DIGESTO nvri-áW''-'-
ECONOMICO
w/
SOB OS auspícios DB ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO E DB FEDERAÇÃO 00 COMERCIO 00 ESTADO DE SÃO PAULO m SUMARIO Invoslimentofl cslrnngeiros no Brasil — San Tiago Dantas A valorização do ouro — nicliard Lowinsohn
As tondôncias modernas na produção do lilãnlo — S. Fróes Abreu Reserva, provisão o fundo de indenização das emprêsas — Djaeir Menezes ■ ■ Polillca econômico açucareira — Roberto Pinto do Sousa
Noções gorais sòbto o imposto — José Luiz de Almeida Nogueira Pôrto Produtos brasileiros no mercado internacional — Dorival Teixeira Vieira A rendição da Guarda — EugCmío Gudin ■i
Flagrantes o símbolos da América — Dni io cie Almeida Magalhães Coopcralivismo o Reforma Social — Ainúbio Graça Noções sóbro o funcionamento dos Bancos Indusírlais — Hatwig Lôtl de Kolenfòld Mercado Interno — Nelson Wcrneek Sodró
Augusto Comto e o questão social — Ivan Lins Viticultura
—
Piinontel
Gomes
Dicionário e revolução — Otávio Tnrquinio de Sousa A remuneração dos prefeitos municipais — Dosiré Guarani e Silva . . .
A primeira Casa da Moeda do Brasil (1645) — Afonso clc Taunay Rui. um estadista no Ministério da Fazenda — Aliomar Baleeiro
N.O G2 — JANEIRO DE 1950 -r ANO VI
■
m.
>•
O digesto económ'^^ ESTA A VENDA
nos principais pontos do jornais n..
no prc"/^
Maior Precisão
Cr$ r..0().
Os nossos age-mos da rolaçao abaixo c-atao aptos a encomenda, bem encomenda, bem como corno
a n-c&xr
aí sT.Htur:^;. ao pre.;o
Em Corte de Metais
üe be Cr$ 50.00 anuais.
nP
* T ^
í;V'v
Agente Geral pura o Bra-ll
FERNANDO CHINAGLIA Aronida Presidente Vargas, 502, 19-o onda*
II,
Mac.-i/j.
Amazonas: Acência Freitas. Pua JoaQuím Sarmento. 29. Manaus. Bahia: Aliredo J. de Souza & Cia., ít. Saldanha da Gama, C. Salvador.
Ceará: J. Alaor de Albuquerque & Cia. Praça do Ferreira. 621. Fortaleza.
Espírito Santo: Viuva Copolilo St Fi lhos. Rua Jerônlmo Monteiro, 3G1, Vitória.
Goiás: João Manarino. Rua Setenta A, Goiânia.
Maranhão:
Livraria Universal, Rua
João Lisboa. 114, Sâo Luiz. Mato
•sistir ns ^f.sistJ
iR'
vil"- i! noraná: J. Chlafínoiic.
^5 d« No
-Jr cU'
I rnnSDtll cii* Aloos ironsiiari:»-
vembro. 423. Curitlon-
ins sen mist-nru
P«>rnambuco: Fornando Chlwllo. Hua do Imperador. 221. 3.0 andar.
c'" vcl"'-''''"'''
Heclfe.
o desgaste
PiQui: Cláudio M- Totc. Tcrcsln:
l'-' 'lrra..'e"las e d3o
Rio do Janeiro: ^ Av. Presidente VarCf»^. *>02, 1.) o
■ ,n prcciswo as
andar.
Rio Grande do Norte: Luís Romfio, Avenida Tavares Lira. 48, Natal.
PCÍ"' .^p.urc-so a&sses soliciiaruíoas ^^iiriinruio as
Rio Grande do Sul: Sòmeinc para Por to Aloiírc* Octavio Sacebin, Rua
'^^"^tendãçSes cspecíti-
7 d? Setembro. 709. Porto Ale/ire. Para locais fora do ^oijo Ale/^rc.
i^para cas paf"
Fernando CliinagUa. R. de Janeiro
Grosso: Carvalho. Pinheiro &
Cia., Pça. da República, 20, Cuiabá.
*n
IH»
Rio de Janeiro
Alagoas: Manu»-] Espíndola. Praça Pe-
roiisíu;»"r . f
<> sea caso.
Santa Catarina: Pedro Xavier & Cia..
★
f
Consulte o
,Dcparlamenlo Tí-cnico da Secçâo dos Produhs da
Lubrificantes
Socony-Vacuum OU Conipany, /nc. Concessionária
Rua Folipo Schmldt. 8. Florlanop. Minas Gerais: Joaquim Mors VelloKo. Avenida dos Antíradas. 3S0. Belo Horizonte.
Pará: Albano H. Martins Sc Cln.. Tra vessa Campos Sales. 85/89, Belém.
Paraíba: Loja das Revistas,_ Rua Ba rão do Triunfo, 510-A, João Pessoa.
J
Sâo Paulo: A Intelectual. Ltda.. Via duto Santa Efigònia, 201, S. Paulo.
Sergipe: Livraria Regina Ltda.. Rua
n.t-í Rri"atlciro Tobiiis. 356 • Santos - Rua lloToró, 71
•jf^oão Pessoa, 137. Aracaju,
S
São Paulo - Itua u»»©
Curitiba - Rua Cruz Machado. 12- l.® and.
Território do Acro: Diógene» de Oli veira. Rio Branco.
y
■ ii' iViÍÉMflíiiiéiifiiiiiiiír "
%
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J. FLORIANO DE TOLEDO CORRETOR DE IMÓVEIS
RUA SÃO BENTO, 45 - 5.o ANDAR - SALAS 512-3-4
TELEFONES: 2-1421 E 2-7380
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SAOPAULO
m C® MAQUINAS DE COSTURA
CURSOS DE COSTURA
SERVIÇO MECÂNICO ACESSÓRIOS DE COSTURA
Há sempre uma loja Singer próxima a sua casa para aiende-la.
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Singer Sewíng Machine Company Lojas em todo o Brasil.
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M B I IV A
Bil\CO DE CREDITO BEUL DE NIDI/IS GERUiS $.
fAfíftir A of Annas "oonurns ouíMinoti < 'ARMi^r^uTtcns
FUNDADO EM 1889
FABRICA EM SÃO CAETANO DO SUL — EFSJ PRODUTOS QUÍMICOS, FARMACÊUTICOS E INDUSTRIAIS — ÁCIDOS COMERCIAIS E PARA ANALISE — SAIS PUROS
.•< :>Í
IMPORTAÇÃO E FABRICAÇÃO
■ .'ú
Lança Perfume Golombína CAMBIO
A MARCA PREDILETA
DEPÓSITOS
Rua Silveira Marlins N.o 53 - l.o And. - Tels.: 2-1524 - 3-6934
EMPRÉSTIMOS
Caixa Posíal, 1469 — São Paulo
COBRANÇAS
Agências no Estado de São Paulo: SAO PAULO
Rua Boa Vista, 88 — Tel. 2-4152 — 2-4153 — 2-4154 - Ramais bom RETIRO — Capital
Automóveis e Caminhões
Rua Silva Pinto, 209 — TeL 52-7803 SANTO ANDRÉ Rua Senador Flaquer, 59
Rua Frei Gaspar, 26 — Tel. 2-7211 BARRETOS
^
Praça da Bandeira, 368 — TeL 586 FRANCA
Concessionários
cia. de Automóveis Alexandre liornstein SAO PAULO Eecrilório, vendas • secçio de peças
RUA CAP. FAUSTINO LIMA, lOi Telefones:
Escritório e vendas ... 2--8738 Secção de peças ..... 2-4664
^
Rua do Comércio, 513 — TeL 419
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
, _ '
,
Rua Voluntários de São Paulo, 40 — TeL 764
RUA CLAUDINO PINTO, SS
AGENCIAS NAS PRINCIPAIS CIDADES DE MINAS GERAIS — RIO DE JANEIRO S. PAULO — BAHIA — GOIAS
Telefone: 2-8740
ESPIRITO SANTO
CAIXA POSTAL, 2840
PARANÁ
OFICINAS:
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1* «J*»
I J
Monsanto Chemical Company
ONYX INTERNATIONAt
6t. low't - US*
Trodulot íntermedianos. Produiot
COMPANHIA
<3ED
Giy - U&*
quimicot
paro todo» 01 indútirioi. <ntel!cidos. htrbic!do», rodcnlicido», Moierioit piótiicou Colo»
Produto» paro omociamento. de»engordu>
ramenl^ fingimento, ocabomenio. etc., no industrio têxtil.
poro compensado», etc.
cLIDER> CONSTRUTORA
DURAND i HUGUENIN S. A. »
CAPITAL REALIZADO CRS 5 OCO 000,00
FABRIQUE ZURICOISE DE
. bu!(o
GAZES À BLUT6R tu'-aue - Sui<o
Coror»io» 00 cromo especioi» poro
84do Própria: Edifício "Lldor" Rua Woncesiau Caixa
Brás. 175
Po«laI, 938
enomporio de olgodòo. »edo. "royon". etc.
Cose» de ledo poro quadro»
Coronie» "Indigosol"
de estòmporío. Goze» de »edo
'
poro peneira», eic.
Telofonos: 3-3255 o 3-2627 São Paulo
End. Tolc9ráílco: "LÍDER"
Irmãos
DEPARTAMENTOS:
Imobiliário
—
Urbanismo
VENANGO ENGINEERING.
IHE HVnRflUUC PRESS MFC. CO.
fhiioeaiphio • UB*
Mount Cfeod • USA
Casas e Terrenos — Constru ções em acral. edifício
-lider-
Falcri
Móquino» pncurnólico» poro
Premas e máquina» hidráulico»
lingimentode mcodot,meio», fio» em roco». etc.
poro iniecõo e moldogem de motério» plã»ttcas
DOILFUS & NOACK S. A.
BUrrALQ.ELECTRQ-CHEMICAL Co Ihc
Muinow.o - Frooco
BuMole - USA
•
Peróxido do hidrogênio poro feiifo» • ponos técnicos
olvejcmento» no» IndúsirTo» de
poro lodo» o» indústria»
tecido» e de popel, proce»to»
^ qurmico», fins sanítórío», etc>
Rcpresenioçõe» poro o Brosíl de
Sucursal no Distrito Federal: Séde própria:
Rua Itobí, 179
Avenida Presidente Vargas. 509. 5,0 andar do Edifício "Montreal" Fone 43-3950
RIO DE JANEIRO
.
Da economia de hoje depende a prospei-idade de amanhã. Procu
re conhecer os planos econômicos desta organização, para realizar suas aspirações.
SÀO PAULO
Rua Conselheiro Soroivo, 16 CoÍKo Postal. 237 • Tei.: 23-5516
Telegramas: "COLOR"
São Paulo
CURITIBA
Ruo Morlim Burchord, ôOB R. Cel. M. Borreto Moncloro, 405 Caixa Posiol. 1685 • Tel.: 3-3154 Coixo Postal, 660 • Tel.: 3-492
Telogromas: "COLOR"
Agentes nos principal» cidade» do pois
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DIGESTO ECOikfÍMICO I MM MJ luòcias m njHtuu
wLtau
V
Investimentos estrangeiros no Brasil
Pvbfieado sob ei euipfeíot dm
San Tiaco Dantas
ISSOCIAClO COMERCIAIDE SlO PflUlO
★
FEDERAClO DO COMÉRCIO DO ESTADO OE SÍO PAULO
«« ■up»rlniend»nf«: Martim Aliotuo Xavier da Silveira Diretor:
Aalonlo Coniljo de Carvalho
O Dlgesio Econômico, órgão de In-
(Professor da Universidade do Brasil)
« l>ig«>N<o EeonAmlco
N^^tra^cnçao de artigo, peda-.e EconônSco.
®
D i fl e s 1 o
kni:kc;ia
Ki.rrnucA - auio A/^t-vctio.
Número do mês:
Atrasado:
dutos primários obtidos no País. 2. Êssc programa de desemoU imento intensivo, que se tem de repartir entre n iniciativa privada o a iniciativa do Es tado, exige a conlribuição de capitais consideráveis, formados no próprio país ou vindos do estrangeiro. Os primeiros
Eí.OHKS']'AS - Pimcnlfl Comes.
representam uma contribuição importan te, indispensável, mas deficiente em face
XÜÇr>ES CEPAIS SOHHI'' O IMPOS
tos de que necessitamos. A fraca acu mulação de capitais é um dos males crônicos da economia brasileira, agrava
tem operado no valor das economias co
S
letivas e populares e pela tendência às
Viaduto Boa Vleta, 67 - 7.o andar Tal. 3-7489 — Caixa Poetai, 249-B
★
ção econômica entre os norte-amet^icanos c o Brasil.
as moratórias, o nacionalismo econômi
co, a escassez de divisas para atender aos serviços do capital. 3. O primeiro objetivo prático a que corresponde uma política de investimen
inversões não produtivas, especialmente
tos visando o desenvolvimento intensivo
Ção.
aplicado em aHvidades fundamentais pa
tiva de capitais domésticos, e à entrada de capitais estrangeiros por iniciativa privada ou governamental. A consecução desse objetivo depende
ra o desenvolvimento gemi, desde qiie se acentuaram as caracterísücas desfa voráveis da situação internacional cria
seus aspectos — e de medidas especiais,
.
.
. 1
Os segundos, isto é, os capitais vindos
^'nn
Redação e Administração:
São Paulo
do pelo rápido desgaste que a inflação
COMÉRCIO INTERNACIONAL - Ro
ligadas ao processo de super-urbaniza-
;; §í| |;J0
missão c Estudos Cerais da Missão Ah-
bink pelo relator dr. San Tiago Dantas. Divulgamos, agtyra, cm primeira mão, para o grande público, o têxto dessa me mória. que compendia os pontos de vista vencedores no seio da Comissão, a cujos trabalhos sc incorporou, e que mereceu especial referência dos técnicos ameri canos e brasileiros que infegrurími a Missão Abbink, como possível ponto de partida para urna. política de coopera
da ordem de grandeza dos investimen
TO - José Lniz cJe Almeida Nogueira
Crs -.n nr. crS
timentos estrangeiros, apresentada à Co
tura intensiva o industriaU/.ação de pro
A HKSPONSAIilIJnAOK IMUÍSIOKNTK DA HEPÜJíDICA - Otto
DIgesto Econômico
CrI
bosa dc Oliveira ã memória sôbrc inves
um país subcapitalivndo, cujo desenvol
oproveitamenlo dc potencial hidráulico, exploração dc recursos minerais, agricul
ASSINATURAS;
(registrado)
econômica, o Brasil se apresenta como
ixDrsTHiAM/AÇÃo
berto Pinto cie Sousa.
Ano (simples)
servações inéditas do dr. Américo Bar
vimento depende de investimentos em serviços públicos, meios de transporte,
Porlo.
SS1I™»™'ÍSS.~ÍS;
1. Na etapa atual de sua evoluvão
publicará no próximo número:
Pra/^TOS.
devidamente cfci estejam conceitos emltííí^t peloa nados ®"otldo8 em artigos assl-
Em seu número dc novembro p. findo,
o "Digcsto Econômico" publicou as ob
formações econômicas e financelEdltôra*'!^ peJa «litôra Comercialínensalmente Ltda.
NeccssUloile dc invcstiniciitos
do estrangeiro, não tem afluído ao pais em suficiente quantidade, nem se tem
da pela grande depressão econômica imediatamente anterior aos anos trinta :
do país, é, portanto, criar condições fa voráveis à formação e aplicação produ
de medidas de ordem geral - relativas
à economia do país na generalidade de
que se increvem no quadro mais restri to da política de investimentos.
DIGESTO ECOikfÍMICO I MM MJ luòcias m njHtuu
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V
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San Tiaco Dantas
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Aalonlo Coniljo de Carvalho
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Porlo.
SS1I™»™'ÍSS.~ÍS;
1. Na etapa atual de sua evoluvão
publicará no próximo número:
Pra/^TOS.
devidamente cfci estejam conceitos emltííí^t peloa nados ®"otldo8 em artigos assl-
Em seu número dc novembro p. findo,
o "Digcsto Econômico" publicou as ob
formações econômicas e financelEdltôra*'!^ peJa «litôra Comercialínensalmente Ltda.
NeccssUloile dc invcstiniciitos
do estrangeiro, não tem afluído ao pais em suficiente quantidade, nem se tem
da pela grande depressão econômica imediatamente anterior aos anos trinta :
do país, é, portanto, criar condições fa voráveis à formação e aplicação produ
de medidas de ordem geral - relativas
à economia do país na generalidade de
que se increvem no quadro mais restri to da política de investimentos.
n
Dicf.stu Econômico 10
DitJFsro Kía)SÔMK:<>
E' possível prceenticr que as medi
das gerais teriam suficiente cficacia pa ra encaminhar à «jlnção o nosso pro blema de falta de investimentos. De fato, e.st;incíida a inflação, saneada a si tuação monetária, organizado o crédito, o processo de capitaliz^ição se faria nor
malmente c os capitais estrangeírtjs sof riam gradualmente atraídos pela regene ração da nossa economia. |£' certo, po rém, que algumas normas especiais re lativas aos investimentos pí>dem ter uma
influencia favorá\-el séhre ésse processo geral, c rjue, sem o ernprêgo de medi
das e.specíficas, não conseguiremos o de senvolvimento intensivo de um país sub desenvolvido.
MedUlíLy gerais
4. As medidas de ordem «oral, de cuia adcçao depende mais diretamente qual quer polítiea de investimentos, são as que dizem re.si)eilf) ao eombale a inflaçao, ao saneamento do mercado de títulos e à melhor orientação governamental no
aplicar as chamadas economias coletivas, isto é, os fundos dos institutos autárquicos e caixas econômicas e as reservas das
companhias de seguros, e no conceder creditas para empreendimentos novos Ou aplicação dos existentes.
A inflação tem sobre um processo normal de formação e aplicação de ca pitais o efeito catastrófico conliecido de todos. Ao mesmo tempo que cria dis
ponibilidades exces^sivas e encoraja a iniciativa, ela prejudica o mercado de
títulos, desestimulando a tomada de pa péis com rendimento fixo, e convida às inversões improdutivas, tomadas muito
lucrativas pela especulação.
O mercado dc títulos é o instrumento
indispensável ao mo\imenlo (h- ( apitais, que p(jr élc .se (iríentam c mobiliz^im.
Entre nós, o lançamento desordenado dc títulos públicos no iner<.ad<j de v.ilorcs íf a compulsoriedade de sna subseriç.áo tem eoncorridcí para a esfagn.jção e mes mo o regresso ii('lc obsenado. Airresco
de um simples aumento nominal de sa lário, mas lie um aumento real, leremos,
em lugar de amplo sistema de garantias
mia dos paistís de saliirio baixo e foi um
c assistência próprio do pais pobre, o
método de ação .social intimamente liga
sistema do trabalhador bem remunerado,
de (pie foram um dos grandes propul-
sistèneia, que. como ficou dito acima,
a.s.sist(uieia nada (jue se compare ao (juc fizeram a Alemanha e a Itália, e cm pe
jamais se verá decròscer.
apenas se inicia, também é certo que tnrzcmos para o .seio désse capitalismo um senlid(} de justiça social que só se re\elou muito tarde aos povos cuja (ix-
dentro de um cpiadro onde estejam pre vistas a.s iniciativas indispensás'cis ao dcscn\'olvinicnlo ecomunico, so bretudo para atender a serviços
periéncia capitalista transcorreu um sé culo atrás. Conciliar o capitalismo com
c empreendimentos qne reper-, X':
volvimento gera! e qne, por mo tivo» vários, nem sempre podem atrair a iniciativa privada.
5. Duas condiçíãe.s gerais que influenciam a política dc investimentos, IV
As leis trahalhisUis
As leis trabalhistas brasileiras, ora são
I
Imposto dc renda 6. No tocante ao impcisto de renda, cabo salientar que a evolução intensiva da economia brasileira tem na baixa ta
xa de tributação um dos seus indispensá\'eis pressupostos. Um país de econo mia plenamente dc.scnvolvida deve utili zar o imposto de renda como um instru mento de redistribuição da riqueza e de esterilização do poder de iniciativa. Um
país como o nosso, pelo contrário, de\e manter bai.xo o nível de suas taxas, com
os imperativos da justiça social transmi
o duplo objetivo de estimular a reinver-
tidos à nossa civilização pela experiên cia dc outros povos é um traço que marca o eapilalismo latino-americano. Nada é mais ilusório, portanto, do que pensar que poderemos recuar, no cam
fogem à tributação confiscatória dos países supercapitalizados. E' verdade que os rendimentos aufe ridos no pais do investimento sofrem, ao reingressar no país do investidor, uma
po das relações trabalhistas, a uma fase puramente contratualista. Nada é,
e que merecem ser préviamenle exami
cuja proteção decorre cio seu poder de auto-manutenção, sem prejuízo daquela parte legítima de garantias, seguro e as-
proletariado, não fizeram no campo da
e o integra! aproveitamento dos nossos recursos exigem (lue percorramos ainda nina etapa nitidamente capitalista, que
sor(;s, f obvio cpic ela s<r (lesar orientar
mia, c em que melhorar, de fato, o ni-
cutível como SC tem apregoado; é mui tas N-èze.s nma característica da econo
economia, o aumento da renda nacional
njuio recente, às Ínvcr.síãe.s imobiliárias,
regime de livre empreendimento, ora são criticadas como um fator de dimi nuição da nossa produtividade técnica e
0 nm índice de progre.vk) social tão dis
brasileiro e português. Por outro lado, .se c \'erdade (pie a expansão da nossa
letivas, consagradas, no período inflacio-
louvadas como representativas de um íilto padrão de justiça social, dentro do
\'el de vida do trabalivador, não através
quena escala os regimes autoritários
tiva (; educativa qne as b()lsas d(?vem preenc her, e cjne de fato prc-encbem cin outras partes do mundo. Quanto á a[)lica(;ão cie eeotioniias co
nadas, suo as escalas do imposto s(')!3re a renda e a legislação íraballiista.
nos dois pontos de vista. O excesso de garantias e proteções ao trabalhador não
celência, t; do melhor nível de \ida do
fjner títulos, tem lollúdo a função sele
cutem na.s c()ndiçõ(\s (U; desen
ractcrísticas estruturais da nossa econo
do aos regimes aulUrilários. Os Estados Unido.s, pais dos salários altos por ex
a isso a pe( liliaridade da nossa legi.slaÇao dc Imlsa, voltada p.ira a criação dc pri\il«'giris etti favor d(; corretores, que, tornando obrigatí^jria a cotação de quais-
Na nKxlida cm que mudarem as e.i-
du alimento dos custos. Há, talvez, uma cen.sura de unilateralismo a fazer
igualmente, mais errado do que pensar
que toda concessão ao trabalhador e um progresso social, e que não se pode, sem readonarismo, vir atrás de a gumas fór mulas excessivas — õu subordina-las,^ co mo é justo e indispensável, a cntenos
objetivos de apuração da assiduidade e
da produtividade.
são e atrair os capitais estrangeiros, que
nova taxação que, algumas vezes, cons titui bitributação, agravando a situação do contribuinte em relação a do que
capta seus rendimentos no próprio pais — e outras vezes constitui mera tiàbuta-
ção complementar, que o equipara aos contribuintes desta última classe.
Não
se pode, porém, esquecer que o investi dor, sobretudo o grande investidor, dei-
n
Dicf.stu Econômico 10
DitJFsro Kía)SÔMK:<>
E' possível prceenticr que as medi
das gerais teriam suficiente cficacia pa ra encaminhar à «jlnção o nosso pro blema de falta de investimentos. De fato, e.st;incíida a inflação, saneada a si tuação monetária, organizado o crédito, o processo de capitaliz^ição se faria nor
malmente c os capitais estrangeírtjs sof riam gradualmente atraídos pela regene ração da nossa economia. |£' certo, po rém, que algumas normas especiais re lativas aos investimentos pí>dem ter uma
influencia favorá\-el séhre ésse processo geral, c rjue, sem o ernprêgo de medi
das e.specíficas, não conseguiremos o de senvolvimento intensivo de um país sub desenvolvido.
MedUlíLy gerais
4. As medidas de ordem «oral, de cuia adcçao depende mais diretamente qual quer polítiea de investimentos, são as que dizem re.si)eilf) ao eombale a inflaçao, ao saneamento do mercado de títulos e à melhor orientação governamental no
aplicar as chamadas economias coletivas, isto é, os fundos dos institutos autárquicos e caixas econômicas e as reservas das
companhias de seguros, e no conceder creditas para empreendimentos novos Ou aplicação dos existentes.
A inflação tem sobre um processo normal de formação e aplicação de ca pitais o efeito catastrófico conliecido de todos. Ao mesmo tempo que cria dis
ponibilidades exces^sivas e encoraja a iniciativa, ela prejudica o mercado de
títulos, desestimulando a tomada de pa péis com rendimento fixo, e convida às inversões improdutivas, tomadas muito
lucrativas pela especulação.
O mercado dc títulos é o instrumento
indispensável ao mo\imenlo (h- ( apitais, que p(jr élc .se (iríentam c mobiliz^im.
Entre nós, o lançamento desordenado dc títulos públicos no iner<.ad<j de v.ilorcs íf a compulsoriedade de sna subseriç.áo tem eoncorridcí para a esfagn.jção e mes mo o regresso ii('lc obsenado. Airresco
de um simples aumento nominal de sa lário, mas lie um aumento real, leremos,
em lugar de amplo sistema de garantias
mia dos paistís de saliirio baixo e foi um
c assistência próprio do pais pobre, o
método de ação .social intimamente liga
sistema do trabalhador bem remunerado,
de (pie foram um dos grandes propul-
sistèneia, que. como ficou dito acima,
a.s.sist(uieia nada (jue se compare ao (juc fizeram a Alemanha e a Itália, e cm pe
jamais se verá decròscer.
apenas se inicia, também é certo que tnrzcmos para o .seio désse capitalismo um senlid(} de justiça social que só se re\elou muito tarde aos povos cuja (ix-
dentro de um cpiadro onde estejam pre vistas a.s iniciativas indispensás'cis ao dcscn\'olvinicnlo ecomunico, so bretudo para atender a serviços
periéncia capitalista transcorreu um sé culo atrás. Conciliar o capitalismo com
c empreendimentos qne reper-, X':
volvimento gera! e qne, por mo tivo» vários, nem sempre podem atrair a iniciativa privada.
5. Duas condiçíãe.s gerais que influenciam a política dc investimentos, IV
As leis trahalhisUis
As leis trabalhistas brasileiras, ora são
I
Imposto dc renda 6. No tocante ao impcisto de renda, cabo salientar que a evolução intensiva da economia brasileira tem na baixa ta
xa de tributação um dos seus indispensá\'eis pressupostos. Um país de econo mia plenamente dc.scnvolvida deve utili zar o imposto de renda como um instru mento de redistribuição da riqueza e de esterilização do poder de iniciativa. Um
país como o nosso, pelo contrário, de\e manter bai.xo o nível de suas taxas, com
os imperativos da justiça social transmi
o duplo objetivo de estimular a reinver-
tidos à nossa civilização pela experiên cia dc outros povos é um traço que marca o eapilalismo latino-americano. Nada é mais ilusório, portanto, do que pensar que poderemos recuar, no cam
fogem à tributação confiscatória dos países supercapitalizados. E' verdade que os rendimentos aufe ridos no pais do investimento sofrem, ao reingressar no país do investidor, uma
po das relações trabalhistas, a uma fase puramente contratualista. Nada é,
e que merecem ser préviamenle exami
cuja proteção decorre cio seu poder de auto-manutenção, sem prejuízo daquela parte legítima de garantias, seguro e as-
proletariado, não fizeram no campo da
e o integra! aproveitamento dos nossos recursos exigem (lue percorramos ainda nina etapa nitidamente capitalista, que
sor(;s, f obvio cpic ela s<r (lesar orientar
mia, c em que melhorar, de fato, o ni-
cutível como SC tem apregoado; é mui tas N-èze.s nma característica da econo
economia, o aumento da renda nacional
njuio recente, às Ínvcr.síãe.s imobiliárias,
regime de livre empreendimento, ora são criticadas como um fator de dimi nuição da nossa produtividade técnica e
0 nm índice de progre.vk) social tão dis
brasileiro e português. Por outro lado, .se c \'erdade (pie a expansão da nossa
letivas, consagradas, no período inflacio-
louvadas como representativas de um íilto padrão de justiça social, dentro do
\'el de vida do trabalivador, não através
quena escala os regimes autoritários
tiva (; educativa qne as b()lsas d(?vem preenc her, e cjne de fato prc-encbem cin outras partes do mundo. Quanto á a[)lica(;ão cie eeotioniias co
nadas, suo as escalas do imposto s(')!3re a renda e a legislação íraballiista.
nos dois pontos de vista. O excesso de garantias e proteções ao trabalhador não
celência, t; do melhor nível de \ida do
fjner títulos, tem lollúdo a função sele
cutem na.s c()ndiçõ(\s (U; desen
ractcrísticas estruturais da nossa econo
do aos regimes aulUrilários. Os Estados Unido.s, pais dos salários altos por ex
a isso a pe( liliaridade da nossa legi.slaÇao dc Imlsa, voltada p.ira a criação dc pri\il«'giris etti favor d(; corretores, que, tornando obrigatí^jria a cotação de quais-
Na nKxlida cm que mudarem as e.i-
du alimento dos custos. Há, talvez, uma cen.sura de unilateralismo a fazer
igualmente, mais errado do que pensar
que toda concessão ao trabalhador e um progresso social, e que não se pode, sem readonarismo, vir atrás de a gumas fór mulas excessivas — õu subordina-las,^ co mo é justo e indispensável, a cntenos
objetivos de apuração da assiduidade e
da produtividade.
são e atrair os capitais estrangeiros, que
nova taxação que, algumas vezes, cons titui bitributação, agravando a situação do contribuinte em relação a do que
capta seus rendimentos no próprio pais — e outras vezes constitui mera tiàbuta-
ção complementar, que o equipara aos contribuintes desta última classe.
Não
se pode, porém, esquecer que o investi dor, sobretudo o grande investidor, dei-
12
Digesto Econômico
13
Digesto Econômico
iniciativas novas, ao mesmo tempo que
didos em ambas as classes, embora seja
sobem, nas bôlsas de valores, as taxas
dc prever que dependerão de negocia
das obrigações c outros títulos privados.
ções como as descritas na classe primeira
Isso não pode obstar, entretanto, a que a massa gigantesca dc capitais acu
os que porventura venham atender às nossas necessidades de maior vulto. Nem
mulados incessantemente pela economia
por isso merecem menos con.sídcração as possibilidades de im^estimentos espontâ
xa no país do investimento, para reapli-
Medidas específicas — circulação de
cação, boa parte dos rendimentos ali percebidos/ e é neste ponto que a taxa
capitais
diferencial do imposto de renda faz sen Brasil, a baixa tributação de rendimen
8. Nenliuma política dc investimentos pode prescindir do estudo preliminar das condições cm qiic hoje se opera a
tos ainda tem o efeito de equilibrar o ônus das obrigações trabalhistas aos olhos do inversionista, embora as con
cável em bens da produção. A concepção clássica de que os capi
ricanos para o exterior torna-se um im
pelos seus representantes em conferên
seqüências nocivas destas últimas se fa
tais emigravam em iiu.sca de melhor ta
perativo da defesa da estrutura interna
cias internacionais.
çam sentir nos custos da produção e,
xa 'dc benefícios, tomado em conta um
cional cm que os E. U. A. se acham in
por um mecanismo patológico bem co
coeficiente negativo do risco, não expri me totalmente a verdade sôbrc o que se
tegrados, o será feita compulsòriamente
Os capitais europeus, pelo contrário, apresentam predominantemente possibi
passa nos no.sso.s dias. Foi esta, talvez, a fórmula geral da circulação de capi
nômica americana, mesmo contrariando a tendência espontânea dos ca
tais no período do liberalismo econômi
pitais particulares. Nesse sentido
co que SC encerrou com a l.*"* grande guerra, e ainda assim é preciso levar cm conta que os maiores investidores dessa
o Plano Marshall é um super-
tir o seu poder atrativo.
No caso do
nhecido, na queda da produtividade.
7. Ainda no terreno das medidas ge rais que se refletem sôbrc os investi mentos, porém mais particularmente so
bro os investimentos estrangeiros, cum pre mencionar a necessidade de uma po lítica de estabilidade cambial, e dc in tervenção do Estado na produção e no
comércio segundo normas tanto quanto possível lógicas, isto é, inteligíveis, está veis e gerais. As bruscas mudanças de rumo da intervenção estatal, o trata mento excepcional dispensado a certos casos concretos e a adoção de orienta
circulação internacional do capital apli
sob a forma de medidas de exceção. Feitas essas considerações sobre as
medidas gerais que condicionam a polí tica de investimentos estrangeiros, me
didas que, pelo seu maior alcance e re percussão em outros campos da vida
pelos órgãos dirigentes da política eco
pontânea dos países latino-ame
primas das suas indústrias domé.stícas (plantations), em serviços públicos rela cionados com ©.transporte ou desenvol
vidas.
— procura que as circunstâncias têm frustrado na maioria dos casos — reflete
um paradoxal deslocamento do coefi Investimentos csjyontâneos e investimentos dirioklos
9. Daí podermos encarar os futuros in vestimentos estrangeiros no Brasil como
ciente dc risco, que passou a ser menor na América Latina que nos países euro peus. Nestes, o risco mais distante da
guerra e da revolução social soma-se ao
repartidos em duas classes, ou espé
risco bastante próximo das nacionaliza ções, das greves e outras crises do tra
pel dc fator permanente de equilíbrio de
cies :
balho, criando uma espécie de recuo es
suas contas.
1) investimentos
Grã Bretanha, os scrviço.s dc remessa de
No mundo atual, ôsse fenômeno per
dirigidos
(obtidos
dos, onde os europeus podem aplicar sua
a govêrno, ou de bancos e grupos
tecnologia.
deu, pelo menos temporariamente e na área em que se refletem as condições
financeiros sensíveis à política ofi
da economia norte-americana, muito da
cial);
.sua generalidade. Os Estados Unidos se tornaram ao mesmo tempo os credores
E' de lamentar que essa emigração
espontânea da iniciativa européia encon
2) investimentos espontâneos (feitos
tre limitadas possibilidades práticas de
por livre iniciativa dos investidores;
realização, pois suas condições de entro-
em face das condições econômicas favoráveis encontradas no nosso
samento na estrutura de um país subde
o os fornecedores do mundo, o.s manu-
faturadores e os produtores
tratégico para os países subdesenvolvi
através de negociações de governo
das maté
rias-primas manufaturadas, e a observa
país).
ção das tendências do capital privado
do âmbito do problema submetido ao
americano revela a preferência pelos in
10.
èstudo da Comissão,
vestimentos domésticos, tendo os últimos anos assinalado recordes no volume das
que poderemos contar estão compreen
cabe considerar
as dificuldades criadas à emi
ricanos pelos capitais europeus
econômica, devem ser examinadas fora
mais de perto as medidas especiais.
lidades de SC investirem cspontêmeamentc, na medida em que puderem vencer
cas internas. Essa procura es
exemplo do movimento que os E. U. A. terão de repetir, em menor escala, em direção de ou
vimento daquelas malcrias-primas, e que, afinal, pelo predomínio das im portações na balança de comércio da
neos vindos dos E. U. A., sobretudo diante das reiteradas afirmações feitas
gração pelos respectivos gover nos e pelas condições econômi
tras regiões devastadas ou subdesenvol
confiança,
res de favores de subvenções indiretas
do país. A drenagem de capitais ame
época, os inglc.ses, geralmente investiam
capitais passaram a desempenhar o pa
autorizam as suspeitas de
vez mais considerável, ser aplicada fora
cm íitividades fornecedoras dc matérias-
ção pouco acessível em seus motivos ã compreensão de todos, favorecem a des corrupção e encorajam os invçstidores mais indesejáveis, que são os solicitado-
americana precise, numa parcela cada
Os investimentos americanos com
senvolvido são muitas vezes superiores às da iniciativa americana, e séria inte
ressante que se estimulasse a sua imigra ção, ou oferecendo-lhe o auxílio dos ca-
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Digesto Econômico
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iniciativas novas, ao mesmo tempo que
didos em ambas as classes, embora seja
sobem, nas bôlsas de valores, as taxas
dc prever que dependerão de negocia
das obrigações c outros títulos privados.
ções como as descritas na classe primeira
Isso não pode obstar, entretanto, a que a massa gigantesca dc capitais acu
os que porventura venham atender às nossas necessidades de maior vulto. Nem
mulados incessantemente pela economia
por isso merecem menos con.sídcração as possibilidades de im^estimentos espontâ
xa no país do investimento, para reapli-
Medidas específicas — circulação de
cação, boa parte dos rendimentos ali percebidos/ e é neste ponto que a taxa
capitais
diferencial do imposto de renda faz sen Brasil, a baixa tributação de rendimen
8. Nenliuma política dc investimentos pode prescindir do estudo preliminar das condições cm qiic hoje se opera a
tos ainda tem o efeito de equilibrar o ônus das obrigações trabalhistas aos olhos do inversionista, embora as con
cável em bens da produção. A concepção clássica de que os capi
ricanos para o exterior torna-se um im
pelos seus representantes em conferên
seqüências nocivas destas últimas se fa
tais emigravam em iiu.sca de melhor ta
perativo da defesa da estrutura interna
cias internacionais.
çam sentir nos custos da produção e,
xa 'dc benefícios, tomado em conta um
cional cm que os E. U. A. se acham in
por um mecanismo patológico bem co
coeficiente negativo do risco, não expri me totalmente a verdade sôbrc o que se
tegrados, o será feita compulsòriamente
Os capitais europeus, pelo contrário, apresentam predominantemente possibi
passa nos no.sso.s dias. Foi esta, talvez, a fórmula geral da circulação de capi
nômica americana, mesmo contrariando a tendência espontânea dos ca
tais no período do liberalismo econômi
pitais particulares. Nesse sentido
co que SC encerrou com a l.*"* grande guerra, e ainda assim é preciso levar cm conta que os maiores investidores dessa
o Plano Marshall é um super-
tir o seu poder atrativo.
No caso do
nhecido, na queda da produtividade.
7. Ainda no terreno das medidas ge rais que se refletem sôbrc os investi mentos, porém mais particularmente so
bro os investimentos estrangeiros, cum pre mencionar a necessidade de uma po lítica de estabilidade cambial, e dc in tervenção do Estado na produção e no
comércio segundo normas tanto quanto possível lógicas, isto é, inteligíveis, está veis e gerais. As bruscas mudanças de rumo da intervenção estatal, o trata mento excepcional dispensado a certos casos concretos e a adoção de orienta
circulação internacional do capital apli
sob a forma de medidas de exceção. Feitas essas considerações sobre as
medidas gerais que condicionam a polí tica de investimentos estrangeiros, me
didas que, pelo seu maior alcance e re percussão em outros campos da vida
pelos órgãos dirigentes da política eco
pontânea dos países latino-ame
primas das suas indústrias domé.stícas (plantations), em serviços públicos rela cionados com ©.transporte ou desenvol
vidas.
— procura que as circunstâncias têm frustrado na maioria dos casos — reflete
um paradoxal deslocamento do coefi Investimentos csjyontâneos e investimentos dirioklos
9. Daí podermos encarar os futuros in vestimentos estrangeiros no Brasil como
ciente dc risco, que passou a ser menor na América Latina que nos países euro peus. Nestes, o risco mais distante da
guerra e da revolução social soma-se ao
repartidos em duas classes, ou espé
risco bastante próximo das nacionaliza ções, das greves e outras crises do tra
pel dc fator permanente de equilíbrio de
cies :
balho, criando uma espécie de recuo es
suas contas.
1) investimentos
Grã Bretanha, os scrviço.s dc remessa de
No mundo atual, ôsse fenômeno per
dirigidos
(obtidos
dos, onde os europeus podem aplicar sua
a govêrno, ou de bancos e grupos
tecnologia.
deu, pelo menos temporariamente e na área em que se refletem as condições
financeiros sensíveis à política ofi
da economia norte-americana, muito da
cial);
.sua generalidade. Os Estados Unidos se tornaram ao mesmo tempo os credores
E' de lamentar que essa emigração
espontânea da iniciativa européia encon
2) investimentos espontâneos (feitos
tre limitadas possibilidades práticas de
por livre iniciativa dos investidores;
realização, pois suas condições de entro-
em face das condições econômicas favoráveis encontradas no nosso
samento na estrutura de um país subde
o os fornecedores do mundo, o.s manu-
faturadores e os produtores
tratégico para os países subdesenvolvi
através de negociações de governo
das maté
rias-primas manufaturadas, e a observa
país).
ção das tendências do capital privado
do âmbito do problema submetido ao
americano revela a preferência pelos in
10.
èstudo da Comissão,
vestimentos domésticos, tendo os últimos anos assinalado recordes no volume das
que poderemos contar estão compreen
cabe considerar
as dificuldades criadas à emi
ricanos pelos capitais europeus
econômica, devem ser examinadas fora
mais de perto as medidas especiais.
lidades de SC investirem cspontêmeamentc, na medida em que puderem vencer
cas internas. Essa procura es
exemplo do movimento que os E. U. A. terão de repetir, em menor escala, em direção de ou
vimento daquelas malcrias-primas, e que, afinal, pelo predomínio das im portações na balança de comércio da
neos vindos dos E. U. A., sobretudo diante das reiteradas afirmações feitas
gração pelos respectivos gover nos e pelas condições econômi
tras regiões devastadas ou subdesenvol
confiança,
res de favores de subvenções indiretas
do país. A drenagem de capitais ame
época, os inglc.ses, geralmente investiam
capitais passaram a desempenhar o pa
autorizam as suspeitas de
vez mais considerável, ser aplicada fora
cm íitividades fornecedoras dc matérias-
ção pouco acessível em seus motivos ã compreensão de todos, favorecem a des corrupção e encorajam os invçstidores mais indesejáveis, que são os solicitado-
americana precise, numa parcela cada
Os investimentos americanos com
senvolvido são muitas vezes superiores às da iniciativa americana, e séria inte
ressante que se estimulasse a sua imigra ção, ou oferecendo-lhe o auxílio dos ca-
-.'i 1
[
14
DrcESTo Econónoco
pitais domésticos, ou articulando com ela o financiamento americano.
Investimentos dirigidos e exportações de matérias-primas
11. A importância prática da distinção
ora feita entre os investimentos espontâ neos e os dirigidos reside em que os pri meiros decorrem, via de regra, de nego ciações. Em tais negociações, proces sadas de governo a govêrno. ou entre grupos intere-ssados com a intervenção
direta ou indireta, próxima ou remota, dos governos, pode cada pais fazer en trar em linha de conta o seu poder de barganha, expresso nas concessões da quilo de que o outro tem imediata ne cessidade.
equilibrado pelo do livre acesso <^os equipamentos, que eni suas conseqüên cias práticas parece de menor alcance que o primeiro, e na verdade seria irri sório SC não lhe dc.sscmos o sentido pre ciso de obrigação comutativa de equi par tècnícamento os países de cujas ma térias-primas se precisa. De fato, inter
pretado de outro modo, esse princípio apenas .«;ignificaria que qualquer país
tem o direito dc adquirir equipamentos nos pafses que o produzem e que o que rem vender, o que seria um truismo. Seu único efeito consiste, realmente, em
afirmar que há uma reciprocidade en tre o direito às matérias-primas de ou tro país e o dever de lhe fornecer os equipamentos fundamentais para o seu desenvolvimento econômico.
Ora, quem hoje e.xamina a coopera ção econômica entre os países plena
12. Examinando
mente desenvolvidos , e os subdesenvol-
presentes a economia americana e a bra
xndos, verifica que ela se acha domina da por dois princípios, Històricamente in
sileira, é fácil verificar que aquela tem
dependentes um do outro, mas que no plano teórico se defrontam e no plano prático se podem mutuamente combinar
e completar: o primeiro é o princípio de livre acesso às matérias-primas, o se
gundo o de livre acesso aos equipamen tos. O princípio do livre acesso às ma térias-primas, que desde a Carta do Atlântico se incorporou ao sistema de
relações internacionais, sendo repetido e desenvolvido em numerosos documentos, traduz um princípio de cooperação in ternacional que, levado a seus últimos limites, torna ilegítima a recusa da par ticipação estrangeira na exploração de uma riqueza natural, quando o país que
nos_ seus
quadros
apenas uma necessidade primordial, que a nossa cooperação esteja em condições
' 1.. muui modificações substanciais esse período, v . , ,
dos por negociações são encaminhados por estas de acordo com um programa
gumas dcficióncins do equipamentos ba-
de realizações a que se acham ligados, os incesfinicníos espontâneos não devem estar sujeitos senão à preferência e inte-
na nossa própria estmh.ra, suprindo al ricos,
, r
A articulação do programa de fornecimcntos regidares de certas maler.as-
primas, como, por exemplo, o mineno de ferro e de manganós. com nm programa
de investimentos dirigidos, poderu, ser,
•assim, n primeira e a mais fecunda das formas cie cooperação. Esses investi
mentos poderiam encontrar seu campo de e.vecirçáo nos quadros do Plano Sal
te, especialmente na parte que lasa a prodii ão de energia elólriea o írimeporte, a aaricullnra e as mdustrm carreiatas; é admissível considerar desde logo
ação supleti\'a do governo, e manifesta-sc a igualdade entre estrangeiros e brasileiros, nos limites da constituição.
A Constituição brasileira atual, em re
lação aos estrangeiros, abandonou a orientação nacionalista, que vinha da Constituição de 1934 e se acentuara na
de 1937, e retomou a um regime de
adiante, a regalia de um seriaço esp
de que eram excluídos os estrangeiros no regime anterior, apenas continuam re
tos, enquadrados entre os mces imeatos favorecidos de que se trataró Imbas etai de remessa de amortizações e be
nefícios atravós de utrl.zaçp parcial das
divisas criadas pelas exportações de nu-
rio de ferro rico, indi.spensáveis à sua grande siderurgia.
Tratarurnto dos investimentos - princí pios gerais
A exportação intensiva de minério de que a do manganês, um inquestionável
sileira, que é predominantemente uma economia de li\'re empreendimento, com
igualdade entre estrangeiros e nacionais.
*ério.
ferro para os E. U. A. representa, mais
rê.sso do investidor. Preserva-se desse modo o característico da economia bra
.possibilidade de dar a tais investimen
de satisfazer : a de manganês e miné
servadas a brasileiros as empresas jorna
lísticas e de rádiodifusão (art. 100 da Constituição Federal) e a navegação de cabotagem (art. 155). As autorizações e concessões para a exploração de recur sos minerais e energia hidráulica apenas a brasileiros ou a sociedades organiza
l
IS
Das numerosas atividades econômicas
Investimentos obtidos através de
negoeiaçõcs, ou investimemos espontâ-
das no Brasil podem ser dadas (art. 153 6 §§).
E' verdade que continuam formal mente em vigor as leis ordinárias, feitas
benefício imediato para a economia brasileira, não só pelas suas repercus
neamente feitos no pais, estão, porem, do
sões no nosso mercado interno, mas tam
suieitos a normas de tratamento que
que reservam aos nacionais atixidades
Ss""m' relação de perfeita occrrên. .-.o nrlncípios que orientam a
como a mineração, os seguros, os bancos
bém, e principalmente, pelo aumento substancial que trará às nos.sas exporta ções, corrigindo o déficit crítico da ba
lança de pagamentos. Não podemos, porém, esquecer que essa dilatação do nosso poder de compra no exterior pode
a possui não está, êle próprio, em con dições de explorá-la e oferecê-la ao co
trazer conseqüências desastrosas à eco nomia do país no caso de uma cessação
mércio.
futura desta corrente de vendas, a me
Tal princípio acha-se, porém, hoje
15
Dioesto econômico
nos que tenhamos introduzido, durante
ponto de vista do pais que os recebe, sob o império da Constituição de 1937, .
rar enunciadas com clareza e
cia com os F"
poUtica de investimentos. Liberdade de investir
de depósitos, boje constitucíonalmente acessíveis aos estrangeiros. O Poder Le
gislativo deverá elaborar leis complementares da Constituição xngente, regu
ladoras de tais matérias, mas enquanto
tais leis não são promulgadas cumpre O primeiro dêsses princípios é o da indagar se perderam ou não sua vigên Wjerdade de investir.investimentos obtiuoercuM
cia os dispositivos das leis em vigor que
Se é certo
-.'i 1
[
14
DrcESTo Econónoco
pitais domésticos, ou articulando com ela o financiamento americano.
Investimentos dirigidos e exportações de matérias-primas
11. A importância prática da distinção
ora feita entre os investimentos espontâ neos e os dirigidos reside em que os pri meiros decorrem, via de regra, de nego ciações. Em tais negociações, proces sadas de governo a govêrno. ou entre grupos intere-ssados com a intervenção
direta ou indireta, próxima ou remota, dos governos, pode cada pais fazer en trar em linha de conta o seu poder de barganha, expresso nas concessões da quilo de que o outro tem imediata ne cessidade.
equilibrado pelo do livre acesso <^os equipamentos, que eni suas conseqüên cias práticas parece de menor alcance que o primeiro, e na verdade seria irri sório SC não lhe dc.sscmos o sentido pre ciso de obrigação comutativa de equi par tècnícamento os países de cujas ma térias-primas se precisa. De fato, inter
pretado de outro modo, esse princípio apenas .«;ignificaria que qualquer país
tem o direito dc adquirir equipamentos nos pafses que o produzem e que o que rem vender, o que seria um truismo. Seu único efeito consiste, realmente, em
afirmar que há uma reciprocidade en tre o direito às matérias-primas de ou tro país e o dever de lhe fornecer os equipamentos fundamentais para o seu desenvolvimento econômico.
Ora, quem hoje e.xamina a coopera ção econômica entre os países plena
12. Examinando
mente desenvolvidos , e os subdesenvol-
presentes a economia americana e a bra
xndos, verifica que ela se acha domina da por dois princípios, Històricamente in
sileira, é fácil verificar que aquela tem
dependentes um do outro, mas que no plano teórico se defrontam e no plano prático se podem mutuamente combinar
e completar: o primeiro é o princípio de livre acesso às matérias-primas, o se
gundo o de livre acesso aos equipamen tos. O princípio do livre acesso às ma térias-primas, que desde a Carta do Atlântico se incorporou ao sistema de
relações internacionais, sendo repetido e desenvolvido em numerosos documentos, traduz um princípio de cooperação in ternacional que, levado a seus últimos limites, torna ilegítima a recusa da par ticipação estrangeira na exploração de uma riqueza natural, quando o país que
nos_ seus
quadros
apenas uma necessidade primordial, que a nossa cooperação esteja em condições
' 1.. muui modificações substanciais esse período, v . , ,
dos por negociações são encaminhados por estas de acordo com um programa
gumas dcficióncins do equipamentos ba-
de realizações a que se acham ligados, os incesfinicníos espontâneos não devem estar sujeitos senão à preferência e inte-
na nossa própria estmh.ra, suprindo al ricos,
, r
A articulação do programa de fornecimcntos regidares de certas maler.as-
primas, como, por exemplo, o mineno de ferro e de manganós. com nm programa
de investimentos dirigidos, poderu, ser,
•assim, n primeira e a mais fecunda das formas cie cooperação. Esses investi
mentos poderiam encontrar seu campo de e.vecirçáo nos quadros do Plano Sal
te, especialmente na parte que lasa a prodii ão de energia elólriea o írimeporte, a aaricullnra e as mdustrm carreiatas; é admissível considerar desde logo
ação supleti\'a do governo, e manifesta-sc a igualdade entre estrangeiros e brasileiros, nos limites da constituição.
A Constituição brasileira atual, em re
lação aos estrangeiros, abandonou a orientação nacionalista, que vinha da Constituição de 1934 e se acentuara na
de 1937, e retomou a um regime de
adiante, a regalia de um seriaço esp
de que eram excluídos os estrangeiros no regime anterior, apenas continuam re
tos, enquadrados entre os mces imeatos favorecidos de que se trataró Imbas etai de remessa de amortizações e be
nefícios atravós de utrl.zaçp parcial das
divisas criadas pelas exportações de nu-
rio de ferro rico, indi.spensáveis à sua grande siderurgia.
Tratarurnto dos investimentos - princí pios gerais
A exportação intensiva de minério de que a do manganês, um inquestionável
sileira, que é predominantemente uma economia de li\'re empreendimento, com
igualdade entre estrangeiros e nacionais.
*ério.
ferro para os E. U. A. representa, mais
rê.sso do investidor. Preserva-se desse modo o característico da economia bra
.possibilidade de dar a tais investimen
de satisfazer : a de manganês e miné
servadas a brasileiros as empresas jorna
lísticas e de rádiodifusão (art. 100 da Constituição Federal) e a navegação de cabotagem (art. 155). As autorizações e concessões para a exploração de recur sos minerais e energia hidráulica apenas a brasileiros ou a sociedades organiza
l
IS
Das numerosas atividades econômicas
Investimentos obtidos através de
negoeiaçõcs, ou investimemos espontâ-
das no Brasil podem ser dadas (art. 153 6 §§).
E' verdade que continuam formal mente em vigor as leis ordinárias, feitas
benefício imediato para a economia brasileira, não só pelas suas repercus
neamente feitos no pais, estão, porem, do
sões no nosso mercado interno, mas tam
suieitos a normas de tratamento que
que reservam aos nacionais atixidades
Ss""m' relação de perfeita occrrên. .-.o nrlncípios que orientam a
como a mineração, os seguros, os bancos
bém, e principalmente, pelo aumento substancial que trará às nos.sas exporta ções, corrigindo o déficit crítico da ba
lança de pagamentos. Não podemos, porém, esquecer que essa dilatação do nosso poder de compra no exterior pode
a possui não está, êle próprio, em con dições de explorá-la e oferecê-la ao co
trazer conseqüências desastrosas à eco nomia do país no caso de uma cessação
mércio.
futura desta corrente de vendas, a me
Tal princípio acha-se, porém, hoje
15
Dioesto econômico
nos que tenhamos introduzido, durante
ponto de vista do pais que os recebe, sob o império da Constituição de 1937, .
rar enunciadas com clareza e
cia com os F"
poUtica de investimentos. Liberdade de investir
de depósitos, boje constitucíonalmente acessíveis aos estrangeiros. O Poder Le
gislativo deverá elaborar leis complementares da Constituição xngente, regu
ladoras de tais matérias, mas enquanto
tais leis não são promulgadas cumpre O primeiro dêsses princípios é o da indagar se perderam ou não sua vigên Wjerdade de investir.investimentos obtiuoercuM
cia os dispositivos das leis em vigor que
Se é certo
16
Dicesto Econômico
DrcESTo Econômico
discriminam entre nacionais e estrangeíios.
A interpretação da administração miblica nao tem sido uniforme. O Minis térío da Agricultura, sob cuja jurisdi ção se encontram as concessões e auto rizaçoes para exploração de minas c encr
Essa característica do direito interno coincide com as normas dos tra
desapropriação cnlrc nacionais e estran geiros (Coiuênio de Bogotá, Art. 25);
tados multilaterais a que o Brasil tem
10) — indenização a justo pveç-o, pron
aderido, reguladoras da economia regiO'
ta, acletpiacla e efcti\a, nos casos de de sapropriação (Convênio de Bogotá, Art.
nal ou mundial.
O.; itens 3, 4 e .5 da Resolução n.° 50
minatórios das leis em vigor estão, por
«megumte, ab-rogados, o Ministério do Trabalho, sob cuja jurisdição se en contram as companhias de seguros tem pelo contrário, entendimento quê Ôleê prevalecem até a entrada em vigor da nova lei ordinária. Não há decisão ju diciária, publicada do Supremo Tribunal Federal fixando o assunto em seus ter mos definitivos.
Declínio do núcionalisvw De um modo geral, pode dizer-se
que o princípio nacionalista, em que se inspirou a Constituição de 1937'
e que foi característico de todos os movimentos políticos dos anos 30, como reação à grande de
pressão 6 ao nacionalismo em que se fecharam alguns países europeus, está, entre nós, ao menos no
plano legislativo, ultrapassado. As bases da nova política de investi
a ação dos go\'ernos, encontrar o crité rio seguro para impor ao capital os me nores sacrifícios, respeitadas as priorida des devidas aos interesses do país.
12) — segurança adequada aos inves
Restrições eventuais
13.
A Comissão afimia, numa de suas
proposições, o principio da liberdade de circulação do capital, e em outras disci plinas as normas aplicáveis no caso de
vênio de Bogotá contem declarações de
timentos atuais c futuros (Carta de Ha
princípios, recomendações e normas de
vana, Art. 12, § 2.^ alínea *'a""(i) ; 13) — liberação das remessas e re-
impossibilidade de atender, por escassez
tôrno do capital estrangeiro (Convênio
de divisas, aos serviços dos-capitais.
ação internacional, de onde podemos e.xtrair os seguintes direitos c devercs : 1) — Defesa da soberania nacional
do Bogotá, Art. 22, § 4.°).
contra as interferências políticas dos in Liberdade de circulação do capital
vestimentos estrangeiros (Carta de Ha
vana, art. 12, § l.o alínea "a" (i);
2) - defesa dos inlcrêsscs públicos fundamentais (ChapultejJcc, Resolução
14. O segundo desses princípios é o da licrc entrada c saída dos capitais es
50, inciso 4. e 51, cláu.sula 6."); 3) ~ defesa das atividades econômi cas e dos capitais nacionais exi.stentes
trangeiros no país. Não há fundamento jurídico que le gitime, em princípio, a restrição da li berdade de locomoção cio capital, e não bá maneira mais eficaz de afugentar as disponibilidades estrangeiras do que
(Chapultepec, Resolução 50. inciso 5); 4) — preferência entre os investimen
to;;, pelo critério de sua função econô mica e social (Convênio de Bo
gotá, Art. 23, § 1 °)-
5) — regulamentação jurídi ca de propriedade dos investi mentos estrangeiros atuais e futuro.s (Carta de Havana, art.
-M,
12, § 1.°, alínea "c" (iü) ; 6) — regulamentação dos invc.stimen-
tos futuros (Carta de Havana, Art. 12, § 1.°, alínea "c" (ü) •
46, e podem ser traduzidas em dois princípios :
7) - não discriminação de tratamento entre capitais nacionais c estrangeiros
1) — igualdade de oportunidade para
(Chapultepec, Resolução 50, inciso 4, Convênio de Bogotá, art. 22, § 3.°) ; 8) — evitar discriminação entre capi
2) — livre iniciativa.
vestimentos aceitáveis (Carta de Hava na," Art. 12. alínea "a" (i) ;
arls. 19, 22, 23, 24, 25, 26 e 27 do Con
mentos encontram-se na Constituição de
nacionais e estrangeiros — (res salvadas as exceções indicadas).
sibilidades limitadas que contingenciam
25, m fine) ; 11) — facilitar razoãvcimeiite os in
Ata de Chapultcpec, o ponto 6 da gia, tem entendido que a lei ordinái# (ia C^rta Econômica das Américas, os arts. não pode discriminar entre nacionais e 11, § 2.", e 12 da Carla de Havana, os estrangeiros onde a Constituição não discrimina, e que os dispositivos discri
If
tais estrangeiros (Carta de
O .sucesso de uma política de atração cilitação dos investimentos dirigidos de
pende, pois, dé que se concebam nor
livre locomoção do capital repercute pro fundamente na opinião pública dos paí ses investidores, e exige o decurso de
mas, destinadas a vigorar sob o império da balança dc contas desfavorável, e ca
pazes de minorar os efeitos e os riscoa
um tempo mais ou menos longo para o
dessa situação.
investimentos, e mesmo do serviço dos
empréstimos externos, quando tais res trições decorrem de circunstâncias ob jetivas 6 traduzem uma real impossibili dade de execução. E' justamente aí que se toma indispensável, dentro das pos I /li/» - iT*l
máti(x> distante.
tívo econômico imperioso o princípio de
E' certo que o reconhecimento de tal princípio não impede que se restrinja a exportação de lucros e amortizações de
Art. 12, § 2.°, alínea "a" (ii) ; 9) — não discriminação em matéria do
preceito acadêmico, de sentido progra-
mante-ks sob ameaça de bloqueio ou de controles de aplicação. Qualquer ato governamental qne contrarie sem mo-
i"estabelccimento da confiança.
Havana,
O Brasil ó atualmente — e, segundo tô-
das as pro\àsões, ainda será por muito tcinpo — um país a que as grandes ne cessidades de importação asseguram uma balança de pagamentos deficitária. A afirmação do princípio de liberdade de saída dos capitais e de seus benefícios, pelo menos no futuro próximo, tem, por conseguinte, probabilitiades de oferecer pouco interêsse prático, .valendo como
dos investimentos espontâneos e de fa-
Assim como a liberdade de saída do
capital deve sofrer, em função da posi ção atual e previsível da balança de pa gamentos, certas restrições que visam resguardar e disciplinar, nos limites do possível, o exercício daquela liberdade, assim a de investir dentro do país em
empreendimento da escolha do investi dor sofre, segundo as proposições apro vadas, um importante temperamento.
16
Dicesto Econômico
DrcESTo Econômico
discriminam entre nacionais e estrangeíios.
A interpretação da administração miblica nao tem sido uniforme. O Minis térío da Agricultura, sob cuja jurisdi ção se encontram as concessões e auto rizaçoes para exploração de minas c encr
Essa característica do direito interno coincide com as normas dos tra
desapropriação cnlrc nacionais e estran geiros (Coiuênio de Bogotá, Art. 25);
tados multilaterais a que o Brasil tem
10) — indenização a justo pveç-o, pron
aderido, reguladoras da economia regiO'
ta, acletpiacla e efcti\a, nos casos de de sapropriação (Convênio de Bogotá, Art.
nal ou mundial.
O.; itens 3, 4 e .5 da Resolução n.° 50
minatórios das leis em vigor estão, por
«megumte, ab-rogados, o Ministério do Trabalho, sob cuja jurisdição se en contram as companhias de seguros tem pelo contrário, entendimento quê Ôleê prevalecem até a entrada em vigor da nova lei ordinária. Não há decisão ju diciária, publicada do Supremo Tribunal Federal fixando o assunto em seus ter mos definitivos.
Declínio do núcionalisvw De um modo geral, pode dizer-se
que o princípio nacionalista, em que se inspirou a Constituição de 1937'
e que foi característico de todos os movimentos políticos dos anos 30, como reação à grande de
pressão 6 ao nacionalismo em que se fecharam alguns países europeus, está, entre nós, ao menos no
plano legislativo, ultrapassado. As bases da nova política de investi
a ação dos go\'ernos, encontrar o crité rio seguro para impor ao capital os me nores sacrifícios, respeitadas as priorida des devidas aos interesses do país.
12) — segurança adequada aos inves
Restrições eventuais
13.
A Comissão afimia, numa de suas
proposições, o principio da liberdade de circulação do capital, e em outras disci plinas as normas aplicáveis no caso de
vênio de Bogotá contem declarações de
timentos atuais c futuros (Carta de Ha
princípios, recomendações e normas de
vana, Art. 12, § 2.^ alínea *'a""(i) ; 13) — liberação das remessas e re-
impossibilidade de atender, por escassez
tôrno do capital estrangeiro (Convênio
de divisas, aos serviços dos-capitais.
ação internacional, de onde podemos e.xtrair os seguintes direitos c devercs : 1) — Defesa da soberania nacional
do Bogotá, Art. 22, § 4.°).
contra as interferências políticas dos in Liberdade de circulação do capital
vestimentos estrangeiros (Carta de Ha
vana, art. 12, § l.o alínea "a" (i);
2) - defesa dos inlcrêsscs públicos fundamentais (ChapultejJcc, Resolução
14. O segundo desses princípios é o da licrc entrada c saída dos capitais es
50, inciso 4. e 51, cláu.sula 6."); 3) ~ defesa das atividades econômi cas e dos capitais nacionais exi.stentes
trangeiros no país. Não há fundamento jurídico que le gitime, em princípio, a restrição da li berdade de locomoção cio capital, e não bá maneira mais eficaz de afugentar as disponibilidades estrangeiras do que
(Chapultepec, Resolução 50. inciso 5); 4) — preferência entre os investimen
to;;, pelo critério de sua função econô mica e social (Convênio de Bo
gotá, Art. 23, § 1 °)-
5) — regulamentação jurídi ca de propriedade dos investi mentos estrangeiros atuais e futuro.s (Carta de Havana, art.
-M,
12, § 1.°, alínea "c" (iü) ; 6) — regulamentação dos invc.stimen-
tos futuros (Carta de Havana, Art. 12, § 1.°, alínea "c" (ü) •
46, e podem ser traduzidas em dois princípios :
7) - não discriminação de tratamento entre capitais nacionais c estrangeiros
1) — igualdade de oportunidade para
(Chapultepec, Resolução 50, inciso 4, Convênio de Bogotá, art. 22, § 3.°) ; 8) — evitar discriminação entre capi
2) — livre iniciativa.
vestimentos aceitáveis (Carta de Hava na," Art. 12. alínea "a" (i) ;
arls. 19, 22, 23, 24, 25, 26 e 27 do Con
mentos encontram-se na Constituição de
nacionais e estrangeiros — (res salvadas as exceções indicadas).
sibilidades limitadas que contingenciam
25, m fine) ; 11) — facilitar razoãvcimeiite os in
Ata de Chapultcpec, o ponto 6 da gia, tem entendido que a lei ordinái# (ia C^rta Econômica das Américas, os arts. não pode discriminar entre nacionais e 11, § 2.", e 12 da Carla de Havana, os estrangeiros onde a Constituição não discrimina, e que os dispositivos discri
If
tais estrangeiros (Carta de
O .sucesso de uma política de atração cilitação dos investimentos dirigidos de
pende, pois, dé que se concebam nor
livre locomoção do capital repercute pro fundamente na opinião pública dos paí ses investidores, e exige o decurso de
mas, destinadas a vigorar sob o império da balança dc contas desfavorável, e ca
pazes de minorar os efeitos e os riscoa
um tempo mais ou menos longo para o
dessa situação.
investimentos, e mesmo do serviço dos
empréstimos externos, quando tais res trições decorrem de circunstâncias ob jetivas 6 traduzem uma real impossibili dade de execução. E' justamente aí que se toma indispensável, dentro das pos I /li/» - iT*l
máti(x> distante.
tívo econômico imperioso o princípio de
E' certo que o reconhecimento de tal princípio não impede que se restrinja a exportação de lucros e amortizações de
Art. 12, § 2.°, alínea "a" (ii) ; 9) — não discriminação em matéria do
preceito acadêmico, de sentido progra-
mante-ks sob ameaça de bloqueio ou de controles de aplicação. Qualquer ato governamental qne contrarie sem mo-
i"estabelccimento da confiança.
Havana,
O Brasil ó atualmente — e, segundo tô-
das as pro\àsões, ainda será por muito tcinpo — um país a que as grandes ne cessidades de importação asseguram uma balança de pagamentos deficitária. A afirmação do princípio de liberdade de saída dos capitais e de seus benefícios, pelo menos no futuro próximo, tem, por conseguinte, probabilitiades de oferecer pouco interêsse prático, .valendo como
dos investimentos espontâneos e de fa-
Assim como a liberdade de saída do
capital deve sofrer, em função da posi ção atual e previsível da balança de pa gamentos, certas restrições que visam resguardar e disciplinar, nos limites do possível, o exercício daquela liberdade, assim a de investir dentro do país em
empreendimento da escolha do investi dor sofre, segundo as proposições apro vadas, um importante temperamento.
I
I i|» • i*|. i9
Dif-Ksro KcfiNóMico
18
DU;K.NT« EcoNóMKX)
fxixirl.ir quotas de amorliz;ivâo do capi
Sistema de liberdade ponderaila
I 18- A política dc desenvolvimento in tensivo do Wisso país nâo visi aivmas
íocrementar os investinuTítos ílo capital
,
estrangeiro entre nós. Viir isso inesrnr)
que ela mira o de.senvolvlmentf) inlcnsio seu propósito é ifíflucnciar. tanto
quanto possível, o encaininliainetilo dós-
; Se capital para as aplicai,.'), s dc rcp.
, cussao mais intensa na economia i»era].
Tal propósito conduz sempre a uma •
'-utredeo (iiriííi^mo econó""tro fc a economia mercado. Oplan-
.
o por esta, somos levados a deixar nne
o eap.tal si.^a apenas a linha da procura c melhor remnnera<.ão, o rp„. conduz trsionista estrangeiro normalmente r om ,-|e pc-
é
í^t'' caminho
talisf^ capista n.ngnern pensaria ('("''iioinia em modilieó-lo. o desenvolvimento intensivo não so-
Tre •' )"T
economia do
vcsHdo;: ' Abandonando, porém
mia dc mercado Inl ' 1
'I" in^
dirigismo, ,„e, Mém convenientes conhecidos, dc ord. ral, oferece o de afugeoiar . trangeiro das inversões dir. tas.'
tal dentro de limites fi.xados em lei ge ral. Tais limites, cuja fixaçrio depende
no sentido dr- aplicar ns MtiN recur&os
da.s dis|K)iiii)ilidades em meios de paga
txide convidaria à exportação mxxiina do
rto c.aw) do.s fni<*vfím4*nfo,T obticlus atro-
mento lio exterior,
>.'•% de nego,
si-m t!isiriminaç'io, segundo a naturez;i
benefício realizado, cxnno porcjue seria fácil, ao investidor interessado em re-
ílirc-ta ou indircla-
Admlle-xe, iKir.-in, que o govômo dislirjga. entre os iiin••sliuienlos possí veis, .aíjuéh's .|ue pela sua rep<-rcussaO
simplilic.i o sistiMua tle fisealização. (3s investimentos fax orecidos- gozarão dc itlènlica fai-ultlade, mas o fa\'oreci-
maior no <lesen\olvimenlo <lo país dcv,-Mi s,T cercados <1.* ía\ores de trata-
mcnto t ambiai consistirá na elevação dos
em relação às reaplicações no Brasil de
limites, tanto para os benefieios expor
lucros e reservas, a norma geral de tra
ineitlo, cap.iz. s tle pesar na eseollia do insesfidor, (orrigiiulo os possíveis dc.s-
vídii' 0.S investimentos em duas .lasses-
com o que muito se
táveis (ilivitlrndos tetos), como para os
viov do seu interesse para enipreeiuli-
prazos e (jiiotas di? i-i'tirada do eapilal. Êsse tratamento preferencial poderá ser
inenlos diferentes.
fixado, ,'111 certos casos, eni leis especiais,
A (Tiação do investimento favorecido itílroduz, a^^sim. o que m- poderia cha mar um sist.-ma de lib. rdade poudeni-
pois o faxorei-imeiito pode ser concedido por medida legislativa. Sendo concedido por nieditla adminis
da. Certas ai»liiavões <le capital sac) con
trativa, a fixação terá lugar em
sideradas mais favorãvcis <iue outras ao
6'ouecuío.v (Ic favcrcrimmto, nos
desenvolvimí-tito inf(i«sivo tio p'»'-'^'
tjiiai.'
cm
eonsMim-ueia são afetadas de mu coefi
serão
eslipuhulas
mais atraentes para o iiiveslitlor.
Os eonxcnios de investimento ofere
/ín;c.s/(//ím,/o.s commi-v c invc^iimvntos
geni dc filiar os favores cambiais e fis
favorecidos
cais concedidos a um ato jurídico, o que lhes confere a c'slal)ilidade do direito
ad([uirÍdo. prolegendo-o contra o risco
18. A principal diferença de trata
das modificações legislativas. Serão ajustados com a própria empresa em que SC faz o investimento, a qual fica habi
mento entre os investimentos comuns e
litada a exportar os benefícios e o ca
pital, obtendo clivi.sa.s' na moeda do in vestimento. A vencia pelo investidor es-
da»: as re-slriç.ães à exportação dc capitais,
rença de tratainoiito. Perdurando a po sição atual, qiiaistiiier invcslimcnlos, co muns ou favorecidos, dcyern encontrar
meios para retirar do pais, dentro de
.1
ti'angciio de suas ações ou participa ções nos empreendimentos favorecidos não cria problemas para o e.xercieio da regalia, pois aquele que adquirir as ações ou participações em causa sucede
a) — investimentos cnrnuns
certos- limites, seus benefícios ou o pró-
rá no direito de efetuar as remessas au
b) — investimentos favorecidos.
prit) capital. Apenas variam; de uma
torizadas pelo convênio.
Não se preconiza a intervenção do
E.stacIo junto ao investidor para dirigi-lo
classe para outra, esses meios e limites. Os investimentos comuns poderão re tirar do Brasil os benefícios obtidos e
no país. Por txDiiseguinte. deve vigorar, tamento para o capitai vindo do exte rior: .se a rcaplicaçãü fór feita em inves timentos comuns, terá os benefícios que a estes correspondem; se fòr feita em investimentos favorecidos, fará jus iVs normas de ravorecimenlo.
19.
As reaplicações, no Brasil, dos lucros
.>\o lado das nonnas cam
biais liaverã outras normas de favorecimenlo : em primeiro
lugar as fiscais, que poderão ir
as
cem, clestle logo, ao investidor a xanta-
desapareceriam as vanlagt,>ns dessa dife
tal iiiiporlado, fazer sair e reingrossar,
eximo capital novo, os lucros auferidos
de.sde isenções e reduções para a
vantagens i' as obrigações cor respondentes do inx-eslidor.
ciente .pn- t.órieamente deve torna-las
alua) da iio.ssa balança de contas, cessa-
tuou-.se a Comissão, adotando o alvitr"
aplicar benefícios cxim regalias de capi
do inv<-stjnn-nlo,
Na hipótese de se inverter a po.siçao
da Subcomissão de Investimentos de d7
devem ser lixados
mente oficiais.
benefícios e à saída do capital.
17. Entre essas duas tendências si
investimentos, não só porque outra ati-
nesta í)u naquela atisidade, a nao ser
r • I . - ,1!/ r/'i;neito a rcincssa de os favoreeitios ciiz rtsp.uu ..
''''
ou reservas feitos pelo investidor de verão ser estimuladas pela poHlica de
instalação dos novos empreen-
dimcnto.s, até, cm casos cxcepcfonais, as
isenções permanentes de tributos, ex cluído dc modo absoluto o de venda ;
cm segundo lugar, facilidades várias, desde ns reduções de fretes e despesas
.administrativas uté a garantia de com
pras, nos casos em que o Estado, pela natureza da produção, está em condi ções de oferecê-la.
20. Quais os investimentos que dex'em ser considerados favorecidos, rele-
gando-se os demais à classe dos co muns ?
A formação de um elenco de investi mentos favorecidos ou o estabelecimento
de um critério para inclusão ou e.xclusão de empreendimento nessa classe constitui um problema de grande trans cendência e em que o risco da regula
mentação minuciosa é maior que o do
I
I i|» • i*|. i9
Dif-Ksro KcfiNóMico
18
DU;K.NT« EcoNóMKX)
fxixirl.ir quotas de amorliz;ivâo do capi
Sistema de liberdade ponderaila
I 18- A política dc desenvolvimento in tensivo do Wisso país nâo visi aivmas
íocrementar os investinuTítos ílo capital
,
estrangeiro entre nós. Viir isso inesrnr)
que ela mira o de.senvolvlmentf) inlcnsio seu propósito é ifíflucnciar. tanto
quanto possível, o encaininliainetilo dós-
; Se capital para as aplicai,.'), s dc rcp.
, cussao mais intensa na economia i»era].
Tal propósito conduz sempre a uma •
'-utredeo (iiriííi^mo econó""tro fc a economia mercado. Oplan-
.
o por esta, somos levados a deixar nne
o eap.tal si.^a apenas a linha da procura c melhor remnnera<.ão, o rp„. conduz trsionista estrangeiro normalmente r om ,-|e pc-
é
í^t'' caminho
talisf^ capista n.ngnern pensaria ('("''iioinia em modilieó-lo. o desenvolvimento intensivo não so-
Tre •' )"T
economia do
vcsHdo;: ' Abandonando, porém
mia dc mercado Inl ' 1
'I" in^
dirigismo, ,„e, Mém convenientes conhecidos, dc ord. ral, oferece o de afugeoiar . trangeiro das inversões dir. tas.'
tal dentro de limites fi.xados em lei ge ral. Tais limites, cuja fixaçrio depende
no sentido dr- aplicar ns MtiN recur&os
da.s dis|K)iiii)ilidades em meios de paga
txide convidaria à exportação mxxiina do
rto c.aw) do.s fni<*vfím4*nfo,T obticlus atro-
mento lio exterior,
>.'•% de nego,
si-m t!isiriminaç'io, segundo a naturez;i
benefício realizado, cxnno porcjue seria fácil, ao investidor interessado em re-
ílirc-ta ou indircla-
Admlle-xe, iKir.-in, que o govômo dislirjga. entre os iiin••sliuienlos possí veis, .aíjuéh's .|ue pela sua rep<-rcussaO
simplilic.i o sistiMua tle fisealização. (3s investimentos fax orecidos- gozarão dc itlènlica fai-ultlade, mas o fa\'oreci-
maior no <lesen\olvimenlo <lo país dcv,-Mi s,T cercados <1.* ía\ores de trata-
mcnto t ambiai consistirá na elevação dos
em relação às reaplicações no Brasil de
limites, tanto para os benefieios expor
lucros e reservas, a norma geral de tra
ineitlo, cap.iz. s tle pesar na eseollia do insesfidor, (orrigiiulo os possíveis dc.s-
vídii' 0.S investimentos em duas .lasses-
com o que muito se
táveis (ilivitlrndos tetos), como para os
viov do seu interesse para enipreeiuli-
prazos e (jiiotas di? i-i'tirada do eapilal. Êsse tratamento preferencial poderá ser
inenlos diferentes.
fixado, ,'111 certos casos, eni leis especiais,
A (Tiação do investimento favorecido itílroduz, a^^sim. o que m- poderia cha mar um sist.-ma de lib. rdade poudeni-
pois o faxorei-imeiito pode ser concedido por medida legislativa. Sendo concedido por nieditla adminis
da. Certas ai»liiavões <le capital sac) con
trativa, a fixação terá lugar em
sideradas mais favorãvcis <iue outras ao
6'ouecuío.v (Ic favcrcrimmto, nos
desenvolvimí-tito inf(i«sivo tio p'»'-'^'
tjiiai.'
cm
eonsMim-ueia são afetadas de mu coefi
serão
eslipuhulas
mais atraentes para o iiiveslitlor.
Os eonxcnios de investimento ofere
/ín;c.s/(//ím,/o.s commi-v c invc^iimvntos
geni dc filiar os favores cambiais e fis
favorecidos
cais concedidos a um ato jurídico, o que lhes confere a c'slal)ilidade do direito
ad([uirÍdo. prolegendo-o contra o risco
18. A principal diferença de trata
das modificações legislativas. Serão ajustados com a própria empresa em que SC faz o investimento, a qual fica habi
mento entre os investimentos comuns e
litada a exportar os benefícios e o ca
pital, obtendo clivi.sa.s' na moeda do in vestimento. A vencia pelo investidor es-
da»: as re-slriç.ães à exportação dc capitais,
rença de tratainoiito. Perdurando a po sição atual, qiiaistiiier invcslimcnlos, co muns ou favorecidos, dcyern encontrar
meios para retirar do pais, dentro de
.1
ti'angciio de suas ações ou participa ções nos empreendimentos favorecidos não cria problemas para o e.xercieio da regalia, pois aquele que adquirir as ações ou participações em causa sucede
a) — investimentos cnrnuns
certos- limites, seus benefícios ou o pró-
rá no direito de efetuar as remessas au
b) — investimentos favorecidos.
prit) capital. Apenas variam; de uma
torizadas pelo convênio.
Não se preconiza a intervenção do
E.stacIo junto ao investidor para dirigi-lo
classe para outra, esses meios e limites. Os investimentos comuns poderão re tirar do Brasil os benefícios obtidos e
no país. Por txDiiseguinte. deve vigorar, tamento para o capitai vindo do exte rior: .se a rcaplicaçãü fór feita em inves timentos comuns, terá os benefícios que a estes correspondem; se fòr feita em investimentos favorecidos, fará jus iVs normas de ravorecimenlo.
19.
As reaplicações, no Brasil, dos lucros
.>\o lado das nonnas cam
biais liaverã outras normas de favorecimenlo : em primeiro
lugar as fiscais, que poderão ir
as
cem, clestle logo, ao investidor a xanta-
desapareceriam as vanlagt,>ns dessa dife
tal iiiiporlado, fazer sair e reingrossar,
eximo capital novo, os lucros auferidos
de.sde isenções e reduções para a
vantagens i' as obrigações cor respondentes do inx-eslidor.
ciente .pn- t.órieamente deve torna-las
alua) da iio.ssa balança de contas, cessa-
tuou-.se a Comissão, adotando o alvitr"
aplicar benefícios cxim regalias de capi
do inv<-stjnn-nlo,
Na hipótese de se inverter a po.siçao
da Subcomissão de Investimentos de d7
devem ser lixados
mente oficiais.
benefícios e à saída do capital.
17. Entre essas duas tendências si
investimentos, não só porque outra ati-
nesta í)u naquela atisidade, a nao ser
r • I . - ,1!/ r/'i;neito a rcincssa de os favoreeitios ciiz rtsp.uu ..
''''
ou reservas feitos pelo investidor de verão ser estimuladas pela poHlica de
instalação dos novos empreen-
dimcnto.s, até, cm casos cxcepcfonais, as
isenções permanentes de tributos, ex cluído dc modo absoluto o de venda ;
cm segundo lugar, facilidades várias, desde ns reduções de fretes e despesas
.administrativas uté a garantia de com
pras, nos casos em que o Estado, pela natureza da produção, está em condi ções de oferecê-la.
20. Quais os investimentos que dex'em ser considerados favorecidos, rele-
gando-se os demais à classe dos co muns ?
A formação de um elenco de investi mentos favorecidos ou o estabelecimento
de um critério para inclusão ou e.xclusão de empreendimento nessa classe constitui um problema de grande trans cendência e em que o risco da regula
mentação minuciosa é maior que o do
DiGESTO Econômico
su
simples estabelecimento de princípios
sendo óbvio que a coincidência de mais
gerais.
de um moti\'() reforça as ra7.óe.s do tra tamento especial.
Na criação do investimento favoreci
As características que levam à inclu-
do já se contém a idéia de que há em preendimentos merecedores de maior
.são na classe dos investimentos favore
estímulo por parte do poder público,
cidos devem ser :
pela razão, acima declarada, de reper cutirem mais intensamente no processo
a) criação de condições gorais de de-
de desenvolvimento econômico intensivo
.senvolvimcnto, com acentuada re
do país. A ampliação do mercado in terno e a elevação do nível de produti
percussão na ampliação do merca
vidade técnica parecem, assim, as ra
b) o aumento de produtividade téc
do interno ;
r tf
Digf.stü Econômico
21
cuja diminuição se impõe, cm primeira linha, às cogitações dos liomcns do govérno e dos chefes dc empresas do país, inscrc\c-sc o baixo nível de produliNi-
c.Kcepcionalmente eleindas, determinan
dudc técnica dc no.ssas atividades.
do o déficit de nossa balança de paga
A
produtividade monetária aumenta mui tas vezes por contingências de mercado
ou por efeito de medidas protecionistas, dando a ilusão da clc\'ação dc rcndíT so cial. O aumento da produtividade téc nica, envolvendo nessa expressão tam
anti-económica nas suas conseqüências.
Sucede, porém, que as necessidades de importação do nosso país se apresentam
mentos por um período que ainda se anuncia muito longo, polo menos na área do dólar.
Daí resulta que a ins
talação de atividades econômicas capa
zes dc liberar, através da produção na
cional, certa quantidade dc divisas hoje
c) a repercussão do investimento no
Sendo certo, entretanto, que em ou tras comissões especiais, em que se di
bém Os aumento.s obtidos pela raciona lização da administração das empresas, é um objeti\'o dc tão grande relevância
comércio e.xtemo, criando divisas
para o clesenvoK-imcnto econômico do
nômico do puís, por lhe permitir aplicar
pelo aumento das exportações, ou
vide a comissão técnica conjunta^brasi-
país que a comissão, depois de ter feito
liberando divisas pela diminuição das importações em áreas dc contas
êsses recursos em fornecimentos de que
dêlo um fundamento autônomo da con
necessitamos.
cessão de favorecimentos, julga indispen sável recomendar que;, na concessão do
acima alude aos empreendimentos pou
zões predominantes para o tratamento
preferencial de qualquer aplicação.
nica ;
leiro-americana, estão sendo estudados
problemas particulares, cujas soluções põem necessariamente em evidencia a necessidade de aplicações imediatas de
deficitárias ;
d) a implantação de empreendimentos
capitais, a comissão entende que, depois de conhecidas as conclusões dessas co- '
missões especiais, será possível erguer um quadro nominal dos investimentos merecedores de inclusão na classe dos
favorecidos. Em seu trabalho preliminar preferiu, porém, esboçar apenas os critérios ge rais de inclusão na referida classe, de correntes de características de ordem
econômica, que permitirão a revisão per manente do quadro. Êsses critérios gerais,
discriminados
em quatro itens, indicam as caracterís- dcas por força das quais pode um in vestimento ser incluído entre os favore cidos, quer se trate de investimento es
pontâneo, quer se trate de investimento
obtido através dé negociações. Não é ne
cessário que o investimento preencha os
quatro itens da discriminação para que a inclusão se verifique. Basta que êle
se enquadre em um dos itens referidos,
21.
absorvidas pela importação nessa área deficitária, constituirá sempre um pode roso incremento ao desenvolvimento eco
O último item da enumeração feita
regime preferencial a qualquer investi
co acessíveis à iniciativa nacional e que
menos acessíveis à iniciativa nacio
mento, sempre se tenha em conta que es
serão protelados se não nos vier do es
nal, ou por demandarem recursos superiores às reservas domésticas mobilizávcis, ou por dependerem de tecnologia dc que não se dispõe'no
te contribua, no emprego da aparelhagem dos processos técnicos adquiridos, para
trangeiro a soma de recursos com que os
pais. Cada um dos itens acima enume
rados exige uma breve justificação. A criação de condições gerais dc desenvol vimento ó a razão primordial de se fa-
o melhoramento constante da produtivi
possamos promover. A inâcessibilidade, nesses casos, poderá resultar da escas
dade, e bem assim para o preparo dos
sez de recursos financeirós ou da falta
técnicos nacionais, criando-llies oportu nidade de aperfeiçoamento e condições
de tecnologia em nível suficiente para as-segmar o êxito da iniciativa. A con tribuição da tecnologia e da e.xqjeriência estrangeira, ou de capitais mais
de estímulo. Discutiu a Comissão se era motivo su
ficiente para inclusão dc um investi mento na categoria dos favorecidos o
i'orecer uma iniciativa, distingiiíndo-a das demais. E' sabido que há ativida des econômicas que, por sua natureza,
fato de repercutir no comércio externo
se desenvolvem em relativo isolamento,
enquanto outras repercutem no mercado
diminuição das importações, e delibe rou por maioria que o simples fato de
interno, suscitando ou favorecendo ou
conduzir à produção de utilidades até
tras atividades.
então obtidas por importação, não era
São estas as que, me
diante a concessão de favores, devemos,
do preferência, estimular dentro do ob jetivo de intensivo desenvolvimento proposto como finalidade da política de investimentos aconselhada.
Entro os males da economia brasileira,
do país,
criando ou liberando divisas
pelo aumento das exportações ou pela
motivo para a concessão dos favores, a
menos que o empreendimento satisfizes se os itens o, b ou d da enumeração su
pra. De fato, o desenvolvimento sadio da economia nacional não conduz à po lítica de auto-suficiência, notòriamente
abundantes do que aquêles que as nos sas reservas domésticas permitem mo
bilizar, justifica plenamente que se es tendam a êsses investiméntos os benefí cios do tratamento preferencial.
Política e lei de investimentos 22 Uma política de investimentos po de'consisür apenas na orientação assen
tada pela administração pubüca e tra duzida em medidas administrativas exe
cutadas pelos seus diversos departamen tos e órgãos. A natureza das providên cias aconselhadas neste relatório trans-
DiGESTO Econômico
su
simples estabelecimento de princípios
sendo óbvio que a coincidência de mais
gerais.
de um moti\'() reforça as ra7.óe.s do tra tamento especial.
Na criação do investimento favoreci
As características que levam à inclu-
do já se contém a idéia de que há em preendimentos merecedores de maior
.são na classe dos investimentos favore
estímulo por parte do poder público,
cidos devem ser :
pela razão, acima declarada, de reper cutirem mais intensamente no processo
a) criação de condições gorais de de-
de desenvolvimento econômico intensivo
.senvolvimcnto, com acentuada re
do país. A ampliação do mercado in terno e a elevação do nível de produti
percussão na ampliação do merca
vidade técnica parecem, assim, as ra
b) o aumento de produtividade téc
do interno ;
r tf
Digf.stü Econômico
21
cuja diminuição se impõe, cm primeira linha, às cogitações dos liomcns do govérno e dos chefes dc empresas do país, inscrc\c-sc o baixo nível de produliNi-
c.Kcepcionalmente eleindas, determinan
dudc técnica dc no.ssas atividades.
do o déficit de nossa balança de paga
A
produtividade monetária aumenta mui tas vezes por contingências de mercado
ou por efeito de medidas protecionistas, dando a ilusão da clc\'ação dc rcndíT so cial. O aumento da produtividade téc nica, envolvendo nessa expressão tam
anti-económica nas suas conseqüências.
Sucede, porém, que as necessidades de importação do nosso país se apresentam
mentos por um período que ainda se anuncia muito longo, polo menos na área do dólar.
Daí resulta que a ins
talação de atividades econômicas capa
zes dc liberar, através da produção na
cional, certa quantidade dc divisas hoje
c) a repercussão do investimento no
Sendo certo, entretanto, que em ou tras comissões especiais, em que se di
bém Os aumento.s obtidos pela raciona lização da administração das empresas, é um objeti\'o dc tão grande relevância
comércio e.xtemo, criando divisas
para o clesenvoK-imcnto econômico do
nômico do puís, por lhe permitir aplicar
pelo aumento das exportações, ou
vide a comissão técnica conjunta^brasi-
país que a comissão, depois de ter feito
liberando divisas pela diminuição das importações em áreas dc contas
êsses recursos em fornecimentos de que
dêlo um fundamento autônomo da con
necessitamos.
cessão de favorecimentos, julga indispen sável recomendar que;, na concessão do
acima alude aos empreendimentos pou
zões predominantes para o tratamento
preferencial de qualquer aplicação.
nica ;
leiro-americana, estão sendo estudados
problemas particulares, cujas soluções põem necessariamente em evidencia a necessidade de aplicações imediatas de
deficitárias ;
d) a implantação de empreendimentos
capitais, a comissão entende que, depois de conhecidas as conclusões dessas co- '
missões especiais, será possível erguer um quadro nominal dos investimentos merecedores de inclusão na classe dos
favorecidos. Em seu trabalho preliminar preferiu, porém, esboçar apenas os critérios ge rais de inclusão na referida classe, de correntes de características de ordem
econômica, que permitirão a revisão per manente do quadro. Êsses critérios gerais,
discriminados
em quatro itens, indicam as caracterís- dcas por força das quais pode um in vestimento ser incluído entre os favore cidos, quer se trate de investimento es
pontâneo, quer se trate de investimento
obtido através dé negociações. Não é ne
cessário que o investimento preencha os
quatro itens da discriminação para que a inclusão se verifique. Basta que êle
se enquadre em um dos itens referidos,
21.
absorvidas pela importação nessa área deficitária, constituirá sempre um pode roso incremento ao desenvolvimento eco
O último item da enumeração feita
regime preferencial a qualquer investi
co acessíveis à iniciativa nacional e que
menos acessíveis à iniciativa nacio
mento, sempre se tenha em conta que es
serão protelados se não nos vier do es
nal, ou por demandarem recursos superiores às reservas domésticas mobilizávcis, ou por dependerem de tecnologia dc que não se dispõe'no
te contribua, no emprego da aparelhagem dos processos técnicos adquiridos, para
trangeiro a soma de recursos com que os
pais. Cada um dos itens acima enume
rados exige uma breve justificação. A criação de condições gerais dc desenvol vimento ó a razão primordial de se fa-
o melhoramento constante da produtivi
possamos promover. A inâcessibilidade, nesses casos, poderá resultar da escas
dade, e bem assim para o preparo dos
sez de recursos financeirós ou da falta
técnicos nacionais, criando-llies oportu nidade de aperfeiçoamento e condições
de tecnologia em nível suficiente para as-segmar o êxito da iniciativa. A con tribuição da tecnologia e da e.xqjeriência estrangeira, ou de capitais mais
de estímulo. Discutiu a Comissão se era motivo su
ficiente para inclusão dc um investi mento na categoria dos favorecidos o
i'orecer uma iniciativa, distingiiíndo-a das demais. E' sabido que há ativida des econômicas que, por sua natureza,
fato de repercutir no comércio externo
se desenvolvem em relativo isolamento,
enquanto outras repercutem no mercado
diminuição das importações, e delibe rou por maioria que o simples fato de
interno, suscitando ou favorecendo ou
conduzir à produção de utilidades até
tras atividades.
então obtidas por importação, não era
São estas as que, me
diante a concessão de favores, devemos,
do preferência, estimular dentro do ob jetivo de intensivo desenvolvimento proposto como finalidade da política de investimentos aconselhada.
Entro os males da economia brasileira,
do país,
criando ou liberando divisas
pelo aumento das exportações ou pela
motivo para a concessão dos favores, a
menos que o empreendimento satisfizes se os itens o, b ou d da enumeração su
pra. De fato, o desenvolvimento sadio da economia nacional não conduz à po lítica de auto-suficiência, notòriamente
abundantes do que aquêles que as nos sas reservas domésticas permitem mo
bilizar, justifica plenamente que se es tendam a êsses investiméntos os benefí cios do tratamento preferencial.
Política e lei de investimentos 22 Uma política de investimentos po de'consisür apenas na orientação assen
tada pela administração pubüca e tra duzida em medidas administrativas exe
cutadas pelos seus diversos departamen tos e órgãos. A natureza das providên cias aconselhadas neste relatório trans-
•9 l-T' »
22
j cendc, pc/rím, frcquenlemcntc. o ámhitr»
<!a a^-áo administrativa, exigindo mirnuis [ ç*pt'cíais exprcssíís em lei. Tíkla píiliti\ ca dc invc.stiinüntos estaria comproinetí-
I da .SC cada um dos tasos concTelos a re-
I. Prinrípúi dc litirc circuUiçwt do capital
^ uma política depende da existência de
e sair do território n.ieioiial. aplie.uulo-
I <juadnis legislativos estáveis e flixlví-is
se ein bens e einpreendimentf)s cuja pro priedade e controle não llu* sejum pr(»i«
l
. comendação ao Poder ExeculKo para
cação fôr feita cm invcstinrentos co tas no item 4.
V.
IX. Critérios para U%clusâo dc òwcsti'
N<>rnuis cambiais juira investimen tos favorecidos
O.s prazos c cpiotas para a rolinuia dc
II. fícr/niôc.v dcrorrfntc.v da hnUtnça
cxpf>rlação di- lucros serão fixailos cm leis esjieci.iis ou em CH>n\ènios, nos (piais intcrvirú a empresa (pie recebe O
íaxorircidos e os limites iná.ximos para n
dc parlamentos
Em função da posição aluai ou previ
de lei sóbre investimentos, ern rpie se sistematizem as medidas contidas nas
capitais e limites máximos para a expor
K suas conclusões.
comun.s V os linnte.s niá.xirno.s jvira a cx-
|K>rtaçãa de lucros serão fí.xados cm leis gerais, sem díscrliuituição.
capitais classificados como investimentos
sível tia balança dc panainrnKKs é lícito fixar prazos e quotas para a retirada de
que tome a iniciativa de um anteprojeto
Econômico
bídos pela Goustíluição.
Julg«"» por íssí), a Comissão que de
via encerrar o .seu relatório por uma re-
Dioksto
- PROPOSIÇt'>KS I"I\AIS -
IV rec^mhecida. imu prim ipio, ;i(, pital estraugeiro a liberei.ule rle imirur
objetivos conceituados claramente.
w
Diokstíi r.tovriMico
f guiar tivesse de r(?ceber sua siduvâtí |e[ gíblatíva própria, pois a eslalulídnde de
^ C de urna orientação da administração , pública, pautada por êles. e dirigida a
J"'
V,
inxestimcnlo.
VI.
iVor;///M fiscais dc favorcciincnto
A-s nonnas dc favoreciinento do cará
tação de lucros.
ter fi.scal jmilem incidir sòlire a instala
invc.s-timentos
ção de ati\'i(ladc c até sòbre o seu c.xcr-
Os investinjcntos estrangeiros no pais, j mentos de aplicação das medidas pre tanto os oblidíjs por negociações de go vistas por ela e tornando inteligíveis,
cício contínuo para determinados tipos
F investimentos, - os critériosí^ôbre geraisy defir^indo oscontendo iristrtiaos üllios do povo brasilciríj e do inves tidor estrangeiro, os mó-.eís c finalida
IIÍ. Classificação
dc
de atividade econômica de interés.se na
cional, cle.sdi- qu<^ não implicpiem em tra
verno a govêmo, como os fcito.s espon-
I'.
tãncainentc, .são susceliveis de sc distri
A
tamento desvanlajo.so para invoslimon-
sentaria urn passo dccisivtj para o esta
a) investimentos comuns
tos já existentes, ficando oxcluída qual quer isenção de imposto de renda.
belecimento de um novo período de co laboração do capital estrangeiro no de senvolvimento econômico do nosso país.
b) investimentos favorecidos.
Vil.
des de nossa política econômica, repre
buírem em tluas classes :
A concessão do regime dt; favoreci-
Essa lei teria o mérito d(.' traduzir a no
mento será .sempre precedida de; um pe ríodo de publicidade, dentro do qual
va mentalidade com que o Govêmo da República se dispõe a encarar e tratar
quaisquer investiiíientos anteriores, pro vando tpic são idênticas as condições a
o capital e-strangeiro, não favorecendo
abusos, que cedo ou tarde provocam
que obedeceu a entrada c aplicação dos capitais respectivos no país, poderão
reações de.scomedídas, mas dando aos
pleitear sua inclusão no mesmo regime,
que empregam seus recursos no de.sen-
em data a ser fixada no instrumento cia
volvimento da economia brasileira as condições de respeito, liberdade, estímu lo 8 garantiu sem as quais nenhum ca
concessão.
pital acorre a um país novo, sejam quais forem suas possibilidades de explora ção.
Normas especiais dc favorecimcnfo
Poderá bavcr outras nomias dc favorccimento além das citadas, entre as
qiiai.s um (ralamonto especial cm maté
sam contribuir para a criação de cHindiçõcs gerais de desenvolvimento,
eom
acentuada repercussão na ampliação do mercado inlcnu) ; b) os (jue concorram
para o anmcnlo da proclulivitlade técni ca ; c) (xs (jue criem ou liberem divisas,
aumentando a cxjKirtação ou suprindo n importação cm áreas de contas deficitá rias; d) os (juc Ncnhani suprir deficiên cias da inicialixa nacional de difícil cor
reção, oferecendo recursos superiores ks disponibilidades encxintradas no país ou facultando o acesso à tecnologia de ní vel superior. Uma voz conhecidos os tra balhos das Comissões especiais, será le vantado um quadro específico ou de in vestimentos favorecidos.
X. Requisito geral Na concessão de favores a um inves
tivos *e mesmo
lhagem e dos processos técnicos ade
garantia dc compras,
quando a natureza da produção obtida
fícios
IV. Normas cambiais para investimen Os prazos e quotas para a retirada de capitais classificados como investimentos
Devem ser cla.ssificados entre os in
vestimentos favorecidos : a) os que jws-
ria de fretes e emolumentos administm-
através do Investimento a justificar.
l.
mentos entro os favorecidos
timento, sempre se terá em conta que este contribua, pelo emprego da apare
VIII. Aplicação de reservas e bene tos comuns
muns, será regida pelas nonnas previs
O direito de exportar lucro.s estendese aos lucros obtidos pela reaplicação de benefícios ou formação de reservas no
quados, para o melhoramento constan te da produtividade ; e bem assim para o preparo dos técnicos nacionais, criando-lhes oportunidade de aperfeiçoamen to e condições de estímulo.
XI. Reciprocidade enire investin^ntos e exportação de nuitérias-primas
país, sempre que reaplicados em invesl-imentos classificados como favorecidos, de acôrdo com o item 9. Se a reapli
A Comissão recomenda que, em ti'Oca do estabelecimento de uma exportaçaO"
•9 l-T' »
22
j cendc, pc/rím, frcquenlemcntc. o ámhitr»
<!a a^-áo administrativa, exigindo mirnuis [ ç*pt'cíais exprcssíís em lei. Tíkla píiliti\ ca dc invc.stiinüntos estaria comproinetí-
I da .SC cada um dos tasos concTelos a re-
I. Prinrípúi dc litirc circuUiçwt do capital
^ uma política depende da existência de
e sair do território n.ieioiial. aplie.uulo-
I <juadnis legislativos estáveis e flixlví-is
se ein bens e einpreendimentf)s cuja pro priedade e controle não llu* sejum pr(»i«
l
. comendação ao Poder ExeculKo para
cação fôr feita cm invcstinrentos co tas no item 4.
V.
IX. Critérios para U%clusâo dc òwcsti'
N<>rnuis cambiais juira investimen tos favorecidos
O.s prazos c cpiotas para a rolinuia dc
II. fícr/niôc.v dcrorrfntc.v da hnUtnça
cxpf>rlação di- lucros serão fixailos cm leis esjieci.iis ou em CH>n\ènios, nos (piais intcrvirú a empresa (pie recebe O
íaxorircidos e os limites iná.ximos para n
dc parlamentos
Em função da posição aluai ou previ
de lei sóbre investimentos, ern rpie se sistematizem as medidas contidas nas
capitais e limites máximos para a expor
K suas conclusões.
comun.s V os linnte.s niá.xirno.s jvira a cx-
|K>rtaçãa de lucros serão fí.xados cm leis gerais, sem díscrliuituição.
capitais classificados como investimentos
sível tia balança dc panainrnKKs é lícito fixar prazos e quotas para a retirada de
que tome a iniciativa de um anteprojeto
Econômico
bídos pela Goustíluição.
Julg«"» por íssí), a Comissão que de
via encerrar o .seu relatório por uma re-
Dioksto
- PROPOSIÇt'>KS I"I\AIS -
IV rec^mhecida. imu prim ipio, ;i(, pital estraugeiro a liberei.ule rle imirur
objetivos conceituados claramente.
w
Diokstíi r.tovriMico
f guiar tivesse de r(?ceber sua siduvâtí |e[ gíblatíva própria, pois a eslalulídnde de
^ C de urna orientação da administração , pública, pautada por êles. e dirigida a
J"'
V,
inxestimcnlo.
VI.
iVor;///M fiscais dc favorcciincnto
A-s nonnas dc favoreciinento do cará
tação de lucros.
ter fi.scal jmilem incidir sòlire a instala
invc.s-timentos
ção de ati\'i(ladc c até sòbre o seu c.xcr-
Os investinjcntos estrangeiros no pais, j mentos de aplicação das medidas pre tanto os oblidíjs por negociações de go vistas por ela e tornando inteligíveis,
cício contínuo para determinados tipos
F investimentos, - os critériosí^ôbre geraisy defir^indo oscontendo iristrtiaos üllios do povo brasilciríj e do inves tidor estrangeiro, os mó-.eís c finalida
IIÍ. Classificação
dc
de atividade econômica de interés.se na
cional, cle.sdi- qu<^ não implicpiem em tra
verno a govêmo, como os fcito.s espon-
I'.
tãncainentc, .são susceliveis de sc distri
A
tamento desvanlajo.so para invoslimon-
sentaria urn passo dccisivtj para o esta
a) investimentos comuns
tos já existentes, ficando oxcluída qual quer isenção de imposto de renda.
belecimento de um novo período de co laboração do capital estrangeiro no de senvolvimento econômico do nosso país.
b) investimentos favorecidos.
Vil.
des de nossa política econômica, repre
buírem em tluas classes :
A concessão do regime dt; favoreci-
Essa lei teria o mérito d(.' traduzir a no
mento será .sempre precedida de; um pe ríodo de publicidade, dentro do qual
va mentalidade com que o Govêmo da República se dispõe a encarar e tratar
quaisquer investiiíientos anteriores, pro vando tpic são idênticas as condições a
o capital e-strangeiro, não favorecendo
abusos, que cedo ou tarde provocam
que obedeceu a entrada c aplicação dos capitais respectivos no país, poderão
reações de.scomedídas, mas dando aos
pleitear sua inclusão no mesmo regime,
que empregam seus recursos no de.sen-
em data a ser fixada no instrumento cia
volvimento da economia brasileira as condições de respeito, liberdade, estímu lo 8 garantiu sem as quais nenhum ca
concessão.
pital acorre a um país novo, sejam quais forem suas possibilidades de explora ção.
Normas especiais dc favorecimcnfo
Poderá bavcr outras nomias dc favorccimento além das citadas, entre as
qiiai.s um (ralamonto especial cm maté
sam contribuir para a criação de cHindiçõcs gerais de desenvolvimento,
eom
acentuada repercussão na ampliação do mercado inlcnu) ; b) os (jue concorram
para o anmcnlo da proclulivitlade técni ca ; c) (xs (jue criem ou liberem divisas,
aumentando a cxjKirtação ou suprindo n importação cm áreas de contas deficitá rias; d) os (juc Ncnhani suprir deficiên cias da inicialixa nacional de difícil cor
reção, oferecendo recursos superiores ks disponibilidades encxintradas no país ou facultando o acesso à tecnologia de ní vel superior. Uma voz conhecidos os tra balhos das Comissões especiais, será le vantado um quadro específico ou de in vestimentos favorecidos.
X. Requisito geral Na concessão de favores a um inves
tivos *e mesmo
lhagem e dos processos técnicos ade
garantia dc compras,
quando a natureza da produção obtida
fícios
IV. Normas cambiais para investimen Os prazos e quotas para a retirada de capitais classificados como investimentos
Devem ser cla.ssificados entre os in
vestimentos favorecidos : a) os que jws-
ria de fretes e emolumentos administm-
através do Investimento a justificar.
l.
mentos entro os favorecidos
timento, sempre se terá em conta que este contribua, pelo emprego da apare
VIII. Aplicação de reservas e bene tos comuns
muns, será regida pelas nonnas previs
O direito de exportar lucro.s estendese aos lucros obtidos pela reaplicação de benefícios ou formação de reservas no
quados, para o melhoramento constan te da produtividade ; e bem assim para o preparo dos técnicos nacionais, criando-lhes oportunidade de aperfeiçoamen to e condições de estímulo.
XI. Reciprocidade enire investin^ntos e exportação de nuitérias-primas
país, sempre que reaplicados em invesl-imentos classificados como favorecidos, de acôrdo com o item 9. Se a reapli
A Comissão recomenda que, em ti'Oca do estabelecimento de uma exportaçaO"
" li
.
\
Dmesro Eaisóxnco
24
regular de matérias-primas para os paí ses invesüdorcs, sejam negociados in vestimentos de repercussão permanente no desenvolvimento rx-onórnico do país. Assim, por exemplo, ao eslabeleciniento ( da exportação de minério de ferro e
^ manganês devem corresponder tnvesli-
^ mento.s em atividades básicas enquadra
A VALORIZAÇÃO DO OURO J
das nas alíneas do item IX csim o Iralametito de investimentos favorí eidos.
XII.
mentos
A Comissfiti recomenda que o Poder Kxecniivo totne a iniciativa de uni ante projeto de lei Míbre investiinentfjs, que .se slsleinati/em as medidas conti das nas prestiiles conclusões.
4
mnçãt» fica, via tlr regra, valitla mesmo
par.i as numerosas uuualas nat» defini
das em our») — <-ntr<* elas as tio algtin.s foi (lefiiiiliv.uneiile íi\atlt>.
Por(|ue, tam
bém nestes casos, a des\alori/at,'ao é indicada em relação nt> dólar e a tmtrns
nn)edas tjne reptí^senlam teoricamenti; certa íjuanlidatle tle ouro.
f íf
A onda de desvaltíri/uição (]ue .sc es
tendeu, di sde o més dc setembro último,
a todas as paiii s do mundo, significa, portanto, í]tie ein uns tpiarenla países o preço oficial do ouro aumentí)u. En tretanto, a elevação do pre<,o do ouro não ff)i sòiuente uma consetiuencia, mas,
para \'ãrÍo.s países, uni dos moli\"Os da dcsxalorização.
A açíio do Viiiõo Sul-Ajricona
Em particulai* para a União da África, do Sul, que é o maior país produtor de
2^- ^ -.■■r
rí;
'
■
\
r
nmte a assembléia gtral
Urica
diferoutc, sugerindo qnc
J ^
do Fundo, o j ' ,,!iiieira do Sul repetiu sua proposta v ■ autores deveriam ficar
vender metade de sua produção t P
„n.;. U, u qursir.0 do o..ro fo. adu.da
paru um tempo indefinido.
A única resolução positb'a toniacia
pelo Fundo foi a autorização á In^n-
tcrra, aos Domínios c a vanos ou s
países para Ndesvalorizarcm suas moedas com a elexiição, cm moeda nacional do preço do ouro. Mas, essa ctcisa
não obriga os Estados Unidos mais países que não
pagar preço mais elevado em clolare^ Não ob.stantc, a desvalonzaça
ouro, a valori/.açrio dc seu principal
vital. Lembra-se que o govérno sulafrícano apelou já várias vezes para o Fundo Monetário para obter uma ele
poderá vender seu ouro ã
vação geral do preço ou polo menos a autorização de vender parte dc seu ouro
'
livrv. Mas, a oposição contra } jelo foi tão forte que a Uniao o ' cana perferin retirar sua pro^ios a- i
para os grandes produtores e uma importância transcenden a . União Siil-Africana. país que foni
produto mineiro foi uma necessidade
■J.
fpr vendido
rVrsVAi.oHiv.Ac, Ãíi de uma moeda sign»fií.i \ .dori/;»v;M» tio «mro. I'.ssa afir-
países inembrt»s tio I''undt> Nlonetári») Interiiaeional, enji» valor-par aintla nao
It'"?
Ví
niCItAlU) Lcwiksoun
Anteprojeto tle lei dc inv-csti.
mais de metade da produção
providenciar-se maior quantidade de produtos ingléses pela mesma quantida de de ouro. A Inglaterra, por seu lado.
a um preço superior a taxa que corres
e.xportará esse ouro para
na.
que antes, mas poderá com a mesma quantidade de dólares adquirir em outros
ponde ao valor-par da libra sul-africaO Fundo Monetário ncgoii-se cate-
gòricamente a atender tal pedido, con
Unidos. Não receberá mais dólares do
trário ao princípio básico dc seu estatuto.
países e nos próprios Estados Umdos
ffurou mesmo publicamente o governo
primas sofreram, desde a desvalonzaçao
O presidente do Fundo Monetário
mais mercadorias, pois vanas
" li
.
\
Dmesro Eaisóxnco
24
regular de matérias-primas para os paí ses invesüdorcs, sejam negociados in vestimentos de repercussão permanente no desenvolvimento rx-onórnico do país. Assim, por exemplo, ao eslabeleciniento ( da exportação de minério de ferro e
^ manganês devem corresponder tnvesli-
^ mento.s em atividades básicas enquadra
A VALORIZAÇÃO DO OURO J
das nas alíneas do item IX csim o Iralametito de investimentos favorí eidos.
XII.
mentos
A Comissfiti recomenda que o Poder Kxecniivo totne a iniciativa de uni ante projeto de lei Míbre investiinentfjs, que .se slsleinati/em as medidas conti das nas prestiiles conclusões.
4
mnçãt» fica, via tlr regra, valitla mesmo
par.i as numerosas uuualas nat» defini
das em our») — <-ntr<* elas as tio algtin.s foi (lefiiiiliv.uneiile íi\atlt>.
Por(|ue, tam
bém nestes casos, a des\alori/at,'ao é indicada em relação nt> dólar e a tmtrns
nn)edas tjne reptí^senlam teoricamenti; certa íjuanlidatle tle ouro.
f íf
A onda de desvaltíri/uição (]ue .sc es
tendeu, di sde o més dc setembro último,
a todas as paiii s do mundo, significa, portanto, í]tie ein uns tpiarenla países o preço oficial do ouro aumentí)u. En tretanto, a elevação do pre<,o do ouro não ff)i sòiuente uma consetiuencia, mas,
para \'ãrÍo.s países, uni dos moli\"Os da dcsxalorização.
A açíio do Viiiõo Sul-Ajricona
Em particulai* para a União da África, do Sul, que é o maior país produtor de
2^- ^ -.■■r
rí;
'
■
\
r
nmte a assembléia gtral
Urica
diferoutc, sugerindo qnc
J ^
do Fundo, o j ' ,,!iiieira do Sul repetiu sua proposta v ■ autores deveriam ficar
vender metade de sua produção t P
„n.;. U, u qursir.0 do o..ro fo. adu.da
paru um tempo indefinido.
A única resolução positb'a toniacia
pelo Fundo foi a autorização á In^n-
tcrra, aos Domínios c a vanos ou s
países para Ndesvalorizarcm suas moedas com a elexiição, cm moeda nacional do preço do ouro. Mas, essa ctcisa
não obriga os Estados Unidos mais países que não
pagar preço mais elevado em clolare^ Não ob.stantc, a desvalonzaça
ouro, a valori/.açrio dc seu principal
vital. Lembra-se que o govérno sulafrícano apelou já várias vezes para o Fundo Monetário para obter uma ele
poderá vender seu ouro ã
vação geral do preço ou polo menos a autorização de vender parte dc seu ouro
'
livrv. Mas, a oposição contra } jelo foi tão forte que a Uniao o ' cana perferin retirar sua pro^ios a- i
para os grandes produtores e uma importância transcenden a . União Siil-Africana. país que foni
produto mineiro foi uma necessidade
■J.
fpr vendido
rVrsVAi.oHiv.Ac, Ãíi de uma moeda sign»fií.i \ .dori/;»v;M» tio «mro. I'.ssa afir-
países inembrt»s tio I''undt> Nlonetári») Interiiaeional, enji» valor-par aintla nao
It'"?
Ví
niCItAlU) Lcwiksoun
Anteprojeto tle lei dc inv-csti.
mais de metade da produção
providenciar-se maior quantidade de produtos ingléses pela mesma quantida de de ouro. A Inglaterra, por seu lado.
a um preço superior a taxa que corres
e.xportará esse ouro para
na.
que antes, mas poderá com a mesma quantidade de dólares adquirir em outros
ponde ao valor-par da libra sul-africaO Fundo Monetário ncgoii-se cate-
gòricamente a atender tal pedido, con
Unidos. Não receberá mais dólares do
trário ao princípio básico dc seu estatuto.
países e nos próprios Estados Umdos
ffurou mesmo publicamente o governo
primas sofreram, desde a desvalonzaçao
O presidente do Fundo Monetário
mais mercadorias, pois vanas
26
DiciiSTO Econômico
dft libra, uma baixa no mercado mun .neração não seja em todos os, países tão dial. A de.svalorízaçâo da libra sul-afri- marcada quanto no Brasil, a situação da cana traz assim um alívio não somente
27
Dicesto EcoNÓ>aco
indústria do ouro tomou-se mais difícil
Rússia, cuja produção c desconhecida
res a onça de 31,10 gramas — uma
dc.sde onze anos — baixou, cm relação
perda anual de 500 milhões de dóla
ao nível atingido cm 1940, de cerca de 40%, o que representa — ao preço pres crito pelo Fundo Monetário, de 35 dóla
res. O quadro seguinte mostra a evo
a própria União da África do Sul, mas também à Inglaterra. A mesma van
em tôda parte.
tagem resulta, numa escala menor, da desvalorização da libra australiana e das
com o mais módico aumento dc prcço.s.
moedas de outros países produtores do
1949, apenas de 54% mais elevado que
PRODUÇÃO DE OURO
nas véspera.s da guerra. Con.sequcnte-
(Em milhões de dólares, ao preço de 35 dólares por onça)
'
A União Sul-Africana é um dos países
lução para os principais países produ tores:
O custo da vida foi, em setembro de
Império Britânico. Os domínios e as colônias britânicas
mentc, o acréscimo dos sa]árío.s foi tam
produziram ouro, nos úlHmos doze me
bém módico. Não obstante, u alta de
ses antes da desvalorização, num valor de cerca de 625 milhões de dólares.
preç-os dos equipamentos e do.s produto.s químicos, indispensúvcí.ç para a mine
Com exceção do Canadá, que desvalo rizou sua nioeda apenas de 10%, todos
ração, tomava impossível a e.xploruç'ao de minérios de teor mais fraco. A pro
ésses países reduziram sua taxa cambial
dução sul-africana nos últimos do^e
de 30,5%, o que corresponde a uma va lorização do ouro, em moeda nacional,
meses antes da desvalorização foi de 20%
inferior ao máximo atingido em 1941.
de 43,9%.
Sua receita oriunda da ex
Para a Rodésia do Sul, o recuo foi de
1937 1938 1939 1940 1941 J9-42
portação de ouro aumentou automati camente nessa proporção. Isso não sig nifica que suas disponibilidades em di
35%, para a Austrália de 40%. O Canadá
1943
494 448
conseguiu, mediante .subsídios, limitar
1944
430
128 102
a regressão a 28%.
1945 1946
428
94
36 32
417
99
51
29
1947
392
1948
405
107 123
76 . 73
33 31
visas aumentaram de 43,9%. O verda
A queda mais forte da produção de
deiro lucro consiste na diferença em li
ouro verifica-se nos Estados Unidos. Du
bras entre a elevação do preço do ouro e a dos preços dos produtos importados.
rante a guerra, a maioria das minas foi
Pode-se
estimar
nidense era um quinto
diferença, para o pri
Estados Unidos
411
143
144
426
165 178 186
149
449
492
504
187 169
colônias britiinica.s e cm vários outros
do cinco anos atrás. Di
valorização, em cêrca
zia-se que a queda da
de 150 milhões de dó
produção foi
lares. É essa, talvez, a
da
j ,
pela
motiva
necessidade
economizar
mão-
•tK.
países produtores, tal como o Congo Belga, o preço da produção de ouro bai xará, pelo menos por algum tempo, en quanto o preço oficial em dólares fica
1946, as minas recomeçaram a trabalhar
inalterado. Por conseguinte, parte das minas que foram forçadas a suspender ou reduzir sua produção poderá reiniciar ou estender suas atividades. É, pois, pro vável que a produção de ouro aumente
numa escala mais ampla
no ano cm curso.
que os países britânicos obterão da re
d=-obra e material a favor das indústrias
dução da taxa cambial.
'• o avolução de apósgueiia mostra que essa razSo nãn foi
Os produtores de ouro esperam ain
Caruidá
Com a desvalorização, nos domínios e
apenas do que tinha .si
meiro ano após a des
Preço e custo de produção do ouro
África do Sul
Austrália
Prod. mundial
(sem a Rússia)
48 56
1.052 1.136 1.211 1.283 1.270
58 58
162
170 169
52 40 26 23 23
125 48
1.117
873 787
■ 742 757 768 793
fechada. Em 1945, a produção estadu
essa
vantagem mais segura
Anoí
a umca. E verdade que a partir dc Nos últin^os
da outras vantagens da desvalorização. três anos, a produção dobrou. Em 1949, porém, a produção sofreu novo recuo. Com a taxa cambial em vigor até setem bro último, só as minas da melhor ca .Nos primeiros sete me.sos desse ano, a média mensal repre,sentou apenas um tegoria podiam produzir com lucro apre ciável. Embora a divergência entre o terço da produção mensal verificada em preço oficial do ouro e o custo da mi- 1940. A produção mundial — sem a
em
novembro
último
um
verdadeiro
"boom". O movimento repercutiu tam bém em Wall Strcet.
Mesmo os títu
los das minas nos Estados Unidos e nas
Filipinas, quer dizer de países que não desvalorizaram, subiram verticalmente,
na esperança de que em futuro próxi mo o govênio americano elevaria o pre ço do ouro de 35 para 50 dolárcs por onça, ou, em outras palavras, que ó dó lar seria desvalorizado, ou que, pelo menos, o Fundo Monetário, com o con
A c.speculação bolsista já antecipou
sentimento dos Estados Unidos, autori
êsse desenvolvimento por uma veemente alta do.s títulos das companhias de mi
zaria a exportação do ouro a uni preço
neração de ouro.
As mais altas autoridades dos Estados Unidos — o Presidente do Federal Re
O famoso "Kaffirs
Market" — setor da Bolsa de Londres
onde são negociadas as ações das minas
sul-africanas de ouro — experimentou
acima de 35 dólares.
serve Board, o Secretário do Tesouro e o próprio Presidente Truman — apres-
26
DiciiSTO Econômico
dft libra, uma baixa no mercado mun .neração não seja em todos os, países tão dial. A de.svalorízaçâo da libra sul-afri- marcada quanto no Brasil, a situação da cana traz assim um alívio não somente
27
Dicesto EcoNÓ>aco
indústria do ouro tomou-se mais difícil
Rússia, cuja produção c desconhecida
res a onça de 31,10 gramas — uma
dc.sde onze anos — baixou, cm relação
perda anual de 500 milhões de dóla
ao nível atingido cm 1940, de cerca de 40%, o que representa — ao preço pres crito pelo Fundo Monetário, de 35 dóla
res. O quadro seguinte mostra a evo
a própria União da África do Sul, mas também à Inglaterra. A mesma van
em tôda parte.
tagem resulta, numa escala menor, da desvalorização da libra australiana e das
com o mais módico aumento dc prcço.s.
moedas de outros países produtores do
1949, apenas de 54% mais elevado que
PRODUÇÃO DE OURO
nas véspera.s da guerra. Con.sequcnte-
(Em milhões de dólares, ao preço de 35 dólares por onça)
'
A União Sul-Africana é um dos países
lução para os principais países produ tores:
O custo da vida foi, em setembro de
Império Britânico. Os domínios e as colônias britânicas
mentc, o acréscimo dos sa]árío.s foi tam
produziram ouro, nos úlHmos doze me
bém módico. Não obstante, u alta de
ses antes da desvalorização, num valor de cerca de 625 milhões de dólares.
preç-os dos equipamentos e do.s produto.s químicos, indispensúvcí.ç para a mine
Com exceção do Canadá, que desvalo rizou sua nioeda apenas de 10%, todos
ração, tomava impossível a e.xploruç'ao de minérios de teor mais fraco. A pro
ésses países reduziram sua taxa cambial
dução sul-africana nos últimos do^e
de 30,5%, o que corresponde a uma va lorização do ouro, em moeda nacional,
meses antes da desvalorização foi de 20%
inferior ao máximo atingido em 1941.
de 43,9%.
Sua receita oriunda da ex
Para a Rodésia do Sul, o recuo foi de
1937 1938 1939 1940 1941 J9-42
portação de ouro aumentou automati camente nessa proporção. Isso não sig nifica que suas disponibilidades em di
35%, para a Austrália de 40%. O Canadá
1943
494 448
conseguiu, mediante .subsídios, limitar
1944
430
128 102
a regressão a 28%.
1945 1946
428
94
36 32
417
99
51
29
1947
392
1948
405
107 123
76 . 73
33 31
visas aumentaram de 43,9%. O verda
A queda mais forte da produção de
deiro lucro consiste na diferença em li
ouro verifica-se nos Estados Unidos. Du
bras entre a elevação do preço do ouro e a dos preços dos produtos importados.
rante a guerra, a maioria das minas foi
Pode-se
estimar
nidense era um quinto
diferença, para o pri
Estados Unidos
411
143
144
426
165 178 186
149
449
492
504
187 169
colônias britiinica.s e cm vários outros
do cinco anos atrás. Di
valorização, em cêrca
zia-se que a queda da
de 150 milhões de dó
produção foi
lares. É essa, talvez, a
da
j ,
pela
motiva
necessidade
economizar
mão-
•tK.
países produtores, tal como o Congo Belga, o preço da produção de ouro bai xará, pelo menos por algum tempo, en quanto o preço oficial em dólares fica
1946, as minas recomeçaram a trabalhar
inalterado. Por conseguinte, parte das minas que foram forçadas a suspender ou reduzir sua produção poderá reiniciar ou estender suas atividades. É, pois, pro vável que a produção de ouro aumente
numa escala mais ampla
no ano cm curso.
que os países britânicos obterão da re
d=-obra e material a favor das indústrias
dução da taxa cambial.
'• o avolução de apósgueiia mostra que essa razSo nãn foi
Os produtores de ouro esperam ain
Caruidá
Com a desvalorização, nos domínios e
apenas do que tinha .si
meiro ano após a des
Preço e custo de produção do ouro
África do Sul
Austrália
Prod. mundial
(sem a Rússia)
48 56
1.052 1.136 1.211 1.283 1.270
58 58
162
170 169
52 40 26 23 23
125 48
1.117
873 787
■ 742 757 768 793
fechada. Em 1945, a produção estadu
essa
vantagem mais segura
Anoí
a umca. E verdade que a partir dc Nos últin^os
da outras vantagens da desvalorização. três anos, a produção dobrou. Em 1949, porém, a produção sofreu novo recuo. Com a taxa cambial em vigor até setem bro último, só as minas da melhor ca .Nos primeiros sete me.sos desse ano, a média mensal repre,sentou apenas um tegoria podiam produzir com lucro apre ciável. Embora a divergência entre o terço da produção mensal verificada em preço oficial do ouro e o custo da mi- 1940. A produção mundial — sem a
em
novembro
último
um
verdadeiro
"boom". O movimento repercutiu tam bém em Wall Strcet.
Mesmo os títu
los das minas nos Estados Unidos e nas
Filipinas, quer dizer de países que não desvalorizaram, subiram verticalmente,
na esperança de que em futuro próxi mo o govênio americano elevaria o pre ço do ouro de 35 para 50 dolárcs por onça, ou, em outras palavras, que ó dó lar seria desvalorizado, ou que, pelo menos, o Fundo Monetário, com o con
A c.speculação bolsista já antecipou
sentimento dos Estados Unidos, autori
êsse desenvolvimento por uma veemente alta do.s títulos das companhias de mi
zaria a exportação do ouro a uni preço
neração de ouro.
As mais altas autoridades dos Estados Unidos — o Presidente do Federal Re
O famoso "Kaffirs
Market" — setor da Bolsa de Londres
onde são negociadas as ações das minas
sul-africanas de ouro — experimentou
acima de 35 dólares.
serve Board, o Secretário do Tesouro e o próprio Presidente Truman — apres-
Dicesto Económícc
23
ae
Dícesto EcoNÓNnco
saram-se era desmentir êsses boatos, mas
dos Estados Unidos ao aumento do pre
ainda mais acentuada se um aconteci
durante algumas semanas a Bolsa não atribuiu grande atenção às declarações oficiais até que a reação usual atenuasse
que antes da guerra, ainda que as re
ço do ouro. Se o ouro fõs.se oficialmente
mento político não tivesse e.xercido in
servas do Banco de França tivessem
valorizado, élcs receberiam nicnos ouro
fluencia conliúria.
Os homens ricos da
pela mesma quantidade do mercadoriaí
caído a um quinto, pois os particulares
o entusiasmo dos altistas.
adquiriram grandes quantidades. Um
e serviços.
China eram írudicionalmente comprado res de ouro. A praça de Changai era um do.s principais mercados do metal precioso. Com a ocupação dessa cidade pelos comunistas, o mercado de curo foi extinto. Macau e Bangcoc tomaram a
cidade internacional que sc tomou a
A parte do ouro dc mineração recente
que passa ao mercado livre c insignifi
O mercado livre
cante.
A repercussão das desvalorizaç-ões foi diferente no mercado livre de ouro.
Certamente, nesse mercado também, a
esperança de uma valorização geral o
legal do ouro é o último argumento pa
ra justificar a alta do metal precioso em relação ao dólar. Mas, outras reflexões entram no jôgo e complicam a formação do preço, que experimentou, antes e de
pois da desvalorização, amplas flutua ções.
Trata-se de um mercado grande, em bora limitado, em comparação com o mercado oficial. Entretanto, no merca do oficial há, hoje, como já menciona mos, um só comprador : o Tesouro dos Estados Unidos. As reservas dos Esta
Faz-se muito Ijariillio cada vez
que uma transação clandestina ó de.sco-
escala. Urna parcela maior vai provà-
var seu ouro consigo na emigração não são, com raras exceções, capazes de com
velmente ao mercado livre süIj forma cie
prar
<5uro semimanufatunidü.
a
Manifesta-se, assim, pela primeira vez
tentava obter do Fundo Monetário au
"manufatura" não se distingue essencial mente da fundição em barras. Mas taia
desde há muitos anos, um refluxo do
torização para vender parte de sua pro
exportações também são pouco impor
dente.
superior à taxa oficial, o preço no mer
tantes em relação ao total da produção.
Entro os mercados ocidentais, o de Paris é, inconteslàvelmente, o mais ani
cado livTe baLxava.
vezes
Uma terceira fonte talvez seja o ouro
mais.
Tornaram-se vendedores.
ouro do E.xtrcmc Oriente para o Oci
Cada vez que a União Sul-Afncana dução mineira livremente, a um preço A êsse fenômeno,
dc aparência paradoxal, não falta lógica.
mado. O comércio interno de ouro na
Num mercado virtualmente limitado ao
França ó livre — sòmente a e.xportação
ouro já em poder dos particulares, o > afluxo de, digamos, um quarto da pro- ' dução mundial, poderia determinar um < forte recuo do preço. O ouro uáo s® distingue, sob ôsse aspecto, de qualquer outra mercadoria com preço tabelado: se a tabela fôr abolida, o preço sobe,
comprovado.
é proibida. Os jornais franceses notam
diáriamente as flutuações dos preços do
neração não apresenta senão uma pi\r-
rcign", o "Napoléon", o "Eagle" etc.,
cela ínfima do metal precioso negociado no mercado livre. A grande massa dõsse metal é constituída pelo onro cm moedas
antiga União latina. O volume das tran sações é muito importante. Afirma-se
mas também
os mais incríveis.
proveniente de minas ru.ssas. Várias vé-
dos Unidos aumentaram — após uma re
boa parte das reservas de ouro dos ou
trôle algum, reagem com extrema sen sibilidade a todos os fatos e boatos, otí
zes, nos últimos anos, circularam boatos a respeito; entretanto, nada p6de ser
dução de 2,7 bilhões de dólares durante a guerra — a partir de 1948, de 4,7 bi
nacionais e estrangeiras,
E' claro que tais mercados, sem con
so e impede um tráfego ilícito em vasta
Mesmo os chineses que conseguiram l.e-
ouro, para cada moeda, desde o "Sove-
sideravelmente a produção mundial dos últimos quatro anos. Torna-se evidente que os Estados Unidos absorveram não somente a produção corrente das minas
Meca dos traficantes de ouro.
sucessão, mas a
Em todo caso, o ouro de recente mi
lhões, montante éste que ultrapassa con
veu-se na África do Norte, em Tânger,
berta, mas, nos gnmdc'.s paí.scs produto res, o contrôle das exportações é rigoro
Às
clientela reduziu-se.
mercado completamente li\Te desenvol
ou em barras que se acha já desde o pe ríodo de pré-gucrra em poder dos parti
até às moedas de ouro mexicanas e da
que a França possui hoje mais ouro do
culares, E' o mesmo ouro qno passa sempre de novo de mão em mao, e de
um país para outro. E', portanto, uma quantidade estacionáría. A elasticidade
tros países, em particular da Inglaterra d das Repúblicas da América Latina. O
da oferta e da procura depende de vá
âfluxo de oiuo aos Estados Unidos não
ção.
rias circunstancias, mas não da produ
é, como antes da guerra, voluntário, o
A procura cresce e decresce natural
sim a conseqüência da balança ativa de
pagamentos dos Estados Unidos para
mente com as incertez^as monetárias. No último ano antes da desvalorização da
cora os outros países, obrigados a pagar dessa maneira parte das mercadorias e
libra o preço no mercado livro aumen
dos serviços norte-americanos.
Êsso
lação ao dólar ultrapassou lemporària-
fato explica, até certo ponto, a oposição
mente 50^. Talvez a alta tivesse sido
tou de cêrca de 25%, 0 o ágio em re
\4Pfct:
mas fica mais baixo do que foi anterioimente o preço no mercado negro.
,
Dicesto Económícc
23
ae
Dícesto EcoNÓNnco
saram-se era desmentir êsses boatos, mas
dos Estados Unidos ao aumento do pre
ainda mais acentuada se um aconteci
durante algumas semanas a Bolsa não atribuiu grande atenção às declarações oficiais até que a reação usual atenuasse
que antes da guerra, ainda que as re
ço do ouro. Se o ouro fõs.se oficialmente
mento político não tivesse e.xercido in
servas do Banco de França tivessem
valorizado, élcs receberiam nicnos ouro
fluencia conliúria.
Os homens ricos da
pela mesma quantidade do mercadoriaí
caído a um quinto, pois os particulares
o entusiasmo dos altistas.
adquiriram grandes quantidades. Um
e serviços.
China eram írudicionalmente comprado res de ouro. A praça de Changai era um do.s principais mercados do metal precioso. Com a ocupação dessa cidade pelos comunistas, o mercado de curo foi extinto. Macau e Bangcoc tomaram a
cidade internacional que sc tomou a
A parte do ouro dc mineração recente
que passa ao mercado livre c insignifi
O mercado livre
cante.
A repercussão das desvalorizaç-ões foi diferente no mercado livre de ouro.
Certamente, nesse mercado também, a
esperança de uma valorização geral o
legal do ouro é o último argumento pa
ra justificar a alta do metal precioso em relação ao dólar. Mas, outras reflexões entram no jôgo e complicam a formação do preço, que experimentou, antes e de
pois da desvalorização, amplas flutua ções.
Trata-se de um mercado grande, em bora limitado, em comparação com o mercado oficial. Entretanto, no merca do oficial há, hoje, como já menciona mos, um só comprador : o Tesouro dos Estados Unidos. As reservas dos Esta
Faz-se muito Ijariillio cada vez
que uma transação clandestina ó de.sco-
escala. Urna parcela maior vai provà-
var seu ouro consigo na emigração não são, com raras exceções, capazes de com
velmente ao mercado livre süIj forma cie
prar
<5uro semimanufatunidü.
a
Manifesta-se, assim, pela primeira vez
tentava obter do Fundo Monetário au
"manufatura" não se distingue essencial mente da fundição em barras. Mas taia
desde há muitos anos, um refluxo do
torização para vender parte de sua pro
exportações também são pouco impor
dente.
superior à taxa oficial, o preço no mer
tantes em relação ao total da produção.
Entro os mercados ocidentais, o de Paris é, inconteslàvelmente, o mais ani
cado livTe baLxava.
vezes
Uma terceira fonte talvez seja o ouro
mais.
Tornaram-se vendedores.
ouro do E.xtrcmc Oriente para o Oci
Cada vez que a União Sul-Afncana dução mineira livremente, a um preço A êsse fenômeno,
dc aparência paradoxal, não falta lógica.
mado. O comércio interno de ouro na
Num mercado virtualmente limitado ao
França ó livre — sòmente a e.xportação
ouro já em poder dos particulares, o > afluxo de, digamos, um quarto da pro- ' dução mundial, poderia determinar um < forte recuo do preço. O ouro uáo s® distingue, sob ôsse aspecto, de qualquer outra mercadoria com preço tabelado: se a tabela fôr abolida, o preço sobe,
comprovado.
é proibida. Os jornais franceses notam
diáriamente as flutuações dos preços do
neração não apresenta senão uma pi\r-
rcign", o "Napoléon", o "Eagle" etc.,
cela ínfima do metal precioso negociado no mercado livre. A grande massa dõsse metal é constituída pelo onro cm moedas
antiga União latina. O volume das tran sações é muito importante. Afirma-se
mas também
os mais incríveis.
proveniente de minas ru.ssas. Várias vé-
dos Unidos aumentaram — após uma re
boa parte das reservas de ouro dos ou
trôle algum, reagem com extrema sen sibilidade a todos os fatos e boatos, otí
zes, nos últimos anos, circularam boatos a respeito; entretanto, nada p6de ser
dução de 2,7 bilhões de dólares durante a guerra — a partir de 1948, de 4,7 bi
nacionais e estrangeiras,
E' claro que tais mercados, sem con
so e impede um tráfego ilícito em vasta
Mesmo os chineses que conseguiram l.e-
ouro, para cada moeda, desde o "Sove-
sideravelmente a produção mundial dos últimos quatro anos. Torna-se evidente que os Estados Unidos absorveram não somente a produção corrente das minas
Meca dos traficantes de ouro.
sucessão, mas a
Em todo caso, o ouro de recente mi
lhões, montante éste que ultrapassa con
veu-se na África do Norte, em Tânger,
berta, mas, nos gnmdc'.s paí.scs produto res, o contrôle das exportações é rigoro
Às
clientela reduziu-se.
mercado completamente li\Te desenvol
ou em barras que se acha já desde o pe ríodo de pré-gucrra em poder dos parti
até às moedas de ouro mexicanas e da
que a França possui hoje mais ouro do
culares, E' o mesmo ouro qno passa sempre de novo de mão em mao, e de
um país para outro. E', portanto, uma quantidade estacionáría. A elasticidade
tros países, em particular da Inglaterra d das Repúblicas da América Latina. O
da oferta e da procura depende de vá
âfluxo de oiuo aos Estados Unidos não
ção.
rias circunstancias, mas não da produ
é, como antes da guerra, voluntário, o
A procura cresce e decresce natural
sim a conseqüência da balança ativa de
pagamentos dos Estados Unidos para
mente com as incertez^as monetárias. No último ano antes da desvalorização da
cora os outros países, obrigados a pagar dessa maneira parte das mercadorias e
libra o preço no mercado livro aumen
dos serviços norte-americanos.
Êsso
lação ao dólar ultrapassou lemporària-
fato explica, até certo ponto, a oposição
mente 50^. Talvez a alta tivesse sido
tou de cêrca de 25%, 0 o ágio em re
\4Pfct:
mas fica mais baixo do que foi anterioimente o preço no mercado negro.
,
DicjiSTo Econômico
ve algumas tentativas para a sua elabo
31
As lendêncías modernas na produção do titânio
ração no país, a fim de produzir branco
indústria baseada na matéria-prima im portada da índia e do Brasil, e com
de titânio, mas todas as tentativas fra
preendendo que se tornava cada vez
S. ^"nÓES Adreü
cassaram, por falta de técnica, de dinhei
mais difícil a importação, quer pela ele
ro c pela carência dum ambiente indus
vação do custo da mão-de-obra nesses
A MUITOS anos que me preocupo com os aspec
tos econômicos dos mi
nerais de titânio e da sua industrialização no Brasil.
Há 24 anos, na minlia segunda entra
trial propicio.
A exploração du ruüio cresceu vertigi-
ein crescimento no mundo inteiro, ape
rador, técnico dc nomeada, mostra a si
nosutnciile duriinlü a guerra mas logo
lou para a técnica a fim de ler uin su
caiu, cessadas as hostilidades; a e.xploraçãü da ilinenita, sempre fraca, estêve invarlàvelinente ligada à exploração das
norte-americano.
tuação sombria da produção dc titânio do Brasil, em virtude do seu incremento
em larga escala nos Estados Unidos.
areias monazíticas, das quais a ilmenita
da para o sertão, ainda clieío dc dúvi
é um dos componentes principais.
das C indecisões, deparei pela primeira vez com os minerais de titânio. Viajan do de Fortaleza para Sobral, num "lo tação em que um dos passageiros era
o então jovem Bispo D. José Tupinam-
Em 1933, depois duma viagem pelo
litoral do Espírito Santo, publiquei O trabalho "O titânio na costa do Espírito
ba, chegando altas horas da noite à pé
Santo", que constituí tim boletim da an tiga Estação E.xperimentál de Combus
rola do oeste cearense, D. José atencio
tíveis e Minérios, que depois se trans
samente me acolheu em sua residência,
formou no Instituto Nacional de Tecno
na Betânia.
logia. Nesse traballio, após uma intro
No dia seguinte, antes da minha par tida, apresentou-me algumas pedrinhas
fisiografia, natureza do solo, vegetação
que os caboclos encontravam no leito
dução de caráter geográfico, tiatanclo da'
e vias de comunicação, doscrovo sumà-
seco dos rios e que ele guardava julgan
riamentü as fontes de titânio no mundo,
do tratar-se dc minério de ferro.
to do beneficiamento, produção mundial,
Mi
nha passagem deu ensejo à con.suIta so bre a composição daqueles seixos, pe sados como chumbo e de aspecto metá lico, Logo à primeira vista pareceu-me
rutilo, aguardando prudentemente uma
prova de laboratório paru uma confir mação segura. A seguir escrevi um ar
tigo sobre o "Titânio no Ceará", publi cado no jomal "O Nordeste", em abril -de 1925. Naquele artigo, divulgando as
propriedades e aplicações do titânio e seus minerais, foi mencionada pela pri meira vez a existência de rutilo no Cea
rá. Na época não havia interesse pelo rutilo c só alguns anos depois foi inicia
da a exploração dêsse mineral naquelas regiões.
paises, quer pelos sentimentos natávistas
Nesse trnhaJho, o msso ilustre colabo
e no Brasil em especial;.em seguida tmconsumo e informações comerciais.
Nessa época já cbainei a atenção pnra a importância do óxido de titânio como
pigmonto branco em substituição aos alvaiades de chumbo e de zinco Em 1936 escrevi outro trabalho no Bra sil .- publicação do I. n. x tratando das ocorrências de Minas Gerais e do seu processo de enriquecimento.
De longa data, portanto, venho dando atenção ás fontes dc titânio no Brasil e
Para a produção de branco de titânio, a indústria dá preferência í\ ilmenita,
que embora seja um mineral mais po
enorme e crescente demanda.
Outro rumo tomado pela técnica foi a extração da ilmenita das rochas e dos
bre que o rutilo é de tratamento mais
minérios de ferro titaníferos. Êsse cami
nho alcançou pleno sucesso recentemente
Os depósitos de ilmenita encontramse principalmente na índia, no Brasil,
e hoje a National Lead Company, asso ciada à Dupont de Nemours, transfor
em Madagascar, Noniega, Estados Uni
mou no coração dos Adirondacks, no
dos c Rússia, devendo o mineral o seu
Estado de Nova York, uma velha mina
nome ao fato de ter sido descoberto, em
de ferro na maior mina de titânio do
grandes quantidades, no lago Ilmen, na
mundo.
A indúsli-ia alemã e americana
Na recente conferência para a utili
de pígmentos utilizava principalmente a
zação e conservação dos recursos natu
Rús.sía.
ilmenita da costa do Travancore, na ín
rais, realizada em Lake Success, uma
dia, e das costas da Balúa e Espírito
das demonstrações do meUior aproveita
Santo, no Brasil.
mento dos minerais através das técnicos
Há alguns anos atrás a Dupont de
modernas foi uma visita ao chamado
Nemours, por intermédio da sua subsi diária Duperial do Brasil, interessou-se
Macintyre Development da National Lead Comp., em Tahawus, Estado de
pelas jazidas da Babia, Espírito Santo e Estado do Rio de Janeiro, conseguindo
Nova York.
habilmente contornar as exigências da
nério de ferro foi descoberto ali por volta
legislação nacionalista de 1934, assegu
A liistória dessa mina é curiosa. O mi
de 1826 e desde então houve várias
rando destarte uma importante reserva
tentativas para o seu aproveitamento.
de minerais de titânio.
Os mais importantes esforços foram de vidos aos jjróprios descobridores; foram construídos dois altos fornos que come çaram a produzir ferro em 1838 e 1854,
riá pouco tempo, com surpresa geral,
ao desenvolvimento das suas aplicações
abriu mão de todos os direitos assegura dos o desinteressou-se pela ilmenita bra
sil; foi apenas colhido para exportação em bruto. Durant» a última guerra bou-
As investigações visaram ás areias da Flórida e da Califórnia, hoje em explo ração, mas ainda insuficientes para a
cômodo e mais econômico.
industriais.
O titânio nunca foi utilizado no Bra
primento de minério dentro do território
sileira.
E' que suas fábricas, nos Estados Uni dos, sentindo a fragilidade duma grande
mas fracassaram por uma série de in fortúnios : a morte de ura dos descobri
dores, Mr. Henclerson, em 1845, o pâni-
DicjiSTo Econômico
ve algumas tentativas para a sua elabo
31
As lendêncías modernas na produção do titânio
ração no país, a fim de produzir branco
indústria baseada na matéria-prima im portada da índia e do Brasil, e com
de titânio, mas todas as tentativas fra
preendendo que se tornava cada vez
S. ^"nÓES Adreü
cassaram, por falta de técnica, de dinhei
mais difícil a importação, quer pela ele
ro c pela carência dum ambiente indus
vação do custo da mão-de-obra nesses
A MUITOS anos que me preocupo com os aspec
tos econômicos dos mi
nerais de titânio e da sua industrialização no Brasil.
Há 24 anos, na minlia segunda entra
trial propicio.
A exploração du ruüio cresceu vertigi-
ein crescimento no mundo inteiro, ape
rador, técnico dc nomeada, mostra a si
nosutnciile duriinlü a guerra mas logo
lou para a técnica a fim de ler uin su
caiu, cessadas as hostilidades; a e.xploraçãü da ilinenita, sempre fraca, estêve invarlàvelinente ligada à exploração das
norte-americano.
tuação sombria da produção dc titânio do Brasil, em virtude do seu incremento
em larga escala nos Estados Unidos.
areias monazíticas, das quais a ilmenita
da para o sertão, ainda clieío dc dúvi
é um dos componentes principais.
das C indecisões, deparei pela primeira vez com os minerais de titânio. Viajan do de Fortaleza para Sobral, num "lo tação em que um dos passageiros era
o então jovem Bispo D. José Tupinam-
Em 1933, depois duma viagem pelo
litoral do Espírito Santo, publiquei O trabalho "O titânio na costa do Espírito
ba, chegando altas horas da noite à pé
Santo", que constituí tim boletim da an tiga Estação E.xperimentál de Combus
rola do oeste cearense, D. José atencio
tíveis e Minérios, que depois se trans
samente me acolheu em sua residência,
formou no Instituto Nacional de Tecno
na Betânia.
logia. Nesse traballio, após uma intro
No dia seguinte, antes da minha par tida, apresentou-me algumas pedrinhas
fisiografia, natureza do solo, vegetação
que os caboclos encontravam no leito
dução de caráter geográfico, tiatanclo da'
e vias de comunicação, doscrovo sumà-
seco dos rios e que ele guardava julgan
riamentü as fontes de titânio no mundo,
do tratar-se dc minério de ferro.
to do beneficiamento, produção mundial,
Mi
nha passagem deu ensejo à con.suIta so bre a composição daqueles seixos, pe sados como chumbo e de aspecto metá lico, Logo à primeira vista pareceu-me
rutilo, aguardando prudentemente uma
prova de laboratório paru uma confir mação segura. A seguir escrevi um ar
tigo sobre o "Titânio no Ceará", publi cado no jomal "O Nordeste", em abril -de 1925. Naquele artigo, divulgando as
propriedades e aplicações do titânio e seus minerais, foi mencionada pela pri meira vez a existência de rutilo no Cea
rá. Na época não havia interesse pelo rutilo c só alguns anos depois foi inicia
da a exploração dêsse mineral naquelas regiões.
paises, quer pelos sentimentos natávistas
Nesse trnhaJho, o msso ilustre colabo
e no Brasil em especial;.em seguida tmconsumo e informações comerciais.
Nessa época já cbainei a atenção pnra a importância do óxido de titânio como
pigmonto branco em substituição aos alvaiades de chumbo e de zinco Em 1936 escrevi outro trabalho no Bra sil .- publicação do I. n. x tratando das ocorrências de Minas Gerais e do seu processo de enriquecimento.
De longa data, portanto, venho dando atenção ás fontes dc titânio no Brasil e
Para a produção de branco de titânio, a indústria dá preferência í\ ilmenita,
que embora seja um mineral mais po
enorme e crescente demanda.
Outro rumo tomado pela técnica foi a extração da ilmenita das rochas e dos
bre que o rutilo é de tratamento mais
minérios de ferro titaníferos. Êsse cami
nho alcançou pleno sucesso recentemente
Os depósitos de ilmenita encontramse principalmente na índia, no Brasil,
e hoje a National Lead Company, asso ciada à Dupont de Nemours, transfor
em Madagascar, Noniega, Estados Uni
mou no coração dos Adirondacks, no
dos c Rússia, devendo o mineral o seu
Estado de Nova York, uma velha mina
nome ao fato de ter sido descoberto, em
de ferro na maior mina de titânio do
grandes quantidades, no lago Ilmen, na
mundo.
A indúsli-ia alemã e americana
Na recente conferência para a utili
de pígmentos utilizava principalmente a
zação e conservação dos recursos natu
Rús.sía.
ilmenita da costa do Travancore, na ín
rais, realizada em Lake Success, uma
dia, e das costas da Balúa e Espírito
das demonstrações do meUior aproveita
Santo, no Brasil.
mento dos minerais através das técnicos
Há alguns anos atrás a Dupont de
modernas foi uma visita ao chamado
Nemours, por intermédio da sua subsi diária Duperial do Brasil, interessou-se
Macintyre Development da National Lead Comp., em Tahawus, Estado de
pelas jazidas da Babia, Espírito Santo e Estado do Rio de Janeiro, conseguindo
Nova York.
habilmente contornar as exigências da
nério de ferro foi descoberto ali por volta
legislação nacionalista de 1934, assegu
A liistória dessa mina é curiosa. O mi
de 1826 e desde então houve várias
rando destarte uma importante reserva
tentativas para o seu aproveitamento.
de minerais de titânio.
Os mais importantes esforços foram de vidos aos jjróprios descobridores; foram construídos dois altos fornos que come çaram a produzir ferro em 1838 e 1854,
riá pouco tempo, com surpresa geral,
ao desenvolvimento das suas aplicações
abriu mão de todos os direitos assegura dos o desinteressou-se pela ilmenita bra
sil; foi apenas colhido para exportação em bruto. Durant» a última guerra bou-
As investigações visaram ás areias da Flórida e da Califórnia, hoje em explo ração, mas ainda insuficientes para a
cômodo e mais econômico.
industriais.
O titânio nunca foi utilizado no Bra
primento de minério dentro do território
sileira.
E' que suas fábricas, nos Estados Uni dos, sentindo a fragilidade duma grande
mas fracassaram por uma série de in fortúnios : a morte de ura dos descobri
dores, Mr. Henclerson, em 1845, o pâni-
Digksto ECONÓ^UCO 32
33
DiGt:sTO Econóxíico
nas praias do Travancore ou do Espírito CO financeiro nos Estados Unidos em
1847, uma enchente calamitosa em
1856, as dificuldades de transporte e, talvez, como causa mais influente — a presença de grande quantidade de titâ nio no minério, trazendo sérios embara
ços à metalurgia, tal como aconteceu, aqui no Brasil, em Ipanema.
Em novas tentativas de exploração, numa segunda fase, foi cubada a massa
dc minério mas a siderurgia nunca pros perou ali, até que em 1941 a National
Lead Comp. adquiriu a jazida "de miné rio de ferro", e em 15 meses de traba
lho a transformou na maior jazida "de minério de titânio" no mundo.
Deve-.se isso aos milagres operados' pela ciência aplicada à tecnologia. Tão
fantástico trabalho foi executado no pe ríodo da guerra, visando o aproveita
mento duma riqueza em estado latente
Santo.
ra várias usinas de ferro e aço c cêrca
de 1 c meio milhões estão cm estoque aguardando mercado. Ês.se refinamento da técnica produz uma ilmenita mais pura que a das praias da índia ou do Brasil, a preços mais bai xos, di.sponível em qualquer tempo e sem os riscos do transporte longo ou das disscnçõcs política.s.
silícatos. No preparo da mina para uma exploração a céu aberto foi preciso re
do dia os silos receberam 1.000 tonela
so no caso é que o novo empreendimen
mover cêrca de 5 milhões de toneladas
bro-anortosito, dc 40 milhões de tonela-
neficiamento, estrada de rodagem etc.,
magnetita, 32% dc ilmenita, 16% de
consumindo-se ni.sso alguns milhões de
feldspato e 15 % de silícatos vários e mi
dólares.
nerais diversos.
produzidos mais de 1 miliião de tonela das de ilmenita e 3 milliões de tonelada.s
de magnetita. Mais de 1 milhão dc to neladas de magnetita já foram sinterizadas na usina ali construída, meio milhão
foi exportado no estado natiu-al pa-
companhia de zinco (New Tersev Zinc Corp,.).
das dc ilmenita pura e moída. O minério é uma grande lente dc ga-
da.s, com a composição média do 37% de
Entre 1942 e 1949 já foram
to ó financiado por uma companhia de cobre (Kennecott Copper Corp.) e uma
na boca do brilador primário e no fim
de terra e rocha e fazer construções pa ra alojamento do pessoal, usina dc be-
nita já esteja moída nas praias, só o tra balho de apanhá-la e separá-la do quar
nadenses, e, segundo dizem, mais eco nômico e mais eficiente do que os co nhecidos ate agora. Um aspecto curio
Desde o início da exploração para ti-' cubram uma aplicação indnslriaj. O tra tânio, em 1942, até este ano, já ha\iam balho é feito com tal regularidade e tal
tzo e dos outros constituintes de valor,
pelo fato dc ser feito o trabalho em pe quena escala, fica muito caro. O braço magro do trabalhador iinpaluclado e fa minto não pode competir com as esca vadeiras Hucyrus.
O caso de Macintyre, nos Adiron dacks, poderá ter um símile no Brasil, pois são conhecidos vários depósitos de inagnetitas taníferas ainda mal e pouco estudados.
No próprio Estado de São Paulo te mos Ipanema, cuja metalurgia foi em baraçada pela presença do titânio, e,
Agora o caso brasileiro é o que ins pira a nós esses e.xemplos. A situação do Brasil até bem pouco tempo era de moderado exportador de
são rochas ricas em titânio que poderão
minérios de titânio, tanto rutilo quanto
York.
ilmenita.'
1
areias monazíticas, das quais a ilmenita
sendo ultimada uma estrada de ferro es-
O titânio será utilizado por um pro
pato anortosc, que por falia dc merca
A nossa produção de ilmenita esteve
sempre condicionada à e.xploração das é um dos constituintes. Embora a ilme
cesso novo, descoberto por técnicos ca
subprodutos, obtém magnetita e fclds-
no Brasil.
Fica a 400 milhas dc Quebec e está
recuperando o titânio das escórias.
uma ilmenita de alta pureza. Como
planejamento que de 2 em 2 minutos um caminlião descarrega 15 toneladas
Limoneiro etc.). Voltando a paz, pràticainente morreu a mineração do rutilo
que vai ser elaborado pela íron and Titanium Corp., produzindo gusa e aço e
sas o.scilanlc.s, concentrado cm células de
sido extraídos a céu aberto sete milhões de toneladas de minério, contendo magnetita, ilmenita, feldspatos e outros
que garante o funcionamento da usina
IJecialmente para transportar o minério
flutuação dando como produto final
espera que as pc.squisas em curso des
\e aqui, no Brasil (Ipanema, Anitápolis,
produção, neste ano.
parado em elcctro-imã.s, lavado cm me
abundância em todos os países, inclusi-
outro já estudado nos Adirondacks, o
Outro grande depósito de titânio foi há poucos anos descoberto no Canadá e está sendo preparado para entrar em
a usina em grandes caminhões Eticlid de 15 toneladas, l)ritado, moído fino, se
proteção dé aviões.
recuperar o titânio cias inagnetitas litaníferas, que so encontram com relativa
por cêrca de 40 anos.
aguacciros, podcndo-sc notar a regulari dade do trabalho mesmo sob as piores condições do tempo. O minério era que brado com e.xplosivos, tran.sportado para
do, atualmente, vai sendo aciimiilado, à
empenharam em arranjar processos para
pont em Wilmongton, Delaware, e parte tional Lead. Além dêsse depósito, há
debaixo dc fortes
e a produção de compostos de titânio com aplicaçao para fins militares, como a produção de nuvens artificiais para
Das 1.000 toneladas diiírias, parte se gue nos trens para as fábricas da Duvai para St. Luiii.s, para as usinas da Na
Nossa visita à mina foi realizada a 29
do agosto último,
cedendo às exigências dos catadores dc
rutilo. Isso não poderia ser mantido em tempos normais o por isso os técnicos se
O rutilo provinha exclusivamente de
no Vale da Ribeira, os jacupiranguitos
proporcionar explorações do gênero des sa que visitamos em Tahawus, New Tudo faz crer que com o aperfeiçoa mento da técnica de utilização dos mi
garimpagem efetuada nos leitos das ra-
nérios pobres em larga escala, tôda a
Essa mina exemplifica bem a vanta gem do trabalho em alta escala e. custa crer que fique mais barato moer por dia
vinas do Ceará, e dos rios do Sul de Mi
produção de garimpagem tende a en
nas e do Sul de Goías. Produção cara o
contrar dificuldades cada vez maiores,
aleatória, característica do garimpo. As
porque o trabalho muscular é uma for
6.000 toneladas de rocha dura o dela
contingências" cia guerra permitiam que os compradores aumentassem os preços,
neste mundo mecanizado.
recuperar 1.000 toneladas de ilmenita
(l/6^apenas) do que apanhá-la com pá
ma de energia que não pode perdurar
Digksto ECONÓ^UCO 32
33
DiGt:sTO Econóxíico
nas praias do Travancore ou do Espírito CO financeiro nos Estados Unidos em
1847, uma enchente calamitosa em
1856, as dificuldades de transporte e, talvez, como causa mais influente — a presença de grande quantidade de titâ nio no minério, trazendo sérios embara
ços à metalurgia, tal como aconteceu, aqui no Brasil, em Ipanema.
Em novas tentativas de exploração, numa segunda fase, foi cubada a massa
dc minério mas a siderurgia nunca pros perou ali, até que em 1941 a National
Lead Comp. adquiriu a jazida "de miné rio de ferro", e em 15 meses de traba
lho a transformou na maior jazida "de minério de titânio" no mundo.
Deve-.se isso aos milagres operados' pela ciência aplicada à tecnologia. Tão
fantástico trabalho foi executado no pe ríodo da guerra, visando o aproveita
mento duma riqueza em estado latente
Santo.
ra várias usinas de ferro e aço c cêrca
de 1 c meio milhões estão cm estoque aguardando mercado. Ês.se refinamento da técnica produz uma ilmenita mais pura que a das praias da índia ou do Brasil, a preços mais bai xos, di.sponível em qualquer tempo e sem os riscos do transporte longo ou das disscnçõcs política.s.
silícatos. No preparo da mina para uma exploração a céu aberto foi preciso re
do dia os silos receberam 1.000 tonela
so no caso é que o novo empreendimen
mover cêrca de 5 milhões de toneladas
bro-anortosito, dc 40 milhões de tonela-
neficiamento, estrada de rodagem etc.,
magnetita, 32% dc ilmenita, 16% de
consumindo-se ni.sso alguns milhões de
feldspato e 15 % de silícatos vários e mi
dólares.
nerais diversos.
produzidos mais de 1 miliião de tonela das de ilmenita e 3 milliões de tonelada.s
de magnetita. Mais de 1 milhão dc to neladas de magnetita já foram sinterizadas na usina ali construída, meio milhão
foi exportado no estado natiu-al pa-
companhia de zinco (New Tersev Zinc Corp,.).
das dc ilmenita pura e moída. O minério é uma grande lente dc ga-
da.s, com a composição média do 37% de
Entre 1942 e 1949 já foram
to ó financiado por uma companhia de cobre (Kennecott Copper Corp.) e uma
na boca do brilador primário e no fim
de terra e rocha e fazer construções pa ra alojamento do pessoal, usina dc be-
nita já esteja moída nas praias, só o tra balho de apanhá-la e separá-la do quar
nadenses, e, segundo dizem, mais eco nômico e mais eficiente do que os co nhecidos ate agora. Um aspecto curio
Desde o início da exploração para ti-' cubram uma aplicação indnslriaj. O tra tânio, em 1942, até este ano, já ha\iam balho é feito com tal regularidade e tal
tzo e dos outros constituintes de valor,
pelo fato dc ser feito o trabalho em pe quena escala, fica muito caro. O braço magro do trabalhador iinpaluclado e fa minto não pode competir com as esca vadeiras Hucyrus.
O caso de Macintyre, nos Adiron dacks, poderá ter um símile no Brasil, pois são conhecidos vários depósitos de inagnetitas taníferas ainda mal e pouco estudados.
No próprio Estado de São Paulo te mos Ipanema, cuja metalurgia foi em baraçada pela presença do titânio, e,
Agora o caso brasileiro é o que ins pira a nós esses e.xemplos. A situação do Brasil até bem pouco tempo era de moderado exportador de
são rochas ricas em titânio que poderão
minérios de titânio, tanto rutilo quanto
York.
ilmenita.'
1
areias monazíticas, das quais a ilmenita
sendo ultimada uma estrada de ferro es-
O titânio será utilizado por um pro
pato anortosc, que por falia dc merca
A nossa produção de ilmenita esteve
sempre condicionada à e.xploração das é um dos constituintes. Embora a ilme
cesso novo, descoberto por técnicos ca
subprodutos, obtém magnetita e fclds-
no Brasil.
Fica a 400 milhas dc Quebec e está
recuperando o titânio das escórias.
uma ilmenita de alta pureza. Como
planejamento que de 2 em 2 minutos um caminlião descarrega 15 toneladas
Limoneiro etc.). Voltando a paz, pràticainente morreu a mineração do rutilo
que vai ser elaborado pela íron and Titanium Corp., produzindo gusa e aço e
sas o.scilanlc.s, concentrado cm células de
sido extraídos a céu aberto sete milhões de toneladas de minério, contendo magnetita, ilmenita, feldspatos e outros
que garante o funcionamento da usina
IJecialmente para transportar o minério
flutuação dando como produto final
espera que as pc.squisas em curso des
\e aqui, no Brasil (Ipanema, Anitápolis,
produção, neste ano.
parado em elcctro-imã.s, lavado cm me
abundância em todos os países, inclusi-
outro já estudado nos Adirondacks, o
Outro grande depósito de titânio foi há poucos anos descoberto no Canadá e está sendo preparado para entrar em
a usina em grandes caminhões Eticlid de 15 toneladas, l)ritado, moído fino, se
proteção dé aviões.
recuperar o titânio cias inagnetitas litaníferas, que so encontram com relativa
por cêrca de 40 anos.
aguacciros, podcndo-sc notar a regulari dade do trabalho mesmo sob as piores condições do tempo. O minério era que brado com e.xplosivos, tran.sportado para
do, atualmente, vai sendo aciimiilado, à
empenharam em arranjar processos para
pont em Wilmongton, Delaware, e parte tional Lead. Além dêsse depósito, há
debaixo dc fortes
e a produção de compostos de titânio com aplicaçao para fins militares, como a produção de nuvens artificiais para
Das 1.000 toneladas diiírias, parte se gue nos trens para as fábricas da Duvai para St. Luiii.s, para as usinas da Na
Nossa visita à mina foi realizada a 29
do agosto último,
cedendo às exigências dos catadores dc
rutilo. Isso não poderia ser mantido em tempos normais o por isso os técnicos se
O rutilo provinha exclusivamente de
no Vale da Ribeira, os jacupiranguitos
proporcionar explorações do gênero des sa que visitamos em Tahawus, New Tudo faz crer que com o aperfeiçoa mento da técnica de utilização dos mi
garimpagem efetuada nos leitos das ra-
nérios pobres em larga escala, tôda a
Essa mina exemplifica bem a vanta gem do trabalho em alta escala e. custa crer que fique mais barato moer por dia
vinas do Ceará, e dos rios do Sul de Mi
produção de garimpagem tende a en
nas e do Sul de Goías. Produção cara o
contrar dificuldades cada vez maiores,
aleatória, característica do garimpo. As
porque o trabalho muscular é uma for
6.000 toneladas de rocha dura o dela
contingências" cia guerra permitiam que os compradores aumentassem os preços,
neste mundo mecanizado.
recuperar 1.000 toneladas de ilmenita
(l/6^apenas) do que apanhá-la com pá
ma de energia que não pode perdurar
wr'-
Digesto Econômico
cmprèsa, que u jree enterprise c o centro
do regime econômico da livre compe
indenização
tição cm que vivemos. Em tomo dela
tocam guitarras melancólicas alguns eco nomistas que tem o espírito voltado
35
sovganizadoras dos seus quadros insti tucionais.
Tendo-se em \ista essas considerações,
\ emos que não colhe o argumento de
interferência na vida interna da empre
Djacir Menezes
para o capitalismo concorrencial e lou
(Da Universidade do Brasil)
vam as suas leis como reguladoras imu
sa, que enunciamos atrás: tôda vez que interessa ao bem público, o Estado tem
táveis.
o dever de interferir.
5. Os fundos de reserva especiais
do que se pretende constituir indica até certo ponto sua natureza: no pensamen
Num trabalho sôbre a constituição de
to da Carta de Tere.sópolis, originar-se-ia
um "Fundo geral de indenização para todo e qualquer caso de dispensa", re digido pelo sr. João Baylongue, foi fei ta análise de parte do assunto que abor damos agora. O que preocupou o autor foi, sobretudo, o empregado despedido,
sua acepção técnica. Considerando pro
o que se retira do trabalho temporària-
ria, ou do serviço prestado — o que, cer
mente, ficando em completo desamparo
tamente, não estava no e.spírito da le gislação social. Mas passemos adiante:
por parte da lei. Recomendara a Carta Econômica de
Teresópolis, além de outras programa ções enfáticas:
"Os empregadores devem constituir
fundos de reserva especiais, a fim de fazerem face aos encargos impostos pelas leis sociais, garantindo também aos em
de cota retirada dos lucros apurados da
nosso raciocínio. Em primeiro lugar, o apregoado sistema de livre concorrên
visões, poder-se-ia supor incluídas nas despesas de exercício normal, contabi lizadas no próprio custo da mercado
Devendo tais fundos de indenização escapar ao controle da empresa, foi lembrado no ensaio referido que se os recolhessem ao Banco do Brasil, à Caixa Econômica ou a Institutos de Previdên cia. Já SC gritou muito contra esses ca
Comentando, escreve o sr. Baylongue: "As reservas, porém, em poder das
não seremos nós que os inocentemos.
empresas, não oferecem nenhuma garan tia aos empregados. Isso está consubstanciado numa tese apro vada na Convenção Nacional,
Não nos interessa aqui o "modus faciendi" por que se vai realizar
esse objetivo.
.í
O principal será
a contribuição da reserva sem
realizada em Belo Horizonte em
possibilidade de exploração des
1943, pelo Partido Republicano. Constata-se, por aí, que os pró prios empregadore.s reconhecem a ne
viada de sua finalidade legal —
cessidade de amparar as organizações
contra os imprevisíveis que podem re sultar do passado oculto das indeniza ções devidas aos empregados." A designação de reserva dada ao fun
questão que nos arredaria da premissa essencial para o desenvolvimento do
empresa, como soem ser as reservas, na
pitais acumulados cm organismos paraestatais inabilissimamente dirigidos — e
pregados melhor execução dessas leis."
Não nos desejamos embrenhar numa
e é, evidentemente, aí que está o ponto difícil da questão. 6.
Ainda a propósito da livre competição
Poder-se-á alegar, nesse'passo, que se trata de uma intromissão na vida da
cia sofreu, depois da primeira guerra mundial, revisões profundas. Ninguém
A interferência
ilícita é a que se processa por solicitação de interesses de grupos privados, que buscam amparo do Estado para defesa de pretensões particularistas. E que nos mostra grande parte da le gislação — principalmente a legislação social — senão uma continuada inter
de boa fé enxergará nesse sistema as li nhas teóricas do que definira a escola clássica pelas penas de Smith e Ricardo: a "mão invisível" da livre competição,
empresa exqjrime o interesse da empre
que dava a magia do equilíbrio ao jôgo
sa. Expliquemo-nos melhor: nas épocas
da.s fôrças, como e.xpressão máxima da
calamitosas ou de ameaças sérias, a empresa abre mão de sua liberdade e
ofelimídade do sistema, tornou-se um
ferência do Estado nas relações econô
micas? O que é mais contraditório, po rém, é que nem sempre a liberdade de
punho compressivo e brutal da compe
reclama a interferência salvadora do
tição dos monopólios. Os fenômenos de concentração da riqueza despertaram
Estado, por formas variadas, que vão de simples medidas alfandegárias até a cpmpra de seus estoques para destruição bárbara de mercadorias. Se nas épocas
legislações tendentes a atenuar situações de fato bem injustas e a velha filosofia do laissez faire teve que se submeter a restrições muito sérias por parte dos próprios teóricos do capitalismo. O código ci\'ih conforjne dissera o
historiador francês Glassoh, esquecera quase completamente o trabalhador. A
liberdade que se defendia nas leis — avança Harold Laski — era a liberdade
dos proprietários industilais, assentando as bases do liberalismo econômico.
E foi o próprio capitalismo que se viu forçado a aceitar novas concepções e novas técnicas de "dirigismos", de "planismos" mais compatíveis com a trans
formação operada nas suas estruturas, chamadas a reagir contra mudanças de-
de crise o Estado deve dar-lhes dinhei
ro e reter estoques a fim de manter preços altos, se deve auxiliá-las nos processos de contingentamento e outros paliativos, que nada resolvem — por
que não admitir a interferência legítima para resguardar a finalidade de bem-es tar coletivo? Por que só neste caso ofen de os princípios individualistas do laissez faire? Por que as interferências j-eclamadas em benefício das próprias emprêsas não violam o sacro âmbito da liberdade da iniciativa privada? Se num caso é o interesse privado que o pede — no outro é o interesse público que o reclama. Haverá dúvida entre essas duas
ordens de interesses?
A tese é matéria
wr'-
Digesto Econômico
cmprèsa, que u jree enterprise c o centro
do regime econômico da livre compe
indenização
tição cm que vivemos. Em tomo dela
tocam guitarras melancólicas alguns eco nomistas que tem o espírito voltado
35
sovganizadoras dos seus quadros insti tucionais.
Tendo-se em \ista essas considerações,
\ emos que não colhe o argumento de
interferência na vida interna da empre
Djacir Menezes
para o capitalismo concorrencial e lou
(Da Universidade do Brasil)
vam as suas leis como reguladoras imu
sa, que enunciamos atrás: tôda vez que interessa ao bem público, o Estado tem
táveis.
o dever de interferir.
5. Os fundos de reserva especiais
do que se pretende constituir indica até certo ponto sua natureza: no pensamen
Num trabalho sôbre a constituição de
to da Carta de Tere.sópolis, originar-se-ia
um "Fundo geral de indenização para todo e qualquer caso de dispensa", re digido pelo sr. João Baylongue, foi fei ta análise de parte do assunto que abor damos agora. O que preocupou o autor foi, sobretudo, o empregado despedido,
sua acepção técnica. Considerando pro
o que se retira do trabalho temporària-
ria, ou do serviço prestado — o que, cer
mente, ficando em completo desamparo
tamente, não estava no e.spírito da le gislação social. Mas passemos adiante:
por parte da lei. Recomendara a Carta Econômica de
Teresópolis, além de outras programa ções enfáticas:
"Os empregadores devem constituir
fundos de reserva especiais, a fim de fazerem face aos encargos impostos pelas leis sociais, garantindo também aos em
de cota retirada dos lucros apurados da
nosso raciocínio. Em primeiro lugar, o apregoado sistema de livre concorrên
visões, poder-se-ia supor incluídas nas despesas de exercício normal, contabi lizadas no próprio custo da mercado
Devendo tais fundos de indenização escapar ao controle da empresa, foi lembrado no ensaio referido que se os recolhessem ao Banco do Brasil, à Caixa Econômica ou a Institutos de Previdên cia. Já SC gritou muito contra esses ca
Comentando, escreve o sr. Baylongue: "As reservas, porém, em poder das
não seremos nós que os inocentemos.
empresas, não oferecem nenhuma garan tia aos empregados. Isso está consubstanciado numa tese apro vada na Convenção Nacional,
Não nos interessa aqui o "modus faciendi" por que se vai realizar
esse objetivo.
.í
O principal será
a contribuição da reserva sem
realizada em Belo Horizonte em
possibilidade de exploração des
1943, pelo Partido Republicano. Constata-se, por aí, que os pró prios empregadore.s reconhecem a ne
viada de sua finalidade legal —
cessidade de amparar as organizações
contra os imprevisíveis que podem re sultar do passado oculto das indeniza ções devidas aos empregados." A designação de reserva dada ao fun
questão que nos arredaria da premissa essencial para o desenvolvimento do
empresa, como soem ser as reservas, na
pitais acumulados cm organismos paraestatais inabilissimamente dirigidos — e
pregados melhor execução dessas leis."
Não nos desejamos embrenhar numa
e é, evidentemente, aí que está o ponto difícil da questão. 6.
Ainda a propósito da livre competição
Poder-se-á alegar, nesse'passo, que se trata de uma intromissão na vida da
cia sofreu, depois da primeira guerra mundial, revisões profundas. Ninguém
A interferência
ilícita é a que se processa por solicitação de interesses de grupos privados, que buscam amparo do Estado para defesa de pretensões particularistas. E que nos mostra grande parte da le gislação — principalmente a legislação social — senão uma continuada inter
de boa fé enxergará nesse sistema as li nhas teóricas do que definira a escola clássica pelas penas de Smith e Ricardo: a "mão invisível" da livre competição,
empresa exqjrime o interesse da empre
que dava a magia do equilíbrio ao jôgo
sa. Expliquemo-nos melhor: nas épocas
da.s fôrças, como e.xpressão máxima da
calamitosas ou de ameaças sérias, a empresa abre mão de sua liberdade e
ofelimídade do sistema, tornou-se um
ferência do Estado nas relações econô
micas? O que é mais contraditório, po rém, é que nem sempre a liberdade de
punho compressivo e brutal da compe
reclama a interferência salvadora do
tição dos monopólios. Os fenômenos de concentração da riqueza despertaram
Estado, por formas variadas, que vão de simples medidas alfandegárias até a cpmpra de seus estoques para destruição bárbara de mercadorias. Se nas épocas
legislações tendentes a atenuar situações de fato bem injustas e a velha filosofia do laissez faire teve que se submeter a restrições muito sérias por parte dos próprios teóricos do capitalismo. O código ci\'ih conforjne dissera o
historiador francês Glassoh, esquecera quase completamente o trabalhador. A
liberdade que se defendia nas leis — avança Harold Laski — era a liberdade
dos proprietários industilais, assentando as bases do liberalismo econômico.
E foi o próprio capitalismo que se viu forçado a aceitar novas concepções e novas técnicas de "dirigismos", de "planismos" mais compatíveis com a trans
formação operada nas suas estruturas, chamadas a reagir contra mudanças de-
de crise o Estado deve dar-lhes dinhei
ro e reter estoques a fim de manter preços altos, se deve auxiliá-las nos processos de contingentamento e outros paliativos, que nada resolvem — por
que não admitir a interferência legítima para resguardar a finalidade de bem-es tar coletivo? Por que só neste caso ofen de os princípios individualistas do laissez faire? Por que as interferências j-eclamadas em benefício das próprias emprêsas não violam o sacro âmbito da liberdade da iniciativa privada? Se num caso é o interesse privado que o pede — no outro é o interesse público que o reclama. Haverá dúvida entre essas duas
ordens de interesses?
A tese é matéria
mim, Dicesto Econômico
36
Dicesto Econômico
vencida pelos fatos; debalde se tenta
sociam ainda outros fatores, de ordem
deu a 1.^ guerra mundial? Nesses tem
revisá-la teòricamente.
política. Em face do que di.ssemos, 6
pos, o centro dos negócios internacionais
provável que a.s pequenas empresas, ^ar
Estado, inter\indo no sentido do bem
cando contra
geral que se advoga, na economia da
fisco, sejam realmente forçadas à redu
empresa, para constituição de uma re
ção de seu capital de exercícios, a fim do acudirem às exigências legais da
era a City — e por simples operação na praça de Londres podia-se comerciar com qualquer povo em qualquer laütu• de do Planeta. A finança inglesa era a medianeira rápida e ágil entre todos os
constituição da reserva de indcnizaçrro.
centros industriais e comerciais, entre
E, provavelmente, as empresas marginais serão eliminadas pelo procc.ss'o compe titivo, que as triturará, com os resulta
as nações industrializadas européias e as nações de economia agropecuária e de matérias-primas. Todo esse panorama se transformou no período de entre-
Então o ponto a debater será —O
serva de indenização das classes traba lhadoras, alcançará, na verdade, esse
objetivo? 7.
Uma objeção séria
muitas dificuldades
do
O sr. Juvenile Pereira levanta uniu
dos mais ou menos conlraditório.s de
objeção séria à medida proposta ao examinar o art. 23 do anteprojeto n.° 1.039, sobre a participação no lucro
oferece a concentração do processo pro
por clóhouchós tornou-se desesperada,
dutivo.
rompeu o segundo conflito mundial. Pas
das empresas: "Só quem conhece a vida financeira das nossas empresas e a vida econó-
[ mica e financeira do País, e, ainda, que "lucro contábil" não quer dizer dinhei ro em caixa ou banco, poderá avaliar o preço, em sacrifícios financeiros, da
participação direta nos lucros apurados anualmente, ainda que feita em quatro cotas."
O índice de capitalização é baixo num país que tem estruturas econômi
correntes. É o espetáculo habitual que
Mas nessa altura de nossa \'ída eco
nômica, já industrialmente fragílima,
na hora em que recebemos os golpes da indústria estranha, ansiosa por dominar nossos mercados internos — que conse
qüências poderão advir? A pergunta expõe variedade de flancos abertos à controvérsia — todos da maior signifi cação para o País. Porque é -preciso que discutamos esses problemas olhando o que se passa na economia internacio nal.
Somos, como mais do uma
cas atrasadas e defeituosas, diri
vez disso o prof. Gudin, um país
gido por mentalidades que, na
de economia reflexa — que é ape
maioria dos casos, são alheias às
nas uma forma delicada de de
solicitações do mundo moderno, desconhecendo gravemente o que aconselha a ciência, òu então,
signar as economias dominadas
quando cientificamente aparelhadas, uti
ou influenciadas pela finança es trangeira, se não nos enganamos.
Que vemos no jogo das trocas inter
3T
indústrias que se destinem a competir eom as indústrias do país de onde emi gra o capital. Isso é uma verdade ele mentar — e surpreende a sua ausência nas argumentações que se articulam so
bre tais assuntos. O esfòrço que aquele capital desenvolve é com o fito de dar às economias reflexas onde se investe o
caráter de economia complementar, reduzindo-a a condição de dependência cada vez mais estreita da economia-líder.
Todas as vantagens dessa situação ca
guerras. As crises agravaram-se, a luta , bem, evidentemente, à economia-líder.
sado o vendava], o desequilíbrio das tro cas internacionais perdurou noutras ba
ses. Os tempos são inquestionàvelmente outros.
O significado político de um banco
internacional é enorme: porque, se traz inúmeros benefícios na regulação do co
É intuitivo, pois, que nossa economia in dustrial, para permanecer autônoma e não perder o domínio do mercado in
terno, que lhe parece escapar progressi vamente, terá que agir de acordo com
as novas condições que surgem. A modificação na economia interna
das empresas, alterando, em conseqüên cia dessas medidas legislativas, o seu
mércio internacional, vem, simultanea mente, facilitar a ação compressiva sobre
tôdas essas considerações.
a economia dos povos atrasados indus
que começamos a discutir como mero
sistema de reser\'aSi deve levar em conta
Assim, o
trialmente, que passam a ser melhor con trolados e fiscalizados. Estamos, evi dentemente, vivendo uma situação uni versal, que diverge profundamente do passado. Como voltar ao livre-cambismo do tempo mais arejado da soberania da libra? Isso é quase como dizer: co mo fazer a história rodar para trás, num
medidas.
recuo de todos os fatores? Querer de
só o estudo científico, indiferente aos
realejos da demagogia que por aí ar-
detalhe técnico — provisão, poupança, capitalização etc. — se entrosa, dentro de circunstâncias históricas concretas, no
conjunto da vida nacional, que não de vemos esquecer, a bem de nosso desen volvimento como nação.
Desta forma
poderemos alcançar o significado de tais
Significação tão ampla que
lizam o conhecimento para justificar
nacionais? Exatamente o reverso do que
senterrar métodos antigos, como se o
objetivos privados e jamais para analisar
apregoam os neo-liberalistas, os neo-
as razões verdadeiras e procurar a so
manchesteriano.s, cntontccidos
lução conveniente ao país. Reconheça' mos que muitos falam a linguagem de sinteressada — mas o conteúdo prático da .sua ação política nem sempre está de acordo com a linguagem utilizada.
cantilcna remota do "laissez faire": não voltamos às formas de trocas mültilate-
queja e ronca, pode discernir com a ne co, é uma ilusão perigosa. O cenário é - cessária claridade, indicando os caminhos outro, outras são as "dramatis personnae" dos verdadeiros'interesses do povo bra que nele vivem. Então, outio também
rais senão de maneira parcial." Aí estão
deve ser o método.
com
a
método reconstituísse o cenário econômi
todos os embaraços dos controles de câmbios, os acordos bilaterais de novo
8. A defesa de nOssa indústria
Tudo is-so, porem, representa um con
tipo. Onde a antiga política de plastici
junto de fatores negativos, a que se as
dade internacional da libra, que antece
Não podemos contar com simpatias do capital estrangeiro para organizarmos
sileiro. (®). (•) Para o presente ensaio, foram espe cialmente consultados:
Herrmann Júnior.
Contabilidade Su
perior, Atlas, São Paulo, 1946. E. FoUict, Le Bilan dans les sociétés
anonymes, Payot, Lausanne, 1946.
mim, Dicesto Econômico
36
Dicesto Econômico
vencida pelos fatos; debalde se tenta
sociam ainda outros fatores, de ordem
deu a 1.^ guerra mundial? Nesses tem
revisá-la teòricamente.
política. Em face do que di.ssemos, 6
pos, o centro dos negócios internacionais
provável que a.s pequenas empresas, ^ar
Estado, inter\indo no sentido do bem
cando contra
geral que se advoga, na economia da
fisco, sejam realmente forçadas à redu
empresa, para constituição de uma re
ção de seu capital de exercícios, a fim do acudirem às exigências legais da
era a City — e por simples operação na praça de Londres podia-se comerciar com qualquer povo em qualquer laütu• de do Planeta. A finança inglesa era a medianeira rápida e ágil entre todos os
constituição da reserva de indcnizaçrro.
centros industriais e comerciais, entre
E, provavelmente, as empresas marginais serão eliminadas pelo procc.ss'o compe titivo, que as triturará, com os resulta
as nações industrializadas européias e as nações de economia agropecuária e de matérias-primas. Todo esse panorama se transformou no período de entre-
Então o ponto a debater será —O
serva de indenização das classes traba lhadoras, alcançará, na verdade, esse
objetivo? 7.
Uma objeção séria
muitas dificuldades
do
O sr. Juvenile Pereira levanta uniu
dos mais ou menos conlraditório.s de
objeção séria à medida proposta ao examinar o art. 23 do anteprojeto n.° 1.039, sobre a participação no lucro
oferece a concentração do processo pro
por clóhouchós tornou-se desesperada,
dutivo.
rompeu o segundo conflito mundial. Pas
das empresas: "Só quem conhece a vida financeira das nossas empresas e a vida econó-
[ mica e financeira do País, e, ainda, que "lucro contábil" não quer dizer dinhei ro em caixa ou banco, poderá avaliar o preço, em sacrifícios financeiros, da
participação direta nos lucros apurados anualmente, ainda que feita em quatro cotas."
O índice de capitalização é baixo num país que tem estruturas econômi
correntes. É o espetáculo habitual que
Mas nessa altura de nossa \'ída eco
nômica, já industrialmente fragílima,
na hora em que recebemos os golpes da indústria estranha, ansiosa por dominar nossos mercados internos — que conse
qüências poderão advir? A pergunta expõe variedade de flancos abertos à controvérsia — todos da maior signifi cação para o País. Porque é -preciso que discutamos esses problemas olhando o que se passa na economia internacio nal.
Somos, como mais do uma
cas atrasadas e defeituosas, diri
vez disso o prof. Gudin, um país
gido por mentalidades que, na
de economia reflexa — que é ape
maioria dos casos, são alheias às
nas uma forma delicada de de
solicitações do mundo moderno, desconhecendo gravemente o que aconselha a ciência, òu então,
signar as economias dominadas
quando cientificamente aparelhadas, uti
ou influenciadas pela finança es trangeira, se não nos enganamos.
Que vemos no jogo das trocas inter
3T
indústrias que se destinem a competir eom as indústrias do país de onde emi gra o capital. Isso é uma verdade ele mentar — e surpreende a sua ausência nas argumentações que se articulam so
bre tais assuntos. O esfòrço que aquele capital desenvolve é com o fito de dar às economias reflexas onde se investe o
caráter de economia complementar, reduzindo-a a condição de dependência cada vez mais estreita da economia-líder.
Todas as vantagens dessa situação ca
guerras. As crises agravaram-se, a luta , bem, evidentemente, à economia-líder.
sado o vendava], o desequilíbrio das tro cas internacionais perdurou noutras ba
ses. Os tempos são inquestionàvelmente outros.
O significado político de um banco
internacional é enorme: porque, se traz inúmeros benefícios na regulação do co
É intuitivo, pois, que nossa economia in dustrial, para permanecer autônoma e não perder o domínio do mercado in
terno, que lhe parece escapar progressi vamente, terá que agir de acordo com
as novas condições que surgem. A modificação na economia interna
das empresas, alterando, em conseqüên cia dessas medidas legislativas, o seu
mércio internacional, vem, simultanea mente, facilitar a ação compressiva sobre
tôdas essas considerações.
a economia dos povos atrasados indus
que começamos a discutir como mero
sistema de reser\'aSi deve levar em conta
Assim, o
trialmente, que passam a ser melhor con trolados e fiscalizados. Estamos, evi dentemente, vivendo uma situação uni versal, que diverge profundamente do passado. Como voltar ao livre-cambismo do tempo mais arejado da soberania da libra? Isso é quase como dizer: co mo fazer a história rodar para trás, num
medidas.
recuo de todos os fatores? Querer de
só o estudo científico, indiferente aos
realejos da demagogia que por aí ar-
detalhe técnico — provisão, poupança, capitalização etc. — se entrosa, dentro de circunstâncias históricas concretas, no
conjunto da vida nacional, que não de vemos esquecer, a bem de nosso desen volvimento como nação.
Desta forma
poderemos alcançar o significado de tais
Significação tão ampla que
lizam o conhecimento para justificar
nacionais? Exatamente o reverso do que
senterrar métodos antigos, como se o
objetivos privados e jamais para analisar
apregoam os neo-liberalistas, os neo-
as razões verdadeiras e procurar a so
manchesteriano.s, cntontccidos
lução conveniente ao país. Reconheça' mos que muitos falam a linguagem de sinteressada — mas o conteúdo prático da .sua ação política nem sempre está de acordo com a linguagem utilizada.
cantilcna remota do "laissez faire": não voltamos às formas de trocas mültilate-
queja e ronca, pode discernir com a ne co, é uma ilusão perigosa. O cenário é - cessária claridade, indicando os caminhos outro, outras são as "dramatis personnae" dos verdadeiros'interesses do povo bra que nele vivem. Então, outio também
rais senão de maneira parcial." Aí estão
deve ser o método.
com
a
método reconstituísse o cenário econômi
todos os embaraços dos controles de câmbios, os acordos bilaterais de novo
8. A defesa de nOssa indústria
Tudo is-so, porem, representa um con
tipo. Onde a antiga política de plastici
junto de fatores negativos, a que se as
dade internacional da libra, que antece
Não podemos contar com simpatias do capital estrangeiro para organizarmos
sileiro. (®). (•) Para o presente ensaio, foram espe cialmente consultados:
Herrmann Júnior.
Contabilidade Su
perior, Atlas, São Paulo, 1946. E. FoUict, Le Bilan dans les sociétés
anonymes, Payot, Lausanne, 1946.
. .jiyiwpivi ' Digksto Econômico
38
G Defossé, La Geslion Financière des
enlreprlses, Presses Universítaires de France. Paris, 1948.
Alford and Bangs, Producíion Handbook, Ronald Press. N. Y., 1945.
Patton, Acconlants Handbook, Ronald Press, N. Y. 1945. L. R. Klein, The Keynesian Hevolutlon, Macmillan. N. Y., 1948.
Juvenile Pereira, O Anteprojeto 1.039 e a sua inexequibilldade em iace dos nossos sistemas fiscais e econômi cos (mimeografado). Conselho Eco nômico das Indústrias, Rio, 1949. Roberto Simonsen, Planejamento da
Economia Nacional, São Paulo, 1945. João Baylonguc,
Melhor amparo
ao
Política econômica acucareira
trabalhador temporàriamente desem
pregado, Bureau Interestadual de Imprensa, n.o 4, Rio, 1949. R. Boulding, Economlc Analysis, Harpers and Brothors Publishers, N. Y., 1941.
Elio Halevy, Hisloirc du socialismo eu-
Roberto Pinto de Souza
(Da Universidade de São Paulo)
^^iMOs em artigo anterior (1) que a
Paris,
independência e a estabilidade da
Keynes, The General Theory of Em-
quando a produção passou a ser articula da exclusivamente em tomo do consumo interno, uma vez que a forte concorrên cia e os direitos alfandegários tomaram impcssí\el a colocação do produto bra
ropéan, Librairic Galimard, 1948.
ploymont, Interest and Monoy, Harcourt, Brace and C? 1936.
iiKlú.stria açucarcira só foram atingidas
produtoras; umas apresentavam situação econômica perfeitamente definida, en quanto outras tinham a sua indústria
ainda em plena marcha ascendente. En tretanto, convenhamos, nada de melhor
era possível fazer-se na ocasião.
Mas,
á medida que a crise fosse sendo debe
lada e os fatos se ajustando pela evo
sileiro no mercado internacional. Porém,
lução natural dos acontecimentos, ten-
a capacidade brasileira de consumo é
tar-se-ia obter mellior solução. De fato,
limitada, daí surgindo a necessidade de restringir-se o fabrico de açúcar, a fim dt evitar a superprodução. Naturalmen
davia o problema continuou sempre na ordem do dia. É que todas elas se cin-
te, ao estabelecer o "quantum" a produ zir, levou o I. A. A. em consideração as circunstancias do momento e adotou, era
face delas, as medidas que mais depres sa e melhor saneassem as dificuldades por que estava passando a indústria açu
carcira. Por esse motivo, atacou apenas, na medida do possível, o problema da distribuição regional da produção, rele
gando para mais tarde o estudo para uma solução definitiva. Desde logo, po rem, fixou o princípio a seguir nesse ter reno; atribuir quotas às regiões, determi nadas de acordo com a capacidade de produção de cada uma.
As razões que presidiram à escolha
desse princípio já foram por nós apon tadas no artigo anterior, onde também reconhecemos o acervo dêsse critério.
Sua aplicação, porém, apresentou desde o início questões muito sérias, pois não liavia identidade entre as várias zonas (1) Artigo publicado pelo autor no nú mero de agôsto de 1948 do "Digesto Eco nômico".
várias revisões parciais foram feitas; to giram a interesses mais ligados a certas zonas, em detrimento dos de outras. A
evolução dos acontecimentos, porém, se incumbiu de mostrar sobejamente os erros de semelhante orientação particularista e está pedindo que se reveja o re gime de quotas. Qual deva ser a nOva orientação a seguir é o que procuraremos apontar neste artigo. Centro econômico
O zoneamento da produção do açúcar trouxe, como vimos, a separação dos Estados em dois setores bem distintos.
Contudo, a evolução econômica se con
trapôs a essa divisão, e pouco a pouco
os centros importadores, premidos pelas circunstâncias, se viram forçados a ex
pandir sua produção. Daí o processo acelerado do deslocamento da produção para o sul, principalmente para São Paulo, alterando o velho aspecto açucareiro tradicional.
Três ordens de fatores atuaram nessa
transmutação fisionômica:
. .jiyiwpivi ' Digksto Econômico
38
G Defossé, La Geslion Financière des
enlreprlses, Presses Universítaires de France. Paris, 1948.
Alford and Bangs, Producíion Handbook, Ronald Press. N. Y., 1945.
Patton, Acconlants Handbook, Ronald Press, N. Y. 1945. L. R. Klein, The Keynesian Hevolutlon, Macmillan. N. Y., 1948.
Juvenile Pereira, O Anteprojeto 1.039 e a sua inexequibilldade em iace dos nossos sistemas fiscais e econômi cos (mimeografado). Conselho Eco nômico das Indústrias, Rio, 1949. Roberto Simonsen, Planejamento da
Economia Nacional, São Paulo, 1945. João Baylonguc,
Melhor amparo
ao
Política econômica acucareira
trabalhador temporàriamente desem
pregado, Bureau Interestadual de Imprensa, n.o 4, Rio, 1949. R. Boulding, Economlc Analysis, Harpers and Brothors Publishers, N. Y., 1941.
Elio Halevy, Hisloirc du socialismo eu-
Roberto Pinto de Souza
(Da Universidade de São Paulo)
^^iMOs em artigo anterior (1) que a
Paris,
independência e a estabilidade da
Keynes, The General Theory of Em-
quando a produção passou a ser articula da exclusivamente em tomo do consumo interno, uma vez que a forte concorrên cia e os direitos alfandegários tomaram impcssí\el a colocação do produto bra
ropéan, Librairic Galimard, 1948.
ploymont, Interest and Monoy, Harcourt, Brace and C? 1936.
iiKlú.stria açucarcira só foram atingidas
produtoras; umas apresentavam situação econômica perfeitamente definida, en quanto outras tinham a sua indústria
ainda em plena marcha ascendente. En tretanto, convenhamos, nada de melhor
era possível fazer-se na ocasião.
Mas,
á medida que a crise fosse sendo debe
lada e os fatos se ajustando pela evo
sileiro no mercado internacional. Porém,
lução natural dos acontecimentos, ten-
a capacidade brasileira de consumo é
tar-se-ia obter mellior solução. De fato,
limitada, daí surgindo a necessidade de restringir-se o fabrico de açúcar, a fim dt evitar a superprodução. Naturalmen
davia o problema continuou sempre na ordem do dia. É que todas elas se cin-
te, ao estabelecer o "quantum" a produ zir, levou o I. A. A. em consideração as circunstancias do momento e adotou, era
face delas, as medidas que mais depres sa e melhor saneassem as dificuldades por que estava passando a indústria açu
carcira. Por esse motivo, atacou apenas, na medida do possível, o problema da distribuição regional da produção, rele
gando para mais tarde o estudo para uma solução definitiva. Desde logo, po rem, fixou o princípio a seguir nesse ter reno; atribuir quotas às regiões, determi nadas de acordo com a capacidade de produção de cada uma.
As razões que presidiram à escolha
desse princípio já foram por nós apon tadas no artigo anterior, onde também reconhecemos o acervo dêsse critério.
Sua aplicação, porém, apresentou desde o início questões muito sérias, pois não liavia identidade entre as várias zonas (1) Artigo publicado pelo autor no nú mero de agôsto de 1948 do "Digesto Eco nômico".
várias revisões parciais foram feitas; to giram a interesses mais ligados a certas zonas, em detrimento dos de outras. A
evolução dos acontecimentos, porém, se incumbiu de mostrar sobejamente os erros de semelhante orientação particularista e está pedindo que se reveja o re gime de quotas. Qual deva ser a nOva orientação a seguir é o que procuraremos apontar neste artigo. Centro econômico
O zoneamento da produção do açúcar trouxe, como vimos, a separação dos Estados em dois setores bem distintos.
Contudo, a evolução econômica se con
trapôs a essa divisão, e pouco a pouco
os centros importadores, premidos pelas circunstâncias, se viram forçados a ex
pandir sua produção. Daí o processo acelerado do deslocamento da produção para o sul, principalmente para São Paulo, alterando o velho aspecto açucareiro tradicional.
Três ordens de fatores atuaram nessa
transmutação fisionômica:
Dicesto Econômico
40
41
Dicesto Econónoco
capital teve desenvolvimento .superior ao
a) — Fatores de vitalidade b) — Fatores técnicos
de tôdas as cidades da América c da
c) — Fatores estruturais
Europa, inclusive mesmo a de cresci mento mais rápido dc todo o universo
Chamamos de fatores vitais aqueles que atuam diretamente no crescimento espantoso de São Paulo. Podemos apon tar como primeiro o espirito empreende dor dos piratininganos. Ora, o empreendedor é o elemento
— Chicago.
ativo do progresso econômico na organi
suía 4.592.188 habitantes; em 1944 apre
Facilmente se verifica essa evolução
yggçtjifÍYa com a ■loiluru das cifras dos recenseamentos demográficos. Assim, em 1920 o Estado de São Paulo pos
A do primeiro montava a 978.748 no ano de 1920, afinglndo em 1939 a cifra de 1.253.240. A diferença para mais, nesses 19 anos, é apenas de 274.492 habitantes, e a média anual de cresci
mento eqüivale a 14.446, dez vezes me nor que a de São Paulo. O segundo
usinas açucareiras; em segundo, a mãode-obra apresenta melhores qualidades, pois sendo o parque industrial mais de senvolvido, é o que possui operários mais capazes, visto haver em São Paulo inú meros técnicos estrangeiros e brasileiros preparados em centros europeus e ame
não foi muito feliz no aumento da sua
ricanos, que dirigem os nossos empreen
população: em 1920 possuía 961.106
dimentos, como também funcionam va
zação capitalista moderna. Isto porque
sentava uma população de 7.890.300
almas, alcançando em 1939 a soma de
rias escolas que ministram ensinamentos
ele é por excelência o inventor, o inova
almas.
1.464.783 habitantes. O aumento total desses 19 anos foi de 503.677 e a sua
dc novas técnicas de trabalho, de modo
dor, o indivíduo capaz de perceber as necessidades da coletividade e criar bens
O crescimento médio por ano
nesse lapso foi de 137.000. Nh)ta-se, en tretanto, que éssc período não foi de
capazes de satisfazê-las. Êle pode mes mo ir além, e criar necessidades pela in
todo o mais propício, pois atravessou en
venção e difusão de novos bens. Tudo
economia cafeeira, ocasionada pela crise de 1929. Tanto é verdade que, passa
isso exige mentalidade muito diversa da
do conservador, à qual se contrapõe a do indivíduo sempre à procura de coisas novas, sempre insatisfeito com a situação
presente, com o quádro atual da pro dução, com o seu próprio modo atual de vida-. Êsse espírito dá efervescência
à vida econômica paulista e é o respon sável pela contínua transmutação de ati vidades econômicas e mobilidade social da mesma.
Mas não é sô no espirito que o pau
lista é fértil. Sua população apresenta também um alto índice de crescimento, aliás inigualável no Brasil, e um dos primeiros do mundo, tanto que a sua
tão o Estado a gravíssima depressão da
dos em parte os efeitos da crise, a me
dia anual se eleva para 160.592, no pe ríodo de 1936-1944.
Se compararmos êsscs dados com os de Pernambuco, o Estado mais próspe
ro do Norte, veremos logo a diferença
enorme que os separa. Em 1920 tinha -Pernambuco 2.154.835 habitantes, e em
1939 a sua população andava em . . . . 3.198.671, apresentando 54.935 almas como média anual de crescimento. Bem
inferior à de São Paulo, portanto.
Mas
a diferença se acentua .fortemente se tomarmos os dados dos outros Estados
nortistas. Vejamos Alagoas e Paraíba.
média anual de 26.508.
Os efeitos do crescimento da popula ção sôbre a economia são enormes, pois o elemento humano é para ela fator es
sencial.
Aumento de população signi
fica maior procura de mercadorias e bens de consumo, portanto, incentivo à
produção, que se traduz não sô por aumento do número de empregos, como, principalmente, por maior aplicação das atividades produtivas, contribuindo as
ã
eugênico, aliado à sua dieta alimentar
e ao seu nível higiênico, que dão ao operário paulista um índice de produção mais elevado que o do norte. Ê verda de que deixam muito a desejar, mas no Brasil são os mais altos.
Além desses fatores vitais e técnicos,
há a auxiliar a economia paulista uma série de outros fatôres estruturais, como vasta rede de estradas de ferro e de ro-
êsse transbordamento verificado em to
neira a facilitar o financiamento dos em
dos os aspectos da sua vida e o fato de os empreendimentos se tornarem peque nos demais em pouco tempo. O.s fatores técnicos são aquelas condi numa base mais eficiente, de modo a
1
mão-de-obra de São Paulo é o seu teor
sim para elevar o nível de vida. São Paulo, portanto, não poderia es capar à ação estimulante do crescimen to de sua população, e o resultado foi
ções que permitem realizar a produção
- -.-v-
a eliminar o adestramento empírico dos aprendizes, e a formar operários aptos. Outro aspecto importantíssimo da
permitir maior produtividade, melhor qualidade e menor preço de custo. No cômputo geral das condições que presi dem a produção do açúcar, podemos
dagem; um sistema bancário fartamente
distribuído por todo o Estado, de ma preendimentos; bôlsas de mercadorias e de títulos.
Êsses fatôres de vitalidade, técnicos e
de estrutura não poderiam deixar de agir favoravelmente sôbre a economia paulista, disso decorrendo a e.vpansão colossal da sua produção agropecuária e industrial e a sua diversificação.
E foi
tal o desenvolvimento operado que le vou essa economia a expandir-se pelos
dizer que a São Paulo cabe a primazia.
outros Estados, formando uma verdadei
Isso devido, em primeiro lugar, a ser o maior centre industrial do País, por
ra trama de relações por todo o Brasil e fazendo de São Paulo o centro de gra
tanto aquêle que oferece maiores faci
vidade da vida econômica brasileira. Êsse surto econômico traduziu-se na
lidades não só no fabrico como na re
paração dos maquinismos utilizados nas
vida interna do Estado por grande ele-
Dicesto Econômico
40
41
Dicesto Econónoco
capital teve desenvolvimento .superior ao
a) — Fatores de vitalidade b) — Fatores técnicos
de tôdas as cidades da América c da
c) — Fatores estruturais
Europa, inclusive mesmo a de cresci mento mais rápido dc todo o universo
Chamamos de fatores vitais aqueles que atuam diretamente no crescimento espantoso de São Paulo. Podemos apon tar como primeiro o espirito empreende dor dos piratininganos. Ora, o empreendedor é o elemento
— Chicago.
ativo do progresso econômico na organi
suía 4.592.188 habitantes; em 1944 apre
Facilmente se verifica essa evolução
yggçtjifÍYa com a ■loiluru das cifras dos recenseamentos demográficos. Assim, em 1920 o Estado de São Paulo pos
A do primeiro montava a 978.748 no ano de 1920, afinglndo em 1939 a cifra de 1.253.240. A diferença para mais, nesses 19 anos, é apenas de 274.492 habitantes, e a média anual de cresci
mento eqüivale a 14.446, dez vezes me nor que a de São Paulo. O segundo
usinas açucareiras; em segundo, a mãode-obra apresenta melhores qualidades, pois sendo o parque industrial mais de senvolvido, é o que possui operários mais capazes, visto haver em São Paulo inú meros técnicos estrangeiros e brasileiros preparados em centros europeus e ame
não foi muito feliz no aumento da sua
ricanos, que dirigem os nossos empreen
população: em 1920 possuía 961.106
dimentos, como também funcionam va
zação capitalista moderna. Isto porque
sentava uma população de 7.890.300
almas, alcançando em 1939 a soma de
rias escolas que ministram ensinamentos
ele é por excelência o inventor, o inova
almas.
1.464.783 habitantes. O aumento total desses 19 anos foi de 503.677 e a sua
dc novas técnicas de trabalho, de modo
dor, o indivíduo capaz de perceber as necessidades da coletividade e criar bens
O crescimento médio por ano
nesse lapso foi de 137.000. Nh)ta-se, en tretanto, que éssc período não foi de
capazes de satisfazê-las. Êle pode mes mo ir além, e criar necessidades pela in
todo o mais propício, pois atravessou en
venção e difusão de novos bens. Tudo
economia cafeeira, ocasionada pela crise de 1929. Tanto é verdade que, passa
isso exige mentalidade muito diversa da
do conservador, à qual se contrapõe a do indivíduo sempre à procura de coisas novas, sempre insatisfeito com a situação
presente, com o quádro atual da pro dução, com o seu próprio modo atual de vida-. Êsse espírito dá efervescência
à vida econômica paulista e é o respon sável pela contínua transmutação de ati vidades econômicas e mobilidade social da mesma.
Mas não é sô no espirito que o pau
lista é fértil. Sua população apresenta também um alto índice de crescimento, aliás inigualável no Brasil, e um dos primeiros do mundo, tanto que a sua
tão o Estado a gravíssima depressão da
dos em parte os efeitos da crise, a me
dia anual se eleva para 160.592, no pe ríodo de 1936-1944.
Se compararmos êsscs dados com os de Pernambuco, o Estado mais próspe
ro do Norte, veremos logo a diferença
enorme que os separa. Em 1920 tinha -Pernambuco 2.154.835 habitantes, e em
1939 a sua população andava em . . . . 3.198.671, apresentando 54.935 almas como média anual de crescimento. Bem
inferior à de São Paulo, portanto.
Mas
a diferença se acentua .fortemente se tomarmos os dados dos outros Estados
nortistas. Vejamos Alagoas e Paraíba.
média anual de 26.508.
Os efeitos do crescimento da popula ção sôbre a economia são enormes, pois o elemento humano é para ela fator es
sencial.
Aumento de população signi
fica maior procura de mercadorias e bens de consumo, portanto, incentivo à
produção, que se traduz não sô por aumento do número de empregos, como, principalmente, por maior aplicação das atividades produtivas, contribuindo as
ã
eugênico, aliado à sua dieta alimentar
e ao seu nível higiênico, que dão ao operário paulista um índice de produção mais elevado que o do norte. Ê verda de que deixam muito a desejar, mas no Brasil são os mais altos.
Além desses fatores vitais e técnicos,
há a auxiliar a economia paulista uma série de outros fatôres estruturais, como vasta rede de estradas de ferro e de ro-
êsse transbordamento verificado em to
neira a facilitar o financiamento dos em
dos os aspectos da sua vida e o fato de os empreendimentos se tornarem peque nos demais em pouco tempo. O.s fatores técnicos são aquelas condi numa base mais eficiente, de modo a
1
mão-de-obra de São Paulo é o seu teor
sim para elevar o nível de vida. São Paulo, portanto, não poderia es capar à ação estimulante do crescimen to de sua população, e o resultado foi
ções que permitem realizar a produção
- -.-v-
a eliminar o adestramento empírico dos aprendizes, e a formar operários aptos. Outro aspecto importantíssimo da
permitir maior produtividade, melhor qualidade e menor preço de custo. No cômputo geral das condições que presi dem a produção do açúcar, podemos
dagem; um sistema bancário fartamente
distribuído por todo o Estado, de ma preendimentos; bôlsas de mercadorias e de títulos.
Êsses fatôres de vitalidade, técnicos e
de estrutura não poderiam deixar de agir favoravelmente sôbre a economia paulista, disso decorrendo a e.vpansão colossal da sua produção agropecuária e industrial e a sua diversificação.
E foi
tal o desenvolvimento operado que le vou essa economia a expandir-se pelos
dizer que a São Paulo cabe a primazia.
outros Estados, formando uma verdadei
Isso devido, em primeiro lugar, a ser o maior centre industrial do País, por
ra trama de relações por todo o Brasil e fazendo de São Paulo o centro de gra
tanto aquêle que oferece maiores faci
vidade da vida econômica brasileira. Êsse surto econômico traduziu-se na
lidades não só no fabrico como na re
paração dos maquinismos utilizados nas
vida interna do Estado por grande ele-
42
Dicesto Eco-nümicü
vação do nível de vida, tornando São
safras, .se não conseguir re.soKcr, .so
Paulo, ipso fato, o maior centro consumi dor brasileiro. No tocante ao açúcar, o consumo sofreu um aumento vertiginoso,
bre bases econômicas, o problema da adubação. Pcmambuco, princi palmente, não dispõe mais de gran
proveniente não só do elevado consumo individual, como da larga utilização des
des áreas aproveitáveis, embora Ala
sa mercadoria pela indústria de balas,
doces, chocolates, bebidas e produtos
Recôncavo baiano apresente condi ções excelentes para uma grande
farmacêuticos. E o consumo se elevou
produção."
goas ainda possa expanclir-sc e o
tanto que a produção açucareira de São
Paulo, limitada pelo regime das quotas, não pôde manter-se nos estreitos limites
fixados pelo 1. A. A., expandindo-se ver tiginosamente, de maneira a quadrupli car, em poucos anos, seu volume, sendo
hoje o Estado maior produtor do Brasil. Não é de se esperar que o consumo
vação do custo.
Aliás, é no próprio
o insuspeito Barbosa Lima Sobrinho, que colhemos esses ensinamentos. Lá está na página 162: "Na realidade, aliás, as possibili dades do Norte, bomo produtor de açúcar, não encontram muito campo
para uma expansão provável. Não há exagero em se dizer que o Norte
produz atualmente o máximo de suas
mente como subproduto. Assim, é pos sível fabricar-se o carburante nacional não só de forma mais econômica mas
para a economia açucareira, pois é a
também em escala muito mais ampla e,
qualidade que proporciona maior empre go de elementos produtivos e índice
o que é muito importante, no Estado
Mas não é
onde o consumo de gasolina é o maior do Brasil. Nessas condições, seria viável
só no tocante ao açúcar dc usina que se \erifica pobreza de consumo; o coefi ciente de consumo de açúcar de tipos
a política do carburante nacional, o que muito auxiliaria a nossa balança de pagamentos pela enorme economia de
iinii.s elevado de salário.
divisas. Como é de todos conhecido, a
mostrar que o Sul, liderado por São
Paulo, terá forçosamente que expandir
a situação é pior, só encontramos a rapadura, que entra como alimento com plementar da carne seca e da farinha
do nosso comércio internacional.
de mandioca. É verdade que no Sul o
Quando não fossem esses fatos sufi cientes para demonstrar o benefício que
a sua produção açucareira.
Nenhum prejuízo daí advcm para o Norte, uma vez que a sua produção está impossibilitada do maiores desen\'olvi-
nicntos. Consêr\'ando, portanto, a posi
cheio de possibilidades. A sua vida econômica está ainda desabrochando daí
Relatório do ex-presidente do I. A. A.,
A grande maioria da sua
importação de gasolina é o maior ônus
estruturais apontados, e da previsão do
dp próprio Estado. De resto, as con
mo interno.
população não .se utiliza do açúcar de usina, o que evidentemente é um mal
baixos — bruto, sèco, melado, retame
sua capacidade produtora.
dições da produção nortista não permi tem grande aumento sem apreciável re dução do rendimento e, portanto, ele
:43
Digesto EcoNÓ>nco
üu rampa — é diminuto. No sertão, onde
A observação dos fatos está a nos
paulista permaneça estacionário. Muito pelo contrário, as perspectivas são de ampliação constante e cada vez mais vertiginosa. Não está longe o dia em que São Paulo sozinho absorverá mais de metade da produção brasileira. Em face dos fatòres vitais, técnicos e
colossal aumento do consumo paulista de açúcar, é justo pedir que esses futuros aumentos sejam cobertos pela produção
1
ção atual, já .se acha garantida ao máxi
mo, pelo menos nas condições atuai.s, a
Ora, não é do se esperar uma estagna ção ou decréscimo no consumo nortis
ta de açúcar. O Brasil é um país novo, as perspectivas de um brilhante futuro.
O Norte fatalmente será colhido por ésse desenvolvimento da economia bra
sileira, o que determinará, sem dúvida, acentuada melhoria no consumo nortis ta. Evidentemente, essa elevação no consumo só poderá ser coberta com a
produção própria, tornando-se assim ne cessário efetivar-se aumento da produção no Sul, a fim de cobrir o déficit daí proveniente. Logo, e lógico estatuir-se
que a todo aumento do consumo nor
consumo não c muito mais brilhante,
porém vem-se notando melhoria con tínua, que se acentua de ano para ano.' Ora, os Estados nortistas poderiam,
por exemplo, desenvolver esforços para a ampliação do seu parque industrial de doces e frutas cristalizada.s, tão aprecia
Unidade econômica tiacional
adviria do incremento- da produção açu careira no Sul, o tão decantado funda mento nacional da política açucareira pode por sua vez corroborar, não contra
essa idéia, como parecerá à primeira vista, mas a seu favor. Senão, vejamos.
das em todo o território nacional, através
O "slogan" — o Norte só produz açú
de concessões, como isenção de impostos, e de certas facilidades de empréstimos e transporte para os grandes centros consumidores. Essa ampliação do con sumo se impõe, sobretudo por ser o Norte o setor que mais contribui para a
car — está formando um tipo de men
E assim cada vez mais o Norte se afun
quota de sacrifício destinada à expor
da na monocultura.
tação 6 transformação em álcool. Por outro lado, o desenvolvimento da
se toma mais evidente quando se tem
talidade muito prejudicial àquela região, ppis contribui para afastar a iniciativa do novos empreendimentos pelo temor do malogro gerado por tal convicção. O erro dessa orientação é pahnar, e
produção açucareira no Sul acarretaria grande benefício para a economia na
um grande exemplo em casa — o café.
cional, pois a expansão da indústria açu
cafeeira cobria o planalto piratiningano
De fato, antes de 1930, a monocultura
careira no Sul trará como conseqüência
por inteiro, afastando toda possibilidade
idêntico desenvolvimento da produção de álcool-motor, como subproduto que é. Acresce ainda que, com o apoio de
de novas culturas, e tinha-se convicção
Nesse terreno do consumo é preciso considerar-se ainda que o Norte, que
careira, tornar-se-ia mais econômico o
firme de que só a rubiácea podia ser econòniicamente explorada no Estado. Formou-se também, pari passii, a idéia de que o cafeeiro dava para tudo. Com
desenvolvimento da fabricação do ál
o advento da crise de 1929 e a debacle
tanto depende do açúcar, pouco fêz para o desenvolvimento do seu consu-
cool-motor, além do produzido normal
do café, a necessidade levou à explora
tista corresponda igual liberação de pro dução no Sul.
uma forte organização industrial açu
42
Dicesto Eco-nümicü
vação do nível de vida, tornando São
safras, .se não conseguir re.soKcr, .so
Paulo, ipso fato, o maior centro consumi dor brasileiro. No tocante ao açúcar, o consumo sofreu um aumento vertiginoso,
bre bases econômicas, o problema da adubação. Pcmambuco, princi palmente, não dispõe mais de gran
proveniente não só do elevado consumo individual, como da larga utilização des
des áreas aproveitáveis, embora Ala
sa mercadoria pela indústria de balas,
doces, chocolates, bebidas e produtos
Recôncavo baiano apresente condi ções excelentes para uma grande
farmacêuticos. E o consumo se elevou
produção."
goas ainda possa expanclir-sc e o
tanto que a produção açucareira de São
Paulo, limitada pelo regime das quotas, não pôde manter-se nos estreitos limites
fixados pelo 1. A. A., expandindo-se ver tiginosamente, de maneira a quadrupli car, em poucos anos, seu volume, sendo
hoje o Estado maior produtor do Brasil. Não é de se esperar que o consumo
vação do custo.
Aliás, é no próprio
o insuspeito Barbosa Lima Sobrinho, que colhemos esses ensinamentos. Lá está na página 162: "Na realidade, aliás, as possibili dades do Norte, bomo produtor de açúcar, não encontram muito campo
para uma expansão provável. Não há exagero em se dizer que o Norte
produz atualmente o máximo de suas
mente como subproduto. Assim, é pos sível fabricar-se o carburante nacional não só de forma mais econômica mas
para a economia açucareira, pois é a
também em escala muito mais ampla e,
qualidade que proporciona maior empre go de elementos produtivos e índice
o que é muito importante, no Estado
Mas não é
onde o consumo de gasolina é o maior do Brasil. Nessas condições, seria viável
só no tocante ao açúcar dc usina que se \erifica pobreza de consumo; o coefi ciente de consumo de açúcar de tipos
a política do carburante nacional, o que muito auxiliaria a nossa balança de pagamentos pela enorme economia de
iinii.s elevado de salário.
divisas. Como é de todos conhecido, a
mostrar que o Sul, liderado por São
Paulo, terá forçosamente que expandir
a situação é pior, só encontramos a rapadura, que entra como alimento com plementar da carne seca e da farinha
do nosso comércio internacional.
de mandioca. É verdade que no Sul o
Quando não fossem esses fatos sufi cientes para demonstrar o benefício que
a sua produção açucareira.
Nenhum prejuízo daí advcm para o Norte, uma vez que a sua produção está impossibilitada do maiores desen\'olvi-
nicntos. Consêr\'ando, portanto, a posi
cheio de possibilidades. A sua vida econômica está ainda desabrochando daí
Relatório do ex-presidente do I. A. A.,
A grande maioria da sua
importação de gasolina é o maior ônus
estruturais apontados, e da previsão do
dp próprio Estado. De resto, as con
mo interno.
população não .se utiliza do açúcar de usina, o que evidentemente é um mal
baixos — bruto, sèco, melado, retame
sua capacidade produtora.
dições da produção nortista não permi tem grande aumento sem apreciável re dução do rendimento e, portanto, ele
:43
Digesto EcoNÓ>nco
üu rampa — é diminuto. No sertão, onde
A observação dos fatos está a nos
paulista permaneça estacionário. Muito pelo contrário, as perspectivas são de ampliação constante e cada vez mais vertiginosa. Não está longe o dia em que São Paulo sozinho absorverá mais de metade da produção brasileira. Em face dos fatòres vitais, técnicos e
colossal aumento do consumo paulista de açúcar, é justo pedir que esses futuros aumentos sejam cobertos pela produção
1
ção atual, já .se acha garantida ao máxi
mo, pelo menos nas condições atuai.s, a
Ora, não é do se esperar uma estagna ção ou decréscimo no consumo nortis
ta de açúcar. O Brasil é um país novo, as perspectivas de um brilhante futuro.
O Norte fatalmente será colhido por ésse desenvolvimento da economia bra
sileira, o que determinará, sem dúvida, acentuada melhoria no consumo nortis ta. Evidentemente, essa elevação no consumo só poderá ser coberta com a
produção própria, tornando-se assim ne cessário efetivar-se aumento da produção no Sul, a fim de cobrir o déficit daí proveniente. Logo, e lógico estatuir-se
que a todo aumento do consumo nor
consumo não c muito mais brilhante,
porém vem-se notando melhoria con tínua, que se acentua de ano para ano.' Ora, os Estados nortistas poderiam,
por exemplo, desenvolver esforços para a ampliação do seu parque industrial de doces e frutas cristalizada.s, tão aprecia
Unidade econômica tiacional
adviria do incremento- da produção açu careira no Sul, o tão decantado funda mento nacional da política açucareira pode por sua vez corroborar, não contra
essa idéia, como parecerá à primeira vista, mas a seu favor. Senão, vejamos.
das em todo o território nacional, através
O "slogan" — o Norte só produz açú
de concessões, como isenção de impostos, e de certas facilidades de empréstimos e transporte para os grandes centros consumidores. Essa ampliação do con sumo se impõe, sobretudo por ser o Norte o setor que mais contribui para a
car — está formando um tipo de men
E assim cada vez mais o Norte se afun
quota de sacrifício destinada à expor
da na monocultura.
tação 6 transformação em álcool. Por outro lado, o desenvolvimento da
se toma mais evidente quando se tem
talidade muito prejudicial àquela região, ppis contribui para afastar a iniciativa do novos empreendimentos pelo temor do malogro gerado por tal convicção. O erro dessa orientação é pahnar, e
produção açucareira no Sul acarretaria grande benefício para a economia na
um grande exemplo em casa — o café.
cional, pois a expansão da indústria açu
cafeeira cobria o planalto piratiningano
De fato, antes de 1930, a monocultura
careira no Sul trará como conseqüência
por inteiro, afastando toda possibilidade
idêntico desenvolvimento da produção de álcool-motor, como subproduto que é. Acresce ainda que, com o apoio de
de novas culturas, e tinha-se convicção
Nesse terreno do consumo é preciso considerar-se ainda que o Norte, que
careira, tornar-se-ia mais econômico o
firme de que só a rubiácea podia ser econòniicamente explorada no Estado. Formou-se também, pari passii, a idéia de que o cafeeiro dava para tudo. Com
desenvolvimento da fabricação do ál
o advento da crise de 1929 e a debacle
tanto depende do açúcar, pouco fêz para o desenvolvimento do seu consu-
cool-motor, além do produzido normal
do café, a necessidade levou à explora
tista corresponda igual liberação de pro dução no Sul.
uma forte organização industrial açu
44
Dicesto Econónuco
Çao de outras culturas e aos poucos fo-
mista que fosse, disposto a ceder-lhe a
rain-se modificando essa idéia e a men
talidade que nela se estribava. Proces sou-se então a derrubada em massa de
milhões de cafeeiros, substituídos pelo algodão, pela laranja, pelo tungue, pela mandioca e por muitas outras planta ções, firmando-se de uma vez a poli-
cultura no Sul. As conseqüências so ciais dessa transformação da produção agrícola logo se fizeram sentir: a pro priedade se dividiu, o nível de vida se
elevou, o regime de trabalho se alte rou e São Paulo adquiriu maior estabili dade na sua vida econômica.
Ora, o Norte repete São Paulo antes
de 1930, reforçado ainda por uma tra dição monocultora multissecular.
Daí
aquêle tipo de civilização estável, conser vadora e nobremente arraigada ao seu
passado colonial. A única preocupação econômica de vulto é a mais que cen tenária cana-de-açúcar.
Num meio cujo tipo de mentalidade gira em torno de um círculo tão acanha
do de iniciativas econômicas, é impossí vel qualquer inovação, e ai daquele que tente realizá-la, pois encontrará pela frente tôda sorte de obstáculos e a má
vontade geral obstruidora.
Mas não consistem apenas na psico
45
Dicesto Econóaqco
tista, uma vez que trará forçosamente o
188.288
47.439
soma pedida.
incremento da importação e exportação
113.925
42.492
Não é exagero dizer-se que o grande surto industrial paulista verificado de
de matérias-primas c outros produtos
78.758
dos demais Estados.
68.153
41.078 48.566
pois de 1930 se deve cm boa parle à grande massa de capital liberada pelo
O comporlamento comercial das vá rias regiões do uma nação não é diverso
48.096
44.892
72.355
60.208
rctraimcnlo do financiamento à lavoura,
do realizado pelo comércio internacional.
70.035
67.404
19.587 3.204
-
—
Cada unidade, no total das trocas na
90.670
101.526
va.
cionais, desempenha a mesma função
87.380
106.602
+
vestimentos bancários para constatarmos a verdade dessa asscrção, pois os fatos, de todos conhecidos, dcmonstram-na à
que cada país exerce nas trocas interna cionais. Ora, a formação histórica do comércio internacional nos ensina que,
74.394
98.752
+
24.358
102.584
107.133
127.817
152.216
24.399
saciedade.
à medida que os países diversificam suas
49.867
Não é preciso estatística dos in
A atitude do I. A." A. com relação ao Norte deve ser outra, principalmente quando reconhece a impossibilidade do
cconoihias, aumentam progressivamente
suas importações e exportações.
progresso da indústria açucarcira na
Se passarmos da esfera internacional para a brasileira, veremos repetir-se o
quela região. Sc persistir na sua orien
mesmo fenômeno: o Estado de economia
128.891 186.466 199.663 180.699 263.386
—
—
—
4.549
178.758
+ + +
222.951 264.572
+
36.485
+
357.183 497.677
+ +
64.909 176.484 234.291
tação estara contribuindo para enquistar
mais diversificada é o que maior volu
a economia nortista, porque mais ati vidades se concentrarão em torno da lavoura canavieira, afastando as iniciati
me importa e exporta. Já as estatísticas dos Estados açucarciros apresentam ou-
não ser açúcar. Pelo menos, essa e a •
vas e o capital de novos empreendi
trí) aspecto: a quase exclusividade do
conclusão que tiramos do quadro abaixo.
açúcar no volume total.
mentos econômicos.
Mas o caso mais doloroso é o de Per
A bem do Norte e do Brasil urge a diversificação econômica da zona açu
nambuco, pois as suas c.xportações para
Sergipe, no entanto, parece não ter
COMÉRCIO DE C.VBOTAGEM DE SÃO PAULO COM SERGIPE
São Paulo se conservam mais ou menos
carcira tradicional. O argumento do equilíbrio nacional realizado através do comércio interestadual não é, i\ luz dos conhecimentos econômicos, dos mais
cstacionárias, enquanto as importações
seguem rumo contrário, como se vê no quadro a seguir, o que prova, inega velmente, que sua economia cada vez
acertados. Porque êsse comércio pre
mais se está fechando em torno do açú
sua influência, atingindo o sistema fi
regiões devem fornecer ao mercado na
nanceiro no seu conjunto. Sim, porque
cional. ^ Portanto, o escôpo de uma sa
absorve completamente o crédito e o
dia política econômica deveria ser a in
capital disponível, impossibilitando o desenvolvimento de outros empreendi
tensificação do comércio intcr-regiorial, através do aumento dos produtos que as
mentos.
várias parcelas do território nacional se
Valor em
-1- ou — NA
riam capazes de fornecer e não a fixa
1.000 Crxjzeiros
Exportação
demandasse os bancos da praça à pro cura de dinheiro para custear uma plan tação de algodão, por certo não encon traria nenhum banqueiro, por mais oti
—
.
37.680
em virtude da crise por que esta passa
cisa ser encarado no sentido da elevação do número dos produtos que tôdas as
Se, em 1920, alguém em São Paulo
71.433
—
12.147 - 2.631 10.856 19.222
tos da monocultura. Vai bem mais longe
logia por ela formada os maléficos efei
140.849 —
car, em detrimento das demais ati\adades produtivas.
Exportação
(Em tonelada.s)
4.687 2.964
360 1.574 1.753
1.168
2.059
3.714
2.220
4.749
COMÉRCIO DE CABOTAGEM DO
7.375
2.116
ESTADO DE SÃO PAULO COM
8.072
3.418
PERNAMBUCO
7.178 8.504 4.194
3.316 3.673
ção das regiões na produção exclusiva de certas mercadorias apenas. Daí o interôsse que tem o resto do
Impoii.
Export.
117.794 90.087
21.350 20.709
96.444 69.378
país na diversificação da economia nor
100.461
33.711
66.750
ái.
Importação
5.919 12:046 10.661 7.522 4.115
4.062 4.288 4.478 3.368 2.592 4.429
44
Dicesto Econónuco
Çao de outras culturas e aos poucos fo-
mista que fosse, disposto a ceder-lhe a
rain-se modificando essa idéia e a men
talidade que nela se estribava. Proces sou-se então a derrubada em massa de
milhões de cafeeiros, substituídos pelo algodão, pela laranja, pelo tungue, pela mandioca e por muitas outras planta ções, firmando-se de uma vez a poli-
cultura no Sul. As conseqüências so ciais dessa transformação da produção agrícola logo se fizeram sentir: a pro priedade se dividiu, o nível de vida se
elevou, o regime de trabalho se alte rou e São Paulo adquiriu maior estabili dade na sua vida econômica.
Ora, o Norte repete São Paulo antes
de 1930, reforçado ainda por uma tra dição monocultora multissecular.
Daí
aquêle tipo de civilização estável, conser vadora e nobremente arraigada ao seu
passado colonial. A única preocupação econômica de vulto é a mais que cen tenária cana-de-açúcar.
Num meio cujo tipo de mentalidade gira em torno de um círculo tão acanha
do de iniciativas econômicas, é impossí vel qualquer inovação, e ai daquele que tente realizá-la, pois encontrará pela frente tôda sorte de obstáculos e a má
vontade geral obstruidora.
Mas não consistem apenas na psico
45
Dicesto Econóaqco
tista, uma vez que trará forçosamente o
188.288
47.439
soma pedida.
incremento da importação e exportação
113.925
42.492
Não é exagero dizer-se que o grande surto industrial paulista verificado de
de matérias-primas c outros produtos
78.758
dos demais Estados.
68.153
41.078 48.566
pois de 1930 se deve cm boa parle à grande massa de capital liberada pelo
O comporlamento comercial das vá rias regiões do uma nação não é diverso
48.096
44.892
72.355
60.208
rctraimcnlo do financiamento à lavoura,
do realizado pelo comércio internacional.
70.035
67.404
19.587 3.204
-
—
Cada unidade, no total das trocas na
90.670
101.526
va.
cionais, desempenha a mesma função
87.380
106.602
+
vestimentos bancários para constatarmos a verdade dessa asscrção, pois os fatos, de todos conhecidos, dcmonstram-na à
que cada país exerce nas trocas interna cionais. Ora, a formação histórica do comércio internacional nos ensina que,
74.394
98.752
+
24.358
102.584
107.133
127.817
152.216
24.399
saciedade.
à medida que os países diversificam suas
49.867
Não é preciso estatística dos in
A atitude do I. A." A. com relação ao Norte deve ser outra, principalmente quando reconhece a impossibilidade do
cconoihias, aumentam progressivamente
suas importações e exportações.
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Se passarmos da esfera internacional para a brasileira, veremos repetir-se o
quela região. Sc persistir na sua orien
mesmo fenômeno: o Estado de economia
128.891 186.466 199.663 180.699 263.386
—
—
—
4.549
178.758
+ + +
222.951 264.572
+
36.485
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357.183 497.677
+ +
64.909 176.484 234.291
tação estara contribuindo para enquistar
mais diversificada é o que maior volu
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me importa e exporta. Já as estatísticas dos Estados açucarciros apresentam ou-
não ser açúcar. Pelo menos, essa e a •
vas e o capital de novos empreendi
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conclusão que tiramos do quadro abaixo.
açúcar no volume total.
mentos econômicos.
Mas o caso mais doloroso é o de Per
A bem do Norte e do Brasil urge a diversificação econômica da zona açu
nambuco, pois as suas c.xportações para
Sergipe, no entanto, parece não ter
COMÉRCIO DE C.VBOTAGEM DE SÃO PAULO COM SERGIPE
São Paulo se conservam mais ou menos
carcira tradicional. O argumento do equilíbrio nacional realizado através do comércio interestadual não é, i\ luz dos conhecimentos econômicos, dos mais
cstacionárias, enquanto as importações
seguem rumo contrário, como se vê no quadro a seguir, o que prova, inega velmente, que sua economia cada vez
acertados. Porque êsse comércio pre
mais se está fechando em torno do açú
sua influência, atingindo o sistema fi
regiões devem fornecer ao mercado na
nanceiro no seu conjunto. Sim, porque
cional. ^ Portanto, o escôpo de uma sa
absorve completamente o crédito e o
dia política econômica deveria ser a in
capital disponível, impossibilitando o desenvolvimento de outros empreendi
tensificação do comércio intcr-regiorial, através do aumento dos produtos que as
mentos.
várias parcelas do território nacional se
Valor em
-1- ou — NA
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1.000 Crxjzeiros
Exportação
demandasse os bancos da praça à pro cura de dinheiro para custear uma plan tação de algodão, por certo não encon traria nenhum banqueiro, por mais oti
—
.
37.680
em virtude da crise por que esta passa
cisa ser encarado no sentido da elevação do número dos produtos que tôdas as
Se, em 1920, alguém em São Paulo
71.433
—
12.147 - 2.631 10.856 19.222
tos da monocultura. Vai bem mais longe
logia por ela formada os maléficos efei
140.849 —
car, em detrimento das demais ati\adades produtivas.
Exportação
(Em tonelada.s)
4.687 2.964
360 1.574 1.753
1.168
2.059
3.714
2.220
4.749
COMÉRCIO DE CABOTAGEM DO
7.375
2.116
ESTADO DE SÃO PAULO COM
8.072
3.418
PERNAMBUCO
7.178 8.504 4.194
3.316 3.673
ção das regiões na produção exclusiva de certas mercadorias apenas. Daí o interôsse que tem o resto do
Impoii.
Export.
117.794 90.087
21.350 20.709
96.444 69.378
país na diversificação da economia nor
100.461
33.711
66.750
ái.
Importação
5.919 12:046 10.661 7.522 4.115
4.062 4.288 4.478 3.368 2.592 4.429
46
Dioesto EcoNó>.nco
Se tomarmos os dados do comércio
de cabotagem de São Paulo com os quatro Estados açucareiros — Paraíba,
Pernambuco, Alagoas e Sergipe — e os cotejarmos com os de quatro Estados não açucareiros — Rio Grande do Norte, Amazonas, Sta. Catarina e Rio Grande
do Sul — observaremos que as cifras dos primeiros ou decrescem ou perma necem estáveis, enquanto as do segun do seguem uma linha ascendente.
Não interessa saber se São Paulo per de ou ganha nas suas transações com as regiões açucareíras. O que importa é reconhecer que esse estado de coisas nao pode perdurar sem grave ofensa à economia brasileira. Daí acreditarmos nao ser acertada a política do I. A. A.
nesse setor, pois, exercendo pressão para o desenvolvimento da produção do açú car nos Estados do Norte, impede o aparecimento de outras atividades eco
nômicas, que fatalmente surgiriam, caso
não se verificasse semelhante pressão. Melhor orientação seguiria o Instituto,
i^oções (irrais
auxiliando nao o incremento do cultivo
da cana, mas a de.scn\'olução de novas fontes de riquesm, a fim de diversificar a economia dacpiela região e aumentar
liii|i«».wlw línieo e impostos niiiliiplos
o consumo interno, através da elevação
losÉ Luiz DE Almeida Nogueira Porto
do nível de vida que essa diversificação traria. Dessa forma, os futuros aumentos
de produção seriam naturais, uma vez
que decorreriam da elevação do pró prio consumo interno. Além disso, não
estariam mais esses Estados na depen dência exclusiva do açúcar como fonte de rendimento e nem do comércio de cabotagem e externo como esteio da produção canavieira. Encontraria assim, a economia nortista, a sua independên cia. Não se diga ser isso impossível, pois teirtos um e.xemplo na própria
região — a Bahia — que vem ampliando a sua produção à custa exclusiva do consumo interno.
VII
Em iirlígp anterior expusemos as di versas teorias sôbre o impôsto único,
desde os precursores da idéia — que preconizavam um imposto geral sobre consumo — até os modernos partidários
casas, as portas e janelas, a renda, o capital, a propriedade territorial. Sempre se encontrou um argumento para destruir uma teoria e sempre ou tra surgiu em sua substituição.
do Henry George, defensores do im
A que se deve essa persistência da
pôsto linico sôbre a propriedade terri
idéia ? A nosso ver ao anseio- de todos
torial.
os povos de simplificar os sistemas tri butários, pesadelo de muitas gerações em
A idéia de um imposto único, desde que pela primeira vez foi lembrada até boje, nunca esmoreceu. Em tôdas as épocas, sempre existiram fi
todos os países. Sem dúvida, um só
tributo que atendesse
aos princípios da jus
nancistas que a pro-
tiça fiscal não pertur
pugnaram, imaginando engenhosos sistemas de tributação, até que se
baria o progresso eco nômico, 6 Se fosse tão
ro. Provada a inapli-
produtivo que bastas se para cobrir as des pesas públicas, seria o
cabilidade
ideal.
demonstrasse ò seu er ou
a
in
justiça de um sistema, logo outro surgia em substituição rior e
seus
economia
percussões certas e pre
criadores
visíveis, seriam os re
cável de todos os pon
sultados de um impôs-
dos os
males fiscais.
'
ta único que tivesse
aquelas virtudes. A questão é que até
Mais uma teoria a ser destruída, mas
hoje ninguém pôde conceber um siste
em pura perda, pois outra e mais ou
ma assim perfeito. Todos os imagina dos, ou são injustos, ou anti-económicos
tra vinham logo tomar seu lugar. Em verdade, a idéia em si parece indestrutível. Quase tudo quanto pos sa servir de base à imposição já foi su
gerido como alicerce do impôsto único: o consumo, as mercadorias em geral, as .V
a
na arrecadação, as re
o consideravam inata
deira panacéía para to
•
sistema,
ao ante
tos de vista e verda
,1
A simplificação * do
I
ou improdutivos. Dificilmente um só impôsto poderia
preencher todos esses requisitos. A justiça na tributação, por exemplo, nunca poderia ser alcançada na prática
46
Dioesto EcoNó>.nco
Se tomarmos os dados do comércio
de cabotagem de São Paulo com os quatro Estados açucareiros — Paraíba,
Pernambuco, Alagoas e Sergipe — e os cotejarmos com os de quatro Estados não açucareiros — Rio Grande do Norte, Amazonas, Sta. Catarina e Rio Grande
do Sul — observaremos que as cifras dos primeiros ou decrescem ou perma necem estáveis, enquanto as do segun do seguem uma linha ascendente.
Não interessa saber se São Paulo per de ou ganha nas suas transações com as regiões açucareíras. O que importa é reconhecer que esse estado de coisas nao pode perdurar sem grave ofensa à economia brasileira. Daí acreditarmos nao ser acertada a política do I. A. A.
nesse setor, pois, exercendo pressão para o desenvolvimento da produção do açú car nos Estados do Norte, impede o aparecimento de outras atividades eco
nômicas, que fatalmente surgiriam, caso
não se verificasse semelhante pressão. Melhor orientação seguiria o Instituto,
i^oções (irrais
auxiliando nao o incremento do cultivo
da cana, mas a de.scn\'olução de novas fontes de riquesm, a fim de diversificar a economia dacpiela região e aumentar
liii|i«».wlw línieo e impostos niiiliiplos
o consumo interno, através da elevação
losÉ Luiz DE Almeida Nogueira Porto
do nível de vida que essa diversificação traria. Dessa forma, os futuros aumentos
de produção seriam naturais, uma vez
que decorreriam da elevação do pró prio consumo interno. Além disso, não
estariam mais esses Estados na depen dência exclusiva do açúcar como fonte de rendimento e nem do comércio de cabotagem e externo como esteio da produção canavieira. Encontraria assim, a economia nortista, a sua independên cia. Não se diga ser isso impossível, pois teirtos um e.xemplo na própria
região — a Bahia — que vem ampliando a sua produção à custa exclusiva do consumo interno.
VII
Em iirlígp anterior expusemos as di versas teorias sôbre o impôsto único,
desde os precursores da idéia — que preconizavam um imposto geral sobre consumo — até os modernos partidários
casas, as portas e janelas, a renda, o capital, a propriedade territorial. Sempre se encontrou um argumento para destruir uma teoria e sempre ou tra surgiu em sua substituição.
do Henry George, defensores do im
A que se deve essa persistência da
pôsto linico sôbre a propriedade terri
idéia ? A nosso ver ao anseio- de todos
torial.
os povos de simplificar os sistemas tri butários, pesadelo de muitas gerações em
A idéia de um imposto único, desde que pela primeira vez foi lembrada até boje, nunca esmoreceu. Em tôdas as épocas, sempre existiram fi
todos os países. Sem dúvida, um só
tributo que atendesse
aos princípios da jus
nancistas que a pro-
tiça fiscal não pertur
pugnaram, imaginando engenhosos sistemas de tributação, até que se
baria o progresso eco nômico, 6 Se fosse tão
ro. Provada a inapli-
produtivo que bastas se para cobrir as des pesas públicas, seria o
cabilidade
ideal.
demonstrasse ò seu er ou
a
in
justiça de um sistema, logo outro surgia em substituição rior e
seus
economia
percussões certas e pre
criadores
visíveis, seriam os re
cável de todos os pon
sultados de um impôs-
dos os
males fiscais.
'
ta único que tivesse
aquelas virtudes. A questão é que até
Mais uma teoria a ser destruída, mas
hoje ninguém pôde conceber um siste
em pura perda, pois outra e mais ou
ma assim perfeito. Todos os imagina dos, ou são injustos, ou anti-económicos
tra vinham logo tomar seu lugar. Em verdade, a idéia em si parece indestrutível. Quase tudo quanto pos sa servir de base à imposição já foi su
gerido como alicerce do impôsto único: o consumo, as mercadorias em geral, as .V
a
na arrecadação, as re
o consideravam inata
deira panacéía para to
•
sistema,
ao ante
tos de vista e verda
,1
A simplificação * do
I
ou improdutivos. Dificilmente um só impôsto poderia
preencher todos esses requisitos. A justiça na tributação, por exemplo, nunca poderia ser alcançada na prática
48
Dicesto EcoNó>rico
por um só imposto. Indiscutivelmente,
ses erros c-as injustiças que dèle.s de
o tributo que melhor se ajusta aos prin
correm não têm correção possível".
cípios da justiça é o imposto de renda,
Por outro lado, num regime de impos
DicksTO Econômico
fundamente injusto, muito embora pudc.sse ser produtivo.
vel 6 o impôsto não alcançaria aqueles que, embora tenham apreciável capaci dade contributiva, se abstêm de consu
pois cada um paga exatamente de acor
to único, o Estado teria de abrir mão de
do com as suas possibilidades. Mas, to dos sabem de quantos subterfúgios os contribuintes lançam mão para fugir a esse tributo. No Brasil, por exemplo,
Cada um pagaria na proporção de seu consumo, c isso pode dar a idéia de que
toda po.ssibilidade de intervir no domí
quem mais consome mais ttmi e por con
nio econômico o social por meio do im
seqüência mais paga. Assim, todos pa
posto e, em certo.s ca.sos, tal interven
gariam proporcionalmente a mesma coÍ-
pouco mais de 1 % da população é con
tribuinte dêsse imposto. Seria justo que essa parcela insignificante da po pulação arcasse com todos os ônus das
despesas públicas, sabido como é que dezenas de milhares de pessoas pode riam também contribuir, mas não o fa
zem? E' claro que não. Seria isso uma consumada injustiça, mas o sistema de
I pois os tributos indiretos são suportados
impostos múltiplos a corrige em parte,
por tôda a população em razão de seu consumo e o volume dèste, de certo mo
ção é .indi.spensável ao dcsen\ oIvimento econômico do país, como no do.s direitos
aduaneiros, por exemplo. Finalmente, nenhuma base de tribu tação é apta a suportar os enormes en cargos dos Estados modernos.
Em orçamentos pequenos, não liá dú-
yida^ que seria possível um regime de
imposto único, mas os orçamentos do
todos os países manifestam uma ten
dência continua para o crescimento, o que torna impossível fazê-los assentar' sobre uma só base.
Em artigo recente, cbegamo.s à con
do, indica a capacidade coniributiva de
clusão de que, no Brasil, a despesa pú
cada um.
blica ascende a cerca de 36 da renda nacional. Como seria possível encon trar-se um impôsto justo (e o único im posto tècnicamente justo é o do renda)
fíugon acentua a dificuldade de se estabelecer a justiça fiscal por meio de
um imposto único, dizendo: "Seja qual fôr o cuidado que tenha o Estado no estabelecimento e na determinação da
capacidade contributiva dos assujeitados, não lhe é possível realizar num im
posto completa justiça. Ilá sempre em cada imposto uma certa parte de erro. Se o imposto é único, e portanto de ta xa muito elevada, o próprio erro será muito elevado. Quando há pluralidade de impostos não só o erro é menor, co mo alem disso jiode ser compensado: — ura contribuinte taxado de um modo ex
que proporcionasse tal arrecadação?
Obngando-se cada brasileiro a paear de
.sua renda, não 36%, mas muito mais
pois que seria necessário isentar os de
pequena capacidade contributiva, cer
tamente os capitais fugiriam para o es trangeiro, a produção e o comércio pe receriam. a fraude subiria a proporções alarmantes e o país inteiro entraria em
üu, mas a moderna concepção de justiça
fiscal não assenta na proporcionalidade e sim na progressividade da tributação.
Sc dois indivíduos que ganham, res pectivamente, Cr$ 2.000,00 e Cr$ 100.000,00, fossem tributados nu mesma proporção, digamos, em 10 %, o
mir tais produtos. Por outro lado, é muito difícil con
ceituar-se o que seja "objeto de lu.xo". O
que pode ser assim considerado para
uma classe social, não o será para ou tra. É o que diz Lcroy Beaulieii: "Ca da classe considera como de luxo os ob jetos que sua situação de fortuna não
lhe permite possuir e dos quais, ao con trário, a classe superior tem meios de usar".
primeiro, para pagar o impôsto, teria de
Já Voltaire, com aquela sua ironia
se privar do despesas essenciais à sua vida. Teria de comer menos ou de mo
voltairiana", comentava: "Transporte-
rar em casa pior ou de usar roupas imprestávei.s. Ao pa.sso que o segundo,
quando muito,' iria sacrificar despesas absolutamente supérfluas, que em nada diminuiriam o seu conforto e padrão de
mo-nos ao tempo em que nossos pais
não usavam camisas. Se alguém lhes dissesse: E' necessário usar sôbre o cor po fazendas finas e leves, alvas como a neve, e que devem ser mudadas todos os dias — todos haveriam de exclamar:
Que luxo! que fraqueza! quereis cor
vida.
Essa progressividade, evidentemente,
é incompatível com os impostos indire tos e, portanto, êstes nunca poderiam ser aceitos como base única de tribu tação.
romper os costumes e perder o Es tado I" .
Sem dúxúda um impôsto sôbre arti gos de lu.xo deve figurar em todos os sistemas tributários como um corretivo e
Além disso, que dizer-se daqueles que
um complemento ao impôsto de renda,
preferem entesourar seu dinheiro e consomem em inteira desproporção com suas posses ? Êsses, embora tenham grande capacidade contributiva, iriam
mas jamais poderia servir de base úni ca da arrecadação, dada sua escassa
produthddade, a difícil conceituação de sua incidência, e sua justiça não muito
pagar pouco por consumirem pouco.
perfeita.
colapso.
^ ^ ^ * '-H ^
De um modo geral, portanto, é im praticável a idéia.
Vejamos, porém, de per si, cada um
cessivo por um imposto poderá sê-lo
dos sistemas de impôsto único até agora
menos que o deveria ser por um outro. O imposto múltiplo permite, poi.s, a
sugeridos.
compensação e o equilíbrio dos erros, enquanto que, com o imposto único, es
49
5ÍS * *
O impôsto línico indireto, sôbre bens
de consumo; evidentemente, seria pro
O impôsto línico sôbre'as casas teria
Um impôsto único sôbre artigos de
herlayne, seria muito pouco produtivo.
os mesmos defeitos dos impostos indire tos em geral e já apontados, o mesmo sucedendo com os impostos sôbre portas
Não há consumo capaz de suportar uma
e janelas.
arrecadação que atenda às necessidades
Êsses sinais exteriores de riqueza são muito precários. Qualquer usurário po
luxo, como o preconizado por .CJiam-
do Estado.
Além disso, a evasão, seria considerá
de morar em um casebre e uma família
48
Dicesto EcoNó>rico
por um só imposto. Indiscutivelmente,
ses erros c-as injustiças que dèle.s de
o tributo que melhor se ajusta aos prin
correm não têm correção possível".
cípios da justiça é o imposto de renda,
Por outro lado, num regime de impos
DicksTO Econômico
fundamente injusto, muito embora pudc.sse ser produtivo.
vel 6 o impôsto não alcançaria aqueles que, embora tenham apreciável capaci dade contributiva, se abstêm de consu
pois cada um paga exatamente de acor
to único, o Estado teria de abrir mão de
do com as suas possibilidades. Mas, to dos sabem de quantos subterfúgios os contribuintes lançam mão para fugir a esse tributo. No Brasil, por exemplo,
Cada um pagaria na proporção de seu consumo, c isso pode dar a idéia de que
toda po.ssibilidade de intervir no domí
quem mais consome mais ttmi e por con
nio econômico o social por meio do im
seqüência mais paga. Assim, todos pa
posto e, em certo.s ca.sos, tal interven
gariam proporcionalmente a mesma coÍ-
pouco mais de 1 % da população é con
tribuinte dêsse imposto. Seria justo que essa parcela insignificante da po pulação arcasse com todos os ônus das
despesas públicas, sabido como é que dezenas de milhares de pessoas pode riam também contribuir, mas não o fa
zem? E' claro que não. Seria isso uma consumada injustiça, mas o sistema de
I pois os tributos indiretos são suportados
impostos múltiplos a corrige em parte,
por tôda a população em razão de seu consumo e o volume dèste, de certo mo
ção é .indi.spensável ao dcsen\ oIvimento econômico do país, como no do.s direitos
aduaneiros, por exemplo. Finalmente, nenhuma base de tribu tação é apta a suportar os enormes en cargos dos Estados modernos.
Em orçamentos pequenos, não liá dú-
yida^ que seria possível um regime de
imposto único, mas os orçamentos do
todos os países manifestam uma ten
dência continua para o crescimento, o que torna impossível fazê-los assentar' sobre uma só base.
Em artigo recente, cbegamo.s à con
do, indica a capacidade coniributiva de
clusão de que, no Brasil, a despesa pú
cada um.
blica ascende a cerca de 36 da renda nacional. Como seria possível encon trar-se um impôsto justo (e o único im posto tècnicamente justo é o do renda)
fíugon acentua a dificuldade de se estabelecer a justiça fiscal por meio de
um imposto único, dizendo: "Seja qual fôr o cuidado que tenha o Estado no estabelecimento e na determinação da
capacidade contributiva dos assujeitados, não lhe é possível realizar num im
posto completa justiça. Ilá sempre em cada imposto uma certa parte de erro. Se o imposto é único, e portanto de ta xa muito elevada, o próprio erro será muito elevado. Quando há pluralidade de impostos não só o erro é menor, co mo alem disso jiode ser compensado: — ura contribuinte taxado de um modo ex
que proporcionasse tal arrecadação?
Obngando-se cada brasileiro a paear de
.sua renda, não 36%, mas muito mais
pois que seria necessário isentar os de
pequena capacidade contributiva, cer
tamente os capitais fugiriam para o es trangeiro, a produção e o comércio pe receriam. a fraude subiria a proporções alarmantes e o país inteiro entraria em
üu, mas a moderna concepção de justiça
fiscal não assenta na proporcionalidade e sim na progressividade da tributação.
Sc dois indivíduos que ganham, res pectivamente, Cr$ 2.000,00 e Cr$ 100.000,00, fossem tributados nu mesma proporção, digamos, em 10 %, o
mir tais produtos. Por outro lado, é muito difícil con
ceituar-se o que seja "objeto de lu.xo". O
que pode ser assim considerado para
uma classe social, não o será para ou tra. É o que diz Lcroy Beaulieii: "Ca da classe considera como de luxo os ob jetos que sua situação de fortuna não
lhe permite possuir e dos quais, ao con trário, a classe superior tem meios de usar".
primeiro, para pagar o impôsto, teria de
Já Voltaire, com aquela sua ironia
se privar do despesas essenciais à sua vida. Teria de comer menos ou de mo
voltairiana", comentava: "Transporte-
rar em casa pior ou de usar roupas imprestávei.s. Ao pa.sso que o segundo,
quando muito,' iria sacrificar despesas absolutamente supérfluas, que em nada diminuiriam o seu conforto e padrão de
mo-nos ao tempo em que nossos pais
não usavam camisas. Se alguém lhes dissesse: E' necessário usar sôbre o cor po fazendas finas e leves, alvas como a neve, e que devem ser mudadas todos os dias — todos haveriam de exclamar:
Que luxo! que fraqueza! quereis cor
vida.
Essa progressividade, evidentemente,
é incompatível com os impostos indire tos e, portanto, êstes nunca poderiam ser aceitos como base única de tribu tação.
romper os costumes e perder o Es tado I" .
Sem dúxúda um impôsto sôbre arti gos de lu.xo deve figurar em todos os sistemas tributários como um corretivo e
Além disso, que dizer-se daqueles que
um complemento ao impôsto de renda,
preferem entesourar seu dinheiro e consomem em inteira desproporção com suas posses ? Êsses, embora tenham grande capacidade contributiva, iriam
mas jamais poderia servir de base úni ca da arrecadação, dada sua escassa
produthddade, a difícil conceituação de sua incidência, e sua justiça não muito
pagar pouco por consumirem pouco.
perfeita.
colapso.
^ ^ ^ * '-H ^
De um modo geral, portanto, é im praticável a idéia.
Vejamos, porém, de per si, cada um
cessivo por um imposto poderá sê-lo
dos sistemas de impôsto único até agora
menos que o deveria ser por um outro. O imposto múltiplo permite, poi.s, a
sugeridos.
compensação e o equilíbrio dos erros, enquanto que, com o imposto único, es
49
5ÍS * *
O impôsto línico indireto, sôbre bens
de consumo; evidentemente, seria pro
O impôsto línico sôbre'as casas teria
Um impôsto único sôbre artigos de
herlayne, seria muito pouco produtivo.
os mesmos defeitos dos impostos indire tos em geral e já apontados, o mesmo sucedendo com os impostos sôbre portas
Não há consumo capaz de suportar uma
e janelas.
arrecadação que atenda às necessidades
Êsses sinais exteriores de riqueza são muito precários. Qualquer usurário po
luxo, como o preconizado por .CJiam-
do Estado.
Além disso, a evasão, seria considerá
de morar em um casebre e uma família
Digesto Econ<'>MICO
50
pobre pode' residir num palucele que restou de sua antiga fortuna. Além disso, a tributação pelos sinais exteriores de riqueza (portas e janelas) presta-se facilmente à evasão. Na imi
nência de pagar um imposto e]e\'ado, qualquer um se disporia a mandar fe char algumas janelas de suas casas. sis
❖
5{!
Essa argumentação, cnlrolanlo, não convence.
Em primeiro lugar, é bem possível que um imposto .sôbre o capital obri gue este a procurar uma aplicação re produtiva. Mas essa aplicação nem sem
capital muitas vezes se torna fator de perturbação da economia e exerce uma
Quanto ao imposto de renda como ba
tiça fiscal. Êle tende mesmo a ser o
alicerce de todos os sistemas tributários, mas não pode suportar todos os encar gos do Estado.
Em um país descapitalizado como é o Brasil, com vasta extensão territorial e uma população inculta, o imposto de
renda forçosamente tem de ser comple
Do ponto de vista coletivo, interessa mais que o capital se contente com uma
remuneração módica do que exija altos juros 6 lucros.
A circunstância alegada de que o im posto sôbre o capital não impede a for mação de novos capitais por atingir apenas a riqueza já consolidada, resulta de um puro erro de observação. O im posto, a menos que se pretenda que o
51
nadas circunstâncias, merecem ser tri butados. Fiiuilmentc, seria um incentho
à usura, aos lucros altos, aos empreendi mentos arriscados.
Por aí SC vê que um impôsto como es se é de todo inaplicável.
pre consulta o interesse coleti\'o. Muito ao contrário; buscando altos lucros, o
função anti-social.
se única de tributação, sôbre êle já fa lamos inicialmente, já que é o tributo que melhor atende ao princípio de jus
Dicesto EcoNó^^co
Hí
5}í *
A idéia de um impôsto único sôbre a
propriedade territorial foi a mais per sistente de quantas até hoje foram aven
tadas. Desde o século XVII até hoje, sempre alguns 'economistas, sociólogos ou financistas propugnaram o imposto único sobre a torra, e sua influência foi
com a sua renda. Viria, portanto, a dar
Pretendiain os fisiocratas que só a terra produz um "produto líquido", que é a diferença entre o produto aplicado
que dele resultam.
reservas;
e o produto colhido. Tôdas as demais
os capitais a se tomarem reprodutivos, condenando-os a uma atividade forçada,
para a coletividade. Parques e coleções
com real proveito para a ordem econô
exemplo.
produtivos, mas aplicados com proveito artísticas franqueados ao público, por
mica; que atinge a riqueza já formada
Sem ter as vantagens alegadas por
e consolidada e não àquela em fase de
seus defensores, o impôsto único sobre o capital apresentaria ainda graves defei
formação, não desestimulando, portan
to, a produção e o trabalho e, final mente, que tal imposto alcança deter minadas riquezas improdutivas e que
tos.
Em muitos países, como no Brasil por
parques, terras inaproveitadas, objetos
exemplo, seria de escassa produtividade, dada a deficiência de capitais. Depois, não alcançaria os rendimentos prove
de arte etc.
nientes do trabalho e que, em determi
merecem ser tributadas, como grandes
uma série enorme de circunstâncias, o
que torna impossível resolver-se a ques
tão por um processo tão simplista. Mas, o grande êrro dos fisiocratas foi
no mesmo a incidência cio impôsto sô bre o capital Ou sôbre a renda. Sempre seria dificultada a formação de novas
vas não constitui sempre uma vanta
cio ou sôbre as mercadorias, pois sofre riam a repercussão do imposto. Já vimos, no artigo anterior, como o primeiro argumento é falho. Quanto ao segundo, revela um completo desconhe cimento das leis que regem a repercus são dos impostos*. Êsse fenômeno depen de da natureza do tributo, do objeto da consumidor e do produtor, enfim, de
Os principais defensores do impôsto único sôbre o solo foram os fisiocratas,
nos séculos XVII o XVIII, e Henry
gem. Há capitais econòmicamente im
dissem êles sôbre o trabalho, sôbre-e ca pital, sôbre a indústria, sobre o comér
incidência, das condições do mercado
George no século XIX.
Os partidários do imposto único sôbre o capital diziam que tal tributo obriga
gar — continuavam os fisiocratas — de
qualquer modo, os proprietários territo riais iriam pagar todos os impostos, inci
idéias.
tado por outros tributos, não só em ra zão de sua produtividade insuficiente, como também para corrigir as injustiças ^
valorizíida em conseqüência do impôs to não poderia queixar-se do ônus por êle representado. Em segundo lu
tão considerável, principalmente a partir do Henry Georgc, que várias legislações fiscais do inundo se inspiraram nessas
capital seja desfalcado, sempre é pago
Finalmente, o fato de atingir o im pôsto determinadas riquezas improduti
Assim, quem comprasse uma terra des-
atividades seriam estéreis por nada pro duzirem, uma vez que nenhuma riqueza nova seria criada. A indústria transfor
o de considerarem a terra como única
fonte de criações de riqueza. Em verda de, tanto como a agricultura, a indústria e o comércio criam riqueza. A indústria, transformando os produ tos, empresta-lhes uma utilidade que não tinham antes, e essa utilidade é a
ma a riqueza preexistente e o comércio
riqueza. O comércio, tomando as mer
simplesmente a pennuta. Ora, se a agricultura é a única fonte
cadorias acessíveis aos consumidores,
de criação de riqueza — argumentavam os fisiocratas — dos proprietários terri toriais é que deve o Estado cobrar o impôsto de que necessita.
também cria riqueza, pois só é útil, portanto só constitui riqueza, aquilo que pode ser obtido. Se em tôdas as atividades- bá criação
de riqueza pelo aumento de utilidade
Procurando consolar a classe que tan to elevavam mas à qual tão pesados en
pré-existente, nada justifica que só uma delas suporte todos os encargos do Es
cargos atiibuíam,
tado.
os fisiocratas expli
cavam que, em primeiro lugar, ninguém pagaria o impôsto, pois que este, redu
zindo o lucro proporcionado pela terra, reduziria consequentemente
seu valor.
* * *
Isaac Sherman aconselliava um im
pôsto único sôbre a propriedade agrí-
Digesto Econ<'>MICO
50
pobre pode' residir num palucele que restou de sua antiga fortuna. Além disso, a tributação pelos sinais exteriores de riqueza (portas e janelas) presta-se facilmente à evasão. Na imi
nência de pagar um imposto e]e\'ado, qualquer um se disporia a mandar fe char algumas janelas de suas casas. sis
❖
5{!
Essa argumentação, cnlrolanlo, não convence.
Em primeiro lugar, é bem possível que um imposto .sôbre o capital obri gue este a procurar uma aplicação re produtiva. Mas essa aplicação nem sem
capital muitas vezes se torna fator de perturbação da economia e exerce uma
Quanto ao imposto de renda como ba
tiça fiscal. Êle tende mesmo a ser o
alicerce de todos os sistemas tributários, mas não pode suportar todos os encar gos do Estado.
Em um país descapitalizado como é o Brasil, com vasta extensão territorial e uma população inculta, o imposto de
renda forçosamente tem de ser comple
Do ponto de vista coletivo, interessa mais que o capital se contente com uma
remuneração módica do que exija altos juros 6 lucros.
A circunstância alegada de que o im posto sôbre o capital não impede a for mação de novos capitais por atingir apenas a riqueza já consolidada, resulta de um puro erro de observação. O im posto, a menos que se pretenda que o
51
nadas circunstâncias, merecem ser tri butados. Fiiuilmentc, seria um incentho
à usura, aos lucros altos, aos empreendi mentos arriscados.
Por aí SC vê que um impôsto como es se é de todo inaplicável.
pre consulta o interesse coleti\'o. Muito ao contrário; buscando altos lucros, o
função anti-social.
se única de tributação, sôbre êle já fa lamos inicialmente, já que é o tributo que melhor atende ao princípio de jus
Dicesto EcoNó^^co
Hí
5}í *
A idéia de um impôsto único sôbre a
propriedade territorial foi a mais per sistente de quantas até hoje foram aven
tadas. Desde o século XVII até hoje, sempre alguns 'economistas, sociólogos ou financistas propugnaram o imposto único sobre a torra, e sua influência foi
com a sua renda. Viria, portanto, a dar
Pretendiain os fisiocratas que só a terra produz um "produto líquido", que é a diferença entre o produto aplicado
que dele resultam.
reservas;
e o produto colhido. Tôdas as demais
os capitais a se tomarem reprodutivos, condenando-os a uma atividade forçada,
para a coletividade. Parques e coleções
com real proveito para a ordem econô
exemplo.
produtivos, mas aplicados com proveito artísticas franqueados ao público, por
mica; que atinge a riqueza já formada
Sem ter as vantagens alegadas por
e consolidada e não àquela em fase de
seus defensores, o impôsto único sobre o capital apresentaria ainda graves defei
formação, não desestimulando, portan
to, a produção e o trabalho e, final mente, que tal imposto alcança deter minadas riquezas improdutivas e que
tos.
Em muitos países, como no Brasil por
parques, terras inaproveitadas, objetos
exemplo, seria de escassa produtividade, dada a deficiência de capitais. Depois, não alcançaria os rendimentos prove
de arte etc.
nientes do trabalho e que, em determi
merecem ser tributadas, como grandes
uma série enorme de circunstâncias, o
que torna impossível resolver-se a ques
tão por um processo tão simplista. Mas, o grande êrro dos fisiocratas foi
no mesmo a incidência cio impôsto sô bre o capital Ou sôbre a renda. Sempre seria dificultada a formação de novas
vas não constitui sempre uma vanta
cio ou sôbre as mercadorias, pois sofre riam a repercussão do imposto. Já vimos, no artigo anterior, como o primeiro argumento é falho. Quanto ao segundo, revela um completo desconhe cimento das leis que regem a repercus são dos impostos*. Êsse fenômeno depen de da natureza do tributo, do objeto da consumidor e do produtor, enfim, de
Os principais defensores do impôsto único sôbre o solo foram os fisiocratas,
nos séculos XVII o XVIII, e Henry
gem. Há capitais econòmicamente im
dissem êles sôbre o trabalho, sôbre-e ca pital, sôbre a indústria, sobre o comér
incidência, das condições do mercado
George no século XIX.
Os partidários do imposto único sôbre o capital diziam que tal tributo obriga
gar — continuavam os fisiocratas — de
qualquer modo, os proprietários territo riais iriam pagar todos os impostos, inci
idéias.
tado por outros tributos, não só em ra zão de sua produtividade insuficiente, como também para corrigir as injustiças ^
valorizíida em conseqüência do impôs to não poderia queixar-se do ônus por êle representado. Em segundo lu
tão considerável, principalmente a partir do Henry Georgc, que várias legislações fiscais do inundo se inspiraram nessas
capital seja desfalcado, sempre é pago
Finalmente, o fato de atingir o im pôsto determinadas riquezas improduti
Assim, quem comprasse uma terra des-
atividades seriam estéreis por nada pro duzirem, uma vez que nenhuma riqueza nova seria criada. A indústria transfor
o de considerarem a terra como única
fonte de criações de riqueza. Em verda de, tanto como a agricultura, a indústria e o comércio criam riqueza. A indústria, transformando os produ tos, empresta-lhes uma utilidade que não tinham antes, e essa utilidade é a
ma a riqueza preexistente e o comércio
riqueza. O comércio, tomando as mer
simplesmente a pennuta. Ora, se a agricultura é a única fonte
cadorias acessíveis aos consumidores,
de criação de riqueza — argumentavam os fisiocratas — dos proprietários terri toriais é que deve o Estado cobrar o impôsto de que necessita.
também cria riqueza, pois só é útil, portanto só constitui riqueza, aquilo que pode ser obtido. Se em tôdas as atividades- bá criação
de riqueza pelo aumento de utilidade
Procurando consolar a classe que tan to elevavam mas à qual tão pesados en
pré-existente, nada justifica que só uma delas suporte todos os encargos do Es
cargos atiibuíam,
tado.
os fisiocratas expli
cavam que, em primeiro lugar, ninguém pagaria o impôsto, pois que este, redu
zindo o lucro proporcionado pela terra, reduziria consequentemente
seu valor.
* * *
Isaac Sherman aconselliava um im
pôsto único sôbre a propriedade agrí-
52
Dicksto
EcoNÓNnco
cola, não por pretender, como os fisio-
ciuir que nenhuma propriedade se justi
cratas, que a agricultura fosse a única
fica, pois que nada é rc uUaiite apenas
fonte de riqueza, ou, como George, que
do trabalho individual.
a renda da terra devesse pertencer à coletividade que a criou, mas sim por entender que êsse era o processo mais adequado de difusão dos ônus do im posto por tôda a coletividade. Como
todos consomem produtos agrícolas, to
dos pagariam o impòsto, que já viria incorporado ao seu preço.
Essa teoria revela também completo desconhecimento das leis da repercussão dos impostos e, além disso, importa em se tributar a todos na proporção do seu consumo, o que, como já vimos, é in
compatível com o ideal de justiça tri butária.
O marceneiro
que fabrica um móvel não foi extrair a
madeira nem a aparelhou. Uma cos tureira que faz um vestido nem pro duziu a matéria-prima e o tecido e nem a linha ou a máquina.
Em todos os produtos há sempre uma parcela de traballio coletivo e, por tanto, levando mais longe o raciocínio de George, nenhuma propriedade se justificaria, poi.s que nenhuma é fruto e.xclusivo do trabalho individual.
Por outro lado, se é bem verdade que a valorização do solo, pelo menos em parte, resulta do trabalho coletivo e be
neficia o proprietário, por outro é pre ciso ter-se em conta que o proprietário * SÍ5 *
comprou êsse solo com dinheiro, fruto
de seu trabalho. Espoliá-lo da renda da terra constitui pura injustiça, mesmo
Chegamos, finalmente, a Henry Geor ge, e sua doutrina merece, sem dúvida,
porque ninguém pretende privar o ca
um estudo pouco mais aprofundado. Seligman, em seu "Essays in Taxa-
caso, dada a constante substituição de
tion", analisa minuciosamente a doutrina
de George e a refuta de maneira cabal. Henry George, como vimos em artigo anterior, baseia sua teoria do imposto único na idéia de que a única justifica tiva para a propriedade é o trabalho,
pitalista do juro de seu caiJital e, no terras por capital e vice-versa, é impos sível distinguir-se uma coisa da outra.
Se abandonarmos o campo da pura especulação e compararmos os rendi
mentos^ de um mesmo capital aplicado na industria, no comércio, em emprésti
e de que o aumento do valor da terra
mos ou em propriedades imobiliárias, ve remos que estes serão, possivelmente^ os
constitui o resultante, não do trabalho
que menos rendem.
individual, mas sim do de tôda a cole tividade.
Se se tratasse de confiscar a renda
econômica da terra de seu primeiro
Dicesto Econóndco
gio. Aqueles que auferem vantagens dn Estado é que devem pagar o impôsto. Ora, não há privilégio maior do que a propriedade do solo. Seus proprietá rios são os mais beneficiados, pois que se locupletam à custa do trabalho de toda a coletí\idudc. Logo — raciocinam os "georgistas" — a eles deve caber o
pagamento dos impostos.
Em artigo anterior desta mesma série, demonstramos como a teoria contratual
para justificar os impostos é falha. Nin guém paga o imposto em troca dos ser
viços que recebe do Estado, mesmo por que os que mais se beneficiam com a
ação deste — os pobres, os enfermos, os que necessitam do auxílio coletivo — pouco ou nada j^agam. Mas, mesmo que tal teoria fôsse ver
tras classes.
Apreciando a doutrina de George do ponto de vista p'rático, Seligman classi fica seus defeitos em:
a) defeitos fiscais; b) defeitos políticos; c) defeitos morais; e
d) defeitos econômicos.
O defeito fiscal mais grave — além
dade da medida. * ❖
O grave defeito político do impôsto único — e isso se aplica a todos os sis
de favores fiscais.
Ora, sendo certo que o Estado, em determinadas circunstâncias, deve' inter vir na vida econômica e social, e sendo o impôsto o meio mais suave de inter
venção, seria errado privar-se o Estado dessa arma.
Seligman lembra ainda, muito a pro pósito, que é bastante arriscado, em uma
dos comuns a todos os sistemas de im
democracia, fazer com que uma classe pouco numerosa pague um impôsto vo
tado pelos representantes de outras classes muito numerosas.
imposto.
tética que se instale em um território
lidade da renda da terra. Ora, se a to
deserto, não existem mais "primeiros
talidade já foi absorvida pelo impôsto, este não pode ser aumentSdo, pois de
A idéia do impôsto único de George
cobrado à razão de 45,5% sôbre o valor
das propriedades agrícolas em cada exer cício. Isso demonstra a impraticabili-
Estado na ordem econômica e social.
o impôsto deve sempre absorver a tota
baseia-se, também, na noção de privilé-
ser majorado em 3.630%, devendo ser
proprietários do solo — o dever de arcar Evidentemente, não poderiam existir diconi todos os ônus do Estado, quando -reitos aduaneiros, nem tarifas diferen são tantos os privilégios e vantagens ciais do impôsto de renda, nem incenti que a sociedade moderna confere a ou vo a determinadas atividades por meio
mas, a não ser em uma sociedade hipo
dade quando resulte exclusivamente do trabalho, poderia levar mais longe as conseqüências de seu raciocínio e con-
territorial, escrevemos urn trabalho mos
trando que o impôsto territorial, para atender aos encargos do Estado, deveria
uina das classes privilegiadas — a dos
ocupante, isso ainda poderia justificar-se,
ocupantes".
ção dos impostos indiretos pelo impôsto
temas — é o de impedir a utilização do impôsto como arma de intervenção do
reverter à coletividade sob forma de
Ora, se George só justifica a proprie
tendo sido aventada a idéia da substitui
dadeira, ainda assim não se compreen de porque George atribuiu a apenas
pôsto único — é o da falta de elasticida de. -Segundo ü própria teoria georgista,
Assim sendo, a renda da terra deve
Além disso, o impòsto, contrariamente ao que afirmam os georgistas, não seria suficientemente produtivo. Por ocasião da elaboração da Constituição paulista,
.onde se tirou tudo, evidentemente nada mais há a tirar.
* * Sjí
No que diz respeito à justiça do im- * posto único georgista, justiça essa tão
52
Dicksto
EcoNÓNnco
cola, não por pretender, como os fisio-
ciuir que nenhuma propriedade se justi
cratas, que a agricultura fosse a única
fica, pois que nada é rc uUaiite apenas
fonte de riqueza, ou, como George, que
do trabalho individual.
a renda da terra devesse pertencer à coletividade que a criou, mas sim por entender que êsse era o processo mais adequado de difusão dos ônus do im posto por tôda a coletividade. Como
todos consomem produtos agrícolas, to
dos pagariam o impòsto, que já viria incorporado ao seu preço.
Essa teoria revela também completo desconhecimento das leis da repercussão dos impostos e, além disso, importa em se tributar a todos na proporção do seu consumo, o que, como já vimos, é in
compatível com o ideal de justiça tri butária.
O marceneiro
que fabrica um móvel não foi extrair a
madeira nem a aparelhou. Uma cos tureira que faz um vestido nem pro duziu a matéria-prima e o tecido e nem a linha ou a máquina.
Em todos os produtos há sempre uma parcela de traballio coletivo e, por tanto, levando mais longe o raciocínio de George, nenhuma propriedade se justificaria, poi.s que nenhuma é fruto e.xclusivo do trabalho individual.
Por outro lado, se é bem verdade que a valorização do solo, pelo menos em parte, resulta do trabalho coletivo e be
neficia o proprietário, por outro é pre ciso ter-se em conta que o proprietário * SÍ5 *
comprou êsse solo com dinheiro, fruto
de seu trabalho. Espoliá-lo da renda da terra constitui pura injustiça, mesmo
Chegamos, finalmente, a Henry Geor ge, e sua doutrina merece, sem dúvida,
porque ninguém pretende privar o ca
um estudo pouco mais aprofundado. Seligman, em seu "Essays in Taxa-
caso, dada a constante substituição de
tion", analisa minuciosamente a doutrina
de George e a refuta de maneira cabal. Henry George, como vimos em artigo anterior, baseia sua teoria do imposto único na idéia de que a única justifica tiva para a propriedade é o trabalho,
pitalista do juro de seu caiJital e, no terras por capital e vice-versa, é impos sível distinguir-se uma coisa da outra.
Se abandonarmos o campo da pura especulação e compararmos os rendi
mentos^ de um mesmo capital aplicado na industria, no comércio, em emprésti
e de que o aumento do valor da terra
mos ou em propriedades imobiliárias, ve remos que estes serão, possivelmente^ os
constitui o resultante, não do trabalho
que menos rendem.
individual, mas sim do de tôda a cole tividade.
Se se tratasse de confiscar a renda
econômica da terra de seu primeiro
Dicesto Econóndco
gio. Aqueles que auferem vantagens dn Estado é que devem pagar o impôsto. Ora, não há privilégio maior do que a propriedade do solo. Seus proprietá rios são os mais beneficiados, pois que se locupletam à custa do trabalho de toda a coletí\idudc. Logo — raciocinam os "georgistas" — a eles deve caber o
pagamento dos impostos.
Em artigo anterior desta mesma série, demonstramos como a teoria contratual
para justificar os impostos é falha. Nin guém paga o imposto em troca dos ser
viços que recebe do Estado, mesmo por que os que mais se beneficiam com a
ação deste — os pobres, os enfermos, os que necessitam do auxílio coletivo — pouco ou nada j^agam. Mas, mesmo que tal teoria fôsse ver
tras classes.
Apreciando a doutrina de George do ponto de vista p'rático, Seligman classi fica seus defeitos em:
a) defeitos fiscais; b) defeitos políticos; c) defeitos morais; e
d) defeitos econômicos.
O defeito fiscal mais grave — além
dade da medida. * ❖
O grave defeito político do impôsto único — e isso se aplica a todos os sis
de favores fiscais.
Ora, sendo certo que o Estado, em determinadas circunstâncias, deve' inter vir na vida econômica e social, e sendo o impôsto o meio mais suave de inter
venção, seria errado privar-se o Estado dessa arma.
Seligman lembra ainda, muito a pro pósito, que é bastante arriscado, em uma
dos comuns a todos os sistemas de im
democracia, fazer com que uma classe pouco numerosa pague um impôsto vo
tado pelos representantes de outras classes muito numerosas.
imposto.
tética que se instale em um território
lidade da renda da terra. Ora, se a to
deserto, não existem mais "primeiros
talidade já foi absorvida pelo impôsto, este não pode ser aumentSdo, pois de
A idéia do impôsto único de George
cobrado à razão de 45,5% sôbre o valor
das propriedades agrícolas em cada exer cício. Isso demonstra a impraticabili-
Estado na ordem econômica e social.
o impôsto deve sempre absorver a tota
baseia-se, também, na noção de privilé-
ser majorado em 3.630%, devendo ser
proprietários do solo — o dever de arcar Evidentemente, não poderiam existir diconi todos os ônus do Estado, quando -reitos aduaneiros, nem tarifas diferen são tantos os privilégios e vantagens ciais do impôsto de renda, nem incenti que a sociedade moderna confere a ou vo a determinadas atividades por meio
mas, a não ser em uma sociedade hipo
dade quando resulte exclusivamente do trabalho, poderia levar mais longe as conseqüências de seu raciocínio e con-
territorial, escrevemos urn trabalho mos
trando que o impôsto territorial, para atender aos encargos do Estado, deveria
uina das classes privilegiadas — a dos
ocupante, isso ainda poderia justificar-se,
ocupantes".
ção dos impostos indiretos pelo impôsto
temas — é o de impedir a utilização do impôsto como arma de intervenção do
reverter à coletividade sob forma de
Ora, se George só justifica a proprie
tendo sido aventada a idéia da substitui
dadeira, ainda assim não se compreen de porque George atribuiu a apenas
pôsto único — é o da falta de elasticida de. -Segundo ü própria teoria georgista,
Assim sendo, a renda da terra deve
Além disso, o impòsto, contrariamente ao que afirmam os georgistas, não seria suficientemente produtivo. Por ocasião da elaboração da Constituição paulista,
.onde se tirou tudo, evidentemente nada mais há a tirar.
* * Sjí
No que diz respeito à justiça do im- * posto único georgista, justiça essa tão
Dicesto Ecoxóníico
54
apregoada pelos seus partidiirios, há sé ries reparos a serem feitos.
pitalista.
"Eu não sou proprieiái'io ter
Os princípios de uniformidade e uni versalidade caem por terra fragorosa-
nanças seria um imbecil se me cobrasse
ritorial como você.
O Ministro das Fi
Suponhamos ■'dois indivíduos que liá vinte anos tenham aplicado capitais
imposto, pois tudo que tenho provém, em última análise, do solo, c alguém já pagou o imposto. Fazer-me pagar novamente seria uma dupla tributação
equivalentes, um em terrenos e outro em
intolerável.
ações de uma companhia.
paga com justiça o seu imposto único e goze em paz o seu rendimento líquido
mente.
Hoje, o
terreno estaria valendo dez vezes o seu
preço de custo, mas durante todo êsse
tempo não rendeu juro algum. A ação es
tará valendo apenas duas ou três vezes o seu custo mas, em compensação, durante
todo êsse tempo produziu dividendos que, somados, ultrapassam o lucro re sultante da valorização do terreno. Onde está a justiça de se tributar o dono do terreno e se conceder isenção ao dono
Pois é, meu amigo, você
de vinte escudos; sirva bem a pátria e venha algumas vezes jantar comigo." íf!
sh
Finalmente, os defeitos de natureza
econômica do impôsto único "georgista" são tão evidentes que se torna desne
das ações, se ambos, no fim de contas,
cessário insistir sôbre êles.
sem trabalho, lucraram a mesma coisa?
— haja vista o Brasil, "país essencialmen te agrícola" — as atividades agrícolas são as mais pobres e necessitadas de au xílio. Estão sempre sujeitas a contin gências de sêcas, inundações, pestes e
Seligman lembra que as grandes for tunas do mundo não são de proprietários territoriais e sim de grandes industriais, banqueiros e comerciantes. A propósito do imposto único sôbre
Em quase todos os países do mundo
outros riscos que tornam sua economia
o solo e referindo-se, é claro, aos fisiocratas, Voltaire escreveu uma célebre
insegura. E ainda o produtor agrícola tem de renunciar ao confôrto e segu
parábola:
rança das cidades.
'*L'Homme aux Quarante
Ora, se sôbre essa atividade já sacri
Écus".
Um pobre camponês, trabalhando ar duamente e nas piores condições pos síveis, conseguiu que sua terra produ zisse um resultado liquido de quarenta escudos. Vem o fisco e lhe retira vin te escudos a titulo de imposto único.
Tempos depois êsse camponês encontra um velho conhecido,, homem rico, que
havia herdado uma fortuna que lhe
proporcionava uma renda de quatro centos mil escudos por ano e lhe per
gunta se então havia pago ao Estado metade de sua renda.
"Você está ca
çoando, meu amigo" lhe responde o ca
ficada se aplicar um impôsto extraordi nariamente pesado, por certo as ativi dades agrícolas serão abandonadas e os capitais procurarão outras aplicações mais seguras e produtivas. Além disso, nem sempre o proprietá rio do solo é que iria em verdade sofrer a incidência do impôsto, ao contrário do que afirma Henry George, pois a ten dência de todos os que sofrem uma imposição é para transferi-la a outrem. Nessas condições, sempre que as con dições do mercado o permitissem, trata- • ria o proprietário agrícola de incorporar
Dioiúsrtj
Econômico
55
o impôsto ao preço dos produtos, c nada
um imposto principal, geralmente o im
existe que possa impedir êsse fenômeno de repercussão se a êle não se opuserem
pôsto de renda, que serve dc coluna
as condições econômicas.
Ao lado dêsse imposto, porém, ou tros existem que o completam e o cor rigem e dão ao sistema a necessária elas
Portanto, o impôsto iria refletir-se sô bre toda a coletividade c todo o enge nhoso sistema arquitetado por George cairia por terra.
vertebral a todo o sistema.
ticidade.
No Brasil, infelizmente, o impôsto
Verificamos, assim, que nenhum dos
de renda ainda não está em condições de
sistemas de impôsto único preconizados ô satisfatório. Uns são improdutivos,
suportar a principal responsabilidade pela receita pública. Por muitos anos
outros injustos, outros anti-eeonómioas. Só um sistema de impostos múltiplos
as finanças brasileiras terão de se ali
permite que os erro.s e defeitos de .um impôsto sejam compensados pelo outro. Só a multiplicidade da tributação é oapaz de proporcionar uma arrecadação elástica e de se aproximar da justiça fiscal.
Hoje, a tendência em quase todos os
países c para basear a tributação em
cerçar em impostos indiretos, por mais injustos e anti-económicos que êles pos sam ser considerados.
Embora desejável a simplificação do sistema tributário, o certo é que nenhum impôsto pode atender, êle só, a todos os requisitos que são necessários a uma imposição ao mesmo tempo justa e
produtiva.
Dicesto Ecoxóníico
54
apregoada pelos seus partidiirios, há sé ries reparos a serem feitos.
pitalista.
"Eu não sou proprieiái'io ter
Os princípios de uniformidade e uni versalidade caem por terra fragorosa-
nanças seria um imbecil se me cobrasse
ritorial como você.
O Ministro das Fi
Suponhamos ■'dois indivíduos que liá vinte anos tenham aplicado capitais
imposto, pois tudo que tenho provém, em última análise, do solo, c alguém já pagou o imposto. Fazer-me pagar novamente seria uma dupla tributação
equivalentes, um em terrenos e outro em
intolerável.
ações de uma companhia.
paga com justiça o seu imposto único e goze em paz o seu rendimento líquido
mente.
Hoje, o
terreno estaria valendo dez vezes o seu
preço de custo, mas durante todo êsse
tempo não rendeu juro algum. A ação es
tará valendo apenas duas ou três vezes o seu custo mas, em compensação, durante
todo êsse tempo produziu dividendos que, somados, ultrapassam o lucro re sultante da valorização do terreno. Onde está a justiça de se tributar o dono do terreno e se conceder isenção ao dono
Pois é, meu amigo, você
de vinte escudos; sirva bem a pátria e venha algumas vezes jantar comigo." íf!
sh
Finalmente, os defeitos de natureza
econômica do impôsto único "georgista" são tão evidentes que se torna desne
das ações, se ambos, no fim de contas,
cessário insistir sôbre êles.
sem trabalho, lucraram a mesma coisa?
— haja vista o Brasil, "país essencialmen te agrícola" — as atividades agrícolas são as mais pobres e necessitadas de au xílio. Estão sempre sujeitas a contin gências de sêcas, inundações, pestes e
Seligman lembra que as grandes for tunas do mundo não são de proprietários territoriais e sim de grandes industriais, banqueiros e comerciantes. A propósito do imposto único sôbre
Em quase todos os países do mundo
outros riscos que tornam sua economia
o solo e referindo-se, é claro, aos fisiocratas, Voltaire escreveu uma célebre
insegura. E ainda o produtor agrícola tem de renunciar ao confôrto e segu
parábola:
rança das cidades.
'*L'Homme aux Quarante
Ora, se sôbre essa atividade já sacri
Écus".
Um pobre camponês, trabalhando ar duamente e nas piores condições pos síveis, conseguiu que sua terra produ zisse um resultado liquido de quarenta escudos. Vem o fisco e lhe retira vin te escudos a titulo de imposto único.
Tempos depois êsse camponês encontra um velho conhecido,, homem rico, que
havia herdado uma fortuna que lhe
proporcionava uma renda de quatro centos mil escudos por ano e lhe per
gunta se então havia pago ao Estado metade de sua renda.
"Você está ca
çoando, meu amigo" lhe responde o ca
ficada se aplicar um impôsto extraordi nariamente pesado, por certo as ativi dades agrícolas serão abandonadas e os capitais procurarão outras aplicações mais seguras e produtivas. Além disso, nem sempre o proprietá rio do solo é que iria em verdade sofrer a incidência do impôsto, ao contrário do que afirma Henry George, pois a ten dência de todos os que sofrem uma imposição é para transferi-la a outrem. Nessas condições, sempre que as con dições do mercado o permitissem, trata- • ria o proprietário agrícola de incorporar
Dioiúsrtj
Econômico
55
o impôsto ao preço dos produtos, c nada
um imposto principal, geralmente o im
existe que possa impedir êsse fenômeno de repercussão se a êle não se opuserem
pôsto de renda, que serve dc coluna
as condições econômicas.
Ao lado dêsse imposto, porém, ou tros existem que o completam e o cor rigem e dão ao sistema a necessária elas
Portanto, o impôsto iria refletir-se sô bre toda a coletividade c todo o enge nhoso sistema arquitetado por George cairia por terra.
vertebral a todo o sistema.
ticidade.
No Brasil, infelizmente, o impôsto
Verificamos, assim, que nenhum dos
de renda ainda não está em condições de
sistemas de impôsto único preconizados ô satisfatório. Uns são improdutivos,
suportar a principal responsabilidade pela receita pública. Por muitos anos
outros injustos, outros anti-eeonómioas. Só um sistema de impostos múltiplos
as finanças brasileiras terão de se ali
permite que os erro.s e defeitos de .um impôsto sejam compensados pelo outro. Só a multiplicidade da tributação é oapaz de proporcionar uma arrecadação elástica e de se aproximar da justiça fiscal.
Hoje, a tendência em quase todos os
países c para basear a tributação em
cerçar em impostos indiretos, por mais injustos e anti-económicos que êles pos sam ser considerados.
Embora desejável a simplificação do sistema tributário, o certo é que nenhum impôsto pode atender, êle só, a todos os requisitos que são necessários a uma imposição ao mesmo tempo justa e
produtiva.
"V*!
Dicestü Econômico
Produtos brasileiro
•-"rd-:
57
entanto, suficiente para que nos pos.sa-
nossos -produtos uma série de defeitos
mos dar por satisfeitos quanto ás suas
originados pelo carrapato, o berne e ou tras pragas, assim como pejo uso da marcação a fogo. De nossas peles, so
principais caracti-rística.s.
Uma análise
du composição da exportação cie couros V- Couros e pelos
c peles nos indica cpie a predominância
Dorival Teixeira Vieira
dos couros sobre as peles é muito uccnluacla. Em média, nos últimos anos, do
Em ordem de importância, o comér cio de couros e peles eqüivale ao de carnes. No período 1935-1945 a venda dêsse produto representou 4,14 % do va lor de toda a exportação brasileira. Ver
comércio de couros e peles por uma forte
depressão, quer se considere o volume, quer o walor. A recuperação, no entan
to, foi muito rápida p o período de pros peridade SC estendeu até 1928.
Nesse
mente encontram boa cotação no mer cado inteniacional as de cabra; mesmo assim, a maior parte é comerciada eni
total exportado, 91,5% foram represen
bruto, sendo pequeníssimo o volume
tados pelo comércio dc couros, e apenas
transacionado de peles de cabra prepa
8,5% por peles. E' sabido, porém, que o mais alto valor específico c enccMitrado nes.sa produção, sendo interessante lutarmos para, no futuro, reduzir-se esse dcsnícel. Dos couros exportados, tem predominância o Vacum, seguido logo
radas. A prosperidade da produção e o melhor rendimento do comércio de cou
ros e peles estão, indiscutivelmente, li gados a uma grande indústria de curtu
dade é que tal produto já constituiu um
setor do comércio brasileiro é curiosa a
dos esteios da economia nacional. Entre
observação da precedência da crise que
1821 e 1830 chegou a representar, em
logo após ocorreria, pois já cm 1929 re
após pelo couro dc porco, em propor
mes. Apesar de esta haver crescido nos últimos anos, ainda não é suficiente pa ra atender completamente nem mesmo
gistrava-se fortíssima depressão. Do ín
ção, no entanto, muito mais reduzida.
ao mercado interno, tanto assim que o
dice 268,8 do ano anterior, passávamos
a 173,4 naquele ano, e a queda conti
As peles dc cabra c carneiro represen
Brasil ainda importa uma série de tipos
tam % da exportação de peles, restando
de couros, necessários ao seu próprio
nuou,fortemente até 1932, inclusive, no
apenas uma quarta parte para exporta
consumo.
qual se registrou o índice 54,0. Para a exportação de couros e peles, o período de liquidação da crise prolongou-se até
ção das de' capivara, veado, caetetus o cpeixadas, maracajá, onça, cobra, jaca ré, arminho, castor, lontra e raposa, além de algumas peles de peixe e de animais selvagens, não especificados. E' impressionante o volume de cou ros e peles brutos comerciados pelo Bra
média, 13,6% do valor total de nossas exportações. Muito embora, pcrcentualmente, tenha havido redução de sua im
portância, principalmente após o grande surto cafeeiro que colocou aquele pro duto como o primeiro item do ativo da balança comercial brasileira, este ramo
da atividade comercial vem apre.sentando grande surto de progresso. A despei to de pequenas alternativas de aumen
trado nos anos seguintes,
tos e reduções de volume e valor ouro,
1938, quase ao nível de 1932. •
entre 1900 e 1913 a tendência observa
1935, e o surto de prosperidade, regis duração,
teve pouca
visto havermos voltado,
em
da foi a de crescente prosperidade. Mil
Novo esbôço de expansão verificou-se nos primeiros anos da recente guerra, até
novecentos e catorze assinalou-se por uma forte depressão na venda de couros
1943; logo após, houve um período de
e peles, ocasionada pelo início da 1.^ grande guerra; mas, já a partir de 1915,
para registrar-se forte depressão nos três anos seguintes. O após-guerra foi fa
tensão que durou todo o ano de 1944,
reiniciou-se o ciclo de prosperidade, que
vorável ao comércio de couros e peles,
cada vez mais se acentuou, acusando um
o que é fácil compreender-se, visto ter
máximo em 1919.
sido sacrificado o abastecimento civil du
Explica-se fácil-'
mente o fenômeno; os couros represen
rante toda a guerra; principalmente a ne
tam matéria-prima indispensável ao es
cessidade de calçados provocou grande consumo dessa matéria-prima. Basta di
forço de guerra, visto permitirem a con fecção de calçados e equipamento mili tar. Para se avaliar a magnitude da ex
zer que de 16.000 toneladas vendidas em 1944 passamos a 75.000 cm 1947. O ano
pansão basta afirmar que o índice do valor ouro em 1900 era 40,6 (base
de 1948 registrou um início de depressão, pois vendemos apenas 63.000 toneladas,
134 4, para elevar-se, em 1919, a 324,1. A crise de 1920-1921 assinalou-se, no
A expansão, registrada nesse ramo dn
jgg-jr — 100) alcançando em 1913
num valor de Cr$ 763.000.000,00.
atividade econômica do Brasil não é, no
sil. Seu volume varia entre 84 % a 96 %
Considerando-se os demais produto res concorrentes, o Brasil coloca-se em
2.° lugar na produção de couros crus, sendo suplantado sòmente pela Argen tina. Aquele país, em 1937 por exem
plo, chegou a exportar 150.400 tonela das de couro, ao passo que o nosso ex
portou sòmente 63.129 toneladas. O Uruguai, a Nova Zelândia, a Austrália e
do total e.xportado, cabendo apenas a insignificância de 4% a 16% de couros
a União Sul-Africana tanibém são for
e peles preparadas. Isto se deve ao fato
necedores importantes do mercado inter
de exportarmos de preferência couros e
nacional, mas a indústria dos curtumes
peles salgados ou verdes. Em 1947, por exemplo, de uma produção de 118.141
é ainda pouco desenvolvida e a maioria deles atende, quando muito, às neces
toneladas, 58,9 % eram de couros salga dos e 30,8 % de couros verdes, produziqdo-se apenas 10,3% de couros secos.
sidades de consumo interno.
Devido a isto os nossos couros crus e
nossas peles não são dos que encontram mfilhpr cotação no mercado. O couro ver de, .pela maior facilidade com que se
podé deteriorar, alcança preços mais baixos que o seco ou o salgado. Além .disso, é precisa considerar que há em
Cumpre
notar, além do mais, que a maioria dos
países compradores prefere importar a mercadoria em bruto, visto possuir mé
todos próprios de preparação da matéria-jmma, melhorando a qualidade do produto acabado. Antes de 1939 a po sição do Brasil, como país exportador, não era de molde a colocá-lo a grande distância
dos
demais
fornecedores.
"V*!
Dicestü Econômico
Produtos brasileiro
•-"rd-:
57
entanto, suficiente para que nos pos.sa-
nossos -produtos uma série de defeitos
mos dar por satisfeitos quanto ás suas
originados pelo carrapato, o berne e ou tras pragas, assim como pejo uso da marcação a fogo. De nossas peles, so
principais caracti-rística.s.
Uma análise
du composição da exportação cie couros V- Couros e pelos
c peles nos indica cpie a predominância
Dorival Teixeira Vieira
dos couros sobre as peles é muito uccnluacla. Em média, nos últimos anos, do
Em ordem de importância, o comér cio de couros e peles eqüivale ao de carnes. No período 1935-1945 a venda dêsse produto representou 4,14 % do va lor de toda a exportação brasileira. Ver
comércio de couros e peles por uma forte
depressão, quer se considere o volume, quer o walor. A recuperação, no entan
to, foi muito rápida p o período de pros peridade SC estendeu até 1928.
Nesse
mente encontram boa cotação no mer cado inteniacional as de cabra; mesmo assim, a maior parte é comerciada eni
total exportado, 91,5% foram represen
bruto, sendo pequeníssimo o volume
tados pelo comércio dc couros, e apenas
transacionado de peles de cabra prepa
8,5% por peles. E' sabido, porém, que o mais alto valor específico c enccMitrado nes.sa produção, sendo interessante lutarmos para, no futuro, reduzir-se esse dcsnícel. Dos couros exportados, tem predominância o Vacum, seguido logo
radas. A prosperidade da produção e o melhor rendimento do comércio de cou
ros e peles estão, indiscutivelmente, li gados a uma grande indústria de curtu
dade é que tal produto já constituiu um
setor do comércio brasileiro é curiosa a
dos esteios da economia nacional. Entre
observação da precedência da crise que
1821 e 1830 chegou a representar, em
logo após ocorreria, pois já cm 1929 re
após pelo couro dc porco, em propor
mes. Apesar de esta haver crescido nos últimos anos, ainda não é suficiente pa ra atender completamente nem mesmo
gistrava-se fortíssima depressão. Do ín
ção, no entanto, muito mais reduzida.
ao mercado interno, tanto assim que o
dice 268,8 do ano anterior, passávamos
a 173,4 naquele ano, e a queda conti
As peles dc cabra c carneiro represen
Brasil ainda importa uma série de tipos
tam % da exportação de peles, restando
de couros, necessários ao seu próprio
nuou,fortemente até 1932, inclusive, no
apenas uma quarta parte para exporta
consumo.
qual se registrou o índice 54,0. Para a exportação de couros e peles, o período de liquidação da crise prolongou-se até
ção das de' capivara, veado, caetetus o cpeixadas, maracajá, onça, cobra, jaca ré, arminho, castor, lontra e raposa, além de algumas peles de peixe e de animais selvagens, não especificados. E' impressionante o volume de cou ros e peles brutos comerciados pelo Bra
média, 13,6% do valor total de nossas exportações. Muito embora, pcrcentualmente, tenha havido redução de sua im
portância, principalmente após o grande surto cafeeiro que colocou aquele pro duto como o primeiro item do ativo da balança comercial brasileira, este ramo
da atividade comercial vem apre.sentando grande surto de progresso. A despei to de pequenas alternativas de aumen
trado nos anos seguintes,
tos e reduções de volume e valor ouro,
1938, quase ao nível de 1932. •
entre 1900 e 1913 a tendência observa
1935, e o surto de prosperidade, regis duração,
teve pouca
visto havermos voltado,
em
da foi a de crescente prosperidade. Mil
Novo esbôço de expansão verificou-se nos primeiros anos da recente guerra, até
novecentos e catorze assinalou-se por uma forte depressão na venda de couros
1943; logo após, houve um período de
e peles, ocasionada pelo início da 1.^ grande guerra; mas, já a partir de 1915,
para registrar-se forte depressão nos três anos seguintes. O após-guerra foi fa
tensão que durou todo o ano de 1944,
reiniciou-se o ciclo de prosperidade, que
vorável ao comércio de couros e peles,
cada vez mais se acentuou, acusando um
o que é fácil compreender-se, visto ter
máximo em 1919.
sido sacrificado o abastecimento civil du
Explica-se fácil-'
mente o fenômeno; os couros represen
rante toda a guerra; principalmente a ne
tam matéria-prima indispensável ao es
cessidade de calçados provocou grande consumo dessa matéria-prima. Basta di
forço de guerra, visto permitirem a con fecção de calçados e equipamento mili tar. Para se avaliar a magnitude da ex
zer que de 16.000 toneladas vendidas em 1944 passamos a 75.000 cm 1947. O ano
pansão basta afirmar que o índice do valor ouro em 1900 era 40,6 (base
de 1948 registrou um início de depressão, pois vendemos apenas 63.000 toneladas,
134 4, para elevar-se, em 1919, a 324,1. A crise de 1920-1921 assinalou-se, no
A expansão, registrada nesse ramo dn
jgg-jr — 100) alcançando em 1913
num valor de Cr$ 763.000.000,00.
atividade econômica do Brasil não é, no
sil. Seu volume varia entre 84 % a 96 %
Considerando-se os demais produto res concorrentes, o Brasil coloca-se em
2.° lugar na produção de couros crus, sendo suplantado sòmente pela Argen tina. Aquele país, em 1937 por exem
plo, chegou a exportar 150.400 tonela das de couro, ao passo que o nosso ex
portou sòmente 63.129 toneladas. O Uruguai, a Nova Zelândia, a Austrália e
do total e.xportado, cabendo apenas a insignificância de 4% a 16% de couros
a União Sul-Africana tanibém são for
e peles preparadas. Isto se deve ao fato
necedores importantes do mercado inter
de exportarmos de preferência couros e
nacional, mas a indústria dos curtumes
peles salgados ou verdes. Em 1947, por exemplo, de uma produção de 118.141
é ainda pouco desenvolvida e a maioria deles atende, quando muito, às neces
toneladas, 58,9 % eram de couros salga dos e 30,8 % de couros verdes, produziqdo-se apenas 10,3% de couros secos.
sidades de consumo interno.
Devido a isto os nossos couros crus e
nossas peles não são dos que encontram mfilhpr cotação no mercado. O couro ver de, .pela maior facilidade com que se
podé deteriorar, alcança preços mais baixos que o seco ou o salgado. Além .disso, é precisa considerar que há em
Cumpre
notar, além do mais, que a maioria dos
países compradores prefere importar a mercadoria em bruto, visto possuir mé
todos próprios de preparação da matéria-jmma, melhorando a qualidade do produto acabado. Antes de 1939 a po sição do Brasil, como país exportador, não era de molde a colocá-lo a grande distância
dos
demais
fornecedores.
58
Dioesto Económicò
59
Dicesto Eco^•ó^^co
Além da Argentina, as índias Inglesas
lor de CrS 92.414.000,00. A Alemanha
e a Nova Zelândia concorriam fortemen te com as- ofertas brasileiras. E' de se
c a Suécia voltaram também a realizar
mércio internacional, o Brasil tenha de
grandes compras — 6.054 toneladas cada uma delas — seguirido-sc logo após a Polônia e a Itália como compradí)rcs dig
lutar com forte competição.
nos de consideração, mormente esta iil-
esperar, por isso, que, normalizado o co
Desde 1921 até 1938 a Alemanha
ocupava o primeiro lugar como compra dor das peles e couros do Brasil; en quanto em 1921 nos comprou 14,441
toneladas, em 1938 passara a comprar 21.754. Os Estados Unidos, em 2.° lu
gar, não chegavam a importar um ter ço do volume adquirido por aquela na
ção, nos últimos anos de pré-guerra. A partir de 1939, porém, por efeito do recente conflito mundial, a situação
mudou completamente. A Alemanha, já em 1939, reduzia suas compras à meta de do ano anterior, enquanto a América
do Norte dobrou as suas aquisições no Brasil, e a partir de 1940 aquela prati camente desapareceu como comprador importante. Durante o período de guerra, os Estados Unidos se conserva ram como o maior centro consumidor do
produto; mas, após o seu término, a si tuação inverteu-se completamente.
No
ano passado, enquanto aquele país ad quiria do Brasil apenas 9.012 toneladas de couros, representando 13,5% do vo
lume total da e.xportação daquele pro duto, as compras européias se elevaram
tima, cujas aquisições vem crescendo. A exemplo do que já fí/.emos, quando
do estudo de outros produtos brasileiros no exterior, procuraremos analisar qual o provável comportamento da oferta e da procura dos couros e pelos, em fun ção do movimento de preços. Sendo muito pequena a exportação de peles de animais selvagens c acentuada a predominância dos couros vacuns, não
podemos separar a oferta dos couros e peles da de carnes. Ela é também elás tica, tendendo à inelasticidade, visto a
produção estar ligada ao desenvolvimen to da pecuária. As fazendas de criação e os campos de engorda exigem a gran
de propriedade, na qual haja boas pas tagens. Já apontamos o fato de nossa topografia acidentada tornar mais one roso o trabalho de reunir o gado e con
duzi-lo para os matadouros, frigorífíco,s e pontos de embarque. Quando se tra ta da produção de couros e peles é pre ciso cuidar da instalação de locais apro priados e banhos carrapaticidas, e será necessário dar ao gado um cuidado maior se se quiserem obter couros e pe
acidentes do trabalho, que contribuem para aumentar os salários c, com isto, o preço de custo, conforme se verificou cm inquéritos recentes, realizados nos Estados Unidos. As condições pouco sa tisfatórias dc nossa produção e oferta constituem fator de retardo da expansão A procura do produto é inelástica; em se tratando dc couros a necessidade de vestuários e calçado é vital e é fato co
nhecido que, quanto mais se eleva o ní vel médÍQ de vida de uma população, maior ó o índice de consumo de calçado e outros artigos dc couro. No tocante às
pelos, principalmente as de alta quali dade vão ser empregadas na confecção de artigos de luxo, destinando-se a uma
freguesia cujo poder de compra permite aquisição de produtos acabados de alto preço. Por estas razões é que os preçs médios do produto, no mercado interna
cional, têm apresentado pequena sensi bilidade às crises, quando se comparam suas oscilações com as que se verificam em outros produtos. Durante a crise de
1921 a queda de preços de couros e pe les foi de 38 %, voltando-se, logo no ano seguinte, quase ao nível do preço
de 1920, tendo sido recuperada comple tamente a cotação em 1923. A crise de
1929 trouxe pequena variação de preço, pois que a baixa foi apenas de 14%. E lada tem crescido continuamente; mes mo computando-se a desvalorização mo
sumidor, voltou a assumir
tar a rigidez da oferta. Em
netária, verifica-se a ocorrência de uma
se
apreciável estabilidade nos preços do
prador que mantívera antes
da guerra; adquiriu-nos, no ano passado, 12.589 to
. _ \
tratando
"
^
couros
e
peles preparados, devemos acrescentar ainda a espe
"
transformação. E' de se esperar que conservemos o mercado norte-americano,
a partir de 1931 o valor médio da tone
produto.
do período de guerra, mas numa situa ção razoàvelmente próxima do período
do pré-guerra. Quanto à Ásia, acredi tamos que os mercados daquela parte
do mundo pouco representarão para nós, sendo suas compras muitíssimo reduzi das. A Europa continuará a ser o mer cado mais importante para o escoamento das peles e dos couros; na medida em que a Alemanha normalize a sua econo mia, suas compras seguramente aumen
tarão, principalmente se nos lembrarmos que aquôle pais foi, antes da guerra, um dos maiores produtores de artigos , ^ do couros e peles, ou de couros e peles I
preparados. A Itália voltará a ser um de nossos grandes compradores, o mes mo ocorrendo com a Holanda e talvez com a Suécia.
O nosso maior problema consiste em
lutar contra a limitação de nossa oferta,
não só proveniente do desfalque de nos-' sos rebanhos e da impossibilidade de multiplicá-los rapidamente, como tam
bém pela incipiência da indústria de curtumes. Urge podermos alterar a com
posição de nossa ex-portação, oferecendo couros de melhor qualidade e, se possí
vel, produzindo e exportando princip.ilmente o produto preparado. E' verdade
que a maioria dos compradores prefere
eosinú-
les e couros aumente para a África,
couros e peles em bruto, mas é sabido, também, que tal fato se deve à falta de cõnfiança na boa qualidade daquela ma téria-prima, quando curtida nos países
meros
América Central e do Sul,
fornecedores,
cialização da mão-de-obra
neladas, num vá-
de
•guerra, cêrca de 50% "de matéria-prima estrangeira, por incapacidade de seu par que produtor abastecer as indústrias de
não com o mesmo volume de compras
de nosso comércio.
a 81,5%; só a Grã-Bretanha comprou- les de melhor qualidade. O problema do nos 28 % dos couros e peles fornecidos. armazenamento e da conservação do A Holanda, que durante a guerra desa _ produto, a instalação das salgas, tudo isto parecera pràticamente do mercado con contribuí para onerar o custo e aumen
a posição de grande com
do Norte, para produção de artigos ma nufaturados, já consumia, antes desta
Como no mercado de carnes, não é de
se esperar que nossa exportação de pe A América
58
Dioesto Económicò
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Dicesto Eco^•ó^^co
Além da Argentina, as índias Inglesas
lor de CrS 92.414.000,00. A Alemanha
e a Nova Zelândia concorriam fortemen te com as- ofertas brasileiras. E' de se
c a Suécia voltaram também a realizar
mércio internacional, o Brasil tenha de
grandes compras — 6.054 toneladas cada uma delas — seguirido-sc logo após a Polônia e a Itália como compradí)rcs dig
lutar com forte competição.
nos de consideração, mormente esta iil-
esperar, por isso, que, normalizado o co
Desde 1921 até 1938 a Alemanha
ocupava o primeiro lugar como compra dor das peles e couros do Brasil; en quanto em 1921 nos comprou 14,441
toneladas, em 1938 passara a comprar 21.754. Os Estados Unidos, em 2.° lu
gar, não chegavam a importar um ter ço do volume adquirido por aquela na
ção, nos últimos anos de pré-guerra. A partir de 1939, porém, por efeito do recente conflito mundial, a situação
mudou completamente. A Alemanha, já em 1939, reduzia suas compras à meta de do ano anterior, enquanto a América
do Norte dobrou as suas aquisições no Brasil, e a partir de 1940 aquela prati camente desapareceu como comprador importante. Durante o período de guerra, os Estados Unidos se conserva ram como o maior centro consumidor do
produto; mas, após o seu término, a si tuação inverteu-se completamente.
No
ano passado, enquanto aquele país ad quiria do Brasil apenas 9.012 toneladas de couros, representando 13,5% do vo
lume total da e.xportação daquele pro duto, as compras européias se elevaram
tima, cujas aquisições vem crescendo. A exemplo do que já fí/.emos, quando
do estudo de outros produtos brasileiros no exterior, procuraremos analisar qual o provável comportamento da oferta e da procura dos couros e pelos, em fun ção do movimento de preços. Sendo muito pequena a exportação de peles de animais selvagens c acentuada a predominância dos couros vacuns, não
podemos separar a oferta dos couros e peles da de carnes. Ela é também elás tica, tendendo à inelasticidade, visto a
produção estar ligada ao desenvolvimen to da pecuária. As fazendas de criação e os campos de engorda exigem a gran
de propriedade, na qual haja boas pas tagens. Já apontamos o fato de nossa topografia acidentada tornar mais one roso o trabalho de reunir o gado e con
duzi-lo para os matadouros, frigorífíco,s e pontos de embarque. Quando se tra ta da produção de couros e peles é pre ciso cuidar da instalação de locais apro priados e banhos carrapaticidas, e será necessário dar ao gado um cuidado maior se se quiserem obter couros e pe
acidentes do trabalho, que contribuem para aumentar os salários c, com isto, o preço de custo, conforme se verificou cm inquéritos recentes, realizados nos Estados Unidos. As condições pouco sa tisfatórias dc nossa produção e oferta constituem fator de retardo da expansão A procura do produto é inelástica; em se tratando dc couros a necessidade de vestuários e calçado é vital e é fato co
nhecido que, quanto mais se eleva o ní vel médÍQ de vida de uma população, maior ó o índice de consumo de calçado e outros artigos dc couro. No tocante às
pelos, principalmente as de alta quali dade vão ser empregadas na confecção de artigos de luxo, destinando-se a uma
freguesia cujo poder de compra permite aquisição de produtos acabados de alto preço. Por estas razões é que os preçs médios do produto, no mercado interna
cional, têm apresentado pequena sensi bilidade às crises, quando se comparam suas oscilações com as que se verificam em outros produtos. Durante a crise de
1921 a queda de preços de couros e pe les foi de 38 %, voltando-se, logo no ano seguinte, quase ao nível do preço
de 1920, tendo sido recuperada comple tamente a cotação em 1923. A crise de
1929 trouxe pequena variação de preço, pois que a baixa foi apenas de 14%. E lada tem crescido continuamente; mes mo computando-se a desvalorização mo
sumidor, voltou a assumir
tar a rigidez da oferta. Em
netária, verifica-se a ocorrência de uma
se
apreciável estabilidade nos preços do
prador que mantívera antes
da guerra; adquiriu-nos, no ano passado, 12.589 to
. _ \
tratando
"
^
couros
e
peles preparados, devemos acrescentar ainda a espe
"
transformação. E' de se esperar que conservemos o mercado norte-americano,
a partir de 1931 o valor médio da tone
produto.
do período de guerra, mas numa situa ção razoàvelmente próxima do período
do pré-guerra. Quanto à Ásia, acredi tamos que os mercados daquela parte
do mundo pouco representarão para nós, sendo suas compras muitíssimo reduzi das. A Europa continuará a ser o mer cado mais importante para o escoamento das peles e dos couros; na medida em que a Alemanha normalize a sua econo mia, suas compras seguramente aumen
tarão, principalmente se nos lembrarmos que aquôle pais foi, antes da guerra, um dos maiores produtores de artigos , ^ do couros e peles, ou de couros e peles I
preparados. A Itália voltará a ser um de nossos grandes compradores, o mes mo ocorrendo com a Holanda e talvez com a Suécia.
O nosso maior problema consiste em
lutar contra a limitação de nossa oferta,
não só proveniente do desfalque de nos-' sos rebanhos e da impossibilidade de multiplicá-los rapidamente, como tam
bém pela incipiência da indústria de curtumes. Urge podermos alterar a com
posição de nossa ex-portação, oferecendo couros de melhor qualidade e, se possí
vel, produzindo e exportando princip.ilmente o produto preparado. E' verdade
que a maioria dos compradores prefere
eosinú-
les e couros aumente para a África,
couros e peles em bruto, mas é sabido, também, que tal fato se deve à falta de cõnfiança na boa qualidade daquela ma téria-prima, quando curtida nos países
meros
América Central e do Sul,
fornecedores,
cialização da mão-de-obra
neladas, num vá-
de
•guerra, cêrca de 50% "de matéria-prima estrangeira, por incapacidade de seu par que produtor abastecer as indústrias de
não com o mesmo volume de compras
de nosso comércio.
a 81,5%; só a Grã-Bretanha comprou- les de melhor qualidade. O problema do nos 28 % dos couros e peles fornecidos. armazenamento e da conservação do A Holanda, que durante a guerra desa _ produto, a instalação das salgas, tudo isto parecera pràticamente do mercado con contribuí para onerar o custo e aumen
a posição de grande com
do Norte, para produção de artigos ma nufaturados, já consumia, antes desta
Como no mercado de carnes, não é de
se esperar que nossa exportação de pe A América
Digesto EcoNó>nco
do.
nriic
Í.O.
Oração do parnninfo da tarnta de ccononiiNinN «Io 10 1», da Faculdade Nacional do CiônciiU4 FcoitóiiiIciiN Eugenho Gudin
I^E na organização desta Faculdade ca
Brasil com que eu sonhara cm minha
be-me qualquer parcela de colabora ção; se no esforço pertinaz e desinte
juventude.
ressado que foi necessário desenvolver
possa parecer, eu também fui moço, fui
Porque, por mais inverossímil que vos
para mantê-la, tive qualquer participa ção; se para a reputação que ela tão
estudante, fui turbulento, fui intransi
justamente grangeou pela moralidade do
idealista.
ensino como pela dedicação dos professôres, de qualquer forma eu contribuí; se à organização do ensino de economia em moldes modernos dediquei o mais vivo interesse; em suma, se ao ideal de preparar economistas para o Brasil dei
gente, fui ab.surdo, fui entusiasta e fui
Tudo isso passou, salvo —
quase me envorgonlio de dizê-lo — o
fogo do idealismo e do entusiasmo, que ainda não se apagou. "L'inertic est Io scul vice, maitre Eras-
mc! Et Ia seule vertu, c'est... Quoi? L enthousiasmc" escreveu o maior líri
o melhor de meu esforço, sinto-me hoje de minha geração. E é só no reli• largamente recompensado, meus jovens co cário sagrado da alma juvenil que se amigos, pelo vosso gesto, tão espontâneo quão generoso, convidando-me para vos so paraninfo.
Não sei francamente como explicar a vossa escolha diante de tantas e brilhan
tes figuras que integram a Congregação ^ desta Faculdade.
Só posso atribuí-la ao fato, a que des tes exagerada valia, de ter eu sido, em boa parte, responsável pela nova estru turação do curso,de Economia organiza
61
num dos mais largos períodos de paz c de harmonia que registra a história dos
confortaram e que decerto influíram em
tempos modernos.
vossa escolha.
Mas a Europa de
além-Elba, êssc rio fatídico onde tantas vezes tem esbarrado o curso da Civili
zação, continuava dominada pela barbá
mesmos. Não porque não pudésseis ter
o educar politicamente, mas que dela
encontrado vários dentre os vossos mes
já havia aurido os segredos das artes industriais c nté requintado os da arte da guerra.
tres de mais alto plano intelectual, de
Repetiu-se a rajada devastadora dos hunos.
"Les barbarcs qui en\'ahirent le monde [ordonné
par mes lois ignoraient Ia mesurc et riiarmonie...
Ils me chassèrent", — conta\ a a Deusa a Renan.
É do contraste dessas éj^mcas que
maior saber e de mais certos méritos.
Mas porque fôstes buscar um professor que nunca cortejou a popularidade, que nunca usou de artifício para agradar, que nunca sacrificou o ensino para an
gariar simpatias e que, ao contrário, tantas vêzes cumpriu o penoso dever de reprovar.
Acabo de ler no iiltimo livro apare cido nos Estados Unidos sobre a eco
nomia brasileira, intitulado "Brazil: An
nasce a incompreensão.
E.xpanding Economv" editado pela res
Confesso que por vezes me angustia a incapacidade de sequer compreender
tion", uma referência à nossa Faculdade
peitável "Twentieth Century Founda-
encontra o entusiasmo, de braços com o
certas manifestações artísticas ou filosó
em que se diz que ali parece prevalecer
desinteresse e o idealismo, o.s três gran des- alicerces de qualquer grande cons
ficas da nova ala revolucionária, que se
trução humana.
tasmagórica na literatura, pela deforma
o costume de nunca reprovar. Há um equívoco. Nenhum professor se compraz em re
O meu querido amigo Afonso Pena
Júnior, esse primoroso artista do pensa mento, escreveu, de uma feita, que "no
caracterizam por uma rqetafísica fan ção e o primitivismo na pintura e, às
vêzes, pelo "inexistencialismo" na moral. Foi por isso que, quando os deveres
advento de tòda nova geração, quando
de professor me fizeram entrar em con-
chega o momento delicado de se ren
tacto com a mocidade, não foi sem
derem as guardas, há sempre um movi
apreensão que eu abordei o seu con
mento de impaciência da geração nova
vívio, receoso de recíproca incompreen
contra a autoridade das que a prece
são.
de 1945, sob cuja vigência sois a primei
deram".
lativo formalismo dos velhos professores
culdade.
E permiti, sem que ísl'o se refira à pessoa do paraninfo, que eu diga que vossa escolha é muito honrosa para vós
rie, que esta não conseguira assimilar
da pela lei n.° 7.988, de 22 de setembro ra turma de bacharelandos a sair da Fa
nidade de sentimentos que muito me
E essa impaciência, esse e.stremecimento, se justificariam hoje, tanto mais quanto a minha geração nasceu e for
Não que eu me apegasse ao re
do meu tempo; fàcilmente habituei-me nas aulas à fumaça dos cigarros e à manga de camisa nos dias de calor. Mas receava os possíveis atritos de formações espirituais diferentes. Foi, porém, com agradável surpresa
provar. Só um sádico ou um desequili brado se poderia comprazer no reconhe cimento explícito do fracasso de sua pró pria missão, pois que outro não é o sentido da reprovação. Mas nenhum
professor cônscio de sua responsabilidade e cioso da parcela do patrimônio moral da Faculdade, que lhe é confiado, con sente em mentir, aprovando quem não o merece.
Mentir ao aluno, mentir à
.sociedade que nêle confiou, diplomando um médico, um engenheiro ou um eco
Talvez tenha também contribuído para
mou-se num dos mais felizes períodos
a escolha, como indica a oração do vosso
da história moderna, encerrado em 1914,
intérprete, a minha natural afinidade
enquanto a vossa brotou e se desenvol
com os moços, pela confiança que nêles
e crescente confiança que fui encontran
próprio. Em troca de que? De anga riar popularidade junto a alguns maus
deposito, como pelas esperanças que ali
veu sob o signo da guerra universal. Tiveram os da minha geração a ven
do hos alunos desta Faculdade uma com
elementos, esquecendo-se do desprêzo
mento na sua capacidade de construir o
tura de formar seu espírito e sua cultura
preensão, uma colaboração e uma afi-
que lhe votam os bons? É^evídentemen-
nomista que nada aprendeu, mentir aos professôres e aos alunos, mentir a si
Digesto EcoNó>nco
do.
nriic
Í.O.
Oração do parnninfo da tarnta de ccononiiNinN «Io 10 1», da Faculdade Nacional do CiônciiU4 FcoitóiiiIciiN Eugenho Gudin
I^E na organização desta Faculdade ca
Brasil com que eu sonhara cm minha
be-me qualquer parcela de colabora ção; se no esforço pertinaz e desinte
juventude.
ressado que foi necessário desenvolver
possa parecer, eu também fui moço, fui
Porque, por mais inverossímil que vos
para mantê-la, tive qualquer participa ção; se para a reputação que ela tão
estudante, fui turbulento, fui intransi
justamente grangeou pela moralidade do
idealista.
ensino como pela dedicação dos professôres, de qualquer forma eu contribuí; se à organização do ensino de economia em moldes modernos dediquei o mais vivo interesse; em suma, se ao ideal de preparar economistas para o Brasil dei
gente, fui ab.surdo, fui entusiasta e fui
Tudo isso passou, salvo —
quase me envorgonlio de dizê-lo — o
fogo do idealismo e do entusiasmo, que ainda não se apagou. "L'inertic est Io scul vice, maitre Eras-
mc! Et Ia seule vertu, c'est... Quoi? L enthousiasmc" escreveu o maior líri
o melhor de meu esforço, sinto-me hoje de minha geração. E é só no reli• largamente recompensado, meus jovens co cário sagrado da alma juvenil que se amigos, pelo vosso gesto, tão espontâneo quão generoso, convidando-me para vos so paraninfo.
Não sei francamente como explicar a vossa escolha diante de tantas e brilhan
tes figuras que integram a Congregação ^ desta Faculdade.
Só posso atribuí-la ao fato, a que des tes exagerada valia, de ter eu sido, em boa parte, responsável pela nova estru turação do curso,de Economia organiza
61
num dos mais largos períodos de paz c de harmonia que registra a história dos
confortaram e que decerto influíram em
tempos modernos.
vossa escolha.
Mas a Europa de
além-Elba, êssc rio fatídico onde tantas vezes tem esbarrado o curso da Civili
zação, continuava dominada pela barbá
mesmos. Não porque não pudésseis ter
o educar politicamente, mas que dela
encontrado vários dentre os vossos mes
já havia aurido os segredos das artes industriais c nté requintado os da arte da guerra.
tres de mais alto plano intelectual, de
Repetiu-se a rajada devastadora dos hunos.
"Les barbarcs qui en\'ahirent le monde [ordonné
par mes lois ignoraient Ia mesurc et riiarmonie...
Ils me chassèrent", — conta\ a a Deusa a Renan.
É do contraste dessas éj^mcas que
maior saber e de mais certos méritos.
Mas porque fôstes buscar um professor que nunca cortejou a popularidade, que nunca usou de artifício para agradar, que nunca sacrificou o ensino para an
gariar simpatias e que, ao contrário, tantas vêzes cumpriu o penoso dever de reprovar.
Acabo de ler no iiltimo livro apare cido nos Estados Unidos sobre a eco
nomia brasileira, intitulado "Brazil: An
nasce a incompreensão.
E.xpanding Economv" editado pela res
Confesso que por vezes me angustia a incapacidade de sequer compreender
tion", uma referência à nossa Faculdade
peitável "Twentieth Century Founda-
encontra o entusiasmo, de braços com o
certas manifestações artísticas ou filosó
em que se diz que ali parece prevalecer
desinteresse e o idealismo, o.s três gran des- alicerces de qualquer grande cons
ficas da nova ala revolucionária, que se
trução humana.
tasmagórica na literatura, pela deforma
o costume de nunca reprovar. Há um equívoco. Nenhum professor se compraz em re
O meu querido amigo Afonso Pena
Júnior, esse primoroso artista do pensa mento, escreveu, de uma feita, que "no
caracterizam por uma rqetafísica fan ção e o primitivismo na pintura e, às
vêzes, pelo "inexistencialismo" na moral. Foi por isso que, quando os deveres
advento de tòda nova geração, quando
de professor me fizeram entrar em con-
chega o momento delicado de se ren
tacto com a mocidade, não foi sem
derem as guardas, há sempre um movi
apreensão que eu abordei o seu con
mento de impaciência da geração nova
vívio, receoso de recíproca incompreen
contra a autoridade das que a prece
são.
de 1945, sob cuja vigência sois a primei
deram".
lativo formalismo dos velhos professores
culdade.
E permiti, sem que ísl'o se refira à pessoa do paraninfo, que eu diga que vossa escolha é muito honrosa para vós
rie, que esta não conseguira assimilar
da pela lei n.° 7.988, de 22 de setembro ra turma de bacharelandos a sair da Fa
nidade de sentimentos que muito me
E essa impaciência, esse e.stremecimento, se justificariam hoje, tanto mais quanto a minha geração nasceu e for
Não que eu me apegasse ao re
do meu tempo; fàcilmente habituei-me nas aulas à fumaça dos cigarros e à manga de camisa nos dias de calor. Mas receava os possíveis atritos de formações espirituais diferentes. Foi, porém, com agradável surpresa
provar. Só um sádico ou um desequili brado se poderia comprazer no reconhe cimento explícito do fracasso de sua pró pria missão, pois que outro não é o sentido da reprovação. Mas nenhum
professor cônscio de sua responsabilidade e cioso da parcela do patrimônio moral da Faculdade, que lhe é confiado, con sente em mentir, aprovando quem não o merece.
Mentir ao aluno, mentir à
.sociedade que nêle confiou, diplomando um médico, um engenheiro ou um eco
Talvez tenha também contribuído para
mou-se num dos mais felizes períodos
a escolha, como indica a oração do vosso
da história moderna, encerrado em 1914,
intérprete, a minha natural afinidade
enquanto a vossa brotou e se desenvol
com os moços, pela confiança que nêles
e crescente confiança que fui encontran
próprio. Em troca de que? De anga riar popularidade junto a alguns maus
deposito, como pelas esperanças que ali
veu sob o signo da guerra universal. Tiveram os da minha geração a ven
do hos alunos desta Faculdade uma com
elementos, esquecendo-se do desprêzo
mento na sua capacidade de construir o
tura de formar seu espírito e sua cultura
preensão, uma colaboração e uma afi-
que lhe votam os bons? É^evídentemen-
nomista que nada aprendeu, mentir aos professôres e aos alunos, mentir a si
Digesto EcoNÓNnco
63
,te absurdo, e o autor americano foi mal informado.
Nada preciso acrescentar, meus jovens amigos e colegas, para dizer-vos em que alta consÍderaç<ão eu tenho a honra com
maior dedicação à eficiência do ensino. Juriscon.su!to eminente, como tal creden ciado em todo o Brasil, sem ser um es pecialista em Economia, raros são os
economistas profissionais rpie poderão
que me distinguístes e para agradecer as palavras perpassadas de generosidade
invocar tão assinalados serviços íjuanto
e de amizade do vosso e.vcelente intér
é o paradigma de lôdus as demais no
prete, que tão galhardamente promete manter a tradição intelectual de Nuno
de Andrade, que eu muito conheci, de meu velho amigo Fernando Magalhães e de suas ilustres filhas.
os dèlc ao Cnsino desta Faculdade, que Brasil.
Nem poderia eu, nesta liora cm quepor ,tão grato motivo, recordamos a reorganização dos cursos econômicos no
deixar de mencionar o nome de Esta festa é realmente de grande gala Brasil, Gustavo Capanema, o Ministro da Edu para professores e alunos da Faculda cação que trouxe para a sua pasta aquela de Nacional de Ciências Econômicas, que melhor fôra chamar Faculdade Na- sólida cultura humanístíca clc que os
cional de Economia, "tout court", com ablaçao do pedantismo que se contém no titulo atual. Porque, pela
mineiros ainda guardam a melhor tra
dição, a par de uma alta compreensão do sentido orgânico e social do Ensino. Devemos à sua inteligência a
D'oi:sjo Econômico
03
sérios du uma nialciia árdua c complc.xa
sorte.
como a Economia c exercer concomitan-
coinentadores, vê-se que Marx passou anos ewadindo a insistência dos amigos
temento outras atividades.
Èssc re
gime precisa acabar c tenho esperanças de que a disponibilidade de um número suficiente de bolsas de estudo evitará
que estudantes dotados de \ocação e dc
doutrina. Foi com êsse espírito, de catar argumentos a favor de uma tese precon
tudantes, só nas férias, como nas uni versidades americanas. Faltou-vos assim
cebida, que Marx, premido pela insis-.
o tempo material para ler, não as sim
ples notas de aula ou os famosos "pon tos", mas uma \'asta c bem escolhida li
teratura sôbre Economia, cuja leitura, e subsequente comentário nos Seminá rios, nada pode substituir na formação de um economista.
O outro conselho é sobre a necessida
completo de Economia, na for ma da lei de 1945. O "curriculum" que vigorava até o adven
sino econômico e a seu patrio
brai-vos sempre da frase de Renan no
to desta lei, era um misto de Direito
gistrar e agradecer a colabora
de Contabilidade e de lições de coisas em que a Economia propriamente dita só entrava com duas disciplinas. Não havia sequer um estudo especial de formação de preços nem de distribuição da renda nacional. Os que se formaram por esse velho "curriculum", híbrido e
deficiente, não deverão sentir qualquer diminuição em cursar as cadeiras com-
plementares indispensáveis, recebendo o
certificado correspondente.
-<
tismo o esfôrço para resolvè-lo. também muito grato re
ção constante e q esclarecido apoio do Ministro Clemente Mariani, que ainda agora nos dá a honra de presidir esta sessão.
Permiti, por fim, meus caros amigos, que nesta hora de despedida eu vos dê
científico.
Agora o testamento. Quereis por certo saber qual a estaca zero. No render da guarda, tendes o direito, em nome da nova geração, de tomar contas à gera
ção cadente, do que ela fêz pelo Brasil.
prefácio da Vida de Jesus: "J'éeris pour proposer mes idées à ceux qiú cherchent
Tendes mesmo o dever de inquirir por que \'0s entregamos tão pobre legado num país de tantas possibilidades. Ten des o direito de saber porque as mal-
ia verlté...", ou desse belo conceito de
baratamos.
Charles Gide sôbre os economistas ri-
de indagar se o Brasil tem progredido na
cardianos: "L'índiférence superbe avec
laquelle les économistes de Tócole ricardienne clémontrent ce qu'ils croient être
trilha da produtividade e do padrão de vida ou caminhado para o tipo dos paí ses asiáticos, de grande população e
Ia véríté, sans se prénccuper des con-
maior miséria.
séquenees qu'on pourra en tirer pour
Como vos hei de eu responder? Com evasivas, buscando justificação na teo
Tendes sobretudo o direito
dois conselhos, doís apenas. Um é a instante recomendação para que conti nueis a estudar, tanto ou mais do que
teresses prostituam aquilo que vos pa
Brasil? Ou na teoria, tão recente quan
so realizado com o novo "curriculum", o
rece ser o espírito a que Gide aí- se
to sedutora, de Toynbee, com a fórmula "the greater the challenge, tlie greater the stimuius"? Ou procurando justifica
ate agora. Porque, apesar do progres
vosso curso, ou, antes, o ensino da Fa
mas, já curou o nosso grande Diretor,
culdade, ressente-se'de duas grandes de ficiências: a do tempo parcial dos pro fessores, esta fácil de sanar em poucos
canti, verdadeiro anjo dâ guarda desta Faculdade, em cujo íntegro caráter não
lôneia dos amigos, atirou-se a Ricardo, deturpando-o quando necessário, para compor os fundamentos econômicos de sua tese. Isso é a negação do espírito
édifier ou pour démolír, a vraiment une
Deste, como de muitos outros proble Professor Temístocles Brandão Caval
prudentemente, fizera, de formular uma base econômica científica para a sua
por falta de meios. Tnibulho para es
compreensão do problema do en
uma turma que fêz um curso
e companheiros, que lhe reclamavam o cumprimento da promessa que ele, im
inteligência fiquem impedidos de estudar
de de uma grande probidade espiritual no abordar estudos ou pesquisas. Lem
primeira vez forma-se no Brasil
Por essa no\a edição, dizem os
anos com a formação de bon.s assisten
poderiam os estudantes encontrar melhor
tes e instrutores e — esse o grave defei
modelo para sua formação moral, melhor amigo para ajudá-los a estudar, nem
to—o tempo parcial do aluno.
Não
é absolutamente possível fazer estudos
belle allure scientifique". Nunca deixeis que as paixões ou os in refere e o processo de catar argumentos em favor de uma tese preconcebida e
já impenetrável à dúvida. O Instituto Marx-Engels, de Moscou, acaba de pu blicar a correspondência completa de Marx e Engels, em substituição à antiga edição dos socialistas alemães," "ad usum delfini" e eivada de omissões de toda
ria do meio físico de Bucfcle, convenien
temente interpretada para o caso do
ção no confronto com os demais países de latitude tropical? Nada disso. Por doloroso que seja, prefiro ser sincero. Nunca pude con formar-me em olhar para baixo, quando se trata de meu país. Prefiro confessar,
Digesto EcoNÓNnco
63
,te absurdo, e o autor americano foi mal informado.
Nada preciso acrescentar, meus jovens amigos e colegas, para dizer-vos em que alta consÍderaç<ão eu tenho a honra com
maior dedicação à eficiência do ensino. Juriscon.su!to eminente, como tal creden ciado em todo o Brasil, sem ser um es pecialista em Economia, raros são os
economistas profissionais rpie poderão
que me distinguístes e para agradecer as palavras perpassadas de generosidade
invocar tão assinalados serviços íjuanto
e de amizade do vosso e.vcelente intér
é o paradigma de lôdus as demais no
prete, que tão galhardamente promete manter a tradição intelectual de Nuno
de Andrade, que eu muito conheci, de meu velho amigo Fernando Magalhães e de suas ilustres filhas.
os dèlc ao Cnsino desta Faculdade, que Brasil.
Nem poderia eu, nesta liora cm quepor ,tão grato motivo, recordamos a reorganização dos cursos econômicos no
deixar de mencionar o nome de Esta festa é realmente de grande gala Brasil, Gustavo Capanema, o Ministro da Edu para professores e alunos da Faculda cação que trouxe para a sua pasta aquela de Nacional de Ciências Econômicas, que melhor fôra chamar Faculdade Na- sólida cultura humanístíca clc que os
cional de Economia, "tout court", com ablaçao do pedantismo que se contém no titulo atual. Porque, pela
mineiros ainda guardam a melhor tra
dição, a par de uma alta compreensão do sentido orgânico e social do Ensino. Devemos à sua inteligência a
D'oi:sjo Econômico
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sérios du uma nialciia árdua c complc.xa
sorte.
como a Economia c exercer concomitan-
coinentadores, vê-se que Marx passou anos ewadindo a insistência dos amigos
temento outras atividades.
Èssc re
gime precisa acabar c tenho esperanças de que a disponibilidade de um número suficiente de bolsas de estudo evitará
que estudantes dotados de \ocação e dc
doutrina. Foi com êsse espírito, de catar argumentos a favor de uma tese precon
tudantes, só nas férias, como nas uni versidades americanas. Faltou-vos assim
cebida, que Marx, premido pela insis-.
o tempo material para ler, não as sim
ples notas de aula ou os famosos "pon tos", mas uma \'asta c bem escolhida li
teratura sôbre Economia, cuja leitura, e subsequente comentário nos Seminá rios, nada pode substituir na formação de um economista.
O outro conselho é sobre a necessida
completo de Economia, na for ma da lei de 1945. O "curriculum" que vigorava até o adven
sino econômico e a seu patrio
brai-vos sempre da frase de Renan no
to desta lei, era um misto de Direito
gistrar e agradecer a colabora
de Contabilidade e de lições de coisas em que a Economia propriamente dita só entrava com duas disciplinas. Não havia sequer um estudo especial de formação de preços nem de distribuição da renda nacional. Os que se formaram por esse velho "curriculum", híbrido e
deficiente, não deverão sentir qualquer diminuição em cursar as cadeiras com-
plementares indispensáveis, recebendo o
certificado correspondente.
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tismo o esfôrço para resolvè-lo. também muito grato re
ção constante e q esclarecido apoio do Ministro Clemente Mariani, que ainda agora nos dá a honra de presidir esta sessão.
Permiti, por fim, meus caros amigos, que nesta hora de despedida eu vos dê
científico.
Agora o testamento. Quereis por certo saber qual a estaca zero. No render da guarda, tendes o direito, em nome da nova geração, de tomar contas à gera
ção cadente, do que ela fêz pelo Brasil.
prefácio da Vida de Jesus: "J'éeris pour proposer mes idées à ceux qiú cherchent
Tendes mesmo o dever de inquirir por que \'0s entregamos tão pobre legado num país de tantas possibilidades. Ten des o direito de saber porque as mal-
ia verlté...", ou desse belo conceito de
baratamos.
Charles Gide sôbre os economistas ri-
de indagar se o Brasil tem progredido na
cardianos: "L'índiférence superbe avec
laquelle les économistes de Tócole ricardienne clémontrent ce qu'ils croient être
trilha da produtividade e do padrão de vida ou caminhado para o tipo dos paí ses asiáticos, de grande população e
Ia véríté, sans se prénccuper des con-
maior miséria.
séquenees qu'on pourra en tirer pour
Como vos hei de eu responder? Com evasivas, buscando justificação na teo
Tendes sobretudo o direito
dois conselhos, doís apenas. Um é a instante recomendação para que conti nueis a estudar, tanto ou mais do que
teresses prostituam aquilo que vos pa
Brasil? Ou na teoria, tão recente quan
so realizado com o novo "curriculum", o
rece ser o espírito a que Gide aí- se
to sedutora, de Toynbee, com a fórmula "the greater the challenge, tlie greater the stimuius"? Ou procurando justifica
ate agora. Porque, apesar do progres
vosso curso, ou, antes, o ensino da Fa
mas, já curou o nosso grande Diretor,
culdade, ressente-se'de duas grandes de ficiências: a do tempo parcial dos pro fessores, esta fácil de sanar em poucos
canti, verdadeiro anjo dâ guarda desta Faculdade, em cujo íntegro caráter não
lôneia dos amigos, atirou-se a Ricardo, deturpando-o quando necessário, para compor os fundamentos econômicos de sua tese. Isso é a negação do espírito
édifier ou pour démolír, a vraiment une
Deste, como de muitos outros proble Professor Temístocles Brandão Caval
prudentemente, fizera, de formular uma base econômica científica para a sua
por falta de meios. Tnibulho para es
compreensão do problema do en
uma turma que fêz um curso
e companheiros, que lhe reclamavam o cumprimento da promessa que ele, im
inteligência fiquem impedidos de estudar
de de uma grande probidade espiritual no abordar estudos ou pesquisas. Lem
primeira vez forma-se no Brasil
Por essa no\a edição, dizem os
anos com a formação de bon.s assisten
poderiam os estudantes encontrar melhor
tes e instrutores e — esse o grave defei
modelo para sua formação moral, melhor amigo para ajudá-los a estudar, nem
to—o tempo parcial do aluno.
Não
é absolutamente possível fazer estudos
belle allure scientifique". Nunca deixeis que as paixões ou os in refere e o processo de catar argumentos em favor de uma tese preconcebida e
já impenetrável à dúvida. O Instituto Marx-Engels, de Moscou, acaba de pu blicar a correspondência completa de Marx e Engels, em substituição à antiga edição dos socialistas alemães," "ad usum delfini" e eivada de omissões de toda
ria do meio físico de Bucfcle, convenien
temente interpretada para o caso do
ção no confronto com os demais países de latitude tropical? Nada disso. Por doloroso que seja, prefiro ser sincero. Nunca pude con formar-me em olhar para baixo, quando se trata de meu país. Prefiro confessar,
I
DrcESTO
com angusha dalma, que fracassamos fragorcsamente, assioalando-vos os erros praticados, para que isso ao menos sirva para evitar a reincidência.
Mas vou responder-vos com serenida
de. Quem julga pelo prisma das paixões políticas ou dos interêsses pessoais não guarda pela verdade o respeito a que ela tem direito, máxime num depoi mento.
"
Econômico
arranha-céus, especuladorc.s c cassinos. Para cada produto criou-se um instituto: pinho, mate, sal etc.
Para cada profis
são outro instituto: bancários, comerciá-
devemos restringir nosso depoimento^ a dl adura viveu, quase invariàvelraente
dos "os^-frpeS:? f
% f-'deutes da República h:Virm°Li! ■
''d<, ■nenoslegou-nos de 3 núlhões de contos. A ditadura 17 mühões.
Mas como sabeis, o mal da inflação
nao esta no fato de elevar os preçoj e
mesmo em menor escala.
de Janeiro!
Acresçam as leis traballüstas que dar
da vadiagem, companheiras in.scparáveis da inflação e do hiperemprêgo.
Só a inflação de arranha-céus no Rio de Janeiro absorveu muito mais dinhei
ro do que toda Volta Redonda. A proli
feração de bancos inidôncos custou até agora ao país, pela Caixa de Mobiliza ção Bancária, mais de 2.000 milhões de
cruzeiros, cujo resgate ficará para as calendas gregas. Caixas, Institutos e au tarquias haviam depositado, não raro
relativos, muito mais do que a alta do nível geral de preços, que desorganiza
da ameaça de escassez de gêneros para as cidade.s, especialmente para a capi tal, foram garantidos certos preços mí
E êsse foi o maior êrro da ditadura. Inflacionou as cidades e deflacionou os
tassem as mais justas esperanças de que a inflação stria definitivamente domi
Calculem agora qual não era a abun dância dos empregos e a gordura dos negócios, nesta gloriosa cidade do Rio
por vias escusas, mais de 1 bilhão de
a economia.
curso de Belo Horizonte, deu ao argu mento o rclÒNO indi.spcnsáscl, não para a critica de um regime já destronado, mas paru evitar danosas reincidências,
sim no de eleva-los desigual e defasa-
damente. É o desequilíbrio dos preços
65
rios, industriários, etc.
Comecemos pela ditadura, que há aos operários das cidades todos os quase _0 anos assenhoreou-se do poder, vam direitos, inclusive o da indisciplina e o
Ít pdblar"^ Do ponto de vista econômico, a que
Dicesto Econômico
cruzeiros em bancos insolváveis.
Para o campo, nada disso. Só diante
nimos.
Não é, pois, de admirar o êxodo sem
Fi
zeram-se as eleições.
nerar os domingos e feriados. Com um
vitorioso:
fácil popularidade, ter-se-ia facilmente mostrado que esse dispositivo já estava
"Nossa situação, depois do período de guerra externa que acabamos de
sendo cumprido, de vez que o ciUculo dü.s salários mínimos era feito multi
te à que teve de enfrentar o Covôrno
plicando por 30 as necessidades diárias
Campos Sales, depois do período de guerra civil por que i^assou a Repúbli ca em sua fase de formação. Quero
do trabalhador e dividindo o produto
assegurar ao país que não nos faltarão
patriotismo nem espírito de sacrifício pa
ra enfrentar as dificuldades que se nos antepõem." No primeiro ano de governo, 1946, ainda empunhando a arma do decretolei, deu o déficit recorde do orçamento
por 25.
Não quis, porém, a demagogia • de uns e a covardia de outros, que assim
fosse. Vós bem sabeis que a alta dos salários nominais não importa, senão por período muito curto, em alta de salá rios reais. Vós vos lembrais, decerto, da
proposição de Kejmes em sua teoria geral de que as "Trade-Unions" não têm
federal brasileiro: 2.600.000 contos. Não
o poder de elevar nem de diminuir
podia ter rendido à ditadura maior ho
os salários reais, pois conjuntamente se
menagem. Para atingir a êsse resulta do começou por suprimir a subscrição
eleva ou se rebaixa o custo de vida.
obrigatória de Obrigações de Guerra por
importância igual ao imposto de renda (cerca de 1.500.000 contos) _e acabou
gamento do imposto sôbre lucros ex
rior iam gradatívamente abandonando as
tados Unidos resultou do aumento da
produtividade agrícola e conseqüente dis ponibilidade dos fatores de produção,
traordinários.
mas o êxodo de simples abandono da
pouco de patriotismo e de sacrifício da
atravessar, ó de certa forma semelhan
precedentes dos campos para as cidades. Não aquele êxodo salutar, que nos Es
remuneravam-o custeio. Com exceção do
começou a ser posto em execução o dis
positivo constitucional que manda remu
Em sua platafor ma econômica, dizia o candidato, depois
campos. Garantiu as cidades, por de magogia, a aquisição de gêneros a preço barato, enquanto os produtores do inte
lavouras e o gado leiteiro, que j'á não
Não quiseram, porém, os fados, que assim acontecesse. Já em fins de 1948,
Chegou porém o dia da redenção. A nialsinada ditadura foi derrubada.
nada.
abrindo as portas para a evasão do pa Justo é dizer, porém, que em 1947 e
Acredito que muitos dos políticos não ignorassem êsse preceito elementar, mas como tão patriòticamente acentuava, há poucos dias, o primoroso jornalista Elmano Cardim, êles "valeni-se do direito
de legislar para usá-lo em proveito pró prio, distribuindo favores que lhes re vertem em votos; transigem com a cons
1948, a par de uma administração or
ciência em busca da popularidade; di
zem o que não sentem e arirmam o que sabem ser errado, tudo com o propósito de fazer da política uma profissão".
famoso crédito aos pecuaristas, que eno doou a ditadura e ainda agora joga o
produção. O que surpreende é que ain da tenha ficado alguém no interior do
çamentária muito mais cuidadosa, com
resto da lama sôbre o atual Governo, foi escasso o amparo ao produtor agrí
país.
mentos não incluem os déficits da Cen
Tal foi o mais grave êrro econômico da ditadura, que não tem sido devida mente focalizado. Apenas o eminente
tral do Brasil, do Lloyd Brasileiro e
Brigadeiro Eduardo Comes, em seu dis-
cionista de vultosa importação, permitiu
com mais de 3 bilhões de déficit pre
que ho 3.° trimestre de 1948 se alimen
visto.
cola, enquanto, nas cidades, Caixas, Ins
titutos e bancos que brotavam como co gumelos, deixavam jorrar o crédito para
saldos pelo menos aparentes (os orça outros), a Presidência do Banco do Bra
sil, com o auxílio providencial e defla-
Mas o Presidente da Republica, direis, poderia ter vetado, como poderia ter vetado o abono imoral e o orçamento
I
I
DrcESTO
com angusha dalma, que fracassamos fragorcsamente, assioalando-vos os erros praticados, para que isso ao menos sirva para evitar a reincidência.
Mas vou responder-vos com serenida
de. Quem julga pelo prisma das paixões políticas ou dos interêsses pessoais não guarda pela verdade o respeito a que ela tem direito, máxime num depoi mento.
"
Econômico
arranha-céus, especuladorc.s c cassinos. Para cada produto criou-se um instituto: pinho, mate, sal etc.
Para cada profis
são outro instituto: bancários, comerciá-
devemos restringir nosso depoimento^ a dl adura viveu, quase invariàvelraente
dos "os^-frpeS:? f
% f-'deutes da República h:Virm°Li! ■
''d<, ■nenoslegou-nos de 3 núlhões de contos. A ditadura 17 mühões.
Mas como sabeis, o mal da inflação
nao esta no fato de elevar os preçoj e
mesmo em menor escala.
de Janeiro!
Acresçam as leis traballüstas que dar
da vadiagem, companheiras in.scparáveis da inflação e do hiperemprêgo.
Só a inflação de arranha-céus no Rio de Janeiro absorveu muito mais dinhei
ro do que toda Volta Redonda. A proli
feração de bancos inidôncos custou até agora ao país, pela Caixa de Mobiliza ção Bancária, mais de 2.000 milhões de
cruzeiros, cujo resgate ficará para as calendas gregas. Caixas, Institutos e au tarquias haviam depositado, não raro
relativos, muito mais do que a alta do nível geral de preços, que desorganiza
da ameaça de escassez de gêneros para as cidade.s, especialmente para a capi tal, foram garantidos certos preços mí
E êsse foi o maior êrro da ditadura. Inflacionou as cidades e deflacionou os
tassem as mais justas esperanças de que a inflação stria definitivamente domi
Calculem agora qual não era a abun dância dos empregos e a gordura dos negócios, nesta gloriosa cidade do Rio
por vias escusas, mais de 1 bilhão de
a economia.
curso de Belo Horizonte, deu ao argu mento o rclÒNO indi.spcnsáscl, não para a critica de um regime já destronado, mas paru evitar danosas reincidências,
sim no de eleva-los desigual e defasa-
damente. É o desequilíbrio dos preços
65
rios, industriários, etc.
Comecemos pela ditadura, que há aos operários das cidades todos os quase _0 anos assenhoreou-se do poder, vam direitos, inclusive o da indisciplina e o
Ít pdblar"^ Do ponto de vista econômico, a que
Dicesto Econômico
cruzeiros em bancos insolváveis.
Para o campo, nada disso. Só diante
nimos.
Não é, pois, de admirar o êxodo sem
Fi
zeram-se as eleições.
nerar os domingos e feriados. Com um
vitorioso:
fácil popularidade, ter-se-ia facilmente mostrado que esse dispositivo já estava
"Nossa situação, depois do período de guerra externa que acabamos de
sendo cumprido, de vez que o ciUculo dü.s salários mínimos era feito multi
te à que teve de enfrentar o Covôrno
plicando por 30 as necessidades diárias
Campos Sales, depois do período de guerra civil por que i^assou a Repúbli ca em sua fase de formação. Quero
do trabalhador e dividindo o produto
assegurar ao país que não nos faltarão
patriotismo nem espírito de sacrifício pa
ra enfrentar as dificuldades que se nos antepõem." No primeiro ano de governo, 1946, ainda empunhando a arma do decretolei, deu o déficit recorde do orçamento
por 25.
Não quis, porém, a demagogia • de uns e a covardia de outros, que assim
fosse. Vós bem sabeis que a alta dos salários nominais não importa, senão por período muito curto, em alta de salá rios reais. Vós vos lembrais, decerto, da
proposição de Kejmes em sua teoria geral de que as "Trade-Unions" não têm
federal brasileiro: 2.600.000 contos. Não
o poder de elevar nem de diminuir
podia ter rendido à ditadura maior ho
os salários reais, pois conjuntamente se
menagem. Para atingir a êsse resulta do começou por suprimir a subscrição
eleva ou se rebaixa o custo de vida.
obrigatória de Obrigações de Guerra por
importância igual ao imposto de renda (cerca de 1.500.000 contos) _e acabou
gamento do imposto sôbre lucros ex
rior iam gradatívamente abandonando as
tados Unidos resultou do aumento da
produtividade agrícola e conseqüente dis ponibilidade dos fatores de produção,
traordinários.
mas o êxodo de simples abandono da
pouco de patriotismo e de sacrifício da
atravessar, ó de certa forma semelhan
precedentes dos campos para as cidades. Não aquele êxodo salutar, que nos Es
remuneravam-o custeio. Com exceção do
começou a ser posto em execução o dis
positivo constitucional que manda remu
Em sua platafor ma econômica, dizia o candidato, depois
campos. Garantiu as cidades, por de magogia, a aquisição de gêneros a preço barato, enquanto os produtores do inte
lavouras e o gado leiteiro, que j'á não
Não quiseram, porém, os fados, que assim acontecesse. Já em fins de 1948,
Chegou porém o dia da redenção. A nialsinada ditadura foi derrubada.
nada.
abrindo as portas para a evasão do pa Justo é dizer, porém, que em 1947 e
Acredito que muitos dos políticos não ignorassem êsse preceito elementar, mas como tão patriòticamente acentuava, há poucos dias, o primoroso jornalista Elmano Cardim, êles "valeni-se do direito
de legislar para usá-lo em proveito pró prio, distribuindo favores que lhes re vertem em votos; transigem com a cons
1948, a par de uma administração or
ciência em busca da popularidade; di
zem o que não sentem e arirmam o que sabem ser errado, tudo com o propósito de fazer da política uma profissão".
famoso crédito aos pecuaristas, que eno doou a ditadura e ainda agora joga o
produção. O que surpreende é que ain da tenha ficado alguém no interior do
çamentária muito mais cuidadosa, com
resto da lama sôbre o atual Governo, foi escasso o amparo ao produtor agrí
país.
mentos não incluem os déficits da Cen
Tal foi o mais grave êrro econômico da ditadura, que não tem sido devida mente focalizado. Apenas o eminente
tral do Brasil, do Lloyd Brasileiro e
Brigadeiro Eduardo Comes, em seu dis-
cionista de vultosa importação, permitiu
com mais de 3 bilhões de déficit pre
que ho 3.° trimestre de 1948 se alimen
visto.
cola, enquanto, nas cidades, Caixas, Ins
titutos e bancos que brotavam como co gumelos, deixavam jorrar o crédito para
saldos pelo menos aparentes (os orça outros), a Presidência do Banco do Bra
sil, com o auxílio providencial e defla-
Mas o Presidente da Republica, direis, poderia ter vetado, como poderia ter vetado o abono imoral e o orçamento
I
Dicesto Econónuco
66
67
Digesto Econômico
nclária. Assim caniinliamo.s para a plena
pública era muito superior ao que nos
ditadura no comércio exterior. São re
acabo de descrever.
Mas o Presidente parece ter horror ao veto. Talvez por aversão à Rússia,
tidade de fatôres de produção ou pela melhoria de sua qualidade ou pelo aper
que dêle tanto abusa. E o pagamento dos domingos e feria
feiçoamento técnico
produção, o que tudo exige muito
na Câmara os seguintes algarismos indi
dos, equivalente a 20% de aumento ge ral de salários por todo êsse Brasil afo
tempo ? Outra panaccia que parece ter ulti
cativos do contraste entre a c>orrenteza
ra, estendendo-se, por equidade c hie rarquia, dos diaristas aos mensalistas,
mamente grangeadü foros de cidade no palácio da Fazenda é a de que tôda
deu o sinal de reinicio da inflação. A êsse grave impulso inflacionista veio
mercadoria pronta para consumo faz jus
ao crédito pelo ecjuivalcnte de seu \'a-
superpor-se um déficit orçamentário de
lor.
dos métodos de
centes e do ilustre Relator cia Receita
da procura alimentada pela fartura in flacionista c a arlificialidaclc da taxa cambial: contra trôs milhões cie dólares
de pro\'isãü cambial para peças cie au-
Não preciso repetir-vos lições do
'tomo\el, 14 milliões cie pedidos; contra dois miliuães para márpunas clc roda
vistas complacentes do antigo Presiden te do Banco do Brasil, que ali fôra, en
vosso primeiro ano do curso, quando, ao estudar as "necessidades dos negócios", vistes a que sc reduz tal proposição. Sua equivalente seria a de dizer que tôda
dc um milhão para máquinas tipográfi cas, seis milhões de pedidos... Aí tendes, meus jovens colegas, em
tretanto, o campeão do combate à infla
edificação pronta para Iiabitação ou tô
rápido esbôço, o c]uadro econômico da
ção. So em outubro o Tesouro aumentou
da terra pronta para o amanho faz jus
estaca zero, donde ides partir. Para que nessas condições criar um
1949 não inferior a 2 milhões de contos, que se processa, dói-me dizô-lo, sob as
seu débito no Banco do Brasil em mais
ao crédito hipotecário pelo seu valor. Onde iríamos parar ?
de 700 milhões.
Estamos novamente no charco, e em
situação ridícula em comparação com tantos outros países que, mau grado
terem sofrido ocupação inimiga, já se redimiram da praga inflacionista.
Surgem então as mais esdrúxulas panacéias para a cura da inflação. A mais comum e ao mesmo tempo a mais trai çoeira, porque dispensa o esfôrço e
facilmente ilude os de boa fé, é a que aumento de meios de pagamen-
fl
Conselho Nacional de Economia ? Para
maior exemplo de sacrifício consciente
da popularidade àquilo que julgaram ser o bem do país, e que tão bem re lembrados foram o ano passado por oca sião do centenário de Murtinho.
I-Iá muitos outros.
A começar por
Prudente de Moraes, já que a crise é clc caráter, que no meio das maiores di ficuldades políticas que já se depararam a um presidente no Brasil, sempre tratou com desvelo o grave problema da ordem fiVianccira de seu tempo. Tivemos Nilo Pcçanha, sentinela de etema vigília à ordem financeira de seu Estado e da Re
pública. Tivemos Rodrigues Alves e Leopoldo Bulhões, que assinalam a fcsc clc nuiior progresso do Brasil, sem infla
Nem preciso dizer-vos que as altíssi mas taxas de juros em vigor, que impe dem a legítima cobertura de parte do
orçamento e vetar a onda demagógica ? Para que o Banco Central ? Para des
déficit orçamentário pela venda de apó
moralizá-lo de início, fazendo-o emitir
lices e obrigações do Tesouro, são as companheiras inseparáveis da inflação, porque isso foi ponto de prova escrita há
para o Govêrno e para os salários, que
David Campista, que tão alto teor de respeitabilidade e de inteligência man
no Brasil passaram a ser ditados por tri
teve no Ministério da Fazenda. Está aí
duas semanas apenas e porque tendes
bunais de juristas ? Bendita resistência da Comissão de Finanças, que permitiu
bem de memória
aguardar melhores dias para a organi
vivo c alerta o ilustre e.x-presidente Ar tur Bernardes, que com tanta energia e
os diagramas de Ir-
ving Fisher na sua "Theory of Interest".
recomenda, não a paralisação do
gem, 21 de podidos; contra pouco mais
Não preciso recorrer a Campos Sales que legaram o
e Joaquim Murtinho,
No campo da exportação os homens chamam para si a gló
dizer ao Govômo que deve equilibrar o
zação do Banco Central. A ignorância em matéria econômica é, como sabeis,
muito generalizada nos
ção nem desordem econótnica. Tivemos
decisão se defendeu da onda inflacionis
ta, que queria arrastar a primeira fase
do seu governo. Aí está também vín-o e alerta o eminente ex-presidente Wa shington Luís, que tão zelosamente man teve o equilíbrio orçamentário e a ordem financeira no seu govêrno. Aí está, por
to e sim, ao contrário, a expansão de débitos "para aumentar a
ria de Deus,
São Thomaz d'Aquino, o tempo
produção"!
pal não é essa; é a crise de caráter. E
não é dos homens, é de Deus, e
contra essa, direis, nada podem os eco nomistas. Temos de apelar'para os
fim, o eminente brasileiro José Maria
educadores.
Whitaker, que a ditadura enxotou do
Como se inflação já não fôsse sinônimo de pleno emprôgo dos fatores de produção, aqui como em tôda parte. A alta de salários, preços, taxas de juros
pois como dizia
foi o tempo meteorológico que fêz desaparecer os excedentes do café. De outro lado," instalou-se na Carteira de
Importação e Exportação uma barragem
etc., já é de si a indicação barométrica
da mais sólida alvenaria para conter a
de que a procura excede a oferta, isto é,
avalanche da importação, companheira
de que o pleno emprêgo foi atingido e
inseparável da inflação,
ultrapassado. Como aumentar a produção nessas
ainda mais por uma taxa cambial em tremenda disparidade com o minguado
condições, senão pelo aumento da quan-
poder aquisitivo interno da unidade ino-
impulsionada
círculos dirigentes. Mas a crise princi
Mas não concluo pelo desânimo e o
pessimismo. Não. E
vou dizer-vos
Ministério da Fazenda porque com inex-
cedivel patriotismo êle procurou salvá-la
porque.
da desordem financeira.
Porque, felizmente para o Brasil, não foi sempre assim. Digo mais, só excep cionalmente era assim. O padrão médio
Vêdes, pois, meus jovens amigos, que o problema do Brasil tem solução. Di reis que êle é predominantemente de
da ordem econômica e financeira da Re-
natureza política, sempre o mesmo e di-
Dicesto Econónuco
66
67
Digesto Econômico
nclária. Assim caniinliamo.s para a plena
pública era muito superior ao que nos
ditadura no comércio exterior. São re
acabo de descrever.
Mas o Presidente parece ter horror ao veto. Talvez por aversão à Rússia,
tidade de fatôres de produção ou pela melhoria de sua qualidade ou pelo aper
que dêle tanto abusa. E o pagamento dos domingos e feria
feiçoamento técnico
produção, o que tudo exige muito
na Câmara os seguintes algarismos indi
dos, equivalente a 20% de aumento ge ral de salários por todo êsse Brasil afo
tempo ? Outra panaccia que parece ter ulti
cativos do contraste entre a c>orrenteza
ra, estendendo-se, por equidade c hie rarquia, dos diaristas aos mensalistas,
mamente grangeadü foros de cidade no palácio da Fazenda é a de que tôda
deu o sinal de reinicio da inflação. A êsse grave impulso inflacionista veio
mercadoria pronta para consumo faz jus
ao crédito pelo ecjuivalcnte de seu \'a-
superpor-se um déficit orçamentário de
lor.
dos métodos de
centes e do ilustre Relator cia Receita
da procura alimentada pela fartura in flacionista c a arlificialidaclc da taxa cambial: contra trôs milhões cie dólares
de pro\'isãü cambial para peças cie au-
Não preciso repetir-vos lições do
'tomo\el, 14 milliões cie pedidos; contra dois miliuães para márpunas clc roda
vistas complacentes do antigo Presiden te do Banco do Brasil, que ali fôra, en
vosso primeiro ano do curso, quando, ao estudar as "necessidades dos negócios", vistes a que sc reduz tal proposição. Sua equivalente seria a de dizer que tôda
dc um milhão para máquinas tipográfi cas, seis milhões de pedidos... Aí tendes, meus jovens colegas, em
tretanto, o campeão do combate à infla
edificação pronta para Iiabitação ou tô
rápido esbôço, o c]uadro econômico da
ção. So em outubro o Tesouro aumentou
da terra pronta para o amanho faz jus
estaca zero, donde ides partir. Para que nessas condições criar um
1949 não inferior a 2 milhões de contos, que se processa, dói-me dizô-lo, sob as
seu débito no Banco do Brasil em mais
ao crédito hipotecário pelo seu valor. Onde iríamos parar ?
de 700 milhões.
Estamos novamente no charco, e em
situação ridícula em comparação com tantos outros países que, mau grado
terem sofrido ocupação inimiga, já se redimiram da praga inflacionista.
Surgem então as mais esdrúxulas panacéias para a cura da inflação. A mais comum e ao mesmo tempo a mais trai çoeira, porque dispensa o esfôrço e
facilmente ilude os de boa fé, é a que aumento de meios de pagamen-
fl
Conselho Nacional de Economia ? Para
maior exemplo de sacrifício consciente
da popularidade àquilo que julgaram ser o bem do país, e que tão bem re lembrados foram o ano passado por oca sião do centenário de Murtinho.
I-Iá muitos outros.
A começar por
Prudente de Moraes, já que a crise é clc caráter, que no meio das maiores di ficuldades políticas que já se depararam a um presidente no Brasil, sempre tratou com desvelo o grave problema da ordem fiVianccira de seu tempo. Tivemos Nilo Pcçanha, sentinela de etema vigília à ordem financeira de seu Estado e da Re
pública. Tivemos Rodrigues Alves e Leopoldo Bulhões, que assinalam a fcsc clc nuiior progresso do Brasil, sem infla
Nem preciso dizer-vos que as altíssi mas taxas de juros em vigor, que impe dem a legítima cobertura de parte do
orçamento e vetar a onda demagógica ? Para que o Banco Central ? Para des
déficit orçamentário pela venda de apó
moralizá-lo de início, fazendo-o emitir
lices e obrigações do Tesouro, são as companheiras inseparáveis da inflação, porque isso foi ponto de prova escrita há
para o Govêrno e para os salários, que
David Campista, que tão alto teor de respeitabilidade e de inteligência man
no Brasil passaram a ser ditados por tri
teve no Ministério da Fazenda. Está aí
duas semanas apenas e porque tendes
bunais de juristas ? Bendita resistência da Comissão de Finanças, que permitiu
bem de memória
aguardar melhores dias para a organi
vivo c alerta o ilustre e.x-presidente Ar tur Bernardes, que com tanta energia e
os diagramas de Ir-
ving Fisher na sua "Theory of Interest".
recomenda, não a paralisação do
gem, 21 de podidos; contra pouco mais
Não preciso recorrer a Campos Sales que legaram o
e Joaquim Murtinho,
No campo da exportação os homens chamam para si a gló
dizer ao Govômo que deve equilibrar o
zação do Banco Central. A ignorância em matéria econômica é, como sabeis,
muito generalizada nos
ção nem desordem econótnica. Tivemos
decisão se defendeu da onda inflacionis
ta, que queria arrastar a primeira fase
do seu governo. Aí está também vín-o e alerta o eminente ex-presidente Wa shington Luís, que tão zelosamente man teve o equilíbrio orçamentário e a ordem financeira no seu govêrno. Aí está, por
to e sim, ao contrário, a expansão de débitos "para aumentar a
ria de Deus,
São Thomaz d'Aquino, o tempo
produção"!
pal não é essa; é a crise de caráter. E
não é dos homens, é de Deus, e
contra essa, direis, nada podem os eco nomistas. Temos de apelar'para os
fim, o eminente brasileiro José Maria
educadores.
Whitaker, que a ditadura enxotou do
Como se inflação já não fôsse sinônimo de pleno emprôgo dos fatores de produção, aqui como em tôda parte. A alta de salários, preços, taxas de juros
pois como dizia
foi o tempo meteorológico que fêz desaparecer os excedentes do café. De outro lado," instalou-se na Carteira de
Importação e Exportação uma barragem
etc., já é de si a indicação barométrica
da mais sólida alvenaria para conter a
de que a procura excede a oferta, isto é,
avalanche da importação, companheira
de que o pleno emprêgo foi atingido e
inseparável da inflação,
ultrapassado. Como aumentar a produção nessas
ainda mais por uma taxa cambial em tremenda disparidade com o minguado
condições, senão pelo aumento da quan-
poder aquisitivo interno da unidade ino-
impulsionada
círculos dirigentes. Mas a crise princi
Mas não concluo pelo desânimo e o
pessimismo. Não. E
vou dizer-vos
Ministério da Fazenda porque com inex-
cedivel patriotismo êle procurou salvá-la
porque.
da desordem financeira.
Porque, felizmente para o Brasil, não foi sempre assim. Digo mais, só excep cionalmente era assim. O padrão médio
Vêdes, pois, meus jovens amigos, que o problema do Brasil tem solução. Di reis que êle é predominantemente de
da ordem econômica e financeira da Re-
natureza política, sempre o mesmo e di-
Dxcesto
68
fícil problema de levar as elites ao go verno da cidade e defendè-lo do assalto
dos demagogos e das mediocridades. E' verdade, mas não é menos verda
de que a colaboração dos economistas é indispensável a qualquer governo escla recido que o Brasil venba a ter. Se o
governo fôr surdo, fazei como Rui, ape lando da acefalia do governo para a so berania da nação,
e procurai formar
uma opinião pública esclarecida capaz de repelir os intrujões. Relegai ao silêncio os tímidos e os
prudentes, que por debilidade de alma
n
Econónuco
não têm coragem de le\'antar a voz. Não deis abrigo aos cínicos esclarecidos, que se conformam, por comodidade, em pre
Flagrantes e símbolos da América Daiuo de AlmÍíIda Magalhães
varicar com os demais.
Mesmo quando tenhais de enfrentar os poderoso.s da hora, sem esperança de
1."
Dos Estados Unidos, escreveu Dario de
próxima vitória, lembrai-vos que "c*est encorc bíen plus beau lorsquc c'est inu-
^ VAPOU dc\c chegar a Nova York às
tilo".
me para receber o clássico "shock" -americano, que produz o súbito encon
Porque a vossa causa, a" vossa felici
primeiras horas da noite. Preparo-
dade está indissolúvcimcnte ligada n
tro com a cidade imensa.
uma causa ainda maior, por que pulsam
me à apreensão que me domina, apanho
todos os nossos corações e nossas ener
o volume de Paul Bourget, e releio as
gias — a da felicidade do Brasil.
impres.sõcs que ele teve cm 1893. Qua
Para cvadir-
renta e cinco anos passados. Nessa época vertiginosa, parecem 200 anos. O autor de "Outre Mer" conta cosn indià-
farçável orgulho que vinha num "enor me bateaii" de três chaminés, 10 mil to
neladas c 500 milhas por dia. Era o
barco-revelação daquela época. Penso no "Normandic" c no "Queen Mary", que encontrarei no cais dentro em pou co, deslocando mais dc 70 mil toneladas,
cobrindo perto de mil millias, cm 24 horas. Quando o velocíssimo navio en costou,
Almeida Magalhães, para upi matutino carioca, longa e brilhante série dc arti gos, em que analisou asjyectos da vida norte-americana. Ampla repercussão al
cançaram ésses artigos e inúmeros crí
ticos aconselharam o articulista o enfeixà-los em volume. Volvidos mais de
dez anos, ósses ensaios, de percudente visão e apuro de linguagem^ não perde ram o sabor de atualidade.
Dada a
falta de espaço da nossa revista, somos obrigados a reeditar apenas^ três artigos e lastimamos não transcrever os demais,
dc não _ menor interesse. 'Entendemos não ser pequeno serviço êssc dc salvar,
pelo menos, do olvido, tão valiosos tra balhos, destinados, como estavam^, a es
maecer pelo tempo com a rínicaúnserção nas páginas efêmeras dos jornais.
Bourget sentiu a tontura das
Os arranha-céus que
raj o Crysler, com mais de 80 andares;
começavam : um tinha dez, outro doze
o Rockfeller Center, com 76, 28 mil ja nelas, 10 mil portas e 185 ascensores. A leitura das cifras no folheto que consulto
massas imensas.
andares, e dominavam, da ponta da ilha de Manhattan, a paisagem do Hudson. A intensidade de sua e.xpressão diante do espetáculo atinge o máximo de ênfase : "gigantesque,colossal,demesuré, effrené", Abandono
essas reminiscencias tão
por si só produz arrepios. As medidas fogem à concepção humana. Como se rá possível enfrentar essa massa desmesurada ? A sensação deve ser de ver
longínquas e incompreensíveis, história dc uma época que parece morta, c volto ao presente para encarar a cidade que,
tigem e esmagamento, e pode conduzir
do fundo distante do horizonte, marcha sobre nós. Imagino os arranha-céus de
lhor estar aqui por volta de 1.600 e en
hoje comparados aos casebres que Paul Bourget viu, quando a América começa
ao delírio. O espirito e a alma se po voam de apreensões.
Seria muito me
contrar aquela pequena ilha, que é hoje Nova York, quando ela não era nada, tanto que os índios a venderam a um
va a crescer para o céu. Desenho no ar
francês, esperto, por 24 dólares,'pagá-
o Empire Building, com os seus 102 an
veis em jóias de vidro.
dares, com mais de 400 metros de altu-
Mas, Nova York se aproxima, está.
Dxcesto
68
fícil problema de levar as elites ao go verno da cidade e defendè-lo do assalto
dos demagogos e das mediocridades. E' verdade, mas não é menos verda
de que a colaboração dos economistas é indispensável a qualquer governo escla recido que o Brasil venba a ter. Se o
governo fôr surdo, fazei como Rui, ape lando da acefalia do governo para a so berania da nação,
e procurai formar
uma opinião pública esclarecida capaz de repelir os intrujões. Relegai ao silêncio os tímidos e os
prudentes, que por debilidade de alma
n
Econónuco
não têm coragem de le\'antar a voz. Não deis abrigo aos cínicos esclarecidos, que se conformam, por comodidade, em pre
Flagrantes e símbolos da América Daiuo de AlmÍíIda Magalhães
varicar com os demais.
Mesmo quando tenhais de enfrentar os poderoso.s da hora, sem esperança de
1."
Dos Estados Unidos, escreveu Dario de
próxima vitória, lembrai-vos que "c*est encorc bíen plus beau lorsquc c'est inu-
^ VAPOU dc\c chegar a Nova York às
tilo".
me para receber o clássico "shock" -americano, que produz o súbito encon
Porque a vossa causa, a" vossa felici
primeiras horas da noite. Preparo-
dade está indissolúvcimcnte ligada n
tro com a cidade imensa.
uma causa ainda maior, por que pulsam
me à apreensão que me domina, apanho
todos os nossos corações e nossas ener
o volume de Paul Bourget, e releio as
gias — a da felicidade do Brasil.
impres.sõcs que ele teve cm 1893. Qua
Para cvadir-
renta e cinco anos passados. Nessa época vertiginosa, parecem 200 anos. O autor de "Outre Mer" conta cosn indià-
farçável orgulho que vinha num "enor me bateaii" de três chaminés, 10 mil to
neladas c 500 milhas por dia. Era o
barco-revelação daquela época. Penso no "Normandic" c no "Queen Mary", que encontrarei no cais dentro em pou co, deslocando mais dc 70 mil toneladas,
cobrindo perto de mil millias, cm 24 horas. Quando o velocíssimo navio en costou,
Almeida Magalhães, para upi matutino carioca, longa e brilhante série dc arti gos, em que analisou asjyectos da vida norte-americana. Ampla repercussão al
cançaram ésses artigos e inúmeros crí
ticos aconselharam o articulista o enfeixà-los em volume. Volvidos mais de
dez anos, ósses ensaios, de percudente visão e apuro de linguagem^ não perde ram o sabor de atualidade.
Dada a
falta de espaço da nossa revista, somos obrigados a reeditar apenas^ três artigos e lastimamos não transcrever os demais,
dc não _ menor interesse. 'Entendemos não ser pequeno serviço êssc dc salvar,
pelo menos, do olvido, tão valiosos tra balhos, destinados, como estavam^, a es
maecer pelo tempo com a rínicaúnserção nas páginas efêmeras dos jornais.
Bourget sentiu a tontura das
Os arranha-céus que
raj o Crysler, com mais de 80 andares;
começavam : um tinha dez, outro doze
o Rockfeller Center, com 76, 28 mil ja nelas, 10 mil portas e 185 ascensores. A leitura das cifras no folheto que consulto
massas imensas.
andares, e dominavam, da ponta da ilha de Manhattan, a paisagem do Hudson. A intensidade de sua e.xpressão diante do espetáculo atinge o máximo de ênfase : "gigantesque,colossal,demesuré, effrené", Abandono
essas reminiscencias tão
por si só produz arrepios. As medidas fogem à concepção humana. Como se rá possível enfrentar essa massa desmesurada ? A sensação deve ser de ver
longínquas e incompreensíveis, história dc uma época que parece morta, c volto ao presente para encarar a cidade que,
tigem e esmagamento, e pode conduzir
do fundo distante do horizonte, marcha sobre nós. Imagino os arranha-céus de
lhor estar aqui por volta de 1.600 e en
hoje comparados aos casebres que Paul Bourget viu, quando a América começa
ao delírio. O espirito e a alma se po voam de apreensões.
Seria muito me
contrar aquela pequena ilha, que é hoje Nova York, quando ela não era nada, tanto que os índios a venderam a um
va a crescer para o céu. Desenho no ar
francês, esperto, por 24 dólares,'pagá-
o Empire Building, com os seus 102 an
veis em jóias de vidro.
dares, com mais de 400 metros de altu-
Mas, Nova York se aproxima, está.
70
DICESTO
ECO^•Ó^£ICO
Dioiiisro Econômico
perto de nós e não se revela tão assus
na não é o movimento : c o silencio. A
tadora. O navio acaba de cruzar essa
multídíio marcha apressada, os milhares de automóveis cruzam, a ordem é per
respeitásel senhora que, sem fadigas, in siste em voltar para o mundo a luz da
feita c tudo se faz sem barulho. Revelo
liberdade; e caminha rapidamente so
a minha surpre.sa, c o americano que
táncia e trunscondénciu. (Que faz a pálida lua no meio dessa dança de lu
zes ? Para ver a pobrezinha esquecida será preciso fazer uma \'iagein.)
Graças ao Criador
23, nov. — Hoje, nos Estados Unidos, é o dia de agradecer a Deus os benefí
bre os arranha-céus. A bruma de inver
está a meu lado me explica que tudo é
Ràpidamentc, a gente sente que foi
no, que desceu sôbre a ilha, encobre e
fruto da campanha contra os ruídos que
disfarça os contornos agressivos das
o prefeito La Giiardia empreendeu. To
atirada numa máquina devoradora e impiedosa; ou no meio de milhares de máquinas que se engrenam. Mas, sem
moração da maior importância, tanto que, acjui, onde há muito poucos feria dos, repartições, comércio, fábricas não
demora, percebe-se que aquilo tudo se move com facilidade, sem choques, nem atritos. E' preciso apenas não querer
trabalham. Todos os americanos param as suas atividades para dar graças ao
contrariar seu giro natural, as suas ro
dos grandes diárias, resumidos, os mo tivos por que o povo deste país de\'e ele
massas.
A paisagem que me açode à
car buzina de automóvel sem estrita ne
imaginação é a mesma que vi quando
cessidade é infração grave,
nos afastávamos do Rio : os morros com
multas severas; c o transeunte que não
as suas pequenas casas iluminadas.
respeita os sinais do tráfego pode ser punido também com rigor. Graças a
O
conjunto quase ininterrupto das gigan tescas construções lembra o
bloco de Santa Teresa. O
nevoeiro baixo só deixa que
isso, pode-se
sujeita a
coração frenético da Broad
dormir no
tações incessantes. Urge integrar-se na quele ritmo, aparentemente hostil, mas
way, em
na verdade suave e fácil. Se o homem
Time.s Square,
se destaquem as luzes al
como numa tranqüila cida
tas. O panorama se toma
de do interior.
familiar, e vai perdendo aos t poucos o mistério assusta-
^ dor de que a nossa concep ção o envolvia.
O sub
consciente americano, que o cinema forma em todos nós, acaba por desfazer o resto dos- receios; e quando se desce à terra a sensação já é de domínio e de confiança.
Faço unia
idéia do que seria o in
ferno dessa cidade, com per to de um milhão do automó
veis, com uma população in
disciplinada e os "chauffeurs" apitando os "klaxons": os
se sente indi\'idualmente pequeno, in significante diante do cenário que o ro deia, resta-lhe, por outro lado, o orgu lho de ser uma unidade daquele inundo inatingível. E para ajudar a sua inte gração desdobra-se um conjunto de for ças espontâneas, que vuo anulando as prevenções e o retraimento iniciais: a
hospícios seriam tão grandes
incomparável gentileza do americano, a
como os arranha-céus.
sua requintada educação, o prazer de servir e ajudar, a ausência de preocu pações mesquinhas, incompatíveis com o
Os mais exigentes chegam
A Broadway vive o pleno delírio das luzes. A competi ção dos anúncios coloridos
sentimento do triunfo, azeitam e lubri-
mesmo a confessar-se de
enche o céu de reflexos im-
ficam a máquina que nos absorve im-
cepcionados. A primeira vista, o gigante, de perto,
pre\islos.
perceptivelinente. E só depois de nela
parece menor que de longe.
E' tamanha a vi
são do conjunto que não é possível destacar as unida
des. Só os grandes painéis, com os bo Broadway
necos que se movimentam e vivem, res saltam dentro daquela orgia, que ofus
gênio que concebeu e mantém em har
vamente pequeno, assegurando o máxi
mento noturno.
Os sete milhões, que
transmite, sem intermitências, o resumo
mo de rendimento ao esforço, num am
constróem durante o dia, se concentram
de tudo que está acontecendo no mun do. De outro lado, um grande quadro onde as figuras representam uma histó
biente sem nervosismo, sem atropelos, onde tudo tem o seu lugar e sua hora certa, obra de paciência, de tenacidade
tros, clubes noturnos. Â meia-noite é como se estivéssemos às 5 da tarde na
ria como num desenho animado. Senti
Rua do Ouvidor. Mas, o que impressio
blicidade é uma arte da maior impor-
mo-nos em plena América, onde a pu
as notas : os Estados Unidos contêm 6 %
da ilrea da Terra e 7% de sua popula ção; do total da safra mundial dos di versos produtos, consomem : 48% de
café, 5S% do açúcar, 72% da sèda, 36% do carvão, 42 % do ferro, 47% do cobre e 69% do pehóleo cru. Dos aparelhos de telefone e dos telégrafos do mundo os Estados Unidos- têm 60%; produzem 70% de óleo e gasolina do globo, 60 % do trigo e do algodão, 50% do cobre e do ferro. Possuem mais de §11.000.000.000 em ouro ou, mais ou menos, 50% do metal monetário do mun
lado, o jornal luminoso do "Times", que
à noite nos divertimentos dessa avenida
inundo os Estados Unidos. Reproduzo
do. O poder aquisitivo dos seus
Broadway, na plenitude de seu movi
interminável. Centenas de cinemas, tea
var as suas preces de agradecimento ao
Supremo Ser que nos dirige. E' imia síntese'orgulhosa do que representam no
nos integrarmos é que compreendemos o
monia e equilíbrio aquele imenso aglo merado, reunido num meio comparati
ca os olhos como a escuridão.
Criador. Encontro no editorial de uni
engenho que foi posto para tomar ali a vida mais fácil, suave e confortável; o
De um
Trinta minutos depois, o mergulho na
cios e favores recebidos. E' uma come
130.000.000 de habitantes é maior do
que o de 500.000.000 de europeus e do que o de 1.000.000.000 de asiáti cos. Possuem 30 milhões de automóveis.
Depois de e.xibir essas cifras, que di zem respeito á felicidade material do povo americano, o jornal encarava o as pecto político e espiritual. E dizia ;
"somos felizes porque temos um sistema
e de contrôle, e que nos permite en
de governo que permite ao povo dirigir
contrar a ordem e o sistema onde se
os seus próprios destinos; não temos du
pensa deparar o pandemônio e o desa
ques, condes ou reis neste pais; temo.s um presidente que elegemos e que não
tino.
70
DICESTO
ECO^•Ó^£ICO
Dioiiisro Econômico
perto de nós e não se revela tão assus
na não é o movimento : c o silencio. A
tadora. O navio acaba de cruzar essa
multídíio marcha apressada, os milhares de automóveis cruzam, a ordem é per
respeitásel senhora que, sem fadigas, in siste em voltar para o mundo a luz da
feita c tudo se faz sem barulho. Revelo
liberdade; e caminha rapidamente so
a minha surpre.sa, c o americano que
táncia e trunscondénciu. (Que faz a pálida lua no meio dessa dança de lu
zes ? Para ver a pobrezinha esquecida será preciso fazer uma \'iagein.)
Graças ao Criador
23, nov. — Hoje, nos Estados Unidos, é o dia de agradecer a Deus os benefí
bre os arranha-céus. A bruma de inver
está a meu lado me explica que tudo é
Ràpidamentc, a gente sente que foi
no, que desceu sôbre a ilha, encobre e
fruto da campanha contra os ruídos que
disfarça os contornos agressivos das
o prefeito La Giiardia empreendeu. To
atirada numa máquina devoradora e impiedosa; ou no meio de milhares de máquinas que se engrenam. Mas, sem
moração da maior importância, tanto que, acjui, onde há muito poucos feria dos, repartições, comércio, fábricas não
demora, percebe-se que aquilo tudo se move com facilidade, sem choques, nem atritos. E' preciso apenas não querer
trabalham. Todos os americanos param as suas atividades para dar graças ao
contrariar seu giro natural, as suas ro
dos grandes diárias, resumidos, os mo tivos por que o povo deste país de\'e ele
massas.
A paisagem que me açode à
car buzina de automóvel sem estrita ne
imaginação é a mesma que vi quando
cessidade é infração grave,
nos afastávamos do Rio : os morros com
multas severas; c o transeunte que não
as suas pequenas casas iluminadas.
respeita os sinais do tráfego pode ser punido também com rigor. Graças a
O
conjunto quase ininterrupto das gigan tescas construções lembra o
bloco de Santa Teresa. O
nevoeiro baixo só deixa que
isso, pode-se
sujeita a
coração frenético da Broad
dormir no
tações incessantes. Urge integrar-se na quele ritmo, aparentemente hostil, mas
way, em
na verdade suave e fácil. Se o homem
Time.s Square,
se destaquem as luzes al
como numa tranqüila cida
tas. O panorama se toma
de do interior.
familiar, e vai perdendo aos t poucos o mistério assusta-
^ dor de que a nossa concep ção o envolvia.
O sub
consciente americano, que o cinema forma em todos nós, acaba por desfazer o resto dos- receios; e quando se desce à terra a sensação já é de domínio e de confiança.
Faço unia
idéia do que seria o in
ferno dessa cidade, com per to de um milhão do automó
veis, com uma população in
disciplinada e os "chauffeurs" apitando os "klaxons": os
se sente indi\'idualmente pequeno, in significante diante do cenário que o ro deia, resta-lhe, por outro lado, o orgu lho de ser uma unidade daquele inundo inatingível. E para ajudar a sua inte gração desdobra-se um conjunto de for ças espontâneas, que vuo anulando as prevenções e o retraimento iniciais: a
hospícios seriam tão grandes
incomparável gentileza do americano, a
como os arranha-céus.
sua requintada educação, o prazer de servir e ajudar, a ausência de preocu pações mesquinhas, incompatíveis com o
Os mais exigentes chegam
A Broadway vive o pleno delírio das luzes. A competi ção dos anúncios coloridos
sentimento do triunfo, azeitam e lubri-
mesmo a confessar-se de
enche o céu de reflexos im-
ficam a máquina que nos absorve im-
cepcionados. A primeira vista, o gigante, de perto,
pre\islos.
perceptivelinente. E só depois de nela
parece menor que de longe.
E' tamanha a vi
são do conjunto que não é possível destacar as unida
des. Só os grandes painéis, com os bo Broadway
necos que se movimentam e vivem, res saltam dentro daquela orgia, que ofus
gênio que concebeu e mantém em har
vamente pequeno, assegurando o máxi
mento noturno.
Os sete milhões, que
transmite, sem intermitências, o resumo
mo de rendimento ao esforço, num am
constróem durante o dia, se concentram
de tudo que está acontecendo no mun do. De outro lado, um grande quadro onde as figuras representam uma histó
biente sem nervosismo, sem atropelos, onde tudo tem o seu lugar e sua hora certa, obra de paciência, de tenacidade
tros, clubes noturnos. Â meia-noite é como se estivéssemos às 5 da tarde na
ria como num desenho animado. Senti
Rua do Ouvidor. Mas, o que impressio
blicidade é uma arte da maior impor-
mo-nos em plena América, onde a pu
as notas : os Estados Unidos contêm 6 %
da ilrea da Terra e 7% de sua popula ção; do total da safra mundial dos di versos produtos, consomem : 48% de
café, 5S% do açúcar, 72% da sèda, 36% do carvão, 42 % do ferro, 47% do cobre e 69% do pehóleo cru. Dos aparelhos de telefone e dos telégrafos do mundo os Estados Unidos- têm 60%; produzem 70% de óleo e gasolina do globo, 60 % do trigo e do algodão, 50% do cobre e do ferro. Possuem mais de §11.000.000.000 em ouro ou, mais ou menos, 50% do metal monetário do mun
lado, o jornal luminoso do "Times", que
à noite nos divertimentos dessa avenida
inundo os Estados Unidos. Reproduzo
do. O poder aquisitivo dos seus
Broadway, na plenitude de seu movi
interminável. Centenas de cinemas, tea
var as suas preces de agradecimento ao
Supremo Ser que nos dirige. E' imia síntese'orgulhosa do que representam no
nos integrarmos é que compreendemos o
monia e equilíbrio aquele imenso aglo merado, reunido num meio comparati
ca os olhos como a escuridão.
Criador. Encontro no editorial de uni
engenho que foi posto para tomar ali a vida mais fácil, suave e confortável; o
De um
Trinta minutos depois, o mergulho na
cios e favores recebidos. E' uma come
130.000.000 de habitantes é maior do
que o de 500.000.000 de europeus e do que o de 1.000.000.000 de asiáti cos. Possuem 30 milhões de automóveis.
Depois de e.xibir essas cifras, que di zem respeito á felicidade material do povo americano, o jornal encarava o as pecto político e espiritual. E dizia ;
"somos felizes porque temos um sistema
e de contrôle, e que nos permite en
de governo que permite ao povo dirigir
contrar a ordem e o sistema onde se
os seus próprios destinos; não temos du
pensa deparar o pandemônio e o desa
ques, condes ou reis neste pais; temo.s um presidente que elegemos e que não
tino.
Dicesto Ecí)nóxuco
72
reelegeremos se não cumprir bem a sua
tensões, expressão do simplicidade e
missão; vivemos em.paz e temos liber
modéstia nas sua.s singelas linhas ar
dade para emitir tôdas as opiniões". Acabo de ler e pergunto: quantos paí
quitetônicas, exteriormente, no máximo metade do nosso palácio Guanabara,
ses terão as mesmas razões dos Estados
mora o Chefe do Governo da mais po
Unidos para comemorar,
derosa nação do mundo. As suas pala-
de maneira
tão solene, o "Thanksgiving Day"?
%Tas e os seus gestos, como os de ne nhum outro homem, influem hoje no
Clima americano
destino e na sorte dos po\'Os da terra,
24, nov. — O presidente Roosevelt, de sua mesa de jantar de Warm-Springs, onde está fazendo um dos-seus tratamen tos periódicos de banhos, comendo
dcsprevenido pensaria estar defronte da
com os pequenos que, como ele,.sofrem
moradia de um dos muitos homens ricos
de paralisia infantil, dirige ao povo americano
a
saudação
oficial
do'
Thanksgiving Day". Depois de pro nunciar algumas palavras, lô um telegra ma do ator de cinema Eddie Cantor a quem chama "meu velho amigo", e no qual o afamado cômico dizia textual mente o seguinte: "Sou um homem
muito fehz porque vivo num país onde todos os seus dirigentes estão sentados
à mesa, no dia de hoje, para partir, não um mapa, mas um pcrú". Fez um ex
hjada, entretanto, externamente demons
tra a importância dessa residência tão singular e tão comum. O transeunte
de Wasliington, que, fiel ao estilo da cidade, construísse naquela mansao dis creta o seu lar burguês. Nada existe na Casa Branca destinado a lembrar que dentro dela mora um soberano, um go
vernante' de uma nação tão rica e tão
influente. Os portões estão sempre aber tos, e, de dia e de noite, qualquer do ppvo pode penetrar no jardim, de au tomóvel ou a pé, parar diante da porta principal e tocar a campainha. Não se vêem soldados, guardas uniformizados,
traordinário sucesso o rápido "speech" do presidente por causa do telegrama de Eddie Cantor. Nesse pequeno episódio
sentinelas de earabinas. Um" porteiro,
não se revelam toda a simplicidade de mocrática e todo o espírito igualitário
maiores dificuldades.
do americano ? O presidente da Repú blica faz um discurso em tôrno das pa lavras de um cômico de cinema, a quem chama de "velho amigo". E' que o ponto de vista do ator cinematográfico, como cidadão, vale tanto e é tão res
apenas, para atender os visitantes, que
podem transpor os umbrais da casa sem Governo de por
tas abertas. Entre o povo e a casa do Chefe de Estado deve manter-se um
contato permanente atraVés de corren
tes de ar puro, que conservam esse cli ma político único, no qual se pode res pirar a plenos pulmões. Desgraçado do presidente que aqui tentasse" isolar-se,
Dicesto EcoNÓKnco
a sua grandeza c constrói seu poderio c
nar-se
sua fôrça.
igual a um desses que enchem o inundo de ruídos e ameaças, de manha, quan do acordar c debruçar-se sobre,a paisa gem simples que foi posta diante da
Da sacada de sua sala de despacho, o Clicfc do Executivo divi>a um qua
dro que se diria pôsto ali propositada mente para dar-liie todos o.s dias a sen sação dos limites do seu poder, dentro d(j sistema a que deve obe diência. De um lado, o ma
tão hábeis, dentro
dente, cuja ação está permanentemente sob o seu "conlròle" c o seu livre jul
gamento. Na sua imponência c sua grandeza, aquele palácio põe diante dos olhos do supremo mandatário a imagem
da própria opinião pública, investida, naquela democracia, no papel de juiz supremo c de fiscal soberano dos seus atos c da sua conduta.
Do outro lado,
trabalha e discute; o po\'0, que repre
Naquele solar baixo, branco, sem pre
senta, realmente, a nação americana, faz
excessos, sem oprimir os homens^ pôde o povo americano vi\er mais de 150
anos, fiel aos seus fundadores, o 'consti-
tiúr-se numa nação poderosa e respei tada como nenhuma outra. Suai orga nização já tem por si o prestigio das coi sas eternas; e no sou subconsciente o
povo dos Estados Unidos considera in-
violá\'el esse regime de pesos é contra pesos, que Franklin Delano Ropsevell
branco, mas modesta na severidade de seu corte romano, a Suprema Côrte. Ali, nove homens apenas — de cuja integri dade e de cuja pureza jamais se duvi dou — velam pela lei. São os deposi tários de uma confiança ilimitada. A
chama, no pitoresco habitual da siia lin guagem, de governo de "parelha três cavalos" e no qual a opinião pública americana vê a garantia do equilíbrio da sua política e das liberdades que:ThÍers considerava "cardiais", e sem as' quais aquela gente não compreende a própria
sua presença lembra ao presidente que êle pode tudo, mas nada pode contra a
vida.
1
Lei 6 a Constituição, que os "pais da na
ção americana" elaboraram. Nessa, nin guém ousará tocar. Cairá fulminado pe la decisão condenatória
o
presidente
que exorbitar dos seus poderes, e trans gredir um dos textos da carta que o Congresso de Filadélfia legou aos ame lítica. E só aqueles nove apóstolos têm
nio que llie vem da rua, onde o povo
qual,
tôda guarnecida do um puro mármore
se-ia o vácuo, e o seu poder acabaria
pssA intimidade da casa do presidente
bre os projetos urdidos durante -o pesa delo da \éspera. No Seu es pírito ressurgirão o respeito e
sem violar liberdades,! sem
dela gênero Kremlin; em tôrno dôle far-
^ com a rua é simbólica do regime.
sua casa, corlamonte meditará mais so
leis e tomar contas ao presi
légios, nem aristocracias.
êle só se alimenta de seiva e de oxigê
moderno,
tema de linhas tão , claras e
ricanos como a sua sagrada bíblia po
pois que
Cé.sar
a reverência por aquele sis
techando-se numa tôrre ou numa cida
extinguindo-se por inanição,
um
jestoso Capitólio, onde se revinem os rcpre.sentanles dire tos do po\'o para elaborar as
peitável como o do chefe supremo do país. América livre e igual, sem privi 0. o
também
o privilégio dessa hermenêutica delica díssima.
Se o presidente americano teve um sonho mau de noite, e a sua alma se
agita e se atormenta de ambição de tor
Dessa quieta e doce capital america
na, onde não há eleições, onde pão há ruídos, onde não existem indústrias, so
bre cujo centro cívico não podem voar os aviões, para não perturbarem, a paz dos que governam, onde não há vida
noturna; dessa poética Washington — uma ilha de tranqüilidade e isolamento
dentro da febril agitação, das' disputas, das rixas e da sede de conquista de que são teatro os outros pontos deste país —
Dicesto Ecí)nóxuco
72
reelegeremos se não cumprir bem a sua
tensões, expressão do simplicidade e
missão; vivemos em.paz e temos liber
modéstia nas sua.s singelas linhas ar
dade para emitir tôdas as opiniões". Acabo de ler e pergunto: quantos paí
quitetônicas, exteriormente, no máximo metade do nosso palácio Guanabara,
ses terão as mesmas razões dos Estados
mora o Chefe do Governo da mais po
Unidos para comemorar,
derosa nação do mundo. As suas pala-
de maneira
tão solene, o "Thanksgiving Day"?
%Tas e os seus gestos, como os de ne nhum outro homem, influem hoje no
Clima americano
destino e na sorte dos po\'Os da terra,
24, nov. — O presidente Roosevelt, de sua mesa de jantar de Warm-Springs, onde está fazendo um dos-seus tratamen tos periódicos de banhos, comendo
dcsprevenido pensaria estar defronte da
com os pequenos que, como ele,.sofrem
moradia de um dos muitos homens ricos
de paralisia infantil, dirige ao povo americano
a
saudação
oficial
do'
Thanksgiving Day". Depois de pro nunciar algumas palavras, lô um telegra ma do ator de cinema Eddie Cantor a quem chama "meu velho amigo", e no qual o afamado cômico dizia textual mente o seguinte: "Sou um homem
muito fehz porque vivo num país onde todos os seus dirigentes estão sentados
à mesa, no dia de hoje, para partir, não um mapa, mas um pcrú". Fez um ex
hjada, entretanto, externamente demons
tra a importância dessa residência tão singular e tão comum. O transeunte
de Wasliington, que, fiel ao estilo da cidade, construísse naquela mansao dis creta o seu lar burguês. Nada existe na Casa Branca destinado a lembrar que dentro dela mora um soberano, um go
vernante' de uma nação tão rica e tão
influente. Os portões estão sempre aber tos, e, de dia e de noite, qualquer do ppvo pode penetrar no jardim, de au tomóvel ou a pé, parar diante da porta principal e tocar a campainha. Não se vêem soldados, guardas uniformizados,
traordinário sucesso o rápido "speech" do presidente por causa do telegrama de Eddie Cantor. Nesse pequeno episódio
sentinelas de earabinas. Um" porteiro,
não se revelam toda a simplicidade de mocrática e todo o espírito igualitário
maiores dificuldades.
do americano ? O presidente da Repú blica faz um discurso em tôrno das pa lavras de um cômico de cinema, a quem chama de "velho amigo". E' que o ponto de vista do ator cinematográfico, como cidadão, vale tanto e é tão res
apenas, para atender os visitantes, que
podem transpor os umbrais da casa sem Governo de por
tas abertas. Entre o povo e a casa do Chefe de Estado deve manter-se um
contato permanente atraVés de corren
tes de ar puro, que conservam esse cli ma político único, no qual se pode res pirar a plenos pulmões. Desgraçado do presidente que aqui tentasse" isolar-se,
Dicesto EcoNÓKnco
a sua grandeza c constrói seu poderio c
nar-se
sua fôrça.
igual a um desses que enchem o inundo de ruídos e ameaças, de manha, quan do acordar c debruçar-se sobre,a paisa gem simples que foi posta diante da
Da sacada de sua sala de despacho, o Clicfc do Executivo divi>a um qua
dro que se diria pôsto ali propositada mente para dar-liie todos o.s dias a sen sação dos limites do seu poder, dentro d(j sistema a que deve obe diência. De um lado, o ma
tão hábeis, dentro
dente, cuja ação está permanentemente sob o seu "conlròle" c o seu livre jul
gamento. Na sua imponência c sua grandeza, aquele palácio põe diante dos olhos do supremo mandatário a imagem
da própria opinião pública, investida, naquela democracia, no papel de juiz supremo c de fiscal soberano dos seus atos c da sua conduta.
Do outro lado,
trabalha e discute; o po\'0, que repre
Naquele solar baixo, branco, sem pre
senta, realmente, a nação americana, faz
excessos, sem oprimir os homens^ pôde o povo americano vi\er mais de 150
anos, fiel aos seus fundadores, o 'consti-
tiúr-se numa nação poderosa e respei tada como nenhuma outra. Suai orga nização já tem por si o prestigio das coi sas eternas; e no sou subconsciente o
povo dos Estados Unidos considera in-
violá\'el esse regime de pesos é contra pesos, que Franklin Delano Ropsevell
branco, mas modesta na severidade de seu corte romano, a Suprema Côrte. Ali, nove homens apenas — de cuja integri dade e de cuja pureza jamais se duvi dou — velam pela lei. São os deposi tários de uma confiança ilimitada. A
chama, no pitoresco habitual da siia lin guagem, de governo de "parelha três cavalos" e no qual a opinião pública americana vê a garantia do equilíbrio da sua política e das liberdades que:ThÍers considerava "cardiais", e sem as' quais aquela gente não compreende a própria
sua presença lembra ao presidente que êle pode tudo, mas nada pode contra a
vida.
1
Lei 6 a Constituição, que os "pais da na
ção americana" elaboraram. Nessa, nin guém ousará tocar. Cairá fulminado pe la decisão condenatória
o
presidente
que exorbitar dos seus poderes, e trans gredir um dos textos da carta que o Congresso de Filadélfia legou aos ame lítica. E só aqueles nove apóstolos têm
nio que llie vem da rua, onde o povo
qual,
tôda guarnecida do um puro mármore
se-ia o vácuo, e o seu poder acabaria
pssA intimidade da casa do presidente
bre os projetos urdidos durante -o pesa delo da \éspera. No Seu es pírito ressurgirão o respeito e
sem violar liberdades,! sem
dela gênero Kremlin; em tôrno dôle far-
^ com a rua é simbólica do regime.
sua casa, corlamonte meditará mais so
leis e tomar contas ao presi
légios, nem aristocracias.
êle só se alimenta de seiva e de oxigê
moderno,
tema de linhas tão , claras e
ricanos como a sua sagrada bíblia po
pois que
Cé.sar
a reverência por aquele sis
techando-se numa tôrre ou numa cida
extinguindo-se por inanição,
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jestoso Capitólio, onde se revinem os rcpre.sentanles dire tos do po\'o para elaborar as
peitável como o do chefe supremo do país. América livre e igual, sem privi 0. o
também
o privilégio dessa hermenêutica delica díssima.
Se o presidente americano teve um sonho mau de noite, e a sua alma se
agita e se atormenta de ambição de tor
Dessa quieta e doce capital america
na, onde não há eleições, onde pão há ruídos, onde não existem indústrias, so
bre cujo centro cívico não podem voar os aviões, para não perturbarem, a paz dos que governam, onde não há vida
noturna; dessa poética Washington — uma ilha de tranqüilidade e isolamento
dentro da febril agitação, das' disputas, das rixas e da sede de conquista de que são teatro os outros pontos deste país —
74
Digesto
sob a doçura dos seus parques incomparáveis, vendo o Potomac descer pre guiçosamente, à procura da casa de on
de Washington partiu para a guerra, pode-se nessa hora olhar o mundo com
mais serenidade e compreensão.
O espírito se volta primeiro para aque
la extraordinária equipe de homens pú blicos, para aqueles construtores que
EcoNÓ>aco
formação política, c, fiéi.s à memória dos fundadores da nação, buscam achá-la
dentro do seu próprio mecanismo, ten dendo apenas a adaptá-lo às contingên cias e às imposições do momento, sem renunciar ao que ôle tom de e.ssencial,
de profundo, de permanente.
poucos países terão reunido iguais e em
tal número numa, mesma época, e que
são realmente os "pais" dos Estados
Unidos. Á sua sabedoria política, .às suas virtudes, ao seu espírito cívico, ao seu percuciente senso das realidades se
deve a criação de um sistema original, que pôde preservar, vencendo tôdas as tremendas crises internas, a unidade de
^ país, sob todos os pontos de vista heterogêneo, manter a liberdade dos ci dadãos e permitir o extraordinário sur to com que a América haveria de sur preender o mundo.
Washington, Hamilton, Madison Tef-
ferson, Joyce, Franklin, Monroe formam
entre os maiores políticos e condutores de povos que a humanidade tem conhe
cido, e são dignos da veneração de que
são envolvidas as suas memórias, como o é ainda, por outros motivos, a de Lin-
coln, que não pertence àquela geração de pró-homens, mas nada lhes deve na estatura. Êsses criadores engendraram um sistema de governo tão dúctil e tão
balanceado que a sua virtude se exprime pela sua própria sobrevivência, através das mais sérias dificuldades e dos mais
profundos abalos. E ainda agora, quan do se vê daqui o mundo inquieto e in satisfeito à procura da solução para os seus problemas eternos, e se pensa en contrá-la nos super-homens dos gover nos absolutos, é consolador verificar-se que os americanos não consentem em
abrir mão das suas tradições e da .sua
.■Jt.
Há cinco anos que es.sa tradição polí tica americana, que compõe a persona lidade desse povo, tanto quanto o seu puritanismo, se afirma cm conflito per manente com a política do presidente
Hoosevelt. Quando este assumiu o go verno, em condições quase trágicas, fo-
ram-lhe feitas concessões do podcres excepcionais, como se a nação estivesse
invadida por um inimigo externo. Nas faculdades que se outorgaram ao Chefe
DrcEsTo
ção do seu regime, que não precisava ser sacrificado na sua substância para vencer a cri.se presente, pois que com o mesmo regime e o mesmo sistema,
em outras épocas, o go\èrno e o po
vo americanos já hax iam dominado ou tras crises e transposto dificuldades igualmente .sérias c graves. E' êsse ape go às suas próprias tradições e ao seu passado cpic explica, a quem se encontra em Wasliinglon, nesse momento, a ra zão pí^r que um povo tão jovem se man
tém fiel ao seu próprio destino e à sua vocação, e consegue, numa hora e num mundo tão pcrturbado.s, manter as suas conquistas fundamentais c buscar solu ção para os seus problemas, .sem que renuncie aos privilégios que conquistou com tantos sacrifícios e tão duras peleja.s.
do Estado, as instituições deram o má ximo da sua elasHcidade e da .sua ca
73
Eco^'6^aco
nonusTo e sombrio Hoover não te tormenta.
prática do regime.
Desde, entretanto, que, sem atentar embora contra as liberdades políticas, as ^penôncias e as iniciativas do "New
pre de cara fechada; a sua severidade
Roosevelt reiterou a sua fidelidade e o seu respeito aos ideais democráticos. Ha
via uma linha inviolável para o seu po der e para o alcance dos .seus movimen
tos, e êle tentou transpô-la. "On ne pas se pas", sentenciaram os juizes da Su prema Côrte, em nome do espírito e das tradições da organização americana de governo. E essa resistência exprimiu a convicção da elite do país na perfei-
ve forças para arrancar o barco da Para substituí-lo foram bus
Aquôle, sadio e compacto, andava sem triste só contribuía pnra agravar as in
quietações e as agruras dos que se viam perdidos no temporal. O novo pilôto, cuja vida era um sofrimento físico cons tante, quase inválido, sem pernas, trazia nos lábios o mais esfusiante, simpático e otimista dos sorrisos, comunicativo de
confiança e de ânimo.
nados, bancos fechados, 14 milhões .sem
empregos, suicídios às centenas. Um quadro de ruínas e desolações. O ame
ricano, segundo uma típica e.xpressão ianque, já passara a usar guarda-chxna desde a depressão de 29, depois que perdera a ilusão, que a "prosperitj'" lhe dera, de que vivia sob um sol perma nente; e não tinha maís encantamentos,
de Alice no País das Maraxilhas, como
dizia Roose\-elt; mas, aquele panorama de calaclísmo e de destroços não se jul América, olhada por todos como o país
car o enfermo e sorridente Roosevelt.
como contrariando o
ne. Pânico na Bolsa, crise de confiança,
desespero, revolta de fazendeiros arrui
gava possível que se descortinasse na
3.0
pacidade de adaptação, máximo que foi julgado suficiente para enfrentar a crise, pelos órgãos incumbidos de velar pela
equilíbrio e o balanço do sistema gover namental, foram elas repelidas e anula das pela ação corretiva daqueles ór gãos. Debalde êsse heróico presidente
não recuar diante da esmagadora res ponsabilidade que abateria o mais feliz c hígido dos seres. Roosevelt tinha bem consciência da herança que recebia e da hercúlea tarefa a que era chamado. A nação havia sido devastada por um ciclo
A decisão desse
homem (que já teria um pesado encar
go, cuidando de vencer a moléstia im piedosa, para chegar tranqüilamente ao
da grã-ventura.
Transformara-se em
desespero a euforia da prosperidade sem fim. A produção crescera cada vez mais
e não fora absorvida. O crash guarda ra proporção à grandeza do edifício, à pujança das colunas que o sustentavam e ao pêso do teto carregado de ouro que o cobria. "E' mais do que uma campanha eleitoral o que vamos em preender, exclamou Roosevelt, agrade cendo a escolha para candidato. E' um apôlo às armas". E o quase inválido par tiu para a guerra, sorrindo. Sem pernas,
percorreu, em propaganda da sua cau sa, 17.000 milhas em qiiatro meses.
fim de sua vida) de tomar nos pulsos o
O "New Deal" representava uni pro grama de justiça social. Roosevelt o expôs em alguns discursos lapidares.
governo da América numa hora dramá
Dois terços das
tica criou-lhe instantaneamente um es
estavam concentradas nas mãos de 600
plêndido ambiente de entusiasmo,
sociedades, 50 famílias detinham quase
de
apoio e de boa vontade, aquecido pela emoção com que se via aquele doente
indústrias
americanas
toda a fortuna dos Estados Unidos. "Ur
ge uma nova declaração de independên-
74
Digesto
sob a doçura dos seus parques incomparáveis, vendo o Potomac descer pre guiçosamente, à procura da casa de on
de Washington partiu para a guerra, pode-se nessa hora olhar o mundo com
mais serenidade e compreensão.
O espírito se volta primeiro para aque
la extraordinária equipe de homens pú blicos, para aqueles construtores que
EcoNÓ>aco
formação política, c, fiéi.s à memória dos fundadores da nação, buscam achá-la
dentro do seu próprio mecanismo, ten dendo apenas a adaptá-lo às contingên cias e às imposições do momento, sem renunciar ao que ôle tom de e.ssencial,
de profundo, de permanente.
poucos países terão reunido iguais e em
tal número numa, mesma época, e que
são realmente os "pais" dos Estados
Unidos. Á sua sabedoria política, .às suas virtudes, ao seu espírito cívico, ao seu percuciente senso das realidades se
deve a criação de um sistema original, que pôde preservar, vencendo tôdas as tremendas crises internas, a unidade de
^ país, sob todos os pontos de vista heterogêneo, manter a liberdade dos ci dadãos e permitir o extraordinário sur to com que a América haveria de sur preender o mundo.
Washington, Hamilton, Madison Tef-
ferson, Joyce, Franklin, Monroe formam
entre os maiores políticos e condutores de povos que a humanidade tem conhe
cido, e são dignos da veneração de que
são envolvidas as suas memórias, como o é ainda, por outros motivos, a de Lin-
coln, que não pertence àquela geração de pró-homens, mas nada lhes deve na estatura. Êsses criadores engendraram um sistema de governo tão dúctil e tão
balanceado que a sua virtude se exprime pela sua própria sobrevivência, através das mais sérias dificuldades e dos mais
profundos abalos. E ainda agora, quan do se vê daqui o mundo inquieto e in satisfeito à procura da solução para os seus problemas eternos, e se pensa en contrá-la nos super-homens dos gover nos absolutos, é consolador verificar-se que os americanos não consentem em
abrir mão das suas tradições e da .sua
.■Jt.
Há cinco anos que es.sa tradição polí tica americana, que compõe a persona lidade desse povo, tanto quanto o seu puritanismo, se afirma cm conflito per manente com a política do presidente
Hoosevelt. Quando este assumiu o go verno, em condições quase trágicas, fo-
ram-lhe feitas concessões do podcres excepcionais, como se a nação estivesse
invadida por um inimigo externo. Nas faculdades que se outorgaram ao Chefe
DrcEsTo
ção do seu regime, que não precisava ser sacrificado na sua substância para vencer a cri.se presente, pois que com o mesmo regime e o mesmo sistema,
em outras épocas, o go\èrno e o po
vo americanos já hax iam dominado ou tras crises e transposto dificuldades igualmente .sérias c graves. E' êsse ape go às suas próprias tradições e ao seu passado cpic explica, a quem se encontra em Wasliinglon, nesse momento, a ra zão pí^r que um povo tão jovem se man
tém fiel ao seu próprio destino e à sua vocação, e consegue, numa hora e num mundo tão pcrturbado.s, manter as suas conquistas fundamentais c buscar solu ção para os seus problemas, .sem que renuncie aos privilégios que conquistou com tantos sacrifícios e tão duras peleja.s.
do Estado, as instituições deram o má ximo da sua elasHcidade e da .sua ca
73
Eco^'6^aco
nonusTo e sombrio Hoover não te tormenta.
prática do regime.
Desde, entretanto, que, sem atentar embora contra as liberdades políticas, as ^penôncias e as iniciativas do "New
pre de cara fechada; a sua severidade
Roosevelt reiterou a sua fidelidade e o seu respeito aos ideais democráticos. Ha
via uma linha inviolável para o seu po der e para o alcance dos .seus movimen
tos, e êle tentou transpô-la. "On ne pas se pas", sentenciaram os juizes da Su prema Côrte, em nome do espírito e das tradições da organização americana de governo. E essa resistência exprimiu a convicção da elite do país na perfei-
ve forças para arrancar o barco da Para substituí-lo foram bus
Aquôle, sadio e compacto, andava sem triste só contribuía pnra agravar as in
quietações e as agruras dos que se viam perdidos no temporal. O novo pilôto, cuja vida era um sofrimento físico cons tante, quase inválido, sem pernas, trazia nos lábios o mais esfusiante, simpático e otimista dos sorrisos, comunicativo de
confiança e de ânimo.
nados, bancos fechados, 14 milhões .sem
empregos, suicídios às centenas. Um quadro de ruínas e desolações. O ame
ricano, segundo uma típica e.xpressão ianque, já passara a usar guarda-chxna desde a depressão de 29, depois que perdera a ilusão, que a "prosperitj'" lhe dera, de que vivia sob um sol perma nente; e não tinha maís encantamentos,
de Alice no País das Maraxilhas, como
dizia Roose\-elt; mas, aquele panorama de calaclísmo e de destroços não se jul América, olhada por todos como o país
car o enfermo e sorridente Roosevelt.
como contrariando o
ne. Pânico na Bolsa, crise de confiança,
desespero, revolta de fazendeiros arrui
gava possível que se descortinasse na
3.0
pacidade de adaptação, máximo que foi julgado suficiente para enfrentar a crise, pelos órgãos incumbidos de velar pela
equilíbrio e o balanço do sistema gover namental, foram elas repelidas e anula das pela ação corretiva daqueles ór gãos. Debalde êsse heróico presidente
não recuar diante da esmagadora res ponsabilidade que abateria o mais feliz c hígido dos seres. Roosevelt tinha bem consciência da herança que recebia e da hercúlea tarefa a que era chamado. A nação havia sido devastada por um ciclo
A decisão desse
homem (que já teria um pesado encar
go, cuidando de vencer a moléstia im piedosa, para chegar tranqüilamente ao
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Transformara-se em
desespero a euforia da prosperidade sem fim. A produção crescera cada vez mais
e não fora absorvida. O crash guarda ra proporção à grandeza do edifício, à pujança das colunas que o sustentavam e ao pêso do teto carregado de ouro que o cobria. "E' mais do que uma campanha eleitoral o que vamos em preender, exclamou Roosevelt, agrade cendo a escolha para candidato. E' um apôlo às armas". E o quase inválido par tiu para a guerra, sorrindo. Sem pernas,
percorreu, em propaganda da sua cau sa, 17.000 milhas em qiiatro meses.
fim de sua vida) de tomar nos pulsos o
O "New Deal" representava uni pro grama de justiça social. Roosevelt o expôs em alguns discursos lapidares.
governo da América numa hora dramá
Dois terços das
tica criou-lhe instantaneamente um es
estavam concentradas nas mãos de 600
plêndido ambiente de entusiasmo,
sociedades, 50 famílias detinham quase
de
apoio e de boa vontade, aquecido pela emoção com que se via aquele doente
indústrias
americanas
toda a fortuna dos Estados Unidos. "Ur
ge uma nova declaração de independên-
II
76
DiGESTO EcONÓ\nCO
cia »-•«, exclama o apóstolo das reivindica ções. Não podemos ver metade da na ção muito gorda, e milhões sem ter o
de resistência conservadora entraram a
bre as suas iniciativas arrojadas.
formar o dique que dc\'criu conter os
nada o abatia, nem o desanimava.
impedir que morra de fome todo ho
excessos c as exaltações do impetuoso
vão para ganhar a vida.
Governar é
manter as balanças da justiça iguais pa ra todos".
Eleito, o presidente foi fiel ao can
didato, noj cumprimento das promessas que fizera. Tornou-se o governo dos
Mas
O seu cuidado permanente era afirmar
presidente, cujo espírito de luta, reve
a sua fc no regime democrático e guar
lado pela posição assumida em face da
dar respeito às sagradas liberdades ou torgadas pela constituição. Com isso tranqüilizava a opinião pública, e res pondia aos que o acusavam de preten
, catástrofe, fixou-lhe, naquela hora, pa ra sempre, o perfil do um condutor e
de um homem de ação extraordinário. A torroncial legislação do "New Deal",
surj^reendente. "Main Street" batera na pugna "Wall Strcol". Mas, o e.xpressivo triunfo nas urnas não foi bastante para afastar do caminho os embaraços e as
resistências que Roosevelt havia encon trado desde as primeiras horas.
Ainda agora, quem se põe em conlacto com o.s Estados Unidos sente co
mo a sua ação continua negada e com batida. A sua i>opularidade junto ao
der transformar-se num ditador. Insistia
iiomem da rua, nas classes baixas, é, (ín-
Irctanto, imensa, inabalável,
mas
humildes, dos pobres, de cujos direitos
invadindo todos os sotorc.s da vida ame
Roosevelt em cjuc, para se fortalecer a
ricana, as iniciativas arrojadas dos pro
democracia, era nece.ssário dar uma de
sas, aqui, como em tôda parte são sen
fensor devotado, em luta com a mais poderosa organização plutocrática. Ob teve os plenos poderes que solicitara
fessores e teóricos do "Brain Trust", os
síveis aos lutadores desse tipo. O seu sor
instrumentos de intervenção na esfera,
monstração prática de (pie, dentro des se regime, os povos podem solucionar
da atividade particular, de que o Go
as suas crises mais graves, e encontrar
do Congresso, como se os Estados Uni dos estivessem em guerra com um inimi go estrangeiro. E lançou-se com um vi gor surpreendente às medidas heróicas e
verno SC armou, o crescimento e a am
remédio
plitude dos órgãos do Estado, essa in sólita hipertrofia do poder acabaram
injustiças sociais. O que ele reclamava apenas era que o sistema se ada^itasse
tualmente povo. Rigorosamente, Roose velt, com todos os seus traços de grande
por provocar uma energica oposição das
à,s circunstâncias extraordinárias do mo
violentas que formaram a crônica emo cionante e dramática dos seus primeiros
forças que exprimiam a opinião tradi cionalista dos Estados Unidos. Os po derosos sindicatos patronais, os "Irusts",
mento e jiudessc ler o Governo a elas ticidade 6 rapidez de ação necessárias
liomcm de verdade, é um demagogo, sincero e brilhante, mas um demagogo.
os magnatas, os republicanos, a impren
com que deparava. Psicólogo sagaz, acos
sa, o congresso e acima de todos, os
tumado a lidar com ns multidões, Roose
o milionário Roosevelt tornou-se o de
meses de administração. o
o
o
Nenhum sistema trazia Roosevelt
' Seus métodos são essencialmente empí, ricos e.e-xperimentais. Êle mesmo o con-
, fessa, como admite lealmente que tenha errado muitas vezes. Mas, naquela con' juntara dificílima, o que era necessá rio e urgente era fazer alguma coi-a,
procurar safar o barco de qualquer mo-
. do. "Hei de errar muitas vezes — previne o presidente. Não tenho a prctensão de acertar cada vez que atiro ao I alvo".
;
da Suprema Côrte, que punha o veto fulminante da inconslitucionalidade so
que comer. O Governo tem o dever de
mem e tôda mulher que se esforce em
.
listas dos Estados Unido.s, e com o tê.xto frio da carta constitucional, as forças
77
DrcESTO ECONÓKflCO
Passada, entretanto, a sensação pró-
I xima do perigo, e mormente a emoção,
males e para as
para conjurar as tremendas dificuldades
patia do que se costuma chamar habi
E a sua influencia sobre as massas se
c-xx^lica em grande parte pelos seus do tes de tribuno.
Roosevelt é um estu-
juizes da Suprema Côrtc, assustados e
velt jamais abandonou a tecla da sua fi
X^endo orador x>ara as multidões. Quan do se dirige aos americanos só os chama
tímidos, começaram a reagir contra a te
delidade ao regime, e deixou de apre sentar-se como o camaleão do ideal ame ricano de democracia e liberdade.
pontilhada do "humour" e bonomia,
merária experiência Roosevelt.
E daí
por diante, pouco tempo depois de inaugurado o seu período, passou o pre sidente a travar dois combates terríveis,
sários que armaram a opinião pública
Quando estava a terminar o seu pri meiro período, a safra de resultados que
poderia apresentar era bem escassa. Candidato à reeleição,
com o mesmo
ern guerra aos seus métodos e à sua
programa, a vitória de Roosevelt foi es
orientação. Só um espírito enérgico e
trondosa. Contra êle se ergueram deses-
retemperado como o de Roosevelt po deria enfrentar essa luta gigantesca. E ele o fez com denodo e vigor titânicos,
peradamente os banqueiros, os ca^iitães de indústria e do comércio, cerca de
j haviam criado, e quando os seus atos
panha desenfreada, sob o bombardeio
1 audaciosos começaram a entrar em con( flito com as tradições liberais e individua
dos seus adversários incansáveis, am
guagem de que êle tem o segredo, in
parados pela força serena, mas decisiva,
fligiu ao seu adversário uma derrota
arrostando, a peito descoberto, uma cam
num tom de intimidade e de aproxima tão in-esistível.
um contra as fòrças de destruição e de
desordem que provocaram a crise finan ceira, econômica e social sem preceden tes, e outro contra os impiedosos adver
de "meus amigos", e fala numa lingua gem de uma limpidez, de uma clareza,
ção, que representa uma força de suges
80 % da imprensa. O candidato dos de serdados, dos pobres, dos modestos, fa lando às massas diretamente, numa lin
^ que as orações patéticas de Roosevelt
riso, a sua voz., a sua eloqüência, a sua
I>rópria enfermidade conquistaram a sim
Mas, os seus processos artificiais, os seus métodos empíricos não deram os resultados que, pelo menos, compensas sem os sacrifícios que impuseram. Ten do abalado a confiança dos homens de
negócio, êsses se retraíram e a falta de
iniciativas novas não permitiu se crias
sem outros serviços e empresas para ab sorver os desempregados, cujo escoamen
to era o x^roblema número 1 do Go\'êrno. As obras públicas mais ou menos artificiais empregaram alguns milhões, mas ainda perto de dez. milhões estão
II
76
DiGESTO EcONÓ\nCO
cia »-•«, exclama o apóstolo das reivindica ções. Não podemos ver metade da na ção muito gorda, e milhões sem ter o
de resistência conservadora entraram a
bre as suas iniciativas arrojadas.
formar o dique que dc\'criu conter os
nada o abatia, nem o desanimava.
impedir que morra de fome todo ho
excessos c as exaltações do impetuoso
vão para ganhar a vida.
Governar é
manter as balanças da justiça iguais pa ra todos".
Eleito, o presidente foi fiel ao can
didato, noj cumprimento das promessas que fizera. Tornou-se o governo dos
Mas
O seu cuidado permanente era afirmar
presidente, cujo espírito de luta, reve
a sua fc no regime democrático e guar
lado pela posição assumida em face da
dar respeito às sagradas liberdades ou torgadas pela constituição. Com isso tranqüilizava a opinião pública, e res pondia aos que o acusavam de preten
, catástrofe, fixou-lhe, naquela hora, pa ra sempre, o perfil do um condutor e
de um homem de ação extraordinário. A torroncial legislação do "New Deal",
surj^reendente. "Main Street" batera na pugna "Wall Strcol". Mas, o e.xpressivo triunfo nas urnas não foi bastante para afastar do caminho os embaraços e as
resistências que Roosevelt havia encon trado desde as primeiras horas.
Ainda agora, quem se põe em conlacto com o.s Estados Unidos sente co
mo a sua ação continua negada e com batida. A sua i>opularidade junto ao
der transformar-se num ditador. Insistia
iiomem da rua, nas classes baixas, é, (ín-
Irctanto, imensa, inabalável,
mas
humildes, dos pobres, de cujos direitos
invadindo todos os sotorc.s da vida ame
Roosevelt em cjuc, para se fortalecer a
ricana, as iniciativas arrojadas dos pro
democracia, era nece.ssário dar uma de
sas, aqui, como em tôda parte são sen
fensor devotado, em luta com a mais poderosa organização plutocrática. Ob teve os plenos poderes que solicitara
fessores e teóricos do "Brain Trust", os
síveis aos lutadores desse tipo. O seu sor
instrumentos de intervenção na esfera,
monstração prática de (pie, dentro des se regime, os povos podem solucionar
da atividade particular, de que o Go
as suas crises mais graves, e encontrar
do Congresso, como se os Estados Uni dos estivessem em guerra com um inimi go estrangeiro. E lançou-se com um vi gor surpreendente às medidas heróicas e
verno SC armou, o crescimento e a am
remédio
plitude dos órgãos do Estado, essa in sólita hipertrofia do poder acabaram
injustiças sociais. O que ele reclamava apenas era que o sistema se ada^itasse
tualmente povo. Rigorosamente, Roose velt, com todos os seus traços de grande
por provocar uma energica oposição das
à,s circunstâncias extraordinárias do mo
violentas que formaram a crônica emo cionante e dramática dos seus primeiros
forças que exprimiam a opinião tradi cionalista dos Estados Unidos. Os po derosos sindicatos patronais, os "Irusts",
mento e jiudessc ler o Governo a elas ticidade 6 rapidez de ação necessárias
liomcm de verdade, é um demagogo, sincero e brilhante, mas um demagogo.
os magnatas, os republicanos, a impren
com que deparava. Psicólogo sagaz, acos
sa, o congresso e acima de todos, os
tumado a lidar com ns multidões, Roose
o milionário Roosevelt tornou-se o de
meses de administração. o
o
o
Nenhum sistema trazia Roosevelt
' Seus métodos são essencialmente empí, ricos e.e-xperimentais. Êle mesmo o con-
, fessa, como admite lealmente que tenha errado muitas vezes. Mas, naquela con' juntara dificílima, o que era necessá rio e urgente era fazer alguma coi-a,
procurar safar o barco de qualquer mo-
. do. "Hei de errar muitas vezes — previne o presidente. Não tenho a prctensão de acertar cada vez que atiro ao I alvo".
;
da Suprema Côrte, que punha o veto fulminante da inconslitucionalidade so
que comer. O Governo tem o dever de
mem e tôda mulher que se esforce em
.
listas dos Estados Unido.s, e com o tê.xto frio da carta constitucional, as forças
77
DrcESTO ECONÓKflCO
Passada, entretanto, a sensação pró-
I xima do perigo, e mormente a emoção,
males e para as
para conjurar as tremendas dificuldades
patia do que se costuma chamar habi
E a sua influencia sobre as massas se
c-xx^lica em grande parte pelos seus do tes de tribuno.
Roosevelt é um estu-
juizes da Suprema Côrtc, assustados e
velt jamais abandonou a tecla da sua fi
X^endo orador x>ara as multidões. Quan do se dirige aos americanos só os chama
tímidos, começaram a reagir contra a te
delidade ao regime, e deixou de apre sentar-se como o camaleão do ideal ame ricano de democracia e liberdade.
pontilhada do "humour" e bonomia,
merária experiência Roosevelt.
E daí
por diante, pouco tempo depois de inaugurado o seu período, passou o pre sidente a travar dois combates terríveis,
sários que armaram a opinião pública
Quando estava a terminar o seu pri meiro período, a safra de resultados que
poderia apresentar era bem escassa. Candidato à reeleição,
com o mesmo
ern guerra aos seus métodos e à sua
programa, a vitória de Roosevelt foi es
orientação. Só um espírito enérgico e
trondosa. Contra êle se ergueram deses-
retemperado como o de Roosevelt po deria enfrentar essa luta gigantesca. E ele o fez com denodo e vigor titânicos,
peradamente os banqueiros, os ca^iitães de indústria e do comércio, cerca de
j haviam criado, e quando os seus atos
panha desenfreada, sob o bombardeio
1 audaciosos começaram a entrar em con( flito com as tradições liberais e individua
dos seus adversários incansáveis, am
guagem de que êle tem o segredo, in
parados pela força serena, mas decisiva,
fligiu ao seu adversário uma derrota
arrostando, a peito descoberto, uma cam
num tom de intimidade e de aproxima tão in-esistível.
um contra as fòrças de destruição e de
desordem que provocaram a crise finan ceira, econômica e social sem preceden tes, e outro contra os impiedosos adver
de "meus amigos", e fala numa lingua gem de uma limpidez, de uma clareza,
ção, que representa uma força de suges
80 % da imprensa. O candidato dos de serdados, dos pobres, dos modestos, fa lando às massas diretamente, numa lin
^ que as orações patéticas de Roosevelt
riso, a sua voz., a sua eloqüência, a sua
I>rópria enfermidade conquistaram a sim
Mas, os seus processos artificiais, os seus métodos empíricos não deram os resultados que, pelo menos, compensas sem os sacrifícios que impuseram. Ten do abalado a confiança dos homens de
negócio, êsses se retraíram e a falta de
iniciativas novas não permitiu se crias
sem outros serviços e empresas para ab sorver os desempregados, cujo escoamen
to era o x^roblema número 1 do Go\'êrno. As obras públicas mais ou menos artificiais empregaram alguns milhões, mas ainda perto de dez. milhões estão
Dioesto Econômico
78
descolocados, enquanto os bancos sofrem de fartura de numerário, c cobram taxa
de depósito ao invés de pagar juros. Os déficits orçamentários são astronômi cos. E os conflitos entre o capital e o trabalho vão-se agravando, à medida que os operários se sentem mais fortes
pe^Ia hostilidade recíproca entre os pa trões e a administração.
Digesto
Econóníjco
Outra tendência que re\ela igualmen te essa profunda ligação .scntinicnlal en tre as massas e o chefe do Executivo é
a de atribuir sempre o.s fracassos da atual administração ou da atual política aos maus auxiliares de que Roosevelt se teria cercado. A culpa nunca é dêle, mas do Secretário do Interior, ou do Se
cretário da Agricultura ou de miss Per-
kins, a Secretária do Trabalho, Apesar de tudo, o povo ama Roosevelt, conclui uma jornalista americana que acaba de
Apesar de não ser favorável o balanço da a^inistração Roosevelt, o prestígio
O que explica, entretanto, essa hos
tilidade do que se poderia chamar as forças vivas da nação aos métodos rooseveltianos ? Êle é um democrata sincero. E bastante americano para pretender
A simpatia de que o povo o cerca é
tima, a formação espiritual de um polí tico educado em Harvard e agindo na quele ambiente incompatível com a
cham a sala. Nas ultimas eleições, reali zadas há dois meses, os republicanos ganharam terreno de uma maneira ex traordinária. A votação se dividiu entre
afirmações de fidelidade ao regime são reiteradas e revelam uma tendência ín
opressão e o dítatorialismo. Jamais prati cou êle qualquer atentado à liberdade de palavra ou de crítica. Fala-se ainda nesse país o que se pensa e o que se
quer, pela imprensa, pelo rádio, pela
49% para os candidatos democráticos e
tribuna. Roosevelt suporta com paciên
epqjrime, de forma alguma, uma queda ou desfalecimento na popularidade de
dio, mas não como os ditadores moder-
cia as mais duras críticas e cs mais vio 47,8 % para os republicanos. Entretanto, lentos ataques e sabe replicá-las com segundo a opinião dos observadores po- líticos mais sagazes, êsse resultado não tolerância e graça. O presidente gosta
Roosevelt. E* que no pleito êle não es tava pessoalmente em causa, e a simpa tia popular é, não pelo partido do pre sidente, mas pelo presidente pessoal mente.
Não sc acusa
Roosevelt de
qualquer restrição às liberdades políti cas. Por que então os seus adversários o incriminam de despótico, dc usurpador, e insistem em que 6 necessário despojálo da soma excepcional de podcres de
que se muniu, repondo rigorosamente o regime goveniamcntal americano dentro das suas tradições ?
E', sem dúvida,
num dos pontos mais sensíveis o profun
nas que se Roosevelt não tivesse agL
quase tocante. Não aparece o seu no me. o seu retrato, num cinema ou num meeting , sem que as aclamações en
nárias qualidades de orador de que é dotado.
vindo as mais variadas classes sociais.
exercer o poder arbitràríamente. As suas
da maneira por que agiu seria pior
raço ao livre desabrochar das suas ener
fazer penetrante inquérito pelo país, ou
balde invocam-se as cifras para abalar
tadóAT arrancar os Esos tados Unidos da mais séria crise que acometeu: o homem da rua replica ape
Êle não poderia tolerar qualquer eiiiha-
porque Roosevelt contrariou e feriu o
e a simpatia que ele desperta nas mas sas populares continuam fortíssimos. De-
a te nos resultados da sua ação. A res posta exprime uma confiança cega e graüdao comovida ao bravo luta-
mesmo um do.s seus esportes prediletos,
que lhe permite aproveitar as extraordi
de falar aos seus concidadãos pelo rá
,nos que têm diálogos com um mudo, pois não permitem que os seus ouvintes so manifestem, debatam ou discutam as suas orações.
Ao contrário,
Roosevelt
vive numa contx'ovérsia permanente com os seus adversários, e êsse parece ser
americano
construtivo
c personalista,
gias e da sua ação. Teme, por isso, a
inteivenção do Estado e reage quando essa lenta contê-lo dentro de limites que
so chocam com a sua plena autonomia. Roosevelt quis imiscuir-se no terreno
privado, intrometendo e.xcessivamente o Estado na \ida dos cidadãos. E foi o
bastante para provocar essa violenta reação do americano, cuja Iíntc perso nalidade tem que expandir-se sem peias. A politica de Roosevelt caminhou no arrepio da mais estratificada formação norte-americana e ali no conflito entre o
dos da sua formação: o sou espírito in dividualista. Cidadão forte, consciente,
cidadão e o Estado (os povos ricos têm
cheio de impulsos e iniciativas, o ame
terá de ceder para não sc tornar opressi vo, matando a iniciativa privada e cer ceando a fôrça criadora do homem. Agora, como sempre, o americano per
ricano quer ter livres c desimpedidas to das as forças pelas quais se afirma a sua marcante personalidade. O seu in dividualismo, a sua iniciativa, o seu es
pírito criador, é que fizeram a sua gran deza e com ela a da nação americana.
horror a esse monstro absorvente), esse
manece fiel ao pensameuto jeffersonia-
no de que o povo menos governado é o melhor governado.
Dioesto Econômico
78
descolocados, enquanto os bancos sofrem de fartura de numerário, c cobram taxa
de depósito ao invés de pagar juros. Os déficits orçamentários são astronômi cos. E os conflitos entre o capital e o trabalho vão-se agravando, à medida que os operários se sentem mais fortes
pe^Ia hostilidade recíproca entre os pa trões e a administração.
Digesto
Econóníjco
Outra tendência que re\ela igualmen te essa profunda ligação .scntinicnlal en tre as massas e o chefe do Executivo é
a de atribuir sempre o.s fracassos da atual administração ou da atual política aos maus auxiliares de que Roosevelt se teria cercado. A culpa nunca é dêle, mas do Secretário do Interior, ou do Se
cretário da Agricultura ou de miss Per-
kins, a Secretária do Trabalho, Apesar de tudo, o povo ama Roosevelt, conclui uma jornalista americana que acaba de
Apesar de não ser favorável o balanço da a^inistração Roosevelt, o prestígio
O que explica, entretanto, essa hos
tilidade do que se poderia chamar as forças vivas da nação aos métodos rooseveltianos ? Êle é um democrata sincero. E bastante americano para pretender
A simpatia de que o povo o cerca é
tima, a formação espiritual de um polí tico educado em Harvard e agindo na quele ambiente incompatível com a
cham a sala. Nas ultimas eleições, reali zadas há dois meses, os republicanos ganharam terreno de uma maneira ex traordinária. A votação se dividiu entre
afirmações de fidelidade ao regime são reiteradas e revelam uma tendência ín
opressão e o dítatorialismo. Jamais prati cou êle qualquer atentado à liberdade de palavra ou de crítica. Fala-se ainda nesse país o que se pensa e o que se
quer, pela imprensa, pelo rádio, pela
49% para os candidatos democráticos e
tribuna. Roosevelt suporta com paciên
epqjrime, de forma alguma, uma queda ou desfalecimento na popularidade de
dio, mas não como os ditadores moder-
cia as mais duras críticas e cs mais vio 47,8 % para os republicanos. Entretanto, lentos ataques e sabe replicá-las com segundo a opinião dos observadores po- líticos mais sagazes, êsse resultado não tolerância e graça. O presidente gosta
Roosevelt. E* que no pleito êle não es tava pessoalmente em causa, e a simpa tia popular é, não pelo partido do pre sidente, mas pelo presidente pessoal mente.
Não sc acusa
Roosevelt de
qualquer restrição às liberdades políti cas. Por que então os seus adversários o incriminam de despótico, dc usurpador, e insistem em que 6 necessário despojálo da soma excepcional de podcres de
que se muniu, repondo rigorosamente o regime goveniamcntal americano dentro das suas tradições ?
E', sem dúvida,
num dos pontos mais sensíveis o profun
nas que se Roosevelt não tivesse agL
quase tocante. Não aparece o seu no me. o seu retrato, num cinema ou num meeting , sem que as aclamações en
nárias qualidades de orador de que é dotado.
vindo as mais variadas classes sociais.
exercer o poder arbitràríamente. As suas
da maneira por que agiu seria pior
raço ao livre desabrochar das suas ener
fazer penetrante inquérito pelo país, ou
balde invocam-se as cifras para abalar
tadóAT arrancar os Esos tados Unidos da mais séria crise que acometeu: o homem da rua replica ape
Êle não poderia tolerar qualquer eiiiha-
porque Roosevelt contrariou e feriu o
e a simpatia que ele desperta nas mas sas populares continuam fortíssimos. De-
a te nos resultados da sua ação. A res posta exprime uma confiança cega e graüdao comovida ao bravo luta-
mesmo um do.s seus esportes prediletos,
que lhe permite aproveitar as extraordi
de falar aos seus concidadãos pelo rá
,nos que têm diálogos com um mudo, pois não permitem que os seus ouvintes so manifestem, debatam ou discutam as suas orações.
Ao contrário,
Roosevelt
vive numa contx'ovérsia permanente com os seus adversários, e êsse parece ser
americano
construtivo
c personalista,
gias e da sua ação. Teme, por isso, a
inteivenção do Estado e reage quando essa lenta contê-lo dentro de limites que
so chocam com a sua plena autonomia. Roosevelt quis imiscuir-se no terreno
privado, intrometendo e.xcessivamente o Estado na \ida dos cidadãos. E foi o
bastante para provocar essa violenta reação do americano, cuja Iíntc perso nalidade tem que expandir-se sem peias. A politica de Roosevelt caminhou no arrepio da mais estratificada formação norte-americana e ali no conflito entre o
dos da sua formação: o sou espírito in dividualista. Cidadão forte, consciente,
cidadão e o Estado (os povos ricos têm
cheio de impulsos e iniciativas, o ame
terá de ceder para não sc tornar opressi vo, matando a iniciativa privada e cer ceando a fôrça criadora do homem. Agora, como sempre, o americano per
ricano quer ter livres c desimpedidas to das as forças pelas quais se afirma a sua marcante personalidade. O seu in dividualismo, a sua iniciativa, o seu es
pírito criador, é que fizeram a sua gran deza e com ela a da nação americana.
horror a esse monstro absorvente), esse
manece fiel ao pensameuto jeffersonia-
no de que o povo menos governado é o melhor governado.
Dioestü
Cooperaíivisnío e reforma social Abnódio Ghaça
v.da numa pobre casa de cômodos, foi um apostolo da solidariedade humana, o século XL\. Os seus fcihnntérios que passaram à história das doutrinas ecode consumo
governadas pelos sentimentos de paz e mínimo de a desnesns õO mhtoo",'"
organizações Oo t •
.
<=
grupos
' proprietários e con-
nlZsse? rT
quecimento ? Para que serviram os es
pequenas empresas com o fim de darem
trabalho aos membros que estivessem desempregados ou que viessem a sofrer
necessidade
a luta de classes.
Diz Afax Beer que Fourier se apre
sentou aos seus contemporâneos como o genial descobridor das leis do mundo orgânico e social. Movido pelos seus
nobres de.sejos, sonhando, sofrendo pela ^licidade das gerações futuras, Carlos
desto, Owen fez cousas admiráveis :
fundou cooperativas agrícolas c indus tra a velhice e a morte, escolas e até colônias comunistas.
O coopcrativismo de consumo nasceu na Inglaterra graças aos esforços de vinte
da
lão
c
defensor
deria substituir a co-
^
operati\a e auxiliar
ar
as outras sociedades a criarem colônias se
doroso da temperan ça; John Scowcroft,
melhantes; e) insti tuição de um estabe
xcndcdor ambulante; John
Garside, mar
lecimento de tempe- j
ceneiro; James Bram-
rança.
ford, consellieiro; Joseph Smith, que fez • parte da primeira co missão de compras; Ceorge Healey, cbapeleiro; -James Daly, tecelão; JoJm Bent.
alfaiate
e
partidário
do
sociali.smo;
John Hill e John HoJt; James Slandrind, tecelão e owenista; William Aíallalieu,
dezembro de 1844. Foram eles : Miles
Ashwortii, primeiro presidente da coope
buição dos lucros ou vantagens na pro Jomes Smiíhies,
que exerceu as funções de presidente, conselheiro e secretário; David Brooks.
o primeiro encarregado das compras da cooperativa, e Samuel Ashworth, filho
de Milçs Ashworth e primeiro gerente
darizados, a qual po
cooperativa;
suplente de conselheiro; Benfamin Jor-
porção das compras;
vão ser reduzida.s a nada, que Platão, Sôneca, Rousseau, Voltairç e os çorífeus
tc
ma de interesses soli
_
dan e William Wilkinson.
quecimento; "É necessário vestir longos
soou, que suas imensas estantes de livros
ficiente; d) fundação de colônia autôno
hle Pioneer's Society himifed, cm 21 de
Fourwr crUicou os filósofos e moralistas da antigüidade, da era medieval e do mundo moderno, e os condenou ao es
hábitos negros para declarar aos políti
mazém de uma mina de carvão"; Jamcs
que fossem cultivadas pelos membros da
Tiüccdalc, conselhei-
c oito operários tecclões que se organi zaram na memorável Rochclale Ecfuiia-
rativa de Rochdíile; Charles Howarthere, operário, que elaborou os estatutos da associação e fixou o princípio da distri
cos e aos moralistas que a hora fatal
]oJin Kcrshaiv, cartista o "guarda do ar
cooperativa que estivessem desocupados ou que percebessem remuneração insu
Jamcs Aíarden, teco-
triais, caixas de previdência social con
Então, rir desapareceria o ódio e,pelo comamor. ôste, Entio '^ ^í"iP<dia,
rencista e orador de amplos reeurso.s;
critas por um homem, grande na sua fé, extraordinário na simplicidade da sua
dade e amor ao próximo. Roberto Owcn foi um socialista por temperamento. Dotado de capacidade intelectual e de mundo, pertinaz e mo
c)
compra ou arrendamento de terras pura
r{) e quinto prcsidcn-
ciedade onde houvesse concórdia, liber
permanente redução nos salários;
\cnda de livros e re\istas; James Alanock, cartista; Samuel Twecdalc, confe-
forços de todos os filó.sofo.s ?" São pa lavras cheias do angústia, palavras es vida, heróico nos seus sacrifícios quoti dianos c imortal na previsão de uma so
ção de mercadorias e organização de
Riidman, cnrtista; John Coilicr, mecâ
nico; Willuim Ttnjlor, tccclão e conse
da incerteza antiga e moderna irão ser arrastados em conjunto pelo rio do es
sas para os sócios, assim como fabrica
xciro da loja de Toad L;inc; Ren;íi»n"n lheiro; Robcrf Taylor. organÍz;xdor da
que encerrou o último capítulo da sua
sociais - obreirn?
da sociedade rochdaliana; Willitiiu Cooper, lecelão de flanela, socialista e cai-
Faculdade de Direito do Recife)
Resançon, o generoso e probo idealista
sumidorec
81
(Cateclrático de Economia Política da
Carlos Fotiri&r e Roberto Owen fo ram os maiores precursores do éoopera-' ü\nsmo. Fourier, o "sublime louco" de
cndl
Econômico
O programa dos pioneiros de Rochdale
m
Da sociedade roch- ^
daliana, permanece ram
princípios
senciais
8
es
secundá-
ries que em conjun to identificam o sistema, dando-lhe uma
indiváduação que o torna inconfundí vel": a) livre adesão; b) controle de mocrático; c) juro limitado ao capital; d) distribuição proporcional dos lucros; e) venda e compra a dinheiro, segundo o preço do mercado; f) neutralidade po lítica e religiosa; g) educação constante e tratamento digno ao trabalho. São
Os probos pioneiros de Rochdale, inspirado.s pelas idéias do reformador de A^ew Lanark, adotaram um programa contendo princípios avançados para o
estes os fundamentos do cooperativismo analisados com raro brilho pelo sociólogo
século do seu aparecimento. Assim, es tabeleceram : a) instituição de um ar
A reforma social e o cooperaHoismo
mazém para venda de gêneros aliinentíc'Os, de roupas e outros artigos de con sumo; b) compra ou construção de ca
c, particularmente, o da França ainda
Valdiki Aíoura.
Conhecendo o drama da nossa idade
não refeita dos abalos produzidos pela
Dioestü
Cooperaíivisnío e reforma social Abnódio Ghaça
v.da numa pobre casa de cômodos, foi um apostolo da solidariedade humana, o século XL\. Os seus fcihnntérios que passaram à história das doutrinas ecode consumo
governadas pelos sentimentos de paz e mínimo de a desnesns õO mhtoo",'"
organizações Oo t •
.
<=
grupos
' proprietários e con-
nlZsse? rT
quecimento ? Para que serviram os es
pequenas empresas com o fim de darem
trabalho aos membros que estivessem desempregados ou que viessem a sofrer
necessidade
a luta de classes.
Diz Afax Beer que Fourier se apre
sentou aos seus contemporâneos como o genial descobridor das leis do mundo orgânico e social. Movido pelos seus
nobres de.sejos, sonhando, sofrendo pela ^licidade das gerações futuras, Carlos
desto, Owen fez cousas admiráveis :
fundou cooperativas agrícolas c indus tra a velhice e a morte, escolas e até colônias comunistas.
O coopcrativismo de consumo nasceu na Inglaterra graças aos esforços de vinte
da
lão
c
defensor
deria substituir a co-
^
operati\a e auxiliar
ar
as outras sociedades a criarem colônias se
doroso da temperan ça; John Scowcroft,
melhantes; e) insti tuição de um estabe
xcndcdor ambulante; John
Garside, mar
lecimento de tempe- j
ceneiro; James Bram-
rança.
ford, consellieiro; Joseph Smith, que fez • parte da primeira co missão de compras; Ceorge Healey, cbapeleiro; -James Daly, tecelão; JoJm Bent.
alfaiate
e
partidário
do
sociali.smo;
John Hill e John HoJt; James Slandrind, tecelão e owenista; William Aíallalieu,
dezembro de 1844. Foram eles : Miles
Ashwortii, primeiro presidente da coope
buição dos lucros ou vantagens na pro Jomes Smiíhies,
que exerceu as funções de presidente, conselheiro e secretário; David Brooks.
o primeiro encarregado das compras da cooperativa, e Samuel Ashworth, filho
de Milçs Ashworth e primeiro gerente
darizados, a qual po
cooperativa;
suplente de conselheiro; Benfamin Jor-
porção das compras;
vão ser reduzida.s a nada, que Platão, Sôneca, Rousseau, Voltairç e os çorífeus
tc
ma de interesses soli
_
dan e William Wilkinson.
quecimento; "É necessário vestir longos
soou, que suas imensas estantes de livros
ficiente; d) fundação de colônia autôno
hle Pioneer's Society himifed, cm 21 de
Fourwr crUicou os filósofos e moralistas da antigüidade, da era medieval e do mundo moderno, e os condenou ao es
hábitos negros para declarar aos políti
mazém de uma mina de carvão"; Jamcs
que fossem cultivadas pelos membros da
Tiüccdalc, conselhei-
c oito operários tecclões que se organi zaram na memorável Rochclale Ecfuiia-
rativa de Rochdíile; Charles Howarthere, operário, que elaborou os estatutos da associação e fixou o princípio da distri
cos e aos moralistas que a hora fatal
]oJin Kcrshaiv, cartista o "guarda do ar
cooperativa que estivessem desocupados ou que percebessem remuneração insu
Jamcs Aíarden, teco-
triais, caixas de previdência social con
Então, rir desapareceria o ódio e,pelo comamor. ôste, Entio '^ ^í"iP<dia,
rencista e orador de amplos reeurso.s;
critas por um homem, grande na sua fé, extraordinário na simplicidade da sua
dade e amor ao próximo. Roberto Owcn foi um socialista por temperamento. Dotado de capacidade intelectual e de mundo, pertinaz e mo
c)
compra ou arrendamento de terras pura
r{) e quinto prcsidcn-
ciedade onde houvesse concórdia, liber
permanente redução nos salários;
\cnda de livros e re\istas; James Alanock, cartista; Samuel Twecdalc, confe-
forços de todos os filó.sofo.s ?" São pa lavras cheias do angústia, palavras es vida, heróico nos seus sacrifícios quoti dianos c imortal na previsão de uma so
ção de mercadorias e organização de
Riidman, cnrtista; John Coilicr, mecâ
nico; Willuim Ttnjlor, tccclão e conse
da incerteza antiga e moderna irão ser arrastados em conjunto pelo rio do es
sas para os sócios, assim como fabrica
xciro da loja de Toad L;inc; Ren;íi»n"n lheiro; Robcrf Taylor. organÍz;xdor da
que encerrou o último capítulo da sua
sociais - obreirn?
da sociedade rochdaliana; Willitiiu Cooper, lecelão de flanela, socialista e cai-
Faculdade de Direito do Recife)
Resançon, o generoso e probo idealista
sumidorec
81
(Cateclrático de Economia Política da
Carlos Fotiri&r e Roberto Owen fo ram os maiores precursores do éoopera-' ü\nsmo. Fourier, o "sublime louco" de
cndl
Econômico
O programa dos pioneiros de Rochdale
m
Da sociedade roch- ^
daliana, permanece ram
princípios
senciais
8
es
secundá-
ries que em conjun to identificam o sistema, dando-lhe uma
indiváduação que o torna inconfundí vel": a) livre adesão; b) controle de mocrático; c) juro limitado ao capital; d) distribuição proporcional dos lucros; e) venda e compra a dinheiro, segundo o preço do mercado; f) neutralidade po lítica e religiosa; g) educação constante e tratamento digno ao trabalho. São
Os probos pioneiros de Rochdale, inspirado.s pelas idéias do reformador de A^ew Lanark, adotaram um programa contendo princípios avançados para o
estes os fundamentos do cooperativismo analisados com raro brilho pelo sociólogo
século do seu aparecimento. Assim, es tabeleceram : a) instituição de um ar
A reforma social e o cooperaHoismo
mazém para venda de gêneros aliinentíc'Os, de roupas e outros artigos de con sumo; b) compra ou construção de ca
c, particularmente, o da França ainda
Valdiki Aíoura.
Conhecendo o drama da nossa idade
não refeita dos abalos produzidos pela
Digesto
82
Última guerra, Henri Mazeaud preconi za a reforma social dêsse país europeu, uma vez que não é possível salvá-lo da
Econóauco
desenvolvidas, ocidentalizadas e com milhões de trabalhadores rurais entre
crise em que se encontra sem uma mu
gues ao desamparo, ao pauperismo e à miséria. E' certo que somos um Brasil
dança completa das suas estruturas. To
povoado de vítimas da subnutrição e
davia, a reforma de que trata o profes sor da Universidade de Paris tem prin
da fome endêmica, porém o caminho da
cípios e métodos, assim como não atin
materialista, nas formas totalitárias de governo, nem na democracia burguesa,
girá os seus objetivos sem a organização
nossa felicidade não está na escravidão
das massas operárias em grupos profis
que é uma geratriz de permanentes de
sionais, sem verdadeiras realizações e sem
sequilíbrios econômicos, políticos e so
uma magistratura especializada, que se constituirá dos conseüs de prud'hommes, de comissões mistas e da Côrte Su perior do Trabalho. Por isso, escreveu Henn Mazeaud- "L'étude de Ia réforme sociale ne saurait être abordée sans
quon ait dégagé Tesprit qui doit présider à cette et les methodes qui doivent être adoptées pour Ia réaliser. H
faudra ensuite chercher dans quelle mesure une organisation du monde du tra-
vail est nécéssaire à Ia réforme sociale
et queUe peut être cette organisaHon. On pourra alors - et du point de vue pratique, ce sera Ia question essentielle
— preciser les realisations auxquelles améliorations tangibles qui sont susceptibles d'être apportées à Ia situation des travailleurs" (Príncipes de Réforme So
ciale — Paris — 1946 — pág. 13). Essa reforma defendida por Henri Mazeaud, como outras planejadas à som
bra do materialismo e da filosofia polí tica totalitária, não seriam úteis ao nos
so país. E certo que os nossos proble mas são inúmeros e difíceis, que o Bra sil não tem grande agricultura, nem or ganização industrial, que somos uma na ção pobre, sem profissionalismo capaz,
ciais.
Não pretendemos salvar o Brasil, co mo prometem os chefes partidários nas vésperas das eleições, contudo pensa
mos que a reforma econômica e social da nossa pátria deve ser feita em perío dos e sem catástrofes.
Seria crime ad
vogarmos a violência e a carnificina co mo processo de reforma da vida nacio nal.
A democracia humanista e de ca
ráter eminentemente popular, auxiliada pelas idéias cristãs, poderia contribuir para melhorar muito a nossa situação in
terna e externa. Além disso, o cooperativismo merece a atenção do govêmo
brasileiro, especialmente quando ponde ráveis fôrças políticas se estão inclinan do para a filosofia do marxismo e do post-marxismo. E' preciso agirmos, an
tes que seja tarde. A vacilação é nega tiva, e o medo um sentimento capaz de aniquilar homens e nações.
O cooperativismo é a Ideologia das
classes médias e proletárias. Segundo o professor Carlos Giãe, um dos apóstolos do cooperativismo no mundo, não há dúvidas sobre o caráter socialista da
doutrina lançada no século XIX por dois grandes reformadores — Carlos
sofrendo de "linfatismo econômico" e
Fourier e Roberto Owen. No seu Com
sem política social. E' certo que não possuímos diretrizes ideológicas, que so
pêndio de Economia Política, Qide afir ma que o cooperativismo é o sistema so cialista que, sem atingir a propriedade
mos um país com cinco ou seis cidades
Dicesto Econóxuco
83
privada, visa à eliminação do lucro ca
opondo-se ao ideal da burguesia, que
pitalista. E' um modo de repartição das riquezas, suprimindo a função dirigente do capital na economia. Emancipa o
está no prazer e na matéria. Se a prO" priedade cooperativa se desenvolve, to
homem e as classes pobres da hedionda exploração do dinheiro.
soante o princípio básico: distribuição
Daí o aparecimento da propriedade cooperativa, que é pessoal e social: e.xiste em função da criatura humana e não
do indivíduo, que é bruto, vegetal e ani mal; satisfaz necessidades coletivas,
dos participarão das suas vantagens, con dos lucrbs e benefícios entre os associa dos.
Assim,, que o nosso govêmo, os polí ticos e tôdas as classes compreendam o verdadeiro sentido da grande revolução cooperativisla do presente século.
Digesto
82
Última guerra, Henri Mazeaud preconi za a reforma social dêsse país europeu, uma vez que não é possível salvá-lo da
Econóauco
desenvolvidas, ocidentalizadas e com milhões de trabalhadores rurais entre
crise em que se encontra sem uma mu
gues ao desamparo, ao pauperismo e à miséria. E' certo que somos um Brasil
dança completa das suas estruturas. To
povoado de vítimas da subnutrição e
davia, a reforma de que trata o profes sor da Universidade de Paris tem prin
da fome endêmica, porém o caminho da
cípios e métodos, assim como não atin
materialista, nas formas totalitárias de governo, nem na democracia burguesa,
girá os seus objetivos sem a organização
nossa felicidade não está na escravidão
das massas operárias em grupos profis
que é uma geratriz de permanentes de
sionais, sem verdadeiras realizações e sem
sequilíbrios econômicos, políticos e so
uma magistratura especializada, que se constituirá dos conseüs de prud'hommes, de comissões mistas e da Côrte Su perior do Trabalho. Por isso, escreveu Henn Mazeaud- "L'étude de Ia réforme sociale ne saurait être abordée sans
quon ait dégagé Tesprit qui doit présider à cette et les methodes qui doivent être adoptées pour Ia réaliser. H
faudra ensuite chercher dans quelle mesure une organisation du monde du tra-
vail est nécéssaire à Ia réforme sociale
et queUe peut être cette organisaHon. On pourra alors - et du point de vue pratique, ce sera Ia question essentielle
— preciser les realisations auxquelles améliorations tangibles qui sont susceptibles d'être apportées à Ia situation des travailleurs" (Príncipes de Réforme So
ciale — Paris — 1946 — pág. 13). Essa reforma defendida por Henri Mazeaud, como outras planejadas à som
bra do materialismo e da filosofia polí tica totalitária, não seriam úteis ao nos
so país. E certo que os nossos proble mas são inúmeros e difíceis, que o Bra sil não tem grande agricultura, nem or ganização industrial, que somos uma na ção pobre, sem profissionalismo capaz,
ciais.
Não pretendemos salvar o Brasil, co mo prometem os chefes partidários nas vésperas das eleições, contudo pensa
mos que a reforma econômica e social da nossa pátria deve ser feita em perío dos e sem catástrofes.
Seria crime ad
vogarmos a violência e a carnificina co mo processo de reforma da vida nacio nal.
A democracia humanista e de ca
ráter eminentemente popular, auxiliada pelas idéias cristãs, poderia contribuir para melhorar muito a nossa situação in
terna e externa. Além disso, o cooperativismo merece a atenção do govêmo
brasileiro, especialmente quando ponde ráveis fôrças políticas se estão inclinan do para a filosofia do marxismo e do post-marxismo. E' preciso agirmos, an
tes que seja tarde. A vacilação é nega tiva, e o medo um sentimento capaz de aniquilar homens e nações.
O cooperativismo é a Ideologia das
classes médias e proletárias. Segundo o professor Carlos Giãe, um dos apóstolos do cooperativismo no mundo, não há dúvidas sobre o caráter socialista da
doutrina lançada no século XIX por dois grandes reformadores — Carlos
sofrendo de "linfatismo econômico" e
Fourier e Roberto Owen. No seu Com
sem política social. E' certo que não possuímos diretrizes ideológicas, que so
pêndio de Economia Política, Qide afir ma que o cooperativismo é o sistema so cialista que, sem atingir a propriedade
mos um país com cinco ou seis cidades
Dicesto Econóxuco
83
privada, visa à eliminação do lucro ca
opondo-se ao ideal da burguesia, que
pitalista. E' um modo de repartição das riquezas, suprimindo a função dirigente do capital na economia. Emancipa o
está no prazer e na matéria. Se a prO" priedade cooperativa se desenvolve, to
homem e as classes pobres da hedionda exploração do dinheiro.
soante o princípio básico: distribuição
Daí o aparecimento da propriedade cooperativa, que é pessoal e social: e.xiste em função da criatura humana e não
do indivíduo, que é bruto, vegetal e ani mal; satisfaz necessidades coletivas,
dos participarão das suas vantagens, con dos lucrbs e benefícios entre os associa dos.
Assim,, que o nosso govêmo, os polí ticos e tôdas as classes compreendam o verdadeiro sentido da grande revolução cooperativisla do presente século.
DiCESTO ECONÓNnCO
noções sÔBee o puncionnmenTO Oe BSriífiCíiS lltíCUlISTESBÍlIS Hartwic Lbxi DE Kelenfold
(Perito Contador) PROJETO de lei de re
do público para essas atividades. Assim,
forma do sistema ban
surgiram na Europa, cm países ricos, como por exemplo a Inglaterra, os ban
cário brasileiro ora em
discussão prevê, além do estabelecimento de um Banco Central co-
.
Dara
coi rlp ■ triais nms uma
"^0 base dessa refor-
^
bancários, novos
cabe aos bane aosespecial. bancos indusimportância
mento noTrasiUaò™"'' cQPc °~ ainda a fSar-°n
te banrno A
cos de investimentos c, em países po bres, os bancos industriais.
Os primeiros, chamados na Inglaterra "Financial Trust Companies", não acei tam depósitos e não concedem créditos.
Entretanto, adquirem, com o seu capital e reservas, tanto títulos públicos como ações e debêntures de empresas parti
culares bem reputadas. O valor equiva poucas exce-
voltaremos
exclusivamen-
de depósitos ^^ominados comerciais ou
lente a uma ação desse tipo de banco.s
consiste, pois, no empate em vários em preendimentos econômicos.
Assim, os
Financial Trust Companies representam
dêssp tipo Hnn de A ubancos ^^^^cterístíca desse consiste emessencial que os
somente uma administração de econo
pre l qu.dave.s a curto prazo e em dia
mias particulares à base de uma distri buição do risco. No Brasil, país que lu ta com escassez de capital, êsse tipo de
c«d. cs que ccucede:n são, qu" e'sem
predeterminado, o que é decorrência da Circunstancia de se subordinarem os de
pósitos que recebem às mesmas condi
ções. A essas operações de crédito per
tencem, especiabnente, o desconto de du
plicatas, créditos à base de duplicatas caucíonadas, adiantamentos sobre do
cumentos de importação ou exportação, os quais são • reembolsados na chegada das mercadorias ao lugar destinado, etc. Quando, há cerca de um século, na Europa, onde também existiam somente
banco não terá, ao menos em um futuro
próximo, divulgação digna de considera ção,
Nos países pobres da Europa Central, especialmente na Alemanha, o meio pa ra ajudar o desenvolvimento da indús--
Iria era a fundação de bancos indus triais. No começo, os dirigentes desses
bancos pensaram em alcançar o objetivo pretendido adquirindo indústrias, ou, ao menos, participando substancialmente de
85
do século passado, pelos irmãos Emílio e Isidoro Percire. Nada pode demons trar melhçr o quanto a atividade desse
cilidade no desdobramento das partici-
banco diferia da dos até então conbeei-
cos serviam-se, então, dessa facilidade,
dos como a afirmação repelidas vêzes feita por Emílio Pereire : — "Je ne suis pas banquier". .Mas apenas 8 anos de pois da sua fundação, também êsse ban
peculiar à forma jurídica das sociedades anônimas, para a distribuição de peque
zõcs internas, especialmente a maior fa paçxães dos poucos acionistas. Os ban
co caiu em dificuldades financeiras e
nas participações nos respectivos capi tais sociais entre o público. Para facilitar a colocação de ações os
foi forçado a fechar.
bancos abriram, nos lugares econòniica-
Quase as mesmas clificuldaclcs revela
menlo mais importantes do país, sucur
das pela participação própria em cmprèsas industriais foram evidenciadas pela
sais com o.fim de acumular as econo
.simples concessão dc ciéclilos industriais pelos bancos. Muito embora o.s contra tos dc crédito estipulassem um venci
ainda servir como reservatório financei
mias particulares, as quais deveriam ro para a aquisição de aç'ões ou de de bêntures.
mento relativamente muito curto, a ex
Mas os bancos estavam cientes de que
periência revelou que empresas indus
umu transformação de economias ein
triais não podem, senão em raríssimos
ações ou debêntures sòmente poderia
casos, efetuar reembolso de créditos in
dar resultados satisfatórios se o público
dustriais, caraclcTizaclos pelo fato de ex
cstive,sse convencido da solidez financei
cederem a fase das transações comerciais
e passarem para a fase da produção. A racionalização progressiva dos processos
de produção, a introdução dc novos pro
ra e da irrepreensível adminí.stração da quelas empresas, cujos títulos eles se encarregavam de emitir. Para poder oferecer ao público essa convicção, os
dutos na fabricação, com o necessário
bancos, antes de entrar em relações fi
aumento de estoque, são circunstâncias
nanceiras com as ditas empresas, deter
que prendem indefinidamente esses cré
minavam nelas uma revisão substancial.
ditos.
Tais revisões eram executadas por pes
Assim, a .simples concessão de
crédito.s industriais sem concretas possi
soas não só de profundos conhecimentos
bilidades de reembolso devia ser bas tante restrita. Por isso, a maioria des ses bancos e.xcrcia não somente essa ati
contábeis e longa prática industrial, mas também de comprovada integridade mo ral. O prospecío de emissão assinado pe
vidade, mas também as que são peculia
lo banco emitente baseava-se nos resul
res aos bancos comcrciai.s. Ês.ses bancos
tados dessa revisão e continha, além dos últimos balanços e contas de lucros e perdas, todos os elementos necessários
pertenciam, pois, ao sistema misto. Nas circunstancias acima
de.scrita.s,
tornou-se necessário achar um meio pa
para jíoder formar uma clara síntese da
bancos comerciais, a construção de es tradas de ferro, a ampliação de minas
seu capital social. A experiência, po
rem, logo demonstrou que êsse procodimento, além de não apresentar resulta
ra fazer face às sempre crescente.s ne
situação econômica e financeira da em
cessidades
presa.
de ferro e a passagem do trabalho ma nual para a produção fabril em massa precisaram de capitais que ultrapassa
dos financeiros .satisfatórios, incluía ris cos consideráveis para os depositantes.
emissão de títulos. Nesse tempo já es
Um dos mais notáveis empreendimen
tavam funcionando sociedades anônimas
vam a capacidade financeira particular,
tos desse gênero foi a fundação do "credit Mobilier", em Paris, na sexta dezena
tomou-se necessário atrair as economias
financeiras
das
indústrias.
Êsse meio foi encontrado pelo recurso à
Para poder cuidar dos interêsses dos
na Europa Central, mas a adoção dessa
compradores desses títulos, ainda depois da aquisição de títulos da sua emissão, os bancos combinavam com a respectiva
forma jurídica tinha exclusivamente ra-
empresa, no contrato de emissão, a elei-
DiCESTO ECONÓNnCO
noções sÔBee o puncionnmenTO Oe BSriífiCíiS lltíCUlISTESBÍlIS Hartwic Lbxi DE Kelenfold
(Perito Contador) PROJETO de lei de re
do público para essas atividades. Assim,
forma do sistema ban
surgiram na Europa, cm países ricos, como por exemplo a Inglaterra, os ban
cário brasileiro ora em
discussão prevê, além do estabelecimento de um Banco Central co-
.
Dara
coi rlp ■ triais nms uma
"^0 base dessa refor-
^
bancários, novos
cabe aos bane aosespecial. bancos indusimportância
mento noTrasiUaò™"'' cQPc °~ ainda a fSar-°n
te banrno A
cos de investimentos c, em países po bres, os bancos industriais.
Os primeiros, chamados na Inglaterra "Financial Trust Companies", não acei tam depósitos e não concedem créditos.
Entretanto, adquirem, com o seu capital e reservas, tanto títulos públicos como ações e debêntures de empresas parti
culares bem reputadas. O valor equiva poucas exce-
voltaremos
exclusivamen-
de depósitos ^^ominados comerciais ou
lente a uma ação desse tipo de banco.s
consiste, pois, no empate em vários em preendimentos econômicos.
Assim, os
Financial Trust Companies representam
dêssp tipo Hnn de A ubancos ^^^^cterístíca desse consiste emessencial que os
somente uma administração de econo
pre l qu.dave.s a curto prazo e em dia
mias particulares à base de uma distri buição do risco. No Brasil, país que lu ta com escassez de capital, êsse tipo de
c«d. cs que ccucede:n são, qu" e'sem
predeterminado, o que é decorrência da Circunstancia de se subordinarem os de
pósitos que recebem às mesmas condi
ções. A essas operações de crédito per
tencem, especiabnente, o desconto de du
plicatas, créditos à base de duplicatas caucíonadas, adiantamentos sobre do
cumentos de importação ou exportação, os quais são • reembolsados na chegada das mercadorias ao lugar destinado, etc. Quando, há cerca de um século, na Europa, onde também existiam somente
banco não terá, ao menos em um futuro
próximo, divulgação digna de considera ção,
Nos países pobres da Europa Central, especialmente na Alemanha, o meio pa ra ajudar o desenvolvimento da indús--
Iria era a fundação de bancos indus triais. No começo, os dirigentes desses
bancos pensaram em alcançar o objetivo pretendido adquirindo indústrias, ou, ao menos, participando substancialmente de
85
do século passado, pelos irmãos Emílio e Isidoro Percire. Nada pode demons trar melhçr o quanto a atividade desse
cilidade no desdobramento das partici-
banco diferia da dos até então conbeei-
cos serviam-se, então, dessa facilidade,
dos como a afirmação repelidas vêzes feita por Emílio Pereire : — "Je ne suis pas banquier". .Mas apenas 8 anos de pois da sua fundação, também êsse ban
peculiar à forma jurídica das sociedades anônimas, para a distribuição de peque
zõcs internas, especialmente a maior fa paçxães dos poucos acionistas. Os ban
co caiu em dificuldades financeiras e
nas participações nos respectivos capi tais sociais entre o público. Para facilitar a colocação de ações os
foi forçado a fechar.
bancos abriram, nos lugares econòniica-
Quase as mesmas clificuldaclcs revela
menlo mais importantes do país, sucur
das pela participação própria em cmprèsas industriais foram evidenciadas pela
sais com o.fim de acumular as econo
.simples concessão dc ciéclilos industriais pelos bancos. Muito embora o.s contra tos dc crédito estipulassem um venci
ainda servir como reservatório financei
mias particulares, as quais deveriam ro para a aquisição de aç'ões ou de de bêntures.
mento relativamente muito curto, a ex
Mas os bancos estavam cientes de que
periência revelou que empresas indus
umu transformação de economias ein
triais não podem, senão em raríssimos
ações ou debêntures sòmente poderia
casos, efetuar reembolso de créditos in
dar resultados satisfatórios se o público
dustriais, caraclcTizaclos pelo fato de ex
cstive,sse convencido da solidez financei
cederem a fase das transações comerciais
e passarem para a fase da produção. A racionalização progressiva dos processos
de produção, a introdução dc novos pro
ra e da irrepreensível adminí.stração da quelas empresas, cujos títulos eles se encarregavam de emitir. Para poder oferecer ao público essa convicção, os
dutos na fabricação, com o necessário
bancos, antes de entrar em relações fi
aumento de estoque, são circunstâncias
nanceiras com as ditas empresas, deter
que prendem indefinidamente esses cré
minavam nelas uma revisão substancial.
ditos.
Tais revisões eram executadas por pes
Assim, a .simples concessão de
crédito.s industriais sem concretas possi
soas não só de profundos conhecimentos
bilidades de reembolso devia ser bas tante restrita. Por isso, a maioria des ses bancos e.xcrcia não somente essa ati
contábeis e longa prática industrial, mas também de comprovada integridade mo ral. O prospecío de emissão assinado pe
vidade, mas também as que são peculia
lo banco emitente baseava-se nos resul
res aos bancos comcrciai.s. Ês.ses bancos
tados dessa revisão e continha, além dos últimos balanços e contas de lucros e perdas, todos os elementos necessários
pertenciam, pois, ao sistema misto. Nas circunstancias acima
de.scrita.s,
tornou-se necessário achar um meio pa
para jíoder formar uma clara síntese da
bancos comerciais, a construção de es tradas de ferro, a ampliação de minas
seu capital social. A experiência, po
rem, logo demonstrou que êsse procodimento, além de não apresentar resulta
ra fazer face às sempre crescente.s ne
situação econômica e financeira da em
cessidades
presa.
de ferro e a passagem do trabalho ma nual para a produção fabril em massa precisaram de capitais que ultrapassa
dos financeiros .satisfatórios, incluía ris cos consideráveis para os depositantes.
emissão de títulos. Nesse tempo já es
Um dos mais notáveis empreendimen
tavam funcionando sociedades anônimas
vam a capacidade financeira particular,
tos desse gênero foi a fundação do "credit Mobilier", em Paris, na sexta dezena
tomou-se necessário atrair as economias
financeiras
das
indústrias.
Êsse meio foi encontrado pelo recurso à
Para poder cuidar dos interêsses dos
na Europa Central, mas a adoção dessa
compradores desses títulos, ainda depois da aquisição de títulos da sua emissão, os bancos combinavam com a respectiva
forma jurídica tinha exclusivamente ra-
empresa, no contrato de emissão, a elei-
Dicesto Econômico
88
ção de um número de seus delegados
para a diretoria da empresa, suficiente para um voto decisivo, em tôdas as re soluções importantes. Também o regu lamento das bolsas cuidou dos interesses
dos compradores de títulos particulares no mercado de capitais, interditando a cotação dêsses títulos a emprêsas que
oferece a falência Kcn.sacional do "Leipziger Bank" no ano de 1892. Èsse ban co tinha concedido um credito dez ve
zes maior do que o seu próprio capital a uma única emprêsa industrial, a "Treber-Trocknungsgesellschaft". Essa emprêsa explorou um prüce.sso de fabri cação de resultados ainda não conheci
DicrcsTo Econóxoco
87
da.s, deve ser posto em relêvo o papel
torna indispensável em tais circunstân
saliente dos bancos industriais na Eu ropa Central, especialmente na Alema-
se todos os bancos da Alemanha,
nlia, no (lcscn\oKimento da indústria.
Áustria e de outros países da Europa
cias extraordinárias é o fato de que qua da
Sem e.ssa ajuda nunca teria sido possível
Central, nos anos de 1931 e 1932, fo
à indústria alemã alcançar, cm tão curto
ram forçados a apelar para seus gover
prazo, a indústria da rica Inglaterra,
nos.
que apresentava .sobre ela, no meio do
século passado, um avanço de 80 anc.s.
A experiência oferecida pela atividade
não pudessem apresentar balanços com
dos na prática, o qual, como soe acon
superavits referentes a três anos conse
tecer em tais ocasiões — requeria sem
cutivos.
pre novos adiantajnentos. Indústrias em
quase todos os bancos do sistema misto
fase experimental não podem ser "objeto
na Europa Central, alguns unos depois do fim da primeira guerra mundial, não
organizixção de tais bancos. A organi zação <^os serriços dos bancos comer ciais não pode absolutamente ser apli
foi conseqüência dêsse sistema bancá rio, mas sim efeito da própria guerra. Tôda guerra significa, cconòmicamente,
lá os trabalhos preliminares para a con
A escolha dos títulos particulares a
A profunda crise pela qual passaram
serem emitidos era exercida com a má
de financiamento bancário, em virtude
xima cautela, pois do êxito dessas emis sões dependia o próprio "crédito de
da impossibilidade de avaliação dos cré ditos necessários.
emissão".
Quase ao mesmo tempo em que essa falência ocorreu, um importante banco
Muitas vezes os bancos, an
tes de proceder à emissão, concediam, para ainda melhor inteirar-se do anda
dito contra caução das ações ou debêntures da mesma,
do um projeto, que feliz
préstimos governamentais, cuja recon
mente não chegou a ser pôs-
versão em bens materiais torna-se tanto
um aumento do capital so
cial ou do lançamento de um emprés
timo de debêntures de antemão combi nado. Dessa forma, os bancos indus triais tornaram-se em verdade simples intermediários entre a indústria e as eco
nomias particulares. Reembolsados dos créditos concedidos, os bancos estavam em condições de proceder a outros em
preendimentos da mesma natureza. Quando se procede a um exame pro
fundo dos isolados malogros, dos quais também os bancos industriais do sistema
misto não podiam esquivar-se totalmen te pode-se constatar que a causa não era o sistema bancário em si mesmo, mas
a transgressão das normas a que é su bordinado. Um exemplo típico disso
cessão do créditos devem sofrer com
pleta modificação. Os bancos comer ciais contentam-se, geralmente, para de cidir da concessão dum credito a deter
minada emprêsa, com a apresentação do
aqui uma referência, por
penda de importações. No caso da Áus
causa de sua natureza fan
tria, essa dificuldade aumentou ainda cedores da própria emprêsa e por firmas mais pelo desmembramento de seu ter de ramo semelhante. Êsse procedimenritório em novos Estados com altas bar 'to é satisfatório, porque os bancos exa
da
cidade
de
Paris com os seus próprios
reiras alfandegárias, o que diminuiu o
mortos. As sepulturas de veriam ser ligadas entre si
mercado interno de cêrca de 60 milhões
certamente a sua vantagem, mas força
ma misto, nesse tempo, consistiu em aproveitarem os seus depósitos a . prazo
quecimento dos fins 8 limites de um banco industrial. De resto, um outro
projeto também bastante problemático
do mesmo engenheiro, autor do plano acima mencionado, foi de fato realizado
mesmo
banco.
Tratava-se
da
minam ainda, depois, cada duplicata
estava gasta, e que sofria privação total
ses da decomposição como meio de ilu jeto tomado a sério demonstra total es
tadas pela Junta Comercial, por fome-
indústria de seu país, cuja maquinaria
de habitantes para 7 milhões. O grande erro dos dirigentes dos bancos do siste
minação. O fato de ter sido êsse pro
• último balanço e com informações pres
apresentada pela emprêsa para desconto ou caução. Além disso, os créditos con cedidos a uma emprêsa por um baiico abrangem geralmente só uma parte das duplicatas sacadas pela emprêsa em questão. Do ponto de vista da distri buição do risco, êsse procedimento tem
por tubos, para aproveitamento dos ga
pelo
cada aos bancos do sistema estudado,
mais difícil quanto o respectivo país de
iluminação
. ^
no estrangeiro deve orientar o Brasil na
to em prática, mas merece
tástica. O projeto previu a
assegurando-se ao mesmo tempo o direito da emissão dos títulos caucionados ou de títulos provenientes de
dos beligerantes em papel-moeda ou em
alemão do sistema misto estudou a fun
mento dos negócios da res pectiva empresa, as impor tâncias requeridas como cré
uma transformação dos bens materiais
dos bancos industriais do sistema misto
curto para o financiamento de tôda a
de matérias-primas normalmente impor
as emprêsas a procurar outros bancos
tadas e de créditos estrangeiros. Uma
com o restante das duplicatas,
tão gigantesca tarefa não podia ser so lucionada por economias particulares,
isso, porém, perdem os bancos a possi
mas só pelo Estado, que deveria garan tir os depósitos bancários, proibindo os
Com
bilidade de controlar o andamento das atividades sociais de seus devedores co
transmissão de fôrça em Paris não por meio de eletricidade, como nesse tempo era ,já usual, mas por via pneumática.
investimentos menos necessários e dis
através das relações do passivo das em
Como era de prever, essa transação re dundou em grandes perdas para o
tribuindo as escassas divisas estrangei ras conforme as necessidades econômi
prêsas em falênda ou em concordata. Nessas relações aparece, quase sempre,
banco.
Abstraindo-se tais ocorrências isola..Zâsl
merciais. Verifica-se
isso
claramente
cas das importações. Prova irretorquí-
uma série de bancos credores. Em ba
\el de que a interferência do Estado se
lanço de uma firma recentemente falida
Dicesto Econômico
88
ção de um número de seus delegados
para a diretoria da empresa, suficiente para um voto decisivo, em tôdas as re soluções importantes. Também o regu lamento das bolsas cuidou dos interesses
dos compradores de títulos particulares no mercado de capitais, interditando a cotação dêsses títulos a emprêsas que
oferece a falência Kcn.sacional do "Leipziger Bank" no ano de 1892. Èsse ban co tinha concedido um credito dez ve
zes maior do que o seu próprio capital a uma única emprêsa industrial, a "Treber-Trocknungsgesellschaft". Essa emprêsa explorou um prüce.sso de fabri cação de resultados ainda não conheci
DicrcsTo Econóxoco
87
da.s, deve ser posto em relêvo o papel
torna indispensável em tais circunstân
saliente dos bancos industriais na Eu ropa Central, especialmente na Alema-
se todos os bancos da Alemanha,
nlia, no (lcscn\oKimento da indústria.
Áustria e de outros países da Europa
cias extraordinárias é o fato de que qua da
Sem e.ssa ajuda nunca teria sido possível
Central, nos anos de 1931 e 1932, fo
à indústria alemã alcançar, cm tão curto
ram forçados a apelar para seus gover
prazo, a indústria da rica Inglaterra,
nos.
que apresentava .sobre ela, no meio do
século passado, um avanço de 80 anc.s.
A experiência oferecida pela atividade
não pudessem apresentar balanços com
dos na prática, o qual, como soe acon
superavits referentes a três anos conse
tecer em tais ocasiões — requeria sem
cutivos.
pre novos adiantajnentos. Indústrias em
quase todos os bancos do sistema misto
fase experimental não podem ser "objeto
na Europa Central, alguns unos depois do fim da primeira guerra mundial, não
organizixção de tais bancos. A organi zação <^os serriços dos bancos comer ciais não pode absolutamente ser apli
foi conseqüência dêsse sistema bancá rio, mas sim efeito da própria guerra. Tôda guerra significa, cconòmicamente,
lá os trabalhos preliminares para a con
A escolha dos títulos particulares a
A profunda crise pela qual passaram
serem emitidos era exercida com a má
de financiamento bancário, em virtude
xima cautela, pois do êxito dessas emis sões dependia o próprio "crédito de
da impossibilidade de avaliação dos cré ditos necessários.
emissão".
Quase ao mesmo tempo em que essa falência ocorreu, um importante banco
Muitas vezes os bancos, an
tes de proceder à emissão, concediam, para ainda melhor inteirar-se do anda
dito contra caução das ações ou debêntures da mesma,
do um projeto, que feliz
préstimos governamentais, cuja recon
mente não chegou a ser pôs-
versão em bens materiais torna-se tanto
um aumento do capital so
cial ou do lançamento de um emprés
timo de debêntures de antemão combi nado. Dessa forma, os bancos indus triais tornaram-se em verdade simples intermediários entre a indústria e as eco
nomias particulares. Reembolsados dos créditos concedidos, os bancos estavam em condições de proceder a outros em
preendimentos da mesma natureza. Quando se procede a um exame pro
fundo dos isolados malogros, dos quais também os bancos industriais do sistema
misto não podiam esquivar-se totalmen te pode-se constatar que a causa não era o sistema bancário em si mesmo, mas
a transgressão das normas a que é su bordinado. Um exemplo típico disso
cessão do créditos devem sofrer com
pleta modificação. Os bancos comer ciais contentam-se, geralmente, para de cidir da concessão dum credito a deter
minada emprêsa, com a apresentação do
aqui uma referência, por
penda de importações. No caso da Áus
causa de sua natureza fan
tria, essa dificuldade aumentou ainda cedores da própria emprêsa e por firmas mais pelo desmembramento de seu ter de ramo semelhante. Êsse procedimenritório em novos Estados com altas bar 'to é satisfatório, porque os bancos exa
da
cidade
de
Paris com os seus próprios
reiras alfandegárias, o que diminuiu o
mortos. As sepulturas de veriam ser ligadas entre si
mercado interno de cêrca de 60 milhões
certamente a sua vantagem, mas força
ma misto, nesse tempo, consistiu em aproveitarem os seus depósitos a . prazo
quecimento dos fins 8 limites de um banco industrial. De resto, um outro
projeto também bastante problemático
do mesmo engenheiro, autor do plano acima mencionado, foi de fato realizado
mesmo
banco.
Tratava-se
da
minam ainda, depois, cada duplicata
estava gasta, e que sofria privação total
ses da decomposição como meio de ilu jeto tomado a sério demonstra total es
tadas pela Junta Comercial, por fome-
indústria de seu país, cuja maquinaria
de habitantes para 7 milhões. O grande erro dos dirigentes dos bancos do siste
minação. O fato de ter sido êsse pro
• último balanço e com informações pres
apresentada pela emprêsa para desconto ou caução. Além disso, os créditos con cedidos a uma emprêsa por um baiico abrangem geralmente só uma parte das duplicatas sacadas pela emprêsa em questão. Do ponto de vista da distri buição do risco, êsse procedimento tem
por tubos, para aproveitamento dos ga
pelo
cada aos bancos do sistema estudado,
mais difícil quanto o respectivo país de
iluminação
. ^
no estrangeiro deve orientar o Brasil na
to em prática, mas merece
tástica. O projeto previu a
assegurando-se ao mesmo tempo o direito da emissão dos títulos caucionados ou de títulos provenientes de
dos beligerantes em papel-moeda ou em
alemão do sistema misto estudou a fun
mento dos negócios da res pectiva empresa, as impor tâncias requeridas como cré
uma transformação dos bens materiais
dos bancos industriais do sistema misto
curto para o financiamento de tôda a
de matérias-primas normalmente impor
as emprêsas a procurar outros bancos
tadas e de créditos estrangeiros. Uma
com o restante das duplicatas,
tão gigantesca tarefa não podia ser so lucionada por economias particulares,
isso, porém, perdem os bancos a possi
mas só pelo Estado, que deveria garan tir os depósitos bancários, proibindo os
Com
bilidade de controlar o andamento das atividades sociais de seus devedores co
transmissão de fôrça em Paris não por meio de eletricidade, como nesse tempo era ,já usual, mas por via pneumática.
investimentos menos necessários e dis
através das relações do passivo das em
Como era de prever, essa transação re dundou em grandes perdas para o
tribuindo as escassas divisas estrangei ras conforme as necessidades econômi
prêsas em falênda ou em concordata. Nessas relações aparece, quase sempre,
banco.
Abstraindo-se tais ocorrências isola..Zâsl
merciais. Verifica-se
isso
claramente
cas das importações. Prova irretorquí-
uma série de bancos credores. Em ba
\el de que a interferência do Estado se
lanço de uma firma recentemente falida
Dicesto EcoNÓ^^co
figuravam como credores nada menos
técnica da escrituração c executada com
de 24 bancos. E' perfeitamente veros
a máxima precisão. Muito mais impor
Dicesto Econômico
89
símil que cada um desses bancos igno
tante, porém, é o exame material dos
lucrati\'a de seus depósitos, a clientela SC oponha a uma tal exigência. Em tempo, porém, como o atual, em que a
rasse os créditos dos outros 23.
lançamentos, isto c, da influencia i>or
obtenção de créditos bancários é extre
Tratando-se, porém, da
cies exercida sobre a .situação econômica
mamente difícil, u introdução dessa pro vidência não encontrará forte oposição.
concessão
dum crédito a uma indústria que ultra passa a importância das duplicatas c
letras a receber, o que representa o ver dadeiro crédito industrial, uma partici
da empresa. O assunto dc.ssa revisão de\erá ser, por exemplo: a existência dc dívidas não lançadas, referentes a im-
tre os bancos uma corrente de entendi
■ posto de renda, contribuições sociais, juros, ctc., a proporção do estoque, da matéria-prima cm confronto com a pro dução e com o estoque de produtos aca
mento sobre as importâncias creditadas. Usualmente, num tal caso, a adminis
bados, a existência no estoque de pro dutos sem aceitação, a quantidade dc
tração e vigilância do crédito são execu
produtos devolvidos pela freguesia por
tadas por um único banco, o banco ge
causa de defeitos dc fabricação, a base
pação de vários bancos nesse crédito
toma-se impraticável se não existir en
rente, enquanto os outros figuram na
da avaliação dos produtos acabados no
-contabilidade do primeiro como subpar-
e.stoque por verificações saltcadas, a
ticipantes.
existência de débitos dos administrado
As necessárias informações sobre o andamento dos negócios de seus deve dores são recebidas pelos bancos indus triais através de revisões periódicas, exe
res etc.
cutadas pelos seus próprios funciona-» rios ou por^ peritos em auditoria, estra nhos à indústria a ser revisada. Essas revisões diferem bem das revisões orde
Todas essas indagações, pro cedidas por pessoas verdadeiramente experimentadas na auditoria de indústria.s', não precisam tanto tempo como
mais a parte técnica da escrituração, sendo que a influência econômica das atividades sociais sobre a situação finan
brasileira da necessidade de retribuir a
Não será fácil convencer a indústria
ceira da sociedade é de sobejo conheci
confiança do banco manifestada pela concessão de um crédito, permitindo inspeções periódicas em sua escrituração
da dos mandantes da revisão. Anali.san-
e documentos e uma certa influência nas
do todos os lançamentos, um por um,
decisões fundamentais, que natural mente nunca têm de degenerar em obs táculo ao desempenho das atividades
inclusive os de insignificante importân cia, conferindo-se todos com os respecti vos comprovantes, essas revisões tornamse muito demoradas e por isso custosas.
As revisões ordenadas pelo banCo cre dor para sua informação não precisam ser revisões integrais. Basta a revisão dos lançamentos mais importantes para
se chegar à conclusão de que a parte
intermédio de corretores, no mercado
anônima foi mencionada.
As atuais tcntali\as da indústria bra
do capital, não tinham, na maioria das vêzes, muito .sucesso. Pelo contrário,
muitas vêzcs contribuirani para abalar a
confiança dos capitalistas na aquisição de títulos particulares. Seja, por exem plo, lembrada a emissão de debêntures de uma importante emprê.sa industrial ]iá alguns anos, cujas ações pertenciam
quase que exclusi\-amento a uma iinicu pessoa. Já o prospocto cie emissão foi bastante incompleto, não contendo a conta de lucros e perdas e faltando no balanço publicado um eellificado de revisão por auditores estranhos à socie
como fator de segurança para os debenturistas. No prazo de alguns meses,
deliberações nas sessões da administra ção da empresa.
normais da empresa.
portante sociedade anônima industrial. O
sileira de colocar as suas emissões, por
dade.
nadas pela gerência ou pelo conseliio
clu falta de responsabilidade na coloca ção duma parcela do capital de uma im prospecto publicado nos jornais não coiilinha um balanç-o, c nem mesmo a im portância do capital social da sociedade
as revisões integrais formais, e podem ser, portanto, de custo módico. O con teúdo dessas revisões servirá de guia aos representantes do banco para suas
fiscal da mesma empresa. Tais revisões tomam em consideração, geralmente,
Citaremos, a seguir, outro exemplo, também recente, para a documentação
Como fim dc cnússão, declarou
o prosjjecto a ampliação da maquinaria e da produção, revelando com ênfase as
grandes reservas contidas no balanço, durante o qual o primeiro cupom da emissão foi pago, uma assembléia geral
Como únics
c.sclarccimento, o, prospecto continha, sob o título enganador de "Análise Fi nanceira", a indicação das importâncias ei\igregadas em máquinas e imóveis, as sim como os dividendos e bonificaç-ões distribuídos aos acionistas nos três exer
cícios precedentes.
Não é de admirar que nessas circuns tâncias os capitalistas fujam à aquisição de títulos particulares e prefiram o inx'eslimento das suas economias em títu
los públicos, hipotecas, terrenos e pré dios.
Enquanto os bancos comerciais bra sileiros, em geral, exercem as suas ativi
dades com o máximo cuidado, dentro
dos limites a êsse tipo de bancos traça dos, bancos de pequena importância deixam-se, de vez em quando, atrair por atividades não correspondentes a uma séria política bancária.
tribuição foram con.sumidas quase todas as reservas da emprêsa. A emissão re sultou, pois, simplesmente, na transfe rência do produto cia mesma para o
Há alguns meses um banco apareceu na relação da falência de uma emprêsa de ti-ansportes de carga como credor de importância bastante grande. Sendo os serviços de tais empresas pagos a vista, é claro que elas não precisam dum ca pital circulante considerável. A garantia do crédito bancário concedido podia, pois, só constar do.s caminhões compra
bõlso do acionista, em prejuízo da se
dos com êsse crédito. Não é essa uma
da sociedade resolveu a distribuição de
uma bonificação aos acionistas, cuja im portância atingiu c|uase a totalidade da parle colocada da emissãó. Para essa dis
E' de lastimar que os bancos, até agora, nunca tenham tentado impor aos seus devedores essa obrigação natural. E'
gurança dos debenturislas. Reclamações
transação nem dum banco comercial
dos clcbcnturistas
respondidas
nem dum banco industrial. Êsse crédito
tinha de ser concedido pela emprêsa
foram
de se admitir que em tempo de dinheiro
com a alegação de que os debenturistas
abundante, em que os bancos procuram
não têm outro direito senão o de rece
vendedora dos caminhões contra letras
obter por todos os meios uma colocação
bimento de juros.
de câmbio aceitas pela emprêsa compra-
Dicesto EcoNÓ^^co
figuravam como credores nada menos
técnica da escrituração c executada com
de 24 bancos. E' perfeitamente veros
a máxima precisão. Muito mais impor
Dicesto Econômico
89
símil que cada um desses bancos igno
tante, porém, é o exame material dos
lucrati\'a de seus depósitos, a clientela SC oponha a uma tal exigência. Em tempo, porém, como o atual, em que a
rasse os créditos dos outros 23.
lançamentos, isto c, da influencia i>or
obtenção de créditos bancários é extre
Tratando-se, porém, da
cies exercida sobre a .situação econômica
mamente difícil, u introdução dessa pro vidência não encontrará forte oposição.
concessão
dum crédito a uma indústria que ultra passa a importância das duplicatas c
letras a receber, o que representa o ver dadeiro crédito industrial, uma partici
da empresa. O assunto dc.ssa revisão de\erá ser, por exemplo: a existência dc dívidas não lançadas, referentes a im-
tre os bancos uma corrente de entendi
■ posto de renda, contribuições sociais, juros, ctc., a proporção do estoque, da matéria-prima cm confronto com a pro dução e com o estoque de produtos aca
mento sobre as importâncias creditadas. Usualmente, num tal caso, a adminis
bados, a existência no estoque de pro dutos sem aceitação, a quantidade dc
tração e vigilância do crédito são execu
produtos devolvidos pela freguesia por
tadas por um único banco, o banco ge
causa de defeitos dc fabricação, a base
pação de vários bancos nesse crédito
toma-se impraticável se não existir en
rente, enquanto os outros figuram na
da avaliação dos produtos acabados no
-contabilidade do primeiro como subpar-
e.stoque por verificações saltcadas, a
ticipantes.
existência de débitos dos administrado
As necessárias informações sobre o andamento dos negócios de seus deve dores são recebidas pelos bancos indus triais através de revisões periódicas, exe
res etc.
cutadas pelos seus próprios funciona-» rios ou por^ peritos em auditoria, estra nhos à indústria a ser revisada. Essas revisões diferem bem das revisões orde
Todas essas indagações, pro cedidas por pessoas verdadeiramente experimentadas na auditoria de indústria.s', não precisam tanto tempo como
mais a parte técnica da escrituração, sendo que a influência econômica das atividades sociais sobre a situação finan
brasileira da necessidade de retribuir a
Não será fácil convencer a indústria
ceira da sociedade é de sobejo conheci
confiança do banco manifestada pela concessão de um crédito, permitindo inspeções periódicas em sua escrituração
da dos mandantes da revisão. Anali.san-
e documentos e uma certa influência nas
do todos os lançamentos, um por um,
decisões fundamentais, que natural mente nunca têm de degenerar em obs táculo ao desempenho das atividades
inclusive os de insignificante importân cia, conferindo-se todos com os respecti vos comprovantes, essas revisões tornamse muito demoradas e por isso custosas.
As revisões ordenadas pelo banCo cre dor para sua informação não precisam ser revisões integrais. Basta a revisão dos lançamentos mais importantes para
se chegar à conclusão de que a parte
intermédio de corretores, no mercado
anônima foi mencionada.
As atuais tcntali\as da indústria bra
do capital, não tinham, na maioria das vêzes, muito .sucesso. Pelo contrário,
muitas vêzcs contribuirani para abalar a
confiança dos capitalistas na aquisição de títulos particulares. Seja, por exem plo, lembrada a emissão de debêntures de uma importante emprê.sa industrial ]iá alguns anos, cujas ações pertenciam
quase que exclusi\-amento a uma iinicu pessoa. Já o prospocto cie emissão foi bastante incompleto, não contendo a conta de lucros e perdas e faltando no balanço publicado um eellificado de revisão por auditores estranhos à socie
como fator de segurança para os debenturistas. No prazo de alguns meses,
deliberações nas sessões da administra ção da empresa.
normais da empresa.
portante sociedade anônima industrial. O
sileira de colocar as suas emissões, por
dade.
nadas pela gerência ou pelo conseliio
clu falta de responsabilidade na coloca ção duma parcela do capital de uma im prospecto publicado nos jornais não coiilinha um balanç-o, c nem mesmo a im portância do capital social da sociedade
as revisões integrais formais, e podem ser, portanto, de custo módico. O con teúdo dessas revisões servirá de guia aos representantes do banco para suas
fiscal da mesma empresa. Tais revisões tomam em consideração, geralmente,
Citaremos, a seguir, outro exemplo, também recente, para a documentação
Como fim dc cnússão, declarou
o prosjjecto a ampliação da maquinaria e da produção, revelando com ênfase as
grandes reservas contidas no balanço, durante o qual o primeiro cupom da emissão foi pago, uma assembléia geral
Como únics
c.sclarccimento, o, prospecto continha, sob o título enganador de "Análise Fi nanceira", a indicação das importâncias ei\igregadas em máquinas e imóveis, as sim como os dividendos e bonificaç-ões distribuídos aos acionistas nos três exer
cícios precedentes.
Não é de admirar que nessas circuns tâncias os capitalistas fujam à aquisição de títulos particulares e prefiram o inx'eslimento das suas economias em títu
los públicos, hipotecas, terrenos e pré dios.
Enquanto os bancos comerciais bra sileiros, em geral, exercem as suas ativi
dades com o máximo cuidado, dentro
dos limites a êsse tipo de bancos traça dos, bancos de pequena importância deixam-se, de vez em quando, atrair por atividades não correspondentes a uma séria política bancária.
tribuição foram con.sumidas quase todas as reservas da emprêsa. A emissão re sultou, pois, simplesmente, na transfe rência do produto cia mesma para o
Há alguns meses um banco apareceu na relação da falência de uma emprêsa de ti-ansportes de carga como credor de importância bastante grande. Sendo os serviços de tais empresas pagos a vista, é claro que elas não precisam dum ca pital circulante considerável. A garantia do crédito bancário concedido podia, pois, só constar do.s caminhões compra
bõlso do acionista, em prejuízo da se
dos com êsse crédito. Não é essa uma
da sociedade resolveu a distribuição de
uma bonificação aos acionistas, cuja im portância atingiu c|uase a totalidade da parle colocada da emissãó. Para essa dis
E' de lastimar que os bancos, até agora, nunca tenham tentado impor aos seus devedores essa obrigação natural. E'
gurança dos debenturislas. Reclamações
transação nem dum banco comercial
dos clcbcnturistas
respondidas
nem dum banco industrial. Êsse crédito
tinha de ser concedido pela emprêsa
foram
de se admitir que em tempo de dinheiro
com a alegação de que os debenturistas
abundante, em que os bancos procuram
não têm outro direito senão o de rece
vendedora dos caminhões contra letras
obter por todos os meios uma colocação
bimento de juros.
de câmbio aceitas pela emprêsa compra-
90
Diciísto Econômico
dora. Sendo boa a situação da emprôsa vendedora, ela é que se podia dirigir a um banco para o desconto de parte des
causou, pelas circunstâncias, tanta sen
ses saques com vencimento não muito
sação, que o anunciado banco felizmen
prolongado. Também não faz muito,
mesma base, ocorrida durante o tem
te não chegou a funcionar. um banco
fundado em São Paulo há côrca de cinco anos pretendia estabelecer um banco es
pecializado em investimentos. Anúncios nos jornais convidaram os capitalistas a
depositar os seus títulos cotados na Bôl-
sa no novo banco, que prometeu pagar aos deposítantes, além da renda dêsles ti^los, uma bonificação de 2% ao ano
sôbre o valor nominal dos títulos depo sitados. O emprêgo dêsses títulos pe
lo banco não foi indicado nos anúncios, mas é claro que êles só poderiam servir como caução para empréstimos a con
trair pelo banco. Calculando-se os ju
ros a pagar para esses empréstimos, no
mín^ de 10% ao ano, mais os 2% de
bonificação aos depositantes dos títulos mais uma porcentagem para as despesas
de administração do banco, chegou-se à conclusão de que o custo dêsse dinheiro
para o banco é tal que o seu emprégo só poderá dar-se em transações de ca ráter duvidoso ou, ao menos, puramente
especulativo. A falência de uma peque na casa bancária, que trabalhou na
Mercado interno
po da fundação do banco mencionado
Muito embora as ocorrências como as
acima
mencionadas
não tenham sido
importantes, quer em quantidade, quer em valor, na verdade contribuíram de
modo decisivo para a desconfiança rei nante no mercado do capital. Esta é a
causa por que alguns exemplos dessas ocorrências foram acima mencionados.
Não se deve aguardar milagres dos
bancos industriais, logo depois de sua instalação no Brasil, pois só com o má.xímo cuidado as primeiras emissões te
rão de ser escolhidas e colocadas, pouco a pouco, em mãos de verdadeiros poupadores, e não em mãos especulativas.
Nelson Werneck Sodré
AGONIA prolongada da la\oura cafeeira — agora reanimada com a as censão extraordinária dos preços, mas
suas linhas: não passávamos de produtore.s dc matérias-primas e artigos tropi
depois do um período em que muitos dos seus valores se estiolaram, com pos sibilidades do recuperação bastante re
vidades externas.
motas — os lami-ntos dos que \erificaram a impossibilidade dc substituir, com o algodão, o antigo primado da vubiácea, são os sintomas da atividade agrícola com que o Brasil defronta a articulação
cional, as suas flutuações.
cais, destinados ao consumo de coleti
Essas coletividades,
pelas .suas entidades de caráter econô
mico, impunham, pois, à produção na Mais do
que isso: como fornecedoras de produtos manufaturados ou produzidos em série, indispensáveis à vida brasileira em e\o-
lução, tais mercados guardavam o pri
econômica dôsto agitado após-guerra.
mado incontestável da causalidade, im
Após-guerra que enconti-a o no.sso país
pondo preços e jogando com a premen
na singular posição de ter de reorgani
te e crescente necessidade de uHlida-
Oscilações não justificadas das cotações
zar o seu desarticulado sistema produtor, para que possamos chegar a oferecer al
dessas emissões na Bôlsa terão de ser
guma coisa dc ponderável ao mundo,
des de tôda espécie que o desenvolvi mento demográfico e as ânsias pelo au mento da produção impunham por parte
impedidas por intervenção do banco
aproveitando, com firmeza, as possibili
dos brasileiros.
emissor.
Assim, a confiança no merca
dades que nos oferecem alguns fatores
do de títulos voltará com o tempo e o in
de estabelecermos uma edificação eco nômica que no.s emancipo do.s males do
teresse para a aquisição de emissões particulares crescerá, dando lugar a no
passado, que tantos reflexos ainda en
vos empreendimentos, por parte dos bancos industriais, para a evolução e o desenvolvimento do parque industrial do
contram na situação presente — refle
Brasil.
xos que, tendo perturbado de maneira
grave a vida nacional, devem, pelo me nos, ter alertado os espíritas menos pre venidos contra os perigos da perma nência no empirísmo em que nos deba temos.
Enquanto permanecemos, politica mente, dominados pela metrópole lusa, o trabalhando para manter um grupo português definitivamente jungido e su bordinado ao caiTO triunfal do indus-
trialismo britânico, não fizemos mais do
que produzir para a exportação, enrique cendo esse grupo e permanecendo no ní vel baixíssimo de vida que levávamos, pouco exigentes de utilidades estrangei
que os males da organização econômica
ras. A fase tempestuosa da arremetida napoleônica, na península ibérica, entre tanto, encontrou a América espanhola e
brasileira são de fundo liistórico, e < re--
o Brasil em condições de constituírem
montam à estrutura colonial que
mercados de.primeira ordem para a pro
Parece que é verdade aceita por todos
pre.side, estrutura que a transição
nos
tran-sformações subseqüentes, não
dução industrial e manufatureira britânica, em contínuo desen volvimento. O fenômeno essen
fizeram mais do que continuar.
cialmente político da autonomia,
O quadro colonial, na verdade, marcava-se pela simplicidade de
Strangford, logo completados pe-
para a autonomia, e todas as
caracterizado pelos acordos de
90
Diciísto Econômico
dora. Sendo boa a situação da emprôsa vendedora, ela é que se podia dirigir a um banco para o desconto de parte des
causou, pelas circunstâncias, tanta sen
ses saques com vencimento não muito
sação, que o anunciado banco felizmen
prolongado. Também não faz muito,
mesma base, ocorrida durante o tem
te não chegou a funcionar. um banco
fundado em São Paulo há côrca de cinco anos pretendia estabelecer um banco es
pecializado em investimentos. Anúncios nos jornais convidaram os capitalistas a
depositar os seus títulos cotados na Bôl-
sa no novo banco, que prometeu pagar aos deposítantes, além da renda dêsles ti^los, uma bonificação de 2% ao ano
sôbre o valor nominal dos títulos depo sitados. O emprêgo dêsses títulos pe
lo banco não foi indicado nos anúncios, mas é claro que êles só poderiam servir como caução para empréstimos a con
trair pelo banco. Calculando-se os ju
ros a pagar para esses empréstimos, no
mín^ de 10% ao ano, mais os 2% de
bonificação aos depositantes dos títulos mais uma porcentagem para as despesas
de administração do banco, chegou-se à conclusão de que o custo dêsse dinheiro
para o banco é tal que o seu emprégo só poderá dar-se em transações de ca ráter duvidoso ou, ao menos, puramente
especulativo. A falência de uma peque na casa bancária, que trabalhou na
Mercado interno
po da fundação do banco mencionado
Muito embora as ocorrências como as
acima
mencionadas
não tenham sido
importantes, quer em quantidade, quer em valor, na verdade contribuíram de
modo decisivo para a desconfiança rei nante no mercado do capital. Esta é a
causa por que alguns exemplos dessas ocorrências foram acima mencionados.
Não se deve aguardar milagres dos
bancos industriais, logo depois de sua instalação no Brasil, pois só com o má.xímo cuidado as primeiras emissões te
rão de ser escolhidas e colocadas, pouco a pouco, em mãos de verdadeiros poupadores, e não em mãos especulativas.
Nelson Werneck Sodré
AGONIA prolongada da la\oura cafeeira — agora reanimada com a as censão extraordinária dos preços, mas
suas linhas: não passávamos de produtore.s dc matérias-primas e artigos tropi
depois do um período em que muitos dos seus valores se estiolaram, com pos sibilidades do recuperação bastante re
vidades externas.
motas — os lami-ntos dos que \erificaram a impossibilidade dc substituir, com o algodão, o antigo primado da vubiácea, são os sintomas da atividade agrícola com que o Brasil defronta a articulação
cional, as suas flutuações.
cais, destinados ao consumo de coleti
Essas coletividades,
pelas .suas entidades de caráter econô
mico, impunham, pois, à produção na Mais do
que isso: como fornecedoras de produtos manufaturados ou produzidos em série, indispensáveis à vida brasileira em e\o-
lução, tais mercados guardavam o pri
econômica dôsto agitado após-guerra.
mado incontestável da causalidade, im
Após-guerra que enconti-a o no.sso país
pondo preços e jogando com a premen
na singular posição de ter de reorgani
te e crescente necessidade de uHlida-
Oscilações não justificadas das cotações
zar o seu desarticulado sistema produtor, para que possamos chegar a oferecer al
dessas emissões na Bôlsa terão de ser
guma coisa dc ponderável ao mundo,
des de tôda espécie que o desenvolvi mento demográfico e as ânsias pelo au mento da produção impunham por parte
impedidas por intervenção do banco
aproveitando, com firmeza, as possibili
dos brasileiros.
emissor.
Assim, a confiança no merca
dades que nos oferecem alguns fatores
do de títulos voltará com o tempo e o in
de estabelecermos uma edificação eco nômica que no.s emancipo do.s males do
teresse para a aquisição de emissões particulares crescerá, dando lugar a no
passado, que tantos reflexos ainda en
vos empreendimentos, por parte dos bancos industriais, para a evolução e o desenvolvimento do parque industrial do
contram na situação presente — refle
Brasil.
xos que, tendo perturbado de maneira
grave a vida nacional, devem, pelo me nos, ter alertado os espíritas menos pre venidos contra os perigos da perma nência no empirísmo em que nos deba temos.
Enquanto permanecemos, politica mente, dominados pela metrópole lusa, o trabalhando para manter um grupo português definitivamente jungido e su bordinado ao caiTO triunfal do indus-
trialismo britânico, não fizemos mais do
que produzir para a exportação, enrique cendo esse grupo e permanecendo no ní vel baixíssimo de vida que levávamos, pouco exigentes de utilidades estrangei
que os males da organização econômica
ras. A fase tempestuosa da arremetida napoleônica, na península ibérica, entre tanto, encontrou a América espanhola e
brasileira são de fundo liistórico, e < re--
o Brasil em condições de constituírem
montam à estrutura colonial que
mercados de.primeira ordem para a pro
Parece que é verdade aceita por todos
pre.side, estrutura que a transição
nos
tran-sformações subseqüentes, não
dução industrial e manufatureira britânica, em contínuo desen volvimento. O fenômeno essen
fizeram mais do que continuar.
cialmente político da autonomia,
O quadro colonial, na verdade, marcava-se pela simplicidade de
Strangford, logo completados pe-
para a autonomia, e todas as
caracterizado pelos acordos de
92
los de Stuart, operou uma transforma
Dicestc) Econónqco
Diciisro
93
Econômico
concorressem, também em parcelas de
clausura colonial c adquiridos hábitos e necessidades que o contato com o mun--
indústria nacional, c a necessidade de
ção apenas aparente na vida brasileira,
colocar o café, obtendo preços compen
vulto, numa balança defeituosa de for
porque permanecemos produzindo para entrega direta aos clientes, adquirindo
do vinlia acarretando.
sadores. As flutuações naturais des.sa
necimentos.
dêles, também diretamente, e com prote ção aduaneira natural, as utilidades que
to da clientela, c com o aumento do
política, e outras causas, acabaram por lançar o país nas soluções fictícias dos
A política cafeeira, a ilusão transitó ria da laranja e a arrancada do algodão,
poder aquisitivo de que era dotada. Dai
esprcstiinos tomados no exterior.
foram sendo colocadas no mercado inter
se originaram os mais sérios impulsos externos para apressar a solução do pro
O que jamais interessou, cm síntese,
bido, às pausas e declínios do café, não
nesse complexo jogo do \'antagen.s, foi a
blema abolicionista, que foi descendo os sensí\'eis degraus da liberdade dos
sorte do trabalhador nacional, cujo único destino, na estrutura colonial permanen
chegaram, entretanto, para satisfazer àqueles que pretendem manter-se na
sexagenários, da liberdade do ventre da
te, era o do contribuir com o seu esfor
escrava, para desaguar"* no tormentoso
ço físico, de vez que a produção se des
estuário de 1888, às vé.speras da Hcpú-
tinava ao mercado externo, única e to
plica. O no\'o regime político não alterava,
talmente. A indústria, alimentada pela economia de exportação, devia permane
no em volume e valor sempre crescentes.
Era uma conseqüência espontânea desse processo a nossa posição subsidiária de
povo produtor de elementos secundários
no conjunto das trocas universais, rele
gado ao domínio absoluto do regime agrário e condicionado, pela origem dos acontecimentos que motivaram a inde
pendência, à concessão de favores alfan
degários de que a tarifa Alves Branco,
em 1844, foi o primeiro sinal de cansaço! Tal estado de coisas admitia, sem so lução de continuidade, o quadro habitual da colônia, onde uma população crescen te se repartia, quanto à riqueza, num
desnível tremendo, havendo poucas for tunas apreciáveis, um núcleo flutuante cuja mediania não encontrava salvação e a massa que concorria com o trabalho e que era quase totalmente constituída
pelos escravos. O espaço destinado ao trabalho livre, por isso mesmo, perma necia ínfimo, e os reflexos dêsse estado
de coisas na solução do problema aboli cionista não foram jamais estudados com rigor e objetividade indispensáveis. Era
O trabalho ser-
vil era incompatí\'cI com c.ssc crescimen
também, em essência, o quadro habitual
cer em limites parcos o estreitos e valer-
da produção brasileira. Mas encontrava
se dos recursos da proteção, fornecendo,
o ambiente interno cm fa.sc de apreciável
em última análise, por preço mais ele vado, produtos de qualidade in
transformação, porque
o
crescimento
tão estreitamente conjugada, como é sa
idéia fixa de que devemos ter um pro
duto agrário preponderante, em condi ções de colocar-se no primado anterior mente ocupado pelo café, enriquecendo bastante a alguns e mantendo indiferen tes todos os demais grupos da população brasileira. E isso tudo, no regime agrí cola da en.vada e da produção próximo
ao litoral, para que haja transporte, her
dado do sistema anteriormente \ elaborado, e mínimas despesas
formidável da produção cafeeira condi
ferior. Essa mesma indústria,
cionara o aparecimento, na região ccn-
que a eclosão de uma guerra de maiores proporções que a ante rior fez com que se desenvolves
béni 7parque, industrial, ainda !j . -r.. con- ^
se de forma extraordinária, che gou, naqueles dias de crise uni
necessidades internas, que nao
tro-sul, de um parque industrial pouco acima dos níveis do mero artezanato, que e.\igia á mudança do regime tarifário para a sua manutenção. Êsse parque não cessou de crescer, e a guerra mun
dial irrompida em 1914 contribuiu para um de seus mais fortes impulsos, ao passo que a produção cafeeira entrava a exigir a intervenção constante do Es
tado no mercado, para a manutenção dos preços. A transição do primado britânico pa
versal, a interessar a alguns mer cados externos, particularmente os mais próximos, sem que isso viesse, de forma alguma, modificar o quadro antigo, em
de
frete. Mantendo-se tani-
que à custa de tarifas, em
dições de satisfazer a algumas
podem deixar de ser mmimas
justamente porque a diretriz de exportação pnr^
-- traz vantagens diretas c
imediatas para as massas consumidoras , ,
de importância talvez tenha sido a ilu são de que, em condições normais de
nacionais. O que vem contnbumdo, pois para manter a ilusão da possibijidade de um quadro de linhas semelhan
circulação comercial no mundo, pudesse ela manter os mercados de emergência
eventualidades e medidas de emergên
seus traços essenciais. A única alteração
tes não é mais do que o conjunto de
natural, em todo caso, que, finalmente, o desenvolvimento espantoso do industrialismo acabasSe por se interessar pelo crescimento, entre nós, do grupo popu lacional que constituía uma clientela tão fácil, aumentando nele, por outro lado,
nosso maior comprador do produto cm regime de monocultura e aquele que
conjunto da balança e.xportadoia — dan
o poder aquisitivo. Êsse interesse encon
passou a nos fornecer a maior parte de
gum tempo ainda inviável, de que pode
trava correspondência na alteração sen sível operada na massa brasileira que vi via junto ao mar, e que constituía o
tudo o que precisávamos do estrangeiro. Era indispensável, por isso mesmo, esta
ríamos, no após-guenra, quebrar o quase
belecer um justo equilíbrio entre a ten
ressando os mercados do mundo em ou
da aos mercados externos e vivendo do
grosso da população do País, finda a
dência à proteção alfandegária, para a
tros produtos brasileiros, de sorte a que
financiamento.
ra o norte-americano na evolução eco
nômica brasileira, como fonte das utili
dades externas, estabeleceu a cúriosa coincidência de fazer do um só país o
que conquistara. Outra ilusão se apre sentou com as sucessivas quedas na percentagem concretizada pelo café, no
do a idéia, hoje desacreditada, e por al monopólio cafeeiro dé exportação, inte
cia tomadas pelos países que se viram envolvidos no último conflito, e durante a sua duração. Não seria possível a e-xistência de alguém com o suficiente otimismo para admitir a permanência, ao mesmo tempo, de uma indústria fei ta para o exterior, principalmente, e lima produção agrária também destina
92
los de Stuart, operou uma transforma
Dicestc) Econónqco
Diciisro
93
Econômico
concorressem, também em parcelas de
clausura colonial c adquiridos hábitos e necessidades que o contato com o mun--
indústria nacional, c a necessidade de
ção apenas aparente na vida brasileira,
colocar o café, obtendo preços compen
vulto, numa balança defeituosa de for
porque permanecemos produzindo para entrega direta aos clientes, adquirindo
do vinlia acarretando.
sadores. As flutuações naturais des.sa
necimentos.
dêles, também diretamente, e com prote ção aduaneira natural, as utilidades que
to da clientela, c com o aumento do
política, e outras causas, acabaram por lançar o país nas soluções fictícias dos
A política cafeeira, a ilusão transitó ria da laranja e a arrancada do algodão,
poder aquisitivo de que era dotada. Dai
esprcstiinos tomados no exterior.
foram sendo colocadas no mercado inter
se originaram os mais sérios impulsos externos para apressar a solução do pro
O que jamais interessou, cm síntese,
bido, às pausas e declínios do café, não
nesse complexo jogo do \'antagen.s, foi a
blema abolicionista, que foi descendo os sensí\'eis degraus da liberdade dos
sorte do trabalhador nacional, cujo único destino, na estrutura colonial permanen
chegaram, entretanto, para satisfazer àqueles que pretendem manter-se na
sexagenários, da liberdade do ventre da
te, era o do contribuir com o seu esfor
escrava, para desaguar"* no tormentoso
ço físico, de vez que a produção se des
estuário de 1888, às vé.speras da Hcpú-
tinava ao mercado externo, única e to
plica. O no\'o regime político não alterava,
talmente. A indústria, alimentada pela economia de exportação, devia permane
no em volume e valor sempre crescentes.
Era uma conseqüência espontânea desse processo a nossa posição subsidiária de
povo produtor de elementos secundários
no conjunto das trocas universais, rele
gado ao domínio absoluto do regime agrário e condicionado, pela origem dos acontecimentos que motivaram a inde
pendência, à concessão de favores alfan
degários de que a tarifa Alves Branco,
em 1844, foi o primeiro sinal de cansaço! Tal estado de coisas admitia, sem so lução de continuidade, o quadro habitual da colônia, onde uma população crescen te se repartia, quanto à riqueza, num
desnível tremendo, havendo poucas for tunas apreciáveis, um núcleo flutuante cuja mediania não encontrava salvação e a massa que concorria com o trabalho e que era quase totalmente constituída
pelos escravos. O espaço destinado ao trabalho livre, por isso mesmo, perma necia ínfimo, e os reflexos dêsse estado
de coisas na solução do problema aboli cionista não foram jamais estudados com rigor e objetividade indispensáveis. Era
O trabalho ser-
vil era incompatí\'cI com c.ssc crescimen
também, em essência, o quadro habitual
cer em limites parcos o estreitos e valer-
da produção brasileira. Mas encontrava
se dos recursos da proteção, fornecendo,
o ambiente interno cm fa.sc de apreciável
em última análise, por preço mais ele vado, produtos de qualidade in
transformação, porque
o
crescimento
tão estreitamente conjugada, como é sa
idéia fixa de que devemos ter um pro
duto agrário preponderante, em condi ções de colocar-se no primado anterior mente ocupado pelo café, enriquecendo bastante a alguns e mantendo indiferen tes todos os demais grupos da população brasileira. E isso tudo, no regime agrí cola da en.vada e da produção próximo
ao litoral, para que haja transporte, her
dado do sistema anteriormente \ elaborado, e mínimas despesas
formidável da produção cafeeira condi
ferior. Essa mesma indústria,
cionara o aparecimento, na região ccn-
que a eclosão de uma guerra de maiores proporções que a ante rior fez com que se desenvolves
béni 7parque, industrial, ainda !j . -r.. con- ^
se de forma extraordinária, che gou, naqueles dias de crise uni
necessidades internas, que nao
tro-sul, de um parque industrial pouco acima dos níveis do mero artezanato, que e.\igia á mudança do regime tarifário para a sua manutenção. Êsse parque não cessou de crescer, e a guerra mun
dial irrompida em 1914 contribuiu para um de seus mais fortes impulsos, ao passo que a produção cafeeira entrava a exigir a intervenção constante do Es
tado no mercado, para a manutenção dos preços. A transição do primado britânico pa
versal, a interessar a alguns mer cados externos, particularmente os mais próximos, sem que isso viesse, de forma alguma, modificar o quadro antigo, em
de
frete. Mantendo-se tani-
que à custa de tarifas, em
dições de satisfazer a algumas
podem deixar de ser mmimas
justamente porque a diretriz de exportação pnr^
-- traz vantagens diretas c
imediatas para as massas consumidoras , ,
de importância talvez tenha sido a ilu são de que, em condições normais de
nacionais. O que vem contnbumdo, pois para manter a ilusão da possibijidade de um quadro de linhas semelhan
circulação comercial no mundo, pudesse ela manter os mercados de emergência
eventualidades e medidas de emergên
seus traços essenciais. A única alteração
tes não é mais do que o conjunto de
natural, em todo caso, que, finalmente, o desenvolvimento espantoso do industrialismo acabasSe por se interessar pelo crescimento, entre nós, do grupo popu lacional que constituía uma clientela tão fácil, aumentando nele, por outro lado,
nosso maior comprador do produto cm regime de monocultura e aquele que
conjunto da balança e.xportadoia — dan
o poder aquisitivo. Êsse interesse encon
passou a nos fornecer a maior parte de
gum tempo ainda inviável, de que pode
trava correspondência na alteração sen sível operada na massa brasileira que vi via junto ao mar, e que constituía o
tudo o que precisávamos do estrangeiro. Era indispensável, por isso mesmo, esta
ríamos, no após-guenra, quebrar o quase
belecer um justo equilíbrio entre a ten
ressando os mercados do mundo em ou
da aos mercados externos e vivendo do
grosso da população do País, finda a
dência à proteção alfandegária, para a
tros produtos brasileiros, de sorte a que
financiamento.
ra o norte-americano na evolução eco
nômica brasileira, como fonte das utili
dades externas, estabeleceu a cúriosa coincidência de fazer do um só país o
que conquistara. Outra ilusão se apre sentou com as sucessivas quedas na percentagem concretizada pelo café, no
do a idéia, hoje desacreditada, e por al monopólio cafeeiro dé exportação, inte
cia tomadas pelos países que se viram envolvidos no último conflito, e durante a sua duração. Não seria possível a e-xistência de alguém com o suficiente otimismo para admitir a permanência, ao mesmo tempo, de uma indústria fei ta para o exterior, principalmente, e lima produção agrária também destina
Dicesto Econômico
94
A realidade nos mostrará que o futuro
a competição organizada, no .sclor c.\lcr-
da indústria brasileira está no cresci
no, cem rivais poderosamente dotados,
mento ponderável do mercado interno, pelo menos como uma etapa indispensá vel para um estágio mais adiantado. Não
cuja etapa industrial c muito mais avançada, ou do que a da permanência
conquistaremos, com o parque industrial que possuímos, mercados externos apre ciáveis, e nem poderíamos mesmo man ter muitos daqueles que nos freqüenta ram, por uma situação de pura emer
I
no colonialismo singular e deprimente de contribuir tão sòmente para uma clientela estrangeira, com produtos que sofrerão sempre os reflexos de contin
gências de toda ordem, que escapam ao nosso alcance, deixando-nos em posição
gência. E nem poderemos suportar pro
permanentemente subalterna e não inte
dutos agrícolas em situação de pri mado absoluto, que não consigam colo
privilegiado grupo, enquanto a grande
ressando, dentro do Brasil, .senão a um
car-se, impondo paliativos exaustivos,
parte do povo continuará a viver num
como aqueles que se marcam na pauta
padrão capaz de espantar a qualquer
alfandegária de favor a outros produtos
observador.
de entrada, no financiamento corrente,
A verdade é que todos os problemas
e em medidas semelhantes. O mercado
brasileiros, decisivamente relacionados à
interno, por outro lado, é mais do que uma imposição do interêsse nacional,
porque é uma imposição de salvação pa ra um parque industrial que não deve sofrer pausa no seu desenvolvimento, a
menos que admitamos a hipótese de o Brasil regredir. Um país de cinqüenta milhões de habitantes não pode chegar a uma etapa de progresso apreciável se
permanecer interessando apenas uma percentagem mínima de seu povo na ri queza e no bem-estar que consegue
órbita econômica, não encontram outro
rumo senão o da conjugação, dentro da grandeza geográfica do País, de umas
zonas a outras, pelo produção e pelo consumo. Quando o povo brasileiro fôr o principal mercado da produção agrí cola e industrial que vamos elaborando, absorvendo uma parcela ponderável de.ssa produção, todos os esforços serão fei tos para o aumento do seu poder aqui sitivo, da elevação do seu padrão de vida
e problemas correlates, como os da edu
construir.
cação e saúde.
Se atentarmos para a imensidade geo gráfica do Brasil e para o que represen
quadro não significa, particularmente
ta já o nosso povo, como mercado pon
ções, a constituição, pelo Brasil, de uma
derável para a produção de qualquer espécie, e se lembrarmos que a poten cialidade norte-americana, em cujas li nhas tantos apreciam debruçar-se, deri vou, em grande parte, das ligações in
ternas que o aproveitamento do próprio mercado nacional proporcionou ao ex
traordinário surto industrial daquele
E' evidente que ôsse
num mundo de tão fundas inter-rela-
nacionalidade divorciada das outras, ten
dendo para o padrão autárquico,
tão
distante das nossas mais remotas possi bilidades e tão incompatível com as con dições do mundo moderno. Não queremos mais ser, isso sim, uma colônia com tinturas de autonomia, pro duzindo, como trabalhadores, matérias-
ou produtos de consumo dispen país — verificaremos como a solução é primas sável, enquanto devemos, tôda vez que
muito inais viável du
a da luta com
Dicesto Econômico
nos seja necessário,
95
adquirir fora os
utensílios que no.s faltam para as tare fas mais rudimentares.
Permanecendo
na subaltcmidade de depender dos cen
tros industriais de alem-mar, sempre que
da dos recursos inestimáveis da técnica,
enquanto a la\"Oura permanece num re gime pouco superior ao da en.xada, com
o qual, nos tempos modernos, povo al
necessitamos de introduzir melhoria ou
gum pode elaborar uma produção digna de rele\'o — não chegaremos a nos
ampliação no nosso sistema de transpor tes, no aparelhamento portuário, no par que industrial ou em tudo o que depen-
emancipar das mazelas de um passado que está mais pró.ximo de nós do que julgamos.
Dicesto Econômico
94
A realidade nos mostrará que o futuro
a competição organizada, no .sclor c.\lcr-
da indústria brasileira está no cresci
no, cem rivais poderosamente dotados,
mento ponderável do mercado interno, pelo menos como uma etapa indispensá vel para um estágio mais adiantado. Não
cuja etapa industrial c muito mais avançada, ou do que a da permanência
conquistaremos, com o parque industrial que possuímos, mercados externos apre ciáveis, e nem poderíamos mesmo man ter muitos daqueles que nos freqüenta ram, por uma situação de pura emer
I
no colonialismo singular e deprimente de contribuir tão sòmente para uma clientela estrangeira, com produtos que sofrerão sempre os reflexos de contin
gências de toda ordem, que escapam ao nosso alcance, deixando-nos em posição
gência. E nem poderemos suportar pro
permanentemente subalterna e não inte
dutos agrícolas em situação de pri mado absoluto, que não consigam colo
privilegiado grupo, enquanto a grande
ressando, dentro do Brasil, .senão a um
car-se, impondo paliativos exaustivos,
parte do povo continuará a viver num
como aqueles que se marcam na pauta
padrão capaz de espantar a qualquer
alfandegária de favor a outros produtos
observador.
de entrada, no financiamento corrente,
A verdade é que todos os problemas
e em medidas semelhantes. O mercado
brasileiros, decisivamente relacionados à
interno, por outro lado, é mais do que uma imposição do interêsse nacional,
porque é uma imposição de salvação pa ra um parque industrial que não deve sofrer pausa no seu desenvolvimento, a
menos que admitamos a hipótese de o Brasil regredir. Um país de cinqüenta milhões de habitantes não pode chegar a uma etapa de progresso apreciável se
permanecer interessando apenas uma percentagem mínima de seu povo na ri queza e no bem-estar que consegue
órbita econômica, não encontram outro
rumo senão o da conjugação, dentro da grandeza geográfica do País, de umas
zonas a outras, pelo produção e pelo consumo. Quando o povo brasileiro fôr o principal mercado da produção agrí cola e industrial que vamos elaborando, absorvendo uma parcela ponderável de.ssa produção, todos os esforços serão fei tos para o aumento do seu poder aqui sitivo, da elevação do seu padrão de vida
e problemas correlates, como os da edu
construir.
cação e saúde.
Se atentarmos para a imensidade geo gráfica do Brasil e para o que represen
quadro não significa, particularmente
ta já o nosso povo, como mercado pon
ções, a constituição, pelo Brasil, de uma
derável para a produção de qualquer espécie, e se lembrarmos que a poten cialidade norte-americana, em cujas li nhas tantos apreciam debruçar-se, deri vou, em grande parte, das ligações in
ternas que o aproveitamento do próprio mercado nacional proporcionou ao ex
traordinário surto industrial daquele
E' evidente que ôsse
num mundo de tão fundas inter-rela-
nacionalidade divorciada das outras, ten
dendo para o padrão autárquico,
tão
distante das nossas mais remotas possi bilidades e tão incompatível com as con dições do mundo moderno. Não queremos mais ser, isso sim, uma colônia com tinturas de autonomia, pro duzindo, como trabalhadores, matérias-
ou produtos de consumo dispen país — verificaremos como a solução é primas sável, enquanto devemos, tôda vez que
muito inais viável du
a da luta com
Dicesto Econômico
nos seja necessário,
95
adquirir fora os
utensílios que no.s faltam para as tare fas mais rudimentares.
Permanecendo
na subaltcmidade de depender dos cen
tros industriais de alem-mar, sempre que
da dos recursos inestimáveis da técnica,
enquanto a la\"Oura permanece num re gime pouco superior ao da en.xada, com
o qual, nos tempos modernos, povo al
necessitamos de introduzir melhoria ou
gum pode elaborar uma produção digna de rele\'o — não chegaremos a nos
ampliação no nosso sistema de transpor tes, no aparelhamento portuário, no par que industrial ou em tudo o que depen-
emancipar das mazelas de um passado que está mais pró.ximo de nós do que julgamos.
Econômico
Augusto Comte e a questão social
fizesse ouvir o Irilo de um apito, neniium dos combatentes nos percebera o intento. Seriam precisas muitas palavras para lhes explicar que éramos utopistas
incorporação desta deixará de ser unia
e que antevíamos o mecanismo de uma
fagia, da escravatura etc.
polícia, isto é, de uma criação social pa Ivan
Lins
97
ra evitar que Iiomens se degolem à von-
_ladc. Pois bem, o (pie eu e outros es
utopia. <X)niQ já não é mais, há muitos séculos, a obser\ància dos casos essen
ciais de incesto, a abolição da antropo Negá-lo seria negar tòda u evoluçaS humana, e, portanto, tòda a liistória.
Todavia, menos de 20 séculos depois
peramos ó que chegue um dia cm que
Comte para a questão social, sem me nosprezar a base material ou econômi
da época em que o incomparável esta-
se crie a polícia internacional — c nc.sse
girita sustentava não poder haver socie
dia nao mais sc mancharão o.s dcsfila-
ca, é, sobretudo, uma solução espirittuil
dade sem escravos, deixou de ser uma
utopia, em todo o ocidente europeu, a
deíros com o sangue dos iraseíveis. "Já na visão de Isaías, filho de Amos,
abolição de qualquer trabalho servil.
Comte não é, pois, repito, uma solução parcial ou apenas administrativa ou
se nos prenunciam pacificadas as na
econômica.
SOLUÇÃO proposta por Augusto
ou religiosa, que só se tomará exeqüível mediante profunda modificação dos sen timentos, idéias e costumes da humani
ções, que das suas lanças terão forjado
dade atual, exigindo, antes de mais na-
A paz universal
Tão radical se afigura mesmo essa
modificação aos nossos contemporâneos, que muitos a consideram uma utopia, tão impraticável quanto o próprio comu nismo de Platão.
Aqui vai, entretanto, grave engano. E que, enquanto a utopia, por assim dizer, de Augusto Comte, não desres
tração de Gall,
a existência inata do
altruísmo na alma humana,
e sendo
também inegável a lei biológica segun do a qual o e.xercício desenvolve os ór gãos, enquanto a inércia o.s atrofia, não se pode deixar de admitir que se rea lize, um dia, o ideal pacifista. A idéia de um vasto convênio em que
peita nenhuma das leis que regem a
se estabelecesse a polícia mundial, para
natureza humana, individual ou coleti va, o comunismo de Platão as contraria
impedir e dirimir conflitos internacio
de modo flagrante. Se, na verdade, a questão social tem
é, afinal, "tamanha utopia quanto se
nais, segundo preconizava Comte, não pensa".
uma saída, é, por certo, a que lhe
E quem no-lo diz, através de uma
apontou o fundador da Sociologia, por
bela imagem, é um autor insuspeito, por que sempre infenso às elucubrações do filósofo de Montpellier — Carlos de
mais distante que pareça de nossos dias. Aristóteles e a escravidão
Tão difícil, senão mesmo impossível,
"Tôdas as regras atinenles à sociali zação da riqueza — escre\'e o filósofo —
"Não levantará (diz o Vidente), não
devem ser, quanto à .sua fonte, morais e não políticas, e, em sua aplicação, ge
arado.
Sendo inconteste, a partir da demons
levantará uma nação a sua espada con tra outra nação, nem mais sc adestrarão
para a guerra". (Isaías, II, 4).
de fazê-lo
voluntària-
até hoje, vive abarracado, como se fora
ções tirânicas que tenderiam a degradar
elemento inteiramente estranho a ela.
profundamente o caráter humano, des truindo a espontaneidade e a respons-a-
Resolvendo a Idade Média o magno problema, que recebera da antigüidade — o dc extinguir o cativeiro, que pesava sobre grande parte da população — legou, por sua vez, aos tempos moder
nos a solução de um problema de igual monta e não menor dificuldade : o da
"Transportemo-nos, pela imaginação, — discorre êle — aos tempos em que
Desde que, extinta para sempre a guerra, sc obtenha, através de cultura sistemática e persistente, uma discipli
tecipar-se tanto à sua época que só na
lião
mente, através da educação, e sua obscrvíincia habitual conservará sempre o
incorporação social do proletariado.
num desfiladeiro da antiga Hélade se encontraram, de ferro cm punho, e dís-
rais c não especiais. Todos quantos as adotarem
Ora, no dia cm que se obtiver o es tabelecimento da paz universal, faeílima será a consecução do riuc Augu.sto Comte chama "incorporação do prole tariado à sociedade moderna", na qual,
Laet.
parecia na antigüidade — para citar um caso típico — a extinção do regime es cravo, que até mesmo Aristóteles não conseguiu concebê-la, não obstante an
A solução apresentada por Augusto
c das suas c.spadas rclhas de
foices,
como condição mínima, sine qua norr, a extinção da guerra.
Solução religiosa ou total
mérito da liberdade, como já o sentia Aristóteles. A assimilação moral da.s
propriedades privadas às funções públi cas não as submeterá jamais a prescri
bilidade".
E', antes de mais nacíã, uma solução
educatáva, es])iriíual ou religiosa, isto é, considera os fenômenos sociais como in
timamente entrelaçados, só podendo,
consequentemente, ser resolvidos em conjunto. E' só mediante a refomia das idéias e dos sentimentos que se modifi cam as instituições. As leis somente se
tornam eficazes quando decorrem da
na mais rigorosa do egoísmo e um surto
putando-se o passo, Laio, o inditoso rei
preliminar modificação dos costumes. A
mais decisivo do altruísmo, formando-
de Tebas, e seu -filho Édipo, ainda mais
reforma mental, isto é, moral e intelec
se, ao mesmo tempo, uma opinião públi
inditoso. Se, naquelas
tual, traz sempre, como conseqüência
ca forte e esclarecida pela e.xtensão da cultura intelectual à massa proletária, a
lógica, e muitas vezes até imperceptível,
angústias, e
Idade Média começou a ser devidamen
quando.mais se encruava o duelo, al
te compreendido.
guém, um de nós, estivesse presente e
a reforma das instituições.
Econômico
Augusto Comte e a questão social
fizesse ouvir o Irilo de um apito, neniium dos combatentes nos percebera o intento. Seriam precisas muitas palavras para lhes explicar que éramos utopistas
incorporação desta deixará de ser unia
e que antevíamos o mecanismo de uma
fagia, da escravatura etc.
polícia, isto é, de uma criação social pa Ivan
Lins
97
ra evitar que Iiomens se degolem à von-
_ladc. Pois bem, o (pie eu e outros es
utopia. <X)niQ já não é mais, há muitos séculos, a obser\ància dos casos essen
ciais de incesto, a abolição da antropo Negá-lo seria negar tòda u evoluçaS humana, e, portanto, tòda a liistória.
Todavia, menos de 20 séculos depois
peramos ó que chegue um dia cm que
Comte para a questão social, sem me nosprezar a base material ou econômi
da época em que o incomparável esta-
se crie a polícia internacional — c nc.sse
girita sustentava não poder haver socie
dia nao mais sc mancharão o.s dcsfila-
ca, é, sobretudo, uma solução espirittuil
dade sem escravos, deixou de ser uma
utopia, em todo o ocidente europeu, a
deíros com o sangue dos iraseíveis. "Já na visão de Isaías, filho de Amos,
abolição de qualquer trabalho servil.
Comte não é, pois, repito, uma solução parcial ou apenas administrativa ou
se nos prenunciam pacificadas as na
econômica.
SOLUÇÃO proposta por Augusto
ou religiosa, que só se tomará exeqüível mediante profunda modificação dos sen timentos, idéias e costumes da humani
ções, que das suas lanças terão forjado
dade atual, exigindo, antes de mais na-
A paz universal
Tão radical se afigura mesmo essa
modificação aos nossos contemporâneos, que muitos a consideram uma utopia, tão impraticável quanto o próprio comu nismo de Platão.
Aqui vai, entretanto, grave engano. E que, enquanto a utopia, por assim dizer, de Augusto Comte, não desres
tração de Gall,
a existência inata do
altruísmo na alma humana,
e sendo
também inegável a lei biológica segun do a qual o e.xercício desenvolve os ór gãos, enquanto a inércia o.s atrofia, não se pode deixar de admitir que se rea lize, um dia, o ideal pacifista. A idéia de um vasto convênio em que
peita nenhuma das leis que regem a
se estabelecesse a polícia mundial, para
natureza humana, individual ou coleti va, o comunismo de Platão as contraria
impedir e dirimir conflitos internacio
de modo flagrante. Se, na verdade, a questão social tem
é, afinal, "tamanha utopia quanto se
nais, segundo preconizava Comte, não pensa".
uma saída, é, por certo, a que lhe
E quem no-lo diz, através de uma
apontou o fundador da Sociologia, por
bela imagem, é um autor insuspeito, por que sempre infenso às elucubrações do filósofo de Montpellier — Carlos de
mais distante que pareça de nossos dias. Aristóteles e a escravidão
Tão difícil, senão mesmo impossível,
"Tôdas as regras atinenles à sociali zação da riqueza — escre\'e o filósofo —
"Não levantará (diz o Vidente), não
devem ser, quanto à .sua fonte, morais e não políticas, e, em sua aplicação, ge
arado.
Sendo inconteste, a partir da demons
levantará uma nação a sua espada con tra outra nação, nem mais sc adestrarão
para a guerra". (Isaías, II, 4).
de fazê-lo
voluntària-
até hoje, vive abarracado, como se fora
ções tirânicas que tenderiam a degradar
elemento inteiramente estranho a ela.
profundamente o caráter humano, des truindo a espontaneidade e a respons-a-
Resolvendo a Idade Média o magno problema, que recebera da antigüidade — o dc extinguir o cativeiro, que pesava sobre grande parte da população — legou, por sua vez, aos tempos moder
nos a solução de um problema de igual monta e não menor dificuldade : o da
"Transportemo-nos, pela imaginação, — discorre êle — aos tempos em que
Desde que, extinta para sempre a guerra, sc obtenha, através de cultura sistemática e persistente, uma discipli
tecipar-se tanto à sua época que só na
lião
mente, através da educação, e sua obscrvíincia habitual conservará sempre o
incorporação social do proletariado.
num desfiladeiro da antiga Hélade se encontraram, de ferro cm punho, e dís-
rais c não especiais. Todos quantos as adotarem
Ora, no dia cm que se obtiver o es tabelecimento da paz universal, faeílima será a consecução do riuc Augu.sto Comte chama "incorporação do prole tariado à sociedade moderna", na qual,
Laet.
parecia na antigüidade — para citar um caso típico — a extinção do regime es cravo, que até mesmo Aristóteles não conseguiu concebê-la, não obstante an
A solução apresentada por Augusto
c das suas c.spadas rclhas de
foices,
como condição mínima, sine qua norr, a extinção da guerra.
Solução religiosa ou total
mérito da liberdade, como já o sentia Aristóteles. A assimilação moral da.s
propriedades privadas às funções públi cas não as submeterá jamais a prescri
bilidade".
E', antes de mais nacíã, uma solução
educatáva, es])iriíual ou religiosa, isto é, considera os fenômenos sociais como in
timamente entrelaçados, só podendo,
consequentemente, ser resolvidos em conjunto. E' só mediante a refomia das idéias e dos sentimentos que se modifi cam as instituições. As leis somente se
tornam eficazes quando decorrem da
na mais rigorosa do egoísmo e um surto
putando-se o passo, Laio, o inditoso rei
preliminar modificação dos costumes. A
mais decisivo do altruísmo, formando-
de Tebas, e seu -filho Édipo, ainda mais
reforma mental, isto é, moral e intelec
se, ao mesmo tempo, uma opinião públi
inditoso. Se, naquelas
tual, traz sempre, como conseqüência
ca forte e esclarecida pela e.xtensão da cultura intelectual à massa proletária, a
lógica, e muitas vezes até imperceptível,
angústias, e
Idade Média começou a ser devidamen
quando.mais se encruava o duelo, al
te compreendido.
guém, um de nós, estivesse presente e
a reforma das instituições.
Dicesto Eco^•ó^aco
98
Respeitando as leis fundamentais que regem a existência do homem, o funda
civilização já alcnnçado, são, boje, mui to mais rápidas do que ordinàriamcnte
dor da Sociologia provou que a solução gradativa, não resta dúvida, do proble ma social, depende de um conjunto de
se admite, como o evidencia, aliás, o
circunstâncias, entre as quais a mudança
é, em menos de Ires séculos.
da mentalidade hodierna, principalmen te quanto ao modo de conceber a pro priedade, acompanhada de maior desen
Não me cabo entrar aqui em minú cias, que alongariam extremamente este
volvimento do altruísmo e progressivo decréscimo do egoísmo, sem pretender, contudo, a quimera de extinguir este último.
Violando, porém, tais leis, visto não tomar em consideração a impossibilida
de de se eliminar o egoísmo — verda deiro pecado original a pesar inexoràvelmente sobre o homem — o comunismo clássico é e se
rá sempre impraticável, mesmo ixirque, além do mais, considera o problema humano como sendo exclusivamente econômico.
A solução positivista é, destarte, uma utopia, que poderá realizar-se em
futuro mais ou menos próximo, ao pas so que o comunismo primitivo, pròpriamente dito, de Platão, Morus, Campanclla e mesmo Marx, deixa de ser uma
utopia, ou um programa, no sentido po sitivo da palavra,
e entra no rol das
imenso surto científico, industrial e so
cial, verificado a partir de Galileu, isto
artigo. Lembro, contudo, não haver preconceito mais contrário a realidade
do que o de supor que tòclas as re\oluções sociais hajam sido e devam neces sariamente ser violentas.
O verdadei
ro é exatamente o inverso.
As maiores
revoluções sociais registadas pela histó ria fizeram-se lenta, silenciosa e quase
impcrceptivelmente, sem abalos de qualquer espécie. O cristianismo, por exemplo, levou mais de quatrocentos anos
(Io problema social, que c.xige, ao lado
ria moderna, não somente a história
econômica, como fazem alguns, mas
ministrativa, a clc\'ação moral c intelec
todos os aspectos — social, moral c inte
tual das massas humanas.
lectual — dessa Iiijífória, seria esquematízd-Ia e simplificá-la dc modo inepto,
Eis, dc fato, as suas próprias pala vras, atra\'és das quais reconhece, a seu modo, ser o problema social total,
isto é, educati\'o ou religioso, como lhe chama Comte, empregando numa ter minologia que c só dele. Transcrevo a versão espanhola de "Es necessário Inchar contra Ia iEno-
rancia, paro esto no cs suficiente: nos es necessária Ia cultura que nos enseãará
a combalir Ia apatia, ji Ia venalidad. Esta es una enfcnnedad que no se pucde curar con reformas políticas o reformas
militares.
reduzi-la excliis!\'amentc a luta dc clas
ses. O papel incontestá\-el representa do por essa luta foi, segundo Comte, um papel meramente negativo: a elimi nação das antigas classes representativas
de um sistema político perempto. Cada no\'o progresso essencial, no do
Andrade:
Este cs un arte mutj difícil
se no império romano. A Idade Média empregou vá
y campesina."
rios séculos para transmudar o escravo
99
das medidas de ordem econômica c ad
para definitivamente implantar-
cducación superior de Ia massa ohrera
É verdade que" Augusto Comte reco
mínio da indústria ou das ciências po sitivas, exigiu, preliminarmente, a eli minação dc um ou de vários entraves
opostos pela antiga organização social, e foi para essa eliminação que a luta de classes se tornou indispensável.
Mas, a própria criaç*ão dos novos pro gressos, ou, em termos mais gerais, a elaboração progressiva do novo' estado
social, que devia, finalmente, substituir o antigo, se fêz pelo jogo de fòrças in telectuais ou sociais que não encon
em ser\'o e este em homem livre, e a
nhece a existência histórica de uma luta
tram, de nenhum modo, sua origem na
transformação operou-se tão insensivelmente que foram necessárias imensas buscas históricas para evidenciá-la. E' que o progresso não é mais do que
de classes, porquanto foi a nova classe —
luta de classes. Assim, se se tomou ne-
o desenvolvimento da ordem, isto é, tô
da reforma social, para frutificar, tem de haurir seus elementos no proprio es
mente irrealizáveis, como, aliás, se ve
tado de cousas que pretende mudar. E' a extensão, ao campo sociológico,
Riissia soviética onde os pontos essen
do aforismo de Leibnitz: Natura non
ciais, puramente especulativos, da dou
jacit salíum.
trina, foram, dentro em pouco, postos
à margem, sendo Trotsky, com tôda razão, chamado por um de seus biógra
Já a biologia não admite nenhuma criação propriamente dita, reduzindo-sc tôda vitalidade a simples evolução —
fos "o último marxista".
observa, excelentemente, Augusto Conite.
Digo "a solução positivista é uma utopia, que se realizará em futuro mais
mo de Estado",
ou menos próximo", porquanto as mo dificações sociais, dado o alto grau de
Eco^•ó^nco
que no se piiecJe adquirir sin uma elevación general dc Ia. cultura, íin una
quimeras, isto é, das fantasias absoluta
rificou, experimentalmente, na própria
DrcESTo
O próprio Lenine, em seu "CapitaliS' confessa,
depois de
quatro anos de experiência, o fracasso inevitável da solução puramente política
a burguesia — oriunda da emancipação das comunas, que, depositária da ati vidade e da propriedade industrial, diri giu o combate que devia terminar na su pressão dos direitos nobiliárqiiicos e
ce.ssário lutar com a Inquisição para es
tabelecer e generalizar a crença no dujdo movimento da terra, esta descoberta foi,
ela própria, o resultado das pesquisas de alguns sábios, e não o resultado, direto
monárquicos. É preciso, todavia, insistir em não
ou indireto, de qualquer luta.
apresentar Comte, como o faz Marx, essa
ção a propósito dá descoberta do Novo
luta como o próprio motor do progresso. Antes de mais nada, se considerarmos o conjunto da história, seremos levados
Poder-se-ia fazer a mesma observa
Mundo, das grandes navegações e de
quase todos os grandes descobrimentos científicos e industriais da moderni
a reconhecer que longas fases, como cer tos períodos da Idade Média, realizaram
dade.
grandes progressos sem lutas aparentes,
ver obstáculos contribuiu para o desen-
Se, por vezes, a necessidade de remo
em conseqüência mesmo da íntima cola
voh'imento de forças ainda embrioná-
boração, então estaljclecida, entre as
ria.s, seria um erro confundir essa neces
diferentes classes sociais.
Demais, considerando apenas a histó
sidade com o próprio motor do pro gresso.
i
Dicesto Eco^•ó^aco
98
Respeitando as leis fundamentais que regem a existência do homem, o funda
civilização já alcnnçado, são, boje, mui to mais rápidas do que ordinàriamcnte
dor da Sociologia provou que a solução gradativa, não resta dúvida, do proble ma social, depende de um conjunto de
se admite, como o evidencia, aliás, o
circunstâncias, entre as quais a mudança
é, em menos de Ires séculos.
da mentalidade hodierna, principalmen te quanto ao modo de conceber a pro priedade, acompanhada de maior desen
Não me cabo entrar aqui em minú cias, que alongariam extremamente este
volvimento do altruísmo e progressivo decréscimo do egoísmo, sem pretender, contudo, a quimera de extinguir este último.
Violando, porém, tais leis, visto não tomar em consideração a impossibilida
de de se eliminar o egoísmo — verda deiro pecado original a pesar inexoràvelmente sobre o homem — o comunismo clássico é e se
rá sempre impraticável, mesmo ixirque, além do mais, considera o problema humano como sendo exclusivamente econômico.
A solução positivista é, destarte, uma utopia, que poderá realizar-se em
futuro mais ou menos próximo, ao pas so que o comunismo primitivo, pròpriamente dito, de Platão, Morus, Campanclla e mesmo Marx, deixa de ser uma
utopia, ou um programa, no sentido po sitivo da palavra,
e entra no rol das
imenso surto científico, industrial e so
cial, verificado a partir de Galileu, isto
artigo. Lembro, contudo, não haver preconceito mais contrário a realidade
do que o de supor que tòclas as re\oluções sociais hajam sido e devam neces sariamente ser violentas.
O verdadei
ro é exatamente o inverso.
As maiores
revoluções sociais registadas pela histó ria fizeram-se lenta, silenciosa e quase
impcrceptivelmente, sem abalos de qualquer espécie. O cristianismo, por exemplo, levou mais de quatrocentos anos
(Io problema social, que c.xige, ao lado
ria moderna, não somente a história
econômica, como fazem alguns, mas
ministrativa, a clc\'ação moral c intelec
todos os aspectos — social, moral c inte
tual das massas humanas.
lectual — dessa Iiijífória, seria esquematízd-Ia e simplificá-la dc modo inepto,
Eis, dc fato, as suas próprias pala vras, atra\'és das quais reconhece, a seu modo, ser o problema social total,
isto é, educati\'o ou religioso, como lhe chama Comte, empregando numa ter minologia que c só dele. Transcrevo a versão espanhola de "Es necessário Inchar contra Ia iEno-
rancia, paro esto no cs suficiente: nos es necessária Ia cultura que nos enseãará
a combalir Ia apatia, ji Ia venalidad. Esta es una enfcnnedad que no se pucde curar con reformas políticas o reformas
militares.
reduzi-la excliis!\'amentc a luta dc clas
ses. O papel incontestá\-el representa do por essa luta foi, segundo Comte, um papel meramente negativo: a elimi nação das antigas classes representativas
de um sistema político perempto. Cada no\'o progresso essencial, no do
Andrade:
Este cs un arte mutj difícil
se no império romano. A Idade Média empregou vá
y campesina."
rios séculos para transmudar o escravo
99
das medidas de ordem econômica c ad
para definitivamente implantar-
cducación superior de Ia massa ohrera
É verdade que" Augusto Comte reco
mínio da indústria ou das ciências po sitivas, exigiu, preliminarmente, a eli minação dc um ou de vários entraves
opostos pela antiga organização social, e foi para essa eliminação que a luta de classes se tornou indispensável.
Mas, a própria criaç*ão dos novos pro gressos, ou, em termos mais gerais, a elaboração progressiva do novo' estado
social, que devia, finalmente, substituir o antigo, se fêz pelo jogo de fòrças in telectuais ou sociais que não encon
em ser\'o e este em homem livre, e a
nhece a existência histórica de uma luta
tram, de nenhum modo, sua origem na
transformação operou-se tão insensivelmente que foram necessárias imensas buscas históricas para evidenciá-la. E' que o progresso não é mais do que
de classes, porquanto foi a nova classe —
luta de classes. Assim, se se tomou ne-
o desenvolvimento da ordem, isto é, tô
da reforma social, para frutificar, tem de haurir seus elementos no proprio es
mente irrealizáveis, como, aliás, se ve
tado de cousas que pretende mudar. E' a extensão, ao campo sociológico,
Riissia soviética onde os pontos essen
do aforismo de Leibnitz: Natura non
ciais, puramente especulativos, da dou
jacit salíum.
trina, foram, dentro em pouco, postos
à margem, sendo Trotsky, com tôda razão, chamado por um de seus biógra
Já a biologia não admite nenhuma criação propriamente dita, reduzindo-sc tôda vitalidade a simples evolução —
fos "o último marxista".
observa, excelentemente, Augusto Conite.
Digo "a solução positivista é uma utopia, que se realizará em futuro mais
mo de Estado",
ou menos próximo", porquanto as mo dificações sociais, dado o alto grau de
Eco^•ó^nco
que no se piiecJe adquirir sin uma elevación general dc Ia. cultura, íin una
quimeras, isto é, das fantasias absoluta
rificou, experimentalmente, na própria
DrcESTo
O próprio Lenine, em seu "CapitaliS' confessa,
depois de
quatro anos de experiência, o fracasso inevitável da solução puramente política
a burguesia — oriunda da emancipação das comunas, que, depositária da ati vidade e da propriedade industrial, diri giu o combate que devia terminar na su pressão dos direitos nobiliárqiiicos e
ce.ssário lutar com a Inquisição para es
tabelecer e generalizar a crença no dujdo movimento da terra, esta descoberta foi,
ela própria, o resultado das pesquisas de alguns sábios, e não o resultado, direto
monárquicos. É preciso, todavia, insistir em não
ou indireto, de qualquer luta.
apresentar Comte, como o faz Marx, essa
ção a propósito dá descoberta do Novo
luta como o próprio motor do progresso. Antes de mais nada, se considerarmos o conjunto da história, seremos levados
Poder-se-ia fazer a mesma observa
Mundo, das grandes navegações e de
quase todos os grandes descobrimentos científicos e industriais da moderni
a reconhecer que longas fases, como cer tos períodos da Idade Média, realizaram
dade.
grandes progressos sem lutas aparentes,
ver obstáculos contribuiu para o desen-
Se, por vezes, a necessidade de remo
em conseqüência mesmo da íntima cola
voh'imento de forças ainda embrioná-
boração, então estaljclecida, entre as
ria.s, seria um erro confundir essa neces
diferentes classes sociais.
Demais, considerando apenas a histó
sidade com o próprio motor do pro gresso.
i
(•:r
Digesto
100
♦ * *
Dicesto Econômico
Econónuco
A diferença ou, antes, a oposição entre
o regime supercapitalista de Comte e o Em rápida súmula, assim podemos
regimo coletivista c que, no primeiro,
condensar o pensamento de Augusto Comte sôbre a questão social. I) O capital deve ser concentrado e respeitado, sendo a sua concentração
são os depositários do capital, i.sto é,
101
bela fórmula, ler um destino social, o direito de abuso não lhe pode ser re
nar-se dignos de governar os trabalha dores, sem e.\plorá-los, antes de haverem
conhecido.
acabado a sua educação política sob a
III) A pequena burguesia e as atuais
levada tão longe quanto o comporta a
dos instrumentos de produção, que ocupam os postos de direção do Estado, enquanto, no segundo, são os homens colocados à frente do Go\'cmo que supe
responsabilidade efetiva de cada chefe
rintendem a administração dos meios de
industrial, porquanto não se podem im por grandes devores senão aos que dis põem de grandes meios. É, aliás, fato de observação comum que as pequenas
produção. Êste c outros pontos do pro grama político de Comte espero possam
riam, porém, obrigados a gerir a rique
ser devidamente desenvolvidos no curso
za tendo em vista o bem coletivo, tor
empresas
freqüentemente
constituem
hoje um obstáculo maior do que as grandes para a melhoria da sorte dos
monocracia liberal, da aliança entre os
aos olhos do Comte, um obstáculo ao -progresso social e uma anomalia de' corrente da anarquia moderna. Em con
seqüência disso, achava êle indispensável
e inevitável o desaparecimento da pe
no conjunto das medidas administrativas
Quanto ao respeito e segurança do capital, Comte os e.dgia, não em vir
propostas por Comte, figura a consti tuição de um orçamento anual de re
tude de qualquer direito individual sôbre a propriedade, mas porque, "em vez de aperfeiçoá-la, perturbaríamos conti
serva (muito elevado, aliás), destinado
nuamente a ordem social se a nossa
vasto sistema de trabalhos públicos. Esta medida é, como se sabe, uma
Julgando, assim, necessária a ditadura
de um proletário de escol — e não do proletariado — o que constitui uma ho menagem à classe operária — espera\ a Comte pudesse o advento da sociedade nova verificar-se sem \aolências.
Lem
brava, a êste propósito, como vimos,
aliança dos filósofos e cientistas, ou
do passado — a emancipação dos escra
tífica universalmente difundida.
Esperando a adoção dessa doutrina,
Ê,
gerações, em chefes supremos da Repú blica Francesa.
nando-se, para tal, necessário um poder fiscalizador, que seria constituído pela
sob a consagração de uma doutrina cien
cados, é o de visar estabelecer o que
hoje se chama economia dirigida.
Se
chefes espirituais, que constituiriam o sacerdócio do futuro, o do proletariado,
mos nos primeiros artigos aqui publi
sua quase totalidade, ao proletariado.
que a maior das transformações sociais
vos e dos servos — se realizou sem gran des convulsões.
Almejemos que tal se dê novamente na modernidade, sem nos esquecermos, todaxna, de serem os trabalhadores de
pensava Comte não poderem os depo
hoje menos pacientes do que os servos
sitários da riqueza de seu tempo tor
da Idade Média.
I
a regularizar cada gênero de economia
nacional pelo estabelecimento de um
das que a Repartição Intemaeional dò Traballio recomenda hoje aos governos
re.speítar a posse dos capitais do mesmo
como meio de prevenir e atenuar as
modo que a das funções, porque a efi cácia social exige a segurança pessoal". Erige, assim, o Positivismo, em prin
crises da falta de trabalho.
'.>S
Mantendo a propriedade privada dos meios de produção, submete-lhe Comte
cípio moral o respeito da propriedade em
a exploração a regras perfeitamente de
mãos de quem estiver. A questão não está em saber em que mãos se acha o
terminadas, de modo a salvaguardar os
capital capiiíu humano,'"'w, mas, sim, —,quais — os meios de moralizardheç ó V emprego pelo atual possuidoí-.
reflexo da preponderância civil.
internacional e o problema da paz. II) Outro aspecto do regime positi vista, que ó preciso salientar, como vi
com efeito, interessante relembrar que,
políticas
quanto o governo pròpriamente dito sòmente pode ser uma expansão ou um
diversos credos religiosos e da política
quena burguesia, que se incorporaria, em
principal solicitude não se consagrasse ao emprego das forças, abstraindo-lhes a origem e mesmo a sede, devendo-se
deveriam, segundo Os depositários do capital govcniariam a sociedade, por
que pretendo realizar sobre Augusto Comte e suas teorias acerca do governo, da democracia, do parlamentarismo, da
proletários. A dispersão da proprieda de dos instrumentos de produção é,
classes
Comte, desaparecer.
pressão de alguns proletários, excepcio nalmente erigidos, durante uma ou duas
interesses coletivos.
Em outros termos:
retira-lhe todo direito de usar e abusar,
inerente à origem divina da proprieda de. Devendo o capital, segundo sua
=L
(•:r
Digesto
100
♦ * *
Dicesto Econômico
Econónuco
A diferença ou, antes, a oposição entre
o regime supercapitalista de Comte e o Em rápida súmula, assim podemos
regimo coletivista c que, no primeiro,
condensar o pensamento de Augusto Comte sôbre a questão social. I) O capital deve ser concentrado e respeitado, sendo a sua concentração
são os depositários do capital, i.sto é,
101
bela fórmula, ler um destino social, o direito de abuso não lhe pode ser re
nar-se dignos de governar os trabalha dores, sem e.\plorá-los, antes de haverem
conhecido.
acabado a sua educação política sob a
III) A pequena burguesia e as atuais
levada tão longe quanto o comporta a
dos instrumentos de produção, que ocupam os postos de direção do Estado, enquanto, no segundo, são os homens colocados à frente do Go\'cmo que supe
responsabilidade efetiva de cada chefe
rintendem a administração dos meios de
industrial, porquanto não se podem im por grandes devores senão aos que dis põem de grandes meios. É, aliás, fato de observação comum que as pequenas
produção. Êste c outros pontos do pro grama político de Comte espero possam
riam, porém, obrigados a gerir a rique
ser devidamente desenvolvidos no curso
za tendo em vista o bem coletivo, tor
empresas
freqüentemente
constituem
hoje um obstáculo maior do que as grandes para a melhoria da sorte dos
monocracia liberal, da aliança entre os
aos olhos do Comte, um obstáculo ao -progresso social e uma anomalia de' corrente da anarquia moderna. Em con
seqüência disso, achava êle indispensável
e inevitável o desaparecimento da pe
no conjunto das medidas administrativas
Quanto ao respeito e segurança do capital, Comte os e.dgia, não em vir
propostas por Comte, figura a consti tuição de um orçamento anual de re
tude de qualquer direito individual sôbre a propriedade, mas porque, "em vez de aperfeiçoá-la, perturbaríamos conti
serva (muito elevado, aliás), destinado
nuamente a ordem social se a nossa
vasto sistema de trabalhos públicos. Esta medida é, como se sabe, uma
Julgando, assim, necessária a ditadura
de um proletário de escol — e não do proletariado — o que constitui uma ho menagem à classe operária — espera\ a Comte pudesse o advento da sociedade nova verificar-se sem \aolências.
Lem
brava, a êste propósito, como vimos,
aliança dos filósofos e cientistas, ou
do passado — a emancipação dos escra
tífica universalmente difundida.
Esperando a adoção dessa doutrina,
Ê,
gerações, em chefes supremos da Repú blica Francesa.
nando-se, para tal, necessário um poder fiscalizador, que seria constituído pela
sob a consagração de uma doutrina cien
cados, é o de visar estabelecer o que
hoje se chama economia dirigida.
Se
chefes espirituais, que constituiriam o sacerdócio do futuro, o do proletariado,
mos nos primeiros artigos aqui publi
sua quase totalidade, ao proletariado.
que a maior das transformações sociais
vos e dos servos — se realizou sem gran des convulsões.
Almejemos que tal se dê novamente na modernidade, sem nos esquecermos, todaxna, de serem os trabalhadores de
pensava Comte não poderem os depo
hoje menos pacientes do que os servos
sitários da riqueza de seu tempo tor
da Idade Média.
I
a regularizar cada gênero de economia
nacional pelo estabelecimento de um
das que a Repartição Intemaeional dò Traballio recomenda hoje aos governos
re.speítar a posse dos capitais do mesmo
como meio de prevenir e atenuar as
modo que a das funções, porque a efi cácia social exige a segurança pessoal". Erige, assim, o Positivismo, em prin
crises da falta de trabalho.
'.>S
Mantendo a propriedade privada dos meios de produção, submete-lhe Comte
cípio moral o respeito da propriedade em
a exploração a regras perfeitamente de
mãos de quem estiver. A questão não está em saber em que mãos se acha o
terminadas, de modo a salvaguardar os
capital capiiíu humano,'"'w, mas, sim, —,quais — os meios de moralizardheç ó V emprego pelo atual possuidoí-.
reflexo da preponderância civil.
internacional e o problema da paz. II) Outro aspecto do regime positi vista, que ó preciso salientar, como vi
com efeito, interessante relembrar que,
políticas
quanto o governo pròpriamente dito sòmente pode ser uma expansão ou um
diversos credos religiosos e da política
quena burguesia, que se incorporaria, em
principal solicitude não se consagrasse ao emprego das forças, abstraindo-lhes a origem e mesmo a sede, devendo-se
deveriam, segundo Os depositários do capital govcniariam a sociedade, por
que pretendo realizar sobre Augusto Comte e suas teorias acerca do governo, da democracia, do parlamentarismo, da
proletários. A dispersão da proprieda de dos instrumentos de produção é,
classes
Comte, desaparecer.
pressão de alguns proletários, excepcio nalmente erigidos, durante uma ou duas
interesses coletivos.
Em outros termos:
retira-lhe todo direito de usar e abusar,
inerente à origem divina da proprieda de. Devendo o capital, segundo sua
=L
Digesto Ecokóxuco
VITICULTU R A PiMENTEL Gomes
103
e'a tem uma oxigência principal — a ne cessidade dc um período de repouso durante o ano. repouso êstc que pude
luras em algumas zonas teniperadas-frias.
ser dado pelo frio ou pela sèca.
lhem também as uvas mais saborosas.
REGIÃO Mediterrânea, isto
rá-las com as de algumas cidades bra
Vvaa clc lucaa c passa.":
é, a qne envolve o mar
sileiras tomadas ao acaso, evitando-se os
do incsmo nome e com
municípios dc climas mais temperados:
preende terras da Europa,
Em toneladas, em 1936 produziam u\as dc mesa c pa.ssa: Estado.s Unidos,
Sena
Ásia e África, tem ecolo gia muito característica.
naus (Amazonas), 37°,8; Belém (Pará), 35°,0; Mondubim (Ceará), 34°,6; Gua-
Os invernos são curtos,
ramiranga (Ceará), 32°,0; Macaiba (Rio
suaves, agradáveis. Os verões apresen tam-se longos e quentes, ardentíssimos em vastos trechos. No sul da. França, as temperaturas máximas se elevam a centígrados em Perpignan, a 42'' em Monlpellier, a AQf em Avignon. Na Itália, país muito mais mediterrâneo do que a França, as máximas ainda são
mais elevadas, atíngindo, por exemplo, a 40'-',1 em Roma; a 41°,8 em Lecce, a 41°,9 em Sassari e a 45°,5 cm Palermo. Em Atenas, Grécia, obser\am-se má
Madurcira (Acre), 37",7;
Ma
Grande do Norte), 35°,0; João Pessoa (Paraiba), 34°,5; Olinda (Pernambuco) 33°,4; Maceió (Alagoas), 33°,9; Ondina
1.288.200; Turquia,- 900.000; Irã, 540.000; Grécia, 540.000; Austrália, ..
300.000; Rumânia, 2{)0.7(){); Itália, ..
308.700; Argentina, 235.000; Espanha (1935), 212.900; Bulgária, 135.000; França, 125.400; Síria e Líbano, ....
179.500; Brasil, 76.500; Japão. 6.800;
(Bahia), 35°,5; Rezende (Estado do
Palestina, 42.400; Hungria, 38.100; Egi
Rio), 38°,0; São Simão (São Paulo), 37°,2; Ponta Grossa (Paraná) 35°,2; Boa Vista (Goiás) 37°,7i Rio de Janeiro
to, 27.700; União Siil-Afrieana, 25.500;
(D. F.), 39°,0.
Ho'anda, 21.900;
Marrocos, 20.000;
Chipre, 27.000; Tchceoslox áquia, 13.400;
Outro caráter da climatologia do Me diterrâneo c a e.scassa pluviosidadc e a
México (1935), 11.400; Bélgica, 11.800; Tunísia, 8.300; Argélia (1935), 11.500; Albânia, 8.600; Canadá, 5.900; Alema
falta de chuvas durante o verão.
nha, 1.700.
As
chuvas anuais giram em torno dos 500
A grande produção está em zonas do Mediterrâneo ou semelhantes. Aí se co
A produção de passas ainda se restrin ge mais a 2X)nas de xcroes ardentes e secos pertencentes ao Mediterrâneo ou
a trechos de outros países situados alhu res (Califórnia, centro do Chile, cen-
tro-oestc da Argentina, Província cio Cabo, sudoc.sle da Austrália etc.). Vejamos a produção de passa em 1935: Grécia, 21.310 toneladas; Estiidos
Unidos, 18.330; Turquia, 10.940; Aus trália, 6.510; Irã, 6.100; Espanlaq 1.790; Síria o Líbano (1936), 1.130; Chipre, 480.
Infelizmente, o Brasil ainda não co
meçou a produzir passas, embora tenha, para isto, em iíreas \'astíssiinas, excelen
tes condições ecológicas. É uma grande possibilidade que ainda não soubemos aproveitar.
sequíssimos \'erücs de sol e poeira, mui
As uvas dc mesa obtêm, em alguns países, preços muito elevados, preços que permitem, ainda boje, apesar das facilidades de transporte, culturas em estufas. Tal explica a existência de cul-
é extremamente quente, sendo as tem
tos cursos dágua secam inteiramente, ou tros, os maiores, ficam com a vazão
Infelizmente, a maior parte da nx-a ó empregada na produção de vinhos. Vejamos alguns dados a respeito:
Países
peraturas médias de Sevüha em jiillio c agosto dc uns 30° centígrados, regis-
Produção de vinhos, cm mil hcclolifros
e.xtremamcnte baixa.
tandc-se máximas de 44°, 45°, 50° e até me.smo 52°! Em Portugal, as tem peraturas médias elcvam-se a 40° o
o solo permitem.
I^r/inça
62.645
34.872
■
37.670
33.725
19.262 17.879
13.505
ximas superiores a 42° centígrados. Na Espanha, as temperaturas máximas são extremamente elevadas: 44° em Mi»dri; 40°, cm Malaga; 44° na Múrcia; 45" na Extremadura. Na Andaluzia o verão
mai.s, ao sul do Tc|o. Na Argélia, na
milímetros, atingindo, às vezes, alga rismos muito baixos, como 400, 350, 300 milímetros,
Nos verões tórridos c
As culturas irri
gadas são comuníssimas onde a água e A região descrita a largos traços, no que mais importa ao caso, é, por exce lência, a região da uva, da oliveira e
zona litorânea, são comuns temperatu ras máximas de 45° a 50° centígrados.
do figo. No sul, crescem as tamareiras.
Ao sul, no Saara, observam-se máximas
tendam a alargar-se e invadir outras
dc 70° e um pouco mais. Na Tunísia,
regiões dc climas diferentes, é em tor
há máximas dc 45°, 48° e ato mesmo de
no do Mediterrâneo, sofrendo calores ar
50°. Essas máximas mantém-se, às ve zes, durante dias. Para melhor se avaliarem as máximas
dentíssimos no verão, que se localizam
da região Mediterrânea, convém compa
Ainda lioje, embora a vide e a oliveira,
as maiores produções dc uva c oliva e seus derivados.
Para a parreira, pode-se dizer que
A produção dc vinhos
1934/38
Espanha Argélia
;
Portugal U-R.S.S Argentina Estados Unidos Iugoslávia Orócia. Alemanha Cliile
Bulgária Tunísia
7,888 7.600 e.788 6.000 4.745 3.759 3.159 3.133
:
1.630 i 952
1946
9.O40 6.689
3.500 2.881 1.546 548
Digesto Ecokóxuco
VITICULTU R A PiMENTEL Gomes
103
e'a tem uma oxigência principal — a ne cessidade dc um período de repouso durante o ano. repouso êstc que pude
luras em algumas zonas teniperadas-frias.
ser dado pelo frio ou pela sèca.
lhem também as uvas mais saborosas.
REGIÃO Mediterrânea, isto
rá-las com as de algumas cidades bra
Vvaa clc lucaa c passa.":
é, a qne envolve o mar
sileiras tomadas ao acaso, evitando-se os
do incsmo nome e com
municípios dc climas mais temperados:
preende terras da Europa,
Em toneladas, em 1936 produziam u\as dc mesa c pa.ssa: Estado.s Unidos,
Sena
Ásia e África, tem ecolo gia muito característica.
naus (Amazonas), 37°,8; Belém (Pará), 35°,0; Mondubim (Ceará), 34°,6; Gua-
Os invernos são curtos,
ramiranga (Ceará), 32°,0; Macaiba (Rio
suaves, agradáveis. Os verões apresen tam-se longos e quentes, ardentíssimos em vastos trechos. No sul da. França, as temperaturas máximas se elevam a centígrados em Perpignan, a 42'' em Monlpellier, a AQf em Avignon. Na Itália, país muito mais mediterrâneo do que a França, as máximas ainda são
mais elevadas, atíngindo, por exemplo, a 40'-',1 em Roma; a 41°,8 em Lecce, a 41°,9 em Sassari e a 45°,5 cm Palermo. Em Atenas, Grécia, obser\am-se má
Madurcira (Acre), 37",7;
Ma
Grande do Norte), 35°,0; João Pessoa (Paraiba), 34°,5; Olinda (Pernambuco) 33°,4; Maceió (Alagoas), 33°,9; Ondina
1.288.200; Turquia,- 900.000; Irã, 540.000; Grécia, 540.000; Austrália, ..
300.000; Rumânia, 2{)0.7(){); Itália, ..
308.700; Argentina, 235.000; Espanha (1935), 212.900; Bulgária, 135.000; França, 125.400; Síria e Líbano, ....
179.500; Brasil, 76.500; Japão. 6.800;
(Bahia), 35°,5; Rezende (Estado do
Palestina, 42.400; Hungria, 38.100; Egi
Rio), 38°,0; São Simão (São Paulo), 37°,2; Ponta Grossa (Paraná) 35°,2; Boa Vista (Goiás) 37°,7i Rio de Janeiro
to, 27.700; União Siil-Afrieana, 25.500;
(D. F.), 39°,0.
Ho'anda, 21.900;
Marrocos, 20.000;
Chipre, 27.000; Tchceoslox áquia, 13.400;
Outro caráter da climatologia do Me diterrâneo c a e.scassa pluviosidadc e a
México (1935), 11.400; Bélgica, 11.800; Tunísia, 8.300; Argélia (1935), 11.500; Albânia, 8.600; Canadá, 5.900; Alema
falta de chuvas durante o verão.
nha, 1.700.
As
chuvas anuais giram em torno dos 500
A grande produção está em zonas do Mediterrâneo ou semelhantes. Aí se co
A produção de passas ainda se restrin ge mais a 2X)nas de xcroes ardentes e secos pertencentes ao Mediterrâneo ou
a trechos de outros países situados alhu res (Califórnia, centro do Chile, cen-
tro-oestc da Argentina, Província cio Cabo, sudoc.sle da Austrália etc.). Vejamos a produção de passa em 1935: Grécia, 21.310 toneladas; Estiidos
Unidos, 18.330; Turquia, 10.940; Aus trália, 6.510; Irã, 6.100; Espanlaq 1.790; Síria o Líbano (1936), 1.130; Chipre, 480.
Infelizmente, o Brasil ainda não co
meçou a produzir passas, embora tenha, para isto, em iíreas \'astíssiinas, excelen
tes condições ecológicas. É uma grande possibilidade que ainda não soubemos aproveitar.
sequíssimos \'erücs de sol e poeira, mui
As uvas dc mesa obtêm, em alguns países, preços muito elevados, preços que permitem, ainda boje, apesar das facilidades de transporte, culturas em estufas. Tal explica a existência de cul-
é extremamente quente, sendo as tem
tos cursos dágua secam inteiramente, ou tros, os maiores, ficam com a vazão
Infelizmente, a maior parte da nx-a ó empregada na produção de vinhos. Vejamos alguns dados a respeito:
Países
peraturas médias de Sevüha em jiillio c agosto dc uns 30° centígrados, regis-
Produção de vinhos, cm mil hcclolifros
e.xtremamcnte baixa.
tandc-se máximas de 44°, 45°, 50° e até me.smo 52°! Em Portugal, as tem peraturas médias elcvam-se a 40° o
o solo permitem.
I^r/inça
62.645
34.872
■
37.670
33.725
19.262 17.879
13.505
ximas superiores a 42° centígrados. Na Espanha, as temperaturas máximas são extremamente elevadas: 44° em Mi»dri; 40°, cm Malaga; 44° na Múrcia; 45" na Extremadura. Na Andaluzia o verão
mai.s, ao sul do Tc|o. Na Argélia, na
milímetros, atingindo, às vezes, alga rismos muito baixos, como 400, 350, 300 milímetros,
Nos verões tórridos c
As culturas irri
gadas são comuníssimas onde a água e A região descrita a largos traços, no que mais importa ao caso, é, por exce lência, a região da uva, da oliveira e
zona litorânea, são comuns temperatu ras máximas de 45° a 50° centígrados.
do figo. No sul, crescem as tamareiras.
Ao sul, no Saara, observam-se máximas
tendam a alargar-se e invadir outras
dc 70° e um pouco mais. Na Tunísia,
regiões dc climas diferentes, é em tor
há máximas dc 45°, 48° e ato mesmo de
no do Mediterrâneo, sofrendo calores ar
50°. Essas máximas mantém-se, às ve zes, durante dias. Para melhor se avaliarem as máximas
dentíssimos no verão, que se localizam
da região Mediterrânea, convém compa
Ainda lioje, embora a vide e a oliveira,
as maiores produções dc uva c oliva e seus derivados.
Para a parreira, pode-se dizer que
A produção dc vinhos
1934/38
Espanha Argélia
;
Portugal U-R.S.S Argentina Estados Unidos Iugoslávia Orócia. Alemanha Cliile
Bulgária Tunísia
7,888 7.600 e.788 6.000 4.745 3.759 3.159 3.133
:
1.630 i 952
1946
9.O40 6.689
3.500 2.881 1.546 548
DicESTo Econômico
104
Países
União Sul-Africana Áustria
Produção de vinhos, em mil hectolitros
resultados obtidos, que apenas experi
J934/38
mentalismo e fomento tôm faltado à
1946
1.328 1.019
1.123 1.340
814 800 650 589 545 539
AustráMa
Turquia Suíça
Uruguai Marrocos Brasil
Tchecoslováquia . Chipre Canadá
Madeira '
.
Peru (1944)
.
Luxemburgo .... Sitia
Malta
Palestina Líbano A vHiculíura no Brasil
Se atingirmos às novas possibilidades criadas pe!a técnica, postas em execução nos países e ilhas do Mar das Antilhas
e descritos em New Crops for the
105
Digesto Econômico
108
1.546
—
153 119 82
viticultura do Ceará, Paraíba, Pernam
buco, Alagoas e Bahia para transformálos em grandes produtores de uvas de mesa e passa, com magníficos resulta dos para as economias de muitos de seus fazendeiros e sitiantes.
531 300
Em 1946, foi a seguinte a produção de uvas em quilogramas:
969 236 214
Produção de uvas
Estados
em quilogramas
79 35 25 25 5
^
153 73 112 71 59 29
1947, 168 mil; 1948, 239 mil toneladas.
Em 1943, cultivávamos, no Brasil, 33.504 hectares de parreirais assim dis tribuídos:
Parreirais, em hectares
5.000 3.000
Ceará Paraíba Pernambuco
Bahia Minas Gerais
Espírito Santo
Rio de Janeiro (Estado) São Paulo Paraná Santa Catarina Mato Grosso Goiás
24.500 440 83.840 8.154.549 253.480 236.400
23.826.880 , 8.817.105 16.502.015 162.955.125 151 23.430
World por Wilson Popenoe, agrônomo
Ceará
5
afamado e Diretor da Escola Agrícola
Paraíba
4
Entre os produtores aparecem, além
Panamericana, todo o território brasi
Pernambuco
leiro, do Oiapoque ao Chuí, está em condições de produzir uvas e dedicar-se,
dos já citados. Mato Grosso e Sergipe, cujas áreas cultivadas, por demasiado
Bahia
portanto, com maior ou menor intensi
Minas Gerais
dade, à viticultura. Devemos, porém, considerar que é entre o Piauí e o Rio
Espírito Santo Rio de Janeiro
10 14 42 1.216 50
Grande do Sul, inclusive, que se en contram as maiores possibilidades para a viticultura brasileira. Alguns dados es
São Paulo Paraná Santa Catarina
tatísticos esclarecerão a atual posição de
Rio Grande do Sul
nossa viticultura.
Goiás
pequenas, não figuram no primeiro qua
dro. Faltam a Sergipe e Mato Grosso
782.484
1944 1945 1946. 1948
850.227 969.539
1.111.000
Vejamos como se distribuía, pelos s tados, a produção do vinho brasi ei em 1946:
Produção de vinho em hectolitros
Estados
não condições para a cultura da videira
Bahia Minas Gerais
Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo Paraná Santa Catarina
Rio Grande do Sul
132
44.668 15 32
80.719 20.590 70.212
753.169 2
Goiás
Como se vê, a
?peque-
embora ainda seja relativament p 9 na. dadas as nossas tremertdas dades. é muito mais f'^tlarga?-se geralmente qüe teremos ainda mais. Dia virá 9 vinlio de uvas, pelo nienos ao Rio Grande do Sul. A nossa produção tem
e sim o esfôrço dos governos regionais
quantidade, embora lenttmen ,
4.052
e locais 6 o cuidado dos fazendeiros,
lhorado muito de qu
1.394
sitiantes e chacareiros.
hoje bons vinlrcs pode-sej-^^^^^
1.910
Avaliava-se a safra de uvas em 1946, em 175 milhões de cruzeiros (frações de
um modo geral, de
76
,
24.723 8
A produção brasileira de uvas tem
Verifica-se que os parreirais se dis
evoluído, nos xiltimos anos, da seguinte forma; 1943, 166 mil toneladas; 1944,
tribuem numa área muito grande, em bora se concentrem ao sul do paralelo 20. Pode-se dizer, porém, em face dos
191 mil; 1945, 209 mil; 1946, 220 mil;
em hectolitros
16.424
Alagoas Sergipe
Rio Grande do Sul
Alagoas
Produção de oinho Anos
188
—
Estados
A produção de vinho tem aumentado, como se pode ver no quadro abaixo:
milhão desprezadas), dos quais 73 mi
orgulho, 6
dizer com
reservar o mer-
, - brasileira,
lhões tocavam ao Rio Grande do Sul, 58 milhões a São Paulo, 15 milhões ao
Sts v^ií^ep-^ld são bcns^e ei vá-
Paraná, 13 milhões a Santa Catarina,
'nfraís^mantidas pelo Minis-
12 milhões a Minas Gerais, etc.
DicESTo Econômico
104
Países
União Sul-Africana Áustria
Produção de vinhos, em mil hectolitros
resultados obtidos, que apenas experi
J934/38
mentalismo e fomento tôm faltado à
1946
1.328 1.019
1.123 1.340
814 800 650 589 545 539
AustráMa
Turquia Suíça
Uruguai Marrocos Brasil
Tchecoslováquia . Chipre Canadá
Madeira '
.
Peru (1944)
.
Luxemburgo .... Sitia
Malta
Palestina Líbano A vHiculíura no Brasil
Se atingirmos às novas possibilidades criadas pe!a técnica, postas em execução nos países e ilhas do Mar das Antilhas
e descritos em New Crops for the
105
Digesto Econômico
108
1.546
—
153 119 82
viticultura do Ceará, Paraíba, Pernam
buco, Alagoas e Bahia para transformálos em grandes produtores de uvas de mesa e passa, com magníficos resulta dos para as economias de muitos de seus fazendeiros e sitiantes.
531 300
Em 1946, foi a seguinte a produção de uvas em quilogramas:
969 236 214
Produção de uvas
Estados
em quilogramas
79 35 25 25 5
^
153 73 112 71 59 29
1947, 168 mil; 1948, 239 mil toneladas.
Em 1943, cultivávamos, no Brasil, 33.504 hectares de parreirais assim dis tribuídos:
Parreirais, em hectares
5.000 3.000
Ceará Paraíba Pernambuco
Bahia Minas Gerais
Espírito Santo
Rio de Janeiro (Estado) São Paulo Paraná Santa Catarina Mato Grosso Goiás
24.500 440 83.840 8.154.549 253.480 236.400
23.826.880 , 8.817.105 16.502.015 162.955.125 151 23.430
World por Wilson Popenoe, agrônomo
Ceará
5
afamado e Diretor da Escola Agrícola
Paraíba
4
Entre os produtores aparecem, além
Panamericana, todo o território brasi
Pernambuco
leiro, do Oiapoque ao Chuí, está em condições de produzir uvas e dedicar-se,
dos já citados. Mato Grosso e Sergipe, cujas áreas cultivadas, por demasiado
Bahia
portanto, com maior ou menor intensi
Minas Gerais
dade, à viticultura. Devemos, porém, considerar que é entre o Piauí e o Rio
Espírito Santo Rio de Janeiro
10 14 42 1.216 50
Grande do Sul, inclusive, que se en contram as maiores possibilidades para a viticultura brasileira. Alguns dados es
São Paulo Paraná Santa Catarina
tatísticos esclarecerão a atual posição de
Rio Grande do Sul
nossa viticultura.
Goiás
pequenas, não figuram no primeiro qua
dro. Faltam a Sergipe e Mato Grosso
782.484
1944 1945 1946. 1948
850.227 969.539
1.111.000
Vejamos como se distribuía, pelos s tados, a produção do vinho brasi ei em 1946:
Produção de vinho em hectolitros
Estados
não condições para a cultura da videira
Bahia Minas Gerais
Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo Paraná Santa Catarina
Rio Grande do Sul
132
44.668 15 32
80.719 20.590 70.212
753.169 2
Goiás
Como se vê, a
?peque-
embora ainda seja relativament p 9 na. dadas as nossas tremertdas dades. é muito mais f'^tlarga?-se geralmente qüe teremos ainda mais. Dia virá 9 vinlio de uvas, pelo nienos ao Rio Grande do Sul. A nossa produção tem
e sim o esfôrço dos governos regionais
quantidade, embora lenttmen ,
4.052
e locais 6 o cuidado dos fazendeiros,
lhorado muito de qu
1.394
sitiantes e chacareiros.
hoje bons vinlrcs pode-sej-^^^^^
1.910
Avaliava-se a safra de uvas em 1946, em 175 milhões de cruzeiros (frações de
um modo geral, de
76
,
24.723 8
A produção brasileira de uvas tem
Verifica-se que os parreirais se dis
evoluído, nos xiltimos anos, da seguinte forma; 1943, 166 mil toneladas; 1944,
tribuem numa área muito grande, em bora se concentrem ao sul do paralelo 20. Pode-se dizer, porém, em face dos
191 mil; 1945, 209 mil; 1946, 220 mil;
em hectolitros
16.424
Alagoas Sergipe
Rio Grande do Sul
Alagoas
Produção de oinho Anos
188
—
Estados
A produção de vinho tem aumentado, como se pode ver no quadro abaixo:
milhão desprezadas), dos quais 73 mi
orgulho, 6
dizer com
reservar o mer-
, - brasileira,
lhões tocavam ao Rio Grande do Sul, 58 milhões a São Paulo, 15 milhões ao
Sts v^ií^ep-^ld são bcns^e ei vá-
Paraná, 13 milhões a Santa Catarina,
'nfraís^mantidas pelo Minis-
12 milhões a Minas Gerais, etc.
lui^iip i«. Dicesto
lério da Agricu'tura e por algumas Se cretarias da Agricultura.
Parle do comércio do Rio dc Janeiro, grande centro consumidor, tem preju dicado muito o consumo c o bom nome dos vinhos brasileiros adulterando-os de
propósito, e boicotando-os sistcmàticanicnte paru que melhor se vendam de
terminados vinhos da península ibérica. Ainda agora disputam os nossos merca
dos os vinhos brasileiros e lusitanos, desejando os últimos amparar-se cm tra
tado comercial cm articuhição que, con forme o rumo que tomar, pode promo ver o progresso dc nossa viticultura ou
criar-lhe sérios einpeços. Fomento à viticultura
O Ministério da Agricultura c algumas Societárias da Agricultura melhor orien tadas estão procurando desenvolver a viti-vinicu'tura entre nós.
O Ministério da Agricultura mantém 16 Estações dc Enologia, das quais as situadas em Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul), Urussanga (Santa Ca tarina), Campo Largo (Paraná) e Andradas, Parreiras e Baependi (Minas Gerais) ja estão produzindo variedades Pexerela, Malvasia, Trcbiano, Bonarda, Souzào, Barbera, Reislíng de Galdas, Niagara branca, Niagara rosada etc. Foram importados, cm 1948, 28.500 enxertos de videiras provenientes da
França e Itália e entregues às Estações de Enologia, para que observem o com portamento, antes de levá-los até aos viticultores.
Foram construídas cantinas experimen tais nos Estados de Enologia de Bae pendi, Campo Largo, Urussanga e Bento
Econóauco
O Ministério começa a prcocupar-sc
Dicionário e revolução
com Pernambuco c Paraiba <|nc tèin,
bem como a Bahia, ótimas zonas para
Otávio Tarquíniq de Sousa
a \'iticultura.
A Secretaria dc Agricultura do Estado
do Rio e.stá com um graiuh* programa dc fomento à xúlicultura cm c.vccnção.
\
nKvoLUÇÃc) per
mente amadurecido c senhor de um saber
nambucana dc 1817 atraiu ou arras tou os homens mais
Mantém uma c.stação xútícola e de fru
teiras dos climas temperados em Arara,
que se arrimava em longa experiência c pacientes o.studos.
município dc Petróptilis, c está distri buindo centenas de iniliuircs de en.vertos
inteligentes c genero
dc \'aricdade.s produtoras dc boas iixas do mesa. Vai mais longe: dirige tècni-
sileiro. Senbores dc engenho, entre os quais diversos Cavalcanlis, magistrados,
sos do nordeste bra
camcnle a plantação de grandes \'inhe-
como o paulista Antônio Carlos, ouvidor
do.s, cuja produção cm breve estará che
de Olinda, negociantes do tipo dc Do
gando à cidade do Rio dc Janeiro. Ve-
mingos José Martins, tão rcpresenlali\'0 da btirguesia citadina c do comércio li
rificoii-se, experimentalmente, qiic a produção de uvas, por hectare, é de uns 22 mil quilos sendo, portanto, a viticul
beral,
mulatos
do feitio
dc Antônio
Günçul\'cs da Cruz, o "Cabiigá", cm
tura uma prática de grande va^or eco
plena ascensão social, militares, eclcsiás-
tico.s contagiados pelas idéias novas c
nômico.
embcbidos das doutrinas dos enciclope distas, como o padre José Inácio de
Em São Paulo, o esforço da Secretaria
de Agricultura tem ccintribuído para a num grande produtor de vinhos c uvas
Abreu Lima, o padre João Ribeiro de Melo Montencgro, padre Miguelinbo, o
dc mesa.
padre Tenório, e freis Francisco de San
transformação
do
Estado
bandeirante
Jiindiai c uma das nossas
capitais da viticultura nacional. À Secretaria da Agricultura do Rio
tana, Francisco de São Pedro c Amor
Grande do Sul deve-se muito do pro
entusiástica à insurreição de 6 de março.
gresso da viticultura nacional.
Goiás ainda não cogitaram do desen
Numa exceção à primeira vista impressio nante, um homem, sob muitos aspectos de formação intelectual mais sólida do que a dêsses patriotas influenciados pela Revolução Francesa, recusou-se a
volvimento da viticultura em que pesem as boa.s uvas de mesa que se colhem
a figurar nos quadros do governo pro
Divino Caneca — deram a sua adesão
Infelizmente as Secretarias da AgriciPtura da Bahia, E.spírito Santo, Per nambuco, Paraíba, Ceará, Alagoas e
participar do movimento emancipador c visório
por aqui c por ali, infelizmente ainda em escala muito pequena.
mais experimentalismo e muito mais fo
reira.
mento,
de
conhecimento das transformações políti cas operadas no seu tempo.
Ao contrá
rio de muitos dos seus contemporâneos, apenas lambusadps das novidades do sé culo, era Morais um espírito perfeita ■JítS.
da
mocidade,
rância da época não deixaria de ínfligir-lhe; e tc\'e que optar por um for çado exílio para eximir-se à persegui ção do Santo Oficio.
E tudo porque
na companhia de colegas mais próximos pela amizade, comemorava a termina ção do curso dc leis, na Unixersidade do Cofmbra, com uma coptosa ceia rea
lizada advertida ou inacbcrlidaincnte, não se sabe, em dia dc jejum.
Antônio de Morais Silva, nascido no
Rio de Janeiro em 1755, matrÍculou-se
em Coimbra a 28 de dezembro de D7 .
e formara-se a 16 de junho dc 177^ . Escapando de Portugal e sendo prova velmente rapaz rico, viajou com vagar pela Europa até 1787, demorando-se na Inglaten-a e na França, ocupado sempre em ler e estudar, para o que de minto lhe valeu a biblioteca de Luiz. Pmto üe
Sousa, visconde de Balsemao e em ai
xador português em Londres, a
serviu de secretário particular. l^ncu lhe foi descobrir o livro "A riqueza
das Nações", de Adam Smitb, que co
da Língua Portuguesa" inteligência e
para a parreira, boa e às vêzes exce
de enxertos dc boas variedades de par
Antônio
Não faltavam ao autor do "Dicionário
O Brasil pode ser um dos grandes lente ecologia. Faz-se mister, porém,
instituído:
Morais Silva.
países viticultores do mundo, pois tem,
Gonçalves. Distribuiram-se centenas dc milhares
ontão
dias
por pensar e agir sem rebuços, sofrerá ^ ameaça dos .vexames que a intole
meçou a traduzir para o
mesmo lhe merecendo a "H.stóru, de Portugal", escrita cm nigles por um. "sociedade de literatos , e as Reciea
ções do homem de senso , de Arnaud.
Mais ainda do que transladar para a iviais
aiiiua
^1"-
-
língua materna tais obras, inleressava-o
I
lui^iip i«. Dicesto
lério da Agricu'tura e por algumas Se cretarias da Agricultura.
Parle do comércio do Rio dc Janeiro, grande centro consumidor, tem preju dicado muito o consumo c o bom nome dos vinhos brasileiros adulterando-os de
propósito, e boicotando-os sistcmàticanicnte paru que melhor se vendam de
terminados vinhos da península ibérica. Ainda agora disputam os nossos merca
dos os vinhos brasileiros e lusitanos, desejando os últimos amparar-se cm tra
tado comercial cm articuhição que, con forme o rumo que tomar, pode promo ver o progresso dc nossa viticultura ou
criar-lhe sérios einpeços. Fomento à viticultura
O Ministério da Agricultura c algumas Societárias da Agricultura melhor orien tadas estão procurando desenvolver a viti-vinicu'tura entre nós.
O Ministério da Agricultura mantém 16 Estações dc Enologia, das quais as situadas em Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul), Urussanga (Santa Ca tarina), Campo Largo (Paraná) e Andradas, Parreiras e Baependi (Minas Gerais) ja estão produzindo variedades Pexerela, Malvasia, Trcbiano, Bonarda, Souzào, Barbera, Reislíng de Galdas, Niagara branca, Niagara rosada etc. Foram importados, cm 1948, 28.500 enxertos de videiras provenientes da
França e Itália e entregues às Estações de Enologia, para que observem o com portamento, antes de levá-los até aos viticultores.
Foram construídas cantinas experimen tais nos Estados de Enologia de Bae pendi, Campo Largo, Urussanga e Bento
Econóauco
O Ministério começa a prcocupar-sc
Dicionário e revolução
com Pernambuco c Paraiba <|nc tèin,
bem como a Bahia, ótimas zonas para
Otávio Tarquíniq de Sousa
a \'iticultura.
A Secretaria dc Agricultura do Estado
do Rio e.stá com um graiuh* programa dc fomento à xúlicultura cm c.vccnção.
\
nKvoLUÇÃc) per
mente amadurecido c senhor de um saber
nambucana dc 1817 atraiu ou arras tou os homens mais
Mantém uma c.stação xútícola e de fru
teiras dos climas temperados em Arara,
que se arrimava em longa experiência c pacientes o.studos.
município dc Petróptilis, c está distri buindo centenas de iniliuircs de en.vertos
inteligentes c genero
dc \'aricdade.s produtoras dc boas iixas do mesa. Vai mais longe: dirige tècni-
sileiro. Senbores dc engenho, entre os quais diversos Cavalcanlis, magistrados,
sos do nordeste bra
camcnle a plantação de grandes \'inhe-
como o paulista Antônio Carlos, ouvidor
do.s, cuja produção cm breve estará che
de Olinda, negociantes do tipo dc Do
gando à cidade do Rio dc Janeiro. Ve-
mingos José Martins, tão rcpresenlali\'0 da btirguesia citadina c do comércio li
rificoii-se, experimentalmente, qiic a produção de uvas, por hectare, é de uns 22 mil quilos sendo, portanto, a viticul
beral,
mulatos
do feitio
dc Antônio
Günçul\'cs da Cruz, o "Cabiigá", cm
tura uma prática de grande va^or eco
plena ascensão social, militares, eclcsiás-
tico.s contagiados pelas idéias novas c
nômico.
embcbidos das doutrinas dos enciclope distas, como o padre José Inácio de
Em São Paulo, o esforço da Secretaria
de Agricultura tem ccintribuído para a num grande produtor de vinhos c uvas
Abreu Lima, o padre João Ribeiro de Melo Montencgro, padre Miguelinbo, o
dc mesa.
padre Tenório, e freis Francisco de San
transformação
do
Estado
bandeirante
Jiindiai c uma das nossas
capitais da viticultura nacional. À Secretaria da Agricultura do Rio
tana, Francisco de São Pedro c Amor
Grande do Sul deve-se muito do pro
entusiástica à insurreição de 6 de março.
gresso da viticultura nacional.
Goiás ainda não cogitaram do desen
Numa exceção à primeira vista impressio nante, um homem, sob muitos aspectos de formação intelectual mais sólida do que a dêsses patriotas influenciados pela Revolução Francesa, recusou-se a
volvimento da viticultura em que pesem as boa.s uvas de mesa que se colhem
a figurar nos quadros do governo pro
Divino Caneca — deram a sua adesão
Infelizmente as Secretarias da AgriciPtura da Bahia, E.spírito Santo, Per nambuco, Paraíba, Ceará, Alagoas e
participar do movimento emancipador c visório
por aqui c por ali, infelizmente ainda em escala muito pequena.
mais experimentalismo e muito mais fo
reira.
mento,
de
conhecimento das transformações políti cas operadas no seu tempo.
Ao contrá
rio de muitos dos seus contemporâneos, apenas lambusadps das novidades do sé culo, era Morais um espírito perfeita ■JítS.
da
mocidade,
rância da época não deixaria de ínfligir-lhe; e tc\'e que optar por um for çado exílio para eximir-se à persegui ção do Santo Oficio.
E tudo porque
na companhia de colegas mais próximos pela amizade, comemorava a termina ção do curso dc leis, na Unixersidade do Cofmbra, com uma coptosa ceia rea
lizada advertida ou inacbcrlidaincnte, não se sabe, em dia dc jejum.
Antônio de Morais Silva, nascido no
Rio de Janeiro em 1755, matrÍculou-se
em Coimbra a 28 de dezembro de D7 .
e formara-se a 16 de junho dc 177^ . Escapando de Portugal e sendo prova velmente rapaz rico, viajou com vagar pela Europa até 1787, demorando-se na Inglaten-a e na França, ocupado sempre em ler e estudar, para o que de minto lhe valeu a biblioteca de Luiz. Pmto üe
Sousa, visconde de Balsemao e em ai
xador português em Londres, a
serviu de secretário particular. l^ncu lhe foi descobrir o livro "A riqueza
das Nações", de Adam Smitb, que co
da Língua Portuguesa" inteligência e
para a parreira, boa e às vêzes exce
de enxertos dc boas variedades de par
Antônio
Não faltavam ao autor do "Dicionário
O Brasil pode ser um dos grandes lente ecologia. Faz-se mister, porém,
instituído:
Morais Silva.
países viticultores do mundo, pois tem,
Gonçalves. Distribuiram-se centenas dc milhares
ontão
dias
por pensar e agir sem rebuços, sofrerá ^ ameaça dos .vexames que a intole
meçou a traduzir para o
mesmo lhe merecendo a "H.stóru, de Portugal", escrita cm nigles por um. "sociedade de literatos , e as Reciea
ções do homem de senso , de Arnaud.
Mais ainda do que transladar para a iviais
aiiiua
^1"-
-
língua materna tais obras, inleressava-o
I
leESTO 108
Egonómigo
DicESTO Econômico
emprêsa de maior vulto: a elaboração
cando cm 1789 a primeira edição de
de um dicionário português, êsse mes
seu dicionário.
mo que tomou o seu nome até hoje
tejos que em Portugal suscitavam a sua
grafo mais verídico do filólogo flumi nense, assevera que êle se casara com uma filha do então tenente-coronel por tuguês José Roberto Pereira da Silva e acompanhara o sogro ao ser este desig
linguagem e o seu sotaque brasileiro.
nado para o comando de um dos regi
falado e conhecido.
Conta-se que os pendores filológicos
de Morais foram espicaçados pelos mo-
Pereira Costa, o bió
Ter-se-ia tomado, pois, um dicionarisla
mentos da capitania de Pernambuco.
famoso por uma espécie de reação nativista ou oposição ao meio português,
Destarte, ter-se-ia o casamento celebra
o que deveria fazê-lo mais simpático e permeável às reivindicações políticas dos patriotas de 1817. Venceu-o, entretan to, o gôsto dos clássicos, incrustando-o no passado.
Por isso Antônio de Morais Silva, ins
tado pela revolução vitoriosa a tomar
parte no Conselho do novo govêmo, juntamente com Antônio Carlos, Gervásio Pires Ferreira, o deão de Olinda
Bernardo Luiz Ferreira e Manoel José Pereira Caldas, excusou-se à honra e
féz quanto estava em suas fôrças para não aceitá-la. Pouco vaidoso, não o seduziram os têrmos do convite: — "bra
ços abertos e ansiosos" para o acolhe Queriam os revolucionários que o lexicólogo lhes escrevesse a "legisla ção". João Lopes Cardoso Machado, pai do visconde de Maranguape e de Lopes Cama, o satírico do "Carapuceiro", num depoimento pouco simpático aos repu blicanos de 1817, afirmou que Morais rem.
respondera desdenhoso ao apelo, tachan
do o movimento patriótico de "borra cheira e atrevimento grande que havia de causar muita lágrima". A versão do próprio dicionarista, em documento de seu punho, não coincide
do em Portugal. Mas Laurêncio Lago, em "Brigadeiros e Generais de D. João VI e D. Pedro I no Brasil", dá José Roberto como servindo na guarnição de Pernambuco desde 1787, o que suscita
capitáü-gcncrul Caetano Pinto de Miran da Montenegru estava trancafiado na
desde 1793", o "tirânico despotismo de
fortaleza do Bnim e isso o induziu a
gueira, dores dc pedra c angurria amiu-
A revolução estava fadada ao malôgro, o que na verdade pouco depois se verificou. Os implicados no ino\amento não eram de maneira alguma os "infa mes rebeldes", os "infames tiranos das
dadas, freqüentes erisipelas" —, ao que lhe teriam respondido os patriotas de
objurgatórias de Morais; ao revés disso, muitos dêles se distinguiam pela inteli
Bonaparte".
ser mais prudente; soltou o portador c procurou clesculpav-se perante os mes mos com as suas doenças — "quase ce
1817 (fale Morais): "que não queriam
gência, pelas aspirações generosas, pelo
lá as minhas pernas, mas a minha ca beça, que "mo" ou "ma" mandariam
coração puro, c souberam morrer conio
buscar a seu tempo". Começaram a correr boatos de que
o filólogo renitente não se livraria da
a hipótese de Morais haver tomado
prisão, pois fòra o único capitão-mor
estado no Recife e não em Lisboa, e de
a não acudir em auxílio da revolução.
ser outro o motivo de sua ida para
Mais que prudente, tal\'ez medro.so.
Pernambuco.
Morais resolveu ir sem demora ao Re
Seja como fôr, quando estourou a
revolução, o autor do "Dicionário" já voltara ao Brasil havia mais de vinte
anos, estava casado, vivia no seu En
genho Novo de Muribeca e e.xercia o cargo de capitão-mor do Santo Antônio
do Recife, tendo antes, por curto pe ríodo, servido o de juiz de fora e provedor de ausentes da Bahia.
Vito
rioso o levante de 6 de março, os ho
mens que assumiram o govêrno lembraram-se do dicionarista Morais.
Quem
melhor do que êle para redigir em boa forma os atos da nova república? E incontinenti despacharam para Mu ribeca um "mulato do capitão Luiz José de Lins, sogro- do morgado do Cabo", com o mais polido dos convites. Mas o senhor de Muribeca recebeu o emissá
rio do govêmo provisório tão hostilmen te que, apenas lidas as "primeiras re
com as afirmativas de Cardoso Macha
gras", o prendeu. A lembrança do seu nome pareceu a Morais uma insolência.
do.
Recorde-se antes que Morais, ao
O.s acontecimentos, entretanto, não lhe
cabo de oito anos de viagem, volvera
permitiriam sustentar essa atitude de-
a Lisboa e ali morara até 1794, publi
sassombrada. Logo depois soube que o
cife expor ao govêrno provisório a sua "caducidade, falta de vista o doen ças..." Evitando a função de reda
heróis. O impulso que os levara à re beldia, malgrado a adesão de vários se nhores dc engenho, suscita a reaçao dos interesses todo-poderosos de grande propriedade territorial baseada no tra balho servil. O govêmo provisório fora forçado a lançar uma proclamação es
mentindo a suspeita que se insinuara "nos proprietários rurais" acerca ^
"emancipação indistinta dos homens eôr c escravos". Embora convencidos d que os homens "por mais ou m
tor da literatura política e de conse lheiro do go\êrno, é intuitivo que me ,tostados" não debavam do ser ig > nos ainda desejava o lexicógrafo ficar no os dirigentes da revolução exercício do posto de capitão-mor. E que "a base de toda a sociedade reg lar era a inviolabilidade cie poucos dias depois ei-lo a pedir de jg missão, que lhe foi concedida com a pécie de propriedade"; e, ordem de não abandonar a praça.
O
medo que se apoderara de Morais trans formou-se quase em pânico e o que lhe ocorreu foi
meter-se
na
cama
e
reduzir ao mínimo a alimentação: "to
mei a resolução de me prender na mi nha cama, acrescentando às doenças de
êsse sacratíssimo direito, o
D. João enviara a força milita cessária.
Morais, senhor do
Muribeca, temia que os
,
ng
seriassem as senzalas, e os ^
/e-
^
o açúcar e a aguardente
que padeço, a da fome, comendo só para
viver, o que me faria cair em hidropesia porque o meu sangue já era mais sòro que sangue..." Assim não se acumpli-
fcchava-se na cioaut-u
defendendo-a e defen
q^e
ciaria com "os infames tiranos" que lhe
pareciam ser os simpáticos e por vezes simplórios revolucionários, já que nada esperava dc "fórmulas republicanas" in capazes de impedir, por muito "espe ciosas", como as "publicadas em França
mulher era portuguesa e que seu sogi ,
mamcLl José R^^ ocupando em ISn o lugar de inspetor geral dos eor-
leESTO 108
Egonómigo
DicESTO Econômico
emprêsa de maior vulto: a elaboração
cando cm 1789 a primeira edição de
de um dicionário português, êsse mes
seu dicionário.
mo que tomou o seu nome até hoje
tejos que em Portugal suscitavam a sua
grafo mais verídico do filólogo flumi nense, assevera que êle se casara com uma filha do então tenente-coronel por tuguês José Roberto Pereira da Silva e acompanhara o sogro ao ser este desig
linguagem e o seu sotaque brasileiro.
nado para o comando de um dos regi
falado e conhecido.
Conta-se que os pendores filológicos
de Morais foram espicaçados pelos mo-
Pereira Costa, o bió
Ter-se-ia tomado, pois, um dicionarisla
mentos da capitania de Pernambuco.
famoso por uma espécie de reação nativista ou oposição ao meio português,
Destarte, ter-se-ia o casamento celebra
o que deveria fazê-lo mais simpático e permeável às reivindicações políticas dos patriotas de 1817. Venceu-o, entretan to, o gôsto dos clássicos, incrustando-o no passado.
Por isso Antônio de Morais Silva, ins
tado pela revolução vitoriosa a tomar
parte no Conselho do novo govêmo, juntamente com Antônio Carlos, Gervásio Pires Ferreira, o deão de Olinda
Bernardo Luiz Ferreira e Manoel José Pereira Caldas, excusou-se à honra e
féz quanto estava em suas fôrças para não aceitá-la. Pouco vaidoso, não o seduziram os têrmos do convite: — "bra
ços abertos e ansiosos" para o acolhe Queriam os revolucionários que o lexicólogo lhes escrevesse a "legisla ção". João Lopes Cardoso Machado, pai do visconde de Maranguape e de Lopes Cama, o satírico do "Carapuceiro", num depoimento pouco simpático aos repu blicanos de 1817, afirmou que Morais rem.
respondera desdenhoso ao apelo, tachan
do o movimento patriótico de "borra cheira e atrevimento grande que havia de causar muita lágrima". A versão do próprio dicionarista, em documento de seu punho, não coincide
do em Portugal. Mas Laurêncio Lago, em "Brigadeiros e Generais de D. João VI e D. Pedro I no Brasil", dá José Roberto como servindo na guarnição de Pernambuco desde 1787, o que suscita
capitáü-gcncrul Caetano Pinto de Miran da Montenegru estava trancafiado na
desde 1793", o "tirânico despotismo de
fortaleza do Bnim e isso o induziu a
gueira, dores dc pedra c angurria amiu-
A revolução estava fadada ao malôgro, o que na verdade pouco depois se verificou. Os implicados no ino\amento não eram de maneira alguma os "infa mes rebeldes", os "infames tiranos das
dadas, freqüentes erisipelas" —, ao que lhe teriam respondido os patriotas de
objurgatórias de Morais; ao revés disso, muitos dêles se distinguiam pela inteli
Bonaparte".
ser mais prudente; soltou o portador c procurou clesculpav-se perante os mes mos com as suas doenças — "quase ce
1817 (fale Morais): "que não queriam
gência, pelas aspirações generosas, pelo
lá as minhas pernas, mas a minha ca beça, que "mo" ou "ma" mandariam
coração puro, c souberam morrer conio
buscar a seu tempo". Começaram a correr boatos de que
o filólogo renitente não se livraria da
a hipótese de Morais haver tomado
prisão, pois fòra o único capitão-mor
estado no Recife e não em Lisboa, e de
a não acudir em auxílio da revolução.
ser outro o motivo de sua ida para
Mais que prudente, tal\'ez medro.so.
Pernambuco.
Morais resolveu ir sem demora ao Re
Seja como fôr, quando estourou a
revolução, o autor do "Dicionário" já voltara ao Brasil havia mais de vinte
anos, estava casado, vivia no seu En
genho Novo de Muribeca e e.xercia o cargo de capitão-mor do Santo Antônio
do Recife, tendo antes, por curto pe ríodo, servido o de juiz de fora e provedor de ausentes da Bahia.
Vito
rioso o levante de 6 de março, os ho
mens que assumiram o govêrno lembraram-se do dicionarista Morais.
Quem
melhor do que êle para redigir em boa forma os atos da nova república? E incontinenti despacharam para Mu ribeca um "mulato do capitão Luiz José de Lins, sogro- do morgado do Cabo", com o mais polido dos convites. Mas o senhor de Muribeca recebeu o emissá
rio do govêmo provisório tão hostilmen te que, apenas lidas as "primeiras re
com as afirmativas de Cardoso Macha
gras", o prendeu. A lembrança do seu nome pareceu a Morais uma insolência.
do.
Recorde-se antes que Morais, ao
O.s acontecimentos, entretanto, não lhe
cabo de oito anos de viagem, volvera
permitiriam sustentar essa atitude de-
a Lisboa e ali morara até 1794, publi
sassombrada. Logo depois soube que o
cife expor ao govêrno provisório a sua "caducidade, falta de vista o doen ças..." Evitando a função de reda
heróis. O impulso que os levara à re beldia, malgrado a adesão de vários se nhores dc engenho, suscita a reaçao dos interesses todo-poderosos de grande propriedade territorial baseada no tra balho servil. O govêmo provisório fora forçado a lançar uma proclamação es
mentindo a suspeita que se insinuara "nos proprietários rurais" acerca ^
"emancipação indistinta dos homens eôr c escravos". Embora convencidos d que os homens "por mais ou m
tor da literatura política e de conse lheiro do go\êrno, é intuitivo que me ,tostados" não debavam do ser ig > nos ainda desejava o lexicógrafo ficar no os dirigentes da revolução exercício do posto de capitão-mor. E que "a base de toda a sociedade reg lar era a inviolabilidade cie poucos dias depois ei-lo a pedir de jg missão, que lhe foi concedida com a pécie de propriedade"; e, ordem de não abandonar a praça.
O
medo que se apoderara de Morais trans formou-se quase em pânico e o que lhe ocorreu foi
meter-se
na
cama
e
reduzir ao mínimo a alimentação: "to
mei a resolução de me prender na mi nha cama, acrescentando às doenças de
êsse sacratíssimo direito, o
D. João enviara a força milita cessária.
Morais, senhor do
Muribeca, temia que os
,
ng
seriassem as senzalas, e os ^
/e-
^
o açúcar e a aguardente
que padeço, a da fome, comendo só para
viver, o que me faria cair em hidropesia porque o meu sangue já era mais sòro que sangue..." Assim não se acumpli-
fcchava-se na cioaut-u
defendendo-a e defen
q^e
ciaria com "os infames tiranos" que lhe
pareciam ser os simpáticos e por vezes simplórios revolucionários, já que nada esperava dc "fórmulas republicanas" in capazes de impedir, por muito "espe ciosas", como as "publicadas em França
mulher era portuguesa e que seu sogi ,
mamcLl José R^^ ocupando em ISn o lugar de inspetor geral dos eor-
110
por de milicias da capitania de Pernam
buco, se encontrava entre os prisioneiros da nova república. Acrescente-se, em abono do dicionarista, a péssima saúde, que liie fazia da vida, segundo expres são sua, "um gemido surdo e quase contínuo". E, por último, note-se que ao seu temperamento de lexicólogo não se ajustaria a flama de revolucioná
rio. Talvez como Machado de Assis, na revolta de 1893. se não fosse a irri
Digesto EcoNÓ\nco
tação do intcré.ssc econômico ameaçado, lhe agradasse de preferência ao ouvir os tires cias armas rcvolucionária.s, deter-se em sugestões léxicas, "gramalicar", ex
T
A remuneração dos prefeitos municipais Dksiué Guauani e Silva
primir a sua antipatia por certas pala vras, como o romancista brasileiro pelo
verbo "explodir" que, embora chegado do latim por via da França, nfio lhe
sua simples expressão numérica, sele ciona candidatos ambiciosos ou deseslimula cidadãos capazes. Uma remune
fpiema c das possibilida
soava bem. Dicionário e revolução, aventura e gramática, são lermos que dificilmente se ajustam.
AN.xLfsr: dos municípios brasileiros dentro do es-
des financeiras das admi
nistrações
locais
serve
apenas para retratar uma situação de miséria, de falta de recursos, de carência dc pessoal
não pode, de maneira alguma,^ atrair
técnico capacitado para as difíceis ta
municipal nem mesmo para os cargos eletivos. Um cargo público eletivo, co co o de prefeito, em que o seu ocupan te deve rcsol\'er problemas públicos c os
refas dc satisfazer as necessidades cole tivas de maior inlevêssc de cada um dos
componentes de qualquer comunidade, de irracionalidade c mesmo descalabro
na execução dos serviços pviblicos, de
impossibilidade, enfim, do ação eficiente na prestação dc serviços aos munícipes.
Por qualquer lado pelo qual se ana lise a situação financeira ou administra
tiva das municipalidades do interior bra sileiro, a conclusão c sempre a mesma: a administração local não dispõe dos recursos humanos e materiais indispen sáveis à eficiência na execução de qual quer tarefa.
Tomemos, para exemplo desta situa ção, o problema da remuneração dos prefeitos municipais. Se bem que, com relação aos cargos eletivos, existam,
vada para o exercício da função pública
mais diversos matizes ou de mtertsse
de qualquer uma, de várias ou de toe as as classes sociais que formam a comun
dade local, não deve ser deixado apena^ aos poucos que podem exerce- o se preocupações financeiras domésticas n í aos aue que fazem tazeni questão apenas < a Icvuncia social do cargo. Deve ' aberto a todos, indistintamente,
cidadãos ricos capazes quanto a xa
^
técnicos ou administrativos que nao
dem dispensar uma remuneração co
patível com a sua formação educac'on '^no govêrno local, dos 'ficiín-
E isto, para o melhor aprovei a pacitaclos para elevar o
cia da administração que mais
P
cuida dos interêsses coHdianos de todos
os aspectos das regalias, homenagens e
os cidadãos.
distinção social, os quais estimulam a
Conforme se verifica abaixo, no qual estão numerações mensais perce i'>
vaidade pessoal e substituem, às vezes, que o e.xercício dessas funções públicas oferece, é inegável que o fator econômi co, representado no poder aquisitivo do salário, desempenha, no preenchimento
dos cargos de direção da administração
municipal, parte relevante e que, pela t
c'cmentos humanos de qualificação e e-
alem do caráter meramente pecuniário,
os privilégios simplesmente monetários
,
ração baixa, c às vezes mesmo até irri sória, como é comum no caso brasileiro,
,
1948, por 1.573 dos 1.682 municípios do interior do ai dos até 31/12/48 (nos quais ".-m esta
incluído.s, portanto, os prefeitos das C. pitais), é muito pouco atraente, p ' modesta remuneração que oferece,
110
por de milicias da capitania de Pernam
buco, se encontrava entre os prisioneiros da nova república. Acrescente-se, em abono do dicionarista, a péssima saúde, que liie fazia da vida, segundo expres são sua, "um gemido surdo e quase contínuo". E, por último, note-se que ao seu temperamento de lexicólogo não se ajustaria a flama de revolucioná
rio. Talvez como Machado de Assis, na revolta de 1893. se não fosse a irri
Digesto EcoNÓ\nco
tação do intcré.ssc econômico ameaçado, lhe agradasse de preferência ao ouvir os tires cias armas rcvolucionária.s, deter-se em sugestões léxicas, "gramalicar", ex
T
A remuneração dos prefeitos municipais Dksiué Guauani e Silva
primir a sua antipatia por certas pala vras, como o romancista brasileiro pelo
verbo "explodir" que, embora chegado do latim por via da França, nfio lhe
sua simples expressão numérica, sele ciona candidatos ambiciosos ou deseslimula cidadãos capazes. Uma remune
fpiema c das possibilida
soava bem. Dicionário e revolução, aventura e gramática, são lermos que dificilmente se ajustam.
AN.xLfsr: dos municípios brasileiros dentro do es-
des financeiras das admi
nistrações
locais
serve
apenas para retratar uma situação de miséria, de falta de recursos, de carência dc pessoal
não pode, de maneira alguma,^ atrair
técnico capacitado para as difíceis ta
municipal nem mesmo para os cargos eletivos. Um cargo público eletivo, co co o de prefeito, em que o seu ocupan te deve rcsol\'er problemas públicos c os
refas dc satisfazer as necessidades cole tivas de maior inlevêssc de cada um dos
componentes de qualquer comunidade, de irracionalidade c mesmo descalabro
na execução dos serviços pviblicos, de
impossibilidade, enfim, do ação eficiente na prestação dc serviços aos munícipes.
Por qualquer lado pelo qual se ana lise a situação financeira ou administra
tiva das municipalidades do interior bra sileiro, a conclusão c sempre a mesma: a administração local não dispõe dos recursos humanos e materiais indispen sáveis à eficiência na execução de qual quer tarefa.
Tomemos, para exemplo desta situa ção, o problema da remuneração dos prefeitos municipais. Se bem que, com relação aos cargos eletivos, existam,
vada para o exercício da função pública
mais diversos matizes ou de mtertsse
de qualquer uma, de várias ou de toe as as classes sociais que formam a comun
dade local, não deve ser deixado apena^ aos poucos que podem exerce- o se preocupações financeiras domésticas n í aos aue que fazem tazeni questão apenas < a Icvuncia social do cargo. Deve ' aberto a todos, indistintamente,
cidadãos ricos capazes quanto a xa
^
técnicos ou administrativos que nao
dem dispensar uma remuneração co
patível com a sua formação educac'on '^no govêrno local, dos 'ficiín-
E isto, para o melhor aprovei a pacitaclos para elevar o
cia da administração que mais
P
cuida dos interêsses coHdianos de todos
os aspectos das regalias, homenagens e
os cidadãos.
distinção social, os quais estimulam a
Conforme se verifica abaixo, no qual estão numerações mensais perce i'>
vaidade pessoal e substituem, às vezes, que o e.xercício dessas funções públicas oferece, é inegável que o fator econômi co, representado no poder aquisitivo do salário, desempenha, no preenchimento
dos cargos de direção da administração
municipal, parte relevante e que, pela t
c'cmentos humanos de qualificação e e-
alem do caráter meramente pecuniário,
os privilégios simplesmente monetários
,
ração baixa, c às vezes mesmo até irri sória, como é comum no caso brasileiro,
,
1948, por 1.573 dos 1.682 municípios do interior do ai dos até 31/12/48 (nos quais ".-m esta
incluído.s, portanto, os prefeitos das C. pitais), é muito pouco atraente, p ' modesta remuneração que oferece,
112
Digesto
Econômico
cargo de prefeito de município no in
ram encontradas no.s Estados do Amazo
terior brasileiro.
nas, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Gran
de do Remuneração mensal Ct$
1 1
de prefeitos
1
1 275 a 901 a
900 1.000
Norte, Pernambuco, Sergipe,
Bahia, São Paulo e Mulo Grosso.
i .... 282
113
Dicesto EcoNÓNaco
nos municípios do Estado ".xará" da terra dos pampas gaúchos, o Rio Gran
prefeitos municipais é muito melhor qae no Amazonas, pois ali a remuneração
de do Norte, onde o prefeito de maior remuneração percebe apenas Cr$ ....
1.800,00 mensais, paga aos prefeitos de
2.200,00 mensais (Mossoró).
Conceição de Araguaia, Faro, Prainha e
mais baixa encontrada foi de Cr$ • • • •
São Caetano de Odivelas, município''
cm São Paulo, ao tpial pertencem os seís municípios cujos prefeitos percebem re muneração de CrS 12.000.00 (Campinas, Santo André, Santos. São José do Rio Preto, Sorocaba o Votuporanga)• e o
menor remuneração encontrada foi de
éstcs dc população inferior a 10.000 ha
Cr$ 275,00 mensais, no miinicípio dc
bitantes, mas todos, com exceção apenas
Mucuri, da Bahia, c a maior foi dc Ci'$
do último, de superfície superior ® 17.000 quilômetros quadrados. As inunerações mais elevadas são pagos
Na compilação desses 1.573 dados, a
15.000,00 mensais, para o prefeito de
1.001 a
1.100
.... ....
único município do interior cujo prefeito
São Vicente cm São Paulo.
1.101 a
1.300
....
149
percebe Cr$ 15.000,00 mensais (São
extremos, pelos quais sc verifica que o
aos prefeitos dos municípios de Abae
1.301 a
1.500
....
124
Vicente).
prefeito de remuneração mais alta perce be um salário 54 vezes superior ao de
tram a desigualdade econômica e finan
tetiiba (1.730 km2 e 26.914 habitantes/ e Santarém (22.345 km2 e 47.559 ha i tantes), os quais percebem Cr$ " 3.500,00 mensais. No Pará, como antes
1.501 1.801 2.101 2.401 2.701 3.001 3.501 5.001 7.501
a 1.800 a 2.100 a 2.400 a 2.700 a 3.000 a 3.500 a 5.000 a 7.500 a 10.000
10.001 a 15.000 i TOTAL
87 43
Os mais altos salários são encontrados
ir
Êsses dois
....
116.
.... ....
154 92
rios entre os prefeitos municipais é en contrada nos Estados de Alagoas, com
....
96
já foi referido, nota-se a menor díferen
128 89 123 65
um mínimo dc Cr$ 1.000,00 e um má ximo dc Cr-S 4.000,00 o com a moda cnlTG Cr.$ 2.000,00 e Cr$ 3.000,00; do
ceira dos nossos municípios e a relativi
.... .... .... ....
dade da participação de cada prefeito em um congresso de municípios em que
ça entre a remuneração mais baúva e
Rio Grande do Sul, onde o mínimo é
cada administrador local deva repre
o dobro daquela, ao contrário de a
de CrS 2.450,00 e o máximo c de Cr$
sentar uma parcela ig\ial da coletividade
....
18
8.000,00, com a moda entre Cr$ 3.000,00
bra.nleira.
7
e Cr$ 4.000,00; e do Pará, no qual se
1.573
Se bem que neste quadro não estejam
Mas a melhor distriluiição dos salá
remuneração mais baixa, bem demons
mais elevada, pois esta não chega ^
nbser\'a a menor diferença entre os ex
tidamente, dentro de cada Estado, se
Paulo, onde a mais alta rennmeraça (Cr$ 15.000,00) é 33 vêzes superior mais baixa. , ^ No Maranhão, de maneira geral,
tremos (Cr$ 1,800,00 o Cr$ 3.500,00),
gundo a ordem geográfica das unidades
ser bem precária a situação
com a moda em torno dc Cr$ 2.500,00.
da Federação.
do.s prefeitos que vivem apenas do ' lário auferido pelo exercício do ' uma \ez que a moda se coloca n ^ ponto pouco superior ao fixado
Analisemos, porém, a situação mais de
Seguem-se os Estados da Paraíba, Minas
No Estado do Amazonas, o prefeito
Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro,
do mais baixa remuneração é o de Ita-
todos os prefeitos dos municípios exis
Paraná, Santa Catarina e Goiás, nos
tentes no interior em 31-12-48, em nú
quais é, de maneira geral, relativamente
mero de 1.682, a compilação obtida é
satisfatória o com a media mais ou me
piranga, o qual percebe apenas Cr$ 340,00 por mês. E isto para cuidar, com responsabilidade de homem público, dos
salário mínimo na indústria ou no mércio. A menor remuneração,
bem representativa da totalidade, pois que deixa de abranger somente seis por cento do total (apenas 109) e isto mes
tos municipais. Mas de todos os Esta dos, o que melhor distribuição oferece
interêsses de 3.200 munícipes, morado res principalmente na zona rural, dis
portância de Cr$ 300,00, é j. pe'o Prefeito de Monção, que °
nos atraente a remuneração dos prefei
nicípio de menor
no
completos principalmente de dois Esta
quanto ao nível médio de remuneração que os prefeitos municipais percebem
dos: São Paulo e Minas Gerais. Para
é o do Rio Grande do Sul, onde, confor
tribuídos sôbre uma superfície de 16.139 km2, e onde é excepcionalmente eleva do o índice geral de preços das merca dorias de primeira necessidade. O de
os demais Estados, porém, o levanta
me já foi acima referido, o salário-mí-
mais alta remuneração é o de Parintins,
mento foi quase completo, pois sòmente
nimo para cs administradores locais é
um dos mais populosos municípios do
um ou outro município deixou de ser apurado, por falta de dados, no mate rial por nós utilizado para o fim em
de Cr§ 2.450,00 mensais, e isto mesmo
Estado (15.100 habitantes), onde o
apenas em um município, pois nos de
prefeito percebe, mensalmente, Cr$ .. 2.300,00, para superintender a adminis
muneração dos prefeitos é de r? r b g
tração local sôbre uma superfície de ..
Em melhor sitaação estão
23.892 quilômetros quadrados.
de Cod6 (7.671 km2 e 38^64
mo em,\'irtude da falta de elementos
consideração.
De maneira geral, as mais baixas remunerações de prefeito municipal fo-
mais a remuneração dos prefeitos gaú chos é superior a esta quantia. E esse limite mínimo nos municípios gaiichos
é superior ao bmite máximo obserx^ado
No Pará, a situação financeira dos
inais
fraca densidade demográfica,^
Estado, pois conta apenas com ^ 3.000 habitantes para
é
22.527 quilômetros quadrados, a q
a terceim dos municípios^ m^anhen^ejSeguem-se os municípios de Bacu , nedito Leite e Riachão, nos 9"^'® ^
tnntes), Coroatá (5.160 km2 e 29.o24
112
Digesto
Econômico
cargo de prefeito de município no in
ram encontradas no.s Estados do Amazo
terior brasileiro.
nas, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Gran
de do Remuneração mensal Ct$
1 1
de prefeitos
1
1 275 a 901 a
900 1.000
Norte, Pernambuco, Sergipe,
Bahia, São Paulo e Mulo Grosso.
i .... 282
113
Dicesto EcoNÓNaco
nos municípios do Estado ".xará" da terra dos pampas gaúchos, o Rio Gran
prefeitos municipais é muito melhor qae no Amazonas, pois ali a remuneração
de do Norte, onde o prefeito de maior remuneração percebe apenas Cr$ ....
1.800,00 mensais, paga aos prefeitos de
2.200,00 mensais (Mossoró).
Conceição de Araguaia, Faro, Prainha e
mais baixa encontrada foi de Cr$ • • • •
São Caetano de Odivelas, município''
cm São Paulo, ao tpial pertencem os seís municípios cujos prefeitos percebem re muneração de CrS 12.000.00 (Campinas, Santo André, Santos. São José do Rio Preto, Sorocaba o Votuporanga)• e o
menor remuneração encontrada foi de
éstcs dc população inferior a 10.000 ha
Cr$ 275,00 mensais, no miinicípio dc
bitantes, mas todos, com exceção apenas
Mucuri, da Bahia, c a maior foi dc Ci'$
do último, de superfície superior ® 17.000 quilômetros quadrados. As inunerações mais elevadas são pagos
Na compilação desses 1.573 dados, a
15.000,00 mensais, para o prefeito de
1.001 a
1.100
.... ....
único município do interior cujo prefeito
São Vicente cm São Paulo.
1.101 a
1.300
....
149
percebe Cr$ 15.000,00 mensais (São
extremos, pelos quais sc verifica que o
aos prefeitos dos municípios de Abae
1.301 a
1.500
....
124
Vicente).
prefeito de remuneração mais alta perce be um salário 54 vezes superior ao de
tram a desigualdade econômica e finan
tetiiba (1.730 km2 e 26.914 habitantes/ e Santarém (22.345 km2 e 47.559 ha i tantes), os quais percebem Cr$ " 3.500,00 mensais. No Pará, como antes
1.501 1.801 2.101 2.401 2.701 3.001 3.501 5.001 7.501
a 1.800 a 2.100 a 2.400 a 2.700 a 3.000 a 3.500 a 5.000 a 7.500 a 10.000
10.001 a 15.000 i TOTAL
87 43
Os mais altos salários são encontrados
ir
Êsses dois
....
116.
.... ....
154 92
rios entre os prefeitos municipais é en contrada nos Estados de Alagoas, com
....
96
já foi referido, nota-se a menor díferen
128 89 123 65
um mínimo dc Cr$ 1.000,00 e um má ximo dc Cr-S 4.000,00 o com a moda cnlTG Cr.$ 2.000,00 e Cr$ 3.000,00; do
ceira dos nossos municípios e a relativi
.... .... .... ....
dade da participação de cada prefeito em um congresso de municípios em que
ça entre a remuneração mais baúva e
Rio Grande do Sul, onde o mínimo é
cada administrador local deva repre
o dobro daquela, ao contrário de a
de CrS 2.450,00 e o máximo c de Cr$
sentar uma parcela ig\ial da coletividade
....
18
8.000,00, com a moda entre Cr$ 3.000,00
bra.nleira.
7
e Cr$ 4.000,00; e do Pará, no qual se
1.573
Se bem que neste quadro não estejam
Mas a melhor distriluiição dos salá
remuneração mais baixa, bem demons
mais elevada, pois esta não chega ^
nbser\'a a menor diferença entre os ex
tidamente, dentro de cada Estado, se
Paulo, onde a mais alta rennmeraça (Cr$ 15.000,00) é 33 vêzes superior mais baixa. , ^ No Maranhão, de maneira geral,
tremos (Cr$ 1,800,00 o Cr$ 3.500,00),
gundo a ordem geográfica das unidades
ser bem precária a situação
com a moda em torno dc Cr$ 2.500,00.
da Federação.
do.s prefeitos que vivem apenas do ' lário auferido pelo exercício do ' uma \ez que a moda se coloca n ^ ponto pouco superior ao fixado
Analisemos, porém, a situação mais de
Seguem-se os Estados da Paraíba, Minas
No Estado do Amazonas, o prefeito
Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro,
do mais baixa remuneração é o de Ita-
todos os prefeitos dos municípios exis
Paraná, Santa Catarina e Goiás, nos
tentes no interior em 31-12-48, em nú
quais é, de maneira geral, relativamente
mero de 1.682, a compilação obtida é
satisfatória o com a media mais ou me
piranga, o qual percebe apenas Cr$ 340,00 por mês. E isto para cuidar, com responsabilidade de homem público, dos
salário mínimo na indústria ou no mércio. A menor remuneração,
bem representativa da totalidade, pois que deixa de abranger somente seis por cento do total (apenas 109) e isto mes
tos municipais. Mas de todos os Esta dos, o que melhor distribuição oferece
interêsses de 3.200 munícipes, morado res principalmente na zona rural, dis
portância de Cr$ 300,00, é j. pe'o Prefeito de Monção, que °
nos atraente a remuneração dos prefei
nicípio de menor
no
completos principalmente de dois Esta
quanto ao nível médio de remuneração que os prefeitos municipais percebem
dos: São Paulo e Minas Gerais. Para
é o do Rio Grande do Sul, onde, confor
tribuídos sôbre uma superfície de 16.139 km2, e onde é excepcionalmente eleva do o índice geral de preços das merca dorias de primeira necessidade. O de
os demais Estados, porém, o levanta
me já foi acima referido, o salário-mí-
mais alta remuneração é o de Parintins,
mento foi quase completo, pois sòmente
nimo para cs administradores locais é
um dos mais populosos municípios do
um ou outro município deixou de ser apurado, por falta de dados, no mate rial por nós utilizado para o fim em
de Cr§ 2.450,00 mensais, e isto mesmo
Estado (15.100 habitantes), onde o
apenas em um município, pois nos de
prefeito percebe, mensalmente, Cr$ .. 2.300,00, para superintender a adminis
muneração dos prefeitos é de r? r b g
tração local sôbre uma superfície de ..
Em melhor sitaação estão
23.892 quilômetros quadrados.
de Cod6 (7.671 km2 e 38^64
mo em,\'irtude da falta de elementos
consideração.
De maneira geral, as mais baixas remunerações de prefeito municipal fo-
mais a remuneração dos prefeitos gaú chos é superior a esta quantia. E esse limite mínimo nos municípios gaiichos
é superior ao bmite máximo obserx^ado
No Pará, a situação financeira dos
inais
fraca densidade demográfica,^
Estado, pois conta apenas com ^ 3.000 habitantes para
é
22.527 quilômetros quadrados, a q
a terceim dos municípios^ m^anhen^ejSeguem-se os municípios de Bacu , nedito Leite e Riachão, nos 9"^'® ^
tnntes), Coroatá (5.160 km2 e 29.o24
m
Dicesto EcoNÓ.Nnco
114
habitantes) e Pedreiras (1.2S9 ktn2 c
tantes), no qual o prefeito recebe
43.129 habitantes), os quais pcrccbeni
Cr$ 450,00. Na classificação imediata
Gr§ 2.500,00, c o de Caxias, município mais populoso do Estado (77.874 habi
mente superior está o inunicípio de Taipn (747 km2 c 12.066 habitantes), cm cujo orçamento aparece uma dotaçúo que permite ao prefeito tnn salário
tantes), onde o prefeito recebe Cr$ ., 3.000,00 mensais para dirigir a admi nistração municipal .sobre uma superfí cie de 9.903 quilômetros quadrados.
mensal de Cr$ 550,00. A melhor classi
ção financeira dos prefeitos municipais,
ficação cabe ao município clc Mossoró, cujo prcfeitf) percebe Cr-S 2.200,00 por môs, quantia essa que é, dentre todos os
embora seja aqui a remuneração mínima
E.stados, o menor limito má.ximo que
' No Piauí também c modesta a situa
um pouco superior à que se paga no Maranhão. A menor remuneração cabe
ao prefeito de Ribeirão Gonçalves, o qual percebe apenas Cr.$ 400,00 men
sais, para re.sponder pela prestação dos scr\'iços públicos locais a cerca de
7.000 munícipes, distribuídos por uma
superfície de 15.215 quilômetros qua drados. Seguem-se as remunerações dos
prefeitos de Corrente (Cr$ 550,00), Bom Jesus (Cr$ 600,00), Pcrtolínia
(Cr$ 700,00) e Paranaguá (CrS 700,00), A mais elevada remuneração cabe ao prefeito de Parnaíba (Cr§ 4.000,00), o mais importante município do Estado. Também no Ceará não é nada vanta
joso, de maneira geral, o cargo de pre feito municipal. Nos municípios de Pacajus (684 km2 e 15.543 habitantes) e
Ubajara (548 km2 e 15.207 habitantes) é que se reserva a menor dotação or
so observa na remuneração dos prefeitos municipais.
Quanto ao Estado da Paraíba, pode-se afirmar que c relativamente boa, em seu conjunto, a distribuição da remunera ção dos prefeitos municipais," cm com paração com O.S demais Estados do Nor deste.
A remuneração mais baixa está
fi.xada em Cr.$ 1.000,00 (prefeitos dos
municípios dc Bonito do Santa Fé e Jato])á), cabendo ao do Campina Gran de a mais elevada remuneração mensal
(Cr$ 8.000,00), salário ôste que é o maior encontrado na administração de
qualquer município do interior, desde o Amazonas até a Bahia, inclusive. E co
mo existe ainda na Paraíba um prefeito com a remuneração do Cr$ 4.000,00
(Pombal), fica sendo a Paraíba o Es tado que possui os dois melhores cargos
de prefeito municipal no interior de
çamentária para a remuneração do pre feito, o qual percebe, nesses municípios,
giões Norte, Nordeste e Leste Setentrio
tão somente Cr$ 550,00 mensais.
nal.
A
todas as unidades que formam as re
maior dotação para esse fim reservada
Em Pernambuco, o município em que
está no orçamento do município de Sobral (2.649 quilômetros quadrados e 56.067 habitantes), cujo prefeito recebe
menor quantia se gasta com o cargo
do prefeito é o de Exu, no qual o Chefe do Executivo custa aos munícipes ape
Cr$ 3.400,00 mensais, quantia essa in
nas CrS 750,00 mensais, e isto num
ferior ao limite máximo observado no
município de 1.344 km2 e 15.418 ha
Piauí.
bitantes.
No Rio Grande do Norte, a mais
baixa classificação cabe ao mimicípio de
São Miguel (436 km2 e 11.894 habi
As mais elevadas remunera
ções, na importância, cada uma, de CrS 4.000,00, pertencem aos prefeitos municipais de Garanhus (1.301 kin2 e
DicESTo
Econômico
95.632 habitantes) o Olinda (43 km2 c
meios de subsistência, os mais elevados
36.712 habitantes).
indice.s dc analfabetismo c a mais baixa
Sob os índices lairto da ri-muncração
média quanto da moda tpie apre.sonta a
distribuição da remuneração dos pre feitos municipais, é o Eslailo das Ala goas uma das nielhori-s unidades da Fe
deração. A irrenor despesa com o exe cutivo o realizada nos imuiicípios dc Junqiieiro o Marechal Floriano, onde os
prefeitos percebem Cr$ 1.000,00, men salmente. O lugar do destacpje, no Es tado, é ocupado pelo município dc Ata laia, no qual a despesa com a remune ração d(i prefeito é do CrS 4.000,00 por
capacidade de cH)nsumo, a Bahia possui alguns municípios que podem ser con siderados como sendo os piores do País, quer sob o ângulo econômico, quei quanto à remuneração oferecida aos administradores locais. Além de se en contrar na Bahia a menor remuneração
paga a um prefeito municipal no Brasil.
és.so Estado é um cios iillimos quanto ao limite máximo de tal remuneração, pois está colocado apenas na frente dos Estados do Amazona.s, Maranhão, Ceará,
Dessa forma, cabem à Paraíba c
Rio Grande do Norte, Sergipe e Mato Gros.so; O lugar de destaque, quanto
ao Estado de Alagoas as melhores situa ções, em todo o Nordeste, <pianto ao
como cm todo o Pais, cabe ao prefeito
môs.
salário mínimo fixado para os prefeitos immicipais.
Em Sergipe ressurge, em tÔ>da a sua
complexão degradante, a miséria finan ceira dos municípios do interior, ligeira mente diminuída que está na Paraíba e cm Alagoas.
No município de Carmó-
polis, o qual é o menor (45 km2) e o menos populoso (3.129 habitantes) do
Estado, é que se encontra q cargo de prefeito de mais modesta remuneração em Sergipe, pois esta atinge apenas a quantia de Cr.$ 400,00 por mes. A si
tuação privilegiada no Estada é desfru
tada pelo prefeito do Própria, municí pio de 171 quilômetros quadrados e 14.681 habitantes, onde se despende uma quantia que, com relação à gasta nos demais municípios de Sergipe, pode ser levada à conta dc fortuna: Cr$ .. 3.300,00 por mês.
No interior da Bahia é que existe, in
à menor remuneração, não só no Estado
de Muciiri, que percebe, por mês, a irri.sôria quantia de Cr$ 275,00. E isso num município de 3.320 quilômetros
quadrados e cerca de 8.000 habitantes. A mais eknada remuneração mensal (Gr$ 3.650,00) é percebida pelos pre feitos municipais de Ilhéus (3.304 km2 e 113.269 habitantes) e Itabiina (4.439 km2 o 96.879 habitantes).
Ein Minas Gerais já se pode observar
trni quadro mais alentador, pela seme lhança que os seus municípios apresen
tam à pujança tanto financeira quanto
econômica que distingue os municípios suIino.s. Apenas no município de Tira-
clentes, um dos de menor superfície
(202 km2) e o de menor população no Estado (3.444 habitantes) é que o pre feito percebe remuneração inferior a Cr$ 1.000,00 (Cr$ 800,00). Em todos os demais municípios a remuneração mí nima é de Ci§ 1.000,00, por mês. E é
discutivelmente, o mais doloroso retrato
em Mmas Gerais que se encontra o mu
da situação de miséria financeira e eco
nicípio, de todas as regiões Norte, Nor deste e Leste, onde é mais elevada
nômica dos municípios brasileiros. Com
municípios em que à fraca densidade
(Cr§ 10.000,00) a remuneração do pre-
demográfica se aliam os mais primitivos
feito municipal: Jmz. de Fora. Exc«rn
m
Dicesto EcoNÓ.Nnco
114
habitantes) e Pedreiras (1.2S9 ktn2 c
tantes), no qual o prefeito recebe
43.129 habitantes), os quais pcrccbeni
Cr$ 450,00. Na classificação imediata
Gr§ 2.500,00, c o de Caxias, município mais populoso do Estado (77.874 habi
mente superior está o inunicípio de Taipn (747 km2 c 12.066 habitantes), cm cujo orçamento aparece uma dotaçúo que permite ao prefeito tnn salário
tantes), onde o prefeito recebe Cr$ ., 3.000,00 mensais para dirigir a admi nistração municipal .sobre uma superfí cie de 9.903 quilômetros quadrados.
mensal de Cr$ 550,00. A melhor classi
ção financeira dos prefeitos municipais,
ficação cabe ao município clc Mossoró, cujo prcfeitf) percebe Cr-S 2.200,00 por môs, quantia essa que é, dentre todos os
embora seja aqui a remuneração mínima
E.stados, o menor limito má.ximo que
' No Piauí também c modesta a situa
um pouco superior à que se paga no Maranhão. A menor remuneração cabe
ao prefeito de Ribeirão Gonçalves, o qual percebe apenas Cr.$ 400,00 men
sais, para re.sponder pela prestação dos scr\'iços públicos locais a cerca de
7.000 munícipes, distribuídos por uma
superfície de 15.215 quilômetros qua drados. Seguem-se as remunerações dos
prefeitos de Corrente (Cr$ 550,00), Bom Jesus (Cr$ 600,00), Pcrtolínia
(Cr$ 700,00) e Paranaguá (CrS 700,00), A mais elevada remuneração cabe ao prefeito de Parnaíba (Cr§ 4.000,00), o mais importante município do Estado. Também no Ceará não é nada vanta
joso, de maneira geral, o cargo de pre feito municipal. Nos municípios de Pacajus (684 km2 e 15.543 habitantes) e
Ubajara (548 km2 e 15.207 habitantes) é que se reserva a menor dotação or
so observa na remuneração dos prefeitos municipais.
Quanto ao Estado da Paraíba, pode-se afirmar que c relativamente boa, em seu conjunto, a distribuição da remunera ção dos prefeitos municipais," cm com paração com O.S demais Estados do Nor deste.
A remuneração mais baixa está
fi.xada em Cr.$ 1.000,00 (prefeitos dos
municípios dc Bonito do Santa Fé e Jato])á), cabendo ao do Campina Gran de a mais elevada remuneração mensal
(Cr$ 8.000,00), salário ôste que é o maior encontrado na administração de
qualquer município do interior, desde o Amazonas até a Bahia, inclusive. E co
mo existe ainda na Paraíba um prefeito com a remuneração do Cr$ 4.000,00
(Pombal), fica sendo a Paraíba o Es tado que possui os dois melhores cargos
de prefeito municipal no interior de
çamentária para a remuneração do pre feito, o qual percebe, nesses municípios,
giões Norte, Nordeste e Leste Setentrio
tão somente Cr$ 550,00 mensais.
nal.
A
todas as unidades que formam as re
maior dotação para esse fim reservada
Em Pernambuco, o município em que
está no orçamento do município de Sobral (2.649 quilômetros quadrados e 56.067 habitantes), cujo prefeito recebe
menor quantia se gasta com o cargo
do prefeito é o de Exu, no qual o Chefe do Executivo custa aos munícipes ape
Cr$ 3.400,00 mensais, quantia essa in
nas CrS 750,00 mensais, e isto num
ferior ao limite máximo observado no
município de 1.344 km2 e 15.418 ha
Piauí.
bitantes.
No Rio Grande do Norte, a mais
baixa classificação cabe ao mimicípio de
São Miguel (436 km2 e 11.894 habi
As mais elevadas remunera
ções, na importância, cada uma, de CrS 4.000,00, pertencem aos prefeitos municipais de Garanhus (1.301 kin2 e
DicESTo
Econômico
95.632 habitantes) o Olinda (43 km2 c
meios de subsistência, os mais elevados
36.712 habitantes).
indice.s dc analfabetismo c a mais baixa
Sob os índices lairto da ri-muncração
média quanto da moda tpie apre.sonta a
distribuição da remuneração dos pre feitos municipais, é o Eslailo das Ala goas uma das nielhori-s unidades da Fe
deração. A irrenor despesa com o exe cutivo o realizada nos imuiicípios dc Junqiieiro o Marechal Floriano, onde os
prefeitos percebem Cr$ 1.000,00, men salmente. O lugar do destacpje, no Es tado, é ocupado pelo município dc Ata laia, no qual a despesa com a remune ração d(i prefeito é do CrS 4.000,00 por
capacidade de cH)nsumo, a Bahia possui alguns municípios que podem ser con siderados como sendo os piores do País, quer sob o ângulo econômico, quei quanto à remuneração oferecida aos administradores locais. Além de se en contrar na Bahia a menor remuneração
paga a um prefeito municipal no Brasil.
és.so Estado é um cios iillimos quanto ao limite máximo de tal remuneração, pois está colocado apenas na frente dos Estados do Amazona.s, Maranhão, Ceará,
Dessa forma, cabem à Paraíba c
Rio Grande do Norte, Sergipe e Mato Gros.so; O lugar de destaque, quanto
ao Estado de Alagoas as melhores situa ções, em todo o Nordeste, <pianto ao
como cm todo o Pais, cabe ao prefeito
môs.
salário mínimo fixado para os prefeitos immicipais.
Em Sergipe ressurge, em tÔ>da a sua
complexão degradante, a miséria finan ceira dos municípios do interior, ligeira mente diminuída que está na Paraíba e cm Alagoas.
No município de Carmó-
polis, o qual é o menor (45 km2) e o menos populoso (3.129 habitantes) do
Estado, é que se encontra q cargo de prefeito de mais modesta remuneração em Sergipe, pois esta atinge apenas a quantia de Cr.$ 400,00 por mes. A si
tuação privilegiada no Estada é desfru
tada pelo prefeito do Própria, municí pio de 171 quilômetros quadrados e 14.681 habitantes, onde se despende uma quantia que, com relação à gasta nos demais municípios de Sergipe, pode ser levada à conta dc fortuna: Cr$ .. 3.300,00 por mês.
No interior da Bahia é que existe, in
à menor remuneração, não só no Estado
de Muciiri, que percebe, por mês, a irri.sôria quantia de Cr$ 275,00. E isso num município de 3.320 quilômetros
quadrados e cerca de 8.000 habitantes. A mais eknada remuneração mensal (Gr$ 3.650,00) é percebida pelos pre feitos municipais de Ilhéus (3.304 km2 e 113.269 habitantes) e Itabiina (4.439 km2 o 96.879 habitantes).
Ein Minas Gerais já se pode observar
trni quadro mais alentador, pela seme lhança que os seus municípios apresen
tam à pujança tanto financeira quanto
econômica que distingue os municípios suIino.s. Apenas no município de Tira-
clentes, um dos de menor superfície
(202 km2) e o de menor população no Estado (3.444 habitantes) é que o pre feito percebe remuneração inferior a Cr$ 1.000,00 (Cr$ 800,00). Em todos os demais municípios a remuneração mí nima é de Ci§ 1.000,00, por mês. E é
discutivelmente, o mais doloroso retrato
em Mmas Gerais que se encontra o mu
da situação de miséria financeira e eco
nicípio, de todas as regiões Norte, Nor deste e Leste, onde é mais elevada
nômica dos municípios brasileiros. Com
municípios em que à fraca densidade
(Cr§ 10.000,00) a remuneração do pre-
demográfica se aliam os mais primitivos
feito municipal: Jmz. de Fora. Exc«rn
ipr,
Dicestü Econó
interior do Pai.s.
A mais !)aÍNa remune
este único caso, apenas em São Paulo é que se encontra prefeito com remu
ração, no Estado, no \ alor de Cr$ 450,00
neração mensal igual ou superior a
mensais, é percebida pelo prefeito do
Cr$ 10.000.00.
município dc Sãt) Luis do Paraitinga
No Espírito Santo a situação também
(1.028 km2 c 11.127 habitantes). E a
é mais ou menos promissora. A menor
situação de destaque é ocupada pelo
remuneração cabe ao prefeito munici
prefeito de São Vicente, município dc
pal de Anchieta, o qual percebe mensal
411 quilômetros quadrados e 17.294 ha
mente Cr$ 900,00, para responder pela prestação dos ser\'iços públicos locais a cêrca de 10.000 munícipes, que habitam
bitantes, o qual, com a sua remunera ção mensal de Cr§ 1-5.000,00, é o admi
imm superfície de 466 quilômetros qua
terior do Brasil. Neste ponto, vale res
drados.
saltar que essa posição de destaque não é ocupada pelo prefeito do melhor mu nicípio do interior brasileiro quanto ao
Ao prefeito de Caclioeiro do
Itapemirim cabe a posição de destaque com Cr$ 5.000,00 mensais.
O Estado do Rio de Janeiro encerra, com amostra alentadora, o panorama de miséria financeira que vi
nistrador local mais bem pago no in
montante do orçamento, o de Santos, onde a dotação reservada à remunera-
. ção do prefeito permite a
nha sendo observado desde
despesa
o
12.000,00 por mês. Em seguida estão os seis mu nicípios brasileiros cujos
Na
Estado
terra
do
Amazonas.
flominense
o
prefeito que menor remu neração percebe pelo exer
cício do cargo é o de Ca-
dotação orçamentária para êsse fim
destinada
não
.
permite uma despesa men
sal superior a Cr$ 1.040,00. E isto apenas como caso úni co no Estado, pois os prefeitos dos mu
de apenas Cr$.
feitos municipais de Londrina e Cornélio Procópio, os quais são os xinicos pre
feitos no Brasil f|ue, ao lado de nove do Estado de São Paulo c um de Minas
Gerais, percebem remuneração mensal superior a Cr$ 8.000,00 (Cr$ 9.000,00 e Cr$ 8.500,00, respeeliwunentc). No ponto imedialainente inferior, dentro do Estado, está o prefeito de Ponta
Grossa, que percebe Cr$ 8.000,00 por mês, seguido pelos prefeitos dc Arapon
gas, Paranaguá c Rolàndia, (pie perce bem Cr$ 6.000,00 mensalmente.
Grande (2.723 k-m2 e 61.000 habitantes) percebem, por mês, Cr§ 6.000,00. Entrando em Mato Grosso, volta-se a
obsen-ar o mesmo quadro desolador, apresentado, de maneira geral, pelos Estados do Nordeste: limite mínimo
muito baixo, elevada freqüência num
valor médio pouco •superior ao limite mínimo e apenas lyn ou outro caso num limite máximo relativamente satis
fatório. A freqüência na remuneração mínima é dada pelos prefeitos de Barra do Garças, que é um dos piores municí
Em Santa Catarina a remuneração mensal mínima é de Cr$ 1.125.00 devi
pios do Brasil, apesar de ser um dos de maior extensão geográfica e em virtude
da aos prefeitos de Aragiiari (551 km2
de ser um dos de menor densidade de
6 12.147 habitantes), Biguaçu (636 km2 e 20.100 habitantes), Campo Alegre
tantes) e Mato Grosso, também, mais ou
mográfica (189.640 km2 e 3.200 habi
(710 km2 e 16.871 habitantes), Jagua-
menos, nas mesmas condições precárias do anterior (82.548 km2 e 3.300 habi
runa (396 km2 e 9.700 habitantes) e Nova Trento (566 km2 e 10.000 habi
tantes), nos quais a remuneração men sal é de Cr$ 300,00. Os casos extremos
12.000,00, mensalmente: Campinas (1.615 km2 e
tantes).
no limite superior são ocupados pelos
mensal, na importância de Cr$ 4.000,00,
municípios de Corumbá (56.769
130.000 habitantes), Santo André (888 km2 e 90.000
é paga aos prefeitos dos municípios de
e 30.000 habitantes), onde o prefeito
habitantes), Santos (876
tes) o Xapecó (14.793 km2 e 44.327
km2 e 170.000 habitantes),
habitantes).
prefeitos
simiro de Abreu, onde a
11'
Dicesto Econômico
percebem
Cr$
São José do Rio Preto (1.690 km2 e 75.000 habitantes), Sorocaba (883 km2
(569 km2 e 5.269 habitantes), Imaruí
A mais elevada remuneração
Joaçaba (4.184 km2 c 36.174 habitan
No Rio Grande do Sul encontramos, dentre todos os Estados, a mais elevada
percebe Cr$ 2.500,00, e Campo Grande qual o administrador local percebe
(31.695 km2 e 50.000 habitantes), no Cr$ 3.000,00.
No Estado de Goiás a situação é bem
nicípios que se colocam em situação
e 70.000 habitantes) e Votuporanga
imediatamente superior (Bom Jardim e Cachoeiras de Macacu) percebem Cr§ 1.4-30,00 por mês. A melhor posição
(1.887 km2 e 51.000 habitantes).
cabe aos municípios de Campos e Petrópolis, cujos prefeitos percebem CrS ..
pios de Cerro Azul e Rio Branco do Sul,
observado em dois Estados: Amazonas
apenas no município de Natividade.
este recentemente . criado, que possuem
Imediatamente mais elevadas são as re
6.500,00, mensalmente. Com São Paulo inicia-se a parte de
der à remuneração do prefeito, o qual
(Cr$ 2.300,00) e Rio Grande do Norte (Cr$ 2.200,00). E dentro desse limite
existe apenas um município — o de Mar-
cipais de Paraná (Cr$ 862,50), Caval
celino Ramos.
canti (Cr$ 900,00) e Taguatinga (Cr$
No Estado do Paraná, são os municí menor dotação orçamentária para aten
destaque que os municípios subnos go zam neste panorama nacional. Mas em
percebe apenas Ci§ 1.050,00 por mês. Imediatamente superiores são os muni cípios de Rebouças e Guaratuba, èste
bora encontremos em São Paulo os me
também recentemente criado, onde os
lhores municípios brasileiros, encontra
prefeitos percebem, respectivamente, Cr§ 1.290,00 e Cr$ 1.300,00 por mes. As
mos também, ali alguns municípios que quase se enfileiram entre os piores do
melhores remunerações cabem aos pre-
remuneração mensal mínima para pre
feito municipal (Cr$ 2.450,00), mínimo êste que é superior ao limite máximo
A mais elevada remu
melhor que a encontrada em Mato Grosso. Aqui, a remimeraçáo mínima mensal é de CrS 800,00. e observada munerações mensais dos prefeitos muni
neração mensal, no valor de Cr$ ....
900,00). Nos demais municípios, a re
8.000,00, é percebida pelo prefeito de
muneração mínima é' superior a Cr$ 1.000,00, sendo digna de nota, no Esta do de Goiás, a elevada freqüência obser vada nas importâncias entre CrS 2.000,00 6 Cr$ 3.000,00. Cabe ao prefeito, de
Bagó, município de 7.036 quilômetros quadrados e 59.000 habitantes. Os pre feitos dos municípios de Pelotas (2.997 km2 e 105.000 habitantes) e Rio
ipr,
Dicestü Econó
interior do Pai.s.
A mais !)aÍNa remune
este único caso, apenas em São Paulo é que se encontra prefeito com remu
ração, no Estado, no \ alor de Cr$ 450,00
neração mensal igual ou superior a
mensais, é percebida pelo prefeito do
Cr$ 10.000.00.
município dc Sãt) Luis do Paraitinga
No Espírito Santo a situação também
(1.028 km2 c 11.127 habitantes). E a
é mais ou menos promissora. A menor
situação de destaque é ocupada pelo
remuneração cabe ao prefeito munici
prefeito de São Vicente, município dc
pal de Anchieta, o qual percebe mensal
411 quilômetros quadrados e 17.294 ha
mente Cr$ 900,00, para responder pela prestação dos ser\'iços públicos locais a cêrca de 10.000 munícipes, que habitam
bitantes, o qual, com a sua remunera ção mensal de Cr§ 1-5.000,00, é o admi
imm superfície de 466 quilômetros qua
terior do Brasil. Neste ponto, vale res
drados.
saltar que essa posição de destaque não é ocupada pelo prefeito do melhor mu nicípio do interior brasileiro quanto ao
Ao prefeito de Caclioeiro do
Itapemirim cabe a posição de destaque com Cr$ 5.000,00 mensais.
O Estado do Rio de Janeiro encerra, com amostra alentadora, o panorama de miséria financeira que vi
nistrador local mais bem pago no in
montante do orçamento, o de Santos, onde a dotação reservada à remunera-
. ção do prefeito permite a
nha sendo observado desde
despesa
o
12.000,00 por mês. Em seguida estão os seis mu nicípios brasileiros cujos
Na
Estado
terra
do
Amazonas.
flominense
o
prefeito que menor remu neração percebe pelo exer
cício do cargo é o de Ca-
dotação orçamentária para êsse fim
destinada
não
.
permite uma despesa men
sal superior a Cr$ 1.040,00. E isto apenas como caso úni co no Estado, pois os prefeitos dos mu
de apenas Cr$.
feitos municipais de Londrina e Cornélio Procópio, os quais são os xinicos pre
feitos no Brasil f|ue, ao lado de nove do Estado de São Paulo c um de Minas
Gerais, percebem remuneração mensal superior a Cr$ 8.000,00 (Cr$ 9.000,00 e Cr$ 8.500,00, respeeliwunentc). No ponto imedialainente inferior, dentro do Estado, está o prefeito de Ponta
Grossa, que percebe Cr$ 8.000,00 por mês, seguido pelos prefeitos dc Arapon
gas, Paranaguá c Rolàndia, (pie perce bem Cr$ 6.000,00 mensalmente.
Grande (2.723 k-m2 e 61.000 habitantes) percebem, por mês, Cr§ 6.000,00. Entrando em Mato Grosso, volta-se a
obsen-ar o mesmo quadro desolador, apresentado, de maneira geral, pelos Estados do Nordeste: limite mínimo
muito baixo, elevada freqüência num
valor médio pouco •superior ao limite mínimo e apenas lyn ou outro caso num limite máximo relativamente satis
fatório. A freqüência na remuneração mínima é dada pelos prefeitos de Barra do Garças, que é um dos piores municí
Em Santa Catarina a remuneração mensal mínima é de Cr$ 1.125.00 devi
pios do Brasil, apesar de ser um dos de maior extensão geográfica e em virtude
da aos prefeitos de Aragiiari (551 km2
de ser um dos de menor densidade de
6 12.147 habitantes), Biguaçu (636 km2 e 20.100 habitantes), Campo Alegre
tantes) e Mato Grosso, também, mais ou
mográfica (189.640 km2 e 3.200 habi
(710 km2 e 16.871 habitantes), Jagua-
menos, nas mesmas condições precárias do anterior (82.548 km2 e 3.300 habi
runa (396 km2 e 9.700 habitantes) e Nova Trento (566 km2 e 10.000 habi
tantes), nos quais a remuneração men sal é de Cr$ 300,00. Os casos extremos
12.000,00, mensalmente: Campinas (1.615 km2 e
tantes).
no limite superior são ocupados pelos
mensal, na importância de Cr$ 4.000,00,
municípios de Corumbá (56.769
130.000 habitantes), Santo André (888 km2 e 90.000
é paga aos prefeitos dos municípios de
e 30.000 habitantes), onde o prefeito
habitantes), Santos (876
tes) o Xapecó (14.793 km2 e 44.327
km2 e 170.000 habitantes),
habitantes).
prefeitos
simiro de Abreu, onde a
11'
Dicesto Econômico
percebem
Cr$
São José do Rio Preto (1.690 km2 e 75.000 habitantes), Sorocaba (883 km2
(569 km2 e 5.269 habitantes), Imaruí
A mais elevada remuneração
Joaçaba (4.184 km2 c 36.174 habitan
No Rio Grande do Sul encontramos, dentre todos os Estados, a mais elevada
percebe Cr$ 2.500,00, e Campo Grande qual o administrador local percebe
(31.695 km2 e 50.000 habitantes), no Cr$ 3.000,00.
No Estado de Goiás a situação é bem
nicípios que se colocam em situação
e 70.000 habitantes) e Votuporanga
imediatamente superior (Bom Jardim e Cachoeiras de Macacu) percebem Cr§ 1.4-30,00 por mês. A melhor posição
(1.887 km2 e 51.000 habitantes).
cabe aos municípios de Campos e Petrópolis, cujos prefeitos percebem CrS ..
pios de Cerro Azul e Rio Branco do Sul,
observado em dois Estados: Amazonas
apenas no município de Natividade.
este recentemente . criado, que possuem
Imediatamente mais elevadas são as re
6.500,00, mensalmente. Com São Paulo inicia-se a parte de
der à remuneração do prefeito, o qual
(Cr$ 2.300,00) e Rio Grande do Norte (Cr$ 2.200,00). E dentro desse limite
existe apenas um município — o de Mar-
cipais de Paraná (Cr$ 862,50), Caval
celino Ramos.
canti (Cr$ 900,00) e Taguatinga (Cr$
No Estado do Paraná, são os municí menor dotação orçamentária para aten
destaque que os municípios subnos go zam neste panorama nacional. Mas em
percebe apenas Ci§ 1.050,00 por mês. Imediatamente superiores são os muni cípios de Rebouças e Guaratuba, èste
bora encontremos em São Paulo os me
também recentemente criado, onde os
lhores municípios brasileiros, encontra
prefeitos percebem, respectivamente, Cr§ 1.290,00 e Cr$ 1.300,00 por mes. As
mos também, ali alguns municípios que quase se enfileiram entre os piores do
melhores remunerações cabem aos pre-
remuneração mensal mínima para pre
feito municipal (Cr$ 2.450,00), mínimo êste que é superior ao limite máximo
A mais elevada remu
melhor que a encontrada em Mato Grosso. Aqui, a remimeraçáo mínima mensal é de CrS 800,00. e observada munerações mensais dos prefeitos muni
neração mensal, no valor de Cr$ ....
900,00). Nos demais municípios, a re
8.000,00, é percebida pelo prefeito de
muneração mínima é' superior a Cr$ 1.000,00, sendo digna de nota, no Esta do de Goiás, a elevada freqüência obser vada nas importâncias entre CrS 2.000,00 6 Cr$ 3.000,00. Cabe ao prefeito, de
Bagó, município de 7.036 quilômetros quadrados e 59.000 habitantes. Os pre feitos dos municípios de Pelotas (2.997 km2 e 105.000 habitantes) e Rio
TÉ
Dicesto
Anápolis (2.622 kin2 e 40.000 habitan tes) a mais elevada remuneração mensal
acusada no interior de toda a região Centro-Oeste, o fjual percebe Cr$ .... 6.666,60 por mês. Ao prefeito do mu nicípio de Rio Verde (18.606 km2 e 32.000 habitantes) cabe a remuneração mensal de Cr$ 4.200,00.
Èste panorama da situação financeira
do cargo de Prefeito municipal no inte rior brasileiro é desolador e profunda mente alarmante para a eficiência na
prestação dos serviços públicos locais, pois de forma alguma poderá ser possí
EcoNÓ^^co
primeira Casa da Moeda do Brasi l (1645)
da Constituição Federal, (jue manda dis tribuir ein quotas-partos igiiai.s aos municipios do interior 10'Ã. da arrecadação federal proveniente do imposto sobre à renda e proventos dc qualquer natureza, os nossos municípios contam com um
Afonso of E. Taunay
"salárío-inínimo", com o <jual poderão, até certo ponto, atender às necessidades mínimas paru a escolbu, mediante uma remuneração compalí\x'l com a função,
dos administradores locais*. E já que o salário-mínimo dos municípios brasilei ro,'; está fixado cm função da arrecada
ção do imposto sòbre a renda (um déci
vel confiar aos mais eficientes e dinâmi
mo do total arrecadado anualmente), o
cos cidadãos do interior a direção da administração publica local com .salá
que possibilita, dentro do atual número
N':.. primeirosDomanos stniou reinado entendeu foãodeIV, por ulc
do Lisboa, a Salvador Corrêa "esta ma
o Conselho Ultramarino, instigado por
encomendo façaes com que o caminho
Salvador Corrêa dc Sá c Bonevides, es tabelecer, no sul di> Brasil, uma ea.sa
do ccrtão de serra (sic) e as minas corrão cH>mo em tempo de \'Osso avô não
do fundição, (piinlagcm
SC dcfraudando os direitos que perten
<le ouro o
cunhagem de moeda.
Prosseguia a diretriz estabelecida por
téria se fica vendo c, entretanto, vos
cem á Fazenda Real fazendo as bene
ficiar para que .se tire delas a utilidade
Dom Francisco dc Souza na política
que de antes do modo que fazia o vos.so
dc municípios do interior, a cada mu
da prospecção dos metais nobres, já cm
avô".
nicípio uma quota-partc anual equiva
fins do século XVI.
lente, no mínimo, a Cr$ 240.000,00, ti-
dc Portugal e é de sobra sabido que a fluminense ao movimento restaurador ein
Pouco depois ocorreu a Restauração
rio tão irrisórios. E principalmente ago ra, mais do que em qualquer outra épo ca, se toma necessário escolher para os
remtís, cm cada município, no mínimo,
Salvador Corrêa, no primeiro dos seus três períodos governamentais, assumiu o
postos de prefeito municipal os cidadãos
também um décimo do seu "salário-
cargo dc capitão-mor do Rio de Janeiro
mais capazes dentre os que se dediquem exclusivamente ao interesse público, pa ra a melhor e mais reprodutiva aplica
mínimo", para que se fi.xe, no limite mí
a 3 de abril de 1637, conforme nos
nimo para isenção de pagamento do
conta Monsenhor Pizarvo nas Memórias.
Mas os cariocas receavam muito a
imposto sobre a renda, o salário-mínimo
(2,253) governando até 27 dc junho dc
reação castelhana e sabiam quanto a sua
ção das novas receitas que se estão
encaminhando para os cofres municipais. E a so'ução do problema está nas pos sibilidades financeiras que estas mesmas
receitas novas oferecem, principalmente
Salvador coube notável papel na adesão
princípios de 1641.
dos administradores locais (Cr$
1642.
cidade era expugnável.
24.000,00 anuais), o que fará com que nenhum prefeito municipal no Brasil
A 10 dc janeiro de 1639 representava a Felipe IV sobre os prejuízos que vinha
ra ha\'ia unânime consenso: tornava-se
deixe de aparecer na lista dos contri buintes do imposto sobre a renda (atual
sofrendo
Real por não terem as
se a Fortalezii da Lage. E neste sentido reite
a
Para a defesa da barra da Guanaba
indispensável construir-
Fazenda
aos municípios de parcos recursos na ar
mente, apenas metade tem possibilidade
minas
de aparecer nesta lista) e contribua, as
administrador
quando
raram-se os pedidos e
recadação das rendas locais propriamen
sim, para o crescimento de um impôslo
já para elas liavia cami nho aberto pelo .sertão. Do.sta situação procedia "faltarem os quinto.s
a\isos de sua Câmara ao Rei solicitando re
te ditas.
De acordo com o § 4° do artigo 15
do qual qualquer município do interior do País é um grande beneficiado.
de
São
Paulo
cursos para a realização de tal obra.
Era então muito es
reais".
Assim, pleiteava para si tal adminis tração na forma que a tivera seu avô
casso o nunrerario e.xistente no Brasil, onde corria indistintamente o moedário
Salvador Corrêa de Sá.
português e o espanhol, como de es
Respondeu-lhe em nome do rei cas telhano a Princesa Vice-Rainha cie Por
perar.
tugal, Margarida, duquesa de Màntua,
Silva, empossado a 30 de agôsto de
a futura deposta pelo movimento restaurador de primeiro de dezembro dc 1640.
1642, ordenou que se recolliesse à Bahia
A 15 de novembro de 1639 avisava,
O Governador Geral Antônio Teles da
todo o dinheiro em circulação no Es tado, a fim de ser recunhado, o
TÉ
Dicesto
Anápolis (2.622 kin2 e 40.000 habitan tes) a mais elevada remuneração mensal
acusada no interior de toda a região Centro-Oeste, o fjual percebe Cr$ .... 6.666,60 por mês. Ao prefeito do mu nicípio de Rio Verde (18.606 km2 e 32.000 habitantes) cabe a remuneração mensal de Cr$ 4.200,00.
Èste panorama da situação financeira
do cargo de Prefeito municipal no inte rior brasileiro é desolador e profunda mente alarmante para a eficiência na
prestação dos serviços públicos locais, pois de forma alguma poderá ser possí
EcoNÓ^^co
primeira Casa da Moeda do Brasi l (1645)
da Constituição Federal, (jue manda dis tribuir ein quotas-partos igiiai.s aos municipios do interior 10'Ã. da arrecadação federal proveniente do imposto sobre à renda e proventos dc qualquer natureza, os nossos municípios contam com um
Afonso of E. Taunay
"salárío-inínimo", com o <jual poderão, até certo ponto, atender às necessidades mínimas paru a escolbu, mediante uma remuneração compalí\x'l com a função,
dos administradores locais*. E já que o salário-mínimo dos municípios brasilei ro,'; está fixado cm função da arrecada
ção do imposto sòbre a renda (um déci
vel confiar aos mais eficientes e dinâmi
mo do total arrecadado anualmente), o
cos cidadãos do interior a direção da administração publica local com .salá
que possibilita, dentro do atual número
N':.. primeirosDomanos stniou reinado entendeu foãodeIV, por ulc
do Lisboa, a Salvador Corrêa "esta ma
o Conselho Ultramarino, instigado por
encomendo façaes com que o caminho
Salvador Corrêa dc Sá c Bonevides, es tabelecer, no sul di> Brasil, uma ea.sa
do ccrtão de serra (sic) e as minas corrão cH>mo em tempo de \'Osso avô não
do fundição, (piinlagcm
SC dcfraudando os direitos que perten
<le ouro o
cunhagem de moeda.
Prosseguia a diretriz estabelecida por
téria se fica vendo c, entretanto, vos
cem á Fazenda Real fazendo as bene
ficiar para que .se tire delas a utilidade
Dom Francisco dc Souza na política
que de antes do modo que fazia o vos.so
dc municípios do interior, a cada mu
da prospecção dos metais nobres, já cm
avô".
nicípio uma quota-partc anual equiva
fins do século XVI.
lente, no mínimo, a Cr$ 240.000,00, ti-
dc Portugal e é de sobra sabido que a fluminense ao movimento restaurador ein
Pouco depois ocorreu a Restauração
rio tão irrisórios. E principalmente ago ra, mais do que em qualquer outra épo ca, se toma necessário escolher para os
remtís, cm cada município, no mínimo,
Salvador Corrêa, no primeiro dos seus três períodos governamentais, assumiu o
postos de prefeito municipal os cidadãos
também um décimo do seu "salário-
cargo dc capitão-mor do Rio de Janeiro
mais capazes dentre os que se dediquem exclusivamente ao interesse público, pa ra a melhor e mais reprodutiva aplica
mínimo", para que se fi.xe, no limite mí
a 3 de abril de 1637, conforme nos
nimo para isenção de pagamento do
conta Monsenhor Pizarvo nas Memórias.
Mas os cariocas receavam muito a
imposto sobre a renda, o salário-mínimo
(2,253) governando até 27 dc junho dc
reação castelhana e sabiam quanto a sua
ção das novas receitas que se estão
encaminhando para os cofres municipais. E a so'ução do problema está nas pos sibilidades financeiras que estas mesmas
receitas novas oferecem, principalmente
Salvador coube notável papel na adesão
princípios de 1641.
dos administradores locais (Cr$
1642.
cidade era expugnável.
24.000,00 anuais), o que fará com que nenhum prefeito municipal no Brasil
A 10 dc janeiro de 1639 representava a Felipe IV sobre os prejuízos que vinha
ra ha\'ia unânime consenso: tornava-se
deixe de aparecer na lista dos contri buintes do imposto sobre a renda (atual
sofrendo
Real por não terem as
se a Fortalezii da Lage. E neste sentido reite
a
Para a defesa da barra da Guanaba
indispensável construir-
Fazenda
aos municípios de parcos recursos na ar
mente, apenas metade tem possibilidade
minas
de aparecer nesta lista) e contribua, as
administrador
quando
raram-se os pedidos e
recadação das rendas locais propriamen
sim, para o crescimento de um impôslo
já para elas liavia cami nho aberto pelo .sertão. Do.sta situação procedia "faltarem os quinto.s
a\isos de sua Câmara ao Rei solicitando re
te ditas.
De acordo com o § 4° do artigo 15
do qual qualquer município do interior do País é um grande beneficiado.
de
São
Paulo
cursos para a realização de tal obra.
Era então muito es
reais".
Assim, pleiteava para si tal adminis tração na forma que a tivera seu avô
casso o nunrerario e.xistente no Brasil, onde corria indistintamente o moedário
Salvador Corrêa de Sá.
português e o espanhol, como de es
Respondeu-lhe em nome do rei cas telhano a Princesa Vice-Rainha cie Por
perar.
tugal, Margarida, duquesa de Màntua,
Silva, empossado a 30 de agôsto de
a futura deposta pelo movimento restaurador de primeiro de dezembro dc 1640.
1642, ordenou que se recolliesse à Bahia
A 15 de novembro de 1639 avisava,
O Governador Geral Antônio Teles da
todo o dinheiro em circulação no Es tado, a fim de ser recunhado, o
» Digesto EcoNÓ^aco
120
provocou veementes protestos dos flu
minenses, lesados pelo que correspondia à projetada senhoriagem.
V
121
D I igesto Econômico
servido com a praça fortificada e de
E ê.ste, a 19 de julho de 1044, em
fensável".
O Procurador de seu Conselho, João de Castilho Pinto, representou ao Rei
consulta assinada pelo Marquês de Montalvão, o antigo Vice-Rei do Brasil, Jorge de Castilho, Jorge de Albuquerqòe e João Delgado Figueira, historiou o pro
cunho das patacas aplicado ao socorro
contra tal medida "cousa que o seu
cesso.
de Angola revertesse também a metade
povo não havia aceitado bem, queixan do se geralmente que na ocasião eni que se estava desentranhando e tirando de sy o que não podia para a defesa da sua praça, tão miserável e tão atrasa
da e em especial tão desmantelada" vi
I
esse o Governador Geral exigir a entre ga do seu dinheiro. Havia os mais fun dados receios de que esse numerário fosse gasto na Bahia. E.vatamente naquela ocasião o bravo capitão-mor Luís Barbalho Bezerra a todos edificava, pela atitude de vassalo
tão zeloso do serviço de Sua Majestade. Era sempre o primeiro no trabalho, car
regando às costas a faxina, aplicandose a tudo mais, de maneira que a seu exemplo os moradores "tirando forsas da fiuqueza acodiam a sua obrigação". O essencial da barra, para que pu desse ficar segura, era "hua fortaleza
que podia fazer-se na lagem". De tudo já se achava S. M. informado. Mostrava-se o momento angustioso,
"tudo caíra de pancada". A construção
da Lage andava orçada em trinta mil cruzados, segundo opinião de Luís Bar balho.
Seria a "cousa de mais consi
deração que averia naquela praça com
que ficaria segura". O que se apurasse da recunhagem com senhoriagem das patacas e meias
patacas, provindas do dinheiro fluminen se, representava a parcela de maior va lia para conclusão de tão indispensá vel obra.
Mandou D. João IV que o Conselho Ultramarino estudasse o caso e opi nasse sôbre a representação.
Discordou D. João IV de seus con
selheiros. Decidiu que "do dinheiro do na mesma fortificação".
Mandara Sua Majestade, haNua pouco,
As plantas
para a nova fortaleza fossem logo sub
que o tesoureiro da Casa da Moeda de Lisboa remetesse ao Governo Geral, na
metidas ao exame das autoridades.
Bahia, cinqüenta ferros de cunhar, desti nados à recunhagem das patacas e meias
estas não as aprovassem, outras se deli neassem.
A 19 de maio dc 1645 informava o
patacas do Brasil.
Conselho ao monarca que das obras da Fortaleza da Lage estava incumbido o arquiteto João de Balhestciros, que iria
Mas Antonio Teles da Silva se anteci
para, mandando proceder à operação por
sua conta c risco. O dinheiro que eln ia rendendo se guardava em arca espe
cial onde ficaria em depósito ató que Na Bahia realizava-se a entrega de recebimento do dinheiro miúdo sobre
pujasse do muito o que já se recolhera Resolvera El-Rei que metade de tal arrecadação se aplicasse ao .socorro de Angola, conquistada pelos holandeses, oportunamente.
modo para a defensa e segurança" da sua cidade.
cientes a Câmara e o povo do Rio de
Estava-se com muita dili
gência à procura de engenheiro, para a
Janeiro. .
direção dos serviços, mas ainda não fôra êle encontrado. Logo que se des
Mostravam-se um e outro desconfia
cobrisse algum em condições, partiria pa ra o Rio com tôda a brevidade possível.
dos da intenção do Governador Geral e assoalhavam que êle exorbitava, exce
dendo às ordens regias. Sugeria o Con
Metade do dinheiro arrecadado com
selho um alvitre: fosse o resultado da
cunhagem do dinheiro miúdo aplicado
a recunhagem da moeda seria aplicada em tão desejada c desejável obra.
na construção da Fortaleza da Lage. Tal medida parecía-Uie muito opor
ropa, pleiteando a superintendência das
tuna. Com isto obrigaria Sua Majestade
minas da Repartição do Sul. A 1° de junho de 1644, obtinha o
Continuava Salvador CoiTea na Eu
os fluminenses a levar a sua moeda à
"1/cy por bem que no lugar que moíí acomodado vós parecer, façais Casa da Moeda em que as pessoas que licerem
ouro e o qtiizcrem fundir em moeda o possam fazer, as quacs moedas serão da mesma maneira que neste Reino se coenta reis."
á se dispor a fortificação do melhor
E de tal já estavam
dade para a escolha do local da pro jetada casa da moeda brasileira.
o fimdo, a João Lopes Barbalho, sobri
"Logo que S. Mag. a aprovasse, con viria escrever ao novo capitão mòr go vernador do Rio de Janeiro, de modo
das patacas c meias patacas.
A 30 de maio de 1644 recebia o Re
gimento das mercês, cujo décimo-quarto artigo estatuía caber-lhe a maior liber
ouvir "aos homens do mar para saber
Janeiro Afonso de Barros Caminha". Daí resultaria a confecção da planta da fortificação que se haveria de obrar.
Contava-se que o
^
e no Rio de Janeiro e fôra atendido.
fazem de tres mil reis e de três mil e quinhentos reis e de sctecentos e dn-
nho do falecido Luiz Barbalho Bezerra e o secretario do Governo do Rio de
Sua Majestade lhe desse destino. todo o numerário.
Se
Aconselhara ao Rei que se fundas sem Casas da Moeda em São
Em tudo se regulariam os trabalhos
das projetadas oficinas brasileiras pelas nonnas da de Lisboa. E esta teria de entregar a Salvador os cunhos destina dos a amoedar o ouro do Brasil. ^ Loco que se soube da decisão régw sôbre a nova fundição no Brasil, no Rio de Janeiro ou em São Paulo, aparece ram candidatos a ocupar os principais cargos de funcionalismo das futuras Ca sas da Moeda.
Domingos Joseph "tendo notícia que
S Magestade mandara se fizesse casa da moeda no Rio de Janeiro ou São
Paulo" alegou ao soberano os seus títu los de nioedeiro na de Lisboa, liaria dezoito anos. Desejava ser nomeado capataz da Casa brasileira. Tinha, afirmava, "todas as partes para
servir" e queria embarcar com Salvador Corrêa de Sá. E assim pedia ao Rei
que-lhe fizesse mercê do emprego "man
dando lhe sinalar ordenado, avendo con
sideração a ser tão distante deste Reyno
recunhagem, o que de outra maneira não
quo pretendia, alcançando de Dom João
fariam.
IV a nomeação de Administrador Geral
e hua ajuda de custo para se aviar e
"O povo ficará contente de ver que V. Mag. lhe differe o animado para
das Minas de São Paulo, com 300 mil réis de ordenado anual e -numerosa série
Na mesma ocasiao, Antonio Roiz de
ajudar com o que faltar. E. V. Mag. bem
rtiLij
de prerrogativas, vantagens e direitos.
embarcar .
. . ,
Matos propôs-se a também servir na
» Digesto EcoNÓ^aco
120
provocou veementes protestos dos flu
minenses, lesados pelo que correspondia à projetada senhoriagem.
V
121
D I igesto Econômico
servido com a praça fortificada e de
E ê.ste, a 19 de julho de 1044, em
fensável".
O Procurador de seu Conselho, João de Castilho Pinto, representou ao Rei
consulta assinada pelo Marquês de Montalvão, o antigo Vice-Rei do Brasil, Jorge de Castilho, Jorge de Albuquerqòe e João Delgado Figueira, historiou o pro
cunho das patacas aplicado ao socorro
contra tal medida "cousa que o seu
cesso.
de Angola revertesse também a metade
povo não havia aceitado bem, queixan do se geralmente que na ocasião eni que se estava desentranhando e tirando de sy o que não podia para a defesa da sua praça, tão miserável e tão atrasa
da e em especial tão desmantelada" vi
I
esse o Governador Geral exigir a entre ga do seu dinheiro. Havia os mais fun dados receios de que esse numerário fosse gasto na Bahia. E.vatamente naquela ocasião o bravo capitão-mor Luís Barbalho Bezerra a todos edificava, pela atitude de vassalo
tão zeloso do serviço de Sua Majestade. Era sempre o primeiro no trabalho, car
regando às costas a faxina, aplicandose a tudo mais, de maneira que a seu exemplo os moradores "tirando forsas da fiuqueza acodiam a sua obrigação". O essencial da barra, para que pu desse ficar segura, era "hua fortaleza
que podia fazer-se na lagem". De tudo já se achava S. M. informado. Mostrava-se o momento angustioso,
"tudo caíra de pancada". A construção
da Lage andava orçada em trinta mil cruzados, segundo opinião de Luís Bar balho.
Seria a "cousa de mais consi
deração que averia naquela praça com
que ficaria segura". O que se apurasse da recunhagem com senhoriagem das patacas e meias
patacas, provindas do dinheiro fluminen se, representava a parcela de maior va lia para conclusão de tão indispensá vel obra.
Mandou D. João IV que o Conselho Ultramarino estudasse o caso e opi nasse sôbre a representação.
Discordou D. João IV de seus con
selheiros. Decidiu que "do dinheiro do na mesma fortificação".
Mandara Sua Majestade, haNua pouco,
As plantas
para a nova fortaleza fossem logo sub
que o tesoureiro da Casa da Moeda de Lisboa remetesse ao Governo Geral, na
metidas ao exame das autoridades.
Bahia, cinqüenta ferros de cunhar, desti nados à recunhagem das patacas e meias
estas não as aprovassem, outras se deli neassem.
A 19 de maio dc 1645 informava o
patacas do Brasil.
Conselho ao monarca que das obras da Fortaleza da Lage estava incumbido o arquiteto João de Balhestciros, que iria
Mas Antonio Teles da Silva se anteci
para, mandando proceder à operação por
sua conta c risco. O dinheiro que eln ia rendendo se guardava em arca espe
cial onde ficaria em depósito ató que Na Bahia realizava-se a entrega de recebimento do dinheiro miúdo sobre
pujasse do muito o que já se recolhera Resolvera El-Rei que metade de tal arrecadação se aplicasse ao .socorro de Angola, conquistada pelos holandeses, oportunamente.
modo para a defensa e segurança" da sua cidade.
cientes a Câmara e o povo do Rio de
Estava-se com muita dili
gência à procura de engenheiro, para a
Janeiro. .
direção dos serviços, mas ainda não fôra êle encontrado. Logo que se des
Mostravam-se um e outro desconfia
cobrisse algum em condições, partiria pa ra o Rio com tôda a brevidade possível.
dos da intenção do Governador Geral e assoalhavam que êle exorbitava, exce
dendo às ordens regias. Sugeria o Con
Metade do dinheiro arrecadado com
selho um alvitre: fosse o resultado da
cunhagem do dinheiro miúdo aplicado
a recunhagem da moeda seria aplicada em tão desejada c desejável obra.
na construção da Fortaleza da Lage. Tal medida parecía-Uie muito opor
ropa, pleiteando a superintendência das
tuna. Com isto obrigaria Sua Majestade
minas da Repartição do Sul. A 1° de junho de 1644, obtinha o
Continuava Salvador CoiTea na Eu
os fluminenses a levar a sua moeda à
"1/cy por bem que no lugar que moíí acomodado vós parecer, façais Casa da Moeda em que as pessoas que licerem
ouro e o qtiizcrem fundir em moeda o possam fazer, as quacs moedas serão da mesma maneira que neste Reino se coenta reis."
á se dispor a fortificação do melhor
E de tal já estavam
dade para a escolha do local da pro jetada casa da moeda brasileira.
o fimdo, a João Lopes Barbalho, sobri
"Logo que S. Mag. a aprovasse, con viria escrever ao novo capitão mòr go vernador do Rio de Janeiro, de modo
das patacas c meias patacas.
A 30 de maio de 1644 recebia o Re
gimento das mercês, cujo décimo-quarto artigo estatuía caber-lhe a maior liber
ouvir "aos homens do mar para saber
Janeiro Afonso de Barros Caminha". Daí resultaria a confecção da planta da fortificação que se haveria de obrar.
Contava-se que o
^
e no Rio de Janeiro e fôra atendido.
fazem de tres mil reis e de três mil e quinhentos reis e de sctecentos e dn-
nho do falecido Luiz Barbalho Bezerra e o secretario do Governo do Rio de
Sua Majestade lhe desse destino. todo o numerário.
Se
Aconselhara ao Rei que se fundas sem Casas da Moeda em São
Em tudo se regulariam os trabalhos
das projetadas oficinas brasileiras pelas nonnas da de Lisboa. E esta teria de entregar a Salvador os cunhos destina dos a amoedar o ouro do Brasil. ^ Loco que se soube da decisão régw sôbre a nova fundição no Brasil, no Rio de Janeiro ou em São Paulo, aparece ram candidatos a ocupar os principais cargos de funcionalismo das futuras Ca sas da Moeda.
Domingos Joseph "tendo notícia que
S Magestade mandara se fizesse casa da moeda no Rio de Janeiro ou São
Paulo" alegou ao soberano os seus títu los de nioedeiro na de Lisboa, liaria dezoito anos. Desejava ser nomeado capataz da Casa brasileira. Tinha, afirmava, "todas as partes para
servir" e queria embarcar com Salvador Corrêa de Sá. E assim pedia ao Rei
que-lhe fizesse mercê do emprego "man
dando lhe sinalar ordenado, avendo con
sideração a ser tão distante deste Reyno
recunhagem, o que de outra maneira não
quo pretendia, alcançando de Dom João
fariam.
IV a nomeação de Administrador Geral
e hua ajuda de custo para se aviar e
"O povo ficará contente de ver que V. Mag. lhe differe o animado para
das Minas de São Paulo, com 300 mil réis de ordenado anual e -numerosa série
Na mesma ocasiao, Antonio Roiz de
ajudar com o que faltar. E. V. Mag. bem
rtiLij
de prerrogativas, vantagens e direitos.
embarcar .
. . ,
Matos propôs-se a também servir na
122
Dicesto Econômico
casa do Rio de Janeiro òu na de São
ajuda de custo "para .sua embarcação c
Paulo. Afirmou ser "ensaiador c dextro
aviamento".
em tudo o que pertencia ao lavrar da moeda".
Quanto à pretensão dc Matos, infor mou o Juiz Tesoureiro cjiio cm sua Casa
123
Dice Drct sto Econômico
P.arcimoniosos os senhores membros Pa do Con.sclbo UUramariiui. . . Mostrava-
se Dom João IV stjbrcmodo interessado
a que se fundasse a Casa da Moeda do
Pediu ao Rei a mercê dc o prover no
da Moeda o ensaiador recebia anual
Brasil, no Rio cie Janeiro ou em São
ofício de ensaiador na casa projetada
mente, fixo.s, seis mil e cem réi.s. Per
Paulo.
cunhagcm do mcfal na Casa da Moeda de São Poido.
Assim, pois, já nessa época existia tal oficina na vila paulistana. Homem de nolabilíssima inteligência como era, re solvera o futuro rcstaurador de Angola usar da prerrogativa da escolha que o
mandando-lhe "sinalar .salarios e uma
cebia porém o emolumento de 240 réis
ajuda de custo para se aviar e embarcar
por qualquer ensaio dc ouro a que pro cedesse, taxa paga pelas partos que re
o seguinte lembrete aos seus conselhei ros: "Saiba o Conselho si- estão preveni
corriam à sua perícia. As despesas com a água-fortc c outros materiais do ofí cio corriam por sua conta.
dos os mais officiais para esta Gaza o
Nada mais natural c mais lógico.
quanlo.s ha dc haver nolla". Aprcssavam-sc os consultados em responder ao seu real senhor. A novo
Nas vizinhanças da vila havia o ouro,
com Salvador Corrêa de Sá, avendo
respeito a ser parte tão distante". Subiram os dois requerimentos ao
Conscllio Ultramarino e este a tal propó.sito pediu o parecer do Juiz e Tesou reiro da Casa da Moeda de Lisboa.
O abridor de cunlios recebia quaren ta mil réis anuais. Sendo a acumulação
Declarou esse alto funcionário que em ' de cargos proibida, conviria dar a Matos, sua oficina se pagava ao capataz, lavra dor do ouro, em barras, .sessenta réis e meio "de feitio de cada masso de ouro
que entregasse Ia\Tado feito cm moedas
meias e quartas cunliadas, branqucadas e de todo acabadas".
para seu .sustento, ordenado suficiente, já que não podia colorar os 240 réis dos ensaios. A água-fortc e outros mate
riais Ibe seriam fornecidos pela Fazen da Real, além de tudo.
A 28 dc nosenibro de 1644, enviava
de dezembro
imediato
nolificaram-lhc
que se "ordenara a Salvador Corrêa de Sá declarasse sc tinha prevenido mais oficiais que erão ncco.ssarios para estas fabríca.s coino Sua Magcstadc manchwa".
Respondera que os dois homens "por hora bastavam, porque o ensayador Ro
monarca lhe dera, fixando o local da nova fundação em São Paulo.
embora e.scasso, das faisqneiras do Jaraguá c da Vuturuna. E, mais afastadumento, o do litoral, cm Iguape e Caiianéia. Entretanto, em torno do Rio de
Janeiro nada se descobrira ainda, em
matéria de jazigos auríferos, como até hoje ocorre. Assim, a Casa da Moeda de São Paulo devo ter iniciado os seus
trabalhos no primeiro semestre de 16-'í5. Terão nela funcionado o ensaiador Antônio Roiz dc Matos e o capataz Do
Assim sendo, o menos que se lhe podia
drigues era abridor dc armas c ourives e
Dessa taxa de sessenta réis e meio
arbitrar seria um ordenado de cem mil
cunhador, c o capataz. Domingos Joseph,
cabia ao cunhador pagar-se de todo o custo que fizesse.
réis anuais por se tratar de "oficio da mayor e mais confiança" numa Casa de
serviria para o mais que fosse necessá
mingos foseph? Ê o que de lodo igno
rio".
ramos. Quer-nos parecer que não. A.s novidades que acabamos do divul-
Ora, tal pra.ve não podia estender-se
Moeda.
à projetada casa que Sua Majestade fora servido mandar abrir no Rio de Janeiro, pela incerteza de ali lia%er, ou não, ouro que se la\Tasse. Por outro lado, não era justo que Domingos Joseph partisse para terras estranhas deixando mulher e filhos, "para talvez permanecer sem ocupação
Afirmava êle que Matos se mostrava "suficiente para poder cnsayar ouro e
nem rendimento de oficio".
exercitar o dito oficio".
Além de tudo, era o candidato boa
pessoa, ourives de profissão; aprendera o
Por ora "não eram
necessários
mais pes.soas porque para o mais tra
balho não faltava gente no Brasil".
Convinha que desde aquele momento
ofício cm Sevilha, com o ensaiador da
sc significasse a ambos os futuros fun
Casa da Moeda local, apresentando hon--
cionários da Casa da Moeda brasileira
rosa certidão desse alto funcionário se-
"ordem para se embarcarem logo".
vilhano.
Não sabemos quando chegou Salvador Corrêa ao Rio dc Janeiro. Existe, porem,
no Arquivo Municipal de São Paulo, uma "carta do de.spcdicla" que ele dali endereçou a 24 de junho de 1645 à
Assim seu entender ç consultados
Como ajuda de custo para a jornada
os oficiais que trabalhavam na Casa da
ao Brasil, 30§000 Ibe fossem arbitrados.
Câmara de' São Paulo, ao partir nova
Moeda de Li.sboa, era de parecer que a
Aconselhou o Conselho ao Rei que a Domingos de Matos se pagasse o mesmo
mente para o Reino. Nela lamentava o estado anárquico reinante em sua vila,
ordenado anuo, de oitenta mil réis, e a mesma ajuda de custo, dezesseis mil
que então atravessava os anos turbulen-
Convinha que se lhe atribuíssem ven
réi.s. Os sessenta réis e meio atribuídos
Pires e Camargos.
cimentos fixos até um máximo de duzcnto.'! cruzados anuais p<íra poder
ao primeiro ficariam, contudo, para a
Domingos não se pagasse "por massas nem se dessem os sessenta reis de feitio".
tíssiinos do início da guerra civil entre
car colhemo-las em documentos do Arn'ui\o Histórico Colonial de Lisboa. Vieram-nos às mãos graças à suma gen
tileza do sr. Antônio Felipe, digno funcionixrio du Biblioteca Nacional de Lis boa Longos anos copiou o sr. Antônio
Felipe documentos i>ara os Anais do
Museu paulista, prestando muito valiosos serviços à instituição que tínhamos en tão a honra de dirigir. Pertencem os papéis que analisamos a um códice intitulado "Livro da Gaza" que serve na fazenda dei Rey Nosso Senhor e á Repartição da índia", a fs. 311, 212, 226, 227, 302 a 327, 343,
344,' 348.
desordem
Ainda a proposito do caso da Fortaleza
Fazenda Real, assim como os duzentos e
aconselhava aos paulistas pesquisas no
da Lagc encontrou o sr. Antônio Felipe
passar comodamente, trabalhando ou não
quarenta réis dos e.xames eventuais do
trabalhando" e mais vinte mil réis de
segundo.
.sentido de se descobrirem novas minas de ouro. E ao ternainar rec07)iemlava a
Como derivativo a tanta
um papel (a fls. 410) referente a nova consulta
Conselho Ultramarino. Re-
i
122
Dicesto Econômico
casa do Rio de Janeiro òu na de São
ajuda de custo "para .sua embarcação c
Paulo. Afirmou ser "ensaiador c dextro
aviamento".
em tudo o que pertencia ao lavrar da moeda".
Quanto à pretensão dc Matos, infor mou o Juiz Tesoureiro cjiio cm sua Casa
123
Dice Drct sto Econômico
P.arcimoniosos os senhores membros Pa do Con.sclbo UUramariiui. . . Mostrava-
se Dom João IV stjbrcmodo interessado
a que se fundasse a Casa da Moeda do
Pediu ao Rei a mercê dc o prover no
da Moeda o ensaiador recebia anual
Brasil, no Rio cie Janeiro ou em São
ofício de ensaiador na casa projetada
mente, fixo.s, seis mil e cem réi.s. Per
Paulo.
cunhagcm do mcfal na Casa da Moeda de São Poido.
Assim, pois, já nessa época existia tal oficina na vila paulistana. Homem de nolabilíssima inteligência como era, re solvera o futuro rcstaurador de Angola usar da prerrogativa da escolha que o
mandando-lhe "sinalar .salarios e uma
cebia porém o emolumento de 240 réis
ajuda de custo para se aviar e embarcar
por qualquer ensaio dc ouro a que pro cedesse, taxa paga pelas partos que re
o seguinte lembrete aos seus conselhei ros: "Saiba o Conselho si- estão preveni
corriam à sua perícia. As despesas com a água-fortc c outros materiais do ofí cio corriam por sua conta.
dos os mais officiais para esta Gaza o
Nada mais natural c mais lógico.
quanlo.s ha dc haver nolla". Aprcssavam-sc os consultados em responder ao seu real senhor. A novo
Nas vizinhanças da vila havia o ouro,
com Salvador Corrêa de Sá, avendo
respeito a ser parte tão distante". Subiram os dois requerimentos ao
Conscllio Ultramarino e este a tal propó.sito pediu o parecer do Juiz e Tesou reiro da Casa da Moeda de Lisboa.
O abridor de cunlios recebia quaren ta mil réis anuais. Sendo a acumulação
Declarou esse alto funcionário que em ' de cargos proibida, conviria dar a Matos, sua oficina se pagava ao capataz, lavra dor do ouro, em barras, .sessenta réis e meio "de feitio de cada masso de ouro
que entregasse Ia\Tado feito cm moedas
meias e quartas cunliadas, branqucadas e de todo acabadas".
para seu .sustento, ordenado suficiente, já que não podia colorar os 240 réis dos ensaios. A água-fortc e outros mate
riais Ibe seriam fornecidos pela Fazen da Real, além de tudo.
A 28 dc nosenibro de 1644, enviava
de dezembro
imediato
nolificaram-lhc
que se "ordenara a Salvador Corrêa de Sá declarasse sc tinha prevenido mais oficiais que erão ncco.ssarios para estas fabríca.s coino Sua Magcstadc manchwa".
Respondera que os dois homens "por hora bastavam, porque o ensayador Ro
monarca lhe dera, fixando o local da nova fundação em São Paulo.
embora e.scasso, das faisqneiras do Jaraguá c da Vuturuna. E, mais afastadumento, o do litoral, cm Iguape e Caiianéia. Entretanto, em torno do Rio de
Janeiro nada se descobrira ainda, em
matéria de jazigos auríferos, como até hoje ocorre. Assim, a Casa da Moeda de São Paulo devo ter iniciado os seus
trabalhos no primeiro semestre de 16-'í5. Terão nela funcionado o ensaiador Antônio Roiz dc Matos e o capataz Do
Assim sendo, o menos que se lhe podia
drigues era abridor dc armas c ourives e
Dessa taxa de sessenta réis e meio
arbitrar seria um ordenado de cem mil
cunhador, c o capataz. Domingos Joseph,
cabia ao cunhador pagar-se de todo o custo que fizesse.
réis anuais por se tratar de "oficio da mayor e mais confiança" numa Casa de
serviria para o mais que fosse necessá
mingos foseph? Ê o que de lodo igno
rio".
ramos. Quer-nos parecer que não. A.s novidades que acabamos do divul-
Ora, tal pra.ve não podia estender-se
Moeda.
à projetada casa que Sua Majestade fora servido mandar abrir no Rio de Janeiro, pela incerteza de ali lia%er, ou não, ouro que se la\Tasse. Por outro lado, não era justo que Domingos Joseph partisse para terras estranhas deixando mulher e filhos, "para talvez permanecer sem ocupação
Afirmava êle que Matos se mostrava "suficiente para poder cnsayar ouro e
nem rendimento de oficio".
exercitar o dito oficio".
Além de tudo, era o candidato boa
pessoa, ourives de profissão; aprendera o
Por ora "não eram
necessários
mais pes.soas porque para o mais tra
balho não faltava gente no Brasil".
Convinha que desde aquele momento
ofício cm Sevilha, com o ensaiador da
sc significasse a ambos os futuros fun
Casa da Moeda local, apresentando hon--
cionários da Casa da Moeda brasileira
rosa certidão desse alto funcionário se-
"ordem para se embarcarem logo".
vilhano.
Não sabemos quando chegou Salvador Corrêa ao Rio dc Janeiro. Existe, porem,
no Arquivo Municipal de São Paulo, uma "carta do de.spcdicla" que ele dali endereçou a 24 de junho de 1645 à
Assim seu entender ç consultados
Como ajuda de custo para a jornada
os oficiais que trabalhavam na Casa da
ao Brasil, 30§000 Ibe fossem arbitrados.
Câmara de' São Paulo, ao partir nova
Moeda de Li.sboa, era de parecer que a
Aconselhou o Conselho ao Rei que a Domingos de Matos se pagasse o mesmo
mente para o Reino. Nela lamentava o estado anárquico reinante em sua vila,
ordenado anuo, de oitenta mil réis, e a mesma ajuda de custo, dezesseis mil
que então atravessava os anos turbulen-
Convinha que se lhe atribuíssem ven
réi.s. Os sessenta réis e meio atribuídos
Pires e Camargos.
cimentos fixos até um máximo de duzcnto.'! cruzados anuais p<íra poder
ao primeiro ficariam, contudo, para a
Domingos não se pagasse "por massas nem se dessem os sessenta reis de feitio".
tíssiinos do início da guerra civil entre
car colhemo-las em documentos do Arn'ui\o Histórico Colonial de Lisboa. Vieram-nos às mãos graças à suma gen
tileza do sr. Antônio Felipe, digno funcionixrio du Biblioteca Nacional de Lis boa Longos anos copiou o sr. Antônio
Felipe documentos i>ara os Anais do
Museu paulista, prestando muito valiosos serviços à instituição que tínhamos en tão a honra de dirigir. Pertencem os papéis que analisamos a um códice intitulado "Livro da Gaza" que serve na fazenda dei Rey Nosso Senhor e á Repartição da índia", a fs. 311, 212, 226, 227, 302 a 327, 343,
344,' 348.
desordem
Ainda a proposito do caso da Fortaleza
Fazenda Real, assim como os duzentos e
aconselhava aos paulistas pesquisas no
da Lagc encontrou o sr. Antônio Felipe
passar comodamente, trabalhando ou não
quarenta réis dos e.xames eventuais do
trabalhando" e mais vinte mil réis de
segundo.
.sentido de se descobrirem novas minas de ouro. E ao ternainar rec07)iemlava a
Como derivativo a tanta
um papel (a fls. 410) referente a nova consulta
Conselho Ultramarino. Re-
i
II
w Digesto Eco^*ô^aco
124
solvera D. João IV que metade dos di reitos de cunhagem do dinheiro da Ca pitania de São Vicente, enviado à Bahia,
Salvador
Corrêa, recém-chegado do
Ministério
um
Brasil (Ibid a fls. 410). Mais um documento nos enviou o sr.
se aplicasse à obra da Lage. Informou
Antônio Felipe, o dc fls. 678:"o traslado
ALIOM.\n BALEEmO
o Conselho que a remessa vicentina fôra
de uma carta do Bartolomcu Fernandes
Catedrático de Finanças da Universidade da Bahia
de doze mil cruzados (4:800$) e que
de Faria sobre as minas de ouro de S.
a senhoriagem do dinheiro fluminense, igualmente enviado à Bahia, montava a
Paulo".
Data-se tal cópia de 3 de
setembro de 1648.
sete mil cruzados (2:800$). Ainda na
do fundição dc minérios auríferos, que
da viera da cidade d'0 Salvador e por
êlc, Faria, mandara proceder em São
êste motivo ainda nada se obrará "no
Paulo, e em cinco amostras trazidas por
sentido de fazersse a dita fortza. da Lagem". Opinou o Conselho, a 20 de novembro
descobertas em Pemagoá.
de 1645, que os dezenove mil cruzados fossem logo remetidos para o Rio de
(2273 gr 7) o de sua fundição haviam
Janeiro, pelo Governador Geral e o Pro-
e mais sessenta reis de ouro.
vedor-Mor da Fazenda Real. Com êles
se encetassem imediatamente os serviços da fortificação do famoso ilhéu da barra guanabarina. A êste parecer, datado de 20 de no vembro de 1645, subscreveu também
Gabriel dc Lara das minas por êle Pesavam ao todo 70 e meia onças
resultado doze e meia oitavas (45 gr) Assim o
teor do minério alcançara quase dois por cento, o que era animador. Declarava Bartolomeu Fernandes: "a
bondade do ouro e os quilates verá Vossa Senhoria que diz o fimdidor tem vinte e tres".
I.
O r^RIMADO DO PROBLEMA
Rcferc-se a ensaios
Vanoni, na Itália atual, oferecem tipo.s
de grandes professores que a política
POLÍTICO
arrancou de Uni\-ersldades para gestao O Ministério da Fazenda não se des-
de bancos centrais e de alta adininislr^"
lustra SC o compararmos ao camaleão, que muda dc cor segundo a condição
ção. Ale.vander Hamilton, Gladstone, Churchill e Rui são exemplos perfeitos
profissional do respcctiso titular. Em toclo.s os países, a suprema gestão das finanças públicas, na generalidade dos casos, costuma ser posta nas mãos de três tipos dc homens: o banqueiro, o universitário c o homem do Estado. As
personalidades mai.s célebres de Minis tros do Tesouro saem dessas três figu ras tão diversas entro
si,
muito embora se encontre,
Cotegipe, Torres - Homem, Tão grave importância po lítica se ligava, então, à
pasta da Fazenda, que era
aos
freqüente assumi-la o pró
olhos dos .seus contemporâ
prio chefe do Gabinete, co
neos, a posteridade tende a
mo o fizeram Zacarias,
aceitar a nota de charlatão,
que Mirabeau lhe atira. Laffitte repre senta o mais simpático papel de Minis tro vindo do mundo bancário, como di
versos na administração brasileira dos \iltimos vinte anos. (2). Nitti, Einaudi e 1) Veja-se a interessante monografia de States-
men and Economista", Londres, 1935, pág. 158 e seg.
2) Sobre o espírito público e desprendi mento de Laffile, ver Liesse — "Portraits de FInanciers", Paris, 1908, pag. 217 e seg.
nistério da Fazenda algu»s
Rio Branco e tantos outros.
Ministério da
PAUL EINZIG : "Bankers,
envergadura. Era essa a tradição o
Brasil Imperial, que fez passar pelo ^ i
Vasconcelos, Alves Branco,
conhecido dos banqueiros Brilliante
todo, o Clianccler do Tesouro costuma ser recrutado entre os políticos de maior
mens públicos, como tim Francisco, Bernardo
Van Zeeliind. (1). Nekcr é, talvez, o mais
Fazenda.
Na Inglaterra, cujas finanças podem
servir de paradigma secular ao mundo
dos seus mais luminosos ho
às vezes, o c.stadista doublé de universitário, como Wil son, ou de banqueiro, conio
elevados ao
dc homens de Estado, que a política in clina para os problemas financeiros.
Toão Alfredo, Ouro Preto e outros. Rui Barbosa, Ministro da Fazenda no Governo Pro^'isório, ainda que houvesse desdobrado a sua espantosa capacidade de trabalho sobre os diversos problemas
específicos da pasta, em verdade a diri gia com profundo sentido político, que
serve de nexo de coordenação entre as
várias medidas características de sua rá pida passagem pelo poder. A folha de serviços do Ministro de
II
w Digesto Eco^*ô^aco
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solvera D. João IV que metade dos di reitos de cunhagem do dinheiro da Ca pitania de São Vicente, enviado à Bahia,
Salvador
Corrêa, recém-chegado do
Ministério
um
Brasil (Ibid a fls. 410). Mais um documento nos enviou o sr.
se aplicasse à obra da Lage. Informou
Antônio Felipe, o dc fls. 678:"o traslado
ALIOM.\n BALEEmO
o Conselho que a remessa vicentina fôra
de uma carta do Bartolomcu Fernandes
Catedrático de Finanças da Universidade da Bahia
de doze mil cruzados (4:800$) e que
de Faria sobre as minas de ouro de S.
a senhoriagem do dinheiro fluminense, igualmente enviado à Bahia, montava a
Paulo".
Data-se tal cópia de 3 de
setembro de 1648.
sete mil cruzados (2:800$). Ainda na
do fundição dc minérios auríferos, que
da viera da cidade d'0 Salvador e por
êlc, Faria, mandara proceder em São
êste motivo ainda nada se obrará "no
Paulo, e em cinco amostras trazidas por
sentido de fazersse a dita fortza. da Lagem". Opinou o Conselho, a 20 de novembro
descobertas em Pemagoá.
de 1645, que os dezenove mil cruzados fossem logo remetidos para o Rio de
(2273 gr 7) o de sua fundição haviam
Janeiro, pelo Governador Geral e o Pro-
e mais sessenta reis de ouro.
vedor-Mor da Fazenda Real. Com êles
se encetassem imediatamente os serviços da fortificação do famoso ilhéu da barra guanabarina. A êste parecer, datado de 20 de no vembro de 1645, subscreveu também
Gabriel dc Lara das minas por êle Pesavam ao todo 70 e meia onças
resultado doze e meia oitavas (45 gr) Assim o
teor do minério alcançara quase dois por cento, o que era animador. Declarava Bartolomeu Fernandes: "a
bondade do ouro e os quilates verá Vossa Senhoria que diz o fimdidor tem vinte e tres".
I.
O r^RIMADO DO PROBLEMA
Rcferc-se a ensaios
Vanoni, na Itália atual, oferecem tipo.s
de grandes professores que a política
POLÍTICO
arrancou de Uni\-ersldades para gestao O Ministério da Fazenda não se des-
de bancos centrais e de alta adininislr^"
lustra SC o compararmos ao camaleão, que muda dc cor segundo a condição
ção. Ale.vander Hamilton, Gladstone, Churchill e Rui são exemplos perfeitos
profissional do respcctiso titular. Em toclo.s os países, a suprema gestão das finanças públicas, na generalidade dos casos, costuma ser posta nas mãos de três tipos dc homens: o banqueiro, o universitário c o homem do Estado. As
personalidades mai.s célebres de Minis tros do Tesouro saem dessas três figu ras tão diversas entro
si,
muito embora se encontre,
Cotegipe, Torres - Homem, Tão grave importância po lítica se ligava, então, à
pasta da Fazenda, que era
aos
freqüente assumi-la o pró
olhos dos .seus contemporâ
prio chefe do Gabinete, co
neos, a posteridade tende a
mo o fizeram Zacarias,
aceitar a nota de charlatão,
que Mirabeau lhe atira. Laffitte repre senta o mais simpático papel de Minis tro vindo do mundo bancário, como di
versos na administração brasileira dos \iltimos vinte anos. (2). Nitti, Einaudi e 1) Veja-se a interessante monografia de States-
men and Economista", Londres, 1935, pág. 158 e seg.
2) Sobre o espírito público e desprendi mento de Laffile, ver Liesse — "Portraits de FInanciers", Paris, 1908, pag. 217 e seg.
nistério da Fazenda algu»s
Rio Branco e tantos outros.
Ministério da
PAUL EINZIG : "Bankers,
envergadura. Era essa a tradição o
Brasil Imperial, que fez passar pelo ^ i
Vasconcelos, Alves Branco,
conhecido dos banqueiros Brilliante
todo, o Clianccler do Tesouro costuma ser recrutado entre os políticos de maior
mens públicos, como tim Francisco, Bernardo
Van Zeeliind. (1). Nekcr é, talvez, o mais
Fazenda.
Na Inglaterra, cujas finanças podem
servir de paradigma secular ao mundo
dos seus mais luminosos ho
às vezes, o c.stadista doublé de universitário, como Wil son, ou de banqueiro, conio
elevados ao
dc homens de Estado, que a política in clina para os problemas financeiros.
Toão Alfredo, Ouro Preto e outros. Rui Barbosa, Ministro da Fazenda no Governo Pro^'isório, ainda que houvesse desdobrado a sua espantosa capacidade de trabalho sobre os diversos problemas
específicos da pasta, em verdade a diri gia com profundo sentido político, que
serve de nexo de coordenação entre as
várias medidas características de sua rá pida passagem pelo poder. A folha de serviços do Ministro de
120
üicicsTO
Deodoro exccclc a de qualquer dos seus antecessores ou sucessores, ainda mesmo
os que mais tempo permaneceram no car
go, tal a febril atividade daquela vonta de de aço em corpo tão franzino. Comentamos, em artigo anterior, as
linhas gerais da sua política bancária, cujos pormenores e cifras foram tão cui
Ec()NÓ>aco
ra a causa prccípua do dc.smuronauiento do trono. Colegipc o profctiz-ira à Prin cesa Redentora entre as galas c júbilos dc 13 de maio.
As praças do país brada\ani, por ou tro lado, contra a c-.scasscz do mnncriirio c contra a.s hesitações dos hiuicos, toma
por Oscar Bormann. Olhada em conjun
dos dc surprc.su c!)ni a celeridade verti ginosa dos acontecimentos dc 15 de no\'cmbro. As antigas pro\ííicias rcivín-
to, parece uma versátil evolução do sis
dica\ani largí)s forf)s, confundindo mui-
dadosamente
analisadas
recentemente
tema pluri-emissor, à base de apólices,
to.s dc seus líderes o conceito dc auto
para a unidade da emissão sobre lastro
nomia no regime federa! coni o de so berania. Supnnliani-se numa confedera
curo. Mas Rui, repetidas vezes, na épo ca e anos depois, e.vplicou cpic não fi
zera quanto desejara, mas apena;; o que fôra possível e imperativo diante das cir cunstâncias.
ção e prelondiain deixar ao go\ èrno con trai a menor sonra possíscl de compe tência c poder político.
E' nêssc quadro que Rui, dc porta-
O problema econômico e financeiro, cmlxjra o estudasse profundamente à luz
estandarto do federalismo na luta áspe
doutrinária, equacionou-se, para ele, em
beça do felho monarca, passa, no Go
têrmos políticos; — qual a .solução ad
verno Provisório, ao papel de defensor da União contra a cxageração dc fran quias pretendida pelos Estados.
missível com o mínimo de inconveniên
cias no momento em que, pela força,
novo regime se implantara, províU'elmente sem apoio de toda ou da maior
parte da opinião pública ? Os dados do problema não poderiam ser fixados cm algari.smos e representa ções gráficas, embora — diga-se de pas sagem — Rui houvesse tomado provi dências-eficientes, desde 1889, para co nhecimento tanto quanto possível exato
ra contra a coroa \'acilantc soljre a ca
Os decretos cio 17 de janeiro repre.sentavarn a transigê-ncia cie c|uem não
nalismo. Mas o desejo secreto do Minis tro era cobrar forças para suprimir os
bancos cmis,sores locais, por ele mesmo descritos, então, como a chaga do cré
mento das estatísticas do Tesouro.
xa conhecia bem, dentre outras leituras,
Acreditava-sc, como até hoje se repete,
que o desgosto da aristocracia rural fo
pela do "Lombarcl Street", de Bagchot. E, político em ação, consegue, no cur
so de alguns meses, retvocecler para to
mar a rota desejada com a fusão dos dois maiores estabelecimentos, alicerces
do Banco Central dc seus planos. Mas por que Rui se inclinou nos de cretos de 17 de janeiro, a facilitar o las
mico do país e a renovação de sua mentaliclaclc, e para quem
títulos do Tesouro se (devassem acima
oportunidade num meio até en
do par, pela procura Intensa por parte
tão congelado pelos privilégios da
dos Bancos necessitados dèles para dilatação das emissões. Um motivo visce
desejava ver abertas as portas da
classe çroletária". (4). Ao ilustre professor cabe, talvez, a
ralmente político : — captar as simpa
primazia na observação dc que ao pro
tias das classes médias, em cujo seio se recruta a maior ])arte dos possuidores
gresso social das classes médias, no Bra
de apólices, pois, àquele tempo, era es sa a aplicação eosltimeira aconselhada às
sil, se liga o fortalecimento político do Exército, cuja dibilidade na vida social
economias de \ iúwis, órfãos, irmanda-
do país é sensível, da Regcncia até a guerra do Paraguai. Gilberto Frevre no
dcs o de pessoas retiradas do comércio. Na legislação antiga, nos velhos inven
nas classes médias, os oficiais de terra
tários c até na literatura brasileira do
cm contraste com a Armada, que, como
tara a particularidade de se recrutarem,
século passado, bá reflexos dessa prefe
n.s exércitos europeus, reflete cunho aris
rência das classes médias para inver.sõos
tocrático.
da sua poupança. Nos romances de Ma chado dc Assis c outros escritores do
tempo, alude-se à posse de apólices co mo costume da mediania burguesa. Rui
compreendia que sem apoio das classes médias não são muito seguras as possi
bilidades de equilíbrio do regime demo
Banco da Inglaterra, cuja ação comple
binetes da monarquia. .
Um motivo léenico-fine.nceiro de iní
bosa punha a sua confiança nos
homens inclustriosos do quem e.sperava o desenvolvimento econô
cio: — elevar o crédito público, abrindo possibilidades à conver.sãtt, quando os
crático, tese que vários publicistas de senvolveram depois dele. Í3).
um sistema para extensão e aperfeiçoa
.SC consolavam com os empréstimos con cedidos à lavoura pelos dois últimos Ga
tro de apólii-i.s, previsto já pela lei de 1888, embora desprezado, sob Ouro Preto, pelo.s bampieiros ?
podia resistir, no inonicnto, às influên
da situação financeira e instituísse todo
pelo Abolicionismo, sonhavam com inde nizações pela perda dos escravos e mal
Econômico
cias militares e à exacerbação do regio
dito norte-americano, erigindo-se o gran de estabelecimento emissor do tipo do
De um lado, os fazendeiros, irritados
DrcKSTo
O prof. San Tiago Dantas, cm recen te conferência, reconhece também c en
fatiza esse pendor dc Rui: "Homem da classe média ele pró
A ação dc Rui doscnvolve-se no obje
tivo prccípuo de remover e destruir tu do quanto viesse a encorajar as maqui nações contra a Repviblica.
E, por outro lado, capta para o novo regime quantas ade,sões possam trazerIhc vigor e perenidade. Para êle há um
pToblema político c geral acima de to das as questões específicas de seu mi nistério : — preservar a unidade nacio nal e consolidar a República, livrandoa do sebastianismo monárquico e do cesarismo latente na sua gênese militar.
prio, vindo de uma estirpe pro vinciana, dada às profissões li
11 - PORMENORES DA ADMINIS
berais, à magistratura e à política
TRAÇÃO
e descendendo cio ramo que se conservou pobre enquanto os co laterais se aliavam à aristocracia
Rui não perdia de vista os pormeno res, consciente de que não basta querei
agrária pelo casamento, Rui Bar4) SAN TIAGO DANTAS —; "Rui Bar
3) E'. aliás, a tese de NITTI no seu vo lumoso trabalhe sobre a democraei.i.
-í-'—hl-JL.
bosa e a Renovarão da Sociedade",
no "Digesto Econômico", n.o
61.
120
üicicsTO
Deodoro exccclc a de qualquer dos seus antecessores ou sucessores, ainda mesmo
os que mais tempo permaneceram no car
go, tal a febril atividade daquela vonta de de aço em corpo tão franzino. Comentamos, em artigo anterior, as
linhas gerais da sua política bancária, cujos pormenores e cifras foram tão cui
Ec()NÓ>aco
ra a causa prccípua do dc.smuronauiento do trono. Colegipc o profctiz-ira à Prin cesa Redentora entre as galas c júbilos dc 13 de maio.
As praças do país brada\ani, por ou tro lado, contra a c-.scasscz do mnncriirio c contra a.s hesitações dos hiuicos, toma
por Oscar Bormann. Olhada em conjun
dos dc surprc.su c!)ni a celeridade verti ginosa dos acontecimentos dc 15 de no\'cmbro. As antigas pro\ííicias rcivín-
to, parece uma versátil evolução do sis
dica\ani largí)s forf)s, confundindo mui-
dadosamente
analisadas
recentemente
tema pluri-emissor, à base de apólices,
to.s dc seus líderes o conceito dc auto
para a unidade da emissão sobre lastro
nomia no regime federa! coni o de so berania. Supnnliani-se numa confedera
curo. Mas Rui, repetidas vezes, na épo ca e anos depois, e.vplicou cpic não fi
zera quanto desejara, mas apena;; o que fôra possível e imperativo diante das cir cunstâncias.
ção e prelondiain deixar ao go\ èrno con trai a menor sonra possíscl de compe tência c poder político.
E' nêssc quadro que Rui, dc porta-
O problema econômico e financeiro, cmlxjra o estudasse profundamente à luz
estandarto do federalismo na luta áspe
doutrinária, equacionou-se, para ele, em
beça do felho monarca, passa, no Go
têrmos políticos; — qual a .solução ad
verno Provisório, ao papel de defensor da União contra a cxageração dc fran quias pretendida pelos Estados.
missível com o mínimo de inconveniên
cias no momento em que, pela força,
novo regime se implantara, províU'elmente sem apoio de toda ou da maior
parte da opinião pública ? Os dados do problema não poderiam ser fixados cm algari.smos e representa ções gráficas, embora — diga-se de pas sagem — Rui houvesse tomado provi dências-eficientes, desde 1889, para co nhecimento tanto quanto possível exato
ra contra a coroa \'acilantc soljre a ca
Os decretos cio 17 de janeiro repre.sentavarn a transigê-ncia cie c|uem não
nalismo. Mas o desejo secreto do Minis tro era cobrar forças para suprimir os
bancos cmis,sores locais, por ele mesmo descritos, então, como a chaga do cré
mento das estatísticas do Tesouro.
xa conhecia bem, dentre outras leituras,
Acreditava-sc, como até hoje se repete,
que o desgosto da aristocracia rural fo
pela do "Lombarcl Street", de Bagchot. E, político em ação, consegue, no cur
so de alguns meses, retvocecler para to
mar a rota desejada com a fusão dos dois maiores estabelecimentos, alicerces
do Banco Central dc seus planos. Mas por que Rui se inclinou nos de cretos de 17 de janeiro, a facilitar o las
mico do país e a renovação de sua mentaliclaclc, e para quem
títulos do Tesouro se (devassem acima
oportunidade num meio até en
do par, pela procura Intensa por parte
tão congelado pelos privilégios da
dos Bancos necessitados dèles para dilatação das emissões. Um motivo visce
desejava ver abertas as portas da
classe çroletária". (4). Ao ilustre professor cabe, talvez, a
ralmente político : — captar as simpa
primazia na observação dc que ao pro
tias das classes médias, em cujo seio se recruta a maior ])arte dos possuidores
gresso social das classes médias, no Bra
de apólices, pois, àquele tempo, era es sa a aplicação eosltimeira aconselhada às
sil, se liga o fortalecimento político do Exército, cuja dibilidade na vida social
economias de \ iúwis, órfãos, irmanda-
do país é sensível, da Regcncia até a guerra do Paraguai. Gilberto Frevre no
dcs o de pessoas retiradas do comércio. Na legislação antiga, nos velhos inven
nas classes médias, os oficiais de terra
tários c até na literatura brasileira do
cm contraste com a Armada, que, como
tara a particularidade de se recrutarem,
século passado, bá reflexos dessa prefe
n.s exércitos europeus, reflete cunho aris
rência das classes médias para inver.sõos
tocrático.
da sua poupança. Nos romances de Ma chado dc Assis c outros escritores do
tempo, alude-se à posse de apólices co mo costume da mediania burguesa. Rui
compreendia que sem apoio das classes médias não são muito seguras as possi
bilidades de equilíbrio do regime demo
Banco da Inglaterra, cuja ação comple
binetes da monarquia. .
Um motivo léenico-fine.nceiro de iní
bosa punha a sua confiança nos
homens inclustriosos do quem e.sperava o desenvolvimento econô
cio: — elevar o crédito público, abrindo possibilidades à conver.sãtt, quando os
crático, tese que vários publicistas de senvolveram depois dele. Í3).
um sistema para extensão e aperfeiçoa
.SC consolavam com os empréstimos con cedidos à lavoura pelos dois últimos Ga
tro de apólii-i.s, previsto já pela lei de 1888, embora desprezado, sob Ouro Preto, pelo.s bampieiros ?
podia resistir, no inonicnto, às influên
da situação financeira e instituísse todo
pelo Abolicionismo, sonhavam com inde nizações pela perda dos escravos e mal
Econômico
cias militares e à exacerbação do regio
dito norte-americano, erigindo-se o gran de estabelecimento emissor do tipo do
De um lado, os fazendeiros, irritados
DrcKSTo
O prof. San Tiago Dantas, cm recen te conferência, reconhece também c en
fatiza esse pendor dc Rui: "Homem da classe média ele pró
A ação dc Rui doscnvolve-se no obje
tivo prccípuo de remover e destruir tu do quanto viesse a encorajar as maqui nações contra a Repviblica.
E, por outro lado, capta para o novo regime quantas ade,sões possam trazerIhc vigor e perenidade. Para êle há um
pToblema político c geral acima de to das as questões específicas de seu mi nistério : — preservar a unidade nacio nal e consolidar a República, livrandoa do sebastianismo monárquico e do cesarismo latente na sua gênese militar.
prio, vindo de uma estirpe pro vinciana, dada às profissões li
11 - PORMENORES DA ADMINIS
berais, à magistratura e à política
TRAÇÃO
e descendendo cio ramo que se conservou pobre enquanto os co laterais se aliavam à aristocracia
Rui não perdia de vista os pormeno res, consciente de que não basta querei
agrária pelo casamento, Rui Bar4) SAN TIAGO DANTAS —; "Rui Bar
3) E'. aliás, a tese de NITTI no seu vo lumoso trabalhe sobre a democraei.i.
-í-'—hl-JL.
bosa e a Renovarão da Sociedade",
no "Digesto Econômico", n.o
61.
Dicksto Econômico
128
Dicesto EcoNó.xnco
adequados. Não se descuida de qual quer aspecto técnico da pasta.
vido pela trcpidanle atisidade de sua pasta, pela redação da nuva Constitui ção c pelas crises intermitentes do liete-
Dedicou enorme esforço, como já vi
rogêneo e irrltudiço Governo Pro%'isório,
os fins, mas importa empregar cs meios
arterial do organismo econômico do
pudesse ter eonseguido conhecer todos os debates, c.vperiências e técnicas do imposto .sól)re a renda, que, àquela épo
país.
ca, era cobrado apenas em algumas na
mos, à criação de um sistema bancário e de crédito destinado a servir de rede
Rui compreendeu perfeitamente
a
ções da Europa. O plano de sua ado
nheiros, em 1889, resultado apenas de
ção, contido no Relatório, se tÍN'esse sido levado a efeito, colocaria o Brasil, desde então, no rol reduzido dos países com as
•empréstimos estrangeiros nos anos ante
mais perfeitas instituições tributárias da
riores, Êle sabia que o nosso balanço
época.
de pagamentos não obedece dòcilmente
Era já o inipôsto de renda discrimina do, personalizado e progressivo, com as
ilusão de Afonso Celso, Vjue supôs du radoura a paridade do câmbio a 27 di-
ao otimismo dos Ministros da Fazenda e considerava com realismo a receita do
Tesouro, àquele tempo na dependência estreita dos impostos alfandegários. (5).
Copiosas arrecadações, estimuladas pelo câmbio favorável, significavam maior importação e, portanto, próximo desequi líbrio do balanço de pagamentos, tanto mais grave quanto as colheitas do café, borracha e outros produtos nossos eram instáveis.
Mas estudou, como nenhum outro
Ministro, antes ou depois dêle, profun das reformas do sistema tributário, no objetivo confessado de torná-lo mais produtivo e justo. A sua antipatia pa ra com os impostos indiretos é manifesta e só transige, nesse ponto, com os que viessem a gravar as bebidas alcoólicas e o fumo. A análise dos efeitos econômi
características que viria a assumir e de senvolver contemporuneamente. Não lhe escapou a controvérsia acerca da imu nidade da dívida pública, nem a de que gozam, até hoje, os fazendeiros. Uma e
outra receberam, por injustas, a sua con denação. Mas até a Constituição de 1946 ainda se discutia a isenção das
apólices e ainda hoje os rendimentos agrícolas escapam ao impôsto ccdular de renda.
Só mais de 30 anos depois de procla mada a República vieram a ser empre gados esses impostos diretos, pelos quais
verno Prorisório como o livresco namo
rado da cultura inglesa ou francesa, in
moldes italianos de controle prévio da despesa. Foi o ponto de partida para a lei que tornou realidade a nossa corte de fiscalização financeira, cinco anos depois.
Mas Rui não se descuidava dc quais-
teiramente cego à realidade ambiente.
Comprazem-se em afirmar que Rui, pri sioneiro dos livros estrangeiros, atraves
sou 50 anos de vida pi'ib'Jca como um autômato, sem compreender que, ao in vés de anglo-saxões sisudos, ciosos de
Vários
suas instituições parlamentares e das
ato;: seus buscam instituir o sistema do
suas velhas liberdades, esta\ a cercado de luso-caboclos broncos e afeiçoados à disciplina do feitor. Alheio à realidade,
niinúcias do
Ministério.
mérito o da .seleção nos quijdros do fun cionalismo, socorrondo-o ao mesmo tem
po com o montepio, até então inexistente para o pe.ssoal da Fazenda. Providencia
iludido acerca dos fatos, tradições e ho
para a organização das estatísticas fi
castelos na areia ou no próprio espaço
nanceiras c reitera medidas de combate
aéreo, sem lograr a implantação se.quer
ao contrabando no Rio Grande do Sul.
dos impossíveis alicerces em terra firme. Partindo de tais premissas apressadas, não espanta que esses críticos de breves análises vissem apenas em Rui um ad\'o-
E à sua atenção não escapa sequer a necessidade de recomendar aos funcio
nários, várias vezes, em avisos, que não empreguem a correspondência telegráfica quando o assunto se compadecia com a economia do serviço postal.
A
sua febril atividade ia das grandes re rotina burocrática.
III - RUI E AS REALIDADES BRASILEIRAS
mens do Brasil, teria rixido a edificar
gado fogoso, pronto a impetrar "habens corpus" para as vítimas de tal ou qual autoridade sanhuda. Êles desejariam um Rui conformado com a opressão,
resignado em consciência ante as refle xões de que, afinal, lusos, caboclog e negros sempre jazeram sob o punho de ferro do absolutismo.
Rui — insinuam
— deveria ser liábil e realista, isto é, ade
rir, por exemplo, ao golpe de Estado e às violências de , Floriano, desfrutar o
o Ministro do Governo Provisório se Ini-
O desconhecimento da obra integral
de Rui, perfeitamente perdoável em face
"otium cum dignitate" num dos bons
tera tão lúcida e enaditamente.
da extensão, da multiplicidade de seus
cargos vitalícios ou cartórios da Repú blica, sem perturbar o exercício da au
tributação do consumo inspirou-lhe pá ginas do "Relatório", de 1891, que ainda
tadistas a necessidade de criar-se um ór
dependência, compreenderam alguns es gão controlador da gestão financeira, nos seus pormenores, já que a supervi
são parlamentar, sem essa colaboração, seria inócua.
eram estimados em 95 mil contos.
o dinâmico e debatido Ministro do Go
ce o Tribuna] dc Contas, segundo os
ritorial, que àquele tempo era pràticamente desconhecido no Brasil.
Desde os primeiros tempos após a In
5) Orçada a receita em 170.370:417$ para 1890, os direitos alfandegários
precedido de esclarecedora e bem in
formada exposição de motivos, estabele
formas constitucionais às minúcias da
Rui também advogava o impôsto ter
cos, higiênicos, sociais e morais dessa conservam inteira atualidade. Mas é realmente notável como, absor-
129
Mas nada se veio a realizar de efeti
vo.
Um dos decretos
de seu punho,
aspectos e da raridade bibliográfica da
maior parte dos elementos que a com põem, explica a reiteração do conceitos
toridade forte com tiradas britânicas que
inconciliáveis com a leitura paciente e exaustiva dos pareceres do deputado,
êsse conformismo, que nos teria con.ser-.
relatórios e decretos do ministro e ou
aqui soam como delírios demagógicos. A vado ainda hoje como prêsa fácil da caudiDiagem, chamam de compreensão
tros recantos menos freqüentados da flo
da realidade brasileira. E do mesmo pas
resta ruiana.
so que criticam a erudição de Rui, pela freqüência de citações, aliás sempre
Uma das generalizações mais destituí das de fundamento é a que caricatura
oportunas e calcadas em absoluto espí-
í
Dicksto Econômico
128
Dicesto EcoNó.xnco
adequados. Não se descuida de qual quer aspecto técnico da pasta.
vido pela trcpidanle atisidade de sua pasta, pela redação da nuva Constitui ção c pelas crises intermitentes do liete-
Dedicou enorme esforço, como já vi
rogêneo e irrltudiço Governo Pro%'isório,
os fins, mas importa empregar cs meios
arterial do organismo econômico do
pudesse ter eonseguido conhecer todos os debates, c.vperiências e técnicas do imposto .sól)re a renda, que, àquela épo
país.
ca, era cobrado apenas em algumas na
mos, à criação de um sistema bancário e de crédito destinado a servir de rede
Rui compreendeu perfeitamente
a
ções da Europa. O plano de sua ado
nheiros, em 1889, resultado apenas de
ção, contido no Relatório, se tÍN'esse sido levado a efeito, colocaria o Brasil, desde então, no rol reduzido dos países com as
•empréstimos estrangeiros nos anos ante
mais perfeitas instituições tributárias da
riores, Êle sabia que o nosso balanço
época.
de pagamentos não obedece dòcilmente
Era já o inipôsto de renda discrimina do, personalizado e progressivo, com as
ilusão de Afonso Celso, Vjue supôs du radoura a paridade do câmbio a 27 di-
ao otimismo dos Ministros da Fazenda e considerava com realismo a receita do
Tesouro, àquele tempo na dependência estreita dos impostos alfandegários. (5).
Copiosas arrecadações, estimuladas pelo câmbio favorável, significavam maior importação e, portanto, próximo desequi líbrio do balanço de pagamentos, tanto mais grave quanto as colheitas do café, borracha e outros produtos nossos eram instáveis.
Mas estudou, como nenhum outro
Ministro, antes ou depois dêle, profun das reformas do sistema tributário, no objetivo confessado de torná-lo mais produtivo e justo. A sua antipatia pa ra com os impostos indiretos é manifesta e só transige, nesse ponto, com os que viessem a gravar as bebidas alcoólicas e o fumo. A análise dos efeitos econômi
características que viria a assumir e de senvolver contemporuneamente. Não lhe escapou a controvérsia acerca da imu nidade da dívida pública, nem a de que gozam, até hoje, os fazendeiros. Uma e
outra receberam, por injustas, a sua con denação. Mas até a Constituição de 1946 ainda se discutia a isenção das
apólices e ainda hoje os rendimentos agrícolas escapam ao impôsto ccdular de renda.
Só mais de 30 anos depois de procla mada a República vieram a ser empre gados esses impostos diretos, pelos quais
verno Prorisório como o livresco namo
rado da cultura inglesa ou francesa, in
moldes italianos de controle prévio da despesa. Foi o ponto de partida para a lei que tornou realidade a nossa corte de fiscalização financeira, cinco anos depois.
Mas Rui não se descuidava dc quais-
teiramente cego à realidade ambiente.
Comprazem-se em afirmar que Rui, pri sioneiro dos livros estrangeiros, atraves
sou 50 anos de vida pi'ib'Jca como um autômato, sem compreender que, ao in vés de anglo-saxões sisudos, ciosos de
Vários
suas instituições parlamentares e das
ato;: seus buscam instituir o sistema do
suas velhas liberdades, esta\ a cercado de luso-caboclos broncos e afeiçoados à disciplina do feitor. Alheio à realidade,
niinúcias do
Ministério.
mérito o da .seleção nos quijdros do fun cionalismo, socorrondo-o ao mesmo tem
po com o montepio, até então inexistente para o pe.ssoal da Fazenda. Providencia
iludido acerca dos fatos, tradições e ho
para a organização das estatísticas fi
castelos na areia ou no próprio espaço
nanceiras c reitera medidas de combate
aéreo, sem lograr a implantação se.quer
ao contrabando no Rio Grande do Sul.
dos impossíveis alicerces em terra firme. Partindo de tais premissas apressadas, não espanta que esses críticos de breves análises vissem apenas em Rui um ad\'o-
E à sua atenção não escapa sequer a necessidade de recomendar aos funcio
nários, várias vezes, em avisos, que não empreguem a correspondência telegráfica quando o assunto se compadecia com a economia do serviço postal.
A
sua febril atividade ia das grandes re rotina burocrática.
III - RUI E AS REALIDADES BRASILEIRAS
mens do Brasil, teria rixido a edificar
gado fogoso, pronto a impetrar "habens corpus" para as vítimas de tal ou qual autoridade sanhuda. Êles desejariam um Rui conformado com a opressão,
resignado em consciência ante as refle xões de que, afinal, lusos, caboclog e negros sempre jazeram sob o punho de ferro do absolutismo.
Rui — insinuam
— deveria ser liábil e realista, isto é, ade
rir, por exemplo, ao golpe de Estado e às violências de , Floriano, desfrutar o
o Ministro do Governo Provisório se Ini-
O desconhecimento da obra integral
de Rui, perfeitamente perdoável em face
"otium cum dignitate" num dos bons
tera tão lúcida e enaditamente.
da extensão, da multiplicidade de seus
cargos vitalícios ou cartórios da Repú blica, sem perturbar o exercício da au
tributação do consumo inspirou-lhe pá ginas do "Relatório", de 1891, que ainda
tadistas a necessidade de criar-se um ór
dependência, compreenderam alguns es gão controlador da gestão financeira, nos seus pormenores, já que a supervi
são parlamentar, sem essa colaboração, seria inócua.
eram estimados em 95 mil contos.
o dinâmico e debatido Ministro do Go
ce o Tribuna] dc Contas, segundo os
ritorial, que àquele tempo era pràticamente desconhecido no Brasil.
Desde os primeiros tempos após a In
5) Orçada a receita em 170.370:417$ para 1890, os direitos alfandegários
precedido de esclarecedora e bem in
formada exposição de motivos, estabele
formas constitucionais às minúcias da
Rui também advogava o impôsto ter
cos, higiênicos, sociais e morais dessa conservam inteira atualidade. Mas é realmente notável como, absor-
129
Mas nada se veio a realizar de efeti
vo.
Um dos decretos
de seu punho,
aspectos e da raridade bibliográfica da
maior parte dos elementos que a com põem, explica a reiteração do conceitos
toridade forte com tiradas britânicas que
inconciliáveis com a leitura paciente e exaustiva dos pareceres do deputado,
êsse conformismo, que nos teria con.ser-.
relatórios e decretos do ministro e ou
aqui soam como delírios demagógicos. A vado ainda hoje como prêsa fácil da caudiDiagem, chamam de compreensão
tros recantos menos freqüentados da flo
da realidade brasileira. E do mesmo pas
resta ruiana.
so que criticam a erudição de Rui, pela freqüência de citações, aliás sempre
Uma das generalizações mais destituí das de fundamento é a que caricatura
oportunas e calcadas em absoluto espí-
í
rito de probidede científica por horror
brizou, drainatizando-o, o símbolo ex
ao cmpirismo, salpicam de menções de meros títulos de obras sociológicas e no
pressivo do "Jeca Tatu", imagem viva e,
mes de autores, não raro sem nenhuma relação direta com o assunto, as afirma
Brasil, quando Monteiro Lobato, jovem ainda, SC não acbaxu consagrado o es
ções caóticas e ilógicas.
critor vitorioso dos iillimos anos?
Essa pseudo-cultura de catálogo por
às vêzcs exagerada, do bonicm rural do
tradutor de vinte e poucas primaveras, co
o rigor que Rui punha em não se pro
mo que a traçar a missão de sua 'vida toda, resume incisivamente um quadro
nunciar sobre qualquer assunto sem in vestigar e documentar-se acerca da ex
periência dos povos mais amadurecidos e que, às próprias custas, ensaiaram so
luções, passaram pelas me.mias vicissi-
homens capazes para a obra de organi
tudes e, por isso, nos servem do cobaias para que nos não exponhamos aos mes
zação e regeneração.
mos erros.
vava as nossas misérias, arrolava-as, denunciava-as, o não se recolhia à como
Há muita gente de boa fé a acredi
tar que todos os nossos problemas são
passava à tarefa do reformador, pela palavra e pela ação.
das mesmas circunstan
cias econômicas, políticas e históricas. Certos problemas de governo e de or ganização comportam, c claro, adapta ções a restrito número de circunstâncias
geográficas, ou de outra natureza, pecu
cios de tantos brasileiros. Sabia que as
liares a cada país, mas, nas suas raízes,
tiplos fatores de aproximação dos povos
liberdades inglesas, cm clima de ordem, jamais provieram de presente dos céus, nem do milagres duma raça, mas dimanam de perseverante esforço de massas guiadas por líderes capazes de pôr em
no mundo contemporâneo, cada vez me
risco a vida, a liberdade ou a própria
nor e menos diferenciado.
assim como a todos os desalentos do der-
segurança econômica. Naquele prefácio refere-se a Ilampden e por toda a sua obra surgem os nomes dos construtores de regimes ou a invocação das vicissitudes que as democracias modernas, havi
rotismo.
das como mais perfeitas, tiveram de su
são as mesmas dentro da tendência ge ral à progressiva hemogenização de to das as estruturas econômicas pelos múl
Rui compreendia isso e, por tempera mento, embora grande patriota, era avesso a todas as formas de jacobinismo,
Em nenhum outro escritor brasileiro
se encontrarão textos mais candentes,
cáusticos e amargos, acerca das defi ciências que tecem os "handicaps" do
Engana-so quem o supõe ingênuo, pois êle, por isso mesmo que não igno
povo brasileiro. Não foi ele quem cele
rava as dificuldades e defeitos de outros
collios cpic rã:) iram especificamente de
gíirquico da aristocracia rural, única po
nessa raça, mas da própria condição hu
derosa sob a monarquia.
famosos pareccres sôbrc a reforma do
uma arma contra Pedro II. êle, no dia
ensino, em 1882, são apenas o fruto
imediato, publica no "Diário de Notí-
das longas leituras e elocubrações do erudito, que di\'iilgava o pensamento i
me austero do têxto e as pesquisas nos
As desordens, ilegalidades o xinlências
seu.s arquivos denunciam que Rui, com
— não se enganou êle nunca — jamais
a "ncvrose do trabalho" que liie foi re conhecida, realizara profundo inquérito,
dente enfrentava a agitação .sanguiná
ria o alucinada do republicanismo sus
peitos:) na sua própria insegurança ínti ma, Rui, cm longas conferências, revela a semelhançi^ entre aquela quadra nos
não sòmentc à luz de documentos sôbre
a realidade da educação brasileira a sen
tempo, mas também pelo depoimento confidencial dos informantes mais ca
tegorizados.
i
Velhas atitudes da concepção patric:a
do ensino .superior, quer da parte do estudante, quer da respecti\a família, são descritas em páginas que, ainda ho
sa e a que sc .seguiu à Revolução Fran cesa, insinuando desde logo a diretriz
je, não perderam a mínima atualidade.
mais sensata aos responsáveis e interes
do ou não. à fôrça do empenho ou da
sados na tranqüilidade do país. Os 14 meses de colaboração com o
Govêmo Provisório não se restringem às athndades típicas de um zeloso Minis tro da Fazenda, mas deixam a nu a visão do estadista, aliás proclamado pelo in
suspeito professor americano Normano, que o não poupa .sob outros aspectos. Rui compreende imediatamente o entrechoque dos interesses econômicos da
I
europeu e americano em face dc paisa gem humana bem diversa. Mas o exa
cpic chegou a ser esbordoacla nas ruas.
Quando, em 1898, o governo de Pru
f
Para muitos leitores displicentes, os
nou porque um pobre diaho di;parou
caparam, cm certas fases, britânicos, gaiilcscs e "yankees".
portar na penosa conquista do equilí brio entre a liberdade e a autoridade.
mento em que, através de reformas au dazes, intenta frear o predomínio oli-
fóram melancólico pri\'Ílégio do Brasil, senão contingência fatal a que n.ão es
Êle não se iludiu acerca das causas
profundas de nossos embaraços em reali zar, dentro do possível, os ideais que permanecem intactos através da suces são de gerações e que custaram sacrifí
pac'clade brasileira para triunfar dc cs-
circunstâncias, sete atentados de autên
didade do estudioso, mas, ato contínuo,
especificamente brasileiros e não huma
cente riqueza mobiliária, no mc mo mo
ticos inglc.ses contra a rainha Vitória,
A diferença reside em que Rui obser
nos, comuns a todos os povos que evol-
po\'os, cm circunstâncias análogas às
crins", com a menção de datas, nomes c
cru da nossa realidade, cm todos os seus aspectos negativos, notórios uns, mal percebidos outros, e conclama os
131
nossas, acTedi(a\'a racionalmente na cu-
mana. Assim, quando o Rio sc"emocio
No prefácio do "Papa c o Concilio", o
certo não haveria de acomodar-se com
veram dentro
Dicesto Econónuco
Digesto Econónuco
130
A ânsia de "passar" nos exames, .saben fraude nas provas, lá está registrada com o tom mais colorido c realístico. Os
reparos sôbre a impropriedade da edu-" cação geralmente recebida pelos dirigen tes das atividades agrárias parecem es
critas para 1949. A atividade do infatigável colabora dor dos Dantas atingiu ao extremo de cdhêr e comunicar ao Parlamento uma
apostila atribuída a certo profes-sor da
conjuntura e, como Hamilton junto a
Faculdade de Direito de São Paulo, sob
"Washington,
a acusação de versar matéria de todo"
ora resiste, ora transige,
segundo suas próprias confissões no
alheia à da cátedra, forçando o catedrá-
Relatório de 1891, anestesiando reações
tico à defesa pública.
e conquistando ao novo regime, ainda periclitante, as classes médias e a nas
ôsses Pareceres sobre o ensino ou pelo
Quem quer que perpasse a vista por
rito de probidede científica por horror
brizou, drainatizando-o, o símbolo ex
ao cmpirismo, salpicam de menções de meros títulos de obras sociológicas e no
pressivo do "Jeca Tatu", imagem viva e,
mes de autores, não raro sem nenhuma relação direta com o assunto, as afirma
Brasil, quando Monteiro Lobato, jovem ainda, SC não acbaxu consagrado o es
ções caóticas e ilógicas.
critor vitorioso dos iillimos anos?
Essa pseudo-cultura de catálogo por
às vêzcs exagerada, do bonicm rural do
tradutor de vinte e poucas primaveras, co
o rigor que Rui punha em não se pro
mo que a traçar a missão de sua 'vida toda, resume incisivamente um quadro
nunciar sobre qualquer assunto sem in vestigar e documentar-se acerca da ex
periência dos povos mais amadurecidos e que, às próprias custas, ensaiaram so
luções, passaram pelas me.mias vicissi-
homens capazes para a obra de organi
tudes e, por isso, nos servem do cobaias para que nos não exponhamos aos mes
zação e regeneração.
mos erros.
vava as nossas misérias, arrolava-as, denunciava-as, o não se recolhia à como
Há muita gente de boa fé a acredi
tar que todos os nossos problemas são
passava à tarefa do reformador, pela palavra e pela ação.
das mesmas circunstan
cias econômicas, políticas e históricas. Certos problemas de governo e de or ganização comportam, c claro, adapta ções a restrito número de circunstâncias
geográficas, ou de outra natureza, pecu
cios de tantos brasileiros. Sabia que as
liares a cada país, mas, nas suas raízes,
tiplos fatores de aproximação dos povos
liberdades inglesas, cm clima de ordem, jamais provieram de presente dos céus, nem do milagres duma raça, mas dimanam de perseverante esforço de massas guiadas por líderes capazes de pôr em
no mundo contemporâneo, cada vez me
risco a vida, a liberdade ou a própria
nor e menos diferenciado.
assim como a todos os desalentos do der-
segurança econômica. Naquele prefácio refere-se a Ilampden e por toda a sua obra surgem os nomes dos construtores de regimes ou a invocação das vicissitudes que as democracias modernas, havi
rotismo.
das como mais perfeitas, tiveram de su
são as mesmas dentro da tendência ge ral à progressiva hemogenização de to das as estruturas econômicas pelos múl
Rui compreendia isso e, por tempera mento, embora grande patriota, era avesso a todas as formas de jacobinismo,
Em nenhum outro escritor brasileiro
se encontrarão textos mais candentes,
cáusticos e amargos, acerca das defi ciências que tecem os "handicaps" do
Engana-so quem o supõe ingênuo, pois êle, por isso mesmo que não igno
povo brasileiro. Não foi ele quem cele
rava as dificuldades e defeitos de outros
collios cpic rã:) iram especificamente de
gíirquico da aristocracia rural, única po
nessa raça, mas da própria condição hu
derosa sob a monarquia.
famosos pareccres sôbrc a reforma do
uma arma contra Pedro II. êle, no dia
ensino, em 1882, são apenas o fruto
imediato, publica no "Diário de Notí-
das longas leituras e elocubrações do erudito, que di\'iilgava o pensamento i
me austero do têxto e as pesquisas nos
As desordens, ilegalidades o xinlências
seu.s arquivos denunciam que Rui, com
— não se enganou êle nunca — jamais
a "ncvrose do trabalho" que liie foi re conhecida, realizara profundo inquérito,
dente enfrentava a agitação .sanguiná
ria o alucinada do republicanismo sus
peitos:) na sua própria insegurança ínti ma, Rui, cm longas conferências, revela a semelhançi^ entre aquela quadra nos
não sòmentc à luz de documentos sôbre
a realidade da educação brasileira a sen
tempo, mas também pelo depoimento confidencial dos informantes mais ca
tegorizados.
i
Velhas atitudes da concepção patric:a
do ensino .superior, quer da parte do estudante, quer da respecti\a família, são descritas em páginas que, ainda ho
sa e a que sc .seguiu à Revolução Fran cesa, insinuando desde logo a diretriz
je, não perderam a mínima atualidade.
mais sensata aos responsáveis e interes
do ou não. à fôrça do empenho ou da
sados na tranqüilidade do país. Os 14 meses de colaboração com o
Govêmo Provisório não se restringem às athndades típicas de um zeloso Minis tro da Fazenda, mas deixam a nu a visão do estadista, aliás proclamado pelo in
suspeito professor americano Normano, que o não poupa .sob outros aspectos. Rui compreende imediatamente o entrechoque dos interesses econômicos da
I
europeu e americano em face dc paisa gem humana bem diversa. Mas o exa
cpic chegou a ser esbordoacla nas ruas.
Quando, em 1898, o governo de Pru
f
Para muitos leitores displicentes, os
nou porque um pobre diaho di;parou
caparam, cm certas fases, britânicos, gaiilcscs e "yankees".
portar na penosa conquista do equilí brio entre a liberdade e a autoridade.
mento em que, através de reformas au dazes, intenta frear o predomínio oli-
fóram melancólico pri\'Ílégio do Brasil, senão contingência fatal a que n.ão es
Êle não se iludiu acerca das causas
profundas de nossos embaraços em reali zar, dentro do possível, os ideais que permanecem intactos através da suces são de gerações e que custaram sacrifí
pac'clade brasileira para triunfar dc cs-
circunstâncias, sete atentados de autên
didade do estudioso, mas, ato contínuo,
especificamente brasileiros e não huma
cente riqueza mobiliária, no mc mo mo
ticos inglc.ses contra a rainha Vitória,
A diferença reside em que Rui obser
nos, comuns a todos os povos que evol-
po\'os, cm circunstâncias análogas às
crins", com a menção de datas, nomes c
cru da nossa realidade, cm todos os seus aspectos negativos, notórios uns, mal percebidos outros, e conclama os
131
nossas, acTedi(a\'a racionalmente na cu-
mana. Assim, quando o Rio sc"emocio
No prefácio do "Papa c o Concilio", o
certo não haveria de acomodar-se com
veram dentro
Dicesto Econónuco
Digesto Econónuco
130
A ânsia de "passar" nos exames, .saben fraude nas provas, lá está registrada com o tom mais colorido c realístico. Os
reparos sôbre a impropriedade da edu-" cação geralmente recebida pelos dirigen tes das atividades agrárias parecem es
critas para 1949. A atividade do infatigável colabora dor dos Dantas atingiu ao extremo de cdhêr e comunicar ao Parlamento uma
apostila atribuída a certo profes-sor da
conjuntura e, como Hamilton junto a
Faculdade de Direito de São Paulo, sob
"Washington,
a acusação de versar matéria de todo"
ora resiste, ora transige,
segundo suas próprias confissões no
alheia à da cátedra, forçando o catedrá-
Relatório de 1891, anestesiando reações
tico à defesa pública.
e conquistando ao novo regime, ainda periclitante, as classes médias e a nas
ôsses Pareceres sobre o ensino ou pelo
Quem quer que perpasse a vista por
WT^
Dígesto Econômico
,1^ 132
Dicesto Econômico
autonomia estadual e da capacidade po
mundo moderno. Recorria, freqüente mente, às confissões e aos testemunhos
Relatório do Ministro da Fazenda, há
Não há maior pro\a de ignorância da
de fazer a Rui a justiça de que conhecia
obra dc Rui do que sustentar alguém
te intelectual, filólogo, poliglota, funda
dêsses atores c espectadores da His
profundamente
os antecedentes nacio
que buscasse cm refürma.s .superficiais
dor da unixcrsidadc, leitor jncansá\'cl,
tória.
nais assim como os csfor^-os c depoimen
de mero formalismo juridico a cbavc dos
cultuava as arte.s, desde a música até a
tos dos diversos
problemas básicos do país. Êlc, pelo contrário, sempre o.víernou olímpica in diferença pelas cstnituras jurídicas e po dem ser recordadas di\cr.sa.s passagens de suas obras em que so apraz cm ma nifestar o seu ceticismo cm relação às formas de governo como panacéias po
arquitetura, c reunira fonnidá\el biblio
fundo dos "fathers" norte-americanos,
teca, que \'eIo a ser a semente dc uma das mais famosas do mundo — a do
raramente sc ocupe de Jefferson, para quem se revela avaro de adjetivos, ao
líticas.
ro a soldado o daí so iinpro\-isou em ad
estadistas brasileiros,
que, nas décadas anteriores, liaviam en
frentado os mesmos problemas. Poucos, naquele tempo, recorreram mais amcudadamente aos escassos dados estatísti cos e sugeriram ou promoveram medi
das para maior eficiência da' ampliação dêsses elementos de investigação social. Na sua política de moeda c bancos, tão controvertida até hoje, longe de per
O.s problemas brasileiros,
dentro do
pensamento de Rui, embora raramente
lítica do hamcni comum. Rcquintadamen-
Congresso, em Wasliinglon.
Impressiona que Rui, conhecedor pro
passo que reiteradas vezes, e com pala
Hamilton, pelo contrário, não te\'e
vras de admiração, invoca o pensamento
tempo dc alcançar, na mocidade, uma
e os precedentes de Hamilton, perdoaú-
educação superior, passando dc caixei-
do-lhe o anti-liberalismo, que não to lerou cm ninguém.
vogado e estadista. Não morria dc amo res pela república, nem pela democra
Essa preferência parado.xal pelo me nos democrático dos companheiros de Vashington comporta interpretação
der-se na literatura especíalizíida, que
cite KarI Max (aliás foi dos primeiros a
tão bem conhecia, funda-se na observa
cia. Defendeu a centralização e a con
ção das reações cambiais da.s praças do país em função do balanço de paga
mencioná-lo no Brasil), escondiam a in
centração do poder em mãos de autori
cógnita na
econômica.
dade forte. Ao homem da rua investido
Reformar o si.slcma dc produção foi a
mentos e das variações do meio circu
sua medicina. V(?jamo.s como o realismo
de plena capacidade política, preferiu confessadamentc a direção dos negócios públicos por elites. Parecerá natural, à primeira vi.sta, que o bra.silcíio c.xcelso se avizinhe da per
Objctc-se, embora, a dissonilncia de pormenores, c.ssa tentatixa de buscar-se a explicação da curiosa faceta do cará
IV - RUI. HAMILTON E JEFFERSÜN
sonalidade extremamente simpática e
e até das diretrizes da chamada Primei
por tantos aspectos coincidente do soli Se, à maneira plutarquiana? procurás semos, nos Estados Unidos, ao tempo da
tário dc Monticcllo, nesse contraste vivo com o autoritário colaborador do "Fe-
ra República. Note-se que Normano e Luís Viana já assinalaram a influência
deralista".
ridade se justificava apenas pela obser
fundação da República, vidas paralelas à de Rui Barbosa, seria Joffcr.son ou Ha milton o mais próximo par do brasileiro
vação direta dos fatos.
inolvidável ?
lante, contravindo a opinião dc muitos, àquele tempo, aliás com acerto que, hoje, quando mais completos se aclianí os estudos econômicos, ninguém lhe po derá recusar. E' significativo que, defen dendo-se dos detratores de sua política financeira e econômica, invoque repeti damente, no Senado, com a maior ve
neração, opiniões de Mauá, cuja auto
infra-estrutura
e o primado do fator econômico inspiram a sua política no Ministério da Fazenda.
Ainda no Relatório de 1891 é expres Ajustadas as diferenças de meio, agra sivo que, apesar do rancor dos republi- ' vadas por um século de distancia, bá de canos à.s figuras do regime decaído, cite freqüentemente com acato e não raro cncômíos, as opiniões, observações e conclusões de estadistas do Império, não só daqueles aos quais a morte e o
tempo já garantiam julgamento sereno, como Bernardo Pereira Vasconcelos, Je-
quitinhonha e Visconde do Rio Branco, ni!P. inconfnmiados inronfníTnfirlnc senão também dos que, e combativo.s ante a República, eram alvo do ódio do.s vencedores, como João
Alfredo, Ouro Preto e Lafayette.
SC convir que Rui possuía muitos traços de um c dc oulio.
Apaixonado da liberdade e da cultura, estaria bem perto de Jefferson, como ele apóstolo de larga difusão do ensino em todas as camadas do povo e cioso do haver realizado a separação entre a Igreja e o Estado, títulos que reivindi
cou para o seu epitáfio. Das duas figuras rivais, nos primórdios dos Estados Unidos, Jefferson era o democrata, o entusiasta da i-epública, da
Mas, se alguém analisar pacientemen te a obra c a ação política de Rui Bar bosa, sobretudo quando, sob o Governo Proxisório de 1889,
.suscetíx-el de variantes, como, aliás, to das as interpretações.
ter de Rui talvez possa contribuir para,^ melhores estudos da política financeira
I
liamiltoniana sobre os atos do Ministro da Fazenda do Governo Prox-isório. E,
de passagem, merece atenção outro fa to significali\'o para nosso pais, onde_a escolha de nomes gloriosos para o batis
tornou-se decisiva
mo de filhos traduz as inclinações de
para o Brasil a sua influência de homem público, surprcender-sc-á não .só com o paralelismo cm relação a Hamilton, mas
cada geração. No Brasil post-republica-
também com o apreço a este dedicado, a
par de relativa indiferença para com
no, o prenome Hamilton passou a ser
popular, como o de Washington e La fayette desde a monarquia, ao passo que rareiam os Jefferson. O arrolamenlo de
Em conferência recente, Américo La-
reservistas cio Exercito poderá demons trar a observação. O contraste é tanto
combe salientava, baseado na observa ção das obras e da própria, biblioteca de
dos, os monumentos e os estudos sobre
Rui, o pendor dele pelas memórias, correspcndôncia.s, biografias e papéis dos
Jefferson parecem mais cncontvadiços que os dedicados a Alexander Hamilton.
protagonistas das mutações políticas do
Rui, inx'estido na pasta da Fazenda a
Jefferson.
mais intenso quanto, nos Estados Uni
•
íi
WT^
Dígesto Econômico
,1^ 132
Dicesto Econômico
autonomia estadual e da capacidade po
mundo moderno. Recorria, freqüente mente, às confissões e aos testemunhos
Relatório do Ministro da Fazenda, há
Não há maior pro\a de ignorância da
de fazer a Rui a justiça de que conhecia
obra dc Rui do que sustentar alguém
te intelectual, filólogo, poliglota, funda
dêsses atores c espectadores da His
profundamente
os antecedentes nacio
que buscasse cm refürma.s .superficiais
dor da unixcrsidadc, leitor jncansá\'cl,
tória.
nais assim como os csfor^-os c depoimen
de mero formalismo juridico a cbavc dos
cultuava as arte.s, desde a música até a
tos dos diversos
problemas básicos do país. Êlc, pelo contrário, sempre o.víernou olímpica in diferença pelas cstnituras jurídicas e po dem ser recordadas di\cr.sa.s passagens de suas obras em que so apraz cm ma nifestar o seu ceticismo cm relação às formas de governo como panacéias po
arquitetura, c reunira fonnidá\el biblio
fundo dos "fathers" norte-americanos,
teca, que \'eIo a ser a semente dc uma das mais famosas do mundo — a do
raramente sc ocupe de Jefferson, para quem se revela avaro de adjetivos, ao
líticas.
ro a soldado o daí so iinpro\-isou em ad
estadistas brasileiros,
que, nas décadas anteriores, liaviam en
frentado os mesmos problemas. Poucos, naquele tempo, recorreram mais amcudadamente aos escassos dados estatísti cos e sugeriram ou promoveram medi
das para maior eficiência da' ampliação dêsses elementos de investigação social. Na sua política de moeda c bancos, tão controvertida até hoje, longe de per
O.s problemas brasileiros,
dentro do
pensamento de Rui, embora raramente
lítica do hamcni comum. Rcquintadamen-
Congresso, em Wasliinglon.
Impressiona que Rui, conhecedor pro
passo que reiteradas vezes, e com pala
Hamilton, pelo contrário, não te\'e
vras de admiração, invoca o pensamento
tempo dc alcançar, na mocidade, uma
e os precedentes de Hamilton, perdoaú-
educação superior, passando dc caixei-
do-lhe o anti-liberalismo, que não to lerou cm ninguém.
vogado e estadista. Não morria dc amo res pela república, nem pela democra
Essa preferência parado.xal pelo me nos democrático dos companheiros de Vashington comporta interpretação
der-se na literatura especíalizíida, que
cite KarI Max (aliás foi dos primeiros a
tão bem conhecia, funda-se na observa
cia. Defendeu a centralização e a con
ção das reações cambiais da.s praças do país em função do balanço de paga
mencioná-lo no Brasil), escondiam a in
centração do poder em mãos de autori
cógnita na
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dade forte. Ao homem da rua investido
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mentos e das variações do meio circu
sua medicina. V(?jamo.s como o realismo
de plena capacidade política, preferiu confessadamentc a direção dos negócios públicos por elites. Parecerá natural, à primeira vi.sta, que o bra.silcíio c.xcelso se avizinhe da per
Objctc-se, embora, a dissonilncia de pormenores, c.ssa tentatixa de buscar-se a explicação da curiosa faceta do cará
IV - RUI. HAMILTON E JEFFERSÜN
sonalidade extremamente simpática e
e até das diretrizes da chamada Primei
por tantos aspectos coincidente do soli Se, à maneira plutarquiana? procurás semos, nos Estados Unidos, ao tempo da
tário dc Monticcllo, nesse contraste vivo com o autoritário colaborador do "Fe-
ra República. Note-se que Normano e Luís Viana já assinalaram a influência
deralista".
ridade se justificava apenas pela obser
fundação da República, vidas paralelas à de Rui Barbosa, seria Joffcr.son ou Ha milton o mais próximo par do brasileiro
vação direta dos fatos.
inolvidável ?
lante, contravindo a opinião dc muitos, àquele tempo, aliás com acerto que, hoje, quando mais completos se aclianí os estudos econômicos, ninguém lhe po derá recusar. E' significativo que, defen dendo-se dos detratores de sua política financeira e econômica, invoque repeti damente, no Senado, com a maior ve
neração, opiniões de Mauá, cuja auto
infra-estrutura
e o primado do fator econômico inspiram a sua política no Ministério da Fazenda.
Ainda no Relatório de 1891 é expres Ajustadas as diferenças de meio, agra sivo que, apesar do rancor dos republi- ' vadas por um século de distancia, bá de canos à.s figuras do regime decaído, cite freqüentemente com acato e não raro cncômíos, as opiniões, observações e conclusões de estadistas do Império, não só daqueles aos quais a morte e o
tempo já garantiam julgamento sereno, como Bernardo Pereira Vasconcelos, Je-
quitinhonha e Visconde do Rio Branco, ni!P. inconfnmiados inronfníTnfirlnc senão também dos que, e combativo.s ante a República, eram alvo do ódio do.s vencedores, como João
Alfredo, Ouro Preto e Lafayette.
SC convir que Rui possuía muitos traços de um c dc oulio.
Apaixonado da liberdade e da cultura, estaria bem perto de Jefferson, como ele apóstolo de larga difusão do ensino em todas as camadas do povo e cioso do haver realizado a separação entre a Igreja e o Estado, títulos que reivindi
cou para o seu epitáfio. Das duas figuras rivais, nos primórdios dos Estados Unidos, Jefferson era o democrata, o entusiasta da i-epública, da
Mas, se alguém analisar pacientemen te a obra c a ação política de Rui Bar bosa, sobretudo quando, sob o Governo Proxisório de 1889,
.suscetíx-el de variantes, como, aliás, to das as interpretações.
ter de Rui talvez possa contribuir para,^ melhores estudos da política financeira
I
liamiltoniana sobre os atos do Ministro da Fazenda do Governo Prox-isório. E,
de passagem, merece atenção outro fa to significali\'o para nosso pais, onde_a escolha de nomes gloriosos para o batis
tornou-se decisiva
mo de filhos traduz as inclinações de
para o Brasil a sua influência de homem público, surprcender-sc-á não .só com o paralelismo cm relação a Hamilton, mas
cada geração. No Brasil post-republica-
também com o apreço a este dedicado, a
par de relativa indiferença para com
no, o prenome Hamilton passou a ser
popular, como o de Washington e La fayette desde a monarquia, ao passo que rareiam os Jefferson. O arrolamenlo de
Em conferência recente, Américo La-
reservistas cio Exercito poderá demons trar a observação. O contraste é tanto
combe salientava, baseado na observa ção das obras e da própria, biblioteca de
dos, os monumentos e os estudos sobre
Rui, o pendor dele pelas memórias, correspcndôncia.s, biografias e papéis dos
Jefferson parecem mais cncontvadiços que os dedicados a Alexander Hamilton.
protagonistas das mutações políticas do
Rui, inx'estido na pasta da Fazenda a
Jefferson.
mais intenso quanto, nos Estados Uni
•
íi
134
13 de no\-embro,
Dicesto Econômico
viu-se inclinado ;i
reguros dc vida r inslilniçõcs do pro\i-
comparação da sui^ tarefa coin u de lía-
dência.
milton, primeiro secretário do Tesouro, quando Washington foi eleito presiden te da reeém-criada república. Os me> iTíOs problemas surgiram ao seu espíri
Não fôni outra a política de Hamil ton tpiando pregou c realizou a assun ção da clí". ida pública pelo Governo Fe deral.
to: a) a necessidade de fortalecer fi nanceiramente a União cm face de Es
pegadas, compreendeu a infra-estrutura
nhões na discriminação das rendas pú
com lúcido re;ilismo cimentou nos inte
tados que pretendiam os melhores qui blicas; b) fundação de poderoso banco nacional emissor, contrariada pelas aspi rações regionais tendentes à pluralidade
de órgãos investidos de autorização para
emissões de bilhetes bancários;
c) a
compreensão de que a e:trutnra finan
ceira deveria assentar na canfi:inça po pular dos títulos da dívida pública e em
abundantes fontes de receita, que asse gurassem o equilibrio orçamentário; d) o firme desejo de incentivar a riqueza
mobiliária, contrabalançando o predomí
nio da aristocracia rural na direção polí tica do país; e) vincular à República, por uma.solidariedade de interesses, es sas classes compostas de industriais, banqueiros, comerciantes, portadores clc apólices e pessoas, em geral, presas às atividades urbanas.
Como Hamilton,
c segoindo-Ihe as
econômica du sociedade dc .seu tcinoo c
resses dos discTsos grupos as instituições nascentes.
Destarte, Rui, transigindo quanto à
pluralidade de órgãos emissores, a que foi sempre infenso dentro do ponto de vista econômico e político, in\x'ntnu ori ginal .sistema de valorização e amortiza ção da dívida pública, mercê do qual ví-
gorizaria o crédito federal e atrairia pa ra as novas instituições as classes mé
dias, em cujo seio se recrutava a maioria
dos possuidores de apólices, sobretudo naquela época de quase inexistência de
moronamento de vellias instituições so
bre as quais os séculos luu iam deposi tado a patina du tradição. A monarquia era a continuidade colonial dentro de
cujo âmbito nascera a .sociedade brasi leira c fizcra-sc a independência. Tudo is.so ruíra por efeito duma parada mili tar, que, abalando os fundamentos da disciplina e da lealdade às institiiiçõc.s constitucionais, iria excitar provàvelmcn-
havido
atrativas quanto cncontra\'ani in\clera
por muitos como dc mero ideólogo vazio
do.s exemplos em todas as repúblicas la
é mais entre Monarquia e República,
mas entre República c Anarquia". (8). O golpe de Estado de 1891 e a revolu ção dc 1893 são provas concretas e iniluclíveis dos perigos que paii*avam sobre o Govêrno Pro\ isório e que a habilidade de Rui coiuscguiu conjurar.
A ação dc Rui desenvolve-se no obje-
ti\ o prccípuo de remover c dcsfruir tudo quanto viesse a encorajar as maquina
ções contra a República. E\ita cuidado samente atos que possam melindrar os vencidos, in\ocando, repetidas vezes,
opiniões c precedentes de estadistas do Império, para fundamento racional de
de sentido concreto, é siinplc.smenle e.s-
tino-americanas. O próprio Wasbinglon.
medida.s da sua política. Consultado ro-
pantcsa, porque, àtjuelc ttmpo. ainda se não haviam c.scrilo nem piililicado -os es
como Beard o provou docuinentulmcnte,
servadamente por Dantas, que conser-
fôra por \'êzes instigado a perpetuar-se no poder por solicitações cie companhei
\ava na presidência do Banco do Bra
tude. .'òbrc os fatores econômicos que
presidiram a fundação do si.sterna fede ral nos Eslado.s Unidos. As duas obras,
bojo consagradas, de Charles Board —
"An Etonomic Interprelation of ibCon.stituíion of tiio U.S." e "Economic
Crigins of Jeffersonian Democracy" — apareceram resi:eclivamcnte cm 1913 c cm 1915. (6).
Enquanto c.spíritos superficiais canta-' vam hinos ao novo regime, Rui, indife
rente às formas de governo, era do.s pou-
•O problema não foi fácil a Rui. que o seguiu ccm tenacidade, cedendo, às ve zes, para recobrar o terreno mais adiante.
CO.S que SC não podiam iludir acêrca dos riscos imenso.s que aoompanliam o des
te as vocações caudilbe.scas, tanto mais
A claridade dr .seu espírito,
135
Dic.esto Econômico
0) RUI conhecia parle do material uti lizado vinte anos
mais
tarde
por
sil, acêrca do nome de João Alfredo, pa
ros de armas, a pretexto de garantir a ordem contra a demagogia, ou, aliás, de
ra integrar a diretoria, concorda de.sde logo. Registre-se, aliás, a recusa do mi
mocracia, pala\Ta que, nessa época, go
nistro da Lei Áurea.
zava da mesma acepção. (7).
O problema, aos olhos de Rui, era consolidar o novo regime, defendendo-o
no duplo "front" cm que a república te
A capacidade de transigir de Rui, nessa fase, mostra que o estadista con trasta vivamente com a rigidez
I
flexibilidade do combatente na defew
de os primeiros dias dentro c fora do
dos direitos e liberdades individuais. O Relatório de 1891 está cheio de confis sões ou alusões a essa necessidade de
país, e o do cesarismo latente nas pró prias origens militares do governo,
ses desenvoltos e excitados pela ruptura
ria de encontrar ameaças — o da re.stau-
ração, que os monarquistas abriram des
"constituído pelo Exercito e pela Arma da cm nome da Nação". Outra nuvem
contemporizar e ceder aos \ ários interes
dor. diques constitucionais. A 28 de de
zembro de 1889, proclama a necessida
sumbreava a paisagem do Govêrno Pro
de de economias severas, mas a tropa
improbidade do "covrupt squndron"
visório: bem cedo se manifestou a hos
reivindica remuneração mais justa. -
que — dizia Jefferson a WashiiTíton
tilidade da Constituinte a Dcodoro.
— apoiava Hamilton, na
Rio Branco, que, aliás, não era nada infenso às esperanças sebastiànicas dos
BEARD, como, por exemplo, os pan fletos e memórias çuo a^-^uiram n esperança
de ganhar na alta dos títulos públi cos. Em "Finanças e Política", co menta o Diário de Maclay, várias
vêzo.". invocado por BEARD tvor apêndice VI — "A política de Wa shington e a administração dc Ha milton", pág. 438 da cd. de 1802). Ve ja-se a análise dos interesses econô
"Era preciso que nos faltasse a dose dc
monarquistas durante o Governo Provi
bom-senso elementar em homens de go vêrno, a intuição de prudência indispeqsável à administração nas circunstilncias
sório, escreváa a êsse tempo a Rui com
mais tiiviais da vida pública, quanto
absoluta nitidez: "A questão, hoje, não
mais na penosa navegação que dirigía mos através dè tantos escolhos, para nos
micos dos membros da Convenção de Filadélfia em Beard, "An Economic
Interpretation", ed. 1047, pág. 73 e seguintes.
7) Em Beard. "República", ed. brasi leira.
8) Em Luís Viana, "A Vida de Rui".
134
13 de no\-embro,
Dicesto Econômico
viu-se inclinado ;i
reguros dc vida r inslilniçõcs do pro\i-
comparação da sui^ tarefa coin u de lía-
dência.
milton, primeiro secretário do Tesouro, quando Washington foi eleito presiden te da reeém-criada república. Os me> iTíOs problemas surgiram ao seu espíri
Não fôni outra a política de Hamil ton tpiando pregou c realizou a assun ção da clí". ida pública pelo Governo Fe deral.
to: a) a necessidade de fortalecer fi nanceiramente a União cm face de Es
pegadas, compreendeu a infra-estrutura
nhões na discriminação das rendas pú
com lúcido re;ilismo cimentou nos inte
tados que pretendiam os melhores qui blicas; b) fundação de poderoso banco nacional emissor, contrariada pelas aspi rações regionais tendentes à pluralidade
de órgãos investidos de autorização para
emissões de bilhetes bancários;
c) a
compreensão de que a e:trutnra finan
ceira deveria assentar na canfi:inça po pular dos títulos da dívida pública e em
abundantes fontes de receita, que asse gurassem o equilibrio orçamentário; d) o firme desejo de incentivar a riqueza
mobiliária, contrabalançando o predomí
nio da aristocracia rural na direção polí tica do país; e) vincular à República, por uma.solidariedade de interesses, es sas classes compostas de industriais, banqueiros, comerciantes, portadores clc apólices e pessoas, em geral, presas às atividades urbanas.
Como Hamilton,
c segoindo-Ihe as
econômica du sociedade dc .seu tcinoo c
resses dos discTsos grupos as instituições nascentes.
Destarte, Rui, transigindo quanto à
pluralidade de órgãos emissores, a que foi sempre infenso dentro do ponto de vista econômico e político, in\x'ntnu ori ginal .sistema de valorização e amortiza ção da dívida pública, mercê do qual ví-
gorizaria o crédito federal e atrairia pa ra as novas instituições as classes mé
dias, em cujo seio se recrutava a maioria
dos possuidores de apólices, sobretudo naquela época de quase inexistência de
moronamento de vellias instituições so
bre as quais os séculos luu iam deposi tado a patina du tradição. A monarquia era a continuidade colonial dentro de
cujo âmbito nascera a .sociedade brasi leira c fizcra-sc a independência. Tudo is.so ruíra por efeito duma parada mili tar, que, abalando os fundamentos da disciplina e da lealdade às institiiiçõc.s constitucionais, iria excitar provàvelmcn-
havido
atrativas quanto cncontra\'ani in\clera
por muitos como dc mero ideólogo vazio
do.s exemplos em todas as repúblicas la
é mais entre Monarquia e República,
mas entre República c Anarquia". (8). O golpe de Estado de 1891 e a revolu ção dc 1893 são provas concretas e iniluclíveis dos perigos que paii*avam sobre o Govêrno Pro\ isório e que a habilidade de Rui coiuscguiu conjurar.
A ação dc Rui desenvolve-se no obje-
ti\ o prccípuo de remover c dcsfruir tudo quanto viesse a encorajar as maquina
ções contra a República. E\ita cuidado samente atos que possam melindrar os vencidos, in\ocando, repetidas vezes,
opiniões c precedentes de estadistas do Império, para fundamento racional de
de sentido concreto, é siinplc.smenle e.s-
tino-americanas. O próprio Wasbinglon.
medida.s da sua política. Consultado ro-
pantcsa, porque, àtjuelc ttmpo. ainda se não haviam c.scrilo nem piililicado -os es
como Beard o provou docuinentulmcnte,
servadamente por Dantas, que conser-
fôra por \'êzes instigado a perpetuar-se no poder por solicitações cie companhei
\ava na presidência do Banco do Bra
tude. .'òbrc os fatores econômicos que
presidiram a fundação do si.sterna fede ral nos Eslado.s Unidos. As duas obras,
bojo consagradas, de Charles Board —
"An Etonomic Interprelation of ibCon.stituíion of tiio U.S." e "Economic
Crigins of Jeffersonian Democracy" — apareceram resi:eclivamcnte cm 1913 c cm 1915. (6).
Enquanto c.spíritos superficiais canta-' vam hinos ao novo regime, Rui, indife
rente às formas de governo, era do.s pou-
•O problema não foi fácil a Rui. que o seguiu ccm tenacidade, cedendo, às ve zes, para recobrar o terreno mais adiante.
CO.S que SC não podiam iludir acêrca dos riscos imenso.s que aoompanliam o des
te as vocações caudilbe.scas, tanto mais
A claridade dr .seu espírito,
135
Dic.esto Econômico
0) RUI conhecia parle do material uti lizado vinte anos
mais
tarde
por
sil, acêrca do nome de João Alfredo, pa
ros de armas, a pretexto de garantir a ordem contra a demagogia, ou, aliás, de
ra integrar a diretoria, concorda de.sde logo. Registre-se, aliás, a recusa do mi
mocracia, pala\Ta que, nessa época, go
nistro da Lei Áurea.
zava da mesma acepção. (7).
O problema, aos olhos de Rui, era consolidar o novo regime, defendendo-o
no duplo "front" cm que a república te
A capacidade de transigir de Rui, nessa fase, mostra que o estadista con trasta vivamente com a rigidez
I
flexibilidade do combatente na defew
de os primeiros dias dentro c fora do
dos direitos e liberdades individuais. O Relatório de 1891 está cheio de confis sões ou alusões a essa necessidade de
país, e o do cesarismo latente nas pró prias origens militares do governo,
ses desenvoltos e excitados pela ruptura
ria de encontrar ameaças — o da re.stau-
ração, que os monarquistas abriram des
"constituído pelo Exercito e pela Arma da cm nome da Nação". Outra nuvem
contemporizar e ceder aos \ ários interes
dor. diques constitucionais. A 28 de de
zembro de 1889, proclama a necessida
sumbreava a paisagem do Govêrno Pro
de de economias severas, mas a tropa
improbidade do "covrupt squndron"
visório: bem cedo se manifestou a hos
reivindica remuneração mais justa. -
que — dizia Jefferson a WashiiTíton
tilidade da Constituinte a Dcodoro.
— apoiava Hamilton, na
Rio Branco, que, aliás, não era nada infenso às esperanças sebastiànicas dos
BEARD, como, por exemplo, os pan fletos e memórias çuo a^-^uiram n esperança
de ganhar na alta dos títulos públi cos. Em "Finanças e Política", co menta o Diário de Maclay, várias
vêzo.". invocado por BEARD tvor apêndice VI — "A política de Wa shington e a administração dc Ha milton", pág. 438 da cd. de 1802). Ve ja-se a análise dos interesses econô
"Era preciso que nos faltasse a dose dc
monarquistas durante o Governo Provi
bom-senso elementar em homens de go vêrno, a intuição de prudência indispeqsável à administração nas circunstilncias
sório, escreváa a êsse tempo a Rui com
mais tiiviais da vida pública, quanto
absoluta nitidez: "A questão, hoje, não
mais na penosa navegação que dirigía mos através dè tantos escolhos, para nos
micos dos membros da Convenção de Filadélfia em Beard, "An Economic
Interpretation", ed. 1047, pág. 73 e seguintes.
7) Em Beard. "República", ed. brasi leira.
8) Em Luís Viana, "A Vida de Rui".
136
Dicesto Econômico
Digesix) Econômico
abalançarmos a um papel de inlransi-
da a intcrèsse.s diferentes, libertos do
gència" — declara c!e sem rodeios. (9).
nesto país onde elas asseguravam poder
Ícudalísmo territorial.
e riqueza.
Se Rui tendesse à deCação em 1890
N.ãü fòru c.s.se o drama do.s Estados
e se apavorasse diante da queda do câmbio, supondo-a resultado único do
Unidos, transparente na emulação acri moniosa entre o requintado Jefferson.
ao futuro, Rui se dobrou a no\'as tran-
aumento do meio circulante, como mui
iaze;:dciro de fumo, e Hamilton, conm èle, sem terra?
sígência.s, pois desde 1882, nos discur sos sobre Pombal e sobre o Liceu, ma
Rui, colocado diante de idêntico pro blema, ín.spira-se na mesma política do adversário de Jefferson, cria o grande banco nacional, encoraja a indústria, acenando-lhe com uma tarifa protecionista, e ampara os portadores das apólices, ■ merce de medidas que ensejam a valori
nifestara formal repulsa ao protecionis
tos pensaram, então, a história brasilei ra teria sido escrita de modo diferente, e decerto bem triste.
Mas Rui não se dei.xa empolgar ape nas pelos problemas da hora. Domina-o
a convicção de que a República, para ser efetivamente democrática, deve e.\o-
nerar-se do predomínio da classe que go vernou durante todo o Império e, que. contrariada nos seus interesses, desgar rou do trono. Dentro dos fardões doura dos de Ministros de Pedro II — mar queses, viscondes e barões, senadores e
deputados — mandavam os senliores de engenho, os fazendeiros de café, os cria
dores de gado, os plantadores de algo dão. Cutegipe, Saraiva c tantos outros
eram, afinal, os homens detentores da
terra. Fôra essa a classe que cm repre sália ao abolicionismo
o derrotara na
Bahia e cortara a carreira política de Nabuco. O novo regime já experimenta va a influencia dessa elite rural cm vá rias figuras, sobretudo a daquele volun tarioso e ativo Campos Sales, fazendeiro por detrás do qual ondulavam os cafè-
zais paulistas. (10). Havia necessidade de contrapor à tradicional estrutura agrária do país uma força nova, vincula-
zação desses títulos.
Levantar e incre-
1 Tentar a riqueza mobiliária para con trarie e equilíbrio do poder ate então
ilimitado e indisputado da aristocracia rural, com quem não tinha vínculos, nem compromisso.^, ma.s, pelo contrário, se li gava, no seu espírito, à recordação de
com herdeira de fazenda;
filho e
neto de fazendeiros em Campinas,
certo que desde 1882 também se batia
convencidamente pela necessidade da in
dustrialização do país, o que pensava al cançar por um programa gigantesco,
enérgico e intensivo de educação, in clusive tecnologia, do nosso povo. Mas sempre opunha reservas às tarifas pro tecionistas. (12).
Justificando, porém, a de 1890, que se inclui nesse rol, confessou o seu obje tivo político de combate ao predomínio
injii.stüs agravos. E' provável que lhe
da aristocracia agrária sobre a vida da nação:
E releva dize-lo : q desemxylohnento
pitulo X do "Federalí.sta", onde Madiron atribui à desigualdade de fortuna a
da indústria não é sòniente, para o Es
fonte das divisões partidárias e faccio-
tado, questão econômica-, é, ao mesmo
sa.s. (11). Era nece.ssário abrir oportu
tempo, uma questão política. Nò rcoime
nidades aos que na.sceram
decaído, todo de exchisioismo e privilé
11) "The
most
sem terras
common
and
durable
source oí faclions has been the va-
ríous and
uneciual - distribution
of
property. Thoso who hold and those
wlio are wlthout property have ever formed distinct interests in society. Those who are creditors, and those who are debtors, fali under a like dis-
crimination. A landed interest, a materest, a moneyed interest, whit ma na lesser interests, grow up of nccessity in civllized nations and divir
10) Campos Sales era fazendeiro, casado
mo, convicção que mantém no Relatório
e reafirmaria na Plataforma de 1910. E'
não houvesse escapado à atenção o ca
nufacturing interest, a mercantile in
9) Rui. Relatório de 1891, pág. 14.
Para esse plano político de larga en vergadura e de ação prolongada, rumo
de them into diffcrent classes, actuated
by
different
sentimonts
views. The regulation
and
gio, a nação, com tôda a sua atividade
social, pertencia a classes ou famílias di rigentes. Tal sistema não permitia a criação de uina democracia laboriosa e
robusta, que ptidesse inquietar a bem-
acenturança dos posseiros do poder, verdadeira exploração a beneficio dos privilegiados. Não pode ser assim o re gime republicano. A República só se consolidará, entre nós, "sobre alicerces se guros, quando as suas funções se fir-
of these va-
depõe A. C. SALL^S JÚNIOR: "O
rious and interíering interests forms
Idealismo Republicano de Campos
Sales" — Rio, 1944, pág. 12 e seg. Rui. seus ascendentes e sogro não
possuíram terras: ver Luís Viana,
lhe principal task of modem legislation, and involves the spirit of party and íactlon in the necessary and ordinairy operations oí the go-
ob. cit.
vernment". (Federallst).
12)
Ver nossos artigos nos dois números
137
marem na democracia do trabaliio in
dustrial, peça necessjíria no mecanismo do regime, que lhe trará o equilíbrio conveniente". (13).
Quando adota a Lei Torrens, não es condo a sua intenção de a.ssegurar a má.\ima mobilizaçtão da riqueza teiritor rial, removendo todos os obstáculos ju
rídicos e fiscais à parcelação e circula ção dos direitos sôbre os bens de raiz: —
"comercializar a circulação dos títulos relativos
ao domínio
sôbre a terra",
"mobilização completa da propriedade territorial", segundo èle próprio escre veu. (14). Não há exagero em afirmar-
se que, buscando a solução do probleina do latifúndio na política inglêsa em re lação às colônias na Austrália b. noutros
pontos. Rui tentou a reforma agrária mais profunda que já se empreendeu no Brasil, onde o problema continua aberto até a nossa geração.
Outra estocada preparou Rui contra
a couraça de privilégios iníquos com que a elite rural do país defendera sempre os interesses da classe: abolir a isenção tributária dos fazendeiros. Estudando
os vários aspectos econômicos, jurídicos c técnicos do imposto sôbre a renda, escuda-se em Nabuco dc Araújo — um dos raros estadistas brasileiros, como èlo, sem
terras —
submeter os fazendeiros
ao novo tributo, e cita as palavras do
grande político baiano no Conselho de Estado, em 1867 :
"Os agricultores merecem tôda a pro teção do Estado: mas não podem querer uma exceção, que os equipare aos Indi
gentes; porque só os indigentes, em vir tude de principio constitucional e da natureza dêste impòsto, são os isentos"
anteriores do "Digesto Econômico", nos quais se reproduzem-vários tre
chos de Rui, contrários ao protecio nismo.
13) Relatório, pág. 294. 14) Relatório, pág. 189 i
Seg.
136
Dicesto Econômico
Digesix) Econômico
abalançarmos a um papel de inlransi-
da a intcrèsse.s diferentes, libertos do
gència" — declara c!e sem rodeios. (9).
nesto país onde elas asseguravam poder
Ícudalísmo territorial.
e riqueza.
Se Rui tendesse à deCação em 1890
N.ãü fòru c.s.se o drama do.s Estados
e se apavorasse diante da queda do câmbio, supondo-a resultado único do
Unidos, transparente na emulação acri moniosa entre o requintado Jefferson.
ao futuro, Rui se dobrou a no\'as tran-
aumento do meio circulante, como mui
iaze;:dciro de fumo, e Hamilton, conm èle, sem terra?
sígência.s, pois desde 1882, nos discur sos sobre Pombal e sobre o Liceu, ma
Rui, colocado diante de idêntico pro blema, ín.spira-se na mesma política do adversário de Jefferson, cria o grande banco nacional, encoraja a indústria, acenando-lhe com uma tarifa protecionista, e ampara os portadores das apólices, ■ merce de medidas que ensejam a valori
nifestara formal repulsa ao protecionis
tos pensaram, então, a história brasilei ra teria sido escrita de modo diferente, e decerto bem triste.
Mas Rui não se dei.xa empolgar ape nas pelos problemas da hora. Domina-o
a convicção de que a República, para ser efetivamente democrática, deve e.\o-
nerar-se do predomínio da classe que go vernou durante todo o Império e, que. contrariada nos seus interesses, desgar rou do trono. Dentro dos fardões doura dos de Ministros de Pedro II — mar queses, viscondes e barões, senadores e
deputados — mandavam os senliores de engenho, os fazendeiros de café, os cria
dores de gado, os plantadores de algo dão. Cutegipe, Saraiva c tantos outros
eram, afinal, os homens detentores da
terra. Fôra essa a classe que cm repre sália ao abolicionismo
o derrotara na
Bahia e cortara a carreira política de Nabuco. O novo regime já experimenta va a influencia dessa elite rural cm vá rias figuras, sobretudo a daquele volun tarioso e ativo Campos Sales, fazendeiro por detrás do qual ondulavam os cafè-
zais paulistas. (10). Havia necessidade de contrapor à tradicional estrutura agrária do país uma força nova, vincula-
zação desses títulos.
Levantar e incre-
1 Tentar a riqueza mobiliária para con trarie e equilíbrio do poder ate então
ilimitado e indisputado da aristocracia rural, com quem não tinha vínculos, nem compromisso.^, ma.s, pelo contrário, se li gava, no seu espírito, à recordação de
com herdeira de fazenda;
filho e
neto de fazendeiros em Campinas,
certo que desde 1882 também se batia
convencidamente pela necessidade da in
dustrialização do país, o que pensava al cançar por um programa gigantesco,
enérgico e intensivo de educação, in clusive tecnologia, do nosso povo. Mas sempre opunha reservas às tarifas pro tecionistas. (12).
Justificando, porém, a de 1890, que se inclui nesse rol, confessou o seu obje tivo político de combate ao predomínio
injii.stüs agravos. E' provável que lhe
da aristocracia agrária sobre a vida da nação:
E releva dize-lo : q desemxylohnento
pitulo X do "Federalí.sta", onde Madiron atribui à desigualdade de fortuna a
da indústria não é sòniente, para o Es
fonte das divisões partidárias e faccio-
tado, questão econômica-, é, ao mesmo
sa.s. (11). Era nece.ssário abrir oportu
tempo, uma questão política. Nò rcoime
nidades aos que na.sceram
decaído, todo de exchisioismo e privilé
11) "The
most
sem terras
common
and
durable
source oí faclions has been the va-
ríous and
uneciual - distribution
of
property. Thoso who hold and those
wlio are wlthout property have ever formed distinct interests in society. Those who are creditors, and those who are debtors, fali under a like dis-
crimination. A landed interest, a materest, a moneyed interest, whit ma na lesser interests, grow up of nccessity in civllized nations and divir
10) Campos Sales era fazendeiro, casado
mo, convicção que mantém no Relatório
e reafirmaria na Plataforma de 1910. E'
não houvesse escapado à atenção o ca
nufacturing interest, a mercantile in
9) Rui. Relatório de 1891, pág. 14.
Para esse plano político de larga en vergadura e de ação prolongada, rumo
de them into diffcrent classes, actuated
by
different
sentimonts
views. The regulation
and
gio, a nação, com tôda a sua atividade
social, pertencia a classes ou famílias di rigentes. Tal sistema não permitia a criação de uina democracia laboriosa e
robusta, que ptidesse inquietar a bem-
acenturança dos posseiros do poder, verdadeira exploração a beneficio dos privilegiados. Não pode ser assim o re gime republicano. A República só se consolidará, entre nós, "sobre alicerces se guros, quando as suas funções se fir-
of these va-
depõe A. C. SALL^S JÚNIOR: "O
rious and interíering interests forms
Idealismo Republicano de Campos
Sales" — Rio, 1944, pág. 12 e seg. Rui. seus ascendentes e sogro não
possuíram terras: ver Luís Viana,
lhe principal task of modem legislation, and involves the spirit of party and íactlon in the necessary and ordinairy operations oí the go-
ob. cit.
vernment". (Federallst).
12)
Ver nossos artigos nos dois números
137
marem na democracia do trabaliio in
dustrial, peça necessjíria no mecanismo do regime, que lhe trará o equilíbrio conveniente". (13).
Quando adota a Lei Torrens, não es condo a sua intenção de a.ssegurar a má.\ima mobilizaçtão da riqueza teiritor rial, removendo todos os obstáculos ju
rídicos e fiscais à parcelação e circula ção dos direitos sôbre os bens de raiz: —
"comercializar a circulação dos títulos relativos
ao domínio
sôbre a terra",
"mobilização completa da propriedade territorial", segundo èle próprio escre veu. (14). Não há exagero em afirmar-
se que, buscando a solução do probleina do latifúndio na política inglêsa em re lação às colônias na Austrália b. noutros
pontos. Rui tentou a reforma agrária mais profunda que já se empreendeu no Brasil, onde o problema continua aberto até a nossa geração.
Outra estocada preparou Rui contra
a couraça de privilégios iníquos com que a elite rural do país defendera sempre os interesses da classe: abolir a isenção tributária dos fazendeiros. Estudando
os vários aspectos econômicos, jurídicos c técnicos do imposto sôbre a renda, escuda-se em Nabuco dc Araújo — um dos raros estadistas brasileiros, como èlo, sem
terras —
submeter os fazendeiros
ao novo tributo, e cita as palavras do
grande político baiano no Conselho de Estado, em 1867 :
"Os agricultores merecem tôda a pro teção do Estado: mas não podem querer uma exceção, que os equipare aos Indi
gentes; porque só os indigentes, em vir tude de principio constitucional e da natureza dêste impòsto, são os isentos"
anteriores do "Digesto Econômico", nos quais se reproduzem-vários tre
chos de Rui, contrários ao protecio nismo.
13) Relatório, pág. 294. 14) Relatório, pág. 189 i
Seg.
Dioesto Econóauco
138
Até hoje — registre-se de passagem — os
essa idéia rejeitara a pasta que insisten
rendimentos rurais permanecem isentos
temente lhe oferecera Ouro Prèto no
do imposto cedular de renda. (15).
gabinete de 6 de junho, mas, estadista
Êsses fatos explicam, até certo ponto,
Mas as suas idéias germinaram no curso d:> tempo. O imposto em ouro veio a ser a pedra angular do próprio Cam
até a medula, ante a deformação da
ser fonte de receita das mais iccundas
alicerces do capitalismo brasileiro, pois pulularam as empresas e sociedades anô nimas depois dêle. Mas, por toda parte, a ruína da aristocracia agrária engendre
para a União.
incvitàvciinente o capitalismo, que pa
pos Sales. O imposto dc renda pas.sou a
sua reforma
vènío Provisório, rebenta pouco depois entre Rui e Campos Sales, separando-os
de Washington, defendendo o poder po
funcionou pouco depois. O sistema ban
lítico e financeiro
cário construiu-se dentro do sentido na cional e uma só moeda circula em lodo
a Europa, hoje, e jú se esboça nos Es
o país.
tados Unidos. Dc qualquer forma, re
tória política e econômica, subsidios de
regime,
classes médias, lançou, em verdade, os
a antipatia que, encoberta desde o Godurante perto de 15 anos, até a campa nha civilista. Buscando sempre, na his
dc estrutura do
139
Dir.ESTO Econômico
pas.sa ao papel de Hamilton,- no governo da União contra as
aberrações estadualistiis. A sua ação na Constituinte, a essa luz, deve ser conta
experiência alheia em conjunturas análo
bilizada entre o.s seus mais ineslimá\'eis
gas, para poupar o Brasil ao empirismo, Rui naturalmente lobrigava no enérgico paulista, nascido e educado dentro do crpírito da classe dos fazendeiros de ca fé, à qual pertenceu sempre, um Jcfferson brasileiro antagônico com a sua po
serviços ao país, resguardando a própria integridade do todo nacional contra a
lítica de outro Hamilton crioulo.
ça paru reconquistar o campo meses de
E para mais coincidência do parale lismo histórico,
dade dos bancos emissores, recobra fòr-
pois, tendo diante dos olhos o Banco Federal dc Hamilton como preventivo
até na carreira política posterior das duas
contra a anarquia monetária contida, cm estado potencial, nas aspirações dos que pretendiam copiar o.> precedentes Esta
magníficas figuras do Governo Pro\'isório, Campos Sales, como o fundador da Universidade da Virgínia, de:de cedo se
fôz o apóstolo de exagerada concepção federalísta, que hipertrofiava até quase
A terra ainda constitui o privilégio de minoria, em todo caso muito mais dila
ignorância de uns e a obstinação regio nalista de vários. Quando transige num momento como o fez acerca da plurali
que encontrará símile
dos Unidos
sem conhecê-los nas sua.s
V - A VITÓRIA DE RUI
das grandes obras", e que
ideal pregado pelo Ministro da Fazenda Da obra do Ministro, no campo espe
o sistema de bancos e de impostos. Êle
co não encontrou continuadores inteli
fora o campeão do federalismo nos últi mos meses da monarquia e por amor'a
gentes, de modo que o país não pôde armar-se dos empréstimos governamen
tais como arma poderosa e civilizadora por motivos políticos ainda, evitava
aproximando-se do sonho de Rui.
cla em 194.5, apesar de todos os problema.s o dcficiéncjas do nosso tempo, cada vez mais se eleva da realidade para o
ses magnos do país, como, por exemplo,
15) Relatório, pág. 237. Claro que Rui,
éle próprio como o "estofo p
que outras
nações manejaram
com a
maior destreza.
mezzo
Faltou a Rui aquilo,
milton: - o tempo. O estadista am r _
cano pôde dispôr dc v.k.os anos, p-c^ tigiado sempre por
to Rm, coto 14 tocscs dc aç o. homc
Mas a democracia bmsileira, rcna.-.ci-
cional.
cífico das finanças, pouco sobreviveu. A política de valorização do crédito públi
sulta um >progresso democrático, do qual ^ J" "intero capitalismo não passa- de
plutocracia.
raízes históricas e na sua realidade fun
Rui prevê, desde logo, os perigos que essa doutrina engendraria para a unida de nacional e para vários outros interes
rece destinado à destruição pelo prole tariado, como já ocorre cm quase to. a
tada do que cm 1890. A aristocracia que dela deri\'a restaurou o seu podei político, sob a égide da borracha e do café, na primeira República, mas sofreu golpe mortal em 1930. As indústrias, porém, multiplicam-se por lodo o país,
As classes médias prosseguem na luta .social c mantém dupla fronte de com bate, porque o proletariado lhe ataca a retaguarda, associando-a cegamente à
a.s lindes da soberania a autonomia dos Estados.
O Tribunal dc Contas
do Governo Provisório, o estadista que soube preservar a República dc todas as ameaça.s c perigos da sua fase inicial e
/
''osdcispoderotosparHdosnor^ ricanos, que se re^•esam no Governo, o
Republicano e o Democrata, sao Ima-
dos como- a continuação gloriosa e atiializada das atitudes dassicas e opostas,
critica, talwz a mais dramática de nos
respecHvamente de HamUton e lefferson.
sa história. A sua visão política genial conseguiu o milagre de poupar-se o
Afinal, meditado o problema brasileiro de hoje na profundidade não aparente
Brasil às guerras intestinas e ao caudi-
ac- observadores superficiais, permane ce' o mesmo que prolèticamente vis lumbrou Rui, em 1890. Campos Sales,
Ibisino militar nos primeiros 40 anos de República, quando os geimens dessas
deixar transparentes os alvos de sua
Não prosperou o Registro Torrens. O
duas infecçõe.s, na transição do regime,
que chegou à presidência de seu Esta
Hamilton, ao tentar convencer os aericultores de que seriam beneficia dos se a União assumisse a divida das antigas colônias elevadas a Es tados Veja-se o trecho transcrito Dor Beard em "Economics oí Jeffei--
Banco Central dos últimos meses de seu
assumiam a- pior virulência dentro do
governo deveria sucumbir pela política
corpo combalido da nação. Êsse foi o
deflacionista de Campos Sales e Murtinho, e, ainda hoje, não logrou a estrutu
do e da República, como Jefferson, man teve o prestígio da terra, plantou a era do café, que sucederia à do açúcar e
o Ministro Rui Barbosa.
politíca, como aliás fazia também
Sanian Democracy". (2.« ed. pág. 125).
ração definitiva.
alvo a que se propôs e em que venceu Dir-se-á que, planejando fortificar as
V.
entraria em colapso em 1930, legando-
nos a "política dos governadores". Rui,
Dioesto Econóauco
138
Até hoje — registre-se de passagem — os
essa idéia rejeitara a pasta que insisten
rendimentos rurais permanecem isentos
temente lhe oferecera Ouro Prèto no
do imposto cedular de renda. (15).
gabinete de 6 de junho, mas, estadista
Êsses fatos explicam, até certo ponto,
Mas as suas idéias germinaram no curso d:> tempo. O imposto em ouro veio a ser a pedra angular do próprio Cam
até a medula, ante a deformação da
ser fonte de receita das mais iccundas
alicerces do capitalismo brasileiro, pois pulularam as empresas e sociedades anô nimas depois dêle. Mas, por toda parte, a ruína da aristocracia agrária engendre
para a União.
incvitàvciinente o capitalismo, que pa
pos Sales. O imposto dc renda pas.sou a
sua reforma
vènío Provisório, rebenta pouco depois entre Rui e Campos Sales, separando-os
de Washington, defendendo o poder po
funcionou pouco depois. O sistema ban
lítico e financeiro
cário construiu-se dentro do sentido na cional e uma só moeda circula em lodo
a Europa, hoje, e jú se esboça nos Es
o país.
tados Unidos. Dc qualquer forma, re
tória política e econômica, subsidios de
regime,
classes médias, lançou, em verdade, os
a antipatia que, encoberta desde o Godurante perto de 15 anos, até a campa nha civilista. Buscando sempre, na his
dc estrutura do
139
Dir.ESTO Econômico
pas.sa ao papel de Hamilton,- no governo da União contra as
aberrações estadualistiis. A sua ação na Constituinte, a essa luz, deve ser conta
experiência alheia em conjunturas análo
bilizada entre o.s seus mais ineslimá\'eis
gas, para poupar o Brasil ao empirismo, Rui naturalmente lobrigava no enérgico paulista, nascido e educado dentro do crpírito da classe dos fazendeiros de ca fé, à qual pertenceu sempre, um Jcfferson brasileiro antagônico com a sua po
serviços ao país, resguardando a própria integridade do todo nacional contra a
lítica de outro Hamilton crioulo.
ça paru reconquistar o campo meses de
E para mais coincidência do parale lismo histórico,
dade dos bancos emissores, recobra fòr-
pois, tendo diante dos olhos o Banco Federal dc Hamilton como preventivo
até na carreira política posterior das duas
contra a anarquia monetária contida, cm estado potencial, nas aspirações dos que pretendiam copiar o.> precedentes Esta
magníficas figuras do Governo Pro\'isório, Campos Sales, como o fundador da Universidade da Virgínia, de:de cedo se
fôz o apóstolo de exagerada concepção federalísta, que hipertrofiava até quase
A terra ainda constitui o privilégio de minoria, em todo caso muito mais dila
ignorância de uns e a obstinação regio nalista de vários. Quando transige num momento como o fez acerca da plurali
que encontrará símile
dos Unidos
sem conhecê-los nas sua.s
V - A VITÓRIA DE RUI
das grandes obras", e que
ideal pregado pelo Ministro da Fazenda Da obra do Ministro, no campo espe
o sistema de bancos e de impostos. Êle
co não encontrou continuadores inteli
fora o campeão do federalismo nos últi mos meses da monarquia e por amor'a
gentes, de modo que o país não pôde armar-se dos empréstimos governamen
tais como arma poderosa e civilizadora por motivos políticos ainda, evitava
aproximando-se do sonho de Rui.
cla em 194.5, apesar de todos os problema.s o dcficiéncjas do nosso tempo, cada vez mais se eleva da realidade para o
ses magnos do país, como, por exemplo,
15) Relatório, pág. 237. Claro que Rui,
éle próprio como o "estofo p
que outras
nações manejaram
com a
maior destreza.
mezzo
Faltou a Rui aquilo,
milton: - o tempo. O estadista am r _
cano pôde dispôr dc v.k.os anos, p-c^ tigiado sempre por
to Rm, coto 14 tocscs dc aç o. homc
Mas a democracia bmsileira, rcna.-.ci-
cional.
cífico das finanças, pouco sobreviveu. A política de valorização do crédito públi
sulta um >progresso democrático, do qual ^ J" "intero capitalismo não passa- de
plutocracia.
raízes históricas e na sua realidade fun
Rui prevê, desde logo, os perigos que essa doutrina engendraria para a unida de nacional e para vários outros interes
rece destinado à destruição pelo prole tariado, como já ocorre cm quase to. a
tada do que cm 1890. A aristocracia que dela deri\'a restaurou o seu podei político, sob a égide da borracha e do café, na primeira República, mas sofreu golpe mortal em 1930. As indústrias, porém, multiplicam-se por lodo o país,
As classes médias prosseguem na luta .social c mantém dupla fronte de com bate, porque o proletariado lhe ataca a retaguarda, associando-a cegamente à
a.s lindes da soberania a autonomia dos Estados.
O Tribunal dc Contas
do Governo Provisório, o estadista que soube preservar a República dc todas as ameaça.s c perigos da sua fase inicial e
/
''osdcispoderotosparHdosnor^ ricanos, que se re^•esam no Governo, o
Republicano e o Democrata, sao Ima-
dos como- a continuação gloriosa e atiializada das atitudes dassicas e opostas,
critica, talwz a mais dramática de nos
respecHvamente de HamUton e lefferson.
sa história. A sua visão política genial conseguiu o milagre de poupar-se o
Afinal, meditado o problema brasileiro de hoje na profundidade não aparente
Brasil às guerras intestinas e ao caudi-
ac- observadores superficiais, permane ce' o mesmo que prolèticamente vis lumbrou Rui, em 1890. Campos Sales,
Ibisino militar nos primeiros 40 anos de República, quando os geimens dessas
deixar transparentes os alvos de sua
Não prosperou o Registro Torrens. O
duas infecçõe.s, na transição do regime,
que chegou à presidência de seu Esta
Hamilton, ao tentar convencer os aericultores de que seriam beneficia dos se a União assumisse a divida das antigas colônias elevadas a Es tados Veja-se o trecho transcrito Dor Beard em "Economics oí Jeffei--
Banco Central dos últimos meses de seu
assumiam a- pior virulência dentro do
governo deveria sucumbir pela política
corpo combalido da nação. Êsse foi o
deflacionista de Campos Sales e Murtinho, e, ainda hoje, não logrou a estrutu
do e da República, como Jefferson, man teve o prestígio da terra, plantou a era do café, que sucederia à do açúcar e
o Ministro Rui Barbosa.
politíca, como aliás fazia também
Sanian Democracy". (2.« ed. pág. 125).
ração definitiva.
alvo a que se propôs e em que venceu Dir-se-á que, planejando fortificar as
V.
entraria em colapso em 1930, legando-
nos a "política dos governadores". Rui,
TfT
Dicesto EcoNÓ-snco
frustrado
como Hamilton, semeou os
grandes ideais nacionais, inclusive o da industrialização do país, e continua a ser um programa em marcha e um cla rim de combate, cada vez mais atual e promissor.
Os partidos nacionais, na sua ostensi va confusão, não passam de rios que, de pois de uma convulsão sísmica, tendem a voltar aos leitos clássicos e naturais,
cavados pelos antagonismos daqueles dois fundadores da República.
LICEWCI/IMEMTO DE SEU AUTO
.
I;
: V.Trl^
'-.4
-
— E' APENAS UMA das muitas vantagem garantidas aos nossos sócias! clua
Telefones 52-57-13 - 52-57-14 São Paulo - Rua Mattim Francisco, 53
Santos - Rua Senador Feijó, 215 Santo André - Rua Goiaz, 1318
TfT
Dicesto EcoNÓ-snco
frustrado
como Hamilton, semeou os
grandes ideais nacionais, inclusive o da industrialização do país, e continua a ser um programa em marcha e um cla rim de combate, cada vez mais atual e promissor.
Os partidos nacionais, na sua ostensi va confusão, não passam de rios que, de pois de uma convulsão sísmica, tendem a voltar aos leitos clássicos e naturais,
cavados pelos antagonismos daqueles dois fundadores da República.
LICEWCI/IMEMTO DE SEU AUTO
.
I;
: V.Trl^
'-.4
-
— E' APENAS UMA das muitas vantagem garantidas aos nossos sócias! clua
Telefones 52-57-13 - 52-57-14 São Paulo - Rua Mattim Francisco, 53
Santos - Rua Senador Feijó, 215 Santo André - Rua Goiaz, 1318
Casa Rieckmann INDUSTRIAL E IMPORTADORA, S. A.
Companhia Siderúrgica Beigo Mineira USINAS
EM
SIDERÚRGICA
E
MONLEVADE
(Minas>Gerais}
Caixa Postal, 133
Vendas por atacado de:
IBI
FERRAGENS,
FERRAMENTAS,
UTENSÍLIOS PARA LAVOURA,ETC. SAL "DIAMANTE Rua Florêncio de Abreu, 209
Programa de venda: FERRO REDONDO EM BARRAS E VERGALHÕES FERRO QUADRADO,
São Paulo
FERRO CHATO,
FERRO PARA FERRADURAS. CANTONEIRAS. ARAME PARA PREGOS,
AÇOS COMUNS E ESPECIAIS, ARAME GALVANIZADO, REDONDO E OVAL,
DARIO DE ALMIDA MAGALHÃES VÍTOR NUNES LEAL ADVOGADOS
ARAME PRETO RECOSIDO, ARAME FARPADO E GRAMPOS PARA CERCA, ARAME COBREADO PARA MOLAS, TUBOS PRETOS E GALVANIZADOS.
lai
Rua Senador Dantas, 20 — IS.o andar — salas 1507/9 RIO DE JANEIRO
Agência em São Paulo: RUA BOA VISTA, 136 — 6.o And. — TeL: 3-2151 SÃO PAULO
Casa Rieckmann INDUSTRIAL E IMPORTADORA, S. A.
Companhia Siderúrgica Beigo Mineira USINAS
EM
SIDERÚRGICA
E
MONLEVADE
(Minas>Gerais}
Caixa Postal, 133
Vendas por atacado de:
IBI
FERRAGENS,
FERRAMENTAS,
UTENSÍLIOS PARA LAVOURA,ETC. SAL "DIAMANTE Rua Florêncio de Abreu, 209
Programa de venda: FERRO REDONDO EM BARRAS E VERGALHÕES FERRO QUADRADO,
São Paulo
FERRO CHATO,
FERRO PARA FERRADURAS. CANTONEIRAS. ARAME PARA PREGOS,
AÇOS COMUNS E ESPECIAIS, ARAME GALVANIZADO, REDONDO E OVAL,
DARIO DE ALMIDA MAGALHÃES VÍTOR NUNES LEAL ADVOGADOS
ARAME PRETO RECOSIDO, ARAME FARPADO E GRAMPOS PARA CERCA, ARAME COBREADO PARA MOLAS, TUBOS PRETOS E GALVANIZADOS.
lai
Rua Senador Dantas, 20 — IS.o andar — salas 1507/9 RIO DE JANEIRO
Agência em São Paulo: RUA BOA VISTA, 136 — 6.o And. — TeL: 3-2151 SÃO PAULO
'' ""I.i/iHFIH
PORQUE
O
SR. DEVE
ANUNCIAR
21
NO
Num país de tão vasta extensão e'de escassa crfií-
D I G E S T o
cação pública, é difícil calcular os heheficios que o "Digesto
Econômico" nos jyroporciona.
ECONÔMICO
Pelo alto quilato de seus colaboradores, pelo valor intrínseco dos assuntos de interâsse geral, tratados com
linguagem acessível, enseja a revista que Antônio Gontijo dc Carvalho dirige, aos homens dc negócios, aos homens
Preciso nas informações, sóbrio e objetivo nos comentários, cômodo e elegante na apresenta ção, o Digesto Econômico, dando aos seus'
leitores um panorama mensal do mundo dos negócios, circula numa classe de alto poder aquisitivo e elevado padrão de vida. Por essas razões, os anúncios inseridos no Digesto Eco
nômico são lidos, invariàvelmente, por um pro vável comprador.
Esta revista é publicada mensalmente pela Editôra Comercial Ltda., sob os auspícios da Asso
de Estado, aos homens de cultiira, conhecimentos não
apenas sólidos e exatos, mas de aplicação oportuna, pelo bem da comunidade.
Mercâ dc uma larga tiragem, posta ao alcance geral, do norte ao sul do país, contribui poderosamente o "Digesto Econômico" para a formação da cultura geral do país, como, entre tantas outras, uma destas- forças imponderáveis da unidade naciotxal, para cuja manutenção devenws todos ter o coração vigilante. Antônio Sampaio DoniA
(Professor catedrático da Faculdade de Direito
de São Paulo e ex-Ministro da lusiiça)
ciação Comercial de São Paulo e da Federação
do Comércio do Esado de São Paulo.
EDITÔRA
COMERCIAL
LIMITADA
VIADUTO BOA VISTA. 67. 9.0 ANDAR — TEL. 3-1112 - RAMAL 19 — S. PAULO
Gráfica São Josá — Rua Gaivão Bueno, 230 — Telefone, 6-4912 — São Paulo
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PORQUE
O
SR. DEVE
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21
NO
Num país de tão vasta extensão e'de escassa crfií-
D I G E S T o
cação pública, é difícil calcular os heheficios que o "Digesto
Econômico" nos jyroporciona.
ECONÔMICO
Pelo alto quilato de seus colaboradores, pelo valor intrínseco dos assuntos de interâsse geral, tratados com
linguagem acessível, enseja a revista que Antônio Gontijo dc Carvalho dirige, aos homens dc negócios, aos homens
Preciso nas informações, sóbrio e objetivo nos comentários, cômodo e elegante na apresenta ção, o Digesto Econômico, dando aos seus'
leitores um panorama mensal do mundo dos negócios, circula numa classe de alto poder aquisitivo e elevado padrão de vida. Por essas razões, os anúncios inseridos no Digesto Eco
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Esta revista é publicada mensalmente pela Editôra Comercial Ltda., sob os auspícios da Asso
de Estado, aos homens de cultiira, conhecimentos não
apenas sólidos e exatos, mas de aplicação oportuna, pelo bem da comunidade.
Mercâ dc uma larga tiragem, posta ao alcance geral, do norte ao sul do país, contribui poderosamente o "Digesto Econômico" para a formação da cultura geral do país, como, entre tantas outras, uma destas- forças imponderáveis da unidade naciotxal, para cuja manutenção devenws todos ter o coração vigilante. Antônio Sampaio DoniA
(Professor catedrático da Faculdade de Direito
de São Paulo e ex-Ministro da lusiiça)
ciação Comercial de São Paulo e da Federação
do Comércio do Esado de São Paulo.
EDITÔRA
COMERCIAL
LIMITADA
VIADUTO BOA VISTA. 67. 9.0 ANDAR — TEL. 3-1112 - RAMAL 19 — S. PAULO
Gráfica São Josá — Rua Gaivão Bueno, 230 — Telefone, 6-4912 — São Paulo
DICESTO
ECONOMICO SOB OS auspícios oo ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO E 00 FEDERAÇÃO DO COMERCIO DO ESTADO DE SÃO PAULO s u m A R I o Pá9.
o dénctl orçameniárlo — Richard Lewinsohn
9
IndustriaUzação ® energEa elétrica — Aldo Mário Azevedo
15
Ccn^talibilidade do orçamento cíclico e da planificação com a Constituição de 1946 — Josaphat Marinho
36
Garantia de preços mínimos à agricultura natíonal — José Garíbaldi Dantas .
42
Notas sôbre <un econonüsta argentino — Diacir Menezes Carvão nacional, fonte de energia — Geraldo O. Banaskiwitz
46 52
Sôbra a quarta eleição de Roosevell — Dario de Almeida Magalhães
60
Produtos twasileiros no mercado
— A borracha Dorival Teixeira Vieira
Noções gerais sôbre o imposto — José Luiz de Almeida Nogueira Porto
67
74
Agricultura e economia açucarezras em São Paulo — José Hbnório Rodrigues ..
81
Davi Camj^ta — Antônio Gontijo de Carvalho
87
Mobilidade
Rffmeif^Tf cím/u/iím ^PAsiLtiRO
29,
Aspectos do mercantOIsmo — Roberto Pinto de Sousa
horizontal —
Nelson
Werneck Sodré
109
Diálogo entre o poder e o Direito — Cândido Mota Filho Data verdadeira — Otávio Tarquinio de Sousa
113 117
Florestas — Pimentel Gomes Rslertores do ensiZhamento (1691) — Afonso de Taunay
122 128
A responsabilidade do Pretídente da Hepúldica — Oto Prazeres
139
PIÍOWTO AftTABCTICA
K.O 63 — FEVEREIRO DE 1650 — ANO VI