examinadas fora

mais de perto as medidas especiais.

lidades de SC investirem cspontêmeamentc, na medida em que puderem vencer

cas internas. Essa procura es

exemplo do movimento que os E. U. A. terão de repetir, em menor escala, em direção de ou

vimento daquelas malcrias-primas, e que, afinal, pelo predomínio das im portações na balança de comércio da

neos vindos dos E. U. A., sobretudo diante das reiteradas afirmações feitas

gração pelos respectivos gover nos e pelas condições econômi

tras regiões devastadas ou subdesenvol

confiança,

res de favores de subvenções indiretas

do país. A drenagem de capitais ame

época, os inglc.ses, geralmente investiam

capitais passaram a desempenhar o pa

autorizam as suspeitas de

vez mais considerável, ser aplicada fora

cm íitividades fornecedoras dc matérias-

ção pouco acessível em seus motivos ã compreensão de todos, favorecem a des corrupção e encorajam os invçstidores mais indesejáveis, que são os solicitado-

americana precise, numa parcela cada

Os investimentos americanos com

senvolvido são muitas vezes superiores às da iniciativa americana, e séria inte

ressante que se estimulasse a sua imigra ção, ou oferecendo-lhe o auxílio dos ca-


-.'i 1

[

14

DrcESTo Econónoco

pitais domésticos, ou articulando com ela o financiamento americano.

Investimentos dirigidos e exportações de matérias-primas

11. A importância prática da distinção

ora feita entre os investimentos espontâ neos e os dirigidos reside em que os pri meiros decorrem, via de regra, de nego ciações. Em tais negociações, proces sadas de governo a govêrno. ou entre grupos intere-ssados com a intervenção

direta ou indireta, próxima ou remota, dos governos, pode cada pais fazer en trar em linha de conta o seu poder de barganha, expresso nas concessões da quilo de que o outro tem imediata ne cessidade.

equilibrado pelo do livre acesso <^os equipamentos, que eni suas conseqüên cias práticas parece de menor alcance que o primeiro, e na verdade seria irri sório SC não lhe dc.sscmos o sentido pre ciso de obrigação comutativa de equi par tècnícamento os países de cujas ma térias-primas se precisa. De fato, inter

pretado de outro modo, esse princípio apenas .«;ignificaria que qualquer país

tem o direito dc adquirir equipamentos nos pafses que o produzem e que o que rem vender, o que seria um truismo. Seu único efeito consiste, realmente, em

afirmar que há uma reciprocidade en tre o direito às matérias-primas de ou tro país e o dever de lhe fornecer os equipamentos fundamentais para o seu desenvolvimento econômico.

Ora, quem hoje e.xamina a coopera ção econômica entre os países plena

12. Examinando

mente desenvolvidos , e os subdesenvol-

presentes a economia americana e a bra

xndos, verifica que ela se acha domina da por dois princípios, Històricamente in

sileira, é fácil verificar que aquela tem

dependentes um do outro, mas que no plano teórico se defrontam e no plano prático se podem mutuamente combinar

e completar: o primeiro é o princípio de livre acesso às matérias-primas, o se

gundo o de livre acesso aos equipamen tos. O princípio do livre acesso às ma térias-primas, que desde a Carta do Atlântico se incorporou ao sistema de

relações internacionais, sendo repetido e desenvolvido em numerosos documentos, traduz um princípio de cooperação in ternacional que, levado a seus últimos limites, torna ilegítima a recusa da par ticipação estrangeira na exploração de uma riqueza natural, quando o país que

nos_ seus

quadros

apenas uma necessidade primordial, que a nossa cooperação esteja em condições

' 1.. muui modificações substanciais esse período, v . , ,

dos por negociações são encaminhados por estas de acordo com um programa

gumas dcficióncins do equipamentos ba-

de realizações a que se acham ligados, os incesfinicníos espontâneos não devem estar sujeitos senão à preferência e inte-

na nossa própria estmh.ra, suprindo al ricos,

, r

A articulação do programa de fornecimcntos regidares de certas maler.as-

primas, como, por exemplo, o mineno de ferro e de manganós. com nm programa

de investimentos dirigidos, poderu, ser,

•assim, n primeira e a mais fecunda das formas cie cooperação. Esses investi

mentos poderiam encontrar seu campo de e.vecirçáo nos quadros do Plano Sal

te, especialmente na parte que lasa a prodii ão de energia elólriea o írimeporte, a aaricullnra e as mdustrm carreiatas; é admissível considerar desde logo

ação supleti\'a do governo, e manifesta-sc a igualdade entre estrangeiros e brasileiros, nos limites da constituição.

A Constituição brasileira atual, em re

lação aos estrangeiros, abandonou a orientação nacionalista, que vinha da Constituição de 1934 e se acentuara na

de 1937, e retomou a um regime de

adiante, a regalia de um seriaço esp

de que eram excluídos os estrangeiros no regime anterior, apenas continuam re

tos, enquadrados entre os mces imeatos favorecidos de que se trataró Imbas etai de remessa de amortizações e be

nefícios atravós de utrl.zaçp parcial das

divisas criadas pelas exportações de nu-

rio de ferro rico, indi.spensáveis à sua grande siderurgia.

Tratarurnto dos investimentos - princí pios gerais

A exportação intensiva de minério de que a do manganês, um inquestionável

sileira, que é predominantemente uma economia de li\'re empreendimento, com

igualdade entre estrangeiros e nacionais.

*ério.

ferro para os E. U. A. representa, mais

rê.sso do investidor. Preserva-se desse modo o característico da economia bra

.possibilidade de dar a tais investimen

de satisfazer : a de manganês e miné

servadas a brasileiros as empresas jorna

lísticas e de rádiodifusão (art. 100 da Constituição Federal) e a navegação de cabotagem (art. 155). As autorizações e concessões para a exploração de recur sos minerais e energia hidráulica apenas a brasileiros ou a sociedades organiza

l

IS

Das numerosas atividades econômicas

Investimentos obtidos através de

negoeiaçõcs, ou investimemos espontâ-

das no Brasil podem ser dadas (art. 153 6 §§).

E' verdade que continuam formal mente em vigor as leis ordinárias, feitas

benefício imediato para a economia brasileira, não só pelas suas repercus

neamente feitos no pais, estão, porem, do

sões no nosso mercado interno, mas tam

suieitos a normas de tratamento que

que reservam aos nacionais atixidades

Ss""m' relação de perfeita occrrên. .-.o nrlncípios que orientam a

como a mineração, os seguros, os bancos

bém, e principalmente, pelo aumento substancial que trará às nos.sas exporta ções, corrigindo o déficit crítico da ba

lança de pagamentos. Não podemos, porém, esquecer que essa dilatação do nosso poder de compra no exterior pode

a possui não está, êle próprio, em con dições de explorá-la e oferecê-la ao co

trazer conseqüências desastrosas à eco nomia do país no caso de uma cessação

mércio.

futura desta corrente de vendas, a me

Tal princípio acha-se, porém, hoje

15

Dioesto econômico

nos que tenhamos introduzido, durante

ponto de vista do pais que os recebe, sob o império da Constituição de 1937, .

rar enunciadas com clareza e

cia com os F"

poUtica de investimentos. Liberdade de investir

de depósitos, boje constitucíonalmente acessíveis aos estrangeiros. O Poder Le

gislativo deverá elaborar leis complementares da Constituição xngente, regu

ladoras de tais matérias, mas enquanto

tais leis não são promulgadas cumpre O primeiro dêsses princípios é o da indagar se perderam ou não sua vigên Wjerdade de investir.investimentos obtiuoercuM

cia os dispositivos das leis em vigor que

Se é certo


-.'i 1

[

14

DrcESTo Econónoco

pitais domésticos, ou articulando com ela o financiamento americano.

Investimentos dirigidos e exportações de matérias-primas

11. A importância prática da distinção

ora feita entre os investimentos espontâ neos e os dirigidos reside em que os pri meiros decorrem, via de regra, de nego ciações. Em tais negociações, proces sadas de governo a govêrno. ou entre grupos intere-ssados com a intervenção

direta ou indireta, próxima ou remota, dos governos, pode cada pais fazer en trar em linha de conta o seu poder de barganha, expresso nas concessões da quilo de que o outro tem imediata ne cessidade.

equilibrado pelo do livre acesso <^os equipamentos, que eni suas conseqüên cias práticas parece de menor alcance que o primeiro, e na verdade seria irri sório SC não lhe dc.sscmos o sentido pre ciso de obrigação comutativa de equi par tècnícamento os países de cujas ma térias-primas se precisa. De fato, inter

pretado de outro modo, esse princípio apenas .«;ignificaria que qualquer país

tem o direito dc adquirir equipamentos nos pafses que o produzem e que o que rem vender, o que seria um truismo. Seu único efeito consiste, realmente, em

afirmar que há uma reciprocidade en tre o direito às matérias-primas de ou tro país e o dever de lhe fornecer os equipamentos fundamentais para o seu desenvolvimento econômico.

Ora, quem hoje e.xamina a coopera ção econômica entre os países plena

12. Examinando

mente desenvolvidos , e os subdesenvol-

presentes a economia americana e a bra

xndos, verifica que ela se acha domina da por dois princípios, Històricamente in

sileira, é fácil verificar que aquela tem

dependentes um do outro, mas que no plano teórico se defrontam e no plano prático se podem mutuamente combinar

e completar: o primeiro é o princípio de livre acesso às matérias-primas, o se

gundo o de livre acesso aos equipamen tos. O princípio do livre acesso às ma térias-primas, que desde a Carta do Atlântico se incorporou ao sistema de

relações internacionais, sendo repetido e desenvolvido em numerosos documentos, traduz um princípio de cooperação in ternacional que, levado a seus últimos limites, torna ilegítima a recusa da par ticipação estrangeira na exploração de uma riqueza natural, quando o país que

nos_ seus

quadros

apenas uma necessidade primordial, que a nossa cooperação esteja em condições

' 1.. muui modificações substanciais esse período, v . , ,

dos por negociações são encaminhados por estas de acordo com um programa

gumas dcficióncins do equipamentos ba-

de realizações a que se acham ligados, os incesfinicníos espontâneos não devem estar sujeitos senão à preferência e inte-

na nossa própria estmh.ra, suprindo al ricos,

, r

A articulação do programa de fornecimcntos regidares de certas maler.as-

primas, como, por exemplo, o mineno de ferro e de manganós. com nm programa

de investimentos dirigidos, poderu, ser,

•assim, n primeira e a mais fecunda das formas cie cooperação. Esses investi

mentos poderiam encontrar seu campo de e.vecirçáo nos quadros do Plano Sal

te, especialmente na parte que lasa a prodii ão de energia elólriea o írimeporte, a aaricullnra e as mdustrm carreiatas; é admissível considerar desde logo

ação supleti\'a do governo, e manifesta-sc a igualdade entre estrangeiros e brasileiros, nos limites da constituição.

A Constituição brasileira atual, em re

lação aos estrangeiros, abandonou a orientação nacionalista, que vinha da Constituição de 1934 e se acentuara na

de 1937, e retomou a um regime de

adiante, a regalia de um seriaço esp

de que eram excluídos os estrangeiros no regime anterior, apenas continuam re

tos, enquadrados entre os mces imeatos favorecidos de que se trataró Imbas etai de remessa de amortizações e be

nefícios atravós de utrl.zaçp parcial das

divisas criadas pelas exportações de nu-

rio de ferro rico, indi.spensáveis à sua grande siderurgia.

Tratarurnto dos investimentos - princí pios gerais

A exportação intensiva de minério de que a do manganês, um inquestionável

sileira, que é predominantemente uma economia de li\'re empreendimento, com

igualdade entre estrangeiros e nacionais.

*ério.

ferro para os E. U. A. representa, mais

rê.sso do investidor. Preserva-se desse modo o característico da economia bra

.possibilidade de dar a tais investimen

de satisfazer : a de manganês e miné

servadas a brasileiros as empresas jorna

lísticas e de rádiodifusão (art. 100 da Constituição Federal) e a navegação de cabotagem (art. 155). As autorizações e concessões para a exploração de recur sos minerais e energia hidráulica apenas a brasileiros ou a sociedades organiza

l

IS

Das numerosas atividades econômicas

Investimentos obtidos através de

negoeiaçõcs, ou investimemos espontâ-

das no Brasil podem ser dadas (art. 153 6 §§).

E' verdade que continuam formal mente em vigor as leis ordinárias, feitas

benefício imediato para a economia brasileira, não só pelas suas repercus

neamente feitos no pais, estão, porem, do

sões no nosso mercado interno, mas tam

suieitos a normas de tratamento que

que reservam aos nacionais atixidades

Ss""m' relação de perfeita occrrên. .-.o nrlncípios que orientam a

como a mineração, os seguros, os bancos

bém, e principalmente, pelo aumento substancial que trará às nos.sas exporta ções, corrigindo o déficit crítico da ba

lança de pagamentos. Não podemos, porém, esquecer que essa dilatação do nosso poder de compra no exterior pode

a possui não está, êle próprio, em con dições de explorá-la e oferecê-la ao co

trazer conseqüências desastrosas à eco nomia do país no caso de uma cessação

mércio.

futura desta corrente de vendas, a me

Tal princípio acha-se, porém, hoje

15

Dioesto econômico

nos que tenhamos introduzido, durante

ponto de vista do pais que os recebe, sob o império da Constituição de 1937, .

rar enunciadas com clareza e

cia com os F"

poUtica de investimentos. Liberdade de investir

de depósitos, boje constitucíonalmente acessíveis aos estrangeiros. O Poder Le

gislativo deverá elaborar leis complementares da Constituição xngente, regu

ladoras de tais matérias, mas enquanto

tais leis não são promulgadas cumpre O primeiro dêsses princípios é o da indagar se perderam ou não sua vigên Wjerdade de investir.investimentos obtiuoercuM

cia os dispositivos das leis em vigor que

Se é certo


16

Dicesto Econômico

DrcESTo Econômico

discriminam entre nacionais e estrangeíios.

A interpretação da administração miblica nao tem sido uniforme. O Minis térío da Agricultura, sob cuja jurisdi ção se encontram as concessões e auto rizaçoes para exploração de minas c encr

Essa característica do direito interno coincide com as normas dos tra

desapropriação cnlrc nacionais e estran geiros (Coiuênio de Bogotá, Art. 25);

tados multilaterais a que o Brasil tem

10) — indenização a justo pveç-o, pron

aderido, reguladoras da economia regiO'

ta, acletpiacla e efcti\a, nos casos de de sapropriação (Convênio de Bogotá, Art.

nal ou mundial.

O.; itens 3, 4 e .5 da Resolução n.° 50

minatórios das leis em vigor estão, por

«megumte, ab-rogados, o Ministério do Trabalho, sob cuja jurisdição se en contram as companhias de seguros tem pelo contrário, entendimento quê Ôleê prevalecem até a entrada em vigor da nova lei ordinária. Não há decisão ju diciária, publicada do Supremo Tribunal Federal fixando o assunto em seus ter mos definitivos.

Declínio do núcionalisvw De um modo geral, pode dizer-se

que o princípio nacionalista, em que se inspirou a Constituição de 1937'

e que foi característico de todos os movimentos políticos dos anos 30, como reação à grande de

pressão 6 ao nacionalismo em que se fecharam alguns países europeus, está, entre nós, ao menos no

plano legislativo, ultrapassado. As bases da nova política de investi

a ação dos go\'ernos, encontrar o crité rio seguro para impor ao capital os me nores sacrifícios, respeitadas as priorida des devidas aos interesses do país.

12) — segurança adequada aos inves

Restrições eventuais

13.

A Comissão afimia, numa de suas

proposições, o principio da liberdade de circulação do capital, e em outras disci plinas as normas aplicáveis no caso de

vênio de Bogotá contem declarações de

timentos atuais c futuros (Carta de Ha

princípios, recomendações e normas de

vana, Art. 12, § 2.^ alínea *'a""(i) ; 13) — liberação das remessas e re-

impossibilidade de atender, por escassez

tôrno do capital estrangeiro (Convênio

de divisas, aos serviços dos-capitais.

ação internacional, de onde podemos e.xtrair os seguintes direitos c devercs : 1) — Defesa da soberania nacional

do Bogotá, Art. 22, § 4.°).

contra as interferências políticas dos in Liberdade de circulação do capital

vestimentos estrangeiros (Carta de Ha

vana, art. 12, § l.o alínea "a" (i);

2) - defesa dos inlcrêsscs públicos fundamentais (ChapultejJcc, Resolução

14. O segundo desses princípios é o da licrc entrada c saída dos capitais es

50, inciso 4. e 51, cláu.sula 6."); 3) ~ defesa das atividades econômi cas e dos capitais nacionais exi.stentes

trangeiros no país. Não há fundamento jurídico que le gitime, em princípio, a restrição da li berdade de locomoção cio capital, e não bá maneira mais eficaz de afugentar as disponibilidades estrangeiras do que

(Chapultepec, Resolução 50. inciso 5); 4) — preferência entre os investimen

to;;, pelo critério de sua função econô mica e social (Convênio de Bo

gotá, Art. 23, § 1 °)-

5) — regulamentação jurídi ca de propriedade dos investi mentos estrangeiros atuais e futuro.s (Carta de Havana, art.

-M,

12, § 1.°, alínea "c" (iü) ; 6) — regulamentação dos invc.stimen-

tos futuros (Carta de Havana, Art. 12, § 1.°, alínea "c" (ü) •

46, e podem ser traduzidas em dois princípios :

7) - não discriminação de tratamento entre capitais nacionais c estrangeiros

1) — igualdade de oportunidade para

(Chapultepec, Resolução 50, inciso 4, Convênio de Bogotá, art. 22, § 3.°) ; 8) — evitar discriminação entre capi

2) — livre iniciativa.

vestimentos aceitáveis (Carta de Hava na," Art. 12. alínea "a" (i) ;

arls. 19, 22, 23, 24, 25, 26 e 27 do Con

mentos encontram-se na Constituição de

nacionais e estrangeiros — (res salvadas as exceções indicadas).

sibilidades limitadas que contingenciam

25, m fine) ; 11) — facilitar razoãvcimeiite os in

Ata de Chapultcpec, o ponto 6 da gia, tem entendido que a lei ordinái# (ia C^rta Econômica das Américas, os arts. não pode discriminar entre nacionais e 11, § 2.", e 12 da Carla de Havana, os estrangeiros onde a Constituição não discrimina, e que os dispositivos discri

If

tais estrangeiros (Carta de

O .sucesso de uma política de atração cilitação dos investimentos dirigidos de

pende, pois, dé que se concebam nor

livre locomoção do capital repercute pro fundamente na opinião pública dos paí ses investidores, e exige o decurso de

mas, destinadas a vigorar sob o império da balança dc contas desfavorável, e ca

pazes de minorar os efeitos e os riscoa

um tempo mais ou menos longo para o

dessa situação.

investimentos, e mesmo do serviço dos

empréstimos externos, quando tais res trições decorrem de circunstâncias ob jetivas 6 traduzem uma real impossibili dade de execução. E' justamente aí que se toma indispensável, dentro das pos I /li/» - iT*l

máti(x> distante.

tívo econômico imperioso o princípio de

E' certo que o reconhecimento de tal princípio não impede que se restrinja a exportação de lucros e amortizações de

Art. 12, § 2.°, alínea "a" (ii) ; 9) — não discriminação em matéria do

preceito acadêmico, de sentido progra-

mante-ks sob ameaça de bloqueio ou de controles de aplicação. Qualquer ato governamental qne contrarie sem mo-

i"estabelccimento da confiança.

Havana,

O Brasil ó atualmente — e, segundo tô-

das as pro\àsões, ainda será por muito tcinpo — um país a que as grandes ne cessidades de importação asseguram uma balança de pagamentos deficitária. A afirmação do princípio de liberdade de saída dos capitais e de seus benefícios, pelo menos no futuro próximo, tem, por conseguinte, probabilitiades de oferecer pouco interêsse prático, .valendo como

dos investimentos espontâneos e de fa-

Assim como a liberdade de saída do

capital deve sofrer, em função da posi ção atual e previsível da balança de pa gamentos, certas restrições que visam resguardar e disciplinar, nos limites do possível, o exercício daquela liberdade, assim a de investir dentro do país em

empreendimento da escolha do investi dor sofre, segundo as proposições apro vadas, um importante temperamento.


16

Dicesto Econômico

DrcESTo Econômico

discriminam entre nacionais e estrangeíios.

A interpretação da administração miblica nao tem sido uniforme. O Minis térío da Agricultura, sob cuja jurisdi ção se encontram as concessões e auto rizaçoes para exploração de minas c encr

Essa característica do direito interno coincide com as normas dos tra

desapropriação cnlrc nacionais e estran geiros (Coiuênio de Bogotá, Art. 25);

tados multilaterais a que o Brasil tem

10) — indenização a justo pveç-o, pron

aderido, reguladoras da economia regiO'

ta, acletpiacla e efcti\a, nos casos de de sapropriação (Convênio de Bogotá, Art.

nal ou mundial.

O.; itens 3, 4 e .5 da Resolução n.° 50

minatórios das leis em vigor estão, por

«megumte, ab-rogados, o Ministério do Trabalho, sob cuja jurisdição se en contram as companhias de seguros tem pelo contrário, entendimento quê Ôleê prevalecem até a entrada em vigor da nova lei ordinária. Não há decisão ju diciária, publicada do Supremo Tribunal Federal fixando o assunto em seus ter mos definitivos.

Declínio do núcionalisvw De um modo geral, pode dizer-se

que o princípio nacionalista, em que se inspirou a Constituição de 1937'

e que foi característico de todos os movimentos políticos dos anos 30, como reação à grande de

pressão 6 ao nacionalismo em que se fecharam alguns países europeus, está, entre nós, ao menos no

plano legislativo, ultrapassado. As bases da nova política de investi

a ação dos go\'ernos, encontrar o crité rio seguro para impor ao capital os me nores sacrifícios, respeitadas as priorida des devidas aos interesses do país.

12) — segurança adequada aos inves

Restrições eventuais

13.

A Comissão afimia, numa de suas

proposições, o principio da liberdade de circulação do capital, e em outras disci plinas as normas aplicáveis no caso de

vênio de Bogotá contem declarações de

timentos atuais c futuros (Carta de Ha

princípios, recomendações e normas de

vana, Art. 12, § 2.^ alínea *'a""(i) ; 13) — liberação das remessas e re-

impossibilidade de atender, por escassez

tôrno do capital estrangeiro (Convênio

de divisas, aos serviços dos-capitais.

ação internacional, de onde podemos e.xtrair os seguintes direitos c devercs : 1) — Defesa da soberania nacional

do Bogotá, Art. 22, § 4.°).

contra as interferências políticas dos in Liberdade de circulação do capital

vestimentos estrangeiros (Carta de Ha

vana, art. 12, § l.o alínea "a" (i);

2) - defesa dos inlcrêsscs públicos fundamentais (ChapultejJcc, Resolução

14. O segundo desses princípios é o da licrc entrada c saída dos capitais es

50, inciso 4. e 51, cláu.sula 6."); 3) ~ defesa das atividades econômi cas e dos capitais nacionais exi.stentes

trangeiros no país. Não há fundamento jurídico que le gitime, em princípio, a restrição da li berdade de locomoção cio capital, e não bá maneira mais eficaz de afugentar as disponibilidades estrangeiras do que

(Chapultepec, Resolução 50. inciso 5); 4) — preferência entre os investimen

to;;, pelo critério de sua função econô mica e social (Convênio de Bo

gotá, Art. 23, § 1 °)-

5) — regulamentação jurídi ca de propriedade dos investi mentos estrangeiros atuais e futuro.s (Carta de Havana, art.

-M,

12, § 1.°, alínea "c" (iü) ; 6) — regulamentação dos invc.stimen-

tos futuros (Carta de Havana, Art. 12, § 1.°, alínea "c" (ü) •

46, e podem ser traduzidas em dois princípios :

7) - não discriminação de tratamento entre capitais nacionais c estrangeiros

1) — igualdade de oportunidade para

(Chapultepec, Resolução 50, inciso 4, Convênio de Bogotá, art. 22, § 3.°) ; 8) — evitar discriminação entre capi

2) — livre iniciativa.

vestimentos aceitáveis (Carta de Hava na," Art. 12. alínea "a" (i) ;

arls. 19, 22, 23, 24, 25, 26 e 27 do Con

mentos encontram-se na Constituição de

nacionais e estrangeiros — (res salvadas as exceções indicadas).

sibilidades limitadas que contingenciam

25, m fine) ; 11) — facilitar razoãvcimeiite os in

Ata de Chapultcpec, o ponto 6 da gia, tem entendido que a lei ordinái# (ia C^rta Econômica das Américas, os arts. não pode discriminar entre nacionais e 11, § 2.", e 12 da Carla de Havana, os estrangeiros onde a Constituição não discrimina, e que os dispositivos discri

If

tais estrangeiros (Carta de

O .sucesso de uma política de atração cilitação dos investimentos dirigidos de

pende, pois, dé que se concebam nor

livre locomoção do capital repercute pro fundamente na opinião pública dos paí ses investidores, e exige o decurso de

mas, destinadas a vigorar sob o império da balança dc contas desfavorável, e ca

pazes de minorar os efeitos e os riscoa

um tempo mais ou menos longo para o

dessa situação.

investimentos, e mesmo do serviço dos

empréstimos externos, quando tais res trições decorrem de circunstâncias ob jetivas 6 traduzem uma real impossibili dade de execução. E' justamente aí que se toma indispensável, dentro das pos I /li/» - iT*l

máti(x> distante.

tívo econômico imperioso o princípio de

E' certo que o reconhecimento de tal princípio não impede que se restrinja a exportação de lucros e amortizações de

Art. 12, § 2.°, alínea "a" (ii) ; 9) — não discriminação em matéria do

preceito acadêmico, de sentido progra-

mante-ks sob ameaça de bloqueio ou de controles de aplicação. Qualquer ato governamental qne contrarie sem mo-

i"estabelccimento da confiança.

Havana,

O Brasil ó atualmente — e, segundo tô-

das as pro\àsões, ainda será por muito tcinpo — um país a que as grandes ne cessidades de importação asseguram uma balança de pagamentos deficitária. A afirmação do princípio de liberdade de saída dos capitais e de seus benefícios, pelo menos no futuro próximo, tem, por conseguinte, probabilitiades de oferecer pouco interêsse prático, .valendo como

dos investimentos espontâneos e de fa-

Assim como a liberdade de saída do

capital deve sofrer, em função da posi ção atual e previsível da balança de pa gamentos, certas restrições que visam resguardar e disciplinar, nos limites do possível, o exercício daquela liberdade, assim a de investir dentro do país em

empreendimento da escolha do investi dor sofre, segundo as proposições apro vadas, um importante temperamento.


I

I i|» • i*|. i9

Dif-Ksro KcfiNóMico

18

DU;K.NT« EcoNóMKX)

fxixirl.ir quotas de amorliz;ivâo do capi

Sistema de liberdade ponderaila

I 18- A política dc desenvolvimento in tensivo do Wisso país nâo visi aivmas

íocrementar os investinuTítos ílo capital

,

estrangeiro entre nós. Viir isso inesrnr)

que ela mira o de.senvolvlmentf) inlcnsio seu propósito é ifíflucnciar. tanto

quanto possível, o encaininliainetilo dós-

; Se capital para as aplicai,.'), s dc rcp.

, cussao mais intensa na economia i»era].

Tal propósito conduz sempre a uma •

'-utredeo (iiriííi^mo econó""tro fc a economia mercado. Oplan-

.

o por esta, somos levados a deixar nne

o eap.tal si.^a apenas a linha da procura c melhor remnnera<.ão, o rp„. conduz trsionista estrangeiro normalmente r om ,-|e pc-

é

í^t'' caminho

talisf^ capista n.ngnern pensaria ('("''iioinia em modilieó-lo. o desenvolvimento intensivo não so-

Tre •' )"T

economia do

vcsHdo;: ' Abandonando, porém

mia dc mercado Inl ' 1

'I" in^

dirigismo, ,„e, Mém convenientes conhecidos, dc ord. ral, oferece o de afugeoiar . trangeiro das inversões dir. tas.'

tal dentro de limites fi.xados em lei ge ral. Tais limites, cuja fixaçrio depende

no sentido dr- aplicar ns MtiN recur&os

da.s dis|K)iiii)ilidades em meios de paga

txide convidaria à exportação mxxiina do

rto c.aw) do.s fni<*vfím4*nfo,T obticlus atro-

mento lio exterior,

>.'•% de nego,

si-m t!isiriminaç'io, segundo a naturez;i

benefício realizado, cxnno porcjue seria fácil, ao investidor interessado em re-

ílirc-ta ou indircla-

Admlle-xe, iKir.-in, que o govômo dislirjga. entre os iiin••sliuienlos possí veis, .aíjuéh's .|ue pela sua rep<-rcussaO

simplilic.i o sistiMua tle fisealização. (3s investimentos fax orecidos- gozarão dc itlènlica fai-ultlade, mas o fa\'oreci-

maior no <lesen\olvimenlo <lo país dcv,-Mi s,T cercados <1.* ía\ores de trata-

mcnto t ambiai consistirá na elevação dos

em relação às reaplicações no Brasil de

limites, tanto para os benefieios expor

lucros e reservas, a norma geral de tra

ineitlo, cap.iz. s tle pesar na eseollia do insesfidor, (orrigiiulo os possíveis dc.s-

vídii' 0.S investimentos em duas .lasses-

com o que muito se

táveis (ilivitlrndos tetos), como para os

viov do seu interesse para enipreeiuli-

prazos e (jiiotas di? i-i'tirada do eapilal. Êsse tratamento preferencial poderá ser

inenlos diferentes.

fixado, ,'111 certos casos, eni leis especiais,

A (Tiação do investimento favorecido itílroduz, a^^sim. o que m- poderia cha mar um sist.-ma de lib. rdade poudeni-

pois o faxorei-imeiito pode ser concedido por medida legislativa. Sendo concedido por nieditla adminis

da. Certas ai»liiavões <le capital sac) con

trativa, a fixação terá lugar em

sideradas mais favorãvcis <iue outras ao

6'ouecuío.v (Ic favcrcrimmto, nos

desenvolvimí-tito inf(i«sivo tio p'»'-'^'

tjiiai.'

cm

eonsMim-ueia são afetadas de mu coefi

serão

eslipuhulas

mais atraentes para o iiiveslitlor.

Os eonxcnios de investimento ofere

/ín;c.s/(//ím,/o.s commi-v c invc^iimvntos

geni dc filiar os favores cambiais e fis

favorecidos

cais concedidos a um ato jurídico, o que lhes confere a c'slal)ilidade do direito

ad([uirÍdo. prolegendo-o contra o risco

18. A principal diferença de trata

das modificações legislativas. Serão ajustados com a própria empresa em que SC faz o investimento, a qual fica habi

mento entre os investimentos comuns e

litada a exportar os benefícios e o ca

pital, obtendo clivi.sa.s' na moeda do in vestimento. A vencia pelo investidor es-

da»: as re-slriç.ães à exportação dc capitais,

rença de tratainoiito. Perdurando a po sição atual, qiiaistiiier invcslimcnlos, co muns ou favorecidos, dcyern encontrar

meios para retirar do pais, dentro de

.1

ti'angciio de suas ações ou participa ções nos empreendimentos favorecidos não cria problemas para o e.xercieio da regalia, pois aquele que adquirir as ações ou participações em causa sucede

a) — investimentos cnrnuns

certos- limites, seus benefícios ou o pró-

rá no direito de efetuar as remessas au

b) — investimentos favorecidos.

prit) capital. Apenas variam; de uma

torizadas pelo convênio.

Não se preconiza a intervenção do

E.stacIo junto ao investidor para dirigi-lo

classe para outra, esses meios e limites. Os investimentos comuns poderão re tirar do Brasil os benefícios obtidos e

no país. Por txDiiseguinte. deve vigorar, tamento para o capitai vindo do exte rior: .se a rcaplicaçãü fór feita em inves timentos comuns, terá os benefícios que a estes correspondem; se fòr feita em investimentos favorecidos, fará jus iVs normas de ravorecimenlo.

19.

As reaplicações, no Brasil, dos lucros

.>\o lado das nonnas cam

biais liaverã outras normas de favorecimenlo : em primeiro

lugar as fiscais, que poderão ir

as

cem, clestle logo, ao investidor a xanta-

desapareceriam as vanlagt,>ns dessa dife

tal iiiiporlado, fazer sair e reingrossar,

eximo capital novo, os lucros auferidos

de.sde isenções e reduções para a

vantagens i' as obrigações cor respondentes do inx-eslidor.

ciente .pn- t.órieamente deve torna-las

alua) da iio.ssa balança de contas, cessa-

tuou-.se a Comissão, adotando o alvitr"

aplicar benefícios cxim regalias de capi

do inv<-stjnn-nlo,

Na hipótese de se inverter a po.siçao

da Subcomissão de Investimentos de d7

devem ser lixados

mente oficiais.

benefícios e à saída do capital.

17. Entre essas duas tendências si

investimentos, não só porque outra ati-

nesta í)u naquela atisidade, a nao ser

r • I . - ,1!/ r/'i;neito a rcincssa de os favoreeitios ciiz rtsp.uu ..

''''

ou reservas feitos pelo investidor de verão ser estimuladas pela poHlica de

instalação dos novos empreen-

dimcnto.s, até, cm casos cxcepcfonais, as

isenções permanentes de tributos, ex cluído dc modo absoluto o de venda ;

cm segundo lugar, facilidades várias, desde ns reduções de fretes e despesas

.administrativas uté a garantia de com

pras, nos casos em que o Estado, pela natureza da produção, está em condi ções de oferecê-la.

20. Quais os investimentos que dex'em ser considerados favorecidos, rele-

gando-se os demais à classe dos co muns ?

A formação de um elenco de investi mentos favorecidos ou o estabelecimento

de um critério para inclusão ou e.xclusão de empreendimento nessa classe constitui um problema de grande trans cendência e em que o risco da regula

mentação minuciosa é maior que o do


I

I i|» • i*|. i9

Dif-Ksro KcfiNóMico

18

DU;K.NT« EcoNóMKX)

fxixirl.ir quotas de amorliz;ivâo do capi

Sistema de liberdade ponderaila

I 18- A política dc desenvolvimento in tensivo do Wisso país nâo visi aivmas

íocrementar os investinuTítos ílo capital

,

estrangeiro entre nós. Viir isso inesrnr)

que ela mira o de.senvolvlmentf) inlcnsio seu propósito é ifíflucnciar. tanto

quanto possível, o encaininliainetilo dós-

; Se capital para as aplicai,.'), s dc rcp.

, cussao mais intensa na economia i»era].

Tal propósito conduz sempre a uma •

'-utredeo (iiriííi^mo econó""tro fc a economia mercado. Oplan-

.

o por esta, somos levados a deixar nne

o eap.tal si.^a apenas a linha da procura c melhor remnnera<.ão, o rp„. conduz trsionista estrangeiro normalmente r om ,-|e pc-

é

í^t'' caminho

talisf^ capista n.ngnern pensaria ('("''iioinia em modilieó-lo. o desenvolvimento intensivo não so-

Tre •' )"T

economia do

vcsHdo;: ' Abandonando, porém

mia dc mercado Inl ' 1

'I" in^

dirigismo, ,„e, Mém convenientes conhecidos, dc ord. ral, oferece o de afugeoiar . trangeiro das inversões dir. tas.'

tal dentro de limites fi.xados em lei ge ral. Tais limites, cuja fixaçrio depende

no sentido dr- aplicar ns MtiN recur&os

da.s dis|K)iiii)ilidades em meios de paga

txide convidaria à exportação mxxiina do

rto c.aw) do.s fni<*vfím4*nfo,T obticlus atro-

mento lio exterior,

>.'•% de nego,

si-m t!isiriminaç'io, segundo a naturez;i

benefício realizado, cxnno porcjue seria fácil, ao investidor interessado em re-

ílirc-ta ou indircla-

Admlle-xe, iKir.-in, que o govômo dislirjga. entre os iiin••sliuienlos possí veis, .aíjuéh's .|ue pela sua rep<-rcussaO

simplilic.i o sistiMua tle fisealização. (3s investimentos fax orecidos- gozarão dc itlènlica fai-ultlade, mas o fa\'oreci-

maior no <lesen\olvimenlo <lo país dcv,-Mi s,T cercados <1.* ía\ores de trata-

mcnto t ambiai consistirá na elevação dos

em relação às reaplicações no Brasil de

limites, tanto para os benefieios expor

lucros e reservas, a norma geral de tra

ineitlo, cap.iz. s tle pesar na eseollia do insesfidor, (orrigiiulo os possíveis dc.s-

vídii' 0.S investimentos em duas .lasses-

com o que muito se

táveis (ilivitlrndos tetos), como para os

viov do seu interesse para enipreeiuli-

prazos e (jiiotas di? i-i'tirada do eapilal. Êsse tratamento preferencial poderá ser

inenlos diferentes.

fixado, ,'111 certos casos, eni leis especiais,

A (Tiação do investimento favorecido itílroduz, a^^sim. o que m- poderia cha mar um sist.-ma de lib. rdade poudeni-

pois o faxorei-imeiito pode ser concedido por medida legislativa. Sendo concedido por nieditla adminis

da. Certas ai»liiavões <le capital sac) con

trativa, a fixação terá lugar em

sideradas mais favorãvcis <iue outras ao

6'ouecuío.v (Ic favcrcrimmto, nos

desenvolvimí-tito inf(i«sivo tio p'»'-'^'

tjiiai.'

cm

eonsMim-ueia são afetadas de mu coefi

serão

eslipuhulas

mais atraentes para o iiiveslitlor.

Os eonxcnios de investimento ofere

/ín;c.s/(//ím,/o.s commi-v c invc^iimvntos

geni dc filiar os favores cambiais e fis

favorecidos

cais concedidos a um ato jurídico, o que lhes confere a c'slal)ilidade do direito

ad([uirÍdo. prolegendo-o contra o risco

18. A principal diferença de trata

das modificações legislativas. Serão ajustados com a própria empresa em que SC faz o investimento, a qual fica habi

mento entre os investimentos comuns e

litada a exportar os benefícios e o ca

pital, obtendo clivi.sa.s' na moeda do in vestimento. A vencia pelo investidor es-

da»: as re-slriç.ães à exportação dc capitais,

rença de tratainoiito. Perdurando a po sição atual, qiiaistiiier invcslimcnlos, co muns ou favorecidos, dcyern encontrar

meios para retirar do pais, dentro de

.1

ti'angciio de suas ações ou participa ções nos empreendimentos favorecidos não cria problemas para o e.xercieio da regalia, pois aquele que adquirir as ações ou participações em causa sucede

a) — investimentos cnrnuns

certos- limites, seus benefícios ou o pró-

rá no direito de efetuar as remessas au

b) — investimentos favorecidos.

prit) capital. Apenas variam; de uma

torizadas pelo convênio.

Não se preconiza a intervenção do

E.stacIo junto ao investidor para dirigi-lo

classe para outra, esses meios e limites. Os investimentos comuns poderão re tirar do Brasil os benefícios obtidos e

no país. Por txDiiseguinte. deve vigorar, tamento para o capitai vindo do exte rior: .se a rcaplicaçãü fór feita em inves timentos comuns, terá os benefícios que a estes correspondem; se fòr feita em investimentos favorecidos, fará jus iVs normas de ravorecimenlo.

19.

As reaplicações, no Brasil, dos lucros

.>\o lado das nonnas cam

biais liaverã outras normas de favorecimenlo : em primeiro

lugar as fiscais, que poderão ir

as

cem, clestle logo, ao investidor a xanta-

desapareceriam as vanlagt,>ns dessa dife

tal iiiiporlado, fazer sair e reingrossar,

eximo capital novo, os lucros auferidos

de.sde isenções e reduções para a

vantagens i' as obrigações cor respondentes do inx-eslidor.

ciente .pn- t.órieamente deve torna-las

alua) da iio.ssa balança de contas, cessa-

tuou-.se a Comissão, adotando o alvitr"

aplicar benefícios cxim regalias de capi

do inv<-stjnn-nlo,

Na hipótese de se inverter a po.siçao

da Subcomissão de Investimentos de d7

devem ser lixados

mente oficiais.

benefícios e à saída do capital.

17. Entre essas duas tendências si

investimentos, não só porque outra ati-

nesta í)u naquela atisidade, a nao ser

r • I . - ,1!/ r/'i;neito a rcincssa de os favoreeitios ciiz rtsp.uu ..

''''

ou reservas feitos pelo investidor de verão ser estimuladas pela poHlica de

instalação dos novos empreen-

dimcnto.s, até, cm casos cxcepcfonais, as

isenções permanentes de tributos, ex cluído dc modo absoluto o de venda ;

cm segundo lugar, facilidades várias, desde ns reduções de fretes e despesas

.administrativas uté a garantia de com

pras, nos casos em que o Estado, pela natureza da produção, está em condi ções de oferecê-la.

20. Quais os investimentos que dex'em ser considerados favorecidos, rele-

gando-se os demais à classe dos co muns ?

A formação de um elenco de investi mentos favorecidos ou o estabelecimento

de um critério para inclusão ou e.xclusão de empreendimento nessa classe constitui um problema de grande trans cendência e em que o risco da regula

mentação minuciosa é maior que o do


DiGESTO Econômico

su

simples estabelecimento de princípios

sendo óbvio que a coincidência de mais

gerais.

de um moti\'() reforça as ra7.óe.s do tra tamento especial.

Na criação do investimento favoreci

As características que levam à inclu-

do já se contém a idéia de que há em preendimentos merecedores de maior

.são na classe dos investimentos favore

estímulo por parte do poder público,

cidos devem ser :

pela razão, acima declarada, de reper cutirem mais intensamente no processo

a) criação de condições gorais de de-

de desenvolvimento econômico intensivo

.senvolvimcnto, com acentuada re

do país. A ampliação do mercado in terno e a elevação do nível de produti

percussão na ampliação do merca

vidade técnica parecem, assim, as ra

b) o aumento de produtividade téc

do interno ;

r tf

Digf.stü Econômico

21

cuja diminuição se impõe, cm primeira linha, às cogitações dos liomcns do govérno e dos chefes dc empresas do país, inscrc\c-sc o baixo nível de produliNi-

c.Kcepcionalmente eleindas, determinan

dudc técnica dc no.ssas atividades.

do o déficit de nossa balança de paga

A

produtividade monetária aumenta mui tas vezes por contingências de mercado

ou por efeito de medidas protecionistas, dando a ilusão da clc\'ação dc rcndíT so cial. O aumento da produtividade téc nica, envolvendo nessa expressão tam

anti-económica nas suas conseqüências.

Sucede, porém, que as necessidades de importação do nosso país se apresentam

mentos por um período que ainda se anuncia muito longo, polo menos na área do dólar.

Daí resulta que a ins

talação de atividades econômicas capa

zes dc liberar, através da produção na

cional, certa quantidade dc divisas hoje

c) a repercussão do investimento no

Sendo certo, entretanto, que em ou tras comissões especiais, em que se di

bém Os aumento.s obtidos pela raciona lização da administração das empresas, é um objeti\'o dc tão grande relevância

comércio e.xtemo, criando divisas

para o clesenvoK-imcnto econômico do

nômico do puís, por lhe permitir aplicar

pelo aumento das exportações, ou

vide a comissão técnica conjunta^brasi-

país que a comissão, depois de ter feito

liberando divisas pela diminuição das importações em áreas dc contas

êsses recursos em fornecimentos de que

dêlo um fundamento autônomo da con

necessitamos.

cessão de favorecimentos, julga indispen sável recomendar que;, na concessão do

acima alude aos empreendimentos pou

zões predominantes para o tratamento

preferencial de qualquer aplicação.

nica ;

leiro-americana, estão sendo estudados

problemas particulares, cujas soluções põem necessariamente em evidencia a necessidade de aplicações imediatas de

deficitárias ;

d) a implantação de empreendimentos

capitais, a comissão entende que, depois de conhecidas as conclusões dessas co- '

missões especiais, será possível erguer um quadro nominal dos investimentos merecedores de inclusão na classe dos

favorecidos. Em seu trabalho preliminar preferiu, porém, esboçar apenas os critérios ge rais de inclusão na referida classe, de correntes de características de ordem

econômica, que permitirão a revisão per manente do quadro. Êsses critérios gerais,

discriminados

em quatro itens, indicam as caracterís- dcas por força das quais pode um in vestimento ser incluído entre os favore cidos, quer se trate de investimento es

pontâneo, quer se trate de investimento

obtido através dé negociações. Não é ne

cessário que o investimento preencha os

quatro itens da discriminação para que a inclusão se verifique. Basta que êle

se enquadre em um dos itens referidos,

21.

absorvidas pela importação nessa área deficitária, constituirá sempre um pode roso incremento ao desenvolvimento eco

O último item da enumeração feita

regime preferencial a qualquer investi

co acessíveis à iniciativa nacional e que

menos acessíveis à iniciativa nacio

mento, sempre se tenha em conta que es

serão protelados se não nos vier do es

nal, ou por demandarem recursos superiores às reservas domésticas mobilizávcis, ou por dependerem de tecnologia dc que não se dispõe'no

te contribua, no emprego da aparelhagem dos processos técnicos adquiridos, para

trangeiro a soma de recursos com que os

pais. Cada um dos itens acima enume

rados exige uma breve justificação. A criação de condições gerais dc desenvol vimento ó a razão primordial de se fa-

o melhoramento constante da produtivi

possamos promover. A inâcessibilidade, nesses casos, poderá resultar da escas

dade, e bem assim para o preparo dos

sez de recursos financeirós ou da falta

técnicos nacionais, criando-llies oportu nidade de aperfeiçoamento e condições

de tecnologia em nível suficiente para as-segmar o êxito da iniciativa. A con tribuição da tecnologia e da e.xqjeriência estrangeira, ou de capitais mais

de estímulo. Discutiu a Comissão se era motivo su

ficiente para inclusão dc um investi mento na categoria dos favorecidos o

i'orecer uma iniciativa, distingiiíndo-a das demais. E' sabido que há ativida des econômicas que, por sua natureza,

fato de repercutir no comércio externo

se desenvolvem em relativo isolamento,

enquanto outras repercutem no mercado

diminuição das importações, e delibe rou por maioria que o simples fato de

interno, suscitando ou favorecendo ou

conduzir à produção de utilidades até

tras atividades.

então obtidas por importação, não era

São estas as que, me

diante a concessão de favores, devemos,

do preferência, estimular dentro do ob jetivo de intensivo desenvolvimento proposto como finalidade da política de investimentos aconselhada.

Entro os males da economia brasileira,

do país,

criando ou liberando divisas

pelo aumento das exportações ou pela

motivo para a concessão dos favores, a

menos que o empreendimento satisfizes se os itens o, b ou d da enumeração su

pra. De fato, o desenvolvimento sadio da economia nacional não conduz à po lítica de auto-suficiência, notòriamente

abundantes do que aquêles que as nos sas reservas domésticas permitem mo

bilizar, justifica plenamente que se es tendam a êsses investiméntos os benefí cios do tratamento preferencial.

Política e lei de investimentos 22 Uma política de investimentos po de'consisür apenas na orientação assen

tada pela administração pubüca e tra duzida em medidas administrativas exe

cutadas pelos seus diversos departamen tos e órgãos. A natureza das providên cias aconselhadas neste relatório trans-


DiGESTO Econômico

su

simples estabelecimento de princípios

sendo óbvio que a coincidência de mais

gerais.

de um moti\'() reforça as ra7.óe.s do tra tamento especial.

Na criação do investimento favoreci

As características que levam à inclu-

do já se contém a idéia de que há em preendimentos merecedores de maior

.são na classe dos investimentos favore

estímulo por parte do poder público,

cidos devem ser :

pela razão, acima declarada, de reper cutirem mais intensamente no processo

a) criação de condições gorais de de-

de desenvolvimento econômico intensivo

.senvolvimcnto, com acentuada re

do país. A ampliação do mercado in terno e a elevação do nível de produti

percussão na ampliação do merca

vidade técnica parecem, assim, as ra

b) o aumento de produtividade téc

do interno ;

r tf

Digf.stü Econômico

21

cuja diminuição se impõe, cm primeira linha, às cogitações dos liomcns do govérno e dos chefes dc empresas do país, inscrc\c-sc o baixo nível de produliNi-

c.Kcepcionalmente eleindas, determinan

dudc técnica dc no.ssas atividades.

do o déficit de nossa balança de paga

A

produtividade monetária aumenta mui tas vezes por contingências de mercado

ou por efeito de medidas protecionistas, dando a ilusão da clc\'ação dc rcndíT so cial. O aumento da produtividade téc nica, envolvendo nessa expressão tam

anti-económica nas suas conseqüências.

Sucede, porém, que as necessidades de importação do nosso país se apresentam

mentos por um período que ainda se anuncia muito longo, polo menos na área do dólar.

Daí resulta que a ins

talação de atividades econômicas capa

zes dc liberar, através da produção na

cional, certa quantidade dc divisas hoje

c) a repercussão do investimento no

Sendo certo, entretanto, que em ou tras comissões especiais, em que se di

bém Os aumento.s obtidos pela raciona lização da administração das empresas, é um objeti\'o dc tão grande relevância

comércio e.xtemo, criando divisas

para o clesenvoK-imcnto econômico do

nômico do puís, por lhe permitir aplicar

pelo aumento das exportações, ou

vide a comissão técnica conjunta^brasi-

país que a comissão, depois de ter feito

liberando divisas pela diminuição das importações em áreas dc contas

êsses recursos em fornecimentos de que

dêlo um fundamento autônomo da con

necessitamos.

cessão de favorecimentos, julga indispen sável recomendar que;, na concessão do

acima alude aos empreendimentos pou

zões predominantes para o tratamento

preferencial de qualquer aplicação.

nica ;

leiro-americana, estão sendo estudados

problemas particulares, cujas soluções põem necessariamente em evidencia a necessidade de aplicações imediatas de

deficitárias ;

d) a implantação de empreendimentos

capitais, a comissão entende que, depois de conhecidas as conclusões dessas co- '

missões especiais, será possível erguer um quadro nominal dos investimentos merecedores de inclusão na classe dos

favorecidos. Em seu trabalho preliminar preferiu, porém, esboçar apenas os critérios ge rais de inclusão na referida classe, de correntes de características de ordem

econômica, que permitirão a revisão per manente do quadro. Êsses critérios gerais,

discriminados

em quatro itens, indicam as caracterís- dcas por força das quais pode um in vestimento ser incluído entre os favore cidos, quer se trate de investimento es

pontâneo, quer se trate de investimento

obtido através dé negociações. Não é ne

cessário que o investimento preencha os

quatro itens da discriminação para que a inclusão se verifique. Basta que êle

se enquadre em um dos itens referidos,

21.

absorvidas pela importação nessa área deficitária, constituirá sempre um pode roso incremento ao desenvolvimento eco

O último item da enumeração feita

regime preferencial a qualquer investi

co acessíveis à iniciativa nacional e que

menos acessíveis à iniciativa nacio

mento, sempre se tenha em conta que es

serão protelados se não nos vier do es

nal, ou por demandarem recursos superiores às reservas domésticas mobilizávcis, ou por dependerem de tecnologia dc que não se dispõe'no

te contribua, no emprego da aparelhagem dos processos técnicos adquiridos, para

trangeiro a soma de recursos com que os

pais. Cada um dos itens acima enume

rados exige uma breve justificação. A criação de condições gerais dc desenvol vimento ó a razão primordial de se fa-

o melhoramento constante da produtivi

possamos promover. A inâcessibilidade, nesses casos, poderá resultar da escas

dade, e bem assim para o preparo dos

sez de recursos financeirós ou da falta

técnicos nacionais, criando-llies oportu nidade de aperfeiçoamento e condições

de tecnologia em nível suficiente para as-segmar o êxito da iniciativa. A con tribuição da tecnologia e da e.xqjeriência estrangeira, ou de capitais mais

de estímulo. Discutiu a Comissão se era motivo su

ficiente para inclusão dc um investi mento na categoria dos favorecidos o

i'orecer uma iniciativa, distingiiíndo-a das demais. E' sabido que há ativida des econômicas que, por sua natureza,

fato de repercutir no comércio externo

se desenvolvem em relativo isolamento,

enquanto outras repercutem no mercado

diminuição das importações, e delibe rou por maioria que o simples fato de

interno, suscitando ou favorecendo ou

conduzir à produção de utilidades até

tras atividades.

então obtidas por importação, não era

São estas as que, me

diante a concessão de favores, devemos,

do preferência, estimular dentro do ob jetivo de intensivo desenvolvimento proposto como finalidade da política de investimentos aconselhada.

Entro os males da economia brasileira,

do país,

criando ou liberando divisas

pelo aumento das exportações ou pela

motivo para a concessão dos favores, a

menos que o empreendimento satisfizes se os itens o, b ou d da enumeração su

pra. De fato, o desenvolvimento sadio da economia nacional não conduz à po lítica de auto-suficiência, notòriamente

abundantes do que aquêles que as nos sas reservas domésticas permitem mo

bilizar, justifica plenamente que se es tendam a êsses investiméntos os benefí cios do tratamento preferencial.

Política e lei de investimentos 22 Uma política de investimentos po de'consisür apenas na orientação assen

tada pela administração pubüca e tra duzida em medidas administrativas exe

cutadas pelos seus diversos departamen tos e órgãos. A natureza das providên cias aconselhadas neste relatório trans-


•9 l-T' »

22

j cendc, pc/rím, frcquenlemcntc. o ámhitr»

<!a a^-áo administrativa, exigindo mirnuis [ ç*pt'cíais exprcssíís em lei. Tíkla píiliti\ ca dc invc.stiinüntos estaria comproinetí-

I da .SC cada um dos tasos concTelos a re-

I. Prinrípúi dc litirc circuUiçwt do capital

^ uma política depende da existência de

e sair do território n.ieioiial. aplie.uulo-

I <juadnis legislativos estáveis e flixlví-is

se ein bens e einpreendimentf)s cuja pro priedade e controle não llu* sejum pr(»i«

l

. comendação ao Poder ExeculKo para

cação fôr feita cm invcstinrentos co tas no item 4.

V.

IX. Critérios para U%clusâo dc òwcsti'

N<>rnuis cambiais juira investimen tos favorecidos

O.s prazos c cpiotas para a rolinuia dc

II. fícr/niôc.v dcrorrfntc.v da hnUtnça

cxpf>rlação di- lucros serão fixailos cm leis esjieci.iis ou em CH>n\ènios, nos (piais intcrvirú a empresa (pie recebe O

íaxorircidos e os limites iná.ximos para n

dc parlamentos

Em função da posição aluai ou previ

de lei sóbre investimentos, ern rpie se sistematizem as medidas contidas nas

capitais e limites máximos para a expor

K suas conclusões.

comun.s V os linnte.s niá.xirno.s jvira a cx-

|K>rtaçãa de lucros serão fí.xados cm leis gerais, sem díscrliuituição.

capitais classificados como investimentos

sível tia balança dc panainrnKKs é lícito fixar prazos e quotas para a retirada de

que tome a iniciativa de um anteprojeto

Econômico

bídos pela Goustíluição.

Julg«"» por íssí), a Comissão que de

via encerrar o .seu relatório por uma re-

Dioksto

- PROPOSIÇt'>KS I"I\AIS -

IV rec^mhecida. imu prim ipio, ;i(, pital estraugeiro a liberei.ule rle imirur

objetivos conceituados claramente.

w

Diokstíi r.tovriMico

f guiar tivesse de r(?ceber sua siduvâtí |e[ gíblatíva própria, pois a eslalulídnde de

^ C de urna orientação da administração , pública, pautada por êles. e dirigida a

J"'

V,

inxestimcnlo.

VI.

iVor;///M fiscais dc favorcciincnto

A-s nonnas dc favoreciinento do cará

tação de lucros.

ter fi.scal jmilem incidir sòlire a instala

invc.s-timentos

ção de ati\'i(ladc c até sòbre o seu c.xcr-

Os investinjcntos estrangeiros no pais, j mentos de aplicação das medidas pre tanto os oblidíjs por negociações de go vistas por ela e tornando inteligíveis,

cício contínuo para determinados tipos

F investimentos, - os critériosí^ôbre geraisy defir^indo oscontendo iristrtiaos üllios do povo brasilciríj e do inves tidor estrangeiro, os mó-.eís c finalida

IIÍ. Classificação

dc

de atividade econômica de interés.se na

cional, cle.sdi- qu<^ não implicpiem em tra

verno a govêmo, como os fcito.s espon-

I'.

tãncainentc, .são susceliveis de sc distri

A

tamento desvanlajo.so para invoslimon-

sentaria urn passo dccisivtj para o esta

a) investimentos comuns

tos já existentes, ficando oxcluída qual quer isenção de imposto de renda.

belecimento de um novo período de co laboração do capital estrangeiro no de senvolvimento econômico do nosso país.

b) investimentos favorecidos.

Vil.

des de nossa política econômica, repre

buírem em tluas classes :

A concessão do regime dt; favoreci-

Essa lei teria o mérito d(.' traduzir a no

mento será .sempre precedida de; um pe ríodo de publicidade, dentro do qual

va mentalidade com que o Govêmo da República se dispõe a encarar e tratar

quaisquer investiiíientos anteriores, pro vando tpic são idênticas as condições a

o capital e-strangeiro, não favorecendo

abusos, que cedo ou tarde provocam

que obedeceu a entrada c aplicação dos capitais respectivos no país, poderão

reações de.scomedídas, mas dando aos

pleitear sua inclusão no mesmo regime,

que empregam seus recursos no de.sen-

em data a ser fixada no instrumento cia

volvimento da economia brasileira as condições de respeito, liberdade, estímu lo 8 garantiu sem as quais nenhum ca

concessão.

pital acorre a um país novo, sejam quais forem suas possibilidades de explora ção.

Normas especiais dc favorecimcnfo

Poderá bavcr outras nomias dc favorccimento além das citadas, entre as

qiiai.s um (ralamonto especial cm maté

sam contribuir para a criação de cHindiçõcs gerais de desenvolvimento,

eom

acentuada repercussão na ampliação do mercado inlcnu) ; b) os (jue concorram

para o anmcnlo da proclulivitlade técni ca ; c) (xs (jue criem ou liberem divisas,

aumentando a cxjKirtação ou suprindo n importação cm áreas de contas deficitá rias; d) os (juc Ncnhani suprir deficiên cias da inicialixa nacional de difícil cor

reção, oferecendo recursos superiores ks disponibilidades encxintradas no país ou facultando o acesso à tecnologia de ní vel superior. Uma voz conhecidos os tra balhos das Comissões especiais, será le vantado um quadro específico ou de in vestimentos favorecidos.

X. Requisito geral Na concessão de favores a um inves

tivos *e mesmo

lhagem e dos processos técnicos ade

garantia dc compras,

quando a natureza da produção obtida

fícios

IV. Normas cambiais para investimen Os prazos e quotas para a retirada de capitais classificados como investimentos

Devem ser cla.ssificados entre os in

vestimentos favorecidos : a) os que jws-

ria de fretes e emolumentos administm-

através do Investimento a justificar.

l.

mentos entro os favorecidos

timento, sempre se terá em conta que este contribua, pelo emprego da apare

VIII. Aplicação de reservas e bene tos comuns

muns, será regida pelas nonnas previs

O direito de exportar lucro.s estendese aos lucros obtidos pela reaplicação de benefícios ou formação de reservas no

quados, para o melhoramento constan te da produtividade ; e bem assim para o preparo dos técnicos nacionais, criando-lhes oportunidade de aperfeiçoamen to e condições de estímulo.

XI. Reciprocidade enire investin^ntos e exportação de nuitérias-primas

país, sempre que reaplicados em invesl-imentos classificados como favorecidos, de acôrdo com o item 9. Se a reapli

A Comissão recomenda que, em ti'Oca do estabelecimento de uma exportaçaO"


•9 l-T' »

22

j cendc, pc/rím, frcquenlemcntc. o ámhitr»

<!a a^-áo administrativa, exigindo mirnuis [ ç*pt'cíais exprcssíís em lei. Tíkla píiliti\ ca dc invc.stiinüntos estaria comproinetí-

I da .SC cada um dos tasos concTelos a re-

I. Prinrípúi dc litirc circuUiçwt do capital

^ uma política depende da existência de

e sair do território n.ieioiial. aplie.uulo-

I <juadnis legislativos estáveis e flixlví-is

se ein bens e einpreendimentf)s cuja pro priedade e controle não llu* sejum pr(»i«

l

. comendação ao Poder ExeculKo para

cação fôr feita cm invcstinrentos co tas no item 4.

V.

IX. Critérios para U%clusâo dc òwcsti'

N<>rnuis cambiais juira investimen tos favorecidos

O.s prazos c cpiotas para a rolinuia dc

II. fícr/niôc.v dcrorrfntc.v da hnUtnça

cxpf>rlação di- lucros serão fixailos cm leis esjieci.iis ou em CH>n\ènios, nos (piais intcrvirú a empresa (pie recebe O

íaxorircidos e os limites iná.ximos para n

dc parlamentos

Em função da posição aluai ou previ

de lei sóbre investimentos, ern rpie se sistematizem as medidas contidas nas

capitais e limites máximos para a expor

K suas conclusões.

comun.s V os linnte.s niá.xirno.s jvira a cx-

|K>rtaçãa de lucros serão fí.xados cm leis gerais, sem díscrliuituição.

capitais classificados como investimentos

sível tia balança dc panainrnKKs é lícito fixar prazos e quotas para a retirada de

que tome a iniciativa de um anteprojeto

Econômico

bídos pela Goustíluição.

Julg«"» por íssí), a Comissão que de

via encerrar o .seu relatório por uma re-

Dioksto

- PROPOSIÇt'>KS I"I\AIS -

IV rec^mhecida. imu prim ipio, ;i(, pital estraugeiro a liberei.ule rle imirur

objetivos conceituados claramente.

w

Diokstíi r.tovriMico

f guiar tivesse de r(?ceber sua siduvâtí |e[ gíblatíva própria, pois a eslalulídnde de

^ C de urna orientação da administração , pública, pautada por êles. e dirigida a

J"'

V,

inxestimcnlo.

VI.

iVor;///M fiscais dc favorcciincnto

A-s nonnas dc favoreciinento do cará

tação de lucros.

ter fi.scal jmilem incidir sòlire a instala

invc.s-timentos

ção de ati\'i(ladc c até sòbre o seu c.xcr-

Os investinjcntos estrangeiros no pais, j mentos de aplicação das medidas pre tanto os oblidíjs por negociações de go vistas por ela e tornando inteligíveis,

cício contínuo para determinados tipos

F investimentos, - os critériosí^ôbre geraisy defir^indo oscontendo iristrtiaos üllios do povo brasilciríj e do inves tidor estrangeiro, os mó-.eís c finalida

IIÍ. Classificação

dc

de atividade econômica de interés.se na

cional, cle.sdi- qu<^ não implicpiem em tra

verno a govêmo, como os fcito.s espon-

I'.

tãncainentc, .são susceliveis de sc distri

A

tamento desvanlajo.so para invoslimon-

sentaria urn passo dccisivtj para o esta

a) investimentos comuns

tos já existentes, ficando oxcluída qual quer isenção de imposto de renda.

belecimento de um novo período de co laboração do capital estrangeiro no de senvolvimento econômico do nosso país.

b) investimentos favorecidos.

Vil.

des de nossa política econômica, repre

buírem em tluas classes :

A concessão do regime dt; favoreci-

Essa lei teria o mérito d(.' traduzir a no

mento será .sempre precedida de; um pe ríodo de publicidade, dentro do qual

va mentalidade com que o Govêmo da República se dispõe a encarar e tratar

quaisquer investiiíientos anteriores, pro vando tpic são idênticas as condições a

o capital e-strangeiro, não favorecendo

abusos, que cedo ou tarde provocam

que obedeceu a entrada c aplicação dos capitais respectivos no país, poderão

reações de.scomedídas, mas dando aos

pleitear sua inclusão no mesmo regime,

que empregam seus recursos no de.sen-

em data a ser fixada no instrumento cia

volvimento da economia brasileira as condições de respeito, liberdade, estímu lo 8 garantiu sem as quais nenhum ca

concessão.

pital acorre a um país novo, sejam quais forem suas possibilidades de explora ção.

Normas especiais dc favorecimcnfo

Poderá bavcr outras nomias dc favorccimento além das citadas, entre as

qiiai.s um (ralamonto especial cm maté

sam contribuir para a criação de cHindiçõcs gerais de desenvolvimento,

eom

acentuada repercussão na ampliação do mercado inlcnu) ; b) os (jue concorram

para o anmcnlo da proclulivitlade técni ca ; c) (xs (jue criem ou liberem divisas,

aumentando a cxjKirtação ou suprindo n importação cm áreas de contas deficitá rias; d) os (juc Ncnhani suprir deficiên cias da inicialixa nacional de difícil cor

reção, oferecendo recursos superiores ks disponibilidades encxintradas no país ou facultando o acesso à tecnologia de ní vel superior. Uma voz conhecidos os tra balhos das Comissões especiais, será le vantado um quadro específico ou de in vestimentos favorecidos.

X. Requisito geral Na concessão de favores a um inves

tivos *e mesmo

lhagem e dos processos técnicos ade

garantia dc compras,

quando a natureza da produção obtida

fícios

IV. Normas cambiais para investimen Os prazos e quotas para a retirada de capitais classificados como investimentos

Devem ser cla.ssificados entre os in

vestimentos favorecidos : a) os que jws-

ria de fretes e emolumentos administm-

através do Investimento a justificar.

l.

mentos entro os favorecidos

timento, sempre se terá em conta que este contribua, pelo emprego da apare

VIII. Aplicação de reservas e bene tos comuns

muns, será regida pelas nonnas previs

O direito de exportar lucro.s estendese aos lucros obtidos pela reaplicação de benefícios ou formação de reservas no

quados, para o melhoramento constan te da produtividade ; e bem assim para o preparo dos técnicos nacionais, criando-lhes oportunidade de aperfeiçoamen to e condições de estímulo.

XI. Reciprocidade enire investin^ntos e exportação de nuitérias-primas

país, sempre que reaplicados em invesl-imentos classificados como favorecidos, de acôrdo com o item 9. Se a reapli

A Comissão recomenda que, em ti'Oca do estabelecimento de uma exportaçaO"


" li

.

\

Dmesro Eaisóxnco

24

regular de matérias-primas para os paí ses invesüdorcs, sejam negociados in vestimentos de repercussão permanente no desenvolvimento rx-onórnico do país. Assim, por exemplo, ao eslabeleciniento ( da exportação de minério de ferro e

^ manganês devem corresponder tnvesli-

^ mento.s em atividades básicas enquadra

A VALORIZAÇÃO DO OURO J

das nas alíneas do item IX csim o Iralametito de investimentos favorí eidos.

XII.

mentos

A Comissfiti recomenda que o Poder Kxecniivo totne a iniciativa de uni ante projeto de lei Míbre investiinentfjs, que .se slsleinati/em as medidas conti das nas prestiiles conclusões.

4

mnçãt» fica, via tlr regra, valitla mesmo

par.i as numerosas uuualas nat» defini

das em our») — <-ntr<* elas as tio algtin.s foi (lefiiiiliv.uneiile íi\atlt>.

Por(|ue, tam

bém nestes casos, a des\alori/at,'ao é indicada em relação nt> dólar e a tmtrns

nn)edas tjne reptí^senlam teoricamenti; certa íjuanlidatle tle ouro.

f íf

A onda de desvaltíri/uição (]ue .sc es

tendeu, di sde o més dc setembro último,

a todas as paiii s do mundo, significa, portanto, í]tie ein uns tpiarenla países o preço oficial do ouro aumentí)u. En tretanto, a elevação do pre<,o do ouro não ff)i sòiuente uma consetiuencia, mas,

para \'ãrÍo.s países, uni dos moli\"Os da dcsxalorização.

A açíio do Viiiõo Sul-Ajricona

Em particulai* para a União da África, do Sul, que é o maior país produtor de

2^- ^ -.■■r

rí;

'

\

r

nmte a assembléia gtral

Urica

diferoutc, sugerindo qnc

J ^

do Fundo, o j ' ,,!iiieira do Sul repetiu sua proposta v ■ autores deveriam ficar

vender metade de sua produção t P

„n.;. U, u qursir.0 do o..ro fo. adu.da

paru um tempo indefinido.

A única resolução positb'a toniacia

pelo Fundo foi a autorização á In^n-

tcrra, aos Domínios c a vanos ou s

países para Ndesvalorizarcm suas moedas com a elexiição, cm moeda nacional do preço do ouro. Mas, essa ctcisa

não obriga os Estados Unidos mais países que não

pagar preço mais elevado em clolare^ Não ob.stantc, a desvalonzaça

ouro, a valori/.açrio dc seu principal

vital. Lembra-se que o govérno sulafrícano apelou já várias vezes para o Fundo Monetário para obter uma ele

poderá vender seu ouro ã

vação geral do preço ou polo menos a autorização de vender parte dc seu ouro

'

livrv. Mas, a oposição contra } jelo foi tão forte que a Uniao o ' cana perferin retirar sua pro^ios a- i

para os grandes produtores e uma importância transcenden a . União Siil-Africana. país que foni

produto mineiro foi uma necessidade

■J.

fpr vendido

rVrsVAi.oHiv.Ac, Ãíi de uma moeda sign»fií.i \ .dori/;»v;M» tio «mro. I'.ssa afir-

países inembrt»s tio I''undt> Nlonetári») Interiiaeional, enji» valor-par aintla nao

It'"?

niCItAlU) Lcwiksoun

Anteprojeto tle lei dc inv-csti.

mais de metade da produção

providenciar-se maior quantidade de produtos ingléses pela mesma quantida de de ouro. A Inglaterra, por seu lado.

a um preço superior a taxa que corres

e.xportará esse ouro para

na.

que antes, mas poderá com a mesma quantidade de dólares adquirir em outros

ponde ao valor-par da libra sul-africaO Fundo Monetário ncgoii-se cate-

gòricamente a atender tal pedido, con

Unidos. Não receberá mais dólares do

trário ao princípio básico dc seu estatuto.

países e nos próprios Estados Umdos

ffurou mesmo publicamente o governo

primas sofreram, desde a desvalonzaçao

O presidente do Fundo Monetário

mais mercadorias, pois vanas


" li

.

\

Dmesro Eaisóxnco

24

regular de matérias-primas para os paí ses invesüdorcs, sejam negociados in vestimentos de repercussão permanente no desenvolvimento rx-onórnico do país. Assim, por exemplo, ao eslabeleciniento ( da exportação de minério de ferro e

^ manganês devem corresponder tnvesli-

^ mento.s em atividades básicas enquadra

A VALORIZAÇÃO DO OURO J

das nas alíneas do item IX csim o Iralametito de investimentos favorí eidos.

XII.

mentos

A Comissfiti recomenda que o Poder Kxecniivo totne a iniciativa de uni ante projeto de lei Míbre investiinentfjs, que .se slsleinati/em as medidas conti das nas prestiiles conclusões.

4

mnçãt» fica, via tlr regra, valitla mesmo

par.i as numerosas uuualas nat» defini

das em our») — <-ntr<* elas as tio algtin.s foi (lefiiiiliv.uneiile íi\atlt>.

Por(|ue, tam

bém nestes casos, a des\alori/at,'ao é indicada em relação nt> dólar e a tmtrns

nn)edas tjne reptí^senlam teoricamenti; certa íjuanlidatle tle ouro.

f íf

A onda de desvaltíri/uição (]ue .sc es

tendeu, di sde o més dc setembro último,

a todas as paiii s do mundo, significa, portanto, í]tie ein uns tpiarenla países o preço oficial do ouro aumentí)u. En tretanto, a elevação do pre<,o do ouro não ff)i sòiuente uma consetiuencia, mas,

para \'ãrÍo.s países, uni dos moli\"Os da dcsxalorização.

A açíio do Viiiõo Sul-Ajricona

Em particulai* para a União da África, do Sul, que é o maior país produtor de

2^- ^ -.■■r

rí;

'

\

r

nmte a assembléia gtral

Urica

diferoutc, sugerindo qnc

J ^

do Fundo, o j ' ,,!iiieira do Sul repetiu sua proposta v ■ autores deveriam ficar

vender metade de sua produção t P

„n.;. U, u qursir.0 do o..ro fo. adu.da

paru um tempo indefinido.

A única resolução positb'a toniacia

pelo Fundo foi a autorização á In^n-

tcrra, aos Domínios c a vanos ou s

países para Ndesvalorizarcm suas moedas com a elexiição, cm moeda nacional do preço do ouro. Mas, essa ctcisa

não obriga os Estados Unidos mais países que não

pagar preço mais elevado em clolare^ Não ob.stantc, a desvalonzaça

ouro, a valori/.açrio dc seu principal

vital. Lembra-se que o govérno sulafrícano apelou já várias vezes para o Fundo Monetário para obter uma ele

poderá vender seu ouro ã

vação geral do preço ou polo menos a autorização de vender parte dc seu ouro

'

livrv. Mas, a oposição contra } jelo foi tão forte que a Uniao o ' cana perferin retirar sua pro^ios a- i

para os grandes produtores e uma importância transcenden a . União Siil-Africana. país que foni

produto mineiro foi uma necessidade

■J.

fpr vendido

rVrsVAi.oHiv.Ac, Ãíi de uma moeda sign»fií.i \ .dori/;»v;M» tio «mro. I'.ssa afir-

países inembrt»s tio I''undt> Nlonetári») Interiiaeional, enji» valor-par aintla nao

It'"?

niCItAlU) Lcwiksoun

Anteprojeto tle lei dc inv-csti.

mais de metade da produção

providenciar-se maior quantidade de produtos ingléses pela mesma quantida de de ouro. A Inglaterra, por seu lado.

a um preço superior a taxa que corres

e.xportará esse ouro para

na.

que antes, mas poderá com a mesma quantidade de dólares adquirir em outros

ponde ao valor-par da libra sul-africaO Fundo Monetário ncgoii-se cate-

gòricamente a atender tal pedido, con

Unidos. Não receberá mais dólares do

trário ao princípio básico dc seu estatuto.

países e nos próprios Estados Umdos

ffurou mesmo publicamente o governo

primas sofreram, desde a desvalonzaçao

O presidente do Fundo Monetário

mais mercadorias, pois vanas


26

DiciiSTO Econômico

dft libra, uma baixa no mercado mun .neração não seja em todos os, países tão dial. A de.svalorízaçâo da libra sul-afri- marcada quanto no Brasil, a situação da cana traz assim um alívio não somente

27

Dicesto EcoNÓ>aco

indústria do ouro tomou-se mais difícil

Rússia, cuja produção c desconhecida

res a onça de 31,10 gramas — uma

dc.sde onze anos — baixou, cm relação

perda anual de 500 milhões de dóla

ao nível atingido cm 1940, de cerca de 40%, o que representa — ao preço pres crito pelo Fundo Monetário, de 35 dóla

res. O quadro seguinte mostra a evo

a própria União da África do Sul, mas também à Inglaterra. A mesma van

em tôda parte.

tagem resulta, numa escala menor, da desvalorização da libra australiana e das

com o mais módico aumento dc prcço.s.

moedas de outros países produtores do

1949, apenas de 54% mais elevado que

PRODUÇÃO DE OURO

nas véspera.s da guerra. Con.sequcnte-

(Em milhões de dólares, ao preço de 35 dólares por onça)

'

A União Sul-Africana é um dos países

lução para os principais países produ tores:

O custo da vida foi, em setembro de

Império Britânico. Os domínios e as colônias britânicas

mentc, o acréscimo dos sa]árío.s foi tam

produziram ouro, nos úlHmos doze me

bém módico. Não obstante, u alta de

ses antes da desvalorização, num valor de cerca de 625 milhões de dólares.

preç-os dos equipamentos e do.s produto.s químicos, indispensúvcí.ç para a mine

Com exceção do Canadá, que desvalo rizou sua nioeda apenas de 10%, todos

ração, tomava impossível a e.xploruç'ao de minérios de teor mais fraco. A pro

ésses países reduziram sua taxa cambial

dução sul-africana nos últimos do^e

de 30,5%, o que corresponde a uma va lorização do ouro, em moeda nacional,

meses antes da desvalorização foi de 20%

inferior ao máximo atingido em 1941.

de 43,9%.

Sua receita oriunda da ex

Para a Rodésia do Sul, o recuo foi de

1937 1938 1939 1940 1941 J9-42

portação de ouro aumentou automati camente nessa proporção. Isso não sig nifica que suas disponibilidades em di

35%, para a Austrália de 40%. O Canadá

1943

494 448

conseguiu, mediante .subsídios, limitar

1944

430

128 102

a regressão a 28%.

1945 1946

428

94

36 32

417

99

51

29

1947

392

1948

405

107 123

76 . 73

33 31

visas aumentaram de 43,9%. O verda

A queda mais forte da produção de

deiro lucro consiste na diferença em li

ouro verifica-se nos Estados Unidos. Du

bras entre a elevação do preço do ouro e a dos preços dos produtos importados.

rante a guerra, a maioria das minas foi

Pode-se

estimar

nidense era um quinto

diferença, para o pri

Estados Unidos

411

143

144

426

165 178 186

149

449

492

504

187 169

colônias britiinica.s e cm vários outros

do cinco anos atrás. Di

valorização, em cêrca

zia-se que a queda da

de 150 milhões de dó

produção foi

lares. É essa, talvez, a

da

j ,

pela

motiva

necessidade

economizar

mão-

•tK.

países produtores, tal como o Congo Belga, o preço da produção de ouro bai xará, pelo menos por algum tempo, en quanto o preço oficial em dólares fica

1946, as minas recomeçaram a trabalhar

inalterado. Por conseguinte, parte das minas que foram forçadas a suspender ou reduzir sua produção poderá reiniciar ou estender suas atividades. É, pois, pro vável que a produção de ouro aumente

numa escala mais ampla

no ano cm curso.

que os países britânicos obterão da re

d=-obra e material a favor das indústrias

dução da taxa cambial.

'• o avolução de apósgueiia mostra que essa razSo nãn foi

Os produtores de ouro esperam ain

Caruidá

Com a desvalorização, nos domínios e

apenas do que tinha .si

meiro ano após a des

Preço e custo de produção do ouro

África do Sul

Austrália

Prod. mundial

(sem a Rússia)

48 56

1.052 1.136 1.211 1.283 1.270

58 58

162

170 169

52 40 26 23 23

125 48

1.117

873 787

■ 742 757 768 793

fechada. Em 1945, a produção estadu

essa

vantagem mais segura

Anoí

a umca. E verdade que a partir dc Nos últin^os

da outras vantagens da desvalorização. três anos, a produção dobrou. Em 1949, porém, a produção sofreu novo recuo. Com a taxa cambial em vigor até setem bro último, só as minas da melhor ca .Nos primeiros sete me.sos desse ano, a média mensal repre,sentou apenas um tegoria podiam produzir com lucro apre ciável. Embora a divergência entre o terço da produção mensal verificada em preço oficial do ouro e o custo da mi- 1940. A produção mundial — sem a

em

novembro

último

um

verdadeiro

"boom". O movimento repercutiu tam bém em Wall Strcet.

Mesmo os títu

los das minas nos Estados Unidos e nas

Filipinas, quer dizer de países que não desvalorizaram, subiram verticalmente,

na esperança de que em futuro próxi mo o govênio americano elevaria o pre ço do ouro de 35 para 50 dolárcs por onça, ou, em outras palavras, que ó dó lar seria desvalorizado, ou que, pelo menos, o Fundo Monetário, com o con

A c.speculação bolsista já antecipou

sentimento dos Estados Unidos, autori

êsse desenvolvimento por uma veemente alta do.s títulos das companhias de mi

zaria a exportação do ouro a uni preço

neração de ouro.

As mais altas autoridades dos Estados Unidos — o Presidente do Federal Re

O famoso "Kaffirs

Market" — setor da Bolsa de Londres

onde são negociadas as ações das minas

sul-africanas de ouro — experimentou

acima de 35 dólares.

serve Board, o Secretário do Tesouro e o próprio Presidente Truman — apres-


26

DiciiSTO Econômico

dft libra, uma baixa no mercado mun .neração não seja em todos os, países tão dial. A de.svalorízaçâo da libra sul-afri- marcada quanto no Brasil, a situação da cana traz assim um alívio não somente

27

Dicesto EcoNÓ>aco

indústria do ouro tomou-se mais difícil

Rússia, cuja produção c desconhecida

res a onça de 31,10 gramas — uma

dc.sde onze anos — baixou, cm relação

perda anual de 500 milhões de dóla

ao nível atingido cm 1940, de cerca de 40%, o que representa — ao preço pres crito pelo Fundo Monetário, de 35 dóla

res. O quadro seguinte mostra a evo

a própria União da África do Sul, mas também à Inglaterra. A mesma van

em tôda parte.

tagem resulta, numa escala menor, da desvalorização da libra australiana e das

com o mais módico aumento dc prcço.s.

moedas de outros países produtores do

1949, apenas de 54% mais elevado que

PRODUÇÃO DE OURO

nas véspera.s da guerra. Con.sequcnte-

(Em milhões de dólares, ao preço de 35 dólares por onça)

'

A União Sul-Africana é um dos países

lução para os principais países produ tores:

O custo da vida foi, em setembro de

Império Britânico. Os domínios e as colônias britânicas

mentc, o acréscimo dos sa]árío.s foi tam

produziram ouro, nos úlHmos doze me

bém módico. Não obstante, u alta de

ses antes da desvalorização, num valor de cerca de 625 milhões de dólares.

preç-os dos equipamentos e do.s produto.s químicos, indispensúvcí.ç para a mine

Com exceção do Canadá, que desvalo rizou sua nioeda apenas de 10%, todos

ração, tomava impossível a e.xploruç'ao de minérios de teor mais fraco. A pro

ésses países reduziram sua taxa cambial

dução sul-africana nos últimos do^e

de 30,5%, o que corresponde a uma va lorização do ouro, em moeda nacional,

meses antes da desvalorização foi de 20%

inferior ao máximo atingido em 1941.

de 43,9%.

Sua receita oriunda da ex

Para a Rodésia do Sul, o recuo foi de

1937 1938 1939 1940 1941 J9-42

portação de ouro aumentou automati camente nessa proporção. Isso não sig nifica que suas disponibilidades em di

35%, para a Austrália de 40%. O Canadá

1943

494 448

conseguiu, mediante .subsídios, limitar

1944

430

128 102

a regressão a 28%.

1945 1946

428

94

36 32

417

99

51

29

1947

392

1948

405

107 123

76 . 73

33 31

visas aumentaram de 43,9%. O verda

A queda mais forte da produção de

deiro lucro consiste na diferença em li

ouro verifica-se nos Estados Unidos. Du

bras entre a elevação do preço do ouro e a dos preços dos produtos importados.

rante a guerra, a maioria das minas foi

Pode-se

estimar

nidense era um quinto

diferença, para o pri

Estados Unidos

411

143

144

426

165 178 186

149

449

492

504

187 169

colônias britiinica.s e cm vários outros

do cinco anos atrás. Di

valorização, em cêrca

zia-se que a queda da

de 150 milhões de dó

produção foi

lares. É essa, talvez, a

da

j ,

pela

motiva

necessidade

economizar

mão-

•tK.

países produtores, tal como o Congo Belga, o preço da produção de ouro bai xará, pelo menos por algum tempo, en quanto o preço oficial em dólares fica

1946, as minas recomeçaram a trabalhar

inalterado. Por conseguinte, parte das minas que foram forçadas a suspender ou reduzir sua produção poderá reiniciar ou estender suas atividades. É, pois, pro vável que a produção de ouro aumente

numa escala mais ampla

no ano cm curso.

que os países britânicos obterão da re

d=-obra e material a favor das indústrias

dução da taxa cambial.

'• o avolução de apósgueiia mostra que essa razSo nãn foi

Os produtores de ouro esperam ain

Caruidá

Com a desvalorização, nos domínios e

apenas do que tinha .si

meiro ano após a des

Preço e custo de produção do ouro

África do Sul

Austrália

Prod. mundial

(sem a Rússia)

48 56

1.052 1.136 1.211 1.283 1.270

58 58

162

170 169

52 40 26 23 23

125 48

1.117

873 787

■ 742 757 768 793

fechada. Em 1945, a produção estadu

essa

vantagem mais segura

Anoí

a umca. E verdade que a partir dc Nos últin^os

da outras vantagens da desvalorização. três anos, a produção dobrou. Em 1949, porém, a produção sofreu novo recuo. Com a taxa cambial em vigor até setem bro último, só as minas da melhor ca .Nos primeiros sete me.sos desse ano, a média mensal repre,sentou apenas um tegoria podiam produzir com lucro apre ciável. Embora a divergência entre o terço da produção mensal verificada em preço oficial do ouro e o custo da mi- 1940. A produção mundial — sem a

em

novembro

último

um

verdadeiro

"boom". O movimento repercutiu tam bém em Wall Strcet.

Mesmo os títu

los das minas nos Estados Unidos e nas

Filipinas, quer dizer de países que não desvalorizaram, subiram verticalmente,

na esperança de que em futuro próxi mo o govênio americano elevaria o pre ço do ouro de 35 para 50 dolárcs por onça, ou, em outras palavras, que ó dó lar seria desvalorizado, ou que, pelo menos, o Fundo Monetário, com o con

A c.speculação bolsista já antecipou

sentimento dos Estados Unidos, autori

êsse desenvolvimento por uma veemente alta do.s títulos das companhias de mi

zaria a exportação do ouro a uni preço

neração de ouro.

As mais altas autoridades dos Estados Unidos — o Presidente do Federal Re

O famoso "Kaffirs

Market" — setor da Bolsa de Londres

onde são negociadas as ações das minas

sul-africanas de ouro — experimentou

acima de 35 dólares.

serve Board, o Secretário do Tesouro e o próprio Presidente Truman — apres-


Dicesto Económícc

23

ae

Dícesto EcoNÓNnco

saram-se era desmentir êsses boatos, mas

dos Estados Unidos ao aumento do pre

ainda mais acentuada se um aconteci

durante algumas semanas a Bolsa não atribuiu grande atenção às declarações oficiais até que a reação usual atenuasse

que antes da guerra, ainda que as re

ço do ouro. Se o ouro fõs.se oficialmente

mento político não tivesse e.xercido in

servas do Banco de França tivessem

valorizado, élcs receberiam nicnos ouro

fluencia conliúria.

Os homens ricos da

pela mesma quantidade do mercadoriaí

caído a um quinto, pois os particulares

o entusiasmo dos altistas.

adquiriram grandes quantidades. Um

e serviços.

China eram írudicionalmente comprado res de ouro. A praça de Changai era um do.s principais mercados do metal precioso. Com a ocupação dessa cidade pelos comunistas, o mercado de curo foi extinto. Macau e Bangcoc tomaram a

cidade internacional que sc tomou a

A parte do ouro dc mineração recente

que passa ao mercado livre c insignifi

O mercado livre

cante.

A repercussão das desvalorizaç-ões foi diferente no mercado livre de ouro.

Certamente, nesse mercado também, a

esperança de uma valorização geral o

legal do ouro é o último argumento pa

ra justificar a alta do metal precioso em relação ao dólar. Mas, outras reflexões entram no jôgo e complicam a formação do preço, que experimentou, antes e de

pois da desvalorização, amplas flutua ções.

Trata-se de um mercado grande, em bora limitado, em comparação com o mercado oficial. Entretanto, no merca do oficial há, hoje, como já menciona mos, um só comprador : o Tesouro dos Estados Unidos. As reservas dos Esta

Faz-se muito Ijariillio cada vez

que uma transação clandestina ó de.sco-

escala. Urna parcela maior vai provà-

var seu ouro consigo na emigração não são, com raras exceções, capazes de com

velmente ao mercado livre süIj forma cie

prar

<5uro semimanufatunidü.

a

Manifesta-se, assim, pela primeira vez

tentava obter do Fundo Monetário au

"manufatura" não se distingue essencial mente da fundição em barras. Mas taia

desde há muitos anos, um refluxo do

torização para vender parte de sua pro

exportações também são pouco impor

dente.

superior à taxa oficial, o preço no mer

tantes em relação ao total da produção.

Entro os mercados ocidentais, o de Paris é, inconteslàvelmente, o mais ani

cado livTe baLxava.

vezes

Uma terceira fonte talvez seja o ouro

mais.

Tornaram-se vendedores.

ouro do E.xtrcmc Oriente para o Oci

Cada vez que a União Sul-Afncana dução mineira livremente, a um preço A êsse fenômeno,

dc aparência paradoxal, não falta lógica.

mado. O comércio interno de ouro na

Num mercado virtualmente limitado ao

França ó livre — sòmente a e.xportação

ouro já em poder dos particulares, o > afluxo de, digamos, um quarto da pro- ' dução mundial, poderia determinar um < forte recuo do preço. O ouro uáo s® distingue, sob ôsse aspecto, de qualquer outra mercadoria com preço tabelado: se a tabela fôr abolida, o preço sobe,

comprovado.

é proibida. Os jornais franceses notam

diáriamente as flutuações dos preços do

neração não apresenta senão uma pi\r-

rcign", o "Napoléon", o "Eagle" etc.,

cela ínfima do metal precioso negociado no mercado livre. A grande massa dõsse metal é constituída pelo onro cm moedas

antiga União latina. O volume das tran sações é muito importante. Afirma-se

mas também

os mais incríveis.

proveniente de minas ru.ssas. Várias vé-

dos Unidos aumentaram — após uma re

boa parte das reservas de ouro dos ou

trôle algum, reagem com extrema sen sibilidade a todos os fatos e boatos, otí

zes, nos últimos anos, circularam boatos a respeito; entretanto, nada p6de ser

dução de 2,7 bilhões de dólares durante a guerra — a partir de 1948, de 4,7 bi

nacionais e estrangeiras,

E' claro que tais mercados, sem con

so e impede um tráfego ilícito em vasta

Mesmo os chineses que conseguiram l.e-

ouro, para cada moeda, desde o "Sove-

sideravelmente a produção mundial dos últimos quatro anos. Torna-se evidente que os Estados Unidos absorveram não somente a produção corrente das minas

Meca dos traficantes de ouro.

sucessão, mas a

Em todo caso, o ouro de recente mi

lhões, montante éste que ultrapassa con

veu-se na África do Norte, em Tânger,

berta, mas, nos gnmdc'.s paí.scs produto res, o contrôle das exportações é rigoro

Às

clientela reduziu-se.

mercado completamente li\Te desenvol

ou em barras que se acha já desde o pe ríodo de pré-gucrra em poder dos parti

até às moedas de ouro mexicanas e da

que a França possui hoje mais ouro do

culares, E' o mesmo ouro qno passa sempre de novo de mão em mao, e de

um país para outro. E', portanto, uma quantidade estacionáría. A elasticidade

tros países, em particular da Inglaterra d das Repúblicas da América Latina. O

da oferta e da procura depende de vá

âfluxo de oiuo aos Estados Unidos não

ção.

rias circunstancias, mas não da produ

é, como antes da guerra, voluntário, o

A procura cresce e decresce natural

sim a conseqüência da balança ativa de

pagamentos dos Estados Unidos para

mente com as incertez^as monetárias. No último ano antes da desvalorização da

cora os outros países, obrigados a pagar dessa maneira parte das mercadorias e

libra o preço no mercado livro aumen

dos serviços norte-americanos.

Êsso

lação ao dólar ultrapassou lemporària-

fato explica, até certo ponto, a oposição

mente 50^. Talvez a alta tivesse sido

tou de cêrca de 25%, 0 o ágio em re

\4Pfct:

mas fica mais baixo do que foi anterioimente o preço no mercado negro.

,


Dicesto Económícc

23

ae

Dícesto EcoNÓNnco

saram-se era desmentir êsses boatos, mas

dos Estados Unidos ao aumento do pre

ainda mais acentuada se um aconteci

durante algumas semanas a Bolsa não atribuiu grande atenção às declarações oficiais até que a reação usual atenuasse

que antes da guerra, ainda que as re

ço do ouro. Se o ouro fõs.se oficialmente

mento político não tivesse e.xercido in

servas do Banco de França tivessem

valorizado, élcs receberiam nicnos ouro

fluencia conliúria.

Os homens ricos da

pela mesma quantidade do mercadoriaí

caído a um quinto, pois os particulares

o entusiasmo dos altistas.

adquiriram grandes quantidades. Um

e serviços.

China eram írudicionalmente comprado res de ouro. A praça de Changai era um do.s principais mercados do metal precioso. Com a ocupação dessa cidade pelos comunistas, o mercado de curo foi extinto. Macau e Bangcoc tomaram a

cidade internacional que sc tomou a

A parte do ouro dc mineração recente

que passa ao mercado livre c insignifi

O mercado livre

cante.

A repercussão das desvalorizaç-ões foi diferente no mercado livre de ouro.

Certamente, nesse mercado também, a

esperança de uma valorização geral o

legal do ouro é o último argumento pa

ra justificar a alta do metal precioso em relação ao dólar. Mas, outras reflexões entram no jôgo e complicam a formação do preço, que experimentou, antes e de

pois da desvalorização, amplas flutua ções.

Trata-se de um mercado grande, em bora limitado, em comparação com o mercado oficial. Entretanto, no merca do oficial há, hoje, como já menciona mos, um só comprador : o Tesouro dos Estados Unidos. As reservas dos Esta

Faz-se muito Ijariillio cada vez

que uma transação clandestina ó de.sco-

escala. Urna parcela maior vai provà-

var seu ouro consigo na emigração não são, com raras exceções, capazes de com

velmente ao mercado livre süIj forma cie

prar

<5uro semimanufatunidü.

a

Manifesta-se, assim, pela primeira vez

tentava obter do Fundo Monetário au

"manufatura" não se distingue essencial mente da fundição em barras. Mas taia

desde há muitos anos, um refluxo do

torização para vender parte de sua pro

exportações também são pouco impor

dente.

superior à taxa oficial, o preço no mer

tantes em relação ao total da produção.

Entro os mercados ocidentais, o de Paris é, inconteslàvelmente, o mais ani

cado livTe baLxava.

vezes

Uma terceira fonte talvez seja o ouro

mais.

Tornaram-se vendedores.

ouro do E.xtrcmc Oriente para o Oci

Cada vez que a União Sul-Afncana dução mineira livremente, a um preço A êsse fenômeno,

dc aparência paradoxal, não falta lógica.

mado. O comércio interno de ouro na

Num mercado virtualmente limitado ao

França ó livre — sòmente a e.xportação

ouro já em poder dos particulares, o > afluxo de, digamos, um quarto da pro- ' dução mundial, poderia determinar um < forte recuo do preço. O ouro uáo s® distingue, sob ôsse aspecto, de qualquer outra mercadoria com preço tabelado: se a tabela fôr abolida, o preço sobe,

comprovado.

é proibida. Os jornais franceses notam

diáriamente as flutuações dos preços do

neração não apresenta senão uma pi\r-

rcign", o "Napoléon", o "Eagle" etc.,

cela ínfima do metal precioso negociado no mercado livre. A grande massa dõsse metal é constituída pelo onro cm moedas

antiga União latina. O volume das tran sações é muito importante. Afirma-se

mas também

os mais incríveis.

proveniente de minas ru.ssas. Várias vé-

dos Unidos aumentaram — após uma re

boa parte das reservas de ouro dos ou

trôle algum, reagem com extrema sen sibilidade a todos os fatos e boatos, otí

zes, nos últimos anos, circularam boatos a respeito; entretanto, nada p6de ser

dução de 2,7 bilhões de dólares durante a guerra — a partir de 1948, de 4,7 bi

nacionais e estrangeiras,

E' claro que tais mercados, sem con

so e impede um tráfego ilícito em vasta

Mesmo os chineses que conseguiram l.e-

ouro, para cada moeda, desde o "Sove-

sideravelmente a produção mundial dos últimos quatro anos. Torna-se evidente que os Estados Unidos absorveram não somente a produção corrente das minas

Meca dos traficantes de ouro.

sucessão, mas a

Em todo caso, o ouro de recente mi

lhões, montante éste que ultrapassa con

veu-se na África do Norte, em Tânger,

berta, mas, nos gnmdc'.s paí.scs produto res, o contrôle das exportações é rigoro

Às

clientela reduziu-se.

mercado completamente li\Te desenvol

ou em barras que se acha já desde o pe ríodo de pré-gucrra em poder dos parti

até às moedas de ouro mexicanas e da

que a França possui hoje mais ouro do

culares, E' o mesmo ouro qno passa sempre de novo de mão em mao, e de

um país para outro. E', portanto, uma quantidade estacionáría. A elasticidade

tros países, em particular da Inglaterra d das Repúblicas da América Latina. O

da oferta e da procura depende de vá

âfluxo de oiuo aos Estados Unidos não

ção.

rias circunstancias, mas não da produ

é, como antes da guerra, voluntário, o

A procura cresce e decresce natural

sim a conseqüência da balança ativa de

pagamentos dos Estados Unidos para

mente com as incertez^as monetárias. No último ano antes da desvalorização da

cora os outros países, obrigados a pagar dessa maneira parte das mercadorias e

libra o preço no mercado livro aumen

dos serviços norte-americanos.

Êsso

lação ao dólar ultrapassou lemporària-

fato explica, até certo ponto, a oposição

mente 50^. Talvez a alta tivesse sido

tou de cêrca de 25%, 0 o ágio em re

\4Pfct:

mas fica mais baixo do que foi anterioimente o preço no mercado negro.

,


DicjiSTo Econômico

ve algumas tentativas para a sua elabo

31

As lendêncías modernas na produção do titânio

ração no país, a fim de produzir branco

indústria baseada na matéria-prima im portada da índia e do Brasil, e com

de titânio, mas todas as tentativas fra

preendendo que se tornava cada vez

S. ^"nÓES Adreü

cassaram, por falta de técnica, de dinhei

mais difícil a importação, quer pela ele

ro c pela carência dum ambiente indus

vação do custo da mão-de-obra nesses

A MUITOS anos que me preocupo com os aspec

tos econômicos dos mi

nerais de titânio e da sua industrialização no Brasil.

Há 24 anos, na minlia segunda entra

trial propicio.

A exploração du ruüio cresceu vertigi-

ein crescimento no mundo inteiro, ape

rador, técnico dc nomeada, mostra a si

nosutnciile duriinlü a guerra mas logo

lou para a técnica a fim de ler uin su

caiu, cessadas as hostilidades; a e.xploraçãü da ilinenita, sempre fraca, estêve invarlàvelinente ligada à exploração das

norte-americano.

tuação sombria da produção dc titânio do Brasil, em virtude do seu incremento

em larga escala nos Estados Unidos.

areias monazíticas, das quais a ilmenita

da para o sertão, ainda clieío dc dúvi

é um dos componentes principais.

das C indecisões, deparei pela primeira vez com os minerais de titânio. Viajan do de Fortaleza para Sobral, num "lo tação em que um dos passageiros era

o então jovem Bispo D. José Tupinam-

Em 1933, depois duma viagem pelo

litoral do Espírito Santo, publiquei O trabalho "O titânio na costa do Espírito

ba, chegando altas horas da noite à pé

Santo", que constituí tim boletim da an tiga Estação E.xperimentál de Combus

rola do oeste cearense, D. José atencio

tíveis e Minérios, que depois se trans

samente me acolheu em sua residência,

formou no Instituto Nacional de Tecno

na Betânia.

logia. Nesse traballio, após uma intro

No dia seguinte, antes da minha par tida, apresentou-me algumas pedrinhas

fisiografia, natureza do solo, vegetação

que os caboclos encontravam no leito

dução de caráter geográfico, tiatanclo da'

e vias de comunicação, doscrovo sumà-

seco dos rios e que ele guardava julgan

riamentü as fontes de titânio no mundo,

do tratar-se dc minério de ferro.

to do beneficiamento, produção mundial,

Mi

nha passagem deu ensejo à con.suIta so bre a composição daqueles seixos, pe sados como chumbo e de aspecto metá lico, Logo à primeira vista pareceu-me

rutilo, aguardando prudentemente uma

prova de laboratório paru uma confir mação segura. A seguir escrevi um ar

tigo sobre o "Titânio no Ceará", publi cado no jomal "O Nordeste", em abril -de 1925. Naquele artigo, divulgando as

propriedades e aplicações do titânio e seus minerais, foi mencionada pela pri meira vez a existência de rutilo no Cea

rá. Na época não havia interesse pelo rutilo c só alguns anos depois foi inicia

da a exploração dêsse mineral naquelas regiões.

paises, quer pelos sentimentos natávistas

Nesse trnhaJho, o msso ilustre colabo

e no Brasil em especial;.em seguida tmconsumo e informações comerciais.

Nessa época já cbainei a atenção pnra a importância do óxido de titânio como

pigmonto branco em substituição aos alvaiades de chumbo e de zinco Em 1936 escrevi outro trabalho no Bra sil .- publicação do I. n. x tratando das ocorrências de Minas Gerais e do seu processo de enriquecimento.

De longa data, portanto, venho dando atenção ás fontes dc titânio no Brasil e

Para a produção de branco de titânio, a indústria dá preferência í\ ilmenita,

que embora seja um mineral mais po

enorme e crescente demanda.

Outro rumo tomado pela técnica foi a extração da ilmenita das rochas e dos

bre que o rutilo é de tratamento mais

minérios de ferro titaníferos. Êsse cami

nho alcançou pleno sucesso recentemente

Os depósitos de ilmenita encontramse principalmente na índia, no Brasil,

e hoje a National Lead Company, asso ciada à Dupont de Nemours, transfor

em Madagascar, Noniega, Estados Uni

mou no coração dos Adirondacks, no

dos c Rússia, devendo o mineral o seu

Estado de Nova York, uma velha mina

nome ao fato de ter sido descoberto, em

de ferro na maior mina de titânio do

grandes quantidades, no lago Ilmen, na

mundo.

A indúsli-ia alemã e americana

Na recente conferência para a utili

de pígmentos utilizava principalmente a

zação e conservação dos recursos natu

Rús.sía.

ilmenita da costa do Travancore, na ín

rais, realizada em Lake Success, uma

dia, e das costas da Balúa e Espírito

das demonstrações do meUior aproveita

Santo, no Brasil.

mento dos minerais através das técnicos

Há alguns anos atrás a Dupont de

modernas foi uma visita ao chamado

Nemours, por intermédio da sua subsi diária Duperial do Brasil, interessou-se

Macintyre Development da National Lead Comp., em Tahawus, Estado de

pelas jazidas da Babia, Espírito Santo e Estado do Rio de Janeiro, conseguindo

Nova York.

habilmente contornar as exigências da

nério de ferro foi descoberto ali por volta

legislação nacionalista de 1934, assegu

A liistória dessa mina é curiosa. O mi

de 1826 e desde então houve várias

rando destarte uma importante reserva

tentativas para o seu aproveitamento.

de minerais de titânio.

Os mais importantes esforços foram de vidos aos jjróprios descobridores; foram construídos dois altos fornos que come çaram a produzir ferro em 1838 e 1854,

riá pouco tempo, com surpresa geral,

ao desenvolvimento das suas aplicações

abriu mão de todos os direitos assegura dos o desinteressou-se pela ilmenita bra

sil; foi apenas colhido para exportação em bruto. Durant» a última guerra bou-

As investigações visaram ás areias da Flórida e da Califórnia, hoje em explo ração, mas ainda insuficientes para a

cômodo e mais econômico.

industriais.

O titânio nunca foi utilizado no Bra

primento de minério dentro do território

sileira.

E' que suas fábricas, nos Estados Uni dos, sentindo a fragilidade duma grande

mas fracassaram por uma série de in fortúnios : a morte de ura dos descobri

dores, Mr. Henclerson, em 1845, o pâni-


DicjiSTo Econômico

ve algumas tentativas para a sua elabo

31

As lendêncías modernas na produção do titânio

ração no país, a fim de produzir branco

indústria baseada na matéria-prima im portada da índia e do Brasil, e com

de titânio, mas todas as tentativas fra

preendendo que se tornava cada vez

S. ^"nÓES Adreü

cassaram, por falta de técnica, de dinhei

mais difícil a importação, quer pela ele

ro c pela carência dum ambiente indus

vação do custo da mão-de-obra nesses

A MUITOS anos que me preocupo com os aspec

tos econômicos dos mi

nerais de titânio e da sua industrialização no Brasil.

Há 24 anos, na minlia segunda entra

trial propicio.

A exploração du ruüio cresceu vertigi-

ein crescimento no mundo inteiro, ape

rador, técnico dc nomeada, mostra a si

nosutnciile duriinlü a guerra mas logo

lou para a técnica a fim de ler uin su

caiu, cessadas as hostilidades; a e.xploraçãü da ilinenita, sempre fraca, estêve invarlàvelinente ligada à exploração das

norte-americano.

tuação sombria da produção dc titânio do Brasil, em virtude do seu incremento

em larga escala nos Estados Unidos.

areias monazíticas, das quais a ilmenita

da para o sertão, ainda clieío dc dúvi

é um dos componentes principais.

das C indecisões, deparei pela primeira vez com os minerais de titânio. Viajan do de Fortaleza para Sobral, num "lo tação em que um dos passageiros era

o então jovem Bispo D. José Tupinam-

Em 1933, depois duma viagem pelo

litoral do Espírito Santo, publiquei O trabalho "O titânio na costa do Espírito

ba, chegando altas horas da noite à pé

Santo", que constituí tim boletim da an tiga Estação E.xperimentál de Combus

rola do oeste cearense, D. José atencio

tíveis e Minérios, que depois se trans

samente me acolheu em sua residência,

formou no Instituto Nacional de Tecno

na Betânia.

logia. Nesse traballio, após uma intro

No dia seguinte, antes da minha par tida, apresentou-me algumas pedrinhas

fisiografia, natureza do solo, vegetação

que os caboclos encontravam no leito

dução de caráter geográfico, tiatanclo da'

e vias de comunicação, doscrovo sumà-

seco dos rios e que ele guardava julgan

riamentü as fontes de titânio no mundo,

do tratar-se dc minério de ferro.

to do beneficiamento, produção mundial,

Mi

nha passagem deu ensejo à con.suIta so bre a composição daqueles seixos, pe sados como chumbo e de aspecto metá lico, Logo à primeira vista pareceu-me

rutilo, aguardando prudentemente uma

prova de laboratório paru uma confir mação segura. A seguir escrevi um ar

tigo sobre o "Titânio no Ceará", publi cado no jomal "O Nordeste", em abril -de 1925. Naquele artigo, divulgando as

propriedades e aplicações do titânio e seus minerais, foi mencionada pela pri meira vez a existência de rutilo no Cea

rá. Na época não havia interesse pelo rutilo c só alguns anos depois foi inicia

da a exploração dêsse mineral naquelas regiões.

paises, quer pelos sentimentos natávistas

Nesse trnhaJho, o msso ilustre colabo

e no Brasil em especial;.em seguida tmconsumo e informações comerciais.

Nessa época já cbainei a atenção pnra a importância do óxido de titânio como

pigmonto branco em substituição aos alvaiades de chumbo e de zinco Em 1936 escrevi outro trabalho no Bra sil .- publicação do I. n. x tratando das ocorrências de Minas Gerais e do seu processo de enriquecimento.

De longa data, portanto, venho dando atenção ás fontes dc titânio no Brasil e

Para a produção de branco de titânio, a indústria dá preferência í\ ilmenita,

que embora seja um mineral mais po

enorme e crescente demanda.

Outro rumo tomado pela técnica foi a extração da ilmenita das rochas e dos

bre que o rutilo é de tratamento mais

minérios de ferro titaníferos. Êsse cami

nho alcançou pleno sucesso recentemente

Os depósitos de ilmenita encontramse principalmente na índia, no Brasil,

e hoje a National Lead Company, asso ciada à Dupont de Nemours, transfor

em Madagascar, Noniega, Estados Uni

mou no coração dos Adirondacks, no

dos c Rússia, devendo o mineral o seu

Estado de Nova York, uma velha mina

nome ao fato de ter sido descoberto, em

de ferro na maior mina de titânio do

grandes quantidades, no lago Ilmen, na

mundo.

A indúsli-ia alemã e americana

Na recente conferência para a utili

de pígmentos utilizava principalmente a

zação e conservação dos recursos natu

Rús.sía.

ilmenita da costa do Travancore, na ín

rais, realizada em Lake Success, uma

dia, e das costas da Balúa e Espírito

das demonstrações do meUior aproveita

Santo, no Brasil.

mento dos minerais através das técnicos

Há alguns anos atrás a Dupont de

modernas foi uma visita ao chamado

Nemours, por intermédio da sua subsi diária Duperial do Brasil, interessou-se

Macintyre Development da National Lead Comp., em Tahawus, Estado de

pelas jazidas da Babia, Espírito Santo e Estado do Rio de Janeiro, conseguindo

Nova York.

habilmente contornar as exigências da

nério de ferro foi descoberto ali por volta

legislação nacionalista de 1934, assegu

A liistória dessa mina é curiosa. O mi

de 1826 e desde então houve várias

rando destarte uma importante reserva

tentativas para o seu aproveitamento.

de minerais de titânio.

Os mais importantes esforços foram de vidos aos jjróprios descobridores; foram construídos dois altos fornos que come çaram a produzir ferro em 1838 e 1854,

riá pouco tempo, com surpresa geral,

ao desenvolvimento das suas aplicações

abriu mão de todos os direitos assegura dos o desinteressou-se pela ilmenita bra

sil; foi apenas colhido para exportação em bruto. Durant» a última guerra bou-

As investigações visaram ás areias da Flórida e da Califórnia, hoje em explo ração, mas ainda insuficientes para a

cômodo e mais econômico.

industriais.

O titânio nunca foi utilizado no Bra

primento de minério dentro do território

sileira.

E' que suas fábricas, nos Estados Uni dos, sentindo a fragilidade duma grande

mas fracassaram por uma série de in fortúnios : a morte de ura dos descobri

dores, Mr. Henclerson, em 1845, o pâni-


Digksto ECONÓ^UCO 32

33

DiGt:sTO Econóxíico

nas praias do Travancore ou do Espírito CO financeiro nos Estados Unidos em

1847, uma enchente calamitosa em

1856, as dificuldades de transporte e, talvez, como causa mais influente — a presença de grande quantidade de titâ nio no minério, trazendo sérios embara

ços à metalurgia, tal como aconteceu, aqui no Brasil, em Ipanema.

Em novas tentativas de exploração, numa segunda fase, foi cubada a massa

dc minério mas a siderurgia nunca pros perou ali, até que em 1941 a National

Lead Comp. adquiriu a jazida "de miné rio de ferro", e em 15 meses de traba

lho a transformou na maior jazida "de minério de titânio" no mundo.

Deve-.se isso aos milagres operados' pela ciência aplicada à tecnologia. Tão

fantástico trabalho foi executado no pe ríodo da guerra, visando o aproveita

mento duma riqueza em estado latente

Santo.

ra várias usinas de ferro e aço c cêrca

de 1 c meio milhões estão cm estoque aguardando mercado. Ês.se refinamento da técnica produz uma ilmenita mais pura que a das praias da índia ou do Brasil, a preços mais bai xos, di.sponível em qualquer tempo e sem os riscos do transporte longo ou das disscnçõcs política.s.

silícatos. No preparo da mina para uma exploração a céu aberto foi preciso re

do dia os silos receberam 1.000 tonela

so no caso é que o novo empreendimen

mover cêrca de 5 milhões de toneladas

bro-anortosito, dc 40 milhões de tonela-

neficiamento, estrada de rodagem etc.,

magnetita, 32% dc ilmenita, 16% de

consumindo-se ni.sso alguns milhões de

feldspato e 15 % de silícatos vários e mi

dólares.

nerais diversos.

produzidos mais de 1 miliião de tonela das de ilmenita e 3 milliões de tonelada.s

de magnetita. Mais de 1 milhão dc to neladas de magnetita já foram sinterizadas na usina ali construída, meio milhão

foi exportado no estado natiu-al pa-

companhia de zinco (New Tersev Zinc Corp,.).

das dc ilmenita pura e moída. O minério é uma grande lente dc ga-

da.s, com a composição média do 37% de

Entre 1942 e 1949 já foram

to ó financiado por uma companhia de cobre (Kennecott Copper Corp.) e uma

na boca do brilador primário e no fim

de terra e rocha e fazer construções pa ra alojamento do pessoal, usina dc be-

nita já esteja moída nas praias, só o tra balho de apanhá-la e separá-la do quar

nadenses, e, segundo dizem, mais eco nômico e mais eficiente do que os co nhecidos ate agora. Um aspecto curio

Desde o início da exploração para ti-' cubram uma aplicação indnslriaj. O tra tânio, em 1942, até este ano, já ha\iam balho é feito com tal regularidade e tal

tzo e dos outros constituintes de valor,

pelo fato dc ser feito o trabalho em pe quena escala, fica muito caro. O braço magro do trabalhador iinpaluclado e fa minto não pode competir com as esca vadeiras Hucyrus.

O caso de Macintyre, nos Adiron dacks, poderá ter um símile no Brasil, pois são conhecidos vários depósitos de inagnetitas taníferas ainda mal e pouco estudados.

No próprio Estado de São Paulo te mos Ipanema, cuja metalurgia foi em baraçada pela presença do titânio, e,

Agora o caso brasileiro é o que ins pira a nós esses e.xemplos. A situação do Brasil até bem pouco tempo era de moderado exportador de

são rochas ricas em titânio que poderão

minérios de titânio, tanto rutilo quanto

York.

ilmenita.'

1

areias monazíticas, das quais a ilmenita

sendo ultimada uma estrada de ferro es-

O titânio será utilizado por um pro

pato anortosc, que por falia dc merca

A nossa produção de ilmenita esteve

sempre condicionada à e.xploração das é um dos constituintes. Embora a ilme

cesso novo, descoberto por técnicos ca

subprodutos, obtém magnetita e fclds-

no Brasil.

Fica a 400 milhas dc Quebec e está

recuperando o titânio das escórias.

uma ilmenita de alta pureza. Como

planejamento que de 2 em 2 minutos um caminlião descarrega 15 toneladas

Limoneiro etc.). Voltando a paz, pràticainente morreu a mineração do rutilo

que vai ser elaborado pela íron and Titanium Corp., produzindo gusa e aço e

sas o.scilanlc.s, concentrado cm células de

sido extraídos a céu aberto sete milhões de toneladas de minério, contendo magnetita, ilmenita, feldspatos e outros

que garante o funcionamento da usina

IJecialmente para transportar o minério

flutuação dando como produto final

espera que as pc.squisas em curso des

\e aqui, no Brasil (Ipanema, Anitápolis,

produção, neste ano.

parado em elcctro-imã.s, lavado cm me

abundância em todos os países, inclusi-

outro já estudado nos Adirondacks, o

Outro grande depósito de titânio foi há poucos anos descoberto no Canadá e está sendo preparado para entrar em

a usina em grandes caminhões Eticlid de 15 toneladas, l)ritado, moído fino, se

proteção dé aviões.

recuperar o titânio cias inagnetitas litaníferas, que so encontram com relativa

por cêrca de 40 anos.

aguacciros, podcndo-sc notar a regulari dade do trabalho mesmo sob as piores condições do tempo. O minério era que brado com e.xplosivos, tran.sportado para

do, atualmente, vai sendo aciimiilado, à

empenharam em arranjar processos para

pont em Wilmongton, Delaware, e parte tional Lead. Além dêsse depósito, há

debaixo dc fortes

e a produção de compostos de titânio com aplicaçao para fins militares, como a produção de nuvens artificiais para

Das 1.000 toneladas diiírias, parte se gue nos trens para as fábricas da Duvai para St. Luiii.s, para as usinas da Na

Nossa visita à mina foi realizada a 29

do agosto último,

cedendo às exigências dos catadores dc

rutilo. Isso não poderia ser mantido em tempos normais o por isso os técnicos se

O rutilo provinha exclusivamente de

no Vale da Ribeira, os jacupiranguitos

proporcionar explorações do gênero des sa que visitamos em Tahawus, New Tudo faz crer que com o aperfeiçoa mento da técnica de utilização dos mi

garimpagem efetuada nos leitos das ra-

nérios pobres em larga escala, tôda a

Essa mina exemplifica bem a vanta gem do trabalho em alta escala e. custa crer que fique mais barato moer por dia

vinas do Ceará, e dos rios do Sul de Mi

produção de garimpagem tende a en

nas e do Sul de Goías. Produção cara o

contrar dificuldades cada vez maiores,

aleatória, característica do garimpo. As

porque o trabalho muscular é uma for

6.000 toneladas de rocha dura o dela

contingências" cia guerra permitiam que os compradores aumentassem os preços,

neste mundo mecanizado.

recuperar 1.000 toneladas de ilmenita

(l/6^apenas) do que apanhá-la com pá

ma de energia que não pode perdurar


Digksto ECONÓ^UCO 32

33

DiGt:sTO Econóxíico

nas praias do Travancore ou do Espírito CO financeiro nos Estados Unidos em

1847, uma enchente calamitosa em

1856, as dificuldades de transporte e, talvez, como causa mais influente — a presença de grande quantidade de titâ nio no minério, trazendo sérios embara

ços à metalurgia, tal como aconteceu, aqui no Brasil, em Ipanema.

Em novas tentativas de exploração, numa segunda fase, foi cubada a massa

dc minério mas a siderurgia nunca pros perou ali, até que em 1941 a National

Lead Comp. adquiriu a jazida "de miné rio de ferro", e em 15 meses de traba

lho a transformou na maior jazida "de minério de titânio" no mundo.

Deve-.se isso aos milagres operados' pela ciência aplicada à tecnologia. Tão

fantástico trabalho foi executado no pe ríodo da guerra, visando o aproveita

mento duma riqueza em estado latente

Santo.

ra várias usinas de ferro e aço c cêrca

de 1 c meio milhões estão cm estoque aguardando mercado. Ês.se refinamento da técnica produz uma ilmenita mais pura que a das praias da índia ou do Brasil, a preços mais bai xos, di.sponível em qualquer tempo e sem os riscos do transporte longo ou das disscnçõcs política.s.

silícatos. No preparo da mina para uma exploração a céu aberto foi preciso re

do dia os silos receberam 1.000 tonela

so no caso é que o novo empreendimen

mover cêrca de 5 milhões de toneladas

bro-anortosito, dc 40 milhões de tonela-

neficiamento, estrada de rodagem etc.,

magnetita, 32% dc ilmenita, 16% de

consumindo-se ni.sso alguns milhões de

feldspato e 15 % de silícatos vários e mi

dólares.

nerais diversos.

produzidos mais de 1 miliião de tonela das de ilmenita e 3 milliões de tonelada.s

de magnetita. Mais de 1 milhão dc to neladas de magnetita já foram sinterizadas na usina ali construída, meio milhão

foi exportado no estado natiu-al pa-

companhia de zinco (New Tersev Zinc Corp,.).

das dc ilmenita pura e moída. O minério é uma grande lente dc ga-

da.s, com a composição média do 37% de

Entre 1942 e 1949 já foram

to ó financiado por uma companhia de cobre (Kennecott Copper Corp.) e uma

na boca do brilador primário e no fim

de terra e rocha e fazer construções pa ra alojamento do pessoal, usina dc be-

nita já esteja moída nas praias, só o tra balho de apanhá-la e separá-la do quar

nadenses, e, segundo dizem, mais eco nômico e mais eficiente do que os co nhecidos ate agora. Um aspecto curio

Desde o início da exploração para ti-' cubram uma aplicação indnslriaj. O tra tânio, em 1942, até este ano, já ha\iam balho é feito com tal regularidade e tal

tzo e dos outros constituintes de valor,

pelo fato dc ser feito o trabalho em pe quena escala, fica muito caro. O braço magro do trabalhador iinpaluclado e fa minto não pode competir com as esca vadeiras Hucyrus.

O caso de Macintyre, nos Adiron dacks, poderá ter um símile no Brasil, pois são conhecidos vários depósitos de inagnetitas taníferas ainda mal e pouco estudados.

No próprio Estado de São Paulo te mos Ipanema, cuja metalurgia foi em baraçada pela presença do titânio, e,

Agora o caso brasileiro é o que ins pira a nós esses e.xemplos. A situação do Brasil até bem pouco tempo era de moderado exportador de

são rochas ricas em titânio que poderão

minérios de titânio, tanto rutilo quanto

York.

ilmenita.'

1

areias monazíticas, das quais a ilmenita

sendo ultimada uma estrada de ferro es-

O titânio será utilizado por um pro

pato anortosc, que por falia dc merca

A nossa produção de ilmenita esteve

sempre condicionada à e.xploração das é um dos constituintes. Embora a ilme

cesso novo, descoberto por técnicos ca

subprodutos, obtém magnetita e fclds-

no Brasil.

Fica a 400 milhas dc Quebec e está

recuperando o titânio das escórias.

uma ilmenita de alta pureza. Como

planejamento que de 2 em 2 minutos um caminlião descarrega 15 toneladas

Limoneiro etc.). Voltando a paz, pràticainente morreu a mineração do rutilo

que vai ser elaborado pela íron and Titanium Corp., produzindo gusa e aço e

sas o.scilanlc.s, concentrado cm células de

sido extraídos a céu aberto sete milhões de toneladas de minério, contendo magnetita, ilmenita, feldspatos e outros

que garante o funcionamento da usina

IJecialmente para transportar o minério

flutuação dando como produto final

espera que as pc.squisas em curso des

\e aqui, no Brasil (Ipanema, Anitápolis,

produção, neste ano.

parado em elcctro-imã.s, lavado cm me

abundância em todos os países, inclusi-

outro já estudado nos Adirondacks, o

Outro grande depósito de titânio foi há poucos anos descoberto no Canadá e está sendo preparado para entrar em

a usina em grandes caminhões Eticlid de 15 toneladas, l)ritado, moído fino, se

proteção dé aviões.

recuperar o titânio cias inagnetitas litaníferas, que so encontram com relativa

por cêrca de 40 anos.

aguacciros, podcndo-sc notar a regulari dade do trabalho mesmo sob as piores condições do tempo. O minério era que brado com e.xplosivos, tran.sportado para

do, atualmente, vai sendo aciimiilado, à

empenharam em arranjar processos para

pont em Wilmongton, Delaware, e parte tional Lead. Além dêsse depósito, há

debaixo dc fortes

e a produção de compostos de titânio com aplicaçao para fins militares, como a produção de nuvens artificiais para

Das 1.000 toneladas diiírias, parte se gue nos trens para as fábricas da Duvai para St. Luiii.s, para as usinas da Na

Nossa visita à mina foi realizada a 29

do agosto último,

cedendo às exigências dos catadores dc

rutilo. Isso não poderia ser mantido em tempos normais o por isso os técnicos se

O rutilo provinha exclusivamente de

no Vale da Ribeira, os jacupiranguitos

proporcionar explorações do gênero des sa que visitamos em Tahawus, New Tudo faz crer que com o aperfeiçoa mento da técnica de utilização dos mi

garimpagem efetuada nos leitos das ra-

nérios pobres em larga escala, tôda a

Essa mina exemplifica bem a vanta gem do trabalho em alta escala e. custa crer que fique mais barato moer por dia

vinas do Ceará, e dos rios do Sul de Mi

produção de garimpagem tende a en

nas e do Sul de Goías. Produção cara o

contrar dificuldades cada vez maiores,

aleatória, característica do garimpo. As

porque o trabalho muscular é uma for

6.000 toneladas de rocha dura o dela

contingências" cia guerra permitiam que os compradores aumentassem os preços,

neste mundo mecanizado.

recuperar 1.000 toneladas de ilmenita

(l/6^apenas) do que apanhá-la com pá

ma de energia que não pode perdurar


wr'-

Digesto Econômico

cmprèsa, que u jree enterprise c o centro

do regime econômico da livre compe

indenização

tição cm que vivemos. Em tomo dela

tocam guitarras melancólicas alguns eco nomistas que tem o espírito voltado

35

sovganizadoras dos seus quadros insti tucionais.

Tendo-se em \ista essas considerações,

\ emos que não colhe o argumento de

interferência na vida interna da empre

Djacir Menezes

para o capitalismo concorrencial e lou

(Da Universidade do Brasil)

vam as suas leis como reguladoras imu

sa, que enunciamos atrás: tôda vez que interessa ao bem público, o Estado tem

táveis.

o dever de interferir.

5. Os fundos de reserva especiais

do que se pretende constituir indica até certo ponto sua natureza: no pensamen

Num trabalho sôbre a constituição de

to da Carta de Tere.sópolis, originar-se-ia

um "Fundo geral de indenização para todo e qualquer caso de dispensa", re digido pelo sr. João Baylongue, foi fei ta análise de parte do assunto que abor damos agora. O que preocupou o autor foi, sobretudo, o empregado despedido,

sua acepção técnica. Considerando pro

o que se retira do trabalho temporària-

ria, ou do serviço prestado — o que, cer

mente, ficando em completo desamparo

tamente, não estava no e.spírito da le gislação social. Mas passemos adiante:

por parte da lei. Recomendara a Carta Econômica de

Teresópolis, além de outras programa ções enfáticas:

"Os empregadores devem constituir

fundos de reserva especiais, a fim de fazerem face aos encargos impostos pelas leis sociais, garantindo também aos em

de cota retirada dos lucros apurados da

nosso raciocínio. Em primeiro lugar, o apregoado sistema de livre concorrên

visões, poder-se-ia supor incluídas nas despesas de exercício normal, contabi lizadas no próprio custo da mercado

Devendo tais fundos de indenização escapar ao controle da empresa, foi lembrado no ensaio referido que se os recolhessem ao Banco do Brasil, à Caixa Econômica ou a Institutos de Previdên cia. Já SC gritou muito contra esses ca

Comentando, escreve o sr. Baylongue: "As reservas, porém, em poder das

não seremos nós que os inocentemos.

empresas, não oferecem nenhuma garan tia aos empregados. Isso está consubstanciado numa tese apro vada na Convenção Nacional,

Não nos interessa aqui o "modus faciendi" por que se vai realizar

esse objetivo.

O principal será

a contribuição da reserva sem

realizada em Belo Horizonte em

possibilidade de exploração des

1943, pelo Partido Republicano. Constata-se, por aí, que os pró prios empregadore.s reconhecem a ne

viada de sua finalidade legal —

cessidade de amparar as organizações

contra os imprevisíveis que podem re sultar do passado oculto das indeniza ções devidas aos empregados." A designação de reserva dada ao fun

questão que nos arredaria da premissa essencial para o desenvolvimento do

empresa, como soem ser as reservas, na

pitais acumulados cm organismos paraestatais inabilissimamente dirigidos — e

pregados melhor execução dessas leis."

Não nos desejamos embrenhar numa

e é, evidentemente, aí que está o ponto difícil da questão. 6.

Ainda a propósito da livre competição

Poder-se-á alegar, nesse'passo, que se trata de uma intromissão na vida da

cia sofreu, depois da primeira guerra mundial, revisões profundas. Ninguém

A interferência

ilícita é a que se processa por solicitação de interesses de grupos privados, que buscam amparo do Estado para defesa de pretensões particularistas. E que nos mostra grande parte da le gislação — principalmente a legislação social — senão uma continuada inter

de boa fé enxergará nesse sistema as li nhas teóricas do que definira a escola clássica pelas penas de Smith e Ricardo: a "mão invisível" da livre competição,

empresa exqjrime o interesse da empre

que dava a magia do equilíbrio ao jôgo

sa. Expliquemo-nos melhor: nas épocas

da.s fôrças, como e.xpressão máxima da

calamitosas ou de ameaças sérias, a empresa abre mão de sua liberdade e

ofelimídade do sistema, tornou-se um

ferência do Estado nas relações econô

micas? O que é mais contraditório, po rém, é que nem sempre a liberdade de

punho compressivo e brutal da compe

reclama a interferência salvadora do

tição dos monopólios. Os fenômenos de concentração da riqueza despertaram

Estado, por formas variadas, que vão de simples medidas alfandegárias até a cpmpra de seus estoques para destruição bárbara de mercadorias. Se nas épocas

legislações tendentes a atenuar situações de fato bem injustas e a velha filosofia do laissez faire teve que se submeter a restrições muito sérias por parte dos próprios teóricos do capitalismo. O código ci\'ih conforjne dissera o

historiador francês Glassoh, esquecera quase completamente o trabalhador. A

liberdade que se defendia nas leis — avança Harold Laski — era a liberdade

dos proprietários industilais, assentando as bases do liberalismo econômico.

E foi o próprio capitalismo que se viu forçado a aceitar novas concepções e novas técnicas de "dirigismos", de "planismos" mais compatíveis com a trans

formação operada nas suas estruturas, chamadas a reagir contra mudanças de-

de crise o Estado deve dar-lhes dinhei

ro e reter estoques a fim de manter preços altos, se deve auxiliá-las nos processos de contingentamento e outros paliativos, que nada resolvem — por

que não admitir a interferência legítima para resguardar a finalidade de bem-es tar coletivo? Por que só neste caso ofen de os princípios individualistas do laissez faire? Por que as interferências j-eclamadas em benefício das próprias emprêsas não violam o sacro âmbito da liberdade da iniciativa privada? Se num caso é o interesse privado que o pede — no outro é o interesse público que o reclama. Haverá dúvida entre essas duas

ordens de interesses?

A tese é matéria


wr'-

Digesto Econômico

cmprèsa, que u jree enterprise c o centro

do regime econômico da livre compe

indenização

tição cm que vivemos. Em tomo dela

tocam guitarras melancólicas alguns eco nomistas que tem o espírito voltado

35

sovganizadoras dos seus quadros insti tucionais.

Tendo-se em \ista essas considerações,

\ emos que não colhe o argumento de

interferência na vida interna da empre

Djacir Menezes

para o capitalismo concorrencial e lou

(Da Universidade do Brasil)

vam as suas leis como reguladoras imu

sa, que enunciamos atrás: tôda vez que interessa ao bem público, o Estado tem

táveis.

o dever de interferir.

5. Os fundos de reserva especiais

do que se pretende constituir indica até certo ponto sua natureza: no pensamen

Num trabalho sôbre a constituição de

to da Carta de Tere.sópolis, originar-se-ia

um "Fundo geral de indenização para todo e qualquer caso de dispensa", re digido pelo sr. João Baylongue, foi fei ta análise de parte do assunto que abor damos agora. O que preocupou o autor foi, sobretudo, o empregado despedido,

sua acepção técnica. Considerando pro

o que se retira do trabalho temporària-

ria, ou do serviço prestado — o que, cer

mente, ficando em completo desamparo

tamente, não estava no e.spírito da le gislação social. Mas passemos adiante:

por parte da lei. Recomendara a Carta Econômica de

Teresópolis, além de outras programa ções enfáticas:

"Os empregadores devem constituir

fundos de reserva especiais, a fim de fazerem face aos encargos impostos pelas leis sociais, garantindo também aos em

de cota retirada dos lucros apurados da

nosso raciocínio. Em primeiro lugar, o apregoado sistema de livre concorrên

visões, poder-se-ia supor incluídas nas despesas de exercício normal, contabi lizadas no próprio custo da mercado

Devendo tais fundos de indenização escapar ao controle da empresa, foi lembrado no ensaio referido que se os recolhessem ao Banco do Brasil, à Caixa Econômica ou a Institutos de Previdên cia. Já SC gritou muito contra esses ca

Comentando, escreve o sr. Baylongue: "As reservas, porém, em poder das

não seremos nós que os inocentemos.

empresas, não oferecem nenhuma garan tia aos empregados. Isso está consubstanciado numa tese apro vada na Convenção Nacional,

Não nos interessa aqui o "modus faciendi" por que se vai realizar

esse objetivo.

O principal será

a contribuição da reserva sem

realizada em Belo Horizonte em

possibilidade de exploração des

1943, pelo Partido Republicano. Constata-se, por aí, que os pró prios empregadore.s reconhecem a ne

viada de sua finalidade legal —

cessidade de amparar as organizações

contra os imprevisíveis que podem re sultar do passado oculto das indeniza ções devidas aos empregados." A designação de reserva dada ao fun

questão que nos arredaria da premissa essencial para o desenvolvimento do

empresa, como soem ser as reservas, na

pitais acumulados cm organismos paraestatais inabilissimamente dirigidos — e

pregados melhor execução dessas leis."

Não nos desejamos embrenhar numa

e é, evidentemente, aí que está o ponto difícil da questão. 6.

Ainda a propósito da livre competição

Poder-se-á alegar, nesse'passo, que se trata de uma intromissão na vida da

cia sofreu, depois da primeira guerra mundial, revisões profundas. Ninguém

A interferência

ilícita é a que se processa por solicitação de interesses de grupos privados, que buscam amparo do Estado para defesa de pretensões particularistas. E que nos mostra grande parte da le gislação — principalmente a legislação social — senão uma continuada inter

de boa fé enxergará nesse sistema as li nhas teóricas do que definira a escola clássica pelas penas de Smith e Ricardo: a "mão invisível" da livre competição,

empresa exqjrime o interesse da empre

que dava a magia do equilíbrio ao jôgo

sa. Expliquemo-nos melhor: nas épocas

da.s fôrças, como e.xpressão máxima da

calamitosas ou de ameaças sérias, a empresa abre mão de sua liberdade e

ofelimídade do sistema, tornou-se um

ferência do Estado nas relações econô

micas? O que é mais contraditório, po rém, é que nem sempre a liberdade de

punho compressivo e brutal da compe

reclama a interferência salvadora do

tição dos monopólios. Os fenômenos de concentração da riqueza despertaram

Estado, por formas variadas, que vão de simples medidas alfandegárias até a cpmpra de seus estoques para destruição bárbara de mercadorias. Se nas épocas

legislações tendentes a atenuar situações de fato bem injustas e a velha filosofia do laissez faire teve que se submeter a restrições muito sérias por parte dos próprios teóricos do capitalismo. O código ci\'ih conforjne dissera o

historiador francês Glassoh, esquecera quase completamente o trabalhador. A

liberdade que se defendia nas leis — avança Harold Laski — era a liberdade

dos proprietários industilais, assentando as bases do liberalismo econômico.

E foi o próprio capitalismo que se viu forçado a aceitar novas concepções e novas técnicas de "dirigismos", de "planismos" mais compatíveis com a trans

formação operada nas suas estruturas, chamadas a reagir contra mudanças de-

de crise o Estado deve dar-lhes dinhei

ro e reter estoques a fim de manter preços altos, se deve auxiliá-las nos processos de contingentamento e outros paliativos, que nada resolvem — por

que não admitir a interferência legítima para resguardar a finalidade de bem-es tar coletivo? Por que só neste caso ofen de os princípios individualistas do laissez faire? Por que as interferências j-eclamadas em benefício das próprias emprêsas não violam o sacro âmbito da liberdade da iniciativa privada? Se num caso é o interesse privado que o pede — no outro é o interesse público que o reclama. Haverá dúvida entre essas duas

ordens de interesses?

A tese é matéria


mim, Dicesto Econômico

36

Dicesto Econômico

vencida pelos fatos; debalde se tenta

sociam ainda outros fatores, de ordem

deu a 1.^ guerra mundial? Nesses tem

revisá-la teòricamente.

política. Em face do que di.ssemos, 6

pos, o centro dos negócios internacionais

provável que a.s pequenas empresas, ^ar

Estado, inter\indo no sentido do bem

cando contra

geral que se advoga, na economia da

fisco, sejam realmente forçadas à redu

empresa, para constituição de uma re

ção de seu capital de exercícios, a fim do acudirem às exigências legais da

era a City — e por simples operação na praça de Londres podia-se comerciar com qualquer povo em qualquer laütu• de do Planeta. A finança inglesa era a medianeira rápida e ágil entre todos os

constituição da reserva de indcnizaçrro.

centros industriais e comerciais, entre

E, provavelmente, as empresas marginais serão eliminadas pelo procc.ss'o compe titivo, que as triturará, com os resulta

as nações industrializadas européias e as nações de economia agropecuária e de matérias-primas. Todo esse panorama se transformou no período de entre-

Então o ponto a debater será —O

serva de indenização das classes traba lhadoras, alcançará, na verdade, esse

objetivo? 7.

Uma objeção séria

muitas dificuldades

do

O sr. Juvenile Pereira levanta uniu

dos mais ou menos conlraditório.s de

objeção séria à medida proposta ao examinar o art. 23 do anteprojeto n.° 1.039, sobre a participação no lucro

oferece a concentração do processo pro

por clóhouchós tornou-se desesperada,

dutivo.

rompeu o segundo conflito mundial. Pas

das empresas: "Só quem conhece a vida financeira das nossas empresas e a vida econó-

[ mica e financeira do País, e, ainda, que "lucro contábil" não quer dizer dinhei ro em caixa ou banco, poderá avaliar o preço, em sacrifícios financeiros, da

participação direta nos lucros apurados anualmente, ainda que feita em quatro cotas."

O índice de capitalização é baixo num país que tem estruturas econômi

correntes. É o espetáculo habitual que

Mas nessa altura de nossa \'ída eco

nômica, já industrialmente fragílima,

na hora em que recebemos os golpes da indústria estranha, ansiosa por dominar nossos mercados internos — que conse

qüências poderão advir? A pergunta expõe variedade de flancos abertos à controvérsia — todos da maior signifi cação para o País. Porque é -preciso que discutamos esses problemas olhando o que se passa na economia internacio nal.

Somos, como mais do uma

cas atrasadas e defeituosas, diri

vez disso o prof. Gudin, um país

gido por mentalidades que, na

de economia reflexa — que é ape

maioria dos casos, são alheias às

nas uma forma delicada de de

solicitações do mundo moderno, desconhecendo gravemente o que aconselha a ciência, òu então,

signar as economias dominadas

quando cientificamente aparelhadas, uti

ou influenciadas pela finança es trangeira, se não nos enganamos.

Que vemos no jogo das trocas inter

3T

indústrias que se destinem a competir eom as indústrias do país de onde emi gra o capital. Isso é uma verdade ele mentar — e surpreende a sua ausência nas argumentações que se articulam so

bre tais assuntos. O esfòrço que aquele capital desenvolve é com o fito de dar às economias reflexas onde se investe o

caráter de economia complementar, reduzindo-a a condição de dependência cada vez mais estreita da economia-líder.

Todas as vantagens dessa situação ca

guerras. As crises agravaram-se, a luta , bem, evidentemente, à economia-líder.

sado o vendava], o desequilíbrio das tro cas internacionais perdurou noutras ba

ses. Os tempos são inquestionàvelmente outros.

O significado político de um banco

internacional é enorme: porque, se traz inúmeros benefícios na regulação do co

É intuitivo, pois, que nossa economia in dustrial, para permanecer autônoma e não perder o domínio do mercado in

terno, que lhe parece escapar progressi vamente, terá que agir de acordo com

as novas condições que surgem. A modificação na economia interna

das empresas, alterando, em conseqüên cia dessas medidas legislativas, o seu

mércio internacional, vem, simultanea mente, facilitar a ação compressiva sobre

tôdas essas considerações.

a economia dos povos atrasados indus

que começamos a discutir como mero

sistema de reser\'aSi deve levar em conta

Assim, o

trialmente, que passam a ser melhor con trolados e fiscalizados. Estamos, evi dentemente, vivendo uma situação uni versal, que diverge profundamente do passado. Como voltar ao livre-cambismo do tempo mais arejado da soberania da libra? Isso é quase como dizer: co mo fazer a história rodar para trás, num

medidas.

recuo de todos os fatores? Querer de

só o estudo científico, indiferente aos

realejos da demagogia que por aí ar-

detalhe técnico — provisão, poupança, capitalização etc. — se entrosa, dentro de circunstâncias históricas concretas, no

conjunto da vida nacional, que não de vemos esquecer, a bem de nosso desen volvimento como nação.

Desta forma

poderemos alcançar o significado de tais

Significação tão ampla que

lizam o conhecimento para justificar

nacionais? Exatamente o reverso do que

senterrar métodos antigos, como se o

objetivos privados e jamais para analisar

apregoam os neo-liberalistas, os neo-

as razões verdadeiras e procurar a so

manchesteriano.s, cntontccidos

lução conveniente ao país. Reconheça' mos que muitos falam a linguagem de sinteressada — mas o conteúdo prático da .sua ação política nem sempre está de acordo com a linguagem utilizada.

cantilcna remota do "laissez faire": não voltamos às formas de trocas mültilate-

queja e ronca, pode discernir com a ne co, é uma ilusão perigosa. O cenário é - cessária claridade, indicando os caminhos outro, outras são as "dramatis personnae" dos verdadeiros'interesses do povo bra que nele vivem. Então, outio também

rais senão de maneira parcial." Aí estão

deve ser o método.

com

a

método reconstituísse o cenário econômi

todos os embaraços dos controles de câmbios, os acordos bilaterais de novo

8. A defesa de nOssa indústria

Tudo is-so, porem, representa um con

tipo. Onde a antiga política de plastici

junto de fatores negativos, a que se as

dade internacional da libra, que antece

Não podemos contar com simpatias do capital estrangeiro para organizarmos

sileiro. (®). (•) Para o presente ensaio, foram espe cialmente consultados:

Herrmann Júnior.

Contabilidade Su

perior, Atlas, São Paulo, 1946. E. FoUict, Le Bilan dans les sociétés

anonymes, Payot, Lausanne, 1946.


mim, Dicesto Econômico

36

Dicesto Econômico

vencida pelos fatos; debalde se tenta

sociam ainda outros fatores, de ordem

deu a 1.^ guerra mundial? Nesses tem

revisá-la teòricamente.

política. Em face do que di.ssemos, 6

pos, o centro dos negócios internacionais

provável que a.s pequenas empresas, ^ar

Estado, inter\indo no sentido do bem

cando contra

geral que se advoga, na economia da

fisco, sejam realmente forçadas à redu

empresa, para constituição de uma re

ção de seu capital de exercícios, a fim do acudirem às exigências legais da

era a City — e por simples operação na praça de Londres podia-se comerciar com qualquer povo em qualquer laütu• de do Planeta. A finança inglesa era a medianeira rápida e ágil entre todos os

constituição da reserva de indcnizaçrro.

centros industriais e comerciais, entre

E, provavelmente, as empresas marginais serão eliminadas pelo procc.ss'o compe titivo, que as triturará, com os resulta

as nações industrializadas européias e as nações de economia agropecuária e de matérias-primas. Todo esse panorama se transformou no período de entre-

Então o ponto a debater será —O

serva de indenização das classes traba lhadoras, alcançará, na verdade, esse

objetivo? 7.

Uma objeção séria

muitas dificuldades

do

O sr. Juvenile Pereira levanta uniu

dos mais ou menos conlraditório.s de

objeção séria à medida proposta ao examinar o art. 23 do anteprojeto n.° 1.039, sobre a participação no lucro

oferece a concentração do processo pro

por clóhouchós tornou-se desesperada,

dutivo.

rompeu o segundo conflito mundial. Pas

das empresas: "Só quem conhece a vida financeira das nossas empresas e a vida econó-

[ mica e financeira do País, e, ainda, que "lucro contábil" não quer dizer dinhei ro em caixa ou banco, poderá avaliar o preço, em sacrifícios financeiros, da

participação direta nos lucros apurados anualmente, ainda que feita em quatro cotas."

O índice de capitalização é baixo num país que tem estruturas econômi

correntes. É o espetáculo habitual que

Mas nessa altura de nossa \'ída eco

nômica, já industrialmente fragílima,

na hora em que recebemos os golpes da indústria estranha, ansiosa por dominar nossos mercados internos — que conse

qüências poderão advir? A pergunta expõe variedade de flancos abertos à controvérsia — todos da maior signifi cação para o País. Porque é -preciso que discutamos esses problemas olhando o que se passa na economia internacio nal.

Somos, como mais do uma

cas atrasadas e defeituosas, diri

vez disso o prof. Gudin, um país

gido por mentalidades que, na

de economia reflexa — que é ape

maioria dos casos, são alheias às

nas uma forma delicada de de

solicitações do mundo moderno, desconhecendo gravemente o que aconselha a ciência, òu então,

signar as economias dominadas

quando cientificamente aparelhadas, uti

ou influenciadas pela finança es trangeira, se não nos enganamos.

Que vemos no jogo das trocas inter

3T

indústrias que se destinem a competir eom as indústrias do país de onde emi gra o capital. Isso é uma verdade ele mentar — e surpreende a sua ausência nas argumentações que se articulam so

bre tais assuntos. O esfòrço que aquele capital desenvolve é com o fito de dar às economias reflexas onde se investe o

caráter de economia complementar, reduzindo-a a condição de dependência cada vez mais estreita da economia-líder.

Todas as vantagens dessa situação ca

guerras. As crises agravaram-se, a luta , bem, evidentemente, à economia-líder.

sado o vendava], o desequilíbrio das tro cas internacionais perdurou noutras ba

ses. Os tempos são inquestionàvelmente outros.

O significado político de um banco

internacional é enorme: porque, se traz inúmeros benefícios na regulação do co

É intuitivo, pois, que nossa economia in dustrial, para permanecer autônoma e não perder o domínio do mercado in

terno, que lhe parece escapar progressi vamente, terá que agir de acordo com

as novas condições que surgem. A modificação na economia interna

das empresas, alterando, em conseqüên cia dessas medidas legislativas, o seu

mércio internacional, vem, simultanea mente, facilitar a ação compressiva sobre

tôdas essas considerações.

a economia dos povos atrasados indus

que começamos a discutir como mero

sistema de reser\'aSi deve levar em conta

Assim, o

trialmente, que passam a ser melhor con trolados e fiscalizados. Estamos, evi dentemente, vivendo uma situação uni versal, que diverge profundamente do passado. Como voltar ao livre-cambismo do tempo mais arejado da soberania da libra? Isso é quase como dizer: co mo fazer a história rodar para trás, num

medidas.

recuo de todos os fatores? Querer de

só o estudo científico, indiferente aos

realejos da demagogia que por aí ar-

detalhe técnico — provisão, poupança, capitalização etc. — se entrosa, dentro de circunstâncias históricas concretas, no

conjunto da vida nacional, que não de vemos esquecer, a bem de nosso desen volvimento como nação.

Desta forma

poderemos alcançar o significado de tais

Significação tão ampla que

lizam o conhecimento para justificar

nacionais? Exatamente o reverso do que

senterrar métodos antigos, como se o

objetivos privados e jamais para analisar

apregoam os neo-liberalistas, os neo-

as razões verdadeiras e procurar a so

manchesteriano.s, cntontccidos

lução conveniente ao país. Reconheça' mos que muitos falam a linguagem de sinteressada — mas o conteúdo prático da .sua ação política nem sempre está de acordo com a linguagem utilizada.

cantilcna remota do "laissez faire": não voltamos às formas de trocas mültilate-

queja e ronca, pode discernir com a ne co, é uma ilusão perigosa. O cenário é - cessária claridade, indicando os caminhos outro, outras são as "dramatis personnae" dos verdadeiros'interesses do povo bra que nele vivem. Então, outio também

rais senão de maneira parcial." Aí estão

deve ser o método.

com

a

método reconstituísse o cenário econômi

todos os embaraços dos controles de câmbios, os acordos bilaterais de novo

8. A defesa de nOssa indústria

Tudo is-so, porem, representa um con

tipo. Onde a antiga política de plastici

junto de fatores negativos, a que se as

dade internacional da libra, que antece

Não podemos contar com simpatias do capital estrangeiro para organizarmos

sileiro. (®). (•) Para o presente ensaio, foram espe cialmente consultados:

Herrmann Júnior.

Contabilidade Su

perior, Atlas, São Paulo, 1946. E. FoUict, Le Bilan dans les sociétés

anonymes, Payot, Lausanne, 1946.


. .jiyiwpivi ' Digksto Econômico

38

G Defossé, La Geslion Financière des

enlreprlses, Presses Universítaires de France. Paris, 1948.

Alford and Bangs, Producíion Handbook, Ronald Press. N. Y., 1945.

Patton, Acconlants Handbook, Ronald Press, N. Y. 1945. L. R. Klein, The Keynesian Hevolutlon, Macmillan. N. Y., 1948.

Juvenile Pereira, O Anteprojeto 1.039 e a sua inexequibilldade em iace dos nossos sistemas fiscais e econômi cos (mimeografado). Conselho Eco nômico das Indústrias, Rio, 1949. Roberto Simonsen, Planejamento da

Economia Nacional, São Paulo, 1945. João Baylonguc,

Melhor amparo

ao

Política econômica acucareira

trabalhador temporàriamente desem

pregado, Bureau Interestadual de Imprensa, n.o 4, Rio, 1949. R. Boulding, Economlc Analysis, Harpers and Brothors Publishers, N. Y., 1941.

Elio Halevy, Hisloirc du socialismo eu-

Roberto Pinto de Souza

(Da Universidade de São Paulo)

^^iMOs em artigo anterior (1) que a

Paris,

independência e a estabilidade da

Keynes, The General Theory of Em-

quando a produção passou a ser articula da exclusivamente em tomo do consumo interno, uma vez que a forte concorrên cia e os direitos alfandegários tomaram impcssí\el a colocação do produto bra

ropéan, Librairic Galimard, 1948.

ploymont, Interest and Monoy, Harcourt, Brace and C? 1936.

iiKlú.stria açucarcira só foram atingidas

produtoras; umas apresentavam situação econômica perfeitamente definida, en quanto outras tinham a sua indústria

ainda em plena marcha ascendente. En tretanto, convenhamos, nada de melhor

era possível fazer-se na ocasião.

Mas,

á medida que a crise fosse sendo debe

lada e os fatos se ajustando pela evo

sileiro no mercado internacional. Porém,

lução natural dos acontecimentos, ten-

a capacidade brasileira de consumo é

tar-se-ia obter mellior solução. De fato,

limitada, daí surgindo a necessidade de restringir-se o fabrico de açúcar, a fim dt evitar a superprodução. Naturalmen

davia o problema continuou sempre na ordem do dia. É que todas elas se cin-

te, ao estabelecer o "quantum" a produ zir, levou o I. A. A. em consideração as circunstancias do momento e adotou, era

face delas, as medidas que mais depres sa e melhor saneassem as dificuldades por que estava passando a indústria açu

carcira. Por esse motivo, atacou apenas, na medida do possível, o problema da distribuição regional da produção, rele

gando para mais tarde o estudo para uma solução definitiva. Desde logo, po rem, fixou o princípio a seguir nesse ter reno; atribuir quotas às regiões, determi nadas de acordo com a capacidade de produção de cada uma.

As razões que presidiram à escolha

desse princípio já foram por nós apon tadas no artigo anterior, onde também reconhecemos o acervo dêsse critério.

Sua aplicação, porém, apresentou desde o início questões muito sérias, pois não liavia identidade entre as várias zonas (1) Artigo publicado pelo autor no nú mero de agôsto de 1948 do "Digesto Eco nômico".

várias revisões parciais foram feitas; to giram a interesses mais ligados a certas zonas, em detrimento dos de outras. A

evolução dos acontecimentos, porém, se incumbiu de mostrar sobejamente os erros de semelhante orientação particularista e está pedindo que se reveja o re gime de quotas. Qual deva ser a nOva orientação a seguir é o que procuraremos apontar neste artigo. Centro econômico

O zoneamento da produção do açúcar trouxe, como vimos, a separação dos Estados em dois setores bem distintos.

Contudo, a evolução econômica se con

trapôs a essa divisão, e pouco a pouco

os centros importadores, premidos pelas circunstâncias, se viram forçados a ex

pandir sua produção. Daí o processo acelerado do deslocamento da produção para o sul, principalmente para São Paulo, alterando o velho aspecto açucareiro tradicional.

Três ordens de fatores atuaram nessa

transmutação fisionômica:


. .jiyiwpivi ' Digksto Econômico

38

G Defossé, La Geslion Financière des

enlreprlses, Presses Universítaires de France. Paris, 1948.

Alford and Bangs, Producíion Handbook, Ronald Press. N. Y., 1945.

Patton, Acconlants Handbook, Ronald Press, N. Y. 1945. L. R. Klein, The Keynesian Hevolutlon, Macmillan. N. Y., 1948.

Juvenile Pereira, O Anteprojeto 1.039 e a sua inexequibilldade em iace dos nossos sistemas fiscais e econômi cos (mimeografado). Conselho Eco nômico das Indústrias, Rio, 1949. Roberto Simonsen, Planejamento da

Economia Nacional, São Paulo, 1945. João Baylonguc,

Melhor amparo

ao

Política econômica acucareira

trabalhador temporàriamente desem

pregado, Bureau Interestadual de Imprensa, n.o 4, Rio, 1949. R. Boulding, Economlc Analysis, Harpers and Brothors Publishers, N. Y., 1941.

Elio Halevy, Hisloirc du socialismo eu-

Roberto Pinto de Souza

(Da Universidade de São Paulo)

^^iMOs em artigo anterior (1) que a

Paris,

independência e a estabilidade da

Keynes, The General Theory of Em-

quando a produção passou a ser articula da exclusivamente em tomo do consumo interno, uma vez que a forte concorrên cia e os direitos alfandegários tomaram impcssí\el a colocação do produto bra

ropéan, Librairic Galimard, 1948.

ploymont, Interest and Monoy, Harcourt, Brace and C? 1936.

iiKlú.stria açucarcira só foram atingidas

produtoras; umas apresentavam situação econômica perfeitamente definida, en quanto outras tinham a sua indústria

ainda em plena marcha ascendente. En tretanto, convenhamos, nada de melhor

era possível fazer-se na ocasião.

Mas,

á medida que a crise fosse sendo debe

lada e os fatos se ajustando pela evo

sileiro no mercado internacional. Porém,

lução natural dos acontecimentos, ten-

a capacidade brasileira de consumo é

tar-se-ia obter mellior solução. De fato,

limitada, daí surgindo a necessidade de restringir-se o fabrico de açúcar, a fim dt evitar a superprodução. Naturalmen

davia o problema continuou sempre na ordem do dia. É que todas elas se cin-

te, ao estabelecer o "quantum" a produ zir, levou o I. A. A. em consideração as circunstancias do momento e adotou, era

face delas, as medidas que mais depres sa e melhor saneassem as dificuldades por que estava passando a indústria açu

carcira. Por esse motivo, atacou apenas, na medida do possível, o problema da distribuição regional da produção, rele

gando para mais tarde o estudo para uma solução definitiva. Desde logo, po rem, fixou o princípio a seguir nesse ter reno; atribuir quotas às regiões, determi nadas de acordo com a capacidade de produção de cada uma.

As razões que presidiram à escolha

desse princípio já foram por nós apon tadas no artigo anterior, onde também reconhecemos o acervo dêsse critério.

Sua aplicação, porém, apresentou desde o início questões muito sérias, pois não liavia identidade entre as várias zonas (1) Artigo publicado pelo autor no nú mero de agôsto de 1948 do "Digesto Eco nômico".

várias revisões parciais foram feitas; to giram a interesses mais ligados a certas zonas, em detrimento dos de outras. A

evolução dos acontecimentos, porém, se incumbiu de mostrar sobejamente os erros de semelhante orientação particularista e está pedindo que se reveja o re gime de quotas. Qual deva ser a nOva orientação a seguir é o que procuraremos apontar neste artigo. Centro econômico

O zoneamento da produção do açúcar trouxe, como vimos, a separação dos Estados em dois setores bem distintos.

Contudo, a evolução econômica se con

trapôs a essa divisão, e pouco a pouco

os centros importadores, premidos pelas circunstâncias, se viram forçados a ex

pandir sua produção. Daí o processo acelerado do deslocamento da produção para o sul, principalmente para São Paulo, alterando o velho aspecto açucareiro tradicional.

Três ordens de fatores atuaram nessa

transmutação fisionômica:


Dicesto Econômico

40

41

Dicesto Econónoco

capital teve desenvolvimento .superior ao

a) — Fatores de vitalidade b) — Fatores técnicos

de tôdas as cidades da América c da

c) — Fatores estruturais

Europa, inclusive mesmo a de cresci mento mais rápido dc todo o universo

Chamamos de fatores vitais aqueles que atuam diretamente no crescimento espantoso de São Paulo. Podemos apon tar como primeiro o espirito empreende dor dos piratininganos. Ora, o empreendedor é o elemento

— Chicago.

ativo do progresso econômico na organi

suía 4.592.188 habitantes; em 1944 apre

Facilmente se verifica essa evolução

yggçtjifÍYa com a ■loiluru das cifras dos recenseamentos demográficos. Assim, em 1920 o Estado de São Paulo pos

A do primeiro montava a 978.748 no ano de 1920, afinglndo em 1939 a cifra de 1.253.240. A diferença para mais, nesses 19 anos, é apenas de 274.492 habitantes, e a média anual de cresci

mento eqüivale a 14.446, dez vezes me nor que a de São Paulo. O segundo

usinas açucareiras; em segundo, a mãode-obra apresenta melhores qualidades, pois sendo o parque industrial mais de senvolvido, é o que possui operários mais capazes, visto haver em São Paulo inú meros técnicos estrangeiros e brasileiros preparados em centros europeus e ame

não foi muito feliz no aumento da sua

ricanos, que dirigem os nossos empreen

população: em 1920 possuía 961.106

dimentos, como também funcionam va

zação capitalista moderna. Isto porque

sentava uma população de 7.890.300

almas, alcançando em 1939 a soma de

rias escolas que ministram ensinamentos

ele é por excelência o inventor, o inova

almas.

1.464.783 habitantes. O aumento total desses 19 anos foi de 503.677 e a sua

dc novas técnicas de trabalho, de modo

dor, o indivíduo capaz de perceber as necessidades da coletividade e criar bens

O crescimento médio por ano

nesse lapso foi de 137.000. Nh)ta-se, en tretanto, que éssc período não foi de

capazes de satisfazê-las. Êle pode mes mo ir além, e criar necessidades pela in

todo o mais propício, pois atravessou en

venção e difusão de novos bens. Tudo

economia cafeeira, ocasionada pela crise de 1929. Tanto é verdade que, passa

isso exige mentalidade muito diversa da

do conservador, à qual se contrapõe a do indivíduo sempre à procura de coisas novas, sempre insatisfeito com a situação

presente, com o quádro atual da pro dução, com o seu próprio modo atual de vida-. Êsse espírito dá efervescência

à vida econômica paulista e é o respon sável pela contínua transmutação de ati vidades econômicas e mobilidade social da mesma.

Mas não é sô no espirito que o pau

lista é fértil. Sua população apresenta também um alto índice de crescimento, aliás inigualável no Brasil, e um dos primeiros do mundo, tanto que a sua

tão o Estado a gravíssima depressão da

dos em parte os efeitos da crise, a me

dia anual se eleva para 160.592, no pe ríodo de 1936-1944.

Se compararmos êsscs dados com os de Pernambuco, o Estado mais próspe

ro do Norte, veremos logo a diferença

enorme que os separa. Em 1920 tinha -Pernambuco 2.154.835 habitantes, e em

1939 a sua população andava em . . . . 3.198.671, apresentando 54.935 almas como média anual de crescimento. Bem

inferior à de São Paulo, portanto.

Mas

a diferença se acentua .fortemente se tomarmos os dados dos outros Estados

nortistas. Vejamos Alagoas e Paraíba.

média anual de 26.508.

Os efeitos do crescimento da popula ção sôbre a economia são enormes, pois o elemento humano é para ela fator es

sencial.

Aumento de população signi

fica maior procura de mercadorias e bens de consumo, portanto, incentivo à

produção, que se traduz não sô por aumento do número de empregos, como, principalmente, por maior aplicação das atividades produtivas, contribuindo as

ã

eugênico, aliado à sua dieta alimentar

e ao seu nível higiênico, que dão ao operário paulista um índice de produção mais elevado que o do norte. Ê verda de que deixam muito a desejar, mas no Brasil são os mais altos.

Além desses fatores vitais e técnicos,

há a auxiliar a economia paulista uma série de outros fatôres estruturais, como vasta rede de estradas de ferro e de ro-

êsse transbordamento verificado em to

neira a facilitar o financiamento dos em

dos os aspectos da sua vida e o fato de os empreendimentos se tornarem peque nos demais em pouco tempo. O.s fatores técnicos são aquelas condi numa base mais eficiente, de modo a

1

mão-de-obra de São Paulo é o seu teor

sim para elevar o nível de vida. São Paulo, portanto, não poderia es capar à ação estimulante do crescimen to de sua população, e o resultado foi

ções que permitem realizar a produção

- -.-v-

a eliminar o adestramento empírico dos aprendizes, e a formar operários aptos. Outro aspecto importantíssimo da

permitir maior produtividade, melhor qualidade e menor preço de custo. No cômputo geral das condições que presi dem a produção do açúcar, podemos

dagem; um sistema bancário fartamente

distribuído por todo o Estado, de ma preendimentos; bôlsas de mercadorias e de títulos.

Êsses fatôres de vitalidade, técnicos e

de estrutura não poderiam deixar de agir favoravelmente sôbre a economia paulista, disso decorrendo a e.vpansão colossal da sua produção agropecuária e industrial e a sua diversificação.

E foi

tal o desenvolvimento operado que le vou essa economia a expandir-se pelos

dizer que a São Paulo cabe a primazia.

outros Estados, formando uma verdadei

Isso devido, em primeiro lugar, a ser o maior centre industrial do País, por

ra trama de relações por todo o Brasil e fazendo de São Paulo o centro de gra

tanto aquêle que oferece maiores faci

vidade da vida econômica brasileira. Êsse surto econômico traduziu-se na

lidades não só no fabrico como na re

paração dos maquinismos utilizados nas

vida interna do Estado por grande ele-


Dicesto Econômico

40

41

Dicesto Econónoco

capital teve desenvolvimento .superior ao

a) — Fatores de vitalidade b) — Fatores técnicos

de tôdas as cidades da América c da

c) — Fatores estruturais

Europa, inclusive mesmo a de cresci mento mais rápido dc todo o universo

Chamamos de fatores vitais aqueles que atuam diretamente no crescimento espantoso de São Paulo. Podemos apon tar como primeiro o espirito empreende dor dos piratininganos. Ora, o empreendedor é o elemento

— Chicago.

ativo do progresso econômico na organi

suía 4.592.188 habitantes; em 1944 apre

Facilmente se verifica essa evolução

yggçtjifÍYa com a ■loiluru das cifras dos recenseamentos demográficos. Assim, em 1920 o Estado de São Paulo pos

A do primeiro montava a 978.748 no ano de 1920, afinglndo em 1939 a cifra de 1.253.240. A diferença para mais, nesses 19 anos, é apenas de 274.492 habitantes, e a média anual de cresci

mento eqüivale a 14.446, dez vezes me nor que a de São Paulo. O segundo

usinas açucareiras; em segundo, a mãode-obra apresenta melhores qualidades, pois sendo o parque industrial mais de senvolvido, é o que possui operários mais capazes, visto haver em São Paulo inú meros técnicos estrangeiros e brasileiros preparados em centros europeus e ame

não foi muito feliz no aumento da sua

ricanos, que dirigem os nossos empreen

população: em 1920 possuía 961.106

dimentos, como também funcionam va

zação capitalista moderna. Isto porque

sentava uma população de 7.890.300

almas, alcançando em 1939 a soma de

rias escolas que ministram ensinamentos

ele é por excelência o inventor, o inova

almas.

1.464.783 habitantes. O aumento total desses 19 anos foi de 503.677 e a sua

dc novas técnicas de trabalho, de modo

dor, o indivíduo capaz de perceber as necessidades da coletividade e criar bens

O crescimento médio por ano

nesse lapso foi de 137.000. Nh)ta-se, en tretanto, que éssc período não foi de

capazes de satisfazê-las. Êle pode mes mo ir além, e criar necessidades pela in

todo o mais propício, pois atravessou en

venção e difusão de novos bens. Tudo

economia cafeeira, ocasionada pela crise de 1929. Tanto é verdade que, passa

isso exige mentalidade muito diversa da

do conservador, à qual se contrapõe a do indivíduo sempre à procura de coisas novas, sempre insatisfeito com a situação

presente, com o quádro atual da pro dução, com o seu próprio modo atual de vida-. Êsse espírito dá efervescência

à vida econômica paulista e é o respon sável pela contínua transmutação de ati vidades econômicas e mobilidade social da mesma.

Mas não é sô no espirito que o pau

lista é fértil. Sua população apresenta também um alto índice de crescimento, aliás inigualável no Brasil, e um dos primeiros do mundo, tanto que a sua

tão o Estado a gravíssima depressão da

dos em parte os efeitos da crise, a me

dia anual se eleva para 160.592, no pe ríodo de 1936-1944.

Se compararmos êsscs dados com os de Pernambuco, o Estado mais próspe

ro do Norte, veremos logo a diferença

enorme que os separa. Em 1920 tinha -Pernambuco 2.154.835 habitantes, e em

1939 a sua população andava em . . . . 3.198.671, apresentando 54.935 almas como média anual de crescimento. Bem

inferior à de São Paulo, portanto.

Mas

a diferença se acentua .fortemente se tomarmos os dados dos outros Estados

nortistas. Vejamos Alagoas e Paraíba.

média anual de 26.508.

Os efeitos do crescimento da popula ção sôbre a economia são enormes, pois o elemento humano é para ela fator es

sencial.

Aumento de população signi

fica maior procura de mercadorias e bens de consumo, portanto, incentivo à

produção, que se traduz não sô por aumento do número de empregos, como, principalmente, por maior aplicação das atividades produtivas, contribuindo as

ã

eugênico, aliado à sua dieta alimentar

e ao seu nível higiênico, que dão ao operário paulista um índice de produção mais elevado que o do norte. Ê verda de que deixam muito a desejar, mas no Brasil são os mais altos.

Além desses fatores vitais e técnicos,

há a auxiliar a economia paulista uma série de outros fatôres estruturais, como vasta rede de estradas de ferro e de ro-

êsse transbordamento verificado em to

neira a facilitar o financiamento dos em

dos os aspectos da sua vida e o fato de os empreendimentos se tornarem peque nos demais em pouco tempo. O.s fatores técnicos são aquelas condi numa base mais eficiente, de modo a

1

mão-de-obra de São Paulo é o seu teor

sim para elevar o nível de vida. São Paulo, portanto, não poderia es capar à ação estimulante do crescimen to de sua população, e o resultado foi

ções que permitem realizar a produção

- -.-v-

a eliminar o adestramento empírico dos aprendizes, e a formar operários aptos. Outro aspecto importantíssimo da

permitir maior produtividade, melhor qualidade e menor preço de custo. No cômputo geral das condições que presi dem a produção do açúcar, podemos

dagem; um sistema bancário fartamente

distribuído por todo o Estado, de ma preendimentos; bôlsas de mercadorias e de títulos.

Êsses fatôres de vitalidade, técnicos e

de estrutura não poderiam deixar de agir favoravelmente sôbre a economia paulista, disso decorrendo a e.vpansão colossal da sua produção agropecuária e industrial e a sua diversificação.

E foi

tal o desenvolvimento operado que le vou essa economia a expandir-se pelos

dizer que a São Paulo cabe a primazia.

outros Estados, formando uma verdadei

Isso devido, em primeiro lugar, a ser o maior centre industrial do País, por

ra trama de relações por todo o Brasil e fazendo de São Paulo o centro de gra

tanto aquêle que oferece maiores faci

vidade da vida econômica brasileira. Êsse surto econômico traduziu-se na

lidades não só no fabrico como na re

paração dos maquinismos utilizados nas

vida interna do Estado por grande ele-


42

Dicesto Eco-nümicü

vação do nível de vida, tornando São

safras, .se não conseguir re.soKcr, .so

Paulo, ipso fato, o maior centro consumi dor brasileiro. No tocante ao açúcar, o consumo sofreu um aumento vertiginoso,

bre bases econômicas, o problema da adubação. Pcmambuco, princi palmente, não dispõe mais de gran

proveniente não só do elevado consumo individual, como da larga utilização des

des áreas aproveitáveis, embora Ala

sa mercadoria pela indústria de balas,

doces, chocolates, bebidas e produtos

Recôncavo baiano apresente condi ções excelentes para uma grande

farmacêuticos. E o consumo se elevou

produção."

goas ainda possa expanclir-sc e o

tanto que a produção açucareira de São

Paulo, limitada pelo regime das quotas, não pôde manter-se nos estreitos limites

fixados pelo 1. A. A., expandindo-se ver tiginosamente, de maneira a quadrupli car, em poucos anos, seu volume, sendo

hoje o Estado maior produtor do Brasil. Não é de se esperar que o consumo

vação do custo.

Aliás, é no próprio

o insuspeito Barbosa Lima Sobrinho, que colhemos esses ensinamentos. Lá está na página 162: "Na realidade, aliás, as possibili dades do Norte, bomo produtor de açúcar, não encontram muito campo

para uma expansão provável. Não há exagero em se dizer que o Norte

produz atualmente o máximo de suas

mente como subproduto. Assim, é pos sível fabricar-se o carburante nacional não só de forma mais econômica mas

para a economia açucareira, pois é a

também em escala muito mais ampla e,

qualidade que proporciona maior empre go de elementos produtivos e índice

o que é muito importante, no Estado

Mas não é

onde o consumo de gasolina é o maior do Brasil. Nessas condições, seria viável

só no tocante ao açúcar dc usina que se \erifica pobreza de consumo; o coefi ciente de consumo de açúcar de tipos

a política do carburante nacional, o que muito auxiliaria a nossa balança de pagamentos pela enorme economia de

iinii.s elevado de salário.

divisas. Como é de todos conhecido, a

mostrar que o Sul, liderado por São

Paulo, terá forçosamente que expandir

a situação é pior, só encontramos a rapadura, que entra como alimento com plementar da carne seca e da farinha

do nosso comércio internacional.

de mandioca. É verdade que no Sul o

Quando não fossem esses fatos sufi cientes para demonstrar o benefício que

a sua produção açucareira.

Nenhum prejuízo daí advcm para o Norte, uma vez que a sua produção está impossibilitada do maiores desen\'olvi-

nicntos. Consêr\'ando, portanto, a posi

cheio de possibilidades. A sua vida econômica está ainda desabrochando daí

Relatório do ex-presidente do I. A. A.,

A grande maioria da sua

importação de gasolina é o maior ônus

estruturais apontados, e da previsão do

dp próprio Estado. De resto, as con

mo interno.

população não .se utiliza do açúcar de usina, o que evidentemente é um mal

baixos — bruto, sèco, melado, retame

sua capacidade produtora.

dições da produção nortista não permi tem grande aumento sem apreciável re dução do rendimento e, portanto, ele

:43

Digesto EcoNÓ>nco

üu rampa — é diminuto. No sertão, onde

A observação dos fatos está a nos

paulista permaneça estacionário. Muito pelo contrário, as perspectivas são de ampliação constante e cada vez mais vertiginosa. Não está longe o dia em que São Paulo sozinho absorverá mais de metade da produção brasileira. Em face dos fatòres vitais, técnicos e

colossal aumento do consumo paulista de açúcar, é justo pedir que esses futuros aumentos sejam cobertos pela produção

1

ção atual, já .se acha garantida ao máxi

mo, pelo menos nas condições atuai.s, a

Ora, não é do se esperar uma estagna ção ou decréscimo no consumo nortis

ta de açúcar. O Brasil é um país novo, as perspectivas de um brilhante futuro.

O Norte fatalmente será colhido por ésse desenvolvimento da economia bra

sileira, o que determinará, sem dúvida, acentuada melhoria no consumo nortis ta. Evidentemente, essa elevação no consumo só poderá ser coberta com a

produção própria, tornando-se assim ne cessário efetivar-se aumento da produção no Sul, a fim de cobrir o déficit daí proveniente. Logo, e lógico estatuir-se

que a todo aumento do consumo nor

consumo não c muito mais brilhante,

porém vem-se notando melhoria con tínua, que se acentua de ano para ano.' Ora, os Estados nortistas poderiam,

por exemplo, desenvolver esforços para a ampliação do seu parque industrial de doces e frutas cristalizada.s, tão aprecia

Unidade econômica tiacional

adviria do incremento- da produção açu careira no Sul, o tão decantado funda mento nacional da política açucareira pode por sua vez corroborar, não contra

essa idéia, como parecerá à primeira vista, mas a seu favor. Senão, vejamos.

das em todo o território nacional, através

O "slogan" — o Norte só produz açú

de concessões, como isenção de impostos, e de certas facilidades de empréstimos e transporte para os grandes centros consumidores. Essa ampliação do con sumo se impõe, sobretudo por ser o Norte o setor que mais contribui para a

car — está formando um tipo de men

E assim cada vez mais o Norte se afun

quota de sacrifício destinada à expor

da na monocultura.

tação 6 transformação em álcool. Por outro lado, o desenvolvimento da

se toma mais evidente quando se tem

talidade muito prejudicial àquela região, ppis contribui para afastar a iniciativa do novos empreendimentos pelo temor do malogro gerado por tal convicção. O erro dessa orientação é pahnar, e

produção açucareira no Sul acarretaria grande benefício para a economia na

um grande exemplo em casa — o café.

cional, pois a expansão da indústria açu

cafeeira cobria o planalto piratiningano

De fato, antes de 1930, a monocultura

careira no Sul trará como conseqüência

por inteiro, afastando toda possibilidade

idêntico desenvolvimento da produção de álcool-motor, como subproduto que é. Acresce ainda que, com o apoio de

de novas culturas, e tinha-se convicção

Nesse terreno do consumo é preciso considerar-se ainda que o Norte, que

careira, tornar-se-ia mais econômico o

firme de que só a rubiácea podia ser econòniicamente explorada no Estado. Formou-se também, pari passii, a idéia de que o cafeeiro dava para tudo. Com

desenvolvimento da fabricação do ál

o advento da crise de 1929 e a debacle

tanto depende do açúcar, pouco fêz para o desenvolvimento do seu consu-

cool-motor, além do produzido normal

do café, a necessidade levou à explora

tista corresponda igual liberação de pro dução no Sul.

uma forte organização industrial açu


42

Dicesto Eco-nümicü

vação do nível de vida, tornando São

safras, .se não conseguir re.soKcr, .so

Paulo, ipso fato, o maior centro consumi dor brasileiro. No tocante ao açúcar, o consumo sofreu um aumento vertiginoso,

bre bases econômicas, o problema da adubação. Pcmambuco, princi palmente, não dispõe mais de gran

proveniente não só do elevado consumo individual, como da larga utilização des

des áreas aproveitáveis, embora Ala

sa mercadoria pela indústria de balas,

doces, chocolates, bebidas e produtos

Recôncavo baiano apresente condi ções excelentes para uma grande

farmacêuticos. E o consumo se elevou

produção."

goas ainda possa expanclir-sc e o

tanto que a produção açucareira de São

Paulo, limitada pelo regime das quotas, não pôde manter-se nos estreitos limites

fixados pelo 1. A. A., expandindo-se ver tiginosamente, de maneira a quadrupli car, em poucos anos, seu volume, sendo

hoje o Estado maior produtor do Brasil. Não é de se esperar que o consumo

vação do custo.

Aliás, é no próprio

o insuspeito Barbosa Lima Sobrinho, que colhemos esses ensinamentos. Lá está na página 162: "Na realidade, aliás, as possibili dades do Norte, bomo produtor de açúcar, não encontram muito campo

para uma expansão provável. Não há exagero em se dizer que o Norte

produz atualmente o máximo de suas

mente como subproduto. Assim, é pos sível fabricar-se o carburante nacional não só de forma mais econômica mas

para a economia açucareira, pois é a

também em escala muito mais ampla e,

qualidade que proporciona maior empre go de elementos produtivos e índice

o que é muito importante, no Estado

Mas não é

onde o consumo de gasolina é o maior do Brasil. Nessas condições, seria viável

só no tocante ao açúcar dc usina que se \erifica pobreza de consumo; o coefi ciente de consumo de açúcar de tipos

a política do carburante nacional, o que muito auxiliaria a nossa balança de pagamentos pela enorme economia de

iinii.s elevado de salário.

divisas. Como é de todos conhecido, a

mostrar que o Sul, liderado por São

Paulo, terá forçosamente que expandir

a situação é pior, só encontramos a rapadura, que entra como alimento com plementar da carne seca e da farinha

do nosso comércio internacional.

de mandioca. É verdade que no Sul o

Quando não fossem esses fatos sufi cientes para demonstrar o benefício que

a sua produção açucareira.

Nenhum prejuízo daí advcm para o Norte, uma vez que a sua produção está impossibilitada do maiores desen\'olvi-

nicntos. Consêr\'ando, portanto, a posi

cheio de possibilidades. A sua vida econômica está ainda desabrochando daí

Relatório do ex-presidente do I. A. A.,

A grande maioria da sua

importação de gasolina é o maior ônus

estruturais apontados, e da previsão do

dp próprio Estado. De resto, as con

mo interno.

população não .se utiliza do açúcar de usina, o que evidentemente é um mal

baixos — bruto, sèco, melado, retame

sua capacidade produtora.

dições da produção nortista não permi tem grande aumento sem apreciável re dução do rendimento e, portanto, ele

:43

Digesto EcoNÓ>nco

üu rampa — é diminuto. No sertão, onde

A observação dos fatos está a nos

paulista permaneça estacionário. Muito pelo contrário, as perspectivas são de ampliação constante e cada vez mais vertiginosa. Não está longe o dia em que São Paulo sozinho absorverá mais de metade da produção brasileira. Em face dos fatòres vitais, técnicos e

colossal aumento do consumo paulista de açúcar, é justo pedir que esses futuros aumentos sejam cobertos pela produção

1

ção atual, já .se acha garantida ao máxi

mo, pelo menos nas condições atuai.s, a

Ora, não é do se esperar uma estagna ção ou decréscimo no consumo nortis

ta de açúcar. O Brasil é um país novo, as perspectivas de um brilhante futuro.

O Norte fatalmente será colhido por ésse desenvolvimento da economia bra

sileira, o que determinará, sem dúvida, acentuada melhoria no consumo nortis ta. Evidentemente, essa elevação no consumo só poderá ser coberta com a

produção própria, tornando-se assim ne cessário efetivar-se aumento da produção no Sul, a fim de cobrir o déficit daí proveniente. Logo, e lógico estatuir-se

que a todo aumento do consumo nor

consumo não c muito mais brilhante,

porém vem-se notando melhoria con tínua, que se acentua de ano para ano.' Ora, os Estados nortistas poderiam,

por exemplo, desenvolver esforços para a ampliação do seu parque industrial de doces e frutas cristalizada.s, tão aprecia

Unidade econômica tiacional

adviria do incremento- da produção açu careira no Sul, o tão decantado funda mento nacional da política açucareira pode por sua vez corroborar, não contra

essa idéia, como parecerá à primeira vista, mas a seu favor. Senão, vejamos.

das em todo o território nacional, através

O "slogan" — o Norte só produz açú

de concessões, como isenção de impostos, e de certas facilidades de empréstimos e transporte para os grandes centros consumidores. Essa ampliação do con sumo se impõe, sobretudo por ser o Norte o setor que mais contribui para a

car — está formando um tipo de men

E assim cada vez mais o Norte se afun

quota de sacrifício destinada à expor

da na monocultura.

tação 6 transformação em álcool. Por outro lado, o desenvolvimento da

se toma mais evidente quando se tem

talidade muito prejudicial àquela região, ppis contribui para afastar a iniciativa do novos empreendimentos pelo temor do malogro gerado por tal convicção. O erro dessa orientação é pahnar, e

produção açucareira no Sul acarretaria grande benefício para a economia na

um grande exemplo em casa — o café.

cional, pois a expansão da indústria açu

cafeeira cobria o planalto piratiningano

De fato, antes de 1930, a monocultura

careira no Sul trará como conseqüência

por inteiro, afastando toda possibilidade

idêntico desenvolvimento da produção de álcool-motor, como subproduto que é. Acresce ainda que, com o apoio de

de novas culturas, e tinha-se convicção

Nesse terreno do consumo é preciso considerar-se ainda que o Norte, que

careira, tornar-se-ia mais econômico o

firme de que só a rubiácea podia ser econòniicamente explorada no Estado. Formou-se também, pari passii, a idéia de que o cafeeiro dava para tudo. Com

desenvolvimento da fabricação do ál

o advento da crise de 1929 e a debacle

tanto depende do açúcar, pouco fêz para o desenvolvimento do seu consu-

cool-motor, além do produzido normal

do café, a necessidade levou à explora

tista corresponda igual liberação de pro dução no Sul.

uma forte organização industrial açu


44

Dicesto Econónuco

Çao de outras culturas e aos poucos fo-

mista que fosse, disposto a ceder-lhe a

rain-se modificando essa idéia e a men

talidade que nela se estribava. Proces sou-se então a derrubada em massa de

milhões de cafeeiros, substituídos pelo algodão, pela laranja, pelo tungue, pela mandioca e por muitas outras planta ções, firmando-se de uma vez a poli-

cultura no Sul. As conseqüências so ciais dessa transformação da produção agrícola logo se fizeram sentir: a pro priedade se dividiu, o nível de vida se

elevou, o regime de trabalho se alte rou e São Paulo adquiriu maior estabili dade na sua vida econômica.

Ora, o Norte repete São Paulo antes

de 1930, reforçado ainda por uma tra dição monocultora multissecular.

Daí

aquêle tipo de civilização estável, conser vadora e nobremente arraigada ao seu

passado colonial. A única preocupação econômica de vulto é a mais que cen tenária cana-de-açúcar.

Num meio cujo tipo de mentalidade gira em torno de um círculo tão acanha

do de iniciativas econômicas, é impossí vel qualquer inovação, e ai daquele que tente realizá-la, pois encontrará pela frente tôda sorte de obstáculos e a má

vontade geral obstruidora.

Mas não consistem apenas na psico

45

Dicesto Econóaqco

tista, uma vez que trará forçosamente o

188.288

47.439

soma pedida.

incremento da importação e exportação

113.925

42.492

Não é exagero dizer-se que o grande surto industrial paulista verificado de

de matérias-primas c outros produtos

78.758

dos demais Estados.

68.153

41.078 48.566

pois de 1930 se deve cm boa parle à grande massa de capital liberada pelo

O comporlamento comercial das vá rias regiões do uma nação não é diverso

48.096

44.892

72.355

60.208

rctraimcnlo do financiamento à lavoura,

do realizado pelo comércio internacional.

70.035

67.404

19.587 3.204

-

Cada unidade, no total das trocas na

90.670

101.526

va.

cionais, desempenha a mesma função

87.380

106.602

+

vestimentos bancários para constatarmos a verdade dessa asscrção, pois os fatos, de todos conhecidos, dcmonstram-na à

que cada país exerce nas trocas interna cionais. Ora, a formação histórica do comércio internacional nos ensina que,

74.394

98.752

+

24.358

102.584

107.133

127.817

152.216

24.399

saciedade.

à medida que os países diversificam suas

49.867

Não é preciso estatística dos in

A atitude do I. A." A. com relação ao Norte deve ser outra, principalmente quando reconhece a impossibilidade do

cconoihias, aumentam progressivamente

suas importações e exportações.

progresso da indústria açucarcira na

Se passarmos da esfera internacional para a brasileira, veremos repetir-se o

quela região. Sc persistir na sua orien

mesmo fenômeno: o Estado de economia

128.891 186.466 199.663 180.699 263.386

4.549

178.758

+ + +

222.951 264.572

+

36.485

+

357.183 497.677

+ +

64.909 176.484 234.291

tação estara contribuindo para enquistar

mais diversificada é o que maior volu

a economia nortista, porque mais ati vidades se concentrarão em torno da lavoura canavieira, afastando as iniciati

me importa e exporta. Já as estatísticas dos Estados açucarciros apresentam ou-

não ser açúcar. Pelo menos, essa e a •

vas e o capital de novos empreendi

trí) aspecto: a quase exclusividade do

conclusão que tiramos do quadro abaixo.

açúcar no volume total.

mentos econômicos.

Mas o caso mais doloroso é o de Per

A bem do Norte e do Brasil urge a diversificação econômica da zona açu

nambuco, pois as suas c.xportações para

Sergipe, no entanto, parece não ter

COMÉRCIO DE C.VBOTAGEM DE SÃO PAULO COM SERGIPE

São Paulo se conservam mais ou menos

carcira tradicional. O argumento do equilíbrio nacional realizado através do comércio interestadual não é, i\ luz dos conhecimentos econômicos, dos mais

cstacionárias, enquanto as importações

seguem rumo contrário, como se vê no quadro a seguir, o que prova, inega velmente, que sua economia cada vez

acertados. Porque êsse comércio pre

mais se está fechando em torno do açú

sua influência, atingindo o sistema fi

regiões devem fornecer ao mercado na

nanceiro no seu conjunto. Sim, porque

cional. ^ Portanto, o escôpo de uma sa

absorve completamente o crédito e o

dia política econômica deveria ser a in

capital disponível, impossibilitando o desenvolvimento de outros empreendi

tensificação do comércio intcr-regiorial, através do aumento dos produtos que as

mentos.

várias parcelas do território nacional se

Valor em

-1- ou — NA

riam capazes de fornecer e não a fixa

1.000 Crxjzeiros

Exportação

demandasse os bancos da praça à pro cura de dinheiro para custear uma plan tação de algodão, por certo não encon traria nenhum banqueiro, por mais oti

.

37.680

em virtude da crise por que esta passa

cisa ser encarado no sentido da elevação do número dos produtos que tôdas as

Se, em 1920, alguém em São Paulo

71.433

12.147 - 2.631 10.856 19.222

tos da monocultura. Vai bem mais longe

logia por ela formada os maléficos efei

140.849 —

car, em detrimento das demais ati\adades produtivas.

Exportação

(Em tonelada.s)

4.687 2.964

360 1.574 1.753

1.168

2.059

3.714

2.220

4.749

COMÉRCIO DE CABOTAGEM DO

7.375

2.116

ESTADO DE SÃO PAULO COM

8.072

3.418

PERNAMBUCO

7.178 8.504 4.194

3.316 3.673

ção das regiões na produção exclusiva de certas mercadorias apenas. Daí o interôsse que tem o resto do

Impoii.

Export.

117.794 90.087

21.350 20.709

96.444 69.378

país na diversificação da economia nor

100.461

33.711

66.750

ái.

Importação

5.919 12:046 10.661 7.522 4.115

4.062 4.288 4.478 3.368 2.592 4.429


44

Dicesto Econónuco

Çao de outras culturas e aos poucos fo-

mista que fosse, disposto a ceder-lhe a

rain-se modificando essa idéia e a men

talidade que nela se estribava. Proces sou-se então a derrubada em massa de

milhões de cafeeiros, substituídos pelo algodão, pela laranja, pelo tungue, pela mandioca e por muitas outras planta ções, firmando-se de uma vez a poli-

cultura no Sul. As conseqüências so ciais dessa transformação da produção agrícola logo se fizeram sentir: a pro priedade se dividiu, o nível de vida se

elevou, o regime de trabalho se alte rou e São Paulo adquiriu maior estabili dade na sua vida econômica.

Ora, o Norte repete São Paulo antes

de 1930, reforçado ainda por uma tra dição monocultora multissecular.

Daí

aquêle tipo de civilização estável, conser vadora e nobremente arraigada ao seu

passado colonial. A única preocupação econômica de vulto é a mais que cen tenária cana-de-açúcar.

Num meio cujo tipo de mentalidade gira em torno de um círculo tão acanha

do de iniciativas econômicas, é impossí vel qualquer inovação, e ai daquele que tente realizá-la, pois encontrará pela frente tôda sorte de obstáculos e a má

vontade geral obstruidora.

Mas não consistem apenas na psico

45

Dicesto Econóaqco

tista, uma vez que trará forçosamente o

188.288

47.439

soma pedida.

incremento da importação e exportação

113.925

42.492

Não é exagero dizer-se que o grande surto industrial paulista verificado de

de matérias-primas c outros produtos

78.758

dos demais Estados.

68.153

41.078 48.566

pois de 1930 se deve cm boa parle à grande massa de capital liberada pelo

O comporlamento comercial das vá rias regiões do uma nação não é diverso

48.096

44.892

72.355

60.208

rctraimcnlo do financiamento à lavoura,

do realizado pelo comércio internacional.

70.035

67.404

19.587 3.204

-

Cada unidade, no total das trocas na

90.670

101.526

va.

cionais, desempenha a mesma função

87.380

106.602

+

vestimentos bancários para constatarmos a verdade dessa asscrção, pois os fatos, de todos conhecidos, dcmonstram-na à

que cada país exerce nas trocas interna cionais. Ora, a formação histórica do comércio internacional nos ensina que,

74.394

98.752

+

24.358

102.584

107.133

127.817

152.216

24.399

saciedade.

à medida que os países diversificam suas

49.867

Não é preciso estatística dos in

A atitude do I. A." A. com relação ao Norte deve ser outra, principalmente quando reconhece a impossibilidade do

cconoihias, aumentam progressivamente

suas importações e exportações.

progresso da indústria açucarcira na

Se passarmos da esfera internacional para a brasileira, veremos repetir-se o

quela região. Sc persistir na sua orien

mesmo fenômeno: o Estado de economia

128.891 186.466 199.663 180.699 263.386

4.549

178.758

+ + +

222.951 264.572

+

36.485

+

357.183 497.677

+ +

64.909 176.484 234.291

tação estara contribuindo para enquistar

mais diversificada é o que maior volu

a economia nortista, porque mais ati vidades se concentrarão em torno da lavoura canavieira, afastando as iniciati

me importa e exporta. Já as estatísticas dos Estados açucarciros apresentam ou-

não ser açúcar. Pelo menos, essa e a •

vas e o capital de novos empreendi

trí) aspecto: a quase exclusividade do

conclusão que tiramos do quadro abaixo.

açúcar no volume total.

mentos econômicos.

Mas o caso mais doloroso é o de Per

A bem do Norte e do Brasil urge a diversificação econômica da zona açu

nambuco, pois as suas c.xportações para

Sergipe, no entanto, parece não ter

COMÉRCIO DE C.VBOTAGEM DE SÃO PAULO COM SERGIPE

São Paulo se conservam mais ou menos

carcira tradicional. O argumento do equilíbrio nacional realizado através do comércio interestadual não é, i\ luz dos conhecimentos econômicos, dos mais

cstacionárias, enquanto as importações

seguem rumo contrário, como se vê no quadro a seguir, o que prova, inega velmente, que sua economia cada vez

acertados. Porque êsse comércio pre

mais se está fechando em torno do açú

sua influência, atingindo o sistema fi

regiões devem fornecer ao mercado na

nanceiro no seu conjunto. Sim, porque

cional. ^ Portanto, o escôpo de uma sa

absorve completamente o crédito e o

dia política econômica deveria ser a in

capital disponível, impossibilitando o desenvolvimento de outros empreendi

tensificação do comércio intcr-regiorial, através do aumento dos produtos que as

mentos.

várias parcelas do território nacional se

Valor em

-1- ou — NA

riam capazes de fornecer e não a fixa

1.000 Crxjzeiros

Exportação

demandasse os bancos da praça à pro cura de dinheiro para custear uma plan tação de algodão, por certo não encon traria nenhum banqueiro, por mais oti

.

37.680

em virtude da crise por que esta passa

cisa ser encarado no sentido da elevação do número dos produtos que tôdas as

Se, em 1920, alguém em São Paulo

71.433

12.147 - 2.631 10.856 19.222

tos da monocultura. Vai bem mais longe

logia por ela formada os maléficos efei

140.849 —

car, em detrimento das demais ati\adades produtivas.

Exportação

(Em tonelada.s)

4.687 2.964

360 1.574 1.753

1.168

2.059

3.714

2.220

4.749

COMÉRCIO DE CABOTAGEM DO

7.375

2.116

ESTADO DE SÃO PAULO COM

8.072

3.418

PERNAMBUCO

7.178 8.504 4.194

3.316 3.673

ção das regiões na produção exclusiva de certas mercadorias apenas. Daí o interôsse que tem o resto do

Impoii.

Export.

117.794 90.087

21.350 20.709

96.444 69.378

país na diversificação da economia nor

100.461

33.711

66.750

ái.

Importação

5.919 12:046 10.661 7.522 4.115

4.062 4.288 4.478 3.368 2.592 4.429


46

Dioesto EcoNó>.nco

Se tomarmos os dados do comércio

de cabotagem de São Paulo com os quatro Estados açucareiros — Paraíba,

Pernambuco, Alagoas e Sergipe — e os cotejarmos com os de quatro Estados não açucareiros — Rio Grande do Norte, Amazonas, Sta. Catarina e Rio Grande

do Sul — observaremos que as cifras dos primeiros ou decrescem ou perma necem estáveis, enquanto as do segun do seguem uma linha ascendente.

Não interessa saber se São Paulo per de ou ganha nas suas transações com as regiões açucareíras. O que importa é reconhecer que esse estado de coisas nao pode perdurar sem grave ofensa à economia brasileira. Daí acreditarmos nao ser acertada a política do I. A. A.

nesse setor, pois, exercendo pressão para o desenvolvimento da produção do açú car nos Estados do Norte, impede o aparecimento de outras atividades eco

nômicas, que fatalmente surgiriam, caso

não se verificasse semelhante pressão. Melhor orientação seguiria o Instituto,

i^oções (irrais

auxiliando nao o incremento do cultivo

da cana, mas a de.scn\'olução de novas fontes de riquesm, a fim de diversificar a economia dacpiela região e aumentar

liii|i«».wlw línieo e impostos niiiliiplos

o consumo interno, através da elevação

losÉ Luiz DE Almeida Nogueira Porto

do nível de vida que essa diversificação traria. Dessa forma, os futuros aumentos

de produção seriam naturais, uma vez

que decorreriam da elevação do pró prio consumo interno. Além disso, não

estariam mais esses Estados na depen dência exclusiva do açúcar como fonte de rendimento e nem do comércio de cabotagem e externo como esteio da produção canavieira. Encontraria assim, a economia nortista, a sua independên cia. Não se diga ser isso impossível, pois teirtos um e.xemplo na própria

região — a Bahia — que vem ampliando a sua produção à custa exclusiva do consumo interno.

VII

Em iirlígp anterior expusemos as di versas teorias sôbre o impôsto único,

desde os precursores da idéia — que preconizavam um imposto geral sobre consumo — até os modernos partidários

casas, as portas e janelas, a renda, o capital, a propriedade territorial. Sempre se encontrou um argumento para destruir uma teoria e sempre ou tra surgiu em sua substituição.

do Henry George, defensores do im

A que se deve essa persistência da

pôsto linico sôbre a propriedade terri

idéia ? A nosso ver ao anseio- de todos

torial.

os povos de simplificar os sistemas tri butários, pesadelo de muitas gerações em

A idéia de um imposto único, desde que pela primeira vez foi lembrada até boje, nunca esmoreceu. Em tôdas as épocas, sempre existiram fi

todos os países. Sem dúvida, um só

tributo que atendesse

aos princípios da jus

nancistas que a pro-

tiça fiscal não pertur

pugnaram, imaginando engenhosos sistemas de tributação, até que se

baria o progresso eco nômico, 6 Se fosse tão

ro. Provada a inapli-

produtivo que bastas se para cobrir as des pesas públicas, seria o

cabilidade

ideal.

demonstrasse ò seu er ou

a

in

justiça de um sistema, logo outro surgia em substituição rior e

seus

economia

percussões certas e pre

criadores

visíveis, seriam os re

cável de todos os pon

sultados de um impôs-

dos os

males fiscais.

'

ta único que tivesse

aquelas virtudes. A questão é que até

Mais uma teoria a ser destruída, mas

hoje ninguém pôde conceber um siste

em pura perda, pois outra e mais ou

ma assim perfeito. Todos os imagina dos, ou são injustos, ou anti-económicos

tra vinham logo tomar seu lugar. Em verdade, a idéia em si parece indestrutível. Quase tudo quanto pos sa servir de base à imposição já foi su

gerido como alicerce do impôsto único: o consumo, as mercadorias em geral, as .V

a

na arrecadação, as re

o consideravam inata

deira panacéía para to

sistema,

ao ante

tos de vista e verda

,1

A simplificação * do

I

ou improdutivos. Dificilmente um só impôsto poderia

preencher todos esses requisitos. A justiça na tributação, por exemplo, nunca poderia ser alcançada na prática


46

Dioesto EcoNó>.nco

Se tomarmos os dados do comércio

de cabotagem de São Paulo com os quatro Estados açucareiros — Paraíba,

Pernambuco, Alagoas e Sergipe — e os cotejarmos com os de quatro Estados não açucareiros — Rio Grande do Norte, Amazonas, Sta. Catarina e Rio Grande

do Sul — observaremos que as cifras dos primeiros ou decrescem ou perma necem estáveis, enquanto as do segun do seguem uma linha ascendente.

Não interessa saber se São Paulo per de ou ganha nas suas transações com as regiões açucareíras. O que importa é reconhecer que esse estado de coisas nao pode perdurar sem grave ofensa à economia brasileira. Daí acreditarmos nao ser acertada a política do I. A. A.

nesse setor, pois, exercendo pressão para o desenvolvimento da produção do açú car nos Estados do Norte, impede o aparecimento de outras atividades eco

nômicas, que fatalmente surgiriam, caso

não se verificasse semelhante pressão. Melhor orientação seguiria o Instituto,

i^oções (irrais

auxiliando nao o incremento do cultivo

da cana, mas a de.scn\'olução de novas fontes de riquesm, a fim de diversificar a economia dacpiela região e aumentar

liii|i«».wlw línieo e impostos niiiliiplos

o consumo interno, através da elevação

losÉ Luiz DE Almeida Nogueira Porto

do nível de vida que essa diversificação traria. Dessa forma, os futuros aumentos

de produção seriam naturais, uma vez

que decorreriam da elevação do pró prio consumo interno. Além disso, não

estariam mais esses Estados na depen dência exclusiva do açúcar como fonte de rendimento e nem do comércio de cabotagem e externo como esteio da produção canavieira. Encontraria assim, a economia nortista, a sua independên cia. Não se diga ser isso impossível, pois teirtos um e.xemplo na própria

região — a Bahia — que vem ampliando a sua produção à custa exclusiva do consumo interno.

VII

Em iirlígp anterior expusemos as di versas teorias sôbre o impôsto único,

desde os precursores da idéia — que preconizavam um imposto geral sobre consumo — até os modernos partidários

casas, as portas e janelas, a renda, o capital, a propriedade territorial. Sempre se encontrou um argumento para destruir uma teoria e sempre ou tra surgiu em sua substituição.

do Henry George, defensores do im

A que se deve essa persistência da

pôsto linico sôbre a propriedade terri

idéia ? A nosso ver ao anseio- de todos

torial.

os povos de simplificar os sistemas tri butários, pesadelo de muitas gerações em

A idéia de um imposto único, desde que pela primeira vez foi lembrada até boje, nunca esmoreceu. Em tôdas as épocas, sempre existiram fi

todos os países. Sem dúvida, um só

tributo que atendesse

aos princípios da jus

nancistas que a pro-

tiça fiscal não pertur

pugnaram, imaginando engenhosos sistemas de tributação, até que se

baria o progresso eco nômico, 6 Se fosse tão

ro. Provada a inapli-

produtivo que bastas se para cobrir as des pesas públicas, seria o

cabilidade

ideal.

demonstrasse ò seu er ou

a

in

justiça de um sistema, logo outro surgia em substituição rior e

seus

economia

percussões certas e pre

criadores

visíveis, seriam os re

cável de todos os pon

sultados de um impôs-

dos os

males fiscais.

'

ta único que tivesse

aquelas virtudes. A questão é que até

Mais uma teoria a ser destruída, mas

hoje ninguém pôde conceber um siste

em pura perda, pois outra e mais ou

ma assim perfeito. Todos os imagina dos, ou são injustos, ou anti-económicos

tra vinham logo tomar seu lugar. Em verdade, a idéia em si parece indestrutível. Quase tudo quanto pos sa servir de base à imposição já foi su

gerido como alicerce do impôsto único: o consumo, as mercadorias em geral, as .V

a

na arrecadação, as re

o consideravam inata

deira panacéía para to

sistema,

ao ante

tos de vista e verda

,1

A simplificação * do

I

ou improdutivos. Dificilmente um só impôsto poderia

preencher todos esses requisitos. A justiça na tributação, por exemplo, nunca poderia ser alcançada na prática


48

Dicesto EcoNó>rico

por um só imposto. Indiscutivelmente,

ses erros c-as injustiças que dèle.s de

o tributo que melhor se ajusta aos prin

correm não têm correção possível".

cípios da justiça é o imposto de renda,

Por outro lado, num regime de impos

DicksTO Econômico

fundamente injusto, muito embora pudc.sse ser produtivo.

vel 6 o impôsto não alcançaria aqueles que, embora tenham apreciável capaci dade contributiva, se abstêm de consu

pois cada um paga exatamente de acor

to único, o Estado teria de abrir mão de

do com as suas possibilidades. Mas, to dos sabem de quantos subterfúgios os contribuintes lançam mão para fugir a esse tributo. No Brasil, por exemplo,

Cada um pagaria na proporção de seu consumo, c isso pode dar a idéia de que

toda po.ssibilidade de intervir no domí

quem mais consome mais ttmi e por con

nio econômico o social por meio do im

seqüência mais paga. Assim, todos pa

posto e, em certo.s ca.sos, tal interven

gariam proporcionalmente a mesma coÍ-

pouco mais de 1 % da população é con

tribuinte dêsse imposto. Seria justo que essa parcela insignificante da po pulação arcasse com todos os ônus das

despesas públicas, sabido como é que dezenas de milhares de pessoas pode riam também contribuir, mas não o fa

zem? E' claro que não. Seria isso uma consumada injustiça, mas o sistema de

I pois os tributos indiretos são suportados

impostos múltiplos a corrige em parte,

por tôda a população em razão de seu consumo e o volume dèste, de certo mo

ção é .indi.spensável ao dcsen\ oIvimento econômico do país, como no do.s direitos

aduaneiros, por exemplo. Finalmente, nenhuma base de tribu tação é apta a suportar os enormes en cargos dos Estados modernos.

Em orçamentos pequenos, não liá dú-

yida^ que seria possível um regime de

imposto único, mas os orçamentos do

todos os países manifestam uma ten

dência continua para o crescimento, o que torna impossível fazê-los assentar' sobre uma só base.

Em artigo recente, cbegamo.s à con

do, indica a capacidade coniributiva de

clusão de que, no Brasil, a despesa pú

cada um.

blica ascende a cerca de 36 da renda nacional. Como seria possível encon trar-se um impôsto justo (e o único im posto tècnicamente justo é o do renda)

fíugon acentua a dificuldade de se estabelecer a justiça fiscal por meio de

um imposto único, dizendo: "Seja qual fôr o cuidado que tenha o Estado no estabelecimento e na determinação da

capacidade contributiva dos assujeitados, não lhe é possível realizar num im

posto completa justiça. Ilá sempre em cada imposto uma certa parte de erro. Se o imposto é único, e portanto de ta xa muito elevada, o próprio erro será muito elevado. Quando há pluralidade de impostos não só o erro é menor, co mo alem disso jiode ser compensado: — ura contribuinte taxado de um modo ex

que proporcionasse tal arrecadação?

Obngando-se cada brasileiro a paear de

.sua renda, não 36%, mas muito mais

pois que seria necessário isentar os de

pequena capacidade contributiva, cer

tamente os capitais fugiriam para o es trangeiro, a produção e o comércio pe receriam. a fraude subiria a proporções alarmantes e o país inteiro entraria em

üu, mas a moderna concepção de justiça

fiscal não assenta na proporcionalidade e sim na progressividade da tributação.

Sc dois indivíduos que ganham, res pectivamente, Cr$ 2.000,00 e Cr$ 100.000,00, fossem tributados nu mesma proporção, digamos, em 10 %, o

mir tais produtos. Por outro lado, é muito difícil con

ceituar-se o que seja "objeto de lu.xo". O

que pode ser assim considerado para

uma classe social, não o será para ou tra. É o que diz Lcroy Beaulieii: "Ca da classe considera como de luxo os ob jetos que sua situação de fortuna não

lhe permite possuir e dos quais, ao con trário, a classe superior tem meios de usar".

primeiro, para pagar o impôsto, teria de

Já Voltaire, com aquela sua ironia

se privar do despesas essenciais à sua vida. Teria de comer menos ou de mo

voltairiana", comentava: "Transporte-

rar em casa pior ou de usar roupas imprestávei.s. Ao pa.sso que o segundo,

quando muito,' iria sacrificar despesas absolutamente supérfluas, que em nada diminuiriam o seu conforto e padrão de

mo-nos ao tempo em que nossos pais

não usavam camisas. Se alguém lhes dissesse: E' necessário usar sôbre o cor po fazendas finas e leves, alvas como a neve, e que devem ser mudadas todos os dias — todos haveriam de exclamar:

Que luxo! que fraqueza! quereis cor

vida.

Essa progressividade, evidentemente,

é incompatível com os impostos indire tos e, portanto, êstes nunca poderiam ser aceitos como base única de tribu tação.

romper os costumes e perder o Es tado I" .

Sem dúxúda um impôsto sôbre arti gos de lu.xo deve figurar em todos os sistemas tributários como um corretivo e

Além disso, que dizer-se daqueles que

um complemento ao impôsto de renda,

preferem entesourar seu dinheiro e consomem em inteira desproporção com suas posses ? Êsses, embora tenham grande capacidade contributiva, iriam

mas jamais poderia servir de base úni ca da arrecadação, dada sua escassa

produthddade, a difícil conceituação de sua incidência, e sua justiça não muito

pagar pouco por consumirem pouco.

perfeita.

colapso.

^ ^ ^ * '-H ^

De um modo geral, portanto, é im praticável a idéia.

Vejamos, porém, de per si, cada um

cessivo por um imposto poderá sê-lo

dos sistemas de impôsto único até agora

menos que o deveria ser por um outro. O imposto múltiplo permite, poi.s, a

sugeridos.

compensação e o equilíbrio dos erros, enquanto que, com o imposto único, es

49

5ÍS * *

O impôsto línico indireto, sôbre bens

de consumo; evidentemente, seria pro

O impôsto línico sôbre'as casas teria

Um impôsto único sôbre artigos de

herlayne, seria muito pouco produtivo.

os mesmos defeitos dos impostos indire tos em geral e já apontados, o mesmo sucedendo com os impostos sôbre portas

Não há consumo capaz de suportar uma

e janelas.

arrecadação que atenda às necessidades

Êsses sinais exteriores de riqueza são muito precários. Qualquer usurário po

luxo, como o preconizado por .CJiam-

do Estado.

Além disso, a evasão, seria considerá

de morar em um casebre e uma família


48

Dicesto EcoNó>rico

por um só imposto. Indiscutivelmente,

ses erros c-as injustiças que dèle.s de

o tributo que melhor se ajusta aos prin

correm não têm correção possível".

cípios da justiça é o imposto de renda,

Por outro lado, num regime de impos

DicksTO Econômico

fundamente injusto, muito embora pudc.sse ser produtivo.

vel 6 o impôsto não alcançaria aqueles que, embora tenham apreciável capaci dade contributiva, se abstêm de consu

pois cada um paga exatamente de acor

to único, o Estado teria de abrir mão de

do com as suas possibilidades. Mas, to dos sabem de quantos subterfúgios os contribuintes lançam mão para fugir a esse tributo. No Brasil, por exemplo,

Cada um pagaria na proporção de seu consumo, c isso pode dar a idéia de que

toda po.ssibilidade de intervir no domí

quem mais consome mais ttmi e por con

nio econômico o social por meio do im

seqüência mais paga. Assim, todos pa

posto e, em certo.s ca.sos, tal interven

gariam proporcionalmente a mesma coÍ-

pouco mais de 1 % da população é con

tribuinte dêsse imposto. Seria justo que essa parcela insignificante da po pulação arcasse com todos os ônus das

despesas públicas, sabido como é que dezenas de milhares de pessoas pode riam também contribuir, mas não o fa

zem? E' claro que não. Seria isso uma consumada injustiça, mas o sistema de

I pois os tributos indiretos são suportados

impostos múltiplos a corrige em parte,

por tôda a população em razão de seu consumo e o volume dèste, de certo mo

ção é .indi.spensável ao dcsen\ oIvimento econômico do país, como no do.s direitos

aduaneiros, por exemplo. Finalmente, nenhuma base de tribu tação é apta a suportar os enormes en cargos dos Estados modernos.

Em orçamentos pequenos, não liá dú-

yida^ que seria possível um regime de

imposto único, mas os orçamentos do

todos os países manifestam uma ten

dência continua para o crescimento, o que torna impossível fazê-los assentar' sobre uma só base.

Em artigo recente, cbegamo.s à con

do, indica a capacidade coniributiva de

clusão de que, no Brasil, a despesa pú

cada um.

blica ascende a cerca de 36 da renda nacional. Como seria possível encon trar-se um impôsto justo (e o único im posto tècnicamente justo é o do renda)

fíugon acentua a dificuldade de se estabelecer a justiça fiscal por meio de

um imposto único, dizendo: "Seja qual fôr o cuidado que tenha o Estado no estabelecimento e na determinação da

capacidade contributiva dos assujeitados, não lhe é possível realizar num im

posto completa justiça. Ilá sempre em cada imposto uma certa parte de erro. Se o imposto é único, e portanto de ta xa muito elevada, o próprio erro será muito elevado. Quando há pluralidade de impostos não só o erro é menor, co mo alem disso jiode ser compensado: — ura contribuinte taxado de um modo ex

que proporcionasse tal arrecadação?

Obngando-se cada brasileiro a paear de

.sua renda, não 36%, mas muito mais

pois que seria necessário isentar os de

pequena capacidade contributiva, cer

tamente os capitais fugiriam para o es trangeiro, a produção e o comércio pe receriam. a fraude subiria a proporções alarmantes e o país inteiro entraria em

üu, mas a moderna concepção de justiça

fiscal não assenta na proporcionalidade e sim na progressividade da tributação.

Sc dois indivíduos que ganham, res pectivamente, Cr$ 2.000,00 e Cr$ 100.000,00, fossem tributados nu mesma proporção, digamos, em 10 %, o

mir tais produtos. Por outro lado, é muito difícil con

ceituar-se o que seja "objeto de lu.xo". O

que pode ser assim considerado para

uma classe social, não o será para ou tra. É o que diz Lcroy Beaulieii: "Ca da classe considera como de luxo os ob jetos que sua situação de fortuna não

lhe permite possuir e dos quais, ao con trário, a classe superior tem meios de usar".

primeiro, para pagar o impôsto, teria de

Já Voltaire, com aquela sua ironia

se privar do despesas essenciais à sua vida. Teria de comer menos ou de mo

voltairiana", comentava: "Transporte-

rar em casa pior ou de usar roupas imprestávei.s. Ao pa.sso que o segundo,

quando muito,' iria sacrificar despesas absolutamente supérfluas, que em nada diminuiriam o seu conforto e padrão de

mo-nos ao tempo em que nossos pais

não usavam camisas. Se alguém lhes dissesse: E' necessário usar sôbre o cor po fazendas finas e leves, alvas como a neve, e que devem ser mudadas todos os dias — todos haveriam de exclamar:

Que luxo! que fraqueza! quereis cor

vida.

Essa progressividade, evidentemente,

é incompatível com os impostos indire tos e, portanto, êstes nunca poderiam ser aceitos como base única de tribu tação.

romper os costumes e perder o Es tado I" .

Sem dúxúda um impôsto sôbre arti gos de lu.xo deve figurar em todos os sistemas tributários como um corretivo e

Além disso, que dizer-se daqueles que

um complemento ao impôsto de renda,

preferem entesourar seu dinheiro e consomem em inteira desproporção com suas posses ? Êsses, embora tenham grande capacidade contributiva, iriam

mas jamais poderia servir de base úni ca da arrecadação, dada sua escassa

produthddade, a difícil conceituação de sua incidência, e sua justiça não muito

pagar pouco por consumirem pouco.

perfeita.

colapso.

^ ^ ^ * '-H ^

De um modo geral, portanto, é im praticável a idéia.

Vejamos, porém, de per si, cada um

cessivo por um imposto poderá sê-lo

dos sistemas de impôsto único até agora

menos que o deveria ser por um outro. O imposto múltiplo permite, poi.s, a

sugeridos.

compensação e o equilíbrio dos erros, enquanto que, com o imposto único, es

49

5ÍS * *

O impôsto línico indireto, sôbre bens

de consumo; evidentemente, seria pro

O impôsto línico sôbre'as casas teria

Um impôsto único sôbre artigos de

herlayne, seria muito pouco produtivo.

os mesmos defeitos dos impostos indire tos em geral e já apontados, o mesmo sucedendo com os impostos sôbre portas

Não há consumo capaz de suportar uma

e janelas.

arrecadação que atenda às necessidades

Êsses sinais exteriores de riqueza são muito precários. Qualquer usurário po

luxo, como o preconizado por .CJiam-

do Estado.

Além disso, a evasão, seria considerá

de morar em um casebre e uma família


Digesto Econ<'>MICO

50

pobre pode' residir num palucele que restou de sua antiga fortuna. Além disso, a tributação pelos sinais exteriores de riqueza (portas e janelas) presta-se facilmente à evasão. Na imi

nência de pagar um imposto e]e\'ado, qualquer um se disporia a mandar fe char algumas janelas de suas casas. sis

5{!

Essa argumentação, cnlrolanlo, não convence.

Em primeiro lugar, é bem possível que um imposto .sôbre o capital obri gue este a procurar uma aplicação re produtiva. Mas essa aplicação nem sem

capital muitas vezes se torna fator de perturbação da economia e exerce uma

Quanto ao imposto de renda como ba

tiça fiscal. Êle tende mesmo a ser o

alicerce de todos os sistemas tributários, mas não pode suportar todos os encar gos do Estado.

Em um país descapitalizado como é o Brasil, com vasta extensão territorial e uma população inculta, o imposto de

renda forçosamente tem de ser comple

Do ponto de vista coletivo, interessa mais que o capital se contente com uma

remuneração módica do que exija altos juros 6 lucros.

A circunstância alegada de que o im posto sôbre o capital não impede a for mação de novos capitais por atingir apenas a riqueza já consolidada, resulta de um puro erro de observação. O im posto, a menos que se pretenda que o

51

nadas circunstâncias, merecem ser tri butados. Fiiuilmentc, seria um incentho

à usura, aos lucros altos, aos empreendi mentos arriscados.

Por aí SC vê que um impôsto como es se é de todo inaplicável.

pre consulta o interesse coleti\'o. Muito ao contrário; buscando altos lucros, o

função anti-social.

se única de tributação, sôbre êle já fa lamos inicialmente, já que é o tributo que melhor atende ao princípio de jus

Dicesto EcoNó^^co

5}í *

A idéia de um impôsto único sôbre a

propriedade territorial foi a mais per sistente de quantas até hoje foram aven

tadas. Desde o século XVII até hoje, sempre alguns 'economistas, sociólogos ou financistas propugnaram o imposto único sobre a torra, e sua influência foi

com a sua renda. Viria, portanto, a dar

Pretendiain os fisiocratas que só a terra produz um "produto líquido", que é a diferença entre o produto aplicado

que dele resultam.

reservas;

e o produto colhido. Tôdas as demais

os capitais a se tomarem reprodutivos, condenando-os a uma atividade forçada,

para a coletividade. Parques e coleções

com real proveito para a ordem econô

exemplo.

produtivos, mas aplicados com proveito artísticas franqueados ao público, por

mica; que atinge a riqueza já formada

Sem ter as vantagens alegadas por

e consolidada e não àquela em fase de

seus defensores, o impôsto único sobre o capital apresentaria ainda graves defei

formação, não desestimulando, portan

to, a produção e o trabalho e, final mente, que tal imposto alcança deter minadas riquezas improdutivas e que

tos.

Em muitos países, como no Brasil por

parques, terras inaproveitadas, objetos

exemplo, seria de escassa produtividade, dada a deficiência de capitais. Depois, não alcançaria os rendimentos prove

de arte etc.

nientes do trabalho e que, em determi

merecem ser tributadas, como grandes

uma série enorme de circunstâncias, o

que torna impossível resolver-se a ques

tão por um processo tão simplista. Mas, o grande êrro dos fisiocratas foi

no mesmo a incidência cio impôsto sô bre o capital Ou sôbre a renda. Sempre seria dificultada a formação de novas

vas não constitui sempre uma vanta

cio ou sôbre as mercadorias, pois sofre riam a repercussão do imposto. Já vimos, no artigo anterior, como o primeiro argumento é falho. Quanto ao segundo, revela um completo desconhe cimento das leis que regem a repercus são dos impostos*. Êsse fenômeno depen de da natureza do tributo, do objeto da consumidor e do produtor, enfim, de

Os principais defensores do impôsto único sôbre o solo foram os fisiocratas,

nos séculos XVII o XVIII, e Henry

gem. Há capitais econòmicamente im

dissem êles sôbre o trabalho, sôbre-e ca pital, sôbre a indústria, sobre o comér

incidência, das condições do mercado

George no século XIX.

Os partidários do imposto único sôbre o capital diziam que tal tributo obriga

gar — continuavam os fisiocratas — de

qualquer modo, os proprietários territo riais iriam pagar todos os impostos, inci

idéias.

tado por outros tributos, não só em ra zão de sua produtividade insuficiente, como também para corrigir as injustiças ^

valorizíida em conseqüência do impôs to não poderia queixar-se do ônus por êle representado. Em segundo lu

tão considerável, principalmente a partir do Henry Georgc, que várias legislações fiscais do inundo se inspiraram nessas

capital seja desfalcado, sempre é pago

Finalmente, o fato de atingir o im pôsto determinadas riquezas improduti

Assim, quem comprasse uma terra des-

atividades seriam estéreis por nada pro duzirem, uma vez que nenhuma riqueza nova seria criada. A indústria transfor

o de considerarem a terra como única

fonte de criações de riqueza. Em verda de, tanto como a agricultura, a indústria e o comércio criam riqueza. A indústria, transformando os produ tos, empresta-lhes uma utilidade que não tinham antes, e essa utilidade é a

ma a riqueza preexistente e o comércio

riqueza. O comércio, tomando as mer

simplesmente a pennuta. Ora, se a agricultura é a única fonte

cadorias acessíveis aos consumidores,

de criação de riqueza — argumentavam os fisiocratas — dos proprietários terri toriais é que deve o Estado cobrar o impôsto de que necessita.

também cria riqueza, pois só é útil, portanto só constitui riqueza, aquilo que pode ser obtido. Se em tôdas as atividades- bá criação

de riqueza pelo aumento de utilidade

Procurando consolar a classe que tan to elevavam mas à qual tão pesados en

pré-existente, nada justifica que só uma delas suporte todos os encargos do Es

cargos atiibuíam,

tado.

os fisiocratas expli

cavam que, em primeiro lugar, ninguém pagaria o impôsto, pois que este, redu

zindo o lucro proporcionado pela terra, reduziria consequentemente

seu valor.

* * *

Isaac Sherman aconselliava um im

pôsto único sôbre a propriedade agrí-


Digesto Econ<'>MICO

50

pobre pode' residir num palucele que restou de sua antiga fortuna. Além disso, a tributação pelos sinais exteriores de riqueza (portas e janelas) presta-se facilmente à evasão. Na imi

nência de pagar um imposto e]e\'ado, qualquer um se disporia a mandar fe char algumas janelas de suas casas. sis

5{!

Essa argumentação, cnlrolanlo, não convence.

Em primeiro lugar, é bem possível que um imposto .sôbre o capital obri gue este a procurar uma aplicação re produtiva. Mas essa aplicação nem sem

capital muitas vezes se torna fator de perturbação da economia e exerce uma

Quanto ao imposto de renda como ba

tiça fiscal. Êle tende mesmo a ser o

alicerce de todos os sistemas tributários, mas não pode suportar todos os encar gos do Estado.

Em um país descapitalizado como é o Brasil, com vasta extensão territorial e uma população inculta, o imposto de

renda forçosamente tem de ser comple

Do ponto de vista coletivo, interessa mais que o capital se contente com uma

remuneração módica do que exija altos juros 6 lucros.

A circunstância alegada de que o im posto sôbre o capital não impede a for mação de novos capitais por atingir apenas a riqueza já consolidada, resulta de um puro erro de observação. O im posto, a menos que se pretenda que o

51

nadas circunstâncias, merecem ser tri butados. Fiiuilmentc, seria um incentho

à usura, aos lucros altos, aos empreendi mentos arriscados.

Por aí SC vê que um impôsto como es se é de todo inaplicável.

pre consulta o interesse coleti\'o. Muito ao contrário; buscando altos lucros, o

função anti-social.

se única de tributação, sôbre êle já fa lamos inicialmente, já que é o tributo que melhor atende ao princípio de jus

Dicesto EcoNó^^co

5}í *

A idéia de um impôsto único sôbre a

propriedade territorial foi a mais per sistente de quantas até hoje foram aven

tadas. Desde o século XVII até hoje, sempre alguns 'economistas, sociólogos ou financistas propugnaram o imposto único sobre a torra, e sua influência foi

com a sua renda. Viria, portanto, a dar

Pretendiain os fisiocratas que só a terra produz um "produto líquido", que é a diferença entre o produto aplicado

que dele resultam.

reservas;

e o produto colhido. Tôdas as demais

os capitais a se tomarem reprodutivos, condenando-os a uma atividade forçada,

para a coletividade. Parques e coleções

com real proveito para a ordem econô

exemplo.

produtivos, mas aplicados com proveito artísticas franqueados ao público, por

mica; que atinge a riqueza já formada

Sem ter as vantagens alegadas por

e consolidada e não àquela em fase de

seus defensores, o impôsto único sobre o capital apresentaria ainda graves defei

formação, não desestimulando, portan

to, a produção e o trabalho e, final mente, que tal imposto alcança deter minadas riquezas improdutivas e que

tos.

Em muitos países, como no Brasil por

parques, terras inaproveitadas, objetos

exemplo, seria de escassa produtividade, dada a deficiência de capitais. Depois, não alcançaria os rendimentos prove

de arte etc.

nientes do trabalho e que, em determi

merecem ser tributadas, como grandes

uma série enorme de circunstâncias, o

que torna impossível resolver-se a ques

tão por um processo tão simplista. Mas, o grande êrro dos fisiocratas foi

no mesmo a incidência cio impôsto sô bre o capital Ou sôbre a renda. Sempre seria dificultada a formação de novas

vas não constitui sempre uma vanta

cio ou sôbre as mercadorias, pois sofre riam a repercussão do imposto. Já vimos, no artigo anterior, como o primeiro argumento é falho. Quanto ao segundo, revela um completo desconhe cimento das leis que regem a repercus são dos impostos*. Êsse fenômeno depen de da natureza do tributo, do objeto da consumidor e do produtor, enfim, de

Os principais defensores do impôsto único sôbre o solo foram os fisiocratas,

nos séculos XVII o XVIII, e Henry

gem. Há capitais econòmicamente im

dissem êles sôbre o trabalho, sôbre-e ca pital, sôbre a indústria, sobre o comér

incidência, das condições do mercado

George no século XIX.

Os partidários do imposto único sôbre o capital diziam que tal tributo obriga

gar — continuavam os fisiocratas — de

qualquer modo, os proprietários territo riais iriam pagar todos os impostos, inci

idéias.

tado por outros tributos, não só em ra zão de sua produtividade insuficiente, como também para corrigir as injustiças ^

valorizíida em conseqüência do impôs to não poderia queixar-se do ônus por êle representado. Em segundo lu

tão considerável, principalmente a partir do Henry Georgc, que várias legislações fiscais do inundo se inspiraram nessas

capital seja desfalcado, sempre é pago

Finalmente, o fato de atingir o im pôsto determinadas riquezas improduti

Assim, quem comprasse uma terra des-

atividades seriam estéreis por nada pro duzirem, uma vez que nenhuma riqueza nova seria criada. A indústria transfor

o de considerarem a terra como única

fonte de criações de riqueza. Em verda de, tanto como a agricultura, a indústria e o comércio criam riqueza. A indústria, transformando os produ tos, empresta-lhes uma utilidade que não tinham antes, e essa utilidade é a

ma a riqueza preexistente e o comércio

riqueza. O comércio, tomando as mer

simplesmente a pennuta. Ora, se a agricultura é a única fonte

cadorias acessíveis aos consumidores,

de criação de riqueza — argumentavam os fisiocratas — dos proprietários terri toriais é que deve o Estado cobrar o impôsto de que necessita.

também cria riqueza, pois só é útil, portanto só constitui riqueza, aquilo que pode ser obtido. Se em tôdas as atividades- bá criação

de riqueza pelo aumento de utilidade

Procurando consolar a classe que tan to elevavam mas à qual tão pesados en

pré-existente, nada justifica que só uma delas suporte todos os encargos do Es

cargos atiibuíam,

tado.

os fisiocratas expli

cavam que, em primeiro lugar, ninguém pagaria o impôsto, pois que este, redu

zindo o lucro proporcionado pela terra, reduziria consequentemente

seu valor.

* * *

Isaac Sherman aconselliava um im

pôsto único sôbre a propriedade agrí-


52

Dicksto

EcoNÓNnco

cola, não por pretender, como os fisio-

ciuir que nenhuma propriedade se justi

cratas, que a agricultura fosse a única

fica, pois que nada é rc uUaiite apenas

fonte de riqueza, ou, como George, que

do trabalho individual.

a renda da terra devesse pertencer à coletividade que a criou, mas sim por entender que êsse era o processo mais adequado de difusão dos ônus do im posto por tôda a coletividade. Como

todos consomem produtos agrícolas, to

dos pagariam o impòsto, que já viria incorporado ao seu preço.

Essa teoria revela também completo desconhecimento das leis da repercussão dos impostos e, além disso, importa em se tributar a todos na proporção do seu consumo, o que, como já vimos, é in

compatível com o ideal de justiça tri butária.

O marceneiro

que fabrica um móvel não foi extrair a

madeira nem a aparelhou. Uma cos tureira que faz um vestido nem pro duziu a matéria-prima e o tecido e nem a linha ou a máquina.

Em todos os produtos há sempre uma parcela de traballio coletivo e, por tanto, levando mais longe o raciocínio de George, nenhuma propriedade se justificaria, poi.s que nenhuma é fruto e.xclusivo do trabalho individual.

Por outro lado, se é bem verdade que a valorização do solo, pelo menos em parte, resulta do trabalho coletivo e be

neficia o proprietário, por outro é pre ciso ter-se em conta que o proprietário * SÍ5 *

comprou êsse solo com dinheiro, fruto

de seu trabalho. Espoliá-lo da renda da terra constitui pura injustiça, mesmo

Chegamos, finalmente, a Henry Geor ge, e sua doutrina merece, sem dúvida,

porque ninguém pretende privar o ca

um estudo pouco mais aprofundado. Seligman, em seu "Essays in Taxa-

caso, dada a constante substituição de

tion", analisa minuciosamente a doutrina

de George e a refuta de maneira cabal. Henry George, como vimos em artigo anterior, baseia sua teoria do imposto único na idéia de que a única justifica tiva para a propriedade é o trabalho,

pitalista do juro de seu caiJital e, no terras por capital e vice-versa, é impos sível distinguir-se uma coisa da outra.

Se abandonarmos o campo da pura especulação e compararmos os rendi

mentos^ de um mesmo capital aplicado na industria, no comércio, em emprésti

e de que o aumento do valor da terra

mos ou em propriedades imobiliárias, ve remos que estes serão, possivelmente^ os

constitui o resultante, não do trabalho

que menos rendem.

individual, mas sim do de tôda a cole tividade.

Se se tratasse de confiscar a renda

econômica da terra de seu primeiro

Dicesto Econóndco

gio. Aqueles que auferem vantagens dn Estado é que devem pagar o impôsto. Ora, não há privilégio maior do que a propriedade do solo. Seus proprietá rios são os mais beneficiados, pois que se locupletam à custa do trabalho de toda a coletí\idudc. Logo — raciocinam os "georgistas" — a eles deve caber o

pagamento dos impostos.

Em artigo anterior desta mesma série, demonstramos como a teoria contratual

para justificar os impostos é falha. Nin guém paga o imposto em troca dos ser

viços que recebe do Estado, mesmo por que os que mais se beneficiam com a

ação deste — os pobres, os enfermos, os que necessitam do auxílio coletivo — pouco ou nada j^agam. Mas, mesmo que tal teoria fôsse ver

tras classes.

Apreciando a doutrina de George do ponto de vista p'rático, Seligman classi fica seus defeitos em:

a) defeitos fiscais; b) defeitos políticos; c) defeitos morais; e

d) defeitos econômicos.

O defeito fiscal mais grave — além

dade da medida. * ❖

O grave defeito político do impôsto único — e isso se aplica a todos os sis

de favores fiscais.

Ora, sendo certo que o Estado, em determinadas circunstâncias, deve' inter vir na vida econômica e social, e sendo o impôsto o meio mais suave de inter

venção, seria errado privar-se o Estado dessa arma.

Seligman lembra ainda, muito a pro pósito, que é bastante arriscado, em uma

dos comuns a todos os sistemas de im

democracia, fazer com que uma classe pouco numerosa pague um impôsto vo

tado pelos representantes de outras classes muito numerosas.

imposto.

tética que se instale em um território

lidade da renda da terra. Ora, se a to

deserto, não existem mais "primeiros

talidade já foi absorvida pelo impôsto, este não pode ser aumentSdo, pois de

A idéia do impôsto único de George

cobrado à razão de 45,5% sôbre o valor

das propriedades agrícolas em cada exer cício. Isso demonstra a impraticabili-

Estado na ordem econômica e social.

o impôsto deve sempre absorver a tota

baseia-se, também, na noção de privilé-

ser majorado em 3.630%, devendo ser

proprietários do solo — o dever de arcar Evidentemente, não poderiam existir diconi todos os ônus do Estado, quando -reitos aduaneiros, nem tarifas diferen são tantos os privilégios e vantagens ciais do impôsto de renda, nem incenti que a sociedade moderna confere a ou vo a determinadas atividades por meio

mas, a não ser em uma sociedade hipo

dade quando resulte exclusivamente do trabalho, poderia levar mais longe as conseqüências de seu raciocínio e con-

territorial, escrevemos urn trabalho mos

trando que o impôsto territorial, para atender aos encargos do Estado, deveria

uina das classes privilegiadas — a dos

ocupante, isso ainda poderia justificar-se,

ocupantes".

ção dos impostos indiretos pelo impôsto

temas — é o de impedir a utilização do impôsto como arma de intervenção do

reverter à coletividade sob forma de

Ora, se George só justifica a proprie

tendo sido aventada a idéia da substitui

dadeira, ainda assim não se compreen de porque George atribuiu a apenas

pôsto único — é o da falta de elasticida de. -Segundo ü própria teoria georgista,

Assim sendo, a renda da terra deve

Além disso, o impòsto, contrariamente ao que afirmam os georgistas, não seria suficientemente produtivo. Por ocasião da elaboração da Constituição paulista,

.onde se tirou tudo, evidentemente nada mais há a tirar.

* * Sjí

No que diz respeito à justiça do im- * posto único georgista, justiça essa tão


52

Dicksto

EcoNÓNnco

cola, não por pretender, como os fisio-

ciuir que nenhuma propriedade se justi

cratas, que a agricultura fosse a única

fica, pois que nada é rc uUaiite apenas

fonte de riqueza, ou, como George, que

do trabalho individual.

a renda da terra devesse pertencer à coletividade que a criou, mas sim por entender que êsse era o processo mais adequado de difusão dos ônus do im posto por tôda a coletividade. Como

todos consomem produtos agrícolas, to

dos pagariam o impòsto, que já viria incorporado ao seu preço.

Essa teoria revela também completo desconhecimento das leis da repercussão dos impostos e, além disso, importa em se tributar a todos na proporção do seu consumo, o que, como já vimos, é in

compatível com o ideal de justiça tri butária.

O marceneiro

que fabrica um móvel não foi extrair a

madeira nem a aparelhou. Uma cos tureira que faz um vestido nem pro duziu a matéria-prima e o tecido e nem a linha ou a máquina.

Em todos os produtos há sempre uma parcela de traballio coletivo e, por tanto, levando mais longe o raciocínio de George, nenhuma propriedade se justificaria, poi.s que nenhuma é fruto e.xclusivo do trabalho individual.

Por outro lado, se é bem verdade que a valorização do solo, pelo menos em parte, resulta do trabalho coletivo e be

neficia o proprietário, por outro é pre ciso ter-se em conta que o proprietário * SÍ5 *

comprou êsse solo com dinheiro, fruto

de seu trabalho. Espoliá-lo da renda da terra constitui pura injustiça, mesmo

Chegamos, finalmente, a Henry Geor ge, e sua doutrina merece, sem dúvida,

porque ninguém pretende privar o ca

um estudo pouco mais aprofundado. Seligman, em seu "Essays in Taxa-

caso, dada a constante substituição de

tion", analisa minuciosamente a doutrina

de George e a refuta de maneira cabal. Henry George, como vimos em artigo anterior, baseia sua teoria do imposto único na idéia de que a única justifica tiva para a propriedade é o trabalho,

pitalista do juro de seu caiJital e, no terras por capital e vice-versa, é impos sível distinguir-se uma coisa da outra.

Se abandonarmos o campo da pura especulação e compararmos os rendi

mentos^ de um mesmo capital aplicado na industria, no comércio, em emprésti

e de que o aumento do valor da terra

mos ou em propriedades imobiliárias, ve remos que estes serão, possivelmente^ os

constitui o resultante, não do trabalho

que menos rendem.

individual, mas sim do de tôda a cole tividade.

Se se tratasse de confiscar a renda

econômica da terra de seu primeiro

Dicesto Econóndco

gio. Aqueles que auferem vantagens dn Estado é que devem pagar o impôsto. Ora, não há privilégio maior do que a propriedade do solo. Seus proprietá rios são os mais beneficiados, pois que se locupletam à custa do trabalho de toda a coletí\idudc. Logo — raciocinam os "georgistas" — a eles deve caber o

pagamento dos impostos.

Em artigo anterior desta mesma série, demonstramos como a teoria contratual

para justificar os impostos é falha. Nin guém paga o imposto em troca dos ser

viços que recebe do Estado, mesmo por que os que mais se beneficiam com a

ação deste — os pobres, os enfermos, os que necessitam do auxílio coletivo — pouco ou nada j^agam. Mas, mesmo que tal teoria fôsse ver

tras classes.

Apreciando a doutrina de George do ponto de vista p'rático, Seligman classi fica seus defeitos em:

a) defeitos fiscais; b) defeitos políticos; c) defeitos morais; e

d) defeitos econômicos.

O defeito fiscal mais grave — além

dade da medida. * ❖

O grave defeito político do impôsto único — e isso se aplica a todos os sis

de favores fiscais.

Ora, sendo certo que o Estado, em determinadas circunstâncias, deve' inter vir na vida econômica e social, e sendo o impôsto o meio mais suave de inter

venção, seria errado privar-se o Estado dessa arma.

Seligman lembra ainda, muito a pro pósito, que é bastante arriscado, em uma

dos comuns a todos os sistemas de im

democracia, fazer com que uma classe pouco numerosa pague um impôsto vo

tado pelos representantes de outras classes muito numerosas.

imposto.

tética que se instale em um território

lidade da renda da terra. Ora, se a to

deserto, não existem mais "primeiros

talidade já foi absorvida pelo impôsto, este não pode ser aumentSdo, pois de

A idéia do impôsto único de George

cobrado à razão de 45,5% sôbre o valor

das propriedades agrícolas em cada exer cício. Isso demonstra a impraticabili-

Estado na ordem econômica e social.

o impôsto deve sempre absorver a tota

baseia-se, também, na noção de privilé-

ser majorado em 3.630%, devendo ser

proprietários do solo — o dever de arcar Evidentemente, não poderiam existir diconi todos os ônus do Estado, quando -reitos aduaneiros, nem tarifas diferen são tantos os privilégios e vantagens ciais do impôsto de renda, nem incenti que a sociedade moderna confere a ou vo a determinadas atividades por meio

mas, a não ser em uma sociedade hipo

dade quando resulte exclusivamente do trabalho, poderia levar mais longe as conseqüências de seu raciocínio e con-

territorial, escrevemos urn trabalho mos

trando que o impôsto territorial, para atender aos encargos do Estado, deveria

uina das classes privilegiadas — a dos

ocupante, isso ainda poderia justificar-se,

ocupantes".

ção dos impostos indiretos pelo impôsto

temas — é o de impedir a utilização do impôsto como arma de intervenção do

reverter à coletividade sob forma de

Ora, se George só justifica a proprie

tendo sido aventada a idéia da substitui

dadeira, ainda assim não se compreen de porque George atribuiu a apenas

pôsto único — é o da falta de elasticida de. -Segundo ü própria teoria georgista,

Assim sendo, a renda da terra deve

Além disso, o impòsto, contrariamente ao que afirmam os georgistas, não seria suficientemente produtivo. Por ocasião da elaboração da Constituição paulista,

.onde se tirou tudo, evidentemente nada mais há a tirar.

* * Sjí

No que diz respeito à justiça do im- * posto único georgista, justiça essa tão


Dicesto Ecoxóníico

54

apregoada pelos seus partidiirios, há sé ries reparos a serem feitos.

pitalista.

"Eu não sou proprieiái'io ter

Os princípios de uniformidade e uni versalidade caem por terra fragorosa-

nanças seria um imbecil se me cobrasse

ritorial como você.

O Ministro das Fi

Suponhamos ■'dois indivíduos que liá vinte anos tenham aplicado capitais

imposto, pois tudo que tenho provém, em última análise, do solo, c alguém já pagou o imposto. Fazer-me pagar novamente seria uma dupla tributação

equivalentes, um em terrenos e outro em

intolerável.

ações de uma companhia.

paga com justiça o seu imposto único e goze em paz o seu rendimento líquido

mente.

Hoje, o

terreno estaria valendo dez vezes o seu

preço de custo, mas durante todo êsse

tempo não rendeu juro algum. A ação es

tará valendo apenas duas ou três vezes o seu custo mas, em compensação, durante

todo êsse tempo produziu dividendos que, somados, ultrapassam o lucro re sultante da valorização do terreno. Onde está a justiça de se tributar o dono do terreno e se conceder isenção ao dono

Pois é, meu amigo, você

de vinte escudos; sirva bem a pátria e venha algumas vezes jantar comigo." íf!

sh

Finalmente, os defeitos de natureza

econômica do impôsto único "georgista" são tão evidentes que se torna desne

das ações, se ambos, no fim de contas,

cessário insistir sôbre êles.

sem trabalho, lucraram a mesma coisa?

— haja vista o Brasil, "país essencialmen te agrícola" — as atividades agrícolas são as mais pobres e necessitadas de au xílio. Estão sempre sujeitas a contin gências de sêcas, inundações, pestes e

Seligman lembra que as grandes for tunas do mundo não são de proprietários territoriais e sim de grandes industriais, banqueiros e comerciantes. A propósito do imposto único sôbre

Em quase todos os países do mundo

outros riscos que tornam sua economia

o solo e referindo-se, é claro, aos fisiocratas, Voltaire escreveu uma célebre

insegura. E ainda o produtor agrícola tem de renunciar ao confôrto e segu

parábola:

rança das cidades.

'*L'Homme aux Quarante

Ora, se sôbre essa atividade já sacri

Écus".

Um pobre camponês, trabalhando ar duamente e nas piores condições pos síveis, conseguiu que sua terra produ zisse um resultado liquido de quarenta escudos. Vem o fisco e lhe retira vin te escudos a titulo de imposto único.

Tempos depois êsse camponês encontra um velho conhecido,, homem rico, que

havia herdado uma fortuna que lhe

proporcionava uma renda de quatro centos mil escudos por ano e lhe per

gunta se então havia pago ao Estado metade de sua renda.

"Você está ca

çoando, meu amigo" lhe responde o ca

ficada se aplicar um impôsto extraordi nariamente pesado, por certo as ativi dades agrícolas serão abandonadas e os capitais procurarão outras aplicações mais seguras e produtivas. Além disso, nem sempre o proprietá rio do solo é que iria em verdade sofrer a incidência do impôsto, ao contrário do que afirma Henry George, pois a ten dência de todos os que sofrem uma imposição é para transferi-la a outrem. Nessas condições, sempre que as con dições do mercado o permitissem, trata- • ria o proprietário agrícola de incorporar

Dioiúsrtj

Econômico

55

o impôsto ao preço dos produtos, c nada

um imposto principal, geralmente o im

existe que possa impedir êsse fenômeno de repercussão se a êle não se opuserem

pôsto de renda, que serve dc coluna

as condições econômicas.

Ao lado dêsse imposto, porém, ou tros existem que o completam e o cor rigem e dão ao sistema a necessária elas

Portanto, o impôsto iria refletir-se sô bre toda a coletividade c todo o enge nhoso sistema arquitetado por George cairia por terra.

vertebral a todo o sistema.

ticidade.

No Brasil, infelizmente, o impôsto

Verificamos, assim, que nenhum dos

de renda ainda não está em condições de

sistemas de impôsto único preconizados ô satisfatório. Uns são improdutivos,

suportar a principal responsabilidade pela receita pública. Por muitos anos

outros injustos, outros anti-eeonómioas. Só um sistema de impostos múltiplos

as finanças brasileiras terão de se ali

permite que os erro.s e defeitos de .um impôsto sejam compensados pelo outro. Só a multiplicidade da tributação é oapaz de proporcionar uma arrecadação elástica e de se aproximar da justiça fiscal.

Hoje, a tendência em quase todos os

países c para basear a tributação em

cerçar em impostos indiretos, por mais injustos e anti-económicos que êles pos sam ser considerados.

Embora desejável a simplificação do sistema tributário, o certo é que nenhum impôsto pode atender, êle só, a todos os requisitos que são necessários a uma imposição ao mesmo tempo justa e

produtiva.


Dicesto Ecoxóníico

54

apregoada pelos seus partidiirios, há sé ries reparos a serem feitos.

pitalista.

"Eu não sou proprieiái'io ter

Os princípios de uniformidade e uni versalidade caem por terra fragorosa-

nanças seria um imbecil se me cobrasse

ritorial como você.

O Ministro das Fi

Suponhamos ■'dois indivíduos que liá vinte anos tenham aplicado capitais

imposto, pois tudo que tenho provém, em última análise, do solo, c alguém já pagou o imposto. Fazer-me pagar novamente seria uma dupla tributação

equivalentes, um em terrenos e outro em

intolerável.

ações de uma companhia.

paga com justiça o seu imposto único e goze em paz o seu rendimento líquido

mente.

Hoje, o

terreno estaria valendo dez vezes o seu

preço de custo, mas durante todo êsse

tempo não rendeu juro algum. A ação es

tará valendo apenas duas ou três vezes o seu custo mas, em compensação, durante

todo êsse tempo produziu dividendos que, somados, ultrapassam o lucro re sultante da valorização do terreno. Onde está a justiça de se tributar o dono do terreno e se conceder isenção ao dono

Pois é, meu amigo, você

de vinte escudos; sirva bem a pátria e venha algumas vezes jantar comigo." íf!

sh

Finalmente, os defeitos de natureza

econômica do impôsto único "georgista" são tão evidentes que se torna desne

das ações, se ambos, no fim de contas,

cessário insistir sôbre êles.

sem trabalho, lucraram a mesma coisa?

— haja vista o Brasil, "país essencialmen te agrícola" — as atividades agrícolas são as mais pobres e necessitadas de au xílio. Estão sempre sujeitas a contin gências de sêcas, inundações, pestes e

Seligman lembra que as grandes for tunas do mundo não são de proprietários territoriais e sim de grandes industriais, banqueiros e comerciantes. A propósito do imposto único sôbre

Em quase todos os países do mundo

outros riscos que tornam sua economia

o solo e referindo-se, é claro, aos fisiocratas, Voltaire escreveu uma célebre

insegura. E ainda o produtor agrícola tem de renunciar ao confôrto e segu

parábola:

rança das cidades.

'*L'Homme aux Quarante

Ora, se sôbre essa atividade já sacri

Écus".

Um pobre camponês, trabalhando ar duamente e nas piores condições pos síveis, conseguiu que sua terra produ zisse um resultado liquido de quarenta escudos. Vem o fisco e lhe retira vin te escudos a titulo de imposto único.

Tempos depois êsse camponês encontra um velho conhecido,, homem rico, que

havia herdado uma fortuna que lhe

proporcionava uma renda de quatro centos mil escudos por ano e lhe per

gunta se então havia pago ao Estado metade de sua renda.

"Você está ca

çoando, meu amigo" lhe responde o ca

ficada se aplicar um impôsto extraordi nariamente pesado, por certo as ativi dades agrícolas serão abandonadas e os capitais procurarão outras aplicações mais seguras e produtivas. Além disso, nem sempre o proprietá rio do solo é que iria em verdade sofrer a incidência do impôsto, ao contrário do que afirma Henry George, pois a ten dência de todos os que sofrem uma imposição é para transferi-la a outrem. Nessas condições, sempre que as con dições do mercado o permitissem, trata- • ria o proprietário agrícola de incorporar

Dioiúsrtj

Econômico

55

o impôsto ao preço dos produtos, c nada

um imposto principal, geralmente o im

existe que possa impedir êsse fenômeno de repercussão se a êle não se opuserem

pôsto de renda, que serve dc coluna

as condições econômicas.

Ao lado dêsse imposto, porém, ou tros existem que o completam e o cor rigem e dão ao sistema a necessária elas

Portanto, o impôsto iria refletir-se sô bre toda a coletividade c todo o enge nhoso sistema arquitetado por George cairia por terra.

vertebral a todo o sistema.

ticidade.

No Brasil, infelizmente, o impôsto

Verificamos, assim, que nenhum dos

de renda ainda não está em condições de

sistemas de impôsto único preconizados ô satisfatório. Uns são improdutivos,

suportar a principal responsabilidade pela receita pública. Por muitos anos

outros injustos, outros anti-eeonómioas. Só um sistema de impostos múltiplos

as finanças brasileiras terão de se ali

permite que os erro.s e defeitos de .um impôsto sejam compensados pelo outro. Só a multiplicidade da tributação é oapaz de proporcionar uma arrecadação elástica e de se aproximar da justiça fiscal.

Hoje, a tendência em quase todos os

países c para basear a tributação em

cerçar em impostos indiretos, por mais injustos e anti-económicos que êles pos sam ser considerados.

Embora desejável a simplificação do sistema tributário, o certo é que nenhum impôsto pode atender, êle só, a todos os requisitos que são necessários a uma imposição ao mesmo tempo justa e

produtiva.


"V*!

Dicestü Econômico

Produtos brasileiro

•-"rd-:

57

entanto, suficiente para que nos pos.sa-

nossos -produtos uma série de defeitos

mos dar por satisfeitos quanto ás suas

originados pelo carrapato, o berne e ou tras pragas, assim como pejo uso da marcação a fogo. De nossas peles, so

principais caracti-rística.s.

Uma análise

du composição da exportação cie couros V- Couros e pelos

c peles nos indica cpie a predominância

Dorival Teixeira Vieira

dos couros sobre as peles é muito uccnluacla. Em média, nos últimos anos, do

Em ordem de importância, o comér cio de couros e peles eqüivale ao de carnes. No período 1935-1945 a venda dêsse produto representou 4,14 % do va lor de toda a exportação brasileira. Ver

comércio de couros e peles por uma forte

depressão, quer se considere o volume, quer o walor. A recuperação, no entan

to, foi muito rápida p o período de pros peridade SC estendeu até 1928.

Nesse

mente encontram boa cotação no mer cado inteniacional as de cabra; mesmo assim, a maior parte é comerciada eni

total exportado, 91,5% foram represen

bruto, sendo pequeníssimo o volume

tados pelo comércio dc couros, e apenas

transacionado de peles de cabra prepa

8,5% por peles. E' sabido, porém, que o mais alto valor específico c enccMitrado nes.sa produção, sendo interessante lutarmos para, no futuro, reduzir-se esse dcsnícel. Dos couros exportados, tem predominância o Vacum, seguido logo

radas. A prosperidade da produção e o melhor rendimento do comércio de cou

ros e peles estão, indiscutivelmente, li gados a uma grande indústria de curtu

dade é que tal produto já constituiu um

setor do comércio brasileiro é curiosa a

dos esteios da economia nacional. Entre

observação da precedência da crise que

1821 e 1830 chegou a representar, em

logo após ocorreria, pois já cm 1929 re

após pelo couro dc porco, em propor

mes. Apesar de esta haver crescido nos últimos anos, ainda não é suficiente pa ra atender completamente nem mesmo

gistrava-se fortíssima depressão. Do ín

ção, no entanto, muito mais reduzida.

ao mercado interno, tanto assim que o

dice 268,8 do ano anterior, passávamos

a 173,4 naquele ano, e a queda conti

As peles dc cabra c carneiro represen

Brasil ainda importa uma série de tipos

tam % da exportação de peles, restando

de couros, necessários ao seu próprio

nuou,fortemente até 1932, inclusive, no

apenas uma quarta parte para exporta

consumo.

qual se registrou o índice 54,0. Para a exportação de couros e peles, o período de liquidação da crise prolongou-se até

ção das de' capivara, veado, caetetus o cpeixadas, maracajá, onça, cobra, jaca ré, arminho, castor, lontra e raposa, além de algumas peles de peixe e de animais selvagens, não especificados. E' impressionante o volume de cou ros e peles brutos comerciados pelo Bra

média, 13,6% do valor total de nossas exportações. Muito embora, pcrcentualmente, tenha havido redução de sua im

portância, principalmente após o grande surto cafeeiro que colocou aquele pro duto como o primeiro item do ativo da balança comercial brasileira, este ramo

da atividade comercial vem apre.sentando grande surto de progresso. A despei to de pequenas alternativas de aumen

trado nos anos seguintes,

tos e reduções de volume e valor ouro,

1938, quase ao nível de 1932. •

entre 1900 e 1913 a tendência observa

1935, e o surto de prosperidade, regis duração,

teve pouca

visto havermos voltado,

em

da foi a de crescente prosperidade. Mil

Novo esbôço de expansão verificou-se nos primeiros anos da recente guerra, até

novecentos e catorze assinalou-se por uma forte depressão na venda de couros

1943; logo após, houve um período de

e peles, ocasionada pelo início da 1.^ grande guerra; mas, já a partir de 1915,

para registrar-se forte depressão nos três anos seguintes. O após-guerra foi fa

tensão que durou todo o ano de 1944,

reiniciou-se o ciclo de prosperidade, que

vorável ao comércio de couros e peles,

cada vez mais se acentuou, acusando um

o que é fácil compreender-se, visto ter

máximo em 1919.

sido sacrificado o abastecimento civil du

Explica-se fácil-'

mente o fenômeno; os couros represen

rante toda a guerra; principalmente a ne

tam matéria-prima indispensável ao es

cessidade de calçados provocou grande consumo dessa matéria-prima. Basta di

forço de guerra, visto permitirem a con fecção de calçados e equipamento mili tar. Para se avaliar a magnitude da ex

zer que de 16.000 toneladas vendidas em 1944 passamos a 75.000 cm 1947. O ano

pansão basta afirmar que o índice do valor ouro em 1900 era 40,6 (base

de 1948 registrou um início de depressão, pois vendemos apenas 63.000 toneladas,

134 4, para elevar-se, em 1919, a 324,1. A crise de 1920-1921 assinalou-se, no

A expansão, registrada nesse ramo dn

jgg-jr — 100) alcançando em 1913

num valor de Cr$ 763.000.000,00.

atividade econômica do Brasil não é, no

sil. Seu volume varia entre 84 % a 96 %

Considerando-se os demais produto res concorrentes, o Brasil coloca-se em

2.° lugar na produção de couros crus, sendo suplantado sòmente pela Argen tina. Aquele país, em 1937 por exem

plo, chegou a exportar 150.400 tonela das de couro, ao passo que o nosso ex

portou sòmente 63.129 toneladas. O Uruguai, a Nova Zelândia, a Austrália e

do total e.xportado, cabendo apenas a insignificância de 4% a 16% de couros

a União Sul-Africana tanibém são for

e peles preparadas. Isto se deve ao fato

necedores importantes do mercado inter

de exportarmos de preferência couros e

nacional, mas a indústria dos curtumes

peles salgados ou verdes. Em 1947, por exemplo, de uma produção de 118.141

é ainda pouco desenvolvida e a maioria deles atende, quando muito, às neces

toneladas, 58,9 % eram de couros salga dos e 30,8 % de couros verdes, produziqdo-se apenas 10,3% de couros secos.

sidades de consumo interno.

Devido a isto os nossos couros crus e

nossas peles não são dos que encontram mfilhpr cotação no mercado. O couro ver de, .pela maior facilidade com que se

podé deteriorar, alcança preços mais baixos que o seco ou o salgado. Além .disso, é precisa considerar que há em

Cumpre

notar, além do mais, que a maioria dos

países compradores prefere importar a mercadoria em bruto, visto possuir mé

todos próprios de preparação da matéria-jmma, melhorando a qualidade do produto acabado. Antes de 1939 a po sição do Brasil, como país exportador, não era de molde a colocá-lo a grande distância

dos

demais

fornecedores.


"V*!

Dicestü Econômico

Produtos brasileiro

•-"rd-:

57

entanto, suficiente para que nos pos.sa-

nossos -produtos uma série de defeitos

mos dar por satisfeitos quanto ás suas

originados pelo carrapato, o berne e ou tras pragas, assim como pejo uso da marcação a fogo. De nossas peles, so

principais caracti-rística.s.

Uma análise

du composição da exportação cie couros V- Couros e pelos

c peles nos indica cpie a predominância

Dorival Teixeira Vieira

dos couros sobre as peles é muito uccnluacla. Em média, nos últimos anos, do

Em ordem de importância, o comér cio de couros e peles eqüivale ao de carnes. No período 1935-1945 a venda dêsse produto representou 4,14 % do va lor de toda a exportação brasileira. Ver

comércio de couros e peles por uma forte

depressão, quer se considere o volume, quer o walor. A recuperação, no entan

to, foi muito rápida p o período de pros peridade SC estendeu até 1928.

Nesse

mente encontram boa cotação no mer cado inteniacional as de cabra; mesmo assim, a maior parte é comerciada eni

total exportado, 91,5% foram represen

bruto, sendo pequeníssimo o volume

tados pelo comércio dc couros, e apenas

transacionado de peles de cabra prepa

8,5% por peles. E' sabido, porém, que o mais alto valor específico c enccMitrado nes.sa produção, sendo interessante lutarmos para, no futuro, reduzir-se esse dcsnícel. Dos couros exportados, tem predominância o Vacum, seguido logo

radas. A prosperidade da produção e o melhor rendimento do comércio de cou

ros e peles estão, indiscutivelmente, li gados a uma grande indústria de curtu

dade é que tal produto já constituiu um

setor do comércio brasileiro é curiosa a

dos esteios da economia nacional. Entre

observação da precedência da crise que

1821 e 1830 chegou a representar, em

logo após ocorreria, pois já cm 1929 re

após pelo couro dc porco, em propor

mes. Apesar de esta haver crescido nos últimos anos, ainda não é suficiente pa ra atender completamente nem mesmo

gistrava-se fortíssima depressão. Do ín

ção, no entanto, muito mais reduzida.

ao mercado interno, tanto assim que o

dice 268,8 do ano anterior, passávamos

a 173,4 naquele ano, e a queda conti

As peles dc cabra c carneiro represen

Brasil ainda importa uma série de tipos

tam % da exportação de peles, restando

de couros, necessários ao seu próprio

nuou,fortemente até 1932, inclusive, no

apenas uma quarta parte para exporta

consumo.

qual se registrou o índice 54,0. Para a exportação de couros e peles, o período de liquidação da crise prolongou-se até

ção das de' capivara, veado, caetetus o cpeixadas, maracajá, onça, cobra, jaca ré, arminho, castor, lontra e raposa, além de algumas peles de peixe e de animais selvagens, não especificados. E' impressionante o volume de cou ros e peles brutos comerciados pelo Bra

média, 13,6% do valor total de nossas exportações. Muito embora, pcrcentualmente, tenha havido redução de sua im

portância, principalmente após o grande surto cafeeiro que colocou aquele pro duto como o primeiro item do ativo da balança comercial brasileira, este ramo

da atividade comercial vem apre.sentando grande surto de progresso. A despei to de pequenas alternativas de aumen

trado nos anos seguintes,

tos e reduções de volume e valor ouro,

1938, quase ao nível de 1932. •

entre 1900 e 1913 a tendência observa

1935, e o surto de prosperidade, regis duração,

teve pouca

visto havermos voltado,

em

da foi a de crescente prosperidade. Mil

Novo esbôço de expansão verificou-se nos primeiros anos da recente guerra, até

novecentos e catorze assinalou-se por uma forte depressão na venda de couros

1943; logo após, houve um período de

e peles, ocasionada pelo início da 1.^ grande guerra; mas, já a partir de 1915,

para registrar-se forte depressão nos três anos seguintes. O após-guerra foi fa

tensão que durou todo o ano de 1944,

reiniciou-se o ciclo de prosperidade, que

vorável ao comércio de couros e peles,

cada vez mais se acentuou, acusando um

o que é fácil compreender-se, visto ter

máximo em 1919.

sido sacrificado o abastecimento civil du

Explica-se fácil-'

mente o fenômeno; os couros represen

rante toda a guerra; principalmente a ne

tam matéria-prima indispensável ao es

cessidade de calçados provocou grande consumo dessa matéria-prima. Basta di

forço de guerra, visto permitirem a con fecção de calçados e equipamento mili tar. Para se avaliar a magnitude da ex

zer que de 16.000 toneladas vendidas em 1944 passamos a 75.000 cm 1947. O ano

pansão basta afirmar que o índice do valor ouro em 1900 era 40,6 (base

de 1948 registrou um início de depressão, pois vendemos apenas 63.000 toneladas,

134 4, para elevar-se, em 1919, a 324,1. A crise de 1920-1921 assinalou-se, no

A expansão, registrada nesse ramo dn

jgg-jr — 100) alcançando em 1913

num valor de Cr$ 763.000.000,00.

atividade econômica do Brasil não é, no

sil. Seu volume varia entre 84 % a 96 %

Considerando-se os demais produto res concorrentes, o Brasil coloca-se em

2.° lugar na produção de couros crus, sendo suplantado sòmente pela Argen tina. Aquele país, em 1937 por exem

plo, chegou a exportar 150.400 tonela das de couro, ao passo que o nosso ex

portou sòmente 63.129 toneladas. O Uruguai, a Nova Zelândia, a Austrália e

do total e.xportado, cabendo apenas a insignificância de 4% a 16% de couros

a União Sul-Africana tanibém são for

e peles preparadas. Isto se deve ao fato

necedores importantes do mercado inter

de exportarmos de preferência couros e

nacional, mas a indústria dos curtumes

peles salgados ou verdes. Em 1947, por exemplo, de uma produção de 118.141

é ainda pouco desenvolvida e a maioria deles atende, quando muito, às neces

toneladas, 58,9 % eram de couros salga dos e 30,8 % de couros verdes, produziqdo-se apenas 10,3% de couros secos.

sidades de consumo interno.

Devido a isto os nossos couros crus e

nossas peles não são dos que encontram mfilhpr cotação no mercado. O couro ver de, .pela maior facilidade com que se

podé deteriorar, alcança preços mais baixos que o seco ou o salgado. Além .disso, é precisa considerar que há em

Cumpre

notar, além do mais, que a maioria dos

países compradores prefere importar a mercadoria em bruto, visto possuir mé

todos próprios de preparação da matéria-jmma, melhorando a qualidade do produto acabado. Antes de 1939 a po sição do Brasil, como país exportador, não era de molde a colocá-lo a grande distância

dos

demais

fornecedores.


58

Dioesto Económicò

59

Dicesto Eco^•ó^^co

Além da Argentina, as índias Inglesas

lor de CrS 92.414.000,00. A Alemanha

e a Nova Zelândia concorriam fortemen te com as- ofertas brasileiras. E' de se

c a Suécia voltaram também a realizar

mércio internacional, o Brasil tenha de

grandes compras — 6.054 toneladas cada uma delas — seguirido-sc logo após a Polônia e a Itália como compradí)rcs dig

lutar com forte competição.

nos de consideração, mormente esta iil-

esperar, por isso, que, normalizado o co

Desde 1921 até 1938 a Alemanha

ocupava o primeiro lugar como compra dor das peles e couros do Brasil; en quanto em 1921 nos comprou 14,441

toneladas, em 1938 passara a comprar 21.754. Os Estados Unidos, em 2.° lu

gar, não chegavam a importar um ter ço do volume adquirido por aquela na

ção, nos últimos anos de pré-guerra. A partir de 1939, porém, por efeito do recente conflito mundial, a situação

mudou completamente. A Alemanha, já em 1939, reduzia suas compras à meta de do ano anterior, enquanto a América

do Norte dobrou as suas aquisições no Brasil, e a partir de 1940 aquela prati camente desapareceu como comprador importante. Durante o período de guerra, os Estados Unidos se conserva ram como o maior centro consumidor do

produto; mas, após o seu término, a si tuação inverteu-se completamente.

No

ano passado, enquanto aquele país ad quiria do Brasil apenas 9.012 toneladas de couros, representando 13,5% do vo

lume total da e.xportação daquele pro duto, as compras européias se elevaram

tima, cujas aquisições vem crescendo. A exemplo do que já fí/.emos, quando

do estudo de outros produtos brasileiros no exterior, procuraremos analisar qual o provável comportamento da oferta e da procura dos couros e pelos, em fun ção do movimento de preços. Sendo muito pequena a exportação de peles de animais selvagens c acentuada a predominância dos couros vacuns, não

podemos separar a oferta dos couros e peles da de carnes. Ela é também elás tica, tendendo à inelasticidade, visto a

produção estar ligada ao desenvolvimen to da pecuária. As fazendas de criação e os campos de engorda exigem a gran

de propriedade, na qual haja boas pas tagens. Já apontamos o fato de nossa topografia acidentada tornar mais one roso o trabalho de reunir o gado e con

duzi-lo para os matadouros, frigorífíco,s e pontos de embarque. Quando se tra ta da produção de couros e peles é pre ciso cuidar da instalação de locais apro priados e banhos carrapaticidas, e será necessário dar ao gado um cuidado maior se se quiserem obter couros e pe

acidentes do trabalho, que contribuem para aumentar os salários c, com isto, o preço de custo, conforme se verificou cm inquéritos recentes, realizados nos Estados Unidos. As condições pouco sa tisfatórias dc nossa produção e oferta constituem fator de retardo da expansão A procura do produto é inelástica; em se tratando dc couros a necessidade de vestuários e calçado é vital e é fato co

nhecido que, quanto mais se eleva o ní vel médÍQ de vida de uma população, maior ó o índice de consumo de calçado e outros artigos dc couro. No tocante às

pelos, principalmente as de alta quali dade vão ser empregadas na confecção de artigos de luxo, destinando-se a uma

freguesia cujo poder de compra permite aquisição de produtos acabados de alto preço. Por estas razões é que os preçs médios do produto, no mercado interna

cional, têm apresentado pequena sensi bilidade às crises, quando se comparam suas oscilações com as que se verificam em outros produtos. Durante a crise de

1921 a queda de preços de couros e pe les foi de 38 %, voltando-se, logo no ano seguinte, quase ao nível do preço

de 1920, tendo sido recuperada comple tamente a cotação em 1923. A crise de

1929 trouxe pequena variação de preço, pois que a baixa foi apenas de 14%. E lada tem crescido continuamente; mes mo computando-se a desvalorização mo

sumidor, voltou a assumir

tar a rigidez da oferta. Em

netária, verifica-se a ocorrência de uma

se

apreciável estabilidade nos preços do

prador que mantívera antes

da guerra; adquiriu-nos, no ano passado, 12.589 to

. _ \

tratando

"

^

couros

e

peles preparados, devemos acrescentar ainda a espe

"

transformação. E' de se esperar que conservemos o mercado norte-americano,

a partir de 1931 o valor médio da tone

produto.

do período de guerra, mas numa situa ção razoàvelmente próxima do período

do pré-guerra. Quanto à Ásia, acredi tamos que os mercados daquela parte

do mundo pouco representarão para nós, sendo suas compras muitíssimo reduzi das. A Europa continuará a ser o mer cado mais importante para o escoamento das peles e dos couros; na medida em que a Alemanha normalize a sua econo mia, suas compras seguramente aumen

tarão, principalmente se nos lembrarmos que aquôle pais foi, antes da guerra, um dos maiores produtores de artigos , ^ do couros e peles, ou de couros e peles I

preparados. A Itália voltará a ser um de nossos grandes compradores, o mes mo ocorrendo com a Holanda e talvez com a Suécia.

O nosso maior problema consiste em

lutar contra a limitação de nossa oferta,

não só proveniente do desfalque de nos-' sos rebanhos e da impossibilidade de multiplicá-los rapidamente, como tam

bém pela incipiência da indústria de curtumes. Urge podermos alterar a com

posição de nossa ex-portação, oferecendo couros de melhor qualidade e, se possí

vel, produzindo e exportando princip.ilmente o produto preparado. E' verdade

que a maioria dos compradores prefere

eosinú-

les e couros aumente para a África,

couros e peles em bruto, mas é sabido, também, que tal fato se deve à falta de cõnfiança na boa qualidade daquela ma téria-prima, quando curtida nos países

meros

América Central e do Sul,

fornecedores,

cialização da mão-de-obra

neladas, num vá-

de

•guerra, cêrca de 50% "de matéria-prima estrangeira, por incapacidade de seu par que produtor abastecer as indústrias de

não com o mesmo volume de compras

de nosso comércio.

a 81,5%; só a Grã-Bretanha comprou- les de melhor qualidade. O problema do nos 28 % dos couros e peles fornecidos. armazenamento e da conservação do A Holanda, que durante a guerra desa _ produto, a instalação das salgas, tudo isto parecera pràticamente do mercado con contribuí para onerar o custo e aumen

a posição de grande com

do Norte, para produção de artigos ma nufaturados, já consumia, antes desta

Como no mercado de carnes, não é de

se esperar que nossa exportação de pe A América


58

Dioesto Económicò

59

Dicesto Eco^•ó^^co

Além da Argentina, as índias Inglesas

lor de CrS 92.414.000,00. A Alemanha

e a Nova Zelândia concorriam fortemen te com as- ofertas brasileiras. E' de se

c a Suécia voltaram também a realizar

mércio internacional, o Brasil tenha de

grandes compras — 6.054 toneladas cada uma delas — seguirido-sc logo após a Polônia e a Itália como compradí)rcs dig

lutar com forte competição.

nos de consideração, mormente esta iil-

esperar, por isso, que, normalizado o co

Desde 1921 até 1938 a Alemanha

ocupava o primeiro lugar como compra dor das peles e couros do Brasil; en quanto em 1921 nos comprou 14,441

toneladas, em 1938 passara a comprar 21.754. Os Estados Unidos, em 2.° lu

gar, não chegavam a importar um ter ço do volume adquirido por aquela na

ção, nos últimos anos de pré-guerra. A partir de 1939, porém, por efeito do recente conflito mundial, a situação

mudou completamente. A Alemanha, já em 1939, reduzia suas compras à meta de do ano anterior, enquanto a América

do Norte dobrou as suas aquisições no Brasil, e a partir de 1940 aquela prati camente desapareceu como comprador importante. Durante o período de guerra, os Estados Unidos se conserva ram como o maior centro consumidor do

produto; mas, após o seu término, a si tuação inverteu-se completamente.

No

ano passado, enquanto aquele país ad quiria do Brasil apenas 9.012 toneladas de couros, representando 13,5% do vo

lume total da e.xportação daquele pro duto, as compras européias se elevaram

tima, cujas aquisições vem crescendo. A exemplo do que já fí/.emos, quando

do estudo de outros produtos brasileiros no exterior, procuraremos analisar qual o provável comportamento da oferta e da procura dos couros e pelos, em fun ção do movimento de preços. Sendo muito pequena a exportação de peles de animais selvagens c acentuada a predominância dos couros vacuns, não

podemos separar a oferta dos couros e peles da de carnes. Ela é também elás tica, tendendo à inelasticidade, visto a

produção estar ligada ao desenvolvimen to da pecuária. As fazendas de criação e os campos de engorda exigem a gran

de propriedade, na qual haja boas pas tagens. Já apontamos o fato de nossa topografia acidentada tornar mais one roso o trabalho de reunir o gado e con

duzi-lo para os matadouros, frigorífíco,s e pontos de embarque. Quando se tra ta da produção de couros e peles é pre ciso cuidar da instalação de locais apro priados e banhos carrapaticidas, e será necessário dar ao gado um cuidado maior se se quiserem obter couros e pe

acidentes do trabalho, que contribuem para aumentar os salários c, com isto, o preço de custo, conforme se verificou cm inquéritos recentes, realizados nos Estados Unidos. As condições pouco sa tisfatórias dc nossa produção e oferta constituem fator de retardo da expansão A procura do produto é inelástica; em se tratando dc couros a necessidade de vestuários e calçado é vital e é fato co

nhecido que, quanto mais se eleva o ní vel médÍQ de vida de uma população, maior ó o índice de consumo de calçado e outros artigos dc couro. No tocante às

pelos, principalmente as de alta quali dade vão ser empregadas na confecção de artigos de luxo, destinando-se a uma

freguesia cujo poder de compra permite aquisição de produtos acabados de alto preço. Por estas razões é que os preçs médios do produto, no mercado interna

cional, têm apresentado pequena sensi bilidade às crises, quando se comparam suas oscilações com as que se verificam em outros produtos. Durante a crise de

1921 a queda de preços de couros e pe les foi de 38 %, voltando-se, logo no ano seguinte, quase ao nível do preço

de 1920, tendo sido recuperada comple tamente a cotação em 1923. A crise de

1929 trouxe pequena variação de preço, pois que a baixa foi apenas de 14%. E lada tem crescido continuamente; mes mo computando-se a desvalorização mo

sumidor, voltou a assumir

tar a rigidez da oferta. Em

netária, verifica-se a ocorrência de uma

se

apreciável estabilidade nos preços do

prador que mantívera antes

da guerra; adquiriu-nos, no ano passado, 12.589 to

. _ \

tratando

"

^

couros

e

peles preparados, devemos acrescentar ainda a espe

"

transformação. E' de se esperar que conservemos o mercado norte-americano,

a partir de 1931 o valor médio da tone

produto.

do período de guerra, mas numa situa ção razoàvelmente próxima do período

do pré-guerra. Quanto à Ásia, acredi tamos que os mercados daquela parte

do mundo pouco representarão para nós, sendo suas compras muitíssimo reduzi das. A Europa continuará a ser o mer cado mais importante para o escoamento das peles e dos couros; na medida em que a Alemanha normalize a sua econo mia, suas compras seguramente aumen

tarão, principalmente se nos lembrarmos que aquôle pais foi, antes da guerra, um dos maiores produtores de artigos , ^ do couros e peles, ou de couros e peles I

preparados. A Itália voltará a ser um de nossos grandes compradores, o mes mo ocorrendo com a Holanda e talvez com a Suécia.

O nosso maior problema consiste em

lutar contra a limitação de nossa oferta,

não só proveniente do desfalque de nos-' sos rebanhos e da impossibilidade de multiplicá-los rapidamente, como tam

bém pela incipiência da indústria de curtumes. Urge podermos alterar a com

posição de nossa ex-portação, oferecendo couros de melhor qualidade e, se possí

vel, produzindo e exportando princip.ilmente o produto preparado. E' verdade

que a maioria dos compradores prefere

eosinú-

les e couros aumente para a África,

couros e peles em bruto, mas é sabido, também, que tal fato se deve à falta de cõnfiança na boa qualidade daquela ma téria-prima, quando curtida nos países

meros

América Central e do Sul,

fornecedores,

cialização da mão-de-obra

neladas, num vá-

de

•guerra, cêrca de 50% "de matéria-prima estrangeira, por incapacidade de seu par que produtor abastecer as indústrias de

não com o mesmo volume de compras

de nosso comércio.

a 81,5%; só a Grã-Bretanha comprou- les de melhor qualidade. O problema do nos 28 % dos couros e peles fornecidos. armazenamento e da conservação do A Holanda, que durante a guerra desa _ produto, a instalação das salgas, tudo isto parecera pràticamente do mercado con contribuí para onerar o custo e aumen

a posição de grande com

do Norte, para produção de artigos ma nufaturados, já consumia, antes desta

Como no mercado de carnes, não é de

se esperar que nossa exportação de pe A América


Digesto EcoNó>nco

do.

nriic

Í.O.

Oração do parnninfo da tarnta de ccononiiNinN «Io 10 1», da Faculdade Nacional do CiônciiU4 FcoitóiiiIciiN Eugenho Gudin

I^E na organização desta Faculdade ca

Brasil com que eu sonhara cm minha

be-me qualquer parcela de colabora ção; se no esforço pertinaz e desinte

juventude.

ressado que foi necessário desenvolver

possa parecer, eu também fui moço, fui

Porque, por mais inverossímil que vos

para mantê-la, tive qualquer participa ção; se para a reputação que ela tão

estudante, fui turbulento, fui intransi

justamente grangeou pela moralidade do

idealista.

ensino como pela dedicação dos professôres, de qualquer forma eu contribuí; se à organização do ensino de economia em moldes modernos dediquei o mais vivo interesse; em suma, se ao ideal de preparar economistas para o Brasil dei

gente, fui ab.surdo, fui entusiasta e fui

Tudo isso passou, salvo —

quase me envorgonlio de dizê-lo — o

fogo do idealismo e do entusiasmo, que ainda não se apagou. "L'inertic est Io scul vice, maitre Eras-

mc! Et Ia seule vertu, c'est... Quoi? L enthousiasmc" escreveu o maior líri

o melhor de meu esforço, sinto-me hoje de minha geração. E é só no reli• largamente recompensado, meus jovens co cário sagrado da alma juvenil que se amigos, pelo vosso gesto, tão espontâneo quão generoso, convidando-me para vos so paraninfo.

Não sei francamente como explicar a vossa escolha diante de tantas e brilhan

tes figuras que integram a Congregação ^ desta Faculdade.

Só posso atribuí-la ao fato, a que des tes exagerada valia, de ter eu sido, em boa parte, responsável pela nova estru turação do curso,de Economia organiza

61

num dos mais largos períodos de paz c de harmonia que registra a história dos

confortaram e que decerto influíram em

tempos modernos.

vossa escolha.

Mas a Europa de

além-Elba, êssc rio fatídico onde tantas vezes tem esbarrado o curso da Civili

zação, continuava dominada pela barbá

mesmos. Não porque não pudésseis ter

o educar politicamente, mas que dela

encontrado vários dentre os vossos mes

já havia aurido os segredos das artes industriais c nté requintado os da arte da guerra.

tres de mais alto plano intelectual, de

Repetiu-se a rajada devastadora dos hunos.

"Les barbarcs qui en\'ahirent le monde [ordonné

par mes lois ignoraient Ia mesurc et riiarmonie...

Ils me chassèrent", — conta\ a a Deusa a Renan.

É do contraste dessas éj^mcas que

maior saber e de mais certos méritos.

Mas porque fôstes buscar um professor que nunca cortejou a popularidade, que nunca usou de artifício para agradar, que nunca sacrificou o ensino para an

gariar simpatias e que, ao contrário, tantas vêzes cumpriu o penoso dever de reprovar.

Acabo de ler no iiltimo livro apare cido nos Estados Unidos sobre a eco

nomia brasileira, intitulado "Brazil: An

nasce a incompreensão.

E.xpanding Economv" editado pela res

Confesso que por vezes me angustia a incapacidade de sequer compreender

tion", uma referência à nossa Faculdade

peitável "Twentieth Century Founda-

encontra o entusiasmo, de braços com o

certas manifestações artísticas ou filosó

em que se diz que ali parece prevalecer

desinteresse e o idealismo, o.s três gran des- alicerces de qualquer grande cons

ficas da nova ala revolucionária, que se

trução humana.

tasmagórica na literatura, pela deforma

o costume de nunca reprovar. Há um equívoco. Nenhum professor se compraz em re

O meu querido amigo Afonso Pena

Júnior, esse primoroso artista do pensa mento, escreveu, de uma feita, que "no

caracterizam por uma rqetafísica fan ção e o primitivismo na pintura e, às

vêzes, pelo "inexistencialismo" na moral. Foi por isso que, quando os deveres

advento de tòda nova geração, quando

de professor me fizeram entrar em con-

chega o momento delicado de se ren

tacto com a mocidade, não foi sem

derem as guardas, há sempre um movi

apreensão que eu abordei o seu con

mento de impaciência da geração nova

vívio, receoso de recíproca incompreen

contra a autoridade das que a prece

são.

de 1945, sob cuja vigência sois a primei

deram".

lativo formalismo dos velhos professores

culdade.

E permiti, sem que ísl'o se refira à pessoa do paraninfo, que eu diga que vossa escolha é muito honrosa para vós

rie, que esta não conseguira assimilar

da pela lei n.° 7.988, de 22 de setembro ra turma de bacharelandos a sair da Fa

nidade de sentimentos que muito me

E essa impaciência, esse e.stremecimento, se justificariam hoje, tanto mais quanto a minha geração nasceu e for

Não que eu me apegasse ao re

do meu tempo; fàcilmente habituei-me nas aulas à fumaça dos cigarros e à manga de camisa nos dias de calor. Mas receava os possíveis atritos de formações espirituais diferentes. Foi, porém, com agradável surpresa

provar. Só um sádico ou um desequili brado se poderia comprazer no reconhe cimento explícito do fracasso de sua pró pria missão, pois que outro não é o sentido da reprovação. Mas nenhum

professor cônscio de sua responsabilidade e cioso da parcela do patrimônio moral da Faculdade, que lhe é confiado, con sente em mentir, aprovando quem não o merece.

Mentir ao aluno, mentir à

.sociedade que nêle confiou, diplomando um médico, um engenheiro ou um eco

Talvez tenha também contribuído para

mou-se num dos mais felizes períodos

a escolha, como indica a oração do vosso

da história moderna, encerrado em 1914,

intérprete, a minha natural afinidade

enquanto a vossa brotou e se desenvol

com os moços, pela confiança que nêles

e crescente confiança que fui encontran

próprio. Em troca de que? De anga riar popularidade junto a alguns maus

deposito, como pelas esperanças que ali

veu sob o signo da guerra universal. Tiveram os da minha geração a ven

do hos alunos desta Faculdade uma com

elementos, esquecendo-se do desprêzo

mento na sua capacidade de construir o

tura de formar seu espírito e sua cultura

preensão, uma colaboração e uma afi-

que lhe votam os bons? É^evídentemen-

nomista que nada aprendeu, mentir aos professôres e aos alunos, mentir a si


Digesto EcoNó>nco

do.

nriic

Í.O.

Oração do parnninfo da tarnta de ccononiiNinN «Io 10 1», da Faculdade Nacional do CiônciiU4 FcoitóiiiIciiN Eugenho Gudin

I^E na organização desta Faculdade ca

Brasil com que eu sonhara cm minha

be-me qualquer parcela de colabora ção; se no esforço pertinaz e desinte

juventude.

ressado que foi necessário desenvolver

possa parecer, eu também fui moço, fui

Porque, por mais inverossímil que vos

para mantê-la, tive qualquer participa ção; se para a reputação que ela tão

estudante, fui turbulento, fui intransi

justamente grangeou pela moralidade do

idealista.

ensino como pela dedicação dos professôres, de qualquer forma eu contribuí; se à organização do ensino de economia em moldes modernos dediquei o mais vivo interesse; em suma, se ao ideal de preparar economistas para o Brasil dei

gente, fui ab.surdo, fui entusiasta e fui

Tudo isso passou, salvo —

quase me envorgonlio de dizê-lo — o

fogo do idealismo e do entusiasmo, que ainda não se apagou. "L'inertic est Io scul vice, maitre Eras-

mc! Et Ia seule vertu, c'est... Quoi? L enthousiasmc" escreveu o maior líri

o melhor de meu esforço, sinto-me hoje de minha geração. E é só no reli• largamente recompensado, meus jovens co cário sagrado da alma juvenil que se amigos, pelo vosso gesto, tão espontâneo quão generoso, convidando-me para vos so paraninfo.

Não sei francamente como explicar a vossa escolha diante de tantas e brilhan

tes figuras que integram a Congregação ^ desta Faculdade.

Só posso atribuí-la ao fato, a que des tes exagerada valia, de ter eu sido, em boa parte, responsável pela nova estru turação do curso,de Economia organiza

61

num dos mais largos períodos de paz c de harmonia que registra a história dos

confortaram e que decerto influíram em

tempos modernos.

vossa escolha.

Mas a Europa de

além-Elba, êssc rio fatídico onde tantas vezes tem esbarrado o curso da Civili

zação, continuava dominada pela barbá

mesmos. Não porque não pudésseis ter

o educar politicamente, mas que dela

encontrado vários dentre os vossos mes

já havia aurido os segredos das artes industriais c nté requintado os da arte da guerra.

tres de mais alto plano intelectual, de

Repetiu-se a rajada devastadora dos hunos.

"Les barbarcs qui en\'ahirent le monde [ordonné

par mes lois ignoraient Ia mesurc et riiarmonie...

Ils me chassèrent", — conta\ a a Deusa a Renan.

É do contraste dessas éj^mcas que

maior saber e de mais certos méritos.

Mas porque fôstes buscar um professor que nunca cortejou a popularidade, que nunca usou de artifício para agradar, que nunca sacrificou o ensino para an

gariar simpatias e que, ao contrário, tantas vêzes cumpriu o penoso dever de reprovar.

Acabo de ler no iiltimo livro apare cido nos Estados Unidos sobre a eco

nomia brasileira, intitulado "Brazil: An

nasce a incompreensão.

E.xpanding Economv" editado pela res

Confesso que por vezes me angustia a incapacidade de sequer compreender

tion", uma referência à nossa Faculdade

peitável "Twentieth Century Founda-

encontra o entusiasmo, de braços com o

certas manifestações artísticas ou filosó

em que se diz que ali parece prevalecer

desinteresse e o idealismo, o.s três gran des- alicerces de qualquer grande cons

ficas da nova ala revolucionária, que se

trução humana.

tasmagórica na literatura, pela deforma

o costume de nunca reprovar. Há um equívoco. Nenhum professor se compraz em re

O meu querido amigo Afonso Pena

Júnior, esse primoroso artista do pensa mento, escreveu, de uma feita, que "no

caracterizam por uma rqetafísica fan ção e o primitivismo na pintura e, às

vêzes, pelo "inexistencialismo" na moral. Foi por isso que, quando os deveres

advento de tòda nova geração, quando

de professor me fizeram entrar em con-

chega o momento delicado de se ren

tacto com a mocidade, não foi sem

derem as guardas, há sempre um movi

apreensão que eu abordei o seu con

mento de impaciência da geração nova

vívio, receoso de recíproca incompreen

contra a autoridade das que a prece

são.

de 1945, sob cuja vigência sois a primei

deram".

lativo formalismo dos velhos professores

culdade.

E permiti, sem que ísl'o se refira à pessoa do paraninfo, que eu diga que vossa escolha é muito honrosa para vós

rie, que esta não conseguira assimilar

da pela lei n.° 7.988, de 22 de setembro ra turma de bacharelandos a sair da Fa

nidade de sentimentos que muito me

E essa impaciência, esse e.stremecimento, se justificariam hoje, tanto mais quanto a minha geração nasceu e for

Não que eu me apegasse ao re

do meu tempo; fàcilmente habituei-me nas aulas à fumaça dos cigarros e à manga de camisa nos dias de calor. Mas receava os possíveis atritos de formações espirituais diferentes. Foi, porém, com agradável surpresa

provar. Só um sádico ou um desequili brado se poderia comprazer no reconhe cimento explícito do fracasso de sua pró pria missão, pois que outro não é o sentido da reprovação. Mas nenhum

professor cônscio de sua responsabilidade e cioso da parcela do patrimônio moral da Faculdade, que lhe é confiado, con sente em mentir, aprovando quem não o merece.

Mentir ao aluno, mentir à

.sociedade que nêle confiou, diplomando um médico, um engenheiro ou um eco

Talvez tenha também contribuído para

mou-se num dos mais felizes períodos

a escolha, como indica a oração do vosso

da história moderna, encerrado em 1914,

intérprete, a minha natural afinidade

enquanto a vossa brotou e se desenvol

com os moços, pela confiança que nêles

e crescente confiança que fui encontran

próprio. Em troca de que? De anga riar popularidade junto a alguns maus

deposito, como pelas esperanças que ali

veu sob o signo da guerra universal. Tiveram os da minha geração a ven

do hos alunos desta Faculdade uma com

elementos, esquecendo-se do desprêzo

mento na sua capacidade de construir o

tura de formar seu espírito e sua cultura

preensão, uma colaboração e uma afi-

que lhe votam os bons? É^evídentemen-

nomista que nada aprendeu, mentir aos professôres e aos alunos, mentir a si


Digesto EcoNÓNnco

63

,te absurdo, e o autor americano foi mal informado.

Nada preciso acrescentar, meus jovens amigos e colegas, para dizer-vos em que alta consÍderaç<ão eu tenho a honra com

maior dedicação à eficiência do ensino. Juriscon.su!to eminente, como tal creden ciado em todo o Brasil, sem ser um es pecialista em Economia, raros são os

economistas profissionais rpie poderão

que me distinguístes e para agradecer as palavras perpassadas de generosidade

invocar tão assinalados serviços íjuanto

e de amizade do vosso e.vcelente intér

é o paradigma de lôdus as demais no

prete, que tão galhardamente promete manter a tradição intelectual de Nuno

de Andrade, que eu muito conheci, de meu velho amigo Fernando Magalhães e de suas ilustres filhas.

os dèlc ao Cnsino desta Faculdade, que Brasil.

Nem poderia eu, nesta liora cm quepor ,tão grato motivo, recordamos a reorganização dos cursos econômicos no

deixar de mencionar o nome de Esta festa é realmente de grande gala Brasil, Gustavo Capanema, o Ministro da Edu para professores e alunos da Faculda cação que trouxe para a sua pasta aquela de Nacional de Ciências Econômicas, que melhor fôra chamar Faculdade Na- sólida cultura humanístíca clc que os

cional de Economia, "tout court", com ablaçao do pedantismo que se contém no titulo atual. Porque, pela

mineiros ainda guardam a melhor tra

dição, a par de uma alta compreensão do sentido orgânico e social do Ensino. Devemos à sua inteligência a

D'oi:sjo Econômico

03

sérios du uma nialciia árdua c complc.xa

sorte.

como a Economia c exercer concomitan-

coinentadores, vê-se que Marx passou anos ewadindo a insistência dos amigos

temento outras atividades.

Èssc re

gime precisa acabar c tenho esperanças de que a disponibilidade de um número suficiente de bolsas de estudo evitará

que estudantes dotados de \ocação e dc

doutrina. Foi com êsse espírito, de catar argumentos a favor de uma tese precon

tudantes, só nas férias, como nas uni versidades americanas. Faltou-vos assim

cebida, que Marx, premido pela insis-.

o tempo material para ler, não as sim

ples notas de aula ou os famosos "pon tos", mas uma \'asta c bem escolhida li

teratura sôbre Economia, cuja leitura, e subsequente comentário nos Seminá rios, nada pode substituir na formação de um economista.

O outro conselho é sobre a necessida

completo de Economia, na for ma da lei de 1945. O "curriculum" que vigorava até o adven

sino econômico e a seu patrio

brai-vos sempre da frase de Renan no

to desta lei, era um misto de Direito

gistrar e agradecer a colabora

de Contabilidade e de lições de coisas em que a Economia propriamente dita só entrava com duas disciplinas. Não havia sequer um estudo especial de formação de preços nem de distribuição da renda nacional. Os que se formaram por esse velho "curriculum", híbrido e

deficiente, não deverão sentir qualquer diminuição em cursar as cadeiras com-

plementares indispensáveis, recebendo o

certificado correspondente.

-<

tismo o esfôrço para resolvè-lo. também muito grato re

ção constante e q esclarecido apoio do Ministro Clemente Mariani, que ainda agora nos dá a honra de presidir esta sessão.

Permiti, por fim, meus caros amigos, que nesta hora de despedida eu vos dê

científico.

Agora o testamento. Quereis por certo saber qual a estaca zero. No render da guarda, tendes o direito, em nome da nova geração, de tomar contas à gera

ção cadente, do que ela fêz pelo Brasil.

prefácio da Vida de Jesus: "J'éeris pour proposer mes idées à ceux qiú cherchent

Tendes mesmo o dever de inquirir por que \'0s entregamos tão pobre legado num país de tantas possibilidades. Ten des o direito de saber porque as mal-

ia verlté...", ou desse belo conceito de

baratamos.

Charles Gide sôbre os economistas ri-

de indagar se o Brasil tem progredido na

cardianos: "L'índiférence superbe avec

laquelle les économistes de Tócole ricardienne clémontrent ce qu'ils croient être

trilha da produtividade e do padrão de vida ou caminhado para o tipo dos paí ses asiáticos, de grande população e

Ia véríté, sans se prénccuper des con-

maior miséria.

séquenees qu'on pourra en tirer pour

Como vos hei de eu responder? Com evasivas, buscando justificação na teo

Tendes sobretudo o direito

dois conselhos, doís apenas. Um é a instante recomendação para que conti nueis a estudar, tanto ou mais do que

teresses prostituam aquilo que vos pa

Brasil? Ou na teoria, tão recente quan

so realizado com o novo "curriculum", o

rece ser o espírito a que Gide aí- se

to sedutora, de Toynbee, com a fórmula "the greater the challenge, tlie greater the stimuius"? Ou procurando justifica

ate agora. Porque, apesar do progres

vosso curso, ou, antes, o ensino da Fa

mas, já curou o nosso grande Diretor,

culdade, ressente-se'de duas grandes de ficiências: a do tempo parcial dos pro fessores, esta fácil de sanar em poucos

canti, verdadeiro anjo dâ guarda desta Faculdade, em cujo íntegro caráter não

lôneia dos amigos, atirou-se a Ricardo, deturpando-o quando necessário, para compor os fundamentos econômicos de sua tese. Isso é a negação do espírito

édifier ou pour démolír, a vraiment une

Deste, como de muitos outros proble Professor Temístocles Brandão Caval

prudentemente, fizera, de formular uma base econômica científica para a sua

por falta de meios. Tnibulho para es

compreensão do problema do en

uma turma que fêz um curso

e companheiros, que lhe reclamavam o cumprimento da promessa que ele, im

inteligência fiquem impedidos de estudar

de de uma grande probidade espiritual no abordar estudos ou pesquisas. Lem

primeira vez forma-se no Brasil

Por essa no\a edição, dizem os

anos com a formação de bon.s assisten

poderiam os estudantes encontrar melhor

tes e instrutores e — esse o grave defei

modelo para sua formação moral, melhor amigo para ajudá-los a estudar, nem

to—o tempo parcial do aluno.

Não

é absolutamente possível fazer estudos

belle allure scientifique". Nunca deixeis que as paixões ou os in refere e o processo de catar argumentos em favor de uma tese preconcebida e

já impenetrável à dúvida. O Instituto Marx-Engels, de Moscou, acaba de pu blicar a correspondência completa de Marx e Engels, em substituição à antiga edição dos socialistas alemães," "ad usum delfini" e eivada de omissões de toda

ria do meio físico de Bucfcle, convenien

temente interpretada para o caso do

ção no confronto com os demais países de latitude tropical? Nada disso. Por doloroso que seja, prefiro ser sincero. Nunca pude con formar-me em olhar para baixo, quando se trata de meu país. Prefiro confessar,


Digesto EcoNÓNnco

63

,te absurdo, e o autor americano foi mal informado.

Nada preciso acrescentar, meus jovens amigos e colegas, para dizer-vos em que alta consÍderaç<ão eu tenho a honra com

maior dedicação à eficiência do ensino. Juriscon.su!to eminente, como tal creden ciado em todo o Brasil, sem ser um es pecialista em Economia, raros são os

economistas profissionais rpie poderão

que me distinguístes e para agradecer as palavras perpassadas de generosidade

invocar tão assinalados serviços íjuanto

e de amizade do vosso e.vcelente intér

é o paradigma de lôdus as demais no

prete, que tão galhardamente promete manter a tradição intelectual de Nuno

de Andrade, que eu muito conheci, de meu velho amigo Fernando Magalhães e de suas ilustres filhas.

os dèlc ao Cnsino desta Faculdade, que Brasil.

Nem poderia eu, nesta liora cm quepor ,tão grato motivo, recordamos a reorganização dos cursos econômicos no

deixar de mencionar o nome de Esta festa é realmente de grande gala Brasil, Gustavo Capanema, o Ministro da Edu para professores e alunos da Faculda cação que trouxe para a sua pasta aquela de Nacional de Ciências Econômicas, que melhor fôra chamar Faculdade Na- sólida cultura humanístíca clc que os

cional de Economia, "tout court", com ablaçao do pedantismo que se contém no titulo atual. Porque, pela

mineiros ainda guardam a melhor tra

dição, a par de uma alta compreensão do sentido orgânico e social do Ensino. Devemos à sua inteligência a

D'oi:sjo Econômico

03

sérios du uma nialciia árdua c complc.xa

sorte.

como a Economia c exercer concomitan-

coinentadores, vê-se que Marx passou anos ewadindo a insistência dos amigos

temento outras atividades.

Èssc re

gime precisa acabar c tenho esperanças de que a disponibilidade de um número suficiente de bolsas de estudo evitará

que estudantes dotados de \ocação e dc

doutrina. Foi com êsse espírito, de catar argumentos a favor de uma tese precon

tudantes, só nas férias, como nas uni versidades americanas. Faltou-vos assim

cebida, que Marx, premido pela insis-.

o tempo material para ler, não as sim

ples notas de aula ou os famosos "pon tos", mas uma \'asta c bem escolhida li

teratura sôbre Economia, cuja leitura, e subsequente comentário nos Seminá rios, nada pode substituir na formação de um economista.

O outro conselho é sobre a necessida

completo de Economia, na for ma da lei de 1945. O "curriculum" que vigorava até o adven

sino econômico e a seu patrio

brai-vos sempre da frase de Renan no

to desta lei, era um misto de Direito

gistrar e agradecer a colabora

de Contabilidade e de lições de coisas em que a Economia propriamente dita só entrava com duas disciplinas. Não havia sequer um estudo especial de formação de preços nem de distribuição da renda nacional. Os que se formaram por esse velho "curriculum", híbrido e

deficiente, não deverão sentir qualquer diminuição em cursar as cadeiras com-

plementares indispensáveis, recebendo o

certificado correspondente.

-<

tismo o esfôrço para resolvè-lo. também muito grato re

ção constante e q esclarecido apoio do Ministro Clemente Mariani, que ainda agora nos dá a honra de presidir esta sessão.

Permiti, por fim, meus caros amigos, que nesta hora de despedida eu vos dê

científico.

Agora o testamento. Quereis por certo saber qual a estaca zero. No render da guarda, tendes o direito, em nome da nova geração, de tomar contas à gera

ção cadente, do que ela fêz pelo Brasil.

prefácio da Vida de Jesus: "J'éeris pour proposer mes idées à ceux qiú cherchent

Tendes mesmo o dever de inquirir por que \'0s entregamos tão pobre legado num país de tantas possibilidades. Ten des o direito de saber porque as mal-

ia verlté...", ou desse belo conceito de

baratamos.

Charles Gide sôbre os economistas ri-

de indagar se o Brasil tem progredido na

cardianos: "L'índiférence superbe avec

laquelle les économistes de Tócole ricardienne clémontrent ce qu'ils croient être

trilha da produtividade e do padrão de vida ou caminhado para o tipo dos paí ses asiáticos, de grande população e

Ia véríté, sans se prénccuper des con-

maior miséria.

séquenees qu'on pourra en tirer pour

Como vos hei de eu responder? Com evasivas, buscando justificação na teo

Tendes sobretudo o direito

dois conselhos, doís apenas. Um é a instante recomendação para que conti nueis a estudar, tanto ou mais do que

teresses prostituam aquilo que vos pa

Brasil? Ou na teoria, tão recente quan

so realizado com o novo "curriculum", o

rece ser o espírito a que Gide aí- se

to sedutora, de Toynbee, com a fórmula "the greater the challenge, tlie greater the stimuius"? Ou procurando justifica

ate agora. Porque, apesar do progres

vosso curso, ou, antes, o ensino da Fa

mas, já curou o nosso grande Diretor,

culdade, ressente-se'de duas grandes de ficiências: a do tempo parcial dos pro fessores, esta fácil de sanar em poucos

canti, verdadeiro anjo dâ guarda desta Faculdade, em cujo íntegro caráter não

lôneia dos amigos, atirou-se a Ricardo, deturpando-o quando necessário, para compor os fundamentos econômicos de sua tese. Isso é a negação do espírito

édifier ou pour démolír, a vraiment une

Deste, como de muitos outros proble Professor Temístocles Brandão Caval

prudentemente, fizera, de formular uma base econômica científica para a sua

por falta de meios. Tnibulho para es

compreensão do problema do en

uma turma que fêz um curso

e companheiros, que lhe reclamavam o cumprimento da promessa que ele, im

inteligência fiquem impedidos de estudar

de de uma grande probidade espiritual no abordar estudos ou pesquisas. Lem

primeira vez forma-se no Brasil

Por essa no\a edição, dizem os

anos com a formação de bon.s assisten

poderiam os estudantes encontrar melhor

tes e instrutores e — esse o grave defei

modelo para sua formação moral, melhor amigo para ajudá-los a estudar, nem

to—o tempo parcial do aluno.

Não

é absolutamente possível fazer estudos

belle allure scientifique". Nunca deixeis que as paixões ou os in refere e o processo de catar argumentos em favor de uma tese preconcebida e

já impenetrável à dúvida. O Instituto Marx-Engels, de Moscou, acaba de pu blicar a correspondência completa de Marx e Engels, em substituição à antiga edição dos socialistas alemães," "ad usum delfini" e eivada de omissões de toda

ria do meio físico de Bucfcle, convenien

temente interpretada para o caso do

ção no confronto com os demais países de latitude tropical? Nada disso. Por doloroso que seja, prefiro ser sincero. Nunca pude con formar-me em olhar para baixo, quando se trata de meu país. Prefiro confessar,


I

DrcESTO

com angusha dalma, que fracassamos fragorcsamente, assioalando-vos os erros praticados, para que isso ao menos sirva para evitar a reincidência.

Mas vou responder-vos com serenida

de. Quem julga pelo prisma das paixões políticas ou dos interêsses pessoais não guarda pela verdade o respeito a que ela tem direito, máxime num depoi mento.

"

Econômico

arranha-céus, especuladorc.s c cassinos. Para cada produto criou-se um instituto: pinho, mate, sal etc.

Para cada profis

são outro instituto: bancários, comerciá-

devemos restringir nosso depoimento^ a dl adura viveu, quase invariàvelraente

dos "os^-frpeS:? f

% f-'deutes da República h:Virm°Li! ■

''d<, ■nenoslegou-nos de 3 núlhões de contos. A ditadura 17 mühões.

Mas como sabeis, o mal da inflação

nao esta no fato de elevar os preçoj e

mesmo em menor escala.

de Janeiro!

Acresçam as leis traballüstas que dar

da vadiagem, companheiras in.scparáveis da inflação e do hiperemprêgo.

Só a inflação de arranha-céus no Rio de Janeiro absorveu muito mais dinhei

ro do que toda Volta Redonda. A proli

feração de bancos inidôncos custou até agora ao país, pela Caixa de Mobiliza ção Bancária, mais de 2.000 milhões de

cruzeiros, cujo resgate ficará para as calendas gregas. Caixas, Institutos e au tarquias haviam depositado, não raro

relativos, muito mais do que a alta do nível geral de preços, que desorganiza

da ameaça de escassez de gêneros para as cidade.s, especialmente para a capi tal, foram garantidos certos preços mí

E êsse foi o maior êrro da ditadura. Inflacionou as cidades e deflacionou os

tassem as mais justas esperanças de que a inflação stria definitivamente domi

Calculem agora qual não era a abun dância dos empregos e a gordura dos negócios, nesta gloriosa cidade do Rio

por vias escusas, mais de 1 bilhão de

a economia.

curso de Belo Horizonte, deu ao argu mento o rclÒNO indi.spcnsáscl, não para a critica de um regime já destronado, mas paru evitar danosas reincidências,

sim no de eleva-los desigual e defasa-

damente. É o desequilíbrio dos preços

65

rios, industriários, etc.

Comecemos pela ditadura, que há aos operários das cidades todos os quase _0 anos assenhoreou-se do poder, vam direitos, inclusive o da indisciplina e o

Ít pdblar"^ Do ponto de vista econômico, a que

Dicesto Econômico

cruzeiros em bancos insolváveis.

Para o campo, nada disso. Só diante

nimos.

Não é, pois, de admirar o êxodo sem

Fi

zeram-se as eleições.

nerar os domingos e feriados. Com um

vitorioso:

fácil popularidade, ter-se-ia facilmente mostrado que esse dispositivo já estava

"Nossa situação, depois do período de guerra externa que acabamos de

sendo cumprido, de vez que o ciUculo dü.s salários mínimos era feito multi

te à que teve de enfrentar o Covôrno

plicando por 30 as necessidades diárias

Campos Sales, depois do período de guerra civil por que i^assou a Repúbli ca em sua fase de formação. Quero

do trabalhador e dividindo o produto

assegurar ao país que não nos faltarão

patriotismo nem espírito de sacrifício pa

ra enfrentar as dificuldades que se nos antepõem." No primeiro ano de governo, 1946, ainda empunhando a arma do decretolei, deu o déficit recorde do orçamento

por 25.

Não quis, porém, a demagogia • de uns e a covardia de outros, que assim

fosse. Vós bem sabeis que a alta dos salários nominais não importa, senão por período muito curto, em alta de salá rios reais. Vós vos lembrais, decerto, da

proposição de Kejmes em sua teoria geral de que as "Trade-Unions" não têm

federal brasileiro: 2.600.000 contos. Não

o poder de elevar nem de diminuir

podia ter rendido à ditadura maior ho

os salários reais, pois conjuntamente se

menagem. Para atingir a êsse resulta do começou por suprimir a subscrição

eleva ou se rebaixa o custo de vida.

obrigatória de Obrigações de Guerra por

importância igual ao imposto de renda (cerca de 1.500.000 contos) _e acabou

gamento do imposto sôbre lucros ex

rior iam gradatívamente abandonando as

tados Unidos resultou do aumento da

produtividade agrícola e conseqüente dis ponibilidade dos fatores de produção,

traordinários.

mas o êxodo de simples abandono da

pouco de patriotismo e de sacrifício da

atravessar, ó de certa forma semelhan

precedentes dos campos para as cidades. Não aquele êxodo salutar, que nos Es

remuneravam-o custeio. Com exceção do

começou a ser posto em execução o dis

positivo constitucional que manda remu

Em sua platafor ma econômica, dizia o candidato, depois

campos. Garantiu as cidades, por de magogia, a aquisição de gêneros a preço barato, enquanto os produtores do inte

lavouras e o gado leiteiro, que j'á não

Não quiseram, porém, os fados, que assim acontecesse. Já em fins de 1948,

Chegou porém o dia da redenção. A nialsinada ditadura foi derrubada.

nada.

abrindo as portas para a evasão do pa Justo é dizer, porém, que em 1947 e

Acredito que muitos dos políticos não ignorassem êsse preceito elementar, mas como tão patriòticamente acentuava, há poucos dias, o primoroso jornalista Elmano Cardim, êles "valeni-se do direito

de legislar para usá-lo em proveito pró prio, distribuindo favores que lhes re vertem em votos; transigem com a cons

1948, a par de uma administração or

ciência em busca da popularidade; di

zem o que não sentem e arirmam o que sabem ser errado, tudo com o propósito de fazer da política uma profissão".

famoso crédito aos pecuaristas, que eno doou a ditadura e ainda agora joga o

produção. O que surpreende é que ain da tenha ficado alguém no interior do

çamentária muito mais cuidadosa, com

resto da lama sôbre o atual Governo, foi escasso o amparo ao produtor agrí

país.

mentos não incluem os déficits da Cen

Tal foi o mais grave êrro econômico da ditadura, que não tem sido devida mente focalizado. Apenas o eminente

tral do Brasil, do Lloyd Brasileiro e

Brigadeiro Eduardo Comes, em seu dis-

cionista de vultosa importação, permitiu

com mais de 3 bilhões de déficit pre

que ho 3.° trimestre de 1948 se alimen

visto.

cola, enquanto, nas cidades, Caixas, Ins

titutos e bancos que brotavam como co gumelos, deixavam jorrar o crédito para

saldos pelo menos aparentes (os orça outros), a Presidência do Banco do Bra

sil, com o auxílio providencial e defla-

Mas o Presidente da Republica, direis, poderia ter vetado, como poderia ter vetado o abono imoral e o orçamento

I


I

DrcESTO

com angusha dalma, que fracassamos fragorcsamente, assioalando-vos os erros praticados, para que isso ao menos sirva para evitar a reincidência.

Mas vou responder-vos com serenida

de. Quem julga pelo prisma das paixões políticas ou dos interêsses pessoais não guarda pela verdade o respeito a que ela tem direito, máxime num depoi mento.

"

Econômico

arranha-céus, especuladorc.s c cassinos. Para cada produto criou-se um instituto: pinho, mate, sal etc.

Para cada profis

são outro instituto: bancários, comerciá-

devemos restringir nosso depoimento^ a dl adura viveu, quase invariàvelraente

dos "os^-frpeS:? f

% f-'deutes da República h:Virm°Li! ■

''d<, ■nenoslegou-nos de 3 núlhões de contos. A ditadura 17 mühões.

Mas como sabeis, o mal da inflação

nao esta no fato de elevar os preçoj e

mesmo em menor escala.

de Janeiro!

Acresçam as leis traballüstas que dar

da vadiagem, companheiras in.scparáveis da inflação e do hiperemprêgo.

Só a inflação de arranha-céus no Rio de Janeiro absorveu muito mais dinhei

ro do que toda Volta Redonda. A proli

feração de bancos inidôncos custou até agora ao país, pela Caixa de Mobiliza ção Bancária, mais de 2.000 milhões de

cruzeiros, cujo resgate ficará para as calendas gregas. Caixas, Institutos e au tarquias haviam depositado, não raro

relativos, muito mais do que a alta do nível geral de preços, que desorganiza

da ameaça de escassez de gêneros para as cidade.s, especialmente para a capi tal, foram garantidos certos preços mí

E êsse foi o maior êrro da ditadura. Inflacionou as cidades e deflacionou os

tassem as mais justas esperanças de que a inflação stria definitivamente domi

Calculem agora qual não era a abun dância dos empregos e a gordura dos negócios, nesta gloriosa cidade do Rio

por vias escusas, mais de 1 bilhão de

a economia.

curso de Belo Horizonte, deu ao argu mento o rclÒNO indi.spcnsáscl, não para a critica de um regime já destronado, mas paru evitar danosas reincidências,

sim no de eleva-los desigual e defasa-

damente. É o desequilíbrio dos preços

65

rios, industriários, etc.

Comecemos pela ditadura, que há aos operários das cidades todos os quase _0 anos assenhoreou-se do poder, vam direitos, inclusive o da indisciplina e o

Ít pdblar"^ Do ponto de vista econômico, a que

Dicesto Econômico

cruzeiros em bancos insolváveis.

Para o campo, nada disso. Só diante

nimos.

Não é, pois, de admirar o êxodo sem

Fi

zeram-se as eleições.

nerar os domingos e feriados. Com um

vitorioso:

fácil popularidade, ter-se-ia facilmente mostrado que esse dispositivo já estava

"Nossa situação, depois do período de guerra externa que acabamos de

sendo cumprido, de vez que o ciUculo dü.s salários mínimos era feito multi

te à que teve de enfrentar o Covôrno

plicando por 30 as necessidades diárias

Campos Sales, depois do período de guerra civil por que i^assou a Repúbli ca em sua fase de formação. Quero

do trabalhador e dividindo o produto

assegurar ao país que não nos faltarão

patriotismo nem espírito de sacrifício pa

ra enfrentar as dificuldades que se nos antepõem." No primeiro ano de governo, 1946, ainda empunhando a arma do decretolei, deu o déficit recorde do orçamento

por 25.

Não quis, porém, a demagogia • de uns e a covardia de outros, que assim

fosse. Vós bem sabeis que a alta dos salários nominais não importa, senão por período muito curto, em alta de salá rios reais. Vós vos lembrais, decerto, da

proposição de Kejmes em sua teoria geral de que as "Trade-Unions" não têm

federal brasileiro: 2.600.000 contos. Não

o poder de elevar nem de diminuir

podia ter rendido à ditadura maior ho

os salários reais, pois conjuntamente se

menagem. Para atingir a êsse resulta do começou por suprimir a subscrição

eleva ou se rebaixa o custo de vida.

obrigatória de Obrigações de Guerra por

importância igual ao imposto de renda (cerca de 1.500.000 contos) _e acabou

gamento do imposto sôbre lucros ex

rior iam gradatívamente abandonando as

tados Unidos resultou do aumento da

produtividade agrícola e conseqüente dis ponibilidade dos fatores de produção,

traordinários.

mas o êxodo de simples abandono da

pouco de patriotismo e de sacrifício da

atravessar, ó de certa forma semelhan

precedentes dos campos para as cidades. Não aquele êxodo salutar, que nos Es

remuneravam-o custeio. Com exceção do

começou a ser posto em execução o dis

positivo constitucional que manda remu

Em sua platafor ma econômica, dizia o candidato, depois

campos. Garantiu as cidades, por de magogia, a aquisição de gêneros a preço barato, enquanto os produtores do inte

lavouras e o gado leiteiro, que j'á não

Não quiseram, porém, os fados, que assim acontecesse. Já em fins de 1948,

Chegou porém o dia da redenção. A nialsinada ditadura foi derrubada.

nada.

abrindo as portas para a evasão do pa Justo é dizer, porém, que em 1947 e

Acredito que muitos dos políticos não ignorassem êsse preceito elementar, mas como tão patriòticamente acentuava, há poucos dias, o primoroso jornalista Elmano Cardim, êles "valeni-se do direito

de legislar para usá-lo em proveito pró prio, distribuindo favores que lhes re vertem em votos; transigem com a cons

1948, a par de uma administração or

ciência em busca da popularidade; di

zem o que não sentem e arirmam o que sabem ser errado, tudo com o propósito de fazer da política uma profissão".

famoso crédito aos pecuaristas, que eno doou a ditadura e ainda agora joga o

produção. O que surpreende é que ain da tenha ficado alguém no interior do

çamentária muito mais cuidadosa, com

resto da lama sôbre o atual Governo, foi escasso o amparo ao produtor agrí

país.

mentos não incluem os déficits da Cen

Tal foi o mais grave êrro econômico da ditadura, que não tem sido devida mente focalizado. Apenas o eminente

tral do Brasil, do Lloyd Brasileiro e

Brigadeiro Eduardo Comes, em seu dis-

cionista de vultosa importação, permitiu

com mais de 3 bilhões de déficit pre

que ho 3.° trimestre de 1948 se alimen

visto.

cola, enquanto, nas cidades, Caixas, Ins

titutos e bancos que brotavam como co gumelos, deixavam jorrar o crédito para

saldos pelo menos aparentes (os orça outros), a Presidência do Banco do Bra

sil, com o auxílio providencial e defla-

Mas o Presidente da Republica, direis, poderia ter vetado, como poderia ter vetado o abono imoral e o orçamento

I


Dicesto Econónuco

66

67

Digesto Econômico

nclária. Assim caniinliamo.s para a plena

pública era muito superior ao que nos

ditadura no comércio exterior. São re

acabo de descrever.

Mas o Presidente parece ter horror ao veto. Talvez por aversão à Rússia,

tidade de fatôres de produção ou pela melhoria de sua qualidade ou pelo aper

que dêle tanto abusa. E o pagamento dos domingos e feria

feiçoamento técnico

produção, o que tudo exige muito

na Câmara os seguintes algarismos indi

dos, equivalente a 20% de aumento ge ral de salários por todo êsse Brasil afo

tempo ? Outra panaccia que parece ter ulti

cativos do contraste entre a c>orrenteza

ra, estendendo-se, por equidade c hie rarquia, dos diaristas aos mensalistas,

mamente grangeadü foros de cidade no palácio da Fazenda é a de que tôda

deu o sinal de reinicio da inflação. A êsse grave impulso inflacionista veio

mercadoria pronta para consumo faz jus

ao crédito pelo ecjuivalcnte de seu \'a-

superpor-se um déficit orçamentário de

lor.

dos métodos de

centes e do ilustre Relator cia Receita

da procura alimentada pela fartura in flacionista c a arlificialidaclc da taxa cambial: contra trôs milhões cie dólares

de pro\'isãü cambial para peças cie au-

Não preciso repetir-vos lições do

'tomo\el, 14 milliões cie pedidos; contra dois miliuães para márpunas clc roda

vistas complacentes do antigo Presiden te do Banco do Brasil, que ali fôra, en

vosso primeiro ano do curso, quando, ao estudar as "necessidades dos negócios", vistes a que sc reduz tal proposição. Sua equivalente seria a de dizer que tôda

dc um milhão para máquinas tipográfi cas, seis milhões de pedidos... Aí tendes, meus jovens colegas, em

tretanto, o campeão do combate à infla

edificação pronta para Iiabitação ou tô

rápido esbôço, o c]uadro econômico da

ção. So em outubro o Tesouro aumentou

da terra pronta para o amanho faz jus

estaca zero, donde ides partir. Para que nessas condições criar um

1949 não inferior a 2 milhões de contos, que se processa, dói-me dizô-lo, sob as

seu débito no Banco do Brasil em mais

ao crédito hipotecário pelo seu valor. Onde iríamos parar ?

de 700 milhões.

Estamos novamente no charco, e em

situação ridícula em comparação com tantos outros países que, mau grado

terem sofrido ocupação inimiga, já se redimiram da praga inflacionista.

Surgem então as mais esdrúxulas panacéias para a cura da inflação. A mais comum e ao mesmo tempo a mais trai çoeira, porque dispensa o esfôrço e

facilmente ilude os de boa fé, é a que aumento de meios de pagamen-

fl

Conselho Nacional de Economia ? Para

maior exemplo de sacrifício consciente

da popularidade àquilo que julgaram ser o bem do país, e que tão bem re lembrados foram o ano passado por oca sião do centenário de Murtinho.

I-Iá muitos outros.

A começar por

Prudente de Moraes, já que a crise é clc caráter, que no meio das maiores di ficuldades políticas que já se depararam a um presidente no Brasil, sempre tratou com desvelo o grave problema da ordem fiVianccira de seu tempo. Tivemos Nilo Pcçanha, sentinela de etema vigília à ordem financeira de seu Estado e da Re

pública. Tivemos Rodrigues Alves e Leopoldo Bulhões, que assinalam a fcsc clc nuiior progresso do Brasil, sem infla

Nem preciso dizer-vos que as altíssi mas taxas de juros em vigor, que impe dem a legítima cobertura de parte do

orçamento e vetar a onda demagógica ? Para que o Banco Central ? Para des

déficit orçamentário pela venda de apó

moralizá-lo de início, fazendo-o emitir

lices e obrigações do Tesouro, são as companheiras inseparáveis da inflação, porque isso foi ponto de prova escrita há

para o Govêrno e para os salários, que

David Campista, que tão alto teor de respeitabilidade e de inteligência man

no Brasil passaram a ser ditados por tri

teve no Ministério da Fazenda. Está aí

duas semanas apenas e porque tendes

bunais de juristas ? Bendita resistência da Comissão de Finanças, que permitiu

bem de memória

aguardar melhores dias para a organi

vivo c alerta o ilustre e.x-presidente Ar tur Bernardes, que com tanta energia e

os diagramas de Ir-

ving Fisher na sua "Theory of Interest".

recomenda, não a paralisação do

gem, 21 de podidos; contra pouco mais

Não preciso recorrer a Campos Sales que legaram o

e Joaquim Murtinho,

No campo da exportação os homens chamam para si a gló

dizer ao Govômo que deve equilibrar o

zação do Banco Central. A ignorância em matéria econômica é, como sabeis,

muito generalizada nos

ção nem desordem econótnica. Tivemos

decisão se defendeu da onda inflacionis

ta, que queria arrastar a primeira fase

do seu governo. Aí está também vín-o e alerta o eminente ex-presidente Wa shington Luís, que tão zelosamente man teve o equilíbrio orçamentário e a ordem financeira no seu govêrno. Aí está, por

to e sim, ao contrário, a expansão de débitos "para aumentar a

ria de Deus,

São Thomaz d'Aquino, o tempo

produção"!

pal não é essa; é a crise de caráter. E

não é dos homens, é de Deus, e

contra essa, direis, nada podem os eco nomistas. Temos de apelar'para os

fim, o eminente brasileiro José Maria

educadores.

Whitaker, que a ditadura enxotou do

Como se inflação já não fôsse sinônimo de pleno emprôgo dos fatores de produção, aqui como em tôda parte. A alta de salários, preços, taxas de juros

pois como dizia

foi o tempo meteorológico que fêz desaparecer os excedentes do café. De outro lado," instalou-se na Carteira de

Importação e Exportação uma barragem

etc., já é de si a indicação barométrica

da mais sólida alvenaria para conter a

de que a procura excede a oferta, isto é,

avalanche da importação, companheira

de que o pleno emprêgo foi atingido e

inseparável da inflação,

ultrapassado. Como aumentar a produção nessas

ainda mais por uma taxa cambial em tremenda disparidade com o minguado

condições, senão pelo aumento da quan-

poder aquisitivo interno da unidade ino-

impulsionada

círculos dirigentes. Mas a crise princi

Mas não concluo pelo desânimo e o

pessimismo. Não. E

vou dizer-vos

Ministério da Fazenda porque com inex-

cedivel patriotismo êle procurou salvá-la

porque.

da desordem financeira.

Porque, felizmente para o Brasil, não foi sempre assim. Digo mais, só excep cionalmente era assim. O padrão médio

Vêdes, pois, meus jovens amigos, que o problema do Brasil tem solução. Di reis que êle é predominantemente de

da ordem econômica e financeira da Re-

natureza política, sempre o mesmo e di-


Dicesto Econónuco

66

67

Digesto Econômico

nclária. Assim caniinliamo.s para a plena

pública era muito superior ao que nos

ditadura no comércio exterior. São re

acabo de descrever.

Mas o Presidente parece ter horror ao veto. Talvez por aversão à Rússia,

tidade de fatôres de produção ou pela melhoria de sua qualidade ou pelo aper

que dêle tanto abusa. E o pagamento dos domingos e feria

feiçoamento técnico

produção, o que tudo exige muito

na Câmara os seguintes algarismos indi

dos, equivalente a 20% de aumento ge ral de salários por todo êsse Brasil afo

tempo ? Outra panaccia que parece ter ulti

cativos do contraste entre a c>orrenteza

ra, estendendo-se, por equidade c hie rarquia, dos diaristas aos mensalistas,

mamente grangeadü foros de cidade no palácio da Fazenda é a de que tôda

deu o sinal de reinicio da inflação. A êsse grave impulso inflacionista veio

mercadoria pronta para consumo faz jus

ao crédito pelo ecjuivalcnte de seu \'a-

superpor-se um déficit orçamentário de

lor.

dos métodos de

centes e do ilustre Relator cia Receita

da procura alimentada pela fartura in flacionista c a arlificialidaclc da taxa cambial: contra trôs milhões cie dólares

de pro\'isãü cambial para peças cie au-

Não preciso repetir-vos lições do

'tomo\el, 14 milliões cie pedidos; contra dois miliuães para márpunas clc roda

vistas complacentes do antigo Presiden te do Banco do Brasil, que ali fôra, en

vosso primeiro ano do curso, quando, ao estudar as "necessidades dos negócios", vistes a que sc reduz tal proposição. Sua equivalente seria a de dizer que tôda

dc um milhão para máquinas tipográfi cas, seis milhões de pedidos... Aí tendes, meus jovens colegas, em

tretanto, o campeão do combate à infla

edificação pronta para Iiabitação ou tô

rápido esbôço, o c]uadro econômico da

ção. So em outubro o Tesouro aumentou

da terra pronta para o amanho faz jus

estaca zero, donde ides partir. Para que nessas condições criar um

1949 não inferior a 2 milhões de contos, que se processa, dói-me dizô-lo, sob as

seu débito no Banco do Brasil em mais

ao crédito hipotecário pelo seu valor. Onde iríamos parar ?

de 700 milhões.

Estamos novamente no charco, e em

situação ridícula em comparação com tantos outros países que, mau grado

terem sofrido ocupação inimiga, já se redimiram da praga inflacionista.

Surgem então as mais esdrúxulas panacéias para a cura da inflação. A mais comum e ao mesmo tempo a mais trai çoeira, porque dispensa o esfôrço e

facilmente ilude os de boa fé, é a que aumento de meios de pagamen-

fl

Conselho Nacional de Economia ? Para

maior exemplo de sacrifício consciente

da popularidade àquilo que julgaram ser o bem do país, e que tão bem re lembrados foram o ano passado por oca sião do centenário de Murtinho.

I-Iá muitos outros.

A começar por

Prudente de Moraes, já que a crise é clc caráter, que no meio das maiores di ficuldades políticas que já se depararam a um presidente no Brasil, sempre tratou com desvelo o grave problema da ordem fiVianccira de seu tempo. Tivemos Nilo Pcçanha, sentinela de etema vigília à ordem financeira de seu Estado e da Re

pública. Tivemos Rodrigues Alves e Leopoldo Bulhões, que assinalam a fcsc clc nuiior progresso do Brasil, sem infla

Nem preciso dizer-vos que as altíssi mas taxas de juros em vigor, que impe dem a legítima cobertura de parte do

orçamento e vetar a onda demagógica ? Para que o Banco Central ? Para des

déficit orçamentário pela venda de apó

moralizá-lo de início, fazendo-o emitir

lices e obrigações do Tesouro, são as companheiras inseparáveis da inflação, porque isso foi ponto de prova escrita há

para o Govêrno e para os salários, que

David Campista, que tão alto teor de respeitabilidade e de inteligência man

no Brasil passaram a ser ditados por tri

teve no Ministério da Fazenda. Está aí

duas semanas apenas e porque tendes

bunais de juristas ? Bendita resistência da Comissão de Finanças, que permitiu

bem de memória

aguardar melhores dias para a organi

vivo c alerta o ilustre e.x-presidente Ar tur Bernardes, que com tanta energia e

os diagramas de Ir-

ving Fisher na sua "Theory of Interest".

recomenda, não a paralisação do

gem, 21 de podidos; contra pouco mais

Não preciso recorrer a Campos Sales que legaram o

e Joaquim Murtinho,

No campo da exportação os homens chamam para si a gló

dizer ao Govômo que deve equilibrar o

zação do Banco Central. A ignorância em matéria econômica é, como sabeis,

muito generalizada nos

ção nem desordem econótnica. Tivemos

decisão se defendeu da onda inflacionis

ta, que queria arrastar a primeira fase

do seu governo. Aí está também vín-o e alerta o eminente ex-presidente Wa shington Luís, que tão zelosamente man teve o equilíbrio orçamentário e a ordem financeira no seu govêrno. Aí está, por

to e sim, ao contrário, a expansão de débitos "para aumentar a

ria de Deus,

São Thomaz d'Aquino, o tempo

produção"!

pal não é essa; é a crise de caráter. E

não é dos homens, é de Deus, e

contra essa, direis, nada podem os eco nomistas. Temos de apelar'para os

fim, o eminente brasileiro José Maria

educadores.

Whitaker, que a ditadura enxotou do

Como se inflação já não fôsse sinônimo de pleno emprôgo dos fatores de produção, aqui como em tôda parte. A alta de salários, preços, taxas de juros

pois como dizia

foi o tempo meteorológico que fêz desaparecer os excedentes do café. De outro lado," instalou-se na Carteira de

Importação e Exportação uma barragem

etc., já é de si a indicação barométrica

da mais sólida alvenaria para conter a

de que a procura excede a oferta, isto é,

avalanche da importação, companheira

de que o pleno emprêgo foi atingido e

inseparável da inflação,

ultrapassado. Como aumentar a produção nessas

ainda mais por uma taxa cambial em tremenda disparidade com o minguado

condições, senão pelo aumento da quan-

poder aquisitivo interno da unidade ino-

impulsionada

círculos dirigentes. Mas a crise princi

Mas não concluo pelo desânimo e o

pessimismo. Não. E

vou dizer-vos

Ministério da Fazenda porque com inex-

cedivel patriotismo êle procurou salvá-la

porque.

da desordem financeira.

Porque, felizmente para o Brasil, não foi sempre assim. Digo mais, só excep cionalmente era assim. O padrão médio

Vêdes, pois, meus jovens amigos, que o problema do Brasil tem solução. Di reis que êle é predominantemente de

da ordem econômica e financeira da Re-

natureza política, sempre o mesmo e di-


Dxcesto

68

fícil problema de levar as elites ao go verno da cidade e defendè-lo do assalto

dos demagogos e das mediocridades. E' verdade, mas não é menos verda

de que a colaboração dos economistas é indispensável a qualquer governo escla recido que o Brasil venba a ter. Se o

governo fôr surdo, fazei como Rui, ape lando da acefalia do governo para a so berania da nação,

e procurai formar

uma opinião pública esclarecida capaz de repelir os intrujões. Relegai ao silêncio os tímidos e os

prudentes, que por debilidade de alma

n

Econónuco

não têm coragem de le\'antar a voz. Não deis abrigo aos cínicos esclarecidos, que se conformam, por comodidade, em pre

Flagrantes e símbolos da América Daiuo de AlmÍíIda Magalhães

varicar com os demais.

Mesmo quando tenhais de enfrentar os poderoso.s da hora, sem esperança de

1."

Dos Estados Unidos, escreveu Dario de

próxima vitória, lembrai-vos que "c*est encorc bíen plus beau lorsquc c'est inu-

^ VAPOU dc\c chegar a Nova York às

tilo".

me para receber o clássico "shock" -americano, que produz o súbito encon

Porque a vossa causa, a" vossa felici

primeiras horas da noite. Preparo-

dade está indissolúvcimcnte ligada n

tro com a cidade imensa.

uma causa ainda maior, por que pulsam

me à apreensão que me domina, apanho

todos os nossos corações e nossas ener

o volume de Paul Bourget, e releio as

gias — a da felicidade do Brasil.

impres.sõcs que ele teve cm 1893. Qua

Para cvadir-

renta e cinco anos passados. Nessa época vertiginosa, parecem 200 anos. O autor de "Outre Mer" conta cosn indià-

farçável orgulho que vinha num "enor me bateaii" de três chaminés, 10 mil to

neladas c 500 milhas por dia. Era o

barco-revelação daquela época. Penso no "Normandic" c no "Queen Mary", que encontrarei no cais dentro em pou co, deslocando mais dc 70 mil toneladas,

cobrindo perto de mil millias, cm 24 horas. Quando o velocíssimo navio en costou,

Almeida Magalhães, para upi matutino carioca, longa e brilhante série dc arti gos, em que analisou asjyectos da vida norte-americana. Ampla repercussão al

cançaram ésses artigos e inúmeros crí

ticos aconselharam o articulista o enfeixà-los em volume. Volvidos mais de

dez anos, ósses ensaios, de percudente visão e apuro de linguagem^ não perde ram o sabor de atualidade.

Dada a

falta de espaço da nossa revista, somos obrigados a reeditar apenas^ três artigos e lastimamos não transcrever os demais,

dc não _ menor interesse. 'Entendemos não ser pequeno serviço êssc dc salvar,

pelo menos, do olvido, tão valiosos tra balhos, destinados, como estavam^, a es

maecer pelo tempo com a rínicaúnserção nas páginas efêmeras dos jornais.

Bourget sentiu a tontura das

Os arranha-céus que

raj o Crysler, com mais de 80 andares;

começavam : um tinha dez, outro doze

o Rockfeller Center, com 76, 28 mil ja nelas, 10 mil portas e 185 ascensores. A leitura das cifras no folheto que consulto

massas imensas.

andares, e dominavam, da ponta da ilha de Manhattan, a paisagem do Hudson. A intensidade de sua e.xpressão diante do espetáculo atinge o máximo de ênfase : "gigantesque,colossal,demesuré, effrené", Abandono

essas reminiscencias tão

por si só produz arrepios. As medidas fogem à concepção humana. Como se rá possível enfrentar essa massa desmesurada ? A sensação deve ser de ver

longínquas e incompreensíveis, história dc uma época que parece morta, c volto ao presente para encarar a cidade que,

tigem e esmagamento, e pode conduzir

do fundo distante do horizonte, marcha sobre nós. Imagino os arranha-céus de

lhor estar aqui por volta de 1.600 e en

hoje comparados aos casebres que Paul Bourget viu, quando a América começa

ao delírio. O espirito e a alma se po voam de apreensões.

Seria muito me

contrar aquela pequena ilha, que é hoje Nova York, quando ela não era nada, tanto que os índios a venderam a um

va a crescer para o céu. Desenho no ar

francês, esperto, por 24 dólares,'pagá-

o Empire Building, com os seus 102 an

veis em jóias de vidro.

dares, com mais de 400 metros de altu-

Mas, Nova York se aproxima, está.


Dxcesto

68

fícil problema de levar as elites ao go verno da cidade e defendè-lo do assalto

dos demagogos e das mediocridades. E' verdade, mas não é menos verda

de que a colaboração dos economistas é indispensável a qualquer governo escla recido que o Brasil venba a ter. Se o

governo fôr surdo, fazei como Rui, ape lando da acefalia do governo para a so berania da nação,

e procurai formar

uma opinião pública esclarecida capaz de repelir os intrujões. Relegai ao silêncio os tímidos e os

prudentes, que por debilidade de alma

n

Econónuco

não têm coragem de le\'antar a voz. Não deis abrigo aos cínicos esclarecidos, que se conformam, por comodidade, em pre

Flagrantes e símbolos da América Daiuo de AlmÍíIda Magalhães

varicar com os demais.

Mesmo quando tenhais de enfrentar os poderoso.s da hora, sem esperança de

1."

Dos Estados Unidos, escreveu Dario de

próxima vitória, lembrai-vos que "c*est encorc bíen plus beau lorsquc c'est inu-

^ VAPOU dc\c chegar a Nova York às

tilo".

me para receber o clássico "shock" -americano, que produz o súbito encon

Porque a vossa causa, a" vossa felici

primeiras horas da noite. Preparo-

dade está indissolúvcimcnte ligada n

tro com a cidade imensa.

uma causa ainda maior, por que pulsam

me à apreensão que me domina, apanho

todos os nossos corações e nossas ener

o volume de Paul Bourget, e releio as

gias — a da felicidade do Brasil.

impres.sõcs que ele teve cm 1893. Qua

Para cvadir-

renta e cinco anos passados. Nessa época vertiginosa, parecem 200 anos. O autor de "Outre Mer" conta cosn indià-

farçável orgulho que vinha num "enor me bateaii" de três chaminés, 10 mil to

neladas c 500 milhas por dia. Era o

barco-revelação daquela época. Penso no "Normandic" c no "Queen Mary", que encontrarei no cais dentro em pou co, deslocando mais dc 70 mil toneladas,

cobrindo perto de mil millias, cm 24 horas. Quando o velocíssimo navio en costou,

Almeida Magalhães, para upi matutino carioca, longa e brilhante série dc arti gos, em que analisou asjyectos da vida norte-americana. Ampla repercussão al

cançaram ésses artigos e inúmeros crí

ticos aconselharam o articulista o enfeixà-los em volume. Volvidos mais de

dez anos, ósses ensaios, de percudente visão e apuro de linguagem^ não perde ram o sabor de atualidade.

Dada a

falta de espaço da nossa revista, somos obrigados a reeditar apenas^ três artigos e lastimamos não transcrever os demais,

dc não _ menor interesse. 'Entendemos não ser pequeno serviço êssc dc salvar,

pelo menos, do olvido, tão valiosos tra balhos, destinados, como estavam^, a es

maecer pelo tempo com a rínicaúnserção nas páginas efêmeras dos jornais.

Bourget sentiu a tontura das

Os arranha-céus que

raj o Crysler, com mais de 80 andares;

começavam : um tinha dez, outro doze

o Rockfeller Center, com 76, 28 mil ja nelas, 10 mil portas e 185 ascensores. A leitura das cifras no folheto que consulto

massas imensas.

andares, e dominavam, da ponta da ilha de Manhattan, a paisagem do Hudson. A intensidade de sua e.xpressão diante do espetáculo atinge o máximo de ênfase : "gigantesque,colossal,demesuré, effrené", Abandono

essas reminiscencias tão

por si só produz arrepios. As medidas fogem à concepção humana. Como se rá possível enfrentar essa massa desmesurada ? A sensação deve ser de ver

longínquas e incompreensíveis, história dc uma época que parece morta, c volto ao presente para encarar a cidade que,

tigem e esmagamento, e pode conduzir

do fundo distante do horizonte, marcha sobre nós. Imagino os arranha-céus de

lhor estar aqui por volta de 1.600 e en

hoje comparados aos casebres que Paul Bourget viu, quando a América começa

ao delírio. O espirito e a alma se po voam de apreensões.

Seria muito me

contrar aquela pequena ilha, que é hoje Nova York, quando ela não era nada, tanto que os índios a venderam a um

va a crescer para o céu. Desenho no ar

francês, esperto, por 24 dólares,'pagá-

o Empire Building, com os seus 102 an

veis em jóias de vidro.

dares, com mais de 400 metros de altu-

Mas, Nova York se aproxima, está.


70

DICESTO

ECO^•Ó^£ICO

Dioiiisro Econômico

perto de nós e não se revela tão assus

na não é o movimento : c o silencio. A

tadora. O navio acaba de cruzar essa

multídíio marcha apressada, os milhares de automóveis cruzam, a ordem é per

respeitásel senhora que, sem fadigas, in siste em voltar para o mundo a luz da

feita c tudo se faz sem barulho. Revelo

liberdade; e caminha rapidamente so

a minha surpre.sa, c o americano que

táncia e trunscondénciu. (Que faz a pálida lua no meio dessa dança de lu

zes ? Para ver a pobrezinha esquecida será preciso fazer uma \'iagein.)

Graças ao Criador

23, nov. — Hoje, nos Estados Unidos, é o dia de agradecer a Deus os benefí

bre os arranha-céus. A bruma de inver

está a meu lado me explica que tudo é

Ràpidamentc, a gente sente que foi

no, que desceu sôbre a ilha, encobre e

fruto da campanha contra os ruídos que

disfarça os contornos agressivos das

o prefeito La Giiardia empreendeu. To

atirada numa máquina devoradora e impiedosa; ou no meio de milhares de máquinas que se engrenam. Mas, sem

moração da maior importância, tanto que, acjui, onde há muito poucos feria dos, repartições, comércio, fábricas não

demora, percebe-se que aquilo tudo se move com facilidade, sem choques, nem atritos. E' preciso apenas não querer

trabalham. Todos os americanos param as suas atividades para dar graças ao

contrariar seu giro natural, as suas ro

dos grandes diárias, resumidos, os mo tivos por que o povo deste país de\'e ele

massas.

A paisagem que me açode à

car buzina de automóvel sem estrita ne

imaginação é a mesma que vi quando

cessidade é infração grave,

nos afastávamos do Rio : os morros com

multas severas; c o transeunte que não

as suas pequenas casas iluminadas.

respeita os sinais do tráfego pode ser punido também com rigor. Graças a

O

conjunto quase ininterrupto das gigan tescas construções lembra o

bloco de Santa Teresa. O

nevoeiro baixo só deixa que

isso, pode-se

sujeita a

coração frenético da Broad

dormir no

tações incessantes. Urge integrar-se na quele ritmo, aparentemente hostil, mas

way, em

na verdade suave e fácil. Se o homem

Time.s Square,

se destaquem as luzes al

como numa tranqüila cida

tas. O panorama se toma

de do interior.

familiar, e vai perdendo aos t poucos o mistério assusta-

^ dor de que a nossa concep ção o envolvia.

O sub

consciente americano, que o cinema forma em todos nós, acaba por desfazer o resto dos- receios; e quando se desce à terra a sensação já é de domínio e de confiança.

Faço unia

idéia do que seria o in

ferno dessa cidade, com per to de um milhão do automó

veis, com uma população in

disciplinada e os "chauffeurs" apitando os "klaxons": os

se sente indi\'idualmente pequeno, in significante diante do cenário que o ro deia, resta-lhe, por outro lado, o orgu lho de ser uma unidade daquele inundo inatingível. E para ajudar a sua inte gração desdobra-se um conjunto de for ças espontâneas, que vuo anulando as prevenções e o retraimento iniciais: a

hospícios seriam tão grandes

incomparável gentileza do americano, a

como os arranha-céus.

sua requintada educação, o prazer de servir e ajudar, a ausência de preocu pações mesquinhas, incompatíveis com o

Os mais exigentes chegam

A Broadway vive o pleno delírio das luzes. A competi ção dos anúncios coloridos

sentimento do triunfo, azeitam e lubri-

mesmo a confessar-se de

enche o céu de reflexos im-

ficam a máquina que nos absorve im-

cepcionados. A primeira vista, o gigante, de perto,

pre\islos.

perceptivelinente. E só depois de nela

parece menor que de longe.

E' tamanha a vi

são do conjunto que não é possível destacar as unida

des. Só os grandes painéis, com os bo Broadway

necos que se movimentam e vivem, res saltam dentro daquela orgia, que ofus

gênio que concebeu e mantém em har

vamente pequeno, assegurando o máxi

mento noturno.

Os sete milhões, que

transmite, sem intermitências, o resumo

mo de rendimento ao esforço, num am

constróem durante o dia, se concentram

de tudo que está acontecendo no mun do. De outro lado, um grande quadro onde as figuras representam uma histó

biente sem nervosismo, sem atropelos, onde tudo tem o seu lugar e sua hora certa, obra de paciência, de tenacidade

tros, clubes noturnos. Â meia-noite é como se estivéssemos às 5 da tarde na

ria como num desenho animado. Senti

Rua do Ouvidor. Mas, o que impressio

blicidade é uma arte da maior impor-

mo-nos em plena América, onde a pu

as notas : os Estados Unidos contêm 6 %

da ilrea da Terra e 7% de sua popula ção; do total da safra mundial dos di versos produtos, consomem : 48% de

café, 5S% do açúcar, 72% da sèda, 36% do carvão, 42 % do ferro, 47% do cobre e 69% do pehóleo cru. Dos aparelhos de telefone e dos telégrafos do mundo os Estados Unidos- têm 60%; produzem 70% de óleo e gasolina do globo, 60 % do trigo e do algodão, 50% do cobre e do ferro. Possuem mais de §11.000.000.000 em ouro ou, mais ou menos, 50% do metal monetário do mun

lado, o jornal luminoso do "Times", que

à noite nos divertimentos dessa avenida

inundo os Estados Unidos. Reproduzo

do. O poder aquisitivo dos seus

Broadway, na plenitude de seu movi

interminável. Centenas de cinemas, tea

var as suas preces de agradecimento ao

Supremo Ser que nos dirige. E' imia síntese'orgulhosa do que representam no

nos integrarmos é que compreendemos o

monia e equilíbrio aquele imenso aglo merado, reunido num meio comparati

ca os olhos como a escuridão.

Criador. Encontro no editorial de uni

engenho que foi posto para tomar ali a vida mais fácil, suave e confortável; o

De um

Trinta minutos depois, o mergulho na

cios e favores recebidos. E' uma come

130.000.000 de habitantes é maior do

que o de 500.000.000 de europeus e do que o de 1.000.000.000 de asiáti cos. Possuem 30 milhões de automóveis.

Depois de e.xibir essas cifras, que di zem respeito á felicidade material do povo americano, o jornal encarava o as pecto político e espiritual. E dizia ;

"somos felizes porque temos um sistema

e de contrôle, e que nos permite en

de governo que permite ao povo dirigir

contrar a ordem e o sistema onde se

os seus próprios destinos; não temos du

pensa deparar o pandemônio e o desa

ques, condes ou reis neste pais; temo.s um presidente que elegemos e que não

tino.


70

DICESTO

ECO^•Ó^£ICO

Dioiiisro Econômico

perto de nós e não se revela tão assus

na não é o movimento : c o silencio. A

tadora. O navio acaba de cruzar essa

multídíio marcha apressada, os milhares de automóveis cruzam, a ordem é per

respeitásel senhora que, sem fadigas, in siste em voltar para o mundo a luz da

feita c tudo se faz sem barulho. Revelo

liberdade; e caminha rapidamente so

a minha surpre.sa, c o americano que

táncia e trunscondénciu. (Que faz a pálida lua no meio dessa dança de lu

zes ? Para ver a pobrezinha esquecida será preciso fazer uma \'iagein.)

Graças ao Criador

23, nov. — Hoje, nos Estados Unidos, é o dia de agradecer a Deus os benefí

bre os arranha-céus. A bruma de inver

está a meu lado me explica que tudo é

Ràpidamentc, a gente sente que foi

no, que desceu sôbre a ilha, encobre e

fruto da campanha contra os ruídos que

disfarça os contornos agressivos das

o prefeito La Giiardia empreendeu. To

atirada numa máquina devoradora e impiedosa; ou no meio de milhares de máquinas que se engrenam. Mas, sem

moração da maior importância, tanto que, acjui, onde há muito poucos feria dos, repartições, comércio, fábricas não

demora, percebe-se que aquilo tudo se move com facilidade, sem choques, nem atritos. E' preciso apenas não querer

trabalham. Todos os americanos param as suas atividades para dar graças ao

contrariar seu giro natural, as suas ro

dos grandes diárias, resumidos, os mo tivos por que o povo deste país de\'e ele

massas.

A paisagem que me açode à

car buzina de automóvel sem estrita ne

imaginação é a mesma que vi quando

cessidade é infração grave,

nos afastávamos do Rio : os morros com

multas severas; c o transeunte que não

as suas pequenas casas iluminadas.

respeita os sinais do tráfego pode ser punido também com rigor. Graças a

O

conjunto quase ininterrupto das gigan tescas construções lembra o

bloco de Santa Teresa. O

nevoeiro baixo só deixa que

isso, pode-se

sujeita a

coração frenético da Broad

dormir no

tações incessantes. Urge integrar-se na quele ritmo, aparentemente hostil, mas

way, em

na verdade suave e fácil. Se o homem

Time.s Square,

se destaquem as luzes al

como numa tranqüila cida

tas. O panorama se toma

de do interior.

familiar, e vai perdendo aos t poucos o mistério assusta-

^ dor de que a nossa concep ção o envolvia.

O sub

consciente americano, que o cinema forma em todos nós, acaba por desfazer o resto dos- receios; e quando se desce à terra a sensação já é de domínio e de confiança.

Faço unia

idéia do que seria o in

ferno dessa cidade, com per to de um milhão do automó

veis, com uma população in

disciplinada e os "chauffeurs" apitando os "klaxons": os

se sente indi\'idualmente pequeno, in significante diante do cenário que o ro deia, resta-lhe, por outro lado, o orgu lho de ser uma unidade daquele inundo inatingível. E para ajudar a sua inte gração desdobra-se um conjunto de for ças espontâneas, que vuo anulando as prevenções e o retraimento iniciais: a

hospícios seriam tão grandes

incomparável gentileza do americano, a

como os arranha-céus.

sua requintada educação, o prazer de servir e ajudar, a ausência de preocu pações mesquinhas, incompatíveis com o

Os mais exigentes chegam

A Broadway vive o pleno delírio das luzes. A competi ção dos anúncios coloridos

sentimento do triunfo, azeitam e lubri-

mesmo a confessar-se de

enche o céu de reflexos im-

ficam a máquina que nos absorve im-

cepcionados. A primeira vista, o gigante, de perto,

pre\islos.

perceptivelinente. E só depois de nela

parece menor que de longe.

E' tamanha a vi

são do conjunto que não é possível destacar as unida

des. Só os grandes painéis, com os bo Broadway

necos que se movimentam e vivem, res saltam dentro daquela orgia, que ofus

gênio que concebeu e mantém em har

vamente pequeno, assegurando o máxi

mento noturno.

Os sete milhões, que

transmite, sem intermitências, o resumo

mo de rendimento ao esforço, num am

constróem durante o dia, se concentram

de tudo que está acontecendo no mun do. De outro lado, um grande quadro onde as figuras representam uma histó

biente sem nervosismo, sem atropelos, onde tudo tem o seu lugar e sua hora certa, obra de paciência, de tenacidade

tros, clubes noturnos. Â meia-noite é como se estivéssemos às 5 da tarde na

ria como num desenho animado. Senti

Rua do Ouvidor. Mas, o que impressio

blicidade é uma arte da maior impor-

mo-nos em plena América, onde a pu

as notas : os Estados Unidos contêm 6 %

da ilrea da Terra e 7% de sua popula ção; do total da safra mundial dos di versos produtos, consomem : 48% de

café, 5S% do açúcar, 72% da sèda, 36% do carvão, 42 % do ferro, 47% do cobre e 69% do pehóleo cru. Dos aparelhos de telefone e dos telégrafos do mundo os Estados Unidos- têm 60%; produzem 70% de óleo e gasolina do globo, 60 % do trigo e do algodão, 50% do cobre e do ferro. Possuem mais de §11.000.000.000 em ouro ou, mais ou menos, 50% do metal monetário do mun

lado, o jornal luminoso do "Times", que

à noite nos divertimentos dessa avenida

inundo os Estados Unidos. Reproduzo

do. O poder aquisitivo dos seus

Broadway, na plenitude de seu movi

interminável. Centenas de cinemas, tea

var as suas preces de agradecimento ao

Supremo Ser que nos dirige. E' imia síntese'orgulhosa do que representam no

nos integrarmos é que compreendemos o

monia e equilíbrio aquele imenso aglo merado, reunido num meio comparati

ca os olhos como a escuridão.

Criador. Encontro no editorial de uni

engenho que foi posto para tomar ali a vida mais fácil, suave e confortável; o

De um

Trinta minutos depois, o mergulho na

cios e favores recebidos. E' uma come

130.000.000 de habitantes é maior do

que o de 500.000.000 de europeus e do que o de 1.000.000.000 de asiáti cos. Possuem 30 milhões de automóveis.

Depois de e.xibir essas cifras, que di zem respeito á felicidade material do povo americano, o jornal encarava o as pecto político e espiritual. E dizia ;

"somos felizes porque temos um sistema

e de contrôle, e que nos permite en

de governo que permite ao povo dirigir

contrar a ordem e o sistema onde se

os seus próprios destinos; não temos du

pensa deparar o pandemônio e o desa

ques, condes ou reis neste pais; temo.s um presidente que elegemos e que não

tino.


Dicesto Ecí)nóxuco

72

reelegeremos se não cumprir bem a sua

tensões, expressão do simplicidade e

missão; vivemos em.paz e temos liber

modéstia nas sua.s singelas linhas ar

dade para emitir tôdas as opiniões". Acabo de ler e pergunto: quantos paí

quitetônicas, exteriormente, no máximo metade do nosso palácio Guanabara,

ses terão as mesmas razões dos Estados

mora o Chefe do Governo da mais po

Unidos para comemorar,

derosa nação do mundo. As suas pala-

de maneira

tão solene, o "Thanksgiving Day"?

%Tas e os seus gestos, como os de ne nhum outro homem, influem hoje no

Clima americano

destino e na sorte dos po\'Os da terra,

24, nov. — O presidente Roosevelt, de sua mesa de jantar de Warm-Springs, onde está fazendo um dos-seus tratamen tos periódicos de banhos, comendo

dcsprevenido pensaria estar defronte da

com os pequenos que, como ele,.sofrem

moradia de um dos muitos homens ricos

de paralisia infantil, dirige ao povo americano

a

saudação

oficial

do'

Thanksgiving Day". Depois de pro nunciar algumas palavras, lô um telegra ma do ator de cinema Eddie Cantor a quem chama "meu velho amigo", e no qual o afamado cômico dizia textual mente o seguinte: "Sou um homem

muito fehz porque vivo num país onde todos os seus dirigentes estão sentados

à mesa, no dia de hoje, para partir, não um mapa, mas um pcrú". Fez um ex

hjada, entretanto, externamente demons

tra a importância dessa residência tão singular e tão comum. O transeunte

de Wasliington, que, fiel ao estilo da cidade, construísse naquela mansao dis creta o seu lar burguês. Nada existe na Casa Branca destinado a lembrar que dentro dela mora um soberano, um go

vernante' de uma nação tão rica e tão

influente. Os portões estão sempre aber tos, e, de dia e de noite, qualquer do ppvo pode penetrar no jardim, de au tomóvel ou a pé, parar diante da porta principal e tocar a campainha. Não se vêem soldados, guardas uniformizados,

traordinário sucesso o rápido "speech" do presidente por causa do telegrama de Eddie Cantor. Nesse pequeno episódio

sentinelas de earabinas. Um" porteiro,

não se revelam toda a simplicidade de mocrática e todo o espírito igualitário

maiores dificuldades.

do americano ? O presidente da Repú blica faz um discurso em tôrno das pa lavras de um cômico de cinema, a quem chama de "velho amigo". E' que o ponto de vista do ator cinematográfico, como cidadão, vale tanto e é tão res

apenas, para atender os visitantes, que

podem transpor os umbrais da casa sem Governo de por

tas abertas. Entre o povo e a casa do Chefe de Estado deve manter-se um

contato permanente atraVés de corren

tes de ar puro, que conservam esse cli ma político único, no qual se pode res pirar a plenos pulmões. Desgraçado do presidente que aqui tentasse" isolar-se,

Dicesto EcoNÓKnco

a sua grandeza c constrói seu poderio c

nar-se

sua fôrça.

igual a um desses que enchem o inundo de ruídos e ameaças, de manha, quan do acordar c debruçar-se sobre,a paisa gem simples que foi posta diante da

Da sacada de sua sala de despacho, o Clicfc do Executivo divi>a um qua

dro que se diria pôsto ali propositada mente para dar-liie todos o.s dias a sen sação dos limites do seu poder, dentro d(j sistema a que deve obe diência. De um lado, o ma

tão hábeis, dentro

dente, cuja ação está permanentemente sob o seu "conlròle" c o seu livre jul

gamento. Na sua imponência c sua grandeza, aquele palácio põe diante dos olhos do supremo mandatário a imagem

da própria opinião pública, investida, naquela democracia, no papel de juiz supremo c de fiscal soberano dos seus atos c da sua conduta.

Do outro lado,

trabalha e discute; o po\'0, que repre

Naquele solar baixo, branco, sem pre

senta, realmente, a nação americana, faz

excessos, sem oprimir os homens^ pôde o povo americano vi\er mais de 150

anos, fiel aos seus fundadores, o 'consti-

tiúr-se numa nação poderosa e respei tada como nenhuma outra. Suai orga nização já tem por si o prestigio das coi sas eternas; e no sou subconsciente o

povo dos Estados Unidos considera in-

violá\'el esse regime de pesos é contra pesos, que Franklin Delano Ropsevell

branco, mas modesta na severidade de seu corte romano, a Suprema Côrte. Ali, nove homens apenas — de cuja integri dade e de cuja pureza jamais se duvi dou — velam pela lei. São os deposi tários de uma confiança ilimitada. A

chama, no pitoresco habitual da siia lin guagem, de governo de "parelha três cavalos" e no qual a opinião pública americana vê a garantia do equilíbrio da sua política e das liberdades que:ThÍers considerava "cardiais", e sem as' quais aquela gente não compreende a própria

sua presença lembra ao presidente que êle pode tudo, mas nada pode contra a

vida.

1

Lei 6 a Constituição, que os "pais da na

ção americana" elaboraram. Nessa, nin guém ousará tocar. Cairá fulminado pe la decisão condenatória

o

presidente

que exorbitar dos seus poderes, e trans gredir um dos textos da carta que o Congresso de Filadélfia legou aos ame lítica. E só aqueles nove apóstolos têm

nio que llie vem da rua, onde o povo

qual,

tôda guarnecida do um puro mármore

se-ia o vácuo, e o seu poder acabaria

pssA intimidade da casa do presidente

bre os projetos urdidos durante -o pesa delo da \éspera. No Seu es pírito ressurgirão o respeito e

sem violar liberdades,! sem

dela gênero Kremlin; em tôrno dôle far-

^ com a rua é simbólica do regime.

sua casa, corlamonte meditará mais so

leis e tomar contas ao presi

légios, nem aristocracias.

êle só se alimenta de seiva e de oxigê

moderno,

tema de linhas tão , claras e

ricanos como a sua sagrada bíblia po

pois que

Cé.sar

a reverência por aquele sis

techando-se numa tôrre ou numa cida

extinguindo-se por inanição,

um

jestoso Capitólio, onde se revinem os rcpre.sentanles dire tos do po\'o para elaborar as

peitável como o do chefe supremo do país. América livre e igual, sem privi 0. o

também

o privilégio dessa hermenêutica delica díssima.

Se o presidente americano teve um sonho mau de noite, e a sua alma se

agita e se atormenta de ambição de tor

Dessa quieta e doce capital america

na, onde não há eleições, onde pão há ruídos, onde não existem indústrias, so

bre cujo centro cívico não podem voar os aviões, para não perturbarem, a paz dos que governam, onde não há vida

noturna; dessa poética Washington — uma ilha de tranqüilidade e isolamento

dentro da febril agitação, das' disputas, das rixas e da sede de conquista de que são teatro os outros pontos deste país —


Dicesto Ecí)nóxuco

72

reelegeremos se não cumprir bem a sua

tensões, expressão do simplicidade e

missão; vivemos em.paz e temos liber

modéstia nas sua.s singelas linhas ar

dade para emitir tôdas as opiniões". Acabo de ler e pergunto: quantos paí

quitetônicas, exteriormente, no máximo metade do nosso palácio Guanabara,

ses terão as mesmas razões dos Estados

mora o Chefe do Governo da mais po

Unidos para comemorar,

derosa nação do mundo. As suas pala-

de maneira

tão solene, o "Thanksgiving Day"?

%Tas e os seus gestos, como os de ne nhum outro homem, influem hoje no

Clima americano

destino e na sorte dos po\'Os da terra,

24, nov. — O presidente Roosevelt, de sua mesa de jantar de Warm-Springs, onde está fazendo um dos-seus tratamen tos periódicos de banhos, comendo

dcsprevenido pensaria estar defronte da

com os pequenos que, como ele,.sofrem

moradia de um dos muitos homens ricos

de paralisia infantil, dirige ao povo americano

a

saudação

oficial

do'

Thanksgiving Day". Depois de pro nunciar algumas palavras, lô um telegra ma do ator de cinema Eddie Cantor a quem chama "meu velho amigo", e no qual o afamado cômico dizia textual mente o seguinte: "Sou um homem

muito fehz porque vivo num país onde todos os seus dirigentes estão sentados

à mesa, no dia de hoje, para partir, não um mapa, mas um pcrú". Fez um ex

hjada, entretanto, externamente demons

tra a importância dessa residência tão singular e tão comum. O transeunte

de Wasliington, que, fiel ao estilo da cidade, construísse naquela mansao dis creta o seu lar burguês. Nada existe na Casa Branca destinado a lembrar que dentro dela mora um soberano, um go

vernante' de uma nação tão rica e tão

influente. Os portões estão sempre aber tos, e, de dia e de noite, qualquer do ppvo pode penetrar no jardim, de au tomóvel ou a pé, parar diante da porta principal e tocar a campainha. Não se vêem soldados, guardas uniformizados,

traordinário sucesso o rápido "speech" do presidente por causa do telegrama de Eddie Cantor. Nesse pequeno episódio

sentinelas de earabinas. Um" porteiro,

não se revelam toda a simplicidade de mocrática e todo o espírito igualitário

maiores dificuldades.

do americano ? O presidente da Repú blica faz um discurso em tôrno das pa lavras de um cômico de cinema, a quem chama de "velho amigo". E' que o ponto de vista do ator cinematográfico, como cidadão, vale tanto e é tão res

apenas, para atender os visitantes, que

podem transpor os umbrais da casa sem Governo de por

tas abertas. Entre o povo e a casa do Chefe de Estado deve manter-se um

contato permanente atraVés de corren

tes de ar puro, que conservam esse cli ma político único, no qual se pode res pirar a plenos pulmões. Desgraçado do presidente que aqui tentasse" isolar-se,

Dicesto EcoNÓKnco

a sua grandeza c constrói seu poderio c

nar-se

sua fôrça.

igual a um desses que enchem o inundo de ruídos e ameaças, de manha, quan do acordar c debruçar-se sobre,a paisa gem simples que foi posta diante da

Da sacada de sua sala de despacho, o Clicfc do Executivo divi>a um qua

dro que se diria pôsto ali propositada mente para dar-liie todos o.s dias a sen sação dos limites do seu poder, dentro d(j sistema a que deve obe diência. De um lado, o ma

tão hábeis, dentro

dente, cuja ação está permanentemente sob o seu "conlròle" c o seu livre jul

gamento. Na sua imponência c sua grandeza, aquele palácio põe diante dos olhos do supremo mandatário a imagem

da própria opinião pública, investida, naquela democracia, no papel de juiz supremo c de fiscal soberano dos seus atos c da sua conduta.

Do outro lado,

trabalha e discute; o po\'0, que repre

Naquele solar baixo, branco, sem pre

senta, realmente, a nação americana, faz

excessos, sem oprimir os homens^ pôde o povo americano vi\er mais de 150

anos, fiel aos seus fundadores, o 'consti-

tiúr-se numa nação poderosa e respei tada como nenhuma outra. Suai orga nização já tem por si o prestigio das coi sas eternas; e no sou subconsciente o

povo dos Estados Unidos considera in-

violá\'el esse regime de pesos é contra pesos, que Franklin Delano Ropsevell

branco, mas modesta na severidade de seu corte romano, a Suprema Côrte. Ali, nove homens apenas — de cuja integri dade e de cuja pureza jamais se duvi dou — velam pela lei. São os deposi tários de uma confiança ilimitada. A

chama, no pitoresco habitual da siia lin guagem, de governo de "parelha três cavalos" e no qual a opinião pública americana vê a garantia do equilíbrio da sua política e das liberdades que:ThÍers considerava "cardiais", e sem as' quais aquela gente não compreende a própria

sua presença lembra ao presidente que êle pode tudo, mas nada pode contra a

vida.

1

Lei 6 a Constituição, que os "pais da na

ção americana" elaboraram. Nessa, nin guém ousará tocar. Cairá fulminado pe la decisão condenatória

o

presidente

que exorbitar dos seus poderes, e trans gredir um dos textos da carta que o Congresso de Filadélfia legou aos ame lítica. E só aqueles nove apóstolos têm

nio que llie vem da rua, onde o povo

qual,

tôda guarnecida do um puro mármore

se-ia o vácuo, e o seu poder acabaria

pssA intimidade da casa do presidente

bre os projetos urdidos durante -o pesa delo da \éspera. No Seu es pírito ressurgirão o respeito e

sem violar liberdades,! sem

dela gênero Kremlin; em tôrno dôle far-

^ com a rua é simbólica do regime.

sua casa, corlamonte meditará mais so

leis e tomar contas ao presi

légios, nem aristocracias.

êle só se alimenta de seiva e de oxigê

moderno,

tema de linhas tão , claras e

ricanos como a sua sagrada bíblia po

pois que

Cé.sar

a reverência por aquele sis

techando-se numa tôrre ou numa cida

extinguindo-se por inanição,

um

jestoso Capitólio, onde se revinem os rcpre.sentanles dire tos do po\'o para elaborar as

peitável como o do chefe supremo do país. América livre e igual, sem privi 0. o

também

o privilégio dessa hermenêutica delica díssima.

Se o presidente americano teve um sonho mau de noite, e a sua alma se

agita e se atormenta de ambição de tor

Dessa quieta e doce capital america

na, onde não há eleições, onde pão há ruídos, onde não existem indústrias, so

bre cujo centro cívico não podem voar os aviões, para não perturbarem, a paz dos que governam, onde não há vida

noturna; dessa poética Washington — uma ilha de tranqüilidade e isolamento

dentro da febril agitação, das' disputas, das rixas e da sede de conquista de que são teatro os outros pontos deste país —


74

Digesto

sob a doçura dos seus parques incomparáveis, vendo o Potomac descer pre guiçosamente, à procura da casa de on

de Washington partiu para a guerra, pode-se nessa hora olhar o mundo com

mais serenidade e compreensão.

O espírito se volta primeiro para aque

la extraordinária equipe de homens pú blicos, para aqueles construtores que

EcoNÓ>aco

formação política, c, fiéi.s à memória dos fundadores da nação, buscam achá-la

dentro do seu próprio mecanismo, ten dendo apenas a adaptá-lo às contingên cias e às imposições do momento, sem renunciar ao que ôle tom de e.ssencial,

de profundo, de permanente.

poucos países terão reunido iguais e em

tal número numa, mesma época, e que

são realmente os "pais" dos Estados

Unidos. Á sua sabedoria política, .às suas virtudes, ao seu espírito cívico, ao seu percuciente senso das realidades se

deve a criação de um sistema original, que pôde preservar, vencendo tôdas as tremendas crises internas, a unidade de

^ país, sob todos os pontos de vista heterogêneo, manter a liberdade dos ci dadãos e permitir o extraordinário sur to com que a América haveria de sur preender o mundo.

Washington, Hamilton, Madison Tef-

ferson, Joyce, Franklin, Monroe formam

entre os maiores políticos e condutores de povos que a humanidade tem conhe

cido, e são dignos da veneração de que

são envolvidas as suas memórias, como o é ainda, por outros motivos, a de Lin-

coln, que não pertence àquela geração de pró-homens, mas nada lhes deve na estatura. Êsses criadores engendraram um sistema de governo tão dúctil e tão

balanceado que a sua virtude se exprime pela sua própria sobrevivência, através das mais sérias dificuldades e dos mais

profundos abalos. E ainda agora, quan do se vê daqui o mundo inquieto e in satisfeito à procura da solução para os seus problemas eternos, e se pensa en contrá-la nos super-homens dos gover nos absolutos, é consolador verificar-se que os americanos não consentem em

abrir mão das suas tradições e da .sua

.■Jt.

Há cinco anos que es.sa tradição polí tica americana, que compõe a persona lidade desse povo, tanto quanto o seu puritanismo, se afirma cm conflito per manente com a política do presidente

Hoosevelt. Quando este assumiu o go verno, em condições quase trágicas, fo-

ram-lhe feitas concessões do podcres excepcionais, como se a nação estivesse

invadida por um inimigo externo. Nas faculdades que se outorgaram ao Chefe

DrcEsTo

ção do seu regime, que não precisava ser sacrificado na sua substância para vencer a cri.se presente, pois que com o mesmo regime e o mesmo sistema,

em outras épocas, o go\èrno e o po

vo americanos já hax iam dominado ou tras crises e transposto dificuldades igualmente .sérias c graves. E' êsse ape go às suas próprias tradições e ao seu passado cpic explica, a quem se encontra em Wasliinglon, nesse momento, a ra zão pí^r que um povo tão jovem se man

tém fiel ao seu próprio destino e à sua vocação, e consegue, numa hora e num mundo tão pcrturbado.s, manter as suas conquistas fundamentais c buscar solu ção para os seus problemas, .sem que renuncie aos privilégios que conquistou com tantos sacrifícios e tão duras peleja.s.

do Estado, as instituições deram o má ximo da sua elasHcidade e da .sua ca

73

Eco^'6^aco

nonusTo e sombrio Hoover não te tormenta.

prática do regime.

Desde, entretanto, que, sem atentar embora contra as liberdades políticas, as ^penôncias e as iniciativas do "New

pre de cara fechada; a sua severidade

Roosevelt reiterou a sua fidelidade e o seu respeito aos ideais democráticos. Ha

via uma linha inviolável para o seu po der e para o alcance dos .seus movimen

tos, e êle tentou transpô-la. "On ne pas se pas", sentenciaram os juizes da Su prema Côrte, em nome do espírito e das tradições da organização americana de governo. E essa resistência exprimiu a convicção da elite do país na perfei-

ve forças para arrancar o barco da Para substituí-lo foram bus

Aquôle, sadio e compacto, andava sem triste só contribuía pnra agravar as in

quietações e as agruras dos que se viam perdidos no temporal. O novo pilôto, cuja vida era um sofrimento físico cons tante, quase inválido, sem pernas, trazia nos lábios o mais esfusiante, simpático e otimista dos sorrisos, comunicativo de

confiança e de ânimo.

nados, bancos fechados, 14 milhões .sem

empregos, suicídios às centenas. Um quadro de ruínas e desolações. O ame

ricano, segundo uma típica e.xpressão ianque, já passara a usar guarda-chxna desde a depressão de 29, depois que perdera a ilusão, que a "prosperitj'" lhe dera, de que vivia sob um sol perma nente; e não tinha maís encantamentos,

de Alice no País das Maraxilhas, como

dizia Roose\-elt; mas, aquele panorama de calaclísmo e de destroços não se jul América, olhada por todos como o país

car o enfermo e sorridente Roosevelt.

como contrariando o

ne. Pânico na Bolsa, crise de confiança,

desespero, revolta de fazendeiros arrui

gava possível que se descortinasse na

3.0

pacidade de adaptação, máximo que foi julgado suficiente para enfrentar a crise, pelos órgãos incumbidos de velar pela

equilíbrio e o balanço do sistema gover namental, foram elas repelidas e anula das pela ação corretiva daqueles ór gãos. Debalde êsse heróico presidente

não recuar diante da esmagadora res ponsabilidade que abateria o mais feliz c hígido dos seres. Roosevelt tinha bem consciência da herança que recebia e da hercúlea tarefa a que era chamado. A nação havia sido devastada por um ciclo

A decisão desse

homem (que já teria um pesado encar

go, cuidando de vencer a moléstia im piedosa, para chegar tranqüilamente ao

da grã-ventura.

Transformara-se em

desespero a euforia da prosperidade sem fim. A produção crescera cada vez mais

e não fora absorvida. O crash guarda ra proporção à grandeza do edifício, à pujança das colunas que o sustentavam e ao pêso do teto carregado de ouro que o cobria. "E' mais do que uma campanha eleitoral o que vamos em preender, exclamou Roosevelt, agrade cendo a escolha para candidato. E' um apôlo às armas". E o quase inválido par tiu para a guerra, sorrindo. Sem pernas,

percorreu, em propaganda da sua cau sa, 17.000 milhas em qiiatro meses.

fim de sua vida) de tomar nos pulsos o

O "New Deal" representava uni pro grama de justiça social. Roosevelt o expôs em alguns discursos lapidares.

governo da América numa hora dramá

Dois terços das

tica criou-lhe instantaneamente um es

estavam concentradas nas mãos de 600

plêndido ambiente de entusiasmo,

sociedades, 50 famílias detinham quase

de

apoio e de boa vontade, aquecido pela emoção com que se via aquele doente

indústrias

americanas

toda a fortuna dos Estados Unidos. "Ur

ge uma nova declaração de independên-


74

Digesto

sob a doçura dos seus parques incomparáveis, vendo o Potomac descer pre guiçosamente, à procura da casa de on

de Washington partiu para a guerra, pode-se nessa hora olhar o mundo com

mais serenidade e compreensão.

O espírito se volta primeiro para aque

la extraordinária equipe de homens pú blicos, para aqueles construtores que

EcoNÓ>aco

formação política, c, fiéi.s à memória dos fundadores da nação, buscam achá-la

dentro do seu próprio mecanismo, ten dendo apenas a adaptá-lo às contingên cias e às imposições do momento, sem renunciar ao que ôle tom de e.ssencial,

de profundo, de permanente.

poucos países terão reunido iguais e em

tal número numa, mesma época, e que

são realmente os "pais" dos Estados

Unidos. Á sua sabedoria política, .às suas virtudes, ao seu espírito cívico, ao seu percuciente senso das realidades se

deve a criação de um sistema original, que pôde preservar, vencendo tôdas as tremendas crises internas, a unidade de

^ país, sob todos os pontos de vista heterogêneo, manter a liberdade dos ci dadãos e permitir o extraordinário sur to com que a América haveria de sur preender o mundo.

Washington, Hamilton, Madison Tef-

ferson, Joyce, Franklin, Monroe formam

entre os maiores políticos e condutores de povos que a humanidade tem conhe

cido, e são dignos da veneração de que

são envolvidas as suas memórias, como o é ainda, por outros motivos, a de Lin-

coln, que não pertence àquela geração de pró-homens, mas nada lhes deve na estatura. Êsses criadores engendraram um sistema de governo tão dúctil e tão

balanceado que a sua virtude se exprime pela sua própria sobrevivência, através das mais sérias dificuldades e dos mais

profundos abalos. E ainda agora, quan do se vê daqui o mundo inquieto e in satisfeito à procura da solução para os seus problemas eternos, e se pensa en contrá-la nos super-homens dos gover nos absolutos, é consolador verificar-se que os americanos não consentem em

abrir mão das suas tradições e da .sua

.■Jt.

Há cinco anos que es.sa tradição polí tica americana, que compõe a persona lidade desse povo, tanto quanto o seu puritanismo, se afirma cm conflito per manente com a política do presidente

Hoosevelt. Quando este assumiu o go verno, em condições quase trágicas, fo-

ram-lhe feitas concessões do podcres excepcionais, como se a nação estivesse

invadida por um inimigo externo. Nas faculdades que se outorgaram ao Chefe

DrcEsTo

ção do seu regime, que não precisava ser sacrificado na sua substância para vencer a cri.se presente, pois que com o mesmo regime e o mesmo sistema,

em outras épocas, o go\èrno e o po

vo americanos já hax iam dominado ou tras crises e transposto dificuldades igualmente .sérias c graves. E' êsse ape go às suas próprias tradições e ao seu passado cpic explica, a quem se encontra em Wasliinglon, nesse momento, a ra zão pí^r que um povo tão jovem se man

tém fiel ao seu próprio destino e à sua vocação, e consegue, numa hora e num mundo tão pcrturbado.s, manter as suas conquistas fundamentais c buscar solu ção para os seus problemas, .sem que renuncie aos privilégios que conquistou com tantos sacrifícios e tão duras peleja.s.

do Estado, as instituições deram o má ximo da sua elasHcidade e da .sua ca

73

Eco^'6^aco

nonusTo e sombrio Hoover não te tormenta.

prática do regime.

Desde, entretanto, que, sem atentar embora contra as liberdades políticas, as ^penôncias e as iniciativas do "New

pre de cara fechada; a sua severidade

Roosevelt reiterou a sua fidelidade e o seu respeito aos ideais democráticos. Ha

via uma linha inviolável para o seu po der e para o alcance dos .seus movimen

tos, e êle tentou transpô-la. "On ne pas se pas", sentenciaram os juizes da Su prema Côrte, em nome do espírito e das tradições da organização americana de governo. E essa resistência exprimiu a convicção da elite do país na perfei-

ve forças para arrancar o barco da Para substituí-lo foram bus

Aquôle, sadio e compacto, andava sem triste só contribuía pnra agravar as in

quietações e as agruras dos que se viam perdidos no temporal. O novo pilôto, cuja vida era um sofrimento físico cons tante, quase inválido, sem pernas, trazia nos lábios o mais esfusiante, simpático e otimista dos sorrisos, comunicativo de

confiança e de ânimo.

nados, bancos fechados, 14 milhões .sem

empregos, suicídios às centenas. Um quadro de ruínas e desolações. O ame

ricano, segundo uma típica e.xpressão ianque, já passara a usar guarda-chxna desde a depressão de 29, depois que perdera a ilusão, que a "prosperitj'" lhe dera, de que vivia sob um sol perma nente; e não tinha maís encantamentos,

de Alice no País das Maraxilhas, como

dizia Roose\-elt; mas, aquele panorama de calaclísmo e de destroços não se jul América, olhada por todos como o país

car o enfermo e sorridente Roosevelt.

como contrariando o

ne. Pânico na Bolsa, crise de confiança,

desespero, revolta de fazendeiros arrui

gava possível que se descortinasse na

3.0

pacidade de adaptação, máximo que foi julgado suficiente para enfrentar a crise, pelos órgãos incumbidos de velar pela

equilíbrio e o balanço do sistema gover namental, foram elas repelidas e anula das pela ação corretiva daqueles ór gãos. Debalde êsse heróico presidente

não recuar diante da esmagadora res ponsabilidade que abateria o mais feliz c hígido dos seres. Roosevelt tinha bem consciência da herança que recebia e da hercúlea tarefa a que era chamado. A nação havia sido devastada por um ciclo

A decisão desse

homem (que já teria um pesado encar

go, cuidando de vencer a moléstia im piedosa, para chegar tranqüilamente ao

da grã-ventura.

Transformara-se em

desespero a euforia da prosperidade sem fim. A produção crescera cada vez mais

e não fora absorvida. O crash guarda ra proporção à grandeza do edifício, à pujança das colunas que o sustentavam e ao pêso do teto carregado de ouro que o cobria. "E' mais do que uma campanha eleitoral o que vamos em preender, exclamou Roosevelt, agrade cendo a escolha para candidato. E' um apôlo às armas". E o quase inválido par tiu para a guerra, sorrindo. Sem pernas,

percorreu, em propaganda da sua cau sa, 17.000 milhas em qiiatro meses.

fim de sua vida) de tomar nos pulsos o

O "New Deal" representava uni pro grama de justiça social. Roosevelt o expôs em alguns discursos lapidares.

governo da América numa hora dramá

Dois terços das

tica criou-lhe instantaneamente um es

estavam concentradas nas mãos de 600

plêndido ambiente de entusiasmo,

sociedades, 50 famílias detinham quase

de

apoio e de boa vontade, aquecido pela emoção com que se via aquele doente

indústrias

americanas

toda a fortuna dos Estados Unidos. "Ur

ge uma nova declaração de independên-


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76

DiGESTO EcONÓ\nCO

cia »-•«, exclama o apóstolo das reivindica ções. Não podemos ver metade da na ção muito gorda, e milhões sem ter o

de resistência conservadora entraram a

bre as suas iniciativas arrojadas.

formar o dique que dc\'criu conter os

nada o abatia, nem o desanimava.

impedir que morra de fome todo ho

excessos c as exaltações do impetuoso

vão para ganhar a vida.

Governar é

manter as balanças da justiça iguais pa ra todos".

Eleito, o presidente foi fiel ao can

didato, noj cumprimento das promessas que fizera. Tornou-se o governo dos

Mas

O seu cuidado permanente era afirmar

presidente, cujo espírito de luta, reve

a sua fc no regime democrático e guar

lado pela posição assumida em face da

dar respeito às sagradas liberdades ou torgadas pela constituição. Com isso tranqüilizava a opinião pública, e res pondia aos que o acusavam de preten

, catástrofe, fixou-lhe, naquela hora, pa ra sempre, o perfil do um condutor e

de um homem de ação extraordinário. A torroncial legislação do "New Deal",

surj^reendente. "Main Street" batera na pugna "Wall Strcol". Mas, o e.xpressivo triunfo nas urnas não foi bastante para afastar do caminho os embaraços e as

resistências que Roosevelt havia encon trado desde as primeiras horas.

Ainda agora, quem se põe em conlacto com o.s Estados Unidos sente co

mo a sua ação continua negada e com batida. A sua i>opularidade junto ao

der transformar-se num ditador. Insistia

iiomem da rua, nas classes baixas, é, (ín-

Irctanto, imensa, inabalável,

mas

humildes, dos pobres, de cujos direitos

invadindo todos os sotorc.s da vida ame

Roosevelt em cjuc, para se fortalecer a

ricana, as iniciativas arrojadas dos pro

democracia, era nece.ssário dar uma de

sas, aqui, como em tôda parte são sen

fensor devotado, em luta com a mais poderosa organização plutocrática. Ob teve os plenos poderes que solicitara

fessores e teóricos do "Brain Trust", os

síveis aos lutadores desse tipo. O seu sor

instrumentos de intervenção na esfera,

monstração prática de (pie, dentro des se regime, os povos podem solucionar

da atividade particular, de que o Go

as suas crises mais graves, e encontrar

do Congresso, como se os Estados Uni dos estivessem em guerra com um inimi go estrangeiro. E lançou-se com um vi gor surpreendente às medidas heróicas e

verno SC armou, o crescimento e a am

remédio

plitude dos órgãos do Estado, essa in sólita hipertrofia do poder acabaram

injustiças sociais. O que ele reclamava apenas era que o sistema se ada^itasse

tualmente povo. Rigorosamente, Roose velt, com todos os seus traços de grande

por provocar uma energica oposição das

à,s circunstâncias extraordinárias do mo

violentas que formaram a crônica emo cionante e dramática dos seus primeiros

forças que exprimiam a opinião tradi cionalista dos Estados Unidos. Os po derosos sindicatos patronais, os "Irusts",

mento e jiudessc ler o Governo a elas ticidade 6 rapidez de ação necessárias

liomcm de verdade, é um demagogo, sincero e brilhante, mas um demagogo.

os magnatas, os republicanos, a impren

com que deparava. Psicólogo sagaz, acos

sa, o congresso e acima de todos, os

tumado a lidar com ns multidões, Roose

o milionário Roosevelt tornou-se o de

meses de administração. o

o

o

Nenhum sistema trazia Roosevelt

' Seus métodos são essencialmente empí, ricos e.e-xperimentais. Êle mesmo o con-

, fessa, como admite lealmente que tenha errado muitas vezes. Mas, naquela con' juntara dificílima, o que era necessá rio e urgente era fazer alguma coi-a,

procurar safar o barco de qualquer mo-

. do. "Hei de errar muitas vezes — previne o presidente. Não tenho a prctensão de acertar cada vez que atiro ao I alvo".

;

da Suprema Côrte, que punha o veto fulminante da inconslitucionalidade so

que comer. O Governo tem o dever de

mem e tôda mulher que se esforce em

.

listas dos Estados Unido.s, e com o tê.xto frio da carta constitucional, as forças

77

DrcESTO ECONÓKflCO

Passada, entretanto, a sensação pró-

I xima do perigo, e mormente a emoção,

males e para as

para conjurar as tremendas dificuldades

patia do que se costuma chamar habi

E a sua influencia sobre as massas se

c-xx^lica em grande parte pelos seus do tes de tribuno.

Roosevelt é um estu-

juizes da Suprema Côrtc, assustados e

velt jamais abandonou a tecla da sua fi

X^endo orador x>ara as multidões. Quan do se dirige aos americanos só os chama

tímidos, começaram a reagir contra a te

delidade ao regime, e deixou de apre sentar-se como o camaleão do ideal ame ricano de democracia e liberdade.

pontilhada do "humour" e bonomia,

merária experiência Roosevelt.

E daí

por diante, pouco tempo depois de inaugurado o seu período, passou o pre sidente a travar dois combates terríveis,

sários que armaram a opinião pública

Quando estava a terminar o seu pri meiro período, a safra de resultados que

poderia apresentar era bem escassa. Candidato à reeleição,

com o mesmo

ern guerra aos seus métodos e à sua

programa, a vitória de Roosevelt foi es

orientação. Só um espírito enérgico e

trondosa. Contra êle se ergueram deses-

retemperado como o de Roosevelt po deria enfrentar essa luta gigantesca. E ele o fez com denodo e vigor titânicos,

peradamente os banqueiros, os ca^iitães de indústria e do comércio, cerca de

j haviam criado, e quando os seus atos

panha desenfreada, sob o bombardeio

1 audaciosos começaram a entrar em con( flito com as tradições liberais e individua

dos seus adversários incansáveis, am

guagem de que êle tem o segredo, in

parados pela força serena, mas decisiva,

fligiu ao seu adversário uma derrota

arrostando, a peito descoberto, uma cam

num tom de intimidade e de aproxima tão in-esistível.

um contra as fòrças de destruição e de

desordem que provocaram a crise finan ceira, econômica e social sem preceden tes, e outro contra os impiedosos adver

de "meus amigos", e fala numa lingua gem de uma limpidez, de uma clareza,

ção, que representa uma força de suges

80 % da imprensa. O candidato dos de serdados, dos pobres, dos modestos, fa lando às massas diretamente, numa lin

^ que as orações patéticas de Roosevelt

riso, a sua voz., a sua eloqüência, a sua

I>rópria enfermidade conquistaram a sim

Mas, os seus processos artificiais, os seus métodos empíricos não deram os resultados que, pelo menos, compensas sem os sacrifícios que impuseram. Ten do abalado a confiança dos homens de

negócio, êsses se retraíram e a falta de

iniciativas novas não permitiu se crias

sem outros serviços e empresas para ab sorver os desempregados, cujo escoamen

to era o x^roblema número 1 do Go\'êrno. As obras públicas mais ou menos artificiais empregaram alguns milhões, mas ainda perto de dez. milhões estão


II

76

DiGESTO EcONÓ\nCO

cia »-•«, exclama o apóstolo das reivindica ções. Não podemos ver metade da na ção muito gorda, e milhões sem ter o

de resistência conservadora entraram a

bre as suas iniciativas arrojadas.

formar o dique que dc\'criu conter os

nada o abatia, nem o desanimava.

impedir que morra de fome todo ho

excessos c as exaltações do impetuoso

vão para ganhar a vida.

Governar é

manter as balanças da justiça iguais pa ra todos".

Eleito, o presidente foi fiel ao can

didato, noj cumprimento das promessas que fizera. Tornou-se o governo dos

Mas

O seu cuidado permanente era afirmar

presidente, cujo espírito de luta, reve

a sua fc no regime democrático e guar

lado pela posição assumida em face da

dar respeito às sagradas liberdades ou torgadas pela constituição. Com isso tranqüilizava a opinião pública, e res pondia aos que o acusavam de preten

, catástrofe, fixou-lhe, naquela hora, pa ra sempre, o perfil do um condutor e

de um homem de ação extraordinário. A torroncial legislação do "New Deal",

surj^reendente. "Main Street" batera na pugna "Wall Strcol". Mas, o e.xpressivo triunfo nas urnas não foi bastante para afastar do caminho os embaraços e as

resistências que Roosevelt havia encon trado desde as primeiras horas.

Ainda agora, quem se põe em conlacto com o.s Estados Unidos sente co

mo a sua ação continua negada e com batida. A sua i>opularidade junto ao

der transformar-se num ditador. Insistia

iiomem da rua, nas classes baixas, é, (ín-

Irctanto, imensa, inabalável,

mas

humildes, dos pobres, de cujos direitos

invadindo todos os sotorc.s da vida ame

Roosevelt em cjuc, para se fortalecer a

ricana, as iniciativas arrojadas dos pro

democracia, era nece.ssário dar uma de

sas, aqui, como em tôda parte são sen

fensor devotado, em luta com a mais poderosa organização plutocrática. Ob teve os plenos poderes que solicitara

fessores e teóricos do "Brain Trust", os

síveis aos lutadores desse tipo. O seu sor

instrumentos de intervenção na esfera,

monstração prática de (pie, dentro des se regime, os povos podem solucionar

da atividade particular, de que o Go

as suas crises mais graves, e encontrar

do Congresso, como se os Estados Uni dos estivessem em guerra com um inimi go estrangeiro. E lançou-se com um vi gor surpreendente às medidas heróicas e

verno SC armou, o crescimento e a am

remédio

plitude dos órgãos do Estado, essa in sólita hipertrofia do poder acabaram

injustiças sociais. O que ele reclamava apenas era que o sistema se ada^itasse

tualmente povo. Rigorosamente, Roose velt, com todos os seus traços de grande

por provocar uma energica oposição das

à,s circunstâncias extraordinárias do mo

violentas que formaram a crônica emo cionante e dramática dos seus primeiros

forças que exprimiam a opinião tradi cionalista dos Estados Unidos. Os po derosos sindicatos patronais, os "Irusts",

mento e jiudessc ler o Governo a elas ticidade 6 rapidez de ação necessárias

liomcm de verdade, é um demagogo, sincero e brilhante, mas um demagogo.

os magnatas, os republicanos, a impren

com que deparava. Psicólogo sagaz, acos

sa, o congresso e acima de todos, os

tumado a lidar com ns multidões, Roose

o milionário Roosevelt tornou-se o de

meses de administração. o

o

o

Nenhum sistema trazia Roosevelt

' Seus métodos são essencialmente empí, ricos e.e-xperimentais. Êle mesmo o con-

, fessa, como admite lealmente que tenha errado muitas vezes. Mas, naquela con' juntara dificílima, o que era necessá rio e urgente era fazer alguma coi-a,

procurar safar o barco de qualquer mo-

. do. "Hei de errar muitas vezes — previne o presidente. Não tenho a prctensão de acertar cada vez que atiro ao I alvo".

;

da Suprema Côrte, que punha o veto fulminante da inconslitucionalidade so

que comer. O Governo tem o dever de

mem e tôda mulher que se esforce em

.

listas dos Estados Unido.s, e com o tê.xto frio da carta constitucional, as forças

77

DrcESTO ECONÓKflCO

Passada, entretanto, a sensação pró-

I xima do perigo, e mormente a emoção,

males e para as

para conjurar as tremendas dificuldades

patia do que se costuma chamar habi

E a sua influencia sobre as massas se

c-xx^lica em grande parte pelos seus do tes de tribuno.

Roosevelt é um estu-

juizes da Suprema Côrtc, assustados e

velt jamais abandonou a tecla da sua fi

X^endo orador x>ara as multidões. Quan do se dirige aos americanos só os chama

tímidos, começaram a reagir contra a te

delidade ao regime, e deixou de apre sentar-se como o camaleão do ideal ame ricano de democracia e liberdade.

pontilhada do "humour" e bonomia,

merária experiência Roosevelt.

E daí

por diante, pouco tempo depois de inaugurado o seu período, passou o pre sidente a travar dois combates terríveis,

sários que armaram a opinião pública

Quando estava a terminar o seu pri meiro período, a safra de resultados que

poderia apresentar era bem escassa. Candidato à reeleição,

com o mesmo

ern guerra aos seus métodos e à sua

programa, a vitória de Roosevelt foi es

orientação. Só um espírito enérgico e

trondosa. Contra êle se ergueram deses-

retemperado como o de Roosevelt po deria enfrentar essa luta gigantesca. E ele o fez com denodo e vigor titânicos,

peradamente os banqueiros, os ca^iitães de indústria e do comércio, cerca de

j haviam criado, e quando os seus atos

panha desenfreada, sob o bombardeio

1 audaciosos começaram a entrar em con( flito com as tradições liberais e individua

dos seus adversários incansáveis, am

guagem de que êle tem o segredo, in

parados pela força serena, mas decisiva,

fligiu ao seu adversário uma derrota

arrostando, a peito descoberto, uma cam

num tom de intimidade e de aproxima tão in-esistível.

um contra as fòrças de destruição e de

desordem que provocaram a crise finan ceira, econômica e social sem preceden tes, e outro contra os impiedosos adver

de "meus amigos", e fala numa lingua gem de uma limpidez, de uma clareza,

ção, que representa uma força de suges

80 % da imprensa. O candidato dos de serdados, dos pobres, dos modestos, fa lando às massas diretamente, numa lin

^ que as orações patéticas de Roosevelt

riso, a sua voz., a sua eloqüência, a sua

I>rópria enfermidade conquistaram a sim

Mas, os seus processos artificiais, os seus métodos empíricos não deram os resultados que, pelo menos, compensas sem os sacrifícios que impuseram. Ten do abalado a confiança dos homens de

negócio, êsses se retraíram e a falta de

iniciativas novas não permitiu se crias

sem outros serviços e empresas para ab sorver os desempregados, cujo escoamen

to era o x^roblema número 1 do Go\'êrno. As obras públicas mais ou menos artificiais empregaram alguns milhões, mas ainda perto de dez. milhões estão


Dioesto Econômico

78

descolocados, enquanto os bancos sofrem de fartura de numerário, c cobram taxa

de depósito ao invés de pagar juros. Os déficits orçamentários são astronômi cos. E os conflitos entre o capital e o trabalho vão-se agravando, à medida que os operários se sentem mais fortes

pe^Ia hostilidade recíproca entre os pa trões e a administração.

Digesto

Econóníjco

Outra tendência que re\ela igualmen te essa profunda ligação .scntinicnlal en tre as massas e o chefe do Executivo é

a de atribuir sempre o.s fracassos da atual administração ou da atual política aos maus auxiliares de que Roosevelt se teria cercado. A culpa nunca é dêle, mas do Secretário do Interior, ou do Se

cretário da Agricultura ou de miss Per-

kins, a Secretária do Trabalho, Apesar de tudo, o povo ama Roosevelt, conclui uma jornalista americana que acaba de

Apesar de não ser favorável o balanço da a^inistração Roosevelt, o prestígio

O que explica, entretanto, essa hos

tilidade do que se poderia chamar as forças vivas da nação aos métodos rooseveltianos ? Êle é um democrata sincero. E bastante americano para pretender

A simpatia de que o povo o cerca é

tima, a formação espiritual de um polí tico educado em Harvard e agindo na quele ambiente incompatível com a

cham a sala. Nas ultimas eleições, reali zadas há dois meses, os republicanos ganharam terreno de uma maneira ex traordinária. A votação se dividiu entre

afirmações de fidelidade ao regime são reiteradas e revelam uma tendência ín

opressão e o dítatorialismo. Jamais prati cou êle qualquer atentado à liberdade de palavra ou de crítica. Fala-se ainda nesse país o que se pensa e o que se

quer, pela imprensa, pelo rádio, pela

49% para os candidatos democráticos e

tribuna. Roosevelt suporta com paciên

epqjrime, de forma alguma, uma queda ou desfalecimento na popularidade de

dio, mas não como os ditadores moder-

cia as mais duras críticas e cs mais vio 47,8 % para os republicanos. Entretanto, lentos ataques e sabe replicá-las com segundo a opinião dos observadores po- líticos mais sagazes, êsse resultado não tolerância e graça. O presidente gosta

Roosevelt. E* que no pleito êle não es tava pessoalmente em causa, e a simpa tia popular é, não pelo partido do pre sidente, mas pelo presidente pessoal mente.

Não sc acusa

Roosevelt de

qualquer restrição às liberdades políti cas. Por que então os seus adversários o incriminam de despótico, dc usurpador, e insistem em que 6 necessário despojálo da soma excepcional de podcres de

que se muniu, repondo rigorosamente o regime goveniamcntal americano dentro das suas tradições ?

E', sem dúvida,

num dos pontos mais sensíveis o profun

nas que se Roosevelt não tivesse agL

quase tocante. Não aparece o seu no me. o seu retrato, num cinema ou num meeting , sem que as aclamações en

nárias qualidades de orador de que é dotado.

vindo as mais variadas classes sociais.

exercer o poder arbitràríamente. As suas

da maneira por que agiu seria pior

raço ao livre desabrochar das suas ener

fazer penetrante inquérito pelo país, ou

balde invocam-se as cifras para abalar

tadóAT arrancar os Esos tados Unidos da mais séria crise que acometeu: o homem da rua replica ape

Êle não poderia tolerar qualquer eiiiha-

porque Roosevelt contrariou e feriu o

e a simpatia que ele desperta nas mas sas populares continuam fortíssimos. De-

a te nos resultados da sua ação. A res posta exprime uma confiança cega e graüdao comovida ao bravo luta-

mesmo um do.s seus esportes prediletos,

que lhe permite aproveitar as extraordi

de falar aos seus concidadãos pelo rá

,nos que têm diálogos com um mudo, pois não permitem que os seus ouvintes so manifestem, debatam ou discutam as suas orações.

Ao contrário,

Roosevelt

vive numa contx'ovérsia permanente com os seus adversários, e êsse parece ser

americano

construtivo

c personalista,

gias e da sua ação. Teme, por isso, a

inteivenção do Estado e reage quando essa lenta contê-lo dentro de limites que

so chocam com a sua plena autonomia. Roosevelt quis imiscuir-se no terreno

privado, intrometendo e.xcessivamente o Estado na \ida dos cidadãos. E foi o

bastante para provocar essa violenta reação do americano, cuja Iíntc perso nalidade tem que expandir-se sem peias. A politica de Roosevelt caminhou no arrepio da mais estratificada formação norte-americana e ali no conflito entre o

dos da sua formação: o sou espírito in dividualista. Cidadão forte, consciente,

cidadão e o Estado (os povos ricos têm

cheio de impulsos e iniciativas, o ame

terá de ceder para não sc tornar opressi vo, matando a iniciativa privada e cer ceando a fôrça criadora do homem. Agora, como sempre, o americano per

ricano quer ter livres c desimpedidas to das as forças pelas quais se afirma a sua marcante personalidade. O seu in dividualismo, a sua iniciativa, o seu es

pírito criador, é que fizeram a sua gran deza e com ela a da nação americana.

horror a esse monstro absorvente), esse

manece fiel ao pensameuto jeffersonia-

no de que o povo menos governado é o melhor governado.


Dioesto Econômico

78

descolocados, enquanto os bancos sofrem de fartura de numerário, c cobram taxa

de depósito ao invés de pagar juros. Os déficits orçamentários são astronômi cos. E os conflitos entre o capital e o trabalho vão-se agravando, à medida que os operários se sentem mais fortes

pe^Ia hostilidade recíproca entre os pa trões e a administração.

Digesto

Econóníjco

Outra tendência que re\ela igualmen te essa profunda ligação .scntinicnlal en tre as massas e o chefe do Executivo é

a de atribuir sempre o.s fracassos da atual administração ou da atual política aos maus auxiliares de que Roosevelt se teria cercado. A culpa nunca é dêle, mas do Secretário do Interior, ou do Se

cretário da Agricultura ou de miss Per-

kins, a Secretária do Trabalho, Apesar de tudo, o povo ama Roosevelt, conclui uma jornalista americana que acaba de

Apesar de não ser favorável o balanço da a^inistração Roosevelt, o prestígio

O que explica, entretanto, essa hos

tilidade do que se poderia chamar as forças vivas da nação aos métodos rooseveltianos ? Êle é um democrata sincero. E bastante americano para pretender

A simpatia de que o povo o cerca é

tima, a formação espiritual de um polí tico educado em Harvard e agindo na quele ambiente incompatível com a

cham a sala. Nas ultimas eleições, reali zadas há dois meses, os republicanos ganharam terreno de uma maneira ex traordinária. A votação se dividiu entre

afirmações de fidelidade ao regime são reiteradas e revelam uma tendência ín

opressão e o dítatorialismo. Jamais prati cou êle qualquer atentado à liberdade de palavra ou de crítica. Fala-se ainda nesse país o que se pensa e o que se

quer, pela imprensa, pelo rádio, pela

49% para os candidatos democráticos e

tribuna. Roosevelt suporta com paciên

epqjrime, de forma alguma, uma queda ou desfalecimento na popularidade de

dio, mas não como os ditadores moder-

cia as mais duras críticas e cs mais vio 47,8 % para os republicanos. Entretanto, lentos ataques e sabe replicá-las com segundo a opinião dos observadores po- líticos mais sagazes, êsse resultado não tolerância e graça. O presidente gosta

Roosevelt. E* que no pleito êle não es tava pessoalmente em causa, e a simpa tia popular é, não pelo partido do pre sidente, mas pelo presidente pessoal mente.

Não sc acusa

Roosevelt de

qualquer restrição às liberdades políti cas. Por que então os seus adversários o incriminam de despótico, dc usurpador, e insistem em que 6 necessário despojálo da soma excepcional de podcres de

que se muniu, repondo rigorosamente o regime goveniamcntal americano dentro das suas tradições ?

E', sem dúvida,

num dos pontos mais sensíveis o profun

nas que se Roosevelt não tivesse agL

quase tocante. Não aparece o seu no me. o seu retrato, num cinema ou num meeting , sem que as aclamações en

nárias qualidades de orador de que é dotado.

vindo as mais variadas classes sociais.

exercer o poder arbitràríamente. As suas

da maneira por que agiu seria pior

raço ao livre desabrochar das suas ener

fazer penetrante inquérito pelo país, ou

balde invocam-se as cifras para abalar

tadóAT arrancar os Esos tados Unidos da mais séria crise que acometeu: o homem da rua replica ape

Êle não poderia tolerar qualquer eiiiha-

porque Roosevelt contrariou e feriu o

e a simpatia que ele desperta nas mas sas populares continuam fortíssimos. De-

a te nos resultados da sua ação. A res posta exprime uma confiança cega e graüdao comovida ao bravo luta-

mesmo um do.s seus esportes prediletos,

que lhe permite aproveitar as extraordi

de falar aos seus concidadãos pelo rá

,nos que têm diálogos com um mudo, pois não permitem que os seus ouvintes so manifestem, debatam ou discutam as suas orações.

Ao contrário,

Roosevelt

vive numa contx'ovérsia permanente com os seus adversários, e êsse parece ser

americano

construtivo

c personalista,

gias e da sua ação. Teme, por isso, a

inteivenção do Estado e reage quando essa lenta contê-lo dentro de limites que

so chocam com a sua plena autonomia. Roosevelt quis imiscuir-se no terreno

privado, intrometendo e.xcessivamente o Estado na \ida dos cidadãos. E foi o

bastante para provocar essa violenta reação do americano, cuja Iíntc perso nalidade tem que expandir-se sem peias. A politica de Roosevelt caminhou no arrepio da mais estratificada formação norte-americana e ali no conflito entre o

dos da sua formação: o sou espírito in dividualista. Cidadão forte, consciente,

cidadão e o Estado (os povos ricos têm

cheio de impulsos e iniciativas, o ame

terá de ceder para não sc tornar opressi vo, matando a iniciativa privada e cer ceando a fôrça criadora do homem. Agora, como sempre, o americano per

ricano quer ter livres c desimpedidas to das as forças pelas quais se afirma a sua marcante personalidade. O seu in dividualismo, a sua iniciativa, o seu es

pírito criador, é que fizeram a sua gran deza e com ela a da nação americana.

horror a esse monstro absorvente), esse

manece fiel ao pensameuto jeffersonia-

no de que o povo menos governado é o melhor governado.


Dioestü

Cooperaíivisnío e reforma social Abnódio Ghaça

v.da numa pobre casa de cômodos, foi um apostolo da solidariedade humana, o século XL\. Os seus fcihnntérios que passaram à história das doutrinas ecode consumo

governadas pelos sentimentos de paz e mínimo de a desnesns õO mhtoo",'"

organizações Oo t •

.

<=

grupos

' proprietários e con-

nlZsse? rT

quecimento ? Para que serviram os es

pequenas empresas com o fim de darem

trabalho aos membros que estivessem desempregados ou que viessem a sofrer

necessidade

a luta de classes.

Diz Afax Beer que Fourier se apre

sentou aos seus contemporâneos como o genial descobridor das leis do mundo orgânico e social. Movido pelos seus

nobres de.sejos, sonhando, sofrendo pela ^licidade das gerações futuras, Carlos

desto, Owen fez cousas admiráveis :

fundou cooperativas agrícolas c indus tra a velhice e a morte, escolas e até colônias comunistas.

O coopcrativismo de consumo nasceu na Inglaterra graças aos esforços de vinte

da

lão

c

defensor

deria substituir a co-

^

operati\a e auxiliar

ar

as outras sociedades a criarem colônias se

doroso da temperan ça; John Scowcroft,

melhantes; e) insti tuição de um estabe

xcndcdor ambulante; John

Garside, mar

lecimento de tempe- j

ceneiro; James Bram-

rança.

ford, consellieiro; Joseph Smith, que fez • parte da primeira co missão de compras; Ceorge Healey, cbapeleiro; -James Daly, tecelão; JoJm Bent.

alfaiate

e

partidário

do

sociali.smo;

John Hill e John HoJt; James Slandrind, tecelão e owenista; William Aíallalieu,

dezembro de 1844. Foram eles : Miles

Ashwortii, primeiro presidente da coope

buição dos lucros ou vantagens na pro Jomes Smiíhies,

que exerceu as funções de presidente, conselheiro e secretário; David Brooks.

o primeiro encarregado das compras da cooperativa, e Samuel Ashworth, filho

de Milçs Ashworth e primeiro gerente

darizados, a qual po

cooperativa;

suplente de conselheiro; Benfamin Jor-

porção das compras;

vão ser reduzida.s a nada, que Platão, Sôneca, Rousseau, Voltairç e os çorífeus

tc

ma de interesses soli

_

dan e William Wilkinson.

quecimento; "É necessário vestir longos

soou, que suas imensas estantes de livros

ficiente; d) fundação de colônia autôno

hle Pioneer's Society himifed, cm 21 de

Fourwr crUicou os filósofos e moralistas da antigüidade, da era medieval e do mundo moderno, e os condenou ao es

hábitos negros para declarar aos políti

mazém de uma mina de carvão"; Jamcs

que fossem cultivadas pelos membros da

Tiüccdalc, conselhei-

c oito operários tecclões que se organi zaram na memorável Rochclale Ecfuiia-

rativa de Rochdíile; Charles Howarthere, operário, que elaborou os estatutos da associação e fixou o princípio da distri

cos e aos moralistas que a hora fatal

]oJin Kcrshaiv, cartista o "guarda do ar

cooperativa que estivessem desocupados ou que percebessem remuneração insu

Jamcs Aíarden, teco-

triais, caixas de previdência social con

Então, rir desapareceria o ódio e,pelo comamor. ôste, Entio '^ ^í"iP<dia,

rencista e orador de amplos reeurso.s;

critas por um homem, grande na sua fé, extraordinário na simplicidade da sua

dade e amor ao próximo. Roberto Owcn foi um socialista por temperamento. Dotado de capacidade intelectual e de mundo, pertinaz e mo

c)

compra ou arrendamento de terras pura

r{) e quinto prcsidcn-

ciedade onde houvesse concórdia, liber

permanente redução nos salários;

\cnda de livros e re\istas; James Alanock, cartista; Samuel Twecdalc, confe-

forços de todos os filó.sofo.s ?" São pa lavras cheias do angústia, palavras es vida, heróico nos seus sacrifícios quoti dianos c imortal na previsão de uma so

ção de mercadorias e organização de

Riidman, cnrtista; John Coilicr, mecâ

nico; Willuim Ttnjlor, tccclão e conse

da incerteza antiga e moderna irão ser arrastados em conjunto pelo rio do es

sas para os sócios, assim como fabrica

xciro da loja de Toad L;inc; Ren;íi»n"n lheiro; Robcrf Taylor. organÍz;xdor da

que encerrou o último capítulo da sua

sociais - obreirn?

da sociedade rochdaliana; Willitiiu Cooper, lecelão de flanela, socialista e cai-

Faculdade de Direito do Recife)

Resançon, o generoso e probo idealista

sumidorec

81

(Cateclrático de Economia Política da

Carlos Fotiri&r e Roberto Owen fo ram os maiores precursores do éoopera-' ü\nsmo. Fourier, o "sublime louco" de

cndl

Econômico

O programa dos pioneiros de Rochdale

m

Da sociedade roch- ^

daliana, permanece ram

princípios

senciais

8

es

secundá-

ries que em conjun to identificam o sistema, dando-lhe uma

indiváduação que o torna inconfundí vel": a) livre adesão; b) controle de mocrático; c) juro limitado ao capital; d) distribuição proporcional dos lucros; e) venda e compra a dinheiro, segundo o preço do mercado; f) neutralidade po lítica e religiosa; g) educação constante e tratamento digno ao trabalho. São

Os probos pioneiros de Rochdale, inspirado.s pelas idéias do reformador de A^ew Lanark, adotaram um programa contendo princípios avançados para o

estes os fundamentos do cooperativismo analisados com raro brilho pelo sociólogo

século do seu aparecimento. Assim, es tabeleceram : a) instituição de um ar

A reforma social e o cooperaHoismo

mazém para venda de gêneros aliinentíc'Os, de roupas e outros artigos de con sumo; b) compra ou construção de ca

c, particularmente, o da França ainda

Valdiki Aíoura.

Conhecendo o drama da nossa idade

não refeita dos abalos produzidos pela


Dioestü

Cooperaíivisnío e reforma social Abnódio Ghaça

v.da numa pobre casa de cômodos, foi um apostolo da solidariedade humana, o século XL\. Os seus fcihnntérios que passaram à história das doutrinas ecode consumo

governadas pelos sentimentos de paz e mínimo de a desnesns õO mhtoo",'"

organizações Oo t •

.

<=

grupos

' proprietários e con-

nlZsse? rT

quecimento ? Para que serviram os es

pequenas empresas com o fim de darem

trabalho aos membros que estivessem desempregados ou que viessem a sofrer

necessidade

a luta de classes.

Diz Afax Beer que Fourier se apre

sentou aos seus contemporâneos como o genial descobridor das leis do mundo orgânico e social. Movido pelos seus

nobres de.sejos, sonhando, sofrendo pela ^licidade das gerações futuras, Carlos

desto, Owen fez cousas admiráveis :

fundou cooperativas agrícolas c indus tra a velhice e a morte, escolas e até colônias comunistas.

O coopcrativismo de consumo nasceu na Inglaterra graças aos esforços de vinte

da

lão

c

defensor

deria substituir a co-

^

operati\a e auxiliar

ar

as outras sociedades a criarem colônias se

doroso da temperan ça; John Scowcroft,

melhantes; e) insti tuição de um estabe

xcndcdor ambulante; John

Garside, mar

lecimento de tempe- j

ceneiro; James Bram-

rança.

ford, consellieiro; Joseph Smith, que fez • parte da primeira co missão de compras; Ceorge Healey, cbapeleiro; -James Daly, tecelão; JoJm Bent.

alfaiate

e

partidário

do

sociali.smo;

John Hill e John HoJt; James Slandrind, tecelão e owenista; William Aíallalieu,

dezembro de 1844. Foram eles : Miles

Ashwortii, primeiro presidente da coope

buição dos lucros ou vantagens na pro Jomes Smiíhies,

que exerceu as funções de presidente, conselheiro e secretário; David Brooks.

o primeiro encarregado das compras da cooperativa, e Samuel Ashworth, filho

de Milçs Ashworth e primeiro gerente

darizados, a qual po

cooperativa;

suplente de conselheiro; Benfamin Jor-

porção das compras;

vão ser reduzida.s a nada, que Platão, Sôneca, Rousseau, Voltairç e os çorífeus

tc

ma de interesses soli

_

dan e William Wilkinson.

quecimento; "É necessário vestir longos

soou, que suas imensas estantes de livros

ficiente; d) fundação de colônia autôno

hle Pioneer's Society himifed, cm 21 de

Fourwr crUicou os filósofos e moralistas da antigüidade, da era medieval e do mundo moderno, e os condenou ao es

hábitos negros para declarar aos políti

mazém de uma mina de carvão"; Jamcs

que fossem cultivadas pelos membros da

Tiüccdalc, conselhei-

c oito operários tecclões que se organi zaram na memorável Rochclale Ecfuiia-

rativa de Rochdíile; Charles Howarthere, operário, que elaborou os estatutos da associação e fixou o princípio da distri

cos e aos moralistas que a hora fatal

]oJin Kcrshaiv, cartista o "guarda do ar

cooperativa que estivessem desocupados ou que percebessem remuneração insu

Jamcs Aíarden, teco-

triais, caixas de previdência social con

Então, rir desapareceria o ódio e,pelo comamor. ôste, Entio '^ ^í"iP<dia,

rencista e orador de amplos reeurso.s;

critas por um homem, grande na sua fé, extraordinário na simplicidade da sua

dade e amor ao próximo. Roberto Owcn foi um socialista por temperamento. Dotado de capacidade intelectual e de mundo, pertinaz e mo

c)

compra ou arrendamento de terras pura

r{) e quinto prcsidcn-

ciedade onde houvesse concórdia, liber

permanente redução nos salários;

\cnda de livros e re\istas; James Alanock, cartista; Samuel Twecdalc, confe-

forços de todos os filó.sofo.s ?" São pa lavras cheias do angústia, palavras es vida, heróico nos seus sacrifícios quoti dianos c imortal na previsão de uma so

ção de mercadorias e organização de

Riidman, cnrtista; John Coilicr, mecâ

nico; Willuim Ttnjlor, tccclão e conse

da incerteza antiga e moderna irão ser arrastados em conjunto pelo rio do es

sas para os sócios, assim como fabrica

xciro da loja de Toad L;inc; Ren;íi»n"n lheiro; Robcrf Taylor. organÍz;xdor da

que encerrou o último capítulo da sua

sociais - obreirn?

da sociedade rochdaliana; Willitiiu Cooper, lecelão de flanela, socialista e cai-

Faculdade de Direito do Recife)

Resançon, o generoso e probo idealista

sumidorec

81

(Cateclrático de Economia Política da

Carlos Fotiri&r e Roberto Owen fo ram os maiores precursores do éoopera-' ü\nsmo. Fourier, o "sublime louco" de

cndl

Econômico

O programa dos pioneiros de Rochdale

m

Da sociedade roch- ^

daliana, permanece ram

princípios

senciais

8

es

secundá-

ries que em conjun to identificam o sistema, dando-lhe uma

indiváduação que o torna inconfundí vel": a) livre adesão; b) controle de mocrático; c) juro limitado ao capital; d) distribuição proporcional dos lucros; e) venda e compra a dinheiro, segundo o preço do mercado; f) neutralidade po lítica e religiosa; g) educação constante e tratamento digno ao trabalho. São

Os probos pioneiros de Rochdale, inspirado.s pelas idéias do reformador de A^ew Lanark, adotaram um programa contendo princípios avançados para o

estes os fundamentos do cooperativismo analisados com raro brilho pelo sociólogo

século do seu aparecimento. Assim, es tabeleceram : a) instituição de um ar

A reforma social e o cooperaHoismo

mazém para venda de gêneros aliinentíc'Os, de roupas e outros artigos de con sumo; b) compra ou construção de ca

c, particularmente, o da França ainda

Valdiki Aíoura.

Conhecendo o drama da nossa idade

não refeita dos abalos produzidos pela


Digesto

82

Última guerra, Henri Mazeaud preconi za a reforma social dêsse país europeu, uma vez que não é possível salvá-lo da

Econóauco

desenvolvidas, ocidentalizadas e com milhões de trabalhadores rurais entre

crise em que se encontra sem uma mu

gues ao desamparo, ao pauperismo e à miséria. E' certo que somos um Brasil

dança completa das suas estruturas. To

povoado de vítimas da subnutrição e

davia, a reforma de que trata o profes sor da Universidade de Paris tem prin

da fome endêmica, porém o caminho da

cípios e métodos, assim como não atin

materialista, nas formas totalitárias de governo, nem na democracia burguesa,

girá os seus objetivos sem a organização

nossa felicidade não está na escravidão

das massas operárias em grupos profis

que é uma geratriz de permanentes de

sionais, sem verdadeiras realizações e sem

sequilíbrios econômicos, políticos e so

uma magistratura especializada, que se constituirá dos conseüs de prud'hommes, de comissões mistas e da Côrte Su perior do Trabalho. Por isso, escreveu Henn Mazeaud- "L'étude de Ia réforme sociale ne saurait être abordée sans

quon ait dégagé Tesprit qui doit présider à cette et les methodes qui doivent être adoptées pour Ia réaliser. H

faudra ensuite chercher dans quelle mesure une organisation du monde du tra-

vail est nécéssaire à Ia réforme sociale

et queUe peut être cette organisaHon. On pourra alors - et du point de vue pratique, ce sera Ia question essentielle

— preciser les realisations auxquelles améliorations tangibles qui sont susceptibles d'être apportées à Ia situation des travailleurs" (Príncipes de Réforme So

ciale — Paris — 1946 — pág. 13). Essa reforma defendida por Henri Mazeaud, como outras planejadas à som

bra do materialismo e da filosofia polí tica totalitária, não seriam úteis ao nos

so país. E certo que os nossos proble mas são inúmeros e difíceis, que o Bra sil não tem grande agricultura, nem or ganização industrial, que somos uma na ção pobre, sem profissionalismo capaz,

ciais.

Não pretendemos salvar o Brasil, co mo prometem os chefes partidários nas vésperas das eleições, contudo pensa

mos que a reforma econômica e social da nossa pátria deve ser feita em perío dos e sem catástrofes.

Seria crime ad

vogarmos a violência e a carnificina co mo processo de reforma da vida nacio nal.

A democracia humanista e de ca

ráter eminentemente popular, auxiliada pelas idéias cristãs, poderia contribuir para melhorar muito a nossa situação in

terna e externa. Além disso, o cooperativismo merece a atenção do govêmo

brasileiro, especialmente quando ponde ráveis fôrças políticas se estão inclinan do para a filosofia do marxismo e do post-marxismo. E' preciso agirmos, an

tes que seja tarde. A vacilação é nega tiva, e o medo um sentimento capaz de aniquilar homens e nações.

O cooperativismo é a Ideologia das

classes médias e proletárias. Segundo o professor Carlos Giãe, um dos apóstolos do cooperativismo no mundo, não há dúvidas sobre o caráter socialista da

doutrina lançada no século XIX por dois grandes reformadores — Carlos

sofrendo de "linfatismo econômico" e

Fourier e Roberto Owen. No seu Com

sem política social. E' certo que não possuímos diretrizes ideológicas, que so

pêndio de Economia Política, Qide afir ma que o cooperativismo é o sistema so cialista que, sem atingir a propriedade

mos um país com cinco ou seis cidades

Dicesto Econóxuco

83

privada, visa à eliminação do lucro ca

opondo-se ao ideal da burguesia, que

pitalista. E' um modo de repartição das riquezas, suprimindo a função dirigente do capital na economia. Emancipa o

está no prazer e na matéria. Se a prO" priedade cooperativa se desenvolve, to

homem e as classes pobres da hedionda exploração do dinheiro.

soante o princípio básico: distribuição

Daí o aparecimento da propriedade cooperativa, que é pessoal e social: e.xiste em função da criatura humana e não

do indivíduo, que é bruto, vegetal e ani mal; satisfaz necessidades coletivas,

dos participarão das suas vantagens, con dos lucrbs e benefícios entre os associa dos.

Assim,, que o nosso govêmo, os polí ticos e tôdas as classes compreendam o verdadeiro sentido da grande revolução cooperativisla do presente século.


Digesto

82

Última guerra, Henri Mazeaud preconi za a reforma social dêsse país europeu, uma vez que não é possível salvá-lo da

Econóauco

desenvolvidas, ocidentalizadas e com milhões de trabalhadores rurais entre

crise em que se encontra sem uma mu

gues ao desamparo, ao pauperismo e à miséria. E' certo que somos um Brasil

dança completa das suas estruturas. To

povoado de vítimas da subnutrição e

davia, a reforma de que trata o profes sor da Universidade de Paris tem prin

da fome endêmica, porém o caminho da

cípios e métodos, assim como não atin

materialista, nas formas totalitárias de governo, nem na democracia burguesa,

girá os seus objetivos sem a organização

nossa felicidade não está na escravidão

das massas operárias em grupos profis

que é uma geratriz de permanentes de

sionais, sem verdadeiras realizações e sem

sequilíbrios econômicos, políticos e so

uma magistratura especializada, que se constituirá dos conseüs de prud'hommes, de comissões mistas e da Côrte Su perior do Trabalho. Por isso, escreveu Henn Mazeaud- "L'étude de Ia réforme sociale ne saurait être abordée sans

quon ait dégagé Tesprit qui doit présider à cette et les methodes qui doivent être adoptées pour Ia réaliser. H

faudra ensuite chercher dans quelle mesure une organisation du monde du tra-

vail est nécéssaire à Ia réforme sociale

et queUe peut être cette organisaHon. On pourra alors - et du point de vue pratique, ce sera Ia question essentielle

— preciser les realisations auxquelles améliorations tangibles qui sont susceptibles d'être apportées à Ia situation des travailleurs" (Príncipes de Réforme So

ciale — Paris — 1946 — pág. 13). Essa reforma defendida por Henri Mazeaud, como outras planejadas à som

bra do materialismo e da filosofia polí tica totalitária, não seriam úteis ao nos

so país. E certo que os nossos proble mas são inúmeros e difíceis, que o Bra sil não tem grande agricultura, nem or ganização industrial, que somos uma na ção pobre, sem profissionalismo capaz,

ciais.

Não pretendemos salvar o Brasil, co mo prometem os chefes partidários nas vésperas das eleições, contudo pensa

mos que a reforma econômica e social da nossa pátria deve ser feita em perío dos e sem catástrofes.

Seria crime ad

vogarmos a violência e a carnificina co mo processo de reforma da vida nacio nal.

A democracia humanista e de ca

ráter eminentemente popular, auxiliada pelas idéias cristãs, poderia contribuir para melhorar muito a nossa situação in

terna e externa. Além disso, o cooperativismo merece a atenção do govêmo

brasileiro, especialmente quando ponde ráveis fôrças políticas se estão inclinan do para a filosofia do marxismo e do post-marxismo. E' preciso agirmos, an

tes que seja tarde. A vacilação é nega tiva, e o medo um sentimento capaz de aniquilar homens e nações.

O cooperativismo é a Ideologia das

classes médias e proletárias. Segundo o professor Carlos Giãe, um dos apóstolos do cooperativismo no mundo, não há dúvidas sobre o caráter socialista da

doutrina lançada no século XIX por dois grandes reformadores — Carlos

sofrendo de "linfatismo econômico" e

Fourier e Roberto Owen. No seu Com

sem política social. E' certo que não possuímos diretrizes ideológicas, que so

pêndio de Economia Política, Qide afir ma que o cooperativismo é o sistema so cialista que, sem atingir a propriedade

mos um país com cinco ou seis cidades

Dicesto Econóxuco

83

privada, visa à eliminação do lucro ca

opondo-se ao ideal da burguesia, que

pitalista. E' um modo de repartição das riquezas, suprimindo a função dirigente do capital na economia. Emancipa o

está no prazer e na matéria. Se a prO" priedade cooperativa se desenvolve, to

homem e as classes pobres da hedionda exploração do dinheiro.

soante o princípio básico: distribuição

Daí o aparecimento da propriedade cooperativa, que é pessoal e social: e.xiste em função da criatura humana e não

do indivíduo, que é bruto, vegetal e ani mal; satisfaz necessidades coletivas,

dos participarão das suas vantagens, con dos lucrbs e benefícios entre os associa dos.

Assim,, que o nosso govêmo, os polí ticos e tôdas as classes compreendam o verdadeiro sentido da grande revolução cooperativisla do presente século.


DiCESTO ECONÓNnCO

noções sÔBee o puncionnmenTO Oe BSriífiCíiS lltíCUlISTESBÍlIS Hartwic Lbxi DE Kelenfold

(Perito Contador) PROJETO de lei de re

do público para essas atividades. Assim,

forma do sistema ban

surgiram na Europa, cm países ricos, como por exemplo a Inglaterra, os ban

cário brasileiro ora em

discussão prevê, além do estabelecimento de um Banco Central co-

.

Dara

coi rlp ■ triais nms uma

"^0 base dessa refor-

^

bancários, novos

cabe aos bane aosespecial. bancos indusimportância

mento noTrasiUaò™"'' cQPc °~ ainda a fSar-°n

te banrno A

cos de investimentos c, em países po bres, os bancos industriais.

Os primeiros, chamados na Inglaterra "Financial Trust Companies", não acei tam depósitos e não concedem créditos.

Entretanto, adquirem, com o seu capital e reservas, tanto títulos públicos como ações e debêntures de empresas parti

culares bem reputadas. O valor equiva poucas exce-

voltaremos

exclusivamen-

de depósitos ^^ominados comerciais ou

lente a uma ação desse tipo de banco.s

consiste, pois, no empate em vários em preendimentos econômicos.

Assim, os

Financial Trust Companies representam

dêssp tipo Hnn de A ubancos ^^^^cterístíca desse consiste emessencial que os

somente uma administração de econo

pre l qu.dave.s a curto prazo e em dia

mias particulares à base de uma distri buição do risco. No Brasil, país que lu ta com escassez de capital, êsse tipo de

c«d. cs que ccucede:n são, qu" e'sem

predeterminado, o que é decorrência da Circunstancia de se subordinarem os de

pósitos que recebem às mesmas condi

ções. A essas operações de crédito per

tencem, especiabnente, o desconto de du

plicatas, créditos à base de duplicatas caucíonadas, adiantamentos sobre do

cumentos de importação ou exportação, os quais são • reembolsados na chegada das mercadorias ao lugar destinado, etc. Quando, há cerca de um século, na Europa, onde também existiam somente

banco não terá, ao menos em um futuro

próximo, divulgação digna de considera ção,

Nos países pobres da Europa Central, especialmente na Alemanha, o meio pa ra ajudar o desenvolvimento da indús--

Iria era a fundação de bancos indus triais. No começo, os dirigentes desses

bancos pensaram em alcançar o objetivo pretendido adquirindo indústrias, ou, ao menos, participando substancialmente de

85

do século passado, pelos irmãos Emílio e Isidoro Percire. Nada pode demons trar melhçr o quanto a atividade desse

cilidade no desdobramento das partici-

banco diferia da dos até então conbeei-

cos serviam-se, então, dessa facilidade,

dos como a afirmação repelidas vêzes feita por Emílio Pereire : — "Je ne suis pas banquier". .Mas apenas 8 anos de pois da sua fundação, também êsse ban

peculiar à forma jurídica das sociedades anônimas, para a distribuição de peque

zõcs internas, especialmente a maior fa paçxães dos poucos acionistas. Os ban

co caiu em dificuldades financeiras e

nas participações nos respectivos capi tais sociais entre o público. Para facilitar a colocação de ações os

foi forçado a fechar.

bancos abriram, nos lugares econòniica-

Quase as mesmas clificuldaclcs revela

menlo mais importantes do país, sucur

das pela participação própria em cmprèsas industriais foram evidenciadas pela

sais com o.fim de acumular as econo

.simples concessão dc ciéclilos industriais pelos bancos. Muito embora o.s contra tos dc crédito estipulassem um venci

ainda servir como reservatório financei

mias particulares, as quais deveriam ro para a aquisição de aç'ões ou de de bêntures.

mento relativamente muito curto, a ex

Mas os bancos estavam cientes de que

periência revelou que empresas indus

umu transformação de economias ein

triais não podem, senão em raríssimos

ações ou debêntures sòmente poderia

casos, efetuar reembolso de créditos in

dar resultados satisfatórios se o público

dustriais, caraclcTizaclos pelo fato de ex

cstive,sse convencido da solidez financei

cederem a fase das transações comerciais

e passarem para a fase da produção. A racionalização progressiva dos processos

de produção, a introdução dc novos pro

ra e da irrepreensível adminí.stração da quelas empresas, cujos títulos eles se encarregavam de emitir. Para poder oferecer ao público essa convicção, os

dutos na fabricação, com o necessário

bancos, antes de entrar em relações fi

aumento de estoque, são circunstâncias

nanceiras com as ditas empresas, deter

que prendem indefinidamente esses cré

minavam nelas uma revisão substancial.

ditos.

Tais revisões eram executadas por pes

Assim, a .simples concessão de

crédito.s industriais sem concretas possi

soas não só de profundos conhecimentos

bilidades de reembolso devia ser bas tante restrita. Por isso, a maioria des ses bancos e.xcrcia não somente essa ati

contábeis e longa prática industrial, mas também de comprovada integridade mo ral. O prospecío de emissão assinado pe

vidade, mas também as que são peculia

lo banco emitente baseava-se nos resul

res aos bancos comcrciai.s. Ês.ses bancos

tados dessa revisão e continha, além dos últimos balanços e contas de lucros e perdas, todos os elementos necessários

pertenciam, pois, ao sistema misto. Nas circunstancias acima

de.scrita.s,

tornou-se necessário achar um meio pa

para jíoder formar uma clara síntese da

bancos comerciais, a construção de es tradas de ferro, a ampliação de minas

seu capital social. A experiência, po

rem, logo demonstrou que êsse procodimento, além de não apresentar resulta

ra fazer face às sempre crescente.s ne

situação econômica e financeira da em

cessidades

presa.

de ferro e a passagem do trabalho ma nual para a produção fabril em massa precisaram de capitais que ultrapassa

dos financeiros .satisfatórios, incluía ris cos consideráveis para os depositantes.

emissão de títulos. Nesse tempo já es

Um dos mais notáveis empreendimen

tavam funcionando sociedades anônimas

vam a capacidade financeira particular,

tos desse gênero foi a fundação do "credit Mobilier", em Paris, na sexta dezena

tomou-se necessário atrair as economias

financeiras

das

indústrias.

Êsse meio foi encontrado pelo recurso à

Para poder cuidar dos interêsses dos

na Europa Central, mas a adoção dessa

compradores desses títulos, ainda depois da aquisição de títulos da sua emissão, os bancos combinavam com a respectiva

forma jurídica tinha exclusivamente ra-

empresa, no contrato de emissão, a elei-


DiCESTO ECONÓNnCO

noções sÔBee o puncionnmenTO Oe BSriífiCíiS lltíCUlISTESBÍlIS Hartwic Lbxi DE Kelenfold

(Perito Contador) PROJETO de lei de re

do público para essas atividades. Assim,

forma do sistema ban

surgiram na Europa, cm países ricos, como por exemplo a Inglaterra, os ban

cário brasileiro ora em

discussão prevê, além do estabelecimento de um Banco Central co-

.

Dara

coi rlp ■ triais nms uma

"^0 base dessa refor-

^

bancários, novos

cabe aos bane aosespecial. bancos indusimportância

mento noTrasiUaò™"'' cQPc °~ ainda a fSar-°n

te banrno A

cos de investimentos c, em países po bres, os bancos industriais.

Os primeiros, chamados na Inglaterra "Financial Trust Companies", não acei tam depósitos e não concedem créditos.

Entretanto, adquirem, com o seu capital e reservas, tanto títulos públicos como ações e debêntures de empresas parti

culares bem reputadas. O valor equiva poucas exce-

voltaremos

exclusivamen-

de depósitos ^^ominados comerciais ou

lente a uma ação desse tipo de banco.s

consiste, pois, no empate em vários em preendimentos econômicos.

Assim, os

Financial Trust Companies representam

dêssp tipo Hnn de A ubancos ^^^^cterístíca desse consiste emessencial que os

somente uma administração de econo

pre l qu.dave.s a curto prazo e em dia

mias particulares à base de uma distri buição do risco. No Brasil, país que lu ta com escassez de capital, êsse tipo de

c«d. cs que ccucede:n são, qu" e'sem

predeterminado, o que é decorrência da Circunstancia de se subordinarem os de

pósitos que recebem às mesmas condi

ções. A essas operações de crédito per

tencem, especiabnente, o desconto de du

plicatas, créditos à base de duplicatas caucíonadas, adiantamentos sobre do

cumentos de importação ou exportação, os quais são • reembolsados na chegada das mercadorias ao lugar destinado, etc. Quando, há cerca de um século, na Europa, onde também existiam somente

banco não terá, ao menos em um futuro

próximo, divulgação digna de considera ção,

Nos países pobres da Europa Central, especialmente na Alemanha, o meio pa ra ajudar o desenvolvimento da indús--

Iria era a fundação de bancos indus triais. No começo, os dirigentes desses

bancos pensaram em alcançar o objetivo pretendido adquirindo indústrias, ou, ao menos, participando substancialmente de

85

do século passado, pelos irmãos Emílio e Isidoro Percire. Nada pode demons trar melhçr o quanto a atividade desse

cilidade no desdobramento das partici-

banco diferia da dos até então conbeei-

cos serviam-se, então, dessa facilidade,

dos como a afirmação repelidas vêzes feita por Emílio Pereire : — "Je ne suis pas banquier". .Mas apenas 8 anos de pois da sua fundação, também êsse ban

peculiar à forma jurídica das sociedades anônimas, para a distribuição de peque

zõcs internas, especialmente a maior fa paçxães dos poucos acionistas. Os ban

co caiu em dificuldades financeiras e

nas participações nos respectivos capi tais sociais entre o público. Para facilitar a colocação de ações os

foi forçado a fechar.

bancos abriram, nos lugares econòniica-

Quase as mesmas clificuldaclcs revela

menlo mais importantes do país, sucur

das pela participação própria em cmprèsas industriais foram evidenciadas pela

sais com o.fim de acumular as econo

.simples concessão dc ciéclilos industriais pelos bancos. Muito embora o.s contra tos dc crédito estipulassem um venci

ainda servir como reservatório financei

mias particulares, as quais deveriam ro para a aquisição de aç'ões ou de de bêntures.

mento relativamente muito curto, a ex

Mas os bancos estavam cientes de que

periência revelou que empresas indus

umu transformação de economias ein

triais não podem, senão em raríssimos

ações ou debêntures sòmente poderia

casos, efetuar reembolso de créditos in

dar resultados satisfatórios se o público

dustriais, caraclcTizaclos pelo fato de ex

cstive,sse convencido da solidez financei

cederem a fase das transações comerciais

e passarem para a fase da produção. A racionalização progressiva dos processos

de produção, a introdução dc novos pro

ra e da irrepreensível adminí.stração da quelas empresas, cujos títulos eles se encarregavam de emitir. Para poder oferecer ao público essa convicção, os

dutos na fabricação, com o necessário

bancos, antes de entrar em relações fi

aumento de estoque, são circunstâncias

nanceiras com as ditas empresas, deter

que prendem indefinidamente esses cré

minavam nelas uma revisão substancial.

ditos.

Tais revisões eram executadas por pes

Assim, a .simples concessão de

crédito.s industriais sem concretas possi

soas não só de profundos conhecimentos

bilidades de reembolso devia ser bas tante restrita. Por isso, a maioria des ses bancos e.xcrcia não somente essa ati

contábeis e longa prática industrial, mas também de comprovada integridade mo ral. O prospecío de emissão assinado pe

vidade, mas também as que são peculia

lo banco emitente baseava-se nos resul

res aos bancos comcrciai.s. Ês.ses bancos

tados dessa revisão e continha, além dos últimos balanços e contas de lucros e perdas, todos os elementos necessários

pertenciam, pois, ao sistema misto. Nas circunstancias acima

de.scrita.s,

tornou-se necessário achar um meio pa

para jíoder formar uma clara síntese da

bancos comerciais, a construção de es tradas de ferro, a ampliação de minas

seu capital social. A experiência, po

rem, logo demonstrou que êsse procodimento, além de não apresentar resulta

ra fazer face às sempre crescente.s ne

situação econômica e financeira da em

cessidades

presa.

de ferro e a passagem do trabalho ma nual para a produção fabril em massa precisaram de capitais que ultrapassa

dos financeiros .satisfatórios, incluía ris cos consideráveis para os depositantes.

emissão de títulos. Nesse tempo já es

Um dos mais notáveis empreendimen

tavam funcionando sociedades anônimas

vam a capacidade financeira particular,

tos desse gênero foi a fundação do "credit Mobilier", em Paris, na sexta dezena

tomou-se necessário atrair as economias

financeiras

das

indústrias.

Êsse meio foi encontrado pelo recurso à

Para poder cuidar dos interêsses dos

na Europa Central, mas a adoção dessa

compradores desses títulos, ainda depois da aquisição de títulos da sua emissão, os bancos combinavam com a respectiva

forma jurídica tinha exclusivamente ra-

empresa, no contrato de emissão, a elei-


Dicesto Econômico

88

ção de um número de seus delegados

para a diretoria da empresa, suficiente para um voto decisivo, em tôdas as re soluções importantes. Também o regu lamento das bolsas cuidou dos interesses

dos compradores de títulos particulares no mercado de capitais, interditando a cotação dêsses títulos a emprêsas que

oferece a falência Kcn.sacional do "Leipziger Bank" no ano de 1892. Èsse ban co tinha concedido um credito dez ve

zes maior do que o seu próprio capital a uma única emprêsa industrial, a "Treber-Trocknungsgesellschaft". Essa emprêsa explorou um prüce.sso de fabri cação de resultados ainda não conheci

DicrcsTo Econóxoco

87

da.s, deve ser posto em relêvo o papel

torna indispensável em tais circunstân

saliente dos bancos industriais na Eu ropa Central, especialmente na Alema-

se todos os bancos da Alemanha,

nlia, no (lcscn\oKimento da indústria.

Áustria e de outros países da Europa

cias extraordinárias é o fato de que qua da

Sem e.ssa ajuda nunca teria sido possível

Central, nos anos de 1931 e 1932, fo

à indústria alemã alcançar, cm tão curto

ram forçados a apelar para seus gover

prazo, a indústria da rica Inglaterra,

nos.

que apresentava .sobre ela, no meio do

século passado, um avanço de 80 anc.s.

A experiência oferecida pela atividade

não pudessem apresentar balanços com

dos na prática, o qual, como soe acon

superavits referentes a três anos conse

tecer em tais ocasiões — requeria sem

cutivos.

pre novos adiantajnentos. Indústrias em

quase todos os bancos do sistema misto

fase experimental não podem ser "objeto

na Europa Central, alguns unos depois do fim da primeira guerra mundial, não

organizixção de tais bancos. A organi zação <^os serriços dos bancos comer ciais não pode absolutamente ser apli

foi conseqüência dêsse sistema bancá rio, mas sim efeito da própria guerra. Tôda guerra significa, cconòmicamente,

lá os trabalhos preliminares para a con

A escolha dos títulos particulares a

A profunda crise pela qual passaram

serem emitidos era exercida com a má

de financiamento bancário, em virtude

xima cautela, pois do êxito dessas emis sões dependia o próprio "crédito de

da impossibilidade de avaliação dos cré ditos necessários.

emissão".

Quase ao mesmo tempo em que essa falência ocorreu, um importante banco

Muitas vezes os bancos, an

tes de proceder à emissão, concediam, para ainda melhor inteirar-se do anda

dito contra caução das ações ou debêntures da mesma,

do um projeto, que feliz

préstimos governamentais, cuja recon

mente não chegou a ser pôs-

versão em bens materiais torna-se tanto

um aumento do capital so

cial ou do lançamento de um emprés

timo de debêntures de antemão combi nado. Dessa forma, os bancos indus triais tornaram-se em verdade simples intermediários entre a indústria e as eco

nomias particulares. Reembolsados dos créditos concedidos, os bancos estavam em condições de proceder a outros em

preendimentos da mesma natureza. Quando se procede a um exame pro

fundo dos isolados malogros, dos quais também os bancos industriais do sistema

misto não podiam esquivar-se totalmen te pode-se constatar que a causa não era o sistema bancário em si mesmo, mas

a transgressão das normas a que é su bordinado. Um exemplo típico disso

cessão do créditos devem sofrer com

pleta modificação. Os bancos comer ciais contentam-se, geralmente, para de cidir da concessão dum credito a deter

minada emprêsa, com a apresentação do

aqui uma referência, por

penda de importações. No caso da Áus

causa de sua natureza fan

tria, essa dificuldade aumentou ainda cedores da própria emprêsa e por firmas mais pelo desmembramento de seu ter de ramo semelhante. Êsse procedimenritório em novos Estados com altas bar 'to é satisfatório, porque os bancos exa

da

cidade

de

Paris com os seus próprios

reiras alfandegárias, o que diminuiu o

mortos. As sepulturas de veriam ser ligadas entre si

mercado interno de cêrca de 60 milhões

certamente a sua vantagem, mas força

ma misto, nesse tempo, consistiu em aproveitarem os seus depósitos a . prazo

quecimento dos fins 8 limites de um banco industrial. De resto, um outro

projeto também bastante problemático

do mesmo engenheiro, autor do plano acima mencionado, foi de fato realizado

mesmo

banco.

Tratava-se

da

minam ainda, depois, cada duplicata

estava gasta, e que sofria privação total

ses da decomposição como meio de ilu jeto tomado a sério demonstra total es

tadas pela Junta Comercial, por fome-

indústria de seu país, cuja maquinaria

de habitantes para 7 milhões. O grande erro dos dirigentes dos bancos do siste

minação. O fato de ter sido êsse pro

• último balanço e com informações pres

apresentada pela emprêsa para desconto ou caução. Além disso, os créditos con cedidos a uma emprêsa por um baiico abrangem geralmente só uma parte das duplicatas sacadas pela emprêsa em questão. Do ponto de vista da distri buição do risco, êsse procedimento tem

por tubos, para aproveitamento dos ga

pelo

cada aos bancos do sistema estudado,

mais difícil quanto o respectivo país de

iluminação

. ^

no estrangeiro deve orientar o Brasil na

to em prática, mas merece

tástica. O projeto previu a

assegurando-se ao mesmo tempo o direito da emissão dos títulos caucionados ou de títulos provenientes de

dos beligerantes em papel-moeda ou em

alemão do sistema misto estudou a fun

mento dos negócios da res pectiva empresa, as impor tâncias requeridas como cré

uma transformação dos bens materiais

dos bancos industriais do sistema misto

curto para o financiamento de tôda a

de matérias-primas normalmente impor

as emprêsas a procurar outros bancos

tadas e de créditos estrangeiros. Uma

com o restante das duplicatas,

tão gigantesca tarefa não podia ser so lucionada por economias particulares,

isso, porém, perdem os bancos a possi

mas só pelo Estado, que deveria garan tir os depósitos bancários, proibindo os

Com

bilidade de controlar o andamento das atividades sociais de seus devedores co

transmissão de fôrça em Paris não por meio de eletricidade, como nesse tempo era ,já usual, mas por via pneumática.

investimentos menos necessários e dis

através das relações do passivo das em

Como era de prever, essa transação re dundou em grandes perdas para o

tribuindo as escassas divisas estrangei ras conforme as necessidades econômi

prêsas em falênda ou em concordata. Nessas relações aparece, quase sempre,

banco.

Abstraindo-se tais ocorrências isola..Zâsl

merciais. Verifica-se

isso

claramente

cas das importações. Prova irretorquí-

uma série de bancos credores. Em ba

\el de que a interferência do Estado se

lanço de uma firma recentemente falida


Dicesto Econômico

88

ção de um número de seus delegados

para a diretoria da empresa, suficiente para um voto decisivo, em tôdas as re soluções importantes. Também o regu lamento das bolsas cuidou dos interesses

dos compradores de títulos particulares no mercado de capitais, interditando a cotação dêsses títulos a emprêsas que

oferece a falência Kcn.sacional do "Leipziger Bank" no ano de 1892. Èsse ban co tinha concedido um credito dez ve

zes maior do que o seu próprio capital a uma única emprêsa industrial, a "Treber-Trocknungsgesellschaft". Essa emprêsa explorou um prüce.sso de fabri cação de resultados ainda não conheci

DicrcsTo Econóxoco

87

da.s, deve ser posto em relêvo o papel

torna indispensável em tais circunstân

saliente dos bancos industriais na Eu ropa Central, especialmente na Alema-

se todos os bancos da Alemanha,

nlia, no (lcscn\oKimento da indústria.

Áustria e de outros países da Europa

cias extraordinárias é o fato de que qua da

Sem e.ssa ajuda nunca teria sido possível

Central, nos anos de 1931 e 1932, fo

à indústria alemã alcançar, cm tão curto

ram forçados a apelar para seus gover

prazo, a indústria da rica Inglaterra,

nos.

que apresentava .sobre ela, no meio do

século passado, um avanço de 80 anc.s.

A experiência oferecida pela atividade

não pudessem apresentar balanços com

dos na prática, o qual, como soe acon

superavits referentes a três anos conse

tecer em tais ocasiões — requeria sem

cutivos.

pre novos adiantajnentos. Indústrias em

quase todos os bancos do sistema misto

fase experimental não podem ser "objeto

na Europa Central, alguns unos depois do fim da primeira guerra mundial, não

organizixção de tais bancos. A organi zação <^os serriços dos bancos comer ciais não pode absolutamente ser apli

foi conseqüência dêsse sistema bancá rio, mas sim efeito da própria guerra. Tôda guerra significa, cconòmicamente,

lá os trabalhos preliminares para a con

A escolha dos títulos particulares a

A profunda crise pela qual passaram

serem emitidos era exercida com a má

de financiamento bancário, em virtude

xima cautela, pois do êxito dessas emis sões dependia o próprio "crédito de

da impossibilidade de avaliação dos cré ditos necessários.

emissão".

Quase ao mesmo tempo em que essa falência ocorreu, um importante banco

Muitas vezes os bancos, an

tes de proceder à emissão, concediam, para ainda melhor inteirar-se do anda

dito contra caução das ações ou debêntures da mesma,

do um projeto, que feliz

préstimos governamentais, cuja recon

mente não chegou a ser pôs-

versão em bens materiais torna-se tanto

um aumento do capital so

cial ou do lançamento de um emprés

timo de debêntures de antemão combi nado. Dessa forma, os bancos indus triais tornaram-se em verdade simples intermediários entre a indústria e as eco

nomias particulares. Reembolsados dos créditos concedidos, os bancos estavam em condições de proceder a outros em

preendimentos da mesma natureza. Quando se procede a um exame pro

fundo dos isolados malogros, dos quais também os bancos industriais do sistema

misto não podiam esquivar-se totalmen te pode-se constatar que a causa não era o sistema bancário em si mesmo, mas

a transgressão das normas a que é su bordinado. Um exemplo típico disso

cessão do créditos devem sofrer com

pleta modificação. Os bancos comer ciais contentam-se, geralmente, para de cidir da concessão dum credito a deter

minada emprêsa, com a apresentação do

aqui uma referência, por

penda de importações. No caso da Áus

causa de sua natureza fan

tria, essa dificuldade aumentou ainda cedores da própria emprêsa e por firmas mais pelo desmembramento de seu ter de ramo semelhante. Êsse procedimenritório em novos Estados com altas bar 'to é satisfatório, porque os bancos exa

da

cidade

de

Paris com os seus próprios

reiras alfandegárias, o que diminuiu o

mortos. As sepulturas de veriam ser ligadas entre si

mercado interno de cêrca de 60 milhões

certamente a sua vantagem, mas força

ma misto, nesse tempo, consistiu em aproveitarem os seus depósitos a . prazo

quecimento dos fins 8 limites de um banco industrial. De resto, um outro

projeto também bastante problemático

do mesmo engenheiro, autor do plano acima mencionado, foi de fato realizado

mesmo

banco.

Tratava-se

da

minam ainda, depois, cada duplicata

estava gasta, e que sofria privação total

ses da decomposição como meio de ilu jeto tomado a sério demonstra total es

tadas pela Junta Comercial, por fome-

indústria de seu país, cuja maquinaria

de habitantes para 7 milhões. O grande erro dos dirigentes dos bancos do siste

minação. O fato de ter sido êsse pro

• último balanço e com informações pres

apresentada pela emprêsa para desconto ou caução. Além disso, os créditos con cedidos a uma emprêsa por um baiico abrangem geralmente só uma parte das duplicatas sacadas pela emprêsa em questão. Do ponto de vista da distri buição do risco, êsse procedimento tem

por tubos, para aproveitamento dos ga

pelo

cada aos bancos do sistema estudado,

mais difícil quanto o respectivo país de

iluminação

. ^

no estrangeiro deve orientar o Brasil na

to em prática, mas merece

tástica. O projeto previu a

assegurando-se ao mesmo tempo o direito da emissão dos títulos caucionados ou de títulos provenientes de

dos beligerantes em papel-moeda ou em

alemão do sistema misto estudou a fun

mento dos negócios da res pectiva empresa, as impor tâncias requeridas como cré

uma transformação dos bens materiais

dos bancos industriais do sistema misto

curto para o financiamento de tôda a

de matérias-primas normalmente impor

as emprêsas a procurar outros bancos

tadas e de créditos estrangeiros. Uma

com o restante das duplicatas,

tão gigantesca tarefa não podia ser so lucionada por economias particulares,

isso, porém, perdem os bancos a possi

mas só pelo Estado, que deveria garan tir os depósitos bancários, proibindo os

Com

bilidade de controlar o andamento das atividades sociais de seus devedores co

transmissão de fôrça em Paris não por meio de eletricidade, como nesse tempo era ,já usual, mas por via pneumática.

investimentos menos necessários e dis

através das relações do passivo das em

Como era de prever, essa transação re dundou em grandes perdas para o

tribuindo as escassas divisas estrangei ras conforme as necessidades econômi

prêsas em falênda ou em concordata. Nessas relações aparece, quase sempre,

banco.

Abstraindo-se tais ocorrências isola..Zâsl

merciais. Verifica-se

isso

claramente

cas das importações. Prova irretorquí-

uma série de bancos credores. Em ba

\el de que a interferência do Estado se

lanço de uma firma recentemente falida


Dicesto EcoNÓ^^co

figuravam como credores nada menos

técnica da escrituração c executada com

de 24 bancos. E' perfeitamente veros

a máxima precisão. Muito mais impor

Dicesto Econômico

89

símil que cada um desses bancos igno

tante, porém, é o exame material dos

lucrati\'a de seus depósitos, a clientela SC oponha a uma tal exigência. Em tempo, porém, como o atual, em que a

rasse os créditos dos outros 23.

lançamentos, isto c, da influencia i>or

obtenção de créditos bancários é extre

Tratando-se, porém, da

cies exercida sobre a .situação econômica

mamente difícil, u introdução dessa pro vidência não encontrará forte oposição.

concessão

dum crédito a uma indústria que ultra passa a importância das duplicatas c

letras a receber, o que representa o ver dadeiro crédito industrial, uma partici

da empresa. O assunto dc.ssa revisão de\erá ser, por exemplo: a existência dc dívidas não lançadas, referentes a im-

tre os bancos uma corrente de entendi

■ posto de renda, contribuições sociais, juros, ctc., a proporção do estoque, da matéria-prima cm confronto com a pro dução e com o estoque de produtos aca

mento sobre as importâncias creditadas. Usualmente, num tal caso, a adminis

bados, a existência no estoque de pro dutos sem aceitação, a quantidade dc

tração e vigilância do crédito são execu

produtos devolvidos pela freguesia por

tadas por um único banco, o banco ge

causa de defeitos dc fabricação, a base

pação de vários bancos nesse crédito

toma-se impraticável se não existir en

rente, enquanto os outros figuram na

da avaliação dos produtos acabados no

-contabilidade do primeiro como subpar-

e.stoque por verificações saltcadas, a

ticipantes.

existência de débitos dos administrado

As necessárias informações sobre o andamento dos negócios de seus deve dores são recebidas pelos bancos indus triais através de revisões periódicas, exe

res etc.

cutadas pelos seus próprios funciona-» rios ou por^ peritos em auditoria, estra nhos à indústria a ser revisada. Essas revisões diferem bem das revisões orde

Todas essas indagações, pro cedidas por pessoas verdadeiramente experimentadas na auditoria de indústria.s', não precisam tanto tempo como

mais a parte técnica da escrituração, sendo que a influência econômica das atividades sociais sobre a situação finan

brasileira da necessidade de retribuir a

Não será fácil convencer a indústria

ceira da sociedade é de sobejo conheci

confiança do banco manifestada pela concessão de um crédito, permitindo inspeções periódicas em sua escrituração

da dos mandantes da revisão. Anali.san-

e documentos e uma certa influência nas

do todos os lançamentos, um por um,

decisões fundamentais, que natural mente nunca têm de degenerar em obs táculo ao desempenho das atividades

inclusive os de insignificante importân cia, conferindo-se todos com os respecti vos comprovantes, essas revisões tornamse muito demoradas e por isso custosas.

As revisões ordenadas pelo banCo cre dor para sua informação não precisam ser revisões integrais. Basta a revisão dos lançamentos mais importantes para

se chegar à conclusão de que a parte

intermédio de corretores, no mercado

anônima foi mencionada.

As atuais tcntali\as da indústria bra

do capital, não tinham, na maioria das vêzes, muito .sucesso. Pelo contrário,

muitas vêzcs contribuirani para abalar a

confiança dos capitalistas na aquisição de títulos particulares. Seja, por exem plo, lembrada a emissão de debêntures de uma importante emprê.sa industrial ]iá alguns anos, cujas ações pertenciam

quase que exclusi\-amento a uma iinicu pessoa. Já o prospocto cie emissão foi bastante incompleto, não contendo a conta de lucros e perdas e faltando no balanço publicado um eellificado de revisão por auditores estranhos à socie

como fator de segurança para os debenturistas. No prazo de alguns meses,

deliberações nas sessões da administra ção da empresa.

normais da empresa.

portante sociedade anônima industrial. O

sileira de colocar as suas emissões, por

dade.

nadas pela gerência ou pelo conseliio

clu falta de responsabilidade na coloca ção duma parcela do capital de uma im prospecto publicado nos jornais não coiilinha um balanç-o, c nem mesmo a im portância do capital social da sociedade

as revisões integrais formais, e podem ser, portanto, de custo módico. O con teúdo dessas revisões servirá de guia aos representantes do banco para suas

fiscal da mesma empresa. Tais revisões tomam em consideração, geralmente,

Citaremos, a seguir, outro exemplo, também recente, para a documentação

Como fim dc cnússão, declarou

o prosjjecto a ampliação da maquinaria e da produção, revelando com ênfase as

grandes reservas contidas no balanço, durante o qual o primeiro cupom da emissão foi pago, uma assembléia geral

Como únics

c.sclarccimento, o, prospecto continha, sob o título enganador de "Análise Fi nanceira", a indicação das importâncias ei\igregadas em máquinas e imóveis, as sim como os dividendos e bonificaç-ões distribuídos aos acionistas nos três exer

cícios precedentes.

Não é de admirar que nessas circuns tâncias os capitalistas fujam à aquisição de títulos particulares e prefiram o inx'eslimento das suas economias em títu

los públicos, hipotecas, terrenos e pré dios.

Enquanto os bancos comerciais bra sileiros, em geral, exercem as suas ativi

dades com o máximo cuidado, dentro

dos limites a êsse tipo de bancos traça dos, bancos de pequena importância deixam-se, de vez em quando, atrair por atividades não correspondentes a uma séria política bancária.

tribuição foram con.sumidas quase todas as reservas da emprêsa. A emissão re sultou, pois, simplesmente, na transfe rência do produto cia mesma para o

Há alguns meses um banco apareceu na relação da falência de uma emprêsa de ti-ansportes de carga como credor de importância bastante grande. Sendo os serviços de tais empresas pagos a vista, é claro que elas não precisam dum ca pital circulante considerável. A garantia do crédito bancário concedido podia, pois, só constar do.s caminhões compra

bõlso do acionista, em prejuízo da se

dos com êsse crédito. Não é essa uma

da sociedade resolveu a distribuição de

uma bonificação aos acionistas, cuja im portância atingiu c|uase a totalidade da parle colocada da emissãó. Para essa dis

E' de lastimar que os bancos, até agora, nunca tenham tentado impor aos seus devedores essa obrigação natural. E'

gurança dos debenturislas. Reclamações

transação nem dum banco comercial

dos clcbcnturistas

respondidas

nem dum banco industrial. Êsse crédito

tinha de ser concedido pela emprêsa

foram

de se admitir que em tempo de dinheiro

com a alegação de que os debenturistas

abundante, em que os bancos procuram

não têm outro direito senão o de rece

vendedora dos caminhões contra letras

obter por todos os meios uma colocação

bimento de juros.

de câmbio aceitas pela emprêsa compra-


Dicesto EcoNÓ^^co

figuravam como credores nada menos

técnica da escrituração c executada com

de 24 bancos. E' perfeitamente veros

a máxima precisão. Muito mais impor

Dicesto Econômico

89

símil que cada um desses bancos igno

tante, porém, é o exame material dos

lucrati\'a de seus depósitos, a clientela SC oponha a uma tal exigência. Em tempo, porém, como o atual, em que a

rasse os créditos dos outros 23.

lançamentos, isto c, da influencia i>or

obtenção de créditos bancários é extre

Tratando-se, porém, da

cies exercida sobre a .situação econômica

mamente difícil, u introdução dessa pro vidência não encontrará forte oposição.

concessão

dum crédito a uma indústria que ultra passa a importância das duplicatas c

letras a receber, o que representa o ver dadeiro crédito industrial, uma partici

da empresa. O assunto dc.ssa revisão de\erá ser, por exemplo: a existência dc dívidas não lançadas, referentes a im-

tre os bancos uma corrente de entendi

■ posto de renda, contribuições sociais, juros, ctc., a proporção do estoque, da matéria-prima cm confronto com a pro dução e com o estoque de produtos aca

mento sobre as importâncias creditadas. Usualmente, num tal caso, a adminis

bados, a existência no estoque de pro dutos sem aceitação, a quantidade dc

tração e vigilância do crédito são execu

produtos devolvidos pela freguesia por

tadas por um único banco, o banco ge

causa de defeitos dc fabricação, a base

pação de vários bancos nesse crédito

toma-se impraticável se não existir en

rente, enquanto os outros figuram na

da avaliação dos produtos acabados no

-contabilidade do primeiro como subpar-

e.stoque por verificações saltcadas, a

ticipantes.

existência de débitos dos administrado

As necessárias informações sobre o andamento dos negócios de seus deve dores são recebidas pelos bancos indus triais através de revisões periódicas, exe

res etc.

cutadas pelos seus próprios funciona-» rios ou por^ peritos em auditoria, estra nhos à indústria a ser revisada. Essas revisões diferem bem das revisões orde

Todas essas indagações, pro cedidas por pessoas verdadeiramente experimentadas na auditoria de indústria.s', não precisam tanto tempo como

mais a parte técnica da escrituração, sendo que a influência econômica das atividades sociais sobre a situação finan

brasileira da necessidade de retribuir a

Não será fácil convencer a indústria

ceira da sociedade é de sobejo conheci

confiança do banco manifestada pela concessão de um crédito, permitindo inspeções periódicas em sua escrituração

da dos mandantes da revisão. Anali.san-

e documentos e uma certa influência nas

do todos os lançamentos, um por um,

decisões fundamentais, que natural mente nunca têm de degenerar em obs táculo ao desempenho das atividades

inclusive os de insignificante importân cia, conferindo-se todos com os respecti vos comprovantes, essas revisões tornamse muito demoradas e por isso custosas.

As revisões ordenadas pelo banCo cre dor para sua informação não precisam ser revisões integrais. Basta a revisão dos lançamentos mais importantes para

se chegar à conclusão de que a parte

intermédio de corretores, no mercado

anônima foi mencionada.

As atuais tcntali\as da indústria bra

do capital, não tinham, na maioria das vêzes, muito .sucesso. Pelo contrário,

muitas vêzcs contribuirani para abalar a

confiança dos capitalistas na aquisição de títulos particulares. Seja, por exem plo, lembrada a emissão de debêntures de uma importante emprê.sa industrial ]iá alguns anos, cujas ações pertenciam

quase que exclusi\-amento a uma iinicu pessoa. Já o prospocto cie emissão foi bastante incompleto, não contendo a conta de lucros e perdas e faltando no balanço publicado um eellificado de revisão por auditores estranhos à socie

como fator de segurança para os debenturistas. No prazo de alguns meses,

deliberações nas sessões da administra ção da empresa.

normais da empresa.

portante sociedade anônima industrial. O

sileira de colocar as suas emissões, por

dade.

nadas pela gerência ou pelo conseliio

clu falta de responsabilidade na coloca ção duma parcela do capital de uma im prospecto publicado nos jornais não coiilinha um balanç-o, c nem mesmo a im portância do capital social da sociedade

as revisões integrais formais, e podem ser, portanto, de custo módico. O con teúdo dessas revisões servirá de guia aos representantes do banco para suas

fiscal da mesma empresa. Tais revisões tomam em consideração, geralmente,

Citaremos, a seguir, outro exemplo, também recente, para a documentação

Como fim dc cnússão, declarou

o prosjjecto a ampliação da maquinaria e da produção, revelando com ênfase as

grandes reservas contidas no balanço, durante o qual o primeiro cupom da emissão foi pago, uma assembléia geral

Como únics

c.sclarccimento, o, prospecto continha, sob o título enganador de "Análise Fi nanceira", a indicação das importâncias ei\igregadas em máquinas e imóveis, as sim como os dividendos e bonificaç-ões distribuídos aos acionistas nos três exer

cícios precedentes.

Não é de admirar que nessas circuns tâncias os capitalistas fujam à aquisição de títulos particulares e prefiram o inx'eslimento das suas economias em títu

los públicos, hipotecas, terrenos e pré dios.

Enquanto os bancos comerciais bra sileiros, em geral, exercem as suas ativi

dades com o máximo cuidado, dentro

dos limites a êsse tipo de bancos traça dos, bancos de pequena importância deixam-se, de vez em quando, atrair por atividades não correspondentes a uma séria política bancária.

tribuição foram con.sumidas quase todas as reservas da emprêsa. A emissão re sultou, pois, simplesmente, na transfe rência do produto cia mesma para o

Há alguns meses um banco apareceu na relação da falência de uma emprêsa de ti-ansportes de carga como credor de importância bastante grande. Sendo os serviços de tais empresas pagos a vista, é claro que elas não precisam dum ca pital circulante considerável. A garantia do crédito bancário concedido podia, pois, só constar do.s caminhões compra

bõlso do acionista, em prejuízo da se

dos com êsse crédito. Não é essa uma

da sociedade resolveu a distribuição de

uma bonificação aos acionistas, cuja im portância atingiu c|uase a totalidade da parle colocada da emissãó. Para essa dis

E' de lastimar que os bancos, até agora, nunca tenham tentado impor aos seus devedores essa obrigação natural. E'

gurança dos debenturislas. Reclamações

transação nem dum banco comercial

dos clcbcnturistas

respondidas

nem dum banco industrial. Êsse crédito

tinha de ser concedido pela emprêsa

foram

de se admitir que em tempo de dinheiro

com a alegação de que os debenturistas

abundante, em que os bancos procuram

não têm outro direito senão o de rece

vendedora dos caminhões contra letras

obter por todos os meios uma colocação

bimento de juros.

de câmbio aceitas pela emprêsa compra-


90

Diciísto Econômico

dora. Sendo boa a situação da emprôsa vendedora, ela é que se podia dirigir a um banco para o desconto de parte des

causou, pelas circunstâncias, tanta sen

ses saques com vencimento não muito

sação, que o anunciado banco felizmen

prolongado. Também não faz muito,

mesma base, ocorrida durante o tem

te não chegou a funcionar. um banco

fundado em São Paulo há côrca de cinco anos pretendia estabelecer um banco es

pecializado em investimentos. Anúncios nos jornais convidaram os capitalistas a

depositar os seus títulos cotados na Bôl-

sa no novo banco, que prometeu pagar aos deposítantes, além da renda dêsles ti^los, uma bonificação de 2% ao ano

sôbre o valor nominal dos títulos depo sitados. O emprêgo dêsses títulos pe

lo banco não foi indicado nos anúncios, mas é claro que êles só poderiam servir como caução para empréstimos a con

trair pelo banco. Calculando-se os ju

ros a pagar para esses empréstimos, no

mín^ de 10% ao ano, mais os 2% de

bonificação aos depositantes dos títulos mais uma porcentagem para as despesas

de administração do banco, chegou-se à conclusão de que o custo dêsse dinheiro

para o banco é tal que o seu emprégo só poderá dar-se em transações de ca ráter duvidoso ou, ao menos, puramente

especulativo. A falência de uma peque na casa bancária, que trabalhou na

Mercado interno

po da fundação do banco mencionado

Muito embora as ocorrências como as

acima

mencionadas

não tenham sido

importantes, quer em quantidade, quer em valor, na verdade contribuíram de

modo decisivo para a desconfiança rei nante no mercado do capital. Esta é a

causa por que alguns exemplos dessas ocorrências foram acima mencionados.

Não se deve aguardar milagres dos

bancos industriais, logo depois de sua instalação no Brasil, pois só com o má.xímo cuidado as primeiras emissões te

rão de ser escolhidas e colocadas, pouco a pouco, em mãos de verdadeiros poupadores, e não em mãos especulativas.

Nelson Werneck Sodré

AGONIA prolongada da la\oura cafeeira — agora reanimada com a as censão extraordinária dos preços, mas

suas linhas: não passávamos de produtore.s dc matérias-primas e artigos tropi

depois do um período em que muitos dos seus valores se estiolaram, com pos sibilidades do recuperação bastante re

vidades externas.

motas — os lami-ntos dos que \erificaram a impossibilidade dc substituir, com o algodão, o antigo primado da vubiácea, são os sintomas da atividade agrícola com que o Brasil defronta a articulação

cional, as suas flutuações.

cais, destinados ao consumo de coleti

Essas coletividades,

pelas .suas entidades de caráter econô

mico, impunham, pois, à produção na Mais do

que isso: como fornecedoras de produtos manufaturados ou produzidos em série, indispensáveis à vida brasileira em e\o-

lução, tais mercados guardavam o pri

econômica dôsto agitado após-guerra.

mado incontestável da causalidade, im

Após-guerra que enconti-a o no.sso país

pondo preços e jogando com a premen

na singular posição de ter de reorgani

te e crescente necessidade de uHlida-

Oscilações não justificadas das cotações

zar o seu desarticulado sistema produtor, para que possamos chegar a oferecer al

dessas emissões na Bôlsa terão de ser

guma coisa dc ponderável ao mundo,

des de tôda espécie que o desenvolvi mento demográfico e as ânsias pelo au mento da produção impunham por parte

impedidas por intervenção do banco

aproveitando, com firmeza, as possibili

dos brasileiros.

emissor.

Assim, a confiança no merca

dades que nos oferecem alguns fatores

do de títulos voltará com o tempo e o in

de estabelecermos uma edificação eco nômica que no.s emancipo do.s males do

teresse para a aquisição de emissões particulares crescerá, dando lugar a no

passado, que tantos reflexos ainda en

vos empreendimentos, por parte dos bancos industriais, para a evolução e o desenvolvimento do parque industrial do

contram na situação presente — refle

Brasil.

xos que, tendo perturbado de maneira

grave a vida nacional, devem, pelo me nos, ter alertado os espíritas menos pre venidos contra os perigos da perma nência no empirísmo em que nos deba temos.

Enquanto permanecemos, politica mente, dominados pela metrópole lusa, o trabalhando para manter um grupo português definitivamente jungido e su bordinado ao caiTO triunfal do indus-

trialismo britânico, não fizemos mais do

que produzir para a exportação, enrique cendo esse grupo e permanecendo no ní vel baixíssimo de vida que levávamos, pouco exigentes de utilidades estrangei

que os males da organização econômica

ras. A fase tempestuosa da arremetida napoleônica, na península ibérica, entre tanto, encontrou a América espanhola e

brasileira são de fundo liistórico, e < re--

o Brasil em condições de constituírem

montam à estrutura colonial que

mercados de.primeira ordem para a pro

Parece que é verdade aceita por todos

pre.side, estrutura que a transição

nos

tran-sformações subseqüentes, não

dução industrial e manufatureira britânica, em contínuo desen volvimento. O fenômeno essen

fizeram mais do que continuar.

cialmente político da autonomia,

O quadro colonial, na verdade, marcava-se pela simplicidade de

Strangford, logo completados pe-

para a autonomia, e todas as

caracterizado pelos acordos de


90

Diciísto Econômico

dora. Sendo boa a situação da emprôsa vendedora, ela é que se podia dirigir a um banco para o desconto de parte des

causou, pelas circunstâncias, tanta sen

ses saques com vencimento não muito

sação, que o anunciado banco felizmen

prolongado. Também não faz muito,

mesma base, ocorrida durante o tem

te não chegou a funcionar. um banco

fundado em São Paulo há côrca de cinco anos pretendia estabelecer um banco es

pecializado em investimentos. Anúncios nos jornais convidaram os capitalistas a

depositar os seus títulos cotados na Bôl-

sa no novo banco, que prometeu pagar aos deposítantes, além da renda dêsles ti^los, uma bonificação de 2% ao ano

sôbre o valor nominal dos títulos depo sitados. O emprêgo dêsses títulos pe

lo banco não foi indicado nos anúncios, mas é claro que êles só poderiam servir como caução para empréstimos a con

trair pelo banco. Calculando-se os ju

ros a pagar para esses empréstimos, no

mín^ de 10% ao ano, mais os 2% de

bonificação aos depositantes dos títulos mais uma porcentagem para as despesas

de administração do banco, chegou-se à conclusão de que o custo dêsse dinheiro

para o banco é tal que o seu emprégo só poderá dar-se em transações de ca ráter duvidoso ou, ao menos, puramente

especulativo. A falência de uma peque na casa bancária, que trabalhou na

Mercado interno

po da fundação do banco mencionado

Muito embora as ocorrências como as

acima

mencionadas

não tenham sido

importantes, quer em quantidade, quer em valor, na verdade contribuíram de

modo decisivo para a desconfiança rei nante no mercado do capital. Esta é a

causa por que alguns exemplos dessas ocorrências foram acima mencionados.

Não se deve aguardar milagres dos

bancos industriais, logo depois de sua instalação no Brasil, pois só com o má.xímo cuidado as primeiras emissões te

rão de ser escolhidas e colocadas, pouco a pouco, em mãos de verdadeiros poupadores, e não em mãos especulativas.

Nelson Werneck Sodré

AGONIA prolongada da la\oura cafeeira — agora reanimada com a as censão extraordinária dos preços, mas

suas linhas: não passávamos de produtore.s dc matérias-primas e artigos tropi

depois do um período em que muitos dos seus valores se estiolaram, com pos sibilidades do recuperação bastante re

vidades externas.

motas — os lami-ntos dos que \erificaram a impossibilidade dc substituir, com o algodão, o antigo primado da vubiácea, são os sintomas da atividade agrícola com que o Brasil defronta a articulação

cional, as suas flutuações.

cais, destinados ao consumo de coleti

Essas coletividades,

pelas .suas entidades de caráter econô

mico, impunham, pois, à produção na Mais do

que isso: como fornecedoras de produtos manufaturados ou produzidos em série, indispensáveis à vida brasileira em e\o-

lução, tais mercados guardavam o pri

econômica dôsto agitado após-guerra.

mado incontestável da causalidade, im

Após-guerra que enconti-a o no.sso país

pondo preços e jogando com a premen

na singular posição de ter de reorgani

te e crescente necessidade de uHlida-

Oscilações não justificadas das cotações

zar o seu desarticulado sistema produtor, para que possamos chegar a oferecer al

dessas emissões na Bôlsa terão de ser

guma coisa dc ponderável ao mundo,

des de tôda espécie que o desenvolvi mento demográfico e as ânsias pelo au mento da produção impunham por parte

impedidas por intervenção do banco

aproveitando, com firmeza, as possibili

dos brasileiros.

emissor.

Assim, a confiança no merca

dades que nos oferecem alguns fatores

do de títulos voltará com o tempo e o in

de estabelecermos uma edificação eco nômica que no.s emancipo do.s males do

teresse para a aquisição de emissões particulares crescerá, dando lugar a no

passado, que tantos reflexos ainda en

vos empreendimentos, por parte dos bancos industriais, para a evolução e o desenvolvimento do parque industrial do

contram na situação presente — refle

Brasil.

xos que, tendo perturbado de maneira

grave a vida nacional, devem, pelo me nos, ter alertado os espíritas menos pre venidos contra os perigos da perma nência no empirísmo em que nos deba temos.

Enquanto permanecemos, politica mente, dominados pela metrópole lusa, o trabalhando para manter um grupo português definitivamente jungido e su bordinado ao caiTO triunfal do indus-

trialismo britânico, não fizemos mais do

que produzir para a exportação, enrique cendo esse grupo e permanecendo no ní vel baixíssimo de vida que levávamos, pouco exigentes de utilidades estrangei

que os males da organização econômica

ras. A fase tempestuosa da arremetida napoleônica, na península ibérica, entre tanto, encontrou a América espanhola e

brasileira são de fundo liistórico, e < re--

o Brasil em condições de constituírem

montam à estrutura colonial que

mercados de.primeira ordem para a pro

Parece que é verdade aceita por todos

pre.side, estrutura que a transição

nos

tran-sformações subseqüentes, não

dução industrial e manufatureira britânica, em contínuo desen volvimento. O fenômeno essen

fizeram mais do que continuar.

cialmente político da autonomia,

O quadro colonial, na verdade, marcava-se pela simplicidade de

Strangford, logo completados pe-

para a autonomia, e todas as

caracterizado pelos acordos de


92

los de Stuart, operou uma transforma

Dicestc) Econónqco

Diciisro

93

Econômico

concorressem, também em parcelas de

clausura colonial c adquiridos hábitos e necessidades que o contato com o mun--

indústria nacional, c a necessidade de

ção apenas aparente na vida brasileira,

colocar o café, obtendo preços compen

vulto, numa balança defeituosa de for

porque permanecemos produzindo para entrega direta aos clientes, adquirindo

do vinlia acarretando.

sadores. As flutuações naturais des.sa

necimentos.

dêles, também diretamente, e com prote ção aduaneira natural, as utilidades que

to da clientela, c com o aumento do

política, e outras causas, acabaram por lançar o país nas soluções fictícias dos

A política cafeeira, a ilusão transitó ria da laranja e a arrancada do algodão,

poder aquisitivo de que era dotada. Dai

esprcstiinos tomados no exterior.

foram sendo colocadas no mercado inter

se originaram os mais sérios impulsos externos para apressar a solução do pro

O que jamais interessou, cm síntese,

bido, às pausas e declínios do café, não

nesse complexo jogo do \'antagen.s, foi a

blema abolicionista, que foi descendo os sensí\'eis degraus da liberdade dos

sorte do trabalhador nacional, cujo único destino, na estrutura colonial permanen

chegaram, entretanto, para satisfazer àqueles que pretendem manter-se na

sexagenários, da liberdade do ventre da

te, era o do contribuir com o seu esfor

escrava, para desaguar"* no tormentoso

ço físico, de vez que a produção se des

estuário de 1888, às vé.speras da Hcpú-

tinava ao mercado externo, única e to

plica. O no\'o regime político não alterava,

talmente. A indústria, alimentada pela economia de exportação, devia permane

no em volume e valor sempre crescentes.

Era uma conseqüência espontânea desse processo a nossa posição subsidiária de

povo produtor de elementos secundários

no conjunto das trocas universais, rele

gado ao domínio absoluto do regime agrário e condicionado, pela origem dos acontecimentos que motivaram a inde

pendência, à concessão de favores alfan

degários de que a tarifa Alves Branco,

em 1844, foi o primeiro sinal de cansaço! Tal estado de coisas admitia, sem so lução de continuidade, o quadro habitual da colônia, onde uma população crescen te se repartia, quanto à riqueza, num

desnível tremendo, havendo poucas for tunas apreciáveis, um núcleo flutuante cuja mediania não encontrava salvação e a massa que concorria com o trabalho e que era quase totalmente constituída

pelos escravos. O espaço destinado ao trabalho livre, por isso mesmo, perma necia ínfimo, e os reflexos dêsse estado

de coisas na solução do problema aboli cionista não foram jamais estudados com rigor e objetividade indispensáveis. Era

O trabalho ser-

vil era incompatí\'cI com c.ssc crescimen

também, em essência, o quadro habitual

cer em limites parcos o estreitos e valer-

da produção brasileira. Mas encontrava

se dos recursos da proteção, fornecendo,

o ambiente interno cm fa.sc de apreciável

em última análise, por preço mais ele vado, produtos de qualidade in

transformação, porque

o

crescimento

tão estreitamente conjugada, como é sa

idéia fixa de que devemos ter um pro

duto agrário preponderante, em condi ções de colocar-se no primado anterior mente ocupado pelo café, enriquecendo bastante a alguns e mantendo indiferen tes todos os demais grupos da população brasileira. E isso tudo, no regime agrí cola da en.vada e da produção próximo

ao litoral, para que haja transporte, her

dado do sistema anteriormente \ elaborado, e mínimas despesas

formidável da produção cafeeira condi

ferior. Essa mesma indústria,

cionara o aparecimento, na região ccn-

que a eclosão de uma guerra de maiores proporções que a ante rior fez com que se desenvolves

béni 7parque, industrial, ainda !j . -r.. con- ^

se de forma extraordinária, che gou, naqueles dias de crise uni

necessidades internas, que nao

tro-sul, de um parque industrial pouco acima dos níveis do mero artezanato, que e.\igia á mudança do regime tarifário para a sua manutenção. Êsse parque não cessou de crescer, e a guerra mun

dial irrompida em 1914 contribuiu para um de seus mais fortes impulsos, ao passo que a produção cafeeira entrava a exigir a intervenção constante do Es

tado no mercado, para a manutenção dos preços. A transição do primado britânico pa

versal, a interessar a alguns mer cados externos, particularmente os mais próximos, sem que isso viesse, de forma alguma, modificar o quadro antigo, em

de

frete. Mantendo-se tani-

que à custa de tarifas, em

dições de satisfazer a algumas

podem deixar de ser mmimas

justamente porque a diretriz de exportação pnr^

-- traz vantagens diretas c

imediatas para as massas consumidoras , ,

de importância talvez tenha sido a ilu são de que, em condições normais de

nacionais. O que vem contnbumdo, pois para manter a ilusão da possibijidade de um quadro de linhas semelhan

circulação comercial no mundo, pudesse ela manter os mercados de emergência

eventualidades e medidas de emergên

seus traços essenciais. A única alteração

tes não é mais do que o conjunto de

natural, em todo caso, que, finalmente, o desenvolvimento espantoso do industrialismo acabasSe por se interessar pelo crescimento, entre nós, do grupo popu lacional que constituía uma clientela tão fácil, aumentando nele, por outro lado,

nosso maior comprador do produto cm regime de monocultura e aquele que

conjunto da balança e.xportadoia — dan

o poder aquisitivo. Êsse interesse encon

passou a nos fornecer a maior parte de

gum tempo ainda inviável, de que pode

trava correspondência na alteração sen sível operada na massa brasileira que vi via junto ao mar, e que constituía o

tudo o que precisávamos do estrangeiro. Era indispensável, por isso mesmo, esta

ríamos, no após-guenra, quebrar o quase

belecer um justo equilíbrio entre a ten

ressando os mercados do mundo em ou

da aos mercados externos e vivendo do

grosso da população do País, finda a

dência à proteção alfandegária, para a

tros produtos brasileiros, de sorte a que

financiamento.

ra o norte-americano na evolução eco

nômica brasileira, como fonte das utili

dades externas, estabeleceu a cúriosa coincidência de fazer do um só país o

que conquistara. Outra ilusão se apre sentou com as sucessivas quedas na percentagem concretizada pelo café, no

do a idéia, hoje desacreditada, e por al monopólio cafeeiro dé exportação, inte

cia tomadas pelos países que se viram envolvidos no último conflito, e durante a sua duração. Não seria possível a e-xistência de alguém com o suficiente otimismo para admitir a permanência, ao mesmo tempo, de uma indústria fei ta para o exterior, principalmente, e lima produção agrária também destina


92

los de Stuart, operou uma transforma

Dicestc) Econónqco

Diciisro

93

Econômico

concorressem, também em parcelas de

clausura colonial c adquiridos hábitos e necessidades que o contato com o mun--

indústria nacional, c a necessidade de

ção apenas aparente na vida brasileira,

colocar o café, obtendo preços compen

vulto, numa balança defeituosa de for

porque permanecemos produzindo para entrega direta aos clientes, adquirindo

do vinlia acarretando.

sadores. As flutuações naturais des.sa

necimentos.

dêles, também diretamente, e com prote ção aduaneira natural, as utilidades que

to da clientela, c com o aumento do

política, e outras causas, acabaram por lançar o país nas soluções fictícias dos

A política cafeeira, a ilusão transitó ria da laranja e a arrancada do algodão,

poder aquisitivo de que era dotada. Dai

esprcstiinos tomados no exterior.

foram sendo colocadas no mercado inter

se originaram os mais sérios impulsos externos para apressar a solução do pro

O que jamais interessou, cm síntese,

bido, às pausas e declínios do café, não

nesse complexo jogo do \'antagen.s, foi a

blema abolicionista, que foi descendo os sensí\'eis degraus da liberdade dos

sorte do trabalhador nacional, cujo único destino, na estrutura colonial permanen

chegaram, entretanto, para satisfazer àqueles que pretendem manter-se na

sexagenários, da liberdade do ventre da

te, era o do contribuir com o seu esfor

escrava, para desaguar"* no tormentoso

ço físico, de vez que a produção se des

estuário de 1888, às vé.speras da Hcpú-

tinava ao mercado externo, única e to

plica. O no\'o regime político não alterava,

talmente. A indústria, alimentada pela economia de exportação, devia permane

no em volume e valor sempre crescentes.

Era uma conseqüência espontânea desse processo a nossa posição subsidiária de

povo produtor de elementos secundários

no conjunto das trocas universais, rele

gado ao domínio absoluto do regime agrário e condicionado, pela origem dos acontecimentos que motivaram a inde

pendência, à concessão de favores alfan

degários de que a tarifa Alves Branco,

em 1844, foi o primeiro sinal de cansaço! Tal estado de coisas admitia, sem so lução de continuidade, o quadro habitual da colônia, onde uma população crescen te se repartia, quanto à riqueza, num

desnível tremendo, havendo poucas for tunas apreciáveis, um núcleo flutuante cuja mediania não encontrava salvação e a massa que concorria com o trabalho e que era quase totalmente constituída

pelos escravos. O espaço destinado ao trabalho livre, por isso mesmo, perma necia ínfimo, e os reflexos dêsse estado

de coisas na solução do problema aboli cionista não foram jamais estudados com rigor e objetividade indispensáveis. Era

O trabalho ser-

vil era incompatí\'cI com c.ssc crescimen

também, em essência, o quadro habitual

cer em limites parcos o estreitos e valer-

da produção brasileira. Mas encontrava

se dos recursos da proteção, fornecendo,

o ambiente interno cm fa.sc de apreciável

em última análise, por preço mais ele vado, produtos de qualidade in

transformação, porque

o

crescimento

tão estreitamente conjugada, como é sa

idéia fixa de que devemos ter um pro

duto agrário preponderante, em condi ções de colocar-se no primado anterior mente ocupado pelo café, enriquecendo bastante a alguns e mantendo indiferen tes todos os demais grupos da população brasileira. E isso tudo, no regime agrí cola da en.vada e da produção próximo

ao litoral, para que haja transporte, her

dado do sistema anteriormente \ elaborado, e mínimas despesas

formidável da produção cafeeira condi

ferior. Essa mesma indústria,

cionara o aparecimento, na região ccn-

que a eclosão de uma guerra de maiores proporções que a ante rior fez com que se desenvolves

béni 7parque, industrial, ainda !j . -r.. con- ^

se de forma extraordinária, che gou, naqueles dias de crise uni

necessidades internas, que nao

tro-sul, de um parque industrial pouco acima dos níveis do mero artezanato, que e.\igia á mudança do regime tarifário para a sua manutenção. Êsse parque não cessou de crescer, e a guerra mun

dial irrompida em 1914 contribuiu para um de seus mais fortes impulsos, ao passo que a produção cafeeira entrava a exigir a intervenção constante do Es

tado no mercado, para a manutenção dos preços. A transição do primado britânico pa

versal, a interessar a alguns mer cados externos, particularmente os mais próximos, sem que isso viesse, de forma alguma, modificar o quadro antigo, em

de

frete. Mantendo-se tani-

que à custa de tarifas, em

dições de satisfazer a algumas

podem deixar de ser mmimas

justamente porque a diretriz de exportação pnr^

-- traz vantagens diretas c

imediatas para as massas consumidoras , ,

de importância talvez tenha sido a ilu são de que, em condições normais de

nacionais. O que vem contnbumdo, pois para manter a ilusão da possibijidade de um quadro de linhas semelhan

circulação comercial no mundo, pudesse ela manter os mercados de emergência

eventualidades e medidas de emergên

seus traços essenciais. A única alteração

tes não é mais do que o conjunto de

natural, em todo caso, que, finalmente, o desenvolvimento espantoso do industrialismo acabasSe por se interessar pelo crescimento, entre nós, do grupo popu lacional que constituía uma clientela tão fácil, aumentando nele, por outro lado,

nosso maior comprador do produto cm regime de monocultura e aquele que

conjunto da balança e.xportadoia — dan

o poder aquisitivo. Êsse interesse encon

passou a nos fornecer a maior parte de

gum tempo ainda inviável, de que pode

trava correspondência na alteração sen sível operada na massa brasileira que vi via junto ao mar, e que constituía o

tudo o que precisávamos do estrangeiro. Era indispensável, por isso mesmo, esta

ríamos, no após-guenra, quebrar o quase

belecer um justo equilíbrio entre a ten

ressando os mercados do mundo em ou

da aos mercados externos e vivendo do

grosso da população do País, finda a

dência à proteção alfandegária, para a

tros produtos brasileiros, de sorte a que

financiamento.

ra o norte-americano na evolução eco

nômica brasileira, como fonte das utili

dades externas, estabeleceu a cúriosa coincidência de fazer do um só país o

que conquistara. Outra ilusão se apre sentou com as sucessivas quedas na percentagem concretizada pelo café, no

do a idéia, hoje desacreditada, e por al monopólio cafeeiro dé exportação, inte

cia tomadas pelos países que se viram envolvidos no último conflito, e durante a sua duração. Não seria possível a e-xistência de alguém com o suficiente otimismo para admitir a permanência, ao mesmo tempo, de uma indústria fei ta para o exterior, principalmente, e lima produção agrária também destina


Dicesto Econômico

94

A realidade nos mostrará que o futuro

a competição organizada, no .sclor c.\lcr-

da indústria brasileira está no cresci

no, cem rivais poderosamente dotados,

mento ponderável do mercado interno, pelo menos como uma etapa indispensá vel para um estágio mais adiantado. Não

cuja etapa industrial c muito mais avançada, ou do que a da permanência

conquistaremos, com o parque industrial que possuímos, mercados externos apre ciáveis, e nem poderíamos mesmo man ter muitos daqueles que nos freqüenta ram, por uma situação de pura emer

I

no colonialismo singular e deprimente de contribuir tão sòmente para uma clientela estrangeira, com produtos que sofrerão sempre os reflexos de contin

gências de toda ordem, que escapam ao nosso alcance, deixando-nos em posição

gência. E nem poderemos suportar pro

permanentemente subalterna e não inte

dutos agrícolas em situação de pri mado absoluto, que não consigam colo

privilegiado grupo, enquanto a grande

ressando, dentro do Brasil, .senão a um

car-se, impondo paliativos exaustivos,

parte do povo continuará a viver num

como aqueles que se marcam na pauta

padrão capaz de espantar a qualquer

alfandegária de favor a outros produtos

observador.

de entrada, no financiamento corrente,

A verdade é que todos os problemas

e em medidas semelhantes. O mercado

brasileiros, decisivamente relacionados à

interno, por outro lado, é mais do que uma imposição do interêsse nacional,

porque é uma imposição de salvação pa ra um parque industrial que não deve sofrer pausa no seu desenvolvimento, a

menos que admitamos a hipótese de o Brasil regredir. Um país de cinqüenta milhões de habitantes não pode chegar a uma etapa de progresso apreciável se

permanecer interessando apenas uma percentagem mínima de seu povo na ri queza e no bem-estar que consegue

órbita econômica, não encontram outro

rumo senão o da conjugação, dentro da grandeza geográfica do País, de umas

zonas a outras, pelo produção e pelo consumo. Quando o povo brasileiro fôr o principal mercado da produção agrí cola e industrial que vamos elaborando, absorvendo uma parcela ponderável de.ssa produção, todos os esforços serão fei tos para o aumento do seu poder aqui sitivo, da elevação do seu padrão de vida

e problemas correlates, como os da edu

construir.

cação e saúde.

Se atentarmos para a imensidade geo gráfica do Brasil e para o que represen

quadro não significa, particularmente

ta já o nosso povo, como mercado pon

ções, a constituição, pelo Brasil, de uma

derável para a produção de qualquer espécie, e se lembrarmos que a poten cialidade norte-americana, em cujas li nhas tantos apreciam debruçar-se, deri vou, em grande parte, das ligações in

ternas que o aproveitamento do próprio mercado nacional proporcionou ao ex

traordinário surto industrial daquele

E' evidente que ôsse

num mundo de tão fundas inter-rela-

nacionalidade divorciada das outras, ten

dendo para o padrão autárquico,

tão

distante das nossas mais remotas possi bilidades e tão incompatível com as con dições do mundo moderno. Não queremos mais ser, isso sim, uma colônia com tinturas de autonomia, pro duzindo, como trabalhadores, matérias-

ou produtos de consumo dispen país — verificaremos como a solução é primas sável, enquanto devemos, tôda vez que

muito inais viável du

a da luta com

Dicesto Econômico

nos seja necessário,

95

adquirir fora os

utensílios que no.s faltam para as tare fas mais rudimentares.

Permanecendo

na subaltcmidade de depender dos cen

tros industriais de alem-mar, sempre que

da dos recursos inestimáveis da técnica,

enquanto a la\"Oura permanece num re gime pouco superior ao da en.xada, com

o qual, nos tempos modernos, povo al

necessitamos de introduzir melhoria ou

gum pode elaborar uma produção digna de rele\'o — não chegaremos a nos

ampliação no nosso sistema de transpor tes, no aparelhamento portuário, no par que industrial ou em tudo o que depen-

emancipar das mazelas de um passado que está mais pró.ximo de nós do que julgamos.


Dicesto Econômico

94

A realidade nos mostrará que o futuro

a competição organizada, no .sclor c.\lcr-

da indústria brasileira está no cresci

no, cem rivais poderosamente dotados,

mento ponderável do mercado interno, pelo menos como uma etapa indispensá vel para um estágio mais adiantado. Não

cuja etapa industrial c muito mais avançada, ou do que a da permanência

conquistaremos, com o parque industrial que possuímos, mercados externos apre ciáveis, e nem poderíamos mesmo man ter muitos daqueles que nos freqüenta ram, por uma situação de pura emer

I

no colonialismo singular e deprimente de contribuir tão sòmente para uma clientela estrangeira, com produtos que sofrerão sempre os reflexos de contin

gências de toda ordem, que escapam ao nosso alcance, deixando-nos em posição

gência. E nem poderemos suportar pro

permanentemente subalterna e não inte

dutos agrícolas em situação de pri mado absoluto, que não consigam colo

privilegiado grupo, enquanto a grande

ressando, dentro do Brasil, .senão a um

car-se, impondo paliativos exaustivos,

parte do povo continuará a viver num

como aqueles que se marcam na pauta

padrão capaz de espantar a qualquer

alfandegária de favor a outros produtos

observador.

de entrada, no financiamento corrente,

A verdade é que todos os problemas

e em medidas semelhantes. O mercado

brasileiros, decisivamente relacionados à

interno, por outro lado, é mais do que uma imposição do interêsse nacional,

porque é uma imposição de salvação pa ra um parque industrial que não deve sofrer pausa no seu desenvolvimento, a

menos que admitamos a hipótese de o Brasil regredir. Um país de cinqüenta milhões de habitantes não pode chegar a uma etapa de progresso apreciável se

permanecer interessando apenas uma percentagem mínima de seu povo na ri queza e no bem-estar que consegue

órbita econômica, não encontram outro

rumo senão o da conjugação, dentro da grandeza geográfica do País, de umas

zonas a outras, pelo produção e pelo consumo. Quando o povo brasileiro fôr o principal mercado da produção agrí cola e industrial que vamos elaborando, absorvendo uma parcela ponderável de.ssa produção, todos os esforços serão fei tos para o aumento do seu poder aqui sitivo, da elevação do seu padrão de vida

e problemas correlates, como os da edu

construir.

cação e saúde.

Se atentarmos para a imensidade geo gráfica do Brasil e para o que represen

quadro não significa, particularmente

ta já o nosso povo, como mercado pon

ções, a constituição, pelo Brasil, de uma

derável para a produção de qualquer espécie, e se lembrarmos que a poten cialidade norte-americana, em cujas li nhas tantos apreciam debruçar-se, deri vou, em grande parte, das ligações in

ternas que o aproveitamento do próprio mercado nacional proporcionou ao ex

traordinário surto industrial daquele

E' evidente que ôsse

num mundo de tão fundas inter-rela-

nacionalidade divorciada das outras, ten

dendo para o padrão autárquico,

tão

distante das nossas mais remotas possi bilidades e tão incompatível com as con dições do mundo moderno. Não queremos mais ser, isso sim, uma colônia com tinturas de autonomia, pro duzindo, como trabalhadores, matérias-

ou produtos de consumo dispen país — verificaremos como a solução é primas sável, enquanto devemos, tôda vez que

muito inais viável du

a da luta com

Dicesto Econômico

nos seja necessário,

95

adquirir fora os

utensílios que no.s faltam para as tare fas mais rudimentares.

Permanecendo

na subaltcmidade de depender dos cen

tros industriais de alem-mar, sempre que

da dos recursos inestimáveis da técnica,

enquanto a la\"Oura permanece num re gime pouco superior ao da en.xada, com

o qual, nos tempos modernos, povo al

necessitamos de introduzir melhoria ou

gum pode elaborar uma produção digna de rele\'o — não chegaremos a nos

ampliação no nosso sistema de transpor tes, no aparelhamento portuário, no par que industrial ou em tudo o que depen-

emancipar das mazelas de um passado que está mais pró.ximo de nós do que julgamos.


Econômico

Augusto Comte e a questão social

fizesse ouvir o Irilo de um apito, neniium dos combatentes nos percebera o intento. Seriam precisas muitas palavras para lhes explicar que éramos utopistas

incorporação desta deixará de ser unia

e que antevíamos o mecanismo de uma

fagia, da escravatura etc.

polícia, isto é, de uma criação social pa Ivan

Lins

97

ra evitar que Iiomens se degolem à von-

_ladc. Pois bem, o (pie eu e outros es

utopia. <X)niQ já não é mais, há muitos séculos, a obser\ància dos casos essen

ciais de incesto, a abolição da antropo Negá-lo seria negar tòda u evoluçaS humana, e, portanto, tòda a liistória.

Todavia, menos de 20 séculos depois

peramos ó que chegue um dia cm que

Comte para a questão social, sem me nosprezar a base material ou econômi

da época em que o incomparável esta-

se crie a polícia internacional — c nc.sse

girita sustentava não poder haver socie

dia nao mais sc mancharão o.s dcsfila-

ca, é, sobretudo, uma solução espirittuil

dade sem escravos, deixou de ser uma

utopia, em todo o ocidente europeu, a

deíros com o sangue dos iraseíveis. "Já na visão de Isaías, filho de Amos,

abolição de qualquer trabalho servil.

Comte não é, pois, repito, uma solução parcial ou apenas administrativa ou

se nos prenunciam pacificadas as na

econômica.

SOLUÇÃO proposta por Augusto

ou religiosa, que só se tomará exeqüível mediante profunda modificação dos sen timentos, idéias e costumes da humani

ções, que das suas lanças terão forjado

dade atual, exigindo, antes de mais na-

A paz universal

Tão radical se afigura mesmo essa

modificação aos nossos contemporâneos, que muitos a consideram uma utopia, tão impraticável quanto o próprio comu nismo de Platão.

Aqui vai, entretanto, grave engano. E que, enquanto a utopia, por assim dizer, de Augusto Comte, não desres

tração de Gall,

a existência inata do

altruísmo na alma humana,

e sendo

também inegável a lei biológica segun do a qual o e.xercício desenvolve os ór gãos, enquanto a inércia o.s atrofia, não se pode deixar de admitir que se rea lize, um dia, o ideal pacifista. A idéia de um vasto convênio em que

peita nenhuma das leis que regem a

se estabelecesse a polícia mundial, para

natureza humana, individual ou coleti va, o comunismo de Platão as contraria

impedir e dirimir conflitos internacio

de modo flagrante. Se, na verdade, a questão social tem

é, afinal, "tamanha utopia quanto se

nais, segundo preconizava Comte, não pensa".

uma saída, é, por certo, a que lhe

E quem no-lo diz, através de uma

apontou o fundador da Sociologia, por

bela imagem, é um autor insuspeito, por que sempre infenso às elucubrações do filósofo de Montpellier — Carlos de

mais distante que pareça de nossos dias. Aristóteles e a escravidão

Tão difícil, senão mesmo impossível,

"Tôdas as regras atinenles à sociali zação da riqueza — escre\'e o filósofo —

"Não levantará (diz o Vidente), não

devem ser, quanto à .sua fonte, morais e não políticas, e, em sua aplicação, ge

arado.

Sendo inconteste, a partir da demons

levantará uma nação a sua espada con tra outra nação, nem mais sc adestrarão

para a guerra". (Isaías, II, 4).

de fazê-lo

voluntària-

até hoje, vive abarracado, como se fora

ções tirânicas que tenderiam a degradar

elemento inteiramente estranho a ela.

profundamente o caráter humano, des truindo a espontaneidade e a respons-a-

Resolvendo a Idade Média o magno problema, que recebera da antigüidade — o dc extinguir o cativeiro, que pesava sobre grande parte da população — legou, por sua vez, aos tempos moder

nos a solução de um problema de igual monta e não menor dificuldade : o da

"Transportemo-nos, pela imaginação, — discorre êle — aos tempos em que

Desde que, extinta para sempre a guerra, sc obtenha, através de cultura sistemática e persistente, uma discipli

tecipar-se tanto à sua época que só na

lião

mente, através da educação, e sua obscrvíincia habitual conservará sempre o

incorporação social do proletariado.

num desfiladeiro da antiga Hélade se encontraram, de ferro cm punho, e dís-

rais c não especiais. Todos quantos as adotarem

Ora, no dia cm que se obtiver o es tabelecimento da paz universal, faeílima será a consecução do riuc Augu.sto Comte chama "incorporação do prole tariado à sociedade moderna", na qual,

Laet.

parecia na antigüidade — para citar um caso típico — a extinção do regime es cravo, que até mesmo Aristóteles não conseguiu concebê-la, não obstante an

A solução apresentada por Augusto

c das suas c.spadas rclhas de

foices,

como condição mínima, sine qua norr, a extinção da guerra.

Solução religiosa ou total

mérito da liberdade, como já o sentia Aristóteles. A assimilação moral da.s

propriedades privadas às funções públi cas não as submeterá jamais a prescri

bilidade".

E', antes de mais nacíã, uma solução

educatáva, es])iriíual ou religiosa, isto é, considera os fenômenos sociais como in

timamente entrelaçados, só podendo,

consequentemente, ser resolvidos em conjunto. E' só mediante a refomia das idéias e dos sentimentos que se modifi cam as instituições. As leis somente se

tornam eficazes quando decorrem da

na mais rigorosa do egoísmo e um surto

putando-se o passo, Laio, o inditoso rei

preliminar modificação dos costumes. A

mais decisivo do altruísmo, formando-

de Tebas, e seu -filho Édipo, ainda mais

reforma mental, isto é, moral e intelec

se, ao mesmo tempo, uma opinião públi

inditoso. Se, naquelas

tual, traz sempre, como conseqüência

ca forte e esclarecida pela e.xtensão da cultura intelectual à massa proletária, a

lógica, e muitas vezes até imperceptível,

angústias, e

Idade Média começou a ser devidamen

quando.mais se encruava o duelo, al

te compreendido.

guém, um de nós, estivesse presente e

a reforma das instituições.


Econômico

Augusto Comte e a questão social

fizesse ouvir o Irilo de um apito, neniium dos combatentes nos percebera o intento. Seriam precisas muitas palavras para lhes explicar que éramos utopistas

incorporação desta deixará de ser unia

e que antevíamos o mecanismo de uma

fagia, da escravatura etc.

polícia, isto é, de uma criação social pa Ivan

Lins

97

ra evitar que Iiomens se degolem à von-

_ladc. Pois bem, o (pie eu e outros es

utopia. <X)niQ já não é mais, há muitos séculos, a obser\ància dos casos essen

ciais de incesto, a abolição da antropo Negá-lo seria negar tòda u evoluçaS humana, e, portanto, tòda a liistória.

Todavia, menos de 20 séculos depois

peramos ó que chegue um dia cm que

Comte para a questão social, sem me nosprezar a base material ou econômi

da época em que o incomparável esta-

se crie a polícia internacional — c nc.sse

girita sustentava não poder haver socie

dia nao mais sc mancharão o.s dcsfila-

ca, é, sobretudo, uma solução espirittuil

dade sem escravos, deixou de ser uma

utopia, em todo o ocidente europeu, a

deíros com o sangue dos iraseíveis. "Já na visão de Isaías, filho de Amos,

abolição de qualquer trabalho servil.

Comte não é, pois, repito, uma solução parcial ou apenas administrativa ou

se nos prenunciam pacificadas as na

econômica.

SOLUÇÃO proposta por Augusto

ou religiosa, que só se tomará exeqüível mediante profunda modificação dos sen timentos, idéias e costumes da humani

ções, que das suas lanças terão forjado

dade atual, exigindo, antes de mais na-

A paz universal

Tão radical se afigura mesmo essa

modificação aos nossos contemporâneos, que muitos a consideram uma utopia, tão impraticável quanto o próprio comu nismo de Platão.

Aqui vai, entretanto, grave engano. E que, enquanto a utopia, por assim dizer, de Augusto Comte, não desres

tração de Gall,

a existência inata do

altruísmo na alma humana,

e sendo

também inegável a lei biológica segun do a qual o e.xercício desenvolve os ór gãos, enquanto a inércia o.s atrofia, não se pode deixar de admitir que se rea lize, um dia, o ideal pacifista. A idéia de um vasto convênio em que

peita nenhuma das leis que regem a

se estabelecesse a polícia mundial, para

natureza humana, individual ou coleti va, o comunismo de Platão as contraria

impedir e dirimir conflitos internacio

de modo flagrante. Se, na verdade, a questão social tem

é, afinal, "tamanha utopia quanto se

nais, segundo preconizava Comte, não pensa".

uma saída, é, por certo, a que lhe

E quem no-lo diz, através de uma

apontou o fundador da Sociologia, por

bela imagem, é um autor insuspeito, por que sempre infenso às elucubrações do filósofo de Montpellier — Carlos de

mais distante que pareça de nossos dias. Aristóteles e a escravidão

Tão difícil, senão mesmo impossível,

"Tôdas as regras atinenles à sociali zação da riqueza — escre\'e o filósofo —

"Não levantará (diz o Vidente), não

devem ser, quanto à .sua fonte, morais e não políticas, e, em sua aplicação, ge

arado.

Sendo inconteste, a partir da demons

levantará uma nação a sua espada con tra outra nação, nem mais sc adestrarão

para a guerra". (Isaías, II, 4).

de fazê-lo

voluntària-

até hoje, vive abarracado, como se fora

ções tirânicas que tenderiam a degradar

elemento inteiramente estranho a ela.

profundamente o caráter humano, des truindo a espontaneidade e a respons-a-

Resolvendo a Idade Média o magno problema, que recebera da antigüidade — o dc extinguir o cativeiro, que pesava sobre grande parte da população — legou, por sua vez, aos tempos moder

nos a solução de um problema de igual monta e não menor dificuldade : o da

"Transportemo-nos, pela imaginação, — discorre êle — aos tempos em que

Desde que, extinta para sempre a guerra, sc obtenha, através de cultura sistemática e persistente, uma discipli

tecipar-se tanto à sua época que só na

lião

mente, através da educação, e sua obscrvíincia habitual conservará sempre o

incorporação social do proletariado.

num desfiladeiro da antiga Hélade se encontraram, de ferro cm punho, e dís-

rais c não especiais. Todos quantos as adotarem

Ora, no dia cm que se obtiver o es tabelecimento da paz universal, faeílima será a consecução do riuc Augu.sto Comte chama "incorporação do prole tariado à sociedade moderna", na qual,

Laet.

parecia na antigüidade — para citar um caso típico — a extinção do regime es cravo, que até mesmo Aristóteles não conseguiu concebê-la, não obstante an

A solução apresentada por Augusto

c das suas c.spadas rclhas de

foices,

como condição mínima, sine qua norr, a extinção da guerra.

Solução religiosa ou total

mérito da liberdade, como já o sentia Aristóteles. A assimilação moral da.s

propriedades privadas às funções públi cas não as submeterá jamais a prescri

bilidade".

E', antes de mais nacíã, uma solução

educatáva, es])iriíual ou religiosa, isto é, considera os fenômenos sociais como in

timamente entrelaçados, só podendo,

consequentemente, ser resolvidos em conjunto. E' só mediante a refomia das idéias e dos sentimentos que se modifi cam as instituições. As leis somente se

tornam eficazes quando decorrem da

na mais rigorosa do egoísmo e um surto

putando-se o passo, Laio, o inditoso rei

preliminar modificação dos costumes. A

mais decisivo do altruísmo, formando-

de Tebas, e seu -filho Édipo, ainda mais

reforma mental, isto é, moral e intelec

se, ao mesmo tempo, uma opinião públi

inditoso. Se, naquelas

tual, traz sempre, como conseqüência

ca forte e esclarecida pela e.xtensão da cultura intelectual à massa proletária, a

lógica, e muitas vezes até imperceptível,

angústias, e

Idade Média começou a ser devidamen

quando.mais se encruava o duelo, al

te compreendido.

guém, um de nós, estivesse presente e

a reforma das instituições.


Dicesto Eco^•ó^aco

98

Respeitando as leis fundamentais que regem a existência do homem, o funda

civilização já alcnnçado, são, boje, mui to mais rápidas do que ordinàriamcnte

dor da Sociologia provou que a solução gradativa, não resta dúvida, do proble ma social, depende de um conjunto de

se admite, como o evidencia, aliás, o

circunstâncias, entre as quais a mudança

é, em menos de Ires séculos.

da mentalidade hodierna, principalmen te quanto ao modo de conceber a pro priedade, acompanhada de maior desen

Não me cabo entrar aqui em minú cias, que alongariam extremamente este

volvimento do altruísmo e progressivo decréscimo do egoísmo, sem pretender, contudo, a quimera de extinguir este último.

Violando, porém, tais leis, visto não tomar em consideração a impossibilida

de de se eliminar o egoísmo — verda deiro pecado original a pesar inexoràvelmente sobre o homem — o comunismo clássico é e se

rá sempre impraticável, mesmo ixirque, além do mais, considera o problema humano como sendo exclusivamente econômico.

A solução positivista é, destarte, uma utopia, que poderá realizar-se em

futuro mais ou menos próximo, ao pas so que o comunismo primitivo, pròpriamente dito, de Platão, Morus, Campanclla e mesmo Marx, deixa de ser uma

utopia, ou um programa, no sentido po sitivo da palavra,

e entra no rol das

imenso surto científico, industrial e so

cial, verificado a partir de Galileu, isto

artigo. Lembro, contudo, não haver preconceito mais contrário a realidade

do que o de supor que tòclas as re\oluções sociais hajam sido e devam neces sariamente ser violentas.

O verdadei

ro é exatamente o inverso.

As maiores

revoluções sociais registadas pela histó ria fizeram-se lenta, silenciosa e quase

impcrceptivelmente, sem abalos de qualquer espécie. O cristianismo, por exemplo, levou mais de quatrocentos anos

(Io problema social, que c.xige, ao lado

ria moderna, não somente a história

econômica, como fazem alguns, mas

ministrativa, a clc\'ação moral c intelec

todos os aspectos — social, moral c inte

tual das massas humanas.

lectual — dessa Iiijífória, seria esquematízd-Ia e simplificá-la dc modo inepto,

Eis, dc fato, as suas próprias pala vras, atra\'és das quais reconhece, a seu modo, ser o problema social total,

isto é, educati\'o ou religioso, como lhe chama Comte, empregando numa ter minologia que c só dele. Transcrevo a versão espanhola de "Es necessário Inchar contra Ia iEno-

rancia, paro esto no cs suficiente: nos es necessária Ia cultura que nos enseãará

a combalir Ia apatia, ji Ia venalidad. Esta es una enfcnnedad que no se pucde curar con reformas políticas o reformas

militares.

reduzi-la excliis!\'amentc a luta dc clas

ses. O papel incontestá\-el representa do por essa luta foi, segundo Comte, um papel meramente negativo: a elimi nação das antigas classes representativas

de um sistema político perempto. Cada no\'o progresso essencial, no do

Andrade:

Este cs un arte mutj difícil

se no império romano. A Idade Média empregou vá

y campesina."

rios séculos para transmudar o escravo

99

das medidas de ordem econômica c ad

para definitivamente implantar-

cducación superior de Ia massa ohrera

É verdade que" Augusto Comte reco

mínio da indústria ou das ciências po sitivas, exigiu, preliminarmente, a eli minação dc um ou de vários entraves

opostos pela antiga organização social, e foi para essa eliminação que a luta de classes se tornou indispensável.

Mas, a própria criaç*ão dos novos pro gressos, ou, em termos mais gerais, a elaboração progressiva do novo' estado

social, que devia, finalmente, substituir o antigo, se fêz pelo jogo de fòrças in telectuais ou sociais que não encon

em ser\'o e este em homem livre, e a

nhece a existência histórica de uma luta

tram, de nenhum modo, sua origem na

transformação operou-se tão insensivelmente que foram necessárias imensas buscas históricas para evidenciá-la. E' que o progresso não é mais do que

de classes, porquanto foi a nova classe —

luta de classes. Assim, se se tomou ne-

o desenvolvimento da ordem, isto é, tô

da reforma social, para frutificar, tem de haurir seus elementos no proprio es

mente irrealizáveis, como, aliás, se ve

tado de cousas que pretende mudar. E' a extensão, ao campo sociológico,

Riissia soviética onde os pontos essen

do aforismo de Leibnitz: Natura non

ciais, puramente especulativos, da dou

jacit salíum.

trina, foram, dentro em pouco, postos

à margem, sendo Trotsky, com tôda razão, chamado por um de seus biógra

Já a biologia não admite nenhuma criação propriamente dita, reduzindo-sc tôda vitalidade a simples evolução —

fos "o último marxista".

observa, excelentemente, Augusto Conite.

Digo "a solução positivista é uma utopia, que se realizará em futuro mais

mo de Estado",

ou menos próximo", porquanto as mo dificações sociais, dado o alto grau de

Eco^•ó^nco

que no se piiecJe adquirir sin uma elevación general dc Ia. cultura, íin una

quimeras, isto é, das fantasias absoluta

rificou, experimentalmente, na própria

DrcESTo

O próprio Lenine, em seu "CapitaliS' confessa,

depois de

quatro anos de experiência, o fracasso inevitável da solução puramente política

a burguesia — oriunda da emancipação das comunas, que, depositária da ati vidade e da propriedade industrial, diri giu o combate que devia terminar na su pressão dos direitos nobiliárqiiicos e

ce.ssário lutar com a Inquisição para es

tabelecer e generalizar a crença no dujdo movimento da terra, esta descoberta foi,

ela própria, o resultado das pesquisas de alguns sábios, e não o resultado, direto

monárquicos. É preciso, todavia, insistir em não

ou indireto, de qualquer luta.

apresentar Comte, como o faz Marx, essa

ção a propósito dá descoberta do Novo

luta como o próprio motor do progresso. Antes de mais nada, se considerarmos o conjunto da história, seremos levados

Poder-se-ia fazer a mesma observa

Mundo, das grandes navegações e de

quase todos os grandes descobrimentos científicos e industriais da moderni

a reconhecer que longas fases, como cer tos períodos da Idade Média, realizaram

dade.

grandes progressos sem lutas aparentes,

ver obstáculos contribuiu para o desen-

Se, por vezes, a necessidade de remo

em conseqüência mesmo da íntima cola

voh'imento de forças ainda embrioná-

boração, então estaljclecida, entre as

ria.s, seria um erro confundir essa neces

diferentes classes sociais.

Demais, considerando apenas a histó

sidade com o próprio motor do pro gresso.

i


Dicesto Eco^•ó^aco

98

Respeitando as leis fundamentais que regem a existência do homem, o funda

civilização já alcnnçado, são, boje, mui to mais rápidas do que ordinàriamcnte

dor da Sociologia provou que a solução gradativa, não resta dúvida, do proble ma social, depende de um conjunto de

se admite, como o evidencia, aliás, o

circunstâncias, entre as quais a mudança

é, em menos de Ires séculos.

da mentalidade hodierna, principalmen te quanto ao modo de conceber a pro priedade, acompanhada de maior desen

Não me cabo entrar aqui em minú cias, que alongariam extremamente este

volvimento do altruísmo e progressivo decréscimo do egoísmo, sem pretender, contudo, a quimera de extinguir este último.

Violando, porém, tais leis, visto não tomar em consideração a impossibilida

de de se eliminar o egoísmo — verda deiro pecado original a pesar inexoràvelmente sobre o homem — o comunismo clássico é e se

rá sempre impraticável, mesmo ixirque, além do mais, considera o problema humano como sendo exclusivamente econômico.

A solução positivista é, destarte, uma utopia, que poderá realizar-se em

futuro mais ou menos próximo, ao pas so que o comunismo primitivo, pròpriamente dito, de Platão, Morus, Campanclla e mesmo Marx, deixa de ser uma

utopia, ou um programa, no sentido po sitivo da palavra,

e entra no rol das

imenso surto científico, industrial e so

cial, verificado a partir de Galileu, isto

artigo. Lembro, contudo, não haver preconceito mais contrário a realidade

do que o de supor que tòclas as re\oluções sociais hajam sido e devam neces sariamente ser violentas.

O verdadei

ro é exatamente o inverso.

As maiores

revoluções sociais registadas pela histó ria fizeram-se lenta, silenciosa e quase

impcrceptivelmente, sem abalos de qualquer espécie. O cristianismo, por exemplo, levou mais de quatrocentos anos

(Io problema social, que c.xige, ao lado

ria moderna, não somente a história

econômica, como fazem alguns, mas

ministrativa, a clc\'ação moral c intelec

todos os aspectos — social, moral c inte

tual das massas humanas.

lectual — dessa Iiijífória, seria esquematízd-Ia e simplificá-la dc modo inepto,

Eis, dc fato, as suas próprias pala vras, atra\'és das quais reconhece, a seu modo, ser o problema social total,

isto é, educati\'o ou religioso, como lhe chama Comte, empregando numa ter minologia que c só dele. Transcrevo a versão espanhola de "Es necessário Inchar contra Ia iEno-

rancia, paro esto no cs suficiente: nos es necessária Ia cultura que nos enseãará

a combalir Ia apatia, ji Ia venalidad. Esta es una enfcnnedad que no se pucde curar con reformas políticas o reformas

militares.

reduzi-la excliis!\'amentc a luta dc clas

ses. O papel incontestá\-el representa do por essa luta foi, segundo Comte, um papel meramente negativo: a elimi nação das antigas classes representativas

de um sistema político perempto. Cada no\'o progresso essencial, no do

Andrade:

Este cs un arte mutj difícil

se no império romano. A Idade Média empregou vá

y campesina."

rios séculos para transmudar o escravo

99

das medidas de ordem econômica c ad

para definitivamente implantar-

cducación superior de Ia massa ohrera

É verdade que" Augusto Comte reco

mínio da indústria ou das ciências po sitivas, exigiu, preliminarmente, a eli minação dc um ou de vários entraves

opostos pela antiga organização social, e foi para essa eliminação que a luta de classes se tornou indispensável.

Mas, a própria criaç*ão dos novos pro gressos, ou, em termos mais gerais, a elaboração progressiva do novo' estado

social, que devia, finalmente, substituir o antigo, se fêz pelo jogo de fòrças in telectuais ou sociais que não encon

em ser\'o e este em homem livre, e a

nhece a existência histórica de uma luta

tram, de nenhum modo, sua origem na

transformação operou-se tão insensivelmente que foram necessárias imensas buscas históricas para evidenciá-la. E' que o progresso não é mais do que

de classes, porquanto foi a nova classe —

luta de classes. Assim, se se tomou ne-

o desenvolvimento da ordem, isto é, tô

da reforma social, para frutificar, tem de haurir seus elementos no proprio es

mente irrealizáveis, como, aliás, se ve

tado de cousas que pretende mudar. E' a extensão, ao campo sociológico,

Riissia soviética onde os pontos essen

do aforismo de Leibnitz: Natura non

ciais, puramente especulativos, da dou

jacit salíum.

trina, foram, dentro em pouco, postos

à margem, sendo Trotsky, com tôda razão, chamado por um de seus biógra

Já a biologia não admite nenhuma criação propriamente dita, reduzindo-sc tôda vitalidade a simples evolução —

fos "o último marxista".

observa, excelentemente, Augusto Conite.

Digo "a solução positivista é uma utopia, que se realizará em futuro mais

mo de Estado",

ou menos próximo", porquanto as mo dificações sociais, dado o alto grau de

Eco^•ó^nco

que no se piiecJe adquirir sin uma elevación general dc Ia. cultura, íin una

quimeras, isto é, das fantasias absoluta

rificou, experimentalmente, na própria

DrcESTo

O próprio Lenine, em seu "CapitaliS' confessa,

depois de

quatro anos de experiência, o fracasso inevitável da solução puramente política

a burguesia — oriunda da emancipação das comunas, que, depositária da ati vidade e da propriedade industrial, diri giu o combate que devia terminar na su pressão dos direitos nobiliárqiiicos e

ce.ssário lutar com a Inquisição para es

tabelecer e generalizar a crença no dujdo movimento da terra, esta descoberta foi,

ela própria, o resultado das pesquisas de alguns sábios, e não o resultado, direto

monárquicos. É preciso, todavia, insistir em não

ou indireto, de qualquer luta.

apresentar Comte, como o faz Marx, essa

ção a propósito dá descoberta do Novo

luta como o próprio motor do progresso. Antes de mais nada, se considerarmos o conjunto da história, seremos levados

Poder-se-ia fazer a mesma observa

Mundo, das grandes navegações e de

quase todos os grandes descobrimentos científicos e industriais da moderni

a reconhecer que longas fases, como cer tos períodos da Idade Média, realizaram

dade.

grandes progressos sem lutas aparentes,

ver obstáculos contribuiu para o desen-

Se, por vezes, a necessidade de remo

em conseqüência mesmo da íntima cola

voh'imento de forças ainda embrioná-

boração, então estaljclecida, entre as

ria.s, seria um erro confundir essa neces

diferentes classes sociais.

Demais, considerando apenas a histó

sidade com o próprio motor do pro gresso.

i


(•:r

Digesto

100

♦ * *

Dicesto Econômico

Econónuco

A diferença ou, antes, a oposição entre

o regime supercapitalista de Comte e o Em rápida súmula, assim podemos

regimo coletivista c que, no primeiro,

condensar o pensamento de Augusto Comte sôbre a questão social. I) O capital deve ser concentrado e respeitado, sendo a sua concentração

são os depositários do capital, i.sto é,

101

bela fórmula, ler um destino social, o direito de abuso não lhe pode ser re

nar-se dignos de governar os trabalha dores, sem e.\plorá-los, antes de haverem

conhecido.

acabado a sua educação política sob a

III) A pequena burguesia e as atuais

levada tão longe quanto o comporta a

dos instrumentos de produção, que ocupam os postos de direção do Estado, enquanto, no segundo, são os homens colocados à frente do Go\'cmo que supe

responsabilidade efetiva de cada chefe

rintendem a administração dos meios de

industrial, porquanto não se podem im por grandes devores senão aos que dis põem de grandes meios. É, aliás, fato de observação comum que as pequenas

produção. Êste c outros pontos do pro grama político de Comte espero possam

riam, porém, obrigados a gerir a rique

ser devidamente desenvolvidos no curso

za tendo em vista o bem coletivo, tor

empresas

freqüentemente

constituem

hoje um obstáculo maior do que as grandes para a melhoria da sorte dos

monocracia liberal, da aliança entre os

aos olhos do Comte, um obstáculo ao -progresso social e uma anomalia de' corrente da anarquia moderna. Em con

seqüência disso, achava êle indispensável

e inevitável o desaparecimento da pe

no conjunto das medidas administrativas

Quanto ao respeito e segurança do capital, Comte os e.dgia, não em vir

propostas por Comte, figura a consti tuição de um orçamento anual de re

tude de qualquer direito individual sôbre a propriedade, mas porque, "em vez de aperfeiçoá-la, perturbaríamos conti

serva (muito elevado, aliás), destinado

nuamente a ordem social se a nossa

vasto sistema de trabalhos públicos. Esta medida é, como se sabe, uma

Julgando, assim, necessária a ditadura

de um proletário de escol — e não do proletariado — o que constitui uma ho menagem à classe operária — espera\ a Comte pudesse o advento da sociedade nova verificar-se sem \aolências.

Lem

brava, a êste propósito, como vimos,

aliança dos filósofos e cientistas, ou

do passado — a emancipação dos escra

tífica universalmente difundida.

Esperando a adoção dessa doutrina,

Ê,

gerações, em chefes supremos da Repú blica Francesa.

nando-se, para tal, necessário um poder fiscalizador, que seria constituído pela

sob a consagração de uma doutrina cien

cados, é o de visar estabelecer o que

hoje se chama economia dirigida.

Se

chefes espirituais, que constituiriam o sacerdócio do futuro, o do proletariado,

mos nos primeiros artigos aqui publi

sua quase totalidade, ao proletariado.

que a maior das transformações sociais

vos e dos servos — se realizou sem gran des convulsões.

Almejemos que tal se dê novamente na modernidade, sem nos esquecermos, todaxna, de serem os trabalhadores de

pensava Comte não poderem os depo

hoje menos pacientes do que os servos

sitários da riqueza de seu tempo tor

da Idade Média.

I

a regularizar cada gênero de economia

nacional pelo estabelecimento de um

das que a Repartição Intemaeional dò Traballio recomenda hoje aos governos

re.speítar a posse dos capitais do mesmo

como meio de prevenir e atenuar as

modo que a das funções, porque a efi cácia social exige a segurança pessoal". Erige, assim, o Positivismo, em prin

crises da falta de trabalho.

'.>S

Mantendo a propriedade privada dos meios de produção, submete-lhe Comte

cípio moral o respeito da propriedade em

a exploração a regras perfeitamente de

mãos de quem estiver. A questão não está em saber em que mãos se acha o

terminadas, de modo a salvaguardar os

capital capiiíu humano,'"'w, mas, sim, —,quais — os meios de moralizardheç ó V emprego pelo atual possuidoí-.

reflexo da preponderância civil.

internacional e o problema da paz. II) Outro aspecto do regime positi vista, que ó preciso salientar, como vi

com efeito, interessante relembrar que,

políticas

quanto o governo pròpriamente dito sòmente pode ser uma expansão ou um

diversos credos religiosos e da política

quena burguesia, que se incorporaria, em

principal solicitude não se consagrasse ao emprego das forças, abstraindo-lhes a origem e mesmo a sede, devendo-se

deveriam, segundo Os depositários do capital govcniariam a sociedade, por

que pretendo realizar sobre Augusto Comte e suas teorias acerca do governo, da democracia, do parlamentarismo, da

proletários. A dispersão da proprieda de dos instrumentos de produção é,

classes

Comte, desaparecer.

pressão de alguns proletários, excepcio nalmente erigidos, durante uma ou duas

interesses coletivos.

Em outros termos:

retira-lhe todo direito de usar e abusar,

inerente à origem divina da proprieda de. Devendo o capital, segundo sua

=L


(•:r

Digesto

100

♦ * *

Dicesto Econômico

Econónuco

A diferença ou, antes, a oposição entre

o regime supercapitalista de Comte e o Em rápida súmula, assim podemos

regimo coletivista c que, no primeiro,

condensar o pensamento de Augusto Comte sôbre a questão social. I) O capital deve ser concentrado e respeitado, sendo a sua concentração

são os depositários do capital, i.sto é,

101

bela fórmula, ler um destino social, o direito de abuso não lhe pode ser re

nar-se dignos de governar os trabalha dores, sem e.\plorá-los, antes de haverem

conhecido.

acabado a sua educação política sob a

III) A pequena burguesia e as atuais

levada tão longe quanto o comporta a

dos instrumentos de produção, que ocupam os postos de direção do Estado, enquanto, no segundo, são os homens colocados à frente do Go\'cmo que supe

responsabilidade efetiva de cada chefe

rintendem a administração dos meios de

industrial, porquanto não se podem im por grandes devores senão aos que dis põem de grandes meios. É, aliás, fato de observação comum que as pequenas

produção. Êste c outros pontos do pro grama político de Comte espero possam

riam, porém, obrigados a gerir a rique

ser devidamente desenvolvidos no curso

za tendo em vista o bem coletivo, tor

empresas

freqüentemente

constituem

hoje um obstáculo maior do que as grandes para a melhoria da sorte dos

monocracia liberal, da aliança entre os

aos olhos do Comte, um obstáculo ao -progresso social e uma anomalia de' corrente da anarquia moderna. Em con

seqüência disso, achava êle indispensável

e inevitável o desaparecimento da pe

no conjunto das medidas administrativas

Quanto ao respeito e segurança do capital, Comte os e.dgia, não em vir

propostas por Comte, figura a consti tuição de um orçamento anual de re

tude de qualquer direito individual sôbre a propriedade, mas porque, "em vez de aperfeiçoá-la, perturbaríamos conti

serva (muito elevado, aliás), destinado

nuamente a ordem social se a nossa

vasto sistema de trabalhos públicos. Esta medida é, como se sabe, uma

Julgando, assim, necessária a ditadura

de um proletário de escol — e não do proletariado — o que constitui uma ho menagem à classe operária — espera\ a Comte pudesse o advento da sociedade nova verificar-se sem \aolências.

Lem

brava, a êste propósito, como vimos,

aliança dos filósofos e cientistas, ou

do passado — a emancipação dos escra

tífica universalmente difundida.

Esperando a adoção dessa doutrina,

Ê,

gerações, em chefes supremos da Repú blica Francesa.

nando-se, para tal, necessário um poder fiscalizador, que seria constituído pela

sob a consagração de uma doutrina cien

cados, é o de visar estabelecer o que

hoje se chama economia dirigida.

Se

chefes espirituais, que constituiriam o sacerdócio do futuro, o do proletariado,

mos nos primeiros artigos aqui publi

sua quase totalidade, ao proletariado.

que a maior das transformações sociais

vos e dos servos — se realizou sem gran des convulsões.

Almejemos que tal se dê novamente na modernidade, sem nos esquecermos, todaxna, de serem os trabalhadores de

pensava Comte não poderem os depo

hoje menos pacientes do que os servos

sitários da riqueza de seu tempo tor

da Idade Média.

I

a regularizar cada gênero de economia

nacional pelo estabelecimento de um

das que a Repartição Intemaeional dò Traballio recomenda hoje aos governos

re.speítar a posse dos capitais do mesmo

como meio de prevenir e atenuar as

modo que a das funções, porque a efi cácia social exige a segurança pessoal". Erige, assim, o Positivismo, em prin

crises da falta de trabalho.

'.>S

Mantendo a propriedade privada dos meios de produção, submete-lhe Comte

cípio moral o respeito da propriedade em

a exploração a regras perfeitamente de

mãos de quem estiver. A questão não está em saber em que mãos se acha o

terminadas, de modo a salvaguardar os

capital capiiíu humano,'"'w, mas, sim, —,quais — os meios de moralizardheç ó V emprego pelo atual possuidoí-.

reflexo da preponderância civil.

internacional e o problema da paz. II) Outro aspecto do regime positi vista, que ó preciso salientar, como vi

com efeito, interessante relembrar que,

políticas

quanto o governo pròpriamente dito sòmente pode ser uma expansão ou um

diversos credos religiosos e da política

quena burguesia, que se incorporaria, em

principal solicitude não se consagrasse ao emprego das forças, abstraindo-lhes a origem e mesmo a sede, devendo-se

deveriam, segundo Os depositários do capital govcniariam a sociedade, por

que pretendo realizar sobre Augusto Comte e suas teorias acerca do governo, da democracia, do parlamentarismo, da

proletários. A dispersão da proprieda de dos instrumentos de produção é,

classes

Comte, desaparecer.

pressão de alguns proletários, excepcio nalmente erigidos, durante uma ou duas

interesses coletivos.

Em outros termos:

retira-lhe todo direito de usar e abusar,

inerente à origem divina da proprieda de. Devendo o capital, segundo sua

=L


Digesto Ecokóxuco

VITICULTU R A PiMENTEL Gomes

103

e'a tem uma oxigência principal — a ne cessidade dc um período de repouso durante o ano. repouso êstc que pude

luras em algumas zonas teniperadas-frias.

ser dado pelo frio ou pela sèca.

lhem também as uvas mais saborosas.

REGIÃO Mediterrânea, isto

rá-las com as de algumas cidades bra

Vvaa clc lucaa c passa.":

é, a qne envolve o mar

sileiras tomadas ao acaso, evitando-se os

do incsmo nome e com

municípios dc climas mais temperados:

preende terras da Europa,

Em toneladas, em 1936 produziam u\as dc mesa c pa.ssa: Estado.s Unidos,

Sena

Ásia e África, tem ecolo gia muito característica.

naus (Amazonas), 37°,8; Belém (Pará), 35°,0; Mondubim (Ceará), 34°,6; Gua-

Os invernos são curtos,

ramiranga (Ceará), 32°,0; Macaiba (Rio

suaves, agradáveis. Os verões apresen tam-se longos e quentes, ardentíssimos em vastos trechos. No sul da. França, as temperaturas máximas se elevam a centígrados em Perpignan, a 42'' em Monlpellier, a AQf em Avignon. Na Itália, país muito mais mediterrâneo do que a França, as máximas ainda são

mais elevadas, atíngindo, por exemplo, a 40'-',1 em Roma; a 41°,8 em Lecce, a 41°,9 em Sassari e a 45°,5 cm Palermo. Em Atenas, Grécia, obser\am-se má

Madurcira (Acre), 37",7;

Ma

Grande do Norte), 35°,0; João Pessoa (Paraiba), 34°,5; Olinda (Pernambuco) 33°,4; Maceió (Alagoas), 33°,9; Ondina

1.288.200; Turquia,- 900.000; Irã, 540.000; Grécia, 540.000; Austrália, ..

300.000; Rumânia, 2{)0.7(){); Itália, ..

308.700; Argentina, 235.000; Espanha (1935), 212.900; Bulgária, 135.000; França, 125.400; Síria e Líbano, ....

179.500; Brasil, 76.500; Japão. 6.800;

(Bahia), 35°,5; Rezende (Estado do

Palestina, 42.400; Hungria, 38.100; Egi

Rio), 38°,0; São Simão (São Paulo), 37°,2; Ponta Grossa (Paraná) 35°,2; Boa Vista (Goiás) 37°,7i Rio de Janeiro

to, 27.700; União Siil-Afrieana, 25.500;

(D. F.), 39°,0.

Ho'anda, 21.900;

Marrocos, 20.000;

Chipre, 27.000; Tchceoslox áquia, 13.400;

Outro caráter da climatologia do Me diterrâneo c a e.scassa pluviosidadc e a

México (1935), 11.400; Bélgica, 11.800; Tunísia, 8.300; Argélia (1935), 11.500; Albânia, 8.600; Canadá, 5.900; Alema

falta de chuvas durante o verão.

nha, 1.700.

As

chuvas anuais giram em torno dos 500

A grande produção está em zonas do Mediterrâneo ou semelhantes. Aí se co

A produção de passas ainda se restrin ge mais a 2X)nas de xcroes ardentes e secos pertencentes ao Mediterrâneo ou

a trechos de outros países situados alhu res (Califórnia, centro do Chile, cen-

tro-oestc da Argentina, Província cio Cabo, sudoc.sle da Austrália etc.). Vejamos a produção de passa em 1935: Grécia, 21.310 toneladas; Estiidos

Unidos, 18.330; Turquia, 10.940; Aus trália, 6.510; Irã, 6.100; Espanlaq 1.790; Síria o Líbano (1936), 1.130; Chipre, 480.

Infelizmente, o Brasil ainda não co

meçou a produzir passas, embora tenha, para isto, em iíreas \'astíssiinas, excelen

tes condições ecológicas. É uma grande possibilidade que ainda não soubemos aproveitar.

sequíssimos \'erücs de sol e poeira, mui

As uvas dc mesa obtêm, em alguns países, preços muito elevados, preços que permitem, ainda boje, apesar das facilidades de transporte, culturas em estufas. Tal explica a existência de cul-

é extremamente quente, sendo as tem

tos cursos dágua secam inteiramente, ou tros, os maiores, ficam com a vazão

Infelizmente, a maior parte da nx-a ó empregada na produção de vinhos. Vejamos alguns dados a respeito:

Países

peraturas médias de Sevüha em jiillio c agosto dc uns 30° centígrados, regis-

Produção de vinhos, cm mil hcclolifros

e.xtremamcnte baixa.

tandc-se máximas de 44°, 45°, 50° e até me.smo 52°! Em Portugal, as tem peraturas médias elcvam-se a 40° o

o solo permitem.

I^r/inça

62.645

34.872

37.670

33.725

19.262 17.879

13.505

ximas superiores a 42° centígrados. Na Espanha, as temperaturas máximas são extremamente elevadas: 44° em Mi»dri; 40°, cm Malaga; 44° na Múrcia; 45" na Extremadura. Na Andaluzia o verão

mai.s, ao sul do Tc|o. Na Argélia, na

milímetros, atingindo, às vezes, alga rismos muito baixos, como 400, 350, 300 milímetros,

Nos verões tórridos c

As culturas irri

gadas são comuníssimas onde a água e A região descrita a largos traços, no que mais importa ao caso, é, por exce lência, a região da uva, da oliveira e

zona litorânea, são comuns temperatu ras máximas de 45° a 50° centígrados.

do figo. No sul, crescem as tamareiras.

Ao sul, no Saara, observam-se máximas

tendam a alargar-se e invadir outras

dc 70° e um pouco mais. Na Tunísia,

regiões dc climas diferentes, é em tor

há máximas dc 45°, 48° e ato mesmo de

no do Mediterrâneo, sofrendo calores ar

50°. Essas máximas mantém-se, às ve zes, durante dias. Para melhor se avaliarem as máximas

dentíssimos no verão, que se localizam

da região Mediterrânea, convém compa

Ainda lioje, embora a vide e a oliveira,

as maiores produções dc uva c oliva e seus derivados.

Para a parreira, pode-se dizer que

A produção dc vinhos

1934/38

Espanha Argélia

;

Portugal U-R.S.S Argentina Estados Unidos Iugoslávia Orócia. Alemanha Cliile

Bulgária Tunísia

7,888 7.600 e.788 6.000 4.745 3.759 3.159 3.133

:

1.630 i 952

1946

9.O40 6.689

3.500 2.881 1.546 548


Digesto Ecokóxuco

VITICULTU R A PiMENTEL Gomes

103

e'a tem uma oxigência principal — a ne cessidade dc um período de repouso durante o ano. repouso êstc que pude

luras em algumas zonas teniperadas-frias.

ser dado pelo frio ou pela sèca.

lhem também as uvas mais saborosas.

REGIÃO Mediterrânea, isto

rá-las com as de algumas cidades bra

Vvaa clc lucaa c passa.":

é, a qne envolve o mar

sileiras tomadas ao acaso, evitando-se os

do incsmo nome e com

municípios dc climas mais temperados:

preende terras da Europa,

Em toneladas, em 1936 produziam u\as dc mesa c pa.ssa: Estado.s Unidos,

Sena

Ásia e África, tem ecolo gia muito característica.

naus (Amazonas), 37°,8; Belém (Pará), 35°,0; Mondubim (Ceará), 34°,6; Gua-

Os invernos são curtos,

ramiranga (Ceará), 32°,0; Macaiba (Rio

suaves, agradáveis. Os verões apresen tam-se longos e quentes, ardentíssimos em vastos trechos. No sul da. França, as temperaturas máximas se elevam a centígrados em Perpignan, a 42'' em Monlpellier, a AQf em Avignon. Na Itália, país muito mais mediterrâneo do que a França, as máximas ainda são

mais elevadas, atíngindo, por exemplo, a 40'-',1 em Roma; a 41°,8 em Lecce, a 41°,9 em Sassari e a 45°,5 cm Palermo. Em Atenas, Grécia, obser\am-se má

Madurcira (Acre), 37",7;

Ma

Grande do Norte), 35°,0; João Pessoa (Paraiba), 34°,5; Olinda (Pernambuco) 33°,4; Maceió (Alagoas), 33°,9; Ondina

1.288.200; Turquia,- 900.000; Irã, 540.000; Grécia, 540.000; Austrália, ..

300.000; Rumânia, 2{)0.7(){); Itália, ..

308.700; Argentina, 235.000; Espanha (1935), 212.900; Bulgária, 135.000; França, 125.400; Síria e Líbano, ....

179.500; Brasil, 76.500; Japão. 6.800;

(Bahia), 35°,5; Rezende (Estado do

Palestina, 42.400; Hungria, 38.100; Egi

Rio), 38°,0; São Simão (São Paulo), 37°,2; Ponta Grossa (Paraná) 35°,2; Boa Vista (Goiás) 37°,7i Rio de Janeiro

to, 27.700; União Siil-Afrieana, 25.500;

(D. F.), 39°,0.

Ho'anda, 21.900;

Marrocos, 20.000;

Chipre, 27.000; Tchceoslox áquia, 13.400;

Outro caráter da climatologia do Me diterrâneo c a e.scassa pluviosidadc e a

México (1935), 11.400; Bélgica, 11.800; Tunísia, 8.300; Argélia (1935), 11.500; Albânia, 8.600; Canadá, 5.900; Alema

falta de chuvas durante o verão.

nha, 1.700.

As

chuvas anuais giram em torno dos 500

A grande produção está em zonas do Mediterrâneo ou semelhantes. Aí se co

A produção de passas ainda se restrin ge mais a 2X)nas de xcroes ardentes e secos pertencentes ao Mediterrâneo ou

a trechos de outros países situados alhu res (Califórnia, centro do Chile, cen-

tro-oestc da Argentina, Província cio Cabo, sudoc.sle da Austrália etc.). Vejamos a produção de passa em 1935: Grécia, 21.310 toneladas; Estiidos

Unidos, 18.330; Turquia, 10.940; Aus trália, 6.510; Irã, 6.100; Espanlaq 1.790; Síria o Líbano (1936), 1.130; Chipre, 480.

Infelizmente, o Brasil ainda não co

meçou a produzir passas, embora tenha, para isto, em iíreas \'astíssiinas, excelen

tes condições ecológicas. É uma grande possibilidade que ainda não soubemos aproveitar.

sequíssimos \'erücs de sol e poeira, mui

As uvas dc mesa obtêm, em alguns países, preços muito elevados, preços que permitem, ainda boje, apesar das facilidades de transporte, culturas em estufas. Tal explica a existência de cul-

é extremamente quente, sendo as tem

tos cursos dágua secam inteiramente, ou tros, os maiores, ficam com a vazão

Infelizmente, a maior parte da nx-a ó empregada na produção de vinhos. Vejamos alguns dados a respeito:

Países

peraturas médias de Sevüha em jiillio c agosto dc uns 30° centígrados, regis-

Produção de vinhos, cm mil hcclolifros

e.xtremamcnte baixa.

tandc-se máximas de 44°, 45°, 50° e até me.smo 52°! Em Portugal, as tem peraturas médias elcvam-se a 40° o

o solo permitem.

I^r/inça

62.645

34.872

37.670

33.725

19.262 17.879

13.505

ximas superiores a 42° centígrados. Na Espanha, as temperaturas máximas são extremamente elevadas: 44° em Mi»dri; 40°, cm Malaga; 44° na Múrcia; 45" na Extremadura. Na Andaluzia o verão

mai.s, ao sul do Tc|o. Na Argélia, na

milímetros, atingindo, às vezes, alga rismos muito baixos, como 400, 350, 300 milímetros,

Nos verões tórridos c

As culturas irri

gadas são comuníssimas onde a água e A região descrita a largos traços, no que mais importa ao caso, é, por exce lência, a região da uva, da oliveira e

zona litorânea, são comuns temperatu ras máximas de 45° a 50° centígrados.

do figo. No sul, crescem as tamareiras.

Ao sul, no Saara, observam-se máximas

tendam a alargar-se e invadir outras

dc 70° e um pouco mais. Na Tunísia,

regiões dc climas diferentes, é em tor

há máximas dc 45°, 48° e ato mesmo de

no do Mediterrâneo, sofrendo calores ar

50°. Essas máximas mantém-se, às ve zes, durante dias. Para melhor se avaliarem as máximas

dentíssimos no verão, que se localizam

da região Mediterrânea, convém compa

Ainda lioje, embora a vide e a oliveira,

as maiores produções dc uva c oliva e seus derivados.

Para a parreira, pode-se dizer que

A produção dc vinhos

1934/38

Espanha Argélia

;

Portugal U-R.S.S Argentina Estados Unidos Iugoslávia Orócia. Alemanha Cliile

Bulgária Tunísia

7,888 7.600 e.788 6.000 4.745 3.759 3.159 3.133

:

1.630 i 952

1946

9.O40 6.689

3.500 2.881 1.546 548


DicESTo Econômico

104

Países

União Sul-Africana Áustria

Produção de vinhos, em mil hectolitros

resultados obtidos, que apenas experi

J934/38

mentalismo e fomento tôm faltado à

1946

1.328 1.019

1.123 1.340

814 800 650 589 545 539

AustráMa

Turquia Suíça

Uruguai Marrocos Brasil

Tchecoslováquia . Chipre Canadá

Madeira '

.

Peru (1944)

.

Luxemburgo .... Sitia

Malta

Palestina Líbano A vHiculíura no Brasil

Se atingirmos às novas possibilidades criadas pe!a técnica, postas em execução nos países e ilhas do Mar das Antilhas

e descritos em New Crops for the

105

Digesto Econômico

108

1.546

153 119 82

viticultura do Ceará, Paraíba, Pernam

buco, Alagoas e Bahia para transformálos em grandes produtores de uvas de mesa e passa, com magníficos resulta dos para as economias de muitos de seus fazendeiros e sitiantes.

531 300

Em 1946, foi a seguinte a produção de uvas em quilogramas:

969 236 214

Produção de uvas

Estados

em quilogramas

79 35 25 25 5

^

153 73 112 71 59 29

1947, 168 mil; 1948, 239 mil toneladas.

Em 1943, cultivávamos, no Brasil, 33.504 hectares de parreirais assim dis tribuídos:

Parreirais, em hectares

5.000 3.000

Ceará Paraíba Pernambuco

Bahia Minas Gerais

Espírito Santo

Rio de Janeiro (Estado) São Paulo Paraná Santa Catarina Mato Grosso Goiás

24.500 440 83.840 8.154.549 253.480 236.400

23.826.880 , 8.817.105 16.502.015 162.955.125 151 23.430

World por Wilson Popenoe, agrônomo

Ceará

5

afamado e Diretor da Escola Agrícola

Paraíba

4

Entre os produtores aparecem, além

Panamericana, todo o território brasi

Pernambuco

leiro, do Oiapoque ao Chuí, está em condições de produzir uvas e dedicar-se,

dos já citados. Mato Grosso e Sergipe, cujas áreas cultivadas, por demasiado

Bahia

portanto, com maior ou menor intensi

Minas Gerais

dade, à viticultura. Devemos, porém, considerar que é entre o Piauí e o Rio

Espírito Santo Rio de Janeiro

10 14 42 1.216 50

Grande do Sul, inclusive, que se en contram as maiores possibilidades para a viticultura brasileira. Alguns dados es

São Paulo Paraná Santa Catarina

tatísticos esclarecerão a atual posição de

Rio Grande do Sul

nossa viticultura.

Goiás

pequenas, não figuram no primeiro qua

dro. Faltam a Sergipe e Mato Grosso

782.484

1944 1945 1946. 1948

850.227 969.539

1.111.000

Vejamos como se distribuía, pelos s tados, a produção do vinho brasi ei em 1946:

Produção de vinho em hectolitros

Estados

não condições para a cultura da videira

Bahia Minas Gerais

Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo Paraná Santa Catarina

Rio Grande do Sul

132

44.668 15 32

80.719 20.590 70.212

753.169 2

Goiás

Como se vê, a

?peque-

embora ainda seja relativament p 9 na. dadas as nossas tremertdas dades. é muito mais f'^tlarga?-se geralmente qüe teremos ainda mais. Dia virá 9 vinlio de uvas, pelo nienos ao Rio Grande do Sul. A nossa produção tem

e sim o esfôrço dos governos regionais

quantidade, embora lenttmen ,

4.052

e locais 6 o cuidado dos fazendeiros,

lhorado muito de qu

1.394

sitiantes e chacareiros.

hoje bons vinlrcs pode-sej-^^^^^

1.910

Avaliava-se a safra de uvas em 1946, em 175 milhões de cruzeiros (frações de

um modo geral, de

76

,

24.723 8

A produção brasileira de uvas tem

Verifica-se que os parreirais se dis

evoluído, nos xiltimos anos, da seguinte forma; 1943, 166 mil toneladas; 1944,

tribuem numa área muito grande, em bora se concentrem ao sul do paralelo 20. Pode-se dizer, porém, em face dos

191 mil; 1945, 209 mil; 1946, 220 mil;

em hectolitros

16.424

Alagoas Sergipe

Rio Grande do Sul

Alagoas

Produção de oinho Anos

188

Estados

A produção de vinho tem aumentado, como se pode ver no quadro abaixo:

milhão desprezadas), dos quais 73 mi

orgulho, 6

dizer com

reservar o mer-

, - brasileira,

lhões tocavam ao Rio Grande do Sul, 58 milhões a São Paulo, 15 milhões ao

Sts v^ií^ep-^ld são bcns^e ei vá-

Paraná, 13 milhões a Santa Catarina,

'nfraís^mantidas pelo Minis-

12 milhões a Minas Gerais, etc.


DicESTo Econômico

104

Países

União Sul-Africana Áustria

Produção de vinhos, em mil hectolitros

resultados obtidos, que apenas experi

J934/38

mentalismo e fomento tôm faltado à

1946

1.328 1.019

1.123 1.340

814 800 650 589 545 539

AustráMa

Turquia Suíça

Uruguai Marrocos Brasil

Tchecoslováquia . Chipre Canadá

Madeira '

.

Peru (1944)

.

Luxemburgo .... Sitia

Malta

Palestina Líbano A vHiculíura no Brasil

Se atingirmos às novas possibilidades criadas pe!a técnica, postas em execução nos países e ilhas do Mar das Antilhas

e descritos em New Crops for the

105

Digesto Econômico

108

1.546

153 119 82

viticultura do Ceará, Paraíba, Pernam

buco, Alagoas e Bahia para transformálos em grandes produtores de uvas de mesa e passa, com magníficos resulta dos para as economias de muitos de seus fazendeiros e sitiantes.

531 300

Em 1946, foi a seguinte a produção de uvas em quilogramas:

969 236 214

Produção de uvas

Estados

em quilogramas

79 35 25 25 5

^

153 73 112 71 59 29

1947, 168 mil; 1948, 239 mil toneladas.

Em 1943, cultivávamos, no Brasil, 33.504 hectares de parreirais assim dis tribuídos:

Parreirais, em hectares

5.000 3.000

Ceará Paraíba Pernambuco

Bahia Minas Gerais

Espírito Santo

Rio de Janeiro (Estado) São Paulo Paraná Santa Catarina Mato Grosso Goiás

24.500 440 83.840 8.154.549 253.480 236.400

23.826.880 , 8.817.105 16.502.015 162.955.125 151 23.430

World por Wilson Popenoe, agrônomo

Ceará

5

afamado e Diretor da Escola Agrícola

Paraíba

4

Entre os produtores aparecem, além

Panamericana, todo o território brasi

Pernambuco

leiro, do Oiapoque ao Chuí, está em condições de produzir uvas e dedicar-se,

dos já citados. Mato Grosso e Sergipe, cujas áreas cultivadas, por demasiado

Bahia

portanto, com maior ou menor intensi

Minas Gerais

dade, à viticultura. Devemos, porém, considerar que é entre o Piauí e o Rio

Espírito Santo Rio de Janeiro

10 14 42 1.216 50

Grande do Sul, inclusive, que se en contram as maiores possibilidades para a viticultura brasileira. Alguns dados es

São Paulo Paraná Santa Catarina

tatísticos esclarecerão a atual posição de

Rio Grande do Sul

nossa viticultura.

Goiás

pequenas, não figuram no primeiro qua

dro. Faltam a Sergipe e Mato Grosso

782.484

1944 1945 1946. 1948

850.227 969.539

1.111.000

Vejamos como se distribuía, pelos s tados, a produção do vinho brasi ei em 1946:

Produção de vinho em hectolitros

Estados

não condições para a cultura da videira

Bahia Minas Gerais

Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo Paraná Santa Catarina

Rio Grande do Sul

132

44.668 15 32

80.719 20.590 70.212

753.169 2

Goiás

Como se vê, a

?peque-

embora ainda seja relativament p 9 na. dadas as nossas tremertdas dades. é muito mais f'^tlarga?-se geralmente qüe teremos ainda mais. Dia virá 9 vinlio de uvas, pelo nienos ao Rio Grande do Sul. A nossa produção tem

e sim o esfôrço dos governos regionais

quantidade, embora lenttmen ,

4.052

e locais 6 o cuidado dos fazendeiros,

lhorado muito de qu

1.394

sitiantes e chacareiros.

hoje bons vinlrcs pode-sej-^^^^^

1.910

Avaliava-se a safra de uvas em 1946, em 175 milhões de cruzeiros (frações de

um modo geral, de

76

,

24.723 8

A produção brasileira de uvas tem

Verifica-se que os parreirais se dis

evoluído, nos xiltimos anos, da seguinte forma; 1943, 166 mil toneladas; 1944,

tribuem numa área muito grande, em bora se concentrem ao sul do paralelo 20. Pode-se dizer, porém, em face dos

191 mil; 1945, 209 mil; 1946, 220 mil;

em hectolitros

16.424

Alagoas Sergipe

Rio Grande do Sul

Alagoas

Produção de oinho Anos

188

Estados

A produção de vinho tem aumentado, como se pode ver no quadro abaixo:

milhão desprezadas), dos quais 73 mi

orgulho, 6

dizer com

reservar o mer-

, - brasileira,

lhões tocavam ao Rio Grande do Sul, 58 milhões a São Paulo, 15 milhões ao

Sts v^ií^ep-^ld são bcns^e ei vá-

Paraná, 13 milhões a Santa Catarina,

'nfraís^mantidas pelo Minis-

12 milhões a Minas Gerais, etc.


lui^iip i«. Dicesto

lério da Agricu'tura e por algumas Se cretarias da Agricultura.

Parle do comércio do Rio dc Janeiro, grande centro consumidor, tem preju dicado muito o consumo c o bom nome dos vinhos brasileiros adulterando-os de

propósito, e boicotando-os sistcmàticanicnte paru que melhor se vendam de

terminados vinhos da península ibérica. Ainda agora disputam os nossos merca

dos os vinhos brasileiros e lusitanos, desejando os últimos amparar-se cm tra

tado comercial cm articuhição que, con forme o rumo que tomar, pode promo ver o progresso dc nossa viticultura ou

criar-lhe sérios einpeços. Fomento à viticultura

O Ministério da Agricultura c algumas Societárias da Agricultura melhor orien tadas estão procurando desenvolver a viti-vinicu'tura entre nós.

O Ministério da Agricultura mantém 16 Estações dc Enologia, das quais as situadas em Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul), Urussanga (Santa Ca tarina), Campo Largo (Paraná) e Andradas, Parreiras e Baependi (Minas Gerais) ja estão produzindo variedades Pexerela, Malvasia, Trcbiano, Bonarda, Souzào, Barbera, Reislíng de Galdas, Niagara branca, Niagara rosada etc. Foram importados, cm 1948, 28.500 enxertos de videiras provenientes da

França e Itália e entregues às Estações de Enologia, para que observem o com portamento, antes de levá-los até aos viticultores.

Foram construídas cantinas experimen tais nos Estados de Enologia de Bae pendi, Campo Largo, Urussanga e Bento

Econóauco

O Ministério começa a prcocupar-sc

Dicionário e revolução

com Pernambuco c Paraiba <|nc tèin,

bem como a Bahia, ótimas zonas para

Otávio Tarquíniq de Sousa

a \'iticultura.

A Secretaria dc Agricultura do Estado

do Rio e.stá com um graiuh* programa dc fomento à xúlicultura cm c.vccnção.

\

nKvoLUÇÃc) per

mente amadurecido c senhor de um saber

nambucana dc 1817 atraiu ou arras tou os homens mais

Mantém uma c.stação xútícola e de fru

teiras dos climas temperados em Arara,

que se arrimava em longa experiência c pacientes o.studos.

município dc Petróptilis, c está distri buindo centenas de iniliuircs de en.vertos

inteligentes c genero

dc \'aricdade.s produtoras dc boas iixas do mesa. Vai mais longe: dirige tècni-

sileiro. Senbores dc engenho, entre os quais diversos Cavalcanlis, magistrados,

sos do nordeste bra

camcnle a plantação de grandes \'inhe-

como o paulista Antônio Carlos, ouvidor

do.s, cuja produção cm breve estará che

de Olinda, negociantes do tipo dc Do

gando à cidade do Rio dc Janeiro. Ve-

mingos José Martins, tão rcpresenlali\'0 da btirguesia citadina c do comércio li

rificoii-se, experimentalmente, qiic a produção de uvas, por hectare, é de uns 22 mil quilos sendo, portanto, a viticul

beral,

mulatos

do feitio

dc Antônio

Günçul\'cs da Cruz, o "Cabiigá", cm

tura uma prática de grande va^or eco

plena ascensão social, militares, eclcsiás-

tico.s contagiados pelas idéias novas c

nômico.

embcbidos das doutrinas dos enciclope distas, como o padre José Inácio de

Em São Paulo, o esforço da Secretaria

de Agricultura tem ccintribuído para a num grande produtor de vinhos c uvas

Abreu Lima, o padre João Ribeiro de Melo Montencgro, padre Miguelinbo, o

dc mesa.

padre Tenório, e freis Francisco de San

transformação

do

Estado

bandeirante

Jiindiai c uma das nossas

capitais da viticultura nacional. À Secretaria da Agricultura do Rio

tana, Francisco de São Pedro c Amor

Grande do Sul deve-se muito do pro

entusiástica à insurreição de 6 de março.

gresso da viticultura nacional.

Goiás ainda não cogitaram do desen

Numa exceção à primeira vista impressio nante, um homem, sob muitos aspectos de formação intelectual mais sólida do que a dêsses patriotas influenciados pela Revolução Francesa, recusou-se a

volvimento da viticultura em que pesem as boa.s uvas de mesa que se colhem

a figurar nos quadros do governo pro

Divino Caneca — deram a sua adesão

Infelizmente as Secretarias da AgriciPtura da Bahia, E.spírito Santo, Per nambuco, Paraíba, Ceará, Alagoas e

participar do movimento emancipador c visório

por aqui c por ali, infelizmente ainda em escala muito pequena.

mais experimentalismo e muito mais fo

reira.

mento,

de

conhecimento das transformações políti cas operadas no seu tempo.

Ao contrá

rio de muitos dos seus contemporâneos, apenas lambusadps das novidades do sé culo, era Morais um espírito perfeita ■JítS.

da

mocidade,

rância da época não deixaria de ínfligir-lhe; e tc\'e que optar por um for çado exílio para eximir-se à persegui ção do Santo Oficio.

E tudo porque

na companhia de colegas mais próximos pela amizade, comemorava a termina ção do curso dc leis, na Unixersidade do Cofmbra, com uma coptosa ceia rea

lizada advertida ou inacbcrlidaincnte, não se sabe, em dia dc jejum.

Antônio de Morais Silva, nascido no

Rio de Janeiro em 1755, matrÍculou-se

em Coimbra a 28 de dezembro de D7 .

e formara-se a 16 de junho dc 177^ . Escapando de Portugal e sendo prova velmente rapaz rico, viajou com vagar pela Europa até 1787, demorando-se na Inglaten-a e na França, ocupado sempre em ler e estudar, para o que de minto lhe valeu a biblioteca de Luiz. Pmto üe

Sousa, visconde de Balsemao e em ai

xador português em Londres, a

serviu de secretário particular. l^ncu lhe foi descobrir o livro "A riqueza

das Nações", de Adam Smitb, que co

da Língua Portuguesa" inteligência e

para a parreira, boa e às vêzes exce

de enxertos dc boas variedades de par

Antônio

Não faltavam ao autor do "Dicionário

O Brasil pode ser um dos grandes lente ecologia. Faz-se mister, porém,

instituído:

Morais Silva.

países viticultores do mundo, pois tem,

Gonçalves. Distribuiram-se centenas dc milhares

ontão

dias

por pensar e agir sem rebuços, sofrerá ^ ameaça dos .vexames que a intole

meçou a traduzir para o

mesmo lhe merecendo a "H.stóru, de Portugal", escrita cm nigles por um. "sociedade de literatos , e as Reciea

ções do homem de senso , de Arnaud.

Mais ainda do que transladar para a iviais

aiiiua

^1"-

-

língua materna tais obras, inleressava-o

I


lui^iip i«. Dicesto

lério da Agricu'tura e por algumas Se cretarias da Agricultura.

Parle do comércio do Rio dc Janeiro, grande centro consumidor, tem preju dicado muito o consumo c o bom nome dos vinhos brasileiros adulterando-os de

propósito, e boicotando-os sistcmàticanicnte paru que melhor se vendam de

terminados vinhos da península ibérica. Ainda agora disputam os nossos merca

dos os vinhos brasileiros e lusitanos, desejando os últimos amparar-se cm tra

tado comercial cm articuhição que, con forme o rumo que tomar, pode promo ver o progresso dc nossa viticultura ou

criar-lhe sérios einpeços. Fomento à viticultura

O Ministério da Agricultura c algumas Societárias da Agricultura melhor orien tadas estão procurando desenvolver a viti-vinicu'tura entre nós.

O Ministério da Agricultura mantém 16 Estações dc Enologia, das quais as situadas em Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul), Urussanga (Santa Ca tarina), Campo Largo (Paraná) e Andradas, Parreiras e Baependi (Minas Gerais) ja estão produzindo variedades Pexerela, Malvasia, Trcbiano, Bonarda, Souzào, Barbera, Reislíng de Galdas, Niagara branca, Niagara rosada etc. Foram importados, cm 1948, 28.500 enxertos de videiras provenientes da

França e Itália e entregues às Estações de Enologia, para que observem o com portamento, antes de levá-los até aos viticultores.

Foram construídas cantinas experimen tais nos Estados de Enologia de Bae pendi, Campo Largo, Urussanga e Bento

Econóauco

O Ministério começa a prcocupar-sc

Dicionário e revolução

com Pernambuco c Paraiba <|nc tèin,

bem como a Bahia, ótimas zonas para

Otávio Tarquíniq de Sousa

a \'iticultura.

A Secretaria dc Agricultura do Estado

do Rio e.stá com um graiuh* programa dc fomento à xúlicultura cm c.vccnção.

\

nKvoLUÇÃc) per

mente amadurecido c senhor de um saber

nambucana dc 1817 atraiu ou arras tou os homens mais

Mantém uma c.stação xútícola e de fru

teiras dos climas temperados em Arara,

que se arrimava em longa experiência c pacientes o.studos.

município dc Petróptilis, c está distri buindo centenas de iniliuircs de en.vertos

inteligentes c genero

dc \'aricdade.s produtoras dc boas iixas do mesa. Vai mais longe: dirige tècni-

sileiro. Senbores dc engenho, entre os quais diversos Cavalcanlis, magistrados,

sos do nordeste bra

camcnle a plantação de grandes \'inhe-

como o paulista Antônio Carlos, ouvidor

do.s, cuja produção cm breve estará che

de Olinda, negociantes do tipo dc Do

gando à cidade do Rio dc Janeiro. Ve-

mingos José Martins, tão rcpresenlali\'0 da btirguesia citadina c do comércio li

rificoii-se, experimentalmente, qiic a produção de uvas, por hectare, é de uns 22 mil quilos sendo, portanto, a viticul

beral,

mulatos

do feitio

dc Antônio

Günçul\'cs da Cruz, o "Cabiigá", cm

tura uma prática de grande va^or eco

plena ascensão social, militares, eclcsiás-

tico.s contagiados pelas idéias novas c

nômico.

embcbidos das doutrinas dos enciclope distas, como o padre José Inácio de

Em São Paulo, o esforço da Secretaria

de Agricultura tem ccintribuído para a num grande produtor de vinhos c uvas

Abreu Lima, o padre João Ribeiro de Melo Montencgro, padre Miguelinbo, o

dc mesa.

padre Tenório, e freis Francisco de San

transformação

do

Estado

bandeirante

Jiindiai c uma das nossas

capitais da viticultura nacional. À Secretaria da Agricultura do Rio

tana, Francisco de São Pedro c Amor

Grande do Sul deve-se muito do pro

entusiástica à insurreição de 6 de março.

gresso da viticultura nacional.

Goiás ainda não cogitaram do desen

Numa exceção à primeira vista impressio nante, um homem, sob muitos aspectos de formação intelectual mais sólida do que a dêsses patriotas influenciados pela Revolução Francesa, recusou-se a

volvimento da viticultura em que pesem as boa.s uvas de mesa que se colhem

a figurar nos quadros do governo pro

Divino Caneca — deram a sua adesão

Infelizmente as Secretarias da AgriciPtura da Bahia, E.spírito Santo, Per nambuco, Paraíba, Ceará, Alagoas e

participar do movimento emancipador c visório

por aqui c por ali, infelizmente ainda em escala muito pequena.

mais experimentalismo e muito mais fo

reira.

mento,

de

conhecimento das transformações políti cas operadas no seu tempo.

Ao contrá

rio de muitos dos seus contemporâneos, apenas lambusadps das novidades do sé culo, era Morais um espírito perfeita ■JítS.

da

mocidade,

rância da época não deixaria de ínfligir-lhe; e tc\'e que optar por um for çado exílio para eximir-se à persegui ção do Santo Oficio.

E tudo porque

na companhia de colegas mais próximos pela amizade, comemorava a termina ção do curso dc leis, na Unixersidade do Cofmbra, com uma coptosa ceia rea

lizada advertida ou inacbcrlidaincnte, não se sabe, em dia dc jejum.

Antônio de Morais Silva, nascido no

Rio de Janeiro em 1755, matrÍculou-se

em Coimbra a 28 de dezembro de D7 .

e formara-se a 16 de junho dc 177^ . Escapando de Portugal e sendo prova velmente rapaz rico, viajou com vagar pela Europa até 1787, demorando-se na Inglaten-a e na França, ocupado sempre em ler e estudar, para o que de minto lhe valeu a biblioteca de Luiz. Pmto üe

Sousa, visconde de Balsemao e em ai

xador português em Londres, a

serviu de secretário particular. l^ncu lhe foi descobrir o livro "A riqueza

das Nações", de Adam Smitb, que co

da Língua Portuguesa" inteligência e

para a parreira, boa e às vêzes exce

de enxertos dc boas variedades de par

Antônio

Não faltavam ao autor do "Dicionário

O Brasil pode ser um dos grandes lente ecologia. Faz-se mister, porém,

instituído:

Morais Silva.

países viticultores do mundo, pois tem,

Gonçalves. Distribuiram-se centenas dc milhares

ontão

dias

por pensar e agir sem rebuços, sofrerá ^ ameaça dos .vexames que a intole

meçou a traduzir para o

mesmo lhe merecendo a "H.stóru, de Portugal", escrita cm nigles por um. "sociedade de literatos , e as Reciea

ções do homem de senso , de Arnaud.

Mais ainda do que transladar para a iviais

aiiiua

^1"-

-

língua materna tais obras, inleressava-o

I


leESTO 108

Egonómigo

DicESTO Econômico

emprêsa de maior vulto: a elaboração

cando cm 1789 a primeira edição de

de um dicionário português, êsse mes

seu dicionário.

mo que tomou o seu nome até hoje

tejos que em Portugal suscitavam a sua

grafo mais verídico do filólogo flumi nense, assevera que êle se casara com uma filha do então tenente-coronel por tuguês José Roberto Pereira da Silva e acompanhara o sogro ao ser este desig

linguagem e o seu sotaque brasileiro.

nado para o comando de um dos regi

falado e conhecido.

Conta-se que os pendores filológicos

de Morais foram espicaçados pelos mo-

Pereira Costa, o bió

Ter-se-ia tomado, pois, um dicionarisla

mentos da capitania de Pernambuco.

famoso por uma espécie de reação nativista ou oposição ao meio português,

Destarte, ter-se-ia o casamento celebra

o que deveria fazê-lo mais simpático e permeável às reivindicações políticas dos patriotas de 1817. Venceu-o, entretan to, o gôsto dos clássicos, incrustando-o no passado.

Por isso Antônio de Morais Silva, ins

tado pela revolução vitoriosa a tomar

parte no Conselho do novo govêmo, juntamente com Antônio Carlos, Gervásio Pires Ferreira, o deão de Olinda

Bernardo Luiz Ferreira e Manoel José Pereira Caldas, excusou-se à honra e

féz quanto estava em suas fôrças para não aceitá-la. Pouco vaidoso, não o seduziram os têrmos do convite: — "bra

ços abertos e ansiosos" para o acolhe Queriam os revolucionários que o lexicólogo lhes escrevesse a "legisla ção". João Lopes Cardoso Machado, pai do visconde de Maranguape e de Lopes Cama, o satírico do "Carapuceiro", num depoimento pouco simpático aos repu blicanos de 1817, afirmou que Morais rem.

respondera desdenhoso ao apelo, tachan

do o movimento patriótico de "borra cheira e atrevimento grande que havia de causar muita lágrima". A versão do próprio dicionarista, em documento de seu punho, não coincide

do em Portugal. Mas Laurêncio Lago, em "Brigadeiros e Generais de D. João VI e D. Pedro I no Brasil", dá José Roberto como servindo na guarnição de Pernambuco desde 1787, o que suscita

capitáü-gcncrul Caetano Pinto de Miran da Montenegru estava trancafiado na

desde 1793", o "tirânico despotismo de

fortaleza do Bnim e isso o induziu a

gueira, dores dc pedra c angurria amiu-

A revolução estava fadada ao malôgro, o que na verdade pouco depois se verificou. Os implicados no ino\amento não eram de maneira alguma os "infa mes rebeldes", os "infames tiranos das

dadas, freqüentes erisipelas" —, ao que lhe teriam respondido os patriotas de

objurgatórias de Morais; ao revés disso, muitos dêles se distinguiam pela inteli

Bonaparte".

ser mais prudente; soltou o portador c procurou clesculpav-se perante os mes mos com as suas doenças — "quase ce

1817 (fale Morais): "que não queriam

gência, pelas aspirações generosas, pelo

lá as minhas pernas, mas a minha ca beça, que "mo" ou "ma" mandariam

coração puro, c souberam morrer conio

buscar a seu tempo". Começaram a correr boatos de que

o filólogo renitente não se livraria da

a hipótese de Morais haver tomado

prisão, pois fòra o único capitão-mor

estado no Recife e não em Lisboa, e de

a não acudir em auxílio da revolução.

ser outro o motivo de sua ida para

Mais que prudente, tal\'ez medro.so.

Pernambuco.

Morais resolveu ir sem demora ao Re

Seja como fôr, quando estourou a

revolução, o autor do "Dicionário" já voltara ao Brasil havia mais de vinte

anos, estava casado, vivia no seu En

genho Novo de Muribeca e e.xercia o cargo de capitão-mor do Santo Antônio

do Recife, tendo antes, por curto pe ríodo, servido o de juiz de fora e provedor de ausentes da Bahia.

Vito

rioso o levante de 6 de março, os ho

mens que assumiram o govêrno lembraram-se do dicionarista Morais.

Quem

melhor do que êle para redigir em boa forma os atos da nova república? E incontinenti despacharam para Mu ribeca um "mulato do capitão Luiz José de Lins, sogro- do morgado do Cabo", com o mais polido dos convites. Mas o senhor de Muribeca recebeu o emissá

rio do govêmo provisório tão hostilmen te que, apenas lidas as "primeiras re

com as afirmativas de Cardoso Macha

gras", o prendeu. A lembrança do seu nome pareceu a Morais uma insolência.

do.

Recorde-se antes que Morais, ao

O.s acontecimentos, entretanto, não lhe

cabo de oito anos de viagem, volvera

permitiriam sustentar essa atitude de-

a Lisboa e ali morara até 1794, publi

sassombrada. Logo depois soube que o

cife expor ao govêrno provisório a sua "caducidade, falta de vista o doen ças..." Evitando a função de reda

heróis. O impulso que os levara à re beldia, malgrado a adesão de vários se nhores dc engenho, suscita a reaçao dos interesses todo-poderosos de grande propriedade territorial baseada no tra balho servil. O govêmo provisório fora forçado a lançar uma proclamação es

mentindo a suspeita que se insinuara "nos proprietários rurais" acerca ^

"emancipação indistinta dos homens eôr c escravos". Embora convencidos d que os homens "por mais ou m

tor da literatura política e de conse lheiro do go\êrno, é intuitivo que me ,tostados" não debavam do ser ig > nos ainda desejava o lexicógrafo ficar no os dirigentes da revolução exercício do posto de capitão-mor. E que "a base de toda a sociedade reg lar era a inviolabilidade cie poucos dias depois ei-lo a pedir de jg missão, que lhe foi concedida com a pécie de propriedade"; e, ordem de não abandonar a praça.

O

medo que se apoderara de Morais trans formou-se quase em pânico e o que lhe ocorreu foi

meter-se

na

cama

e

reduzir ao mínimo a alimentação: "to

mei a resolução de me prender na mi nha cama, acrescentando às doenças de

êsse sacratíssimo direito, o

D. João enviara a força milita cessária.

Morais, senhor do

Muribeca, temia que os

,

ng

seriassem as senzalas, e os ^

/e-

^

o açúcar e a aguardente

que padeço, a da fome, comendo só para

viver, o que me faria cair em hidropesia porque o meu sangue já era mais sòro que sangue..." Assim não se acumpli-

fcchava-se na cioaut-u

defendendo-a e defen

q^e

ciaria com "os infames tiranos" que lhe

pareciam ser os simpáticos e por vezes simplórios revolucionários, já que nada esperava dc "fórmulas republicanas" in capazes de impedir, por muito "espe ciosas", como as "publicadas em França

mulher era portuguesa e que seu sogi ,

mamcLl José R^^ ocupando em ISn o lugar de inspetor geral dos eor-


leESTO 108

Egonómigo

DicESTO Econômico

emprêsa de maior vulto: a elaboração

cando cm 1789 a primeira edição de

de um dicionário português, êsse mes

seu dicionário.

mo que tomou o seu nome até hoje

tejos que em Portugal suscitavam a sua

grafo mais verídico do filólogo flumi nense, assevera que êle se casara com uma filha do então tenente-coronel por tuguês José Roberto Pereira da Silva e acompanhara o sogro ao ser este desig

linguagem e o seu sotaque brasileiro.

nado para o comando de um dos regi

falado e conhecido.

Conta-se que os pendores filológicos

de Morais foram espicaçados pelos mo-

Pereira Costa, o bió

Ter-se-ia tomado, pois, um dicionarisla

mentos da capitania de Pernambuco.

famoso por uma espécie de reação nativista ou oposição ao meio português,

Destarte, ter-se-ia o casamento celebra

o que deveria fazê-lo mais simpático e permeável às reivindicações políticas dos patriotas de 1817. Venceu-o, entretan to, o gôsto dos clássicos, incrustando-o no passado.

Por isso Antônio de Morais Silva, ins

tado pela revolução vitoriosa a tomar

parte no Conselho do novo govêmo, juntamente com Antônio Carlos, Gervásio Pires Ferreira, o deão de Olinda

Bernardo Luiz Ferreira e Manoel José Pereira Caldas, excusou-se à honra e

féz quanto estava em suas fôrças para não aceitá-la. Pouco vaidoso, não o seduziram os têrmos do convite: — "bra

ços abertos e ansiosos" para o acolhe Queriam os revolucionários que o lexicólogo lhes escrevesse a "legisla ção". João Lopes Cardoso Machado, pai do visconde de Maranguape e de Lopes Cama, o satírico do "Carapuceiro", num depoimento pouco simpático aos repu blicanos de 1817, afirmou que Morais rem.

respondera desdenhoso ao apelo, tachan

do o movimento patriótico de "borra cheira e atrevimento grande que havia de causar muita lágrima". A versão do próprio dicionarista, em documento de seu punho, não coincide

do em Portugal. Mas Laurêncio Lago, em "Brigadeiros e Generais de D. João VI e D. Pedro I no Brasil", dá José Roberto como servindo na guarnição de Pernambuco desde 1787, o que suscita

capitáü-gcncrul Caetano Pinto de Miran da Montenegru estava trancafiado na

desde 1793", o "tirânico despotismo de

fortaleza do Bnim e isso o induziu a

gueira, dores dc pedra c angurria amiu-

A revolução estava fadada ao malôgro, o que na verdade pouco depois se verificou. Os implicados no ino\amento não eram de maneira alguma os "infa mes rebeldes", os "infames tiranos das

dadas, freqüentes erisipelas" —, ao que lhe teriam respondido os patriotas de

objurgatórias de Morais; ao revés disso, muitos dêles se distinguiam pela inteli

Bonaparte".

ser mais prudente; soltou o portador c procurou clesculpav-se perante os mes mos com as suas doenças — "quase ce

1817 (fale Morais): "que não queriam

gência, pelas aspirações generosas, pelo

lá as minhas pernas, mas a minha ca beça, que "mo" ou "ma" mandariam

coração puro, c souberam morrer conio

buscar a seu tempo". Começaram a correr boatos de que

o filólogo renitente não se livraria da

a hipótese de Morais haver tomado

prisão, pois fòra o único capitão-mor

estado no Recife e não em Lisboa, e de

a não acudir em auxílio da revolução.

ser outro o motivo de sua ida para

Mais que prudente, tal\'ez medro.so.

Pernambuco.

Morais resolveu ir sem demora ao Re

Seja como fôr, quando estourou a

revolução, o autor do "Dicionário" já voltara ao Brasil havia mais de vinte

anos, estava casado, vivia no seu En

genho Novo de Muribeca e e.xercia o cargo de capitão-mor do Santo Antônio

do Recife, tendo antes, por curto pe ríodo, servido o de juiz de fora e provedor de ausentes da Bahia.

Vito

rioso o levante de 6 de março, os ho

mens que assumiram o govêrno lembraram-se do dicionarista Morais.

Quem

melhor do que êle para redigir em boa forma os atos da nova república? E incontinenti despacharam para Mu ribeca um "mulato do capitão Luiz José de Lins, sogro- do morgado do Cabo", com o mais polido dos convites. Mas o senhor de Muribeca recebeu o emissá

rio do govêmo provisório tão hostilmen te que, apenas lidas as "primeiras re

com as afirmativas de Cardoso Macha

gras", o prendeu. A lembrança do seu nome pareceu a Morais uma insolência.

do.

Recorde-se antes que Morais, ao

O.s acontecimentos, entretanto, não lhe

cabo de oito anos de viagem, volvera

permitiriam sustentar essa atitude de-

a Lisboa e ali morara até 1794, publi

sassombrada. Logo depois soube que o

cife expor ao govêrno provisório a sua "caducidade, falta de vista o doen ças..." Evitando a função de reda

heróis. O impulso que os levara à re beldia, malgrado a adesão de vários se nhores dc engenho, suscita a reaçao dos interesses todo-poderosos de grande propriedade territorial baseada no tra balho servil. O govêmo provisório fora forçado a lançar uma proclamação es

mentindo a suspeita que se insinuara "nos proprietários rurais" acerca ^

"emancipação indistinta dos homens eôr c escravos". Embora convencidos d que os homens "por mais ou m

tor da literatura política e de conse lheiro do go\êrno, é intuitivo que me ,tostados" não debavam do ser ig > nos ainda desejava o lexicógrafo ficar no os dirigentes da revolução exercício do posto de capitão-mor. E que "a base de toda a sociedade reg lar era a inviolabilidade cie poucos dias depois ei-lo a pedir de jg missão, que lhe foi concedida com a pécie de propriedade"; e, ordem de não abandonar a praça.

O

medo que se apoderara de Morais trans formou-se quase em pânico e o que lhe ocorreu foi

meter-se

na

cama

e

reduzir ao mínimo a alimentação: "to

mei a resolução de me prender na mi nha cama, acrescentando às doenças de

êsse sacratíssimo direito, o

D. João enviara a força milita cessária.

Morais, senhor do

Muribeca, temia que os

,

ng

seriassem as senzalas, e os ^

/e-

^

o açúcar e a aguardente

que padeço, a da fome, comendo só para

viver, o que me faria cair em hidropesia porque o meu sangue já era mais sòro que sangue..." Assim não se acumpli-

fcchava-se na cioaut-u

defendendo-a e defen

q^e

ciaria com "os infames tiranos" que lhe

pareciam ser os simpáticos e por vezes simplórios revolucionários, já que nada esperava dc "fórmulas republicanas" in capazes de impedir, por muito "espe ciosas", como as "publicadas em França

mulher era portuguesa e que seu sogi ,

mamcLl José R^^ ocupando em ISn o lugar de inspetor geral dos eor-


110

por de milicias da capitania de Pernam

buco, se encontrava entre os prisioneiros da nova república. Acrescente-se, em abono do dicionarista, a péssima saúde, que liie fazia da vida, segundo expres são sua, "um gemido surdo e quase contínuo". E, por último, note-se que ao seu temperamento de lexicólogo não se ajustaria a flama de revolucioná

rio. Talvez como Machado de Assis, na revolta de 1893. se não fosse a irri

Digesto EcoNÓ\nco

tação do intcré.ssc econômico ameaçado, lhe agradasse de preferência ao ouvir os tires cias armas rcvolucionária.s, deter-se em sugestões léxicas, "gramalicar", ex

T

A remuneração dos prefeitos municipais Dksiué Guauani e Silva

primir a sua antipatia por certas pala vras, como o romancista brasileiro pelo

verbo "explodir" que, embora chegado do latim por via da França, nfio lhe

sua simples expressão numérica, sele ciona candidatos ambiciosos ou deseslimula cidadãos capazes. Uma remune

fpiema c das possibilida

soava bem. Dicionário e revolução, aventura e gramática, são lermos que dificilmente se ajustam.

AN.xLfsr: dos municípios brasileiros dentro do es-

des financeiras das admi

nistrações

locais

serve

apenas para retratar uma situação de miséria, de falta de recursos, de carência dc pessoal

não pode, de maneira alguma,^ atrair

técnico capacitado para as difíceis ta

municipal nem mesmo para os cargos eletivos. Um cargo público eletivo, co co o de prefeito, em que o seu ocupan te deve rcsol\'er problemas públicos c os

refas dc satisfazer as necessidades cole tivas de maior inlevêssc de cada um dos

componentes de qualquer comunidade, de irracionalidade c mesmo descalabro

na execução dos serviços pviblicos, de

impossibilidade, enfim, do ação eficiente na prestação dc serviços aos munícipes.

Por qualquer lado pelo qual se ana lise a situação financeira ou administra

tiva das municipalidades do interior bra sileiro, a conclusão c sempre a mesma: a administração local não dispõe dos recursos humanos e materiais indispen sáveis à eficiência na execução de qual quer tarefa.

Tomemos, para exemplo desta situa ção, o problema da remuneração dos prefeitos municipais. Se bem que, com relação aos cargos eletivos, existam,

vada para o exercício da função pública

mais diversos matizes ou de mtertsse

de qualquer uma, de várias ou de toe as as classes sociais que formam a comun

dade local, não deve ser deixado apena^ aos poucos que podem exerce- o se preocupações financeiras domésticas n í aos aue que fazem tazeni questão apenas < a Icvuncia social do cargo. Deve ' aberto a todos, indistintamente,

cidadãos ricos capazes quanto a xa

^

técnicos ou administrativos que nao

dem dispensar uma remuneração co

patível com a sua formação educac'on '^no govêrno local, dos 'ficiín-

E isto, para o melhor aprovei a pacitaclos para elevar o

cia da administração que mais

P

cuida dos interêsses coHdianos de todos

os aspectos das regalias, homenagens e

os cidadãos.

distinção social, os quais estimulam a

Conforme se verifica abaixo, no qual estão numerações mensais perce i'>

vaidade pessoal e substituem, às vezes, que o e.xercício dessas funções públicas oferece, é inegável que o fator econômi co, representado no poder aquisitivo do salário, desempenha, no preenchimento

dos cargos de direção da administração

municipal, parte relevante e que, pela t

c'cmentos humanos de qualificação e e-

alem do caráter meramente pecuniário,

os privilégios simplesmente monetários

,

ração baixa, c às vezes mesmo até irri sória, como é comum no caso brasileiro,

,

1948, por 1.573 dos 1.682 municípios do interior do ai dos até 31/12/48 (nos quais ".-m esta

incluído.s, portanto, os prefeitos das C. pitais), é muito pouco atraente, p ' modesta remuneração que oferece,


110

por de milicias da capitania de Pernam

buco, se encontrava entre os prisioneiros da nova república. Acrescente-se, em abono do dicionarista, a péssima saúde, que liie fazia da vida, segundo expres são sua, "um gemido surdo e quase contínuo". E, por último, note-se que ao seu temperamento de lexicólogo não se ajustaria a flama de revolucioná

rio. Talvez como Machado de Assis, na revolta de 1893. se não fosse a irri

Digesto EcoNÓ\nco

tação do intcré.ssc econômico ameaçado, lhe agradasse de preferência ao ouvir os tires cias armas rcvolucionária.s, deter-se em sugestões léxicas, "gramalicar", ex

T

A remuneração dos prefeitos municipais Dksiué Guauani e Silva

primir a sua antipatia por certas pala vras, como o romancista brasileiro pelo

verbo "explodir" que, embora chegado do latim por via da França, nfio lhe

sua simples expressão numérica, sele ciona candidatos ambiciosos ou deseslimula cidadãos capazes. Uma remune

fpiema c das possibilida

soava bem. Dicionário e revolução, aventura e gramática, são lermos que dificilmente se ajustam.

AN.xLfsr: dos municípios brasileiros dentro do es-

des financeiras das admi

nistrações

locais

serve

apenas para retratar uma situação de miséria, de falta de recursos, de carência dc pessoal

não pode, de maneira alguma,^ atrair

técnico capacitado para as difíceis ta

municipal nem mesmo para os cargos eletivos. Um cargo público eletivo, co co o de prefeito, em que o seu ocupan te deve rcsol\'er problemas públicos c os

refas dc satisfazer as necessidades cole tivas de maior inlevêssc de cada um dos

componentes de qualquer comunidade, de irracionalidade c mesmo descalabro

na execução dos serviços pviblicos, de

impossibilidade, enfim, do ação eficiente na prestação dc serviços aos munícipes.

Por qualquer lado pelo qual se ana lise a situação financeira ou administra

tiva das municipalidades do interior bra sileiro, a conclusão c sempre a mesma: a administração local não dispõe dos recursos humanos e materiais indispen sáveis à eficiência na execução de qual quer tarefa.

Tomemos, para exemplo desta situa ção, o problema da remuneração dos prefeitos municipais. Se bem que, com relação aos cargos eletivos, existam,

vada para o exercício da função pública

mais diversos matizes ou de mtertsse

de qualquer uma, de várias ou de toe as as classes sociais que formam a comun

dade local, não deve ser deixado apena^ aos poucos que podem exerce- o se preocupações financeiras domésticas n í aos aue que fazem tazeni questão apenas < a Icvuncia social do cargo. Deve ' aberto a todos, indistintamente,

cidadãos ricos capazes quanto a xa

^

técnicos ou administrativos que nao

dem dispensar uma remuneração co

patível com a sua formação educac'on '^no govêrno local, dos 'ficiín-

E isto, para o melhor aprovei a pacitaclos para elevar o

cia da administração que mais

P

cuida dos interêsses coHdianos de todos

os aspectos das regalias, homenagens e

os cidadãos.

distinção social, os quais estimulam a

Conforme se verifica abaixo, no qual estão numerações mensais perce i'>

vaidade pessoal e substituem, às vezes, que o e.xercício dessas funções públicas oferece, é inegável que o fator econômi co, representado no poder aquisitivo do salário, desempenha, no preenchimento

dos cargos de direção da administração

municipal, parte relevante e que, pela t

c'cmentos humanos de qualificação e e-

alem do caráter meramente pecuniário,

os privilégios simplesmente monetários

,

ração baixa, c às vezes mesmo até irri sória, como é comum no caso brasileiro,

,

1948, por 1.573 dos 1.682 municípios do interior do ai dos até 31/12/48 (nos quais ".-m esta

incluído.s, portanto, os prefeitos das C. pitais), é muito pouco atraente, p ' modesta remuneração que oferece,


112

Digesto

Econômico

cargo de prefeito de município no in

ram encontradas no.s Estados do Amazo

terior brasileiro.

nas, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Gran

de do Remuneração mensal Ct$

1 1

de prefeitos

1

1 275 a 901 a

900 1.000

Norte, Pernambuco, Sergipe,

Bahia, São Paulo e Mulo Grosso.

i .... 282

113

Dicesto EcoNÓNaco

nos municípios do Estado ".xará" da terra dos pampas gaúchos, o Rio Gran

prefeitos municipais é muito melhor qae no Amazonas, pois ali a remuneração

de do Norte, onde o prefeito de maior remuneração percebe apenas Cr$ ....

1.800,00 mensais, paga aos prefeitos de

2.200,00 mensais (Mossoró).

Conceição de Araguaia, Faro, Prainha e

mais baixa encontrada foi de Cr$ • • • •

São Caetano de Odivelas, município''

cm São Paulo, ao tpial pertencem os seís municípios cujos prefeitos percebem re muneração de CrS 12.000.00 (Campinas, Santo André, Santos. São José do Rio Preto, Sorocaba o Votuporanga)• e o

menor remuneração encontrada foi de

éstcs dc população inferior a 10.000 ha

Cr$ 275,00 mensais, no miinicípio dc

bitantes, mas todos, com exceção apenas

Mucuri, da Bahia, c a maior foi dc Ci'$

do último, de superfície superior ® 17.000 quilômetros quadrados. As inunerações mais elevadas são pagos

Na compilação desses 1.573 dados, a

15.000,00 mensais, para o prefeito de

1.001 a

1.100

.... ....

único município do interior cujo prefeito

São Vicente cm São Paulo.

1.101 a

1.300

....

149

percebe Cr$ 15.000,00 mensais (São

extremos, pelos quais sc verifica que o

aos prefeitos dos municípios de Abae

1.301 a

1.500

....

124

Vicente).

prefeito de remuneração mais alta perce be um salário 54 vezes superior ao de

tram a desigualdade econômica e finan

tetiiba (1.730 km2 e 26.914 habitantes/ e Santarém (22.345 km2 e 47.559 ha i tantes), os quais percebem Cr$ " 3.500,00 mensais. No Pará, como antes

1.501 1.801 2.101 2.401 2.701 3.001 3.501 5.001 7.501

a 1.800 a 2.100 a 2.400 a 2.700 a 3.000 a 3.500 a 5.000 a 7.500 a 10.000

10.001 a 15.000 i TOTAL

87 43

Os mais altos salários são encontrados

ir

Êsses dois

....

116.

.... ....

154 92

rios entre os prefeitos municipais é en contrada nos Estados de Alagoas, com

....

96

já foi referido, nota-se a menor díferen

128 89 123 65

um mínimo dc Cr$ 1.000,00 e um má ximo dc Cr-S 4.000,00 o com a moda cnlTG Cr.$ 2.000,00 e Cr$ 3.000,00; do

ceira dos nossos municípios e a relativi

.... .... .... ....

dade da participação de cada prefeito em um congresso de municípios em que

ça entre a remuneração mais baúva e

Rio Grande do Sul, onde o mínimo é

cada administrador local deva repre

o dobro daquela, ao contrário de a

de CrS 2.450,00 e o máximo c de Cr$

sentar uma parcela ig\ial da coletividade

....

18

8.000,00, com a moda entre Cr$ 3.000,00

bra.nleira.

7

e Cr$ 4.000,00; e do Pará, no qual se

1.573

Se bem que neste quadro não estejam

Mas a melhor distriluiição dos salá

remuneração mais baixa, bem demons

mais elevada, pois esta não chega ^

nbser\'a a menor diferença entre os ex

tidamente, dentro de cada Estado, se

Paulo, onde a mais alta rennmeraça (Cr$ 15.000,00) é 33 vêzes superior mais baixa. , ^ No Maranhão, de maneira geral,

tremos (Cr$ 1,800,00 o Cr$ 3.500,00),

gundo a ordem geográfica das unidades

ser bem precária a situação

com a moda em torno dc Cr$ 2.500,00.

da Federação.

do.s prefeitos que vivem apenas do ' lário auferido pelo exercício do ' uma \ez que a moda se coloca n ^ ponto pouco superior ao fixado

Analisemos, porém, a situação mais de

Seguem-se os Estados da Paraíba, Minas

No Estado do Amazonas, o prefeito

Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro,

do mais baixa remuneração é o de Ita-

todos os prefeitos dos municípios exis

Paraná, Santa Catarina e Goiás, nos

tentes no interior em 31-12-48, em nú

quais é, de maneira geral, relativamente

mero de 1.682, a compilação obtida é

satisfatória o com a media mais ou me

piranga, o qual percebe apenas Cr$ 340,00 por mês. E isto para cuidar, com responsabilidade de homem público, dos

salário mínimo na indústria ou no mércio. A menor remuneração,

bem representativa da totalidade, pois que deixa de abranger somente seis por cento do total (apenas 109) e isto mes

tos municipais. Mas de todos os Esta dos, o que melhor distribuição oferece

interêsses de 3.200 munícipes, morado res principalmente na zona rural, dis

portância de Cr$ 300,00, é j. pe'o Prefeito de Monção, que °

nos atraente a remuneração dos prefei

nicípio de menor

no

completos principalmente de dois Esta

quanto ao nível médio de remuneração que os prefeitos municipais percebem

dos: São Paulo e Minas Gerais. Para

é o do Rio Grande do Sul, onde, confor

tribuídos sôbre uma superfície de 16.139 km2, e onde é excepcionalmente eleva do o índice geral de preços das merca dorias de primeira necessidade. O de

os demais Estados, porém, o levanta

me já foi acima referido, o salário-mí-

mais alta remuneração é o de Parintins,

mento foi quase completo, pois sòmente

nimo para cs administradores locais é

um dos mais populosos municípios do

um ou outro município deixou de ser apurado, por falta de dados, no mate rial por nós utilizado para o fim em

de Cr§ 2.450,00 mensais, e isto mesmo

Estado (15.100 habitantes), onde o

apenas em um município, pois nos de

prefeito percebe, mensalmente, Cr$ .. 2.300,00, para superintender a adminis

muneração dos prefeitos é de r? r b g

tração local sôbre uma superfície de ..

Em melhor sitaação estão

23.892 quilômetros quadrados.

de Cod6 (7.671 km2 e 38^64

mo em,\'irtude da falta de elementos

consideração.

De maneira geral, as mais baixas remunerações de prefeito municipal fo-

mais a remuneração dos prefeitos gaú chos é superior a esta quantia. E esse limite mínimo nos municípios gaiichos

é superior ao bmite máximo obserx^ado

No Pará, a situação financeira dos

inais

fraca densidade demográfica,^

Estado, pois conta apenas com ^ 3.000 habitantes para

é

22.527 quilômetros quadrados, a q

a terceim dos municípios^ m^anhen^ejSeguem-se os municípios de Bacu , nedito Leite e Riachão, nos 9"^'® ^

tnntes), Coroatá (5.160 km2 e 29.o24


112

Digesto

Econômico

cargo de prefeito de município no in

ram encontradas no.s Estados do Amazo

terior brasileiro.

nas, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Gran

de do Remuneração mensal Ct$

1 1

de prefeitos

1

1 275 a 901 a

900 1.000

Norte, Pernambuco, Sergipe,

Bahia, São Paulo e Mulo Grosso.

i .... 282

113

Dicesto EcoNÓNaco

nos municípios do Estado ".xará" da terra dos pampas gaúchos, o Rio Gran

prefeitos municipais é muito melhor qae no Amazonas, pois ali a remuneração

de do Norte, onde o prefeito de maior remuneração percebe apenas Cr$ ....

1.800,00 mensais, paga aos prefeitos de

2.200,00 mensais (Mossoró).

Conceição de Araguaia, Faro, Prainha e

mais baixa encontrada foi de Cr$ • • • •

São Caetano de Odivelas, município''

cm São Paulo, ao tpial pertencem os seís municípios cujos prefeitos percebem re muneração de CrS 12.000.00 (Campinas, Santo André, Santos. São José do Rio Preto, Sorocaba o Votuporanga)• e o

menor remuneração encontrada foi de

éstcs dc população inferior a 10.000 ha

Cr$ 275,00 mensais, no miinicípio dc

bitantes, mas todos, com exceção apenas

Mucuri, da Bahia, c a maior foi dc Ci'$

do último, de superfície superior ® 17.000 quilômetros quadrados. As inunerações mais elevadas são pagos

Na compilação desses 1.573 dados, a

15.000,00 mensais, para o prefeito de

1.001 a

1.100

.... ....

único município do interior cujo prefeito

São Vicente cm São Paulo.

1.101 a

1.300

....

149

percebe Cr$ 15.000,00 mensais (São

extremos, pelos quais sc verifica que o

aos prefeitos dos municípios de Abae

1.301 a

1.500

....

124

Vicente).

prefeito de remuneração mais alta perce be um salário 54 vezes superior ao de

tram a desigualdade econômica e finan

tetiiba (1.730 km2 e 26.914 habitantes/ e Santarém (22.345 km2 e 47.559 ha i tantes), os quais percebem Cr$ " 3.500,00 mensais. No Pará, como antes

1.501 1.801 2.101 2.401 2.701 3.001 3.501 5.001 7.501

a 1.800 a 2.100 a 2.400 a 2.700 a 3.000 a 3.500 a 5.000 a 7.500 a 10.000

10.001 a 15.000 i TOTAL

87 43

Os mais altos salários são encontrados

ir

Êsses dois

....

116.

.... ....

154 92

rios entre os prefeitos municipais é en contrada nos Estados de Alagoas, com

....

96

já foi referido, nota-se a menor díferen

128 89 123 65

um mínimo dc Cr$ 1.000,00 e um má ximo dc Cr-S 4.000,00 o com a moda cnlTG Cr.$ 2.000,00 e Cr$ 3.000,00; do

ceira dos nossos municípios e a relativi

.... .... .... ....

dade da participação de cada prefeito em um congresso de municípios em que

ça entre a remuneração mais baúva e

Rio Grande do Sul, onde o mínimo é

cada administrador local deva repre

o dobro daquela, ao contrário de a

de CrS 2.450,00 e o máximo c de Cr$

sentar uma parcela ig\ial da coletividade

....

18

8.000,00, com a moda entre Cr$ 3.000,00

bra.nleira.

7

e Cr$ 4.000,00; e do Pará, no qual se

1.573

Se bem que neste quadro não estejam

Mas a melhor distriluiição dos salá

remuneração mais baixa, bem demons

mais elevada, pois esta não chega ^

nbser\'a a menor diferença entre os ex

tidamente, dentro de cada Estado, se

Paulo, onde a mais alta rennmeraça (Cr$ 15.000,00) é 33 vêzes superior mais baixa. , ^ No Maranhão, de maneira geral,

tremos (Cr$ 1,800,00 o Cr$ 3.500,00),

gundo a ordem geográfica das unidades

ser bem precária a situação

com a moda em torno dc Cr$ 2.500,00.

da Federação.

do.s prefeitos que vivem apenas do ' lário auferido pelo exercício do ' uma \ez que a moda se coloca n ^ ponto pouco superior ao fixado

Analisemos, porém, a situação mais de

Seguem-se os Estados da Paraíba, Minas

No Estado do Amazonas, o prefeito

Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro,

do mais baixa remuneração é o de Ita-

todos os prefeitos dos municípios exis

Paraná, Santa Catarina e Goiás, nos

tentes no interior em 31-12-48, em nú

quais é, de maneira geral, relativamente

mero de 1.682, a compilação obtida é

satisfatória o com a media mais ou me

piranga, o qual percebe apenas Cr$ 340,00 por mês. E isto para cuidar, com responsabilidade de homem público, dos

salário mínimo na indústria ou no mércio. A menor remuneração,

bem representativa da totalidade, pois que deixa de abranger somente seis por cento do total (apenas 109) e isto mes

tos municipais. Mas de todos os Esta dos, o que melhor distribuição oferece

interêsses de 3.200 munícipes, morado res principalmente na zona rural, dis

portância de Cr$ 300,00, é j. pe'o Prefeito de Monção, que °

nos atraente a remuneração dos prefei

nicípio de menor

no

completos principalmente de dois Esta

quanto ao nível médio de remuneração que os prefeitos municipais percebem

dos: São Paulo e Minas Gerais. Para

é o do Rio Grande do Sul, onde, confor

tribuídos sôbre uma superfície de 16.139 km2, e onde é excepcionalmente eleva do o índice geral de preços das merca dorias de primeira necessidade. O de

os demais Estados, porém, o levanta

me já foi acima referido, o salário-mí-

mais alta remuneração é o de Parintins,

mento foi quase completo, pois sòmente

nimo para cs administradores locais é

um dos mais populosos municípios do

um ou outro município deixou de ser apurado, por falta de dados, no mate rial por nós utilizado para o fim em

de Cr§ 2.450,00 mensais, e isto mesmo

Estado (15.100 habitantes), onde o

apenas em um município, pois nos de

prefeito percebe, mensalmente, Cr$ .. 2.300,00, para superintender a adminis

muneração dos prefeitos é de r? r b g

tração local sôbre uma superfície de ..

Em melhor sitaação estão

23.892 quilômetros quadrados.

de Cod6 (7.671 km2 e 38^64

mo em,\'irtude da falta de elementos

consideração.

De maneira geral, as mais baixas remunerações de prefeito municipal fo-

mais a remuneração dos prefeitos gaú chos é superior a esta quantia. E esse limite mínimo nos municípios gaiichos

é superior ao bmite máximo obserx^ado

No Pará, a situação financeira dos

inais

fraca densidade demográfica,^

Estado, pois conta apenas com ^ 3.000 habitantes para

é

22.527 quilômetros quadrados, a q

a terceim dos municípios^ m^anhen^ejSeguem-se os municípios de Bacu , nedito Leite e Riachão, nos 9"^'® ^

tnntes), Coroatá (5.160 km2 e 29.o24


m

Dicesto EcoNÓ.Nnco

114

habitantes) e Pedreiras (1.2S9 ktn2 c

tantes), no qual o prefeito recebe

43.129 habitantes), os quais pcrccbeni

Cr$ 450,00. Na classificação imediata

Gr§ 2.500,00, c o de Caxias, município mais populoso do Estado (77.874 habi

mente superior está o inunicípio de Taipn (747 km2 c 12.066 habitantes), cm cujo orçamento aparece uma dotaçúo que permite ao prefeito tnn salário

tantes), onde o prefeito recebe Cr$ ., 3.000,00 mensais para dirigir a admi nistração municipal .sobre uma superfí cie de 9.903 quilômetros quadrados.

mensal de Cr$ 550,00. A melhor classi

ção financeira dos prefeitos municipais,

ficação cabe ao município clc Mossoró, cujo prcfeitf) percebe Cr-S 2.200,00 por môs, quantia essa que é, dentre todos os

embora seja aqui a remuneração mínima

E.stados, o menor limito má.ximo que

' No Piauí também c modesta a situa

um pouco superior à que se paga no Maranhão. A menor remuneração cabe

ao prefeito de Ribeirão Gonçalves, o qual percebe apenas Cr.$ 400,00 men

sais, para re.sponder pela prestação dos scr\'iços públicos locais a cerca de

7.000 munícipes, distribuídos por uma

superfície de 15.215 quilômetros qua drados. Seguem-se as remunerações dos

prefeitos de Corrente (Cr$ 550,00), Bom Jesus (Cr$ 600,00), Pcrtolínia

(Cr$ 700,00) e Paranaguá (CrS 700,00), A mais elevada remuneração cabe ao prefeito de Parnaíba (Cr§ 4.000,00), o mais importante município do Estado. Também no Ceará não é nada vanta

joso, de maneira geral, o cargo de pre feito municipal. Nos municípios de Pacajus (684 km2 e 15.543 habitantes) e

Ubajara (548 km2 e 15.207 habitantes) é que se reserva a menor dotação or

so observa na remuneração dos prefeitos municipais.

Quanto ao Estado da Paraíba, pode-se afirmar que c relativamente boa, em seu conjunto, a distribuição da remunera ção dos prefeitos municipais," cm com paração com O.S demais Estados do Nor deste.

A remuneração mais baixa está

fi.xada em Cr.$ 1.000,00 (prefeitos dos

municípios dc Bonito do Santa Fé e Jato])á), cabendo ao do Campina Gran de a mais elevada remuneração mensal

(Cr$ 8.000,00), salário ôste que é o maior encontrado na administração de

qualquer município do interior, desde o Amazonas até a Bahia, inclusive. E co

mo existe ainda na Paraíba um prefeito com a remuneração do Cr$ 4.000,00

(Pombal), fica sendo a Paraíba o Es tado que possui os dois melhores cargos

de prefeito municipal no interior de

çamentária para a remuneração do pre feito, o qual percebe, nesses municípios,

giões Norte, Nordeste e Leste Setentrio

tão somente Cr$ 550,00 mensais.

nal.

A

todas as unidades que formam as re

maior dotação para esse fim reservada

Em Pernambuco, o município em que

está no orçamento do município de Sobral (2.649 quilômetros quadrados e 56.067 habitantes), cujo prefeito recebe

menor quantia se gasta com o cargo

do prefeito é o de Exu, no qual o Chefe do Executivo custa aos munícipes ape

Cr$ 3.400,00 mensais, quantia essa in

nas CrS 750,00 mensais, e isto num

ferior ao limite máximo observado no

município de 1.344 km2 e 15.418 ha

Piauí.

bitantes.

No Rio Grande do Norte, a mais

baixa classificação cabe ao mimicípio de

São Miguel (436 km2 e 11.894 habi

As mais elevadas remunera

ções, na importância, cada uma, de CrS 4.000,00, pertencem aos prefeitos municipais de Garanhus (1.301 kin2 e

DicESTo

Econômico

95.632 habitantes) o Olinda (43 km2 c

meios de subsistência, os mais elevados

36.712 habitantes).

indice.s dc analfabetismo c a mais baixa

Sob os índices lairto da ri-muncração

média quanto da moda tpie apre.sonta a

distribuição da remuneração dos pre feitos municipais, é o Eslailo das Ala goas uma das nielhori-s unidades da Fe

deração. A irrenor despesa com o exe cutivo o realizada nos imuiicípios dc Junqiieiro o Marechal Floriano, onde os

prefeitos percebem Cr$ 1.000,00, men salmente. O lugar do destacpje, no Es tado, é ocupado pelo município dc Ata laia, no qual a despesa com a remune ração d(i prefeito é do CrS 4.000,00 por

capacidade de cH)nsumo, a Bahia possui alguns municípios que podem ser con siderados como sendo os piores do País, quer sob o ângulo econômico, quei quanto à remuneração oferecida aos administradores locais. Além de se en contrar na Bahia a menor remuneração

paga a um prefeito municipal no Brasil.

és.so Estado é um cios iillimos quanto ao limite máximo de tal remuneração, pois está colocado apenas na frente dos Estados do Amazona.s, Maranhão, Ceará,

Dessa forma, cabem à Paraíba c

Rio Grande do Norte, Sergipe e Mato Gros.so; O lugar de destaque, quanto

ao Estado de Alagoas as melhores situa ções, em todo o Nordeste, <pianto ao

como cm todo o Pais, cabe ao prefeito

môs.

salário mínimo fixado para os prefeitos immicipais.

Em Sergipe ressurge, em tÔ>da a sua

complexão degradante, a miséria finan ceira dos municípios do interior, ligeira mente diminuída que está na Paraíba e cm Alagoas.

No município de Carmó-

polis, o qual é o menor (45 km2) e o menos populoso (3.129 habitantes) do

Estado, é que se encontra q cargo de prefeito de mais modesta remuneração em Sergipe, pois esta atinge apenas a quantia de Cr.$ 400,00 por mes. A si

tuação privilegiada no Estada é desfru

tada pelo prefeito do Própria, municí pio de 171 quilômetros quadrados e 14.681 habitantes, onde se despende uma quantia que, com relação à gasta nos demais municípios de Sergipe, pode ser levada à conta dc fortuna: Cr$ .. 3.300,00 por mês.

No interior da Bahia é que existe, in

à menor remuneração, não só no Estado

de Muciiri, que percebe, por mês, a irri.sôria quantia de Cr$ 275,00. E isso num município de 3.320 quilômetros

quadrados e cerca de 8.000 habitantes. A mais eknada remuneração mensal (Gr$ 3.650,00) é percebida pelos pre feitos municipais de Ilhéus (3.304 km2 e 113.269 habitantes) e Itabiina (4.439 km2 o 96.879 habitantes).

Ein Minas Gerais já se pode observar

trni quadro mais alentador, pela seme lhança que os seus municípios apresen

tam à pujança tanto financeira quanto

econômica que distingue os municípios suIino.s. Apenas no município de Tira-

clentes, um dos de menor superfície

(202 km2) e o de menor população no Estado (3.444 habitantes) é que o pre feito percebe remuneração inferior a Cr$ 1.000,00 (Cr$ 800,00). Em todos os demais municípios a remuneração mí nima é de Ci§ 1.000,00, por mês. E é

discutivelmente, o mais doloroso retrato

em Mmas Gerais que se encontra o mu

da situação de miséria financeira e eco

nicípio, de todas as regiões Norte, Nor deste e Leste, onde é mais elevada

nômica dos municípios brasileiros. Com

municípios em que à fraca densidade

(Cr§ 10.000,00) a remuneração do pre-

demográfica se aliam os mais primitivos

feito municipal: Jmz. de Fora. Exc«rn


m

Dicesto EcoNÓ.Nnco

114

habitantes) e Pedreiras (1.2S9 ktn2 c

tantes), no qual o prefeito recebe

43.129 habitantes), os quais pcrccbeni

Cr$ 450,00. Na classificação imediata

Gr§ 2.500,00, c o de Caxias, município mais populoso do Estado (77.874 habi

mente superior está o inunicípio de Taipn (747 km2 c 12.066 habitantes), cm cujo orçamento aparece uma dotaçúo que permite ao prefeito tnn salário

tantes), onde o prefeito recebe Cr$ ., 3.000,00 mensais para dirigir a admi nistração municipal .sobre uma superfí cie de 9.903 quilômetros quadrados.

mensal de Cr$ 550,00. A melhor classi

ção financeira dos prefeitos municipais,

ficação cabe ao município clc Mossoró, cujo prcfeitf) percebe Cr-S 2.200,00 por môs, quantia essa que é, dentre todos os

embora seja aqui a remuneração mínima

E.stados, o menor limito má.ximo que

' No Piauí também c modesta a situa

um pouco superior à que se paga no Maranhão. A menor remuneração cabe

ao prefeito de Ribeirão Gonçalves, o qual percebe apenas Cr.$ 400,00 men

sais, para re.sponder pela prestação dos scr\'iços públicos locais a cerca de

7.000 munícipes, distribuídos por uma

superfície de 15.215 quilômetros qua drados. Seguem-se as remunerações dos

prefeitos de Corrente (Cr$ 550,00), Bom Jesus (Cr$ 600,00), Pcrtolínia

(Cr$ 700,00) e Paranaguá (CrS 700,00), A mais elevada remuneração cabe ao prefeito de Parnaíba (Cr§ 4.000,00), o mais importante município do Estado. Também no Ceará não é nada vanta

joso, de maneira geral, o cargo de pre feito municipal. Nos municípios de Pacajus (684 km2 e 15.543 habitantes) e

Ubajara (548 km2 e 15.207 habitantes) é que se reserva a menor dotação or

so observa na remuneração dos prefeitos municipais.

Quanto ao Estado da Paraíba, pode-se afirmar que c relativamente boa, em seu conjunto, a distribuição da remunera ção dos prefeitos municipais," cm com paração com O.S demais Estados do Nor deste.

A remuneração mais baixa está

fi.xada em Cr.$ 1.000,00 (prefeitos dos

municípios dc Bonito do Santa Fé e Jato])á), cabendo ao do Campina Gran de a mais elevada remuneração mensal

(Cr$ 8.000,00), salário ôste que é o maior encontrado na administração de

qualquer município do interior, desde o Amazonas até a Bahia, inclusive. E co

mo existe ainda na Paraíba um prefeito com a remuneração do Cr$ 4.000,00

(Pombal), fica sendo a Paraíba o Es tado que possui os dois melhores cargos

de prefeito municipal no interior de

çamentária para a remuneração do pre feito, o qual percebe, nesses municípios,

giões Norte, Nordeste e Leste Setentrio

tão somente Cr$ 550,00 mensais.

nal.

A

todas as unidades que formam as re

maior dotação para esse fim reservada

Em Pernambuco, o município em que

está no orçamento do município de Sobral (2.649 quilômetros quadrados e 56.067 habitantes), cujo prefeito recebe

menor quantia se gasta com o cargo

do prefeito é o de Exu, no qual o Chefe do Executivo custa aos munícipes ape

Cr$ 3.400,00 mensais, quantia essa in

nas CrS 750,00 mensais, e isto num

ferior ao limite máximo observado no

município de 1.344 km2 e 15.418 ha

Piauí.

bitantes.

No Rio Grande do Norte, a mais

baixa classificação cabe ao mimicípio de

São Miguel (436 km2 e 11.894 habi

As mais elevadas remunera

ções, na importância, cada uma, de CrS 4.000,00, pertencem aos prefeitos municipais de Garanhus (1.301 kin2 e

DicESTo

Econômico

95.632 habitantes) o Olinda (43 km2 c

meios de subsistência, os mais elevados

36.712 habitantes).

indice.s dc analfabetismo c a mais baixa

Sob os índices lairto da ri-muncração

média quanto da moda tpie apre.sonta a

distribuição da remuneração dos pre feitos municipais, é o Eslailo das Ala goas uma das nielhori-s unidades da Fe

deração. A irrenor despesa com o exe cutivo o realizada nos imuiicípios dc Junqiieiro o Marechal Floriano, onde os

prefeitos percebem Cr$ 1.000,00, men salmente. O lugar do destacpje, no Es tado, é ocupado pelo município dc Ata laia, no qual a despesa com a remune ração d(i prefeito é do CrS 4.000,00 por

capacidade de cH)nsumo, a Bahia possui alguns municípios que podem ser con siderados como sendo os piores do País, quer sob o ângulo econômico, quei quanto à remuneração oferecida aos administradores locais. Além de se en contrar na Bahia a menor remuneração

paga a um prefeito municipal no Brasil.

és.so Estado é um cios iillimos quanto ao limite máximo de tal remuneração, pois está colocado apenas na frente dos Estados do Amazona.s, Maranhão, Ceará,

Dessa forma, cabem à Paraíba c

Rio Grande do Norte, Sergipe e Mato Gros.so; O lugar de destaque, quanto

ao Estado de Alagoas as melhores situa ções, em todo o Nordeste, <pianto ao

como cm todo o Pais, cabe ao prefeito

môs.

salário mínimo fixado para os prefeitos immicipais.

Em Sergipe ressurge, em tÔ>da a sua

complexão degradante, a miséria finan ceira dos municípios do interior, ligeira mente diminuída que está na Paraíba e cm Alagoas.

No município de Carmó-

polis, o qual é o menor (45 km2) e o menos populoso (3.129 habitantes) do

Estado, é que se encontra q cargo de prefeito de mais modesta remuneração em Sergipe, pois esta atinge apenas a quantia de Cr.$ 400,00 por mes. A si

tuação privilegiada no Estada é desfru

tada pelo prefeito do Própria, municí pio de 171 quilômetros quadrados e 14.681 habitantes, onde se despende uma quantia que, com relação à gasta nos demais municípios de Sergipe, pode ser levada à conta dc fortuna: Cr$ .. 3.300,00 por mês.

No interior da Bahia é que existe, in

à menor remuneração, não só no Estado

de Muciiri, que percebe, por mês, a irri.sôria quantia de Cr$ 275,00. E isso num município de 3.320 quilômetros

quadrados e cerca de 8.000 habitantes. A mais eknada remuneração mensal (Gr$ 3.650,00) é percebida pelos pre feitos municipais de Ilhéus (3.304 km2 e 113.269 habitantes) e Itabiina (4.439 km2 o 96.879 habitantes).

Ein Minas Gerais já se pode observar

trni quadro mais alentador, pela seme lhança que os seus municípios apresen

tam à pujança tanto financeira quanto

econômica que distingue os municípios suIino.s. Apenas no município de Tira-

clentes, um dos de menor superfície

(202 km2) e o de menor população no Estado (3.444 habitantes) é que o pre feito percebe remuneração inferior a Cr$ 1.000,00 (Cr$ 800,00). Em todos os demais municípios a remuneração mí nima é de Ci§ 1.000,00, por mês. E é

discutivelmente, o mais doloroso retrato

em Mmas Gerais que se encontra o mu

da situação de miséria financeira e eco

nicípio, de todas as regiões Norte, Nor deste e Leste, onde é mais elevada

nômica dos municípios brasileiros. Com

municípios em que à fraca densidade

(Cr§ 10.000,00) a remuneração do pre-

demográfica se aliam os mais primitivos

feito municipal: Jmz. de Fora. Exc«rn


ipr,

Dicestü Econó

interior do Pai.s.

A mais !)aÍNa remune

este único caso, apenas em São Paulo é que se encontra prefeito com remu

ração, no Estado, no \ alor de Cr$ 450,00

neração mensal igual ou superior a

mensais, é percebida pelo prefeito do

Cr$ 10.000.00.

município dc Sãt) Luis do Paraitinga

No Espírito Santo a situação também

(1.028 km2 c 11.127 habitantes). E a

é mais ou menos promissora. A menor

situação de destaque é ocupada pelo

remuneração cabe ao prefeito munici

prefeito de São Vicente, município dc

pal de Anchieta, o qual percebe mensal

411 quilômetros quadrados e 17.294 ha

mente Cr$ 900,00, para responder pela prestação dos ser\'iços públicos locais a cêrca de 10.000 munícipes, que habitam

bitantes, o qual, com a sua remunera ção mensal de Cr§ 1-5.000,00, é o admi

imm superfície de 466 quilômetros qua

terior do Brasil. Neste ponto, vale res

drados.

saltar que essa posição de destaque não é ocupada pelo prefeito do melhor mu nicípio do interior brasileiro quanto ao

Ao prefeito de Caclioeiro do

Itapemirim cabe a posição de destaque com Cr$ 5.000,00 mensais.

O Estado do Rio de Janeiro encerra, com amostra alentadora, o panorama de miséria financeira que vi

nistrador local mais bem pago no in

montante do orçamento, o de Santos, onde a dotação reservada à remunera-

. ção do prefeito permite a

nha sendo observado desde

despesa

o

12.000,00 por mês. Em seguida estão os seis mu nicípios brasileiros cujos

Na

Estado

terra

do

Amazonas.

flominense

o

prefeito que menor remu neração percebe pelo exer

cício do cargo é o de Ca-

dotação orçamentária para êsse fim

destinada

não

.

permite uma despesa men

sal superior a Cr$ 1.040,00. E isto apenas como caso úni co no Estado, pois os prefeitos dos mu

de apenas Cr$.

feitos municipais de Londrina e Cornélio Procópio, os quais são os xinicos pre

feitos no Brasil f|ue, ao lado de nove do Estado de São Paulo c um de Minas

Gerais, percebem remuneração mensal superior a Cr$ 8.000,00 (Cr$ 9.000,00 e Cr$ 8.500,00, respeeliwunentc). No ponto imedialainente inferior, dentro do Estado, está o prefeito de Ponta

Grossa, que percebe Cr$ 8.000,00 por mês, seguido pelos prefeitos dc Arapon

gas, Paranaguá c Rolàndia, (pie perce bem Cr$ 6.000,00 mensalmente.

Grande (2.723 k-m2 e 61.000 habitantes) percebem, por mês, Cr§ 6.000,00. Entrando em Mato Grosso, volta-se a

obsen-ar o mesmo quadro desolador, apresentado, de maneira geral, pelos Estados do Nordeste: limite mínimo

muito baixo, elevada freqüência num

valor médio pouco •superior ao limite mínimo e apenas lyn ou outro caso num limite máximo relativamente satis

fatório. A freqüência na remuneração mínima é dada pelos prefeitos de Barra do Garças, que é um dos piores municí

Em Santa Catarina a remuneração mensal mínima é de Cr$ 1.125.00 devi

pios do Brasil, apesar de ser um dos de maior extensão geográfica e em virtude

da aos prefeitos de Aragiiari (551 km2

de ser um dos de menor densidade de

6 12.147 habitantes), Biguaçu (636 km2 e 20.100 habitantes), Campo Alegre

tantes) e Mato Grosso, também, mais ou

mográfica (189.640 km2 e 3.200 habi

(710 km2 e 16.871 habitantes), Jagua-

menos, nas mesmas condições precárias do anterior (82.548 km2 e 3.300 habi

runa (396 km2 e 9.700 habitantes) e Nova Trento (566 km2 e 10.000 habi

tantes), nos quais a remuneração men sal é de Cr$ 300,00. Os casos extremos

12.000,00, mensalmente: Campinas (1.615 km2 e

tantes).

no limite superior são ocupados pelos

mensal, na importância de Cr$ 4.000,00,

municípios de Corumbá (56.769

130.000 habitantes), Santo André (888 km2 e 90.000

é paga aos prefeitos dos municípios de

e 30.000 habitantes), onde o prefeito

habitantes), Santos (876

tes) o Xapecó (14.793 km2 e 44.327

km2 e 170.000 habitantes),

habitantes).

prefeitos

simiro de Abreu, onde a

11'

Dicesto Econômico

percebem

Cr$

São José do Rio Preto (1.690 km2 e 75.000 habitantes), Sorocaba (883 km2

(569 km2 e 5.269 habitantes), Imaruí

A mais elevada remuneração

Joaçaba (4.184 km2 c 36.174 habitan

No Rio Grande do Sul encontramos, dentre todos os Estados, a mais elevada

percebe Cr$ 2.500,00, e Campo Grande qual o administrador local percebe

(31.695 km2 e 50.000 habitantes), no Cr$ 3.000,00.

No Estado de Goiás a situação é bem

nicípios que se colocam em situação

e 70.000 habitantes) e Votuporanga

imediatamente superior (Bom Jardim e Cachoeiras de Macacu) percebem Cr§ 1.4-30,00 por mês. A melhor posição

(1.887 km2 e 51.000 habitantes).

cabe aos municípios de Campos e Petrópolis, cujos prefeitos percebem CrS ..

pios de Cerro Azul e Rio Branco do Sul,

observado em dois Estados: Amazonas

apenas no município de Natividade.

este recentemente . criado, que possuem

Imediatamente mais elevadas são as re

6.500,00, mensalmente. Com São Paulo inicia-se a parte de

der à remuneração do prefeito, o qual

(Cr$ 2.300,00) e Rio Grande do Norte (Cr$ 2.200,00). E dentro desse limite

existe apenas um município — o de Mar-

cipais de Paraná (Cr$ 862,50), Caval

celino Ramos.

canti (Cr$ 900,00) e Taguatinga (Cr$

No Estado do Paraná, são os municí menor dotação orçamentária para aten

destaque que os municípios subnos go zam neste panorama nacional. Mas em

percebe apenas Ci§ 1.050,00 por mês. Imediatamente superiores são os muni cípios de Rebouças e Guaratuba, èste

bora encontremos em São Paulo os me

também recentemente criado, onde os

lhores municípios brasileiros, encontra

prefeitos percebem, respectivamente, Cr§ 1.290,00 e Cr$ 1.300,00 por mes. As

mos também, ali alguns municípios que quase se enfileiram entre os piores do

melhores remunerações cabem aos pre-

remuneração mensal mínima para pre

feito municipal (Cr$ 2.450,00), mínimo êste que é superior ao limite máximo

A mais elevada remu

melhor que a encontrada em Mato Grosso. Aqui, a remimeraçáo mínima mensal é de CrS 800,00. e observada munerações mensais dos prefeitos muni

neração mensal, no valor de Cr$ ....

900,00). Nos demais municípios, a re

8.000,00, é percebida pelo prefeito de

muneração mínima é' superior a Cr$ 1.000,00, sendo digna de nota, no Esta do de Goiás, a elevada freqüência obser vada nas importâncias entre CrS 2.000,00 6 Cr$ 3.000,00. Cabe ao prefeito, de

Bagó, município de 7.036 quilômetros quadrados e 59.000 habitantes. Os pre feitos dos municípios de Pelotas (2.997 km2 e 105.000 habitantes) e Rio


ipr,

Dicestü Econó

interior do Pai.s.

A mais !)aÍNa remune

este único caso, apenas em São Paulo é que se encontra prefeito com remu

ração, no Estado, no \ alor de Cr$ 450,00

neração mensal igual ou superior a

mensais, é percebida pelo prefeito do

Cr$ 10.000.00.

município dc Sãt) Luis do Paraitinga

No Espírito Santo a situação também

(1.028 km2 c 11.127 habitantes). E a

é mais ou menos promissora. A menor

situação de destaque é ocupada pelo

remuneração cabe ao prefeito munici

prefeito de São Vicente, município dc

pal de Anchieta, o qual percebe mensal

411 quilômetros quadrados e 17.294 ha

mente Cr$ 900,00, para responder pela prestação dos ser\'iços públicos locais a cêrca de 10.000 munícipes, que habitam

bitantes, o qual, com a sua remunera ção mensal de Cr§ 1-5.000,00, é o admi

imm superfície de 466 quilômetros qua

terior do Brasil. Neste ponto, vale res

drados.

saltar que essa posição de destaque não é ocupada pelo prefeito do melhor mu nicípio do interior brasileiro quanto ao

Ao prefeito de Caclioeiro do

Itapemirim cabe a posição de destaque com Cr$ 5.000,00 mensais.

O Estado do Rio de Janeiro encerra, com amostra alentadora, o panorama de miséria financeira que vi

nistrador local mais bem pago no in

montante do orçamento, o de Santos, onde a dotação reservada à remunera-

. ção do prefeito permite a

nha sendo observado desde

despesa

o

12.000,00 por mês. Em seguida estão os seis mu nicípios brasileiros cujos

Na

Estado

terra

do

Amazonas.

flominense

o

prefeito que menor remu neração percebe pelo exer

cício do cargo é o de Ca-

dotação orçamentária para êsse fim

destinada

não

.

permite uma despesa men

sal superior a Cr$ 1.040,00. E isto apenas como caso úni co no Estado, pois os prefeitos dos mu

de apenas Cr$.

feitos municipais de Londrina e Cornélio Procópio, os quais são os xinicos pre

feitos no Brasil f|ue, ao lado de nove do Estado de São Paulo c um de Minas

Gerais, percebem remuneração mensal superior a Cr$ 8.000,00 (Cr$ 9.000,00 e Cr$ 8.500,00, respeeliwunentc). No ponto imedialainente inferior, dentro do Estado, está o prefeito de Ponta

Grossa, que percebe Cr$ 8.000,00 por mês, seguido pelos prefeitos dc Arapon

gas, Paranaguá c Rolàndia, (pie perce bem Cr$ 6.000,00 mensalmente.

Grande (2.723 k-m2 e 61.000 habitantes) percebem, por mês, Cr§ 6.000,00. Entrando em Mato Grosso, volta-se a

obsen-ar o mesmo quadro desolador, apresentado, de maneira geral, pelos Estados do Nordeste: limite mínimo

muito baixo, elevada freqüência num

valor médio pouco •superior ao limite mínimo e apenas lyn ou outro caso num limite máximo relativamente satis

fatório. A freqüência na remuneração mínima é dada pelos prefeitos de Barra do Garças, que é um dos piores municí

Em Santa Catarina a remuneração mensal mínima é de Cr$ 1.125.00 devi

pios do Brasil, apesar de ser um dos de maior extensão geográfica e em virtude

da aos prefeitos de Aragiiari (551 km2

de ser um dos de menor densidade de

6 12.147 habitantes), Biguaçu (636 km2 e 20.100 habitantes), Campo Alegre

tantes) e Mato Grosso, também, mais ou

mográfica (189.640 km2 e 3.200 habi

(710 km2 e 16.871 habitantes), Jagua-

menos, nas mesmas condições precárias do anterior (82.548 km2 e 3.300 habi

runa (396 km2 e 9.700 habitantes) e Nova Trento (566 km2 e 10.000 habi

tantes), nos quais a remuneração men sal é de Cr$ 300,00. Os casos extremos

12.000,00, mensalmente: Campinas (1.615 km2 e

tantes).

no limite superior são ocupados pelos

mensal, na importância de Cr$ 4.000,00,

municípios de Corumbá (56.769

130.000 habitantes), Santo André (888 km2 e 90.000

é paga aos prefeitos dos municípios de

e 30.000 habitantes), onde o prefeito

habitantes), Santos (876

tes) o Xapecó (14.793 km2 e 44.327

km2 e 170.000 habitantes),

habitantes).

prefeitos

simiro de Abreu, onde a

11'

Dicesto Econômico

percebem

Cr$

São José do Rio Preto (1.690 km2 e 75.000 habitantes), Sorocaba (883 km2

(569 km2 e 5.269 habitantes), Imaruí

A mais elevada remuneração

Joaçaba (4.184 km2 c 36.174 habitan

No Rio Grande do Sul encontramos, dentre todos os Estados, a mais elevada

percebe Cr$ 2.500,00, e Campo Grande qual o administrador local percebe

(31.695 km2 e 50.000 habitantes), no Cr$ 3.000,00.

No Estado de Goiás a situação é bem

nicípios que se colocam em situação

e 70.000 habitantes) e Votuporanga

imediatamente superior (Bom Jardim e Cachoeiras de Macacu) percebem Cr§ 1.4-30,00 por mês. A melhor posição

(1.887 km2 e 51.000 habitantes).

cabe aos municípios de Campos e Petrópolis, cujos prefeitos percebem CrS ..

pios de Cerro Azul e Rio Branco do Sul,

observado em dois Estados: Amazonas

apenas no município de Natividade.

este recentemente . criado, que possuem

Imediatamente mais elevadas são as re

6.500,00, mensalmente. Com São Paulo inicia-se a parte de

der à remuneração do prefeito, o qual

(Cr$ 2.300,00) e Rio Grande do Norte (Cr$ 2.200,00). E dentro desse limite

existe apenas um município — o de Mar-

cipais de Paraná (Cr$ 862,50), Caval

celino Ramos.

canti (Cr$ 900,00) e Taguatinga (Cr$

No Estado do Paraná, são os municí menor dotação orçamentária para aten

destaque que os municípios subnos go zam neste panorama nacional. Mas em

percebe apenas Ci§ 1.050,00 por mês. Imediatamente superiores são os muni cípios de Rebouças e Guaratuba, èste

bora encontremos em São Paulo os me

também recentemente criado, onde os

lhores municípios brasileiros, encontra

prefeitos percebem, respectivamente, Cr§ 1.290,00 e Cr$ 1.300,00 por mes. As

mos também, ali alguns municípios que quase se enfileiram entre os piores do

melhores remunerações cabem aos pre-

remuneração mensal mínima para pre

feito municipal (Cr$ 2.450,00), mínimo êste que é superior ao limite máximo

A mais elevada remu

melhor que a encontrada em Mato Grosso. Aqui, a remimeraçáo mínima mensal é de CrS 800,00. e observada munerações mensais dos prefeitos muni

neração mensal, no valor de Cr$ ....

900,00). Nos demais municípios, a re

8.000,00, é percebida pelo prefeito de

muneração mínima é' superior a Cr$ 1.000,00, sendo digna de nota, no Esta do de Goiás, a elevada freqüência obser vada nas importâncias entre CrS 2.000,00 6 Cr$ 3.000,00. Cabe ao prefeito, de

Bagó, município de 7.036 quilômetros quadrados e 59.000 habitantes. Os pre feitos dos municípios de Pelotas (2.997 km2 e 105.000 habitantes) e Rio


Dicesto

Anápolis (2.622 kin2 e 40.000 habitan tes) a mais elevada remuneração mensal

acusada no interior de toda a região Centro-Oeste, o fjual percebe Cr$ .... 6.666,60 por mês. Ao prefeito do mu nicípio de Rio Verde (18.606 km2 e 32.000 habitantes) cabe a remuneração mensal de Cr$ 4.200,00.

Èste panorama da situação financeira

do cargo de Prefeito municipal no inte rior brasileiro é desolador e profunda mente alarmante para a eficiência na

prestação dos serviços públicos locais, pois de forma alguma poderá ser possí

EcoNÓ^^co

primeira Casa da Moeda do Brasi l (1645)

da Constituição Federal, (jue manda dis tribuir ein quotas-partos igiiai.s aos municipios do interior 10'Ã. da arrecadação federal proveniente do imposto sobre à renda e proventos dc qualquer natureza, os nossos municípios contam com um

Afonso of E. Taunay

"salárío-inínimo", com o <jual poderão, até certo ponto, atender às necessidades mínimas paru a escolbu, mediante uma remuneração compalí\x'l com a função,

dos administradores locais*. E já que o salário-mínimo dos municípios brasilei ro,'; está fixado cm função da arrecada

ção do imposto sòbre a renda (um déci

vel confiar aos mais eficientes e dinâmi

mo do total arrecadado anualmente), o

cos cidadãos do interior a direção da administração publica local com .salá

que possibilita, dentro do atual número

N':.. primeirosDomanos stniou reinado entendeu foãodeIV, por ulc

do Lisboa, a Salvador Corrêa "esta ma

o Conselho Ultramarino, instigado por

encomendo façaes com que o caminho

Salvador Corrêa dc Sá c Bonevides, es tabelecer, no sul di> Brasil, uma ea.sa

do ccrtão de serra (sic) e as minas corrão cH>mo em tempo de \'Osso avô não

do fundição, (piinlagcm

SC dcfraudando os direitos que perten

<le ouro o

cunhagem de moeda.

Prosseguia a diretriz estabelecida por

téria se fica vendo c, entretanto, vos

cem á Fazenda Real fazendo as bene

ficiar para que .se tire delas a utilidade

Dom Francisco dc Souza na política

que de antes do modo que fazia o vos.so

dc municípios do interior, a cada mu

da prospecção dos metais nobres, já cm

avô".

nicípio uma quota-partc anual equiva

fins do século XVI.

lente, no mínimo, a Cr$ 240.000,00, ti-

dc Portugal e é de sobra sabido que a fluminense ao movimento restaurador ein

Pouco depois ocorreu a Restauração

rio tão irrisórios. E principalmente ago ra, mais do que em qualquer outra épo ca, se toma necessário escolher para os

remtís, cm cada município, no mínimo,

Salvador Corrêa, no primeiro dos seus três períodos governamentais, assumiu o

postos de prefeito municipal os cidadãos

também um décimo do seu "salário-

cargo dc capitão-mor do Rio de Janeiro

mais capazes dentre os que se dediquem exclusivamente ao interesse público, pa ra a melhor e mais reprodutiva aplica

mínimo", para que se fi.xe, no limite mí

a 3 de abril de 1637, conforme nos

nimo para isenção de pagamento do

conta Monsenhor Pizarvo nas Memórias.

Mas os cariocas receavam muito a

imposto sobre a renda, o salário-mínimo

(2,253) governando até 27 dc junho dc

reação castelhana e sabiam quanto a sua

ção das novas receitas que se estão

encaminhando para os cofres municipais. E a so'ução do problema está nas pos sibilidades financeiras que estas mesmas

receitas novas oferecem, principalmente

Salvador coube notável papel na adesão

princípios de 1641.

dos administradores locais (Cr$

1642.

cidade era expugnável.

24.000,00 anuais), o que fará com que nenhum prefeito municipal no Brasil

A 10 dc janeiro de 1639 representava a Felipe IV sobre os prejuízos que vinha

ra ha\'ia unânime consenso: tornava-se

deixe de aparecer na lista dos contri buintes do imposto sobre a renda (atual

sofrendo

Real por não terem as

se a Fortalezii da Lage. E neste sentido reite

a

Para a defesa da barra da Guanaba

indispensável construir-

Fazenda

aos municípios de parcos recursos na ar

mente, apenas metade tem possibilidade

minas

de aparecer nesta lista) e contribua, as

administrador

quando

raram-se os pedidos e

recadação das rendas locais propriamen

sim, para o crescimento de um impôslo

já para elas liavia cami nho aberto pelo .sertão. Do.sta situação procedia "faltarem os quinto.s

a\isos de sua Câmara ao Rei solicitando re

te ditas.

De acordo com o § 4° do artigo 15

do qual qualquer município do interior do País é um grande beneficiado.

de

São

Paulo

cursos para a realização de tal obra.

Era então muito es

reais".

Assim, pleiteava para si tal adminis tração na forma que a tivera seu avô

casso o nunrerario e.xistente no Brasil, onde corria indistintamente o moedário

Salvador Corrêa de Sá.

português e o espanhol, como de es

Respondeu-lhe em nome do rei cas telhano a Princesa Vice-Rainha cie Por

perar.

tugal, Margarida, duquesa de Màntua,

Silva, empossado a 30 de agôsto de

a futura deposta pelo movimento restaurador de primeiro de dezembro dc 1640.

1642, ordenou que se recolliesse à Bahia

A 15 de novembro de 1639 avisava,

O Governador Geral Antônio Teles da

todo o dinheiro em circulação no Es tado, a fim de ser recunhado, o


Dicesto

Anápolis (2.622 kin2 e 40.000 habitan tes) a mais elevada remuneração mensal

acusada no interior de toda a região Centro-Oeste, o fjual percebe Cr$ .... 6.666,60 por mês. Ao prefeito do mu nicípio de Rio Verde (18.606 km2 e 32.000 habitantes) cabe a remuneração mensal de Cr$ 4.200,00.

Èste panorama da situação financeira

do cargo de Prefeito municipal no inte rior brasileiro é desolador e profunda mente alarmante para a eficiência na

prestação dos serviços públicos locais, pois de forma alguma poderá ser possí

EcoNÓ^^co

primeira Casa da Moeda do Brasi l (1645)

da Constituição Federal, (jue manda dis tribuir ein quotas-partos igiiai.s aos municipios do interior 10'Ã. da arrecadação federal proveniente do imposto sobre à renda e proventos dc qualquer natureza, os nossos municípios contam com um

Afonso of E. Taunay

"salárío-inínimo", com o <jual poderão, até certo ponto, atender às necessidades mínimas paru a escolbu, mediante uma remuneração compalí\x'l com a função,

dos administradores locais*. E já que o salário-mínimo dos municípios brasilei ro,'; está fixado cm função da arrecada

ção do imposto sòbre a renda (um déci

vel confiar aos mais eficientes e dinâmi

mo do total arrecadado anualmente), o

cos cidadãos do interior a direção da administração publica local com .salá

que possibilita, dentro do atual número

N':.. primeirosDomanos stniou reinado entendeu foãodeIV, por ulc

do Lisboa, a Salvador Corrêa "esta ma

o Conselho Ultramarino, instigado por

encomendo façaes com que o caminho

Salvador Corrêa dc Sá c Bonevides, es tabelecer, no sul di> Brasil, uma ea.sa

do ccrtão de serra (sic) e as minas corrão cH>mo em tempo de \'Osso avô não

do fundição, (piinlagcm

SC dcfraudando os direitos que perten

<le ouro o

cunhagem de moeda.

Prosseguia a diretriz estabelecida por

téria se fica vendo c, entretanto, vos

cem á Fazenda Real fazendo as bene

ficiar para que .se tire delas a utilidade

Dom Francisco dc Souza na política

que de antes do modo que fazia o vos.so

dc municípios do interior, a cada mu

da prospecção dos metais nobres, já cm

avô".

nicípio uma quota-partc anual equiva

fins do século XVI.

lente, no mínimo, a Cr$ 240.000,00, ti-

dc Portugal e é de sobra sabido que a fluminense ao movimento restaurador ein

Pouco depois ocorreu a Restauração

rio tão irrisórios. E principalmente ago ra, mais do que em qualquer outra épo ca, se toma necessário escolher para os

remtís, cm cada município, no mínimo,

Salvador Corrêa, no primeiro dos seus três períodos governamentais, assumiu o

postos de prefeito municipal os cidadãos

também um décimo do seu "salário-

cargo dc capitão-mor do Rio de Janeiro

mais capazes dentre os que se dediquem exclusivamente ao interesse público, pa ra a melhor e mais reprodutiva aplica

mínimo", para que se fi.xe, no limite mí

a 3 de abril de 1637, conforme nos

nimo para isenção de pagamento do

conta Monsenhor Pizarvo nas Memórias.

Mas os cariocas receavam muito a

imposto sobre a renda, o salário-mínimo

(2,253) governando até 27 dc junho dc

reação castelhana e sabiam quanto a sua

ção das novas receitas que se estão

encaminhando para os cofres municipais. E a so'ução do problema está nas pos sibilidades financeiras que estas mesmas

receitas novas oferecem, principalmente

Salvador coube notável papel na adesão

princípios de 1641.

dos administradores locais (Cr$

1642.

cidade era expugnável.

24.000,00 anuais), o que fará com que nenhum prefeito municipal no Brasil

A 10 dc janeiro de 1639 representava a Felipe IV sobre os prejuízos que vinha

ra ha\'ia unânime consenso: tornava-se

deixe de aparecer na lista dos contri buintes do imposto sobre a renda (atual

sofrendo

Real por não terem as

se a Fortalezii da Lage. E neste sentido reite

a

Para a defesa da barra da Guanaba

indispensável construir-

Fazenda

aos municípios de parcos recursos na ar

mente, apenas metade tem possibilidade

minas

de aparecer nesta lista) e contribua, as

administrador

quando

raram-se os pedidos e

recadação das rendas locais propriamen

sim, para o crescimento de um impôslo

já para elas liavia cami nho aberto pelo .sertão. Do.sta situação procedia "faltarem os quinto.s

a\isos de sua Câmara ao Rei solicitando re

te ditas.

De acordo com o § 4° do artigo 15

do qual qualquer município do interior do País é um grande beneficiado.

de

São

Paulo

cursos para a realização de tal obra.

Era então muito es

reais".

Assim, pleiteava para si tal adminis tração na forma que a tivera seu avô

casso o nunrerario e.xistente no Brasil, onde corria indistintamente o moedário

Salvador Corrêa de Sá.

português e o espanhol, como de es

Respondeu-lhe em nome do rei cas telhano a Princesa Vice-Rainha cie Por

perar.

tugal, Margarida, duquesa de Màntua,

Silva, empossado a 30 de agôsto de

a futura deposta pelo movimento restaurador de primeiro de dezembro dc 1640.

1642, ordenou que se recolliesse à Bahia

A 15 de novembro de 1639 avisava,

O Governador Geral Antônio Teles da

todo o dinheiro em circulação no Es tado, a fim de ser recunhado, o


» Digesto EcoNÓ^aco

120

provocou veementes protestos dos flu

minenses, lesados pelo que correspondia à projetada senhoriagem.

V

121

D I igesto Econômico

servido com a praça fortificada e de

E ê.ste, a 19 de julho de 1044, em

fensável".

O Procurador de seu Conselho, João de Castilho Pinto, representou ao Rei

consulta assinada pelo Marquês de Montalvão, o antigo Vice-Rei do Brasil, Jorge de Castilho, Jorge de Albuquerqòe e João Delgado Figueira, historiou o pro

cunho das patacas aplicado ao socorro

contra tal medida "cousa que o seu

cesso.

de Angola revertesse também a metade

povo não havia aceitado bem, queixan do se geralmente que na ocasião eni que se estava desentranhando e tirando de sy o que não podia para a defesa da sua praça, tão miserável e tão atrasa

da e em especial tão desmantelada" vi

I

esse o Governador Geral exigir a entre ga do seu dinheiro. Havia os mais fun dados receios de que esse numerário fosse gasto na Bahia. E.vatamente naquela ocasião o bravo capitão-mor Luís Barbalho Bezerra a todos edificava, pela atitude de vassalo

tão zeloso do serviço de Sua Majestade. Era sempre o primeiro no trabalho, car

regando às costas a faxina, aplicandose a tudo mais, de maneira que a seu exemplo os moradores "tirando forsas da fiuqueza acodiam a sua obrigação". O essencial da barra, para que pu desse ficar segura, era "hua fortaleza

que podia fazer-se na lagem". De tudo já se achava S. M. informado. Mostrava-se o momento angustioso,

"tudo caíra de pancada". A construção

da Lage andava orçada em trinta mil cruzados, segundo opinião de Luís Bar balho.

Seria a "cousa de mais consi

deração que averia naquela praça com

que ficaria segura". O que se apurasse da recunhagem com senhoriagem das patacas e meias

patacas, provindas do dinheiro fluminen se, representava a parcela de maior va lia para conclusão de tão indispensá vel obra.

Mandou D. João IV que o Conselho Ultramarino estudasse o caso e opi nasse sôbre a representação.

Discordou D. João IV de seus con

selheiros. Decidiu que "do dinheiro do na mesma fortificação".

Mandara Sua Majestade, haNua pouco,

As plantas

para a nova fortaleza fossem logo sub

que o tesoureiro da Casa da Moeda de Lisboa remetesse ao Governo Geral, na

metidas ao exame das autoridades.

Bahia, cinqüenta ferros de cunhar, desti nados à recunhagem das patacas e meias

estas não as aprovassem, outras se deli neassem.

A 19 de maio dc 1645 informava o

patacas do Brasil.

Conselho ao monarca que das obras da Fortaleza da Lage estava incumbido o arquiteto João de Balhestciros, que iria

Mas Antonio Teles da Silva se anteci

para, mandando proceder à operação por

sua conta c risco. O dinheiro que eln ia rendendo se guardava em arca espe

cial onde ficaria em depósito ató que Na Bahia realizava-se a entrega de recebimento do dinheiro miúdo sobre

pujasse do muito o que já se recolhera Resolvera El-Rei que metade de tal arrecadação se aplicasse ao .socorro de Angola, conquistada pelos holandeses, oportunamente.

modo para a defensa e segurança" da sua cidade.

cientes a Câmara e o povo do Rio de

Estava-se com muita dili

gência à procura de engenheiro, para a

Janeiro. .

direção dos serviços, mas ainda não fôra êle encontrado. Logo que se des

Mostravam-se um e outro desconfia

cobrisse algum em condições, partiria pa ra o Rio com tôda a brevidade possível.

dos da intenção do Governador Geral e assoalhavam que êle exorbitava, exce

dendo às ordens regias. Sugeria o Con

Metade do dinheiro arrecadado com

selho um alvitre: fosse o resultado da

cunhagem do dinheiro miúdo aplicado

a recunhagem da moeda seria aplicada em tão desejada c desejável obra.

na construção da Fortaleza da Lage. Tal medida parecía-Uie muito opor

ropa, pleiteando a superintendência das

tuna. Com isto obrigaria Sua Majestade

minas da Repartição do Sul. A 1° de junho de 1644, obtinha o

Continuava Salvador CoiTea na Eu

os fluminenses a levar a sua moeda à

"1/cy por bem que no lugar que moíí acomodado vós parecer, façais Casa da Moeda em que as pessoas que licerem

ouro e o qtiizcrem fundir em moeda o possam fazer, as quacs moedas serão da mesma maneira que neste Reino se coenta reis."

á se dispor a fortificação do melhor

E de tal já estavam

dade para a escolha do local da pro jetada casa da moeda brasileira.

o fimdo, a João Lopes Barbalho, sobri

"Logo que S. Mag. a aprovasse, con viria escrever ao novo capitão mòr go vernador do Rio de Janeiro, de modo

das patacas c meias patacas.

A 30 de maio de 1644 recebia o Re

gimento das mercês, cujo décimo-quarto artigo estatuía caber-lhe a maior liber

ouvir "aos homens do mar para saber

Janeiro Afonso de Barros Caminha". Daí resultaria a confecção da planta da fortificação que se haveria de obrar.

Contava-se que o

^

e no Rio de Janeiro e fôra atendido.

fazem de tres mil reis e de três mil e quinhentos reis e de sctecentos e dn-

nho do falecido Luiz Barbalho Bezerra e o secretario do Governo do Rio de

Sua Majestade lhe desse destino. todo o numerário.

Se

Aconselhara ao Rei que se fundas sem Casas da Moeda em São

Em tudo se regulariam os trabalhos

das projetadas oficinas brasileiras pelas nonnas da de Lisboa. E esta teria de entregar a Salvador os cunhos destina dos a amoedar o ouro do Brasil. ^ Loco que se soube da decisão régw sôbre a nova fundição no Brasil, no Rio de Janeiro ou em São Paulo, aparece ram candidatos a ocupar os principais cargos de funcionalismo das futuras Ca sas da Moeda.

Domingos Joseph "tendo notícia que

S Magestade mandara se fizesse casa da moeda no Rio de Janeiro ou São

Paulo" alegou ao soberano os seus títu los de nioedeiro na de Lisboa, liaria dezoito anos. Desejava ser nomeado capataz da Casa brasileira. Tinha, afirmava, "todas as partes para

servir" e queria embarcar com Salvador Corrêa de Sá. E assim pedia ao Rei

que-lhe fizesse mercê do emprego "man

dando lhe sinalar ordenado, avendo con

sideração a ser tão distante deste Reyno

recunhagem, o que de outra maneira não

quo pretendia, alcançando de Dom João

fariam.

IV a nomeação de Administrador Geral

e hua ajuda de custo para se aviar e

"O povo ficará contente de ver que V. Mag. lhe differe o animado para

das Minas de São Paulo, com 300 mil réis de ordenado anual e -numerosa série

Na mesma ocasiao, Antonio Roiz de

ajudar com o que faltar. E. V. Mag. bem

rtiLij

de prerrogativas, vantagens e direitos.

embarcar .

. . ,

Matos propôs-se a também servir na


» Digesto EcoNÓ^aco

120

provocou veementes protestos dos flu

minenses, lesados pelo que correspondia à projetada senhoriagem.

V

121

D I igesto Econômico

servido com a praça fortificada e de

E ê.ste, a 19 de julho de 1044, em

fensável".

O Procurador de seu Conselho, João de Castilho Pinto, representou ao Rei

consulta assinada pelo Marquês de Montalvão, o antigo Vice-Rei do Brasil, Jorge de Castilho, Jorge de Albuquerqòe e João Delgado Figueira, historiou o pro

cunho das patacas aplicado ao socorro

contra tal medida "cousa que o seu

cesso.

de Angola revertesse também a metade

povo não havia aceitado bem, queixan do se geralmente que na ocasião eni que se estava desentranhando e tirando de sy o que não podia para a defesa da sua praça, tão miserável e tão atrasa

da e em especial tão desmantelada" vi

I

esse o Governador Geral exigir a entre ga do seu dinheiro. Havia os mais fun dados receios de que esse numerário fosse gasto na Bahia. E.vatamente naquela ocasião o bravo capitão-mor Luís Barbalho Bezerra a todos edificava, pela atitude de vassalo

tão zeloso do serviço de Sua Majestade. Era sempre o primeiro no trabalho, car

regando às costas a faxina, aplicandose a tudo mais, de maneira que a seu exemplo os moradores "tirando forsas da fiuqueza acodiam a sua obrigação". O essencial da barra, para que pu desse ficar segura, era "hua fortaleza

que podia fazer-se na lagem". De tudo já se achava S. M. informado. Mostrava-se o momento angustioso,

"tudo caíra de pancada". A construção

da Lage andava orçada em trinta mil cruzados, segundo opinião de Luís Bar balho.

Seria a "cousa de mais consi

deração que averia naquela praça com

que ficaria segura". O que se apurasse da recunhagem com senhoriagem das patacas e meias

patacas, provindas do dinheiro fluminen se, representava a parcela de maior va lia para conclusão de tão indispensá vel obra.

Mandou D. João IV que o Conselho Ultramarino estudasse o caso e opi nasse sôbre a representação.

Discordou D. João IV de seus con

selheiros. Decidiu que "do dinheiro do na mesma fortificação".

Mandara Sua Majestade, haNua pouco,

As plantas

para a nova fortaleza fossem logo sub

que o tesoureiro da Casa da Moeda de Lisboa remetesse ao Governo Geral, na

metidas ao exame das autoridades.

Bahia, cinqüenta ferros de cunhar, desti nados à recunhagem das patacas e meias

estas não as aprovassem, outras se deli neassem.

A 19 de maio dc 1645 informava o

patacas do Brasil.

Conselho ao monarca que das obras da Fortaleza da Lage estava incumbido o arquiteto João de Balhestciros, que iria

Mas Antonio Teles da Silva se anteci

para, mandando proceder à operação por

sua conta c risco. O dinheiro que eln ia rendendo se guardava em arca espe

cial onde ficaria em depósito ató que Na Bahia realizava-se a entrega de recebimento do dinheiro miúdo sobre

pujasse do muito o que já se recolhera Resolvera El-Rei que metade de tal arrecadação se aplicasse ao .socorro de Angola, conquistada pelos holandeses, oportunamente.

modo para a defensa e segurança" da sua cidade.

cientes a Câmara e o povo do Rio de

Estava-se com muita dili

gência à procura de engenheiro, para a

Janeiro. .

direção dos serviços, mas ainda não fôra êle encontrado. Logo que se des

Mostravam-se um e outro desconfia

cobrisse algum em condições, partiria pa ra o Rio com tôda a brevidade possível.

dos da intenção do Governador Geral e assoalhavam que êle exorbitava, exce

dendo às ordens regias. Sugeria o Con

Metade do dinheiro arrecadado com

selho um alvitre: fosse o resultado da

cunhagem do dinheiro miúdo aplicado

a recunhagem da moeda seria aplicada em tão desejada c desejável obra.

na construção da Fortaleza da Lage. Tal medida parecía-Uie muito opor

ropa, pleiteando a superintendência das

tuna. Com isto obrigaria Sua Majestade

minas da Repartição do Sul. A 1° de junho de 1644, obtinha o

Continuava Salvador CoiTea na Eu

os fluminenses a levar a sua moeda à

"1/cy por bem que no lugar que moíí acomodado vós parecer, façais Casa da Moeda em que as pessoas que licerem

ouro e o qtiizcrem fundir em moeda o possam fazer, as quacs moedas serão da mesma maneira que neste Reino se coenta reis."

á se dispor a fortificação do melhor

E de tal já estavam

dade para a escolha do local da pro jetada casa da moeda brasileira.

o fimdo, a João Lopes Barbalho, sobri

"Logo que S. Mag. a aprovasse, con viria escrever ao novo capitão mòr go vernador do Rio de Janeiro, de modo

das patacas c meias patacas.

A 30 de maio de 1644 recebia o Re

gimento das mercês, cujo décimo-quarto artigo estatuía caber-lhe a maior liber

ouvir "aos homens do mar para saber

Janeiro Afonso de Barros Caminha". Daí resultaria a confecção da planta da fortificação que se haveria de obrar.

Contava-se que o

^

e no Rio de Janeiro e fôra atendido.

fazem de tres mil reis e de três mil e quinhentos reis e de sctecentos e dn-

nho do falecido Luiz Barbalho Bezerra e o secretario do Governo do Rio de

Sua Majestade lhe desse destino. todo o numerário.

Se

Aconselhara ao Rei que se fundas sem Casas da Moeda em São

Em tudo se regulariam os trabalhos

das projetadas oficinas brasileiras pelas nonnas da de Lisboa. E esta teria de entregar a Salvador os cunhos destina dos a amoedar o ouro do Brasil. ^ Loco que se soube da decisão régw sôbre a nova fundição no Brasil, no Rio de Janeiro ou em São Paulo, aparece ram candidatos a ocupar os principais cargos de funcionalismo das futuras Ca sas da Moeda.

Domingos Joseph "tendo notícia que

S Magestade mandara se fizesse casa da moeda no Rio de Janeiro ou São

Paulo" alegou ao soberano os seus títu los de nioedeiro na de Lisboa, liaria dezoito anos. Desejava ser nomeado capataz da Casa brasileira. Tinha, afirmava, "todas as partes para

servir" e queria embarcar com Salvador Corrêa de Sá. E assim pedia ao Rei

que-lhe fizesse mercê do emprego "man

dando lhe sinalar ordenado, avendo con

sideração a ser tão distante deste Reyno

recunhagem, o que de outra maneira não

quo pretendia, alcançando de Dom João

fariam.

IV a nomeação de Administrador Geral

e hua ajuda de custo para se aviar e

"O povo ficará contente de ver que V. Mag. lhe differe o animado para

das Minas de São Paulo, com 300 mil réis de ordenado anual e -numerosa série

Na mesma ocasiao, Antonio Roiz de

ajudar com o que faltar. E. V. Mag. bem

rtiLij

de prerrogativas, vantagens e direitos.

embarcar .

. . ,

Matos propôs-se a também servir na


122

Dicesto Econômico

casa do Rio de Janeiro òu na de São

ajuda de custo "para .sua embarcação c

Paulo. Afirmou ser "ensaiador c dextro

aviamento".

em tudo o que pertencia ao lavrar da moeda".

Quanto à pretensão dc Matos, infor mou o Juiz Tesoureiro cjiio cm sua Casa

123

Dice Drct sto Econômico

P.arcimoniosos os senhores membros Pa do Con.sclbo UUramariiui. . . Mostrava-

se Dom João IV stjbrcmodo interessado

a que se fundasse a Casa da Moeda do

Pediu ao Rei a mercê dc o prover no

da Moeda o ensaiador recebia anual

Brasil, no Rio cie Janeiro ou em São

ofício de ensaiador na casa projetada

mente, fixo.s, seis mil e cem réi.s. Per

Paulo.

cunhagcm do mcfal na Casa da Moeda de São Poido.

Assim, pois, já nessa época existia tal oficina na vila paulistana. Homem de nolabilíssima inteligência como era, re solvera o futuro rcstaurador de Angola usar da prerrogativa da escolha que o

mandando-lhe "sinalar .salarios e uma

cebia porém o emolumento de 240 réis

ajuda de custo para se aviar e embarcar

por qualquer ensaio dc ouro a que pro cedesse, taxa paga pelas partos que re

o seguinte lembrete aos seus conselhei ros: "Saiba o Conselho si- estão preveni

corriam à sua perícia. As despesas com a água-fortc c outros materiais do ofí cio corriam por sua conta.

dos os mais officiais para esta Gaza o

Nada mais natural c mais lógico.

quanlo.s ha dc haver nolla". Aprcssavam-sc os consultados em responder ao seu real senhor. A novo

Nas vizinhanças da vila havia o ouro,

com Salvador Corrêa de Sá, avendo

respeito a ser parte tão distante". Subiram os dois requerimentos ao

Conscllio Ultramarino e este a tal propó.sito pediu o parecer do Juiz e Tesou reiro da Casa da Moeda de Lisboa.

O abridor de cunlios recebia quaren ta mil réis anuais. Sendo a acumulação

Declarou esse alto funcionário que em ' de cargos proibida, conviria dar a Matos, sua oficina se pagava ao capataz, lavra dor do ouro, em barras, .sessenta réis e meio "de feitio de cada masso de ouro

que entregasse Ia\Tado feito cm moedas

meias e quartas cunliadas, branqucadas e de todo acabadas".

para seu .sustento, ordenado suficiente, já que não podia colorar os 240 réis dos ensaios. A água-fortc e outros mate

riais Ibe seriam fornecidos pela Fazen da Real, além de tudo.

A 28 dc nosenibro de 1644, enviava

de dezembro

imediato

nolificaram-lhc

que se "ordenara a Salvador Corrêa de Sá declarasse sc tinha prevenido mais oficiais que erão ncco.ssarios para estas fabríca.s coino Sua Magcstadc manchwa".

Respondera que os dois homens "por hora bastavam, porque o ensayador Ro

monarca lhe dera, fixando o local da nova fundação em São Paulo.

embora e.scasso, das faisqneiras do Jaraguá c da Vuturuna. E, mais afastadumento, o do litoral, cm Iguape e Caiianéia. Entretanto, em torno do Rio de

Janeiro nada se descobrira ainda, em

matéria de jazigos auríferos, como até hoje ocorre. Assim, a Casa da Moeda de São Paulo devo ter iniciado os seus

trabalhos no primeiro semestre de 16-'í5. Terão nela funcionado o ensaiador Antônio Roiz dc Matos e o capataz Do

Assim sendo, o menos que se lhe podia

drigues era abridor dc armas c ourives e

Dessa taxa de sessenta réis e meio

arbitrar seria um ordenado de cem mil

cunhador, c o capataz. Domingos Joseph,

cabia ao cunhador pagar-se de todo o custo que fizesse.

réis anuais por se tratar de "oficio da mayor e mais confiança" numa Casa de

serviria para o mais que fosse necessá

mingos foseph? Ê o que de lodo igno

rio".

ramos. Quer-nos parecer que não. A.s novidades que acabamos do divul-

Ora, tal pra.ve não podia estender-se

Moeda.

à projetada casa que Sua Majestade fora servido mandar abrir no Rio de Janeiro, pela incerteza de ali lia%er, ou não, ouro que se la\Tasse. Por outro lado, não era justo que Domingos Joseph partisse para terras estranhas deixando mulher e filhos, "para talvez permanecer sem ocupação

Afirmava êle que Matos se mostrava "suficiente para poder cnsayar ouro e

nem rendimento de oficio".

exercitar o dito oficio".

Além de tudo, era o candidato boa

pessoa, ourives de profissão; aprendera o

Por ora "não eram

necessários

mais pes.soas porque para o mais tra

balho não faltava gente no Brasil".

Convinha que desde aquele momento

ofício cm Sevilha, com o ensaiador da

sc significasse a ambos os futuros fun

Casa da Moeda local, apresentando hon--

cionários da Casa da Moeda brasileira

rosa certidão desse alto funcionário se-

"ordem para se embarcarem logo".

vilhano.

Não sabemos quando chegou Salvador Corrêa ao Rio dc Janeiro. Existe, porem,

no Arquivo Municipal de São Paulo, uma "carta do de.spcdicla" que ele dali endereçou a 24 de junho de 1645 à

Assim seu entender ç consultados

Como ajuda de custo para a jornada

os oficiais que trabalhavam na Casa da

ao Brasil, 30§000 Ibe fossem arbitrados.

Câmara de' São Paulo, ao partir nova

Moeda de Li.sboa, era de parecer que a

Aconselhou o Conselho ao Rei que a Domingos de Matos se pagasse o mesmo

mente para o Reino. Nela lamentava o estado anárquico reinante em sua vila,

ordenado anuo, de oitenta mil réis, e a mesma ajuda de custo, dezesseis mil

que então atravessava os anos turbulen-

Convinha que se lhe atribuíssem ven

réi.s. Os sessenta réis e meio atribuídos

Pires e Camargos.

cimentos fixos até um máximo de duzcnto.'! cruzados anuais p<íra poder

ao primeiro ficariam, contudo, para a

Domingos não se pagasse "por massas nem se dessem os sessenta reis de feitio".

tíssiinos do início da guerra civil entre

car colhemo-las em documentos do Arn'ui\o Histórico Colonial de Lisboa. Vieram-nos às mãos graças à suma gen

tileza do sr. Antônio Felipe, digno funcionixrio du Biblioteca Nacional de Lis boa Longos anos copiou o sr. Antônio

Felipe documentos i>ara os Anais do

Museu paulista, prestando muito valiosos serviços à instituição que tínhamos en tão a honra de dirigir. Pertencem os papéis que analisamos a um códice intitulado "Livro da Gaza" que serve na fazenda dei Rey Nosso Senhor e á Repartição da índia", a fs. 311, 212, 226, 227, 302 a 327, 343,

344,' 348.

desordem

Ainda a proposito do caso da Fortaleza

Fazenda Real, assim como os duzentos e

aconselhava aos paulistas pesquisas no

da Lagc encontrou o sr. Antônio Felipe

passar comodamente, trabalhando ou não

quarenta réis dos e.xames eventuais do

trabalhando" e mais vinte mil réis de

segundo.

.sentido de se descobrirem novas minas de ouro. E ao ternainar rec07)iemlava a

Como derivativo a tanta

um papel (a fls. 410) referente a nova consulta

Conselho Ultramarino. Re-

i


122

Dicesto Econômico

casa do Rio de Janeiro òu na de São

ajuda de custo "para .sua embarcação c

Paulo. Afirmou ser "ensaiador c dextro

aviamento".

em tudo o que pertencia ao lavrar da moeda".

Quanto à pretensão dc Matos, infor mou o Juiz Tesoureiro cjiio cm sua Casa

123

Dice Drct sto Econômico

P.arcimoniosos os senhores membros Pa do Con.sclbo UUramariiui. . . Mostrava-

se Dom João IV stjbrcmodo interessado

a que se fundasse a Casa da Moeda do

Pediu ao Rei a mercê dc o prover no

da Moeda o ensaiador recebia anual

Brasil, no Rio cie Janeiro ou em São

ofício de ensaiador na casa projetada

mente, fixo.s, seis mil e cem réi.s. Per

Paulo.

cunhagcm do mcfal na Casa da Moeda de São Poido.

Assim, pois, já nessa época existia tal oficina na vila paulistana. Homem de nolabilíssima inteligência como era, re solvera o futuro rcstaurador de Angola usar da prerrogativa da escolha que o

mandando-lhe "sinalar .salarios e uma

cebia porém o emolumento de 240 réis

ajuda de custo para se aviar e embarcar

por qualquer ensaio dc ouro a que pro cedesse, taxa paga pelas partos que re

o seguinte lembrete aos seus conselhei ros: "Saiba o Conselho si- estão preveni

corriam à sua perícia. As despesas com a água-fortc c outros materiais do ofí cio corriam por sua conta.

dos os mais officiais para esta Gaza o

Nada mais natural c mais lógico.

quanlo.s ha dc haver nolla". Aprcssavam-sc os consultados em responder ao seu real senhor. A novo

Nas vizinhanças da vila havia o ouro,

com Salvador Corrêa de Sá, avendo

respeito a ser parte tão distante". Subiram os dois requerimentos ao

Conscllio Ultramarino e este a tal propó.sito pediu o parecer do Juiz e Tesou reiro da Casa da Moeda de Lisboa.

O abridor de cunlios recebia quaren ta mil réis anuais. Sendo a acumulação

Declarou esse alto funcionário que em ' de cargos proibida, conviria dar a Matos, sua oficina se pagava ao capataz, lavra dor do ouro, em barras, .sessenta réis e meio "de feitio de cada masso de ouro

que entregasse Ia\Tado feito cm moedas

meias e quartas cunliadas, branqucadas e de todo acabadas".

para seu .sustento, ordenado suficiente, já que não podia colorar os 240 réis dos ensaios. A água-fortc e outros mate

riais Ibe seriam fornecidos pela Fazen da Real, além de tudo.

A 28 dc nosenibro de 1644, enviava

de dezembro

imediato

nolificaram-lhc

que se "ordenara a Salvador Corrêa de Sá declarasse sc tinha prevenido mais oficiais que erão ncco.ssarios para estas fabríca.s coino Sua Magcstadc manchwa".

Respondera que os dois homens "por hora bastavam, porque o ensayador Ro

monarca lhe dera, fixando o local da nova fundação em São Paulo.

embora e.scasso, das faisqneiras do Jaraguá c da Vuturuna. E, mais afastadumento, o do litoral, cm Iguape e Caiianéia. Entretanto, em torno do Rio de

Janeiro nada se descobrira ainda, em

matéria de jazigos auríferos, como até hoje ocorre. Assim, a Casa da Moeda de São Paulo devo ter iniciado os seus

trabalhos no primeiro semestre de 16-'í5. Terão nela funcionado o ensaiador Antônio Roiz dc Matos e o capataz Do

Assim sendo, o menos que se lhe podia

drigues era abridor dc armas c ourives e

Dessa taxa de sessenta réis e meio

arbitrar seria um ordenado de cem mil

cunhador, c o capataz. Domingos Joseph,

cabia ao cunhador pagar-se de todo o custo que fizesse.

réis anuais por se tratar de "oficio da mayor e mais confiança" numa Casa de

serviria para o mais que fosse necessá

mingos foseph? Ê o que de lodo igno

rio".

ramos. Quer-nos parecer que não. A.s novidades que acabamos do divul-

Ora, tal pra.ve não podia estender-se

Moeda.

à projetada casa que Sua Majestade fora servido mandar abrir no Rio de Janeiro, pela incerteza de ali lia%er, ou não, ouro que se la\Tasse. Por outro lado, não era justo que Domingos Joseph partisse para terras estranhas deixando mulher e filhos, "para talvez permanecer sem ocupação

Afirmava êle que Matos se mostrava "suficiente para poder cnsayar ouro e

nem rendimento de oficio".

exercitar o dito oficio".

Além de tudo, era o candidato boa

pessoa, ourives de profissão; aprendera o

Por ora "não eram

necessários

mais pes.soas porque para o mais tra

balho não faltava gente no Brasil".

Convinha que desde aquele momento

ofício cm Sevilha, com o ensaiador da

sc significasse a ambos os futuros fun

Casa da Moeda local, apresentando hon--

cionários da Casa da Moeda brasileira

rosa certidão desse alto funcionário se-

"ordem para se embarcarem logo".

vilhano.

Não sabemos quando chegou Salvador Corrêa ao Rio dc Janeiro. Existe, porem,

no Arquivo Municipal de São Paulo, uma "carta do de.spcdicla" que ele dali endereçou a 24 de junho de 1645 à

Assim seu entender ç consultados

Como ajuda de custo para a jornada

os oficiais que trabalhavam na Casa da

ao Brasil, 30§000 Ibe fossem arbitrados.

Câmara de' São Paulo, ao partir nova

Moeda de Li.sboa, era de parecer que a

Aconselhou o Conselho ao Rei que a Domingos de Matos se pagasse o mesmo

mente para o Reino. Nela lamentava o estado anárquico reinante em sua vila,

ordenado anuo, de oitenta mil réis, e a mesma ajuda de custo, dezesseis mil

que então atravessava os anos turbulen-

Convinha que se lhe atribuíssem ven

réi.s. Os sessenta réis e meio atribuídos

Pires e Camargos.

cimentos fixos até um máximo de duzcnto.'! cruzados anuais p<íra poder

ao primeiro ficariam, contudo, para a

Domingos não se pagasse "por massas nem se dessem os sessenta reis de feitio".

tíssiinos do início da guerra civil entre

car colhemo-las em documentos do Arn'ui\o Histórico Colonial de Lisboa. Vieram-nos às mãos graças à suma gen

tileza do sr. Antônio Felipe, digno funcionixrio du Biblioteca Nacional de Lis boa Longos anos copiou o sr. Antônio

Felipe documentos i>ara os Anais do

Museu paulista, prestando muito valiosos serviços à instituição que tínhamos en tão a honra de dirigir. Pertencem os papéis que analisamos a um códice intitulado "Livro da Gaza" que serve na fazenda dei Rey Nosso Senhor e á Repartição da índia", a fs. 311, 212, 226, 227, 302 a 327, 343,

344,' 348.

desordem

Ainda a proposito do caso da Fortaleza

Fazenda Real, assim como os duzentos e

aconselhava aos paulistas pesquisas no

da Lagc encontrou o sr. Antônio Felipe

passar comodamente, trabalhando ou não

quarenta réis dos e.xames eventuais do

trabalhando" e mais vinte mil réis de

segundo.

.sentido de se descobrirem novas minas de ouro. E ao ternainar rec07)iemlava a

Como derivativo a tanta

um papel (a fls. 410) referente a nova consulta

Conselho Ultramarino. Re-

i


II

w Digesto Eco^*ô^aco

124

solvera D. João IV que metade dos di reitos de cunhagem do dinheiro da Ca pitania de São Vicente, enviado à Bahia,

Salvador

Corrêa, recém-chegado do

Ministério

um

Brasil (Ibid a fls. 410). Mais um documento nos enviou o sr.

se aplicasse à obra da Lage. Informou

Antônio Felipe, o dc fls. 678:"o traslado

ALIOM.\n BALEEmO

o Conselho que a remessa vicentina fôra

de uma carta do Bartolomcu Fernandes

Catedrático de Finanças da Universidade da Bahia

de doze mil cruzados (4:800$) e que

de Faria sobre as minas de ouro de S.

a senhoriagem do dinheiro fluminense, igualmente enviado à Bahia, montava a

Paulo".

Data-se tal cópia de 3 de

setembro de 1648.

sete mil cruzados (2:800$). Ainda na

do fundição dc minérios auríferos, que

da viera da cidade d'0 Salvador e por

êlc, Faria, mandara proceder em São

êste motivo ainda nada se obrará "no

Paulo, e em cinco amostras trazidas por

sentido de fazersse a dita fortza. da Lagem". Opinou o Conselho, a 20 de novembro

descobertas em Pemagoá.

de 1645, que os dezenove mil cruzados fossem logo remetidos para o Rio de

(2273 gr 7) o de sua fundição haviam

Janeiro, pelo Governador Geral e o Pro-

e mais sessenta reis de ouro.

vedor-Mor da Fazenda Real. Com êles

se encetassem imediatamente os serviços da fortificação do famoso ilhéu da barra guanabarina. A êste parecer, datado de 20 de no vembro de 1645, subscreveu também

Gabriel dc Lara das minas por êle Pesavam ao todo 70 e meia onças

resultado doze e meia oitavas (45 gr) Assim o

teor do minério alcançara quase dois por cento, o que era animador. Declarava Bartolomeu Fernandes: "a

bondade do ouro e os quilates verá Vossa Senhoria que diz o fimdidor tem vinte e tres".

I.

O r^RIMADO DO PROBLEMA

Rcferc-se a ensaios

Vanoni, na Itália atual, oferecem tipo.s

de grandes professores que a política

POLÍTICO

arrancou de Uni\-ersldades para gestao O Ministério da Fazenda não se des-

de bancos centrais e de alta adininislr^"

lustra SC o compararmos ao camaleão, que muda dc cor segundo a condição

ção. Ale.vander Hamilton, Gladstone, Churchill e Rui são exemplos perfeitos

profissional do respcctiso titular. Em toclo.s os países, a suprema gestão das finanças públicas, na generalidade dos casos, costuma ser posta nas mãos de três tipos dc homens: o banqueiro, o universitário c o homem do Estado. As

personalidades mai.s célebres de Minis tros do Tesouro saem dessas três figu ras tão diversas entro

si,

muito embora se encontre,

Cotegipe, Torres - Homem, Tão grave importância po lítica se ligava, então, à

pasta da Fazenda, que era

aos

freqüente assumi-la o pró

olhos dos .seus contemporâ

prio chefe do Gabinete, co

neos, a posteridade tende a

mo o fizeram Zacarias,

aceitar a nota de charlatão,

que Mirabeau lhe atira. Laffitte repre senta o mais simpático papel de Minis tro vindo do mundo bancário, como di

versos na administração brasileira dos \iltimos vinte anos. (2). Nitti, Einaudi e 1) Veja-se a interessante monografia de States-

men and Economista", Londres, 1935, pág. 158 e seg.

2) Sobre o espírito público e desprendi mento de Laffile, ver Liesse — "Portraits de FInanciers", Paris, 1908, pag. 217 e seg.

nistério da Fazenda algu»s

Rio Branco e tantos outros.

Ministério da

PAUL EINZIG : "Bankers,

envergadura. Era essa a tradição o

Brasil Imperial, que fez passar pelo ^ i

Vasconcelos, Alves Branco,

conhecido dos banqueiros Brilliante

todo, o Clianccler do Tesouro costuma ser recrutado entre os políticos de maior

mens públicos, como tim Francisco, Bernardo

Van Zeeliind. (1). Nekcr é, talvez, o mais

Fazenda.

Na Inglaterra, cujas finanças podem

servir de paradigma secular ao mundo

dos seus mais luminosos ho

às vezes, o c.stadista doublé de universitário, como Wil son, ou de banqueiro, conio

elevados ao

dc homens de Estado, que a política in clina para os problemas financeiros.

Toão Alfredo, Ouro Preto e outros. Rui Barbosa, Ministro da Fazenda no Governo Pro^'isório, ainda que houvesse desdobrado a sua espantosa capacidade de trabalho sobre os diversos problemas

específicos da pasta, em verdade a diri gia com profundo sentido político, que

serve de nexo de coordenação entre as

várias medidas características de sua rá pida passagem pelo poder. A folha de serviços do Ministro de


II

w Digesto Eco^*ô^aco

124

solvera D. João IV que metade dos di reitos de cunhagem do dinheiro da Ca pitania de São Vicente, enviado à Bahia,

Salvador

Corrêa, recém-chegado do

Ministério

um

Brasil (Ibid a fls. 410). Mais um documento nos enviou o sr.

se aplicasse à obra da Lage. Informou

Antônio Felipe, o dc fls. 678:"o traslado

ALIOM.\n BALEEmO

o Conselho que a remessa vicentina fôra

de uma carta do Bartolomcu Fernandes

Catedrático de Finanças da Universidade da Bahia

de doze mil cruzados (4:800$) e que

de Faria sobre as minas de ouro de S.

a senhoriagem do dinheiro fluminense, igualmente enviado à Bahia, montava a

Paulo".

Data-se tal cópia de 3 de

setembro de 1648.

sete mil cruzados (2:800$). Ainda na

do fundição dc minérios auríferos, que

da viera da cidade d'0 Salvador e por

êlc, Faria, mandara proceder em São

êste motivo ainda nada se obrará "no

Paulo, e em cinco amostras trazidas por

sentido de fazersse a dita fortza. da Lagem". Opinou o Conselho, a 20 de novembro

descobertas em Pemagoá.

de 1645, que os dezenove mil cruzados fossem logo remetidos para o Rio de

(2273 gr 7) o de sua fundição haviam

Janeiro, pelo Governador Geral e o Pro-

e mais sessenta reis de ouro.

vedor-Mor da Fazenda Real. Com êles

se encetassem imediatamente os serviços da fortificação do famoso ilhéu da barra guanabarina. A êste parecer, datado de 20 de no vembro de 1645, subscreveu também

Gabriel dc Lara das minas por êle Pesavam ao todo 70 e meia onças

resultado doze e meia oitavas (45 gr) Assim o

teor do minério alcançara quase dois por cento, o que era animador. Declarava Bartolomeu Fernandes: "a

bondade do ouro e os quilates verá Vossa Senhoria que diz o fimdidor tem vinte e tres".

I.

O r^RIMADO DO PROBLEMA

Rcferc-se a ensaios

Vanoni, na Itália atual, oferecem tipo.s

de grandes professores que a política

POLÍTICO

arrancou de Uni\-ersldades para gestao O Ministério da Fazenda não se des-

de bancos centrais e de alta adininislr^"

lustra SC o compararmos ao camaleão, que muda dc cor segundo a condição

ção. Ale.vander Hamilton, Gladstone, Churchill e Rui são exemplos perfeitos

profissional do respcctiso titular. Em toclo.s os países, a suprema gestão das finanças públicas, na generalidade dos casos, costuma ser posta nas mãos de três tipos dc homens: o banqueiro, o universitário c o homem do Estado. As

personalidades mai.s célebres de Minis tros do Tesouro saem dessas três figu ras tão diversas entro

si,

muito embora se encontre,

Cotegipe, Torres - Homem, Tão grave importância po lítica se ligava, então, à

pasta da Fazenda, que era

aos

freqüente assumi-la o pró

olhos dos .seus contemporâ

prio chefe do Gabinete, co

neos, a posteridade tende a

mo o fizeram Zacarias,

aceitar a nota de charlatão,

que Mirabeau lhe atira. Laffitte repre senta o mais simpático papel de Minis tro vindo do mundo bancário, como di

versos na administração brasileira dos \iltimos vinte anos. (2). Nitti, Einaudi e 1) Veja-se a interessante monografia de States-

men and Economista", Londres, 1935, pág. 158 e seg.

2) Sobre o espírito público e desprendi mento de Laffile, ver Liesse — "Portraits de FInanciers", Paris, 1908, pag. 217 e seg.

nistério da Fazenda algu»s

Rio Branco e tantos outros.

Ministério da

PAUL EINZIG : "Bankers,

envergadura. Era essa a tradição o

Brasil Imperial, que fez passar pelo ^ i

Vasconcelos, Alves Branco,

conhecido dos banqueiros Brilliante

todo, o Clianccler do Tesouro costuma ser recrutado entre os políticos de maior

mens públicos, como tim Francisco, Bernardo

Van Zeeliind. (1). Nekcr é, talvez, o mais

Fazenda.

Na Inglaterra, cujas finanças podem

servir de paradigma secular ao mundo

dos seus mais luminosos ho

às vezes, o c.stadista doublé de universitário, como Wil son, ou de banqueiro, conio

elevados ao

dc homens de Estado, que a política in clina para os problemas financeiros.

Toão Alfredo, Ouro Preto e outros. Rui Barbosa, Ministro da Fazenda no Governo Pro^'isório, ainda que houvesse desdobrado a sua espantosa capacidade de trabalho sobre os diversos problemas

específicos da pasta, em verdade a diri gia com profundo sentido político, que

serve de nexo de coordenação entre as

várias medidas características de sua rá pida passagem pelo poder. A folha de serviços do Ministro de


120

üicicsTO

Deodoro exccclc a de qualquer dos seus antecessores ou sucessores, ainda mesmo

os que mais tempo permaneceram no car

go, tal a febril atividade daquela vonta de de aço em corpo tão franzino. Comentamos, em artigo anterior, as

linhas gerais da sua política bancária, cujos pormenores e cifras foram tão cui

Ec()NÓ>aco

ra a causa prccípua do dc.smuronauiento do trono. Colegipc o profctiz-ira à Prin cesa Redentora entre as galas c júbilos dc 13 de maio.

As praças do país brada\ani, por ou tro lado, contra a c-.scasscz do mnncriirio c contra a.s hesitações dos hiuicos, toma

por Oscar Bormann. Olhada em conjun

dos dc surprc.su c!)ni a celeridade verti ginosa dos acontecimentos dc 15 de no\'cmbro. As antigas pro\ííicias rcivín-

to, parece uma versátil evolução do sis

dica\ani largí)s forf)s, confundindo mui-

dadosamente

analisadas

recentemente

tema pluri-emissor, à base de apólices,

to.s dc seus líderes o conceito dc auto

para a unidade da emissão sobre lastro

nomia no regime federa! coni o de so berania. Supnnliani-se numa confedera

curo. Mas Rui, repetidas vezes, na épo ca e anos depois, e.vplicou cpic não fi

zera quanto desejara, mas apena;; o que fôra possível e imperativo diante das cir cunstâncias.

ção e prelondiain deixar ao go\ èrno con trai a menor sonra possíscl de compe tência c poder político.

E' nêssc quadro que Rui, dc porta-

O problema econômico e financeiro, cmlxjra o estudasse profundamente à luz

estandarto do federalismo na luta áspe

doutrinária, equacionou-se, para ele, em

beça do felho monarca, passa, no Go

têrmos políticos; — qual a .solução ad

verno Provisório, ao papel de defensor da União contra a cxageração dc fran quias pretendida pelos Estados.

missível com o mínimo de inconveniên

cias no momento em que, pela força,

novo regime se implantara, províU'elmente sem apoio de toda ou da maior

parte da opinião pública ? Os dados do problema não poderiam ser fixados cm algari.smos e representa ções gráficas, embora — diga-se de pas sagem — Rui houvesse tomado provi dências-eficientes, desde 1889, para co nhecimento tanto quanto possível exato

ra contra a coroa \'acilantc soljre a ca

Os decretos cio 17 de janeiro repre.sentavarn a transigê-ncia cie c|uem não

nalismo. Mas o desejo secreto do Minis tro era cobrar forças para suprimir os

bancos cmis,sores locais, por ele mesmo descritos, então, como a chaga do cré

mento das estatísticas do Tesouro.

xa conhecia bem, dentre outras leituras,

Acreditava-sc, como até hoje se repete,

que o desgosto da aristocracia rural fo

pela do "Lombarcl Street", de Bagchot. E, político em ação, consegue, no cur

so de alguns meses, retvocecler para to

mar a rota desejada com a fusão dos dois maiores estabelecimentos, alicerces

do Banco Central dc seus planos. Mas por que Rui se inclinou nos de cretos de 17 de janeiro, a facilitar o las

mico do país e a renovação de sua mentaliclaclc, e para quem

títulos do Tesouro se (devassem acima

oportunidade num meio até en

do par, pela procura Intensa por parte

tão congelado pelos privilégios da

dos Bancos necessitados dèles para dilatação das emissões. Um motivo visce

desejava ver abertas as portas da

classe çroletária". (4). Ao ilustre professor cabe, talvez, a

ralmente político : — captar as simpa

primazia na observação dc que ao pro

tias das classes médias, em cujo seio se recruta a maior ])arte dos possuidores

gresso social das classes médias, no Bra

de apólices, pois, àquele tempo, era es sa a aplicação eosltimeira aconselhada às

sil, se liga o fortalecimento político do Exército, cuja dibilidade na vida social

economias de \ iúwis, órfãos, irmanda-

do país é sensível, da Regcncia até a guerra do Paraguai. Gilberto Frevre no

dcs o de pessoas retiradas do comércio. Na legislação antiga, nos velhos inven

nas classes médias, os oficiais de terra

tários c até na literatura brasileira do

cm contraste com a Armada, que, como

tara a particularidade de se recrutarem,

século passado, bá reflexos dessa prefe

n.s exércitos europeus, reflete cunho aris

rência das classes médias para inver.sõos

tocrático.

da sua poupança. Nos romances de Ma chado dc Assis c outros escritores do

tempo, alude-se à posse de apólices co mo costume da mediania burguesa. Rui

compreendia que sem apoio das classes médias não são muito seguras as possi

bilidades de equilíbrio do regime demo

Banco da Inglaterra, cuja ação comple

binetes da monarquia. .

Um motivo léenico-fine.nceiro de iní

bosa punha a sua confiança nos

homens inclustriosos do quem e.sperava o desenvolvimento econô

cio: — elevar o crédito público, abrindo possibilidades à conver.sãtt, quando os

crático, tese que vários publicistas de senvolveram depois dele. Í3).

um sistema para extensão e aperfeiçoa

.SC consolavam com os empréstimos con cedidos à lavoura pelos dois últimos Ga

tro de apólii-i.s, previsto já pela lei de 1888, embora desprezado, sob Ouro Preto, pelo.s bampieiros ?

podia resistir, no inonicnto, às influên

da situação financeira e instituísse todo

pelo Abolicionismo, sonhavam com inde nizações pela perda dos escravos e mal

Econômico

cias militares e à exacerbação do regio

dito norte-americano, erigindo-se o gran de estabelecimento emissor do tipo do

De um lado, os fazendeiros, irritados

DrcKSTo

O prof. San Tiago Dantas, cm recen te conferência, reconhece também c en

fatiza esse pendor dc Rui: "Homem da classe média ele pró

A ação dc Rui doscnvolve-se no obje

tivo prccípuo de remover e destruir tu do quanto viesse a encorajar as maqui nações contra a Repviblica.

E, por outro lado, capta para o novo regime quantas ade,sões possam trazerIhc vigor e perenidade. Para êle há um

pToblema político c geral acima de to das as questões específicas de seu mi nistério : — preservar a unidade nacio nal e consolidar a República, livrandoa do sebastianismo monárquico e do cesarismo latente na sua gênese militar.

prio, vindo de uma estirpe pro vinciana, dada às profissões li

11 - PORMENORES DA ADMINIS

berais, à magistratura e à política

TRAÇÃO

e descendendo cio ramo que se conservou pobre enquanto os co laterais se aliavam à aristocracia

Rui não perdia de vista os pormeno res, consciente de que não basta querei

agrária pelo casamento, Rui Bar4) SAN TIAGO DANTAS —; "Rui Bar

3) E'. aliás, a tese de NITTI no seu vo lumoso trabalhe sobre a democraei.i.

-í-'—hl-JL.

bosa e a Renovarão da Sociedade",

no "Digesto Econômico", n.o

61.


120

üicicsTO

Deodoro exccclc a de qualquer dos seus antecessores ou sucessores, ainda mesmo

os que mais tempo permaneceram no car

go, tal a febril atividade daquela vonta de de aço em corpo tão franzino. Comentamos, em artigo anterior, as

linhas gerais da sua política bancária, cujos pormenores e cifras foram tão cui

Ec()NÓ>aco

ra a causa prccípua do dc.smuronauiento do trono. Colegipc o profctiz-ira à Prin cesa Redentora entre as galas c júbilos dc 13 de maio.

As praças do país brada\ani, por ou tro lado, contra a c-.scasscz do mnncriirio c contra a.s hesitações dos hiuicos, toma

por Oscar Bormann. Olhada em conjun

dos dc surprc.su c!)ni a celeridade verti ginosa dos acontecimentos dc 15 de no\'cmbro. As antigas pro\ííicias rcivín-

to, parece uma versátil evolução do sis

dica\ani largí)s forf)s, confundindo mui-

dadosamente

analisadas

recentemente

tema pluri-emissor, à base de apólices,

to.s dc seus líderes o conceito dc auto

para a unidade da emissão sobre lastro

nomia no regime federa! coni o de so berania. Supnnliani-se numa confedera

curo. Mas Rui, repetidas vezes, na épo ca e anos depois, e.vplicou cpic não fi

zera quanto desejara, mas apena;; o que fôra possível e imperativo diante das cir cunstâncias.

ção e prelondiain deixar ao go\ èrno con trai a menor sonra possíscl de compe tência c poder político.

E' nêssc quadro que Rui, dc porta-

O problema econômico e financeiro, cmlxjra o estudasse profundamente à luz

estandarto do federalismo na luta áspe

doutrinária, equacionou-se, para ele, em

beça do felho monarca, passa, no Go

têrmos políticos; — qual a .solução ad

verno Provisório, ao papel de defensor da União contra a cxageração dc fran quias pretendida pelos Estados.

missível com o mínimo de inconveniên

cias no momento em que, pela força,

novo regime se implantara, províU'elmente sem apoio de toda ou da maior

parte da opinião pública ? Os dados do problema não poderiam ser fixados cm algari.smos e representa ções gráficas, embora — diga-se de pas sagem — Rui houvesse tomado provi dências-eficientes, desde 1889, para co nhecimento tanto quanto possível exato

ra contra a coroa \'acilantc soljre a ca

Os decretos cio 17 de janeiro repre.sentavarn a transigê-ncia cie c|uem não

nalismo. Mas o desejo secreto do Minis tro era cobrar forças para suprimir os

bancos cmis,sores locais, por ele mesmo descritos, então, como a chaga do cré

mento das estatísticas do Tesouro.

xa conhecia bem, dentre outras leituras,

Acreditava-sc, como até hoje se repete,

que o desgosto da aristocracia rural fo

pela do "Lombarcl Street", de Bagchot. E, político em ação, consegue, no cur

so de alguns meses, retvocecler para to

mar a rota desejada com a fusão dos dois maiores estabelecimentos, alicerces

do Banco Central dc seus planos. Mas por que Rui se inclinou nos de cretos de 17 de janeiro, a facilitar o las

mico do país e a renovação de sua mentaliclaclc, e para quem

títulos do Tesouro se (devassem acima

oportunidade num meio até en

do par, pela procura Intensa por parte

tão congelado pelos privilégios da

dos Bancos necessitados dèles para dilatação das emissões. Um motivo visce

desejava ver abertas as portas da

classe çroletária". (4). Ao ilustre professor cabe, talvez, a

ralmente político : — captar as simpa

primazia na observação dc que ao pro

tias das classes médias, em cujo seio se recruta a maior ])arte dos possuidores

gresso social das classes médias, no Bra

de apólices, pois, àquele tempo, era es sa a aplicação eosltimeira aconselhada às

sil, se liga o fortalecimento político do Exército, cuja dibilidade na vida social

economias de \ iúwis, órfãos, irmanda-

do país é sensível, da Regcncia até a guerra do Paraguai. Gilberto Frevre no

dcs o de pessoas retiradas do comércio. Na legislação antiga, nos velhos inven

nas classes médias, os oficiais de terra

tários c até na literatura brasileira do

cm contraste com a Armada, que, como

tara a particularidade de se recrutarem,

século passado, bá reflexos dessa prefe

n.s exércitos europeus, reflete cunho aris

rência das classes médias para inver.sõos

tocrático.

da sua poupança. Nos romances de Ma chado dc Assis c outros escritores do

tempo, alude-se à posse de apólices co mo costume da mediania burguesa. Rui

compreendia que sem apoio das classes médias não são muito seguras as possi

bilidades de equilíbrio do regime demo

Banco da Inglaterra, cuja ação comple

binetes da monarquia. .

Um motivo léenico-fine.nceiro de iní

bosa punha a sua confiança nos

homens inclustriosos do quem e.sperava o desenvolvimento econô

cio: — elevar o crédito público, abrindo possibilidades à conver.sãtt, quando os

crático, tese que vários publicistas de senvolveram depois dele. Í3).

um sistema para extensão e aperfeiçoa

.SC consolavam com os empréstimos con cedidos à lavoura pelos dois últimos Ga

tro de apólii-i.s, previsto já pela lei de 1888, embora desprezado, sob Ouro Preto, pelo.s bampieiros ?

podia resistir, no inonicnto, às influên

da situação financeira e instituísse todo

pelo Abolicionismo, sonhavam com inde nizações pela perda dos escravos e mal

Econômico

cias militares e à exacerbação do regio

dito norte-americano, erigindo-se o gran de estabelecimento emissor do tipo do

De um lado, os fazendeiros, irritados

DrcKSTo

O prof. San Tiago Dantas, cm recen te conferência, reconhece também c en

fatiza esse pendor dc Rui: "Homem da classe média ele pró

A ação dc Rui doscnvolve-se no obje

tivo prccípuo de remover e destruir tu do quanto viesse a encorajar as maqui nações contra a Repviblica.

E, por outro lado, capta para o novo regime quantas ade,sões possam trazerIhc vigor e perenidade. Para êle há um

pToblema político c geral acima de to das as questões específicas de seu mi nistério : — preservar a unidade nacio nal e consolidar a República, livrandoa do sebastianismo monárquico e do cesarismo latente na sua gênese militar.

prio, vindo de uma estirpe pro vinciana, dada às profissões li

11 - PORMENORES DA ADMINIS

berais, à magistratura e à política

TRAÇÃO

e descendendo cio ramo que se conservou pobre enquanto os co laterais se aliavam à aristocracia

Rui não perdia de vista os pormeno res, consciente de que não basta querei

agrária pelo casamento, Rui Bar4) SAN TIAGO DANTAS —; "Rui Bar

3) E'. aliás, a tese de NITTI no seu vo lumoso trabalhe sobre a democraei.i.

-í-'—hl-JL.

bosa e a Renovarão da Sociedade",

no "Digesto Econômico", n.o

61.


Dicksto Econômico

128

Dicesto EcoNó.xnco

adequados. Não se descuida de qual quer aspecto técnico da pasta.

vido pela trcpidanle atisidade de sua pasta, pela redação da nuva Constitui ção c pelas crises intermitentes do liete-

Dedicou enorme esforço, como já vi

rogêneo e irrltudiço Governo Pro%'isório,

os fins, mas importa empregar cs meios

arterial do organismo econômico do

pudesse ter eonseguido conhecer todos os debates, c.vperiências e técnicas do imposto .sól)re a renda, que, àquela épo

país.

ca, era cobrado apenas em algumas na

mos, à criação de um sistema bancário e de crédito destinado a servir de rede

Rui compreendeu perfeitamente

a

ções da Europa. O plano de sua ado

nheiros, em 1889, resultado apenas de

ção, contido no Relatório, se tÍN'esse sido levado a efeito, colocaria o Brasil, desde então, no rol reduzido dos países com as

•empréstimos estrangeiros nos anos ante

mais perfeitas instituições tributárias da

riores, Êle sabia que o nosso balanço

época.

de pagamentos não obedece dòcilmente

Era já o inipôsto de renda discrimina do, personalizado e progressivo, com as

ilusão de Afonso Celso, Vjue supôs du radoura a paridade do câmbio a 27 di-

ao otimismo dos Ministros da Fazenda e considerava com realismo a receita do

Tesouro, àquele tempo na dependência estreita dos impostos alfandegários. (5).

Copiosas arrecadações, estimuladas pelo câmbio favorável, significavam maior importação e, portanto, próximo desequi líbrio do balanço de pagamentos, tanto mais grave quanto as colheitas do café, borracha e outros produtos nossos eram instáveis.

Mas estudou, como nenhum outro

Ministro, antes ou depois dêle, profun das reformas do sistema tributário, no objetivo confessado de torná-lo mais produtivo e justo. A sua antipatia pa ra com os impostos indiretos é manifesta e só transige, nesse ponto, com os que viessem a gravar as bebidas alcoólicas e o fumo. A análise dos efeitos econômi

características que viria a assumir e de senvolver contemporuneamente. Não lhe escapou a controvérsia acerca da imu nidade da dívida pública, nem a de que gozam, até hoje, os fazendeiros. Uma e

outra receberam, por injustas, a sua con denação. Mas até a Constituição de 1946 ainda se discutia a isenção das

apólices e ainda hoje os rendimentos agrícolas escapam ao impôsto ccdular de renda.

Só mais de 30 anos depois de procla mada a República vieram a ser empre gados esses impostos diretos, pelos quais

verno Prorisório como o livresco namo

rado da cultura inglesa ou francesa, in

moldes italianos de controle prévio da despesa. Foi o ponto de partida para a lei que tornou realidade a nossa corte de fiscalização financeira, cinco anos depois.

Mas Rui não se descuidava dc quais-

teiramente cego à realidade ambiente.

Comprazem-se em afirmar que Rui, pri sioneiro dos livros estrangeiros, atraves

sou 50 anos de vida pi'ib'Jca como um autômato, sem compreender que, ao in vés de anglo-saxões sisudos, ciosos de

Vários

suas instituições parlamentares e das

ato;: seus buscam instituir o sistema do

suas velhas liberdades, esta\ a cercado de luso-caboclos broncos e afeiçoados à disciplina do feitor. Alheio à realidade,

niinúcias do

Ministério.

mérito o da .seleção nos quijdros do fun cionalismo, socorrondo-o ao mesmo tem

po com o montepio, até então inexistente para o pe.ssoal da Fazenda. Providencia

iludido acerca dos fatos, tradições e ho

para a organização das estatísticas fi

castelos na areia ou no próprio espaço

nanceiras c reitera medidas de combate

aéreo, sem lograr a implantação se.quer

ao contrabando no Rio Grande do Sul.

dos impossíveis alicerces em terra firme. Partindo de tais premissas apressadas, não espanta que esses críticos de breves análises vissem apenas em Rui um ad\'o-

E à sua atenção não escapa sequer a necessidade de recomendar aos funcio

nários, várias vezes, em avisos, que não empreguem a correspondência telegráfica quando o assunto se compadecia com a economia do serviço postal.

A

sua febril atividade ia das grandes re rotina burocrática.

III - RUI E AS REALIDADES BRASILEIRAS

mens do Brasil, teria rixido a edificar

gado fogoso, pronto a impetrar "habens corpus" para as vítimas de tal ou qual autoridade sanhuda. Êles desejariam um Rui conformado com a opressão,

resignado em consciência ante as refle xões de que, afinal, lusos, caboclog e negros sempre jazeram sob o punho de ferro do absolutismo.

Rui — insinuam

— deveria ser liábil e realista, isto é, ade

rir, por exemplo, ao golpe de Estado e às violências de , Floriano, desfrutar o

o Ministro do Governo Provisório se Ini-

O desconhecimento da obra integral

de Rui, perfeitamente perdoável em face

"otium cum dignitate" num dos bons

tera tão lúcida e enaditamente.

da extensão, da multiplicidade de seus

cargos vitalícios ou cartórios da Repú blica, sem perturbar o exercício da au

tributação do consumo inspirou-lhe pá ginas do "Relatório", de 1891, que ainda

tadistas a necessidade de criar-se um ór

dependência, compreenderam alguns es gão controlador da gestão financeira, nos seus pormenores, já que a supervi

são parlamentar, sem essa colaboração, seria inócua.

eram estimados em 95 mil contos.

o dinâmico e debatido Ministro do Go

ce o Tribuna] dc Contas, segundo os

ritorial, que àquele tempo era pràticamente desconhecido no Brasil.

Desde os primeiros tempos após a In

5) Orçada a receita em 170.370:417$ para 1890, os direitos alfandegários

precedido de esclarecedora e bem in

formada exposição de motivos, estabele

formas constitucionais às minúcias da

Rui também advogava o impôsto ter

cos, higiênicos, sociais e morais dessa conservam inteira atualidade. Mas é realmente notável como, absor-

129

Mas nada se veio a realizar de efeti

vo.

Um dos decretos

de seu punho,

aspectos e da raridade bibliográfica da

maior parte dos elementos que a com põem, explica a reiteração do conceitos

toridade forte com tiradas britânicas que

inconciliáveis com a leitura paciente e exaustiva dos pareceres do deputado,

êsse conformismo, que nos teria con.ser-.

relatórios e decretos do ministro e ou

aqui soam como delírios demagógicos. A vado ainda hoje como prêsa fácil da caudiDiagem, chamam de compreensão

tros recantos menos freqüentados da flo

da realidade brasileira. E do mesmo pas

resta ruiana.

so que criticam a erudição de Rui, pela freqüência de citações, aliás sempre

Uma das generalizações mais destituí das de fundamento é a que caricatura

oportunas e calcadas em absoluto espí-

í


Dicksto Econômico

128

Dicesto EcoNó.xnco

adequados. Não se descuida de qual quer aspecto técnico da pasta.

vido pela trcpidanle atisidade de sua pasta, pela redação da nuva Constitui ção c pelas crises intermitentes do liete-

Dedicou enorme esforço, como já vi

rogêneo e irrltudiço Governo Pro%'isório,

os fins, mas importa empregar cs meios

arterial do organismo econômico do

pudesse ter eonseguido conhecer todos os debates, c.vperiências e técnicas do imposto .sól)re a renda, que, àquela épo

país.

ca, era cobrado apenas em algumas na

mos, à criação de um sistema bancário e de crédito destinado a servir de rede

Rui compreendeu perfeitamente

a

ções da Europa. O plano de sua ado

nheiros, em 1889, resultado apenas de

ção, contido no Relatório, se tÍN'esse sido levado a efeito, colocaria o Brasil, desde então, no rol reduzido dos países com as

•empréstimos estrangeiros nos anos ante

mais perfeitas instituições tributárias da

riores, Êle sabia que o nosso balanço

época.

de pagamentos não obedece dòcilmente

Era já o inipôsto de renda discrimina do, personalizado e progressivo, com as

ilusão de Afonso Celso, Vjue supôs du radoura a paridade do câmbio a 27 di-

ao otimismo dos Ministros da Fazenda e considerava com realismo a receita do

Tesouro, àquele tempo na dependência estreita dos impostos alfandegários. (5).

Copiosas arrecadações, estimuladas pelo câmbio favorável, significavam maior importação e, portanto, próximo desequi líbrio do balanço de pagamentos, tanto mais grave quanto as colheitas do café, borracha e outros produtos nossos eram instáveis.

Mas estudou, como nenhum outro

Ministro, antes ou depois dêle, profun das reformas do sistema tributário, no objetivo confessado de torná-lo mais produtivo e justo. A sua antipatia pa ra com os impostos indiretos é manifesta e só transige, nesse ponto, com os que viessem a gravar as bebidas alcoólicas e o fumo. A análise dos efeitos econômi

características que viria a assumir e de senvolver contemporuneamente. Não lhe escapou a controvérsia acerca da imu nidade da dívida pública, nem a de que gozam, até hoje, os fazendeiros. Uma e

outra receberam, por injustas, a sua con denação. Mas até a Constituição de 1946 ainda se discutia a isenção das

apólices e ainda hoje os rendimentos agrícolas escapam ao impôsto ccdular de renda.

Só mais de 30 anos depois de procla mada a República vieram a ser empre gados esses impostos diretos, pelos quais

verno Prorisório como o livresco namo

rado da cultura inglesa ou francesa, in

moldes italianos de controle prévio da despesa. Foi o ponto de partida para a lei que tornou realidade a nossa corte de fiscalização financeira, cinco anos depois.

Mas Rui não se descuidava dc quais-

teiramente cego à realidade ambiente.

Comprazem-se em afirmar que Rui, pri sioneiro dos livros estrangeiros, atraves

sou 50 anos de vida pi'ib'Jca como um autômato, sem compreender que, ao in vés de anglo-saxões sisudos, ciosos de

Vários

suas instituições parlamentares e das

ato;: seus buscam instituir o sistema do

suas velhas liberdades, esta\ a cercado de luso-caboclos broncos e afeiçoados à disciplina do feitor. Alheio à realidade,

niinúcias do

Ministério.

mérito o da .seleção nos quijdros do fun cionalismo, socorrondo-o ao mesmo tem

po com o montepio, até então inexistente para o pe.ssoal da Fazenda. Providencia

iludido acerca dos fatos, tradições e ho

para a organização das estatísticas fi

castelos na areia ou no próprio espaço

nanceiras c reitera medidas de combate

aéreo, sem lograr a implantação se.quer

ao contrabando no Rio Grande do Sul.

dos impossíveis alicerces em terra firme. Partindo de tais premissas apressadas, não espanta que esses críticos de breves análises vissem apenas em Rui um ad\'o-

E à sua atenção não escapa sequer a necessidade de recomendar aos funcio

nários, várias vezes, em avisos, que não empreguem a correspondência telegráfica quando o assunto se compadecia com a economia do serviço postal.

A

sua febril atividade ia das grandes re rotina burocrática.

III - RUI E AS REALIDADES BRASILEIRAS

mens do Brasil, teria rixido a edificar

gado fogoso, pronto a impetrar "habens corpus" para as vítimas de tal ou qual autoridade sanhuda. Êles desejariam um Rui conformado com a opressão,

resignado em consciência ante as refle xões de que, afinal, lusos, caboclog e negros sempre jazeram sob o punho de ferro do absolutismo.

Rui — insinuam

— deveria ser liábil e realista, isto é, ade

rir, por exemplo, ao golpe de Estado e às violências de , Floriano, desfrutar o

o Ministro do Governo Provisório se Ini-

O desconhecimento da obra integral

de Rui, perfeitamente perdoável em face

"otium cum dignitate" num dos bons

tera tão lúcida e enaditamente.

da extensão, da multiplicidade de seus

cargos vitalícios ou cartórios da Repú blica, sem perturbar o exercício da au

tributação do consumo inspirou-lhe pá ginas do "Relatório", de 1891, que ainda

tadistas a necessidade de criar-se um ór

dependência, compreenderam alguns es gão controlador da gestão financeira, nos seus pormenores, já que a supervi

são parlamentar, sem essa colaboração, seria inócua.

eram estimados em 95 mil contos.

o dinâmico e debatido Ministro do Go

ce o Tribuna] dc Contas, segundo os

ritorial, que àquele tempo era pràticamente desconhecido no Brasil.

Desde os primeiros tempos após a In

5) Orçada a receita em 170.370:417$ para 1890, os direitos alfandegários

precedido de esclarecedora e bem in

formada exposição de motivos, estabele

formas constitucionais às minúcias da

Rui também advogava o impôsto ter

cos, higiênicos, sociais e morais dessa conservam inteira atualidade. Mas é realmente notável como, absor-

129

Mas nada se veio a realizar de efeti

vo.

Um dos decretos

de seu punho,

aspectos e da raridade bibliográfica da

maior parte dos elementos que a com põem, explica a reiteração do conceitos

toridade forte com tiradas britânicas que

inconciliáveis com a leitura paciente e exaustiva dos pareceres do deputado,

êsse conformismo, que nos teria con.ser-.

relatórios e decretos do ministro e ou

aqui soam como delírios demagógicos. A vado ainda hoje como prêsa fácil da caudiDiagem, chamam de compreensão

tros recantos menos freqüentados da flo

da realidade brasileira. E do mesmo pas

resta ruiana.

so que criticam a erudição de Rui, pela freqüência de citações, aliás sempre

Uma das generalizações mais destituí das de fundamento é a que caricatura

oportunas e calcadas em absoluto espí-

í


rito de probidede científica por horror

brizou, drainatizando-o, o símbolo ex

ao cmpirismo, salpicam de menções de meros títulos de obras sociológicas e no

pressivo do "Jeca Tatu", imagem viva e,

mes de autores, não raro sem nenhuma relação direta com o assunto, as afirma

Brasil, quando Monteiro Lobato, jovem ainda, SC não acbaxu consagrado o es

ções caóticas e ilógicas.

critor vitorioso dos iillimos anos?

Essa pseudo-cultura de catálogo por

às vêzcs exagerada, do bonicm rural do

tradutor de vinte e poucas primaveras, co

o rigor que Rui punha em não se pro

mo que a traçar a missão de sua 'vida toda, resume incisivamente um quadro

nunciar sobre qualquer assunto sem in vestigar e documentar-se acerca da ex

periência dos povos mais amadurecidos e que, às próprias custas, ensaiaram so

luções, passaram pelas me.mias vicissi-

homens capazes para a obra de organi

tudes e, por isso, nos servem do cobaias para que nos não exponhamos aos mes

zação e regeneração.

mos erros.

vava as nossas misérias, arrolava-as, denunciava-as, o não se recolhia à como

Há muita gente de boa fé a acredi

tar que todos os nossos problemas são

passava à tarefa do reformador, pela palavra e pela ação.

das mesmas circunstan

cias econômicas, políticas e históricas. Certos problemas de governo e de or ganização comportam, c claro, adapta ções a restrito número de circunstâncias

geográficas, ou de outra natureza, pecu

cios de tantos brasileiros. Sabia que as

liares a cada país, mas, nas suas raízes,

tiplos fatores de aproximação dos povos

liberdades inglesas, cm clima de ordem, jamais provieram de presente dos céus, nem do milagres duma raça, mas dimanam de perseverante esforço de massas guiadas por líderes capazes de pôr em

no mundo contemporâneo, cada vez me

risco a vida, a liberdade ou a própria

nor e menos diferenciado.

assim como a todos os desalentos do der-

segurança econômica. Naquele prefácio refere-se a Ilampden e por toda a sua obra surgem os nomes dos construtores de regimes ou a invocação das vicissitudes que as democracias modernas, havi

rotismo.

das como mais perfeitas, tiveram de su

são as mesmas dentro da tendência ge ral à progressiva hemogenização de to das as estruturas econômicas pelos múl

Rui compreendia isso e, por tempera mento, embora grande patriota, era avesso a todas as formas de jacobinismo,

Em nenhum outro escritor brasileiro

se encontrarão textos mais candentes,

cáusticos e amargos, acerca das defi ciências que tecem os "handicaps" do

Engana-so quem o supõe ingênuo, pois êle, por isso mesmo que não igno

povo brasileiro. Não foi ele quem cele

rava as dificuldades e defeitos de outros

collios cpic rã:) iram especificamente de

gíirquico da aristocracia rural, única po

nessa raça, mas da própria condição hu

derosa sob a monarquia.

famosos pareccres sôbrc a reforma do

uma arma contra Pedro II. êle, no dia

ensino, em 1882, são apenas o fruto

imediato, publica no "Diário de Notí-

das longas leituras e elocubrações do erudito, que di\'iilgava o pensamento i

me austero do têxto e as pesquisas nos

As desordens, ilegalidades o xinlências

seu.s arquivos denunciam que Rui, com

— não se enganou êle nunca — jamais

a "ncvrose do trabalho" que liie foi re conhecida, realizara profundo inquérito,

dente enfrentava a agitação .sanguiná

ria o alucinada do republicanismo sus

peitos:) na sua própria insegurança ínti ma, Rui, cm longas conferências, revela a semelhançi^ entre aquela quadra nos

não sòmentc à luz de documentos sôbre

a realidade da educação brasileira a sen

tempo, mas também pelo depoimento confidencial dos informantes mais ca

tegorizados.

i

Velhas atitudes da concepção patric:a

do ensino .superior, quer da parte do estudante, quer da respecti\a família, são descritas em páginas que, ainda ho

sa e a que sc .seguiu à Revolução Fran cesa, insinuando desde logo a diretriz

je, não perderam a mínima atualidade.

mais sensata aos responsáveis e interes

do ou não. à fôrça do empenho ou da

sados na tranqüilidade do país. Os 14 meses de colaboração com o

Govêmo Provisório não se restringem às athndades típicas de um zeloso Minis tro da Fazenda, mas deixam a nu a visão do estadista, aliás proclamado pelo in

suspeito professor americano Normano, que o não poupa .sob outros aspectos. Rui compreende imediatamente o entrechoque dos interesses econômicos da

I

europeu e americano em face dc paisa gem humana bem diversa. Mas o exa

cpic chegou a ser esbordoacla nas ruas.

Quando, em 1898, o governo de Pru

f

Para muitos leitores displicentes, os

nou porque um pobre diaho di;parou

caparam, cm certas fases, britânicos, gaiilcscs e "yankees".

portar na penosa conquista do equilí brio entre a liberdade e a autoridade.

mento em que, através de reformas au dazes, intenta frear o predomínio oli-

fóram melancólico pri\'Ílégio do Brasil, senão contingência fatal a que n.ão es

Êle não se iludiu acerca das causas

profundas de nossos embaraços em reali zar, dentro do possível, os ideais que permanecem intactos através da suces são de gerações e que custaram sacrifí

pac'clade brasileira para triunfar dc cs-

circunstâncias, sete atentados de autên

didade do estudioso, mas, ato contínuo,

especificamente brasileiros e não huma

cente riqueza mobiliária, no mc mo mo

ticos inglc.ses contra a rainha Vitória,

A diferença reside em que Rui obser

nos, comuns a todos os povos que evol-

po\'os, cm circunstâncias análogas às

crins", com a menção de datas, nomes c

cru da nossa realidade, cm todos os seus aspectos negativos, notórios uns, mal percebidos outros, e conclama os

131

nossas, acTedi(a\'a racionalmente na cu-

mana. Assim, quando o Rio sc"emocio

No prefácio do "Papa c o Concilio", o

certo não haveria de acomodar-se com

veram dentro

Dicesto Econónuco

Digesto Econónuco

130

A ânsia de "passar" nos exames, .saben fraude nas provas, lá está registrada com o tom mais colorido c realístico. Os

reparos sôbre a impropriedade da edu-" cação geralmente recebida pelos dirigen tes das atividades agrárias parecem es

critas para 1949. A atividade do infatigável colabora dor dos Dantas atingiu ao extremo de cdhêr e comunicar ao Parlamento uma

apostila atribuída a certo profes-sor da

conjuntura e, como Hamilton junto a

Faculdade de Direito de São Paulo, sob

"Washington,

a acusação de versar matéria de todo"

ora resiste, ora transige,

segundo suas próprias confissões no

alheia à da cátedra, forçando o catedrá-

Relatório de 1891, anestesiando reações

tico à defesa pública.

e conquistando ao novo regime, ainda periclitante, as classes médias e a nas

ôsses Pareceres sobre o ensino ou pelo

Quem quer que perpasse a vista por


rito de probidede científica por horror

brizou, drainatizando-o, o símbolo ex

ao cmpirismo, salpicam de menções de meros títulos de obras sociológicas e no

pressivo do "Jeca Tatu", imagem viva e,

mes de autores, não raro sem nenhuma relação direta com o assunto, as afirma

Brasil, quando Monteiro Lobato, jovem ainda, SC não acbaxu consagrado o es

ções caóticas e ilógicas.

critor vitorioso dos iillimos anos?

Essa pseudo-cultura de catálogo por

às vêzcs exagerada, do bonicm rural do

tradutor de vinte e poucas primaveras, co

o rigor que Rui punha em não se pro

mo que a traçar a missão de sua 'vida toda, resume incisivamente um quadro

nunciar sobre qualquer assunto sem in vestigar e documentar-se acerca da ex

periência dos povos mais amadurecidos e que, às próprias custas, ensaiaram so

luções, passaram pelas me.mias vicissi-

homens capazes para a obra de organi

tudes e, por isso, nos servem do cobaias para que nos não exponhamos aos mes

zação e regeneração.

mos erros.

vava as nossas misérias, arrolava-as, denunciava-as, o não se recolhia à como

Há muita gente de boa fé a acredi

tar que todos os nossos problemas são

passava à tarefa do reformador, pela palavra e pela ação.

das mesmas circunstan

cias econômicas, políticas e históricas. Certos problemas de governo e de or ganização comportam, c claro, adapta ções a restrito número de circunstâncias

geográficas, ou de outra natureza, pecu

cios de tantos brasileiros. Sabia que as

liares a cada país, mas, nas suas raízes,

tiplos fatores de aproximação dos povos

liberdades inglesas, cm clima de ordem, jamais provieram de presente dos céus, nem do milagres duma raça, mas dimanam de perseverante esforço de massas guiadas por líderes capazes de pôr em

no mundo contemporâneo, cada vez me

risco a vida, a liberdade ou a própria

nor e menos diferenciado.

assim como a todos os desalentos do der-

segurança econômica. Naquele prefácio refere-se a Ilampden e por toda a sua obra surgem os nomes dos construtores de regimes ou a invocação das vicissitudes que as democracias modernas, havi

rotismo.

das como mais perfeitas, tiveram de su

são as mesmas dentro da tendência ge ral à progressiva hemogenização de to das as estruturas econômicas pelos múl

Rui compreendia isso e, por tempera mento, embora grande patriota, era avesso a todas as formas de jacobinismo,

Em nenhum outro escritor brasileiro

se encontrarão textos mais candentes,

cáusticos e amargos, acerca das defi ciências que tecem os "handicaps" do

Engana-so quem o supõe ingênuo, pois êle, por isso mesmo que não igno

povo brasileiro. Não foi ele quem cele

rava as dificuldades e defeitos de outros

collios cpic rã:) iram especificamente de

gíirquico da aristocracia rural, única po

nessa raça, mas da própria condição hu

derosa sob a monarquia.

famosos pareccres sôbrc a reforma do

uma arma contra Pedro II. êle, no dia

ensino, em 1882, são apenas o fruto

imediato, publica no "Diário de Notí-

das longas leituras e elocubrações do erudito, que di\'iilgava o pensamento i

me austero do têxto e as pesquisas nos

As desordens, ilegalidades o xinlências

seu.s arquivos denunciam que Rui, com

— não se enganou êle nunca — jamais

a "ncvrose do trabalho" que liie foi re conhecida, realizara profundo inquérito,

dente enfrentava a agitação .sanguiná

ria o alucinada do republicanismo sus

peitos:) na sua própria insegurança ínti ma, Rui, cm longas conferências, revela a semelhançi^ entre aquela quadra nos

não sòmentc à luz de documentos sôbre

a realidade da educação brasileira a sen

tempo, mas também pelo depoimento confidencial dos informantes mais ca

tegorizados.

i

Velhas atitudes da concepção patric:a

do ensino .superior, quer da parte do estudante, quer da respecti\a família, são descritas em páginas que, ainda ho

sa e a que sc .seguiu à Revolução Fran cesa, insinuando desde logo a diretriz

je, não perderam a mínima atualidade.

mais sensata aos responsáveis e interes

do ou não. à fôrça do empenho ou da

sados na tranqüilidade do país. Os 14 meses de colaboração com o

Govêmo Provisório não se restringem às athndades típicas de um zeloso Minis tro da Fazenda, mas deixam a nu a visão do estadista, aliás proclamado pelo in

suspeito professor americano Normano, que o não poupa .sob outros aspectos. Rui compreende imediatamente o entrechoque dos interesses econômicos da

I

europeu e americano em face dc paisa gem humana bem diversa. Mas o exa

cpic chegou a ser esbordoacla nas ruas.

Quando, em 1898, o governo de Pru

f

Para muitos leitores displicentes, os

nou porque um pobre diaho di;parou

caparam, cm certas fases, britânicos, gaiilcscs e "yankees".

portar na penosa conquista do equilí brio entre a liberdade e a autoridade.

mento em que, através de reformas au dazes, intenta frear o predomínio oli-

fóram melancólico pri\'Ílégio do Brasil, senão contingência fatal a que n.ão es

Êle não se iludiu acerca das causas

profundas de nossos embaraços em reali zar, dentro do possível, os ideais que permanecem intactos através da suces são de gerações e que custaram sacrifí

pac'clade brasileira para triunfar dc cs-

circunstâncias, sete atentados de autên

didade do estudioso, mas, ato contínuo,

especificamente brasileiros e não huma

cente riqueza mobiliária, no mc mo mo

ticos inglc.ses contra a rainha Vitória,

A diferença reside em que Rui obser

nos, comuns a todos os povos que evol-

po\'os, cm circunstâncias análogas às

crins", com a menção de datas, nomes c

cru da nossa realidade, cm todos os seus aspectos negativos, notórios uns, mal percebidos outros, e conclama os

131

nossas, acTedi(a\'a racionalmente na cu-

mana. Assim, quando o Rio sc"emocio

No prefácio do "Papa c o Concilio", o

certo não haveria de acomodar-se com

veram dentro

Dicesto Econónuco

Digesto Econónuco

130

A ânsia de "passar" nos exames, .saben fraude nas provas, lá está registrada com o tom mais colorido c realístico. Os

reparos sôbre a impropriedade da edu-" cação geralmente recebida pelos dirigen tes das atividades agrárias parecem es

critas para 1949. A atividade do infatigável colabora dor dos Dantas atingiu ao extremo de cdhêr e comunicar ao Parlamento uma

apostila atribuída a certo profes-sor da

conjuntura e, como Hamilton junto a

Faculdade de Direito de São Paulo, sob

"Washington,

a acusação de versar matéria de todo"

ora resiste, ora transige,

segundo suas próprias confissões no

alheia à da cátedra, forçando o catedrá-

Relatório de 1891, anestesiando reações

tico à defesa pública.

e conquistando ao novo regime, ainda periclitante, as classes médias e a nas

ôsses Pareceres sobre o ensino ou pelo

Quem quer que perpasse a vista por


WT^

Dígesto Econômico

,1^ 132

Dicesto Econômico

autonomia estadual e da capacidade po

mundo moderno. Recorria, freqüente mente, às confissões e aos testemunhos

Relatório do Ministro da Fazenda, há

Não há maior pro\a de ignorância da

de fazer a Rui a justiça de que conhecia

obra dc Rui do que sustentar alguém

te intelectual, filólogo, poliglota, funda

dêsses atores c espectadores da His

profundamente

os antecedentes nacio

que buscasse cm refürma.s .superficiais

dor da unixcrsidadc, leitor jncansá\'cl,

tória.

nais assim como os csfor^-os c depoimen

de mero formalismo juridico a cbavc dos

cultuava as arte.s, desde a música até a

tos dos diversos

problemas básicos do país. Êlc, pelo contrário, sempre o.víernou olímpica in diferença pelas cstnituras jurídicas e po dem ser recordadas di\cr.sa.s passagens de suas obras em que so apraz cm ma nifestar o seu ceticismo cm relação às formas de governo como panacéias po

arquitetura, c reunira fonnidá\el biblio

fundo dos "fathers" norte-americanos,

teca, que \'eIo a ser a semente dc uma das mais famosas do mundo — a do

raramente sc ocupe de Jefferson, para quem se revela avaro de adjetivos, ao

líticas.

ro a soldado o daí so iinpro\-isou em ad

estadistas brasileiros,

que, nas décadas anteriores, liaviam en

frentado os mesmos problemas. Poucos, naquele tempo, recorreram mais amcudadamente aos escassos dados estatísti cos e sugeriram ou promoveram medi

das para maior eficiência da' ampliação dêsses elementos de investigação social. Na sua política de moeda c bancos, tão controvertida até hoje, longe de per

O.s problemas brasileiros,

dentro do

pensamento de Rui, embora raramente

lítica do hamcni comum. Rcquintadamen-

Congresso, em Wasliinglon.

Impressiona que Rui, conhecedor pro

passo que reiteradas vezes, e com pala

Hamilton, pelo contrário, não te\'e

vras de admiração, invoca o pensamento

tempo dc alcançar, na mocidade, uma

e os precedentes de Hamilton, perdoaú-

educação superior, passando dc caixei-

do-lhe o anti-liberalismo, que não to lerou cm ninguém.

vogado e estadista. Não morria dc amo res pela república, nem pela democra

Essa preferência parado.xal pelo me nos democrático dos companheiros de Vashington comporta interpretação

der-se na literatura especíalizíida, que

cite KarI Max (aliás foi dos primeiros a

tão bem conhecia, funda-se na observa

cia. Defendeu a centralização e a con

ção das reações cambiais da.s praças do país em função do balanço de paga

mencioná-lo no Brasil), escondiam a in

centração do poder em mãos de autori

cógnita na

econômica.

dade forte. Ao homem da rua investido

Reformar o si.slcma dc produção foi a

mentos e das variações do meio circu

sua medicina. V(?jamo.s como o realismo

de plena capacidade política, preferiu confessadamentc a direção dos negócios públicos por elites. Parecerá natural, à primeira vi.sta, que o bra.silcíio c.xcelso se avizinhe da per

Objctc-se, embora, a dissonilncia de pormenores, c.ssa tentatixa de buscar-se a explicação da curiosa faceta do cará

IV - RUI. HAMILTON E JEFFERSÜN

sonalidade extremamente simpática e

e até das diretrizes da chamada Primei

por tantos aspectos coincidente do soli Se, à maneira plutarquiana? procurás semos, nos Estados Unidos, ao tempo da

tário dc Monticcllo, nesse contraste vivo com o autoritário colaborador do "Fe-

ra República. Note-se que Normano e Luís Viana já assinalaram a influência

deralista".

ridade se justificava apenas pela obser

fundação da República, vidas paralelas à de Rui Barbosa, seria Joffcr.son ou Ha milton o mais próximo par do brasileiro

vação direta dos fatos.

inolvidável ?

lante, contravindo a opinião dc muitos, àquele tempo, aliás com acerto que, hoje, quando mais completos se aclianí os estudos econômicos, ninguém lhe po derá recusar. E' significativo que, defen dendo-se dos detratores de sua política financeira e econômica, invoque repeti damente, no Senado, com a maior ve

neração, opiniões de Mauá, cuja auto

infra-estrutura

e o primado do fator econômico inspiram a sua política no Ministério da Fazenda.

Ainda no Relatório de 1891 é expres Ajustadas as diferenças de meio, agra sivo que, apesar do rancor dos republi- ' vadas por um século de distancia, bá de canos à.s figuras do regime decaído, cite freqüentemente com acato e não raro cncômíos, as opiniões, observações e conclusões de estadistas do Império, não só daqueles aos quais a morte e o

tempo já garantiam julgamento sereno, como Bernardo Pereira Vasconcelos, Je-

quitinhonha e Visconde do Rio Branco, ni!P. inconfnmiados inronfníTnfirlnc senão também dos que, e combativo.s ante a República, eram alvo do ódio do.s vencedores, como João

Alfredo, Ouro Preto e Lafayette.

SC convir que Rui possuía muitos traços de um c dc oulio.

Apaixonado da liberdade e da cultura, estaria bem perto de Jefferson, como ele apóstolo de larga difusão do ensino em todas as camadas do povo e cioso do haver realizado a separação entre a Igreja e o Estado, títulos que reivindi

cou para o seu epitáfio. Das duas figuras rivais, nos primórdios dos Estados Unidos, Jefferson era o democrata, o entusiasta da i-epública, da

Mas, se alguém analisar pacientemen te a obra c a ação política de Rui Bar bosa, sobretudo quando, sob o Governo Proxisório de 1889,

.suscetíx-el de variantes, como, aliás, to das as interpretações.

ter de Rui talvez possa contribuir para,^ melhores estudos da política financeira

I

liamiltoniana sobre os atos do Ministro da Fazenda do Governo Prox-isório. E,

de passagem, merece atenção outro fa to significali\'o para nosso pais, onde_a escolha de nomes gloriosos para o batis

tornou-se decisiva

mo de filhos traduz as inclinações de

para o Brasil a sua influência de homem público, surprcender-sc-á não .só com o paralelismo cm relação a Hamilton, mas

cada geração. No Brasil post-republica-

também com o apreço a este dedicado, a

par de relativa indiferença para com

no, o prenome Hamilton passou a ser

popular, como o de Washington e La fayette desde a monarquia, ao passo que rareiam os Jefferson. O arrolamenlo de

Em conferência recente, Américo La-

reservistas cio Exercito poderá demons trar a observação. O contraste é tanto

combe salientava, baseado na observa ção das obras e da própria, biblioteca de

dos, os monumentos e os estudos sobre

Rui, o pendor dele pelas memórias, correspcndôncia.s, biografias e papéis dos

Jefferson parecem mais cncontvadiços que os dedicados a Alexander Hamilton.

protagonistas das mutações políticas do

Rui, inx'estido na pasta da Fazenda a

Jefferson.

mais intenso quanto, nos Estados Uni

íi


WT^

Dígesto Econômico

,1^ 132

Dicesto Econômico

autonomia estadual e da capacidade po

mundo moderno. Recorria, freqüente mente, às confissões e aos testemunhos

Relatório do Ministro da Fazenda, há

Não há maior pro\a de ignorância da

de fazer a Rui a justiça de que conhecia

obra dc Rui do que sustentar alguém

te intelectual, filólogo, poliglota, funda

dêsses atores c espectadores da His

profundamente

os antecedentes nacio

que buscasse cm refürma.s .superficiais

dor da unixcrsidadc, leitor jncansá\'cl,

tória.

nais assim como os csfor^-os c depoimen

de mero formalismo juridico a cbavc dos

cultuava as arte.s, desde a música até a

tos dos diversos

problemas básicos do país. Êlc, pelo contrário, sempre o.víernou olímpica in diferença pelas cstnituras jurídicas e po dem ser recordadas di\cr.sa.s passagens de suas obras em que so apraz cm ma nifestar o seu ceticismo cm relação às formas de governo como panacéias po

arquitetura, c reunira fonnidá\el biblio

fundo dos "fathers" norte-americanos,

teca, que \'eIo a ser a semente dc uma das mais famosas do mundo — a do

raramente sc ocupe de Jefferson, para quem se revela avaro de adjetivos, ao

líticas.

ro a soldado o daí so iinpro\-isou em ad

estadistas brasileiros,

que, nas décadas anteriores, liaviam en

frentado os mesmos problemas. Poucos, naquele tempo, recorreram mais amcudadamente aos escassos dados estatísti cos e sugeriram ou promoveram medi

das para maior eficiência da' ampliação dêsses elementos de investigação social. Na sua política de moeda c bancos, tão controvertida até hoje, longe de per

O.s problemas brasileiros,

dentro do

pensamento de Rui, embora raramente

lítica do hamcni comum. Rcquintadamen-

Congresso, em Wasliinglon.

Impressiona que Rui, conhecedor pro

passo que reiteradas vezes, e com pala

Hamilton, pelo contrário, não te\'e

vras de admiração, invoca o pensamento

tempo dc alcançar, na mocidade, uma

e os precedentes de Hamilton, perdoaú-

educação superior, passando dc caixei-

do-lhe o anti-liberalismo, que não to lerou cm ninguém.

vogado e estadista. Não morria dc amo res pela república, nem pela democra

Essa preferência parado.xal pelo me nos democrático dos companheiros de Vashington comporta interpretação

der-se na literatura especíalizíida, que

cite KarI Max (aliás foi dos primeiros a

tão bem conhecia, funda-se na observa

cia. Defendeu a centralização e a con

ção das reações cambiais da.s praças do país em função do balanço de paga

mencioná-lo no Brasil), escondiam a in

centração do poder em mãos de autori

cógnita na

econômica.

dade forte. Ao homem da rua investido

Reformar o si.slcma dc produção foi a

mentos e das variações do meio circu

sua medicina. V(?jamo.s como o realismo

de plena capacidade política, preferiu confessadamentc a direção dos negócios públicos por elites. Parecerá natural, à primeira vi.sta, que o bra.silcíio c.xcelso se avizinhe da per

Objctc-se, embora, a dissonilncia de pormenores, c.ssa tentatixa de buscar-se a explicação da curiosa faceta do cará

IV - RUI. HAMILTON E JEFFERSÜN

sonalidade extremamente simpática e

e até das diretrizes da chamada Primei

por tantos aspectos coincidente do soli Se, à maneira plutarquiana? procurás semos, nos Estados Unidos, ao tempo da

tário dc Monticcllo, nesse contraste vivo com o autoritário colaborador do "Fe-

ra República. Note-se que Normano e Luís Viana já assinalaram a influência

deralista".

ridade se justificava apenas pela obser

fundação da República, vidas paralelas à de Rui Barbosa, seria Joffcr.son ou Ha milton o mais próximo par do brasileiro

vação direta dos fatos.

inolvidável ?

lante, contravindo a opinião dc muitos, àquele tempo, aliás com acerto que, hoje, quando mais completos se aclianí os estudos econômicos, ninguém lhe po derá recusar. E' significativo que, defen dendo-se dos detratores de sua política financeira e econômica, invoque repeti damente, no Senado, com a maior ve

neração, opiniões de Mauá, cuja auto

infra-estrutura

e o primado do fator econômico inspiram a sua política no Ministério da Fazenda.

Ainda no Relatório de 1891 é expres Ajustadas as diferenças de meio, agra sivo que, apesar do rancor dos republi- ' vadas por um século de distancia, bá de canos à.s figuras do regime decaído, cite freqüentemente com acato e não raro cncômíos, as opiniões, observações e conclusões de estadistas do Império, não só daqueles aos quais a morte e o

tempo já garantiam julgamento sereno, como Bernardo Pereira Vasconcelos, Je-

quitinhonha e Visconde do Rio Branco, ni!P. inconfnmiados inronfníTnfirlnc senão também dos que, e combativo.s ante a República, eram alvo do ódio do.s vencedores, como João

Alfredo, Ouro Preto e Lafayette.

SC convir que Rui possuía muitos traços de um c dc oulio.

Apaixonado da liberdade e da cultura, estaria bem perto de Jefferson, como ele apóstolo de larga difusão do ensino em todas as camadas do povo e cioso do haver realizado a separação entre a Igreja e o Estado, títulos que reivindi

cou para o seu epitáfio. Das duas figuras rivais, nos primórdios dos Estados Unidos, Jefferson era o democrata, o entusiasta da i-epública, da

Mas, se alguém analisar pacientemen te a obra c a ação política de Rui Bar bosa, sobretudo quando, sob o Governo Proxisório de 1889,

.suscetíx-el de variantes, como, aliás, to das as interpretações.

ter de Rui talvez possa contribuir para,^ melhores estudos da política financeira

I

liamiltoniana sobre os atos do Ministro da Fazenda do Governo Prox-isório. E,

de passagem, merece atenção outro fa to significali\'o para nosso pais, onde_a escolha de nomes gloriosos para o batis

tornou-se decisiva

mo de filhos traduz as inclinações de

para o Brasil a sua influência de homem público, surprcender-sc-á não .só com o paralelismo cm relação a Hamilton, mas

cada geração. No Brasil post-republica-

também com o apreço a este dedicado, a

par de relativa indiferença para com

no, o prenome Hamilton passou a ser

popular, como o de Washington e La fayette desde a monarquia, ao passo que rareiam os Jefferson. O arrolamenlo de

Em conferência recente, Américo La-

reservistas cio Exercito poderá demons trar a observação. O contraste é tanto

combe salientava, baseado na observa ção das obras e da própria, biblioteca de

dos, os monumentos e os estudos sobre

Rui, o pendor dele pelas memórias, correspcndôncia.s, biografias e papéis dos

Jefferson parecem mais cncontvadiços que os dedicados a Alexander Hamilton.

protagonistas das mutações políticas do

Rui, inx'estido na pasta da Fazenda a

Jefferson.

mais intenso quanto, nos Estados Uni

íi


134

13 de no\-embro,

Dicesto Econômico

viu-se inclinado ;i

reguros dc vida r inslilniçõcs do pro\i-

comparação da sui^ tarefa coin u de lía-

dência.

milton, primeiro secretário do Tesouro, quando Washington foi eleito presiden te da reeém-criada república. Os me> iTíOs problemas surgiram ao seu espíri

Não fôni outra a política de Hamil ton tpiando pregou c realizou a assun ção da clí". ida pública pelo Governo Fe deral.

to: a) a necessidade de fortalecer fi nanceiramente a União cm face de Es

pegadas, compreendeu a infra-estrutura

nhões na discriminação das rendas pú

com lúcido re;ilismo cimentou nos inte

tados que pretendiam os melhores qui blicas; b) fundação de poderoso banco nacional emissor, contrariada pelas aspi rações regionais tendentes à pluralidade

de órgãos investidos de autorização para

emissões de bilhetes bancários;

c) a

compreensão de que a e:trutnra finan

ceira deveria assentar na canfi:inça po pular dos títulos da dívida pública e em

abundantes fontes de receita, que asse gurassem o equilibrio orçamentário; d) o firme desejo de incentivar a riqueza

mobiliária, contrabalançando o predomí

nio da aristocracia rural na direção polí tica do país; e) vincular à República, por uma.solidariedade de interesses, es sas classes compostas de industriais, banqueiros, comerciantes, portadores clc apólices e pessoas, em geral, presas às atividades urbanas.

Como Hamilton,

c segoindo-Ihe as

econômica du sociedade dc .seu tcinoo c

resses dos discTsos grupos as instituições nascentes.

Destarte, Rui, transigindo quanto à

pluralidade de órgãos emissores, a que foi sempre infenso dentro do ponto de vista econômico e político, in\x'ntnu ori ginal .sistema de valorização e amortiza ção da dívida pública, mercê do qual ví-

gorizaria o crédito federal e atrairia pa ra as novas instituições as classes mé

dias, em cujo seio se recrutava a maioria

dos possuidores de apólices, sobretudo naquela época de quase inexistência de

moronamento de vellias instituições so

bre as quais os séculos luu iam deposi tado a patina du tradição. A monarquia era a continuidade colonial dentro de

cujo âmbito nascera a .sociedade brasi leira c fizcra-sc a independência. Tudo is.so ruíra por efeito duma parada mili tar, que, abalando os fundamentos da disciplina e da lealdade às institiiiçõc.s constitucionais, iria excitar provàvelmcn-

havido

atrativas quanto cncontra\'ani in\clera

por muitos como dc mero ideólogo vazio

do.s exemplos em todas as repúblicas la

é mais entre Monarquia e República,

mas entre República c Anarquia". (8). O golpe de Estado de 1891 e a revolu ção dc 1893 são provas concretas e iniluclíveis dos perigos que paii*avam sobre o Govêrno Pro\ isório e que a habilidade de Rui coiuscguiu conjurar.

A ação dc Rui desenvolve-se no obje-

ti\ o prccípuo de remover c dcsfruir tudo quanto viesse a encorajar as maquina

ções contra a República. E\ita cuidado samente atos que possam melindrar os vencidos, in\ocando, repetidas vezes,

opiniões c precedentes de estadistas do Império, para fundamento racional de

de sentido concreto, é siinplc.smenle e.s-

tino-americanas. O próprio Wasbinglon.

medida.s da sua política. Consultado ro-

pantcsa, porque, àtjuelc ttmpo. ainda se não haviam c.scrilo nem piililicado -os es

como Beard o provou docuinentulmcnte,

servadamente por Dantas, que conser-

fôra por \'êzes instigado a perpetuar-se no poder por solicitações cie companhei

\ava na presidência do Banco do Bra

tude. .'òbrc os fatores econômicos que

presidiram a fundação do si.sterna fede ral nos Eslado.s Unidos. As duas obras,

bojo consagradas, de Charles Board —

"An Etonomic Interprelation of ibCon.stituíion of tiio U.S." e "Economic

Crigins of Jeffersonian Democracy" — apareceram resi:eclivamcnte cm 1913 c cm 1915. (6).

Enquanto c.spíritos superficiais canta-' vam hinos ao novo regime, Rui, indife

rente às formas de governo, era do.s pou-

•O problema não foi fácil a Rui. que o seguiu ccm tenacidade, cedendo, às ve zes, para recobrar o terreno mais adiante.

CO.S que SC não podiam iludir acêrca dos riscos imenso.s que aoompanliam o des

te as vocações caudilbe.scas, tanto mais

A claridade dr .seu espírito,

135

Dic.esto Econômico

0) RUI conhecia parle do material uti lizado vinte anos

mais

tarde

por

sil, acêrca do nome de João Alfredo, pa

ros de armas, a pretexto de garantir a ordem contra a demagogia, ou, aliás, de

ra integrar a diretoria, concorda de.sde logo. Registre-se, aliás, a recusa do mi

mocracia, pala\Ta que, nessa época, go

nistro da Lei Áurea.

zava da mesma acepção. (7).

O problema, aos olhos de Rui, era consolidar o novo regime, defendendo-o

no duplo "front" cm que a república te

A capacidade de transigir de Rui, nessa fase, mostra que o estadista con trasta vivamente com a rigidez

I

flexibilidade do combatente na defew

de os primeiros dias dentro c fora do

dos direitos e liberdades individuais. O Relatório de 1891 está cheio de confis sões ou alusões a essa necessidade de

país, e o do cesarismo latente nas pró prias origens militares do governo,

ses desenvoltos e excitados pela ruptura

ria de encontrar ameaças — o da re.stau-

ração, que os monarquistas abriram des

"constituído pelo Exercito e pela Arma da cm nome da Nação". Outra nuvem

contemporizar e ceder aos \ ários interes

dor. diques constitucionais. A 28 de de

zembro de 1889, proclama a necessida

sumbreava a paisagem do Govêrno Pro

de de economias severas, mas a tropa

improbidade do "covrupt squndron"

visório: bem cedo se manifestou a hos

reivindica remuneração mais justa. -

que — dizia Jefferson a WashiiTíton

tilidade da Constituinte a Dcodoro.

— apoiava Hamilton, na

Rio Branco, que, aliás, não era nada infenso às esperanças sebastiànicas dos

BEARD, como, por exemplo, os pan fletos e memórias çuo a^-^uiram n esperança

de ganhar na alta dos títulos públi cos. Em "Finanças e Política", co menta o Diário de Maclay, várias

vêzo.". invocado por BEARD tvor apêndice VI — "A política de Wa shington e a administração dc Ha milton", pág. 438 da cd. de 1802). Ve ja-se a análise dos interesses econô

"Era preciso que nos faltasse a dose dc

monarquistas durante o Governo Provi

bom-senso elementar em homens de go vêrno, a intuição de prudência indispeqsável à administração nas circunstilncias

sório, escreváa a êsse tempo a Rui com

mais tiiviais da vida pública, quanto

absoluta nitidez: "A questão, hoje, não

mais na penosa navegação que dirigía mos através dè tantos escolhos, para nos

micos dos membros da Convenção de Filadélfia em Beard, "An Economic

Interpretation", ed. 1047, pág. 73 e seguintes.

7) Em Beard. "República", ed. brasi leira.

8) Em Luís Viana, "A Vida de Rui".


134

13 de no\-embro,

Dicesto Econômico

viu-se inclinado ;i

reguros dc vida r inslilniçõcs do pro\i-

comparação da sui^ tarefa coin u de lía-

dência.

milton, primeiro secretário do Tesouro, quando Washington foi eleito presiden te da reeém-criada república. Os me> iTíOs problemas surgiram ao seu espíri

Não fôni outra a política de Hamil ton tpiando pregou c realizou a assun ção da clí". ida pública pelo Governo Fe deral.

to: a) a necessidade de fortalecer fi nanceiramente a União cm face de Es

pegadas, compreendeu a infra-estrutura

nhões na discriminação das rendas pú

com lúcido re;ilismo cimentou nos inte

tados que pretendiam os melhores qui blicas; b) fundação de poderoso banco nacional emissor, contrariada pelas aspi rações regionais tendentes à pluralidade

de órgãos investidos de autorização para

emissões de bilhetes bancários;

c) a

compreensão de que a e:trutnra finan

ceira deveria assentar na canfi:inça po pular dos títulos da dívida pública e em

abundantes fontes de receita, que asse gurassem o equilibrio orçamentário; d) o firme desejo de incentivar a riqueza

mobiliária, contrabalançando o predomí

nio da aristocracia rural na direção polí tica do país; e) vincular à República, por uma.solidariedade de interesses, es sas classes compostas de industriais, banqueiros, comerciantes, portadores clc apólices e pessoas, em geral, presas às atividades urbanas.

Como Hamilton,

c segoindo-Ihe as

econômica du sociedade dc .seu tcinoo c

resses dos discTsos grupos as instituições nascentes.

Destarte, Rui, transigindo quanto à

pluralidade de órgãos emissores, a que foi sempre infenso dentro do ponto de vista econômico e político, in\x'ntnu ori ginal .sistema de valorização e amortiza ção da dívida pública, mercê do qual ví-

gorizaria o crédito federal e atrairia pa ra as novas instituições as classes mé

dias, em cujo seio se recrutava a maioria

dos possuidores de apólices, sobretudo naquela época de quase inexistência de

moronamento de vellias instituições so

bre as quais os séculos luu iam deposi tado a patina du tradição. A monarquia era a continuidade colonial dentro de

cujo âmbito nascera a .sociedade brasi leira c fizcra-sc a independência. Tudo is.so ruíra por efeito duma parada mili tar, que, abalando os fundamentos da disciplina e da lealdade às institiiiçõc.s constitucionais, iria excitar provàvelmcn-

havido

atrativas quanto cncontra\'ani in\clera

por muitos como dc mero ideólogo vazio

do.s exemplos em todas as repúblicas la

é mais entre Monarquia e República,

mas entre República c Anarquia". (8). O golpe de Estado de 1891 e a revolu ção dc 1893 são provas concretas e iniluclíveis dos perigos que paii*avam sobre o Govêrno Pro\ isório e que a habilidade de Rui coiuscguiu conjurar.

A ação dc Rui desenvolve-se no obje-

ti\ o prccípuo de remover c dcsfruir tudo quanto viesse a encorajar as maquina

ções contra a República. E\ita cuidado samente atos que possam melindrar os vencidos, in\ocando, repetidas vezes,

opiniões c precedentes de estadistas do Império, para fundamento racional de

de sentido concreto, é siinplc.smenle e.s-

tino-americanas. O próprio Wasbinglon.

medida.s da sua política. Consultado ro-

pantcsa, porque, àtjuelc ttmpo. ainda se não haviam c.scrilo nem piililicado -os es

como Beard o provou docuinentulmcnte,

servadamente por Dantas, que conser-

fôra por \'êzes instigado a perpetuar-se no poder por solicitações cie companhei

\ava na presidência do Banco do Bra

tude. .'òbrc os fatores econômicos que

presidiram a fundação do si.sterna fede ral nos Eslado.s Unidos. As duas obras,

bojo consagradas, de Charles Board —

"An Etonomic Interprelation of ibCon.stituíion of tiio U.S." e "Economic

Crigins of Jeffersonian Democracy" — apareceram resi:eclivamcnte cm 1913 c cm 1915. (6).

Enquanto c.spíritos superficiais canta-' vam hinos ao novo regime, Rui, indife

rente às formas de governo, era do.s pou-

•O problema não foi fácil a Rui. que o seguiu ccm tenacidade, cedendo, às ve zes, para recobrar o terreno mais adiante.

CO.S que SC não podiam iludir acêrca dos riscos imenso.s que aoompanliam o des

te as vocações caudilbe.scas, tanto mais

A claridade dr .seu espírito,

135

Dic.esto Econômico

0) RUI conhecia parle do material uti lizado vinte anos

mais

tarde

por

sil, acêrca do nome de João Alfredo, pa

ros de armas, a pretexto de garantir a ordem contra a demagogia, ou, aliás, de

ra integrar a diretoria, concorda de.sde logo. Registre-se, aliás, a recusa do mi

mocracia, pala\Ta que, nessa época, go

nistro da Lei Áurea.

zava da mesma acepção. (7).

O problema, aos olhos de Rui, era consolidar o novo regime, defendendo-o

no duplo "front" cm que a república te

A capacidade de transigir de Rui, nessa fase, mostra que o estadista con trasta vivamente com a rigidez

I

flexibilidade do combatente na defew

de os primeiros dias dentro c fora do

dos direitos e liberdades individuais. O Relatório de 1891 está cheio de confis sões ou alusões a essa necessidade de

país, e o do cesarismo latente nas pró prias origens militares do governo,

ses desenvoltos e excitados pela ruptura

ria de encontrar ameaças — o da re.stau-

ração, que os monarquistas abriram des

"constituído pelo Exercito e pela Arma da cm nome da Nação". Outra nuvem

contemporizar e ceder aos \ ários interes

dor. diques constitucionais. A 28 de de

zembro de 1889, proclama a necessida

sumbreava a paisagem do Govêrno Pro

de de economias severas, mas a tropa

improbidade do "covrupt squndron"

visório: bem cedo se manifestou a hos

reivindica remuneração mais justa. -

que — dizia Jefferson a WashiiTíton

tilidade da Constituinte a Dcodoro.

— apoiava Hamilton, na

Rio Branco, que, aliás, não era nada infenso às esperanças sebastiànicas dos

BEARD, como, por exemplo, os pan fletos e memórias çuo a^-^uiram n esperança

de ganhar na alta dos títulos públi cos. Em "Finanças e Política", co menta o Diário de Maclay, várias

vêzo.". invocado por BEARD tvor apêndice VI — "A política de Wa shington e a administração dc Ha milton", pág. 438 da cd. de 1802). Ve ja-se a análise dos interesses econô

"Era preciso que nos faltasse a dose dc

monarquistas durante o Governo Provi

bom-senso elementar em homens de go vêrno, a intuição de prudência indispeqsável à administração nas circunstilncias

sório, escreváa a êsse tempo a Rui com

mais tiiviais da vida pública, quanto

absoluta nitidez: "A questão, hoje, não

mais na penosa navegação que dirigía mos através dè tantos escolhos, para nos

micos dos membros da Convenção de Filadélfia em Beard, "An Economic

Interpretation", ed. 1047, pág. 73 e seguintes.

7) Em Beard. "República", ed. brasi leira.

8) Em Luís Viana, "A Vida de Rui".


136

Dicesto Econômico

Digesix) Econômico

abalançarmos a um papel de inlransi-

da a intcrèsse.s diferentes, libertos do

gència" — declara c!e sem rodeios. (9).

nesto país onde elas asseguravam poder

Ícudalísmo territorial.

e riqueza.

Se Rui tendesse à deCação em 1890

N.ãü fòru c.s.se o drama do.s Estados

e se apavorasse diante da queda do câmbio, supondo-a resultado único do

Unidos, transparente na emulação acri moniosa entre o requintado Jefferson.

ao futuro, Rui se dobrou a no\'as tran-

aumento do meio circulante, como mui

iaze;:dciro de fumo, e Hamilton, conm èle, sem terra?

sígência.s, pois desde 1882, nos discur sos sobre Pombal e sobre o Liceu, ma

Rui, colocado diante de idêntico pro blema, ín.spira-se na mesma política do adversário de Jefferson, cria o grande banco nacional, encoraja a indústria, acenando-lhe com uma tarifa protecionista, e ampara os portadores das apólices, ■ merce de medidas que ensejam a valori

nifestara formal repulsa ao protecionis

tos pensaram, então, a história brasilei ra teria sido escrita de modo diferente, e decerto bem triste.

Mas Rui não se dei.xa empolgar ape nas pelos problemas da hora. Domina-o

a convicção de que a República, para ser efetivamente democrática, deve e.\o-

nerar-se do predomínio da classe que go vernou durante todo o Império e, que. contrariada nos seus interesses, desgar rou do trono. Dentro dos fardões doura dos de Ministros de Pedro II — mar queses, viscondes e barões, senadores e

deputados — mandavam os senliores de engenho, os fazendeiros de café, os cria

dores de gado, os plantadores de algo dão. Cutegipe, Saraiva c tantos outros

eram, afinal, os homens detentores da

terra. Fôra essa a classe que cm repre sália ao abolicionismo

o derrotara na

Bahia e cortara a carreira política de Nabuco. O novo regime já experimenta va a influencia dessa elite rural cm vá rias figuras, sobretudo a daquele volun tarioso e ativo Campos Sales, fazendeiro por detrás do qual ondulavam os cafè-

zais paulistas. (10). Havia necessidade de contrapor à tradicional estrutura agrária do país uma força nova, vincula-

zação desses títulos.

Levantar e incre-

1 Tentar a riqueza mobiliária para con trarie e equilíbrio do poder ate então

ilimitado e indisputado da aristocracia rural, com quem não tinha vínculos, nem compromisso.^, ma.s, pelo contrário, se li gava, no seu espírito, à recordação de

com herdeira de fazenda;

filho e

neto de fazendeiros em Campinas,

certo que desde 1882 também se batia

convencidamente pela necessidade da in

dustrialização do país, o que pensava al cançar por um programa gigantesco,

enérgico e intensivo de educação, in clusive tecnologia, do nosso povo. Mas sempre opunha reservas às tarifas pro tecionistas. (12).

Justificando, porém, a de 1890, que se inclui nesse rol, confessou o seu obje tivo político de combate ao predomínio

injii.stüs agravos. E' provável que lhe

da aristocracia agrária sobre a vida da nação:

E releva dize-lo : q desemxylohnento

pitulo X do "Federalí.sta", onde Madiron atribui à desigualdade de fortuna a

da indústria não é sòniente, para o Es

fonte das divisões partidárias e faccio-

tado, questão econômica-, é, ao mesmo

sa.s. (11). Era nece.ssário abrir oportu

tempo, uma questão política. Nò rcoime

nidades aos que na.sceram

decaído, todo de exchisioismo e privilé

11) "The

most

sem terras

common

and

durable

source oí faclions has been the va-

ríous and

uneciual - distribution

of

property. Thoso who hold and those

wlio are wlthout property have ever formed distinct interests in society. Those who are creditors, and those who are debtors, fali under a like dis-

crimination. A landed interest, a materest, a moneyed interest, whit ma na lesser interests, grow up of nccessity in civllized nations and divir

10) Campos Sales era fazendeiro, casado

mo, convicção que mantém no Relatório

e reafirmaria na Plataforma de 1910. E'

não houvesse escapado à atenção o ca

nufacturing interest, a mercantile in

9) Rui. Relatório de 1891, pág. 14.

Para esse plano político de larga en vergadura e de ação prolongada, rumo

de them into diffcrent classes, actuated

by

different

sentimonts

views. The regulation

and

gio, a nação, com tôda a sua atividade

social, pertencia a classes ou famílias di rigentes. Tal sistema não permitia a criação de uina democracia laboriosa e

robusta, que ptidesse inquietar a bem-

acenturança dos posseiros do poder, verdadeira exploração a beneficio dos privilegiados. Não pode ser assim o re gime republicano. A República só se consolidará, entre nós, "sobre alicerces se guros, quando as suas funções se fir-

of these va-

depõe A. C. SALL^S JÚNIOR: "O

rious and interíering interests forms

Idealismo Republicano de Campos

Sales" — Rio, 1944, pág. 12 e seg. Rui. seus ascendentes e sogro não

possuíram terras: ver Luís Viana,

lhe principal task of modem legislation, and involves the spirit of party and íactlon in the necessary and ordinairy operations oí the go-

ob. cit.

vernment". (Federallst).

12)

Ver nossos artigos nos dois números

137

marem na democracia do trabaliio in

dustrial, peça necessjíria no mecanismo do regime, que lhe trará o equilíbrio conveniente". (13).

Quando adota a Lei Torrens, não es condo a sua intenção de a.ssegurar a má.\ima mobilizaçtão da riqueza teiritor rial, removendo todos os obstáculos ju

rídicos e fiscais à parcelação e circula ção dos direitos sôbre os bens de raiz: —

"comercializar a circulação dos títulos relativos

ao domínio

sôbre a terra",

"mobilização completa da propriedade territorial", segundo èle próprio escre veu. (14). Não há exagero em afirmar-

se que, buscando a solução do probleina do latifúndio na política inglêsa em re lação às colônias na Austrália b. noutros

pontos. Rui tentou a reforma agrária mais profunda que já se empreendeu no Brasil, onde o problema continua aberto até a nossa geração.

Outra estocada preparou Rui contra

a couraça de privilégios iníquos com que a elite rural do país defendera sempre os interesses da classe: abolir a isenção tributária dos fazendeiros. Estudando

os vários aspectos econômicos, jurídicos c técnicos do imposto sôbre a renda, escuda-se em Nabuco dc Araújo — um dos raros estadistas brasileiros, como èlo, sem

terras —

submeter os fazendeiros

ao novo tributo, e cita as palavras do

grande político baiano no Conselho de Estado, em 1867 :

"Os agricultores merecem tôda a pro teção do Estado: mas não podem querer uma exceção, que os equipare aos Indi

gentes; porque só os indigentes, em vir tude de principio constitucional e da natureza dêste impòsto, são os isentos"

anteriores do "Digesto Econômico", nos quais se reproduzem-vários tre

chos de Rui, contrários ao protecio nismo.

13) Relatório, pág. 294. 14) Relatório, pág. 189 i

Seg.


136

Dicesto Econômico

Digesix) Econômico

abalançarmos a um papel de inlransi-

da a intcrèsse.s diferentes, libertos do

gència" — declara c!e sem rodeios. (9).

nesto país onde elas asseguravam poder

Ícudalísmo territorial.

e riqueza.

Se Rui tendesse à deCação em 1890

N.ãü fòru c.s.se o drama do.s Estados

e se apavorasse diante da queda do câmbio, supondo-a resultado único do

Unidos, transparente na emulação acri moniosa entre o requintado Jefferson.

ao futuro, Rui se dobrou a no\'as tran-

aumento do meio circulante, como mui

iaze;:dciro de fumo, e Hamilton, conm èle, sem terra?

sígência.s, pois desde 1882, nos discur sos sobre Pombal e sobre o Liceu, ma

Rui, colocado diante de idêntico pro blema, ín.spira-se na mesma política do adversário de Jefferson, cria o grande banco nacional, encoraja a indústria, acenando-lhe com uma tarifa protecionista, e ampara os portadores das apólices, ■ merce de medidas que ensejam a valori

nifestara formal repulsa ao protecionis

tos pensaram, então, a história brasilei ra teria sido escrita de modo diferente, e decerto bem triste.

Mas Rui não se dei.xa empolgar ape nas pelos problemas da hora. Domina-o

a convicção de que a República, para ser efetivamente democrática, deve e.\o-

nerar-se do predomínio da classe que go vernou durante todo o Império e, que. contrariada nos seus interesses, desgar rou do trono. Dentro dos fardões doura dos de Ministros de Pedro II — mar queses, viscondes e barões, senadores e

deputados — mandavam os senliores de engenho, os fazendeiros de café, os cria

dores de gado, os plantadores de algo dão. Cutegipe, Saraiva c tantos outros

eram, afinal, os homens detentores da

terra. Fôra essa a classe que cm repre sália ao abolicionismo

o derrotara na

Bahia e cortara a carreira política de Nabuco. O novo regime já experimenta va a influencia dessa elite rural cm vá rias figuras, sobretudo a daquele volun tarioso e ativo Campos Sales, fazendeiro por detrás do qual ondulavam os cafè-

zais paulistas. (10). Havia necessidade de contrapor à tradicional estrutura agrária do país uma força nova, vincula-

zação desses títulos.

Levantar e incre-

1 Tentar a riqueza mobiliária para con trarie e equilíbrio do poder ate então

ilimitado e indisputado da aristocracia rural, com quem não tinha vínculos, nem compromisso.^, ma.s, pelo contrário, se li gava, no seu espírito, à recordação de

com herdeira de fazenda;

filho e

neto de fazendeiros em Campinas,

certo que desde 1882 também se batia

convencidamente pela necessidade da in

dustrialização do país, o que pensava al cançar por um programa gigantesco,

enérgico e intensivo de educação, in clusive tecnologia, do nosso povo. Mas sempre opunha reservas às tarifas pro tecionistas. (12).

Justificando, porém, a de 1890, que se inclui nesse rol, confessou o seu obje tivo político de combate ao predomínio

injii.stüs agravos. E' provável que lhe

da aristocracia agrária sobre a vida da nação:

E releva dize-lo : q desemxylohnento

pitulo X do "Federalí.sta", onde Madiron atribui à desigualdade de fortuna a

da indústria não é sòniente, para o Es

fonte das divisões partidárias e faccio-

tado, questão econômica-, é, ao mesmo

sa.s. (11). Era nece.ssário abrir oportu

tempo, uma questão política. Nò rcoime

nidades aos que na.sceram

decaído, todo de exchisioismo e privilé

11) "The

most

sem terras

common

and

durable

source oí faclions has been the va-

ríous and

uneciual - distribution

of

property. Thoso who hold and those

wlio are wlthout property have ever formed distinct interests in society. Those who are creditors, and those who are debtors, fali under a like dis-

crimination. A landed interest, a materest, a moneyed interest, whit ma na lesser interests, grow up of nccessity in civllized nations and divir

10) Campos Sales era fazendeiro, casado

mo, convicção que mantém no Relatório

e reafirmaria na Plataforma de 1910. E'

não houvesse escapado à atenção o ca

nufacturing interest, a mercantile in

9) Rui. Relatório de 1891, pág. 14.

Para esse plano político de larga en vergadura e de ação prolongada, rumo

de them into diffcrent classes, actuated

by

different

sentimonts

views. The regulation

and

gio, a nação, com tôda a sua atividade

social, pertencia a classes ou famílias di rigentes. Tal sistema não permitia a criação de uina democracia laboriosa e

robusta, que ptidesse inquietar a bem-

acenturança dos posseiros do poder, verdadeira exploração a beneficio dos privilegiados. Não pode ser assim o re gime republicano. A República só se consolidará, entre nós, "sobre alicerces se guros, quando as suas funções se fir-

of these va-

depõe A. C. SALL^S JÚNIOR: "O

rious and interíering interests forms

Idealismo Republicano de Campos

Sales" — Rio, 1944, pág. 12 e seg. Rui. seus ascendentes e sogro não

possuíram terras: ver Luís Viana,

lhe principal task of modem legislation, and involves the spirit of party and íactlon in the necessary and ordinairy operations oí the go-

ob. cit.

vernment". (Federallst).

12)

Ver nossos artigos nos dois números

137

marem na democracia do trabaliio in

dustrial, peça necessjíria no mecanismo do regime, que lhe trará o equilíbrio conveniente". (13).

Quando adota a Lei Torrens, não es condo a sua intenção de a.ssegurar a má.\ima mobilizaçtão da riqueza teiritor rial, removendo todos os obstáculos ju

rídicos e fiscais à parcelação e circula ção dos direitos sôbre os bens de raiz: —

"comercializar a circulação dos títulos relativos

ao domínio

sôbre a terra",

"mobilização completa da propriedade territorial", segundo èle próprio escre veu. (14). Não há exagero em afirmar-

se que, buscando a solução do probleina do latifúndio na política inglêsa em re lação às colônias na Austrália b. noutros

pontos. Rui tentou a reforma agrária mais profunda que já se empreendeu no Brasil, onde o problema continua aberto até a nossa geração.

Outra estocada preparou Rui contra

a couraça de privilégios iníquos com que a elite rural do país defendera sempre os interesses da classe: abolir a isenção tributária dos fazendeiros. Estudando

os vários aspectos econômicos, jurídicos c técnicos do imposto sôbre a renda, escuda-se em Nabuco dc Araújo — um dos raros estadistas brasileiros, como èlo, sem

terras —

submeter os fazendeiros

ao novo tributo, e cita as palavras do

grande político baiano no Conselho de Estado, em 1867 :

"Os agricultores merecem tôda a pro teção do Estado: mas não podem querer uma exceção, que os equipare aos Indi

gentes; porque só os indigentes, em vir tude de principio constitucional e da natureza dêste impòsto, são os isentos"

anteriores do "Digesto Econômico", nos quais se reproduzem-vários tre

chos de Rui, contrários ao protecio nismo.

13) Relatório, pág. 294. 14) Relatório, pág. 189 i

Seg.


Dioesto Econóauco

138

Até hoje — registre-se de passagem — os

essa idéia rejeitara a pasta que insisten

rendimentos rurais permanecem isentos

temente lhe oferecera Ouro Prèto no

do imposto cedular de renda. (15).

gabinete de 6 de junho, mas, estadista

Êsses fatos explicam, até certo ponto,

Mas as suas idéias germinaram no curso d:> tempo. O imposto em ouro veio a ser a pedra angular do próprio Cam

até a medula, ante a deformação da

ser fonte de receita das mais iccundas

alicerces do capitalismo brasileiro, pois pulularam as empresas e sociedades anô nimas depois dêle. Mas, por toda parte, a ruína da aristocracia agrária engendre

para a União.

incvitàvciinente o capitalismo, que pa

pos Sales. O imposto dc renda pas.sou a

sua reforma

vènío Provisório, rebenta pouco depois entre Rui e Campos Sales, separando-os

de Washington, defendendo o poder po

funcionou pouco depois. O sistema ban

lítico e financeiro

cário construiu-se dentro do sentido na cional e uma só moeda circula em lodo

a Europa, hoje, e jú se esboça nos Es

o país.

tados Unidos. Dc qualquer forma, re

tória política e econômica, subsidios de

regime,

classes médias, lançou, em verdade, os

a antipatia que, encoberta desde o Godurante perto de 15 anos, até a campa nha civilista. Buscando sempre, na his

dc estrutura do

139

Dir.ESTO Econômico

pas.sa ao papel de Hamilton,- no governo da União contra as

aberrações estadualistiis. A sua ação na Constituinte, a essa luz, deve ser conta

experiência alheia em conjunturas análo

bilizada entre o.s seus mais ineslimá\'eis

gas, para poupar o Brasil ao empirismo, Rui naturalmente lobrigava no enérgico paulista, nascido e educado dentro do crpírito da classe dos fazendeiros de ca fé, à qual pertenceu sempre, um Jcfferson brasileiro antagônico com a sua po

serviços ao país, resguardando a própria integridade do todo nacional contra a

lítica de outro Hamilton crioulo.

ça paru reconquistar o campo meses de

E para mais coincidência do parale lismo histórico,

dade dos bancos emissores, recobra fòr-

pois, tendo diante dos olhos o Banco Federal dc Hamilton como preventivo

até na carreira política posterior das duas

contra a anarquia monetária contida, cm estado potencial, nas aspirações dos que pretendiam copiar o.> precedentes Esta

magníficas figuras do Governo Pro\'isório, Campos Sales, como o fundador da Universidade da Virgínia, de:de cedo se

fôz o apóstolo de exagerada concepção federalísta, que hipertrofiava até quase

A terra ainda constitui o privilégio de minoria, em todo caso muito mais dila

ignorância de uns e a obstinação regio nalista de vários. Quando transige num momento como o fez acerca da plurali

que encontrará símile

dos Unidos

sem conhecê-los nas sua.s

V - A VITÓRIA DE RUI

das grandes obras", e que

ideal pregado pelo Ministro da Fazenda Da obra do Ministro, no campo espe

o sistema de bancos e de impostos. Êle

co não encontrou continuadores inteli

fora o campeão do federalismo nos últi mos meses da monarquia e por amor'a

gentes, de modo que o país não pôde armar-se dos empréstimos governamen

tais como arma poderosa e civilizadora por motivos políticos ainda, evitava

aproximando-se do sonho de Rui.

cla em 194.5, apesar de todos os problema.s o dcficiéncjas do nosso tempo, cada vez mais se eleva da realidade para o

ses magnos do país, como, por exemplo,

15) Relatório, pág. 237. Claro que Rui,

éle próprio como o "estofo p

que outras

nações manejaram

com a

maior destreza.

mezzo

Faltou a Rui aquilo,

milton: - o tempo. O estadista am r _

cano pôde dispôr dc v.k.os anos, p-c^ tigiado sempre por

to Rm, coto 14 tocscs dc aç o. homc

Mas a democracia bmsileira, rcna.-.ci-

cional.

cífico das finanças, pouco sobreviveu. A política de valorização do crédito públi

sulta um >progresso democrático, do qual ^ J" "intero capitalismo não passa- de

plutocracia.

raízes históricas e na sua realidade fun

Rui prevê, desde logo, os perigos que essa doutrina engendraria para a unida de nacional e para vários outros interes

rece destinado à destruição pelo prole tariado, como já ocorre cm quase to. a

tada do que cm 1890. A aristocracia que dela deri\'a restaurou o seu podei político, sob a égide da borracha e do café, na primeira República, mas sofreu golpe mortal em 1930. As indústrias, porém, multiplicam-se por lodo o país,

As classes médias prosseguem na luta .social c mantém dupla fronte de com bate, porque o proletariado lhe ataca a retaguarda, associando-a cegamente à

a.s lindes da soberania a autonomia dos Estados.

O Tribunal dc Contas

do Governo Provisório, o estadista que soube preservar a República dc todas as ameaça.s c perigos da sua fase inicial e

/

''osdcispoderotosparHdosnor^ ricanos, que se re^•esam no Governo, o

Republicano e o Democrata, sao Ima-

dos como- a continuação gloriosa e atiializada das atitudes dassicas e opostas,

critica, talwz a mais dramática de nos

respecHvamente de HamUton e lefferson.

sa história. A sua visão política genial conseguiu o milagre de poupar-se o

Afinal, meditado o problema brasileiro de hoje na profundidade não aparente

Brasil às guerras intestinas e ao caudi-

ac- observadores superficiais, permane ce' o mesmo que prolèticamente vis lumbrou Rui, em 1890. Campos Sales,

Ibisino militar nos primeiros 40 anos de República, quando os geimens dessas

deixar transparentes os alvos de sua

Não prosperou o Registro Torrens. O

duas infecçõe.s, na transição do regime,

que chegou à presidência de seu Esta

Hamilton, ao tentar convencer os aericultores de que seriam beneficia dos se a União assumisse a divida das antigas colônias elevadas a Es tados Veja-se o trecho transcrito Dor Beard em "Economics oí Jeffei--

Banco Central dos últimos meses de seu

assumiam a- pior virulência dentro do

governo deveria sucumbir pela política

corpo combalido da nação. Êsse foi o

deflacionista de Campos Sales e Murtinho, e, ainda hoje, não logrou a estrutu

do e da República, como Jefferson, man teve o prestígio da terra, plantou a era do café, que sucederia à do açúcar e

o Ministro Rui Barbosa.

politíca, como aliás fazia também

Sanian Democracy". (2.« ed. pág. 125).

ração definitiva.

alvo a que se propôs e em que venceu Dir-se-á que, planejando fortificar as

V.

entraria em colapso em 1930, legando-

nos a "política dos governadores". Rui,


Dioesto Econóauco

138

Até hoje — registre-se de passagem — os

essa idéia rejeitara a pasta que insisten

rendimentos rurais permanecem isentos

temente lhe oferecera Ouro Prèto no

do imposto cedular de renda. (15).

gabinete de 6 de junho, mas, estadista

Êsses fatos explicam, até certo ponto,

Mas as suas idéias germinaram no curso d:> tempo. O imposto em ouro veio a ser a pedra angular do próprio Cam

até a medula, ante a deformação da

ser fonte de receita das mais iccundas

alicerces do capitalismo brasileiro, pois pulularam as empresas e sociedades anô nimas depois dêle. Mas, por toda parte, a ruína da aristocracia agrária engendre

para a União.

incvitàvciinente o capitalismo, que pa

pos Sales. O imposto dc renda pas.sou a

sua reforma

vènío Provisório, rebenta pouco depois entre Rui e Campos Sales, separando-os

de Washington, defendendo o poder po

funcionou pouco depois. O sistema ban

lítico e financeiro

cário construiu-se dentro do sentido na cional e uma só moeda circula em lodo

a Europa, hoje, e jú se esboça nos Es

o país.

tados Unidos. Dc qualquer forma, re

tória política e econômica, subsidios de

regime,

classes médias, lançou, em verdade, os

a antipatia que, encoberta desde o Godurante perto de 15 anos, até a campa nha civilista. Buscando sempre, na his

dc estrutura do

139

Dir.ESTO Econômico

pas.sa ao papel de Hamilton,- no governo da União contra as

aberrações estadualistiis. A sua ação na Constituinte, a essa luz, deve ser conta

experiência alheia em conjunturas análo

bilizada entre o.s seus mais ineslimá\'eis

gas, para poupar o Brasil ao empirismo, Rui naturalmente lobrigava no enérgico paulista, nascido e educado dentro do crpírito da classe dos fazendeiros de ca fé, à qual pertenceu sempre, um Jcfferson brasileiro antagônico com a sua po

serviços ao país, resguardando a própria integridade do todo nacional contra a

lítica de outro Hamilton crioulo.

ça paru reconquistar o campo meses de

E para mais coincidência do parale lismo histórico,

dade dos bancos emissores, recobra fòr-

pois, tendo diante dos olhos o Banco Federal dc Hamilton como preventivo

até na carreira política posterior das duas

contra a anarquia monetária contida, cm estado potencial, nas aspirações dos que pretendiam copiar o.> precedentes Esta

magníficas figuras do Governo Pro\'isório, Campos Sales, como o fundador da Universidade da Virgínia, de:de cedo se

fôz o apóstolo de exagerada concepção federalísta, que hipertrofiava até quase

A terra ainda constitui o privilégio de minoria, em todo caso muito mais dila

ignorância de uns e a obstinação regio nalista de vários. Quando transige num momento como o fez acerca da plurali

que encontrará símile

dos Unidos

sem conhecê-los nas sua.s

V - A VITÓRIA DE RUI

das grandes obras", e que

ideal pregado pelo Ministro da Fazenda Da obra do Ministro, no campo espe

o sistema de bancos e de impostos. Êle

co não encontrou continuadores inteli

fora o campeão do federalismo nos últi mos meses da monarquia e por amor'a

gentes, de modo que o país não pôde armar-se dos empréstimos governamen

tais como arma poderosa e civilizadora por motivos políticos ainda, evitava

aproximando-se do sonho de Rui.

cla em 194.5, apesar de todos os problema.s o dcficiéncjas do nosso tempo, cada vez mais se eleva da realidade para o

ses magnos do país, como, por exemplo,

15) Relatório, pág. 237. Claro que Rui,

éle próprio como o "estofo p

que outras

nações manejaram

com a

maior destreza.

mezzo

Faltou a Rui aquilo,

milton: - o tempo. O estadista am r _

cano pôde dispôr dc v.k.os anos, p-c^ tigiado sempre por

to Rm, coto 14 tocscs dc aç o. homc

Mas a democracia bmsileira, rcna.-.ci-

cional.

cífico das finanças, pouco sobreviveu. A política de valorização do crédito públi

sulta um >progresso democrático, do qual ^ J" "intero capitalismo não passa- de

plutocracia.

raízes históricas e na sua realidade fun

Rui prevê, desde logo, os perigos que essa doutrina engendraria para a unida de nacional e para vários outros interes

rece destinado à destruição pelo prole tariado, como já ocorre cm quase to. a

tada do que cm 1890. A aristocracia que dela deri\'a restaurou o seu podei político, sob a égide da borracha e do café, na primeira República, mas sofreu golpe mortal em 1930. As indústrias, porém, multiplicam-se por lodo o país,

As classes médias prosseguem na luta .social c mantém dupla fronte de com bate, porque o proletariado lhe ataca a retaguarda, associando-a cegamente à

a.s lindes da soberania a autonomia dos Estados.

O Tribunal dc Contas

do Governo Provisório, o estadista que soube preservar a República dc todas as ameaça.s c perigos da sua fase inicial e

/

''osdcispoderotosparHdosnor^ ricanos, que se re^•esam no Governo, o

Republicano e o Democrata, sao Ima-

dos como- a continuação gloriosa e atiializada das atitudes dassicas e opostas,

critica, talwz a mais dramática de nos

respecHvamente de HamUton e lefferson.

sa história. A sua visão política genial conseguiu o milagre de poupar-se o

Afinal, meditado o problema brasileiro de hoje na profundidade não aparente

Brasil às guerras intestinas e ao caudi-

ac- observadores superficiais, permane ce' o mesmo que prolèticamente vis lumbrou Rui, em 1890. Campos Sales,

Ibisino militar nos primeiros 40 anos de República, quando os geimens dessas

deixar transparentes os alvos de sua

Não prosperou o Registro Torrens. O

duas infecçõe.s, na transição do regime,

que chegou à presidência de seu Esta

Hamilton, ao tentar convencer os aericultores de que seriam beneficia dos se a União assumisse a divida das antigas colônias elevadas a Es tados Veja-se o trecho transcrito Dor Beard em "Economics oí Jeffei--

Banco Central dos últimos meses de seu

assumiam a- pior virulência dentro do

governo deveria sucumbir pela política

corpo combalido da nação. Êsse foi o

deflacionista de Campos Sales e Murtinho, e, ainda hoje, não logrou a estrutu

do e da República, como Jefferson, man teve o prestígio da terra, plantou a era do café, que sucederia à do açúcar e

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politíca, como aliás fazia também

Sanian Democracy". (2.« ed. pág. 125).

ração definitiva.

alvo a que se propôs e em que venceu Dir-se-á que, planejando fortificar as

V.

entraria em colapso em 1930, legando-

nos a "política dos governadores". Rui,


TfT

Dicesto EcoNÓ-snco

frustrado

como Hamilton, semeou os

grandes ideais nacionais, inclusive o da industrialização do país, e continua a ser um programa em marcha e um cla rim de combate, cada vez mais atual e promissor.

Os partidos nacionais, na sua ostensi va confusão, não passam de rios que, de pois de uma convulsão sísmica, tendem a voltar aos leitos clássicos e naturais,

cavados pelos antagonismos daqueles dois fundadores da República.

LICEWCI/IMEMTO DE SEU AUTO

.

I;

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Santos - Rua Senador Feijó, 215 Santo André - Rua Goiaz, 1318


TfT

Dicesto EcoNÓ-snco

frustrado

como Hamilton, semeou os

grandes ideais nacionais, inclusive o da industrialização do país, e continua a ser um programa em marcha e um cla rim de combate, cada vez mais atual e promissor.

Os partidos nacionais, na sua ostensi va confusão, não passam de rios que, de pois de uma convulsão sísmica, tendem a voltar aos leitos clássicos e naturais,

cavados pelos antagonismos daqueles dois fundadores da República.

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ARAME PRETO RECOSIDO, ARAME FARPADO E GRAMPOS PARA CERCA, ARAME COBREADO PARA MOLAS, TUBOS PRETOS E GALVANIZADOS.

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Rua Senador Dantas, 20 — IS.o andar — salas 1507/9 RIO DE JANEIRO

Agência em São Paulo: RUA BOA VISTA, 136 — 6.o And. — TeL: 3-2151 SÃO PAULO


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'' ""I.i/iHFIH

PORQUE

O

SR. DEVE

ANUNCIAR

21

NO

Num país de tão vasta extensão e'de escassa crfií-

D I G E S T o

cação pública, é difícil calcular os heheficios que o "Digesto

Econômico" nos jyroporciona.

ECONÔMICO

Pelo alto quilato de seus colaboradores, pelo valor intrínseco dos assuntos de interâsse geral, tratados com

linguagem acessível, enseja a revista que Antônio Gontijo dc Carvalho dirige, aos homens dc negócios, aos homens

Preciso nas informações, sóbrio e objetivo nos comentários, cômodo e elegante na apresenta ção, o Digesto Econômico, dando aos seus'

leitores um panorama mensal do mundo dos negócios, circula numa classe de alto poder aquisitivo e elevado padrão de vida. Por essas razões, os anúncios inseridos no Digesto Eco

nômico são lidos, invariàvelmente, por um pro vável comprador.

Esta revista é publicada mensalmente pela Editôra Comercial Ltda., sob os auspícios da Asso

de Estado, aos homens de cultiira, conhecimentos não

apenas sólidos e exatos, mas de aplicação oportuna, pelo bem da comunidade.

Mercâ dc uma larga tiragem, posta ao alcance geral, do norte ao sul do país, contribui poderosamente o "Digesto Econômico" para a formação da cultura geral do país, como, entre tantas outras, uma destas- forças imponderáveis da unidade naciotxal, para cuja manutenção devenws todos ter o coração vigilante. Antônio Sampaio DoniA

(Professor catedrático da Faculdade de Direito

de São Paulo e ex-Ministro da lusiiça)

ciação Comercial de São Paulo e da Federação

do Comércio do Esado de São Paulo.

EDITÔRA

COMERCIAL

LIMITADA

VIADUTO BOA VISTA. 67. 9.0 ANDAR — TEL. 3-1112 - RAMAL 19 — S. PAULO

Gráfica São Josá — Rua Gaivão Bueno, 230 — Telefone, 6-4912 — São Paulo


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DICESTO

ECONOMICO SOB OS auspícios oo ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO E 00 FEDERAÇÃO DO COMERCIO DO ESTADO DE SÃO PAULO s u m A R I o Pá9.

o dénctl orçameniárlo — Richard Lewinsohn

9

IndustriaUzação ® energEa elétrica — Aldo Mário Azevedo

15

Ccn^talibilidade do orçamento cíclico e da planificação com a Constituição de 1946 — Josaphat Marinho

36

Garantia de preços mínimos à agricultura natíonal — José Garíbaldi Dantas .

42

Notas sôbre <un econonüsta argentino — Diacir Menezes Carvão nacional, fonte de energia — Geraldo O. Banaskiwitz

46 52

Sôbra a quarta eleição de Roosevell — Dario de Almeida Magalhães

60

Produtos twasileiros no mercado

— A borracha Dorival Teixeira Vieira

Noções gerais sôbre o imposto — José Luiz de Almeida Nogueira Porto

67

74

Agricultura e economia açucarezras em São Paulo — José Hbnório Rodrigues ..

81

Davi Camj^ta — Antônio Gontijo de Carvalho

87

Mobilidade

Rffmeif^Tf cím/u/iím ^PAsiLtiRO

29,

Aspectos do mercantOIsmo — Roberto Pinto de Sousa

horizontal —

Nelson

Werneck Sodré

109

Diálogo entre o poder e o Direito — Cândido Mota Filho Data verdadeira — Otávio Tarquinio de Sousa

113 117

Florestas — Pimentel Gomes Rslertores do ensiZhamento (1691) — Afonso de Taunay

122 128

A responsabilidade do Pretídente da Hepúldica — Oto Prazeres

139

PIÍOWTO AftTABCTICA

K.O 63 — FEVEREIRO DE 1650 — ANO VI


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